XX Congreso Latinoamericano y XVI Congreso Peruano de la
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XX Congreso Latinoamericano y XVI Congreso Peruano de la Ciencia del Suelo “EDUCAR para PRESERVAR el suelo y conservar la vida en La Tierra” Cusco – Perú, del 9 al 15 de Noviembre del 2014 Centro de Convenciones de la Municipalidad del Cusco CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA EM SOLO SUBTROPICAL SOB USOS DISTINTOS Oliveira, J.S. 1*; Tomasi, C.A. 1; Inda, A.V.1 1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul * Autor de contato: e-mail: [email protected] Av. Bento Gonçalves, 7712 Faculdade de Agronomia, Depto de Solos, Porto Alegre, RS, Brasil; 5551-33087427 RESUMO A interferência do homem no meio ambiente por meio da agricultura resultou, em alguns casos, na degradação do solo. Essa situação remete à região dos Campos de Cima da Serra (CCS), no estado do Rio Grande do Sul, onde as áreas naturais foram sendo progressivamente ocupadas pela agropecuária. O trabalho tem como objetivo determinar o teor de carbono orgânico total (COT) e de carbono nas frações húmicas da matéria orgânica do solo sob diferentes usos; e inferir sobre o impacto da ação antrópica nas mudanças da dinâmica do solo. O Latossolo Vermelho (LV) é uma classe de solo com extensa representação na região dos CCS. No município de André da Rocha este solo foi amostrado sob três usos distintos: campo nativo, floresta de Pinus sp. e lavoura. Na fração TFSA, foi determinado o COT e realizado o fracionamento químico da matéria orgânica segundo metodologia descrita por Dick et al. (1998). Os resultados foram analisados por meio da comparação entre médias e desvios padrão obtidos com auxílio do programa SigmaStat 3.5. O campo nativo apresentou os maiores teores de COT e da fração substâncias húmicas (CSH). O reflorestamento com Pinus sp. apresentou os maiores teores de compostos orgânicos de baixo peso molecular (CHCl) e de ácidos fúlvicos (CAF), sugerindo uma decomposição mais lenta do material orgânico. Em função do sistema de preparo com revolvimento, a lavoura apresentou diminuição dos seus teores de COT. A conversão de áreas naturais pela ação antrópica determinou reduções do teor de C da matéria orgânica do solo, principalmente sob o uso de lavoura. PALAVRAS-CHAVE Manejo do solo; ação antrópica; Campos de Cima da Serra. INTRODUÇÃO O Rio Grande do Sul tem, tradicionalmente, a agricultura e a pecuária como bases de sua economia, utilizando a terra como meio de produção de pastagens para suprimento animal e cultivos diversos de importância econômica. Em muitas situações, a utilização intensiva do solo resultou na sua degradação progressiva. A conversão de campos e florestas nativos para agropecuária alterou sua condição natural, o que impulsionou a busca por indicadores que pudessem monitorar a tais ações visando evitar a degradação, bem como a recuperação de áreas degradadas. Situada na porção nordeste do estado do Rio Grande do Sul, a região dos Campos de Cima da Serra (CCS) apresenta extensão de 1,5 a 2 milhões de hectares. É a região mais fria do estado, com temperatura média anual inferior a 18 oC e maior volume de chuvas, variando entre 1700 e 2470 mm.ano-1 (Moreno, 1961). Os solos desta região são normalmente ácidos, com altos teores de carbono orgânico (Streck et al., 2008) e apresentam uma situação rara no mundo de cobertura vegetal herbácea entremeada por matas nativas de araucárias (Boldrini, 1997). A utilização agrícola e pecuária do solo altera as condições pedoambientais na camada superficial do solo. Podem ocorrer incrementos ou reduções do conteúdo de matéria orgânica do solo (MOS), respectivamente, pela utilização de sistemas conservacionistas do solo (Bayer et al., 2004; Bertol et al., 2004) ou pela conversão de campo nativo em florestas de Pinus sp. associada a regimes de queima (Heringer et al., 2002; Wiesmeier et al., 2008). Considerando que a MOS desempenha importante papel nas características físicas e químicas do solo, esse trabalho objetivou caracterizar quantitativa e qualitativamente a matéria orgânica em um Latossolo Vermelho sob diferentes usos na região dos Campos de Cima da Serra. METODOLOGIA Coleta e preparo das amostras Os Latossolos Vermelhos Distroférricos típicos são representativos nos CCS, ocorrem sob condições de relevo suave ondulado, sendo bem drenados, e com mineralogia predominante de caulinita e óxidos de ferro (Streck et al., 2008). No município de André da Rocha, o Latossolo em estudo foi coletado sob três usos distintos: (i) campo nativo (CN); (ii) reflorestamento de Pinus sp. com 15 anos (RP); e (iii) lavoura (soja/milho) com 40 anos em sistema de preparo convencional do solo (LA). Em cada tratamento, foram coletadas amostras em seis profundidades (0-2,5; 2,5-5; 5-10; 1015; 15-20; 20-30 centímetros) com três repetições. As amostras foram secadas, destorroadas e passadas em peneiras com malha de 2 mm para obtenção da fração terra fina seca ao ar (TFSA). Carbono orgânico total e fracionamento químico da matéria orgânica A determinação do carbono orgânico total (COT) foi realizada em amostras de 0,3 g de TFSA, após moagem em gral de ágata (∅ < 0,1 mm), por combustão seca em analisador de carbono SHIMADZU 500 (TOC). O fracionamento químico da matéria orgânica foi realizado segundo metodologia descrita por Dick et al. (1998), adaptada de Swift (1996), dividida em três etapas: (i) carbono relativo aos compostos orgânicos de baixo peso molecular (CHCl); (ii) carbono relativo às substâncias húmicas (CSH); e (iii) separação das substâncias húmicas em ácidos húmicos (CAH) e fúlvicos (CAF). A fração humina foi obtida pela diferença entre o COT e as demais frações. Os teores foram determinados em colorímetro VARIAN 634 no espectro visível a 580 nm. Após os resultados, foram calculados as médias e os desvios padrão com auxílio do programa SigmaStat 3.5. RESULTADOS E DISCUSSÃO O uso do solo sob CN foi considerado como tratamento testemunha em relação aos demais, apresentando os maiores teores de carbono orgânico total (COT) (Figura 1). Nessa região, o aporte de matéria orgânica (MO) na superfície é maior do que a capacidade metabólica dos microrganismos e, por isso, os teores de COT tendem a ser maiores em superfície e decrescentes em profundidade. Nos usos LA e RP, os teores de COT diminuíram expressivamente em relação ao CN. Na LA, isto se deve ao intenso revolvimento do solo, o qual facilita a exposição da MO aos microorganismos, bem como favorece ainda perdas por erosão (Silva Neto et al., 2008). No RP, a depleção de COT tem relação com a baixa taxa de decomposição das acículas do pinus em função do alto teor de lignina e de compostos fenólicos de sua estrutura (Wiesmeier et al., 2009). O CN apresentou os menores teores de compostos orgânicos de baixo peso molecular (CHCl) quando comparado com os demais usos (Figura 2, a). Os teores mais altos foram observados no RP. Esta fração tende a ser chamada de “fração leve” devido à alta reatividade e rápida decomposição de seus constituintes (Silva Neto et al., 2008). Os teores de carbono orgânico da fração substâncias húmicas (CSH) mantiveram-se superiores e diferiram para o CN até a profundidade de 0,25 m (Figura 2, b). A fração de carbono relativo às substâncias húmicas (CSH) é composta por ácidos húmicos (CAH) e ácidos fúlvicos (CAF). Após esta separação, verificou-se que os teores de CAF no CN foram intermediários aos teores dos demais usos (Figura 3, a). O RP apresentou os maiores teores de CAF, indicando maior conservação de formas pouco decompostas do carbono, porém, em teores totais o CN foi superior. Os teores de CAH foram maiores no CN em relação aos demais usos (Figura 3, b). Tal ocorrência no CN se deve a não interferência antrópica, pois houve sequestro de carbono e este teve tempo necessário para tornar-se ácido húmico. A humina é caracterizada por sua alta reatividade com os minerais do solo, principalmente os óxidos de ferro, característicos de solos altamente intemperizados, como é o caso do Latossolo Vermelho. Portanto, a interferência antrópica ocorrida nos manejos sob LA E RP expôs os estoques de carbono na forma de grupos funcionais de fácil decomposição, presentes na fração humina, sofrendo rápida decomposição e sendo retirados do sistema-solo. Além disso, a mobilização do solo determinou a ruptura de agregados diminuindo também a proteção física da fração humina (Silva Neto, 2006). Observando o contexto geral, a ocorrência de teores de CHCl e CAF maiores no RP indicam que o material orgânico em superfície apresenta uma taxa de decomposição mais lenta, o que contribuiria ao longo do tempo para maiores proporções dessas frações. Quanto aos teores totais de carbono, pode-se dizer que o CN é eficiente na conservação do mesmo devido ao clímax que este atingiu ao longo dos anos. Figura 1. Teores de carbono orgânico total ao longo da camada superficial do solo sob usos distintos. (a) (b) Figura 2. Teores de carbono orgânico da fração ácidos orgânicos de baixo peso molecular (a) e substâncias húmicas (b) ao longo da camada superficial do solo sob usos distintos. (a) (b) Figura 3. Teores de carbono orgânico da fração ácidos fúlvicos (a) e ácidos húmicos (b) ao longo da camada superficial do solo sob usos distintos. CONCLUSÕES O campo nativo obteve os maiores teores de carbono orgânico total (COT) e da fração substâncias húmicas (CSH), sendo eficiente na conservação do mesmo devido ao clímax que este atingiu ao longo dos anos. O reflorestamento com Pinus sp. obteve os teores mais altos de compostos orgânicos de baixo peso molecular (CHCl) e dos teores de ácidos fúlvicos (CAF), indicando decomposição mais lenta do material orgânico em superfície. Em função do sistema de preparo com revolvimento, a lavoura apresentou diminuição dos seus teores de COT. As áreas estudadas mostraram que está ocorrendo perdas de matéria orgânica do solo por ações antrópicas, principalmente sob o uso de lavoura. REFERENCIAS BAYER, C.; MARTIN-NETO, L.; MIELNICZUK, J. et al. Armazenamento de carbono em frações lábeis da matéria orgânica de um Latossolo Vermelho sob plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 39:677-683, 2004. BERTOL, I.; ALBUQUERQUE, J. A.; LEITE, D.; AMARAL, A. J.; ZOLDAN JUNIOR, W. A. Propriedades físicas do solo sob preparo convencional e semeadura direta em rotação e sucessão de culturas, comparadas às do campo nativo. R. Bras. Ciênc. Solo, 28:155-163, 2004. BOLDRINI, I. L. Campos do Rio Grande do Sul: Caracterização fisionômica e problemática ocupacional. Boletim do Instituto de Biociências, UFRGS, n 6, 1997. DICK, D. P.; GOMES, J.; ROSINHA, P. B. Caracterização de substâncias húmicas extraídas de solos e de lodo orgânico. R. Bras. Ciênc. Solo, 22:603-611, 1998. HERINGER, I. JACQUES, A.V.A.; BISSANI, C.A.; TEDESCO, M. Características de um latossolo vermelho sob pastagem natural sujeita à ação prolongada do fogo e de práticas alternativas de manejo. Cienc. Rural, 32:309-314, 2002. MORENO, J. A. Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura, Diretoria de Terras e Colonização, Secção de Geografia, 1961. 46p. SILVA NETO, L. F. da. Óxidos de ferro, matéria orgânica e adsorção de fósforo em dois Latossolos sob diferentes sistemas de manejo. Porto Alegre. Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2006 (Dissertação de mestrado). SILVA NETO, L. F. da; INDA, A. V.; BAYER, C. et al. Óxidos de ferro em Latossolos tropical e subtropical brasileiros em plantio direto. R. Bras. Ci. Solo, vol.32, n.5, pp. 2008. STRECK, E. V.; KÄMPF, N.; DALMOLIN, R. S. D. D. et al. Solos do Rio Grande do Sul. EMATER, RS. 2 ed. 2008. 222p. WIESMEIER, M; DICK, D. P.; RUMPEL, C. et al. 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