Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, pX-Y, Jan
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Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, pX-Y, Jan
78 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.X-Y, Jan-Fev-Mar. 2012. REVISTA INTERDISCIPLINAR A Revista Interdisciplinar, criada em outubro de 2008, orgão oficial de divulgacão do Programa de Mestrado em Saúde da Família da Faculdade NOVAFAPI, com periodicidade trimestral, tem a finalidade de divulgar a producao cientifica das diferentes areas do saber que seja de interesse das areas da saude, ciencias humanas e tecnológicas. The Interdisciplinary Journal, founded in October of 2008, is the official publishing organ Professional Master´s program in Family Health for NOVAFAPI School with publication every three months and has the objective of making public the scientific production in different areas of knowledge that are of interest to health areas, human sciences and technology La revista interdisciplinar, creada en Octubre de 2008, organo oficial de divulgacion del Programa de Maestría en Salud de la Famìlia de la Facultad NOVAFAPI, con periodicidad trimestral, tiene la finalidad de propagar la produccion cientifica de las diferentes areas del saber que sea de interes de las areas de la salud, ciencias humanas y tecnologicas. COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO PUBLISHING COMMITTEE/COMISIÓN DE PUBLICACIÓN Diretora/Head/Directora Cristina Maria Miranda de Sousa Editora Científica/Scientific Editor/Redactor Científico Maria Eliete Batista Moura [email protected] Editor Associado/Associate Editor/Redactor Asociado Claudete Ferreira de Souza Monteiro Membros/Members/Miembros Ana Maria Ribeiro dos Santos Fabrício Ibiapina Tapety CONSELHO EDITORIAL EDITORIAL BOARD/CONSEJO EDITORIAL Ana Maria Escoval Silva Universidade Nova de Lisboa - Portugal Antônia Oliveira Silva UFPB Adriana Castelo Branco de Siqueira UFPI Carlos Alberto Monteiro Falcão Faculdade NOVAFAPI Eucário Leite Monteiro Alves Faculdade NOVAFAPI Gerardo Vasconcelos Mesquita Faculdade NOVAFAPI/UFPI Gillian Santana de Carvalho Mendes Faculdade NOVAFAPI Luis Fernando Rangel Tura UFRJ Maria do Carmo de Carvalho Martins Faculdade NOVAFAPI/UFPI Maria do Socorro Costa Feitosa Alves UFRN José Nazareno Pearce de Oliveira Brito Faculdade NOVAFAPI Norma Sueli Marques da Costa Alberto Faculdade NOVAFAPI Paulo Henrique da Costa Pinheiro Faculdade NOVAFAPI Roberto A. Medronho UFRJ Telma Maria Evangelista de Araújo Faculdade NOVAFAPI/UFPI Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses Faculdade NOVAFAPI INDEXAÇÃO Indexation/Indexación Nacional/ National/Nacionales Sumários.org www.sumarios.org Bibliotecário/Librarian/Bibliotecario: Secretária/Secretary/Secretaria: Capa/Cover/Capa: Editoração/Lay-out/Diagramación: Tiragem/Number of Issues/Tiraja: Projeto/Project/Projecto: Francisco Renato Sampaio da Silva Elizângela de Jesus Oliveira de Sousa Vieira Primeira Imagem - www.pimagem.com.br Primeira Imagem - www.pimagem.com.br 200 exemplares Faculdade NOVAFAPI R454 Revista Interdisciplinar /Faculdade NOVAFAPI. Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação. -- v.5, n. 1, 2012. Teresina: Faculdade NOVAFAPI, 2011 Trimestral ISSN 1983-9413 1.Saúde 2.Ciências 3. Humanas I.Título CDD 613.06 Endereço/Mail adress/Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina • Piauí • Brasil Web site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected] SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO Revista Interdisciplinar NOVAFAPI • Teresina-PI ISSN 1983-9413 v. 5, n. 1, 2012. EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL A produção científica no brasil....................................................................................................................... 5 A scientific production in Brazil Una producción científica en brasil Theonas Gomes Pereira PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Interações medicamentosas entre psicofármacos em um serviço especializado de saúde mental....... 9 Interactions between pharmacotherapy in service mental health specialist Interacciones entre farmacoterapia en servicio especialista de salud mental Márcia Astrês Fernandes, Cristiano Ribeiro Gonçalves Affonso, Lara Emanueli Neiva de Sousa, Maria das Graças Freire de Medeiros O conhecimento das mães de recém-nascidos com icterícia neonatal sobre o tratamento fototerápico.. 16 Knowledge of mothers of babies with neonatal jaundice on the treatment phototherapy Conocimiento de las madres de bebés com ictericia neonatal em la fototerapia tratamiento Poliana da Silva Castro, Sérlia Maria de Souza Silva, Thaís Regina Carvalho Linhares, Alcineide Mendes de Sousa Vivência de mães com filhos portadores de síndrome de down...................................................................... 21 Experience of mothres of children with down syndrome La vida de madres con hijos portadores de sindrome de down Liana Mayra Melo de Andrade, Lorena Carvalho de Vasconcelos, Fernanda Matos Fernandes Castelo Branco Perfil de clientes atendidos no ambulatório de nutrição de Teresina-PI......................................................... 26 Profile of clients served in a nutrition outpatient –Teresina- PI Perfil de clientes atendidos en un ambulatório de nutrición de Teresina- PI Iris Vasconcelos Marques, Tamyres Farias de Oliveira Bispo, Luciana Maria Ribeiro Pereira Participação do companheiro na promoção do aleitamento materno exclusivo em hospital amigo da criança..... 30 Participation fellow in promoting exclusive breastfeeding for baby-friendly hospital La participación en la promoción del compañero de la lactancia materna exclusiva de hospital amigo del niño Juliana Peixoto Salvador, Valessa de Lima Ximenes, Isabela Cristina Menezes da Silva, Maria de Fátima Patu da Silva Perfil nutricional de funcionários de hospital público do município de Picos - Piauí.................................................. 37 Nutritional profile of employees of a public hospital in the town of Picos - Piauí Perfil nutricional de los empleados de lo hospital público do municipio de Picos – Piauí Cinthya Vivianne de Souza Rochaa, Joilane Alves Pereira Freireb, Helionildes Bizerra de Sousac, Denísia Mardônia Soares Moura 3 SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO Estado nutricional de bailarinas de uma companhia de dança de Teresina – PI.......................................................... 42 Nutritional status of dancers of a dance company Teresina - PI Estado nutricional de los bailarines de uma compañía de danza de Teresina-PI Eduardo da Silva de Araújo, Gillyany de Sousa Silva, Nayana de Jesus Vilhena Teive Xavier Análise das características comportamentais empreendedoras de micro e pequenos empresários........................ 48 Behavioral characteristics analysis of micro and small business entrepreneurs Análisis de las características de comportamiento de micro y pequeñas empresas Vanessa Nunes de Sousa Alencar Vasconcelos REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN As implicações da gravidez na adolescência: uma revisão bibliográfica...................................................................... 55 Tthe implications of teenage pregnancy: a literature review Las implicaciones del embarazo en la adolescencia: una revisión de la literatura Luciana Cruz Pontes, Waleriana Silva e Sousa, Delvianne Costa de Oliveira, Ilane Queiroz Pedreira, Sheila Milena da Costa Produção de conhecimento sobre o método canguru.................................................................................................... 61 Knowledge production about the kangaroo method Producción de conocimiento sobre el método canguro Angela Cristina de Brito Machado, Giglyanne Carvalho Meneses Girão, Leilani Cavalcante Lages Rodrigues, Raquel Cardoso da Silva, Sheila Milena da Costa, Silvana Santiago da Rocha NORMAS PARA PUBLICAÇÃO .............................................................................................................................................68 PUBLISHING NORMS ...........................................................................................................................................................71 NORMAS PARA PUBLICACIÓN.............................................................................................................................................74 FICHA DE ASSINATURA ........................................................................................................................................................77 4 EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL A produção científica no brasil Theonas Gomes Pereira Mestre em Ciências e Saúde pela Universidade Federal do Piauí - UFPI. Coordenadora do curso de Nutrição da NOVAFAPI. A base de dados do Institute for Scientific Information/Thomson Scientific (ISI/ Thomson), interface Web of Science , tem revelado que nas últimas duas décadas a produção de artigos científicos brasileiros elevou-se em duas vezes comparada ao crescimento médio mundial, embora ainda esteja em torno de 1,5% da produção mundial. O aumento dessa produção científica está relacionada a ampliação da instituição de programas de pós-graduação no Brasil e a sua relação entre produção científica e carreira profissional , visto que a pós graduação figura entre os maiores fomentadores e produtores dessa produção científica, aliado a relação entre produção científica e progressão na carreira profissional. Esses fatos reforçam e motivam a necessidade de publicar artigos de qualidade, pois a avaliação dos programas de pós graduação é embasada na produção científica, influenciando a quantidade de pesquisadores. Outro aspecto a destacar é a divulgação da produção científica como relevante para esse processo. Diante disso o papel dos veículos de comunicação, tais como periódicos científicos, tornam-se elementos indispensáveis para a disseminação do conhecimento ao mesmo tempo em que estimulam a produção de novos artigos. Nesse aspecto a Revista Interdisciplinar da NOVAFAPI tem cumprido o seu papel. Seu primeiro exemplar foi em 2008, totalizando 13 números publicados, divulgando a produção científica de trabalhos de conclusão de curso e de programas de pós graduação. Nesse exemplar percebemos a diversidade de áreas da ciência abordadas. Na área da saúde temas sobre gestão, doenças crônicas não transmissíveis, saúde mental, gravidez na adolescência, aleitamento materno, alimentação do idoso e nutrição funcional são merecedoras de destaque. Também apresenta artigos que versam sobre o universo do trabalho como o empreendedorismo e o absenteísmo. Um olhar ampliado de possibilidades de investigações compõe o presente número reforçando que a produção da ciência, a motivação dos pesquisadores e a qualidade dos artigos devem seguir lado a lado com a função social da pesquisa gerando conhecimento aplicável a todos os habitantes do planeta. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.5, Jan-Fev-Mar. 2012. 5 EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL A scientific production in Brazil Theonas Gomes Pereira Máster en Ciencias y Salud por la Universidad Federal de Piauí – UFPI. Coordinadora del curso de Nutrición de NOVAFAPI. 6 La base de datos del Institute for Scientific Information / Thomson Scientific (ISI / Thomson), Interfaz Web of Science, ha revelado que en las últimas dos décadas, la producción de los artículos científicos brasileños aumentó en dos veces en comparación con el crecimiento promedio mundial, aunque todavía es de alrededor de 1,5% de la producción mundial. El aumento de esta producción científica está relacionada con la expansión de la institución de programas de posgrado en Brasil y su relación entre la carrera científica y profesional, ya que el graduado es uno de los mayores desarrolladores y productores de esta producción científica, junto con la relación entre la producción carrera científica y profesional. Estos hechos refuerzan y motivan la necesidad de publicar artículos de calidad, pues la evaluación de los programas de postgrado se basa en la producción científica, influenciando en la cantidad de investigadores. Otro aspecto a destacar es la difusión de la producción científica en relación con este proceso. Frente a esto, el papel de los medios de comunicación, tales como revistas científicas se convierte en indispensable para la difusión de conocimientos al tiempo que estimula la producción de nuevos artículos. En este aspecto, la revista de interdisciplinaridad de la NOVAFAPI ha cumplido su papel. Su primera edición fue en 2008, con un total de 13 números publicados por la difusión de la producción científica de los programas de terminación y de postgrado. En este ejemplar vemos las diversas áreas de la ciencia dirigida. Dentro del campo de la salud, en materia de gestión, las enfermedades crónicas, la salud mental, el embarazo adolescente, la lactancia materna, la nutrición funcional y la alimentación de los ancianos son dignos de mención. También cuenta con artículos que tienen que ver con el mundo del trabajo, el espíritu empresarial y el absentismo. Una vista ampliada de posibles investigaciones compone el presente número, poniendo de relieve que la mejora de la producción de la ciencia, la motivación de los investigadores y la calidad de los artículos deben ir de la mano con la función social de la investigación, generando conocimiento aplicable a todos los habitantes del planeta. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.6, Jan-Fev-Mar. 2012. EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL Una producción científica en brasil Theonas Gomes Pereira Maestría en Ciencia y Salud, de la Universidad Federal de Piauí - UFPI. Curso de Coordinador de Nutrición NOVAFAPI. La base de datos del Institute for Scientific Information / Thomson Scientific (ISI / Thomson), Interfaz Web of Science, ha revelado que en las últimas dos décadas, los artículos científicos brasileños aumentó en dos veces en comparación con el crecimiento promedio mundial, aunque todavía es de alrededor de 1,5% de la producción mundial. El aumento de esta producción científica está relacionada con la expansión de la institución de programas de posgrado en Brasil y su relación entre la carrera científica y profesional, ya que el graduado es uno de los mayores desarrolladores y productores de esta producción científica, junto con la relación entre la producción carrera científica y profesional. Estos hechos refuerzan y motivan la necesidad de publicar artículos de calidad, como la evaluación de los programas de postgrado se basa en la producción científica, que influyen en la cantidad de investigadores. Otro aspecto a destacar es la difusión de la producción científica en relación con este proceso. Teniendo en cuenta que el papel de los medios de comunicación, tales como revistas científicas, se convierten en indispensable para la difusión de conocimientos al tiempo que estimula la producción de nuevos artículos. En este aspecto, el Journal of Interdisciplinary NOVAFAPI ha cumplido su papel. Su primera edición fue en 2008, por un total de 13 números publicados por la difusión de la producción científica de los programas de terminación y de posgrado. En este ejemplo vemos las diversas áreas de la ciencia dirigida. En temas de salud en materia de gestión, las enfermedades crónicas, la salud mental, el embarazo adolescente, la lactancia materna, la alimentación la nutrición funcional y ancianos son dignos de mención. También cuenta con artículos que tienen que ver con el mundo del trabajo, el espíritu empresarial y el absentismo. Una vista ampliada de posibles investigaciones compone este apartado la mejora de la producción de la ciencia, la motivación de los investigadores y la calidad de los artículos deben ir de la mano con la función social del conocimiento de la investigación la generación aplicables a todos los habitantes del planeta. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.7, Jan-Fev-Mar. 2012. 7 PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Interações medicamentosas entre psicofármacos em um serviço especializado de saúde mental Interactions between pharmacotherapy in service mental health specialist Interacciones entre farmacoterapia en servicio especialista de salud mental Márcia Astrês Fernandes Farmacêutica. Enfermeira. Mestre em Enfermagem/ UFRJ. Doutoranda da Universidade de São Paulo – USP. Professora Adjunta da Universidade Federal do Piauí – UFPI e da Faculdade NOVAFAPI. E-mail: [email protected] Cristiano Ribeiro Gonçalves Affonso Farmacêutico. Mestre em Farmacologia/UFPI. Perito Criminal da Polícia Civil do Estado do Piauí. Lara Emanueli Neiva de Sousa Discente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí – UFPI. Participante do Programa de Iniciação Científica Voluntária da UFPI. Membro do Grupo de Estudos sobre Enfermagem, Violência e Saúde Mental – UFPI. Maria das Graças Freire de Medeiros Farmacêutica. Mestre em Ciências Farmacêuticas/ UFRN.Doutora em Biotecnologia RENORBIO/UECE. Professora Adjunta da UFPI. Coordenadora do Curso de Farmácia da Universidade Federal do Piauí – UFPI. RESUMO O surgimento dos psicotrópicos representou grande avanço na prática clínica da psiquiatria e saúde mental. O presente estudo apresenta como objetivos, destacar as interações medicamentosas mais frequentes em um serviço especializado de saúde mental no município de Teresina – Piauí e discutir medidas que possam diminuir o número de possíveis interações entre os psicofármacos. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado por meio da análise de 131 prescrições médicas de pacientes ambulatoriais no período compreendido entre os meses de janeiro a fevereiro de 2011. Na execução desta pesquisa as principais interações foram: diazepam e amitriptilina (21%), fenitoína e fenobarbital (6%). A pesquisa permitiu constatar que as interações medicamentosas podem comprometer o tratamento, sendo importante que os profissionais de saúde conheçam os riscos dessas interações para evitar problemas na terapêutica e promover uma melhor qualidade de vida aos usuários. Descritores: Psicotrópicos. Psicofarmacologia. Saúde mental. ABSTRACT The appearance of psychotropic represented great progress in the clinical practice of psychiatry and mental health. The present study has as objective to highlight the most frequent drug interactions in a specialized mental health in the city of Teresina - Piauí and discuss measures that can reduce the number of possible interactions between psychotropics. This is a descriptive study with quantitative approach carried out through analysis of 131 prescriptions for outpatients in the period between the months January-February 2011. In carrying out this research the main interactions were diazepam, amitriptyline (21%), phenytoin and phenobarbital (6%). The research has found that drug interactions may compromise treatment it is important that health professionals know the risks of these interactions to avoid problems in the treatment and promote better quality of life for users. Descriptors: Psychotropic. Psychopharmacology. Mental health. RESUMEN SUBMISSÃO – 08/06/11 APROVAÇÃO – 20/10/11 La aparición de sustancias sicotrópicas, representan un progreso grande en la práctica clínica de psiquiatría y salud mental. El presente estudio tiene como objetivo poner de relieve las interacciones farmacológicas más frecuentes en la salud mental especializados en la ciudad de Teresina - Piauí y debatir las medidas que pueden reducir el número de interacciones posibles entre los psicotrópicos. Este es un estudio descriptivo con enfoque cuantitativo llevado a cabo a través del análisis de 131 recetas para pacientes ambulatorios en el período comprendido entre los meses de enero-febrero de 2011. Para llevar a cabo esta investigación fueron las principales interacciones diazepam, amitriptilina (21%), fenitoína y fenobarbital (6%). La investigación ha encontrado que las interacciones entre medicamentos pueden comprometer el tratamiento es importante que los profesionales de la salud conocen los riesgos de estas interacciones para evitar problemas en el tratamiento y promover una mejor calidad de vida de los usuarios. Descriptores: Psicotrópicas. Psicofarmacología. Salud mental. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012. 9 Fernandes, M. A.; et al. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1.1 Contextualização do Problema A partir da segunda guerra mundial, mais especificamente na década de 50 com a descoberta dos psicofármacos, a atuação dos profissionais no ramo da psiquiatria sofreu transformações significativas, deixando de ser executado um tratamento voltado para a loucura para dedicar-se a medicar as manifestações de sofrimento psíquico (GENTIL et al. 2007). Essa mudança no panorama da psiquiatria possibilitou que vários pacientes anteriormente condenados a passar o resto de seus dias na mendicância ou em asilos, fossem reintegrados às suas famílias, uma vez que a partir dessa década foi iniciada a síntese de medicamentos psicoativos, que exerciam um bom controle dos sintomas das psicopatologias (ARAUJO et al. 2011). Desta forma, atualmente as patologias psíquicas são tratadas com o uso simultâneo de vários medicamentos, o que resultou em uma prática bastante comum e diretamente relacionada ao risco de interações medicamentosas. Essa politerapia é utilizada quando se deseja obter efeito terapêutico sinergético, acarretando assim uma maior eficácia no tratamento (GREVETTE; CORDIOLI, 2000). Entretanto, as combinações medicamentosas podem resultar em interações medicamentosas indesejadas, desencadeando vários problemas e reações adversas. As interações medicamentosas são alterações nos efeitos de um medicamento em razão da administração simultânea de outro medicamento (interações do tipo medicamento-medicamento) ou do consumo de determinado alimento (interações do tipo alimento- medicamento). Frequentemente as interações medicamentosas são indesejáveis e prejudiciais, todavia, em alguns casos os efeitos de medicamentos combinados podem ser benéficos (GILMAN et al. 2003). O risco de ocorrência de interação medicamentosa depende do número de medicamentos usados, da tendência que determinadas drogas têm para a interação e da quantidade administrada do medicamento. A interação pode acontecer de muitas formas. Um medicamento pode, por exemplo, alterar os aspectos farmacocinéticos de outro fármaco, como a velocidade de absorção, o metabolismo ou a excreção , resultando em alterações na concentração da droga no organismo e, consequentemente, falha na terapia ou efeitos tóxicos (RANG et al. 2001). Um grande número de interações medicamentosas é possível, particularmente quando se analisam as drogas que atuam no sistema nervoso central como antipsicóticos, antidepressivos, anticonvulsivantes, ansiolíticos e estabilizadores do humor. As associações envolvendo esses fármacos são bastante comuns; porém, nem sempre são possíveis de serem evitadas. Assim, devido ao grande número de possíveis interações nas associações de medicamentos utilizados nas enfermidades mentais, faz-se necessário uma avaliação dos riscos dessas interações, bem como, das possíveis medidas para diminuir o número dos efeitos indesejados. O ideal seria que todas as interações pudessem ser evitadas, mas considerando que nem sempre é possível a substituição de medicamentos que evitem a ocorrência das interações entre grupos farmacológicos, torna-se necessário o esclarecimento da ação e da indicação desses grupos farmacológicos, bem como, de suas possíveis interações medicamentosas. Ante o exposto, o presente estudo apresenta como objetivos destacar as interações medicamentosas mais frequentes em um serviço especializado de saúde mental no município de Teresina – Piauí e discutir 10 medidas que possam diminuir o número de possíveis interações entre os psicofármacos. 1.2 Revisão sobre Psicofarmacologia As drogas psicotrópicas são definidas como substâncias que atuam no sistema nervoso central produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora, e assim uma passividade para auto-administração (CARLINI et al. 2001). Na atualidade os psicofármacos mais utilizados são: ansiolíticos e hipnóticos, antidepressivos, estabilizadores do humor, anticonvulsivantes e antipsicóticos ou neurolépticos (GREVETE; CORDIOLI, 2000). Os ansiolíticos e tranquilizantes são utilizados no tratamento da ansiedade mais apropriadamente quando esta se encontra associada a outros distúrbios psiquiátricos como à depressão e ao distúrbio do pânico. Atualmente, os inibidores da recaptação da serotonina e, principalmente, os benzodiazepínicos são os fármacos mais indicados para tratamento da ansiedade (KAPLAN et al. 2007). Os benzodiazepínicos atuam como depressores do SNC produzindo níveis de depressão, desde uma leve sedação até hipnose, dependendo da dose. Eles atuam por sua capacidade de promover a ligação do principal neurotransmissor inibitório o ácido γ-aminobutírico (GABA). Dentro desse grupo, destaca-se o clonazepam e o diazepam (GILMAN et al. 2003). O clonazepam tem diversas indicações como o tratamento do transtorno do pânico, de crises mioclônicas e crises de ausências do tipo epilépticas refratárias à succinimidas ou ácido valpróico . Enquanto o diazepam está indicado no alívio sintomático da ansiedade, agitação e tensão decorrentes de estados psiconeuróticos e de distúrbios passageiros causados por situação estressante. Entre seus efeitos colaterais estão a depressão respiratória, a queda da pressão arterial e o aumento da frequência cardíaca (KAPLAN et al. 2007). As interações medicamentosas desses fármacos em relação aos outros grupos farmacológicos são: a diminuição de sua ação pela carbamazepina, o aumento dos riscos de depressão respiratória quando associado à clozapina e o aumento de seus efeitos de baixa da pressão sangüínea quando associado a outros medicamentos hipotensores (KATZUNG, 2003). Os antidepressivos são utilizados no tratamento da depressão maior (depressão clinicamente significante do humor e comprometimento da funcionalidade, podendo estar associada à psicose). Dentre as várias classes de fármacos desse grupo, destacam-se os antidepressivos tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) (GILMAN, 2006). Os antidepressivos tricíclicos atuam aumentando a concentração na sinapse de norepinefrina ou de serotonina no sistema nervoso central, ao bloquear sua recaptação pela membrana neuronal pré-sináptica. A amitriptilina pertence a essa classe farmacológica, sendo indicada na síndrome depressiva maior, na doença maníaco-depressiva, nos distúrbios depressivos na psicose e em estados de ansiedade associados com depressão (SCHATZBERG et al. 2009). As interações medicamentosas desse fármaco são: a diminuição do limiar para crises epilépticas exigindo aumentos de doses de anticonvulsivantes, a diminuição de sua ação pelo fenobarbital e pela carbamazepina. Além do aumento de reações adversas quando associada à clozapina, haloperidol ou fenotiazidas e o aumento dos riscos de reações extrapiramidais se associada a outros medicamentos que causam reações extrapiramidais (KAPLAN et al. 2007) Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012. Interações medicamentosas entre psicofármacos em um serviço especializado de saúde mental Na classe dos ISRS destaca-se a fluoxetina que atua por meio da inibição seletiva da recaptação da serotonina, resultando em acúmulo desse neurotransmissor nas sinapses nervosas. Indicada para o tratamento de transtornos depressivos e de transtorno obsessivo-compulsivo, suas interações medicamentosas incluem: o aumento do risco de reações adversas quando associada à clozapina, haloperidol, fenotiazinas, lítio ou fenitoína; o aumento dos riscos de toxicidade da carbamazepina quando a ela associada e graves reações adversas com antidepressivos tricíclicos. Neste caso, as concentrações dos antidepressivos tricíclicos aumentam muito, e este efeito que pode perdurar por três ou mais semanas após a interrupção da fluoxetina (KAPLAN et al. 2007). Os estabilizadores do humor são substâncias utilizadas para a manutenção da estabilidade do humor, não sendo essencialmente antidepressivas, nem sedativas. Internacionalmente reconhecem-se três substâncias capazes de desempenhar tal papel: o lítio, a carbamazepina, o ácido valpróico e mais recentemente o divalproato de sódio. A indicação exclusiva para estabilizadores do humor são os transtornos afetivos bipolares e os episódios de mania (euforia) ou de hipomania. O tratamento do transtorno afetivo bipolar sem estes estabilizadores do humor se complica devido ao fato dos antidepressivos estarem sujeitos a desencadear crises de euforia, assim como os sedativos terem probabilidade de desencadear a depressão. O mecanismo de ação desses fármacos não está completamente esclarecido e eles atuam de maneira distinta (SCHATZBERG et al. 2009). O lítio (carbonato de lítio) parece atuar por efeito estabilizador do ânimo com uma redução na concentração de alguns neurotransmissores (catecolaminas), mediada possivelmente pelo efeito do íon lítio na enzima adenosina trifosfatase Na+/K+-dependente, produzindo um aumento no transporte transmembrana neuronal do íon sódio (RANG et al. 2001). Este fármaco é bastante indicado para o tratamento da doença maníaco-depressiva, sendo suas principais interações medicamentosas: aumento dos seus efeitos tóxicos pelo haloperidol e pela fluoxetina; diminuição da ação das fenotiazinas (principalmente da clorpromazina); diminuição de sua ação por antidepressivos tricíclicos e pode ter seus efeitos tóxicos mascarados pelas fenotiazinas (KATZUNG, 2003). A carbamazepina pode deprimir a atividade do núcleo ventral anterior do tálamo, porém o significado não está completamente esclarecido. Como antineurálgico pode atuar no SNC diminuindo a transmissão sináptica ou a adição da estimulação temporal que dá origem à descarga neuronal. Outras indicações importantes inclui o tratamento da epilepsia (RANG et al. 2001). Por ser indutora enzimática de várias enzimas (isoformas CYP3A4 e CYP2C do citocromo P450 e a UDP-glicuronosiltranferase) ela interage diminuindo a ação de diversos fármacos entre eles a fenitoína, o fenobarbital, os benzodiazepínicos, o ácido valpróico, o haloperidol e a risperidona; além disso, pode aumentar os riscos de depressão no sistema nervoso central quando associada a antidepressivos tricíclicos (KATZUNG, 2003). O ácido valpróico pode atuar através do aumento direto ou secundário das concentrações do neurotransmissor inibidor GABA, possivelmente causado pela redução de seu metabolismo ou sua recaptação nos tecidos cerebrais e atua, também, prolongando a recuperação dos canais de sódio ativados por voltagem no estado de inativação (efeito observado em outros anticonvulsivantes como a carbamazepina e a fenitoína). A droga tem indicação, principalmente, para o tratamento da epilepsia e como coadjuvante no tratamento das crises mistas da epilepsia e do transtorno bipolar do humor (GILMAN et al. 2006). Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012. Quanto às interações medicamentosas do ácido valpróico podem ser destacadas: o aumento da ação e dos efeitos tóxicos do fenobarbital, o aumento da ação da carbamazepina, o aumento dos riscos de toxicidade com a fenitoína, a diminuição de sua ação pela fenitoína e pela carbamazepina e o risco de toxicidade hepática quando associado a outros medicamentos hepatotóxicos (KAPLAN et al. 2007). Os anticonvulsivantes são fármacos utilizados para tratamento de crises convulsivas diversas tratando os sintomas da epilepsia. Existem diversos fármacos utilizados para esse fim, entre eles as hidantoínas (fenitoína) e os barbitúricos (fenobarbital). A fenitoína parece atuar limitando os disparos de potencias de ação repetitivos através do alentecimento da taxa de recuperação da inativação dos canais de sódio ativados por voltagem, sendo indicada para tratamento de convulsões e estado epiléptico (KAPLAN et al. 2007). As principais interações medicamentosas envolvidas com esse psicofármaco são: diminuição da ação da carbamazepina; aumento de sua ação pela fluoxetina e pelo ácido valpróico; efeitos imprevisíveis quando associada ao fenobarbital e diminuição da sua ação, em função da diminuição do limiar convulsivo, por antidepressivos tricíclicos, clozapina, haloperidol e fenotiazinas (KAPLAN et al. 2007). O fenobarbital atua como depressor não seletivo do sistema nervoso central promovendo a ligação a receptores inibitórios GABA. Ele está mais bem indicado para convulsão febril (em especial em crianças), epilepsia e, em alguns casos, como sedativo. O fenobarbital pode ter sua ação aumentada pelo ácido valpróico e pode diminuir a ação de antidepressivos tricíclicos (GILMAN et al. 2003). Os antipsicóticos ou neurolépticos são medicamentos inibidores das funções psicomotoras, como é o caso da excitação e da agitação. Paralelamente eles atenuam também os distúrbios neuropsíquicos ditos psicóticos, tais como os delírios e as alucinações sendo utilizados, principalmente, no tratamento da esquizofrenia (SCHATZBERG et al. 2009). Esses psicofármacos podem ser divididos em três classes: os neurolépticos sedativos que são os antipsicóticos cujo principal efeito é a sedação; os neurolépticos incisivos que têm como efeito principal a remoção de delírios e alucinações e os neurolépticos atípicos que possuem uma diversidade de ações se mostrando um novo e valioso recurso terapêutico nas psicoses, principalmente naquelas refratárias aos demais antipsicóticos e nos casos de intolerância aos efeitos colaterais extrapiramidais (KAPLAN et al. 2007). Apesar dos neurolépticos tradicionais bloquearem receptores adrenérgicos, serotoninérgicos, colinérgicos e histaminérgicos, todos eles têm em comum a ação farmacológica de bloquearem os receptores dopaminérgicos. Quase todos os antipsicóticos reduzem a atividade motora espontânea e, entre seus efeitos colaterais, está o acometimento do sistema motor extrapiramidal (KATZUNG, 2003). As reações extrapiramidais têm como sintomas a dificuldade de falar ou de engolir, a perda do controle dos movimentos harmônicos, face sem expressão (como máscara), andar arrastado, inflexibilidade dos braços e pernas, tremor e agitação das mãos e dedos (KATZUNG, 2003). O haloperidol é um antipsicótico incisivo. Ele produz um bloqueio seletivo sobre o SNC por bloqueio competitivo dos receptores dopaminérgicos pós-sinápticos, no sistema dopaminérgico mesolímbico, e um aumento do intercâmbio de dopaminas no nível cerebral. Esse medicamento é indicado para o tratamento de distúrbios psicóticos agudos e crônicos que incluem esquizofrenia, estados maníacos e psicose induzida por fármacos, além de indicados para pacientes agressivos e agitados e para problemas graves de comportamento (RANG et al. 2001). 11 Fernandes, M. A.; et al. Essa droga pode ter sua ação diminuía pelo fenobarbital, carbamazepina e fenitoína e pode aumentar as reações adversas quando associado à fluoxetina, ao lítio, aos antidepressivos tricíclicos ou a medicamentos que causam reações extrapiramidais (KAPLAN et al. 2007). As fenotiazinas (clorpromazina, levomepromazina) são antipsicóticos sedativos e atuam bloqueando os receptores pós-sinápticos dopaminérgicos mesolímbicos no cérebro. Desta forma, são indicados para diversos distúrbios psicóticos como esquizofrenia e problemas de comportamento (KAPLAN et al. 2007). Os autores ainda afirmam que suas interações medicamentosas são semelhantes e compreendem: o aumento da ação de antidepressivos tricíclicos, a diminuição de sua ação pelo lítio, riscos de causar queda da pressão sanguínea quando associada a outros medicamentos que causam hipotensão e aumento dos riscos de reações extrapiramidais quando associada a outros medicamentos que causam reações extrapiramidais. Existem diversos antipsicóticos atípicos disponíveis para o tratamento de distúrbios psicóticos possuindo uma superioridade terapêutica sobre os demais antipsicóticos, principalmente por causaram menos efeitos colaterais extrapiramidais. Entre esses está a risperidona, cujo mecanismo de ação é desconhecido, embora se acredite que sua atividade seja devido um bloqueio combinado dos receptores dopaminérgicos D2 e dos receptores serotoninérgicos S2 (antagonista dopaminérgico-serotoninérgico) (GILMAN et al. 2006). A risperidona tem diversas indicações sendo utilizada como coadjuvante no tratamento de mudanças do comportamento ou transtornos afetivos em pacientes com deficiência mental e no tratamento da esquizofrenia aguda ou crônica. Tem eficácia similar aos demais antipsicóticos, mas com um perfil vantajoso de efeitos adversos, apresentando efeitos colaterais extrapiramidais brandos em apenas 17% dos pacientes, enquanto a clozapina parece atuar devido ao bloqueio dos receptores dopaminérgicos, tanto D1 como D2, no sistema límbico (RANG et al. 2001). Nos estudos realizados essa droga apresenta excelente perfil terapêutico e não provoca efeitos colaterais extrapiramidais, porém pode causar graves problemas hematológicos; por isso, outros antipsicóticos atípicos são ainda mais vantajosos como a olanzapina e a quetiapina. A risperidona pode aumentar a ação da fenitoína, provocar aumento das reações adversas com lítio e provocar queda na pressão arterial se associada a outros medicamentos que causam hipotensão (KAPLAN et al. 2007). A prometazina tem propriedades bloqueadoras H1 histaminérgicas, antimuscarínicas e sedativas. É utilizada para enjôo em viagem, náusea, rinite alérgica e sedação. Na psiquiatria pode diminuir o limiar para crises epilépticas e exigir acertos de dose de anticonvulsivantes, pode aumentar os riscos de reações extrapiramidais quando associada a outros medicamentos que causam reações extrapiramidais e pode aumentar os riscos de toxicidade no fígado quando associada a outros medicamentos hepatotóxicos (GILMAN et al. 2003). Atualmente o ambulatório do HAA conta com uma equipe multiprofissional composta por psiquiatra, enfermeira, psicóloga, odontólogo, terapeuta ocupacional e assistente social. O atendimento ao usuário é realizado por demanda espontânea e a marcação de consultas ocorre no horário de 06:30 às 17:00 horas de segunda a sexta . No ano de 2011 foram realizados 27.571 atendimentos por toda a equipe multidisciplinar, evidenciando assim a importância deste serviço para os usuários do sistema de saúde mental do Estado do Piauí, bem como para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Inicialmente, o projeto de pesquisa foi submetido à apreciação da diretoria do Hospital Areolino de Abreu para obtenção do termo de aquiescência. E em seguida iniciada a execução da coleta de dados, utilizando-se da pesquisa documental em receituários médicos, com preservação do anonimato dos clientes. Foram selecionadas e analisadas 131 prescrições médicas dos usuários em tratamento ambulatorial, no período compreendido de janeiro a fevereiro de 2011, sendo posteriormente separadas em grupos conforme o número de medicamentos. Foram selecionados os quinze psicofármacos mais prescritos no serviço de saúde. A partir do levantamento dos dados, foi elaborado um quadro com as possíveis interações medicamentosas relacionando os fármacos mais prescritos. Desta forma, o quadro foi utilizado para avaliar o número de associações medicamentosas presentes em cada prescrição médica; além disso, foram destacadas, entre elas, as mais frequentes e realizadas comparações entre os resultados obtidos para as prescrições analisadas. 2 Legenda: MATERIAL E MÉTODO Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo que buscou analisar as interações medicamentosas entre os principais medicamentos sujeitos a controle especial presentes em prescrições médicas no Hospital Areolino de Abreu. O local de desenvolvimento desta pesquisa foi no Ambulatório Integrado de Saúde Mental do Hospital Areolino de Abreu (HAA) localizado na Rua Joe Soares Ferry, 2420, bairro Primavera na cidade de Teresina – Piauí. O referido serviço de saúde é referência no atendimento ao paciente psiquiátrico do Estado do Piauí. 12 3RESULTADOS No levantamento dos 15 psicofármacos presentes nas 131 prescrições médicas do serviço de saúde em estudo foram identificados o quantitativo e as possíveis interações medicamentosas com a referida amostra, conforme quadro 01. Quadro 01: Possíveis interações entre alguns dos principais medicamentos sujeitos a controle especial utilizados no Hospital Areolino de Abreu. Teresina, 2011. Fonte: Pesquisa Direta. Pode aumentar a ação e/ou os efeitos tóxicos. : : : : : : Pode diminuir a ação (exigindo aumento de doses). : : : : : : : : : Pode ter seus efeitos tóxicos mascarados. : : : : : : : Pode ter efeitos imprevisíveis e/ou reações adversas graves. : : : : : : Pode aumentar os riscos de reações extrapiramidais. : : : : : : : Pode aumentar o risco de queda da pressão sangüínea. : : : : : : Pode aumentar os riscos de toxicidade no fígado. : Fontes: CAETANO, N. BPR – Guia de Remédios. São Paulo, 11. ed., 2012. GILMAN, A.G. As bases farmacológicas da terapêutica. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 3. ed. 2003. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012. Interações medicamentosas entre psicofármacos em um serviço especializado de saúde mental Na execução da pesquisa permitiu-se realizar uma contagem das interações medicamentosas com uma boa dinâmica, pois foi possível analisar uma amostra representativa de prescrições médicas em tempo razoável, conforme quadro 02. Porém, para uma análise com número maior de prescrições médicas, seria necessário o uso de programas de computador com banco de dados apropriados que permitissem maior economia de tempo. Quadro 02: Avaliação do número de interações medicamentosas, entre os principais medicamentos sujeitos a controle especial, presente em prescrições para pacientes ambulatoriais. Teresina, 2011. Fonte: Pesquisa direta No gráfico 01 foi possível identificar as interações mais frequentes e constatou-se maior chance de ocorrência de reações extrapiramidais, ratificando o resultado apresentado no quadro 01. Gráfico 01: Quantificação das mais frequentes interações medicamentosas, em porcentagem, nas prescrições médicas para pacientes ambulatoriais no Hospital Areolino de Abreu. Teresina, 2011. Fonte: Pesquisa Direta Legenda: D®Há maior chance de reações extrapiramidais. ¯®Pode haver diminuição da ação pela carbamazepina. x®Pode haver reações adversas graves. * àOutras interações medicamentosas. 4 DISCUSSÃO Uma dificuldade existente na prática psiquiátrica é a escolha das medicações para os diversos quadros clínicos. Desta forma, é bastante comum na prática substituições apressadas de medicamentos, ou seu uso em subdoses e, principalmente, a associação de psicofármacos de diferentes classes (COSTA, 2007). Neste contexto, faz-se uso da polifarmácia, ou seja, do uso concomitante de vários psicofármacos, o que acarreta no aumento da possibilidade de interações medicamentosas. Esta realidade pode ser justificada pelo crescimento significativo das possibilidades de combinações medicamentosas. No panorama brasileiro existem poucos estudos sobre interações medicamentosas, visto que a maioria deles fica restrita a quantificação Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012. da frequência das interações medicamentosas, sem um aprofundamento acerca do assunto. Podemos constatar também que a ausência de uma base de dados computadorizada dificulta a comparação de resultados e consolidação de informações sobre as interações existentes entre os psicofármacos (COSTA, 2007). Dentre as prescrições médicas analisadas neste estudo, poucas apresentavam mudanças na posologia que pudessem diminuir a possibilidade de interações medicamentosas e na maioria das vezes os medicamentos eram prescritos com posologia semelhante. Constatamos que mudanças vantajosas na posologia dos medicamentos podem ser feitas em algumas dessas prescrições médicas conhecendo-se a meia-vida e o pico de ação dos fármacos associados; porém, em muitas prescrições, essas mudanças são difíceis devido ao número elevado da administração diária que o paciente necessita e a utilização de fármacos com meia-vida longa. Além disso, quando o quadro do paciente exige o uso de muitos fármacos, é difícil evitar o uso concomitante destes. Neste sentido percebemos um aumento na prescrição de psicofármacos com a combinação de vários medicamentos para o controle dos sintomas psíquicos dos transtornos mentais. Corroborando com o contexto exposto, um estudo realizado em uma cidade localizado no sudoeste paulista apresentou, entre os anos de 2002 e 2006, um aumento de 280% na administração de vários psicofármacos dispensados à população pela Rede Pública de Saúde (LAMB, 2008). Durante a execução deste estudo percebeu-se que a incidência de interações medicamentosas que podem ocasionar reações adversas foi significativa, alcançando 6% das interações, sendo na maioria a associação de fenitoína e fenobarbital. Esse tipo de associação pode ser preocupante, principalmente, no tratamento a nível ambulatorial, visto que não se tem o contato diário com o cliente, assim a prescrição deve ser cautelosa e bem analisada antes de prescrita. Fenobarbital e fenitoína foram, durante muitos anos, as únicas opções terapêuticas disponíveis para o tratamento das epilepsias, e o uso isolado ou associação dessas duas drogas era a base do tratamento. Havia, inclusive, apresentações comerciais que já associavam essas duas medicações (KATUZUNG, 2003). O autor ainda informa que as interações medicamentosas ocorrem devido à alteração da farmacocinética e da farmacodinâmica de uma determinada droga provocada pela adição de um novo medicamento ao tratamento. Como as drogas antiepilépticas possuem uma janela terapêutica estreita, ou seja, a dose terapêutica está muito próxima da dose tóxica, o tratamento medicamentoso do paciente epiléptico deve ser individualizado. Importa ressaltar que os pacientes ao usarem psicofármacos devem ser orientados quanto ao surgimento de possíveis reações adversas e a não interromper o tratamento de forma abrupta, considerando que a interrupção pode agravar o estado da doença. Ressalta-se ainda que os mesmos não devam ingerir álcool durante o tratamento e devem tomar cuidado ao operarem máquinas pesadas devido ao risco de sonolência diurna. Durante a realização da referida pesquisa percebemos outra combinação medicamentosa nas prescrições médicas dos pacientes ambulatoriais com dois medicamentos , o diazepam e a amitriptilina , representando um percentual de 21%. Os benzodiazepínicos foram introduzidos na terapêutica na década de 1960, são fármacos depressores do Sistema Nervoso Central (SNC), uti13 Fernandes, M. A.; et al. lizados como hipnóticos, ansiolíticos, anticonvulsivantes e miorrelaxantes, sendo o diazepam o psicofármaco mais conhecido dessa classe e bastante usado pela população (CRUZ et al. 2000). Um estudo transversal realizado em Serviço Municipal de Saúde de Coronel Fabriciano, Minas Gerais, evidenciou que dentre os benzodiazepínicos prescritos para os usuários do serviço de saúde o mais utilizados foi o diazepam e que o uso indiscriminado e excessivo desses fármacos pode expor os pacientes a efeitos adversos desnecessários e interações medicamentosas potencialmente perigosas (FIRMINO et al. 2011). A depressão caracteriza-se por ser um transtorno crônico e recorrente que se caracteriza por um ou mais episódios depressivos, com pelo menos duas semanas de humor deprimido associado a sintomas como: pessimismo persistente, sentimentos de culpa, dificuldade de concentração, desamparo, diminuição do desejo sexual, aumento da irritabilidade, insônia e perda de apetite (GRAEFF; GUIMARÃES, 2005). O tratamento dessa patologia consiste em: psicoterapia e terapia medicamentosa com antidepressivos. Os medicamentos utilizados pertencem às seguintes classes: antidepressivos tricíclicos (ADTs), inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs), inibidores seletivos da recaptação da serotonina e noradrenalina (ISRSNs), inibidores da monoaminooxidase (IMAOs) e os antidepressivos atípicos (ISTILLI et al. 2010). Atualmente existem mais de 20 antidepressivos de distintas classes sendo comercializados no Brasil. Outros são disponibilizados apenas em farmácias de manipulação ou são comercializados apenas no exterior. A maioria tem sua eficácia bem estabelecida e até o presente momento não foi comprovada a superioridade em eliminar os sintomas depressivos de uma droga sobre as demais (GREVET et al. 2005). Conforme os autores, na escolha desses psicofármacos deve ser levado em consideração fatores como o paciente, o quadro que apresenta, além da própria experiência do médico e levar em conta, sobretudo, a aceitação pelo paciente, a tolerância e o custo. A droga amitriptilina pertence à classe dos antidepressivos tricíclicos e no momento de combinar esse fármaco com outras drogas devem ser bem analisadas as possibilidades de interações medicamentosas ,especialmente quando se trata da população idosa , devido ao uso de outros medicamentos como anti-hipertensivos, anticolinérgicos e anestésicos (MORENO et al. 1999). A possibilidade de haver diminuição da ação pela carbamazepina também é elevada, pois esse medicamento interage dessa forma com metade dos demais medicamentos selecionados neste estudo. A frequência dessa associação foi bastante elevada nas prescrições médicas analisadas. Dessa forma, pode ser observado que a substituição da carbamazepina por outro fármaco pode diminuir o número de possíveis interações medicamentosas. Todavia, a substituição de fármacos utilizados para tratamento de transtornos mentais nem sempre é possível, além de exigir uma análise aprofundada sobre diagnóstico do paciente, a existência de diversas patologias que podem estar envolvidas e as diferentes indicações de certos fármacos. Na última década deu-se uma atenção crescente ao uso de medicações anticonvulsivantes clássicas na psiquiatria para promover princi- 14 palmente a estabilização do humor, dentre elas destacamos a carbamazepina. Esse psicofármaco foi sintetizado em 1957 e introduzido no mercado europeu em 1960 como tratamento da epilepsia e atualmente é utilizado no tratamento da mania aguda, bipolar misto e transtornos convulsivos (SCHATZBERG et al. 2004). Os autores ainda fazem um alerta com relação a esse medicamento, pois como o mesmo apresenta propriedades antiepilépticas, neurotrópicas e agente psicotrópico, o paciente que faz uso deste fármaco deve ter cuidado ao dirigir, ao manusear máquinas ou ao realizar trabalhos que exijam atenção e coordenação. E em casos de pacientes idosos podem ser mais sensíveis que os jovens à agitação e confusão, bloqueio cardíaco auriculoventricular ou bradicardia induzidos pela carbamazepina. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em face do exposto, a execução deste estudo permitiu constatar a presença de um grande número de possíveis interações medicamentosas, pois vários fármacos têm ação sobre o metabolismo de outros e muitas vezes o mecanismo de ação ou os efeitos colaterais se sobrepõem aumentando a chance de toxicidade. Assim, percebeu-se a necessidade de procurar artifícios que diminuam as chances de prejuízos devido a essas interações. Porém, apesar de observado que a substituição por fármacos mais modernos pode diminuir essas interações, é necessária muita cautela para realizar a substituição de medicamentos sendo necessário o conhecimento preciso em relação ao diagnóstico e ao arsenal terapêutico disponível. Destacamos outro fator que dificulta essa substituição que consiste no elevado preço dos fármacos mais modernos. Desta forma, uma alternativa para redução das possíveis interações medicamentosas ao alcance dos profissionais é a modificação na posologia dos medicamentos levando em conta os princípios farmacocinéticos dos medicamentos. Portanto, faz-se necessário a realização de estudos mais aprofundados levando em consideração não apenas as possíveis interações medicamentosas; mas também o número real dessas interações por meio do acompanhamento de pacientes e estudos de farmacovigilância com vistas a uma análise mais abrangente do real impacto das interações medicamentosas sobre a eficácia terapêutica. Desta forma, este estudo é relevante, pois se configura em um instrumento para disseminar mais conhecimentos sobre a temática e, além disso, serve como um alerta para os profissionais da saúde mental procurarem conhecer mais sobre os psicofármacos e suas interações, melhorando suas orientações aos usuários e familiares, tornando assim seu cuidado mais especializado e eficaz e contribuindo de forma mais efetiva para a qualidade de vida do cliente. Espera-se ainda que a pesquisa possa servir como fonte de informação para estudantes, pesquisadores, ou outros profissionais em futuros estudos e ou intervenções, colaborando, dessa forma, para a construção do conhecimento na área da psicoframacologia. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012. Interações medicamentosas entre psicofármacos em um serviço especializado de saúde mental REFERÊNCIAS ARAÚJO, D.S; SILVA, H.R.R.; FREITAS, R.M. Carbamazepina: uma revisão da literatura. Rev. Eletron. de Farmácia., São Paulo, v.8, n.4, p.30-45, jan. 2011. GREVET, E. H.; CORDIOLI, A.V; Depressão maior e distimia algoritmo. In: Cordioli A. V. Psicofármacos: consulta rápida. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. CAETANO, N. BPR – Guia de Remédios. São Paulo, 11. ed. 2012 GREVET, E. H; CORDIOLI, A.V; FLECK, M.P.A. Depressão maior e distimia: diretrizes e algoritmo para o tratamento farmacológico. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005, p.317. CARLINI, E. A; et al. Drogas psicotrópicas- o que são e o que fazem. Rev. IMESC, São Luís, v1, n.3, p.9-35, dez. 2001. COSTA, M. K. D. O raciocínio psicofarmacológico na prática clínica. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, v.10, n.3, p.504-516, set. 2007. CRUZ, A. V; et al. Uso crônico de diazepam em idosos atendidos na rede pública em Tatuí-SP. Rev. Ciên. Farm. Básica Apl. São Paulo, v.27,n.3, p.259-267, mai.-ago. 2006. FIRMINO, K. F; et al. Fatores associados ao uso de benzodiazepínicos no serviço municipal de saúde da cidade de Coronel Frabriciano, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, São Paulo, v.27, n. 6, p.1223-1232, jun. 2011. GENTIL, V; et al. Clomipramine-induced mood and perceived performance changes in selected normal individuals. Journal of Clinical Psychopharmacology, New York, v.27, n.1, p. 314-315, 2007. GILMAN, A. G et al. As bases farmacológicas da terapêutica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. GILMAN, A. G; et al. As bases farmacológicas da terapêutica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. GRAEFF, F. G; GUIMARÃES, F. S Fundamentos de Psicofarmacologia. 2. ed. São Paulo (SP): Atheneu, 2005. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.9-15, Jan-Fev-Mar. 2012. RANG, H. P et al. Farmacologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. ISTILLI, P. T et al. Antidepressivos: uso e conhecimento entre estudantes de enfermagem. Rev. 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Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 15 PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN O conhecimento das mães de recém-nascidos com icterícia neonatal sobre o tratamento fototerápico Knowledge of mothers of babies with neonatal jaundice on the treatment phototherapy Conocimiento de las madres de bebés com ictericia neonatal em la fototerapia tratamiento Poliana da Silva Castro Enfermeira, Especialista em Urgência e Emergência, Faculdade NOVAFAPI, Teresina - PI. Sérlia Maria de Souza Silva Enfermeira, Especialista em Saúde da Família, Faculdade NOVAFAPI, Teresina - PI. Thaís Regina Carvalho Linhares Enfermeira, Especialista em Saúde Mental, Faculdade NOVAFAPI, Teresina - PI. Alcineide Mendes de Sousa Enfermeira, Especialista em Saúde da Criança, Faculdade NOVAFAPI, Teresina – PI. RESUMO Estudo descritivo que teve como objetivo analisar o conhecimento de mães sobre o uso da fototerapia. Os sujeitos da pesquisa foram 11 puérperas cujos recém-nascidos se encontravam sob fototerapia em um alojamento conjunto de uma maternidade pública em Teresina-PI. Os dados foram coletados em março e abril de 2009, mediante entrevista semi-estruturada, agrupados e analisados em categorias conforme a convergência dos discursos das depoentes. Constatou-se o déficit de conhecimento das mães sobre a terapêutica e seus cuidados. A comunicação apresenta-se como um instrumento indispensável na construção do conhecimento materno, destacando-se a importância do papel da enfermagem responsável pela instalação, manutenção e pelo sucesso do tratamento. Descritores: Comunicação. Fototerapia. Recém-nascido. ABSTRACT This descriptive study it had as objective to analyze the knowledge that the mothers have on the use of the fototerapia. The citizens of the research had been 11 puérperas whose just-been born they met under fototerapia in a joint lodging of a public maternity in Teresina-PI. The data had been collected in March and April of 2009 by means of interview half-structuralized and had been analyzed and grouped in categories in agreement the convergence of the speeches of the deponents. It was contacted that the communication is presented as an indispensable instrument in the construction of the knowledge of the mothers of RN’ s with neonatal jaundice, being distinguished, of this form, the importance of the paper of the responsible Nursing for installing and keeping the RN in treatment. Descriptors: Communication. Fototerapia. Just-born. RESUMEN Este estudio descriptivo que tenía como objetivo para analizar el conocimiento que las madres tienen en el uso del fototerapia. Los ciudadanos de la investigación habían sido 11 puérperas que apenas-sido nato ellos resolvió debajo de fototerapia en un alojamiento común de una maternidad pública en Teresina-PI. Los datos habían sido recogidos en marcha y abril de 2009 por medio de mitad-structuralized de la entrevista y analizados y agrupados en categorías en el acuerdo la convergencia de los discursos de los deponents. Fue entrado en contacto con que la comunicación está presentada como instrumento imprescindible en la construcción del conocimiento de las madres de RN s con ictericia neonatal, siendo distinguida, de esta forma, la importancia del papel del oficio de enfermera responsable para instalar y mantener el RN el tratamiento. Descriptores: Comunicación. Fototerapia. Apenas-llevado. SUBMISSÃO – 12/01/2011 APROVAÇÃO – 03/08/2011 16 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.16-20, Jan-Fev-Mar. 2012. O conhecimento das mães de recém-nascidos com icterícia neonatal sobre o tratamento fototerápico 1 iNTRODUÇÃO A icterícia caracteriza-se pela coloração amarelada da pele e outros órgãos como resultado do acúmulo de bilirrubina no sangue, a hiperbilirrubinemia. A bilirrubina é o produto final da degradação da hemoglobina que resulta da destruição das hemácias (HOCKENBERRY; WILSON; WINKELSTEIN, 2006). A icterícia neonatal pode ser fisiológica ou patológica. Aquela acontece, geralmente, durante a primeira semana de vida e é causada por processos fisiológicos neonatais normais. Esta resulta da incompatibilidade sanguínea materno-fetal, infecção ou anormalidades biliares, hepáticas ou metabólicas, tornando-se visível nas primeiras 24 horas e se caracteriza por um nível de bilirrubina sérica acima de 20mg/dL (KENNER, 2001). Atualmente, as formas mais utilizadas de terapia que estabilizam os níveis séricos da bilirrubina no período neonatal, são: a fototerapia e a exsanguineotransfusão (ALMEIDA; DRAQUE, 2001). A fototerapia é o tratamento de escolha em virtude do seu caráter não invasivo e de alto impacto na diminuição dos níveis de bilirrubinas plasmáticas, independente da maturidade do recém-nascido (RN) (RODRIGUES; SILVEIRA; CAMPOS, 2007). Apesar de seus efeitos benéficos, a fototerapia não é isenta de riscos. Alguns efeitos colaterais podem ser observados, a saber: perda insensível de água, aumento do número de evacuações, alterações das hemácias, letargia, eritemas, diminuição da velocidade do crescimento na 2ª infância, bronzeamento, queimaduras e possibilidade de lesão na retina (CAMPOS; CARDOSO, 2004). Em virtude do tempo prolongado da terapia e dos efeitos colaterais causados pelo tratamento, faz-se necessária a adoção de medidas que visem à proteção do RN, como: a educação e a informação do cuidador, a diminuição dos efeitos colaterais e a prevenção de sequelas. Em decorrência disso, surge a importância do papel da enfermagem no sentido de monitorar o tratamento, supervisionar a assistência prestada e orientar o principal cuidador - a mãe - sobre os cuidados e necessidades do RN que está sob esse tratamento. Essa orientação se dá através da comunicação. Enfatiza-se, então, a importância da comunicação entre a equipe de saúde e os familiares do RN, com vistas ao esclarecimento de dúvidas e repasse de informações verdadeiras, atualizadas e em linguagem adequada ao nível de compreensão dos pais, a fim de que possam compreender a importância e a razão do tratamento fototerápico, além de suas consequências e seus benefícios. Nesse sentido, as ações de enfermagem estarão embasadas na comunicação efetiva entre o enfermeiro e binômio mãe-filho (CAMPOS; CARDOSO, 2006). Considerando que o enfermeiro é parte integrante da equipe de saúde e atua diretamente na assistência às mães e neonatos, esse estudo é de extrema relevância, tendo em vista que a assistência de enfermagem contribui com a continuidade e o sucesso do tratamento. O interesse pelo tema surgiu durante a participação das autoras no projeto de extensão “A implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) ao binômio mãe-filho no sistema alojamento conjunto” desenvolvido em uma maternidade do Estado, no qual houve contato com as mães que tinham seus filhos sob o tratamento fototerápico. Dentre as atividades desenvolvidas no referido projeto destacaram-se a assistência ao neonato em fototerapia e a realização de orientações ao seu cuidador quanto à importância do tratamento e os cuidados que devem ser prestados ao RN. Diante dessas atividades, percebeu-se a falta de informação das mães sobre a patologia e os cuidados dispensados aos Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.16-20, Jan-Fev-Mar. 2012. neonatos em fototerapia, despertando, assim, o interesse em estudar essa temática. Esse artigo apresenta como objetivo analisar o conhecimento que as mães têm sobre o uso da fototerapia. 2METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Esta construção científica representa uma pesquisa prática. Dessa forma, caracteriza-se pela interação efetiva entre os pesquisadores e o sujeito do estudo, com o intuito de resolver e/ou esclarecer a problemática observada, aumentando o conhecimento dos pesquisadores e a conscientização dos pesquisados (PRESTES, 2003). O cenário para a realização da pesquisa foi a Maternidade Dona Evangelina Rosa, localizada na cidade de Teresina – PI. Os sujeitos foram 11 puérperas com faixa etária de 16 a 31 anos, multíparas ou não, que tiveram seus filhos submetidos a tratamento de fototerapia em alojamento conjunto por pelo menos 3 dias. O critério de inclusão dos sujeitos justifica-se pelo fato de que após esse período, as mesmas encontram-se adaptadas ao uso da fototerapia e, portanto, já obtêm certo conhecimento a respeito da terapia. A definição do número das participantes ocorreu por saturação dos dados. Como técnica de pesquisa utilizou-se um roteiro para entrevista semi-estruturada, que também é conhecida como assistemática, antropológica e livre, empregada quando o entrevistador tem liberdade para discorrer sobre determinada situação conduzindo-a como julgar necessário. A modalidade de entrevista semi-estruturada utilizada para o levantamento dos dados é a entrevista focalizada. Neste tipo de entrevista utiliza-se um roteiro de tópicos relativos ao problema e o pesquisador tem liberdade para questionar o entrevistado de forma que atenda aos objetivos propostos (MARCONI; LAKATOS, 2008) A presente pesquisa foi submetida à apreciação e à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI, sob protocolo nº 0017.0.043.000-09 e da Instituição onde foi desenvolvido o estudo, sob protocolo nº 2.331/08 Os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) dentro das normas que regulamentam a pesquisa com seres humanos, do Conselho Nacional de Saúde, Resolução nº196 de 10 de outubro de 1996. O referido termo garante o anonimato dos colaboradores e a liberdade de recusa ou exclusão em qualquer fase da pesquisa. Como forma de preservação da identidade e integridade dos partícipes, foram atribuídos a estes nomes de pedras preciosas. A produção de dados ocorreu em março e abril de 2009. A entrevista foi registrada através de gravação de áudio com o objetivo de preservar a autenticidade das informações capturadas, uma vez que a escolha do instrumento de pesquisa deve estar diretamente relacionada à validade e fidedignidade que tais instrumentos oferecem. Ao final de cada entrevista as informações a respeito do tratamento fototerápico, seus riscos e benefícios, além dos cuidados de enfermagem ao RN sob fototerapia foram expostas para as mães. Com base nos problemas identificados, buscou-se, por meio de diálogo, orientar a mãe e responder às indagações existentes em relação ao tratamento fototerápico. Os dados levantados foram agrupados em categorias conforme a convergência dos discursos das depoentes e baseado nos estudos realizados sobre fototerapia, com o objetivo de facilitar a interpretação. Quanto à compreensão e descrição dos dados, as falas das entrevistadas foram ouvidas e transcritas na íntegra, lidas e relidas exaustivamente pelas pesqui17 Castro, P. S.; et al. sadoras, e submetidas, a seguir, à análise e discussão de conteúdo, onde serão transcritos trechos das entrevistas que se enquadram nas categorias de estudo. Na fase de interpretação, os dados foram organizados em categorias, analisados e interpretados à luz do referencial teórico pertinente ao tema. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os sujeitos encontram-se na faixa etária entre 16 e 31 anos. Quanto ao estado civil, 7 são casadas e 4 solteiras. Em relação ao grau de instrução, 5 concluíram o ensino médio e 1 concluiu o ensino fundamental; 1 não concluiu o ensino médio e 3 não concluíram o ensino fundamental; 1 possui curso técnico de enfermagem. No que concerne à ocupação principal, 8 são donas de casa, 2 estudantes e 1 técnica de enfermagem. Em relação ao tipo de parto, 7 foram cesariadas e 4 pariram por parto normal. Ao proceder à análise e à descrição dos discursos, surgiram unidades temáticas das quais foram abstraídas categorias que permitiram melhor compreensão da temática em estudo, estas categorias serão apresentadas a seguir: Déficit no conhecimento da terapia Durante a interpretação dos discursos percebeu-se que na maioria dos depoimentos a informação predominante refere-se à mudança de cor da pele do RN com icterícia. No geral, as mães, durante o diálogo, não demonstraram conhecimento sobre o mecanismo de ação da fototerapia, tempo de exposição necessário, dentre outras características pertinentes ao tratamento fototerápico, como pode ser evidenciado nos depoimentos abaixo: [...] Imagino que é porque a criança está amarela, aí toma banho de luz pra poder ficar corada. (Esmeralda) [...] Serve pra poder mudar de cor. Deixar de ser amarela. (Topázio) [...] Eu sei que ele estava cheio de manchinhas, manchas amarelas no corpo todo. Faz o tratamento para desaparecer as manchas. (Diamante) [...] A pele da criança está muito amarelinha e fica aí para corar mais um pouquinho. Faz a fototerapia por causa da cor da pele. (Ametista) [...] Eu sei que é pra botar cor no bebê. (Turquesa) Embora as mães não tenham apresentado conhecimento específico a respeito da fototerapia, é possível identificar que elas reconhecem com clareza o principal sinal de icterícia - a pigmentação amarelada da pele. Além disso, utilizam esse sinal como fator de monitoramento da terapia ao afirmar que a mudança de cor da pele do RN representa a necessidade do tratamento. Apesar do déficit de conhecimento exposto no depoimento da maioria das entrevistadas, observou-se que duas delas apresentaram um conhecimento mais fidedigno em relação à terapêutica, conforme constatado nos discursos a seguir: veis que serão eliminados do organismo sem a necessidade prévia de conjugação hepática. Essa substância é dotada de neurotoxicidade e caso não seja excretada pode impregnar no tecido cerebral causando lesão neurológica e prejuízos no desenvolvimento psicomotor da criança (KENNER, 2001). A hiperbilirrubinemia é uma condição em que o nível de bilirrubina no sangue está elevado evidenciado pela pigmentação amarelada da pele, das mucosas, escleróticas e de vários órgãos, caracterizando, assim, a icterícia (HOCKENBERRY; WILSON; WINKELSTEIN, 2006). Assim, fica evidente que as mães, embora não tenham conhecimento científico ou informações precisas sobre o tratamento, identificam de forma acertada o principal sinal da icterícia, patologia que leva seu filho ao tratamento, e a finalidade do tratamento ao qual seu filho está sendo submetido, alcançando a finalidade proposta. Os principais cuidados na visão do cuidador Com base nos discursos, é perceptível que as mães são detentoras de conhecimento a cerca dos cuidados com o RN em fototerapia. Porém, as informações apresentadas não retratam a amplitude das ações que o cuidador deve praticar para um cuidar de forma holística. Na análise dos depoimentos, evidencia-se a preocupação dessas mães, em primeiro lugar, com a proteção ocular, tendo em vista que esse cuidado foi citado por todas as entrevistadas no início de seu discurso, seguido dos cuidados pertinentes à amamentação, restabelecimento da temperatura corporal antes do banho, mudança de decúbito e exposição do RN despido durante o tratamento. Conforme explicitam os trechos abaixo: [...] Não deixar a máscara sair de jeito nenhum. O olho não pode entrar em contato com a luz. Tem que dar de mamar...que é pra fazer coco. (Esmeralda) [...] Tem que ter cuidado com os olhos, porque pode levar à cegueira, só tirar a venda dos olhos na hora do banho. Eu sei que deve deixar um tempo antes de banhar pra pegar a temperatura do ambiente. Sei que tem que ficar virando ele, mudar sempre de posição. (Rubi) A proteção para os olhos é um cuidado relevante, uma vez que estudos mostram o envelhecimento precoce da retina com perda de cones e bastonetes por ocasião da exposição à luz; no entanto, não há relatos dessa patologia decorrente da fototerapia em seres humanos (ALMEIDA; DRAQUE, 2004). É importante evitar o uso de máscara apertada, pois a compressão excessiva diminui o fluxo sanguíneo, pode lesar os olhos e escoriar a córnea, caso o RN possa abrir os olhos debaixo dela. Trocar o protetor diariamente e realizar higiene ocular são cuidados indispensáveis, evitando assim a contaminação e fornecendo conforto ao RN. A fototerapia deve ser interrompida por 15 minutos a cada 8 horas, nesse momento é interessante retirar a máscara quando o RN não estiver sob a luz para proporcionar estímulo e desenvolvimento da acuidade visual e do vínculo afetivo mãe-bebê (SANTOS; OLIVEIRA; SANTOS, 2006). [...] Proteger os olhos, por causa da luz que é muito forte. Tirar do aparelho meia hora antes do banho e ficar sempre trocando de decúbito. (Citrino) [...] Serve para tratar a icterícia, para repor a pigmentação da pele. (Citrino) [...] Primeiro, prestar muita atenção nesta máscara, pra ele não tirar porque prejudica a visão. Não pode deixar vestido em roupa porque senão o banho de luz não pega. (Diamante) [...] Serve para colocar para fora, pela urina, uma substância, a bilirrubina que fica no fígado da criança senão vai para o cérebro e pode dar algum problema mental. (Safira) [...] Tem que estar virando ela de hora em hora pra pegar no corpo dela todinho. (Opala) As luzes da fototerapia decompõem a bilirrubina impregnada na pele, através de oxidação, transformando-a em derivados hidrossolú- O RN submetido à fototerapia deve ser colocado despido sob a fonte de luz e reposicionado frequentemente para expor todas as áreas 18 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.16-20, Jan-Fev-Mar. 2012. O conhecimento das mães de recém-nascidos com icterícia neonatal sobre o tratamento fototerápico da superfície corporal. A temperatura deve ser monitorada para detectar sinais de hipo ou hipertermia, a pele deve ser observada quanto a evidências de desidratação e ressecamento (HOCKENBERRY; WILSON; WINKELSTEIN, 2006). A mudança de decúbito é um cuidado que está diretamente relacionado ao sucesso do tratamento, pois quanto maior a área irradiada, maior a eficácia do tratamento. Utilizam-se, ainda, panos brancos nas laterais do berço com a finalidade de aumentar a reflexão da luz. Devem-se alternar as posições de decúbito a cada três horas ou quando perceber que o RN está desconfortável (SANTOS; TONINI; FIGUEIREDO, 2005). [...] Colocar sempre o protetor porque tem um raio/uma luz que pode entrar em contato com a retina e pode cegar a criança, então, sempre colocar o protetor. Tem que ficar virando a criança pra poder pegar a luizinha em várias partes do corpo. Colocar pra amamentar de duas em duas horas, porque aqui é como se fosse a barriga da mãe, a temperatura, é bem quentinho e ela vai ficar sempre dormindo, aí tem que tirar pra dar de mamar. Colocar sempre nua pra pegar o máximo de luz. (Safira) [...] Não pode deixar tirar o óculos. Demorar um pouquinho, pra esfriar o corpo dele pra poder banhar. Dar muito leite. Não pode ficar de fralda. Quando ele faz coco e xixi limpo com uma fralda molhada. (Berilo) Durante o tratamento deve-se proporcionar amamentação por livre demanda, tendo em vista que a exposição à luz provoca elevação da temperatura ambiente e corporal do neonato, com consequente elevação do consumo de oxigênio, aumento da frequência respiratória e fluxo sanguíneo na pele, gerando assim uma maior perda insensível de água (ALMEIDA; DRAQUE, 2004). Lubrificantes ou loções oleosas não devem ser usadas sobre a pele para evitar o aumento do bronzeamento. Os neonatos sob fototerapia necessitam de volume hídrico extra, adquirido através do aleitamento materno, para compensar as perdas intestinais e insensíveis. Como a fototerapia favorece a evacuação frequente pode causar irritação perianal; portanto, é essencial um cuidado meticuloso com a pele, principalmente mantendo-a limpa e seca (HOCKENBERRY; WILSON; WINKELSTEIN, 2006). É imperativo que os profissionais de enfermagem conheçam o tratamento fototerápico, seus benefícios e riscos, seus efeitos colaterais e os cuidados dispensados ao neonato submetido à fototerapia. Com esse intuito, a assistência a este RN assim como a instalação e a manutenção da terapia apresentam-se como responsabilidade do enfermeiro (SANTOS; OLIVEIRA; SANTOS, 2006). Diante da falta de conhecimento da mãe a respeito da terapêutica e dos cuidados relacionados a ela, compete ao enfermeiro, como profissional que detém conhecimento científico, orientá-la sobre os cuidados que devem ser prestados ao RN, esclarecendo suas dúvidas e mostrando-se disponível para ajudá-la diante das dificuldades. É necessário estabelecer um vínculo afetivo de confiança e cumplicidade entre o profissional e o cliente. A comunicação como instrumento de enfermagem Ao refletir sobre os depoimentos das participantes, verificou-se a importância da compreensão e aceitação das mães em relação ao tratamento com suporte na comunicação efetiva entre a equipe de enfermagem e o principal cuidador – a mãe. Pelos depoimentos, observou-se que as informações e/ou os conhecimentos a respeito do tratamento fototerápico e dos cuidados dispensados ao RN submetido a essa terapêutica foram adquiridos através de orientações fornecidas, em sua maioria, pela equipe de enfermagem. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.16-20, Jan-Fev-Mar. 2012. Portanto, evidencia-se a importância da atuação do profissional de enfermagem na construção desse conhecimento, tendo em vista que uma das principais atividades do referido profissional é a educação em saúde, fenômeno este ratificado pelos depoimentos a seguir: [...] A enfermeira me falou isso que eu sei. Preparou o aparelho e disse que era pra ter cuidado com o olho, dar bastante de mamar, fazer coco pra limpar a barriga. (Esmeralda) [...] Acho que era a enfermeira, ela só fez montar o berço e falou do negócio da máscara. (Diamante) [...] A professora que esteve aqui de manhã dando aula para os alunos dela e a enfermeira que trouxe ele do berçário. (Citrino) [...] Acho que era a enfermeira. (Água-marinha) [...] Foi a tia do meu marido, que trabalha aqui e é técnica de enfermagem, foi ela que preparou o aparelho. (Rubi) Quando questionadas sobre a qualificação dos profissionais que lhes atenderam, apenas uma depoente afirmou que o profissional que a orientou foi de nível médio, as demais não souberam informar se as orientações foram feitas por técnicos ou auxiliares ou por profissionais de nível superior. Isso nos mostra a importância do profissional se identificar como enfermeiro antes de prestar uma orientação ou assistência, para que haja o respaldo e a valorização dessa profissão perante a equipe de saúde e a comunidade assistida. Esse cenário demonstra uma fragilidade no processo de comunicação estabelecido entre o profissional e o cliente, uma vez que o cuidar do enfermeiro deve ser pautado em uma visão sempre holística e que essa conduta só é possível através do estabelecimento e manutenção da comunicação efetiva. Dessa forma, almeja-se que o cliente possa transmitir seus anseios, angústias, necessidades e dúvidas sobre o tratamento ao qual está sendo submetido. O processo de comunicação é intrínseco em todo ser humano, portanto o indivíduo sente, pensa, age, reflete e tem necessidade de compartilhar suas experiências por meio de uma dinâmica de transmissão de idéias denominada comunicação (STEFANELLI; CARVALHO, 2005). Comunicar é o processo de transmitir e assimilar mensagens através de signos, sinais ou símbolos de forma verbal ou não-verbal (CARON; SILVA, 2002). O trabalho do profissional de enfermagem, em sua essência, traz como alicerce o cuidar do outro, criando uma relação interpessoal. Nesse processo de cuidar, a interação enfermeiro-cliente é imprescindível. Assim, a comunicação apresenta-se como um instrumento relevante na atividade de enfermagem além de propiciar o estabelecimento de um relacionamento efetivo. No desenvolvimento da assistência em enfermagem, o enfermeiro interage com o cliente durante todo o tempo valendo-se da comunicação, seja ela verbal ou não-verbal. Ao assumir a assistência de enfermagem ao binômio mãe-filho, em que o RN encontra-se sob fototerapia, o profissional de enfermagem responsabiliza-se pelo cuidar deste RN, orienta o principal cuidador e ampara a mãe fragilizada pela situação em que se encontra seu filho (STEFANELLI; CARVALHO, 2005). É através da comunicação terapêutica que o profissional de enfermagem busca meios para auxiliar os pais a resolver o pesar e desenvolver estratégias para dispensar os cuidados especiais que a condição exige (KENNER, 2001). Comunicação terapêutica é a competência do profissional de saúde em usar o conhecimento sobre comunicação humana para ajudar o 19 Castro, P. S.; et al. outro a descobrir e utilizar sua capacidade e potencial para solucionar conflitos, reconhecer as limitações pessoais, ajustar-se ao que não pode ser mudado e a enfrentar os desafios à auto-realização, procurando aprender a viver da forma mais saudável possível, tendo como meta encontrar um sentido para viver com autonomia. Deste modo, a comunicação interpessoal é importante instrumento para a realização e desenvolvimento da profissão e deve permear todas as ações dos profissionais de enfermagem. (STEFANELLI; CARVALHO, 2005). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo revelou o déficit de conhecimento das mães sobre o tratamento fototerápico e os cuidados dispensados ao RN sob esta te- rapêutica. Esse resultado está diretamente relacionado à prática do profissional enfermeiro visto que cabe a ele a atividade de orientar as mães quanto aos aspectos relevantes do tratamento. Desse modo, evidencia-se a importância da assistência de enfermagem para a manutenção e o sucesso do tratamento fototerápico. Corrobora-se que a comunicação é um instrumento intrínseco para a interação efetiva entre enfermeiro e o binômio mãe-filho; o desenvolvimento do diálogo deve ser enfatizado, claro e acessível ao nível de compreensão do cuidador para que este possa conhecer o tratamento a que seu filho está sendo submetido, suas consequências e seus benefícios. Assim, diante do contexto vivido, propomos uma assistência de enfermagem baseada em uma comunicação efetiva com o intuito de implementar a humanização do cuidado, além de proporcionar a valorização do enfermeiro diante da equipe de saúde e a clientela assistida. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. F. B.; DRAQUE, C. M. Fototerapia e exsangüíneotransfusão. In: CARVALHO, E. S, CARVALHO, W. B. Terapêutica e prática pediátrica, São Paulo (SP): Atheneu; 2001. ALMEIDA, M. F. B.; DRAQUE, C. M. Fototerapia. In: KOPELMAN, B. I.; et al. Diagnóstico e tratamento em neonatologia, São Paulo (SP): Atheneu: 2004. CAMPOS, A. C. S.; CARDOSO, M. V. L. M. L. Enfermagem e o cuidado humanístico: proposta de intervenção para a mãe do neonato sob fototerapia. Ciencia e Enfermería: revista iberoamericana de investigación, Concepción/Chile, v.12, n. 1, p. 73 - 81, jun. 2006. CAMPOS, A. C. S.; CARDOSO, M. V. L. M. L. O recém-nascido sob fototerapia: a percepção da mãe. Revista Latino-Americana de Enfermagem. São Paulo, v.12, n.4, p. 606-613, jul.-ago. 2004. CARON, O. A. F.; SILVA, I. A. Parturiente e equipe obstétrica: a difícil arte da comunicação. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v.10, n.4, p. 485-492, jul.-ago. 2002. HOCKENBERRY, M. J.; WILSON, D.; WINKELSTEIN, M. L. Wong, fundamentos de enfermagem pediátrica, 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 20 KENNER, C. Enfermagem neonatal, 2. ed. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso Editores, 2001. MARCONI, M. A.; LAKATOS, M. E. Metodologia científica, 5. ed. São Paulo (SP): Atlas, 2008. PRESTES, M. L. M. A pesquisa e a construção do conhecimento científico: do planejamento aos textos da escola à academia, 2. ed. São Paulo (SP): Rêspel, 2003. RODRIGUES F.L.S.; SILVEIRA I.P.; CAMPOS A.C.S. Percepções maternas sobre o neonato em uso de fototerapia. Revista Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v.1, n.11, p. 86-91, mar.2007. SANTOS, C. O.; TONINI, T.; FIGUEIREDO, N. M. A. A comunicação como cuidado de enfermagem. In: Figueiredo NMA. Ensinando a cuidar da mulher, do homem e do recém nascido, 1. ed. São Caetano do Sul (SP): Yendis Editora, 2005. SANTOS, D. M.; OLIVEIRA, T. F. V.; SANTOS, I. M. M. Os cuidados de enfermagem ao recém-nascido submetido ao tratamento da fototerapia. Enfermagem Brasil. Rio de Janeiro, v.5, n.6, p. 354-359, nov.-dez. 2006. STEFANELLI, M. C.; CARVALHO, E. C. A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem, Barueri (SP): Manole, 2005. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.16-20, Jan-Fev-Mar. 2012. PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Vivência de mães com filhos portadores de síndrome de down Experience of mothres of children with down syndrome La vida de madres con hijos portadores de sindrome de down Liana Mayra Melo de Andrade Discente do 8º período da Graduação em Enfermagem da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI). Lorena Carvalho de Vasconcelos Discente do 8º período da Graduação em Enfermagem da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI). Fernanda Matos Fernandes Castelo Branco Enfermeira, Especialista em Saúde Mental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em Programa de Saúde da Família pela FACISA . Docente da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI). Teresina – PI. Rua Mundinho Ferraz 4271, Bloco 10 Apt 203, Morada do Sol Bairro. E-mail:[email protected]. RESUMO A Síndrome de Down (S.D.) é a forma mais frequente de Retardo Mental. Visto que a família, principalmente a figura materna é um grande aliado na reabilitação do paciente, e que Teresina tem um número considerável de pessoas com esta síndrome, surgiu então o desejo de conhecer como é a vivência das mães de filhos portadores de SD. Objetivou-se neste estudo descrever e analisar a vivência de mães com filhos portadores de SD. É uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, desenvolvida no Centro Integrado de Educação Especial (CIES). Utilizou-se a entrevista semi-estruturada com 9 (nove) mães com filhos portadores de SD acompanhados na referida instituição. Através da análise de conteúdo encontraram-se três categorias: Descoberta – Vivenciando o fato de ter um (a) filho (a) portador (a) de SD, Sentimentos e manifestações positivas – Vivenciando o cotidiano do filho e Dificuldades e Limitações – A vivência de ser mãe de um portador de SD. Os resultados evidenciaram que as mães experimentam diversos sentimentos negativos diante do diagnóstico, mas posteriormente apresentam boas expectativas. Além disso, as mães muitas vezes estão desprovidas de informações sobre a SD. O acompanhamento a estas mães são de fundamental importância para o crescimento dos portadores desta síndrome. Descritores: Síndrome de down. Mães. Enfermagem. ABSTRACT Down Syndrome (DS) is the most frequent form of mental retardation. Since the family, especially the mother figure is a great ally in the rehabilitation of the patient, and that Teresina has a considerable number of people with this syndrome, then came the desire to know about the experiences of mothers of children diagnosed with SD. The objective was to describe and analyze the experience of mothers of children with SD. A descriptive qualitative approach, developed at the Integrated Center for Special Education (CIES). We used the semi-structured interviews with nine (9) mothers of children with SD followed at this institution. Through content analysis found three categories: Discovery - Experiencing the fact that a child carrier of SD, positive feelings and expressions - Experiencing daily life of the child and Difficulties and Limitations - The experience of being a mother of a patient with SD. The results showed that mothers experience many negative feelings before the diagnosis, but subsequently have good expectations. In addition, mothers often are deprived of information on the DS. The monitoring of these mothers are of fundamental importance for growth of individuals with this syndrome. Descriptors: Down syndrome. Mother. Nursing. RESUMEN SUBMISSÃO – 10/08/2011 APROVAÇÃO – 18/10/2011 Sindrome de Down (S.D.) es la forma más frecuente de debilidad mental. Puesto que la familia, sobretodo la figura materna es un gran aliado en la reabilitación del paciente, y que teresina tiene un número considerable de personas con tal sindrome, surgió entoces el deseo de conocer como es la vida de las madres de hijos con SD. Encuesta descriptiva con el abordaje calitativa desarrollada en el Centro Integral de Educación Especial (CIES) SE utilizó la entrevista semi-estructurada con 9 (nueve) Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.21-25, Jan-Fev-Mar. 2012. 21 Andrade, L. M. M.; Vasconcelos, L. C. ; Branco, F. M. F. C. madres con hijos portadores de SD acompañados en la referida intitución. Através de contenido se encontraran tres categorias: Descubierta - Viviendo el hecho de tener un(a) hijo(a) portador(a) de SD, Sentimientos y manifestaciones positivas - viviendo el diadia del hijo y dificultades y limitaciones - La experiencia de ser madre de un portador de SD. Los resultados evidencian que las madres experimentan diversos sentimientos negativos delante del diagnóstico, pero después presentan buenas expectativas. además de eso, las madres muchas veces están sin informaciones sobre SD. El acompañamiento de estas madres es de fundamental importancia para el crecimiento de los portadores de esta sindrome. Descriptors: Síndrome de down. Madre. Enfermaje. 1 INTRODUÇÃO Ao longo da história já foram utilizados expressões como idiotia, imbecilidade, mongolismo para caracterizar o retardo mental. Os portadores de síndromes que incluem essas características eram chamados de excepcionais, deficientes mentais e, atualmente, de portadores de necessidades especiais. Muito destes indivíduos são dependentes de cuidadores até certa idade de acordo com seu desenvolvimento, podendo tornar-se independentes no futuro. A principal característica do Retardo Mental é a redução da capacidade intelectual (QI), situados abaixo dos padrões normais para a idade. O portador de Retardo Mental na maioria das vezes apresenta dificuldades e nítido atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, aquisição da fala e outras habilidades. O retardo mental é originado em decorrência de várias síndromes ou patologia, dentre elas se destacam como as três principais causas: a Síndrome de Down, a Síndrome alcoólico-fetal e a Síndrome do X frágil (OLIVEIRA FILHO, 2001). A Síndrome de Down (S.D.) é a forma mais frequente de Retardo Mental devido a um atraso no desenvolvimento, que varia de indivíduo para indivíduo, causada por uma aberração cromossômica microscópica, originada pela ocorrência de três (trissomia) cromossomos 21, na sua totalidade ou de uma porção fundamental dele (SADOCK; SADOCK, 2007). Os portadores da SD têm características físicas semelhantes, na maioria das vezes, sendo elas: faces achatadas, posição mongolóides das fendas palpebrais, epicanto, nariz em sela pequeno, deformidades das orelhas, região occiptal achatada, pescoço curto e achatado, baixa estatura, mãos e pés largos (MUSTACCHI; PERES, 2000). Estima-se que o Brasil tenha 300 mil pessoas com Síndrome de Down, com uma incidência de aproximadamente 1 em 800 ou 1.000 nascidos vivos, sendo que a taxa parece estar diretamente associada à idade materna, aumentando as chances do surgimento da síndrome à medida que a idade da mãe avança (GALLAHUE; OZMUN, 2005). A dimensão e a gravidade das deficiências, de um modo geral, foram registradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelando que 14,6% da população brasileira possuem algum tipo de deficiência e que no Piauí os dados chegam à ordem de 17,6% entre as deficiências, ocupando assim o 3º lugar na classificação nacional (IBGE, 2006). O Retardo Mental não parece ter preferências por raça, porém a raça mais afetada é a amarela; e aproximadamente 60% dos afetados são homens. Alguns estudos têm estimado que o retardo mental afeta 2,5 a 3% da população e calculam que o retardo mental é 10 vezes mais freqüente do que a paralisia cerebral e 25 vezes mais comum do que a cegueira (OLIVEIRA FILHO, 2001). A família constitui uma base profunda na personalidade e desen22 volvimento de um indivíduo, onde as relações desenvolvidas entre seus membros geram experiências diferenciadas para cada um. No entanto, cada membro da família vivencia, de maneira diferente, a chegada de uma criança com deficiência. O impacto sentido pela família, principalmente, pela mãe com a chegada de um filho com alguma deficiência é muito forte e significativo, para alguns esse momento é muito difícil, principalmente porque ocorre no período de aceitação, podendo causar de certa forma algum abalo familiar (SILVA; DESSEN, 2001). A mãe representa um importante papel no desenvolvimento da relação social do indivíduo, onde ela, principalmente, pode proporcionar-lhe um ambiente de crescimento e desenvolvimento. À medida que este indivíduo se desenvolve, seu ambiente também muda e, conseqüentemente, a sua forma de relação com este meio se altera, especialmente em se tratando de portadores de Síndrome de Down, os quais requerem atenção e cuidados especiais. Visto que a família, principalmente a figura materna é um grande aliado na reabilitação do paciente, e que Teresina, capital do Piauí, ter um número considerável de pessoas com esta síndrome surgiu então o desejo de conhecer como é a vivência das mães de filhos portadores de Síndrome de down? Assim este estudo teve como objetivos descrever e analisar a vivência de mães com filhos portadores de Síndrome de Down. Através deste estudo poderemos possivelmente contribuir com o aperfeiçoamento da terapêutica já que as mães são pessoas ativas no processo de reabilitação dos seus filhos portadores da síndrome em estudo. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa por ser o que se adequa aos objetivos propostos. É descritivo, pois busca descrever os feitos e fenômenos de determinada realidade e qualitativo por abordar o mundo dos significados, das ações e relações humanas, o qual não pode ser tratado em números, possibilita entender e explicar a dinâmica das relações sociais, trabalhando com a vivência, atitudes, hábitos e valores de forma objetivada (MINAYO, 2008). O cenário foi o Centro Integrado de Educação Especial (CIES), instituição pública, de referência na reabilitação de pessoas com deficiência física e motora, no qual se desenvolve um trabalho multidisciplinar que busca a superação destas pessoas, acreditando nas suas potencialidades, além de trabalhar a reintegração na sociedade, no mercado de trabalho e na própria família. O CIES está localizado na Avenida Higino Cunha s/n, bairro Ilhotas, na cidade de Teresina-PI. Os sujeitos foram 09 (nove) mães que possuem filhos portadores de Síndrome de Down no qual são atendidos na referida Instituição que após convite para participação da pesquisa, aceitaram voluntariamente contribuir com o estudo, mediante leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme as Diretrizes e Normas para Pesquisa com Seres Humanos, Resolução 196/96 SISNEP (BRASIL, 2006). Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada, durante o mês de abril de 2011, realizadas no próprio local de estudo, gravadas em celular com transcrição integral das falas. A análise dos dados tem como objetivo compreender os fenômenos num sentido mais amplo, indo além do que está sendo comunicado, podendo acontecer desde a coleta de dados. Analisar segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 23) é “decompor um todo em partes, a fim de efetuar um estudo mais completo. Porém, o mais importante não é reproduzir a Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.21-25, Jan-Fev-Mar. 2012. Vivência de mães com filhos portadores de síndrome de down estrutura do plano, mas indicar os tipos de relações existentes entre as idéias propostas”. O conteúdo das falas transcritas foi agrupado por similaridade em categorias de acordo com os pressupostos metodológicos necessários para a realização da análise da temática (BARDIN, 2004). A pesquisa foi realizada após autorização do CIES com protocolo GSE nº 0471/2009 liberando o campo para a coleta de dados e do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI (CAAE nº 0487.0.043.000-10). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a identificação socioeconômica que foi elaborada para as entrevistas, foi possível fazer a seguinte análise: dentre as entrevistadas 66,7% estão na faixa etária acima de 35 anos o que condiz com a literatura, da maior probabilidade de conceber uma criança portadora de SD. As demais, ou seja, 33,3% com idade abaixo de 30 anos. A maior parte das entrevistadas são procedentes do estado do Piauí, pertencentes à religião católica, com escolaridade incompleta predominando o 2º Grau. Grande parte das mães entrevistadas tem trabalho informal, ou deixaram de trabalhar para se dedicarem exclusivamente aos cuidados dos mesmos. A seguir o Quadro I, mostra a caracterização socioeconômica das mães entrevistadas para melhor apreensão dos dados. No intuito de garantir o anonimato das mesmas elas foram denominadas e enumeradas por depoentes na lógica das quais as mesmas foram submetidas às entrevistas. Fonte: Pesquisa direta Na categorização final as ideias semelhantes foram agrupadas emergindo as seguintes categorias: A Descoberta de ter um (a) filho (a) portador (a) de síndrome de down, Sentimentos e manifestações positivas – a vivência de ser mãe de um portador de síndrome de down e Dificuldades e Limitações – vivenciando o cotidiano do seu filho. A primeira categoria foi denominada de: A Descoberta de ter um (a) filho (a) portador (a) de síndrome de down que é permeada por uma diversificação de sentimentos, em algumas das entrevistadas o diagnóstico ou a suspeita foi comunicado de forma individual sem a presença do pai, das nove mães entrevistadas a descoberta da síndrome aconteceu após o nascimento no qual foram desencadeados alguns sentimentos, tais como tensão, angústia, desespero, medo e estresse. As mães revelaram um choque inicial, ressentindo o fato de não terem sido preparadas para o nascimento de um filho portador de SD, algumas relataram ter realizado consultas médicas e exames que poderiam ter sido preparadas para lidar com este tipo de deficiência como podemos perceber nos relatos a seguir: Quando eu engravidei não fiquei sabendo logo não. Só quando ele nasceu. Na hora que ele nasceu falaram que ele tinha Síndrome de Down, foi um choque, eu não sabia nem do que se tratava, eu fiquei o tempo todo chorando (Depoente 01) Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.21-25, Jan-Fev-Mar. 2012. Já descobri só quando ele nasceu, eu tive ele com quase nove meses, quando eu tive ele eu soube que ele tinha Síndrome de Down (Depoente 02) Quando descobri, ele já tinha três dias, assim, quando ele nasceu o médico me falou que ele era uma criança que tinha um problema (Depoente 05) No dia que ele nasceu é que eu vim saber que ele tinha problema, eu não sabia, o médico me disse (Depoente 06) Mais ou menos 1 mês. Os médicos disseram que ela tinha Down, aí eu fiquei assim chorando. Eu fiquei assim triste mais eu disse não meu Deus, mais eu vou, eu vou agir, também eu vou conseguir (Depoente 07) Depois que ela nasceu depois que ela nasceu eu descobri. Tava na maternidade ai...não sabia o que era, não tinha convivências. Reagi como a maioria das mães reage, fiquei desesperada, não sabia o que fazer, chorei muito (Depoente 08) Para algumas mães a comunicação da síndrome de seus filhos foi feita de forma singular e subjetiva sem a realização de um exame específico que provasse a deficiência, somente alguns meses após o nascimento, foi realizado o exame cariótipo que confirmou a síndrome, não preparando assim estas mães para tal situação: Descobri assim que eu tive ele... nunca, nunca no exame , nunca dava de ver, nunca, só dava de ver mesmo que era mulher mais num dá de saber que ela tinha” (Depoente 03) Não, olha, quando... eu só vim saber quando ela nasceu. Quando ela nasceu o medico falou que ela tinha nascido com problema genético, mas não me falou qual era o problema. Com dois meses foi feito o cariótipo que é o exame que se constata a Síndrome de Down (Depoente 04) Soube que ela tinha síndrome de down quando ela nasceu, percebi que ela tinha os olhos ‘mei puxadim’, ai foi que o médico que fez o parto não me disse que ela tinha síndrome de down, só foi quando no outro dia a pediatra foi me dar alta [...] ai eu comecei a chorar quando ela disse isso, eu fui no outro mundo e voltei [...] Com cinco meses eu fiz o cariótipo dela aí deu mesmo que ela tinha síndrome de down (Depoente 09) A descoberta deste diagnóstico normalmente desencadeia os mais diversos sentimentos, e cada membro da família reage de forma distinta. É comum, ainda no choque inicial do diagnóstico que a mãe negue a situação e se desespere. Silva e Dessen (2001) afirmam que o impacto sentido pela família com a chegada de uma criança com algum tipo de deficiência é intenso, é um momento traumático, e pode causar uma forte desestruturação familiar. O momento inicial é sentido como o mais difícil para todos, onde estes têm que buscar estabilidade interna, o que depende da individualidade de cada um. Passando assim por um processo de choque, negação, revolta e rejeição, além de outros sentimentos que ao receberem a notícia de que o filho é portador de Síndrome de Down necessitam de segurança, apoio e confiança, fazendo com que não fujam da realidade (RAMOS et al, 2006). Nos relatos podemos perceber esta mistura de sentimentos: Assim, no começo você pensa mil e uma besteira [...] no começo você chora, mas depois você supera (Depoente 03). Não, no momento eu fiquei muito triste, mas ela conversou comigo, ela me explicou que ele é especial, é muito difícil ele não caminhar, não falar, sabe. Aí no mesmo dia eu conheci uma criança com o mesmo problema dele e a mãe tava bem, e aí eu aceitei (Depoente 05) Ai eu falei, ai eu comecei a chorar quando ela disse isso, eu fui no outro mundo e voltei. Ai eu, não acredito não. É mas isso é apenas uma hipótese de ela ter (Depoente 09) Assim podemos perceber que a família passa por um longo processo de superação até chegar à aceitação da sua criança com deficiência mental, seguindo desde a desconstrução de mitos, tabus e preconceitos até a construção de um ambiente familiar mais 23 Andrade, L. M. M.; Vasconcelos, L. C. ; Branco, F. M. F. C. preparado para incluir essa criança como um membro integrante da família. A segunda categoria nomeada de Sentimentos e manifestações positivas – a vivência de ser mãe de um portador de SD aborda que apesar da maioria das mães não aceitarem inicialmente o diagnóstico de seus filhos e manifestarem os mais diversos sentimentos como abordado na categoria anterior, após a aceitação da síndrome a maioria das mães revelam a grandiosidade e a importância de ter um filho “especial” e manifestam em suas falas as conquistas e sentimentos positivos acerca de suas proles. É a coisa melhor do mundo, é só quem sabe a sensação de ter um filho especial é quem tem. É maravilhoso. A felicidade pelas coisas que ele vai conseguindo é muito bom [...] ele é uma pessoa especial, não é só por causa da Síndrome, é especial mesmo de verdade [...] É maravilhoso quando ele começa a falar, é uma festa. Tudo nele é um motivo de alegria (Depoente 01) Criança com limitações tem mais dificuldades nos aspectos sociais e comportamentais do que as crianças com desenvolvimento normal. Sendo necessário então uma atenção e um cuidado maior. Deve-se estimular a independência dessa criança, como ensinar hábitos de sobrevivência básicos, como comer sozinha, vestir-se, tomar banho, escovar os dentes, entre outros, e por parte da família, conscientizar-se que embora os cuidados que essa criança precise, ela poderá ter um futuro independente como as outras pessoas (CARDOSO, 2009). Nos depoimentos a seguir podemos perceber o preconceito por parte de alguns familiares e pessoas da população em geral: E em questão de preconceito, ah... Teve bastante; tipo quando você vai pro colégio, no meio da rua, quando elas tão brincando juntas, alguém não quer pegar, alguém tem nojo (Depoente 03) Até hoje, olham pra ela meio atravessado, eu nem... ligo não (Depoente 04) Só amor, carinho e cuidado. Eu amo demais meu filho, tenho medo de perder meu filho demais. Ave Maria, ele é tudo pra mim (Depoente 02) Todo dia é uma novidade. Bom assim, no começo é... em termo de conquista são muitas, muito bom. Tenho muito o que falar não. Sabe quando você ta apertada e Deus bota uma luz no seu caminho, acho que foi ela. (Depoente 03) Meu filho é tudo pra minha vida. Eu sou também tudo pra ele, eu sou tudo pra ele e ele é tudo pra mim, amo demais. Quando ele nasceu eu disse, quando o médico disse que ele era especial, eu disse assim: devia Deus ter levado eu e meu filho quando ele nasceu. Mais foi na hora de desespero e Deus não ouviu. E hoje jamais, eu quero é viver com ele, ficar com ele (Depoente 06) Também são perceptíveis que a vivência de algumas mães é cultivada por limitações no qual requer tempo para a conquista de habilidades e em algumas situações apesar de conseguirem realizar algumas atividades os portadores de síndrome de down necessitam de um acompanhamento e atenção continuada. Se eu for lavar a louça ele quer lavar, se eu vou limpar a mesa ele quer limpar também, ele é melhor do que outras pessoas. Ele dorme muito bem, pega roupa, guarda. Só assim ele, ele ainda não sabe assim, a diferença do lado avesso e o lado direito assim, mas ele dobra, guarda. Eu tenho que ensinar (Depoente 05) Ave Maria foi alegria demais quando ela falou. Pra mim eu quero é que ela fale tudo, queria que ela falasse tudo que ela sentisse, tudo que acontecer no colégio que ela fale para mim quando ela chegar né, mais ela não falava. Mais eu to realizando meu sonho, ela ta começando a falar, ela diz papai e mamãe, ela diz tudo. Tudo que ela fala eu entendo (Depoente 07) Foi difícil, eu não sabia como ficar com ele era todo molenga, eu não queria dar de mamar, ele não pegava no peito, não sabia pegar ele, foi difícil, mais hoje em dia ta bem melhor[...] Ele não banha só, ele entra no chuveiro se molha, mais banho mesmo eu tenho que dá, ajudo, escovar os dentes também tenho que ajudar, comer ele já come sozinho (Depoente 06) Quando ela começou a falar eu chorei demais, eu chorei demais, se você mandar ela escrever ela escreve, maiúsculo, minúsculo, os números, conhece as cores, quer dizer, o básico ela sabe. Eu fico emocionada, Ave Maria (Depoente 08) Pudemos perceber o orgulho e a felicidade dessas mães ao ver cada passo no desenvolvimento dos seus filhos, acompanhando seu crescimento, ao desenvolver-se com as crianças não portadoras da SD. Apesar do lento desenvolvimento, essas mães afirmam que seus filhos conseguem exercer suas atividades de forma natural e salutar. Para Ramos et al. (2006), a continuidade no desenvolvimento da criança com Síndrome de Down geralmente é bastante parecida com as crianças que não possuem a Síndrome, apesar de um ritmo mais lento em seu desenvolvimento, essas crianças atingem expectativas que a família e a sociedade têm em relação a SD. Durante muito tempo estas pessoas foram privadas de experiências fundamentais para o seu desenvolvimento porque não acreditavam que fossem capazes. E atualmente, já é comprovado que as crianças e jovens com SD podem alcançar estágios muito avançados de raciocínio e de desenvolvimento. A terceira categoria denominada de Dificuldades e Limitações – vivenciando o cotidiano do seu filho aborda empecilhos e obstáculos que dificultam a vivência das mães com filhos portadores de síndrome de down, dentre estas limitações às mães citam duas principalmente: o preconceito por parte de alguns familiares e pessoas da sociedade em geral e a necessidade de um tempo maior e zelo para a conquista de habilidades, portanto necessitam de uma atenção continuada na maioria das vezes e acabam gerando expectativas em relação ao futuro dos filhos. Tive medo do futuro, eu ficava desesperada ao pensar no futuro dele, no que ele vai fazer, se ele vai caminhar, falar, o que ele vai ser, se ele vai ser discriminado, aí com o tempo que eu vim pra cá eu fiquei preocupada como as pessoas ia ver ele (Depoente 01) 24 Ela era molinha, o pessoal que encostava do lado olhava assim... ficava dizendo que ela era deficiente [...] e ela tá começando assim, colocando a sandália, ela não se veste sozinha não. Ela toma banho sozinha, mais não é aquele banho... ela não banha bem direitinho (Depoente 07) O convívio com a diferença ainda não alcançou o nível de naturalidade esperado aos portadores de síndrome de down, o preconceito e a discriminação ainda existem, entretanto, a melhora de integração entre essas pessoas e a população, e é de suma importância pesquisar o potencial de uma criança portadora de SD, e deve-se aproveitar o máximo suas habilidades e interesses para um futuro promissor, e esclarecer a população sobre os diferentes aspectos do problema, tentando amenizar o preconceito voltado a esses portadores (ROCHA; BARROS; ROCHA, 2008). Para as depoentes, unanimemente, o inicio foi de muita dificuldade, essas mães não sabiam como agir, mas todas estimularam seus filhos, seja no acompanhamento em atividades familiares e/ou com equipe multiprofisional, que tem como objetivo a aprendizagem ativa que possibilite a criança desenvolver suas habilidades. Para elas, embora essas crianças apresentem um atraso em relação as que não possuem a síndrome, e sofra algum tipo de exclusão social, as mesmas têm possibilidades de se desenvolver e executar atividades diárias. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após rever as falas das depoentes considera-se que a notícia do diagnóstico de SD vem cheia de sofrimento para a mãe, principalmente quando este momento vem reforçado pela indiferença de alguns profissionais de saúde ao transmitirem o diagnóstico. O principal fator desencaRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.21-25, Jan-Fev-Mar. 2012. Vivência de mães com filhos portadores de síndrome de down deador das dúvidas, incertezas e desespero inicial, é a falta de informação sobre o assunto. Diante de todas essas observações, pode-se afirmar que é de extrema importância que a mãe receba apoio familiar e profissional ainda no local do parto, por meio de esclarecimentos prestados por profissionais da saúde capacitados para lidar com a situação. Se a mãe estiver bem orientada do que se trata a patologia, os direitos, os cuidados e como se relacionar com a personalidade do filho portador de SD, haverá uma qualidade de vida melhor para ambos e para a família. Com esse conhecimento poderá estar estimulando adequadamente seu filho para um desenvolvimento satisfatório. A criança portadora de Síndrome de Down precisa socializar-se, criar vínculos maiores com a família e com o meio. Este é o papel do enfermeiro frente a esta necessidade especial, através de uma assistência adequada poderá estar fazendo toda a diferença na relação mãe-filho portador de SD, ajudando a enfrentar as dificuldades e obtendo conquistas e vitórias. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2004 BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Informação sobre Ética em Pesquisa. Resolução n.196, do ano de 1996. Brasília. 2006. CARDOSO, K. B. Aspectos psicológicos na relação mãe-filho portador de deficiência. 2009. 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Deficiência Mental e Família: Implicações para o Desenvolvimento da criança. Psic.: Teor. e Pesq. v. 17, n.2, p.133-141, mai.-ago. 2001. 25 PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Perfil de clientes atendidos no ambulatório de nutrição de Teresina-PI Profile of clients served in a nutrition outpatient –Teresina- PI Perfil de clientes atendidos en un ambulatório de nutrición de Teresina- PI Iris Vasconcelos Marques Graduando do Curso de Nutrição da Faculdade NOVAFAPI. E-mail: [email protected]/fone: (86) 99554115. Tamyres Farias de Oliveira Bispo Graduanda do Curso de Nutrição da Faculdade NOVAFAPI. Nutricionista. Mestre em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo. Luciana Maria Ribeiro Pereira Docente da Faculdade NOVAFAPI, Teresina-PI. [email protected]. RESUMO Estudo de natureza retrospectivo descritivo com abordagem quantitativa, com o objetivo de caracterizar o perfil dos clientes atendidos no Ambulatório de Nutrição em Teresina- Piauí. Utilizou-se como método investigativo formulários para coleta de dados, sendo a amostra composta por 252 prontuários dos atendimentos realizados no ano de 2009. Os resultados mostraram que dos 252 prontuários analisados, 77,38% são do sexo feminino e 22,61% são do sexo masculino; a faixa etária que mais prevaleceu foi adulta com 62,69%; em relação com o objetivo da consulta a perda de peso foi de 53,17 %, das patologias associadas a obesidade 68,25% não relataram nenhuma patologia associada; no tocante ao retorno de clientes das consultas mostrou que só freqüentaram o consultório apenas uma vez 57,14% e o diagnostico nutricional de maior freqüência foi o sobrepeso em torno de 37,49%; seguido da eutrofia com 26,19% e da obesidade 24,20%. Na análise conjunta dos dados conclui-se que os níveis de sobrepeso e obesidade caracterizados na população em estudo refletem dados observados em toda a população brasileira, onde o excesso de peso constitui característica importante das mudanças de hábitos. Descritores: Ambulatório. Obesidade. Nutrição. ABSTRACT Retrospective descriptive study of nature with a quantitative approach, in order to characterize the profile of clients served in the Nutrition Clinic in Teresina, Piauí. As an investigative method, forms were used for data collection, the sample comprised of 252 medical records of visits made in 2009. The results showed that the 252 records analyzed, 77.38% are female and 22.61% are male, age range that prevailed was grown with 62.69% in relation to the purpose of the consultation, the loss weight represented 53.17%, 68.25% of customers reported no pathology associated with obesity; regarding the return of customer queries showed that only attended the clinic only once 57.14% and the most frequent diagnosis was nutritional overweight, around 37.49%, followed by 26.19% with normal weight and obesity, 24.20%. In the analysis of data it is concluded that the levels of overweight and obesity characterized in the study population reflect the observed data across the population, where the overweight is important characteristic of changing habits. Descriptors: Outpatient. Obesity. Nutrition. RESUMEN Submissão: 03/03/2010 Aprovação: 09/08/2010 26 Estudio de naturaleza retrospectiva descriptiva con abordaje cuantitativa , con el objetivo de caracterizar el perfil de los clientes atentidos en el ambulatório de nutrición en Teresina Piauí . Como metodo investigativo fueron utilizados formulários para coleta de informaciones , siendo la amostra compuesta por 252 prontuarios de los atendimentos realizados en el año de 2009. Los resultados indicaron que de los 252 prontuarios analisados , 77,38% son de sexo femenino y 22.61% son de sexo masculino ; los adultos prevalecieron con 62,69% ;en relación al objetivo de la consulta , la pérdida de peso representó 53,17% y el dignóstico nutricional de mayor frecuencia fue el sobrepeso, alrededor de 37,49% , después la eutrofia con 26,19% y de la obesidad , 24,20% . En la análise conjunta de los dados se concluye que los niveles Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.26-29, Jan-Fev-Mar. 2012. Perfil de clientes atendidos no ambulatório de nutrição de Teresina-PI de sobrepeso y obesidad caracterizados en la populación en estúdio reflejan informaciones observadas en toda la populación brasileña , donde el exceso de peso constituye característica importante de los cambios de hábitos . Descriptores: Ambulatorio. Obsedidad. Nutrición. 1 INTRODUÇÃO Nos últimos 35 anos, o Brasil passou por uma impressionante transformação. Completou a transição de país rural para sociedade urbana e industrial, deixou para trás índices vergonhosos de mortalidade infantil e analfabetismo e, depois que conseguiu domar a inflação, nos anos 1990, consolidou um aumento substancial da renda da população. Esse conjunto de fatores permitiu reduzir drasticamente o histórico problema da desnutrição no Brasil. E resultou numa impressionante mudança no padrão físico do brasileiro. Desde 1974, quando foi feita a primeira pesquisa familiar que registrou peso e altura dos entrevistados, a população tornou-se mais alta. O déficit de altura entre crianças declinou da faixa dos 30% para menos de 10%. Nesse mesmo período, o brasileiro ganhou peso, muito peso. (IBGE, 2010) Um ponto que chama muita atenção é o significativo aumento na prevalência de obesidade nos diversos países. A obesidade se consolidou como um agravo nutricional e se caracteriza pelo excesso de peso causado por um desequilíbrio entre a quantidade de calorias ingeridas e gastas pelo organismo. Calorias excedentes se acumulam na forma de triglicerídeos, que constituem o tecido adiposo. Suas maiores causas são os maus hábitos alimentares, em geral adquiridos na infância, e o sedentarismo que podem trazer como conseqüência sérios problemas à saúde. (NAVES, 2007) Segundo Mahan e Escott-Stump (2010) a obesidade é uma questão complexa e está relacionada ao estilo de vida, ambiente e aos genes. Muitos fatores subjacentes têm sido associados ao aumento da prevalência da obesidade, tais como: o aumento do tamanho das porções dos alimentos, maior freqüência de refeições nas ruas, maior participação da televisão, computador e dos jogos eletrônicos na vida cotidiana, mudanças no mercado de trabalho e o medo da criminalidade que intimida a realização de exercícios físicos fora de casa. No Brasil, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), criada em 1999, explicitou o papel do setor saúde para a agenda única de nutrição, considerando como pressupostos o direito humano à alimentação adequada e à segurança alimentar e nutricional. (PNAN, 2010) Segundo Coutinho et al. (2008) dentre as sete diretrizes propostas, três delas merecem destaque: o monitoramento da situação alimentar e nutricional da população brasileira; a prevenção e controle das carências nutricionais e das doenças associadas à alimentação e à nutrição e a promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis O Brasil esta convivendo com a transição nutricional, determinada freqüentemente pela má-alimentação. Ao mesmo tempo em que se assiste à redução contínua dos casos de desnutrição, são observadas prevalências crescentes de excesso de peso, contribuindo com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis. O objetivo deste trabalho é avaliar o perfil dos clientes que procuram atendimento em ambulatório de nutrição em Teresina, Piauí. 2 de 654 atendimentos realizados no ano de 2009, em um ambulatório de nutrição de uma clínica-escola no município de Teresina, Piauí. Sendo que não foi utilizado nenhum critério de exclusão em relação aos prontuários, ou seja, utilizados todos os prontuários encontrados. Na pesquisa utilizaram-se técnicas padronizadas de coleta de dados tais como formulários e observação sistemática. Para este modelo as variáveis selecionadas foram: sexo, idade, objetivo da consulta, número de consultas, patologias associadas à obesidade e diagnóstico nutricional. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI, e está de acordo com a Resolução 196/96 de Pesquisa envolvendo Seres Humanos, bem como todas as informações que foram coletadas foram autorizadas pela secretaria do local. Os dados coletados foram inicialmente digitados em planilha do Office Excel 2007 e, em seguida analisados, com os resultados transcritos para gráficos de percentuais e tabelas. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na análise conjunta dos dados inicialmente constatou-se que na caracterização da clientela na variável sexo prevaleceu o sexo feminino. A figura 1 demonstra que os indivíduos atendidos no ambulatório de nutrição da clinica-escola eram predominantemente do sexo feminino (77%). Pinheiro et al. (2004) constataram que a freqüência de mulheres procurando atendimento médico é conseqüência de uma maior morbidade e do crescente interesse desse grupo com relação à sua saúde. Na Figura 2 vimos que a faixa etária prevalente é a adulta (63%), cuja classificação de indivíduos adultos em torno de 20 a 59 anos, está de acordo com a sugerida pela Organização Mundial de Saúde - OMS. Verificamos que esses dados estão em consonância com alguns estudos que comprovam que a obesidade aumenta com a idade, sendo mais elevada em indivíduos na faixa etária de 40 anos (SOUZA, 2003; GIGANTE, 1997). Quanto à relação com a idade, relatório do Ministério da Saúde revela maior freqüência de obesidade em homens entre 45 e 54 anos de idade; nessa faixa etária, o índice aumenta mais de três vezes comparado àqueles entre 18 e 24 anos, diminuindo nas faixas seguintes. Nas mulheres, a freqüência aumenta mais de seis vezes entre 18 e 24 anos e de 55 a 64 anos, e diminui a partir dos 65 anos (MS, 2009). De acordo com o IBGE, em pesquisa feita em 2008 e 2009, no Brasil a obesidade atinge 12,4% dos homens e 16,9% das mulheres com mais de 20 anos, 4,0% dos homens e 5,9% das mulheres entre 10 e 19 anos e 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas entre 5 a 9 anos. A obesidade aumentou entre 1989 e 1997 de 11% para 15% e se manteve razoavelmente estável desde então sendo maior no sudeste do país e menor no nordeste (IBGE, 2010). Figura 01: Distribuição por sexo dos clientes atendidos em uma clinica escola no ano de 2009. METODOLOGIA O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa com delineamento retrospectivo descritivo, com abordagem quantitativa, visando à caracterização de uma amostra de dados de 252 prontuários, de um total Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.26-29, Jan-Fev-Mar. 2012. Fonte: Pesquisa direta 27 Maeques, I. V.; Bispo, T. F. O.; Pereira, L. M. R. Figura 02: Distribuição por faixa etária dos clientes atendidos numa clinica escola em 2009. Fonte: Pesquisa direta A tabela 1 mostra que a prevalência em relação ao objetivo da consulta foi à redução de peso (53,17%), o que confirma os índices divulgados em pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostrando que a obesidade aumentou nos brasileiros e com isso as preocupações sobre aumento e/ou redução de peso e suas possíveis conseqüências. Atualmente a freqüência entre os homens é maior: em torno de 47,3% deles estão com excesso de peso, enquanto verificou-se no referido estudo que cerca de 39,5% das mulheres estão inseridas nessa faixa (MS, 2009). Tabela 01: Característica dos clientes atendidos num no ambulatório de nutrição em Teresina - Piauí em 2009. Fonte: Pesquisa direta No tocante às complicações metabólicas o resultado referenciado à tabela 1 sobre patologias associadas à obesidade demonstra que 31,74% contêm patologias associadas enquanto 68,25% não contêm. A obesidade é uma das doenças integrantes do grupo das doenças crônicas não transmissíveis - DCNT, sendo caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, de tal forma que comprometa a saúde do indivíduo, É resultado do balanço energético positivo, ou seja, a ingestão alimentar é superior ao gasto energético. Segundo a Organização Mundial de Saúde 28 – OMS, a obesidade é definida pelo Índice de Massa Corporal (IMC) obtido pela razão entre o peso e o quadrado da altura. Se esse índice alcança valor igual ou superior a 25 kg/m², há excesso de peso. A obesidade é diagnosticada quando o índice atinge ou supera os 30 kg/m², e está associada a várias complicações, entre elas: diabetis mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias, alterações osteomusculares, doença cardiovascular, apnéia do sono, osteoartrite, aumento na incidência de alguns tipos de câncer e na mortalidade (CONSENSO, 1998). Analisando os dados dos prontuários verificou-se que 57% foram ao ambulatório apenas uma vez, então constatamos que os clientes não levam o tratamento nutricional à diante, clientes que retornam às consultas duas vezes ou mais foram 42,85%. Em um estudo realizado em um Programa “Controle de Peso” do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás em 2006, mostrou que no decorrer do tratamento o número de pacientes que retornaram às consultas duas, três e quatro vezes diminuiu para 151 (76%), 126 (63%) e 100 (50%) pacientes, respectivamente. O número médio de retornos foi de 5,5 por pessoa. Observou-se então que, durante programa de intervenção nutricional ocorreram mudanças antropométricas nos pacientes, mas essas alterações não refletiam boa adesão a tratamento (MS, 2009). A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que em todas as regiões do país, em todas as faixas etárias e em todas as faixas de renda aumentou contínua e substancialmente o percentual de pessoas com excesso de peso e obesas. O sobrepeso atinge mais de 30% das crianças entre 5 e 9 anos de idade, cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos e nada menos que 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos. Entre os 20% mais ricos, o excesso de peso chega a 61,8% na população de mais de 20 anos. Também nesse grupo concentra-se o maior percentual de obesos: 16,9%. A explicação está principalmente no padrão de consumo alimentar. A POF de 2002/2003 mostrou que as famílias estão gradualmente substituindo a alimentação tradicional na dieta do brasileiro – arroz, feijão, hortaliças – por bebidas e alimentos industrializados, como refrigerantes, biscoitos, carnes processadas e comida pronta. Tudo mais calórico e, em muitos casos, menos nutritivos. E com isso deixando de considerar os riscos potenciais que estão correndo, pois apesar e uma crescente preocupação com saúde e qualidade de vida ainda não se mostram dispostos a seguirem um acompanhamento em clínicas e ambulatórios como medida preventiva (IBGE, 2009). Ou seja, além de se constituir em problema pelos riscos decorrentes do sobrepeso em si – como doenças do coração e diabetes – o sobrepeso é causado por uma alimentação pouco saudável. Na análise dos dados dos prontuários ainda constatou-se que o diagnostico mais prevalente foi sobrepeso (37,6%), seguido de eutrofia (26,1%) e obesidade (24,2%). Como também relataram Olinto et al. (2006) fica evidente que o sobrepeso e a obesidade têm sido identificados como um problema de grande magnitude nas diversas partes do mundo. Segundo constatou o Núcleo de Tratamento e Cirúrgia da Obesidade (NTCO) a obesidade pode virar uma epidemia global, uma vez que só no EUA 50% apresentam obesidade mórbida e na América Latina 50% estão com sobrepeso e 11% já são obesos, com um prognóstico de se chegar a 100% em 2025 (NTCO, 2010). São números que dão ao fenômeno contornos de epidemia, pois mantido o ritmo atual de crescimento do número de pessoas acima do peso, em dez anos elas serão 30% da população – padrão idêntico ao encontrado nos Estados Unidos, onde a obesidade já se constitui em sério problema de saúde pública. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.26-29, Jan-Fev-Mar. 2012. Perfil de clientes atendidos no ambulatório de nutrição de Teresina-PI As principais causas dessa situação residem no consumo crescente de dietas com alta densidade energética, ricas em gorduras saturadas e açúcares, acompanhados por mudanças econômicas, sociais, demográficas e do perfil de saúde da população (VIEIRA et al. 2007). Segundo o estudo realizado por Sanzo e Monteiro (2007) pouco mais da metade dos homens e pouco mais de um terço das mulheres apresentam IMC acima do limite superior dos valores considerados normais. Seguem-se os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS) na conceituação de sobrepeso (Índice de Massa Corporal superior a 25 Kg/ m²) e obesidade (IMC superior a 30 Kg/m²). Carneiro et al. (2003) identificaram em seus estudos uma maior prevalência de obesidade grau 1 (37,8%) e sobrepeso (32,8%) em ambos os sexos, corroborando com resultados vistos no presente estudo. A freqüência do excesso de peso na população supera em oito vezes o déficit de peso entre as mulheres e em quinze vezes o da população masculina. Num universo de 95,5 milhões de pessoas de 20 anos ou mais de idade há 3,8 milhões de pessoas (4,0%) com déficit de peso e 38,8 milhões (40,6%) com excesso de peso, das quais 10,5 milhões são consideradas obesas. Esse padrão se reproduz, com poucas variações, na maioria dos grupos populacionais analisados no País (IBGE, 2010). 4 CONCLUSÃO Conclui-se há uma prevalência em relação ao objetivo das consultas no ambulatório da clinica-escola ser para redução de peso , ficando a caracterização da clientela em sua maioria no grupo feminino , onde a faixa etária prevalente no estudo foi a adulta entre 20 a 59 anos, de acordo com classificação sugerida pela Organização Mundial de Saúde. Verificou-se que o diagnóstico mais prevalente foi sobrepeso, seguido de eutrofia e obesidade. Ao analisarmos as complicações metabólicas os resultados referenciados sobre patologias associadas à obesidade apontaram que a prevalência clientes que não tem nenhuma patologia associada. Do total de atendimentos realizados no ambulatório verificamos que clientes que foram apenas uma vez, onde constatamos que os clientes não levam o tratamento nutricional à diante. Assim, verificamos que os níveis de sobrepeso e obesidade caracterizados na população em estudo refletem dados observados em toda a população brasileira, onde o excesso de peso constitui característica importante das mudanças de hábitos alimentares e do perfil epidemiológico da população, testificando cada vez mais a importância do ambulatório de nutrição como base para ações de prevenção e intervenção. REFERÊNCIAS ACUÑA, K; CRUZ, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação nutricional da população brasileira. Arquiv. Bras. Endocrinol & Metab, São Paulo, v. 48, n. 3, p. 345-361, jun. 2004. 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Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.26-29, Jan-Fev-Mar. 2012. Mahan LK & Escott1 Stump S.Krause; Nutrição na infância: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 10. ed. São Paulo: Roca, 2010. Cap 10. p:229. OLINTO, M. T. A. et al. Níveis de intervenção para obesidade abdominal: prevalência e fatores associados. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 6, p. 1207-1215, jun. 2006. PINHEIRO, Aro, FREITAS, S.F.T; CORSO, A.C.T. Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Rev Nutr, v.17 n.4, p.523-533, 2004 PNAN – Política Nacional de alimentação e Nutrição – Ministério da Saúde – Secretaria de Políticas de Saúde, Brasilia, 2010. SANZO, F.; MONTEIRO, C. A. Importância relativa do índice de massa corporal e da circunferência abdominal na predição da hipertensão arterial. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n. 5, p. 788-796, out. 2007. SOUZA, L.J; et al. Prevalência de obesidade e fatores de risco cardiovascular em Campos, Rio de Janeiro. Arq. Bras. 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Isabela Cristina Menezes da Silva Enfermeira especialista em Saúde da Mulher, IMIP (Recife), [email protected]. Maria de Fátima Patu da Silva Assistente Social, Mestre em Saúde Coletiva e doutoranda em Ciências Sociais, pesquisadora da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco - HEMOPE/CNPq, [email protected]. RESUMO O leite materno é o alimento mais adequado para o lactente, porém, a interrupção precoce da amamentação continua a ocorrer de maneira significativa. A presença e colaboração do companheiro/ pai têm contribuído de forma positiva no incentivo dessa prática. Este estudo teve como objetivo verificar a participação do companheiro na promoção do aleitamento materno exclusivo. A metodologia empregada foi quantitativa, exploratória, descritiva e para coleta dos dados utilizou-se um questionário elaborado, com perguntas fechadas e abertas aplicado durante a consulta de pós-natal com as puérperas que residiam com seu companheiro. A amostra foi constituída por 191 puérperas. 66% dos seus companheiros referiram apoiar o aleitamento materno exclusivo. Identificou-se que a participação das puérperas com companheiro em grupo de gestantes e/ou casais grávidos da gestação atual foi 9,9% e gestações anteriores 13%. A presença do companheiro em palestras no pré-natal da gestação atual foi 9,9%; em multíparas nas gestações anteriores 3,1%. Este resultado chama atenção, uma vez que 66% das mulheres entrevistadas relataram apoio do companheiro no aleitamento materno exclusivo. O reflexo deste aumento no apoio proporcionalmente com o passar dos anos romperá o modelo tradicional de paternidade, uma vez que o mesmo exerce influência positiva na duração da amamentação. Descritores: Aleitamento materno. Paternidade. Período pós-parto. ABSTRACT Breast milk is the most suitable food for infants, however, the early cessation of breastfeeding continues to occur significantly. The presence and collaboration of the partner / father have contributed positively in encouraging this practice. This study aimed to check the participation of the partner in the promotion of exclusive breastfeeding. The methodology employed was quantitative, exploratory, descriptive and data collection used a questionnaire with open and closed questions applied during the consultation with the post-natal mothers who lived with her partner. The sample consisted of 191 puerperal women. 66% of his companions said to support exclusive breastfeeding. It was found that the participation of mothers with a partner in a group of pregnant women and / or pregnant couples the present pregnancy was 9.9% and 13% in anterior pregnancies. Having a partner in lectures during the prenatal period of current pregnancy was 9.9%; in multiparous in the anterior pregnancies 3.1%. This result calls attention, since 66% of women reported partner in support of exclusive breastfeeding. The reflex of this proportionally with increase in support over the years will break the traditional model of parenting, since it exercises a positive influence on breastfeeding duration. Descriptors: Breastfeeding. Fatherhood. Postpartum period. RESUMEN Submissão: 13/04/2010 Aprovação: 26/08/2010 30 La leche materna es el alimento más adecuado para los niños, sin embargo, la interrupción temprana de la lactancia materna se sigue produciendo de manera significativa. La presencia y la colaboración de el compañero / padre han contribuido positivamente en el fomento de esta práctica. Este estudio Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2012. Participação do companheiro na promoção do aleitamento materno exclusivo em hospital amigo da criança tuvo como objetivo comprobar la participación del socio en la promoción de la lactancia materna exclusiva. La metodología utilizada fue cuantitativa, exploratorio, descriptivo y la recolección de datos se utilizó un cuestionario con preguntas abiertas y cerradas, aplicado durante la consulta con las madres después del parto, que vivían con su compañero. La muestra constó de 191 puérperas. 66% de sus compañeros, dijo apoyar la lactancia materna exclusiva. Se encontró que la participación de las madres con un compañero en un grupo de mujeres embarazadas y / o parejas embarazadas el embarazo en curso fue de 9,9% y el 13% de embarazos previos. Tener un compañero en las clases durante el período prenatal del embarazo actual fue del 9,9%; en los embarazos previos en multíparas 3,1%. Este resultado llama la atención, ya que 66% de las mujeres asociadas en apoyo de la lactancia materna exclusiva. El reflejo de esta forma proporcional con el aumento del apoyo a lo largo de los años va a romper el modelo tradicional de crianza de los hijos, ya que ejerce una influencia positiva sobre la duración de la lactancia materna. Descriptores: La lactancia materna. Paternidad. Periodo de posparto. 1 INTRODUÇÃO O aleitamento materno é parte do processo reprodutivo e tem sido valorizado como elemento essencial para o desenvolvimento saudável dos bebês. Tradicionalmente, as sociedades tendem a atribuir às mulheres a maior responsabilidade pela gestação e criação dos filhos saudáveis, o que inclui a exigência do aleitamento materno. Porém nos últimos anos, tem se enfatizado a necessidade de focalizar também os homens como co-atores em todo processo reprodutivo, sob a perspectiva de que este ocorre no âmbito das relações de gênero (DUARTE, 2005). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a amamentação seja exclusiva durante os primeiros seis meses de vida do bebê, devendo começar então a alimentação complementar, mantido, porém, o aleitamento materno até os dois anos de idade. A amamentação exclusiva é definida como aquela em que o bebê recebe somente o leite materno, sem acréscimo de nenhum outro alimento ou líquido, nem mesmo de água; por aleitamento predominantemente exclusivo entende-se aquele em que o principal alimento da criança é o leite materno (DUARTE, 2005). A recomendação para que o bebê receba aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida baseia-se nas evidências epidemiológicas das vantagens da amamentação nesse período. Vários estudos têm demonstrado que o aleitamento exclusivo reduz a mortalidade infantil devido a causas comuns na infância, tais como diarréia e pneumonia; que as crianças alimentadas com o leite materno normalmente dobram de peso desde o nascimento até os seis meses e que, além disso, o leite materno é barato e não corre o risco de ser contaminado com bactérias, como pode ocorrer com outros leites e mamadeiras. Dados do Ministério da Saúde de 2009 mostram que, no total das crianças analisadas no estudo realizado, 67,7% mamaram na primeira hora de vida, variando de 58,5% em Salvador/BA a 83,5% em São Luis/MA. A prevalência do aleitamento materno exclusivo - AME - em menores de 6 meses foi de 41,0% no conjunto das capitais brasileiras e DF (BRASIL, 2009). A construção social do aleitamento materno tem estabelecido que se trata de prática natural e instintiva para as mulheres, razão pela qual os programas de incentivo à amamentação investem intensamente sobre o dever das mulheres amamentarem, cumprindo, assim, uma função social. Uma vez que amamentar é tido como função das mulheres, tende-se a Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2012. excluir os homens de responsabilidade quanto ao sucesso ou fracasso dessa ação. Entretanto, mesmo diante dessa inviabilidade, no contexto das relações sociais de gênero precisa-se considerar que os homens podem exercer forte influência sobre a decisão das mulheres amamentarem os filhos, por meio de uma atitude moralizadora e imperativa ou ao procurar exercer controle sobre elas para assegurar que preencham os requisitos necessários ao sucesso na amamentação (MOREIRA; NAKANO, 2002). Nas últimas duas décadas, a participação masculina nas diversas etapas do processo reprodutivo tem recebido grande ênfase, razão pela qual se multiplicaram estudos com enfoque sobre os homens no contexto da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos (DUARTE, 2005). A importância de compreender este envolvimento partiu de evidências científicas que comprovam como o pai pode influenciar na decisão da mulher de amamentar ou não seu filho (SILVEIRA; LAMOUNIER, 2006). Além disso, este tema ainda é pouco explorado no Brasil, uma vez que as pesquisas tem se debruçado sobre o binômio mãe e filho, negligenciando muitas vezes o pai. A relevância deste estudo está em apresentar os resultados da participação do companheiro da puérpera no estímulo ao Aleitamento Materno Exclusivo (AME) visando reestruturar as orientações oferecidas ao casal e escolha do momento ideal para início das orientações. Tendo em vista que, a prática do aleitamento com incentivo em especial do companheiro ou de qualquer membro familiar, favorece o vínculo afetivo mãe-filho, contribui para a realização da maternidade e trás benefícios para a criança reduzindo muitas doenças na infância e consequentemente a morbimortalidade perinatal. Diante do exposto o estudo tem como objetivo geral: verificar a participação do companheiro na promoção do Aleitamento Materno Exclusivo entre puérperas atendidas no pós-natal de um Hospital Amigo da Criança, e como objetivos específicos, caracterizar o perfil sócio-demográfico, gestacional e obstétrico das puérperas que residem com companheiro e verificar se a puérpera reconhece a importância da participação de seu companheiro no apoio ao aleitamento materno. 3 METODOLOGIA 3.1 Caracterização do Desenho do Estudo Trata-se de um estudo do tipo descritivo, exploratório no qual foram utilizados os pressupostos do método quantitativo. 3.2 Local de Referência do Estudo A pesquisa foi realizada no ambulatório de consulta de enfermagem pós-natal do Hospital Barão de Lucena (HBL), que é um dos Hospitais Amigo da Criança na cidade do Recife - PE. Integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS), hospital terciário de grande porte, possuindo atualmente uma área construída de 28.784m2 é referência para o atendimento de gestantes/parturientes de alto risco, desempenha desde a promoção de serviços básicos de saúde até atenção de alta complexidade, como também atividades de ensino e pesquisa. 3.3 População e Período do Estudo A amostra do estudo foi composta por 191 puérperas que tiveram seu parto realizado no Hospital Barão de Lucena e retornaram ao serviço 31 Salvador, J. P.; et al. para realização da consulta puerperal no período de agosto a outubro de 2009. 3.4 Aspectos Éticos O protocolo de pesquisa foi autorizado pela Diretoria Clínica do Hospital Barão de Lucena e submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Agamemnom Magalhães e aprovado em 30 de Abril de 2009. Seguindo os princípios da Declaração de Helsinque e da Resolução nº 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996). No segundo momento, foi solicitada às puérperas que concordaram em participar da pesquisa a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assim como, explicado os objetivos do estudo e as repercussões do processo investigativo, assegurando, entre outros, o sigilo das informações em toda a etapa do processo, inclusive a divulgação dos resultados. 3.5 Instrumento para a Coleta de Dados A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário, com perguntas fechadas e abertas, Este questionário foi aplicado durante a consulta de pós-natal com as puérperas que residem com companheiro, visto que tratou especificamente em obter as informações gestacionais, obstétrica, sócio-demográficas, étnicas, bem como questões referentes à participação do companheiro na promoção do AME. 3.6 Processamento e Análise dos Resultados Foi realizada uma análise estatística de frequência e os dados da pesquisa foram digitados e processados utilizando-se o software Excel 2007 apresentados na forma de tabelas e figuras e discutidos considerando o referencial teórico que aborda a temática. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES As puérperas entrevistadas foram 191, 90 (47,1%) estavam no intervalo entre 20 - 30 anos e 4 (2,1%) acima de ≥ 40 anos. Tal fato pode significar pouco relevante na prática de amamentar, uma vez que nesta faixa etária a maturidade fisiológica e emocional está mais atingida entre essas mulheres. As adolescentes, por sua vez, aliam muitas vezes sua própria insegurança e falta de confiança em si mesma, para prover a alimentação para o seu bebê, à falta de apoio das próprias mães ou familiares mais próximos, ao egocentrismo próprio dessa idade e aos problemas com a autoimagem, alcançando, frequentemente, um menor índice de aleitamento (GIGANTE; VICTORA; BARROS, 2000). Alguns autores consideram não haver uma associação significativa entre a idade materna e a duração do aleitamento materno, outros, por sua vez, verificam que os filhos daquelas mães com mais idade mamam por mais tempo, exclusiva ou parcialmente, em relação aos filhos das mães mais jovens, especialmente quando estas tinham maior número de filhos e/ou história pregressas de sucesso em aleitamento materno (LIMA; OSÓRIO, 2003). Com relação aos anos de estudo 76 (39,8%) possuíam menos que oito anos de estudo e outros 115 (60,2%) mais que oito anos de estudo. No 32 que se refere ao grau de instrução materna, esse fator afeta a motivação para a amamentação. Em muitos países desenvolvidos, mães com maior grau de instrução tendem a amamentar por mais tempo, talvez pela possibilidade de um maior acesso a informações sobre as vantagens do aleitamento materno. Já em países em desenvolvimento, as mães de classes menos favorecidas, também menos instruídas, frequentemente não casadas, começam o pré-natal mais tarde e, consequentemente, se preocupam em decidir sobre a forma do aleitamento também mais tarde (ESCOBAR et al. 2002). No Brasil, ainda são poucos os estudos que incluem o pai no processo da amamentação. No entanto os que existem destacam a influência dos anos de estudo do casal na duração do aleitamento materno e mostram que as camadas de nível sócio econômico mais elevado estão realizando a amamentação por tempo mais prolongado. Esses mesmos estudos ainda esclarecem que, em áreas urbanas, à família tende a se isolar de outros parentes, diante deste isolamento, a participação do pai nessa prática, se torna mais necessária (FAGERSKIOLD, 2008). Quanto à ocupação 121 (63,3%) são do lar e outras 26 (13,6%) possuíam emprego fixo. Desta forma, neste grupo estudado os valores culturais continuam persistentes, onde grande parte das mulheres acredita que devem permanecer em seus lares, ocupando-se apenas com tarefas domésticas e com a criação dos filhos. Em relação ao trabalho materno, de modo geral, o mesmo não se apresenta como empecilho específico ao aleitamento, porque a maioria das mães não trabalha fora ou deixa de fazê-lo após o nascimento de seus bebês. Por outro lado, alguns autores referem que o trabalho materno só não é empecilho se houver condições favoráveis à manutenção do aleitamento, como, por exemplo, respeito à licença gestante, creche ou condições para o aleitamento no local e horário do trabalho (FALEIROS; TREZZA; CARANDINA, 2006). Das 191 puérperas entrevistadas 102 (53,4%) eram primíparas e outras 89 (46,6%) eram multíparas. Daquelas que tinham mais de 1 filho, 49 (55,1%) teve amamentação exclusiva de gestações anteriores, enquanto que 40 (44,9%) não tiveram. A influência da paridade materna na decisão pelo tipo de aleitamento é um fator bastante discutível na literatura, com alguns estudos sugerindo que as primíparas, ao mesmo tempo em que mais propensas a iniciar o aleitamento, costumam mantê-lo por menos tempo, introduzindo mais precocemente os alimentos complementares, parecendo haver para as multíparas uma forte correlação entre o modo como seus filhos anteriores foram amamentados e como este último o será (BERRA et al. 2003). Das 49 puérperas que referiram amamentar exclusivamente 29 (59,2%) ofereceram somente leite materno a suas crianças por 6 meses enquanto 20 (40,8%) ofereceram somente leite materno a suas crianças por mais de 6 meses. A recomendação atual é que os neonatos e crianças sejam amamentados exclusivamente até os seis primeiros meses de vida, continuando com o aleitamento até dois anos ou mais. Das puérperas que tiveram mais de 1 filho, a amamentação exclusiva de seis meses ocorreu em 55,1% e as demais 44,9% não amamentaram exclusivamente. De acordo com o Ministério da Saúde (2009) a prevalência do AME em menores de 6 meses foi de 41% no conjunto das capitais brasileiras. E interessante observar que o comportamento desse indicador é bastante heterogêneo entre as regiões e capitais brasileiras. A região Norte foi a que apresentou maior prevalência desta pratica (45,9%), seguida da CentroRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2012. Participação do companheiro na promoção do aleitamento materno exclusivo em hospital amigo da criança -Oeste (45,0%), Sul (43,9%) e Sudeste (39,4%), com a região Nordeste apresentando a pior situação (37,0%). O resultado encontrado foi relevante porque na maioria dos estudos, apesar das ações de incentivo à amamentação, tal prática se desenvolve de forma lenta. Muitas mulheres continuam não amamentando ou amamentando por pouco tempo, desconsiderando as orientações técnicas do aleitamento materno. TABELA 1- Distribuição de frequência quanto aos dados do pré-natal e orientação sobre aleitamento materno das puérperas atendidas no ambulatório de pós-natal do HBL, no período de agosto a outubro de 2009. Fonte: Pesquisa direta A tabela 1 mostra 189 (98,9%) das puérperas realizaram pré-natal. Destas, 148 (78,3%) realizaram mais de 6 consultas de pré-natal e 131 (69,3%) realizaram o pré-natal em outro serviço. O fato da maioria das mulheres terem feito pré-natal é de suma importância uma vez que, a maior parte das gestantes está se preocupando em comparecer aos serviços de saúde na busca de uma adequada assistência aos seus filhos e a elas mesmas, favorecendo o acesso delas as informações acerca do aleitamento materno exclusivo. A assistência pré-natal exerce ação apreciável no aumento da secreção láctea, pois nesta ocasião, tem-se a oportunidade de observar os princípios dietéticos da mãe, melhorando a sua saúde e do feto, e consequentemente aumentando a capacidade de amamentar; e são durante esse período que a mãe deve receber orientação quanto aos cuidados com as mamas, correções de anomalias de conformação dos mamilos e preparação psicológica da gestante e de seus familiares, ressaltando as virtudes do aleitamento materno (COSTA, 2007). Na prática à assistência à saúde das gestantes, puérperas e recém-nascidos, observa-se que, de modo geral o marido ou o pai da criança não participa diretamente das orientações que as esposas recebem sobre a amamentação, durante as consultas de assistência pré-natal ou grupo de gestantes, como também na internação, para o parto, puerpério e puericultura. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2012. Na realidade o foco de atenção, para as orientações, quando oferecidas pela equipe de saúde, é apenas direcionado à mulher, sendo o homem excluído dessas situações e, portanto, privado da oportunidade de adquirir ou aprofundar conhecimentos sobre a amamentação (PONTES; ALEXANDRINO; OSÓRIO, 2008). Na tabela 1 com relação às orientações do aleitamento materno no pré-natal da gestação atual 99 (52,4%) referiram ter recebido orientação sobre aleitamento materno durante o pré-natal, enquanto 90 (47,6%) relataram não receber orientação sobre aleitamento materno no pré-natal. Das 89 mulheres que tiveram mais de uma gestação, 54 (60,7%) relatam ter recebido orientação sobre aleitamento materno no pré-natal de gestações anteriores, enquanto 27 (30,3%) não receberam orientação alguma e 8 (9,0%) não lembram ter recebido orientação. O acompanhamento pré-natal e o período pós-parto são excelentes oportunidades para as mulheres aumentarem seus conhecimentos com relação à amamentação. Entretanto, alguns estudos revelam muitas das mães que recebem assistência pré-natal não é informada quanto ao aleitamento materno. Além disso, a avaliação do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno revelou a falta de orientação sobre amamentação nas maternidades (PONTES; ALEXANDRINO; OSÓRIO, 2008). A participação do pai no Pré-Natal, ao lado da mãe, é importante para que ele possa tomar conhecimento, junto com ela, das modificações que estão ocorrendo em seus organismos durante o processo gravídico e compreender as alterações físicas e emocionais de ambos. A paternidade e a maternidade estão sempre em desenvolvimento num processo contínuo de aprendizagem (BRANDER, 2000). O setor da saúde deve estar aberto para as mudanças sociais que vem ocorrendo com o homem-pai na sociedade e cumpra de maneira mais ampla o seu papel de educador e promotor de saúde, enfocando no processo aprendizado não apenas a gestante, mas seu companheiro e familiares. O sucesso e a manutenção da amamentação dependem das condutas seguidas, envolvendo profissionais, puérperas e demais familiares. Inúmeras são as dificuldades encontradas na prática da amamentação, dentre elas destacam-se: falhas no processo de orientação e preparo oferecido pelos profissionais da saúde falta de incentivo do governo e/ou empresas privadas, sejam eles, sociais, ocupacionais, por falta de conhecimento e de apoio, entre outros. Tais fatores isolados ou associados fazem com que as lactantes não amamentem seus filhos até o mínimo de tempo proposto pela OMS. Desta maneira, o melhor período para inserir o pai no processo da amamentação deve ser nas consultas durante o pré-natal. O casal teria todos os esclarecimentos sobre o aleitamento materno e, desta forma, o homem compreenderia os benefícios do leite materno. Portanto, poderia então apoiar a mulher, dando suporte emocional e ajuda para superar as crises ou dificuldades durante o aleitamento, fazendo com que o pai se sinta integrante deste período, em que a mãe e o recém-nascido desenvolvam relação afetiva especial (PONTES; ALEXANDRINO; OSÓRIO, 2008). Das puérperas entrevistadas, 97 (50,8%) foram submetidas ao parto vaginal, outros 1 (0,5%) parto vaginal com aplicação de fórceps e 93 (48,7%) parto por operação cesariana. Atualmente o parto vaginal vem sendo incentivado e encarado de forma mais humanizada, pois é fato que o mesmo é um mecanismo fisiológico das mulheres onde proporciona inúmeros benefícios às mesmas. Quanto ao tipo de parto, parece haver maior facilitação para o estabelecimento da lactação mais precoce e efetiva no parto vaginal, uma 33 Salvador, J. P.; et al. vez que não há o fator dor incisional ou o efeito pós-anestésico da cesárea, dificultando, portanto, as primeiras mamadas. No parto normal, o primeiro contato mãe-filho ocorre mais precocemente, enquanto que na cesárea, dificilmente a criança vai até a mãe antes das primeiras seis horas pós-parto, propiciando a introdução de fórmula láctea ou glicose para o recém-nascido já no berçário em mamadeira (CARVALHO, 2003). A preocupação em relação à evolução da gravidez está constantemente presente nos homens e ela se acentua no início do trabalho de parto. Entretanto, nem sempre os homens chegam a compartilhar este tipo de vivência com outras pessoas. Independentemente do tipo de experiência vivido, o fato é que os homens passam a ter mais respeito em relação às mulheres quando eles participam ativamente da experiência do parto. Sendo assim, não houve diferença significativa quanto à incidência da amamentação conforme o tipo de parto. Excluir o pai do processo da amamentação acarreta fragilidade no desenvolvimento da prática do amamentar. Estes comportamentos podem ser produtos do processo histórico, social e cultural da paternidade, os quais foram internalizados pela sociedade até os dias de hoje, responsabilizando apenas a mulher o que é necessário reverter esta situação para aumentar a durabilidade do AME. TABELA 2- Distribuição de frequência quanto à participação do casal em grupo de gestantes ou “casais grávidos” durante o pré-natal das puérperas atendidas no ambulatório de pós-natal do HBL, no período de agosto a outubro de 2009. mulher e de seu companheiro de acolher e cuidar paternalmente e maternalmente do filho que vai nascer. A psicologia pré-natal, com seus estudos avançados, tem demonstrado claramente a importância para o feto do contato precoce com a figura paterna. Quanto mais cedo o vínculo é formado, tanto pelo contato físico no ventre da mulher quanto pela emissão de palavras, maiores benefícios emocionais trarão após o nascimento, pois o bebê necessita tanto dos cuidados maternos quanto dos paternos (HOTIMSKI; ALVARENGA, 2002). TABELA 3- Distribuição de frequência quanto à participação das puérperas e do companheiro em palestras sobre aleitamento materno durante o pré-natal das puérperas atendidas no ambulatório de pós-natal do HBL, no período de agosto a outubro de 2009. Fonte: Pesquisa direta Fonte: Pesquisa direta Conforme tabela 2 à participação das puérperas com o companheiro em grupo de gestantes da gestação atual, 19 (9,9%) frequentaram o mesmo enquanto que outros 172 (90,1%) não frequentaram. Relacionando as 89 mulheres que tiveram mais de uma gestação, 12 (13,5%) participaram de grupo de gestantes com o companheiro e 77 (86,5%) não participaram do grupo. As atividades grupais com gestantes e seus acompanhantes criam oportunidades para a troca de conhecimentos e experiências, expressão de sentimentos, medos e dúvidas que surgem no cotidiano da mulher, contribuindo para melhor adaptação a nova fase. Na convivência grupal, há possibilidade de geração de conhecimentos, troca de vivências e de narrativas. Segundo Alves (2004), com a verbalização das situações ocorridas em suas vidas, os envolvidos no processo de nascimento podem superar suas meras narrativas, aprendendo ainda mais com as experiências e, assim, capacitarem-se para atuar de forma criativa, superar dificuldades e reinventar a vida cotidiana, a partir das trocas e da participação crítica. Dessa forma, o grupo de gestantes ajuda a consolidar a capacidade da 34 A tabela 3 mostra que 75 (39,3%) das puérperas participaram de palestras sobre aleitamento materno durante o pré-natal desta gestação enquanto que 116 (60,7%) não participaram de palestras sobre aleitamento materno da gestação atual. Das puérperas com mais de um filho, 30 (33,7%) participaram de palestras sobre aleitamento materno durante o pré-natal das gestações anteriores e 59 (66,3%) não participaram. Foi evidenciado no estudo o percentual de mulheres que frequentam as palestras de aleitamento materno foi pequeno comparando-se ao total de mulheres entrevistadas. O amamentar gera conflitos, dúvidas, insegurança e esta ação é uma maneira de ampliar os conhecimentos da mulher facilitando assim o sucesso da amamentação. As principais falhas na atenção pré-natal, em relação ao preparo para a futura amamentação, se relacionaram com a pouca efetividade na comunicação estabelecida entre as gestantes e os profissionais de saúde, uma maneira de aumentar a frequência de mulheres nesta ação educativa seria busca ativa pelos próprios profissionais de saúde que prestam serviço nas comunidades. Quanto à participação dos companheiros em palestras sobre aleitamento materno no pré-natal da gestação atual 172 (90,1%) não participaram. Com relação à gestação anterior 84 (94,4%) dos companheiros não frequentaram a palestras sobre aleitamento materno (Tabela 3). Programas de educação em saúde são medidas efetivas que poRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2012. Participação do companheiro na promoção do aleitamento materno exclusivo em hospital amigo da criança dem exercer papéis positivos na prática do aleitamento materno. Em estudo elaborado por Ryser (2004), de intervenção com medidas educativas, verificou-se uma redução nas atitudes negativas em relação à amamentação. Isso pode ser um indicativo de que as intervenções realizadas desde cedo podem exercer mais efeitos positivos do que intervenções pós-parto. Nota-se que as palestras educativas sobre aleitamento materno que são incentivadas no início da gestação, estão sendo pouco frequentadas pelos companheiros das mulheres. Estas ações são mais úteis e eficazes quando há a participação de pessoas que convivem no ambiente social da mulher, tais como o pai, a avó da criança ou amigas íntimas, e que exercem influência na decisão de amamentar, especialmente das mães adolescentes, inseguras e inexperientes. Os pré-natalistas precisam buscar formas de incentivo para aumentar a participação dos companheiros já que facilita no apoio ao AME. ser muito importantes, sendo o companheiro a pessoa de maior peso nesses diferentes tipos de apoio. Analisando esses estudos, pode-se dizer que seria importante aumentar a informação aos pais sobre as vantagens do aleitamento materno e do seu real significado, iniciando-se esse processo educativo no programa pré-natal, ou seja, promover campanhas que incentivem o companheiro a participarem do mesmo. Isso ajudaria não só os pais a optarem mais pelo aleitamento materno, como também, a manejar melhor a nova situação do casal promovendo, inclusive, satisfação e sucesso no aleitamento. Figura 1- Distribuição de frequência quanto ao sentimento identificado relacionado ao companheiro sobre aleitamento materno exclusivo das puérperas atendidas no ambulatório de pós-natal do HBL, no período de agosto a outubro de 2009. TABELA 4- Distribuição quanto ao planejamento em amamentar seu filho durante a gestação atual das puérperas atendidas no ambulatório de pós-natal do HBL, no período de agosto a outubro de 2009. Fonte: Pesquisa direta Fonte: Pesquisa direta A amamentação é um processo amplo que não se inicia com o nascimento da criança, mas a partir do momento em que o casal se descobre grávido. Na tabela 6, 182 (95,3%) das puérperas planejavam amamentar seu filho durante a gestação e 102 (56,0%) planejaram amamentar seu filho com incentivo do companheiro. A ausência paterna no envolvimento na amamentação, desde a gestação, talvez seja decorrente do processo cultural que determina as atribuições femininas e masculinas, as quais excluem o homem das fases da saúde reprodutiva. Para algumas mulheres, a decisão de amamentar acontece durante a gestação. Ela sofre influência dos companheiros, que, quando bem orientados e sensibilizados da sua importância, podem ser aliados significativos para essa prática. Ainda são poucos os homens que vêem a criação dos filhos como dever do casal. Sua colaboração, muitas vezes, restringe-se à manutenção econômica do lar. Várias pesquisas sustentam que o apoio e suporte familiar, principalmente do marido e da mãe, são fatores importantes na escolha da alimentação da criança. A presença e ajuda do marido em casa colaboram positivamente para a prática do aleitamento. Além disso, a aprovação e as atitudes do esposo em relação ao aleitamento materno são consideradas pelas mulheres na decisão de amamentar ou não (COSTA, 2007). Das puérperas examinadas, 126 (66,0%) referiram ter apoio do companheiro no AME. O fato das mães terem uma união estável e o apoio de outras pessoas, especialmente do marido ou companheiro, parece exercer uma influência positiva na duração do aleitamento materno. Tanto o apoio social e econômico, como o emocional e o educacional parecem Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2012. Na figura 1, 170 (89%) das puérperas relataram que seus companheiros passam sentimentos positivos, ou seja, incentivam o aleitamento materno, enquanto 21 (11%) passam sentimentos negativos não incentivam o AME. Na atualidade, o discurso é a busca do “novo pai”, que rompe o modelo tradicional de paternidade, desenvolvendo sentimentos afetivos e de vínculo que favorecem a construção do trinômio pai-mãe filho (a). Esses sujeitos sociais afastam-se do modelo tradicional de homens rígidos e distantes ao compartilhar da experiência que é vivida no corpo da companheira. Essa aproximação com o filho, já na gravidez, vem sendo buscada especialmente pelos homens jovens, delineando-se um modelo de pai que rompe estereótipos patriarcais. Esse novo pai participa da gravidez, compartilhando as alegrias do nascimento e as tarefas diárias outrora reservadas culturalmente e exclusivamente às mulheres (CARVALHO, 2003). Pontes, Alexando e Osório (2008), relatam que o comportamento do companheiro diante da vivência do amamentar é emoldurado por sentimentos de felicidade, alegria, amor, afeto, carinho, prazer, emoção, orgulho, entre outros. O pai tem sido apontado como uma pessoa importante no sentido de apoiar ou desestimular a mulher, em relação à amamentação. Ele pode sentir relações negativas diante da amamentação, como distância da mulher, ciúme e privação de vínculo mais estreito com o bebê. Estudos demonstram ainda que a maioria dos pais não sabe como dar apoio à amamentação, pela falta de conhecimento do assunto. Portanto existe a necessidade de se preparar melhor esses homens para um novo papel de suporte na amamentação do filho, evitando a perpetuação da representação da sexualidade masculina dissociada dos cuidados com esta prática (CARVALHO, 2003). A presença e ajuda do marido em casa colaboram positivamente para a prática do aleitamento. Além disso, a aprovação e as atitudes do esposo em relação ao aleitamento materno são consideradas pelas mulheres na decisão de amamentar ou não. Neste estudo os sentimentos mais significativos foram os positivos, ou seja, onde há apoio no amamentar 35 Salvador, J. P.; et al. gera afeto, presença e onde não há gera repulsão confirmando a citação dos estudos relatados anteriormente. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se no estudo que mesmo a maioria das puérperas referindo apoio de seus companheiros no aleitamento materno exclusivo, a participação deste ainda é baixa, 55% das puérperas amamentaram exclusivamente em gestações anteriores. A amamentação declina consideravelmente ao longo das semanas pós-parto, demonstrando que esta não é uma prática simples, nem instintiva da mulher. Portanto, esta precisa de uma rede de apoio em que o parceiro deva estar inserido e o profissional de saúde que presta assistência pré-natal, para orientar o aleitamento materno exclusivo desde o início da gestação, convocando sempre o companheiro da mulher, uma vez que este passa a maior parte do tempo convivendo com a mesma. A importância da participação do companheiro em apoiar a puérpera no incentivo ao aleitamento materno foi confirmada na pesquisa, o percentual de sentimento identificado com maior frequência foram sentimentos positivos (89%) que confortam e estimulam a puérpera na amamentação. A nutriz precisa do apoio, compreensão, amor, respeito de seu companheiro no ato de amamentar. Cabe ao companheiro dar apoio e compreensão principalmente no início, pois a harmonia do trinômio pai-mãe-filho favorece a amamentação. REFERÊNCIAS ALVES, V. S. Educação em saúde e constituição de sujeitos: desafios ao cuidado no Programa da Saúde da Família. 2004. 1.v. 192. 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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Perfil nutricional de funcionários de hospital público do município de Picos - Piauí Nutritional profile of employees of a public hospital in the town of Picos - Piauí Perfil nutricional de los empleados de lo hospital público do municipio de Picos – Piauí Cinthya Vivianne de Souza Rocha Graduada em Nutrição.Campus Senador Helvídio Nunes de Barros. Universidade Federal do Piauí. R: Cícero Eduardo, s/n, Junco, 64.600. Picos - Piauí. E-mail: [email protected] @hotmail.com Joilane Alves Pereira Freire Professora Assistente. Departamento de Nutrição, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros. Universidade Federal do Piauí. R: Cícero Eduardo, s/n, Junco, 64.600. Picos - Piauí. Helionildes Bizerra de Sousa Nutricionistas do Serviço de Nutrição e Dietética. Setor de Nutrição e Dietética, Hospital Regional Justino Luz/HRJL. RESUMO O objetivo foi avaliar o perfil nutricional de funcionários de um hospital público em Picos-PI. A amostra foi composta por 96 funcionários adultos. A avaliação do Estado Nutricional (EN) foi realizada pelo Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferência da Cintura (CC) e Relação Cintura-Quadril (RCQ). Os resultados foram agrupados conforme sexo e setor de trabalho. Aplicou-se teste Exato de Fisher, média e desvio padrão no software Stata 9.0, com significância de 5%. Observou-se percentual elevado de sobrepeso e obesidade (46,88%). Comparando os dois parâmetros de risco para Doenças Cardiovasculares (DCV), obteve-se percentuais superiores de risco cardiovascular na classificação da CC, em relação à RCQ. Ao associar risco elevado e muito elevado para DCV referente ao parâmetro CC, encontrou-se valores expressivos de risco cardiovascular de 53,85%; 45,24% e 48,78% para setor administrativo, setor de apoio e profissionais de saúde, respectivamente. Ressalta-se a importância de melhorias na qualidade de vida desses indivíduos, devido elevada prevalência de sobrepeso e obesidade, associados a risco cardiovascular elevado. Descritores: Estado nutricional. Índice de massa corporal. Circunferência da cintura. ABSTRACT Denísia Mardônia Soares Moura Nutricionistas do Serviço de Nutrição e Dietética. Setor de Nutrição e Dietética, Hospital Regional Justino Luz/HRJL. The main objective is to evaluate the nutritional profile of employees of a public hospital in Picos, Piauí. A amostra foi composta de 96 funcionários. Nutritional status was evaluated based on anthropometric measures. The mean and standard deviation and Fisher’s exact test were calculated using the Stata 9.0 software, level of significance of 5%. Body mass index (BMI), waist circumference (WC) and waist-to-hip ratio (WHR) were determined for the assessment of nutritional status. The results were analyzed according to gender and sector of work. A high percentage of overweight and obesity was observed (46.88%). Comparison of the two risk factors for cardiovascular diseases revealed a higher percentage of cardiovascular risk for WC classification compared to WHR. When a high risk and very high risk for cardiovascular disease using WC as a parameter were combined, expressive values of cardiovascular risk of 53.85%, 45.24% and 48.78% were detected for the administrative sector, support sector and health professionals, respectively. The high prevalence of overweight and obesity associated with high cardiovascular risk the importance of adequate intervention to improve the quality of life of these individuals. Descriptors: Nutritional status. Body mass index. Waist circumference. RESUMEN Submissão: 12/01/2011 Aprovação: 15/06/2011 El objetivo fue avaluar el perfil de los empleados de un hospital público en Picos – PI. La muestra fue compuesta por 96 los empleados adultos. La evaluación de lo estado nutricional (EN) fue realizada por el índice de la masa corporal (IMC), circunferencia de la cintura (CC) y relación cintura-cadera (RCQ). Los resultados se agruparon por el sexo y sector del trabajo. Se aplicó la prueba Exacta de lo Fisher, media y desviación estándar en software Stata 9.0, con significado del 5%. Observado porcentaje alta de sobrepeso y obesidad (46,88%). Comparar los dos parámetros de los riesgos de enfermedad cardiovascular (DCV) obtuvo un porcentaje más alto de la clasificación de riesgo cardio- Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.37-41, Jan-Fev-Mar. 2012. 37 Rocha, C. V. S.; et al. vascular en CC, en relación a la RCQ. Al asociado con un riesgo alto y muy alto de enfermedad cardiovascular para el parámetro CC, se reunieron los valores expresivos de riesgo cardiovascular de 53,85% y 48,78% para el sector administrativo, sector de apoyo y profesional de la salud, respectivamente. Destaca la importancia de las mejoras en la calidad de vida de estos pacientes debido a la alta prevalencia de sobrepeso y obesidad asociada con riesgo cardiovascular alto. Descriptores: Estado nutricional. Índice de la masa corporal. Circunferencia de la cintura. 1 INTRODUÇÃO O estado nutricional é resultante do equilíbrio entre consumo alimentar e gasto energético do organismo. De acordo com a idade, sexo, estado de saúde e fisiológico e nível de atividade física ocorrem variações nas recomendações energéticas. Para um adequado estado nutricional, no que se refere à energia, o consumo alimentar deve estar em perfeito equilíbrio com o gasto da energia do organismo (BRASIL, 2006a). O método ideal para avaliar o estado nutricional deve ser confiável, de baixo custo, de fácil execução e não-invasivo. O índice de massa corporal (IMC) é uma medida recomendada internacionalmente para avaliação do estado nutricional de adolescentes, adultos e idosos, permitindo estimar a massa corporal e o risco progressivo de desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) que estão relacionadas com o sobrepeso e à obesidade (WHO, 2003). Os profissionais de saúde devem usar o IMC nas avaliações do estado nutricional e do risco de DCNT, com a finalidade de orientação nas suas ações junto aos usuários dos serviços, a nível individual e coletivo, mas recomenda-se a interpretação dos pontos de cortes do IMC associados a outros fatores de risco (BRASIL, 2006b; CUPPARI, 2005). Segundo Zhu et al. (2005), a circunferência da cintura isolada é capaz de refletir a magnitude dos depósitos abdominais de tecido adiposo bem como a gordura total, de forma que complementa o índice de massa corporal na avaliação dos riscos de doença cardiovascular (DCV) associados à obesidade, fornecendo uma medida da distribuição da gordura corporal, além de ser uma medida antropométrica simples e clinicamente útil. Vasques et al. (2010), em revisão bibliográfica sobre o uso de parâmetros antropométricos como indicadores da gordura visceral colocaram o uso da circunferência da cintura e do diâmetro abdominal sagital como os que melhor se correlacionam com a gordura visceral, sendo superiores ao IMC e RCQ, devido aquele não avaliar a distribuição da gordura corporal e este devido a incapacidade de interpretação na avaliação de modificações na adiposidade central, limitando a utilização destes últimos como bons preditores da gordura visceral, mas devido a grande variação no perfil de deposição de gordura são necessários estudos para validação a fim de verificar os melhor parâmetro para as populações avaliadas. Wielewski, Cemin e Liberali (2007), afirma que o estado nutricional influencia o rendimento do trabalhador, relatando que um funcionário com bom estado nutricional apresenta uma melhor produtividade e rendimento. O trabalho em saúde expõe os profissionais da área a um alto grau de tensão que envolve toda à equipe. A maioria destes profissionais apresenta o seu cotidiano de trabalho marcado por longas jornadas de trabalho, sons agudos, intermitentes e variados, queixas constantes, ansiedade, tristeza, dor, morte e grande número de pessoas transitando e conversando (OLIVEIRA JUNIOR, 2009). 38 No trabalho em saúde, os profissionais ou familiares responsáveis pelo paciente, sofrem grande desgaste físico-mental-emocional, que afetam a sua integralidade, e não buscam ajuda, por acreditar que são capazes de se auto-cuidarem (FERNANDES; BATISTA; LEITE, 2002; VIEIRA; ALVES; KAMADA, 20026). Desta forma, buscando conhecer as principais características nutricionais e antropométricas dos funcionários de uma das maiores instituições de saúde do município de Picos-PI é que este trabalho fez-se necessário objetivando avaliar o perfil nutricional de funcionários de um hospital público em Picos-PI. 2 MÉTODOS Estudo do tipo transversal, de caráter epidemiológico, realizado em um Hospital Regional, localizado no município de Picos-PI. A amostra foi composta por todos aqueles que se adequaram aos critérios de elegibilidade, perfazendo um total de 96 funcionários, sendo 92 adultos e 4 idosos (idade maior ou igual a 60 anos). O período de coleta dos dados foi de agosto a outubro de 2010. Foram excluídos do estudo os funcionários que estavam em acompanhamento nutricional, como as grávidas e àqueles que apresentavam patologias como câncer, distúrbios hormonais, dentre outras patologias que pudessem afetar o estado nutricional, interferindo de forma tendenciosa nos resultados. Participaram do estudo todos aqueles que não se incluíam nos critérios acima citados e que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Os funcionários foram distribuídos em três grupos de acordo com o tipo de serviço realizado. Estes setores foram: administrativo, apoio e profissionais de saúde. A avaliação por profissão foi considerada inviável devido a presença de poucos profissionais de determinadas áreas, o que poderia comprometer o sigilo e a confidencialidade dos resultados se fossem classificados o estado nutricional por profissão. Foram explicados os objetivos, metodologia, riscos e demais informações sobre a pesquisa antes de iniciar a coleta dos dados antropométricos. Para avaliação do estado nutricional foram coletadas medidas antropométricas de peso, altura, circunferência da cintura e circunferência do quadril, sendo estes dados anotados em um formulário de antropometria. O peso corporal foi aferido mediante utilização de uma balança eletrônica marca Tanita com precisão de 100 g, e a altura foi efetuada com o auxílio de uma fita métrica inelástica, fixado à parede com escala em milímetros (mm), estas medidas foram aferidas seguindo à padronização descrita pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995). O índice de massa corporal (IMC) foi calculado a partir da razão entre o peso (kg) e a estatura (m)2. Na realização das medidas de circunferência da cintura e do quadril utilizou-se fita métrica inelástica, sendo as medidas realizadas conforme metodologia proposta por Ferreira et al. (2006). Foram realizadas três medições, considerando-se a média aritmética dos valores. Para classificação do estado nutricional foram utilizados os pontos de corte propostos para o IMC. Para os adultos, utilizou-se a referência de Lipschitz, (1994). Para os idosos, a referência de Ferreira et al. (2006). Para a circunferência da cintura, a referência WHO, (1998) e para a relação cintura quadril, a referência de Day (2007). Para as análises quantitativas foram adotados o método descritivo sendo calculado à média, desvio-padrão, mínimo, máximo e Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.37-41, Jan-Fev-Mar. 2012. Perfil nutricional de funcionários de Hospital Público do município de Picos - Piauí intervalo de confiança (95%). Utilizou-se o teste exato de Fisher para analisar as variáveis de interesse. Para tais análises, foi utilizado o software Stata versão 9.0, adotando-se o nível de significância p<0,05. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal do Piauí, e com o CAAE de nº 0203.0.045.00010 seguindo as recomendações e em conformidade com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os participantes assinaram o TCLE. 3 A Tabela 2 demonstra a média das variáveis antropométricas dos funcionários do HRJL, bem como os valores de mínimo e máximo das medidas analisadas e o intervalo de confiança (IC=95%). Tabela 2. Média das variáveis antropométricas dos funcionários do HRJL, Picos- PI, 2010. RESULTADOS E DISCUSSÕES Na tabela 1 constam os dados referentes a caracterização socioeconômica e demográfica da população avaliada. A amostra foi predominantemente composta por mulheres (com 76,04% da amostra), constituída basicamente por adultos, apresentando uma média de idade de 39,71 anos que corresponde a uma população adulta jovem (Tabela 1). A maior participação de mulheres no estudo pode ser atribuído ao aumento do número de mulheres nos mais variados locais de trabalho, sendo encontrado em maior número em todos os setores avaliados e também devido a participação ter sido voluntária, já sendo bastante evidenciado que as mulheres apresentam uma maior preocupação com questões relacionadas com a saúde quando comparadas aos homens. Fonte: Pesquisa direta Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.37-41, Jan-Fev-Mar. 2012. Legenda: CC: circunferência da cintura; CQ: cintura do quadril; IMC: índice de massa corporal; RCQ: relação cintura quadril Fonte: Pesquisa direta A amostra foi composta por 76,04% de mulheres, com média de idade de 39,71 anos. A média de IMC foi de 26,18 Kg/m2, que implica na classificação de sobrepeso para a população em estudo. Ainda observando a média da RCQ e CC do grupo, percebe-se que em média os funcionários não apresentam risco para DCV em relação à RCQ, no entanto, estão com risco de acordo com o parâmetro circunferência da cintura. Ressalta-se que a maior parte da amostra foi composta por mulheres (76,04%) onde o desejável é uma CC inferior a 80 cm, conforme a OMS (WHO, 1998). O maior número de mulheres participantes pode ser atribuído ao aumento do número de mulheres nos mais variados locais de trabalho, sendo elas encontradas em maior número em todos os setores avaliados e também devido a participação ter sido voluntária, e que existem evidências de mulheres apresentarem maior preocupação com questões relacionadas à saúde quando comparados aos homens. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006b) já é claramente evidenciada a associação entre o peso e o risco cardiovascular, de forma que uma redução no peso de um indivíduo com peso acima do recomendado implica em redução do risco cardiovascular e de diabetes mellitus. De acordo com o protocolo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional-SISVAN (BRASIL, 2008), os instrumentos mais recomendados para avaliar o estado nutricional de adultos e idosos são o Índice de massa corporal e a circunferência da cintura, com classificações diferentes para o IMC (pontos de corte distintos) e mesmos pontos de corte para ambas as faixas etárias em relação a CC e RCQ (CUPPARI, 2005). Na Tabela 3 observa-se o estado nutricional geral e por sexo dos funcionários do HRJL, em relação aos três parâmetros de avaliação do estado nutricional. Foram encontrados valores acima do recomendado para IMC em 56,52% dos homens e em 46,58% das mulheres. Na avaliação do risco cardiovascular verificaram-se níveis elevados de risco cardiovascular em 47,92% da amostra (conforme a CC) e de 22,92% (segundo a RCQ). Observou-se neste estudo um percentual inferior de risco cardiovascular nos homens avaliados e um alto percentual de risco para DCV nas mulheres (52,06%), ao reunir os percentuais de risco elevado e muito elevado para DCV. Segundo a avaliação de risco pela RCQ foram achados valores inferiores aos apontados pela CC, observando-se que as mulheres em ambas as classificações tiveram percentuais superiores aos dos homens. Tabela 2. Estado nutricional geral e por sexo dos funcionários do HRJL, Picos-PI, 2010. 39 Rocha, C. V. S.; et al. Legenda: * Teste exato de Fisher; Foi observado um alto percentual de risco para DCV (considerando-se o parâmetro CC isolada, p= 0.973) correspondendo a 53,85% no setor administrativo; 48,78% nos profissionais de saúde e 45,24% nos setores de apoio. Estes mesmos resultados foram encontrados na classificação pela RCQ, diferindo apenas nos percentuais que foram inferiores aos achados pela CC. Tabela 4. Estado nutricional dos funcionários do HRJL por setor, Picos-PI, 2010. ** Excesso de peso: referente a classificação dos idosos com IMC superior a 27 Kg/m2 ; ***RE para DCV = risco elevado para DCV; **** RME para DCV = risco muito elevado para DCV. Fonte: Pesquisa direta Estudos nacionais mostraram resultados semelhantes para IMC, CC e RCQ (CASTRO; ANJOS; LOURENÇO, 2004), já outros divergiram nestes mesmos métodos, dos resultados achados neste estudo (SAMPAIO; FIGUEIREDO, 2005). A classificação do estado nutricional dos funcionários avaliados demonstrou resultados que seguem a tendência da transição nutricional brasileira (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003). Teichmann,et al. (2006), observaram que a obesidade tinha maior predominância em mulheres, podendo-se verificar neste estudo estes resultados pois verificou-se que do total de indivíduos com sobrepeso (n=23), 16 eram mulheres e dos obesos (n=22) 16 eram do sexo feminino. Mariath et al. (2007), observou menores percentuais de obesidade, quando comparados com este estudo. Já no estudo de Sarno e Monteiro (2007), com adultos de ambos os sexos em São Paulo, foram relatados maiores percentuais de risco para DCV (37,5% e 55,04% para homens e mulheres respectivamente), a partir dos mesmos pontos de corte utilizados neste estudo. No presente estudo, a prevalência de risco cardiovascular foi maior do que a encontrada por Perozzo et al. (2008) e Mariath et al. (2007). Analisando os dois parâmetros para avaliação de risco para DCV, observou-se um grande percentual de risco cardiovascular em ambos os sexos, verificando-se uma maior sensibilidade da circunferência da cintura para detecção de risco cardiovascular. Não foram encontradas diferença estatisticamente significante entre o estado nutricional e o setor de trabalho dos funcionários, segundo o teste exato de Fisher (Tabela 3). Em relação à distribuição por setores de trabalho verificou-se que os maiores percentuais de sobrepeso e obesidade associados foram encontrados nos profissionais de saúde (58,54%) e os menores no setor administrativo com 38,46%. Entretanto verificou-se uma maior prevalência de risco cardiovascular no setor administrativo (53,85%) e o menor percentual no setor de apoio com 45,24%. Para as análises do estado nutricional por setor de trabalho não foram encontradas associações significativas sendo para IMC, circunferência da cintura e relação cintura quadril respectivamente apresentando p=0,845; p=0,973; p=0,247. O presente estudo apresentou algumas limitações como a baixa adesão dos funcionários a pesquisa. Além disso, o fato desta pesquisa ter um delineamento transversal não permitiu-nos avaliar os fatores que auxiliaram no estado nutricional pregresso. 40 Legenda: * Teste exato de Fisher; ** Excesso de peso: referente a classificação dos idosos com IMC superior a 27 Kg/m2 ; ***RE para DCV = risco elevado para DCV; **** RME para DCV = risco muito elevado para DCV. Fonte: Pesquisa direta Este alto percentual é preocupante em todos os setores, principalmente para os profissionais de saúde, pois os mesmos servem de modelo para os seus pacientes, o que nos permite observar que o fato de um indivíduo possuir o conhecimento não implica necessariamente na prática de bons hábitos alimentares, fazendo-se necessário mais estudos a fim de verificar as causas da má alimentação e nutrição por parte deste grupo e dos demais a fim de evitar afastamentos e complicações graves à saúde dos mesmos. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS As análises dos dados obtidos nesta pesquisa revelam alto percentual de inadequação no estado nutricional associados a um risco cardiovascular elevado que podem comprometer a saúde dos indivíduos avaliados. Grande parte dos funcionários apresentou-se com sobrepeso e obesidade condição agravada pelos altos percentuais de risco cardiovascular encontrados nesta população que estão entre as doenças que mais causam morbi-mortalidade no mundo, o que justifica a necessidade de uma intervenção adequada visando melhorar a saúde e a qualidade de vida destes funcionários, condição que iria repercutir de forma direta e positiva na qualidade e na produtividade destes trabalhadores. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.37-41, Jan-Fev-Mar. 2012. Perfil nutricional de funcionários de Hospital Público do município de Picos - Piauí REFERÊNCIAS BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, Suplemento, p. 181-191. 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Série A. Normas e manuais técnicos. Brasília, 2006a. 210 p. _______. 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A antropometria foi a eleita para o diagnóstico nutricional. Foi utilizada balança eletrônica portátil para a aferição do peso, fita métrica para a aferição da altura e adipômetro para a aferição das dobras cutâneas e um questionário de freqüência alimentar. Para avaliar os dados utilizou – se os índices de IMC/idade, altura/idade e protocolos de percentual de gordura (%G) de Slaughter at al (1988) para adolescentes e IMC e %G de Jackson e Pollock (1978) para adultas e Guia alimentar para a população Brasileira para o consumo alimentar. Observou-se um estado nutricional eutrófico em relação ao IMC, e em sua maioria um %G maior do que a média esperada para mulheres que é de 23%. As bailarinas possuem um consumo de todos os alimentos da pirâmide alimentar, mas também consomem alimentos considerados não saudáveis. Nesse sentido, reafirma-se a importância da educação nutricional na adolescência e em jovens adultos, visto que o adequado estado nutricional e uma alimentação variada e equilibrada fornecem nutrientes para um melhor desempenho esportivo. Descritores: Avaliação nutricional. Dança. Antropometria. ABSTRACT The objective was to assess the nutritional status of dancers in a dance company of Teresina - PI. Descriptive case study where the subjects were nine dancers. Anthropometry was chosen for nutritional diagnosis. Portable electronic scale was used to measure weight, measuring tape to measure the height and adipometer for measuring the skin folds and a food frequency questionnaire. To evaluate the data used - if the contents of the BMI / age, height / age and protocols fat percentage (%F) Slaughter at al (1988) for adolescents and BMI and %F Jackson and Pollock (1978) for adult and dietary Guide for the Brazilian population for food consumption. There was a eutrophic nutritional status that is 23%. The dancers have a consumption of all foods in the food pyramid, also consume more foods considered unhealthy. In this sense, must be reaffirmed the importance of nutrition education in adolescents and young adults, since adequate nutritional status and a varied and balanced diet provides nutrients for better sports performance. Descriptors: Nutritional assessment. Dancing. Anthropometry. RESUMEN Submissão: 17/08/2011 Aprovação: 25/11/2011 42 Se pudo observar el estado nutricional de lãs bailarines de uma Compañía de Danza de Teresina-PI. Se hizo uma pesquisa descriptiva, estúdio del caso donde los sujetos fueron nueve bailarines. La antropometria fue la elegida para el diagnóstico portátil para aferir el peso, cinta métrica para aferir la altura, el adipometro para aferir la arrugas cutánes y um cuestionario de frecuencia alimentar. Para evaluar los dados, fueron utilizados los índices de IMC/ edad, altura/edad y protocolos de porcentaje de grasa (%G) de Slaughter at al (1988) para adolescente y IMC y % G de Jackson y Pollock (1978) para adultas y Guía alimentar para la populación brasileña para el consumo alimentar. Fue observado um estado nutricional eutrófico em relacion al IMC, y em su mayoría um %G mayor que Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.42-47, Jan-Fev-Mar. 2012. Estado nutricional de bailarinas de uma companhia de dança de Teresina – PI la media esperada para mujeres que ES de 23%. Las bailarines posuen um Consumo de todos los alimentos de la pirâmide alimentar, pero también consumen alimentos considerados no saludables. Em sentido, se puede comprobar la importancia de la educación nutricional em la adolescencia y em jóvenes adultos. Entonces, Es correcto decir que el adecuado estado nutricional y uma alimentación variada y equilibrada porporcionan nutrientes para um mejor desempeño deportivo. Descriptores: Evaluación nutricional. Baile. Antropometria. 1 INTRODUÇÃO O balé é indubitavelmente, uma das artes que ganharam mais impulso depois de 1945. Há quem ligue esse impulso à juventude, uma vez que os jovens conseguem identificar – se facilmente com certo atletismo existente na dança, principalmente depois que foram incorporados ao balé clássico os passos verdadeiramente acrobáticos originários da União Soviética. A dança é uma arte que exige intérpretes dentro de certa faixa etária com a qual a juventude pode se identificar. Todas as artes ganharam novo impulso após o último conflito mundial. Ao compararmos o número de espetáculos, exposições e demais manifestações artísticas, veremos que houve um aumento percentual de público e de propostas (FARO, 1986). Esse aumento acompanhou o progresso da humanidade, a facilidade dos meios de comunicação e certa avidez natural pela cultura, mormente nos países em que ela é tida como verdadeira necessidade, não como privilégio de uns poucos. Há um maior número de propostas porque há um maior número de pessoas para absorvê – las e uma necessidade crescente do homem de se expressar artisticamente (FARO, 1986). Se a dança ocupa posição até certo ponto privilegiada, é porque a partir de 1930, ela deixou de ser apanágio de umas poucas nações para se espalhar, principalmente pelos jovens países das Américas, que absorveram essa forma de arte, não por um processo colonialista, mas porque simplesmente era mais um tipo de informação para se somar aos seus conhecimentos (FARO, 1986). Pode-se dizer que a busca da imagem corporal ideal em bailarinas vai além dos parâmetros da população em geral e, na medida em que elas se tornam profissionais, a necessidade de manter o peso adequado vai aumentando. A dança trabalha diretamente com o corpo e é através do corpo que a bailarina vivencia diferentes emoções e transmite a estética da coreografia. Sua imagem corporal, portanto, está sempre em evidência e faz parte de sua rotina (HAAS et al. 2010). Os bailarinos são pessoas que se destacam pela sua altura, devido ao valor estético e técnico que tem essa característica na arte do balé. Em relação ao peso corporal, o balé exige baixo peso para a altura das bailarinas e um peso normal para a altura dos bailarinos, em comparação com a população normal de referência (BETANCOURT e DÍAZ, 2005). O peso para a altura é de grande importância para o balé, pois requer uma relação física que atenda o cânone estético e ainda permite realizar movimentos complexos e fortes, também mostram resistência ao trabalho diário de ensaios e representação cênica. Na Companhia do Balé Nacional de Cuba (BNC), expoente máximo da Escola Cubana de Balé, os candidatos ao ingressar são avaliados para verificar o cumprimento das normas de admissão de altura.As mulheres devem ter uma altura entre 1,57 e 1,70 metros, enquanto os homens devem ter em torno de 1,70 a 1,83 metros. No BNC não existe uma norma de peso corporal específico e a Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.42-47, Jan-Fev-Mar. 2012. determinação da magreza ou gordura é feita por inspeção visual, embora os candidatos sejam pesados em uma balança para o seu teste de ingresso na companhia (BETANCOURT e DÍAZ, 2005). Geralmente, a maior proporção de massa muscular em relação à gordura corporal é favorável para um atleta. Todavia, um percentual muito baixo de gordura pode levar a prejuízos na saúde e na performance desportiva. Sabe – se que muitos atletas são pressionados a atingir um peso “ideal” e uma baixa proporção de gordura para se encaixar dentro de determinadas categorias em um dado esporte, ou então para otimizar seu rendimento. O mínimo de gordura corporal em mulheres é estimado em 8%. Argumenta – se que quantidades abaixo desse valor podem comprometer algumas funções fisiológicas e metabólicas do organismo. Entretanto, com relação a atletas do sexo feminino, ainda não foram estabelecidos com clareza a quantidade de gordura e o peso corporal mínimos. Embora variem com a idade e entre as atletas, algumas estimativas teóricas de referência incluem um mínimo de 12% a 17% de gordura corporal (TIRAPEGUI, 2009). Jovens atletas de elite, especialmente corredoras de longa distância, bailarinas e ginastas possuem alto risco para o desenvolvimento de distúrbios alimentares, principalmente anorexia nervosa, pela excessiva preocupação em reduzir seu peso e gordura corporal a valores considerados “ótimos”. Além disso, existe uma forte ligação entre anorexia nervosa e disfunção menstrual. De fato, a amenorréia faz parte de um dos critérios diagnósticos para essa patologia. Cabe ressaltar que é muito difícil obter – se estimativas exatas da prevalência de distúrbios alimentares, particularmente na população de atletas (TIRAPEGUI, 2009). Avaliar o estado nutricional de um indivíduo ou grupo é analisar as condições que regem a ingestão de alimentos, a absorção e o aproveitamento dos nutrientes. Essas condições são influenciadas por fatores sociais, econômicos, saneamento ambiental ou pela presença de doença que interferem no desenvolvimento normal ou impedem o organismo de atingir o máximo de suas potencialidades (BARROS, 2010). Antropometria é a medida das dimensões corpóreas. As medidas antropométricas mais empregadas na avaliação do estado nutricional são: peso, altura, circunferências (braço e cintura), comprimento do braço e pregas cutâneas (tríceps, bíceps, subescapular, suprailíaca) (VANNUCCHI et al. 1996). Este trabalho se justifica na preocupação excessiva das bailarinas clássicas com a manutenção ou com a perda de peso. E para alcançar estes objetivos utilizam artifícios como restrição alimentar e dietas rigorosas. Pensando nisso muitas vezes as bailarinas deixam de se alimentar ou não se alimentam adequadamente para não ganhar peso ou para diminui – lo, principalmente às vésperas de espetáculos e de festivais de dança competitivos. E com isso elas comprometem seu estado nutricional ou desenvolvem transtornos alimentares. Este presente estudo tem como objetivo avaliar o estado nutricional de bailarinas de uma Cia. de Dança de Teresina – PI. 2 METODOLOGIA Tipo de estudo É uma pesquisa descritiva, pois registrou e analisou os dados coletados sem manipulá – los e abordou um problema que merece ser estudado. Estudo de caso, pois avaliou vários aspectos da vida de um determinado grupo (CERVO, 2002). 43 Araújo, E. S.; Silva, G. S.; Xavier, N. J. V. T Local de estudo Análise de dados A Cia. Pas Classique é constituída atualmente por doze bailarinos (as) com idades entre 14 e 28 anos. Fundada em julho de 2008 pelo bailarino, professor e coreógrafo Datan Izaká, pessoa de renome no cenário artístico piauiense, por conduzir espetáculos de dança clássica e contemporânea e que vem conquistando o público local e nacional, além de ganhar vários prêmios em Festivais Competitivos de Dança. A Cia. Pas Classique conta com o apoio da Fundação Mateus Pereira da Cruz, instituição sem fins lucrativos que atende além da Cia., crianças e jovens na periferia norte da cidade. Atualmente, sua sede funciona na Rua Balsas nº 920 no Bairro Matadouro, Teresina – PI. Os dados foram processados pelo programa Microsoft Office Excel 2007. Para avaliar o estado nutricional foram utilizados parâmetros antropométricos: IMC/Idade, Altura/Idade de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde, (BRASIL, 2008) e submetidos á cálculos percentual de gordura (%G) pelo Protocolo Slaughter et al. (1988) para adolescentes, e IMC de acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional SISVAN e cálculos de %G pelo Protocolo de Jackson e Pollock (1978) para adultos. O %G foi comparado com os padrões de Lohman (1992). Foi observado o Guia Alimentar para a população Brasileira para avaliar o consumo alimentar e analisado com base em porcentagens de alta freqüência (1 vez, 2 ou mais no dia), média frequência (1 vez, 2 a 4 vezes na semana) e baixa frequência (1 a 3 vezes no mês). Sujeitos da pesquisa O estudo foi realizado com nove bailarinas. Os critérios de inclusão foram ser do sexo feminino, estar freqüentando os ensaios regularmente e concordar em assinar o TCLE Os critérios de exclusão foram ser do sexo masculino, não estar frequentando os ensaios regularmente, e aqueles que, por quaisquer motivos, não assinaram o TCLE. Coleta de dados A coleta de dados compreendeu um período de dois meses (maio e junho de 2011). Para o perfil social foi aplicado um questionário com perguntas estruturadas sobre identificação pessoal, atividade física, situação socioeconômica e questões sobre doenças relacionadas à alimentação. Para a aferição do peso utilizou - se uma balança eletrônica portátil com capacidade de 100 Kg, onde o avaliado se posicionou em pé, com afastamento lateral dos pés, ereto e com o olhar num ponto fixo à sua frente, usando roupas leves. (BRASIL, 2004). Na aferição da estatura foi utilizada uma fita métrica inelástica graduada em centímetros fixada à parede. As medidas das Dobras Cutâneas (DC) foram realizadas com um adipômetro da marca LANGE, sempre do lado direito do avaliado, com uma precisão mínima de 0,1 mm. Foram realizadas três séries de medidas sucessivas, no mesmo local, considerando a média das três como sendo o valor adotado para este ponto (FERNANDES, 2003). As DC aferidas segundo Fernandes, 2003 foram: - Dobra tricipital: Determinada paralelamente ao eixo longitudinal do braço, na face posterior, sendo seu ponto exato de reparo a distância média entre a borda súpero – lateral do acrômio e o olecrano. - Subescapular: obtida obliquamente ao eixo longitudinal seguindo a orientação dos arcos costais, estando localizada a dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula. - Supra – ilíaca: o avaliador afastou levemente o braço direito para trás, procurando não influenciar o avaliador na obtenção da medida. Esta dobra cutânea é individualizada também no sentido oblíquo a dois centímetros acima da crista ilíaca ântero - superior na altura da linha axilar média. - Coxa: Determinada paralelamente ao eixo longitudinal da perna sobre o músculo do reto femoral, a 1/3 acima da distância do ligamento inguinal e do bordo superior da patela (Guedes, 1985) e no ponto médio entre o ligamento inguinal e a borda superior da patela (Pollock at al, 1993). Para a avaliação do consumo alimentar, foi aplicado um questionário de freqüência alimentar semiquantitativo elaborado por VILLAR (2001). 44 Aspectos Éticos Esta pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade NOVAFAPI, obedecendo à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, que rege sobre o conjunto de diretrizes e normas para boa prática da pesquisa e será sujeita à aprovação. Destaca-se que o estudo não ofereceu danos, riscos e nem desconfortos para os indivíduos que participaram do mesmo. Todas as bailarinas sujeitos deste estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa e podendo retirar o seu consentimento se assim desejasse. Os pesquisadores ao final da pesquisa entregarão uma cópia do relatório para a Cia. Pas Classique a fim de cumprir com o preceito da transparência nas pesquisas científicas. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Sobre a caracterização dos sujeitos deste estudo, identificamos que as nove bailarinas sujeitos deste estudo, têm a idade média de 18 anos, altura média em metros de 1.60 e peso médio de 52,98 Kg. As adolescentes encontram – se em sua totalidade (100%) com o IMC e a estatura adequada para idade. E as adultas encontram – se eutróficas no que se diz respeito ao IMC. As bailarinas mesmo estando com o seu estado nutricional eutrófico em relação ao IMC apresentam em sua maioria (66,6%) um %G maior do que a média esperada para mulheres que é de 23% e uma parte (33,3%) apresenta risco B que significa uma associação com doenças relacionadas à obesidade (Gráfico 01). Mas este ponto não se aplica, pois há possibilidade de haver carência de massa muscular uma vez que aparentemente, não tem quantidades elevadas visíveis de gordura corporal. Gráfico 01: Percentuais de Gordura Corporal de bailarinas de uma Cia. de Dança de Teresina – PI, 2011. Percentuais de Gordura Coporal FONTE: Pesquisa direta Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.42-47, Jan-Fev-Mar. 2012. Estado nutricional de bailarinas de uma companhia de dança de Teresina – PI Tabela 01: Perfil antropométrico de bailarinas de uma Cia. de Dança de Teresina – PI, 2011. pelo corpo perfeito, esbelto e leve, pode chegar a ser uma obsessão para muitas pessoas, que restringem a alimentação diária e buscam dietas muitas vezes não adequadas aos seus biótipos (OLIVEIRA et al. 2003). A tabela 02 mostra que em sua maioria (55,55%), as bailarinas deste estudo possuem o ensino médio completo e Superior incompleto, e as demais possuem o ensino fundamental completo (11,11%) e ensino médio incompleto (33,33%), o que supõe um bom nível de escolaridade de acordo com a faixa etária. Tabela 02: Informações socioeconômicas de bailarinas de uma Cia. de Dança de Teresina – PI, 2011. Fonte: Pesquisa direta Betancourt et al. (2009), em seu estudo transversal com bailarinos cubanos de companhias profissionais de balé clássico, dança moderna e folclórica, obteve para o grupo de 54 bailarinas uma média de idade de 16,8 anos e uma média de altura de 1,63 m. Em comparação com este, mostra que as bailarinas apesar de sua idade em média ser mais alta que a das cubanas, são mais baixas em relação à altura. Betancourt et al. (2011), em seu estudo com bailarinas, atletas de ginástica artística e rítmica e nado sincronizado obteve para o grupo de 32 bailarinas uma média de 17,2 anos e uma média de peso de 47,8 Kg. o que difere deste estudo que obteve um a média de peso de 52,98 Kg. Segundo Brasil (2008), o índice IMC/idade, o mais recomendado para avaliação do excesso de peso, encontra – se adequado quando o referencial antropométrico escore z que está nos pontos de corte ≥ -1 e ≤ +1, e o índice estatura/idade, considerado o indicador mais sensível para aferir a qualidade de vida de uma população (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2009), nos pontos de corte escore z ≥ -1 e ≤ +3. Este estudo mostra que todas as bailarinas encontram – se dentro desses pontos de corte preconizados pelo SISVAN, que não têm deficiências em relação ao crescimento linear e nem associação com a obesidade. As bailarinas adultas em relação ao IMC encontram – se dentro dos pontos de corte > 18,5 e < 25 kg/ m², classificando – as também com o estado nutricional de eutrofia. Silva et al. (2009), em seu estudo com 49 bailarinas clássicas, sendo 35 estudantes e 14 bailarinas profissionais, obteve um IMC médio de 18,45 Kg/m² e 19,66 Kg/m² respectivamente. Comparando com este estudo percebe – se que ambos encontraram resultados de classificação de eutrofia em relação ao IMC para as suas bailarinas. Amaral et al. (2008), em seu estudo com 24 praticantes de balé clássico do sexo feminino, na faixa etária de 10 a 18 anos, obteve como resultado de %G uma média de 21,04% e Silva et al. (2009), em seu estudo com 49 bailarinas clássicas, sendo 35 bailarinas estudantes com idade média de 15,86 anos e 14 bailarinas profissionais com idade média de 22,36 anos obteve um %G de 17,28% e 15,76% respectivamente , o que difere deste estudo que obteve como resultado de %G uma média de 27,46%. Em comparação com o estudo de Silva et al. (2009), também foi observado um % G menor em bailarinas com maior idade. A saúde está diretamente relacionada a uma alimentação saudável e engordar é ruim para as pessoas ligadas a atividades corporais. A busca Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.42-47, Jan-Fev-Mar. 2012. Fonte: Pesquisa direta Silva et al. (2008), em seu estudo que fez associações entre atividade física, índice de massa corporal e comportamentos sedentários em adolescentes, verificou uma maior chance de excesso de peso corporal entre as moças que possuíam menor renda familiar. O que não se aplica a este estudo, pois não há relação com menor renda familiar e sobrepeso. A Tabela 03 mostra que em média as bailarinas começaram a praticar a arte do balé com 9 anos e fazem esta prática cerca de 4 vezes por semana na sede da Cia. de Dança e em sua totalidade não praticam outra atividade física. Tabela 03: Idade média de início e frequência de prática de bailarinas de uma Cia. de Dança de Teresina – PI, 2011. Fonte: Pesquisa direta As duas grandes escolas russas de balé Kirov e Bolshoi dispõem de escolas excelentes, sem rival à altura em outros países. Seus bailarinos recebem uma formação completa. As crianças são admitidas entre 8 a 10 anos, depois de uma seleção rigorosa, na qual são avaliados saúde, físico, musicalidade. Uma vez aceita, cada criança, além de aulas clássicas de balé, também tem aulas de música, danças típicas e tradicionais, danças livres, interpretação, maquiagem, e de todas as matérias que fazem parte do currículo normal de uma 45 Araújo, E. S.; Silva, G. S.; Xavier, N. J. V. T escola primária e secundária. O curso completo dura 10 anos e é inteiramente gratuito. Apesar dessa apurada formação, só os melhores alunos conseguem entrar para o corpo de baile do Kirov ou do Bolshoi (PORTINARI, 1989). O Gráfico 02 mostra o consumo alimentar das bailarinas, que é composto por todos os grupos de alimentos presentes na pirâmide alimentar.. Podemos perceber que o hábito alimentar das bailarinas em grande parte há alta frequência de arroz, feijão, macarrão, farofa, carne, frango, saladas cruas: alface, acelga, pepino, tomate, cenoura; leite, achocolatado, iogurte, café, pão, biscoitos tipo cream – cracker, frutas como: mamão, banana, laranja, maça e sucos. Gráfico 02: Consumo alimentar de bailarinas de uma Cia. de Dança de Teresina – PI, 2011. Também pode – se verificar a presença de consumo de alimentos considerados pouco saudáveis ou não saudáveis como: balas, embutidos como: lingüiça, mortadela, salame; doces, chocolate, refrigerantes, sucos artificiais, açúcar de mesa, manteiga, sanduíches, salgados e biscoitos recheados. Percebe – se que há um baixo consumo de frutas, verduras e legumes e elevado consumo de óleos e gorduras. As bailarinas possuem um alto consumo de óleos e gorduras, assim como embutidos, o que pode estar relacionado com um elevado percentual de gordura corporal na maioria delas, mesmo estando com estado nutricional adequado em relação ao IMC, IMC/idade e altura/ idade. Fonte: Pesquisa direta Segundo Philippi (2006), o carboidrato é a principal reserva de energia dos vegetais, além de garantir a integridade das estruturas ou células na forma de algumas fibras alimentares. Seu papel na alimentação humana é basicamente o de fornecer energia (4kcal/g) para as células do organismo. Este macronutriente deve garantir 45% a 65% da energia total diária da alimentação (BRASIL, 2006). A maioria das verduras e dos legumes é fonte de vitaminas, minerais e fibras. Dentre as vitaminas, destacam – se as vitaminas C, as vitaminas do complexo B e a pró – vitamina A (betacaroteno) presente em vegetais amarelos e amarelo – alaranjados. Nos minerais, destacam – se o ferro, o cálcio, o potássio e o magnésio (PHILIPPI, 2006). Sabe-se que o açúcar, juntamente com a gordura e o sal, se consumidos em excesso, elevam o risco de desenvolvimento de doenças como a obesidade, hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares. A quantidade de consumo diário para estes tipos de alimentos de acordo com o Guia alimentar para a população brasileira é de 1 porção para o grupo de gorduras e óleos e açúcares e doces e de sal deve ser de no máximo 5g/ dia equivalente a 1 colher rasa de chá (BRASIL, 2006). A alimentação quando não seguida corretamente, traz sérios problemas para a nossa saúde, ocasionando distúrbios principalmente anorexia nervosa e a bulimia como também nos levando a ter futuramente 46 obesidade entre outras doenças relacionadas com a alimentação. A maioria das bailarinas relatou ter conhecimento sobre doenças relacionadas à alimentação, exceto duas que relataram não ter esse conhecimento. Em sua totalidade afirmou não ter nenhuma doença como: anorexia, bulimia, anemia, entre outras. Apenas uma relatou já ter tido anemia. 4 CONCLUSÃO Conclui - se que o grupo estudado encontra-se eutrófico em relação ao IMC e índices de IMC/idade e Estatura/idade, mas em relação ao %G a sua maioria encontra – se com os padrões elevados, o que é ruim para o desenvolvimento e continuação da prática deste estilo de dança. As bailarinas estudadas possuem um bom nível de escolaridade de acordo com a faixa etária. No que diz respeito a renda não houve relação com doenças relacionadas à alimentação. Os resultados da freqüência alimentar indicam um alto consumo de óleos e gorduras e embutidos e baixo consumo de frutas e verduras, que são alimentos importantes para a promoção da saúde. O consumo destes alimentos deve ser diário, pois diminuem o risco de doenças crônicas, fornecendo hidratação, vitaminas, minerais e fibras. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.42-47, Jan-Fev-Mar. 2012. Estado nutricional de bailarinas de uma companhia de dança de Teresina – PI Nesse sentido, reafirma-se a importância da educação nutricional na adolescência, período onde há definição de hábitos e preferências alimentares e em jovens adultos. Esta análise também tem suas contribuições em praticantes de atividade física, visto que o adequado estado nutricional e uma alimentação variada e equilibrada fornecem nutrientes para um melhor desempenho esportivo. Pela importância do tema, sugere-se mais estudos nessa área para se ter maiores subsídios no tocante à orientações e adequações nutricionais para esse público estudado. REFERÊNCIAS AMARAL, R. K. S.; PACHECO, R. C.; NAVARRO, F. Perfil nutricional e antropométrico de praticantes de ballet. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo, v. 2, n.7, p. 37-45, jan.-fev. 2008. 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Endereço: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 - Bairro Uruguai | CEP: 64073-505, Teresina – Piauí. E-mail: [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho foi identificar as características comportamentais empreendedoras dos proprietários-dirigentes das micro e pequenas indústrias de confecções da cidade de Teresina/ PI segundo pressuposto de McClelland. Realizou-se um estudo quantitativo envolvendo no total 50 micro e pequenas indústrias de confecções de vestuário. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário. Estes dados foram organizados, tabulados e analisados por intermédio dos software Microsoft Ecxell e SPSS 15.0. As principais conclusões deste trabalho mostram que os proprietários-dirigentes, na sua totalidade, apresentam um perfil empreendedor. Em todas as dez características avaliadas, os empresários pesquisados obtiveram pontuação superior a quinze pontos, que é a pontuação mínima considerada por McClelland, para que o indivíduo seja considerado empreendedor. Descritores: Empreendedorismo. Comportamentais empreendedoras. Micro e pequena empresa. ABSTRACT The objective of this study is to identify the behavioral characteristics of the entrepreneurial owner-managers of micro and small garment industries of the city of Teresina/Piauí/Brazil by McClelland (1972). It was conducted a quantitative study, classified as a case study involving a total of fifty micro and small garment industries. The main conclusions of this study show that most of the owner-managers have an entrepreneurial profile. In all ten characteristics evaluated, the entrepreneurs surveyed scored more than fifteen points, which is the minimum score considered by McClelland, that the individual is regarded as entrepreneurs. Descriptors: Entrepreneurship. Entrepreneurial behavior. Micro and small enterprises. RESUMEN El objetivo de este estudio es identificar las características de comportamiento de los empresarios propietarios-gerentes de la industria de la confección micro y pequeñas empresas de la ciudad de Teresina / Piauí / Brasil por McClelland (1972). Se realizó un estudio cuantitativo, clasificado como un caso de estudio con un total de cincuenta industrias de la confección micro y pequeñas empresas. Las principales conclusiones de este estudio muestran que la mayoría de los propietarios-gestores tienen un perfil empresarial. En los diez características evaluadas, los empresarios encuestados anotó más de quince puntos, que es el puntaje mínimo considerado por McClelland, que el individuo es considerado como empresarios. Descriptores: El espíritu empresarial. El comportamiento emprendedor. Micro y pequeñas empresas. Submissão: 22/06/2011 Aprovação: 04/10/2011 48 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.48-54, Jan-Fev-Mar. 2012. Análise das características comportamentais empreendedoras de micro e pequenos empresários 1 INTRODUÇÃO As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) formam um dos pilares de sustentação da economia de um país. No Brasil, atualmente, percebe-se uma forte tendência em conhecer, analisar e propor alternativas para melhorar o contexto de atuação desse segmento empresarial. Organizações públicas e privadas estão interessadas em desenvolver as MPEs, pois reconhecem a relevância dessas. As MPEs contribuem para melhoria do contexto socioeconômico do país. No plano econômico geram renda, oportunidades de trabalho e inovações. No plano social contribuem para a criação de postos de trabalho, para a absorção de matéria-prima, para o atendimento das demandas dos mercados locais e para a mobilidade social (FOWLER, 2001). Segundo informações do Serviço de Apoio às Micro e Pequena Empresas - SEBRAE, (2008), as pequenas empresas no Brasil são responsáveis por 99% das empresas existentes no Brasil, 98% das empresas do setor do comércio, 98% das empresas do setor de serviço, 95% das empresas do setor industrial, 54% da oferta de emprego, 73,7% dos empregos no comércio, 42,9% da mão de obra do setor de serviços, 42,5% do pessoal ocupado na indústria e 21% do Produto Interno Bruto (PIB). Frente a essas informações positivas divulgadas pelo SEBRAE, ocorre uma realidade relacionada à alta taxa de mortalidade das MPEs brasileiras. Até 2003, a taxa de mortalidade era de 49,4%, para empresas com três anos de existência, número muito alto. Porém, essa taxa reduziu significantemente e segundo pesquisa realizada pelo SEBRAE (2008) a taxa de mortalidade no Brasil foi, em 2003, de 35,9%, em 2004 foi 31,3% e em 2005 foi de 22% SEBRAE (2008). Para Drucker (2003), a sobrevivência de uma pequena empresa não depende apenas da capacidade de gestão de seu proprietário, ou de políticas públicas favoráveis. O autor afirma que a sustentabilidade empresarial depende das características e do comportamento desempenhado por proprietários inovadores. Defende que inovação é uma ferramenta utilizada por empreendedores, ou seja, empreendedores estão atentos, aproveitam as contingências ambientais e criam novos produtos e serviços. No Piauí/Brazil, o setor de indústrias de confecções merece atenção especial quando o assunto é empreendedorismo, pois representa um segmento econômico que contribui para o desenvolvimento do contexto social e econômico do estado. A indústria de confecções da cidade de Teresina/PI está em expansão e é também responsável pela geração de emprego e renda. Segundo o Sindicato das Indústrias do Vestuário (SINDVEST), esse é o segundo setor que mais gera renda e oportunidades de trabalho na cidade. Os micro e pequenos proprietários das indústrias de confecções da cidade de Teresina recebem influência dessa mesma contingência ambiental, ou seja, precisam se adequar ao perfil empresarial demandado pelo mercado globalizado. Disseminar o perfil empreendedor é necessário, nesse sentido McClelland (1961) contribui afirmando que o homem é um produto do meio e procura a replicação de seus parâmetros em seus próprios modelos, modelos estes que são validados e possuem aceitação pela grande maioria. Diante do exposto, essa pesquisa tem como objetivo identificar as Características Comportamentais Empreendedoras (CCEs) dos proprietários-dirigentes das micro e pequenas indústrias de confecções (vestuário) da cidade de Teresina/Piauí/Brazil. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.48-54, Jan-Fev-Mar. 2012. 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa. Esse método permite quantificar as informações coletadas, pois traduz em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (RICHARDSON et al.1999). A pesquisa foi realizada durante o primeiro trimestre de 2011 na cidade de Teresina/Piauí/Brazil, junto aos micro e pequenas indústrias de confecções da cidade conforme classificação adotada pelo SEBRAE. Os sujeitos dessa pesquisa foram 50 proprietários - dirigentes de micro e pequenas empresas do setor de confecções (vestuário) do município de Teresina, que foram resguardados pelos critérios de participação voluntária e confidencial. A escolha se deu pelo critério de acessibilidade e disponibilidade para responder o instrumento de pesquisa. A coleta de dados foi feita por meio da aplicação de um survey estruturado em duas partes. Na primeira parte as perguntas foram relacionadas ao perfil dos entrevistados e a gestão da empresa. As perguntas foram referentes ao gênero, idade, nível de escolaridade, estado civil, local de nascimento, participação em curso de empreendedorismo, atividade que exercia antes de criar a indústria de confecção, origem dos recursos investidos, carga horária de trabalho semanal, funjção que desempenha na empresa e tempo de atuação no setor. As questões referentes a gestão da empresa abordaram o processo de criação, a elaboração do plano de negócio, à realização de pesquisa de viabilidade técnica, econômica financeira, ambiental e responsabilidade social, à realização de planejamento, ao lançamento de produto inovador, às políticas administrativas, a utilização de controles básicos e software de gestão, a utilização de tecnologias e estratégias de e-business, às formas de comercialização, ao faturamento e produção mensal, ao desenvolvimento de parcerias, a participação em programas e projetos de apoio. A segunda parte foi composta pelo questionário de McClelland (1992) sobre as características do comportamento empreendedor, baseado em uma escala do tipo Likert com cinco pontos. Os questionários foram entregues pessoalmente pela pesquisadora aos sujeitos, que na ocasião explicou a finalidade da pesquisa e como deveriam ser respondidos, após os sujeitos responderem o questionário os mesmos foram recolhidos pela pesquisadora. Os dados coletados foram organizados e tabulados utilizando-se os softwares Microsoft Excel e SPSS versão 15.0. Os dados foram analisados com base no questionário elaborado para identificar as Características Comportamentais Empreendedoras (CCE), de McClelland (1992). O questionário é composto por um conjunto de cinqüenta e cinco afirmações, sendo que, para cada uma delas, o respondente atribui um valor de um a cinco. O número um corresponde a nunca, o dois a raras vezes, o três a algumas vezes, o quatro a usualmente e o cinco a sempre. A pontuação máxima é de vinte e cinco para cada uma das características. McClelland (1992) considera possuidor de característica comportamental empreendedora, o individuo que obtêm quinze pontos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO No Piauí, o setor de indústria de confecções é composto por cerca de 1.000 empresas formais e informais, com estimativa de geração de 17.000 empregos diretos e indiretos. Concentradas principalmente nos municípios de Teresina, Piripiri, Parnaíba, Floriano, São Raimundo Nonato e Campo Maior, predomina a confecção do vestuário (masculino, feminino, 49 Vasconcelos, V. N. S. A. fardamentos e profissionais, bebê e infantil, roupa íntima e praia e roupas para esportes). Na cidade de Teresina existem 328 indústrias de confecções formais, essas empresas geram 13000 empregos diretos e produzem 500 mil peças por mês (SINDVEST, 2011). A indústria de Teresina vem participando de capacitações, consultorias e oficinas, onde é perceptível a melhoria da qualidade refletida na participação no mercado, incluindo algumas iniciativas no comércio exterior. Destacam-se, a confecção de moda casual feminina e moda íntima. No Brasil, estudos de Machado (2000) e Gimenez (2000) investigaram as possíveis diferenças entre o gênero dos empreendedores. Para Machado (2000), a mulher é empreendedora e possui uma visão realista do negócio. Segundo o autor a mulher é muito dedicada e comprometida, ela gosta de enfrentar os desafios do ambiente familiar e profissional. A análise dos resultados desta pesquisa é coerente com os estudos de Machado (2000) e Gimenez (2000), pois 70% dos empreendedores pesquisados pertencem ao sexo feminino, enquanto apenas 30% são do sexo masculino. Ainda, pode-se afirmar que a mulher brasileira é historicamente uma das mais empreendedoras do mundo (GRECO et al. 2010). Os empreendedores, de ambos os sexos, apresentam idade entre 41 e 50 anos. Esse resultado é aproximadamente condizente com as pesquisas sobre a idade dos empreendedores. Para Timmons (1994) os empreendedores de sucesso têm em média 35 anos, porém idade não é barreira, existem dirigentes – proprietários situados na faixa de 60 anos. Quanto ao estado civil, a maioria dos empreendedores pesquisados (38%) declarou estar casado e que os cônjuges são seus sócios, fato que reforça o pensamento de Gimenez et al. (1998) de que após a constituição da empresa, os maridos deixam seus empregos e tornam-se sócios de suas esposas. Em relação ao local de nascimento, 90% dos empreendedores nasceram no estado do Piauí, sendo que desses, 42% nasceram na cidade de Teresina. A cidade de Teresina é reconhecida pelo expressivo número de indústria de confecções estabelecidas (SINDVEST, 2011), dado que reforça o pensamento de Dolabela (1999) ao afirmar que o empreendedor é um produto do meio e as relações que ele estabelece com o ambiente influenciam suas decisões. A educação representa um papel relevante no desenvolvimento dos empreendedores (FILION, 1999a). Com relação ao nível de escolaridade dos empreendedores, 34% possuem o ensino médio completo, 32% possuem o ensino superior incompleto, 22% possuem o ensino superior completo e apenas 4% possuem pós-graduação. Entre os respondentes da pesquisa, 60% já participaram de algum curso de empreendedorismo, sendo que 18% participaram de cursos com duração de até 20 horas, 22% participaram de cursos com carga horária entre 21 e 40 horas e 60% participaram de cursos com duração de mais de 40 horas. Segundo Filion (1999b), o empreendedorismo pode ser ensinado, então participar de cursos de empreendedorismo deve fazer parte do cotidiano das MPEs. As principais atividades exercidas pelos pesquisados antes de criar suas indústrias de confecções consistiam por ordem de citação em: funcionários de empresa privada (40%), autônomos (18%), estudantes (10%), empresários (4%) e desempregados (4%). Em termos comparativos, esta amostra demonstra estar no mesmo nível da média das MPEs do país conforme pesquisa do SEBRAE (2008). Foi identificado que entre os 40% dos empresários que responderam ser funcionário de empresas privadas, mais de 50% eram empregados em indústrias de confecções. As barreiras de entrada nessa indústria 50 são pequenas, por isso, existe um número significativo de pessoas que se empregam nessas empresas para conhecer os processos e depois iniciar um empreendimento nesse segmento. Estes resultados do estudo corroboram o estudo de Dolabela (1999), que afirma que os empreendedores identificam uma oportunidade de negócio e investigam sobre esse negócio, antes de iniciarem suas empresas.. Em relação ao tempo de atuação no setor de indústrias de confecções, apenas 10% atuam no setor há até 1 ano, 26% atuam no setor entre 1 e 5 anos, 20% atuam no setor há pelo menos 5 anos e 44% atuam no setor a mais de 10 anos. Esse fato mostrou que o número de empresas nascentes é pequeno no referido setor. A empresa nascente é aquela com menos de 42 meses de existência (GRECO et al. 2010). No processo de abertura das empresas, os empreendedores recorreram muito mais ao capital próprio do que a empréstimos. Dos empreendedores que iniciaram as atividades do negócio com 100% de capital próprio estão expressivos 76% dos pesquisados. Os empreendedores que obtiveram empréstimos de familiares somaram 14% e os que recorreram a empréstimos bancários totalizaram 10%. Essa realidade está ligada aos aspectos mais desfavoráveis ao empreendedorismo no Brasil apontados pela pesquisa Greco et al. (2010), que são: ausência de políticas e programas de governo, serviços educacionais deficientes, falta de financiamento, de ciência e tecnologia e de regulamentação da competição no país. Na análise sobre os motivos para a abertura do negócio, os resultados mostraram que 80% dos empreendedores iniciaram sua empresa porque identificaram uma oportunidade de mercado. Nesse contexto, os empreendedores de sucesso iniciam um negócio por paixão, por necessidade de se realizar e acabam por gostar da atividade, assumindo um alto grau de comprometimento (FILION, 1999a). Somente 20% iniciaram seu negócio por necessidade de ocupação. Esses dados estão condizentes com os dados da pesquisa (GRECO et al. 2010). Essa pesquisa mostra que desde 2003 os empreendedores por oportunidade são maioria no Brasil. Em 2010, para cada empreendedor por necessidade existiam outros 2,1 empreendedores por oportunidade (GRECO et al. 2010). Ante os resultados, ficou evidenciado que 80% dos empresários não tiveram apoio quando foram iniciar suas empresas. O apoio, somente da família, foi apontado por 16% dos empreendedores e 10% firmaram parceria com outras empresas (terceirização). A opção de incentivos do governo não foi citada por nenhum dos pesquisados. Entende-se que incentivos do governo poderiam ser: fomento científico, redução de impostos, formação de mão de obra. A pesquisa de Greco et al. (2010) também aponta que um dos fatores mais desfavoráveis ao empreendedorismo é a falta de políticas e programas governamentais. Quanto à elaboração do plano de negócios antes do início das atividades da empresa, 76% das empresas não elaboraram o documento. O plano de negócios é um instrumento de planejamento das empresas. Este documento descreve todos os elementos e as estratégias para dar início a um novo negócio (DOLABELA, 1999). O planejamento empresarial está ligado às demais atividades do processo administrativo (KOTLER E ARMSTRONG, 1993). Igualmente, é um dos principais elementos para o sucesso do pequeno negócio (ZIMMERER e SCARBOROUGH, 1994; DOLABELA, 2006). O número de empresários que revelaram realizar planejamento é semelhante ao número de empresários que declararam ter elaborado o plano de negócios, apenas 30% realizam planejamento. Pode-se observar que 62% dos empreendedores pesquisados desempenham atividades administrativas, financeiras, de vendas, pesquisa e desenvolvimento, ou Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.48-54, Jan-Fev-Mar. 2012. Análise das características comportamentais empreendedoras de micro e pequenos empresários seja, todas. Essa é a realidade declarada pela maioria das micro e pequenas empresas brasileiras, onde o empreendedor acumula todas as funções e não tem tempo de planejar a atuação da empresa. Em relação à carga horária de trabalho semanal, 77% dos empreendedores declararam trabalhar entre 35 e 44 horas por semana e apenas 8% declararam trabalhar entre 15 e 24 horas semanais. Ainda sobre o inicio das atividades da empresa, 62% dos empresários responderam que não realizaram ou encomendaram estudos e pesquisas de viabilidade técnica, mercadológica, econômico-financeira, ambiental ou responsabilidade social. Neste aspecto, pesquisa do SEBRAE (2008), aponta que entre as razões para o fechamento das MPEs destaca-se o aspecto desconhecimento do mercado, fato que aumenta as chances de fracasso empresarial. Em relação à implementação de sistemas de controle, mais de 80% dos empresários utilizam os seguintes controles: controle de compras, controle de contas a pagar, controle de contas a receber. 60% das empresas realizam: controle de fluxo de caixa, controle de movimentação de diária de caixa, controle de vendas diária/mensal, controle de folha de pagamento. 50% realizam: controle de movimentação diária de bancos e controle de custos fixos. Enquanto os demais controles (controle de preço de venda, controle de prazo de validade das mercadorias, controle de custos variáveis, controle de estoque) são realizados por menos de 50% das empresas. 56% das empresas possuem esses controles informatizados e 54% utilizam software de gestão. Empresas de qualquer porte devem realizar os controles básicos de gestão, porém nas MPE esses controles são ainda mais necessários. A utilização de um software de gestão facilita o trabalho do empreendedor, que como foi citado acima, realiza todas as funções administrativas na MPE. Degen (2009) e Dolabela (2006) corroboram com esse pensamento afirmando que o gerente das pequenas e médias empresas encontra-se em ambiente mais escasso de recursos, o que torna difícil manter três funções básicas: conquistar e reter clientes, garantir a qualidade e assegurar o fluxo de caixa positivo e crescente. Foram pesquisadas as seguintes variáveis da política administrativa da empresa: perfil do cliente, estratégia de marketing, estratégia de atuação, estratégia de produção, recursos humanos, as formas de vendas, a inadimplência, o uso de tecnologias e serviços de e-business, os concorrentes (produtos e diferencial) e sua comparação com estes. A forma de recebimento com cheque pré-datado é a mais praticada pelas empresas, seguida pelo cartão de crédito e depois o pagamento a vista. O boleto bancário não é utilizado e a nota promissória tem pouco uso. Essas informações demonstram uma política de vendas eficiente, pois o fluxo de caixa é considerado extremamente importante para a MPE. A análise da inadimplência revelou que 18% das empresas possuem um nível de inadimplência significante, enquanto o restante, 82% não possuem inadimplência. Esses indicativos estão associados à política de crédito das empresas, que habilita somente os clientes cadastrados e com pelo menos dois anos de relacionamento com a empresa a utilizar a forma de pagamento com cheque pré-datado. As estratégias de marketing citadas como mais utilizadas em ordem de importância são: “preço e prazo”, “promoção”, “atendimento”, “buscar novos clientes e novos mercados” e “propaganda”. É comum nas estratégias de marketing da MPEs utilizar preço e prazo para atrair clientes, principalmente quando a qualidade e garantia dos produtos não são aspectos primordiais para o cliente (empresário confecção). Nesse contexto, o conhecimento sobre o produto e seu diferencial Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.48-54, Jan-Fev-Mar. 2012. em relação aos concorrentes que os empresários têm é expressivo. Mais de 90% dos empresários relataram que produzem produtos com qualidade superior e possuem um atendimento diferenciado. Esse fato é essencial a estratégia da empresa (DOLABELA, 1999). Observou-se que 74% das empresas utilizam a estratégia de liderança em custo, 20% utilizam a estratégia de diferenciação e apenas 6% utilizam a estratégia de foco, atendendo o segmento de fardamento industrial. Em relação a lançamento de inovações no mercado, 54% dos empresários revelaram que não lançaram nenhum produto inovador no mercado nos últimos três anos. Considera-se que esse fato tem impacto negativo para o desempenho das indústrias, pois sabe-se que o mercado globalizado demanda produtos inovadores. Na indústria de confecção pode-se introduzir no mercado um produto inovador através da adoção de processo produtivo inovador, através do uso de um novo tipo de matéria prima ou através do desenvolvimento de uma nova modelagem. Percebe-se que são muitas as formas de inovar, porém as empresas pesquisadas desconhecem e não praticam a inovação. Sobre as tecnologias e serviços de e-business, 66% utilizam e-mail, 54% utilizam a internet para divulgar a empresa, 36% utilizam a internet para vender produtos, 52% utilizam a internet para acesso e troca de informações, e-mail. As tecnologias e serviços de e-business propiciam as empresas maior eficiência e eficácia no mercado globalizado. Nesse aspecto a pequena empresa pode se beneficiar utilizando essas tecnologias para acelerar o processo de tomada de decisão, o acesso as tendências de mercado e o relacionamento com o cliente. As informações sobre o perfil dos clientes devem ser utilizadas vislumbrando os principais aspectos que influenciam o comportamento do consumidor para se atingir o objetivo de aumentar a comercialização (HISRICH e PETERS, 2004). Nesse estudo, percebeu-se que os empresários. De acordo com o grau de importância para a comercialização dos produtos, tem-se: loja de departamento, clientes de balcão, representantes comerciais, sacoleiras e órgãos públicos. Observou-se que os representantes comerciais e as sacoleiras são muito importantes para as empresas, os clientes de balcão são importantes e os demais são pouco importantes. Na área de recursos humanos os profissionais de estilismo, corte, modelagem e operadores de máquinas são considerados muito importantes e são muito demandados pelas empresas. Já os profissionais de administração e vendas são considerados importantes para as empresas. Em relação aos processos, instalações e equipamentos utilizados na produção, os empreendedores consideram que são apropriados e atualizados. As respostas obtidas a partir da análise dos dados foram: 12% consideram ótima, 36% consideram boa, 50% consideram razoável e 2% consideram ruim. Esta informação indica que os empreendedores têm conhecimento sobre os melhores processos e tecnologias, mas que não as utilizam. Análise das Características Comportamentais Empreendedoras O questionário de McClelland (1972) é composto por cinqüenta e cinco afirmações, sendo que, para cada uma delas, o respondente atribui um valor entre um e cinco. Está dividido em três conjuntos, são esses: realização, planejamento e poder. As características comportamentais empreendedoras estão incluídas nesses conjuntos, que são: busca de oportunidade e iniciativa, persistência, comprometimento, exigência de qualidade e eficiência, correr riscos calculados, estabelecimento de metas, busca de 51 Vasconcelos, V. N. S. A. informações, planejamento e monitoramento sistemático, persuasão e rede de contatos, independência e autoconfiança. O perfil dos empresários pesquisados, de acordo com a mensuração feita a partir da aplicação do questionário, aponta um nível satisfatório de desenvolvimento das Características Comportamentais Empreendedoras (CCEs), pois em todas as CCEs a média dos respondentes foi superior a quinze e conforme McClelland (1972), o indivíduo é considerado empreendedor quanto obtém pontuação mínima de 15 pontos, conforme pode ser observado na figura abaixo: Figura 2 – Média das CCEs dos pesquisados Fonte: Pesquisa direta As características relacionadas a esse conjunto da realização são: busca de oportunidade e iniciativa, exigência de qualidade e eficiência, persistência, comprometimento e correr riscos calculados (McCLELLAND, 1961). Dessa categoria, a característica que obteve maior média foi exigência de qualidade e eficiência, 19 pontos. Na indústria da confecção de Teresina é evidente a presença dessa característica entre os empresários, visto que, pode-se perceber que os mesmo se dedicam integralmente a suas empresas, a maioria trabalha mais de 44 horas semanal para assegurar a realização de seus objetivos. Além, disso desenvolvem mecanismos para assegurar que seus produtos excedam padrões de qualidade e cheguem a seus clientes no prazo determinado. Além disso, o grupo pesquisado demonstrou preocupação em produzir as melhores peças, mais rápido, mais barato e com qualidade superior que a previamente combinada com o cliente. Na característica busca de oportunidade e iniciativa, correr riscos calculados e persistência, os empreendedores obtiveram média superior a 18, isso significa que os empresários pesquisados desenvolvem mecanismos para sempre atualizar seus conhecimentos sobre o mercado em que atuam e dessa forma, tomar decisões e antecipar as tendências para colocar a disposição do mercado os produtos demandados. O empresário do setor de confecção, também, vê oportunidades onde outras pessoas não vêem e agarra essa oportunidade transformando-a em um negócio bem sucedido. Correr riscos calculados significa dizer que o empresário avalia as alternativas e calcula os riscos, depois age para reduzir os riscos, mas não declina de situações de desafio. Nesse grupo a característica de comprometimento foi a que obteve a menor média, porém acima de 15 pontos, o que caracteriza a presença da característica nos empresários pesquisados. Comprometimento significa que o empreendedor tem alto grau de envolvimento com as atividades da empresa e com os colaboradores, quando necessário coloca-se no lu52 gar dos funcionários se necessário e pensa no longo prazo (McCLELLAND, 1961). As características relacionadas ao conjunto de planejamento são: busca de informação, estabelecimento de metas e planejamento e monitoramento sistemático. Observa-se que a característica preponderante do grupo é busca de informação, aspecto extremamente relevante para os empresários, foi a única que obteve média superior a 20 pontos. Tal característica faz parte do conjunto de planejamento e representa a busca pessoal do empresário para obter informações sobre clientes, fornecedores e concorrentes, dedicação em conhecer o processo de fabricação de um produto e/ou prestação de um serviço e recorrer à ajuda de especialista (Dolabela, 1999). Representa a dedicação do empreendedor pesquisado em estar bem informado sobre as contingências ambientais e dessa forma antever as tendências futuras. Planejamento e monitoramento sistemático obtiveram média superior a 18 pontos. Isso significa que o empresário do setor de confecções planeja antes de tomar decisões, além disso, sempre revisa seus planos bem como divide tarefas de grande porte em tarefas menores. Por outro lado, os pesquisados obtiveram a menor pontuação na característica de estabelecimento de metas, embora tenham alcançado, na média, a pontuação que McClelland (1961) atribui ao indivíduo empreendedor. No conjunto de poder estão às características relacionadas à influência que o empreendedor procura exercer sobre seus pares para realizar seus objetivos. Nas características independência e autoconfiança e persuasão e rede de contatos, os empresários obtiveram média inferior a 18 pontos. Para Filion (1999a) empreendedores são os que frente aos desafios agem para superá-los mesmo que para isso tenham que enfrentar resistência, eles mantêm seu ponto de vista e buscam autonomia. Nesse aspecto, o empreendedor pesquisado demonstrou que no setor existem dificuldades e desafios, mas que sempre desenvolvem formas de superá-los. 4 CONCLUSÃO Esta pesquisa identificou o perfil dos proprietários-dirigentes de micros e pequenas empresas do setor de confecções (vestuário) teresinenses. Nesse aspecto, quase totalidade dos empresários é do sexo feminino, casadas, nasceram no Piauí, têm mais de 40 anos de idade e mais de 10 anos de experiência no setor. A maioria dos empreendedores pesquisados já participou de curso de empreendedorismo com duração de mais de 40 horas e o SEBRAE foi citado como o principal agente promotor dos cursos. A maioria dos micro e pequenos empresários pesquisados acumula funções administrativas, financeiras, vendas, pesquisa e desenvolvimento. Essa é uma realidade entre as micro e pequenas empresas, o gestor acumula as funções diárias por motivos diversos, tais como: limitação de recursos, incapacidade de delegar funções e controle excessivo. Dentre as razões que levaram os proprietários-dirigentes a abrir suas empresas, a identificação de uma oportunidade de negócio foi majoritariamente a mais citada. Esse fato é condizente com a realidade das MPEs brasileiras e deve-se a melhoria do contexto econômico brasileiro. Os empreendedores pesquisados eram na maioria funcionários de empresas privadas antes de iniciar seus empreendimentos. Esses empresários obtiveram experiência no setor trabalhando na área antes de empreender, o que colabora para a redução da mortalidade empresarial e para a sustentabilidade do negócio. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.48-54, Jan-Fev-Mar. 2012. Análise das características comportamentais empreendedoras de micro e pequenos empresários As micro e pequenas indústrias de confecções foram iniciadas mais com capital próprio do que com empréstimos. O plano de negócio foi elaborado pela minoria das empresas pesquisadas. As principais dificuldades relatadas pelos empreendedores estão relacionadas ao acesso a políticas e programas públicos, acesso ao crédito e serviços de ciência e tecnologia. A dificuldade de acesso a serviços de ciência e tecnologia dificulta a gestão da inovação. Os empresários relataram não lançar produtos inovadores no mercado nos últimos três anos. Ao investigar a realização de planejamento pelos proprietários-dirigentes descobriu-se que a maioria não realiza planejamento em suas empresas. Somente pouco mais de 20% dos empresários revelou realizar planejamento. Em relação aos controles básicos de gestão, os mais utilizados são controle de compras, controle de contas a pagar, controle de contas a receber. Esses controles na maioria estão informatizados e os empresários utilizam software de gestão. Nesses aspectos faz-se necessário a conscientização dos empresários para a importância do exercício do planejamento e utilização dos controles básicos de gestão. A mensuração das Características Comportamentais Empreendedoras (CCEs) dos proprietários-dirigentes das micro e pequenas indústrias da cidade de Teresina/PI foi realizada por meio da aplicação do questionário desenvolvido por McClelland (1972). A compilação dos dados demonstrou que os pesquisados apresentam um perfil empreendedor. Em todas as dez características avaliadas, os empresários obtiveram pontuação superior a quinze pontos, que é a pontuação mínima considerada por McClelland para que o indivíduo seja considerado empreendedor. Na análise dos resultados, pode-se constatar que a característica mais acentuada, de modo geral entre os proprietários-dirigentes pesqui- Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.48-54, Jan-Fev-Mar. 2012. sados, foi a característica referente a busca de informação, que obteve uma média superior a 20 pontos. Com pontuações não menos expressivas, estão exigência de qualidade e eficiência, correr riscos calculados e planejamento e monitoramento sistemático. Esses resultados demonstram o interesse dos empresários locais em estar informados sobre as tendências de mercado e de colocar a disposição de seus clientes produtos de qualidade superior. Em relação à característica de planejamento e monitoramento sistemático percebe-se uma contradição entre o que foi declarado pelos empresários na parte do questionário que tratou da caracterização das indústrias e a parte das características comportamentais empreendedoras. Os empresários declararam que não elaboraram plano de negócio e que não realizam planejamento de suas empresas. Aqui, conclui-se que os empresários desenvolvem o comportamento, porém não percebem que este faz parte de suas ações. As pontuações que obtiveram valores medianos foram: independência e autoconfiança, persuasão e rede de contatos, busca de oportunidade e iniciativa. Em contraponto, as características com menores índices de pontuação média geral foram as de estabelecimento de metas e comprometimento. As principais conclusões deste trabalho mostram que os proprietários-dirigentes, na sua totalidade, apresentam um perfil empreendedor. Em todas as dez características avaliadas, os empresários pesquisados obtiveram pontuação superior a quinze pontos, que é a pontuação mínima considerada por McClelland, para que o indivíduo seja considerado empreendedor 53 Vasconcelos, V. N. S. A. REFERÊNCIAS COLNAGO, E. Pequena Empresa em Pauta Permanente. In: Gonçalves, A. Pequena Empresa: O Esforço de Construir. São Paulo: Imprensa Oficial, p. 115-117. 2002. DEGEN, R. O Empreendedor: empreendedor como opção de carreira. São Paulo: Pearson. 2009. DIEESE; SEBRAE. Relatório de pesquisa. Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa.empresas no Brasil. 2010. Disponível em: <http://sebrae.com.br/br/mortalidade>. Acesso em: 01 jul. 2011. DOLABELA, F. Oficina do Empreendedor. 6. ed. São Paulo: Editora de Cultura, 1999. DOLABELA, F. O segredo de Luísa. 30. ed. Rev. e Atual. – São Paulo: Editora de Cultura, 2006. DRUCKER, P. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship): prática e princípios. São Paulo: Pioneira Thomson. 2003. 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E-mail: [email protected] Sheila Milena da Costa Enfermeira pela Faculdade Santo Agostinho. E-mail: [email protected] RESUMO Em meio à ocorrência da maternidade na adolescência, objetiva-se realizar uma revisão científica nacional relativa à gravidez na adolescência, com ênfase na análise das implicações deste evento na vida de jovens. Foram utilizados os seguintes descritores: adolescência, gravidez na adolescência, evasão escolar, a partir dos quais foram encontrados 95 artigos no banco de dados da Biblioteca Virtual da Saúde: Scielo (Scientific Eletronic Library Online), destes foram selecionados 25 artigos entre 2005 a 2010. Dos artigos encontrados emergiram 02 categorias temáticas: repercussões da gravidez nesta fase da vida: a responsabilidade de assumir uma família e complicações obstétricas e neonatais. Na primeira categoria os estudos mostraram a problemática da gravidez na vida das adolescentes, gerando assim conseqüências como interrupção dos estudos, tendo como alternativa inserção precoce no mercado de trabalho. Na segunda constatou-se a concordância entre os autores que a gravidez precoce pode favorecer o aumento de intercorrências obstétricas e/ou neonatais, tais como: morte materna, índices de prematuridade, mortalidade neonatal e baixo peso de recém-nascidos. Conclui-se que a gravidez na adolescência é um fenômeno complexo, no qual, deve haver a interação da família, escola e governo a fim de proporcionar subsídios para que elas possam exercer a maternidade com responsabilidade. Descritores: Adolescente. Gravidez na adolescência. Evasão escolar. AbstraCt Amid the occurrence of teenage motherhood, the objective is to produce a scientific review on the national teenage pregnancy, with emphasis on analysis of the implications of this event in the lives of young people. We used the following keywords: adolescence, adolescent pregnancy, school dropout, from which there were 95 articles in the database of the Virtual Health Library: Scielo (Scientific Electronic Library Online), 25 of these were selected articles from 2005 to 2010. Of the 02 articles found themes emerged: effects of pregnancy at this stage of life: the responsibility to take a family and obstetric and neonatal complications. In the first category studies have shown the problem of pregnancy in the lives of adolescents, thus generating consequences such as interruption of studies, taking as an alternative early participation in the labor market. The second was found the concordance between the authors that early pregnancy may trigger an increase in obstetric complications and / or neonatal care, such as maternal mortality, rates of prematurity, neonatal mortality and low birth weight of newborns. It is concluded that teenage pregnancy is a complex phenomenon in which there must be interaction of the family, school and government to provide subsidies so that they can exercise responsible motherhood. Descriptors: Adolescent. Pregnancy in adolescence. School evasion. RESUMEN Submissão: 19/07/2011 Aprovação: 22/09/2011 En medio de la aparición de la maternidad adolescente, el objetivo es producir un análisis científico sobre el embarazo en la adolescencia nacional, con énfasis en el análisis de las implicaciones de este evento en las vidas de los jóvenes. Se utilizaron las siguientes palabras clave: adolescencia, Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.55-60, Jan-Fev-Mar. 2012. 55 Pontes, L. C.; et al. embarazo adolescente, deserción escolar, de la que había 95 artículos en la base de datos de la Biblioteca Virtual en Salud: Scielo (Scientific Electronic Library Online), 25 de ellos se seleccionaron los artículos 2005 a 2010 . De los 02 artículos que se encuentran temas surgieron: efectos del embarazo en esta etapa de la vida: la responsabilidad de tener una familia y las complicaciones obstétricas y neonatales. En la primera categoría los estudios han demostrado que el problema del embarazo en las vidas de los adolescentes, lo que genera consecuencias como la interrupción de los estudios, tomando como alternativa la participación temprana en el mercado laboral. El segundo fue encontrado la concordancia entre los autores que el embarazo temprano puede provocar un aumento de las complicaciones obstétricas y / o atención neonatal, como la mortalidad materna, las tasas de prematuridad, la mortalidad neonatal y bajo peso al nacer de los recién nacidos. Se concluye que el embarazo adolescente es un fenómeno complejo en el que debe haber interacción de la familia, la escuela y el gobierno para conceder subvenciones para que puedan ejercer la maternidad responsable. Descriptores: Adolescente. Embarazo en la adolescencia. Absentismo escolar. 1 INTRODUÇÃO A Organização Mundial de Saúde (OMS) define adolescência cronologicamente como período compreendido entre 10 a 19 anos (WHO, 2002), no qual acontecem grandes mudanças, tanto físicas como psíquicas (MIOTTO, 2005). Nesse processo de transformação, marcado por especificidades emocionais e comportamentais, o adolescente vivencia a sexualidade apresentando uma série de desejos e conflitos que podem repercutir na sua saúde sexual e reprodutiva (GUBERT; MADUREIRA, 2008). Caputo e Bordin (2008) apresentaram em seu estudo que a população mundial de adolescentes já passou de um bilhão. Estima-se que, 60 em cada 1.000 meninas de 10 a 19 anos tornam–se mães, correspondendo ao nascimento de 17 milhões de bebês a cada ano. Segundo IBGE (2000) no Brasil, a população feminina entre 10 e 19 anos já ultrapassa os 17 milhões. Além disso, a temática da saúde sexual e reprodutiva na adolescência tem despertado um aumento na atenção da sociedade e da comunidade científica. As práticas sexuais de jovens, marcadas por comportamentos de riscos, tem apresentado como consequência maior exposição à gravidez não planejada, aborto e doenças sexualmente transmissíveis (TAQUETTE; VILHENA, 2008). Inúmeros são os fatores que predispõem jovens a assumirem um exercício incorreto da sexualidade, tais como: inicio sexual precoce, uso inadequado de métodos contraceptivos, ausência de orientação sexual, pouca habilidade para negociar o uso de contraceptivo, dentre outros (ALMEIDA et al. 2003). No Brasil, os adolescentes iniciam a atividade sexual sem se preocuparem com as formas de prevenção, como o uso de pílula ou da camisinha e muito menos com as suas principais conseqüências: Gravidez e DST/ AIDS (AQUINO et al. 2010). Os estudos de Borges e Schor (2005), mostram que a gravidez indesejada chega a uma proporção de 50 % entre adolescentes de 15 a 19 anos no Brasil. De acordo com Chalem et al. (2007) relatou que no Brasil, cresceu a proporção da participação da gravidez entre 15 e 19 anos nos índices de fecundidade, paralelamente à diminuição da proporção das demais faixas 56 etárias. Além disso, percebeu que dados do SUS (Sistema Único de Saúde) indicaram que a porcentagem da faixa etária dos 10 aos 19 anos no total dos partos nos hospitais conveniados chegou a 26,5% em 1997 contra 22,34% em 1993. De 1998 a 2008, os partos em adolescentes realizados pela rede pública de saúde do Piauí ficaram em 28,71%, bem próximo da média nacional, de 30,60%. O Ministério da Saúde atribui o resultado ao acesso das adolescentes às políticas sobre prevenção e orientação sobre saúde sexual como a disponibilização gratuita de métodos contraceptivos (ANDRADE, 2008). Desta forma, a gravidez na adolescência é considerada um sério problema de saúde pública que pode trazer repercussões para a vida das adolescentes envolvidas, de seus filhos que nascerão e de suas famílias (BORGES; SCHOR, 2005). Diversos aspectos estão envolvidos no aumento de casos de gravidez na adolescência, tais como: influência dos meios de comunicação e da mídia, redução de tabus e inibições sexuais, falta de diálogo e desestruturação familiar, distanciamento entre os conteúdos ministrados em sala de aula e a realidade, menarca precoce, auto-afirmação e a gravidez como ritual de passagem da adolescência para a idade adulta (MENDONÇA; ARAÚJO, 2009). É importante mencionar que a maior incidência da gravidez é entre jovens pobres e de menor escolaridade, isso mostra a dificuldade de acesso às informações sobre contracepção e aos insumos contraceptivos. No entanto, o conhecimento sobre métodos contraceptivos não garante seu uso. A maioria das adolescentes pratica a primeira relação sexual sem nenhuma proteção, o que pode ser resultado de um modelo de socialização que nega às mulheres o exercício da sexualidade, fazendo com que as meninas não desenvolvam habilidades para falar de sexo e sintam-se pouco à vontade para abordar o tema com o parceiro, até mesmo sem se prevenir contra as doenças sexualmente transmissíveis (VILLELA; DORETO, 2006). Frente à problemática da gravidez na adolescência em decorrência do exercício inadequado da sexualidade, faz-se necessário aprofundar o estudo sobre as implicações da gravidez nesta faixa etária visto que este acontecimento pode ter repercussões que comprometam o futuro de muitas jovens. Por meio deste conhecimento, pretende-se chamar a atenção do quanto à exposição a práticas sexuais não seguras podem ter seqüelas biopsicossociais por toda vida. Para tanto, este estudo objetiva realizar uma revisão científica nacional relativa à gravidez na adolescência, com ênfase na análise das implicações deste evento na vida de jovens. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo de revisão da literatura de caráter descritivo e exploratório. A revisão da literatura é o delineamento de um estudo secundário através de outros estudos, ditos primários, que são analisados de forma criteriosa e avaliados quanto à sua qualidade científica para serem incluídos, ou não, numa análise. A pesquisa descritiva tem por finalidade proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de uma temática de estudo; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar. Pode-se dizer que a pesquisa exploratória tem como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.55-60, Jan-Fev-Mar. 2012. As implicações da gravidez na adolescência: uma revisão bibliográfica O período de coleta de dados se desenvolveu durante os meses de setembro a novembro de 2010 na seguinte base de dados: Biblioteca Virtual da Saúde: Scielo (Scientific Eletronic Library Online), com publicações nacionais realizadas no período de 2005 a 2010, por meio dos seguintes descritores: gravidez na adolescência, adolescência e evasão escolar, Foram localizados 95 artigos, entre eles 25 foram selecionados de acordo com os objetivos propostos. Para análise das informações foi realizada a organização do conteúdo encontrado quanto ao ano, tipo de publicação e abordagem metodológica, essência do conteúdo/produção do conhecimento e recomendações dos autores que favoreceu o surgimento de duas categorias: repercussões da gravidez nesta fase da vida: a responsabilidade de assumir uma família e complicações obstétricas e neonatais. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS A parentalidade na adolescência tem exigido de jovens a adoção de novas responsabilidades como o ato de assumir uma família. Para os jovens, a paternidade na adolescência demandou a interrupção dos estudos antes do planejado, visto que na tentativa de dar um suporte para a família, muitos jovens restringem-se ao ambiente domiciliar no sentido de cuidar do filho ou se inserem no mercado de trabalho como garantia do sustento familiar (CARVALHO; MERIGHI; JESUS, 2009). Diante dessa transição repentina, no seu papel de mulher, ainda em formação, para o de mulher-mãe, a adolescente vive uma situação conflituosa. A maioria é despreparada física, psicológica, social e economicamente para exercer o novo papel materno, o que compromete as condições para assumir adequadamente esta nova função (MOREIRA et al.. 2008). Além do despreparo da jovem mãe, esta também enfrenta o abandono do parceiro, o que significa vivenciar a criação do filho sem o apoio paterno (VILLELA; DORETO, 2006). O abandono dos estudos é uma realidade freqüente entre adolescentes grávidas, uma vez que a gravidez funciona como uns ritos de passagem para a idade adulta e os próprios familiares desencorajam a adolescente a continuar na escola. (AMORIM et al. 2009). O não incentivo da família e a falta de interesse pelos estudos por parte das jovens tem contribuído para evasão escolar. Estes dados podem ser comprovados em pesquisa realizada por Arcanjo; Oliveira e Bezerra (2007), 50% das adolescentes que engravidaram deixaram os estudos e dentre os motivos alegados por estas jovens mães, destaca-se a falta de interesse e a não afinidade com a prática do estudar. Apesar do afastamento escolar após o nascimento do filho, algumas jovens enfrentam esta situação como temporária e continuam a ter expectativas quanto ao futuro refletindo que estudar e trabalhar implica ter garantias de um futuro melhor. Assim, a mãe adolescente continua a ter sonhos, tais como: planeja estudar, trabalhar e investir na qualidade da relação mãe-filho, com a determinação de que seu filho não passará pelo que ela passou e que terá nela alguém com quem vai poder contar sempre (ANDRADE; RIBEIRO; OHARA, 2009). Para estas jovens, o alcance da autonomia financeira significa melhoras para si e para seu filho. Ao se depararem com a nova realidade, muitas adolescentes deixam os estudos em busca de um trabalho para ajudar no sustento do seu filho, porém são barradas na falta de preparação para o mercado de trabalho tendo que se submeter muitas vezes a trabalhos informais, sem vínculos empregatícios com pouca remuneração. E quando não conseguem exercer uma atividade laboral, são obrigadas a se restringirem ao Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.55-60, Jan-Fev-Mar. 2012. ambiente familiar para cuidar do filho e ajudar nas tarefas domésticas como forma de retribuição aos pais que se viram obrigados a assumirem o neto (BRANDÃO; HEILBORN, 2006). Conforme Caputo e Bordin (2008) o menor grau de escolaridade das mães adolescentes é uma das principais conseqüências da gravidez nesta faixa etária. Isso leva a condições que dificultam a superação da pobreza, como menores qualificação e chance de competir no mercado de trabalho e a submissão ao trabalho informal e mal remunerado. Embora muitas vezes a adolescente já tenha parado de freqüentar a escola antes de engravidar, é comum que o abandono escolar aconteça durante a gravidez. Com freqüência as mães adolescentes não voltam a estudar. O apoio da família á adolescente grávida é de fundamental importância. Não há dúvida de que a parentalidade na adolescência agrava sobremaneira a dependência familiar dos jovens, em todos os sentidos. O apoio financeiro, doméstico e afetivo permite que eles superem muitos obstáculos e enfrentem os desafios da carreira escolar e profissional, da convivência com o parceiro e familiares dele (BRANDÃO; HEILBORN, 2006). Porém, nem todas as adolescentes têm o apoio familiar necessário para que elas vivenciem a maternidade. Ocorrem inúmeros conflitos na família, decorrentes do descumprimento das tarefas domésticas estipuladas para as jovens, da convivência do neto com outras crianças da casa, da presença cotidiana do (a) parceiro(a) da(o) filha(o) no ambiente familiar. Uma nova gestão doméstica é instalada no ajuste das obrigações e direitos de cada um (MONTEIRO et al. 2007). Na pesquisa de Levandowski, Piccinini e Lopes (2008) segundo o relato das avós, contatou-se que a gravidez da filha ameaçava seus valores morais e sua reputação na comunidade. Essa situação contrariava as normas e as expectativas sociais que tinham em relação às jovens. No momento em que ofereciam apoio a elas, passavam a carregar o estigma de serem mães incompetentes. Então, muitas vezes, utilizavam estratégias defensivas de afastamento, xingando, desprezando, dando apelidos negativos e punindo suas filhas. Outra implicação da gravidez na adolescência observada no estudo é o medo que a adolescente tem de cuidar do filho. Esse medo decorre principalmente pela falta de maturidade das adolescentes. O apoio da família é imprescindível para ajudar nos cuidados diários à criança, a fim de proporcionar à mãe adolescente momentos de descanso e, para que vivencie o cuidar de seu filho de forma mais tranqüila (ANDRADE; RIBEIRO; OHARA, 2009). Muitas adolescentes encaram a gravidez de maneira positiva, enxergando em seu filho uma maior perspectiva para o futuro. Como mostra a pesquisa de Gontijo e Medeiros (2008), realizada com adolescentes moradoras de uma comunidade de baixa renda da Cidade de São Paulo, onde se observou que a gravidez significou uma chance concreta para fugir dos problemas enfrentados no contexto doméstico, sobretudo os relacionados à falta de liberdade e à violência. Um balanço feito pelas próprias adolescentes a respeito da maternidade permitiu concluir que esta condição havia proporcionado mais ganhos que perdas, mesmo que este papel seja vivenciado dentro de circunstâncias inapropriadas, como a necessidade de enfrentar obstáculos relacionados à sobrevivência e falta de perspectivas positivas em relação ao futuro pessoal e familiar. A mãe adolescente quer trabalhar, garantir seu próprio sustento e, assim, poder dar as coisas ao filho, sem depender de outros. Investindo na qualidade da relação mãe-filho. Além de querer voltar a estudar e tra57 Pontes, L. C.; et al. balhar, a mãe adolescente preocupa-se com seu desempenho materno. Ela quer participar ativamente da educação e cuidados do filho, quer ser reconhecida como mãe e ainda ocupar seu papel na totalidade. Acredita que, no futuro, terá um bom relacionamento com o filho se souber cuidá-lo e fizer tudo por ele (ANDRADE; RIBEIRO; OHARA, 2009). Assim, a gestação na adolescência se apresenta como um projeto viável e valorizado, em um contexto em que não existem muitas alternativas possíveis de implementação de outros projetos de vida, demonstrando que a maternidade, para uma grande parcela das jovens, se configura como um dos únicos projetos possíveis de reconhecimento social. Além de representar, em alguns casos, um modo de conceber a concretização da identidade feminina (DIAS; TEIXEIRA, 2010). Conforme Arcanjo, Oliveira e Bezerra (2007), é preciso conhecer mais de perto a realidade da gravidez na adolescência. Há questões muito complexas que merecem atenção especial para serem compreendidas: por exemplo, que associação existe entre violência doméstica, desinformação, baixa escolaridade, situação de pobreza, baixa auto-estima e gravidez em idade precoce? De que informações e de que atenção à sexualidade e à saúde reprodutiva dispõe as meninas que engravidam? E os meninos, que lugar ocupa nessa história? Que possibilidades têm os adolescentes de disporem de métodos contraceptivos de baixo custo? São estas e outras questões que ampliam a possibilidade de conhecimento e permitem desenhar propostas efetivas e adequadas de intervenção. Outra implicação da gravidez na adolescência são as implicações obstétricas e neonatais. Clinicamente, tem-se mostrado que há uma associação entre gravidez precoce e aumento de intercorrências obstétricas e/ou neonatais, tais como: morte materna, índices de prematuridade, mortalidade neonatal e baixo peso de recém nascidos (KASSAR et al. 2005). Entre os problemas neonatais destaca-se o baixo peso ao nascer (BPN), esta situação está associada às adolescentes de 10 a 15 anos, provavelmente pelo baixo peso materno anterior à gestação, ganho ponderal insuficiente, conflitos familiares e existenciais que retardam a procura pela assistência pré-natal, maior incidência de anemia e infecções e incompleto desenvolvimento nos órgãos reprodutivos, que podem acarretar insuficiência placentária, prejudicando as trocas materno-fetais além do fato de que os efeitos de uma gravidez na adolescência antes de o próprio desenvolvimento materno se completar poderiam estar associados com o risco aumentado de parto pré-termo e BPN (SANTOS; MARTINS; SOUSA, 2008). Outras conseqüências da gravidez na adolescência seriam eventuais problemas de saúde para a mãe e a criança. Quanto à saúde física das mães, os problemas médicos mais citados são: anemia, hipertensão, complicações no parto, disfunções uterinas, infecções durante a gravidez, hemorragias pós-parto e mortalidade (MAGALHÃES et al. 2006). De acordo com a pesquisa de Berlofi et al. (2006), quanto mais jovem a adolescente, maior parece ser o risco de complicações físicas e morte, especialmente até os 15 anos, porque o organismo ainda está se desenvolvendo. Além disso, a não realização do pré-natal adequado, por procura tardia de assistência médica, seja por negação da gravidez, por desconhecimento e falta de orientação, ou até mesmo por medo de serem pressionadas a abortar contribuem para agravar o risco de complicações obstétricas e neonatais. Entretanto, quando a jovem consegue ser bem acompanhada durante a gestação, fica evidente a diminuição dos riscos pré e perinatais. 58 Em seu estudo, Magalhães et al. (2006), com adolescentes da América Latina, foram analisadas 344.626 gestações. A população de estudo foi dividida em 3 grupos: com menos de 15 anos, 16 a 17 anos e 18 a 19 anos. Observou-se clara tendência para freqüência aumentada de pré-eclâmpsia, eclâmpsia, anemia e cesariana com a diminuição da idade materna. No primeiro grupo a freqüência de pré-eclâmpsia foi de 5,9% e de anemia de 8,8%. No terceiro grupo os valores encontrados foram, 4,3 e 6,2%, respectivamente. A freqüência de infecção do trato urinário foi de 4,3% para todos os grupos de adolescentes. Estes valores são inferiores aos encontrados no nosso estudo, que revelou: pré-eclâmpsia, em 13,7% das adolescentes precoces e 14,9% das tardias e anemia em 14,9% das pacientes mais jovens e 12,6% nas de mais idade. Esses dados fornecem subsídios para a elaboração de políticas de saúde e devem ser consideradas prioridades da atenção materno-infantil visto que a gravidez na adolescência requer uma interação entre família, escola e governo visando proporcionar uma melhoria na assistência às mães adolescentes e seus filhos considerando que a gravidez nessa fase da vida esta diretamente relacionada a complicações obstétricas no decorrer da gestação e após o parto. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da revisão de literatura realizada, constatou-se que a gravidez na adolescência é um fenômeno complexo, associado à grande número de fatores dentre eles a baixa escolaridade da adolescente, história materna de gestação na adolescência, ausência de consultas ginecológicas prévias e falta de acesso aos métodos anticoncepcionais. Na atualidade, a gravidez na adolescência é um fenômeno de grande importância e relevância social. Há um grande questionamento sobre suas causas, seus riscos; suas consequências, vivências e possível problemática. É sabido que o número de partos na adolescência seria reduzido e teríamos cidadãs adultas cada vez mais felizes, se tivéssemos aparelhos sociais eficientes e efetivos e políticas públicas destinadas às necessidades das adolescentes e de suas famílias e não as do (s) sistema (s) político (s) e econômico e de seus formuladores. A adolescente grávida vive este momento de dúvidas, anseios e contestações, somado à aquisição de uma nova identidade para a qual pode não estar preparada e, sobretudo, à cobrança social que esse novo papel acarretará. Mediante esta situação observou-se na literatura que a gravidez indesejada em adolescentes tem como principal conseqüência uma problemática nos níveis biológicos e psicossociais, tanto maior quanto menor a idade da gestante. Entre as conseqüências psicossociais, preocupa a interrupção da escolarização e da formação profissional, o que dificulta a inserção no mercado competitivo de trabalho, implicando empregos de baixa remuneração e desqualificação, colocando mães adolescentes e filhos em situação de risco social, se medidas de suporte não forem adotadas. Constatou-se também que há concordância entre os autores sobre a gravidez precoce favorecer o aumento de intercorrências obstétricas e/ ou neonatais, tais como: morte materna, índices de prematuridade, mortalidade neonatal e baixo peso de recém nascidos. Observou-se ainda nos relatos, clara tendência para freqüência aumentada de pré-eclâmpsia, eclâmpsia, anemia e cesariana com a diminuição da idade materna. O grande desafio é instituirmos medidas de apoio e estímulos educativos e socioculturais extensivos para que resgate a importância da ajuda de suas famílias, assim como dê continuidade a seus projetos de vida, Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.55-60, Jan-Fev-Mar. 2012. As implicações da gravidez na adolescência: uma revisão bibliográfica como seu retorno à escola. Para tanto, uma das estratégias propostas pode ser a realização de oficinas que levem à promoção da relação dessa adolescente-mãe consigo mesma, procurando trabalhar positivamente sua identidade, auto-estima, autodeterminação, auto-cuidado e auto-confiança. Esperamos que tais achados contribuam para a prática dos profissionais de saúde que assistem gestantes e mães adolescentes nos dife- rentes níveis de atenção. Para tal, acredita-se ser responsabilidade desse profissional manter um canal de comunicação permanentemente aberto e estabelecer um relacionamento terapêutico de confiança, livre de preconceitos, oferecendo às adolescentes subsídios para que, se optarem por engravidar, o façam com consciência dos custos financeiros, sociais, emocionais e das responsabilidades que o cuidar do filho acarretam. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. C. et al. Uso de contracepção por adolescentes de escolas públicas na Bahia. Rev. Saúde Pública. São Paulo, v. 37, n.5, p. 566-575, out. 2003. Disponível em: < http://www.scielosp.org/pdf/rsp/ v37n5/17470.pdf>. Acesso em: 22 out. 2010. AMORIM, M. M. R. et al. Fatores de risco para a gravidez na adolescência em uma maternidade-escola da Paraíba: estudo caso-controle. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. Rio de Janeiro, v. 31, n. 8, p. 401-410, ago. 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v31n8/v31n8a06.pdf >. Acesso em: 22 out. 2010. ANDRADE, P. 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REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN Produção de conhecimento sobre o método canguru Knowledge production about the kangaroo method Producción de conocimiento sobre el método canguro Angela Cristina de Brito Machado RESUMO Enfermeiro pela Faculdade Santo Agostinho FSA Giglyanne Carvalho Meneses Girão Enfermeiro pela Faculdade Santo Agostinho FSA. e-mail: [email protected] Leilani Cavalcante Lages Rodrigues Enfermeiro pela Faculdade Santo Agostinho FSA Raquel Cardoso da Silva Enfermeiro pela Faculdade Santo Agostinho FSA Sheila Milena da Costa Enfermeiro pela Faculdade Santo Agostinho FSA Silvana Santiago da Rocha Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Santo Agostinho e Universidade Federal do Piauí O Método canguru-MC é definido como um tipo de assistência neonatal que implica no contato pele-a-pele precoce entre mãe e o recém-nascido, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente, permitindo, dessa forma, uma participação dos pais no cuidado ao recém-nascido. O objetivo deste estudo bibliográfico é levantar o conhecimento produzido sobre Método Canguru no Brasil. Realizou-se uma busca de periódicos no período de 2002 a 2010 a partir das bases de dados do SCIELO com os descritores: saúde da criança; recém-nascido; prematuro e método mãe canguru. Foram selecionados 96 artigos e, após a análise destes, foram extraídos 14 periódicos por estarem diretamente relacionados a temática proposta. Os resultados levaram à conclusão que a assistência neonatal deve ser incentivada pelo método, pois diminui o risco de mortalidade em recém - nascido prematuro e/ou de baixo peso. A carência de informações é um fator que dificulta a realização da prática junto à equipe neonatal, bem como a falta de infra-estrutura nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Descritores: Saúde da criança. Recém-nascido. Prematuro. Método mãe – canguru. ABSTRACT The kangaroo-MC method is defined as a kind of neonatal care which implies the skin-to-skin contact between mother and premature newborn, in ascending order and as long as it is pleasurable, thus, allowing the participation of parents in caring for their newborn. The objective of this bibliographical study is to raise the knowledge produced on Kangaroo Mother Care in Brazil. We conducted a search of journals in the period 2002 to 2010 from SCIELO databases using the keywords: child health; newborn; premature and kangaroo mother care. We selected 96 items and, after examining these, 14 were extracted because they are directly related to this topic. The authors concluded that neonatal care should be encouraged by the method, since it reduces the risk of mortality in new - born premature and / or low birth weight. The lack of information is a factor that hinders the realization of the practice in the neonatal team, and the lack of infrastructure in the Neonatal Intensive Care Units. Descriptors: Child health. Newborn. Premature. Mothercare method. RESUMEN Submissão: 17/01/2011 Aprovação: 11/10/2011 El método canguro-MC se define como un tipo de cuidado neonatal a través del contacto piel a piel entre madre y recién nacido prematuro, en orden ascendente y mientras sea agradable para los dos y permitiendo así una participación de los padres en el cuidado de su recién nacido. El objetivo de este estudio bibliográfico es elevar el conocimiento producido a respecto del Método Canguro en Brasil. Se realizó una búsqueda de periódicos en el período 2002 a 2010 de las bases de datos SCIELO, utilizando las palabras clave: Salud del Niño, del recién nacido prematuro y Madre Canguro. Se seleccionaron 96 artículos y, después de examinar estos, 14 fueron extraídos ya que están directamente relacionados con los periódicos sobre este tema. Las autoras concluyeron que la atención neonatal debe ser estimulada por el método, ya que reduce el riesgo de mortalidad en los recién Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.61-67, Jan-Fev-Mar. 2012. 61 Pontes, L. C.; et al. nacidos prematuros o de bajo peso al nacer. La falta de información es un factor que dificulta la realización de la práctica en el equipo neonatal, y la falta de infraestructura en la Unidad de Cuidados Intensivos Neonatales. Descriptores: Salud del niño. Recièn nascido. Prematuro. Método madre-canguru. 1 INTRODUÇÃO O bebê prematuro ou pré-termo é aquele que nasce com a idade gestacional menor que 37 semanas e considera-se prematuridade extrema quando nascem com menos de 28 semanas de gestação. Nesses casos, os bebês apresentam uma série de alterações devidas à imaturidade orgânica, tais como baixo peso e necessidade de auxílio respiratório, além de um alto risco de morte neonatal (OMS, 2001). Sabe-se que em todo o mundo nascem anualmente cerca de 20 milhões de crianças pré-termo e/ou de baixo peso. Destas, um terço morre antes de completar um ano de vida. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as primeiras causas de mortalidade infantil relacionam-se com as afecções perinatais, dentre elas os problemas respiratórios e os metabólicos, como dificuldades para regular a temperatura corporal. As possibilidades de sobrevivência destes bebês vêm aumentando, associadas a um conjunto de procedimentos cada vez mais especializados, principalmente no campo da neonatologia, que vem se aprimorando tanto na forma de como está sendo prestada a assistência, como no uso das tecnologias para este fim (DUARTE; SENNA, 2001). Com isso, a atenção humanizada ao recém-nascido, no Brasil ganhou força e foi normatizada a partir do Método Canguru (MC), instituída como Política Nacional de Saúde em dezembro de 1999, onde define o Método como sendo um tipo de assistência neonatal que implica no contato pele-a-pele precoce entre mãe e o recém-nascido, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente, permitindo, dessa forma, uma participação dos pais no cuidado ao recém-nascido. A aplicação varia de acordo com o país, sendo que, no Brasil, é utilizado com o objetivo de incentivar a formação do vínculo e do apego entre pais, familiares e bebês pré-termo e/ou de baixo peso (OMS, 2001). Em 1948, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu como prematuro todo recém nascido (RN) vivo com peso inferior a 2.500g. Tal conceito foi amplamente utilizado, até que ficou evidente que o peso de nascimento não poderia ser a única medida de maturidade fetal e que o conceito deveria ser relacionado à idade gestacional. O recém-nascido com menos de 2.500g passou então a ser denominado de baixo peso, podendo ou não ser prematuro. Tal definição omite o limite inferior entre a 20 ou 22 semanas completa (BRASIL, 1999). Segundo Brasil (2004), nasce anualmente no mundo 20 milhões de recém-nascidos de baixo peso, muitos em consequência de um parto prematuro. Isso contribui de maneira substancial para a elevada taxa de mortalidade neonatal ainda existente em várias regiões, principalmente nos países pobres. No Brasil, desde o início da década de 1990, a mortalidade neonatal passou a ser o principal componente da mortalidade infantil, em função, principalmente, da redução proporcional de óbitos pós-neonatais e da manutenção do componente neonatal precoce. Diante dessa situação, faz-se o incentivo do aleitamento materno ao recém-nascido pré-termo na posição canguru, que consiste em manter o recém-nascido de baixo peso ligeiramente vestido, em decúbito prono, na posição vertical, contra o peito do adulto, sendo basicamente favorável ao aleitamento materno (OMS, 1992). Apesar dos significativos avanços 62 tecnológicos na assistência dos recém-nascidos prematuros nas últimas décadas, a prematuridade ainda é uma das principais causas de morte, neonatal e infantil, estando intimamente ligada ao baixo peso ao nascer e constituindo como o maior fator de risco para a mortalidade neonatal (MORAES; BARROS, 2000). A posição em que fica o bebê no método é ideal para o incentivo ao aleitamento materno, uma vez que o bebê pode demonstrar que está aprimorando a função de sucção, movendo a língua e a boca, parecendo interessado em sugar. A mãe o ajudará adotando uma postura de amamentação que garanta uma sucção firme, estimulando este ato (OMS, 1992). Frente aos fatos mostra-se a importância do aleitamento materno, pois é um dos fatores indispensáveis para a promoção da saúde neonatal e da criança, proporcionando adequado crescimento e desenvolvimento. Além disso, muitos problemas de saúde no período neonatal podem ser evitados ou reduzidos pela amamentação e, entre eles, estão a hipotermia, a hipoglicemia e as doenças infecciosas. O leite humano confere, assim, um efeito protetor significante contra a mortalidade infantil (MACEDO et al. 2007). Nesse contexto, Brasil (2002) diz que o Método Canguru (MC) se apresenta como uma abordagem de intervenção complementar à tecnologia neonatal para promover o contato direto do neonato com a mãe, desde o momento em que ambos apresentam condições clínicas para desenvolvê-lo. O Método foi criado na Colômbia, mais especificamente em Bogotá, no ano de 1979, pelo médico Edgar Rey Sanabria. O mesmo esteve no Brasil para implantação do método, a partir da Portaria de Nº 693, de 5 de julho de 2000, estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS), que aprovou a Norma de Atenção Humanização ao Recém-Nascido de Baixo Peso. A sua utilização, no Brasil, surgiu para remediar as deficiências de infraestrutura no sistema público de saúde, cujo impacto traria repercussões sobre a mortalidade extremamente alta entre os neonatos de baixo peso nas unidades neonatais durante os anos setenta (CHARPAK, 1999). A implantação desse serviço no Brasil ocorreu no Hospital Guilherme Álvaro em Santos (SP), em 1992 e logo após no Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP) em 1993 (BRASIL, 2005). O mesmo é realizado em três etapas e são garantidas todas as condições necessárias para que a mãe e a criança possam realizá-las. A primeira etapa preconiza-se acesso precoce e livre dos pais à UTIN, estímulo à amamentação e participação da mãe nos cuidados do bebê, bem como início do contato pele a pele logo que as condições clínicas do bebê permitam. A segunda etapa, mãe e bebê permanecem em enfermaria conjunta, e a posição canguru deve ser realizada pelo maior tempo possível. A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo peso, na posição vertical junto ao tórax dos pais ou de outros familiares, realizada de maneira que oriente quanto à segura e acompanhada de suporte assistencial realizado pela equipe de saúde adequadamente treinada. A terceira etapa inclui alguns critérios para alta hospitalar, como transferência, medidas de segurança materna e quanto aos cuidados com o bebê tendo como compromisso a motivação para a realização do método por 24 horas/dia; peso mínimo de 1.500 g será observado se a criança com sucção exclusiva ao seio; ganho de peso adequado nos três dias que antecedem a alta hospitalar e condição de recorrer à unidade hospitalar de origem enquanto estiver na terceira etapa, que se encerra, em geral, quando o peso do bebê atinge 2.500 g (BRASIL, 2005). A assistência de enfermagem à mulher, ao casal e a família no ciclo gravídico-puerperal visa a atender as necessidades da clientela e de sua Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.61-67, Jan-Fev-Mar. 2012. Produção de conhecimento sobre o método canguru família de maneira individualizada e humanizada, estabelecendo um relacionamento interpessoal de confiança e de respeito mútuos. (FREITAS et al. 2006). A necessidade de adaptar-se a mudanças tão intensas torna a mulher sensível, confusa e ansiosa, especialmente nos primeiros dias do puérperio. A assistência de enfermagem no puérperio visa, principalmente, facilitar a adaptação da mulher às alterações físicas e emocionais e possibilitar o desenvolvimento de habilidades que proporcionem segurança nos cuidados com seu filho. O desenvolvimento de atividades educativas ocupa lugar de destaque na assistência prestada (MALDONATO, 2000). Diante disso, humanizar a assistência implica em mudanças na atitude, na filosofia de vida e na percepção de si e do outro como ser humano. No processo de humanização, a sensibilidade, a informação, a comunicação, a decisão e a responsabilidade devem ser compartilhadas entre mãe-mulher, família e profissionais de saúde. Para humanizar a assistência ao recém-nascido é importante estar atento para que não ocorram traumas, nem sequelas físicas ou nem emocionais, para a mãe, filho e família. Os fatores ambientais, desde a concepção, partos e nascimento têm implicações importantes para o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido enquanto cidadão (SILVA; CHRISTOFFEL e SOUZA, 2005). Diante do que foi exposto, este estudo tem como objetivo levantar o conhecimento produzido sobre o Método Canguru (MC) no Brasil. 2 METODOLOGIA O estudo é uma revisão bibliográfica com base em publicações encontradas no banco de dados SCIELO, identificados pelos seguintes descritores: saúde da criança; recém-nascido; prematuro e método mãe canguru. Optou-se por utilizar os estudos divulgados no idioma português e inglês nas seguintes revistas: Revista Brasileira de Enfermagem, Jornal de Pediatria, Revista Latino – Americana de Enfermagem, Acta Paulista de Enfermagem, Texto & Contexto Enfermagem, Ciências & Saúde Coletiva, Revista Brasileira Saúde Materna Infantil e Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudióloga no período de 2002 a 2010. O levantamento bibliográfico possibilitou identificar inicialmente 96 artigos sob a forma de resumo, cujo conteúdo contemplava o objetivo deste estudo. No entanto, foram trabalhados 14 artigos, por estarem diretamente vinculados ao objetivo dessa investigação, que foram lidos na íntegra. As variáveis investigadas foram: local de realização, ano de publicação, metodologia utilizada, principais resultados e periódico divulgado. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.61-67, Jan-Fev-Mar. 2012. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Levantou-se os conhecimentos produzidos sobre o Método Canguru e analisou-se a seguir os dados produzidos, apresentados em Tabelas. Tabela 1: Distribuição da produção cientifica dos periódicos no Método Canguru publicados no SCIELO de 2002 a 2010. Periódico Revista Brasileira de Enfermagem Nº de Artigo com o tema MMC 1 Revista Brasileira de Saúde Materna Infantil 1 Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiólogia 1 Jornal de Pediatria 2 Texto & Contexto de Enfermagem 2 Acta Paulista de Enfermagem 2 Ciências & Saúde Coletiva 2 Revista Latino Americana de Enfermagem 3 Fonte: Base de Dados SCIELO Com base nos dados apresentados acima podemos observar que a Revista Latino Americana de Enfermagem apresentou maior números de artigos relacionados com a temática proposta, apresentando três artigos em seguida o Jornal de Pediatria, Texto & Contexto de Enfermagem, Acta Paulista de Enfermagem e Ciências & Saúde Coletiva com dois, logo após a Revista Brasileira de Enfermagem, Revista Brasileira de Saúde Materna Infantil e a Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudióloga, que publicaram apenas um artigo. Podemos atribuir essas poucas publicações ao longo desses dez anos pelo fato de que é que apenas no ano de 2000, o Ministério da Saúde do país ter aprovado a Norma de Atenção Humanizada ao Recém - Nascido de Baixo Peso (RNBP), apesar do mesmo já ter sido iniciado em 1992 em São Paulo no Hospital Guilherme Álvaro (BRASIL, 2002). No Brasil, atualmente, mesmo aqueles profissionais que não utilizam o método em seus serviços e até os que fazem restrições a ele tem buscado a proposta nacional de utilização, visando que pode haver a substituição de incubadoras em RNBP, com a utilização do Método Canguru como uma utilização do cuidado para o bebê internado em terapia intensiva neonatal. 63 Pontes, L. C.; et al. Tabela 2: Distribuição da produção cientifica dos periódicos no Método Canguru segundo periódico, titulo do artigo, autores, ano e tipo de estudo. Periódico Artigo Autores Ano Tipo de estudo Rev. Brasileira de Enfermagem 1. O método Mãe- Canguru sob o olhar problematizador de uma equipe neonatal Monticelli, M. et.al. 2006 Relato de experiência Revista Brasileira Materna Infantil 1. Conhecimentos e práticas dos profissionais de saúde sobre a “atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso método –canguru” Henning, et.al. 2006 Quantitativo descritivo transversal Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiólogia 1. Desmame precoce em prematuros participantes do método Mãe Canguru Oliveira, A. C et.al. 2007 Quantitativo descritivo Jornal de Pediatria 1. Avaliação da implementação do cuidado humanizado aos recém-nascidos com baixo-peso- método canguru. 2. Método Mãe Canguru: aplicação no Brasil, evidências científicas e impacto sobre o aleitamento materno Venâncio, S. I et.al. 2004 Revisão bibliográfica Texto & Contexto de Enfermagem 1. O método Mãe Canguru em uma maternidade do Rio de Janeiro 20002002: Necessidades da criança e demanda de educação em saúde para os pais 2. A formação do apego pais/ recémnascido pré- termo e/ ou de baixo peso no Método Mãe- Canguru: uma contribuição de enfermagem Monticelli, M. et.al. 2007 Qualitativo de tipo convergente assistencial 2005 Revisão bibliográfica 2010 Quantitativo 2005 Qualiativa Ciências & Saúde Coletiva Acta Paulista de Enfermagem 1. Atenção humanizada ao recém- nascido de baixo peso – Método Mãe Canguru: a proposta brasileira 2. Método Mãe Canguru: uma investigação da prática domiciliar 1. Método Canguru 2. Assistência humanizada ao neonato prematuro e /ou de baixo peso: implementação do Método Mãe Canguru em Hopital Universitário 1. As representações sociais sobre aleitamento materno para mães de prematuros em Unidade de Cuidado Canguru Rev. Latino Americana de Enfermagem 2.Vivendo no Método Canguru a tríade mãe-filho-família 3. Método mãe canguru: vivênvias Lamy, Z. C. et.al. Araújo C. l. et.al., Monticelli et.al. Neves FAM et.al. Jovorki, M et.al. Caetano L.C et.al. 2006 2004 2005 Arivabene et al. 2010 Relato de experiência Qualitativa Qualitativa Qualitativo Descritivo Fonte: Base de Dados SCIELO Pelo que constatamos nos dados apresentados na Tabela 2, observou-se que houve maior produção no ano de 2006, no entanto houve um decréscimo significativo em 2004 e 2007, logo em seguida no ano de 2005 e 2010 nos periódicos analisados. Em relação às metodologias utilizadas pelos autores, constatamos que as pesquisas quantitativas e qualitativas foram as mais abordadas com cinco publicações cada. Segundo Minayo (2008), o uso de métodos quantitativos tem o objetivo de trazer à luz dados, indicadores e tendências observáveis ou produzir modelos teóricos de alta abstração com aplicabilidade prática. No entanto a abordagem 64 qualitativa é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. Destacamos, no artigo de revisão, o resgate histórico que apresentam sobre a implantação do método canguru (MC), ressaltando o método como uma proposta de humanização da assistência ao RNBP. De fato, entendemos ser necessária essa compreensão por parte dos profissionais. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.61-67, Jan-Fev-Mar. 2012. Produção de conhecimento sobre o método canguru Tabela 3: Distribuição do conhecimento produzido sob o Método Canguru segundo o ano de 2002 – 2004 e os principais resultados. Artigo 1. Método Mãe Canguru: aplicação no Brasil, evidências científicas e impacto sobre o aleitamento materno O MMC no contexto brasileiro com algumas evidências científicas sobre o papel do mmc na redução da morbi mortalidade infantil, benefícios psíquico afetivo, neurosenssoriais e a prática do aleitamento materno. Artigo 2. As representações sociais do aleitamento materno para mães de prematuro em unidade de cuidado canguru. Representação da relação estabelecida entre o leite materno no crescimento e desenvolvimento saudável, amamentação como proteção da vida da criança prematura, a mãe que amamenta é negligente, representações sociais sobre o aleitamento materno não são a simples reprodução do discurso técnico científico e que a prática da amamentação não é representada e nem percebida por todas as mulheres Fonte: Base de Dados SCIELO No segundo artigo evidencia-se a importância de tratar-se da aliNo primeiro artigo acima apresentado, ressaltou-se como resultado mentação infantil, notadamente para os RNs de baixo peso. O aleitamento relevante a questão dos benefícios psíquicos afetivos para o recém-nasmaterno oferece várias vantagens que são indiscutíveis e, segundo a revicido. De fato, a separação do bebê de sua família, principalmente de sua são da Academia Americana de Pediatria – APP (2005) diminui a incidênmãe, imposta pelas condições clínicas do bebê doente e por normas das cia de infecções respiratórias, diarréia, enterocolite necrosante, otite méunidades de terapia intensiva neonatal-UTIN convencionais, podem levar dia, infecção do trato urinário, morte súbita, diabetes insulinodependente a uma interferência negativa na formação dos laços afetivos, o que pode e não insulinodependente, linfomas, leucemia, doenças de Hodgkin, exafetar o posterior desenvolvimento psicoemocional desse bebê. Esse concesso de peso, hipercolesterolêmica e asma. Foi demonstrado que bebês tato é um estimulador da liberação de ocitocina, que parece desempenhar que mamam no peito têm melhor desenvolvimento nos testes cognitivos um importante papel no comportamento da mãe e afetar positivamente (HORWOOD; DARLOW; MORGRIDE, 2001). seu humor, facilitando o contato com o bebê (MATTHIESEN et al. 2001). Tabela 4: Distribuição do conhecimento científico produzido sob o Método Canguru entre os anos de 2005 – 2007 e os principais resultados. Pesquisas desenvolvidas apresentam o mmc como Artigo 1. Método Mãe Canguru modelo de assistência que potencializa a qualidade de vida e sobrevida orgânica dos prematuros: investigação científica realizada ainda escassa; pesquisa aponta contato pele a pele como ajuda para cuidar do RN em UTI. Artigo 2. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso- Método Canguru: a proposta brasileira O mmc encontra-se em plena expansão no mundo: tempo de realização da posição canguru divergente nas diferentes experiências mundial: no Brasil há um incentivo do MMC para maior tempo possível, necessidade de educação permanente para os profissionais, dificuldades estruturais das maternidades do país. Artigo 3. Vivendo no Método Canguru a tríade –mãe –filho- família MMC proporciona proximidade e cuidado ao filho prematuro, a demanda familiar podem impossibilitar participação da mãe no MMC, MMC exige transformação na vida familiar ; necessidade de tomar a família do bebê como uma unidade de cuidado. Artigo 4. O método mãe Canguru em uma Maternidade do Rio de Janeiro 2000-2002: Necessidades da criança e demanda da educação em saúde para os pais Tempo de internação nas etapas intra hospitalar do mmc de até 2 meses; consumo de fórmula maior na etapa 1ª etapa e leite materno na 2ª ; alimentação mixta por SOG como conduta de transição para sucção ao seio; elevado índice de abandono da AMEX na 3ª etapa do mmc, necessidade de intervenção educativa junto a família para estímulo a adesão do aleitamento materno, necessidade de atenção especial ao estado psicológico dos pais durante o MMC. Artigo 5. Assistência humanizada ao neonato prematuroe/ ou de baixo peso: implantação do Método Mãe Canguru em Hospital Universitário Quebra de tabus da assistência médica e de enfermagem, necessidade de rever juntos aos profissionais a super valorização das tenologias como modelo assistencial, melhoria da assistência hospitalar pós implantação do mmc. Artigo 6. Conhecimento e práticas dos profissionais de saúde sobre a “atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso- método canguru”. Grande lacuna entre o conhecimento e a aplicação prática das mudanças ocorridas pela AHRNBP-MC: Necessidades de educação permanente em todos os profissionais de saúde que cuidam de RN, inadequação na estrutura das unidades neonatais no país; profissionais relacionam basicamente AHRNBP-MC na 2ª etapa do MMC. Artigo 7. O método Mãe – Canguru sob o olhar problematizador de uma equipe neonatal Artigo 8. Aformação do apego pais/recém-nascido prétermo e/ ou de baixo peso no Método Mãe –Canguru: uma contribuição da Enfermagem Artigo 9. Desmame precoce em prematuros participantes do Método Mãe- Canguru MMC eficiente na busca da qualidade a assistência ao RN; MMC proporciona cuidado individualizado aliado à tecnologia e a sensibilidade; MMC promove o acolhimento da família; necessidade de promoção da integralidade das ações dos profissionais; pouca credibilidade de alguns profissionais sobre o MMC. Aspectos complicados da formação do apego; aspectos promotores da formação do apego; MMC é uma proposta eficiente e aproximadora entre pais e filho. Baixo Nível de Desmame precoce no MMC; desmame precoce relacionado a fatores sócio culturais; eonômicos, anatomo- fisiológico e psíquico emocional. Fonte: Base de Dados SCIELO Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.61-67, Jan-Fev-Mar. 2012. 65 Pontes, L. C.; et al. o MC contradiz o modelo convencional de atendimento neonatal, porque O primeiro artigo o Método Canguru- MC tem um modelo de aspermite a permanência dos pais junto ao filho, seja na unidade de terapia sistência que potencializa a qualidade e sobre vida orgânica dos premaintensiva ou no alojamento conjunto, estimulando a sua participação no turos. Com isso, a Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso tratamento e nos cuidados com o bebê, o que oferece autonomia aos pais – Método Canguru é, portanto, uma estratégia de qualificação do cuidado para tomar decisões junto à equipe (COLAMEO, 2003). pautada na atitude dos profissionais de saúde diante do bebê e de sua A equipe multiprofissional foi subdividida para contemplar a sefamília a partir de um conceito de assistência que não se limita ao conhegunda e a terceira fases do método, que são: a enfermaria-canguru e o cimento técnico específico. Sob essa perspectiva, ao proporcionar mais acompanhamento dos bebês que realizaram o MC, mediante ambulatório contato entre o bebê e sua mãe, seu pai, irmãos e avós, busca construir de retorno e reuniões familiares, respectivamente. A participação familiar uma rede social de apoio para a mãe e contribuir para a diminuição dos nas atividades das unidades estimula uma aproximação maior da equipe, efeitos negativos da internação neonatal (LAMY, et al. 2005). oferecendo vantagens para o desenvolvimento do bebê. Em contrapartiNo segundo artigo observamos uma expansão do método no da, gera conflitos internos, devido a situações vivenciadas a partir de sua mundo pelas equipes de saúde de vários países, onde foi discutida a efipermanência, pois ao se familiarizarem com o ambiente, deixam de serem cácia, a segurança, a aplicabilidade e aceitabilidade do método em dife“visitas”; buscam mais informações, chegando a “exigir” uma adequação rentes unidades de terapia intensivas neonatal-UTIN dos países. Consideno ritmo de serviço da equipe. Além de exercer certa “vigilância” no trarando que o método não necessita de equipamentos caros o que pode balho da equipe. contribuir para o cuidado neonatal, contribuindo tanto para os países No sexto artigo observamos que a elaboração implementada pelo pobres como os ricos. Ministério da Saúde através de normas, protocolos e do processo de capaNo terceiro e quarto artigos foram apresentados uma compatibicitação em diversas regiões. De modo que a assistência é caractegorizada lidade na assistência ao método canguru-MC tanto na UTIN intra e extra pela mudança na forma que o cuidado neonatal está baseada nos quatros hospitalar, comprovado que o método traz benefícios institucional, materprincipais fundamentos. no e para a saúde do neonato, pois todo o processo implica humanização do atendimento, promoção de segurança física, biológica e emocional da No sétimo artigo ressalta-se a importância de refletir sobre a experifamília e do prematuro. ência vivida e sobre os significados desta para os profissionais que compõem O quinto artigo relata que alguns trabalhadores, entre médicos e a equipe, implicando em voltar a atenção para o modo como essas pessoas enfermeiros, têm mostrado resistência ao método, possivelmente porque “pensam” a sua prática, inseridas na humanização da assistência neonatal. Tabela 5. Distribuição do conhecimento cientifica produzida sob o Método Canguru segundo o ano de 2008-2010 e os principais resultados. Artigo 1. Método Mãe Canguru: vivências maternas e contribuições para enfermagem Artigo 2. Método Mãe Canguru: uma investigação da prática domiciliar Artigo 3. Avaliação da implantação do cuidado humanizado aos recém-nascidos com baixo pesométodo canguru Evidências de vivências relacionadas com o aumento de vínculo entre mãe e bebê; diminuição do tempo de separação entre o RN e família evitando longos períodos sem a vigilância dos cuidados pela mãe; melhora o relacionamento entre mãe e família e da equipe que cuida do bebê; participação familiar essencial para o sucesso do método. Participação efetiva dos pais favorece o cuidado no ambiente domiciliar, necessidade da família assumir e por em prática o papel de protagonista do cuidado no domicílio; mais da metade das mães não contaram com o envolvimento hospitalar após a alta hospitalar; necessidade de mediação de ações educativas da enfermagem dentro e fora do ambiente hospitalar; alta das mães/família segura e motivada tem garantido a realização da pratica domiciliar do MMC. Importância da capacitação do MMC para início do processo embora não garanta mudanças de prática nas 2ª e 3ª etapas do MMC; lenta implantação mmc no país; relativo suesso da implantação da 1ª etapa do mmc, mmc não encontra-se plenamente implantado na maioria das instituições implanto pelo MS, falta de estrutura nas unidades neonatais Fonte: Base de Dados SCIELO No primeiro artigo podemos destacar a importância da vivência materna para a contribuição da enfermagem, pois o cuidado começa dentro do ambiente hospitalar, com a supervisão da equipe multiprofissional através do suporte de atenção em que vai haver um melhor relacionamento entre a mãe – família – bebê. No segundo artigo é de fundamental importância a orientação dos profissionais de saúde à mãe e à família no método canguru, para que seja colocado em prática no ambiente domiciliar, pois a participação efetiva da família favorece positivamente o cuidado da criança no ambiente domiciliar. O terceiro artigo aponta dificuldades de implantação na primeira, segunda e terceira etapa devido à falta de estrutura nas unidades neonatais, sendo que a mesma é de fundamental importância tanto para a equipe como para aplicação do método. 66 4 CONCLUSÃO Através deste levantamento bibliográfico constatou-se que as pesquisas desenvolvidas nos últimos anos destacam a importância da assistência no método canguru-MC, potencializando a qualidade de vida do bebê. O MC no Brasil, ou Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso-RNBP, fundamenta-se no processo de desenvolvimento contínuo do bebê e introduz algumas possibilidades de entendimento da assistência neonatal em um contexto mais amplo de atenção equilibrada às necessidades do bebê e sua família. Para tanto, é necessário que a equipe multiprofissional conheça a necessidade de promover a efetividade, aplicabilidade e aceitação do método em nosso meio, prestando assistência na interação mãe, bebê e família. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.61-67, Jan-Fev-Mar. 2012. Produção de conhecimento sobre o método canguru Constatamos que a prática vivenciada por esse método, relacionada ao aumento do vínculo entre mãe e filho, uma das grandes responsáveis pela redução da mortalidade infantil e fortificadora da prática da amamentação com o contato pele-a-pele. Apesar do MC ter se tornado uma prática eficiente são encontradas grandes dificuldades em sua implantação devido à grande deficiência nas unidades de terapia intensiva neonatal-UTIN. Contudo, é preciso que sejam explorado a preparação da relação mãe, família e bebê para a alta hospitalar. A enfermagem tem nesse momento uma excelente oportunidade para o cuidado a esse ser, ao tempo em que também através do MC tem a possibilidade de humanizar seu cuidado e favorecer a sobrevida do recém-nascido e o fortalecimento das famílias. REFERÊNCIAS BRASIL. Mortalidade perinatal e neonatal no Brasil. Brasília, DF, 1999. _______. 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FREITAS, F et al. Rotinas em Obstetricia. – Porto Alegre: Artmed, 2006. ______. Guía práctica: Método madre canguru. Genebra: OMS 1992. HORWOOD, L.J.; DARLOW, B.A; MORGRIDE, N. Breast milk feeding an coginitive ability at 7- 8 years. Arch Dis Child Fetal Neonatal, v. 84, n.1, p. 23-27, jan. 2001. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.61-67, Jan-Fev-Mar. 2012. SILVA, L. R; CHRISTOFFEL, M. M; SOUZA, K. V. História, Conquistas e Perspectiva no Cuidado á Mulher e a Criança. Texto & Contexto de Enfermagem, Florianópolis, v.14, n.4, p. 585-593, out.-dez. 2005. 67 REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICAÇÃO CATEGORIAS DE ARTIGOS A Revista Interdisciplinar publica artigos originais, revisões, relatos de casos, resenhas e página do estudante, nas áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas. Artigos originais: são contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impressos em folhas de papel A4 (210 X 297 mm), com espaço duplo, margem superior e esquerda de 3,0 cm e inferior e direita de 2,0 cm, perfazendo um total de no mínimo 15 páginas e no máximo 20 páginas para os artigos originais (incluindo em preto e branco as ilustrações, gráficos, tabelas, fotografias etc). As tabelas e figuras devem ser limitadas a 5 no conjunto. Figuras serão aceitas, desde que não repitam dados contidos em tabelas. Recomenda-se que o número de referências bibliográficas seja de, no máximo 20. A estrutura é a convencional, contendo introdução, metodologia, resultados e discussão e conclusões ou considerações finais. Revisões: avaliação crítica sistematizada da literatura ou reflexão sobre determinado assunto, devendo conter conclusões. Os procedimentos adotados e a delimitação do tema devem estar incluídos. Sua extensão limita-se a 15 páginas. Relatos de casos: estudos avaliativos, originais ou notas prévias de pesquisa contendo dados inéditos e relevantes. A apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, limitando-se a 5 páginas. Resenhas: resenha crítica de obra, publicada nos últimos dois anos, limitando-se a 2 páginas. Página do Estudante: espaço destinado à divulgação de estudos desenvolvidos por alunos de graduação, com explicitação do orientador em nota de rodapé. Sua apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, com extensão limitada a 5 páginas. Todos os manuscritos deverão vir acompanhados de ofício identificando o nome dos autores, titulação, local de trabalho, cargo atual, endereço completo, incluindo o eletrônico e indicação de um dos autores como responsável pela correspondência. O aceite para publicação está condicionado à transferência dos direitos autorais e exclusividade de publicação (ver anexo). 68 Os trabalhos serão avaliados pelo Conselho Editorial e pela Comissão de Publicação. Os trabalhos recusados não serão devolvidos e os autores receberão parecer sobre os motivos da recusa. Todos os conceitos, idéias e pressupostos contidos nas matérias publicadas por este periódico são da inteira responsabilidade de seus autores. Nas pesquisas que envolvem seres humanos, os autores deverão deixar claro se o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), bem como o processo de obtenção do consentimento livre e esclarecido dos participantes de acordo com a Resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996. FORMA E PREPARO DO MANUSCRITO A Revista Interdisciplinar recomenda que os trabalhos sigam as orientações das Normas da ABNT para elaborar lista de referências e indicálas junto às citações. Os manuscritos deverão ser encaminhados em três cópias impressas e uma cópia em CD com arquivo elaborado no Editor de Textos MS Word. Página de identificação: título e subtítulo do artigo com máximo de 15 palavras (conciso, porém informativo) nos três idiomas (português, inglês e espanhol); nome do(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando em nota de rodapé o(s) título(s) universitário(s), cargo(s) ocupado(s), nome da Instituição aos quais o trabalho deve ser atribuído, Cidade, Estado e endereço completo incluindo o eletrônico do pesquisador proponente. Resumos e Descritores: o resumo em português, inglês e espanhol, deverá conter de 100 a 200 palavras em espaço simples, com objetivo da pesquisa, metodologia, principais resultados e as conclusões. Deverão ser destacados os novos e mais importantes aspectos do estudo. Abaixo do resumo, incluir 3 a 5 descritores alusivos à temática. Apresentar seqüencialmente os três resumos na primeira página incluindo títulos e descritores nos respectivos idiomas. Ilustrações: as tabelas devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Os quadros são identificados como tabelas, seguindo uma única numeração Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.68-70, Jan-Fev-Mar. 2012. em todo o texto. O mesmo deve ser seguido para as figuras (fotografias, desenhos, gráficos, etc). Devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Notas de Rodapé: deverão ser indicadas em ordem alfabética, iniciadas a cada página e restritas a no máximo 03 notas de rodapé por artigo. Depoimentos: seguir as mesmas regras das citações, porém em itálico. O código que representa cada depoente deve ser apresentado entre parênteses e sem grifo. Citações no texto: Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem ser em caixa-alta baixa, e quando estiverem entre parênteses caixa-alta. Ex.: Exemplos: Conforme Frazer (2006), a música sempre foi o ponto central na vida de Madame Antoine tica: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34. b. Único autor para o livro todo – Substitui-se o nome do autor por um travessão de seis toques após o “In.”: PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93. Congressos, simpósios, jornadas, etc. CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999. Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, jornadas, etc. SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55. Dissertações, Teses e Trabalhos acadêmicos “No caso de Madame Antoine, o gosto pela música foi, desde a infância, central em sua vida.” (FRASER, 2006, p.37) BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação. Ex: Publicações periódicas consideradas no todo (relativo à coleção) “Ele se conservava a estibordo do passadismo, tão longe quanto possível” (CONRAD, 1988, p.77) CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral Artigo de publicações periódicas As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, espaço simples, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas. No caso de documentos datilografados, deve-se observar apenas o recuo. Ex: LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Partes de revista, boletim, etc. A sete pessoas, Daniel Seleagio e sua mulher Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel e Paulo Reynaud, encheram a boca de cada um com pólvora, a qual, inflamada, fez com que suas cabeças voassem em pedaços (FOX, 2002, p.125) LISTAGEM DAS REFERÊNCIAS - EXEMPLOS Livros como um todo SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p. Capítulo de livro a. Autor do capítulo diferente do responsável pelo livro no todo. ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé- Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.68-70, Jan-Fev-Mar. 2012. Inclui volume, fascículo, números especiais e suplementos, entre outros, sem título próprio. Ex: VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Artigo de Jornal ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16. Legislações - Constituição BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 Leis e decretos BRASIL., Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de 69 aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, jan./mar. 1984. Documentos em Meio Eletrônico Artigos de periódicos (revistas, jornais, boletim) SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: www.sus.inf.br/ frame-artig.html. Acesso em: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponível em: http:// www.biblioteca.htm. Acesso em: 19 mar. 2008. TERMO DE RESPONSABILIDADE Cada autor deve ler e assinar os documentos (1) Declaração de Responsabilidade e (2) Transferência de Direitos Autorais. Primeiro autor: _______________________________________________________________________________________ Título do manuscrito: __________________________________________________________________________________ Todas as pessoas relacionadas como autores devem assinar declaração de responsabilidade nos termos abaixo: • Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade pelo conteúdo; • Certifico que o artigo representa um trabalho original e que não foi publicado ou está sendo considerado para publicação em outra revista, que seja no formato impresso ou no eletrônico; Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________ TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS Declaro que em caso de aceitação do artigo, concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da Revista Interdisciplinar. Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________ ENVIO DE MANUSCRITOS Os manuscritos devem ser endereçados para a Revista Interdisciplinar, em 3 vias impressas, juntamente com o CD ROM gravado para o seguinte endereço: Revista Interdisciplinar Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] 70 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.68-70, Jan-Fev-Mar. 2012. INTERDISCIPLINARY MAGAZINE - NORMS FOR PUBLICATION ARTICLE CATEGORIES The Interdisciplinary Magazine publishes original articles, reviews, case studies, and also a student’s page, all this in the areas of health, human sciences and technology. Original articles: contributions destined to reveal results of new research. They are typewritten (using New Roman Times, #12) and printed on sheets of A4 sized (210 X 297 mm) paper, double spaced, with an upper left margin of 3.0 cm., and a lower right one of 2.0 cm. The original articles are at least 15 pages long, and at most 20 pages (including black and white illustrations, graphics, charts, photographs etc.) The charts and figures should be limited to five per group. Figures will be accepted, as long as they do not repeat data contained in the tables. It is recommended that the number of bibliographic references be twenty at most. The structure is conventional and is made up of an introduction, methodology, results, discussion and final conclusions. Reviews: systemized critical evaluations of scientific literature or opinions about certain subjects, with conclusions. The procedures adopted and the delimitation of the theme should be included. Its length is limited to fifteen pages. Original case studies: evaluated studies, or brief notes on research containing new and relevant subjects, they should follow the same norms as the original articles and are limited to five pages. The Student Page: dedicated to publishing articles developed by undergraduate students. These articles will have footnotes written by supervising professors. Their presentations follow the same norms as those demanded by the original articles, limited to five pages. All manuscripts will be turned in with an information sheet which will have the names of the authors, their academic backgrounds, employers, current positions, complete addresses and e-mails. One of the authors will take responsibility for any needed correspondence. Once the article is accepted for publication, it is with the condition that the copyright belongs exclusively to the magazine, (see attachment). The papers will be evaluated by the Editorial Council, and the Publishing Commission. The articles that are rejected will not be returned. The authors will receive a written explanation for the refusal. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.71-73, Jan-Fev-Mar. 2012. All concepts, ideas, and prejudices contained in the publications are the sole responsibility of its authors. In research involving persons, the authors should clearly state whether or not their project was approved by the Research Ethics Committee (CEP) It is also necessary to show clearly that the participants involved give their total consent, in accordance with resolution number 196 of the National Health Council of October 10, 1996. THE FORM AND PREPARATION OF THE MANUSCRIPT The Interdisciplinary Magazine recommends that the papers follow the orientations of the norms of the ABNT to make a list of references and indicate them together with the quotes. THE MANUSCRIPTS Three copies of the manuscript should be printed, and one put on CD with an archive developed on the MS WORD TEXT EDITOR. The Identification Page: title and subtitle of the article with a maximum of fifteen words, concise, though informative, in three languages (Portuguese, English and Spanish);with the name(s) of the author(s), six maximum, their university status, position(s), the name of the institution the work should be attributed to, city, state, complete address, including the e-mail of the researcher responsible for the group. The Abstracts and Key words: the abstract, written in the three languages mentioned above, should contain one hundred to two hundred words, be single spaced, stating the objective of the research, methodology, along with the main results and conclusions. The newest and most important aspects of the study should be emphasized. Underneath the abstract should be three to five keywords related to the theme. The three abstracts will be presented in sequence on the first page, including titles and keywords in their respective languages. The Illustrations: Charts should be consecutively numbered using algorisms, in the order which they are mentioned in the text, charts use only one set of numerations for the whole text. The same should be done for any images (Photographs, designs, graphics, etc) they are to follow the same rules as mentioned for charts. The Footnotes: should be mentioned in alphabetical order, appe 71 aring at the beginning of the page, and be restricted to three footnotes per article. São Paulo: Loyola, 2001.p.67-93. Congresses, symposiums, etc. Testimonies: follow the same rules as quotes, but are in italics. The code which each testimony represents should be in parenthesis, and unmarked. Quotes in the text: Examples In the quotes where the last name of the author, or the responsible institution is mentioned, the name should begin with a capital letter, the rest small., but when in parenthesis should be completely in Capital letters.. According to Frazer (2006), music was always a main part of Madame Antoine’s life. “In the case of Madame Antoine, her love of music was, since childhood, a main part of her life” (FRASER, 2006, p.37) CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5, 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999. Work presented in congresses, symposiums, etc SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55. Dissertations, Theses and Academic papers. BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. 5 Periodical Publications considered as one. Direct quotes of up to three lines in the text, should be between double quotation marks. Singular quotation marks are to be used for quotes within quotes. Ex: “He maintained himself to the starboard of living in the past, as far away as possible.” (CONRAD, 1988, p.77) Direct quotes from the text with more than three lines, should have a left margin of 4 cm, be single spaced, with a smaller sized letter than the text, and without quotation marks, in the case of typed documents, the margin is all that must be done. Ex: CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral Publication of a periodical article LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Parts of a magazine, bulletin, etc. Include volume, number, and special editions, without a specific title,.: The seven people, Daniel Seleagio and his woman Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel and Paulo Reynaud, filled their mouths with gunpowder, which when lit, blew their heads apart. (FOX, 2002, p.125) REFERENCE LISTS - EXAMPLES VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Articles from Journals ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16. Entire Books Legislations – Constitution SILVA, A. F. M. Genética humana. 7. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p. The Chapter of a Book 72 a. The author of the chapter not being the author of the book ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioética: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. P.17-34. b. The book having only one author – substitute the name of the author with an underline of six spaces after the word IN: PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida? BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 Laws and Decrees BRASIL, Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, Jan./mar. 1984. Documents in the Electronic Medium. Articles in periodicals (magazines, journals) Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.71-73, Jan-Fev-Mar. 2012. SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: HYPERLINK “http:// www.sus.inf.br/frame-artig.html” www.sus.inf.br/frameartig.html. Acesso em: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponivel em http www.biblioteca.htm. Accesso em 19. mar. 2008. TERMS OF RELEASE Each author should read and sign the documents (1) Declaration of Responsibility and) Transference of Copyright First author: _________________________________________________________________________________________ Title of the manuscript: _________________________________________________________________________________ All the people involved in the project with the authors should sign and swear to the release form below. • I certify that I participated sufficiently enough in this research to sign a term of release making the content of my work public. • I certify that the article is an original paper and was not, nor is being considered to be published in any form, printed or electronic Signature of the author(s) Date: ___________________________________________________________________________ TRANSFER OF COPYRIGHT: I declare, in the case of my article being accepted, to agree to the copyright being signed over exclusively to the magazine, Revista Interdisciplinary. Signature of the author (s) Date: SHIPPING OF MANUSCRIPTS Three printed copies of the manuscripts should be sent to Revista Interdisciplinary, together with a copy on CD to the following address: Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.71-73, Jan-Fev-Mar. 2012. 73 REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICACIÓN CATEGORIAS DE ARTICULOS La Revista Interdisciplinar publica articulos originales, revisiones, relatos de casos, reseñas y página del estudiante, en las áreas de la salud, ciencias humanas y tecnológicas. Articulos originales: son contribuciones destinadas a divulgar resultados de investigación original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impresos en hojas de papel A4 (210 X 297 mm), con espacio duplo, margen superior y izquierda de 3,0cm e inferior y derecha de 2,0 cm, haciendo un total mínimo de 15 páginas y máximo de 20 páginas para los articulos originales (incluyendo en negro y blanco las ilustraciones, gráficos, tablas, fotografias etc). Las tablas y figuras deben ser limitadas a 5 en el conjunto. Figuras serán aceptas, desde que no repitan datos contidos en tablas. Se recomenda que el número de referencias bibliográficas sea el máximo 20. La estructura es la convencional, conteniedo introdución, metodología, resultados y discusión y conclusiones o consideraciones finales. Revisiones: evaluación crítica sistematizada de la literatura o reflexión sobre determinado asunto, debendo contener conclusiones. Los procedimientos adoptados y la delimitación del tema deben estar inclusos. Su extensión se limita a 15 páginas. Relatos de casos: estudios evaluativos, originales o notas prévias de pesquisa conteniedo datos inéditos y relevantes. La presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, limitandose a 5 páginas. Reseñas: reseña crítica de la obra, publicada en los últimos dos años, limitandose a 2 páginas. Página del Estudiante: espacio destinado a la divulgación de estudios desarrollados por alumnos de la graduación, con explicitación del orientador en nota de rodapie. Su presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, con extensión limitada a 5 páginas. Todos los manuscritos deverán venir acompañados de ofício identificando el nombre de los autores, titulación, lugar de trabajo, cargo atual, dirección completa, incluyendo el eletrónico e indicación de uno de los autores como responsable por la correspondencia. 74 La aceptación para publicación está condicionado a la transferencia de los derechos autorales y exclusividad de la publicación (ver anexo). Los trabajos serán evaluados por el Consejo Editorial y por la Comisión de Publicación. Los trabajos recusados no serán devueltos y los autores receberán parecer sobre los motivos de la recusa. Todos los conceptos, ideas y presupuestos contidos en las materias publicadas por este periódico son de intera responsabilidad de sus autores. En las pesquisas que envolucran seres humanos, los autores deberán dejar claro se el proyecto fue aprovado por el Comité de Ética en Pesquisa (CEP), así como el proceso de obtención del consentimiento libre y aclarado de los participantes de acuerdo con la Resolución nº 196 del Consejo Nacional de Salud de 10 de octubre de 1996. FORMA Y PREPARO DEL MANUSCRITO La Revista Interdisciplinar recomenda que los trabajos sigan las orientaciones de las Normas de la ABNT para elaborar lista de referencias e indicarlas junto a las citaciones. Los manuscritos deverán ser encamiñados en tres copias impresas y una copia en CD con arquivo elaborado en el Editor de Textos MS Word. Página de identificación: título y subtítulo del articulo con máximo de 15 palabras (conciso, pero informativo) en tres idiomas (portugués, inglés y español); nombre de lo(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando en nota de rodapié lo(s) título(s) universitario(s), cargo(s) ocupado(s), nombre de la Institución a los cuales el trabajo debe ser atribuído, Ciudad, Estado y dirección completos incluyendo el eletrónico del pesquisador proponiente. Resumenes y Descriptores: el resumen en portugués, inglés y español, deberá contener de 100 a 200 palabras en espacio simples, con objetivo de la pesquisa, metodología, principales resultados y las conclusiones. Deverán ser destacados los nuevos y más importantes aspectos del estudio. Abajo del resumen, incluir 3 a 5 descriptores alusivos a la temática. Presentar secuencialmente los tres resumenes en la primera página incluyendo títulos y descriptores en los respectivos idiomas. Ilustraciones: las tablas deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Los cuadros son identificados como tablas, siguiendo una única numeración Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.74-76, Jan-Fev-Mar. 2012. en todo el texto. El mismo debe ser seguido para las figuras (fotografias, dibujos, gráficos, etc). Deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Notas de Rodapie: deverán ser indicadas en ordem alfabética, iniciadas a cada página y restrictas al máximo de 03 notas de rodapie por artículo. Testimonios: seguir las mismas reglas de las citaciones, pero en itálico. El código que representa cada depoente debe ser presentado entre parentesis y sin grifo. Citaciones en el texto: En las citaciones, las llamadas por el sobrenombre del autor, por la institución responsable o título incluso en la sentencia deven ser en caja-alta baja, y cuando estea entre parentesis cajaalta. Ex.: Ejemplos: Conforme Frazer (2006), la música siempre fue el punto central en la vida de Madame Antoine “En el caso de Madame Antoine, el gusto por la música fue, desde la infancia, central en su vida.” (FRASER, 2006, p.37) tica: algunos desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34. b. Único autor para todo el libro – Se sustituye el nombre del autor por una raya de seis toques después del “In.”: PESSINI, L. Fatores que impulsionan el debate sobre la distanásia In: _____.Distanásia: ¿hasta cuando prolongar la vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93. Congresos, simposios, jornadas, etc. CONGRESO BRASILIERO DE EPIDEMIOLOGÍA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999. Trabajos presentados en congresos, simposios, jornadas, etc. SOUZA, G. T. Valor proteíco de la naranja. In: CONGRESSO BRASILIERO DE NUTRICIÓN. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Asociación Brasiliera de Nutrición. 2000. p.237-55. Disertaciones, Tesis y Trabajos académicos BUENO, M.S.S. El salto en la oscuridad: presupuestos y desdobramientos de las políticas atuales para la enseñanza media. 1998 f. Tesis (Doctorado en Educación) – Facultad de Filosofia y Ciencias, Universidad Estatal Paulista, Marília. Las citaciones directas, en el texto, de hasta tres líneas, deben estar contenidas entre aspas duplas. Las aspas simples son utilizadas para indicar citación en el interior de la citación. Ex: Publicaciones periódicas consideradas en el todo (relativo a la colección) “Él se conserbaba a estibordo del pasadismo, tan lejos cuanto posíble” (CONRAD, 1988, p.77) CUADERNOS DE SALUD PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965-. Semestral Las citaciones directas, en el texto, con más de tres línas, deben ser destacadas con recuo de 4 cm de la margen izquierda, espacio simples, con letra menor que la del texto utilizado y sin las aspas. En el caso de documentos datilografados, se debe observar sólo el recuo. Ex: Las siete personas, Daniel Seleagio y su mujer Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel y Paulo Reynaud, rellenaron la boca de cada un con pólvora, la cual, inflamada, hizo con que sus cabezas volasen en pedazos (FOX, 2002, p.125). Listagen de las Referências - Ejemplos Articulos de publicaciones periódicas LIMA, J. Salud pública: debates. Revista Salud. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Partes de la revista, boletín, etc. Incluye volumen, fascículo, números especiales y suplementos, entre otros, sin título próprio. Ex: VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Artículo de Periodico Libros como todo SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Libros Técnicos y Científicos, 2005. 384p. ALVES, Armando. Mi Teresina no cambio jamás. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Cuaderno 10, p. 16. Legislaciones - Constitución Capítulo de libro BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 a. Autor del capítulo diferente del responsable por todo el libro. ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangencia y dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé- Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.74-76, Jan-Fev-Mar. 2012. Leyes y decretos BRASIL. Decreto n.89.271, de 4 de enero de 1984. Dispõe so75 bre documentos y procedimientos para despacho de aeronave en servicio internacional. Lex: Coletanea de Legislación y Jurisprudencia. São Paulo, v.48,p.3-4, ener./mar. 1984. Documentos en Meio Eletrónico Artículos de periódicos (revistas, periodicos, boletín) SOUZA. A. F. Salud en primero lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. Jun.2000. Disponible en: www.sus.inf.br/frameartig.html. Aceso en: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. Qué es una biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponible en: http://www.biblioteca.htm. Aceso en: 19 mar. 2008. Termo de Responsabilidad Cada autor debe leer y asinar los documentos (1) Declaración de Responsabilidad y (2) Transferencia de Derechos Autorales. Primer autor: ________________________________________________________________________________________ Título del manuscrito: __________________________________________________________________________________ Todas las personas relacionadas como autores deben asinar declaración de responsabilidad en los termos abajo: • Certifico que participé suficientemente del trabajo para tornar pública mi responsabilidad por el contenido; • Certifico que el artículo representa un trabajo original y que no fue publicado o está siendo considerado para publicación en otra revista, que sea en el formato impreso o en el eletrónico; Asinatura de lo(s) autor(es) Fecha: _________________________________________________________________________ Transferencia de Derechos Autorales Declaro que en caso de aceptación del artículo, concordo que los derechos autorales a él referentes se tornaron propiedad exclusiva de la Revista Interdisciplinar. Asinatura do(s) autor(es) Fecha: __________________________________________________________________________ Envio de manuscritos Los manuscritos deben ser direccionados para la Revista Interdisciplinar, en 3 vias impresas, juntamente con el CD ROM gravado para la siguiente dirección: Revista Interdisciplinar Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] 76 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.74-76, Jan-Fev-Mar. 2012. REVISTA INTERDISCIPLINAR FORMULÁRIO DE ASSINATURA Caro leitor: Para ser assinante da Revista Interdisciplinar, destaque esta folha, preencha-a e envie por correio ou fax, anexando cópia do depósito bancário. NOME: _____________________________________________________________________________________________ ENDEREÇO: _________________________________________________________________________________________ BAIRRO: ____________________________________________________________________________________________ CEP: _______________ CIDADE: ____________________________________________________________ UF:__________ PROFISSÃO: _________________________________________________________________________________________ FONE: ______________________________________________FAX:____________________________________________ E-MAIL: ____________________________________________________________________________________________ TIPO DE ASSINATURA DESEJADA Tipo de Assinatura (anual) Valor Profissional R$ 100,00 Estudante R$ 50,00 Institucional R$ 200,00 NÚMERO AVULSO ________________________________________________________________R$ 35,00 Número avulso desejado – Volume ____________________________________ Número _____________________________ INSTRUÇÕES DE PAGAMENTO O valor referente à assinatura ou número avulso deverá ser depositado em favor de: Faculdade NOVAFAPI Banco do Brasil S/A Conta Corrente: 8000-4 Agência: 3178-X Teresina – Piauí ENDEREÇO PARA ENVIO DO COMPROVANTE Endereço/Mail adress//Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina - Piauí - Brasil Web site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected] FONE: 86 2106.0726 • FAX: 86 2106.0740 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.77, Jan-Fev-Mar. 2012. 77 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.1, p.X-Y, Jan-Fev-Mar. 2012. 79