Untitled - Sinduscon-SP

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Untitled - Sinduscon-SP
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
EDITORIAL
Déficit habitacional caiu
Sergio Watanabe*
P
ela primeira vez desde o início dos
estudos sobre o tamanho do déficit
habitacional brasileiro, o SindusCon-SP e a Fundação Getulio Vargas chegaram a números relativos aos anos de
2007 e 2008 que dão uma dimensão mais
aproximada da realidade das carências
habitacionais no país.
Houve duas mudanças metodológicas importantes:
1) agora, o déficit habitacional é calculado pela soma das moradias inadequadas (habitações em favelas e cortiços, domicílios improvisados e rústicos)
com apenas aquelas em que existe coabitação involuntária (moradias em que
convivem famílias onde uma delas manifestou o desejo de se mudar). Antes, toda
moradia onde havia coabitação era considerada parte do déficit, mesmo aquela
onde não havia desejo de mudança, porque o número de quantos coabitavam
involuntariamente não era conhecido. Ao
excluir da contagem a parcela da coabitação voluntária, esta mudança metodológica reduziu a estimativa do déficit habitacional.
2) os pesos amostrais da pesquisa
mudaram a partir da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios) de
2007, devido à recontagem da população pelo IBGE em 2006. Ela mostrou um
número menor de famílias do que se supunha, o que também reduziu a estimativa do déficit habitacional.
Assim, a nova estimativa relativa a
2007 apontou não mais um déficit de
7,123 milhões de unidades habitacionais,
mas sim de 5,760 milhões de moradias.
Este número é a soma de 3,495 milhões de moradias inadequadas com
2,265 milhões de famílias em coabitação
que manifestaram o desejo de se mudar.
Mas apenas política
que garanta recursos
permanentes logrará
resolver o problema
Em 2008, o número do déficit habitacional absoluto caiu, devido ao declínio
do número de famílias em coabitação.
Contudo, o número de moradias inadequadas aumentou um pouco.
A estimativa é de que em 2008 houve
um déficit habitacional de 5,572 milhões
de unidades habitacionais (queda de
3,3% em relação a 2007).
Este número é a soma de 3,552 milhões de moradias inadequadas (aumento de 1,6%) com 2,020 milhões de famílias em coabitação que manifestaram o
desejo de se mudar (queda de 10,8%).
A diminuição do número de famílias
em coabitação deve-se a vários fatores.
Desde 2006, a quantidade de novas residências vem superando o número de
novas famílias. Em 2008, para 1,434 mi-
lhão de novas famílias, foi construído
1,778 milhão de novas habitações. Adicionalmente, a maior oferta de crédito, a queda dos juros habitacionais, as melhores
condições de amortização dos financiamentos imobiliários e o aumento da renda contribuíram para a redução da coabitação, sobretudo no segmento de 4 salários mínimos para cima.
Já o aumento das moradias inadequadas se deve basicamente ao fato de
as favelas não terem se reduzido. São 2,1
milhões de moradias que se situam em
favelas. De 2005 a 2008, aumentou em
110 mil o número de domicílios em favelas. O programa habitacional Minha Casa
Minha Vida, que contempla subsídios
para as faixas de renda mais baixas, só
começou em 2009 e deverá entregar as
primeiras unidades em 2010.
Outro dado particularmente relevante para a construção paulista é que, do
déficit habitacional de 5,572 milhões de
moradias, 1,139 milhão situa-se no Estado de São Paulo.
Vale destacar que 80% do déficit habitacional nacional é constituído por famílias com renda de até 3 salários mínimos. Isso confirma o que o SindusConSP tem defendido: apenas uma política
de Estado, que subsidie a habitação de
baixa renda e ultrapasse o período do
mandato do governo de plantão, será
capaz de proporcionar moradia digna a
todos os brasileiros.
* PRESIDENTE DO SINDUSCON-SP
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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ESCREVA PARA
ESTA SEÇÃO
VOZ
DO
[email protected]
Fax (11) 3334-5646
R. Dona Veridiana 55, 2º andar
01238-010 São Paulo
LEITOR
CONGRATULAÇÕES
Encaminho cópia do requerimento de autoria
do vereador Dilermando Dié (PSDB), aprovado
por unanimidade na Câmara Municipal de São
José dos Campos, registrando a publicação da
edição de outubro da revista Notícias da Construção e parabenizando a equipe responsável. “Destacamos a importante iniciativa das lideranças
em buscar a união das entidades da construção
para o fortalecimento do setor. Nossos cumprimentos à equipe responsável pelo excelente conteúdo
do informativo”, diz o requerimento.
Vereador Alexandre da Farmácia (Presidente
da Câmara Municipal de São José dos Campos)
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Capa
19
Imobiliário
Construtoras
e fornecedores
ganham com os
convênios da
CompraCon-SP
Seminário apresenta regras para helipontos
20
SindusCon-SP 75 anos
Presidente
SERGIO TIAKI WATANABE
Vice-presidentes
CRISTIANO GOLDSTEIN
DELFINO PAIVA TEIXEIRA DE FREITAS
FRANCISCO ANTUNES DE VASCONCELLOS NETO
HARUO I SHIKAWA
JOSÉ ANTONIO MARSILIO SCHWARZ
JOSÉ CARLOS MOLINA
JOSÉ ROBERTO PEREIRA ALVIM
LUIZ ANTÔNIO MESSIAS
MARCOS R OBERTO C AMPILONGO CAMARGO
MARISTELA ALVES LIMA HONDA
MAURICIO LINN BIANCHI
ODAIR GARCIA SENRA
PAULO BRASIL BATISTELLA
Diretores das Regionais
JOSÉ BATISTA FERREIRA (RIBEIRÃO PRETO)
JOSÉ ROBERTO ALVES (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS)
LUÍS GUSTAVO RIBEIRO (PRESIDENTE PRUDENTE)
LUIZ CLÁUDIO MINNITI AMOROSO (CAMPINAS)
RENATO TADEU PARREIRA PINTO (BAURU)
PAULO PIAGENTINI (SANTO ANDRÉ)
RICARDO BESCHIZZA (S ANTOS)
RONALDO DE OLIVEIRA LEME (SOROCABA)
SILVIO BENITO MARTINI FILHO (SÃO JOSÉ DO RIO PRETO)
Representantes junto à Fiesp
Titulares:
EDUARDO C APOBIANCO, JOÃO C LAUDIO ROBUSTI
Suplentes:
SERGIO PORTO, ARTUR QUARESMA FILHO
Assessoria de Imprensa
RAFAEL MARKO - (11) 3334-5662
NATHALIA BARBOZA - (11) 3334-5647
A expansão na gestão de Julio Capobianco
Custo-benefício é compensador
A opção pode ser importar
Já são 12 os convênios assinados
Missão é desenvolver a cadeia
Batimat tem estande do SindusCon-SP
12
Perspectivas
Construção deve crescer 8,8% em 2010
Favela é desafio do déficit habitacional
Setor quer PEC da Habitação
Burocracia é o grande obstáculo
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Habitação
SindusCon-SP no Conselho de Habitação
27
Meio ambiente
Aquecedores solares serão estudados
30
SindusCon-SP em Ação
Osasco apresenta Operação Urbana
MBA da Construção abre inscrições
MP fará seminários para a construção
Espanhóis visitam SindusCon-SP
35
Notícias das Regionais
Ribeirão festeja 75 anos do SindusCon-SP
Santos investe em segurança
Seconci tem unidade em Santo André
Bauru debate financiamento
Cursos orientam sobre protetor solar
Rio Preto ensina sobre NF-e
COLUNIST
AS
COLUNISTAS
CONSELHO EDITORIAL: DELFINO TEIXEIRA DE FREITAS,
EDUARDO MAY ZAIDAN, JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO, MAURÍCIO LINN BIANCHI, FRANCISCO ANTUNES DE VASCONCELLOS
NETO, ODAIR SENRA, SALVADOR BENEVIDES, SERGIO PORTO
SUPERINTENDENTE: RICHARD OUANG
GERÊNCIA DE MERCADO: IGOR ARCHIPOVAS
SECRETARIA: MARCIA LAURINO
EDITOR RESPONSÁVEL: RAFAEL MARKO
REDAÇÃO:
NATHALIA BARBOZA (SÃO PAULO)
COM COLABORAÇÃO DAS R EGIONAIS :
NERLI PERES (SOROCABA)
ANDRE LUIZ RESENDE, MARCIO JAVARONI (RIBEIRÃO PRETO)
SUELI OSÓRIO (SANTO ANDRÉ)
ESTER MENDONÇA E ANA LÍGIA PASCHOALETTI
(SÃO JOSÉ DO RIO PRETO)
GISELDA BRAZ (SANTOS)
HOMERO FERREIRA (PRESIDENTE PRUDENTE)
JOSÉ CARLOS DUCATTI (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS)
VILMA GASQUES (CAMPINAS)
SABRINA M AGALHÃES (B AURU )
COMUNICAÇÃO:
MARCELO DA COSTA FREITAS/CHEFE DE ARTE
JECYANE C OSTA /PRODUTORA GRÁFICA
SANDERS CAPARROZ GIULIANI, ELAINE CRISTINA STEOLLA/
DESIGNERS GRÁFICOS; TEREZA CRISTINA PAIÃO/WEB DESIGNER
PUBLICIDADE:
Vanessa Dupont
[email protected]
Tel. (11) 3334-5627
[email protected]
Tel. (11) 9212-0312
5
PAULO GALA - CONJUNTURA
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GIANFRANCO PAMPALON - SEGURANÇA DO TRABALHO
16
CELSO PETRUCCI - FINANCIAMENTO
34
JOSÉ CARLOS BAPTISTA PUOLI - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
18
MARIA ANGELICA LENCIONE PEDRETI - GESTÃO
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ALEXANDRE TADEU NAVARRO GONÇALVES - JURÍDICO
24
LUIZ HENRIQUE CEOTTO - QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
38
JOÃO FELÍCIO MIZIARA FILHO - PREVENÇÃO E SAÚDE
26
MARIA ANGELICA COVELO SILVA - GESTÃO DA OBRA
40
ANTONIO JESUS DE BRITTO COSENZA - MARKETING
Tiragem desta edição: 9
VAHAN AGOPYAN - INOVAÇÃO
As opiniões dos colaboradores não refletem
necessariamente as posições do SindusCon-SP
ENDEREÇO:
R. DONA VERIDIANA, 55, CEP 01238-010 SÃO PAULO-SP
CENTRO DE ATENÇÃO AO ASSOCIADO
TEL. (11) 3334-5600
CTP/ IMPRESSÃO: LEOGRAF
28
PEDRO LUIZ ALVES - MOTIVAÇÃO
42
MIL EXEMPLARES
[email protected]
www.sindusconsp.com.br
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
CONJUNTURA
O que esperar de 2010
Paulo Gala*
O
ano de 2010 será marcado pela
volta dos elevados déficits em
conta corrente. Depois de uma
sequência de cinco anos com superávits,
iniciada em 2003, o país voltou a ter moderados déficits em 2008 e 2009. Tudo
leva a crer, entretanto, que em 2010 teremos um déficit maior do que 3% do PIB.
A retomada do nível de atividade econômica, com crescimento do consumo,
investimentos e gastos do governo, aliada à forte apreciação da taxa de câmbio
dos últimos meses, produzirá um pequeno déficit na balança comercial. Some-se
a isso a balança de serviços, que deverá
ser fortemente deficitária devido às remessas de lucro para o exterior, juros e
turismo, e chegaremos a um nível bem
maior de déficit em contas correntes.
Os dados recentes já davam uma indicação desse processo. O Brasil registrou em outubro o maior déficit mensal do
ano nas suas transações correntes com
o resto do mundo. O resultado total da
conta corrente foi deficitário em US$ 2,911
bilhões no mês.
Na comparação dos meses de outubro de 2008 e 2009, o déficit corrente subiu de US$ 1,239 bilhão para US$ 2,911
bilhões, principalmente devido à elevação dos gastos líquidos com serviços e
remessas de rendas. Nessa rubrica, as
despesas líquidas subiram de US$ 3 bilhões para US$ 4,4 bilhões.
Com esse resultado, o déficit acumulado no ano atingia US$ 14,788 bilhões,
confirmando a previsão de que o país teria saldo negativo em suas transações
correntes pelo segundo ano consecutivo.
O déficit acumulado no ano ainda estava
menor do que no mesmo período de 2008
(US$ 24,122 bilhões).
Vale destacar: a qualidade do financi-
Maior déficit em
conta corrente
prenuncia mais
volatilidade cambial
amento do déficit em 2009 é melhor, por
ser mais do que coberto por investimentos estrangeiros diretos (IED). Até outubro, as transações correntes foram responsáveis por saídas de US$ 14,788 bilhões, enquanto o ingresso líquido de IED
era de US$ 19,25 bilhões.
A queda ocorrida nas transações correntes em comparação com os dez primeiros meses de 2008 deve-se, em parte, à ligeira recuperação do saldo comercial, que subiu de US$ 20,92 bilhões para
US$ 22,64 bilhões. Também contribuiu
uma pequena melhora da balança de
serviços e rendas que apresentou resultado menos negativo (o déficit recuou de
US$ 48,415 bilhões para US$ 40,088 bilhões). Esse comportamento foi provavelmente influenciado pela desvalorização
do real no início do ano, fato que vem
sendo revertido com muita força nos meses recentes. A brutal queda de atividade
econômica interna como consequência
da crise também contribuiu, pois desestimulou importações e gastos no exterior.
No agregado, o balanço de pagamentos continua apresentando superávits. O
saldo de outubro foi positivo em US$ 9,2
bilhões. A conta capital e financeira apresentou superávit de US$ 11,7 bilhões
superando muito o déficit das transações
correntes. Destacaram-se no mês os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros em carteira, US$ 17,1 bilhões, grande parte direcionada à bolsa de valores.
Ou seja, nossos déficits comerciais e
de serviços tendem a ser cada vez mais
financiados pelos fluxos de capital. Em
2010, observaremos um forte aumento de
déficit em conta corrente financiado por
forte aumento de fluxo de capital estrangeiro para a economia brasileira. O que
significará isso em termos práticos? Muito mais volatilidade no câmbio. Enquanto
a mania de Brasil perdurar, recursos serão abundantes. Qualquer soluço lá fora
ou mudança de idéia em relação às virtudes do país se traduzirão em saídas de
capital e desvalorizações cambiais.
* PROFESSOR DA ESCOLA DE ECONOMIA DE
SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
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na: paulo.gala
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CAPA
Um público de 140 pessoas, entre construtores e fornecedores, lotou o auditório do sindicato para conhecer as vantagens da CompraCon-SP
Aqui se ganha
Rafael Marko
U
m novo cenário favorável às
construtoras e aos fornecedores
de insumos do setor começou a
se tornar realidade, graças ao crescente
número de convênios firmados pela
CompraCon-SP (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de
São Paulo).
Isto ficou demonstrado no evento A
Consolidação de um Novo Cenário de
Compras, no qual representantes de
construtoras e de fornecedores apresentaram as vantagens conquistadas com
os convênios já firmados. Conduzido pelo
presidente da CompraCon-SP, Alexandre Luis de Oliveira, o encontro reuniu
140 pessoas, lotando o auditório do sindicato em novembro.
“Quando construtoras se juntam com
seus ofertantes de insumos, a cadeia
produtiva da construção sai fortalecida,
com grandes benefícios para o setor e a
sociedade”, afirmou a vice-presidente do
SindusCon-SP, Maristela Honda, ao fa-
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
“Quando construtoras e
fornecedores se unem,
quem sai fortalecida é
a cadeia produtiva”
lar em nome do presidente Sergio Watanabe.
“Formar a CompraCon-SP foi uma
idéia genial”, testemunhou o presidente
interino do Secovi-SP, Basílio Jafet. “Em
vez de só tentar juntar as construtoras
em compras conjuntas, o que é muito
difícil, a associação idealizou convênios
em que os fornecedores se comprometem com preços menores e condições
especiais de comercialização. Isso permite às construtoras economizar, repassando à sociedade a redução dos custos, e dedicar uma parcela maior de seu
tempo à concepção dos projetos, tornando-os mais produtivos.”
Para Jafet, que também assinou convênio com a CompraCon-SP por meio
da trading Comexport representada por
ele, “estamos em um jogo ganha-ganhaganha, que beneficia construtoras, fornecedores e um número crescente de
pessoas que poderão comprar imóveis
graças aos preços acessíveis”.
O mesmo benefício será atingido nas
obras públicas, afiançou no encontro o
diretor executivo da Apeop, Carlos Eduardo Jorge. “Os órgãos públicos nos obrigam a seguir tabelas de preços que nem
sempre refletem a realidade do mercado. Por isso, saber comprar bem e planejar é fundamental para as empresas do
segmento. Com a CompraCon-SP, todos
se beneficiam e os oligopólios e monopólios de fabricantes de insumos não nos
deixam reféns. O confronto é substituído
por objetivos comuns, para que todos
saiam lucrando”, comentou.
Custo-benefício é compensador
Fernandes: desenvolver novos fornecedores
Fotos: Jorge´s Estúdio Fotográfico
“Até me associar à CompraCon-SP,
eu pagava caro pelos meus insumos por
ter pouco tempo para dedicar ao planejamento das compras”, relatou no evento o conselheiro da associação, Eduardo Sobrosa. À frente da Sobrosa e Melo
Engenharia, seu foco está nos contratos por empreitada global para a construção de indústrias. Os prazos muito
curtos limitavam seu planejamento. “Os
convênios da CompraCon-SP oferecem
preços de insumos que compensam largamente o custo de se associar à entidade. Os melhores preços aumentaram
as nossas margens e elevaram a qualidade das nossas propostas, porque
agora temos mais tempo para planejar
as aquisições de insumos. O próximo
passo é desenvolver mais parceiros.”
As vantagens obtidas nas tabelas
dos convênios da CompraCon-SP possibilitam a prática de preços próximos
aos obtidos pelos grandes compradores. A constatação foi do vice-presidente da associação, Fernando Fernandes.
Sócio da Construtora Fiorese Fernandes, ele relatou no encontro que a troca
de informações entre as associadas
permite saber como está o mercado de
forma regionalizada. “Vamos nos agrupar para obter melhores preços e ampliar o número de fornecedores. Um dos
próximos alvos será o desenvolvimento
de insumos que deverão ser demandados no programa habitacional Minha
Casa, Minha Vida.”
Fernandes, Jorge, Jafet, Oliveira, Maristela e Sobrosa: união pelo aumento da produtividade
A opção de importar
Dois terços a
70% dos insumos
de uma obra têm
preços competitivos
no Brasil. Nos outros 30%, a construtora pode optar pela
importação. Entretanto, ela precisa
levar em consideração outros fatores
além do preço. Esse foi o recado passado no evento por Basílio Jafet, ao falar
pela Comexport, trading que movimenta
US$ 2 bilhões por ano e mantém convênio com a CompraCon-SP.
“É preciso atentar para a complexidade logística da importação, o Custo
Brasil, os ensaios de adequação do produto importado às necessidades nacionais, carregamento do navio, frete, impostos e entrega na obra. Portanto, viabilizar essas operações só é possível com
grande escala e planejamento de curto
prazo”, aconselhou Jafet.
CompraCon-SP
tem diversas benefícios, assegurou
no evento o representante
da
Portinari-Cecrisa,
João Pitol. Entre
estes, figura o
estreitamento do
diálogo com as construtoras, o que permite um atendimento adequado e um
melhor dimensionamento da demanda
futura.
Na mesma linha testemunhou o representante da AMG Elevadores,
Edmilson Vieira, representante dos
equipamentos da fabricante espanhola Orona, ligada à cooperativa Mondragon (uma das maiores do mundo,
que também engloba um banco e uma
universidade). “Além de ajudar a atender a demanda pelo equipamento,
estamos trazendo tecnologia e nos preocupando com um atendimento pósvenda adequado. O estoque de peças
de reposição já é suficiente para uma
distribuição por diversas capitais do
país em no máximo 24 horas”, disse.
“Viabilizar importações
só é possível com
escala e planejamento
de curto prazo”
Benefícios do fornecedor
O produtor de insumos da construção que se tornar conveniado da
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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Fornecedores mostraram seus produtos e serviços aos representantes das construtoras...
Contato direto
Ao final do evento A Consolidação
de um Novo Cenário de Compras, os
fornecedores mostraram seus produtos e serviços aos
representantes das
construtoras, em
estandes especialmente confeccionados para a ocasião.
Para se associar à CompraCon-SP,
a empresa deve entrar em contato com
seu diretor executivo, Robson Colamaria: [email protected] ou
pelo telefone (11) 3334-5678. Site:
www.compracon.com.br .
• Comexport,
trading que oferece assessoria de
importação em materiais de construção de diversos
países. Trabalha
no desenvolvimento de novos
fornecedores, negociando as melhores condições,
acompanhando o processo produtivo
e realizando os ensaios de qualidade.
Acompanha embarque e desembarque
/ desembaraço. Também pode fazer a
logística de distribuição;
Doze convênios com
indústrias, comércio e
importação de insumos
já foram assinados
• Docol, uma das principais indústrias
de metais sanitários;
• Encon/KME Comercial de Condutores Elétricos, um grande distribuidor
que disponibiliza os melhores preços
dos principais fabricantes de fios e cabos elétricos;
• Formaplan, fabricante nacional de
chapas compensadas;
• Forsa, fabricante multinacional de
fôrmas e sistemas de alumínio para concreto;
• Granilita, produtora de tintas especiais à base de água, produtos que respeitam o ecossistema. Possui grande
portfólio de texturas (revestimentos de fachada) com preços competitivos;
• Grupo Roca, detentor das renomadas marcas de louças sanitárias Incepa
e Celite;
• Orona, fabricante espanhola de elevadores, empresa de grande destaque
no mercado europeu, presente em mais
de 80 países e que começa a disponibilizar seus equipamentos no Brasil.
• Portinari/Cecrisa, envolvendo um
mix de produtos em revestimentos cerâmicos;
• Supergreen, comercializadora de
produtos, sistemas e soluções completas em água e energia, com a visão de
excelência ambiental e inovação; os produtos têm baixo impacto ambiental;
• Viapol, um dos principais fabricantes de impermeabilizantes, mantém um
mix diversificado de produtos para impermeabilização e químicos.
... que puderam conferir os preços melhores e as condições comerciais diferenciadas
Veja os acordos já assinados
Até o início de dezembro, a CompraCon-SP já havia assinado convênios
com as seguintes empresas, que oferecem às construtoras associadas seus
produtos e serviços por preços atrativos
e condições comerciais diferenciadas:
• Belmetal, uma das maiores e mais
bem preparadas empresas de transformação de alumínio. Disponibiliza grande linha de esquadrias e sistemas de
fachadas, além de projetos específicos;
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Missão: desenvolver a cadeia
A CompraConViabilizar negócios
SP é uma associaO compromisção de empresas da
so da CompraConconstrução civil
SP é viabilizar ne(construtoras e ingócios ampliando
corporadoras), criao poder de compra
da, incubada e inde insumos e sercentivada pelo Sinviços de suas emdusCon-SP, com o
presas associaapoio da CBIC (Câdas, gerando benemara Brasileira da
fícios e soluções inIndústria da Constegradas, para:
trução), do Secovi• obter maior poder
SP (incorporação
de negociação e
de imóveis) e da
melhoria das condiApeop (empresas
ções comerciais;
de obras públicas).
• ser um canal para
O SindusConimportações de diSP vem atuando na
versos produtos;
promoção desta
• limitar a atuação
iniciativa desde Alexandre Luis de Oliveira, presidente da CompraCon-SP: atuação organizará a demanda
de intermediários;
2008 com o intuito
• realizar aproximade fortalecer cada
ção estratégica com
vez mais o setor. No Brasil, ações semeassociações de classe dos fornecedores;
ficiar a categoria através de acordos, conlhantes se propagam por meio das Co• desenvolver e qualificar fornecedovênios ou contratos;
opercons.
res para atender nossas associadas em:
c) organizar a comercialização por
A associação desenvolve convênios
qualidade do produto; cumprimento de
intermédio de compras e vendas assoe estudos do mercado, para que a consprazos; capacidade
ciativas;
trução possa ser suprida com as melhoinstalada de produd) buscar meres condições mercadológicas.
ção; flexibilidade, e
lhor qualidade e
responsabilidade
menor custo, na
Objetivos estatutários
socioambiental inaquisição direta,
• Colaborar com o desenvolvimento
tegrada à produpelos associados,
da cadeia produtiva da construção civil;
ção;
de insumos, equi• colaborar para a organização do
• desenvolver
pamentos e servisetor na relação com os agentes que inteprodutos, metodoços utilizados na caragem na cadeia produtiva;
logias ou serviços
deia produtiva da
• colaborar para que as empresas do
padronizados;
construção civil, prosetor da construção civil tenham competi• viabilizar a aquisição de produtos
movendo atividades de exportação e imtividade no mercado.
indiretos à construção civil e quaisquer
portação, se necessário;
outros tipos de produtos que demandem
e) firmar convênios e parcerias com
Algumas finalidades estatutárias
as associadas;
outras entidades e empresas visando proa) trabalhar pelo desenvolvimento
• representar as associadas, agreganmover o aprimoramento técnico dos seus
econômico, financeiro e comercial empredo os setores da cadeia produtiva, por
associados, mediante cursos e treinasarial, visando os associados;
meio de mapeamento e análise das vanmentos, objetivando a transferência de
b) fomentar e incentivar o desenvolvitagens competitivas de cada segmento
novas tecnologias utilizadas na área da
mento de uma ação social que vise beneda cadeia.
construção civil;
Elevar competitividade
das construtoras é
um dos objetivos da
associação de compras
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
9
Show de bola
O estande próprio do SindusConSP na 27ª Batimat Paris 2009, a maior
feira mundial de construção civil, sinalizou o prestígio e a importância com
que o Brasil tem sido tratado recentemente pelo mercado internacional. Instalado no Pavilhão de Serviços, o estande, com 84 m², acolheu mais de 500
pessoas, de 2 a 7 de novembro.
O espaço se transformou num
concorrido meeting point. “Tivemos a
visita de pelo menos 500 pessoas,
que pararam e conheceram um pouco mais sobre o sindicato. A bandeira
do Brasil no fundo do estande fez
muito sucesso não só entre os brasileiros”, comentou o diretor de Relações Internacionais do SindusConSP, Salvador Benevides. O espaço tinha recepcionista, computador ligado ao site do SindusCon-SP e sofá.
“Fomos muito bem recebidos. Foi ótimo ter estado lá e visto a bandeira
brasileira. Estava faltando esta presença institucional”, afirma José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia
Consultiva). “O Brasil está sendo convidado a fazer parte da Champions
League do mundo. O estande do SindusCon-SP mostrou que aceitamos o
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chamado”. A Champions é o
mais importante campeonato interclubes europeu de futebol e
reúne a elite do esporte.
Além do presidente do Sinaenco, Benevides recepcionou
Marie-Ange Joarlette, diretora da
Promosalons Brasil, no estande.
Benevides recepciona Marie-Ange Joarlette, diretora da
Promosalons, no estande do SindusCon-SP em Paris
Promissor
Para Benevides, ficou claro que “os
empresários estrangeiros consideram
o Brasil um mercado sedutor e um produto promissor”. Segundo ele, representantes da Europa, da Ásia, dos Es-
Feira mostrou que
produtos sustentáveis
dominarão a construção
a partir de agora
tados Unidos e do Oriente mostraramse interessados em fazer negócio.
Além de organizar o estande, cedido ao sindicato pelo Grupo Reed
Exhibitions, a Diretoria de Relações
Internacionais do SindusCon-SP foi
responsável
pela organização e acompanhamento de
um grupo de
180 pessoas,
boa parte delas empresários e diretores
de construtoras de vários
Estados, como
São Paulo, Tocantins, Espíri-
to Santo, Distrito Federal, Rondônia
e Paraná.
Chamou a atenção do grupo o “fracasso” de público da Batimat nos primeiros dois dias e os espaços vazios
de exposição fechados por tapumes,
em contraste com a multidão que visitou o pavilhão nos dias seguintes.
Para Martinho Fedatto, da construtora e incorporadora Fedatto, de
São José dos Campos, a situação refletiu bem o momento econômico da
Europa, “que ainda não saiu da crise”. Ele foi à Batimat Paris observar
como a construção civil está fora do
país. O que viu, animou o empresário.
“A receptividade para os brasileiros é
grande e observamos que estamos
atualizados em relação ao resto do
mundo.”
“Estamos muito bem”
“Há na Batimat ainda muita coisa
que não se aplicaria ao Brasil, mas
outras tantas já chegaram”, contou a
engenheira Juliana Vanessa Tartaglia,
da Construtora J. Bianchi, de Mogi das
Cruzes. “Não estamos muito para
trás”, afirmou, referindo-se ao software BIM ( Building Information Modeling ), que ajuda na gestão de novos
empreendimentos da construção civil.
“A feira abriu a nossa mente, ofuscada pela rotina diária da área de projetos”, completou.
Além disso, contou a engenheira,
a viagem estimulou a troca de ex-
Bandeira do Brasil
virou meeting point
para visitantes da feira
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Fotos: Salvador Benevides
periências sobre soluções técnicas
que ela já começa a propor à construtora na sua volta ao trabalho. “A
adoção de caixas individuais de correio nas unidades de um prédio é uma
delas. Também estudamos a substituição dos muros tradicionais por outros que agregam plantas, para melhorar o paisagismo”, revelou.
A oportunidade de fazer novos
contatos profissionais também foi o
ponto alto da viagem, atestou José
Roberto Alves, diretor da Prazzo Engenharia e da Regional São José dos
Campos do SindusCon-SP. Ele também se mostrou
“feliz” com a grande evolução que a
construção brasileira apresentou
nos últimos anos.
“Estamos muito
bem. Há 5 anos,
víamos o mundo
muito mais desenvolvido do que
nós”, comentou.
Alves também
aproveitou a conversa com um arquiteto chileno responsável pelo empreendimento conhecido pelo grupo durante uma visita técnica promovida
pelo SindusCon-SP. “É uma obra premiada, e percebemos que o conceito
de sustentabilidade que ela carrega
leva a mesma mentalidade da que colocamos nos nossos projetos industriais”, revela.
Sustentabilidade
Neste ano, a sustentabilidade foi o
tema-chave da Batimat, que reuniu fornecedores do mundo todo –muitas empresas do Leste Europeu, como Rússia e Hungria. “O que impressionou na
feira foi a importância da temática da
sustentabilidade. Não é à toa que a
França se mostrou empenhada, junto
com o Brasil, em salvar alguma coisa
da Conferência sobre o Clima (COP15),
neste mês”, disse Bernasconi. “Este movimento é mais do que discurso. É para
já! Os governos vão começar a acelerar medidas, e temos de acompanhar.
A França, por exemplo, já elaborou uma legislação bastante completa com exigências de sustentabilidade e sanções
para quem não
quiser colaborar.”
Segundo ele, o caminho é um único:
em breve, todos os
materiais de construção especificados terão de levar em
conta duas variáveis: o balanço energético de sua produção e o desempenho ambiental e energético futuro.
Entre os produtos voltados à sustentabilidade apresentados na feira,
Benevides destacou uma nova fachada de pele de vidro filetada que faz as
vezes do receptor de calor para o sistema de aquecimento solar.
A propósito, os sistemas de aquecimento solar mostraram-se muito mais
diversificados e sofisticados, com opções de células fotovoltaicas de todos
os tipos.
Fabricantes mostraram ainda um
poste de iluminação pública que absorve o calor para usá-lo à noite e uma
manta de impermeabilização que recolhe o calor, além de novos tubos de
iluminação de fibra ótica. “Quem conhece a Batimat sabe que a oferta de produtos é enorme, mas que é preciso garimpar muito”, disse Benevides.
Sucesso do estande do
SindusCon-SP na
Batimat prova que país
também é craque na
construção civil
A fachada filetada tipo pele de vidro coleta
a energia solar para o aquecimento de água
Um dos exemplos de fôrma metálica para concretagem
Equipamento de energia fotovoltaica, para ser
aplicado às fachadas: exemplo de eficiência energética
Calendário 2010
Para quem perdeu as atividades
internacionais do SindusCon-SP em
2009, Salvador Benevides avisa que
o calendário 2010 já está montado.
As próximas viagens internacionais
do sindicato começam com a missão
técnica à África do Sul, em abril. Em
agosto, os empresários serão acompanhados a mais uma feira internacional sobre sustentabilidade. A programação termina em outubro, com uma
viagem ao Japão.
(Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
11
PERSPECTIVAS
“O susto passou”
Nathalia Barboza
O
s prognósticos mais pessimistas
feitos para a construção civil no
final de 2008, diante da crise financeira internacional, não se confirmaram. A despeito do efeito nocivo da crise
sobre os gastos das famílias, o PIB (Produto Interno Bruto) da construção brasileira deverá crescer cerca de 1% em 2009,
chegando a R$ 147,7 bilhões.
Mais do que isso, o PIB em 2010 começará com uma expectativa de subir
8,8% até dezembro, atingindo R$ 150
bilhões (a preços de 2008). As previsões
foram anunciadas pelo presidente do
SindusCon-SP, Sergio Watanabe, em entrevista coletiva à imprensa, no início de
dezembro, com a participação do diretor de Economia do sindicato, Eduardo
Zaidan, e da consultora da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ana Maria Castelo.
“Nos canteiros de obra, o ano acabou sendo melhor do que se esperava
ao final de 2008”, confirmou Zaidan. “O
ano foi mesmo atípico. Começou de forma sombria e, à medida que foi passan-
do, as condições melhoraram muito”,
disse Ana Maria. “O susto passou”, decretou a economista.
Vários indicadores sustentam esta
constatação. O mais expressivo deles é o
do nível de emprego da construção brasileira, que cresceu 7,3% entre janeiro e
setembro de 2009,
comparado a igual
período de 2008. Ao
final de setembro,
havia 2,297 milhões
de trabalhadores
com carteira assinada na construção
civil, 212 mil dos
quais contratados
nos primeiros nove meses do ano. Os segmentos de infraestrutura, com alta de
4,82% no emprego, e de imobiliário, com
elevação de 8,08%, foram os responsáveis pela maior parte das contratações.
As vagas surgiram no país como um todo.
“As obras não pararam e o governo
entrou com medidas anticíclicas que foram responsáveis pela inflexão
do ambiente desfavorável”, afirmou Ana Maria. Entre as ações
que contribuíram para a melhora do humor dos empresários
estão a abertura de linhas de crédito para capital de giro, a desoneração tributária de materiais e
o lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida.
Construção civil
supera crise e estima
que PIB tenha crescido
1% em 2009
Descolamento
Por tudo isso, o SindusConSP e a FGV alertaram que os números oficiais dos PIBs trimes-
12
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
trais da construção, divulgados pelo IBGE,
“descolaram” do estado de arte das construtoras, que não param de contratar mão
de obra.
A explicação é que o PIB é profundamente influenciado pelos indicadores
negativos da produção de materiais e do
comércio varejista
de insumos da construção, que ainda
não se recuperaram. “A produção de
materiais baixou
9,7% e a receita nominal de vendas
das lojas teve queda real de 7% até setembro”, apontou Ana Maria. Segundo ela,
o resultado foi desigual em relação ao desempenho das famílias, o que deve levar
o PIB da construção a uma queda de 8,7%
no terceiro trimestre de 2009.
Watanabe detalhou a visão do
SindusCon-SP a jornalistas,
durante a coletiva de imprensa
Mais investimentos
O otimismo voltará a dar o tom em 2010.
“O crescimento da construção será comandado pela ampliação dos investimentos públicos e privados”, afirmou Sergio
Watanabe. Segundo ele, espera-se uma
taxa de investimento em torno de 20% do
PIB: as inversões crescerão de R$ 476
bilhões para R$ 625 bilhões. “Os setores
que receberão mais recursos serão o residencial e o de energia; os investimentos
imobiliários deverão passar de R$ 170
bilhões em 2009 para R$ 202 bilhões em
2010”, disse.
O impacto desta expansão deverá se
refletir em novo aumento no nível de emprego na construção civil. “A expectativa
Evolução do PIB
é de que os postos de trabalho com carteira assinada no setor cresçam 8% em
2010. Isto significa que deveremos chegar a cerca de 2,4 milhões de empregos
formais no ano que vem.”
As boas expectativas dos empresários da construção civil brasileira com relação ao desempenho de suas empresas também aparecem nos resultados da
41ª Sondagem Nacional da Construção,
realizada pelo SindusCon-SP e pela FGV
em novembro. Os empresários mostraram-se satisfeitos com o desempenho atual das construtoras e revelaram previsões ainda melhores: o crédito imobiliário
poderá crescer, bem como a captação das
empresas no mercado de capitais. Ele
avaliaram ainda que o número de lança-
(*) Projeção FGV - Fonte: IBGE
mentos imobiliários aumentará, com destaque para empreendimentos voltados
para as famílias de média e de baixa ren-
da, e disseram esperar aumento dos investimentos em infraestrutura em 2010,
um ano eleitoral.
Favela é maior desafio do déficit
A redução de 3,3% do déficit habitacional brasileiro em 2008 –5,572 milhões
de unidades habitacionais contra os 5,760
milhões de 2007–, não esconde a imensa dificuldade de lidar com o problema da
falta de moradias dignas para a população de mais baixa renda. A avaliação é
do SindusCon-SP, que calculou o déficit
junto com a FGV, com base na PNAD 2008
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
“O déficit por inadequação não tem
caído. Este é um dado fundamental e escandaloso. Estamos muito longe de resolver o problema”, reclamou Eduardo
Zaidan, diretor de Economia do SindusCon-SP. São 2,1 milhões de casas em favelas, 110 mil a mais do que em 2005. O
número está incluído nos 3,552 milhões
de moradias inadequadas (além das favelas, os domicílios improvisados, rústicos e cortiços). Há 2,020 milhões de famílias em coabitação.
Depois de passarem por duas mudanças metodológicas importantes, os números do IBGE dão agora a dimensão
mais real das carências habitacionais do
país. “Os pesos amostrais mudaram em
2007, devido à recontagem da população em 2006, o que resultou em um número menor de famílias do que se supunha. Além disso, o déficit passou a levar
em conta só os domicílios em que existe
coabitação involuntária. Antes, toda a coabitação fazia parte do déficit”, explicou.
A diminuição do déficit deve-se a vá-
O déficit habitacional
rios fatores. Para começar, desde 2006,
a quantidade de novas residências vem
superando o número de novas famílias.
Em 2008, para 1,434 milhão de novas famílias, foi construído 1,778 milhão de novas habitações. A maior oferta de renda e
do crédito, a queda dos juros e as melhores condições de amortização dos financiamentos contribuíram para a redução
da coabitação, sobretudo no segmento
de 4 salários mínimos para cima.
Moradia digna
As famílias de até 3 salários mínimos
são 80% do déficit habitacional. Para o
presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, “este fato reforça a tese de que
apenas uma política de Estado, que subsidie a habitação de baixa renda e ultrapasse o período do mandato do governo
de plantão, será capaz de proporcionar
moradia digna a todos os brasileiros”.
A base dessa política é garantir recursos permanentes dos Orçamentos para
subsidiar a moradia às famílias que não
têm capacidade de assumir as prestações
de um financiamento imobiliário. “Neste
sentido, defendemos a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC)
da Habitação”, afirmou ele.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
13
Mesmo com todo o crescimento da
renda e do crédito imobiliário, 80% do
déficit habitacional continuam concentrados nas famílias que ganham até 3 salários mínimos por mês. Por isso, a aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Habitação (conhecida ainda por PEC da Moradia Digna), é fundamental para a erradicação deste déficit.
Esta posição, defendida pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, no painel sobre Habitação dentro do
8º Construbusiness (Congresso Brasileiro da Construção), recebeu o apoio dos
demais segmentos do setor. Realizado
em novembro na Fiesp, o evento revelou
os gargalos à construção e apresentou
propostas. No documento final, figurou a
proposição de “construir solução definitiva para o déficit habitacional brasileiro por
meio da PEC Moradia Digna e a consequente implementação do PlanHab (Plano Nacional de Habitação)”.
No painel, o presidente do SindusCon-SP lembrou que a PEC da Habitação pretende assegurar recursos para
subsidiar a habitação de interesse social.
A proposta é destinar 2% da arrecadação
da União e 1% daquela dos Estados e
Fotos: Jorge´s Estúdio Fotográfico
Setor quer
PEC da
Habitação
Robusti, Crestana e Hereda: unidos pela Proposta de Emenda Constitucional
Municíos para os fundos de habitação de
interesse social, por um prazo definido:
20 anos ou até o fim do déficit, o que ocorrer antes.
Planhab necessário
O representante do SindusCon-SP na
Fiesp e diretor-adjunto do Deconcic (Departamento de Construção Civil) da federação, João Claudio Robusti, destacou a
importância da aprovação da PEC junto
com a implementação do Plano Nacional
de Habitação (PlanHab): “Será que o empresário vai continuar investindo em habitação de interesse
social se a política
for provisória? Já vimos no passado a
descontinuidade de
programas por falta
de uma política de
Estado. Devemos
também abrir novas fontes de financiamento, como a securitização de recebíveis”. Ao lado de Robusti, pronunciaramse, na mesma linha, o presidente do Secovi-SP, João Crestana, e o vice-presidente da Caixa, Jorge Hereda. Falaram ainda a subsecretária de
Habitação do Ministério
das Cidades, Junia
Santa Rosa; e o secretário estadual da Habitação, Lair Krähenbühl.
Construção defende
recursos garantidos
para erradicar o
déficit habitacional
Foto: Divulgação/FIESP
Ao lado de Mario William
(à esq.), da ABCP,
Watanabe exalta a PEC
da Habitação
14
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Burocracia custosa
Outro tema que agitou os debates do
painel foram os entraves burocráticos aos
empreendimentos imobiliários. Os realizadores do Construbusiness propuseram
a adoção de um Programa de Eficiência
Institucional Pública e Privada. Segundo
estudos do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 108ª posição entre 181 países pesquisados na obtenção de alvará de construção. O processo aqui envolve 18 procedimentos e chega a levar 411 dias.
Um estudo da CBIC foi mostrado, revelando que os trâmites burocráticos
para aprovar empreendimentos de
interesse social no
município de São
Paulo requerem 35
etapas e encarecem em até 10% o
custo final da obra.
Planinfra e precatórios
A estruturação do Planinfra (Plano
Nacional de Infraestrura) foi defendida no
painel anterior, como forma de dar prosseguimento aos princípios e à forma de
gestão do PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento).
Além dessas posições, a Carta Aberta divulgada ao final do encontro também
defendeu a proposta da Fiesp para a PEC
dos Precatórios, para dar mais segurança jurídica aos investidores: em vez de
leilão, instituir um fundo com os recebíveis dos precatoristas, para aplicação em
infraestrutura e habitação.
Burocracia é o grande obstáculo
da Copa e das Olimpíadas
Foto: Divulgação/FIESP
A Copa do Mundo de 2014 e
as Olimpíadas de 2016 podem
representar um xeque-mate na
estrutura burocrática do país. A
afirmação foi feita em novembro
pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva Jr., durante a abertura do 8º Construbusiness (Congresso Brasileiro da Construção),
na Fiesp.
“A estrutura burocrática brasileira é muito lenta. Como a
Copa e as Olimpíadas têm data Orlando Silva: Brasil precisa dar xeque-mate na burocracia
e hora marcadas para começar,
serão necessárias medidas que agilizem
zar a administração de recursos e aceleo processo de seleção pública de contrarar as obras, e cobrou o Congresso. “O
tação, assim como o de execução das
Parlamento tem obrigação de viabilizar os
obras”, disse Silva Jr. O ministro demonsprocessos e promover condições instituciotrou preocupação com o ritmo das obras,
nais para isso”, completou.
sobretudo em relação à modernização dos
Como representante do presidente
aeroportos paulistas. “O cronograma que
Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Dea Infraero tem de modernização dos aerosenvolvimento, Indústria e Comércio Exportos é justo. Tem que ser cumprido rigoterior, Miguel Jorge, calculou que “mais de
rosamente, sob pena de não termos conR$ 200 bilhões serão movimentados pela
dições necessárias para que a Copa aconCopa e pelas Olimpíadas”. Já a infraestruteça com sucesso”, alertou. Ele defendeu
tura aeroportuária receberá R$ 6 bilhões
o modelo de concessão privada dos aeroem investimentos e as obras de mobilidaportos o que, segundo ele, poderia otimide urbana somarão 64 intervenções em
12 cidades, revelou Silva.
Mas o ministro classificou
como crítico o setor de hotelaria. “É de conhecimento de todos o alto grau de informalidade desse segmento. Contra
isso, o BNDES já prepara uma
linha de financiamento para
estimular a qualificação do
mercado", revelou.
Miguel Jorge também criticou a burocracia no setor de
construção civil. “É impossível
ter um país que gera emprego
e renda e está sujeito não a
leis, mas a resoluções e circulares. Temos que mudar isso
radicalmente”, disse. Segundo
ele, “a construção precisa de novas regras para ser mais competitiva e enfrentar os desafios”.
O foco na gestão eficiente
também foi considerado primordial pelo empresário Jorge Gerdau. “Através da gestão é possível fazer milagres. Para cada real
aplicado em programas de eficiência, 75 reais retornam à empresa”, afirmou.
Alta velocidade
O grande benefício das obras da Copa
e das Olimpíadas se espalhará pelo país,
garantiu o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
“Os R$ 30 bilhões que serão empregados
no TAV [Trem de Alta Velocidade, que deverá ligar o Rio a São Paulo] vão incentivar o crescimento de todos os municípios
por onde ele passar, até porque 70% desses recursos vão para a infraestrutura nas
cidades, com novas obras e a aquisição
de materiais”, comentou.
O diretor-titular do Deconcic (Departamento da Indústria da Construção) da
Fiesp, José Carlos de Oliveira Lima, expressou preocupação com o ritmo do PAC
(Plano de Aceleração do Crescimento).
“Permanece expressiva ainda a distância entre a efetiva dotação do plano e os
pagamentos”, reclamou. Segundo ele,
leva-se mais de 5 anos para implementar
um empreendimento rodoviário. “São 3
anos só com questões burocráticas. Em
São Paulo, há 35 etapas para aprovar
um projeto”, denunciou.
Para Lima, além dos recursos para a
infraestrutura, é importante que o país tenha uma política de continuidade dos investimentos em habitação de interesse
social para além do programa federal Minha Casa, Minha Vida.
(Nathalia Barboza e Rafael Marko)
Infraestrutura será melhor em vários municípios, diz Skaf
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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FINANCIAMENTO
Natal inesperadamente feliz
Celso Petrucci *
P
articipei de confraternização de
uma grande empresa incorporadora de capital aberto e ouvi frase que
me fez refletir bastante: “No início de
2008, estávamos eufóricos com o mercado e terminamos o ano sem imaginar
como se comportaria o futuro. Em 2009
aconteceu o inverso, iniciamos o ano
sem muitas perspectivas e estamos terminando em um ambiente praticamente
de euforia”. Aliás, mais de um economista –brasileiro ou não– nos alertou de que
ser a bola da vez, o queridinho do mundo, quase nunca é vantajoso, mormente
com a globalização em que decisões são
tomadas, por vezes, pelo mercado.
Mas não reconhecer que este Natal
era inesperado e que o ambiente econômico no próximo ano está amplamente
favorável seria, no mínimo, fechar os
olhos para os acontecimentos e para os
pressupostos econômicos para 2010.
Os financiamentos com recursos da
Caderneta de Poupança previstos para
este ano, de R$ 28 bilhões –redução de
mais de 6% em relação a 2008–, encerrarão com a aplicação de R$ 32 bilhões
e projeção para 2010 de R$ 40 bilhões.
A Caixa estimava no início do ano
investimentos de R$ 24 bilhões em habitação e apresentou balanço de janeiro a
novembro confirmando a contratação de
R$ 39 bilhões com a assinatura de mais
de 5 mil operações de financiamento por
dia. Parte desta contratação deve-se ao
programa Minha Casa, Minha Vida que
não existia no começo do ano.
Até outubro, o Brasil foi o país do G20
(excetuando a China) que mais criou
empregos formais –1,17 milhão. A construção civil foi responsável por 210 mil
empregos adicionais no período. Estimativas do Ministério do Trabalho apontam
16
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Fica a preocupação
com oligopólios de
insumos, burocracia
e travas ambientais
para 2 milhões de empregos formais líquidos em 2010.
O PIB estimado para o ano que vem
pelas diversas consultorias econômicas
está entre 5% e 6%, e em alguns casos
aponta para 6,5% ou 7%.
A classe média, no conceito da Fundação Getulio Vargas, continua crescendo. Era 42,4% da população em 2002 e
em junho deste ano atingiu 53,2%. No
mesmo período de 2002 a junho de 2009,
a classe baixa decresceu de 29,2% para
18,3% da população.
A massa salarial do trabalho crescerá
em 2009, nas seis principais regiões metropolitanas do País, e o índice de 4,43%
saltará pra 6,32% em 2010.
A relação crédito/PIB do Brasil atingiu
45,7%. Nada mau para quem possuía em
2003 um estoque de crédito de apenas
21,8% do PIB. Porém, ainda é muito pouco se comparado com países como Chile
(69,2%), Índia (76,1%) ou Itália (97,2%).
Isso indica que nosso crédito tem um espaço monumental para crescer.
Bastaria a leitura acima para imaginarmos um 2010 auspicioso para a construção civil e imobiliária. Entretanto, a grande surpresa de 2009 ficou por conta de
sua majestade “o consumidor”, este sim
o que menos sentiu a crise instalada há
pouco mais de um ano. De norte a sul do
País, há otimismo e previsão de crescimento do mercado imobiliário variando
de 20% a 25%. De toda forma, estimamos um desenvolvimento do setor no município de São Paulo entre 10% e 15%.
Como outros tantos e apesar de neste Natal termos muito a comemorar, fica a
preocupação com obstáculos que ainda
precisarão ser enfrentados, como a pressão dos materiais de construção dos oligopólios, as questões do meio ambiente,
a burocracia excessiva na aprovação de
empreendimentos, o desenvolvimento de
tecnologia que permita a redução do ciclo da construção e tantas outras questões a serem resolvidas. Mas não é hora
de falar sobre isso e sim de desejar boas
festas e um 2010 com muita paz.
* ECONOMISTA-CHEFE DO SECOVI-SP, DIRETOR-EXECUTIVO DA VICE-PRESIDÊNCIA DE INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA DO
SINDICATO E MEMBRO TITULAR DO CONSELHO CURADOR
DO
FGTS
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SindusCon-SP integra
Conselho de Habitação
Público lotou o auditório na cerimônia
Representando o SindusCon-SP, o
diretor-adjunto do Deconcic/Fiesp, João
Claudio Robusti, tomou posse em dezembro como membro titular do Conselho Municipal
de Habitação de
São Paulo, para o
biênio 2009/2011.
Como membro suplente,
tomou
posse o gerente
de Produção e
Mercado, Elcio Sigolo.
Participaram da cerimônia, realizada no auditório do Edifício Matarazzo,
o prefeito Gilberto Kassab; o secretário municipal de Habitação, Elton Santa Fé Zacarias; e o presidente da Co-
hab, Ricardo Pereira Leite, além de vereadores, subprefeitos, outros secretários municipais, conselheiros eleitos
e um grande público.
“O papel do
Conselho é fundamental na condução das políticas
habitacionais da
cidade e na decisão dos investimentos que serão
feitos em prol do município. Tenho certeza de que os conselheiros irão atingir as metas para as quais se propuseram”, disse o prefeito.
O secretário de Habitação ressaltou o papel dos conselheiros da ges-
Órgão orienta a
política de combate
ao déficit habitacional
tão anterior, que “ajudaram nesse
grande desafio que é o combate ao
déficit habitacional de São Paulo. A
colaboração dos novos membros é
decisiva para trazer projetos que contribuam à superação desse e de outros obstáculos.”
A superintendente de Habitação
Popular e secretária executiva do Conselho, Elisabete França, afirmou que
“o órgão vem se consolidando cada
vez mais, o que só traz benefícios.
Pelo caráter democrático que tem, estimula o debate e ajuda no aprimoramento da condução das políticas públicas.” Entre os 48 conselheiros, 16
representam os movimentos populares de moradia.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
17
GESTÃO EMPRESARIAL
Mais evidências empíricas
Maria Angelica Lencione Pedreti *
N
a última edição, comentei sobre
três importantes conclusões de
uma pesquisa efetuada pela
consultoria Bain e Company:
1. empresas que investem frequentemente, inclusive adquirindo outras companhias, oferecem melhores retornos aos
seus acionistas que aquelas que investem esporadicamente; ou seja, as empresas também aprendem com a prática;
2. empresas detentoras de uma tese
de investimento sólida e fiéis a ela têm
desempenho melhor e menos volátil que
as que aguardam oportunidades; é mais
importante o fundamento das transações
que o momento no qual elas ocorram;
3. empresas que começam por transações menores e progressivamente aumentam seus empreendimentos têm melhores retornos que as protagonistas de
poucas grandes transações.
Hoje, agrego as considerações finais
da pesquisa, corroboradas pela evidência empírica.
Um conhecido indicador de saúde financeira das companhias é o lucro por
ação. O estudo da Bain investigou se investimentos que elevaram o lucro por ação
das empresas realmente trouxeram
maiores retornos aos acionistas e concluiu que não necessariamente.
A principal razão para isso é o que
discutimos em edições anteriores: os lucros não são atualmente uma boa aproximação dos fluxos de caixa da companhia;
e o retorno dos acionistas (composto por
dividendos e valorização dos preços das
ações) depende muito mais de fluxos de
caixa que de lucros.
Esta conclusão corrobora tudo o que
temos discutido nesta coluna, nos últimos
anos. A consequência é que as empresas
não devem investir buscando maximizar
18
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Investimento deve
buscar maximizar
fluxos de caixa e
não os lucros
lucros, mas maximizar fluxos de caixa.
O mesmo estudo da consultoria internacional buscou mensurar o impacto da
cultura das empresas sobre o sucesso de
seus investimentos. Concluiu, ao contrário
do que esperaríamos, que questões culturais não interferem significativamente no
sucesso de um investimento. Ou seja, existiu pouca diferença entre os resultados de
empresas que enfrentaram problemas culturais e os de outras que não os enfrentaram no curso de seus investimentos.
A descoberta: o impactante não é a
questão cultural existir ou não, mas a empresa investidora ter ação proativa para
identificar e enfrentar tais questões (a empresa que agiu proativamente obteve um
retorno 5,1% maior que a que fracassou
na identificação ou solução do problema).
Mais: abordar questões culturais proativamente tem maior impacto em transações de escala, onde a integração deve
ser total e a assimilação da cultura se torna crucial, sempre consoante à tese de
investimento, claro.
Já em transações que visavam à ampliação do escopo das companhias, a
empresa investidora poderia manter as
culturas, da empresa investidora e do negócio adquirido, separadas, ou criar uma
nova cultura. E o sucesso de cada estratégia dependeria do grau de sobreposição
entre os investimentos: onde a sobreposição fosse maior, criar uma nova cultura
seria mais efetivo; com mais independência entre os investimentos, a estratégia das
culturas separadas foi mais eficaz.
O sucesso de todo investimento depende da correta integração dos quatro
fatores que temos comentado: 1) saber claramente o motivo daquele investimento,
como ele pode gerar fluxos de caixa ou
reduzir o risco do investidor; 2) avaliar bem,
para não pagar mais que o justo; 3) identificar questões culturais e agir proativamente quando elas aparecem, sempre em consonância com a tese de investimento; 4)
reavaliar, quando as surpresas aparecem,
admitindo e enfrentando erros (o que não
deixa de ser a oportunidade de aprender
mais). Afinal, cada dia, cada ano não é
mais uma oportunidade de aprender?!
Neste fim de ano, desejo a todos
muitas chances e muito sucesso!
* PROFESSORA DE CONTABILIDADE E FINANÇAS DA FGV,
MESTRA EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS, TRABALHA EM
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
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IMOBILIÁRIO
O ninho do pássaro
A
novíssima Lei 15.003, que disciplina a construção e o uso de
helipontos na cidade de São
Paulo, foi a atração do último módulo do
2° Seminário Legalização de Empreendimentos no Município de São Paulo, promovido pela vice-presidência de Imobiliário do SindusCon-SP de 9 de setembro a
25 de novembro. Com o auditório da sede
sempre lotado, as 12 semanas do evento
tiveram palestras de representantes das
secretarias e autarquias envolvidas na
aprovação de projetos imobiliários. “Aprová-los no dia-a-dia não é tarefa fácil. O
evento atendeu às expectativas dos que
enfrentam esta maratona” afirmou Sergio
Watanabe, presidente do SindusCon-SP,
no encerramento do seminário.
Watanabe aproveitou para incentivar
os presentes a participarem das audiências públicas que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) deverá realizar provavelmente no início de 2010 para discutir uma nova regulamentação sobre ruídos de helipontos. Doris Vieira, diretora
da agência, disse que o texto está no Departamento Jurídico.
Segundo Doris, os
pareceres finais sobre o nível de ruído
das aeronaves nos
helipontos agora é
atribuição da Anac,
e o grau de decibéis
permitido é determinado pela frequência
de voos de helicópteros em um dia ou um
ano. A Anac chamará para as audiências
pelo site www.anac.gov.br.
A Lei 15.003, de 23 de outubro, estabelece as diretrizes e normas referentes
à construção, instalação, reforma, ampliação e utilização de aeródromos, heliportos e helipontos no município. Pela lei, a
Prefeitura só aprovará os helipontos,
mesmo os em operação, se tiver um
parecer favorável
da Anac. Os já instalados teriam um
mês para comprovar regularidade.
Segundo o Código Brasileiro de
Aeronáutica, nenhum aeródromo Comar e Anac detalharam processos legais para aeródromos
civil poderá ser utilizado sem estar cadastrado. Aeródromo
rampas de aproximação, erros no preené aquele que tem pista e área patrimonichimento e de cumprimento de requisitos
al, sem necessariamente dispor de áreas
do ofício padrão (n° 008/2009/SMDU),
de passageiros e lojas, por exemplo. Os
que encaminha a situação dos heliponprivados são abertos por um processo de
tos da cidade de São Paulo junto à Prefeiregistro. A Portaria de Registro tem valitura, além de posturas municipais e amdade de 5 anos, renováveis por mais 5,
bientais e problemas de operação.
mas a determinação está sendo revista.
Além disso, a operação do aeródromo é
Zoneamento
de responsabilidade de seu proprietário.
Na implementação de um aeródromo,
Segundo Douglas Targa, gerente de
há casos em que as prefeituras assumem
Engenharia de Infraestrutura Aeroportuáa análise do zoneamento. “Isso é perigoria da Anac, na esso”, alerta o tenente Robinson Buschetti,
colha do local do hedo IV Comar (Comando Aéreo Regional).
liponto, é necessáPara ele, “muitas vezes a prefeitura não
rio verificar a viabilianalisa a presença dos equipamentos
dade da implantaobrigatórios de auxílio à navegação. O
ção quanto aos cóComar e o Ministério Público vão reagir e
digos municipais,
podem até embargar a obra”, alertou.
estaduais e federais
O capitão Willians Ogata, do IV Coe as interferências nas áreas de pouso e
mar, vai além. Ele lembra que não só as
decolagem. É preciso ainda garantir que
propriedades vizinhas dos aeródromos
o ruído gerado por sua operação esteja
mas também as das instalações de auxíem níveis aceitáveis e considerar os imlio à navegação aérea estão sujeitas a
pactos de uma expansão futura de sua
restrições legais especiais. “As decisões
capacidade.
técnicas da Anac não vinculam as deciEntre as dificuldades mais comuns de
sões do Comar. Se houver algo errado, o
registro de um heliponto, identificadas
parecer não será acatado”, advertiu.
pela Anac, estão conflitos referentes às
(Nathalia Barboza)
Evento ajuda a
entender regras de
helipontos na Capital
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
19
SINDUSCON-SP 75 ANOS
Visão aguçada
Nathalia Barboza
E
le era vice-presidente da Apeop
(Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas) quando foi
convidado a ingressar no SindusCon-SP,
no início da década de 1980. Achou o seu
lugar e fez muito mais do que isso. Liderou um dos momentos mais produtivos
do sindicato, que culminou com a aprovação de um novo estatuto, mais democrático. Em entrevista exclusiva, Julio Capobianco, ex-presidente (1983-1992) do
SindusCon-SP, conta detalhes daqueles
anos e revela como ajudou a fazer do SindusCon-SP o maior sindicato patronal da
América Latina.
Notícias da Construção – Como o
senhor chegou ao SindusCon-SP?
Julio Capobianco – Eu fazia parte da
Apeop e recebi um convite do João Prósperi. Entrei como secretário, no início dos
anos 80. Era uma época em que os empresários simplesmente diziam para você:
Agora é a sua vez! O engenheiro Carlos
Engel era o presidente. Junto com o Conselho, ele resolveu construir o atual edifício-sede, na rua Dona Veridiana. Eu assinei a planta da construção no fim do mandato dele, quando já havia sido escolhido
candidato a presidente. Durante as obras,
ocupamos uma casa da rua Edgard de
Souza, no Pacaembu. O sindicato era feito de gente seriíssima, de primeira linha,
mas muito conservadora. A ideia era alugar os andares para escritórios e ocupar
apenas o térreo e o primeiro pavimento.
NC – Como veio então a ocupação
do prédio todo?
20
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Capobianco – Já na presidência, resolvi que o prédio inteiro seria do sindicato. Foi uma grande jogada não alugá-lo.
Mas o sindicato tinha poucos funcionários. Resolvi comprar móveis para todos
os andares e o primeiro avanço tecnológico do SindusCon-SP: um aparelho de
telex. Achava que deveríamos ter um ponto
de encontro para atrair não só os empresários, mas também secretários de Estado, ministros e senadores e, assim, acompanhar o desenvolvimento político que
pretendíamos na ocasião.
NC – Como atuava o sindicato?
Capobianco – Os dirigentes tinham
uma ética e uma pureza de princípios incríveis, só queriam fazer algo pela classe,
mas o sindicato só tratava das grandes
questões da construção e era muito modesto em termos de presença, ao contrário de outras entidades. Até a área de comunicação era precária: os comunicados
eram rodados em mimeógrafo, com aquela cor azulada... Nossa meta era ter uma
“O estatuto de 92 foi
um grande avanço
democrático. Sindicato
não é carreira para
ninguém”, diz o expresidente Capobianco
NC – Sua gestão também implementou um programa de qualidade...
Capobianco – Foi outra novidade da
minha gestão, que voltou a ocupar uma
vice-presidência na Fiesp. Minha posse
foi na sede da Fiesp. O Luís Eulálio Bueno Vidigal me nomeou diretor do Departamento da Construção Civil. Desde o Roberto Simonsen que não tínhamos representantes na federação. Levei o Roberto
de Souza, que hoje é diretor do CTE, para
criar um Programa de Qualidade para o
setor. O assunto era complicado; os empresários o confundiam com custos. Também nesta fase criamos os Cursos de Alfabetização nos Canteiros de Obra. Queríamos educar o operário para dar a ele o
upgrade que precisava para melhorar a
qualidade do seu serviço e a produtividade no canteiro de obra. Ele não estava
preparado para isso. Não conseguia entender uma planta direito. No primeiro ano,
200 trabalhadores formaram-se.
NC – Como foi feita a expansão para
o interior do Estado?
Capobianco – O sindicato era muito
paulistano e tínhamos apenas 50 associados. Membros da diretoria sugeriram que
encontrássemos gente do interior interes-
sada em participar.
O primeiro a ser
procurado foi o
Sergio Porto. Ele
era da Aconvap e
se tornou nosso
primeiro delegado,
trazendo muitas
ideias. Um fato curioso é que, depois
de um tempo, tivemos de mudar o
nome “delegacia”
porque as pessoas
confundiam e vinham chamar a po- Ao lado de Sergio Porto (dir.), Julio Capobianco comemora em 1992
lícia. De qualquer a inauguração do auditório da sede, que leva o seu nome
forma, foi graças a
esta expansão que o SindusCon-SP amjá vinha sendo pensado há mais de ano,
pliou muito o número de associados. Chemas o sindicato tinha uma oposição firme.
gamos aos 1.000, 1.500 e 2.500. Mas as
Foi a maior assembleia que o sindicato já
delegacias não eram estatutárias; a genteve. Foi um grande avanço democrático
te as abria por teimosia. Só em 1992 é
do SindusCon-SP. Sindicato não é carreique elas foram estabelecidas nos estatura para ninguém. É preciso sair e abrir
tos. Olhando para trás, hoje eu acredito
caminho para os outros. Eu mesmo fiquei
que essas modificações começaram bem
mais tempo porque estava difícil enconantes do meu mandato, quando me “obritrar quem quisesse assumir o cargo. Meu
garam” a ser presidente. Eles [os dirigenprograma de vida era outro: o processo
tes da época] sabiam quais eram minhas
sucessório das minhas empresas.
opiniões. O grupo já tinha esta visão de
como eu atuaria.
NC – Como foi a sua sucessão?
Capobianco – Foi sofrida, porque
NC – Como o SindusCon-SP foi orquebramos a tradição para transferir o
ganizado internamente?
poder de pai para filho. Mas eu achava
Capobianco – O primeiro setor foi o
que o Eduardo era um grande nome e ele
de Economia. Por lei, o SindusCon-SP era
já trabalhava no sindicato há muito temobrigado a calcular o CUB (Custo Unitápo. Foi a primeira eleição com o acompario Básico) e cumpria essa exigência, mas
nhamento de uma auditoria externa, da
guardava os resultados na gaveta. O meu
Arthur Andersen. Estava no novo estatuto.
filho (Eduardo Capobianco) sugeriu o
Só presidi a eleição. A votação foi aguerEduardo Zaidan para trabalhar nisso. Os
rida, com uma disputa muito acirrada.
dois tiveram a ideia de publicar o CUB no
Diário Oficial. De repente, isso começou a
NC – Como o sr. vê o sindicato?
ser referência nacional.
Capobianco – Estou afastado, mas sei
que o [Sergio] Watanabe está fazendo um
NC – Conte como foi a criação do
bom serviço. Todos os ex-presidentes são
novo estatuto.
muito competentes. Pessoal bom sabe o
Capobianco – Este foi outro passo
que faz. A única coisa que eu peço a eles
enorme e um marco para o sindicalismo.
é que mantenham a independência do
Numa assembleia pesada, aprovamos
sindicato. Eu não poderia continuar. Quangestões de dois anos, com direito a só
do deixei o cargo, foi para não atrapalhar;
uma reeleição. Isso não foi de última hora,
e o SindusCon-SP está muito bem.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Foto: Arquivo
casa respeitável, e a diretoria inteira topou a ideia de fazer um bar inglês no 7°
andar, com bebidas boas, para receber
essas autoridades antes dos almoços.
Além disso, o SindusCon-SP tinha uma
coisa fantástica nas mãos, que era o Seconci. Só o tempo mostrou o quanto ele
era importante. As empresas queriam um
serviço social próprio do setor. Ao mesmo
tempo, não aceitavam mais recolher para
a Previdência Social e dar ainda 1% da
folha de pagamento para o Seconci; elas
alegavam que era bitributação. Minha
única condição para ser candidato a presidente era trabalhar junto com as grandes entidades, então nossa estratégia foi
chamar os críticos para fazer parte do SindusCon-SP, que estatutariamente apoiava e defendia o Seconci. A Apeop era a
crítica mais ferrenha. Com isso, acabamos
com a briga.
21
JANEIRO 2010
Dia 14, em São Paulo
Telecobrança e Recuperação de créditos
Dia 22, em São Paulo
Nota Fiscal Eletrônica - Sistema Público de
Escrituração Fiscal
Dia 28, em São Paulo
Análise de Crédito e Cadastro - Pessoa
Física e Jurídica
Dia 25, em Bauru
RAT X FAP (Novas Regras de recolhimento do
Risco de Acidente do Trabalho a partir de 2010)
Dia 28, em Presidente Prudente
PIS/PASEP e COFINS nos Regimes
Cumulativo e Não-cumulativo - IRPJ E CSLL
Dia 19, em São Paulo
Instrução Normativa 971/09 - Conheça os
Benefícios Previdenciários introduzidos por
esta IN para a Construção Civil
Dia 27, em Campinas
RAT X FAP (Novas Regras de recolhimento do
Risco de Acidente do Trabalho a partir de 2010)
Dia 29, em São Paulo
Desenvolvimento de Analista em
Administração do Pessoal na Construção Civil
Dia 22, em São Paulo
ISS - Imposto sobre Servidos aplicados à
Construção Civil
Dia 28, em São Paulo
DIRF – Declaração do Imposto de Renda
na Fonte
Dia 29, em São Paulo
Técnicas de Vendas e as Regras de Ouro (O
vendedor nota 10)
Dia 14, em São Paulo
PIS/PASEP e COFINS nos Regimes
Cumulativo e Não-cumulativo - IRPJ E CSLL
FEVEREIRO 2010
Dia 3, em São Paulo
Assistente Fiscal com Foco na
Construção Civil
Dia 22, em Campinas
ISS - Imposto sobre Serviços aplicados à
Construção Civil
Dia 24, em São Paulo
Lucro Real e Lucro Presumido na
Construção Civil
Dia 9, em São Paulo
Os Contratos na Legislação Previdenciária
Dia 22, em Sede
Retenção Previdenciária - Cessão de
Mão-de-obra de Empreitada
Dia 25, em São Paulo
Técnicas para Apresentação em Público
Dia 17, em São Paulo
Cadastro, Crédito e Cobrança
Dia 23, em São Paulo
Dicas Práticas Previdenciárias para uma
Vida Tributária Saudável com foco na
Construção Civil
Dia 25, em São Paulo
Controladoria e Gestão Econômica
CURSOS IN COMPANY
Para atender às necessidades das empresas do setor, o SindusCon-SP criou a modalidade In
company, que tem como objetivo treinar e capacitar profissionais de forma exclusiva. A facilidade
na escolha da data, os temas e a redução dos custos são alguns dos diferenciais desta modalidade.
ÁREAS
DE
AT U A Ç Ã O
• Comércio Exterior
• Marketing e Vendas
• Empresarial
• Produção
• Estoque e Logística
• Qualidade
• Financeira
• Recursos Humanos
• Responsabilidade
Social
• Tributária e
Trabalhista
informações e inscrições: (11) 3334-5600 ou [email protected]
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QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
O impacto do clima
Luiz Henrique Ceotto *
N
o verão, os edifícios são postos à
prova, e seu desempenho resulta
das premissas adotadas nos seus
projetos bem como da qualidade das suas
construções. As mudanças climáticas que
estão acontecendo precisarão ser consideradas nos novos projetos. Caso contrário, poderemos construir edifícios problemáticos e com desempenho abaixo da expectativa dos usuários. O tipo de edifício
projetado e as premissas de seu funcionamento indicarão os requisitos de desempenho que se devem buscar.
Como o assunto é relativamente novo,
os parâmetros climáticos a serem adotados e que “prepararão” os edifícios para
os próximos 50 anos ainda não foram considerados nas normas, tornando as soluções não triviais. A definição de novos parâmetros normativos acarretará estudos de
séries climáticas, muitas vezes não disponíveis para todo o Brasil. Frequentemente,
os dados são mais voltados à agricultura.
Um exemplo é a pluviometria. A maioria
dos dados diz respeito à quantidade total
de chuva precipitada. Embora isso seja
importante para dimensionar caixas de retardo, precisamos saber se esse volume
de chuvas esta sendo distribuído ao longo de 24 h, 12 h ou se existe uma tendência de concentração em apenas 2 h. Muitas vezes, em determinada região, o volume médio diário da pluviometria não está
mudando significativamente, mas o tempo da “pancada” sim e isso vai afetar significativamente as soluções de projeto, tais
como a quantidade necessária de ralos, o
dimensionamento das tubulações, a declividade dos pisos, as soluções de drenagem de jardins, as proteções de rampas e assim por diante.
Grande parte das normas foi baseada
em estudos de séries climatológicas feitas
24
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Mudanças no projeto
podem compensar
o custo futuro de
não tê-las realizado
há mais de 20 anos. Muitas vezes a norma
foi revista em alguns itens, mas no todo
aproveitaram-se os mesmos parâmetros
adotados há algumas décadas, sem uma
análise mais profunda se eles deveriam
ser alterados ou não. Assim, usar uma norma editada recentemente não significa
necessariamente termos em mãos parâmetros climatológicos consistentes com a
realidade. Exemplo disso é a NB-6123 (Forças devidas ao vento em edificações) que
data de 1988, tema que preocupa, devido
aos recentes tornados. Menos por questões de dimensionamento de estruturas de
concreto armado e mais para projetos de
coberturas e fachadas, é preciso analisar
e decidir se são ou não necessárias mudanças de seus parâmetros das velocidades de rajadas entre outros.
Outro exemplo é a NBR-10844 (Instalações prediais de águas pluviais) que data
de 1989. O assunto é relevante devido aos
alagamentos de ruas e coberturas/embasamentos de edifícios. Com base na precipitação diária medida pelo INMET na estação Mirante de Santana nos últimos 10
anos (http://www.inmet.gov.br), calculei um
crescimento de 43% do volume precipitado diário no período.
Esse grande aumento não significa
que, se analisado numa série histórica de
50 anos, ele vá ocorrer nessa mesma proporção. Embora estejamos sofrendo muito com alagamentos, particularmente nos
últimos 5 anos, muitas vezes esses eventos recentes traem nossa percepção sobre os comportamentos climáticos em longos períodos de tempo e somente uma
análise estatística mais consistente poderia indicar de forma inequívoca a existência dessa tendência. Essas questões precisam ser esclarecidas com rapidez, pois
estamos decidindo hoje soluções que afetarão os edifícios e seus usuários nos próximos 50 anos. Na minha empresa, estou
alterando significativamente os parâmetros
de projeto, pois prejuízos futuros decorrentes de mau desempenho dos edifícios poderão ser bem maiores do que eventuais
acréscimos de custo por adotar posições
mais conservadoras.
O impacto nos edifícios
As principais variáveis climatológicas
que podem afetar os sistemas de edifícios
são pluviometria, temperaturas do ar, velocidade dos ventos e intensidade de raios em tempestades. Elas atuam principalmente no “envelope” do edifício: cobertura, fachadas, embasamento, sistemas de
climatização, esgoto, águas pluviais, eletricidade e comunicações, bem como na
Tabela 1 – Interferência das variáveis climáticas nos sistemas dos edifícios
garantia da emissão de esgoto e águas
pluviais para as redes públicas. O grau de
influência dessas variáveis é resumido na
Tabela 1.
Pluviometria
É a variável climática que parece mais
impactar o desempenho dos edifícios. Se
confirmados grandes aumentos no volume de precipitação nas pancadas de chuva, os sistemas de coleta de água pluvial
das coberturas e embasamento, os parâmetros de especificações de pisos e telhados, bem como os sistemas de drenagem
de jardins precisarão ser revistos. Como
as calhas das ruas poderão sofrer inundação em regiões de menor declividade, soluções de projeto precisarão ser pensadas para impedir que a água das calhas
entre nos edifícios pelas rampas de veículos e escadas. Situações como essas poderão paralisar o uso do edifício, pois a
água pode atingir os poços de elevadores, câmaras transformadoras, geradores
de emergência etc.
Também as redes públicas de esgoto
e águas pluviais poderão sofrer “afogamento”, tornando-se temporariamente inoperantes. Em situações como essa, é comum haver refluxo de efluentes para dentro do edifício. Soluções que impeçam esse
refluxo bem como o armazenamento temporário dos efluentes do edifício devem ser
pensadas.
Temperaturas
Estudos mostram grande possibilidade de aumento da temperatura em pelo
menos 2º C nos próximos 40 anos. Os sistemas de climatização deverão levar em
conta essa nova situação. As soluções
mais inteligentes serão voltadas a manter
o conforto interno sem aumentar o consumo de energia. Soluções de fachada que
reduzam o aumento da carga térmica (vidros de maior eficiência, sombreamento,
isolamento térmico etc.), uso de roda entálpica e controle do teor de CO2 na renovação de ar devem ser estudados.
Velocidade dos ventos
Os telhados e coberturas bem como
Sistemas do
Edifício
Pluviometria
as fachadas
Coberturas
alta
serão os sisEmbasamento
alta
temas mais
Fachadas
alta
Climatização
baixa
impactados
Água
baixa
caso aumenEletricidade
baixa
te a velocidaComunicação
baixa
de das rajaEsgoto
alta
Água pluvial
alta
das de curta
duração em
tempestades.
Os processos de fixação precisarão ser
mais reforçados. bem como as pressões
de dimensionamento dos caixilhos e componentes (vidro, alumínio, pedras, pré-moldados etc.). O dimensionamento das estruturas de concreto será pouco afetado
devido a sua massa inercial, o mesmo não
acontecendo com as estruturas metálicas
de galpões, muito mais leves.
Urge criar um
grupo de estudos
para enfrentar a
nova realidade
Descargas elétricas
O aumento dos surtos de energia é a
consequência mais imediata do aumento
dos raios em tempestades. Paradas frequentes do fornecimento de energia seguidas de sobrecargas de tensão na religação serão cada vez mais comuns. Estudos minuciosos das proteções das entradas dos sistemas elétricos precisarão ser
feitos com parâmetros mais rígidos, sob
pena de se intensificar a queima de transformadores, quadros elétricos, disjuntores
etc. Como o risco de queima de equipamentos de grande porte vai aumentar, é
necessário prever no projeto acessibilidade para sua fácil retirada, evitando que o
edifício fique longos períodos de tempo
sem energia ou trabalhando precariamente por dificuldade de acesso à manutenção. Sistemas de geração de energia para
100% da demanda serão cada vez mais
Velocidade
Temperaturas dos Ventos
média
baixa
alta
alta
-
alta
baixa
alta
baixa
baixa
baixa
baixa
alta
Descargas
Elétricas
média
baixa
alta
baixa
alta
média
-
viáveis de forma a poder se desligar um
fornecimento instável da concessionária,
reduzindo riscos.
Será necessário aterrar melhor a fachada, os elementos metálicos de coberturas e varandas e instalar melhor o pararaios. O dito popular “raio não cai duas
vezes no mesmo lugar” provavelmente
será esquecido
Outros aspectos deverão ser analisados e urge criar um grupo de estudos multidisciplinar para orientar projetistas, incorporadores e construtores em como enfrentar essa possível nova realidade. O CBCS
–Conselho Brasileiro da Construção Sustentável– poderia coordenar essa tarefa.
Precisamos ter em mente que decisões
tomadas no presente afetarão o comportamento dos edifícios em toda sua vida útil.
Alguns itens poderão ser corrigidos e o
edifício atualizado, mas outros serão inviáveis devido ao alto custo de sua implantação com o edifício em funcionamento.
Embora precisemos de estudos consistentes, o momento não requer precisão. Precisamos ser mais engenheiros que cientistas. Eventuais pequenas diferenças na
adoção de parâmetros por essa falta de
precisão impactarão pouco nos custos e
os riscos de não fazermos isso agora é a
obsolescência dos nossos edifícios em um
futuro próximo.
* ENGENHEIRO E PROFESSOR CONVIDADO DA POLI-USP,
É
DIRETOR DA TISHMAN SPEYER E MEMBRO DO CTQ DO
SINDUSCON-SP
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
25
GESTÃO DA OBRA
Estruture o processo
Maria Angelica Covelo Silva *
A
gestão de obras tem sido um
desafio crescente em função de
uma série de aspectos que interferem diretamente sobre os resultados de prazos e custos, qualidade, segurança no trabalho, e impacto sobre o
meio ambiente, sustentabilidade e sobre o entorno do empreendimento.
Contratantes públicos e privados
possuem práticas distintas de contratação de obras e, dentro de cada um destes tipos de contratantes, dependendo
também da tipologia, comerciais ou industriais, do mercado imobiliário ou outro, os fatores que influenciarão sobre a
gestão de obras são muitos e variados.
Independentemente do segmento, é
possível listar alguns dos fatores determinantes:
1. Desde a definição do terreno em
que se pretende implantar o empreendimento, os aspectos que influenciarão
a obra devem ser analisados. Análises
de solos, topografia, condições de meio
ambiente, acessos e impacto da logística necessária à realização da obra são
dados que, se não investigados adequadamente, poderão gerar impactos significativos sobre a obra. Muitas vezes,
contratantes de obras ou setores de negócios de empresas que vão construir
seus próprios empreendimentos não
fazem as investigações adequadas e as
áreas ou empresas de engenharia e
construção assumem riscos que podem
gerar grandes impactos sobre custos,
prazos, qualidade, e outros aspectos.
2. A contratação e a coordenação do
desenvolvimento dos projetos é a chave para que a obra seja bem sucedida.
O bom andamento da obra depende de
um projeto que: tenha sido objeto de uma
seleção e qualificação de projetistas com
26
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
A boa gestão
começa muito
antes da execução
do empreendimento
conhecimento compatível com as características da obra; obteve uma correta
identificação das especialidades necessárias às características da obra; tenha
sido coordenado, de fato, estabelecendo-se as melhores soluções tecnológicas, solucionando-se adequadamente
as interfaces entre subsistemas e especificando-se de forma completa os materiais. Os atrasos, custos adicionais e
problemas relativos à qualidade são em
grande parte decorrentes deste quadro.
3. O planejamento deve ser completo antes do início da obra e utilizado
numa gestão baseada em dados e fatos
e não apenas em “percepções e sentimento” sobre a obra após seu início. Por
planejamento completo, entende-se o
que verdadeiramente simula a obra com
o exercício sobre como será o efeito das
condições climáticas em cada etapa,
como será a logística da obra, como serão a sequência e as relações de interdependência entre as atividades, o fluxo
de compras e contratações etc.
4. É preciso que haja fluxo de caixa
adequado. Atrasos nos pagamentos de
parcelas medidas nas obras viram uma
“bola de neve”. Muitos problemas desta
natureza vividos no final de 2008 e em
2009 afetaram com grande impacto o
andamento de obras, com difícil recuperação dos prazos.
5. O contrato de execução da obra
deve se basear no relacionamento adequado entre contratante e contratado. O
mecanismo de pura e simples transferência de riscos não é o caminho mais
inteligente para a gestão de um contrato, mas, infelizmente, se constitui numa
situação ainda existente em nosso mercado, em que todos saem perdendo.
Com isso, assegurada a estrutura de
processos, a competência e a capacitação da equipe e as ferramentas de gestão adequadas por parte da empresa de
engenharia e construção serão os fatores que determinarão o sucesso na gestão da obra, o que será tema de nossos
próximos artigos.
* ENGENHEIRA CIVIL, MESTRE E DOUTORA EM ENGENHARIA,
DIRETORA DA NGI CONSULTORIA E DESENVOLVIMENTO
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MEIO AMBIENTE
Cobertor
curto
P
reocupado com os sérios problemas envolvendo a aplicação da
Lei do Aquecimento Solar (Lei
14.459) na cidade de São Paulo, o SindusCon-SP reuniu-se em novembro com
a Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e
Aquecimento), na sede do sindicato.
O vice-presidente de Meio Ambiente
do sindicato, Francisco Vasconcellos
Neto, reclamou que as construtoras têm
enfrentado inúmeras dificuldades para encontrar soluções técnicas de dimensionamento e especificação do sistema de
aquecimento de água por energia solar que sejam compatíveis com o que
determina a lei e
economicamente
viáveis. Segundo
ele, “o problema tem
sido agravado, e
muito, pela postura
intransigente da Prefeitura de São Paulo,
que não tem levado em conta as dificuldades de implementação do sistema nos
novos empreendimentos”.
Na Lei do Aquecimento Solar paulistana, o poder público havia se comprometido a aceitar laudos técnicos que provassem a inviabilidade técnica de aplicação do sistema em conformidade com o
que a legislação exige. “Quando a Prefeitura fala em ajustes no projeto, certas vezes força baixar o número total de unidades, o que pode inviabilizar os empreendimentos”, disse Vasconcelos.
Vasconcellos, Kaulb, Watanabe e Mazzon articulam ações de construtores e fabricantes
A Lei 14.459, de 3 de julho de 2007,
dispõe sobre a instalação de sistemas de
aquecimento de água por energia solar
nas novas edificações do Município de
São Paulo. A lei foi regulamentada pelo
Decreto 49.148, de 21 de janeiro de 2008,
que determina um mínimo de 40% de
água aquecida pelo sistema.
Carlos Artur de Alencar, vice-presidente de Operações e Finanças da Abrava,
disse que o Guia de Parametrização elaborado junto com a Abrasip (entidade dos
instaladores prediais) foi um primeiro
passo no sentido
de contribuir para o
esclarecimento do
que a Lei efetivamente determina.
O SindusConSP foi representado
ainda pelo presidente Sergio Watanabe; pelos vice-presidentes Maurício Bianchi (Tecnologia e
Qualidade) e Odair Senra (Imobiliário);
pelo coordenador do GT de Sistemas Prediais do CTQ (Comitê de Tecnologia e
Qualidade), Renato Genioli; e pelo superintendente Richard Ouang. Carlos Borges, superintendente do CB-02 da ABNT
e vice-presidente do Secovi-SP, e Lilian
Sarrouf, coordenadora técnica do Comasp (Comitê de Meio Ambiente) do SindusCon-SP, também estiveram presentes. Pela Abrava compareceram o presidente Luiz Augusto Ferrari Mazzon, o vice-
SindusCon-SP e Abrava
estudarão soluções
técnicas para aplicar
aquecimento solar
presidente de Relações Institucionais do
Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol), José Ronaldo Kaulb, e o
gestor do Dasol Marcelo Mesquita.
Ações possíveis
O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, destacou que o problema
requer um esforço adicional da indústria
para ser resolvido. Diante da solicitação
do SindusCon-SP para uma atuação das
entidades junto à Prefeitura, o presidente
da Abrava, Luiz Augusto Ferrari Mazzon,
sugeriu a formação de um petit committé
com representantes de ambas as entidades para estudar as ações possíveis.
Mazzon sugeriu ainda a formação de
um grupo técnico de trabalho para estudo e disseminação das soluções técnicas já disponíveis no mercado.
Foi deliberado então que Marcelo
Mesquita, do Dasol/Abrava, e Maurício Bianchi, Renato Genioli, Carlos Borges,
José Paulo Jereissati e Renato Sofiatti,
pelo SindusCon-SP, iniciem as conversações para estabelecerem uma pauta
de reuniões e a agenda de ações. Há a
intenção de, num segundo momento, convidar outras entidades para a discussão.
O assunto também deverá fazer parte
da programação do 7º Seminário de Sistemas Prediais que o CTQ (Comitê de
Tecnologia e Qualidade) e do Comasp
do SindusCon-SP realizarão em meados
de 2010.
(Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
27
MOTIVAÇÃO
Sem preconceitos
Pedro Luiz Alves *
R
ecentemente, li uma reportagem intrigante e passível de
muita reflexão, publicada no
jornal Washington Post.
O texto falava sobre os dias de
hoje, sobre nossas percepções, sobre como enxergamos as pessoas e
principalmente como não temos dado
atenção a tantas oportunidades de
conhecer “gente boa” que se esconde em corredores, ruas e sem dúvida
nas organizações, convivendo anonimamente ao nosso lado.
O texto relatava uma pesquisa
realizada em uma estação de metrô
de Washington e dizia o seguinte:
Washington, DC - Metro Station,
em uma manhã fria de janeiro em
2007, um homem simples, com um
violino, tocava a Sexta Sinfonia de
Bach há aproximadamente 45 minutos. Durante esse tempo, cerca
de duas mil pessoas circularam
pelos corredores da estação e a
maioria delas estava a caminho do
trabalho.
Após 3 minutos de música, finalmente um homem de meia idade parou para apreciar. Ele diminuiu o ritmo das passadas e parou por alguns segundos, próximo ao músico,
e então apressou-se para cumprir
seus compromissos.
Quatro minutos depois, o violinista recebeu seu primeiro dólar, uma
mulher jogou o dinheiro no chapéu
e, sem parar, continuou andando.
Seis minutos mais tarde, um rapaz encostou na parede para ouvilo, então olhou para o relógio e começou a andar novamente.
Aos 10 minutos de música, um
28
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Quantos talentos
já deixamos de
perceber por termos
visão preconcebida?
nheiro a ele, mas continuaram andando sem perder o ritmo das passadas. O homem recolheu ao todo
32 dólares.
Finalmente, após 1 hora, ele terminou a execução da peça musical
e o silêncio tomou conta da estação,
ninguém notou, ninguém aplaudiu,
nem havia qualquer sinal de reconhecimento. Ninguém sabia também, mas o violinista que tocava
sozinho, nos corredores da Metro
Station, vestindo roupas simples,
sem pompas, era Joshua Bell, um
dos maiores músicos do mundo.
Para se ter uma noção, dois dias
antes de tocar no metrô, Joshua Bell
se apresentou em um teatro em
Boston, onde cada ingresso para
assisti-lo custava em média US$
100.
menino de aproximadamente três
anos parou, mas a mãe o arrastou
junto a ela. O garoto insistiu e ficou
parado olhando e ouvindo o violinista, mas novamente a mãe o puxou
em sua direção e continuaram caminhando. Por várias vezes, a criança virou a cabeça antes de perder contato visual com o músico.
Curiosamente, esta ação foi repetida por várias outras crianças,
mas todos os pais, sem exceção,
forçaram seus filhos a passar rapidamente.
Depois de 45 minutos de música
ininterrupta, apenas seis pessoas
haviam parado para escutá-lo, por
um curto espaço de tempo. Cerca
de vinte pessoas deram algum di-
Esta é uma história verdadeira,
Joshua Bell, incógnito, tocou na estação de metrô de Washington em um
experimento social sobre percepção,
gosto e prioridades das pessoas, organizado pelo Washington Post.
Depois desse relato, certamente
teremos o que pensar sobre nossas
vidas e nos perguntar: “quantas pessoas ao nosso redor possuem um talento que deixamos de perceber?
quantas pessoas passaram por nossas vidas, sem que nos déssemos
conta de sua importância?”.
Tenho absoluta certeza de que eu,
você, todos nós já prejulgamos alguém pelo fato de não seguir os padrões e os estereótipos adotados pela
sociedade e pelas organizações.
Deixamos de olhar para a essência, para olharmos como as pessoas
estão trajadas ou quão bem sucedidas demonstram ser. A verdade é
que, na maioria das vezes, não estabelecemos um padrão de comunicação, verbal ou não, que capaz de abrir
uma possibilidade de ouvir ou ver a
outra pessoa.
Nas organizações, certamente,
deixamos de perceber grandes talentos por essa razão.
Não quero dizer que a maneira
como as pessoas se vestem ou que a
capacidade de realizar um bom marketing pessoal não sejam importantes, mas talvez haja uma etapa anterior a tudo isso, que seria identificar e
instruir os potenciais talentos para
que saibam viver ou conviver em uma
realidade corporativa.
Certamente, muitos talentos que
são despercebidos em sua organização acabam virando ícones da competência no seu concorrente.
Talvez devêssemos aproveitar
Precisamos aprender
a ver e ouvir aqueles
que não dispõem de
marketing pessoal
Oxalá consigamos romper alguns
paradigmas organizacionais e sociais
para estabelecermos em 2010 um plano de desenvolvimento, para que os
talentos despercebidos se transformem em seus “potenciais” de realizações.
ADMINISTRADOR E SÓCIO DA ACT –AÇÃO CONSULTORIA
E
esse final de 2009 para refletir e perceber as pessoas que convivem conosco.
Tomara que possamos, com esse
exercício, estabelecer um processo
de empatia, permitindo vermos essas
pessoas simplesmente como “gente”,
sem nos preocuparmos se são diferentes dos padrões, olhando apenas
para suas qualidades.
TREINAMENTO, MEMBRO DO BOARD DA ASTD-BRASIL
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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SINDUSCON-SP EM AÇÃO
Osasco apresenta Operação Urbana
merciais, residenciais e habitaA Operação Urbana Tietê 2,
ções de interesse social, novo
de revitalização do centro de
paço municipal, remodelação
Osasco, foi apresentada em nodas estações ferroviária e rodovembro no SindusCon-SP pelo
viária e até uma ponte retrátil soprefeito daquele município, Emíbre o Rio Tietê. Haverá incentidio de Souza (PT). Acompanhavos, como aumento do potenciram-no os secretários municial construtivo e cessão de árepais da Habitação, Sergio Gonas e de concessões, em troca
çalves; de Obras, Waldir Ribeiro
da construção do novo paço
Filho; e Paulo Fiorilo, da Admimunicipal.
nistração.
Além disso, a Prefeitura esRecepcionaram os visitantes
tava prestes a fazer o primeiro
o presidente do sindicato, SerO prefeito Souza apresentou o projeto da Operação Tietê 2
chamamento empresarial para a
gio Watanabe; os vice-presidenconstrução de 400 unidades habitaciotes Cristiano Goldstein, José Carlos Monais destinadas a famílias de baixa renCBIC no Conselho Nacional de Cidalina, José Antonio Schwarz, Luiz Antôda, dentro do programa Minha Casa Mides, Miguel Sastre.
nio Messias e Maristela Honda; e o
nha Vida. No total, planeja-se a construA Operação Urbana Tietê 2 consiste
membro do Núcleo de Habitação Popução de 3 mil moradias para esta faixa.
na construção de empreendimentos colar do sindicato e representante da
MP fará
seminários
O Ministério Público (MP) do Estado de São Paulo realizará seminários
abertos às construtoras, sobre os principais pontos a serem observados nos
empreendimentos imobiliários, em relação ao atendimento das exigências
ambientais e de uso e ocupação do solo.
Este foi o principal resultado da visita feita em novembro pelos presidentes
do SindusCon-SP, Sergio Watanabe,
do Secovi-SP, João Crestana, e da Fiabci-Brasil, Ricardo Yazbek, ao procurador geral de Justiça do Estado de São
Paulo, Fernando Grella, e ao corregedor geral de Justiça do Estado de São
Paulo, Antonio de Pádua Bertone.
Acompanhou a visita o vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP,
Odair Senra.
30
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Abertas as inscrições do MBA
Já estão abertas as inscrições para
a 7ª Turma do MBA Executivo da Construção Civil, resultado da parceria entre
o SindusCon-SP e a Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio
Vargas (EESP-FGV). O processo de seleção vai até 12 de fevereiro e as aulas
terão início em março.
Curso de pós-graduação lato sensu
universitário, o MBA objetiva proporcionar ao aluno conhecimentos amplos
sobre a construção e capacitá-lo a avaliar vários temas, como: os impactos das
variáveis macroeconômicas sobre os
negócios; o gerenciamento econômicofinanceiro em indústria de ciclo longo, e
o gerenciamento de contratos privados
e públicos.
A metodologia de ensino é moderna e dinâmica, abordando áreas de economia, administração e finanças essenciais ao gerenciamento da empresa.
Inscrições: www.eesp.fgv.br . Os candidatos preenchem o currículo e marcam entrevista com o coordenador do
curso. Se aprovados, matriculam-se na
mesma hora! Mais informações: (11)
3799-3413 ou e-mail [email protected].
Espanhóis visitam
Organizada pela Taiet Brasil Inversiones (TBI) Mediador Estratégico, uma
delegação de empresários espanhóis foi
recebida pelo superintendente do SindusCon-SP, Richard Ouang, em novembro. A visita objetivou apresentar novas
empresas e agremiações, conhecer o
perfil da construção civil paulista e estreitar laços. Ouang representou o diretor de Relações Internacionais do sindicato, Salvador Benevides. Esta foi a segunda passagem dos empresários espanhóis pelo SindusCon-SP.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
31
SEGURANÇA DO TRABALHO
Motive os trabalhadores
Gianfranco Pampalon *
D
entro do novo quadro de crescimento econômico e aumento da
competição, em que as empresas construtoras se inserem, há uma grande necessidade de mudanças radicais no
setor.
Isto acontece porque o acirramento
competitivo força a indústria da construção civil à modernidade no planejamento,
gestão e execução de seus processos
empresariais.
Em consequência, todos os setores da
empresa acabam sendo a estimulados a
também se modernizar.
No Brasil, a construção passou por
momentos de altos e baixos nos últimos
anos. Recentemente, os anos mais difíceis em termos econômicos aconteceram
no período de 2001 a 2003. A partir de
2004, o crescimento foi expressivo.
Depois dos meses em que o setor ficou parado no fim de 2008 e início de 2009,
hoje a construção voltou a ser uma das
molas propulsoras da economia brasileira, com absorção de mão de obra e participação significativa no PIB (Produto Interno Bruto) nacional.
Uma prática eficiente de melhoria do
processo construtivo está relacionada com
a participação dos trabalhadores no planejamento da produção.
O mestre de obras e os encarregados devem ouvir os operários para serem seus porta-vozes, além de darem
suas próprias contribuições nas reuniões
de planejamento.
Os processos construtivos tendem a
ser mais eficazes e eficientes com a integração, no sistema de construção, de todos os envolvidos no processo, criando
um ambiente de cooperação interna.
Isto é de vital importância para que os
operários estejam motivados a participa-
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Planejamento deve
ter participação dos
encarregados e
mestres de obras
rem efetivamente do planejamento das
atividades dentro dos canteiros de obras.
Fundamental é ter a participação do
SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho) ou dos responsáveis pela segurança do trabalho neste planejamento.
A verdadeira prevenção se faz com
o planejamento e a inserção nos projetos dos dispositivos de segurança do trabalho.
A boa gestão prevê que as boas práticas de algumas construtoras devam ser
imitadas e incorporadas às outras obras.
Todos aqueles que trabalham na construção civil sabem que a eficiência na produção é função da qualidade de seu planejamento.
Uma produção bem planejada cria
condições para menos interrupções dos
processos construtivos e facilita a execução correta na primeira vez.
Assim, a produção bem planejada vai
reduzindo o retrabalho, eliminando desperdícios e, principalmente, diminuindo o
número de acidentes e doenças do trabalho, além de evitar os passivos trabalhistas. Atente bem, estou falando de aumento dos lucros da empresa!
O Brasil é signatário da Convenção n°
167 de 1988 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre segurança e
saúde na construção. Ou seja, o país assumiu o compromisso de implementar este
acordo. Transcrevo um de seus itens: “É
direito e dever dos trabalhadores participar e opinar sobre métodos de trabalho
que afetem sua segurança no trabalho”.
Com o gerenciamento participativo,
essa prática passa a criar mais responsabilidade entre operários e gerentes, motivando-os a participarem dos planejamentos e da melhoria da produção.
No dia 27 de novembro, foi comemorado o Dia do Profissional de Segurança
no Trabalho. Parabéns aos muitos engenheiros e técnicos de segurança do trabalho que contribuem para a prevenção de
acidentes e para a qualidade da saúde
dos trabalhadores da indústria da construção civil.
Sucesso e feliz 2010.
* ENGENHEIRO CIVIL E DE SEGURANÇA DO TRABALHO, É
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO DA
SRTE/SP
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Mesmo após a construção
José Carlos Baptista Puoli *
O
s condicionamentos ambientais
devem ser criados e aplicados
para impor: ao poluidor, a obrigação de recuperar e indenizar danos; ao
usuário, a contribuição pela utilização de
recursos ambientais. É o que dispõe o artigo 4º, inciso VII, da Lei 6938/81.
De um lado, disto decorre a responsabilidade ambiental objetiva (que impõe o
dever de responder por danos ambientais, ainda que não haja culpa). De outro,
o princípio do poluidor-pagador prevê que
só o fato da utilização de bem ambiental
faz surgir a necessidade de o interessado
contribuir, pagando pelo uso.
Por isso, no momento da formação do
preço de um produto imobiliário, é preciso levar em consideração não apenas
itens usualmente analisados (insumos, lucratividade etc.), como também outros que
decorrerão da produção e/ou implantação da obra.
Por exemplo, o incremento do trânsito
devido à construção de um shopping center gerará custos que não eram tradicionalmente cobrados do proprietário: melhoria das vias do entorno, maior fiscalização/sinalização do tráfego etc.. Tal cenário mudou e, buscando inspiração na
teoria econômica, o Direito Ambiental passou a exigir que o empreendedor arque
com tais custos (sociais e/ou ambientais).
Fala-se das “externalidades”, ou seja,
de custos que usualmente não eram considerados no processo produtivo mas que,
direta ou indiretamente, são gerados pela
atividade econômica e devem ser pagos,
não pela sociedade como um todo, mas
pelo realizados da obra.
A construção já convive com exigências deste tipo. Quando a prefeitura condiciona a expedição da licença para construir um shopping center a que o interes-
34
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Custos sociais ou
ambientais do
empreendimento
podem ser cobrados
sado realize melhorias no entorno, se estará dando vazão ao raciocínio de que a
mera utilização do espaço urbano (bem
ambiental) gera custos externos à obra, os
quais também devem ser pagos pelo interessado.
Quando tais exigências são feitas num
momento prévio, a conta de viabilidade
econômica do empreendimento fica nítida
e a opção do empresário passa a ser segura. Ele pode verificar os custos (diretos,
indiretos e/ou “externos”) e decidir se a
obra é ou não viável.
Quando estes custos externos não são
exigidos previamente, isso não isentará o
empreendedor plenamente contra eventual cobrança futura. A inexistência da cobrança prévia não impede que, mais tarde, a questão seja suscitada por outras
entidades (Ministério Público, ONGs, entre outros) que podem atuar em defesa da
coletividade e, independentemente de não
ter havido a exigência prévia, podem, até
em juízo, “cobrar” do responsável a fatura
respectiva.
Neste caso, será indispensável um
processo judicial, no qual a defesa buscará demonstrar que não se pode surpreender o empreendedor com custos que, se
cobráveis, deveriam ter sido anteriormente exigidos. Este tipo de demanda pode
implicar interrupções da obra (caso em que
a ONG e/ou o MP peçam embargo liminar
para impedir que ela seja finalizada até
que os custos externos estejam contemplados) e/ou pode gerar condenações
posteriores, com potencial para consumir
parcela importante (e/ou a totalidade) da
rentabilidade do empreendimento.
Portanto, estes riscos devem ser objeto de prévia cautela do empreendedor
pois, conforme o vulto da obra, é necessário haver a prévia consideração destes elementos e o respectivo contingenciamento
de recursos para fazer frente à situação,
se for o caso, evitando o prejuízo mencionado.Trata-se, assim, de mais um elemento
que deve ser prévia e tecnicamente considerado pela construção, pois a lei permite
a cobrança de tais custos externos.
* ADVOGADO DO ESCRITÓRIO DUARTE GARCIA, CASELLI
GUIMARÃES E TERRA, DOUTOR PELA FACULDADE DE
DIREITO/USP E MEMBRO DO CONSELHO JURÍDICO DO
SINDUSCON-SP
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NOTÍCIAS DAS REGIONAIS
Ribeirão festeja 75 anos do SindusCon-SP
Os 75 anos do SindusCon-SP foram
homenageados pela Câmara Municipal
de Ribeirão Preto com uma moção de
congratulações, aprovada em plenário.
O autor do requerimento, vereador Nicanor Lopes (PSDB), ressaltou na
ementa o valor do SindusCon-SP e o
trabalho da atual diretoria. “O presidente Sergio Watanabe vem desempenhando importante papel na condução
do sindicato nesta nova fase de pujança da construção civil brasileira”, disse.
Para o diretor da Regional Ribeirão
Preto do SindusCon-SP, José Batista Ferreira, a homenagem representou o reconhecimento da cidade pelo esforço e participação da entidade em promover ações
socioambientais e na discussão dos pro-
Santos investe
em segurança
Foi um sucesso o 1º Encontro dos
Empresários sobre Gestão de Segurança e Meio Ambiente no Trabalho, realizado na Regional Santos do SindusCon-SP em novembro. A avaliação é
do diretor Ricardo Beschizza.
No evento, o vice-presidente de
Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, falou sobre
novos aspectos da segurança no trabalho. O auditor fiscal da SRTE, Antônio Pereira, enfatizou a responsabilidade civil e criminal do empresário em
caso de acidente. E o gerente de Segurança e Saúde no Trabalho do Sesi,
Augusto Gouvêa Dourado, distribuiu o
Manual de Segurança na Construção
Civil, que mostra como melhorar as condições de segurança, higiene e saúde
(Giselda Braz)
nos canteiros.
Lopes e Batista: defesa do interesse público
blemas públicos, sempre em benefício da
cidadania. “Defendemos os interesses da
indústria da construção civil, mas sempre
pensando no bem-estar da comunidade e
nosso papel social”, afirmou.
Habiarte Barc campeã
Em uma final emocionante, decidida
em 5 a 4 na cobrança de pênaltis, a Habiarte Barc venceu a Copema e sagrou-se
campeã da 10ª Copa Cimento Itaú/SindusCon-SP de Futebol, em novembro. A competição reuniu 12 equipes de associados
da Regional Ribeirão Preto do SindusConSP, durante quase dois meses, no complexo esportivo do Olé Brasil.
Em clima de muita descontração, a
cerimônia de premiação teve distribuição
de troféus e medalhas, e contou com as
presenças do diretor da Regional Ribeirão Preto, José Batista Ferreira, dos diretores das empresas campeã e vice e de representantes da Cimento Itaú.
(Márcio Javaroni)
Seconci-SP em Santo André
A inauguração da unidade de
atendimento do Seconci-SP em
Santo André atendeu a uma antiga reivindicação dos trabalhadores, afirmou o presidente do sindicato dos trabalhadores local, Luiz
Carlos Biazi, elogiando a alta qualidade dos serviços oferecidos. Ele
participou da solenidade, ao lado
do presidente do Seconci-SP, Antonio Carlos Salgueiro de Araújo,
e do diretor da Regional Santo
André do SindusCon-SP, Paulo
Piagentini.
Na opinião da diretora-adjunta da Regional, Rosana Carnevalli, a nova unidade vai ajudar
muito os trabalhadores e seus familiares em diagnósticos preventivos, “dando mais qualidade de vida aos funcionários, o que gera melhor produtividade no trabalho”, avaliou.
Para o empresário Ricardo Di Fol-
Araújo, Piagentini e Biazi, na nova unidade
co, foi relevante receber a unidade na
região, pois o serviço beneficiará o trabalhador da construção, evitando que
ele entre em longas filas para conseguir atendimento no SUS.
(Sueli Osório)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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Bauru debate
financiamento
Empresários do SindusCon-SP, Sescon-SP e Secovi-SP participaram de um
encontro com a Caixa Econômica Federal, para discutir a nova política de crédito
e pré-aprovação de financiamentos. O superintendente regional da Caixa, José
Paulo Amorin, apresentou as opções de
financiamento oferecidas pela instituição
e as principais exigências do banco para
a liberação dos recursos às empresas.
De acordo com o diretor da Regional
Bauru do SindusCon-SP, Renato Parreira,
o principal foco do evento foi o programa
do governo federal Minha Casa, Minha
Vida. “A Caixa tem realizado este encontro
em todas as Regionais do sindicato, no
intuito de esclarecer as dúvidas e incentivar o cadastramento das empresas (Geric), para que possam construir pelo programa. Com a adesão das construtoras
conseguiremos garantir que este programa, tão bem estruturado, tenha continuidade e atinja o sucesso que todos esperamos”, disse.
Evento incentivou participação das empresas no programa Minha Casa, Minha Vida
Na Unimar
O cenário da construção e as perspectivas para os próximos meses foram
tema de uma palestra realizada pelo diretor da Regional, durante a Semana de
Engenharia da Universidade de Marília
(Unimar).
“Mostramos, para um grupo de 90 alunos, como tem sido o desenvolvimento
da construção civil nos últimos meses e a
plena recuperação do setor –o que garante milhares de empregos e ajuda a
tirar o Brasil da crise”, destacou Parreira.
Protetor solar: orientação
As Regionais Presidente Prudente
e São José do Rio Preto do SindusCon-SP promoveram palestras para
quebrar preconceitos e conscientizar
trabalhadores, técnicos de segurança,
mestres de obras e engenheiros ao uso
de protetor solar.
Em Rio Preto, cerca de 40 pessoas
assistiram à palestra da médica Maricy
Aparecida Masini Busico, que falou da
dificuldade enorme de se convencer as
pessoas a se proteger do sol, uma vez
que o câncer de pele só aparece mais
tarde. “Além disso, muitos operários
pensam que o protetor é um cosmético”, comentou.
O técnico de segurança do trabalho João Cândido ressaltou a relevância do evento. “Nossa empresa já dis-
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
ponibiliza os protetores. O que faltava
eram as informações técnicas para reforçar a campanha de uso”, afirmou.
Bloqueador obrigatório
Em Prudente, a médica do trabalho
do Seconci Emília Mary Lino abordou
os riscos da exposição ao sol e orientou sobre o uso de protetor.
A Cláusula 18ª da convenção coletiva de trabalho, assinada pelo SindusCon-SP com os sindicatos e a federação estadual dos trabalhadores do
setor, determina às empresas oferecerem o protetor aos trabalhadores expostos ao sol.
(Ester Mendonça, Ana Lígia Paschoaletti e Homero Ferreira)
Na oportunidade, o diretor chamou a
atenção dos estudantes para a importância da legalização no setor. “Os universitários são a futura força de trabalho, que
estará nas construtoras nos próximos
anos. Eles precisam aprender o valor de
uma obra executada de acordo com as
determinações legais, uma obra devidamente legalizada. Temos índices altíssimos de informalidade e de irregularidades hoje, e isso precisa ser revertido, pelo
bem do setor e de toda a sociedade”,
(Sabrina Magalhães)
acrescentou.
Rio Preto
ensina NF-e
Funcionários das áreas de contabilidade, informática e administração de
diversas empresas da construção civil
participaram em novembro do curso
Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e Sistema
Público de Escrituração Digital. Promovido pela Regional São José do Rio Preto, o curso teve como palestrante o contador Edson Paulo Evangelista.
Para o contador Roberto Carlos
Menoni, que participou do curso, o novo
sistema ajuda. “As boas empresas, que
cumprem com a responsabilidade fiscal, só têm a ganhar com o sistema, que
simplifica a sistemática entre fornecedo(EM e ALP)
res e clientes.”
JURÍDICO
A retomada do imóvel
Ricardo Negrão *
A
atual lei de locações de imóveis urbanos causou estardalhaço nos meios jurídicos
quando entrou em vigor em 1991. Em
novembro, com a aprovação pelo Congresso do Projeto 140/09 (que pretende alterar alguns dispositivos daquela
lei), o debate ganhou relevo.
Isso ocorreu, a nosso ver, porque a
relação entre locadores e locatários é
das mais difundidas, seja no âmbito residencial (ainda há déficit habitacional)
como no âmbito não residencial (boa
parte do varejo se desenvolve por meio
da locação). De modo geral, o projeto
avançou no conceito de privilegiar o direito de propriedade, favorecendo o locador, principalmente com vantagens
processuais. O foco é a maior eficiência
na retomada do imóvel.
Vamos aqui mencionar apenas alguns aspectos mais polêmicos. O primeiro deles é a inclusão do parágrafo
3º do artigo 13 da lei (equiparação da
cessão da locação à venda do controle
da sociedade locatária). A intenção é
clara: em reconhecimento ao caráter
personalíssimo da relação, o projeto estabelece que o locador deve concordar
com essa transferência.
Na maioria dos casos, essa disposição mostra-se justa. Mas, em alguns
casos (como nas locações com grandes redes varejistas), o que importa é a
manutenção da marca e do produto e,
assim, a venda do controle societário
não afeta o locador. Por isso, o ideal seria
talvez acrescentar-se ao dispositivo a
expressão “salvo expressa disposição
em contrário”. Daí ficaria claro que a
questão pode ser ajustada pelas partes.
Outro ponto interessante do projeto
As mudanças na
Lei do Inquilinato
favorecem mais o
lado do locador
é autorizar a concessão de liminar para
despejo do locatário logo no início da
ação (desocupação em 15 dias), nos
casos em que o locatário (de imóvel não
residencial) não restituiu o espaço locado ao final da locação (e desde que
proposta a ação no prazo de até 30 dias).
Trata-se de antecipação de tutela em
ação de despejo por denúncia vazia!
Da mesma forma poderá o locador pretender o despejo liminar no caso de o
locatário ficar em mora e, cumulativamente, deixar o contrato sem garantia.
O projeto merece aplauso ainda
quanto à exclusão da exigência de caução prévia, para que o locador possa
requerer o despejo (em execução provisória) após sentença que reconheça
a falta de pagamento. Hoje o locador
deve, após a sentença favorável, aguardar alguns anos para julgamento do
recurso ou oferecer caução em quantia
equivalente a 12 alugueis.
Por fim, vale mencionar as alterações quanto à ação renovatória. Nesse
âmbito o projeto aborda temas delicados: 1) propõe a redução do prazo para
desocupação do imóvel de seis meses
para 30 dias no caso de improcedência
da ação; e 2) propõe a possibilidade de
pedido de liminar (de tutela antecipada) para despejo em quinze dias, caso
haja proposta de terceiro com condições mais vantajosas (despejo esse
que poderá ser evitado caso o locatário
cubra a proposta). A redução do prazo
nos parece adequada, já que a locação
não renovada estará vigorando por prazo indeterminado.
A autorização para concessão de liminar poderá sofrer certa resistência no
Judiciário. Talvez o projeto, reconhecendo o direito do proprietário de ser adequadamente remunerado, poderia ter
feito algumas imposições a mais, visando dar maior segurança jurídica às relações e evitar que o expediente seja
utilizado de má-fé com apresentação de
propostas inidôneas.
Certamente, após a definição final
do texto, muito ainda se debaterá para
aperfeiçoamento desses institutos.
* ADVOGADO, SÓCIO DO ESCRITÓRIO A. LOPES MUNIZ E
MEMBRO DO
CONSELHO JURÍDICO DO SINDUSCON-SP
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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PREVENÇÃO E SAÚDE
A saúde do homem
João Felício Miziara Filho *
A
lguns assuntos são vistos como
tabu no meio masculino. Um dos
campeões é o exame preventivo do câncer de próstata. Enquanto a maioria das mulheres encaram a ida regular ao
ginecologista como algo natural, os homens ainda relutam em procurar o médico. Mas os números são preocupantes e
servem de alerta para aqueles que ainda
se iludem em pensar que estão imunes ao
problema.
Segundo dados divulgados em novembro pelo Instituto Nacional de Câncer
(Inca), em 2010 o Brasil terá quase 500 mil
novos casos de câncer. Esses números
fazem parte de um estudo publicado a cada
dois anos, adotado como uma das ferramentas para o planejamento e a gestão
da saúde pública em câncer. Com exceção dos tumores de pele não melanomas
(os mais comuns e de melhor prognóstico), o câncer mais comum nos homens é o
de próstata (28,7%), seguindo-se o de
pulmão (9,7%) e o de estômago (7,6%).
Há dois fatores confirmadamente associados a um aumento do risco de câncer de próstata: a idade e o histórico familiar. Assim como em outras doenças, a idade é um fator de risco importante, ganhando um significado especial no câncer da
próstata, uma vez que tanto a incidência
como a mortalidade aumentam consideravelmente após os 50 anos. Histórico familiar de pai ou irmão com câncer da próstata antes dos 60 anos de idade pode aumentar o risco de câncer em três a dez
vezes em relação à população em geral.
Embora ainda não haja confirmação
científica de que a alimentação inadequada pode contribuir para o problema, já está
comprovado que uma dieta rica em frutas,
verduras, legumes, grãos e cereais integrais e com menos gordura, principalmente
38
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Cuidado preventivo
pode detectar câncer
de próstata em estágio
inicial e levar à cura
as de origem animal, não só pode ajudar
a diminuir o risco de câncer, como também de outras doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão arterial.
O câncer da próstata surge quando,
por razões ainda desconhecidas da ciência, as células da próstata passam a se
dividir e se multiplicar de forma desordenada, levando à formação de um tumor.
Alguns desses tumores crescem de forma
rápida, espalhando-se para outros órgãos
do corpo, podendo levar à morte. A maior
parte deles, porém, cresce de forma tão
lenta que não chega a dar sintomas durante a vida nem a ameaçar a saúde do
homem.
Presença de sangue na urina, jato urinário fraco, dor ou queimação ao urinar
são alguns dos sintomas que sinalizam
problemas na próstata e requerem uma
consulta ao médico. Porém a presença de
um ou mais desses sintomas não significa
que a pessoa esteja com câncer, pois várias doenças podem acarretar sintomas
semelhantes. Somente um médico poderá orientar sobre os exames necessários
a fazer para um diagnóstico mais preciso.
A chance de cura do câncer de próstata, quando tratado no seu estágio inicial, é
de quase 100%. Por isso, em um setor
como o da construção civil, em que a população masculina é predominante, campanhas preventivas fazem a diferença.
Ciente da sua responsabilidade social,
o Seconci-SP tem investido amplamente
em ações preventivas e de orientação voltadas especialmente para os homens na
faixa etária acima de 40 anos. Todo o processo começa com uma consulta médica
e o exame clínico, seguido da dosagem
do antígeno prostático específico (PSA, sigla em inglês) e ultrassonografia, quando
necessário.
A maior preocupação é deixar de lado
o preconceito que ronda o assunto e oferecer aos nossos usuários todo o suporte
clínico e informações claras e objetivas
para uma vida longa e saudável.
(*) MÉDICO ESPECIALISTA EM PATOLOGIA E MEDICINA
LEGAL, ADMINISTRADOR HOSPITALAR E SUPERINTENDENTE
AMBULATORIAL DO SECONCI-SP
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EMPREENDIMENTO COM
MANUAL DE GARANTIA
Elaborados pelo SindusCon-SP, Secovi-SP e por
uma equipe de construtoras, advogados, fornecedores
incorporadores e construtores no pós-ocupação.
Os dois manuais ajudam as construtoras na
de materiais e equipamentos e consultores de
tarefa de instruir os novos ocupantes para garantir a
diferentes áreas, o Manual do Proprietário e o Manual
vida útil de seus empreendimentos recém entregues
de Áreas Comuns são ferramentas fundamentais aos
por muito mais tempo.
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 39
MARKETING
Criando valor
Antonio Jesus de Britto Cosenza *
A
criação de valor é, para o marketing, a forma mais eficaz de
se manter os clientes.
Entretanto, algumas empresas, antes de investigar o mercado para conhecer o que o cliente valoriza de fato, partem do pressuposto de que já o sabem e
iniciam campanhas de comunicação promovendo esse(s) suposto(s) benefício(s).
Um cliente de banco gostaria que todos os ATMs dessem acesso à sua conta
corrente para que ele pudesse efetuar
as suas transações com uma maior conveniência. Essa foi a proposta do banco
24 horas que deixou de ser “eficaz” quando cada instituição financeira resolveu
ter a sua própria rede de ATMs dando
acesso exclusivo aos seus correntistas.
Um cliente de cartão de crédito/débito gostaria de que a(s) bandeira(s) à(s)
qual(is) ele é associado fosse(m) amplamente aceita(s) e que as máquinas processadoras fossem de fácil operação por
parte dos funcionários do estabelecimento, para evitar transtornos de reprocesso.
Já o proprietário do estabelecimento
que trabalha com as bandeiras gostaria
de não ter de pagar por várias máquinas
para poder processar os cartões.
Em vez disso, as empresas operadoras investem em comunicação de mudança de marca e em democratização(?)
de equipamentos processadores.
Um cliente de restaurante gostaria de
escolher o seu vinho após ter tomado o
seu aperitivo junto com o couvert e selecionado o(s) prato(s) que vai degustar.
Em vez disso, os “atendentes” trazem
a carta de vinhos antes mesmo de entregarem o cardápio.
E os exemplos poderiam seguir em
profusão.
Criar valor é entender o que o merca-
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
É preciso entender
o que o mercado
espera para atender
suas expectativas
do espera para atender as suas expectativas de forma a reter os clientes e tê-los
como defensores de sua atividade por
meio da geração de um boca a boca positivo para a sua marca.
Basta uma investigação preliminar,
não onerosa, para se compreender quais
as expectativas dos clientes em cada setor de atividade. Mas algumas empresas
não a realizam sob alegação de “fazerem economia”, o que sairá muito caro,
uma vez que isso levará a desperdício de
investimentos em aspectos não valorizados pelo mercado.
Aí começa a surgir uma demanda, por
parte da direção financeira das empresas, para indicadores de desempenho
das atividades de marketing. É claro que
não haverá retorno se os investimentos
forem posicionados de forma equivocada, o que provoca uma descrença na eficácia das ferramentas de marketing.
Mas os discursos continuam alinhados. Segundo as organizações, o consumidor é soberano, o cliente é o mais importante, e elas são orientadas pelo e
para o mercado, mas continuam sem conhecer o que cada mercado de cada categoria de produto e/ou de serviço efetivamente espera.
O país vai sediar dois grandes eventos esportivos internacionais.
Como as marcas vão aproveitar essas excelentes oportunidades para se
fazerem presentes nas mentes dos clientes? Mais do que isso, para construírem
uma imagem positiva e se integrarem ao
espírito dos eventos?
Esperemos que não seja por meio de
intervalos comerciais que interrompam a
cada quinze minutos as competições.
Esperemos que haja o bom senso de se
integrarem ao contexto de forma a provocarem satisfação do público alvo e não
rejeição a uma intromissão abusada.
Se o valor não é criado, o desperdício
acontece e o marketing, enquanto disciplina, enquanto ferramenta para maximizar os negócios, é considerado o culpado. E com isso as oportunidades de mercado são desperdiçadas e os investimentos considerados despesas e reduzidos
a cada período fiscal.
* CONSULTOR DE EMPRESAS E PROFESSOR DA EAESPFGV
E DA
BBS
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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INOVAÇÃO
O alcance da certificação
Vahan Agopyan*
V
olto a destacar a importância da
certificação para os produtos, sistemas e serviços inovadores. Para
o que já é consagrado, a certificação é um
instrumento poderoso para o consumidor,
por garantir que o bem adquirido atende
especificação previamente acordada. A
certificação mais reconhecida é a de terceira parte, onde uma certificadora atesta
que o produto, sistema ou serviço atende
aos requisitos da certificação adotada.
Nesta metodologia, produtor e consumidor confiam na entidade certificadora e
acatam as suas ponderações. Para itens
já normalizados, a certificação tem uma
rotina bem estabelecida, e no país as entidades certificadoras são credenciadas
pelo Inmetro, o que oferece ao consumidor leigo uma garantia adicional.
A autocertificação pelo próprio produtor não deve ser vista com desdém. Se ela
for oferecida com toda a transparência,
esclarecendo plenamente a metodologia
adotada e os parceiros envolvidos, é válida. No exterior, tem-se até a declaração
de durabilidade do produto como um certificado de garantia.
Para produtos, sistemas e serviços inovadores, a certificação fica bem mais complexa. Como não existem normas de consenso, tanto o fornecedor como o consumidor devem ter uma grande interação
com a entidade que fará a avaliação, que
nem sempre pode ser denominada de
certificação. A metodologia adotada pela
avaliadora deve ser exaustivamente discutida entre as partes e reconhecida como
válida, bem como as suas incertezas explicitamente descritas para que as partes
assumam conscientemente os seus riscos.
Essa metodologia é imprescindível porque avaliza a inovação e contribui para
sua aprimoração. Nos procedimentos de
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Avalizar produtos e
sistemas inovadores
requer amplo diálogo
entre todas as partes
avaliação/certificação de inovações, como
a entidade que atua é certificadora e centro de pesquisas, ela tem condições de
sugerir aperfeiçoamentos.
Daí meu entusiasmo pelo Sinat (Sistema Nacional de Aprovação Técnica),
por acreditar que ele, além de fornecer
garantia e maior confiança ao usuário da
inovação, vai contribuir para adequá-la e
consolidá-la no mercado.
Destaco compreensão clara do que
uma certificação significa e o seu adequado emprego. Em linhas gerais, a certificação é uma constatação do atendimento
aos requisitos de uma especificação. Portanto, dois produtos certificados podem ter
desempenho distinto, mesmo atendendo
à certificação estabelecida. O produtor/fornecedor pode incluir, para o seu objeto,
atributos novos ou valores melhores aos
requisitos normalizados. Cabe ao profissional cliente/usuário compreender essas
diferenças e avaliar sua necessidade.
Em recente evento sobre Construção
Sustentável, notei a surpresa dos participantes, quando o palestrante que estava
apresentando um sistema de certificação
de construção sustentável (o BREEAM,
ainda não utilizado no país) mencionou
esse fato. A certificação/avaliação “verde”
na construção civil é um procedimento inovador e depende da plena compreensão
do seu alcance pelo produtor e pelo consumidor. No exemplo citado pelo palestrante, um condomínio horizontal, no norte
da Inglaterra, atendia às exigências mínimas do sistema de certificação, mas a certificadora, um centro de pesquisa tradicional na construção civil, recomendou um
aprimoramento do projeto, e o empreendimento tornou-se muito mais sustentável,
principalmente pela redução do consumo
de energia e de água, com valores consideráveis, da ordem de 30% e 20%, respectivamente.
Não basta ter o produto, sistema ou
serviço certificado, é necessário compreender o seu alcance. Mais ainda, a certificação não é apenas uma garantia mínima
ou um instrumento de marketing, ela pode
ser uma ferramenta importante para o aprimoramento de uma inovação.
* PROFESSOR TITULAR DA ESCOLA POLITÉCNICA DA USP
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