O caminho das artes - Online UNISANTA
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O caminho das artes - Online UNISANTA
JORNAL-LABORATÓRIO DO QUARTO ANO DE JORNALISMO DA FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNISANTA ANO XVI - N° 127 - OUTUBRO/2011 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - SANTOS (SP) FOTOS ANA FLORA O caminho das artes Santos é o terceiro polo cultural do País em razão da intensa programação artística que disponibiliza, durante todo o ano, a todos os públicos. Conta com importantes equipamentos espalhados pela Cidade, como os teatros Coliseu (alto) e Guarany (à esq.) e, ainda, o Centro de Cultura Patrícia Galvão (abaixo), onde se localizam espaços como o Museu da... ...Imagem e do Som, Hemeroteca, o Teatro Braz Cubas e diversas oficinas culturais. Em Santos, tradição e vanguarda se juntam ao talento nos campos da literatura, teatro, cinema, música e artes visuais, construindo uma bela trajetória neste caminho das artes que esta edição do Primeira Impressão apresenta. EDITORIAL Arte viva Proporcional ao tamanho do Brasil é a quantidade de manifestações culturais diferentes que se pode encontrar em cada região do País. Passando de sul a norte, cruzamos com costumes diversificados e povos reconhecidos por suas identidades regionais. A cultura diz um pouco sobre cada um, sobre o modo de vida e as crenças de uma população. Acreditamos que ela seja tão importante que mereça atenção sempre especial da mídia constantemente. Por conta disso, as manifestações artísticas, sejam elas expressas por meio de telas, músicas, poesias, artesanato, dança ou interpretação são parte integrante desta edição do Pri- meira Impressão. Para jornalista do Portal R7 e Record News, bons profissionais estão em falta no mercado Carina Seles O advento das novas mídias como a Internet, assim como a última novidade da plataforma, como o Twitter e o Facebook, fizeram estudiosos pensar que as mídias clássicas – jornal, rádio e TV – poderiam acabar. O jornalista Ricardo Kotscho desmistifica o fato em uma simples explicação. “As novas mídias, dominadas pela internet, e a velocidade de divulgação dos fatos não vão acabar com a mídia clássica. O que pode ajudar para o desaparecimento da antiga mídia é a falta de conteúdo”, afirmou em palestra aos alunos do curso de jornalismo da Universidade, durante a Semana Ceciliana. Segundo o jornalista que escreve, atualmente, no portal R7 e Record News, o que falta para a melhora na qualidade do jornalismo é o interesse profissional. “A reportagem jornalística ainda sobrevive. Com 40 anos de carreira percebi que, nesta profissão, as maneiras de informar a sociedade sofrem mudanças ao longo dos anos. Isso só deveria estimular os novos profissionais”, disse. “Às vezes, tenho a impressão de que já li aquela notícia. Acho que há falta de criatividade dos profissionais, com a ânsia de mostrar algo que o concorrente não tem. O profissional deve se dar conta de quando o assunto estiver muito batido, deve ser a hora de ‘mudar o disco’”, completou. Para ele, os novos desafios são os mesmos de antigamente, e se resumem a apurar uma boa informação diversas vezes e saber como contar de uma maneira que todos entendam. “É o jornalista que faz o veículo de comunicação, e não o inverso. O impresso tem que se preocupar, por exemplo, em acrescentar mais detalhes ao invés de apenas informar, algo que as mídias mais rápidas já fizeram”, afirmou. O jornalista Ricardo Kotscho já trabalhou como assessor de imprensa em três das quatro campanhas presidenciais do ex-presidente Lula. Com extensa experiência no campo jornalístico, ele acredita que não basta ter somente o domínio da profissão, mas também conhecimento acumulado. “Atual- mente, os jornalistas mais velhos estão ganhando mais, sendo que a tendência era ganhar menos já que o mercado se renova. Isso porque falta o mínimo de conhecimento aos novos profissionais, algo que os jornalistas mais experientes carregam”, complementou. “Jornalista tem que ser movido pelo resultado e ter a esperança de que seu trabalho dará bons frutos. Sem trabalhar com vontade de buscar novas histórias, dificilmente sairão boas notícias”. Também participaram da 13ª Semana Ceciliana, evento que oferece anualmente aos alunos do curso de Artes e Comunicação, a oportunidade de interagir e conhecer mais sobre o trabalho de importantes profissionais da área, ao lado de Ricardo Kotscho, o editor da UOL, Armando Pereira Filho e o editor de Esportes da Globo.com, José Gonzalez. SORAYA SANTOS Os leitores poderão conhecer um pouco mais sobre a rica cultura que está abrigada na Baixada Santista, berço de importantes figuras desse meio. Nas matérias produzidas pelos alunos do quarto ano de Jornalismo da UNISANTA, são expostos pontos importantes da vida cultural das cidades. Esperamos que, com as informações aqui publicadas, o leitor tenha a oportunidade de conhecer melhor o trabalho de quem mantém a arte viva na região. “Falta de conteúdo pode acabar com a mídia clássica”, diz Kotscho Prata da casa: Duanne Ribeiro Repórter cultural valoriza a autopublicação mor reu, e que a Kotscho destacou que a reportagem não s inimigos dela preguiça e o comodismo são os maiore DIVULGAÇÃO eiro O jornalista Duane de Oliveira Rib em C TC transformou seu projeto de realidade, criiando uma revista on line Arucha Fernandes A grande concorrência na área de jornalismo no País pode ser vista pelos “novos” jornalistas saídos da faculdade de duas formas. A primeira, com desânimo, ao tentar ingressar em um mercado de trabalho tão competitivo. A outra, como uma oportunidade de procurar um jeito de se destacar na multidão. E foi isso que o ex-aluno da UNISANTA, o jornalista Duanne de Oliveira Ribeiro fez ao transformar uma ideia de TCC em uma revista eletrônica de verdade. A revista Capitu (www.revistacapitu. com) surgiu do interesse de Duanne em cultura e da necessidade de iniciar um portifólio mais completo para o pósfaculdade. “Acredito que qualquer jornalista hoje precisa aprender a se autopublicar. Vale a pena porque você forma o seu portifólio e ele ajuda a conseguir um emprego — estamos em uma área onde uma vaga de trabalho divulgada na internet recebe uns dois mil currículos”, diz. Inicialmente concebida como um projeto de TCC, a Capitu é uma revista online de cultura, que traz críticas, entrevistas e reportagens nos âmbitos da literatura, música, teatro, cinema, artes visuais, e outros. A revista rendeu ainda ao jornalista um prêmio na categoria revista, do Expocom 2009. Duanne depois de formado continuou produzindo conteúdo para revista e também convidou outras pessoas para escreverem como colaboradores. “O site atual foi programado por um amigo meu e tem uma forma muito mais elaborada do que o primeiro”, explica. Hoje, Duanne, que já trabalhou no jornal A Tribuna e na Secretaria de Imprensa de São Vicente, mora em São Paulo e trabalha no Itaú Cultural, além de ser colunista do site Digestivo Cultural. Entre as atividades realizadas na atualidade também está um curso de Filosofia na USP. Quanto aos motivos que fizeram Duanne optar por esta profissão, o jornalista afirma que a possibilidade de causar mudanças por meio da informação ainda é um grande incentivo, não só para ele, mas para a maioria das pessoas que escolhe esse caminho. “A mudança por ser tanto no social, com uma reportagem bem construída que derruba um ministro corrupto, quanto no individual, com uma crítica que te faça pensar diferente, um perfil que te faça entender outro modo de vida. Acho que esse é o pensamento de muita gente, mas todo mundo acaba arrastado pelo dia-adia e deixa isso para lá”, afirma. Já quanto ao futuro, o jornalista revela que pretende fazer uma pósgraduação em Comunicação e Gestão da Cultura na ECA/USP. “A ideia é não parar de trabalhar com jornalismo, mas ampliar as atividades. Devo fazer mestrado e doutorado em Filosofia e realizar algo em projetos culturais. E algum dia ainda quero trabalhar na revista Piauí”, comenta. Em defesa da reportagem Manuella Tavares O jornalista Ricardo Kotscho proferiu palestra na Universidade Santa Cecília e criticou a postura de alguns veículos, estimulando os jornalistas a serem “menos preguiçosos” e “correr atrás de reportagens e notícias”. Segundo ele, os profissionais estão acostumados a ficar na redação e fazer seu trabalho pelo telefone, o que prejudica a qualidade das informações. Durante todo o evento, Kotscho defendeu a reportagem como a principal ferramenta contra a falta de informação. “A internet, o rádio e a TV informam o que aconteceu, mas cabe à reportagem contextualizar, mostrar os porquês”. De acordo com Kotscho, o jornalista que trabalha com a internet tem mais responsabilidade do que os que trabalham em veículos impressos. “Hoje em dia o que se publica na internet não tem mais volta. Tem que tomar cuidado com o que escreve, hoje em dia falta apuração”. Outro destaque dado por Kotscho na conversa é o fato de redações procurarem por pessoas mais velhas, por elas escreverem mais e terem mais conhecimento acumulado. “Hoje em dia as redações têm uma mescla de jovens e mais velhos, mas falta um pouco de cabelo branco, falta experiência”. À palestra também estiveram presentes o editor de economia do portal UOL, Armando Pereira, e José González, do portal Globo Esporte. Eles contaram um pouco do dia a dia deles nas redações e deram dicas aos futuros profissionais. Pereira falou sobre os desafios na formação do jornalista atualmente. Segundo ele, o estudante tem de se preocupar com outras questões, além das técnicas de texto e reportagem. “Quanto mais conhecimento acumulado o profissional tiver, melhor. Isso inclui linguagem de internet, uso de redes sociais, prática com câmeras digitais”, comenta. González também defendeu que a cultura geral é fator importante no currículo. “Quanto mais o profissional souber sobre vários assuntos, melhor.É importante ter faro para notícia também. Saber apurar”. Análise do professor Repórter experiente sempre tem muito o que contar. Por isso, é fundamental saber selecionar o que há de mais interessante em suas histórias. Com Ricardo Kotscho, não seria diferente. Mas tanto Carina Seles como Manuella Tavares souberam recolher o que de melhor disse o repórter. Como não podia deixar de ser, Kotscho foi ao alvo: conteúdo é fundamental. Mídia que não tiver conteúdo vai perecer. As alunas-repórteres também acertaram em cheio. Adelto Gonçalves EXPEDIENTE - Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação da UNISANTA - Diretor da FaAC: Prof. Humberto Iafullo Challoub - Coordenador de Jornalismo: Prof. Dr. Robson Bastos – Responsáveis: Prof. Dr. Adelto Gonçalves, Prof. Dr. Fernando De Maria, Prof. Francisco La Scala Júnior e Prof. Márcio Calafiori. Design gráfico e diagramação: Prof. Fernando Cláudio Peel, Fotografia: Prof. Luiz Nascimento – Redação, fotos, edição e diagramação:alunos do 4º ano de Jornalismo – Primeira página: Vanessa Simões – Editora de arte: Joana Ribeiro – Coordenador de Publicidade e Propaganda: Prof. Alex Fernandes - As matérias e artigos contidos neste jornal são de responsabilidade de seus autores. Não representam, portanto, a opinião da instituição mantedora – UNISANTA – UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA – Rua Oswaldo Cruz, nº 266, Boqueirão, Santos (SP). Telefone: (13) 3202-7100, Ramal 191 – CEP 11045101 – E-mail: [email protected] 2 Edição e diagramação: Vanessa Simões PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 Santosofereceopçõesculturais paratodososbolsos Segundo o secretário de Cultura, Carlos Pinto, a Cidade - que é o terceiro polo cultural do País está preparada para atender a um público de variados gostos e classes sociais Nathalia Pio Santos oferece diversos programas culturais para os moradores e visitantes, desde eventos gratuitos até balés renomados mundialmente. Algumas de suas promoções já alcançaram repercussão mundial, como o Festival Curta-Santos. Além disso, seus dois tradicionais teatros – Coliseu e Guarany – oferecem as melhores condições tanto para o público como para os artistas. O desfile das escolas de samba, durante os dias de Carnaval, continua atraindo turistas de todas as partes do Estado e do País e até do exterior. Em função dessas e de outras promoções que ocorrem ao longo do ano, a Cidade é considerada o terceiro maior polo cultural do País, perdendo só para São Paulo e Rio de Janeiro. Para traçar um panorama da cultura, dos investimentos e da aproximação da população às artes em Santos, o Primeira Impressão conversou com o secretário de Cultura, Carlos Pinto, em seu gabinete. Primeira Impressão — Como está a agenda cultural de Santos? Carlos Pinto — O primeiro grande evento do ano é o Carnaval. Na Secretaria de Cultura, o ano começa em agosto com as preparações para o Carnaval do ano seguinte. Logo em seguida, já temos mostras de cinema, o Festival Santista de Teatro (Festa), a Virada Cultural, o Festival de Cenas Teatrais (Fescete), o Festival Curta Santos e a Barca da Cultura. Além das atividades que acontecem regularmente durante o ano todo, como a Música no Quebra-Mar, o Baile da Praia e o Cine -Arte do Posto 4. PI — As escolas de samba estão ganhando força nos SORAYA SANTOS Prefeitura, as escolas de Carlos Pinto: graças ao esforço da rna val sausa são a principal atração do Ca últimos seis anos. Em virtude disso, o Carnaval de rua foi preterido pela Secretaria? Carlos Pinto — De forma alguma. O que acontece é que até 2005 as escolas de samba santistas estavam abandonadas, pois não havia a preparação nem a qualidade de hoje. A Prefeitura foi recuperando as escolas e, hoje, elas são a principal atração do nosso Carnaval. Mas também temos o Carnabonde, que abre o Carnaval e atrai grande público, até pela questão de reviver o passado. PI — E os blocos de rua? Carlos Pinto — Não existem mais blocos. O que temos hoje são as bandas de cada bairro. PI — Outro evento de grande repercussão é a Virada Cultural. Como a Prefeitura participa da organização? Carlos Pinto —Estamos pleiteando maior participação da Prefeitura na organização do evento, pois do jeito que está não funciona. As atrações da última Virada Cultural foram fracas e não atraíram o público. A Cidade é prejudicada, pois ficamos com o ônus da coordenação e não podemos interferir na programação. PI — Santos sempre revelou grandes atores e tem a presença do cinema muito forte. Como está a produção da arte no momento? Carlos Pinto — Produzir cinema depende muito mais das empresas do ramo do que do poder público. Mas oferecemos todo apoio para gravações na Cidade. Entretanto, Santos tem sido muito procurada para gravação de comerciais (veja matéria abaixo). Como, por exemplo, o comercial da provedora Globo.com que conta a história de um porquinho em fuga. Todo ele foi feito nas ruas e nas praias da Cidade. Mas o ponto alto é mesmo o Festival Curta Santos, que já ultrapassou s fronteiras, alcançando repercussão internacional. Neste ano, um dos projetos do Curta-Santos foi levado para a o Festival de Moçambique. PI — Entretenimento de qualidade é sempre muito caro. O que a Secretaria faz para aproximar, principalmente, a população mais carente da cultura? Carlos Pinto — A Prefeitura oferece muitos eventos culturais gratuitos. Temos o Festival de Teatro de Rua, entre outros. Mas, veja bem, sou contra essa coisa de oferecer tudo de graça. Brasileiro tem a tendência de achar que porque é de graça é ruim ou tem que ser do jeito que ele quer. Quando a Orquestra Sinfônica Municipal se apresenta no Teatro Coliseu, por exemplo, a lotação é completa e sempre há problemas com as pessoas que deixam para retirar o ingresso na última hora e culpam a Prefeitura. Artista também precisa sobreviver, também paga contas. Por isso, é complicado oferecer tudo gratuitamente. De qualquer modo, sempre temos preços mais acessíveis. O Balé Russo, por exemplo, apresenta-se em São Paulo com ingressos a R$ 300. Em novembro, o Balé Russo virá à Santos e os ingressos custarão R$ 80. Recebemos caravanas de todo o País para assistir às apresentações do Balé. PI — Como o senhor recebe as críticas de que há pouco investimento na cultura? Carlos Pinto – Sinceramente, ignoro-as. As três cidades que mais oferecem eventos culturais no País são São Paulo, Rio de Janeiro e Santos. Temos infinitas opções e sempre algo está acontecendo. Recuperamos teatros importantíssimos como o Coliseu e o Guarany. Temos a Hemeroteca, que é um grande centro de pesquisa, e os nossos eventos que envolvem teatro, cinema, literatura e música. PI — Se o senhor fosse apresentar Santos culturalmente a um amigo de outra cidade ou região, qual seria o roteiro? Carlos Pinto – Primeiro, optaria por levá-lo para conhecer os teatros Coliseu e o Guarani, pois são grandes conquistas. Depois, apresentaria a Hemeroteca, que está totalmente ativa e é fonte para pesquisas nacionais. Eu o levaria também a um Baile da Praia e ao CineArte que está todo renovado sempre oferece programação de qualidade. Cenáriodenostalgiaepassadoatraiprodutoras Carina Seles Com ruas, casarões e arquitetura que remetem a fins do século 19 e início do 20, o Centro Histórico de Santos se tornou um dos cenários preferidos de produtoras e empresas voltadas ao entretenimento e gravações de comerciais, filmes e novelas. Passear ali proporciona ao visitante um ar de nostalgia e passado. Segundo a jornalista Cristina Guedes, diretora da Santos Film Commission — órgão da Prefeitura que permite facilitar a produção de conteúdo audiovisual —, o Centro Histórico se tornou atrativo: “Mas a cidade é toda interessante, pois permite, por exemplo, que um comercial onde deva aparecer praia, história e morro, seja totalmente gravado aqui, diminuindo a busca por locações em diferentes cidades”. A procura colocou a cidade em maior destaque, pois 30 segundos de cada comercial de marcas de abrangência nacional é passado no País inteiro pelas TVs abertas e fechadas. A Santos Film Commission completou neste mês de outubro quatro anos. Segundo Cristina, sua função é facilitar no suporte técnico na busca de locações com produtores especializados, assim como agilizar as negociações de serviços para obter melhores custos, disponibilizar bancos de dados com profissionais de diversos segmentos e escritório para as equipes de produção. A empresa visa fomentar na realização de obras audiovisuais no município, como longas e curtas-metragens, novelas, séries, documentários, filmes publicitários, sessões fotográficas, vídeo clipes e lançamentos de filmes. Cristina conta que, dentre as novidades estão a produção de um filme publicitário da marca Sadia, um longametragem em andamento sobre o centenário do Santos Futebol Clube e outro longa em fase de pré-produção sob direção de Tata e Caru Amaral, que está previsto para começar a filmar em dezembro. “Nossa equipe é pequena, com apenas cinco funcionários, porém está agitando o mercado de audiovisual”, conta. “Há dois anos, a Santos Film Commission está entre as cinco melhores do Brasil”, ressalta. Segundo ela, o processo de produção e contrato funciona, basicamente, com a procura da produtora. “Com o projeto, levantamos algumas opções de locação e acompanhamos os produtores em visitas a esses locais. Após fotografarem o local, a direção analisa se aprova ou não. Em caso positivo, a equipe deixa em nossas mãos toda a logística que vão precisar como o contato com o dono do imóvel, caso for propriedade particular, e até interdição do trânsito, por exemplo”, diz. Com a participação de mais de 250 produções na cidade, entre telenovelas, filmes, comerciais e sessões fotográficas, a empresa já trouxe à Cidade uma movimentação de cerca de R$ 6 milhões. “A Film funciona como uma engrenagem importante para alavancar a nossa economia, pois as equipes consomem nos hotéis, em restaurantes, além de aquecer o mercado cultural, com a contratação de figuração e mão de obra como seguranças, serralheiros, técnicos em iluminação e cenografia”, diz Cristina Guedes. Dentre os destaques estão as gravações da novela Ciranda de Pedra, do filme Lula, o filho do Brasil, da minissérie Um Só Coração, além de comerciais da Honda, Nissan, Panasonic, Riachuelo, Renner, Brahma, Nike e Olimpikus. “No ar estão sendo veiculados os comerciais da Globo.com, com o porquinho na praia, do Sedex e da Honda”, finaliza. Edição e diagramação: Gabriel Martins PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 3 Chorinho no Aquário, presente para os santistas Projeto reúne admiradores do estilo e propõe tardes musicais à beira da praia Manuella Tavares Uma iniciativa da Prefeitura de Santos, com o apoio de empresas portuárias, presenteia a população santista todos os sábados com um espetáculo musical. O projeto Chorinho no Aquário completou em julho quatro anos de existência, levando o estilo para quem passa pela Ponta da Praia. As apresentações semanais são realizadas à Praça Luiz La Scala, aos sábados, a partir das 18 horas. Entre os artistas que já passaram por lá estão: Demônios da Garoa, Euclides Marques, Zezo Ribeiro, entre outros e também artistas da Cidade. O presidente do Clube do Choro de Santos, Marcello Laranja, explica que não há uma ligação direta entre o Clube e a iniciativa, mas sim apoio ao projeto. “Somos apenas meros apoiadores da iniciativa, aliás, com o máximo prazer. Mas é um evento da Secretaria de Cultura que conta com o patrocínio do Terminal Tecondi-Termares”. Laranja afirma que o projeto ajuda na divulgação do estilo musical, abrindo frente de trabalho para os músicos da região. “Além de divulgar os músicos daqui e também os de fora também, ajuda a promover a confraternização entre as pessoas. É um evento aberto a todos que gostam de boa música, sem preconceito de idade, sexo, cor...”. O evento tem como objetivo resgatar o choro, gênero fruto da mistura de música popular portuguesa com elementos da dança de salão europeia e influências africanas. O estilo era, inicialmente, apenas Soraya Santos uma maneira mais emotiva e “chorosa” de interpretar melodias. Choro para todos O músico Daniel Simonian, 26 anos, já se apresentou quinze vezes no projeto Chorinho no Aquário e conta que o público é sempre o ponto alto da noite. “O que mais me entusiasmou ao tocar lá foi a receptividade do público.”, diz “Embora seja chorinho, muita gente vai apreciar esse tipo de música que não é comum nas rádios e no cotidiano geral atual. Já que não é tocado nas rádios, tocamos por lá!”, acrescenta. Ele começou a ouvir choro por influência de seu pai, o também músico José Simonian, e afirma que começou a gostar do estilo quando passou a estudar música de fato. “O chorinho é um estilo repleto de elementos musicais estudados em quase todos os estilos, desde o clássico ao blues”. Simonian confessa que sonha tocar os contrapontos de sete cordas. “Até hoje tento tocar esse instrumento, talvez o fato de conhecer um grande mestre, o Mauro Alves, Mauro Sete Cordas, grande chorão da Baixada, tenha me direcionado para isso”. Todas as vezes que o músico se apresentou no local foi acompanhando seu pai, no José Simonian Quarteto, e ele pretende continuar a se apresentar. “É sempre bom tocar lá, depende só da agenda da Prefeitura”, conta. A vez das crianças O Clube do Choro de Santos completa uma década este Chorinho no Aquário embala os fins de tarde aos sábados ano e são vários os projetos em desenvolvimento. Um deles é a Escola de Choro e Cidadania Luizinho Sete Cordas, que ensina música às crianças, de 9 a 16 anos, moradoras da região do Mercado Municipal de Santos. Segundo Marcello Laranja, o desafio da escola é formar cidadãos e há quatro meses forma chorões-mirins. Além disso, quem visita o mercado tem a oportunidade de conhecer o trabalho dos meninos e meninas enquanto faz compras. Entre os sucessos tocados pela criançada, estão “Carinhoso”, de Pixinguinha, e “As rosas não falam”, de Cartola. “Muitos jovens estão se encontrando - musicalmente falando no Choro, alguns até nunca ouviram falar, não tinham conhecimento algum”, diz. “À medida que foram estudando e com o incentivo dos professores identificaramse com a música”, acrescenta. O Clube do Choro de Santos é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) reconhecida pelo Ministério da Justiça, fundado em 23 de abril de 2002, nas dependências do bar e lanchonete do Sesc, onde são promovidos shows, workshops, palestras, encontros musicais, cultura em geral. De acordo com o presidente do Clube, Marcello Laranja, existe um estatuto em que são definidos os cargos que serão ocupados por conselheiros e diretores e também a atividade do clube. O objetivo do Clube é preservar e divulgar o choro, que é o primeiro estilo de música popular urbana do Brasil. “Não somos nem estamos ligados somente ao choro: abrimos, democraticamente, espaço para todas as outras manifestações musicais brasileiras”, diz. Segundo Laranja, a organização também é responsável pela criação do Dia Estadual do Choro em homenagem ao compositor paulista Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto. “São Paulo é o primeiro Estado da Federação a comemorar a data. Nosso interlocutor na Assembléia Legislativa foi o deputado Paulo Alexandre Barbosa”, conta. Personalidades famosas do meio já visitaram o Clube. “Destaco o jornalista Sérgio Cabral, o designer gráfico, ex-diretor da Revista Roda de Choro e atual diretor do Instituto Jacob do bandolim, Egeu Laus Simas, os maestros Gilson Peranzzetta e Zé Menezes, os bandolinistas Joel Nascimento, Ronaldo do Bandolim, Déo Rian e Izaías, os compositores Elton Medeiros e Wanderley Monteiro, o flautista Altamiro Carrilho, o clarinetista Paulo Moura, os grupos Choro Rasgado, Fogo na Roupa, Choro das Três e Cochichando”, afirma. Domingo de baile na Fonte do Sapo Letícia Schumann Enquanto muitos se queixam do domingo à noite, lembrando que logo vem a segunda-feira, uma turma muito animada se reúne na Fonte do Sapo, no bairro da Aparecida, em Santos, para dançar ao som de música ao vivo. O baile na praia surgiu em 1999, com o crescimento de um projeto de dança de salão que se tornou uma das opções de lazer da Cidade. Em 2001, a Fonte do Sapo passou por uma reforma para adaptar o piso e construção do palco móvel tubular para, então, receber os moradores e turistas. De acordo com a Secretaria de Cultura de Santos, a iniciativa oferece lazer para todos os que passam e moram na Cidade, mas a procura pela terceira idade é maior que nas outras faixas etárias. A aposentada Maria Honória dos Santos conta ser uma frequentadora do baile e sempre está disposta a dançar. “Eu adoro, é ótimo ver os amigos, dançar e lembrar meus tempos de juventude, nem lembro das minhas dores no pé e nas costas”, comenta. Já a aposentada Maria Rennó, de 78 anos, frequenta “ Soraya Santos Num domingo decidi ver como era e adorei. A partir daí, comecei a vir todo fim de semana. Maria Rennó Aposentada Casais animados se unem na fonte do Sapo para dançar 4 Edição e diagramação: Gabriel Martins PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 ” o baile como terapia. O marido morreu há 6 anos, ela entrou em depressão e uma amiga lhe indicou o baile. “Passei quatro anos da minha vida em luto, minhas amigas que frenquentam o baile sempre tentavam me levar. Num domingo, decidi ver como era e adorei. A partir daí, comecei a ir todo fim de semana”. Maria Rennó também conta que, frequentando o local, ela conheceu Célio José e começou a namorálo, logo em seguida. “O Célio me chamou a atenção desde o primeiro dia e depois de três meses indo ao baile todo domingo, comecei a namorá-lo. Estamos morando juntos há nove meses e continuamos indo ao baile todo fim de semana”. O repertório do baile é variado, orquestras e bandas, selecionadas pela Prefeitura, tocam samba, rock, MPB, fado, tango e outros estilos que fazem a alegria da aposentada Adélia Elizabeth: “Eu gosto de ver essa gente bonita dançando, rever os amigos e começar a semana com alto astral”. Os artistas são escolhidos pela Prefeitura de Santos. A partir daí, são encaixados na agenda. Segundo dados da Secretaria de Cultura, o baile atrai cerca de 600 frequentadores a cada fim de semana. O evento é contínuo e só não é realizado em caso de chuva. Música clássica para todos A Orquestra Sinfônica Municipal de Santos tem saído do teatro e invadido as ruas, levando a cultura da música erudita àqueles que não conhecem seu repertório MARIANA AYUMI Mariana Ayumi De um lado para o outro, para cima e para baixo, o maestro leva a batuta por todos os ângulos, ao mesmo tempo em que faz sons estranhos com a boca, entoando notas musicais. O violino “canta” agudamente, o violoncelo dá o tom grave e a flauta transversal proporciona o toque doce da canção. Um simples movimento em desacordo pode desandar todo o conjunto da obra. As cortinas do Teatro Coliseu se abrem e o público é apresentado, enfim, à Orquestra Sinfônica Municipal de Santos. Criada em agosto de 1994, a Orquestra teve seu primeiro concerto somente em 1995. A iniciativa foi da Secretaria de Cultura e da Prefeitura de Santos, criada a partir de um projeto elaborado pelo maestro Luís Gustavo Petri, que é o regente titular até então. Composta por 41 membros fixos, a Orquestra também conta com Rodrigo Vitta como regente assistente e é dividida entre violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, flautas, oboés, clarinetes, fagotes, trompas, trompetes e percussão. O maestro Petri é o dono das mãos inquietas que guiam a Orquestra. Nos ensaios do grupo, às terças e quintas- Orquestra foi criada em Composta por 41 membros fixos, a Concertos Populares 1994 e desde 1998 promove o projeto feiras, o clima é descontraído, porém, sem deixar de lado a busca pela perfeição das notas. “A Orquestra vem crescendo, atuando bastante na Cidade e na Baixada. Sua importância decorre do nível de excelência em mostrar a cultura erudita às pessoas”, ressalta Petri. Um modo de levar a cultura erudita às outras cidades da região se dá por meio do projeto Concertos Populares, implantado em 1998. A proposta é tirar a Orquestra do teatro e levar a música clássica a espaços alternativos mais frequen- tados pela comunidade local, como igrejas e ginásios. Além dos Concertos Populares, Petri ainda explica que a Orquestra faz vários tipos de apresentações. “Fazemos concertos para crianças; concertos para formação de plateia, que são aqueles que não conhecem o funcionamento da Orquestra e que tipo de música tocamos. A gente procura fazer um repertório que mostre todo este leque de opções para as pessoas”, diz o maestro. Para fazer parte da Or- questra, é preciso ter apenas um requisito: saber tocar. As audições são regulares e divulgadas no Diário Oficial. Marcelo Jesus do Rozário, de 30 anos, toca flauta transversal e é componente do grupo desde 2002. “Temos um grande público e o trabalho é muito legal, porque desenvolve o nosso estudo de música, que é como o de um atleta, todo dia praticando e treinando, para chegar bem aqui. A grande recompensa são os aplausos do público”, diz o músico. A Orquestra ainda tem um membro de grande destaque: a violinista Adelci Groia Paulino, de 97 anos. Tocando no grupo desde sua fundação, ela tem história para contar quando o assunto é música e mostra que a idade não é empecilho para absolutamente nada. “Toco violino desde os 14 anos, influenciada por minha mãe. Quando estou aqui tocando, esqueço tudo lá fora. É melhor do que estar em casa sozinha, fazendo nada, não é?”, diz a violinista. Cadeia Velha abre cursos de capacitação cultural MAURÍLIO CARVALHO Maurílio Carvalho Edificação carregada de História, cujas paredes transpiram o passado de Santos, a antiga Casa da Câmara e Cadeia, conhecida como Cadeia Velha, localiza-se na Praça dos Andradas, no Centro há, desde 1994, está instalada a Oficina Cultural Pagu, que, entre os meses de novembro e dezembro, oferece cursos voltados para o aprimoramento cultural e utilização de ferramentas de marketing no mercado cultural. No dia 27 de outubro, foi promovido workshop sobre Arte e Arquitetura Colonial do Litoral Paulista, ministrado por Percival Tirapeli, pósdoutorado pela Universidade Nova de Lisboa e professor livre-docente do Instituto de Artes da Universidade do Estrado de São Paulo (Unesp). A oficina foi direcionada para agentes culturais, profissionais de museus, arquitetos, historiadores, artistas e pessoas com interesse sobre a História e assuntos relacionados às construções do período colonial. Para um maior conhecimento de estudantes universitários, produtores culturais e artistas sobre as novas ferramentas de marketing no campo cultural será realizado, entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro, curso que abordará a divulgação, parcerias e design, entre outros assuntos relacionados à promoção cultural por meio das mídias digitais rsos voltados à discussão da culCadeia Velha promove cursos dive tura regional e tradicionais. O workshop será ministrado por Pedro Sorensen, bacharel em Publicidade, com especialização em Mídias Digitais e Novas Tecnologias pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Oficina de Arte Pagu A gestão do espaço está a cargo do Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura. “A organização se encarrega da gestão da oficina, pois o governo do Estado não contrata mão de obra para trabalhar no setor cultural, deixando a cargo de organizações sociais contratadas para administrar as instituições culturais do Estado”, disse Antônio Lisboa Lopes Neto, responsável técnico por Projetos Culturais na Baixada Santista. A Oficina Cultural também cede espaço ao Instituto Cultural, Ambiental e Educacional (CAE), organização nãogovernamental que preza o desenvolvimento cultural e preservação ambiental da região por meio de cursos, projetos e oficinas. Tombamento A construção foi tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) em 1959 e a restauração pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) teve seu término em 1981. Espetáculos de Dança Além de proporcionar cursos, a Oficina Cultural também abriga espaço para apresentações de dança no mês de novembro, como o espetáculo Para um amor de Vinicius de Moraes, no dia 20 de novembro (domingo), em que o grupo de Arte Supernova, dirigido por Ricardo Menezes, usou versos das músicas do compositor Vinícius de Moraes para retratar o cotidiano dos casais apaixonados e também a apresentação “Uma dança para Gilberto Mendes”, do Athos Núcleo Artístico, no dia 25 de novembro, às 12 horas. Na representação, a companhia, vencedora do Prêmio Plínio Marcos de 2009, utilizará músicas do compositor santista Gilberto Mendes para criar movimentos inusitados e provocar a interação com o público. A indicação dos espetáculos é de 14 e 16 anos, respectivamente, e os ingressos podem ser adquiridos com uma hora de antecedência das apresentações com limite para 40 espectadores. Para se inscrever nos cursos ou saber informações sobre espetáculos de dança, teatro e outras oficinas, é necessário ir à Oficina Cultural, na Praça dos Andradas, no Centro, ou ligar para os números (13) 3219-2035 ou (13) 3219-1741. O horário de atendimento da Oficina Cultural Pagu é de segunda à sexta-feira, das 13 às 22 horas e, aos sábados, das 9 às 18 horas. As oficinas são realizadas de segunda à sexta-feira, das 18h45 às 21h45. Edição e diagramação: Vanessa Simões PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 5 Cada um conta do seu jeito Escritores santistas transmitem conhecimento e diversão em seus diferentes e curiosos trabalhos TABATA THUANy Beatriz Rota-Rossi Julia Magalhães Contar histórias é uma necessidade primária do ser humano para se entreter e para entreter os demais por meio da ficção ou da realidade. Os narradores despertam emoções e mexem com o imaginário popular. Graduada em História, a artista plástica e professora nos cursos de Jornalismo, de Publicidade e Propaganda e de Artes Plásticas na Universidade Santa Cecília, Beatriz Rota-Rossi, aborda temáticas culturais em seus trabalhos. Ela é autora dos livros de contos Varal e Noite de Reis . Em suas obras, é perceptível a influência que os municípios de Santos, Parati e Buenos Aires exercem sobre a escritora, que conta como encontra inspiração para escrever: “Sempre inventei contos, inclusive quando criança. Eu me baseio na observação da vida. Buenos Aires me marcou na minha infância e adolescência. Em Santos, fiquei por vários anos pintando na Boca do Cais. A difícil vida dos habitantes do local foi tema de meus quadros e de anotações que depois serviram para os contos que escrevi. Parati é uma cidade mágica. Tenho casa lá há mais de 20 anos, e isso me proporciona uma rica experiência caiçara”, conta. Segundo a professora, Varal reúne contos provenientes da cidade de Parati. A maior parte deles fala sobre a vida dos pescadores e dos caiçaras, e também sobre fantasmas. Noite de Reis, que acaba de ser lançado, é um livro de conto e fala sobre a cidade de Santos. Beatriz: influência de Santos, as Parati e Buenos Aires em suas obr Beatriz escreveu outros livros, como Traços e Tramas, em que fala sobre os movimentos artísticos de Santos durante o regime militar (1964 - 1985), e o preferido dela: Alex Vallauri: da gravura ao grafite. Publicado em 2008, o libro é sobre a vida e a obra do artista plástico gravador e grafiteiro que dá título à obra. José Roberto Torero O escritor santista José Roberto Torero, também é cineasta, roteirista, jornalista e colunista de esportes. Atualmente, trabalha no jornal Folha de S. Paulo e na publicação eletrônica Carta Maior. Para compor seus trabalhos, ele se inspira em assuntos do cotidiano e em pesquisas. Fã de esportes, escreveu sobre o tema no Jornal da Tarde , onde manteve uma coluna, e em um blog próprio, que teve de abandonar por motivo de compromissos profissionais. No total, Torero é autor de 24 livros, e a sua primeira publicação, de 1994, Galantes Memórias e Admiráveis Aventuras do Virtuoso Conselheiro Gomes , o Chalaça , foi vencedor do prêmio Jabuti, em 1995, e do prêmio Livro do Ano. JULIA MAGALHãES Um de seus mais recentes, Evangelho de Barrabás, escrito em parceria com o jornalista Marcus Aurelius Pimenta, ficou entre os 17 finalistas do mesmo prêmio. Torero fala sobre suas obras: “O Chalaça é o mais premiado, mas o mais vendido é Uma história de futebol. O que recebeu mais atenção acadêmica foi Terra Papagalli. Talvez eu tenha mais carinho pelo caçula, que acabou de sair: Branca de Neve e as sete versões. Mas isso só dura até que saia o próximo”, diz. O lançamento faz parte da coleção “Fábrica de Fábulas”, que ele está escrevendo novamente com Pimenta, e reúne livros que dão várias opções aos antigos contos de fada. “A ideia é que a criança perceba que pode mexer nas histórias”, comenta. infantil par ticipando Torer o: agora mergulha no uni verso da coleção Fábrica de Fábulas Quanto às parcerias, Torero diz gostar da experiência: “Eu fiz o roteiro do longametragem Pequeno Dicionário Amoroso em dupla. Daí em diante, fiz vários livros em dupla. Creio que metade dos 24”, conta. A jornalista Lídia Maria de Melo se descobriu escritora ao compor músicas aos 13 anos de idade, para um festival da escola. Desde 1993, é professora assistente da Univercidade Santa Cecília e professora assistente de Jornalismo da Universidade Católica de Santos (UniSantos). O primeiro livro de Lídia foi Raul Soares, um navio tatuado em nós, lançado em 1995. Em 2004, ela foi contratada para escrever a biografia Rosinha Viegas: A Garra de Uma Leoa, sobre a vida da ex-reitora da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes). O conto “Bala Perdida”, que retrata a violência urbana tão presente no dia a dia de cidadãos e de jornalistas, lhe valeu o prêmio Vladimir Herzog, na categoria de Literatura, em 1997. O conto “Como Um Poeta” foi classificado no concurso da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e publicado em 2007 na antologia em homenagem aos 40 anos de fundação da Unicamp, no livro Contos Unicamp 6 JULIA MAGALHãES Lídia Maria de Melo ano 40. Quanto aos seus outros contos, Lídia diz que possui diversos ainda inéditos: “Tenho muitos contos escritos, mas não gosto de publicar na Internet antes de sair em livro ou outro veículo impresso”, diz. Para a escritora, a obra mais importante de sua carreira foi Raul Soares, que retratou a realidade do País na época da ditadura militar. O título do livro se refere ao navio que foi utilizado como presídio político no Porto de Santos em 1964. A experiência pessoal e familiar a ajudou a pesquisar e a escrever sobre o assunto: “Com esse livro, cumpri a obrigação de revelar fatos do cotidiano de minha família, atingida pela ditadura. A prisão de meu pai e a cassação de seus direitos políticos, nenhum livro de história revela e nenhuma ata de assembléia do sindicato do qual ele fazia parte registrou, conta. “Eu visitei meu pai no navio quando tinha seis anos de idade. Minha irmã mais velha, Laura, já falecida, estava com oito anos, e a Edição e diagramação: Danilo Netto PRIMEIRA IMPRESSÃO •Outubro de 2011 luindo Lídia: diversos contos premiados, inc um prêmio Vladimir Herzog mais nova, Lúcia, era um bebê de dez meses. Minha mãe, Mercedes Gomes de Sá, tinha 26. Meu pai, Iradil Santos Mello, estava com 34 anos. Ele faleceu em 1999. A vida de minha família foi marcada para sempre pela ditadura militar. E o que aconteceu conosco ocorreu com inúmeras outras famílias deste país, como a de seu avô¹, Julia. E não deve ser diferente do que acontece em outros países submetidos a um regime ditatorial. Eu tinha a obrigação de ajudar a expor esses fatos para que as novas gerações possam conhecer melhor a história do país”, lembra. Atualmente, Lídia está escrevendo um romance e pretende ampliar seu livro Raul Soares, pois encontrou documentos, fotos, informações e entrevistas que foram feitas por ela após a publicação. ¹ Argeu Anacleto da Silva, avô da aluna Julia Magalhães, também foi preso político no navio Raul Soares e conhecia Iradil, o pai de Lídia de Melo. ‘Vira-latas da madrugada’ será relançado Mais de 30 anos depois, o romance da beira do cais de Santos ganhará segunda edição e trará prefácio censurado Adelto Gonçalves SORAYA SANTOS Adelto: um romance de sons delicados tristes e histórias Pâmela Isis Publicado em abril de 1981, o romance Os vira-latas da madrugada, do escritor e jornalista Adelto Gonçalves, será relançado em 2012 pela editora Letra Selvagem. A reedição da obra sairá com o prefácio original escrito pelo jornalista Marcos Faerman, segundo promessa do editor NIcodemos Sena , também escritor. Na noite do lançamento do livro, em 1981, explodiu uma bomba no Riocentro nas mãos de um terrorista de direita, pertencente ao Exército. Em razão disso, segundo o escritor, a José Olympio Editora achou por bem recolher o livro da gráfica para que fosse eliminado o prefácio de Faerman, considerado polêmico na época. No prefácio, Faerman comparava o autor ao dissidente tcheco Milan Kundera, dizendo que “Adelto Gonçalves é um dissidente brasileiro” e que “a sua história não vai agradar àqueles que venceram em 1964”. Para Faerman, Os vira-latas da madrugada “é um romance de sons delicados e de histórias tristes”. Com a obra, Gonçalves ganhou o Prêmio Nacional de Romance José Lins do Rego, promovido pela própria José Olympio. Adelto Gonçalves nasceu em Santos, em 1951. É doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa e mestre em Língua e Literatura Espanhola e Hispano-Americana pela Universidade de São Paulo. Jornalista desde 1972, trabalhou em O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, Editora Abril e A Tribuna. Foi também correspondente em Lisboa da revista Época, em 1999-2000. Adelto Gonçalves é também autor dos livros Bocage: o perfil perdido (Lisboa, Caminho, 2003); Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999); Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Fernando Pessoa: a voz de Deus (Santos, Universidade Santa Cecília, 1997), e Mariela morta (OurinhosSP, Complemento, 1977). É ainda assessor do Centro Lusófono Camões, da Universidade Estatal Pedagógica Hertzen, de São Petersburgo, na Rússia. Há quatro anos, o jornalista Marcus Vinicius Batista começou a se dedicar às crônicas. Os textos começaram a ser publicados no jornal Boqueirão. “Comecei a escrever porque o jornalista e professor Fernando De Maria me ofereceu uma coluna no jornal. Ele sugeriu também que eu montasse um blog. A partir daí, comecei a produzir toda a semana. Depois, o blog acabou se desenvolvendo independentemente do jornal”, conta. Formado há 18 anos pela Universidade Católica de Santos, Batista atualmente escreve também crônicas e contos para o site Jornalirismo: “Escrevo para o site mensalmente. Faz pouco tempo participei de um concurso de contos e estou esperando o resultado”. Em 2008, Batista ficou em terceiro lugar no concurso da Academia Santista de Letras sobre mulheres japonesas. A crônica com que concorreu contava a história de duas mulheres, muito amigas e parecidas, mas uma era nordestina e a outra filha de japoneses, uma história real. Marcus Vinicius Batista atua, principalmente, na internet. Além de sites e do blog, ele investe desde 2009 nas mídias sociais. Este ano começou a utilizar o Facebook. “Escrevo o que se chama de microcontos ou contos para o Twitter. São histórias que contêm apenas 140 caracteres, são pequenas e fáceis de ler. Já escrevi mais de cem nesse estilo. A internet é uma ferramenta muito boa e as pessoas dão retorno”, ressalta. Entre crônicas e artigos, o jornalista e professor já escreveu mais de 400 textos e agora pensa na possibilidade de juntar tudo isso em um livro que poderá ser lançado ano que vem. “Material para o livro eu já tenho, mas ainda não tive tempo de organizar. Já conversei com duas editoras e se se der tudo certo vai ser lançado em 2012. Mas estou trilhando um caminho bem natural, comecei com a crônica, fui para o conto e quem sabe chego ao romance, não tenho pressa”, diz. Marcus Vinicius Batista SORAYA SANTOS Batista: mais de 400 textos e um livro previsto Edição e diagramação: Danilo Netto PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 7 Os palcos são as ruas Grupos santistas resgatam a arte milenar de encenar em locais públicos e interagir com a plateia DIVULGAÇÃO Glenda Poletto Apesar de séculos de tradição, encenar na rua ainda é uma arte difícil de mostrar e bancar. O teatro de rua não é novidade. Não há uma data definida que marque o início do teatro, mas há registros de apresentações teatrais no Egito por volta de 2500 a.C. Essas primeiras apresentações aconteciam justamente na rua, só depois foram criados os espaços físicos para espetáculos. Muitas pessoas desconhecem o teatro de rua. Não há uma estimativa de quantos grupos de teatro de rua existem no Brasil, mas eles estão espalhados por todos os Estados. Em Santos, existem dois grupos que se destacam bastante na Cidade: a Trupe Olho da Rua e o Quarteto Trio Los Dos. O grupo Trupe Olho da Rua é formado por seis atores e existe desde 2002. A ideia inicial dos atores era fazer um projeto teatral que fosse estilo de uma viagem mambembe. Caio Martinez, um dos integrantes do grupo, conta que tudo surgiu justamente em uma viagem que eles fizeram, quando se aventuravam se apresentando em várias cidades da Baixada Santista. “Foi uma viagem mágica, fomos com mochilas nas costas e sem dinheiro. Apresentávamo-nos na rua e o dinheiro Situações inusitadas O grupo Trupe Olho da Rua existe que conseguíamos no chapéu era com o qual nos alimentávamos. Depois de um mês na estrada, voltamos para Santos e, após um tempo, começamos a fazer teatro na rua e estamos juntos até hoje”, conta o ator. Quem depara com uma apresentação de rua pode pensar que tudo é feito de improviso, pois há uma interação entre os atores e o pú- desde 2002 blico. Quem assiste pode comer, beber e, além disso, tem liberdade de escolher a hora em que quer ir embora. Nada prende o público, a não ser a arte. Mas, mesmo com o clima descontraído, o teatro de rua exige muito ensaio e preparo dos atores. “Na rua temos que buscar outros recursos. Uma coisa que é muito clara é a amplificação da voz, nós trabalha- mos com a própria voz, sem nenhum auxílio acústico. Isso exige bastante preparo. Para chamar a atenção do público, muitas vezes, utilizamos técnicas circenses e música ao vivo. Apesar de trabalharmos muito com o improviso, precisamos estar preparados. Afinal, nunca sabemos o que vai acontecer durante o espetáculo”, diz a única atriz da trupe, Raquel Rollo. O grupo também passa por situações inusitadas durante apresentações nas ruas. Além de crianças que choram, animais perdidos e pessoas alcoolizadas, existem também os moradores de rua que, muitas vezes, se tornam personagens reais das apresentações. “Já houve situações em que moradores de rua participaram do início ao fim de espetáculos. Às vezes, algumas crianças começam a falar no meio da cena, é preciso improvisar algo para fazê-la parar”, diz Sidney Herzog, ator do grupo Quarteto Trio Los Dos.. Como o grupo trabalha mais com elementos circenses, na maioria das vezes, os seus integrantes estão vestidos de palhaços. Mas, acontece que, às vezes, deparam com crianças que têm medo de palhaços; por isso eles têm que saber lidar bastante com isso. “Quando um palhaço que vai brincar com uma criança muito pequena, aquelas cores da roupa juntamente com a maquiagem, a voz estridente e o jeito dele falar, tudo pode assustar. Se for uma criança um pouco maior, ela vai gostar, mas uma pequena pode chorar. Então, tem que saber a hora certa de brincar”, afirma Paulo Galindo, também do grupo Quarteto Trio Los Dos. (G.P) Dominar o improviso Caio Martinez explica que os atores têm que saber dominar o improviso. Afinal, eles nunca sabem com o que vão deparar durante o decorrer do espetáculo. “Já aconteceu de um cachorro entrar na cena e a gente ter que improvisar algo com ele, ou, então, um bêbado. É preciso saber improvisar e, principalmente, se controlar”, conta. Os grupos de teatro de rua passam por alguns desafios para apresentar sua arte. O maior deles é manter o grupo financeiramente. Raquel Rollo comenta sobre algumas dificuldades enfrentadas pelo grupo: “Acredito que uma das nossas maiores dificuldades seja a falta de estrutura financeira, pois lidamos com uma 8 profissão muito variável nesse sentido. Uma hora temos condição de fazer um trabalho financiado, mas outra hora, não. Aí é preciso buscar outras formas para a entrada de dinheiro para que o nosso trabalho continue a existir. Sempre usamos o chapéu como fonte de renda nos espetáculos, é pouco, mas sempre ajuda”, desabafa a atriz. Segundo Raquel, outro problema enfrentado pelos grupos que fazem essa arte é a privatização de espaços públicos. “Em São Paulo, já está acontecendo isso. O governo está querendo cobrar uma taxa para que o grupo possa utilizar determinado espaço da cidade. Claro que existem as leis municipais que proíbam a venda de ob- Edição e diagramação: Gabriel Martins PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 jetos na rua e o fechamento de ruas para que ninguém transite. Mas isso nós não fazemos, o que a gente “vende” é alegria. As pessoas que passam pela rua decidem se querem ou não parar para assistir”, diz. Um grupo mais recente que também se apresenta na região é o Quarteto Trio Los Dos. Criado há um ano, o grupo é formado por três atores. Um dos integrantes, Sidney Herzog, confessa que o grupo gosta de se apresentar para um público mais carente: “Costumamos nos apresentar em praças, esquinas e ruas que podem ser fechadas. Temos a preferência de nos apresentarmos em locais de baixa renda, para comunidades, guetos. Essas pessoas são mais caren- DIVULGAÇÃO O maior desafio dos grupos de teatro de financeiramente tes de arte, têm menos acesso. Quando chegamos com nosso espetáculo envolvendo circo, por exemplo, com acrobacias rua é se manter e malabares, muitas pessoas estão vendo aquilo pela primeira vez. Mas, também gostamos de nos apresentar na praia onde lidamos com todo tipo de público”, Herzog. Paulo Galindo também faz parte do trio e considera o teatro convencional mais competitivo do que o de rua. Segundo ele, não há competição entre os grupos de teatro de rua santistas. “O teatro de palco é muito mais frio, cada um cuida do seu. O teatro de rua exige muito mais parceria, ajuda, companheirismo e colaboração. Ele tem por excelência o trabalho em grupo continuado, ou seja, as pessoas ficam juntas, estudando e ensaiando por um tempo muito grande”, diz Galindo. (G.P.) Soraya Santos Falta de incentivo distancia o surgimento de novos ‘graffiti ‘graffiti writers’ writers’ Antes confundido com pichação o graffiti writer tem amplicado seu espaço na região Joana Ribeiro Em Santos, há artistas criativos, mas não há incentivo para dar continuidade aos trabalhos. Isso ‘trava’ de certa forma o surgimento de novos profissionais que enfrentam dificuldades em dar os primeiros passos na arte, por causa do alto custo do material e a falta de retorno financeiro. A análise é do graffiti writer , Leandro Shesko. Segundo ele, os profissionais da Baixada Santista precisam aproveitar o incentivo do que transborda no cenário paulistano, que está em um ritmo extraordinário: “Há muitos artistas que realizam a atividade, uns com mais frequência, outros menos. Mas alguns levam a arte apenas como hobby, e todos, sem exceção, trabalham em outras atividades, como designer gráfico, ilustrador ou tatuador.” Shesko, por exemplo, define-se como artista multimídia: além do grafite como hobby , atua com grafite-decoração, aplicando o recurso em paredes internas; tem o estúdio de tatuagem Graffiti Illustration Tattoo FineArts e ministra oficinas pela Academia Brasileira de Arte. Apesar da falta de incentivo, o graffiti writer diz que as condições e a qualidade dos trabalhos vêm melhorando na Baixada Santista com a chegada do artista Edgard Pesado, detentor da marca A Fase! — Skate e Graffiti, que passou a ser distribuidor de uma marca importada de sprays específicos para pintura em parede com uma variedade de tons e cores que valoriza a criatividade. A marca A Fase promove encontros de graffiti writer quase sem nenhum apoio financeiro ou cultural movimentando mais de 50 artistas da região. O último aconteceu no mês de julho, no Macuco, e reuniu artistas de Santos, Praia gr aQu an do se pe ns a em so cia çã o fit e log o ve m a as di z qu e co m pi ch aç ão . Sh es ko am di fe as pe sso as at é te nt co m pl ire nc ia r, m as é al go am bi en ca do , po is va ria de do nív el te pa ra am bi en te e cta do re s. de cu ltu ra do s es pe si já te m “O us o do sp ra y em aç ão as um co nc eit o de pi ch qu e nã o so cia do m ui to fo rte , cil , ai nd a va i se pe rd er tã o fá en te a m ai s po rq ue di fic ilm ex ist ir. ” pi ch aç ão de ixa rá de di fe re nPo rta nt o, ex pl ica r a ão du as ça nã o é tã o fá cil . “S er se cc ioat ivi da de s qu e se int do m es na m e fa ze m pa rte é a ru a. m o am bi en te , qu e ex em pl o: Co stu m o da r es te e es cre ve um vâ nd al o ch eg a de , iss o é o no m e de le na pa re co re s e co m um de se nh o, ch eio de té tic o, di gn o co m pr ov ad o se ns o es , só qu e a pa de um gr an de ar tis ta o te m au to rire de qu e ele us ou nã ile ga l, é gr af iza çã o, fo i um a aç ão es tio na . te ou pi ch aç ão ?” , qu r qu e am Sh es ko pr ef er e di ze m es m o co nbo s fa ze m pa rte do a im po ssí ve l te xt o e, às ve ze s, fic M as sa lie nt a ta l di fe re nc ia çã o. é um at o de qu e a pi ch aç ão nã o s ac ha m . “O re vo lta co m o m ui to pe lo sta tu s , qu e ex ist e é a bu sca la tiv o e qu e m as é um sta tu s re ec im en to al nã o lev a a re co nh ev er o no m e gu m . O ‘la nc e’ é es cr ai or de um a qu an tid ad e m em fite m ai s di fíc il Shesko: Pichação não é gra lu ga re s, no s lo ca is de gu in te e ap re cia r no di a se so es ac do z el e em ve tu ra da no ite pi ch aç ão . M as se o re su lta do da av en é a nd ai o, se nh no m e fa z um de an te rio r.” (JR ) ar ti st a fa z um se u O ? ão pi ch aç Soraya Santos 16 e 25 an os . nt os e sã o jov en s en tre Sa e e sím nt ce Vi o Sã er aç ão ch ad or es pa ssa m se us g pi os em , to ão en im aç ec er qu g es De Pa ra nã o ca ir no pa ssa r a ‘gr ife ’ es m ui to fa m os os , “E xis te um la nc e de or o. ad çã ch ra pi ge ve em te o os çã nt ra Sa ge ch ad or cre ve nd o po r aí , o pi , CA VE RA - bo los de es cg po -2 m EX te AL um o, r pl ssa em pa ex co m o po r em e m ai s su ad ia nt e. De po is de tro pi ch ad or m ai s jov . To do s tin ha m ca ou e TO qu TA e ra E pa OK le de SM e p, 6a o um a o no m ‘fa m a’ do no m e, co m re s no es til o de ixa a la e nt cu ia rti ad pa e to lev ui a m lin as ra cte rís tic jei to a es sa ad re na qu e se m pr e se te é um m ov im en to te , ai nd a há al gu ns es e en qu lm a ua br At . lem ar ch ko pi es be m de ”. Sh ao ce ná rio pa ul ist an o m o VI TA IS, m ar ca do ra co , pa m da co ixa as Ba m , la de pe at ua nt es m an té m em at ivi da . (J. R. ) AG AS , en tre ou PR , OS EG PR co m o o pr óp rio gr af ite S, sim OA as AT o, en qu pe , tre Pr ai a Gr an de tro s. A m ai or ia fic a en Grande, São Vicente, Guarujá e São Paulo. A arte urbana passou a invadir as paredes interiores há cerca de dez anos, ao mesmo tempo em que foi vencendo o preconceito e superando qualquer expectativa. “Um novo trabalho abre sempre novas possibilidades, fiquei muito satisfeito com o resultado do trabalho que realizei no Santos Arquidecor, tanto pela qualidade estética quanto pela oportunidade de me conectar ao mercado de arquitetura e design de Santos, e divulgar a minha arte. Do mesmo modo, fiquei com o resultado da série Freehand que tenho feito pelas paredes da cidade, principalmente nos encontros da grife”, diz Shesko. Quando o assunto é o cenário do grafite em Santos, ele é categórico em opinar: “Gosto bastante do painel feito pelos amigos Ghori e Hugo na fachada do restaurante Estrela, na Ponta da Praia; o painel que grafitei com amigos na Avenida Epitácio Pessoa, próximo ao Canal 5, que teve bastante repercussão. Além do painel ao lado da Rodoviária de Santos que é antigo, mas foi um projeto grande e importante, gosto dele. Fora isso, há bastante coisa perdida por becos e vielas”, sem esquecer as raízes da arte urbana. Sobre o trabalho no Santos Arquidecor, explica que: “Foi uma criação abstrata, com formas geométricas que lembram formatos tridimensionais e dobras de origami, com uma cartela de cores pré- definidas para combinar com o espaço”. Mesmo com a inserção da arte urbana na classe média alta, Shesko acredita que o futuro do grafite não tem prazo. “Veio pra ficar, se inserir, se misturar, se fundir, se transformar e se for o caso até se desvincular. As telas não estão há séculos aí? Então, o que mudou foi o suporte e o material utilizado para a pintura, além do contexto histórico de onde surgiu.” Em maio deste ano, a presidente Dilma Roussef, sancionou a lei que diferencia pichação e grafite. A lei foi publicada no Diário Oficial da União no dia 26. Para determinar a diferenciação entre duas formas de expressão, o grafite foi descriminalizado quando tem o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado, sendo assim, considerado uma “manifestação artística”. De acordo com a lei, a pichação continua sendo um ato de vandalismo. A determinação também proíbe a venda de tinta spray para menores de 18 anos, e mesmo os maiores de idade deverão apresentar documento de identidade para a compra do produto. Além de campanhas de orientação, as latas de tinta em aerosol devem conter a inscrição “Pichação é crime (Artigo 65 da Lei 9.605/98). Proibida a venda para menores de 18 anos”. Em caso de descumprimento da lei, o infrator poderá ser detido pelo período de três meses a um ano. Edição e diagramação: Joana Ribeiro PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 9 A casa do desenho de humor Além de homenagear o chargista Accindino Souza Andrade, o Salão Dino é um espaço que busca talentos e alegria por meio da arte de desenhar Michael Gil Desde 2008, Santos aderiu ao salão de humor. Trata-se do Salão Dino, criado e idealizado pelos artistas gráficos Alexandre Barbosa, o Bar, e Osvaldo da Costa, o DaCosta, além da designer Márcia Okida, todos professores da Universidade Santa Cecília. O objetivo do Salão foi bem definido desde a criação, como diz Bar: “A meta é divulgar o trabalho de artistas ligados ao humor e ao quadrinho no estado de São Paulo, mais especificamente no Litoral Paulista”. DaCosta completa o raciocínio do colega: “Sempre tivemos a intenção de incentivar, descobrir e premiar novos talentos e valores”. Entre os fatores que geraram a criação do espaço, estava justamente a falta de uma casa do humor da cidade. “Em Porto (Portugal), fui até receber prêmios. Quando fui à Piracicaba, via que lá tinha um salão. Se esses e outros lugares tinham um lugar desse tipo, por que Santos não poderia ter um? Aí, conversamos e criamos o Salão Dino”, explica DaCosta. A partir daí, o salão vem colecionando conquistas. No entanto, essas “vitórias” não são bem do salão, mas do humor, da alegria. “Para nós, que idealizamos o projeto, ter um salão já é muito especial. Temos desenhos de todos os lugares. Até do Egito, da Bósnia, do Azerbaijão e da China”, revela Bar. Outro ponto alto do espaço é seu nome. Trata-se de uma homenagem a Accindino Souza Andrade, ou simplesmente Dino. O chargista, nascido em Santos, ficou mundialmente conhecido por seu trabalho com humor. Sua carreira durou 55 anos. Tanto Osvaldo Da Costa quanto Alexandre Barbosa admiram o artista. “Ele foi referência para a maioria dos desenhistas de humor da Cidade”, comenta Da Costa. Já Barbosa vai além ao falar de Dino. “Tive a honra de conhecê-lo quando trabalhei no jornal A Tribuna, de 1988 a 2002. Ele inspirou muito o meu trabalho com humor”. Dino continua a influenciar os adeptos da arte de desenhar, no entanto, agora, por meio do Salão e também de suas obras. Isso porque todos os interessados em publicar seus desenhos podem recorrer ao local. Há ainda concursos desenvolvidos no espaço, tudo para incentivar nossos artistas. Para participar do salão é simples. Segundo Da Costa, basta o interessado gostar de desenho de humor e conhecer seus gêneros: caricatura, charge, cartum e histórias em quadrinhos. Depois disso, acessando o site do Salão Dino (cursos.unisanta.br/producaomultimidia/dino), pode-se preencher a ficha de inscrição, enviando os trabalhos para se- rem analisados. Os melhores recebem prêmios que giram em torno de R$ 300,00 a R$ 1.000,00. Além da premiação, os desenhos são publicados, tanto por meio de internet quanto por exposições. Apesar do prazer gerado pelo Salão, ambos os professores lamentam a falta de apoio. E quanto eles falam sobre esse apoio, não estão falando do Poder Público. “O que falta não é ajuda do governo, mas da iniciativa privada”, colocou Barbosa. “Contudo, também considero a falta de interesse dos desenhistas um dos motivos desta falta de investimento”, reconheceu. Por isso, Da Costa salienta: “O desenho precisa de incentivos”. Novos conceitos na infografia Desenho e jornalismo eram vistos como atividades heterogêneas. Ou se entretia com o desenho ou se informava com o jornalismo. Mas com a inserção da infografia no mercado brasileiro no início da década de 1990 e a expansão do mundo dos games, este conceito mudou e surpreende a cada dia com inovações da integração entre texto e imagem. Estes temas foram discutidos no último dia da Semana Ceciliana, em 30 de setembro, com a presença do diretor do Núcleo de Infografia da Editora Abril, Luiz Iria. Ele conta que quando saiu da revista Super Interessante, onde trabalhava desde 1994, passou a ser diretor de infografia em 1998. Começou a dividir as experiências adquiridas no dia a dia tanto com a equipe de arte quanto a equipe de jornalismo. “Eu tive uma missão, que era disseminar a linguagem da infografia dentro das revistas da Abril, pois lá existem revistas com um potencial maior para usar a linguagem e outras não. O jornalista e atual diretor artístico da Escola de Artes Cênicas Wilson Geraldo, da Secretaria de Cultura, sediada no recém-restaurado Teatro Guarany, Roberto Peres, disse que a inexistência de mostras de artes visuais de qualidade está diretamente relacionada ao desinteresse do público. “Ele não busca ver nem adquirir obras de arte; desse jeito, uma exposição fica cara tanto para o artista como para a galeria, além de não ter retorno financeiro necessário para co- 10 Segundo Peres, a Secretaria de Cultura apóia a arte na região na medida de suas possibilidades e verbas, mas não se pode esperar paternalismo do poder público. “Felizmente, temos o Sesc, um verdadeiro Ministério da Cultura que realiza projetos notáveis e o Sesi, que tem uma programação teatral, adulta e infantil, agora quanto aos patrocinadores em virtude dessa desvirtuada Lei Rouanet, só se interessam por globais ou comedinhas rasteiras”, comentou o jornalista. “Quem tiver interesse em ver exposições e mora na região, evidentemente, só encontrará em São Paulo, por ser uma megalópole independente de crises”, conta Peres. Peres começou no jornalismo em 1967 no jornal Cidade de Santos onde atuou durante 20 anos. No jornal, ele foi repórter, repórter especial, pauteiro, chefe de redação e editor do caderno de Variedades. Também trabalhou no jornal A Tribuna. Roberto Peres colaborou para os jornais paulistanos Última Hora, Folha da Tarde e Jornal da Tarde. O diretor artístico contou que o seu envolvimento com a arte surgiu antes do jornalismo, período em que fez cursos de teatro. “Fui aluno de lendas como Ziembinsky e Eugênio Kusnet, além de ter contato com cinema (Cinemateca Brasileira), música (Diogo Pacheco), afora literatura e outros”. O jornalista falou que a sua paixão pela cultura vem desde os 12 anos. No final da década de 50, ele falsificava documento para ir ao teatro, já que a classificação etária era para maiores de 18 anos. Assim, burlando a idade, pôde ver a estréia nacional de A Doce Vida, de Federico Fellini. Depois disso, continuou mantendo a necessidade de saber e não largou a arte. ão co conta com a participaç A criação de um infográfi rter, o editor, o ilustrador, o pó de cinco profissionais: o re a tografi designer e o diretor de fo Quando comecei como diretor de infografia, trabalhava com três revistas. Hoje, já levo o recurso para mais de 30 títulos da editora”. Iria foi um dos pioneiros a se interessar pela linguagem visual quando o recurso começou a ser introduzido na editora por iniciativa do editor Eugênio Bucci. Este visitou jornais espanhóis e americanos e organizou palestras e workshops com profissionais espanhóis Cidade enfrenta esvaziamento nas artes visuais Luiz Felipe Lima na Abril. Com experiência de mais de 16 anos na área, ele diz que a partir do momento que identifica alguém que gosta de infografia, adora a linguagem, seja de arte e de texto, aconselha a pesquisar na internet sobre o tema. “Ter contato visual o tempo inteiro é muito importante para pensar visualmente”. O diretor do Núcleo de Infografia da Abril contou que geralmente a criação de um infográfico conta com a participação de cinco profissionais: o repórter, que vai a campo fazer a apuração; o editor de texto, que edita o trabalho do repórter; o ilustrador, que vai criar as imagens; o designer, que é responsável por aplicar as legendas no infográfico e o diretor de infografia. Premiado por três vezes com a melhor arte de infografia do mundo no prêmio Malofiej — premiação de maior prestígio na área de infografia, Iria analisa a tendência de crescimento da linguagem infográfica: “O próximo passo a ser dado é fazer com que este recurso se torne mais constante dentro das universidades porque ele pode virar uma matéria obrigatória, e a partir disso, formar profissionais tanto na área de designer como na área de jornalismo, que eventualmente venham a trabalhar com essa linguagem no futuro.” RODRIGO DANTAS Joana Ribeiro brir gastos e patrocínio”, disse Peres. O Centro de Cultura Patrícia Galvão, a Prodesan e a Pinacoteca Benedito Calixto são os únicos espaços que continuam realizando mostras com periodicidade. Estes órgãos oficiais selecionam as mostras entre os pedidos encaminhados. A Pinacoteca atua com esse mesmo tipo de seleção e também com convites. A escola de inglês Centro Cultural Brasil-Estados Unidos (CCBEU) fechou sua galeria de arte, assim como muitas outras fecharam Edição e diagramação: Gabriel Martins PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 recentemente, como a Hogar D’Art, que ficava na Avenida Epitácio Pessoa, 177. Hoje não existem galerias de arte particulares -- uma exceção é a Espaço D’Arte, na Rua Machado de Assis, que, porém, não realiza exposições contínuas, trabalhando apenas com acervos. Hoje, a Prodesan recebe a arte acadêmica enquanto a Patrícia Galvão, artes moderna e contemporânea. A Pinacoteca, conforme Peres, tanto exibe obras de arte de qualidade, como outras de valor discutível. Pinacoteca abrigará Museu de Arte Contemporânea Projeto aguarda aprovação do Ministério da Cultura para ser executado por meio da Lei Rouanet SORAyA SANTOS Vivi Ramos Uma das principais referências culturais e artísticas da Baixada Santista, a Pinacoteca Benedicto Calixto receberá, em seu estacionamento, o Museu de Arte Contemporânea de Santos. O projeto, desenvolvido pelo premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, já está pronto e a maquete pode ser conferida no acervo da Pinacoteca. O novo museu contará com 8.180 m2 de área construída em um terreno de 2.800 m2. “No piso térreo, o projeto prevê um grande salão de exposições com 1.135 m2, uma estrutura com café, bilheteria, loja e guarda-volumes”, conta o presidente da Fundação, Mário Flávio Paes de Alcântara. “O primeiro pavimento contará com escritório, biblioteca e salas administrativas. No segundo piso, haverá uma sala de exposições com 1.200 m2 e no terceiro, mais um salão de exposições, um auditório, salas para reserva técnica e arquivo. O estacionamento vai ocupar 3 mil m2 no subsolo”, acrescenta. De acordo com Alcântara, no momento, a Fundação está negociando com construtoras e aguarda a aprovação do projeto pelo Ministério da Cultura, para ser executado por meio da Lei Rouanet. O passo seguinte será a captação de recursos. Ainda não há prazo para o início das obras. A Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto foi criada em 1986, com o objetivo de levantar e catalogar obras do pintor Calixto (18531927), criando o Centro de Documentação. Trata-se de uma instituição sem fins lucrativos, considerada como importante espaço lixto foi criada em 1986, Fundação Pinacoteca Benedicto Ca obras do pintor Calixto com o objetivo de levantar e catalogar para diversas manifestações culturais e artísticas. No local, acontecem exposições de nível internacional, lançamentos de livros, apresentações musicais, teatrais e literárias. Além disso, o espaço oferece cursos de História da Arte, Dança, Literatura, Escrita e Pintura. O acervo da Pinacoteca é dividido pelas temáticas: Marinhas; Pinturas Históricas; Retratos; Sacras e Nus. Por meio de um convênio com a Prefeitura de Santos e a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), foi implantado o projeto Conheça Calixto. “É uma iniciativa que visa a receber crianças e adolescentes das redes públicas municipal e estadual. Durante a permanência delas no museu, conhecem um pouco da vida e do trabalho de Benedicto Calixto. Visitam as exposições que estão em A cartaz, participam de oficinas culturais e atividades lúdicas”, conta Alcântara. Entre os dias 3 e 11 de dezembro, a Pinacoteca contará com programação especial em comemoração aos 25 anos de fundação. Entre os eventos previstos estão a inauguração do café da Pinacoteca, da galeria de fotos dos ex-presidentes e da nova iluminação do casarão e a apresentação de um coral, camerata, e quarteto de cordas. O casarão branco Casarão Branco – assim é conhecida pelos santistas a sede da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto. Tem estilo neoclássico, misturado ao estilo art noveaux. Quando o casarão foi construído, em 1900, pelo alemão Anton Carl Dick, possuía linhas retas, sem definição arquitetônica. Em 1910, foi vendido ao exportador de café Francisco da Costa Pires, que morou no local com a família até 1913. Com dificuldades financeiras, ele resolveu vendê-lo, mas o readquiriu em 1921. Nessa época, realizou uma grande reforma interna e externa, imprimindo ao imóvel as características que se mantém até hoje. “Por se tratar de uma edificação em processo de tombamento, temos por princípio preservála”, conta o presidente da Fundação. Ele destaca os maiores desafios para manter as características do patrimônio: “Dificuldades dizem respeito a reposições de peças que se desgastam, a exemplo de luminárias, fontes, afrescos e grades, difíceis de serem encontrados ou refeitos, e que custam caro”. Site interativo Desenvolvido desde 2010, o site oficial conta com o personagem “Calixtinho”. O objetivo é despertar nas crianças a curiosidade sobre as obras e vida do pintor. Lá há jogos de quebra-cabeça e pintura. A composição do novo site permite interagir com o internauta por meio de troca de mensagens que vão de sugestões a dúvidas. São inseridos semanalmente a programação e outros conteúdos informativos. Além disso, o internauta tem acesso ao histórico da Fundação e do pintor, informações sobre as obras do acervo e os contatos com os responsáveis pela instituição. A Pinacoteca fica à Avenida Bartolomeu de Gusmão, 15, Boqueirão. Funciona de terça a domingo, das 14 às 19h. Tel. (13) 3288-2260 UNISANTA oferece espaço para exposição SORAyA SANTOS Aline Porfírio Com a correria do dia-a-dia, nem todos percebem que bem ao lado das catracas do Bloco M existe um local especialmente dedicado a arte na UNISANTA. É o Espaço Cultural, que funciona como uma área de oportunidades para exposições de estudantes e artistas. O local recebe trabalhos como mostras artísticas e fotográficas e eventos como apresentações de moda, lançamento de livros, entre outros. Existente desde o início da década de 1980, o Espaço Cultural já passou por diversos locais da Universidade, como a Chancelaria e salas que antes eram de aulas. Na localização atual, o espaço encontra-se há 10 anos e é coordenado por Lídice Moura, professora do curso de Artes Visuais. A galeria recebe atividades o ano todo, e, segundo Lídice, essa é a principal forma de trabalho para os O A recebe diversos trabalhos O Espaço Cultural da UNISANT s como mostras artísticas e fotográfica alunos dos cursos de Artes e Comunicação. “Antigamente a maior parte das exposições vinha de fora. Com o tempo, conseguimos que sempre aconteça uma atividade exposição dos alunos da casa, de modo a incentivarmos essa prática”, explica. Para ela, a educação é o principal fator para a existência da Galeria de Artes, pois é por meio dela que os alunos exercitam a criatividade e recebem o incentivo para produzir e expor. “O espaço é amplo, bem dividido e conta com suportes especiais para fins artísticos”, destaca. Neste ano, a galeria receberá diversos trabalhos, como o Expo-Santa, as apresentações dos Trabalhos de Conclusão de Curso dos alunos de Artes Visuais e, pela primeira vez, será aberto para exposições dos estudantes do Colégio Santa Cecília, em virtude da comemoração dos 50 anos do complexo educacional. Para quem quiser conferir as atividades e eventos do local, o Espaço Cultural fica no Bloco M, ao lado do consistório. Edição e diagramação: Gabriel Martins PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 11 alhos Na lanterna Cineclube Lanterna Mágica, que se dedica-se à sétima arte há mais de uma década, busca atrair mais espectadores MARIANA BEDA Willian Guerra O Cineclube Lanterna Mágica ressente-se da presença de mais público em suas atividades e promoções. Coordenado pelo jornalista Eduardo Ricci, que há mais de dez anos fundou esse espaço de debates e exibições da sétima arte, o local tem reunido poucos interessados. Há exibições que contam somente com um ou dois espectadores. Ricci desconhece o real motivo desse desinteresse. Por se tratar de cinema, arte de que a maioria gosta, entende que o espaço deveria ser mais freqüentado. “O público que comparece às sessões é, na maior parte, de fora da universidade. Os poucos alunos que comparecem são das áreas de Artes e Comunicação e também de Biologia”, revela. Para ele, o cineclube já esteve mais inserido na universidade. “Hoje o aluno está mais focado nas suas tarefas acadêmicas. Talvez isso dificulte que eles venham até nós, mesmo nos intervalos das aulas como já aconteceu algumas vezes.” O coordenador do Lanterna Mágica acrescenta que a ausência de público não se dá pela falta de divulgação. “Enviamos em média quatro mil e-mails quinzenalmente, mas o retorno é bem aquém, infelizmente”. Cine Mochilão Apesar dessa dificuldade, Ricci continua estimulado e criando atrativos. A mais recente iniciativa é o Cine Mochilão, criado em julho deste ano. Mas, esse projeto, que apresenta filmes sobre pessoas que viajam pelo mundo, não vem atraindo o público. A reportagem do Primeira Impressão esteve no cineclube e constatou que somente uma espectadora assistia ao ma são encontrados no local... Cartazes de filmes e material sobre cine longa intitulado “Albergue Espanhol”. A espectadora é a professora aposentada Odete Henrique, que freqüenta o local há aproximadamente cinco anos. Ela revela que gosta dos filmes apresentados e que naquele espaço se sente bem. “O Eduardo Ricci vê além do que é mostrado na tela, e por isso eu gosto muito daqui.”, diz. Ela cita um filme exibido recentemente e que a marcou. “O filme se chama O Piano e me identifiquei muito com ele. Inclusive adorei o debate com o Ricci no final.”, conta. O filme conta a história de uma mulher que se muda para à Nova Zelândia, recém-colonizada. Junto com a filha, ela conhece um homem que futuramente seria seu marido. Daí em diante desenvolve-se a trama. MARIANA BEDA ...que tem sido ocupado, principal por atividades acadêmicas. Festival Curta Santos exibirá longas em 2012 Bruna Garcia A 10ª edição do Festival Curta Santos, no ano que vem, contará com a exibição de longasmetragens. O diretor cultural Ricardo Vasconcellos anuncia este novo passo na trajetória do evento: “Isso para que possamos atrair os olhos do País para cá e transformar a iniciativa em algo fixo e duradouro, com divisas em vários setores de crescimento econômico”. O nome do evento também mudará. Passa a se chamar 10º Curta Santos — Festival de Cinema, com o mesmo formato das edições anteriores, adicionando-se a exibição de longas-metragens e o glamour necessário para recebêlos. Também farão parte da mostra estreias e novas produções do universo cinematográfico nacional, além de oficinas, feiras culturais, 12 exibições acessíveis espalhadas pela Cidade e muito mais. O jornalista e documentarista Thiago Chichorro foi vencedor de quatro prêmios com o seu grupo na 8ª edição, com o curta. Ele reafirma a importância de ter o trabalho valorizado: “É muito bom ver o reconhecimento de um festival de peso como o Curta Santos. Torço pelo crescimento contínuo do evento, um estímulo para as artes cinematográficas na região”. Histórico O Festival Santista de CurtasMetragens foi idealizado pelo escritor José Roberto Torero com a atriz Bete Mendes, junto com os produtores culturais Toninho Dantas e Ricardo Vasconcellos, e da diretora do Festival de Curtas-Metragens de São Paulo, Zita Carvalhosa. “A ideia era trazer um pouco do festival Edição e diagramação: Danilo Netto PRIMEIRA IMPRESSÃO •Outubro de 2011 paulistano para as salas de Santos”, diz Vasconcellos. Em 2002, nascia então uma mostra local de cinema, com 26 produções locais e a criação de oito roteiros inéditos. No ano seguinte, houve um salto para um evento muito maior e mais ousado. O número de inscrições pulou de 26 para 428 filmes. Já passaram pelo festival atores e personalidades do meio cinematográfico, como Alexandre Borges, Rubens Ewald Filho, Carla Camurati, Beto Brandt, Denise Fraga, Eva Wilma, José Wilker, Júlia Lemmertz, entre muitos outros. No ano passado foi realizada a primeira edição do festival sem a presença de seu diretor, Toninho Dantas, falecido em maio de 2010. Em sua homenagem, o tema da edição foi “Só os Loucos Sabem...”, focando a necessidade do caos no meio artístico. “Toninho sempre foi conhecido por suas gafes no evento. Nas festas de gala de abertura do festival, ele sempre abria o evento com a frase “Viva o teatro” (ele foi, por muitos anos, presidente da Federação de Teatro de Santos, e se confundia!). Na sexta edição, ao se referir a Toninho Campos, proprietário do Cine Roxy, para subir ao palco, o chamou de Toninho Dantas, seu próprio nome! Isso entre muitas outras gafes que não cabem a mim dizer”, brinca Vasconcellos. Na última edição, o Curta Santos recebeumaisde700trabalhosinscritos, exibiu 198 filmes gratuitamente e contou com a exibição de 13 mostras. O público estimado foi de 90 mil espectadores. O festival emprega cerca de cem profissionais, entre pré e pós-produção, e já se consolidou como um dos principais eventos cinematográficos do País, e conquistou outros espaços, firmando parcerias com festivais da Alemanha, Japão, entre outros países. Grandes poetas eternizam momentos e marcam a história Os santistas Roldão Mendes Rosa, Narciso de Andrade e Jair dos Santos Freitas deixaram suas marcas na Cidade com suas obras literárias Gabriela Pomponet MARIA NABE DA Poetas eternizam momentos com seus versos. E se alguém perguntar o que eles deixamdemaisvaliosoaresposta, sem dúvida, será seus versos. Roldão Mendes Rosa, NarcisodeAndradeeJairdos Santos Freitas, os três últimos grandes poetas da cidade de Santos, marcaram e mudaramavidademuitaspessoas comseussentimentosepensamentos,consequênciasdaspalavrasescritasemumpapel. O criador da revista literária Mirante e poeta Valdir Alvarenga foi amigo dos três artistas. “Defino-os como figuras raras. Cada qual deixou sua marca na história, principalmenteporsuasobras literárias.Sempremechamou a atenção a profundidade e densidade dos seus textos, autenticamente poéticos. Tinhamvariedadedeassuntos. Faziamumapoesiacristalina, apurada”,conta. Alvarenga frequentou a Faculdade de Letras da UniversidadeCatólicadeSantos, e pertencia ao grupo de poetas e escritores independentes chamado Picaré. Lia as críticas literárias de Roldão MendesRosanojornalATribunaetornou-seseuadmirador. Para conhecê-lo, teve a cara de pau de assistir a algumasdesuasaulas,clandestinamente, passando-se por aluno dele. Isso durou alguns dias, pois confessou sua atitudeaeleeRoldão,sorrindo, dissequepoderiaassistirsuas aulas quando quisesse. Amizadefeita. Conseguiu arrancar uma entrevista dele para a Mirante, revista que edita há 29 anos. Nos anos oitenta, Roldão era professor de Comunicação,colocadodelado, beirando à aposentadoria, e Alvarenga teve o privilégio deprocurá-loparatomarum cafezinhoeconversar.“Eume sentia todo orgulhoso de podercompartilhardesuaamizade”. OpoetaNarcisodeAndrade ele só conhecia de nome, mas sabia que era muito amigodeRoldãoedesconhecia o fato de que ele procuravanasbancasnobairroda Pompéiaalgumexemplarda revista Mirante.“Nãolembro exatamente como conheci Narcisopessoalmente,massei que a partir deste momento inauguramos aquilo que se chama amizade. Era impossível conhecer Narciso e não gostardele.Convivibastante comele”. Alvarenga lembra ter se divertido muito com o senso de humor de Narciso. Ele era um louco controlado. A revista Mirante dedicou uma edição especial ao poeta e seuspoemasestãosempreem suaspáginas.Outraamizade literária da qual teve muito orgulho. Jair,opoetadoRotaRota, livro de poemas, era amigo de poetas amigos seus como Alex Sakai e Nilton Thomé. Via-opassarnasruasdeSantosantesdetersuaamizade. Semprecomroupasextravagantes, bermudão, às vezes, colocava um capote negro, que combinava bem com seuscabelosnegros.“Polemis- ta,doido,podemdizermuita coisa dele, ele dava motivo, éverdade,masnofundoera um poeta sensível, sempre aberto para conversas sobre literatura, muito culto, enfim uma figura que faz falta nestacidade”,comentaAlvarenga. Por incrível que pareça, Alvarenga conheceu Jair num jogo de futebol realizado na praia do Gonzaga, entrepoetasejornalistas.Do jogo participaram os poetas Alex Sakai, Zelus Machado e JoséCandido.Osoutroseram convidados não poetas como Miguel Santana e Wagner Parra. Jair começou no ataqueeterminounogol,poisjá tinhatraçadováriasdosesde álcool. Um jogo histórico que motivou Roldão a escrever no jornal sobre seu espanto de haver tantos poetas na cidade. Não era bem assim. Detalhe: ele deu o resultado dapartida,4a4.Aamizade fluiu, conviveu bastante com ele, indo em sua casa, quando ele morava na Rua Mato Grosso. E acabaram trabalhando profissionalmente juntos na Secretaria de Cultura, ondeAlvarengajáatuava. “Jairmechamouparafazerpartedaequipequecuidaria de projetos literários. Então, pude desenvolver e organizar projetos como varaisdepoesia,criaroprojeto “O Autor e sua Obra”, que permaneceatéhoje,ciclosde poesiasfaladas.Semfalarda revistaArtériadaqualfuium dos revisores, e pude participarcomideias”,relembra. Pesquisismo Segundo Alvarenga, Narciso e Roldão, na década de 40, fizeram parte do pesquisismo, uma espécie de grupo que contava com nomes como Miroel Silveira, FranciscodeMarchi,CidSilveirae CassianoNunes,entreoutros, que era tão contemporâneo quediscutiaaimportânciado modernismo,movimentoque consideravamultrapassado. “Explicar o estilo de cada um é complicado, e acredito que nem conseguiria fazê-lo, masévisívelqueacidadede Santos foi inspiração permanente para os dois poetas e elesescreverampoemassobre acidade.Amboseramobservadores atentos das situações do dia a dia, que estão presentes nos textos dos dois poetas ao lado deimagens do cais, a maresia, o Oceano Atlântico logo ali. Enfim, dois poetas de conteúdo e forma apurada. Jair, por sua vez, era um estilo mais livre, sem pertencer a nenhuma escola. Um franco atirador, sempre prontoaexperimentaracriaçãocomaspalavras”. O poeta lembra-se dos companheiros com carinho. Conheceu Narciso e Roldão, ambosjornalistasde ATribuna. Narciso como cronista e Roldão como critico literário. Jairerafuncionáriopúblicoe teveumcargoimportantena Secretaria municipal de Cultura, como coordenador de projetosliterários. Segundo Alvarenga, na vida pessoal, Roldão assustava quem não o conhecesse mais intimamente com seu modosériodeser;noentanto, eraumapessoadoce,amável e muita humana. “Já Narciso era completamente louco, atrás de sua aparência reservada. Uma criança peralta travestido de adulto. Um humor grande e uma criatura maravilhosa”, diz. “Jair era, por sua vez, irrequieto, polêmico, uma pessoa culta e divertida, mas que tinha momentos agressivos, se fosse contrariado, e assustava quem estivesse perto. Coisa delibriano.Eramaisumadefesa,mas,nofundo,erauma pessoasensíveledoce.Adoravaefaziatudopelosamigos”, recorda. O jornalista Adelto Gonçalves, doutor em Letras na áreadeLiteraturaPortuguesa pela Universidade de São Paulo, teve algumas conversas com Narciso nos anos 80 e 90, no Café Paulista. “Fui apresentadoaelepeloRoldão Mendes Rosa, que havia sido meu professor na Faculdade eerameucolegaderedação emATribuna.Maséramosde geraçõesdiferentes.Oqueele me dizia coloquei em texto publicadonaRevistaBrasileira,daAcademiaBrasileirade Letras, em 2004, e que saiu como prefácio do livro dele quefoilançadoem2007,no mesmo ano de sua morte”, conta. Segundoojornalista,apoesiadeleédeexcelentequalidade,estánoníveldosmaiores poetas do mundo. “Está no nível da poesia do Carlos DrummonddeAndradeedo Manuel Bandeira, que tiveramasortedevivernoRiode Janeironaépocaemqueesta cidadeeraacapitaldaRepública”, diz. Ele acredita que, se Narciso tivesse investido mais na carreira, provavelmente, teria ficado conhecido nacionalmente. Quem sabe, seeletivesseeditadoumlivro quandoeramaismoço,ainda queasuacusta,talveztivesse ficado mais conhecido na república literária. E isso de editaroprópriolivronãoera demérito nenhum naquela época”,acrescenta. Gonçalves lembra que Lêdo Ivo, que é da geração deleemembrodaAcademia Brasileira de Letras, outro grande poeta, também editoulivroporsuaprópriaconta. “Até porque as editores sempre torcem o nariz para publicar livros de poesia. De qualquer modo, o Narciso foi reconhecido como grande poeta, pelo menos aqui emSantos.GraçasàEditora da UNISANTA que foi responsável pela publicação doseulivro,PoesiaSempre. Pelo menos, a poesia dele está nas bibliotecas e poderáserconsultadapormuitas gerações”,diz. Eu, poeta nada de especial quando eu passo ninguém grita ninguém pede meu autógrafo não pro voco aglomerações passo e já sou passado há quanto tempo não te vejo, poeta, a recíproca é verdadeira estamos em junho difícil nos encontrar mos eu, poeta, con verso com o sol ninguém entende as coisas são simples areia água distância ilha – trilha de vida o poeta não pode se perder porque não segue caminhos marginal – solitário – solidário abraça o infinito e chora ninguém entende (Narciso de Andrade) Tânia Vadiga Quem te ouvisse falar, Tânia Vadiga, de uma coisa talvez não se olvidasse do móvel horizonte de teus lábios num já amanhecido céu de inverno, da linha branca e frágil das palavras desfeitas em gaivotas, nunca vistas pelo sonho mais sonho concebido sequer pelo olho mágico dos deuses. Quem te ouvisse falar não esqueceria dessa praia de náufragos aberta aos que te chamam do mais fundo oceano, dessa terra que o mar deixou deserta para que houvesse o espaço que exigias ao vôo rente e branco de teus dias (Roldão Mendes Rosa) Cotidianidades só existe um recomeçar em tudo e este é sempre pretérito para nós quando o momento se faz em si premente agudo. fica deste recomeço antigo a melancolia o arrumar a casa todo dia o refazer diário que o momento quando em si conhece e ignora por sabido. a sensação de um futuro olvido pontilhado de momentos já vividos o vago sabor da eletricidade na água da boca depois o desalento das tardes não côncavas o gozo que nunca foi como poderia ter sido os dias enfileirados os dias enfileirados os dias. e sempre se recomeça aquele recomeço como quem já nem espana os livros na manhã em que os queria limpos. e se recomeça por vê-los perfilados como os dias amarelos remendados poeirentos toda uma coleção de momentos dentro de momentos ao infinito que parece ali e não além. e se contempla o momento no instante mesmo em que ele foge surpreendido. Cotidianidades (Jair dos Santos Freitas) Edição e diagramação: Vanessa Simões PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 13 “É estranha essa Cidade”, diz Mendes O compositor Gilberto Mendes fala sobre o Festuval Música Nova, que completará 50 anos em 2012, desta vez no interior paulista ALINE DELLA TORRE Aline della Torre Gilberto Mendes é um dos principais compositores de música erudita da atualidade nome é uma referência. Seus CDs são sucesso internacional e ele já tocou nos principais centros de música da Europa e dos Estados Unidos. Criador do Festival Música Nova em 1962, em Santos, Mendes é cultura viva. Em entrevista ao Primeira Impressão, ele conta os rumos que o festival está seguindo e crítica a Cidade como um lugar onde não se faz nada de verdade. Primeira Impressão — O Festival de Música Nova é o mais antigo do gênero nas Américas? Gilberto Mendes — Sim. existe desde 1962. Em 2012, ele fará 50 anos. PI — O Festival começou em 1962 em Santos, mas antes teve um com outro nome em São Paulo? GM — O Festival Música Nova começou. Não começou com este nome, começou com... Nem me lembro mais, talvez Semana da Música de Vanguarda. A gente começou em São Paulo, porque aqui não se faz nada de verdade. Então, eu fazia parte do movimento de música contemporânea, música nova, música moderna de São Paulo. E foram surgindo compositores nesse grupo, eu, Rogério Duprat, Willy Corrêa de Oliveira, Damiano Cozzela, entre outros, e começamos a formar um grupo, com a mesma ideia de tornar moderna a música erudita brasileira que estava apagada em relação às outras. PI — Então, foi com esse objetivo de modernizar a música que o festival foi criado? GM — Atualizar a linguagem da música erudita brasileira, atrasada em relação aos outros países, sobretudo a Argentina, que estava produzindo uma ótima música. Um deles até se mudou para a Alemanha e se tornou um dos maiores compositores do mundo, Maurício Kagel. Na Bienal de São Paulo, em 1961, me ofereceram para fazer um concerto com os quatro importantes compositores que eram eu, Rogério Duprat... (pausa para uma tosse, Gilberto Mendes explica que tem asma) PI — Por isso que o senhor está morando na praia ainda? GM — Ah, eu nunca morei em São Paulo. Se eu tivesse morado lá eu já teria morrido. Aquela poluição, aquele ar, o frio. PI — E o senhor vai fazer 90 anos, não é? GM — No ano que vem. Aguarde um pouco, tão precipitando muito. Fiz 89 na semana passada (13 de outubro). PI — Vocês fizeram um concerto em São Paulo e depois trouxeram para cá? GM — Nós fizemos um concerto em 1961. Muito bom, muito importante que foi na Bienal de São Paulo. Foi 14 no Teatro Cultura Artística e televisionado ao vivo pela antiga TV Excelsior. Teve poesia concreta com cartazes, um negócio muito chique. E eu ofereci fazer isso em Santos. E o cara lá falou para eu trazer algumas coisas. Aí eu fiz umas três palestras, umas audições também de discos de música eletrônica. Quando eu falo de música eletrônica é a verdadeira, não essa de pista aí. PI — Qual é a verdadeira música eletrônica? GM — Música eletrônica de pista é música comum, feita com instrumentos eletrônicos. A música eletrônica erudita é outra coisa. Não entra nota, é... (Gilberto Mendes imita os sons com a boca...) É com ruídos sintetizados em aparelho. Mas essa música eletrônica de pista pegou e ninguém tira. Onde é que eu estava? Ah, então, teve as audições de discos e se chamou Semana de Música Contemporânea. Eu pensei que fosse só aquilo e iria morrer, não é? Nesse mesmo ano, eu, Willy Corrêa de Oliveira, Rogério Duprat, que depois ficou famoso na música popular, nós três e depois mais um outro que caiu fora, o Damiano Cozzela, nós quatro éramos os principais compositores e no meio do ano (de 1962) fomos para a Alemanha. PI — E como foi a volta ao Brasil? GM - Quando nós voltamos trouxemos uma extensão de um movimento universal que tinha como centro principal a Alemanha. E nós trouxemos a Música Nova para cá com a tradução de neue musik do alemão, música nova. Nós trouxemos esse nome porque estava no nosso objetivo, o de renovação da linguagem com sons eletrônicos concretos. Então, no ano seguinte, inspirado no Festival de Música Nova que tínhamos visto na Alemanha, preparei o festival fazendo parte da comissão de cultura. E lembrando do festival anterior, eu coloquei esse como o 2º Festival de Música Nova. PI — O senhor disse em uma matéria para o Estadão. com, setembro, que o festival não se realizou esse ano por absoluto desinteresse da Prefeitura e da Secretaria de Cultura da Cidade. O que aconteceu? GM — Aconteceu também há cinco anos, pelos mesmos motivos de agora, puro descaso. E também por um descaso daquela época da Secretaria de Cultura que tirou a Orquestra Sinfônica de Santos de nosso festival. Aí me preveniram de que era o primeiro passo para fechar a Orquestra Sinfônica. Então, em defesa da Orquestra Sinfônica de Santos, que era uma conquista da Cidade, não teve festival aquele ano. PI — E no ano passado teve o festival em Santos e em São Paulo também? GM — Isso. Em Santos e em São Paulo porque o festival é um movimento de São Paulo que eu trouxe para cá porque Edição e diagramação: Gabriel Martins PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 pais centros de música Gilberto Mendes já tocou nos princi do mundo. aqui tivemos condições de fazer melhor. Em São Paulo, já acontece muita coisa. PI — O senhor ficou chateado por não ter acontecido o festival este ano? GM — Não, não fiquei. Não pensem que eu estou chateado. Isso foi só um aspecto da minha vida. Eu não sou empresário, não sou produtor, não ganho nada com isso. Pelo contrário, saiu muito dinheiro do meu bolso. Tive que telefonar para o exterior e isso é caro. Quando os músicos vêm aqui eu os levo a restaurantes, não vou levá-los a uma espelunca. É muita despesa desse tipo. Eu não ganho nada com esse festival, nunca ganhei nada. Só no primeiríssimo que eu fiz, quando dei palestra, eu ganhei uns 300 reais, 500, no máximo. Mas depois, quando o festival se definiu melhor, eu não quis mais. Eu nem ia participar direito, só ia dar uma palestra e outra. E eu sou muito criticado por isso. PI — Criticado por não receber dinheiro? GM — É, porque todos que fazem recebem. E hoje existem muitos festivais, só em Paulínia são três. Há o festival de música, de cinema e o de teatro. Só nessa cidade aqui que não tem nada. O de teatro ainda é de teatro amador. Cidades do interior fazem festivais internacionais de teatro trazendo grupos do exterior. Santos, que teve Cacilda Becker, Plínio Marcos, não faz um festival internacional de teatro. É estranha essa cidade. Ela abriga vários compositores e, modéstia à parte, eu vou ter que me incluir nisso. Eu e o Almeida Prado estamos entre os cinco mais importantes compositores brasileiros do momento. Com um país enorme, com tantos estados, dois são de Santos. PI — Dá para entender isso? GM — É uma coisa esquisita. Às vezes, penso se é por conta da proximidade com São Paulo. Eu não fui para São Paulo porque sofro de asma. Eu teria vivido lá se não tivesse asma. As coisas todas estão lá, mas o fato de morar aqui puxei o festival para cá e floresceu. Mas se tivesse uma secretaria que percebesse isso aí, de cultura e de turismo, tiraria um proveito enorme. A primeira desculpa é: no festival vai pouca gente. Vai pouca gente, mas é muito famoso. Não entendem que essa pouca gente que vai é bem escolhida. São jornalistas, gente da publicidade, exitem alguns músicos, mas os bons mesmos, não só aqueles que vão pra escutar Chopin e Beethoven – que são muitos bons, de fato -, mas o mundo não parou ali, surgiram outros. Mas a problemática é essa. PI — O festival do próximo ano vai ser em Ribeirão Preto? GM — É, surgiu a ideia. Teve um ex-aluno meu lá da USP, que é de Ribeirão Preto, e agora é professor titular, conseguiu puxar, para não ter que ficar dando aula em São Paulo, um departamento de música da USP em Ribeirão Preto. E a USP já têm departamentos famosos lá, o de Medicina é ótimo, o de Física é muito importante. Agora, estão fazendo esse de música primoroso. Já tem dois teatros lá e estão fazendo outro. Então tem tudo lá. E a USP sempre foi ligada ao festival porque 40% dos músicos brasileiros que participam do nosso festival são da USP, colegas meus, pois já dei aula lá. PI— Quantos anos o senhor deu aula na USP? GM— 15 anos. Pouco tempo. É que eu tinha um emprego público que ganhava muito bem. Eu trabalhava na Caixa Econômica Federal. Se assumisse a USP teria que largar a Caixa e perderia todos os meus direitos. Eu teria que assumir uma carga horária em São Paulo integral, ou seja, teria que mudar para lá. Mas não quis fazer isso, se fizesse isso já teria morrido. Entrei na USP quando me aposentei da Caixa. Aí assumi a USP, mas com carga horária pequena. PI — O que vai ter no Festival de Música Nova de Ribeirão Preto em 2012? GM— Vai ser como os outros. Terá concertos e vamos ver quem vamos trazer do exterior e daqui do Brasil. E a novidade são os cursos, mas não vai ser como o que tem em Campos do Jordão, porque o de lá dura um mês. PI— É muito tempo? GM— É, é muito puxado. Eu sugeri fazer como o da Alemanha, que são dez dias. E é uma coisa muito superior, mais que o de Campos do Jordão, que é música no geral e envolve até principiantes. O nosso vai ter cursos para quem já é formado, um aperfeiçoamento. Fazer o festival em 10, 12 dias já está muito bom. PI — Para encerrar, o que o senhor acha do rumo que a música brasileira está tomando? GM — Quando alguém pergunta isso é porque já está pensando em música popular. PI — Não, não estava pensando nisso. GM — Você gosta de música erudita? PI — Não tenho conhecimento para avaliar isto, mas o som me agrada sim, bastante. GM — Isso é uma coisa que acabou. No meu tempo era diferente. A música erudita, a música clássica, tinha outra dimensão. Hoje em dia, é só música popular. No passado, não tinha isso. Se você perguntar quais são os músicos brasileiros de hoje fatalmente vão responder Chico Buarque e Caetano Veloso. PI — E para senhor, quais são então? GM — Ah, é que a música popular tomou um porte muito grande e está substituindo a erudita. Intelectuais já pensam que Caetano Veloso e Chico Buarque são música erudita. Eu adoro esses compositores também, mas eles são da música popular brasileira. Uma música popular é feita de duas partes, um A e um B. E é tocada por qualquer pessoa. Outra pessoa pra tocar vem e muda o arranjo. Isso não existe no erudito. A música erudita é feita de uma complexidade enorme. Eu participei de um prêmio com meu disco de música experimental e o cara que ganhou o prêmio foi com um disco de violino solo de música romântica. PI— O júri não gostou do seu CD? GM — O júri não gosta. E o júri o que é? São críticos musicais de revista. Equivale a você, que gosta de música, mas não pode julgar um disco altamente experimental. PI — Ainda assim o senhor vai continuar fazendo a sua música, não é? GM— Ah sim. Até porque o que eu posso esperar mais? Eu já fui tocar nos lugares mais famosos do mundo. Já fui para Nova York, no Carneggie Hall, no Lincoln Center. Os dois lugares mais importantes dos Estados Unidos. Em Viena, no Concert Hall, na sala mais importante do Concerto de Viena, toquei Beba Coca-Cola. PI — Eu gosto dessa música. GM — Conhece essa música? PI — Conheço. GM — Já ouviu? PI — Ouvi. Eu acho muito legal. O senhor tirou de um poema, não? GM — É um poema do Décio Pignatari. Um poema muito bom. PI — E qual é a repercussão? GM — Ela é um sucesso mundial. E eu não ganho nada com isso. Um sucesso de música popular deixa o cara milionário. Enche estádio. MIS preserva a história da cultura brasileira Fundado em 1996, museu tem mais de 12 mil discos e oito mil filmes disponíveis em seu site, além de objetos que marcam a trajetória do rádio, da TV e do cinema Juliana Carrasco fOtOs juLiana CarrasCO Com cores psicodélicas que dão um ar contemporâneo e multimídia em um cenário de relíquias curiosas do rádio e da televisão – assim é o ambiente do Museu da imagem e do som de santos (Mis), um dos espaços que compõem o Centro de Cultura Patrícia Galvão. um lugar apropriado para quem deseja viajar no tempo, aprender ou até mesmo relembrar as boas épocas. Criado com o intuito de preservar e arquivar a história da Cidade, por meio de arquivos e acervos, o Mis foi fundado em 1996, por iniciativa da secretaria Municipal de Cultura e gerido pela Coordenadoria de Cinemas (Cocine). segundo o coordenador de cinemas, nívio Mota, o Museu passou por mudanças tanto físicas quanto de serviços e programação, além de guardar acervos. O Mis também tem como propósito resgatar e preservar a vida e as pessoas que fizeram e fazem cultura na Cidade, como também os eventos característicos daqui, como o Curta santos. “Ele é um festival forte na área de cinema em santos. Pessoas inscrevem filmes do Brasil todo, mas cerca de 40 dos mil que são inscritos todo ano participam do festival. todos esses filmes que não foram selecionados ficam guardados aqui, como também os eventos culturais da Prefeitura e da secretaria de Cultura”, conta o coordenador. Outra mudança que ocorreu ao longo dos anos foi a divisão de acervos que se fundiram em cinco partes e que ainda passam por um processo de triagem e catalogação. Confira: Audioteca: O interessado tem a oportunidade de realizar pesquisas ou simplesmente ouvir o vasto acervo de músicas que contém cerca de 15 mil títulos que variam entre, rock, brega, trash, ópera, mpb, erudito e os de compositores e grupos locais, além de raridades como partidas do santos futebol Clube em vinil. Videoteca: na videoteca, as pessoas podem ter acesso a um acervo com cerca de 10 mil títulos que variam entre, documentários, ficção, animação, filmes de artes, institucionais, musicais e óperas. Documentação: nesta seção fica guardado todo tipo de suporte em papel que fez parte da história cultural da Cidade como fotos, periódicos, panfletos, cartazes, folheteria, textos e até mesmo negativos em vidro, que hoje são consideradas raridades. Objetos: ficam expostos no Museu para a curiosidade dos visitantes objetos como máquinas fotográficas, vídeoscassetes, filmadoras, projetores, entre outros. Coleções: nas coleções, encontram-se todo tipo de eventos artísticos, personalidades e personagens que são encami- nhados para a divisão de segmentos. Para ter acesso a esse acervo, os interessados devem fazer um agendamento. “as pessoas podem ligar e agendar para ouvir as músicas do nosso acervo de LP’s, para ver filmes, e também há a possibilidade de se filiar ao Museu gratuitamente, fazendo uma carteirinha. Dessa forma, podem levar os filmes para assistir em casa, como uma locadora”, explica Mota. Quando questionado quanto às mudanças que deveriam ser ainda realizadas no Museu, o coordenador explica que, inicialmente, o problema maior tem sido a reforma do espaço que estava com goteiras. “Estamos passando por uma reforma que não acaba nunca. Está um inferno isso, porque temos goteiras aqui, aliás todos os prédios estão sendo arrumados. Houve um patrocínio para isso, mas a empresa ainda não concluiu a obra”, diz. “O que dificulta é que não posso agendar uma programação, não posso fazer nada, pois a obra pode acontecer a qualquer momento, além do desconforto de ter que desmarcar, que é algo desagradável para o público”, desabafa o coordenador. Outro impasse vivido no Mis, segundo Mota, são os tombamentos dos acervos, pois não são feitos manualmente como de costume. Para tombar uma peça, o responsável precisa entrar no servidor da Prefeitura e registrá-la no banco de dados customizado para tal. Depois de preencher alguns campos exigidos em um longo processo, o acervo recebe um número e automaticamente a peça estará disponível no site do Mis para consulta. “Pode ser que os meus tataranetos morram e a gente ainda não tenha terminado o processo de tombamento das peças. se você entrar no site agora vai ver que nele há cerca de 12 mil discos e mais uns 8 mil filmes. Isso não é cerca de 1 décimo do que tem para ser tombado. O problema é que aqui não temos máquinas nem mesmo funcionários capacitados para realizar esse processo. seria um trabalho de formiguinha o dia inteiro”, explica o coordenador. O Mis possui uma equipe de sete funcionários, alguns estão afastados por motivo de doença e outros são responsáveis pela parte administrativa, mas são necessários funcionários na parte técnica para suprir as necessidades do Museu. “É uma gama de materiais de suporte muito diferentes e eu preciso ter formação específica. não conseguimos ainda esses funcionários, pois há todo um processo contratual da Prefeitura, por meio de MIS é um espaço para quem deseja viajar no tempo LP’s têm um lugar reservado para os amantes da boa música concurso público. Porém, os concursos são algo um tanto quanto relativos, pois a pessoa pode apresentar um currículo da área, mas não ter experiência e a formatação do concurso permite que esse funcionário seja contratado, o que nos dificulta”. O lugar atende ao público do Brasil todo, como pesquisadores na área de comunicação, pessoas que, por ventura estão passeando pelo teatro Municipal e descobrem o espaço, e o público das escolas. “recebemos as crianças em grupos fechados, muitas delas me questionam: -- ‘Nossa, tio, porque o seu CD é tão grande!’ Boa parte delas não sabe o que é um LP e vêm conhecê-lo aqui no Museu”. O Museu contém várias programações específicas como o Cinema no Mis, que mensalmente apresenta um tema, a sessão retrô, que mostra clássicos dos filmes mundiais exibidos ainda em película, o Ópera Mis, com títulos desse gênero convertidos especialmente para cinemas e o Música Mis que é uma mistura de cinema mudo com projeções multimídias criadas a partir do universo sonoro realizado ao vivo. além dessas programações, o Mis também é responsável pelo projeto Ci- nema de rua que tem como prioridade no momento destacar o cinema brasileiro. seu espaço físico abriga estúdio de gravação digital para gravações ao vivo e trilhas sonoras para espetáculos, que pode ser alugado, um espaço expositivo, o auditório Chico Botelho que contém 75 lugares com uma tela de 200 polegadas, ilha de escuta, sala de vídeo para títulos que não podem ser locados e entrada universal. Centro de Cultura O Centro de Cultura recebeu o nome de Patrícia Galvão (1910-1962) no intuito de homenagear a primeira mulher presa no Brasil por motivos políticos, o que ocorreu em 1931, depois do movimento que levou Getúlio Vargas ao poder. Com pseudônimo de Pagu, Patrícia foi escritora e jornalista com grande destaque no Movimento Modernista. inaugurado no dia 10 de março de 1979, o Centro é a principal obra de arquitetura de santos. abriga o teatro Municipal Braz Cubas, o teatro de arena rosinha Mastrângelo, o Museu de imagem e do som e a Casa da Memória dos transportes, além de galeria de arte, auditório para projeção de filmes e espaços para atividades culturais variadas. neste Centro de Cultura, ocorrem os principais eventos em santos como o festival de Teatro Amador e Bienal nacional de artes Visuais. Peça recorda ‘reclames’ a peça reclame – uma História de amor conta a trajetória de Lourdes, rodolfo e janete, que, motivados por jingles de reclames comerciais das décadas de 30 a 90, resolvem formar um triângulo amoroso. Os personagens são inseridos em situações do dia a dia, passando por momentos de alegrias, frustrações, decepções, entre outros, com uma mistura de fatos históricos que mudaram definitivamente a história do Brasil. toda a história é cantada em versos como se fossem jingles muito ouvidos antigamente e que marcaram épocas, deixando a peça animada e despertando recordações. O público pode interagir e é chamado a desvendar um segredo familiar que se deixou levar com o passar dos anos e que somente os protagonistas da peça conhecem. Edição e diagramação: Vanessa Simões PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011 15 MURILLO CARVALHO SORAYA SANTOS ENSAIO Nesta edição do PI, o leitor tem a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a cultura em Santos, traduzida em imagens. Pode conhecer a Oficina Cultural Patricia Galvão, que funciona na chamada Cadeia Velha, no Centro da cidade, e oferece diversos cursos; o tradicional baile dominical da Fonte do Sapo, ao final de tarde; as exposições na Pinacoteca Benedito Calixto; o Museu da Imagem e do Som, local que abriga parte da história cultural do município; o Projeto Chorinho no Aquário aos sábados, com o melhor da música; e o Espaço Cultural e Galeria de Arte da UNISANTA. SORAYA SANTOS JULIANA CARRASCO SORAYA SANTOS SORAYA SANTOS 16 Edição e diagramação: Vanessa Simões PRIMEIRA IMPRESSÃO • Outubro de 2011