série III - Cofre de Previdência
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série III - Cofre de Previdência
III série 2 n2 I I I serie CORAÇÃO ANO XIX o mais apaixonante dos cofres FICHA TÉCNICA PRESIDENTE: Tomé Jardim [email protected] | DIRECTORA: Luísa Paiva Boléo [email protected] | EDIÇÃO: Cofre de Previdência | CONSELHO REDACTORIAL: Tomé Jardim / Francisco Pinteus / Elder Fernandes / Manuela Charrua / Catarina Santos / Vitor Luz/ Susana Inácio | RESPONSÁVEL EDITORIAL: Ricardo Henriques [email protected] IMAGEM DE CAPA: Andreia Gil | FOTOGRAFIA: Cláudia Peres | DIRECÇÃO CRIATIVA E DESIGN: Andreia Gil | PUBLICIDADE: Sara Ferreira | SECRETÁRIA: Sara Ferreira COLABORADORES DESTE NÚMERO: M. Regina Tavares da Silva /António Pinto de Almeida / Mafalda Aragonez Bacalhau / Victor Paiva / Catarina Nicolau / Joaquim Geraldes Pinto / Maria do Mar / Mafalda Queiroz / Susana Inácio / Sónia Ferreira / Sara Ferreira CONTACTOS DO COFRE: Rua do Arsenal, Letra E, 1112-8O3 Lisboa e Rua dos Sapateiros, 58, 11OO-579 Lisboa / Telefone: 213 241 O6O / Fax: 213 47O 476 [email protected] NIF: 5OO969442 / IMPRESSÃO: MULTIPONTO, S. A. / ISSN 2182-1437 / DEPÓSITO LEGAl: 324664/11 / REGISTO ERC: 119146 / PERIODICIDADE: Bimestral / TIRAGEM: 46 OOO / PVP: 1,OO€ *A redacção da revista Cofre não obedece ao novo Acordo Ortográfico Pág. 5 Entrevista Pág. 9 Maria Regina Tavares da Silva CARTAS Pág. 12 Pág. 10 QUEM É QUEM Pág. 18 NOVA SÓCIA Residência Universitária do Porto EFEMÉRIDES Pág. 20 Pág. 17 REPORTAGEM BRUXELAS Pág. 22 CÉREBRO Consultório Médico O Coração Pág. 28 Projecto LATA 65 Pág. 30 Pág. 27 FLORBELA ESPANCA Curiosidades do Coração Pág. 33 Noticias do Cofre TOMÉ JARDIM Há duas semanas, na Rua de Santa Catarina no Porto ouvi chamar «Sr. Dr.» olhei e vi um casal a acenar; caminhei na sua direcção e a senhora apresentou-se como Associada do Cofre e disse-me que vinham da Quinta de Santa Iria onde há anos não iam por se terem incompatibilizado com o anterior prestador de serviços. Afirmou: «fiquei encantada com a Quinta, não parece a mesma, está diferente, o Campus de Ciência Viva é de facto uma grande obra, uma mais-valia para aquela região e para o Cofre, os caminhos onde não se podia andar, agora estão todos arranjadinhos e os trabalhadores tão afáveis e simpáticos pelo menos para nós que já não somos novos. Para a semana vamos visitar o Vau, levar a minha cadelinha, finalmente tem abrigo onde a posso deixar e gozar as piscinas que sei estarem muito bonitas. Bem-haja pelo que tem feito e pelo seu empenho. É verdade Sr. Dr. fez muito bem em mudar de Companhia de Seguros aquilo não se faz, aumentar os preços e depois passados dois meses aumentar outra vez são uns...». Respondi-lhe que temos uma ampla equipa composta pelos Órgãos Sociais e Trabalhadores, os quais contribuem todos os dias para melhorar o bem-estar dos nossos Associados em todos os espaços do Cofre e zelar pelo interesse da comunidade Cofre. Fiquei orgulhoso, no Porto, na via pública, cumprimentarem-me e ouvir estas palavras, são elas que nos dão alento para continuar a trabalhar para toda a família Cofre. Em meu nome e no do Conse- 2 cofre lho de Administração agradeço a todos com amizade. Na sequência do referido pela Associada do Porto e apesar dos comunicados enviados aos nossos Associados aderentes ao Cartão de Saúde, não posso deixar de informar todos da atitude da Companhia de Seguros Açoreana para com o Cofre. Depois de ter trabalhado durante meses, acordado na melhoria do Cartão de Saúde com novas regalias entre as quais as chamadas medicinas complementares e medicina veterinária, nasceu o Cartão Gold com um preço de 3O€, posteriormente comunicado a todos os Associados aderentes. A menos de dois meses do término do contrato a Companhia de Seguros Açoreana veio apresentar um novo preço de 39€, alegando défice do cartão. Assim só poderia levar à sua resolução por parte do Cofre, foi o que aconteceu. Apesar do curto espaço de tempo conseguimos juntamente com a Victória Seguros, a qual tem um accionista mutuário, obter um novo Cartão de Saúde com mais valências e uma excelente rede de prestadores de saúde ao preço de 3O€. Claro que apesar da excelente rede de prestadores, haverá certamente situações onde aquele ou outro prestador, conhecido do Associado, não esteja na mesma rede, mas vamos tentar, quando as situações ocorrerem, resolvê-las. Este cartão é exclusivo para o Cofre e foi igualmente concebido em função da necessidade e do perfil dos nossos Associados. Não existe limite de idade para o aderente, não é necessário relatório clínico. É em tudo igual ao anterior com a diferença da Companhia, da cor, de um preço mais acessível e de um subsídio diário maior, 27,5O€ e os dias de indemnização de 25 passaram para 125. Os nossos familiares podem igualmente, se assim o desejarem, ter “o Cartão Seguro Cofre de descontos” com os mesmos benefícios associados ao cartão do sócio/a. O cartão será também um complemento ao nosso sistema de saúde ADSE. O Associado tem a possibilidade de ter acesso aos demais seguros com preços muito acessíveis. Não podem deixar de consultar as condições. As férias escolares aí estão e com elas muitos pais aproveitam para iniciar também as suas, o Cofre atento, e na sequência da operação piloto de entretimento lançada no ano anterior na Quinta da Covilhã, este ano, para além da Quinta vamos fazer o seu lançamento também no Vau e em Vendas Novas com início no mês de Julho. O período escolar terminou para os nossos estudantes das Residências Universitárias iniciando as suas férias, regressaram a casa, mas já deixaram as suas inscrições para o próximo ano escolar, a do Porto ficou 8O% ocupada. É um sinal de satisfação, boas férias. Em Lisboa os oriundos do ERASMUS aí estão. A nossa Revista, como vos tinha informado, tem novo formato, e esta tem como tema o Coração. Espero que gostem. Além dos assuntos já conhecidos tem outros artigos de muito interesse como a entrevista à nossa associada Maria Regina Tavares da Silva recebedora da Medalha de Ouro atribuída pela Assembleia da República, e a Grande Reportagem na RUP. Há actividades do Cofre em todas as direcções. Astronomia na Quinta de Santa Iria, ida ao teatro dos residentes da Residência de Loures, o aniversário da Residência de Vila Fernando, a Assembleia Geral de Abril onde foi aprovado o Relatório e Contas de 2O14; a participação do signatário em Associações da Beira Interior; Quem é Quem, Consultório Veterinário e Médico a não deixar de ler. Apresentamos mais um disco com um texto do senhor Conselheiro Francisco Pinteus; falamos do Santo António na Residência Sénior de Loures; efemérides sobre datas da História de Portugal; uma breve biografia de Florbela Espanca da directora da revista Dra. Luísa Boléo; as cartas dos sócios e muito mais. Os nossos sócios têm uma produção literária digna de realce e merece continuar a ser conhecida de todos. Por isso na rubrica Os Livros dos Sócios apresentamos mais dois, tendo um deles sido lançado no nosso auditório da Rua do Arsenal. Continuamos a aguardar as notícias do vosso lado, os contos, as fotografias, os desenhos, as receitas e as vossas histórias de vida. Aqui os aguardamos e boa leitura. Com consideração. Boas Férias. cofre 3 27 DE JULHO A 5 DE AGOSTO COLÓNIA DE FÉRIAS COFRE Praia Azul – Torres Vedras Dos 7 aos 14 anos Colónia de 1O dias em regime fechado ACTIVIDADES INSCRIÇÕES ABERTAS ATÉ 9 DE JULHO - Praia - Iniciação à prática do surf; slide; escalada; cama elástica; escorrega na água - Espaço aventura na mata - Futebol; basquetebol; voleibol; ténis de mesa; petanca; matraquilhos - Ginástica - Iniciação à prática da modalidade “Capoeira” - Percursos pedestres e prova de orientação - Jogos tradicionais e jogos lúdicos na mata e na praia - Actividades de salão – dança, música, karaoke - Cinemateca - Iniciação, navegação e prática na Informática - Ateliers de cerâmica, pintura e trabalhos manuais - Debates e sensibilização sobre temas específicos Preço por participante: 275€ Mais informações: e-mail: [email protected] telefone: 213241O6O cofre Número mínimo de participantes: 15 Número máximo de participantes: 2O f PERSONALIDADE facetas ENTREVISTA Por Luísa Paiva Boléo | Fotografia: Visvaldas Grauslys MARIA REGINA TAVARES DA SILVA Recebeu no passado mês de Dezembro na Assembleia da República a Medalha de Ouro comemorativa do 5O.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no âmbito do Prémio Direitos Humanos 2O14? Que significado teve para si? Naturalmente que é gratificante que o nosso trabalho seja reconhecido e esta medalha tem esse significado. Mas, tal como tive ocasião de dizer na cerimónia da sua atribuição: «Considero que não é apenas esse trabalho que ela contempla; é também o de muitas pessoas com quem, ao longo das últimas décadas, trabalhei a nível nacional e internacional, que defenderam e defendem a visão que esta medalha consagra e legitíma, isto é, a visão de que os direitos das mulheres são direitos humanos.» Para nós, hoje, esta é uma asserção óbvia, mas nem sempre assim aconteceu e ainda não acontece em muitas regiões do mundo. As questões relativas às mulheres e à sua procura activa de cidadania plena a todos os níveis da vida em sociedade eram vistas apenas como causas sociais, preocupações de grupos específicos, de feministas, por vezes ridicularizadas, mas não eram vistas como questões com efectiva legitimidade política. Hoje é um dado adquirido, pelo menos na »teoria, que a questão da igualdade de género é uma questão fundamental em democracia, «… um princípio que decorre dos direitos da pessoa humana… nos termos de uma Declaração solene do Conselho da Europa, de 1988, que eu própria tive a honra de propor.» Fale-nos um pouco das suas origens familiares, da escolha do curso e como aconteceu fazer uma pós-graduação em Cambridge? As minhas origens situam-se bem no centro de Portugal, no concelho de Vila de Rei onde nasci. A família acabou por se fixar em Lisboa e foi na Faculdade de Letras da Universidade Clássica que me licenciei. Terminado o curso, eu queria conhecer o mundo, outras gentes e culturas, concorri a uma bolsa e estive um ano num “college” nos Estados Unidos, o que foi uma experiência fantástica na instituição muito especial que me foi dado frequentar – Grailville College, perto de Cincinatti – mas também em toda a ambiência cultural de um mundo novo que me foi dado descobrir. No Verão percorri o país de costa a costa, em parte na mítica Route 66, cami- cofre 5 nho dos que partiam para a conquista do Oeste, celebrizada como a “Mother Road” em “As Vinhas da Ira” de John Steinbeck. Fiquei um mês na Califórnia num projecto de apoio a crianças de origem mexicana, atravessei as Montanhas Rochosas, estive no templo Mórmon em Salt Lake City, visitei o Grand Canyon e o Painted Desert, a vastidão desértica do Arizona de cactos gigantescos, estive numa reserva índia… e depois também Washington, Nova Iorque, Detroit, São Francisco, Los Angeles… enfim a descoberta de um mundo novo! Mas eu queria ainda mais e depois de dois anos em Portugal parti de novo. O destino foi a Universidade de Cambridge onde fui Leitora de Português e foi outra experiência fascinante! Alunos e alunas, não muitos, mas brilhantes e interessados, a possibilidade de uma vida cultural rica – idas a Londres, British Museum, Tate Gallery, Royal Ballet ou Opera, e também o resto do país – Oxford, Canterbury, York e os seus “pageant” medievais; a Escócia, Edimburgo, o Loch Ness; a Irlanda, Dublin, o Yeats country... tantas recordações. Não obstante tudo isto, verifiquei que tinha também tempo para prosseguir estudos e tirei uma pós-graduação em Literatura Inglesa. Um curso de Verão em Trinity College, Dublin, fez-me “apaixonar” pela obra de James Joyce e acabei a fazer a dissertação final sobre os símbolos e mitos do “Portrait of the Artist”. Entretanto, conheci o meu marido em Cambridge, ele fazia aí o doutoramento em Engenharia Química, decidimos casar e regressámos a Lisboa onde a vida prosseguiu. Quando e onde nasceu o seu interesse pela temática dos direitos humanos e especialmente da problemática da igualdade de oportunidades para as mulheres? O interesse por estas questões nasceu relativamente cedo por influência de Maria de Lourdes Pintasilgo, alguém que foi importante na minha carreira e em muitos aspectos da minha vida. Depois de uma curta experiência no ensino, viria a trabalhar com ela na Comissão que antecedeu a Comissão da Condição Feminina e aí permaneci desde 1974 até me aposentar em 2OO4. Mas, mesmo antes, esse interesse foi sendo alimentado por várias circunstâncias e grupos em que participei, por exemplo, a JUCF (Juventude Universitária Católica Feminina) ou o Movimento Graal. E depois, a estadia nos EUA coincidiu com os tempos do “Civil Rights Movement”. Prioritariamente focados na questão da discriminação racial, no entanto, a questão da discriminação em função do sexo estava também presente, sendo mesmo os anos sessenta chamados os anos dos “novos feminismos”. Um símbolo dessa luta foi a Grande Marcha sobre Washington em Agosto de 1963, em que Luther King proferiu o famoso discurso “I have a dream…” Ao passar em Washington, no regresso a Portugal, alguns dias depois deste acontecimento, que toda a América seguiu com a maior atenção, pareceu-me ainda sentir no ar, ao longo da grande “Pennsylvania Avenue”, desde o Capitólio até à “White House”, o calor e o entusiasmo daquele dia! Mas foi no trabalho na Comissão que esse interes- 6 cofre se se aprofundou e se tornou a linha principal do meu percurso profissional. Entre as coisas interessantes que me foi dado fazer incluo a organização de um Centro de Documentação sobre as questões relativas à mulher e à igualdade em 1975, o qual foi pioneiro nesta área; porque não era uma matéria estudada nem considerada com prestígio para investigação. A oportunidade de pesquisar obras escritas sobre a mulher em Portugal, designadamente percorrendo bibliotecas e alfarrabistas, viria mais tarde a dar lugar a um livro publicado em 1999 - “A Mulher: Bibliografia Portuguesa Anotada 1518-1998”, que tem sido considerada de referência para os chamados “Estudos sobre as Mulheres”. Desenvolvidos em vários países, especialmente de cultura anglo-saxónica sob a designação de “Women’s Studies”, com eles tomei contacto em 198O e, no âmbito da Comissão, começámos a desenvolver uma estratégia para a sua divulgação em Portugal, através de contactos com universidades e outras instituições de investigação. Recordo o primeiro seminário promovido sobre esta matéria em 1983 na Fundação Calouste Gulbenkian, acompanhado por uma belíssima exposição de livros sobre a mulher em Portugal que tive o privilégio de organizar. Hoje os “Estudos sobre as Mulheres” e/ou “Estudos de Género” são uma realidade em várias instituições académicas e de investigação. Mas foram os anos em que presidi à Comissão que mais marcaram o meu percurso; porque foram anos de uma actividade extremamente intensa e exigente, na busca da igualdade, não apenas formal e de princípio, mas efectiva, no quotidiano e na vida real. Um objectivo ainda por alcançar em todas as suas vertentes, mas também é de sonhos e de utopias que se alimenta a vida. Exerci as funções de Presidente entre 1986 e 1992, ano em que me demiti por questões de princípio relativamente ao tratamento político das questões da igualdade e depois disso passei a trabalhar sobretudo na esfera das relações internacionais, primeiro em representação da Comissão, e mais tarde a título pessoal em instâncias internacionais para que fui eleita ou em missões para que fui convidada. O seu currículo é extenso e diversificado desde a génese da Comissão da Condição Feminina (depois CIDM e hoje CIG), Conselho da Europa, União Europeia, Nações Unidas. Quais foram os maiores desafios? Sim, a componente internacional é uma vertente importante do meu percurso profissional, quer a nível das instituições europeias quer também a nível global de “fora” das Nações Unidas. As principais instituições europeias, União Europeia e Conselho da Europa, têm instâncias que se ocupam das questões da igualdade de género e também com elas colaborei. No Conselho da Europa, sedeado em Estrasburgo, havia um Comité intergovernamental para a Igualdade entre Mulheres e Homens para que fui eleita presidente em 1987 e 1988 e depois de novo em 1992 e 1993. Também na Comissão Europeia, sedeada em Bruxelas, havia um Comité Consultivo para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens de que fui presidente em 1991 e vice-presidente no ano anterior. Foram experiências diferentes em organizações de vocação e natureza diversa, mas enriquecedora. Relembro particularmente as muitas missões que realizei como consultora temporária do Conselho da Europa, organização de referência na salvaguarda dos direitos fundamentais e da democracia, em projectos no âmbito de Programas de Cooperação e Apoio a países da Europa Central e Oriental. Realizados na sequência da queda do Muro de Berlim e do processo de democratização que se seguiu, a dimensão da igualdade de género foi também aí integrada, o que me levou a praticamente todos os países daquela zona, desde a Albânia à Macedónia, Croácia, Bulgária, República Moldava, Polónia, República Checa, Ucrânia, etc. Por outro mercado de trabalho, em termos salariais ou de carreira, marginalização na vida política e nas esferas de decisão, violência exercida sob várias formas e subjacente a tudo isto o peso de estereótipos sociais e culturais, de usos e costumes injustos e penalizadores da sua condição de mulheres. Um trabalho que foi sempre um desafio! Paralelamente ao seu trabalho profissional, tem prosseguido investigação e publicado vários trabalhos, participado em congressos e debates. Como tem tempo para tudo? Press Conference UN aniversary CEDAW lado, a experiência internacional foi também enriquecida a nível mais global com o facto de ter sido eleita em 2OOO para o Comité que, no âmbito das Nações Unidas, faz a supervisão do cumprimento da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e que é constituído por 23 peritos/as de todas as regiões do mundo, o chamado Comité CEDAW. Cumpri dois mandatos num total de 8 anos de uma função exigente mas extremamente motivadora. Como eu costumo dizer, foi uma janela aberta sobre a realidade da vida das mulheres e dos seus direitos humanos nas várias regiões do globo. Foi também uma oportunidade, através de várias missões prosseguidas com este objectivo, de conhecer gentes e realidades tão diversas em sítios como o México, o Haiti, Maurícias, Timor-Leste, Malásia, Coreia do Sul… Para chegar à conclusão de que, não obstante as diferenças em termos históricos ou culturais, de desenvolvimento ou de recursos, há traços que são recorrentes no que às mulheres se refere e à sua situação, tantas vezes de menoridade e de discriminação. Desigualdade no Sim, tentei sempre, a par da acção, e acção por vezes muito intensa, achar tempo para continuar a estudar e a descobrir coisas novas, embora de forma paralela e como actividade lateral. Recordo-me que uma das primeiras linhas que prossegui na Comissão teve a ver com as manifestações feministas do tempo da I República - mulheres e organizações envolvidas, ideias que defendiam, etc. Uma das primeiras comunicações que apresentei foi a um Colóquio intitulado “A Formação de Portugal Contemporâneo” organizado pelo Gabinete de Investigações Sociais, em 1981. E o tema, ainda muito pouco abordado nessa altura, era exactamente sobre o feminismo em Portugal na voz das próprias mulheres que, sobre esta questão, se pronunciaram em livros, jornais, conferências, etc. Um tema hoje legitimado, mas na altura distante das preocupações de investigação académica. Outros temas me foram chamando a atenção e foram sendo abordados em artigos, comunicações, capítulos de livros, para além de algumas monografias. Além de textos sobre feminismo em Portugal e sobre várias feministas portuguesas, também artigos sobre a presença das mulheres nos descobrimentos, sobre um tipo de literatura popular pouco conhecida que são os folhetos volantes que também se debruçaram sobre a mulher, e ainda sobre publicidade e a imagem da mulher por ela transmitida. Por outro lado, tive também oportunidade de prosseguir alguns estudos a nível internacional, designadamente para o Conselho da Europa e para agências das Nações Unidas sobre questões relativas à igualdade de género e aos direitos humanos das mulheres, sobre cofre 7 RUP Cumpri dois mandatos num total de 8 anos de uma função exigente mas extremamente motivadora. Como eu costumo dizer, foi uma janela aberta sobre a realidade da vida das mulheres e dos seus direitos nas várias regiões do Globo. NOTA BIOGRÁFICA Maria Regina Amorim Tavares da Silva - Licenciada em Estudos Ingleses e Alemães - Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa – 196O. Bolseira Fulbright nos EUA em 1962-1963 - Literatura Americana e Desenvolvimento Comunitário; pós-graduação pela Universidade de Cambridge (R.U.) em 1966-1967 - Diploma em English Studies. Portugal; Técnica Superior da Comissão da Condição Feminina/ /Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres (1974-2OO4) e sua Presidente de 1986 a 1992. Conselho da Europa - Membro do Comité Director para a Igualdade de Mulheres e Homens (1984-1989 e 1992-1995) e sua Presidente em 1987, 1988, 1992 e 1993. Membro do Comité Consultivo da Convenção Quadro para a Protecção das Minorias Nacionais (2OO4-2OO8). Comissão Europeia – Membro do Comité Consultivo para a 8 cofre Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens (1989-1992) e sua Presidente em 1991. Membro do Fórum de Peritos/as do EIGE - Instituto Europeu para a Igualdade de Género (2O11-2O12). Nações Unidas - Membro do Comité CEDAW - Comité para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres (2OO1-2OO8). Tem também trabalhado como perita internacional para várias agências das Nações Unidas, Conselho da Europa, Comissão Europeia e OSCE e para várias organizações não governamentais. Distinções - Em 1995 foi-lhe atribuída pelo Presidente da República a Comenda da Ordem de Mérito e em 2O14 foi-lhe atribuída, pela Assembleia da República, a Medalha Comemorativa do 5O.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Sócia do Cofre desde Julho de 1968. CARTAS de quem diz o que pensa Presente a simpática revista do Cofre de Previdência, primeiro trimestre de 2O15, desejo opinar algo que me cativou, mas o que dizer? Palavras faltam que possam tecer uma tão vasta e equilibrada postura cultural, com temas e assuntos de interesse comprovados, além das cores de capa e conteúdos anti-stress, curiosidade presente na sua cativante leitura. Fica bem a combinação do antes e o presente "via verde". Esperança. Gostei da partilha expressiva, a simpatia nas (os) colaboradoras (es). Entrevistas com nível elevado de conhecimentos, exemplos que dignificam, enlevam os entrevistados, concretização talvez plena dos objectivos idealizados. Parabéns a todos os colaboradores pelo bom gosto. Francisco Paiva, sócio n.º 44 528 (desde 1966. Para o ano 5O anos se lá chegar). Gosto muita da nossa revista. E agora que ela apareceu com cara nova, parece-me que fica mais perto de nós. Embora os seus conteúdos se tenham revelado sempre como um variado e cuidadoso naipe de leituras, as que realmente mais aprecio são: o conhecimento dos personagens, daqueles que trabalham para tornar melhor a nossa grande Instituição - o Cofre, nas suas variadas vertentes e a participação dos seus sócios, com textos, poesia, fotografia ou desenho e pintura. Adoro conhecer o outro lado das gentes, a riqueza do "seu eu" e as suas actividades. Uma rubrica que apreciava era a dos petiscos da Luísa Gulosa, sempre tão bem ilustrada e apresentada e que agora se encontra em novo formato. As curiosidades e efemérides são um bom ponto, uma boa oportunidade para nos refrescar a memória. Cá continuo esperando o próximo número, para o folhear e depois ir lendo e saboreando. Parabéns à nova equipa e votos de continuação de bom trabalho. Saudações da Maria Romana, sócia n.º 54473. Fiquei agradavelmente surpreendida com o profissionalismo de quem me atendeu inicialmente do Cofre e também de quem tratou “a posteriori” do meu processo na Agência Abreu. Gostei que tivessem enviado por “mail” alguns avisos práticos e úteis para organizar a viagem e mais ainda que tenham entregado toda a documentação no aeroporto (não tendo sido necessário deslocar-me para a obter), assim como nos tivesse acompanhado na viagem uma pessoa da Agência Abreu, a dona Sandra Galhardo a qual do princípio ao fim se mostrou muito profissional, tendo-nos ajudado sempre que foi necessário, e mesmo quando não era. Aliás mesmo quando tivemos um tempo livre, fez questão de nos acompanhar. Mostrou ser uma grande profissional, que começou logo no primeiro contacto (pedido de elementos para tratar do visto), depois no cuidado que teve em enviar um “sms” a informar da hora que deveriamos estar presentes no aeroporto e até ao final da viagem. A viagem correu muito bem. Os hotéis seleccionados são excelentes, assim como os vários restaurantes onde comemos, excepção feita ao restaurante cujo nome não me recordo, no caminho da Capadócia para Kónia, cuja refeição foi um pouco fraca. Os locais visitados são todos magníficos, em especial a Capadócia, local que me fascinou, já para não falar da viagem de balão, que foi inesquecível. Quanto ao guia local nada de especial a dizer, só acho que devia ser um pouco mais sociável. Em suma, viagem com o Cofre é de certeza uma experiência para voltar a repetir. Se possível, que a dona Sandra vá a acompanhar o grupo. O meu nome é Ana Santos, sou sócia do Cofre n.º 778O6, e este ano pela primeira vez decidi participar numa viagem do Cofre, organizada pela Agência Abreu, mais precisamente na viagem à Turquia que se realizou de 4 a 11 de Maio. cofre 9 c QUEM É QUEM cofre SECÇÃO DE APROVISIONAMENTO E INVENTÁRIO Equipa da Secção de Aprovisionamento e Inventário Anabela Marques Coordenadora da Secção de Aprovisionamento e Inventário Patrícia Castro 1O cofre Entrei para o Cofre em Setembro de 199O e o meu percurso foi evoluindo pouco a pouco, sempre com empenho e profissionalismo. Desempenhei várias tarefas, desde o arquivo, secretariado, contabilidade, compras e a realização do inventário físico de toda a Instituição que foi um desafio que aceitei sem hesitar, e concluído, apesar de alguns obstáculos. Vi todo o meu trabalho ser finalmente reconhecido pelo Dr. Tomé Jardim. Hoje coordeno a Secção de Aprovisionamento e Inventário, vejo a mesma a dar frutos graças à grande equipa que me acompanha diariamente e que veste a camisola para que se cumpram todas as incumbências desta Secção, tendo sempre o cuidado de promover um serviço de excelência aos nossos associados. Tudo isto me fez ganhar força para fazer mais a nível pessoal, como tirar a carta de condução para ter mais autonomia nas minhas funções e a minha licenciatura, um objectivo há muito sonhado mas que por divergências da vida não foi possível realizar, com ela irei crescer tanto a nível pessoal como profissional, para melhor servir esta grande Instituição. Jorge Antunes Em primeiro lugar quero agradecer publicamente ao nosso Presidente Dr. Tomé Jardim, pela excelente oportunidade que nos dá, para que nos apresentemos aos nossos associados. Tenho 43 anos, sou funcionário do Cofre há mais de 2O anos, desempenhei várias tarefas e passei em todos os sectores e departamentos, desde o arquivo, atendimento ao público e tesouraria. Neste momento estou a desempenhar funções na Secção de Aprovisionamento e Inventário, sendo estas as funções com que mais me identifico e que me permitem conhecer ainda melhor a Instituição, pois desde as consultas para a aquisição, a compra até à colocação do código de barras, que certamente os nossos associados já tiveram oportunidade de ver, nos bens colocados à disposição, tudo passa pelo meu trabalho. Nas aquisições de toda a espécie de equipamentos, dos mais simples aos mais sofisticados, o pensamento é sempre a qualidade dos produtos, para que possamos oferecer qualidade aos nossos associados e também nas nossas unidades em constante funcionamento. Neste momento vejo a Instituição com outros olhos, pois o crescimento é tal que nos contagia e leva-nos a querer dar mais para oferecer mais. Passados quase dois anos e meio desde que entrei para o Cofre já não exerço funções na Residência Universitária de Lisboa onde fiz parte da primeira equipa que abriu as portas aos estudantes. Ali permaneci cerca de ano e meio com uma excelente equipa e tenho as melhores recordações. Actualmente trabalho no edifício da Rua da Prata, futura sede do Cofre. Pertenço agora à Secção de Aprovisionamento e Inventário, uma empenhada equipa que zela tanto pelo património como pelo inventário do mesmo, assim como a aquisição de bens essenciais. A equipa está atenta ao bom funcionamento dos nossos centros de lazer, residências sénior e residências universitárias. Agradeço à equipa do S.A.I. que desde o início me apoiou e ajudou no exercício das minhas novas funções. Teresa Mendes Comecei o meu percurso nesta maravilhosa Instituição, a 3O de Junho de 2O14, na Residência Universitária de Lisboa, onde recebemos de braços abertos os jovens, e se vive um ambiente familiar formidável, com momentos para sempre se recordar. Neste momento, estou a exercer funções na Secção de Aprovisionamento e Inventário, e é com muito prazer e orgulho que o digo desta forma, pois faço parte de uma equipa formidável e com espírito de entreajuda extraordinário, é um trabalho de muita responsabilidade, pois gerimos todo o património da Instituição Cofre. Agradeço desde já, a esta Instituição a oportunidade que me deu e por ter acreditado em mim. Patrícia Castro cofre 11 r REPORTAGEM RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA DO PORTO residencias NA COZINHA, NA BARRA E NO GARRAFÃO Texto: Ricardo Henriques | Fotografia: Cláudia Peres Comecemos por explicar o título da nossa reportagem. A “cozinha” refere-se a um dos espaços comuns mais emblemáticos desta residência, ainda mais convidativo depois das recentes obras, local onde os residentes fazem os seus jantares-convívio, com o apoio da entusiástica Fátima Silva, a responsável do Cofre por manter o bom funcionamento da vida em comunidade. A “barra” é uma piscadela de olho à futura profissão de quatro estudantes de Direito que vivem na residência e um dia irão estar na barra do tribunal, seja do lado dos advogados, ou do lado dos juízes. Quanto ao “garrafão” é um termo que designa a pequena área que fica em frente aos cestos de basquetebol, isto porque na residência temos 4 federados de dois metros de altura na equipa de basquete do Futebol Clube do Porto. Todos têm posições diferentes, Marcos é base, Sá é poste extremo, Sérgio é extremo e Araújo é poste, faltando apenas um elemento para fechar uma equipa. Além destes dois grupos predominantes, os restantes residentes estudam ou trabalham em áreas muito diferentes, num total de 15 jovens. As entrevistas decorreram um pouco antes da hora do almoço para poderem apanhar o maior número de pessoas e as perguntas foram iguais para todos. Quisemos saber como usavam a residência, qual o tempo que demoravam até às suas escolas e universidades, o que estranhavam e entranhavam da cidade do Porto, comparativamente aos seus locais de nascimento, entre outras questões. O regresso da revista Cofre a esta residência universitária vem também a propósito das obras de beneficiação que, além de melhorarem o funcionamento da cozinha, aumentaram a área de estar. Elisa Caetano, tem 21 anos, nasceu em Beja, estuda na FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto) e na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, onde está a tirar o mestrado em Design de Equipamento Industrial. Elisa, referindo-se à sua área de estudo, diz-nos gostar da sensação dos diferentes materiais e de utilizá-los para fazer coisas úteis. Entre as suas preferências estão as cerâmicas, os plásticos e os silicones. Quanto ao espaço da residência, conta-nos: «O nosso quarto é só para dormir e quando temos de estar concentrados para estudar, usamos a sala quando estamos em época de exames, onde também convivemos muito.» 12 cofre A nova cozinha, a zona privilegiada de convívio Sala de estar com vista para o jardim A estudante de artes da casa já usou a horta biológica (nas traseiras da residência) para apanhar hortelã, alecrim e stevia, um adoçante natural, e tencionava plantar outras ervas quando tiver tempo. Confessa que não gosta muito da comida do Porto. «Nós comemos muito aqui todos juntos, é mais divertido.» O pai de Elisa é sócio do Cofre e o responsável por “lhe abrir” a porta para a residência. A mãe, “designer”, incutiu-lhe o gosto pela imagem. Quando Elisa vai visitar família a Beja é que fica tudo mais complicado, entre comboios e autocarros demora 8 horas a chegar. Projecto Rita Redshoes Entre os muitos projectos em que Elisa está envolvida, encontra-se um, de cariz social, que merece um destaque especial. Enquadrado no seu mestrado em “design” industrial, o Projecto Rita Redshoes visa desenvolver calçado especial para pessoas com Paralisia Cerebral. A madrinha do projecto é a cantora portuguesa Rita Redshoes e o resultado será exposto no mês de Julho, em Sheffield, numa exposição da Conferência Design4Health 2O15, e posteriormente no Porto, no evento BIN@PORTO, a decorrer entre 2 e 4 de Novembro deste ano. Luísa Cerqueira tem 2O anos, nasceu em Viana e está a estudar Bio-engenharia. Luísa estudou Biologia mas não era o que queria. Foi procurar outros cursos e falaram-lhe de um que combinava biologia com engenharia. «Eu fiquei muito interessada, pedi transferência e estou agora no primeiro ano.» Para os nossos leitores perceberem um pouco mais desta área, Luísa explica o que pode fazer em bioengenharia. «A regeneração de tecidos, o trabalho com células estaminais, a modificação genética... Existem três ramos diferentes: engenharia biológica, engenharia biomédica e biotecnologia molecular. Um dia terei de escolher.» Quanto à residência, Luísa é um pouco como Elisa: «Uso mais as áreas comuns onde costumamos estar todos juntos.» Nuno Sapo, mais conhecido por “Sá”, tem 18 anos, nasceu em São Elisa Caetano Mariana Barbosa João Bugia cofre 13 1.º plano: Liliana e Luisa, 2.º plano: Nuno, Sérgio, Diogo, Marcos e Diogo Fontinha Miguel, joga basquetebol na equipa principal do FCP. O Sá é um dos ocupantes mais determinados da residência. «Eu quero o que toda a gente quer: ser o melhor. Por isso vim para cá, porque achei que a nível de formação era o melhor.» Planos para o futuro? Os maiores possíveis. «Gostava de sair, mas também gosto de estar cá no Porto, pelas condições que nos dão e gosto de estar na residência. Se houver uma hipótese de ir para melhor, não vou recusar.» O seu usufruto da residência é essencialmente a cozinha e a sala. «Raramente uso o quarto, só mais para dormir.» Normalmente come na Casa do Dragão que tem uma cantina. É adepto das francesinhas e normalmente come-as em Valongo, num restaurante exclusivamente dedicado à iguaria portuense. Sá veio parar à residência porque no ano anterior estava noutra casa sobrelotada. «Queria ter um espaço com boas condições, não tinha uma empregada, tinha de me preocupar em lavar os lençóis e aqui não, o que me facilita bastante a vida. Só tenho de me preocupar com a loiça.» A propósito de loiça, Fátima Silva explicou-nos que o novo espaço de refeições foi dividido em dois. «Agora temos a cozinha dos rapazes e a cozinha das raparigas, assim é mais fácil perceber quem são os infractores que não lavam a loiça ou que deixam coisas fora do sítio. Isto é um espaço comum e eles têm de deixar tudo como encontraram, para o próximo também poder usufruir.» Pergunto-lhe se há sanções. «Há, mas tento não as aplicar. Chamo-lhes a atenção todos os dias para também não os colocar em situações complicadas com os pais.» 14 cofre Sérgio Marinho tem 18 anos, nasceu em Viana, e quer seguir Gestão. É por culpa do avô do Sérgio, sócio do Cofre, que todos os residentes de dois metros de altura acabaram por vir para aqui. Sérgio joga com Sá, na equipa principal do FCP e aconselha vivamente as francesinhas do “Bufete”. Diogo Fontinha tem 21 anos, nasceu em Lisboa e está no segundo ano de Direito na Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Diogo confessa que “De onde és?” é a pergunta mais complica que lhe podem fazer, mas acaba por simplificar a resposta: «Nasci em Lisboa, cresci em Vila Real, vivo no Peso da Régua e agora estou aqui para estudar.» Originalmente em Farmácia, Diogo mudou para Direito porque acreditou ser um curso com mais saídas. A sua utilização das áreas comuns da residência é mínima. «Raramente estou na sala, porque estando em Direito preciso de estudar e ler muito.» Quando não come o que traz já pronto de Peso da Régua, o futuro advogado vai ao restaurante “Conga”, perto da Av. dos Aliados. «Tem boas francesinhas, mas é mais conhecido pelas bifanas. Estando no Porto, não comer francesinha é um crime.» Marcos Valente nasceu em Vila Praia de Âncora, Viana do Castelo e está federado na equipa júnior de basquetebol do FCP. Marcos quer estudar desporto mas manter a carreira no basquetebol. Quanto ao seu dia-a-dia no espaço onde vive, diz-nos que gosta muita da sala de estar e do “deck” exterior. Fátima tem outra revelação curiosa: «O Marcos quase todos os dias pergunta como é que se tempera o salmão ou qual é o programa da máquina da roupa.» Apesar de cozinhar muitas vezes, Marcos também é um apreciador de francesinhas e aconselha comê-las no “Tapa Café”. Mariana Barbosa tem 19 anos, nasceu em Leiria e frequenta o primeiro ano de Direito na Universidade Católica. Mariana inicialmente queria ir para Gestão, mas a matemática complicou-lhe a vida e empurrou-a para Direito onde quer seguir a magistratura. Usa o quarto, a cozinha e vê filmes em grupo, na sala. Odeia francesinha e o restaurante que mais frequenta é o “Bem-Arranjadinho”, no Porto de Leixões, onde se come bom peixe, apesar da Mariana pedir sempre os panados de porco com arroz de tomate. Sente que as pessoas são mais hospitaleiras no Porto do que em Leiria. «Tivemos todos muita sorte com as pessoas que estão aqui na residência.» Mas tem um pedido que poderia melhorar a vivência de todos: «Os quartos são muito pequenos para se estudar e aqui em baixo estão sempre a entrar e sair pessoas. Faz falta uma sala de estudo.» Fátima Silva fala-nos desta necessidade. «Existem pedidos de uma sala de estudo, mas até agora ainda não foi possível, aguarda-se a licença da Câmara.» Diogo Araújo tem 18 anos, nasceu na Figueira da Foz, sempre foi do FCP e veio até ao Porto para jogar na equipa azul e branca. «Quero continuar o basquete, mas gostava de seguir Engenharia Electrotécnica de Computadores. Mesmo que deixe de ser jogador gostaria de ficar como treinador.» João Bugia tem 18 anos, é setubalense, gosta de choco frito, como manda a origem demarcada, e estuda no 1.º ano da Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Foi para Direito porque o exame do 12.º ano de português lhe correu bem. Vai regularmente a Setúbal para ir buscar “tupperwares” com comida e ver os pais, dois funcionários públicos e sócios do Cofre. Na residência come na cozinha e vê filmes na sala. Ainda não sabe onde é que se fazem as melhores francesinhas do Porto, algo que vai mudar quando ler esta reportagem. Liliana Costa, 25 anos, vem da Guarda, está há um ano no Porto e na residência. Estudou Optometria na Covilhã e agora está a estagiar numa óptica. Sendo a única residente que está a 1OO% no mercado de trabalho, Liliana olha para os estudantes com um olhar algo nostálgico, o que não a impede de apreciar as refeições na cozinha onde pode conviver e até aproveitar o jantar que alguém faz em doses generosas. No seu trabalho tanto dá consultas como “dá jeitinhos nos óculos.” Ficou a conhecer a residência através do sítio Bquarto, popular entre os jovens que procuram residência. Como não gosta de francesinhas, prefere ir comer “kebabs” na Avenida dos Aliados. É de referir que, a pé ou de Metro, a partir da estação Faria Guimarães mesmo em frente à porta, não há um único residente que demore mais de 15 minutos nas suas deslocações diárias até ao seu local de estudos ou trabalho. Mariana é a única com uma pegada de carbono mais pesada porque vai de carro. cofre 15 outros». Fátima falou-nos das obras recentes, devido ao aumento do número de residentes. «Tínhamos uma sala muito pequenina e agora temos uma muito maior que ajuda a separar a zona de refeições da zona de lazer.» A única tristeza de Fátima é o pouco uso que os “seus meninos” dão à horta biológica, o que talvez seja uma boa notícia para a sala de estudos ou até para um outro pedido que seria mais fácil de implementar: uma tabela de basquete, cuja altura oficial é de três metros e cinco centímetros, desde 1891, quando o professor de ginástica James Naismith transformou um cesto de pêssegos num dos desportos mais populares do mundo. Fátima Silva, a responsável da R.U.P. Desde o primeiro instante nesta residência, Fátima, nascida e criada no Porto, trata os jovens da casa por “os meninos”, não deixando margem para dúvidas sobre a proximidade que a une aos moradores da residência. Já passaram por si 23 jovens e neste momento tem 15 sob a sua alçada. O seu curso e passado de assistente familiar dá-lhe uma certeza: «Já trabalhei com crianças, com idosos e agora com jovens. É a melhor parte.» Faz praticamente tudo na residência, a partir do seu pequeno escritório, embora tenha alguma ajuda da senhora da limpeza. Tenta almoçar com os residentes todos os dias e também organiza jantares para facilitar a aproximação entre todos. «Fizemos um jantar-convívio quando já cá estavam todos e também quando um estudante espanhol, o António, se foi embora. Celebrámos o magusto e cantámos os parabéns. Vamos também fazer um jantar de final de ano porque alguns já não voltam.» Fátima revelou-nos ainda estar a organizar um “café de sensibilização”, uma surpresa na hora da entrevista, para mostrar alguns dos momentos ali passados. «É para passar a minha mensagem, porque esta é uma experiência que nunca irão esquecer – alguns foi a primeira vez que saíram de casa – e quero que acabem a estadia com boas recordações. E que se lembrem disto para toda a vida.» Na opinião da responsável, Elisa e Sá são as “mascotes” da residência porque são os mais extrovertidos e também porque Elisa é de artes (decora as festas, faz bolos, lança foguetes...) e Sá «faz as palhaçadas para os 16 cofre Inscrições Abertas Para as Residências Universitárias de Lisboa e Porto Para efectuar a inscrição torna-se necessário remeter: > Ficha de pré-inscrição devidamente preenchida, pode ser descarregada no sítio do Cofre em www.cofre.org > Cópia do Cartão de Cidadão do aluno ou, em sua substituição, Bilhete de Identidade e Cartão de Contribuinte; > IRS e respectivo Boletim de Liquidação, referente a 2O14; > O certificado de matrícula deve ser entregue logo que esteja disponível. A inscrição pode ser efectuada presencialmente nos serviços de atendimento do Cofre, ou através de envio da documentação por CTT ou correio electrónico. Para mais informações, pode contactar directamente com as Residências. c NOVA SÓCIA cofre CATARINA NICOLAU «Um dos meus sonhos seria viver numa casa de madeira sobre o mar transparente da Polinésia Francesa, no meio do Oceano Pacífico» Catarina Alexandra Freitas Nicolau nasceu em Lisboa há 25 anos, vive em Mem Martins, é solteira e assistente operacional na escola EB1/JI da Tapada das Mercês, mais conhecida por “Bandeirinhas”. O seu curso tecnológico de Acção Social permite-lhe ter um dia-a-dia em que toma conta de alunos no recreio, presta auxílio a professores, faz atendimento ao público e manutenção das limpezas da escola, entre outras funções. O maior desafio profissional de Catarina foi aprender a lidar com crianças com autismo. “Foi muito interessante, pois são crianças diferentes e ao mesmo tempo iguais, que nos cativam de uma forma natural.” O seu local favorito em Portugal é Santa Cruz, no concelho de Torres Vedras, onde passa grande parte da sua vida há cerca de 21 anos. É ali que tem uma “roulotte” fixa no parque de campismo. Catarina não faz “surf”, mas gostava de aprender, até porque adora desportos aquáticos. Quem está sempre consigo perto da água é a sua cadela labrador de pêlo negro e com um nome muito apropriado: “Doca”. Desde pequena que a nova associada do Cofre sonha com as casas de madeira sobre o mar transparente da Polinésia Francesa, no meio do Oceano Pacífico. “Acho que deve ser um sítio super agradável, quentinho, bom para descansar e fazer praia, que eu adoro!” O primeiro contacto europeu com este conjunto de arquipélagos não foi francês, mas sim português. Quando em 1521 Fernão de Magalhães, durante a sua viagem de circunavegação, descobriu Puka Puka, um atol de corais com um “primo” muito próximo e semelhante, com o nome de Pukapuka, nas ilhas Cook. Qualquer um deles parece realmente o paraíso na Terra, aliás, no mar. Catarina soube do Cofre através da mãe que já trabalha para o Estado há uns anos e que lhe falou de várias mais-valias acessíveis a quem pertence à nossa associação mutualista. A sua especialidade gastronómica são as quiches para as quais está sempre a inventar variações de ingredientes. “O segredo está em descobrir novos sabores.” Sabemos que a nova associada está a ler o segundo volume de “Cinquenta Sombras de Grey”, de E. L. James. Quanto à velha questão de livros “versus” filmes confessa: “Acho que o livro está melhor - não tirando qualidade ao filme - devido a estar mais pormenorizado e relatar melhor o que se vai passando.” O último que deixou a meio foi “Os Maias”, de Eça de Queiroz, “embora tenha visto o filme, não é um tipo de história que me cative.” Catarina prefere a praia ao campo, salsa a coentros, cães a gatos, eventos desportivos a museus e não tem um cofre em casa, mas sim um mealheiro (provavelmente a pensar numa futura viagem a Puka Puka). Se não vivesse em Portugal, onde viveria? “Num sítio qualquer, desde que fosse quentinho.” cofre 17 18 EFEMÉRIDES História de Portugal 2O15 725 Anos da Universidade de Coimbra A universidade como instituição foi para um historiador francês «O maior de todos os monumentos que nos deixou a Idade Média.» O século XII é o século das primeiras universidades europeias em Paris, Montpellier, Oxford, Salamanca, etc. Em Portugal a primeira universidade surgiu em 129O e deve-se ao rei poeta D. Dinis. O primeiro nome foi Estudo Geral Português, reconhecida, como era indispensável, pela bula papal “De Statu regni Portugaliae”. Ali se estudavam Artes, Direito Canónico, Direito Civil e Medicina. A Universidade começou por funcionar em Lisboa em 13O8; passou para Coimbra, regressou a Lisboa em 1338 e a Coimbra em 1354; voltou a Lisboa em 1377 e ficou definitivamente em Coimbra em 1537, no reinado de D. João III. Durante todo o ano de 2O15 será comemorada a data com inúmeros eventos culturais e desportivos. 6OO Anos da Conquista de Ceuta A tomada da praça de Ceuta no Norte de África em Agosto de 1415 liderada por D. João I e seus filhos remete-nos para uma época de expansão hoje pouco perceptível aos alunos mais jovens. Ceuta era então um importante entreposto comercial que escoava para a Europa as mercadorias vindas do Oriente. O rei preparou a maior armada jamais saída do Tejo com cerca de 27O navios e 3O mil homens de várias nacionalidades. O cronista Gomes Eanes de Zurara descreveu de forma pormenorizada este acontecimento, onde enaltece a acção do infante D. Henrique. Hoje o cunho português não está em praças ou territórios que já não possuímos, mas perdura na cultura e língua portuguesas, falada por 26O milhões de pessoas. cofre 5OO Anos da Torre de Belém Obra-prima do estilo manuelino, foi construída entre 1515 e 1521 na margem direita do rio Tejo sob o traço do arquitecto Francisco de Arruda. Foi concebido como baluarte mas tem uma elegância sóbria. Há muito que deixou de ter a sua função de defesa da barra do Tejo e durante a dinastia filipina foi usada como masmorra. A torre tem quatro pisos, com a Sala do Governador, dos Reis, de Audiências e a Capela que mantém as suas abóbadas quinhentistas. O pormenor que mais atrai os turistas é o rinoceronte esculpido em pedra. Em 1983 foi classificada pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade. 1OO Anos da Revista “Orpheu” Teve uma vida curta: foram publicados apenas dois números, mas a criação de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e José de Almada Negreiros foi de importância capital para o movimento modernista português. «A 25 de março de 1915 chegava às bancas, envolto em polémica, o primeiro número da revista “Orpheu”. Na noite da véspera tinham sido lidos trechos de “Ode Triunfal” nas imediações d’A Brasileira e os dez primeiros exemplares entregues na tipografia a Mário de Sá-Carneiro eram a prova de que a saída da revista para as bancas era uma realidade.» Os dois números foram publicados este ano pelo jornal “Público”. 1O Anos da Casa da Música O Porto e o país podem orgulhar-se desta casa, não só de música, mas de cultura que em dez anos se impôs ao país e ao mundo. Projectada pelo arquitecto holandês Rem Koohaas, é um símbolo de «Porto 2OO1, Capital Europeia da Cultura», mas só inaugurada em 2OO5. Situada da Avenida da Boavista pode dar-nos números impressionantes do que ali se passou numa década: 4.538.18O visitantes, 4O8.86O visitas guiadas, acolheu 2.O83.O65 espectadores e participantes, realizou 2.358 concertos e promoveu 13.33O actividades culturais. Ultrapassou o Museu de Serralves em visitas. Não deixe de visitar ou assistir a um concerto neste ano de aniversário. cofre 19 BRUXELAS UMA CIDADE QUE VALE A PENA CONHECER Texto: Joaquim Geraldes Pinto Presidente suplente da Mesa da Assembleia Geral do Cofre e sócio n.º 52411 Bruxelas, cidade onde vivi e trabalhei durante quinze anos, situada no centro da Bélgica com uma posição geográfica privilegiada na Europa, terá sido fundada em 979 por um neto de Carlos Magno de nome Lotário. É a capital da Bélgica desde 183O, data da independência do país, no reinado de Leopoldo I, tendo, actualmente, cerca de 1.15O.OOO habitantes. O facto de a população de origem belga ser constituída por flamengos que falam o neerlandês (uma variante do holandês) e por valões que falam o francês, torna Bruxelas uma cidade bilingue, o que explica por exemplo que o nome das ruas, praças e avenidas esteja escrito nas duas línguas. Embora, presentemente, o francês seja o idioma mais falado, nas comunas flamengas predomina o neerlandês. A população de origem estrangeira é bastante cosmopolita (turcos, marroquinos, russos, brasileiros, mexicanos e africanos originários principalmente do Ruanda e Burundi) e uma percentagem significativa de europeus, pois como é sabido, Bruxelas começa a ser conhecida como a capital da Europa, por ser sede de várias instituições da União Europeia, tal como a Comissão e o Conselho Europeus, o Parlamento Europeu que embora estando sediado em Estrasburgo, desenvolve cerca de 75% do seu trabalho em Bruxelas . FERNANDO PESSOA EM BRUXELAS A par das dezenas de milhares de funcionários destas instituições, existe um elevado número de imigrantes ditos tradicionais, originários de todos os países europeus que no caso dos portugueses ronda os 25.OOO, com uma grande percentagem de alentejanos que elegeram a praça Eugéne Flagey, designadamente para comemorar o Dia de Portugal e para festejar as vitórias da nossa selecção de futebol. Para conferir maior simbolismo e legitimidade a esta 2O cofre ocupação lusa foi nela inaugurada, em 1989, uma estátua a Fernando Pessoa em cujo pedestal podemos ler: «A minha Pátria é a Língua Portuguesa.» ROTEIRO TURÍSTICO E GASTRONÓMICO A Grand-Place é considerada por muitos, entre eles Victor Hugo que ali viveu, uma das mais belas praças do mundo e foi inscrita em 1998 na lista de Património Mundial da Unesco. Rodeada de edifícios imponentes de estilo gótico em que sobressaem a Câmara Municipal cuja construção decorreu entre 14O2 e 1459, com a sua torre de 96 m, encabeçada pela estátua de St. Michel, padroeiro da cidade; a Casa do Rei; o Museu da Cidade e outros magníficos edifícios em que funcionam cafés e restaurantes. A Grand-Place é o centro histórico e comercial de Bruxelas, repleta de atracções, de que destaco à noite um belíssimo espectáculo de luz e som e onde é possível admirar durante o mês de Agosto, todos os anos, um magnífico tapete de flores que chega a ter 5OO mil plantas. Se lhes apetecer provar uma das famosas cervejas belgas (existem mais de 2OOO), aconselho uma visita à “Chaloupe d’Or” e a experimentarem uma “kwak”, que lhes será servida num copo com um suporte de madeira para poder encaixar nos varais das carruagens enquanto os cocheiros esperam pelos clientes. Podem, igualmente, beber uma bica à portuguesa na Casa Manuel ou saborear um dos deliciosos chocolates belgas “Goodiva”, “Neuhaus” ou “Leonidas” nas diversas lojas dessas irresistíveis guloseimas. A cerca de 3OO metros da Grand-Place, todos os turistas procuram um dos símbolos de Bruxelas, o célebre Manneken Pis, cuja criação remonta a 1619, constituída por uma estátua que não ultrapassa os 6O centímetros, representando um menino a fazer chichi para dentro de uma fonte. Existem várias lendas sobre a sua origem, mas aquela de que gosto mais é a de que o menino terá salvo Bruxelas com o seu chichi, apagando um incêndio provocado por uma bomba inimiga. É frequente a estátua estar vestida com um dos seus trajes típicos (bombeiro, piloto de fórmula 1 ou mesmo minhoto), dispondo para o efeito de mais de 6OO fatos diferentes que podem ser vistos no Museu da Cidade. A título de curiosidade e até porque é desconhecido de muitos, aqui fica a informação de que não muito longe da Grand-Place, a poucos metros da Rue des Bouchers, uma das principais ruas de restaurantes, foi inaugurada, em 1987, no Impasse de la Fidelité a versão feminina do Manneken Pis, denominada Jeanneke Pis constituída por uma pequena estátua que representa uma menina a fazer o mesmo que o seu amigo Manneken Pis.Na parte central de Bruxelas, não pode perder uma visita às Galerias do Rei e da Rainha; ao Palácio da Bolsa; ao Centro Belga de Banda Desenhada em que se destaca o personagem do Tintin; à Catedral de St. Michel; ao Palácio Real; ao Jardim do Parque e à praça e à Igreja do Sablon. Fora da zona central, impõe-se uma visita ao Parque do Cinquentenário com o respectivo Arco de Triunfo e ao Atomium, símbolo da Feira Mundial de 1958, com 1O3 metros de altura. Nas proximidades, não deixe de passar pela Mini-Europa, onde a par dos monumentos mais representativos da maioria dos países europeus, pode apreciar a nossa Torre de Belém e o nosso Castelo de Guimarães. Deixo para último, neste roteiro, a visita ao chamado bairro europeu, com construções mais modernas entre as quais se destaca a sede da Comissão Europeia no Edifício Berlaymont que data dos anos 6O, com a forma de uma cruz de lados desiguais e onde estão instalados o Presidente e os vários Comissários Europeus, bem como outros serviços da Comissão e tem capacidade para cerca de 3OOO funcionários. Este edifício no qual trabalhei de 1989 a 1991 foi evacuado nessa data para retirar o amianto, tendo voltado a ser ocupado pela Comissão apenas em 2004. Outros dois edifícios que merecem destaque são a sede do Conselho Europeu no edifício Justus Lipsius e o destinado ao funcionamento do Parlamento Europeu em Bruxelas. MEXILHÕES COM BATATAS FRITAS Para lá da cerveja e dos chocolates, resta-me deixar-lhes a garantia de que em Bruxelas se come muito bem, com uma gastronomia caracterizada por uma combinação da cozinha francesa com os pratos de origem flamenga e em que as “moules” (mexilhões) preparados de diferentes formas, sempre com batatas fritas são um dos pratos mais populares. Mas, se estiverem com muitas saudades de bacalhau ou de um peixinho grelhado, vão até ao restaurante Bifanas do meu amigo Sebastião de Santa Marta do Penaguião, na Rue des Dominicains, muito perto da Grand-Place e se não gostarem, digam-lhe que eu pago a conta. cofre 21 s CONSULTÓRIO MÉDICO ´ saude O CORAÇÃO “DE STRICTU SENSU A LATO SENSU” Por Dr. António Pinto de Almeida | Médico O coração humano é um órgão oco, de tecido muscular, que tem como função bombear o sangue para todo o sistema cardiovascular, através de sucessivos movimentos de contracção (sístole) e de relaxamento (diástole). Pesa cerca de 35O gramas e tem, aproximadamente, o tamanho de uma mão fechada. Está localizado no tórax, habitualmente na zona mediana, com ligeira inclinação para o lado esquerdo. Anatomicamente, podemos dividir o coração em duas metades: a metade direita, constituída por duas cavidades, uma superior – aurícula – e uma inferior – ventrículo, que comunicam entre si por uma válvula – tricúspide; a metade esquerda, constituída igualmente por duas cavidades, uma superior – aurícula – e outra inferior – ventrículo –, que comunicam entre si por uma válvula – mitral. As duas aurículas e os dois ventrículos encontram-se separados por septos (interauricolar e interventricular). As aurículas funcionam como receptores de sangue e, os ventrículos, como bombeadores de sangue. A função da aurícula esquerda é receber o sangue arterial (rico em oxigénio – O2), vindo do pulmão pelas veias pulmonares e a função do ventrículo esquerdo é bombear esse sangue, pela artéria aorta, através de outra válvula – aórtica –, para todo o organismo. A função da aurícula direita é receber o sangue venoso (rico em dióxido de carbono – CO2) que lhe chega de todo o organismo pelas veias subclávias superior e inferior, e a função do ventrículo direito é bombear esse sangue, através de uma válvula – pulmonar – para os pulmões, pelo tronco comum das artérias pulmonares, onde o sangue será enriquecido em O2, regressando ao coração, entrando pela aurícula esquerda. Como poderemos perceber, na metade direita do coração apenas circula o sangue venoso e, na metade esquerda, apenas o sangue arterial. Para percebermos melhor como trabalha o coração temos de descrever o sistema cardiocirculatório, composto pelo coração, 22 cofre pelos vasos sanguíneos (artérias, arteríolas, capilares, vénulas e veias) e, pelo sangue. A circulação sanguínea é assegurada pelos batimentos cardíacos, ou seja, pelo movimento de contracção (sístole), que lança o sangue nas artérias e, pelo relaxamento (diástole), que leva ao enchimento das aurículas. Isto significa que o coração tem um ciclo rítmico próprio, de contracção e de relaxamento, quer das aurículas quer dos ventrículos. Cada batimento cardíaco é desencadeado por um impulso eléctrico que se inicia no nódulo sinusal, localizado na parte superior da aurícula direita, que se transmite a todas as células do coração. No entanto, este impulso não passa rapidamente das aurículas para os ventrículos, sofrendo um retardamento de cerca de uma décima de segundo, o que permite que as aurículas esvaziem o sangue para os ventrículos, antes de estes começarem a contracção ventricular. De forma resumida, poderemos dizer que cada metade do coração funciona como se se tratasse de uma verdadeira bomba hidráulica, em que os tubos de saída são as artérias (aorta e tronco comum pulmonar) e, os tubos de entrada, as veias (veias cavas e veias pulmonares). Assim, percebemos que a circulação do sangue se faz em dois circuitos, separados anatomicamente e com funções diferentes: – Circulação pulmonar ou Pequena circulação, pela qual são realizadas as trocas gasosas (libertação de CO2 e enriquecimento de O2). – Circulação sistémica ou Grande circulação, que permite levar o oxigénio, nutrientes e hormonas a todo o organismo e órgãos alvo e receber os produtos finais do metabolismo celular e CO2. A circulação sanguínea é controlada pelas válvulas, de que falámos anteriormente; a mitral e a tricúspide, ao abrirem em direcção aos ventrículos, permitem a passagem do sangue para eles, e posteriormente, por compressão ventricular e abertura das válvulas aórtica e a pulmonar, o sangue sai para as artérias, fechando-se imediatamente as válvulas, de modo a que não haja refluxo do sangue que circula. O sangue é constituído por plasma, glóbulos vermelhos e brancos e plaquetas. A função circulatória é, basicamente, uma função de transporte do sangue e dos demais elementos essenciais à vida orgânica, e de recolha dos produtos finais do metabolismo celular e do CO2, de forma a poderem ser eliminados, pelos rins e pulmões. Cumpre estas funções, através das artérias e das veias. É igualmente importante do ponto de vista imunológico, na defesa contra as infecções e, como termo-regulador, através dos processos de vasodilatação e vasoconstrição. A função dos vasos capilares, de dimensões micrométricas e nanométricas, que «ligam as artérias às veias», é proporcionar a troca de O2 e nutrientes, entre o sangue e as células, o que torna possível a respiração e o metabolismo celular, recolhendo os produtos finais de degradação metabólica e respiratória, que voltarão ao coração, pelas veias, e serão posteriormente eliminados. Isto significa que é a este nível capilar que se verifica a função “major” de toda a circulação. Mais adiante iremos perceber como a descoberta dos vasos capilares revolucionou o processo circulatório sanguíneo. Seria impensável falar do coração e da circulação sanguínea, sem procurar, de forma sintética, descrever o que foi a evolução do conhecimento da anatomia e fisiologia cardiocirculatória, ao longo dos séculos. Desde sempre o homem demonstrou a sua curiosidade em conhecer o movimento do coração e do sangue. Um líquido vermelho circulava no corpo humano sem que se soubesse de onde vinha nem para onde ia. Julgava-se que ele corria misturado com ar. Um órgão pulsava no tórax e, se parasse de pulsar, o homem morria. Julgava-se que esse órgão era fonte do intelecto. Os mais antigos relatos sobre a circulação foram encontrados no Papiro de Ebers (século XVI a. C.). No século IV a. C., Herófilo e um discípulo, conseguem distinguir a veias das artérias, por estas pulsarem. O conhecimento da circulação começa a ter melhores descrições com os escritos de Hipócrates, considerado o pai da medicina. No século II d. C., o físico e filósofo grego, Galeno, descobre que os vasos sanguíneos contêm sangue, identificando o sangue venoso (vermelho-escuro) e o arterial (vermelho mais claro), cada um deles com funções separadas e diferentes. O crescimento e a energia são, para ele, derivados do sangue venoso, criado no fígado a partir do quilo, dando o sangue arterial vitalidade, por conter ar, sendo originado no coração. Galeno acreditava que o sangue arterial era criado pelo sangue venoso ao passar do ventrículo direito para o ventrículo esquerdo, através de «poros» situados no septo interventricular e, uma vez no ventrículo esquerdo, se misturaria ao ar, para criar o «espírito vital». Acreditava que a circulação era um movimento do tipo das «marés», em que o sangue fluía e refluía, no mesmo vaso. Durante mais de 1OOO anos, do século ll aos séculos XV/XVl, aceitou-se esta teoria de Galeno, sendo muito difícil contestá-la ou rebatê-la. No século XVl, Vesálio, no seu livro “De Fabrica”, através de descrições e ilustrações de dissecções humanas, adaptou a teoria fisiológica de Galeno a essas observações, embora não percebesse como o sangue poderia passar através do septo interventricular, por nunca ter encontrado poros no septo, nas dissecções que fazia. Em 1551, o médico português, Amato Lusitano, descreveu a circulação do sangue e afirmou, pela primeira vez, que as veias tinham válvulas, contrariando o que estava admitido por Galeno. Em 1555, Serveto, médico espanhol, “descobriu” a circulação pulmonar, não revelando, contudo, como o havia feito. Este enigma cofre 23 « Para os gregos, as actividades intelectuais estavam localizadas no coração. Para os hindus, o duplo movimento, sístole e diástole, representava a expansão e contracção do universo, sendo o coração o centro vital do ser humano e símbolo da morada de Brama. Para os sufistas, o coração era o órgão de percepção e intuição, conforme o expressa “o olho do coração”; estava entre o espírito e a matéria, entre o corpo e a alma, simbolizando o amor de Deus e o centro espiritual e emocional dos seres. » perdurou até 1924, quando o médico egípcio M. Altawi, encontrou manuscritos de um médico árabe, conhecido como Ibn al-Nafis, que no século Xlll, tinha descrito que o sangue fluía desde o ventrículo direito através da artéria pulmonar para os pulmões, onde se misturaria ao ar, e retornaria pela veia pulmonar à câmara esquerda do coração, para formar o espírito vital. Sem qualquer dúvida, esta é a primeira descrição da Circulação pulmonar ou Pequena circulação. Os louros de Serveto duraram 4OO anos, e ficou, mais ou menos claro, que teria lido algo sobre a obra de Ibn al-Nafin, sem o dar a conhecer a ninguém. Em 1628, William Harvey, médico inglês, revoluciona a medicina ao descrever a Circulação do sangue, estabelecendo que esta se devia ao facto de o coração se comportar como uma bomba. Só a partir desta descoberta a medicina adquiriu fundamento científico. Finalmente, a teoria de Galeno era definitivamente posta em causa e, apesar de ter sido muito criticado pelos colegas da sua época, que teimavam em dizer-lhe que estava completamente enganado, Harvey viu as suas ideias aceites e divulgadas por Descartes, quer, em parte, no “Discurso do Método” quer, na quase totalidade, em “As Paixões da Alma”. Todavia, Harvey não percebia como se processava a libertação de CO2 e a recolha de O2, ou seja, a fisiologia da circulação pulmonar e, embora o percepcionasse, desconhecia que havia vasos capilares, apenas descobertos por Malpighi, em 166O, que tinha começado a utilizar o microscópio, recentemente descoberto, nas suas investigações. Finalmente, como a palavra coração extravasa o seu significado literal, é fundamental conhecer e perceber o simbolismo que representa. Para os gregos, as actividades intelectuais estavam localizadas no coração. Para os hindus, o duplo movimento, sístole e diástole, representava a expansão e contracção do universo, sendo o coração o centro vital do ser humano e símbolo da morada de Brama. Para os sufistas, o coração era o órgão de percepção e intuição, conforme o expressa “o olho do coração”; estava entre o espírito e a matéria, entre o corpo e a alma, simbolizando o amor de Deus e o 24 cofre centro espiritual e emocional dos seres. Para os egípcios, significava o centro da vida, da inteligência, da vontade e sabedoria, estando associado à Deusa da verdade e da justiça. Na tradição judaica, era o símbolo do “eu” interior e sede da sabedoria, sendo a meditação sinónimo de apelo ao coração. Para o Corão, representava a contemplação, a vida espiritual e o “secreto”, no ser humano. Para os cristãos, significava o amor incondicional de Jesus Cristo e de seu Pai, aos seus filhos mortais. Relata Jeremias 29:13, referindo-se a Jesus: « ... buscar-me-eis e me achareis, quando me buscarem com todo o vosso coração ... » No século Xll, houve um amplo debate teológico, por vezes fervoroso e intenso, simbolicamente apresentado pela controvérsia entre São Bernardo, monástico e adepto da teologia do coração, baseada na fé a na união efectiva do coração e da mente com Deus, e Pedro Abelardo, filósofo e um dos maiores e mais ousados pensadores desse século, escolástico e adepto da teologia da razão, baseada na compreensão por meio do intelecto. A opinião de Abelardo, de que a dialéctica era o único caminho da verdade, teve o efeito benéfico, na época, de desfazer preconceitos e encorajar o pensamento livre. Original foi também a sua concepção ética: afirmava que a intenção é tão importante como o acto que dela dimana. No entanto, só séculos mais tarde, e a propósito desta controvérsia, a fé e a razão viriam a ser conciliadas, sendo a razão considerada um meio de entender a fé. Na teologia contemporânea, Jerzy Deptula diz-nos que: « ...no coração se situa a sede moral do ser humano, lugar de decisões livres; nele, a pessoa humana, pode dizer sim ou não, tanto ao próximo como a Deus. Por isso, o coração não é apenas material, mas, simbolicamente, o centro no qual o ser humano toma consciência de si mesmo». Espero não ter sido maçador, com este extenso artigo, para a Revista do Cofre. Seria difícil ser mais sintético e, o tema, desafiava. Um xi-coração a todos os que tiveram a paciência para o ler; e aos outros também. s ´ saude CONSULTÓRIO VETERINÁRIO E QUANDO TEMOS DE NOS DESPEDIR? Por Dr.ª Mafalda Aragonez Bacalhau | Médica veterinária Estudamos durante seis anos afincadamente, sabemos a anatomia de trás para a frente, olhamos para o microscópio e a histologia sai na ponta da língua, tocamos num animal e identificamos o parasita, sabemos o nome das doenças, conhecemos a sua patofisiologia, sabemos fazer o diagnóstico, procedemos ao tratamento. Com o toque rectal identificamos a prenhez da vaca. Tiramos sangue às ovelhas e fazemos a sua identificação. Saímos do curso (estágio incluído) preparados para o que der e vier! Toca o telefone, pouco descansamos, saímos à pressa daquele jantar que até era importante. «Arregaçamos as mangas e ninguém nos pára.» Mas é no consultório que se nos apresentam os maiores problemas. Arranjamos a solução para quase tudo e, aquela que não vem nos livros, o passar dos anos já nos ajudou a solucionar. Mas, nem o curso, nem o passar dos anos na afincada vida do trabalho nos preparam para a “hora do adeus”. A medicina tem limites (se a humana tem, a veterinária multiplica esses limites...), e chega um dia em que, por muito que tentemos, por muito que façamos, aquele pequeno coração deixa de bater nas nossas mãos. A perda de um animal é para uma família uma tragédia, é um membro que parte, mas, para nós, que os sentimos também “nossos” não é de todo mais fácil. Chegaram à nossa marquesa bebés, para a primeira visita ao Veterinário, acompanhámos o seu crescimento, tratámo-los como nossos. E o olhar... o olhar de agradecimento em todas as vezes que os tratámos e acarinhámos... esse olhar que só eles sabem trocar connosco, e que vale tudo. Nos casos em que, pela idade, as maleitas se foram agravando, e decidem os donos “a hora do adeus”, temos algum tempo para nos “preparar” e até nos conformamos porque seria um egoísmo mantê-los perto de nós para os termos mais tempo na nossa vida, quando afinal a vida deles já nem é digna de ter esse nome. E essa hora, quando é?! «Doutora, é chegada a hora?!» Não conseguimos responder. A capacidade de resistência dos animais é algo que nos Dr.ª Mafalda cuidando de um paciente surpreende a cada hora. Aqueles a quem já demos um fim médico e que continuam a surpreender-nos, a superar-se a si próprios. Costumo dizer aos donos «vai perceber no olhar dele, quando ele desistir...» Depois há os casos, em que por alguma patologia pontual, alguma urgência, algum acidente, ficam na mesa do consultório, ficam na marquesa da cirurgia... ficam depois das nossas ínfimas tentativas de reanimação, da nossa insistência mesmo quando sabemos que já não há batimento cardíaco, insistimos, só mais um ciclo de reanimação, mais atropina, mais adrenalina, porque não os queremos ver partir... choramos, choramos muito... não tivémos tempo para nos preparar... choramos mais, choramos... ligamos aos donos, choramos... Mas nunca, nem o curso, nem o passar dos anos na afincada vida do trabalho nos prepararam para “a hora do adeus”. Porque somos médicos veterinários, mas também somos donos (raro é o médico veterinário que não tem um ou mais animais)... e acima de tudo somos pessoas. cofre 25 INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS DE BAIXA, MÉDIA E ALTA TENSÃO AR CONDICIONADO E REFRIGERAÇÃO FABRICO E MONTAGEM DE ESCADAS, PORTÕES, VEDAÇÕES METÁLICAS E GRADES DE SEGURANÇA VENDA, MONTAGEM, ASSISTÊNCIA E REPARAÇÃO DE ELECTROBOMBAS ENERGIA SOLAR - PAINÉIS TÉRMICOS E FOTOVOLTAICOS SISTEMAS DE BOMBAGEM E PRODUÇÃO DE ENERGIA VENDA, MONTAGEM, REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO TODO O TIPO DE TRABALHOS DE METALOMECÂNICA E METALÚRGICA SOLDADURA E TRATAMENTO DE SUPERFÍCIES CONSTRUÇÃO E MONTAGEM DE ESTRUTURAS METÁLICAS INDUSTRIAIS METALVIÇOSA | Herdade do Magarreiro 7150-999 Alandroal [email protected] TÉCNICAVIÇOSA | Parque Industrial, Lt. 204/205 7160-999 Vila Viçosa [email protected] CURIOSIDADES do CORAÇÃO PEDRO E INÊS A história de amor trágico mais célebre do mundo, porque aconteceu e teve contornos perturbadores, é, sem dúvida, a dos amores de Pedro e Inês, ocorrida no século XIV. Um amor que ficou imortalizado em livros, em pedra nos túmulos no Mosteiro de Alcobaça e na Fonte dos Amores na Quinta das Lágrimas em Coimbra. Camões cantou a desditosa D. Inês «… que depois de morta foi rainha». Foi mandada matar, em Janeiro de 1355 por ordem do rei, pai de D. Pedro, por motivos políticos. A obra de Shakespeare “Romeu Julieta” é mundialmente conhecida, mas é ficção, Pedro e Inês sofreram na vida real. CORAÇÃO “VERSUS” MENTE Não é o coração que controla as nossas emoções, mas sim uma área no nosso cérebro, o tálamo que está intimamente ligado às emoções. No Renascimento, entre 14OO e 15OO, os estudos de Leonardo da Vinci e seus contemporâneos levaram à certeza de que o cérebro era o órgão responsável pela sensação e não o coração. Da Vinci acreditava que era a espinal medula que transmitia sensações ao cérebro. «O coração tem razões que a própria razão desconhece.» Blaise Pascal (1633-1662) CANÇÕES ROMÂNTICAS MEMORÁVEIS Consuelo Velasquez, Bésame Mucho, 194O, com muitas dezenas de interpretações; Francisco José – Eu não Existo sem Você, 1958; Jacques Brel - Ne me quitte pas, 1959, interpretada por homens e mulheres de todos os continentes; Percy Sledge - When a Man Loves a Woman, 1966; Barbara Streisand – Woman in love, 1966; Frank Sinatra - My Way, 1969; Chico Buarque – Valsinha, 197O; Charles Aznavour – She, 1974; Julio Iglesias, Por el Amor de uma Mujer, 1974; Sinead O´Connor - Nothing Compares 2 U, 199O, original cantado por Prince; Whitney Houston, I Will Always Love You, 2OO3 e Tony Carreira, Saudades de Ti, 2OO8. cofre 27 Entrevista PROJECTO LATA 65 Fotografia | Rui Gaiola Arte Urbana sem limite de idade Entrevista | Susana Inácio Lara Seixo Rodrigues, covilhanense, arquitecta, co-fundadora da Mistaker Maker e da Wool – Festival de Arte Urbana. É responsável pelo projecto social que está a dar que falar fora de portas: a Lata 65. Apoderando-se da estética e linguagem de rua, coloca artistas improváveis a usar o espaço público como galeria pública. Como surgiu a Lata 65? Em 2O12, numa conversa com Fernando Mendes, do Cowork Lisboa. Montei tudo enquanto ele tratou de toda a parte de comunicação para apresentar no Lx Factory. É a lata da lata e a lata que tens de ter para estares a pintar na rua com aquela idade. E tem obviamente a ver com a idade de reforma em Portugal. Eu tenho sempre um artista no “workshop”, e que por acaso é sempre o mesmo (risos). É muito simples. Nem toda a gente consegue trabalhar com idosos. E este puxa por eles: “se eu faço, vocês também sabem fazer”. Como são os “workshops”? Como é a primeira reacção destes seniores a uma arte que lhes é desconhecida e ligada aos jovens? É importante dar a conhecer a cidade. Ao conseguirem reconhecer o que está escrito nas paredes, estamos a integrar essas pessoas na cidade. Por isso, começa pelo o que é o “graffiti”. Fazem os seus projectos e trabalhamos várias técnicas. Uso exemplos de artistas como o VIHLS que, não sabendo desenhar, desenvolvem outras técnicas. Isto é muito libertador e acaba logo com aquela história do “eu não sei desenhar”. O que basicamente fazemos, é prepararmos tudo para no último dia, irmos para a parede. E aí eles percebem que há um trabalho gigante prévio. É uma aprendizagem a vários níveis. 28 Os artistas vão convosco? cofre Depende muito das faixas etárias mas a sede de aprender está lá sempre. Há grupos que obviamente desenvolvem muito mais que outros. Nos “workshops” de dois dias, no primeiro dia dou a aula até ao “stencil” e há grupos que trazem coisas feitas de casa de um dia para o outro, portanto varia muito. Pouquíssimos homens, é a única coisa que tenho a apontar. Etiquetando, és uma empreendedora social? Não gosto de dizer empreendedora, confesso. Prefiro faseadora. E cada vez mais, pretendo puxar para o lado social porque os resultados são muito maiores. Gosto de tudo o que se pode criar à sua volta. Cada vez mais se retiram horas à carga artística das escolas. É cada vez mais difícil ter acesso a coisas diferentes. Como é que vamos dar a volta a isto? E os custos? Até que ponto é que nós valorizamos os nossos idosos para gastar dinheiro com eles e lhes darmos momentos de lazer e prazer? A solução é a Educação para as Artes, tal como existe uma Educação para a Arquitectura e muitas outras. Estamos todos a ser formatados com as mesmas coisas, esquecendo as outras. E o problema é também a educação dada em casa. Não se fomenta a curiosidade. E obviamente isto agrava-se se existe um sistema de ensino que retira cada vez mais a oportunidade de aprender e de descobrir, não só o que vem nos manuais. Acho que em Portugal ainda consideramos que dar momentos de prazer é quase pecaminoso. E, no fundo, os idosos divertem-se à brava quando participam e são várias experiências e aprendizagens em simultâneo. Pintamos sempre a parede na rua, porque é aí que passam imensas pessoas e depois os idosos levam o filho, o neto, e mostram o seu trabalho. É o estar na rua que é super divertido. Já aconteceu vir uma camioneta da polícia para nos levar todos para a esquadra, pois achavam que no nosso grupo, algumas das pessoas com 9O anos, estavam a fazer a coisa ilegalmente. A quantidade de pessoas que param os carros para nos ver trabalhar num cenário que não é normal! Toda essa experiência é engraçada. Vão aparecendo instituições que percebem o alcance e vêem que não é só o “workshop”, mas sim este pertencer à comunidade. O que dizer às pessoas que possam vir a ser teus formandos? Venham que aprendem algo e divertem-se. Qual o teu maior projecto? Acho que são muitos, não consigo apontar nenhum. Talvez a batalha em mostrar o que é a Arte Urbana e o instrumento que pode ser para modificar as cidades e as comunidades. Desejamos trazer um pouquinho mais de cultura e do mesmo modo que estes projectos são reconhecidos no estrangeiro, mostrar que são feitos cá dentro. Saiba mais em: www.woolfest.org Fotografia | Rui Soares cofre 29 FLORBELA ESPANCA Amar Perdidamente Texto: Luísa Paiva Boléo | Ilustração: Víctor Paiva Florbela Espanca a mais famosa poeta alentejana, teve talhado no nascimento um destino trágico. A sua obra poética eternizou-a. Nasceu Flor Bela de Alma da Conceição, em Vila Viçosa a 8 de Dezembro de 1894, filha de amores fora do casamento de Antónia da Conceição Lobo, uma rapariga simples e pobre, também ela com um nascimento triste, pois fora exposta na roda, e de João Maria Espanca um sapateiro que teve várias profissões e muitas mulheres. Espanca não quis dar o seu nome à filha (só vários anos depois da sua morte) embora cedo a tenha querido junto de si e proporcionado uma educação e instrução acima da média das alentejanas de então. Florbela estudou no liceu e seguiu para Lisboa, onde estudou Letras e Direito. Florbela leu muito e, sem sombra de dúvida que o seu nascimento marcou a sua propensão para a tristeza e para a busca de um amor infinito, que não encontrou nem nos três casamentos nem em ligações esporádicas. Recordou já adulta: «Aos 8 anos já fazia versos, já tinha insónias e já as coisas da vida me davam vontade de chorar. Tive sempre esta mesma sensibilidade doentia, esta profunda e dolorosa sensibilidade que um nada martiriza.» Em 191O a monarquia deu lugar à república, mas Florbela Espanca nem em cartas nem em poesias parece ter dado qualquer importância ao facto. Viveu virada para si, para as suas dores e algumas alegrias. O pai, fotógrafo amador, gostava de a retratar, daí haver uma vasta iconografia, bem rara em senhoras suas contemporâneas. Em 8 de Dezembro de 1913 Florbela casou com Alberto Moutinho, seu colega que dava explicações. Em 1917 vamos encontrá-la em Lisboa, já sem o marido. O pai pagou-lhe os estudos e matriculou-se em Direito. Viria a publicar em 1919 o primeiro volume de poemas, “Livro de Mágoas”. Estava assim revelada a poetisa e o seu talento a compor sonetos. 3O cofre ALMA PERDIDA Toda esta noite o rouxinol cantou Gemeu, rezou, gritou perdidamente! Alma de rouxinol, alma de gente Tu és, talvez, alguém que se finou! Tu és, talvez, um sonho que passou, Que se fundiu na Dor, suavemente… Dalguém que quis amar e nunca amou! Toda a noite choraste… e eu chorei. Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei Que ninguém é mais triste do que nós! Contaste tanta coisa à noite calma, Que eu pensei que tu eras a minh’alma Que chorasse perdida em tua voz!... Um segundo casamento em 1921 acabaria num novo fracasso. Vivia então na cidade do Porto. Supera a separação de um homem ciumento e conflituoso e publica “Livro de Soror Saudade”. Florbela ama mas é sempre uma insatisfeita, uma amante sofredora. Tenta de novo ser feliz num terceiro casamento com o médico Mário Laje, em Outubro de 1925. Três abortos naturais não lhe deram sequer a alegria da maternidade e a morte do único irmão, em Junho de 1927, num acidente de avião, em que nem o corpo foi encontrado, contribuíram para noites de insónia e cartas e versos repassados de desilusões. O seu tradutor para italiano Guido Battelli, professor da universidade de Coimbra, troca com ela cartas onde Florbela na sua «sede de infinito» pensa só a conseguir na morte. Na madrugada de 8 de Dezembro de 193O, Florbela Espanca decide morrer com uma dose excessiva de barbitúricos. A sua “Charneca em Flor” foi publicada postumamente. A fadista Teresa Silva Carvalho, hoje afastada dos palcos, musicou e gravou nos anos 8O do século XX este soneto que resume a vida de Florbela Espanca, que conforme seu desejo, foi transladada de Matosinhos, onde faleceu, para Vila Viçosa, em 1964. AMAR! Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui... além... Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente… Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente!... Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Há uma Primavera em cada vida: É preciso cantá-la assim florida, Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder... pra me encontrar. Ilustração gentilmente oferecida à revista Cofre cofre 31 EM NOME DA ROSA JANITA SALOMÉ Texto: Francisco Pinteus | Fotografia: Cláudia Peres Pelo nome próprio – João Eduardo Salomé Vieira – poucos o conhecerão; se acrescentarmos que nasceu no Redondo a 17 de Maio de 1947 e que foi funcionário público também pouco ajudará. Mas se dissermos que se trata de Janita Salomé, o recém-galardoado com o Prémio Pedro Osório - 2O15, da Sociedade Portuguesa de Autores, pelo seu trabalho “Em Nome da Rosa”, de 2O14, então já muitos o conhecerão. Aos 16, 17 anos, cantava em grupos de baile música francesa, italiana, espanhola e anglo-saxónica; cedo começou a acompanhar Zeca Afonso. Foi à guerra colonial em Moçambique (197O-1972), experiência que lhe deixou sequelas psicológicas. Com uma carreira a solo (mas muitas vezes muito bem acompanhado) iniciada em 198O (“Melro”), este prémio vem mais uma vez evidenciar a qualidade, a tradição e o rigor que Janita põe nos seus trabalhos. Sendo, de certa forma, um cantor marginal, a exigência da sua obra tem merecido desde sempre o reconhecimento da crítica: logo em 1983 recebeu o “Sete de Ouro” como “Melhor Trabalho de Música Popular Portuguesa” pelo seu álbum “Cantar ao Sol”; em 2OO1 reincide: ganha o prémio José Afonso (Câmara Municipal da Amadora”, pelo CD “Vozes do Sul”, em que promove o “cante alentejano”, e onde dá voz a diversos grupos de cantadores alentejanos. Para aquilatarmos da importância deste prémio, diremos que os outros candidatos foram: Rodrigo Leão, Carlos Paredes, Luís Represas, Camané, entre outros. Ainda a propósito deste trabalho, em entrevista a Viriato Teles e acerca da procura das raízes, dirá: “aqui estão as raízes do vinho, do convívio. Aquilo que é a essência do convívio, que é cantar, contar histórias, que é beber… É um apelo às raízes vivas. Quando da saída em 2OO3 do álbum “Tão pouco e tanto”, disse Nuno Pacheco (Público-Y-3O/Maio/2OO3): “este trabalho é o mais apurado de todos os que Janita gravou em seu nome. O pássaro abriu asas e voou até onde nunca tinha ido”. Em 2OO7 gravou “Vinho dos Amantes”, em que agrega grandes poetas do mundo, que glorificaram o vinho e a sua matriz convivência, “cantando, em suma, a embriaguez da poesia… da virtude… do amor… da vida”. (Isabel Carvalho) Nesta aventura da música, tem dado voz a grandes poetas: Sophia de Mello Breyner, Manuel Alegre, Hélia Correia, Manuel da Fonseca, António Lobo Antunes, Al Mu’Tamide e o nosso associado Carlos 32 cofre Mota de Oliveira de quem disse: “É o meu amigo poeta do sul azul”; se nem sempre o Alentejo está na poesia, está-o sempre na voz. O “Cante” é um canto solidário, criado na necessidade da partilha, quando tão pouco havia e, muitas vezes, até esse pouco era negado. Partindo da matriz do cante alentejano, não se confina aí; dando mais cor ao cante, também dá mais voz à voz, onde vai sempre mais longe, ao quase grito. Participa nos colectivos “Lua Extravagante” e “Sons da Fala” (que foi o espectáculo comemorativo dos 1OO anos do Cofre no Porto – Seminário de Vilar); gravou, juntamente com Filipa Pais, Ritinha Lobo e Yamin, um tributo ao Duo Ouro Negro: “Muxima”. No encarte de “Em Nome da Rosa” diz David Ferreira: “este disco é a mais recente viagem de Janita”. De facto, se viajarmos pelos discos dele, podemos acompanhá-lo pelos mais diversos locais: alentejano de nascença e vivência intensa é também um cidadão do mundo, o que se revela no seu canto: as músicas de Cabo Verde, Galiza, Marrocos, o folclore do nosso país, o Fado de Coimbra. Recentemente gravou um novo disco, com músicos portugueses, espanhóis e marroquinos, em que mostram uma cultura comum, a do Al-Andaluz: “Al Mutamid, poeta-rei do Al Andaluz” do século XI. Acabou os seus dias cativo em Aghmat, nos arredores de Marraquexe, onde morreu em 1O94. A sua poesia tem estado sempre presente na obra de Janita e é um bom motivo para estudarmos o nosso passado comum, apesar de no presente estarmos muitas vezes de costas voltadas. Não esqueçamos que o Al-Andaluz foi durante sete séculos um centro de cultura, artes e ciências, ponto de convivência entre povos e credos. A terminar, aconselhando que apreciem a obra de Janita e não resisto a transcrever uma quadra de um poema “Alvorada em Abril”, do disco “Melro”: Tivemos balas, canhões/Horizontes de promessas/Cantámos lindas canções/Mas o Outono veio depressa. c NOTÍCIAS DO COFRE cofre CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA O Cofre de Previdência dos Funcionários e Agentes do Estado está a desenvolver projectos de apoio social para os seus sócios seniores (maiores de 65 anos), com esse objectivo estamos a contactar os associados para levantamento de necessidades. OS MISTÉRIOS DO CÉU | VISITAS DE ESTUDO As expressões de espanto e deslumbramento das crianças que têm visitado o Campus de Ciência Viva da Qta. de Sta. Iria, mostram que ali não há lugar para aborrecimento. Sempre guiadas pelo entusiasmo e saber do Prof. Máximo Ferreira, as crianças descobrem os mistérios do céu azul. Estão abertas as marcações para o próximo ano lectivo. LANÇAMENTO DE LIVRO No dia 29 de Maio foi lançado no Auditório do Cofre o livro de António Manuel Marques “Entre as 9 e as 1O”. «No dia 4 de Janeiro de 1973, seis mulheres ligadas entre si, através de um “atelier” de costura, divagam sobre o presente e o passado, antecipando a incerteza do futuro. Todas esperam que algo lhes aconteça, sem sinais de que as suas vontades lhes ditem o rumo (...) As suas trajectórias individuais, marcadas pela omnipresença dos homens, enquanto pais, maridos ou namorados, cruzam-se com as de outras mulheres e revelam um país silenciado e indeciso, apesar dos sinais de mudança.» António Marques nasceu em Lisboa em 1961, é doutorado em Psicologia Social, docente da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal e tem-se dedicado à investigação nas áreas da saúde, género e sexualidade. Em 2O12 publicou “A Imperfeição do Presépio”, a sua primeira obra de ficção. É associado do Cofre. cofre 33 VISITA AO TEATRO ARMANDO CORTEZ Mais uma vez, a Residência Sénior do Cofre em Loures, assinalou uma data comemorativa: o Dia Internacional do Teatro. No dia 29 de Março, fomos ao Teatro Armando Cortez, ver a peça “Velhos são os Trapos”, uma comédia musical de Marisa Carvalho e Jorge Magalhães. A ida ao Teatro permitiu aos nossos residentes reviverem momentos e sentimentos já esquecidos, desde o cuidado que tiveram em escolher a roupa para este dia especial, até o voltar a sentir o prazer de entrar numa sala de espectáculo e toda a sua magia. Entre muitas gargalhadas e músicas de sempre, passámos uma óptima tarde entre amigos, familiares e funcionários. O entusiasmo vivido neste dia foi de grande felicidade. RESIDÊNCIA DE VILA FERNANDO | 9.º ANIVERSÁRIO A festa foi aguardada com ansiedade, tudo estava preparado para o tão desejado dia, em que mais uma vez não se tem idade, não existem problemas de saúde, não há saudade do passado. Os rostos enchem-se de alegria, o corpo parece jovem. As iguarias estão lá, o baile enche a alma dos residentes e funcionários. Para o próximo ano será ainda melhor. Obrigada Cofre de Previdência. ALDEIAS HISTÓRICAS A adesão dos associados aos programas temáticos desenvolvidos na Qta. de Sta. Iria é cada vez maior. Com incidência no património histórico, natural e cultural das localidades cercanas ao Centro de Lazer da Covilhã os sócios participantes partilham a sua satisfação com a qualidade da iniciativa. 34 cofre O CAVALO COMO MEIO TERAPÊUTICO Por Prof.ª Ana Paula Pereira | Responsável pela Equipa de Equitação Adaptada O Agrupamento de Escolas do Teixoso, através da docente Ana Paula Pereira promoveu no dia 3 de Junho a “Manhã Equestre na Escola”, levando o cavalo à Escola, dando assim a possibilidade dos alunos com NEE mostrarem aos seus colegas as suas capacidades, as suas conquistas, os seus sucessos equestres. O Cofre de Previdência apoiou esta actividade, oferecendo as camisolas a todo o grupo/equipa de equitação adaptada, onde marcaram a sua presença o Dr. Américo Tomé Jardim e o Coordenador do Centro de Lazer da Quinta de Santa Iria, Francisco Santos, a quem tivemos a honra de agradecer. A prática de equitação adaptada apresenta-se como uma modalidade em expansão, do ponto de vista terapêutico, incluindo três níveis diferentes de abordagens ao uso do cavalo: a Equitação Terapêutica, a Equitação Recreativa e a Hipoterapia. Para os indivíduos com problemas mentais e emocionais, a relação com o cavalo leva à melhoria da sua auto-estima, à redução do “stress”, ao aumento da concentração e da atenção. O contacto da criança com o animal, a afectividade e o estabelecimento de uma relação de cumplicidade e amizade entre os dois faz parte da Hipoterapia, proporcionando prazer à criança e ao cavalo. ENCONTRO INTERNACIONAL DE SAÚDE E ARTE Um grupo de representantes das Residências Seniores e Núcleo de Acção Social do Cofre, marcou presença em Leiria para este encontro singular sobre a sincronia entre Saúde e Arte. Em português, espanhol e inglês, o ritmo foi marcado pelos relatos, histórias e técnicas partilhadas na primeira pessoa. Os que trabalham diariamente com população mais idosa deram mostra de como se pode animar a rotina das pessoas institucionalizadas, tornando mais completa a vivência da idade maior. A carga emotiva do encontro marcou toda a equipa presente. Uma palavra de agradecimento ao SAMP, entidade organizadora que fazendo uso da simbiose entre música e arte, promove um trabalho exemplar na área social. Siga-nos no facebook! www.facebook.com/cofredeprevidenciafae cofre 35 LIVROS OFERECIDOS AO COFRE VIAGENS NA MINHA INFÂNCIA LEMBRANÇA ROMANESCAS A ASSISTÊNCIA RELIGIOSA À INFÂNCIA NAS BEIRAS ACTAS DO COLÓQUIO DE 29 DE MAIO DE 2OO9 JUNTA DE FREGUESIA DE CARIA Estas viagens são uma viva e fascinante incursão pela infância de Joaquim Tenreira Martins numa aldeia do distrito da Guarda – Vale de Espinho, perto da Serra da Malcata com Espanha ali tão perto! Um quotidiano rural que passa pela vivência do seu núcleo familiar, avô, pais, tios e irmãos, amigos, colegas de escola, tradições religiosas, mitos e medos de uma criança, depois jovem, nascido numa família economicamente estável, onde o pai era alfaiate e as irmãs e mãe trabalhavam a terra, numa comunidade hoje desaparecida. Nas suas memórias cruzamo-nos também com lobos e ciganos, assaltantes, bruxaria e preces, Nossa Senhora do Rosário, o circo, a matança do porco, a largada do touro e idas a Espanha na companhia do pai. O autor nasceu em 1945 e está radicado, desde 1972, em Bruxelas. «Foi a sua mulher belga que lhe sugeriu a ideia de transpor para livro o ambiente da sua infância, esperando que a língua paterna possa também ser transmitida e saboreada pelos seus.» ([email protected] e [email protected]) O nosso associado Mário Manuel Tomás ofereceu ao Cofre este trabalho que é um documento relevante sobre as mães que sem condições físicas ou económicas colocavam os filhos na Roda para que a caridade cristã lhes desse alimento e futuro. A criação da Roda dos Expostos remonta ao século XII em Marselha, no tempo do Papa Inocêncio III. Em Portugal foi o rei D. Manuel I quem legislou nesse sentido, para que se evitassem os infanticídios e foi São João de Deus (1495-155O) o grande impulsionador com a sua “Ordem Hospitaleira” a prestar essa assistência. Esta publicação contém várias fotos de Rodas, como a de Caria e reprodução de pedaços de papel escritos por mães, forçadas pelas circunstâncias, a depositar ali o recém-nascido. Não se pense que tal prática era exclusiva de mulheres pobres, pois havia filhas de gente da burguesia e aristocracia, freiras e mulheres casadas que depois de um «mau passo» assim procediam. Com muitas referências históricas recomendamos estas Actas aos nossos leitores interessados na temática. ([email protected]) de Joaquim Tenreira Martins 36 cofre ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DE 27 DE ABRIL DE 2O15 Conforme convocatória lida pelo Sr. Presidente da Mesa da Assembleia Geral do CPFAE, Dr. João Adelino Marques Pereira, teve início às 19H.35 do dia 27 de Abril a Assembleia Geral Ordinária de apresentação do Relatório e Contas referente ao ano de 2O14. O Presidente do CA, Dr. Tomé Jardim, apresentou o relatório e contas e apesar das dificuldades evidenciadas naquele Relatório e no Balanço de que fez referência, as perspectivas para o ano de 2O15 são encaradas de forma positiva, como já o demonstra o trimestre do ano em curso, embora haja dificuldades no país às quais o Cofre, como sabemos, dada a nossa dificuldade enquanto Associados, não é imune. Deu de seguida a palavra à Dr.ª Gisela Martins que fez a apresentação do Relatório e Contas referente a 2014 em Power Point tendo, no final o Sr. Presidente da Mesa aberto a sessão às intervenções dos Associados. Intervieram os sócios Jorge Ferraz, Carlos Galrão e Gonçalves Pinto os quais continuam preocupados com a perda de sócios, o número de funcionários e as despesas inerentes. O Dr. Tomé Jardim respondeu-lhes com apresentação de números relativos a essas preocupações e com o trabalho desenvolvido em todos os sectores, nomeadamente nas Residências Universitárias e Seniores e Centros de Lazer. Falou dos locais do Cofre ainda não visitados, depois da conclusão das obras, pelos Associados intervenientes apesar de convidados para o fazer e finalmente sobre a angariação de sócios que está a dar bons resultados. A associada Maria da Piedade Sousa mostrou-se igualmente preocupada com a falta de informação na Revista e no Sítio do Cofre. O Presidente terminou solicitando-lhes o contributo na angariação de sócios e, para além da crítica, a apresentação de ideias para se ultrapassarem as dificuldades. Não havendo mais intervenções, o Sr. Presidente da Assembleia Geral passou à votação que teve como resultados 2 votos contra, 3 abstenções e 42 votos a favor. Aprovado por maioria. Por fim, e não havendo mais informações, foi votada a minuta da acta com 2 votos contra dos associados Carlos Galrão e Paulo Malheiro. Pelas 23H1O foi dada por encerrada a Assembleia. cofre 37 ACTIVIDADES VERÃO CENTROS DE LAZER VAI ACONTECER 7 DE JULHO AUDITÓRIO DO COFRE | RUA DO ARSENAL LANÇAMENTO DE LIVROS E SESSÃO CULTURAL RUY DE CARVALHO E PAULO MIRA COELHO Vamos receber no auditório do Cofre na Rua do Arsenal, pelas 18h3O no próximo dia 7 de Julho, Ruy de Carvalho que nos vai falar do seu mais recente livro «”Naná” o meu amor de quatro patas» escrito em parceria com a filha Paula Carvalho. Será ainda apresentada a mais recente obra de seu genro Paulo Mira Coelho - «Clandestinos.» Sobre o livro: "Os nossos amigos não são só os homens, também são os animais… e hoje partiu uma das minhas maiores amigas… tenho a certeza que era a maior. A minha companheira de quase 16 anos, a minha companhia nestes últimos sete anos… desde a morte da Ruth. Olha por nós, minha amiga. A tua luz era e será sempre muito brilhante…", escreveu Ruy de Carvalho na sua página no Facebook, sobre a morte da sua cadela, Naná. Teremos música, um «Madeira de Honra» e muito mais. Será um fim de tarde de convívio a não perder. Marque já na sua agenda. Paulo Mira Coelho traça-nos a vida na aldeia de Rio Cão. «Esta é a história de uma aldeia que vive entre o terror do passado e a esperança no futuro. Há ali segredos terríveis, daqueles que ninguém fala, segredos ligados a lendas de morte e do medo de um futuro que não vem. No entanto, até no canto mais perdido do mundo, a vida não se extingue, porque dos corpos ás almas, há um propósito para tudo, até para a morte.» Apresentação do jornalista Adelino Gomes. 39 cofre animação de verão Dando continuidade ao sucesso das actividades do Verão, o Cofre promete mais iniciativas para a época estival. Para quem estiver por terras algarvias, no Centro de Lazer do Vau, poderá contar com visitas semanais à Quinta Pedagógica de Portimão onde terá oportunidade de visitar o espaço, conhecer e alimentar os animais, participar numa sementeira e na confecção de pão caseiro. Poderá, também usufruir da parceria com o Museu de Portimão e Monumentos Megalíticos (Centro de Interpretação) de Alcalar. No centro do país temos uma novidade! Para quem gosta de manter os filhos ocupados, num ambiente familiar e em segurança, este ano pode optar por inscrevê-los na Colónia de Férias Cofre. Vocacionada para crianças entre os 7 e aos 14 anos. Prometemos dez dias plenos de actividades e muita diversão. Mais a Norte para os associados que privilegiam o ambiente serrano da Qta. de Sta. Iria, é proposto um diversificado leque de actividades. Dentro e fora do Centro: desportivas ou gastronómicas, hortícolas ou culturais. Muitas são as alternativas para aproveitar a Quinta e as suas cercanias. A não perder são as novíssimas observações astronómicas acompanhadas pelo Prof. Máximo Ferreira. Seja em que zona for, aproveite as nossas propostas e tire ainda mais proveito do seu tempo de descanso. Boas férias!! Actividades para todas as idades SEGURANÇA E COMPETÊNCIA A Agência em que os portugueses mais confiam para viajar. ESCOLHA DO CONSUMIDOR AGÊNCIAS DE VIAGENS A Agência de Viagens escolhida pelos portugueses. revista do cofre de previdência
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