Escola Secundária com 3.º Ciclo do Ensino Básico de Fonseca
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Escola Secundária com 3.º Ciclo do Ensino Básico de Fonseca
INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO Avaliação Externa das Escolas Relatório de escola Escola Secundária com 3.º Ciclo do Ensino Básico de Fonseca Benevides LISBOA Delegação Regional de Lisboa e Vale do Tejo da IGE Datas da visita: 17 e 18 de Março de 2011 I – INTRODUÇÃO A Lei n.º 31/2002, de 20 de Dezembro, aprovou o sistema de avaliação dos estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, definindo orientações gerais para a auto-avaliação e para a avaliação externa. Após a realização de uma fase-piloto, da responsabilidade de um Grupo de Trabalho (Despacho Conjunto n.º 370/2006, de 3 de Maio), a Senhora Ministra da Educação incumbiu a Inspecção-Geral da Educação (IGE) de acolher e dar continuidade ao programa nacional de avaliação externa das escolas. Neste sentido, apoiando-se no modelo construído e na experiência adquirida durante a fase-piloto, a IGE está a desenvolver esta actividade, entretanto consignada como sua competência no Decreto Regulamentar n.º 81-B/2007, de 31 de Julho. O presente relatório expressa os resultados da avaliação externa da Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa, na sequência da visita efectuada nos dias 17 e 18 de Março de 2011. Os capítulos do relatório – Caracterização da Escola, Conclusões da Avaliação por Domínio, Avaliação por Factor e Considerações Finais – decorrem da análise dos documentos fundamentais da Escola, da sua apresentação e da realização de entrevistas em painel. Espera-se que o processo de avaliação externa fomente a autoavaliação e resulte numa oportunidade de melhoria para a Escola, constituindo este relatório um instrumento de reflexão e de debate. De facto, ao identificar pontos fortes e pontos fracos, bem como oportunidades e constrangimentos, a avaliação externa oferece elementos para a construção ou o aperfeiçoamento de planos de melhoria e de desenvolvimento de cada escola, em articulação com a administração educativa e com a comunidade em que se insere. A equipa de avaliação externa congratula-se com a atitude de colaboração demonstrada pelas pessoas com quem interagiu na preparação e no decurso da avaliação. E S C A L A D E A V ALI A Ç Ã O Níveis de classificação dos cinco domínios MUITO BOM – Predominam os pontos fortes, evidenciando uma regulação sistemática, com base em procedimentos explícitos, generalizados e eficazes. Apesar de alguns aspectos menos conseguidos, a organização mobiliza-se para o aperfeiçoamento contínuo e a sua acção tem proporcionado um impacto muito forte na melhoria dos resultados dos alunos. BOM – A escola revela bastantes pontos fortes decorrentes de uma acção intencional e frequente, com base em procedimentos explícitos e eficazes. As actuações positivas são a norma, mas decorrem muitas vezes do empenho e da iniciativa individuais. As acções desenvolvidas têm proporcionado um impacto forte na melhoria dos resultados dos alunos. SUFICIENTE – Os pontos fortes e os pontos fracos equilibram-se, revelando uma acção com alguns aspectos positivos, mas pouco explícita e sistemática. As acções de aperfeiçoamento são pouco consistentes ao longo do tempo e envolvem áreas limitadas da escola. No entanto, essas acções têm um impacto positivo na melhoria dos resultados dos alunos. INSUFICIENTE – Os pontos fracos O texto integral deste relatório, bem como o contraditório apresentado pela Escola, estão disponíveis no sítio da IGE na área Avaliação Externa das Escolas 2010-2011 sobrepõem-se aos pontos fortes. A escola não demonstra uma prática coerente e não desenvolve suficientes acções positivas e coesas. A capacidade interna de melhoria é reduzida, podendo existir alguns aspectos positivos, mas pouco relevantes para o desempenho global. As acções desenvolvidas têm proporcionado um impacto limitado na melhoria dos resultados dos alunos. Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 2 II – CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA Marcada pela vertente técnico-profissional, a actualmente denominada Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides (ESFB) foi fundada em 1914, com a designação de Escola Professor Benevides e veio, desde então, a funcionar em diferentes locais, na freguesia de Alcântara, concelho de Lisboa. Em Setembro de 2008, foi transferida para as instalações da antiga Escola Secundária D. João de Castro. Estas, adaptadas e ampliadas no âmbito do programa de Modernização do Parque Escolar do Ensino Secundário (fase 0), passaram a integrar o Pólo de Ensino e Formação D. João de Castro, de que também fazem parte o Centro de Formação Profissional da Indústria Electrónica (CINEL) e a Escola Secundária com 3.º Ciclo Rainha Dona Amélia. De acordo com os dados do perfil, a população escolar é constituída por um total de 427 alunos, distribuídos por 26 turmas. Destas, seis são do ensino básico (duas de 7.º ano e quatro de cursos de educação e formação (CEF), tipo 3) e 20 do secundário (três do ensino regular e 17 dos cursos profissionais). A oferta educativa dos CEF integra os cursos de Operacional de Estação de Tratamento de Águas, Instalação e Reparação de Computadores, Electricista de Instalações e Electromecânico de Equipamentos Industriais; no ensino secundário, para além do curso científico-humanístico de Ciências e Tecnologias, são ministrados, predominantemente, cursos profissionais (Técnico: de Secretariado; de Energias Renováveis; de Instalações Eléctricas; de Electrónica, Automação e Computadores; de Controlo da Qualidade Alimentar e de Gestão de Equipamentos Informáticos). Nos cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) de dupla certificação estão inscritos 115 formandos. Estão afectos 117 alunos (36 do 2.º ciclo; 71 do 3.º e 10 do ensino secundário) ao Ensino à Distância para a Itinerância (EDI), de que a ESFB é escola de referência. No que se refere à diversidade linguística e cultural dos alunos, constata-se que 17,1% não têm naturalidade portuguesa, sendo oriundos de 15 países diferentes, maioritariamente de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (7,7%) e do Brasil (4,2%). No âmbito da Acção Social Escolar, beneficiam de auxílios económicos, 25,0% dos alunos, dos quais 13,8% do escalão A e 11,2% do escalão B. Dispõem de computador em casa e têm acesso à internet 52,7% dos alunos (8,9% do ensino básico e 43,8% do secundário). As habilitações dos pais e encarregados de educação situam-se, principalmente, ao nível do ensino básico, totalizando 76,3% do universo (27,1% possuem o 1.º ciclo, 19,8% o 2.º e 29,4% o 3.º), 17,8% têm o nível secundário e 4,8% possuem habilitação superior; 1,1% não tem habilitações literárias. Embora se desconheça a profissão de 40,8% dos pais e encarregados de educação, há 1,2% que desenvolvem a sua actividade no sector primário, 23,4% no secundário (com relevo para os Operários, Artífices e Trabalhadores Similares das Indústrias Extractivas e da Construção Civil: 7,7%) e 75,4% no terciário (sendo o Pessoal dos Serviços Directos e Particulares, de Protecção e de Segurança: 18,5%, e os Trabalhadores Não Qualificados dos Serviços e Comércio: 17,8%, os predominantes). O corpo docente, constituído por 104 professores, é estável (67,3% pertencem ao quadro de Escola e 32,7% são contratados) e experiente (62,5% possuem mais de 10 anos de serviço). O pessoal não docente perfaz 31 trabalhadores: uma psicóloga, uma coordenadora técnica, seis assistentes técnicos, uma encarregada operacional e 22 assistentes operacionais. Presta, ainda, serviço na Escola um elemento do Gabinete Coordenador de Segurança Escolar (GCSE). III – CONCLUSÕES DA AVALIAÇÃO POR DOMÍNIO 1. Resultados SUFICIENTE A Escola foi sujeita a alterações sucessivas ao nível da rede escolar deixando, progressivamente, de leccionar todos os anos do 3.º ciclo do ensino básico regular. As taxas de conclusão do 9.º ano registaram uma evolução do início para o final do triénio, embora com valores percentuais consideravelmente abaixo da média nacional. Os resultados nos exames nacionais oscilaram, sendo de destacar o progresso alcançado em 2010, na disciplina de Língua Portuguesa, após uma descida acentuada em 2009, invertendo-se, assim, a tendência geral de afastamento em relação aos valores homólogos nacionais. Em Matemática, apesar de o desempenho dos alunos não ser satisfatório, observa-se uma melhoria relativamente à qualidade do sucesso. A Escola promove a participação dos alunos em algumas acções que contribuem para o exercício da cidadania responsável. No entanto, estes não têm sido suficientemente implicados na organização de actividades e coresponsabilizados nas tomadas de decisão, sendo que a Associação de Estudantes poderá constituir uma Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 3 oportunidade para um envolvimento mais efectivo nas decisões estratégicas da Escola. Os responsáveis reconhecem a existência de alunos com comportamentos perturbadores e indisciplinados em sala de aula, que se repercutem negativamente no ambiente educativo propício às aprendizagens. No entanto, a actuação imediata sobre o foco de indisciplina, no âmbito da Sala Viver Melhor a Escola, tem contribuído para um decréscimo do problema. Salientam-se como aspectos muito positivos a diversificação da oferta educativa face às necessidades dos discentes, visando a valorização das aprendizagens e a redução do absentismo e do abandono escolares, bem como o reconhecimento, pelas empresas que acolhem os estágios, das competências técnico-profissionais dos alunos. 2. Prestação do serviço educativo BOM O planeamento da actividade lectiva, em consonância com as orientações emanadas dos departamentos curriculares, é operacionalizado em sede de grupo de recrutamento. O trabalho colaborativo desenvolvido assegura a gestão dos conteúdos programáticos e a partilha de estratégias. A avaliação diagnóstica e a elaboração, quer de matrizes quer de instrumentos de avaliação comuns, em alguns grupos de recrutamento, constituem-se contributos válidos para a regulação da avaliação das aprendizagens. Não foram traçadas, pelos departamentos curriculares, metas mensuráveis e sectoriais, tendo em vista a aferição dos processos delineados face aos resultados obtidos, o que diminui a sua capacidade interna de melhoria. Embora a supervisão da prática lectiva em sala de aula não esteja implementada, face a situações, pontuais, de dificuldade de desempenho recorre-se à co-docência. Salienta-se o carácter sistemático da acção desenvolvida pelo Serviço de Psicologia e Orientação, em articulação com directores de turma e de curso, alunos e famílias, quer na vertente da (re)orientação escolar e vocacional quer na divulgação da oferta educativa, visando a captação de alunos. A docente da educação especial desenvolve um trabalho, ainda que recente, de articulação entre docentes e famílias, com vista a proporcionar uma resposta adequada aos problemas detectados. Relevam-se como aspectos positivos a abrangência do currículo e o fomento das práticas activas e experimentais, assim como a valorização dos saberes e das aprendizagens em diferentes áreas, com forte impacto na formação integral dos alunos. 3. Organização e gestão escolar BOM O Projecto Educativo, recentemente reformulado, traça as linhas orientadoras da acção educativa e estabelece um conjunto de estratégias para os domínios de intervenção considerados prioritários. A falta de indicadores mensuráveis, que permitam efectuar a monitorização e avaliar o grau de consecução dos objectivos definidos, limita, porém, a sua eficácia enquanto instrumento de gestão. Os recursos humanos são geridos numa lógica de adequação do serviço distribuído às funções e aos interesses pedagógicos. Os assistentes operacionais são em número manifestamente insuficiente face à configuração e amplitude das novas instalações e ao aumento do número de alunos. Ao nível das estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica é prática registarem-se momentos de encontro em que os docentes replicam a formação recebida junto dos seus pares. Decorrente do processo de requalificação e ampliação dos espaços físicos, a Escola apresenta, na generalidade, excelentes condições, facilitadoras de práticas activas e actividades experimentais, nomeadamente no âmbito dos cursos de vertente profissionalizante. Promove iniciativas que, ao mobilizarem a comunidade educativa, em geral, passam pelo incentivo aos pais e encarregados de educação no acompanhamento do percurso escolar dos seus educandos, sem, contudo, ser evidente o desenvolvimento de uma estratégia global propiciadora de uma participação mais efectiva dos mesmos. A cooperação com a Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia de Alcântara tem-se revelado uma mais-valia, nomeadamente para a concretização do Plano Anual de Actividades. A equidade e a justiça são princípios, por norma, presentes na actuação dos responsáveis. 4. Liderança BOM A liderança da Directora, que norteia a sua acção pela negociação na tomada de decisões, traduz uma visão de Escola assente na melhoria do clima e ambiente educativos e na valorização dos recursos humanos, deixando clara a importância conferida ao ensino profissional, à qualificação e certificação de jovens e adultos e à empregabilidade. É de relevar o empenho permanente que subjaz a essa aposta, por parte dos responsáveis, de Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 4 modo a preservar a identidade da Escola na vertente profissional. Todavia, a não hierarquização dos objectivos e não definição de metas a atingir dificulta a avaliação da eficácia das medidas a implementar. A Directora revela abertura à inovação, abraçando novos desafios educativos, nomeadamente pela adesão ao projecto Ensino à Distância para a Itinerância, e apostando em cursos que abrem novas perspectivas de inserção na vida activa. Evidenciam-se, em regra, o empenho e a dedicação por parte do pessoal docente e não docente no exercício das suas funções. A rede activa de parcerias e de protocolos estabelecidos evidencia uma boa capacidade por parte da Escola para procurar respostas contextualizadas às necessidades formativas dos alunos. A consolidação e o alargamento dos mesmos com instituições de ensino superior e entidades, públicas e privadas, configuram uma oportunidade para o reforço de uma imagem positiva da Escola. 5. Capacidade de auto-regulação e melhoria da Escola SUFICIENTE A Escola desenvolveu, desde 2001-2002, algumas práticas auto-avaliativas. Em 2005-2006, formalizou o processo de auto-avaliação, com a implementação do modelo Common Assessment Framework. Vicissitudes de natureza externa conduziram à interrupção do ciclo de avaliação em 2006-2007. Ainda que as áreas de melhoria identificadas não se tenham consubstanciado em planos de acção consistentes, foi dada continuidade à prática de análise dos resultados académicos e foram implementadas algumas medidas com vista à superação de fragilidades identificadas. Em 2009-2010, o processo de auto-avaliação foi retomado e realizado novo diagnóstico organizacional. Contudo, os planos de melhoria formalizados, a partir do leque de acções prioritárias, não têm subjacente, um plano de intervenção estratégico e integrador, ajustado, temporalmente, à superação das fragilidades identificadas. Também não ressalvam a consolidação dos pontos fortes identificados. Constatam-se ainda medidas, casuísticas e intuitivas, que não têm sido utilizadas para reorientar os processos e outras que, sem estarem sustentadas em planos de acção, nem serem reconhecidas pela comunidade escolar como tal, perspectivam algum impacto na gestão organizacional da Escola. O processo de auto-avaliação não configura uma ferramenta estratégica e global de planeamento, o que limita a capacidade interna de melhoria da Escola. IV – AVALIAÇÃO POR FACTOR 1. Resultados 1.1 Sucesso académico A Escola tem, de há vários anos a esta parte, instituídas práticas de recolha dos resultados académicos e procedido, regularmente, à respectiva análise, envolvendo os diferentes órgãos e estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica. Estes identificam vários factores determinantes que condicionam as possibilidades de sucesso: as fracas expectativas por parte de alguns alunos em relação às aprendizagens, consubstanciadas no reduzido acompanhamento pelas famílias do seu percurso escolar, as situações de indisciplina, o absentismo e a desistência escolar (justificada, em parte, pela necessidade de dar apoio económico ao agregado familiar). Acresce que a Escola acolhe inúmeros alunos que não tiveram vaga noutros estabelecimentos de ensino. Os responsáveis estão atentos às situações indiciadoras de abandono escolar, tendo vindo a desenvolver acções preventivas e de acompanhamento, em articulação com a Comissão de Protecção de Menores de Lisboa e a Escola Segura, que têm contribuído para a sua redução. Todavia, este ainda não é um problema resolvido (18%, no 9.º ano, no ano lectivo transacto). É manifesta a percepção global, por parte dos docentes, de que os resultados são melhores nas componentes mais tecnológicas e quando há motivação suscitada pela possibilidade de aplicar, em contexto de trabalho, os conhecimentos adquiridos. Assim, a aposta da Escola focaliza-se, essencialmente, no alargamento da oferta educativa, tendo subjacente o acompanhamento dos alunos em termos de reorientação vocacional, e com vista à inserção no mercado de trabalho. A Sala-Lúdico Didáctica criada, em 2010-2011, para possibilitar, entre outras actividades, a elaboração de trabalhos e o esclarecimento de dúvidas, não apresenta um horário de funcionamento alargado, facilitador da sua utilização. Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 5 Decorrente das alterações sucessivas a que a Escola foi sujeita, ao nível da rede escolar, deixando, progressivamente, de ministrar todos os anos de escolaridade do 3.º ciclo do ensino básico regular, não é possível proceder à análise da evolução dos resultados académicos, no último triénio. Assim, a apreciação circunscreve-se apenas ao 9.º ano. De acordo com os dados disponibilizados pela Escola, respeitantes ao triénio de 2007-2008 a 2009-2010, as taxas de conclusão do 9.º ano registaram uma evolução do início para o final do triénio (45,0%; 64,0% e 64,0%), embora com valores percentuais bastante abaixo da média nacional (40,8%; -21,8% e -20,9%). Analisando os dados do perfil, constata-se uma flutuação nos resultados dos exames nacionais de 9.º ano, em Língua Portuguesa (73,9%; 44,4% e 75,0%), sendo de evidenciar o progresso alcançado em 2010 após uma descida acentuada em 2009, bem como a superação dos valores homólogos nacionais (+4,8%). Inverte-se, pois, a tendência geral de afastamento verificada em 2008 e 2009 (-11,0% e 27,4%, respectivamente). Também em Matemática houve oscilação nos resultados (8,7%; 25,0% e 22,2%). Apesar de o desempenho dos alunos não ser satisfatório, observa-se uma melhoria relativamente à qualidade do sucesso (11,0% obtiveram nível 4), sendo progressivamente menor a discrepância em relação à média nacional (-48,7%; -40,9% e -29,1%). No triénio em análise, e atendendo ao número de alunos que efectuou a matrícula e concluiu o curso, registaram-se variações nas taxas de conclusão dos CEF, com duração anual, de Electromecânico de Equipamentos Industriais (70,0%; 100% e 67,0%) e de Instalação e Reparação de Computadores (74,O%; 45,0% e 81,0%). Quanto ao CEF de Operação de Sistemas Ambientais, a funcionar desde o ano lectivo de 2008-2009, as taxas foram de 86,0% e 83,0%, respectivamente. No que respeita ao ensino secundário regular, o curso de Ciências e Tecnologias começou a ser ministrado na Escola em 2008-2009. De acordo com os dados por esta disponibilizados, as taxas de transição do 10.º ano, respeitantes ao biénio de 2008-2009 e 2009-2010, registaram um acréscimo (69,0% e 80,0% - para universos de 13 e 15 alunos, respectivamente). No 11.º ano, em 2009-2010, a taxa foi de 50,0% (para um universo de 12 alunos). No que se refere aos cursos profissionais, com três anos do ciclo de frequência já finalizados, as taxas de conclusão são as seguintes: 42,0% - Técnico de Análise Laboratorial; 24,0% - Técnico de Electrónica e Automação de Computadores e 48,0% - Técnico de Gestão de Equipamentos. Relativamente às taxas de desistência, nestes cursos, registou-se, globalmente, no triénio, uma melhoria (10.º ano: 17%; 15% e 14%; 11.º ano: 5%; 7% e 6%; 12.º ano: 0%; 2% e 0%). 1.2 Participação e desenvolvimento cívico O envolvimento dos alunos na análise e discussão dos documentos estruturantes ocorre em sede dos órgãos onde têm assento. Com a reformulação da equipa de auto-avaliação, no corrente ano lectivo, passaram a integrar a mesma. A população discente revela conhecer, de forma genérica, alguns dos documentos estruturantes, nomeadamente o Projecto Educativo (PE) e o Regulamento Interno (RI). Os alunos não têm sido implicados suficientemente na organização de actividades e co-responsabilizados nas tomadas de decisão. Eleita após um interregno de alguns anos, a Associação de Estudantes pode representar uma oportunidade para um envolvimento mais efectivo dos alunos nas decisões estratégicas da Escola. Embora os valores e as atitudes possam ser reconhecidos através da atribuição do Quadro de Mérito Cívico, este é pouco divulgado. A participação dos discentes em alguns torneios desportivos, a formação em contexto de trabalho e as visitas de estudo são actividades que propiciam a socialização e o exercício de uma cidadania responsável. Os contributos e opiniões dos alunos são considerados pelos directores de turma/curso. No entanto, a realização de assembleias de delegados não é uma prática instituída. 1.3 Comportamento e disciplina Atentos à questão da indisciplina, os responsáveis desenvolvem junto dos alunos um trabalho de sensibilização para o cumprimento do RI, designadamente nas aulas das áreas de competência sociocultural (nos CEF), em Área de Integração (nos cursos profissionais), em Formação Cívica (no 7.º ano) e nas direcções de turma do ensino secundário regular, que concorre para a apropriação das regras de conduta. Embora os alunos reconheçam, em geral, a autoridade dos docentes e não docentes, existem situações de indisciplina em sala de aula, em que se evidenciam dificuldades no cumprimento das normas, sobretudo em turmas que integram novos alunos (7.º e 10.º anos), com repercussões que afectam o funcionamento das actividades e o ambiente educativo propício às aprendizagens. Essas situações são monitorizadas e resolvidas pela actuação imediata, através da sala VIMES (Viver Melhor a Escola). Assim, em situação de saída do aluno da sala de aula, Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 6 desenvolve-se, naquele espaço, um trabalho ao nível dos comportamentos problemáticos e da responsabilização, mediante a articulação entre o docente e o director de turma (DT) ou o de curso. Esta medida contribuiu para um decréscimo, ao longo do último triénio, da percentagem de alunos a quem foi aplicada a medida disciplinar sancionatória de suspensão, nomeadamente nos 11.º e 12.º anos (-5,3% e -0,7%) e veio reforçar outros mecanismos implementados, designadamente a concertação em conselho de turma das regras de actuação. A implementação do sistema tutorial entre pares, para alunos referenciados do ponto de vista disciplinar e a co-responsabilização dos pais e encarregados de educação, através da assinatura de uma Declaração de Compromisso, no cumprimento das regras de conduta, são medidas a implementar no início do próximo ano lectivo e que constam do RI, recentemente reformulado. Os critérios de avaliação conferem um peso significativo ao domínio das atitudes, variando entre 20% no ensino secundário regular e 40% no 7.º ano. 1.4 Valorização e impacto das aprendizagens A Escola, pela diversificação que vai introduzindo nos percursos educativos proporcionados, maioritariamente orientados para a inserção profissional, assegura que estes vão ao encontro das expectativas e interesses dos alunos, possibilitando a redução do absentismo e abandono escolar. Muitos alunos têm perspectivas de estagiar e entrar no mercado de trabalho e uma proporção relevante prossegue estudos, geralmente, evoluindo para cursos profissionais de grau superior. Neste aspecto, a actuação do Gabinete de Inserção para a Vida Activa (GIVA) tem sido determinante, em resultado do contacto assíduo que mantém com o tecido económico empresarial. É, por seu intermédio, que as diversas entidades, reconhecendo a qualidade da prestação da generalidade dos alunos recebidos em estágio, manifestam o seu interesse em integrar alguns deles nos quadros das respectivas empresas. Os alunos e os pais e encarregados de educação revelam satisfação face ao serviço educativo prestado, salientando o profissionalismo do corpo docente. A visibilidade dada aos trabalhos produzidos, fruto do esforço e empenho dos alunos, tem o seu ponto alto na Semana da Escola e no Dia Aberto, reforçando-se, nesses momentos, a ligação com as famílias e a comunidade local. Realça-se a oportunidade que estas iniciativas constituem para dar também a conhecer a outras escolas, através da mostra de maquetes, modelos ou experiências, as virtualidades dos cursos oferecidos. O sucesso educativo dos alunos é relevado através do Quadro de Mérito Escolar, atribuído em cerimónia pública, e a sua afixação passou a estar prevista no RI, a partir do presente ano lectivo. Os troféus obtidos no âmbito do Desporto Escolar são expostos e divulgados. Através dos cursos EFA, em regime nocturno, é propiciada a valorização dos adultos. 2. Prestação do serviço educativo 2.1 Articulação e sequencialidade Os departamentos curriculares articulam-se, por intermédio dos respectivos coordenadores, estendendo-se a dinâmica aos representantes de grupo de recrutamento. Existe um trabalho colaborativo entre os docentes, que sobressai nos cursos de carácter profissionalizante, em resultado da sua especificidade. O trabalho conjunto desenvolvido assegura a partilha de estratégias. No ensino regular, a organização do processo de ensino e aprendizagem e as planificações são efectuadas por ano de escolaridade. Embora se reconheçam práticas de interdisciplinaridade, concretizadas através de projectos e de visitas de estudo, as acções efectivas de gestão de conteúdos entre disciplinas afins assumem um carácter pontual. Face à gradual supressão do 3.º ciclo, no último triénio, a gestão vertical do currículo tem assentado, essencialmente, na continuidade pedagógica dos docentes. Pese embora as especificidades dos cursos profissionais e dos CEF, realçam-se algumas práticas de adaptação e articulação curricular, como por exemplo, entre a disciplina de Inglês e a de Informática. Realce-se que o intercâmbio de materiais e a partilha de experiências são, na generalidade, agilizados pelo recurso crescente às tecnologias de informação e comunicação (TIC). Não foram traçadas metas mensuráveis e sectoriais, pelos departamentos curriculares, tendo em vista a aferição dos processos delineados face aos resultados obtidos. O Serviço de Psicologia e Orientação (SPO), em articulação com os directores de curso e de turma, desenvolve uma acção alargada e sistemática com os alunos e as famílias na orientação escolar e vocacional, bem como na Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 7 reorientação de percursos formativos. Além de reforçar a difusão da oferta educativa, desenvolve também um trabalho consistente na divulgação das saídas profissionais. 2.2 Acompanhamento da prática lectiva em sala de aula O planeamento da actividade lectiva, em consonância com as orientações emanadas dos departamentos curriculares, é operacionalizado em sede de grupo de recrutamento. É nesta estrutura e nos conselhos de turma que são (re)definidas estratégias que visam dar resposta às dificuldades evidenciadas pelos alunos. Não estão instituídos procedimentos de supervisão em contexto de sala de aula, enquanto estratégia formativa para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. O acompanhamento da prática lectiva é assegurado através da verificação do cumprimento das planificações, da aferição de critérios de avaliação e da análise dos resultados dos alunos. Perante pontuais situações de dificuldade de desempenho, nomeadamente ao nível da gestão da indisciplina, recorre-se à co-docência. A avaliação diagnóstica e a elaboração de matrizes e de instrumentos de avaliação comuns, em alguns grupos de recrutamento, constituem contributos válidos para a regulação da avaliação das aprendizagens, pese embora a diversidade/especificidade dos cursos não suscite muitas oportunidades para a produção conjunta de materiais ou calibragem de instrumentos de avaliação. Ao nível da auto-avaliação dos alunos, as práticas são diferenciadas, não se evidenciando instrumentos uniformizados. Os docentes afectos ao projecto Escola à Distância para a Itinerância (EDI) participam nas reuniões dos respectivos grupos de recrutamento, configurando o seu envolvimento uma oportunidade para partilharem, entre pares, as metodologias e boas práticas que os mesmos aplicam no domínio digital. 2.3 Diferenciação e apoios A Escola dispõe de uma docente de educação especial, apenas a tempo parcial. Esta atende, de modo flexível, as diferentes necessidades de apoio educativo dos nove alunos referenciados com necessidades educativas especiais (NEE). Embora recente, o trabalho desenvolvido em articulação com a psicóloga, envolve também os DT e as famílias, com vista a proporcionar uma resposta adequada aos problemas detectados. São estabelecidos contactos com os serviços de saúde adequados (Centro de Saúde da Lapa, Centro de Atendimento a Adolescentes – APARECE e Hospital Egas Moniz), de modo a minorar dificuldades decorrentes da falta de técnicos especializados. As taxas globais de sucesso dos alunos com NEE, no último triénio, oscilaram (92,3%; 87,0% e 50,0%), estando identificados em cada ano, os casos de reorientação escolar (7,7%; 12,5% e 50,0%). As medidas implementadas para os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem passam pelo apoio pedagógico às disciplinas identificadas pelos conselhos de turma, nomeadamente a Inglês, a Português, a Matemática e a Físico-Química. A diferenciação de estratégias passa pelo reforço dos trabalhos em grupo e pela valorização da componente prática. É através da área curricular não disciplinar de Estudo Acompanhado que, no presente ano lectivo, é leccionada a disciplina de Português Língua Não Materna (PNLM) a três alunos. No ensino secundário, as diferenças linguísticas são colmatadas facultando apoio específico nessa área a sete alunos. Tem sido prática a monitorização dos planos de recuperação e de acompanhamento. Entre 2007-2008 e 2008-2009, registou-se um aumento das taxas de sucesso dos alunos com planos de recuperação (58,1% e 66,7%). No ano lectivo transacto, para um universo de cinco alunos, registou-se uma taxa de 40%. No triénio, o número de alunos com planos de acompanhamento decresceu (31, 9 e 2). 2.4. Abrangência do currículo e valorização dos saberes e da aprendizagem A Escola oferece condições e tem mantido a aposta em proporcionar um leque abrangente de cursos de carácter profissionalizante, fortemente incidentes nas componentes activas. Desenvolvem-se iniciativas (workshops ou conferências, por exemplo) e dinamizam-se projectos que contribuem para a educação integral dos alunos. As diferentes áreas do saber são, igualmente, reforçadas e complementadas pelas várias actividades promovidas pela Biblioteca Escolar/Centro de Recursos (BE/CRE). A motivação para a leitura é estimulada através de algumas iniciativas, como seja Literacia precisa-se! e Poemas a várias vozes, bem como de encontros com escritores. Na vertente artística, no 7.º ano, é disponibilizada a disciplina de Expressão Plástica, como oferta de Escola. As componentes culturais, sociais e lúdicas são propiciadas através das visitas de estudo, realizadas no âmbito de diferentes temáticas. Os alunos são estimulados a participar em festivais Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 8 nacionais de robótica, potenciando as aprendizagens através da construção de protótipos no âmbito do projecto Dear Robot. Os modelos criados, à escala laboratorial (estação de tratamento de águas residuais, a título de exemplo), revestem-se de particular importância para, junto das escolas convidadas para o Dia Aberto ou a Semana da Escola, divulgar os trabalhos passíveis de serem realizados e os conhecimentos adquiridos no âmbito dos diferentes cursos. Também no ensino básico é dado relevo à vertente experimental. Em 2009-2010, os alunos do 9.º ano e dos cursos profissionais divulgaram um conjunto de actividades, na Escola-Sede do Agrupamento de Escolas Manuel da Maia, no âmbito da respectiva Semana da Escola. Através da participação em iniciativas, como a Futurália, despertam-se e reforçam-se os seus interesses vocacionais dos alunos. Os saberes práticos e as actividades de cariz profissional são fomentados e valorizados, não só pelo envolvimento de alunos nos trabalhos de manutenção dos equipamentos informáticos da Escola, como pela formação em contexto de trabalho. 3. Organização e gestão escolar 3.1 Concepção, planeamento e desenvolvimento da actividade O PE, concebido para o triénio 2009-2010 a 2011-2012, foi recentemente reformulado em resultado do diagnóstico organizacional realizado, em 2009-2010. Define objectivos para as 12 áreas de intervenção prioritária sem, todavia, estabelecer uma calendarização e indicadores de mensurabilidade para os mesmos. Tal limita a eficácia deste documento enquanto instrumento de gestão, bem como a avaliação do seu grau de consecução. O Projecto Curricular de Escola (PCE), em reformulação, em resultado da reafectação do ensino básico regular à rede escolar da ESBF, apresenta-se como elemento regulador das opções organizacionais e pedagógicas consideradas prioritárias sem, contudo, privilegiar a gestão do currículo. Quanto ao PAA, este configura um instrumento agregador de um leque diversificado de iniciativas dinamizadas pela generalidade das estruturas sem, contudo, clarificar os objectivos do PE que as mesmas visam concretizar. O planeamento do ano lectivo e a distribuição de serviço são efectuados pela Directora que, nesse processo, ausculta as estruturas da Escola. No entanto, o envolvimento do pessoal não docente na programação de actividades para o PAA e na redefinição das prioridades de intervenção não se evidencia como prática. Os critérios de afectação dos docentes às áreas transversais definem o enfoque do Estudo Acompanhado para o reforço/desenvolvimento das aprendizagens nas disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa e PLNM. Em Área de Projecto, no 7.º ano, abordam-se questões transversais às diversas disciplinas, numa perspectiva de educação para a cidadania, promovendo-se a vertente da pesquisa. No 12.º ano, embora as temáticas sejam diversas, fomenta-se a transversalidade dos saberes e estimula-se a autonomia dos alunos. 3.2 Gestão dos recursos humanos A gestão dos recursos humanos é feita numa lógica de adequação do serviço distribuído às funções e aos interesses pedagógicos. Na distribuição do serviço docente é privilegiada, sempre que possível, a continuidade pedagógica, critério aplicado, igualmente, ao cargo de DT. A integração dos docentes, colocados pela primeira vez na Escola, realiza-se no contexto das diferentes estruturas, visando a sua inserção nas respectivas dinâmicas e proporcionar-lhes um bom ambiente de trabalho. Os assistentes operacionais, em número reduzido para as novas instalações, são geridos de modo a assegurar o funcionamento dos vários sectores e serviços. A dimensão educativa dos respectivos conteúdos funcionais, face a um número de alunos superior ao existente nas antigas instalações, ressente-se com as tarefas de limpeza de salas e corredores de circulação de dimensão considerável, bem como de vários espaços partilhados com outros utentes do Pólo. Nas situações de absentismo, quer pontual, quer de longa duração, a coordenação, o entendimento e o esforço acrescido dos assistentes operacionais concorrem para assegurar o cumprimento das funções. Os Serviços Administrativos, organizados em áreas funcionais, dão resposta às solicitações dos utentes. Quinzenalmente, asseguram o funcionamento em horário pós-laboral. A Escola tem providenciado formação, no âmbito administrativofinanceiro, aos assistentes administrativos afectos a este sector, com recurso a uma empresa externa. Há um plano de formação contínua, bianual, para os profissionais, que identifica as necessidades nos vários sectores. O centro de formação respectivo nem sempre dá resposta às mesmas, pelo que estão implementadas algumas práticas de formação interna, nomeadamente no contexto das tecnologias de informação e comunicação (TIC). Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 9 Ao nível das estruturas intermédias é prática registarem-se momentos de encontro em que os docentes replicam a formação recebida junto dos seus pares. 3.3 Gestão dos recursos materiais e financeiros A Escola ao ser integrada num Pólo de Ensino e Formação viu-se confrontada com novos desafios introduzidos pela partilha de espaços com dois outros estabelecimentos, sendo a gestão dos mesmos assegurada por uma Comissão, de que a Directora faz parte. As instalações apresentam, no geral, equipamentos e espaços adequados ao desenvolvimento da actividade educativa. Embora o número de computadores disponíveis seja ajustado às necessidades, os quatro quadros interactivos revelam-se insuficientes. A aprazibilidade dos espaços exteriores não é generalizada, já que o piso de gravilha, em parte do pavimento exterior, além de abrasivo, compromete a limpeza do átrio de acesso ao piso 0, do refeitório, da sala da Associação de Estudantes e das infraestruturas desportivas. Estas, quer o ginásio, recuperado, quer o novo pavilhão gimnodesportivo, com bancadas, reúnem condições para a prática de Educação Física, embora este último, ainda que coberto, não assegure condições de conforto aos utentes, em dias de intempérie, uma vez que as protecções laterais não abarcam as paredes em toda a sua extensão. Tal como o pavilhão, o refeitório é partilhado, funcionando também como sala de convívio, o que o torna exíguo para os dois fins. A disponibilização de duas salas, contíguas, ao projecto EDI, facilita o trabalho colaborativo entre os docentes afectos ao mesmo. A Biblioteca Escolar/Centro de Recursos (BE/CRE) apresenta-se como um espaço educativo, também de uso partilhado, com boas condições para a realização de actividades de índole cultural e lúdica, possibilitando aos alunos usufruir dos equipamentos e do vasto acervo documental disponível. As oficinas e os laboratórios apresentam condições de excelência e equipamentos adequados para práticas activas e actividades experimentais. Os simulacros e os exercícios de evacuação, embora acautelados nas antigas instalações, ainda não foram assegurados no Pólo. O plano de segurança interno está a ser elaborado por uma equipa criada para o efeito. A acessibilidade aos vários pisos, por parte de pessoas de mobilidade condicionada, proporcionada apenas por um elevador, fica comprometida em caso de avaria. A captação de receitas próprias é limitada, restringindo-se à prestação de serviços e a alguns projectos. Embora exista um protocolo que estabelece a divisão, entre a Escola e a empresa Parque Escolar, E.P.E., dos proveitos resultantes da cedência a título oneroso de instalações do Pólo a terceiros, os montantes por esta impostos não têm permitido, à Escola, oportunidades de receitas adicionais. 3.4 Participação dos pais e outros elementos da comunidade educativa A Escola tem apelado à participação dos pais e encarregados de educação, designamente através dos DT, embora não seja evidente o desenvolvimento de uma estratégia global que a incentive de modo activo e relevante. O facto de muitos alunos serem maiores de idade, leva a que o envolvimento efectivo dos pais no acompanhamento do percurso escolar dos seus educandos e na vida da Escola não se consubstancie nos níveis por esta desejados. A constituição de uma Associação de Pais poderá ser determinante e configurar-se como uma oportunidade, neste âmbito. As actividades em que são expostos trabalhos e dinamizadas experiências realizadas pelos discentes, bem como a cerimónia de reconhecimento público do mérito são as mais apelativas à sua presença na Escola. É por intermédio dos seus representantes, nos órgãos em que estes têm assento, que os pais e encarregados de educação participam na vida escolar e colaboram na reformulação de documentos estruturantes. Realçam a disponibilidade dos DT e manifestam satisfação quer com a sua actuação, quer com a dos docentes em geral. O bom relacionamento com a comunidade envolvente é visível pelo leque abrangente de parcerias estabelecidas e pela colaboração com outras entidades, desde as cooptadas para o Conselho Geral aos órgãos autárquicos. A Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia de Alcântara são parceiras de referência na concretização de várias iniciativas constantes do PAA, nomeadamente pelo apoio logístico que prestam ao nível dos transportes para a realização de visitas de estudo, potenciadoras de novas oportunidades de aprendizagem. 3.5 Equidade e justiça Os documentos estruturantes expressam princípios da equidade e justiça que os responsáveis da Escola têm subjacentes na sua actuação e procuram respeitar no quotidiano da organização. A abrangência da oferta educativa é assumida como uma estratégia de promoção da igualdade de oportunidades de formação e de integração. Atentos aos diferentes contextos em que se inserem os alunos, é desenvolvido um trabalho de Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 10 articulação entre os profissionais, no sentido de os apoiar e encaminhar para soluções pedagógicas favorecedoras de sucesso escolar e no pressuposto de garantir o acesso generalizado aos recursos físicos e materiais e a iniciativas/experiências variadas e estimulantes da aprendizagem. Se, por um lado, os alunos manifestam existir falta de consistência nas atitudes por parte de alguns docentes, no modo como lidam com diferentes alunos em situações idênticas (por exemplo, de falta de pontualidade), pondo em causa os referidos princípios, por outro, a tipificação das situações que podem culminar em ocorrência do foro disciplinar, introduzida pela sala VIMES, possibilita a uniformização dos procedimentos e o tratamento conferido pelos docentes às mesmas. A Escola atenta, igualmente, às carências socioeconómicas dos alunos e mobiliza-se para obter recursos suplementares junto de entidades locais. 4. Liderança 4.1 Visão e estratégia A liderança exercida pela Directora deixa clara a importância conferida ao ensino profissional, à qualificação e certificação de jovens e adultos e à empregabilidade, sem menosprezar os recursos da Escola. Perspectiva-a, através do seu projecto de intervenção e dos documentos estruturantes, como entidade promotora do sucesso educativo de todos os alunos, reduzindo o abandono e o absentismo escolar, bem como a indisciplina. Visão, essa, também assente nos valores, na melhoria do clima e ambiente educativos e na valorização dos recursos humanos. Todavia, a não hierarquização dos objectivos e a inexistência de metas a atingir dificulta a avaliação da eficácia das medidas a implementar. A Directora pauta a sua actuação pela negociação na tomada de decisões, revelando capacidade para afirmar a reputação da Escola no ensino profissional sem, no entanto, deixar de abraçar novos desafios educativos. As lideranças intermédias encontram-se integradas neste projecto global de procura de alternativas. Releve-se o empenho permanente que subjaz a essa aposta, por parte dos responsáveis para reavivar as áreas de referência da formação técnica, nomeadamente, no âmbito da Química e da Electrónica, de modo a preservar a identidade da Escola. É perfilhado pela comunidade educativa, como uma mais-valia, o investimento na diversidade de cursos de cariz profissionalizante atenta à procura e à oferta do mercado de trabalho. 4.2 Motivação e empenho Constata-se, da parte do corpo docente, dedicação, motivação e empenho no cumprimento das suas funções e em torno das finalidades delineadas no PE, convergindo para a construção de um bom ambiente educativo. A boa integração e o espírito de entreajuda concorrem para que os docentes se impliquem nas actividades e vivam a Escola, reforçando o seu sentimento de pertença. Os assistentes técnicos e operacionais sentem que o seu trabalho é reconhecido e assumem com diligência as suas funções. A comunidade escolar reconhece que existe, na generalidade, um bom relacionamento entre alunos, pessoal docente e não docente e encarregados de educação. O Conselho Geral, no âmbito das suas competências, tem cooperado na consolidação da identidade da Escola. A comunidade educativa reconhece a abertura da direcção ao diálogo e valoriza, quer o trabalho desenvolvido quer o profissionalismo da generalidade do corpo docente e não docente. É efectuada a monitorização do absentismo dos mesmos (sendo de realçar o decréscimo no número de faltas) e estão previstos mecanismos e procedimentos em ordem a minorar os efeitos das ausências. 4.3 Abertura à inovação Constata-se capacidade de abertura a novos desafios, consentânea com a percepção dos responsáveis sobre as mudanças que a população escolar vai evidenciando, quer ao nível das características quer dos interesses vocacionais. Assim, a reestruturação que tem sido suscitada na oferta educativa passa pela aposta em cursos que abrem novas perspectivas de inserção na vida activa (Energias Renováveis e Qualidade e Controlo Alimentar, a título de exemplo). A disponibilidade para novas experiências está patente quer na adesão, como escola de referência, ao projecto pioneiro Escola à Distância para a Itinerância (EDI) – na sequência da sua participação no projecto Escola Móvel – quer na colaboração com o Observatório de Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário. A rede intranet da Escola é considerada um ponto forte da organização, propiciando, à comunidade escolar, comodidade e rapidez na circulação da informação. A plataforma Wiki P@P e a Moodle, Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 11 configuram mecanismos de informação digital que, embora agilizem a comunicação, mesmo no seio dos diferentes órgãos e estruturas, não evidenciam uma utilização consolidada como ferramentas pedagógicas. A utilização da plataforma Moodle é privilegiada no âmbito do projecto EDI. O sítio da Escola na Internet, embora se apresente como um dos canais de divulgação dos documentos estruturantes da organização e de informações pertinentes, não se afigura plenamente optimizada ao nível da difusão, em moldes apelativos, dos cursos que disponibiliza, da evidenciação de experiências realizadas e da partilha de boas práticas. Dotada de painéis fotovoltaicos e de um pequeno gerador eólico, a Escola tira partido dos mesmos nas actividades práticas do curso de Energias Renováveis, perspectivando, após negociação do seu uso, com a empresa Parque Escolar E.P.E., reduzir os encargos de consumos correntes com a electricidade. 4.4 Parcerias, protocolos e projectos A Escola revela, numa linha de abertura ao meio local, boa capacidade para mobilizar instituições de ensino superior e um leque diversificado de outras entidades, públicas e privadas, que representam não só uma maisvalia para a realização de estágios, como para a transição dos alunos para a vida activa. A consolidação e o alargamento desta rede activa de parceiros configuram uma oportunidade para a Escola reforçar a boa reputação dos cursos de carácter profissionalizante e a sua imagem positiva no exterior. Existem, no entanto, áreas, nomeadamente ligadas à educação cívica, em que as parcerias são pouco exploradas. Através de projectos de âmbito nacional, nomeadamente do Desporto Escolar, da Rede de Bibliotecas Escolares, do Plano Tecnológico de Educação ou da Escola Electrão, proporcionam-se condições promotoras do desenvolvimento integral dos alunos. Os projectos que, no âmbito da Ciência Viva, decorreram na Escola até ao ano lectivo transacto, Tratar a Água, Preservar a Vida e Analistas Químicos no Supermercado, também tiveram reflexos positivos na formação dos alunos neles envolvidos. A decisão da rede escolar, de supressão da oferta do ensino básico regular para o ano lectivo de 2010-2011, embora entretanto cancelada, determinou a interrupção da adesão ao Plano da Matemática II e ao Plano Nacional de Leitura. 5. Capacidade de auto-regulação e melhoria da Escola 5.1 Auto-avaliação Na sequência do processo de Avaliação Integrada das Escolas realizado pela Inspecção-Geral da Educação, a que a ESFB foi sujeita em 2000-2001, esta desenvolveu procedimentos conducentes à auto-avaliação, no sentido de dar resposta às recomendações feitas. Em 2005-2006, foi constituída, embora apenas por docentes, uma equipa de auto-avaliação e dado início ao processo, aplicando o modelo Common Assessment Framework (CAF), com o apoio de uma empresa de consultoria externa. Ainda que tenham sido identificadas áreas de melhoria, vicissitudes de natureza diversa, aliadas, primeiro à possibilidade de encerramento da Escola e, depois, à mudança de instalações, originaram uma interrupção do processo, em 2006-2007. Embora não tenham sido elaborados planos de melhoria, foram implementadas algumas medidas, como seja a sala VIMES, e mantiveram-se as práticas auto-avaliativas de análise dos resultados académicos. O modelo foi retomado em 2009-2010, com a aplicação de novos inquéritos por questionário aos diferentes intervenientes da comunidade escolar. Com vista a ultrapassar as fragilidades detectadas no diagnóstico organizacional, foi feita a priorização de 26 acções de melhoria sem, contudo, terem sido traçadas linhas orientadoras e estabelecida uma calendarização para a consecução das mesmas. Destas, três foram formalizadas em planos. Constatam-se medidas que, não estando consubstanciadas em planos de acção nem sendo reconhecidas como tal, perspectivam algum impacto no planeamento e na gestão de actividades. Outras, sendo casuísticas e intuitivas, não têm sido utilizadas para reorientar os processos e os resultados da acção educativa. 5.2 Sustentabilidade do progresso O trabalho de auto-avaliação que tem sido desenvolvido reflecte alguma atitude crítica de autoquestionamento, mas não evidencia um carácter sistemático. O diagnóstico organizacional realizado no ano lectivo transacto e as três acções de melhoria em curso, daí decorrentes, não têm subjacente um plano de intervenção estratégico e integrador, em que as prioridades de actuação sejam ajustadas, temporalmente, à superação das fragilidades detectadas e em que sobressaia, de modo explícito, a sua relação com a monitorização e a reflexão sobre os Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 12 resultados académicos. Tendo subjacente a identidade pedagógica da Escola, também não está ressalvada a consolidação dos pontos fortes identificados como motor de desenvolvimento. No entanto, os responsáveis identificam os constrangimentos que podem comprometer o cumprimento dos seus objectivos e aproveitam oportunidades que se lhes apresentam. A não utilização do processo de auto-avaliação como ferramenta de intervenção estratégica e global de planeamento limita a capacidade interna de melhoria da Escola. V – CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, apresenta-se uma selecção dos atributos da Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides (pontos fortes e fracos) e das condições de desenvolvimento da sua actividade (oportunidades e constrangimentos). A equipa de avaliação externa entende que esta selecção identifica os aspectos estratégicos que caracterizam a escola e define as áreas onde devem incidir os seus esforços de melhoria. Entende-se aqui por: • Pontos fortes – atributos da organização que ajudam a alcançar os seus objectivos; • Pontos fracos – atributos da organização que prejudicam o cumprimento dos seus objectivos; • Oportunidades – condições ou possibilidades externas à organização que poderão favorecer o cumprimento dos seus objectivos; • Constrangimentos – condições ou possibilidades externas à organização que poderão ameaçar o cumprimento dos seus objectivos. Os tópicos aqui identificados foram objecto de uma abordagem mais detalhada ao longo deste relatório. Pontos fortes A diversificação da oferta educativa visando a valorização das aprendizagens e a redução do absentismo e abandono escolares, bem como o reconhecimento, pelas empresas que acolhem os estágios, das competências técnico-profissionais dos alunos; A acção desenvolvida pelo Serviço de Psicologia e Orientação, em articulação com os directores de curso e de turma, alunos e famílias, nomeadamente na vertente da (re)orientação escolar e vocacional, bem como na divulgação da oferta educativa e captação dos alunos; A abrangência do currículo, o fomento das práticas experimentais e a valorização dos saberes e das aprendizagens em diferentes áreas, com forte impacto na formação integral dos discentes; As excelentes condições físicas proporcionadas pelo processo de requalificação e ampliação dos espaços, facilitadoras de práticas activas e de actividades experimentais, nomeadamente no âmbito dos cursos de vertente profissionalizante; A capacidade da Escola para aceitar novos desafios educativos, nomeadamente pela adesão ao projecto Ensino à Distância para a Itinerância e apostar em cursos que abrem novas perspectivas de inserção na vida activa. Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 13 Pontos fracos A insuficiente co-responsabilização dos alunos nas tomadas de decisão e na sua implicação na organização de actividades; A prevalência de comportamentos indisciplinados em algumas turmas que afectam o funcionamento das actividades e o ambiente educativo propício às aprendizagens; A não definição de metas mensuráveis nos departamentos curriculares, tendo em vista a aferição dos processos delineados face aos resultados obtidos, o que diminui a sua capacidade interna de melhoria; A falta de indicadores de mensurabilidade que permitam efectuar a monitorização e avaliar o grau de consecução dos objectivos definidos no Projecto Educativo, limita a sua eficácia enquanto instrumento de gestão; A não utilização do processo de auto-avaliação como ferramenta de intervenção estratégica e global de planeamento, limitando a capacidade interna de melhoria da Escola. Oportunidades A consolidação e o alargamento das parcerias com instituições de ensino superior e entidades, públicas e privadas, configuram uma oportunidade para o reforço de uma imagem positiva da Escola. Constrangimentos O reduzido número de assistentes operacionais face ao aumento do número de alunos, associado à configuração e amplitude das novas instalações da Escola. Escola Secundária com 3.º Ciclo de Fonseca Benevides – Lisboa 14
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