“Sciatica: review of epidemiological studies and prevalence
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“Sciatica: review of epidemiological studies and prevalence
Boletim Neuro Atual- Resenhas de Trabalhos Científicos em Neurologia. Volume 3, Número 1, 2011 “Sciatica: review of epidemiological studies and prevalence estimates.” Konstantinou, K. Dunn, k. SPINE, 2008, Vol. 33, (22): 2464–2472 É um artigo de revisão da literatura publicado num importante periódico. As autoras iniciam seu trabalho de revisão definindo o termo ciática. Consideram um termo ruim mas mantiveram-no em seu trabalho por ser popular entre profissioanis da saúde e entre leigos. Dor lombar (LBP) é descrita como uma condição muito comum que tende a afetar cerca de 70% da população em algum momento de sua vida, com diferentes graus de severidade dos sintomas. Dor lombar associada com dor na perna ou ciática é uma das variações mais comuns da LBP. Ciática é conhecida por uma série de termos na literatura: síndrome radicular lombossacra, radiculopatia, dor no nervo ou raiz nervosa, encarceramento ou irritação radicular. Os termos dor radicular ou radiculopatia são muito mais apropriados e explicam a condição dolorosa. Dor ciática é geralmente definida como dor irradiando para a perna, normalmente abaixo do joelho até o pé e dedos do pé. A dor tende a aproximar da distribuição do dermátomo da raiz ou nervo afetados (frequentemente L5, S1) e é associada muitas vezes com dormência ou dor em alfinetadas e agulhadas na distribuição dos mesmos. Aos sintomas sensitivos podem se somar déficits neurológicos, tais como alterações da força muscular, dos reflexos profundos do membro afetado. LBP com ciática é um sintoma e não um diagnóstico específico mas presença de hérnia de disco lombar, presença de canal estreito ou estenose foraminal são patologias típicas que podem causar dor ciática. Há também algumas condições raras que podem provocar ciática como tumores, cistos ou outras patologias extras-medulares. Na maioria dos casos, a principal causa dos sintomas é creditada à inflamação resultantes da irritação ou compressão da raiz do nervo afetado por seus tecidos circundantes. Estudos epidemiológicos mostram uma grande variação nas taxas de prevalência da ciática. Em parte essa variação é devida às definições utilizadas nos vários estudos. A utilização de questionários que são os instrumentos possíveis para estudos populacionais, não separam a verdadeira dor ciática (que é uma dor neuropática) da dor referida na perna por outras condições musculoesqueléticas da cintura pélvica, da região lombar ou da região superior do membro inferior. As taxas de prevalência de ciática ao longo da vida registradas nos diversos estudos variam de 12,2% a 43%. Nesta revisão, as autoras encontraram apenas 2 estudos de 23 cuidadosamente interpretados que usaram avaliação clínica (além de questionários). Um deles considerou como ciática, quase sempre, sendo consequência de disco herniado. A estimativa da prevalência ponto relatada neste estudo foi 4,8%. O estudo fornece detalhes de que os sintomas indicativos de ciática a distribuição da dor na perna com um padrão dermatotópico, a presença de deficit neurológico, sinal de Lasègue ou hérnia de disco confirmada por cirurgia ou exame de imagem. Nesse estudo a prevalência anual foi estimada em 2,2%. Supõe-se que as ciáticas não relacionadas com prolapso do disco devem ter sido excluídas. O outro estudo considerou como ciática somente se a dor era referida no membro inferior, durando mais de 6 semanas, e se eram agravadas pela tosse e espirros ou pela manobra de Valsalva. Refere uma prevalência ponto de 1.6%. Resumindo os números de todos os estudos estima-se que prevalência anual, na população em geral, considerando-se como ciática a dor LBP com dor irradiação para o membro inferior abaixo do joelho, as taxas variaram de 9,9% para 25%. Entendendo que na maioria dos estudos se considerou como dor ciática a que ocorre abaixo do joelho e, muitas vezes, chegando até o pé e aos dedos do pé, em contraposição à dor no membro inferior que não está relacionada ao envolvimento de raiz do nervo. Comentários (JGS): Basear-se em questionários para o diagnóstico de dor com distribuição aparentemente radicular "abaixo do joelho" como relatado em um recente consenso (Dionne CE, Dunn KM, Croft PR, et al. A consensus approach toward the standardization of back pain conditions for use in prevalence studies. Spine 2008;33:95–103) para fins de prevalência populacional de uma dor neuropática me parece incorreto, mas realizar exame neurológico numa amostra populacional apesar de necessário é inviável. Daí os resultados tão discrepantes obtidos dessa revisão do assunto. Critérios diagnósticos diferenciando dor ciática musculoesquelética da neuropática ainda não são encontrados na literatura pertinente. A meu ver a distribuição radicular, a piora com a tosse/espirro e manobra de Valsalva, achados neurológicos como alterações da força muscular e da sensibilidade (superficial e/ou profunda do membro acometido) e a presença de sinal de Lasègue são indicativos importantes da ciática neuropática. Por outro lado dor com distribuição aparentemente radicular sem os achados neurológicos citados permitem o diagnóstico de dor pseudo-ciática que seria aquela originada por problemas musculoesqueléticos (articulações, ligamentos, dor miofascial, etc.) com irradiação para o membro inferior. Nesses casos a dor referida pelo paciente no membro inferior seria provocada pela dígito-pressão dos pontos-gatilho presentes em articulações, ligamentos, músculos ou fáscias e não pelo clássico sinal de Lasègue. A diferenciação dessas duas condições é de fundamental importância na elaboração de um plano de tratamento que, em geral, inclui atuação de equipe multidisciplinar. José Geraldo Speciali
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