Mulheres do Café - Emater

Transcrição

Mulheres do Café - Emater
CATEGORIA:
3) INOVAÇÃO EM METOLOGIA DE EXTENSÃO RURAL
NOME DO PROJETO:
PROJETO MULHERES DO CAFÉ
AUTOR: *CÍNTIA MARA LOPES DE SOUZA – ECONOMISTA DOMÉSTICO
CO-AUTORA: ** LUCIANA SOARES DE MORAIS – ECONOM. DOMÉSTICO
LOTAÇÃO:
*PINHALÃO
** IBAITI
LOCAL DE APLICAÇÃO:
CURIÚVA, FIGUEIRA, IBAITI, JAPIRA, JABOTI, PINHALÃO, TOMAZINA, SIQUEIRA
CAMPOS, SALTO DO ITARARÉ, JOAQUIM TÁVORA E CARLÓPOLIS
INÍCIO E CONCLUSÃO DO TRABALHO (MÊS/ANO):
Inicio: 2013
Conclusão: Em desenvolvimento
SITUAÇÃO ANTERIOR:
Até o ano de 2013 não havia um trabalho específico para as mulheres do café, o que havia eram ações
isoladas com as mulheres atendidas pelo Emater executadas pelas extensionistas da área de Inclusão
Social, sem resultados muito visíveis.
Nos eventos grupais promovidos pelo Emater, a participação era predominante masculina e as mulheres
relatam que não se sentiam a vontade quando participavam. Os técnicos envolvidos com a cadeia
produtiva do café também não priorizavam os atendimentos as mulheres nas visitas as propriedades e no
atendimento no escritório, uma vez que o foco do trabalho sempre foi o produtor, e assim, eles não
percebiam a necessidade, ou mesmo não se sentiam à vontade com este público, excluindo assim, de
forma não intencional as mulheres da assistência técnica.
Além disso, não havia interação de trabalho da equipe técnica social e a equipe técnica produtiva, e os
trabalhos da cadeia produtiva na maioria dos municípios não era estruturado em grupos, sendo o
atendimento feito com visitas individuais ou algumas metodologias grupais sem relação entre si, não
obstante se reconheça a importância destas questões, uma vez que a própria Lei de Ater define como
princípios da Política Nacional de Ater a “adoção de metodologia participativa, com enfoque
multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural”, bem como “a equidade nas relações de gênero, geração,
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raça e etnia” (BRASIL, 2010).
JUSTIFICATIVA:
O trabalho da assistência técnica e extensão rural com a cafeicultura no Norte Pioneiro do Paraná a
muitos anos tem contribuído para o desenvolvimento tecnológico da cultura. Assim como em outras
cadeias produtivas trabalhar o conjunto da família envolvendo homens e mulheres nas diversas atividades
da extensão não é um processo fácil, pois exige a adoção de metodologias diferentes por parte dos
extensionistas, bem como a compreensão da dinâmica familiar, além de levar em consideração as
desigualdades de gênero presentes na cultura familiar dos agricultores.
No que se refere à esta última questão, convém esclarecer que “a perspectiva de gênero realiza uma
superação dos limites biológicos e trata homens e mulheres sob a ótica de papéis sociais historicamente
construídos” (SILVA e SCHNEIDER, 2013, p. 72). Esta abordagem nos permite compreender os papéis
sociais historicamente destinados a homens e mulheres, e a questionar o porquê destes grupos sociais
muitas vezes obterem reconhecimento ou mesmo remuneração diferenciada, apesar de realizarem
trabalhos semelhantes.
Temos assim que, em todos estes anos de trabalho desenvolvidos por nossos extensionistas junto às
famílias de cafeicultores, identificou-se que o envolvimento da mulher no processo produtivo era cada
vez maior, no entanto, nas atividades de profissionalização como reuniões, encontros, cursos e outros
métodos grupais e até mesmo nas visitas individuais a presença e o atendimento é predominante
masculino e a presença feminina em algumas atividades era praticamente inexistente.
Sabe-se que a cadeia produtiva do café nas pequenas propriedades é exigente em mão de obra, então toda
a família se envolve no processo de produção. Dentro deste processo é atribuída às mulheres como
atividade principal o cuidado com o terreiro (secagem do café), porém isso não significa que elas não
trabalham nas demais etapas do processo produtivo. Fica claro, no entanto, a persistência da divisão
sexual do trabalho, conforme exaustivamente observado em outras circunstâncias (SILVA e
SCHNEIDER, 2013), configurando-se uma situação de desvantagem para as mulheres, cujo trabalho nem
sempre é valorizado na cultura do café, além de continuarem responsáveis pela maioria das tarefas
domésticas (dupla jornada de trabalho).
Com a inserção do processo de produção de cafés especiais no Norte Pioneiro e a partir das organizações
da ACENPP – Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro e da COCENPP – Cooperativa de Cafés
Especiais do Norte Pioneiro, a qualificação dos produtores de café para busca das certificações de cafés
especiais se intensificou. E novamente o que se via era um público predominante masculino nas
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atividades de qualificação, enquanto as mulheres continuavam trabalhando em todas as etapas da
produção sem ter acesso a conhecimento e técnicas relacionadas a esta atividade.
Percebendo esta situação, o time de extensionistas do Emater ligados a cadeia produtiva do café
juntamente com as extensionistas da área de Inclusão Social, numa atividade interdisciplinar, decidiram
montar uma estratégia de organização e capacitação das cafeicultoras na tentativa de qualificá-las para a
produção de cafés especiais, assim como buscar a redução das desigualdades de gênero a partir das
atividades promovidas pela assistência técnica e extensão rural.
OBJETIVO DA PROPOSTA:
- Capacitar as mulheres cafeicultoras para produção de café com valor agregado, através da inserção nas
atividades desenvolvidas pelo Emater e da promoção à igualdade de gênero nas atividades extensionistas
e na família rural;
-Qualificar as atividades de assistência técnica e extensão rural por meio da interdisciplinaridade e da
adoção de metodologias participativas.
PROCEDIMENTOS PRECONIZADOS:
Projeto para promoção de igualdade de gênero e geração de renda a partir da capacitação das mulheres
para a produção de café com qualidade.
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA DESENVOLVIDA:
Ações iniciais:
Com a decisão de iniciar o trabalho com as mulheres do café nos municípios da regional Emater de Santo
Antonio da Platina, como atividade inicial promoveu-se o I Encontro das Mulheres do Café do Norte
Pioneiro com a presença de 16 municípios produtores de café, sendo 11 da regional de Santo Antonio da
Platina e outros 5 municípios da Regional de Cornélio Procópio.
Neste encontro reuniram-se em torno de 250 cafeicultoras, com uma agenda voltada a sensibilizar as
mulheres para a organização e qualificação, com temas que traziam a valorização da participação da
mulher no processo produtivo e um diagnostico da cafeicultura no Norte Pioneiro do Paraná e cenários
de mercado. Neste encontro foram realizadas filmagens para uma matéria do Emater com foco no
trabalho feminino na cafeicultura.
Neste encontro também ocorreu o nosso primeiro contato com International Women’s Coffee Alliance IWCA (Aliança Internacional das Mulheres do Café) uma organização internacional que agrega mulheres
envolvidas com a cultura do café. A missão da IWCA – Capítulo Brasil é capacitar mulheres líderes na
indústria brasileira de café, da semente à xícara, enquanto que da IWCA Internacional é “capacitar as
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mulheres na comunidade cafeeira internacional para alcançar vidas significativas e sustentáveis e
incentivar e reconhecer a participação das mulheres em todos os aspectos da indústria do café”.
As informações sobre a IWCA chegaram até nós pelo coordenador regional da cadeia produtiva do café,
que em eventos nacionais e internacionais tomou conhecimento desta organização e identificou que a
missão da mesma vinha de encontro com o que planejávamos trabalhar com as mulheres do café. Assim
para o evento foram convidadas duas representantes da IWCA - Brasil para apresentar o trabalho
desenvolvido pela Aliança, assim como, conhecer a nossa pretensão de trabalho aqui na região e firmar
parceria para a efetivação do trabalho com as Mulheres do Café no Norte Pioneiro.
A partir do encontro observou-se que estas mulheres que participaram tinham potencial para organizar
um grupo para discutir seus interesses voltados a produção do café. Identificados estes potenciais, os
extensionsitas locais que se identificaram com a proposta, juntamente com as extensionistas da área
social agendaram reuniões com estes grupos para realizar um diagnóstico, ou identificar as necessidades
e os anseios com relação à extensão rural e assistência técnica para a produção de café.
Resultado do diagnóstico e estruturação do trabalho com as mulheres do café - 2013
Na primeira reunião com os grupos potencias em junho de 2013 foi realizada uma dinâmica utilizando-se
de materiais ilustrativos para que as mulheres se sentissem a vontade para expor as suas expectativas com
o trabalho proposto, esta dinâmica foi aplicada pelas técnicas da área social. Até então o que a equipe
tinha pra apresentar era apenas a pretensão de ter um trabalho estruturado específico para as mulheres do
café. No entanto, ainda não tínhamos claro quais as metodologias que seriam utilizadas, mas sabíamos o
que queríamos como resultado, que era estruturar grupos de mulheres para transferência de tecnologias
do café, inserir as mulheres nas atividades promovidas pelo Emater nesta cadeia produtiva, assim como,
contribuir para a igualdade de gênero no trabalho e na família destas agricultoras.
Como resultado deste diagnóstico, tivemos sugestões de temas para o trabalho na área técnica produtiva e
também de temas na área de desenvolvimento humano, ou seja, de inclusão social. A impressão que ficou
para toda equipe foi de que as mulheres estavam esperando/necessitando por esta proposta de trabalho,
pois o resultado foi uma agenda de reuniões até no final de 2013, com 11 grupos definidos em 11
municípios. Nesta etapa destacamos o envolvimento da equipe técnica no trabalho de identificação,
sensibilização e mobilização das mulheres.
Em junho executamos a primeira excursão técnica exclusiva para as mulheres do café, 40 mulheres dos
11 grupos e mais os técnicos envolvidos participaram da metodologia no município de Carlópolis, onde
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visitaram 08 (oito) propriedades rurais, para conhecer experiências de sustentabilidade da cafeicultura
familiar, novo paradigma da colheita e preparo, cultivo baseado no correto manejo do solo e plantas
daninhas, diversificação da propriedade, colheita mecanizada na pequena propriedade, parceria entre
vizinhos (pequenos e fazendeiros), colheita seletiva mecanizada, noções de regulagem de colheitadeira,
planejamento da colheita com mapeamento das floradas.
Dando continuidade ao trabalho, a equipe técnica estruturou uma agenda de reuniões, com temas
condizentes com a época e estágio da cultura do café, sendo, julho – colheita, agosto (dias 26 a 30)– poda
e recuperação do café geado (este tema foi inserido em virtude da forte geada em junho de 2013),
outubro (dias 21 a 28) – adubação do cafeeiro, novembro (dias 18 a 22) – Manejo Integrado de Pragas e
Doenças do café e também diversificação da propriedade - fruticultura (este tema foi solicitado pelas
mulheres no decorrer do processo, pois as famílias necessitavam de novas alternativas de renda em
virtude de a geada prejudicar significativamente os cafezais da região). Nesta etapa destacamos a
disciplina do trabalho, com o agendamento da semana para estas atividades que ocorreram em todos os
grupos com a presença do técnico local e das extensionistas da área de inclusão social.
Em geral, as reuniões duravam cerca de duas horas, sendo uma hora para temas de ordem produtiva e
uma hora com temas de desenvolvimento humano, pessoal e de organização. Neste ano (2014), temos
utilizado o tempo destinado para atividade de inclusão social para avaliar as ações, retomar os assuntos e
reforçar e motivar a organização.
Em setembro realizou-se mais uma excursão para participar do III Encontro da IWCA-Brasil em Belo
Horizonte/MG durante a realização do 9º Espaço Café Brasil. Participaram desta metodologia 13 (treze)
cafeicultoras representando os 11 grupos da Região de Santo Antônio da Platina mais 2 técnicas sociais
da mesma região e 2 cafeicultoras e uma técnica da área social da Região de Cornélio Procópio. A
participação do Encontro da IWCA em BH resultou na afirmação da parceria e grande reconhecimento
por parte desta organização.
Neste encontro tivemos a oportunidade de discutir assuntos inerentes às dificuldades encontradas pelas
mulheres quanto ao reconhecimento do trabalho importante que elas realizam na atividade cafeeira.
Também ouvimos experiências de outros países e outras regiões produtoras de café do Brasil, quanto ao
papel feminino nas diversas etapas desta cadeia produtiva, ou seja, do grão à xícara.
Mesmo não estando na pauta do evento, surgiu o convite para apresentar o trabalho realizado no Norte
Pioneiro do Paraná. Após a apresentação despertamos o interesse de muitos participantes do evento da
área técnica, acadêmica e integrantes da IWCA do Brasil e outros Países. A presidente da IWCA que até
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então não nos conhecia pessoalmente, não poupou palavras e elogios ao trabalho o que foi replicado por
muitas outras lideranças presentes no evento, que podemos resumir numa das expressões proferidas “não
podemos levar esta Emater para a Bahia?” referindo-se ao emater do Paraná. Nesta atividade destacamos
a interação entre as mulheres dos grupos da região, a divulgação do nosso trabalho, assim como a
promoção da autoestima das cafeicultoras com o reconhecimento do trabalho técnico/ extensionista, da
organização e do trabalho desenvolvido por elas na propriedade.
Em dezembro de 2013 realizamos um encontro para avaliação das atividades do ano que estava findando
e para a programação do ano de 2014. Para esta atividade foram convidadas duas representantes de cada
grupo e toda a equipe técnica envolvida. Durante o encontro utilizamos a seguinte metodologia: Os
participantes foram divididos em grupos menores integrando os municípios e outro grupo da equipe
técnica. Foram distribuídos cartazes para pontuar as avaliações e registrar as atividades sugeridas para o
ano de 2014. Neste momento a equipe técnica pode também fazer a sua avaliação do trabalho e sugestão
para o próximo ano, interagindo com as avaliações do publico atendido, neste caso, as mulheres do café.
A avaliação positiva do trabalho pode ser refletida no resultado do planejamento para 2014. Com uma
programação audaciosa, dinâmica e com muitas metodologias diferentes. A primeira reivindicação dos
grupos foi a ampliação do tempo das reuniões para quatro horas, sendo duas horas para temas de inclusão
social e duas horas para a transferência de tecnologias, sob o argumento de que precisavam de mais
tempo para tirar dúvidas e inteirar-se mais dos assuntos.
O resultado dos grupos foi a seguinte programação discutida e aprovada por todos os presentes:
Quadro 1. Programação para 2014
Quant
01
01
05
Evento
Encontro Regional com todos os grupos
Excursão para o IAPAR
Reuniões Técnicas: (em cada município)
Março
Maio
Comercialização
Colheita
Poda e Desbrota
Abril
Maio
Agosto
Adubação
MIP
Cursos (em cada município)
Setembro
Outubro
Família Rural/Qualidade de Vida (SENAR/EMATER)
Comunicação e Técnicas de apresentação (SENAR/EMATER)
Março
Abril
Básico de Degustação (SENAR/EMATER)
Maio
01
01
Avançado de Degustação (EMATER/EMATER)
Encontro Nacional da IWCA
FICAFÉ–Feira Internacional de Cafés Especiais/Gincana/Espaço Mulheres do Café
Setembro
Setembro
Outubro
01
Reunião de Avaliação e Planejamento
Dezembro
04
Data
6
Fonte: Encontro de avaliação e planejamento, Jaboti – 04/12/2014/Emater
Trabalho com as mulheres do café em 2014
Em janeiro de 2014 os grupos e a equipe técnica foram surpreendidos pela visita da presidente da IWCAcapítulo Brasil. Durante a sua passagem pela região, a presidente da IWCA fez questão de visitar 04
grupos para conhecer melhor as cafeicultoras e o trabalho desenvolvido no Norte Pioneiro do Paraná.
Em vários momentos de sua visita se emocionou com os depoimentos das cafeicultoras que se sentiram a
vontade para falar de suas dificuldades para produção e comercialização dos cafés, assim como das
dificuldades encontradas dentro e fora de casa com relação ao reconhecimento e valorização do seu
trabalho na cafeicultura e doméstico.
A partir desta visita a então presidente da Aliança Internacional das Mulheres do Café - Brasil, que ocupa
atualmente uma posição na OIC – Organização Internacional do Café, ela apresenta este trabalho do
projeto “Mulheres do Café” do Norte Pioneiro do Paraná em eventos internacionais como exemplo de
organização e que retrata a importância da assistência técnica e extensão rural oficial na busca pela
igualdade de gênero na produção de cafés especiais, dizendo em suas apresentações que aqui ocorre a
“The quiet revolution” ou “A revolução silenciosa”.
Figura 1 e 2 – Slides da apresentação da IWCA em eventos internacionais
Fonte: Apresentação da Srª Josiane Cotrim Macieira, 2014.
Conforme programação, em abril de 2014 (dias 7-10) realizaram-se as reuniões com o tema técnico sobre
comercialização de café, sendo 10 reuniões executadas. Na parte de inclusão social convidamos uma
psicóloga da equipe local do CRAS – Centro de Referencia a Assistência Social para tratar do tema
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relacionamento familiar, segundo sugerido no planejamento.
Em maio realizamos o II Encontro das mulheres do Café, com a presença de mais de 250 mulheres
representando os 11 grupos. Neste evento optamos por apresentar os resultados do projeto até aquele
momento e também motivamos as mulheres com a apresentação de uma palestra com um comunicador
renomado. O destaque deste evento foi a contribuição através de venda de rifa pelas mulheres do café,
para arrecadar recurso para pagar o palestrante. Para a equipe, isto demonstrou o compromisso e a
confiança das cafeicultoras no trabalho executado.
No mês de junho (dias 09-13) o tema das reuniões em todos os grupos foi sobre colheita do café,
juntamente com a avaliação do Encontro de Mulheres do mês anterior. A partir desta data as reuniões
tiveram um intervalo, respeitando o período da colheita do café. Neste período as famílias dedicam-se
exclusivamente a esta atividade de colheita, pois a atividade é exigente de mão-de-obra que esta cada vez
mais escassa na agricultura familiar. As reuniões forma retomadas no início deste mês de outubro, com a
discussão dos temas poda e adubação do café.
Na programação de 2014 conforme observamos no quadro 1 muitos cursos foram programados, com
destaque para o curso de classificação e degustação do café, com o objetivo de realizar o treinamento na
metodologia de classificação de café por características e bebidas. Este curso tem duração de 40h
divididos em duas etapas e já foi realizado em 09 grupos, sendo que outros 02 grupos já agendaram a
execução ainda para 2014.
No curso de classificação e degustação a cafeicultora tem a oportunidade de identificar os defeitos do
café e os fatores que refletem na qualidade do mesmo, consequentemente no valor de mercado. Estes
conhecimentos subsidiam as cafeicultoras para compreender as exigências do mercado com relação à
qualidade do café. Nesta etapa destacamos a parceria com o SENAR na execução do curso exclusivo
para mulheres e também na identificação de degustadoras potenciais para curso intensivo em parceria
com o IAPAR numa programação futura.
Outro curso que foi destaque especialmente nos grupos dos municípios de Tomazina e Pinhalão foi o
curso de inclusão digital que foi uma demanda apresentada posterior a programação e que foi atendida
pelo Emater em parceria com o SENAR. Foram realizados 4 cursos capacitando 30 mulheres em inclusão
digital. O público deste curso foram mulheres cafeicultoras entre 16 e 58 anos. A inclusão digital é uma
ferramenta importante na gestão, além de interação com informações importantes para a propriedade que
poderão ser acessadas via internet.
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Estes dois grupos também realizaram o curso de comunicação e técnicas de apresentação com um
público de 38 mulheres que durante 16h conheceram técnicas de comunicação e expressão que serão
uteis para o dialogo familiar e na comunidade. Estas técnicas favorecem a autoconfiança, diminuem a
timidez e reflete na participação ativa nas demais metodologias utilizadas.
Durante este ano podemos destacar os eventos de público misto, ou seja, os eventos promovidos pela
cadeia produtiva do café ganharam a participação do público feminino. Eventos como dias de campo,
reuniões técnicas, excursões e encontros promovidos pelo Emater que antes eram frequentados por
público exclusivamente masculino, tiveram também a participação das mulheres do café. Muitas
mulheres acompanham os maridos nas atividades, outras começaram a se interessar pelos eventos e
outras que por alguma razão assumem a gestão da propriedade também sentiram-se à vontade para
participar, pois sabiam que não seriam as únicas no evento.
Eventos tradicionais, como o Encontro do Café durante a FESCAFÉ em Ribeirão Claro na sua 19ª edição
neste ano motivou a inserção do projeto mulheres do café na agenda para que os homens conheçam o
trabalho, apoiem as mulheres e motivem a participação destas nas atividades, não só naquelas exclusivas
para mulheres, mas em todos os eventos que envolvam a atividade cafeeira. O resultado foi um público
onde praticamente 50% dos participantes eram mulheres.
Ainda para 2014, realizou-se um encontro com os grupos de mulheres do café durante a Feira
Internacional de Café Especial-FICAFÉ em Jacarezinho no mês de novembro. Durante este encontro foi
anunciado pela Presidente da Aliança Internacional das Mulheres do Café – Capitulo Brasil Débora
Fortini a criação do primeiro Sub-Capitulo da Aliança no Brasil o Norte Pioneiro.
Figura 3. Logo Marca do Sub Capitulo Norte Pioneiro da Aliança Internacional das Mulheres do Café.
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Fonte: Sub Capitilo Aliança Internacional das Mulheres do Café Norte Pioneiro, 2014.
Para as Mulheres do Café foi um grande avanço ser a primeira região produtora de café do Brasil a criar
um sub capitulo reconhecido internacionalmente por toda estrutura organizacional da IWCA que
atualmente abrange 16 (dezesseis) países.
Capacitação da equipe técnica
A equipe técnica envolvida no trabalho possui múltiplas formações, e simultaneamente à capacitação dos
grupos de mulheres, também foi capacitada. Por ser um público novo para os técnicos da cadeia
produtiva do café, a coordenação da área decidiu que antes de cada reunião com os grupos de mulheres o
time do café se reuniria para repassar o conteúdo e definir a metodologia. A equipe técnica é composta
por 04 (quatro) engenheiros agrônomos, 05 (cinco) técnicos agrícolas e 02 (duas) economistas
domésticos.
Antes de cada reunião com os grupos de mulheres a equipe também realiza uma reunião técnica, que tem
a duração de 8 horas e tem como objetivo repassar o conteúdo, preparar o material de apoio, definir os
recursos a serem utilizados e a metodologia a ser aplicada. Destas reuniões resultam na adoção de uma
metodologia prática e dinâmica para o trabalho e um material que é distribuído para as mulheres na
reunião, assim as reuniões passam a ser uniforme em conteúdo e ao mesmo tempo adaptada a realidade
de cada grupo a partir da metodologia aplicada.
Outro aspecto relevante do projeto é a programação do tempo de trabalho da equipe técnica, que desde o
inicio do Projeto, agenda as semanas de reuniões com os grupos, para evitar que as reuniões fiquem em
segundo plano no trabalho desenvolvido pelos extensionistas, e assim com a agenda bloqueada é possível
disciplinar o trabalho, evitando atrasos no repasse de conteúdos nos grupos.
Todas as atividades são registradas com lista de presença, relatório fotográfico e reportagens no caso de
eventos de grande proporção. É responsabilidade do técnico local arquivar estes registros. A
movimentação do grupo, ou seja, a entrada e saída de novos membros são monitoradas com as listas de
presença. Este monitoramento possibilita avaliar as atividades utilizando o índice de evasão e o
aproveitamento por meio da participação. A evasão até o momento tem sido baixa.
No inicio de 2014 a coordenação regional da cadeia produtiva do café com a colaboração da técnica da
área social aplicaram um questionário para diagnosticar as dificuldades e expectativas dos técnicos com
relação ao “Projeto Mulheres do Café”. O resultado deste questionário demonstrou que o trabalho tem
sido satisfatório.
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As dificuldades apontadas pelos técnicos foram amenizadas com a interação da equipe, como exemplo,
no caso de dificuldade de mobilização, técnicos de outro município juntamente com o técnico local
realizaram visitas individuais para explicar o projeto e sensibilizar as cafeicultoras para a participação.
Este método de ajuda entre os técnicos surtiu um efeito positivo, com ampliação da participação e
confiança do técnico no trabalho executado.
Outra dificuldade apontada pelos técnicos foi em relação à organização e dinâmicas grupais. Neste
sentido, iniciou-se um processo de capacitação dos técnicos, durante as reuniões de repasse de conteúdo
quanto a conceito de grupos e de metodologias participativas, elaborado pelas técnicas da área social.
Esta metodologia de trabalho com os técnicos da cadeia produtiva do café integrando-se às profissionais
da área de inclusão social tem reflexos positivos no andamento do projeto, na motivação dos técnicos e
das cafeicultoras participantes, e também na qualificação da assistência técnica e extensão rural
executada pelo Emater.
CONEXÃO DO TEMA COM OS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO PROJETO “EMATER DO
FUTURO”:
Contempla os seguintes objetivos estratégicos:
- “Contribuir para inclusão produtiva e social com melhoria da vida da família rural”.
- “Ampliar a oferta e a qualidade da ATER”.
- “Prestar orientações técnicas de forma continua, disponibilizando informações, gerando conhecimentos
e estimulando inovações para as famílias rurais”.
ABRANGÊNCIA (agricultores beneficiados, técnicos, famílias beneficiadas, Instituto, funcionários):
O projeto Mulheres do Café atualmente é executado em 11 (onze) municípios da região de Santo Antonio
da Platina, com possibilidade de ampliar a partir de 2015 para mais dois municípios produtores de café
na região. Os 11 municípios, que possuem grupos de mulheres do café são: Curiúva, Figueira, Ibaiti,
Japira, Jaboti, Pinhalão, Tomazina, Siqueira Campos, Salto do Itararé, Joaquim Távora e Carlópolis,
conforme observamos no mapa abaixo. Os municípios potenciais são Santo Antonio da Platina e Ribeirão
Claro. Com exceção de Curiúva e Figueira, todos os demais fazem parte do Território da Cidadania
Integração Norte Pioneiro (IPARDES, 2007).
Mapa 1- Território Integração Norte Pioneiro – Municípios Participantes do Projeto Mulheres Café
11
Fonte: Edson Roberto Vaz Ronque – Escritório Local de Pinhalão/Emater
Cada município possui um grupo de mulheres, este grupo está cadastrado no SISATER – Sistema de
Registro de Assistência Técnica e Extensão Rural do Emater, como grupo atendido especial e UPFs
Assistida com plano de trabalho incluído no sistema. Estes grupos variam de 10 (dez) a vinte e seis (26)
componentes, num total de 162 (cento e sessenta e duas) cafeicultoras, que podemos entender como 162
famílias da agricultura familiar produtoras de café beneficiadas.
Quanto a equipe técnica, estão envolvidos 5 (cinco) técnicos agrícolas, 4 (quatro) engenheiros agrônomos
e 2 (duas) economistas domésticos. Da área agrícola tem um engenheiro agrônomo que atende 3 (três)
municípios. E as economistas domésticos atendem a todos os municípios acompanhadas pelos técnicos
locais, sendo responsável pela parte da reunião que trata de inclusão social.
RESULTADOS DO PROJETO
O projeto “Mulheres do Café” é um projeto novo (iniciou-se em 2013), no entanto já é possível
identificar e quantificar resultados, de acordo com os objetivos propostos, conforme descrito a seguir:
Quadro 2. Resultados do projeto mulheres do café 2013/2014
Metodologias grupais
Quantidade
Nome
Beneficiadas
Curso
Excursão
20
04
02
02
66
02
01
02
Degustação de Café
Inclusão Digital
Comunicação e Técnicas de apresentação
Qualidade Rural
Técnicas de café e de Inclusão Social
Encontro das mulheres do café
19º encontro do café
III Encontro da IWCA
Gestão da propriedade cafeeira
Total
Metodologia individual
Visitas individuais
Quantidade
648
Nome
4 visitas/cafeicultora/ano
100
35
38
24
162
300
60
13
40
162
Beneficiadas
162
Reunião Técnica
Encontro
12
Total
162
Fonte: Dados do projeto, Emater, 2014.
Considerando que a proposta do trabalho com as mulheres do café é agregar valor a produção de café, é
importante salientar que este processo levará mais tempo de qualificação e investimento de recursos
financeiros e humanos para obter o resultado esperado.
A promoção da igualdade de gênero já pode ser identificada na presença feminina nos eventos
promovidos pelo Emater, como exemplo, o 19º Encontro do Café de Ribeirão Claro onde mais de 50%
do público era de cafeicultoras, neste evento o público sempre foi predominante masculino.
Para o Emater este projeto elevou a qualidade da assistência técnica e extensão rural com reconhecimento
do trabalho pelas entidades parceiras e despertou interesse dos órgãos que estão pleiteando certificações
de cafés especiais.
Outro resultado importante foi o reconhecimento do trabalho por parte a Aliança Internacional das
Mulheres do Café o que dá visibilidade do trabalho ao mercado exterior, divulgando o trabalho como um
potencial para a produção de café especial com a valorização do trabalho feminino, algo que muitas
certificadoras já estão considerando.
AGRADECIMENTOS:
Ao SENAR pela realização dos cursos nos grupos de mulheres e compreensão da proposta de trabalho;
Especialmente a toda a equipe técnica, ou melhor, ao “Time do Café” incluindo as técnicas sociais da
região de Santo Antonio da Platina, que assumiram a responsabilidade de trabalhar com este público
especial e se mantém motivados para melhorar a renda, a condição de trabalho e vida das “Mulheres do
Café” no Norte Pioneiro.
PARCEIROS PRINCIPAIS:
IWCA – Na divulgação, apoio e reconhecimento do trabalho;
SENAR – Na realização dos cursos;
CRAS – Na realização das reuniões com os temas voltados a família;
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Lei nº 12.188 de 11 de janeiro de 2010. Institui a política nacional de assistência técnica e
extensão rural para a agricultura familiar e reforma agrária – PNATER e o Programa Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural na agricultura familiar e reforma agrária – PRONATER, altera a
Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República
13
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 de janeiro de 2010.
INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – IPARDES.
Diagnóstico socioeconômico do Território Norte Pioneiro: Estado do Paraná. Curitiba: IPARDES.
2007.
SILVA, C. B. C.; SCHNEIDER, S. Gênero e pluriatividade na agricultura familiar do Rio Grande do Sul:
um estudo sobre Veranópolis e Salvador das Missões. In: BRASIL – SECRETARIA DE POLÍTICAS
PARA AS MULHERES. 8º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. 2013. Brasília: Presidência
da República, 2013, p. 71-106.
14
ANEXOS:
FOTOS
Reuniões Técnicas Produtivas e de Inclusão Social
Encontros
15
Cursos
Excursões
16
REPORTAGENS:
http://www.tanosite.com/?pgn=noticias&id=1963
http://www.stcafe.com.br/stcafe/Pagina.do;jsessionid=1qt3bz16nh36i?idSecao=12&idNoticia=2686
http://ruralcentro.uol.com.br/noticias/instituto-emater-promove-o-i-encontro-de-mulheres-do-cafe-do-norte-pioneiro-68520
http://www.correionoticias.com.br/site/produtoras-rurais-recebem-visita-de-representantes-da-alianca-internacional-dasmulheres-do-cafe/
http://www.iwcabrasil.com.br/informativo/13556/iiencontrodasmulheresdocafedonortepioneirodoparana
http://452.dihitt.com/n/diversos/2014/06/27/peabirus-mulheres-do-cafe-se-organizam-na-regiao-do-norte-pioneiro-do-parana
http://ribeiraoclaro.pr.gov.br/index.php?sessao=21f1b68d29vf21&id=1302495
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DOCUMENTOS IMPORTANTES
Bureau de Inteligência Competitiva do Café
Texto retirado do:
www.icafebr.com
Relatório Internacional de Tendências do Café
Vol. 2 Nº. 9 15/outubro/2013
No atual cenário de baixo preço do café arábica, muitos produtores vêm buscando na diferenciação uma
alternativa para aumentar sua competitividade. Neste contexto, foi lançado o primeiro café com
certificação de respeito ao trabalho feminino da Costa Rica.
A torrefadora americana Boyd's Coffee inovou lançando no mercado o primeiro café com
certificação de respeito ao trabalho feminino na produção cafeeira. O café, produzido na Costa Rica,
é cultivado e colhido com garantia que as mulheres envolvidas na atividade são compensadas por suas
contribuições. O objetivo é atender aos padrões sociais e de sustentabilidade, garantindo a elas melhores
condições de vida para si próprias e para as famílias. Essa certificação garante prêmio ao produto. A ideia
surgiu a partir da “International Women's Coffee Alliance Conference” realizada na Guatemala com
intuito de criar medidas de apoio às mulheres que trabalham na cafeicultura.
EMATER-Pr. Unidade Local de Carlópolis
15/10/2013
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