TÍTULO DO TRABALHO COMPLETO: LETRA MAIÚSCULA

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TÍTULO DO TRABALHO COMPLETO: LETRA MAIÚSCULA
SÂNDI VOCÁLICO EXTERNO, FRASE FONOLÓGICA E CATEGORIAS VAZIAS
EM PORTUGUÊS BRASILEIRO
Raquel SANTOS 1
Estudos anteriores sobre a interface fonologia-sintaxe mostram que alguns processos
sintáticos podem ser sensíveis a alguns tipos de categorias sintáticas (e.g. LIGHTFOOT
1976, CHOMSKY & LASNIK 1978, JAEGGLI 1980). Em Português Brasileiro (PB), Santos
(1997, 2002, 2003) e Nunes & Santos (2009) mostraram que a retração acentual é impedida
quando há um pro entre um verbo e um advérbio – desde que estejam na mesma frase
fonológica -, mas não quando a categoria é um vestígio. Aqui discuto o papel dessas duas
categorias sintáticas vazias em três processos de sândi externo (ditongação, degeminação e
elisão) em PB. Dado que, de acordo com Tenani (2002), estes processos são obrigatórios
dentro de frase fonológica, minha hipótese é que pro e vestígio afetarão estas três regras de
sândi, tal como ocorre com a retração acentual. Some-se a isto o fato de que para as três
regras, outras condições prosódicas são as mesmas que no caso da retração: ocorrem entre
palavras (BISOL 2003) e são bloqueadas se uma das sílabas do contexto porta proeminência
entoacional (ABAURRE, GALVES & SCARPA 1999). Entretanto, os resultados encontrados
apontaram que não há diferenças significantes de aplicação entre as duas categorias. Um
achado importante destes resultados foi que, contrariamente a Tenani (2002), os processos
de ditongação, elisão e degeminação não são obrigatórios dentro de frases fonológicas (entre
12% e 30% de não aplicação dos processos). Argumento que somente os processos
fonológicos que são obrigatórios dentro do domínio da frase fonológica (o domínio que toma
a informação sintática em consideração) podem levar as categorias vazias em consideração.
PALAVRAS-CHAVE: Fonologia Prosódica; Categorias Sintáticas Vazias; Sândi Vocálico
Externo.
Previous studies on the phonology-syntax interface have shown that some phonological
processes are sensitive to some syntactic categories (e.g. LIGHTFOOT 1976, CHOMSKY &
LASNIK 1978, JAEGGLI 1980). Santos (1997, 2002,2003) and Nunes & Santos (2009) show
that in Brazilian Portuguese stress shift is blocked when there is a pro between a verb and an
adverb – provide that they are in the same phonological phrase -, but not when the syntactic
category in the context is a trace. In this paper I discuss the role these two syntactic
categories for three external shandi processes (diphtongation, degemination and elision) in
Brazilian Portuguese. The starting point for this study was Tenani’s (2002)claim that these
processes are obligatory inside phonological phrases, and the observation that these sandhi
rules are also subject to the other prosodic conditions for stress shift to apply: they occur
between words (Bisol 2003), and are blocked if one of the syllables in the context carries
intonational prominence (Abaurre, Galves & Scarpa (1997). My hypothesis was that pro
would interfere with the application of these rules, as it occurs with stress shift. However, the
results show that there is no significant difference in the application of the processes
regarding the syntactic category in the context. An important finding was that, contrary to
1
Universidade de São Paulo, apoio por bolsa produtividade CNPq (308135/2009-1).
1
Tenani (2002), the three processes were not obligatory inside phonological phrases (12% to
30% of non-application). The combination of these results thus leads us to the conclusion that
only phonological processes that are obligatory inside the phonological phrase domain (the
domain that takes syntactic information into consideration) can take empty syntactic
categories into consideration.
KEY-WORDS: Prosodic Phonology; Empty Syntactic Categories; External Vowel Sandhi.
1 Introdução
Uma questão sobre a qual tenho me debruçado nos últimos anos é se o português
brasileiro é uma língua em que se podem encontrar processos fonológicos em interface com a
sintaxe. Estudos anteriores sobre a interface fonologia-sintaxe mostram que alguns processos
sintáticos podem ser sensíveis a alguns tipos de categorias sintáticas em diversas línguas (e.g.
LIGHTFOOT 1976, CHOMSKY & LASNIK 1978, JAEGGLI 1980; para o português
brasileiro, cf ABOUSALAH 1997, SÂNDALO & TRUCKENBRODT 2002). Santos (1997,
2002, 2003) e Nunes & Santos (2009) argumentam que a retração acentual é um desses
processos, e que leva em conta diferentemente as categorias sintáticas vazias pro e vestígio.
Assim, baseada na distinção entre pro e vestígio por retração acentual, meu objetivo é
investigar se outros processos fonológicos (especificamente, a degeminação, elisão e
ditongação) também levam em conta estas categorias sintáticas.
Assumo aqui a proposta de Nespor & Vogel (1986) de mapeamento prosódico (em
que a interface fonologia sintaxe se faz no domínio da frase fonológica) e direciono os leitores
a este trabalho para regras de construção e reconstrução do domínio relevante.
Este artigo está organizado da seguinte maneira: na seção 2 trago um breve resumo
dos resultados sobre categorias vazias e regras fonológicas, com especial atenção à retração
acentual; na seção 3, resumo as propriedades dos três processos fonológicos a serem
investigados. Na seção 4 estão apresentadas as hipóteses deste trabalho e na seção 5 a
metodologia. As seções 6 e 7 trazem respectivamente, os resultados e a discussão, que é
concluída na seção 8.
2 Regras sensíveis a categorias vazias
Diversos estudos sobre interface fonologia-sintaxe apontam que a fonologia pode levar
em conta categorias sintáticas específicas. Sobre este assunto, Nespor & Vogel (1986)
defendem que a relação entre esses dois componentes se dá na criação dos domínios
prosódicos relevantes (especificamente, a frase fonológica), por regra de mapeamento. Uma
vez que estas regras mapeiam a sintaxe em um domínio fonológico, a fonologia opera
somente sobre este domínio e não tem acesso à informações sintáticas propriamente ditas.
Especificamente, as autoras usam as categorias vazias para argumentar contra uma análise
fonológica que levem em consideração informações sintáticas para além do mapeamento,
como fazem, por exemplo, Selkirk 1972, Chomsy & Lasnik 1977, Jaeggli 1980. Segundo as
autoras, os estudos que defendem esta interface se dividem em dois tipos: hipótese forte
(segundo a qual “all empty elements have the same status that lexical itens have in
determining adjacency” (NESPOR & VOGEL 1986, p.49) e hipótese fraca (que defende que
“only certain types of empty elements, that is, those marked for case, are capable of blocking
2
the application of phonological rules that apply across words” (NESPOR & VOGEL 1986, p.
49). Os elementos que teriam a capacidade de bloquear regras seriam PROs, vestígios-Wh e
vestígios de clíticos, e as autoras chamam a atenção de que estes elementos não são todos do
mesmo tipo, já que vestígio-WH é claramente marcado para caso, enquanto que os vestígios
de clíticos são ainda tema de debate na literatura sobre sintaxe em ter ou não caso. No caso do
vestígio de clíticos, as autoras mostram que, em italiano, o Raddoppiamento Sintattico ocorre
independentemente de haver um vestígio no contexto (cf. (1ab)). As regras de Gorgia Toscana
e Espirantização Intervocálica são utilizadas para mostrar que os processos ocorrem mesmo
quando há um PRO no contexto (cf. (2)-(3)). Finalmente, as mesmas regras de
Raddoppiamento Sintattico e Gorgia Toscana podem ser aplicadas entre vestígio-Wh, o que
eliminaria a hipótese fraca (cf (4)-(5): 2
(1)a. Ne compreró tCL [s:]ubito. (<[s]ubito)
b. Ne voglio comprare metá tCL [s]subito.
(2) Tu daí da mangiare al puma australiano e io a quello PRO [ɸ]eruviano. (<[p]eruviano)
(3) Hanno transcurato l’armadillo zoppo per concertrarsi tutti su quello PRO []eco. (<[t]eco)
(4) Cosa filmerá tWH [d:]omani? (< [d]omani)
(5) Chi hai fotografato tWH [h]ol pappagallo sulla spalla? (<[k]ol)
As autoras terminam chamando a atenção que uma outra análise seria assumir que ao
menos para um subgrupo de regras do componente fonológico, poderia ser o caso de este ser
sensível às categorias vazias e que, neste caso, seria necessária uma análise de todas estas
regras.
Uma das regras que as autoras não discutem é um dos fenômenos mais conhecidos em
inglês, o wanna-contraction, e que inúmeras análises defendem ser sensível à categoria vazia
interveniente no contexto (cf (6)-(8)): 3
(6) who do you want PRO to kiss t ?
who do you wanna kiss t ?
(7) who do you want tWH to kiss you ?
* who do you wanna kiss you?
(8) him I want tNP to look at the chickens
* him I wanna look at the chickens
A questão, neste caso, é descobrir o que nestas categorias sintáticas pode estar
afetando a aplicação da regra, pois as propriedades destas categorias são redefinidas conforme
haja mudanças no quadro teórico. Para Jaeggli (1980) – que assume Chomsky 1982) – o traço
de caso é importante, pois PRO difere de vestígio-WH e vestígio-NP por não ter caso. No
entanto, para Chomsky (1995), PRO é marcado com Caso nulo, enquanto que vestígio passa a
ser analisado como uma cópia do elemento movido. Para Hornstein (1999), por outro lado,
PRO controlado também deve ser tratado como um vestígio do elemento que o controla.
2
3
Exemplos (1)-(5) de Nespor & Vogel (1986).
O asterisco indica a agramaticalidade fonológica.
3
Nestas duas análises, a noção de caso deixa então de ser o que poderia explicar o “wanna –
contraction”.
No caso do português brasileiro, Ferreira (2000) defende que o pronome nulo que
ocupa a posição de objeto não tem traço de caso. Santos (1997, 2003) Nunes & Santos (2009),
mostram que, para aqueles que aceitam a retração acentual no português brasileiro, há uma
clara direcionalidade nos julgamentos: pode-se ou aceitar a retração independentemente do
elemento vazio, ou nunca aceitar a retração independentemente do elemento vazio, mas se há
distinção na aceitabilidade da regra nas sentenças, é sempre de modo que a regra é possível
quando a categoria sintática interveniente é um vestígio-NP, mas não quando é um pro (cf. (9)
e (10) respectivamente):
(9) a. * [a prova]i,eu LEMbrei proi Ontem
b. [esse cargo]i eu sei que o Carlos PERdeu __i ONtem
(10) a. [da prova]i eu LEMbrei ti Ontem
b. * [esse cargo]i eu tive a confirmação [de que o Carlos PERdeu proi ONtem]
3 Degeminação, elisão e ditongação em português brasileiro
Antes de apresentar as especificidades das regras de degeminação, elisão e ditongação
em português brasileiro, cumpre chamar a atenção para duas características em comum (além
do fato de envolverem duas vogais adjacentes pertencentes a duas palavras diferentes). Em
primeiro lugar, nenhuma destas regras é sensível à informação morfológica – cf. a
possibilidade de apagamento ou ditongação da vogal temática em (11):
(11) a. Degeminação
b. Elisão
c Ditongação
meNIno hoRRÍvel
meNIna esPERta
meNIno aLEgre
>>
>>
>>
menin[o]rrível
menin[e]sperta
menin[wa]legre
Em segundo lugar, de acordo com Tenani (2002), as regras de sândi externo em
português brasileiro são obrigatórias somente dentro de frases fonológicas; em outros
contextos prosódicos elas são opcionais. Tal fato é ilustrado pelo contraste entre (12) – em
que o contexto está entre frases fonológicas - e (13) – em que o contexto está dentro de uma
frase fonológica -:
(12)a.[eu vi
[o
b. Ditongação:
c. Elisão:
d. Não aplicação:
(13) a.[eu
vi
φ[o
Ele fingiu ]
não me VER]I
meNIno]φ]I I[φ [ e
eu vi o [mi’ni.nwi.’e.li] fingiu não me ver.
eu vi o [mi’ni.ni.’e.li] fingiu não me ver.
eu vi o [mi’ni.nu.i.’e.li] fingiu não me ver.
meNIno
esPERto ]φ ]I
4
b. Ditongação:
eu vi o [ mi’ni.nwis.’pɛɾ.tu]
c. Elisão:
eu vi o [mi’ni.nis.’pɛɾ.tu]
d. Não aplicação: *eu vi o [ mi’ni.nu.is.’pɛɾ.tu]
O contexto para a aplicação de sândi em (12a) envolve dois sintagmas entoacionais e
nós podemos aplicar ou a ditongação (cf. (12b)) ou a elisão (cf. (12c)). Também pode ocorrer
de nenhum processo ser aplicado (cf. (12d)). Por outro lado, a estrutura em (13a) pode ser
ditongada (cf. (13b)) ou sofrer elisão (cf. (13c)), mas a não aplicação de nenhum processo cria
um output agramatical fonologicamente (cf. (13d)).
Abaixo as propriedades prosódicas e segmentais de cada regra são discutidas
separadamente.
3.1 Elisão
A elisão em português brasileiro apaga a primeira vogal, 4 que deve ser uma vogal
fraca /a/ seguida por outra vogal que não /a/, de acordo com Bisol (2003). 5 Ao menos para o
dialeto paulista, com o qual estamos trabalhando aqui, a elisão pode ser aplicada sempre que a
primeira vogal é [+alta] e [+posterior] (/o/) e a segunda vogal é /a/, como em (14) (cf.
SANTOS 2007). Portanto, assumo que, no dialeto paulista, a regra de elisão requer que a
primeira vogal seja fraca e [+posterior] e a segunda vogal seja diferente da primeira.
(14) gaROto
aLEgre
>>
[ga’ɾota’lɛgɾi]
No que diz respeito às proeminências envolvidas, Abaurre, Galves & Scarpa (1999)
mostram que a elisão é aplicada se ambas as sílabas são fracas (cf. (14)) ou se a primeira
sílaba é fraca e a segunda carrega acento de palavra – mas não pode ser o acento principal da
frase fonológica (cf. (15)). Assim, a elisão é bloqueada sempre que a primeira sílaba carregar
acento de palavra (cf. (16) e (17)) ou se a segunda sílaba carregar acento de frase fonológica
(cf. (18) vs. (15)):
[ERvas
(15) [ eu [masTIgo]φ
aMARgas]φ]Ι
>>
[mas.´tʃi.’gɛɾ.va.za.’maɾ.gas]
(16) [ele [compraRÁ
omeLEtes]φ]Ι
>>
* [kõw.pɾa.’ɾo.me.’lɛ.tʃis]
(17) [ele [compraRÁ]φ
[Ovos QUENtes ]φ]Ι
>>
* [kõw.pɾa.’ɾɔ.vus.‘kẽj.tʃis]
>>
* [mas.´tʃi.’vɛɾ.vas]
(18) [eu [masTIgo
ERvas ]φ [no
jarDIM]φ]I
3.2 Degeminação
A degeminação ocorre entre duas vogais de diferentes sílabas que tenham as mesmas
características segmentais, resultando em uma sílaba CV. De acordo com Bisol (1996), a
degeminação em português brasileiro envolve a fusão de duas vogais, que pode ser seguida de
4
Veja Casali (1997) para o apagamento da primeira ou segunda vogal em diferentes línguas.
Bisol (1996) sugere que embora seja possível aplicar a elisão com outras vogais, a regra não é geral. No
entanto, a autora não explicita que outras vogais e em que contextos.
5
5
um encurtamento do segmento fundido. Não há restrição quanto às propriedades segmentais
das vogais, isto é, tanto vogais reduzidas como plenas sofrem degeminação.
No que diz respeito às proeminências das sílabas envolvidas, a regra pode ser aplicada
entre duas sílabas fracas (cf. (19)), uma forte e uma fraca (cf. (20)), ou uma fraca e uma forte
(cf. (21)), mas não entre duas fortes (cf. (22)), ou se uma das sílabas carrega a proeminência
entoacional (cf. (23) e (24)):
(19) [eu comprei [um QUAdro
(20) [ ele [ falaRÁ
hoRRÍvel]φ ]Ι
>>
amaNHÃ]φ ]Ι
>>
(21) [ela é [uma meNIna]φ
[ALta deMAIS]φ]I
(22) [ele falaRÁ]φ
[ALto deMAIS]φ]I
(23) [ ele [SAbe
Isso]φ]Ι
(24) [[a meNIna falaRÁ]φ]Ι [[a MÃE ficaRÁ quiEta]φ ]Ι
>>
>>
>>
>>
[´kwa.dɾo.’xi.vɛw]
[fa.la.´ɾa.mã.´ɲã]
[me.'ni.'naw.ta.de.'mais]
* [fa.la'raw.to.de.'majs]
* [´sa´bi.su]
*[fa.la'ra.mãj]
3.3 Ditongação
A ditongação é aplicada em contextos de duas vogais, desde que uma delas seja
[+alta], e é a única regra de sândi que não resulta em uma sílaba CV. Lopes (1979), Bisol
(1999) e Mateus & D'Andrade (2000) propõem que nos ditongos crescentes (que resultam de
uma seqüência V[+alta] + V), o glide preenche a posição de ataque da sílaba, tanto em
português europeu quanto brasileiro. Os principais argumentos em favor desta proposta
envolvem a interação da ditongação com outras regras fonológicas. Por exemplo, a
nasalização é espalhada para os seguimentos da rima; se o glide do ditongo crescente
estivesse na rima, ele deveria ser nasalizado. No entanto, isto não acontece. No que respeita
aos ditongos decrescentes (que resultam de uma seqüência V + V[+alta]), assume-se que o glide
preencha a posição do núcleo em português europeu e brasileiro (veja CÂMARA JR. 1970 e
MATEUS & D'ANDRADE 2000). Tal posição na estrutura sílábica explicaria porque /ɾ/
ocorre depois de uma sílaba CVgl – como em ‘ouro’ , mas não depois de uma sílaba CVC,
como em ‘ Israel’.
No que se refere às proeminências relevantes na aplicação da regra, Bisol (2003)
mostra que a ditongação em português brasileiro deve ser aplicada entre duas sílabas fracas
(cf. (25)), uma sílaba forte e uma fraca (cf. (26)), uma sílaba fraca e uma forte (cf. (27)), ou
duas sílabas fortes (cf. (28)). Entretanto, a regra é bloqueada se a segunda sílaba porta acento
entoacional, como em (29) (entre uma sílaba fraca e uma forte) e em (30) entre duas sílabas
fortes) – cf. Abaurre, Galves & Scarpa (1999):
(25) [eu vi [o maCAco
afriCAno ]φ]Ι
>>
[ma.´ka.kwa.fɾi.’kã.nu]φ
(26) [eu comi [caJU
estraGAdo]φ ]Ι
>>
[ka.´ʒujs.tɾa’ga.du]
(27) [ [o moLEque
Arabe ]φ [saIU] φ ]I
>>
[o.mu’lɛ’kja.ɾa.bi. sa.iw]
(28) [ eu [coMI]φ
[Uvas FREScas]φ]I
>>
[ko.’mju.vas.’fɾes.kas]
>>
*[mu´lɛ.’kja.ɾa.bi]
*[ko.’mju.vas.]
(29) [eu vi [o moLEque
(30) [eu [coMI
Arabe]φ]Ι
>>
Uvas]φ]Ι
6
Há contextos em que tanto a ditongação quanto a elisão podem ser aplicadas. O
contexto relevante em (31a), por exemplo, envolve duas sílabas fracas, uma delas é
[+posterior] – o que preenche o requerimento para a elisão, gerando (31b) – e a outra é [+alta]
– o que preenche o requerimento para a ditongação, gerando (31c). Em casos como este, os
adultos podem aplicar uma ou outra regra:
(31) a. eu vi
o menino esperto
b. eu vi o [ mi’ni.nis.’pɛɾ.tu]
c. eu vi o [ mi’ni.nwis.’pɛɾ.tu]
4 Hipóteses
Uma vez que trabalhos anteriores meu sobre a retração acentual apontaram uma
diferença fonológica quando estas duas categorias estão envolvidas (cf. SANTOS 1997, 2003,
NUNES & SANTOS 2009), minhas hipóteses são:
a. Sentenças com vestígio terão um comportamento similar.
b. Sentenças com pro terão um comportamento diferente daquelas com vestígio.
c. Se sentenças com ‘não é claro’ se comportarem como sentenças com pro e
diferentemente de sentenças com vestígio, tem-se uma pista de que ‘não é claro’ é um
tipo de pro.
d. Se sentenças com ‘não é claro’ se comportarem como sentenças com vestígio e
diferentemente de sentenças com pro, tem-se uma pista de que ele é um tipo de
vestígio.
5 Metodologia
Inicialmente, o experimento deveria ter 3 tipos de sentenças: sentenças com pro (cf.
(32)), sentenças com vestígio (cf. (33)), e sentenças compatíveis com os dois tipos de
categorias vazias (cf. (34)).
(32)
(33)
(34)
[esse filme]i o José procura o cinema que passa pro inteiro
[só esse filme]i o cinema passa ti inteiro
[esse filme]i, o José falou que o cinema passa ti/pro (?) inteiro
No entanto, como pode se observar entre (32)-(34), há uma diferença na quantidade de
sílabas em cada uma das sentenças, o que poderia afetar a taxa de elocução das sentenças, e
com isso a aplicação dos processos – que é opcional. Por isso, foi criado um quarto tipo de
sentença, também com vestígio, mas que tem uma quantidade menor de sílabas, como
demonstrado em (35):
(35)
[só esse filme]i o José falou que o cinema passa ti inteiro
7
Foram organizados grupos de sentenças que permitiriam ditongação (cf. (36)), elisão
(cf. (37)), ou degeminação (cf. (38))):
(36)
(37)
(38)
Só esse tipo de drink o João be[bja]li.
Só esse tipo de camisas de linho a empregada passa[ve]rrado.
Só essa palavra a criança escre[ve]rrado.
Para a análise dos processos de sândi, foram selecionados contextos de sílabas átonas
em palavras lexicais, por ser este o contexto em que os estudos sobre sândi externo serem
concordes na possibilidade aplicação (cf. BISOL 1996, ABAURRE, GALVES & SCARPA
1999, TENANI 2002, NOGUEIRA 2007, TONELI 2009). Ainda assim, não foi possível ter o
mesmo número de sentenças para todos os processos, dadas as restrições quanto às vogais
envolvidas (por exemplo, para a elisão ocorrer a primeira vogal deve ser [+posterior] – cf.
Santos 2007 – o que impedia o uso de certos tempos verbais).
Foram preparados 36 grupos, cada um com 4 sentenças, 1 de cada tipo de variável (por
exemplo, o grupo formado pelas sentenças (32)-(35)). As 144 sentenças foram organizadas
em 3 listas diferentes (havia sempre uma lista que continha 2 sentenças do grupo; por
exemplo, a sentença (32) estava na lista 1, a sentença (33) na lista 2, as sentenças (34) e (35)
na lista 3), misturadas a outras 68 sentenças distratoras – conf. Apêndice. Controlou-se a
posição das sentenças na lista, de modo que, quando houvesse duas sentenças do mesmo
grupo elas não ocorreriam próximas, e as sentenças também foram controladas quanto à
posição na lista (início, meio e fim).
Cada lista foi lida por no mínimo 10 informantes diferentes (12 informantes na lista 1,
10 informantes nas listas 2 e 3), todos paulistas (muito embora se saiba que dentro de SP há
diferentes dialetos. Por isso, foi feita uma análise estatística por informante). Para evitar o
efeito de leitura de lista, cada sentença aparecia isoladamente na tela do computador, em uma
apresentação em power point, de modo que os informantes não sabiam em que momento
estavam no teste. Os informantes foram orientados com a seguinte declaração, exibida no
primeiro slide: “Por favor, leia em silêncio cada uma das sentenças a que for apresentado.
Depois, leia em voz da forma mais natural possível.” Se os informantes hesitassem no meio
da sentença e pedissem para ler novamente, foi-lhes permiti-lo fazê-lo.
Os informantes foram gravados e o trecho de interesse foi classificado quanto à
aplicação ou não do processo fonológico possível no contexto. Os resultados foram
posteriormente analisados estatisticamente. 6
A distribuição das sentenças analisadas (num total de 1534), por processo e por
variável, é apresentada na Tabela 1. O número de sentenças não é igual porque (i) não foi
possível criar todos os contextos sintáticos devido às características segmentais e acentuais
necessárias no contexto fonológico; (ii) houve 2 sentenças que tiveram que ser
desconsideradas porque o falante hesitou no momento da leitura.
6
Agradeço a José Ramos pela análise estatística dos dados.
8
Processo
Variável
Vestígio
Vestígio 2
Pro
Não é claro
Vestígio
Vestígio 2
Pro
Não é claro
Vestígio
Vestígio 2
Pro
Não é claro
Degeminação ou ditongação
Elisão ou ditongação
Ditongação
Total
N
152
148
150
149
104
108
105
106
128
128
128
128
1534
6 Resultados
De modo geral, observou-se que não se pode identificar significância entre as variáveis
em cada processo. Os processos apresentam comportamento diferente entre si, mas
internamente, as respostas não são significativamente influenciadas pelas variáveis. As figuras
1 a 3 apresentam a distribuição das frequências de processos produzidos por processo e
variável. Percebe-se uma alta aplicação dos processos: em torno de 80% para os casos de
degeminação ou ditongação, 70% para os casos de elisão ou ditongação e 70% para os casos
em que só a ditongação era possível. Além disso, a percentagem de aplicação era muito
próxima entre as variáveis: no caso de degeminação ou ditongação, foram 86.2% de aplicação
em contexto de vestígio, 85.9% em contexto de vestígio 2, 81.1% em contexto de pro e 87.7%
em contexto não é claro. No caso de elisão ou ditongação, foram 74% de aplicação em
contexto de vestígio, 73.6% em contexto de vestígio 2, 75.9% em contexto de pro e 76.2% em
contexto não é claro. Finalmente, nos casos em que só a ditongação era possível, foram
70.3% de aplicação em contexto de vestígio, 74.2% em contexto de vestígio 2, 74.2% em
contexto de pro e 69.5% em contexto não é claro.
9
Figura 1: aplicação do processo em contextos de degeminação ou ditongação
Figura 2: aplicação do processo em contextos de elisão ou ditongação
10
Figura 3: aplicação do processo em contextos de ditongação
A análise do modelo de regressão logística comprovou a igualdade do efeito das
variáveis em cada processo, não havendo significância no efeito de variável e da interação de
variável e processo (cf. Tabela 1). Processo foi significante (p<0.0001), indicando diferença
entre os processos. A posição da frase no teste (início, meio ou fim) apresentou uma pequena
significância (p=0,0837). Mas a variável não foi significante (p=08938), nem a interação
variável e processo (p=0.6542). Uma análise de odds ratio detectou que houve uma diferença
significante entre as respostas no início e no fim do teste (p=0.0626), indicando que no fim há
mais chances (1,2 maior) de aplicação do processo do que no início (Tabela 2).
Efeito
Qui Quadrado Wald (QQ) Pr > QQ
Informante
167.8644
<.0001
4.9599
0.0837
Posição
Processo
37.6094
<.0001
0.6116
0.8938
Variável
0.6542
Interação Variável*Processo 4.1659
Tabela 1: Modelo de Regressão Logística: análise do tipo 3 de efeitos
Intervalo Confiança 95% Qui-quadrado
Estimativa Erro
Contraste
Odds ratio padrão Lim. Inf.
Lim. Sup. Wald (QQ)
Pr > QQ
0.19
0.8479
1.6343
0.9492
0.3299
Meio vs Início 1.1772
1.1955
0.11
0.9907
1.4427
3.4674
0.0626
Fim x Início
1.0156
0.09
0.8378
1.2311
0.0248
0.8748
Fim x Meio
Tabela 2: Estimativa de odds ratio e testes de resultado de posição da sentença no teste.
11
7 Discussão
Os resultados estatísticos parecem, à primeira vista, extremamente desalentadores
porque apenas uma das hipóteses não pôde ser refutada (vestígio 1 e vestígio 2 terão
comportamento similar). O grande problema que se colocou foi que as sentenças com pro
tiveram um comportamento similar àquelas com vestígio. Tal resultado impossibilita a
verificação de como se comportam aquelas sentenças com a variável ‘não é claro’, a menos
que tivéssemos um surpreendente resultado de que esta categoria apresentasse um
comportamento diferente de pro e vestígio – o que não foi o caso. Frente a estes resultados,
duas conclusões são possíveis: não há diferenças fonológicas entre as categorias sintáticas
vazias; ou as regras de sândi externo não são um bom teste para a análise de categorias
sintáticas vazias.
Tenho razões para defender a segunda conclusão. Estudos anteriores (cf. SANTOS
2002, 2003, NUNES & SANTOS 2009 entre outros) apontam que há uma diferença na
aplicação de retração acentual (caFÉ QUENte >> CAfé QUENte) a depender do tipo de
categoria sintática vazia que está entre as sílabas do contexto (no contexto Verbo-categoria
vazia-Advérbio). Todos os estudos apontam para uma direcionalidade clara na aceitação de
retração acentual: se é aceita, é aceita quando há uma categoria do tipo vestígio no contexto,
nunca quando há um pro. Assim, estes resultados levam-me para a segunda conclusão. A
questão que se pode levantar é como explicar que as regras de sândi externo não são um bom
teste, sem acabar caindo no perigoso pântano de só se aceitar como teste válido aqueles que
dão os resultados esperados. Acredito que é possível apresentar diferenças que mostrem
porque a retração acentual é um bom teste para as categorias vazias, enquanto as regras de
sândi externo não o são.
Diversos estudos (ABOUSALH 1997, SÂNDALO & TRUCKENBRODT 2002, e os
de SANTOS acima, apenas para citar aqueles sobre o português brasileiro) apontam que a
regra de retração acentual é de aplicação opcional, mas que só pode ocorrer dentro da frase
fonológica. A frase fonológica é um domínio prosódico construído a partir de informações
sintáticas (cf. SELKIRK 1984, NESPOR & VOGEL 1986). As regras de sândi externo, por
outro lado, ocorrem em qualquer contexto em que haja os segmentos necessários (encontro de
duas vogais em sílabas de palavras diferentes); isto é, podem ocorrer entre palavras, entre
frases fonológicas, e mesmo entre duas frases, bastando que não haja pausa entre os
segmentos. Ou seja, há uma informação sobre o domínio de aplicação, mas é sobre o domínio
mínimo (entre palavras). Os resultados de Tenani (2002), de que o sândi externo é obrigatório
dentro de frase fonológica e apenas opcional nos domínios superiores não foram corroborados
em nosso experimento: todos os contextos eram contextos de frase fonológica reestruturada e,
ainda assim, encontramos casos de não-aplicação. Especificamente, nos contextos de
degeminação ou ditongação, houve uma percentagem de não aplicação de até 19%; nos casos
de elisão ou ditongação, houve até 26% de casos de não aplicação; e nos casos em que apenas
a ditongação era possível, houve até 30% de casos de não aplicação. Veja que, se a afirmação
de Tenani leva a seguinte expectativa de resultado: aplicação obrigatória em todas as
sentenças, independentemente da categoria sintática interveniente, já que todos são casos de
frase fonológica reestruturada. É possível observar que as regras não são obrigatórias mesmo
em contexto não envolvendo categorias vazias. Numa sentença como (39), o determinante e o
substantivo estão dentro de uma mesma frase fonológica (além de estarem dentro de mesmo
grupo clítico), e a degeminação não é obrigatória. Não é possível criar um contexto em que
um grupo clítico esteja entre frases fonológicas – dado o Princípio 2 de Nespor & Vogel
12
(1986) – de modo a explicar como seria possível a não ocorrência de degeminação neste
caso. 7 8
(39) Eu vi a aluna ontem >> eu vi [a.a]luna ontem.
Mais uma evidência que mostra que estas regras não são regras de frase fonológica
está nos resultados de Ludwig-Gayer (2008), sobre a distribuição dos processos de sândi
externo em São Borja. 9 A autora encontrou que, para a elisão, havia uma aplicação de 31% no
domínio de grupo clítico, 70% em frase fonológica, e 51% em enunciado. Para a
degeminação, houve uma aplicação de 67% em grupo clítico, 82% em frase fonológica, e
71% em enunciado. Finalmente, para a ditongação, houve 27% de aplicação em grupo clítico,
13% em frase fonológica e apenas 6% em enunciado. Se fosse o caso de estes processos não
levarem em conta as categorias vazias, mas levarem em conta o nível de aplicação (de forma a
que, por exemplo, quanto mais alto o domínio, mais fronteiras haveria no contexto), o
esperado seria que a aplicação fosse num crescendo da seguinte ordem: grupo clítico > frase
fonológica > enunciado. O exemplo (40) ilustra este caso: em o abacate, a única fronteira
existente é de palavra fonológica; em como o há as fronteiras de palavra fonológica e grupo
clítico; e em abacate ontem, temos fronteira de palavra fonológica, grupo clítico e frase
fonológica. 10 No entanto, em nenhum dos processos a ordem esperada ocorreu.
(40) a. [eu [[[como]w]C [[o]w [abacate]w]C]ɸ [[[hoje]w]C]ɸ]I.
Com este quadro em vista, pode-se dizer que a informação necessária para as regras de
degeminação, elisão e ditongação é morfológica (componente gramatical a partir do qual o
domínio da palavra fonológica é construído). O fato de que as regras de sândi externo podem
ocorrer entre sentenças é evidência de que a informação sintática não está sendo levada em
conta.
Se assumirmos que a gramática é derivacional, devemos também assumir que as
regras fonológicas são ordenadas, ocorrendo em momentos diferentes da derivação. Assim,
quando a regra de retração acentual ocorre, as categorias sintáticas vazias (ou o que quer que
as represente no componente fonológico) ainda estão presentes e a regra então é sensível às
diferentes categorias. Quando as regras de sândi externo são aplicadas, o que quer que
represente as categorias sintáticas vazias já foi apagado e portanto as regras ocorrem nos
contextos de forma idêntica.
Mesmo se não assumirmos uma gramática derivacional, podemos distinguir os dois
tipos de regras a depender de levarem em conta informações sintáticas. Regras que ocorrem
apenas no domínio da frase fonológica levam em conta informações sintáticas (e este é o caso
da retração acentual). Regras que são aplicadas dentro de domínios superiores à frase
fonológica (portanto no mínimo entre frases fonológicas) são insensíveis às informações
7
“Principle 2: A unit of a given level of the hierarchy is exhaustively contained in the superordinate unit of
which it is a part.” (NESPOR & VOGEL, 1986, p. 7).
8
Veja que, mesmo que se assuma Selkirk (1984), em que não há grupo clítico, não seria possível explicar este
caso, já que ‘a aluna’ formaria uma única palavra prosódica, que não poderia estar em duas frases fonológicas
diferentes.
9
Agradeço a Gisela Collischon por me chamar a atenção para a relevância deste trabalho.
10
Apresento em (40) apenas os domínios prosódicos relevantes para ilustrar a questão.
13
sintáticas (e este é o caso das regras de sândi externo) e por isso poderiam estar ignorando
informações sintáticas (como é o caso das categorias vazias).
8 Conclusões
Neste trabalho, investigamos se outras regras fonológicas entre palavras –
especificamente a degeminação, elisão e ditongação – também seriam sensíveis a diferentes
categorias sintáticas vazias, como o é a retração acentual em português brasileiro. Nossos
resultados apontaram que não é este o caso. Apenas o tipo de processo, informante e posição
da sentença no teste se mostraram relevantes para a aplicação ou bloqueio da regra. Nossos
resultados também apontaram que, contrariamente ao apontado por Tenani (2002), estas
regras são opcionais dentro de frase fonológica (se
Assim, argumento que a distribuição dos resultados ocorre sem levar em conta as
categorias sintáticas vaias porque as regras em questão não são regras do domínio de frase
fonológica, mas regras de domínio superiores.
Referências
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14
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Apêndice
Seguem abaixo as listas apresentadas aos informantes, com as distratoras e sentençasalvo, na ordem em que foram apresentadas:
Lista 1:
Talvez o Arthur coma esse bolo inteiro.
Esse número, o João contratou um mágico que apresenta agora.
A cozinheira prepara assim esses legumes.
Só bolo de chocolate, a Maria prometeu que eu faço agora.
15
Só apartamento, o corretor nunca mostra ocupado.
Esse tipo de cabelo, a Maria conhece um cabeleireiro que deixa ondulado.
O João sempre escolhe esse tipo de fruto do mar pro almoço.
Presente de aniversário, eu tenho um amigo que sempre escolhe errado.
Na sessão das dez, o cinema vai passar esse vilme.
Esse relatório, a professora disse que pede urgente.
Eu acho horrível esse tipo de blusa.
Só esse bolo, o garoto disse que talvez coma inteiro.
Só bolo de chocolate, eu faço agora.
Esse produto, eu acho que encontro amanhã.
O empacotador gosta de prender as pontas soltas embaixo.
Só melancia, o Jairo disse que come inteira.
Só esse problema, a Maria talvez resolva agora.
Esse tipo de material reciclável, o lixeiro sempre leva embora.
O Jairo come melancia inteirinha.
Essa palavra, a criança disse que escreve errado.
Só esses problemas, eu resolvo urgente.
Esse relatório, a professora disse que pedia urgente.
O João não gosta de tabular dados no computador.
Só esse tipo de fruto do mar o João disse que sempre come aqui.
O João encomenda esse material amanhã.
Esse anteprojeto, eu conversei com um senador que disse que talvez examine urgente.
Só esse produto, eu encontro amanhã.
Só esse tipo de dado, eu acho que eu nunca tabulo errado.
Esse é o departamento mais ocioso que eu conheço.
Só esses problemas eu prometi que eu resolvo urgente.
Amanhã, o João encomenda esse material.
Esse tipo de lixo, o catador disse que talvez leve embora.
Só esses relatórios, eu quero urgente.
Só esse filme, o José falou que o cinema exibe hoje na sessão das dez.
Eu prefiro enfeites ovalados.
Esse bolo, o João conhece um garoto que come inteiro.
O lixeiro sempre leva material reciclável embora.
Esse tipo de drink, a Maria disse que sempre bebe ali.
A Maria disse que usa o creme inteiro.
Só essas pontas soltas, o empacotador disse que prende embaixo.
A Maria sempre bebe esse drink no quiosque.
Esses relatórios, eu disse que eu quero urgente.
A criança disse que escreve essa palavra errado.
Esses pacotes grandes, eu confrontei a pessoa que disse que eu sempre deixo embaixo.
Talvez o catador leve esse lixo embora.
Esse documento, eu conversei com a mulher que espera urgente.
Eu como inteira essa melancia.
Esse exercício, eu conversei com a professora que disse que eu sempre faço errado.
Só esse bolo, o João come inteiro.
Esse setor, eu conversei com um gerente que acha que eu nunca mantenho ocupado.
O promotor disse que examina esses documentos amanhã.
Esse creme, a Maria disse que usa inteiro.
16
O carteiro deixa os envelopes grandes na portaria.
Esse departamento, o João acha que eu deixo ocioso.
Só esse tipo de cabelo, o cabeleireiro deixa ondulado.
Esse tipo de enfeite, eu acho que eu prefiro ovalado.
Eu nunca faço esse exercício errado.
Só apartamento, o corretor disse que nunca mostra ocupado.
Só esse setor, eu nunca mantenho ocupado.
Essa melancia, eu acho que eu como inteira.
Eu tenho um amigo que sempre escolhe presente de aniversário errado.
Só esse problema, o João disse que talvez resolva agora.
A empregada não gostava de passar as camisas de linho.
As camisas de linho, eu despedi uma empregada que passava errado.
Só esse número o mágico apresenta amanhã.
Essa proposta, eu conversei com o deputado que discute hoje na câmara.
Só esse anteprojeto, o senador talvez examine urgente.
Só esse tipo de blusa, a vendedora pensa que eu acho horrível.
A mulher espera esse documento com urgência.
Esses pacotes grandes, a Maria reprendeu o carteiro que deixa embaixo.
Só essa proposta, o deputado discute hoje na câmara.
Só esse tipo de dado, o João disse que nunca tabula errado.
Lista 2:
Só esse tipo de dado, o João nunca tabula errado.
Esse número, o mágico disse que apresenta amanhã.
O João disse que come esse bolo inteiro.
Só esse creme, a Maria disse que usa inteiro.
O corretor nunca mostra um apartamento ocupado.
Presente de aniversário, o João disse que sempre escolhe errado.
Só esse filme, o cinema exibe hoje na sessão das dez.
Esse bolo, o garoto disse que come inteiro.
Eu conheço gente que só come fruto do mar na praia.
Só esse tipo de enfeite, eu acho que eu prefiro ovalado.
Só esse tipo de dado, eu nunca tabulo errado.
Essas pontas soltas, o João encontrou um empacotador que prende embaixo.
Eu faço agora bolo de chocolate.
Só esse relatório, a professora disse que pedia urgente.
O João encontrou um empacotador que prende essas pontas soltas embaixo.
Esse tipo de dado, eu conversei com um estagiário que acha que eu nunca tabulo errado.
O João procura uma pessoa que resolva esse problema agora.
Só esse tipo de material reciclável, o lixeiro disse que sempre leva embora.
Só melancia, o Jairo come inteira.
Esse tipo de cabelo, o cabeleireiro disse que deixa ondulado.
A vendedora acha horrível esse tipo de blusa.
Esse bolo, o João conhece um garoto que talvez coma inteiro.
Eu resolvo esses problemas urgente.
Esse filme, eu encontrei um cinema que exibe hoje na sessão das dez.
Só esse tipo de material reciclável, o lixeiro sempre leva embora.
Só esse tipo de drink, a Maria disse que sempre bebe ali.
17
A Maria sempre bebe esse tipo de drink no jantar.
Esse tipo de dado, o João tem um estagiário que nunca tabula errado.
Só o relatório, a professora pedia urgente.
Esse tipo de blusa, eu conversei com uma vendedora que pensa que eu acho horrível.
Amanhã, eu acho que eu só encontro esse produto.
Só esse relatório, a professora disse que pede urgente.
A Maria disse que usa esse creme inteiro.
Apartamento, eu conheço um corretor que nunca mostra ocupado.
Só melancia, eu como inteira.
Só esse departamento, o João acha que eu deixo ocioso.
A professora pediu o relatório com urgência.
Só essa palavra, a criança disse que escreve errado.
Eu acho que eu prefiro esse tipo de enfeite ovalado.
Esses pacotes grandes, eu acho que eu sempre deixo embaixo.
Só essa palavra, a criança escreve errado.
Melancia, eu conheço um homem que come inteira.
Talvez o catador leve esse lixo embora.
Esse exercício, a professora disse que eu sempre faço errado.
O João acha que eu deixo esse departamento ocioso.
Esse setor, o gerente disse que eu nunca mantenho ocupado.
Eu quero esses relatórios urgente.
Esse anteprojeto, o senador disse que talvez examine urgente.
O mágico disse que apresenta esse número amanhã.
Esse problema, o João procura uma pessoa que talvez resolva agora.
Hoje, o deputado vai discutir a proposta na câmara.
O bolo de chocolate, a Maria conversou com a minha mãe que prometeu que eu faço agora.
Só esse exercício, eu sempre faço errado.
Só esse tipo de lixo, o catador disse que talvez leve embora.
O cabeleireiro disse que alisa cabelo ondulado.
Esses problemas, a secretária conversou com um supervisor que disse que eu resolvo urgente.
Só presente de aniversário, o João sempre escolhe errado.
Só esses relatórios, eu disse que eu quero urgente.
O garoto disse que come esse bolo inteiro.
Essa proposta, o deputado confirmou que discute hoje na câmara.
Só as camisas de linho, a empregada passava errado.
Só essa melancia, eu acho que eu como inteira.
O gerente disse que eu nunca mantenho esse departamento ocupado.
Esse tipo de fruto do mar, eu conheço uma pessoa que sempre come aqui.
O carteiro deixa esses pacotes grandes na porta.
As camisas de linho, a empregada disse que passava errado.
Só esse documento, a mulher espera urgente.
Só esse produto, eu acho que eu encontro amanhã.
Eu sempre deixo embaixo da pia esses pacotes grandes.
Esses pacotes grandes, o carteiro disse que deixa embaixo.
O senador vai examinar o anteprojeto urgente.
Esse documento, a mulher disse que espera urgente.
Lista 3:
18
A cozinheira prepara esses legumes assim.
Só esse número, o mágico disse que apresenta amanhã.
Só esse bolo, o João talvez coma inteiro.
Esse departamento, eu conversei com o chefe que acha que eu deixo ocioso.
O corretor nunca mostra um apartamento ocupado.
Melancia, o Jairo disse que come inteira.
O João não gosta de tabular dados na internet.
Só esse documento, a mulher disse que espera urgente.
Eu resolvo urgente esses problemas.
Essa melancia, eu tenho um amigo que diria que eu como inteira.
O chefe trata assim seus subordinados.
Só esse bolo, o garoto disse que come inteiro.
Só esse tipo de fruto do mar, a Maria sempre come aqui.
Esse tipo de dado, o João disse que nunca tabula errado.
Talvez o João resolva o problema agora.
Esse tipo de lixo, o João conversou com um catador que talvez leve embora.
Só essas pontas soltas, o empacotador prende embaixo.
Esse tipo de fruto do mar, o João disse que sempre come aqui.
O cinema vai passar o filme na sessão das dez.
Esse filme, o José falou que o cinema exibe hoje na sessão das dez.
Eu faço bolo de chocolate amanhã.
Esses relatórios, a secretária conversou com um estagiário que acha que eu quero urgente.
Só esse tipo de blusa eu acho horrível.
Só presente de aniversário, o João disse que sempre escolhe errado.
A criança escreve errado essa palavra.
Esses problemas, eu prometi que eu resolvo urgente.
Só esse tipo de drink, o João sempre bebe ali.
Esse bolo, o garoto disse que talvez coma inteiro.
O lixeiro levou o material reciclável embora.
Só esse tipo de cabelo, o cabeleireiro disse que deixa ondulado.
Só esse tipo de lixo, o catador talvez leve embora.
Bolo de chocolate, a Maria prometeu que eu faço agora.
Só esse relatório,a professora pede urgente.
Esse tipo de drink, eu conheço uma pessoa que sempre bebe ali.
Eu encontrei o produto na feira.
Esse problema, o João disse que talvez resolva agora.
Eu acho essa blusa horrível.
Só esse setor, o gerente disse que eu nunca mantenho ocupado.
Só esse tipo de enfeite, eu prefiro ovalado.
Só essa proposta, o deputado confirmou que discute hoje na câmara.
A professora corrigiu a criança.
Esse relatório, o aluno procura a professora que pede urgente.
Só esse departamento, eu deixo ocioso.
Só as camisas de linho, a empregada disse que passava errado.
A professora pediu o relatório urgente.
Esse tipo de enfeite, eu conversei com uma vendedora que acha que eu prefiro ovalado.
Só esse creme a Maria usa inteiro.
Esse relatório, eu reclamei da professora que pedia urgente.
19
Amanhã,o mágico disse que apresenta esse número.
Só esses pacotes grandes, o carteiro disse que deixa embaixo.
O gerente nunca promove esse setor.
Apartamento, o corretor disse que nunca mostra ocupado.
Só esses pacotes grandes, o carteiro deixa embaixo.
Essas pontas soltas, o empacotador disse que prende embaixo.
Amanhã, o pedreiro vai encomendar os tijolos.
Só esses pacotes grandes, eu acho que eu sempre deixo embaixo.
Hoje, o deputado discutiu a proposta na câmara.
Esse tipo de dado, eu acho que eu nunca tabulo errado.
Só esses pacotes grandes, eu sempre deixo embaixo.
Esse tipo de blusa, a vendedora pensa que eu acho horrível.
O Arthur comeu o bolo inteiro.
Só esse exercício, a professora disse que eu sempre faço errado.
A empregada passa errado as camisas de linho.
Esse produto, eu encontrei alguém que disse que eu encontro amanhã.
Eu sempre faço esse exercício errado.
Essa palavra, a professora corrigiu a criança que escreve errado.
O João comprou o presente de aniversário errado.
Só esse anteprojeto, o senador disse que talvez examine urgente.
O cabeleireiro vai alisar o cabelo ondulado.
Esse tipo de material reciclável, eu sempre encontro alguém que leva embora.
Talvez o senador examine o anteprojeto urgente.
Esse creme, eu conheço uma mulher que usa inteiro.
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