Artigo de revisão - Associação Brasileira de Medicina Antroposófica
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Artigo de revisão - Associação Brasileira de Medicina Antroposófica
Arte Médica Ampliada Arte Médica Ampliada Vol. 35 | N. 2 | Abril / Maio/ Junho de 2015 Artigo de revisão | Review Compostas – uma abordagem antroposófica Composite family – an anthroposophic approach Rodolfo Schleier,I Cristiane Sacuragui QuirinoII I Farmacêutico, especialista em fitoterapia II Farmacêutica, especialista em homeopatia Endereço para correspondência: [email protected] Palavras-chave: Compostas; Compositae; Asteraceae; medicamento antroposófico; farmácia antroposófica; saúde integral. RESUMO As plantas da família Compositae (Asteraceae) estão distribuídas por todo o globo terrestre e são largamente utilizadas para fins medicinais, entre outras aplicações. Uma abordagem botânica ampliada pela antroposofia permite classificar as compostas em grupos de acordo com a dinâmica das forças vitais na planta, a qual se reflete nas suas indicações terapêuticas. Distinguem-se claramente três grupos de compostas, atuantes respectivamente sobre cada sistema orgânico do ser humano: neurossensorial, rítmico e metabólico. A seguir é apresentada uma lista das indicações terapêuticas das compostas mais importantes, com base nos compêndios antroposóficos oficialmente reconhecidos para fins de registro de medicamentos. Key words: Composite; Compositae; Asteraceae; anthroposophic medicinal ABSTRACT product; anthroposophic pharmacy; The plants of the Compositae (Asteraceae) family are spread all over the globe and they are widely used for medicinal purposes, among other applications. An anthroposophic extended botanic approach allows classifying Compositae in groups according to the vital forces dynamics in the plant, which is reflected in its therapeutic indications. Three groups of Compositae are clearly recognizable, with effects respectively on each organic system of the human being: neurosensory, rhythmic and metabolic systems. A list of the therapeutic indications of the most important Compositae is presented, based on the officially recognized compendia for medicines registration. integral health. 56 Arte Méd Ampl. 2015; 35(2): 56-63. A escolha das matérias primas para compor uma formulação farmacêutica é baseada na relação arquetípica entre estas e o ser humano. As forças vitais, manifestas de maneira diferente em cada planta, são conduzidas para o medicamento por meio de processos farmacêuticos específicos.1-4 Os conceitos de metamorfose e polaridade, fundamentais na abordagem goethiana da natureza, podem ser aplicados ao estudo dos quatro reinos da natureza.5 Toda forma de vida manifesta-se em polaridades e na contínua busca pelo equilíbrio.6 O medicamento é o portador das forças vitais capazes de restaurar o equilíbrio no ser humano doente.4 Os autores pretendem demonstrar como as forças vitais se manifestam nas plantas da família das compostas (Compositae ou Asteraceae) e a partir daí apresentar alguns exemplos e suas indicações terapêuticas, tomando como base os principais compêndios antroposóficos reconhecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para registro de medicamentos no Brasil.7,8 ASPECTOS BOTÂNICOS As compostas são plantas muito fáceis de reconhecer pela sua inflorescência na forma de capítulo. O nome Compositae foi dado por Lineu, botânico sueco (1707 – 1778), que instituiu a classificação botânica por família pelo formato da flor. Mais recentemente, a família foi denominada Asteraceae, em homenagem ao gênero Aster, considerado o mais representativo dessa família.9,10 O nome Aster (do latim: astro, estrela) possui a mesma origem da palavra asterisco, que também designa um gênero de compostas, Asteriscus.11 As compostas dividem-se em mais de dez tribos.12 As mais numerosas estão contidas na Tabela 1. Tabela 1. Principais tribos de compostas.12 Tribo Principais gêneros Anthemideae Achillea, Anthemis, Artemisia, Chamaemelum, Chrysanthemum, Matricaria, Tanacetum Astereae Aster, Baccharis, Bellis, Grindelia, Solidago Calenduleae Calendula Cardueae (Cynareae) Arctium, Carduus, Centaurea, Cnicus, Cynara, Onopordum, Saussurea Cichorieae Cichorium, Lactuca, Sonchus, Taraxacum Eupatorieae Eupatorium, Mikania, Stevia Gnaphalieae Achyrocline, Gnaphalium, Leontopodium Heliantheae Acanthospermum, Arnica, Bidens, Helianthus, Tagetes Inuleae Inula Mutisiae Gerbera Senecioneae Petasites, Senecio, Tussilago Vernonieae Vernonieae Arte Méd Ampl. 2015; 35(2): 56-63. Devido à distribuição geográfica global dessa família, e à sua importância, a classificação das compostas dá margem a várias e calorosas polêmicas, as quais fogem ao escopo deste artigo.13 No meio farmacêutico homeopático e antroposófico, ainda são bastante usuais os nomes definidos por Lineu. Segundo Pelikan, as compostas representam o ápice da evolução vegetal no polo floral. O estudo desta família recapitula todo o universo das plantas com flores. Assim como uma árvore é uma multidão de pequenas plantas em uma só, o capítulo floral é uma junção de várias flores em uma unidade perfeita. A composta é de algum modo, uma flor elevada à segunda potência (ao quadrado).14 O habitat preferido das compostas são os campos descobertos, expostos à luz, as altas montanhas, desertos, cerrados. Nas regiões frias e montanhosas, elas brotam na primavera após o derretimento da neve. Em regiões tropicais, ocorrem geralmente em grandes altitudes onde a temperatura é mais amena, ou em clareiras no meio das florestas. São geralmente plantas herbáceas ou subarbustivas. Raras compostas são arbustos ou trepadeiras (por exemplo, Mikania, guaco). Igualmente raras são as compostas tóxicas (por exemplo, Lactuca virosa, alface brava).14 A inflorescência em capítulo, composta de várias flores, se assemelha a uma só flor. As folhas terminais dos ramos formam um cálice (invólucro). Os brotos terminais formam um receptáculo. As brácteas (folhas metamorfoseadas) das pequenas flores têm forma de escamas. As sépalas formam uma mecha plumosa, que confere leveza aos pequenos frutos – alguns inclusive têm a capacidade de voar, levados pelo vento (Fig. 1). As flores do centro exercem o papel de órgãos reprodutores, as flores ao redor desempenham o papel de pétalas. Ou seja, as estruturas individuais das flores formam uma grande estrutura coletiva. São plantas que têm pressa em formar o capítulo floral, não “perdem tempo” formando tronco lenhoso ou se enlaçando a plantas estranhas. Vivem na esfera floral e apresentam intensa metamorfose foliar ao longo de seu ciclo (Fig. 2).14 Figura 1. Sementes de Arnica montana L. Imagem em domínio público disponível em <www.wikimedia.org>. 57 Compostas – uma abordagem antroposófica Tabela 2. Principais compostas utilizadas pelo ser humano. Figura 2. Achillea millefolium L. Ilustração de 1885. Imagem em domínio público disponível em <www.wikimedia.org>. Nome popular Nome científico Alcachofra Cynara scolymus L. Alface Lactuca sativa L. Almeirão (chicória) Cichorium intybus L. Arnica Arnica montana L. Calêndula Calendula officinalis L. Camomila Matricaria chamomilla L. Cravo-de-defunto Tagetes spp. Crisântemo Chrysanthemum spp. Dália Dahlia spp. Dente-de-leão Taraxacum officinale L. Equinácea Echinacea angustifolia DC. Echinacea purpurea (L.) Moench Escarola (endívia) Cichorium endivia L. Estévia Stevia rebaudiana Bertoni Gérbera Gerbera spp. Girassol Helianthus annuus L. Losna (absinto) Artemisia absinthium L. Margarida Bellis perennis L. Mil-folhas Achillea millefolium L. Tabela 3. Compostas brasileiras de interesse medicinal. As compostas distribuem-se em mais de mil gêneros e cinquenta mil espécies, espalhados por toda a superfície terrestre (exceto regiões polares).15 Pode-se dizer em sentido figurado, que a flor expressa a individualidade da espécie vegetal.6 O agrupamento de flores em forma de capítulos altamente estruturados é uma clara expressão dos processos de silício, que por sua vez possuem relação analógica com a organização do eu no ser humano.16,17 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E CULTURAL Algumas compostas têm uma enorme importância para o ser humano. Várias espécies têm múltipla utilidade, de modo que podem ser consideradas ao mesmo tempo como planta alimentícia, medicinal e ornamental (Tabela 2). A flora brasileira também possui várias espécies compostas medicinais, algumas já consagradas pela medicina popular, outras em estudo (Tabela 3). COMPOSIÇÃO QUÍMICA E USO NA MEDICINA ANTROPOSÓFICA Pelikan (1893 -1981) propôs a divisão das compostas em três grandes grupos de acordo com o formato da flor: tubulifloras (flores em forma de tubo, que desabrocham na vertical), ligulifloras (flores em forma de lingueta, que desabrocham na horizontal) e radiadas (flores mistas – tubulares no centro e ligulifloras na periferia).14 58 Nome popular Nome científico Alecrim-do-campo Baccharis dracunculifolia DC. Arnica brasileira Solidago microglossa DC., Lychnophora ericoides Mart., Lychnophora pinnaster Mart. Assapeixe Eupatorium polyanthes Spreng. Carqueja Baccharis genistelloides (Lam.) Pers., Baccharis trimera (Less.) DC. Guaco Mikania glomerata Spreng., Mikania laevigata Sch.Bip. ex Baker Jambu (agrião-do-Pará) Spilanthes oleracea L. Macela Achyrocline satureioides DC. Picão Bidens pilosa L. Os termos “tubuliflora” e “liguliflora” foram criados por Karl August Otto Hoffmann, botânico alemão (1853 – 1909) que influenciou grandemente a botânica do século XX. Hoffmann foi um dos maiores estudiosos das compostas, tendo ele mesmo nomeado um grande número de espécies. Ele constituiu um extenso herbário a partir de amostras do mundo todo, o qual foi mais tarde incorporado ao Jardim Botânico de Berlim.15 A formação de substância na planta é resultado da expressão das forças vitais predominantes. Compostas formadas apenas por flores ligulares caracterizam-se por formar látex. Estas são predominantemente alimentícias: alface, escarola (endívia), chicória (almeirão). Algumas são tóxicas Arte Méd Ampl. 2015; 35(2): 56-63. Schleier R, Quirino CS (por exemplo, Lactuca virosa L., a alface brava). O látex é resultado da ação dos processos aquosos, influenciados pela Lua. A formação de látex é uma característica lunar.3,14 Compostas formadas apenas por flores tubulares não produzem látex e sim óleos fixos, como o girassol. Óleos fixos em plantas resultam da ação do calor solar.3,14 Compostas mistas (radiadas) produzem principalmente óleos essenciais. São plantas predominantemente aromáticas e medicinais, por exemplo, camomila, mil-folhas, arnica; ou condimentares, tais como o estragão.14 Outra abordagem antroposófica mais recente distingue cinco tipos básicos de compostas, com base na dinâmica das forças vegetativas e sua relação com o ser humano.18 De um lado, encontra-se o tipo Arnica (Fig. 3), que inclui a calêndula (Fig. 4) e a camomila. Este grupo caracteriza-se por grande contenção das forças vegetativas, folhas resinosas, rápida formação de flores e ação predominante sobre o sistema neurossensorial. Do lado oposto, o tipo Artemisia (Fig. 5) caracterizado por pequena contenção das forças vegetativas, desenvolvimento mais exuberante, folhas mais aromáticas, princípios amargos, flores de tamanho insignificante e ação predominante no sistema metabólico, especialmente na digestão. E em situação intermediária, as compostas que atuam mais sobre o sistema rítmico e sua interface com os outros dois sistemas. Este grupo inclui o Cichorium (Fig. 6) e o Onopordum (ou Onopordon) (Fig. 7).18 Figura 5. Artemisia absinthium L. Imagem com licença Creative Commons, disponível em <www.wikimedia.org>. Autor: Danny Steven S. Figura 6. Cichorium intybus L. Imagem com licença Creative Commons, disponível em <www.wikimedia.org>. Autor: Joaquim Alves Gaspar. Figura 3. Arnica montana L. Imagem com licença Creative Commons, disponível em <www.wikimedia.org>. Autor: Hans Hillewaert. Figura 7. Onopordum acanthium L. Imagem em domínio público disponível em <www.wikimedia.org>. Figura 4. Calendula officinalis L. Imagem em domínio público disponível em <www.wikimedia.org>. Figura 8. Baccharis trimera (Less) DC. Imagem com licença Creative Commons, disponível em <www.wikimedia.org>. Autor: Matheus Hidalgo. Arte Méd Ampl. 2015; 35(2): 56-63. 59 Compostas – uma abordagem antroposófica De maneira geral, as compostas são ricas em plantas ornamentais (dália, margarida) e plantas com substâncias corantes. A cor alaranjada da calêndula é devida principalmente aos carotenoides, mesmo pigmento das cenouras (Daucus carota L.). Em várias regiões, sitiantes adicionam ramos floridos de serralha (Sonchus oleraceus L.) e calêndula à ração das aves, para produzir ovos com gema mais amarela. O azuleno e o camazuleno são óleos essenciais de cor azulada, extraídos originariamente de plantas compostas. Segundo Goethe, a cor é resultado da ação de processos luminosos intensos. Plantas coloridas, portanto, expressam uma relação arquetípica com a luz.3,18 Algumas raízes de compostas acumulam inulina em vez de amido. A inulina, descoberta na composta Inula helenium L., é um carboidrato intermediário entre açúcar e amido, similar ao glicogênio armazenado no fígado. É uma reserva nutricional que se forma no outono para que a planta possa rebrotar na primavera. Está presente naturalmente nas raízes de compostas como girassol-batateiro (Helianthus tuberosus L.), bardana (Arctium lappa L.), chicória e dente-de-leão; e também em plantas não compostas como trigo, cebola, banana, alho e aspargo. O girassol-batateiro é culti- vado em larga escala como fonte de frutose para a indústria. Raízes de chicória e de dente-de-leão, torradas e moídas, são usadas em alguns países como substituto do café.14 Em resumo, as compostas se apresentam como algo plástico, variável. São plantas intensamente ligadas à luz. Fogem das trevas e da umidade. Apesar de terem as raízes fincadas na terra, estão abertas ao cosmos. A luz solar orienta suas forças formadoras na direção de um processo floral intenso – mas sem invadir o âmbito vegetativo, de modo que não se formam substâncias tóxicas. Suas flores são geralmente claras, luminosas, com perfumes delicados, suaves. Isso caracteriza uma astralidade particular, contida pela ação de um princípio mais elevado, ordenador e estruturador.14,18 As compostas variam tanto sua morfologia, a ponto de se adaptarem a praticamente todas as regiões do globo terrestre – tal como o ser humano. O polo floral altamente desenvolvido expressa relação analógica com a organização do eu, capaz de plasmar e se adaptar a qualquer situação. Isso justifica o emprego das plantas desta família em medicamentos antroposóficos indicados principalmente para harmonizar e estruturar as funções orgânicas (Tabelas 4 a 7). Tabela 4. Principais compostas utilizadas na medicina antroposófica. Princípio terapêutico predominante: estruturante, regenerador – neurossensorial. Planta Achillea millefolium Arnica montana Parte usada Planta inteira florida fresca Planta inteira florida fresca Flor seca Raiz seca Calendula officinalis Partes aéreas floridas frescas Flor seca Echinacea angustifolia Echinacea purpurea Eupatorium perfoliatum Planta inteira florida fresca Planta inteira florida fresca Partes aéreas floridas frescas Planta inteira florida fresca Matricaria chamomilla Solidago virgaurea Raiz seca Partes aéreas floridas frescas Indicada no tratamento auxiliar de: Ref. Uso int.: hemorragias, eczemas, hemorroidas, menorragia, prurido. Estímulo ao metabolismo e aos processos digestivos. Dismenorreia, dores, espasmos e cólicas nos distúrbios menstruais. Uso ext. (pomada): hemorroidas, eczema anal. Uso int. D3-D6: danos mecânicos e isquêmicos, traumatismos, fraturas, entorses, contusões, hematomas, contraturas, distensões musculares, artrite, artrose, extrações dentárias, feridas com estase venosa, distúrbios da cicatrização, após procedimentos dermatológicos e pequenas cirurgias. D10-D20: herpes zoster, neurite. Acima de D20: apoplexia, arteriosclerose, derrame cerebral, esclerose múltipla. Uso ext. (pomada, gel): contusões, arranhões (não aplicar em feridas abertas), hematomas, dores musculares, inflamações articulares subagudas e crônicas, comoção cerebral, apoplexia, paralisias. Uso int. D3-D6: doenças inflamatórias, degenerativas e traumáticas do sistema nervoso, síndrome cervical, ciática. Uso int. D2-D6: feridas abertas que custam a cicatrizar, inflamações da pele, mucosas e tecidos subjacentes, feridas superficiais. Uso ext. TM (diluída em água), pomada, gel: feridas e inflamações superficiais da pele, após procedimentos dermatológicos e pequenas cirurgias, distúrbios da cicatrização, rachaduras dos mamilos em lactantes, para cicatrização da episiotomia, erisipela, corrimento vaginal em parturientes (lóquios), dermatite por radioterapia, fissura anal, piodermite, impetigo, úlcera crural. Supositórios: fissura anal. Óvulos: feridas e inflamações superficiais do trato genital feminino. TM (diluída em água para enxague da cavidade bucal e garganta): abscessos na cavidade bucal, estomatite, aftas, lesões bucais por mononucleose, mucosite por quimioterapia, faringite, amigdalite. Uso ext. (óleo): inflamações da pele, mucosas e tecidos subjacentes, feridas superficiais que custam a cicatrizar, dermatite por radioterapia, erisipela. Uso int. (dil. a partir da D2, glób. a partir da D3): como estimulante do sistema imune, processos febris e inflamatórios locais e sistêmicos, estados gripais, supurações, abscessos na cavidade bucal, prostatite crônica, mastite puerperal, mastoidite, endocardite, furunculose, feridas de cicatrização difícil, anexite, endometrite, linfadenite. Uso int. (TM a D1): estados gripais, feridas de cicatrização difícil, furunculose, anexite, endometrite, linfadenite. Uso ext.: TM (diluída em água) feridas de cicatrização difícil, furunculose. TM para enxague da cavidade bucal: supurações e abscessos. Uso int. (dil., glób. a partir da D4): gripe, bronquite, dor de cabeça, dengue. 1,18-22 1,20,21 1,18,19,21 1,18-22 1,18,20,21 1,18-21 1,18-21 1,18,21 Uso int. (a partir da D2): espasmos e dores na musculatura lisa, espasmos no trato digestório e genital, meteorismo, cólicas infantis, dispepsia, dismenorreia, distúrbios da dentição, distúrbios da motilidade e secreção do estômago e intestino, distúrbios da dentição e do sono em bebês e crianças pequenas, estados febris. Uso int. (trit. a partir da D1, dil. a partir da D3): distúrbios de motilidade e secreção do trato digestório e genital, tendência a flatulência e espasmos, dismenorreia, enxaqueca de origem metabólica, distúrbios da dentição, labilidade da pressão sanguínea, nevralgias faciais, distúrbios da dentição e do sono em bebês e crianças pequenas, corrimento vaginal em parturientes (lóquios), contrações uterinas pós-parto. Uso int. (dil. a partir da D2): nefropatias, gota, hipertrofia prostática benigna. 1,18,21 1,3,18-21 1,3,18-22 1,18 Dil.: diluição; ext.: externo; glób.: glóbulos; int.: interno; Ref.: referências bibliográficas; TM: tintura-mãe; trit.: trituração. 60 Arte Méd Ampl. 2015; 35(2): 56-63. Schleier R, Quirino CS Tabela 5. Principais compostas utilizadas na medicina antroposófica. Princípio terapêutico predominante: amargo, digestivo – metabólico. Planta Parte usada Indicações Ref. Artemisia abrotanum Folhas e pontas de ramos frescos Uso int. (dil. a partir da D2): ascite, epistaxe, inapetência e debilidade geral em crianças, acne, distúrbios do apetite, digestão e desenvolvimento, estados de fraqueza e esgotamento. Uso ext. (pomada): danos provocados pelo frio, hemangiomas. 1,18,20,21 Artemisia absinthium Partes aéreas floridas frescas Uso int. (dil. a partir da D1): inapetência, dispepsia, discinesia das vias biliares, acidez gástrica insuficiente ou excessiva, gota, reumatismo, artrose, supurações crônicas. 1,18,21 Cynara scolymus Folhas frescas Uso int. (dil. a partir da D1): distúrbios digestivos, especialmente do fígado, hipercolesterolemia, doenças biliares. Estímulo à atividade desintoxicante do fígado. 1,3,18 Baccharis trimera Partes aéreas secas Uso int. (a partir da TM): distúrbios digestivos. Inapetência, leve efeito diurético e colerético. 1,3 Gentiana lutea Raiz seca Uso int. (a partir da TM): dispepsia, inapetência, fraqueza digestiva, meteorismo, perda de apetite, enjoos, enjoos na gestação, doenças crônicas inflamatórias intestinais, doenças inflamatórias da pele e articulações. 1,18,21 Taraxacum officinale Planta inteira florida fresca Uso int. (a partir da TM): distúrbios hepáticos e digestivos, colecistite, colecistopatia, hepatite, hipertensão portal, apatia, depressão de origem hepática, cirrose, eczemas. 1,3,18,19,21 Dil: diluição; int.: interno; Ref.: referências bibliográficas; TM: tintura-mãe. Tabela 6. Principais compostas utilizadas na medicina antroposófica. Princípio terapêutico predominante: rítmico. Planta Parte usada Indicações Uso int. (a partir da TM): distúrbios digestivos e hepáticos, ascite, cálculos biliares, hepCarduus marianus Semente seca atite aguda e crônica, esteatose hepática, colecistite, colangio-hepatite, hepatopatias tóxicas, colestase intra-hepática, hemorroidas, bronquite. Uso int. (a partir da TM): distúrbios digestivos, desequilíbrios funcionais do fígado e Cichorium intybus Planta inteira florida fresca vesícula, fraqueza digestiva com tendência a gases e obstipação, gastrite crônica, colite, colecistopatias, bronquite crônica. Carduus benedictus Planta inteira florida fresca Uso int. (a partir da D3): ascite, edema, inapetência, cólicas biliares e espásticas. Uso int. (associado): harmonização das funções cardíacas, labilidade circulatória, palpitações, Onopordum acanthium Folhas frescas extrassístole, dores cardíacas, disfunções hepáticas e biliares, estados maníaco-depressivos. Int.: interno; Ref.: referências bibliográficas; TM: tintura-mãe. Ref. 1,3,20,21 1,3,18-21 1,18 1,3,18 Tabela 7. Formulações tradicionais da medicina antroposófica à base de compostas. Formulação Indicações Observações* Ref. Absinthium D1 / Resina Laricis D3 dil. Uso int.: discinesias das vias biliares, reumatismo, artrose, supurações persistentes nas doenças crônicas, diabetes, retinopatia diabética, irite crônica, sinusite crônica e purulenta, polinose (alergia a pólen), prevenção de gripe e infecções do trato respiratório superior em adultos. Na Alemanha disponível também em colírio. 1,18-21 Uso int.: insuficiência venosa, hemorroidas, fissura anal, eczema anal, prurido anal, fístulas, varicoses, estase portal. Comercializada na Alemanha como Achillea comp. dil. Weleda. 1,18,20,21 Uso int.: distúrbios da menstruação e do climatério, como menorragia, dismenorreia, tensão pré-menstrual, sintomas vegetativos, distúrbios do sono. Antigamente comercializada no Brasil como Menodoron Weleda. 1,18-20, 22 Achillea millefolium D3 / Aesculus hippocastanum D3 / Antimonit (Antimonium crudum) D8 / Gentiana lutea D3 / Hamamelis, cortex D3 dil. Achillea millefollium D1 / Capsella bursa-pastoris D1 / Origanum majorana D1 / Quercus robur D1 / Urtica dioica D1 dil. (Sugestão para substituição: Achillea milefolium D3 / Capsella bursa-pastoris D4 / Origanum majorana D3 / Quercus, cortex D1 / Urtica dioica D2) dil. Acidum hydrochloricum D3 / Belladonna D4 / Chamomilla, radix D3 / Cichorium D1 / Ipeca D4 dil. Uso int.: dispepsias e alterações da motilidade gastrintestinal. Aconitum D10 / Chamomilla, radix D3 / Lachesis D12 / Melissa D3 / Sepia D4 dil. Uso int.: sintomas do climatério, como ondas de calor (fogachos), insônia, irritabilidade e taquicardia. Aconitum D4 / Arnica, planta tota D2 / Bryonia alba, radix D3 dil. Uso int.: reumatismo, lombalgia, ciatalgia, gota, inflamações articulares, sensíveis ao toque e que pioram pelo movimento. Allium cepa D3 / Arnica planta tota D3 / Symphytum D3 dil. Uso int.: fraturas e traumatismos, como estímulo à cicatrização e consolidação, bursite. Antimonium crudum D3 / Belladonna D3 / Bismuthum subnitricum D5 / Chamomilla D3 trit. Uso int.: gastrite, azia, cólicas abdominais, dor de estômago, náuseas e vômitos, distúrbios digestivos e flatulência. Arnica planta tota D10 / Belladonna D10 / Magnesium phosphoricum D6 dil. Arnica planta tota D3 / Belladonna D3 dil., glób. Arnica TM / Calendula TM / Echinacea purpurea TM / Silicea D6 / Stibium met. D6 trit., ou Arnica TM / Calendula TM / Echinacea purpurea TM / Silicea D8 / Stibium met. D8 dil. Arte Méd Ampl. 2015; 35(2): 56-63. Antigamente comercializada no Brasil como Acidum hydrochloricum composto Weleda. Antigamente comercializada no Brasil como Melissa / Sepia composta Weleda. Antigamente comercializada no Brasil como Rheumodoron 1 Weleda. 1,21 1 1 1,19 Antigamente comercializada no Brasil como Gastrodoron Weleda. Comercializado na Alemanha como Pulvis stomachicus cum Belladonna Weleda. 1,2,19-21 Uso int.: enxaqueca, epilepsia, síndrome cervical. 1,20 Uso int.: apoplexia. Uso ext. (dil., trit.): inflamações, infecções e feridas de pele e mucosa agudas ou crônicas, furunculose, feridas de difícil cicatrização, ulcerações de pele e mucosas, eczemas, cicatrização do coto umbilical. 1,19 Antigamente comercializada no Brasil como Wecesin Weleda. 1 61 Compostas – uma abordagem antroposófica Arnica, planta tota D3 / Echinacea purpurea TM dil. Uso int.: prevenção de infecções. Arnica, planta tota TM / Urtica urens, herba TM pomada, gel Uso ext.: queimaduras, queimaduras solares, danos cutâneos agudos por irradiação, picadas de insetos, exantema alérgico, varicela. Antigamente comercializada no Brasil como Arnica / Echinacea composta Weleda. Antigamente comercializada no Brasil como Combudoron Weleda. Artemisia absinthium D2 / Cocculus indicus D4 / Ipecacuanha D4 / Nux vomica D6 / Petroleum D12 dil. Uso int.: náuseas e vômitos em viagens e na gestação, cinetose. Antigamente comercializada no Brasil como Nausyn Weleda. 1 Antigamente comercializada no Brasil como Artemisia composta Weleda. 1,19 Artemisia absinthium TM / Carum carvi TM / Geum urbanum TM dil. Belladonna D4 / Chamomilla, radix D3 / Nicotiana tabacum D6 dil., glób. Uso int.: estímulo ao tônus, circulação e processo digestivo no trato gastrintestinal, no tratamento auxiliar da fraqueza digestiva com anorexia, intolerância alimentar, náuseas, meteorismo. Uso int.: distúrbios funcionais de motilidade e secreção do estômago, intestino e vesícula biliar, espasmos da musculatura lisa, úlcera gástrica e duodenal, flatulência, cólicas intestinais, cólicas menstruais, enxaqueca de origem metabólica, distúrbios da dentição. Supositórios: cólicas e espasmos abdominais. Belladonna D6 / Chamomilla radix D3 dil., glób. Uso int.: cólicas estomacais e intestinais, dispepsia, dismenorreia. Calendula TM / Mercurialis perennis TM / Balsamum peruvianum D3 / Resina Laricis D3 / Stibium met. praep. 0,4% Pomada: feridas, abcessos, mastite. Óvulos: inflamações superficiais do trato genital feminino, colpite bacteriana. Calendula TM 20% / Stibium met. praep. 0,2% pomada Carduus marianus D1 / Chelidonium TM / Onopordum TM / Taraxacum TM / Urtica dioica TM dil. Chamomilla D2 Cupro culta dil. Chamomilla, radix D3 / Nicotiana D10 glób. Chelidonium majus D1 / Cynara scolymus TM / Peumus boldus D1 / Taraxacum officinale TM dil. Cichorium D2 Plumbo cultum dil. Cichorium D2 Stanno cultum dil. Echinacea angustifolia D3 / Argentum met. praep. D30 dil. Onopordum acanthium cum Hyoscyamus niger TM / Primula veris cum Hyoscyamus niger TM dil. Taraxacum officinale D2 Stanno cultum dil. Uso ext.: fissura anal, hemorroidas, prurido anal, inflamações cutâneas, especialmente nos estados subcrônicos a crônicos, eczema seco, erisipela. Uso int.: estímulo à atividade hepática, biliar, pancreática e intestinal, eczemas. Uso int.: cólicas da musculatura lisa, estados de inquietação e excitação, cólicas estomacais e periumbilicais, piloroespasmos, cólica de recém-nascido, dismenorreia, hipertensão, arteriosclerose, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Uso int.: enxaqueca. Uso int.: distúrbios do fígado e vesícula, má digestão, intolerância a alimentos gordurosos, náuseas, cefaleia, gosto amargo, flatulência, constipação e falta de apetite, dislipidemias, litíase biliar. Uso int.: distúrbios funcionais do fígado e vesícula, fraqueza digestiva com flatulência e obstipação, bronquite crônica, eczema, hipersensibilidade a estímulos externos. Uso int.: distúrbios funcionais do fígado e vesícula. Fraqueza digestiva com flatulência e obstipação, doenças inflamatórias crônicas e degenerativas do fígado, bronquite crônica, estados maníaco-depressivos leves a moderados, depressão crônica com perda de apetite e obstipação. 1,19,20 1,21 1,19,21 Antigamente comercializada no Brasil como Mercurialis composta. 1,22 1, 19 Antigamente comercializada no Brasil como Chelidonium composto Weleda. 1 1,18-20 1,19 Antigamente comercializada no Brasil como Hepabile Weleda. 1 1,18-20 1,18-20 Uso int.: amigdalite, prostatite crônica. Uso int.: arritmias cardíacas, taquicardia, debilidade circulatória, hipotensão postural ortostática, distúrbios do sono, distúrbios cardíacos funcionais, distúrbios cardiovasculares durante doenças infecciosas, hipertensão arterial sistêmica essencial, insuficiência cardíaca, doenças febris agudas (especialmente em crianças), sintomas cardíacos das neuroses, excitação nervosa, fobias, esgotamento por estresse, distúrbios do sono. Uso int.: distúrbios digestivos, doenças hepáticas, eczemas, hepatite, esteatose hepática, cirrose, estados depressivos de origem hepática. 1,21 1,19 Antigamente comercializada no Brasil como Cardiodoron Weleda. 1,18-21 1,18-20 Dil.: diluição; ext.: externo; glób.: glóbulos; int.: interno; met.: metallicum; praep.: praeparatum; Ref.: referências bibliográficas; TM: tintura-mãe; trit.: trituração. *Nomes antigos que não devem constar na prescrição médica, mas sim sua composição completa (conforme listado), para que não se caracterize prescrição por código, proibida pelas autoridades sanitárias. NOTA SOBRE SEGURANÇA O longo histórico de uso humano das compostas acima relacionadas, tanto para fins medicinais como alimentícios, permite afirmar que são plantas relativamente seguras. Raras são as compostas tóxicas. Estudos realizados na área da fitoterapia têm mostrado que extratos destas plantas obtidos em água e/ou álcool são mais efetivos e seguros do que os compostos isolados.23-25 62 A única ressalva se refere à possibilidade de alergia em indivíduos sensíveis. Estima-se que uma pequena porcentagem da população mundial apresente alergia ao pólen das flores compostas, particularmente de algumas flores silvestres dos gêneros Ambrosia, Artemisia, Baccharis e Iva.26,27 Estes gêneros são os mais comumente associados à alergia de contato e febre-do-feno (polinose) na América do Norte e Europa. O pólen das espécies Cichorium intybus e Matricaria chamomilla também é mencionado na literatura por possuir Arte Méd Ampl. 2015; 35(2): 56-63. Schleier R, Quirino CS leve potencial alergênico. Devido a alguns componentes comuns a estas plantas, podem ocorrer raros casos de hipersensibilidade individual por reações cruzadas, especialmente ao utilizar preparações para uso local, ou em baixas dinamizações (até a D8). Além disso, não têm sido observadas contraindicações. Um estudo observacional prospectivo, multicêntrico, realizado pela Associação Alemã de Médicos Antroposóficos, avaliou as prescrições de medicamentos à base de compostas no período de setembro de 2004 a 2006. Participaram do estudo 38 médicos e 50.115 pacientes. No total, 18.830 pacientes receberam 42.378 medicamentos antroposóficos contendo derivados de compostas. A mais prescrita foi Matricaria chamomilla (23%), seguida de Calendula officinalis (20%) e Arnica montana (20%). Nenhum efeito adverso sério foi reportado no uso destes medicamentos.28 A prática médica antroposófica acumulada ao longo de mais de noventa anos permite afirmar que os medicamentos obtidos das plantas desta família possuem largo espectro de aplicações, além de alta tolerabilidade, baixo índice de efeitos adversos e boa aceitação pelo médico e pelo paciente.1-3,18-21 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. CONCLUSÃO As compostas têm grande importância como plantas alimentícias, medicinais e ornamentais. Elas podem ser classificadas em tipos, de acordo com aspectos botânicos e respectivas ações terapêuticas. Os compêndios antroposóficos consultados concentram-se sobre as compostas mais comuns no continente europeu. No entanto, um amplo campo de investigação está aberto ao pesquisador que voltar sua atenção para as compostas sul-americanas. Com base nas indicações de Steiner para a pesquisa científico-espiritual, é possível compreender a dinâmica de forças vitais de qualquer planta, e a partir daí encontrar relações analógicas com suas aplicações terapêuticas conhecidas, assim como novas aplicações potenciais. A abordagem antroposófica, com sua integração entre os saberes tradicionais e os conhecimentos acadêmicos, mostra-se como uma real possibilidade de ampliação do arsenal médico-farmacêutico. Declaração de conflito de interesses Os autores são colaboradores da Weleda do Brasil Laboratório e Farmácia Ltda. Referências bibliográficas 1. 2. 3. 4. Gardin NE, Schleier R. Medicamentos antroposóficos: vademecum. São Paulo: João de Barro; 2009. Glöckler M. Anthroposophic medicinal therapy for physicians and pharmacists. Stuttgart: Wissenschaftliche Verlagsgesellschaft; 2005. Moraes WA. Med icina antroposófica: um paradigma para o século XXI. São Paulo: Associação Brasileira de Medicina Antroposófica; 2005. 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