Banas Qualidade
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Ano XXIV | Junho de 2015 | Edição 276 A EXPERIÊNCIA DE QUEM CONHECE Pag 52 Estudo de Caso: CRAYOLA BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 1 As simulações de Monte Carlo nunca foram tão fáceis. Faça login para sua assinatura de avaliação 2 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 ww w. d e v ize .co m Estatística pode ser poderosa. Com o Quality Trainer, um curso de aprendizado on-line da Minitab, você aprende a estatística necessária para suas tomadas de decisões baseada em seus dados. Entenda como analisar os seus dados e tenha poder para melhorar o seu negócio. e-learning for statistics w w w. q u a l i t y t r a i n e r. c o m BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 3 Editorial Hayrton R. do Prado Filho Mudanças extremas O que as mudanças climáticas farão no futuro é aumentar a variabilidade natural e aumentar a frequência dos fenômenos climáticos extremos. A seca como a que atingiu São Paulo em 2014 é um fenômeno muito raro. E, supondo que isso poderia ocorrer, naturalmente, uma vez a cada 100 anos, pode-se afirmar que se tudo isso continuar o período de recorrência será menor. Ou seja, o que a mudança climática faz: havia certa variabilidade de fenômenos extremos muito raros e, de repente, por conta do problema, começam a ficar mais frequentes. Esse aumento da frequência torna os eventos extremos mais prováveis ao longo do tempo. Além disso, a mudança climática pode, também, intensificá-los. Especificamente na cidade de São Paulo, onde acompanho o processo, o efeito climático dominante é o da ilha urbana de calor, gerado pelo crescimento e adensamento de mudança da cidade, com a eliminação de áreas verdes e a impermeabilização do solo. A temperatura média global à superfície elevou-se em 0,8º C desde a revolução industrial. Contudo, em São Paulo, nos últimos 70 anos, subiu entre 3º C e 4º C, em média. De acordo com os cenários do IPCC, se nada for feito para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa nas próximas décadas, as temperaturas médias globais poderão chegar (no ano de 2100) de 3º C a 4º C acima dos níveis préindustriais. Na região do estado de São Paulo, haveria uma elevação de 3º C, 3,5º C. O impacto no Brasil central seria de 4º C, 5º C e o impacto na Amazônia em 5º C ou 6 º C. No melhor cenário, caso sejam tomadas medidas para impedir a subida de mais 2ºC na temperatura média global, acima dos níveis pré-industriais até 2100, a temperatura no estado de São Paulo subiria da ordem de 2º C. Se nada for feito, as coisas tendem a piorar. 4 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Revista Banas Qualidade Telefones: +55(11) 3798.6380 /3742.0352 Email: [email protected] Twitter: @banasqualidade Facebook: banasqualidade Site: http://www.banasqualidade.com.br Editorial Publisher: Fernando Banas [email protected] Editor: Hayrton do Prado [email protected] Diretora: Christine Banas [email protected] Colaboradores Editoriais Ernesto Berg Maurício Ferraz de Paiva Claudemir Y.Oribe Roberto Inagake Roberta Pithon Cristina Werkema Odécio Branchini Colaboradores da Edição Alexandre Andrioli Iwankio Carlos Eduardo Moretti Dolores Afonso Eduardo C Moura Faria A.L.R. Gilberto Strafacci Neto Kimura I.A. Kussumi T.A Lemes V.R.R Luis Oliveira Nakano V.E Nascimento S. Oliveira M.C.C. Ribeiro R.A Rick Tucci Publicidade Edila Editorial Latina Ltda. Telefone: +55(11) 3798.6380/3742.0352 [email protected] Assinaturas Telefone: +55(11) 3798.6380 [email protected] Assinatura digital Anual (12 edições) : R$ 140,00 Bianual (24 edições) : R$190,00 A Revista Banas Qualidade - DIGITAL é publicada pela EDILA-Editorial Latina Ltda. com sede em São Paulo/SP - Brasil. A publicação não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos aqui emitidos por seus articulistas e colunistas. ISSN - 1676-7845 Ano XIV - Edição 276 Junho de 2015 BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 5 Sumário 04 - Editorial Mudanças extremas 08 - Pelo Mundo Os principais fatos internacionais 10 - Eventos Treinamentos e eventos de julho 12 - Opinião Começar de novo 18 - Comportamento: 20 questões fundamentais sobre sua empregabilidade 20 - MASP Afinal, qual é mesmo o problema? 22 - Acessibilidade Os deficientes também precisam se divertir II 62 - Certificação: Por que o esquema de certificação de produtos e serviços no Brasil só aumenta as tragédias e os acidentes de consumo?: A normalização é o primeiro passo para se atingir alguma qualidade tanto de produtos como de serviços e é por meio dela que se pode manter a evolução das empresas em busca da melhoria contínua. Algumas instituições e profissionais, por desconhecimento ou má-fé, advogam que as normas técnicas, diferentemente dos regulamentos técnicos, são voluntárias. 88 - Ferramentas Mapeamento de Fluxo de Valor 90 - Inside Por dentro da Notícia 106 - Normalização Capacetes de segurança para uso ocupacional 118 - Metrologia Produtos e Serviços 120 - Normas e Diretrizes 123 - Cartas 124 - Ponto Crítico Causos de Assistência Técnica 84 - Gestão Desempenho na Construção Civil NBR 15575:2013 Nova norma de desempenho revisada e publicada oficialmente em 2013 promete estabelecer os critérios para avaliação de desempenho em habitações e é um avanço para a construção civil. 6 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Junho de 2015 - Edição 276 - Ano XXIV 94 - Meio Ambiente: A Água no Brasil: O país detém 12% da água doce de superfície do mundo, o rio de maior volume e um dos principais aquíferos subterrâneos, além de invejáveis índices de chuva. Mesmo assim, falta água no semiárido e nas grandes capitais, porque a distribuição desse recurso é bastante desigual. Ano XXIV | Junho de 2015 | Edição 276 A EXPERIÊNCIA DE QUEM CONHECE 104 - Meio Ambiente A solução para acrise hídrica esta mais perto do que se imagina Pag 52 Estudo de Caso: CRAYOLA Especial - Lean Seis Sigma 26 - Cristina Werkema A lamentável banalização do Lean Seis Sigma 32 - Rick Tucci e Sergio N. Assiz Melhorando o retorno do investimento do Lean Seis Sigma com equipes de Ação Rápida 40 - Eduardo C. Moura As virtudes e limitações de TOC, Lean e Six Sigma 44 - Fundação Carlos Alberto Vanzolini Aplicação do Lean no Agronegócio 110 - Metrologia: Método Multirresíduo de agrotóxicos organofosfatados: O uso de agrotóxicos é uma das principais fontes de contaminação do sistema hidrológico. Devido aos riscos pelo consumo de água contaminada, realizou-se esta pesquisa com o objetivo de avaliar método multirresíduo de agrotóxicos organofosforados por CG/ FPD e extração em fase sólida em disco (SPE - em disco C18). 48 - Alexandre Andrioli Iwankio Os hábitos dos Black Belts de sucesso 52 - Minitab A cor da Qualidade: Como a Crayola usa dados para fornecer o giz de cera perfeito 58 - Luis Oliveira Uma grande estratégia em tempos de crise BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 7 Pelo Mundo Membro Honorário ASQ Congresso FNQ de Excelência em Gestão O Congresso FNQ de Excelência em Gestão, acontecerá dia 23 de Junho em São Paulo. Com tema “O novo Capitalismo”, o evento terá debates e networking, para discutir tendências inovadoras para a construção de novas ideias e soluções. Um dos principais palestrantes será o economista indiano Pavan Sukhdev, principal autor do relatório The Economics of Ecossystems and Biodiversity, da ONU. É esperado um público de 350 pessoas e será realizado no Centro de Convenções Rebouças, das 8h30 às 19h30. http://www.fnq.org.br/ CEG2015/index.php Noriaki Kano, professor emérito da Universidade de Ciência de Tóquio, será reconhecido como o mais recente membro honorário da ASQ na Conferência Mundial ASQ do próximo mês em Qualidade e Melhoria em Nashville, TN. Também é conhecido por promover os métodos de gestão da qualidade total japonesa. Ele vai se tornar o 25º membro honorário da história da ASQ. Kano irá se juntar aos outros 22 homenageados que serão apresentados com medalhas e prêmios ASQ no evento. Documentos informativos Ranking 30 maiores empresas de mídia do mundo De acordo com o levantamento feito pela consultoria ZenithOptimedia vinculada ao francês Publicis de “Os 30 Maiores Donos de Mídia em 2015", o Google está em primeiro lugar, seguido da Disney. O primeiro teve uma receita 136% maior que o segundo. O Facebook passou da 24ª para a 10ª posição no ranking, um crescimento de 63% de 2014 para 2015. O Baidu ficou na 14ª posição, na frente do Yahoo (18ª) e Microsoft (21ª). Para o ranking, é considerada a receita de mídia, com o objetivo de determinar as empresas mais importantes para o setor de marketing. Veja lista completa: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/05/1629787google-lidera-ranking-de-30-maiores-empresas-de-midia-domundo.shtml 8 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 O Fórum Internacional de Acreditação, publicou os seguintes documentos informativos que serão úteis para organizações que planejam transição para as novas normas: • Orientação para o plano de transição para ISO 9001: 2015 • Orientação para o plano de transição para ISO 14001: 2015 • Informações sobre a Transição do Sistema de Gestão de Credenciamento da ISO/IEC 17021:2011 para ISO/IEC 170211:2015. Para mais informações, acesse: http:// www.iaf.nu/ Por Jeannette Galbinski ASQ Vídeos: ISO 9001:2015 Novos vídeos que mostram especialistas analisando os diferentes aspectos nas mudanças das normas foram liberados no Canal ASQ Standards.Mais vídeos abordando diferentes temas estão programados para lançamento nos próximos meses, já que a liberação formal da nova revisão da norma está próxima. Para mais informações, acesse:http://videos. asq.org/asq-standards-channel ISO nas Prefeituras A NBR ISO 18091:2014 Sistemas de Gestão da Qualidade Diretrizes para a aplicação da ABNT NBR ISO 9001:2008 em prefeituras tem como objetivo fornecer às prefeituras as diretrizes para a obtenção de resultados confiáveis por meio da aplicação da norma. Todas as orientações indicadas na norma ISO 18091:2014 são genéricas e aplicáveis a todos os governos locais, independentemente do seu tipo, tamanho e produto ou serviço fornecido. O usuário pode aplicar as orientações contidas na norma ISO 18091: 2014 conforme necessário. Para mais informações: http://www.iso.org/ iso/catalogue_detail?csnumber=61386 Dia Mundial da Acreditação Dia 09 de Junho será comemorado o Dia Mundial da Acreditação 2015, que tem foco na acreditação e fornece apoio na prestação de saúde e assistência social. Para comemorar o dia e para apoiar as atividades que estão ocorrendo em cada economia, o Laboratório Internacional de Acreditação e Cooperação e o Fórum Internacional de Acreditação criaram um conjunto de materiais que estão disponíveis para download. Para mais informações, acesse: http://www.iaf.nu/articles/ World_Accreditation_Day_2015__Accreditation_Supporting_ the_Delivery_of_Health_and_Social_Care/409 A revisão da ISO 31000 sobre gestão de risco Com objetivo de garantir a relevância para os usuários, a norma ISO 31000 que fornece princípios e diretrizes genéricas para a gestão de riscos, está sendo revisada. As normas são revisadas a cada 5 anos e a revisão da ISO 31000 foi realizada em Março, em Paris. Além disso, todos os termos e definições da norma também estão contidos no Guia ISO 73, desta forma qualquer alteração aos termos e definições da ISO 31000 deve ser idêntico em ambos os documentos. Dependendo das etapas de revisão, a norma deve ser publicada até 2017. Mais informações: http://www.iso.org/iso/home/news_index/news_ archive/news.htm?Refid=Ref1963 Jeannette Galbinski: Doutora em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Master of Science em Qualidade e Confiabilidade pelo Technion Institute of Technology. Graduada em Estatística pela USP, com especialização em Administração Industrial pela FundaçãoVanzolini. Master Black Belt e consultora internacional especialista na implementação de Ferramentas e Sistemas da Qualidade e projetos de Seis Sigma. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 9 Eventos Outubro - 2015 ANUGA Realizada em Colônia, na Alemanha, reúne dez setores alimentícios apresentando as tendências do mercado em um mesmo local. A feira aborda diversos setores do gênero alimentício: alimentação dietética, bebidas, mercearia fina, fast-food, peixe, alimentos congelados, lacticínios, carnes, artigos de pastelaria, frutas, legumes, conservas, café, sorvetes, equipamentos para cozinhas grandes, assadores, fornecimento de comidas, distribuidores automáticos e franchising. Data: 10 a 14 de Outubro Local: Colônia / Alemanha Informação: http://www. anuga.com/anuga/index-2.php 02 06 14 17 Conceitos básicos e ferramentas preliminares em Mapeamento de Processos Capacitar o profissional sobre as principais técnicas e ferramentas de mapeamento de processos, como BPMN (Business Process Management Model and Notation) e Service Blueprint – Mapa de processo de serviço Data: 02 de julho Local: São Paulo/SP Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos. asp?cod_site=0&id_ evento=1980 A nova ISO 9001:2015 Contribuir com a capacitação dos profissionais em sistemas de gestão da qualidade com o objetivo de adequar seus atuais sistemas e implantar novos sistemas com foco em atender à nova versão da norma ISO 9001, que será publicada em 2015. Data: 06 de julho Local: São Paulo/SP Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos. asp?cod_site=0&id_ evento=1794 Administração do Tempo Este curso permite que o participante conheça novas diretrizes para tomada de decisões, ajuda-o a refletir sobre os pontos de desperdício de tempo que possui e auxilia na redefinição do seu planejamento pessoal Data: 14 de julho Local:São Paulo /SP Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos. asp?cod_site=0&id_ evento=1900 O Líder Resiliente Desenvolver nos líderes práticas de como desenvolver estratégias em resiliência na vida pessoal e de como praticá-las na rotina de trabalho, favorecendo o alinhamento e a realização de metas e superação de obstáculos. Data: 17 de julho Local: São Paulo/SP Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos. asp?cod_site=0&id_ evento=1973 Construindo um Sistema de Gestão da Qualidade Um livro especialmente escrito para os profissionais que pretendem IMPLANTAR um Sistema de Gestão da Qualidade ,VERIFICAR o sistema já implantado na empresa ou TREINAR sua equipe interna. http://qualistore.com.br/produtos/construindo-um-sistema-de-gestao-da-qualidade-isbn-9788589705455/ 10 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Julho Julho - 2015 20/22 ENERSOLAR A 3ª edição da Enersolar + Brasil, a maior feira de energias renováveis da América Latina, com a presença dos principais players mundiais do setor, apresentara as últimas novidades em tecnologias a um público focado e interessado na realização de negócios e parcerias. Estamos dando mais um passo para mitigarmos o risco dessa crise. Trazendo alternativas e opções de mercado para tomadas de decisões de empresários e governantes. Data: 15 a 17 julho Local: São Paulo/SP Informação: http://www. enersolarbrasil.com.br/ Gestão de Projetos Oferecer formação básica a profissionais iniciantes na carreira de gestão de projetos e que pretendam conhecer o Guia PMBOK®. Data: 20 a 22 de julho Local: São Paulo Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos. asp?cod_site=0&id_ evento=1776 18 20/21 23 30/31 5S e Gerenciamento Visual Este curso apresenta a filosofia 5S e a estratégia de implementação a ser utilizada, além de permitir a padronização da implantação da filosofia entre as diversas plantas e áreas da sua empresa Data: 18 de julho Local: São Paulo/SP Informação: http://www. setecnet.com.br/convite. php?id_turma=3428 APQP 2ªEd. + PPAP 4ª Ed Apresentar aos participantes o processo completo do APQP/PPAP e discutir o planejamento para o gerenciamento. Detalhar e analisar as fases e todos os elementos correspondentes, levando em consideração os objetivos, responsabilidades e as ferramentas de qualidade e produtividade. Data: 20 a 21 de julho Local: São Paulo/SP Informação: http://www. setecnet.com.br/convite. php?id_turma=3766 Gestão da Sustentabilidade Apresentar e discutir as atuais tendências nas estratégias de gestão da sustentabilidade na produção de bens e/ou serviços. Reestruturação da produção sob o paradigma da sustentabilidade, eco-inovação e mercados “verdes”, sustentabilidade na cadeia produtiva, logística reversa. Data: 23 de julho Local: São Paulo/SP Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos. asp?cod_site=0&id_ evento=1769 FMEA 4ª Edição Desenvolver FMEA de Sistema, Projeto e Processo, examinar com profundidade as diferenças entre os tipos de FMEAs e suas inter-relações, aplicar os Conceitos de Identificação de Características Especiais; - Criar estratégias Data: 30 e 31 de julho Local: São Paulo/SP Informação: http:// setecnet.com.br/convite. php?id_turma=3776 Implantando a ISO 9001:2008 Kit para implantação do Sistema de Gestão da Qualidade na empresa. O Kit Passo a Passo traz todos os materiais necessários para a aplicação completa da norma. http://qualistore.com.br/produtos/implante-vocemesmo-a-iso-9001-em-sua-empresa/ BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 11 Opinião Começar de novo No período de 1950 a 1980 o mundo assistiu o surgimento do Japão como potência econômica mundial, conquistando mercados pela qualidade de seus produtos. Este foi um fato inédito na história da humanidade, pois pela primeira vez o poder econômico de uma nação foi conquistado sem golpes políticos e sem derramamento de sangue. Nos anos seguintes, outros países seguiram o exemplo, com maior ou menor êxito. E em praticamente todas as empresas do planeta, palavras como “qualidade total”, “satisfação do cliente” e “melhoria contínua” tornaram-se jargão do dia-a-dia. É verdade que em muitos casos (a grande maioria, na minha opinião) a coisa ficou por aí mesmo, no nível das palavras. 12 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Por Eduardo C. Moura M as em todos os continentes, independentemente da cultura local, são inúmeros os casos de líderes empresariais que souberam colocar em prática os ensinamentos dos “gurus” da Qualidade, e conduziram suas organizações a um processo de transformação, obtendo resultados nunca antes imaginados. Entretanto, no cômputo geral mundial, cerca de 70% das empresas fracassaram na implementação do TQM (Total Quality Management). E esta estatística não tem sido menos desastrosa no caso de metodologias mais recentes como a Teoria das Restrições, Seis Sigma e Lean. Os analistas desavisados e os oportunistas se apressam em lançar a culpa às metodologias, e rapidamente passam a propor um novo modismo. Entretanto, a verdade é que a “culpa” não está na metodologia, assim como a absoluta maioria dos acidentes de trânsito não está na tecnologia automotiva, mas sim na imprudência dos motoristas. Na verdade, existe um grande fator determinante que pode explicar aquela estatística sinistra: a falta de liderança verdadeira e esclarecida. Há dois adjetivos importantes a considerar aqui: “verdadeira” e “esclarecida”. Primeiro, liderança verdadeira. Os verdadeiros líderes empresariais são figuras raras. A enorme maioria das pessoas colocadas na cabeça das organizações não merecem o título de líderes. São no máximo administradores bem intencionados, munidos de uma confiança cega na experiência acumulada e nos ensinamentos que receberam em sua formação acadêmica, uma boa parte dos quais estão perdidamente obsoletos. Confirma ninguém menos que Peter Drucker: “À medida que nos aprofundamos no conhecimento econômico, vemos que as premissas básicas de muito o que é ensinado e praticado sob o nome de ‘gestão’ está irremediavelmente desatualizado... De fato, a maioria de nossas premissas sobre negócios, tecnologia e organização tem pelo menos 50 anos de idade; duraram mais do que deviam... Como resultado, estamos pregando, ensinando BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 13 Opinião e praticando políticas contraproducentes, cada vez mais fora de sintonia com a realidade. Tais premissas, que determinam as coisas para as quais devemos estar atentos e quais devemos ignorar, são normalmente mantidas no subconsciente de professores, escritores e praticantes em todo o mundo. Logo, elas são raramente analisadas, raramente estudadas ... raramente desafiadas, e até mesmo raramente explicitadas” [1]. Um pequeno exemplo que atesta o fato: a grande maioria dos profissionais e executivos tomam decisões críticas para o negócio com base no “custo do produto”, esse intocável conceito tacitamente aceito como vaca sagrada da administração tradicional. Entretanto, os que sabem algo sobre Teoria das Restrições já aprenderam que “custo do produto” é na verdade um fantasma contábil que, nas atuais condições empresariais, pode distorcer completamente nossa visão da realidade e levar-nos a decisões equivocadas [2]. O verdadeiro líder possui várias características distintas, mas sem dúvida a principal é seu ideal ou visão de longo prazo, baseada em princípios fundamentais. Tal característica contrasta frontalmente com o estilo gerencial predominante, o qual normalmente se resume ao estabelecimento arbitrário e cobrança insana de metas numéricas de curto prazo, uma malfadada prática (infelizmente reforçada pelo BSC – Balanced Scorecard) que Deming já criticava duramente há décadas atrás [3]. Em segundo lugar, liderança esclarecida. Um paradoxo da liderança (e a História não me deixa mentir) é que a própria paixão que o líder tem por seus ideais é, por um lado, a chave do seu sucesso, mas por outro lado o acaba cegando para outras verdades. Os líderes empresariais, “gurus” e consultores se dedicam apaixonadamente a difundir suas idéias, mas isto muitas vezes lhes bloqueia a visão. Muitos executivos que implementaram com êxito o TQM falharam em absorver as contribuições de outras metodologias. A grande maioria das empresas de consultoria oferecem a seus clientes apenas uma única forma de abordar os problemas da organização, e a vendem como se fosse uma panacéia milagrosa em qualquer situação. Afinal, para quem só tem um martelo na mão, todas as coisas ao redor passam a ter cara de prego... É o caso das instituições especializadas em TOC-apenas, ou Seis Sigma-apenas, ou Lean-apenas. A liderança esclarecida tem tanto a humildade de reconhecer que todos os métodos de melhoria têm limitações, como também tem a sabedoria de combinar as melhores contribuições de cada abordagem, em cada situação específica. Integração é a palavra chave, quando se trata de extrair máximo proveito do que Qualide Total/Seis Sigma, Lean, TOC e outras metodologias têm a oferecer [4]. Outro aspecto importante é que o líder esclarecido 14 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 sabe que não é eterno, e portanto trata de construir um sistema que se perenize quando ele finalmente tenha que sair de cena. Infelizmente a maioria dos líderes não tem essa virtude, pois suas raras qualidades tendem a incliná-los para o egocentrismo, e assim sua saída deixa um tremendo vazio, colocando a organização em um processo de “desaprendizado organizacional”. Este fato é magistralmente ensinado no livro “Built to Last” [5], que confronta a figura do líder carismático estilo “time-teller” (vidente do futuro) versus o líder esclarecido estilo “clock builder” (construtor de um sistema que se autoperpetua). Na verdade, levando em conta todas estas considerações, acho até otimista a estatística de que 30% das organizações têm exito na implementação de metodogias de melhoria contínua, se definirmos como “êxito” a obtenção de resultados sustentáveis no longo prazo e a consolidação de uma cultura organizacional orientada para a excelência. Um fato cada vez mais evidente é que a maioria dos líderes empresariais que participaram ao vivo do movimento mundial pela Qualidade já se aposentaram, e a nova geração que assumiu seus lugares não sabe o que é Qualidade com Q maiúsculo. Alguns a vêem como uma remota matéria aprendida na universidade (num momento de suas carreiras em que não tinham experiência empresarial suficiente para apreciar a importância do assunto); outros a associam a uma incômoda auditoria semestral necessária para manter vigente alguma certificação normativa; já outros têm uma visão mais abrangente, mas apenas no nível das políticas e práticas da empresa (o “know-how” da Qualidade), sem porém conhecer os princípios filosóficos fundamentais (o “know-why” da Qualidade). Mas o fato é que a Qualidade continua sendo uma estratégia competitiva vital, talvez hoje mais do que nunca. As empresas mais competitivas são aquelas que não apenas reconhecem este fato tão óbvio mas também enfrentam o trabalho duro de torná-lo uma realidade consistente. Digo isto não apenas como experiente profissional da Qualidade (já são mais de 30 anos nessa caminhada), mas com base em dados estatísticos irrefutáveis: o projeto PIMS (Profit Impact of Market Strategies, www.pimsonline.com), originado na General Electric e posteriormente mantido pela Harvard Business School é com certeza o mais extenso estudo, feito a partir de uma base de mais de 3.000 unidades de negócio em todo tipo de atividade , desde os anos 60 até os dias de hoje. E a principal constatação deste estudo pode ser resumida na seguinte frase: “No longo prazo, o fator isoladamente mais importante que impacta o desempenho financeiro das unidades de negócio é a qualidade de seus produtos e serviços, conforme percebida pelos seus clientes, em comparação com os competidores” [6]. Portanto, é necessário recuperar e por em prática o ensinamento dos grandes mestres da Qualidade: Deming, Juran, Ishikawa, porém sem repetir os erros do passado. E para não errar, é preciso saber integrar harmoniosamente as melhores contribuições das mais poderosas metodologias de melhoria organizacional hoje disponíveis: Teorias das Restrições, Lean, Seis Sigma e Gestão por Processos (esta última, que desenvolvi a partir de 1994, é minha modesta contribuição à lista de metodologias de melhoria). Resumindo: o que muitas empresas precisam fazer hoje é: começar de novo!t Referências Bibliográficas [1] Peter Drucker, declaração na revista Forbes de 5 de Outubro de 1998. [2] E. M. Goldratt, “The Haystack Syndrome – sifting information out of the data ocean”, North River Press, 1990. [3] W.E. Deming, "Qualidade, A Revolução da Administração", Editora Marques Saraiva, 1990. [4] E. C. Moura, “Excelência 360°”, revista Banas Qualidade, Setembro 2006. [5] J. Collins, J. Porras, “Built to Last: Successful Habits of Visionary Companies”, Harper Business, 1994. [6] R. D. Buzzell and B. T. Gale, “PIMS (Profit Impact of Market Strategy) Principles: Linking Strategy to Performance”, The Free Press, 1987. Eduardo C. Moura, Qualiplus Excelência Empresarial, [email protected] BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 15 Comportamento 20 questões fundamentais sobre a sua empregabilidade Para conhecer seu grau de empregabilidade preencha o teste 16 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Por Ernesto Berg E mpregabilidade é a capacidade da pessoa desenvolver determinadas competências, habilidades e conhecimentos do interesse do mercado de trabalho e que são importantes e atraentes para as empresas. Para conhecer seu grau de empregabilidade preencha o teste abaixo. Para que o resultado seja fidedigno responda a cada questão com a máxima sinceridade retratando a sua situação atual e não a ideal. S = SIM / N = NÃO / + - = MAIS OU MENOS 1. Eu me envolvo completamente. Trabalho no emprego como se o negócio fosse meu. Sim Não + ou - 2. Sou fluente na língua inglesa (conversação, leitura, escrita). Sim Não + ou - 3. Adapto-me rapidamente a todos tipo de mudanças na empresa. Sim Não + ou - 4. Minha profissão está totalmente de acordo com minha vocação. Sim Não + ou - 5. Crio constantemente desafios profissionais para mim mesmo. Sim Não + ou - 6. Faço pelo menos um curso de curta duração (de 8 a 24 horas) a cada seis meses. Sim Não + ou - 7. Estou sempre atento às oportunidades de trabalho que surgem no mercado, ligadas à minha profissão. Sim Não + ou - 8. No trabalho que faço na empresa sou substituível a qualquer momen to. Sim Não + ou 9. Tenho grande iniciativa e estou sempre inovando no meu trabalho. Sim Não + ou - 10.Cuido da minha aparência e utilizo sempre roupas adequadas ao ambiente em que estou. Sim Não + ou - 11. Tenho uma rede contatos e relacionamentos profissionais fora da empresa que podem abrir-me oportunidades de trabalho rapidamente. Sim Não + ou - 12.Estou sempre me atualizando e fazendo cursos de aperfeiçoamento de média e longa duração em minha área profissional. Sim Não + ou - 13.Tenho disponibilidade para viajar ou mudar de cidade, se necessário for. Sim Não + ou - 14.Tenho facilidade de me relacionar com qualquer tipo de pessoa. Sim Não + ou - 15.Se eu fosse demitido hoje, teria uma nova colocação no máximo em dois ou três meses. Sim Não + ou - 16.Eu, não minha empresa, sou o maior responsável pelo desenvolvimento da minha carreira e da minha profissão. u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 17 Comportamento Sim Não + ou - 1. Tenho facilidade de vender minhas ideias aos outros. Sim Não + ou - 2. Me sinto inibido em dar palestras e enfrentar público. Sim Não + ou - 3. Trabalhar em equipe e interagir com pessoas é um dos meus pontos fortes. Sim Não + ou - 4. Não me abalo com facilidade. Sei tomar decisões sob pressão e trabalhar em ambientes estressantes. Sim Não + ou - Faça sua Contagem de Pontos • Marque um ponto para cada resposta SIM dadas às afirmações: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20 • Marque um ponto para cada resposta NÃO dadas às afirmações: 8, 18 • Marque meio ponto para cada resposta MAIS OU MENOS TOTAL DE PONTOS_________ Sua avaliação • De 18 a 20 pontos. Parabéns. O desemprego não aflige você, porque sua empregabilidade está no auge. Você sabe investir em você e se destacar no trabalho, tem um bom network extra empresa, está atento ao que ocorre ao seu redor e às tendências do mercado. Se viesse a perder o emprego rapidamente conseguiria outra colocação. • De 15 a 17,5 pontos. Sua empregabilidade esta entre média e boa. Você procura se atualizar e busca ser reconhecido pela empresa, embora, talvez, nem sempre o consiga. Demonstra interesse pelo 18 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 que ocorre no mercado embora, necessariamente, não signifique que queira trocar de emprego. É provável que você tenha que melhorar seu network. Veja as questões onde você não pontuou, ou obteve meio ponto, pois elas podem dar-lhe boas indicações do que necessita melhorar. • De 12 a 14,5 pontos. Sua empregabilidade é apenas regular. Apresenta várias brechas que podem dificultar seu trabalho ou sua garantia de emprego. Procure analisar como anda seu aprimoramento profissional, seu relacionamento com entidades externas e profissionais da área e, sobretudo, como você está vendendo seu serviço dentro da própria empresa. Veja as questões onde você não pontuou, ou obteve meio ponto, pois elas podem dar-lhe boas indicações do que necessita melhorar. • Abaixo de 12 pontos. Sua empregabilidade é baixa. Talvez você ande desmotivado ou não esteja dando importância à sua carreira, mas existem muitas brechas que precisam ser ajustadas. Não subestime seu trabalho, sua empresa ou o mercado de trabalho. Se você trabalha numa organização onde não existe estabilidade de emprego você tem que investir forte em si e em sua carreira. Boas colocações requerem trabalho intenso e continuado, aperfeiçoamento contínuo, e uma boa rede de contatos. Veja as questões onde você não pontuou, ou obteve meio ponto, pois elas podem dar-lhe boas indicações do que necessita melhorar.t Ernesto Berg é consultor de empresas, professor, palestrante, articulista, autor de 14 livros, especialista em desenvolvimento organizacional, negociação, gestão do tempo, criatividade na tomada de decisão, administração de conflitos [email protected] BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 19 MASP V Por Claudemir Oribe Afinal, qual é mesmo o problema? ocê está trabalhando arduamente para resolver um problema. Depois de dias de trabalho, percebe que, na verdade, o problema não era aquele, mas outro. Tempo e recursos foram gastos inutilmente para descobrir que o problema estava em outro lugar. Mas, o que consola é que a situação poderia ser ainda pior: se nem o problema real tivesse sido encontrado, restando dúvida, desculpas e sentimentos de fracasso e impotência. Essa situação ilustra como uma identificação correta do problema é crucial para uma resolução eficiente e eficaz. Definir um problema corretamente nem sempre é uma tarefa fácil, mas pode se tornar depois de aprender a fazê-lo corretamente. Existem vários conceitos de problema. Uma delas afirma se tratar do resultado indesejado de um trabalho A definições são bastante parecidas mas, o que importa na realidade, é que a definição do problema atenda dois critérios: seja um fato incontestável – critério da objetividade - e, que seja a consequência final de causas desconhecidas – critério do efeito. Para ilustrar essa situação, vamos imaginar que alguém esteja numa estrada e seu carro pára de funcionar. Ele estaciona e telefona para um amigo mecânico. O amigo então pergunta: - Qual é o problema? A única resposta que atende aos dois critérios é “meu carro parou de funcionar”. Qualquer coisa diferente disso como, por exemplo, o motor deu um defeito, a correia dentada arrebentou ou acabou a gasolina, pode ser uma resposta prematura. Nada que não tenha sido confirmado deve ser atribuído como um problema. A definição do problema é estabelecida com a primeira constatação do fato concreto e incontestável. Dessa forma: • A assertiva “não consigo trabalhar” é um problema. Já, “estou doente” não pode ser definido como um problema, enquanto um diagnóstico incontestável não tenha sido feito. • Da mesma forma, a afirmativa “o equipamento tem um defeito" não é um problema. Já, “o equipamento caiu de rendimento” pode ser definido como um problema. Entretanto, essa primeira definição, embora correta e até tratável, pode ser apenas um sintoma e, por isso, ajuda muito pouco na resolução da causa do problema. Assim, a redefinição é um processo de substituir a definição anterior por uma mais precisa e mais próxima possível da causa raiz. As condições de objetividade e efeito devem continuar a ser satisfeitas. Isso deve ser feito sucessivamente e, quanto mais for feita, mais próximo da causa raiz se chegará e fácil será a solução. A confirmação das causas mais óbvias é o primeiro passo para redefinir o problema. Quando uma das perguntas for confirmada, então novas perguntas sobre suas causas potenciais devem ser formuladas e respondidas para redefinir o problema. O processo somente pára quando alguma pergunta não pode ser mais respondida. O problema é, então, o último que foi definido. Voltando ao nosso caso, o do carro, o amigo mecânico poderia fazer algumas perguntas para tentar redefinir o problema, acerca da gasolina, do motor de arranque ou sobre os freios. Se, por exemplo, o motor não dá partida quando a chave é virada, então o problema pode ser redefinido como “motor não funciona”. Isso pode acontecer devido a diversos motivos, mas o mais óbvio é a falta de gasolina. Se há gasolina, então uma nova causa deve ser tentada.t Claudemir Oribe é Mestre em Administração, Consultor e Instrutor de MASP, Ferramentas da Qualidade e Gestão de T&D. E-mail [email protected] 20 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Ousar Cristina Werkema Para obter o máximo de sucesso na implantação do Lean Seis Sigma, escolha a parceria de quem mais entende do assunto. O Grupo Werkema é dirigido por Cristina Werkema, que é a consultora pioneira em Seis Sigma no Brasil e a autora do primeiro livro sobre o tema escrito por um autor brasileiro. Sob sua coordenação, já foram formados mais de 18.000 profissionais e mais de 8.000 projetos foram desenvolvidos, com alto retorno sobre o investimento. Grupo Werkema e seus clientes: somando esforços, multiplicando resultados. Aché, Aços Villares, AGCO, Ahlstrom, Alcoa, Alma Viva, América Latina Logística (ALL), Amil, Anatel, ArcelorMittal, Atento, Atlas Copco, B2W, Banco Cacique, Banco HSBC, Banco Itaú, Banco Pecúnia, Banco Real ABN AMRO, Behr, Bematech, Bunge, Cameron, Castrolanda, Cebrace, Cemar, CNH, Cocamar, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Contax, Cookson Electronics, Coral, Dairy Partners America (DPA), Danisco, Distribuidora Cummins Minas, Embraer, Esab, Faurecia, Fiat Automóveis, Fleury Medicina e Saúde, Fumagalli Automotive Wheels, Fundação Dom Cabral, Garoto, Georadar, Gerdau, Grupo Boticário, Grupo Société Générale, Harsco, Hermes Pardini, InterCement, Invensys, Iochpe-Maxion, ITAK, Itambé, Johnson & Johnson, Karcher, Komatsu, Kraft Foods, Labcor, Liasa, Líder Aviação, Liebherr, Log-In, Lojas Americanas, Magal, Mahle, Marcosa, MBR, Medabil, Merck, Metso, Micelli, Microlite, Microsol, Motorola, MRS Logística, Mueller Eletrodomésticos, MWM International Motores, Nestlé, Nokia, Nova Cimangola, Novelis, Novo Nordisk, Oi, Omint, Óxidos do Brasil, Painco, Pilkington, Porto Seguro, Previ, Raízen, Rhodia, Rolls-Royce, Sadia, Samarco, Schaeffler, Seara, Séculos, Shell, Singer, Stola, Stora Enso, Submarino, Supermix Concreto, Suzano Petroquímica,Tam, Tecfil, Technip, Tecsis, Telemar, Tetra Pak, ThyssenKrupp, Toshiba, Triple M, Tupy Fundições, Unilever, Unimed Londrina, Vale, Vetco, Villares Metals, Vilma Alimentos, Vivo, Volvo, Votorantim Cimentos, Votorantim Metais, WHB Fundição, Whirlpool, White Martins, Xerox, Yamana Gold, Ypê, entre outros. LEAN SEIS SIGMA | GESTÃO POR PROCESSOS | DESENVOLVIMENTO HUMANO | COMUNICAÇÃO São Paulo | Belo Horizonte | +BQ 55 276 31 3t643 3090 www.grupowerkema.com.br Junho de |2015 t Revista Banas Qualidade - 21 Acessibilidade Os Deficientes também precisam se divertir (II) Q uando ministro um curso de formação em tecnologias sociais para jovens, nas conversas que temos durante as aulas, fica muito clara a dualidade das tecnologias. Quando falo em dualidade, me refiro ao fato de a tecnologia ter dois lados: um positivo e outro negativo; um científico e outro social; um material e outro imaterial; um presencial e outro a distância e assim por diante. A internet, as mídias sociais, os dispositivos móveis, os games e outras tantas tecnologias são bons exemplos disso. A internet, ao mesmo tempo em que nos permite o acesso a um mundo cheio de novidades, informações, conhecimentos, entretenimento, ou seja, nos proporciona estudo, trabalho, diversão, relacionamentos etc. de qualquer lugar, com qualquer pessoa, a qualquer hora, também propicia diversos crimes. Bandidos e pessoas mal-intencionadas se aproveitam das facilidades, do acesso, da inocência ou descuido das pessoas para roubar, extorquir, praticar bullying, aliciar menores, etc. A mesma coisa acontece com as redes sociais, que nos colocam em contato com tantas pessoas, mas, ao mesmo tempo, nos tornam escravos, pois é preciso “curtir” o que seus amigos postam, compartilhar, estar atento o dia todo, ou melhor, o tempo todo, para não “perder” nada, nem ser excluído. Você precisa participar dos grupos 22 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 do Facebook, do LinkedIn, curtir as páginas, estar no Whatsapp, no Viber, no Skype, no Wechat, no Instagram, etc. Os dispositivos móveis são uma panaceia neste contexto, pois permitem que tudo isso seja feito de qualquer lugar, a qualquer momento, na palma da sua mão. Por outro lado, você fica sempre “no ar”, disponível, pois ninguém quer mais “largar”... desligar o aparelhinho. As pessoas permanecem grudadas nele, mesmo quando está carregando. É preciso que pais, educadores, psicólogos, pedagogos, empresas, governos e sociedade civil observem com mais atenção este fenômeno e vejam como isso vem afetando positiva e negativamente as pessoas. Em casa, é preciso regras para que haja tempo para tudo: fazer as lições escolares, curtir a família, participar das decisões e afazeres domésticos etc. E isso vale para pais, mães e filhos. Na escola, é preciso que haja uma maior utilização dessas tecnologias para que professor e aluno se compreendam e se relacionem melhor, além, é claro, de criarem novas formas e roteiros de estudos facilitados pelas tecnologias, inclusive as móveis. Isso pode melhorar a interação dos alunos, seu interesse pela escola e pelos estudos, seus resultados, sua saúde e até mesmo sua psique. No trabalho, é necessário compreender que há tempo para tudo e que tudo pode ter um novo lado. Por Dolores Affonso Em vez de ser considerado um vilão da produtividade, a internet, os dispositivos móveis, os games etc. podem ser aliados das organizações, dos projetos, dos profissionais e promover maior interação e comunicação entre pessoas, departamentos, clientes, parceiros, etc. Um dispositivo móvel, como um smartphone ou um tablet podem ser lupas digitais, assistentes virtuais, leitores de tela, GPS, conversores de mídias (áudio, vídeo, imagem etc.), meio de comunicação, de transmissão de dados, informações, documentos e conhecimentos. Pode ser uma agenda incrível, uma lanterna, uma plataforma de gestão de projetos, de interação e comunicação interna, de aprendizagem a distância e muito mais! O potencial para as pessoas, as escolas, as empresas e a sociedade é ilimitado. Recentemente, li uma reportagem sobre uma nova tecnologia de holografia que permitiria às pessoas se comunicarem de qualquer lugar do mundo como se estivessem frente a frente. Outra tecnologia muito interessante é a de materialização do som, ou seja, cada objeto, imagem, paisagem, pessoa etc. pode ser transformado em resposta por áudio que se converte numa “massa” de energia, mas que pode ser tocada. Voltando à dualidade, imagine seu uso na medicina, na visualização de tumores, cirurgias etc? Salvaria muitas vidas! Mas imagine também, este uso no meio corporativo, escolar, social? Também salvaria muitas vidas! Por exemplo, poderia oferecer às empresas a possibilidade de analisar novos produtos, tocando sua forma num protótipo de massa de energia gerada por som. Poderia, ainda, oferecer a um aluno cego a possibilidade de sentir as formas dos objetos, das paisagens... Imagine uma criança cega descobrindo a forma de um vulcão, tocando na sua forma virtual? Mas para saber usar as tecnologias a seu favor e a favor de uma sociedade melhor, é preciso estar pronto para isso. Você está? A grande maioria não está preparada. De qual lado da tecnologia você está? Sempre é possível contar com a ajuda de um profissional, como um consultor ou coach em novas tecnologias para novos fins e mudar o lado em que você está hojet Dolores Affonso é coach, palestrante, consultora, designer instrucional, professora e idealizadora do Congresso de Acessibilidade www.congressodeacessibilidade.com BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 23 uma excelente ideia Nossa missão é contribuir para que nossos clientes melhorem competitivamente o desempenho de seus produtos, serviços e processos de trabalho. Atuando desde 1984 com esse foco, a Qualiplus é uma das primeiras consultorias em Excelência Empresarial, tanto no Brasil como na América Latina. Desde o princípio, temos pesquisado e desenvolvido metodologias para ajudar as empresas a obter resultados substancialmente melhores no que chamamos de “as três atividades vitais” de qualquer sistema de negócios: Planejamento e gestão Desenvolvimento de novos produtos Melhoria contínua de processos Mundialmente inovadora Em 2001, esse contínuo trabalho de investigação nos levou a conceber o modelo Excelência 360º, que permite integrar de maneira harmoniosa as quatro metodologias que mais contribuem para um aumento da competitividade nas atividades vitais citadas: Teoria das Restrições (foco no problema central do negócio) Gestão por Processos (foco na integração sistêmica e fluxo das atividades) Sistema Lean (foco na eliminação de desperdícios e agregação de valor) Seis Sigma (foco na satisfação do cliente e redução da variabilidade) Essa integração idealizada pela Qualiplus foi um insight inovador e pioneiro em nível mundial, e ao longo do tempo sua eficácia tem sido confirmada, inicialmente com Lean Seis Sigma e mais recentemente com TOC-Lean-Seis Sigma. Tudo isso nos coloca em posição diferenciada das demais consultorias (inclusive em nível mundial), as quais tipicamente se concentram em apenas uma ou duas metodologias. Além disso, a Qualiplus possui parcerias com consultorias internacionais de ponta, entre elas: Advanced Projects, ASI – American Supplier Institute, GSI – Goal Systems International, Lean Concepts e Minitab. 24 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 (11) 4538-6603 | [email protected] | qualiplus.com.br Resolve.Guru 30 anos de experiência resumidos em 3 cliques! Consultoria gratuita online: saiba qual é a melhor técnica para resolver seus problemas mais importantes www.qualiplus.com.br E Junho X C Ede L 2015 Ê N t C Revista I A E Banas M P RQualidade E S A R -I 25 A BQ 276 t L Especial - Lean Seis Sigma A lamentável banalização do Lean Seis Sigma 26 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Cuidado para não “comprar gato por lebre” no que diz respeito à utilização do Lean Seis Sigma. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 27 Especial - Lean Seis Sigma Por Cristina Werkema N os últimos anos o Lean Seis Sigma vem passando por um processo de diminuição gradativa de sua força, o qual é provocado, principalmente, por empresas de treinamento e consultoria que se intitulam especialistas na implementação da metodologia mas que, simplesmente, “atropelam” os requisitos necessários para que ela possa receber, de fato, a denominação “Lean Seis Sigma” e produzir os expressivos resultados alcançados pelas empresas pioneiras na sua utilização, como Motorola e GE. É claro que, com a afirmação acima, não desejo desmotivar nenhuma empresa que esteja planejando a utilização do Lean Seis Sigma ou que esteja nos estágios iniciais de sua implementação ou, ainda, que esteja em níveis mais avançados, mas sem obter os resultados almejados – meu objetivo é alertar para os perigos que surgem quando não são seguidos os pontos essenciais de seus conceitos e princípios. Na época atual, temos as seguintes DISTORÇÕES EM RELAÇÃO À UTILIZAÇÃO DO LEAN SEIS SIGMA: 1 Transformação dos treinamentos para Belts em meros cursos sobre técnicas estatísticas, com a eliminação de tópicos importantes do conteúdo programático e dos verdadeiros objetivos da formação de um Belt do Lean Seis Sigma. Há empresas de treinamento e consultoria, por exemplo, que vendem o curso para formação como Black Belt com carga horária total de 60 horas, sendo 40 horas para formação como 28 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Green Belt e 20 horas para upgrade de Green Belt para Black Belt. Essa carga horária é insuficiente para apresentar, de modo apropriado, o conteúdo programático mínimo necessário para a formação de um Black Belt. Além disso, esses cursos são diluídos em um longo período de tempo, geralmente com aulas noturnas com cerca de três horas de duração, em alguns dias da semana, formato que é totalmente desfavorável para uma boa aprendizagem. E esses cursos são vendidos diretamente para pessoas físicas, com opção de pagamento em “suaves e longas prestações”. Para agravar o quadro, a grande maioria das instituições que ministram os cursos não enfatiza a realização de projetos Lean Seis Sigma após a conclusão do curso. Essas instituições simplesmente entregam aos participantes, após a assistência às horas – insuficientes – do curso, um “certificado de especialista Green ou Black Belt do Lean Seis Sigma”, o que é um desvirtuamento, pois o certificado de especialista não possui qualquer valor sem que haja o desenvolvimento, com sucesso comprovado, de um projeto para a empresa que esteja implementando o Lean Seis Sigma e com a qual o participante tenha vínculo. Vale lembrar que, na essência do Lean Seis Sigma, é mandatória a formação de pessoas com o perfil apropriado para Black Belts e Green Belts, visto que essas pessoas, além de se transformarem em especialistas no método e nas ferramentas da estratégia, devem ser agentes de mudanças, que implementarão a “cultura Lean Seis Sigma” na organização. Portanto, nesse cenário equivocado atual, os cursos passam a ser vistos como um fim em si mesmos e como um mecanismo para tentar enriquecer o currículo de profissionais que buscam oportunidades no mercado de trabalho, o que representa uma enorme distorção do “verdadeiro” Lean Seis Sigma. 2 Desconsideração do principal fator para o sucesso do Lean Seis Sigma, que é o elevado comprometimento da alta administração da empresa , isto é, LIDERANÇA. Sobre a importância da liderança, Jack Welch uma vez afirmou “Este não é um programa ‘de baixo para cima’: o CEO deve ser o dono do Seis Sigma”. Na prática, o principal executivo da organização é responsável por garantir a existência de um forte patrocínio de toda a alta gestão. Se esse comprometimento estiver ausente, o fracasso do programa no longo prazo será inevitável. E é importante destacar que a alta gestão deverá responsabilizar-se por criar e manter um vigoroso patrocínio da média gestão no dia a dia do Lean Seis Sigma. 3 Desconsideração da importância da execução dos projetos Lean Seis Sigma. A execução de projetos Lean Seis Sigma associados às metas prioritárias da empresa, ou seja, que exerçam um impacto elevado sobre os objetivos estratégicos da organização, é fundamental. Também é mandatório que os projetos possuam as características adequadas para serem executados por meio da metodologia do Lean Seis Sigma. 4 Falta de mensuração direta do sucesso do programa pelo aumento da lucratividade da organização. Para assegurar que os resultados dos projetos Lean Seis Sigma sejam traduzidos para a linguagem financeira, é necessária uma forte atuação da controladoria da empresa, para a validação dos ganhos resultantes dos projetos, o estabelecimento de critérios claros para quantificação dos ganhos, a identificação de oportunidades para potenciais projetos e o auxílio dos Belts nos cálculos financeiros. O profissional da controladoria alocado para essas funções costuma receber a designação Money Belt. 5 Inexistência da infraestrutura necessária à implementação bemsucedida do Lean Seis Sigma. São fundamentais a criação e a manutenção de uma infraestrutura na organização, com papéis bem definidos para os patrocinadores e especialistas do Lean Seis Sigma: executivos da alta e da média gestão atuando efetivamente como Sponsors e Champions, executivo da média gestão desempenhando a função de Coordenador, membros do staff técnico exercendo os papéis de Master Black Belts, Black Belts e Green Belts e profissionais dos níveis de supervisão e operacional atuando como Yellow Belts e White Belts. Como o Lean Seis Sigma é uma estratégia de negócio, todas as pessoas da empresa, nos diferentes níveis de aprofundamento do programa, são responsáveis por u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 29 Especial - Lean Seis Sigma conhecer e implementar seus conceitos e sua metodologia. É imediato deduzir que a essência das distorções acima é considerar ser possível apenas obter os benefícios do Lean Seis Sigma, mas sem investir de modo continuado nos custos necessários para a geração desses ganhos. Para finalizar, é importante destacar os CUIDADOS QUE DEVEM SER TOMADOS NA ESCOLHA DE UMA CONSULTORIA EM LEAN SEIS SIGMA para auxiliar uma empresa na implementação do programa. A escolha de uma consultoria é similar à seleção de um médico: é necessário avaliar a experiência, a reputação e as credenciais da empresa e também apreciar se será possível estabelecer uma relação harmônica e de confiança com a organização e o consultor que será alocado para liderar as atividades. Portanto, essa abordagem é muito diferente dos procedimentos de licitação, concorrência ou tomada de preços, nos quais solicita-se que os potenciais fornecedores apresentem uma proposta comercial para os serviços e escolhe-se a empresa que oferecer o menor valor. Essa ótica não se aplica à seleção de uma consultoria em Lean Seis Sigma! Será que adotaríamos esse modo de ação para escolher o nosso médico? É claro que queremos ter o melhor médico disponível, a menos que seu preço seja proibitivo e não realista. Na avaliação de uma consultoria em Lean Seis Sigma, é fundamental que sejam contatadas as empresas às quais a consultoria já prestou 30 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 serviços e que sejam apreciadas as publicações (livros e artigos) de seus profissionais. Também devem ser solicitados os currículos dos consultores, para que seja possível confirmar que a empresa conta em seus quadros com pessoas altamente capacitadas em Lean Seis Sigma, com ampla visão de negócios e experientes nas melhores práticas em gestão pela qualidade, gestão por processos e gestão de mudanças. É ainda importante que se avalie o portfólio e o conteúdo programático dos cursos oferecidos (Master Black Belt, Black Belt, Green Belt, Yellow Belt, White Belt e treinamentos para as lideranças) e o método adotado para acompanhamento dos projetos Lean Seis Sigma e avaliação dos profissionais para certificação como Belts.t Cristina Werkema é proprietária e diretora do Grupo Werkema e autora das obras da Série Seis Sigma Criando a Cultura Lean Seis Sigma, Design for Lean Six Sigma: Ferramentas Básicas Usadas nas Etapas D e M do DMADV, Lean Seis Sigma: Introdução às Ferramentas do Lean Manufacturing, Avaliação de Sistemas de Medição, Perguntas e Respostas Sobre o Lean Seis Sigma, Métodos PDCA e DMAIC e Suas Ferramentas Analíticas, Inferência Estatística: Como Estabelecer Conclusões com Confiança no Giro do PDCA e DMAIC e Ferramentas Estatísticas Básicas do Lean Seis Sigma Integradas ao PDCA e DMAIC, além de oito livros sobre estatística aplicada à gestão empresarial, área na qual atua há mais de vinte anos. [email protected]. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 31 Especial - Lean Seis Sigma Melhorando o retorno do investimento do lean seis sigma com equipes de ação rápida Os líderes da implantação Lean Seis Sigma devem expandir suas ideias e adotar novas abordagens para acelerar os resultados e melhorar o retorno do Sistema. 32 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 E Por Rick Tucci e Sergio N. Assiz ste briefing expõe uma abordagem inovadora e de alta confiabilidade, o Processo da Equipe de Ação Rápida e descreve as bases da pesquisa, a mecânica e “o que deve e o que não deve ser feito” para agregar esta ferramenta inovadora ao Lean Seis Sigma. Como acelerar substancialmente os resultados e ao mesmo tempo elevar a moral no desenvolvimento do Lean Seis Sigma utilizando-se uma ideia diferenciada? Nesses tempos difíceis de crise econômica, muitos líderes de implantação do Lean Seis Sigma parecem estar “entre a cruz e a espada” tendo que reduzir o recrutamento e treinamento de Belts e ao mesmo tempo enfrentar o desafio de obter mais ganhos líquidos. Estes líderes enfrentam ainda outros grandes obstáculos para a melhoria dos resultados do Lean Seis Sigma. Conforme relatado em um recente benchmark, feito nos EUA, mais de 70% dos líderes de Lean Seis Sigma citaram como dificuldades crônicas à obtenção de resultados melhores e mais rápidos a falta de atenção por parte dos principais executivos, a relutância dos gerentes de nível intermediário em abrir mão das pessoas para que ocupem os cargos de Belts e a resistência dos funcionários da linha de frente. Sem aumentar substancialmente o investimento nos Belts e em treinamento, existiria maneira para as implantações de Lean Seis Sigma oferecerem resultados melhores e mais rápidos? A solução é surpreendentemente óbvia: Fazer com que mais funcionários se engajem produtivamente nas atividades Lean Seis Sigma. Isso se traduz em participação ativa nos projetos de melhoria e liderança de equipes. Infelizmente o histórico não é promissor nesse aspecto. Na verdade, a implantação do Lean Seis Sigma envolve em média menos de 15 % da força de trabalho e a esmagadora maioria dos funcionários treinados como Green ou Yellow Belts nunca completa um projeto de melhoria. Nossa experiência no trabalho com organizações ao longo dos últimos 15 anos sugere que as implantações do Lean Seis Sigma podem quebrar o padrão de baixo engajamento dos funcionários e fazê-lo de modo eficiente em termos de custos. Contudo, isso requer uma mudança fundamental na maneira de pensar sobre como estimular os funcionários gerentes com relação à mudança e torná-los dispostos a investir seu próprio tempo e esforço para fazer acontecer. Pensar diferente para que mais funcionários participem Há mais de 15 anos após o insucesso da implantação ampla do TQM (Total Quality Management) nas empresas norteamericanas, a American Quality Foundation procurou responder a uma pergunta simples: O que motiva os funcionários a participarem de esforços de melhoria da qualidade e o que não os motiva? A resposta, resultado de uma pesquisa mundial e da observação de organizações na América do Norte, Europa e Japão foi provocativa, para dizer o mínimo. Como destacado na Figura 1, os ganchos motivacionais para impulsionar a participação, especialmente de funcionários norteamericanos, tinham menos a ver com os resultados organizacionais e mais a ver com maior satisfação no trabalho. u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 33 Especial - Lean Seis Sigma Figura 1: Motivadores Pessoais para engajar os funcionários na melhoria contínua O estudo continuou sugerindo que esforços no sentido de doutrinar funcionários acerca da teoria e ferramentas da melhoria da qualidade provavelmente não produzirão resultados caso não se dê maior atenção aos gatilhos psicológicos capazes de motivar uma mudança de comportamento. A ciência da melhoria da qualidade é poderosa, mas apenas se o público estiver realmente ouvindo e engajado. Analisando o processo convencional de implantação do Lean Seis Sigma usado ao longo nos últimos 10 anos pode se compreender porque o Lean Seis Sigma não causa entusiasmo generalizado por parte da maioria dos funcionários (exceto aqueles designados para ocuparem a posição de Belt em tempo integral). Diferente dos Black Belts (e em menor escala dos Green Belts), cuja satisfação vem do domínio do amplo conjunto de ferramentas para a solução de problemas complexos, a maioria dos funcionários da linha de frente, supervisores e até mesmo gerentes de nível intermediário nunca desfrutarão dessa recompensa. Alguns argumentaram que a solução para esse problema de aculturação é fazer com que todo gerente passe pelo 34 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 treinamento de Green Belt e participe de um projeto Lean Seis Sigma como parte obrigatória das metas de desempenho. Mas para a maioria das empresas essas estratégias não provaram ser eficientes nem práticas e, em alguns casos bem documentados (mais notadamente GE, 3M e Home Depot), essas estratégias tiveram efeito contrário e criaram insatisfação. Ironicamente, a força central da filosofia Lean Seis Sigma impediu um maior engajamento do funcionário. O foco na coleta e análise de dados para verificar as causas antes de partir para as soluções cria uma barreira natural à participação daqueles que não têm as habilidades ou o tempo para fazer esse tipo de trabalho. Não obstante, os funcionários são verdadeiros arquivos de fatos, dados e ideias para a melhoria do desempenho apenas esperando para serem abertos. A maioria dos funcionários está ansiosa para dizer o que sabe. O problema da maioria das implantações do Lean Seis Sigma é que existem poucas maneiras, se houver alguma, de converter de forma econômica e confiável essas ideias em ação efetiva e em resultados sustentáveis. A evolução do processo de Equipe de Ação Rápida – da GE a Toyota e ao Lean Seis Sigma A busca da Leap Technologies pela melhor maneira de engajar os funcionários na melhoria contínua começou na General Electric Company no final dos anos 80. Tivemos a oportunidade de avaliar o Processo de Work-Out da GE – uma abordagem simples, porém naquela época, revolucionária para resolver problemas complexos de desempenho reunindo grandes grupos de interessados em explorar as soluções e forçar decisões em períodos de tempo muito curtos – geralmente três dias ou menos. Trabalhando com a GE e uma série de outras grandes organizações na busca de uma alternativa aos tradicionais métodos de TQM para melhorias conduzidas pelos funcionários, desenvolvemos o processo Ação Workout™. A Ação Workout combinava a orientação de ação rápida do Work-Out GE com um conjunto de ferramentas de implementação disciplinada segundo um formato de aprendizado just-in-time de fácil utilização por pequenas equipes de melhoria de seis a oito funcionários. Qual a diferença entre a Ação Workout e outros métodos de melhoria para equipes multifuncionais? Em poucas palavras: Velocidade (60 dias a contar do lançamento da equipe até os resultados); Simplicidade (projetado para alavancar o know-how existente e aprender durante a execução, sem treinamento inicial para os membros da equipe); e Resultados (um foco na tomada de decisões e medidas com ferramentas embutidas para documentar e relatar ganhos financeiros). A Ação Workout foi implementada com grande sucesso em uma variedade de organizações industriais, de serviços e governamentais nos anos 90. O método foi visto como uma alternativa eficiente para os sistemas de sugestões e uma metodologia mais econômica e confiável para pequenas equipes solucionarem problemas operacionais básicos, disseminar as melhores práticas e eliminar o desperdício. Com a popularização do Seis Sigma no final dos anos 90, diminuiu o interesse na Ação Workout e em outros métodos de mudança rápida como ele. Os defensores do Seis Sigma foram decisivos na crítica desses métodos julgados prejudiciais à meta de criar uma cultura orientada para fatos e dados. Em muitas empresas grandes, foi relatado que os recém-ungidos como Black Belts desencorajavam a prática das reuniões de Workout por ser uma perigosa dependência do “conhecimento tribal”. Por meio da nossa associação com a Motorola University, a Leap Technologies foi à escola para estudar métodos e ferramentas Seis Sigma de modo a encontrar oportunidades apropriadas para integrá-los a Ação Workout. O resultado foi a adição de uma lista de checagem DMAIC “ligth” ao processo para testar a eficácia da solução antes da implementação. Uma série de organizações Seis Sigma (incluindo Burger King, Black e Decker, Cott Beverages, IMC Global, Mosaic e Standard Register dentre outras) incorporaram essa Ação Workout enriquecida em seus modelos de implantação para colher os frutos maduros dos galhos mais baixos. A Ação Workout provou ser um acréscimo valioso a caixa de ferramenta para ampliar a participação dos funcionários na solução dos problemas sem necessidade de treinamento em sala de aula. Com a disseminação do “Lean Thinking” aumentou o reconhecimento da importância de se ter uma caixa de ferramentas robusta para se conseguir a melhoria contínua e ciclos de projeto mais rápidos. De fato, o conceito de mudança rápida de processo, incorporado na metodologia do evento Kaizen promovida no Sistema de Produção Toyota, estendeu-se às organizações de serviços na procura de melhorias inovadoras e rápidas no atendimento ao cliente e na redução de custos. Contudo, as organizações de serviços também acharam muito difícil replicar a cultura de equipes pequenas para implementar e sustentar a melhoria u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 35 Especial - Lean Seis Sigma promovida no Sistema de Produção Toyota. A Leap Technologies descobriu que a Ação Workout com o acréscimo da caixa de ferramentas do Lean Thinking poderia preencher essa lacuna eficientemente, especialmente em situações nas quais as equipes de melhoria são interfuncionais e não conseguem se reunir todos os dias. O Processo de Equipe de Ação Rápida resultante ( apresentado inicialmente pela Leap Technologies em 2006) inclui os gatilhos psicológicos que criam motivação para melhorar (Ação Workout) com as ferramentas científicas (Lean e Seis Sigma) para garantir resultados sustentáveis. Como funcionam as Equipes de Ação Rápida: velocidade controlada é a chave Uma premissa fundamental compatível com o “Lean Thinking” é o reconhecimento de que existe uma rica variedade de oportunidades de melhoria a ser encontrada indo-se ao “GEMBA” (GEMBA é o termo em japonês para “o lugar onde a verdade pode ser encontrada”. Significa ir aonde o trabalho é feito). O desafio é explorar 36 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 essa fonte de conhecimentos e então convertê-la eficiente e efetivamente em ação de melhoria. O Processo de Equipe de Ação Rápida soluciona esse desafio reconhecendo quatro verdades baseadas na experiência com mudança no nível da linha de frente. • As pessoas nas linhas de frente estão ocupadas fazendo seus trabalhos e têm pouca tolerância com processos lentos de melhoria. • Em questões de eficiência operacional diária, os funcionários de linha de frente têm muitas ideias de melhoria, mas geralmente lhes falta uma maneira fácil e eficaz de transformar essas ideias em ação. • Quando é dada uma direção clara e apoiada por ferramentas fáceis de usar, equipes pequenas podem ser muito eficientes em tomar ações para atingir uma meta compartilhada. • Treinar os funcionários da linha de frente em ferramentas avançadas de solução e análise de problemas é louvável, mas raramente produtivo. (É melhor deixar as ferramentas avançadas para alguns especialistas em tempo integral mantendo os funcionários no foco de fazer acontecer.) Esses princípios (validados ao longo dos últimos 15 anos através de mais de 5000 aplicações da abordagem de Equipes de Ação Rápida) modelam um ponto de partida diferente e a estrutura para engajar os funcionários no Lean Seis Sigma. Esse ponto de partida começa onde a energia e a motivação do funcionário para mudança são maiores – a oportunidade de partilhar ideias para melhorar o desempenho. As ferramentas analíticas e de planejamento necessárias para criar melhoria sustentável devem seguir na esteira da “explosão de energia” gerada Campos de Oportunidades de Melhorias com Equipes de Ação Rápida pelo compartilhamento de ideias. O Processo de Equipe de Ação Rápida preenche uma lacuna crítica nas implantações convencionais do Lean Seis Sigma oferecendo uma maneira rápida, confiável e única que satisfaz o funcionário, expande o engajamento e melhora a produtividade dos Belts. Equipado deste conjunto de ferramentas complementares, o Lean Seis Sigma pode aumentar sua contribuição tanto para o resultado final como preencher a lacuna na dimensão humana da melhoria de desempenho da organização. Essa é uma potente fórmula de sucesso – nos bons tempos e nos difíceis.t Rick Tucci é Presidente da Leap Tecnologies e desenvolvedor da abordagem Lean Seis Sigma Rápido que provê um retorno maior e mais rápido para a implantação da metodologia. [email protected] http://www.improvefaster.com Sergio N. Assiz, Sócio Diretor da C.A.N. Consultoria, representante da Leap Technologies no Brasil, tem trabalhado com lideres de uma grande variedade de empresas para acelerar resultados na implantação de Lean Seis Sigma e outros programas de inovações e melhoria de processos. [email protected] / http://www.can.com.br BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 37 Resultados em curto prazo Visão de longo prazo Gestão Estratégica Gestão por Processos Gestão de Pessoas • Planejamento Estratégico • Desdobramento de Objetivos e Metas • Hoshin Kanri/A3 • Diagnósticos Organizacionais • Gestão por Diretriz • Coaching • Desenvolvimento de Projetos Lean Six Sigma • Excelência Operacional • Melhoria da Eficiência e Eficácia dos Processos • Mapeamento e Estruturação de Processos • Staff de Melhoria Contínua • Desenvolvimento de Competências Técnicas e Comportamentais • Formação de Especialistas Lean Six Sigma (KPO, Green Belt / Black Belt) • Equipes de Alta Performance • Gestão por Competência Rua Coronel Joaquim Teixeira da Silva Braga, 100 - Aclimação - CEP 01536-020 - São Paulo/SP - Brasil Telefones: (11) 3341 2483 - (11) 2337 6861 - E-mail: [email protected] 38 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Treinamentos de Alto Impacto BrinqLean O BrinqLean apresenta uma nova abordagem didática que utiliza jogos e dinâmicas para promover um aprendizado prático, interativo, lúdico e divertido. Através de dinâmicas que simulam processos de manufatura e transacionais, os participantes experimentam e vivenciam as dificuldades e desperdícios comuns nos processos. A velocidade racional do Lean com a força e a profundidade do Seis Sigma LEAN A ÓTIMA utiliza o Lean e o Six Sigma como suas principais metodologias para estruturar e melhorar os processos, levando a organização a um novo patamar de Gestão, reduzindo os prazos do negócio e trazendo ganhos expressivos em produtividade, qualidade e redução de custos. CUSTOS SIX SIGMA www.otimaeg.com.br BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 39 Especial - Lean Seis Sigma As virtudes e limitações de TOC, Lean e Six Sigma 40 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Por Eduardo C. Moura J á faz bem uns 10 anos que venho “pregando” a integração de TOC, Lean, Six Sigma e Gestão por Processos, através do modelo Excelência 360º. E o principal motivo pelo qual proponho essa integração é o fato de que não existem panacéias metodológicas. É claro que qualquer empresa que aplicar qualquer uma dessas metodologias de melhoria organizacional vai obter resultados muito superiores ao empirismo vigente, pelo menos nos primeiros anos. Pois cada uma dessas metodologias traz uma contribuição única e imprescindível para qualquer organização seriamente empenhada em melhoria continua: • Através do foco no problema central que impede o desenvolvimento organizacional, nenhuma metodologia contribui tanto para aumentar a prosperidade financeira do que a Teoria das Restrições (TOC - Theory of Constraints), produto da mente brilhante de Goldratt. • Através do foco na eliminação de todo tipo de desperdícios no fluxo de criação de valor, nenhuma metodologia contribui tanto para reduzir o “time-to-cash” do que o Sistema Lean (ou Sistema Toyota) de Produção, resultado de décadas de observação e reflexão liderados principalmente por Ohno e Shingo. • Através do foco na redução da variabilidade de parâmetros chave de produtos e processos, nenhuma metodologia contribui tanto para aumentar a satisfação do cliente do que Six Sigma, legítima herdeira do movimento mundial pela Qualidade Total deflagrado por Deming, Juran e Ishikawa (pra citar apenas os principais nomes). • Através do foco na padronização integrada dos processos de negócio, nenhuma metodologia contribui tanto para aumentar a satisfação de todas as partes interessadas do que a Gestão por Processos (conforme o método que desenvolvi desde 1994, a partir de conceitos e técnicas de Ishikawa, Harrington e Mizuno). Mas apesar dessas contribuições únicas e imprescindíveis, nem TOC, nem Lean, nem Six Sigma e nem Gestão por Processos podem, isoladamente, resolver eficientemente todos os problemas de um sistema de negócios. Em um ou outro aspecto, cada uma dessas metodologias apresenta limitações, algumas das quais são inerentes à metodologia e outras agravadas por praticantes equivocados (este último procurarei desenvolver num próximo artigo). Em minha forma de ver, essas são as principais limitações atualmente apresentadas por essas quatro grandes metodologias: 1 TOC: envolve apenas a gerência no desenvolvimento das soluções, não contando com meios para envolver os demais colaboradores de forma mais ampla e participativa. Além disso, toma a variabilidade como um fato, propondo soluções que apenas compensam a variação, em vez de atuar sobre suas causas raízes. Finalmente, tende a ter um foco estritamente financeiro, sem considerar, por exemplo, a questão dos valores e demais elementos da ideologia organizacional. u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 41 Especial - Lean Seis Sigma 2 Lean: tende a focar apenas os fluxos de valor internos à empresa. Não leva em conta as restrições de mercado, o que pode levar a empresa a dedicar-se a “kaizens” cada vez mais refinados em seus processos internos, quando talvez a prioridade é vender mais (algo similar a discutir a melhor forma de arranjar as mesas no restaurante do Titanic). 3 Six Sigma: tende a super-valorizar a análise estatística, buscando situações que envolvem medição e análise de dados numéricos e deixando de atentar para situações onde a melhoria vem mais rápido por meios mais simples. E por um sinistro casamento com o MBO distorcido, tipicamente tem a redução de custos como objetivo dos projetos de melhoria, desviandose do propósito central de assegurar a satisfação do cliente. 4 Gestão por Processos: apesar de estabelecer uma estrutura integrada de processos, não fornece as ferramentas específicas para melhoria contínua de cada processo. Pelo exposto acima podemos constatar que as limitações de uma metodologia são sanadas pelas demais. Concluímos, portanto, que a melhor saída é a integração harmoniosa das quatro metodologias. Que é exatamente o que propomos com a Excelência 360º... Como provocar o fracasso das iniciativas de melhoria organizacional Algumas dicas infalíveis para fazer que TOC, Lean, Six Sigma e Gestão por Processos dêem com os burros n’água.. P rezado leitor: talvez você (como eu) conheça algum executivo empenhado em fazer fracassar iniciativas de melhoria organizacional. Não cabe aqui discorrer sobre os motivos de tal comportamento, quer sejam intencionais ou não. Porém, se você achar que tal pessoa tem agido de forma muito amadora, ofereço aqui algumas dicas capazes de convertêlo num carrasco profissional das iniciativas de melhoria! Para facilitar a consulta e aplicação imediata, as dicas estão organizadas em algumas poucas categorias vitais: 42 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Princípios e conselhos práticos gerais • Princípio Número 1: “Money first”. Isso de valores ou princípios organizacionais é coisa pra filósofo. • Nunca questione o status quo ou o que você aprendeu na escola. Afinal, tanta gente não pode estar errada por tanto tempo. • Não perca muito tempo com análise e planejamento. Considerando o seu nível de inteligência e experiência, bastam um ou dois dias (quando muito) para definir uma estratégia. • Continue gerenciando através de departamentos. Estabeleça metas • • • • numéricas para cada departamento e exerça tremenda pressão para que sejam cumpridas. Exija explicação para o mínimo desvio em relação às metas. Não meça nada; paute-se sempre pela sua grande experiência. Mas o extremo oposto é também uma alternativa eficaz: meça tudo; transforme a coleta de dados e a elaboração de relatórios e apresentações numa refinada arte, amplamente praticada na empresa. Não padronize nada; o TIRO (a Técnica Intuitiva para Remover Obstáculos) e o improviso devem ser os principais métodos para buscar melhorias. Ou se preferir o extremo oposto, burocratize tudo; implemente controles em abundância. Não delegue nada; afinal ninguém fará melhor do que você. Mas se preferir, delegue tudo; não se envolva diretamente com nada (o alto do Olimpo Corporativo é bem mais seguro). Concorde com tudo. Faça lindos discursos, mas não vá muito além disso. Depois de algum tempo o modismo passa e tudo volta ao normal, exatamente como sempre esteve. Gestão da Operação • Primeiro Corolário (derivado do Princípio No. 1): A prioridade é reduzir custos. Sempre será possível espremer um pouquinho mais. • Quando alguma melhoria trouxer aumento de produtividade, aproveite para reduzir os gastos com a mão de obra: demita. E exija que os que ficaram continuem buscando mais produtividade. • Sempre que possível, assegure-se de que todos os recursos produtivos (pessoas inclusive) estejam trabalhando a 100% (ou mais) de sua capacidade. Se houver acúmulo crônico de trabalho em algumas áreas, não afrouxe e nem desanime. Isso é até bom, pois assegura que eles sempre terão trabalho pra realizar. Gestão Pessoal • Não invista muito em ter pessoal competente; isso custa muito caro. Em vez disso, estabeleça controles rígidos para evitar que cometam erros ou que “folguem”. • Mantenha um sofisticado sistema de remuneração variável. Fisgue o seu pessoal pelo estômago: quem não estiver acima da média, que ganhe bem pouquinho. Quem sabe assim eles se animam, e no futuro todos terão desempenho acima da média... • Exija que todo projeto de melhoria dê retorno financeiro de pelo menos X dólares (coloque um valor de X bem alto, que seja um “stretch target”). • Não hesite em interferir em assuntos operativos diretamente. De vez em quando é bom “passar por cima” do responsável direto. Vantagens: sua autoridade será reforçada, e todos saberão que têm um chefe. • Estenda o Balanced Scorecard até o nível individual. Sobre Clientes • Não desperdice tempo e recursos em investigar o mercado e conhecer os clientes. Afinal, você e seus pessoal técnico já sabem o que eles necessitam. • Coloque o cliente no seu devido lugar: em segundo plano. Lembre-se do primeiro princípio: “money first”. Bem, não se trata de uma lista exaustiva, mas já é um “bom” começo...t Eduardo C. Moura, Qualiplus Excelência Empresarial, [email protected] BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 43 Especial - Lean Seis Sigma APLICAÇÃO DO LEAN NO AGRONEGÓCIO Os significativos resultados obtidos pela Toyota por meio da aplicação do Sistema Toyota de Produção (“Lean”) fizeram com que este rompesse as barreiras da manufatura e fosse disseminado em áreas tais como serviços, saúde e entretenimento. 44 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 C Por Carlos Eduardo Moretti ontudo, apesar da farta informação sobre o tema, uma pesquisa realizada pelo Manufacturing Performance Institute (Cleveland-USA) constatou que entre 440 empresas, apenas 2% atingiram os resultados esperados com a implantação do Lean e que 74% obtiveram pouco ou nenhum progresso. A conclusão é que a diferença entre o sucesso e o fracasso de um processo de implantação do Lean reside na capacidade dos agentes de promover a indispensável mudança da Cultura Organizacional, definida por Edgar Shein (“Coming to a new awareness of organizational culture” - Sloan Manager Review), como sendo o... “Conjunto de crenças que um grupo desenvolveu ao aprender a lidar com problemas de adaptação externa ou integração interna, que funcionou bem o suficiente para ser considerado válido e, portanto, transmitido a novos membros como a forma correta de pensar, perceber e se sentir em relação a esses problemas.” Ou seja, uma vez que a aplicação de uma prática provou ser reiteradamente eficaz em determinadas situações, os membros de um grupo não mais questionarão se devem ou não utilizála, recorrendo a ela de forma instintiva e não por uma decisão explícita. Schein afirmou ainda que uma Cultura Organizacional pode ser dividida em três níveis. Mas como aplicaríamos este modelo à Cultura Lean? No livro Chasing the Rabbit, Steven Spear, professor no MIT, definiu as 4 Crenças das pessoas da Empresa Lean: 1. Devemos projetar processos para que os problemas sejam notados “imediatamente” 2. Todos devemos solucionar problemas e promover a Melhoria contínua 3. Devemos compartilhar o conhecimento gerado nos processos de Solução de Problemas e de Melhoria. 4. Líder=Mestre. Líderes devem desenvolver as 4 “crenças” nos membros da equipe. A aplicação do Lean no Agronegocio Ilustraremos a aplicação destes conceitos discorrendo sobre a implantação do Lean numa empresa prestadora de serviços de terceirização de colheita e plantio mecanizado de cana de açúcar, para usinas de produção de etanol, em Goiás. 1 Projetando Processos para que os problemas sejam notados “imediatamente” PADRÕES Inicialmente, a produção, medida em hectares (1 hectare = 10.000 m2) plantados aferida mensalmente, passou a ser monitorada diariamente, por meio de controles visuais, no Gemba (termo, em japonês, que significa “local ‘real’ ou local onde é adicionado o valor). De maneira qualitativa e com a colaboração dos operadores, chegouse ao consenso de que os Padrões de Produção não estavam sendo atingidos em função de problemas na operação dos equipamentos e do número de horas de manutenção corretiva nos mesmos. INSTRUÇÕES DE TRABALHO Para garantir um Padrão na utilização e na inspeção dos equipamentos, criaram-se Instruções de Trabalho, seguindo-se os conceitos do Training Within Industry (TWI). O passo seguinte foi a elaboração de Matrizes de Versatilidade, para “diagnosticar” o grau de conhecimento de cada colaborador u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 45 Especial - Lean Seis Sigma em relação ao conteúdo das diversas Instruções de Trabalho. As lacunas percebidas foram preenchidas com o estabelecimento de uma estrutura e cronograma de treinamentos. Passaram a ser registradas as horas paradas por necessidade de manutenção corretiva. O padrão de treinamentos baseado em Instruções de Trabalho facilitou, não só a multiplicação do conhecimento inerente a cada atividade mas, principalmente, a verificação de sua correta utilização. A partir deste momento, experimentouse o crescimento do “sentimento de propriedade” por parte dos operadores, visto que esta equipe passou a participar ativamente da conservação dos equipamentos. O número de horas de manutenção corretiva baixou consideravelmente. TROCA RÁPIDA O tempo de abastecimento de adubo foi diagnosticado como um “gargalo” do processo. A ação corretiva foi a definição de Padrões de tempo de abastecimento de adubo, apoiando-se na técnica de Troca Rápida de Ferramentas (TRF): O processo foi filmado e decomposto em atividades, que posteriormente foram reagrupadas ou eliminadas. A técnica de Troca Rápida também foi aplicada ao processo de mudança de área de plantio, quando toda a estrutura de máquinas e equipamentos (tratores, área de vivência, caminhões de manutenção, plantadoras, entre outros) deve ser transportada a distâncias que podem chegar a 60 km CONEXÕES Dado o grande número de variáveis no processo de plantio das mudas de cana, fora do controle do pessoal da empresa (topologia, tipo de solo, variedade da cana, entre outros), foi impossível estabelecerse o fluxo contínuo entre as operações de sulcação e de plantio da muda. Desta forma, estabeleceu-se um “estoque padrão” de 10 hectares de sulcos preparados, entre o trator sulcador e a plantadora. 46 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 2 Todos deveos solucionar problemas e promover a melhoria contínua. KAIZEN TEIAN Com a estrutura de treinamentos atuando de forma adequada, todos os colaboradores foram treinados em Kaizen Teian – técnica que promove a melhoria contínua dos processos. Iniciou-se um sistema de premiação semestral, em função do número de Kaizens aprovados por colaborador, distribuindo prêmios tais como lanternas, fornos de micro-ondas, etc. São considerados válidos Kaizens que trazem benefícios relacionados à Segurança, Produção, Qualidade, Custos ou eliminam, pelo menos, 1 dos 7 desperdícios. O proponente também deve analisar a causa-raiz do problema com o uso dos “5 porquês”. Nos primeiros 18 meses do programa, foram aprovados e implantados mais de 120 Kaizens. Aproximadamente, 40% destes Kaizens focaram em melhorias nos tratores e implementos, fato que veio reforçar o comprometimento dos colaboradores com o perfeito estado de funcionamento destes. SOLUÇÃO DE PROBLEMAS Em abril/14, o controle de produção (hectares plantados) passou a ser efetuado hora-a-hora. A programação da produção começou a ser feita diariamente, com a previsão da área a ser plantada no dia seguinte considerando variáveis como topologia, tipo de solo, distâncias entre a colheita de mudas e plantio. Se houver desvios em relação ao padrão, a equipe se reúne, busca as causas-raiz dos problemas – por meio de um Diagrama de Ishikawa – e define as contramedidas cabíveis. A padronização das contramedidas é garantida por meio de revisões ou elaboração de novas Instruções de Trabalho. Em paralelo, pode-se verificar a eficiência do processo de manutenção preventiva e definidas ações para aprimora-las. 3 Devemos compartilhar o conhecimento gerado nos processos de solução de problemas e de melhoria. YOKOTEN (aprendizado horizontal) Além das constantes atualizações das Instruções de Trabalho e respectivos treinamentos, os Kaizens Teian são exibidos aos colaboradores por meio de um quadro, posicionado no posto de gasolina, onde os trabalhadores tomam os ônibus que os leva até as áreas de colheita e plantio das mudas. 4 Líder = Mestre. Líderes devem desenvolver as 4 “crenças” nos membros da equipe. A participação da Liderança – apoiando e dando suporte às mudanças - foi crucial para o sucesso do projeto. RESULTADOS Nos primeiros 24 meses, o principal indicador de produtividade – Hectares plantados por mês – experimentou um acréscimo de, aproximadamente, 30% (mantidos o número de máquinas e colaboradores). CONCLUSÃO Independentemente do segmento, empresas que confundem a implantação do Lean com a implantação de ferramentas estão fadadas ao fracasso: O sucesso da jornada Lean depende única e exclusivamente de uma profunda mudança de Cultura Organizacionalt Carlos Eduardo Moretti - Engenheiro pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo com mais de 20 anos de experiência em melhoria de processos em autopeças, produção de alimentos, higiene pessoal, calibração de instrumentos de medição, tubos flexíveis, agronegócios, corretagem de seguros e outros Co-autor do livro “Toyota by Toyota: Reflections from the inside leaders on the techniques that revolutionized the industry”. Instrutor de Lean Manufacturing e Lean Service na Fundação Vanzolini. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 47 Especial - Lean Seis Sigma OS HÁBITOS DOS BLACK BELTS DE SUCESSO Por Alexandre Andrioli Iwankio A o longo de quase 10 anos atuando na formação e certificação de Black e Green Belts, foi possível observar que o sucesso dos Belts depende de muitas variáveis que vão além do domínio da metodologia Lean 6 Sigma e de ferramentas de análise qualitativa e quantitativa para a excelência operacional. Segundo a ASQ (American Society for Quality), o perfil desejado para um Black Belt engloba as seguintes características: 48 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 • Ser capaz de explicar as filosofias e princípios Lean 6 Sigma, de descrever seu impacto em vários processos de negócios em toda a organização. • Entender os vários papéis e responsabilidades dos profissionais Lean 6 Sigma. • Ser capaz de compreender diferentes medidas de desempenho financeiro de negócios. • Ter uma compreensão fundamental de técnicas de gestão de equipes. • Ser capaz de compreender os elementos de Project Charter/ Business Case para acompanhar o andamento do projeto. • Ser capaz de usar o feedback do cliente para identificar suas necessidades. • Possuir capacidade de utilizar técnicas estatísticas e de qualidade para melhorar processos, como: • identificação e interpretação dos 7 desperdícios clássicos • técnicas de coleta de dados • mapeamento e análise de processo • análise de sistemas de medição • conceitos de probabilidade e distribuições • cálculos estatísticos e de capacidade de processo • correlação e regressão • testes de hipóteses e análise variância • FMEA e ferramentas de análise de causa raiz • planejamento de experimentos (DOE) • kaizen, kaizen blitz e teoria das restrições • controle estatístico do processo (CEP) • manutenção produtiva total de (TPM) • planos de controle e manutenção de resultados • Etc... Isto basta? Este perfil garante sucesso no Lean 6 Sigma? Todas essas características são essenciais a um bom Black Belt, mas não são suficientes para o seu sucesso. É preciso adquirir hábitos que farão diferença na condução dos projetos Lean 6 Sigma, gerando resultados extraordinários à empresa, com trabalhos consistentes e valorização de pessoas. Conforme o dicionário Michaelis, hábito significa “costumes ou caracteres de um indivíduo; inclinação por alguma ação, ou disposição de agir constantemente de certo modo, adquirida pela frequente repetição de um ato; modo padronizado de pensar, sentir ou agir, adquirido e tornado em grande parte inconsciente e automático”. Os hábitos dos Black Belts de sucesso Business Focam em resultados de negócios Não se concentre nos "inputs" de seus esforços: • Quantos projetos você desenvolveu; • Com que rapidez você os concluiu; • Quantas ferramentas você domina. Concentre-se nos resultados que você está gerando para o seu negócio: • Quantos projetos tiveram um impacto real, sustentável e positivo sobre o desempenho geral do negócio? • Como você está ajudando a impulsionar o desempenho dos negócios e a tornar a vida de seus colegas mais fácil? Compreendem os propósitos do negócio Desenvolva a capacidade de descer para os detalhes de um determinado processo e entender seus meandros técnicos. Contudo, jamais perca de vista a razão maior dos negócios, as metas estratégicas da companhia. Comunicação e relacionamento Traduzem a mensagem para cada público As organizações são compostas por diferentes tipos de públicos: • Diferentes níveis de formação e experiência; • Papéis e responsabilidades distintos; • Interesses e propósitos específicos. Uma abordagem de comunicação uniforme e linear simplesmente não funciona. Compreenda o que vai importar mais para o seu público - colocando-se no lugar dele. Comunique-se assertivamente! u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 49 Especial - Lean Seis Sigma Evitam excessos de termos técnicos e jargões Pode ser tentador empregar termos como "desviopadrão“, "níveis sigma“, “faixa característica de processo”, etc., ilustrando o quanto você sabe sobre 6 Sigma. Sendo conhecedor de Lean, você pode mostrar como domina o assunto falando sobre Poka-Yoke, Muda, Kaizen... Comunique-se em português claro e objetivo, o que é suficiente para a maioria das coisas que você tem a dizer. Para conceitos mais complexos, metáforas e exemplos práticos ajudam a equipe a compreender os conceitos. A comunicação não é para fazer você parecer inteligente... é para fazer outras pessoas entenderem a mensagem. Ouvem as pessoas Seus ouvidos são uma dádiva e é incrível o que pode acontecer quando você os usar de forma eficaz. Úteis para coletar informações, eles também podem ser usados para identificar possíveis resistências a uma proposta de solução. Ouça frequentemente aos parceiros, clientes e colaboradores. Isso o torna mais eficaz na identificação dos projetos e iniciativas que irão fornecer grande valor para a organização. Além disso, aumenta a probabilidade de que mudanças no processo serão aceitas e sustentadas pelos colaboradores e pela liderança. Pensam no impacto das mudanças do processo nas pessoas Imagine como seria fácil se você pudesse mudar alguma coisa e essas mudanças fossem imediatamente seguidas por todos, sem qualquer dúvida ou hesitação. Claramente, não é assim que funciona. Mudanças no processo têm impacto real sobre o emprego das pessoas. • Elas terão de fazer ajustes em hábitos e habilidades que desenvolveram ao longo dos anos. • Elas precisam, em muitos casos, aprender uma maneira inteiramente nova de fazer algo. Considere o elemento humano e entenda como as mudanças de processo impactarão as pessoas que precisam realmente fazer o trabalho. Aprendizado e disseminação Estão constantemente aprendendo A vida seria muito mais fácil se nós nascêssemos sabendo tudo o que precisaríamos saber. Entenda a importância de aprender e evoluir o seu conjunto de habilidades de forma contínua. Este hábito pode envolver: • Benchmarking; • Participar de conferências; • Fazer cursos; • Aprender com os fracassos (bem como com os sucessos); • Praticar networking e compartilhar ideias com outros profissionais. Praticam coaching e mentoring Mobilize os talentos da organização, em vez de tentar conduzir as iniciativas de melhoria por conta própria. Embora possa parecer um trabalho difícil “ensinar as pessoas a pescar“, você vai colher belos frutos se parar de tentar apanhar os peixes sozinho e ensinar aos outros como chegar aos resultados desejados.t Alexandre Andrioli Iwankio: Diretor da Iwankio Consulting, empresa de consultoria especializada em melhoria de processos e implementação da metodologia Lean 6 Sigma. Larga experiência na formação de Black e Green Belts e na orientação de projetos de melhoria para empresas como ALL, Alcast, Arotubi, Banco Real, Behr, Boticário, Colorfix, Contax, CST, DPA/Nestlé, Electrolux, GVT, Kraft Foods, Metalgráfica Trivisan, MWM International, Plastilit, Prati-Donaduzzi, Ritmo, Samarco, Stora Enso, Tupy, Vale e Villares Metals. Professor em MBAs e cursos de Especialização na EBS e PUCPR. Coordenador técnico do curso de Pós-Graduação em Lean 6 Sigma – Certificação Black Belt na PUCPR. Mestrando em Engenharia de Produção e Sistemas pela PUCPR, Especialista em Engenharia da Manufatura Enxuta pela PUCPR e em Gestão Estratégica e Controladoria pela UTP, Economista Bacharelado pela UFPR. 50 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Cursos de Atualização Sinal de excelência em Lean Manufacturing MELHORE OS PROCESSOS COM FERRAMENTAS LEAN. ESCOLHA O SEU CURSO. Mapeamento do Fluxo de Valor - Manufatura Fornece os conceitos necessários para elaboração de Mapas de Fluxo de Valor (MFV) em processos industriais. TambémconhecidocomoValueStreamMapping(VSM),forneceumavisãográficaesistêmicadofluxode materiais, processos e informações de uma família de produtos. É uma ferramenta essencial no diagnóstico de desperdícios e indicação de ações corretivas em processos produtivos Mapeamento do Fluxo de Valor - Administrativo/Serviços Curso focado em elaboração de Mapas de Fluxo de Valor (MFV) para processos administrativos. As atividades dotreinamentodiscutemosconceitosbásicos,asaplicaçõesespecíficaseestudosdecasodesucessoem processos de prestação de serviços. Gestão por Resultados Discute a aplicação de planejamento e controle de ações operacionais alinhadas aos resultados estratégicos esperadospelaempresa.AstécnicasdeGestãoporResultadopermitemaidentificação,análiseeação corretiva em processos de negócios com ganhos expressivos no curto prazo. Ferramentas Analíticas e Operacionais da Produção Enxuta (Lean) Apresenta as principais ferramentas de diagnóstico de desperdícios em processos industriais e a aplicação de ferramentas operacionais da Produção Enxuta - Lean Production - para aumentar a produtividade dos recursos utilizados. Coloqueumsinaldeexcelênciaemsuacarreira:Curso de Atualização Vanzolini. e-mail: [email protected] 0800 770 06 08 (Estado de São Paulo) ou (11) 3145-3717 (outras localidades) BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 51 Especial - Lean Seis Sigma A cor da qualidade: Como a Crayola usa dados para fornecer o giz de cera perfeito Aqui temos uma caixa novinha com 64 gizes de cera. Escolha sua tonalidade favorita e depois pinte o quanto quiser sem precisar de cuidado! Olhe agora para o giz de cera. Ele ainda está inteiro e até mesmo mantém uma ponta decente. Isso não é nenhuma surpresa pois se trata de um giz de cera da Crayola. 52 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 A Crayola fabrica gizes de cera em suas instalações no leste da Pensilvânia há mais de 100 anos, período em que se tornaram indiscutivelmente os líderes no fornecimento de gizes de cera e outros itens coloridos que as crianças usam para expressar suas criatividades. Todo o mundo conhece o nome, porém poucos reconhecem a dedicação da Crayola em garantir que os 2,2 bilhões de gizes de cera que fabricam todos os anos atendam aos mais elevados padrões. A Crayola se baseia em uma cultura de melhoria contínua impulsionada por dados para melhorar a qualidade de seus gizes de cera, sem mencionar suas canetinhas, tintas, massinhas de modelar e outros produtos, e eles confi am no Minitab Statistical Software para analisar esses dados. “Começamos com a suposição de que tudo o que fazemos, podemos melhorar”, explica Gary Wapinski, vice-presidente de fabricação. “Por isso, o Minitab é fundamental pois ele nos ajuda a compreender a análise estatística e permite que os dados revelem o que precisamos fazer”. Compromisso demonstrado em prática e apoiado lá de cima Aqui temos uma caixa novinha com 64 gizes de cera. Escolha sua tonalidade favorita e depois pinte o quanto quiser sem precisar de cuidado! Olhe agora para o giz de cera. Ele ainda está inteiro e até mesmo mantém uma ponta decente. Isso não é nenhuma surpresa pois se trata de um giz de cera da Crayola. A Crayola fabrica gizes de cera em suas instalações no leste da Pensilvânia há mais de 100 anos, período em que se tornaram indiscutivelmente os líderes no fornecimento de gizes de cera e outros itens coloridos que as crianças usam para expressar suas criatividades. Todo o mundo conhece o nome, porém poucos reconhecem a dedicação da Crayola em garantir que os 2,2 bilhões de gizes de cera que fabricam todos os anos atendam aos mais elevados padrões. u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 53 Especial - Lean Seis Sigma A Crayola se baseia em uma cultura de melhoria contínua impulsionada por dados para melhorar a qualidade de seus gizes de cera, sem mencionar suas canetinhas, tintas, massinhas de modelar e outros produtos, e eles confi am no Minitab Statistical Software para analisar esses dados. Os rigorosos projetos de melhoria conduzida por dados da Crayola ajudam a empresa a manter e melhorar a qualidade de seus gizes de cera e eles confiam no Minitab Statistical Software para analisar esses dados. “Começamos com a suposição de que tudo o que fazemos, podemos melhorar”, explica Gary Wapinski, vice-presidente de fabricação. “Por isso, o Minitab é fundamental pois ele nos ajuda a compreender a análise estatística e permite que os dados revelem o que precisamos fazer”. Rich Titus, um consultor de Lean Six Sigma e membro adjunto do corpo docente da Universidade Lehigh, treina os green belts e black belts da Crayola e os ajuda a manter os projetos em linha. Ele dá crédito à liderança da Crayola por fornecer o apoio necessário para iniciar e manter um programa bem-sucedido de melhoria contínua. “Os executivos estão envolvidos ativamente na seleção e aprovação de projetos e nos reunimos com os líderes de projeto para examinar seu progresso frequentemente”, observa Titus. “Mesmo que essas sessões de revisão possam durar até três horas, 54 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 os executivos não ficam respondendo a e-mails ou saindo para fazer ligações, eles estão envolvidos e fazem perguntas sobre cada projeto”. “Saber que seus líderes levam isso a sério ajuda as equipes a apreciar a importância dessa metodologia conduzida pelos dados”, diz James Collins, gerente de melhoria contínua e Six Sigma na Crayola. “Os líderes de projeto precisam ser capazes de apoiar suas recomendações com dados. Ter uma ideia para melhorar algo é excelente, mas quando se é possível provar com gráficos, cartas e estatística, você tem fundamento para fazer uma mudança”. Todavia, os líderes da Crayola não fazem apenas a revisão dos projetos de melhoria, eles criam seus próprios projetos. O projeto mais recente de Wapinski economizou um quarto de milhão de dólares. Quando o projeto começou, funcionários altamente experientes foram designados para supervisionar pequenas equipes de funcionários com menos experiência que colocavam componentes de artes e artesanatos em kits. “Usei o Minitab para comparar linhas dirigidas por funcionários veteranos com linhas conduzidas por funcionários menos experientes”, diz ele, “e não encontrei diferenças na segurança, eficiência ou qualidade”. Pagar funcionários habilidosos para liderar essas equipes não fornecia benefícios, pois o processo de montagem de kits é muito limitado. Assim pudemos transferir esses funcionários habilidosos para áreas onde suas experiências tinham um impacto real. Não é nenhuma surpresa que muitos projetos da Crayola contribuem para o objetivo de se fabricar o giz de cera perfeito. Os engenheiros da empresa usaram ferramentas como a Análise dos Sistemas de Medição (MSA) e Planejamento de Experimentos (DOE) para estudar a resistência dos gizes de cera à quebra: esforços que levaram a novos padrões e mesmo à criação de uma nova máquina de teste de quebra de gizes de cera. “Fabricamos gizes de cera há mais de 100 anos, mas não tínhamos uma medição de resistência de giz de cera confiável e consistente até agora”, diz Bonnie Hall, vice-presidente de qualidade global e melhoria contínua. “Sempre que testávamos uma alteração de fórmula, precisávamos quebrar dezenas de milhares de gizes de cera para saber se havia alguma diferença. Agora é muito mais fácil e rápido avaliar a resistência de nossos gizes de cera”. ferramenta poderosa como o Minitab, é algo que me atrai naturalmente”. Às vezes, usar o Minitab vira a sabedoria convencional de cabeça para baixo, como quando um processo foi melhorado através da redução da velocidade da linha e redução da equipe de 10 para 5 pessoas. “Algumas pessoas estavam convencidas de que essas alterações significariam menos produção, mas o estudo de capacidade no Minitab mostrou que obtínhamos a mesma produção com uma velocidade menor e metade da mão de obra”, diz Wapinski. “Fazer a máquina funcionar mais rápido só introduzia mais tempo de inatividade e descartes. Além disso, as pessoas na linha de produção estavam muito mais felizes, pois não estavam mais lutando para acompanhar a máquina naquelas velocidades altas”. Causas principais e soluções reais Gary Wapinski testemunhou muitos exemplos ruins de análise de dados antes de trabalhar na Crayola. “Vi pessoas gastar mais tempo tentando descobrir como encontrar dados que apoiassem suas teses em vez de permitir que os dados revelassem o que eles precisavam fazer”, diz ele. “Muitas pessoas não querem fazer o trabalho pesado de chegar à causa principal de um problema. Se um equipamento para de funcionar a cada três minutos, eles preferem acreditar que podemos comprar uma nova máquina para resolver o problema. Mas se a causa principal está relacionada com nossos processos, materiais ou treinamento dos nossos funcionários, então uma nova máquina não resolverá nada. Quero fazer melhorias reais, não falsas, por isso combinar resolução de problemas com disciplina com uma Embora seu trabalho possa mudar, ninguém na Crayola perdeu o emprego como resultado de um projeto de qualidade. “Quando começamos com esses projetos, os funcionários tinham dúvidas sobre o que estávamos fazendo e se seus empregos estavam em risco”, diz Ruggiero. “Agora todos compreendem que estamos investindo em melhoria contínua para aumentar nossa competitividade e preservar empregos”. u Analisar os dados com o Minitab ajudou os engenheiros da Crayola a visualizar como a cor e a posição dentro de um molde afetavam a resistência das pontas de seus gizes de cera. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 55 Especial - Lean Seis Sigma para zero em apenas um ano, e quando os defeitos começaram a reaparecer, outro benefício de se prestar muita atenção aos dados se tornou evidente. “A análise de rotina nos avisou claramente quando a qualidade começou a cair e o resultado foi que trabalhamos muito mais rapidamente com o fornecedor para resolver o problema”. Uma cultura de conscientização de dados As equipes de qualidade da Crayola usam frequentemente o menu do Assistente no Minitab Statistical Software, que guia os usuários durante suas análises e fornece resultados e gráficos claros e de fácil compreensão. Melhorias sustentadas A Crayola deseja que essas melhorias sejam sustentáveis e as economias de projeto apareçam no orçamento. “Não se deve apenas fazer um PowerPoint e citar as economias”, diz Ruggiero. “Recalculamos o custo padrão daquele processo baseado naquelas economias e depois fornecemos sobre aquelas economias”. O uso de dados também afeta os fornecedores da Crayola. Por exemplo, a empresa firmou uma parceria com um fornecedor para reduzir a quantidade de embalagens onduladas para remessas com defeito. “Precisamos realmente de embalagem perfeita”, diz Hall. “Se tiverem qualquer deformação, elas não passam nas empacotadoras de caixas automáticas”. O projeto cortou US$ 56.000 em defeitos 56 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 As pessoas envolvidas na iniciativa de qualidade da Crayola sabem que esse é um esforço de longo prazo. “Você não se torna uma excelente empresa apertando um botão”, diz Wapinski. Mas a análise de dados usando o Minitab já faz parte das operações diárias. Gráficos de Pareto, boxplots, testes de hipóteses, cartas de controle e análises de capacidade são de uso comum. “O Minitab é uma ferramenta diária para gerenciar e explorar nossos dados”, diz Hall. “Como usamos o Minitab, é muito mais fácil comunicar os problemas comerciais. Há uma expectativa de que você tenha uma boa compreensão de seus dados e isso nos leva à causa do problema mais rapidamente”. Poder analisar e agir com os dados transformou a maneira de como a Crayola conduz o seu negócio e isso beneficia toda a operação. “Isso nos permitiu concentrar os recursos em áreas onde podemos lucrar mais”, diz Ruggiero. “Passamos de uma cultura em que ‘quando tiver um problema, enterre-o’ para ‘temos um problema e precisamos visualizá-lo para que possamos resolvê-lo”.t Usar o Minitab para analisar dados ajudou a Crayola a desenvolver novos padrões para lidar com a resistência de seus gizes de cera e garantir que as novas cores e criações cumprissem exigências rigorosas de qualidade. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 57 Especial - Lean Seis Sigma UMA GRANDE ESTRATÉGIA EM TEMPOS DE CRISE 58 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Por Luis Oliveira T odo empreendedor sabe que momentos de crise também são momentos de oportunidade. O mundo corporativo está repleto de exemplos de crescimento e sucesso em cenários de retração de mercados e dificuldades econômicas. Para aqueles que reconhecem o momento de alta complexidade vivenciado no Brasil, mas têm a visão de que não apenas é possível sobreviver ao atual turbilhão sócio-político-econômico em que o País mergulhou, mas, principalmente, criar uma estrutura sólida de crescimento capaz de enfrentar aspectos conjunturais extremos, o Lean Six Sigma é, com certeza, uma estratégia extremamente oportuna. Um programa de melhoria contínua tem como principal objetivo construir uma cultura que promova a melhoria nas atividades e processos de toda a organização, propiciando ganhos estruturais nos principais indicadores do negócio, como aumento de produtividade, redução dos custos e prazos, aumento de lucratividade e competitividade da empresa, suportando o crescimento do negócio. A metodologia Lean Six Sigma permite estruturar o programa de melhoria fundamentado em filosofias e metodologias de alto impacto, que trazem no seu escopo ferramentas analíticas e de melhoria capazes de garantir que todos os objetivos estratégicos esperados pela Liderança da empresa sejam alcançados. A visão para a implantação de um programa de melhoria necessita ser de longo prazo, dado que a sua concretização deve ser uma prática natural, enraizada e consolidada na cultura corporativa. Esta construção é lenta e necessita de anos de investimento, foco, persistência, ajustes e resiliência requerida por qualquer iniciativa fundamentada na participação, envolvimento e comprometimento das pessoas. Apesar de necessitar de um plano de longo prazo para sua implantação efetiva, o Lean Six Sigma, quando bem utilizado, tem a qualidade e a vantagem de gerar ganhos excepcionais no curto prazo para a organização. Num momento de crise, no qual fatores externos à organização, como retração do mercado, economia recessiva, aumento de inflação etc afetam o crescimento e os resultados das empresas, o Lean Six Sigma, pode ser uma das melhores formas de a empresa se reinventar e reorganizar sua atuação para superar os desafios impostos por este ambiente adverso. Isto é possível pelo fato de as organizações, mesmo com inúmeras inciativas já realizadas, terem sempre um grande potencial de melhoria em termos de eficiência, otimização e simplificação dos seus processos, além de muitas sugestões dos colaboradores que podem contribuir significativamente no esforço de superação. É fundamental que consigamos realizar todo este potencial e aprimoramento. O Lean Six Sigma tem no seu DNA exatamente tudo o que é necessário para alcançar as melhorias desejadas pela empresa, justamente porqueu BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 59 Especial - Lean Seis Sigma utiliza ferramentas altamente eficazes para identificação, priorização e execução de ações que irão eliminar desperdícios, racionalizar e otimizar processos. Podemos entender que é uma combinação perfeita esta combustão entre as oportunidades de melhoria existentes nas organizações com uma metodologia poderosa para explorar e concretizar as mudanças e ajustes necessários para atender as demandas deste momento. Um fator fundamental para viabilizar a estratégia de utilizar o Lean Six Sigma para blindar a empresa em tempos de crise é o olhar diferenciado da Liderança frente a um momento que, apesar de trazer incertezas e restrições orçamentárias, pode ser entendido como uma oportunidade de fazer os ajustes e promover as mudanças que não puderam ser efetivadas até então. Em tempos de crescimento e mercado aquecido, a exploração de melhorias e de aumento da eficiência muitas vezes não ocorre justamente pelo fato dos recursos estarem direcionados para atender a alta demanda do mercado. O fato é que este momento de uma menor demanda, mostra-se extremamente oportuno direcionar a energia e o foco de todos para explorar melhorias internas. Sendo uma grande oportunidade para repensar políticas, processos, padrões, produtos, serviços, estratégias de mercado, enfim, tudo o que realmente importa na gestão do negócio. Como diz o ditado, “A necessidade é a mãe da criatividade”. Para superar os desafios impostos pelo País, a empresa precisa usar toda a sua criatividade para se 60 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 reinventar, sem perder de vista o crescimento futuro. Envolvendo todos nos esforços de melhoria A concretização das mudanças oriundas de um programa estruturado e sustentável de melhoria tem que estar fundamentada na participação e comprometimento de todos na empresa. Para tanto, é necessário construir uma cultura voltada para a busca pela excelência com a participação de todos, o que, por sua vez, só será possível se estes valores forem compartilhados espontaneamente pelas pessoas. Naturalmente, será necessário que as iniciativas para construção de uma nova cultura consigam estimular cada um na organização, a seu tempo, desenvolva e incorpore os valores necessários para que participem de forma genuína nos esforços de melhoria. Esta construção tem que começar de alguma forma e podemos estruturá-la para que ocorra dentro de um horizonte de curto e médio prazo. O Lean Six Sigma é robusto suficiente para gerar transformações positivas e resultados consistentes e significativos para o negócio já nos estágios iniciais do programa de melhoria. As oportunidades identificadas no início de um programa de melhoria são aquelas que chamamos de “frutas maduras”, ou seja, melhorias que são fáceis de identificar e também de realizar, sem necessidade de muito tempo ou a aplicação de metodologias complexas. É para estas oportunidades que temos que direcionar os esforços e metodologias para que possamos, de forma rápida, trazer benefícios que mantenham a empresa saudável durante esta fase de transição, até o mercado retomar sua dinâmica. Desmistificando o Lean Six Sigma Apesar da complexidade metodológica do Lean Six Sigma e da visão de longo prazo necessária para um programa de melhoria, sua implementação pode ser feita de forma gradual, contínua, consistente, respeitando o tamanho, segmento e cultura de cada empresa e das pessoas. O segredo é saber dosar o ritmo e a complexidade metodológica. Este processo tem que ser estruturado em um modelo evolutivo de forma que seja natural ao ambiente corporativo, sem agredir sua cultura. Um programa que consiga equilibrar as demandas e oportunidades de melhoria existentes com as metodologias necessárias e assertivas, cria todas as condições para se obter ganhos sustentáveis no curto prazo, que fazem a diferença na estratégia para aumento da competitividade e sobrevivência no longo prazo das organizações.t Luis Oliveira - Sócio - Diretor da ÓTIMA Estratégia e Gestão. Bacharel em Estatística pela UNICAMP, PósGraduado pela FGV, Master Black Belt Lean Six Sigma, Lead Assessor ISO 9000, Examinador do PNQ por diversos anos. Especialista na definição e implantação de Gestão Estratégica de Resultados fundamentadas na metodologia Lean Six Sigma. http://www.otimaeg.com.br. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 61 Certificação Por que o esquema de certificação de produtos e serviços no Brasil só aumenta as tragédias e os acidentes de consumo? 62 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 A normalização é o primeiro passo para se atingir alguma qualidade tanto de produtos como de serviços e é por meio dela que se pode manter a evolução das empresas em busca da melhoria contínua. Algumas instituições e profissionais, por desconhecimento ou má-fé, advogam que as normas técnicas, diferentemente dos regulamentos técnicos, são voluntárias. Não há obrigatoriedade em adotá-las. Assim, só os produtos e os serviços com certificação obrigatória ou compulsória (definida pelo Inmetro em seus regulamentos para a avaliação de conformidade) devem cumprir as normas técnicas. Será que não é isso que aumenta os recalls, os acidentes de consumo e as tragédias? BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 63 Certificação P Por Hayrton Rodrigues do Prado Filho ara iniciar esse texto, contatei o diretor de Avaliação da Conformidade do Inmetro, Alfredo Carlos Orphão Lobo e enviei as seguintes questões para ele: por que são poucos os produtos e serviços que são obrigados a cumprir as normas técnicas?; comente o aumento de tragédias e acidentes de consumo no Brasil e se isso está relacionado com o número diminuto de produtos e serviços que necessitam cumprir as normas técnicas?; quais os planos do Inmetro para solucionar essa situação?; acrescente o que for necessário para esclarecer os leitores da revista sobre o assunto. “Como não poderia deixar de ser, em nossa atividade é fundamental trabalhar com dados e fatos e os que hoje dispomos não se coadunam com a visão tão pessimista como a por você externada, a seguir comentadas”, explica Lobo. “O Inmetro dispõe de um robusto banco de dados de acidentes de consumo ocorridos no Brasil, que contempla valiosas informações sobre o tema. Paralelamente, através de acordos, com a CPSC, nos EUA, e com o Rapex, na Europa, acompanha relatos de acidentes de consumo e recalls pelo mundo afora e podemos afirmar que o que ocorre no Brasil nesse campo não é muito diferente do que acontece mundo afora. De qualquer forma, estas informações extraídas de bancos de dados, oriundos do país e do exterior, colaboram sobremaneira para decidirmos quanto à conveniência de intervenções do Estado nas relações de consumo. 64 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Um bom exemplo para corroborar esta afirmativa diz respeito a recente crise mundial no setor de brinquedos, ocasião em que foram registrados diversos acidentes no mundo, com os produtos fabricados pela empresa Mattel, que, à época, detinha 80% do mercado mundial de brinquedos, inclusive com a ocorrência de mortes em países como EUA, Inglaterra e Austrália. Orgulhamo-nos de afirmar que nenhum acidente ocorreu no mercado brasileiro, muito em função de nossa regulamentação e das ações de acompanhamento no mercado que, em 2014, ultrapassaram a casa de um milhão e cinquenta mil. Por lei, o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor assegura que todo produto colocado no mercado brasileiro, em existindo norma ou regulamento aplicável ao produto, deve obrigatoriamente atender a um destes dispositivos. Compete ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça fazê-lo cumprir, o que é executado em parceria com cerca de 800 Procons estaduais e municipais existentes no País. Quando um produto oferece riscos eminentes à saúde, a segurança e ao meio ambiente, cabe à autoridade regulamentadora, com base na norma aplicável, estabelecer um Regulamento Técnico e, eventualmente associálo a uma certificação compulsória, o que deve ser precedido de estudos de impacto e de envolvimento com as partes interessadas. De acordo com o marco legal que rege as atividades do Inmetro, o Instituto atua na questão da segurança de produtos em caráter supletivo, o que implica em dizer que somente pode desempenhar este papel em setores onde não exista uma autoridade regulamentadora legalmente constituída, o que nos impede, por exemplo, de atuar, nos setores de alimentos, medicamentos, agricultura e telecomunicações. O cenário de economia globalizada fala hoje em desregulamentação. Alguns países, em especial os do Reino Unido, vêm caminhando fortemente nesta direção e muitos deles o fazem com financiamento do Banco Mundial. Isto não implica em dizer que os países que vêm praticando a desregulamentação não estejam preocupados com a proteção do consumidor. Na verdade, eles exigem a autodeclaração da conformidade, alicerçado em um sistema jurídico que penaliza duramente a empresa e o empresário que colocar um produto inseguro no mercado e provocar um acidente de consumo. É óbvio que ainda não é a realidade de nosso país. De qualquer forma, cabe destacar a razão disso. A regulamentação associada a uma exigência de certificação, sem dúvida, aumenta a confiança na segurança dos produtos, mas paralelamente onera o fabricante, que inevitavelmente repassa estes custos aos consumidores. Não só onera o consumidor como prejudica a competitividade da indústria nacional frente à concorrência internacional. Além disso, em muitas das vezes, a regulamentação associada à exigência de certificação cria obstáculos desnecessários ao comércio internacional, o que é combatido, em especial, pela Organização Mundial do Comércio. Por conta do cenário acima descrito, o Inmetro atua na questão da segurança de produtos observando as boas práticas de regulamentação acordadas internacionalmente, que contemplam, dentre outros, os seguintes mecanismos: Elaboração de uma agenda regulamentadora, com horizonte de quatro anos, com a participação das diferentes partes interessadas, como setores produtivos, entidades de defesa dos consumidores, agências regulamentadoras, meio acadêmico e governo, o que é feito obedecendo a critérios de identificação e priorização estabelecidos pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial(Conmetro); acompanhamento de sites internacionais de órgãos congêneres, no sentido de identificar produtos inseguros que causam acidentes de consumo em outros mercados que não o brasileiro; uma vez identificado e priorizado um determinado produto e, portanto, colocado na agenda regulamentadora, é conduzido um estudo de impacto regulatório sob a ótica social, ambiental e econômica, só sendo desenvolvido o regulamento se os resultados sinalizarem que a regulamentação é necessária, viável, conveniente; acompanhamento no mercado, de forma a avaliar os resultados esperados pelo regulamento e, eventualmente seu aperfeiçoamento, fruto das ações de fiscalização, conduzidas pelos institutos estaduais de pesos e medidas, que por delegação do Inmetro atuam em todo o território nacional, cobrindo mais de 5.500 municípios. Como anteriormente u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 65 Certificação mencionado, somente em 2014, foram feitas mais de 1,05 milhões de ações de fiscalização; ainda na linha de acompanhamento no mercado, cabe destacar a parceria firmada com a Receita Federal Brasileira, que nos permite adentrar nas zonas alfandegarias, de forma a barrar produtos não conformes. No ambiente de economia globalizada, país que não detém um bom controle de suas fronteiras vira receptor de produtos inseguros, ou seja, de lixo. Respondendo às perguntas específicas formuladas, cabe esclarecer: quanto aos poucos produtos e serviços que são obrigados a cumprir as normas técnicas, além das considerações acima enunciadas, que revelam que suas afirmações estão desconectadas da realidade fática, destacamos os seguintes dados, relacionadas às nossas atividades: possuímos hoje 156 famílias de produtos certificados compulsoriamente que devem obedecer a requisitos mínimos de segurança antes de serem colocados no mercado, além de 38 certificados voluntariamente; estas 156 famílias de produtos representam cerca de 540 diferentes produtos usados em nosso dia a dia, que para serem colocados no mercado têm que ostentar o selo do Inmetro; representam ainda a existência de 602.000 modelos de produtos colocados no mercado brasileiro com o selo do Inmetro. Definitivamente não são números desprezíveis e estamos certos que são adequados à realidade socioambiental do país. Entendemos que não cabe comentar o aumento de tragédias e acidentes de consumo no Brasil, uma vez que não condiz com o cenário que conhecemos, mas não nos furtaremos de analisar outros cenários 66 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 desde que alicerçados por dados e fatos consistentes. Quanto aos planos do Inmetro para solucionar essa situação, ainda que a afirmativa não seja condizente com os cenários por nós acompanhados, cabe destacar a agenda regulatória com horizonte quadrienal, anteriormente mencionada, disponibilizada no sitio do Inmetro. Quanto a acrescentar o que for necessário para esclarecer os leitores da revista nos parece oportuno: reafirmar que temos adequado grau de confiança na segurança dos produtos colocados no mercado nacional, naquilo que é de responsabilidade do Inmetro; informar que nos países desenvolvidos poucos são explicitamente regulamentados com exigência de certificação compulsória; destacar ainda que, na verdade, em todo o mundo há um aumento de casos relatados de acidentes de consumo, devido a maior complexidade da sociedade moderna, ao maior número e complexidade de diferentes produtos postos no mercado e ainda à maior conscientização da população, cada vez mais educada, conectada e exigente. Felizmente isto também ocorre no Brasil. Definitivamente somos melhores consumidores que há 20 anos. Inovações tecnológicas constantemente introduzidas nos produtos em geral demandam uma necessidade de permanente vigilância de mercado, para mitigar os riscos de acidentes. Quem há poucos anos falava em ftalatos, nitrosaminas, nanopartículas. Isto impõe um grande desafio para as autoridades regulamentadoras e o Inmetro com toda sua robusta infraestrutura laboratorial e de pessoal especializado faz isto tal como entidades internacionais de excelência similares.” Essa é a verdade: um país, com as dimensões do Brasil e a sua importância no cenário mundial, possui apenas 156 produtos e oito serviços ou, como o próprio Lobo diz, 540 diferentes produtos usados no dia a dia, que para serem colocados no mercado têm que ostentar o selo do Inmetro, o que representam ainda a existência de 602.000 modelos de produtos colocados no mercado brasileiro com o selo do Inmetro. Ainda acho: é muito pouco quando se faz a seguinte pergunta: quantos produtos e serviços existem em uso no país, 2 milhões, 3 milhões, 5 milhões? Acrescente-se, a esses números, mais 16 produtos com declaração do fornecedor compulsória; produtos com declaração de conformidade do fornecedor: isqueiros descartáveis a gás; oficinas instaladoras de sistemas de GNV, para utilização em veículos bicombustível; cantoneiras de aço laminadas para torres de transmissão de energia elétrica; oficinas de inspeção técnica e manutenção de extintores de incêndio; sistemas não metrológicos de registro de avanço de sinal; e oficinas reformadoras de pneus; e um processo com certificação compulsória: concessão em florestas públicas. Brasil tem por baixo umas 8.000 normas técnicas editadas, sem contar as internacionais que podem ser usadas. Se houvesse uns 2 milhões de produtos obrigados a ter o selo do Inmetro pode ser que ninguém reclamasse, principalmente eu. Pode ser que houvesse uma sensível diminuição nos acidentes de consumo e tragédias, como explosões e incêndios em locais públicos. Imagine o leitor se fossem 10.000 produtos e serviços obrigados a serem certificados. Podese até afirmar que a competitividade brasileira seria modificada. Internacional Regional Nacional Empresarial Observe-se que, essas mesmas pessoas, que advogam o não cumprimento obrigatório das normas técnicas, reconhecem que o seu atendimento pode auxiliar as empresas no cumprimento das suas obrigações legais relativas a determinados assuntos como segurança do produto e proteção ambiental, havendo a impossibilidade de vender seus produtos em alguns mercados a menos que estes atendam certos critérios de qualidade e segurança. Estar em conformidade com normas pode poupar tempo, esforço e despesas, dando a tranquilidade de estar de acordo com suas responsabilidades legais. Embora não sejam leis, as normas técnicas têm força obrigatória e quando não são cumpridas representam um ato ilegal. Deve-se distinguir o caráter voluntário, que existe na iniciativa e no processo de elaboração das normas técnicas, da obrigatoriedade do seu cumprimento, quando em vigor. A iniciativa da elaboração pode ser voluntária, porque depende de empresas, entidades e consumidores interessados se organizarem para propor a sua elaboração, mas o cumprimento das normas, depois de aprovadas, tem caráter obrigatório. u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 67 Certificação No livro “Tragédias, crimes e práticas infrativas decorrentes da não observância de normas técnicas brasileiras – NBR”, de autoria de Mauricio Ferraz de Paiva, podem ser lidas ideias bastante interessantes sobre o assunto. “Infelizmente, no Brasil, a visão egoísta de alguns centros públicos de geração de informações tecnológicas, dificultam o fácil acesso às essas informações, por, muitas vezes, as tratarem como negócio, em detrimento aos reais benefícios que essas informações, se amplamente disseminadas, poderiam trazer ao país e à sociedade.. Essa equivocada visão, diferente da visão dos países desenvolvidos, interfere drasticamente no desenvolvimento tecnológico do Brasil, na medida em que as pessoas ou organizações deixam de investir grande parte de seu trabalho para o aprimoramento do conhecimento já existente, desperdiçando-o na tarefa de reinventar a roda. Outro grave problema que esta situação gera é o risco legal nos negócios das organizações, principalmente das micro e pequenas empresas, pois os produtos e serviços fornecidos por esses tipos de empresas, por falta de conhecimento ou recursos ao acesso 68 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 às informações tecnológicas básicas, acabam não atendendo os requisitos mínimos necessários, para garantir a segurança e saúde das pessoas, a preservação do meio ambiente, o bom desempenho, etc., estando sujeitas as penalidades constantes na legislação em vigor, tais como Código de Defesa do Consumidor, etc. Podemos ter a dimensão da importância desse assunto se observarmos que a rede mundial de computadores (internet), quando criada nos Estados Unidos da América, teve como um dos objetivos iniciais e principais agilizar o acesso às informações científicas e promover seu intercâmbio entre seus centros de geração de informação. Considerando a atual variedade de ferramentas eletrônicas existentes e a facilidade de contratação de serviços para informatização de processos, criar um ambiente informatizado de gestão do conhecimento, que torne disponível um conjunto de informações organizadas, deixou de ser o ponto crítico dessa questão. Um sistema de gestão de conhecimento deve ser projetado para alcançar os seguintes objetivos: facilitar o acesso ao conhecimento; centralizar o conhecimento; agilizar a busca e acesso; garantir a utilização de informações atualizadas; tornar ágil e seguro o controle das informações; e reduzir os custos na distribuição dos documentos. Para tanto, uma das etapas principais e iniciais para a implantação desse tipo de ambiente é a identificação e definição das características das informações que devemos incluir no Sistema. Podemos, a grosso modo, dividir o tipo de informação em dois grandes grupos: Informações Críticas e Informações Complementares. As informações críticas são aquelas informações essências e indispensáveis ao dia a dia dos negócios da organização. Essas informações, também podem ser subdivididas em dois grupos: Documentos Externos e Documentos Internos. Como Documentos Externos, podemos entender: Normas Técnicas (Brasileiras, Estrangeiras ou Internacionais), Regulamentos Técnicos, Legislação, Relatórios de Pesquisas, etc., ou seja, toda informação documentada criada externamente da organização, que se faz necessária no dia a dia da organização. Já os Documentos Internos seriam, por exemplo: Procedimentos internos da qualidade, manuais, instruções, contratos, relatórios, projetos, etc., ou seja, as informações documentadas criadas internamente na organização e que necessitem ser compartilhadas e/ou utilizadas com frequência. O grupo composto pelas Informações Complementares, seria formado por informações, com relacionamentos específicos às informações críticas, para facilitar ou enriquecer o entendimento e aplicação dessas informações. Os informativos, eventos, matérias técnicas, etc., são exemplos para desse grupo. Conforme mencionado acima, essa seria a etapa inicial para a implantação de um Sistema de Gestão de Conhecimento. Porém, já nessa primeira etapa, nos deparamos com obstáculos sérios para o uso de algumas informações públicas "Documentos Externos", especificamente junto aos organismos que publicam Normas Técnicas, Regulamentos Técnicos, Pesquisas, etc., quando esses organismos, conforme já dito acima, resolvem transformar o acesso a essas informações públicas, em negócio, muitas vezes, contrariando os princípios da democratização da informação pública para atender interesses pessoais e particulares. Transformar o acesso às informações públicas em negócio, significa basicamente, monopolizar as referidas informações e, dessa forma, estabelecer unilateralmente quais valores, meios de acesso e principalmente restrições àqueles que u PROCURANDO PROMOVER SEUS PRODUTOS E SERVIÇOS? B QUALIDADE chega a mais de 15.000 leitores todos os meses, garantindo um público altamente qualificado para sua empresa. São profissionais que procuram informações sobre Gestão, Qualidade, Meio Ambiente, Normalização e Metrologia. Temas diretamente ligados à qualidade das organizações. Se voce esta procurando um veículo com alto recall, nos contate através do telefone: 11 - 3798.6380 ou pelo email: [email protected] BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 69 Certificação possam agregar valor a essas informações públicas, como por exemplo, disseminálas, em condições mais acessíveis, através de Sistemas de Informação. Ciente do papel importante e fundamental que temos na comunidade científica e considerando nosso compromisso com os usuários de informações tecnológicas públicas, a Target vem obtendo vitórias na justiça contra aqueles que insistem em restringir o acesso a essas informações. A sociedade e os governantes devem se conscientizar dessa situação preocupante e não medir esforços para, através dos Fóruns adequados, criarem uma política de acesso às informações tecnológicas básicas, para que o uso e aplicação dessas informações, tão necessários para o desenvolvimento tecnológico do país, sejam amplamente fomentados e não dificultados por obstáculos de acesso a elas. A intenção desse livro é tentar explicar de forma prática, e infelizmente mostrando tragédias, como as normas técnicas estão no nosso dia a dia. Elas devem ser levadas a sério quanto à sua observância obrigatória e o poder público precisa editar leis para esse cumprimento por parte da sociedade produtiva e de serviço. Nos próximos capítulos, vocês poderão verificar que procurei, na prática, mostrar como as normas técnicas brasileiras NBR, estão diretamente ligadas a situações de problemas cotidianos e em tragédias ocorridas. Também procurei mostrar que, na quase totalidade dos problemas apresentados, se as Normas Técnicas relacionadas diretamente a esses problemas tivessem sido observadas, muito provavelmente esses problemas não teriam acontecido. Enfim, o discurso irresponsável do Inmetro e da própria 70 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 ABNT, de que as normas técnicas brasileiras são de observância voluntária, faz com que acidentes e negligências sejam inseridos na mesma cesta, o que, em uma sociedade organizada, não pode ser declarado como verdade”. Ou seja, a norma é de observância obrigatória, já que isso está plenamente definido no ordenamento jurídico brasileiro. O cumprimento das normas é constitucional, não depende de concordância do Inmetro, dos Ipems e da ABNT. O sistema jurídico brasileiro tem uma hierarquia lógica: a constituição, as leis federais, as leis estaduais, regulamentos, portarias e outros documentos. Para garantir os direitos básicos dos cidadãos, o Estado cria esse sistema jurídico. O Código de Defesa do Consumidor (CDC), lei de caráter geral e nacional, editado com fundamento no artigo 5º, inciso XXXII, da Constituição brasileira, aprovado pela Lei nº 8.078, de 11-9-1990, ao disciplinar as vedações aos fornecedores de produtos ou serviços com o intuito de coibir práticas abusivas estabelece em seu artigo 39, VIII: É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro). Assim, quando não existir regulamentação técnica específica de um assunto, qualquer produto ou serviço tem que seguir a norma técnica. Quem não segue, está comercializando um produto ou serviço ilegal. A definição fundamental do termo ilegal é contrária à lei. Ou seja, colocar no mercado de consumo qualquer produto ou serviço fora dos requisitos das normas técnicas, contraria o artigo 39, §VIII do Código de Defesa do Consumidor (CDC), Lei nº 8.078, de 11-9-1990, e, sendo assim, está expressamente praticando um ato ilegal. A comercialização de produtos ou serviços ilegais (falsificados, piratas, contrabandeados e outros) é um fato generalizado que deve ser combatido por toda sociedade civil e autoridades competentes. A compra de produtos ou serviços de origem ilegal representa uma ameaça, pois esses produtos além de não respeitarem as normas técnicas brasileiras, não possuem garantia e podem afetar a saúde e segurança dos consumidores. Os consumidores podem influenciar direta e efetivamente para a continuidade ou não da expansão deste tipo de comércio. Para que a decisão dos consumidores seja cada vez mais consciente, considerando não só os prejuízos pessoais que a compra de produtos ilegais pode causar, mas também as consequências negativas para toda sociedade, é necessário que eles estejam bem informados de seus direitos e, principalmente, de como podem identificar esses produtos e evitar sua compra. Os acidentes de consumo podem ser definidos como os vícios de qualidade por insegurança que afetam os consumidores e, às vezes, causam lesões permanentes e até mesmo a sua morte. Dessa forma, é causado pela inobservância da qualidade de segurança, pelo não cumprimento das normas técnicas, e isso é uma obrigação e um dever do fabricante ou prestador de serviços a fim de garantir a qualidade e segurança do seus produtos ou serviços. Quando se fala em relação de consumo em sentido amplo e, de outro lado na responsabilização civil contratual ou extracontratual do fornecedor de produtos e/ou serviços, é comum se u Tipos de Produto Ilegais FALSO É cópia do produto original mas sua qualidade é inferior CONTRABANDEADO Produtos que têm sua importação proibida. Clandestinos DECORRENTE DE DESCAMINHO Produtos importados sem autorização e sem recolhimento de impostos e taxas PIRATA Produtos que não respeitam os direitos autorais. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 71 Certificação deparar com conceitos privativistas que estão há muito tempo superados, não só pelos princípios informativos da relação de consumo contidos na lei consumerista (vulnerabilidade, hipossuficiência, transparência, boafé objetiva, etc.), como também pela teoria da responsabilidade objetiva do fornecedor que advém dos deveres inerentes à atividade econômica, ou seja, da responsabilidade pelo risco da atividade. Tanto a ABNT como o Inmetro precisam entender sobre a responsabilidade que o Código de Defesa do Consumidor impõe ao fornecedor (de produtos ou de serviços) como um dever de qualidade e de segurança. Isto quer dizer que aquele que coloca um produto ou um serviço no mercado tem a obrigação legal de ofertá-lo sem risco ao consumidor no que diz respeito à sua saúde, à sua integridade física e psíquica, bem como ao seu patrimônio. Essa responsabilidade não é ilimitada e sua compreensão deve se dar dentro de um contexto do razoável, ou seja, deve ser entendida como um dever de qualidade segurança que será limitado, na forma como consta do § 1° do art. 12 do CDC: “a segurança que dele legitimamente se espera”. Logo não se trata “de uma segurança absoluta, mesmo porque o CDC não desconhece ou proíbe que produtos naturalmente perigosos sejam colocados no mercado de consumo, ao contrário, concentra-se na ideia de defeito, de falha na segurança legitimamente esperada”. Assim, a segurança está diretamente relacionado com a qualidade, o que significa dizer que se o produto apresentar defeito ou vício de qualidade, que possa acarretar algum prejuízo ao consumidor, poderão ser acionados os instrumentos administrativos 72 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 ou judiciários para a prevenção ou correção do problema apresentado. Quando trata da responsabilidade do fornecedor pelos defeitos de produtos (art. 12) e de serviços (art. 14), que a responsabilidade de indenizar independe da existência de culpa, logo se trata de responsabilidade objetiva. Os produtos ilegais apresentam irregularidades técnicas e não têm garantia de qualidade. Podem causar diversos problemas para quem os compra ou utiliza. Quem compra ou utiliza estes produtos: patrocina o crime; estimula a ilegalidade; e coloca sua saúde e segurança em risco. Além disso, estimula o crime organizado; as obras sociais perdem importantes investimentos devido a sonegação de impostos; concorrência desleal com empresas que respeitam as leis, gerando falências e desemprego; prejuízos ao meio ambiente pela não observação das normas que visam sua preservação. Em consequência, os empresários que não seguem as normas estão na ilegalidade, passíveis de sanção penal, como fechamento de seu estabelecimento, multa, recolhimento de produtos, etc. A obrigatoriedade de cumprimento da normas técnicas decorre de vários fatores e princípios, previstos implícita ou expressamente em diversos dispositivos legais e aplicáveis às relações de um modo geral, quer se tratem de relação de consumo, quer não. São obrigações que se enquadram no plano geral de responsabilidades, cujo descumprimento, a exemplo das leis, traz consequências para seu autor, provando que as normas técnicas têm eficácia. Além dos fatores de natureza jurídica, é de se destacar que há fatores de ordem comercial que impõem a obrigatoriedade de atendimento às normas técnicas, pois no mundo globalizado em que se vive seria inviável a exportação de produtos se os países compradores imaginassem que os produtos importados não possuíssem os requisitos básicos de qualidade, ou seja, não seguem as normas técnicas. As normas técnicas são prescrições científicas e consensuais com uma função orientadora e melhoria do mercado. Originam-se da necessidade de o homem registrar o seu aprendizado, de modo a poder repetir e reproduzir as suas ações, conseguindo os mesmos resultados sempre com foco na segurança, desempenho e características que visem a salvaguarda dos direitos fundamentais dos cidadãos. Podem ser também conceituadas como os registros de um concentrado de conhecimentos, gerando procedimentos normativos, colocados à disposição da sociedade e sem os quais não se pode controlar a qualidade nem certificar o produto ou serviço. A sua utilização traz inúmeros benefícios: elimina a variedade desnecessária, reduz os custos operacionais, promove a segurança, protege a saúde e o meio ambiente, permite a intercambialidade e incrementa a produtividade, mantendo adequada a qualidade. São de propriedade comum e são regras criadas pela sociedade técnica, chanceladas por órgão vinculado ou autorizado pelo governo, que expressam um fator de conhecimento em benefício de toda a sociedade. São instrumentos u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 73 Certificação de desenvolvimento, de qualidade e não podem ser privativas, principalmente em uma sociedade industrial, em que a produção é feita em massa, sem conhecimento dos consumidores, cuja segurança e confiança provêm minimamente do cumprimento de regras estabelecidas pela sociedade técnica. A certificação de conformidade é a demonstração formal de que um produto, devidamente identificado, atende aos requisitos de normas ou regulamentos técnicos específicos. Esta atividade tem suas ações detalhadas pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC), que possui regras e procedimentos de gestão próprios para regular as atividades de credenciamento, certificação e treinamento, conduzidas pelos organismos de certificação. O SBAC estabelece duas modalidades de certificação de conformidade: compulsória ou voluntária. A certificação compulsória é exigida pelo governo para a comercialização de produtos com impacto sobre a saúde, a segurança do consumidor ou sobre o meio ambiente. Para tanto, utilizam-se os regulamentos técnicos como critério de conformidade. Em resumo, a compulsória é aquela que tem caráter obrigatório quanto à certificação dos produtos relacionados à área de segurança, saúde e meio ambiente. O interessado somente poderá comercializar seu produto após a Obtenção do Certificado concedido por Organismo de Avaliação da Conformidade, acreditado pelo Inmetro. Para este tipo de certificação é obrigatória a colocação da identificação constituída de um símbolo ou selo de identificação destinado a identificar exclusivamente o produto certificado. Ela é representada pelo modelo definido pelo CGCRE/Inmetro nos Regulamentos 74 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 de Avaliação da Conformidade específico de cada produto. Segundo o Inmetro, as modalidades de certificação de produtos mais utilizadas são: • Modelo 1 – Ensaio de Tipo: é o mais simples dos modelos de certificação. Fornece uma comprovação de conformidade de um item de um produto, em um dado momento. É uma operação de ensaio, única no seu gênero, efetuada de uma só vez, limitando aí os seus efeitos. • Modelo 2 – Ensaio de Tipo seguido de verificação através de ensaio de amostras retiradas no comércio: modelo baseado no ensaio de tipo mas combinado com ações posteriores para verificar se a produção continua sendo conforme. Essas ações compreendem ensaios em amostras retiradas no comércio. • Modelo 3 – Ensaio de Tipo seguido de verificação através de ensaio em amostras retiradas no fabricante: também baseado no ensaio de tipo, porém combinado com intervenções posteriores para verificar se a produção continua sendo conforme. Compreende ensaios em amostras tomadas na própria fábrica. • Modelo 4 – Ensaio de Tipo seguido de verificação através de ensaio em amostras retiradas no comércio e no fabricante. Combina os modelos 2 e 3, tomando amostras para ensaios tanto no comércio quanto na própria fábrica. • Modelo 5 – Ensaio de Tipo, Avaliação e Aprovação do Sistema da Qualidade do Fabricante, acompanhamento através de auditorias no fabricante e Ensaio em Amostras retiradas no comércio e no fabricante. É um modelo baseado, como os anteriores, no ensaio de tipo, mas acompanhado de avaliação das medidas tomadas pelo fabricante para o Sistema de Gestão da Qualidade de sua produção, seguido de um acompanhamento regular, por meio de auditorias, do controle da qualidade da fábrica e de ensaios de verificação em amostras tomadas no comércio e na fábrica. Este é o modelo mais utilizado no SBAC. Este modelo proporciona um sistema credível e completo de avaliação da conformidade de uma produção em série e em grande escala. • Modelo 6 – Avaliação e aprovação do Sistema da Qualidade do fabricante. É um modelo no qual se avalia a capacidade de uma indústria para fabricar um produto conforme uma especificação determinada. Este modelo não é adequado para certificação de produção já que o que é avaliado é a capacidade da empresa em produzir determinado produto em conformidade com uma especificação estabelecida, mas não verifica a conformidade do produto final. • Modelo 7 – Ensaio de Lote: nesse modelo, submete-se a ensaios amostras tomadas de um lote do produto, emitindo-se, a partir dos resultados, uma avaliação sobre a conformidade a uma dada especificação. • Modelo 8 – Ensaio 100%: é um modelo no qual cada um dos itens é submetido a um ensaio para verificar sua conformidade com uma dada especificação. O Inmetro utiliza, ainda, a Declaração do Fornecedor processo pelo qual um fornecedor, sob condições préestabelecidas, dá garantia escrita de que um produto, processo ou serviço está em conformidade com requisitos especificados, ou seja, trata-se de um modelo de Avaliação de Conformidade de 1ª parte. O conteúdo mínimo que deve constar na declaração, de acordo com ABNT NBR ISO/IEC 17050: Avaliação da Conformidade - Declaração de conformidade - Parte 1: Requisitos Gerais. A Inspeção é definida como avaliação da conformidade pela observação e julgamento acompanhados, conforme apropriado, por medições, ensaios ou uso de calibres. É importante distinguir o mecanismo inspeção dos mecanismos de ensaio e certificação. Os resultados podem ser utilizados para apoiar a certificação e a etiquetagem, e o ensaio pode fazer parte das atividades de inspeção. Essas atividades são centrais à avaliação da conformidade de produtos e serviços, e podem incluir o ensaio de produtos, materiais, instalações, plantas, processos, procedimentos de trabalho ou serviços, durante todos os estágios de vida desses itens. Visam à determinação da conformidade aos regulamentos, normas ou especificações, e o subsequente relato de resultados. Etiquetagem diz que os Os produtos etiquetados são os que apresentam etiqueta informativa indicando seu desempenho de acordo com os critérios estabelecidos. Esta etiqueta pode ser comparativa entre produtos de um mesmo tipo ou somente indicar que o produto atende a um determinado desempenho especificado, podendo ser, ainda, de caráter compulsório ou voluntário. A etiquetagem pode ser uma importante ferramenta para a competitividade industrial e pode, também, contribuir para o sucesso de outros objetivos voltados ao desenvolvimento econômico e social. Por fim, os Ensaios que é uma operação técnica que consiste na determinação de u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 75 Certificação uma ou mais características de um dado produto, processo ou serviço, de acordo com um procedimento especificado. É o mecanismo de avaliação da conformidade mais utilizado, podendo ser em conjunto a com inspeção. Os laboratórios de ensaios podem ser operados por uma variedade de organizações, incluindo agências governamentais, instituições de pesquisa e acadêmicas, organizações comerciais e institutos de normalização. Podem ser divididos em duas principais categorias: os laboratórios que produzem dados que serão utilizados por terceiros; e os laboratórios que produzem dados para uso interno das organizações. Esquema de certificação ideal? A NBR ISO/IEC 17067 de 04/2015 - Avaliação da conformidade Fundamentos para certificação de produtos e diretrizes de esquemas para certificação de produtos descreve os fundamentos para certificação de produto e fornece diretrizes para a compreensão, desenvolvimento, operação ou manutenção de esquemas de certificação de produtos, processos e serviços. Destina-se ao uso por todos com interesse na certificação de produto e, principalmente, por proprietários de esquemas de certificação. Nesta norma, o termo “produto” também pode significar “processo” ou “serviço”, exceto nos casos onde prescrições separadas são estabelecidas para “processos” ou “serviços”. As definições de produto, processo e serviço são fornecidas na NBR ISO/IEC 17065. A certificação de produtos, processos e serviços é uma atividade de avaliação da conformidade de terceira parte (ver NBR ISO/IEC 17000), realizada por 76 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 organismos de certificação de produtos. Os requisitos para os organismos de certificação de produtos são especificados na NBR ISO/IEC 17065. A norma descreve os fundamentos para certificação de produto e fornece diretrizes para esquemas de certificação de produto. Nesta norma as referências ao termo “produto” também podem significar “serviços” ou “processos”. Conforme os produtos são projetados, produzidos, distribuídos, utilizados e, finalmente, descartados, eles podem dar origem a preocupações com compradores, usuários e com a sociedade em geral. Tais preocupações podem se relacionar à segurança, saúde ou impactos ambientais, durabilidade, compatibilidade, adequação para os fins pretendidos ou para condições estabelecidas. Geralmente, estas preocupações são tratadas especificando os atributos requeridos do produto em um documento normativo, como uma norma. Em seguida, o fornecedor do produto tem a tarefa de demonstrar que o produto está em conformidade com os requisitos do documento normativo. Pode ser suficiente para o fornecedor avaliar e declarar sua conformidade do produto, porém, em outros casos, o usuário ou um órgão regulamentador pode requerer que a conformidade seja avaliada por uma terceira parte competente e imparcial. A avaliação e a atestação de terceira parte imparcial de que o atendimento dos requisitos especificados foi demonstrado para o produto são denominadas como certificação do produto. Esta norma descreve como os esquemas para a certificação de produto podem ser estruturados e gerenciados. Ela identifica as técnicas de avaliação comuns que são utilizadas como base para a certificação de produto, como u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 77 Certificação Sistema de certificação de produto Regras, procedimentos, gestão Esquema de certificação de produto Esquema A de certificação de produto Regras, procedimentos e gestão relativos a grupo particular de requisitos especificados Aplicação de sistema a grupo particular de requisitos especificados A Esquema B de certificação de produto Aplicação se sistema a grupo particular de requisitos especificados B a) Esquema único para certificação de produto b) Sistema para certificação de produto relativo a diversos esquemas Figura 1: Relacionamento entre o esquema para certificação de produto e o sistema para certificação de produto Esta norma destina-se ao uso por aqueles que estão envolvidos com a certificação de produto, especialmente os que são, ou que estão pensando em se tornar, proprietários do esquema de certificação de produtos. Os proprietários do esquema de certificação de produtos podem incluir: organismos de certificação de produtos; governo e órgãos reguladores; agências de compra; organizações não governamentais; indústria e associações de varejo; e organizações de consumidores. Esta norma fornece somente orientações e não contém requisitos. Ela é compatível com a NBR ISO/IEC 17065, que especifica os requisitos para organismos de certificação de produtos. Nesta norma, as seguintes formas verbais são utilizadas: “convém que” 78 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 indica uma recomendação; “pode” as vezes indica uma permissão, as vezes indica uma possibilidade ou uma capacidade. O verbo modal “deve”, que indica um requisito, não é utilizado porque esta norma fornece somente diretrizes. Detalhes adicionais podem ser encontrados na Diretiva ABNT, Parte 2. A certificação de produto é a avaliação e a atestação de terceira parte imparcial de que o atendimento aos requisitos especificados foi demonstrado. A certificação de produto é realizada por organismos de certificação de produto, os quais convêm que estejam em conformidade com a NBR ISO/IEC 17065. Os requisitos especificados para produtos geralmente estão contidos em normas ou outros documentos normativos. A certificação de produto é uma atividade de avaliação da conformidade estabelecida que fornece confiança aos consumidores, reguladores, indústria e outras partes interessadas de que os produto estão em conformidade com os requisitos especificados, incluindo, por exemplo, desempenho, segurança, interoperabilidade e sustentabilidade do produto. A certificação de produto pode facilitar o comércio, o acesso ao mercado, a concorrência leal e a aceitação do consumidor de produtos em níveis nacional, regional e internacional. Os objetivos fundamentais para certificação de produto são: tratar das necessidades dos consumidores, usuários e, de modo geral, de todas as partes interessadas, fornecendo confiança relativa ao atendimento de requisitos especificados; permitir que os fornecedores demonstrem ao mercado que seu produto foi atestado para atender aos requisitos especificados por um organismo de terceira parte imparcial. Convém que a certificação de produto forneça: confiança para aqueles que têm interesse no atendimento de requisitos, e valor suficiente, de modo que os fornecedores possam efetivamente comercializar seus produtos. Convém que os esquemas para certificação de produto implementem a abordagem funcional, conforme descrito na NBR ISO/IEC 17000:2005, Anexo A. A Tabela 1 ao lado, mostra como construir um esquema para certificação de produto, utilizando essas funções, e descreve algumas das combinações de atividades em uso em uma ampla gama de campos onde certificação de produto é empregada. As funções são: seleção, que inclui atividades de planejamento e preparação, a fim de coletar ou produzir todas as informações e dados de entrada necessários para a função de determinação subsequente; determinação, que pode incluir atividades de avaliação da conformidade, como ensaio, medição, inspeção, avaliação de projeto, avaliação de serviços e processos e auditoria para fornecer informações sobre os requisitos do produto, como dados de entrada para as funções de análise e atestação; análise, que significa a verificação da adequação, suficiência e efetividade das atividades de seleção e determinação, e os resultados dessas atividades relativos ao atendimento de requisitos especificados (NBR ISO/IEC 17000:2005, 5.1); decisão sobre a certificação; atestação, que significa a emissão de uma declaração de conformidade, com base em uma decisão após a análise, de que o atendimento dos requisitos especificados foi demonstrado (NBR ISO/IEC 17000:2005, 5.2); supervisão (quando necessário), que significa a repetição sistemática de atividades de avaliação da conformidade como uma base para a manutenção da validade da declaração de conformidade (NBR ISO/IEC 17000:2005, 6.1).. • O esquema tipo 1b envolve a certificação de todo um lote de produtos, após a seleção e determinação conforme especificado no esquema. A proporção a ser ensaiada, que pode incluir ensaio de todas as unidades do lote (ensaio de 100 % do lote), seria baseada, por exemplo, na homogeneidade dos itens do lote e na aplicação de um plano de amostragem, quando apropriado. Se o resultado da determinação, análise e decisão for positivo, todos os itens do lote podem ser descritos como certificados e podem ter uma marca de conformidade afixada, se isto for incluído no esquema. • O esquema tipo 2 envolve a retirada periódica de amostras do produto do mercado e submetendoas às atividades de determinação para checar se os itens subsequentes produzidos à atestação inicial atendem aos requisitos especificados. Enquanto esse esquema pode identificar o impacto do canal de distribuição sobre a conformidade, os recursos que ele requer podem ser extensos. Além disso, quando não conformidades significativas forem encontradas, as medidas corretivas efetivas podem ser limitadas, uma vez que o produto já foi distribuído para o mercado. • O esquema tipo 3 envolve a retirada periódica de amostras do produto do ponto de produção, submetendo-as às atividades de determinação para checar se os itens subsequentes produzidos à atestação inicial atendem aos requisitos especificados. A supervisão inclui a avaliação periódica do processo de produção. Esse esquema não fornece qualquer indicação do u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 79 Certificação • impacto que o canal de distribuição desempenha sobre a conformidade. Quando graves não conformidades forem encontradas, a oportunidade pode existir para resolvê-las antes de ocorrer a distribuição generalizada ao mercado. • O esquema tipo 4 permite a escolha entre a retirada periódica de amostras do produto do ponto de produção, ou do mercado, ou ambos, e submetendo-as às atividades de determinação para checar se os itens subsequentes produzidos à atestação inicial atendem aos requisitos especificados. A supervisão inclui a avaliação periódica do processo de produção. Esse esquema pode indicar o impacto do canal de distribuição sobre a conformidade e fornece um mecanismo de pré-mercado para identificar e resolver graves não conformidades. Duplicações significativas de esforços podem ocorrer para esses produtos cuja conformidade não é afetada durante o processo de distribuição. • O esquema tipo 5 permite a escolha entre a retirada periódica de amostras do produto do ponto de produção, ou do mercado, ou ambos, e submetendo-as às atividades de 80 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 determinação para checar se os itens subsequentes produzidos à atestação inicial atendem aos requisitos especificados. A supervisão inclui a avaliação periódica do processo de produção ou auditoria do sistema de gestão, ou ambos. A extensão pela qual as quatro atividades de supervisão são conduzidas pode ser variada para uma determinada situação, conforme definido no esquema. Se a supervisão incluir a auditoria do sistema de gestão, uma auditoria inicial do sistema de gestão será necessária. • O esquema tipo 6 aplica-se principalmente à certificação de serviços e processos. Embora os serviços sejam considerados geralmente como intangíveis, as atividades de determinação não são limitadas à avaliação de elementos intangíveis (por exemplo, a efetividade dos procedimentos, atrasos e capacidade de resposta da administração de uma organização). Em algumas situações, os elementos tangíveis de um serviço podem suportar a evidência de conformidade indicada pela avaliação de processos, recursos e controles envolvidos. Por exemplo, inspeção da limpeza de veículos para a qualidade do transporte público. Na medida em que os processos são tratados, a situação é muito similar. Por exemplo, as atividades de determinação para processos de soldagem podem incluir ensaio e inspeção de amostras das soldas resultantes, se aplicável. Para ambos os serviços e processos, convém que a parte da supervisão desse esquema inclua auditorias periódicas do sistema de gestão e a avaliação periódica do serviço ou processo. A Figura 1 ilustra a relação entre um esquema para certificação de produto e um sistema para certificação de produto. Sempre correndo atrás A constatação é que o Inmetro está sempre correndo atrás dos acidentes e tragédias. Por exemplo, muitas crianças estão sofrendo acidente com cordões em roupas. O que se faz? Edita-se uma norma, no caso a NBR 16365 de 04/2015 - Segurança de roupas infantis - Especificações de cordões fixos e cordões ajustáveis em roupas infantis e aviamentos em geral - Riscos físicos, e depois o Inmetro faz um Regulamento Avaliação de Conformidade (RAC) baseado nessa norma obrigando os fabricantes a cumpri-la. Não seria mais fácil simplesmente obrigar os produtores dessas roupas a cumprir a norma. Ela especifica os requisitos para cordões fixos e cordões ajustáveis em roupas infantis, incluindo trajes com capuz para crianças com até 14 anos de idade, bem como descreve outros riscos com aviamentos presentes nas roupas. Não contempla todas as fontes de risco identificáveis em determinados estilos/design de roupas dentro de uma determinada faixa etária que pode tornar a roupa insegura, segundo preconiza a NBR ISO 31000. É recomendado que uma avaliação de risco individual seja realizada em qualquer roupa e comprovada por meio de pesquisa, a fim de assegurar que ela não apresente um risco ao usuário. Faz parte do desenvolvimento das crianças correr, pular, escalar, girar e brincar de muitas formas. As crianças até os cinco anos, geralmente, não têm noção dos riscos e não sabem como reagir a uma situação de perigo. Elas são curiosas, e um pequeno botão no seu casaco pode ser uma grande descoberta para morder e sugar. Segundo a norma, durante a fase que vai de 1 a 5 anos as crianças passam por um período chamado de experimentação. É uma fase onde elas começam a explorar o mundo ao seu redor. Isto porque elas passam a desenvolver melhor seu equilíbrio (que permite que elas andem, corram) e também sua coordenação motora fina (que permite que elas segurem objetos, principalmente os menores, com maior facilidade). Porém, junto com esse desenvolvimento, vêm também os riscos. Ao ganhar mais liberdade de movimentos e ações, as crianças ficam expostas a perigos, como se enroscar e se engasgar com peças pequenas ao levá-las a boca. Por isso as roupas precisam oferecer segurança e nenhum risco oculto a elas. As roupas com cordões com mais de 5 cm, botões, capuzes, costuras grossas ou partes protuberantes, etiquetas costuradas com fios de poliamida, que para um adulto não seriam um foco de atenção, podem ser um perigo escondido para as crianças, principalmente para as menores. Qualquer lesão de criança é uma lesão grave, principalmente se for por omissão à segurança e à prevenção. Elas podem ficar penduradas pelo cordão no trepa trepa do parquinho, enroscadas por uma parte protuberante da roupa na porta do carro ou do ônibus, engasgar com botões mal costurados, cortar-se com costuras grossas e expostas ou por zíperes sem proteção, e até mesmo comprimir partes importantes do abdômen com a fivela do cinto. Os dados oficiais brasileiros não são específicos sobre acidentes com vestuário, mas mostram que mais de 500 crianças foram hospitalizadas, vítimas de acidentes em parquinhos, e que a sufocação é a principal causa deu BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 81 Certificação mortes de bebes até um ano de idade1. A Consumer Product Safety Commission (CPSC), nos Estados Unidos, publicou que, de 1985 a 2011, foram 110 casos de acidentes com crianças envolvendo vestuário, sendo oito mortes. Entre janeiro de 2012 e dezembro de 2013, a CPSC anunciou mais de 760 lembretes de roupas e acessórios infantis por diferentes motivos, desde cordões longos que poderiam oferecer risco de estrangulamento, até o não atendimento aos requisitos de inflamabilidade. Com o intuito de promover a segurança das crianças, prevenir os acidentes e orientar a indústria de vestuário infantil para os critérios desta fabricação, o objetivo desta norma é minimizar o risco de acidentes devido ao uso de cordões, cintos e aviamentos em geral da roupa infantil, Isso deve ser feito, levando em consideração: a idade da criança; o comportamento normal e as atividades das crianças para sua idade e estágio de desenvolvimento, por exemplo, brincando em playgrounds, subindo em árvores, no uso de transportes onde pode haver enganchamentos ao entrar ou sair deles, sendo considerado também a capacidade de cuidar de si mesmas e, quando relevante, o nível de supervisão; os riscos de acidentes graves envolvendo cordões fixos e cordões ajustáveis em roupas infantis recaem em dois grupos principais por idade da criança: crianças mais jovens: enganchamento de cordões fixos de capuz em equipamentos de playground, como escorregadores, resultando em mortes; crianças mais velhas e adolescentes: enganchamento de cordões e cadarços da cintura e bainhas inferiores de roupas em veículos em movimento, como portas de ônibus, carros, motocicletas, teleféricos e bicicletas, resultando em ferimentos graves ou morte por serem arrastadas ou 82 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 atropeladas pelo veículo. Enfim, tragédias como incêndios em locais públicos, viadutos que caem, escadas metálicas que quebram pernas e quadris, etc. vão continuar a ocorrer no país. Bastava o governo ou Inmetro exigir que quando se trata de segurança, saúde e meio ambiente, quem não cumpre as normas técnicas comete um crime. a norma técnica brasileira tem a natureza de norma jurídica, de caráter secundário, impositiva de condutas porque fundada em atribuição estatal, sempre que sinalizada para a limitação ou restrição de atividades para o fim de proteção de direitos fundamentais e do desenvolvimento nacional, funções, como já se afirmou, eminentemente estatais. Pode ser equiparada, por força do documento que embasa sua expedição, à lei em sentido material, uma vez que obriga o seu cumprimento. As normas técnicas brasileiras, que alcançam todo o território nacional e se impõem aos órgãos públicos e privados por expressa disposição legal ou regulamentar, são, como todas as normas jurídicas – únicas que podem impor comportamentos – imperativas em seu cumprimento e acarretam, também por expressa determinação legal ou regulamentar, em caso de descumprimento, a aplicação de penalidades administrativas – e eventualmente até de natureza criminal. Assim, as NBR são regras de conduta impositivas para os setores produtivos em geral, tendo em vista que, além de seu fundamento em lei ou atos regulamentares, tem em vista cumprimento da função estatal de disciplinar o mercado com vistas ao desenvolvimento nacional e à proteção de direitos fundamentais tais como os direitos relativos à vida, à saúde, à segurança, ao meio ambiente, etc. O descumprimento das NBR legitimadas no ordenamento jurídico brasileiro em leis gerais (Lei 5.966/73, 9933/99 e em atos regulamentares transcritos) e em legislação especial (Código de Defesa do Consumidor – Lei 7078/1990 – e respectivo regulamentar Decreto 2.181/97), além de outras como a Lei 8.666/93 (Lei das Licitações), Leis Ambientais, (Leis de saúde pública e atos regulamentares), sujeita o infrator às penalidades administrativas impostas em leis e regulamentos, sem prejuízo de sanções de natureza civil e criminal também previstas em leis.. As normas técnicas, por imporem condutas restritivas de liberdades fundamentais (liberdade de iniciativa, de indústria, de comércio, etc.) e destinarem-se a proteger o exercício de direitos fundamentais (direito à vida, à saúde, à segurança, ao meio ambiente, etc.), expressam atividade normativa material secundária do poder público, ou seja, podem ser qualificadas de atos normativos equiparados à lei em sentido material, por retirarem sua força e validade de norma impositiva de conduta de atos legislativos e regulamentares do ordenamento jurídico brasileiro. E com tragédias e acidentes de consumo a sociedade brasileira vai buscar cada vez mais nos tribunais o direito de ter produtos e serviços seguros, a fim de que os culpados sejam punidos. O descumprimento da norma implica em: sanção, punição, perda e gravame. As consequências do descumprimento vão desde indenização, no código civil, até processo por homicídio culposo ou doloso. Quando se descumpre uma norma, assume-se, de imediato, um risco. Isso significa dizer que o risco foi assumido, ou seja, significa que se está consciente do resultado lesivo. A consciência do resultado lesivo implica em uma conduta criminosa, passível de punição pelo código penal. Igualmente, no link http://www.inmetro.gov.br/ qualidade/comites/atas/ata22ro_ anexoIII.pdf, há uma nota conjunta do Ministério da Justiça reconhecendo que “são obrigatórias todas as normas técnicas expedidas pelos órgãos oficiais competentes...” E o Inmetro não vem cumprindo essa determinação.t BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 83 Gestão Desempenho na Construção Civil NBR 15.575:2013 Nova norma de desempenho revisada e publicada oficialmente em 2013 promete estabelecer os critérios para avaliação de desempenho em habitações e é um avanço para a construção civil. 84 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Por Gilberto Strafacci Neto A primeira versão da norma, publicada em 2008, apresentou ao mercado brasileiro uma série de requisitos, muito inéditos à época, com foco na análise de desempenho da edificação e seus sistemas construtivos. O conteúdo da norma teve por objetivo introduzir e padronizar, após muitas discussões, as condições de comportamento mínimo em uso dentro do período de vida útil, ou seja, uma visão alternativa às normas prescritivas que estabeleciam as melhores práticas com base na especificação dos produtos e não no resultado final para o usuário. Como referência ao método prescritivo, por exemplo, pode-se citar o “Código de Edificações do Município de São Paulo” de 1975, no qual é comum o estabelecimento de especificações como referências para o mercado. O método prescritivo, como será discutido a seguir, pode ser um limitante ao desenvolvimento de inovações para mercado da construção civil. A norma NBR 15.575:2013, em sua última versão, é composta por seis partes que abordam os requisitos gerais e os principais sistemas construtivos das edificações habitacionais. Para definição do desempenho de toda habitação, foi necessário estabelecer os requisitos, critérios e métodos de avaliação para os níveis de desempenho específicos requeridos para cada parte da habitação adicionalmente às normas específicas já existentes. A garantia do desempenho mínimo de cada um dos principais sistemas garante o desempenho da estrutura como um todo. A parte 1 atua como um índice de referência e nela são apresentados o conceito de vida útil do projeto, definição de responsabilidades e parâmetros de desempenho mínimo (compulsório), intermediário e superior. A segunda parte trata dos requisitos para os sistemas estruturais de edificações habitacionais estabelecendo quais são os critérios de estabilidade e resistência do imóvel, indicando os métodos para medir quais os tipos de impacto que a estrutura deve suportar sem que apresente falhas ou rachaduras. A terceira parte da NBR 15.575: 2013 normatiza os sistemas de pisos internos e externos com a definição do sistema de pisos como a combinação de diversos elementos e não somente a camada de revestimento ou acabamento. A quarta parte estabelece os requisitos, critérios e métodos para avaliação de desempenho para os sistemas de vedação vertical em uma edificação. São contemplados os requisitos relacionados à estanqueidade ao ar, à água, à rajadas de ventos e ao conforto acústico e térmico. Foram incluídos, nessa parte, os critérios relativos ao desempenho estrutural e os critérios relativos à segurança ao fogo. As partes 5 e 6 estabelecem, respectivamente, o conteúdo para os sistemas de cobertura com foco na resistência ao fogo e os sistemas prediais de água fria e de água quente, de esgoto sanitário e ventilação, além dos sistemas prediais de águas pluviais. De acordo com a visão apresentada pela norma, o objetivo é estabelecer a condição de operação, dentro da vida útil, que atenda as necessidades mínimas dos usuários com foco na segurança, conformidade, conforto e satisfação. Inicialmente, alguns requisitos e critérios podem ser considerados insuficientes ou insatisfatórios para todo o perfil de usuários e tipos de u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 85 Gestão habitação, mas devemos considerar que, sob diversos aspectos, a discussão sobre a definição dos requisitos mínimos é extremamente complexa. Tendo em vista a atual condição habitacional brasileira, a norma de desempenho é o resultado da discussão com a sociedade que visa equilibrar o cuidado para não se encarecer as habitações e tão pouco abrir mão da qualidade para o usuário. Como método e forma de abordagem é extremamente moderna e em termos de requisitos e critérios, um excelente ponto de partida. De forma geral, a edificação é avaliada do ponto de vista de seus principais sistemas que a compõe e através de uma abordagem que define os requisitos, critérios e métodos de avaliação. Uma das principais vantagens dessa abordagem, diferentemente do método prescritivo, é que se permite que sejam avaliados componentes construtivos inovadores que não fazem parte das práticas tradicionais de mercado. O foco é a garantia primordial do resultado, da durabilidade e da manutenabilidade da edificação e não somente a especificação de soluções históricas reconhecidas através de anos de aplicação. Isso permite que, ademais dos componentes e formas construtivas, seja mantido o nível requerido e desejado de qualidade da habitação, 86 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 pelo menos, segundo critérios mínimos. Mais do que isso, estabelece também uma forma de avaliação dos próprios métodos tradicionais além das normas específicas de caracterização que são amplamente utilizadas. Dessa forma, a norma NBR 15.575: 2013 se baseia no método de avaliação de desempenho e estabelece os critérios para garantia da segurança e potencial satisfação da maioria dos usuários. Em função da sua complexidade e abrangência, introduz, muitas vezes, critérios mínimos e discutíveis em termos de qualidade. Independentemente disso, presta grande serviço ao reforçar a importância da avaliação do resultado final e não somente à prescrição de soluções tradicionais reconhecidas. Dessa forma, incentiva a discussão sobre os requisitos e critérios que definem os resultados que garantem a satisfação para os diversos tipos de usuários ao longo da vida útil da edificação, explicita as carências em termos de métodos para manutenabilidade e permite a inovação de métodos e componentes para a construção sem se abrir mão da qualidade e da conformidade em uso.t Gilberto Strafacci Neto: Engenheiro Mecânico e mestrando em Engenharia Mecânica com ênfase automotiva pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e Master Black Belt pelo Setec Consulting Group. Consultor de Lean Seis Sigma e Instrutor de diversos treinamentos nas áreas da Qualidade (MASP; FMEA; 8D; APQP; PPAP entre outros) e Produtividade (5S, Lean, Kanban, Gerenciamento Visual entre outros). Responsável pelo desenvolvimento dos treinamentos de GD&T na Setec e especialista em trabalhos de mapeamento dos processos, cronoanálise e redução de desperdícios. Atuou como consultor na área de Lean Seis Sigma em alguns clientes da Setec como Foxconn, Gás Natural, Grupo Coca-Cola, Ford, Rebic, entre outras empresas. BERIC. A marca da certificação de produtos das grandes marcas. A BERIC é especializada em gestão de processo de certificação de produtos, o selo de qualidade, agilidade e transparência por trás das grandes marcas. Tem excelente network com os principais institutos e laboratórios nacionais e internacionais, e uma equipe de profissionais altamente experiente neste segmento. Se a sua empresa precisa certificar produtos, simplifique. Fale com a BERIC. BERIC Soluções Empresariais 11 4119.5703 | www.beric.com.br BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 87 Ferramentas As Ferramentas do Lean Manufacturing Mapeamento do Fluxo do Valor N esta edição vamos abordar o Mapeamento do Fluxo do Valor, uma ferramenta que nos ajuda a entender a nossa situação atual e onde podemos fazer melhorias. Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) é uma ferramenta que nos permite visualizar e mapear todo o fluxo de materiais e de informações, desde a matéria prima até a entrega para o cliente. Através do Mapeamento do Fluxo do Valor conseguimos entender a situação atual, através da identificação dos gargalos, desperdícios, atrasos, redundâncias,..... As atividades relacionadas com o Mapeamento do Fluxo do Valor podem ser divididas em várias etapas. Na metodologia descrita abaixo, o Mapeamento é composto de 4 etapas : Preparação: Definição da área que será mapeada : • Produto ou Linha / Família de Produtos • Responsável pelo Mapa • Grupo de Trabalho • Objetivos • Indicadores Mapa do Estado Atual: Representação do fluxo de materiais e das informações desde a matéria prima até o produto final entregue para o cliente. As informações relacionadas com o estado atual devem ser coletadas através de caminhadas no local, ao longo do fluxo de material e de informações. Recomenda-se que o mapeamento seja realizado no contra-fluxo do processo, ou seja, iniciando-se na expedição e finalizando na matéria prima ou pedido do cliente. Em cada etapa do processo, deve-se descrever algumas informações, como : • Nome do processo • Tempo de Ciclo • Tempo de Montagem • Eficácia Geral do Equipamento (OEE) • Taxa de refugo • Tamanho das embalagens • Tamanho de lotes • Quantidade de tipos de produtos • Tempo de trabalho • ..... Algumas medidas devem ser calculadas : • Necessidade do cliente = Demanda / Período • Tempo Takt = Tempo de trabalho disponível / Necessidade do cliente • Tempo de Ciclo = Tempo mínimo necessário para realizar um ciclo completo, ou seja, um ciclo com toda a sequência de trabalho. Neste Mapeamento, mais algumas informações podem ser úteis : • Tempo de Ciclo do Processo • Número de turnos • Número de operadores • Necessidades diárias • Confiabilidade do processo • .... Após o levantamento destas informações, os dados podem ser coletados para que o prazo atual de entrega para o cliente seja calculado : • Prazo de entrega = Tempo de ciclo + Prazo de entrega da produção. Da mesma forma, pode-se avaliar o tempo de valor agregado com relação ao tempo de valor não agregado. Tempo de valor agregado é composto dos tempos das atividades que agregam valor ao transformar um produto que é fornecido ao cliente. Tempo de valor 88 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Por Roberta Pithon agregado pode ser pensado como a soma dos tempos das atividades que o cliente está disposto a pagar. E o Coeficiente de valor agregado pode ser calculado : Mapa de fluxo de valor Informação VA = Tempo Total de Valor Agregado / Tempo Total ou Prazo de Entrega Mapa do Estado Futuro Nesta etapa as ferramentas do Lean são utilizadas para se identificar as principais fontes de desperdícios: • Excesso de produção • Espera • Transporte • Excesso de Processamento ou Processamento Incorreto • Excesso de Estoque • Movimentação • Defeitos ou Correção • Conhecimento / Criatividade dos Colaboradores Cada uma das Ferramentas do Lean deve ser avaliada para decisão de como utilizá-las : • 5S • TPM ou MPT (Manutenção Produtiva Total) • Fluxo Contínuo • Kanban • Trabalho Padronizado • Poka Yoke • SMED • Just in Time • … A fim de orientar a condução desta etapa, algumas questões devem ser respondidas / analisadas : • Existe alguma forma diferente de realizar as atividades ? • O que deve ser feito / alterado para que a demanda seja atendida ? • Quais atividades podem ser excluídas ? • Quais melhorias devem ser implementadas ? • .... Uma sugestão para obtenção destas e de muitas outras respostas é através de Eventos Kaizens. Fluxo de Produção Material Baseado nestas análises / respostas, um Mapa do Estado Futuro deve ser elaborado. Plano de Implementação Um Plano de Ação deve ser elaborado para que o Mapa do Estado Futuro possa ser colocado em prática / implementado. Os eventos Kaizens também podem ser muito úteis nesta etapa. O Mapeamento do Fluxo do Valor pode ser utilizado em qualquer tipo de processo, processos de produção e administrativos. É uma excelente ferramenta para eliminação dos desperdícios e otimização do fluxo do valor de qualquer tipo de processo.t Roberta Pithon: Pós-Graduada em Qualidade, em Sistemas Integrados de Gestão e em Gestão Empresarial. Mestranda em Engenharia Mecânica – Unicamp, CQE, CMQ/OE, CSSBB, CSSGB, CSSYB, CQA, CQT, CQPA e CQIA pela ASQ. Lead Auditor ISO 9001, ISO/TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 18001. Professora de Graduação e Pós Graduação de disciplinas da Qualidade e de Sistemas de Gestão. Sócia-diretora, consultora, instrutora e auditora da Excelint Gestão Empresarial. [email protected] BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 89 Inside Eficiência e custo mais baixo Norma da ISO regula a implantação de sistemas de gestão que podem trazer redução de até 60% no uso de energia em vários setores da economia. Às vésperas de um ciclo de forte aumento das tarifas de energia, a adoção de sistemas de gestão de energia pelas empresas pode trazer ganhos ao tornar mais eficiente o uso deste insumo, reduzir desperdícios e despesas na área, além de conter emissões de carbono e de outros gases formadores do efeito estufa. Esses sistemas já vêm sendo certificados pelo ICQ Brasil, seguindo um conjunto de normas que o País ajudou a escrever no âmbito da International Organization for Standardization (ISO). Até 2011, afirma Telmo Azambuja, engenheiro civil, consultor e auditor de sistemas de gestão, não existiam normas específicas para a gestão de energia no mundo, a despeito das novas demandas geradas pela necessidade de poupar recursos naturais, evitar emissões e enfrentar o aquecimento global. Em junho daquele ano, concluindo um processo de debates iniciado ainda em 2005 em diversos países, a ISO baixou a NBR 50001, fixando requisitos para a implantação de sistemas integrados de gestão de energia, envolvendo a implantação e operação de políticas energéticas pelas organizações, fixação de responsabilidades da direção nesta área e instituindo definições para a verificação e análise crítica dos mesmos. “O Brasil teve atuação marcante na geração da ISO 50001”, reforça Azambuja. Os Estados Unidos sediaram a primeira reunião para discutir a norma em setembro de 2008 e o segundo encontro ocorreu no Brasil, em março do ano seguinte. De acordo com o especialista, os trabalhos foram conduzidos pelo Comitê Técnico TC 242, da ISO, sob coordenação dos EUA, que dividiram com o Brasil, por meio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a secretaria executiva do comitê. A versão brasileira da norma, aprovada em 15 de junho de 2011, lembra ainda Azambuja, entrou em vigor em 17 de julho do mesmo ano. 90 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Na visão da ISO, conforme o consultor, “num cenário de mudanças climáticas, a norma colabora para a redução de gases do efeito estufa (GEE) relacionados ao setor de energia” e parte do pressuposto de que o uso do insumo “precisa ser bem gerenciado” pelos usuários finais, já que estes não podem, sozinhos, interferir em políticas e decisões tomadas globalmente pelos governos e outros agentes nesta área. Para que isso possa ocorrer, Azambuja afirma que será “preciso conectar especialistas em eficiência energética com especialistas em sistemas de gestão”. Aplicável a todos os tipos de organização, nas atividades sobre as quais elas podem ter controle, o sistema de gestão permite melhoria contínua do desempenho energético nas empresas, com maior eficiência no uso e consumo de energia. Por Fernando Banas 3D - Fabricação do futuro A fabricação aditiva - conhecido na cultura popular como a impressão 3D - é um conceito que tem captado a atenção de muitos com suas conotações de ficção científica. No entanto, a tecnologia é importante não só para as suas capacidades atuais, mas ainda mais para o seu potencial futuro. A Manufatura aditiva (AM), muitas vezes erroneamente chamada de impressão 3D , é um mercado em rápida expansão. No ano passado registou uma taxa de crescimento de 34,9%, a maior em 17 anos. De acordo Materiais de referência de drogas ilícitas já estão em produção nos laboratórios do Inmetro O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) em parceria com o Ministério da Justiça começou a produzir Materiais de Referência Certificados (MRCs) para drogas de abuso com elevada pureza como, por exemplo, a cocaína. O MRC é um padrão de análise da mais alta confiabilidade metrológica utilizado para calibração, controle de qualidade, validação de métodos e determinação da exatidão dos resultados. As investigações criminais ganharão força com a análise de drogas que utilizem um MRC, já que é uma ferramenta essencial para as metodologias de análise de drogas de abuso e que contribuirá para se chegar a um resultado preciso e inequívoco. http://www. inmetro.gov.br/noticias/verNoticia.asp?seq_noticia=3657 com o Relatório Wohlers 2014 a referência sobre os progressos da indústria do amanhã - o setor de máquinas industriais e de negócios faz mais uso desta tecnologia com uma quota de mercado de 18,5%, seguido por bens eletrônicos, veículos automotores e dispositivos médicos. A área aeroespacial através de empresas como a Airbus está usando os processos AM para produzir peças metálicas para aeronaves. http://www.iso.org/iso/home/ news_index/news_archive/news. htm?refid=Ref1956 PROTESTE avalia pacotes de Internet Security A PROTESTE testou 12 pacotes de Internet Security pagos e quatro antivírus gratuitos e constatou que muitos destes programas falham na proteção por firewall. Entre os produtos pagos, cinco foram avaliados como ruins: Avira, F-Secure Safe, Kaspersky, Panda e Trend Micro; e três antivírus gratuitos: Avira, AVG e Microsoft Windows 8.1. No teste que avaliou a proteção de páginas de internet infectadas, quatro pacotes pagos tiveram desempenho fraco: Avira, Avast!, F-Secure Safe, G Data e Panda. E todos os antivírus gratuitos foram avaliados como ruins ou fracos neste item. http:// www.proteste.org.br/institucional/ imprensa/press-release/2015/ proteste-avalia-pacotes-de-internetsecurity-e-constata-que-programasfalham-na-protecao BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 91 Inside FDIS aguardado para junho O Comitê Técnico ISO 207 / WG 5, que é responsável pelas mudanças da norma ISO 14001 - Sistema de Gestão Ambiental, concluiu a revisão dos comentários recebidos. O Final Draft International Standard (FDIS) será agora publicado em Junho de 2015, mas só estarão disponíveis para os organismos nacionais para utilização em 2 meses, quando um período de votação terá início até agosto de 2015. Estes prazos sugerem que a ISO 14001: 2015 estará disponível no mercado em setembro de 2015. Nanomanufatura Torna Aço 10 Vezes Mais Forte Relatório Corporativo, nova ferramenta on-line da ISO 26000 Um novo processo barato pode aumentar a força de metais como aço em até 10 vezes, e os torna mais resistentes à corrosão. Se os metais modificados passarem no teste de campo, o novo processo pode ser usado para fazer pontes e outras obras de infraestruturas durar muito mais tempo; ele também pode dar origem a carros mais leves e, portanto, mais eficientes em combustível. A empresa Modumetal, está comercializando o material, em parte, com uma colaboração com as empresas de petróleo Chevron, Conoco-Philips e Hess. Peças feitas usando a tecnologia estão sendo testadas em campos de petróleo. Alguns óleos contém produtos químicos altamente corrosivos como o sulfeto de hidrogênio que rapidamente danificam equipamentos de produção. A nova tecnologia pode fazer essas partes durarem muito A norma ISO para a Responsabilidade Social é um ingrediente chave e que agora esta disponibilizada em uma nova ferramenta on-line para a comunicação corporativa. Acaba de ser publicado para acesso gratuito o Relatório Corporativo da norma ISO 26000. Um mapa paisagem com algumas das iniciativas mais importantes do mundo corporativo oferecendo idéias para ajudar as organizações em todos os lugares que enfrentam mais exigências de informação. O relatório foi desenvolvido como parte do Corporate Reporting Dialogue, uma iniciativa destinada a responder aos apelos do mercado para uma maior coerência, consistência e comparabilidade entre os frameworks, padrões e requisitos relacionados. http://www.iso.org/iso/home/ news_index/news_archive/news. htm?refid=Ref1959 mais tempo e, assim, reduzir o custo da buscar por fontes não convencionais de petróleo. Essa pode ser apenas a primeira de uma vasta gama de aplicações. O avanço é baseado no fato de que o controle da estrutura de metal em nano-escala pode impregnar os materiais com novas propriedades. Modumetal desenvolveu um processo que lhe confere controle preciso sobre a estrutura dos metais e que permite a fabricação de peças que têm metros de comprimento. http://www.technologyreview. com.br/read_article. aspx?id=47040 92 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Por Fernando Banas 9 maneiras de engajar seus diretores na qualidade Dicas de Jason Arkell - Business Improvement e Gestão da Qualidade da empresa de petróleo e gás Amec Foster Wheeler - Inglaterra, para a venda de qualidade para a direção da empresa. 1 Acredite no que você está fazendo: Se você não tem uma paixão pela qualidade, então você não está indo para obter de seus diretores um engajamento. Tenha um plano: Saiba o que você quer conseguir, o que você precisa para atingi-lo e como você vai fazê-lo. Envolva-se com uma boa equipe: A qualidade é um esforço de equipe e sua equipe terá de ser capaz de entregar o que está sendo prometido. Eduque o topo: Explique aos seus diretores, gerentes e clientes que a qualidade pode ajudar a organização e que vai trazer maior valor ao negócio. Faça a lição de casa: Se você souber de um problema de má qualidade, explique aos diretores como o engajamento com a função de qualidade poderia ter evitado este problema. Seja paciente: Mudança leva tempo, especialmente em uma grande organização. Seja ousado: Se você tiver uma visão ou um plano de qualidade, exponha sua idéia. Nenhuma empresa pode sobreviver se não mudar e se adaptar. Seja respeitoso: A última coisa que você gostaria de fazer é insultar seus diretores de negócios. Mantenha seu olho no negócio: Todas as indústrias estão enfrentando novos desafios. Certifique-se de que você está desafiando a si mesmo para chegar a novas formas de qualidade e podendo agregar valor ao negócio da organização. 2 3 4 5 6 7 8 9 Finlândia ou tigres asiáticos: qual é o melhor modelo de educação para a América Latina? Um pequeno país do norte da Europa, com pouco mais de cinco milhões de habitantes, tem sido um exemplo para outros países na educação por mais de uma década. O desejo de aprender com o modelo finlandês levou o Brasil e o Chile, entre outros, a estabelecer programas de cooperação com professores visitantes. Mas a queda da Finlândia em rankings internacionais como nos testes do PISA - exame internacional da Organização para a Cooperação Desenvolvimento Econômico (OCDE) - levantou dúvidas sobre o sistema do país, que dá enfase à formação de professores e busca se libertar da "camisa de força" do currículo baseado em disciplinas. Para alguns especialistas, o modelo finlandês é um "conto de fadas". Para outros, é o modelo do futuro. Recentemente, o sistema de educação do país voltou a atrair atenção quando diversos veículos publicaram que a Finlândia iria abolir as disciplinas - como matemática ou geografia - do currículo escolar. O governo esclareceu, porém, que apenas iniciou uma reforma em que haverá mais projetos interdisciplinares, com um tópico - por exemplo, a União Europeia - visto no contexto de diversas matérias. Para Leonor Varas, doutora em matemática e especialista em educação da Universidade do Chile, e que dirigiu durante três anos um projeto de pesquisa bilateral do país com a Finlândia, a América Latina ainda tem muito o que aprender com o sistema finlandês. http://www.bbc.co.uk/portuguese/ noticias/2015/05/150508_finlandia_educacao_lab BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 93 Meio Ambiente A água no Brasil 94 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 O país detém 12% da água doce de superfície do mundo, o rio de maior volume e um dos principais aquíferos subterrâneos, além de invejáveis índices de chuva. Mesmo assim, falta água no semiárido e nas grandes capitais, porque a distribuição desse recurso é bastante desigual Da Redação S e o país tem muita água, a verdade é que enquanto um morador de Roraima tem acesso a 1,8 milhão de litros de água por ano, quem vive em Pernambuco precisa se virar com muito menos - o padrão mínimo que a ONU considera adequado é de 1,7 milhão de litros ao ano. A situação pode ser pior nas regiões populosas, nas quais o consumo é muito maior e a poluição das indústrias e do esgoto residencial reduz o volume disponível para o uso. É o caso da bacia do rio Tietê, na região metropolitana de São Paulo, onde os habitantes têm acesso a um volume de água menor do que o recomendado para uma vida saudável. Um problema sério está relacionado com a poluição. No caso de são Paulo, é a ocupação irregular das margens de rios e represas, como a de Guarapiranga, que fornece água para 3,7 milhões de paulistanos. A seu redor, vivem cerca de 700 mil habitantes. Com o desmatamento das margens para a construção das casas, grande quantidade de sedimentos foi arrastada para a represa, que perdeu sua capacidade de armazenamento e ainda recebe o esgoto de muitas residências. O problema se repete na represa Billings, também responsável pelo abastecimento de São Paulo. Esse manancial é destino final das águas poluentes que são bombeadas dos rios Tietê e Pinheiros para manter seu curso. A alternativa foi trazer água de uma bacia hidrográfica vizinha, a do rio PiracicabaJundiaí-Capivari, que abastece a metade da metrópole paulistana. Isso acabou gerando uma disputa regional. No total, 58 municípios compartilham esse manancial, e a solução foi criar o Banco das Águas, um acordo que estabelece cotas de captação para a região metropolitana de São Paulo (31 metros cúbicos por segundo) e para o conjunto dos municípios da região de Piracicaba (5 metros cúbicos por segundo). Nesse sistema, tanto um lado como o outro podem ir além desses limites como compensação, caso tenha retirado menor quantidade de água em períodos anteriores. Um levantamento com a medição da qualidade da água em 111 rios, córregos e lagos de cinco estados brasileiros e o Distrito Federal – o mais amplo até hoje coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica – revelou que 23,3% apresentam qualidade ruim ou péssima. Os dados foram coletados entre março de 2014 e fevereiro de 2015, em 301 pontos de coleta distribuídos em 45 municípios. A análise incluiu o monitoramento realizado em 25 rios da cidade de São Paulo e 12 da cidade do Rio de Janeiro. u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 95 Meio Ambiente A situação é preocupante, visto que a poluição diminui ainda mais a oferta de água para consumo da população. A lista completa de rios e pontos avaliados está disponível no link http://bit.ly/Agua2015. Dos resultados medidos, 186 pontos (61,8%) apresentaram qualidade da água considerada regular, 65 (21,6%) foram classificados como ruins e 5 (1,7%) apresentaram situação péssima. Apenas 45 (15%) dos rios e mananciais mostraram boa qualidade – aqueles localizados em áreas protegidas e que contam com matas ciliares preservadas. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo. No Estado de São Paulo, dos 117 pontos monitorados, 5 (4,3%) registraram qualidade de água boa; 61 (52,1%) foram avaliados com qualidade regular, enquanto que 46 (39,3%) estão em situação ruim e 5 (4,3%) péssima. Já entre os 175 pontos analisados nos municípios do Rio de Janeiro, 39 apresentaram água boa (22,3%), a maioria (120 pontos) está em situação regular (68,6%), e 16 tiveram índice ruim (9,1%). Na cidade do Rio de Janeiro, os indicadores aferidos revelam uma piora na qualidade da água. Dos 15 pontos em que a coleta foi realizada na área urbana, somente 5 (33,3%) apresentaram qualidade regular e os outros 10 pontos (66,7%) registraram qualidade ruim. Em 2014, 9 pontos tinham qualidade regular (60%) e 6 ruim (40%). Nenhum dos pontos analisados apresentou qualidade boa ou ótima. “Esses indicadores revelam a precária condição ambiental dos rios urbanos monitorados e, somados aos impactos da seca, reforçam a necessidade urgente de investimentos em saneamento básico. A falta da água na região sudeste 96 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 é agravada pela indisponibilidade decorrente da poluição e não apenas da falta de chuvas. Rios enquadrados nos índices ruim e péssimo não podem ser utilizados para abastecimento humano e produção de alimentos, diminuindo bastante a oferta de água”, alerta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica. Outros quatros estados tiveram rios e córregos analisados neste levantamento. Em Minas Gerais, o rio Jequitinhonha, na altura do município de Almenara, apresentou situação regular. Já o rio Mutum, na cidade de Mutum, e o córrego São José, em Bicas, estão em situação ruim. No Rio Grande do Sul, foram analisados a Lagoa do Peixe (qualidade boa), Rio Tramandaí (regular) e Lago Guaíba, na altura da Barra do Ribeiro (ruim). Em Brasília, a análise de dois pontos do Córrego do Urubu apresentou qualidade regular. Já em Santa Catarina, o Rio Mãe Luiza, na cidade de Forquilhinha, está em situação regular. Na comparação com os pontos coletados no levantamento anterior, realizado pela SOS Mata Atlântica no período de março de 2013 a fevereiro de 2014, a cidade do Rio de Janeiro, que teve 15 pontos analisados no último levantamento, apresentou aumento de amostras com qualidade ruim, de 40% para 66,7%. São Paulo, por outro lado, reduziu de 74,9% para 44,3% o número de pontos de coleta com qualidade ruim ou péssima, apresentando alta de 25% para 55,4% as amostras com qualidade regular ou boa. Segundo Malu Ribeiro, a seca em São Paulo diminuiu o escoamento de poluentes para os rios, refletindo na redução de pontos de coleta com qualidade ruim ou péssima: “A falta de chuvas na capital paulista teve um impacto positivo na qualidade da água dos córregos e rios urbanos que não receberam a chamada poluição difusa, responsável por cerca de 40% dos poluentes que contaminam os corpos hídricos após as chuvas que lavam as cidades. Com a seca, os pontos monitorados deixaram de receber resíduos sólidos ou lixo, sedimentos com solos contaminados, fuligem de veículos e materiais particulados. Embora o volume de água tenha diminuído nesses rios durante os meses prolongados de seca, a coleta e o tratamento de esgotos nessas microbacias de São Paulo contribuíram para que a condição de qualidade da água passasse a ser melhor”, explicou. u Resultados Cidade do RJ IQA 2014 IQA 2015 Otima 0 0,0% 0 0,0% Boa 0 0,0% 0 0,0% Regular 9 60,0% 5 33,3% Ruim 6 40,0% 10 66,7% Péssima 0 0,0% 0 0,0% Total 15 100% 15 100% Resultados Cidade de SP IQA 2014 IQA 2015 Otima 0 0,0% 0 0,0% Boa 0 0,0% 1 2,7% Regular 9 25,0% 19 52,7% Ruim 23 63,8% 15 41,6% Péssima 4 11,1% 1 2,7% Total 36 100% 36 100% BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 97 Meio Ambiente Nos rios da capital carioca ocorreu o processo inverso, “devido à falta de investimentos em saneamento básico e ao aumento de resíduos sólidos descartados nas margens de rios e de esgotos, que se concentraram nos pontos de coleta dos rios com baixa vazão”, assinalou Malu. Segundo a coordenadora, as altas temperaturas na região também favoreceram a formação de algas que consomem o oxigênio da água, provocando aumento no odor e a rápida perda da qualidade, com agravamento da poluição. Os municípios do Estado de São Paulo também tiveram melhora na qualidade dos rios analisados. Entre os 53 pontos de coleta em rios paulistas que foram analisados nos dois estudos, o percentual de amostras com qualidade regular subiu de 30,2% para 50,9%. Malu Ribeiro esclareceu que, dependendo da qualidade da água, os rios podem ser melhor aproveitados pela população. “Os rios em São Paulo que registraram indicadores na faixa regular poderão ter o seu enquadramento, com base na legislação que trata da qualidade da água, fixado em rios de classe 3 e 2, cujas águas podem ser utilizadas para usos múltiplos. É isso que a sociedade espera conseguir conquistar para os rios urbanos: águas saudáveis. Isso ocorreu onde as populações se engajaram na conservação de pequenas faixas ciliares ou áreas verdes, no cuidado com a destinação correta de resíduos sólidos e na cobrança sistemática da coleta e tratamento de esgotos”. A Fundação SOS Mata Atlântica acredita que, para enfrentar a crise da água e melhorar a qualidade de vida nas cidades, é essencial recuperar os rios urbanos com investimentos e avanços nos índices de tratamento de esgoto, gestão dos resíduos sólidos e 98 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 recuperação das áreas de preservação permanente. “Um exemplo foi encontrado no monitoramento realizado: o indicador mais surpreendente foi registrado junto a uma nascente no bairro da Pompéia, em São Paulo, que melhorou a qualidade da água para boa após a comunidade ter promovido a recuperação do seu entorno”, finalizou Malu. A coleta para o levantamento, que têm como base a legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), é realizada por meio de um kit desenvolvido pelo programa Rede das Águas, da SOS Mata Atlântica, que possibilita uma metodologia para avaliação dos rios a partir de um total de 16 parâmetros, que incluem níveis de oxigênio, fósforo, o PH e aspecto visual. O kit classifica a qualidade das águas em cinco níveis de pontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de 21 a 26 pontos), regular (de 27 a 35 pontos), bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos). Uma outra dificuldade se relaciona com a perda de água. A média brasileira de perdas de água é de aproximadamente 40% (incluindo perdas reais e aparentes), mas em algumas empresas de saneamento essas perdas superam 60%. O elevado índice de perdas de água reduz o faturamento das empresas e, consequentemente, sua capacidade de investir e obter financiamentos. Além disso, gera danos ao meioambiente na medida em que obriga as empresas de saneamento a buscarem novos mananciais. O número insuficiente de profissionais do setor – e muitas vezes a qualidade técnica -, como ocorre em algumas regiões do Brasil, é um dos maiores entraves para o enfrentamento do problema, como analisa o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), Dante Entorno do Rio Ragazzi Pauli. “As perdas de água Pinheiros em São representam um dos maiores desafios e Paulo dificuldades para a adequada distribuição de água no Brasil e o nível de combate às perdas tem sido muito desigual pelos estados brasileiros”. Para Dante, há a clara necessidade de mínima adequação (qualitativa e quantitativa), por parte dos operadores, dos profissionais que serão alocados na atividade, a capacitação deles, a garantia de recursos financeiros e muita perseverança. “As estratégias brasileiras para redução de perdas de água devem combinar ações estruturantes (de gestão de ativos) e ações estruturais (de ampliação e melhoria dos ativos).” No Brasil, os indicadores estão longe do observado em países desenvolvidos (Japão, Alemanha, Austrália podem ser citados como referenciais) e a situação de perdas é muito desigual quando se comparam unidades da federação, operadores públicos e privados de saneamento básico. O Plansab, aprovado em dezembro de 2013, e do qual não se tem notícias, definiu para o índice o valor de 31% em 2033. u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 99 Meio Ambiente Perda de agua no Brasi, supera os 40% “Ocorre que a situação atual dos prestadores de serviço não favorece os investimentos em redução de perdas. Parte importante dos operadores brasileiros não possui quadro de profissionais suficientementepreparadostantodopontode vista quantitativo como qualitativo. Assim, desconhece as principais características do sistema que opera; em alguns, há escassez de equipamentos e instrumentos, como macro e micromedidores”, explica. Além disso, devem ser citados outros problemas, tais como a ¬baixa capacidade dos operadores de se financiar e a ausência de flexibilidade das operadoras de saneamento para alterar seus orçamentos. “Cabe aos operadores, independentemente da estratégia que adotem para o combate às perdas, o pleno conhecimento dos sistemas que operam.” O presidente da ABES observa que a atual crise hídrica que assola boa parte do Brasil faz aparecer uma série de “especialistas” no assunto, que passam a impressão de que a queda de perdas a níveis aceitáveis é tarefa simples. “Não é, ainda mais ao perceber a situação caótica de muitos de nossos operadores e a falta de comprometimento de boa parte de nossos governantes nas três esferas de governo. Lembremos que o Japão, já acima citado como uma de nossas referências, demorou décadas para atingir o índice atual. Tóquio, hoje tem perdas que beiram os 5%”. Para Dante, as estratégias que podem ser adotadas jamais podem perder de foco que o ponto de partida para 100 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 enfrentar o problema das perdas de água é o estabelecimento, por parte dos operadores, de um mínimo de profissionais destacados para o desafio. Soma-se a tudo isso que, no Brasil, as zonas rurais estão esvaziando enquanto que as cidades estão se tornando quase proibitivas para viver, pois, atualmente, 82% da população estão jogadas nas zonas urbanas. Com isto a poluição toma outro rumo: dos agrotóxicos à poluição por merda, lixo e urina, etc. nos rios urbanos. Para o poder político nada muda, pois saneamento básico não dá voto. O brasileiro, em sua caminhada pelo país usando os rios como meio de locomoção, está transformando os rios em cloacas à céu aberto. Poluição, mudanças de rumo de alguns rios e o denominado progresso, aquele que é visto como forma única de enriquecimento monetário, são alguns dos itens que mais prejudicam o meio ambiente. A cidade de São Paulo consome diariamente 250 milhões de litros de água por hora e, ao mesmo tempo, despeja, no poluído Tietê, quase 2 mil toneladas/dia de dejetos. Atualmente, São Paulo não possui recursos hídricos suficientes para suprir a população e o abastecimento é feito por recursos que vêm de fora do estado. Minas Gerais sofre enchentes que são causadas pelo assoreamento dos rios. No Rio de Janeiro, apenas 40% dos esgotos recebem tratamento antes de serem jogados nos rios e na Baia da Guanabara. A qualidade da água dos rios e represas brasileiros está longe do ideal. Dados do Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), do IBGE, revelam quais bacias de água doce estão em situação mais crítica. Os Índice de Qualidade da Água (IQA) mais baixos são os dos altos cursos dos rios Tietê e Iguaçu, que atravessam, respectivamente, as regiões metropolitanas de São Paulo e Curitiba.. Índice de Qualidade da Água (IQA) Rio Doce, Minas Gerais (10º lugar) – Com um percurso total de 853 km, drena os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, sendo a mais importante bacia hidrográfica totalmente incluída na Região Sudeste. Sem controle ambiental, a contaminação química e urbana ameaça a saúde dos moradores das cidades às suas margens e a escassez de água nos afluentes agrava a cadeia de problemas. Rio Paraiba do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro (9º lugar) – Formado pela confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna, o rio nasce na Serra da Bocaina, no Estado de São Paulo, fazendo um percurso total de 1.120Km, até a foz em Atafona, no Rio. Pode-se citar como fontes poluidoras mais significativas as de origem industrial, doméstica e da agropecuária, além daquela decorrente de acidentes em sua bacia. Rio Caí, Rio Grande do Sul (8º lugar) – A bacia hidrográfica do rio Caí equivale a 1,79% da área do estado do Rio Grande do Sul e possui municípios com atividade industrial bastante desenvolvida. Destacam-se os municípios de Caxias do Sul e Farroupilha, localizados na Serra, com indústrias de alto potencial poluidor, principalmente do ramo de metalurgia e metal – mecânica. Rio Capibaribe, Pernambuco (7º lugar) – Nasce na serra de Jacarará, no município de Poção, em Pernambuco, e banha 42 cidades pernambucanas. O rio recebe carga de resíduos de uma população estimada em 430 mil habitantes em seu entorno. O crescimento urbano desordenado foi responsável pela deterioração dos recursos ambientais que circundavam o rio, comprometendo a qualidade de vida das populações ribeirinhas. Rio das Velhas, Minas Gerais (6º lugar) – Com nascentes na cachoeira das Andorinhas, município de Ouro Preto (MG), é o maior afluente em extensão do rio São Francisco. A presença de arsênio, cianeto e chumbo reflete a interferência do diversificado parque industrial da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Rio Gravataí, Rio Grande do Sul (5º lugar)Separa as cidades de Canoas e Porto Alegre. São apontados como motivos para a poluição o esgoto que é jogado no rio sem tratamento, os resíduos sólidos largados por comunidades que trabalham com reciclagem e criam porcos e a poluição gerada por empresas, notadamente de adubo e areia. Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul (4º lugar) – Repleto de curvas, o rio nasce nos morros do município de Caraá e percorre um percurso de cerca de 190 km, desembocando no delta do Jacuí. A alta carga poluente é proveniente de esgotos e indústrias, o que, além de provocar a mortandade de milhares de peixes, causa a proliferação de mosquitos. Rio Ipojuca, Pernambuco (3º lugar) – Corta vários municípios de Pernambuco, inclusive nomeando um. O Ipojuca nasce em Arcoverde, no Sertão, e deságua em Suape, ao Sul do Grande Recife. O lixo e o esgoto, que são despejados no rio acabam aumentando os riscos de contaminação de doenças como leptospirose, casos de hepatite A e diarreia. Rio Iguaçu, Paraná (2º lugar) – Segundo rio mais poluído do país, ele é o maior do estado do Paraná e faz divisa natural com Santa Catarina. Segundo biólogos, dois fatores podem explicar o elevado nível de poluição: passivo ambientalu presente há algumas décadas, com falta de investimento no saneamento ambiental, e o alto número de habitantes em volta do rio. Rio Tietê, São Paulo (1º lugar) – Com 1.010 km², nasce em Salesópolis, na serra do Mar, e atravessa o estado de São Paulo, banhando 62 municípios. Ocupa o topo do ranking por receber o esgoto doméstico e industrial no trecho da capital – menos da metade dos moradores da bacia do Alto Tietê têm esgoto tratado. A mancha de poluição do rio que, na década de 1990, chegou a cem quilômetros, tem se reduzido gradualmente no decorrer das obras do projeto Tietê.u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 101 Meio Ambiente E o saneamento básico, como fica? Um estudo do Instituto Trata Brasil e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável revelou que a parcela da população brasileira com acesso à coleta de esgoto passou de 40,6% para 48,7% entre 2009 e 2013. Nesse período, a população com acesso ao saneamento cresceu de 78,6 milhões de pessoas para 97,9 milhões de pessoas (aumento de 24,6%). A despeito dos avanços, o número de moradias sem acesso ainda é enorme e o desafio da universalização é cada vez maior. Os resultados apontam para números alarmantes. No Brasil, ainda ocorrem cerca de 340 mil internações por doenças infecciosas associadas à falta de saneamento, com mais de 2 mil mortes (dados de 2013). O desdobramento econômico é imediato: além do gasto com a saúde, o trabalhador que adoece se afasta do trabalho, comprometendo sua produtividade. As análises estatísticas realizadas evidenciaram que o acesso à rede geral de coleta de esgoto e à água tratada pode elevar a renda de um trabalhador em mais de 14%. No caso de crianças e adolescentes, a doença causa o afastamento da escola, com efeito expressivo sobre seu desempenho escolar. 102 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Além desses fatos, o estudo identificou um efeito expressivo da falta de saneamento sobre as atividades econômicas que dependem de boas condições ambientais para seu exercício pleno. Do ponto de vista do mercado imobiliário, foi identificado que o acesso à rede geral de coleta de esgoto e à água tratada pode elevar o valor de um imóvel em até 16,7%. No caso do turismo, uma das atividades para as quais a degradação ambiental é mais prejudicial, o estudo mostrou que o acesso ao saneamento tem impactos elevados, com ampliação das oportunidades de trabalho e da renda de empregados e empresários de hotéis, restaurantes, bares, etc. Em termos internacionais, o Brasil está muito atrasado na área de saneamento. Tanto a água tratada quanto a coleta e tratamento de esgoto estão muito distantes do acesso universal. Isso implica prejuízos à qualidade de vida e à economia. E como a situação brasileira é particularmente mais grave no que diz respeito ao acesso à rede geral de coleta de esgoto, o impacto ambiental também é excessivamente elevado, o que deprime o valor dos ativos imobiliários e o potencial econômico de atividades que dependem de boas condições ambientais para o seu exercício pleno. Os dados comparativos internacionais mais recentes colocam o Brasil na 112º posição num ranking dos 200 países. Essa colocação é, sem sombra de dúvidas, vergonhosa para a nação que é a 7ª maior economia do mundo.. O atraso relativo do Brasil na área de saneamento tem uma origem histórica distante. Há 50 anos apenas uma em cada três moradias estava ligada à rede geral de coleta de esgoto ou à rede fluvial. Isso significa dizer que apenas 1/3 da população tinha o esgoto afastado de seu local de residência. No que respeita ao tratamento a situação era muito pior: do esgoto coletado, sequer 5% recebia algum tratamento antes do despejo no meio ambiente. Enfim, em 2013, segundo informações do DataSus, foram notificadas mais de 340 mil internações por infecções gastrintestinais em todo o país. Cerca de 173 mil foram classificados pelos médicos como “diarreia e gastrenterite origem infecciosa presumível”, pouco mais de 4,6 mil casos como “amebíase, shiguelose ou cólera” e 162,7 mil, como “outras doenças infecciosas intestinais”. Metade desse total, ou seja, 170,7 mil internações, envolveu crianças e jovens até 14 anos, um grupo etário em que esse tipo de doença é particularmente perigoso. O número de notificações é o menor dos últimos anos, indicando avanços no combate às doenças intestinais infecciosas. Foram quase 125 mil casos a menos do que o verificado em 2009, ano de referência da publicação anterior do Instituto Trata Brasil sobre o tema. Entre 2009 e 2013, o saneamento brasileiro apresentou avanços: estima-se que 19,3 milhões de pessoas passaram a ter acesso à rede geral de coleta de esgoto, elevando de 40,6% para 48,7% a parcela da população coberta pelo sistema. Contudo, o volume de internações ainda é grande, assim como é pequena a parcela da população com acesso ao sistema de coleta. O que chama mais a atenção é o fato de que a maior parte dessas internações ocorreu justamente nas áreas com menor acesso ao esgotamento sanitário: Norte e Nordeste. No Norte do país, foram registradas 16,8% das internações, uma participação extremamente elevada considerando que apenas 8,5% dos brasileiros habita na região. A taxa de incidência é de 3,37 casos por mil habitantes no ano, um valor duas vezes o da média nacional e seis vezes a incidência na região Sudeste. Vale destacar que no Norte está o déficit relativo de saneamento mais intenso do país: 93,2% das pessoas não tinham esgoto coletado em 2011 segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento(SNIS). Por fim, pode-se dizer informar sobre as águas subterrâneas, aquelas que ocupam os espaços existentes entre as rochas do subsolo e se movem pelo efeito da força da gravidade. Seu volume é calculado em cerca de 100 vezes mais do que o das águas doces superficiais (rios, lagos, pântanos, água atmosférica e umidade do solo). No território brasileiro, as reservas de águas subterrâneas em aquíferos são estimadas em 112 trilhões de metros cúbicos, e o mais importante deles é o Aquífero Guarani. Trata-se da principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e ocupa 1,19 milhão de quilômetros quadrados. Esse aquífero se estende pelo subsolo de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e por partes do território do Uruguai, do Paraguai e da Argentina. Uma camada de rocha basáltica retém as águas e as protege de contaminação. Pelos atuais estudos, o Aquífero Guarani tem armazenados 45 trilhões de metros cúbicos de água, dos quais 160 bilhões são extraídos por ano para diversos fins. No momento, ainda é pouco usado para esse fim, embora haja poços artesianos que captem suas águas. Em pontos nos quais chega mais perto da superfície, já está sofrendo ameaças de contaminação.u BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 103 Meio Ambiente A solução para a crise hídrica mais perto do que se imagina Por Sergio Werneck Filho A crise hídrica que afeta quase 1.000 municípios brasileiros das regiões Nordeste e Sudeste é algo histórico que, certamente, deixará grandes lições. O tema tem sido o principal foco de discussões, tanto na esfera pública como privada. Um ponto, porém, merece atenção. Até o momento, o grande enfoque está em como suprir a demanda diante dos baixíssimos índices dos reservatórios. Alternativas para trazer água de regiões cada vez mais distantes e, claro, a discussão em torno da recuperação dos mananciais norteia grande parte das preocupações. Porém, a solução, não apenas para esta crise, mas para todo o sistema de abastecimento de grandes centros, não está somente nas alternativas para se obter novas fontes de água. Pelo contrário. O que precisamos é nos atentar à forma com que a água retorna ao sistema. Precisamos enxergar as regiões metropolitanas como grandes sistemas de reuso Para abastecer a Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, são necessários 80 metros cúbicos de água bruta por segundo. Sabe-se que grande parte deste volume (cerca de 20%) se perde no caminho. Ou seja, 1 em cada 5 litros de água captada não chega às residências, indústrias, escritórios ou comércios. Esta questão já é amplamente discutida e, para ser solucionada, requer investimentos na rede atual. Assim, precisamos focar na água que chega ao consumidor. Quando entregue, a água é utilizada para diferentes fins, desde limpeza, higiene pessoal, consumo ou processos industriais. Mesmo utilizada em todos estes processos, ela não desaparece. Estima-se que, do total de água entregue, são consumidos ou evaporados apenas 11,2 metros cúbicos por segundo (20% da água entregue). E o restante? Qual é a destinação desta água? O que fazemos com ela? O fato é que, se não se perde, não é consumida ou evaporada, esta água retorna ao sistema, seja como efluente ou como esgoto. Este volume representa quase 65% de toda água bruta que chega ao sistema de abastecimento. O problema é que, apesar de ser um volume significativo, a capacidade de tratamento atual não é suficiente. A estrutura hoje consegue tratar apenas 18 metros cúbicos por segundo. Pelos nossos cálculos, o total de efluentes e esgoto que chega ao sistema é de 51 metros cúbicos por segundo. Ou seja, 33 metros cúbicos por segundo de esgoto liberados na Região Metropolitana de São Paulo não são tratados. Se considerarmos os dados mensais, os números são ainda mais expressivos. Em 30 dias, estamos falando em 85,5 bilhões de litros que poderiam retornar ao sistema tratados. Se, ao invés de buscarmos alternativas para abastecer o sistema, buscássemos formas eficazes de melhorar a qualidade da água que retorna aos rios e de reduzir as perdas iniciais das águas captadas, o cenário seria bem diferente. Ao reduzir as perdas de 20% para 10%, teríamos uma economia de 7 metros cúbicos por segundo. Se, além disso, fossem feitos os investimentos necessários para dobrar a capacidade de tratamento de esgoto da região e ampliação da rede coletora, teríamos mais 18 metros cúbicos por segundo de insumo para reuso. Com estas três iniciativas (menos perdas, mais coleta e mais tratamento), mesmo ainda não conseguindo tratar 100% do esgoto que retorna aos rios, conseguiríamos um volume de 44 metros cúbicos por segundo, ou 114,0 bilhões de litros por mês, equivalente aos sistemas Cantareira e Alto Tiete somados. A resposta para a crise hídrica atual e todos os possíveis desdobramentos futuros deve privilegiar o tratamento adequado do esgoto. A água precisa retornar com qualidade semelhante a que foi retirada. Assim, muito mais do que buscar novas fontes, o que a Região Metropolitana de São Paulo – e tantas outras – precisa é o controle da qualidade do descarte. Se cuidarmos de como devolvemos a água para os rios, vamos sofrer bem menos com a falta de chuvas e/ou problemas nos mananciais. A solução existe e é mais viável do que muitos podem imaginar.t Sérgio Werneck Filho é CEO da Nova Opersan. 104 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 C M Y CM MY CY CMY K Líder de Mercado na América Latina Traduções para mais de 30 idiomas Há 37 anos propondo soluções multilíngues para o mundo globalizado [email protected] www.alltasks.com.br Fone: (11) 5908-8300 BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 105 Normalização Capacetes de segurança para uso ocupacional Derivado do elmo, uma proteção feita em couro, ferro e malha, utilizado no ambiente bélico para defender a cabeça do soldado em guerras antigas e medievais, os capacetes de segurança de uso em atividades ocupacionais é um equipamento de proteção individual (EPI) capaz de prevenir acidentes do trabalho relacionados a impactos, choques elétricos e fontes geradoras de calor 106 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Por Mauricio Ferraz de Paiva S egundo dados do governo, em média, são registrados anualmente mais 700.000 acidentes de trabalho e desse mais de 23.000 são relatados como sendo a cabeça a parte atingida. Se for incluídas as lesões nos ouvidos, olhos, boca, mandíbula e outras partes da face, o número sobe para mais de 57.000. À primeira vista, pode parecer pouco frente ao número total, já que esse tipo de acidente representa cerca de 8,2% do total registrado, mas os seus danos podem ser grandes. Pode-se afirmar que a cabeça é a parte do corpo humano que melhor deve ser protegida. Ela guarda o centro do sistema nervoso central, o cérebro, e qualquer dano a ele, por menor que seja, pode ocasionar uma série de consequências. É impreciso, portanto, dizer que proteger o crânio previne somente prejuízos de ordem física – há uma ampla literatura médica que relaciona pancadas na cabeça a efeitos como perda de memória recente, problemas de concentração, síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, depressão e outras enfermidades psíquicas. Se não é difícil justificar porque é importante que nosso cérebro fique bem resguardado, é fácil compreender a importância dos equipamentos destinados à proteção da cabeça em diversos ofícios. É fundamental atentar ao fato de que a proteção do capacete não exime o trabalhador de todos os perigos. Caso não seja utilizado em conjunto com outras medidas de segurança, pode não ser suficiente. O capacete não tira a necessidade de outras soluções de engenharia, como a calha e as redes ao redor das construções, amarrar bem os materiais e outras boas práticas, que continuam sendo necessárias. Contudo, se não há um equipamento de proteção contra queda, por exemplo, e o trabalhador sofrer uma queda, o capacete pode não ser o bastante. Assim como o impacto de um objeto muito pesado que não estava devidamente acomodado pode ser fatal, independentemente do que a pessoa veste. De qualquer maneira, o capacete é o principal EPI que previne danos na cabeça. Em um mundo envolvido pela tecnologia em vários segmentos da indústria, ele pode até parecer um objeto arcaico, lembrando os guerreiros medievais. Mas a verdade é que o equipamento evoluiu muito e continua avançando, principalmente quando é obrigatoriamente fabricado conforme a norma técnica. A NBR 8221 de 04/2015 - Capacete de segurança para uso ocupacional - Especificação e métodos de ensaio estabelece tipos e classes de capacetes de segurança para uso ocupacional, fixa os requisitos mínimos quanto às características físicas e de desempenho, e prescreve os ensaios para a avaliação dos referidos capacetes, os quais são destinados à proteção da cabeça contra impactos, penetração e riscos elétricos no uso ocupacional. Na verdade, os capacetes de segurança para uso ocupacional destinam-se a reduzir a quantidade de força de um golpe de impacto mas não podem oferecer total proteção à cabeça em casos de impacto e penetração severos. O uso de capacetes de segurança nunca deve ser visto como substituição às boas práticas de segurança e controles de engenharia. As alterações, o acoplamento de outros equipamentos de proteção individual (EPI) ou adição deu BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 107 Normalização acessórios podem afetar o desempenho do capacete. Eles são projetados para oferecer proteção acima das linhas de ensaio, que são claramente definidas nesta norma. Os capacetes podem se estender abaixo das linhas de ensaio por estilo ou propósitos práticos, mas isso não implica proteção abaixo destas. O capacete de segurança é classificado conforme a proteção oferecida quanto aos riscos de impacto e elétricos, sendo classificado como Tipo I ou Tipo II, quanto à sua proteção contra impactos e Classes G, E ou C, quanto a sua proteção contra riscos elétricos. O capacete Tipo II contempla os requisitos do capacete Tipo I, assim como o capacete Classe E contempla os requisitos das Classes G e C. O capacete Classe G contempla os requisitos da Classe C. O capacete de segurança Tipo I é concebido para reduzir a força de impacto resultante de 108 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 um golpe no topo da cabeça. O do Tipo II é concebido para reduzir a força de impacto resultante de um golpe no topo ou nas laterais da cabeça. O capacete de segurança Classe G é concebido para reduzir o risco de choque elétrico quando houver contato com condutores elétricos de baixa tensão, e é ensaiado com 2.200 V. O capacete de segurança Classe E é concebido para reduzir o risco de choque elétrico quando houver contato com condutores elétricos de alta tensão, e é ensaiado com 20.000 V. O de Classe C não oferece proteção contra riscos elétricos. Cada capacete deve ter marcações permanentes e legíveis, em qualquer região do casco, contendo as seguintes informações: nome ou marca de identificação do fabricante ou importador; data de fabricação; e lote de fabricação. Cada capacete deve ter marcações legíveis, em qualquer região do casco, contendo as seguintes informações: número e ano desta norma; indicações aplicáveis de Tipo e Classe. As cabeças padrão para os ensaios descritos nesta Norma devem atender aos requisitos do Anexo A e da Figura 1 (disponível na norma), e para o ensaio de transmissão de força, devem atender ao Anexo B. As dimensões constantes nos Anexos A e B devem ter tolerâncias de ± 1,0 %. As dimensões fornecidas nos Anexos A e B para confecção das cabeças padrão de ensaios são referentes a um perfil completo de cabeça, porém estas dimensões só são relevantes para esta norma acima das linhas de ensaio, sendo então permitida a construção de cabeças com adaptações dimensionais abaixo destas linhas de ensaio. Enfim, todas as atividades profissionais que possam imprimir algum tipo de risco físico para o trabalhador devem ser cumpridas com o auxílio de EPI, que incluem óculos, protetores auriculares, máscaras, mangotes, capacetes, luvas, botas, cintos de segurança, protetor solar e outros itens de proteção. Esses acessórios são indispensáveis em fábricas e processos industriais em geral. O uso do EPI é fundamental para garantir a saúde e a proteção do trabalhador, evitando consequências negativas em casos de acidentes de trabalho. Além disso, o EPI também é usado para garantir que o profissional não será exposto a doenças ocupacionais, que podem comprometer a capacidade de trabalho e de vida dos profissionais durante e depois da fase ativa de trabalho. Para que uma empresa possa conhecer todos os equipamentos de proteção individual que devem ser fornecidos aos seus funcionários, é necessário elaborar um estudo dos riscos ocupacionais. Esse tipo de trabalho facilita a identificação dos perigosos dentro de uma planta industrial, por exemplo, e ajuda a empresa a reduzilos ou neutralizá-los.t Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria - [email protected] BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 109 Método multirresíduo de agrotóxicos organofosforados O uso de agrotóxicos é uma das principais fontes de contaminação do sistema hidrológico. Devido aos riscos pelo consumo de água contaminada, realizou-se esta pesquisa com o objetivo de avaliar método multirresíduo de agrotóxicos organofosforados por CG/FPD e extração em fase sólida em disco (SPE - em disco C18). 110 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Por Nakano V.E., Rocha S.B., Lemes V.R.R., Kimura I.A., Kussumi T.A., Oliveira M.C.C., Ribeiro R.A., Torre P.P., Faria A.L.R., Waldhelm K.C. e Nascimento S. O Brasil, país detentor de um grande potencial agrícola, está entre os maiores consumidores mundiais de agrotóxicos, com média anual duas vezes superior à do resto do mundo [1-2]. O uso de agrotóxicos é uma das principais fontes de contaminação do sistema hidrológico. Podem atingir as águas superficiais diretamente pela deriva das pulverizações aéreas, por meio das águas da chuva e da irrigação, através da erosão dos solos, pelo descarte e lavagem inadequados de tanques e embalagens ou as águas subterrâneas pela drenagem e percolação no solo [3-7]. Os organofosforados constituem uma classe importante de agrotóxicos e seu uso como inseticida é o mais empregado no Brasil tanto na agricultura como em campanhas de saúde pública [8]. São ésteres fosfóricos derivados do ácido fosfórico e inibidores da enzima acetilcolinesterase. Efeitos adversos à saúde em populações humanas e em espécies animais devido ao intenso uso de agrotóxicos na agricultura estão descritos na literatura, como: neurotoxicidade, imunotoxicidade, carcinogenicidade, desregulação endócrina e alterações no desenvolvimento [9-10]. Embora esses se degradem rapidamente em água, existe a possibilidade de permanecerem resíduos e subprodutos em níveis relativamente tóxicos para a saúde [11]. Apresentam possibilidade de contaminação aguda [3], pela proximidade do ponto de aplicação ou disposição. A presença de seus resíduos e produtos de transformação nos mananciais pode trazer dificuldades no tratamento da água em virtude da necessidade de tecnologias mais complexas do que as usadas para a potabilização [4, 12]. No Estado de São Paulo, a qualidade da água para consumo humano tem sido monitorada pelo Programa de Vigilância Estadual (PROÁGUA). Além da Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914, de 12 de dezembro de 2012 [13] que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, os parâmetros de resíduos de agrotóxicos encontram- se na resolução RDC nº 274 de 22 de setembro de 2005, regulamento técnico para águas envasadas e gelo [14], e na Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 357/053, de 17 de março de 2005, que trata dos recursos hídricos por classe [15]. Neste estudo foi desenvolvido e avaliado método para determinação multirresíduo de agrotóxicos organofosforados em água por cromatografia a gás com detector fotométrico de chama e extração em fase sólida em disco (SPE em disco C18). MÉTODOS E MATERIAIS Foram utilizados padrões com alto teor de pureza de agrotóxicos, adquiridos de Dr. Ehrenstorfer GmbH (Alemanha) ou Riedel de Häen - Sigma Aldrich Co.Ltd (Reino Unido), com certificados de análise. Sistema de extração em fase sólida em disco, Spec Disk Agilent composto por manifold de seis posições com frascos de capacidade para 1L de amostra e tubos coletores. Disco de extração em fase sólida monolítico de resistência ácida, C18EC, 47mm de diâmetro, poros de 70Ǻ. Solventes orgânicos (grau resíduo) e reagentes usados: 2,2,4-trimetilpentano (isooctano) (Tedia, Estados Unidos), acetona (Merck, Alemanha), diclorometano (Mallinckrodt Chemicals, Estados Unidos), acetato de etila (Tedia, Estados Unidos), metanol (Sigma Aldrich, Canadá), ácido sulfúrico P.A. (Merck, Alemanha), sulfato de sódio anidro P.A. (Merck, Alemanha) e água ultrapura (sistema de purificação MilliQ). O método utilizado foi baseado no descrito pela Environmental Protection Agency (USEPA.) [16] com adaptações . Preparo de padrões/Curvas analíticas Soluções padrão estoque (solução-mãe) foram preparadas na concentração 0,01% m/v em isooctano e estocadas em freezer a 4ºC, sob proteção da luz. A partir da solução mãe, foram preparadas soluções intermediárias em isooctano:tolueno (9:1) e, posteriormente, soluções de trabalho deu BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 111 PROMOÇÃO ESPECIAL Produtos com este selo podem ser adquiridos no distribuidor através do Cartão BNDES. 112 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 PROCURE O DISTRIBUIDOR DE SUA PREFERÊNCIA E APROVEITE TODAS AS VANTAGENS DESTA CAMPANHA! BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 113 concentrações conhecidas em acetato de etila (AcEt) em seis níveis (triplicatas) para construção das curvas analíticas e avaliação do método. Preparo da amostra Em 1L de volume de amostra, ajustou-se o pH <2 com ácido sulfúrico 9N. Adicionaram-se 2,5mL de metanol (MeOH) e 2,5mL de acetona com agitação. Para o estudo de recuperação, adicionou-se 1mL da solução de padrão preparada em acetona, após acidificação da amostra branco (água ultrapura). Condicionamento do disco Condicionou-se o disco de extração em fase sólida C18 no sistema de extração com 10mL dos solventes: diclorometano (MeCl2), AcEt e MeOH. Adicionouse 10mL de água ultrapura acidificada (pH <2 com ácido sulfúrico 9N), deixando uma camada de água na superfície do disco para não secar. Extração da amostra Após o condicionamento, transferiu-se a amostra ao sistema de extração sob fluxo de 70mL/min. Aplicou-se vácuo máximo por 20 minutos até a completa secagem do disco. Iniciou-se a extração, adicionando-se 3mL de MeOH, três vezes 5mL de AcEt e três vezes 5mL de MeCl2, recolhendo em tubo coletor. Os eluatos combinados foram filtrados em sulfato de sódio anidro, lavando-se o tubo coletor com MeCl2. Concentrou-se o extrato em fluxo brando de gás nitrogênio comum até o volume de 0,3mL e ressuspendeu-se o extrato para 1mL com AcEt para a injeção no cromatógrafo a gás. Identificação e quantificação Foram investigados e quantificados 21 agrotóxicos da classe química dos organofosforados, incluindo produtos de transformação (Tabela 1) por cromatografia a gás (HP6890) com detector fotométrico de chama (FPD) com filtro de fósforo e coluna capilar de sílica fundida (30m, 0.25mm i.d., 0.25μm de espessura de filme) com fase estacionária CPSil 19CB (14% phenylcianopropyl 86% dimethylsiloxane), nas seguintes condições cromatográficas: Temperaturas do injetor e detector: 220ºC e 250ºC, respectivamente; programação de temperatura do forno: 80°C (0 min); 10°C/min; 150°C (30 min); 3°C/min; 210°C (0 min); 10°C/min; 260°C (10 min). Nitrogênio ultrapuro e ultraseco foi usado como gás de arraste na pressão de 80 kPA, modo de injeção: splitless, volume de injeção: 2μL. Parâmetros para avaliação do método Após otimização das condições analíticas, foram estudados os seguintes parâmetros: faixa linear de trabalho, seletividade, exatidão, precisão, limite de detecção, limite de quantificação. Seletividade A seletividade foi avaliada em seis replicatas com água ultrapura. Previamente foram efetuados os testes de efeito da matriz, adicionando-se mistura dos padrões ao extrato das amostras branco. Exatidão e precisão O método desenvolvido foi avaliado, sob condições de repetitividade em seis replicatas nos níveis do limite de quantificação (LQ) e duas vezes o LQ. A exatidão foi avaliada pelos resultados dos estudos de recuperação e a precisão foi calculada pelo desvio padrão relativo (RSD) para cada nível estudado [18]. Limites de Detecção (LD)e de Quantificação (LQ) Os limites de detecção e quantificação foram estabelecidos como a média das amostras branco mais três e dez vezes o desvio padrão dos resultados obtidos das fortificações no nível de 1LQ, sob condições de repetitividade (N=6) [17]. Critérios para avaliação do método O critério para aceitabilidade dos resultados de recuperações, sob condições de repetitividade foi de 50-120% para exatidão. A precisão foi avaliada pelos respectivos desvios-padrão relativos (RSD) os quais deverão ser menores ou iguais a 30% [18]. Resultados e discussões Anecessidade de metodologias para análise de resíduos de agrotóxicos em amostras ambientais em níveis de 114 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 traços tem levado pesquisadores a desenvolverem técnicas capazes de atender às necessidades em relação à sensibilidade e à seletividade. O método clássico de preparo de amostras normatizado pela ASTM é baseado na extração líquido-líquido [19] e requer grandes volumes de amostra e solventes, além de ser relativamente lento e gerar um grande volume de descarte. O presente estudo utilizou a Extração em Fase Sólida (SPE), que emprega menores volumes de amostras e solventes, reduz o tempo de análise e possibilita a remoção de partículas, bem como a automação. É uma técnica de extração e préconcentração baseada nos princípios de separação da cromatografia líquida de baixa pressão, onde a amostra é percolada tradicionalmente em um cartucho contendo o adsorvente e os analitos são retidos e extraídos com solventes orgânicos adequados. O emprego do SPE em disco para a determinação simultânea de ingredientes ativos de agrotóxicos organofosforados em água possibilita resultados mais robustos, maior rapidez nas análises, maior área superficial, minimiza problemas de obstrução e apresenta leito mais homogêneo sem formação de caminhos preferenciais em relação ao SPE em cartucho [20]. O método apresentado foi considerado aceitável para análise de 21 ingredientes ativos, conforme Tabela 1. As amostras em branco não apresentaram interferentes nos limites de quantificação do método. Comparando-se os resultados da mistura de padrões preparados em solventes com os adicionados no branco não foi observada a interferência do efeito de matriz. Os limites de detecção Tabela 1 – Resultados dos estudos de recuperação do método (variação, média e desvio e quantificação foram padrão relativo), faixa linear de trabalho, limites de detecção e de quantificação 0,01μg/L a 0,06μg/L Recuperações Recuperações e 0,1μg/L a 0,2μg/L, Faixa Nível: 1 LQ Nível: 2 LQ Agrotóxicos LQ linear de respectivamente. As LD (µg/L) (µg/L) trabalho organofosforados Média RSD Média RSD recuperações sob condições (ug/L) (%) (%) (%) (%) de repetitividade (N=6) Azinfós etílico 0,06-0,6 0,03 0,20 103 7,0 119 8,3 variaram de 53% a 103% 0,12-1,2 0,02 0,40 94 8,8 119 10,5 Azinfós metílico para o nível de 1LQ e de Carbofenotiona 0,03-0,3 0,02 0,10 55 6,5 67 4,4 50% a 119% para o nível de Clorpirifós etílico 0,03-0,3 0,01 0,10 55 4,3 57 2,4 2LQ. O método apresentou Diazinona 0,03-0,3 0,02 0,10 64 5,0 56 2,8 boa precisão com desvios Etiona 0,03-0,3 0,02 0,10 54 6,7 70 4,7 padrão relativos de 3,6% a Etoprofós 0,03-0,3 0,01 0,10 77 4,8 70 3,4 10,1% e 2,4% a 23,2% para 0,06-0,6 0,06 0,20 73 17,4 73 12,7 Fenamifós 1LQ e 2LQ, respectivamente Fenitrotiona 0,03-0,3 0,01 0,10 81 5,1 77 3,9 (Tabela 1). Estes resultados Fentoato 0,03-0,3 0,01 0,10 77 4,5 76 3,4 estão de acordo com o 0,03-0,3 0,02 0,10 53 7,8 50 3,9 Forato estabelecido pela AOAC Fosmete 0,06-0,6 0,02 0,20 86 6,4 99 6,3 [18], cujas recuperações Malaoxona 0,06-0,6 0,01 0,20 94 10,1 109 11,0 devem estar entre 50 e 120% Malationa 0,03-0,3 0,01 0,10 80 3,6 116 4,2 e desvios padrão relativos Metidationa 0,03-0,3 0,01 0,10 87 5,0 86 4,3 menores ou iguais a 30%, Paraoxona metílica 0,08-0,3 0,02 0,10 72 10,3 75 7,8 para níveis até 1ppb. Parationa metilica 0,03-0,3 0,01 0,10 81 5,6 80 4,5 As legislações brasileiras 0,06-0,6 0,02 0,20 92 6,7 110 7,4 Pirazofós referentes à qualidade Pirimifós metílico 0,03-0,3 0,01 0,10 78 4,6 73 3,4 de águas normatizam Profenofós 0,03-0,3 0,02 0,10 84 6,3 95 6,0 um pequeno número de Triazofós 0,06-0,6 0,03 0,20 77 8,8 101 23,2 agrotóxicos u LD: Limite de Detecção; LQ: Limite de Quantificação, RSD: Desvio Padrão BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 115 organofosforados, como: parationa metílica, malationa e profenofós que foram incluídos neste estudo. Outros ingredientes ativos estudados que não constam nas legislações estão na Tabela 1. Os agrotóxicos organofosforados são utilizados na agricultura, horticultura e em campanhas de saúde pública contra insetos vetores de doenças. A presença de organofosforados em sua forma primária pode ser indicativo de contaminação recente e pode causar danos principalmente nas populações residentes próximas às áreas de aplicação dos mesmos. Ao atingir fontes de água potável, esses compostos sofrem degradação em água e podem gerar resíduos e subprodutos em níveis relativamente tóxicos à saúde [3]. A parationa metílica em águas decompõese rapidamente pela ação de bactérias e luz solar, formando a paraoxona metílica, produto mais tóxico [21]. Segundo a EPA, os níveis de parationa metílica na água potável que não causam efeitos nocivos para a saúde em longo prazo são de 0,002mg/L [22]. A malationa presente em água se converte em malaoxona durante o processo de cloração em estações de tratamento de água [23]. Em vista disso, destaca-se a importância da investigação da presença dos produtos de transformação de relevância toxicológica. Para controlar a exposição humana aos resíduos de agrotóxicos e assegurar a saúde pública, agências reguladoras de vários países, como Estados Unidos e membros da Comunidade Européia, têm criado programas de monitoramento incluindo os resíduos de agrotóxicos em águas destinadas ao consumo humano. O monitoramento permite avaliar a qualidade da água consumida pela população, bem como identificar os fatores de riscos associados ao consumo em níveis fora dos padrões de potabilidade estabelecidos, para a prevenção de agravos e a manutenção da saúde humana. O desenvolvimento de pesquisas nesta área é relevante; no Brasil há poucos estudos e não há monitoramento sistemático da avaliação da qualidade da água [3]. A determinação de resíduos de agrotóxicos da água consumida pela população possibilita a identificação de riscos associados ao consumo. Enfim, o método estudado mostrou ser adequado para análise multirresíduo de agrotóxicos organofosforados em águas e contribui para programas de monitoramento e pesquisas, escassos no país. Fornece subsídios aos órgãos envolvidos com a saúde e o meio ambiente para ações de prevenção à Saúde Pública e atualização da legislação à realidade do país.t Reconhecimentos Agradecemos à Antonia Lima de Silva pelo apoio técnico na realização das análises e à Agilent Technologies pelo fornecimento dos consumíveis. Referências [1] FARIA, A M. QUEIROZ, M. E. L. R.; NEVES, A., “A. Extração por Ponto Nuvem: Técnica Alternativa para a Extração de Resíduos de Agrotóxicos”, Pesticidas: r.ecotoxicol. e meio ambiente (2005), Curitiba, v. 15, jan./dez. [2] SCORZA JR, R. P.; RIGITANO, R. L. O.; LIMA, L. A.; GOUVÊA, A. V., “Avaliação de dois simuladores para a predição da lixiviação de sulfona de aldicarbe em um latossolo vermelho-amarelo”, Pesquisa Agropecuária Brasileira (2000) 35(2): 241-250. 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Oferece maior produtividade na preparação para medição por possuir eixo Z com sistema de movimentação rápida através de haste manual e maior exatidão com seu eixo X com sistema de Dial de controle. De grande aplicação na medição de perfis em peças e componentes da indústria automobilística, naval, aeronáutica e de eletrodomésticos, entre outras. O mecanismo de inclinação dentro de ±45° torna possível efetuar medições em praticamente todas as formas geométricas com grande facilidade de posicionamento e seu sistema de escala em arco angular de alta exatidão aumenta a confiabilidade metrológica.Principais características técnicas: Mesa com dimensão de 600 x 450mm. Capacidade horizontal de 100mm e vertical de 40mm. Resolução de 0,2µm no eixo X (por escala linear) e 0,5µm no eixo Z (por escala em arco angular). Este novo equipamento de medição sem contato por imagem foi desenvolvido para atender as necessidades de maior qualidade e produtividade na medição de peças de tamanho reduzido e geometria complexa. Utilizando uma câmera colorida digital de alta resolução com 3 megapixels o sistema possibilita medições de alta exatidão dimensional e alta repetitividade de cores, além da capacidade de armazenamento das imagens. O processo de medição dispensa a necessidade de posicionamento e alinhamento da peça, economizando assim todo o tempo de preparação dos sistemas convencionais. A medição é realizada em um único clique após a fixação da peça na mesa de medição, isto é, esta função detecta automaticamente a posição da peça e executa os programas de 118 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 medição preestabelecidos. Este método é altamente produtivo em peças em série. Para medição em peças tridimensionais escalonadas ou cilíndricas um sistema óptico telecêntrico de grande profundidade focal torna desnecessárias as constantes refocalizações durante o processo de medição. A análise dos resultados numa mesma tela facilita a interpretação incluindo julgamentos do tipo Passa-Não Passa em tolerâncias. Possui modos de medição normal e de alta resolução que podem ser utilizados de forma alternada, melhorando assim a exatidão e economizando tempo em situações de tolerâncias maiores. No modo Normal a exatidão na tela de medição é de ±4µm com repetitividade de ±2µm e no modo de Alta Resolução esses valores correspondem à metade respectivamente. O Software QIPAK V5 de medição geométrica, além de um completo acervo de funções de medição e análise fornece inovadores recursos gráficos e de comparação de perfis (de arquivos CAD). Produtos & Serviços MiCATPlanner – Para Geração de Programas de Medição. Software que num único clique revoluciona a maneira como o metrologista programa a máquina de medição por coordenadas. Capaz de, em poucos segundos, transformar um extenso programa de medição tridimensional em apenas alguns clicks. Este novo lançamento identifica e exibe as tolerâncias e o GD&T contidas em modelos 3D que possuam PMI (Product Manufacturing Information). Com um único clique gera automaticamente o programa de medição com base nas tolerâncias contidas no modelo, selecionando automaticamente as pontas de medição, módulos e ângulo do cabeçote de medição mais adequado. Permite inserir novas tolerâncias e referências Datum nos modelos 3D, além de permitir a otimização do programa, função que organiza a sequência de medição no mínimo tempo. Permite também configurar regras de medição tais como quantidade de pontos, sequência e estratégia para cada elemento, além da padronização de medição independente do operador. O software informa também o tempo estimado de medição. A redução no tempo de programação pode chegar a 95% em relação aos métodos convencionais. Relógios Comparadores Digitais Série ID-C Três novos modelos de Relógios Comparadores digitais eletrônicos são lançados para atender três tipos de necessidades de medição. Todos os modelos foram projetados para medição em velocidades sem limitação. A amostragem no processo interno de medição do relógio é realizada 50 vezes por segundo para garantir a obtenção de valores seguros. DESCRIÇÃO DOS MODELOS: • Medição direta de grandes diâmetros ou raios de curvatura, externos ou internos. Identificado por uma linha vermelha ao redor do display LCD este modelo estabelece um coeficiente de deslocamento do fuso pela fórmula: Ax’ + B + Cx’ – 1 (x ’= x + valor de desvio introduzido). Utilizado com dispositivos de dois pontos de apoio no raio da peça. • Medição e registro de excentricidade mediante valores de pico (máximo e mínimo). Identificado por uma linha verde ao redor do display LCD este modelo registra a excentricidade e o valor resultante dos valores máximo e mínimo apalpados. • Medição de furos por detecção de valores mínimos. Identificado por uma linha azul ao redor do display LCD este modelo registra o valor mínimo com Comparadores de Diâmetros Internos. CARACTERÍSTICAS COMUNS: Resolução milesimal, Multifunções, Painel LCD com gráfico de barras, Diversos acessórios. Microscópio de Medição Modelo TM-505 Este novo modelo incorpora sistema de iluminação por LED’s de grande durabilidade que o tornam mais econômico, além deoferecer imagens de excelente contraste. De grande aplicação na indústria de fabricação de pequenas peças e componentes, tais como automobilística, eletrônica, médico-odontológica, etc. Compacto, robusto e de fácil operação pode ser instalado em laboratórios ou setores produtivos. Embora compacto atinge altura de medição de até 115mm. Em sua versão básica a ampliação é de 30X, porém, com acessórios opcionais pode ficar na gama de 20x a 200x. Possui mesa de 150 x 150mm com capacidade de medição de 50 x 50mm e resolução dependendo do cabeçote opcional a ser utilizado (digital de 0,001mm ou mecânico de 0,01mm). Medição angular de 360° com resolução de 6’ por nônio. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 119 Normas e Regulamentos publicadas pela ABNT em diversas áreas Argamassa colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas A ABNT publicou a norma ABNT NBR 14081-2:2015 - Argamassa colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas - Parte 2: Execução do substratopadrão e aplicação da argamassa para ensaios, que revisa a norma ABNT NBR 14081-2:2012, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados (ABNT/CB18). A ABNT NBR 14081-2 estabelece os procedimentos para execução e caracterização do substratopadrão e para aplicação da argamassa colante industrializada para os ensaios de tempo em aberto, resistência de aderência à tração e deslizamento. Qualificação de pessoas para a construção civil - Perfil A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16366:2015 - Qualificação de pessoas para a construção civil - Perfil profissional do telhadista, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Qualificação de Pessoas no Processo Construtivo para Edificações (ABNT/CB-90). Esta Norma especifica o perfil de competências do telhadista. 120 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Fitas de vedação PTFE não sinterizado - Dimensões, características físicas e químicas Requisitos e métodos de ensaio A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16368:2015 - Fitas de vedação PTFE não sinterizado Dimensões, características físicas e químicas - Requisitos e métodos de ensaio, elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Fitas de Politetrafluoretileno (PTFE) para Vedação de Roscas (ABNT/CEE-172) Esta Norma especifica os requisitos mínimos e métodos de ensaio para fabricação das fitas de polite trafluoretileno (PTFE) não sinterizado utilizadas na vedação de juntas roscadas onde a vedação é feita pela rosca, com composição mínima de 99 % de resina de PTFE e, indicadas para a temperatura de trabalho mínima de - 197 °C e a máxima de 260 °C (característica intrinseca da resina). Buchas para transformadores imersos em líquido isolante A ABNT publicou a norma ABNT NBR 5435:2015 - Buchas para transformadores imersos em líquido isolante - Tensão nominal 15 kV, 24,2 kV e 36,2 kV Especificações, que revisa a norma ABNT NBR 5435:1984, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB-03). Esta Norma especifica as buchas com tensão nominal de 15 kV, 24,2 kV e 36,2 kV, e correntes até 160 A, utilizadas em transformadores imersos em líquido isolante. Motociclos e veículos similares A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16369:2015 - Motociclos e veículos similares - Determinação de hidrocarbonetos, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e dióxido de carbono no gás de escapamento, elaborada pelo Comitê Brasileiro Automotivo (ABNT/ CB-05). Esta Norma especifica o método para determinação de hidrocarbonetos totais (THC), monóxido de carbono (CO), óxido de nitrogênio (NOx) e dióxido de carbono (CO2), emitidos pelo motor através do tubo de descarga de motociclos e veículos similares, funcionando sobre um dinamômetro de chassi simulando uma condição de uso normal médio em vias urbanas. Auxílios visuais elétricos em aeroportos A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16370:2015 - Auxílios visuais elétricos em aeroportos - Instalação elétrica para iluminação e balizamento em aeroportos - Regulador de corrente constante (RCC), elaborada pelo Comitê Brasileiro de Aeronáutica e Espaço (ABNT/CB-08). Esta Norma especifica os requisitos para um regulador de corrente constante (RCC) que tem saída nominal de 6,6 A para o uso em um circuito de série de corrente constante para iluminação aeronáutica no solo. Entretanto, o RCC pode ser fabricado tendo uma potência nominal (kVA) e níveis de corrente diferentes daqueles especificados nesta Norma a fim de serem usados em circuitos existentes. Implantes para cirurgia - Remoção e análise de implantes cirúrgico A ABNT publicou a norma ABNT NBR ISO 12891-2:2015 - Implantes para cirurgia - Remoção e análise de implantes cirúrgicos - Parte 2: Análise de implantes cirúrgicos removidos, que revisa a norma ABNT NBR ISO 128912:2003; e cancela as normas ABNT NBR ISO 12891-3:2003, ABNT NBR ISO 12891-4:2003, elaborada pelo Comitê Brasileiro Odonto-Médico-Hospitalar (ABNT/CB-26). BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 121 Etanol combustível - Determinação dos teores de metanol e etanol por cromatografia gasosa A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16041:2015 Etanol combustível - Determinação dos teores de metanol e etanol por cromatografia gasosa, que revisa a norma ABNT NBR 16041:2012, elaborada pelo Organismo de Normalização Setorial de Petróleo (ABNT/ONS-34). Esta Norma estabelece o método para a determinação quantitativa de metanol e/ou etanol em etanol combustível por cromatografia gasosa. Televisão digital terrestre – Receptores A ABNT publicou a norma ABNT NBR 15604:2015 - Televisão digital terrestre - Receptores, que revisa a norma ABNT NBR 15604:2007 Versão Corrigida:2008, elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Televisão Digital (ABNT/CEE-85). Esta Norma especifica o conjunto de funcionalidades essenciais requeridas dos dispositivos de recepção de televisão digital de 13 segmentos (fullseg), assim como os de um segmento (one-seg), destinados à receber sinais na modalidade fixa, móvel e portátil. 122 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Materiais refratários densos Determinação do ataque por escória pelo método estático A ABNT publicou a norma ABNT NBR 9641:2015 - Materiais refratários densos - Determinação do ataque por escória pelo método estático, que revisa a norma ABNT NBR 9641:1995, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Refratários (ABNT/ CB-19). Esta Norma prescreve o método para a determinação do ataque por escória pelo método estático, em materiais refratários densos a altas temperaturas. Peças brutas de ferro fundido cinzento - Afastamentos dimensionais A ABNT publicou a norma ABNT NBR 6598:2015 - Peças brutas de ferro fundido cinzento - Afastamentos dimensionais, que revisa a norma ABNT NBR 6598:1984, elaborada pelo Comitê Brasileiro da Fundição (ABNT/CB-59). Esta Norma especifica as variações admissíveis para as dimensões sem indicação de tolerância, em peças brutas de ferro fundido cinzento produzidas em moldes de areia. Aquicultura - Criação de peixes redondos - Requisitos básicos A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16375:2015 - Aquicultura - Criação de peixes redondos - Requisitos básicos, elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Aquicultura (ABNT/ CEE-192). Esta Norma especifica os requisitos básicos para criação dos peixes redondos, tambaqui (Colossoma macropomum), pacu (Piaractus mesopotamicus), pirapitinga (Piaractus brachypomus) e seus híbridos, em tanques-rede, viveiros escavados e barragens, desde a implantação do empreendimento aquícola até a despesca, para a produção de pescado seguro, viável e com qualidade. Cartas Inclusão essencial Luiz Gonzaga Bertelli – São Paulo - SP A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho vem aumentando com o passar dos anos. Entre os principais fatores estão: maior consciência social por parte dos empregadores, legislação mais eficaz com a política de cotas e maior eficiência na capacitação prática dos jovens. O CIEE é uma das instituições filantrópicas que possuem essa preocupação. Em seu programa Pessoas com Deficiência, capacita jovens por meio do estágio e da aprendizagem para exercer variadas funções nas organizações. Esse é o caso de inúmeras empresas conveniadas do CIEE, como a Embraer, em São José dos Campos, e a Bauducco, em Guarulhos, que mantêm pessoas com deficiência pelo Programa Aprendiz Legal – parceria do CIEE com a Fundação Roberto Marinho, que, combinando a prática na empresa e aulas teóricas de capacitação, forma jovens para o mercado de trabalho. Muitos deles, que não tinham grandes perspectivas no mundo do trabalho, conquistaram por méritos próprios seu espaço e conseguiram ser efetivados. A capacitação prática ajuda os jovens a aprender novas funções, conhecendo mais profundamente o mercado, com possibilidades reais de desenvolvimento da carreira. Para as empresas também é positiva, já que as organizações terão a oportunidade de treinar o estagiário ou aprendiz dentro de sua cultura, observando suas aptidões. Com isso, resolvem-se dois problemas: o primeiro, a falta de qualificação profissional e o segundo, a dificuldade da inserção Escreva para o Editor Hayrton do Prado: [email protected] da pessoa deficiente no mercado de trabalho. Outro problema que dificultava a inclusão profissional dessas pessoas era o Benefício de Prestação Continuada (BPC), instituído na Constituição de 1988, para deficientes incapacitantes temporários ou permanentes. Muitos indivíduos, que possuíam o benefício, tinham receio de perdêlo ao se dedicar a uma função laboral. De acordo com a Lei nº 12.470/2011, quem participa de programas de aprendizagem e de estágio pode acumular essa renda assistencial com o salário recebido até o final do período de formação profissional. Essa foi uma forma que o governo federal encontrou para estimular que pessoas com deficiência busquem se capacitar. Aumentar a autoestima e promover a cidadania são pontos fundamentais para que esse público consiga garantir seu merecido espaço na sociedade. Empresas familiares Amauri Nóbrega – São Paulo - SP Parece ficção, mas não é. Em um dos meus trabalhos de consultoria, presenciei o diálogo abaixo, entre dois sócios de uma empresa familiar, casados e que estavam discutindo o futuro de um filho na organização. – Você precisa dar oportunidade a ele. – Mas eu já dei e não deu certo, está na hora de ele procurar experiências fora daqui. – Não, está errado, temos o nosso negócio e ele deve aprender aqui dentro, pois isso tudo será dele. – Não concordo, ele pode muito bem buscar experiências fora e depois voltar mais maduro para assumir novas responsabilidades, acredito ser o caminho mais acertado. – Você está sempre contra mim, nunca concorda com o que eu falo, é assim aqui e lá em casa, tudo que eu falo, você contesta, por isso nossa situação está da forma que está. – Tudo bem… Já seria a terceira passagem dele na corporação, mesmo com apenas 25 anos. Acredito que dê para imaginar como foram as duas primeiras… Nas empresas familiares, é de suma importância separar as discussões sobre os negócios do almoço de domingo. Não é fácil, pois muitas vezes as culturas das regiões são muito fortes. Falo isso porque uma empresa familiar no Nordeste é bem diferente de uma no Sul, são culturas muito distintas e isso influencia também na forma de gestão do negócio. O que vimos acima é um exemplo claro e cotidiano na maioria dos negócios familiares, com uma parte querendo tomar a decisão de forma paternalista e, a outra, de maneira profissional. Como a forma paternalista joga com as emoções, acaba colocando este tipo de conteúdo em cima da mesa, o que esquenta a discussão. Se a outra parte continuar argumentando, pode colocar em risco o lado harmonioso da família e, para não atrapalhar o clima do almoço do domingo, ela, na maioria das vezes, cede às chantagens emocionais do outro “sócio”. Como, então, ser possível enfrentar essas questões? Criando foros especiais para essas discussões, e o ideal é que esses debates fiquem no foro familiar. O Conselho de Família é um órgão ideal para arbitrar sobre temas como esse. BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 123 Ponto Crítico Roberto Shoichi Inagaki Causos de assistência técnica – Peças brutas de ferro fundido cinzento - O cliente ou o consumidor sempre tem razão! Este “slogan” tem várias origens e as mais aceitas são as duas a seguir: Loja Macy´s (ex-Marshall Fields de Chicago) ou o norte-americano Harry Gordon Selfriedge. Os “causos” mostrados na edição anterior e nesta edição reforçam a tese de que nem sempre o cliente ou consumidor tem razão na reclamação, principalmente quando eles ligam para o lugar errado para reclamar (existem casos que ligam para o concorrente para reclamar do produto, pensando que tivessem comprado da marca tal). Alguns dos “causos” mostram que dentro do setor médicofarmacêutico os casos são graves, porém não deixam de ser hilários... Convoco os leitores a mandar para a redação histórias sobre “causos” de assistência técnica. Não precisam se identificar, basta dizer que aconteceu com um “amigo”.... Caso 3: Produto oftálmico Uma determinada empresa fabricante de produtos oftálmicos recebeu uma reclamação de um colírio. É um colírio de preparo extemporâneo - vem em forma de comprimido e deve ser dissolvido no veículo e então aplicado nos olhos. A atendende do SAC que recebeu a reclamação ficou muito intrigada com a afirmação do cliente dizendo que o “gosto” do produto era muito ruim. - Como assim “gosto” ruim? - perguntou a atendente. - Sim, o comprimido tem um gosto ruim e além do mais vem pouca água para gente tomar. A água tem um gosto muito “amargo”. Conclusão: existem pessoas que realmente não leem a famigerada “posologia e modo de usar”. Caso 4: Uso indevido de supositório. Mais um exemplo de assistência técnica para produtos médico-farmacêuticos. Conta um colega que era supervisor do SAC em uma empresa farmacêutica fabricante de supositórios, que uma das reclamações mais frequentes era sobre o “gosto” do produto. Outro concorrente de reclamação era quanto ao produto poder ser utilizado com grande frequência e isto causar dependência. Conclusão: auto-medicação é sempre um perigo. Caso 5: Uso inadequado do produto ou uso não previsto Relatarei aqui apenas a sugestão dada por um consumidor/ usuário de um barbeador elétrico. Vocês podem convir comigo que não merece resposta.... - Caro fabricante do barbeador elétrico modelo LALALA, adquiri o produto há alguns dias e resolvi usá-lo na região do saco escrotal além de usar no rosto, mas não obtive muito sucesso. Acho que o produto não foi projetado adequadamente para estas partes do corpo, estou com fortes dores devido aos cortes que me causaram no local. As minhas tentativas com o produto não foram oportunas, por isto gostaria de dar uma sugestão de alterar o design do aparelho para que este possa ser utilizado na região frontal e traseira íntima. Conclusão: uhhh, sem conclusão..... Avalie a prática da sua empresa ao analisar as informações do atendimento do cliente. 1- A política adotada pela sua organização para a área responsável por receber as informações do cliente é: a) Avaliar a informação e determinar a procedência ou não da mesma b) O cliente terá sempre razão c) O cliente nunca terá razão, portanto convença-o, caso não consiga faça a “ligação cair” 2- Qual o procedimento dado às informações coletadas pela área de atendimento ao cliente? a) Separadas entre procedentes e não procedentes e as mais relevantes levadas para a direção b) Usadas como mais um indicador da qualidade c) Arquivo vertical (lixo) se for impresso e “tecla del” se for digital 3- Qual é o tempo médio de resposta de uma solicitação do cliente? a) 24 horas b) uma semana c) responder para quê? Se demorarmos o cliente esquece 4- Qual é a frequência em que sua empresa aparece no ”www.reclameaqui.com.br”? a) Nunca b) Ocasionalmente c) Muito frequentemente 5- O comportamento da alta direção perante às reclamações reportadas pela assistência técnica é: a) altamente comprometida b) altamente envolvida c) pensa seriamente em cortar a conta 0800; só dá problema... Conclusão – a= 10 pontos, b= 5 pontos, c=1 ponto Respostas somam acima de 40 pontos = parabéns há salvação no 0800 Respostas somam entre 20 e 40 pontos = tudo bem, o concorrente deve estar pior Respostas somam menos que 19 pontos = sua empresa deve ser a campeã do site “reclameaqui” Roberto S. Inagaki é Consultor Empresarial. [email protected]. 124 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276 Quando sua empresa diz não ao trabalho infantil, muita gente pode dizer sim para sua marca. Invista nas crianças e adolescentes do Brasil e tenha o selo de reconhecimento da Fundação Abrinq. Seja uma Empresa Amiga da Criança. Saiba mais pelo site www.fundabrinq.org.br/peac ou pelo telefone 11 3848 4870 Uma iniciativa: BQ 276 t Junho de 2015 t Revista Banas Qualidade - 125 Os valores-p não me assustam. Análise de Dados Destemida Analisar dados com o Minitab Statistical Software é fácil e agora Minitab 17 está disponível em Português. Um Assistente integrado guia você durante todo o processo, desde a escolha da ferramenta correta até a realização da sua análise e interpretação dos seus resultados. Você conhece o seu negócio. Minitab fornece a confiança necessária para melhorá-lo. w w w. m i n i t a b . c o m 126 - Revista Banas Qualidade t Junho de 2015 t BQ 276