Sistema FIEAC notícias - Março

Transcrição

Sistema FIEAC notícias - Março
Ano 06
Número 18
Março/2011
INDUSTRIAL
Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre
Acre industrial - março/2011
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Acre industrial - março/2011
sumário
INDUSTRIAL
05 – Editorial
06 – Destaques
09 – Artigo - Oscar Motomura
11 – Assuntos Legislativos
22 – Acre ganha Secretaria de
Indústria e Comércio
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Xadrez da economia: indústria luta para
se manter viva no jogo
FIEAC
24 – FIEAC institui calendário de
feriados do setor
Crédito: Ângela Peres
SESI
26 – SESI converge educação, lazer
e saúde na empresa
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Indústria alimentícia faz cadeia de aves
gerar R$ 19 milhões ao ano
SENAI
28 – Cursos técnicos do SENAI
abrem as portas do mercado
IEL
30 – Um parceiro de peso do empresário
Crédito: Ascom
38 – ZPE do Acre é estratégica para o Brasil
44 – Lei inaugura nova era na
economia acreana
48 – Indústrias de confecções criam
moda local
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Tião Viana assume governo com a missão de
industrializar o Estado
EXPEDIENTE
A Revista “Acre Industrial” é uma publicação do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Acre, Ano 06, número 18, março de 2011. Jornalista
Responsável: Daniele Carlos (DRT 2268/03 – DF). Colaboração: Marcela
Barrozo (DRT 018/03 – AC), Renata Brasileiro (DRT 022/04 – AC), Jorge Luiz
Araújo Vila Nova, Rodrigo Torres, Ulisses Lima, Lara de Freitas. Projeto Gráfico
e Editoração: Literal Link. E-mail: [email protected] / site: www.fieac.org.br
/ Tel: (68) 3212-4208 / Fax: (68) 3212-4203. AC. Ceará, 3727 – Floresta. Rio
Branco / AC. CEP: 69.907-000.
Acre industrial - março/2011
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diretoria
João Francisco Salomão
Diretoria 2007/2011
Presidente
João Francisco Salomão
Vice-presidentes
Joafran Antônio Guedes Nobre
João Oliveira de Albuquerque
Miguel Mandu Neto
Aristides Formighieri Júnior
Francisco Ivan Araújo Marçal
Antônio Leônidas de Araújo Neto
Adelaide de Fátima Gonçalves Oliveira
Secretários
1º Secretário: Abrahão Assis Felício
2º Secretário: Jorge Wanderlau Tomás
Tesoreiro
1º Tesoureiro: Carlos Takashi Sasai
2ª Tesoureira: Raimunda Holanda de Paula
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Acre industrial - março/2011
Suplentes de Diretoria
Francisco José da Silva Loureiro
José Luiz Assis Felício
Francisco Garcia dos Santos
Ismael Alves Bandeira
Osvaldo Coutinho
Wílpido Hilário de Souza Júnior
Conselho Fiscal
Efetivos
Sérgio Tsuyoshi Murata
José de Ribamar Nina Lamar
Aristeu Sá de Souza
Suplentes
José Osmar Zanatta
Célio Pereira
Adalberto José Moreto
editorial
Uma década
propícia ao
desenvolvimento
E
m 2011, sem dúvida, o Brasil está pronto para iniciar um novo ciclo de desenvolvimento sustentado. O
êxito nessa conquista, porém, está condicionado à sua transformação em um país efetivamente competitivo no mundo globalizado, no qual a concorrência é cada vez mais acirrada. Nesse sentido, a indústria defende a realização das reformas estruturais do marco legal, que vêm sendo postergadas há décadas,
vitimadas pelo corporativismo e o fisiologismo.
A reforma tributária é a prioridade. Seu propósito deve ser a desoneração dos investimentos e exportações,
a simplificação e a redução da burocracia do sistema. No âmbito da reforma fiscal e da previdência, três são os
objetivos: eficiência do Estado e melhoria de sua gestão; aumento da poupança pública; e a sustentabilidade do
sistema previdenciário. A agenda a ser cumprida explicita quatro pilares fundamentais: imposição de limites à
expansão dos gastos correntes; a revisão do sistema de vinculação de despesas; a implantação de critérios de
eficiência aos programas governamentais; e a adoção de benefícios da previdência compatíveis com a estrutura
etária da população.
Na reforma trabalhista, as metas principais são garantir proteção ao trabalhador e ao emprego, ampliar a
competitividade do sistema produtivo nacional e, assim, elevar a geração de emprego. Por fim, a reforma política
é essencial diante da constatação de que a qualidade da governança e do sistema de decisões no setor estatal é
decisiva para o adequado funcionamento da economia e da sociedade.
Por outro lado, o governo deve valorizar mais o parque industrial, pois o setor tem grande importância na
geração de empregos, pesquisa e inovação, composição do PIB e inclusão de itens de alto valor agregado à pauta
de exportações. A crescente internacionalização das empresas contribui para acelerar a captação de novas tecnologias, aumentar as economias de escala, facilitar o acesso a recursos naturais e desenvolver novas competências.
É preciso considerar todos esses aspectos.
Em sintonia com os desafios nacionais e, ao mesmo tempo, focado na conjuntura regional, o empresariado
acreano mobilizou-se, nas eleições de 2010, engajando-se de modo proativo no processo de desenvolvimento
do Estado e do País. Esta ação está consubstanciada na Agenda Executiva do Acre, que identifica os principais
gargalos a serem enfrentados e aponta estratégias e caminhos alternativos para o governo.
O Estado avançou muito em questões relevantes, com investimentos que estruturaram e prepararam sua
economia para o crescimento. A qualidade das instituições melhorou, o acesso e o valor atribuído à educação
aumentaram. No entanto, o setor produtivo tem ressalvas, cujo equacionamento é viável e deve estar no foco
dos governantes e parlamentares. Dentre os principais temas locais, destacam-se o estabelecimento de um canal
permanente de comunicação com a indústria, a internalização da importância do setor produtivo nas diversas
esferas do Executivo e do Legislativo, inovação, educação e comércio internacional.
A participação das instituições classistas, como tem feito a entidade representativa da indústria acreana, e de
toda a sociedade, intercedendo positivamente na agenda do Estado e do País, é muito importante com vistas ao
fomento da competitividade nacional. Temos plenas condições de concretizar, na nova década que se inicia, o
propósito de converter o Brasil na quinta maior economia, com desenvolvimento e justiça social.
*João Francisco Salomão é o presidente da Federação das
Indústrias do Estado do Acre (FIEAC). [email protected]
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destaques
Sistema FIEAC mobiliza empresas
e colaboradores contra dengue
O Sistema FIEAC é um dos grandes parceiros do governo do Estado na luta contra a dengue. Com apoio do
Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-AC), foram disponibilizadas 20 caçambas e caminhões,
além de seis equipamentos – como retro e pá escavadeira – juntamente com uma equipe de colaboradores aptos
para manusear cada veículo para a retirada de entulhos nos bairros da cidade.
Desde 2009, a FIEAC participa de campanhas preventivas e combativas, por meio do SESI, fazendo visitas
às indústrias promovendo orientações aos trabalhadores industriários. Para o presidente João Francisco Salomão,
é dever da instituição fazer parte deste tipo de mobilização, uma vez que o Acre é um dos estados de maior incidência de dengue.
“Estamos conscientes de nossos deveres como cidadãos. É preciso que comecemos dentro de nossas próprias
casas e empreendimentos, orientando e educando os trabalhadores para que eles se tornem agentes multiplicadores de informações importantes sobre como prevenir a doença - e isso é possível com medidas simples”, declarou
o empresário.
Em 2011, a campanha contra a dengue e febre amarela silvestre, promovida pela Prefeitura de Rio Branco em
parceria com o SESI, começou já no início do ano, devido aos índices alarmantes da doença no Estado. O mosquito
Aedes Aegypti, que transmite a dengue, é o mesmo transmissor da febre amarela. Portanto, estima-se que 52 mil
pessoas deverão ser imunizadas em Rio Branco contra a febre amarela até o dia 20 de abril.
Sistema FIEAC participa de campanha
para arrecadar água mineral
As instituições do Sistema FIEAC (FIEAC, SESI,
SENAI e IEL) seus colaboradores e empresários industriais
participaram da campanha do Governo do Acre que objetivou arrecadar água mineral para as vítimas da tragédia
na região serrana do Rio de Janeiro. Ao todo foram arrecadados 3.265 fardos de água mineral. Cada fardo contém 12
garrafas de 500 ml. As doações foram entregues na primeira
quinzena de fevereiro.
“A água é um produto não-perecível e de primeira necessidade. Hoje a gente ajuda e amanhã pode ser ajudado. A
pouca água que tem está custando muito caro e nós, acreanos, podemos ajudar neste momento”, disse a primeira-dama do Estado, Marlúcia Cândida, que esteve à frente
da mobilização.
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Embaixador da China visita FIEAC
O presidente da Federação das Indústrias do
Estado do Acre (FIEAC), João Francisco Salomão,
empresários do ramo e representantes do governo
estadual e municipal receberam o embaixador da
China no Brasil, Qiu Xiaoqi, e sua esposa, a embaixatriz, Liu Min, no mês de janeiro, para um jantar
na Casa da Indústria. O evento teve a finalidade de
estreitar ainda mais o relacionamento entre o setor
produtivo acreano com o país que é o maior parceiro
comercial do Brasil.
“Temos um grande potencial no setor florestal,
com madeiras certificadas, advindas de planos
de manejo, que é responsável por 80% dos nossos
produtos exportados. Atualmente, o Reino Unido é o principal destino das nossas exportações, a China está na
quarta posição”, explicou o presidente da FIEAC.
Na ocasião, Qiu Xiaoqi agradeceu pela hospitalidade acreana, afirmando ainda que o avanço e o dinamismo do
Estado causaram-lhe uma profunda impressão. “Penso que com as potencialidades que tem, o Acre é um Estado
com muito futuro. Possui uma política de desenvolvimento correto e um povo que sabe como trabalhar, com muito
afinco e dedicação”, elogiou. “A China foi o país que mais investiu no Brasil, no ano passado. Com isso, podemos ver
a importância que tem a relação entre a China e o Brasil. Mas ainda não estamos satisfeitos. O Brasil é um país que
está se desenvolvendo rapidamente, por isso minha maior audácia é promover ainda mais o relacionamento entre
os dois povos”, declarou o embaixador.
IEL-AC conta com Sistema de Gestão
de Recursos de Aprendizagem
Buscando o que há de mais moderno no mercado para
melhor atender os clientes, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL)
implantou o Sistema de Gestão de Recursos de Aprendizagem
(SIGRA - http://www.iel.org.br/portal_iel). Trata-se de um
projeto do IEL Nacional – que ofereceu todas as condições para
implantação nos núcleos regionais – que consiste na criação de
um ambiente nacional de relacionamentos e interação, onde
é possível o usuário se informar sobre cursos e eventos relacionados ao IEL.
O sistema pode ser utilizado tanto para cursos on-line
quanto presenciais. De acordo com Socorro Bessa, superintendente do IEL-AC, a ferramenta, que está em pleno funcionamento, traz um diferencial para o IEL na agilidade
dos processos e no relacionamento com o cliente. “O Sistema implantado possibilitará a realização de inscrições,
geração de contratos e boletos, pagamentos online, impressão de certificados de cursos e eventos, além de disponibilizar um espaço para relacionamento entre os cadastrados nos cursos e eventos”, exemplificou.
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artigo
Oscar Motomura
Constrói ou destrói
A ambição que move montanhas e atropela as
barreiras que surgem. Principal causa das atuais
turbulências mundiais ou a energia que nos
fará superá-las?
“
Esse é um executivo extremamente ambicioso.”
Essa frase, solta, nos remete imediatamente à
ideia de alguém que, em algum momento, pode
vir a correr riscos excessivos. Por outro lado,
a palavra ambição assume outro significado quando
ouvimos a expressão “essa pessoa não tem ambição”. De
imediato, formamos a imagem de alguém sem energia,
sem motivação, pouco afeito à ação, a lutar pelo que
quer. Contudo, podemos também ver o lado bom de
alguém sem muitas ambições: uma pessoa simples, que
vive no ritmo da natureza, sem reclamar, sem estresse,
feliz e com praticamente zero de riscos em sua vida.
Sem excessos de qualquer natureza.
Uma reflexão decorrente: todo risco estaria associado a algum tipo de excesso? Seria o caso da pessoa
que tem ambição desmedida? Ou de alguém que,
embora já tenha muito, quer cada vez mais, a ponto
de esse “querer mais” se tornar algo doentio, um vício?
Esse tipo de ambição – tortuoso, distorcido – seria
responsável pela recente turbulência, primeiro no
mundo financeiro e depois na economia global?
Evidentemente, excesso de ambição implica em
riscos maiores. Mas, em contrapartida, e se não houver
excessos? Faz sentido a noção de “ambição equilibrada”? Equilíbrio, nessa acepção, significaria um tipo
de ambição que não criasse riscos de qualquer natureza,
nem para a própria pessoa nem para os outros.
Uma ambição sadia, natural, cujo objetivo não
é conseguir algo só para si – poder, distinção, fama,
riqueza –, mas o bem comum, o bem-estar de todos,
sem nenhum tipo de exclusão? Não seria esse tipo de
ambição a força motriz de pessoas que são hoje cultuadas como ícones da área política, social, da ciência,
da educação, da saúde – pessoas que deixam legados
extraordinários para a humanidade?
Seriam essas as pessoas que encontram satisfação
não no sucesso de atingir o que almejavam, mas no
processo de criar o próprio caminho para chegar lá,
na excelência de cada passo, no jeito de viver cada
momento, até quase independentemente do que
buscam realizar? Estaria tudo centrado na criação pela
criação?
Talvez aí esteja o sentido do jogo da vida: no criar,
na criação que expresse, o tempo todo, a melhor versão
de nós mesmos. Até que ponto, em nossas empresas,
deveríamos ter – como nossa grande missão – a garantia
de alta qualidade de nossos atos coletivos, momento
a momento? Até que ponto a melhor estratégia seria
aquela em que a empresa como um todo, em tudo o que
faz, procurasse expressar a melhor versão de si mesma,
a mais consciente e evoluída?
Seria esse modo de viver a forma ideal de dar vazão
a essa ambição saudável, que trazemos todos dentro
de nós? Não seria este momento de incertezas e forte
transição o tempo ideal para o exercício pleno dessa
ambição natural? E não seria esse o único modo de assegurar risco zero para nossas organizações?
*Oscar Motomura, diretor geral da Amana-Key,
empresa especializada em inovações radicais
em gestão. www.amana-key.com.br
*[email protected]
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Assuntos Legislativos
Nesta edição você, leitor, poderá conhecer alguns projetos que estão contemplados na pauta
de prioridades do Congresso Nacional, que inclui a reforma tributária e outras propostas que
melhorariam o ambiente de negócios do país.
Todas as informações estão contidas no que a
Confederação Nacional da Indústria (CNI) intitulou de “Pauta Mínina”.
POLÍTICA ECONÔMICA
reduzida, restringindo sua consulta por instituições de
crédito. Deve ser mantido o texto originalmente aprovado pelo Senado Federal, que não prevê tal exigência.
PLS 263/2004 (PL 405/2007) do senador Rodolpho
Tourinho (DEM/BA), que “Acrescenta § 6º ao art. 43, da Lei
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a
formação do cadastro positivo nos Sistemas de Proteção
ao Crédito”.
Foco: Cadastro Positivo
O que é: Determina que no fornecimento de produtos
ou serviços que envolvam outorga de crédito ou concessão de financiamento, havendo prévia concordância e autorização expressa do consumidor, o fornecedor informará
aos sistemas de proteção ao crédito o adimplemento da
obrigação contraída para formação de cadastro positivo.
Nossa posição : Convergente com ressalvas
Por autorizar a criação de cadastros positivos de forma clara, simples e direta, o texto aprovado pelo Senado
favorece hábitos de adimplência e estimula a análise de
risco na concessão de empréstimos, em favor da redução
do spread bancário. Contudo, na Câmara dos Deputados
foi introduzida exigência de concordância prévia do cadastrado para inscrição de dados nos bancos da adimplência – o que burocratizaria a criação de cadastros
positivos, desestimulando sua utilização. Se o cadastro
positivo só contiver dados de pessoas que expressamente tenham autorizado sua inclusão no banco de dados, a
tendência é a de que tais cadastros tenham abrangência
Onde está? Com quem?
Senado Federal – Encontra-se na Comissão de Assuntos
Econômicos aguardando parecer do relator, senador Aloizio
Mercadante (PT/SP). Na Câmara dos Deputados, foi aprovado
com emendas na Comissão de Constituição e Justiça.
PL 305/2007 do deputado Armando Monteiro (PTB/PE),
que “Altera a Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998 e a
Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que dispõe sobre a
apuração do imposto de renda pelo lucro presumido”.
Foco: Limites de receita bruta para apuração do IR
pelo regime de lucro presumido
Obs.: Apensados a este os PLs 1848/2007 e 1917/2007.
O que é: Atualiza os limites de receita bruta para enquadramento:
• de empresas no sistema de apuração do IR pelo lucro
presumido;
• de empresas prestadoras de serviços no benefício da
redução da base de cálculo do IR.
Apuração do IR pelo lucro Presumido – o limite máximo da receita bruta total, da pessoa jurídica, no ano calendário-anterior, para fins de apuração do IR pelo regime
do lucro presumido é elevado de R$ 48.000.000,00 para
R$ 61.536.000,00.
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Limites para redução do IR de empresas prestadoras de serviço – é elevado de R$ 120.000,00 para R$
252.216,00 o limite de receita bruta anual das pessoas
jurídicas prestadoras de serviços que poderão se beneficiar da redução da base de cálculo do IR. Conforme
a Lei 9250/95, a base de cálculo mensal do imposto de
renda dessas pessoas jurídicas será determinada mediante a aplicação do percentual de 16% sobre a receita bruta auferida mensalmente.
Nossa posição: Convergente
Como a legislação tributária vigente não tem mecanismos de indexação, os limites referentes à apuração
do IRPJ pelo lucro presumido estão defasados (a última
atualização deu-se em janeiro de 2003), em prejuízo das
pequenas e médias empresas que se utilizam dessa modalidade de tributação. No mesmo sentido, o limite para
as empresas prestadoras de serviços se beneficiarem da
redução do coeficiente do lucro presumido de 32% para
16% também necessita de reajuste, pois o limite de R$
120.000,00 está congelado desde 1996. A atualização de
valores, corrigidos pela estimativa de inflação apurada
desde a última atualização legislativa, é de inteira justiça
fiscal.
Cabe ressaltar que, apensado a este projeto, está o
PL 6082/2009, que atualiza até 2009 os limites de receita bruta para enquadramento de empresas no sistema
de apuração do IR pelo lucro presumido, e de empresas prestadoras de serviços no benefício da redução da
base de cálculo do
IR – o PL 305/2007 atualiza até 2007.
Onde está? Com quem?
Encontra-se na Comissão de Finanças e Tributação da
Câmara dos Deputados - aguardando parecer do relator,
deputado Júlio César (DEM/PI).
soma dos salários de contribuição apurados.
Atualmente, o valor-base para o cálculo da aposentadoria consiste na média aritmética simples dos
maiores salários de contribuição correspondentes
a 80% de todo o período contributivo do segurado.
Esse valor é multiplicado pelo chamado fator previdenciário, que é calculado considerando-se, na data
de início do benefício, a idade e o tempo de contribuição do segurado, a expectativa média de sobrevida
para ambos os sexos e uma alíquota de 31%.
O substitutivo apresentado pelo relator da CFT incorpora a fórmula 85/95 que estabelece que o fator previdenciário não incidirá sobre a média dos salários de
contribuição do segurado quando a soma da idade com
o respectivo tempo de contribuição, ambos considerados na data do requerimento do benefício, atinja 95
anos, para o homem, e 85 anos, para a mulher, e desde
que esse tempo de contribuição não seja inferior a 35
anos, para o homem, e a 30 anos, para a mulher. Altera, ainda, o percentual sobre o qual se calcula a média
aritmética simples dos maiores salários de contribuição,
passando-se dos atuais 80% para 70% de todo o período contributivo, multiplicada, somente quando for o
caso, pelo fator previdenciário.
Nossa posição: Divergente
GASTO PÚBLICO
PL 3299/2008 (PLS 296/2003 do senador Paulo Paim
– PT/RS), que “Altera o artigo 29 da Lei nº 8.213, de 24 de
julho de 1991, e revoga os artigos 3º, 5º, 6º e 7º da Lei nº
9876, de 26 de novembro de 1999, modificando a forma
de cálculo dos benefícios da Previdência Social”.
Foco: Extinção do Fator Previdenciário
Obs.: Apensado a este o PL 4447/2008
O chamado fator previdenciário, introduzido em 1999,
tem o objetivo de dotar o sistema previdenciário de maior
equilíbrio, de modo que as contribuições do segurado
cubram os benefícios a serem recebidos. A concepção do
fator previdenciário decorre da constatação de que um
dos principais problemas do nosso sistema de previdência reside na ausência de correlação entre contribuições e
benefícios, em desconformidade com o comando constitucional que exige a observância de “critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”.
O que é: O texto aprovado no Senado extingue o fator
previdenciário do cálculo de benefícios da Previdência e
restabelece as seguintes regras, que vigoravam antes de
sua criação:
A retomada, pelo projeto de lei, dos critérios anteriores
de cálculo de aposentadorias representará tanto a elevação do valor médio dos benefícios como a redução da
idade média de aposentadoria. Implicará, portanto, forte
efeito expansionista sobre as despesas com benefícios do
INSS e, consequentemente, sobre o déficit da previdência.
Cálculo do salário de benefício – o cálculo do salário de
benefício voltará a ser feito pela média aritmética simples
de todos os últimos salários de contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou
da data da entrada do requerimento, até o máximo de 36
meses, apurados em período não superior a 48 meses.
A não adoção do fator previdenciário, além de comprometer o equilíbrio atuarial, coloca o sistema previdenciário brasileiro na contramão da tendência mundial
de elevação da idade mínima exigida para aposentadoria.
Segurado especial – no caso do segurado especial que
contar com menos de 24 contribuições no período máximo citado, o salário de benefício consistirá em 1/24 da
Onde está? Com quem?
Câmara dos Deputados: Encontra-se pronto para a Ordem do Dia do Plenário.
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economia
Sabor de
cresciment
por Tatiana Campos
*Matéria vencedora da Categoria Apoio à Indústria, do Prêmio José Chalub Leite de Jornalismo 2010
Indústria de embutidos consolida cadeia produtiva das aves,
que gera R$ 19 milhões ao ano
Fotos: Ângela Peres
Salomão espera novos investimentos
industriais em 2011
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to econômico
P
rimeiro, chegaram os frangos congelados e
resfriados. Agora, as gôndolas dos supermercados exibem mortadela, presunto, calabresa, linguiças. A oferta destes produtos
é grande, mas o consumidor mais atento vai ver que
alguns se diferenciam dos demais por algo bem peculiar: a origem.
Acreaves, uma indústria acreana, chegou ao
mercado em 2008. No início eram abatidos 3,5
mil frangos por dia. Hoje, cerca de 12 mil aves são
abatidas diariamente e chegam aos mercados de todo
o Estado em diversos cortes. Mas, era preciso aproveitar melhor toda a carne, agregar valor aos produtos
e dar os primeiros passos rumo à exportação.
“Por isso nós criamos a Sabbor, que é a marca
de embutidos da Acreaves. Nós precisávamos aproveitar a carne e também alguns cortes que não são
tão apreciados no Estado. Nós criamos embutidos com base
no paladar acreano, que gosta de um produto mais temperado, com mais pimenta, por exemplo. O melhor de tudo são
os preços bem mais competitivos, pois tudo é fabricado aqui,
gera renda aqui, melhora a economia do Acre e consolida uma
cadeia produtiva”, explica Paulo Santoyo, diretor da empresa.
Sabbor ganhou a preferência dos
consumidores
Nas prateleiras dos supermercados, até agosto deste ano quando a Sabbor entrou no mercado - os produtos de grandes
marcas nacionais ocupavam todo o espaço disponível para os
embutidos, produtos que sempre entram na feira das donas
de casa. Hoje, as mortadelas, presuntos e outras mercadorias
produzidas no Acre ocupam boa parte do espaço disponível nas
gôndolas e também na preferência das donas de casa: o preço
também é mais atrativo.
Dona de
casa dá
preferência
aos produtos
produzidos
no Acre
Um dos diferenciais dos produtos acreanos é o tempero:
regional e adaptado ao gosto do acreano. A consumidora
Letícia Parise provou e aprovou os produtos. “Minha família
gosta e os preços são mais acessíveis. Se a gente pode consumir
um produto que é fabricado aqui, sabendo que vai movimentar
um capital de giro, que está gerando empregos no nosso Estado
e que além dos benefícios econômicos é mais barato e agrada ao
paladar da nossa família, não tem porque não dar preferência
a essa marca”, disse.
Aos 46 anos, a primeira carteira assinada
José Rodrigues Cavalcante é o responsável pela caldeira da
fábrica de embutidos. Ele começou a trabalhar aos 15 anos para
se manter e só agora, aos 46, conseguiu seu primeiro emprego
fixo e com carteira assinada. Até então, ele trabalhava como
diarista.
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economia
“Nossa, pra mim essa fábrica foi uma mão na
roda, porque eu já tenho 46 anos e a essa altura da
vida conseguir um emprego fixo, com carteira assinada, que me dá a garantia de um décimo terceiro, de
uma assistência em caso de doença, é uma felicidade
só. Sem contar que agora eu posso planejar a vida:
comprar um móvel pra casa, fazer uma poupança”,
disse.
O complexo industrial emprega 200 funcionários diretos, 60 terceirizados e trabalha com 135
produtores familiares. Vinte novos produtores farão
parte do grupo de fornecedores até dezembro. Hoje a
Acreaves atende 25% do mercado acreano. A meta é
abater 20 mil frangos por dia até 2012, uma expansão
na capacidade instalada que vai demandar novos
empregos diretos e indiretos.
Produtor comemora as vantagens
da atividade
Em pouco tempo,
Rigamonte
ampliou o
galpão e agora
vai investir em
tecnologia
Seu Orides Rigamonte é um dos produtores que
acreditou no projeto e apostou na criação dos frangos.
Ele recebe da indústria os pintos, ração, assistência
técnica e o transporte das aves quando atingem o
ponto de abate. A responsabilidade do produtor é
apenas fazer o manejo correto nas granjas.
“Aqui eu crio peixe, um pouco de gado leiteiro,
tenho roçados. O frango veio pra complementar. No
início a gente fica meio com o pé atrás, mas foi uma
política que deu certo. E sem falar que a gente trabalha na sombra, tem como cuidar das outras atividades porque não toma
muito tempo e entra dinheiro a cada 45 dias. Com o peixe a renda só vem uma vez por ano, com roçado a mesma coisa”, disse
o produtor.
Brasiléia não foi escolhida por acaso para sediar a cadeia produtiva das aves. A Agroindústria foi instalada no Alto Acre
com base na indicação do Zoneamento Ecológico Econômico, um documento que indica as potencialidades de cada região.
Além de fazer parte de uma Zona Especial de Desenvolvimento, uma ZED, o município está numa região geográfica um pouco
mais alta que as demais cidades acreanas, tendo um clima mais fresco. “E isso faz toda a diferença para que as aves se desenvolvam melhor”, ressalta o empresário Paulo Santoyo.
FIEAC aprova a fórmula das cadeias produtivas
Para o presidente da Federação das Indústrias do Acre, a indústria alimentícia é uma das que tem mais oportunidades de
crescimento e negócios. “O Acre importa boa parte do que consome e o setor gera uma série de empregos, diretos e indiretos,
o que também influi diretamente no poder aquisitivo da população”, comentou João Francisco Salomão.
A indústria alimentícia gera uma série de outras demandas. “Por exemplo, há uma fábrica de ração instalada para produzir
o alimento das aves. Essa fábrica demanda milho, soja. E isso poderia ser plantado aqui para gerar mais empregos no campo”.
A expectativa da FIEAC é que os investimentos em cadeias produtivas industriais seja uma das prioridades do próximo
governo. “É uma forma de utilizar as áreas degradadas, ampliar a produção, gerar emprego e desenvolvimento. Todos saem no
lucro com esta fórmula”, disse Salomão.
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Fotos: Ângela Peres
Parceria público privado comunitário é a
chave do sucesso
O governo investiu, a iniciativa privada administra e
a produção familiar é contemplada. “A Sabbor é a prova de
que a Parceria Público Comunitário dá resultados positivos.
A Acreaves é um investimento do Governo que começa a dar
frutos. Investimos no fortalecimento da cadeia produtiva das
aves, que tem início com o trabalho do produtor, que tem recebido assistência para produzir com qualidade, passa pela indústria e chega ao consumidor. O lançamento da linha de embutidos é uma forma de otimizar e aumentar a produção de aves
no Estado, e tudo isso dentro de uma lógica em que todos são
beneficiados”, disse Nilton Cosson.
A Acreaves, e agora também a Sabbor, é um exemplo de
parceria entre o público, o privado e o comunitário que deu
certo. Prova disso são os 19 milhões de reais que a indústria
movimenta por ano, os 260 empregos diretos e indiretos e as
155 famílias envolvidas na produção familiar. A meta é atingir
100 toneladas de frangos abatidos até março de 2011.
Oito produtos fazem parte da linha de
produção da Sabbor:
• Mortadela
• Presunto
• Apresuntado
• Calabresa
• Toscana
• Linguiça aperitivo
• Paio
• Salsichão
Acre industrial - março/2011
15
entrevista
A bola está
com ele
Tião Viana assume Governo do Acre com muitos desafios
pela frente, como, por exemplo, industrializar o Estado
T
ião Viana é um político, médico e professor.
Foi eleito senador da república para o mandato
entre 1999 a 2007 e reeleito para o período de
2007 a 2015. É graduado pela Faculdade de
Medicina da Universidade do Pará e fez doutorado em
medicina tropical pela Universidade de Brasília. Casado
com a arquiteta Marlúcia Cândida, é pai de Catarina,
Marihá e Virgílio.
Recém completados 50 anos, Tião Viana assume o
Governo do Acre com um desafio e tanto pela frente:
acelerar o desenvolvimento do Estado nos próximos quatro
anos por meio da industrialização.
Em entrevista à Acre Industrial, ele diz que enfrentaremos o desafio da industrialização do Acre porque só
haverá desenvolvimento econômico sustentado se a estrutura produtiva contar com importante participação da
indústria.
Tião Viana lembra ainda que a participação da indústria no valor adicionado elevou-se de 10,6%, em 2002,
para 12,4%, em 2008. Esta evolução esboça tendência de
transformação da economia na direção da industrialização.
Como o senhor analisa a atual situação da indústria
acreana?
Olho a industrialização do Acre na sua totalidade, na
sua diversidade, nos seus diferentes tamanhos e escalas.
O Acre sempre teve pequenos negócios da indústria e de
outras atividades econômicas. Já estamos trabalhando nos
pequenos negócios, nas pequenas indústrias: na implantação de abatedouros de frango, nas confecções de roupas
em grupos de costureiras, engenhos de cana, beneficiamento de pescado, indústrias de óleo de buriti, benefi-
16
Acre industrial - março/2011
Governador Tião
Viana durante a
cerimônia de posse,
na madrugada de 1º
de janeiro
Um dos principais temas abordados pelo senhor durante
a eleição foi de tornar o Acre um Estado industrializado. Quais as principais medidas a serem adotadas
para transformar esta ideia em realidade?
Vamos dar alta prioridade à produção empresarial e à
pequena produção no intuito de criar empregos e ocupações produtivas. Por este caminho, enfrentaremos o
desafio da industrialização.
O governo do Estado equacionará o financiamento
dos pequenos negócios através do crédito bancário e do
investimento direto do governo, com acompanhamento,
assistência técnica e gerencial; e incubação de projetos.
Os negócios de média e grande escala, conforme a
especificidade, poderão ser viabilizados por Parceria
Público Privada Comunitária (PPC) ou investimento
Fotos: Ascom
ciamento de castanha, de café e casas de farinha. Para
isto, estamos criando a Secretaria de Estado de Pequenos
Negócios.
Enfrentaremos o desafio da industrialização do Acre
porque só haverá desenvolvimento econômico sustentado
se a estrutura produtiva contar com importante participação da indústria. A participação da indústria no valor
adicionado (PIB menos os impostos) elevou-se de 10,6%,
em 2002, para 12,4%, em 2008. Esta evolução esboça
tendência de transformação da economia na direção da
industrialização. De fato, a indústria teve, no período 2000
a 2008, um crescimento médio anual de 8,6% e um crescimento acumulado, no mesmo período, de 116,9%
Acre industrial - março/2011
17
entrevista
diretamente privado.
Um projeto de Indução do Investimento servirá de
“endereço” para todos negócios empresariais, ajudando
em todos os processos de implantação de projetos privados,
a legislação de incentivos sofrerá as adaptações necessárias, a atração de empreendimentos terá atenção política
especial.
Essa estratégia é acompanhada por um desenho institucional que inclui a criação da Secretaria de Pequenos
Negócios e a de Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia, Indústria, Comércio e
Turismo.
Na segunda semana depois da posse, anunciamos
a construção de uma fábrica de lâminas faqueadas, em
Cruzeiro do Sul, e uma fábrica de compensado, em
Tarauacá. Além disso, assinamos ordem de serviço para
construção de 14 galpões industriais, no Parque industrial, para uso das marcenarias do Pólo Moveleiro. Muitos
outros projetos industriais estão na agenda do nosso
governo. Como exemplo, destaco um grande centro, um
complexo de piscicultura, em Rio Branco, com fábrica
de ração, frigorífico e processamento de peixe (surubim,
tambaqui e pirarucu), uma unidade de alevinagem; um
laticínio em Brasiléia e outro em Cruzeiro do Sul, além
de outros empreendimentos que estão sendo estudados.
Estes projetos em Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Rio Branco
envolvem investimentos da ordem de R$ 83 milhões.
Há dificuldades da indústria do Acre em competir. O
que pretende fazer para fortalecer este segmento no
sentido de assegurar sua competitividade?
As relações de competitividade, com a rodovia
transoceânica, tiveram uma reconhecida mudança. Os
mercados do Peru e da Bolívia saíram do discurso para se
tornarem uma importante oportunidade de negócios para
empresas do Acre. O Acre está tornando-se endereço
para investimentos do País e do exterior, seja pela oportunidade de negócios ambientais, seja pela economia de
custos de transporte pela rodovia em direção ao Oceano
Pacífico.
O planejamento do investimento de acordo com as
oportunidades de mercado e o apoio do governo no estabelecimento de relações comerciais no País e no exterior
são dois elementos importantes da estratégia de fortalecimento da competitividade. Além disso, promoveremos
o desenvolvimento tecnológico para aumentar a produtividade das empresas e dos pequenos negócios.
A Zona de Processamento de Exportação (ZPE)
em implantação já tem propostas para instalação de
empresas. A produção para exportação com isenção
total de impostos é um grande fator de fortalecimento de
competitividade dos negócios.
18
Acre industrial - março/2011
“O Acre está se
tornando endereço
para investimentos
do País e do exterior”
Umas das principais reclamações dos empresários é
a dificuldade de ter acesso ao crédito. Quais medidas
serão adotadas para que os pequenos e médios empresários tenham condições de conseguir os financiamentos?
Para o acesso ao crédito das pequenas empresas, das
cooperativas, dos grupos de pequenos negócios, faremos
parceria com os bancos oficiais e privados, visando
simplificar os processos de concessão. Vamos apoiar os
Fotos: Ascom
pequenos e médios empreendedores no processo de acesso
ao crédito.
Quais políticas de geração de emprego serão adotadas?
Vamos fomentar larga ampliação do investimento
público e privado e uma forte intervenção para multiplicar
pequenos negócios em todos os setores da economia, inclusive a rural para criar emprego e ocupações produtivas.
De outro lado, vamos trabalhar na capacitação profissional de jovens e trabalhadores de modo geral. O Instituto
Dom Moacir será um ator importante nesse processo,
assim como estamos propondo parceria para uma ampla
atuação do IFAC.
Haverá também grande esforço de inclusão produtiva para implantar e apoiar microprojetos de grupos de
mulheres e de trabalhadores que permitam as comunidades sair do nível de subsistência e, a curto prazo, acessar
Acre industrial - março/2011
19
entrevista
o mercado.
Os empresários do Acre sofrem com os altos custos
de fretes tanto para importação de insumos quanto
para escoar a produção – devido às más condições das
estradas e a travessia por balsa do rio Madeira, em Porto
Velho. E certamente isso acaba refletindo na atração
de novos negócios para o Estado. Há um plano para
melhorar essa situação?
O projeto da ponte do Rio Madeira, de competência Federal, está aprovado e será licitado no primeiro
trimestre de 2011. O início das obras está programado para
o próximo verão. O recapeamento da Br-364, no trecho
de Porto Velho até os limites do Acre com Rondônia, está
praticamente concluído.
O nosso governo está negociando o projeto de
recapeamento do trecho Rio Branco até o limite com
Rondônia. A previsão é que as obras sejam iniciadas em
2012. Enquanto não acontece o recapeamento, o governo
estadual permanecerá fazendo a manutenção.
Nos limites geográficos do Estado do Acre trabalharemos para manter as rodovias em bom estado de
conservação.
O que o senhor pretende fazer para interiorizar o desenvolvimento e as oportunidades de emprego e renda no
Acre?
Destacamos o Parque Industrial Cruzeiro do Sul,
inclusive o Polo Moveleiro, que será consolidado no
nosso governo, além dos Polos Moveleiros de Tarauacá,
Brasileia e Sena Madureira. Todo o esforço de industrialização repercutirá na geração de empregos e renda
no interior do Estado, especialmente no que se refere à
indústria florestal e agroindústria. Citamos, por exemplo,
as fábricas de lâminas faqueadas de Cruzeiro do sul e a
de compensado em Tarauacá e os laticínios, entre outros
empreendimentos.
Toda cadeia da piscicultura terá um tratamento prioritário e se tornará importante oportunidade de geração
de emprego e renda em pequenos e grandes negócios.
O Centro de Piscicultura de Rio Branco será um poderoso indutor da interiorização do desenvolvimento da
piscicultura.
Além disso, haverá uma ampla operação de aumento
da produção de milho, frutas tropicais, ovinos, suínos, aves
que alcançará o interior do Estado.
De que maneira o senhor pretende apoiar e estimular o setor produtivo a adotar boas práticas de
20
Acre industrial - março/2011
sustentabilidade?
Esta questão faz parte da essência do nosso projeto
de desenvolvimento. A sustentabilidade permeia todos os
empreendimentos econômicos que fazem parte da nossa
agenda de fomento do desenvolvimento.
Há, contudo, o projeto de Florestas Plantadas e o de
Valorização do Ativo Florestal que têm importância especial. No primeiro, já existem negociações de um investimento privado da ordem de 600 milhões de dólares.
No segundo, que é continuidade de esforço no Governo
Binho Marques, envolve os agricultores familiares em
projetos de produção sustentável nas propriedades familiares, com regularização do passivo ambiental.
Qual a importância da ZPE para o desenvolvimento do
nosso Estado? Há uma previsão para, de fato, iniciar
instalação das indústrias na ZPE?
A ZPE é parte fundamental da estratégia de industrialização do Estado. Nela se instalarão os projetos industriais voltados para o mercado externo. A ZPE não será
um enclave. Ela terá conexões com as cadeias produtivas
internas. De preferência, na ZPE se instalarão indústrias
florestais, que é o setor dominante da ZPE, agroindústrias
de escala, e uma grande diversidade de empreendimentos
industriais, inclusive pequenas indústrias.
Hoje, há 32 cartas de intenção de diferentes negócios,
com predominância da indústria florestal, das quais 17 são
de pequenas indústrias, perfazendo um investimento de R$
352 milhões.
A instalação das indústrias depende do alfandegamento
que é um processo complexo e, infelizmente, demorado.
Vamos trabalhar para fazer o alfandegamento no menor
prazo possível. No que respeita ao governo estadual, o
prazo é julho, para completar a documentação estadual.
As primeiras empresas estarão se instalando até o final de
2011.
O Governador Tião Viana finalizou a entrevista reafirmando o seu compromisso de propor ações para avançar
no processo de desenvolvimento do Acre, com crescimento
econômico, inclusão social, conservação dos recursos
ambientais e fortalecimento da cultura das comunidades
locais.
“Faremos esforços destacados, no uso econômico sustentável da terra, da floresta e da água, visando a geração de
emprego e renda, beneficiando, especialmente, as parcelas
mais despossuídas e carentes da população”, garantiu.
Tião Viana disse, ainda, que a educação e a saúde
terão atenção especial. Ele afirmou que os progressos que
a educação do Acre conquistou continuarão e que serão
fortalecidos os serviços de saúde, dando atenção especial à
humanização do atendimento.
O governador foi enfático ao dizer que será duro no
combate ao crime. Segundo ele, o crime hediondo será
tratado com o maior rigor. Não haverá transigência nestes
casos, obedecida a ordem legal. Na segurança da popu-
Fotos: Ascom
“A ZPE é parte
fundamental da
estratégia de
industrialização
do Estado”
lação, a inteligência, o policiamento ostensivo rigoroso e
as políticas de prevenção serão estratégias da política de
segurança.
“Como governador do povo acreano, desejamos reunir
os esforços de todos para promover o desenvolvimento
que renove a esperança e propicie dignidade e melhoria de
vida das comunidades, das famílias e das pessoas que vivem
neste Estado”, encerrou.
Acre industrial - março/2011
21
política
A toque
Edvaldo Magalhães diz que Secretaria Estadual de Indústria
e Comércio trabalhará no ritmo do setor privado
U
m dia histórico. Pela primeira vez o setor industrial esteve frente a
frente com seu representante no Poder Público, podendo discorrer
aberta e detalhadamente sobre os diversos entraves que atrapalham
sua atividade: o primeiro secretário de Indústria e Comércio do
Estado, Edvaldo Magalhães. Estas duas pastas foram incluídas às da Secretaria
de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, a fim de atender amplamente os
anseios da iniciativa privada, que há tempos reivindicava por esta oportunidade.
Praticamente em seu primeiro dia oficial de trabalho, Magalhães se reuniu
com empresários do setor industrial e diretores da Federação das Indústrias do
Estado do Acre (FIEAC) na Sala de Reuniões da instituição. O encontro possibilitou à iniciativa privada dar os primeiros passos em direção ao seu tão sonhado
desenvolvimento e fortalecimento. Segundo Edvaldo Magalhães, a ordem é estabelecer uma relação muito próxima com os problemas e reivindicações do setor
produtivo. “Queremos dar à Secretaria o ritmo e o tempo da iniciativa privada”,
afirmou.
Entre os temas abordados no encontro, o presidente do Sistema FIEAC, João
Francisco Salomão, expôs a preocupação do setor com relação ao início das atividades da Zona de Processamento de Exportação (ZPE); sobre a emergência de se
criar uma política de proteção aos produtos desenvolvidos no Estado e também
sobre a necessidade de se revisar alguns pontos da Lei da Copiai – como a redução
da alíquota de ICMS para empresas e produtos; conceder estímulos econômicos
para empresas industriais que se instalarem no interior do Estado e ampliação/
criação de Distritos Industriais e Parques segmentados.
“Uma vez que entre em funcionamento, a nossa ZPE será um marco no Estado.
Isso nos deixa esperançosos e também ansiosos”, justificou Salomão. “Precisamos
também de apoio para manter aquecida nossa cadeia de produção e o Programa
de Habitação é um dos fatores que contribuem para isso”, defendeu.
Na opinião do empresário Jorge Tomás, que faz parte da diretoria da FIEAC,
a Secretaria de Indústria e Comércio vai ser uma das mais importantes do atual
governo do Acre. “Vai exercer o papel de planejadora das ações do setor produtivo. Seria muito importante também que a antiga Agência de Negócios do Acre
fosse reformulada para incrementar essas ações”, sugeriu.
Edvaldo Magalhães afirmou que a ZPE é uma questão central para a política
de fortalecimento da economia acreana e que – conforme os gargalos que por
22
Acre industrial - março/2011
Empresários
conquistam canal
direto de diálogo com
o poder público
de
caixa
ora travam o início das atividades forem superados (alfandegamento, sistema de vigilância e instalação de um
software específico, por exemplo) – a previsão é de que em
abril a unidade tenha plenas condições de ser inaugurada.
Com relação à revisão da Lei Copiai, Magalhães
foi taxativo: “Leis foram feitas para ser cumpridas, mas
também mudadas. Leis ficam defasadas e necessitam,
sim, de mudanças”, garantiu. Ao término do encontro,
secretário e empresários estabeleceram o compromisso
de cada setor se reunir individualmente para apresentar
seus gargalos e propor soluções à Secretaria. O tom de
urgência ficou evidente e a contrapartida do governo é
de que urgentes também serão as respostas, pois o desenvolvimento do Estado tem pressa.
Acre industrial - março/2011
23
FIEAC
Descanso
FIEAC implanta calendário de feriados do setor produtivo
A
gora, não haverá mais dúvidas
sobre quais dias são, efetivamente, feriados ou datas
comemorativas – que consequentemente se traduzem como “ponto
facultativo” e “enforcamentos”. A FIEAC
lançou, em janeiro, o Calendário de
Feriados do Setor Produtivo, em parceria
com as demais instituições representativas.
A iniciativa será fiscalizada, de perto, pela
Superintendência Regional do Trabalho e
Emprego no Acre (SRTE/AC) a fim de que
seu cumprimento seja garantido.
Na ocasião, o presidente da FIEAC,
João Francisco Salomão, comentou
que, após reuniões com representantes
de cada setor privado – Federação do
Comércio (Fecomércio/AC), Federação
da Agricultura (FAEAC), Associação
Comercial (Acisa) e Federação das
Associações Comerciais e Empresariais
(Federacre) – concordaram em produzir
o material para esclarecer alguns impasses
relacionados aos feriados. “Assim, definimos, com base legal e de acordo com
alguns especialistas, as datas que realmente
são feriados. Algumas datas comemorativas não são feriados e as empresas não
são obrigadas a paralisar suas atividades”,
esclareceu o empresário.
A iniciativa foi elogiada pelo superin-
24
Acre industrial - março/2011
Programado
tendente do Trabalho e Emprego, Manoel Neto, que
acredita que o estabelecimento de um calendário para o
setor irá sanar dúvidas e orientar empregador e empregado. “Ainda existem querelas jurídicas com relação a
alguns feriados municipais, mas não vamos entrar nesse
mérito. O que importa é que agora as pessoas poderão
se planejar de acordo com esse calendário, sem preocupação”, salientou.
O calendário se baseia em um levantamento feito
pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan),
que faz uma estimativa do custo econômico dos feriados
no Brasil e nos estados. Em 2009, por exemplo, as perdas
do País chegaram a R$ 12,5 bilhões para cada feriado.
No ano passado, segundo o estudo, o impacto seria de
R$13,8 bilhões em cada paralisação. A conclusão é de
que, a cada 23 anos, o Brasil perde um PIB inteiro em
virtude dos feriados e datas comemorativas.
Em valores monetários, no Acre, o impacto anual
estimado com os 15 feriados em dias úteis que ocorreram
em 2009 (somando os setores da construção civil e de
transformação) girou em torno de aproximadamente
R$ 74 milhões. Sendo R$ 47,5 milhões na construção
civil e R$ 26,5 milhões na indústria de transformação.
Considerando os dias “enforcados”, o valor subiria para
R$ 108,5 milhões, sendo R$ 69,7 milhões na construção
civil e R$ 38,7 milhões na transformação.
DEFINIÇÃO – Assim, para evitar perdas significativas para a economia acreana e esclarecer impasses com
relação às datas que são feriados - de acordo com a legislação federal, o setor jurídico da FIEAC ajudou a embasar
o documento que define em quais dias do ano a paralisação será obrigatória para o setor.
Uma vez que a legislação trabalhista é de competência exclusiva da União, a Lei 9.093/95 explicita que
os estados somente podem estabelecer feriado em um dia
do ano, a fim de comemorar sua data magna. No caso
das leis municipais, pode-se decretar apenas três feriados
além da Sexta-Feira da Paixão. Deve-se optar entre os
dias dos santos de guarda, que, segundo a tradição cató-
lica, os fiéis têm a obrigação de comparecer à igreja.
Logo, os feriados, no Estado do Acre, ficaram assim
definidos:
• JANEIRO: Dia 1º - Confraternização Universal
(Feriado Nacional);
• MARÇO: Dia 08 - Terça-feira de carnaval (Feriado
Nacional); Dia 22 - Aniversário de Xapuri (Feriado
Municipal); Dia 30 - Aniversário de Plácido de Castro
(Feriado Municipal);
• ABRIL: Dia 22 - Sexta-feira Santa (Feriado Nacional);
Dia 21 - Tiradentes (Feriado Nacional); Dia 24 Aniversário de Tarauacá (Feriado Municipal); Dia 28 Aniversário de Porto Walter, Marechal Thaumathurgo,
Jordão, Santa Rosa, Epitaciolândia, Capixaba, Bujari,
Acrelândia e Rodrigues Alves (Feriado Municipal);
• MAIO: Dia 1º - Dia do Trabalho (Feriado Nacional);
Dia 14 - Aniversário de Senador Guiomard, Manoel
Urbano e Assis Brasil (Feriado Municipal); Dia 30 Aniversário de Mâncio Lima (Feriado Municipal);
• JUNHO: Dia 23 - Corpus Christi (Feriado Nacional);
Dia 15 - Aniversário do Estado do Acre (Feriado
Estadual);
• JULHO: Dia 03 - Aniversário de Brasiléia (Feriado
Municipal);
• SETEMBRO: Dia 7 - Independência do Brasil (Feriado
Nacional) e Dia de Nossa Senhora Rainha da Paz Acrelândia (Feriado Municipal); Dia 25 - Aniversário
de Sena Madureira (Feriado Municipal); Dia 28 Aniversário de Cruzeiro do Sul (Feriado Municipal);
• OUTUBRO: Dia 12 - Nossa Senhora Aparecida
(Feriado Nacional);
• NOVEMBRO: Dia 2 - Finados (Feriado Nacional); Dia
15 - Proclamação da República (Feriado Nacional);
• DEZEMBRO: Dia 21 - Aniversário de Feijó (Feriado
Municipal); Dia 25 - Natal (Feriado Nacional); Dia
28 - Aniversário de Rio Branco (Feriado Municipal).
Acre industrial - março/2011
25
SESI
Em um só lugar
Já imaginou ter academia, salas de aula e
laboratórios de informática dentro do seu trabalho?
O SESI proporciona isso
D
epois de um dia extenuante de trabalho, na obra de um residencial de
alto padrão, uma turma de 20 pedreiros de uma indústria de construção civil acreana inicia uma nova jornada, numa sala de aula improvisada
nos fundos da construção.
Ali, eles dão os primeiros passos no mundo da informática, por meio do
curso “Aprenda a clicar”, promovido gratuitamente pelo SESI/AC. As aulas,
de segunda a sexta, das 19h às 21h, têm por objetivo iniciar os alunos nos
recursos básicos da informática e dos aplicativos do pacote Office, numa
carga horária de 20h. Para participar, basta que o interessado tenha pelo
menos o ensino fundamental incompleto.
“Decidi fazer esse curso para aprender, para me atualizar sobre o que está
acontecendo no mundo e me adequar mais na minha profissão, ficar mais
informado”, destacou Francisco Nonato da Silva, 38. Ele conta que possui
o ensino médio completo e que está no ramo da construção civil há cinco
anos. “E pretendo fazer mais cursos que o SESI oferecer. É só ter a oportunidade, que eu tento participar”, acrescenta.
Além dos cursos de educação continuada, o SESI realiza ainda cursos de
educação básica, que vão da alfabetização à oitava série. Tudo isso dentro
da empresa. “Tem um trabalhador daqui que se alfabetizou com a gente e já
está na turma de quinta à oitava série. São pessoas que têm um dia duro,
mas ainda querem se dedicar aos estudos, se qualificar”, destaca a coordenadora do curso, Francisca Fernandes.
Para o superintendente do SESI, José Carlos de Oliveira Filho, a elevação
da escolaridade é uma necessidade grande do Estado, uma vez que as
pesquisas apontam um índice de analfabetismo de 10%. “E não é esse dado
que queremos manter. Queremos ver o trabalhador estudando e crescendo
profissionalmente”, destaca.
Exercitando o corpo - Além de trabalhar com educação, o SESI também
leva para dentro das empresas a qualidade de vida aos trabalhadores, por
meio de atividades físicas, como ginástica laboral e caminhada saudável.
“Engana-se quem pensa que exercícios físicos precisam, necessariamente,
26
Acre industrial - março/2011
Ginástica laboral
prepara trabalhadores
para as atividades
do dia
ser intensos. Uma caminhada, por exemplo, exige
esforço moderado e pode ser praticada pela maioria das
pessoas”, afirmou Jorge Ferreira, analista de esporte e
lazer do SESI/AC.
O resultado é comprovado cientificamente. A ginástica laboral, realizada pelo SESI em várias empresas
de Rio Branco, serve para que cada um conheça seus
limites e se prepare melhor para as atividades do dia a
dia, segundo o analista.
Entre os benefícios relacionados ao hábito de caminhar, estão a redução nos níveis de ansiedade e controle
do estresse; mais disposição para realizar tarefas rotineiras; aumento da auto-estima e melhora na autoimagem; melhora na qualidade do sono e maior grau de
relaxamento; ajuda no controle do peso corporal; controle
da hipertensão arterial e benefícios ao sistema circulatório em geral e ajuda na preservação da massa óssea
e na função dos músculos e das articulações. Portanto,
motivos não faltam para começar já uma mudança na
qualidade de vida. E sem grandes esforços.
“Sabemos como é difícil a jornada do trabalhador da
indústria e que nem todos conseguem sair com disposição
da empresa para ir para uma sala de aula ou para praticar
atividade física, depois de um dia cheio de trabalho. Para
as mulheres, que, além de trabalharem fora, são donas
de casa, creio que seja ainda mais difícil. Por isso, o SESI
está à disposição para levar até as empresas todos os
serviços solicitados nas áreas de esporte, lazer, saúde e
educação”, disse o superintendente do SESI, José Carlos
de Oliveira Filho.
Acre industrial - março/2011
27
SENAI
Sem perda
de tempo
Diploma de curso técnico do SENAI garante
oportunidades de trabalho, melhoria na renda
e ascensão social em tempo hábil
P
or ter a duração de dois anos, o curso técnico
pode significar a entrada mais cedo no mercado
de trabalho. Mas, essa não é a única razão que tem
levado milhares de jovens em todo o Brasil a fazer essa
opção de estudo.
A qualificação, segundo a diretora de Educação e
Tecnologia do SENAI/AC, Geane Reis, tem tido valorização semelhante a de nível superior, do ponto de vista
econômico. É que o profissional, como a formação já
diz, é responsável por executar os aspectos práticos
de determinada atividade, encerrando um conjunto de
conhecimentos mais objetivos. É nesse profissional
que as indústrias, principalmente, têm feito grandes
investimentos.
“Durante anos os cursos técnicos foram renegados por grande parte da população jovem que almejava uma formação superior. Esse pensamento supervaloriza socialmente o diploma de estudos em nível
superior, embora não se possa estabelecer uma correspondência linear entre o status social supostamente
conferido por esses diplomas e a repercussão econômica do mesmo para os seus detentores”, destaca.
O diploma de um curso técnico, expedido por uma
instituição credenciada ao MEC e reconhecido nacionalmente, que é o caso do SENAI, abre oportunidades
de trabalho, melhoria na renda e traz ascensão social
28
Acre industrial - março/2011
- segundo Geane.
Paralelamente a isso, o Brasil enfrenta um problema:
a pouca oferta de vagas no ensino superior incompatível
com a demanda, uma vez que, a cada ano, milhares de
alunos que concluem o ensino médio, não conseguem
uma vaga nos cursos superiores. “E o que fazer com
esses jovens? Um dos caminhos é a educação técnica
de nível médio, que se coloca como uma alternativa de
formação intermediária”, complementa.
O SENAI/AC hoje dispõe do curso técnico em
Segurança no Trabalho. No final de 2010, a instituição
aprovou três cursos técnicos que em muito contribuirão
para a formação de profissionais com competências
teóricas e práticas específicas da profissão, atitudes e
habilidades comuns a uma área profissional e ao mundo
do trabalho: são os de Técnico em Eletrotécnica, Técnico
em Edificações e Técnico em Design de Móveis.
Profissionais formados nestas áreas atenderão
setores importantes e em expansão no Estado, como a
Construção Civil, Madeira e Mobiliário e Eletricidade. Para
a aprovação dos cursos, perfis profissionais foram defi-
nidos a partir de diálogos com os setores produtivos,
academia, conselhos de classes, sindicatos e especialistas, representados nos Comitês Técnicos Setoriais, de
cada segmento, promovendo uma análise do setor, suas
necessidades de formação, e a definição do itinerário de
formação apropriado e de acordo com os anseios das
empresas. Outro aspecto considerado foi à pesquisa de
demanda por educação profissional e tecnológica, realizada pelo SENAI.
Ao todo, o SENAI oferecerá, em 2011, 320 vagas
nos cursos mencionados acima, em suas duas Unidades
Operacionais, Escola Coronel Auton Furtado e Centro de
Tecnologia da Madeira e do Mobiliário (Cetemm), com
inscrições abertas para o processo seletivo a partir de
fevereiro de 2011. Sendo 80 vagas para Técnico em
Edificações, 80 vagas para Técnico em Design e 160
vagas para Técnico em Eletrotécnica.
“Uma carreira profissional bem-sucedida começa por
uma formação de boa qualidade. A formação de técnicos
de nível médio é focada em uma modalidade de atuação
profissional e humana, abrangendo um conjunto de
saberes, nos aspectos teóricos e práticos, científicos,
organizativos e sociais, articulando e mobilizando os
conhecimentos adquiridos no desempenho de suas
funções”, reforça Geane.
Técnico em Edificações - Executa projetos de edificações conforme normas técnicas de segurança e de
acordo com legislação específica. Auxilia no planejamento, execução e elaboração de orçamento de
obras. Orienta e coordena a execução de serviços de
edificações.
Técnico em eletrotécnica - Habilitará profissionais para interpretar projetos elétricos, executar
instalações elétricas prediais e industriais em baixa
tensão, bem como realizar manutenção e reparos
de máquinas, equipamentos/componentes eletroeletrônicos, cumprindo normas técnicas de segurança
e qualidade pertinentes, auxiliando o profissional
Engenheiro Eletricista, conforme resolução 262/79
que dispõe sobre atribuições.
Técnico em design de móveis - Habilitará profissionais para desenvolver e criar esboços, perspectivas
e desenhos normatizados de móveis, aplicar aspectos
ergonômicos, elaborar documentação técnica, planejar
os processos de fabricação dos produtos para o setor,
considerando os aspectos de funcionalidade, conforto
e estética, otimizando os recursos e etapas do desenvolvimento de projetos.
Acre industrial - março/2011
29
IEL
O
mundo mudou! Atualmente, as empresas estão
vivendo na era da globalização, em que, mais do
que nunca, conquistar e, principalmente, manter os atuais
clientes é fundamental para a sobrevivência de qualquer
negócio. Por isso, qualidade e competitividade deixaram
de ser apenas um diferencial entre as companhias para se
tornarem fatores de sobrevivência num mercado onde os
produtos são facilmente copiados.
O Acre, que até há bem pouco tempo parecia estar a
quilômetros de distância desse processo, vê aos poucos
as barreiras comerciais sendo desmoronadas. A Estrada
do Pacífico e a Zona de Processamento de Exportação têm
feito as grandes indústrias brasileiras olharem o extremo
oeste do Brasil com outros olhos.
As mudanças vêm a passos largos e a exemplo do que
ocorreu com a Revolução Industrial, iniciada em meados do
século 18 na Inglaterra, quem não se preparar pode perder
a “hora do bonde”.
Para a superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL),
Socorro Bessa, entidade integrante do Sistema Federação
das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), “o empresariado
acreano precisa despertar para a nova realidade e para isso
tem como aliado o IEL”.
O Instituto atua em todo o território nacional há 40 anos
e tem como missão promover o aperfeiçoamento da gestão,
a capacitação empresarial e a interação entre as empresas
e os centros de conhecimento, contribuindo para a competitividade da Indústria. No Acre sua missão é ainda maior:
“contribuir para o desenvolvimento sustentável do Estado”.
Para isso, o IEL atua em várias frentes de trabalho,
seja preparando mão-de-obra qualificada para atender as
empresas, por meio do programa de estágio; seja com treinamento e consultoria empresarial, como forma de qualificar os empresários para esse novo momento em que o
Estado vive; ou com pesquisa de mercado e satisfação do
cliente.
“Este é o papel do IEL, auxiliar a empresa a se tornar
competitiva, preparada para atender o que o mercado
necessita”, explica Socorro.
Mais de uma década apoiando os empresários
Deixar o mercado acreano em pé de igualdade com os
mercados com maior nível de desenvolvimento do Brasil é
uma meta que vem sendo alcançada pelo IEL ao longo de
seus 12 anos de existência. Pelo menos é o que acredita
Clivia Halk, gestora de compras da Albuquerque Engenharia.
“O IEL é um prestador de serviço nosso de longa data.
Fornecendo consultorias, treinamentos, estagiários. Somos
umas das cinco empresas âncoras no Acre”, revela.
O termo âncora utilizado por Clivia, para definir a
Albuquerque Engenharia, diz respeito a sua participação em
um projeto do IEL Nacional, em parceria com o Sebrae, cujo
objetivo é capacitar as empresas da construção civil para
atender o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
no Habitat (PBQP-H), exigência do Governo Federal. No
Acre, o IEL é a única instituição que prepara as empresas
para obter certificação neste Programa.
Um parceiro
de peso
por Rachel Moreira
Instituto auxilia na capacitação para melhoria
da competitividade
30
Acre industrial - março/2011
Rachel Moreira
Kelly e
Francisca
não sabiam
onde buscar
ajuda até
conhecerem
o IEL
Preparando herdeiros
Dona Francisca Chagas e a filha Kelly Janine sempre
souberam quais as dificuldades da empresa que administram, a Formate Concreto, mas não sabiam aonde buscar
soluções. Tudo mudou quando a empresa Albuquerque
Engenharia indicou a empresa como fornecedora para o
Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF).
Logo de cara a empresa teve a visita de um consultor
do IEL que fez um diagnóstico dos “gargalos” da empresa,
propondo as mudanças necessárias para que a mesma
tivesse sua qualificação certificada e se tornasse mais
competitiva no mercado.
Atualmente, a empresa já passou por duas consultorias e está entrando na terceira. Além disso, os trabalhadores da Formate estão passando por treinamento oferecido pelo Instituto.
“Na verdade nossa empresa trabalha com produtos
que requerem uma qualidade certificada, nos padrões
que o mercado existe hoje. O IEL veio em boa hora subsidiar a gente nessas necessidades que tínhamos e não
sabíamos onde encontrar”, revela Francisca Chagas,
proprietária da empresa.
Kelly, futura herdeira do empreendimento, vai ainda
mais longe. Ela não só reconhece a tendência do mercado
de exigir a implantação do sistema de qualidade, mas já
pensa em num futuro próximo implantar um sistema de
qualidade ambiental.
“Nossa empresa já estava querendo fazer algumas
implantações e esse programa veio a permitir que ela
começasse a se adequar para implantar no futuro um
sistema de qualidade ambiental, porque no nosso caso
não vamos conseguir trabalhar se não tivermos tudo
isso”, argumenta.
sindicatos reconhecem o papel do iel
Para o empresário Carlos Sasai, presidente do
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do
Acre (Sinduscon/AC), o IEL tem sido um grande parceiro
atendendo as demandas com eficiência e competitividade.
“O IEL, para o nosso sindicato, como para todos os
setores da indústria, é uma instituição indispensável,
porque oferece ações focadas na gestão e capacitação
das empresas e num Estado tão carente como o nosso
isso é importantíssimo”, conclui.
Acre industrial - março/2011
31
COMPETIT
EM XE
Nesta nova década, indústria acreana
encara o desafio de se livrar das barreiras
que a impedem de crescer e se fortalecer
32
Acre industrial - março/2011
TIVIDADE
EQUE
O
(RGR), que incide sobre a conta de energia. De acorano de 2010 se encerrou com um crescido com a agenda elaborada pela Confederação Namento de 14% do PIB industrial acreano.
cional da Indústria (CNI), intitulada “A Indústria e
A expectativa é que o PIB atinja a casa dos
o Brasil: uma agenda para crescer mais e melhor”, os
14,7% de crescimento em 2011, segundo pesquisas
impostos sobre a eletricidade no Brasil são bastante
realizadas pela FIEAC, por meio do Instituto Euvalsuperiores aos de outros países. O documento indica
do Lodi (IEL), em parceria com o Centro de Ciências
que “a disponibilidade e os custos da energia elétrica
Jurídicas e Sociais Aplicadas da Ufac. As perspectisão fatores determinantes para a competitividade do
vas para que tal êxito se repita no primeiro ano desta
País”.
nova década são boas para a maioria dos empresáriApesar das perspectivas de crescimento seros. Mas eles mesmos consideram que poderiam ser
em boas para a indústria acreana em 2011, sobretudo
bem melhores.
da área da construção civil, estas não são o bastante
De acordo com os setores entrevistados, a
para desenvolver nem
preocupação com a ma“Apesar
das
perspectivas
de
crescifortalecer o setor no
nutenção da política de incentivos fiscais/tributários mento serem boas para a indústria Estado. A previsão é
de que haja manutendo governo estadual, que
acreana
em
2011,
sobretudo
da
área
ção do volume de obras
ainda vem sendo executada
de maneira tímida, é geral. da construção civil, estas não são o públicas (por meio do
Some-se a isso a elevação bastante para desenvolver nem for- PAC 2) e que o desempenho da indústria flodo custo do dinheiro no
talecer
o
setor
no
Estado.”
restal madeireira, prinBrasil (TJLP), a redução de
cipalmente no tocante
investimentos federais, as
à exportação, permaneça evoluindo. No entanto, tais
restrições ambientais e a costumeira burocracia, que
eventos contribuirão somente para manter aquecida
também são pautas que inquietam o setor produtivo,
a cadeia produtiva local. Já a perenidade da mesma,
uma vez que emperram seu desenvolvimento e nubque depende, necessariamente, do seu poder de comlam os rumos da atividade industrial no Estado.
petitividade, está em xeque.
Ao apagar das luzes de 2010, por exemplo, o
Para fugir desta condição e reacender seu
governo aprovou a prorrogação, por mais 25 anos, de
fôlego, a indústria clama por reformas estruturais
um encargo chamado Reserva Global de Reversão
Acre industrial - março/2011
33
– reivindicações antigas que, por sua
vez, já se acumulam com as mais recentes. Em uníssono, empresários
da indústria de todo o País suplicam por menos burocracia na legislação ambiental,
modernização das relações
trabalhistas, carga tributária
menos asfixiante e redução
das taxas de juros.
ABERTURA DE JOGO
A verdade é que as dificuldades começam a
partir do momento que se decide abrir uma empresa
no Brasil. O empreendedor já enfrenta um verdadeiro teste de resistência ao esperar por até 150 dias para
a conclusão do processo – prazo maior do que o registrado em 72 países, segundo informou o presidente
do Sistema FIEAC, João Francisco Salomão.
“A solução desse lamentável problema nem
exigiria a aprovação de leis nos órgãos do Poder Legislativo. Bastariam medidas de caráter administrativo
dos governos municipais, estaduais e federais e, sobretudo, a mudança da cultura da ‘venda de dificuldades’, incrustada nas repartições públicas, com raras
e honrosas exceções”, opinou o empresário.
Nada menos que 183 nações foram avaliadas
para o ranking anual elaborado pelo Banco Mundial
chamado “Doing Business” (“Fazendo Negócios”), sobre as dificuldades de se fazer negócios ao redor do
planeta. Divulgado na imprensa nacional em novembro de 2010, o Brasil, que já ocupava um desconfortável
124º lugar, caiu mais três posições. Entre os critérios
considerados no relatório estão o nível de dificuldade
para se abrir uma empresa e o peso da carga tributária.
O Portal “Opinião e Notícia” destacou que,
enquanto na Nova Zelândia e no Canadá basta um
único procedimento, no Brasil são necessários 15
procedimentos para se abrir uma empresa. Outra
34
Acre industrial - março/2011
discrepância é que, na Nova Zelândia, basta um único dia para que o processo de
abertura de um negócio seja finalizado.
O Brasil é medalha de ouro no critério
burocracia – são necessárias 2.600 horas
anuais para uma empresa lidar com a carga tributária, ao passo que nos Emirados Árabes apenas 12
horas por ano já são o bastante.
INTERFERÊNCIA
No xadrez, há uma jogada chamada “Interferência”, que consiste em o jogador interpor
uma peça sua para deixar a do oponente sem
defesa ou ocupada. O setor produtivo, por
sua vez, começou a se movimentar para fazer algo semelhante. No Acre, empresários
de diversos segmentos da economia deram
início ao chamado Movimento de Fortalecimento do Setor Produtivo (MFSP) para
reagir a tantos fatores sufocantes ao poder
de competitividade das empresas acreanas.
O coordenador Assurbanípal
Mesquita explicou como funciona
a linha de raciocínio do Movimento. “Partimos do princípio
de que se a sobrevivência do
setor produtivo sofre influência
direta e significativa das políticas públicas, bem como de normas e leis, há necessidade de que
nós participemos diretamente de suas
formulações”, explicou o coordenador do MSFP.
E as primeiras conquistas dessa iniciativa já
começam a ser computadas. No dia de sua posse, o
governador Tião Viana já anunciou a ampliação da
Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia
(SDCT), incluindo as pastas de Indústria e Comércio.
Uma de suas bandeiras de campanha era justamente
o crescimento e fortalecimento do setor industrial
do Estado – a partir do novo momento que o Estado
“Para o setor produtivo, a prioridade
máxima é a reforma tributária, cujo
objetivo é desonerar investimentos
e exportações, a fim de simplificar e
reduzir a burocracia do sistema.”
vive, com a criação de sua Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e a abertura
para os portos do Oceano Pacífico através
da Estrada Interoceânica – atendendo às
reivindicações da classe empresarial.
Durante a campanha eleitoral, a FIEAC realizou uma sabatina com os candidatos ao governo
do Estado e, na oportunidade, entregou a cada um
a Agenda Executiva para 2011 – 2014, contendo
propostas do setor industrial para o desenvolvimento do Estado. “Essa agenda foi constituída a
partir de diversas reuniões com o setor, valendo
a pena ser considerada pelo próximo governador
do Estado. O que queremos a partir de nossas
propostas é acelerar o processo de desenvolvimento que já existe”, destacou, à época, João
Francisco Salomão.
Dentre os principais temas incluídos
na Agenda Executiva do Acre também se
destacam o estabelecimento de um canal
permanente de comunicação com o
setor industrial, a internalização da
importância do setor produtivo
nas diversas esferas do Executivo e do Legislativo, inovação,
educação e comércio internacional.
De acordo com Viana, o
propósito do seu governo é estabelecer uma ação coesa voltada ao desenvolvimento sustentável. “O que queremos é que
as sugestões que apresentamos na Agenda sejam, de
fato, incorporadas ao plano de governo do próximo
governador do Acre, pois acreditamos que o Acre só
alcançará o desenvolvimento pleno e sustentável por
meio de uma indústria forte e competitiva”, garantiu,
no dia de sua sabatina.
REI EXPOSTO
Ainda segundo as
regras do jogo, há uma
situação chamada “Rei
Exposto” (Exposed
King), quando a peça
fica a mercê de um
xeque, xeque-mate ou
de outros temas táticos
que podem encurralá-la por estar em campo aberto
– sem a proteção de peões, com proteção apenas parcial ou ainda com uma proteção inadequada diante
dos perigos que enfrenta.
Esta situação é similar a da indústria acreana
que, em sua maioria, é composta por empresas de
micro e pequeno porte. Ao lidar com elevadíssimas
cargas tributárias; dificuldade de acesso ao crédito;
altos juros; volatilidade de câmbio; complexidade das
normas e regras aduaneiras; tímida política de incentivos fiscais e de inovação; alto custo de energia; licenciamento ambiental burocrático e leis trabalhistas
arcaicas, seu poder de competitividade fica extremamente vulnerável.
São problemas de ordem nacional que fazem
parte do cotidiano dos empresários estabelecidos no
Acre, conforme se pode constatar em todas as Pesquisas de Sondagem Industrial. O mais grave empecilho
para a atividade industrial, segundo os entrevistados,
é, de longe, a carga tributária. O presidente da FIEAC
explica que as queixas não se resumem “tão somente”
(como se já não fossem o bastante) ao alto valor dos
impostos. Compreende, ainda, a dificuldade para o
seu pagamento estabelecida pela burocracia.
O “inferno tributário”, como apelidam os empresários, abarca impostos, taxas e contribuições federais, estaduais e municipais, com prazos, alíquotas e procedimentos diferentes. “Há, ainda, os encargos sociais
Acre industrial - março/2011
35
*FONTE: http://portugues.doingbusiness.org/
atrelados à arcaica legislação trabalhista, que também
oneram os custos e enfrentam a burocracia. Tudo isso
dificulta muito o processo de administração, principalmente para as empresas menores, como muitas existentes no Acre, que não têm estrutura para gerenciar
todas essas atividades-meio, prejudicando sua concentração no foco do negócio”, salientou o Salomão.
Diante de tantos gargalos, entraves e obstáculos, a competitividade das empresas locais está exposta
a um golpe mais – ou até menos – ousado, que pode lhe
ser fatal. Para se defender dos ataques externos (leia-se
concorrência acirrada), o setor industrial até sabe o que
é preciso fazer para obter êxito, mas precisa de um “Intermediário”.
No xadrez, esta estratégia consiste no adiamento de um lance para a execução de outro, forçando o adversário a fazer um movimento cujo efeito
é fortalecer ainda mais o lance adiado. Ou seja, para
que a indústria se desenvolva e se fortaleça – objetivo
final – é necessária uma ação intermediária que depende do “adversário”, no caso, o Poder Público.
Intermediário – “O êxito nessa conquista está
condicionado à transformação do Brasil em um País
efetivamente competitivo no mundo globalizado, no
36
Acre industrial - março/2011
qual a concorrência é cada vez mais acirrada. Nesse
sentido, a indústria defende a realização das reformas
estruturais do marco legal, que vêm sendo postergadas há décadas, vitimadas pelo corporativismo e o
fisiologismo”, defende Salomão.
Para o setor produtivo, a prioridade máxima é
a reforma tributária, cujo objetivo é desonerar investimentos e exportações, a fim de simplificar e reduzir
a burocracia do sistema. Mas para além desta, ainda
são imperativas as reformas fiscal, da previdência,
trabalhista e política. A partir das duas primeiras,
obtém-se mais eficiência do Estado e de sua gestão,
aumento da poupança pública e a sustentabilidade do
sistema previdenciário.
Ao ampliar a competitividade do sistema
produtivo, elevando-se, por conseguinte, a geração
de mais postos de trabalho e renda, a reforma trabalhista vem ao encontro da necessidade de se proteger trabalhador e emprego. “Finalizando esta cadeia, vem a reforma política, que é essencial diante
da constatação de que a qualidade da governança e
do sistema de decisões no setor estatal é decisiva para
o adequado funcionamento da economia e da sociedade”, explicou o presidente da FIEAC.
Um dos setores de grande relevância para a
geração de emprego, pesquisa, inovação, bem como
para o impulso do PIB, é o Parque Industrial – o qual,
segundo o governador recém-eleito, passará a ser
cada vez mais valorizado segundo os planos que tem
para o desenvolvimento do setor. Em janeiro, Tião
Viana entregou em Cruzeiro do Sul – segunda maior
cidade do Estado – o Parque Industrial e Florestal,
uma área de 20 hectares totalmente licenciada ambientalmente.
Segundo o secretário interino de Indústria e
Comércio, César Dotto, ali foram investidos, até o momento, R$ 3 milhões, sendo que o governador também
autorizou o investimento de mais R$ 3,4 milhões, totalizando R$ 7 milhões no polo moveleiro daquela localidade. “Com a ZPE, há ainda a necessidade de internacionalização das empresas, contribuindo para acelerar a
captação de novas tecnologias, aumentar as economias
de escala, facilitar o acesso a recursos naturais e desenvolver novas competências”, complementou Salomão.
COROAÇÃO
É inegável o poder de competição obtido por
um jogador quando este consegue “coroar” (promover) um peão. Quando a peça atinge a oitava casa do
tabuleiro, ela pode ser substituída por qualquer
outra mais forte para uma ação imediata. Uma
vez atingidas as metas estabelecidas para o
fortalecimento e o des e nvolv i me nto
da indústria local, não
haverá
coro-
ação maior que seu elevado poder de competitividade e sobrevivência no mercado, em pé de igualdade na esfera globalizada onde se encontra.
Deve-se reconhecer que o panorama está ficando cada vez mais propício para a tão sonhada promoção.
O Estado vem avançando em questões relevantes para o
setor, realizando investimentos focando na preparação
da economia local para o crescimento. “A qualidade das
instituições melhorou, o acesso e o valor atribuído à educação aumentaram”, ponderou Salomão. No entanto,
não se pode perder de vistas as demais demandas cada
vez mais urgentes para se formar um cenário favorável
aos negócios.
A expectativa da classe empresarial para a
nova década que se inicia é bastante esperançosa,
uma vez que a participação das instituições classistas
vem intercedendo de forma cada vez mais positiva
nas agendas do País e do Estado. “Temos plenas condições de concretizar, na nova década que se inicia, o
propósito de converter o Brasil na quinta maior economia, com desenvolvimento e justiça social”, acredita Salomão.
Se a estratégia de fortalecimento continuar sendo executada conforme o prometido, sem ameaça de um “ataque a descoberto”,
“bloqueios” ou “afogamentos” (jargões
de xadrez que, só pelo nome, não necessitam de melhores explicações),
será a vez de o setor produtivo local
reagir e, ele sim, dar um xeque-mate
na concorrência.
Acre industrial - março/2011
37
ZPE
Uma área de
estratégica
Um novo olhar para o desenvolvimento do Acre
anima empresários e Governo
Após ser autorizada pelo ex-presidente Lula em 2010,
a Zona de Processamento de Exportação do Acre está
cumprindo à risca todo o seu plano de ação. Após a publicação no diário oficial da união que consentiu a criação da
ZPE, muitos passos já foram dados – passos largos, inclusive.
Criação da empresa administradora e nomeação do seu
conselho administrativo; pesquisa de mercado focada nos
produtos referentes às cartas de intenções recebidas por
empresários interessados em instalar-se na ZPE/AC; envio
de todo o material para a Receita Federal para conseguir
o alfandegamento. Esses são apenas alguns pontos que
colocam a Zona de Processamento de Exportação do Acre
à frente de muitas que foram criadas anteriormente.
Esta situação avançada rendeu ao Acre destaque
no 2º Fórum Brasileiro de Zonas de Processamentos de
Exportações, realizado em janeiro passado, no Recife –
que abordou “A Implantação das ZPEs: Normatização e
Exemplos de Zonas Francas Bem-Sucedidas”. O presidente
da FIEAC e do Conselho da Administradora da Zona de
Processamento de Exportação do Acre S/A, João Francisco
Salomão, apresentou o modelo do projeto acreano e
presidiu a sessão que teve como tema “A Constituição das
Empresas Administradoras de ZPE sob Controle Privado:
Aspectos Legais”.
Durante a apresentação, Salomão informou que o Acre
deixará de ser considerado um Estado periférico para ser a
porta de entrada do País, a partir da conclusão da Estrada
Interoceânica. “A previsão é de que, em menos de dois anos,
já estejam instaladas na área da ZPE pelo menos 14 empre-
38
Acre industrial - março/2011
endimentos, que gerarão no mínimo 6 mil empregos diretos
e indiretos, exportando produtos do Estado para a Ásia e a
costa oeste norte-americana”, garantiu.
Ainda segundo informações do presidente da FIEAC,
a Administradora da ZPE já protocolou os documentos
necessários junto à Receita Federal para conseguir o alfandegamento, pré-condição para o início das instalações das
indústrias. No entanto, vale ressaltar que o Governo do
Acre está totalmente empenhado para concluir esta etapa
de alfandegamento ainda no primeiro semestre de 2011.
Outro momento importante durante o evento foi
a reunião realizada com Gustavo Fontenele, secretário
executivo do Conselho Nacional da ZPE, que representou
o ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio
Exterior, Fernando Pimentel. Fontenele se sensibilizou com
o alto nível do projeto acreano e garantiu que, em breve,
vai conhecer a estrutura da Zona de Processamento de
Exportação do Acre para verificar de qual maneira pode-se
acelerar o processo de início das instalações das indústrias.
O presidente da FIEAC acredita que o Acre poderá,
em curto prazo, apresentar significativa vantagem competitiva. “Refiro-me à Rodovia Interoceânica Brasil-Peru, que
já está concluída, faltando, apenas, a ponte na cidade de
Porto Maldonado. Seremos, então, o único Estado brasileiro diretamente ligado, por meio do Oceano Pacífico, com
o mercado asiático, o que mais tem crescido no mundo.
Portanto, com a implantação do inovador pólo produtivo,
acredito que daremos um grande passo para agilizar nosso
progresso socioeconômico!”.
exportação
para o rasil
B
Presidente
da FIEAC,
João
Francisco
Salomão,
apresentou
modelo
do projeto
acreano no
evento
ZPE do Acre
A ZPE do Acre foi autorizada pelo ex-presidente Lula
em junho de 2010 e será implantada na BR 317, a pouco
mais de um quilômetro do Centro de Senador Guiomard.
A ZPE ocupa um terreno de 130 hectares e há outros 80 ha
em fase de aquisição.
Para o presidente da FIEAC, João Francisco Salomão, é
sabido que o pleno sucesso da ZPE depende muito da infraestrutura de transportes e eficiência logística. Ele garante que
quanto a esses quesitos, o Acre tem um diferencial e uma
significativa vantagem competitiva, pois as hidrelétricas do
Rio Madeira proporcionarão uma energia confiável.
Salomão foi indicado pelo ex-governador do Acre,
Binho Marques, em agosto de 2010, para presidir o
Conselho da Administradora da Zona de Processamento
de Exportação do Acre S/A.
A AZPE, empresa de economia mista vinculada à
Secretaria de Estado do Desenvolvimento, Ciência e
Tecnologia, irá gerir e manter a Zona de Processamento e
foi criada pela lei 2.296, de 10 de julho, sancionada no dia
30 de julho pelo ex-governador do Acre, Binho Marques.
Acre industrial - março/2011
39
ZPE
ZONA
ZO NA
LIBR
E DE
LIBRE
DE
CO
LO N
COLON
MOVIMIENTO COMERCIAL ACUMULADO
EN MILLONES DE BALBOAS
ENERO - SEPTIEMBRE 2009 - 2010
Zona Livre de Colón
EN MILLONES DE BALBOAS
18,000.0
Criada em junho de 1948, a Zona Livre de Colón
15,000.0
iniciou suas atividades numa área de 35 hectares, com
12,000.0
10 empresas. Atualmente o terreno ultrapassa 1.000
9,000.0
hectares com 2.931 instaladas no local. Veja quais
são os principais atrativos deste importante centro
6,000.0
comercial:
3,000.0
2009
2010
• Posição geográfica privilegiada – próximo ao Canal
6,386.3
7,161.0
8,083.9
7,758.9
do Panamá;
14,470.2
14,919.9
• Frota marinha formada por 8,5 mil navios;
• Quatro portos para escoamento;
• Principal centro de distribuição do Hemisfério;
Zona Livre de Colón
• Um sólido centro bancário constituído por bancos
internacionais;
• 0% de impostos e 100% de oportunidades para os
investidores;
• Maior gerador de empregos diretos e indiretos em nível
nacional;
Zona Franca de Montevideo
IMPORTACION
REEXPORTACION
MOVIMIENTO TOTAL
Como operar?
•Empresa usuária: operam na Zona Livre de Colón com
escritórios, com sala de vendas e área de depósito e um
espaço físico adequado para atender suas necessidades.
•Empresa “representada”: operam por meio de uma
empresa usuária. Neste caso, a empresa não está fisicamente
na Zona Livre de Colón.
•Depósito público: utilizado somente em casos quando
a empresa não deseja ser nem usuária, nem representada,
mas sim distribuir da Zona Livre as vantagens oferecidas.
Zona Franca de Montevidéo
40
Acre industrial - março/2011
No Uruguai existe um regime de zonas francas baseado
na Lei 15.921 datada de 17/12/87 e no Decreto 454/88 de
08/07/88. Existem, atualmente, 9 Zonas Francas, localizadas em Colônia, Florida, Libertad, Montevidéu, Nova
Helvécia, Nova Palmira, Rio Negro, Rivera e São José.
As sociedades usuárias da Zona Franca de Montevideo
estão regidas pela lei e o seu objeto está restrito a atividades a serem realizadas dentro da Zona. (Armazenagem
de mercadorias, desmontagem, fracionamento, industrialização) ou atividades offshore (operações de triangulação de documentos, de comissões, royalties, direitos
sobre marcas e patentes, etc.). Algumas dessas áreas
são de propriedade particular. Outras pertencem ao
Governo.
Também existem casos em que a área pertence ao
Governo mas é operada por empresas particulares.
Para operar na Zona Franca e poder usufruir das isenções de impostos, é necessário utilizar Sociedades
autorizadas para estes fins. Estas Sociedades podem ser
de dois tipos: Usuários Diretos ou Usuários Indiretos
É obrigatória a contratação de 75 % de uruguaios
no quadro de funcionário da Zona Franca. Além
disso, nenhum imposto ou taxa de importação
precisa ser paga quando as mercadorias ou matérias
primas são importadas a estas Zonas Francas e estes
bens podem ser estocados, embalados ou manufaturados em algum processo de transformação antes de
serem exportados para fora da Zona Franca dentro do
Uruguai ou a outros países. Empresas multinacionais
estão se instalando nestas Zonas Francas como porta
de entrada para o Mercosul.
Estadísticas de Operación 9 %
,4
26
26
,5
1 % 1 % ,9
25
,9
2 %
,1
37
6 % ,4
39
%
,8
41
6 %
,8
40
5%
,7
42
42
,7
2 %
9%
29
27
,4
,6
25
5%
1 %
6 %
Benefícios tributários e alfandegários
•
Isenção no pagamento do imposto de Primeira
Categoria.
•
Isenção no pagamento do IVA (Imposto ao Valor
Agregado) em operações que se realizam sob o regime
de Zona Franca.
•
Isenção no pagamento do IVA pelos serviços
prestados dentro do recinto Zofri.
Zona Franca de Bogotá
Zona Franca de Bogotá
Números da Zona Franca de
Montevideo
•7,5 mil funcionários;
•Investimentos na ordem de U$S 200 milhões;
•Área formada por 92 hectares. Destes, 116.000 m²
construídos
•Mais de 250 empresas em diferentes ramos de
atividade
Zona Franca de Iquique (ZOFRI)
Foi crida em 25 de junho de 1975 com o objetivo de
apoiar o desenvolvimento econômico da região, no que
se trata de geração de emprego e renda. Sua localização
estratégica lhe permite ser a porta de entrada e saída de
produtos que formam o intercambio comercial entre o
Mercosul, Oriente e América Ocidental.
A administração da ZOFRI por lei deve entregar
o equivalente de 15% de seus ingressos aos municípios para as regiões de Tarapacá e Arica.
Criada em 1997, a Zona Franca de Bogotá/SA
abriu um novo caminho para um futuro promissor da
Colômbia. Atualmente, mais de 300 empresas estão
instaladas em, aproximadamente, 100 hectares, gerando
mais de 18 mil empregos diretos e 36 mil indiretos.
Incentivos tributários
• Tarifa única de imposto de renda de 15% para usuários
industriais (fora da Zona Franca a tarifa é de 33%);
• As vendas em âmbito nacional aos usuários industriais
de bens e serviços estão isentas de IVA (Imposto sobre o
Valor Agregado);
Incentivos aduaneiros
• Não paga impostos aduaneiros para os bens de capital
e equipamentos provenientes do exterior;
• Processo aduaneiro simplificado;
• Armazenamento ilimitado de produtos e matérias-primas estrangeira;
Dentro de suas linhas de negócios constam:
• Serviço logístico: recepção de mercadoria,
gestão de documentação, transporte, inventario e
despachos.
• Negocio imobiliário: venda ou aluguel de terrenos
industriais ou de espaço no centro comercial.
A ZOFRI tem sido o motor que tem impulsionado a economia de Iquique. Atualmente gera mais
de 28 mil empregos.
Zona Franca de Iquique
Acre industrial - março/2011
41
ZPE
Confira, abaixo, entrevista com o economista e
professor Helson Braga – presidente da Associação
Brasileira de Zonas de Processamento de Exportação.
De qual maneira os incentivos estaduais podem contribuir para a instalação das empresas na ZPE? Quais
seriam esses incentivos?
Qual o diferencial da ZPE do Acre?
Há duas áreas em que o governo estadual poderá contribuir significativamente para a implantação da ZPE e, por via
de conseqüência, para a instalação de empresas industriais.
A primeira é atuar, em parceria com os governos federal
e municipal, para o desenvolvimento da infraestrutura
externa ao distrito industrial (especialmente, energia, saneamento básico, telecomunicações e acessos). Essa contribuição corresponde exatamente à sua função de poder
público. A outra área é a concessão de incentivos fiscais
similares aos concedidos pelo governo
federal (através da
Lei
11.508/2007),
mediante a incorporação do Convênio
CONFAZ
99/1998
à legislação estadual do ICMS. Esse
Convênio, aprovado
por unanimidade pelos
Secretários de Fazenda
dos Estados, permite a
isenção do ICMS nas
saídas para os estabelecimentos localizados
em ZPE, e também
sobre as importações
realizadas por esses
estabelecimentos.
Assim, as empresas
localizadas na ZPE de
Senador
Guiomard
teriam um tratamento
preferencial relativaHelson
mente aos impostos (e
Braga,
contribuições) federais
presidente
e estaduais. O munida ABRAZPE
cípio poderá também
ampliar esses incentivos com a isenção do
IPTU.
Em razão do seu mercado local reduzido e das grandes
distâncias que o separam dos mercados de consumo
mais importantes do sul do país, o Acre só terá estratégias viáveis de desenvolvimento se atreladas ao mercado
externo. Vejo como potenciais mercados os da Bolívia e
do Peru e, através dos portos deste, os mercados da Ásia.
A ZPE funcionará como lócus de produção para atender
estes mercados regionais, ao proporcionar os incentivos e a segurança jurídica para a implantação de indústrias focadas nesses mercados. Mas, a ZPE será uma pré-condição. Muito ainda terá que ser feito relativamente à
infraestrutura da região, para que sejam colhidos todos os
benefícios potenciais das ZPEs.
42
Acre industrial - março/2011
Economicamente falando, qual será o impacto da ZPE
no Acre?
A razão fundamental pela qual mais de 130 países,
desenvolvidos e em desenvolvimento, utilizam extensivamente o mecanismo ZPE, é a sua natureza multifuncional:
com efeito, ele funciona, simultaneamente, com poderoso
instrumento de atração de investimentos, de geração de
empregos, de promoção das exportações e da difusão de
novas tecnologias e de métodos de gestão mais modernos.
Além disso, como a ZPE é implantada em um particular
lugar/município/região, ela funciona como um pólo de
desenvolvimento regional, o que lhe dá, adicionalmente,
o papel de importante instrumento de correção de desequilíbrios regionais. Dentro da ZPE vamos instalar algumas
dezenas de empresas, que receberão um tratamento diferenciado (relativamente aos regimes fiscal, cambial e administrativo das operações de comércio exterior), com a
condição de exportarem pelo menos 80% de sua produção.
E também no seu entorno se instalarão outras empresas
fornecedoras de insumos e serviços para as empresas estabelecidas na ZPE. Isso significa criação de empregos diretos
e indiretos.
As empresas em ZPE não pagarão impostos, mas a
massa salarial que elas geram se traduz em poder de compra
nos supermercados e comércio em geral, onde há tributação. Então, também do ponto de vista da receita fiscal,
há benefícios para os municípios onde elas se instalam. O
efeito líquido na arrecadação tributária é sempre positivo,
até porque antes da ZPE essas atividades não existiam. Não
faz o mínimo sentido, portanto, nestas circunstâncias, falar-se em perda de receita (como conseqüência das ZPEs).
Em função das distâncias do Acre em relação aos centros
de consumo mais importantes do País, qualquer estratégia
de desenvolvimento para o Estado tem que depender mais
dos mercados dos países vizinhos, especialmente o Peru e a
Bolívia. E, com a inauguração da Rodovia Interoceânica,
abrem-se as enormes perspectivas de acesso aos mercados
da Ásia, via os portos peruanos do Pacífico.
No seu ponto de vista, qual os principais gargalos/dificuldades que as empresas terão para se instalar na nossa
ZPE?
O principal gargalo, a meu ver, será o relacionado com
a infraestrutura logística, em termos dos acessos à ZPE e
dela para os mercados-alvo, especialmente, os do Peru e
Bolívia. Também, de início, poderemos nos defrontar com
carência de mão-de-obra especializada. É possível, que,
em um primeiro momento, precisemos recorrer a trabalhadores vindos de fora. Mas, na medida em que for se configurando a demanda específica para os setores instalados na
ZPE, e com os esforços de formação de mão-de-obra local,
a tendência será a de suprimento desses fatores dentro do
próprio estado.
É importante ter presente que o processo de desenvolvimento tende a ser, inerentemente, desequilibrado. Não
se poderia pretender que já existisse toda a mão-de-obra
necessária para o imediato funcionamento da ZPE. Isso
ocorrerá naturalmente em resposta à criação da demanda.
Tem sido assim, historicamente, e está acontecendo com as
demais ZPE atualmente em implantação no país.
Qual a explicação para não haver nenhuma ZPE funcionando no Brasil? Apesar de algumas terem sido criadas
há alguns anos.
Há duas explicações principais. A primeira, foi a má
qualidade da legislação criada no final dos anos 80, que,
naquela época, já era excessivamente restritiva (quando
comparada com legislações estrangeiras), como um reflexo
do protecionismo exacerbado que prevalecia no Brasil. Nesse
contexto, as ZPEs foram pintadas como uma “ameaça” à
indústria nacional e, por isso, vigorosamente combatidas,
especialmente pelos representantes da indústria paulista. A
legislação resultante foi uma solução de compromisso entre
os defensores e os opositores do mecanismo, de tal forma
que, quando da publicação do Decreto-Lei nº 2.452/1988,
os dois lados comemoram. O segundo grupo, por estar
convencido de que a legislação era tão restritiva, que não
encontraria interessados em utilizá-la.
Contudo, com a posse do governo FHC, e a sua nomeação como todo-poderoso Ministro do Planejamento, José
Serra (que, historicamente, liderou o combate às ZPEs)
pôde atuar mais diretamente no desmantelamento das
ZPEs. Para isso, extinguiu a estrutura criada no MICT
para implementar o programa, redistribuindo seus cargos
por outras áreas do Ministério, e fez publicar um decreto
para caducar as autorizações concedidas pelos presidentes
Sarney e Itamar. Novamente, a mobilização da ABRAZPE
conseguiu impedir a efetivação desse intento, mas foi insuficiente para impedir o “engavetamento” do programa, pelos
dois mandatos do presidente FHC. Durante o primeiro
mandato do presidente Lula, o ministro Furlan manteve
o programa “na gaveta”.
Apenas no segundo mandato do presidente Lula, como
consequência da permanente mobilização da ABRAZPE e
do fundamental apoio do deputado Delfim Netto, foram
criadas as condições para a retomada do das ZPEs: no
Executivo, outras vozes puderam ser ouvidas, propondo
uma correta avaliação do programa, e no Legislativo,
pôde-se avançar na tramitação (iniciada em 1996) de uma
nova lei de ZPEs mais moderna e competitiva, finalmente
sancionada em 2008.
Acre industrial - março/2011
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sustentabilidade
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Negócio
Ambiental
Aprovação da lei inaugura uma nova era na economia
acreana, consolidando alternativas de fonte de renda a partir
da floresta para pequenos, médios e grandes produtores
Q
uando o assunto é “política verde”, o Acre
sai na frente. Desta vez, o Estado entrou para
a história por ter sido o primeiro em toda a
América Latina a ter uma lei de pagamento
para serviços ambientais aprovada. A aprovação da lei nº
2.308 de 22 de outubro de 2010, ocorreu um mês depois,
em novembro, na gestão do então governador do Estado,
Binho Marques.
Com ela, pequenos e grandes produtores, índios e ribeirinhos poderão ser beneficiados com recursos financeiros
por proteger a floresta e fixar carbono. Segundo especialistas em meio ambiente, não haveria melhor hora para
acontecer isso. É que o Acre é um estado que tem o privilégio de fazer parte da Amazônia com 88% de cobertura
florestal intacta. Ao contrário de derrubar esta riqueza em
nome do desenvolvimento, abrindo espaço para pastos ou
grandes plantações de soja, o Governo do Acre entendeu
que era possível trazer o desenvolvimento econômico pra
região sem destruir a flora existente.
A aprovação inaugura uma nova era na economia
acreana, trazendo outra maneira para se ganhar dinheiro
com a floresta. Agora não é apenas com o manejo ou
produtos extrativistas que populações tradicionais e produtores rurais poderão ter uma renda. A lei traz a possibilidade de tirar proveito financeiro com o papel que a floresta
desempenha no clima, da melhor forma possível: preser-
Acre industrial - março/2011
vando a biodiversidade.
“Essa lei tem algo diferente de outras que não
dão certo, que não são
cumpridas. O primeiro
Lei foi sancionada
aspecto é que ela foi consna gestão do
truída por baixo. Muita
gente participou desse
ex-governador
projeto. Ela é uma refeBinho Marques
rência nacional para
outras leis. Desde populações tradicionais a
cientistas
renomados
ajudaram a escrever”,
disse o então governador do Estado, Binho Marques, que
entra para a história do Acre como um governador de
vanguarda ao criar e sancionar a Lei de Pagamentos por
Serviços Ambientais.
Marques ressaltou ainda que a união de tantas autoridades na elaboração da lei é um capital que só o Acre
poderia ter alcançado. “Nenhum outro estado conseguiria
reunir tantas pessoas importantes para construir uma lei.
Porque essas pessoas não trabalharam por dinheiro, mas
por uma causa. E essa causa se chama Acre. É pela nossa
história, nossa raiz e nossa credibilidade. São pessoas que
acreditam e confiam no nosso Estado”, completou.
Agência de Notícias de Acre
Segundo o governador do Estado, Tião Viana, esse
é o grande debate que acontece no mundo: promover
economia de baixo carbono e de alta inclusão social.
Para ele, o Acre está na frente dessa questão de preservar
recursos naturais e gerar desenvolvimento humano e
econômico, e pontua a economia florestal como uma base
fundamental das potencialidades de construção da forte
economia do século 21.
“Isso nos coloca numa posição privilegiada, de melhorar
a vida do povo. Nosso Estado hoje gera oportunidades que
trazem melhorias tanto para manejo comunitário florestal,
quanto para a atividade industrial - com alta tecnologia
incorporada. A lei é uma prova disto”, destaca.
Nos outros Estados onde a lei está em desenvolvimento, quem se beneficia dos serviços ambientais são os
grandes produtores. “Essa é mais uma grande oportunidade de negócio que o Acre terá com o uso da floresta.
E, diga-se de passagem, o Acre será o primeiro Estado a
ter negócios envolvendo serviços ambientais. Sem dúvidas
será muito impactante no setor produtivo, já que temos
muitos empresários que já atuam com reserva legal e agora
terão mais esse incentivo. Além deles, temos os pequenos
produtores que receberão incentivos pela preservação”,
disse o secretário de Estado de Indústria e Comércio,
Edvaldo Magalhães.
Acre industrial - março/2011
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É assim que funciona
A lei foi encaminhada pelo Poder Executivo e aprovada pela Assembleia Legislativa, com expressiva votação
de 17 votos a 2. Mas, o assunto tinha tudo para ser polêmico e causar intenso debate na Aleac. Ao contrário disso,
os deputados incorporaram o projeto, discutiram entre si
e tiveram todas as dúvidas respondidas por uma equipe de
governo que se prontificou em esclarecer todas as dúvidas.
O apoio foi fundamental para que os parlamentares entendessem, por exemplo, que os pequenos produtores poderão
ser beneficiados pela nova lei, que cria, inclusive, mecanismos para auxiliá-los nesta jornada, e que o Estado não
será engessado pelas novas regras, e sim, receberá mais
recursos financeiros.
Os produtores acreanos serão remunerados pelos
agentes que poluem o meio ambiente em outros países,
geralmente, grandes indústrias. Como eles não podem
reduzir estas emissões em curto espaço de tempo - pois
isto requer muita tecnologia e que muitas vezes ainda não
existe - a alternativa que eles têm é compensar a emissão
apoiando atividades e iniciativas de quem conserva ou
absorve carbono.
Com a lei, pequenos e grandes produtores, ribeirinhos,
que estão na floresta e têm sua área preservada, poderão
receber para continuar mantendo a floresta em pé se seguir
as orientações da lei.
Agência de Notícias de Acre
sustentabilidade
Projeto aceito pela maioria
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Acre industrial - março/2011
Pequenos e grandes
produtores serão
beneficiados com
recursos para
proteger a floresta
O Estado do Acre sempre foi vanguarda na
construção de políticas públicas ambientais e socioambientais. “A lei é inteligente e de vanguarda.
E para estar na vanguarda você precisa ousar. Ela
define nossa estratégia em relação a carbono e cria
um sistema, criando instituições - uma agência de
fomentos aos serviços ambientais e um instituto para
registrar o carbono que estaremos comercializando, e
cria transparência à medida que tem uma comissão
de avaliação e acompanhamento constituída a partir
dos três conselhos”, disse o presidente do Instituto
de Mudanças Globais, Eufran Amaral.
O instituto está em fase de implantação, devendo
estar totalmente formado em menos de dois meses.
Sua implantação é o grande diferencial do Estado,
que entende que a criação de lei não é o suficiente,
mas o acompanhamento delas, sim, é de fundamental importância para o seu cumprimento. Assim
sendo, o instituto abre a possibilidade de acompanhar também outros serviços ambientais.
Vale lembrar que é a partir desse sistema que
o Estado pode comercializar créditos de carbono.
“Com isso, nós temos uma estrutura pra carbono,
mas a lei já avança em outros serviços ambientais,
cria o programa de biodiversidade, água e recursos
hídricos, regulação climática e até conhecimentos
tradicionais. O Acre está muito na frente, graças
a um trabalho participativo, integrado e de muito
esforço no conhecimento de seu território”, ressaltou
Amaral.
Para que o crédito de carbono seja comercializado, o Acre ainda deverá esperar mais alguns meses,
já que projetos deverão ser elaborados com a apresentação das boas práticas de pequenos e grandes
produtores, que de fato comprovem a redução de
CO2. Entretanto, Amaral antecipa que para quem
trabalha com produção e extrativismo com foco no
manejo florestal, já existem recursos para compra
de crédito de carbono. “Essa compra pode ser feita
por um Estado, país ou empresa voluntária, que doa
recursos para quem produz bem e da melhor forma
possível, sem prejuízos ao meio ambiente”, completa.
A lei vem sendo discutida desde 2007, com ampla
consulta pública e visita a todas as regionais do Acre.
A discussão foi finalizada dentro dos conselhos
ligados ao meio ambiente. A necessidade de criação
da lei partiu da necessidade de avançar com o desenvolvimento sustentável, representando outro ciclo
no estágio do desenvolvimento.
(Com informações da Agência de Notícias
do Estado do Acre)
Agência de Notícias de Acre
O Acre na vanguarda
Lei também cria programa de biodiversidade, recursos
hídricos, regulação climática e conhecimentos tradicionais
inovação
Olho da
Indústrias de confecções unem suas forças para criar a
identidade da moda acreana
H
á uma frase que diz: “Simplicidade é o que há
de mais sofisticado”. E essa foi a mensagem
passada na apresentação da primeira
coleção genuinamente acreana. As
indústrias de confecção do Estado do Acre, filiadas
ao Sindicato da Indústria de Confecções e Correlatas
do Estado do Acre (Sincon), uniram-se para fortalecer o setor no Estado e, juntas, criar uma identidade para a moda local.
Neste propósito, as indústrias tiveram apoio do
SENAI-AC, do Instituto Evaldo Lodi (IEL) – ambas
as instituições integrantes do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Acre (FIEAC) – Sebrae,
Governo do Estado e Banco da Amazônia e Sindicato
dos Salões de Beleza do Estado do Acre (Sindbeleza)
para a realização do Acre Moda e Beleza, no final
de 2010. Em fase experimental, as criações serão
vendidas na loja Íris Tavares, empreendimento de
alto padrão do setor de vestuário de Rio Branco.
As criações privilegiaram o algodão que, segundo
a designer Liana Bloisi, é sofisticado e tem tudo a
ver com o clima local – apesar de vir sendo negligenciado há muito tempo. A ideia é também unir
a moda ao artesanato local, que é um importante
carimbo da cultura nortista. Além disso, a reciclagem de material também foi um tema bastante
discutido nas oficinas e, pelo resultado apresentado
no desfile, muito bem aproveitado.
Nenhum nicho ficou de fora. O desfile apresentou moda gestante, infantil, jovem, masculina, feminina, indígena, uniformes e até peças em
algodão cru. “Nós estamos com uma expectativa
muito boa. Há mais de um ano estamos trabalhando
para unir e criar uma marca só. Tivemos oficinas e
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Acre industrial - março/2011
encontros para aprender como se produz uma coleção,
passo a passo mesmo, da escolha do tecido ao modelo.
Mata
É um grande desafio e o nosso objetivo é seguir em
frente com esse projeto, fazer experimentações e conti-
Criações apostam no
algodão, abragendo do
público infantil ao indígena
nuar trabalhando unidos, porque sozinhos temos pouca
força”, afirmou a empresária Síglia Abraão, proprietária
da Malharia Ponto Sem Nó e Casa Natal.
CONSULTORIA ESPECIALIZADA – O grupo teve consultoria da designer Liana Bloisi, que ajudou as empresas a
construírem o conceito da moda acreana em pelo menos
três oficinas. Ela afirma ter percebido que no Estado só
havia dois níveis de mercado: o popular e o luxuoso. Nada
de meio-termo e nada que tivesse as características locais.
“A cultura dá força à moda e aqui temos a inspiração da
floresta, das sementes, da fauna e da flora. Não precisamos
criar nada complicado, mas roupas que respeitem o clima
local, com o frescor da moda, nada que precise ser consumido vorazmente como é nos grandes centros. Algo que o
turista identifique que seja daqui”, ela explicou.
De acordo com Íris Tavares, trata-se de um projeto que
tira as empresas de confecção locais da zona de conforto.
A partir do momento que se propuseram a dar à luz peças
para alimentar um consumidor cada vez mais exigente, é
preciso haver continuidade. “O mais bacana foi a união
dos empresários para trabalhar por uma marca única. Isso
é moderno. É um projeto inovador e ousado. É um produto
feito aqui, com a cara e a marca do Acre, identificando a
nossa cultura”, elogiou a empresária.
Para Raimunda Holanda, presidente do Sincon, há
muito a ser feito e as empresas locais têm talento e inspiração para tanto. A pesquisa de materiais para futuras
coleções será uma constante na rotina das empresas,
sempre com um toque artesanal. De acordo com Bloisi,
o mercado europeu paga uma verdadeira fortuna por esse
tipo de produto. “Estamos muito felizes com essa iniciativa. A união faz a força e os empresários da indústria de
confecção compreenderam isto”, comemorou Ray.
Acre industrial - março/2011
49
artigo
Eloi Zanetti
Elogio e Reconhecimento
H
á um belíssimo depoimento do cineasta Akira
Kurosawa em que ele diz que até os nove
anos era considerado um completo imbecil
pela família, pelos colegas da escola e por ele
mesmo. Até que um dia o professor de arte pegou um dos
seus trabalhos, teceu demorados elogios frente à turma e
o colocou em lugar de destaque no quadro de honra.
Kurosawa depõe emocionado que nesta hora sentiu
despertar o artista que existia dentro dele e, a partir de
então, passou a ser respeitado pelos colegas e pelo irmão
que estudava junto com ele. Ele contou o acontecimento
à família, que passou a respeitá-lo e, principalmente, ele
também passou a respeitar-se a si mesmo.
Sua auto-estima nasceu com o reconhecimento ofertado pelo professor que, talvez, o tenha feito por justo
merecimento, ou por enxergar um aluno promissor desvalorizado pelo deboche dos outros. Assim agem os bons
professores, sabem oferecer o estímulo das suas falas certas
nas horas mais apropriadas.
Kurosawa completa que carregou o elogio pelo resto da
sua vida e, sempre que ia dirigir um novo filme, lembrava-se do quadro de honra e fazia de tudo por continuar a
merecê-lo. Outro mestre que também reconhece a importância de um conselho é o gênio do teatro Peter Brook que
diz dever muito a uma professora que sempre lhe dizia:
“Peter, em tudo o que for fazer, vá preparado”.
Se o elogio e o reconhecimento são armas poderosas de
motivação, por que criticamos, falamos mal, desfazemos
e não reconhecemos as boas ações daqueles que estão
à nossa volta? Nas empresas gasta-se muito em campanhas de motivação e nada em campanhas espontâneas de
reconhecimento. Cobramos competência, exigimos ações
impossíveis e passamos ao largo na hora de dizer ao outro:
“Belo trabalho. Estou gostando da sua atitude. Parabéns!
Acertou em cheio. Eu me orgulho de você, meu filho,
minha mulher, meu amigo.”
Uma vez viajava pelo interior do Paraná com o músico
Luiz Gonzaga, o rei do baião. Paramos em uma churrascaria de beira de estrada para almoçar. É claro, por ser celebridade, o seu Luiz recebia tratamento vip. Em determinado momento ele perguntou em voz alta a um simpático
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garçom, um rapaz dos seus vinte e poucos anos.
“Moço! Você é o dono do estabelecimento, não é?”
“Que nada seu Luiz, eu sou é empregado”, respondeu
o rapaz.
“É, mas não vai demorar muito e você vai ter a sua
própria churrascaria. Tenho observado o seu trabalho, e
você tem tudo para ser o dono do próprio negócio.”
Foi bonito ver o belo sorriso nascendo no seu rosto.
Imagine, ser elogiado em público por alguém como o Luiz
Gonzaga - o máximo para um rapaz perdido numa churrascaria de interior.
Não sei o que aconteceu na vida dele, talvez tenha
mesmo se transformado em dono de alguma coisa, pois
a semente do incentivo fora bem plantada. Mais tarde
contando este caso para um amigo, que gozava de maior
intimidade com o Gonzagão, ele me disse que o músico
sempre fazia isto com as pessoas mais humildes, quando
elas mereciam. Era uma forma de ir espalhando auto-estima por este Brasil adentro. Pelo tempo que viveu, pelas
viagens que fez, quantas vidas deve ter influenciado com
suas palavras de elogio e reconhecimento espontâneos?
É isso mesmo, elogio e reconhecimento têm de ser
espontâneos, senão não vale. Faça isso na sua empresa,
incentive seu pessoal a reconhecer os bons trabalhos uns
dos outros. Telefone, passe e-mail, ponha no quadro de
honra, e quando for de viva voz, faça-o de preferência na
frente da equipe. Com o tempo estas ações irão gerar senso
de pertencimento, alegria em realizar as jornadas e, com
certeza, mais qualidade de trabalho e de serviço.
Elogio, reconhecimento e senso de gratidão são
atitudes nobres que podemos adquirir com o tempo. É
só se acostumar. No entanto, tenha cuidado é preciso ser
autêntico na ação, pois bajulação e falsidade são percebidas na hora. E, em se tratando de mestres, outro que não
poupava elogios à sua turma era Shakespeare, que disse
sabiamente: “Nossos elogios são nossos salários.”
Eloi Zanetti - especialista em marketing,
comunicação corporativa e vendas
[email protected]
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