Sistema FIEAC notícias - Março
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Sistema FIEAC notícias - Março
Ano 06 Número 18 Março/2011 INDUSTRIAL Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre Acre industrial - março/2011 1 2 Acre industrial - março/2011 sumário INDUSTRIAL 05 – Editorial 06 – Destaques 09 – Artigo - Oscar Motomura 11 – Assuntos Legislativos 22 – Acre ganha Secretaria de Indústria e Comércio 32 Xadrez da economia: indústria luta para se manter viva no jogo FIEAC 24 – FIEAC institui calendário de feriados do setor Crédito: Ângela Peres SESI 26 – SESI converge educação, lazer e saúde na empresa 12 Indústria alimentícia faz cadeia de aves gerar R$ 19 milhões ao ano SENAI 28 – Cursos técnicos do SENAI abrem as portas do mercado IEL 30 – Um parceiro de peso do empresário Crédito: Ascom 38 – ZPE do Acre é estratégica para o Brasil 44 – Lei inaugura nova era na economia acreana 48 – Indústrias de confecções criam moda local 16 Tião Viana assume governo com a missão de industrializar o Estado EXPEDIENTE A Revista “Acre Industrial” é uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre, Ano 06, número 18, março de 2011. Jornalista Responsável: Daniele Carlos (DRT 2268/03 – DF). Colaboração: Marcela Barrozo (DRT 018/03 – AC), Renata Brasileiro (DRT 022/04 – AC), Jorge Luiz Araújo Vila Nova, Rodrigo Torres, Ulisses Lima, Lara de Freitas. Projeto Gráfico e Editoração: Literal Link. E-mail: [email protected] / site: www.fieac.org.br / Tel: (68) 3212-4208 / Fax: (68) 3212-4203. AC. Ceará, 3727 – Floresta. Rio Branco / AC. CEP: 69.907-000. Acre industrial - março/2011 3 diretoria João Francisco Salomão Diretoria 2007/2011 Presidente João Francisco Salomão Vice-presidentes Joafran Antônio Guedes Nobre João Oliveira de Albuquerque Miguel Mandu Neto Aristides Formighieri Júnior Francisco Ivan Araújo Marçal Antônio Leônidas de Araújo Neto Adelaide de Fátima Gonçalves Oliveira Secretários 1º Secretário: Abrahão Assis Felício 2º Secretário: Jorge Wanderlau Tomás Tesoreiro 1º Tesoureiro: Carlos Takashi Sasai 2ª Tesoureira: Raimunda Holanda de Paula 4 Acre industrial - março/2011 Suplentes de Diretoria Francisco José da Silva Loureiro José Luiz Assis Felício Francisco Garcia dos Santos Ismael Alves Bandeira Osvaldo Coutinho Wílpido Hilário de Souza Júnior Conselho Fiscal Efetivos Sérgio Tsuyoshi Murata José de Ribamar Nina Lamar Aristeu Sá de Souza Suplentes José Osmar Zanatta Célio Pereira Adalberto José Moreto editorial Uma década propícia ao desenvolvimento E m 2011, sem dúvida, o Brasil está pronto para iniciar um novo ciclo de desenvolvimento sustentado. O êxito nessa conquista, porém, está condicionado à sua transformação em um país efetivamente competitivo no mundo globalizado, no qual a concorrência é cada vez mais acirrada. Nesse sentido, a indústria defende a realização das reformas estruturais do marco legal, que vêm sendo postergadas há décadas, vitimadas pelo corporativismo e o fisiologismo. A reforma tributária é a prioridade. Seu propósito deve ser a desoneração dos investimentos e exportações, a simplificação e a redução da burocracia do sistema. No âmbito da reforma fiscal e da previdência, três são os objetivos: eficiência do Estado e melhoria de sua gestão; aumento da poupança pública; e a sustentabilidade do sistema previdenciário. A agenda a ser cumprida explicita quatro pilares fundamentais: imposição de limites à expansão dos gastos correntes; a revisão do sistema de vinculação de despesas; a implantação de critérios de eficiência aos programas governamentais; e a adoção de benefícios da previdência compatíveis com a estrutura etária da população. Na reforma trabalhista, as metas principais são garantir proteção ao trabalhador e ao emprego, ampliar a competitividade do sistema produtivo nacional e, assim, elevar a geração de emprego. Por fim, a reforma política é essencial diante da constatação de que a qualidade da governança e do sistema de decisões no setor estatal é decisiva para o adequado funcionamento da economia e da sociedade. Por outro lado, o governo deve valorizar mais o parque industrial, pois o setor tem grande importância na geração de empregos, pesquisa e inovação, composição do PIB e inclusão de itens de alto valor agregado à pauta de exportações. A crescente internacionalização das empresas contribui para acelerar a captação de novas tecnologias, aumentar as economias de escala, facilitar o acesso a recursos naturais e desenvolver novas competências. É preciso considerar todos esses aspectos. Em sintonia com os desafios nacionais e, ao mesmo tempo, focado na conjuntura regional, o empresariado acreano mobilizou-se, nas eleições de 2010, engajando-se de modo proativo no processo de desenvolvimento do Estado e do País. Esta ação está consubstanciada na Agenda Executiva do Acre, que identifica os principais gargalos a serem enfrentados e aponta estratégias e caminhos alternativos para o governo. O Estado avançou muito em questões relevantes, com investimentos que estruturaram e prepararam sua economia para o crescimento. A qualidade das instituições melhorou, o acesso e o valor atribuído à educação aumentaram. No entanto, o setor produtivo tem ressalvas, cujo equacionamento é viável e deve estar no foco dos governantes e parlamentares. Dentre os principais temas locais, destacam-se o estabelecimento de um canal permanente de comunicação com a indústria, a internalização da importância do setor produtivo nas diversas esferas do Executivo e do Legislativo, inovação, educação e comércio internacional. A participação das instituições classistas, como tem feito a entidade representativa da indústria acreana, e de toda a sociedade, intercedendo positivamente na agenda do Estado e do País, é muito importante com vistas ao fomento da competitividade nacional. Temos plenas condições de concretizar, na nova década que se inicia, o propósito de converter o Brasil na quinta maior economia, com desenvolvimento e justiça social. *João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC). [email protected] Acre industrial - março/2011 5 destaques Sistema FIEAC mobiliza empresas e colaboradores contra dengue O Sistema FIEAC é um dos grandes parceiros do governo do Estado na luta contra a dengue. Com apoio do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-AC), foram disponibilizadas 20 caçambas e caminhões, além de seis equipamentos – como retro e pá escavadeira – juntamente com uma equipe de colaboradores aptos para manusear cada veículo para a retirada de entulhos nos bairros da cidade. Desde 2009, a FIEAC participa de campanhas preventivas e combativas, por meio do SESI, fazendo visitas às indústrias promovendo orientações aos trabalhadores industriários. Para o presidente João Francisco Salomão, é dever da instituição fazer parte deste tipo de mobilização, uma vez que o Acre é um dos estados de maior incidência de dengue. “Estamos conscientes de nossos deveres como cidadãos. É preciso que comecemos dentro de nossas próprias casas e empreendimentos, orientando e educando os trabalhadores para que eles se tornem agentes multiplicadores de informações importantes sobre como prevenir a doença - e isso é possível com medidas simples”, declarou o empresário. Em 2011, a campanha contra a dengue e febre amarela silvestre, promovida pela Prefeitura de Rio Branco em parceria com o SESI, começou já no início do ano, devido aos índices alarmantes da doença no Estado. O mosquito Aedes Aegypti, que transmite a dengue, é o mesmo transmissor da febre amarela. Portanto, estima-se que 52 mil pessoas deverão ser imunizadas em Rio Branco contra a febre amarela até o dia 20 de abril. Sistema FIEAC participa de campanha para arrecadar água mineral As instituições do Sistema FIEAC (FIEAC, SESI, SENAI e IEL) seus colaboradores e empresários industriais participaram da campanha do Governo do Acre que objetivou arrecadar água mineral para as vítimas da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro. Ao todo foram arrecadados 3.265 fardos de água mineral. Cada fardo contém 12 garrafas de 500 ml. As doações foram entregues na primeira quinzena de fevereiro. “A água é um produto não-perecível e de primeira necessidade. Hoje a gente ajuda e amanhã pode ser ajudado. A pouca água que tem está custando muito caro e nós, acreanos, podemos ajudar neste momento”, disse a primeira-dama do Estado, Marlúcia Cândida, que esteve à frente da mobilização. 6 Acre industrial - março/2011 Embaixador da China visita FIEAC O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), João Francisco Salomão, empresários do ramo e representantes do governo estadual e municipal receberam o embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, e sua esposa, a embaixatriz, Liu Min, no mês de janeiro, para um jantar na Casa da Indústria. O evento teve a finalidade de estreitar ainda mais o relacionamento entre o setor produtivo acreano com o país que é o maior parceiro comercial do Brasil. “Temos um grande potencial no setor florestal, com madeiras certificadas, advindas de planos de manejo, que é responsável por 80% dos nossos produtos exportados. Atualmente, o Reino Unido é o principal destino das nossas exportações, a China está na quarta posição”, explicou o presidente da FIEAC. Na ocasião, Qiu Xiaoqi agradeceu pela hospitalidade acreana, afirmando ainda que o avanço e o dinamismo do Estado causaram-lhe uma profunda impressão. “Penso que com as potencialidades que tem, o Acre é um Estado com muito futuro. Possui uma política de desenvolvimento correto e um povo que sabe como trabalhar, com muito afinco e dedicação”, elogiou. “A China foi o país que mais investiu no Brasil, no ano passado. Com isso, podemos ver a importância que tem a relação entre a China e o Brasil. Mas ainda não estamos satisfeitos. O Brasil é um país que está se desenvolvendo rapidamente, por isso minha maior audácia é promover ainda mais o relacionamento entre os dois povos”, declarou o embaixador. IEL-AC conta com Sistema de Gestão de Recursos de Aprendizagem Buscando o que há de mais moderno no mercado para melhor atender os clientes, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) implantou o Sistema de Gestão de Recursos de Aprendizagem (SIGRA - http://www.iel.org.br/portal_iel). Trata-se de um projeto do IEL Nacional – que ofereceu todas as condições para implantação nos núcleos regionais – que consiste na criação de um ambiente nacional de relacionamentos e interação, onde é possível o usuário se informar sobre cursos e eventos relacionados ao IEL. O sistema pode ser utilizado tanto para cursos on-line quanto presenciais. De acordo com Socorro Bessa, superintendente do IEL-AC, a ferramenta, que está em pleno funcionamento, traz um diferencial para o IEL na agilidade dos processos e no relacionamento com o cliente. “O Sistema implantado possibilitará a realização de inscrições, geração de contratos e boletos, pagamentos online, impressão de certificados de cursos e eventos, além de disponibilizar um espaço para relacionamento entre os cadastrados nos cursos e eventos”, exemplificou. Acre industrial - março/2011 7 8 Acre industrial - março/2011 artigo Oscar Motomura Constrói ou destrói A ambição que move montanhas e atropela as barreiras que surgem. Principal causa das atuais turbulências mundiais ou a energia que nos fará superá-las? “ Esse é um executivo extremamente ambicioso.” Essa frase, solta, nos remete imediatamente à ideia de alguém que, em algum momento, pode vir a correr riscos excessivos. Por outro lado, a palavra ambição assume outro significado quando ouvimos a expressão “essa pessoa não tem ambição”. De imediato, formamos a imagem de alguém sem energia, sem motivação, pouco afeito à ação, a lutar pelo que quer. Contudo, podemos também ver o lado bom de alguém sem muitas ambições: uma pessoa simples, que vive no ritmo da natureza, sem reclamar, sem estresse, feliz e com praticamente zero de riscos em sua vida. Sem excessos de qualquer natureza. Uma reflexão decorrente: todo risco estaria associado a algum tipo de excesso? Seria o caso da pessoa que tem ambição desmedida? Ou de alguém que, embora já tenha muito, quer cada vez mais, a ponto de esse “querer mais” se tornar algo doentio, um vício? Esse tipo de ambição – tortuoso, distorcido – seria responsável pela recente turbulência, primeiro no mundo financeiro e depois na economia global? Evidentemente, excesso de ambição implica em riscos maiores. Mas, em contrapartida, e se não houver excessos? Faz sentido a noção de “ambição equilibrada”? Equilíbrio, nessa acepção, significaria um tipo de ambição que não criasse riscos de qualquer natureza, nem para a própria pessoa nem para os outros. Uma ambição sadia, natural, cujo objetivo não é conseguir algo só para si – poder, distinção, fama, riqueza –, mas o bem comum, o bem-estar de todos, sem nenhum tipo de exclusão? Não seria esse tipo de ambição a força motriz de pessoas que são hoje cultuadas como ícones da área política, social, da ciência, da educação, da saúde – pessoas que deixam legados extraordinários para a humanidade? Seriam essas as pessoas que encontram satisfação não no sucesso de atingir o que almejavam, mas no processo de criar o próprio caminho para chegar lá, na excelência de cada passo, no jeito de viver cada momento, até quase independentemente do que buscam realizar? Estaria tudo centrado na criação pela criação? Talvez aí esteja o sentido do jogo da vida: no criar, na criação que expresse, o tempo todo, a melhor versão de nós mesmos. Até que ponto, em nossas empresas, deveríamos ter – como nossa grande missão – a garantia de alta qualidade de nossos atos coletivos, momento a momento? Até que ponto a melhor estratégia seria aquela em que a empresa como um todo, em tudo o que faz, procurasse expressar a melhor versão de si mesma, a mais consciente e evoluída? Seria esse modo de viver a forma ideal de dar vazão a essa ambição saudável, que trazemos todos dentro de nós? Não seria este momento de incertezas e forte transição o tempo ideal para o exercício pleno dessa ambição natural? E não seria esse o único modo de assegurar risco zero para nossas organizações? *Oscar Motomura, diretor geral da Amana-Key, empresa especializada em inovações radicais em gestão. www.amana-key.com.br *[email protected] Acre industrial - março/2011 9 Assuntos Legislativos Nesta edição você, leitor, poderá conhecer alguns projetos que estão contemplados na pauta de prioridades do Congresso Nacional, que inclui a reforma tributária e outras propostas que melhorariam o ambiente de negócios do país. Todas as informações estão contidas no que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) intitulou de “Pauta Mínina”. POLÍTICA ECONÔMICA reduzida, restringindo sua consulta por instituições de crédito. Deve ser mantido o texto originalmente aprovado pelo Senado Federal, que não prevê tal exigência. PLS 263/2004 (PL 405/2007) do senador Rodolpho Tourinho (DEM/BA), que “Acrescenta § 6º ao art. 43, da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a formação do cadastro positivo nos Sistemas de Proteção ao Crédito”. Foco: Cadastro Positivo O que é: Determina que no fornecimento de produtos ou serviços que envolvam outorga de crédito ou concessão de financiamento, havendo prévia concordância e autorização expressa do consumidor, o fornecedor informará aos sistemas de proteção ao crédito o adimplemento da obrigação contraída para formação de cadastro positivo. Nossa posição : Convergente com ressalvas Por autorizar a criação de cadastros positivos de forma clara, simples e direta, o texto aprovado pelo Senado favorece hábitos de adimplência e estimula a análise de risco na concessão de empréstimos, em favor da redução do spread bancário. Contudo, na Câmara dos Deputados foi introduzida exigência de concordância prévia do cadastrado para inscrição de dados nos bancos da adimplência – o que burocratizaria a criação de cadastros positivos, desestimulando sua utilização. Se o cadastro positivo só contiver dados de pessoas que expressamente tenham autorizado sua inclusão no banco de dados, a tendência é a de que tais cadastros tenham abrangência Onde está? Com quem? Senado Federal – Encontra-se na Comissão de Assuntos Econômicos aguardando parecer do relator, senador Aloizio Mercadante (PT/SP). Na Câmara dos Deputados, foi aprovado com emendas na Comissão de Constituição e Justiça. PL 305/2007 do deputado Armando Monteiro (PTB/PE), que “Altera a Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998 e a Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que dispõe sobre a apuração do imposto de renda pelo lucro presumido”. Foco: Limites de receita bruta para apuração do IR pelo regime de lucro presumido Obs.: Apensados a este os PLs 1848/2007 e 1917/2007. O que é: Atualiza os limites de receita bruta para enquadramento: • de empresas no sistema de apuração do IR pelo lucro presumido; • de empresas prestadoras de serviços no benefício da redução da base de cálculo do IR. Apuração do IR pelo lucro Presumido – o limite máximo da receita bruta total, da pessoa jurídica, no ano calendário-anterior, para fins de apuração do IR pelo regime do lucro presumido é elevado de R$ 48.000.000,00 para R$ 61.536.000,00. 10 Acre industrial - março/2011 Limites para redução do IR de empresas prestadoras de serviço – é elevado de R$ 120.000,00 para R$ 252.216,00 o limite de receita bruta anual das pessoas jurídicas prestadoras de serviços que poderão se beneficiar da redução da base de cálculo do IR. Conforme a Lei 9250/95, a base de cálculo mensal do imposto de renda dessas pessoas jurídicas será determinada mediante a aplicação do percentual de 16% sobre a receita bruta auferida mensalmente. Nossa posição: Convergente Como a legislação tributária vigente não tem mecanismos de indexação, os limites referentes à apuração do IRPJ pelo lucro presumido estão defasados (a última atualização deu-se em janeiro de 2003), em prejuízo das pequenas e médias empresas que se utilizam dessa modalidade de tributação. No mesmo sentido, o limite para as empresas prestadoras de serviços se beneficiarem da redução do coeficiente do lucro presumido de 32% para 16% também necessita de reajuste, pois o limite de R$ 120.000,00 está congelado desde 1996. A atualização de valores, corrigidos pela estimativa de inflação apurada desde a última atualização legislativa, é de inteira justiça fiscal. Cabe ressaltar que, apensado a este projeto, está o PL 6082/2009, que atualiza até 2009 os limites de receita bruta para enquadramento de empresas no sistema de apuração do IR pelo lucro presumido, e de empresas prestadoras de serviços no benefício da redução da base de cálculo do IR – o PL 305/2007 atualiza até 2007. Onde está? Com quem? Encontra-se na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados - aguardando parecer do relator, deputado Júlio César (DEM/PI). soma dos salários de contribuição apurados. Atualmente, o valor-base para o cálculo da aposentadoria consiste na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo do segurado. Esse valor é multiplicado pelo chamado fator previdenciário, que é calculado considerando-se, na data de início do benefício, a idade e o tempo de contribuição do segurado, a expectativa média de sobrevida para ambos os sexos e uma alíquota de 31%. O substitutivo apresentado pelo relator da CFT incorpora a fórmula 85/95 que estabelece que o fator previdenciário não incidirá sobre a média dos salários de contribuição do segurado quando a soma da idade com o respectivo tempo de contribuição, ambos considerados na data do requerimento do benefício, atinja 95 anos, para o homem, e 85 anos, para a mulher, e desde que esse tempo de contribuição não seja inferior a 35 anos, para o homem, e a 30 anos, para a mulher. Altera, ainda, o percentual sobre o qual se calcula a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição, passando-se dos atuais 80% para 70% de todo o período contributivo, multiplicada, somente quando for o caso, pelo fator previdenciário. Nossa posição: Divergente GASTO PÚBLICO PL 3299/2008 (PLS 296/2003 do senador Paulo Paim – PT/RS), que “Altera o artigo 29 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e revoga os artigos 3º, 5º, 6º e 7º da Lei nº 9876, de 26 de novembro de 1999, modificando a forma de cálculo dos benefícios da Previdência Social”. Foco: Extinção do Fator Previdenciário Obs.: Apensado a este o PL 4447/2008 O chamado fator previdenciário, introduzido em 1999, tem o objetivo de dotar o sistema previdenciário de maior equilíbrio, de modo que as contribuições do segurado cubram os benefícios a serem recebidos. A concepção do fator previdenciário decorre da constatação de que um dos principais problemas do nosso sistema de previdência reside na ausência de correlação entre contribuições e benefícios, em desconformidade com o comando constitucional que exige a observância de “critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”. O que é: O texto aprovado no Senado extingue o fator previdenciário do cálculo de benefícios da Previdência e restabelece as seguintes regras, que vigoravam antes de sua criação: A retomada, pelo projeto de lei, dos critérios anteriores de cálculo de aposentadorias representará tanto a elevação do valor médio dos benefícios como a redução da idade média de aposentadoria. Implicará, portanto, forte efeito expansionista sobre as despesas com benefícios do INSS e, consequentemente, sobre o déficit da previdência. Cálculo do salário de benefício – o cálculo do salário de benefício voltará a ser feito pela média aritmética simples de todos os últimos salários de contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data da entrada do requerimento, até o máximo de 36 meses, apurados em período não superior a 48 meses. A não adoção do fator previdenciário, além de comprometer o equilíbrio atuarial, coloca o sistema previdenciário brasileiro na contramão da tendência mundial de elevação da idade mínima exigida para aposentadoria. Segurado especial – no caso do segurado especial que contar com menos de 24 contribuições no período máximo citado, o salário de benefício consistirá em 1/24 da Onde está? Com quem? Câmara dos Deputados: Encontra-se pronto para a Ordem do Dia do Plenário. Acre industrial - março/2011 11 economia Sabor de cresciment por Tatiana Campos *Matéria vencedora da Categoria Apoio à Indústria, do Prêmio José Chalub Leite de Jornalismo 2010 Indústria de embutidos consolida cadeia produtiva das aves, que gera R$ 19 milhões ao ano Fotos: Ângela Peres Salomão espera novos investimentos industriais em 2011 12 Acre industrial - março/2011 to econômico P rimeiro, chegaram os frangos congelados e resfriados. Agora, as gôndolas dos supermercados exibem mortadela, presunto, calabresa, linguiças. A oferta destes produtos é grande, mas o consumidor mais atento vai ver que alguns se diferenciam dos demais por algo bem peculiar: a origem. Acreaves, uma indústria acreana, chegou ao mercado em 2008. No início eram abatidos 3,5 mil frangos por dia. Hoje, cerca de 12 mil aves são abatidas diariamente e chegam aos mercados de todo o Estado em diversos cortes. Mas, era preciso aproveitar melhor toda a carne, agregar valor aos produtos e dar os primeiros passos rumo à exportação. “Por isso nós criamos a Sabbor, que é a marca de embutidos da Acreaves. Nós precisávamos aproveitar a carne e também alguns cortes que não são tão apreciados no Estado. Nós criamos embutidos com base no paladar acreano, que gosta de um produto mais temperado, com mais pimenta, por exemplo. O melhor de tudo são os preços bem mais competitivos, pois tudo é fabricado aqui, gera renda aqui, melhora a economia do Acre e consolida uma cadeia produtiva”, explica Paulo Santoyo, diretor da empresa. Sabbor ganhou a preferência dos consumidores Nas prateleiras dos supermercados, até agosto deste ano quando a Sabbor entrou no mercado - os produtos de grandes marcas nacionais ocupavam todo o espaço disponível para os embutidos, produtos que sempre entram na feira das donas de casa. Hoje, as mortadelas, presuntos e outras mercadorias produzidas no Acre ocupam boa parte do espaço disponível nas gôndolas e também na preferência das donas de casa: o preço também é mais atrativo. Dona de casa dá preferência aos produtos produzidos no Acre Um dos diferenciais dos produtos acreanos é o tempero: regional e adaptado ao gosto do acreano. A consumidora Letícia Parise provou e aprovou os produtos. “Minha família gosta e os preços são mais acessíveis. Se a gente pode consumir um produto que é fabricado aqui, sabendo que vai movimentar um capital de giro, que está gerando empregos no nosso Estado e que além dos benefícios econômicos é mais barato e agrada ao paladar da nossa família, não tem porque não dar preferência a essa marca”, disse. Aos 46 anos, a primeira carteira assinada José Rodrigues Cavalcante é o responsável pela caldeira da fábrica de embutidos. Ele começou a trabalhar aos 15 anos para se manter e só agora, aos 46, conseguiu seu primeiro emprego fixo e com carteira assinada. Até então, ele trabalhava como diarista. Acre industrial - março/2011 13 economia “Nossa, pra mim essa fábrica foi uma mão na roda, porque eu já tenho 46 anos e a essa altura da vida conseguir um emprego fixo, com carteira assinada, que me dá a garantia de um décimo terceiro, de uma assistência em caso de doença, é uma felicidade só. Sem contar que agora eu posso planejar a vida: comprar um móvel pra casa, fazer uma poupança”, disse. O complexo industrial emprega 200 funcionários diretos, 60 terceirizados e trabalha com 135 produtores familiares. Vinte novos produtores farão parte do grupo de fornecedores até dezembro. Hoje a Acreaves atende 25% do mercado acreano. A meta é abater 20 mil frangos por dia até 2012, uma expansão na capacidade instalada que vai demandar novos empregos diretos e indiretos. Produtor comemora as vantagens da atividade Em pouco tempo, Rigamonte ampliou o galpão e agora vai investir em tecnologia Seu Orides Rigamonte é um dos produtores que acreditou no projeto e apostou na criação dos frangos. Ele recebe da indústria os pintos, ração, assistência técnica e o transporte das aves quando atingem o ponto de abate. A responsabilidade do produtor é apenas fazer o manejo correto nas granjas. “Aqui eu crio peixe, um pouco de gado leiteiro, tenho roçados. O frango veio pra complementar. No início a gente fica meio com o pé atrás, mas foi uma política que deu certo. E sem falar que a gente trabalha na sombra, tem como cuidar das outras atividades porque não toma muito tempo e entra dinheiro a cada 45 dias. Com o peixe a renda só vem uma vez por ano, com roçado a mesma coisa”, disse o produtor. Brasiléia não foi escolhida por acaso para sediar a cadeia produtiva das aves. A Agroindústria foi instalada no Alto Acre com base na indicação do Zoneamento Ecológico Econômico, um documento que indica as potencialidades de cada região. Além de fazer parte de uma Zona Especial de Desenvolvimento, uma ZED, o município está numa região geográfica um pouco mais alta que as demais cidades acreanas, tendo um clima mais fresco. “E isso faz toda a diferença para que as aves se desenvolvam melhor”, ressalta o empresário Paulo Santoyo. FIEAC aprova a fórmula das cadeias produtivas Para o presidente da Federação das Indústrias do Acre, a indústria alimentícia é uma das que tem mais oportunidades de crescimento e negócios. “O Acre importa boa parte do que consome e o setor gera uma série de empregos, diretos e indiretos, o que também influi diretamente no poder aquisitivo da população”, comentou João Francisco Salomão. A indústria alimentícia gera uma série de outras demandas. “Por exemplo, há uma fábrica de ração instalada para produzir o alimento das aves. Essa fábrica demanda milho, soja. E isso poderia ser plantado aqui para gerar mais empregos no campo”. A expectativa da FIEAC é que os investimentos em cadeias produtivas industriais seja uma das prioridades do próximo governo. “É uma forma de utilizar as áreas degradadas, ampliar a produção, gerar emprego e desenvolvimento. Todos saem no lucro com esta fórmula”, disse Salomão. 14 Acre industrial - março/2011 Fotos: Ângela Peres Parceria público privado comunitário é a chave do sucesso O governo investiu, a iniciativa privada administra e a produção familiar é contemplada. “A Sabbor é a prova de que a Parceria Público Comunitário dá resultados positivos. A Acreaves é um investimento do Governo que começa a dar frutos. Investimos no fortalecimento da cadeia produtiva das aves, que tem início com o trabalho do produtor, que tem recebido assistência para produzir com qualidade, passa pela indústria e chega ao consumidor. O lançamento da linha de embutidos é uma forma de otimizar e aumentar a produção de aves no Estado, e tudo isso dentro de uma lógica em que todos são beneficiados”, disse Nilton Cosson. A Acreaves, e agora também a Sabbor, é um exemplo de parceria entre o público, o privado e o comunitário que deu certo. Prova disso são os 19 milhões de reais que a indústria movimenta por ano, os 260 empregos diretos e indiretos e as 155 famílias envolvidas na produção familiar. A meta é atingir 100 toneladas de frangos abatidos até março de 2011. Oito produtos fazem parte da linha de produção da Sabbor: • Mortadela • Presunto • Apresuntado • Calabresa • Toscana • Linguiça aperitivo • Paio • Salsichão Acre industrial - março/2011 15 entrevista A bola está com ele Tião Viana assume Governo do Acre com muitos desafios pela frente, como, por exemplo, industrializar o Estado T ião Viana é um político, médico e professor. Foi eleito senador da república para o mandato entre 1999 a 2007 e reeleito para o período de 2007 a 2015. É graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Pará e fez doutorado em medicina tropical pela Universidade de Brasília. Casado com a arquiteta Marlúcia Cândida, é pai de Catarina, Marihá e Virgílio. Recém completados 50 anos, Tião Viana assume o Governo do Acre com um desafio e tanto pela frente: acelerar o desenvolvimento do Estado nos próximos quatro anos por meio da industrialização. Em entrevista à Acre Industrial, ele diz que enfrentaremos o desafio da industrialização do Acre porque só haverá desenvolvimento econômico sustentado se a estrutura produtiva contar com importante participação da indústria. Tião Viana lembra ainda que a participação da indústria no valor adicionado elevou-se de 10,6%, em 2002, para 12,4%, em 2008. Esta evolução esboça tendência de transformação da economia na direção da industrialização. Como o senhor analisa a atual situação da indústria acreana? Olho a industrialização do Acre na sua totalidade, na sua diversidade, nos seus diferentes tamanhos e escalas. O Acre sempre teve pequenos negócios da indústria e de outras atividades econômicas. Já estamos trabalhando nos pequenos negócios, nas pequenas indústrias: na implantação de abatedouros de frango, nas confecções de roupas em grupos de costureiras, engenhos de cana, beneficiamento de pescado, indústrias de óleo de buriti, benefi- 16 Acre industrial - março/2011 Governador Tião Viana durante a cerimônia de posse, na madrugada de 1º de janeiro Um dos principais temas abordados pelo senhor durante a eleição foi de tornar o Acre um Estado industrializado. Quais as principais medidas a serem adotadas para transformar esta ideia em realidade? Vamos dar alta prioridade à produção empresarial e à pequena produção no intuito de criar empregos e ocupações produtivas. Por este caminho, enfrentaremos o desafio da industrialização. O governo do Estado equacionará o financiamento dos pequenos negócios através do crédito bancário e do investimento direto do governo, com acompanhamento, assistência técnica e gerencial; e incubação de projetos. Os negócios de média e grande escala, conforme a especificidade, poderão ser viabilizados por Parceria Público Privada Comunitária (PPC) ou investimento Fotos: Ascom ciamento de castanha, de café e casas de farinha. Para isto, estamos criando a Secretaria de Estado de Pequenos Negócios. Enfrentaremos o desafio da industrialização do Acre porque só haverá desenvolvimento econômico sustentado se a estrutura produtiva contar com importante participação da indústria. A participação da indústria no valor adicionado (PIB menos os impostos) elevou-se de 10,6%, em 2002, para 12,4%, em 2008. Esta evolução esboça tendência de transformação da economia na direção da industrialização. De fato, a indústria teve, no período 2000 a 2008, um crescimento médio anual de 8,6% e um crescimento acumulado, no mesmo período, de 116,9% Acre industrial - março/2011 17 entrevista diretamente privado. Um projeto de Indução do Investimento servirá de “endereço” para todos negócios empresariais, ajudando em todos os processos de implantação de projetos privados, a legislação de incentivos sofrerá as adaptações necessárias, a atração de empreendimentos terá atenção política especial. Essa estratégia é acompanhada por um desenho institucional que inclui a criação da Secretaria de Pequenos Negócios e a de Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Indústria, Comércio e Turismo. Na segunda semana depois da posse, anunciamos a construção de uma fábrica de lâminas faqueadas, em Cruzeiro do Sul, e uma fábrica de compensado, em Tarauacá. Além disso, assinamos ordem de serviço para construção de 14 galpões industriais, no Parque industrial, para uso das marcenarias do Pólo Moveleiro. Muitos outros projetos industriais estão na agenda do nosso governo. Como exemplo, destaco um grande centro, um complexo de piscicultura, em Rio Branco, com fábrica de ração, frigorífico e processamento de peixe (surubim, tambaqui e pirarucu), uma unidade de alevinagem; um laticínio em Brasiléia e outro em Cruzeiro do Sul, além de outros empreendimentos que estão sendo estudados. Estes projetos em Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Rio Branco envolvem investimentos da ordem de R$ 83 milhões. Há dificuldades da indústria do Acre em competir. O que pretende fazer para fortalecer este segmento no sentido de assegurar sua competitividade? As relações de competitividade, com a rodovia transoceânica, tiveram uma reconhecida mudança. Os mercados do Peru e da Bolívia saíram do discurso para se tornarem uma importante oportunidade de negócios para empresas do Acre. O Acre está tornando-se endereço para investimentos do País e do exterior, seja pela oportunidade de negócios ambientais, seja pela economia de custos de transporte pela rodovia em direção ao Oceano Pacífico. O planejamento do investimento de acordo com as oportunidades de mercado e o apoio do governo no estabelecimento de relações comerciais no País e no exterior são dois elementos importantes da estratégia de fortalecimento da competitividade. Além disso, promoveremos o desenvolvimento tecnológico para aumentar a produtividade das empresas e dos pequenos negócios. A Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em implantação já tem propostas para instalação de empresas. A produção para exportação com isenção total de impostos é um grande fator de fortalecimento de competitividade dos negócios. 18 Acre industrial - março/2011 “O Acre está se tornando endereço para investimentos do País e do exterior” Umas das principais reclamações dos empresários é a dificuldade de ter acesso ao crédito. Quais medidas serão adotadas para que os pequenos e médios empresários tenham condições de conseguir os financiamentos? Para o acesso ao crédito das pequenas empresas, das cooperativas, dos grupos de pequenos negócios, faremos parceria com os bancos oficiais e privados, visando simplificar os processos de concessão. Vamos apoiar os Fotos: Ascom pequenos e médios empreendedores no processo de acesso ao crédito. Quais políticas de geração de emprego serão adotadas? Vamos fomentar larga ampliação do investimento público e privado e uma forte intervenção para multiplicar pequenos negócios em todos os setores da economia, inclusive a rural para criar emprego e ocupações produtivas. De outro lado, vamos trabalhar na capacitação profissional de jovens e trabalhadores de modo geral. O Instituto Dom Moacir será um ator importante nesse processo, assim como estamos propondo parceria para uma ampla atuação do IFAC. Haverá também grande esforço de inclusão produtiva para implantar e apoiar microprojetos de grupos de mulheres e de trabalhadores que permitam as comunidades sair do nível de subsistência e, a curto prazo, acessar Acre industrial - março/2011 19 entrevista o mercado. Os empresários do Acre sofrem com os altos custos de fretes tanto para importação de insumos quanto para escoar a produção – devido às más condições das estradas e a travessia por balsa do rio Madeira, em Porto Velho. E certamente isso acaba refletindo na atração de novos negócios para o Estado. Há um plano para melhorar essa situação? O projeto da ponte do Rio Madeira, de competência Federal, está aprovado e será licitado no primeiro trimestre de 2011. O início das obras está programado para o próximo verão. O recapeamento da Br-364, no trecho de Porto Velho até os limites do Acre com Rondônia, está praticamente concluído. O nosso governo está negociando o projeto de recapeamento do trecho Rio Branco até o limite com Rondônia. A previsão é que as obras sejam iniciadas em 2012. Enquanto não acontece o recapeamento, o governo estadual permanecerá fazendo a manutenção. Nos limites geográficos do Estado do Acre trabalharemos para manter as rodovias em bom estado de conservação. O que o senhor pretende fazer para interiorizar o desenvolvimento e as oportunidades de emprego e renda no Acre? Destacamos o Parque Industrial Cruzeiro do Sul, inclusive o Polo Moveleiro, que será consolidado no nosso governo, além dos Polos Moveleiros de Tarauacá, Brasileia e Sena Madureira. Todo o esforço de industrialização repercutirá na geração de empregos e renda no interior do Estado, especialmente no que se refere à indústria florestal e agroindústria. Citamos, por exemplo, as fábricas de lâminas faqueadas de Cruzeiro do sul e a de compensado em Tarauacá e os laticínios, entre outros empreendimentos. Toda cadeia da piscicultura terá um tratamento prioritário e se tornará importante oportunidade de geração de emprego e renda em pequenos e grandes negócios. O Centro de Piscicultura de Rio Branco será um poderoso indutor da interiorização do desenvolvimento da piscicultura. Além disso, haverá uma ampla operação de aumento da produção de milho, frutas tropicais, ovinos, suínos, aves que alcançará o interior do Estado. De que maneira o senhor pretende apoiar e estimular o setor produtivo a adotar boas práticas de 20 Acre industrial - março/2011 sustentabilidade? Esta questão faz parte da essência do nosso projeto de desenvolvimento. A sustentabilidade permeia todos os empreendimentos econômicos que fazem parte da nossa agenda de fomento do desenvolvimento. Há, contudo, o projeto de Florestas Plantadas e o de Valorização do Ativo Florestal que têm importância especial. No primeiro, já existem negociações de um investimento privado da ordem de 600 milhões de dólares. No segundo, que é continuidade de esforço no Governo Binho Marques, envolve os agricultores familiares em projetos de produção sustentável nas propriedades familiares, com regularização do passivo ambiental. Qual a importância da ZPE para o desenvolvimento do nosso Estado? Há uma previsão para, de fato, iniciar instalação das indústrias na ZPE? A ZPE é parte fundamental da estratégia de industrialização do Estado. Nela se instalarão os projetos industriais voltados para o mercado externo. A ZPE não será um enclave. Ela terá conexões com as cadeias produtivas internas. De preferência, na ZPE se instalarão indústrias florestais, que é o setor dominante da ZPE, agroindústrias de escala, e uma grande diversidade de empreendimentos industriais, inclusive pequenas indústrias. Hoje, há 32 cartas de intenção de diferentes negócios, com predominância da indústria florestal, das quais 17 são de pequenas indústrias, perfazendo um investimento de R$ 352 milhões. A instalação das indústrias depende do alfandegamento que é um processo complexo e, infelizmente, demorado. Vamos trabalhar para fazer o alfandegamento no menor prazo possível. No que respeita ao governo estadual, o prazo é julho, para completar a documentação estadual. As primeiras empresas estarão se instalando até o final de 2011. O Governador Tião Viana finalizou a entrevista reafirmando o seu compromisso de propor ações para avançar no processo de desenvolvimento do Acre, com crescimento econômico, inclusão social, conservação dos recursos ambientais e fortalecimento da cultura das comunidades locais. “Faremos esforços destacados, no uso econômico sustentável da terra, da floresta e da água, visando a geração de emprego e renda, beneficiando, especialmente, as parcelas mais despossuídas e carentes da população”, garantiu. Tião Viana disse, ainda, que a educação e a saúde terão atenção especial. Ele afirmou que os progressos que a educação do Acre conquistou continuarão e que serão fortalecidos os serviços de saúde, dando atenção especial à humanização do atendimento. O governador foi enfático ao dizer que será duro no combate ao crime. Segundo ele, o crime hediondo será tratado com o maior rigor. Não haverá transigência nestes casos, obedecida a ordem legal. Na segurança da popu- Fotos: Ascom “A ZPE é parte fundamental da estratégia de industrialização do Estado” lação, a inteligência, o policiamento ostensivo rigoroso e as políticas de prevenção serão estratégias da política de segurança. “Como governador do povo acreano, desejamos reunir os esforços de todos para promover o desenvolvimento que renove a esperança e propicie dignidade e melhoria de vida das comunidades, das famílias e das pessoas que vivem neste Estado”, encerrou. Acre industrial - março/2011 21 política A toque Edvaldo Magalhães diz que Secretaria Estadual de Indústria e Comércio trabalhará no ritmo do setor privado U m dia histórico. Pela primeira vez o setor industrial esteve frente a frente com seu representante no Poder Público, podendo discorrer aberta e detalhadamente sobre os diversos entraves que atrapalham sua atividade: o primeiro secretário de Indústria e Comércio do Estado, Edvaldo Magalhães. Estas duas pastas foram incluídas às da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, a fim de atender amplamente os anseios da iniciativa privada, que há tempos reivindicava por esta oportunidade. Praticamente em seu primeiro dia oficial de trabalho, Magalhães se reuniu com empresários do setor industrial e diretores da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC) na Sala de Reuniões da instituição. O encontro possibilitou à iniciativa privada dar os primeiros passos em direção ao seu tão sonhado desenvolvimento e fortalecimento. Segundo Edvaldo Magalhães, a ordem é estabelecer uma relação muito próxima com os problemas e reivindicações do setor produtivo. “Queremos dar à Secretaria o ritmo e o tempo da iniciativa privada”, afirmou. Entre os temas abordados no encontro, o presidente do Sistema FIEAC, João Francisco Salomão, expôs a preocupação do setor com relação ao início das atividades da Zona de Processamento de Exportação (ZPE); sobre a emergência de se criar uma política de proteção aos produtos desenvolvidos no Estado e também sobre a necessidade de se revisar alguns pontos da Lei da Copiai – como a redução da alíquota de ICMS para empresas e produtos; conceder estímulos econômicos para empresas industriais que se instalarem no interior do Estado e ampliação/ criação de Distritos Industriais e Parques segmentados. “Uma vez que entre em funcionamento, a nossa ZPE será um marco no Estado. Isso nos deixa esperançosos e também ansiosos”, justificou Salomão. “Precisamos também de apoio para manter aquecida nossa cadeia de produção e o Programa de Habitação é um dos fatores que contribuem para isso”, defendeu. Na opinião do empresário Jorge Tomás, que faz parte da diretoria da FIEAC, a Secretaria de Indústria e Comércio vai ser uma das mais importantes do atual governo do Acre. “Vai exercer o papel de planejadora das ações do setor produtivo. Seria muito importante também que a antiga Agência de Negócios do Acre fosse reformulada para incrementar essas ações”, sugeriu. Edvaldo Magalhães afirmou que a ZPE é uma questão central para a política de fortalecimento da economia acreana e que – conforme os gargalos que por 22 Acre industrial - março/2011 Empresários conquistam canal direto de diálogo com o poder público de caixa ora travam o início das atividades forem superados (alfandegamento, sistema de vigilância e instalação de um software específico, por exemplo) – a previsão é de que em abril a unidade tenha plenas condições de ser inaugurada. Com relação à revisão da Lei Copiai, Magalhães foi taxativo: “Leis foram feitas para ser cumpridas, mas também mudadas. Leis ficam defasadas e necessitam, sim, de mudanças”, garantiu. Ao término do encontro, secretário e empresários estabeleceram o compromisso de cada setor se reunir individualmente para apresentar seus gargalos e propor soluções à Secretaria. O tom de urgência ficou evidente e a contrapartida do governo é de que urgentes também serão as respostas, pois o desenvolvimento do Estado tem pressa. Acre industrial - março/2011 23 FIEAC Descanso FIEAC implanta calendário de feriados do setor produtivo A gora, não haverá mais dúvidas sobre quais dias são, efetivamente, feriados ou datas comemorativas – que consequentemente se traduzem como “ponto facultativo” e “enforcamentos”. A FIEAC lançou, em janeiro, o Calendário de Feriados do Setor Produtivo, em parceria com as demais instituições representativas. A iniciativa será fiscalizada, de perto, pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Acre (SRTE/AC) a fim de que seu cumprimento seja garantido. Na ocasião, o presidente da FIEAC, João Francisco Salomão, comentou que, após reuniões com representantes de cada setor privado – Federação do Comércio (Fecomércio/AC), Federação da Agricultura (FAEAC), Associação Comercial (Acisa) e Federação das Associações Comerciais e Empresariais (Federacre) – concordaram em produzir o material para esclarecer alguns impasses relacionados aos feriados. “Assim, definimos, com base legal e de acordo com alguns especialistas, as datas que realmente são feriados. Algumas datas comemorativas não são feriados e as empresas não são obrigadas a paralisar suas atividades”, esclareceu o empresário. A iniciativa foi elogiada pelo superin- 24 Acre industrial - março/2011 Programado tendente do Trabalho e Emprego, Manoel Neto, que acredita que o estabelecimento de um calendário para o setor irá sanar dúvidas e orientar empregador e empregado. “Ainda existem querelas jurídicas com relação a alguns feriados municipais, mas não vamos entrar nesse mérito. O que importa é que agora as pessoas poderão se planejar de acordo com esse calendário, sem preocupação”, salientou. O calendário se baseia em um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que faz uma estimativa do custo econômico dos feriados no Brasil e nos estados. Em 2009, por exemplo, as perdas do País chegaram a R$ 12,5 bilhões para cada feriado. No ano passado, segundo o estudo, o impacto seria de R$13,8 bilhões em cada paralisação. A conclusão é de que, a cada 23 anos, o Brasil perde um PIB inteiro em virtude dos feriados e datas comemorativas. Em valores monetários, no Acre, o impacto anual estimado com os 15 feriados em dias úteis que ocorreram em 2009 (somando os setores da construção civil e de transformação) girou em torno de aproximadamente R$ 74 milhões. Sendo R$ 47,5 milhões na construção civil e R$ 26,5 milhões na indústria de transformação. Considerando os dias “enforcados”, o valor subiria para R$ 108,5 milhões, sendo R$ 69,7 milhões na construção civil e R$ 38,7 milhões na transformação. DEFINIÇÃO – Assim, para evitar perdas significativas para a economia acreana e esclarecer impasses com relação às datas que são feriados - de acordo com a legislação federal, o setor jurídico da FIEAC ajudou a embasar o documento que define em quais dias do ano a paralisação será obrigatória para o setor. Uma vez que a legislação trabalhista é de competência exclusiva da União, a Lei 9.093/95 explicita que os estados somente podem estabelecer feriado em um dia do ano, a fim de comemorar sua data magna. No caso das leis municipais, pode-se decretar apenas três feriados além da Sexta-Feira da Paixão. Deve-se optar entre os dias dos santos de guarda, que, segundo a tradição cató- lica, os fiéis têm a obrigação de comparecer à igreja. Logo, os feriados, no Estado do Acre, ficaram assim definidos: • JANEIRO: Dia 1º - Confraternização Universal (Feriado Nacional); • MARÇO: Dia 08 - Terça-feira de carnaval (Feriado Nacional); Dia 22 - Aniversário de Xapuri (Feriado Municipal); Dia 30 - Aniversário de Plácido de Castro (Feriado Municipal); • ABRIL: Dia 22 - Sexta-feira Santa (Feriado Nacional); Dia 21 - Tiradentes (Feriado Nacional); Dia 24 Aniversário de Tarauacá (Feriado Municipal); Dia 28 Aniversário de Porto Walter, Marechal Thaumathurgo, Jordão, Santa Rosa, Epitaciolândia, Capixaba, Bujari, Acrelândia e Rodrigues Alves (Feriado Municipal); • MAIO: Dia 1º - Dia do Trabalho (Feriado Nacional); Dia 14 - Aniversário de Senador Guiomard, Manoel Urbano e Assis Brasil (Feriado Municipal); Dia 30 Aniversário de Mâncio Lima (Feriado Municipal); • JUNHO: Dia 23 - Corpus Christi (Feriado Nacional); Dia 15 - Aniversário do Estado do Acre (Feriado Estadual); • JULHO: Dia 03 - Aniversário de Brasiléia (Feriado Municipal); • SETEMBRO: Dia 7 - Independência do Brasil (Feriado Nacional) e Dia de Nossa Senhora Rainha da Paz Acrelândia (Feriado Municipal); Dia 25 - Aniversário de Sena Madureira (Feriado Municipal); Dia 28 Aniversário de Cruzeiro do Sul (Feriado Municipal); • OUTUBRO: Dia 12 - Nossa Senhora Aparecida (Feriado Nacional); • NOVEMBRO: Dia 2 - Finados (Feriado Nacional); Dia 15 - Proclamação da República (Feriado Nacional); • DEZEMBRO: Dia 21 - Aniversário de Feijó (Feriado Municipal); Dia 25 - Natal (Feriado Nacional); Dia 28 - Aniversário de Rio Branco (Feriado Municipal). Acre industrial - março/2011 25 SESI Em um só lugar Já imaginou ter academia, salas de aula e laboratórios de informática dentro do seu trabalho? O SESI proporciona isso D epois de um dia extenuante de trabalho, na obra de um residencial de alto padrão, uma turma de 20 pedreiros de uma indústria de construção civil acreana inicia uma nova jornada, numa sala de aula improvisada nos fundos da construção. Ali, eles dão os primeiros passos no mundo da informática, por meio do curso “Aprenda a clicar”, promovido gratuitamente pelo SESI/AC. As aulas, de segunda a sexta, das 19h às 21h, têm por objetivo iniciar os alunos nos recursos básicos da informática e dos aplicativos do pacote Office, numa carga horária de 20h. Para participar, basta que o interessado tenha pelo menos o ensino fundamental incompleto. “Decidi fazer esse curso para aprender, para me atualizar sobre o que está acontecendo no mundo e me adequar mais na minha profissão, ficar mais informado”, destacou Francisco Nonato da Silva, 38. Ele conta que possui o ensino médio completo e que está no ramo da construção civil há cinco anos. “E pretendo fazer mais cursos que o SESI oferecer. É só ter a oportunidade, que eu tento participar”, acrescenta. Além dos cursos de educação continuada, o SESI realiza ainda cursos de educação básica, que vão da alfabetização à oitava série. Tudo isso dentro da empresa. “Tem um trabalhador daqui que se alfabetizou com a gente e já está na turma de quinta à oitava série. São pessoas que têm um dia duro, mas ainda querem se dedicar aos estudos, se qualificar”, destaca a coordenadora do curso, Francisca Fernandes. Para o superintendente do SESI, José Carlos de Oliveira Filho, a elevação da escolaridade é uma necessidade grande do Estado, uma vez que as pesquisas apontam um índice de analfabetismo de 10%. “E não é esse dado que queremos manter. Queremos ver o trabalhador estudando e crescendo profissionalmente”, destaca. Exercitando o corpo - Além de trabalhar com educação, o SESI também leva para dentro das empresas a qualidade de vida aos trabalhadores, por meio de atividades físicas, como ginástica laboral e caminhada saudável. “Engana-se quem pensa que exercícios físicos precisam, necessariamente, 26 Acre industrial - março/2011 Ginástica laboral prepara trabalhadores para as atividades do dia ser intensos. Uma caminhada, por exemplo, exige esforço moderado e pode ser praticada pela maioria das pessoas”, afirmou Jorge Ferreira, analista de esporte e lazer do SESI/AC. O resultado é comprovado cientificamente. A ginástica laboral, realizada pelo SESI em várias empresas de Rio Branco, serve para que cada um conheça seus limites e se prepare melhor para as atividades do dia a dia, segundo o analista. Entre os benefícios relacionados ao hábito de caminhar, estão a redução nos níveis de ansiedade e controle do estresse; mais disposição para realizar tarefas rotineiras; aumento da auto-estima e melhora na autoimagem; melhora na qualidade do sono e maior grau de relaxamento; ajuda no controle do peso corporal; controle da hipertensão arterial e benefícios ao sistema circulatório em geral e ajuda na preservação da massa óssea e na função dos músculos e das articulações. Portanto, motivos não faltam para começar já uma mudança na qualidade de vida. E sem grandes esforços. “Sabemos como é difícil a jornada do trabalhador da indústria e que nem todos conseguem sair com disposição da empresa para ir para uma sala de aula ou para praticar atividade física, depois de um dia cheio de trabalho. Para as mulheres, que, além de trabalharem fora, são donas de casa, creio que seja ainda mais difícil. Por isso, o SESI está à disposição para levar até as empresas todos os serviços solicitados nas áreas de esporte, lazer, saúde e educação”, disse o superintendente do SESI, José Carlos de Oliveira Filho. Acre industrial - março/2011 27 SENAI Sem perda de tempo Diploma de curso técnico do SENAI garante oportunidades de trabalho, melhoria na renda e ascensão social em tempo hábil P or ter a duração de dois anos, o curso técnico pode significar a entrada mais cedo no mercado de trabalho. Mas, essa não é a única razão que tem levado milhares de jovens em todo o Brasil a fazer essa opção de estudo. A qualificação, segundo a diretora de Educação e Tecnologia do SENAI/AC, Geane Reis, tem tido valorização semelhante a de nível superior, do ponto de vista econômico. É que o profissional, como a formação já diz, é responsável por executar os aspectos práticos de determinada atividade, encerrando um conjunto de conhecimentos mais objetivos. É nesse profissional que as indústrias, principalmente, têm feito grandes investimentos. “Durante anos os cursos técnicos foram renegados por grande parte da população jovem que almejava uma formação superior. Esse pensamento supervaloriza socialmente o diploma de estudos em nível superior, embora não se possa estabelecer uma correspondência linear entre o status social supostamente conferido por esses diplomas e a repercussão econômica do mesmo para os seus detentores”, destaca. O diploma de um curso técnico, expedido por uma instituição credenciada ao MEC e reconhecido nacionalmente, que é o caso do SENAI, abre oportunidades de trabalho, melhoria na renda e traz ascensão social 28 Acre industrial - março/2011 - segundo Geane. Paralelamente a isso, o Brasil enfrenta um problema: a pouca oferta de vagas no ensino superior incompatível com a demanda, uma vez que, a cada ano, milhares de alunos que concluem o ensino médio, não conseguem uma vaga nos cursos superiores. “E o que fazer com esses jovens? Um dos caminhos é a educação técnica de nível médio, que se coloca como uma alternativa de formação intermediária”, complementa. O SENAI/AC hoje dispõe do curso técnico em Segurança no Trabalho. No final de 2010, a instituição aprovou três cursos técnicos que em muito contribuirão para a formação de profissionais com competências teóricas e práticas específicas da profissão, atitudes e habilidades comuns a uma área profissional e ao mundo do trabalho: são os de Técnico em Eletrotécnica, Técnico em Edificações e Técnico em Design de Móveis. Profissionais formados nestas áreas atenderão setores importantes e em expansão no Estado, como a Construção Civil, Madeira e Mobiliário e Eletricidade. Para a aprovação dos cursos, perfis profissionais foram defi- nidos a partir de diálogos com os setores produtivos, academia, conselhos de classes, sindicatos e especialistas, representados nos Comitês Técnicos Setoriais, de cada segmento, promovendo uma análise do setor, suas necessidades de formação, e a definição do itinerário de formação apropriado e de acordo com os anseios das empresas. Outro aspecto considerado foi à pesquisa de demanda por educação profissional e tecnológica, realizada pelo SENAI. Ao todo, o SENAI oferecerá, em 2011, 320 vagas nos cursos mencionados acima, em suas duas Unidades Operacionais, Escola Coronel Auton Furtado e Centro de Tecnologia da Madeira e do Mobiliário (Cetemm), com inscrições abertas para o processo seletivo a partir de fevereiro de 2011. Sendo 80 vagas para Técnico em Edificações, 80 vagas para Técnico em Design e 160 vagas para Técnico em Eletrotécnica. “Uma carreira profissional bem-sucedida começa por uma formação de boa qualidade. A formação de técnicos de nível médio é focada em uma modalidade de atuação profissional e humana, abrangendo um conjunto de saberes, nos aspectos teóricos e práticos, científicos, organizativos e sociais, articulando e mobilizando os conhecimentos adquiridos no desempenho de suas funções”, reforça Geane. Técnico em Edificações - Executa projetos de edificações conforme normas técnicas de segurança e de acordo com legislação específica. Auxilia no planejamento, execução e elaboração de orçamento de obras. Orienta e coordena a execução de serviços de edificações. Técnico em eletrotécnica - Habilitará profissionais para interpretar projetos elétricos, executar instalações elétricas prediais e industriais em baixa tensão, bem como realizar manutenção e reparos de máquinas, equipamentos/componentes eletroeletrônicos, cumprindo normas técnicas de segurança e qualidade pertinentes, auxiliando o profissional Engenheiro Eletricista, conforme resolução 262/79 que dispõe sobre atribuições. Técnico em design de móveis - Habilitará profissionais para desenvolver e criar esboços, perspectivas e desenhos normatizados de móveis, aplicar aspectos ergonômicos, elaborar documentação técnica, planejar os processos de fabricação dos produtos para o setor, considerando os aspectos de funcionalidade, conforto e estética, otimizando os recursos e etapas do desenvolvimento de projetos. Acre industrial - março/2011 29 IEL O mundo mudou! Atualmente, as empresas estão vivendo na era da globalização, em que, mais do que nunca, conquistar e, principalmente, manter os atuais clientes é fundamental para a sobrevivência de qualquer negócio. Por isso, qualidade e competitividade deixaram de ser apenas um diferencial entre as companhias para se tornarem fatores de sobrevivência num mercado onde os produtos são facilmente copiados. O Acre, que até há bem pouco tempo parecia estar a quilômetros de distância desse processo, vê aos poucos as barreiras comerciais sendo desmoronadas. A Estrada do Pacífico e a Zona de Processamento de Exportação têm feito as grandes indústrias brasileiras olharem o extremo oeste do Brasil com outros olhos. As mudanças vêm a passos largos e a exemplo do que ocorreu com a Revolução Industrial, iniciada em meados do século 18 na Inglaterra, quem não se preparar pode perder a “hora do bonde”. Para a superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Socorro Bessa, entidade integrante do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), “o empresariado acreano precisa despertar para a nova realidade e para isso tem como aliado o IEL”. O Instituto atua em todo o território nacional há 40 anos e tem como missão promover o aperfeiçoamento da gestão, a capacitação empresarial e a interação entre as empresas e os centros de conhecimento, contribuindo para a competitividade da Indústria. No Acre sua missão é ainda maior: “contribuir para o desenvolvimento sustentável do Estado”. Para isso, o IEL atua em várias frentes de trabalho, seja preparando mão-de-obra qualificada para atender as empresas, por meio do programa de estágio; seja com treinamento e consultoria empresarial, como forma de qualificar os empresários para esse novo momento em que o Estado vive; ou com pesquisa de mercado e satisfação do cliente. “Este é o papel do IEL, auxiliar a empresa a se tornar competitiva, preparada para atender o que o mercado necessita”, explica Socorro. Mais de uma década apoiando os empresários Deixar o mercado acreano em pé de igualdade com os mercados com maior nível de desenvolvimento do Brasil é uma meta que vem sendo alcançada pelo IEL ao longo de seus 12 anos de existência. Pelo menos é o que acredita Clivia Halk, gestora de compras da Albuquerque Engenharia. “O IEL é um prestador de serviço nosso de longa data. Fornecendo consultorias, treinamentos, estagiários. Somos umas das cinco empresas âncoras no Acre”, revela. O termo âncora utilizado por Clivia, para definir a Albuquerque Engenharia, diz respeito a sua participação em um projeto do IEL Nacional, em parceria com o Sebrae, cujo objetivo é capacitar as empresas da construção civil para atender o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), exigência do Governo Federal. No Acre, o IEL é a única instituição que prepara as empresas para obter certificação neste Programa. Um parceiro de peso por Rachel Moreira Instituto auxilia na capacitação para melhoria da competitividade 30 Acre industrial - março/2011 Rachel Moreira Kelly e Francisca não sabiam onde buscar ajuda até conhecerem o IEL Preparando herdeiros Dona Francisca Chagas e a filha Kelly Janine sempre souberam quais as dificuldades da empresa que administram, a Formate Concreto, mas não sabiam aonde buscar soluções. Tudo mudou quando a empresa Albuquerque Engenharia indicou a empresa como fornecedora para o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF). Logo de cara a empresa teve a visita de um consultor do IEL que fez um diagnóstico dos “gargalos” da empresa, propondo as mudanças necessárias para que a mesma tivesse sua qualificação certificada e se tornasse mais competitiva no mercado. Atualmente, a empresa já passou por duas consultorias e está entrando na terceira. Além disso, os trabalhadores da Formate estão passando por treinamento oferecido pelo Instituto. “Na verdade nossa empresa trabalha com produtos que requerem uma qualidade certificada, nos padrões que o mercado existe hoje. O IEL veio em boa hora subsidiar a gente nessas necessidades que tínhamos e não sabíamos onde encontrar”, revela Francisca Chagas, proprietária da empresa. Kelly, futura herdeira do empreendimento, vai ainda mais longe. Ela não só reconhece a tendência do mercado de exigir a implantação do sistema de qualidade, mas já pensa em num futuro próximo implantar um sistema de qualidade ambiental. “Nossa empresa já estava querendo fazer algumas implantações e esse programa veio a permitir que ela começasse a se adequar para implantar no futuro um sistema de qualidade ambiental, porque no nosso caso não vamos conseguir trabalhar se não tivermos tudo isso”, argumenta. sindicatos reconhecem o papel do iel Para o empresário Carlos Sasai, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Acre (Sinduscon/AC), o IEL tem sido um grande parceiro atendendo as demandas com eficiência e competitividade. “O IEL, para o nosso sindicato, como para todos os setores da indústria, é uma instituição indispensável, porque oferece ações focadas na gestão e capacitação das empresas e num Estado tão carente como o nosso isso é importantíssimo”, conclui. Acre industrial - março/2011 31 COMPETIT EM XE Nesta nova década, indústria acreana encara o desafio de se livrar das barreiras que a impedem de crescer e se fortalecer 32 Acre industrial - março/2011 TIVIDADE EQUE O (RGR), que incide sobre a conta de energia. De acorano de 2010 se encerrou com um crescido com a agenda elaborada pela Confederação Namento de 14% do PIB industrial acreano. cional da Indústria (CNI), intitulada “A Indústria e A expectativa é que o PIB atinja a casa dos o Brasil: uma agenda para crescer mais e melhor”, os 14,7% de crescimento em 2011, segundo pesquisas impostos sobre a eletricidade no Brasil são bastante realizadas pela FIEAC, por meio do Instituto Euvalsuperiores aos de outros países. O documento indica do Lodi (IEL), em parceria com o Centro de Ciências que “a disponibilidade e os custos da energia elétrica Jurídicas e Sociais Aplicadas da Ufac. As perspectisão fatores determinantes para a competitividade do vas para que tal êxito se repita no primeiro ano desta País”. nova década são boas para a maioria dos empresáriApesar das perspectivas de crescimento seros. Mas eles mesmos consideram que poderiam ser em boas para a indústria acreana em 2011, sobretudo bem melhores. da área da construção civil, estas não são o bastante De acordo com os setores entrevistados, a para desenvolver nem preocupação com a ma“Apesar das perspectivas de crescifortalecer o setor no nutenção da política de incentivos fiscais/tributários mento serem boas para a indústria Estado. A previsão é de que haja manutendo governo estadual, que acreana em 2011, sobretudo da área ção do volume de obras ainda vem sendo executada de maneira tímida, é geral. da construção civil, estas não são o públicas (por meio do Some-se a isso a elevação bastante para desenvolver nem for- PAC 2) e que o desempenho da indústria flodo custo do dinheiro no talecer o setor no Estado.” restal madeireira, prinBrasil (TJLP), a redução de cipalmente no tocante investimentos federais, as à exportação, permaneça evoluindo. No entanto, tais restrições ambientais e a costumeira burocracia, que eventos contribuirão somente para manter aquecida também são pautas que inquietam o setor produtivo, a cadeia produtiva local. Já a perenidade da mesma, uma vez que emperram seu desenvolvimento e nubque depende, necessariamente, do seu poder de comlam os rumos da atividade industrial no Estado. petitividade, está em xeque. Ao apagar das luzes de 2010, por exemplo, o Para fugir desta condição e reacender seu governo aprovou a prorrogação, por mais 25 anos, de fôlego, a indústria clama por reformas estruturais um encargo chamado Reserva Global de Reversão Acre industrial - março/2011 33 – reivindicações antigas que, por sua vez, já se acumulam com as mais recentes. Em uníssono, empresários da indústria de todo o País suplicam por menos burocracia na legislação ambiental, modernização das relações trabalhistas, carga tributária menos asfixiante e redução das taxas de juros. ABERTURA DE JOGO A verdade é que as dificuldades começam a partir do momento que se decide abrir uma empresa no Brasil. O empreendedor já enfrenta um verdadeiro teste de resistência ao esperar por até 150 dias para a conclusão do processo – prazo maior do que o registrado em 72 países, segundo informou o presidente do Sistema FIEAC, João Francisco Salomão. “A solução desse lamentável problema nem exigiria a aprovação de leis nos órgãos do Poder Legislativo. Bastariam medidas de caráter administrativo dos governos municipais, estaduais e federais e, sobretudo, a mudança da cultura da ‘venda de dificuldades’, incrustada nas repartições públicas, com raras e honrosas exceções”, opinou o empresário. Nada menos que 183 nações foram avaliadas para o ranking anual elaborado pelo Banco Mundial chamado “Doing Business” (“Fazendo Negócios”), sobre as dificuldades de se fazer negócios ao redor do planeta. Divulgado na imprensa nacional em novembro de 2010, o Brasil, que já ocupava um desconfortável 124º lugar, caiu mais três posições. Entre os critérios considerados no relatório estão o nível de dificuldade para se abrir uma empresa e o peso da carga tributária. O Portal “Opinião e Notícia” destacou que, enquanto na Nova Zelândia e no Canadá basta um único procedimento, no Brasil são necessários 15 procedimentos para se abrir uma empresa. Outra 34 Acre industrial - março/2011 discrepância é que, na Nova Zelândia, basta um único dia para que o processo de abertura de um negócio seja finalizado. O Brasil é medalha de ouro no critério burocracia – são necessárias 2.600 horas anuais para uma empresa lidar com a carga tributária, ao passo que nos Emirados Árabes apenas 12 horas por ano já são o bastante. INTERFERÊNCIA No xadrez, há uma jogada chamada “Interferência”, que consiste em o jogador interpor uma peça sua para deixar a do oponente sem defesa ou ocupada. O setor produtivo, por sua vez, começou a se movimentar para fazer algo semelhante. No Acre, empresários de diversos segmentos da economia deram início ao chamado Movimento de Fortalecimento do Setor Produtivo (MFSP) para reagir a tantos fatores sufocantes ao poder de competitividade das empresas acreanas. O coordenador Assurbanípal Mesquita explicou como funciona a linha de raciocínio do Movimento. “Partimos do princípio de que se a sobrevivência do setor produtivo sofre influência direta e significativa das políticas públicas, bem como de normas e leis, há necessidade de que nós participemos diretamente de suas formulações”, explicou o coordenador do MSFP. E as primeiras conquistas dessa iniciativa já começam a ser computadas. No dia de sua posse, o governador Tião Viana já anunciou a ampliação da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia (SDCT), incluindo as pastas de Indústria e Comércio. Uma de suas bandeiras de campanha era justamente o crescimento e fortalecimento do setor industrial do Estado – a partir do novo momento que o Estado “Para o setor produtivo, a prioridade máxima é a reforma tributária, cujo objetivo é desonerar investimentos e exportações, a fim de simplificar e reduzir a burocracia do sistema.” vive, com a criação de sua Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e a abertura para os portos do Oceano Pacífico através da Estrada Interoceânica – atendendo às reivindicações da classe empresarial. Durante a campanha eleitoral, a FIEAC realizou uma sabatina com os candidatos ao governo do Estado e, na oportunidade, entregou a cada um a Agenda Executiva para 2011 – 2014, contendo propostas do setor industrial para o desenvolvimento do Estado. “Essa agenda foi constituída a partir de diversas reuniões com o setor, valendo a pena ser considerada pelo próximo governador do Estado. O que queremos a partir de nossas propostas é acelerar o processo de desenvolvimento que já existe”, destacou, à época, João Francisco Salomão. Dentre os principais temas incluídos na Agenda Executiva do Acre também se destacam o estabelecimento de um canal permanente de comunicação com o setor industrial, a internalização da importância do setor produtivo nas diversas esferas do Executivo e do Legislativo, inovação, educação e comércio internacional. De acordo com Viana, o propósito do seu governo é estabelecer uma ação coesa voltada ao desenvolvimento sustentável. “O que queremos é que as sugestões que apresentamos na Agenda sejam, de fato, incorporadas ao plano de governo do próximo governador do Acre, pois acreditamos que o Acre só alcançará o desenvolvimento pleno e sustentável por meio de uma indústria forte e competitiva”, garantiu, no dia de sua sabatina. REI EXPOSTO Ainda segundo as regras do jogo, há uma situação chamada “Rei Exposto” (Exposed King), quando a peça fica a mercê de um xeque, xeque-mate ou de outros temas táticos que podem encurralá-la por estar em campo aberto – sem a proteção de peões, com proteção apenas parcial ou ainda com uma proteção inadequada diante dos perigos que enfrenta. Esta situação é similar a da indústria acreana que, em sua maioria, é composta por empresas de micro e pequeno porte. Ao lidar com elevadíssimas cargas tributárias; dificuldade de acesso ao crédito; altos juros; volatilidade de câmbio; complexidade das normas e regras aduaneiras; tímida política de incentivos fiscais e de inovação; alto custo de energia; licenciamento ambiental burocrático e leis trabalhistas arcaicas, seu poder de competitividade fica extremamente vulnerável. São problemas de ordem nacional que fazem parte do cotidiano dos empresários estabelecidos no Acre, conforme se pode constatar em todas as Pesquisas de Sondagem Industrial. O mais grave empecilho para a atividade industrial, segundo os entrevistados, é, de longe, a carga tributária. O presidente da FIEAC explica que as queixas não se resumem “tão somente” (como se já não fossem o bastante) ao alto valor dos impostos. Compreende, ainda, a dificuldade para o seu pagamento estabelecida pela burocracia. O “inferno tributário”, como apelidam os empresários, abarca impostos, taxas e contribuições federais, estaduais e municipais, com prazos, alíquotas e procedimentos diferentes. “Há, ainda, os encargos sociais Acre industrial - março/2011 35 *FONTE: http://portugues.doingbusiness.org/ atrelados à arcaica legislação trabalhista, que também oneram os custos e enfrentam a burocracia. Tudo isso dificulta muito o processo de administração, principalmente para as empresas menores, como muitas existentes no Acre, que não têm estrutura para gerenciar todas essas atividades-meio, prejudicando sua concentração no foco do negócio”, salientou o Salomão. Diante de tantos gargalos, entraves e obstáculos, a competitividade das empresas locais está exposta a um golpe mais – ou até menos – ousado, que pode lhe ser fatal. Para se defender dos ataques externos (leia-se concorrência acirrada), o setor industrial até sabe o que é preciso fazer para obter êxito, mas precisa de um “Intermediário”. No xadrez, esta estratégia consiste no adiamento de um lance para a execução de outro, forçando o adversário a fazer um movimento cujo efeito é fortalecer ainda mais o lance adiado. Ou seja, para que a indústria se desenvolva e se fortaleça – objetivo final – é necessária uma ação intermediária que depende do “adversário”, no caso, o Poder Público. Intermediário – “O êxito nessa conquista está condicionado à transformação do Brasil em um País efetivamente competitivo no mundo globalizado, no 36 Acre industrial - março/2011 qual a concorrência é cada vez mais acirrada. Nesse sentido, a indústria defende a realização das reformas estruturais do marco legal, que vêm sendo postergadas há décadas, vitimadas pelo corporativismo e o fisiologismo”, defende Salomão. Para o setor produtivo, a prioridade máxima é a reforma tributária, cujo objetivo é desonerar investimentos e exportações, a fim de simplificar e reduzir a burocracia do sistema. Mas para além desta, ainda são imperativas as reformas fiscal, da previdência, trabalhista e política. A partir das duas primeiras, obtém-se mais eficiência do Estado e de sua gestão, aumento da poupança pública e a sustentabilidade do sistema previdenciário. Ao ampliar a competitividade do sistema produtivo, elevando-se, por conseguinte, a geração de mais postos de trabalho e renda, a reforma trabalhista vem ao encontro da necessidade de se proteger trabalhador e emprego. “Finalizando esta cadeia, vem a reforma política, que é essencial diante da constatação de que a qualidade da governança e do sistema de decisões no setor estatal é decisiva para o adequado funcionamento da economia e da sociedade”, explicou o presidente da FIEAC. Um dos setores de grande relevância para a geração de emprego, pesquisa, inovação, bem como para o impulso do PIB, é o Parque Industrial – o qual, segundo o governador recém-eleito, passará a ser cada vez mais valorizado segundo os planos que tem para o desenvolvimento do setor. Em janeiro, Tião Viana entregou em Cruzeiro do Sul – segunda maior cidade do Estado – o Parque Industrial e Florestal, uma área de 20 hectares totalmente licenciada ambientalmente. Segundo o secretário interino de Indústria e Comércio, César Dotto, ali foram investidos, até o momento, R$ 3 milhões, sendo que o governador também autorizou o investimento de mais R$ 3,4 milhões, totalizando R$ 7 milhões no polo moveleiro daquela localidade. “Com a ZPE, há ainda a necessidade de internacionalização das empresas, contribuindo para acelerar a captação de novas tecnologias, aumentar as economias de escala, facilitar o acesso a recursos naturais e desenvolver novas competências”, complementou Salomão. COROAÇÃO É inegável o poder de competição obtido por um jogador quando este consegue “coroar” (promover) um peão. Quando a peça atinge a oitava casa do tabuleiro, ela pode ser substituída por qualquer outra mais forte para uma ação imediata. Uma vez atingidas as metas estabelecidas para o fortalecimento e o des e nvolv i me nto da indústria local, não haverá coro- ação maior que seu elevado poder de competitividade e sobrevivência no mercado, em pé de igualdade na esfera globalizada onde se encontra. Deve-se reconhecer que o panorama está ficando cada vez mais propício para a tão sonhada promoção. O Estado vem avançando em questões relevantes para o setor, realizando investimentos focando na preparação da economia local para o crescimento. “A qualidade das instituições melhorou, o acesso e o valor atribuído à educação aumentaram”, ponderou Salomão. No entanto, não se pode perder de vistas as demais demandas cada vez mais urgentes para se formar um cenário favorável aos negócios. A expectativa da classe empresarial para a nova década que se inicia é bastante esperançosa, uma vez que a participação das instituições classistas vem intercedendo de forma cada vez mais positiva nas agendas do País e do Estado. “Temos plenas condições de concretizar, na nova década que se inicia, o propósito de converter o Brasil na quinta maior economia, com desenvolvimento e justiça social”, acredita Salomão. Se a estratégia de fortalecimento continuar sendo executada conforme o prometido, sem ameaça de um “ataque a descoberto”, “bloqueios” ou “afogamentos” (jargões de xadrez que, só pelo nome, não necessitam de melhores explicações), será a vez de o setor produtivo local reagir e, ele sim, dar um xeque-mate na concorrência. Acre industrial - março/2011 37 ZPE Uma área de estratégica Um novo olhar para o desenvolvimento do Acre anima empresários e Governo Após ser autorizada pelo ex-presidente Lula em 2010, a Zona de Processamento de Exportação do Acre está cumprindo à risca todo o seu plano de ação. Após a publicação no diário oficial da união que consentiu a criação da ZPE, muitos passos já foram dados – passos largos, inclusive. Criação da empresa administradora e nomeação do seu conselho administrativo; pesquisa de mercado focada nos produtos referentes às cartas de intenções recebidas por empresários interessados em instalar-se na ZPE/AC; envio de todo o material para a Receita Federal para conseguir o alfandegamento. Esses são apenas alguns pontos que colocam a Zona de Processamento de Exportação do Acre à frente de muitas que foram criadas anteriormente. Esta situação avançada rendeu ao Acre destaque no 2º Fórum Brasileiro de Zonas de Processamentos de Exportações, realizado em janeiro passado, no Recife – que abordou “A Implantação das ZPEs: Normatização e Exemplos de Zonas Francas Bem-Sucedidas”. O presidente da FIEAC e do Conselho da Administradora da Zona de Processamento de Exportação do Acre S/A, João Francisco Salomão, apresentou o modelo do projeto acreano e presidiu a sessão que teve como tema “A Constituição das Empresas Administradoras de ZPE sob Controle Privado: Aspectos Legais”. Durante a apresentação, Salomão informou que o Acre deixará de ser considerado um Estado periférico para ser a porta de entrada do País, a partir da conclusão da Estrada Interoceânica. “A previsão é de que, em menos de dois anos, já estejam instaladas na área da ZPE pelo menos 14 empre- 38 Acre industrial - março/2011 endimentos, que gerarão no mínimo 6 mil empregos diretos e indiretos, exportando produtos do Estado para a Ásia e a costa oeste norte-americana”, garantiu. Ainda segundo informações do presidente da FIEAC, a Administradora da ZPE já protocolou os documentos necessários junto à Receita Federal para conseguir o alfandegamento, pré-condição para o início das instalações das indústrias. No entanto, vale ressaltar que o Governo do Acre está totalmente empenhado para concluir esta etapa de alfandegamento ainda no primeiro semestre de 2011. Outro momento importante durante o evento foi a reunião realizada com Gustavo Fontenele, secretário executivo do Conselho Nacional da ZPE, que representou o ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Fontenele se sensibilizou com o alto nível do projeto acreano e garantiu que, em breve, vai conhecer a estrutura da Zona de Processamento de Exportação do Acre para verificar de qual maneira pode-se acelerar o processo de início das instalações das indústrias. O presidente da FIEAC acredita que o Acre poderá, em curto prazo, apresentar significativa vantagem competitiva. “Refiro-me à Rodovia Interoceânica Brasil-Peru, que já está concluída, faltando, apenas, a ponte na cidade de Porto Maldonado. Seremos, então, o único Estado brasileiro diretamente ligado, por meio do Oceano Pacífico, com o mercado asiático, o que mais tem crescido no mundo. Portanto, com a implantação do inovador pólo produtivo, acredito que daremos um grande passo para agilizar nosso progresso socioeconômico!”. exportação para o rasil B Presidente da FIEAC, João Francisco Salomão, apresentou modelo do projeto acreano no evento ZPE do Acre A ZPE do Acre foi autorizada pelo ex-presidente Lula em junho de 2010 e será implantada na BR 317, a pouco mais de um quilômetro do Centro de Senador Guiomard. A ZPE ocupa um terreno de 130 hectares e há outros 80 ha em fase de aquisição. Para o presidente da FIEAC, João Francisco Salomão, é sabido que o pleno sucesso da ZPE depende muito da infraestrutura de transportes e eficiência logística. Ele garante que quanto a esses quesitos, o Acre tem um diferencial e uma significativa vantagem competitiva, pois as hidrelétricas do Rio Madeira proporcionarão uma energia confiável. Salomão foi indicado pelo ex-governador do Acre, Binho Marques, em agosto de 2010, para presidir o Conselho da Administradora da Zona de Processamento de Exportação do Acre S/A. A AZPE, empresa de economia mista vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, irá gerir e manter a Zona de Processamento e foi criada pela lei 2.296, de 10 de julho, sancionada no dia 30 de julho pelo ex-governador do Acre, Binho Marques. Acre industrial - março/2011 39 ZPE ZONA ZO NA LIBR E DE LIBRE DE CO LO N COLON MOVIMIENTO COMERCIAL ACUMULADO EN MILLONES DE BALBOAS ENERO - SEPTIEMBRE 2009 - 2010 Zona Livre de Colón EN MILLONES DE BALBOAS 18,000.0 Criada em junho de 1948, a Zona Livre de Colón 15,000.0 iniciou suas atividades numa área de 35 hectares, com 12,000.0 10 empresas. Atualmente o terreno ultrapassa 1.000 9,000.0 hectares com 2.931 instaladas no local. Veja quais são os principais atrativos deste importante centro 6,000.0 comercial: 3,000.0 2009 2010 • Posição geográfica privilegiada – próximo ao Canal 6,386.3 7,161.0 8,083.9 7,758.9 do Panamá; 14,470.2 14,919.9 • Frota marinha formada por 8,5 mil navios; • Quatro portos para escoamento; • Principal centro de distribuição do Hemisfério; Zona Livre de Colón • Um sólido centro bancário constituído por bancos internacionais; • 0% de impostos e 100% de oportunidades para os investidores; • Maior gerador de empregos diretos e indiretos em nível nacional; Zona Franca de Montevideo IMPORTACION REEXPORTACION MOVIMIENTO TOTAL Como operar? •Empresa usuária: operam na Zona Livre de Colón com escritórios, com sala de vendas e área de depósito e um espaço físico adequado para atender suas necessidades. •Empresa “representada”: operam por meio de uma empresa usuária. Neste caso, a empresa não está fisicamente na Zona Livre de Colón. •Depósito público: utilizado somente em casos quando a empresa não deseja ser nem usuária, nem representada, mas sim distribuir da Zona Livre as vantagens oferecidas. Zona Franca de Montevidéo 40 Acre industrial - março/2011 No Uruguai existe um regime de zonas francas baseado na Lei 15.921 datada de 17/12/87 e no Decreto 454/88 de 08/07/88. Existem, atualmente, 9 Zonas Francas, localizadas em Colônia, Florida, Libertad, Montevidéu, Nova Helvécia, Nova Palmira, Rio Negro, Rivera e São José. As sociedades usuárias da Zona Franca de Montevideo estão regidas pela lei e o seu objeto está restrito a atividades a serem realizadas dentro da Zona. (Armazenagem de mercadorias, desmontagem, fracionamento, industrialização) ou atividades offshore (operações de triangulação de documentos, de comissões, royalties, direitos sobre marcas e patentes, etc.). Algumas dessas áreas são de propriedade particular. Outras pertencem ao Governo. Também existem casos em que a área pertence ao Governo mas é operada por empresas particulares. Para operar na Zona Franca e poder usufruir das isenções de impostos, é necessário utilizar Sociedades autorizadas para estes fins. Estas Sociedades podem ser de dois tipos: Usuários Diretos ou Usuários Indiretos É obrigatória a contratação de 75 % de uruguaios no quadro de funcionário da Zona Franca. Além disso, nenhum imposto ou taxa de importação precisa ser paga quando as mercadorias ou matérias primas são importadas a estas Zonas Francas e estes bens podem ser estocados, embalados ou manufaturados em algum processo de transformação antes de serem exportados para fora da Zona Franca dentro do Uruguai ou a outros países. Empresas multinacionais estão se instalando nestas Zonas Francas como porta de entrada para o Mercosul. Estadísticas de Operación 9 % ,4 26 26 ,5 1 % 1 % ,9 25 ,9 2 % ,1 37 6 % ,4 39 % ,8 41 6 % ,8 40 5% ,7 42 42 ,7 2 % 9% 29 27 ,4 ,6 25 5% 1 % 6 % Benefícios tributários e alfandegários • Isenção no pagamento do imposto de Primeira Categoria. • Isenção no pagamento do IVA (Imposto ao Valor Agregado) em operações que se realizam sob o regime de Zona Franca. • Isenção no pagamento do IVA pelos serviços prestados dentro do recinto Zofri. Zona Franca de Bogotá Zona Franca de Bogotá Números da Zona Franca de Montevideo •7,5 mil funcionários; •Investimentos na ordem de U$S 200 milhões; •Área formada por 92 hectares. Destes, 116.000 m² construídos •Mais de 250 empresas em diferentes ramos de atividade Zona Franca de Iquique (ZOFRI) Foi crida em 25 de junho de 1975 com o objetivo de apoiar o desenvolvimento econômico da região, no que se trata de geração de emprego e renda. Sua localização estratégica lhe permite ser a porta de entrada e saída de produtos que formam o intercambio comercial entre o Mercosul, Oriente e América Ocidental. A administração da ZOFRI por lei deve entregar o equivalente de 15% de seus ingressos aos municípios para as regiões de Tarapacá e Arica. Criada em 1997, a Zona Franca de Bogotá/SA abriu um novo caminho para um futuro promissor da Colômbia. Atualmente, mais de 300 empresas estão instaladas em, aproximadamente, 100 hectares, gerando mais de 18 mil empregos diretos e 36 mil indiretos. Incentivos tributários • Tarifa única de imposto de renda de 15% para usuários industriais (fora da Zona Franca a tarifa é de 33%); • As vendas em âmbito nacional aos usuários industriais de bens e serviços estão isentas de IVA (Imposto sobre o Valor Agregado); Incentivos aduaneiros • Não paga impostos aduaneiros para os bens de capital e equipamentos provenientes do exterior; • Processo aduaneiro simplificado; • Armazenamento ilimitado de produtos e matérias-primas estrangeira; Dentro de suas linhas de negócios constam: • Serviço logístico: recepção de mercadoria, gestão de documentação, transporte, inventario e despachos. • Negocio imobiliário: venda ou aluguel de terrenos industriais ou de espaço no centro comercial. A ZOFRI tem sido o motor que tem impulsionado a economia de Iquique. Atualmente gera mais de 28 mil empregos. Zona Franca de Iquique Acre industrial - março/2011 41 ZPE Confira, abaixo, entrevista com o economista e professor Helson Braga – presidente da Associação Brasileira de Zonas de Processamento de Exportação. De qual maneira os incentivos estaduais podem contribuir para a instalação das empresas na ZPE? Quais seriam esses incentivos? Qual o diferencial da ZPE do Acre? Há duas áreas em que o governo estadual poderá contribuir significativamente para a implantação da ZPE e, por via de conseqüência, para a instalação de empresas industriais. A primeira é atuar, em parceria com os governos federal e municipal, para o desenvolvimento da infraestrutura externa ao distrito industrial (especialmente, energia, saneamento básico, telecomunicações e acessos). Essa contribuição corresponde exatamente à sua função de poder público. A outra área é a concessão de incentivos fiscais similares aos concedidos pelo governo federal (através da Lei 11.508/2007), mediante a incorporação do Convênio CONFAZ 99/1998 à legislação estadual do ICMS. Esse Convênio, aprovado por unanimidade pelos Secretários de Fazenda dos Estados, permite a isenção do ICMS nas saídas para os estabelecimentos localizados em ZPE, e também sobre as importações realizadas por esses estabelecimentos. Assim, as empresas localizadas na ZPE de Senador Guiomard teriam um tratamento preferencial relativaHelson mente aos impostos (e Braga, contribuições) federais presidente e estaduais. O munida ABRAZPE cípio poderá também ampliar esses incentivos com a isenção do IPTU. Em razão do seu mercado local reduzido e das grandes distâncias que o separam dos mercados de consumo mais importantes do sul do país, o Acre só terá estratégias viáveis de desenvolvimento se atreladas ao mercado externo. Vejo como potenciais mercados os da Bolívia e do Peru e, através dos portos deste, os mercados da Ásia. A ZPE funcionará como lócus de produção para atender estes mercados regionais, ao proporcionar os incentivos e a segurança jurídica para a implantação de indústrias focadas nesses mercados. Mas, a ZPE será uma pré-condição. Muito ainda terá que ser feito relativamente à infraestrutura da região, para que sejam colhidos todos os benefícios potenciais das ZPEs. 42 Acre industrial - março/2011 Economicamente falando, qual será o impacto da ZPE no Acre? A razão fundamental pela qual mais de 130 países, desenvolvidos e em desenvolvimento, utilizam extensivamente o mecanismo ZPE, é a sua natureza multifuncional: com efeito, ele funciona, simultaneamente, com poderoso instrumento de atração de investimentos, de geração de empregos, de promoção das exportações e da difusão de novas tecnologias e de métodos de gestão mais modernos. Além disso, como a ZPE é implantada em um particular lugar/município/região, ela funciona como um pólo de desenvolvimento regional, o que lhe dá, adicionalmente, o papel de importante instrumento de correção de desequilíbrios regionais. Dentro da ZPE vamos instalar algumas dezenas de empresas, que receberão um tratamento diferenciado (relativamente aos regimes fiscal, cambial e administrativo das operações de comércio exterior), com a condição de exportarem pelo menos 80% de sua produção. E também no seu entorno se instalarão outras empresas fornecedoras de insumos e serviços para as empresas estabelecidas na ZPE. Isso significa criação de empregos diretos e indiretos. As empresas em ZPE não pagarão impostos, mas a massa salarial que elas geram se traduz em poder de compra nos supermercados e comércio em geral, onde há tributação. Então, também do ponto de vista da receita fiscal, há benefícios para os municípios onde elas se instalam. O efeito líquido na arrecadação tributária é sempre positivo, até porque antes da ZPE essas atividades não existiam. Não faz o mínimo sentido, portanto, nestas circunstâncias, falar-se em perda de receita (como conseqüência das ZPEs). Em função das distâncias do Acre em relação aos centros de consumo mais importantes do País, qualquer estratégia de desenvolvimento para o Estado tem que depender mais dos mercados dos países vizinhos, especialmente o Peru e a Bolívia. E, com a inauguração da Rodovia Interoceânica, abrem-se as enormes perspectivas de acesso aos mercados da Ásia, via os portos peruanos do Pacífico. No seu ponto de vista, qual os principais gargalos/dificuldades que as empresas terão para se instalar na nossa ZPE? O principal gargalo, a meu ver, será o relacionado com a infraestrutura logística, em termos dos acessos à ZPE e dela para os mercados-alvo, especialmente, os do Peru e Bolívia. Também, de início, poderemos nos defrontar com carência de mão-de-obra especializada. É possível, que, em um primeiro momento, precisemos recorrer a trabalhadores vindos de fora. Mas, na medida em que for se configurando a demanda específica para os setores instalados na ZPE, e com os esforços de formação de mão-de-obra local, a tendência será a de suprimento desses fatores dentro do próprio estado. É importante ter presente que o processo de desenvolvimento tende a ser, inerentemente, desequilibrado. Não se poderia pretender que já existisse toda a mão-de-obra necessária para o imediato funcionamento da ZPE. Isso ocorrerá naturalmente em resposta à criação da demanda. Tem sido assim, historicamente, e está acontecendo com as demais ZPE atualmente em implantação no país. Qual a explicação para não haver nenhuma ZPE funcionando no Brasil? Apesar de algumas terem sido criadas há alguns anos. Há duas explicações principais. A primeira, foi a má qualidade da legislação criada no final dos anos 80, que, naquela época, já era excessivamente restritiva (quando comparada com legislações estrangeiras), como um reflexo do protecionismo exacerbado que prevalecia no Brasil. Nesse contexto, as ZPEs foram pintadas como uma “ameaça” à indústria nacional e, por isso, vigorosamente combatidas, especialmente pelos representantes da indústria paulista. A legislação resultante foi uma solução de compromisso entre os defensores e os opositores do mecanismo, de tal forma que, quando da publicação do Decreto-Lei nº 2.452/1988, os dois lados comemoram. O segundo grupo, por estar convencido de que a legislação era tão restritiva, que não encontraria interessados em utilizá-la. Contudo, com a posse do governo FHC, e a sua nomeação como todo-poderoso Ministro do Planejamento, José Serra (que, historicamente, liderou o combate às ZPEs) pôde atuar mais diretamente no desmantelamento das ZPEs. Para isso, extinguiu a estrutura criada no MICT para implementar o programa, redistribuindo seus cargos por outras áreas do Ministério, e fez publicar um decreto para caducar as autorizações concedidas pelos presidentes Sarney e Itamar. Novamente, a mobilização da ABRAZPE conseguiu impedir a efetivação desse intento, mas foi insuficiente para impedir o “engavetamento” do programa, pelos dois mandatos do presidente FHC. Durante o primeiro mandato do presidente Lula, o ministro Furlan manteve o programa “na gaveta”. Apenas no segundo mandato do presidente Lula, como consequência da permanente mobilização da ABRAZPE e do fundamental apoio do deputado Delfim Netto, foram criadas as condições para a retomada do das ZPEs: no Executivo, outras vozes puderam ser ouvidas, propondo uma correta avaliação do programa, e no Legislativo, pôde-se avançar na tramitação (iniciada em 1996) de uma nova lei de ZPEs mais moderna e competitiva, finalmente sancionada em 2008. Acre industrial - março/2011 43 sustentabilidade 44 Negócio Ambiental Aprovação da lei inaugura uma nova era na economia acreana, consolidando alternativas de fonte de renda a partir da floresta para pequenos, médios e grandes produtores Q uando o assunto é “política verde”, o Acre sai na frente. Desta vez, o Estado entrou para a história por ter sido o primeiro em toda a América Latina a ter uma lei de pagamento para serviços ambientais aprovada. A aprovação da lei nº 2.308 de 22 de outubro de 2010, ocorreu um mês depois, em novembro, na gestão do então governador do Estado, Binho Marques. Com ela, pequenos e grandes produtores, índios e ribeirinhos poderão ser beneficiados com recursos financeiros por proteger a floresta e fixar carbono. Segundo especialistas em meio ambiente, não haveria melhor hora para acontecer isso. É que o Acre é um estado que tem o privilégio de fazer parte da Amazônia com 88% de cobertura florestal intacta. Ao contrário de derrubar esta riqueza em nome do desenvolvimento, abrindo espaço para pastos ou grandes plantações de soja, o Governo do Acre entendeu que era possível trazer o desenvolvimento econômico pra região sem destruir a flora existente. A aprovação inaugura uma nova era na economia acreana, trazendo outra maneira para se ganhar dinheiro com a floresta. Agora não é apenas com o manejo ou produtos extrativistas que populações tradicionais e produtores rurais poderão ter uma renda. A lei traz a possibilidade de tirar proveito financeiro com o papel que a floresta desempenha no clima, da melhor forma possível: preser- Acre industrial - março/2011 vando a biodiversidade. “Essa lei tem algo diferente de outras que não dão certo, que não são cumpridas. O primeiro Lei foi sancionada aspecto é que ela foi consna gestão do truída por baixo. Muita gente participou desse ex-governador projeto. Ela é uma refeBinho Marques rência nacional para outras leis. Desde populações tradicionais a cientistas renomados ajudaram a escrever”, disse o então governador do Estado, Binho Marques, que entra para a história do Acre como um governador de vanguarda ao criar e sancionar a Lei de Pagamentos por Serviços Ambientais. Marques ressaltou ainda que a união de tantas autoridades na elaboração da lei é um capital que só o Acre poderia ter alcançado. “Nenhum outro estado conseguiria reunir tantas pessoas importantes para construir uma lei. Porque essas pessoas não trabalharam por dinheiro, mas por uma causa. E essa causa se chama Acre. É pela nossa história, nossa raiz e nossa credibilidade. São pessoas que acreditam e confiam no nosso Estado”, completou. Agência de Notícias de Acre Segundo o governador do Estado, Tião Viana, esse é o grande debate que acontece no mundo: promover economia de baixo carbono e de alta inclusão social. Para ele, o Acre está na frente dessa questão de preservar recursos naturais e gerar desenvolvimento humano e econômico, e pontua a economia florestal como uma base fundamental das potencialidades de construção da forte economia do século 21. “Isso nos coloca numa posição privilegiada, de melhorar a vida do povo. Nosso Estado hoje gera oportunidades que trazem melhorias tanto para manejo comunitário florestal, quanto para a atividade industrial - com alta tecnologia incorporada. A lei é uma prova disto”, destaca. Nos outros Estados onde a lei está em desenvolvimento, quem se beneficia dos serviços ambientais são os grandes produtores. “Essa é mais uma grande oportunidade de negócio que o Acre terá com o uso da floresta. E, diga-se de passagem, o Acre será o primeiro Estado a ter negócios envolvendo serviços ambientais. Sem dúvidas será muito impactante no setor produtivo, já que temos muitos empresários que já atuam com reserva legal e agora terão mais esse incentivo. Além deles, temos os pequenos produtores que receberão incentivos pela preservação”, disse o secretário de Estado de Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães. Acre industrial - março/2011 45 É assim que funciona A lei foi encaminhada pelo Poder Executivo e aprovada pela Assembleia Legislativa, com expressiva votação de 17 votos a 2. Mas, o assunto tinha tudo para ser polêmico e causar intenso debate na Aleac. Ao contrário disso, os deputados incorporaram o projeto, discutiram entre si e tiveram todas as dúvidas respondidas por uma equipe de governo que se prontificou em esclarecer todas as dúvidas. O apoio foi fundamental para que os parlamentares entendessem, por exemplo, que os pequenos produtores poderão ser beneficiados pela nova lei, que cria, inclusive, mecanismos para auxiliá-los nesta jornada, e que o Estado não será engessado pelas novas regras, e sim, receberá mais recursos financeiros. Os produtores acreanos serão remunerados pelos agentes que poluem o meio ambiente em outros países, geralmente, grandes indústrias. Como eles não podem reduzir estas emissões em curto espaço de tempo - pois isto requer muita tecnologia e que muitas vezes ainda não existe - a alternativa que eles têm é compensar a emissão apoiando atividades e iniciativas de quem conserva ou absorve carbono. Com a lei, pequenos e grandes produtores, ribeirinhos, que estão na floresta e têm sua área preservada, poderão receber para continuar mantendo a floresta em pé se seguir as orientações da lei. Agência de Notícias de Acre sustentabilidade Projeto aceito pela maioria 46 Acre industrial - março/2011 Pequenos e grandes produtores serão beneficiados com recursos para proteger a floresta O Estado do Acre sempre foi vanguarda na construção de políticas públicas ambientais e socioambientais. “A lei é inteligente e de vanguarda. E para estar na vanguarda você precisa ousar. Ela define nossa estratégia em relação a carbono e cria um sistema, criando instituições - uma agência de fomentos aos serviços ambientais e um instituto para registrar o carbono que estaremos comercializando, e cria transparência à medida que tem uma comissão de avaliação e acompanhamento constituída a partir dos três conselhos”, disse o presidente do Instituto de Mudanças Globais, Eufran Amaral. O instituto está em fase de implantação, devendo estar totalmente formado em menos de dois meses. Sua implantação é o grande diferencial do Estado, que entende que a criação de lei não é o suficiente, mas o acompanhamento delas, sim, é de fundamental importância para o seu cumprimento. Assim sendo, o instituto abre a possibilidade de acompanhar também outros serviços ambientais. Vale lembrar que é a partir desse sistema que o Estado pode comercializar créditos de carbono. “Com isso, nós temos uma estrutura pra carbono, mas a lei já avança em outros serviços ambientais, cria o programa de biodiversidade, água e recursos hídricos, regulação climática e até conhecimentos tradicionais. O Acre está muito na frente, graças a um trabalho participativo, integrado e de muito esforço no conhecimento de seu território”, ressaltou Amaral. Para que o crédito de carbono seja comercializado, o Acre ainda deverá esperar mais alguns meses, já que projetos deverão ser elaborados com a apresentação das boas práticas de pequenos e grandes produtores, que de fato comprovem a redução de CO2. Entretanto, Amaral antecipa que para quem trabalha com produção e extrativismo com foco no manejo florestal, já existem recursos para compra de crédito de carbono. “Essa compra pode ser feita por um Estado, país ou empresa voluntária, que doa recursos para quem produz bem e da melhor forma possível, sem prejuízos ao meio ambiente”, completa. A lei vem sendo discutida desde 2007, com ampla consulta pública e visita a todas as regionais do Acre. A discussão foi finalizada dentro dos conselhos ligados ao meio ambiente. A necessidade de criação da lei partiu da necessidade de avançar com o desenvolvimento sustentável, representando outro ciclo no estágio do desenvolvimento. (Com informações da Agência de Notícias do Estado do Acre) Agência de Notícias de Acre O Acre na vanguarda Lei também cria programa de biodiversidade, recursos hídricos, regulação climática e conhecimentos tradicionais inovação Olho da Indústrias de confecções unem suas forças para criar a identidade da moda acreana H á uma frase que diz: “Simplicidade é o que há de mais sofisticado”. E essa foi a mensagem passada na apresentação da primeira coleção genuinamente acreana. As indústrias de confecção do Estado do Acre, filiadas ao Sindicato da Indústria de Confecções e Correlatas do Estado do Acre (Sincon), uniram-se para fortalecer o setor no Estado e, juntas, criar uma identidade para a moda local. Neste propósito, as indústrias tiveram apoio do SENAI-AC, do Instituto Evaldo Lodi (IEL) – ambas as instituições integrantes do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC) – Sebrae, Governo do Estado e Banco da Amazônia e Sindicato dos Salões de Beleza do Estado do Acre (Sindbeleza) para a realização do Acre Moda e Beleza, no final de 2010. Em fase experimental, as criações serão vendidas na loja Íris Tavares, empreendimento de alto padrão do setor de vestuário de Rio Branco. As criações privilegiaram o algodão que, segundo a designer Liana Bloisi, é sofisticado e tem tudo a ver com o clima local – apesar de vir sendo negligenciado há muito tempo. A ideia é também unir a moda ao artesanato local, que é um importante carimbo da cultura nortista. Além disso, a reciclagem de material também foi um tema bastante discutido nas oficinas e, pelo resultado apresentado no desfile, muito bem aproveitado. Nenhum nicho ficou de fora. O desfile apresentou moda gestante, infantil, jovem, masculina, feminina, indígena, uniformes e até peças em algodão cru. “Nós estamos com uma expectativa muito boa. Há mais de um ano estamos trabalhando para unir e criar uma marca só. Tivemos oficinas e 48 Acre industrial - março/2011 encontros para aprender como se produz uma coleção, passo a passo mesmo, da escolha do tecido ao modelo. Mata É um grande desafio e o nosso objetivo é seguir em frente com esse projeto, fazer experimentações e conti- Criações apostam no algodão, abragendo do público infantil ao indígena nuar trabalhando unidos, porque sozinhos temos pouca força”, afirmou a empresária Síglia Abraão, proprietária da Malharia Ponto Sem Nó e Casa Natal. CONSULTORIA ESPECIALIZADA – O grupo teve consultoria da designer Liana Bloisi, que ajudou as empresas a construírem o conceito da moda acreana em pelo menos três oficinas. Ela afirma ter percebido que no Estado só havia dois níveis de mercado: o popular e o luxuoso. Nada de meio-termo e nada que tivesse as características locais. “A cultura dá força à moda e aqui temos a inspiração da floresta, das sementes, da fauna e da flora. Não precisamos criar nada complicado, mas roupas que respeitem o clima local, com o frescor da moda, nada que precise ser consumido vorazmente como é nos grandes centros. Algo que o turista identifique que seja daqui”, ela explicou. De acordo com Íris Tavares, trata-se de um projeto que tira as empresas de confecção locais da zona de conforto. A partir do momento que se propuseram a dar à luz peças para alimentar um consumidor cada vez mais exigente, é preciso haver continuidade. “O mais bacana foi a união dos empresários para trabalhar por uma marca única. Isso é moderno. É um projeto inovador e ousado. É um produto feito aqui, com a cara e a marca do Acre, identificando a nossa cultura”, elogiou a empresária. Para Raimunda Holanda, presidente do Sincon, há muito a ser feito e as empresas locais têm talento e inspiração para tanto. A pesquisa de materiais para futuras coleções será uma constante na rotina das empresas, sempre com um toque artesanal. De acordo com Bloisi, o mercado europeu paga uma verdadeira fortuna por esse tipo de produto. “Estamos muito felizes com essa iniciativa. A união faz a força e os empresários da indústria de confecção compreenderam isto”, comemorou Ray. Acre industrial - março/2011 49 artigo Eloi Zanetti Elogio e Reconhecimento H á um belíssimo depoimento do cineasta Akira Kurosawa em que ele diz que até os nove anos era considerado um completo imbecil pela família, pelos colegas da escola e por ele mesmo. Até que um dia o professor de arte pegou um dos seus trabalhos, teceu demorados elogios frente à turma e o colocou em lugar de destaque no quadro de honra. Kurosawa depõe emocionado que nesta hora sentiu despertar o artista que existia dentro dele e, a partir de então, passou a ser respeitado pelos colegas e pelo irmão que estudava junto com ele. Ele contou o acontecimento à família, que passou a respeitá-lo e, principalmente, ele também passou a respeitar-se a si mesmo. Sua auto-estima nasceu com o reconhecimento ofertado pelo professor que, talvez, o tenha feito por justo merecimento, ou por enxergar um aluno promissor desvalorizado pelo deboche dos outros. Assim agem os bons professores, sabem oferecer o estímulo das suas falas certas nas horas mais apropriadas. Kurosawa completa que carregou o elogio pelo resto da sua vida e, sempre que ia dirigir um novo filme, lembrava-se do quadro de honra e fazia de tudo por continuar a merecê-lo. Outro mestre que também reconhece a importância de um conselho é o gênio do teatro Peter Brook que diz dever muito a uma professora que sempre lhe dizia: “Peter, em tudo o que for fazer, vá preparado”. Se o elogio e o reconhecimento são armas poderosas de motivação, por que criticamos, falamos mal, desfazemos e não reconhecemos as boas ações daqueles que estão à nossa volta? Nas empresas gasta-se muito em campanhas de motivação e nada em campanhas espontâneas de reconhecimento. Cobramos competência, exigimos ações impossíveis e passamos ao largo na hora de dizer ao outro: “Belo trabalho. Estou gostando da sua atitude. Parabéns! Acertou em cheio. Eu me orgulho de você, meu filho, minha mulher, meu amigo.” Uma vez viajava pelo interior do Paraná com o músico Luiz Gonzaga, o rei do baião. Paramos em uma churrascaria de beira de estrada para almoçar. É claro, por ser celebridade, o seu Luiz recebia tratamento vip. Em determinado momento ele perguntou em voz alta a um simpático 50 Acre industrial - março/2011 garçom, um rapaz dos seus vinte e poucos anos. “Moço! Você é o dono do estabelecimento, não é?” “Que nada seu Luiz, eu sou é empregado”, respondeu o rapaz. “É, mas não vai demorar muito e você vai ter a sua própria churrascaria. Tenho observado o seu trabalho, e você tem tudo para ser o dono do próprio negócio.” Foi bonito ver o belo sorriso nascendo no seu rosto. Imagine, ser elogiado em público por alguém como o Luiz Gonzaga - o máximo para um rapaz perdido numa churrascaria de interior. Não sei o que aconteceu na vida dele, talvez tenha mesmo se transformado em dono de alguma coisa, pois a semente do incentivo fora bem plantada. Mais tarde contando este caso para um amigo, que gozava de maior intimidade com o Gonzagão, ele me disse que o músico sempre fazia isto com as pessoas mais humildes, quando elas mereciam. Era uma forma de ir espalhando auto-estima por este Brasil adentro. Pelo tempo que viveu, pelas viagens que fez, quantas vidas deve ter influenciado com suas palavras de elogio e reconhecimento espontâneos? É isso mesmo, elogio e reconhecimento têm de ser espontâneos, senão não vale. Faça isso na sua empresa, incentive seu pessoal a reconhecer os bons trabalhos uns dos outros. Telefone, passe e-mail, ponha no quadro de honra, e quando for de viva voz, faça-o de preferência na frente da equipe. Com o tempo estas ações irão gerar senso de pertencimento, alegria em realizar as jornadas e, com certeza, mais qualidade de trabalho e de serviço. Elogio, reconhecimento e senso de gratidão são atitudes nobres que podemos adquirir com o tempo. É só se acostumar. No entanto, tenha cuidado é preciso ser autêntico na ação, pois bajulação e falsidade são percebidas na hora. E, em se tratando de mestres, outro que não poupava elogios à sua turma era Shakespeare, que disse sabiamente: “Nossos elogios são nossos salários.” Eloi Zanetti - especialista em marketing, comunicação corporativa e vendas [email protected] Acre industrial - março/2011 51 52 Acre industrial - março/2011