UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL CONDUTAS ANTI-SOCIAIS E DELITIVAS: UMA EXPLICAÇAO BASEADA NOS VALORES HUMANOS Nilton Soares Formiga João Pessoa 2002 2 NILTON SOARES FORMIGA CONDUTAS ANTI-SOCIAIS E DELITIVAS: UMA EXPLICAÇAO BASEADA NOS VALORES HUMANOS Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Psicologia Social, da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia Orientador João Pessoa Janeiro, 2002 3 CONDUTAS ANTI-SOCIAIS E DELITIVAS: UMA EXPLICAÇÃO BASEADA NOS VALORES HUMANOS Nilton Soares Formiga Banca Avaliadora: __________________________________________________________ Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia (UFPB, Orientador) ___________________________________________________________ Profa. Dra. Maria da Penha de Lima Coutinho (UFPB, Membro) ___________________________________________________________ Prof. Dr. Walmir Rufino da Silva (UEPB/UNIPE, Membro) ___________________________________________________________ Prof. Dr. Mardonio Rique Dias (UFPB, Suplente) 4 DEDICATÓRIA Ao meu irmão Neilton Soares Formiga (em memória ) Às grandes mulheres paradigmáticas Dionete S. Formiga Andréa Azevedo de Mello Maria Clara Formiga de Mello 5 AGRADECIMENTOS Ao professor e amigo Valdiney Veloso Gouveia, que me auxiliou com orientações, sugestões, críticas e, principalmente, com sua amizade. Aos colegas do Grupo de Pesquisa Bases Normativas do Comportamento Social, especialmente, a Fabiana Queiroga. A todos os professores e às funcionárias do Mestrado em Psicologia Social, Vitória e Gracinha, pela viabilização deste trabalho e sua carinhosa disponibilidade. Ao CNPq , pelo financiamento. A Dinalva e Lacerda, Daura e familia, Domingos e família, Hildebrando e Socorro, pela contribuição em tudo que foi realizado até agora. Como diz no pensamento judaico: há sempre alguém que terá com ele uma verdade, nem que seja 1%, e esta poderá ser a parte que lhe falta. Eles tiveram, em palavras ou comportamentos. Aos meus professores, agora amigos, que contribuíram para minha formação e caminho intelectual: Maria Neusa dos Santos, Ivana Melo, Teresa, Silveira e Ana Queiroga, Maria Tavares, Fernando Guimarães, Walmir Rufino. Aos Professores Leoncio Camino e Eliana Ismael, por terem apontado uma caminho bom, sofrido, mas muito apaixonante. Muito obrigado. Aos colegas e amigos da minha turma de mestrado. Aos amigos Roberto Sassi, Rosa Cristina P. Sassi e Normando Filgueiras. 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 7 2. CONDUTAS ANTI-SOCIAIS E DELITIVAS .....Erro! Indicador não definido. 3- OS VALORES HUMANOS ...................................................................... 15 3.1. A Tipologias dos Valores Humanos .......Erro! Indicador não definido. 5. MÉTODO .........................................................Erro! Indicador não definido. 5.1- Delineamento e Hipóteses ......................Erro! Indicador não definido. 5.2 - Amostra ...................................................Erro! Indicador não definido. 5.3 - Instrumento .............................................Erro! Indicador não definido. 5.4. - Procedimento .........................................Erro! Indicador não definido. 5.5. –Tabulação dos dados e Análise de DadosErro! Indicador não definido. 6. RESULTADOS ................................................Erro! Indicador não definido. 7 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 97 7 CONDUTAS ANTI-SOCIAIS E DELITIVAS: UMA EXPLICAÇÃO BASEADA NOS VALORES HUMANOS RESUMO – Tem-se acompanhado assustadoramente o aumento e repetitivos atos de violência que vem surgindo no país de uns cinco anos para cá. Esse assunto é enfatizado pela mídia com muita insistência, seja através da apresentação de fatos do cotidiano, da discussão da sua relação com condutas e formas de organização social adotadas pelos jovens, como gangs, diversão violenta etc. e até mesmo, na justificativa de termos uma sociedade juvenil insana e portadora de distúrbios psiquiátricos. Um outro fato é a tendência em identificar os jovens de classe baixa como os responsáveis por tais incidentes o que de fato, parece não ter tanta considetência, pois jovens de classe sócio-econômica elevada tem se mostrado muito mais sádicos e delinqüentes do que os pobres (ver, por exemplo, ato de vandalismo de jovens de classe média com um Índio Pataxó e a chacina no cinema em um shopping de São Paulo, por estudante de Medicina). Isto permite pensar que não existe um padrão invariável de condutas anti-sociais e delitivas que possa ser atribuído a um grupo exclusivamente em função de indicadores de pobreza-riqueza e de personalidade. É possível que o aumento da violência entre os jovens na época atual seja o reflexo de uma mudança cultural que se perfila em muitos dos países ocidentais imbuídos de um espírito individualista. Subordinados aos interesses e prioridades pessoais ao invés daqueles do grupo (Lipovetsky, 1986). Fruto da nova orientação cultural, muitos dos comportamentos de risco parecem ser legitimados, como a busca de novas experiências, de prazer e emoção, saída da monotonia etc., podendo considerá-los permeadores dos comportamentos delitivos (Gullone & Moore, 2000). Embora a agressão e a violência estejam interrelacionadas entre si (ver Morales & Moya, 1994), bem como possa caracterizar uma síndrome de rancor e revolta devida a ofensa sofrida pelo sujeito, alicerçando-a cognitivamente, através dos componentes comportamental e afetivo (Granic & Butler, 1998), deve igualmente ser chamada a atenção de alguns dos fatores psicossociais, os quais podem atuar como antecedentes destes construtos, especialmente no que se refere às condutas anti-sociais e delitivas. Trata-se então, da ênfase em seus aspectos normativos, isto é, o compromisso com os padrões convencionais de sociedade, que parecem inibi-las (ver Petraitis, Flay & Miller, 1995; Romero, Sobral, Luengo & Marzoa, 2001). Assim, o papel dos valores humanos tem sido observado, como extremamente benéfico na explicação e intervenção dos comportamentos delinqüentes. Os jovens, de ambos os sexos e idade entre 15 e 22 anos responderam o questionário de valore humanos básicos (Gouveia, 1998), condutas anti-sociais e delitivas (Seisdedos, 1988), identificação endogrupal e dados sóciodemográfico. No geral os resultados indicaram que Palavras-Chave: condutas anti-sociais e delitivas; valores humanos; adolescentes. 8 ANTISOCIAL AND DELICTIVE BEHAVIORS: AN EXPLANATION BASED ON HUMAN VALUES ABSTRACT – Key words: antisocial and delictive behaviors; human values; adolescents. 9 1.– INTRODUÇÃO A violência é um tema constantemente enfatizado pela mídia, seja através da apresentação de fatos do cotidiano, da discussão da sua relação com condutas e formas de organização social adotadas pelos jovens: formação de gangs, criação de jogos de diversão violentos, encontros com o fim de “romper” normas sociais e institucionais (por exemplo, balbúrdias em festas, vandalismo, alto consumo de álcool e fumo etc.) (Donohew, Hoyle, Clayton, Skinner, Colon & Rice, 1999; Zhang, Welt & Wieczorek, 1999), ou mesmo, segundo Gattaz (1998; ver também Vermeiren, De Clippele & Deboutte, 2000), da sua relação estereotipada ou não com a estrutura de personalidade desses jovens, considerando-os portadores de algum distúrbio psiquiátrico. Apesar da tendência em identificar os jovens de classe baixa como os responsáveis por tais incidentes, procurando caracterizá-los a partir de indicadores sócio-demográficos: renda dos pais, local em que residem, níveis escolares etc. (ver Kloep, 1995), têm chamado a atenção comportamentos delinqüentes envolvendo muitas vezes jovens de classe sócio-econômica elevada. Como exemplo, pode-se citar o ato de vandalismo de jovens de classe média com um Índio Pataxó, queimando-o quando dormia em um ponto de ônibus em Brasília (Júnior, 1997); é igualmente destacável a chacina no cinema em um shopping de São Paulo, por um rapaz de classe média-alta, estudante de Medicina (Lima, M. & Zakabi, R. 1999; Poles & Boccia, 1999). Levisky (1997) dá a tal fenômeno uma compreensão sócio-político. Para este autor a violência representa a reação dos indivíduos ao fracasso à promessa do Estado a sua proteção, caracterizando a frustração e contradição da exigência desse mesmo Estado quanto ao preparo e investimento na formação profissional e 10 ética, passando a ser encobertas as desorganizações sociais, familiares e pessoais. Esta situação permite pensar que não existe um padrão invariável de condutas anti-sociais e delitivas que possa ser atribuído a um grupo exclusivamente em função de indicadores de pobreza-riqueza e de personalidade (ver Agüero, 1998; Romero, Luengo & Sobral, 2001). Tampouco se pode justificar tais condutas em função estritamente da exclusão social ou falta de oportunidades quanto a dispor de bem-estar material (Bengoa, 1996). É possível que o aumento da violência entre os jovens na época atual seja o reflexo de uma mudança cultural que se perfila em muitos dos países ocidentais imbuídos de um espírito individualista. Subordinados aos interesses e prioridades pessoais ao invés daqueles do grupo, a meta dos jovens é a obtenção de prestígio, que na falta de recursos econômicos ou mesmo de apoio social, é muitas vezes alcançado através de condutas delinqüentes (Lipovetsky, 1986). Não se descarta, como explicação para a violência dos jovens, uma projeção em relação aos órgãos controladores da norma social, por exemplo, a polícia. Esta representa, atualmente, a maior fonte de violência e de comportamentos delitivos, podendo, portanto, através da comparação social, servir de exemplo para os jovens predispostos a agredir (Alanes, 2000). Fruto da nova orientação cultural, muitos dos comportamentos de risco parecem ser legitimados, como a busca de novas experiências, de prazer e emoção, saída da monotonia etc., podendo considerá-los permeadores dos comportamentos delitivos (Gullone & Moore, 2000). Concepções semelhantes são consideradas por Donohew e cols. (1999) quanto ao uso de drogas e álcool. Para estes autores, a busca em ter novas experiências, principalmente para os que efetivamente têm em seu grupo de convivência pessoas que apresentam mesmos interesses, mostra uma 11 forte relação com a busca de drogas. Desta forma, a busca de sensação é capaz de indicar entre os jovens a atração por jogos e atividades que envolvem novidade e risco, inerentes, em determinado grau, das condutas consideradas anti-sociais e mesmo delitivas. Embora se vislumbre uma possível explicação quanto às causas instrumentais de tais comportamentos, tem sido igualmente destacado que o tempo livre e a ociosidade dos jovens podem representar alguns dos fatores determinantes destes. Nesta perspectiva, parece ser característico o comportamento de vandalismo estar unido à identificação, inserção e formação de grupos no próprio bairro, a bebedeira em festas, maior atividade esportiva enfatizando a competição ao invés da diversão, conflitos com a família etc. (Martín & Martínez, 1997), bem como a presença de uma história familiar envolvendo tais comportamentos e uma alta incidência de indicadores de delinqüência (Giancola, 2000). Welzenis (1997) aponta também a falta de um resgate do autoconceito positivo e cooperativo nos jovens, que se esperaria fosse fomentado através das instituições sociais com as quais teoricamente mais convivem, isto é, a escola e a família. A partir da dissociação desses domínios sociais, tais instituições - família, escola e comunidade - podem, desse modo, promover uma marginalidade normativa, a qual se deve ao tempo que se passa ocioso, fazendo com que o jovem internalize normas próprias ou de grupos que apresentam condutas de risco (Pais, 1998; Papalia & Olds, 2000). Porém, alguns autores argumentam que esta possibilidade pode também se dever a não canalização positiva e limitação de tais condutas, pois a agressão é uma reação primária no homem e até necessária para sua sobrevivência (Alves Filho & Holanda, 1998; Dadoun, 1998). De fato, é possível que outros aspectos ajudem a explicar tais condutas 12 encontradas nos jovens, por exemplo, o desenvolvimento durante a infância e sua relação familiar e dinâmica normativa, a influência da formação escolar, a relação com os vizinhos, às condições e diferenciações sócio-econômicas (Cava, Buelgas, Herrero & Lilá, 2000; Torrente & Rodríguez, 2000), assim como os papéis ou estereótipos atribuídos a jovens que, porventura, possam apresentar condutas de risco (Pasquali, Pinheiro & Lima, 1987; Bee, 1997). Muitas vezes, sem que seja mesmo sua vontade própria, por estarem envolvidos com colegas ou por terem sido incitados e postos a prova por estes, tais jovens passam a se ajustar às normas do grupo, apresentando condutas que poderiam ser classificadas como anti-sociais e até mesmo delitivas. Enfatizar estes comportamentos em jovens, seja qual for sua classe social, constitui-se num trabalho de direcionamento aos estudos da delinqüência, considerando esta como um problema que não se restringe a um grupo social específico. E, embora a delinqüência juvenil seja bastante explorada pela mídia os comportamentos que a antecede são muito pouco discutidos e destacados. Não obstante, na tentativa de buscar soluções para este problema, algumas respostas têm sido apresentadas, podendo ir da perspectiva psiquiátrica a bio-genética (ver, por exemplo, Vasquéz, 1996). Este autor considera os atos de violência resultantes de condutas anti-sociais ou delitivas, indicando que estes podem ser definidos através de múltiplos fatores, a exemplo dos planos somáticos, psicológicos, sociais e éticos, constituindo um fenômeno tanto de preocupação social quanto individual, principalmente no que diz respeito à saúde do ser humano e seu desenvolvimento psíquico. Embora a agressão e a violência estejam interrelacionadas entre si (ver Morales & Moya, 1994), bem como possa caracterizar uma síndrome de rancor e 13 revolta devida a ofensa sofrida pelo sujeito, alicerçando-a cognitivamente, através dos componentes comportamental e afetivo (Granic & Butler, 1998), deve igualmente ser chamada a atenção de alguns dos fatores psicossociais, os quais podem atuar como antecedentes destes construtos, especialmente no que se refere às condutas anti-sociais e delitivas. Obviamente, não se trata aqui de tentar captar a realidade a partir de único prisma. Cada fator explicativo tem seu papel preponderante na compreensão de tais condutas, formando mesmo um quebracabeça teórico (Petraitis, Flay & Miller, 1995). Por exemplo, a cultura é um fator importante ao analisar estes fenômenos, pois ela é capaz de promover uma estabilidade quanto à "ordem social", podendo ser parte do sistema moral de cada sociedade, na qual o indivíduo poderá tomar os comportamentos anti-sociais e delitivos como honra ou autodefesa (Macionis & Kain, 1987; Cohen, Nisbett, Bowdle & Schwarz, 1996). Neste contexto, uma linha de pesquisa tem se revelada promissora na compreensão das condutas anti-sociais e delitivas. Trata-se da ênfase em aspectos normativos de tais condutas, isto é, o compromisso com os padrões convencionais de sociedade, que parecem inibi-las (ver Petraitis, Flay & Miller, 1995; Romero, Sobral, Luengo & Marzoa, 2001). É particularmente destacável o papel dos valores humanos; tem-se observado, por exemplo, que a adesão a valores mais pessoais (por exemplo, emoção, prazer) promove, por exemplo, o uso de drogas, a amizade com jovens com condutas delinqüentes e as dificuldades na aprendizagem (Tamayo, Nicaretta, Ribeiro & Barbosa, 1995; Coelho Júnior, 2001; Romero & cols., 2001), enquanto que a adesão a valores sociais (por exemplo, religiosidade, tradição) inibiria tais fatores de risco. 14 A presente dissertação se centra justamente no estudo dos valores humanos como base explicativa de condutas anti-sociais e delitivas. Apesar da evidência que aponta seu potencial explicativo de tais condutas, muito pouco se conhece a respeito no Brasil. Por exemplo, em busca recentemente realizada para aferir esta situação, foram encontrados unicamente seis artigos que tinham uma das seguintes combinações de palavras-chave: anti-social, valores humanos e delinqüência ou adolescentes, valores humanos e delinqüência (Index Psi, 2002). A ênfase destes artigos, não obstante, centra-se em questões psicopatológicas, clínicas ou psiquiátricas da delinqüência. Neste sentido, excetuando as pesquisas de Tamayo e cols. (1995) e Coelho Júnior, pouco se sabe realmente sobre a relação dos valores com as condutas anti-sociais e delitivas. É importante lembrar que estes dois estudos, apesar da sua relevância para compreender a temática aqui tratada, são mais especificamente direcionadas para explicar o potencial ou uso efetivo de drogas entre os adolescentes. Embora sem representar um tratado exaustivo sobre adolescência, por ser esta a fase de desenvolvimento considerada no presente estudo, faz-se necessário realizar ao menos uma breve introdução que contemple o adolescente como um agente que tende a romper normas. Este primeiro capítulo teórico será seguido por outros dois, os quais tratarão, respectivamente, as condutas anti-sociais e delitivas e os valores humanos. Finalmente, far-se-á um esforço por reunir algumas pesquisas empíricas que trataram mais diretamente a relação entre estes construtos. 15 2.– O ADOLESCENTE E A RUPTURA DAS NORMAS SOCIAIS Os estudos da Psicologia têm considerado importante compreender o processo de crescimento e as fases de desenvolvimento humano; a adolescência tem sido um dos temas que há muito vem causando grandes discussões teóricas e suscitando pesquisas: do comportamentalismo à psicanálise, da fisiologia à psicologia social, os enfoques são bastante diversificados (por exemplo, sexualidade, relacionamento familiar, comportamentos sociais, desenvolvimento físico e social; ver Muuss, 1966). Porém, por mais intensos que esses debates sejam em tais áreas, os estudiosos da Psicologia Social têm refletido a respeito da compreenção dos comportamentos dos jovens, especificamente no que diz respeito às condutas que antecedem a delinquência (Seisdedos, 1996; Espinosa, 2001). Esta perspectiva faz sucitar ainda a preocupação a respeito de quanto irão emergir as consequências desses comportamentos delituosos para os pares, familiares e sociedade (Bee, 1997; Gorman-Smith, Tolan, Loeber & Henry, 1998). Parece não ser suficiente indicar como explicação unívoca para a conduta desses sujeitos os distúrbios de personalidade (Agüero, 2001; Bordin & Offord, 2000), a relação familiar (separação dos pais etc.), o desenvolvimento fisiológico e endócrino, os quais, não se pode negar, são também fatores de extrema importância (Lews & Wolkmar, 1993). De fato, grande parte dos psicólogos desenvolvimentistas considera a adolescência um momento especial na vida do jovem. Para este, é comum nessa fase não aceitar orientações, mostrando assim uma espécie de testagem da possibilidade do ser adulto, do poder e autocontrole, bem como, segundo Fraga (2000), possuidores de comportamentos conturbados e atitudes inconseqüentes e entregues aos impulsos da juventude. 16 Segundo Levisky (1997), devido ao adolescente possuir características biopsicossociais, essa impulsividade é espontânea e naturalmente passa ao ato, caracterizando-se como uma descarga de impulsos agressivos, buscando assim, sua própria satisfação. O problema está em não passar por critérios de avaliação pessoal, pois o jovem faz e depois pensa, tornando-se imperceptível para ele as conseqüências da sua ação. De acordo com Charbonneau (1980), os adolescentes procuram possuir a liberdade, tornando característico a passagem da velha para nova geração, que na maioria das vezes, são desordenadas, extravagantes e excessivas, buscando uma autonomia e profunda realização pessoal. Marques e Cruz (2000) destacam que este é um momento de diferenciação em que, naturalmente, o jovem se afasta da família, aderindo ao seu grupo de iguais, podendo assim, decorrer em comportamento dos mais diversos, a saber: o risco da experiência com drogas, a arrogância (verbal e atitudinal), as brincadeiras ilimitadas e atemporais etc., expondo-se a muitos riscos pessoais e sociais. Para Bloss (1997) o que tais adolescentes pretendem é ampliar os modelos, considerados úteis para o seu quotidiano, na família e seu próprio ambiente social, apresentando sintomas de rupturas atemporais e de desacordo, caracterizando a perda funcional do ambiente na sua formação e desenvolvimento. Com isso, tudo aparenta ser tolerável durante esse período para o jovem, paralelamente aos padrões de comportamento social convencional. Neste sentido, torna-se um elemento característico sua imagem de rebelde, diferente, apático etc., assim a falta de respeito, o vandalismo, a delinqüência, a má qualidade nas relações humanas, etc. produzem um modelo de auto-afirmação e contestação (Levisky, 1997). 17 Desta forma, a adolescência se caracteriza como sendo uma fase da vida de grande ambivalência, colocando-se assim um tempo-problema, tanto para a família quanto para os próprios jovens (Fraga, 2000). De fato, observa-se nesta fase uma diversidade de conceitos e o poder da influência da cultura em que o sujeito está inserido, quando se começa a definir a adolescência. Osório (1992) considera esta uma etapa evolutiva caracteristicamente pertencente ao ser humano, a qual faz parte de um processo maturativo biopsicossocial do jovem. Para este autor, faz-se necessário abordar estes aspectos não mais separadamente, mas incluso em contextos biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Portanto, o período da adolescência vem sendo de tamanha importância quanto a compreensão desenvolvimentista do indivíduo, principalmente do jovem, pois marca tanto a aquisição de uma imagem corporal específica quanto a estrutura de personalidade. Não obstante, segundo Aguiar, Bock e Ozella (2001), considerar a adolescência como uma fase ou concepção natural e universal do ser humano, é assumir uma visão muito particular da cultura ocidental enfatizada pelas teorias da psicologia onde o indivíduo que entra nesta fase passa por uma etapa de crise e turbulência normal; se por ventura ocorrer o contrário, não estaria na normalidade da adolescência? Tal fato pretende atribuir a responsabilidade ao jovem, não levando em conta as diferenças sócio-econômicas e culturais e ainda negligencia a inserção histórica dele e seu contexto. Apesar do que se comentou, parece existir uma concordância entre os teóricos quanto ao desenvolvimento físico e sua relação com ritos de passagens característicos da adolescência, mas que podem variar em cada cultura. Lerner, Noh e Wilson (1998) comentam que descrever a adolescência como uma fase da vida que inicia na biologia e termina na sociedade parece estar ultrapassado. O que 18 passa a ser perceptivo é um período vivido dentro da extensão de vida quando a maioria de características biológicas, cognitivas, psicológicas e sociais de uma pessoa jovem que está mudando, passando do gosto de criança para como o adulto gosta. Sem dúvida, é um período desafiador, um ajuste que requer as mudanças no self, família, grupos de pares e institucionais, principalmente na escola e trabalho (caso estejam inseridos). Com isso, estes extrapolam o interesse cognitivo passando a buscar entendimentos quanto à obtenção e motivação da sociedade em que se vive (Osório, 1992). Pais (1996) apresenta uma resposta mais sociológica para esse fenômeno, podendo ser compreendida a partir de tendências assumidas por tais jovens. Para este autor, os adolescentes, apesar de vacilantes, seriam: 1 - O jovem compreendido como um conjunto social, ao qual é atribuído constituintes que fazem parte de uma determinada fase da vida, e definida apenas em termos etários; 2 - A compreensão do jovem como conjunto social que perfila culturas diversificadas onde é atribuído um fator diferencial, que é constituído apenas por jovens, apresentando linguagem e comportamento próprio. Partindo deste parâmetro, os elementos definidores da adolescência podem derivar desde as gerações que o precedem até em relação à dinâmica da classe social na qual se inserem etc. Desta maneira, de acordo com Pais (1996), tem se buscado entender esta etapa não mais considerando como natural e universal, corroborando o pensamento dos autores acima, e sim partindo do pressuposto de que o homem é um ser construído e em movimento, um ser sócio-hsitórico, no qual se inserem relações e 19 condições sociais e da despatolozição desenvolvimentista e clínica quanto ao adolescente. Palácios (1995) considera a adolescência um período psicossociológico que se prolonga por vários anos, caracterizado pela transição entre a infância e a adultez (p. 263). Segundo este autor, tal concepção permite pensar que, tratar a adolescência partindo de variações fisiológicas e universais, está apenas considerando a fase da puberdade. Assim, conclui-se que a considerada crise vivida pelos jovens não se deve estritamente a fatores hormonais ou fisiológicos, mas a necessidade de preenchimento de algumas condições, especialmente as psicossociais, como: desenvolvimento de sistema e hierarquia de valores, identidade sexual e social, reciprocidade geracional, independência econômica etc. (ver Battistoni & Knobel, 1992; Outeiral, 1994). Quanto ao que antes se comentou, há na literatura diversos estudos abordando este problema e sua relação desenvolvimentista – mudanças fisiológicas, psicológicas e psicofisiológicas (Hurlock, 1979; Papalia & Olds, 1998). Porém, apesar de considerar a importância fundamental que tem a socialização para o adolescente e sua identificação com os grupos em seu quotidiano, assim como sua formação social a partir da aquisição e assimilação de normas, condutas etc., tem-se destacado apenas aspectos funcionais e lineares (Pfromm Neto, 1979; Ortega, 1997). Para alguns autores a vivência da crise adolescente, destacada pela psicologia, é caracterizada como apresentando traços de indisciplina, questionamentos do status quo e busca para ser livre. Portanto, não se deve apenas a mudanças corporais, sendo algo mais complexo, incorporando igualmente fatores sócio-culturais, pois efetivamente o jovem busca se firmar e construir uma identidade 20 própria dentro de um marco cultural definido (ver, por exemplo, Mosquera, 1977; Parolin, 2000). Não obstante, o que se nota, de acordo com González-Anelo (2000), é a falta de uma orientação direta dos jovens quanto a esta procura, caracterizada pela possessão egoísta, bem como devido as aspirações e a nostalgia de um contínuo desassossego para as experiências pessoais e dos ideais de um grupo ou comunidade, tornando-se um poço de grandes vivências ambivalentes entre a euforia e a inquietação, o egoísmo e o altruísmo etc. Apesar da diversidade de elementos que constituem este momento na vida do jovem e o diferente sentido que é dado a tal fenômeno, é possível encontrar características comportamentais manifestadas no quotidiano desses indivíduos, em seus modos de pensar e agir. Desta forma, parece haver uma relação entre as chamadas culturas juvenis e seus comportamentos a partir dos elementos mais sociais e psicossociais, como as crenças, as normas, os símbolos, os valores etc. Apesar da consideração que se tem feito quanto à universalidade destes fenômenos e sua repetição de geração em geração, algo precisa ser salientado quanto aos comportamentos sociais, independente da classe sócio-econômica, cultural e mesmo do tempo. De fato, na consideração de Keniston (citado em González-Anelo, 2000), os adolescentes anseiam por mudanças, pois as que existem não os satisfazem, assim se encontram diante de uma transformação pessoal, a qual pode ser projetada em caminhos culturais, determinado em cada época, podendo ir das drogas à conversão religiosa, bem como introjetar um sentimento de liberdade e deslumbramento, capaz de reivindicar a novos papéis e compromissos, produzindo uma espécie de contracultura (Gómez-Ullate, 2000). Esta não pode ser vislumbrada apenas em 21 termos dos indivíduos em si, mas sim considerando a complexa rede em que estes vivem e suas relações com os demais elementos e contextos da sociedade. Desta maneira, pode-se então refletir que os comportamentos não estariam alicerçados apenas na aprendizagem social e nas maneiras coercitivas (castigos, punições etc.) de fomentar as condutas mais aceitáveis e inibir as que se apresentassem socialmente inaceitáveis (Mussen, Conger, Kagan & Huston, 1995; Wagner, Ferreira & Rodrigues, 1998). Neste sentido, tem-se observado uma naturalização no adolescente quanto à tendência a quebra de normas e uma impulssividade extrema para a diversão e atividades perigosas e de risco (Coelho Júnior, 2001; Gullone & Moore, 2000). E isso não acontece, simplesmente, devido a escolha feita pelo indivíduo, mas parte da relação com o produto da construção social experimentada a partir da socialização com outros da mesma vivência. O que deve ser salientado é a orientação que tais jovens podem ter quanto ao seu comportamento durante o desenvolvimento individual, não somente em termos fisicos e psíquicos, mas também sociais. Considerar qual fator será capaz de promover a manutenção dos comportamentos e atitudes desses jovens, este talvez seja um dos grandes problemas, pois vai além da influência puramente cultural e grupal (família, amigos etc.). Pais (1996) aponta, para isso, a diferenciação entre dois tipos de problema: sociológico e sociais; considera que o primeiro, especificamente no que diz respeito ao adolescente, está relacionado aos acontecimentos quotidianos de uma sociedade, já o segundo tipo diz respeito aos questionamentos ocorridos na realidade social. Assim, à luz do mesmo autor antes citado, faz-se necessário, com isso, desconstruir o que é adolescência e passar a reconstruir representações, capazes de compreender tanto a dinâmica do próprio jovem quanto a do seu grupo. O que se 22 pretende não é acabar com o conceito e desconsiderar tal momento do ser humano, mas buscar caminhos para que os jovens, devido a sua enérgica vontade de viver e atuar, encontrem um espaço social para desenvolver suas habilidades individuais e sociais mais humanas e éticas. Neste marco caberia perguntar porque os jovens, independente de pertencerem ou não a uma determinada classe social, geralmente apresentam comportamentos que transgridem normas? Segundo Moral e Ovejero (2001), reforçando o antes comentado, a explicação do fenômeno aqui tratado exige considerar não apenas uma perspectiva biológica, mas também psicossocial, inserindo o jovem numa construção que seja capaz de interagir com o seu ambiente e seus papéis sociais e culturais, bem como suas normas e seus valores, todos sendo capazes de atuarem a partir dos agentes de socialização (por exemplo, pais, amigos, professores etc.). Admitir-se-á aqui que, a possibilidade de adotar valores que de alguma forma intervenham e orientem socialmente os comportamentos, mostrando que os jovens não são tão livres assim para fazer o que querem, mas apenas não conseguem nortear seu comportamento, adaptando-se social e individualmente a sociedade vigente (Núnez, 2000). Esta norma social que restringe e orienta a conduta do jovem é tratada na literatura como adesão aos padrões e papéis sociais convencionais, tornando a vida mais regular (ver Petraitis, Flay & Miller, 1995). Dentro desta visão, opina Cileli (1998) que é necessário fomentar nos jovens uma orientação positiva para a vida, capaz de conduzir e controlar situações difíceis, como bem-estar físico e psíquico e suas respectivas condutas, fazendo com que estas possam ser refletidas. Tal bemestar estaria relacionado, geralmente, a realidade e as etapas da vida desses sujeitos constituintes para a resolução de problemas. A ênfase, uma vez mais, 23 estaria nos valores, pois estes influenciam os eventos de tal maneira que as situações são interpretadas e organizadas em um sistema coerente que envolve aspectos cognitivos, afetivos e comportamentais. Em resumo, como se comentou na introdução desta dissertação, interessa aqui conhecer o papel dos valores humanos como explicação das condutas antisociais e delitivas entre os jovens. Embora absurdo num primeiro momento, parece que os jovens tendem naturalmente a apresentar tais condutas (Coelho Júnior, 2001), sendo endosados ou inibidos em função da adesão a um grupo de valores. De acordo com a literatura, existe uma presumível relação entre estes construtos, como ficou evidenciado. Não obstante, antes de considerar os estudos mais empíricos que trataram de comprová-la, faz-se necessário discutir mais acerca de cada um deles construtos, a começar pelas condutas anti-sociais e delitivas. 24 3.– AS CONDUTAS ANTI-SOCIAIS E DELITIVAS Bleger (1984) tem considerado a conduta ou o comportamento o ato de conduzir ou guiar, ou seja, qualquer manifestação compreendida nestes termos deve ser concebida como ações conduzidas ou direcionadas a algo, pessoa ou objeto relacionado ao sujeito. Todavia, tal entendimento não se insere apenas na visão comportamentalista, mas pode ser ampliada a todo um conjunto de respostas salientes e significantes que um ser humano possa apresentar. Assim, apesar de ser considerada como formadora da personalidade do indivíduo, a conduta é vista como algo dinâmico, funcional, ambivalente e, geralmente, apresentando um procedimento moral (bom ou mau), podendo ser compreendida em função do contexto em que ocorre. É essencial que a pessoa tenha um ou múltiplos comportamentos diante de qualquer fenômeno social ou pessoal que venha exigir uma tomada de decisão. Sua explicação pode se apresentar em termos de traços de personalidade (Paunonen & Ashton, 2001) ou considerando algo mais social ou psicossocial. Tais questões parecem não ser tão evidentes ainda hoje. O fato aqui não se trata da conduta normal e adequadamente aceita pela sociedade, mas das que tendem a quebra de normas e desassossego social e individual. Por outro lado, não se trata de considerá-la exclusivamente à luz dos jovens que já passaram por instituições corretivas, mas também daqueles que podem ser considerados comuns e inofensivos, livres de qualquer suspeita. Portanto, o interesse da presente dissertação recai nas condutas anti-sociais e delitivas de jovens da população geral, aqueles que estão inseridos na sociedade, rompendo as normas ou aderindo a estas sem que se lhes possa discriminar claramente. Atualmente, a questão é a seguinte: muitos são os jovens que têm 25 apresentado comportamentos associais, os quais vêm exigindo desde a orientação escolar ao tratamento clínico, da reorganização cognitiva ao treinamento de habilidades sociais e emocionais (Born, 1999). O principal problema, pelo menos desde a ótica das intervenções sociais, é que tais jovens – ainda – não são delinqüentes, porém passam perto, mas muito perto mesmo de tal fenômeno. Sabe-se que tanto os jovens quanto à sociedade sempre viveram em profundos e sucessivos conflitos. Para Lummertz (1997) é impossível não considerar a relação destes dois agentes, pois desenvolvimento social e emocional estão ligados ao mesmo objeto: o jovem. É a partir desses momentos, muitas vezes curtos e de instantânea aparição, o despertar de uma consciência social, na maioria ainda não tão organizada. Considerar que um jovem apresente condutas anti-sociais e delitivas é fazer referência ao seu comportamento transgressor, salientado não somente os pobres, negros etc. Este é um fenômeno que não tem cara específica, mas condutas de risco bastante evidentes. Uma conduta anti-social se refere a não conscientização das normas que devem ser respeitadas. Sabe-se da norma de limpeza das ruas ou do respeito com os colegas no que se refere a certas brincadeiras, porém estas condutas não são praticadas por alguns jovens. Neste sentido, uma das características das condutas ansi-sociais é o fato de incomodarem, mas sem que causem necessariamente danos físicos a outras pessoas; elas dizem respeito apenas as travessuras dos jovens ou simplesmente a busca de romper com algumas leis sociais. Em relação às condutas delitivas, estas podem ser concebidas como merecedoras de punição, capazes de causar danos graves, moral e/ou físico (Espinosa, 2000; Molina & Gómez, 1997). Portanto, tais condutas podem ser 26 consideradas mais severas que as anteriores, representando uma ameaça eminente à ordem social vigente. O que as condutas anti-sociais e delitivas têm em comum é que ambas interfere nos direitos e deveres das pessoas, ameaçando o seu bem-estar. Não obstante, também podem ser diferenciadas em função da gravidade das conseqüências oriundas. Possivelmente todo jovem pratica ou já praticou algum tipo de conduta anti-social. Provavelmente faz parte do repertório do jovem o desafio dos padrões tradicionais da sociedade, pondo em evidência as normas da geração dos seus pais. No caso das condutas delitivas, estas podem implicar algo mais que um desafio às normas vigentes; provavelmente reflete aspectos mais enraizados em aspectos biológicos e mesmo em distúrbios psicológicos mais graves. Estes aspectos, não obstante, devem ser encarados ainda como conjunturais. Pouco se sabe sobre a relação destes dois tipos de conduta e sua relação com variáveis externas, como podem ser os valores humanos ou mesmo a identificação / o apego com pessoas que ocupam papéis tradicionais dentro da sociedade (por exemplo, pai, mãe, professores etc.). Segundo Pfromm Neto (1979), os adolescentes que apresentam condutas delinqüentes compreendem um foco de grande preocupação na sociedade em geral, pois passam a ser representado como um ícone, tornando-se por sua vez indesejáveis, justamente devido aos comportamentos que apresentam. Tais jovens, violadores de normas e leis, caracterizam-se não pela inexistência de valores, mas devido a superposição e relevância dada aos seus próprios valores ou a sua má orientação ou clareza cultural (Lipovetsky, 1986). Toch (1966) considera a existência de um padrão de violência do tipo atitudinal e de reação pessoal que permitiria justificar a utilização da força (seja ela 27 estratégica ou comportamento. física), Com observada isso, logo percebido após tais o indivíduo problemas, manifestar passa-se seu assim a apresentação de uma grande extensão quanto às soluções e explicações. Entretanto, a presente dissertação se destina a abordar os comportamentos agressivos que evidenciam atos delitivos dos jovens na sociedade, procurando enfocar sua base explicativa. Diversas perspectivas têm sido colocadas em pauta na tentativa de compreender melhor esta problemática, como, por exemplo, a psiquiátrica e a biogenética. A perspectiva psiquiátrica indica questões patológicas que podem repercutir em transtornos de personalidade quando adulto. Por exemplo, a desestruturação afetiva e psíquica (Bordina & Offord, 2000; Juan, 1998; Tranah, Harnett & Yule, 1998), a presença marcante de traços de personalidade denominado de neuroticismo (Luengo, Carrillo-de-la-Peña, Otero & Romero, 1994), a ansiedade que se apresenta diretamente ligada ao comportamento delituoso (ver L. Gouveia, 1999) ou bem a escassez disciplinar dos pais quando diante da infração (Pasquali & Andrade, 1986). Apesar de encontrar resultados que sugerem a relação entre os desvios de condutas e os traços de personalidade, alguns estudos têm demostrado um certo cuidado quando a consistência desta relação. Vale destacar que tais pesquisas não dizem respeito aos distúrbios psiquiátricos (ver, por exemplo, Bordin & Offord, 2000). Segundo Gullone e Moore (2000), os estudos sobre distúrbios de personalidade poderão responder o fenômeno da delinqüência, porém apenas quanto às condutas que a permeiam. De acordo com estes autores, pouca evidência foi encontrada quando se tentou intervenções terapêuticas para promover a diminuição dos comportamentos de risco, o que as levou a concluir que a personalidade é um 28 construto insuficiente quanto à explicação destas condutas em jovens. A conclusão antes destacada é igualmente proposta por Tranah, Harnett e Yule (1998). Segundo descrevem, é possível encontrar uma relação entre disordem de contudas e psicotismo e neuroticismo, porém, mesmo assim, é insuficiente para diferenciar a conduta normal da anormal. Não obstante, Eysenck (1981) adverte que a conduta antisocial do jovem estaria alicerçada no neuroticismo e impulsividade, sendo possível sua inibição apenas através da intervenção terapêutica. Romero, Luengo e Sobral (2001) também estudaram a relação entre personalidade e condutas anti-sociais. Estes observaram que dimensões da personalidade psicotismo, impulsividade, busca de sensação e extroversão estão fortemente relacionadas com a quebra de normas, indicando assim que tais dimensões constituiriam um fator de risco para o comportamento anti-social. Porém, adevertem que é necessário a construção de modelos teóricos que envolvam tanto tais fatores personalísticos como os sócioculturais e psicossociais. Deste modo, para que sejam compreendidas tais condutas, faz-se necessário considerar não apenas a a individualidade do ser humano, mas também o seu contexto psicossocial. Como antes sugerido, existe também uma linha de estudo que destaca uma explicação biogenética, isto é, baseada nos cromossomos (DNA), para as condutas anti-sociais e delitivas. Por exemplo, discutindo em termos da agressão, Jarvik, Klodin e Matsyama (1973) assinalam que da mesma forma que os traços físicos são herdados, a tendência agressiva também é passível de herança genética. Segundo Gómez (2000), cerca de 30% dos casos dos comportamentos violentos são determinados no genótipo, proporcionando uma disposição consecutivamente, padrões de reações fisiológicas agressivos. biológica e, 29 Uma perspectiva alternativa para explicar as condutas anti-sociais e delitivas se centra nos fatores sociais e econômicos (Wright, Cullen & Miller, 2001). Estes não dizem respeito apenas a estrutura social, mas a déficites educativos e intelectuais, bem como a incapacidade de apresentar habilidades sociais e de solução de problemas - cognitivos e comportamentais. Portanto, tais jovens necessitariam uma reeducação social (ver comentários de Espinosa, 2000). A estrutura familiar tem sido também outro foco de atenção na tentativa de compreender tais condutas (M. Gómez, 2000). Loeber e Dishion (1983) afirmam que os comportamentos anti-sociais estão relacionados aos comportamentos indisciplinados dos jovens, principalmente quando se considera a aspereza, baixa disciplina e supervisão encontrada no relacionamento familiar (Torrente & Rodriguez, 2000). Tais aspectos foram rapidamente citados com anterioridade (ver Pasquali & Andrade, 1986). É aqui então onde poderia ter sentido uma intervenção na dimensão valorativa que visasse amenizar os comportamentos anti-sociais e delitivos. Os valores dos filhos, segundo se observa em Schneider (2001), refeltem perfeitamente a percepção que estes têm dos valores que apresentam seus pais. Portanto, os pais poderiam dar exemplos dentro de casa que promovessem padrões valorativos que, ao menos potencialmente, reduziriam a probabilidade do jovem apresentar tais condutas de risco (ver também o estudo de Coelho Júnior, 2001). Dessa forma, pode-se considerar que quando a família passa por crises, seja de cunho econômico ou sócio-afetivo, é possível que promovam atitudes e comportamentos de estresse que irão afetar diretamente o comportamento dos jovens que a compõem. Considerando a dimensão familiar, algumas causas estariam evidenciadas na prática, organização e dinâmica da família, podendo apresentar importantes fatores quanto ao desenvolvimento elevado dos 30 comportamentos considerados negativos, culminando em algo mais grave, como é o caso da delinqüência. Assim, estariam tais condutas relacionados à interação paisfilhos e às práticas disciplinares (Kreppner, 2000; Papalia & Olds, 2000; Winnicott, 1995). Tais condições são mais preocupantes quando a criança entra na escola, pois tais práticas vão se estendendo, fazendo com que se torne “comum” o comportamento delinqüente do jovem dentro da escola, o que geralmente implica na sua rejeição por parte dos professores e seus pares “normais”. Sankey e Huon (1999) consideram que a conduta anti-social pode ser explicada a partir de múltiplos fatores, tais como: as experiências negativas vividas na escola (práticas de sala de aula, interação com os pares, avaliação e desenvolvimento escolar etc.), as habilidades sociais do jovem, a qualidade de vida de sua família, a relação com os pares. Este último fator, não obstante, não apresentam um grande poder preditivo do comportamento delinqüente (Papalia & Olds, 2000). Frias, Sotomayor, Varela, Zaragoza, Banda e García (2000), considerando apenas menores infratores, apresentam explicações mais complexas para a delinqüência. Segundo estes autores, é necessário considerar também fatores de ordem biológico, social, contextual e de personalidade. Comentam ainda que tais fatores são determinantes destas condutas, provavelmente mantendo um padrão de correlação complexo, o que redunda no seu modelo ecológico da delinqüência. Estes autores enfocam também a agressão que os jovens sofrem dos seus pais ou responsáveis quando menores, podendo desencadear futuramente as condutas antisociais. Em termos de cifras de condutas anti-sociais, Willoughby, Kupersmidt e Bryant (2001) estimam que cerca de 40% dos jovens na pré-escola apresentaram 31 pelo menos um tipo destes comportamentos por dia, e entre 10% destes jovens foram observados seis comportamentos durante o dia, indo dos palavrões ao desrespeito com autoridades e mesmo ao vandalismo. Não se trata aqui de considerar tais índices alarmantes e de encontrar soluções o mais rápido possível, pois tanto estes quanto outros comportamentos são freqüentemente apresentados pelo jovens, podendo em certa medida ser considerados como normais, algo esperado ou que corresponde propriamente a essa fase de desenvolvimento. Sobre este ponto, é necessário ressaltar que, embora tenha sido indicado que as condutas anti-sociais e delitivas não são específicas de uma classe social, observou-se que sua freqüência seria mais evidente em classes baixas (Martín & Martínez, 1997). A partir dessas considerações quanto aos possíveis influenciadores de tais comportamentos desviantes entre os jovens e sua diferença quanto aos que cometem ou não atos anti-sociais ou delitivos, são identificados os fatores psicológicos mais relevantes (Petraitis, Flay & Miller, 1995; Romero, Luengo, & Sobral, 2001). Por outro, tem-se considerado um aspecto mais social fazendo com que se reflita tanto o que os jovens desejam para si quanto para os outros (Huesmann & Guerra, 1997). Assim, diversos autores (por exemplo, Coelho Júnior, 2001; Romero, Sobral, Luengo & Marzoa, 2001; Tamayo, Nicaretta, Ribeiro & Barbosa, 1995) têm considerado a necessidade de abordar este fenômeno numa vertente mais psicossocial, enfocando principalmente os valores humanos. É fato que não se pode apreender a realidade a partir de único prisma; entretanto seria quase impossível estudar a problemática deste estudo enfocando diversas correntes teóricas devido às distâncias teóricas e metodológicas existentes entre elas. Parece mesmo existir a necessidade de decifrar um extenso quebracabeça (Petraitis, Flay & Miller, 1995). Por exemplo, a cultura é um fator importante 32 ao analisar os comportamentos delituosos, uma vez que esta é capaz de promover a estabilidade quanto à "ordem social", podendo o indivíduo tomá-la como honra ou autodefesa (Cohen, Nisbett, Bowdle & Schwarz, 1996; Macionis & Kain, 1987). Que bases teóricas e empíricas seriam, portanto, mais adequadas para explicar tais condutas? A resposta, obviamente, não é simples, e qualquer que seja a decisão representará apenas parte da “verdade”. Na presente dissertação se optou por considerar aspectos mais normativos, priorizando a explicação das condutas antisociais e delitivas a partir dos valores humanos. Embora os estudos sobre a relação destes construtos não sejam recentes, o que se tem observado é uma visão ainda muito elementar dos valores humanos, tratados geralmente de forma vaga, sem uma estrutura teórica definida (ver, por exemplo, Petraitis, Flay & Miller, 1995). Romero e cols. (2001), por exemplo, estudaram os valores e as condutas anti-sociais de jovens delinqüentes e não delinqüentes, porém sua concepção sobre os valores é estritamente empírica e circunstancial. Em cada amostra foi identificada uma estrutura fatorial específica, mas sem apresentar qualquer indicador de que pudessem ser compatíveis. Isso, como se pode deduzir, dificulta toda comparação e mascara possíveis diferenças entre os padrões valorativos de tais jovens. Portanto, o estabelecimento e comprovação de hipóteses fica comprometido. Estudos que partem de modelos teóricos consistentes são ainda raros, principalmente com populações de jovens adolescentes (ver Coelho Júnior, 2001). Tamayo e cols. (1995) contrastaram os valores de usuários e não usuários de drogas entre estudantes universitários, tendo utilizado como marco teórico os tipos motivacionais de valores de Schwartz (1992, 1994). A presente dissertação, como se comprovará, parte de um modelo teórico 33 alternativo sobre os valores humanos, tendo como principal vantagem ser simples, contando com um número reduzido de valores em relação a outras tipologias (por exemplo, Rokeach, 1973; Schwartz, 1994). Isso, não obstante, não a faz menos adequada para explicar as condutas que aqui se pretende estudar, como ficou demonstrado na pesquisa de Coelho Júnior (2001). A diferença do estudo antes citado, que tratou exatamente dos fatores de risco como explicação do potencial consumo de álcool e maconha, o presente procura ser mais abrangente. Interessam as condutas anti-sociais e delitivas de um modo geral; estas tratadas como dois conjuntos legítimos de condutas que podem evidenciar distúrbios apresentados pelos jovens adolescentes no seu convívio social. Neste contexto, os valores, admitidos como seus explicadores principais, carecerão de uma análise teórica mais específica. Portanto, inicialmente se resumem os principais modelos teóricos a respeito e logo se indica a teoria que será utilizada, descrevendo seus pressupostos principais e a estrutura fatorial do conjunto de valores. Tal modelo, esperar-se tem o valor heurístico de gerar hipóteses que possam predizer a adesão às condutas ora tratadas. 34 4.– OS VALORES HUMANOS Diante dos problemas sociais e comportamentais que surgem em na sociedade, várias são as soluções que tem sido proposta: intervenções econômicas e da distribuição de rendas e matérias, organização educativa, etc., porém, os valores humanos são um dos construtos que têm trazido grandes respostas quanto a estes problemas, principalmente diante das perspectivas psicossociais. Para Rokeach (1973) este constructo tem se apresentado de fundamental necessidade quanto às crenças das pessoas em nossa sociedade, pois estes são capazes de orientar tanto as escolhas quanto às atitudes humanas (Rokeach, 1979; Williams, 1979). Quando se fala que uma tem valores, está salientando uma crença duradoura, bem como uma maneira de se comportar ou um estado final de existência da mesma, os quais podem ser preferidos, tanto no âmbito pessoal quanto social (Gusmão, Ribeiro, Gouveia, Nunes Júnior & Queiroga, 2000). Porém, para compreender tais concepções deve-se considerar, algumas questões básicas sobre valores, a saber: eles são estruturados no sistema psicológico, o qual torna-se coerente para ação humana (Rokeach, 1973), podem metaforicamente, ser tratado como termômetro social capaz de indicar estado febril da sociedade, evitando assim certas convulsões (Gouveia, Andrade, Vasconcelos & Gusmão, 2000) e derivado das experiências culturais e sociais, pois alguns são incorporados durante a vida enquanto que outros são adquiridos sob condições específicas de cada pessoa. Estes por sua vez, correspondem aos ideais normativos dos grupos sociais, entendidos, segundo Molpeceres, Llinares e Musitu (2000) como concepções que são partilhadas a partir da desejabilidade dos sujeitos, podendo gerar ou se manter 35 quando satisfeito o interesse e capazes de responder aos problemas enfretados tanto pelo grupo quanto o indivíduo. De fato, tais afirmações podem ser atreladas ao que Kluckhohn (1951 / 1968) concebe do ser humano, para esse autor o homem tem que ser e fazer parte de uma vida moral, pois sua condição única é ser social. Porém compreender esta dimensão do ser humano só será possivel se considera-lo como um todo auto-atualizado, o qual não dirige sua vida apenas para si mesmo, mas, centrando-se nas relações com os outros, tornando-o maduro a partir do reconhecimento de seus próprios valores e dos que regem as outras pessoas, fazendo com que quando satisfeito física e psiquicamente - ele possa se mostrar coerente com sua própria atualização e experiência pessoal, evitando em contrapartida uma crise nos valores (Mosquera, 1975). Segundo Lima (1997), Viana (2000) e Perreira (2000) os estudos sobre valores além de ocuparem um lugar de extrema importância nas ciências sociais e humanas tem em sua história um percurso de grandes contradições, tanto téoricas quanto da sua mensuração. Contudo isso, é possível conceber segundo Schneider (2001) algumas dimensões básicas sobre os valores humanos, fontes de grandes discussões, a saber: - universalidade e relativadade, esta dicotomia aborda a relação das características sobr o estével e consistente, tão presentes nos valores, isto é, pressupõe esterem os valores aparte e independente da pessoa que o valora e do objeto valorizado, implicando um caráter ilimitado, absoluto e independente, quando universal. Por outro lado, Kluckhohn (1951 / 1968) apresenta um sentido diferente para universal aqui tratado, para este autor, um conhecimento novo ou a mudança concreta do contexto vivido por cada pessoa poderá alterar esses valores universais, desta forma, é melhor falar de "condicionais absolutos ou de absolutos em movimento” (p. 469), apontando assim, para um direção relativista dos valores. 36 - Um segundo ponto, diz respeito sobre ser o valor um fenômeno de consciência individual ou coletivo. Para tais questões, se pode pensar em termos das primeiras noções sobre valores, o primeiro origina-se da inicias interpretações psicológicas de Allport, Maslow e Fromm (ver Lima, 1997; Gouveia, 1998) o quais consideram-no como um sistema motivacional e servindo para a auto-realização do ser humano. Num outro aspecto, considerando as ciências de cunho histórico social, tem se defendido tal constructo como um elemento coletivo, o qual se configura a partir do modo de vida especifico e concepção social entre as pessoas. Nessa perspectiva, para Schneider (2001), o valor pode ser apresentado como um elemento cultural, capaz de especificar regras ideais e preferíveis para o comportamento do ser humano, o quais podem derivar dos processos de socialização (Garzón & Garcés, 1989). - Um outro ponto é quanto aos valores serem aprendido ou inato. Tomando como base a teoria das necessidades (Maslow, 1954 / 1970), as quais se diferenciam deacordo com a necessidade mais básica no ser humano, podem ser os valores inatos. Não obstante, eles apresentam um componente motivacional (Schwartz & Bilsky, 1989), desta forma, por fazerem parte do processo socializante, de informação e aprendizado humano, são eles ensinados, isto é, uma geração após outra vai passando ou até os construindo. Porém, algo vale ser destacado na concepção de Rokeach (1973), se se tomar como direção os valores serem aprendidos, para este autor tal condição não se dá parcialmente, mas sim absoluta. Contudo isso é a partir dos anos 80 que o tema apresenta uma grande interesse por parte de diversos cientistas sociais, pois o mesmo consegue unificar grandes especulações entre os pesquisadores, especialmente no que diz respeito à explicação do comportamento individual e coletivo (Pérez & Ferrer, 1989), tal mérito se deve a Rokeach (1973) especificamente com o seu livro a natureza dos valores humanos. 37 Apesar dessas afirmações sobre a construção e contextualização dos valores, atualmente tem considerado alguns aspectos conceituais sobre o tema, como sendo de extrema importância, os quais são: os valores são universais, por serem reconhecidos pelas pessoas de um modo geral; mesmo que estando num contexto sócio-culturais apresentam capacidade de expressar concepções pessoais, e por fim, são aprendidos no decorrer das relações estabelecidas em sociedade (Schneider ,2001; Gouveia, 1998??????). Além desses aspectos conceituais, há diversos modelos teóricos sobre os valores considerados muito importante e bastante utilizados em pesquisas sociais, os mais citados são: a tipologia dos valores de Rokeach (1973); a teoria dos domínios motivacionais (Schwartz & Bilsky, 1987; Schwartz, 1992; 1994); a tipologia dos valores materialistas e pós-materialistas (Inglehart, 1977; 1991), e por fim, a tipologia dos valores humanos básicos (Gouveia, 1998). (conf. Lima, 1997; Gouveia, 2000; Viana, 2000; Pereira, 2000; Andrade, 2001). Destes modelos será tomado como rumo teórico neste trabalho a tipologia dos valores humanos básicos (Gouveia, 1998). 38 3.1. – BREVE REVISÃO DOS MODELOS TEORICOS O interesse desse trabalho não é fazer uma revisão teórica sobre os valores humanos, porém há de concordar a divesidade e enorme quantidade de escritos que abordam tal tema (ver Braithwaite & Scott, 1991; Gouveia, 1998), assim, aqui os modelos dos valores de Rokeach (1973) Schwartz e Bilsky (1987) e de Inglehart (1977) será tratado apenas em termos informativos, pois como já menciondao acima, tomará o modelo dos valores desenvolvido por Gouveia (1998) a base teorica deste trabalho. A preocupação relacionada aos valores humanos, não diz respeito apenas as contradições da clareza do conceito, conotações morais e existenciais as quais se fundamentam (Gouveia, 1998; Tamayo & Schwartz, 1993), bem como sua medida (ver Feather, 1992; ver Martinez, 1984), mas, sobretudo a necessidade de explicação da dinâmica dos fenômenos comportamentais (Homer & Kahle 1988), especificamente, quanto à diferenciação entre o que é importante e secundário para o indivíduo, pois os valores revelam tanto a relação com o comportamento e as opções de vida dos sujeitos quanta a sua preferência no que diz respeito ao que tem ou não valor (Tamayo, 1988) Desta forma, os estudos dos valores não somente adquire uma perspectiva empírica, mas também humanista apesar dos problemas nos últimos 50 anos a respeito do tema, quanto sua mensuração e teoria (ver Braithwaite & Scott, 1991). Assim, se tem observado a existência de atributos que concebem os valores como desejáveis, resistentes à modificação, adotados socialmente pelos sujeitos e representações das necessidades humanas (Kluckhohn, 1951 / 1968; Rokeach, 1973; Schwartz & Bilsky, 1987; 1990). Uma outra condição deste tema é quanto à dimensão conceitual, pensa-se que o valor é um problema individual, porém tem 39 observado autores que o tratam de várias formas, desde o contexto da universalidade ao da aprendizagem (Maslow, 1954 / 1970; Rokeach, 1973; Schwartz & Sagiv, 1995), destacado na introdução deste capitulo. Todo valor é social! Pois não diz respeito apenas o que a pessoa quer para si, mas também o que e como poderia expressar o desejável, sendo necessário justificar lógica ou moralmente diante dos outros (Gouveia, Andrade, Vasconcelos e Gusmão, 2000). De um modo geral, seja através destes ou outros aspectos, se tem considerado os valores humanos, como universais, os quais são reconhecidos em todas as pessoas independentes da cultura. Com isso, os estudos sobre os valores ganham destaque, a partir do trabalho desenvolvido por Rokeach (1973) considerado um dos mais conhecidos nas ciências humanas e sociais. Seu modelo procura identificar, entre 36 valores dois grupos, os instrumentais e terminais, salientando como as pessoas se posicionam na sociedade diante de determinado fenômeno social, bem como, a operacionalização do mesmo e sua delimitação com conceitos como: atitudes, normas sociais, necessidades, traços de personalidade e interesses (ver Viana, 2000) Desta maneira valor pode ser definido como uma crença duradoura de que um modo específico de comportamento ou estado último de existência é pessoal ou socialmente preferível a um modo de comportamento ou estado final de existência oposto ou inverso (Rokeach, 1973, p. 5). Em termos práticos, ele passa a considerar que as pessoas possuem, relativamente, pequenos números de valores, os quais são os mesmos variando apenas seu grau de importância dado a cada um deles, que estão organizados em um sistema, e finalmente, podem ser encontrada na cultura, na sociedade e suas instituições e na personalidade. Uma grande importância que seus estudos veio trazer foi quanto às funções dos valores e dos 40 sistemas de valores, considerando que esses têm a função de servir como um padrão, capaz de guiar o comportamento de várias formas e sob diversas condições, assim como, para a resolução de conflitos e tomadas de decisões. Apesar de Schwartz ter elaborado um modelo sobre valores, o mesmo reconhece (Schwartz, 1994), a influência que os trabalhos de Rokeach (1973) tiveram sobre ele. Assim, tomando como base à extensiva literatura sobre esse tema, Schwartz e Bilsky (1987; 1990) elaboraram uma definição sobre os valores, considerando-os como conceitos ou crenças, capaz de expressar estados finais de existência ou comportamentos desejáveis, que transcendem as situações específicas, guiam a seleção e avaliação de comportamentos e eventos e são classificados por sua importância relativa, bem como, três importantes requisitos universais, a saber: as necessidades do organismo, da coordenação na interação social e da permanência das demandas sociais. Tem-se então a elaboração de um conceito sobre valores considerando tipos motivacionais (Schwartz, 1992; Schwartz & Bilsky, 1987; Tamayo & Schwartz, 1993), os quais através de estudos seqüenciais encontrou um modelo com dez tipos motivacionais. Desta maneira, para Schwartz (1992; Schwartz, 1990) é partir da estrutura destes valores que o ser humano pode encontrar diferentes modos para organizar o conhecimento do mundo, sendo capaz de indicar interesses que possam atender a si próprio, as dos grupos e de ambos. Este modelo tem sido aplicado com bastante freqüência para outros estudos sobre o tema em questão, sendo considerado praticamente uma versão melhor elaborada dos valores encontrados por Rokeach, considerando que ambos partiram intuitivamente na elaboração da lista de valores (ver Gouveia, 1998); assim, Schwartz (1992) parte da perspectiva de que em todo ser humano as necessidades, 41 seja biológica, social ou institucional, leva a pessoa à busca de uma orientação e destinar esforços para se consiga, estando então no domínio motivacional, considerado universal, pois há sempre de existir pessoas que investirão esforços, selecionam e orientam seus comportamentos, justamente a partir da motivação e o alvo a que se destina, podendo possuir uma relação de compatibilidade e conflito. Porém algumas críticas a seu respeito vêm sendo tratadas, por exemplo, a de que ela não apresenta uma orientação teórica no que diz respeito à natureza do homem (Gouveia, 1998) e ao fato de não estar alicerçado num modelo teórico, apresentando-se apenas como esquema bem ordenado e hierarquizado, servindo de base para futuras teorias (Molpeceres, 1994). Desta maneira, pode-se observar que preocupações como estas questões parecem ter sido uma constante quando se trata de estudar os valores em diversas ciências (Lima,1997; Pérez & Ferrer, 1989), não somente quanto a criação de um bom modelo psicológico ou sócio-psicológico, como também, na valorização do homem e o resgate de sua dignidade. Com isso, Inglehart (1991) procura elaborar algo mais objetivo, fundamentado na teoria das necessidades de Maslow propõe para a teoria em questão, que os valores humanos devem estar alicerçados na idéia de escassez e socialização e derivando da sua variação cultural identificou que os valores fazem parte de culturas materialistas – diz respeito à satisfação de necessidades mais comuns e de segurança, isto é, valores materiais, e pós-materialistas – origina-se a partir da satisfação materialistas, desencadeando os valores espirituais. Assim, uma vez que as necessidades mais básicas fossem satisfeitas, as quais fazem parte da dimensão materialista, as pessoas passariam a tentar alcançar outras de nível superior, como as de estima e auto-realização, que seriam expressas por valores que traduzem o 42 pólo de pós-materialismo (por exemplo, ter uma sociedade menos impessoal, garantir a liberdade de expressão). Para Inglehart (1991), aquelas sociedades onde não estão satisfeitas as necessidades de segurança (física ou econômica), o materialismo seria o padrão valorativo predominante; conseqüentemente, nas sociedades mais ricas, o que ele chama de sociedades industriais avançadas, seria imperativa a dimensão valorativa denominada de pós-materialismo. Estas conjecturas, que são em princípio simples, não necessariamente correspondem à realidade; é possível que em países ricos ou pessoas que na atualidade gozem de estabilidade, siga-se dando importância à orientação materialista. Porém existe outra explicação para tal questão: a socialização, pois é necessário atentar para o período e contexto em que a pessoa foi socializada, correspondida aos anos de infância e adolescência. Alguém que viveu em um contexto de escassez, por exemplo, durante uma guerra, pode seguir dando importância à segurança física e econômica, ainda que tenha garantido a satisfação destas necessidades. Neste contexto, a obra de Inglehart (1977, 1991) é também relevante para compreender o processo de socialização dos valores entre jovens, e realizar algumas antecipações de trabalhos futuros. Atualmente, na Psicologia, a definição de valor, as investigações e os achados a seu respeito estão longe de serem consensuais (Tamayo & Schwartz, 1993). Assim, vários são os autores que se ocuparam em defini-los e mensurá-los (Braithwaite & Law, 1985; Chinese Culture Connection, 1987; Feather, 1992; Gouveia, 1998; Inglehart, 1991; Rokeach, 1973; Schwartz, 1992). Apesar das evidências empíricas que dão suporte a este modelo teórico em diversos países (ver Díez Nicolas & Inglehart, 1994; Inglehart; 1991), a proposta do 43 seu autor é bastante limitada. Não expressa exatamente uma teoria sobre os valores humanos em si, mas uma explicação da variação e mudança cultural em função de uma dimensão específica (materialismo versus pós-materialismo). Porém, o aspecto inovador de derivar seus valores específicos de um modelo axiomatizado das necessidades humanos tem sido elogiado (Braithwaite & Scott, 1991), e deu origem a uma nova tipologia que pretende identificar e estruturar um conjunto de valores entendidos como básicos (Gouveia, 1998). O homem certamente precisará de algo, seja material ou não, que o oriente suas escolhas durante o seu viver, porém o dilema está quanto à importância que se dá a cada um no momento de decisão; por um lado considera-se que as pessoas devem decidir a partir da importância que se dá para si quanto o que irá escolher (ver Rokeach & Ball-Rokeach, 1982), por outro lado, diante da realidade em que vive nem sempre isto pode ser comprovado, as pessoas algumas vezes poderão escolher algo, mas não significa que tenha deixado completamente esquecido ou não mais desejável o que não escolheu. Por exemplo, Rokeach (1973; ver Bem, 1973) considera que as pessoas poderão valorizar, em um contexto político de democracia, a igualdade ou liberdade, ou mais ainda os dois, isto as pessoas estariam dispostas em uma medida ipsativa. Segundo Bem (1973) alguns valores partem de crenças primitivas e de ordem superior, as primeiras diz respeito às crenças ainda não conhecidas ou as que sabem que existir e não precisa se questionar a seu respeito, de forma mais apurada e complexa, já a segunda refere-se a maior complexidade na elaboração de justificativas para sua orientação, seguindo uma verticalidade lógica. Segundo Gouveia os termos valores básicos podem ser encontrados nos estudos E. Spranger em 1931 com os seis Tipos de homem, definido como ideais na sociedade e em 44 G.W. Allport o qual propõe medir valores ou motivos básicos da personalidade, quanto a sua extensão – centrais ou periféricos; sua generalização – cultural ou universal; sua quantidade e seu processo básico ou ordem dimensional - valores primários, de primeira ou de segunda ordem e os tipos de valores. Este autor parte dos estudos sobre valores e considerando suas deficiências elabora uma tipologia dos Valores Humanos Básicos, tomando como base os seguintes critérios: o modelo de Ronald Inglehart - Materialismo e Pós-materialismo, a Hierarquia de Necessidades de Maslow (1954 / 1970) e a consideração de que o homem tem uma condição benévola. Desta maneira, embasado na teoria da hierarquia das necessidades (Maslow, 1954 / 1970) considera que o ser humano apresenta necessidades relativamente universais, neutras ou positivas, capaz de obedecer a uma hierarquia e se dirigir ao objetivo de auto-realização tornando cada pessoa em um todo integrado e organizado, podendo identificar cada valor básico priorizando por estes. Assim, para Gouveia (1998) pode-se então considerar que as orientações valorativas estariam embasadas nas necessidades, especificamente as seguintes: fisiológicas, de segurança, amor e afiliação, cognitivas, estéticas, de estima e autorealização. Porém, considerá-las somente como a base do comportamento humano não é suficiente, devendo sim, existir algo que a faça surgir e torná-lo saliente, capaz de promover um funcionamento e desenvolvimento adequado destes para a sociedade e o indivíduo. É por isso que Gouveia (1998) em seu conceito considera que além das necessidades, os valores precisam de algumas pré-condições para que sejam satisfeitas, pois não seria possível realizá-las, afinal os comportamentos humanos não acontecem no vácuo. 45 3.2.– OS VALORES HUMANOS BÁSICOS Esta tipologia tem sido proposta a partir da consideração da relação existente entre os valores e as necessidades humanas (Rokeach, 1973). E além do mais uma extensão das já mencionadas, considerando igualmente a noção de valores como construtos latentes, presente em Braithwaite e Law (1985). Valores Humanos é definido por Gouveia (1998; 2001) como categorias de orientação que é desejável baseado em necessidades humanas e nas pré-condições para satisfaze-las, adotadas por atores sociais com magnitudes e elementos constitutivos que podem variar a partir do seu contexto. Esta definição é tratada considerando os seguintes componentes constitutivos, descrito a seguir: Categorias de orientação. Este componente rende um conceito particular de valor do qual é distinto, por exemplo, a suposição que valores são um tipo específico de atitude ou convicção (Bem, 1973). Também permite concebe-los como construtos latentes e manejáveis na sua construção, ao invés de simples palavras ensinadas as crianças. É algo bem maior! São um jogo de conceitos ou idéias que permitem o homem viver em sociedade. Os valores não existem em um lugar específico, mas a sua presença poder ser percebida no comportamento humano e na cultura. Visto como desejáveis. O caráter desejável dos valores implica serem corretos e justificáveis do ponto de vista moral ou racional (Kluckhohn, 1951; Rokeach, 1973), bem como, referir-se a um desejo pessoal como a uma orientação socialmente desejável, pelo menos para algum grupo de referência. Tal componente indica serem os valores um desejo social (Schwartz, Verkasalo, Antonovsky & Savig, 1997) e contribuírem para uma predominância de correlação positiva entre eles. 46 Baseados nas necessidades humanas e nas pré-condições para satisfazelas. A relação entre valores e necessidade é freqüentemente mencionada na literatura em geral. Neste componente inclui as exigências para satisfazer as necessidades, as quais representam os valores capazes de guiarem o comportamento podendo evitar que se predomine o interesse pessoal que poderiam ameaçar a harmonia social. Apesar de tais exigências não ser mencionada claramente na literatura sendo reconhecidas no trabalho de Merton (1957). Schwartz e Bilsky (1987, 1990) descrevem três exigências humanas e universais, como tipo motivacional dos valores, fazendo perceber suas características necessárias para que vigore alguns valores, a saber: é requisito para coordenação da interação social, requirements for the smooth functioning e sobrevivência dos grupos. Desta forma, por serem os valores representações das necessidades e precisarem de pré-condições para satisfaze-lo, não são eles isomórficos. Embora os valores sejam, em números, limitados devidos à sua natureza social e cultural, eles ultrapassam o número de necessidades. Os quais são conseqüência do processo de socialização ao invés da escassez (Inglehart, 1990), isto é, não é apenas o que falta às pessoas que pode ser considerado como essencial, mas o que é reconhecido como importante à vida de cada pessoa e desejado ou estando preste a perder. Assumido por atores sociais. As pessoas que definem e simultaneamente assumem padrões como desejáveis em sociedade concebem valores como parte do jogo social em que vivem. Assim, seja por uma argumentação moral e/ou racional, as pessoas justificam o caráter desejável ou preferível do valor assumido diante dos outros (Zavalloni, 1980). Variando em sua importância e os elementos que o constitui. As pessoas não diferem por causa dos valores específicos, mas sim, devido aos valores que 47 acham ser mais importante no conjunto dos valores humanos. Assim por serem um construto latente, os valores podem ser operacionalizados por deferentes itens, podendo assim, serem facilmente adaptável de uma ambiente cultural e o interesse da pesquisa (Parra, 1983). A Teoria de Necessidades de Maslow (1954) é levado aqui para identificar todo valor básico. Apesar da controvérsia ao redor da conveniência da hierarquia das necessidades postulada por Maslow (Todt, 1982), há um certo acordo na existência e a extensão de necessidades (Ronen, 1994). Na tipologia atual, não é aceita a hierarquia de necessidades de Maslow, mas a existência de um conjunto de necessidades. Neste contexto, Maslow estabeleceu três suposições fundamentais: (1) necessidades humanas são relativamente universais; (2) elas são neutras ou positivas; e (3) os seres humanos são uma totalidade integrada e organizada. Além da ênfase dada as necessidades humanas as quais incluem necessidades fisiológicas, de segurança, de amor, de pertença, necessidade cognitiva, estética, de estima, e necessidade de auto-atualização, Maslow também recorre ao pré-condição para que estas sejam satisfeitas. Partindo destas considerações, foram identificados 24 valores básicos, listados abaixo deste parágrafo. Para isso, é necessário lembrar os requisitos de Parra (1983) quanto a identificação dos valores como representações das necessidades, e os critérios de Gouveia (1998): (1) conteúdo das necessidades ou pré-condição para que sejam satisfeitos; (2) a possibilidade de diferenciar um valor dos outros; e (3) a presença de cada valor em estudos anteriores ou sua condição justificada de princípio guia desejável para os atores sociais. Sobrevivência. Representa as necessidades mais básicas (como comer ou beber). Pode ser fatal para alguém ser privado dessas necessidades por longos períodos de tempo. Sua relevância é evidente como princípio guia da vida das pessoas ou 48 culturas que foram socializadas em um contexto de escassez, bem como para os muitos que estão vivendo atualmente sem os recursos econômicos mais básicos. Sexual. Representa uma necessidade fisiológica de sexo, e constitui um padrão de orientação para pessoas jovens, ou pessoas que eram privadas, ou está sendo em geral privado deste estímulo. Normalmente é tratado como um elemento ou fator de valores morais (Braithwaite & Scott, 1991) ou valores religiosos (Braithwaite & Law, 1985). Prazer. Corresponde a uma necessidade orgânica de satisfação, em um significado mais abrangente (comendo ou bebendo por prazer, se divertindo, etc.). Entretanto está relacionado com o anterior valor, sua peculiaridade baseia-se no fato de que fontes de satisfação não são de um tipo específico. Este valor é incluído em quase todos instrumentos. (veja Braithwaite & Scott, 1991). Estimulação. Representa as necessidades fisiológicas de movimento, variedade de estímulo e novidade. Sempre enfatiza o ser em atividade ou ocupado, e descreve alguém que é impulsivo, e talvez consciencioso. Há valores semelhantes a esse mencionado na literatura (Braithwaite & Law, 1985; Rokeach, 1973; Schwartz, 1992; Walsh et al., 1996). Emoção. Representa a necessidade fisiológica de excitação e a busca de experiências arriscadas. Difere do valor anterior por causa da ênfase dada ao risco, o qual precisa sempre estar presente. Pessoas que adotam isto são menos conformadas a regras sociais (Coelho Júnior, 2001), é considerado como parte do valor de estimulação (Schwartz, 1992) ou de estimulação social (Braithwaite & Law, 1985). Também, Walsh et al. (1996) sugerem a existência de um valor chamado de risco que provavelmente tem algo em comum com este valor. Estabilidade pessoal. Necessidade de segurança é representada parcialmente por este valor. Enfatiza uma vida planejada e organizada. Pessoas que assumem esta orientação tentam garantir a própria existência. Parece configurar o tipo motivacional segurança (Schwartz, 1992), possivelmente podendo estar relacionado itens específicos, como gosta de ter um trabalho estável e ser rico (Levy, 1990), estabilidade (Chinese Cultural Connection, 1987), e segurança econômica (Walsh et al., 1996). Saúde. Também representa a necessidade por segurança (Schwartz & Bilsky, 1987). A idéia é não estar doente. Uma pessoa que a adota, provavelmente partiu de um drama pessoal, o qual originou um sentimento de incerteza implícito na doença. Assim, o indivíduo é orientado para procurar um melhor grau de saúde e evitar coisas que podem ameaçar a sua vida. Este valor é comum na literatura, apresentando o mesmo rótulo (Parra, 1983; Schwartz, 1992) ou tratada como bemestar (Braithwaite & Law, 1985; Lapin, 1997). Religiosidade. Este valor também representa a necessidade por segurança. Independe de qualquer preceito religioso específico. A pessoa reconhece a existência de uma entidade superior, por quem os indivíduos procuram certeza e harmonia social desejando uma vida calma. Também é incluído em a maioria dos instrumentos (veja Braithwaite & Scott, 1991; Levy, 1990; Schwartz, 1992). 49 Apoio social. Este valor representa a necessidade por segurança. Significa que, até mesmo se o indivíduo não é relacionado próximo ao próprio ambiente social, ele sente um pouco de apoiado. Expressa segurança no sentido de não sentir só no mundo e achar ajuda quando precisar. É possível encontra-lo em vários instrumentos, porém com rótulos diferentes: amigos íntimos que me ajudam (Schwartz, 1992), solidariedade com outros (Chinese Cultural Connection, 1987), e contato social (Lapin, 1997). Ordem social. Este valor completa a lista de valores que lidam com a necessidade por segurança. Considera a escolha feita por alguém orientado para administrar padrões sociais para garantir uma vida diária tranqüila. Significa o alcance de uma estabilidade ambiental. Esse item pode ser achado com: ordem nacional (Braithwaite & Law, 1985; Inglehart, 1990), proteção do decoro público (Levy, 1990), e segurança nacional (Braithwaite & Law, 1985; Parra, 1983; Rokeach, 1973; Schwartz, 1992). Afetividade. Este valor e o próximo representa a necessidade por amor e afiliação. Relações íntimas, familiares, compartilhando carícia, afeto, prazer e tristeza são enfatizados nesta orientação. Está relacionado com um aspecto profundo de vida social. Geralmente, nós achamos itens que representa o gostar de verdadeira amizade (Rokeach, 1973; Schwartz, 1992), um fim, um amigo íntimo (Chinese Cultural Connection, 1987) ou satisfazendo relações interpessoais (Braithwaite & Law, 1985; Levy, 1990). Convivência. Enquanto o valor prévio descreve relação de pessoa-para-pessoa direta mente enfatizando a intimidade, este é centrado numa dimensão de pessoagrupo e tem um senso de socialização (por exemplo, pertencendo a grupos sociais, viver com os vizinhos). Schwartz (1992) presentes o valor de senso de pertencer; Levy (1990) propõe o item viver sociavelmente. Êxito. Os dois valores seguintes representam a necessidade por estima. Enfatizando o modo de ser eficiente e alcançar metas (realização). As pessoas que adotam este valor têm um ideal claro de sucesso e tendem a ser orientado nesta direção. É incluído em quase todos questionários (Braithwaite & Scott, 1991; Levy, 1990; Reeve & Sickenius, 1994; Walsh et al., 1996). Prestígio. Este valor enfatiza a importância do contexto social. Esta não é uma questão de ser aceito pelos outros, mas de ter uma imagem pública. Indivíduos que assumem este valor reconhecem a importância de outros, até mesmo se isto se mostrar para ele seu próprio bem. Braithwaite e Law (1985) incluíram um fator de posição social tendo conteúdos semelhantes, porém este fator inclui também um aspecto de autoridade, íntimo ao de poder. Há outros autores que citam valores equivalentes (Parra, 1983; Schwartz, 1992; Walsh et al., 1996). Poder. Este aqui tem valor menos social que o último. Pessoas que dão importância a este valor podem não ter a noção de um poder socialmente constituído. Provavelmente, este valor é desejado socialmente entre as pessoas que apresentem uma orientação social horizontal (por exemplo, estudantes universitários; veja Triandis, Chen, & Chan, 1998). Este valor é estar presente na maioria dos 50 instrumentos (veja Braithwaite & Scott, 1991; Chinese Cultural Connection, 1987; Lapin, 1997). Maturidade. Necessidade de auto-atualização é representado por este valor. Aponta e descreve um senso de auto-satisfação ou de um ser humano útil. Indivíduos que tomam este valor como um princípio guia da sua vida tendem a apresentar uma orientação social que transcende pessoas ou grupos específicos. Apesar de certos elementos como auto-respeito e sabedoria incluídos em seu conteúdo (Rokeach, 1973,; Schwartz, 1992), a idéia central deste valor é a de crescimento pessoal (Braithwaite & Law, 1985), e é expressado no fator de auto-atualização (Kraska & Wilmoth, 1991). Auto-direção. Este próximo valor representa pré-condição de liberdade e a satisfação das necessidades. A pessoa que adota este valor insinua no reconhecimento de própria auto-suficiência. Este é comumente um tipo de valor achado na literatura com o mesmo rótulo ou semelhante, como liberdade (Inglehart, 1990; Lee, 1991; Parra, 1983; Rokeach, 1973; Schwartz, 1992), autodeterminação (Reeve & Sickenius, 1994), autonomia (Walsh et al., 1996) ou independência (Kraska & Wilmoth, 1991; Lapin, 1997). Privacidade. Um espaço privado é necessário para manter longe de outros aspectos diferentes da própria vida. Pessoas que adotam este valor não negam a subestima aos outros; eles reconhecem os benefícios de ter seu próprio espaço para simplesmente viver. Este valor raramente é citado. Schwartz (1992) mencionou a separação de valor, mas não reproduz o valor de privacidade no conteúdo inteiro. Justiça social. Este valor representa a pré-condição de justiça ou igualdade para satisfazer as necessidades. Pessoas que dão importância a este valor pensam em todo o mundo como sendo parte de uma só comunidade. Cada um tem os mesmos direitos e deveres para viver uma vida social com dignidade. Este valor é bastante usado com esta mesma denominação (Parra, 1983; Schwartz, 1992) ou como igualdade (Braithwaite & Scott, 1991; Inglehart, 1990; Rokeach, 1973). Honestidade. Representa a pré-condição de honestidade e responsabilidade para satisfazer necessidades. Enfatiza um compromisso face aos outros, com permissão para manter um ambiente apropriado para relações interpessoais, as quais são metas para ela mesma. Este item é muito comum na literatura sobre valor (Braithwaite & Law, 1985; Chinese Cultural Connection, 1987; Rokeach, 1973; Schwartz, 1992). Tradição. Este valor e o próximo representa uma pré-condição disciplinar para o grupo, ou para a sociedade como um todo satisfazer necessidades humanas. Sugestiona respeito a padrões morais seculares e contribui para aumentar harmonia da sociedade. Indivíduos têm que respeitar símbolos e padrões culturais. Levado como valiosa dimensão (Inglehart, 1990; Schwartz, 1992) ou como um elemento específico (Chinese Cultural Connection, 1987; Lapin, 1997,; Levy, 1990), sua presença é conhecida em outras tipologias. 51 Obediência. Este valor provoca a importância em cumprir os próprios deveres e obrigações diárias, além do respeito para os anciões e pais. É uma questão de conduta individual; os membros da sociedade assumem um papel social e conformam tradicionalmente a hierarquia social imposta. Este valor é típico das pessoas mais velhas ou dos que receberam uma educação mais tradicional. É citado em outros estudos (Braithwaite & Scott, 1991; Rokeach, 1973; Schwartz, 1992). Sabedoria. Necessidades cognitivas são representadas por este valor. Tem um caráter extra-social. É a pessoa que pretende ter um conhecimento atual e saber melhor sobre assuntos menos procurados. Nesta presente definição, corresponde a valores diferentes achados na literatura (por exemplo, imaginativo, criativo, intelectual, curioso, instruído, estudioso, educado, informado) (Braithwaite & Law, 1985; Chinese Cultural Connection, 1987; Levy, 1990; Schwartz, 1992; Walsh et al., 1996). Beleza. Representa necessidades estéticas. Inclui a orientação global da pessoa sem ter um interesse precisamente específico sobre quem se beneficia com isso; não significa um objeto pontual ou avaliação de pessoa, mas a avaliação de beleza como um critério transcendental. Além isto, esteve relacionado com natureza ou com espaços específicos (Braithwaite & Law, 1985; Inglehart, 1990; Rokeach, 1973; Schwartz, 1992). Este valor também pode incluir a idéia de uma estética geral (Walsh et al., 1996). Todos os 24 valores básicos são valores terminais; eles expressam um caminho, direção e é visto como substantivos (Rohan, 2000; Rokeach, 1973). Eles são guias de categorias transcendentes as situações específicas, servindo como princípios gerais. Essa 24 forma de valores, dá origem a um sistema de valor, tendo assim, três critérios (pessoal, central, e social), os quais são divididos de acordo com a função de psicossocial (experimental, promoção, preservação, supra-pessoal, interacional e normativo) dos valores específicos. A pessoa tem que pensar no propósito de cada valor para que estas funções sejam reconhecidas: o que pode ser alcançado com seu cumprimento e em ou para qual contexto social a pessoa ou o grupo cada um pode ser mais adequado. Assim, há um padrão típico seguido pelas pessoas quando adotarem um ou outro valor como sendo o mais importante e princípio guia nas vidas. Este padrão pode ser o seguinte: 52 Valores pessoais. Pessoas que normalmente assumem estes valores mantêm relações pessoais contratuais que geralmente procurando lucrar sobre elas. A pessoa concede para seus próprios benefícios ou condições das quais eles podem emergir sem ter uma referência particular (papel ou estado). Para Rokeach (1973) estes valores são vistos tendo um foco intrapessoal. Para Schwartz (1994), estes se incluem em prestam atenção a interesses individuais. Considerando a sua função psicossocial eles podem ser divididos como: (1) Valores de Experimentação: descobrir e apreciar estímulos novos, confrontar situações, e procurar satisfação sexual são aspectos centrais destes valores (emoção, sexual, prazer e estimulação); e (b) Valores de Promoção: além da experimentação de novos estímulos, os desejos humanos estão incluídos também no auto-cumprimento, o sentimento de ser importante e poderoso, ser uma pessoa com auto-identidade e espaço (poder, prestígio, privacidade, auto-direção, e êxito). Valores centrais. A expressão “valores centrais” é usado para indicar o caráter central ou adjacente destes valores; eles figuram entre e são compatível com valores pessoais e sociais. Em termos da tipologia de Schwartz (1990, 1994), estes valores servem a interesses mistos (individual e coletivo). Considerando a sua função psicossocial, os valores centrais podem ser divididos em dois jogos de valores: (1) Valores de Preservação. Interesse garantindo a própria existência orgânica (saúde, estabilidade pessoal, e sobrevivência). A ênfase não está na individualidade pessoal, mas na existência de indivíduo. Assim, valores de preservação não são incompatíveis com valores pessoais e sociais. Eles são importantes para pessoas, principalmente em ambientes de escassez econômica; e (2) Valores Supra-pessoais. Pessoas que assumem estes valores tentam atingir seus objetivos independentemente do grupo ou condição social. Eles descrevem 53 alguém que é maduro, com preocupações menos materiais, e não são limitados a características descritivas ou características específicas como iniciar uma relação ou promover benefícios (beleza, maturidade, justiça social, e sabedoria). Estes valores enfatizam a importância de todas as pessoas, não exclusivamente indivíduos que compõem o in-group. Assim, eles são compatíveis com valores pessoais e sociais. Embora Rokeach (1979) use a expressão valores supra-individuais, ele não pretende desenvolver a mesma idéia. O que se pode imaginar é o tipo motivacional destacado por Schwartz (1994), segurança e universalismo os quais deveriam correlacionar com a preservação e valores supra-pessoais, respectivamente. Valores sociais. Pessoas que assumem estes valores estão direcionadas para estarem com os outros. No estudo de Rokeach (1973), corresponde ao foco interpersonal, e em Schwartz (1994) estão incluídos entre valores relacionados com interesses coletivos. Estes valores são assumidos por indivíduos que se comportam como alguém que gosta ser considerado; que quer ser aceito e integrado ao ingroup, ou que pretende manter um nível essencial de harmonia entre atores sociais num contexto específico. Considerando sua função psicossocial, eles podem ser divididos como: (1) Valores Normativos: esses enfatizam a vida social, estabilidade de grupo, e respeito para com os símbolos e padrões culturais que prevalecem durante muitos anos. A ordem é apreciada mais que tudo (obediência, religiosidade, ordem social, e tradição); e (2) Valores de Interação: estes focalizam um destino comum e complacência. Conhecer detalhadamente é de fundamental importância para assegurar a felicidade da pessoa. Especificamente, tem interesse em ser amado e uma verdadeira amizade e uma vida social ativa (afetividade, convivência, honestidade, e apoio social). 54 Comparado com os anteriores, este modelo tem a clara vantagem de partir de uma proposta teórica concreta na identificação dos valores humanos. Não supõe uma lista exaustiva, mas um conjunto de valores que, potencialmente, por representar necessidades consensualmente universais (Ronen, 1994), devem ser reconhecidos por todas as pessoas com independência da cultura. Alguns podem ser menos adotados que outros, e isto precisamente permite definir e diferenciar os diversos sistemas valorativos. No contexto dos estudos de socialização, tem a vantagem de identificar critérios de orientação e grupos de valores psicologicamente estruturados, permitindo formular hipóteses de âmbito mais generalizado. As razões antes descritas contribuem a que se considere tipologia dos valores humanos básicos (atualmente reformulada) essencial para que se desenvolva a presente dissertação. Esta tratará da comprovação e adequação da escala de condutas antisociais e delitivas, bem como, avaliar a relação dessas condutas antisociais e delitivas e os valores humanos em jovens brasileiros. 55 5.– ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE A RELAÇÃO DAS CONDUTAS ANTISOCIAIS E DELITIVAS COM OS VALORES HUMANOS. O problema da delinqüência tem sido um dos fenômenos sociais mais preocupantes na atualidade, evidenciando as possíveis fissuras sociais responsáveis pela sua origem, como, por exemplo, as normas existentes relacionadas aos comportamentos dos jovens. Nesse sentido, diferentes aspectos devem ser considerados, alguns já destacados acima (por exemplo, estrutura familiar, o nível de inteligência etc.). Estes também incluem o crescimento e desenvolvimento urbano até mesmo a procura de novas oportunidades, deficiências das políticas públicas e a distribuição econômica (ver Papalia & Olds, 2000). A esse respeito levanta-se uma questão em relação à abordagem deste tema: deve-se considerar essas condutas devido às questões sociais ou psicológicas? Responder ao problema de agressividade dos jovens é um interesse tanto das ciências quanto de toda a sociedade, direta ou indiretamente todos estão envolvidos com essa problemática, especialmente no que se refere aos fenômenos antecedentes à violência: as condutas anti-sociais e detilivas, que podem favorecer a compreensão dos traços da agressão, seu grau de instrumentalidade e o reconhecimento dos comportamentos delinqüentes. Obviamente, não se trata de aqui da fórmula para transformar adolescentes em anjos muito menos gostaríamos que eles, indiscriminadamente, saíssem portando armas e desrespeitando todo mundo, destruindo materiais e ferindo pessoas, chamando palavrões pelos quatro cantos, etc. Estudos têm enfatizado a relação de atividades, consideras comuns, como por exemplo, usar substâncias ilícitas, tomar bebida alcoólica etc. com as condutas anti-sociais e delitivas. Na pesquisa de Taylor e Carey (1998; Zhang, Welte & 56 Wieczorek, 1999) em jovens que apresentavam comportamentos delinqüentes, os resultados encontrados no que diz respeito ao abuso de álcool e de droga, salientavam sintomas de desordem de conduta e de personalidade anti-social, bem como, sua somatização nas famílias desses jovens. Para esses autores tais resultados revelaram entre os adolescentes formas psicopatológicas, como também, da tendência geral para os desvios de condutas graves quando adulto por abusar dessas substâncias quando jovem. Vale destacar, que na mesma pesquisa, foi encontrado uma relação entre os jovens que abusaram das substâncias e os familiares que apresentaram sintomas de dependência de álcool e droga, caracterizando um padrão especifico entre eles de desvio de conduta. Um estudo de Vermeiren, De Clippele e Deboutte (2000) em delinqüentes mostrou que estes, geralmente, são caracterizados por um número de problemas psiquiátricos. Através de uma diagnose psiquiátrica estes revelaram desordem de conduta e abuso de substâncias ilícitas, hiperatividade, atenção deficitária e depressão, sendo assim, necessário a intervenção e internação psiquiátrica deles. Segundo esses autores, o problema do jovem delinqüente é muito sério, o qual pode ser o responsável por uma maior proporção de crime violento caso não seja trabalhado. Uma informação levantada nesta pesquisa é sobre a ocorrência e curso de comportamentos anti-sociais realizados por crianças. Nos Estados Unidos 9 a 18% delas declararam ter cometido algum ato ilegal, do roubo a uma avaria em algum objeto, bem como, o uso de armas. O estudo de Benda e Corwyn (2000) com adolescentes que tem uma prática religiosa cristã constante relacionando-os as condutas delinqüentes, por exemplo, o crime, uso de drogas etc. Considerou-se assim, as teorias sobre controle e aprendizagem social para o estudo desse fenômeno. Os autores encontraram um 57 grande investida dos responsáveis religiosos quanto ao cuidado para evitar as drogas e a violência, pois boa parte dos jovens que particapavam das reuniões já haviam tido alguma experiência ou apresentado comportamentos delinquentes. Desta forma, tem discutido a respeito de uma forte relação entre o uso de droga e seu antecedente ao crime, bem como, uma relação recíproca entre as formas de delinqüência (Walters, 1994). Apesar de se encontrar uma relação entre estes fenômenos, socialmente parece ser mais aceitável o uso de drogas pelos jovens e adultos do que o crime, fazendo com que seja plausível convicções de validade moral, apresentando motivos quanto ao seu uso. Porém, mesmo que diversas críticas geradas em torno da religião quanto ao controle dos comportamentos sobre as pessoas, para Brenda e Corwyn (2000) a religião e sua prática religiosa pode ser considerada um dos mecanismos efetivos de controle social, capaz assim de regular o comportamento de um indivíduo e orientá-los para o seguimento de algumas normas pessoais e sociais. Tais concepções podem ser encontradas no trabalho de Coelho Júnior (2001), não em termos da justificativa em usar drogas, mas quanto a orientação valorativa que os adolescentes podem apresentar quando diante de suas escolhas Para este autor, os jovens que assumem valores de experimentação, exclusivamente, emoção e sexual, aumentará a possibiliade em usar drogas, enquanto os que indicam valores normativos tenderá a um menor uso de drogas, especificamente tradição e obediência. Igualmente, Tamayo e cols. (1995) ????? Considerando a adolescência, Molpeceres, Bernad, Llinares e Pinazo (2000) destaca que este é um momento de grande conflito para o ser humano, tanto no plano psicológico quanto social, pois cede lugar à construção, identificação e a inserção no mundo social a qual servirá de trajetória para a sua vida adulta. Desta 58 maneira, ao considerar tais elementos é possível, quando os comportamentos forem expressados, estes se caracterizam não no vazio, mais embasados em normas as quais os jovens estâo vivendo. Tais considerações vem reaver a formação valorativa dos jovens em nosso século. O que de fato o forma? Delinquente ou não, estes estigma pessoal é capaz de oferecer um meio natural para examinar as relações de julgamento moral e a conduta do jovem, o qual passa a ser característico no indivíduo delinqüente um desenvolvimento moral e lógico inferior. Este autor considera que a conduta antisocial e delinqüente estariam associadas a uma lentidão no desenvolvimento da moralidade, sendo necessário alcançar um desenvolvimento moral convencional para resistir a essa conduta, uma vez que este nível de moralidade favorece a utilização de um pensamento abstrato nos indivíduos, o que nos delinqüentes não acontece. Para estes adolescentes tais comportamentos se devem por estar, moralmente, em um nível que implica interesses próprios, o oportunismo e praticidade (Espinosa, 2000). Os jovens que apresentam esses comportamentos associais, mostram um nível moral deficitário, se desenvolvendo apenas mais tarde, na etapa pré-moral, já os que fazem uso de drogas se encontram no nível convencional, isto é, para esses jovens a habilidade em tomar decisões é bastante falha e de grande incapacidade (Jurkovic, 1980; Kuther, 2000). Desta maneira, Tavecchio, Stam, Burgman e Thomeer-Bouwens (1999) moralidade e delinqüência apresenta uma relação muito complexa, as quais podem ser destacadas os seguintes aspectos, a saber: para que o jovem perceba que sua conduta delitiva é imoral, é necessário que esteja consciente no que ele está envolvido, bem como, do contexto em vive e o caracter abstrato desse dimensão moral; seguido dessa consciência estariam os elementos 59 que o envolvem, neste caso, o controle da família - os pais - o qual fará com que esse jovem se perceba envolvido por uma pressão sócio-familiar capaz de mantê-lo em funcionalmente na norma exigida. Bem como, caso necessário apoia-los através de tratamento clínico, porém tomando como base à própria família, pois ela tem estrutura para informar e formá-las sobre o seu papel na sociedade, facilitando seja o comportamento anti-social ou pro-social (Baldwin & Skinner, 1989; Winnicott, 1995). Para L. Gouveia (1999), seguindo esta linha de raciocínio, não foram encontrados diferenças quanto ao desenvolvimento moral entre jovens infratores e não-infratores, ambos apresentaram um nível pré-convencional de moralidade (egocentrismo, interesses pessoais, etc.). Porém, os infratores se situaram mais baixos em estágios morais referidos ao respeito à autoridade, medo de punição, etc., por outro lado, os mesmos pontuaram mais alto em estágios que têm a orientação ao afeto, legalidade e preocupações sociais. A apesar das diferenças encontradas, o autor, considerou que ambos os grupos não se encontram em um desenvolvimento adequado considerado pela teoria e estudos anteriores. O estudo sobre moralidade e sua relação com as condutas antisociais, é considerado a base destes comportamentos, sendo possível perscrutar o nível anticonvencional, bem como, à rejeição que certos grupos ocupam numa mesma posição social, por exemplo, o grau de conformidade dos atos delinqüentes, uso e abuso de substâncias, a supervisão da negligência dos familiares, etc., o que implicar, na compreensão de um contínuo desenvolvimentista da primeira infância à adolescência (Patterson, DeBaryshe e Ramsey, 1989). Outra dimensão diz respeito ao autoconceito, isto é, a organização da informação sobre si e sua atuação na sociedade, podendo, determinar em certas situações explicações das condutas que 60 os jovens podem expressar, levando assim não somente uma identidade moral, mas também, um ordenamento dos valores e sua organização e consistência interna, enfatizando a personalidade e raciocínio moral (Blasi, 1980). Entretanto, apesar de ser possível observar a delinqüência sobre diferentes espectros, estes fatores parecem não preencher todas as lacunas desta problemática. Pode-se considerar o ato de agredir entre os jovens e o grau das condutas como respostas ao problema da delinqüência? Estaria precipitando ou simplificando tal fenômeno? Classificar os jovens como delinqüentes ou nãodelinqüentes, não é suficiente, deve-se considerar uma medida de comportamento moral, o que vem sido destacado nos parágrafos anteriores (Wright, 1971). Porém, e quanto a orientação valotiva? Afinal os valores humanos tem sido considerado um dos construtos em psicologia que melhor facilita a explicação do comportamento humano. Existe de fato um perfil para o delinqüente e não delinqüente? Rodkin, Farmer, Pearl e Acker (2000) pensam que sim. Eles considerando que os jovens de comportamentos pró-sociais (cooperativo, sociável, sensível, útil, etc) e anti-sociais (assumem características inversas), podem ser caracterizados das seguintes formas: os que primeiros são muito populares e procuram atingir uma posição social, apresentando facilidades para o esporte, porte atlético, tornando-o capaz de desafiar e intimidar os mais fracos, vestem-se seguindo uma moda, desafiam a autoridade, maior suspensão e reclamação na escola e um baixo rendimento escolar etc. Já os de comportamentos pró-sociais podem ser considerados inverso as estes. Apesar de alguns destes atos delitivos ou anti-sociais não se manifestarem para além da adolescência e nem todos os adolescentes os apresentarem com freqüência, tais fatos tem interessado pela sua gravidade quando acontecem. A 61 psicologia, por sua vez, tem defendido e se interessado na existência de uma relação entre o indivíduo e a situação que cada um vive, numa espécie de formação humana que vinda do ambiente e cristalizando comportamentos, dificilmente poderão ser mudados, passando a fazer parte da personalidade e caracterizando um padrão comportamental devidamente específico, justamente a sua organização quanto à aprendizagem a partir dos processos associativos ou de reforçamentos. Considerar que tais comportamentos se tratam de uma necessidade de controle e dominação que cada indivíduo pode envolver uma subjugação e desrespeito quanto aos direitos das pessoas. Esses atos então devem se enquadrar a normas sociais e morais, podendo assim, caracterizar os tipos de comportamentos, se anormais e morais. Porém para isso, é importante considerar os fins e meios, bem como, a orientação tomada pelos jovens quanto a manifestação desses comportamentos, para isso, faz-se necessário sustentar sua explicação em termos dos valores humanos. O fato é que, segundo Emler e Reicher (1995) a geração jovem, apresenta tanto promessa quanto ameaça para a sociedade, por um lado atingem a estrutura social e individual e seus valores e sua forma de socialização, por outro uma dimensão da saúde psicológica e física deles mesmos. Desta maneira, a existência das pessoas pobres e sem formação social e individual que enfatize o valor humano acarretaria obrigatoriamente na marginalização e delinqüência. O que se tem observado nos jornais, revistas e no cotidiano das cidades, são alguns casos que têm levado a refletir os aspectos dos comportamentos considerados delinqüentes e antisociais. As informações que chegam pela mídia são de jovens, de classe média e alta, apresentando comportamentos que anteriormente eram atribuídos apenas aos sujeitos da classe 62 baixa justificado pela sua baixa escolaridade, má alimentação, desemprego, etc., porém, jovens que apresentam uma melhor e qualificada condição de vida (bons estudos, estrutura econômica e familiar, etc.) vêm demonstrando comportamentos que, teoricamente, se mostram inadequados diante de toda um desenvolvimento intelectual e social em que vivem. Tomando os valores humanos como variável explicativa, Luengo e TavaresFilho (1997), conseguiram destacar valores em jovens não delinqüentes e deliquentes. Esses autores consideram os valores como responsabilidade, honestidade, honra aos pais estarem relacionados aos jovens que não apresentam comportamentos deliquentes. Já os delinquentes se relacionaram a valores hedonistas (Luengo e Tavares-Filho, 1997). Diante deste problema, Boldizar, Perry e Perry (1989) consideram que os valores humanos têm sido o construto que mais contribui na predição dos comportamentos agressivos. Ajdukovic (1988; 1980) vê não só os valores, mas também, as necessidades, principalmente à auto-realização, podem explicar o comportamento delinqüente e não delinqüente, podendo promover, a partir da relação destes construtos programas de ressocialização de orientação da importância de valores, de hedonismo ou de espiritualidade, considerado pelo autor parte da dimensão valorativa, respectivamente, dos sujeitos delinqüentes ou não. Os estudos de Romero, Sobral, Luengo e Marzoa (2001) têm indicado que os adolescentes tendenciosos a delinqüencia têm sistemas de valor característicos. Porém, boa parte destes estudos indicam comparações entre delinqüentes que passaram por instituições coercitivas dos que não passaram por leasinstitucionalizados e non-institucionalizaram os adolescentes e assumiu elas. Os autores encontraram resultados que indicam que os comportamentos anti-sociais estão associados a valores hedonistas incluindo, valores de prazer e bem-estar 63 pessoal imediato, bem como, uma relação negativa correlacionado com valores e convencionais e sociais. Aportar a influencia dos valores e necessidades sobre o comportamento delinqüente é bem recente; Ball-Rokeach, Rokeach e Grube (1984) já consideravam a importância das necessidades, juntamente com sua demanda social de competência e moralidade, principalmente por ocorrer em um período da infância que é capaz de construir uma auto-identidade a partir de uma hierarquia de valores, tornando-se padrões aplicados, tanto ao próprio individuo quanto às outras pessoas e criando uma espécie de contrato social, o que poderá levar o sujeito, de acordo com este contrato, assumir certos comportamentos que estejam alicerçados no compromisso que ele tem tanto consigo quanto com a sociedade. Para Lueugo e Tavares-Filho (1997) é a partir da estrutura dos valores que se pode compreender a origem e manutenção das condutas anti-sociais, podendo distinguir sujeitos delinqüentes de não delinqüentes. Esse tema é abordado por Pearson e Love (1999) considerando a conscientização e importância que o grupo familiar tem na construção do seu sistema de valores, podendo facilitar a administração e solução dos conflitos existentes entre os seus membros jovens da família, e consecutivamente, na prevenção da duração dos conflitos entre eles. De fato, a conduta anti-social e delitiva, que não é responsabilidade apenas da ciência jurídica, não pode ser tratada a base do castigo ou penalização, intencionando amenizar e abolir estes comportamentos, mas deslocar as próprias 64 variáveis criminóginas causadoras do delito às variáveis relacionadas às outras ciências – sociologia, psicologia, economia, filosofia, etc; considerando junto os problemas sociais e comunitários capazes de afetar tanto sociedade quanto indivíduo, não sendo somente interesse do policial, do juizado, mas dos pesquisadores das ciências humanas e sociais. Mesmo concebendo que a melhor forma de prevenir tais comportamentos é a intervenção, porém o causador e causas do delito são pouco enfatizadas; o que atualmente se tem feito, segundo Molina e Gomes (1997), são algumas formas de intervenção como: técnica de solução de problemas, treinamento em habilidades sociais, controle emocional, raciocínio crítico e criativo e desenvolvimento de valores, nos quais este último trata de confrontar os sistemas de valores, técnica que vem sendo utilizado por vários pesquisadores e têm conseguido grandes resultados (ver Ball-Rokeach, Rokeach & Grube, 1984; Ros, Grad & Martinez, 1996; Schwartz & Inbar-Saban, 1988). 65 OBJETIVOS Desta forma, a partir do marco teórico exposto, os objetivos destas pesquisa são os seguintes: Gerais 1 - Comprovação da adequação da escala de condutas antisociais e delitivas em jovens brasileiros; 2 - Avaliar a relação das condutas antisociais e delitivas com os valores humanos. Específicos No que diz respeito as condutas anti-sociais e delitivas, pretende-se: 1 – Comprovar o poder predito dos valores humanos; 2 – Avaliar a relação da identificação dos endogrupos que estes jovens convivem e com os valores humanos, bem como, a influência que a identificação apresenta com as condutas; 3 - Avaliar a variância sócio-demográfica (idade, sexo, classe social) sobre as condutas. 66 6.– MÉTODO 6.1.– DELINEAMENTO E HIPÓTESES O presente estudo compreende um delineamento de tipo correlacional, podendo, também, denominá-lo de ex post facto. Considera-se um conjunto das seguintes variáveis antecedentes: os valores humanos e identificação endogrupal; variável critério condutas antisocias e delitivas. São igualmente considerados o nível da classe social, a idade e o gênero dos jovens. No que tange às hipóteses, são formuladas as seguintes: Hipótese 1. Quanto às funções psicossociais dos valores humanos, especificamente, experimentação, realização e existência correlacionaram diretamente com as condutas antisociais e delitivas; já as funções normativas, interacionais e suprapessoal, se encontraram inversamente relacionada. Hipótese 2. Os critérios de orientação valorativa pessoal estarão relacionado com as condutas antisociais e delitivas; social e suprapessoal inversamente com ambas as condutas; Hipótese 3. Da identificação com os endogrupos que estes convivem diariamente, os primários estarão inversamente ????? (VER COM OS VALORES) relacionados com ambas as condutas, o mesmo espera-se quanto aos grupos secundários. Hipótese 4. Quanto ao fator preditivo dos valores humanos e suas funções psicossociais, a que melhor explica diretamente as condutas antisociais são: experimentação, realização e existência; já interacional, normativo e suprapessoal explicam inversamente tais condutas. No que diz respeito às 67 condutas delitivas, serão explicadas diretamente pela função experimentação e inversamente por normativo, interacional e suprapessoal. Sobre os critérios de orientação valorativa pessoal explicará as condutas antisociais e delitivas, e inversamente, serão predito pelos critérios social e suprapessoal; Hipótese 5. No que diz respeito as variáveis sócio-demográficas pressupõe maior diferença dos homens quanto ambas as condutas (antisocial e delitva) bem como, na idade, os adolescentes apresentaram maior diferença em ambas as condutas. Em relação a classe social, na classe baixa encontrará maior variância quanto as condutas delitivas; já na classe alta será maior as condutas anti-sociais. 6.2.– DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS As condutas antisociais e delitivas (por exemplo, respectivamente, Jogar lixo no chão mesmo quando há perto um cesto de lixo; Tocar a campainha na casa de alguém e sair correndo e Roubar objetos dos carros; Conseguir dinheiro ameaçando pessoas mais fracas), será utilizado como a principal variável critério. Estas corresponderão a soma dos itens que formarão os dois fatores da medida CAD – condutas antisociais e delitivas (Seisdedos, 1988). Valores Humanos: Um conjunto de 24 valores específicos (por exemplo poder, afetividade, tradição, êxito, justiça social etc. reunidos em seis funções psicossoais: existência, experimentação, realização, normativo, interacional e suprapessoal. Estes, por sua vez, correspondem aos descritos no modelo dos valores humanos básicos, como apresentado no capítulo referente a teoria dos valores humanos desta dissertação. 68 Identificação Endogrupal: Corresponde ao quanto à pessoa informa que se identifica com os endogrupos de convivência diários, primários (família e familiares) e secundários (companheiros de estudo, vizinhos e professores). 6.3.– AMOSTRA Considerando a necessidade de contar com variabilidade de resposta em termo dos construtos estudados: condutas anti-sociais e delitivas, os Valores Humanos Básicos e as a identificação endogrupal, capaz de permitir uma diferenciação dos participantes e a garantia representativa da população alvo * (ver Krejcie & Morgan, 1970), a amostra foi composta de 710 sujeitos, distribuídos igualmente nos seguintes níveis escolares: nível fundamental e nível médio, da rede privada e pública de educação em João Pessoa - PB. Os respondentes foram de ambos os sexos, entre estes 48,9% eram homens e 52,1% mulheres, apresentaram idade entre 15 e 22 anos (M = 14,8, DP = 1,57), destes a maioria eram solteiros, 93,8%. Tal amostra foi não probabilística, e sim intencional, pois além do propósito de garantir a validade externa de alguns instrumentos da pesquisa, foi-lhe assegurada à possibilidade de realizar as análises estatísticas que permitariam estabelecer as relações entre as variáveis que foram estudadas. A decisão de escolher estes sujeitos se deve ao fato da ampla literatura considerar característico, durante essa fase - pré-adolescência e adolescência, a normalidade destas condutas, seja em menor ou maior grau. * Essa amostra representa mais de 1000000 da população estudada. 69 5.4.– INSTRUMENTOS Os participantes responderam os seguintes questionários: Escala de Condutas Anti-sociais e Delitivas. Este instrumento, proposto por Seisdedos (1988), compreende uma medida comportamental em relação às Condutas Anti-Sociais e Delitivas. Este questionário é composto por quarenta elementos, distribuídos em dois fatores, representando, um deles é condutas antisociais (por exemplo Jogar lixo no chão mesmo quando há perto um cesto de lixo; Tocar a campainha na casa de alguém e sair correndo) sendo composto por elementos que não expressam delitos, mas comportamentos que desafia a ordem social e que inflijam normas; o outro, condutas delitivas a qual incorpora comportamentos delitivos que estão fora da lei, caracterizando infração ou uma conduta faltosa e prejudicial (por exemplo Roubar objetos dos carros; Conseguir dinheiro ameaçando pessoas mais fracas.) Os sujeitos responderam, considerando alguns comportamentos que podem apresentar no seu dia a dia, indicando sua freqüência na escala que vai de 0 (nunca) a 9 (sempre) indicada logo abaixo da introdução do instrumento. Questionário dos Valores Básicos – QVB. Uma versão inicial foi proposta em espanhol e português, compreendendo então 66 itens, três por cada um dos valores básicos que avaliava (Gouveia, 1998). Utilizou aqui uma versão modificada, cuja comprovação dos parâmetros psicométricos já foi aferida na população brasileira (Maia, 2000). Está formada por 24 itens-valores, com dois exemplos que ajudam a entender o seu conteúdo (por exemplo, Tradição – Seguir as normas sociais do seu país, respeitar as tradições de sua sociedade; Êxito - Obter o que se propõe; ser eficiente em tudo que faz; Justiça Social - Lutar por menos diferenças entre pobre e ricos; permitir que cada indivíduo seja tratado como alguém valioso). 70 Para respondê-los, a pessoa deve avaliar o seu grau de importância como um princípio-guia na sua vida, utilizando uma escala de sete pontos, com os seguintes extremos: 1 = Nada Importante e 7 = Muito Importante; ao final precisa indicar o valor menos e o mais importante de todos, os quais receberão as pontuações 0 e 8, respectivamente. Caracterização Sócio-Demográfica. Foram elaboradas perguntas que contribuíram para caracterizar os participantes deste estudo (sexo, idade, estado civil, classe social), bem como realizar um controle estatístico de algum atributo que possa interferir diretamente nos seus resultados. Fazem parte, também, questões referidas a identificação endogrupal na convivência diária destes jovens com: família, familiares, companheiros, vizinhos; professores. Os sujeitos deveram assinalar, no que diz respeito aos atributos de individualismo e coletivismo, marcando através de um círculo ou X numa escala de cinco pontos, variando de 0 Nada identificado a 5 Muito identificado quanto a identificação endogrupal (ver Anexo). 5.5.– PROCEDIMENTO Com exceção da medida dos valores humanos e da parte referente à caracterização sócio-demográfica que, por serem menos provável mudar, podendo, portanto ocupar o final do questionário geral, os demais instrumentos foram contrabalanceados. Para sua aplicação, inicialmente os responsáeis pela aplicação visitraram a coordenação ou diretorias das instituições de ensino, falando diretamente com diretores e em seguida com os coordenadores e professores responsáveis procurando obter a autorização correspondente. Neste sentido, foram expostos sumariamente os objetivos da pesquisa, contando com a participação 71 efetiva dos alunos. Obtida a autorização, os mesmos foram convidados a responder voluntariamente os instrumentos. Para tanto, planejou-se que ao menos um aplicador, previamente treinado, estivesse presente em sala de aula. Sua tarefa consistiu em apresentar os instrumentos, solucionar as eventuais dúvidas e conferir a qualidade geral das respostas emitidas por respondentes. A todos foi assegurado o anonimato e a confidencialidade das suas respostas, indicando que estas seriam tratadas estatisticamente no seu conjunto. 5.6.– TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS No que se refere à análise dos dados desta pesquisa, utilizou-se à versão 8.0 do pacote estatístico SPSS para Windows. Foram computadas estatísticas descritivas (tendência central e dispersão), efetuadas correlação de Pearson (r), teste t, análises de regressão múltipla e fatorial, dos fatores das condutas antisociais e delitivas com os valores humanos básicos e identificação endogrupal. Para os dados referentes à comprovação das dimensões das condutas antisociais e delitivas, foram realizadas, através do programa LISREL 8.12 a análise fatorial confirmatória, este programa permitiu a informação necessária para comprovar a validade de construto. Neste caso, a matriz de entrada foi a de correlações, tendo sido adotado o estimador ML (Máxima Verossimilhança). Esta análise apresenta diversos indicadores de bondade de ajuste, sendo os três seguintes geralmente mencionados na literatura (Jöreskog & Sörbom, 1989; Van de Vijver & Leung, 1997): GFI (Goodness of Fit Index). Compreende uma medida da variabilidade explicada pelo modelo; oscila entre 0,00 e 1,00, sendo este último valor indicação de um modelo perfeito. Não é preciso na literatura um valor crítico. Por exemplo, Van 72 de Vijver e Leung (1997) sugerem 0,90 como mínimo para aceitar o ajuste do modelo; e Rhee, Uleman e Lee (1990) consideram como mínimo o valor 0,80. Seu ajustamento aos graus de liberdade do modelo com respeito ao número de variáveis consideradas é denominado AGFI, valendo o mesmo comentário quanto ao seu valor crítico ideal. Razão ²/Graus de Liberdade. É considerada uma medida subjetiva da bondade de ajuste; sugere-se que seu valor necessita ser ao menos inferior a 5.00 para indicar que o modelo é adequado (Byrne, 1989; Gouveia, 1998). RMSR (Root Mean Square Residual). Corresponde à raiz quadrada média residual; um valor perto de zero significa que o modelo se ajusta aos dados, indicando que todos os residuais se apresentam mais perto deste valor. Também não está muito claro que valor crítico deve assumir para que se considere o modelo adequado; Van de Vijver e Leung (1997) sugerem 0,05. 73 7.– RESULTADOS 7.1.– ADEQUAÇÃO DA ESCALA DE CONDUTAS ANTISOCIAIS E DELITIVAS No presente estudo se procurou, como proposto no primeiro objetivo geral, adaptar o CAD – Condutas Anti-sociais e Delitivas para amostra brasileira, comprovando sua validade de construto. Deste modo, procedeu-se inicialmente a realização de uma Análise dos Principais Componentes (PC), rotação Oblimin, considerando eigenvalue 1,00 e saturação de ± 0,30, o uso desta técnica se mostrou meritória (KMO = 0,91; Teste de Esfericidade de Bartlett, 2 = 9650,97, p < 0.001) (Bisquerra, 1989). Os resultados da extração revelaram a presença de dois fatores: Condutas Anti-sociais e Condutas Delitiva ou Delinqüente, com Alpha de Cronbach (), respectivamente, 0,86 e 0,92, explicando conjuntamente 38,70% da variância total, onde o fator das Condutas Anti-sociais explica 29,50% e o das Condutas Delitivas ou Delinqüente 9,20% da amostra e apresentando uma r = de 0,59, com p < 0,001, entre as condutas, os principais resultados desta análise são apresentados na tabela 1. 74 Tabela 1: Análise dos Componentes Principais das Condutas Antisociais e Delitivas Componentes da Escala de Condutas Antisociais e Delitivas Condutas Antisociais (Alpha de Cronbach = 0,86) ai.f h2 - Dizer palavrões ou expressões pesadas. - Incomodar pessoas desconhecidas ou fazer desordens em lugares públicos. - Bagunçar ou assobiar em uma reunião, lugar público ou de trabalho. - Responder mal a um superior ou autoridade (no trabalho, na escola ou na rua). - Negar-se a fazer as tarefas solicitadas (no trabalho, na escola ou em casa). - Apanhar frutas em um jardim ou pomar alheio. - Brigar com os outros (com golpes, insultos ou palavras ofensivas). - Tocar a campainha na casa de alguém e sair correndo. -Arrancar ou pisar flores ou plantas em parques ou jardins. - Comer em locais proibidos (trabalho, escola, cinema, etc.). - Sair sem permissão (do trabalho, de casa ou do colégio). - Riscar em lugares proibidos (paredes, mesas, etc.). - Destruir ou danificar coisas em lugares públicos. - Fazer brincadeiras pesadas com as pessoas, como empurrá-las na lama ou tirar-lhes a cadeira quando vão sentar. - Trapacear (em provas, competição importante, gabarito de resultado, etc.). - Entrar em um local proibido (jardim privado, casa vazia, etc.). - Entrar em um clube proibido ou comprar bebidas proibidas. - Chegar de propósito mais tarde do que o permitido (em casa, trabalho, compromisso, etc.). - Chegar tarde ao trabalho, colégio ou reunião. - Jogar lixo no chão (quando há perto um cesto de lixo). - Quebrar ou jogar no chão coisas dos outros. - Sujar as ruas ou calçadas quebrando garrafas ou virando depósitos de lixo. - Gastar freqüentemente no jogo mais dinheiro do que pode. - Roubar coisas de grandes armazéns, supermercados, entre outros, estando abertos. - Conseguir dinheiro ameaçando pessoas mais fracas. 0,74 0,53 0,73 0,73 0,52 0,49 0,68 0,40 0,67 0,66 0,63 0,61 0,61 0,61 0,59 0,59 0,58 0,42 0,47 0,40 0,40 0,38 0,32 0,35 0,36 0,39 0,57 0,28 0,53 0,52 0,50 0,37 0,40 0,41 0,50 0,50 0,50 0,42 0,26 0,26 0,26 0,38 0,40 0,39 0,45 0,20 0,36 0,35 0,19 0,28 Engeivalue % Variância explicada 11,79 29,50 continuação... 75 Condutas Delitivas (Alpha de Cronbach = 0,92) - Entrar em um apartamento ou casa e roubar algo (sem ter planejado antes). - Roubar materiais ou ferramentas de pessoas que estão trabalhando. - Planejar de antemão entrar em uma casa ou apartamento para roubar coisas de valor. - Entrar em uma loja que está fechada, roubando algo ou não. - Roubar coisas de um lugar público (trabalho ou colégio) com um valor de mais de R$ 10,00. - Pegar escondido a bicicleta de um desconhecido e ficar com ela. - Forçar a entrada em um armazém, garagem, depósito ou mercearia. - Roubar coisas ou dinheiro em máquinas de refrigerantes, telefones públicos, etc. - Portar uma arma (faca ou canivete) caso considere necessário em um briga. - Roubar objetos dos carros. - Resistir a briga para escapar de um policial. - Pertencer a uma turma que arma confusões, se mete em briga ou cria baderna. - Usar drogas. - Pegar escondido o carro ou a moto de um desconhecido para dar um passeio, com única intenção de se divertir. - Roubar roupas de um varal ou objetos dos bolsos de uma roupa pendurada em um cabide. Engeivalue % Variância explicada r CAD 0,90 0,86 0,73 0,64 0,75 0,72 0,52 0,48 0,71 0,70 0,68 0,48 0,49 0,44 0,54 0,36 0,45 0,45 0,44 0,30 0,26 0,29 0,39 0,37 0,40 0,22 0,36 0,27 0,33 0,27 3,67 9,20 0,59 Nota: ai..f = Carga Fatorial; h² = Cumunalidade. KMO =0,91; 2 = 9650,97, p < 0.001. Compondo ainda o primeiro objetivo, a partir de uma Análise Fatorial Confirmatória, através do Lisrel 8.0, com o fim de reunir melhores provas sobre a estrutura interna do instrumento em questão, realizou-se tal procedimento. Desta forma, foram fixados dois fatores, correspondendo aos teoricamente identificados, deixando livre tanto as saturações (, Lambdas) como a correlação entre tais fatores (, Phi). Com isso, tal modelo apresentou os seguintes indicadores de bondade de ajuste: GFI = 0,90 e AGFI = 0,89; ²/gl = 1,35; e RMSR = 0,09; todas as saturações estimadas foram estatisticamente diferentes de zero (t > 1,96, p < 0,.05). Observouse uma ortogonalidade entre os fatores apresentados nas Condutas Anti-sociais e 76 Condutas Delitiva ou Delinqüente (PHI () = 0,79, p > 0,05), os principais resultados desta análise são apresentados na tabela 2. Ambos fatores se referem ao comportamento transgressor dos jovens, sendo o primeiro fator – condutas anti-social - correspondente à quebra de normas ou transgressão de padrões comportamentais socialmente aceitáveis, opondo-se ordem social vigente; o segundo fator - condutas delitivas ou delinqüente - refere-se a comportamentos que facilmente estão fora da lei, buscando ferir terceiros, capaz de causar dano físico e moral, leve ou grave, tendo como base de sua extinção: a punição e julgamento jurídico. Tabela 2: Análise Fatorial Confirmatória da Escala de Condutas Antisociais e Delitivas Componentes da Escala de Condutas Antisociais e Delitivas Condutas Antisociais Lx IM - Conseguir dinheiro ameaçando pessoas mais fracas. - Incomodar pessoas desconhecidas ou fazer desordens em lugares públicos. - Dizer palavrões ou expressões pesadas. - Sujar as ruas ou calçadas quebrando garrafas ou virando depósitos de lixo. - Trapacear (em provas, competição importante, gabarito de resultado, etc.). - Bagunçar ou assobiar em uma reunião, lugar público ou de trabalho. - Entrar em um local proibido (jardim privado, casa vazia, etc.). - Quebrar ou jogar no chão coisas dos outros. - Entrar em um clube proibido ou comprar bebidas proibidas. - Apanhar frutas em um jardim ou pomar alheio. - Destruir ou danificar coisas em lugares públicos. - Arrancar ou pisar flores ou plantas em parques ou jardins. - Tocar a campainha na casa de alguém e sair correndo. - Negar-se a fazer as tarefas solicitadas (no trabalho, na escola ou em casa). - Roubar coisas de grandes armazéns, supermercados, entre outros estando abertos. - Brigar com os outros (com golpes, insultos ou palavras ofensivas). 0,77 15,35 0,76 0,71 2,75 5,13 0,74 1,00 0,70 1,00 0,70 0,69 0,69 0,69 0,68 0,68 0,67 0,65 0,89 2,16 3,24 8,39 0,66 0,33 0,53 0,08 0,64 6,62 0,63 16,64 0,63 4,73 77 - Responder mal a um superior ou autoridade (em casa, trabalho, compromisso, etc.). - Sair sem permissão (do trabalho, escola, cinema, etc.). - Fazer brincadeiras pesadas com as pessoas, como empurrá-las na lama ou tirar-lhes a cadeira quando vão sentar. - Riscar em lugares proibidos (paredes, mesas, etc.). - Gastar freqüentemente no jogo mais dinheiro do que pode. - Jogar lixo no chão (quando há perto um cesto de lixo). - Chegar de propósito mais tarde do que o permitido (em casa, notrabalho, compromisso, etc.) - Comer em locais proibidos (trabalho, escola, etc.) - Chegar tarde ao trabalho, colégio ou reunião. 0,61 10,62 0,61 0,74 0,60 0,60 0,56 0,54 0,52 0,05 4,00 0,88 0,54 0,52 0,52 4,39 6,04 5,39 Condutas Delitivas - Pegar escondido a bicicleta de um desconhecido e ficar com ela. 0,89 0,02 - Entrar em um apartamento ou casa e roubar algo (sem ter planejado antes). 0,88 4,54 - Roubar coisas de um lugar público (trabalho ou colégio) com um valor de mais de R$ 10,00. 0,84 0,55 - Roubar materiais ou ferramentas de pessoas que estão trabalhando. 0,82 2,54 - Forçar a entrada em um armazém, garagem, depósito ou mercearia. 0,80 0,03 - Planejar de antemão entrar em uma casa ou apartamento para roubar coisas de valor. 0,78 8,95 - Entrar em uma loja que está fechada, roubando algo ou não. 0,77 4,54 - Roubar objetos dos carros. 0,76 0,68 - Roubar roupas de um varal ou objetos dos bolsos de uma roupa pendurada em um cabide. 0,75 7,60 - Roubar coisas ou dinheiro em máquinas de refrigerantes, telefones públicos, etc. 0,70 0,73 - Resistir ou brigar para escapar de um policial. 0,68 0,01 - Pertencer a uma turma que arma confusões, se mete em briga ou cria badernas. 0,68 11,57 - Pegar escondido o carro ou a moto de um desconhecido para dar um passeio, com a única intenção de se divertir. 0,65 2,55 - Portar uma arma (faca ou canivete) caso considere necessário em uma briga. 0,64 0,99 - Usar drogas. 0,64 0,54 Nota: * Diferente de zero (t 1,96, p < 0,05); Lx = Lambda, Carga Fatorial; IM = Índice de Modificação. A partir de tais procedimentos pode-se afirmar a validade do construto e sua adequação para a realidade brasileira, podendo assim passar para o segundo objetivo geral. 78 7.2.– CORRELAÇÃO DOS VALORES HUMANOS COM AS CONDUTAS ANTISOCIAIS E DELITIVAS Realizado o primeiro objetivo, a adequação e validação da escala das Condutas Antisociais e Delitivas, procurou-se partir para o segundo objetivo geral: avaliar a relação dessas condutas e os valores humanos. Nesta parte pode se destacar como o principal momento desta dissertação. Assim, o conjunto das condutas antisociais e delitivas foram correlacionados com os valores específicos e sua função psicossocial correspondentes. Desta forma, duas das hipóteses formuladas são aqui postas à prova (ver tabela 3). 79 Tabela 3: Correlações entre os valores e as condutas antisociais e delitivas. Condutas Valores Humanos Básicos Normativos Religiosidade Ordem Social Tradição Obediência Interacionais Afetividade Apoio Social Convivência Honestidade Existência Sobrevivência Saúde Estabilidade Pessoal Experimentação Estimulação Emoção Sexual Prazer Realização Êxito Poder Prestígio Autodireção Privacidade Supra-Pessoais Justiça Social Conhecimento Beleza Maturidade Antisociais -0,22** -0,13** -0,03 -0,13** -0,29*** -0,13** -0,07 -0,04 -0,06 -0,18** -0,05 -0,07 -0,04 -0,01 0,26*** -0,05 0,15** 0,30*** 0,14** 0,10* 0,00 -0,11** -0,08* 0,05 -0,02 -0,11*** -0,12** -0,12** -0,12** -0,11** Delitivas -0,16** -0,11** -0,03 -0,10** -0,26*** -0,12** -0,08* -0,04 -0,06 -0,11** -0,09* -0,17** -0,01 -0,02 0,18** -0,03 -0,09* 0,22*** 0,08* 0,02 -0,03 -0,10* -0,08* -0,02 -0,12** -0,14*** -0,15** -0,13** -0,10** -0,16** CAD # - 0,22*** - 0,14* - 0,03 - 0,18** - 0,32*** - 0,14* - 0,08* - 0,04 - 0,07 - 0,17** - 0,07 - 0,10* - 0,04 - 0,01 - 0,26*** - 0,05 - 0,15* - 0,31*** - 0,14* - 0,08* - 0,01 - 0,12* - 0,09* - 0,03 - 0,05 - 0,13*** - 0,14* - 0,14* - 0,13* - 0,14* Notas: * p < 0,05 , ** p < 0,01, *** p < 0,001; # Pontuação total das condutas antisociais e delitivas. Tomando como referência à tipologia dos valores humanos básicos, pode-se observar na tabela acima, correlações, com nível de significância (p < 0,05) para teste bi-caudal, tratando os casos em branco (missing cases) e eliminação por pares (pairwisei). Desta forma, é possível provar as seguintes hipóteses (ver tabela 3): 80 Hipótese 1: As funções psicossociais dos valores humanos, especificamente, experimentação, realização e existência correlacionaram diretamente com as condutas antisociais e delitivas; já as funções Normativas, interacionais e suprapessoal, encontrar-se-á inversamente relacionada. Desta forma, em relação a tal hipótese, quanto às funções valorativas, encontrou–se a seguinte correlação quanto a tais condutas: Da função psicossocial normativa e seus valores: dos correspondentes aos escores obtidos nessa função, encontrou-se relações inversas para ambas condutas, respectivamente, a conduta antisocial obteve (r = -0,22, p < 0,001) e a conduta delitiva (r = -0,16, p < 0,01); especificamente, quanto aos valores pertencentes a esta função, observou-se o seguinte: o valores Religiosidade (r = 0,13, p < 0,01), Tradição (r = -0,13, p < 0,01), Obediência (r = -0,29, p < 0,001) correlacionaram-se com as Condutas Antisociais; quanto as Condutas Delitivas estão relacionados os valores Religiosidade (r = -0,11, p < 0,01), Tradição (r = -0,10, p < 0,01), Obediência (r = -0,26, p < 0,001). 81 Da função interacional e seus valores: os escores pertencentes a esta função demostrou correlações significativas e inversas com as Condutas Antiosociais (r = -0,12, p < 0,001) e Delitivas (r = -0,13, p < 0,001). Quanto aos valores específicos desta função Afetividade (r = -0,08, p < 0,05) e Honestidade (r = 0,11, p < 0,05) se relacionam com as Condutas Delitivas, já para as Antiosociais apenas o valor Honestidade (r = -0,18, p < 0,01). Da função existência e seus valores: a esta função encontrou-se uma relação apenas com as Condutas Delitivas (r = -0,09, p < 0,05). Quanto aos valores específicos somente Sobrevivência (r = -0,17, p < 0,01) se relacionam às Condutas Delitivas. Vale destacar que tais correlações se apresentaram inversamente. Da função experimentação e seus valores: a esta função encontrou-se uma relação direta com as Condutas Antisociais (r = 0,26, p < 0,001) e Delitivas (r = 0,17, p < 0,01). Quanto aos valores específicos, o Sexual (r = 0,30, p < 0,001), Emoção (r = 0,15, p < 0,01) e Prazer (r = 0,14, p < 0,01) se relacionou positivamente com as Condutas Antisociais, e com as Condutas Delitivas o valor Sexual (r = 0,22, p < 0,001) e Prazer (r = 0,08, p < 0,05) e inversamente com Emoção (r = -0,09, p < 0,001). Da função realização e seus valores: observou uma correlação direta e significativa apenas com as Condutas Antisociais. Quanto aos valores específicos, as Condutas Antisociais se relacionou inversamente com Poder (r = -0,11, p < 0,01) e Prestígio (r = -0,08, p < 0,05), às Condutas Delitivas com Poder (r = -0,10, p < 0,01), Prestígio (r = -0,08, p < 0,05) e Privacidade (r = -0,12, p < 0,01). Da função suprapessoal e seus valores: respectivamente, encontrou-se uma correlação direta e inversamente significativa com as Condutas Anti-sociais (r = -0,20, p < 0,001) e Condutas Delitivas (r = -0,21, p < 0,001). Quanto aos valores 82 específicos, percebeu-se a seguinte relação, também inversa: com as Condutas Anti-sociais Justiça Social (r = -0,12, p < 0,01), Conhecimento (r = -0,12, p < 0,01), Beleza (r = -0,12, p < 0,01) e Maturidade (r = -0,11, p < 0,01); com as Condutas Delitivas encontrou-se Justiça Social (r = -0,15, p < 0,01), Conhecimento (r = -0,13, p < 0,01), Beleza (r = -0,10, p < 0,01) e Maturidade (r = -0,16, p < 0,01). Quanto à pontuação geral das condutas anti-sociais e delitivas (CAD) e as funções psicossociais dos valores humanos os resultados são os seguintes: Existência (r = -0,07, n.s.), Experimentação (r = 0,26, p < 0,001), Realização (r = 0,08, p < 0,05), Normativo (r = -0,22, p < 0,001), Interacional (r = -0,14, p < 0,001), Suprapessoal (r = -0,22, p < 0,001). Em resumo, o padrão das correlações dos valores básicos com o fator geral das condutas anti-sociais e delitivas, demonstra que, quando os jovens assumem valores de experimentação estarão propensos a comportarem fora das normas sociais, especificamente, algumas transgressões podem surgir quando relacionado aos valores sexual, emoção e prazer. Porém quanto às funções psicossociais valorativas como, normativo, interacional e suprapessoais, hipoteticamente, será a dimunuição na freqüência dessas condutas. 83 Hipótese 2: Os critérios de orientação valorativa pessoal estarão relacionados com as condutas anti-sociais e delitivas; social e suprapessoal inversamente com ambas as condutas. Nesta hipótese, resolveu-se tratar como parte da primeira hipótese; tal critério de orientação é o somatório das funções psicossociais dos valores. Desta forma, encontrou–se as seguintes correlações quanto as condutas anti-sociais e delitivas: Dos critérios pessoais: encontrou-se uma relação com as Condutas Antisociais (r = 0,23, p < 0,001) e delitivas (r = 0,12, p < 0,001) Dos critérios centais: quanto a este critério valorativo obteve-se uma relação inversa com Condutas Antisociais (r = -0,09, p < 0,01) e Delitivas (r = -0,12, p < 0,01); Dos critérios sociais: para este encontrou-se uma correlação direta e inversa com as Condutas Antisociais (r = -0,22, p < 0,01) e Delitivas (r = -0,17, p < 0,01). Quanto à pontuação geral das condutas anti-sociais e delitivas (CAD) e os critérios de orientação valorativa dos valores humanos, foram encontrados os seguintes resultados, a saber: Pessoal (r = 0,22 p < 0,001), Central (r = 0,23, p < 0,001) e Social (r = -0,23, p < 0,001). 6.3. DA RELAÇÃO DOS VALORES HUMANOS, IDENTIFICAÇÃO ENDOGRUPAL E AS CONDUTAS ANSTISOCIAIS E DELITIVAS Faz-se necessário recordar que os participantes deste estudo indicaram o grau de identificação com os endogrupos que os mesmo se relacionam durante o dia, a saber: os primários Sua família (pai, mãe, irmãos) e Familiares em geral (tios, primos, sobrinhos etc.) e os secundários (Companheiros de estudos, Vizinhos e Professores). Para tanto utilizaram uma escala de resposta de cinco pontos com os 84 extremos 0 = Nada identificado e 4 = Totalmente identificado. Desta maneira, a próxima hipótese trata-se da relação dos valores humanos com os endogrupos, em seguida com as Condutas Anti-sociais e Delitivas, assim): Hipótese 3: Da identificação com os endogrupos que estes convivem quotidianamente, os primários: Família - pai, mãe, irmãos e Familiares em geral - tios, primos, sobrinhos etc., e os endogrupos secundários: Companheiros de estudos, Vizinhos e Professores estarão relacionados relacionarão com valores normativos, interacionais e suprapessoais, já a relação com experimentação, existência e realização estarão inversamente relacionados. No que diz respeito às condutas anti-socais e delitivas o grupo professores e família se correlacionaram negativamente, porém, os amigos da sala de aula e vizinhos se relacionaram positivamente com este construto. Esta hipótese é dividida em duas parter (ver Tabela 4), para a primeira, no que diz respeito da relação dos valores humanos e a identificação endogrupal é possível obsevar os seguintes resultados: encontrou-se uma correlação significativa, p < 0,05 e direta com os grupos primários, os quais são família (pai, mãe e irmãos) e familiares (tios, primos, sobrinhos etc.), estes se correlacionou com as funções psicossociais Normativo, respectivamente, (r = 0,16) e (r = 0,17), Interacional (r = 0,11) e (r = 0,17); já os grupos secundários, companheiros de estudo, vizinhos e os professores, relacionou-se respectivamente, com as funções normativas (r = 0,19), (r = 0,17) e (r = 0,21), interacionais (r = 0,22), (r = 0,20) e (r = 0,13) e suprapessoais (r = 0,12), (r = 0,12) e (r = 0,15). No que se refere aos 24 valores humanos, foram encontrado as seguintes relações: tanto os grupos família, familiares, quanto companheiros de estudos, vizinhos e professores apresentaram correlações significativas e diretas, apenas com tradição, obediência, convivência e honestidade. Quanto aos critérios de orientação valorativa e os endogrupos, o critério valorativo social se relacionou, 85 positivamente, com família (r = 0,17 p < 0,01), familiares (r = 0,21, p < 0,01), companheiros de estudo (r = 0,12, p < 0,01), vizinhos (r = 0,13, p < 0,01) e professores (r = 0,21, p < 0,01), da mesma forma o critério central apresentou uma relação mesmos endogrupos (ver também, tabela 4). Observação: Criar pontuações totais para os endogrupos primário e secundário, assim como para identificação endogrupal total. Tabela 4: Correlações entre os valores humanos e os endogrupos. Endogrupos Valores Humanos Básicos Normativos Religiosidade Ordem Social Tradição Obediência Interacionais Afetividade Apoio Social Convivência Honestidade Existência Sobrevivência Saúde Estabilidade Pessoal Experimentação Estimulação Emoção Sexual Prazer Realização Êxito Poder Prestígio Autodireção Privacidade Supra-Pessoais Justiça Social Conhecimento Beleza 1 0,16*** 0,15*** 0,00 0,17*** 0,14** 0,11** 0,03 0,05 0,07 0,14* 0,05 0,04 0,09 -0,02 -0,01 0,07 0,00 -0,07 -0,01 -0,09 -0,02 -0,02 0,04 -0,13* -0,03 0,05 0,08 0,05 0,08 2 0,17*** 0,14** 0,04 0,14** 0,17*** 0,17*** 0,04 0,08 0,19*** 0,11* 0,13** 0,10* 0,11* 0,05 -0,01 0,07 0,02 -0,10* 0,04 0,05 0,05 -0,05 0,12** 0,03 0,01 0,13** 0,08 0,05 0,10* 3 0,19*** 0,15*** 0,06 0,14** 0,14** 0,22*** 0,06 0,17*** 0,20*** 0,11* 0,09 0,07 0,09 0,03 -0,03 0,05 0,07 -0,16** 0,02 0,02 0,04 -0,09 0,04 0,07 -0,02 0,12** 0,10* 0,07 0,12** 4 0,17*** 0,09 0,05 0,16** 0,14** 0,20*** 0,03 0,07 0,29*** 0,08 0,13** 0,09 0,09 0,06 0,07 0,06 0,08 0,01 0,04 0,01 0,06 -0,01 0,11* -0,05 0,01 0,12** 0,03 0,05 0,08 5 0,21*** 0,14** 0,04 0,20*** 0,20*** 0,13** 0,05 0,03 0,12* 0,11* 0,10* 0,09 0,09 0,02 0,07 0,11* -0,03 -0,15** -0,01 0,01 0,07 -0,02 0,06 -0,05 0,01 0,15*** 0,06 0,14** 0,16* 86 Maturidade 0,05 0,04 0,10* 0,04 0,13** Notas: 1 = Família; 2 = Familiar; 3 = Companheiros de estudo; 4 = Vizinhos; 5 = Professores. * p < 0,05 , ** p < 0,01, *** p < 0,001. Considerando assim, a segunda parte da mesma hipótese (ver Tabela 5), quanto a relação dos endogrupos e as condutas anti-sociais e delitivas, comprovouse a existência de uma correlação inversa e significativa dos grupos primários para as Condutas Antisociais (r = -0,14 p < 0,01) e Delitivas (r = -0,08, p < 0,05); especificamente, no que diz respeito aos componentes desse grupo observou-se que Família e Familiares, correlacionaram-se, respectivamente, com as Condutas Antisociais (r = -0,12, p < 0,01) e (r = -0,12 p < 0,01) e inversa e significativamente; apenas com as Delitivas (r = -0,08, p < 0,05). No que diz respeito aos grupos secundários foi encontrado uma relação inversa com as Condutas Antisociais (r = 0,13 p < 0,01) e Delitivas (r = -0,13, p < 0,01); especificamente, a relação é inversa e significativa, com os companheiros de estudo se relacionam com as Condutas Antisociais (r = -0,08, p < 0,05) e Delitivas (r = -0,11, p < 0,05), e igualmente, com os professores tanto a Condutas: Antisociais (r = -0,20 p < 0,01) quanto Delitivas (r = -0,14, p < 0,01), apresentaram o resultado acima destacado. Observação: Criar a pontuação total para a identificação endogrupla. Tabela 5: Correlações dos endogrupos e as condutas antisociais e delitivas. Condutas Endogrupos De Identificação Antisociais Delitivas Primários Sua família (pai, mãe, irmãos) Familiares em geral (tios, primos, sobrinhos etc.) -0,14** -0,12** -0,08* -0,05 -0,12** -0,08* Secundários Companheiros de estudos Vizinhos -0,14** -0,08* -0,04 -0,13** -0,10* -0,05 87 Professores -0,20*** -0,14** Notas: * p < 0,05 , ** p < 0,01, *** p < 0,001 Partindo desses resultados, procurou observar como um dado adicional, as freqüências entre os que mais se identificam com os endogrupos e a intensidade – alta ou baixa - das condutas anti-sociais e delitivas. Desta forma, a partir de um Quiquadrado (2) e tomando com critério estatístico, para as dimensões de ambos os construtos, realizou um corte através de uma mediana, na escala da identivicaçao endogrupal e das condutas ant-sociais e delitvas. Os resultados foram os seguintes: 77% dos jovens que pouco se identificam com sua família e familiares maior é a freqüência das condutas anti-sociais (21 = 6,63, P < 0,01), bem como, 78% deles apresentaram, também, um aumento nas condutas delitivas (21 = 8,26, P < 0,01). Igualmente, para 64% dos jovens a baixa identificação com os professores aumenta a conduta anti-social (21 = 13,49, P < 0,001), também para 62% deles é enfatizado o aumento da conduta delitiva (21 = 7,40, P < 0,01). Ponto central também desta hipótese é quanto ao poder preditivo dos endogrupos para as condutas enfatizadas neste trabalho. Assim, pode se observar, a partir de uma Análise de Regressão (ver tabela 6) o endogrupo que melhor poderá predizer, tanto as condutas anti-sociais (R2 = 0,05; R2Ajustado = 0,04 F (689/5) = 7,53; p < 0,001) quanto às delitivas (R2 = 0,02; R2Ajustado = 0,02 F (696/5) = 3,35; p < 0,01), Desta forma, os professores, respectivamente, apresentaram o maior coeficiente de regressão, inversa e significativo, a saber: = -0,19 e = -0,12. 88 Tabela 6: Análise Regressão Linear Múltipla para as condutas antisociais e delitivas tendo como preditoras a identificação endogrupal. Condutas Antisociais Delitivas Preditoras Beta t Constante Família Familiares Companheiros de estudos Vizinhos Professores 0,79 -0,08 -0,05 0,004 ---0,05 -0,05 -0,004 8,78*** -1,22 -1,09 0,09 0,05 -0,18 0,06 -0,19 1,50 -4,50*** Constante Família Familiares Companheiros de estudos Vizinhos Professores 0,43 0,02 -0,01 -0,04 ---0,003 -0,03 -0,06 4,14*** 0,08 -0,57 -1,37 -0,01 -0,05 0,02 -0,12 0,55 -2,70** Notas: * p < 0,05 ; ** p < 0,001 89 6.5. DA PREDIÇÃO DOS VALORES HUMANOS NAS CONDUTAS ANSTISOCIAIS E DELITIVAS A análise de regressão conduz a predição da variável antecedente, neste caso, os valores humanos, suas funções psicossociais e os critérios de orientação valorativa como preditoras das condutas antisociais e delitivas; estas variáveis entram, procedido do método Enter, procurando comprovar a hipótese 4: Hipótese 4: Quanto ao fator preditivo dos valores humanos e suas funções psicossociais, as que melhor explicaram diretamente as condutas antisociais serão: experimentação e realização; já existência, interacional e suprapessoal explicaram inversamente tais condutas. No que diz respeito as condutas delitivas, estas serão explicadas diretamente pela função experimentação, e inversamente por interacional e suprapessoal. Partindo deste ponto, compara-se em termos das funções psicossociais dos valores, a predição quanto às Condutas Antisociais e Delitivas; para isto através da Análise de Regressão (ver tabela 7), o critério de orientação valorativa Experimentação ( = 0,28)e Realização ( = 0,08) predizem as Condutas Antisociais, enquanto que Normativo ( = -0,09)e Suprapessoal ( = -0,16)explicam tais condutas inversamente (R2 = 0,15; R2Ajustado = 0,14; F (691/6) = 21,12; p < 0,001); no que diz respeito as Condutas Delitivas apenas Experimentação ( = 0,09) é capaz de predizê-la, porém, Suprapessoal ( = -0,09) o faz inversamente (R2 = 0,10; R2Ajustado = 0,09; F (698/6) = 12,06; p < 0,001). 90 Tabela 7: Análise Regressão Múltipla para as condutas anti-sociais e delitivas tendo como preditoras as funções psicossociais dos valores humanos. Condutas Antisociais Delitivas Preditoras Beta t Constante Experimentação Suprapessoal Normativo Realização Interacional Existência 1,52 0,28 -0,16 -0,09 0,08 -0,07 -0,06 ----0,33 -0,16 -0,11 0,09 -0,06 -0,05 4,85*** 7,98*** -4,06*** -2,86** 2,41* -1,49 -1,31 Constante Experimentação Suprapessoal Existência Normativo Interacional Realização 0,66 0,09 -0,09 -0,04 -2,35 -0,02 0,01 ----0,21 -0,18 -0,07 -0,06 -0,03 0,02 4,02*** 5,51*** -4,50*** -1,69 -1,42 -0,65 0,58 Notas: * p < .05 , ** p < .001 De acordo com o que foi hipotetizado anteriormente, é possível identificar critérios valorativos específicos que promovem tais condutas; desta maneira, as Condutas Anti-sociais (R2 = 0,13; R2Ajustado = 0,13; F (698/3) = 35,46; p < 0,001) são explicadas a partir dos seguintes critérios correlacionais: Pessoal ( = 0,31) e inversamente pelo Social ( = -0,16) e Central ( = -0,18); já as Condutas Delitivas (R2 = 0,08; R2Ajustado = 0,07; F (698/3) = 19,69; p < 0,001), apresentaram correlações de regressão com Pessoal ( = 0,20) e inversamente pelo Social ( = 0,08) e Central ( = -0,21) (ver tabela 9). 91 Tabela 9: Análise Regressão Múltipla para as condutas anti-sociais e delitivas tendo como preditoras os critérios de orientação valorativa. Condutas Anti-sociais Delitivas Beta Constante Pessoal Social Central 1,86 0,36 -0,19 -0,24 ----0,31 -0,16 -0,18 5,61** 8,11** -3,81** -4,03** Constante Pessoal Social Central 0,76 0,12 -0,05 -0,14 ----0,20 -0,08 -0,21 4,41** 3,22** -1,94* -4,61** Preditoras t Notas: * p < 0,01, ** p < .001 6.6. DA DIFERENÇA ENTRE HOMENS E MULHERES, PRÉ-ADOLESCENTES E ADOLESCENTES QUANTO AS CONDUTAS ANSTISOCIAIS E DELITIVAS. Tomando como um dado adicional, bem como, partindo do pressuposto de que homens e mulheres se diferenciam, comportamentalmente, devido seu desenvolvimento físico, psíquico e social, podendo assim considerá-los capaz de apresentar algumas dessas condutas devido à expressividade ou instrumentalidade existentes entre eles, ou até mesmo, em termos da expansão do contato social e de questionamentos valorativos vividos pelos familiares, seja considerando o gênero, assim como a idade, fazendo com que reivindique a vivência de valores e sua transformação (Biasoli-Alves, 2000), elaborou-se assim, a seguinte hipótese: 92 Hipótese 5: Os homens apresentarão maior diferença quanto as mulheres em ambas as condutas (anti-social e delitva), bem como, os adolescentes; porém no que diz respeito a classe social, os que se encontram na classe baixa terão maior variância que os da classe média e alta em ambas as condutas. Partindo desta hipótese, é possível observar a diferença nas médias entre homens e mulheres no que diz respeito às condutas anti-sociais e delitivas, desta maneira, os homens (M as mulheres (M mulher homem = 1,38, DP = 1,20) apresentaram uma média superior = 0,85, DP = 0,81) em ambas as condutas, especificamente, para as condutas anti-sociais [t(601,41) = 6,80, p < 0,001], o mesmo acontece em relação às condutas delitivas, na qual eles pontuaram mais alto (M = 0,70) do que as mulheres (M mulher homem = 0,32, DP = 0,09, DP = 0,24) [t(423,86) = 5,80, p < 0,01]. Tal resultado assemelha-se ao de Espinosa (2000) com a amostra na Espanha (ver Tabela 9). Tabela 9: Média das condutas anti-sociais e delitivas entre homens e mulheres jovens Gênero HOMEM DP MULHER M DP Estatísticas Condutas M t gl p< Antisociais 1,38 1,20 0,85 0,81 6,80 601,41 0,001 Delitivas 0,32 0,70 0,09 0,24 5,80 423,86 0,001 Porém, e quanto à intensidade das condutas? Desta forma, no que diz a esse respeito, isto é, o quanto homens e mulheres são mais anti-sociais e delitivos, partiuse do cálculo da mediana e atribuíram um corte para a dimensão de ambas as condutas, a fim de categorizar a baixa e alta conduta anti-social e delitiva. Através 93 de um Qui-quadrado ( 2 ) obteve-se os seguintes resultados: mais de 60% dos homens se destacaram quanto a sua alta conduta anti-social, contra 40% das mulheres ( 21 = 28,07, P < 0,001). Quantas as condutas delitivas, semelhantes a outras condutas mais de 62% dos homens atingiram uma maior freqüência na alta conduta delitiva contra 36% das mulheres ( 21 = 47,28, P < 0,001). A fim de avaliar qual das condutas apresentaram maior variância entre os jovens estudados e sua classe social, aplicou-se uma ANOVA 2 X 2 X 2. Os resultados (Tabela 10) indicam um efeito principal tanto nas condutas anti-sociais quanto as delitivas apenas no que diz respeito a idade, apresentando os seguintes escores médio: os adolescentes atingiram médias superiores (M = 1,28, DP = 0,05) do que os pré-adolescentes (M = 072, DP = 0,16) para as condutas anti-sociais, já as delitivas pode ser observado semelhante resultados os adolescentes pontuando mais (M = 0,29, DP = 0,03) do que os pré-adolescentes (M = 0,07, DP = 0,08), [F(5/689)= 5,42; p< 0,01]. Assim como, pode observar que as condutas anti-sociais (M = 1,16) apresentaram para a amostra total maior variância do que as delitivas (M = 0,23). Não foram obtidos resultados significativos para a classe social e sua interação com a idade. Tabela 10: Escores Médios das condutas anti-sociais e delitivas em da variável idade (pré-adolescentes e adolescentes) Idade Pré-adolescentes DP Adolescentes M Total Condutas M DP Antisociais 0,72 0,16 1,28 0,05 1,16 Delitivas 0,07 0,08 0,29 0,03 0,23 94 Tomando como base os estudos de Espinosa (2000) o qual realizou semelhante estatística, pode ser corroborado, no que diz respeito à variância das condutas em função da idade apenas quanto aos jovens acima de 16 anos – os adolescentes em relação as condutas anti-sociais, observando uma pontuação média para esses sujeitos no Brasil, na delitiva enquanto na mesma amostra os adolescentes atingiram, também, média alta, na Espanha Espinosa observou nos mais jovens (entre 12 e 13 anos). 95 7. DISCUSSAO A presente dissertação, enfocando a temática das condutas antisociais e delitivas, pretendeu contribuir em ao menos três direções: (1) adaptar um escala de comportamentos antisociais e delitivos, considerando desde o jogar papel no chão e as arruaças ao furto e porte de armas, que são geralmente utilizados pelos adolescentes, independente da classe social; (2) identificar quais valores estariam relacionados e qual função psicossocial e critério valorativo explicariam as condutas antisociais e delitivas; (3) conhecer em que medida tais condutas se relacionariam com a identificação com os grupos primários e secundários. Desta forma, tais caminhos são hipotetizados e considerados eixo principal deste trabalho, o que será tratado oportunamente em seções especificas. 7.1. Condutas antisociais e delitivas: Adaptação de uma medida ao contexto brasileiro. As teorias sobre adolescência têm avaliado os jovens a partir de suas fases desenvolvimentistas, podendo atribuir a estes traços individuais e sociais, justificando-as a partir do momento em que surge um problema tangencial a delinqüência. A necessidade de validar e adaptar o questionário ou instrumento que aborde tal problema, especificamente as condutas antisociais e delitivas, se deu devido a um motivo muito claro, a escassez de material que avaliassem tal questão de extrema importância, quando referido ao jovem e seus comportamentos. Desta maneira, foram reunidas provas no que diz respeito à validação e adaptação da escala de condutas antisociais e delitivas; concretamente, demonstrou-se a existência de uma estrutura fatorial, bastante condizente com a observada em estudos prévios (ver Seisdedos, 1988). Os dois fatores das condutas, antisociais e 96 delitivas, são visíveis na análise exploratória dos Componentes Principais, e são corroborados através da Análise Fatorial Confirmatória. Neste último caso, os indicadores de bondade de ajuste são os ideais (Van de Vijver & Leung, 1997), apoiando a presença do modelo teórico em discussão (as cargas fatoriais dos itens nos respectivos fatores são todas estatisticamente diferentes de zero). O índice de consistência interna de ambas as condutas se mostraram muito satisfatório, = 0,93, do que o encontrado por Espinosa (2000) na Espanha = 0,86; assim a conduta antisocial no Brasil atingiu um = 0,86 e a delitiva = 0,92, revelando-se adequado para aplicação e utilização posterior em outros estudos quanto a análise dos comportamentos delinqüentes em adolescentes não infratores. Pois ambas condutas se encontram relacionadas positivamente, isto é, à medida que uma aumenta a outra surgirá. Por mais que se busquem técnicas e métodos que previnam os comportamentos violentos (seja antisocial ou delitiva, ambas ferem física ou moralmente as pessoas) seja considerando, ainda, os modelos de punição e recompensa (ver Guerra, 1994), não se encontrou algo, concreto e convincente, que responda a base desses comportamentos. 97 ANEXOS 98 QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA. Para obter um perfil dos participantes deste estudo, pedimos-lhe que responda às seguintes perguntas: 1. Idade: _____ anos 2. Sexo: Masculino Feminino 3. Estado Civil: solteiro casado separado outros 4. Em comparação com as pessoas do seu país, você diria que sua família é da (circule): Classe Humilde Classe Média Classe Alta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 5. Indique quanto cada um dos seguintes atributos lhe caracteriza? Faça um círculo em um dos números na escala de resposta ao lado de cada atributo. - Cooperador, que colabora Nada característico 0 1 2 3 4 5 Muito característico - Um ser único, diferente dos demais Nada característico 0 1 2 3 4 5 Muito característico - Orientado ao êxito, ao triunfo Nada característico 0 1 2 3 4 5 Muito característico - Cumpridor com os demais, servidor Nada característico 0 1 2 3 4 5 Muito característico - Expressivo, amigável e familiar Nada característico 0 1 2 3 4 5 Muito característico - Batalhador, busca sua sobrevivência Nada característico 0 1 2 3 4 5 Muito característico 6. Em que medida você é religioso? (circule) Nada religioso 0 1 2 3 4 Muito religioso 7. Em termos das suas amizades, em geral, elas costumam ser mais.... (circule) Superficiais 0 1 2 3 4 Estáveis 8. Quantos amigos íntimos você tem? _____ 9. Dos grupos ou pessoas listados a seguir, indique em que medida você se identifica com cada um deles (as). (circule) Sua família (pai, mãe, irmãos) Totalmente Nada 0 1 2 3 4 99 Seus familiares em geral (tios, primos, sobrinhos, etc.) Nada 0 1 2 3 4 Totalmente Seus companheiros de estudo Nada 0 1 2 3 4 Totalmente Seus vizinhos Nada 0 1 2 3 4 Totalmente Seus professores Totalmente Nada 0 1 2 3 4 100 QUESTIONÁRIO DOS VALORES BÁSICOS Por favor, leia atentamente a lista de valores básicos descritos a seguir, considerando seu conteúdo. Pedimos-lhe que indique o grau de importância que cada um destes valores tem como um princípio que guia sua vida, utilizando para tanto a seguinte escala de resposta: NADA IMPORTANTE 1 2 3 4 5 6 7 MUITO IMPORTANTE 01.____Justiça Social. Lutar por menor diferença entre ricos e pobres; permitir que cada indivíduo seja tratado como alguém valioso. 02.____Sexual. Ter relações sexuais; obter prazer sexual. 03.____Êxito. Obter o que se propõe; ser eficiente em tudo que faz. 04.____Apoio Social. Obter ajuda quando a necessite; sentir que não está só no mundo. 05.____Honestidade. Agir responsavelmente quando dá sua palavra; ser honesto e honrado. 06.____Conhecimento. Procurar notícias atualizadas sobre assuntos pouco conhecidos; tentar descobrir coisas novas sobre o mundo. 07.____Emoção. Desfrutar desafiando o perigo; buscar aventuras. 08.____Poder. Ter poder para influenciar os outros e controlar decisões; ser o chefe de uma equipe. 09.____Afetividade. Ter uma relação de afeto profunda e duradoura; ter alguém para compartilhar seus êxitos e fracassos. 10.____Religiosidade. Crer em Deus como o salvador da humanidade; cumprir a vontade de Deus. 11.____Autodireção. Se sentir livre para vestir-se como queira; estar livre para se mover, ir e vir sem impedimentos. 12.____Ordem Social. Viver em um país ordenado e estruturado; ter um governo estável e eficaz. 13.____Saúde. Se preocupar com sua saúde antes de ficar doente; não estar enfermo. 14.____Prazer. Desfrutar da vida; satisfazer todos os seus desejos. 15.____Prestígio. Saber que muita gente lhe conhece e admira; quando velho receber uma homenagem por suas contribuições. 16.____Obediência. Cumprir seus deveres e obrigações do dia a dia; respeitar aos seus pais e aos mais velhos. 17.____Estabilidade Pessoal. Ter certeza de que amanhã terá tudo o que tem hoje; ter uma vida organizada e planificada. 18.____Estimulação. Participar em tantas atividades como seja possível; fazer coisas que lhe permitam estar ocupado, em movimento. 19.____Convivência. Conviver diariamente com os vizinhos; fazer parte de um grupo social ou religioso. 20.____Beleza. Ser capaz de apreciar o melhor da arte, música e literatura; ir a museus ou exposições onde possa ver coisas belas. 21.____Tradição. Seguir as normas sociais do seu país; respeitar as tradições da sua sociedade. 22.____Sobrevivência. Ter água, comida e poder dormir bem todos os dias; viver em um lugar com abundância de alimentos. 23.____Maturidade. Sentir que cumpriu com seus deveres na vida; desenvolver todas as suas capacidades. 24.____Privacidade. Ter uma vida privada sem que os assuntos ou as pessoas da comunidade interfiram; ter sua própria moradia e receber nela só a quem deseja. Para finalizar, reconsidere a lista de valores acima. Qual destes você pensa que é o MAIS IMPORTANTE como um princípio-guia na sua vida: _________________. Embora todos possam ser importantes, qual julga ser o MENOS IMPORTANTE: __________________. 101 INSTRUÇÕES. A seguir são apresentados alguns comportamentos que as pessoas podem apresentar no seu dia a dia. Por favor, pedimos-lhe que indique com que freqüência os faz. Utilize a seguinte escala de resposta, anotando ao lado de cada frase o número que melhor expressa a intensidade do seu comportamento. Nunca 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Sempre 01.____ Fazer brincadeiras pesadas com as pessoas, como empurrá-las na lama ou tirar-lhes a cadeira quando vão sentar. 02.____ Sair sem permissão (do trabalho, de casa ou do colégio). 03.____ Pegar escondido a bicicleta, carro ou moto de um desconhecido para dar um passeio, com a única intenção de se divertir. 04.____ Comer em locais proibidos (trabalho, escola, cinema, etc.). 05.____ Bagunçar ou assoviar em uma reunião, lugar público ou de trabalho. 06.____ Roubar roupas de um varal ou objetos dos bolsos de uma roupa deixada por alguém. 07.____ Conseguir dinheiro ameaçando pessoas mais fracas. 08.____ Destruir ou danificar coisas em lugares públicos. 09.____ Responder mal a um superior ou autoridade (no trabalho, na escola ou na rua). 10.____ Arrancar ou pisar flores ou plantas em parques ou jardins. 11.____ Incomodar pessoas desconhecidas ou fazer desordens em lugares públicos. 12.____ Chegar de propósito mais tarde do que o permitido (em casa, trabalho, compromisso, etc.). 13.____ Gastar freqüentemente no jogo mais dinheiro do que pode. 14.____ Portar uma arma (faca ou canivete) caso considere necessário em uma briga. 15.____ Dizer palavrões ou expressões grosseiras. 16.____ Roubar coisas de grandes armazéns, supermercados, entre outros, estando abertos. 17.____ Roubar objetos dos carros. 18.____ Entrar em um local proibido (jardim privado, casa vazia, etc.). 19.____ Entrar em uma loja que está fechada, roubando algo ou não. 20.____ Resistir ou brigar para escapar de um policial. 21.____ Jogar lixo no chão (quando há perto um cesto de lixo). 22.____ Entrar em um apartamento ou casa e roubar algo (sem ter planejado antes). 23.____ Planejar de antemão entrar em uma casa ou apartamento para roubar coisas de valor. 24.____ Apanhar frutas em um jardim ou pomar alheio. 25.____ Pegar escondido a bicicleta de um desconhecido e ficar com ela. 26.____ Quebrar ou jogar no chão coisas dos outros. 27.____ Roubar coisas ou dinheiro em máquinas de refrigerante, telefones públicos, etc. 28.____ Chegar tarde ao trabalho, colégio ou reunião. 29.____ Negar-se a fazer as tarefas solicitadas (no trabalho, na escola ou em casa). 30.____ Brigar com os outros (com golpes, insultos ou palavras ofensivas). 31.____ Roubar coisas de um lugar público (trabalho ou colégio) com um valor de mais de R$ 10,00. 32.____ Roubar materiais ou ferramentas de pessoas que estão trabalhando. 33.____ Usar drogas. 34.____ Trapacear (em provas, competição importante, gabarito de resultado, etc.). 35.____ Sujar as ruas ou calçadas quebrando garrafas ou virando depósitos de lixo. 36.____ Entrar em um clube proibido ou comprar bebidas proibidas. 37.____ Tocar a campainha na casa de alguém e sair correndo. 38.____ Riscar em lugares proibidos (paredes, mesas, etc.). 39.____ Forçar a entrada em um armazém, garagem, depósito ou mercearia. 40.____ Pertencer a uma turma que arma confusões, se mete em briga ou cria badernas. 102 7 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Agüero, A. 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