não digas nada para além do teu

Transcrição

não digas nada para além do teu
não digas nada
para além do teu
Solange Lucie Machado
Coordenação Editorial
Débie Regina Tissiani
Revisão de linguagem
Maria Helena F. C. Adonis
Capa e projeto gráfico
Divinas Criaturas Fotografias
Foto da capa
ALMENARA EDITORIAL LTDA.
R. Cap. Souza Franco, 540/Cj. 22 – Curitiba/PR – 80730-420
Email: [email protected]
www.almenaraeditorial.com.br
Eliane Doin
não digas nada
para além do teu
1ª. edição
Curitiba, 2010
D657
Doin, Eliane, 1957Não digas nada para além do teu silêncio / Eliane Doin
- Curitiba: Almenara Editorial, 2010
140 p.: il., 20cm
ISBN
1. Poesia brasileira. I. Título.
CDD 869.1(22.ed)
CDU 82-1(81)
Obra revisada pelas normas do Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa,aprovado pelo Decreto legislativo nro. 54 de 18 de Abril de 1995.
Copyright © 2010 Almenara Editorial Ltda.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/98.
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios,
sem autorização prévia, por escrito, da Editora.
Eliane Doin
obra poética
Hiato - 1982. Adotado pela Escola Internacional
de Curitiba para Análise Literária.
Poetas na Praça. Antologia Poética – 1985
Linha Vertical – 1987
Reversos da Alma – 1993
Representante do Paraná no 1º Encontro
Nacional das Mulheres nas Artes - 1983
Produtora da 4a. Noite da Poesia Paranaese.
Coordenação e Organização do espetáculo
teatral “A Poesia sobe ao palco”, levado à cena
no Teatro Guaíra – 1984
Menção Honrosa no III Concurso de Poesias
CELLU – 1986
Dedico este livro à
Lúcia Helena Deconto “in memoriam”
Um anjo que celestiou em nossas vidas
por menos tempo que o desejado.
Aos meus amigos portugueses
com a minha mais pura alma lusitana
Vira. E corre. E mexe.Tira. E põe.
E muda. E sai.Volta. E vai. E tenta.
E pensa. E sente. E nunca mente!
É assim, Eliane!
Entre palestras tudo menos modestas, aula, cursos,
discurso, projecto, sonho, ginástica, dieta, dentista, viagem,
conversa, risada, doçura, ainda descobre tempo para deixar
que as palavras saiam, e brinquem, soltas, neste espaço
branco feito de papel, em busca do seu ritmo, do seu tom,
do seu par. E encontrando o seu sítio*. O seu sentido. Esse
onde todos os sentidos se encontram, e todos os sentimentos
convivem.
Têm ritmo, e luz, e cor, as palavras de Eliane.
E têm dor, e mágoa, e lágrimas.
Mas tem sobretudo alma.
Esta alma grande que assim se nos oferece, limpa,
pura, despojada de disfarce, simplesmente como é... para o
nosso enorme prazer!
Maria João Resende
* Lugar (nota da autora)

não digas nada para além do teu
despir tudo
que reveste
substituir o papel
descobrir a culpa
que embrulha
a mentira
que inocenta
despojar os preconceitos
lavar as impurezas
suavizar a ira
e quem sabe
a vaidade
a avareza
que proíbem
que mancham
que provoca
a gula
a luxúria
a vingança
tornar este mundo mais habitável
si êncio

que gosto tem o desgosto
de nunca ter feito o que se gosta?

não digas nada para além do teu
onde começa
corta e fere
o fio da meada?
do princípio ao fim
o fim não tem começo
o começo não quer saber do fim
si êncio

por que quando você está
no meio do caminho
você está sempre
meio
caminho
abaixo?
ta!!!
van
le

não digas nada para além do teu
o destino que pressinto
aos poucos desvenda-se
como que rasssgaaando
a pele
o sonho
o sofrimento que sinto
é arrebatador
é triste
aos poucos vai
sucumbindo
como que arrebentando as cordas vocais
como que dilacerando a alma
as vozes não acompanham o eco
e perdem-se num destino para o nada
si êncio

perdoem-me os excessos
do meu português europeu
e as falhas do meu “brasilês” latino
já não sei dos acentos
nem das vírgulas
pronomes e adjetivos
tudo é indefinido
até os artigos

não digas nada para além do teu
já nem querias mais
procurar esta saída
já sabias o desfecho
a agonia
os traçados se resumiam em avançar
rasgava-se a solidão
rasgava-se o véu
o frio
a fantasia
tudo parecia alegria
e só encontravas alegria
tentavas desviar
mas chegavas ali e não vias
tentavas te encostar
mas mal chegavas ali
procuraste abandonar
debatias-te
escalavas
era tudo sempre alegria
(mas estavas rodeado de alegria)
para escorregar
por outra via
e só encontravas a mais pura alegria
si êncio

tudo parece menos lúcido
quando estamos embriagados
de mentiras

não digas nada para além do teu
os medos não dão sossego
pensamentos transversos
correm por correntezas
atribulam-se em suposições
de repente
tudo emerge
e os medos
viram sossego
si êncio

deixar-me
sem razão
de nada
para que enxurradas de lágrimas
des
pen
quem
arrebentando as minhas
certezas
as minhas correntes
partindo toda uma vida
você parte no primeiro trem

de segunda classe
não digas nada para além do teu
nem parece que te conheci
naquele pleno azul
naquela profunda perda
naqueles distantes mares
naquele começo de vida
nem parece que te conheci
naquela interminável espera
naquele difícil sufoco
naquela inesperada doença
naquela fantástica festa
nem parece que te conheci
naquela violenta agressão
naquele infinito desespero
naquele inevitável engano
naquela suposta traição
nem parece que te conheci
naquelas detestáveis mentiras
naquelas infundadas dúvidas
naquelas hilariantes gargalhadas
naquelas infindáveis lágrimas
(quem reconhece as razões de tanto por tão pouco?)
si êncio


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