Vinicio capossela - Teatro Municipal da Guarda

Transcrição

Vinicio capossela - Teatro Municipal da Guarda
Bis
Fevereiro e Março de 2010
Boletim Bimensal do Teatro Municipal da Guarda
Vinicio Capossela
O HOMEM-SHOW VINDO DE ITÁLIA
No TMG a 26 de Fevereiro
Contos de Vergílio
Ferreira inspiram
peça A neve, do
Teatro das Beiras
Vergílio Ferreira nasceu em 1916,
em Gouveia. Fez o liceu na Guarda e
mais tarde formou-se em Filologia em
Coimbra e em 1942 começou a sua
carreira como professor de Português,
Latim e Grego.
nome maior da literatura portuguesa,
autor DE “O Banqueiro Anarquista”
Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em
1888 e morreu em 1935 em Lisboa e poucas vezes
deixou a cidade em adulto, mas passou nove anos
da sua infância em Durban, na colónia britânica
da África do Sul, onde o seu padrasto era o cônsul
Português. Pessoa, que tinha cinco anos quando
o seu pai morreu de tuberculose, tornou-se num
rapaz tímido e cheio de imaginação, e num estudante brilhante.
Pouco depois de completar 17 anos, voltou para
Lisboa para entrar na universidade, que cedo abandonou, preferindo estudar por sua própria conta,
na Biblioteca Nacional, onde leu sistematicamente
os grandes clássicos da filosofia, da história, da
sociologia e da literatura (portuguesa em particular) a fim de completar e expandir a educação
tradicional inglesa que recebera na África do Sul.
A sua produção de poesia e de prosa em Inglês foi
intensa, durante este período, e por volta de 1910,
já escrevia também muito em Português. Publicou
o seu primeiro ensaio de crítica literária em 1912,
o primeiro texto de prosa criativa (um trecho do
Livro do Desassossego) em 1913, e os primeiros
poemas em 1914.
Foi um líder activo do movimento Modernista em
Portugal, na década de 10, e ele próprio inventou
vários movimentos, incluindo um “Interseccionismo” de inspiração cubista e um estridente e semifuturista. Pessoa manteve-se afastado das luzes
da ribalta, exercendo a sua influência, todavia,
através da escrita e das tertúlias com algumas das
mais notáveis figuras literárias portuguesas.
Pessoa escrevia em cadernos de notas, em
folhas soltas, no verso de cartas, em anúncios
e panfletos, no papel timbrado das firmas para
as quais trabalhava e dos cafés que frequentava, em sobrescritos, em sobras de papel e nas
margens dos seus textos antigos. Para aumentar
a confusão, escreveu sob dezenas de nomes, uma
prática - ou compulsão - que começou na infância.
Chamou heterónimos aos mais importantes destes
“outros”, dotando-os de biografias, características
físicas, personalidades, visões políticas, atitudes religiosas e actividades literárias próprias.
Algumas das mais memoráveis obras de Pessoa
escritas em Português foram por ele atribuídas
aos três principais heterónimos poéticos - Alberto
Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos - e ao
“semi-heterónimo” Bernardo Soares.
A Companhia João Garcia Miguel foi buscar o
texto de Fernando Pessoa O Banqueiro Anarquista
e apresenta-o com adaptação dramatúrgica e
encenação de João Garcia Miguel no sábado, dia
5 de Fevereiro, no Teatro Municipal da Guarda. O
Banqueiro Anarquista foi pela primeira vez publicado na Revista Contemporânea, em 1922. Trata-se
de um delicioso texto sobre a liberdade, com uma
característica visão irónica da sociedade, e é
considerado uma das melhores ficções de Pessoa.
Texto baseado em informação da Casa Fernando Pessoa
comprar “O Banqueiro Anarquista”
Livraria Bertrand
www.bertrand.pt
Título: O Banqueiro Anarquista
Autor: Fernando Pessoa
Edição: Ática
Preço: 5,95 Euros
Guimarães Editores
www.guimaraeseditores.com
Título: O Banqueiro Anarquista
Autor: Fernando Pessoa
Colecção: Ática
Preço: 7,50 Euros
Onde requisitar
Biblioteca Municipal
Eduardo Lourenço
Rua Soeiro Viegas, Nº 10
6300-758 GUARDA
Horário de funcionamento:
Segundas-feiras, sextas-feiras e sábados
Das 14h00 às 19h00
Terças-feiras, quartas-feiras e quintas-feiras
Das 10h00 às 19h00
A primeira colecção de contos, A
Face Sangrenta publicou-a em 1953,
seguindo-se em 1959 Aparição, livro
que lhe valeu o Prémio Camilo Castelo
Branco da Sociedade Portuguesa de
Escritores. No mesmo ano, ingressou
no Liceu Camões, em Lisboa, e aí leccionou até se aposentar, em 1982. Em
1984, foi eleito sócio correspondente
da Academia Brasileira de Letras.
As suas obras receberam influências
do existencialismo, dos clássicos
gregos, do neo-realismo, da perspectiva metafísica, da simbólica e, de certa
forma, do niilismo. Essa mistura de
abordagens e influências resultou em
um vasto acerto e na originalidade dos
escritos do autor.
Em 1992 foi eleito para a Academia
das Ciências de Lisboa, além disso,
recebeu o Prémio Camões, atribuído
por um júri luso-brasileiro.
Algumas das suas principais obras
são Vagão Jota (1946), Mudança
(1949), Manhã Submersa (1954),
Aparição (1959), Espaço do Invisível,
Do Mundo Original (ensaios), Para
Sempre (1983), Até ao Fim (1997) e Na
tua Face (1993).
O autor faleceu em 1996, em Lisboa.
A obra incompleta Cartas a Sandra foi
publicada postumamente.
A peça A Neve, que o Teatro das
Beiras apresenta no TMG a 26 de
Fevereiro, está baseada em 5 contos
deste autor beirão: O encontro, A
palavra mágica, A fonte, A galinha e
A estrela.
A NEVE
O BANQUEIRO ANARQUISTA
PELA COMPANHIA JOÃO GARCIA MIGUEL
SEXTA 5 DE FEVEREIRO 21H30
PELO TEATRO DAS BEIRAS
SEXTA 26 DE FEVEREIRO
14H30 [ESCOLAS]
21H30 [PÚBLICO EM GERAL]
Inblues FESTIVAL DE BLUES DA GUARDA
ENTREVISTAS A AMAR SUNDY E DANI WILDE
Amar Sundy, o africano
que se apaixonou pelos
Blues ouvindo Otis Rush
Como é que um africano se apaixonou pelos
Blues?
África continua a ser para si uma fonte de
inspiração?
Apaixonei-me pelos Blues quando assisti em
Chicago aos concertos de artistas como Buddy
Guy ou Otis Rush. Gostei, muito, daquelas vozes
e do seu estilo de tocar guitarra, e de toda aquela
música impregnada de alma (soul). Foi por isso que
me apaixonei por este estilo musical.
Sim, África é a grande inspiradora da minha
música, porque quanto mais toco blues, mais me
aproximo das minhas raízes; a música blues faz-me
sentir em casa, faz-me compreender, aos poucos, a
origem dos blues.
Saiu do Sahara Ocidental já há alguns anos,
porquê?
Deixei o Sahara ainda em criança para ir ter com o
meu pai que estava há vários anos internado num
hospital em França. Acabei por ficar.
InBlues
Festival de Blues da Guarda
FEVEREIRO
DIA 4 TIM LOTHAR [DINAMARCA]
DIA 11 BUDDA POWER BLUES [PORTUGAL]
DIA 12 AMAR SUNDY [SAHARA OCIDENTAL]
DIA 20 DANI WILDE [INGLATERRA]
“Sadaka” é o título do seu último trabalho. O
que significa?
Sadaka significa partilha. Estender a mão e partilhar com os outros na firme glória da generosidade. Este disco foi gravado com convidados que
partilham este mesmo espírito. Viajámos juntos
nesta jornada através da alma e do tempo.
DANI WILDE:
SELVAGEM EM PALCO
Ao TMG, Dani Wilde vem apresentar o seu
primeiro disco “Heal my blues” de 2008, mas
o seu percurso na música começou muito
antes. Pode contar-nos como começou?
O meu pai, que não é músico mas que é um
profundo admirador dos Blues, mostrou-me desde
pequena a música dos artistas blues de Chicago;
Muddy Waters, John Lee Hooker, Howling Wolf,
Elmore James etc. Mas eu não ouvia apenas
Blues, sempre gostei muito de música folk e também de soul. Desde a tenra idade dos seis anos
que sempre soube que quando crescesse queria
ser cantora. Lembro-me de começar a actuar em
Pubs quando tinha 14 anos, tocava versões de
músicas de Bob Dylan. Mas foi mais tarde, aos 15
anos, quando vi pela primeira vez uma mulher a
tocar blues, que me senti completamente inspirada
pelo género e foi aí que percebi o que queria fazer
na minha vida. Sim, eu tinha 15 anos quando o
meu pai me levou ao Big Blues Festival no Reino
Unido e foi aí que eu assisti aos concertos de
Susan Tedeschi, Shemekia Copland, Koko Taylor,
Deborah Coleman e Sue Foley que tocavam o
melhor blues que alguma vez eu ouvira. Esse fim‑de-semana mudou a minha vida.
Os blues são um território dominado por
homens?
Nada disso. Nos meandros da história dos blues
encontramos excelentes blues tocados por mulheres. Na alvorada dos blues foram Memphis Minnie
e Bessie Smith… depois, quando os blues abriram
as portas à electrónica apareceu Koko Taylor,
tocando melhor que qualquer homem… Mais
tarde ainda, apareceram Bonnie Raitt e Deborah
Coleman, e ainda Susan Tedeschi e Shemekia.
Todas estas mulheres inspiraram toda uma nova
geração de jovens músicos, como eu ou como
outras artistas femininas da Ruf Records como
Erja lyytinen e Joanne Shaw Taylor. Thomas Ruf, o
dono da Ruf Recors é um homem maravilhoso e um
apaixonado dos blues no feminino. Ele é um dos
responsáveis pelo sucesso de muitas mulheres na
cena internacional dos Blues.
O apelido “Wilde” pode dar-nos uma ideia de
como a Dani é em palco?
Sim, os rapazes que me acompanham na minha
banda e eu própria somos muito energéticos. Gostamos de manter os nossos concertos excitantes
e a nossa paixão pela música que fazemos é por
demais evidente no palco.
Como definiria a sua música?
É blues tocado com paixão e alma sem limites.
É inspirado pelos 12-bar blues de Chicago, mas
sendo eu uma mulher inglesa, tem uma veia
contemporânea que faz com que os blues que eu
toco sejam apelativos a uma audiência de todas as
idades. Como guitarrista sou sobretudo inspirada
por Buddy Guy e Peter Green, mas como vocalista
sou verdadeiramente influenciada pelos artistas
soul como Stevie Wonder, Sam Cooke ou Otis
Redding.
Tindersticks
Subir à montanha
com “Falling Down
a Mountain”
Os Tindersticks nasceram em Nottingham, Inglaterra. Stuart Staples é o
frontman desta banda que conquistou
em terras lusas, desde 1995, ano do
primeiro concerto em Portugal, um
número alargado de seguidores. Com
uma generosa moldura instrumental
característica, a melancólica e sedutora voz de Staples é a promessa de
algo que apenas pode ser um grande
momento musical. Os Tindersticks
já actuaram inúmeras vezes em
Portugal, em registos completamente diferentes, como no Pavilhão
Atlântico, numa sala só para si e para
uma orquestra que os acompanhava,
integrados em Festivais ou mesmo na
na Queima das Fitas de Coimbra. Os
Tindersticks já foram apelidados de
“os últimos grandes românticos”, tal
a emoção que conferem à sua música, sempre num território indefinido
entre a melancolia e o encantamento.
Em 93 foi a estreia desta banda,
com o seu álbum de apresentação
Tindersticks, que recebeu inúmeros
elogios da crítica. Seguiram‑se Curtains, Simple Pleasure, Can Our Love,
Waiting for the Moon e The Hungry
Saw. Foi Simple Pleasure que lhes
garantiu um sucesso mais alargado,
álbum este no qual os Tindersticks
acrescentaram alguns elementos
soul à sua música, como o uso de
coros femininos. A acrescentar a
esta lista, ainda a banda sonora para
o filme Trouble Every Day, de Claire
Dennis, uma comovente história
sobre a vida de um casal em Lua de
Mel em Paris e a sua tentativa de
manter e alimentar a sua relação a
dois. Em 2005, Stuart Staples decidiu
fazer música por conta própria e editar dois álbuns de originais: “Lucky
Dog Recordings 03-04” e “Leaving
Songs”. Apesar de muito se ter especulado sobre o final dos Tindersticks,
a banda regressou aos concertos em
2006. O lançamento de “Falling down
a mountain”, o seu último álbum,
precede e motiva esta passagem pelo
nosso país. Da formação original,
mantêm-se nos Tindersticks Stuart
Staples, Neil Fraser e David Leonard
Butler. Stuart Staples foi convidado
de Rodrigo Leão no seu último álbum
“A Mãe”, dando a voz ao tema “This
light holds so many colours”.
A passagem dos Tindersticks pelo
TMG a 6 de Fevereiro é uma oportunidade única para um concerto que
ficará na memória.
TINDERSTICKS
SÁBADO 6 DE FEVEREIRO 21H30
RIO AO SOL
POR César Prata
Quatro concertinas irmanadas por uma profunda
cumplicidade produzem uma música que jorra da
terra, das terras. Se fecharmos os olhos vemos as
paisagens e as suas cores, as pessoas e os seus
movimentos, os céus — sim, porque os céus não
são todos iguais.
O novo circo está de volta ao TMG a 27 de Fevereiro
Tarab, o quinto disco dos Danças Ocultas, é um
momento de paz, de sublimação. Através da
utilização original e criativa do acordeão diatónico
— em Portugal conhecido por concertina — exalta-se a vida. A vida que perpassa pelo próprio
instrumento, aqui guindado à sua condição maior.
E afinal, que melhor desígnio para um instrumento
se não saber que está, ele próprio, vivo?
Nove boas razões para ver
Le Jardin, segundo a imprensa
Danças Ocultas, formado por Artur Fernandes,
Filipe Cal, Filipe Ricardo e Francisco Miguel, revelou-se pela primeira vez em 1996 com o seu disco
de estreia. O conceito central passava por mostrar
que a concertina poderia ser mais do que aquele
instrumento colado ao folclore tradicional e a uma
utilização redundante e pouco criativa. Ao longo
dos anos a aposta foi indesmentivelmente ganha.
Tarab* é mais um passo seguro nesse caminho.
Dez temas, todos compostos e arranjados pelo
grupo, mostram como quatro concertinas podem
inventar uma música sem tempo e sem idade,
uma música infinitamente bela e suprema; um rio
que corre, sem sobressaltos, ao sol.
Obrigatório! Le Jardin está para o espectáculo assim como Haiku está para a poesia
japonesa.
Neue Zürcher Zeitung
Um jardim fabuloso. 90 minutos de pura alegria.
Le Populaire
Um jardim rico e habitado, cheio de emoções, de gargalhadas e de sorrisos.
Um espectáculo simples que merece uma sala esgotada.
Le Dauphiné Libéré
Se ser génio na arte da performance consiste em mostrar coisas nunca antes vistas, se
se pretende ciar na simplicidade e dar ao espectador prazer… Bem, então os génios
existem. Um espectáculo elaborado para ser perfeito.
Le Bien Public
* “O conceito Tarab, usado no Norte de África, assenta na ideia de um nível superior de consciência
colectiva atingido numa performance, partilhado
entre artista e público.”in www.dancasocultas.com
Há um contínuo encantamento ao longo deste espectáculo, com efeitos raramente
espectaculares. Eles fazem a maioria aparentando uma minoria. Neste jardim, o tempo
parou. Não há nenhuma estação do ano para se ir ver o que lá cresce… Vão!
24 Heures
Danças Ocultas, “Tarab”
Edição Numérica - 1187 | Out 2009
Vivemos permanentemente com tantas falhas na capacidade de admirar que os nossos
olhos não são suficientes para apreciar certas maravilhas.
Salzburger Nachrichten
Um viveiro de ideias poéticas e loucas criadas por dois loucos jardineiros.
Dernières Nouvelles d’Alsace
DANÇAS OCULTAS
SEXTA 5 DE MARÇO 21H30
Um jardim lindo, fresco, inteligente e divertido. Sorrimos, soltamos gargalhadas e depois
deixamo-nos levar pela poesia e ficamos abismados com uma interpretação que do
início ao fim se desdobra como uma colecção de felizes surpresas.
L’Est Républicain
Simplesmente excelente!
Um espectáculo completamente florido que nos faz chorar a rir.
L’Yonne Républicaine
LE JARDIN
ATELIER LEFEUVRE & ANDRÉ
SÁBADO 27 DE FEVEREIRO 21H30
crítica
de CINEMA
POR VICTOR AFONSO
Tetro
de Francis Ford Coppola
QUARTA 24 DE FEVEREIRO 21H30
“Tetro” é o regresso em grande forma do realizador
Francis Ford Coppola, depois de um desequilibrado “Uma Segunda Juventude” (2007). “Tetro”
é, também, um belíssimo regresso ao cinema a
preto e branco que representou um outro filme de
Coppola, “Rumble Fish” (1983). A nova obra do
cineasta da trilogia “O Padrinho” explora um dos
seus temas predilectos: a família e as suas atribulações interinas. A história de “Tetro” é contada
em retalhos temporais, alternando a cor com a
deliciosa fotografia a preto e branco: a cor é apenas relevante nos momentos das recordações dos
personagens, momentos que têm tanto de sedutor
como de tortuoso, revelando uma história familiar
que contém o sabor contraditório da amargura,
melancolia e felicidade. “Tetro” é um filme sobre
encontros e desencontros, sobre a desagregação
dos laços familiares, mas também sobre o amor
reencontrado. Tudo filmado com extrema suavidade de realização por parte de Coppola, tendo
como cenário a bela e plasticamente atraente
Buenos Aires. Destaque especial para as notáveis
interpretações de Vincent Gallo, Alden Ehrenreich
e da actriz espanhola Maribel Verdú.
Um Profeta
de Jacques Audiard
QUARTA 24 DE MARÇO 21H30
“Um Profeta” foi distinguido com o Grande Prémio
do Júri, em Cannes 2009, considerado o melhor
filme exibido em França no ano passado, candidato
francês à nomeação para o Óscar de melhor filme
em língua estrangeira e já nomeado para o Globo
de Ouro 2010, na mesma categoria. Estas distinções premeiam o cinema do realizador francês
Jacques Audiard, autor de um anterior filme muito
elogiado, “De Tanto Bater o Meu Coração Parou”
(2005). “Um Profeta” narra a história de Malik,
um jovem analfabeto de 19 anos condenado a
seis anos de prisão. Rapidamente cai nas malhas
de um gangue de prisioneiros que faz prevalecer
a sua lei dentro da prisão. Mas o jovem aprende
depressa... “Um Profeta” é, por isso, um enérgico
filme sobre uma realidade multicultural na qual é
preciso descobrir a identidade de cada um. Sobre
este filme disse Jacques Audiard: “No meu filme o
herói existe para ilustrar a capacidade de resistência de um indivíduo e a sua habilidade para traçar
as suas próprias regras, definir a sua própria vida”.
CUKUNFT
ciclo de cultura
judaicA da guarda
Cinema, música, conferências e visitas guiadas, em março
Entre 10 e 13 de Março, a Agência para a
Promoção da Guarda organiza, com produção
do TMG, o Ciclo de Cultura Judaica, que
contará no cartaz com conferências, cinema
e música.
O ciclo começa com a conferência A Cultura Judaica nos dias de hoje, que terá como oradora
Maria Antonieta Garcia, professora na Universidade da Beira Interior e especialista em Cultura
Judaica, com alguns trabalhos publicados sobre os
Judeus nesta região. Segue-se o videograma Os
últimos Marranos, realizado por Frédéric Brenner
e Stan Neumann. Um filme premiado com o galardão “Futura” em Berlim, e que relata a história de
100 mil judeus portugueses que foram obrigados
a escolher entre religião católica e o exílio, sobre
a sua conversão em massa e sobre a continuidade
das práticas judaicas em segredo. Na música,
destaque para o concerto dos portugueses Melech Mechaya, e ainda a estreia em Portugal (e
concerto único) no TMG dos polacos Cukunft (na
foto) que actuam no Grande Auditório no último
dia do ciclo, 13 de Março. Um concerto com música klezmer vinda do leste europeu, frequentemente
tocada em festividades, como casamentos e outras
reuniões familiares. O grupo apresentará obras
do período anterior à Segunda Grande Guerra da
autoria de compositores judeus e também algum
reportório próprio. Algumas músicas contam com
letras de alguns poetas judeus como Icyk Manger,
Mosche Shneur e David Beigelman, entre outros.
Cukunft significa “o futuro”. O grupo foi fundado
pelo guitarrista, Raphael Roginski.
CICLO DE CULTURA JUDAICA
DA GUARDA
a cultura judaica nos
dias de hoje
Conferência por Maria
Antonieta Garcia
quarta 10 14h30
Os últimos Marranos
de Frédéric Brenner e Stan
Neumann
Quarta 10 21h30
Visita guiada ao Museu
Judaico e à Sinagoga de
Belmonte
Quinta 11 21H30 [Saída do TMG]
Melech Mechaya
Quinta 11 22h00
CUKUNFT [POLÓNIA]
Sábado 13 21H30
Sugestão de roteiro: Um passeio pelo
património judaico da região
No âmbito do Ciclo de Cultura Judaica está prevista uma
visita guiada ao Museu Judaico e à Sinagoga de Belmonte no próximo dia 11 de Março (com saída do TMG
às 9h30), mas como esta actividade tem como público
prioritário os alunos das escolas, decidimos deixar aqui
algumas dicas para que possa fazer o mesmo passeio
por sua conta, como e quando quiser.
Museu de Belmonte
O Museu pretende ser um singular espaço pedagógicodidáctico sobre o Judaísmo e a cultura do povo judeu,
cumprindo uma missão educativa. Fundamentalmente,
ilustra a história dos judeus portugueses e as suas
vicissitudes históricas; a sua integração na sociedade
portuguesa e o seu contributo na cultura, arte, literatura,
comércio e ofícios; e ainda a cultura e religião dos
judeus, os seus rituais e costumes, na sinagoga e em
casa. A história dos cristãos-novos, e a sua persistência
religiosa judaica através dos séculos, será desenvolvida,
integrada num espaço reservado à vida quotidiana.
Horário de Funcionamento
Aberto de Terça a Domingo das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às
18h00. Encerra às segundas-feiras e também nos feriados de 1
de Maio, 25 de Dezembro e 1 de Janeiro.
Sinagoga de Belmonte
Por causa das perseguições, muitos judeus partiram
para países estrangeiros, mas os outros ficaram em
Portugal. Destes últimos, uma maioria não abdicou
da fé judaica mas, como não a podiam professar
publicamente, recorreram à ocultação religiosa. Assim
nasceu o criptojudaísmo, que manteve vivas as tradições
judaicas dos cristãos-novos, descendentes do velho
judaísmo português. A primeira Sinagoga de Belmonte
data de 1297, dela hoje resta apenas uma inscrição. O
actual templo da comunidade judaica em Belmonte foi
inaugurado em 1997.
SERVIÇO EDUCATIVO
DESTAQUES DE FEVEREIRO E MARÇO
naqoyqatsi A GUERRA
COMO FORMA DE VIDA
TERÇA 9 DE FEVEREIRO 14H30
[ENTRADA LIVRE]
Eunice Muñoz
a grande senhora
do teatro Português
Nascida entre as artes do espectáculo, principia
a sua carreira de actriz no Teatro Nacional Dona
Maria II, em 1941. Discípula singular de Amélia
Rey Colaço, a ela ficará a dever a oportunidade de
ter pisado o palco ao lado de grandes profissionais
como Estevão Amarante, Maria Lalande, João
Villaret, Maria Matos, mesmo antes de concluir de
forma brilhante o curso de actores do Conservatório Nacional de Lisboa.
Desde muito cedo se revelam as excepcionais
qualidades de actriz que, ao longo de mais de seis
décadas, conquistou o reconhecimento caloroso
e a incontestável admiração de gerações de espectadores. Actriz de enormes e raras exigências,
reafirma-se em cada papel que representa. Mãe
Coragem e os seus Filhos de Brecht, As Criadas, de
Jean Genet, A Casa do Lago, de Ernest Thompson, Joana d’Arc, de Jean Anouilh, A Casa de
Bernarda Alba, de Federico García Lorca, Zerlina,
de Hermann Broch, A Maçon, de Lídia Jorge, ou
Madame, de Maria Velho da Costa, são alguns dos
espectáculos a destacar. Teve inúmeras participações em televisão e cinema e foi diversas vezes
premiada, destacando-se a recente atribuição do
grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade
de Évora.
O ANO DO PENSAMENTO MÁGICO
PELO TEATRO NACIONAL DONA MARIA II
SÁBADO 20 DE MARÇO 21H30
Profissão
Actriz
Data de nascimento
30 de Julho de 1928
Naturalidade
Amareleja (concelho de Moura)
Signo
Leão
Alguns papéis que representou
Joana d’Arc, Mãe Coragem, Miss Daisy ou A
Banqueira do Povo
Números
1941
Ano de estreia como actriz
70
O número de peças que representou em teatro
81
A Idade da actriz
13
Número de filmes em que participou
20
O dia de Março em que Eunice Muñoz apresenta
no TMG a peça O ano do pensamento mágico
Do que falamos quando falamos de tecnologia? De
que forma a tecnologia digital influencia o modo
de vida do homem na sociedade moderna? Qual
a relação entre a vida urbana e a natureza? Estas
e muitas outras questões são abordadas neste
brilhante documentário, apenas com o recurso
a imagens e música, sem quaisquer explicações
por palavras ou narração. “Naqoyqatsi” faz parte
da trilogia chamada “Qatsi”, que integra mais
dois documentários sobre o homem, a cidade e a
natureza. Um filme visualmente fascinante, com
música de Philip Glass, e concebido numa estética
que assenta numa forte crítica à sociedade de consumo. Sessão seguida de debate para estudantes
de comunicação, multimédia, e artes.
OFICINA ORIGAMI a arte das
dobragens em papel
orientada por ana rita teodoro
24 E 25 DE FEVEREIRO 10HO0 E 14H30
2 EUROS
DESTINATÁRIOS: ESCOLAS DO 1º CICLO E PÚBLICO
SÉNIOR
Origami é a arte tradicional japonesa de dobrar o
papel, criando representações de determinados
seres ou objectos com as dobras geométricas de
uma peça de papel, sem cortá-la ou colá-la. Esta
arte com papel é já milenar e atravessou gerações
e povos. Há toda uma arte – simples de aprender
mas que exige prática – em dobrar e desdobrar
o papel. É necessário aquecer as mãos, ver,
comparar, vincar e dobrar com rigor, conforme a
textura e espessura do papel com que se trabalha.
Estas oficinas são dirigidas para duas gerações
distintas: crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico e
idosos. Experiências com papel que agradarão a
miúdos e graúdos.
UMA BAILARINA
DE ALDARA BIZARRO
orientada por YOLA PINTO
5 DE MARÇO 10H00 E 14H30
2 EUROS
DESTINATÁRIOS: ESCOLAS DO 1º CICLO E 2º CICLO DO
ENSINO BÁSICO
“Uma Bailarina…” é um espectáculo participativo de dança dirigido ao público do 1º e 2º ciclo
escolar. É uma experiência que reúne aspectos
inerentes ao espectáculo de dança e aspectos pertencentes à oficina de dança, procurando proporcionar novas leituras do espectáculo, suscitando a
reflexão sobre matérias relacionadas com o corpo,
enquanto objecto de saber e de sentir diferente do
corpo habitual, dado no contexto escolar. As crian-
ças são convidadas a ver uma dança executada
por uma bailarina que toma o lugar de professora.
A interacção entre a bailarina e as crianças é uma
prioridade, explorando a noção de corpo, natureza
e pensamento. No final, será entregue um suporte
didáctico sobre a sessão, que consiste num
conjunto de propostas para serem desenvolvidas
na sala de aula com a ajuda do professor.
LUZLINAR E O LOUVA-A-DEUS
DE MARGARIDA GIL
QUARTA 3 DE MARÇO 21H30
[ENTRADA LIVRE]
DEBATE COM A PRESENÇA FINAL DE MARIA LINO E
MARGARIDA GIL
Margarida Gil, uma realizadora com créditos
firmados, realizou há 3 anos um documentário
sobre uma associação cultural e uma mulher
que teima em fazer arte numa aldeia recôndita
do distrito de Trancoso chamada Feita. “Luzlinar
e o Louva-a-Deus” é o resultado dessa visão da
actividade de Maria Lino, como mulher e artista. É
também sobre o regresso à terra natal da artista,
27 anos depois de vida no estrangeiro. Afinal, o
que restou e o que ficou das memórias destes 27
anos de ausência, a terra onde a Serra e a luz se
renovam todos os dias? O documentário aborda
a actividade do atelier “Temos Tempo”, assim
como o simpósio internacional de arte e o trabalho
artístico de Maria Lino na aldeia que a viu nascer.
No final haverá uma tertúlia entre a realizadora, a
artista plástica e a assistência.
DOIS DEDOS DE CIÊNCIA
SOS RADÃO NA GUARDA
COM ALINA LOURO
SEXTA 19 DE MARÇO 21H30
[ENTRADA LIVRE]
“Dois Dedos de Ciência” é uma iniciativa de
divulgação científica, promovendo o trabalho de
investigação de jovens cientistas e investigadores da Guarda ligados a diferentes áreas do
conhecimento. O Projecto “SOS Radão Guarda”
está integrado no Projecto “Risco para a Saúde
Humana da Exposição Ambiental ao Radão” que
engloba uma vasta equipa de investigadores, de
várias áreas científicas e Instituições. O Projecto
pretende, no essencial, responder à questão: “As
concentrações de Radão nas habitações da Guarda
poderão justificar a incidência de neoplasias do
foro respiratório/pulmonar?” Este projecto de
investigação foi levado a cabo pela investigadora
Alina Louro, no âmbito do seu Doutoramento em
Física, e esta sessão servirá para explicar todas as
vertentes (científicas e ambientais) desta importante investigação para a população da Guarda
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fevereiro e março no tmg
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vinicio capossela
Vinicio Capossela
O HOMEM-SHOW VINDO DE ITÁLIA
Vinicio Capossela é um dos maiores artistas
do nosso tempo. A frase pode soar demasiado
convicta ou até exagerada, mas é verdade.
Quem já o viu ou quem conhece os seus
discos sabe do que falo. Vinicio é um músico,
compositor e intérprete inventivo, criativo e
que se desafia constantemente. Na senda de
uma certa tradição italiana de cantautores,
de que Paolo Conte deverá ser o expoente
máximo, mas com tremenda influência da
música grega, mexicana e, até, portuguesa,
Capossela vai também beber a um imaginário americano de artistas como Tom Waits,
por exemplo. Porém, apesar de todas estas
referências, o músico continua a conseguir
ser extremamente inovador e único. Fascinado com conceitos e com universos inconoclásticos, Capossela vai trazer à Guarda o
espectáculo “Solo Show” baseado no seu
último e aclamado disco, “Da Solo”. Neste registo, o compositor italiano explora ambientes
cabaréticos e circenses sempre sem nunca
perder a chancela que marca toda a sua
obra: temas inspirados, ambientes citadinos
portuários, canções que falam de amor, de
desespero, de gigantes, de anões, de deuses
e de mitos. O espectáculo é riquíssimo, com
elementos cénicos muito elaborados, tendo
sido considerado um dos melhores concertos apresentados no mercado internacional
durante o ano de 2009. Vinicio Capossela,
com o seu “Solo Show”, chega finalmente a
Portugal onde o artista, nas suas anteriores
passagens, deixou inúmeros admiradores em
concertos sempre muito bem sucedidos.
Vasco sacramento
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FICHA TÉCNICA
Bis | Boletim Bimensal do Teatro Municipal da Guarda | Nº 1 | Fevereiro e Março de 2010
VINICIO CAPOSSELA
SOLO SHOW
SEXTA 26 DE MARÇO 21H30
Redacção e Paginação
Gabinete de Comunicação e Imagem do Teatro Municipal da Guarda
Colaborações: César Prata, Vasco Sacramento, Victor Afonso
Culturguarda, Gestão da Sala de Espectáculos e Actividades Culturais, E.M.
Rua Batalha Reis, 12, 6300-559 GUARDA | Tel. 271 205 240 Fax 271 205 248 | [email protected]

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