Equidad Fiscal en Brasil, Chile, Paraguay y Uruguay
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Equidad Fiscal en Brasil, Chile, Paraguay y Uruguay
Serie de Equidad Fiscal en América Latina del BID Equidad Fiscal en Brasil, Chile, Paraguay y Uruguay Versión Preliminar 2010 OTROS ESTUDIOS DE LA SERIE La Equidad Fiscal en los Países Andinos (2006) A. Barreix, L. Villela y J. Roca (editores) Patrocinado por el Ministerio Británico para el Desarrollo Internacional (DFID), el Banco Interamericano de Desarrollo (BID) y la Comunidad Andina de Naciones Descarga de documento La Equidad Fiscal en Centroamérica, Panamá y República Dominicana (2009) A. Barreix, M. Bès y J. Roca Patrocinado por EUROsociAL Fiscal y el Banco Interamericano de Desarrollo (BID) Descarga de documento CONTENIDO PARTE I Equidade Fiscal no Brasil (1) A estrutura tributária, as transferências públicas e a distribuição de renda (Claudio Salvadori Dedecca)………………………………………………………………………………………….….. 3 Equidade Fiscal no Brasil (2) (Fernando Rezende e José Roberto Afonso & equipe técnica)…………………. 34 PARTE II Equidad Fiscal en Chile: Un Análisis de la Incidencia Distributiva de los Impuestos y el Gasto Social (Michael Jorratt)……………………………………………………………………………………………………………. 106 PARTE III Equidad Fiscal en Paraguay – (Manuel Alarcón)…………………………………………………………………….. 178 PARTE IV Equidad Fiscal en Uruguay: Cuánto y cómo modifica el Estado el bienestar de los uruguayos (Jerónimo Roca)………………………………………………………………………………………………………………………… 2 240 BRASIL Setembro de 2009 Equidade Fiscal no Brasil (1) A estrutura tributária, as transferências públicas e a distribuição de renda 1 2 Claudio Salvadori Dedecca3 1 Trabalho realizado para o Banco Interamericano de Desenvolvimento dentro do Acordo de Colaboração EUROsociAL Fiscalidad. O desenvolvimento deste trabalho contou com o apoio da Profa. Rosangela Ballini na elaboração dos indicadores estatístico e de Cassiano Bezerra Trovão na preparação da base de dados. 3 Professor Titular do Instituto de Economia da Unicamp, Brasil. 2 3 INDICE Apresentação........................................................................................................................................... .. 5 1. Aspectos gerais do sistema tributário brasileiro ..................................................................... .. 5 2. Trajetória metodológica ………………………………………………………………………………… 7 8 2.1. A construção das variáveis de rendimentos monetários e não monetários......................... 2.2. As bases de dados disponíveis ................................................................................... ..... 11 2.3. Os tipos de renda adotados ............................................................................................ ...... 16 2.4. A estrutura de impostos ........................................................................................................ 17 17 3. Algumas informações básicas sobre as famílias brasileiras .................................................. 4. Alguns dados básicos sobre renda e consumo ......................................................................... . 5. As distribuições renda no Brasil e o sistema tributário .......................................................... 19 23 Indicadores de progressividade e regressão ................................................................. 30 ▫ Indice de Kakwani ...................................................................................................... 30 ▫ Indice de Reynolds-Smolensky ................................................................................... 30 Referências bibliográficas .................................................................................................................. 33 Anexo 1 – 4 APRESENTAÇÃO O objetivo deste estudo foi explorar as mudanças na distribuição de renda no Brasil considerando tanto as imposições tributárias como as transferência de renda da política pública. Ele está organizado em quarto partes. Inicialmente, é apresentada a trajetória metodológica percorrida para a construção da base de dados utilizada e para a elaboração dos resultados demandados pelos objetivos do estudo. A fonte de dados que lastreia este esforço é a Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF/IBGE, tendo sido lançada mão, de maneira pontual, à informação sobre presença de filhos das famílias brasileiras em escola pública propiciada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD/IBGE. A partir dos dados da POF, foram construídas algumas variáveis adicionais, em particular para tratamento mais detalhado da variável renda das famílias. Como resultado foi estabelecido dez tipos de renda para a análise. A segunda parte apresenta algumas informações básicas sobre as famílias brasileiras, com o propósito de averiguar possíveis diferenças representativas no perfil demográfico das famílias segundo estrato de renda. Os resultados indicam razoável homogeneidade em termos de perfil das famílias em termos de tamanho e número de filhos. Este resultado permite desconsiderar possíveis impactos de natureza demográfica sobre a distribuição de rendimentos. Em seguida são explorados alguns dados básicos sobre renda e consumo das famílias brasileiras, com o propósito de dar pistas quanto à composição da renda familiar e da incidência tributária média no país. Finalmente, desenvolve-se a análise da distribuição de renda considerando tanto os efeitos dos tributos diretos e indiretos, quanto das transferências públicas monetárias e não monetárias. Os resultados mostram a existência de um sistema tributário regressivo, mas com influência tênue sobre a desigualdade. Quanto ao sistema de sistema de transferência pública monetária e não monetária, nota-se uma contribuição positiva importante. Contudo, os resultados mostram que, mesmo após a intervenção pública, observa-se ainda a recorrência de uma elevada concentração da estrutura de rendimento. 1. Aspectos gerais do sistema tributário brasileiro A estrutura atual do sistema tributário brasileiro foi estabelecida em 1967, quando o país passou a contar pela primeira vez com uma Código Nacional Tributário estabelecido e coordenado pelo Governo Federal. O sistema estabelecido concentrou grande poder nas mãos do Governo Federal, que o manteve razoavelmente intocado até 1988, quando uma nova Constituição Nacional, construída como parte do processo de democratização do país, definiu mudanças que deram mais autonomia aos entes federativos de modificarem aliquotas e criarem certas categorias de impostos ou contribuições. 5 Desde a sua origem em 1967, o sistema tributário foi objeto de controvérsia ao menos em relação a dois aspectos: cumulatividade e regressividade. O debate se pautou, especialmente, sobre os tributos indiretos, os quais por terem aliquotas únicas tenderiam a incidir mais intensamente sobre a população de baixa, em razão das caracteristicas de seu padrão de consumo e a imposição tributária que recai sobre. Como afirmado em documento da Secretaria da Receita Federal, temos convivido (relativamente bem) com um modelo misto de valor agregado e cumulatividade há algumas décadas. No entanto, após a Constituição de 1988, dois fatores alteraram esse "equilíbrio misto" do sistema tributário brasileiro: por um lado, a descentralização de receitas obrigou a União a restabelecer sua receita disponível mediante aumento dos tributos não-partilháveis e, por outro, a autonomia estadual deu às Unidades Federadas um poder de alterar e guerrear com o principal "IVA" brasileiro, o ICMS. Após tantos anos, chega-se a uma situação realmente inusitada: se, por um lado, questiona-se fortemente o alto grau de participação das contribuições sociais na arrecadação, por outro, o "IVA" brasileiro não é realmente um IVA e, em verdade, acabou negando sua própria natureza de valor agregado ao concentrar cerca de 50% da arrecadação em poucas bases cobradas com substituição tributária (energia elétrica, combustíveis, telecomunicação e veículos). Aliás, bases que são insumos importantes do processo produtivo e acabam por distorcer a própria cadeia de valor agregado e conferir regressividade ao imposto (MF-SRF, 2002). Desde o final da década de 1980, tem se observado uma tendência de aumento da participação dos tributos não-partilháveis nas mãos do Governo Federal. Por exemplo, o Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Previdência Socia – PIS/COFINS teve sua participação aumentada de 9% para 14% do total da arrecadação dos trës níveis de governos, entre 1990 e 2007. Neste período, a participação total do Governo Federal cresceu de 66% para 70%. Estes resultados revelam tanto a centralização da arrecadação nas mãos da União, como o movimento que ela fez, desde 1988, para preservar sua participação, inclusive incrementando-a. Ao mesmo em que a autonomia dada pela Constituição Nacional aos estados para manejarem as aliquotas dos impostos e contribuições de sua responsabilidade, tornou-se intrumento de defesa da receita em um contexto de ausência de crescimento, bem como de mecanismo para atrair novos investimentos. Uma guerra fiscal entre os estados foi estabelecida, tendo as grandes empresas nacionais e internacionais aproveitado a oportunidade para realizar novos investimento e realocações de plantas baseadas nas vantagens fiscais ofertadas por certos estados. A estratégia adotada pelos estados produziu uma maior fragmentação do sistema tributário brasileiro, em especial do ICMS, ao resultar em uma diferenciação ponderável de aliquotas segundo categorias de produtos e serviços. Este movimento tornou extremamente difícil o conhecimento da estrutura de aliquotas de ICMS existente no país, especialmente pela adoção de critérios distintos por parte de cada um dos estados. Como única exceção à esta tendência, tem se observado a desoneração da cesta básica de alimentos por parte de vários estados, podendo tal conduta ser vista como razoavelemente generalizada. Informações compiladas por Silva Filho (2004) mostram uma convergência para uma aliquota de 7% para o ICMS da cesta básica, sendo que certos estados, como São Paulo, adotaram têm isentado certos produtos 6 alimentares básicos. Contudo, dada a diversidade socioeconômica prevalecente no país, que se reflete em ponderável diferenciação dos padrões de consumo regionais, cada estado tem adotada aliquotas reduzidas para os produtos de maior consumo e produção locais. De certa forma, os estado procuram com esta conduta favorecer o consumo, mas também a produção existente em seu território. Frente a esta dificuldade, em grande medida sem solução, este estudo tomou as alíquotas de ICMS para o Estado de São Paulo, em razão da maior facilidade de acesso a esta informação, realizando alguns ajustes a partir de algumas outras disponíveis para outros estados. Ademais, o estudo considerou os tributos que recaem sobre a familias, que possuem maior incidência sobre seus níveis de renda e que são geralmente adotados em estudos internacionais. São eles: a Contribuição Para a Previdência Social - CPS, o Imposto de Renda sobre Pessoa Física - IRPF, o Imposto sobre Produtos Industriais - IPI, o Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Previdência Social PIS/COFINS e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS. A dedução dos valores da CPS e o IRPF, encontrados na base de dados de referência, da renda bruta informada permitiu obter a renda líquida das famíliasm antes da incidência dos impostos indiretos. O lançamento do conjunto destes impostos (IPI, PIS/COFINS e ICMS) resultou na renda bruta ou liquida após a imposição tributária. O procedimento adotado não considerou a totalidade dos impostos incidentes sobre a renda das famílias, mas somente aqueles mais representativos e que são em geral adotados em estudos para outros países. Em seu conjunto, os impostos considerados representavam 60% da arrecadação total das três esferas de governo em 2007 (ver Anexo). 2. Trajetória metodológica A realização deste estudo encontra-se condicionada por três restrições de natureza metodológica. A primeira refere-se às orientações que as instituições de desenvolvimento multilaterais estabelecem para o tratamento das informações sobre renda. Em grande medida, estas orientações encontram-se compiladas no documento realizado por diversas dessas instituições e por alguns institutos nacionais de estatística que tem ordenado os esforços de análise sobre distribuição de renda e desigualdade tanto internacional como nacionalmente (Canberra Group, 2001). A outra restrição se deve à disponibilidade de informação sobre renda no Brasil. O uso de bases de dados de origem domiciliar tem se constituído no procedimento mais utilizado para análise da distribuição de renda e desigualdade. No Brasil, são duas as fontes de informação passíveis de serem exploradas: a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD e a Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF, ambas produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Como todas as fontes de informação, ambas possuem limitações quanto à mensuração da renda, seja do valor monetário como valor não 7 monetário auferidos pelas famílias. Somente algumas formas de renda são levantadas por estas pesquisas, estabelecendo-se, portanto, restrição à análise sobre distribuição de renda. A última restrição a ser inicialmente mencionada diz respeito às informações sobre incidência tributária e transferências monetárias e não monetárias propiciadas pelas políticas públicas. A existência de um sistema tributário complexo no país expressa-se em razoável autonomia para os entes da federação (estados e municípios) estabelecer alíquotas de impostos na órbita da circulação de bens e serviços, bem como de outros de natureza estadual e municipal. Em termos objetivos, a complexidade do sistema tributário se transformou em um verdadeiro caleidoscópio de impostos, taxas e contribuições, que torna praticamente impossível conhecer a estrutura de alíquotas existente hoje no país. Nem os próprios estados e municípios possuem suas estruturas consolidadas e disponíveis para conhecimento da população ou para estudos tributários. Deste modo, este documento foi adotou conduta encontrada em outros estudos, realizados inclusive no âmbito das instituições do próprio Governo Brasileiro (MF-SRF, 2002; e Vianna ET alli, 2000). Quanto às transferências monetárias e não monetárias das políticas públicas, existe uma grande carência de informação no Brasil. Os dados da previdência social podem ser parcialmente conhecidos através das pesquisas domiciliares, não sendo disponibilizados pelo Ministério da Previdência Social os dados administrativos. Quanto às informações das transferências não monetárias das duas principais políticas sociais, saúde e educação, podem ser conhecidos somente os seus valores per capita de natureza orçamentária. Estas três principais restrições condicionaram o escopo metodológico do estudo e, por conseqüência, dos resultados e da própria análise. 2.1 A construção das variáveis de rendimentos monetários e não monetários O procedimento para tratamento da variável renda tem sido objeto de crescente esforço metodológico realizado tanto no plano internacional como nacional. A tendência de maior complexidade institucional que acompanha o desenvolvimento da sociedade capitalista estabelece igual complexidade nas formas de rendimento auferido, bem como do sistema tributário que sobre ele incide. A diversidade das formas de rendimento se expressa seja quando sua natureza é monetária como quando não monetária. Sobre a forma tradicional de renda auferida via mercado, como o salário, a renda do trabalho autônomo, o pró-labore, se soma aquela propiciada pela posse de ativos associada a uma ampla gama de produtos desenvolvida pelas instituições financeiras. Pode-se mencionar tantos os ativos clássicos, como as ações e títulos públicos, como aqueles vinculados a fundos privados de previdência. Como aponta estudo detalhado sobre o patrimônio das famílias, some of the most striking effects are the broadening of the stockholder base, the growth in mutual fund participation, the increasing importance of private pension funds, and the enthusiastic employee response to retirement accounts (such as 401(k) accounts in the United States). On 8 the liability side, there has been fast growth in credit card use and in consumer indebtedness, debt often coexisting with asset holdings offering lower rates of return than loan rates (Guiso et alli, 2002:1). Também, é importante ressaltar a presença crescente de transferências públicas monetárias destinadas a estabelecer níveis mínimos de renda para as famílias mais pobres. Em vários países europeus, tem o exemplo do subsídio habitação. Segundo a Eurostat, instituto de estatística da Comunidade Européia, 6 de cada 10 domicílios recebem algumas forma de subsídio monetário ou não monetário. Quanto às formas não monetárias, as transferências públicas em espécie, isto é em serviços diretos (social transfer in-kind, STIK), tem apresentado crescente importância na constituição da renda das famílias. Os serviços públicos de saúde e educação e o subsídio ao transporte público são os principais exemplos deste tipo de transferência. Também, outras formas de renda não monetária devem ser consideradas, como aquela oriunda da propriedade do domicílio e a da produção de bens e serviços para próprio consumo. A partir do reconhecimento da complexidade das formas de renda presentes no capitalismo atual, instituições internacionais, como a OCDE, Banco Mundial, ONU, OIT, e os institutos nacionais de estatística dos países desenvolvidos propõem um tratamento da variável em dois estágios – ver Quadro 1. Um primeiro que se traduziria na definição de renda disponível (disposable income), entendida como a somatória da renda de mercado, a resultante das transferências monetárias (contribuição para a previdência social, plano de saúde pago pelo empregador e taxas e impostos pagos) e as transferências em espécie. Em seguida o documento sugere uma expansão do conceito de renda, que incorpora algumas formas de natureza mais pontual (patrimônio) ou a renda implícita da produção para consumo próprio (Canberra Group, 2001). 9 Quadro 1 Components of disposable income 1 Employee income 1.1 Cash wages and salaries 2 Income from self-employment 2.1 Profit/loss from unincorporated enterprise Imputed income from self-employment 2.4 Goods and services produced for barter, less cost of inputs * 2.5 Goods produced for home consumption, less cost of inputs * 3 Income less expenses from rentals, except rent of land ** 4 Property income 4.1 Interest received less interest paid 4.2 Dividends 5 Current transfers received 5.1 Social insurance benefits from employers’ schemes 5.2 Social insurance benefits in cash from government schemes 5.3 Universal social assistance benefits in cash from government 5.4 Means-tested social assistance benefits in cash from government 5.5 Regular inter-household cash transfers received 6 Total income (sum of 1 to 5) 7 Current transfers paid 7.2 Employees’ social insurance contributions 7.3 Taxes on income 8 Disposable income (6 less 7) Souce: Canberra Group (2001) Expert Group on Household Income Statistics, Ottawa: Canberra Group. * Not included in LIS DPI ** Included in property income in LIS DPI Estas orientações têm sido adotadas em estudos realizados pelas instituições multilaterais de desenvolvimento. Em estudo detalhado sobre a evolução recente da desigualdade em seus países membros, a OCDE (2008) adotou plenamente as orientação do documento do Canberra Group (2001). Igual conduta é encontrada nos documentos da ONU (2005) e da OIT (2003). Estudos nacionais também trilham igual trajetória metodológica (Weinberg, 2004; e Jones, 2008). Tomando como referência inicial a renda de mercado (market income), a metodologia busca construir a renda disponível, agregando as renda monetárias e não monetárias oriundas de patrimônio e das transferências públicas, menos os impostos e taxas pagas pelas famílias. A resultante é a renda disponível (disposable income). Deve-se ressaltar, entretanto, que este procedimento respeita o conceito de Hicks sobre renda, isto é, que a renda disponível corresponde à capacidade de gasto das famílias resultante de um estoque estável de ativos. Como explicita documento da OIT, three principles usually discussed in connection with the definition of income for a specified reference period are: (1) receipts should be expected to recur regularly to be considered as “income”; (2) to be considered as “income”, receipts should contribute to current economic well-being; (3) receipts arising from a reduction in net worth should be excluded from the concept of income ILO, 2003:8). 10 As orientações do Canberra Group, convergentes com as diretrizes da OIT, procuram construir um conceito adequado à atual institucionalidade da sociedade capitalista, preservando, entretanto, a noção de renda corrente. Isto é, aquela que pode ser considerada como auferida de maneira estável pelas famílias e que tem o potencial de sustentar um determinado padrão de consumo de bens e serviços ao longo do tempo, onde as mudanças a serem consideradas seriam somente aquelas oriundas de uma alteração que perdure no médio ou longo prazo. Este é o conceito de renda adotado amplamente nas pesquisas domiciliares em todo o mundo. A praticidade na captação da informação é inquestionável, pois considera a renda que recorrentemente é apropriada pela família e que sustenta um determinado padrão de consumo de bens e serviços. Cabe, entretanto, ressaltar que este procedimento apresenta dificuldade em mensurar as formas de renda oriundas de ativos (patromônio) que não sejam utilizadas pelas famílias em seu padrão de consumo corrente. Em outras palavras, ganhos com ativos financeiros que são reaplicados e que se sustentam aumentos de patrimônio tendem não ser considerados, pois não são incorporados à renda utilizada correntemente pelas famílias. Esta dificuldade comum a todos os levantamentos domiciliares (Weinberg, 2004; e Pikkety, 2001), é também observada na experiência brasileira. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, capta fundamentalmente a renda de mercado mais as transferências monetárias da política pública. Um escopo um mais abrangente é encontrado para a Pesquisa de Orçamentos Familiares, que busca apreender a renda de ativos, bem como permite conhecer a estrutura de gasto e, por conseqüência, uma estimativa de incidência tributária. Ocorre que o primeiro levantamento é realizado anualmente, enquanto o segundo é produzido, no mínimo, a cada cinco anos. Ademais, ambos tendem apresentar, em razão dos critérios adotados, limitações quanto à capitação das formas de renda que não estejam associadas aos rendimentos correntes do trabalho e das transferências públicas monetárias. 2.2 As bases de dados disponíveis O desenvolvimento deste estudo tem suporte nas duas bases de dados mencionadas. No Brasil, os dados sobre renda de origem administrativa não são disponibilizados. Assim, as bases de dados da previdência social e do imposto de renda de pessoa física e jurídica não estão disponíveis para estudos de natureza acadêmica ou no campo da gestão da política pública. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD é realizada anualmente no mês de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Este levantamento tem a função de atualizar os dados socioeconômicos no período compreendido entre os anos de realização do Censo Demográfico, em geral executado no ano final de cada década (final zero). A PNAD se constitui em um levantamento extenso, que procura captar informações demográficas, sobre condições de moradia, sobre condições sociais e sobre o mercado de trabalho. A cada ano, a pesquisa adota um questionário adicional, que explora algum tema especial que seja de interesse da política pública. 11 Até 2003, a pesquisa tinha uma cobertura que excluía os domicílios da zona rural da Região Norte do país. Atualmente todo o território é coberto pela pesquisa. Quanto ao nível de desagregação espacial, a PNAD permite conhecer as informações para os estados e para as principais regiões metropolitanas. Informações municipais continuam sendo exclusivamente levantadas no Censo Demográfico. A Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF é produzida pelo IBGE em um intervalo mínimo de cinco anos. O principal objetivo do levantamento é conhecer a estrutura de receita e, especialmente, de despesas das famílias. Por ser um levantamento de natureza bastante complexa, ele é realizado em uma periodicidade menor e apresenta a possibilidade de desagregação restrita aos estados da federação. Apesar de complementares, as duas fontes de informação não são totalmente compatíveis em razão, especialmente, de adotarem amostras com escopos diferentes, bem como pelo fato de serem realizadas independentemente. Assim, em 2003, os domicílios da amostra da PNAD são distintos daqueles encontrados na amostra da POF. Este procedimento, apesar de correto por garantir que as entrevistas não causem exaustão na declaração de informação, fazem que os levantamentos não possam ser integrados. Deste modo, a única possibilidade é a articulação das bases de dados, com o objetivo de as tornarem, dentro do possível, complementares. Esta foi a estratégia adotada neste estudo. Com o objetivo de se apropriar de maneira articulada da informação de ambos os levantamentos, foi construída uma variável chave que permitiu incorporar alguns dos indicadores da PNAD na base da POF. A variável chave foi construída segundo o procedimento seguinte a partir da base da PNAD: (i) foi calculada a renda familiar relativa à soma dos rendimentos do trabalho mais aqueles da previdência social; (ii) foram construídos os estratos para cada 5 percentis de famílias; (iii) foram calculados o número total de membros, o número de membros de 6 a 17 anos, o número de membros de 6 a 17 anos que estudam, e o número de membros de 6 a 17 anos que estudam em escola pública de cada família; iii. Criou se uma variável chave das famílias segundo estrato de renda e numero total de membros. O passo seguinte foi a construção da variável chave na POF segundo o mesmo procedimento adotado para a PNAD. Construída a variável chave em cada uma das bases, foram incorporados os dados sobre os filhos de 6 a 17 anos informados pela PNAD na base POF. Esta articulação teve o objetivo de introduzir na base POF a informação sobre acesso a educação pelas famílias segundo nível de renda e tamanho das mesmas. 12 Quadro 2 Bancos de Dados - Variáveis Disponíveis (1) Unidade da federação Número unidade de consumo Quantidade de moradores Tipo de domicílio Quantidade de cômodos Cômodos servindo dormitório Condição na ocupação Renda total mensal da UC Sexo da pessoa de referência Idade da pessoa de referência Idade do Cônjuge Idade Média dos filhos Anos de Estudo da pessoa de referência Anos médios de estudo dos filhos Anos de Estudo do cônjuge Pessoa de referência tem cartão de crédito Pessoa de referência tem cheque especial Pessoa de referência tem plano de saúde Número de beneficiários do plano de saude Presença de Conjuge Número de Filhos Número de Agregados Valor rendimento deflac e anual RC Valor previdência deflacionado e anualizado RC Valor Imposto de Renda deflac e anual RC Valor outras deduções deflac e anual RC Valor de outros rendimentos, ativos imóveis ou financeiros Valor de outros rendimentos do trabalho Valor de outros rendimentos, previdência Valor de outros rendimentos, aluguéis Valor de outros rendimentos, benefícios do trabalho Valor de outros rendimentos, proteção social Valor de outros rendimentos Valor de dedução de outros rendimentos Número de ocupados no serviço domestico Número de Veículos Valor da despesa de Serv Domestdeflacionado e anualizado Valor do INSS deflacionado e anualizado Valor das Despesas Especiais com Produtos Famacêutico Valor das Despesas Especiais com Assistência à Saúde Valor das despesas com Habitação Valor das despesas com Construção e Reformas Valor das despesas com Outros Serviços e Taxas de Habitação Valor das despesas com Aluguel de Aparelhos de Uso Doméstico Valor das despesas individuais com Comunicações Valor das despesas individuais com Transportes Valor das despesas individuais com Alimentação Fora Valor das despesas individuais com Fumo Valor das despesas individuais com Jogos e Apostas Valor das despesas individuais com Leitura Valor das despesas individuais com Diversões, Esportes e Apostas Valor das despesas individuais com Produtos Famacêuticos Continua 13 Quadro 2 Bancos de Dados - Variáveis Disponíveis (1) Valor das despesas individuais com Artigos de Higiene e Beleza Valor das despesas individuais com Serviços Pessoais Valor das despesas individuais com Artigos de Papelaria Valor das despesas individuais com Brinquedos e recreação Valor das despesas individuais com Roupas de Homem Valor das despesas individuais com Roupas de Mulher Valor das despesas individuais com Roupas de Criança Valor das despesas individuais com Artigos de Armarinho Valor das despesas individuais com Bolsas, Calçados e Cintos Valor das despesas individuais com Artigos de Banheiro, Copa e Cozinha Valor das despesas individuais com Outras despesas individuais Valor das despesas individuais com Viagens Valor das despesas individuais com Assistência à Saúde Valor das despesas individuais com Acessórios e Manutenção de Veículos Valor das despesas individuais com Serviços Bancários e Profissionais Valor das despesas individuais com Cerimônias Familiares e Religiosas Valor das despesas individuais com Jóias, Relógios e Aparelhos Celulares Valor das despesas individuais com Outros Imóveis Valor das despesas individuais com Contribuições e Transferência Financeiras Valor das despesas individuais com Educação Valor das despesas individuais com Documentação, Seguro com Veículos Valor das outras despesas com Aquisição de Aparelhos e Máquinas Valor das outras despesas com Aquisição de Instrumentos e Utilidades Valor das outras despesas com Aquisição de Móveis Valor das outras despesas com Artigos de Decoração e Forração Valor das despesas com alimentos Valor das despesas com bebidas não-alcoólicas e infusões Valor das despesas com produtos de limpeza doméstica Valor das despesas com produtos de higiêne corporal e bebidas alcoólicas Pessoas de 6 a 17 anos Pessoas de 6 a 17 anos que frequentam escola Pessoas de 6 a 17 anos que frequentam escola pública Valor da Transferência de Renda Educação Valor da Transferência de Renda Saúde Valor Total Pago em Impostos Valor da Despesa Total Valor da Aliquota média Renda Bruta Total Monetária Anualisada e Deflacionada Renda Líquida Total Monetária Anualisada e Deflacionada Valor do Rendimento Bruto Monetário Depois dos Impostos Valor do Rendimento Líquido Depois dos Impostos Rendimento Bruto do Trabalho Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Monetárias Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Totais Rendimento Líquido do Trabalho Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Monetárias Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Totais (1) Váriáveis e informações oriundas da Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF/IBGE e/ou da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD/IBGE. Estruturada a base de dados com as informações básicas consolidadas, foram realizados os procedimentos adicionais: 1. Considerando o gasto médio consolidado com os níveis de ensino fundamental e médio, foi estimada a transferência monetária para as famílias com filhos de 6 a 17 anos na escola pública. 2. Foram estimados os valores pagos em impostos indiretos segundo as rubricas de consumo (despesa) consideradas pela POF para cada uma das famílias. Este cálculo foi feito com base na tabela de alíquotas para o Estado de São Paulo. 14 3. A partir da relação entre o total de impostos indiretos pagos e a despesa total, foi calculada a alíquota média de impostos indiretos pagos de cada família. 4. Com base nas informações da POF, foi calculado o total de imposto de renda e contribuições sociais pagas por cada família. 5. Em seguida foram elaboradas algumas variáveis auxiliares com objetivo de especificar alguns tipos de renda familiar. 6. Finalmente, foram construídas as formas de renda consideradas mais relevantes para a análise deste estudo. Descritos os passos metodológicos realizados para a construção da base de dados para o desenvolvimento deste estudo, cabe apresentar mais cuidadosamente a construção das variáveis de renda que darão suporte à análise. São quatro as variáveis de renda adotadas, cuja elaboração se realizou segundo a orientação seguinte. A Pesquisa de Orçamentos Familiares levanta informações sobre os rendimentos monetários auferidos através do exercício do trabalho. Isto é, os rendimentos do trabalho assalariado, do trabalho autônomo e o pró-labore. Segundo orientação feita pelo Canberra Group (2001), o conjunto destas formas de renda são denominadas como renda de mercado. Ela é tomada como referência para construção das demais variáveis de renda. Ainda de acordo com as mesmas orientações metodológicas, agrega-se à renda de mercado aquelas oriundas das transferências públicas feitas pelos programas de previdência social ou de proteção social. No caso da POF de 2003, são conhecidas somente as transferências feitas pela previdência social brasileira, tendo baixa contribuição aquela propiciada pela proteção social, como a associada ao programa bolsafamilia. Em suma, foi construída uma variável resultante da soma da renda de mercado mais das transferências públicas monetárias. Esta variável é aquela que mais se aproxima do conceito de renda corrente adotado tanto pelas instituições multilaterais como pelos institutos nacionais de estatística, em razão de sua maior aderência ao conceito de renda proposto por Hicks. A justificativa para tal conduta é bastante simples. Estas formas de renda são as que tendem apresentar maior estabilidade ao longo do tempo e, portanto, maior representatividade da informação coletada pelos levantamentos sócioeconômicos de natureza domiciliar. Considerando a estrutura de aliquotas de impostos do Estado de São Paulo e a os valores de despesa de bens e serviços realizados coletivamente pelos domicilios, foi estimado o valor total de impostos pagos. O total dos impostos pagos, das contribuições sociais e do imposto de renda foram deduzidos da renda de mercado mais transferências, operação que permitiu a elaboração da renda disponível dos domicílios. Isto é, da renda corrente exclusive impostos. 15 O último passo adotado foi a inclusão da transferência não monetária relacionada ao política pública de ensino fudamental e fundamental. Foi considerado o gasto médio declarado pelo Ministério da Educação para o ano de 2003, o qual foi incluído na renda disponível mais transferências dos domicílios com filhos de 6 a 17 anos estudando em escola pública. 2.3 Os tipos de renda adotados Ao final da adoção dos procedimentos descritos, foi consolidar possível dez tipos de renda (ver Quadro 2), os quais encontram em total concordância com as orientações do Canberra Group (2001). A renda de referência inicial é aquela resultante do exercício do trabalho, constituída pelos salários, rendimentos do trabalho autônomo e pró labore. Como se verá mais a frente, o rendimento bruto do trabalho respondia, em 2003, por mais de 60% do rendimento total monetário das famílias. Sobre este rendimento, foram lançados o imposto de renda e as contribuições sociais, chegando-se ao rendimento líquido do trabalho. Sobre os dois tipos de rendimento do trabalho, foram lançados os rendimentos da previdência social, aluguéis, de posse de ativos, da proteção social e de outras formas renda monetária captadas pela POF. Este procedimento permitiu chegar ao rendimento total monetário, tanto bruto quanto líquido. Sobre os rendimentos totais monetários de cada família foram lançadas as alíquotas médias de imposto indireto, chegando aos rendimentos totais monetários depois dos impostos. Este tipo de rendimento é o que apresenta maior potencial para comparações internacionais, pois é aquele que mais se aproxima das recomendações feitas pelas instituições internacionais (Canberra Group, 2001; e ILO, 2003). Dois outros tipos de rendimentos foram elaborados, tanto em termo bruto como líquido. Ambos tendo como referência o rendimento do trabalho. Eles incluíram as transferências públicas monetárias, previdência e proteção sociais, e a não monetária, no caso aquela derivada da política de educação. A referência na renda do trabalho tem como razão sua centralidade na condição de vida das famílias e o potencial impacto que as transferências públicas podem sobre tal condição gerar. Quadro 2 Tipos de Renda Rendimento Bruto do Trabalho Rendimento Líquido do Trabalho Rendimento Bruto Total Monetário Rendimento Líquido Total Monetário Rendimento Bruto Monetário Depois dos Impostos Rendimento Líquido Monetário Depois dos Impostos Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Monetárias Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Totais Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Monetárias Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Totais 16 2.4 A estrutura de impostos De acordo com os objetivos propostos para o estudo, se desenvolveu procedimento com o objetivo de obter a renda domiciliar exclusive impostos. Esta iniciativa apresentava razoável dificuldade de ser enfrentada, em razão da complexidade do sistema tributário de um país organizado segundo uma federação e de tamanho continental. No Brasil, os três principais entes publicos, os governos federal, estaduais e municipais, têm relativa autonomia para estabelecer aliquotas diferenciadas de taxas e impostos, apesar da existência de um Código Nacional Tributário. Este se restringe à determinação de classes, responsabilidade destas pelos entes da federação e alíquotas máximas de impostos, taxas e contribuições de melhoria. Esta autonomia tem sido utilizada pelos estados e municípios para atrair as empresas, gerando razoável discrepância das aliquotas por eles adotadas. Ao governo federal cabem os impostos sobre a produção industrial, a propriedade da terra rural, as diversas formas de energia, de movimentação financeira e de renda. Aos estados destinam-se os impostos sobre circulação de mercadorias e serviços e sobre propriedade de veículos. E aos municípios os impostos sobre propriedade urbana e de serviços. Na ultima reforma tributária realizada no país, em 1966, as alíquotas dos diversos impostos foram padronizadas. Entretanto, um movimento progressivo de perda de padronização tem ocorrido deste 1988, tornando extremamente complexa a estrutura de aliquotas prevalecentes no país. Tal complexidade associada a um limitado grau de organização dos entes públicos torna impossível o conhecimento das aliquotas adotas na estrutura tributária pelos diversos níveis de governo. A contrução desta base de informações se constitui um tema de pesquisa per si, que escapa totalmente do objetivo e da capacidade deste estudo em realizar. Ademais, seguindo procedimento adotado internacionalmente, foram considerados somente os impostos indiretos. O total de impostos pagos pelas famílias foi estimado a partir da despesa total por elas declarada. A definição das alíquotas de impostos foi realizada como base nas informações propiciadas pelos estudos de Vianna et alli (2000), MF-SRF (2002) e Silveira (2008). Como nos últimos anos, observou uma conduta generalizada dos estados em desonerar a cesta básica alimentar, a estrutura de alíquotas foi ajustada segundo as informações sobre incidência de impostos sobre alimentos encontrada para Estado de São Paulo, devido a disponibilidade desta informação para este ente da federação. . Conhecidos os principais passsos metodológicos realizados para a construção dos indicadores de renda, encontra-se aberta a possibilidade de análise do impacto das transferências públicas e do sistema de impostos sobre distribuição de renda. 3. Algumas informações básicas sobre as famílias brasileiras A análise dos dados de renda requer inicialmente que seja dada atenção à algumas informações gerais sobre o perfil das famílias brasileiras, entendidas estas enquanto unidade básicas de consumo segundo o sistema nacional de informação estatística. A razão desta preocupação é bastante simples. É fundamental 17 que se analise possíveis impactos das características das famílias sobre a distribuição de renda, especialmente aquela relativa ao seu tamanho médio. Na Tabela 1, são apresentados alguns indicadores básicos, que serão rapidamente aqui analisados. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares, o padrão demográfico atual do Brasil caracteriza-se por um tamanho relativamente homogêneo de famílias em termos de tamanho médio segundo estratos de renda familiar. Em 2003, as famílias brasileiras tinham um tamanho médio que variava de 3.4 a 4,0 pessoas segundo os estratos de renda, havendo uma grande concentração ao redor de 3,8 pessoas. O desvio padrão observado em relação à média era somente de 4%. Esta razoável homogeneidade é também encontrada quando se analisa o número médio de filhos por família segundo estratos de renda. A variação encontra-se no intervalo de 1,9 e 1,5 filhos por família, com um desvio padrão em relação a media é 5%. Resultado semelhante é observado para a idade média da pessoa de referência da família. A importância de se analisar estas duas informações básicas sobre as famílias deve-se à preocupação que diferenças significativas de tamanho poderiam ter impacto importante sobre as condições de vida das mesmas. Isto é, um tamanho relativamente maior das famílias de baixa renda, tenderia acentuar a fragilidade de renda com conseqüências sobre as condições de vida. Caso isto fosse observado, seria necessário que houvesse uma padronização das famílias para que a distribuição de renda fosse analisada. Os dados encontrados não sugerem a necessidade deste tipo de procedimento, facilitando o uso das informações de renda das famílias. Quanto aos anos de estudo, os dados revelam serem mais elevados para os estratos superiores, seja para a pessoa de referência como para os filhos. É sabido que o Brasil se caracteriza por uma baixa escolaridade de sua população. Em média, a escolaridade observada para os chefes de famílias correspondia a 6,8 anos e para os filhos 9,3 anos. Isto é, a escolaridade média encontrada era próxima ao ensino fundamental. Diversos estudos apontam que a situação de escolaridade brasileira tende se refletir nos níveis e na distribuição de rendimentos. Mesmo considerando que ela não seja a principal determinante da condição de baixa renda, é inegável que ela é parte de sua explicação. Os dois últimos indicadores básicos encontrados na Tabela 1 referem-se à participação de dois tipos relevantes de despesa para a população de baixa renda. O indicador relativo de gasto com habitação mostra que ele descreve à medida que cresce a renda. Entretanto, este movimento é relativamente estreito se considerado que não existe no Brasil qualquer subsídio ou política mais abrangente de habitação para a população de baixa renda. O motivo que justifica tal situação deve-se ao elevado acesso à habitação por mecanismos informais de aquisição ou ocupação de áreas, que alimentam o crescimento recorrente de favelas e, portanto, de habitações precárias no país. Os últimos governos federais, e também alguns estaduais, tem retomado políticas habitacionais para as populações de baixa renda, mas que ainda apresentam alcance limitado e são incapazes de substituir os mecanismos informais de acesso à habitação ou reduzir a situação de precariedade habitacional prevalecente no país. 18 Do ponto de vista deste estudo, interessa ressaltar que o gasto com habitação não deve influenciar diferenciar a renda disponível das famílias para os demais gastos. O nível de restrição que ele impõe é razoavelmente homogêneo para todos os estrato de renda. Tabela 1 - Indicadores básicos sobre famílias (unidades de consumo) segundo estrato de renda familiar e região geográfica Brasil, 2003 Despesa Anos de Anos com Quantidade Idade da Idade Média Estudo da médios de Número de alimentos de pessoa de dos filhos pessoa de estudo dos Filhos na moradores referência referência filhos despesa total (%) 1o. Decil 3,7 39,9 17,8 3,5 6,3 1,9 38,1 2o. Decil 3,4 47,3 17,6 3,7 5,8 1,5 38,8 3o. Decil 3,8 44,9 20,7 4,3 7,2 1,7 33,9 4o. Decil 3,8 46,6 21,4 4,7 7,3 1,6 31,7 5o. Decil 3,8 47,8 22,5 5,1 7,9 1,6 29,8 6o. Decil 4,0 46,3 24,8 5,9 8,8 1,7 26,2 7o. Decil 4,0 46,0 25,8 6,8 10,1 1,7 22,9 8o. Decil 3,9 45,8 25,9 8,4 11,0 1,7 18,7 9o. Decil 4,0 46,1 26,9 10,9 13,0 1,7 15,1 10o. Decil 3,8 48,3 26,9 15,1 15,6 1,6 8,4 Total 3,8 45,9 23,0 6,8 9,3 1,7 18,5 Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003, POF/IBGE. Microdados. Despesa com habitação na despesa total (%) 21,0 21,8 20,5 20,8 21,3 20,9 20,8 19,9 18,8 16,5 18,9 O último indicador encontrado refere-se à participação da alimentação na despesa total das famílias. O resultado revela uma grande discrepância quando considerados os estratos de renda. Entre as famílias mais pobres, quase 40% da renda destina-se à despesa com alimentos, enquanto que naquelas de renda elevada encontra-se abaixo de 15%. Apesar do país ser um grande produtor de alimentos e propiciar que eles cheguem à população à preços internacionalmente baixos, constata-se que mesmo assim eles pesam significativamente na estrutura de despesa da população de baixa renda. Por este motivo, tem se observado nos últimos anos uma política de desoneração dos produtos alimentares básicos que predominam na cesta consumida pela população de baixa renda. Os governos estaduais têm adotado alíquotas zero para os alimentos mais consumidos por este segmento da população. Juntamente com a política de salário mínimo, de transferência de renda e aumento do nível de emprego, esta política deve ter influenciado positivamente a recuperação do consumo no país nos últimos anos, que tem sido marcada por uma expansão expressiva dos segmentos de produtos para a população de baixa renda. Do ponto de vista deste estudo, merece destaque a importância dos gastos com alimentação realizados pela população de baixa renda, pois, nestas condições, imposições tributárias elevadas para este tipo de consumo tendem deprimir fundamentalmente a renda disponível dos estratos inferiores. 4. Alguns dados básicos sobre renda e consumo A principal base de dados utilizada neste estudo, a Pesquisa de Orçamentos Familiares, constitui-se em um levantamento realizado junto a 45 mil famílias, tanto urbano como rurais e com representatividade para todas as regiões geográficas do país. 19 A distribuição regional da amostra obedece critérios de representatividade estatística, com o objetivo de permitir conhecer adequadamente os orçamentos familiares do conjunto do país bem como de suas diversas regiões. Apesar deste estudo não explorar as diferenças regionais e nem aquelas existentes entre estados, é importante ter presente a composição das famílias de cada estrato para as regiões geográficas brasileiras. Adotando-se o rendimento total monetário, percebe-se que as famílias da Região Nordeste preponderam nos estratos inferiores, enquanto que os da Região Sudeste apresentam as participações mais elevadas nos estratos superiores. Estes dados já indicam existir diferenças relevantes na distribuição de renda entre regiões geográficas, sendo a Região Nordeste com a maior incidência nos estratos inferiores. Considerando que a amostra da Pesquisa de Orçamentos Familiares deve refletir as estruturas da população e de famílias existentes, pode-se dizer que um sistema tributário regressivo tenderia penalizar mais a região Nordeste, bem como um progressivo deveria lhe ser mais favorável. Tabela 2 - Distribuição das famílias (unidades de consumo) segundo estrato de renda familiar e região geográfica Brasil, 2003 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 1o. Decil 18,5 58,4 9,0 4,7 9,5 2o. Decil 16,6 52,4 11,8 6,3 12,9 3o. Decil 16,7 48,6 12,6 7,1 15,0 4o. Decil 14,7 44,6 12,9 10,2 17,5 5o. Decil 14,1 41,3 15,4 11,3 17,9 6o. Decil 13,9 36,3 19,0 13,4 17,4 7o. Decil 12,4 32,4 20,2 16,2 18,8 8o. Decil 12,9 27,7 22,6 19,3 17,5 9o. Decil 13,3 25,4 24,5 19,2 17,6 10o. Decil 11,4 23,1 29,5 17,8 18,1 Total 14,5 39,0 17,7 12,6 16,2 Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003, POF/IBGE. Microdados. A consolidação dos dados de renda, segundo os critérios de tipos de rendimentos anteriormente apresentados, resulta nos indicadores médios apresentados na Tabela 3. De acordo com o resultado, o rendimento bruto do trabalho correspondia a 67% da renda bruta total monetária. Isto é, aproximadamente, R$ 3,00 de cada R$ 4,00 da renda monetárias das famílias, em 2003, tinham origem no trabalho. Por outro lado, o rendimento líquido monetário representava 93% do rendimento bruto, sendo que o total de impostos indiretos sobre consumo e serviços representava 15% deste último rendimento. Segundo a POF, os impostos indiretos são o componente principal da imposição tributária que recai sobre a renda das famílias. Ainda de acordo com esta fonte, o conjunto de impostos e contribuições sociais representava 21% do rendimento bruto das famílias. Deve-se ressaltar que este cálculo não incorpora outras classes de impostos, contribuições ou taxas existentes nos diversos níveis de governo, como a contribuição econômica existente nos preços dos combustíveis (federal), o imposto pago anualmente pela posse de veículo automotor (estadual) ou o imposto referente à propriedade imobiliária (municipal). Considerando outros indicadores encontrados na Tabela 2, é possível observar as contribuições das transferências monetárias e não monetárias sobre a renda do trabalho. As monetárias representam 14 20 pontos porcentuais adicionais e as não monetária quase mais 6 pontos porcentuais. Os dados revelam, portanto, que as transferências públicas têm uma participação média equivalente a quase 1/3 da renda do trabalho, bruta ou liquida. Tabela 2 - Indicadores médios anualizados de renda das famílias (unidades de consumo) Brasil, 2003 R$ 62,4 Rendimento Bruto do Trabalho 10.400 51,2 Rendimento Líquido do Trabalho 8.530 100,0 Rendimento Bruto Total Monetário 16.663 93,4 Rendimento Líquido Total Monetário 15.560 82,0 Rendimento Bruto Monetário Depois dos Impostos 13.669 76,6 Rendimento Líquido Monetário Depois dos Impostos 12.769 76,0 Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Monetárias 12.672 62,5 Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Monetárias 10.409 81,6 Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Totais 13.604 67,1 Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Totais 11.189 Total da contribuição para a previdência social Total Imposto de renda pago Total de Outras deduções Total do imposto sobre consumo e serviços 443 292 208 2518 Total da contribuição para a previdência social (%) (1) 5,2 Total Imposto de renda pago (%) (1) 3,4 Total de Outras deduções (1) 2,4 Aliquota média de imposto sobre consumo e serviços (%) (2) 15,1 Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003, POF/IBGE. Microdados. (1) Em relação ao rendimento bruto do trabalho (2) Em relação ao rendimento bruto total monetário As informações propiciadas pela Pesquisa de Orçamentos Familiares revelam que um pouco mais de 2/3 da massa de rendimentos tinham origem no trabalho. Os dois outros tipos de renda mais representativos eram os associados a ativos imóveis e financeiros e a previdência social. Aceita a proposição que as pesquisas domiciliares captam preferencialmente a renda corrente, constata-se que os resultados são consistentes, ao evidenciarem a importância da renda do trabalho no orçamento das famílias. Contudo, tal constatação deve ser analisada com devida atenção, pois os dados revelam também uma baixa incidência de renda relacionada a ativos imóveis e financeiros, que, segundo o padrão internacional, tendem ser subestimados em pesquisas domiciliares. 21 Gráfico 1 - Com pos ição da m as s a total bruta de re nda m one tária das fam ílias s e gundo tipos de re ndim e nto Outras rendas 2,1 Renda de ativos imóveis ou f inanceiros 14,4 Renda de aluguéis Renda da proteção social 1,7 0,3 Renda da previdência social 13,3 Outras rendas associadas a benef ícios do trabalho 1,2 Outras rendas do trabalho 4,6 Renda do Trabalho 62,4 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003, POF/IBGE. Microdados. Entretanto, a provável subestimação desta forma de renda na POF é menor que aquela encontrada na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios, PNAD/IBGE, realizada anualmente, que informa ser 4/5 a participação da renda do trabalho na massa total de rendimentos. E uma participação inferior a 2% para a 4 renda derivada de ativos financeiros . Considerando o reconhecido grau de financeirização dos orçamentos familiares nos estratos superiores (Guiso, 2002), especialmente em uma economia de altas taxas de juros reais como a brasileira, é legitimo argumentar que a Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF tende ser mais adequada para a análise da renda, em comparação ao levantamento socioeconômico anual existente no Brasil. Explicita-se, portanto, ser a Pesquisa de Orçamentos Familiares uma fonte de informação mais adequada para análise da renda corrente, sendo que, ademais, ela é a única que permite analisar possíveis impactos do sistema tributário sobre a distribuição de renda no país. A subestimativa de renda provavelmente existente na POF não poder ser avaliada, sem o acesso a informações administrativas do imposto de renda, de movimentação financeira ou da previdência social. Deste modo, os resultados apresentados neste estudo dizem respeito fundamentalmente à renda corrente auferida e que explica o padrão de consumo recorrente das famílias. Sendo que, de maneira determinante, a renda que o sustenta o consumo permanente das famílias tem na atividade do trabalho sua referência principal. 4 Nos últimos anos, tem se observado uma elevação da participação da renda de ativos financeiros na massa total de rendimentos informada pela PNAD. O incremento se deve aos benefícios do Programa Bolsa- Família, que são captados junto com juros e outros rendimentos financeiros. Este procedimento adotado pela PNAD, tem dificultado a análise do impacto do programa sobre a distribuição da renda corrente das famílias, exigindo a adoção de procedimento, com alguma arbitrariedade metodológica, visando a identificação da renda do bolsa família na declaração de renda associada a ativos financeiros. 22 5. As distribuições renda no Brasil e o sistema tributário Estas últimas observações são relevantes para entender a opção em relação aos tipos de renda adotados neste estudo. Foram construídos dez formas de renda, seguindo orientação encontrada em documentos das instituições multilaterais de desenvolvimento, em especial daquelas presentes no documento produzido pelo Canberra Group (2001). Ademais, considerando também as limitações da base de dados de referência, foram privilegiadas três formas de imposição tributária: Impostos e contribuições diretas – imposto de renda de pessoa física e as contribuições sociais vinculadas ao contrato de trabalho; Impostos indiretos – imposto sobre produtos industrializados, social/contribuição para financiamento da previdência social programa de integração e imposto sobre circulação de mercadorias e serviços. Para cálculo do impacto da imposição tributária indireta sobre a renda, foi adotado o procedimento seguinte: Gi x (ICMSi/100) / (1+ ((IPIi/100)+(PIS/COFINSi/100))) Onde: Gi é o gasto total familiar na classe de consumo de bens ou serviços i; ICMSi é a alíquota média do imposto de circulação de mercadorias e serviços na classe de consumo de bens ou serviços i; IPIi é a alíquota média do Imposto sobre Produtos Industrializados na classe de consumo de bens i; PIS/COFINS é a alíquota média do Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Previdêncial Social na classe de Consumo de bens e serviços i. O procedimento segue, de maneira modificada, orientação encontrada no documento Vianna et alli (2000). Quanto ao ICMS, foram adotadas como referência as alíquotas para o Estado de São Paulo, modificada a partir das informações compiladas para os estados brasileiros por Silva Filho (2004). Este procedimento foi importante devido à difusão, ao longo desta década, da conduta dos estados brasileiros em desonerar a cesta básica. Isto é, os principais produtos que compõem o gasto com produtos alimentares da maioria das famílias brasileiras. Em relação ao IPI e ao PIS/PASEP foram adotas as alíquotas nacionais, em razão desses tributos pertencerem ao Governo Federal. Finalmente, as informações para cálculo da incidência do imposto de renda e das contribuições sociais correspondem exatamente aos valores encontrados na base de dados da Pesquisa sobre Informações Sociais. 23 A Tabela 2 apresenta uma síntese dos indicadores de renda familiar per capita segundo tipos de rendimentos por estratos de renda. Uma observação necessita ser apresentada antes de considerações sobre os resultados. Ela se refere às diferenças entre os rendimentos do trabalho e o bruto total monetário. Ela é expressiva nos primeiro decil, sendo a razão bastante simples. Ela se deve aos rendimentos da previdência social. Nos decis inferiores, muitas famílias não possuem rendimento do trabalho ou auferem um valor muito baixo, sendo que o rendimento da previdência social constitui-se em sua fonte principal de renda. 24 Tabela 2 Indicadores de Renda Familiar Per Capita segundo Tipos de Rendimentos Brasil 2003 Rendimentos Médios Rendimento Bruto do Trabalho Rendimento Líquido do Trabalho Rendimento Bruto Total Monetário Rendimento Líquido Total Monetário Rendimento Bruto Monetário Depois dos Impostos Rendimento Líquido Monetário Depois dos Impostos Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Monetárias Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Monetárias Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Totais Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Totais Decil 1 Decil 2 Decil 3 Decil 4 Decil 5 Decil 6 Decil 7 Decil 8 Decil 9 Decil 10 Total 271 1.710 2.713 3.790 5.064 6.686 8.973 12.492 19.411 56.352 10.400 229 1.445 2.281 3.168 4.215 5.549 7.417 10.278 15.930 45.976 8.530 1.159 2.722 3.919 5.306 6.834 8.946 11.947 16.941 26.845 83.934 16.663 925 2.687 3.836 5.185 6.644 8.637 11.466 16.124 25.362 76.874 15.560 981 2.296 3.285 4.444 5.700 7.430 9.886 13.969 22.044 68.398 13.669 791 2.265 3.214 4.338 5.541 7.173 9.481 13.278 20.820 62.626 12.769 840 2.436 3.395 4.644 5.860 7.573 9.958 13.732 21.388 61.558 12.672 709 2.061 2.866 3.892 4.907 6.293 8.242 11.308 17.567 50.278 10.409 1.884 3.658 4.983 6.149 7.517 9.115 11.324 14.889 22.211 61.929 13.604 1.580 3.068 4.179 5.153 6.274 7.591 9.387 12.287 18.249 50.560 11.189 Decil 1 Decil 2 Decil 3 Decil 4 Decil 5 Decil 6 Decil 7 Decil 8 Decil 9 Decil 10 Total 2,6 16,4 26,1 36,4 48,7 64,3 86,3 120,1 186,6 541,9 100,0 2,7 16,9 26,7 37,1 49,4 65,1 87,0 120,5 186,7 539,0 100,0 7,0 16,3 23,5 31,8 41,0 53,7 71,7 101,7 161,1 503,7 100,0 5,9 17,3 24,7 33,3 42,7 55,5 73,7 103,6 163,0 494,1 100,0 7,2 16,8 24,0 32,5 41,7 54,4 72,3 102,2 161,3 500,4 100,0 6,2 17,7 25,2 34,0 43,4 56,2 74,3 104,0 163,1 490,5 100,0 6,6 19,2 26,8 36,6 46,2 59,8 78,6 108,4 168,8 485,8 100,0 6,8 19,8 27,5 37,4 47,1 60,5 79,2 108,6 168,8 483,0 100,0 13,9 26,9 36,6 45,2 55,3 67,0 83,2 109,4 163,3 455,2 100,0 14,1 27,4 37,4 46,1 56,1 67,8 83,9 109,8 163,1 451,9 100,0 10+ / 2081,4 78,0 42,5 Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003, POF/IBGE. Microdados. 41,7 41,1 40,3 38,4 36,8 23,5 22,9 25 Por outro lado, nota-se o declínio da participação da renda do trabalho nos decis superiores. O motivo se deve à maior expressão dos tipos de rendas não oriundas do trabalho, como, por exemplo, a renda de ativos em geral. Contudo, o rendimento do trabalho continua explicando mais de 60% da renda do último decil, reiterando argumento anterior sobre a importância deste tipo de renda para a determinação do padrão de consumo. Em relação aos resultados obtidos, nota-se prontamente uma exacerbada dispersão em termos de rendimentos médios entre os decis inferiores e o superior, sendo que ela se expressa particularmente acentuada na renda do trabalho, isto é, na principal fonte de renda corrente da população brasileira. Os tributos diretos, imposto de renda mais contribuições sociais, provocam um redução da dispersão observada, mas que deve ser considerada tênue. De uma relação entre os rendimentos brutos do trabalho dos 10% mais ricos e dos 20% mais pobre de 81 vezes, ela se reduz para o rendimento líquido do trabalho para 78 vezes. A redução desta dispersão é mais intensa quando se analisa o rendimento total monetário, tanto bruto quanto líquido. As transferências públicasrelativas à proteção e previdência social favorecem especialmente os estratos inferiores, levando que a dispersão caia quase a metade. Este movimento se explica, em especial, pelo impacto das transferências no primeiro estrato, cuja renda monetária bruta era, aproximadamente, 3,5 a renda do trabalho, enquanto no último estrato ela era apenas 50% superior. A contribuição das transferências públicas para redução da dispersão se amplia quando são incorporadas as transferências não monetárias de saúde e educação. Quando analisada a renda do trabalho mais o total de transferência, a dispersão corresponde, aproximadamente, a ¼ daquele observada somente para a renda do trabalho. Mesmo assim, é inegável a prevalência de uma ainda elevada dispersão entre o topo e a base da estrutura de rendimentos. Se por um lado, a política social, o imposto de renda e as contribuições sociais contribuem para reduzir esta dispersão, nota-se que os tributos diretos e indiretos dão uma contribuição quase nula. O sistema tributário parece que ser um instrumento de política pública contra a exacerbada desigualdade de renda estabelecida no país a partir das rendas do trabalho. 26 Gráfico 2 - Participação do rendim ento bruto do trabalho no rendim ento bruto total das Fam ílias segundo estratos de renda 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 Decil 1 Decil 2 Decil 3 Decil 4 Decil 5 Decil 6 Decil 7 Decil 8 Decil 9 Decil 10 Total Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003, POF/IBGE. Microdados O retrato desfavorável da relação entre estrutura de renda e sistema tributário no Brasil é evidenciado quando se analisa a distribuição da massa de renda segundo os diversos tipos de rendimentos. Tomando-se as participações do estrato 10% superior, observa-se que a participação mais elevada é encontrada para o rendimento total monetário, sendo superior àquele encontrada para a renda do trabalho. A queda da participação somente é observada quando 27 consideradas as transferência públicas. Tabela 3 Distribuição Acumulada da Massa de Renda Familiar Per Capita segundo Tipos de Rendimentos Brasil 2003 Massa de Renda Rendimento Bruto do Trabalho Rendimento Líquido do Trabalho Rendimento Bruto Total Monetário Rendimento Líquido Total Monetário Decil 1 0,54 0,56 0,71 Decil 2 1,97 2,06 2,54 Decil 3 4,32 4,45 4,86 Decil 4 7,53 7,71 8,12 Decil 5 11,83 12,06 12,22 Decil 6 17,46 17,77 17,35 Decil 7 24,94 25,27 24,22 Decil 8 35,39 35,74 34,03 Decil 9 51,63 51,97 49,62 Decil 10 100,00 100,00 100,00 Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003, POF/IBGE. Microdados. Rendimento Líquido Monetário Depois dos Impostos Rendimento Bruto Monetário Depois dos Impostos 0,61 2,55 4,98 8,39 12,65 17,95 24,98 35,05 50,76 100,00 0,74 2,62 4,99 8,32 12,47 17,68 24,60 34,45 49,98 100,00 Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Monetárias 0,64 2,62 5,12 8,58 12,92 18,28 25,33 35,46 51,11 100,00 Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Monetárias 0,78 2,85 5,60 9,18 13,83 19,51 26,85 37,05 52,94 100,00 Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Totais 0,81 3,02 5,75 9,48 14,10 19,85 27,22 37,43 53,33 100,00 2,08 5,05 8,86 13,18 18,06 23,78 31,09 40,87 55,86 100,00 Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Totais 2,12 5,17 9,08 13,48 18,44 24,20 31,56 41,33 56,25 100,00 Tabela 4 Índices de Desigualdade da Massa de Renda Familiar Per Capita segundo Tipos de Rendimentos Brasil 2003 Rendimento Bruto do Trabalho Rendimento Líquido do Trabalho Rendimento Bruto Total Monetário Rendimento Líquido Total Monetário Rendimento Bruto Monetário Depois dos Impostos Rendimento Líquido Monetário Depois dos Impostos Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Monetárias Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Monetárias Rendimento Bruto do Trabalho mais Transferências Totais Rendimento Líquido do Trabalho mais Transferências Totais Gini 0,6067 0,6030 0,6135 0,6030 0,6093 0,5988 0,5859 0,5817 0,5285 0,5237 Theil 0,7437 0,7342 0,7817 0,7525 0,7700 0,7409 0,6923 0,6822 0,5723 0,5620 Khawani -0,054325 Reynolds-Smolensky 0,010450 Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003, POF/IBGE. Microdados. 28 Em relação ao rendimento do trabalho líquido do trabalho, as transferências públicas provocam uma redução da participação do estrato superior, aproximadamente, de 3 pontos porcentuais e as não monetárias de mais 2,5 pontos porcentuais. Este diagnóstico tem respaldo quando analisado os indicadores de desigualdade (Tabela 4), expressos nos indices de Gini e Theil. Os indicadores observados para as rendas do trabalho e para os rendimentos total monetário são muito próximos. Quando consideradas as imposições da tributação indireta, a queda é extremamente tênue. Somente com a inclusão das transferências públicas é que se observa uma queda mais expressiva dos índices de desigualdade. Quanto aos índices sínteses de Khawani e de Reynolds-Smolensky, que expressam a contribuição do ICMS sobre a distribução de renda, constata-se que o resultado do primeiro índice aponta ser a imposição tributária acentua a desigualdade sendo que o segundo expressa sua intensidade. Os resultados indicam que o sitema tributário é regressivo, mas sua inflência negativa sobre a distribuição de renda deve ser como muito limitada. Anexo 1 – Indicadores de progressividade e regressão Indice de Kakwani La progresividad o regresividad de un determinado impuesto también puede determinarse comparando la curva de Lorenz del ingreso de los hogares pre-acción fiscal con la curva de concentración de dicho impuesto. La curva de Lorenz de una distribución de ingresos es una función que indica el porcentaje de ingresos, respecto del total, que posee cada porcentaje de la población acumulada, una vez que la misma ha sido ordenada en forma creciente por su nivel de ingresos, esto es, de más pobres a más ricos. En otras palabras, L(p) indica el porcentaje de ingresos que posee el p por ciento más pobre de la población en relación al total de ingresos. (Gradín y del Río, 2001). A su vez, la curva de concentración mide para cada porcentaje acumulado de la población -ordenada en forma creciente por su nivel de ingresos- cuál es el porcentaje acumulado que paga del impuesto en cuestión. De acuerdo a este análisis gráfico, un determinado impuesto será progresivo en toda la distribución si y solo si la curva de concentración del mismo está siempre por debajo de la curva de Lorenz del ingreso de los hogares pre-acción fiscal (dominancia de Lorenz). Si la dominancia de Lorenz no se verifica –porque las curvas se cruzan una o más veces-, igualmente cualquier cálculo que resuma la desigualdad en un solo número –como el índice de Gini- permite una ordenación completa de las distribuciones de ingreso, es decir, cualquier par de distribuciones puede ser ordenado sin ambigüedad. El índice de Gini, que se deriva de la curva de Lorenz, mide el área entre esta curva y la línea de 45% equidistribución- (en términos de proporción respecto al área por debajo de dicha línea de equidistribución). Toma, por tanto, valores entre 0 (máxima igualdad) y 1 (máxima desigualdad). Su fácil interpretación lo ha vuelto el indicador más utilizado. A su vez, el cuasi-Gini del impuesto se calcula de manera similar al Gini del ingreso, pero sobre la curva de concentración del impuesto. De ahí la distinción semántica. Por lo dicho, el índice de progresividad de Kakwani, que se basa en el índice de Gini, permite en cualquier caso indicar la progresividad o regresividad de determinado impuesto. Por ejemplo, para el caso del IVA, el indicador de Kakwani se define como: K = cuasi Gini (IVA) - Gini (Ingreso antes de la Política Fiscal). Si K > 0, esto es, si el IVA se distribuye más inequitativamente que el ingreso antes de la política fiscal, el impuesto contribuye a disminuir la desigualdad en la distribución del ingreso siendo, por tanto, progresivo. Si, por el contrario, K < 0, el impuesto será regresivo. Indice de Reynolds-Smolensky Ahora bien, el índice de Kakwani permite estimar cuán progresivo o regresivo es determinado impuesto, pero al no estar influenciado por su recaudación dice poco sobre su capacidad redistributiva. Un impuesto puede 30 ser fuertemente progresivo, pero si su recaudación es irrelevante también lo será su capacidad redistributiva. Por tanto, el análisis se complementa considerando el índice de Reynolds-Smolensky, indicador global de la capacidad redistributiva del impuesto en cuestión. Por continuar con el ejemplo, en el caso del IVA dicho índice se define como RS = Gini (Ingreso antes de la Política Fiscal)- Gini (Ingreso después del IVA). Si RS < 0, su magnitud (en términos absolutos) indica cuántos puntos del Gini ha aumentado la desigualdad en la distribución del ingreso como consecuencia de la regresividad del IVA introducido. Lo contrario si RS > 0. Nótese que al Gini antes de impuestos se resta el Gini después de impuestos -y no el cuasi-Gini-. Esto implica reordenar las observaciones de menor a mayor ingreso después de impuestos (en este caso, después del IVA). Ahora bien, una definición alternativa del Reynolds-Smolensky es: Es decir, al Gini antes de impuestos se resta el cuasi-Gini después de impuestos. Las observaciones, por tanto, no se reordenan sino que continúan ordenadas de menor a mayor ingreso antes de impuestos. Como se ve, esta definición captura el efecto total de un impuesto, que puede descomponerse en un (i) efecto igualador y (ii) un efecto “reordenación” . No obstante, existe cierto consenso respecto a que el efecto “reordenación” no es estrictamente un efecto redistributivo. La versión del Reynolds-Smolensky que figura en el trabajo es la citada en primer término. Finalmente, los indicadores globales de progresividad (Kakwani) y de capacidad redistributiva (ReynoldsSmolensky) utilizados en el trabajo se basan en el índice de Gini. Es sabido que el valor del índice de Gini disminuye como respuesta a una transferencia desde una renta más alta a otra más baja, con la particularidad de que (a) no es sensible a los niveles de renta de los individuos entre los que tiene lugar la transferencia y (b) sí lo es en relación a la diferencia de renta entre dichos individuos. Por tanto, resulta claro que, aunque no explícitamente, el índice de Gini tiene incorporado un juicio de valor respecto al efecto de la transferencia en la desigualdad. Si, dada una diferencia de renta, se quisiera conceder mayor valor a una transferencia entre dos individuos con dicha diferencia ubicados en los tramos bajos de la distribución que a una transferencia entre dos individuos con dicha diferencia pero ubicados en los tramos altos , el índice de Gini no resultaría adecuado. 31 Anexo 2 Receita Tributária po Tributo e Competência Brasil, 2006 e 2007 TRIBUTO/COMPETÊNCIA Total da Receita Tributária R$ Milhões 2006 % PIB % R$ Milhões 2007 % PIB % 794.121,53 33,51% 100,00% 903.638,93 34,79% 100,00% Tributos do Governo Federal 550.788,49 Orçamento Fiscal 182.478,17 Imposto de Renda 136.965,20 Pessoas Físicas 7.994,38 Pessoas Jurídicas 53.824,88 Retido na Fonte 75.145,94 Imposto sobre Produtos Industrializados 28.223,97 Imposto sobre Operações Financeiras 6.734,25 Impostos sobre o Comércio Exterior 9.934,65 Imposto Territorial Rural 303,34 Impostos Prov. sobre Mov. Financeira 0,03 Taxas Federais 316,74 Orçamento Seguridade Social 309.425,18 Contribuição para a Previdência Social 123.520,20 Cofins 89.548,35 Contribuição Prov. sobre Mov. Financeira 32.057,93 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 27.040,11 Contribuição para o PIS 19.796,24 Contribuição para o Pasep 3.578,52 Contribuição do Servidor Público 11.993,43 Outras Contribuições Sociais 1.890,41 Demais 58.885,15 Contribuição para o FGTS 36.505,40 Cide Combustíveis 7.904,67 Cide Remessas 660,07 Fundaf 297,44 Outras Contribuições Econômicas 945,87 Salário Educação 6.965,41 Contribuições para o Sistema S 5.606,29 Tributos do Governo Estadual 208.946,49 ICMS 171.668,62 IPVA 12.418,74 ITCD 940,74 Taxas Estaduais 3.855,90 Previdência Estadual 16.246,35 Outros 3.816,15 Tributos do Governo Municipal 34.386,54 ISS 15.545,85 IPTU 10.262,75 ITBI 2.275,36 Taxas Municipais 2.878,33 Previdência Municipal 3.309,87 Outros Tributos 114,4 Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria da Receita Federal do Brasil. 23,24% 7,70% 5,78% 0,34% 2,27% 3,17% 1,19% 0,28% 0,42% 0,01% 0,00% 0,01% 13,06% 5,21% 3,78% 1,35% 1,14% 0,84% 0,15% 0,51% 0,08% 2,48% 1,54% 0,33% 0,03% 0,01% 0,04% 0,29% 0,24% 8,82% 7,24% 0,52% 0,04% 0,16% 0,69% 0,16% 1,45% 0,66% 0,43% 0,10% 0,12% 0,14% 0,00% 69,36% 22,98% 17,25% 1,01% 6,78% 9,46% 3,55% 0,85% 1,25% 0,04% 0,00% 0,04% 38,96% 15,55% 11,28% 4,04% 3,41% 2,49% 0,45% 1,51% 0,24% 7,42% 4,60% 1,00% 0,08% 0,04% 0,12% 0,88% 0,71% 26,31% 21,62% 1,56% 0,12% 0,49% 2,05% 0,48% 4,33% 1,96% 1,29% 0,29% 0,36% 0,42% 0,01% 632.648,56 213.919,93 160.358,31 12.811,84 67.510,93 80.035,54 32.866,96 7.794,95 12.186,33 330,66 0,03 382,68 353.073,31 140.411,68 99.163,73 36.319,86 32.880,15 21.802,07 4.037,45 15.216,43 3.241,94 65.655,33 41.630,51 7.950,00 793,53 307,36 1.143,08 7.156,35 6.674,49 231.120,65 187.624,65 14.689,97 1.207,19 4.436,38 19.051,91 4.110,56 39.869,71 18.746,10 11.388,51 2.794,69 2.925,46 3.881,44 133,51 24,36% 8,24% 6,17% 0,49% 2,60% 3,08% 1,27% 0,30% 0,47% 0,01% 0,00% 0,01% 13,59% 5,41% 3,82% 1,40% 1,27% 0,84% 0,16% 0,59% 0,12% 2,53% 1,60% 0,31% 0,03% 0,01% 0,04% 0,28% 0,26% 8,90% 7,22% 0,57% 0,05% 0,17% 0,73% 0,16% 1,53% 0,72% 0,44% 0,11% 0,11% 0,15% 0,01% 70,01% 23,67% 17,75% 1,42% 7,47% 8,86% 3,64% 0,86% 1,35% 0,04% 0,00% 0,04% 39,07% 15,54% 10,97% 4,02% 3,64% 2,41% 0,45% 1,68% 0,36% 7,27% 4,61% 0,88% 0,09% 0,03% 0,13% 0,79% 0,74% 25,58% 20,76% 1,63% 0,13% 0,49% 2,11% 0,45% 4,41% 2,07% 1,26% 0,31% 0,32% 0,43% 0,01% 32 Referências bibliográficas Canberra Group (2001) Expert Group on Household Income Statistic, Final Report and Recommendations, Otawa: The Canberra Group. 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(2008) Tributação, Previdência e Assistência Sociais, impactos distributivos, Dissertação de Mestrado (mimeo), Campinas: Insituto de Economia, Unicamp. Silva Filho, B.M. (2004) Alíquotas do ICMS Aplicadas em Todo o Território Nacional, São Paulo: Thomson/IOB. Vianna, S.W.; Magalhães, L.C.G.; Silveira, F.G.; Tomich, F.A. (2000) Carga tributária direta e indireta sobre as unidades familiares no Brasil”avaliação de sua incidência nas grandes regiões urbanas em 1966, Texto para Discussão 757, Brasilia: IPEA. Weinberg, D.H. (2004) Income Data Quality Issues in the Annual Social and Economic Supplement to the Current Population Survey, Washington DC: US Census Bureau. Weinberg, D.H. (2006) Income data quality issues in the CPS, Monthly Labor Review, June, Washington DC: Bureau of Labor Statistics. 33 BRASIL Março de 2010 Equidade Fiscal no Brasil (2) Conteúdo: Dados Gerais, Bases de Dados, Procedimentos Metodológicos e Primeiros Resultados Fernando Rezende e José Roberto Afonso & equipe técnica 34 SUMÁRIO Apresentação……………………………………………………………………………………………………… I. Tributação………………………………………………………………………………………………….. I.1 O sistema tributário nacional: aspectos relevantes e comportamento recenté…………….. I.2 Base de datos e procedimientos metodológicos…………………………………………….... I.2.1 Tributação Direta: quais Deduções, Impostos, Taxas e Contribuições?................ a) Tributos diretos na POF…………………………………………………………………. 37 44 45 45 49 Tributos Indiretos na POF………………………………………………………………… 52 a) Alternativa para estimar a incidencia da tributação indireta…………………………. 54 54 Gastos sociais………………………………………………………………………............................... II.1 Estrututura dos gastos sociais e seu desempenho recenté…………………………………… 54 II.2 Base de datos e procedimientos de estimação…………………………………………………. 56 II.2.1 Benefícios previdenciários e assistenciais: informações se têm das transferencias monetarias……………………………………………………………….. b) Pesquisa de orçamentos familiares……………………………………………………. 57 c) PNAD……………………………………………………………………………………… 57 60 d) Discriminando os regimes previdenciários na POF de 2002 – 03 e nas PNAD…. 61 II.2.2 A provisão publica em Saúde e Educação: posibilidades de valoração dos beneficios não monetários……………………………………………………………… III. 37 b) Tributos diretos na PNAD: o que se pode estimar e de maneira…………………… I.2.2 II. 37 Incidência e os impactos distributivos: dificuldades e questões metodológicas…………… 64 67 III.1 Renda versus gastos……………………………………………………………………………….. 67 III.2 “Decompondo” a renda: beneficios e tributos…………………………………………………… 69 III.3 Decomposição do Índice de Gini e progressividade de transferencias e tributos………….. 70 III.3.1 O índice de progressividade de Kakwani……………………………………………….. 72 35 IV. III.3.2 Progressividade e reordenamento: avaliação com base na ordenação ex post… 74 III.3.3 Efeitos marginais das transferencias e tributos na desigualdade de renda………… 76 Resultados preliminares 1: dados administrativos, incidência tributaria e acceso aos serviços públicos…………………………………………………………………………………………... V. V.1 IV.1 Pesquisas domiciliares (POF) versus dados administrativos…………………………………. 79 IV.2 Incidência da tributação direta na POF………………………………………………………….. 82 IV.3 Tributação indireta:tributos, incidencia e carga sobre a renda e consumo…………………. 86 IV.4 Previdência e assistência: participação na renda e estrutura de distribuição………………. 89 Resultados preliminares 2: impactos distributivos de tributação e das transferencias monetarias………………………………………………………………………………………………… 92 Efeitos distribuitivos da concessão de beneficios e da incidencia tributária…………………………. 92 V.2 Descomposição da desigualdade das rendas inicial, final e disponível: efeitos marginais transferencias e dos tributos……………………………………………………………………… V.3 VI. 79 94 Impactos distributivos dos beneficios e dos tributos:medidas de progressividade de reordenamento……………………………………………………………………………………... 98 Referências bibliográficas………………………………………………………………………………... 102 36 APRESENTAÇÃO Este primeiro relatório da pesquisa “Equidade Fiscal no Brasil” aborda à composição e características básicas do sistema tributário brasileiro e dos seus gastos públicos sociais, assim como comenta mudanças realizadas nos últimos anos que de alguma forma tiveram efeitos sobre a tributação e o gasto que por sua vez condicionam a distribuição da renda no País. Tal análise é acompanhada de uma detalhada apreciação das fontes estatísticas que podem ser utilizadas na quantificação do impacto distributivo dos tributos e dos gastos sociais, bem como dos procedimentos utilizados para contornar algumas das deficiências que essas informações apresentam. Com base nos procedimentos metodológicos descritos e em estudos anteriores sobre o tema, este relatório apresenta também resultados preliminares de estimativas de impactos distributivos dos tributos diretos e indiretos no Brasil, bem como das transferências monetárias de renda promovidas pelo governo. Tais resultados serão revistos e complementados com novas estimativas que ampliarão o alcance do impacto distributivo dos tributos, incluindo os impostos estaduais e municipais, e adicionarão o efeito decorrente da provisão de bens e serviços de educação e saúde, que têm um peso considerável no caso das populações de menor poder aquisitivo. Tais complementos tornarão este o estudo mais completo a avaliar a equidade fiscal no Brasil. A seqüência em que os temas são apresentados neste relatório corresponde ao plano de trabalho que será adotado na continuidade de sua execução. I. TRIBUTAÇÃO I.1. O sistema tributário nacional: aspectos relevantes e comportamento recente Dada a exigência de sustentação da disciplina fiscal em um contexto de crescimento dos gastos, a carga tributária global do Brasil apresentou, ao longo da década de 2000, um crescimento bastante intenso, que só foi interrompido no último ano da década (2009) pela crise internacional. Enquanto, em 2000, a carga tributária se situava na marca de 31,15% do PIB, em 2009 ela alcançou 34,98% do PIB, um pouco abaixo do ponto máximo da década que ocorreu no ano de 2008: 35,82% do PIB. Em decorrência, a carga tributária brasileira se aproximou dos níveis médios registrados em países desenvolvidos, bem acima das economias 5 emergentes . O gráfico 1 ilustra a evolução histórica da carga tributária global no Brasil. Gráfico 1 – Carga Tributária Bruta Global no Pós-Guerra: 1947/2009 A partir de dados do FMI, em 2005 a carga tributária média dos países industriais (desenvolvidos) foi de 38,80% do PIB, enquanto a do Brasil foi de 34,95% do PIB no mesmo ano. Os países em desenvolvimento apresentaram uma carga média de 27,44% do PIB. 5 37 O gráfico reflete uma tendência histórica de aumento da carga tributária brasileira, que na década de quarenta estava na casa dos 14% do PIB e na década de 2000 esteve sempre acima de 30% do PIB. Os anos em que a carga global se situa acima da linha de tendência correspondem, regra geral, a períodos em que os impostos crescem para financiar atuação do Estado na promoção do crescimento econômico durante o regime militar (de meados da década de 1960 até o final da década de 1970), para garantir a estabilidade econômica e para ampliar os gastos sociais (na última década). Apesar do último ano da série (2009) apresentar uma queda da carga com relação ao ano anterior (devido à crise internacional), esta ainda permaneceu dentro dos padrões históricos e acima da linha de tendência. A tendência histórica crescente da carga tributária foi acompanhada de mudanças importantes na sua composição. Do ponto de vista da federação, embora a participação dos estados seja expressiva, destaca-se a alta concentração da arrecadação no governo central (puxada pelas contribuições), a despeito das inclinações federalistas da Constituição de 1988. De outra parte, embora a contribuição dos municípios para a carga tributária global seja relativamente pequena, seu poder de gasto é ampliado por meio de transferências, como mostra a repartição das receitas tributárias disponíveis. Os gráficos 2 e 3 mostram a composição da arrecadação tributária e da receita disponível na federação brasileira. Gráfico 2 – Arrecadação direta por esfera de Governo em % da Carga Global - 2009 Fonte: STN, CEF e BACEN. Elaboração própria. Gráfico 3 – Receita disponível por esfera de governo em % da Carga Global - 2009 Fonte: STN, CEF e BACEN. Elaboração própria. Nota-se que 68% de toda a arrecadação tributária realizada no Brasil em 2009 foi gerada diretamente pela União, o que denota um razoável grau de concentração do poder tributário. Embora a participação do 38 governo federal na receita tributária disponível (depois de computadas a repartição constitucional de impostos) diminua para de 56,3% da receita tributária nacional, a concentração do seu poder de gasto também é significativa. Sob a ótica da repartição final dos recursos, percebe-se que os municípios são os maiores beneficiários do regime de transferências, pois arrecadam diretamente pouco mais de 6% da receita tributária nacional em 2009, mas dispõem de 18,5% daquela receita para gastar. Como os estados transferem aos municípios mais do que recebem da União, seu poder de gasto é menor (25,2%) do que o montante dos impostos que arrecadam (26%, ambos em relação à carga tributária bruta do País). A ampliação das contribuições – sociais e de intervenção no domínio econômico – no sistema tributário brasileiro é a principal responsável pela expressiva concentração dos recursos nas mãos do governo federal. O gráfico 4 mostra a importância que essas contribuições assumem na atual composição da carga tributária da União. Gráfico 4 – Composição da Carga Tributária da União – 2009 Fonte: STN, CEF e BACEN. Elaboração própria. As referidas contribuições responderam por mais de 65% dos tributos arrecadados pelo governo federal em 2009, após terem apresentado um crescimento constante desde o início da década de 1990. A preferência por esses tributos decorre do fato de eles não serem partilhados com estados e municípios, o que aumenta a receita disponível da União, e de gerarem expressivos volumes de receita por terem uma base ampla e incidência cumulativa, além de serem de fácil cobrança (as principais podem ser exigidas em três meses depois de criadas ou majoradas, enquanto os principais impostos são limitados pelo chamado princípio da anualidade). Ao contrário do padrão mundial, as contribuições no Brasil não alcançam apenas os salários, mas também incidem sobre o faturamento e as receitas e sobre os lucros (até 2007, ainda alcançava a movimentação financeira). Mais do que a elevada carga tributária brasileira, a sua estrutura explica muito dos danos que causa à competitividade da produção nacional, quanto à regressividade tributária. A composição dessa carga por base de incidência dos tributos em 2000 e em 2009 é apresentada na tabela 1, que permite comparar as mudanças registradas na última década. 39 Tabela 1 – Carga Tributária Global do Brasil por Base de Incidência – 2000 a 2009 Verifica-se que o bloco relativo à soma dos tributos sobre renda e lucros, salários e patrimônio arrecadaram 17,8% do PIB em 2009, pouco mais da metade da carga tributária do Brasil em 2009. Chama a atenção que supera o bloco formado pelos tributos sobre bens e serviços, comércio exterior, transações financeiras e taxas, que arrecadou 16,03% do PIB ou 46% do total da carga. Tais resultados, do ponto de vista redistributivo, representam uma nítida melhoria com relação ao início da década, haja vista que em 2000 o bloco de tributos indiretos respondia por 53,2% da carga tributária total. A atual composição da carga, entretanto, ainda não pode ser confortável por dois motivos. Primeiro, a participação dos tributos sobre a produção (indiretos) no Brasil ainda é muito elevada quando comparada a outros sistemas tributários que apresentam maior eficiência redistributiva no mundo. Segundo, a crise internacional afetou os resultados de 2009, especialmente da tributação de bens e serviços, o que permite afirmar que a comparação com o ano de 2008 seria mais justa do ponto de vista evolutivo e, naquele ano, os tributos diretos e indiretos detinham praticamente a mesma participação na carga global. Dos tributos indiretos, o imposto estadual sobre circulação de mercadorias e serviços de comunicações e transportes – ICMS – é, individualmente, o mais importante à luz do montante arrecadado. Em 2009, este imposto arrecadou o equivalente a 7% do PIB ou 20% da carga tributária global. O ICMS ganha destaque menos por sua magnitude ou importância relativa e mais por ser de competência tributária dos governos estaduais (ao contrário do resto do mundo em que impostos sobre o valor agregado são exigidos pelo governo central), obedecer a legislações diferenciadas em cada um dos 26 estados mais o Distrito Federal (inclusive, é possível que o mesmo bem ou serviço seja submetido à alíquota distinta de uma para outra 40 jurisdição) e ter suas transações interestaduais submetida a um princípio misto (ainda que a maior alíquota 6 caiba ao estado de origem, na maior parte do País). Estas peculiaridades do ICMS brasileiro dificultam a redução de sua regressividade, particularmente em face de maior participação de produtos básicos na estrutura produtiva de estados menos desenvolvidos. Outros tributos indiretos que têm alta relevância na tributação nacional são as contribuições sociais sobre a receita bruta (COFINS e PIS) e o imposto sobre produtos industrializados (IPI). A tabela 2 mostra o ranking dos principais tributos entre 2000 e 2009. Tabela 2 – Carga Tributária Global do Brasil por Principais Tributos – 2000 a 2009 A queda no ritmo de atividade econômica em 2009 em face da crise internacional, bem como a concessão de benefícios fiscais para estimular a economia, contribuiu para a redução da participação relativa do ICMS e do IPI. Esse fato, somado à extinção da CPMF, que deixou de ser cobrada a partir de 2008, é que explica a redução da participação dos impostos indiretos na carga tributária global e não uma ação deliberada do governo para tornar o sistema tributário menos regressivo. Quanto aos impostos diretos, algumas peculiaridades no sistema tributário brasileiro reduzem as possibilidades de ampliar a equidade fiscal. Uma delas se refere ao maior peso da tributação dos lucros das pessoas jurídicas, que resulta da incidência do imposto (IRPJ) e da contribuição social (CSSL), que geram, respectivamente, 2,46% e 1,36% do PIB. Como a alíquota básica do IR para PJ‟s é de 15%, enquanto que as PF‟s estão sujeitas a alíquotas progressivas que podem alcançar 27,5%, muitos indivíduos, em especial profissionais liberais, optam por receber seus rendimentos como micro ou pequenas empresas, pagando um imposto inferior ao que deveriam pagar efetivamente. O IRPF apresenta duas alíquotas relativamente baixas e próximas, desde sua simplificação em 1989, sendo que, no ano calendário 2009, houve um aumento para quatro alíquotas, bastante próximas. As alíquotas eram, até 2008, de 15% e de 27,5%, sendo que para esse ano calendário, rendimentos abaixo de R$ 1.373 não sofriam tributação, rendimentos entre R$ 1.373 e R$ 2.743 eram taxados em 15% e rendimentos acima de R$ 2.743 eram taxados a 27,5%. Como as alíquotas são marginais, ninguém paga 27,5% de sua renda em IRPF e apenas indivíduos com rendas extremamente elevadas pagam algo próximo a 27,5%. As exceções são para produtos derivados de petróleo e energia elétrica, que são cobrados a partir do princípio do destino (cobrado no estado consumidor). 6 41 Tabela 3 - Limites nominais e reais das alíquotas do Imposto de Renda-Pessoa Física Nominal (1) Deflacionadas (2) Ano 15% 27,50% 15% 27,50% 2001 900 1.800 1.455 2.911 2002 1.058 2.115 1.578 3.154 2003 1.058 2.115 1.375 2.749 2004 1.058 2.115 1.290 2.579 2005 1.164 2.326 1.328 2.654 2006 1.249 2.497 1.368 2.734 2007 1.314 2.625 1.388 2.774 2008 1.373 2.743 1.373 2.743 Fonte: SRF. Notas: (1): Não se apresentaram os dados de 2009, pois ainda não se conta com Investigações Domiciliares para esse ano. Alíquotas em http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/ContribFont.htm (2): O deflator utilizado foi o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Obs.: Valores mensais do rendimento. A tabela 3 mostra os limites, deflacionados pelo IPCA médio de cada ano, das alíquotas de 15% e 27,5%. A receita tem reajustado os limites de modo a mantê-los próximos da inflação esperada e as variações não têm sido muito grandes. As deduções são tão importantes quanto às alíquotas, pois com deduções generosas parte expressiva da renda passa a ser não tributável, reduzindo, assim, a alíquota efetiva. No Brasil pode-se empregar uma dedução única, no caso de declaração simplificada, que corresponde a 20% dos rendimentos tributáveis até o limite de dedução anual de R$ 12.194,86, ou, quando se trata de declaração completa, um conjunto de 7 deduções, dentre as quais se destacam : 8 contribuição previdenciária oficial (sem limite) ; gastos com saúde (sem limite); deduções de R$ 1655,88 anuais (R$ 137,99 mensais) por dependente; pensão alimentícia (sem limite); gastos com educação até o limite de R$ 2.592,29 anuais para cada pessoa listada na declaração (contribuinte mais os dependentes); dedução de R$ 1.372,81 mensais, aplicável aos rendimentos de aposentadorias, para indivíduos com idade igual a 65 ou mais; doentes com doenças graves e crônicas (por exemplo, pessoas com câncer ou problemas cardíacos) têm dedução de toda sua renda – são isentas de IRPF; e 7 8. Valores para o IRPF do ano calendário 2008, último ano em que se dispõe da PNAD.. Para quem contribui para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), há um limite de contribuição. 42 há algumas deduções menores, como com os gastos resultantes de doações a entidades filantrópicas. o Todos os valores acima se referem ao ano-calendário 2008 e foram estabelecidos na Lei n 11.482, de 31 de maio de 2007. Segundo dados da SRF (2008), a importância relativa das deduções, de acordo com 9 informações relativas a 2005 , é a seguinte: desconto simplificado (29%), despesas médicas (20%), abatimento com dependentes (15%), contribuição previdenciária oficial (14%) e gastos com instrução (8%). As outras deduções têm valores menores. Esta estrutura não varia muito de ano para ano, embora se verifique crescimento das deduções relativas a gastos com saúde. A tabela 4 apresenta o desempenho recente da arrecadação do IR dos indivíduos (IRPF) acrescido do retido na fonte sobre rendimentos do trabalho, em que fica clara a tendência ao gradual aumento, tanto em porcentagem do PIB, quanto em relação a carga tributária bruta. Ainda assim, tais índices são relativamente baixos pois não passam de 2,3% do PIB e nem de 6,4% da receita tributária nacional. Tabela 4 - Arrecadação do Imposto de Renda-Pessoa Física como porcentagem do PIB e da carga tributária bruta IRPF Anos Em R$ bilhões correntes em % do PIB em % da CTB 2002 26.942 1,82 5,64 2003 31.531 1,85 5,81 2004 37.556 1,93 5,89 2005 43.011 2,00 5,92 2006 47.695 2,01 5,90 2007 56.003 2,16 6,14 2008 66.600 2,30 6,36 Fontes: IPEA/Coordenação de Finanças Públicas (CFP), SRF do Brasil e IBGE. Nota: IRPF = IRPF (não retido na fonte) + IRRF sobre os rendimentos do trabalho. Outro ponto que merece destaque nos impostos diretos é a baixa participação dos tributos incidentes sobre o 10 patrimônio. Além deste tipo de tributo ter relevância muito baixa na carga tributária nacional, é curioso que o imposto (estadual) sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) arrecade 38% a mais que o imposto (municipal) sobre propriedade predial e territorial urbana em 2009 – como ilustrado no Gráfico 5 -, o que também tem efeitos sobre a baixa progressividade tributária do País. Ultimo levantamento disponibilizado pela Receita Federal do Brasil se refere ao exercício de 2005, a ver em: www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/GrandesNumerosDIRPF2005.pdf 10 Em 2005 os países industriais (desenvolvidos) arrecadavam em média 2,08% do PIB em tributos patrimoniais, enquanto no Brasil esta cifra fora de 1,22% do PIB. 9 43 Gráfico 5 – Tributos Patrimoniais: IPTU x IPVA - 2009 Fonte: STN, CEF e BACEN. Elaboração própria. Estes breves comentários sobre a evolução da estrutura tributária brasileira já apontam os primeiros indícios da baixa aderência do sistema tributário brasileiro aos princípios de equidade fiscal. A comprovação desses indícios, bem como a medição do grau de iniqüidade na repartição do ônus tributário já foi objeto de estudos 11 que trataram dessa questão, mas uma das principais deficiências deles foi se restringirem aos impostos federais (quando o fizeram, incluíram informações de um estado como representativa da totalidade dos estados brasileiros), ignorando a diversidade de situações e o peso dos tributos estaduais e municipais na composição da carga tributária global, o que se procurará atender e corrigir nesta pesquisa. I.2. Base de dados e procedimentos metodológicos O aperfeiçoamento das estimativas sobre o impacto da tributação na distribuição da renda depende das escolhas a serem feitas com respeito à base de dados a serem utilizadas, a partir do entendimento das possibilidades e deficiências que apresentam, bem como das opções a serem adotadas para contornar suas deficiências. O Brasil conta com duas investigações domiciliares que podem ser utilizadas na estimativa da incidência tributária sobre as famílias: a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) e a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Enquanto a primeira é realizada anualmente e se destaca pela maior abrangência temporal e por uma amostra de maior envergadura, a segunda, por ter foco nas despesas, fornece informações mais “precisas” da renda e dos tributos diretos, permitindo a realização de estimativas da incidência da tributação do consumo, ou seja, da tributação indireta. A PNAD, que cobre todo o país, centra sua investigação na captação dos dados de trabalho e rendimento, além de coletar informações sobre os domicílios e as pessoas residentes. Assim sendo, oferece também uma rica gama de informações socioeconômicas e demográficas, dentre as quais cabe destacar: as rendas oriundas da previdência e da assistência sociais; a freqüência à escola e suas características – se pública, ou não, o nível de ensino e o nível de governo responsável pela administração; e, em alguns anos, o acesso e a utilização de serviços de saúde. No entanto, ao não abranger a investigação dos gastos familiares e não ter por foco a coleta detalhada dos rendimentos, exibe frente à POF uma deficiência no que concerne ao quesito renda. A PNAD possibilita estimar a incidência de tributos diretos, especificamente os incidentes sobre a Renda e sobre o Patrimônio Imobiliário ou, mas especificamente, o IRPF, as contribuições previdenciárias e o IPTU. Essas estimativas são feitas mediante a aplicação das normais legais relativas a esses tributos às informações contidas na PNAD sobre os rendimentos recebidos, as relações de trabalho (ou, segundo a 11 Ver VIANNA (2000), IMMERVOLL et.alli (2007) e SILVEIRA (2008), dentre outros. 44 definição da PNAD, a natureza da ocupação) e os valores declarados para os imóveis próprios, de modo a obter os potenciais valores do IRPF, das contribuições previdenciárias e do IPTU. Dessa forma, as estimativas baseadas na PNAD superestimam os montantes desses tributos, ao não levar em conta tanto a elisão com a evasão fiscal. O detalhamento dos procedimentos para tais estimativas será apresentado adiante. De outra parte, ainda que a POF ofereça, melhores dados sobre a renda, ela ocorre a cada cinco anos, sendo que somente na mais recente, a de 2003, a cobertura foi nacional. Ademais, sua amostra é menor, além de não captar o acesso e a utilização de serviços públicos de saúde. Apesar disso, a POF fornece uma base melhor para a avaliação da carga tributaria incidente sobre as famílias, pois as informações que propicia sobre os rendimentos permitem, também, identificar os tributos incidentes sobre a renda, notadamente o Imposto de Renda e as Contribuições Previdenciárias. Contêm, ainda, informações sobre os tributos e taxas pagos em razão da posse e do uso de bens imóveis e móveis. Com base nas despesas efetuadas pelas famílias em bens e serviços, a POF permite estimar a incidência dos tributos indiretos, assumindo que eles na realidade recaem sobre o consumo, mesmo quando aplicados ao faturamento ou à receita das empresas. As informações sobre transferências monetárias contidas na POF discriminam as aposentadorias e pensões, os auxílios previdenciários e assistenciais – sejam públicos, sejam privados – e os diversos programas de transferência de renda e de apoio ao trabalhador. No entanto, os dados das pesquisas domiciliares brasileiras não discriminam qual o regime público previdenciário das aposentadorias e pensões por elas enumeradas, isto é, se a informação se refere ao regime geral de previdência ou ao regime próprio dos servidores públicos. Com base na POF, estima-se que é possível avaliar o impacto distributivo de cerca de 60% da carga tributária nacional. Esse nível de cobertura é bastante expressivo, haja vista que cerca de 30% dos tributos não cobertos se referem ao IRPJ, à parcela dos empregadores nas contribuições previdenciárias, e aos demais tributos que recaem sobre pessoas jurídicas ou sobre empregadores, como o FGTS, o salárioeducação, as contribuições ao Sistema S e o imposto sobre comércio exterior. A parcela restante inclui alguns tributos que embora tenham alguma importância não incidem sobre a renda e/ou patrimônio das famílias, ou são de difícil tratamento, como a CPMF, o IOF e os impostos sobre transmissão de bens, que, juntos, representavam 5,4% da carga tributária nacional. Com a extinção da CPMF, a importância desse grupo diminuiu significativamente. I.2.1. Tributação Direta: quais Deduções, Impostos, Taxas e Contribuições? a) Tributos diretos na POF Na POF são investigadas as deduções incidentes sobre variados recebimentos, estando discriminadas as 12 contribuições previdenciárias (ou previdência pública), IR e outras deduções que recaem sobre o rendimento do trabalho – principal e secundário. No caso dos outros rendimentos, que incluem aposentadorias e pensões, programas de transferência de renda, auxílios, bolsa de estudo, pensão alimentícia, doações, aluguéis, investiga-se o total de deduções, sem as discriminar, estando agrupadas sob a mesma categoria o recolhimento da previdência, o IR e as outras deduções. O mesmo ocorre no caso de Infelizmente não se tem muita clareza de tudo o que está englobado em “outras deduções”, pois segundo os manuais da pesquisa – especialmente o dos entrevistadores – aqui se inscreveria, principalmente, o ISS, não sendo incluído o recolhimento do FGTS. Cabe destacar que da análise dos trabalhadores que apresentam “outras deduções” encontram-se aqueles (é o caso de empregados públicos, militares e empregados do setor privado) sob os quais não incide tal tributo. 12. 45 outros recebimentos, que abrangem o 13° salário e o abono de férias, saque de PIS/PASEP e FGTS, indenização trabalhista, vendas, lucros, empréstimos, heranças e dividendos, para os quais a informação refere-se apenas ao total de deduções. A maneira como a informação é apresentada, permite concluir que na rubrica “outras deduções” dos rendimentos do trabalho encontram-se o ISS e outros descontos que tanto podem ser tributos diretos como podem não ser. Já nas “deduções” de outros rendimentos que não do trabalho e nas “deduções” de outros recebimentos estão englobados valores relativos a contribuições previdenciárias, IR e ISS, além de outras deduções que não se referem a encargos tributários. Além dos tributos incidentes sobre a renda, são coletados pela POF os incidentes sobre o patrimônio – IPTU – e sobre os veículos automotivos – o IPVA. Consideramos que outros encargos incidentes sobre os veículos, além do IPVA, tais como as despesas com licença, emplacamento, multas, transferência de veículo, perícia e carteira de habilitação, devem ser agrupados na rubrica “impostos sobre veículos”. Encargos relativos a outras contribuições, como as contribuições de classe (sindicatos e conselhos profissionais), ou a outras “formas” de incidência de tributos já descritos – como o IR relativo a exercício anterior, o ISS de caráter eventual e os recolhimentos à previdência pública, podem ser extraídos do quadro que trata de despesas com contribuições, transferências e encargos financeiros. Nas despesas com serviços domésticos reportam-se as despesas efetuadas com o recolhimento da parcela do empregado à previdência social. E, por fim, ainda que bastante subestimados, são coletados os gastos realizados com o pagamento da CPMF. Em resumo, as informações constantes da POF permitem reunir os valores relativos ao pagamento de tributos diretos em quatro grupos: IR, IPTU, IPVA e demais tributos sobre renda. Neste último grupo estão incluídas as duas rubricas de deduções sobre a renda – do trabalho e de outras fontes, o ISS eventual, as contribuições de classe e a CPMF. No quadro 1, abaixo, encontram-se discriminados todos os códigos considerados no agrupamento dos tributos diretos em contribuições trabalhistas, imposto de renda, IPTU, IPVA e outras deduções sobre a renda. Quadro 1- Grupos de tributos com suas descrições na POF 2002-2003 Grupo de tributos Tipo de Tributo Contribuição previdenciária sobre renda do trabalho Descrição na POF Dedução do rendimento do trabalho (empregado privado, empregado público, empregado doméstico, empregado temporário na área rural, empregador e conta própria) para a previdência pública Previdência pública (federal-iapas, estadual, municipal, militar) Funrural INSS Gastos individuais com INSS Seguro coletivo de trabalho (previdência pública) Fundo especial da polícia militar (previdência militar) Previdência estadual Previdência municipal 46 Previdência militar Previdência federal Fundo de pensão militar Previdência pública INSS do empregado doméstico Contribuição previdência pública para trabalhadores empregados domésticos Dedução do rendimento do trabalho (empregado privado, empregado Imposto de Renda sobre público, empregado doméstico, empregado temporário na área rural, renda do trabalho empregador e conta própria) relativa ao imposto de renda IR Gastos individuais com Imposto de Renda Complementação do imposto de renda Imposto de renda do exercício anterior Emplacamento de automóvel Licença de automóvel Multas Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) Imposto sobre propriedade (IPVA) Taxa de expediente (DETRAN) Taxa de carteira de habilitação Perícia de veiculo (taxa) IPVA IPVA e taxas com automóveis Taxa de transferência de veiculo Transferência de veiculo (taxa) Taxa de transferência de placa de veículo Transferência de placa de veiculo (taxa) Fotografia de acidente (perícia) Documento único de trânsito DUT (documento único de trânsito) Taxa de nada consta Nada consta (taxa) Baixa de reserva de registro de veículo 47 Taxa de baixa de reserva de registro de veículo Exame para renovação de carteira de motorista Exame psicotécnico de carteira de motorista Taxa de desalienação de veículo Taxa de legislação (DETRAN) Taxa de expediente Emplacamento de caminhão Licença de caminhão Emplacamento de moto Licença de moto Emplacamento de embarcação Licença de embarcação Emplacamento de automóvel (continuação) Grupo de tributos Tipo de Tributo Descrição na POF Imposto predial (domicilio principal) IPTU Imposto predial Adicionais de imposto predial (juros, multa, etc.)(domicílio principal) Juros de imposto predial (domicílio principal) IPTU Imóvel principal Multa de imposto predial (domicílio principal) IPTU Imposto Territorial Rural SPU (serviço de patrimônio da união) Serviço de patrimônio da união (SPU) INCRA Imposto predial (outros imóveis) IPTU Outros imóveis Imposto predial 48 Imposto territorial (outros imóveis) Imposto territorial INCRA (imposto) SPU (serviço de patrimônio da união) Serviço de patrimônio da união (SPU) Certificado de cadastro de imóvel Outras deduções sobre renda do trabalho Deduções sobre outras rendas que não trabalho Outras deduções do rendimento do trabalho (empregado privado, empregado público, empregado doméstico, empregado temporário na área rural, empregador e conta própria) Deduções sobre outros rendimentos: aposentadorias e pensões, bolsa de estudo, pensão alimentícia, auxílios, aluguéis, programas de transferência de renda e complementações salariais. Imposto sobre serviços (ISS) (eventual) ISS eventual ISS (imposto sobre serviços) (eventual) Conselho e associação de classe Associação de classe OUTROS Associação de trabalhadores Contribuição sindicato e associação de trabalhadores (mensal) Contribuições de classe Contribuição para outras associações Associações outras (contribuição) Cooperativa (mensalidade) Imposto sindical (anual) Contribuição sindical (anual) Imposto sobre cheque (CPMF) CPMF CPMF (imposto sobre cheque) b) Tributos Diretos na PNAD: o que se pode estimar e de que maneira A PNAD possibilita a estimação das contribuições previdenciárias e do IRPF, dado que ela, como dito, conta com informações sobre a inserção das pessoas no mercado de trabalho, entre as quais se contribuintes ou não da previdência social, e apura os rendimentos percebidos pelas pessoas. Assim sendo, pode-se simular o que ocorreria se todos seguissem as regras, ou seja, o potencial desses dois tributos, desconsiderando tanto a elisão como a evasão. 49 A principal limitação da PNAD é que mede mal as rendas muito elevadas, especialmente no que se refere a rendimentos do capital. Na renda do trabalho, o problema é menor, mas ainda assim há dúvidas com respeito ao fato de todos os declarantes da PNAD informarem corretamente sua renda bruta, a despeito de ser assim determinado aos entrevistadores em seus manuais e treinamentos. Este defeito parece-nos mitigado uma vez que sua ocorrência deve ser maior entre os indivíduos de menor renda e nível de escolaridade mais baixo, grupo demográfico não pagante do IRPF. Uma segunda limitação é que os abatimentos ou a isenção do IRPF decorrente de gastos com saúde ou relacionados a estados de saúde, que tem muita importância no caso desse imposto, não aparece na PNAD. Isto ocorre porque esta pesquisa não mede nem gastos com saúde, nem estados de saúde, nem atividades relacionadas à saúde. A PNAD também não mede gastos com educação, mas pergunta quem freqüenta a escola e se a escola freqüentada é pública ou privada. Sob uma perspectiva diferente, no entanto, as informações da PNAD podem ser úteis para analisar a receita potencial do IRPF a partir dos parâmetros relevantes para o cálculo desse imposto, como as alíquotas e seus limites, as deduções item a item, a dedução simplificada e os parâmetros para a declaração conjunta. As alíquotas não apresentam maiores problemas, mas o calculo das deduções é bem mais complicado, especialmente no caso daquelas que são mais importantes como as deduções relativas a gastos e isenções relacionados à saúde e às deduções para a previdência social. Estimativas da receita potencial com base na PNAD podem ser geradas para estimar o grau de elisão e evasão fiscal. Já para as contribuições previdenciárias as limitações da PNAD são menos graves, uma vez que a sua principal limitação, a subdeclaração da renda, é menos expressiva para os rendimentos do trabalho, sobre os quais incidem as contribuições “pessoais"ao sistema de previdência. Outra limitação é que a PNAD não oferece informações sobre a contribuição previdenciária efetivamente paga. O que não é problema para os funcionários públicos e empregados com carteira, pois ela é descontada do pagamento de suas remunerações. Mas é problema para as demais ocupações. O fato é que não se sabe qual o salário-decontribuição declarado (para fins de contribuição previdenciária) e muito menos se o indivíduo (mais especificamente o trabalhador por conta-própria) aderiu ao Plano Simplificado de Previdência Social, que possui alíquota de contribuição diferenciada. No entanto, como se conta com informações sobre o tipo de ocupação, o ramo de atividade do trabalhador e se ele contribui para a previdência social pode-se estimar o valor potencial das contribuições sociais, aplicando-se o regulamento ora em vigor. No quadro 2 encontram-se discriminadas as categorias de contribuintes, e as regras aplicadas ao cálculo da contribuição previdenciária vigentes em 2008. Quadro 2 – Regras e alíquotas das contribuições previdenciárias – Brasil, 2008 Faixa de renda Alíquota (R$) Categoria (%) De Até Empregados com carteira 415,00 911,70 8,00 Empregados com carteira 911,71 1519,50 9,00 50 Empregados com carteira Empregados com carteira 1.519,51 3.038,99 11,0 acima de 3.038,99 11,0 de R$ 3.089,99 Militares Todas 10,5 Servidores Públicos Todas 11,0 Contribuintes individuais para conta-próprias com renda igual a 1 salário mínimo 415,00 11,00 Contribuintes individuais e facultativos 415,01 3.089,99 20,0 Contribuintes individuais e facultativos acima de 3.038,99 20,0 de R$ 3.038,99 Inativos do setor público (ver método de discriminação no tópico c) da seção II.2.2 acima de 4.862,38 11,0% da renda superior à R$ 4.862,38 para Fonte: Elaboração própria para aplicação na PNAD 2008. Na avaliação dos impactos distributivos da previdência social deve-se ter presente a presença de duas modalidades bastante distintas em nosso sistema público previdenciário: o RGPS e os RPPSs ou previdência do funcionalismo público. Os registros administrativos relativos a esses regimes explicitam as diferenças de perfis distributivos, o que reflete, grosso modo, o arcabouço legal e as normas de cada um deles. Em ambos os casos, são sistemas de repartição, ou seja, baseados na solidariedade entre gerações, sendo financiados, de um lado, pelas contribuições dos trabalhadores e dos empregadores e, de outro, por recursos fiscais do tesouro, ou melhor, por contribuições – tributos indiretos – pagas por toda a sociedade. As regras de concessão dos benefícios no que concerne aos prazos de contribuição e de idade não se apresentam muito díspares, concentrando-se as diferenças nas regras de cálculo das remunerações, pois os servidores públicos têm, grosso modo, direitos a benefícios iguais aos recebidos quando na ativa (integralidade) e aos mesmos reajustes concedidos aos servidores (proporcionalidade). Para os aposentados e pensionistas do RGPS, ou seja, os trabalhadores contribuintes do setor privado, existem limites tanto para as remunerações como para os reajustes. Verdade que ambos os sistemas tem caráter contributivo, ou seja, são espécies de seguro social, no sentido de que seu beneficio guarda relação com as contribuições realizadas. Isso explica, em grande medida, parte das diferenças nos perfis distributivos, dado que as contribuições são proporcionais aos ganhos e os limites de remuneração para os benefícios valem, também, para os salários de contribuição. É fato, todavia, que a relação entre contribuições e benefícios previdenciários não é direta, devido às mudanças nas regras dos sistemas, às alterações no mercado de trabalho e às mudanças demográficas, requerendo-se, portanto, avaliações intertemporais. Soma-se a isso a presença de subsídios – descompasso entre o potencial (“capitalização”) das contribuições e os valores mínimos dos benefícios – nos dois sistemas, sendo os subsídios importantes na previdência rural e nos benefícios assistenciais no âmbito do RGPS, e estando disseminados nos Regimes Próprios, particularmente nas pensões e nos benefícios dos militares. Cabe avaliar, também, outros indicadores que refletem a importância – ou, em outros termos, o “funcionamento” – da previdência: sua incidência na população e o grau de reposição dos benefícios frente à renda de atividade. Quanto à primeira questão, contabilizam-se cerca de 48 milhões de pessoas que contam com algum beneficiário de aposentadoria ou pensão, o que representa 29,2% do total de famílias. No caso da taxa de reposição, isto é, a relação entre o valor médio do benefício previdenciário e a remuneração média do trabalho, essa atinge 63,0%, tendo por parâmetros os valores médios dessas remunerações naquelas famílias em que elas não são nulas. 51 Fica patente, portanto, a amplitude do sistema previdenciário brasileiro e o quão substancial é a renda recebida por aposentados e pensionistas. Em relação ao primeiro indicador, cabe resgatar outro que ilustra o mesmo fato: cerca de 80% dos idosos – pessoas de idade igual e superior a 60 anos – recebem benefícios previdenciários. Já o dado de reposição da renda quando da inatividade mostra-se em patamar semelhante à de países que contam com robustos sistemas de proteção social. I.2.2. Tributos Indiretos na POF Com base na POF é possível estimar a incidência dos seguintes tributos indiretos: o ICMS, o IPI, o PIS, a COFINS e a CIDE, com base nas alíquotas aplicadas a cada modalidade de tributo. No caso do ICMS, que é de competência dos estados, é necessário conhecer as legislações estaduais, ou adotar como referencia aquela adotada em um, ou mais de um, estado entre os mais importantes. No caso do IPI e do ICMS, as alíquotas, relativas a cada item de despesa, bem como os benefícios tributários concedidos para alguns produtos, sejam isenções, sejam reduções de base de cálculo podem ser obtidos a partir do regulamento aplicado pelo governo federal e pelos estados Esses benefícios são em maior número e mais complexos no caso do ICMS, e se destinam, de modo especial, a produtos de primeira necessidade e àqueles que sofrem maior competição de outros estados e/ou países. Algumas despesas são descartadas, pois se referem ao pagamento de serviços, impostos e taxas. Inscrevem-se, nesse grupo, as despesas com serviços pessoais, as denominadas “outras despesas correntes” e as despesas que tratam da diminuição do passivo, bem como parcelas das despesas diversas e dos gastos com educação, saúde e habitação. Sobressaem nesse grupo os gastos com jogos e apostas, cerimônias e festas, serviços profissionais, cursos regulares, serviços de assistência à saúde, aluguéis consertos de artigos do lar. Além disso, consideram-se somente as despesas monetárias, pois as despesas 13 não-monetárias são predominantemente serviços não passíveis de tributação pelos impostos em tela ou originam-se de atividades realizadas à margem dos mercados. No caso do PIS e da COFINS, a opção é adotar, para todos os gastos com os produtos considerados passíveis de tributação pelo ICMS e pelo IPI, a alíquota de 9,25% que se aplica às empresas que optam 14 pelo regime de incidência não-cumulativa. Ou seja, considera-se que essas contribuições incidem sobre o consumo das famílias na medida das suas alíquotas. Cabe examinar as implicações dessa opção, dado que uma gama expressiva de empresas, ou melhor, de setores produtivos encontra-se no regime de incidência cumulativa, implicando alíquotas efetivas distintas da do regime não-cumulativo. Os procedimentos adotados na estimativa da incidência desses tributos parte da aplicação, em uma primeira etapa, aos gastos – preços – da respectiva alíquota nominal do ICMS, obtendo-se o valor correspondente a esse tributo. Vale notar que ao aplicar a alíquota nominal do ICMS ao gasto ou preço, como rege a legislação desse tributo, na realidade se está praticando uma alíquota superior, se considerarmos que a base de incidência é o preço sem o tributo ( O ICMS é cobrado “por dentro”). Em uma segunda etapa, desconta-se dos gastos a parcela correspondente ao ICMS, gerando-se assim novos valores, que incorporam a parcela correspondente ao IPI. Desses montantes foram extraídos os valores anteriores ao recolhimento do IPI e do ICMS através da seguinte fórmula: dispêndios líquidos na ausência de ICMS e IPI = (gastos – ICMS)/(1+alíquota nominal do IPI) A POF 2002-2003 apresentou como grande novidade a investigação das despesas não monetária com bens e, no caso dos serviços, com o usufruto do imóvel próprio ou cedido e com os de assistência à saúde. 14. “As alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, com a incidência não-cumulativa, são, respectivamente, de um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento (1,65%) e de sete inteiros e seis décimos por cento (7,6%).” 13 52 15 Podendo-se obter, em seguida, o valor dos gastos correspondente ao pagamento do IPI. Essa seqüência de procedimentos tem por fundamento o fato de o IPI fazer parte da base de cálculo do ICMS. Quanto ao PIS e à COFINS, aplica-se a alíquota do regime de não-cumulatividade aos valores globais dos correspondentes dispêndios, resultando daí a parcela relativa a essas contribuições. Quando se decide aplicar aos gastos as alíquotas legais do ICMS e do IPI, levando-se em conta isenções, benefícios e modalidades de operacionalização, tem-se por pressuposto que é perfeita – estatutária – a operação desses impostos, não ocorrendo, portanto, elisões fiscais, cobranças em cascata (cumulatividade), sonegações, entre outros. Tal situação é, evidentemente, hipotética, sendo aqui considerada com base em dois pressupostos. O primeiro diz respeito ao fato de que os produtos de maior peso no orçamento das famílias, sejam pobres ou não, têm em suas cadeias de produção e comercialização o predomínio de grandes indústrias e empresas, que são, grosso modo, formadoras de preços. Essas se caracterizam pela legalidade de suas operações tributárias e fiscais, ou seja, em seus preços estão presentes os custos tributários, onde se sobressaem os impostos indiretos aqui tratados: ICMS, IPI e PIS/COFINS. Isso porque a parcela de tributos presente nos preços praticados pela grande indústria, atacado e varejo, é a margem que possibilita àquelas que elidem serem ainda competitivas. Decorre disso o segundo pressuposto, não se está aqui estimando os impactos da tributação indireta efetiva, mas o custo desses tributos, ao se considerar que eles fazem parte dos preços da economia como um todo. Assim, é verdade que a incidência estatutária – ou legal – não se efetiva, na totalidade, em termos de recursos fiscais, mas, de outro lado, ela se constitui em um custo para as famílias na efetivação de seus gastos. No caso da CIDE incidente sobre operações realizadas com combustíveis (CIDE-Combustíveis), consideramse, de um lado, as alíquotas, definidas em 2004, de R$ 0,28 por litro de gasolina e de R$ 0,07 por litro de óleo diesel; e, de outro, a média dos preços desses combustíveis praticados naquele ano. Como resultado, chega-se a alíquotas efetivas de 14,7% e de 5,6% para gasolina e óleo diesel, respectivamente. No caso do ICMS é preciso ter em mente a dificuldade de levar em conta o efeito da concessão de benefícios tributários, uma vez que eles diferem entre os estados brasileiros, sendo razoável supor que aqueles que dispõem de maior riqueza e, portanto, de maior base tributária, contam com maiores possibilidade de conceder benefícios tributários, notadamente sobre o consumo, ainda mais por ser o tributo é cobrado preferencialmente pelo estado produtor e não pelo estado consumidor. Os trabalhos anteriores a este que buscaram apurar a carga tributária indireta elegeram um estado representativo e uma cidade representativa. A limitação desse tipo de levantamento é que não são captadas as diferenças regionais na política tributária. Cabem sublinhar que nos resultados preliminares apresentados nesse relatório empregou-se, ainda como parâmetro, as alíquotas do ICMS aplicadas no estado de São Paulo. No relatório final os resultados abrangerão todo o cipoal de situações estaduais. Este trabalho dará um passo adiante, pois, além das especificidades dos impostos federais selecionados, pretende levar em consideração as alíquotas do ICMS de cada estado, bem como os tratamentos diferenciados, tais como a redução da base de cálculo e isenção, previstos nos Regulamentos do ICMS de cada Unidade da Federação, para 8.856 produtos investigados pela POF de 2002-2003. Como cada um dos 5.564 municípios tem a sua própria regra para o ISS, foram consideradas as alíquotas das capitais de cada Unidade da Federação. Dentro dos produtos e serviços levantados pela POF de 2002-2003, o ISS incide sobre 856 deles. Sendo assim, há incidência dos tributos indiretos selecionados sobre 9.712 dos 10.436 produtos da POF de 2002-2003. Desta forma, chega-se mais próximo da realidade para cada estado, tornando mais evidentes as particularidades do sistema tributário brasileiro. 15. Para isso, basta subtrair do total anterior (gastos líquidos do ICMS – o numerador do lado direito da fórmula) o novo total obtido (gastos líquidos de ICMS e IPI). 53 a) Alternativa para Estimar a Incidência da Tributação Indireta Outra forma de se estimar a incidência da tributação indireta sobre o consumo familiar utiliza a Matriz de Insumo Produto e as Contas Nacionais. Efetivamente, SIQUEIRA et al. (2001) e PEREIRA & IKEDA (2001), com base nos dados da Matriz de Insumo-Produto e das tabelas de Usos e Recursos das Contas Nacionais, elaboraram metodologias de estimação das alíquotas efetivas levando em conta as características do processo de produção de cada produto, o que permite incorporar os estágios de produção até o consumo 16 final . No caso das contribuições, a metodologia empregada por PEREIRA & YKEDA busca depurar a matriz de coeficientes técnicos dos efeitos das contribuições cumulativas por meio de um expediente recursivo, para, então, estimar as alíquotas efetivas, tendo em vista a cumulatividade das contribuições e os 17 encadeamentos produtivos. Uma dificuldade presente nessa abordagem, além das criticas que se tem com respeito à consistência da matriz de insumo-produto, diz respeito ao elevado grau de agregação dos setores da matriz e das contas nacionais em relação à discriminação detalhada dos bens e serviços da POF. Assim, perde-se parte da riqueza de informações da POF e se força uma compatibilização entre os setores e as rubricas de despesas, cuja relação não é direta. Pretende-se desenvolver, no presente estudo, estimativas de incidência baseadas nas Contas Nacionais, tendo presente a necessidade de construir um “tradutor” entre as rubricas das Contas Nacionais e as relativas às despesas da POF. A construção desse tradutor será uma das atividades desse estudo, pois com ele tornar-se-á possível estimar a carga tributaria efetiva sobre as famílias, o que será cotejado com as estimativas com base no “perfeito” funcionamento da legislação dos tributos indiretos. Vale notar que o IBGE desenvolveu “tradutor”, com o objetivo de empregar os dados da POF nas Contas Nacionais, especificamente para o consumo das famílias, o qual se buscará junto ao Departamento das Contas Nacionais. II. GASTOS SOCIAIS II.1. Estrutura dos Gastos Sociais e seu Desempenho Recente Uma primeira visão geral do gasto público pode ser extraída da consolidação dos balanços das três esferas 18 de governo, com a Tabela 5 reportando a situação em 2000 e 2008. Na forma consolidada que são divulgadas pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), o total da despesa chega a 62,5% do PIB no último ano. Porém, tal magnitude, alerta-se, está supervalorizada pelas transferências intergovernamentais (montam a 8,83% do PIB, computadas as concedidas pelo governo federal e também pelos estaduais), que implicam em dupla ou múltipla contagem, bem assim pelo giro da dívida pública e sua escrituração pelo regime de caixa, que distorcem o real gasto com o seu serviço (18,71% do PIB). Assim, se fossem deduzidas as transferências entre governos e o serviço da dívida, o total do gasto primário cairia para 39,72% do PIB em 2009. “... impostos indiretos são arrecadados em vários estágios do processo de produção e venda, de forma que seus efeitos sobre os preços pagos pelo consumidor final na cadeia de transações não são claros. O efeito final sobre os preços depende não apenas da medida em que os impostos são transferidos para frente em cada estágio de produção, mas também da estrutura precisa das transações interindustriais”.(SIQUEIRA et al. 2001: 514) 17 “..., num quadro de tributação cumulativa os valores dos insumos estão inflados, o que se transmite para os valores da produção e, por conseqüência, dos coeficientes técnicos. ... Foi preciso, partir da estimativa (viesada) dos efeitos da tributação em cascata obtida com base na matriz suja de impostos e aplicá-la para desinflar os valores transacionados entre os setores ... Desta forma chega-se, após varias rodadas desse processo, a uma estimativa da matriz limpa de impostos”. (PEREIRA & IKEDA, 2001: 1) 18 A STN ainda não divulgou dados consolidados de despesa do setor público para o ano de 2009. 16 54 Tabela 5 – Despesas do Setor Público Consolidado pro Grupo de Natureza – 2000 a 2008 Despesa do Setor Público Consolidado por Grupo de Natureza - 2000 e 2008 Natureza de Despesa Despesas Correntes Pessoal e Encargos Sociais Juros e Encargos da Dívida Outras Despesas Correntes Despesas de Capital Investimentos Inversões Financeiras Amortização/Refinanciamento da Dívida Despesa Total R$ Bilhões 435,40 213,22 47,43 174,75 398,41 27,41 16,79 354,22 833,81 2000 % do PIB 36,91 18,08 4,02 14,82 33,78 2,32 1,42 30,03 70,69 % do Total 52,22 25,57 5,69 20,96 47,78 3,29 2,01 42,48 100,00 R$ Bilhões 1263,45 384,41 130,47 748,57 614,98 93,70 51,02 470,26 1878,42 2008 % do PIB 42,05 12,79 4,34 24,91 20,47 3,12 1,70 15,65 62,51 % do Total 67,26 20,46 6,95 39,85 32,74 4,99 2,72 25,03 100,00 2008-2000 % do PIB % do Total 5,13 15,04 -5,28 -5,11 0,32 1,26 10,10 18,89 -13,31 -15,04 0,79 1,70 0,27 0,70 -14,38 -17,45 -8,18 0,00 Fonte: Consolidação das Contas Públicas/STN. Em que pese as distorções nas magnitudes, a evolução mostra uma tendência expansionista, em particular das outras despesas correntes (+10,1 pontos do PIB), em ritmo bem superior ao dos investimentos (+0,8 pontos). Outra forma de observação do gasto público, e que permite a observações dos setores onde estão sendo aplicados os recursos do setor público, é a despesa pela ótica da função. A tabela 6 mostra a relação das funções de governo em que União, estados e municípios gastaram em 2000 e 2008 – mais uma vez, levando em conta o valor originalmente divulgado pela STN. Chama-se a atenção que essa mera agregação embute uma dupla ou múltipla contagem dos gastos, uma vez que não são consideradas e eliminadas as despesas com transferências intergovernamentais. No caso dos gastos sociais, tal distorção afetar sobremaneira a função Saúde por conta dos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS), com os mesmos recursos contando no governo federal e, por vezes, também no estadual; as transferências concedidas em 2008 são estimadas em 1, 31% do PIB, com isso o gasto líquido deve ter sido de 3,45% do produto. A função previdência, por compreender apenas benefícios, não é afetada mas, vale lembrar que o gasto próximo a 17% do PIB leva em conta não apenas os benefícios pagos pelo regime geral, como também pelos regimes próprios dos servidores públicos. Tabela 6 – Despesa do Setor Público Consolidado por Função – 2000 e 2008 55 Despesa do Setor Público Consolidado por Função - 2000 e 2008 Função Legislativa Judiciária Essencial à Justiça Administração Defesa Nacional Segurança Pública Relações Exteriores Função Social Assistência Social Previdência Social Saúde Trabalho Educação Cultura Direitos da Cidadania Urbanismo Habitação Saneamento Gestão Ambiental Ciência e Tecnologia Agricultura Organização Agrária Indústria Comércio e Serviços Comunicações Energia Transporte Desporto e Lazer Encargos Especiais Outros Despesa Total R$ Bilhões 7,46 16,22 0,68 6,59 10,63 2,19 0,75 138,22 4,44 93,41 20,27 6,88 10,62 0,24 0,41 0,19 1,61 0,16 1,14 1,24 7,65 1,09 0,32 1,86 0,58 0,52 13,85 0,17 434,59 188,04 833,81 2000 % do PIB 0,63 1,38 0,06 0,56 0,90 0,19 0,06 11,72 0,38 7,92 1,72 0,58 0,90 0,02 0,03 0,02 0,14 0,01 0,10 0,11 0,65 0,09 0,03 0,16 0,05 0,04 1,17 0,01 36,85 15,94 70,69 % do Total 0,90 1,95 0,08 0,79 1,28 0,26 0,09 16,58 0,53 11,20 2,43 0,83 1,27 0,03 0,05 0,02 0,19 0,02 0,14 0,15 0,92 0,13 0,04 0,22 0,07 0,06 1,66 0,02 52,12 22,55 100,00 R$ Bilhões 19,21 36,74 13,42 65,05 22,19 41,16 1,85 729,91 38,20 315,80 142,78 24,06 146,09 5,15 5,69 34,36 5,31 12,46 7,61 6,79 15,60 4,62 3,75 6,47 1,40 1,66 39,59 3,97 853,86 0,00 1874,84 2008 % do PIB 0,64 1,22 0,45 2,16 0,74 1,37 0,06 24,29 1,27 10,51 4,75 0,80 4,86 0,17 0,19 1,14 0,18 0,41 0,25 0,23 0,52 0,15 0,12 0,22 0,05 0,06 1,32 0,13 28,42 0,00 62,39 % do Total 1,02 1,96 0,72 3,47 1,18 2,20 0,10 38,93 2,04 16,84 7,62 1,28 7,79 0,27 0,30 1,83 0,28 0,66 0,41 0,36 0,83 0,25 0,20 0,34 0,07 0,09 2,11 0,21 45,54 0,00 100,00 2008-2000 % do PIB % do Total 0,01 0,13 -0,15 0,01 0,39 0,63 1,61 2,68 -0,16 -0,09 1,18 1,93 0,00 0,01 12,57 22,35 0,89 1,50 2,59 5,64 3,03 5,18 0,22 0,46 3,96 6,52 0,15 0,25 0,15 0,25 1,13 1,81 0,04 0,09 0,40 0,65 0,16 0,27 0,12 0,21 -0,13 -0,08 0,06 0,12 0,10 0,16 0,06 0,12 0,00 0,00 0,01 0,03 0,14 0,45 0,12 0,19 -8,43 -6,58 -15,94 -22,55 -8,30 0,00 Fonte: Consolidação das Contas Públicas/STN. A citação da consolidação dos balanços visa apenas dar uma idéia inicial da importância do gasto social no orçamento brasileiro e, como tal, a necessidade de incorporar nos estudos de equidade fiscal o impacto redistributivo dessa modalidade de gastos, o que está entre um dos propósitos centrais deste estudo. Se o objetivo deste estudo fosse apenas traçar a magnitude da despesa pública no País, aí caberia aprofundar o levantamento estatístico para corrigir a distorção resultante das transferências entre governos e, mesmo, do serviço da dívida pública, ou, alternativamente, mudar a fonte primária da pesquisa para a contabilidade nacional. Porém, como o objeto deste estudo é a equidade, o que importa é medir quanto de benefício e de serviço público é pago a cada família brasileira, dispensando maiores atenções para o correto gasto nacional. II.2. Bases de dados e procedimentos de estimação O emprego da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) como fonte de informações para a avaliação do impacto distributivo do gasto social permite analisar apenas o efeito da parcela do gasto público relativa às transferências monetárias ou, mais especificamente, aos benefícios previdenciários e assistenciais, às bolsas de estudo e ao seguro desemprego. No governo federal, as transferências monetárias para as famílias, que incluem as relativas à previdência social dos trabalhadores em geral (RGPS) e à dos serviços públicos, bem como parcelas substanciais das ações de assistência social, de proteção ao trabalhador e de alimentação e nutrição, representam 77,4% do Gasto Social Federal (GSF), sendo que os benefícios do RGPS e o dos servidores públicos respondem por mais de 2/3 do GSF. Esse quadro se altera quando se adicionam os gastos sociais efetuados por estados e municípios, uma vez que os gastos em educação básica contam com a participação significativa de estados e municípios, diferentemente do que ocorre nos dispêndios com saúde, em que as transferências governamentais têm 56 papel de destaque. No caso da previdência, as aposentadorias e pensões dos servidores estaduais e municipais também alcançam montantes expressivos. No presente estudo pretende-se estimar, também, os efeitos distributivos das transferências públicas nãomonetárias destinadas às famílias, isto é, daquelas ações e políticas que se consubstanciam em benefícios em espécie. Dentre essas se destacam as políticas de saúde e educação, que se caracterizam pela oferta de bens e serviços à população e não pela transferência de valores (monetários) às pessoas e famílias para a aquisição no mercado dos bens e serviços de saúde e educação. A valoração – monetização – desses serviços e sua alocação nas diferentes famílias, segundo suas características socioeconômicas e demográficas, dependem da existência de informações dos gastos públicos em saúde e educação e de estatísticas de acesso e uso dessas políticas. Conta-se, atualmente, com dados detalhados dos orçamentos das diferentes esferas de governo nessas áreas, bem como informações acerca da utilização desses serviços, segundo algumas de suas características, nas investigações domiciliares. 19 Em verdade, existe para os gastos em saúde, estudo que apresenta metodologia de alocação das despesas do SUS com a produção ambulatorial e as internações hospitalares empregando o suplemento de Saúde da PNAD, realizado nos anos de 1998, 2003 e 2008. Há, assim, uma lacuna na alocação de parcela importante dos gastos em saúde, que não os do Sistema SUS, sejam outras rubricas da execução orçamentária do Ministério da Saúde sejam os gastos próprios de estados e municípios. Adiante são detalhados os procedimentos para alocação do gasto publico em saúde, empregando, de um lado, os dados financeiros do SUS, do Orçamento do Ministério da Saúde e do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) e, de outro, das informações do Suplemento Saúde da PNAD 2003. Não existe na POF dados, que permitam a alocação dos gastos públicos em saúde nas famílias, procedimento que só é possível na PNAD. Já para a provisão publica de educação conta-se com informações relativas à freqüência à escola, se essa é pública ou particular e qual o nível e série escolar que freqüenta tanto na PNAD como na POF. E, em relação aos dados do gasto público, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira estimou o valor mensal per capita gasto pelo poder público – as três esferas – com cada aluno por nível e série escolar. Assim sendo, a valoração da provisão pública em educação é tarefa menos complexa. II.2.1. Benefícios Previdenciários e Assistenciais: que informações se têm das transferências monetárias a) Pesquisa de Orçamentos Familiares O sistema previdenciário está estruturado em dois regimes públicos – o dos trabalhadores do setor privado e o dos funcionários públicos civis e militares – e a previdência complementar, administrada por entidades privadas e fiscalizada pelo setor público. Os dois regimes públicos são de afiliação obrigatória para seus trabalhadores e constituem sistemas de repartição, ou seja, os recursos recolhidos junto aos contribuintes atuais destinam-se ao pagamento dos benefícios de hoje – aposentadorias, pensões e auxílios. Assim, é um pacto social intergeracional, com os ativos financiando os inativos, contando, atualmente, com recursos extras às contribuições. A principal diferença situa-se nos valores dos benefícios, já que no regime geral há um teto, enquanto no regime de funcionários públicos e militares vale como beneficio a última remuneração percebida – ou a média das remunerações recebidas em período relativamente recente. Os dados gerados pelas pesquisas domiciliares brasileiras, no caso do regime previdenciário público, não identificam se as aposentadorias e pensões por elas enumeradas se referem ao regime geral de previdência ou ao regime de previdência dos servidores públicos. Identificando, todavia, aqueles recebimentos originários 19 Ver RAMOS (2001). 57 da previdência privada e, no caso da POF, também, os diversos auxílios, sejam os concedidos pelos empregadores, sejam os de caráter previdenciário. Para uma melhor compreensão dos procedimentos a serem utilizados no estudo é importante conhecer em detalhes os tipos e as propriedades dos benefícios governamentais de caráter previdenciário e assistencial. No caso da previdência social, considerando tão-somente os benefícios concedidos no âmbito do Regime Geral, se conta com dois grandes conjuntos: os previdenciários e os acidentários, ambos geridos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social (MPS). Os benefícios previdenciários são subdivididos em cinco subconjuntos: aposentadorias, pensões, auxílios, salário-maternidade e o agregado “outros”. As aposentadorias se subdividem nas seguintes categorias: por tempo de contribuição; por idade; ou por invalidez. Os auxílios podem ser: por doença, por reclusão e por acidente. No agregado “outros” se encontram o salário-família, o abono de permanência e as vantagens dos servidores. As pensões e o saláriomaternidade não comportam subdivisões. Os benefícios acidentários estão subdivididos em três espécies: os auxílios – doença, acidente e suplementar –, as aposentadorias por invalidez e as pensões por morte. Os dados do Anuário Estatístico da Previdência mostram que as aposentadorias e as pensões por morte – inscritas nos benefícios 20 previdenciários – representam a quase totalidade dos benefícios do RGPS . Vale notar que os regimes próprios de previdência, ou seja, a previdência dos servidores públicos civis e militares das mais variadas esferas conta com benefícios semelhantes e, como já dito, com valores maiores e maior prodigalidade na concessão. Isso pode ser notado pela presença nesses regimes de auxílios natalidade, creche, saúde, tratamento, educação, alguns deles extintos para os trabalhadores do setor privado. Somam-se a esses benefícios da previdência social as transferências monetárias governamentais relacionadas à assistência social e à proteção ao trabalhador. No primeiro caso, têm-se os chamados benefícios assistenciais amparados na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), os programas de transferência de renda para as famílias e populações pobres e os programas de proteção social a jovens e crianças. Enquanto os primeiros inserem-se, grosso modo, no complexo da previdência social, já que sua concessão esta ligada à incapacidade laboral de idosos e deficientes que se encontram em situação de pobreza (ou seja, ligados àquilo que se consideram riscos sociais clássicos), os outros são programas destinados a complementar a renda de famílias pobres ou de assegurar a crianças e jovens condições econômicas para se afastarem do trabalho ou do abuso e exploração sexual. Entre as ações de proteção ao trabalhador, o seguro-desemprego é aquela que se constitui em transferência monetária. Há que se fazer uma distinção entre os diversos benefícios monetários, tal como são aqui considerados (distinção relacionada à realização, ou não, de uma contribuição). Em outras palavras, há benefícios contributivos e não-contributivos. No primeiro grupo inserem-se as aposentadorias, pensões, auxílios e o seguro-desemprego. No outro grupo se encontram as transferências de caráter assistencial, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), a Renda Mensal Vitalícia (RMV), o Bolsa Família (e os programas de transferência de renda que vêm sendo reunidos nesse programa – Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Auxilio-Gás), o Agente Jovem e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), entre outros. Ainda que alguns estudiosos considerem as aposentadorias e pensões rurais como benefícios nãocontributivos, o que se tem, na realidade, é a existência de subvenções para alguns dos benefícios contributivos, caso da previdência social rural, ou melhor, da previdência para segurados especiais que desenvolvem atividades agrícolas em regime de economia familiar. Logo, entre os benefícios monetários encontram-se, de um lado, aqueles que se caracterizam, grosso modo, como um seguro, ou seja, são lastreados pelas contribuições dos trabalhadores e seus empregadores às situações clássicas de risco. De outro, situam-se os voltados a resguardar a população dos mesmos tipos de riscos, mas que contam com 20 Em 2007, as aposentadorias e pensões respondiam por cerca de 90% dos benefícios, em número e valor total. 58 subsídios, dadas as renúncias concedidas às contribuições, especialmente as patronais. A previdência rural e as desonerações para as pequenas empresas optantes do Simples, os empregadores domésticos, as entidades filantrópicas e os clubes de futebol inserem-se nesse conjunto de subsídios. Por fim, os benefícios claramente não-contributivos, como os programas de transferência de renda, e os normatizados pela LOAS. Ora, os dados, como se verá, mostram que o perfil distributivo dos benefícios previdenciários é muito semelhante ao das contribuições, podendo-se concluir que a distribuição das aposentadorias reflete em grande medida a compra do seguro provido pelo setor público, conclusão que deve ser contextualizada, pois não se conta com informações sobre a distribuição das renúncias concedidas às contribuições patronais. Os tipos de recebimento categorizados pela POF que guardam similaridade com as transferências monetárias realizadas pelo poder público – benefícios previdenciários, assistenciais, de proteção ao trabalhador e educacionais – podem ser reunidos em cinco grandes agregados: aposentadorias e pensões ; auxílios; bolsa de estudo; programas de transferência de renda; e seguro-desemprego. . Isso permite incluir na análise alguns tipos de benefícios concedidos pelos empregadores em caráter facultativo, ou em razão de acordo trabalhista, bem como os concedidos a servidores públicos. O Quadro 3 relaciona as informações contidas na POF às distintas espécies de transferências. Quadro 3 - Tipos de Transferências Monetárias – Benefícios – Investigados na POF 2002-2003 e Relação com as Políticas Públicas. Grupo de benefício 1 Tipo de transferência Aposentadorias e pensões 2 Auxílio deficiência 3 Auxílio doença 4 5 Descrição na POF Código POF Aposentadoria e pensão do instituto de previdência pública 5301101 Pensão do instituto de previdência pública 5301102 Aposentadoria, pensão do inst. de prev. pública 5301103 Restituição da previdência pública 5402901 Devolução da previdência pública 5402902 Pensão do instituto de previdência pública 5401102 Pensionista (rendimento) 5403001 Auxílio a portadores de deficiência física Auxílio doença Regime Geral da Previdência Social e Regimes Próprios de Previdência (serviço público): aposentadoria por idade; aposentadoria por tempo de contribuição; aposentadoria por invalidez; aposentadoria especial; pensão por morte 5304001 BPC – Deficiência 5304401 RGPS – benefício previdenciário ou acidentário CNPq e CAPES: bolsa de estudo Programas Federais, Auxílio médico 5304402 Bolsa de Estudo Bolsa de Estudo 5301301 Programas de Renda Mínima 5303501 59 Política Pública Transferência de Renda 6 Seguro desemprego 7 Auxílios Maternidade e Natalidade 8 9 10 PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil Cesta Básica Cartão Cidadão Auxílio-Leite Bolsa Renda Bolsa-Escola Bolsa Escola Adjunto de solidariedade Agente Jovem – programa governamental para jovem desempregado Auxílio-Gás Auxílio Energia Elétrica Seguro-desemprego Salário-desemprego Auxílio-desemprego 5303502 5303503 5303504 5303505 5303506 5303601 5303602 5303701 5303801 5303901 5304101 5402301 5402302 5402303 Auxílio-natalidade 5401201 Auxílio-maternidade 5402401 Auxílio-doença (previdência pública) 5401301 Auxílio-saúde 5402601 Auxílio-tratamento 5404301 Auxílio de Acidente de Trabalho Acidente de trabalho (previdência pública) 5402801 Auxílio Educação Auxílio-educação Auxílio-creche Salário-educação Auxílio-escola Auxílio-mãe guardiã 5403201 5403202 5403203 5403204 5403205 Auxílios para Tratamento de Saúde Estaduais e Municipais de Transferência de Renda: Bolsa Família MDS – Proteção Social Básica e Especial Auxílio a famílias em municípios em calamidade (seca) Seguro-desemprego Benefício para servidores públicos RGPS – salário maternidade RGPS – benefício previdenciário ou acidentário Benefício a servidores ressarcimento a gastos em saúde RGPS: benefício previdenciário ou acidentário Benefício concedido pelo empregador – público ou privado – sem relação com os regimes previdenciários Benefício para servidores públicos Benefício para servidores 12 Auxílio Funeral Auxílio-funeral 5403601 públicos Fonte: POF, Cardoso Jr. & Castro (2005), Boletim de Políticas Sociais do IPEA (vários números) 11 Auxílio Velhice Auxílio-velhice 5403801 b) PNAD Na PNAD são coletadas os rendimentos do trabalho – principal, secundário e de outros –, das aposentadorias e pensões – sejam públicas sejam privadas –, do abono de permanência, de aluguéis, de doações e de outros rendimentos – grande grupo que contém juros de caderneta de poupança e de outras aplicações financeiras, dividendos, programas sociais, etc. Assim como na POF, os rendimentos oriundos de aposentadorias e pensões públicas não estão discriminados pelo regime, ou seja, encontram-se juntos os 60 oriundos do RGPS – INSS - e dos RPPS – servidores públicos civis e militares. Buscar-se-á, com base nos registros administrativos, discriminar as aposentadorias e pensões públicas, segundo o Regime de Previdência Social. Na seção seguinte, explicita-se tal procedimento para a POF 2002-2003, processo que pode ser reproduzido nas PNADs. Já os rendimentos provenientes da Assistência Social Pública, tanto o BPC-LOAS como o Programa Bolsa Família, encontram-se, em grande medida, na categoria “outros rendimentos”. Verdade que, no caso do BPC-LOAS, é possível que parcela expressiva dos beneficiários o considerem como um tipo de aposentadoria e pensão, estando, assim, computados nessa categoria de rendimentos. Por outro lado, nas PNADs de 2004 e 2006 foram realizados suplementos específicos sobre os programas assistenciais governamentais, onde foram coletadas informações sobre os programas que beneficiavam os domicílios, tendo sido, ademais, determinado aos entrevistadores que os rendimentos desses programas fossem coletados na variável outros rendimentos. Para esses dois anos, portanto, existem melhores informações sobre os rendimentos oriundos da assistência social pública. De toda sorte, para os todos os anos da PNAD, pode-se discriminar os programas de transferência condicionada de renda, no caso o Bolsa Família, empregando os valores que tal programa transfere em função da renda e da composição demográfica. Explicitando melhor, o Programa Bolsa Família transfere recursos às famílias segundo sua renda e o número de crianças e adolescentes que a compõe, existindo o que se denomina valores típicos de repasse desse programa. Discriminando na variável outros rendimentos aqueles iguais a tais valores típicos ter-se-á uma proxi dos rendimentos provenientes do Bolsa Família. Concretamente, os valores típicos correspondentes ao Programa Bolsa Família, bem como de seus remanescentes (Bolsa Escola, Cartão Alimentação, Bolsa Alimentação e Auxílio Gás), validos para setembro de 2008, quando da coleta de dados da última PNAD disponível eram: R$ 50,00; R$ 65,00; R$ 80,00; R$ 95,00; R$ 15,00; R$ 30,00; R$ 45,00; R$ 58,00; R$ 76,00; R$ 94,00; R$ 18,00; R$ 36,00; R$ 54,00; R$ 88,00; R$ 118,00; R$ 106,00; R$ 136,00; R$ 124,00; R$ 154,00; R$ 142,00; R$ 172,00; R$ 48,00; R$ 78,00; R$ 66,00; R$ 96,00; R$ 84,00; R$ 114,00; R$ 62,00; R$ 82,00; R$ 102,00; R$ 122,00; R$ 92,00; R$ 112,00; R$ 142,00; R$ 132,00; R$ 162,00; R$ 152,00; R$ 182,00; R$ 20,00; R$ 40,00; R$ 60,00; R$ 30,00; R$ 70,00; R$ 100,00; R$ 90,00; R$ 120,00. Já no caso do BPC, considerar-se-á como rendimento proveniente dessa política todos os valores iguais ao salário mínimo no mês de referencia da PNAD na variável outros rendimentos. Vale notar, todavia, que tal procedimento implicará em subestimar o impacto dessa política, visto que parcela expressiva dos rendimentos dela provenientes deve ter sido coletada, como já dito, nos rendimentos originários de aposentadorias e pensões públicas. Assim sendo, na avaliação dos efeitos distributivos das aposentadorias e pensões realizar-se-á a análise daquelas cujo valor é igual ao salário mínimo da época associando a essas os rendimentos de mesmo valor apurados na variável outros rendimentos. c) Discriminando os Regimes Previdenciários na POF de 2002-03 e nas PNADs Conforme mencionado, as pesquisas domiciliares não discriminam a qual dos dois regimes os benefícios recebidos à conta da previdência pública se refere. È necessário, portanto, adotar procedimentos complementares para separar os beneficiários do regime geral de previdência (PDPS), dos regimes previdenciários próprios de servidores públicos (RPPSs) O primeiro passo consiste em estimar a quantidade de servidores públicos estaduais e municipais aposentados, uma vez que os registros administrativos – MPS e STN do Ministério da Fazenda – fornecem tão-somente os valores anuais gastos com aposentadorias e pensões. Com base em pesquisa junto aos 61 21 demonstrativos previdenciários dos Regimes Próprios de Estados e Municípios , obtêm-se valores de R$ 1.800 e R$ 1.000 como as remunerações médias mensais de aposentados e pensionistas estaduais e municipais, respectivamente. O número de servidores estaduais e municipais é então obtido dividindo-se o gasto anual por treze (são treze pagamentos por ano) e o resultado dessa operação pelo valor médio dos benefícios. Somando-se aos valores estimados de gastos mensais de estados e municípios os gastos efetuados à conta do RGPS, disponíveis na Base de Dados da Previdência Social, e os realizados pelo governo federal, divulgados no Boletim Estatístico de Pessoal do MPS, chega-se à quantidade mensal de pagamentos de aposentadorias e pensões, que, em 2002, foi de 22,3 milhões. Como esse valor é 1,29 vezes superior ao captado pela POF de 2002-2003, aplicou-se, então, um fator de ajuste – 0,776 – às quantidades de aposentadorias e pensões presentes nos registros administrativos dos dois regimes – RGPS e RPPSs – a fim de adequá-las à POF (tabela 7). Tabela 7 – Quantidade e valor das Aposentadorias e Pensões, segundo os regimes de previdência, e comparação com os dados coletados pela POF 2002-03 Benefícios Valores Mensais total em 2002 (1.000) milhões de R$ (2) (3) Regimes médios mensais R$ RGPS Aposentadorias, Pensões e Benefícios Assistenciais 19.649 82.755 323,97 943 31.629 2.580,83 31.680 2.585,07 RPPS Federal Min. Planejamento Min. Previdência Social Estados Séc. Tesouro Nacional 1.314 30.759 1.800 Min. Previdência Social 1.300 30.418 1.800 395 5.130 1.000 Estimativa total (A) (1) 22.286 149.982 517,68 Pesquisa de Orçamentos Familiares (B) 17.289 115.493 513,84 Municípios (Sec. Tesouro – MF) 21 Disponíveis em: <http://www.previdencia.gov.br/sps/app/dempre/default.asp>. 62 Cobertura POF (B/A) 77,6% 77,0% 99,3% Fontes: microdados da POF, Base de Dados da Previdência Social, Boletim do Servidor - Min. Planejamento, Secr. Tesouro Nacional Notas: (1) - Nos benefícios dos RPPSs, foram considerados os dados do Min. Planejamento, Min. Previdência Social e Secr. Tesouro para os níveis federal, estadual e municipal, respectivamente. Já para os valores, a diferença foi o emprego dos dados do Min. Previdência no âmbito federal. (2) - O número de beneficiários de Estados e Municípios foi calculado com base nos valores médios mensais arbitrados (em itálico). Posição em dezembro de 2002. (3) - Para o cálculo dos valores médios mensais considerou-se o pagamento de 13 parcelas. O passo seguinte consiste em compatibilizar os estratos de remuneração da estrutura de distribuição de aposentadorias do RGPS com a aplicada aos servidores civis aposentados do Poder Executivo Federal, essa última empregada como uma proxy da totalidade dos RPPSs. A adoção de faixas de SMs se deve ao seu emprego no RGPS. Foi possível fazer o mesmo para os estratos dos servidores aposentados porque esses estratos são compostos de intervalos de múltiplos de R$ 100 e, em 2002, o SM era de R$ 200. Isso permite estimar a participação dos benefícios de cada regime por faixas compatíveis de remuneração (ver tabela 8) Um resultado bem consistente é encontrado pelo sorteio aleatório dos beneficiários por faixas de rendimento, respeitando-se a distribuição dos benefícios por regime e pela faixa anteriormente estimada. Cabe, todavia, alertar para alguns vieses na distribuição segundo os montantes globais. É constatado um superdimensionamento da participação do RGPS, que passa a representar 60% frente aos 55% apontados pelos registros administrativos. E, no caso da estrutura de participação no valor total do RGPS, segundo faixas de SMs, é observada uma queda na parcela apropriada pelas faixas intermediárias e incrementos nas faixas extremas. Tabela 8 - Estrutura de Distribuição dos Benefícios, segundo Faixas de Salários Mínimos, por Regimes de Previdência Social. (Em %) Estratos de Valor Compatíveis RGPS RPPSs Participação no total até 3 SM. 99,4 0,6 80,4 3 a 4 SM. 88,8 11,2 4,7 4 a 5 SM. 84,3 15,7 3,9 5 a 6 SM. 69,9 30,1 3,1 6 a 7 SM 59,8 40,2 1,7 7 a 10 SM 35,8 64,2 2,5 2,9 97,1 3,7 Acima de 10 SM Fontes: IBGE/POF (microdados), Base de Dados da Previdência Social, Boletim do Servidor – Ministério do Planejamento. 63 II.2.2. A provisão publica em Saúde e Educação: possibilidades de valoração dos benefícios não monetários O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação estimou o valor gasto por aluno, segundo níveis de ensino, nas escolas públicas. Aplicando-se esse valor estimado às pessoas que freqüentam escola pública em que nível, informação essa apurada pela PNAD, é possível atribuir valores à provisão pública em educação para cada um dos domicílios. Na tabela 9 encontram-se os valores estimados para o período 2000 a 2008, deflacionados para valores desse último ano, tendo sido consideradas as despesas com pessoal ativo, encargos sociais, outras despesas correntes, despesas de capital e em P&D, relativos às três esferas de governo. Não foram, portanto, incluídas as despesas com aposentadorias e pensões, bolsas de estudo, financiamento estudantil e juros, amortizações e encargos da dívida da área. Tabela 9 - Estimativa do Investimento Público Direto em educação por estudante com os valores corrigidos para 2008 pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por nível de ensino – Brasil 2000 – 2008 Investimento Público Direto por Estudante (R$1,00 de 2008) Níveis de Ensino Ano Total em todos os Níveis Ensino Fundamental Educação Educação Básica Infantil De 1ª a 4ª Séries ou Anos Iniciais De 5ª a 8ª Séries ou Anos Finais Ensino Médio Educação Superior 2000 1.667 1.388 1.587 1.365 1.393 1.324 15.341 2001 1.726 1.439 1.433 1.349 1.518 1.506 15.161 2002 1.722 1.426 1.350 1.576 1.463 1.060 14.374 2003 1.724 1.448 1.553 1.526 1.450 1.217 12.594 2004 1.824 1.548 1.655 1.638 1.656 1.133 12.749 2005 1.940 1.643 1.566 1.833 1.746 1.146 12.965 2006 2.259 1.961 1.695 2.019 2.217 1.568 13.076 2007 2.612 2.291 2.069 2.408 2.509 1.837 13.861 2008 2.995 2.632 2.206 2.761 2.946 2.122 14.763 Fonte: INEP/MEC No caso da Saúde, utilizar-se-á como ponto de partida da metodologia desenvolvida por Ramos (2001), que, utilizando o suplemento de saúde da PNAD, no caso 1998, e dos dados do SUS de produção ambulatorial e de internações hospitalares estimou os impactos distributivos dessa parcela do gasto público em saúde. No caso do presente estudo, empregar-se-á também o Suplemento de Saúde das PNADs de 2003 e 2008 e os dados da produção ambulatorial e de internações hospitalares do DATASUS (SIA/SIH), sendo que para os 64 gastos serão, também, consideradas outras despesas presentes na execução orçamentária do Ministério da Saúde, bem como os gastos de Estados e municípios disponíveis no SIOPS. Com base nos dados da execução orçamentária do Ministério da Saúde (MS) de 2003 e de 2008, é possível classificar os gastos em saúde em seis grandes grupos e 26 subgrupos, conforme a tabela 10. Foram excluídos os gastos do MS com pessoal inativo, amortizações, juros e investimentos, pois essas despesas não se relacionam ao provimento de serviços públicos de saúde, ao menos no momento em que se avalia o impacto distributivo (é possível dizer que se tratam de serviços prestados anteriormente, como no caso dos inativos, ou que podem se realizar no futuro, caso dos investimentos). Tabela 10 - Gasto público federal com saúde – Brasil, 2003 Valor gasto Grande Grupo Subgrupo % (em 2003 ) Internações Obstetrícia 865 349 095 3.3 Pediatria 765 699 275 2.9 Psiquiatria 545 615 197 2.1 4 677 463 498 17.7 INCA e Pioneiras Sociais 328 395 713 1.2 Consultas médicas 630 149 443 2.4 39 886 797 0.2 Consultas com outros profissionais 644 765 640 2.4 Quimioterapia, hemodiálise e afins 1 691 798 413 6.4 30 351 252 0.1 Cirurgia em ambulatório 347 185 700 1.3 Gesso ou imobilização 238 561 843 0.9 2 534 238 158 9.6 242 577 992 0.9 3 519 620 073 13.4 409 603 455 1.6 13 629 000 0.1 213 421 462 0.8 Outras internações Consultas odontológicas Injeções e curativos Atendimentos ambulatoriais Exames complementares Outros atendimentos PAB e PSF Vacinas e vacinações Proesf Outros Hospitais próprios do FNS 65 ANSS 59 761 795 0.2 Manutenção do SUS (diversos) 492 722 473 1.9 Farmácia Básica 176 643 969 0.7 Medicamentos 633 974 908 2.4 DST/Aids 550 999 998 2.1 Medicamentos excepcionais 516 000 000 2.0 3 330 832 338 12.6 136 889 214 0.5 2 643 740 473 10.0 6 700 000 0.0 71 265 170 0.3 26 357 842 344 100 Medicamentos Pessoal Ativo Pessoal ativo Manutenção de unidades indígenas Programas universais, pesquisa científica Serviços públicos KFW Ceará e Piauí Prevenção do câncer cérvico-uterino Total Fonte: Execução orçamentária do Ministério da Saúde, 2003. O agrupamento em quatro categorias de internações busca a compatibilização dos dados de internações hospitalares do SUS com o quesito das PNADs relativo a internações nos últimos 12 meses. Discriminou-se da população que foi internada, segundo a PNAD, as realizadas por crianças até 11 anos de idade e por mulheres que tiveram filhos e aquelas pessoas cuja internação foi por motivo psiquiátrico. Assim sendo, tornou-se possível alocar os gastos com as internações pediátricas, obstétricas e psiquiátricas a esses subconjuntos de pessoas. Em uma segunda etapa, dividiu-se o valor gasto pelo MS nesses quatro primeiros subgrupos – obstetrícia, pediatria, psiquiatria e outras internações –pelo número de internações declaradas na PNAD, empregando, ademais, o número de dias internados como ponderados. Para o agregado “INCA e Pioneiras Sociais”, a opção é distribuir o valor gasto para todos os pacientes classificados em “Outras internações”. Em relação aos procedimentos ambulatoriais, realizou-se um esforço de compatibilização entre a pergunta da PNAD referente aos atendimentos realizados nas duas últimas semanas e a ampla gama de procedimentos do Sistema de Informações Ambulatoriais. Esta compatibilização é, grosso modo, a realizada por Ramos (2001) para 1998, tendo sido, no entanto, desenvolvidos ajustes, dado que houveram mudanças na classificação dos procedimentos no SIA/SIH, bem como a incorporação de novos procedimentos. No caso de consultas médicas, odontológicas e com outros profissionais de saúde, injeções e curativos, cirurgias em ambulatório, imobilizações, exames complementares e outros atendimentos pode-se utilizar uma média simples do valor gasto pelo número de atendimentos em cada categoria. Na alocação dos gastos com atendimentos de alta complexidade, empregou-se a categoria de atendimento “Quimioterapia, Hemodiálise e Afins” do Suplemento Saúde da PNAD para a distribuição dessas despesas. Já vacinas e vacinações foram distribuídas igualmente entre as pessoas que declararam ter realizado junto ao SUS este procedimento. 66 Os valores de gastos com o PAB e o PSF foram somados e alocados igualmente entre os indivíduos que declararam terem realizado consultas médicas, atendimento por agente comunitário pelo SUS ou outro atendimento em posto de saúde no âmbito do SUS. Os gastos com o Programa de Estruturação do Programa Saúde da Família (PROESF) foram alocados entre os beneficiários do PAB e do PSF. O grupo “Outros” abarca três subgrupos: hospitais próprios, cuja apropriação pode se basear na utilização de informações referentes à utilização de serviços ambulatoriais ou internações em hospitais públicos do SUS; gastos diversos, especialmente com manutenção administrativa, o DATASUS e a auxílios aos servidores, cujos valores podem ser repartidos por igual entre todos que utilizaram serviços ambulatoriais ou internações pelo SUS; e gastos da Agência Nacional de Saúde Suplemente (ANSS), que se podem ser repartidos por igual entre os usuários do setor privado. Quantos aos medicamentos, considerou-se as rubricas “Farmácia Básica” e “Aquisição e Distribuição de Medicamentos” como uma só despesa, distribuindo igualmente entre as pessoas que declararam ter recebido medicamentos gratuitos (exclusive amostra grátis) na última consulta médica. Como não se discrimina na PNAD os potenciais beneficiários dos medicamentos para DST/AIDS, decidiu-se distribuir os recursos com eles gastos para toda a população brasileira. Por fim, para os medicamentos excepcionais a alocação dos gastos foi realizada com base na distribuição dos procedimentos de alta complexidade (“Quimioterapia, hemodiálise e afins”). O destino dos gastos com pessoal ativo vincula-se aos órgãos de trabalho. Assim, as despesas com pessoal ativo da Fiocruz, FUNASA e ANVISA têm caráter universal, sendo, portanto, distribuídos entre toda a população. Por seu turno, os usuários do SUS compartilham de forma igualitária as despesas do FNS e dos hospitais específicos. Já para despesa com pessoal ativo da ANSS, decidiu-se alocar essa despesa entre os usuários de planos de saúde, quesito que se encontra no questionário do Suplemento Saúde; Finalmente, o último grupo constitui é formado por serviços que podem ser considerados bens públicos, cujos valores dividem-se por igual entre o seu público-alvo. No caso dos “gastos universais”, que incluem o controle de endemias, comunicação social e fomento à pesquisa, trata-se de toda a população brasileira. As despesas com manutenção de unidades indígenas devem ser atribuídas à respectiva população e os gastos com a prevenção do câncer cérvico-uterino a mulheres usuárias do SUS. Por último, as despesas com a parceria com o banco alemão KFW no Ceará e no Piauí devem ser repartidas por igual entre a população de cada estado. Uma vez distribuídos todos os gastos federais, basta somar e observar a proporção apropriada por cada tipo de família. No tocante aos gastos estaduais, é possível reproduzir a distribuição dos gastos federais em cada estado. Assim, por exemplo, o total gasto por uma unidade da federação pode ser dividido entre os tipos de família daquela unidade segundo as mesmas proporções do gasto federal realizado nesse mesmo estado. No caso dos municípios, pode-se dividi-los em dois grupos: aqueles pertencentes às regiões metropolitanas (RM‟s) e os demais. Para o primeiro grupo pode-se usar a repartição dos gastos federais nas respectivas regiões metropolitanas para distribuir os gastos dos municípios da mesma região. Para os demais municípios, a opção é somar os gastos municipais em cada estado (exclusive os municípios metropolitanos) e distribuir estes gastos de acordo com os gastos federais com serviços ambulatoriais (exclusive atendimentos de alta complexidade, isto é, quimioterapia, hemodiálise e afins) naquele estado. III. INCIDÊNCIA E OS METODOLÓGICAS III.1 Renda versus Gastos IMPACTOS DISTRIBUTIVOS: 67 DIFICULDADES E QUESTÕES Quando se está debatendo a progressividade ou regressividade da tributação, o que está, de fato, em jogo é o tratamento dado a questões como a eqüidade e o bem-estar, critérios centrais na construção dos sistemas tributários. Agora o problema é definir o que é ser equânime em termos de tributação ou, em outras palavras, como definir aquela “justa parte” que deve caber a cada um para que a eqüidade seja alcançada. Duas são as correntes de pensamentos no tratamento dessa problemática. De um lado, estão os que advogam que a eqüidade da tributação deve se refletir nos serviços públicos oferecidos aos contribuintes, o que se denomina princípio do benefício. A métrica da eqüidade é dada pela consonância entre o montante dos impostos pagos e os serviços recebidos, o que implica dizer que ela não 22 depende somente da estrutura tributária, mas de sua associação à estrutura dos gastos governamentais. A outra corrente tem por preceito a capacidade de pagamento, restringindo a discussão da eqüidade da 23 tributação a essa capacidade stricto sensu, isto é, desvinculada da política de gastos. Na primeira abordagem não se outorga aos tributos característica redistributiva, dado que para serem equânimes, eles devem financiar a provisão de serviços de igual valor ao pago pelo contribuinte. Ou, nessa concepção, como bem diz Vianna (2000, p. 30): “(...) na prática não há como separar tributos destinados a financiar serviços públicos em geral daqueles serviços destinados às necessidades específicas dos contribuintes beneficiários.” Pode-se dar outro tratamento à questão da eqüidade na tributação e de sua conexão com os gastos governamentais, especialmente os sociais. A melhoria na distribuição da renda, ou seja, a busca por mais 24 eqüidade seria uma finalidade da tributação e das políticas públicas. De toda sorte, no caso da tributação, a segunda concepção é a mais adequada aos objetivos do estudo, uma vez que os aspectos redistributivos são por ela considerados. Há, nesse caso, uma discussão a ser desenvolvida que diz respeito aos parâmetros de mensuração da capacidade de pagamento: se a renda ou o consumo? Parece evidente que tal discussão se relaciona, em parte, à modalidade de tributação, se a direta ou a indireta. Para que os tributos diretos tenham efeitos distributivos eles devem ser necessariamente progressivos, ou seja, as alíquotas devem crescer com a renda – que é base de incidência tributária. Ora, isso significa dizer que a tributação progressiva está em conformidade com a noção de capacidade de pagamento. Já na tributação indireta essa relação não é factível, uma vez que não se consegue associar o tributo às características socioeconômicas do contribuinte. Existe somente a possibilidade de associação entre a renda das famílias e os respectivos perfis de consumo, ou seja, alguns grupos de produtos têm um peso maior no orçamento, a depender do nível de renda. Além disso, é fato que, enquanto nas famílias pobres, ou situadas nos estratos inferiores de renda, as despesas em consumo perfazem a quase totalidade do orçamento, no caso das mais ricas, parcela dos rendimentos se destina à poupança, o que implica regressividade na tributação sobre o consumo. Isso se considerarmos a renda como o parâmetro da capacidade de pagamento e não as despesas de consumo. E é quanto a essa escolha que se assiste ao debate em que uns defendem os gastos de consumo como o parâmetro da capacidade do pagamento para os tributos incidentes sobre o consumo, e outros acreditam que se deve preservar a renda como tal parâmetro. O argumento da escolha dos gastos de consumo como base de análise da incidência da tributação indireta é de que eles refletem mais apropriadamente o padrão de vida das famílias do que a renda, em razão de serem mais estáveis ao longo do ciclo de vida. Essa estabilidade está fundada na hipótese de que os Hobbes, Locke e Adam Smith são os precursores dessa abordagem, que repousa no chamado princípio do benefício. Essa abordagem tem suas origens em Rousseau e Stuart Mill. 24. Um dos pressupostos para tanto seria a busca em equalizar as oportunidades consubstanciadas no poder de compra das famílias, ou seja, dar tratamento desigual aos desiguais para se alcançar uma sociedade mais justa em termos de distribuição da riqueza. No limite, seria atender a célebre frase de Marx no Programa de Gotha: “ (...) de cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades”. 22. 23. 68 consumidores nivelam tais dispêndios no decorrer do tempo empregando para isso a poupança ou o endividamento, evitando as variações na renda. Disso resulta que os gastos são mais adequados como parâmetro da capacidade de pagamento, pois reflete melhor aquilo que se denomina renda permanente, ou seja, as oportunidades de consumo no longo prazo. Existem dois tipos de crítica ao uso dos gastos como parâmetro na mensuração da regressividade ou progressividade da tributação. A primeira, de caráter mais teórico, e apontado acima, é que seu emprego implica inibir objetivos redistributivos na montagem dos sistemas tributários. Ora, para que a tributação tenha efeitos distributivos há que empregar a renda, que é a variável que melhor representa a riqueza E, como bem diz Vianna (2000, p. 62): “(...) a idéia de se preservar a poupança, implícita na abordagem do consumo como parâmetro de incidência da tributação indireta, perde sentido ou torna-se estranha, uma vez que a decisão de poupar implica necessariamente a acumulação de riqueza.” Existem, ademais, objeções empíricas ao uso dos gastos. A primeira se relaciona às dificuldades em definir os expurgos no desembolso global para se chegar aos gastos em consumo que efetivamente se caracterizam pela estabilidade ao longo do tempo. Efetivamente, além dos gastos com impostos e dos destinados ao aumento dos ativos e à diminuição dos passivos, devem ser desconsiderados ou não os gastos com aquisição de bens duráveis, com a manutenção do lar e aqueles de menor freqüência? A outra objeção é que na grande maioria dos estudos sobre desigualdade as medidas empregadas se referem à renda, empregada, também, para se estimar pobreza e indigência. Essa objeção é ainda maior quando se tem no escopo da avaliação proposta a tributação direta, que incide efetivamente sobre a renda, e os benefícios monetários governamentais, cuja concessão tem relação com a renda – ou melhor, com o trabalho e/ou com a insuficiência desta. Nessa discussão sobre que parâmetro empregar para a avaliação da incidência tributária é importante verificar que nas POFs é comum a presença de déficits orçamentários nas famílias situadas nos estratos inferiores e médios de renda. Em outros termos, a renda reportada por essas famílias é inferior ao desembolso global, sendo que para aquelas famílias situadas na base da distribuição o descompasso se observa, inclusive, com as despesas de consumo. Esse quadro, que não se observa para as famílias dos estratos superiores de renda, se reflete de duas maneiras no que concerne à discussão sobre que parâmetro empregar na avaliação da incidência dos tributos e da desigualdade: a) a regressividade fica manifesta – chegando a ser bastante pronunciada – quando se utiliza a renda como medida de avaliação; e b) a desigualdade na distribuição dos gastos é inferior à que se observa no caso da renda. III.2. “Decompondo” a Renda: Benefícios e Tributos A avaliação dos impactos distributivos dos diferentes tipos de transferências e de impostos sobre a renda das famílias é realizada por meio dos indicadores usuais de concentração da renda, considerando-se tais indicadores para as rendas anteriores e posteriores à concessão dos benefícios e à incidência „dos tributos. Os impactos distributivos, ou seja, a mudança nos índices de concentração resulta de dois componentes: o primeiro, relativo ao grau de progressividade ou regressividade do benefício ou tributo, e o segundo, concernente aos rearranjos que tais intervenções provocam no ordenamento das famílias pela renda. Emprega-se, então, um esquema de estágios de renda, com a primeira, denominada renda original, constituindo-se dos rendimentos de caráter privado. Ou seja, todos aqueles rendimentos auferidos pelos membros das famílias antes da adição dos benefícios ou da dedução dos impostos. Em um segundo momento adicionam-se à renda original os benefícios monetários concedidos pelo Estado, sejam de caráter previdenciário, sejam assistenciais, obtendo-se a chamada renda inicial. Deduzindo-se desta os impostos sobre a renda, as contribuições previdenciárias e os impostos sobre patrimônio – imóveis e veículos – chega- 69 se à renda final. Subtraindo-se os impostos indiretos resulta a renda disponível ou a renda após a tributação. Tal esquema está descrito na figura 1. Adicionalmente, é importante acrescentar ao efeito distributivo dos gastos os benefícios públicos em espécie – notadamente os serviços públicos educacionais e de saúde, de forma a obter um resultado que reflete o impacto de todos os benefícios e tributos. FIGURA 1 - Estágios de Redistribuição da Renda RENDA ORIGINAL anterior a intervenção governamental (trabalho, vendas, juros, aluguéis, doações, etc.) + BENEFÍCIOS – TRANSFÊNCIAS - MONETÁRIOS (aposentadorias, pensões, auxílios, bolsas, seguro desemprego e outros) = RENDA INICIAL - IMPOSTOS DIRETOS (imposto de renda, contribuições previdenciárias, iptu, ipva e outros) = RENDA FINAL - IMPOSTOS INDIRETOS (icms, ipi, pis-cofins e cide) = RENDA DISPONÍVEL III.3. Decomposição do Índice de Gini e Progressividade de Transferências e Tributos 25 Nesta subseção buscamos apresentar as principais abordagens de avaliação dos impactos distributivos da concessão de benefícios e da incidência tributária. A primeira tem por base a decomposição das medidas de 25 Este tópico se baseia nos trabalhos de Lambert (2001), Hoffmann (2007) e Lerman e Yitzhaki (1994, 1995). 70 desigualdade, que, na maior parte dos casos, é empregada para se avaliar a contribuição das principais fontes de renda na desigualdade. Assim, as transferências monetárias governamentais são uma das fontes de renda avaliadas, dentre as quais sobressai a previdência social. O principal componente da renda é o composto das rendas originárias do mercado de trabalho, que se busca analisar discriminando-as pelos ramos de atividade, posição na ocupação e formalização das relações de trabalho. Por fim, têm-se as rendas provenientes das transferências privadas, das vendas e aluguéis e das aplicações de capital. A avaliação das contribuições para a desigualdade da renda dos tributos diretos e indiretos e das transferências governamentais, por meio da decomposição do índice de Gini, é uma das “metodologias” usualmente empregadas em estudos dessa natureza. Outra abordagem consiste na identificação do grau de progressividade ou regressividade dos benefícios e tributos e seus efeitos no ordenamento das famílias pela renda. A distinção é de caráter instrutivo, dado que em ambas as abordagens se empregam as mesmas medidas de concentração, ou seja, os coeficientes de concentração, e da importância de cada item na renda. Na decomposição a avaliação tem por base a renda resultante, ou seja, só se pode avaliar a contribuição das diferentes parcelas (no caso, as transferências e tributos), quando a concessão ou incidência já se efetivou. No caso da decomposição dos impactos distributivos em efeitos de progressividade e efeitos de rearranjo podem ser consideradas como base de avaliação tanto a renda ex ante como a ex post. A avaliação dos efeitos com base na renda ex post privilegia a avaliação de possíveis mudanças nas políticas previdenciárias, assistenciais, de concessão de benefícios e tributaria, a partir da situação reinante. Ou seja, considera mais interessante responder à pergunta sobre o efeito de um novo real transferido ou retirado do que sobre o impacto do primeiro real concedido ou recolhido em determinado tipo de transferência ou tributo. Vamos considerar que a renda xi – posterior ao beneficio ou ao tributo, ou mais amplamente a renda ex post – está ordenada de maneira que: 26 x1 x2 xn O índice de Gini dessa distribuição pode ser calculado por meio da expressão Gx 2 n 2 n i 1 ixi 1 1 n (1) ou Gx com 2 cov(i, xi ) , n (2) 1 n xi ni 1 Admite-se que a renda xi é formada por k parcelas: k xi 26. h 1 xhi (3) A apresentação a seguir está baseada em Hoffmann (2007). 71 A média da h-ésima parcela é h 1 n xhi ni 1 (4) e a respectiva participação na renda total é n h i 1 n h xhi i 1 (5) xi Substituindo (3) em (2), se obtém k Gx 2 n Gx 2 k nh1 h 1 cov(i, xhi ) ou 1 h cov(i, xhi ) (6) h De modo semelhante a (2), pode-se definir a razão de concentração da h-ésima parcela como Ch 2 n cov(i, xhi ) h x 2 cov i , hi n h (7) Deve-se ter presente que as razões de concentração são definidas com base na ordenação pela renda final. Como resultado de (6) e (7), tem-se que k Gx h 1 h Ch (8) Como se pode depreender, a razão de concentração é proporcional à covariância entre as posições de ordem i e as rendas relativas xhi h . Assim, a razão de concentração não é afetada pela troca de sinal da parcela, uma vez que as rendas relativas permanecerão as mesmas. Pode-se verificar que 1 1 1 Ch 1 n n (9) III.3.1. O índice de progressividade de Kakwani 27 27. Para maiores detalhes, ver Lambert (2001). 72 Sendo zi a renda inicial e ti o tributo, a taxa média de tributação é n i 1 n g i 1 onde z ti t zi , (10) z é a média da renda inicial e t é a média do tributo. Neste item vamos admitir que as pessoas estão ordenadas conforme os valores da renda inicial, isto é, z2 zn z1 Então o índice de Gini da renda ex ante é 2 Gz n cov(i, zi ) z e a razão de concentração do tributo é 2 cov(i, t i ) n t Ct Seja C z t a razão de concentração da renda após a cobrança do tributo e seja G z t o respectivo índice de Gini. O índice de progressividade de Kakwani é definido como K Ct G z (11) e pode-se demonstrar que Gz Gz g t 1 g K (Gz t Cz t ) , Gz Se o tributo não causar reordenação das renda, temos (G z G z t ) é proporcional ao índice de progressividade K (12) t C z t e a mudança no índice de Gini . Logicamente, o efeito sobre a desigualdade será tanto maior quanto maior for a taxa média g. No caso mais geral, como mostra a expressão (12), poderá haver um efeito da reordenação, que nunca será positivo, pois Gz t Cz t (o índice de Gini de uma distribuição não pode ser menor do que a razão de concentração para uma ordenação distinta daquela da própria variável). 73 Consideremos, a seguir, que a renda ex post é obtida adicionando um benefício ( bi ) à renda inicial ( z i ). Temos n i 1 n i 1 com b bi b zi z (13) , sendo o valor médio do benefício. Ainda adotando a ordenação conforme valores crescentes da renda inicial, a razão de concentração do benefício é 2 Cb Seja Cz b n cov(i, bi ) . b a razão de concentração da renda após o beneficio e seja índice de progressividade de Kakwani é definido como Gz b o respectivo índice de Gini. O 28 G z Cb K (14) e pode-se demonstrar que a alteração no índice de Gini devida ao benefício é Gz Gz b K 1 (Gz b Cz b ) , (15) As expressões (14) e (15) mostram que a mudança na desigualdade decorre da progressividade do tributo ou 29 beneficio, ponderado pela participação deles na renda posterior, e de alterações no ordenamento das o famílias. O segundo termo no 2 membro das expressões (12) e (15) é sempre negativo, indicando que, na avaliação dos impactos distributivos, com base na renda anterior, os efeitos de reordenamento podem causar apenas arrefecimento dos ganhos distributivos decorrentes da progressividade. III.3.2. Progressividade e reordenamento: avaliação com base na ordenação ex post 28. HOFFMANN (2007) sustenta o uso do termo “progressividade” para aqueles benefícios que contribuam para a queda da desigualdade, diversamente de LAMBERT (2001). Argumenta que “os termos „progressivo‟ e „regressivo‟ estão diretamente associados à idéia de menor e maior desigualdade”. Lembra, ademais, que “um beneficio corresponde a um imposto negativo”, sendo, portanto, razoável por analogia com a definição de imposto progressivo beneficio é progressivo se d dz b z 0 ou d b dz z 0 d t dz z 0, “considerar que um para todo z”. 29. O índice de Kakwani ponderado pela participação da parcela (tributo ou benefício) na renda posterior foi denominado por Lambert (2001, p. 207) índice de Reynolds e Smolensky. 74 Depreende-se, do anterior, que a avaliação dos efeitos na desigualdade da concessão de benefícios ou da incidência de tributos depende de qual é a renda que se usa para o ordenamento das famílias. E, a principal 30 razão é que o reordenamento se altera conforme a renda que se utiliza como base na avaliação. Para atender ao objetivo de se compreender o que determina a desigualdade da renda posterior à concessão 31 dos benefícios ou à incidência de tributos –– inicial ( z b) , final ( z b d ) e disponível ( z b t ) –– deve-se iniciar com expressões para Gz b , Gz b d Gz , b t , o que significa priorizar a ordenação conforme os valores da renda ex post à intervenção governamental. Deduz-se que, Gz b Gz b t g (Ct G z b t ) (G z b Cz b ) , (16) 32 , sendo que as razões de concentração são calculadas com base na ordenação pela renda disponível. Decidiu-se nomear (Ct G z b t ) como o índice de progressividade de Lerman e Yitzhaki para tributos LY , dado que esses autores apontaram os problemas da analise baseada no ordenamento pela renda ex ante, 33 sustentando o uso do ordenamento pela renda ex post. Segue, então que, Gz b Gz b t g LY (G z b Cz b ) (17) Essa expressão mostra que, analogamente ao apontado no tópico anterior, a mudança no índice de Gini se compõe de um termo associado a uma medida de progressividade do imposto e um efeito puro de reordenação. De modo semelhante aos tributos, a interpretação da desigualdade de renda posterior à concessão do beneficio ( z b) deve se basear na ordenação conforme os valores de z b . As razões de concentração se referem à ordenação de z b. “In particular, estimates of global effects of a tax or transfer will depend on the order in which the source is entered. For example, the inequality impact of the social security tax will differ depending on whether one deducts social security taxes from gross income or from income net of personal income taxes. A major reason is that the rankings differ with each income concept” (Lerman; Yitzhaki, 1995, p. 45-46). 31. Definiu-se d como os tributos diretos e t como o total dos tributos – diretos e indiretos. 32. O C é a razão de concentração dos tributos, com as famílias ordenadas pela renda posterior. t 33. “We favor the use of equation 4 [similar a 16], partly because we think that the after-tax ranking is the appropriate ranking for calculating progressivity” (Lerman; Yitzhaki, 1995, p. 51). 30 75 Deduz-se que, C z Gz (G z b b Cb ) (G z C z ) (18) O índice de progressividade dos benefícios de Lerman e Yitzhaki é definido como LY Gz b Cb Substituindo em (18), segue-se que Gz Gz b LY (G z C z ) (19) Essa expressão mostra, mais uma vez, como a mudança no índice de Gini depende de uma medida de progressividade e de um efeito de reordenação. Como afirmam Lerman e Yitzhaki (1995, p. 51), In the case of tax-induced changes in Ginis, the first term in equation [16 e 19] is greater, equal, or smaller than zero depending on whether the tax, on average, is progressive, a constant share of income, or regressive. (…) The major difference between this index and Kakwani's measure of progressivity is that Kakwani weights the income changes by before-tax rankings while the progressivity index implied in equation 4 weights by after-tax rankings. III.3.3. Efeitos marginais das transferências e tributos na desigualdade de renda A avaliação de alterações no índice de Gini devido a alterações muito pequenas no valor dos benefícios ou dos tributos indica os verdadeiros efeitos dessas intervenções, dado que, nesse caso, não ocorrem reordenamentos das famílias. Ou seja, busca-se identificar as contribuições marginais dos benefícios e tributos na desigualdade. Nas palavras de Lerman e Yitzhaki (1995, p. 47), (...) estimates of marginal inequality effects of income sources reveal the pure impact of narrowing income gaps, since ranks do not change as a result of marginal changes in a particular income source. As noted above, the global or before-after estimates are subject to uncertainty because of rankings. A seguir, será mostrado que a progressividade dos tributos e benefícios, medida pelos índices de Lerman e Yitzhaki LY e LY , é proporcional ao nível de variação no índice de Gini em decorrência de um aumento marginal no valor do beneficio ou do tributo. Seja b o benefício e seja x a renda ex post. Então, a relação entre o valor dos benefícios e o valor da renda inicial é 76 b (20) ( x b) e o índice de Gini da renda ex post é 1 Gx Cx 1 b Cb 1 (21) Supondo-se uma alteração proporcional no valor dos benefícios o novo valor pode ser descrito como bd com 1 (22) b , em que δ é positivo e arbitrariamente pequeno, a ponto de não causar a reordenação das C x b e C b continuarem as mesmas. rendas ex post, o que implica as razões de concentração O novo valor de β é (23) D Assim, o novo índice de Gini da renda ex post é 1 1 Cx e, lembrando (21), a variação de b Cb 1 Gx é 1 Gx 1 1 1 Cx b 1 1 Cb (24) Após alguma manipulação algébrica, usando (21), obtemos Gx 1 Gx 1 (Cb Gx ) (25) Pode-se definir o nível de variação do índice de Gini advindo do incremento marginal do benefício como lim 0 Gx 1 (Cb Gx ) (26) ou, lembrando a expressão do índice de progressividade de Lerman e Yitzhaki, 77 Gx lim (27) LY 1 0 Fica, portanto, explicitado que o índice LY serve para avaliar o efeito, sobre o índice de Gini, de um pequeno aumento proporcional no valor do benefício ou transferência do governo. O efeito é proporcional a esse índice de progressividade, com sinal contrário. Retomando a apresentação inicial da seção, relativa à decomposição do índice de Gini, onde foi visto que, quando a renda final xi é formada por k parcelas –– expressão (3), o índice de Gini pode ser decomposto em k parcelas –– expressão (8) ––, que pode ser expressa do seguinte modo: k h h 1 (C h G x ) 0 Assim como em (26), a intensidade da variação de parcela x hi é dada por h (28) G x decorrente de um pequeno aumento proporcional na (C h G x ) , sintetizando o potencial de cada parcela – no caso dos benefícios – em colaborar na alteração da desigualdade. Uma definição geral do índice de progressividade de Lerman e Yitzaki, válida tanto para benefícios como para tributos, considerando que tributos são parcelas negativas da renda final x, é (sinal de h Note-se que as definições de e LK h LK )(G x C h ) (29) , dadas anteriormente, são casos particulares de (29). De (28) e (29) segue-se que k | h 1 h | h 0 Essa expressão mostra que, havendo parcelas progressivas ( h 0) , obrigatoriamente as outras parcelas serão regressivas, de tal maneira que a soma ponderada das medidas de progressividade seja nula. 78 IV. IV.1. RESULTADOS PRELIMINARES 1: DADOS ADMINISTRATIVOS, INCIDENCIA 34 PÚBLICOS TRIBUTARIA E ACESSO AOS SERVIÇOS Pesquisas Domiciliares (POF) versus Dados Administrativos Nessa subseção são cotejados os registros administrativos dos tributos, benefícios, contribuições, auxílios e programas de transferência com as informações coletadas ou estimadas pela POF durante o biênio 20022003 – tabela 11. No caso das aposentadorias e pensões, aí inseridos os benefícios da LOAS (BPC), os valores anuais da POF de 2002-2003 representam entre 71% e 77% dos mesmos valores reportados pelos registros administrativos de 2002 e da média do biênio 2002/2003, respectivamente. Se esse nível de cobertura pode ser considerado bem significativo, o mesmo não se observa para os auxílios previdenciários – doença, acidente, salário-família, abono de permanência – e para o seguro-desemprego, pois os montantes anuais captados na POF respondem, no melhor cenário, por cerca de 1/5 do total efetivamente concedido. Em nosso entender, parte dessa subavaliação pode se dever à captação desses auxílios na rubrica de rendimentos do trabalho, uma vez que parcela dos auxílios – notadamente doença e reclusão – substituem o rendimento normalmente auferido. Tabela 11 - Comparação entre os Valores das Transferências e dos Tributos na POF de 2002-2003 e os Registros Administrativos (em R$ milhões correntes) Benefícios e tributos POF de 2002-2003 Dados administrativos 2002 (A) 2003 (B) Transferências 115.493 Aposentadorias e pensões RGPS União e estados Média “Cobertura” (%) (A/B) (A/C) (C) 149.983 173.892 161.938 82.755 100.162 91.459 62.098 67.850 64.974 77 71 Como apontado, nos resultados preliminares apresentados nessa seção e na seguinte as estimativas referentes ao ICMS foram realizadas com base na aplicação das alíquotas praticadas no estado de São Paulo. Assim há que se ter presente que, o emprego da legislação paulista para se estimar o custo da tributação indireta arcado pelas famílias, implica na subestimação desse custo, pois a concessão de benefícios tributários por esse estado não reflete a realidade brasileira. Em realidade, são os estados de maior riqueza e, portanto, de maior base tributária, que contam com maiores possibilidade de conceder benefícios tributários, notadamente sobre o consumo. De todo modo, decidiu-se, com isso, compensar em parte a superestimativa da tributação ao considerar o perfeito funcionamento do ICMS. Esse é um problema do atual sistema tributário nacional, qual seja: estados onde a presença de famílias mais pobres é maior não contam com base de arrecadação do ICMS que os permitam conceder esse tipo de benefício, ainda mais que o tributo é cobrado preferencialmente pelo estado produtor e não consumidor. No relatório final tal situação será sanada ao se empregar as alíquotas do ICMS praticadas em cada um dos estados nos dados de consumo apurados pela POF em cada um deles. Em realidade, tal procedimento implica, também, em simplificações ou problemas, uma vez que considera que a base de incidência do imposto é o estado onde foi consumido o bem ou serviço, quando se sabe que o sistema de cobrança do ICMS é fundamentalmente sobre a origem do produto. 34 79 Municípios Auxílios previdenciários Seguro-desemprego 5.130 5.880 5.505 1.114 6.078 8.590 7.334 18 15 977 5.678 6.617 6.147 17 16 Bolsas de estudo 3.609 Programas de transferência de renda 2.234 2.257 3.207 2.732 99 82 123.428 163.996 192.306 178.151 75 69 27.228 28.934 27.522 28.228 94 96 20.917 19.390 20.154 União 3.150 3.054 3.102 Estados 4.187 4.195 4.191 680 883 781 30.177 34.532 32.355 61 57 8.428 10.580 9.504 64.408 67.539 72.633 70.086 95 92 Total das transferências Sem estimativa Tributos diretos Previdência pública RGPS Municípios IR pessoas 18.497 ISS Outras deduções 9.426 Deduções outros recebimentos 9.257 Total dos tributos diretos sobre a renda 12.887 6.710 7.976 7.343 192 175 IPTU IPVA 5.377 7.017 7.740 7.378 77 73 CPMF 1.692 20.336 23.011 21.673 8 8 Tributos indiretos 83.591 105.386 120.233 112.810 79 74 ICMS IPI 24.683 20.045 17.924 18.984 123 130 PIS/COFINS 42.072 63.716 73.465 68.590 66 61 4.885 7.583 8.406 7.994 64 61 155.231 196.730 220.027 208.379 79 74 CIDE-Combustíveis Total dos tributos indiretos 80 Fontes: IBGE/POF de 2002-2003 (microdados); AEPS Infologo – http://creme.dataprev.gov.br/infologo/ (aposentadorias e pensões do RGPS e da União e estados, auxílios previdenciários e contribuições à previdência do RGPS e da União e estados); MDS (programas de transferência de renda); MTE (segurodesemprego); STN (aposentadorias e pensões e contribuições previdenciárias dos municípios); SRF (IR, ISS, IPTU, IPVA, CPMF, ICMS, IPI, PIS-COFINS e CIDE-Combustíveis). A expressiva cobertura dos programas de transferência deve ser vista com cuidado, pois só foram considerados os dados dos programas federais – Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, auxílio-gás, cartão 35 alimentação e o Bolsa Família –, sendo que as iniciativas de estados e municípios são de grande importância, especialmente naquele momento – 2002-2003 – quando o governo federal ainda não havia 36 unificado e ampliado seus programas de transferência. Para o conjunto das transferências monetárias abarcadas nesse estudo a cobertura da POF de 2002-2003 situa-se ao redor de 70%, devido, principalmente, à boa enumeração dos benefícios previdenciários e assistenciais, que representam 93% das transferências. Observam-se, no caso dos tributos diretos, vários graus de compatibilidade entre a POF e os registros administrativos, sobressaindo-se as contribuições previdenciárias, pois as duas fontes quase que se equivalem. Vale notar, no entanto, que as contribuições dos servidores públicos – federais, estaduais e municipais – que correspondem a 1/3 do respectivo total não estão discriminadas nos registros administrativos. Em situação bastante diversa, encontra-se o IR, cuja cobertura pela POF é da ordem de 2/3, embora parte do IR na POF seja reportado na rubrica “deduções de outros recebimentos". Dessa forma, é melhor comparar o total das deduções sobre os rendimentos reportados na POF com a soma das contribuições previdenciárias, o IR sobre famílias – pessoas físicas e os retidos para as fontes “rendimento do trabalho” e “outros rendimentos” – e o ISS. Assim feito, os dados se mostram muito próximos, com a POF abrangendo 95% desses tributos diretos no ano de 2002. Para os tributos sobre patrimônio – IPTU e IPVA – há dois quadros bem distintos, uma vez que na POF o total pago com IPTU é quase duas vezes superior ao do registro administrativo, enquanto para o IPVA a cobertura é da ordem de 3/4, participação que se observa, também, para aposentadorias e pensões e no principal tributo indireto, o ICMS. Quanto à CPMF, como previsto, a subavaliação é bem expressiva, com o reportado pelas famílias na POF representando tão-somente 8% do registrado pela Receita Federal. É fato que parte substancial da CPMF é paga pelas empresas, não abarcando, contudo, toda a diferença POFRegistro Administrativo. A estimativa da carga tributária do ICMS com base na POF representa cerca de 3/4 do apurado pela Receita Federal. Parte da subestimativa está relacionada ao emprego de São Paulo como parâmetro de aplicação das normas de incidência do tributo, pois nesse estado os benefícios tributários são em maior volume. Podese creditar essa subavaliação à hipótese de funcionamento “perfeito” do tributo, uma vez que são desconsiderados os efeitos cumulativos do imposto em razão de “quebras” na cadeia de recolhimento seja pela elisão fiscal seja por benefícios concedidos a elos da cadeia produtiva. Mas, como analisado, a hipótese de perfeito funcionamento – em que se inscreve a inexistência de elisão fiscal – implica superestimar a carga fiscal, requerendo outras hipóteses para o descompasso entre POF e registros administrativos. Em relação aos outros tributos indiretos, observam-se duas situações: para o PIS-COFINS e a CIDECombustíveis as estimativas realizadas com a POF representam cerca de 2/3 do total recolhido pela Receita 35. Conta-se com dados do Bolsa Família a partir de 2003, ainda que sua criação date de 9 de janeiro de 2004 por meio da Lei 10.836. 36. Levantamento superficial aponta para a existência de programas de transferência de renda, com verbas estaduais e municipais, em Goiás, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará, e ainda nos municípios paulistas de Santo André, Campinas, Ribeirão Preto e na capital – com 300 mil famílias atendidas – e em grande parte das capitais do país. O que vem ocorrendo são parcerias dos governos estaduais e municipais com o governo federal – Bolsa Família – com o objetivo de aumentar o beneficio. 81 Federal, o que, para a primeira contribuição, pode ser creditado, em parte, à parcela paga pelo segmento financeiro e pelo setor público – cerca de 10% do total do PIS/PASEP/COFINS. Já para a CIDECombustíveis, deve-se considerar a frota de automóveis, cuja propriedade e/ou utilização não é das famílias, apontando para uma cobertura expressiva da pesquisa para essa contribuição. A outra situação é a do IPI, em que o valor estimado com a POF é 1,23 vezes maior do que o montante reportado pela Receita. Aqui a hipótese de inexistência de elisão fiscal deve ser a responsável pela superestimativa. IV.2. Incidência da Tributação Direta na POF O objetivo deste tópico é apresentar os principais dados quanto à incidência dos tributos diretos sobre as famílias brasileiras, avaliando o quão progressivos ou regressivos são os impostos diretos. Na POF, como apontado, essa avaliação é direta, uma vez que nela são coletadas as deduções sobre os rendimentos – contribuições previdenciárias, imposto de renda e outras deduções - e os impostos incidentes sobre o patrimônio. Já nas outras investigações domiciliares podem ser realizadas estimativas da incidência dos tributos diretos, aplicando-se, para tanto, as normas de incidência dos impostos e contribuições sobre a renda e, de modo menos apurado, sobre imóveis e automóveis. A diferença é que no caso da POF conta-se com o valor declarado dos tributos e não com o montante ideal – esperado - de recolhimento. O que a POF 2002/03 nos mostra? Primeiramente, fica evidente a baixa progressividade da tributação direta no país, uma vez que as famílias localizadas no décimo mais pobre da população destinam 3,7% de sua renda ao pagamento e/ou recolhimento de impostos, enquanto no décimo mais rico a carga tributária é de 12,0%. E, o pior é que enquanto nas famílias do primeiro décimo o rendimento monetário mensal familiar per capita é de tão somente R$ 23,80, nas 10% mais ricas esse é de R$ 2.126,53. Considerou-se que a progressividade da tributação direta é baixa em função de que o índice de progressividade de Kakwani é de 37 0,1229, valor inferior ao observado em seis países desenvolvidos , onde, ademais, o peso da tributação direta na renda disponível encontra-se ao redor de 1/3, enquanto no Brasil é de tão somente 10%. E, para os outros quatro países com progressividades menores, os tributos diretos têm uma participação muito mais expressiva na renda, em torno de 45%, além de serem os países com menor desigualdade na distribuição da renda pessoal. Assim, em nosso país, além da tributação direta ter um peso menos expressivo, ela ainda se mostra menos progressiva do que nos países onde os sistemas tributários e de concessão de benefícios sociais apresentam efeitos redistributivos. Depreende-se da análise da tabela 12 que a progressividade na tributação direta se deve, notadamente, à incidência do imposto de renda, sendo que os tributos sobre patrimônio apresentam, grosso modo, um perfil neutro. E, no que concerne às contribuições previdenciárias, a reduzida progressividade que se observa é decorrente, como anteriormente ilustrado, do alto grau de desfiliação previdenciária dos trabalhadores mais pobres. Os outros tributos, que abrangem descontos sobre renda do trabalho principal exclusive o IR e as contribuições previdenciárias, entre os quais se destaca o ISS, se encontram, em termos de incidência, em posição intermediária à do imposto de renda e ao das contribuições previdenciárias. Tabela 12 - Rendimento Monetário Mensal Familiar per capita, participação da tributação direta na renda e composição dos tributos diretos, segundo décimos de renda familiar per capita – Brasil, 2003. Estratos de renda Rendimento % monetário mensal tributação Composição DE BEER et al. (2001). A análise dos índices de progressividade será realizada de modo mais pormenorizado em seção próxima. 37 82 familiar per capita médio limite superior (2) direta sobre a renda Contribuições trabalhistas IR IPTU IPVA Outros tributos Décimos de renda 1º 23,80 40,89 3,7 26,5% 0,1% 48,7% 12,6% 12,1% 2º 57,16 73,00 2,8 48,5% 0,2% 22,5% 10,3% 18,6% 3º 90,34 109,12 4,1 46,0% 0,3% 26,6% 5,0% 22,2% 4º 128,81 149,71 4,5 51,3% 0,5% 22,0% 6,0% 20,1% 5º 172,83 199,13 4,9 52,1% 0,6% 21,8% 6,3% 19,2% 6º 229,79 264,49 5,7 47,0% 0,7% 25,3% 8,4% 18,7% 7º 309,75 364,18 6,9 48,4% 1,0% 20,9% 7,0% 22,7% 8º 440,22 534,86 7,7 43,4% 2,6% 23,0% 9,0% 22,0% 9º 706,03 957,96 8,8 41,8% 9,1% 16,8% 7,6% 24,7% 2.126,53 54.953,67 12,0 25,5% 31,6% 11,8% 5,4% 25,7% 5% mais ricos 2.544,65 1.556,21 12,7 23,2% 34,6% 10,8% 4,7% 26,7% 1% mais ricos 6.325,38 3.655,50 12,5 19,2% 39,7% 10,1% 3,6% 27,4% 9,5 32,6% 21,6% 15,0% 6,3% 24,5% 10º Outros estratos Média 428,59 Fonte: Microdados da POF 2002/03 Nota: (1): No caso dos 5% mais ricos e dos 1% mais ricos os valores referem-se aos limites inferiores, uma vez que o limite superior é de R$ 54.953,67. A tributação direta suportada pelas famílias pode apresentar outras variações, além das relacionadas ao nível de renda, dentre elas as associadas à origem do recebimento. A depender da fonte de recebimento a incidência da tributação direta, especificamente, do imposto de renda e das contribuições previdenciárias, se diferenciará. Efetivamente, uma família cuja renda é predominantemente oriunda do trabalho assalariado com carteira assinada recolhe mais tributos diretos que uma família de renda semelhante, mas cujas principais fontes são os aluguéis, o negócio próprio e as aplicações financeiras. Buscou-se, assim, discriminar as principais fontes de rendimento. Os dados corroboram o fato de que as famílias cujas rendas são provenientes do assalariamento são aquelas que arcam com as maiores cargas tributárias relativas ao IR e ao recolhimento previdenciário, como se pode verificar na tabela 13. Chama a atenção, também, o fato de que as famílias de maior renda – 20% mais ricos –, cujos rendimentos são predominantemente oriundos da venda de ativos e das aplicações de capital suportam uma carga de tributos diretos semelhante e até inferior à das famílias dos estratos intermediários de renda (2º e 3º quintos de renda), cujas rendas são oriundas do trabalho assalariado. Efetivamente, as primeiras, cujo rendimento 83 monetário mensal familiar per capita é de cerca de R$ 2,7 mil, contribuem com 4,97% dessa renda em tributos diretos, enquanto as famílias de assalariados, com rendimentos mensais per capita médias de R$ 110,29 e R$ 201,05, suportam cargas de tributação direta de 5,73 e 6,55, respectivamente. Tabela 13 - Rendimento Monetário Mensal Familiar per capita, participação da tributação direta total, do imposto de renda e das contribuições previdenciárias na renda, segundo décimos selecionados de renda familiar per capita e fonte predominante do rendimento – Brasil, 2003. Variáveis Rendimento monetário mensal familiar per capita (1) Quintos Recebimento predominante Média ou de total renda EmpregadoEmpregador (4)Conta própriaTransferências (2)Aluguéis (4)Outros (3) 1º 42,53 45,47 36,87 42,19 46,69 36,85 40,49 2º 110,29 110,18 107,63 109,48 102,95 109,67 109,57 3º 201,05 207,64 198,34 203,88 211,32 207,71 201,30 4º 373,62 381,46 374,47 377,32 389,94 386,42 374,96 5º 1.272,54 1.731,17 1.223,62 1.558,99 1.507,28 2.672,54 1.415,91 407,51 1.138,59 297,32 401,20 836,73 1.283,31 428,59 1º 3,67 0,84 2,44 1,79 12,33 6,27 3,07 2º 5,73 1,99 2,76 1,68 43,97 2,76 4,35 3º 6,55 3,63 3,20 4,06 6,66 2,77 5,39 4º 8,61 6,03 4,87 5,78 6,63 2,79 7,37 5º 14,19 7,99 7,21 10,63 6,76 4,97 11,21 média 11,60 7,72 5,71 8,45 7,19 4,77 9,49 1º 0,01 - 0,00 - - - 0,00 2º 0,03 - 0,01 0,00 - - 0,02 3º 0,05 0,10 0,02 0,00 0,01 - 0,03 4º 0,20 0,21 0,07 0,01 - - 0,15 5º 4,74 2,27 1,52 0,45 0,00 1,35 3,02 média 2,98 2,05 0,86 0,30 0,00 1,22 2,03 1º 1,92 0,08 0,34 0,05 - 0,13 1,04 2º 3,21 0,23 0,33 0,17 0,43 0,37 1,96 3º 3,84 1,11 0,59 0,20 0,17 0,90 2,47 4º 4,47 0,83 0,75 0,49 0,31 0,67 3,06 média % tributação direta % IR % contribuições previdenciárias 84 5º 4,70 1,55 1,17 0,52 0,42 1,15 2,87 média 4,43 1,47 0,91 0,45 0,40 1,11 2,79 1º 16.351.776 136.966 10.768.690 7.273.987 95.116 374.524 35.168.812 2º 20.120.372 293.350 6.892.333 7.348.356 104.957 400.716 35.160.084 3º 21.093.398 548.057 6.462.518 6.527.457 152.525 391.613 35.175.567 4º 22.229.604 1.504.865 5.780.193 4.687.882 250.892 696.038 35.149.474 5º 19.718.408 3.545.552 4.648.435 5.316.151 536.348 1.427.134 35.192.028 total 99.513.558 6.028.789 34.552.169 31.153.832 1.139.839 3.290.024175.845.964 População Fonte: dados individualizados (microdados) da POF 2002/03 Nota: (1) Considerou-se somente a renda monetária, ainda que a pesquisa tenha investigado a renda não monetária. Valor referente a 15 de janeiro de 2003, data de referência da pesquisa. (2) Abrange as aposentadorias da previdência pública – INSS e regime do funcionalismo público, da previdência privada, as bolsas de estudo, as transferências transitórias – programas de renda mínima, heranças, pensões alimentícias, mesadas, doações, prêmios de jogos de azar. (3) Abarca as vendas esporádicas de ativos, os empréstimos, as aplicações de capital e outros, dentre os quais se encontram os recebimentos de lucros. (4) Há casos para esses recebimentos para os quais se conta com menos de 100 observações na amostra, o que requer cuidado na análise dos dados. São eles: os dois primeiros quintos de renda de renda de empregador e os quatro menores quintos de renda predominante de aluguéis. Fica evidente que o imposto de renda recai de fato naquelas famílias em que predominam os rendimentos oriundos do assalariamento e, em menor grau, nas de empregadores e de trabalhadores por conta-própria. Enquanto isso, nas famílias de renda mais elevada, em que predominam as rendas não advindas do trabalho, o pagamento de imposto de renda é pouco expressivo. No caso das contribuições previdenciárias, a situação é ainda mais distorcida, pois a incidência sobre os mais pobres – quinto mais pobre – situa-se ao redor de 1%, passando a cerca de 3% nos 20% mais ricos, mostrando-se um pouco mais progressiva para o caso das famílias em que predominam as rendas originárias do trabalho. Esse cenário de baixa incidência tributária sobre os rendimentos nos estratos mais ricos, quando os rendimentos são originários predominantemente das aplicações de capital, das vendas de ativos, dos lucros e dos empréstimos é ainda mais agudo, ao se observar os 5% e 1% mais ricos. Nessas famílias os tributos diretos representam 4,5% e 5,7% das rendas, cujos valores mensais familiares per capita são de R$ 4,2 mil e R$ 7,1 mil, respectivamente. Incidência semelhante à que recai sobre as famílias situadas no 3º e 4º décimos, com renda predominantemente originária do trabalho assalariado. Considerando-se que a tributação indireta continua penalizando mais as famílias dos estratos inferiores de 38 renda, como será apontado a seguir e o foi em trabalho recente, em que se empregou a POF 1995/96 , o grau de progressividade da tributação direta se mostra insuficiente para contrabalançar a regressividade da tributação indireta. Efetivamente, em 1995/96, a carga dos tributos indiretos sobre a renda das famílias metropolitanas foi de 25,7% no primeiro décimo, 14,3% no quarto, passando a 10,5% no sétimo, e atingindo somente 6,5% no último. Adicionando-se a incidência dos tributos diretos, a carga tributária total na renda 38 SILVEIRA (2003). 85 das famílias atingia a 28%, no primeiro décimo, a 23%, no seguinte, caindo para cerca de 20% no terceiro, quarto e quinto décimos, passando, na metade mais rica, a representar entre 14% e 16%. Tais números são 39 suficientes para demonstrar o caráter reforçador da desigualdade da renda de nosso sistema tributário. IV.3. Tributação Indireta: tributos, incidência e carga sobre a renda e consumo 40 Foram considerados o ICMS, o IPI, o PIS, a COFINS e a CIDE dos combustíveis. As alíquotas efetivas foram calculadas segundo as regras em vigor, como observado anteriormente, sendo que para o ICMS, que é de competência dos estados, decidiu-se empregar a legislação paulista. Essas escolhas têm por hipóteses que os tributos indiretos “funcionam” perfeitamente, ou seja, não incorrem em cobrança em cascata – seja pela 41 descontinuidade dos recolhimentos e créditos, seja por interpretação das normas de desoneração - e, de outro, que os tributos indiretos são parte dos preços de toda a aquisição monetária de bens em que a incidência é definida. Não são consideradas, portanto, a elisão fiscal e a eficiência do sistema de arrecadação tributária, fatos que quando não considerados implicam em superestimar a carga tributária. O emprego da legislação paulista, por outro lado, pode implicar em queda na estimativa, caso o estado, pela amplitude de sua base tributária, conceda uma gama maior de benefícios, pois a característica do ICMS de cobrança mista destino-origem resulta menor base nos outros estados e na centralidade de São Paulo na 42 arrecadação de ICMS. A tabela 14 apresenta as estimativas da carga fiscal direta e indireta sobre as famílias, evidenciando o elevado grau de regressividade da tributação indireta que, ao não ser contrabalançada pela progressividade dos tributos diretos, acarreta a regressividade do sistema tributário. Isso se dá quando se empregam os recebimentos como base de avaliação da carga, e mostra-se, ainda mais regressivo, ao se considerar somente a parcela monetária da renda. A situação é bastante diversa quando se utiliza o gasto como parâmetro de incidência. Ainda assim, os tributos indiretos se apresentam regressivos, pois representam 1/5 do gasto monetário nos décimos inferiores e medianos de renda, decaindo um pouco nos décimos superiores de renda para atingir a 15% nos 10% mais ricos. Comportamento semelhante se observa para o gasto total. Tabela 14 - Participação dos tributos diretos e indiretos na renda e no gasto, Brasil – 2003 Décimos de % Indireta % Direta (1) % Total Tributos Sonia Rocha (2002) analisou o impacto distributivo do imposto de renda, tendo avaliado, também, o comportamento das deduções e realizado simulações com outras estruturas de alíquotas. Com base nos dados das PNADs 1981-1998 e aplicando as regras do imposto de renda em cada um dos anos, qualificando como pouco expressiva a queda do índice de Gini entre a renda familiar per capita antes e depois do imposto. Queda que variou entre -3,2% e -5,2%, que não se pode considerar desprezível. Efeito que é eliminado quando se consideram as deduções, segundo o exercício feito pela autora para o ano de 1999. Já SIQUEIRA (2002) realiza simulação, em que seria ampliado o número de alíquotas, com a desoneração dos menores salários e o aumento da incidência dos maiores. Como resultado ter-se-ia um efeito concentrador. Cabe sublinhar que com as alíquotas selecionadas, dado o perfil distributivo da renda pessoal, esse seria o resultado previsto de antemão. 40 Nessa seção, foram excluídas as famílias que contam com renda disponível – renda descontados os tributos diretos e indiretos – negativas, bem como os membros dos domicílios que são pensionistas, empregados domésticos e parentes de empregados domésticos. Com isso, a amostra se reduz para 46.698 unidades de consumo, com a população atingindo a 169.600.252 pessoas. 41 Em VIANNA et al. (2000) e em MAGALHÃES et al. (2001), a metodologia de cálculo das alíquotas efetivas para produtos alimentares beneficiários de desoneração, notadamente a de redução da base de cálculo redundavam em cobrança em cascata. A legislação, no momento, não define o percentual de redução da base de cálculo, mas a alíquota final. Assim, assistiu-se a aperfeiçoamentos na legislação paulista para os benefícios fiscais, bem como se ampliou o leque de produtos contemplados. 42 São Paulo foi responsável, em 2002 e 2003, por 35,3% e 33,8% do ICMS, respectivamente. No PIB nacional sua participação atingiu a 32,6% e 31,8% nesses dois anos, e de 30,3% no consumo das famílias, segundo a POF. 39 86 renda disponível Renda total Renda monetária Gasto total Gasto monetário Renda total Renda monetária Renda total Renda monetária Mix gasto (indireta) e renda (direta) (2) Total Monetário 1º 29 54 16 21 3 5 32 59 18 26 2º 24 36 16 20 3 5 28 41 19 25 3º 21 30 16 20 3 5 24 35 19 25 4º 19 26 16 20 4 5 23 31 20 25 5º 18 23 16 20 5 6 23 29 20 26 6º 18 22 16 20 5 6 23 28 21 26 7º 16 20 16 19 6 7 22 27 22 26 8º 16 19 16 19 7 8 23 27 23 27 9º 15 17 15 18 8 9 22 26 23 27 10º 11 12 13 15 10 11 21 23 24 26 Total 14 17 15 18 8 9 22 26 23 27 Fonte: microdados da POF 2002-03 Notas: (1) Não foram descontados Tomando a renda como parâmetro para avaliar a carga tributária, como sugerido anteriormente, o Gráfico 6 resume a carga fiscal sobre as famílias com base na renda total. No caso dos tributos indiretos, a avaliação se baseia na renda final, ou seja, descontados os tributos diretos. Assim, na figura, constam as participações dos tributos diretos e indiretos na renda total inicial e dos tributos indiretos na renda total final – descontados todos os tributos diretos. Gráfico 6 - Carga tributária sobre renda total 87 30% 27% indireta - final indireta - inicial 24% direta - inicial 21% 18% 15% 12% 9% 6% 3% 0% 1° 2° 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º total décimos de renda familiar per capitadisponível (renda menos tributos) A regressividade da tributação indireta e a progressividade da tributação direta encontram-se evidenciadas no gráfico, cabendo notar que o resultado final é a regressividade da carga tributária total, dado que nos 10% mais pobres ela atinge ao redor de 32%, caindo continuamente até representar, nos 10% mais ricos, 22%. Como se compõe a tributação indireta é o objetivo da tabela 15, onde se observa, de um lado, não haver diferenças substanciais em sua composição nos diferentes décimos de renda. De outro lado, se nota o predomínio do ICMS, que responde por 55% da carga indireta avaliada, cabendo ao PIS-COFINS o segundo posto, com uma participação da ordem de 30%. Grosso modo, o IPI responde pelo restante, dado que a CIDE-Combustíveis tem um papel marginal na composição da tributação indireta. Tabela 15 - Valores mensais familiar per capita dos tributos indiretos – ICMS, IPI, PIS-COFINS e CIDE – da renda total e da renda monetária, segundo décimos de renda monetária disponível familiar per capita (R$ janeiro 2003) Décimos de renda disponível ICMS IPI PIS-COFINS CIDE Renda total Renda monetária 1 11,45 3,35 5,69 0,36 71,70 38,67 2 13,97 3,80 6,93 0,48 104,05 69,34 3 16,67 4,87 8,50 0,52 147,36 101,39 4 19,39 5,42 9,85 0,60 181,35 136,96 5 22,98 6,49 11,80 0,75 229,11 180,52 6 28,92 7,98 14,73 1,31 300,45 240,09 7 34,02 9,54 17,37 1,78 382,43 316,67 88 8 47,02 14,16 23,99 2,54 534,94 453,49 9 64,67 18,07 32,42 4,69 818,73 717,83 10 134,05 41,61 66,77 9,89 2.362,16 2.151,85 total 39,32 11,53 19,81 2,29 513,35 440,79 Fonte: microdados da POF 2002-03 A regressividade da tributação indireta fica mais uma vez ilustrada quando se avalia a razão entre as rendas dos mais ricos frente à dos mais pobres em comparação com o valor dessa razão para os tributos indiretos. Efetivamente, enquanto a razão 20+/40- para a renda total se situa ao redor de 13 vezes, no caso dos tributos indiretos essa relação é de 6,7 vezes. Situação que se mostra ainda mais aguda quando se cotejam as razões entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres, sendo de 33 vezes, para a renda total, e de tão somente 12 vezes, no caso dos tributos indiretos. IV.4. Previdência e Assistência: participação na renda e estrutura de distribuição Primeiramente, vale verificar, com base em dados da PNAD, quão progressivas (regressivas) são as contribuições e as aposentadorias, informação que consta da Tabela 16. No que concerne às contribuições previdenciárias dos trabalhadores – importante fonte de financiamento da previdência – é bastante claro seu caráter progressivo, pois sua participação na renda monetária cresce do 1° ao 5º décimo e do 7° ao 9° décimo de renda domiciliar per capita, diminuindo no último décimo. Efetivamente, nos 30% mais pobres, a participação das contribuições previdenciárias sobre a renda situa-se entre 1 e 3,4%, passando nos 30% seguintes a representar entre 4,1% e 4,4% da renda. Nos 30% abaixo dos 10% mais ricos, o peso das contribuições varia entre 5,5% e 6,6%, com os 10% mais ricos contribuindo com 6,4% de sua renda para a previdência. Pode-se inferir que a progressividade das contribuições se deva à menor presença de trabalhadores formais nos primeiros décimos de renda, o que implica em ausência de proteção previdenciária. Já no caso dos benefícios previdenciários, pode-se apontar para certa regressividade. Embora o 6° décimo seja aquele em que os benefícios representam a maior proporção da renda per capita (25,5%), nos 20% mais pobres os benefícios representam 8,0% da renda, enquanto entre os 20% mais ricos eles somam 18,8%. Ressalte-se novamente, entretanto, que nessa análise estão incluídos tanto os benefícios do Regime Geral quanto os dos Regimes Próprios de Previdência Social dos servidores públicos – esses últimos provavelmente responsáveis pelo grosso da regressividade observada. Tabela 16 - Valor da renda domiciliar per capita e participação de aposentadorias e pensões e de contribuições previdenciárias na renda, segundo décimos de renda. Brasil – 2008 Décimos de renda domiciliar per capita Participação percentual na renda Benefícios Contribuições previdenciários previdenciárias Renda domiciliar per capita 1 4,5% 0,9% R$ 57,48 2 11,5% 2,8% R$ 125,84 89 3 14,6% 3,4% R$ 181,85 4 15,2% 4,1% R$ 238,82 5 17,4% 4,5% R$ 306,60 6 25,5% 4,4% R$ 390,85 7 17,0% 5,5% R$ 484,40 8 17,5% 6,1% R$ 642,58 9 19,5% 6,6% R$ 942,48 10 18,0% 6,4% R$ 2.546,45 Média 18,1% 5,5% R$ 591,74 Fonte: microdados da PNAD 2008. Elaboração: Autores Outra forma de analisar o perfil distributivo da previdência é: medir o impacto distributivo da contribuição previdenciária, apresentando a queda percentual do índice de Gini com as contribuições, decorrentes de sua participação na renda e de seu coeficiente de concentração. Como se pode verificar na Tabela 16, as contribuições previdenciárias, segundo as estimativas na PNAD 2008, representem 5,5% da renda – negativa, visto ser um imposto, ou seja, que implica em queda na renda – e apresenta um coeficiente de concentração superior a renda. Em função disso, observa-se uma queda no índice de Gini de 0,59%, com as contribuições respondendo por -0,69% do índice de Gini após sua incidência – tabela 16. Portanto, as contribuições previdenciárias são levemente progressivas, sendo seu impacto distributivo ainda menor em razão da baixa importância sobre a renda total. Duas possibilidades podem ser aventadas para o incremento de seu potencial distributivo, quais sejam: desonerar ou isentar a contribuição previdenciária dos trabalhadores para o primeiro salário mínimo percebido e ampliar o limite superior do salário de contribuição. Tabela 17 – Participação da contribuição previdenciária na renda, coeficiente de concentração e redução do Gini – 2008 Gini Original Gini após contribuições Queda % do Gini 0,545 0,542 -0,59 Participação Coeficiente de Parcela de Gini na Renda Concentração Participação * CC % (%) (CC) - 5,50 0,610 - 0,0037 - 0,69 Fonte: Elaboração própria com base na PNAD 2008. Pode-se, também, avaliar o perfil distributivo da previdência, com base nos dados da POF, comparando, como feito com a PNAD, as composições dos montantes das contribuições previdenciárias dos trabalhadores e das aposentadorias e pensões, segundo estratos de renda. Considerando-se que a previdência social no Brasil – seja o RGPS sejam os RPPS – é de repartição, ou seja, os ativos de hoje financiam os benefícios dos atuais inativos, é válido mensurar as parcelas nos montantes contributivos e dos benefícios que cabem aos diferentes grupos populacionais segundo níveis de renda. Surge, contudo, um questionamento em face das participações das contribuições e das aposentadorias em relação à renda, de 3,1% e 12,8%, 90 respectivamente: Que sistema de repartição é esse, com tal grau de desbalanceamento atuarial? Em primeiro lugar, há que observar que a parcela dos empregadores não foi considerada, sendo ela, grosso modo, de 2 vezes a dos empregados. Assim, as contribuições passariam a representar 9,3% da renda. Adicionando-se a isso as subvenções a agricultores familiares, empregados domésticos e trabalhadores rurais, bem como as desonerações para pequenas empresas e entidades filantrópicas, entre outros, chegase a um maior equilíbrio entre a parcela das contribuições no total da renda pessoal e a participação das aposentadorias e pensões nessa mesma renda. Caso estejam sendo repartidos de maneira semelhante, a previdência social não estará, grosso modo, nem reforçando nem atenuando a concentração da renda pessoal. Esse é o espírito do gráfico 7, onde se pode notar que as diferenças entre as participações nas contribuições previdenciárias e nas aposentadorias pelos décimos de renda não são expressivas, situando-se entre –5,4 e 3,0 p.p. Na realidade, os seis primeiros décimos apropriam-se de parcela maior das aposentadorias em relação às suas participações no total das contribuições. Destaca-se o ganho no 6o décimo e a quase paridade no 1o décimo. Isso é contrabalançado pela maior participação no total das contribuições que na das aposentadorias nos 40% mais ricos, com destaque para o diferencial no 9o décimo, que responde por quase 20% das contribuições contra uma participação no total das aposentadorias de menos de 15%. Gráfico 7 - Brasil: Parcela das Aposentadorias (e Pensões) e das Contribuições Previdenciárias por Décimos de Renda Monetária Domiciliar per capita – 2002-2003 50% 3,00 aposentadorias e pensões 45% 2,40 contribuições 1,80 diferença 40% 1,20 35% 0,00 30% pontos percentuais 0,60 -0,60 25% -1,20 -1,80 20% -2,40 15% -3,00 -3,60 10% -4,20 5% -4,80 0% -5,40 1 2 3 4 5 6 7 decimos de renda monetária domiciliar per capita 8 9 10 Fonte: IBGE/POF de 2002-2003 (microdados). É fato, todavia, que há uma grande concentração do montante das aposentadorias nos décimos mais ricos, com os 10% e os 20% mais ricos apropriando-se de 49% e 69%, respectivamente. Ainda que a distribuição das contribuições seja ainda mais concentrada, os ganhos distributivos poderiam ser de maior envergadura. Com respeito a transferências de renda, elas apresentam uma importância marginal na renda total. Segundo os dados da POF de 2002-2003, os auxílios, sejam os de caráter previdenciário sejam os concedidos pelos empregadores – em grande medida, resultado de acordos trabalhistas –, os programas de transferência de 91 renda – as chamadas “bolsas” – e o seguro-desemprego representavam 0,5% da renda monetária. Ainda que se realizem ajustes, dado, como visto, serem bastante subavaliados os dados da POF para os auxílios previdenciários e para o seguro-desemprego, esses benefícios e transferências atingiriam no máximo a 2,5% da renda monetária. Quanto à focalização, ou seja, a concentração desses benefícios nos estratos populacionais de menor renda, fica evidente a diferença entre os programas de transferência, de um lado, e os auxílios e o seguro-desemprego, de outro. Tendo em conta que esses dois últimos benefícios se efetivam em razão da inserção formal ao mercado de trabalho, sua menor importância e presença nos estratos inferiores de renda refletem as precárias relações trabalhistas das pessoas mais pobres e, por conseguinte, a ausência de proteção social que afeta esses estratos populacionais. Em relação aos programas de transferência de renda, os dados mostram o peso que eles assumem na renda dos 10% mais pobres, atingindo 7,8% da renda monetária e decaindo continuamente em seguida. Dado o desempenho dos programas de transferência, que, entre 2002 e 2006, tiveram um incremento de 3,5 vezes no total dos recursos, e que, hoje, atendem a cerca de 12 milhões de famílias, é de se esperar que sua importância na renda das famílias mais pobres tenha ganhado maior expressão e se estendido para além dos 10% mais pobres. Recente estudo que avalia os efeitos dos programas de transferência de renda, com base nos dados da PNAD de 2004, mostra que 80% da renda do Bolsa Família se dirigia às famílias com renda inferior a 1/2 SM per capita, o que representa 32% da população (Soares et al., 2007). V. RESULTADOS PRELIMINARES 2: Impactos distributivos da tributação e das transferências monetárias V.1. Efeitos Distributivos da Concessão de Benefícios e da Incidência Tributária A abordagem mais usual de avaliação dos impactos distributivos do sistema de proteção social, da política tributária e da oferta de serviços públicos de caráter universal – saúde e educação – é aquela que compara as medidas de concentração da renda – especialmente o índice de Gini – antes e depois da intervenção governamental. Se tal abordagem se mostra muito intuitiva, ela apresenta sérias limitações, dado que não indica de modo claro a que se deve a mudança no índice, se à progressividade da política ou se a alterações no ordenamento das famílias. Em verdade, não mostra qual dos dois efeitos predominou. Ademais, como já se apontou, com base em Lerman e Yitzhaki, a avaliação dos efeitos depende da renda que será empregada como base, se a anterior ou a posterior, ou seja, que ordenamento das famílias servirá de base na mensuração da progressividade e do efeito do reordenamento. De toda sorte, vale iniciar a análise dos impactos por essas estimativas globais, cabendo adiantar que se adota aqui a avaliação com base na renda ex post, uma vez que propostas de alteração das políticas só fazem sentido sob a realidade existente. E, ademais, a análise de alterações marginais nas políticas de proteção social, tributária e de provisão pública de serviços se desenvolve com base na renda resultante, final. Do mesmo modo, a questão pertinente é saber o efeito de se conceder ou se tributar R$ 1 adicional e não o efeito do primeiro real transferido ou recolhido. Na tabela 18 são apresentadas as alterações na estrutura de repartição da renda domiciliar na passagem para cada um dos estágios de renda, segundo os quintos e o primeiro e último décimos pelas respectivas rendas domiciliares per capita, bem como seus valores médios mensais e coeficientes de Gini, em valores percentuais. Observa-se que o coeficiente de Gini da renda domiciliar per capita não se altera quando se passa da renda original para a renda disponível, ou seja, a incorporação das transferências e a incidência dos impostos – o diretos e indiretos – não se reflete em alteração da principal medida de concentração. Em realidade o 1 , o 2o 92 e o último quintos exibem um tênue crescimento de suas participações na renda, que contrabalançada pela o o perda no 3 e 4 décimos, resulta em estabilidade no índice de Gini. Tabela 18 - Brasil: Distribuição da Renda Domiciliar Total para os Diferentes Estágios da Renda, segundo Quintos e Décimos Selecionados da Renda – 2002-2003 Parcela da renda apropriada por cada quinto e décimo (%) Renda original Renda inicial Renda final Renda disponível Quintos 1º 2,3 2,7 2,9 2,6 2º 5,6 5,9 6,2 5,9 3º 9,9 10,1 10,5 10,1 4º 18,0 18,0 18,3 17,9 5º 64,2 63,2 62,0 63,6 1º 0,7 0,9 1,0 0,9 10º 48,0 47,0 45,7 47,5 Coeficiente de Gini (%) 60,3 58,8 57,5 59,3 453,10 513,35 472,76 399,81 Décimos Média (R$) Fonte: IBGE/POF de 2002-2003 (microdados). Verificam-se ganhos distributivos com a concessão de benefícios previdenciários e assistenciais, dos auxílios, das bolsas de estudos e do seguro-desemprego, com o índice de Gini diminuindo 4,2%, ou queda de, 0,027, que continua, em menor grau, com a tributação direta, totalizando, em comparação com o índice da renda original, uma queda absoluta de – 0,040 (– 6,2%). Essa expressiva diminuição da desigualdade é quase que integralmente perdida com a incidência dos tributos indiretos, dado que o índice de Gini da renda disponível é somente 1,7% inferior ao da renda original. 93 V.2. Decomposição da Desigualdade das Rendas Inicial, Final e Disponível: Efeitos Marginais das Transferências e dos Tributos A avaliação com base na decomposição das medidas de desigualdade tem por base a renda ex post e foi desenvolvida em cada um dos três estágios da renda, ou seja, a cada etapa incorporando uma “nova” intervenção governamental: a concessão de benefícios, o desconto dos tributos diretos e a incidência da tributação indireta. A renda monetária inicial foi decomposta em duas parcelas: a denominada original, ou seja, da soma dos recebimentos de caráter privado – trabalho, vendas, aluguéis, doações e transferências de outras famílias, juros e dividendos – e a oriunda das transferências monetárias governamentais, especialmente, os benefícios previdenciários e assistenciais. Os benefícios respondem por 13,7% da renda monetária inicial, cabendo às aposentadorias e pensões a quase totalidade dessa participação. Efetivamente, segundo as estimativas, 55,9% e 37,7% do valor total das transferências aqui analisadas são de responsabilidade dos benefícios concedidos pelo RGPS e pelos RPPSs, respectivamente. As bolsas de estudo, os programas de transferência de renda, os auxílios e o seguro-desemprego respondem pelos restantes 6,5% das transferências. Assim, esses benefícios, por terem pequena importância na renda, têm uma contribuição marginal na desigualdade da renda monetária, cabendo à previdência social um papel de maior destaque. Todavia, visto que a previdência como um todo apresenta uma razão de concentração relativamente próxima ao do índice de Gini da renda monetária inicial, sua contribuição ao índice de Gini (12,8%) é similar à participação na renda (13,7%). Isso indica que, pelos dados da POF, a previdência social tem um efeito distributivo pouco expressivo. Tal conclusão guarda semelhança com os resultados alcançados por outros estudos que, com base nos dados da PNAD, concluem que previdência social apresenta, grosso modo, um caráter neutro na distribuição da renda no Brasil (HOFFMANN, 2003a, 2003b, 2007). Contudo, quando se discriminam os dois regimes previdenciários, fica patente o papel distributivo do RGPS, pois sua razão de concentração é bem inferior ao índice de Gini da renda final. Já as aposentadorias e pensões do funcionalismo público apresentam uma razão de concentração bastante elevada, indicando seu caráter regressivo e mostrando que aumentos nessa fonte de renda geram incrementos na desigualdade. As contribuições marginais do RGPS e dos RPPSs à desigualdade da renda inicial são de, respectivamente, 0,018 e 0,015 (tabela 19), isto é, enquanto um pequeno aumento proporcional nas aposentadorias do RGPS implicaria diminuição do índice de Gini, o oposto ocorre para a previdência do setor público. Os auxílios e o seguro-desemprego apresentam razões de concentração semelhantes, em torno de 0,300, bem inferior ao índice de Gini e pouco menor que a razão de concentração das aposentadorias e pensões do RGPS. Dado o pequeno peso desses benefícios na renda, suas participações no índice de Gini são quase nulas, assim como suas contribuições marginais. Ou seja, pequenos incrementos proporcionais nessas transferências implicam leves decréscimos no índice de Gini. As outras duas transferências – bolsas de estudos e programas de transferência de renda – cujas participações na renda inicial são de 0,4% e 0,2%, respectivamente, têm comportamentos diametralmente opostos. Enquanto a razão de concentração das bolsas de estudo é próxima a 1, ou seja, são transferências muito regressivas, os programas de transferência de renda exibem razão de concentração negativa (–0,224), significando que se concentram nos estratos inferiores de renda e contribuem negativamente ao índice de Gini. Sua efetividade na diminuição da desigualdade é reduzida em razão de sua inexpressiva participação na renda final, respondendo por tão-somente –0,1% do índice de Gini da renda inicial. Assim, apesar de mais progressivo que as aposentadorias do RGPS, a contribuição marginal das bolsas ao decréscimo do Gini é de cerca de 1/10 do efeito marginal dos benefícios do RGPS (tabela 19). Observam-se alterações pouco expressivas nas razões de concentração das transferências quando se empregam as rendas final – sem tributos diretos – e disponível – descontada toda a tributação – devido ao fato do índice de Gini, para ambas as renda, situar-se em patamar relativamente elevado e de não 94 ocorrerem mudanças expressivas no ordenamento das famílias (tabela 19). Efetivamente, na passagem da renda final para a disponível, assiste-se a um aumento – considerando-se os valores em módulo – das contribuições marginais das aposentadorias e pensões, pois, nesse caso, é relativamente expressivo o aumento do índice de Gini (6,6%). Os tributos diretos representam 10,5% da renda final ou 9,5% sobre a renda na qual incidem – a renda inicial –, com as contribuições previdenciárias representando cerca de 1/3 dos tributos, vindo a seguir as outras deduções (1/4), o IR (1/5), o IPTU (1/6) e, por fim, o IPVA (1/16). O IR e, em menor grau, as outras deduções e o IPVA se mostram progressivos, pois suas razões de concentração são superiores ao índice de Gini da renda final, enquanto as contribuições previdenciárias são, grosso modo, neutras, ao apresentarem razão de concentração próxima ao índice. Já o IPTU exibe uma razão de concentração inferior ao índice de Gini e, portanto, contribuição marginal positiva, ou seja, pequenos aumentos proporcionais em seu valor implica aumento na desigualdade. Esse resultado aponta para um desvirtuamento do objetivo desse imposto, pois não é admissível a regressividade em um tributo sobre o patrimônio. O baixo efeito distributivo de cada um dos tributos diretos é ainda menor devido à pequena participação deles na renda. Isto diminui em muito o potencial distributivo do imposto de renda. Assim, acréscimos proporcionais no IR, ainda que acarrete uma diminuição na desigualdade, esta é pouco expressiva (contribuição marginal de –0,006). Efetivamente, desconsideradas as famílias cujo resultado final são rendas negativas, o índice de Gini da renda original – situação hipotética – é de 0,6451, sendo de 0,6176 para a renda inicial. Com os tributos diretos, o índice de Gini cai para 0,6051 – renda final, aumentando para 0,6335 com a incidência dos tributos indiretos. As contribuições marginais ao índice de Gini da renda disponível – somente para resultados não negativos dessa renda – são para o total dos benefícios totais, dos tributos diretos e dos indiretos de –0,009, –0,009 e 0,04343, respectivamente. Verifica-se que a retirada das rendas negativas diminui a eficácia distributiva das transferências e dos tributos diretos, amplificando a regressividade dos tributos indiretos. 43. Os coeficientes de concentração das transferências, dos tributos diretos e dos indiretos, nessa situação, são de 0,5851, 0,7072 e 0,4386, que se encontram ilustrados na figura 12. 95 Tabela 19 - Brasil: Decomposição dos Índices de Gini da Renda Inicial, Final e Disponível – 2002-2003. Benefícios ou Tributos Renda monetária sem benefícios Valor médio (R$ jan./03) Participação na renda (%) Inicial Final Disponível Razão de concentração Contribuição marginal Renda inicial Renda final Renda disponível Inicial Final 0,0054 (1) Disponível 370,57 86,3 95,4 117,7 0,6304 0,6269 0,6136 0,0117 -0,0487 Benefícios totais 58,67 13,7 15,1 18,6 0,5843 0,5840 0,5886 -0,0055 -0,0046 -0,0124 Aposentadorias e pensões 54,88 12,8 14,1 17,4 0,5940 0,5933 0,5978 -0,0039 -0,0030 -0,0099 RGPS 32,79 7,6 8,4 10,4 0,3838 0,3855 0,3939 -0,0184 -0,0193 -0,0272 RPPS 22,10 5,1 5,7 7,0 0,9062 0,9019 0,9007 0,0163 0,0172 Auxílios 0,54 0,1 0,1 0,2 0,3090 0,3132 0,3117 -0,0003 -0,0003 -0,0007 Bolsa de estudo 1,72 0,4 0,4 0,5 0,9345 0,9377 0,9353 Bolsas 1,06 0,2 0,3 0,3 -0,2244 Seguro desemprego 0,46 0,1 0,1 0,1 429,24 100,0 110,5 136,4 Renda monetária inicial 0,0145 0,0012 0,0013 0,0014 -0,2152 -0,1878 -0,0017 -0,0025 -0,0025 0,3043 0,3132 0,3188 -0,0003 -0,0003 -0,0003 0,6241 0,6210 0,6102 0,0071 -0,0611 Tributos diretos 40,74 -10,5 -12,9 0,6820 0,6547 -0,0071 0,0000 Contribuições previdenciárias 13,26 -3,4 -4,2 0,6080 0,5902 0,0002 0,0027 Imposto de Renda 8,79 -2,3 -2,8 0,8805 0,8651 -0,0061 -0,0059 IPTU 6,12 -1,6 -1,9 0,5089 0,4586 0,0017 0,0037 96 IPVA Outros diretos Renda final (desc. tributos diretos) 2,55 -0,7 -0,8 0,6810 0,6088 -0,0005 0,0004 10,01 -2,6 -3,2 0,7120 0,6871 -0,0025 -0,0010 388,51 100,0 123,4 0,6146 0,6055 -0,0611 Tributos indiretos 73,78 -23,4 0,3943 0,0610 ICMS 39,73 -12,6 0,3896 0,0334 IPI 11,73 -3,7 0,3950 0,0096 PIS-COFINS 20,00 -6,4 0,3885 0,0171 2,32 -0,7 0,5220 0,0009 314,73 100,0 0,6550 CIDE-Combustíveis Renda disponível Fonte: IBGE/POF de 2002-2003 (microdados) Notas: (1): lim D h® 0 DG = Dh h (Ch - G ) 97 Retomando as informações da tabela 19 – onde são consideradas as rendas negativas – para a análise dos tributos indiretos, verifica-se que estes representam quase 1/4 da renda disponível, sendo todos eles regressivos. Em verdade as razões de concentração dos três principais – ICMS, IPI e PIS-COFINS – situamse abaixo de 0,400, ou seja, bastante inferior ao índice de Gini da renda disponível, de 0,655. Resulta disso que pequenas elevações proporcionais desses tributos implicam acréscimos na desigualdade, cuja envergadura sobressai frente aos efeitos distributivos dos benefícios e dos tributos diretos. Esses três tributos apresentam efeitos marginais bem expressivos, com o ICMS tendo a maior contribuição marginal e a PIS-COFINS e o IPI rivalizando com os valores das aposentadorias do RGPS – de caráter distributivo – e dos RPPSs – de perfil concentrador. V.3. Impactos Distributivos dos Benefícios e dos Tributos: Medidas de Progressividade e Efeitos de Reordenamento 44 Nesta subseção, a avaliação dos impactos distributivos dos benefícios e tributos será feita com base no comportamento dos dois componentes que sintetizam as alterações nos índices de desigualdade, como descrito na seção metodológica. Comportamento esse que varia, a depender da renda empregada como parâmetro: se ela é a anterior ao beneficio ou tributo ou se é a posterior. Veremos que os indicadores de progressividade e os efeitos de rearranjo são bem diferentes, também a depender da renda empregada como parâmetro de avaliação. Foi visto que os efeitos de reordenamento, na abordagem tradicional de uma política de caráter progressivo, atenuam seus impactos distributivos. Diversamente, quando se emprega a renda ex post como parâmetro de análise, os dois efeitos têm sinais iguais – sem inflar, portanto, o caráter progressivo da política. Na tabela 20 estão os resultados para as duas abordagens, denominando-se indicadores de Lerman e Yitzhaki – progressividade e reordenamento – quando se emprega a renda resultante – após os benefícios ou tributos – como o parâmetro. Os indicadores ditos originais – progressividade de Kakwani e de Reordenamento –, dado o emprego mais usual na literatura, se baseiam na renda prévia, vale dizer, aquela anterior à concessão dos benefícios e da incidência dos impostos. Os índices de Gini constantes na coluna 2 da tabela referem-se, de um lado, aos quatro estágios distributivos considerados: rendas originais, inicial, final e disponível. Trata-se sempre da parcela monetária da renda, ou seja, não se referem à renda total. De outro lado, no caso dos benefícios, os índices se referem à situação anterior à sua concessão, ou seja, a uma renda inicial descontada o benefício. E por fim, no caso dos tributos diretos e indiretos, os índices de Gini são os resultantes, respectivamente, do recolhimento do tributo direto sobre a renda inicial (em que já estão incorporados os benefícios) e da incidência do tributo indireto sobre a renda final. Na coluna 3 encontram-se as diferenças entre os índices resultantes das políticas previdenciária, assistencial e de tributação, em realidade entre o índice de Gini antes e o índice depois da política. As variações no índice de Gini se decompõem em duas parcelas: uma relacionada ao grau de progressividade do(s) beneficio(s) ou do(s) imposto(s) examinado(s) e a outra ao reordenamento da população, segundo a renda, 44. Consideraram-se todas as famílias, mesmo aquelas com rendas final e disponível negativas, ainda que tal situação careça de significado. Excluíram-se, todavia, os pensionistas, empregados domésticos e parentes de empregados domésticos 98 que ocorre devido ou à concessão do beneficio ou à incidência do imposto. Cabe ao peso do beneficio ou do imposto sobre a renda o papel de ponderador do caráter progressivo/regressivo do beneficio ou do imposto. De um índice de Gini de 0.651 para a renda original, ou seja, da renda composta de recebimentos “privados” – trabalho, investimentos e transferências não-públicas – assiste-se a uma diminuição para 0.624 quando se incorporam os benefícios públicos e dos empregadores – aposentadorias e pensões, auxílios, programas de transferência de renda, bolsa de estudo e seguro-desemprego. Nas etapas seguintes, quando são consideradas as rendas após o recolhimento dos impostos diretos – IR, contribuições previdenciárias, IPTU, IPVA e as outras deduções – e a incidência dos indiretos – ICMS, IPI, PIS-COFINS e CIDE – o Gini, primeiramente, cai para 0,615, em decorrência dos impostos diretos, para, em seguida, recrudescer ao nível da renda original – 0,655. Assim, os ganhos distributivos decorrentes das transferências monetárias governamentais e da tributação direta são corroídos pelos tributos indiretos. Dito de outro modo, a concentração da renda, medida pelo índice de Gini, após ter diminuído 5,5%, graças à concessão de benefícios e à tributação direta, aumentou 6,6%, tendo como resultado final – ou seja, frente ao índice da renda original –, um aumento absoluto de 0,004 ou, em termos percentuais, de 0,6%. Vale notar que o índice atingiu um mínimo em 0,615, o que aponta para a rigidez na concentração de renda no país, dado que o montante dos benefícios concedidos e dos tributos diretos é relativamente expressivo, representando juntos 23,2% da renda inicial – aquela declarada pelas famílias. Todavia, se compararmos com informações de outros países, especificamente, países centrais, membros da OCDE, evidencia-se que, de modo geral, tanto a participação dos benefícios e tributos diretos é mais expressiva como são mais progressivas as políticas de seguridade social e de tributação sobre a renda e patrimônio. 99 Tabela 20 - Indicadores de progressividade, participação na renda e efeitos de reordenamento dos benefícios e tributos diretos e indiretos Brasil, 2002/03 Benefícios e Tributos Gini Diferença dos índices de Índice de Kakwani Gini (8) (4) Renda anterior % benefício ou tributo na renda posterior Renda posterior Reordename nto (5) Índice de Lerman & Yitzhaki % benefício ou tributo na renda anterior (6) Reordename nto (7) Renda original (Xo) 0,6510 Renda Inicial (Benefícios- b) (Xi) 0,6241 0,0269 0,4796 0,1367 0,0387 0,0398 0,1583 0,0206 Renda Final (Trib. Diretos - t) (Xf) 0,6146 0,0095 0,1229 0,1049 0,0034 0,0674 0,0949 0,0031 Renda Disponível (Trib. Indiretos ti) (Xd) 0,6550 -0,0404 -0,1338 0,2344 0,0091 -0,2607 0,1899 0,0091 Aposentadorias e pensões (1) 0,6485 0,0244 0,4849 0,1279 0,0376 0,0301 0,1466 0,0200 RGPS (1) 0,6574 0,0333 0,6987 0,0764 0,0200 0,2403 0,0827 0,0134 RPPS (1) 0,6142 -0,0099 0,1433 0,0515 0,0172 -0,2821 0,0543 0,0054 Auxílios (1) 0,6246 0,0005 0,5527 0,0013 0,0002 0,3151 0,0013 0,0001 Bolsa de Estudo (1) 0,6231 -0,0010 -0,0168 0,0040 0,0009 -0,3104 0,0040 0,0002 Programas de Transferência de Renda (1) 0,6263 0,0022 0,9587 0,0025 0,0001 0,8485 0,0025 0,0001 Seguro Desemprego (1) 0,6245 0,0004 0,3816 0,0011 0,0000 0,3197 0,0011 0,0000 Contribuições previdenciárias (2) 0,6239 0,0002 0,0362 0,0319 0,0010 -0,0081 0,0309 0,0004 100 Imposto de Renda (2) 0,6180 0,0061 0,3063 0,0209 0,0003 0,2754 0,0205 0,0005 IPTU (2) 0,6247 -0,0006 0,0211 0,0145 0,0009 -0,1051 0,0143 0,0009 IPVA (2) 0,6237 0,0004 0,0742 0,0060 0,0000 0,0665 0,0060 0,0000 Outros Descontos (2) 0,6211 0,0030 0,1513 0,0239 0,0006 0,1031 0,0233 0,0006 ICMS (3) 0,6328 -0,0182 -0,1426 0,1139 0,0020 -0,1987 0,1023 0,0021 IPI (3) 0,6184 -0,0038 -0,1107 0,0311 0,0003 -0,1368 0,0302 0,0004 PIS-COFINS (3) 0,6230 -0,0084 -0,1470 0,0543 0,0004 -0,1709 0,0515 0,0004 CIDE combustíveis (3) 0,6146 0,0001 0,0138 0,0060 0,0000 0,0027 0,0060 0,0000 Fonte: microdados da POF 2002/03 Notas: (1): Os índices de Gini referem-se à renda inicial descontado o benefício. A diferença dos índices de Gini é entre o da renda inicial sem o benefício e o da renda inicial. (2): Os índices de Gini referem-se à renda inicial descontado o tributo direto. A diferença dos índices de Gini é entre o da renda inicial e o da renda inicial menos o tributo direto. (3): Os índices de Gini referem-se à renda final descontado o tributo indireto. A diferença dos índices de Gini é entre o da renda final e o da renda final descontado o tributo indireto. (4): GXo – Cb, para benefícios, Ct – GXi, para tributos diretos, Cti – GXf, para tributos indiretos, considerando o ordenamento das famílias pela renda anterior – original, inicial e final, respectivamente. (5): GXi – CXi, para benefícios, GXf – CXf, para tributos diretos, e GXd – CXd, para tributos indiretos, considerando o ordenamento das famílias pela renda anterior – original, inicial e final, respectivamente. (6): GXi-Cb, para benefícios, Ct – Gf, para tributos diretos, e Cti – Gd, para tributos indiretos, com as razões concentração com base no ordenamento pela renda posterior – inicial, final e disponível, respectivamente. (7): GXo – CXo, para benefícios, GXi – CXi, para tributos diretos, e GXf – CXf, para tributos indiretos, com as razões de concentração com base no ordenamento pela renda posterior – inicial, final e disponível, respectivamente. (8): No caso da renda anterior como parâmetro, o diferencial entre os coeficientes de Gini, ou seja, G Xo – GXi, GXi – GXf e GXf – GXd resulta da diferença entre o índice de Kakwani ponderado pela participação do benefício ou tributo na renda posterior e o efeito de reordenamento [(col. 4 * col. 5) – col. 6]. No caso da renda posterior como parâmetro, as diferenças entre os índices de Gini resultam da soma entre o indice de Lerman-Yitzhaki ponderado pela participação do benefício ou tributo na renda anterior e o efeito de reordenamento [(col. 7 * col. 8) + col. 9] 101 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFONSO, José Roberto; ARAÚJO, Erika Amorim e VIANNA, Salvador Werneck. Carga Tributária Indireta no Brasil: Análise da Incidência Efetiva sobre as Famílias. Banco Interamericano de Desenvolvimento. Série de Estudos Econômicos e Sociais. RE1-04-02. Fevereiro de 2004. GLENNERSTER, H. Tibor Barna: the redistributive impact of taxes and social policies in the UK: 1937-2005. Centre for Analysis of Social Exclusion/London School of Economics, Dec. 2006 (CASE Papers, n. 115). GONI, Edwin; LOPEZ, Humberto; SERVEN, Luis. Fiscal Redistribution and Income Inequality in Latin America. World Bank Policy Research Working Paper No. 4487, 2008. HOFFMANN, R. 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QUADRO RESUMO: BASES DE DADOS, REFERÊNCIAS E PROCEDIMENTOS TRIBUTAÇÃO Indireta POF Com base na legislação: hipótese de funcionamento perfeito da legislação; calcula-se a carga e não o quanto se arrecada Silveira (2008): ICMS (base São Paulo), IPI, PIS-COFINS e CIDE-Combustíveis. 103 Payeras (2008): ICMS (todos Estados), IPI, PIS-COFINS e ISS POF, Contas Nacionais e Matriz Insumo-Produto No caso trabalha-se com as alíquotas efetivas, havendo, por outro lado, a necessidade de um tradutor POF x Contas que incorre em arbitrariedade Conceição Anpec 2009 Direta POF Fazem parte das despesas discriminadas pelas famílias, sendo que alguns são subenumerados, como a CPMF Silveira (2008): IRPF, Contribuições Previdenciárias, Outros Tributos Diretos, IPTU e IPVA PNAD Estima-se com base nos dados da renda, da relação trabalhistas e com o acesso aos serviços públicos de educação e saúde (gasto “via” POF). Tem-se, então, a carga tributária potencial. Soares et all (2009): IRPF e Contribuições Previdenciárias. Ficam fora ou sub-enumerados, dentre os tributos diretos, a CPMF, o IOF, o ITBI e o ITCB e, dentre os indiretos, a CSLL e o Imposto de Importação GASTOS SOCIAIS Transferências Monetárias POF Com base na declaração das famílias, conta-se com informações de benefícios monetários repassados as famílias, entre os quais, os previdenciários, os assistenciais, os trabalhistas e os educacionais. Silveira (2008): Benefícios previdenciários – inclusive os auxílios, dentre os quais os acidentários –, benefícios assistenciais – BPC-LOAS e Programas de Transferência Condicionada de Renda –, seguro desemprego e bolsas de estudo. PNAD Com base na declaração das famílias, conta-se com informações de benefícios monetários repassados as famílias, entre os quais, os previdenciários, os assistenciais, os trabalhistas e os educacionais. 104 Soares et all (2007): Aposentadorias e pensões, BPC e Bolsa Família. Serviços públicos de educação e saúde – transferências não monetárias. POF Pode-se distribuir o gasto público em educação, tendo por parâmetros os valores médios por aluno, segundo níveis de ensino, apurados pelo INEP e/ou FUNDEB, e a declaração das famílias relativa à freqüência escolar: nível e rede – pública ou privada. PNAD Idem POF para gasto em educação. No caso da saúde, empregar os dados do SUS e do Sistema de Gastos em Saúde (SIOPS) e os dados do suplemento saúde da PNAD, realizados em 2003 e 2008. POF PNAD Gasto público em saúde Potenciais tributos diretos Melhor apuração gastos em educação Inexistência tributos indiretos Defasagem gastos previdenciários e assistenciais Sem estimativa IPTU e IPVA Tributos diretos melhor apurados Única fonte pra os tributos indiretos Dois caminhos para solucionar as lacunas de uma e outra pesquisa: 1. Imputar na POF 2002-03 as estimativas de gastos públicos em saúde e educação desenvolvidos na PNAD, por meio de modelo econométrico em dois estágios. No primeiro apura-se a probabilidade de ser beneficiário da provisão publica e, no segundo, o montante “gasto”. 2. Imputar na PNAD as estimativas de incidência direta e indireta apurados na POF, empregando os mesmos modelos. Alternativa 1 parece-nos a melhor. Perguntas: a) que variáveis empregar no modelo e b) que problemas de endogeneidade existem. Se escolhermos a alternativa 1, há que se analisar a evolução, entre 2003 e 2008, com base nas PNADs, das transferências monetárias e dos gastos em educação e saúde – nesse caso a depender da divulgação dos dados do suplemento Saúde de 2008. É que nos últimos anos ocorreram alterações expressivas na previdência, assistência e no gasto em educação. 105 CHILE Junio 2008 Equidad Fiscal en Chile Un Análisis de la Incidencia Distributiva de los Impuestos y el Gasto Social Michael Jorratt 106 Resumen El propósito de este estudio es determinar la incidencia de los impuestos y el gasto social en la distribución del ingreso. Para ello, se ha utilizado como fuente principal de información la Encuesta de Caracterización Socioeconómica (CASEN) del año 2003. Se ha optado por utilizar el ingreso familiar como medida de bienestar y a los hogares como unidad de análisis. Los supuestos de incidencia utilizados son los tradicionales, es decir, se atribuye el pago de los impuestos directos a los factores gravados y el pago de los impuestos indirectos a los consumidores. Los resultados muestran que la política fiscal en Chile es progresiva, lo que se debe exclusivamente a la focalización del gasto social. La política tributaria, en cambio, es prácticamente proporcional. En efecto, la distribución del ingreso antes de la política fiscal se resume en un índice de Gini de 0,5791. Luego de aplicar los impuestos, la distribución prácticamente no cambia, midiéndose un Gini de 0,5764. Por último, después de aplicar el gasto social, este indicador se reduce a 0,5315. En cuanto a la política tributaria, el análisis incluyó el Impuesto a la Renta, el IVA, el Impuesto Específico a los Combustibles, el Impuesto Específico al Tabaco y los impuestos a las bebidas, productos suntuarios y juegos de azar. De ellos, el Impuesto a la Renta es el único que resulta ser progresivo. Por otra parte, sólo el IVA y el Impuesto a la Renta muestran impactos significativos en la distribución del ingreso, aunque en sentido contrario. En efecto, el índice Reynolds-Smolensky alcanza un valor de -0,0178 para el primero y 0,0206 para el segundo. Respecto del gasto social, se estudiaron los subsidios monetarios y el gasto social en educación y salud. Todos resultaron ser progresivos, aunque con distintos impactos distributivos. Los subsidios monetarios tienen un impacto redistributivo moderado, con un índice Reynolds-Smolensky de 0,0007. El gasto en educación muestra el impacto redistributivo de mayor significación, con un índice Reynolds-Smolensky de 0,0294, que se explica fundamentalmente por las subvenciones educacionales de enseñanza básica y media. Por su parte, el gasto en salud es el que muestra una mayor concentración en la población de menores ingresos y un impacto redistributivo también importante, reflejado en un índice Reynolds-Smolensky de 0,0119. 107 ÍNDICE 1. Introducción...………………………………………………………………………………………………… 110 2. Breve reseña sobre la estructura tributaria chilena ………………………………………………… 111 2.1. La recaudación de la estructura tributaria ………………………………………………………… 111 2.2. Impuestos a nivel de Gobierno Central …………………………………………………………… 116 2.2.1. Impuestos a la renta ………………………………………………………………………… 116 2.2.2. Impuesto al valor agregado (IVA) …………………………………………………………. 118 2.2.3. Impuestos adicionales al IVA ……………………………………………………………….119 2.2.4. Impuesto a los tabacos ……………………………………………………………………. 120 2.2.5. Impuestos a los combustibles ………………………………………………………………120 2.2.6. Impuesto a los actos jurídicos (de Timbres y Estampillas)……………………………… 120 2.2.7. Impuestos a los juegos de azar …………………………….………………………………120 2.2.8. Impuesto al comercio exterior ……………………………….……………………………. 120 2.3. Impuestos a nivel de Gobiernos Locales …………………………….…………………………… 121 2.3.1. Impuesto territorial (a los bienes raíces)…………………….…………………………… 121 2.3.2. Impuestos a la circulación de vehículos……………………………………………………121 2.3.3. Patentes municipales……………………………………………………………………… 121 2.3.4. Impuesto a la transferencia de vehículos usados……………………………………… 121 3. Antecedentes sobre el Gasto Público …………………………………………………………………… 122 4. Metodología…………………………………………………………………………………………………… 129 5. 4.1. Fuentes de información...…………………………………………………………………………… 129 4.2. Definiciones y convenciones básicas …………………………………………………………….. 130 4.3. Estimación del ingreso antes de la política fiscal.…………….………………………………… 133 4.4. Estimación de los impuestos pagados …………………………………………………………… 133 4.5. Estimación de los subsidios recibidos …………………………………………………………… 137 Resultados ................................................................................................................................. 108 139 5.1. Ingresos antes de la política fiscal…………………………………………………………………. 139 5.2. Impuestos …………………………………………………………………………………………….. 140 5.3. 5.4. 6. 5.2.1. Impuesto a la renta ………………………………………………………………………… 140 5.2.2. Impuesto al valor agregado ………………………………………………………………. 141 5.2.3. Impuesto a los combustibles …………………………………………………………….. 142 5.2.4. Impuesto al tabaco ………………………………………………………………………… 144 5.2.5. Impuesto a las bebidas ……………………………………………………………………. 145 5.2.6. Otros impuestos ……………………………………………………………………………. 147 Subsidios……………………………………………………………………………………………… 149 5.3.1. Subsidios monetarios………………………………………………………………………. 149 5.3.2. Gasto en educación………………………………………………………………………… 150 5.3.3. Gasto en salud……………………………………………………………………………… 154 Ingresos después de la política fiscal……………………………………………………………… 156 Conclusiones…………………………………………………………………………………………………. 158 Referencias bibliográficas……....…………………………………………………………………………………… 159 Anexo……………………………………………………………………………………………………………………. 160 109 1 Introducción América Latina es la región con mayor desigualdad en la distribución del ingreso en el mundo, y ciertamente Chile no es la excepción. Efectivamente, en el estudio de Desarrollo Humano del PNUD (2006), Chile aparece como el país con peor distribución del ingreso dentro del segmento de 63 países calificados con “alto desarrollo humano”. Es por ello que el tema de la carga tributaria y de cómo ésta se distribuye entre los distintos sectores y agentes de la economía constituye un tema de permanente discusión. Ahora bien, un análisis integral del impacto distributivo de los impuestos debe considerar también el destino del gasto público que éstos financian. A fin de cuentas, la aplicación de un impuesto regresivo tiene poca importancia desde el punto de vista de la equidad si es que la recaudación que se logra con él se redistribuye a través de un gasto público bien focalizado. En este sentido, el presente estudio tiene como propósito determinar la incidencia distributiva de la política fiscal en Chile, considerando los impactos tanto de la política tributaria como del gasto público. El trabajo se organiza de la siguiente manera: en el capítulo 2 se presenta una breve reseña sobre la estructura tributaria chilena; en el capítulo 3 se muestran antecedentes sobre el gasto público; en el capítulo 4 se describen las fuentes de información y la metodología a utilizar; en el capítulo 5 se presentan los resultados; y, finalmente, en el capítulo 6 se presentan las conclusiones. 110 2 Breve reseña sobre la estructura tributaria chilena 2.1 La Recaudación de la Estructura Tributaria En la tabla 1 se presentan las cifras de recaudación impositiva para el período 1990 a 2006, las cuales indican una carga tributaria total que oscila en torno a 17,5% del PIB. Los impuestos de mayor relevancia son el IVA, que representó aproximadamente un 45% de la recaudación total, y el Impuesto a la Renta, cuya participación es cercana al 25% a lo largo del período. Esta situación cambia radicalmente en 2006, año en que la participación de ambos impuestos prácticamente se iguala, siendo ésta de un 38% para el impuesto a la renta y 40% para el IVA. Este cambio obedece fundamentalmente al alto precio del cobre del último tiempo, que ha producido un aumento significativo de la tributación a la renta de las empresas mineras privadas, muchas de las cuales se encontraban en situación de pérdidas tributarias en la primera mitad de la década. En un segundo nivel de importancia dentro de los impuestos del Gobierno Central, se encuentran los impuestos a los combustibles, que representan entre un 5% y un 8,1% de la recaudación a lo largo del período, el impuesto de Timbres y Estampillas, cuya participación oscila entre un 2,5% y un 4,1%, el impuesto al tabaco, que explica entre un 3% y un 4,2% de la recaudación total, y los aranceles a las importaciones, con una participación cada vez menor, pasando de un 15,4% en 1990 a un 2,3% en 2006. Dentro de los impuestos municipales, el de mayor importancia recaudatoria es el Impuesto Territorial, cuya participación oscila entre un 3,0% y un 4,3% de los ingresos tributarios totales a lo largo del período de análisis. Desde otro punto de vista, se observa que la estructura tributaria chilena tiene una marcada concentración en los impuestos indirectos. Es así que en 2003 estos gravámenes aportaron el 71,9% de los ingresos totales (12,5% del PIB), en tanto que los impuestos directos (Impuesto a la Renta y Patentes Municipales) aportaron sólo el 28,1% del total (4,9% del PIB). 111 Tabla 1 1 Recaudación Tributaria 2001-2006 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 En miles de millones de pesos de cada año I. Impuestos Gobierno Central A la renta 1.34 4 238 2.01 2 2.62 4 3.30 5 3.74 2 4.40 7 5.16 7 5.67 4 5.95 6 5.80 7 6.61 9 7.23 8 7.71 0 8.11 7 9.11 4 11.19 3 13.22 8 1.32 8 1.44 2 1.49 5 1.37 4 1.73 8 2.00 9 2.15 2 2.29 2 2.65 2 3.952 5.436 494 632 813 944 1.07 9 1.55 8 1.85 1 2.14 9 2.51 0 2.83 5 2.97 4 2.93 2 3.26 0 3.49 9 3.81 7 4.19 7 4.79 8 5.348 5.706 IVA 650 933 1.26 8 Tabaco 61 78 92 109 127 149 168 184 208 247 283 303 323 333 354 383 427 Combustibles 117 162 201 234 229 276 340 406 453 468 533 605 634 650 643 737 717 Timbres y estampillas 46 54 77 111 135 154 198 234 229 246 241 293 338 363 396 458 481 Comercio exterior 222 276 335 413 452 580 622 590 625 592 605 525 500 375 324 328 329 Otros 10 14 19 66 4 18 1 -17 -30 -52 -41 4 -54 -93 -53 -14 133 105 148 195 246 273 350 422 485 544 581 621 676 723 788 795 927 1.076 Impuesto Territorial 267 288 308 315 351 344 412 479 Permisos de circulación 93 93 102 110 121 120 139 162 Patentes municipales 128 138 157 181 199 210 234 272 II. Impuestos Municipales 112 Tabla 1 1 Recaudación Tributaria 2001-2006 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Derechos municipales 2006 92 102 109 118 117 121 141 164 1.44 8 2.16 0 2.81 9 3.55 1 4.01 5 4.75 6 5.59 0 6.15 9 6.50 0 6.38 7 7.24 0 7.91 4 8.43 3 8.90 6 9.90 9 12.12 0 14.30 4 92,8 93,2 93,1 93,1 93,2 92,7 92,4 92,1 91,6 90,9 91,4 91,5 91,4 91,1 92,0 92,4 92,5 A la renta 16,4 22,9 22,4 22,9 23,5 22,7 23,8 23,4 23,0 21,5 24,0 25,4 25,5 25,7 26,8 32,6 38,0 IVA 44,9 43,2 45,0 43,9 46,1 45,2 44,9 46,0 45,8 45,9 45,0 44,2 45,3 47,1 48,4 44,1 39,9 Tabaco 4,2 3,6 3,3 3,1 3,2 3,1 3,0 3,0 3,2 3,9 3,9 3,8 3,8 3,7 3,6 3,2 3,0 Combustibles 8,1 7,5 7,1 6,6 5,7 5,8 6,1 6,6 7,0 7,3 7,4 7,6 7,5 7,3 6,5 6,1 5,0 Timbres y estampillas 3,2 2,5 2,7 3,1 3,4 3,2 3,5 3,8 3,5 3,8 3,3 3,7 4,0 4,1 4,0 3,8 3,4 Comercio exterior 15,4 12,8 11,9 11,6 11,3 12,2 11,1 9,6 9,6 9,3 8,4 6,6 5,9 4,2 3,3 2,7 2,3 Otros 0,7 0,6 0,7 1,9 0,1 0,4 0,0 -0,3 -0,5 -0,8 -0,6 0,1 -0,6 -1,0 -0,5 -0,1 0,9 7,2 6,8 6,9 6,9 6,8 7,3 7,6 7,9 8,4 9,1 8,6 8,5 8,6 8,9 8,0 7,6 7,5 Impuesto Territorial 4,3 4,1 3,9 3,7 3,9 3,5 3,4 3,3 Permisos de circulación 1,5 1,3 1,3 1,3 1,4 1,2 1,1 1,1 Patentes municipales 2,1 2,0 2,0 2,1 2,2 2,1 1,9 1,9 Impuestos Gob. General (I+II) Como porcentaje del total I. Impuestos Gobierno Central II. Impuestos Municipales 113 Tabla 1 1 Recaudación Tributaria 2001-2006 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Derechos municipales 2006 1,5 1,5 1,4 1,4 1,3 1,2 1,2 1,1 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100, 0 100,0 100,0 14,0 15,8 16,3 17,1 16,1 15,6 16,5 16,3 16,3 15,6 16,3 16,6 16,6 15,9 15,6 16,8 17,1 A la renta 2,5 3,9 3,9 4,2 4,1 3,8 4,3 4,2 4,1 3,7 4,3 4,6 4,6 4,5 4,5 5,9 7,0 IVA 6,8 7,3 7,9 8,1 8,0 7,6 8,0 8,2 8,1 7,9 8,0 8,0 8,2 8,2 8,2 8,0 7,4 Tabaco 0,6 0,6 0,6 0,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,6 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,6 0,6 0,6 Combustibles 1,2 1,3 1,2 1,2 1,0 1,0 1,1 1,2 1,2 1,3 1,3 1,4 1,4 1,3 1,1 1,1 0,9 Timbres y estampillas 0,5 0,4 0,5 0,6 0,6 0,5 0,6 0,7 0,6 0,7 0,6 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,6 Comercio exterior 2,3 2,2 2,1 2,1 2,0 2,1 2,0 1,7 1,7 1,6 1,5 1,2 1,1 0,7 0,6 0,5 0,4 Otros 0,1 0,1 0,1 0,3 0,0 0,1 0,0 0,0 -0,1 -0,1 -0,1 0,0 -0,1 -0,2 -0,1 0,0 0,2 1,1 1,2 1,2 1,3 1,2 1,2 1,4 1,4 1,5 1,6 1,5 1,6 1,6 1,5 1,4 1,4 1,4 Impuesto Territorial 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,6 0,6 0,6 Permisos de circulación 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 Patentes municipales 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 Impuestos Gob. General (I+II) Como porcentaje del PIB I. Impuestos Gobierno Central II. Impuestos Municipales 114 Tabla 1 1 Recaudación Tributaria 2001-2006 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Derechos municipales Impuestos Gob. General (I+II) 15,1 17,0 17,5 18,4 17,3 16,8 17,9 17,7 17,8 2006 0,3 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 17,2 17,8 18,2 18,2 17,4 17,0 18,2 18,5 Fuente: Elaborado en base a los Informes de Ingresos Fiscales de la Tesorería General de la República y a las Estadísticas de Finanzas Públicas de la Dirección de Presupuestos. 1/ No incluye los ingresos tributarios de la minera estatal CODELCO, los cuales son registrados como Ingresos del Cobre en las estadísticas de recaudació 115 2.2 2.2.1 Impuestos a nivel de Gobierno Central Impuesto a la Renta Gravámenes y tasas: La Ley de Impuesto a la Renta distingue entre las rentas del capital, denominadas de Primera Categoría, y las rentas del trabajo, identificadas con la Segunda Categoría. Las primeras se gravan con el “Impuesto de Primera Categoría”, cuya tasa es de un 17% y opera como un anticipo de los impuestos personales que deben pagar los accionistas, socios o dueños de las empresas, por los dividendos o retiros de utilidades. En efecto, este impuesto está integrado con el impuesto personal (Global Complementario) que afecta a los accionistas, socios o dueños de las empresas. Esto se materializa reconociendo al Impuesto de Primera Categoría como un crédito contra el impuesto personal, el que incluso es susceptible de devolución, si la obligación personal es inferior al impuesto que adelantó la empresa. Las empresas del Estado deben pagar, en forma adicional, un impuesto de 40% sobre las utilidades generadas. A su vez, las empresas mineras deben pagar un impuesto adicional a la renta, de tasa variable, que llega hasta 5% sobre utilidades operacionales (“Royalty minero”). Por otra parte, las rentas provenientes de una actividad laboral ejercida en forma dependiente, tales como sueldos, salarios, pensiones y rentas accesorias o complementarias a las anteriores, quedan gravadas con el Impuesto de Segunda Categoría (ISC). Este gravamen se aplica con una escala de tasas progresivas y es retenido y declarado mensualmente por el empleador. Tabla 2 Escala de tasas – Diciembre de 2005 Impuesto Único de Segunda Categoría Renta Tributable Aprox. Desde Hasta Tasa Marginal (UTM) (UTM) 0 13,5 Exento 13,5 30 5% 30 50 10% 50 70 15% 70 90 25% 90 120 32% 120 150 37% 150 Y más 40% 116 Nota: La UTM (unidad tributaria mensual) es una unidad reajustable por inflación, cuyo valor a diciembre de 2007 equivalía aproximadamente a 70 dólares Todas las rentas obtenidas por las personas naturales residentes, ya sean del capital o del trabajo, deben pagar anualmente el Impuesto Global Complementario (IGC), pudiendo rebajar como crédito los impuestos de Primera 45 o Segunda Categoría que hayan afectado a unas y otras . En la práctica, el IGC afecta a las personas que obtienen rentas por el ejercicio de actividades laborales independientes; por actividades empresariales en calidad de socio, accionista o dueño de empresas; por retornos en inversiones financieras; etc. Con excepción de la rentas por instrumentos financieros, en la mayoría de los casos se aplica algún mecanismo de retención o anticipo a cuenta del gravamen. El IGC recae únicamente sobre las personas naturales con domicilio o residencia en Chile. Es un tributo individual que se aplica con una escala equivalente de tramos y tasas progresivas que el ISC, pero que se declara y paga en forma anual (en Abril) sobre las rentas percibidas en el 46 año anterior . Esquema Sinóptico del Impuesto a la Renta Chileno Rentas del capital Impuesto de Primera Categoría Rentas del trabajo Impuesto de Segunda Categoría Personas naturales residentes Impuesto Global Complementario con crédito por los impuestos de categoría. o o Personas naturales o jurídicas no residentes Impuesto Adicional con crédito por los impuestos de categoría. Residentes: Pagan sobre renta mundial No residentes: Pagan sólo por rentas de fuente chilena El Impuesto Adicional afecta a las personas naturales o jurídicas que no tienen residencia ni domicilio en Chile. Se aplica con una tasa general de 35% y opera sobre las utilidades distribuidas o retiradas por la vía de remesas hacia el exterior, de fuente chilena. Otros tipos de remesas al exterior también están afectas a este gravamen con diferentes tasas impositivas. En forma análoga al IGC, el Impuesto Adicional que se aplica a la remesa de utilidades empresariales también funciona bajo el mecanismo de integración con el Impuesto de Primera Categoría. Es decir, para los contribuyentes del Impuesto Adicional, el Impuesto de Primera Categoría pagado por las empresas sobre las rentas que se remesan, sirve de crédito a su obligación. 45 Salvo las personas que sólo hayan percibido rentas del trabajo dependientes, en cuyo caso el Impuesto de Primera Categoría toma el carácter de impuesto único a la renta. 46 Es decir, los límites de cada tramo se obtienen multiplicando los valores de la tabla del ISC por 12. 117 Franquicias que reducen el pago de impuestos personales: La ley contempla algunas franquicias principalmente orientadas a incentivar el ahorro de las personas, las cuales deben ser consideradas en un estudio de incidencia tributaria, por cuanto pueden reducir significativamente el pago de impuestos. En primer lugar, se permite deducir de la base imponible de los trabajadores dependientes las cotizaciones obligatorias para fondos de pensiones y seguros de salud. Las primeras equivalen a un 12,3% de la renta mensual (10% de ahorro provisional y 2,3% de comisión y seguro de invalidez) y las segundas a un 7% de la renta mensual. En ambos casos se aplica un límite máximo de cotizaciones, equivalente a los porcentajes anteriores aplicados sobre un sueldo máximo imponible de 60 Unidades de Fomento (UF) (aproximadamente 2.400 dólares). En segundo lugar, tanto los trabajadores dependientes como los independientes tienen derecho a rebajar de la base imponible de sus impuestos personales las cantidades destinadas a “Ahorro Provisional Voluntario”, instrumentos regulados por ley y que tienen como objetivo incrementar las futuras pensiones de los trabajadores. Mediante esta franquicia se pueden deducir hasta 50 UF mensuales (aproximadamente 2.000 dólares). En tercer lugar, la ley permite la deducción anual de los intereses pagados, devengados en créditos con garantía hipotecaria destinados a la compra o construcción de viviendas. El monto deducible es menor mientras mayor sea la renta de la persona, y en ningún caso puede exceder de 8 Unidades Tributarias Anuales (UTA) (aproximadamente 6.600 dólares). Por otro lado, los trabajadores independientes pueden optar entre llevar la contabilidad efectiva de sus gastos o rebajar gastos presuntos iguales al 30% de sus ingresos. Aproximadamente un 80% de ellos opta por la segunda alternativa, puesto que en la práctica los gastos efectivos asociados al ejercicio de una profesión u oficio son bastante inferiores a ese porcentaje. Adicionalmente, la ley contempla un incentivo al ahorro conocido como 57 bis, en referencia al artículo que lo establece. Esta franquicia permite postergar el pago de IGC por aquella parte de las rentas que hayan sido ahorradas en instrumentos financieros que determina la ley, hasta el momento en que se produzca el desahorro de estas cantidades. El beneficio funciona en la forma de un crédito contra el citado impuesto al momento del ahorro, equivalente al ahorro neto del ejercicio multiplicado por un 15%; y un débito a reintegrar por concepto de dicho impuesto al momento del desahorro, igual al 15% aplicado sobre el ahorro neto negativo determinado al término del ejercicio. En sexto lugar, la ley contempla algunas exenciones para las rentas de capitales mobiliarios de bajo monto, obtenidas por trabajadores dependientes. En el caso de interese financieros y dividendos, se eximen del impuesto las rentas anuales que no superen las 20 UTM (aproximadamente 1.400 dólares). Finalmente, hasta el año 2003 también se permitía deducir un 20% del valor de las acciones de primera emisión que hubiesen sido adquiridas antes del 29 de julio de 1998. 2.2.2 Impuesto al Valor Agregado (IVA) El IVA en Chile opera como un impuesto tipo consumo, gravando con una tasa de 19% la totalidad de los bienes y la mayor parte de los servicios. El gravamen no contempla tasas diferenciadas, salvo para la construcción de viviendas, en donde existe un crédito especial igual al 65% de los débitos, mecanismo equivalente a la aplicación de una tasa reducida del 6,7%. Se aplican exenciones simples a algunos servicios, tales como los de educación, 118 salud (con ciertas limitaciones), transporte de pasajeros, intereses financieros, algunas primas de seguros y los honorarios profesionales. La tasa cero está reservada sólo para las exportaciones, la que se materializa mediante la devolución mensual de los remanentes. Para quienes no son exportadores, los remanentes de IVA, producto de compras afectas superiores a las ventas afectas, pueden ser rebajados de los débitos de IVA de los meses siguientes. Sin embargo, es posible acceder a la devolución de un remanente cuando proviene de compras de activos fijos y ha sido arrastrado por seis meses o más. 2.2.3 Impuestos Adicionales al IVA Productos Suntuarios: Se aplica un impuesto de 15%, adicional al IVA, sobre la primera venta o importación de los siguientes bienes: artículos de oro, platino y marfil; joyas y piedras preciosas; pieles finas; alfombras, tapices y cualquier otro artículo de similar naturaleza, calificados como finos por la administración tributaria; vehículos casa-rodantes autopropulsados; conservas de caviar y sucedáneos; y armas de aire o gas comprimido, sus accesorios y proyectiles, excepto los de caza submarina. En el caso de los artículos de oro, platino y marfil; joyas y piedras preciosas; y pieles finas, el impuesto se aplica también sobre el valor agregado en las siguientes etapas de comercialización, de manera similar al IVA. Además, los artículos de pirotecnia, tales como fuegos artificiales, petardos y similares, están afectos también a este impuesto, pero con una tasa de 50%. Impuesto a las Bebidas Alcohólicas, Analcohólicas y Productos Similares: La venta o importación de bebidas alcohólicas, analcohólicas y productos similares paga un impuesto adicional al IVA. El impuesto recae sobre la misma base imponible del IVA, con la salvedad de que no se aplica a las ventas que efectúa el comerciante minorista al consumidor final. Las tasas vigentes para este impuesto son: (i) Licores, piscos, whisky, aguardientes y destilados, incluyendo los vinos licorosos o aromatizados similares al vermouth: 47 tasa del 27%; (ii) Vinos destinados al consumo , ya sean gasificados, espumosos o champaña, generosos o asoleados, chichas y sidras destinadas al consumo, cualquiera que sea su envase, cerveza y otras bebidas alcohólicas, cualquiera que sea su tipo, calidad o denominación, tasa del 15%; y (iii) bebidas analcohólicas naturales o artificiales, jarabes, y en general cualquier otro producto que las sustituya o que sirva para preparar bebidas similares y las aguas minerales o termales que hayan sido adicionadas con colorante, sabor o edulcorante: tasa de 13%. Las exportaciones gozan de una exención total o tasa cero, a través de un procedimiento de recuperación vía crédito, o bien, por devolución directa. Impuesto a la Importación de Vehículos de Lujo (derogado a contar de 2007): En el caso de los vehículos cuyo valor aduanero exceda de aproximadamente US$27.700, se aplica una tasa de un 21,25% sobre el valor aduanero que se halle por encima de este monto. Están exentos de este impuesto los 47 Un caso de excepción recae en las ventas de vino a granel realizadas por productores a otros vendedores sujetos de este impuesto, las cuales no están gravadas. 119 vehículos dedicados al transporte de pasajeros con más de quince asientos; camiones y camionetas con capacidad de carga superior a los 2.000 kilos, tractores, carretillas automóviles, vehículos casa-rodantes autopropulsados o para transporte fuera de carretera, coches celulares, ambulancias, coches mortuorios y blindados para el transporte. 2.2.4 Impuesto a los Tabacos Los cigarros puros pagan un impuesto de 51% sobre su precio bruto de venta al consumidor, es decir, incluido el propio impuesto a los tabacos. Los cigarrillos pagan un impuesto de 60,4% sobre su precio de venta al consumidor, por cada paquete, caja o envoltorio; y el tabaco elaborado, sea en hebras, tabletas, pastas o cuerdas, granulados, picadura o pulverizado, paga un impuesto de 57,9%. 2.2.5 Impuestos a los Combustibles Este gravamen recae sobre la primera venta o importación de gasolina automotriz y de petróleo diesel. Su base imponible está formada por la cantidad de combustible, expresada en metros cúbicos. La tasa del impuesto es de 1,5 UTM (90 US$) por metro cúbico para el petróleo diesel y de 6 UTM (US$362) por metro cúbico para la gasolina automotriz. En este gravamen, se establece un sistema de recuperación en la declaración mensual del impuesto al petróleo diesel soportado en su adquisición, cuando no ha sido destinado a vehículos motorizados que transiten por calles, caminos y vías públicas en general. Por otra parte, se permite a las empresas de transporte de carga pesada, recuperar un porcentaje de las sumas pagadas por dichos vehículos, por concepto del impuesto específico al petróleo diesel. 2.2.6 Impuesto a los Actos Jurídicos (de Timbres y Estampillas) El Impuesto de Timbres y Estampillas tiene básicamente dos componentes. Uno de ellos es el denominado “impuesto al crédito”, el cual grava las operaciones de crédito y su base imponible es el monto del capital documentado en la obligación crediticia. La tasa impositiva es de 0,1% por cada mes o fracción que media entre su fecha de emisión y vencimiento, con un máximo de 1,2%. Los instrumentos a la vista o sin plazo de 48 vencimiento tienen una tasa de 0,5% sobre su monto . La segunda componente corresponde al “impuesto al cheque”, que grava los giros de cuentas corrientes a través de cheques o cualquier otro medio. Este gravamen opera con una tasa fija de aproximadamente 30 centavos de dólar por cheque o giro. Los protestos de cheques por falta de fondos, las actas de protesto de letras de cambio y pagarés a la orden se gravan con una tasa de 1% sobre su monto, con un mínimo aproximado de US$5 y un máximo aproximado de US$60. 2.2.7 Impuestos a los Juegos de Azar Existen tres textos legales que establecen impuestos que afectan cada uno a distintos juegos de azar. El primero, grava los juegos de lotería y otros juegos de azar legales, con una tasa de 15% sobre el monto total de las apuestas. El segundo, grava las apuestas hípicas, con una tasa de 3% sobre el monto total de las apuestas. Y el tercero, grava a los casinos de juegos con dos componentes: la primera, consiste en un impuesto de aproximadamente US$4 por cada persona que ingresa; la segunda, aplica una tasa del 20% sobre los ingresos brutos de las sociedades operadoras de casinos de juegos. La recaudación de esta tasa se distribuye en partes iguales entre el Gobierno Central y el municipio en donde opera el casino. 2.2.8 Impuesto al Comercio Exterior 48 En este concepto entran instrumentos como letras de cambio, pagarés, créditos simples o documentarios, entrega de facturas o cuentas en cobranza, descuento bancario de letras, préstamos y otras operaciones de crédito de dinero. 120 Los bienes importados están afectos a un impuesto ad valorem cuya tasa es actualmente de 6%, con independencia del tipo de mercadería. Cabe señalar que Chile ha suscrito 19 acuerdos comerciales, que involucran a 53 países, por lo que una parte considerable de los productos importados se encuentra desgravada. Es así que, de acuerdo a cifras del Ministerio de Hacienda, en 2006 el arancel promedio fue de 1,6%. 2.3 Impuestos a nivel de Gobiernos Locales 2.3.1 Impuesto Territorial (a los bienes raíces) El Impuesto a los Bienes Raíces se aplica sobre el avalúo fiscal de las propiedades, el que a su vez es determinado por la administración tributaria. Los bienes raíces agrícolas están sujetos a una tasa anual del 1%, y contempla un tramo de avalúo exento de aproximadamente $6 millones (US$13 mil). En el caso de los bienes raíces no agrícolas, se debe distinguir si su destino es habitacional o de otro tipo. Los habitacionales gozan de un tramo de avalúo exento de aproximadamente $13 millones (US$27 mil); sobre la parte del avalúo que exceda a ese monto, pero sea inferior a aproximadamente $46 millones (US$97 mil), se aplica una tasa anual de 1,2%; y por la parte del avalúo que sobrepase los $46 millones (US$97 mil), se aplica una tasa anual 1,4%. Respecto de los bienes raíces con destino no-habitacional, se aplica una tasa anual de 1,4%. Sobre los bienes raíces no agrícolas, se aplica además una sobretasa de 0,025%, de beneficio del 49 gobierno central. 2.3.2 Impuestos a la circulación de vehículos Este gravamen se determina sobre el avalúo fiscal de los vehículos. El impuesto opera con una escala progresiva de tasas, que van desde 1% hasta 4,5%. Esta última tasa se aplica a vehículos con avalúo por encima de unos $13 millones (US$24 mil). El gravamen contempla un mínimo aproximado de $16 mil (US$30). 2.3.3 Patentes municipales Grava la actividad que ejerce un contribuyente en su local, oficina, establecimiento, kiosko o lugar determinado. Si los contribuyentes operan en el régimen de rentas efectivas en el que deben llevar un balance general, la tasa impositiva de la patente puede ir entre 0,25% y 0,5% del capital propio. Dicho gravamen no puede ser inferior a $32 mil (US$60) ni superior a $130 millones (US$241 mil). 2.3.4 Impuesto a la transferencia de vehículos usados La base imponible corresponde al valor máximo entre el precio de venta y el valor de la tasación fiscal del vehículo que es transferido. La tasa impositiva es del 1,5%. 49 El Impuesto a los Bienes Raíces considera además exenciones generales para ciertas viviendas y predios agrícolas, por ejemplo, para predios destinados al culto, a la educación y al deporte. 121 3. Antecedentes sobre el Gasto Público En la tabla 3 se muestra la clasificación funcional del gasto público del Gobierno Central, para los años 1990 a 2006. Durante el período, el gasto público, neto de cotizaciones y copago de salud, osciló entre un 17,1% y un 21,4% de PIB. Centrando el análisis en el año 2003, se aprecia que la principal componente del gasto público correspondió a la Protección Social, que representó un 36,6% del gasto total y 7,3% del PIB. La mayor parte de este gasto, un 76%, proviene del pago de pensiones de vejez del antiguo sistema de repartos. Al mirar su evolución se observa un descenso respecto de principios de los noventa, cuando representaba sobre un 8% del PIB. Este descenso es consecuencia del traspaso paulatino de las jubilaciones desde el sistema antiguo al sistema privado de pensiones. En segundo lugar de importancia, con un 18,9% del total, aparece el gasto en Educación, que alcanzó a 3,8 puntos del PIB en 2003. Este gasto se concentra fuertemente en la educación preescolar, básica y media. En efecto, alrededor del 60% del gasto público en educación corresponde a la subvención por alumno que el Estado entrega tanto a los establecimientos municipales como particulares, que imparten educación parvularia, básica y media. Otro 5% del gasto total en educación llega a estos mismos establecimientos a través de programas de alimentación, salud escolar y entrega de textos de estudios y útiles escolares. Por su parte, la educación superior o terciaria absorbe cerca del 11% del gasto total en educación, 50 principalmente a través del aporte fiscal directo a las universidades tradicionales y la entrega de becas de estudio y prestamos a estudiantes de bajos ingresos. En términos relativos, en la educación superior el financiamiento del sector público es considerablemente menor que en la educación primaria y secundaria. En cuanto a la evolución del gasto público en educación, se observa un incremento importante en los últimos años. En la primera mitad de la década de los noventa el gasto público en educación promedio un 2,4% PIB, en tanto que en los últimos cinco años el promedio es de 3,5% del PIB. En tercer lugar, con una participación del 14,9% del total, se encuentra el gasto social en Salud, que para el año 2003 representó un 3% del PIB. Cabe tener presente que las personas afiliadas al Sistema Público de Salud deben cotizar mensualmente un 7% de sus ingresos al Fondo Nacional de Salud (FONASA) y efectuar un copago cada vez que reciben una prestación, el que depende de el tipo de prestación y el nivel de rentas del beneficiario. De acuerdo con la información publicada por FONASA, en 2003 las cotizaciones de salud alcanzaron a 1% del PIB, mientras que el copago representó 0,2% del PIB. De esta forma, si se restan ambos conceptos del gasto en salud, se llega a un subsidio neto equivalente al 1,7% del PIB. Al observar la evolución de esta variable, se concluye que el gasto neto en salud a experimentado también un importante aumento en los últimos años, 50 Conjunto de 25 universidades que existían con anterioridad a la Reforma del Sistema Universitario del año 1981, a partir de la cual se crearon diversas universidades privadas. 122 pasando de un promedio de 1,2% del PIB, en los primeros cinco años del período analizado, a 1,7% del PIB en los últimos cinco años. En cuarto lugar, aparece el gasto público en Asuntos Económicos, con una participación del 13,2%, que equivale a un 2,4% del PIB. En esta partida inciden, en orden de importancia, los gastos destinados al sistema de transporte, a subsidios para sectores primarios y gastos en actividades de investigación y desarrollo. En seguida, y con una participación relativa menor, se encuentra el gasto público en Orden Público y Seguridad (1,2% del PIB); Defensa (1,4% del PIB); Servicios Públicos Generales (1,4% del PIB); Vivienda y Servicios Comunitarios (0,2% del PIB); Actividades Recreativas, Cultura y Religión (0,1% del PIB); y Protección del Medio Ambiente (0,1% del PIB). 123 Tabla 3 CLASIFICACION FUNCIONAL DE EROGACIONES DEL GOBIERNO CENTRAL TOTAL 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 En miles de millones de pesos de cada año GASTO TOTAL 1.890 2.516 3.125 3.764 4.394 5.033 5.839 6.476 7.194 7.954 8.575 9.163 9.774 10.200 10.937 11.999 13.241 Protección Social 780 1.040 1.263 1.519 1.736 1.971 2.273 2.448 2.692 2.943 3.217 3.447 3.595 3.732 3.876 4.255 4.530 Educación 221 297 1.928 2.099 2.162 2.373 384 484 585 713 884 1.024 1.215 1.399 1.514 1.691 1.849 Preescolar, básica y media 149 19 2 248 314 359 498 618 730 854 981 1.1 22 1.2 69 1.40 6 1.47 3 1.65 0 1.68 9 1.84 3 Superior 37 56 70 83 91 105 123 137 158 173 186 199 214 215 231 243 269 Resto 35 48 66 88 135 110 143 157 203 245 206 223 229 240 218 230 261 Salud neta 80 1.092 1.305 133 194 250 344 391 460 511 576 620 674 746 796 887 973 180 25 8 350 440 565 642 751 845 953 1.0 34 1.1 53 1.2 93 1.39 0 1.51 5 1.64 5 1.84 5 2.16 0 Cotizaciones -85 10 5 130 158 184 208 241 275 304 333 384 438 -477 -519 -562 -644 -740 Copago -16 -19 -25 -32 -37 -43 -50 -58 -73 -82 -96 109 -117 -109 -110 -109 -114 Gasto público Asuntos Económicos 194 307 413 498 631 741 868 124 1.009 1.072 1.137 1.227 1.156 1.277 1.350 1.405 1.667 1.915 Tabla 3 CLASIFICACION FUNCIONAL DE EROGACIONES DEL GOBIERNO CENTRAL TOTAL 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Orden Público y Seguridad 83 115 154 193 221 260 316 369 417 466 499 558 611 670 727 864 962 Defensa 222 260 306 340 359 406 478 533 593 646 686 738 740 690 819 864 936 Servicios Públicos Generales 273 332 359 411 440 458 441 447 484 540 559 642 709 742 797 840 897 Vivienda y Serv. Comunitarios 22 17 31 41 43 53 64 75 78 126 118 90 91 94 130 136 193 Recreación, Cultura y Religión 11 10 14 18 21 25 34 36 38 46 51 50 67 70 73 79 83 5 8 10 13 17 21 24 29 32 31 45 39 36 38 40 46 Protección del Medio Ambiente 4 Como porcentaje del total GASTO TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Protección Social 41,3 41,3 40,4 40,4 39,5 39,2 38,9 37,8 37,4 37,0 37,5 37,6 36,8 36,6 35,4 35,5 34,2 Educación 11,7 11,8 12,3 12,9 13,3 14,2 15,1 15,8 16,9 17,6 17,7 18,5 18,9 18,9 19,2 18,0 17,9 Preescolar, básica y media 7,9 7,6 7,9 8,3 8,2 9,9 10, 6 Superior 2,0 2,2 2,2 2,2 2,1 2,1 2,1 2,1 2,2 2,2 2,2 2,2 2,2 2,1 2,1 2,0 2,0 Resto 1,9 1,9 2,1 2,3 3,1 2,2 2,4 2,4 2,8 3,1 2,4 2,4 2,3 2,4 2,0 1,9 2,0 Salud neta 4,2 5,3 6,2 6,6 7,8 7,8 7,9 125 11, 3 11, 9 12, 3 13, 1 13, 8 14,4 14,4 15,1 14,1 13,9 7,9 8,0 7,8 7,9 8,1 8,1 8,7 8,9 9,1 9,9 Tabla 3 CLASIFICACION FUNCIONAL DE EROGACIONES DEL GOBIERNO CENTRAL TOTAL 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Gasto público Cotizaciones Copago 2003 2004 2005 2006 9,5 10, 3 11, 2 11, 7 12, 9 12, 8 12, 9 13, 0 13, 3 13, 0 13, 5 14, 1 14,2 14,9 15,0 15,4 16,3 -4,5 4,2 -4,2 -4,2 -4,2 -4,1 -4,1 -4,2 -4,2 -4,2 -4,5 -4,8 -4,9 -5,1 -5,1 -5,4 -5,6 -0,8 0,8 -0,8 -0,8 -0,8 -0,9 -0,9 -0,9 -1,0 -1,0 -1,1 -1,2 -1,2 -1,1 -1,0 -0,9 -0,9 Asuntos Económicos 10,3 12,2 13,2 13,2 14,4 14,7 14,9 15,6 14,9 14,3 14,3 12,6 13,1 13,2 12,8 13,9 14,5 Orden Público y Seguridad 4,4 4,6 4,9 5,1 5,0 5,2 5,4 5,7 5,8 5,9 5,8 6,1 6,3 6,6 6,6 7,2 7,3 Defensa 11,7 10,3 9,8 9,0 8,2 8,1 8,2 8,2 8,2 8,1 8,0 8,0 7,6 6,8 7,5 7,2 7,1 Servicios Públicos Generales 14,4 13,2 11,5 10,9 10,0 9,1 7,6 6,9 6,7 6,8 6,5 7,0 7,2 7,3 7,3 7,0 6,8 Vivienda y Serv. Comunitarios 1,2 0,7 1,0 1,1 1,0 1,1 1,1 1,2 1,1 1,6 1,4 1,0 0,9 0,9 1,2 1,1 1,5 Recreación, Cultura y Religión 0,6 0,4 0,4 0,5 0,5 0,5 0,6 0,6 0,5 0,6 0,6 0,6 0,7 0,7 0,7 0,7 0,6 Protección del Medio Ambiente 0,2 0,2 0,3 0,3 0,3 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,4 0,4 0,3 0,3 0,3 Como porcentaje del PIB GASTO TOTAL 19,6 19,8 19,4 19,5 19,0 17,8 18,7 18,7 19,7 21,4 21,1 21,0 21,1 19,9 18,7 18,0 17,1 Protección Social 8,1 8,2 7,9 7,5 7,0 7,3 7,1 7,4 7,9 7,9 7,9 7,8 7,3 6,6 6,4 5,9 7,8 126 Tabla 3 CLASIFICACION FUNCIONAL DE EROGACIONES DEL GOBIERNO CENTRAL TOTAL Educación 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2,3 3,8 3,6 3,2 3,1 2,3 2,4 2,5 2,5 2,5 2,8 2,9 3,3 3,8 3,7 3,9 4,0 Preescolar, básica y media 1,5 1,5 1,5 1,6 1,5 1,8 2,0 2,1 2,3 2,6 2,8 2,9 3,0 2,9 2,8 2,5 2,4 Superior 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 0,4 0,4 0,4 0,3 Resto 0,4 0,4 0,4 0,5 0,6 0,4 0,5 0,5 0,6 0,7 0,5 0,5 0,5 0,5 0,4 0,3 0,3 Salud neta 0,8 1,0 1,2 1,3 1,5 1,4 1,5 1,5 1,6 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 1,6 1,7 1,9 2,0 2,2 2,3 2,4 2,3 2,4 2,4 2,6 2,8 2,8 3,0 3,0 3,0 2,8 2,8 2,8 Cotizaciones -0,9 0,8 -0,8 -0,8 -0,8 -0,7 -0,8 -0,8 -0,8 -0,9 -0,9 -1,0 -1,0 -1,0 -1,0 -1,0 -1,0 Copago -0,2 0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 -0,3 -0,2 -0,2 -0,2 -0,1 Gasto en salud Asuntos Económicos 2,0 2,4 2,6 2,6 2,7 2,6 2,8 2,9 2,9 3,1 3,0 2,7 2,8 2,6 2,4 2,5 2,5 Orden Público y Seguridad 0,9 0,9 1,0 1,0 1,0 0,9 1,0 1,1 1,1 1,3 1,2 1,3 1,3 1,3 1,2 1,3 1,2 Defensa 2,3 2,0 1,9 1,8 1,5 1,4 1,5 1,5 1,6 1,7 1,7 1,7 1,6 1,3 1,4 1,3 1,2 Servicios Públicos Generales 2,8 2,6 2,2 2,1 1,9 1,6 1,4 1,3 1,3 1,5 1,4 1,5 1,5 1,5 1,4 1,3 1,2 Vivienda y Serv. Comunitarios 0,2 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 127 Tabla 3 CLASIFICACION FUNCIONAL DE EROGACIONES DEL GOBIERNO CENTRAL TOTAL 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 Protección del Medio Ambiente 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 Recreación, Cultura y Religión Fuente: Estadísticas de las Finanzas Públicas, Dirección de Presupuestos del Ministerio de Hacienda; y estadísticas del Fondo Nacional de Salud (FONASA 128 4. Metodología En lo sustantivo, en este trabajo se siguen los requerimientos metodológicos indicados por la coordinación técnica del proyecto, con lo que se pretende garantizar la comparación entre los resultados obtenidos para distintos países. Tal como se señaló anteriormente, el propósito de este estudio es determinar la incidencia de los impuestos y el gasto social en la distribución del ingreso. En ese sentido, el foco está puesto en lo que se conoce como la equidad vertical de la política fiscal. Según este concepto, las personas con mayor capacidad contributiva debieran pagar proporcionalmente más impuestos que aquellos con una menor capacidad contributiva. De igual forma, el gasto social debiera favorecer proporcionalmente más a la población de menores ingresos. También es un atributo deseable, sobretodo de la política tributaria, la equidad en un sentido horizontal. Esto es, que personas iguales en términos de capacidad contributiva soporten cargas tributarias similares. Si bien el acento del trabajo no está puesto en este concepto, la metodología aplicada permite obtener algunas conclusiones a este respecto. 4.1 Fuentes de Información Para medir la incidencia de los impuestos y el gasto social en la distribución del ingreso, es necesario, primero, medir cómo se distribuyen los ingresos de los hogares antes de pagar de impuestos y de recibir el gasto social; segundo, medir los impuestos que soportan los hogares según niveles de ingreso; tercero, medir el gasto social que reciben los hogares, según niveles de ingreso; y, cuarto, medir cómo se distribuyen los ingresos de los hogares después de impuestos, después del gasto social y después de la política fiscal, y comparar esa distribución con la de los ingresos antes de impuestos y gasto. Para realizar lo anterior, se requiere información de los ingresos, a nivel de hogares e individuos, pues esa es la variable principal a medir y la base del impuesto a la renta; de consumo por producto, necesaria para estimar los impuestos indirectos; y de subsidios monetarios y no monetarios. En Chile no existe una única fuente de información que contenga todos estos datos, por lo que fue necesario relacionar diferentes fuentes para alcanzar el objetivo. A continuación, se describen las tres principales. (i) Encuesta de Caracterización Socioeconómica de Chile del año 2003 (CASEN) El eje del estudio fue la información de ingresos registrada en la Encuesta CASEN del año 2003. Una alternativa a la encuesta CASEN para la obtención de datos de ingresos, que fue desechada, es la información individual de rentas contenida en las bases de datos tributarias. Aun cuando tales bases contienen a un alto porcentaje del universo de personas que obtienen ingresos, presentan algunos inconvenientes difíciles de superar. En primer lugar, la dificultad de acceder a datos tributarios individuales, aún cuando sean innominados. Segundo, la información de ingresos de las fuentes tributarias está subestimada debido a que algunos ingresos no se declaran ante la autoridad fiscal, ya sea por subdeclaración o bien porque la normativa permite excluir o liberar legalmente ciertas rentas en cuanto a su declaración. Las encuestas también tienen un problema de subdeclaración. Sin embargo, existen metodologías que permiten ajustar los valores con aquellos estimados en las cuentas nacionales. Otra ventaja de usar esta encuesta como la CASEN, y que no existe en las bases tributarias, es el vínculo de los individuos con los hogares, que permite la agrupación en deciles de ingreso familiar per cápita. La encuesta CASEN 2003 considera una muestra de 272 mil personas, pertenecientes a 68.150 hogares. Fue levantada entre el 8 de noviembre y el 20 de diciembre de 2003 y tiene representatividad nacional, regional y por zonas (urbana y rural). (ii) Encuesta de Presupuestos Familiares de Chile del año 1997 (EPF) La EPF proporciona información del consumo de los hogares a nivel de productos, la que fue utilizada para estimar el IVA y los demás impuestos indirectos que pagan los hogares, según su nivel de renta per cápita. Esta encuesta fue levantada entre agosto de 1996 y julio de 1997 y es representativa sólo de la Región Metropolitana (un tercio de la población nacional reside en esta región). El detalle de los consumos en los diferentes productos afectos a impuestos indirectos permite estimar qué fracción del ingreso se destina a dichos impuestos. Se debe tener presente, eso sí, que las pautas de consumo del año 2003 con toda seguridad no son las mismas que las del año 1997, cuando se hizo la encuesta. Sin embargo, ésta constituye 51 la única información disponible al momento de realizar este trabajo . (iii) Matriz de Insumo-Producto del año 2003 (MIP) La tasa efectiva de IVA, para los distintos productos, es distinta a la legal, debido a la traslación de impuesto que generan las exenciones. Hay dos efectos distintos asociados al concepto de traslación. Por un lado, está el IVA implícito en los bienes acogidos a exención parcial, pues el IVA soportado en la compra de insumos encarece el precio final de esos bienes. Y, por otro lado, está el IVA que se recauda por “efecto cascada”, cuando el bien exento es intermedio y utilizado por un sector que produce un bien afecto. Para estimar ambos conceptos de recaudación, se empleó la información de transacciones intersectoriales contenida en la Matriz de Insumo-Producto 2003, elaborada por el Banco Central y que comprende los datos de ventas y compras a nivel de 77 sectores productivos. Asimismo, se usó la MIP para estimar la traslación al consumidor final del impuesto a los combustibles usados como insumos en las distintas actividades productivas. 4.2 Definiciones y convenciones básicas Indicador de bienestar: Una primera consideración metodológica se refiere a la elección de un indicador de bienestar que sirva como referencia para la medición del efecto distributivo de la política fiscal. Las opciones tradicionales son dos: ingreso y consumo. Los estudios de equidad fiscal mayoritariamente han optado por el ingreso. Sin embargo, se debe tener en consideración que en un estudio de corte anual como el presente, la utilización del ingreso presenta algunos problemas que tienen que ver con la componente transitoria del mismo. En efecto, es posible que, por ejemplo, una persona momentáneamente desocupada, pero con un patrimonio y nivel de consumo considerable, sea clasificada en el decil más pobre. Para evitar esos errores de clasificación, sería necesario medir el ingreso permanente, variable que no es fácil estimar a partir de las encuestas de hogares. En ese sentido, el consumo tiene la ventaja de ser un buen estimador del ingreso permanente. 51 Lamentablemente, la nueva EPF, levantada durante 2007, aún no está disponible. 130 En definitiva, se ha optado por utilizar el ingreso familiar como medida de bienestar, pero se utilizará además el consumo sólo para el análisis de la progresividad del Impuesto al Valor Agregado. Unidad de análisis La unidad de análisis son los hogares. No obstante, y con el fin de entregar información complementaria, en anexos se presentan los resultados considerando como unidad de análisis a los individuos. Las variables de ingresos, impuestos y gastos se estiman primero a nivel de individuos, para luego consolidar la información a nivel de hogares, valiéndose de los enlaces individuos-hogares disponibles en la encuesta CASEN. Impuestos considerados en la estimación: En la Tabla 4 se señalan los impuestos que han sido incluidos en la estimación de la incidencia tributaria y aquellos que se han omitido. A modo de síntesis, se han incluido los impuestos personales a la renta, el IVA, los impuestos adicionales al IVA, los impuestos a productos específicos y los impuestos a los juegos de azar. En conjunto, estos gravámenes representan un 72,3% de la recaudación tributaria total con incidencia potencial en las personas naturales. Esto es, excluyendo los impuestos de retención a no residentes y el impuesto adicional a empresas estatales. Supuestos de incidencia: Se aplican los mismos supuestos que reconocen la mayoría de trabajos de este tipo, en el sentido de atribuir el pago de los impuestos directos a los factores gravados (Impuestos a la Renta) y el pago de los impuestos indirectos a los consumidores (IVA y demás impuestos al consumo). En la Tabla 4 se indican los sujetos en que se ha supuesto la incidencia de los gravámenes. Tabla 4 Componentes consideradas en la carga tributaria y supuestos de incidencia sobre personas naturales Componentes Incluido Persona soportante natural % de la recaudación total Gobierno Central: Impuesto a la Renta de las Empresas X 9,1 Imp. Renta de las Personas Físicas: Único de Segunda Categoría (IUSC) Trabajador dependiente Imp. Renta Personas de las Personas Físicas: Global Complementario (IGC) (a) IVA (b) Consumidor 6,9 Trabajador independiente, 3,6 empresario, socio o accionista, y demás rentistas residentes 48,1 Consumidor 0,0 Impuesto a las Bebidas Alcohólicas, Consumidor 1,4 Impuesto a Productos Suntuarios 131 Analcohólicas y Similares Impuesto a la Vehículos de Lujo Importación de X 0,1 Impuesto a los Tabacos Consumidor 4,0 Impuestos a Combustibles: Gasolinas Consumidor 6,2 Impuestos a Combustibles: Petróleo Diesel Consumidor 1,5 Impuesto a los Actos Jurídicos X 4,4 Impuesto a los Juegos de Azar Impuesto al Comercio Exterior X 4,5 Otros X 0,3 bienes X 4,4 Impuestos a la circulación de vehículos X 1,5 Patentes municipales X 2,5 de X 0,9 Consumidor 0,3 Gobiernos Locales: Impuesto Territorial raíces) Impuesto a la vehículos usados (a los transferencia Notas: (a) Por la parte del Impuesto a la Renta de las empresas, se considera sólo el impuesto a las utilidades retenidas, y por la parte del Impuesto Global Complementario sobre las personas físicas propietarias de las empresas, se considera el impuesto personal antes de rebajar el crédito de primera categoría sobre las utilidades retiradas o distribuidas. (b) Sólo se considera la parte de recaudación efectiva del IVA atribuible al consumo de las familias (se excluye la parte de recaudación que estaría representada por el gasto de la Administración Pública). Período de estimación: La carga tributaria se evaluó con información anual, aunque para efectos operativos se expresó en base a promedios mensuales. Un marco de análisis más general supondría una evaluación bajo una perspectiva plurianual o de ciclo de vida de los individuos. Sin embargo, por las dificultades de modelación y requerimientos de información asociados a ese tipo de estimaciones, se optó por aplicar una estimación anual. El año de medición de los ingresos es el año calendario 2003. Esta elección está determinada básicamente por ser éste el año de medición de los ingresos de la encuesta nacional de ingresos. Los impuestos distribuidos, a su vez, correspondieron a los devengados durante el año 2003, que en el caso de los impuestos a la renta, se declaran al año siguiente. Los datos de la EPF, si bien están medidos para 1997, fueron usados sólo para considerar las pautas de distribución del consumo por bienes y servicios. Es decir, se supuso que esas pautas son las mismas que se habrían registrado en el año 2003. Como se señaló antes, este antecedente con seguridad ha cambiado desde la fecha de la encuesta hasta el año de medición. Pero se utilizó por ser la mejor información disponible para tal efecto. Ajustes por subdeclaración: Está demostrado que en las encuestas de hogares existe una significativa subdeclaración de los ingresos familiares. Como el porcentaje de subdeclaración es potencialmente distinto para las distintas fuentes de 132 ingresos y estratos de renta, los resultados de un estudio de incidencia pueden ser erróneos si es que previamente no se realiza un ajuste a los ingresos. Felizmente, las variables de ingreso de la encuesta CASEN han sido previamente sometidas a un procedimiento de ajuste, mediante el cual los valores originales son amplificados por un factor de corrección 52 para hacerlos coincidir con los ingresos reportados en las Cuentas Nacionales. Valor locativo: El valor locativo corresponde al beneficio que produce el uso de la vivienda propia, el cual debe ser contabilizado como un ingreso del grupo familiar. Este ingreso es capturado por la encuesta CASEN cuando se les pregunta a los encuestados respecto del monto que pagarían por arriendo si tuviesen que arrendar la vivienda propia en la cual habitan. A diferencia de lo que ocurre con las demás variables de ingreso, el valor locativo presenta un ostensible grado de sobreestimación (Feres (1996)), por lo que es ajustado a la baja para hacerlo coincidir con las cifras de Cuentas Nacionales. Autoconsumo y autosuministro: Ambos conceptos forman parte de los ingresos familiares y, por lo tanto, deben ser considerados para los fines de este estudio. La encuesta CASEN incorpora en su cuestionario preguntas respecto de ambos ítems, por lo que quedan correctamente reflejados en las variables de ingresos. 4.3 Estimación del ingreso antes de la política fiscal La variable de la encuesta CASEN que más se aproxima al ingreso antes de la política fiscal es el ingreso autónomo, que incorpora los ingresos líquidos (después de impuestos y cotizaciones sociales) del trabajo dependiente; los ingresos del trabajo independiente; las rentas de capitales mobiliarios; las ganancias de capital realizadas; los ingresos por arriendos de bienes raíces; los retiros de utilidades; los dividendos de acciones; las pensiones y jubilaciones; el cobro de seguros de desempleo; las pensiones asistenciales; el autoconsumo; el autosuministro; el valor locativo; y las donaciones. Sin embargo, esta variable fue sometida a algunos ajustes. En primer lugar, se sumó las cotizaciones para fondos de pensiones y salud, puesto que la encuesta pregunta respecto de los ingresos líquidos. En segundo lugar, y por la misma razón, se sumó el impuesto a la renta. En particular, los retiros de utilidades y dividendos se convirtieron a ingresos brutos, es decir, antes de la aplicación del impuesto de Primera Categoría. Por último, se restaron las pensiones asistenciales, puesto que estas no tienen un componente de contraprestación, por lo que corresponden más bien a un subsidio monetario. 4.4 Estimación de los impuestos pagados La principal dificultad para estimar la carga tributaria a partir de los datos contenidos en la encuesta de ingresos es que el dato de los impuestos pagados no es consignado en ellas. Tampoco es posible conocer la identidad de cada encuestado para así poder ligarlo directamente con el impuesto a la renta que declaró ante 52 La explicación más detallada de la metodología se encuentra en Feres (1996) 133 la autoridad tributaria. Más aún, en el caso de los impuestos indirectos ni siquiera existe una declaración individual asociable al consumidor. Para resolver este problema existen dos caminos alternativos. El primero, es asignar la recaudación efectiva a los individuos, en función de alguna variable que guarde relación con la base tributaria. Por ejemplo, el Impuesto a la Renta se puede distribuir en proporción a las variables de ingreso tributable contenidas en la encuesta, en tanto que el IVA se puede distribuir en proporción al consumo afecto de los hogares. La principal limitación de este método es que dificulta la realización posterior de simulaciones de cambios legales, toda vez que no es posible reproducir en las bases de datos el cálculo del impuesto como una multiplicación de tasa y base tributaria. El segundo camino, consiste en estimar los impuestos teóricos, aplicando las tasas impositivas sobre las bases tributarias estimadas a partir de las variables recogidas en las encuestas. El problema de esta alternativa es que el impuesto resultante es efectivamente uno de carácter teórico, que no necesariamente guarda relación con el impuesto que cada individuo pagó en la realidad, ya sea porque hay evasión, elusión o exoneraciones legales no recogidas en la encuesta. En este trabajo se optó por el segundo enfoque, con algunas excepciones que serán comentadas más adelante. Cálculo del Impuesto a la Renta: El primer paso para el cálculo del Impuesto a la Renta consistió en calcular la base tributaria a partir de las variables de ingreso de la encuesta CASEN. Para ello, al ingreso antes de la política fiscal, descrito en la sección 4.3, se le restaron las cotizaciones para fondos de pensión y salud, que son deducibles; el autoconsumo, el autosuministro y el valor locativo, que no son tributables; y las rentas de arrendamiento de bienes raíces, que mayoritariamente se encuentran exentas del impuesto. A su vez, se restó de los ingresos por honorarios el gasto presunto admitido para fines tributarios, equivalente al valor mínimo entre el 30% de 53 los ingresos y 15 UTA ; y para los trabajadores dependientes, las rentas de intereses y dividendos que no 54 excedieran de 20 UTM . Por otro lado, se sumaron algunos subsidios monetarios que son tributables, tales como las pensiones asistenciales. Existen algunas franquicias, mencionadas en la sección 2.2.1, cuyo monto no guarda relación con ninguna de las variables disponibles en la encuesta, pero que deben ser consideradas, por cuanto pueden afectar significativamente el monto de los impuestos pagados. En estos casos, se hizo una imputación de los montos efectivos, obtenidos del Informe Anual de Gastos Tributarios, elaborado por el Servicio de Impuestos Internos (SII). En el informe del año 2004, que muestra los gastos tributarios asociados a las rentas percibidas en el año 2003, existe una desagregación a nivel de centiles, la que fue utilizada para imputar el valor de las franquicias según los estratos de ingresos. Las franquicias consideradas en este procedimiento fueron las deducciones por Ahorro Provisional Voluntario (APV); las deducciones de intereses de créditos hipotecarios; la deducción de los dividendos de créditos hipotecarios para viviendas DFL 2 adquiridas en los años 1998 y 1999; el crédito por ahorro neto positivo, del artículo 57 bis; y la deducción del 20% de las inversiones en acciones de pago (ex artículo 57 bis). Para asegurar concordancia entre los estratos de ingreso de la encuesta CASEN y aquellos del informe de gasto tributario, se creó una variable de ingreso auxiliar similar a la utilizada en dicho informe, y se procedió a ordenar a los individuos de la encuesta de menor a mayor ingreso auxiliar. Posteriormente, se asignó cada gasto tributario de manera aleatoria a los individuos de cada centil de renta. 53 15 Unidades Tributarias Anuales, equivalentes a US$12.000, aproximadamente. En rigor, puede haber un gasto efectivo asociado a estas rentas, que haya sido deducido por el encuestado al momento de entregar la información de sus ingresos. Sin embargo, mayoritariamente las personas que optan por rebajar gastos presuntos son aquellas que no tienen gastos efectivos o cuyo monto es irrelevante. 54 20 Unidades Tributarias Mensuales, equivalentes a US$1.400, aproximadamente. 134 Sobre la base tributaria neta de las deducciones por gastos tributarios, se aplicó la escala de tasas. Luego, del impuesto así determinado, se restó el crédito por ahorro neto positivo, obteniendo de esta manera el Impuesto a la Renta de cada individuo. Cálculo del IVA: En el caso del IVA y los demás impuestos indirectos hay una complicación adicional, por cuanto la EPF es de 1997, por lo que no es posible calcularlos directamente para el año 2003. El supuesto que se adoptó fue que la distribución del consumo por deciles es la misma en 2003 que en 1997. En base a los consumos por productos de la EPF y el cuadrante de transacciones intermedias de la MIP 1996, se estimaron las tasas efectivas de IVA por producto. La tasa efectiva considera el IVA trasladado de los insumos al precio final, en el caso de los productos de consumo final exentos, y también el efecto cascada que eleva la tasa efectiva de los productos afectos, por causa de las exenciones que afectan a transacciones intermedias. Primero, se calculó la tasa de IVA que paga cada producto en función de si está exento o si está gravado. La 55 tasa legal de 18,25% expresada sobre precios netos para un producto afecto, resulta ser de un 15,43% cuando se la expresa sobre precios brutos (igual a 18,25%/(1+18,25%)). A este concepto se le llamó tasa implícita del IVA. Segundo, se calculó la tasa implícita por traslación de los bienes exentos, considerando el impuesto que pagaron los bienes afectos que sirvieron de insumos a la producción de esos bienes exentos. Tercero, se calculó la tasa implícita por traslación a los bienes gravados que usaron bienes exentos intermedios en su producción, toda vez que al usarse como insumos, agregan una carga extra de IVA denominada de “cascada” o “piramidación”. Estos dos últimos cálculos se realizaron a partir de la información de compras y ventas entre sectores de la MIP de 1996. Al adicionar las tres componentes descritas se determinó una tasa implícita de IVA total por producto (el efecto estándar del gravamen en el producto, si es gravado; la carga contenida en los insumos, si el bien es exento; y la carga “cascada” contenida en el producto, si es gravado y usa insumos exentos) (ver tabla 5). Esta tasa implícita de IVA total por producto se aplicó al gasto total de cada decil en dicho producto. Luego, se agregó la información del IVA para todos los productos en los cuales gasta el decil, con lo que se obtuvo el IVA total asociado a cada estrato como porcentaje de su consumo total. Posteriormente, se estimó el consumo de los hogares por decil para el año 2003, aplicando la misma 56 distribución por estrato de la EPF al consumo hogares 2003 de Cuentas Nacionales . Luego, se aplicó la tasa media de IVA por decil al consumo antes estimado y se calculó el IVA como porcentaje del ingreso. Finalmente, se asignó a cada hogar, por concepto de IVA, la carga de IVA del decil correspondiente multiplicado por su ingreso. Tabla 5: Tasas Efectivas de IVA por Familias de Productos – Año 2003 55 56 Corresponde al promedio ponderado del año 2003, es decir, 9 meses con tasa 18% y 3 meses con tasa 19%. Se excluyó del consumo de Cuentas Nacionales el valor locativo, el cual no se considera en la EPF. 135 Tasas Implícitas Efectivas de IVA (%) Familia de Productos Consumo final afecto Efecto cascada Traslación productos Tasa total exentos Bienes y servicios afectos 15,43 1,71 - 17,14 Transporte ferroviario de pasajeros - - 12,16 12,16 Transporte terrestre de pasajeros - - 11,85 11,85 Seguros generales - - 11,49 11,49 Transporte aéreo de pasajeros - - 9,26 9,26 - - 7,23 7,23 Servicios varios - - 6,27 6,27 Educación - - 4,38 4,38 Servicios profesionales - - 4,35 4,35 Seguros de vida y de salud - - 4,23 4,23 Servicios financieros - - 4,21 4,21 Servicios de salud - - 4,07 4,07 Arriendo de bienes raíces - - 3,67 3,67 Entradas a deportivos espectáculos culturales y Cálculo de los demás impuestos Indirectos: Para los impuestos a las bebidas alcohólicas y analcohólicas y el impuesto al tabaco se aplicó la misma metodología descrita para el IVA. La tasa implícita obtenida en los productos afectados con un impuesto adicional al IVA se estimó descontando el IVA asociado a ese producto, con la sola excepción del impuesto al tabaco, cuya legislación establece que el IVA sea incluido en su base de aplicación. En el caso del impuesto a las bebidas alcohólicas, la tasa implícita se estimó suponiendo un margen del minorista de 30%, en atención a que en estos bienes la tasa adicional al producto se aplica en la modalidad de valor agregado, pero sólo hasta la penúltima etapa de comercialización. En los licores, por ejemplo, la tasa legal de 27% se tradujo en una tasa implícita del producto de 19,08% (se obtuvo como 27%/(1+27%*(1+30%)*(1+18,25%))=19,08%)). Esta tasa implícita del impuesto especial total por el producto “licores” se aplicó al gasto total de cada decil en dicho producto. En el caso de los impuestos a los combustibles, a los productos suntuarios y a los juegos de azar, se optó por distribuir la recaudación efectiva, al no haber manera de estima la base tributaria a partir de la información contenida en las encuestas. El impuesto a la gasolina se distribuyó por decil siguiendo la misma distribución del consumo de gasolina registrado en la EPF. Luego, se calculó el impuesto como porcentaje del ingreso de cada decil y se asignó a cada persona esa fracción de su ingreso por concepto de este impuesto. Con los impuestos a los productos suntuarios y a los juegos de azar se siguió el mismo procedimiento, pero distribuyendo el impuesto según la participación de cada decil de la EPF en el consumo de joyas y juegos de azar, respectivamente. 136 En cuanto al petróleo diesel, el consumo directo por parte de los hogares es bajo, afectándolos indirectamente a través del uso de servicios de transporte de pasajeros y del consumo de cualquier otro 57 producto para cuya elaboración se utilicen servicios de transporte . Usando las tablas de utilización intermedia y final de la MIP 2003, se obtuvo primero el gasto de los hogares en transporte terrestre de carga y pasajeros, y luego, a través de iteraciones sucesivas, se estimó el gasto en transporte implícito en el consumo de los distintos productos. Posteriormente, se distribuyó el gasto en transporte, directo e indirecto, por deciles, usando la distribución de consumos de la EPF. Finalmente, se distribuyó la recaudación del impuesto siguiendo la misma distribución del gasto en transporte previamente estimado. 4.5 Estimación de los subsidios recibidos Subsidios monetarios: Los subsidios monetarios vienen valorados en la encuesta CASEN, no requiriendo estimaciones adicionales ni ajustes. Los subsidios monetarios que contempla la encuesta son los siguientes: Pensiones Asistenciales (PASIS), Subsidio Único Familiar (SUF), Subsidio al Consumo de Agua Potable (SAP), Asignación Familiar y Subsidio de Cesantía. Subsidios de Educación: La metodología usada en el caso de los programas de educación, consiste fundamentalmente en la imputación del costo mensual, en la forma de un ingreso adicional, a los miembros del hogar que declaran recibirlos en la encuesta CASEN. Los valores imputados fueron obtenidos de la ejecución presupuestaria del año 2003 de los distintos programas de gasto. Los programas considerados fueron los siguientes: Tabla 6: Programas de Educación Año 2003 Considerados en el Estudio Beneficiarios Nombre del Programa Ejecución 2003 (millones de pesos) Subvenciones de educación Preescolar, básica y media 1.246.352 Aporte fiscal directo e indirecto Educación superior Programa de Alimentación Escolar Preescolar, básica y media 87.445 Junta Nacional de Jardines Infantiles (JUNJI) Preescolar 44.210 Aporte a corporaciones de educación Básica y media 24.918 Becas de educación superior Educación superior 21.764 Programa de textos escolares Básica y media 10.987 Asistencia médica Preescolar, básica y media 3.310 57 129.285 Hay que recordar que el impuesto al petróleo diesel sólo se paga cuando el combustible se usa en actividades de transporte terrestre. 137 Integra Básica y media 2.153 Programa especial de útiles escolares Básica y media 1.109 Salud oral Básica y media 1.082 Total gasto en educación imputado 1.572.615 Con los valores de la ejecución presupuestaria se construyó una matriz con el gasto mensual de cada programa, distribuido por nivel educacional al que está destinado. De la encuesta CASEN se obtuvo el número de personas que declaró recibir cada programa, con lo cual se determinó un gasto mensual por persona, que posteriormente fue asignado a esas mismas personas. Subsidios en Salud: El Ministerio de Planificación y Cooperación (MIDEPLAN) realiza una serie de análisis a partir de la encuesta CASEN, dentro de los cuales se encuentra la valoración del impacto distributivo del gasto social de los principales programas de salud. Para la valorización de las atenciones de salud, MIDEPLAN calcula los beneficios y costos de las prestaciones recibidas por las personas afiliadas al Sistema Público de Salud. El beneficio se estima distribuyendo el gasto efectivo proporcionado por el Fondo Nacional de Salud (FONASA) y el Ministerio de Salud, de acuerdo a la distribución de las atenciones de salud estimadas a partir de la encuesta CASEN. Luego, se resta el copago efectuado por los beneficiarios, de acuerdo al grupo de salud al que pertenecen y al tipo de atención recibida. Por otro lado, a partir de información de la encuesta CASEN y del balance de FONASA, se estiman las cotizaciones de salud efectuadas por las personas afiliadas al Sistema Público de Salud. La diferencia entre el valor neto de las prestaciones y las cotizaciones de salud constituye la valoración final del subsidio no monetario de salud recibido (MIDEPLAN (2004)). Los resultados de estas estimaciones sólo están disponibles de manera agregada, por decil de ingreso autónomo per capita del hogar, para cada uno de los tres componentes: beneficios, cotizaciones y copago. Para los propósitos de este trabajo es conveniente poder distribuir estos valores a cada persona, para efectos de realizar también un análisis de incidencia a nivel de individuos. Para realizar esta tarea, se distribuyó la cotización y el copago en proporción a la renta del trabajo declarada por cada persona en la encuesta CASEN. En tanto que los beneficios de salud se distribuyeron en partes iguales entre todos quienes declararon usar el sistema público de salud. 138 5. Resultados 5.1 Ingresos antes de la política fiscal En la tabla 7 se muestra la distribución del ingreso antes de la política fiscal, según deciles de ingreso per cápita del hogar. En la segunda columna se muestra el ingreso mensual promedio de cada decil, medido en pesos. Mientras el decil más pobre recibe un ingreso mensual promedio de $16.950 por cada integrante del grupo familiar, en el decil más rico alcanza a $958.953. En términos de participación porcentual (columna 3), se observa que las personas pertenecientes al 20% más rico de la población reciben el 62,45% de los ingresos, mientras que el 20% más pobre sólo participa del 2,88% de ellos. Es decir, el quintil de mayores ingresos gana 21,7 veces más que el quintil con menores rentas. Por último, se ha determinado un coeficiente Gini de distribución del ingreso igual a 0,5791 Tabla 7 Distribución del Ingreso antes de Impuestos Ingreso Per Decil de Ingreso Per Cápita del Hogar % del Ingreso Cápita del Hogar (pesos) 1 16.950 0,83 2 41.608 2,05 3 57.853 2,85 4 75.788 3,73 5 95.188 4,69 6 119.157 5,87 7 152.245 7,50 8 203.685 10,03 9 309.292 15,23 10 958.952 47,22 Total 203.072 100,00 Gini antes de impuestos 0,5791 Q5/Q1 21,7 139 5.2 Impuestos 5.2.1 Impuesto a la Renta Según se aprecia en la tabla 8, el pago del Impuesto a la Renta se concentra fuertemente en el último decil, el cual aporta sobre el 95% de la recaudación total (columna 2). La progresión de la tasa media (columna 3) muestra que el impuesto, como proporción del ingreso, crece a medida que aumenta la renta. Se observa que los primeros tres deciles prácticamente no pagan el impuesto; de los deciles 4 al 8 el pago es inferior al 0,5% por ciento del ingreso; el decil nueve aporta apenas el 0,77% de su ingreso; mientras el decil más rico soporta una tasa media de 10,38%. El coeficiente Gini después del impuesto baja a 0,5584, lo que significa que el impuesto es progresivo. Esto se corrobora con el índice Kakwani, que resulta mayor que cero. El valor del índice Reynolds-Smolensky, que corresponde a la diferencia entre el Gini antes de impuestos y el Gini después del Impuesto a la Renta, es también positivo y de un valor significativo, en comparación al resto de los impuestos, como se verá más adelante. Eso significa que el impuesto no sólo es progresivo, sino que además tiene una capacidad redistributiva relevante. Esta capacidad redistributiva está asociada a la importancia del impuesto en la recaudación. En efecto, como se señaló en la sección 2, el Impuesto a la Renta aporta sobre el 25% de los ingresos tributarios totales. Tabla 8 Incidencia del Impuesto a la Renta Recaudación Decil de Ingreso % de Ingreso Per Cápita del Recaudación Hogar (%) 1 0,00 0,00 2 0,00 0,00 3 0,00 0,00 4 0,00 0,01 5 0,02 0,02 6 0,06 0,05 7 0,19 0,13 8 0,51 0,26 9 2,33 0,77 10 96,89 10,38 Total 100,00 5,06 140 / Efectos Distributivos del Impuesto 5.2.2 Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del impuesto 0,5584 Cuasi-Gini del impuesto 0,9677 Índice Kakwani 0,3887 Índice Reynolds-Smolensky 0,0206 Impuesto al Valor Agregado La tabla 9 resume los resultados obtenidos respecto de la incidencia del IVA. En términos de la distribución de la recaudación por estratos de renta, se concluye que la población perteneciente al 20% más pobre aporta el 5,8% de la recaudación, mientras que el 20% más rico contribuye con un 51,4%. La progresión de la tasa media muestra que el pago de IVA, como proporción del ingreso, se reduce a medida que estos aumentan. El decil más pobre destina un 35,3% de sus ingresos al pago de IVA, mientras que el decil más rico destina sólo un 8,8%, siendo el promedio de la población un 11,9%. Al medir el pago de IVA como proporción del consumo, el impuesto sigue siendo regresivo, aunque en menor medida. En cuanto a los indicadores distributivos, el índice de Gini después de IVA sube a 0,5968. El índice Kakwani es negativo, por lo que se concluye que el impuesto es regresivo y, en vista del valor que alcanza el índice Reynolds-Smolensky, de un potencial redistributivo importante. La regresividad del IVA se ve acentuada por la existencia de un conjunto de exenciones que benefician principalmente a la población de mayores ingresos, tales como las exenciones a los servicios educacionales, servicios de salud, servicios profesionales, seguros e intereses financieros, entre otras. Por otro lado, la única exención progresiva es aquella a favor del transporte terrestre de pasajeros. 141 Tabla 9 Incidencia del IVA Decil de Ingreso % de Recaudación Per Cápita del Recaudación Ingreso Hogar / Recaudación / Consumo 1 2,48 35,31 15,58 2 3,39 19,66 15,29 3 4,15 17,34 15,07 4 4,96 15,78 15,15 5 6,07 15,40 15,18 6 7,11 14,41 14,78 7 8,89 14,09 14,63 8 11,51 13,64 14,18 9 16,51 12,88 13,30 10 34,94 8,79 12,19 Total 100,00 11,89 13,70 Efectos Distributivos del Impuesto 5.2.3 Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del impuesto 0,5968 Cuasi-Gini del impuesto 0,4493 Índice Kakwani -0,1298 Índice Reynolds-Smolensky -0,0178 Impuesto a los Combustibles Los impuestos a los combustibles comprenden el impuesto a las gasolinas automotrices y el impuesto al petróleo diesel usado en el transporte. Los efectos distributivos de ambos son opuestos. En efecto, para el primero se obtuvo un índice Kakwani positivo, de lo que se concluye que es progresivo (tabla 10). En tanto, el segundo presenta un índice Kakwani negativo, por lo tanto es regresivo (tabla 11). Ahora bien, el potencial distributivo de ambos es relativamente bajo, como queda reflejado en el Índice Reynolds-Smolensky. 142 También resulta interesante notar que la población perteneciente al 20% de mayores ingresos aporta el 68,4% de la recaudación del impuesto a la gasolina y sólo el 33,2% de la recaudación de impuesto al petróleo diesel. Los resultados no son sorprendentes. Las gasolinas automotrices se utilizan mayoritariamente en los vehículos particulares y taxis. Por su parte, el petróleo diesel se utiliza principalmente en el trasporte colectivo, que atiende sobretodo a los estratos de menores ingresos, y en el trasporte de carga, que se transfiere a los precios de la mayor parte de los bienes de consumo. Tabla 10 Incidencia del Impuesto a las Gasolinas Automotrices Decil de Ingreso % de Recaudación Per Cápita del Recaudación Ingreso Hogar 1 0,63 1,23 2 0,76 0,61 3 1,52 0,87 4 2,14 0,94 5 2,98 1,04 6 4,40 1,23 7 7,11 1,55 8 12,05 1,97 9 21,04 2,26 10 47,39 1,64 Total 100,00 1,64 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del impuesto 0,5779 Cuasi-Gini del impuesto 0,6528 Índice Kakwani 0,0737 Índice Reynolds-Smolensky 0,0012 143 / Tabla 11 Incidencia del Impuesto al Petróleo Diesel Decil de Ingreso % Per Cápita del Recaudación Hogar de Recaudación Ingreso 1 3,53 1,09 2 5,17 0,65 3 6,42 0,58 4 7,60 0,52 5 9,40 0,52 6 10,45 0,46 7 11,37 0,39 8 12,79 0,33 9 13,98 0,24 10 19,29 0,10 Total 100,00 0,26 / Efectos Distributivos del Impuesto 5.2.4 Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del impuesto 0,5799 Cuasi-Gini del impuesto 0,2571 Índice Kakwani -0,3220 Índice Reynolds-Smolensky -0,0008 Impuesto al Tabaco El impuesto al tabaco es regresivo, según se concluye del análisis presentado en la tabla 12. En efecto, el índice Kakwani es negativo, aunque el poder regresivo del impuesto es limitado, como se concluye con el índice Reynolds-Smolensky. Llama la atención, en todo caso, que este impuesto tenga un mayor efecto regresivo que el impuesto al diesel recién analizado. En esto influye evidentemente la alta alícuota que se aplica sobre el tabaco, que expresada en términos del precio antes de impuesto, alcanza a un 153%. Es así que la recaudación de este 144 impuesto es 2,4 veces superior a la del impuesto al diesel, lo que determina también un mayor impacto distributivo. Tabla 12 Incidencia del Impuesto al Tabaco Decil de Ingreso % Per Cápita del Recaudación Hogar de Recaudación Ingreso 1 3,44 1,92 2 4,84 1,10 3 6,27 1,02 4 7,67 0,95 5 9,50 0,94 6 9,92 0,78 7 11,17 0,69 8 13,20 0,61 9 14,64 0,45 10 19,36 0,19 Total 100,00 0,46 / Efectos Distributivos del Impuesto 5.2.5 Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del impuesto 0,5805 Cuasi-Gini del impuesto 0,2669 Índice Kakwani -0,3122 Índice Reynolds-Smolensky -0,0015 Impuesto a las Bebidas El impuesto sobre las bebidas también resulta ser regresivo, lo que se expresa en un Kakwani negativo, pero de bajo impacto, como deja ver el Reynolds-Smolensky (ver tabla 13). Cabe recordar que este impuesto se aplica tanto sobre las bebidas alcohólicas como sobre aquellas bebidas sin contenido de alcohol. Gravar las primeras con un impuesto especial se justifica por los daños a la salud 145 que provoca el consumo excesivo de alcohol y las externalidades negativas que las acciones derivadas de su consumo excesivo causan a la sociedad. Sin embargo, no es fácil encontrar argumentos que justifiquen la aplicación de un impuesto especial sobre las bebidas sin contenido de alcohol, más allá que los ingresos que tal impuesto genera. Peor aún si este gravamen es regresivo, como sugieren los resultados. Tabla 13 Incidencia del Impuesto a las Bebidas Decil de Ingreso % de Recaudación Per Cápita del Recaudación Ingreso Hogar 1 2,71 0,73 2 3,91 0,43 3 5,06 0,40 4 6,04 0,36 5 7,52 0,36 6 9,00 0,34 7 10,51 0,32 8 12,95 0,29 9 16,60 0,25 10 25,70 0,12 Total 100,00 0,22 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del impuesto 0,5796 Cuasi-Gini del impuesto 0,3622 Índice Kakwani -0,2174 Índice Reynolds-Smolensky -0,0005 146 / 5.2.6 Otros Impuestos Resta analizar la incidencia distributiva del impuesto adicional a la venta de productos suntuarios y los impuestos a los juegos de azar. Según se aprecia en las tablas 14 y 15, ambos gravámenes son regresivos, pero con escaso impacto distributivo, según los valores encontrados para el índice Reynolds-Smolensky. Vale la pena un comentario más sobre el impuesto a los productos suntuarios. Este impuesto fue diseñado para tener un efecto progresivo, pues grava principalmente artículos cuyo consumo se considera de lujo. El impacto regresivo que arrojan los resultados del estudio puede explicarse por la dificultad para identificar los bienes gravados dentro de la clasificación de bienes de la EPF. En virtud de esta dificultad, se optó por distribuir la recaudación del impuesto en las proporciones que representan el consumo de joyas, artículo identificable y que se presume es uno de los principales bienes gravado con este tributo. Al margen de este problema metodológico, la recaudación del impuesto a los productos suntuarios es tan pequeña, que su impacto distributivo resulta ser marginal. Se estima recomendable evaluar la derogación de este tributo, por cuanto no cumple el objetivo para el cual fue diseñado e incluso es probable que los costos de administración y cumplimiento compensen la escasa recaudación que logra. Tabla 14 Incidencia del Impuesto a Productos Suntuarios Decil de Ingreso % de Recaudación Per Cápita del Recaudación Ingreso Hogar 1 1,11 0,0009 2 1,86 0,0006 3 2,94 0,0007 4 3,81 0,0007 5 6,35 0,0010 6 6,81 0,0008 7 7,06 0,0007 8 9,65 0,0007 9 21,59 0,0010 10 38,83 0,0006 Total 100,00 0,0007 Efectos Distributivos del Impuesto 147 / Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del impuesto 0,5791 Cuasi-Gini del impuesto 0,5389 Índice Kakwani -0,0402 Índice Reynolds-Smolensky 0,0000 Tabla 15 Incidencia del Impuesto a los Juegos de Azar Decil de Ingreso % de Recaudación Per Cápita del Recaudación Ingreso Hogar 1 2,86 0,21 2 4,02 0,12 3 5,13 0,11 4 5,19 0,08 5 6,25 0,08 6 7,53 0,08 7 9,31 0,08 8 13,69 0,08 9 18,74 0,08 10 27,29 0,04 Total 100,00 0,06 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del impuesto 0,5792 Cuasi-Gini del impuesto 0,3922 Índice Kakwani -0,1870 Índice Reynolds-Smolensky -0,0001 148 / 5.3 Subsidios 5.3.1 Subsidios Monetarios Los subsidios monetarios son progresivos. En efecto, el 20% más pobre recibe más del 50% de los subsidios, mientras que el 20% más rico recibe apenas sobre un 7%. Esto se corrobora con un índice 58 Kakwani negativo . Sin embargo, su impacto redistributivo es moderado, pues el Gini se reduce en sólo 0,0007 después de la acción de estos gastos. Tabla 16 Incidencia de los Subsidios Monetarios Decil de Ingreso Per Cápita del % de Gasto Hogar Gasto / Ingreso 1 35,85 3,00 2 14,51 0,49 3 10,95 0,27 4 7,69 0,14 5 7,03 0,10 6 5,59 0,07 7 5,59 0,05 8 5,61 0,04 9 2,70 0,01 10 4,48 0,01 Total 100,00 0,07 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del gasto 0,5784 Cuasi-Gini del gasto -0,4129 Índice Kakwani -0,9913 Índice Reynolds-Smolensky 0,0007 58 Los cálculos se efectúan con valores absolutos de gasto e impuesto, por lo que ahora un índice Kakwani negativo es sinónimo de progresividad. 149 5.3.2 Gasto en Educación El gasto total en educación es progresivo. En la tabla 17 se aprecia que el 20% más pobre recibe sobre el 28% del gasto, en tanto que el 20% más rico recibe aproximadamente un 10%. En término de los indicadores, se puede ver que el Gini se reduce en 0,0294, lo que da cuenta de un impacto significativo en la redistribución del ingreso. Tabla 17 Incidencia del Gasto en Educación Decil de Ingreso Per Cápita del % de Gasto Hogar Gasto / Ingreso 1 14,45 62,28 2 13,87 24,35 3 13,46 17,00 4 11,97 11,54 5 10,26 7,87 6 9,47 5,80 7 8,31 3,99 8 7,54 2,70 9 6,55 1,55 10 4,11 0,31 Total 100,00 3,60 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del gasto 0,5523 Cuasi-Gini del gasto -0,1874 Índice Kakwani -0,7371 Índice Reynolds-Smolensky 0,0268 En las tablas 17a, 17b y 17c se muestra el efecto distributivo del gasto público en los distintos niveles de enseñanza. Todos ellos son progresivos, pero con distintos grados de significación. En efecto, el gasto en educación preescolar está más fuertemente concentrado en la población de menos recursos que los dos restantes, como queda de manifiesto al observar el índice Kakwani, que alcanza el valor más negativo para 150 este nivel de enseñanza. Sin embargo, los volúmenes de recursos destinados a estos programas no permiten un efecto redistributivo importante. Es así que el Gini después del gasto en educación preescolar se reduce sólo en 0,0008 respecto de aquel antes de gastos. Por su parte, el gasto en educación básica y media está algo menos concentrado en la población de bajos ingresos que el gasto en educación preescolar. Sin embargo, producto de la alta cantidad de recursos involucrados en estos programas, concentrados mayoritariamente en la subvención escolar, su impacto redistributivo es considerable: el Gini después del gasto en educación básica y media se reduce en 0,0248 respecto del Gini antes de gastos. Finalmente, el gasto en educación superior es también progresivo, pero a diferencia de los anteriores no está concentrado en los deciles de menores ingresos. Es así que el 20% más pobre recibe un 7,1% del gasto, mientras que el 20% más rico recibe un 25,1%. Por lo mismo, su efecto redistributivo es moderado, induciendo una reducción del Gini de 0,0013 respecto del aquel antes de gastos. Tabla 17a Incidencia del Gasto en Educación Pre-escolar Decil de Ingreso Per Cápita del Hogar % de Gasto Gasto / Ingreso 1 15,44 1,83 2 13,59 0,66 3 15,00 0,52 4 13,27 0,35 5 13,36 0,28 6 11,24 0,19 7 8,30 0,11 8 5,07 0,05 9 3,73 0,02 10 1,00 0,00 Total 100,00 0,10 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del gasto 0,5783 Cuasi-Gini del gasto -0,2682 Índice Kakwani -0,8473 Índice Reynolds-Smolensky 0,0008 151 Tabla 17b Incidencia del Gasto en Educación Básica y Media Decil de Ingreso Per Cápita del Hogar % de Gasto Gasto / Ingreso 1 14,56 59,83 2 14,15 23,68 3 13,14 15,82 4 11,93 10,97 5 10,35 7,57 6 9,35 5,46 7 8,33 3,81 8 7,62 2,61 9 6,52 1,47 10 4,04 0,29 Total 100,00 3,43 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del gasto 0,5543 Cuasi-Gini del gasto -0,2461 Índice Kakwani -0,8252 Índice Reynolds-Smolensky 0,0248 152 Tabla 17c Incidencia del Gasto en Educación Superior Decil de Ingreso Per Cápita del Hogar % de Gasto Gasto / Ingreso 1 3,94 2,02 2 3,16 0,66 3 10,25 1,54 4 8,31 0,95 5 6,43 0,59 6 9,83 0,72 7 9,40 0,54 8 13,57 0,58 9 15,96 0,45 10 19,16 0,17 Total 100,00 0,43 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del gasto 0,5777 Cuasi-Gini del gasto 0,2470 Índice Kakwani -0,3320 Índice Reynolds-Smolensky 0,0013 153 5.3.3 Gasto en Salud Según se aprecia en la tabla 18, el gasto neto en salud es progresivo y muestra una concentración mayor que el gasto en educación y los subsidios monetario, lo que se refleja en el índice Kakwani, cuyo valor es el más negativo. El 20% más pobre recibe el 61,1% del gasto neto en salud, en tanto que el 20% más rico realiza un pago neto equivalente a -23,1%, es decir, las cotizaciones pagadas son superiores a los beneficios percibidos. Asimismo, el gasto neto en salud muestra un impacto redistributivo apreciable, puesto que el Gini se reduce en 0,0119 respecto del Gini antes de gastos. Tabla 18 Incidencia del Gasto en Salud Decil de Ingreso Per Cápita del % de Gasto Hogar Gasto / Ingreso 1 32,79 32,72 2 28,30 11,50 3 20,58 6,02 4 14,74 3,29 5 12,28 2,18 6 9,28 1,32 7 7,53 0,84 8 -2,43 -0,20 9 -7,32 -0,40 10 -15,76 -0,28 Total 100,00 0,83 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del gasto 0,5672 Cuasi-Gini del gasto -0,8316 Índice Kakwani -1,4107 Índice Reynolds-Smolensky 0,0119 154 En la tabla 18a se muestra el impacto redistributivo de las cotizaciones de salud. Esta componente del gasto neto en salud resulta ser regresiva, induciendo un aumento del Gini de 0,005. Esta regresividad se explica por dos causas. La primera, es que la cotización es igual a un 7% de las remuneraciones, pero se aplica un tope cuando la renta supera el máximo legal. Por lo tanto, las cotizaciones que pagan las personas de mayores ingresos son menores como proporción de sus ingresos. La segunda causa, es que la mayor parte de las personas con los ingresos más altos, en los deciles 9 y 10, cotizan en el sistema privado de salud. Por su parte, en la tabla 18b se muestra el impacto redistributivo de los beneficios de salud, que corresponde al valor de las prestaciones recibidas, netas de los copagos. Esta es la componente que explica la progresividad del gasto neto en salud, la que induce una reducción del Gini de 0,0157 respecto del Gini antes de gastos. Tabla 18a Incidencia del Pago de Cotizaciones de Salud Decil de Ingreso Per Cápita del Hogar % de Gasto Gasto / Ingreso 1 2,34 -4,10 2 4,68 -3,34 3 6,63 -3,40 4 8,25 -3,23 5 9,85 -3,07 6 11,33 -2,83 7 12,62 -2,46 8 14,24 -2,08 9 14,55 -1,40 10 15,53 -0,48 Total 100,00 -1,46 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del gasto 0,5841 Cuasi-Gini del gasto 0,2420 Índice Kakwani -0,3371 Índice Reynolds-Smolensky -0,0050 155 Tabla 18b Incidencia de los Beneficios de Salud Decil de Ingreso Per Cápita del Hogar % de Gasto Gasto / Ingreso 1 13,38 36,81 2 13,25 14,85 3 11,69 9,42 4 10,60 6,52 5 10,73 5,25 6 10,59 4,14 7 10,78 3,30 8 8,19 1,88 9 6,61 1,00 10 4,18 0,20 Total 100,00 2,30 Efectos Distributivos del Gasto 5.4 Gini antes de impuestos 0,5791 Gini después del gasto 0,5634 Cuasi-Gini del gasto -0,1433 Índice Kakwani -0,7224 Índice Reynolds-Smolensky 0,0157 Ingresos después de la política fiscal Finalmente, en la tabla 19 se resume la incidencia redistributiva de la política fiscal. A modo de síntesis se puede señalar que la política fiscal es progresiva, lo que obedece fundamentalmente a la focalización del gasto público. La estructura tributaria, en cambio, no juega un rol significativo en la redistribución del ingreso, pues de acuerdo a los resultados obtenidos ésta es prácticamente proporcional. El índice de Gini se reduce marginalmente después de la política tributaria, pasando de 0,5791 a 0,5764. Sin embargo, después del gasto social se aprecia una reducción significativa, llegando a 0,5315. 156 Asimismo, antes de la política fiscal el quintil de mayores ingresos recibe una renta 21,66 veces más alta que el quintil más pobre, relación que aumenta a 23,92 veces después de la política tributaria y se reduce a 13,72 veces después de aplicar el gasto social. Tabla 19 Incidencia de la Política Fiscal Decil de Ingreso Ingreso después Ingreso antes de Ingreso después Per Cápita del de Impuestos y Política Fiscal de Impuestos Hogar Gasto 1 0,83 0,62 1,55 2 2,05 1,97 2,75 3 2,85 2,82 3,45 4 3,73 3,78 4,23 5 4,69 4,76 5,07 6 5,87 6,03 6,21 7 7,50 7,72 7,74 8 10,03 10,33 10,08 9 15,23 15,74 15,11 10 47,22 46,24 43,81 Total 100,00 100,00 100,00 Gini 0,5791 0,5764 0,5315 Q5/Q1 21,66 23,92 13,72 157 6. Conclusiones Los resultados del presente estudio muestran que la política fiscal en Chile es progresiva, lo que se debe exclusivamente a la focalización del gasto social. La política tributaria, en cambio, es prácticamente proporcional. En efecto, la distribución del ingreso antes de la política fiscal se resume en un índice de Gini de 0,5791. Luego de aplicar los impuestos, la distribución prácticamente no cambia, midiéndose un Gini de 0,5764. Por último, después de aplicar el gasto social, este indicador se reduce a 0,5315. En cuanto a la política tributaria, el análisis incluyó el Impuesto a la Renta, el IVA, el Impuesto Específico a los Combustibles, el Impuesto Específico al Tabaco y los impuestos a las bebidas, productos suntuarios y juegos de azar. De ellos, el Impuesto a la Renta es el único que resulta ser progresivo. Por otra parte, sólo el IVA y el Impuesto a la Renta muestran impactos significativos en la distribución del ingreso, aunque en sentido contrario. En efecto, el índice Reynolds-Smolensky alcanza un valor de -0,0178 para el primero y 0,0206 para el segundo. Puede llamar la atención el que la política tributaria resulte levemente progresiva, contradiciendo los 59 resultados de estudios anteriores que la muestran ligeramente regresiva . Esta diferencia obedece a que en el presente estudio se ha optado por medir el impuesto a la renta teórico, en vez de imputar la recaudación efectiva. Como la recaudación teórica es mayor a la efectiva, pues no se han hecho supuestos de evasión, se potencia el impacto redistributivo de este impuesto, superando a la regresividad conjunta del resto de los tributos. Respecto del gasto social, se estudiaron los subsidios monetarios y el gasto social en educación y salud. Todos resultaron ser progresivos, aunque con distintos impactos distributivos. Los subsidios monetarios tienen un impacto redistributivo moderado, con un índice Reynolds-Smolensky de 0,0007. El gasto en educación muestra el impacto redistributivo de mayor significación, con un índice Reynolds-Smolensky de 0,0294, que se explica fundamentalmente por las subvenciones educacionales de enseñanza básica y media. Por su parte, el gasto en salud es el que muestra una mayor concentración en la población de menores ingresos y un impacto redistributivo también importante, reflejado en un índice Reynolds-Smolensky de 0,0119. 59 Engel et al (1998) y Cantallopts et al (2007) 158 Referencias bibliográficas BANCO CENTRAL DE CHILE (2002) “Matriz de Insumo-Producto de la Economía Chilena 2003”, Santiago. CANTALLOPTS, J.; M. JORRATT; y D. SCHERMAN (2007) “Equidad Tributaria en Chile. Un Nuevo Modelo para Evaluar Alternativas de Reforma”, Santiago. ENGEL, E.; A. GALETOVIC; y C. RADDATZ (1998) “Reforma Tributaria y Distribución del Ingreso en Chile”. http://www.sii.cl/aprenda_sobre_impuestos/estudios/e0808per.pdf Instituto Nacional de Estadísticas (1999) “V Encuesta de Presupuestos Familiares, 1996-1997”, Santiago. MIDEPLAN (2003) “Encuesta de caracterización socioeconómica, CASEN”. PNUD (2006) “Informe sobre desarrollo humano - 2006”. Servicio de Impuestos Internos (2006) “Informe Anual http://www.sii.cl/aprenda_sobre_impuestos/estudios/gasto_tributario.htm 159 de Gasto Tributario” ANEXO Resultados por Deciles de Individuos 1. Ingresos antes de la política fiscal Tabla 1 Distribución del Ingreso antes de Impuestos Ingreso promedio Decil Individuos de (pesos) % del Ingreso 1 16.546 0,96 2 38.297 2,21 3 52.808 3,05 4 67.813 3,92 5 84.919 4,90 6 105.576 6,10 7 133.790 7,73 8 176.869 10,22 9 264.061 15,25 10 790.759 45,67 Total 173.144 100,00 Gini antes de impuestos 0,5621 Q5/Q1 19,2 160 3. Efectos distributivos de los impuestos Tabla 2 Incidencia del Impuesto a la Renta Recaudación Ingreso Decil Individuos de % de Recaudación (%) 1 0,00 0,00 2 0,00 0,00 3 0,00 0,00 4 0,00 0,00 5 0,02 0,02 6 0,06 0,05 7 0,18 0,12 8 0,51 0,25 9 2,30 0,75 10 96,92 10,59 Total 100,00 4,99 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del impuesto 0,5409 Cuasi-Gini del impuesto 0,9669 Índice Kakwani 0,4048 Índice Reynolds-Smolensky 0,0212 161 / Tabla 3 Incidencia del IVA Decil Individuos de % Recaudación de Recaudación Ingreso 1 2,54 32,67 2 3,61 20,06 3 4,39 17,72 4 5,16 16,22 5 6,20 15,55 6 7,37 14,87 7 8,94 14,24 8 11,48 13,82 9 16,35 13,19 10 33,95 9,14 Total 100,00 12,30 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del impuesto 0,5804 Cuasi-Gini del impuesto 0,4334 Índice Kakwani -0,1287 Índice Reynolds-Smolensky -0,0183 162 / Tabla 4 Incidencia del Automotrices Decil Individuos Impuesto a de % Recaudación las Gasolinas de Recaudación Ingreso 1 0,65 1,09 2 0,78 0,56 3 1,45 0,76 4 2,25 0,92 5 2,99 0,97 6 4,22 1,10 7 6,71 1,39 8 11,43 1,79 9 20,98 2,20 10 48,53 1,70 Total 100,00 1,60 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del impuesto 0,5605 Cuasi-Gini del impuesto 0,6571 Índice Kakwani 0,0951 Índice Reynolds-Smolensky 0,0015 163 / Tabla 5 Incidencia del Impuesto al Petróleo Diesel Decil Individuos de % Recaudación de Recaudación Ingreso 1 3,41 1,00 2 5,17 0,66 3 6,44 0,59 4 7,51 0,54 5 9,04 0,52 6 10,66 0,49 7 11,63 0,42 8 12,85 0,35 9 14,37 0,26 10 18,93 0,12 Total 100,00 0,28 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del impuesto 0,5629 Cuasi-Gini del impuesto 0,2563 Índice Kakwani -0,3058 Índice Reynolds-Smolensky -0,0009 164 / Tabla 6 Incidencia del Impuesto al Tabaco Decil Individuos de % Recaudación de Recaudación Ingreso 1 3,34 1,77 2 4,85 1,11 3 6,20 1,03 4 7,50 0,97 5 9,21 0,95 6 10,51 0,87 7 11,12 0,73 8 13,03 0,65 9 15,04 0,50 10 19,21 0,21 Total 100,00 0,51 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del impuesto 0,5636 Cuasi-Gini del impuesto 0,2667 Índice Kakwani -0,2954 Índice Reynolds-Smolensky -0,0015 165 / Tabla 7 Incidencia del Impuesto a las Bebidas Decil Individuos de % Recaudación de Recaudación Ingreso 1 2,69 0,67 2 4,00 0,43 3 5,14 0,40 4 6,13 0,37 5 7,38 0,36 6 9,02 0,35 7 10,70 0,33 8 12,83 0,30 9 16,64 0,26 10 25,47 0,13 Total 100,00 0,24 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del impuesto 0,5626 Cuasi-Gini del impuesto 0,3564 Índice Kakwani -0,2057 Índice Reynolds-Smolensky -0,0005 166 / Tabla 8 Incidencia del Impuesto a Productos Suntuarios Decil Individuos de % Recaudación de Recaudación Ingreso 1 1,12 0,0008 2 1,90 0,0006 3 2,97 0,0007 4 3,85 0,0007 5 5,75 0,0008 6 7,91 0,0009 7 7,88 0,0007 8 9,33 0,0007 9 19,53 0,0009 10 39,77 0,0006 Total 100,00 0,0007 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del impuesto 0,5621 Cuasi-Gini del impuesto 0,5331 Índice Kakwani -0,0289 Índice Reynolds-Smolensky 0,0000 167 / Tabla 9 Incidencia del Impuesto a los Juegos de Azar Decil Individuos de % Recaudación de Recaudación Ingreso 1 2,87 0,19 2 4,17 0,12 3 5,33 0,11 4 5,73 0,09 5 6,19 0,08 6 7,56 0,08 7 9,19 0,08 8 12,69 0,08 9 18,66 0,08 10 27,60 0,04 Total 100,00 0,06 Efectos Distributivos del Impuesto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del impuesto 0,5622 Cuasi-Gini del impuesto 0,3825 Índice Kakwani -0,1796 Índice Reynolds-Smolensky -0,0001 168 / 3. Efectos distributivos del gasto social Tabla 10 Incidencia de los Subsidios Monetarios Decil Individuos de % de Gasto Gasto / Ingreso 1 30,90 2,12 2 15,11 0,45 3 11,48 0,25 4 9,08 0,15 5 7,76 0,10 6 5,98 0,06 7 6,04 0,05 8 6,22 0,04 9 3,53 0,02 10 3,91 0,01 Total 100,00 0,07 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del gasto 0,5614 Cuasi-Gini del gasto -0,3689 Índice Kakwani -0,9310 Índice Reynolds-Smolensky 0,0006 169 Tabla 11 Incidencia del Gasto en Educación Decil Individuos de % de Gasto Gasto / Ingreso 1 14,10 73,05 2 13,24 29,64 3 12,36 20,07 4 11,67 14,76 5 10,24 10,34 6 9,67 7,85 7 8,94 5,73 8 8,02 3,89 9 6,88 2,23 10 4,87 0,53 Total 100,00 4,95 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del gasto 0,5278 Cuasi-Gini del gasto -0,1598 Índice Kakwani -0,7219 Índice Reynolds-Smolensky 0,0342 170 Tabla 11ª Incidencia del Gasto en Educación Pre-escolar Decil Individuos de % de Gasto Gasto / Ingreso 1 14,55 2,09 2 13,46 0,83 3 13,16 0,59 4 13,83 0,48 5 10,92 0,31 6 13,59 0,31 7 9,43 0,17 8 5,39 0,07 9 3,59 0,03 10 2,08 0,01 Total 100,00 0,14 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del gasto 0,5610 Cuasi-Gini del gasto -0,2331 Índice Kakwani -0,7952 Índice Reynolds-Smolensky 0,0011 171 Tabla 11b Incidencia del Gasto en Educación Básica y Media Decil Individuos de % de Gasto Gasto / Ingreso 1 14,19 70,47 2 13,40 28,77 3 12,19 18,97 4 11,63 14,09 5 10,34 10,01 6 9,61 7,48 7 8,87 5,45 8 8,04 3,74 9 6,87 2,14 10 4,85 0,50 Total 100,00 4,75 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del gasto 0,5297 Cuasi-Gini del gasto -0,2082 Índice Kakwani -0,7703 Índice Reynolds-Smolensky 0,0323 172 Tabla 11c Incidencia del Gasto en Educación Superior Decil Individuos de % de Gasto Gasto / Ingreso 1 3,63 1,76 2 2,70 0,57 3 7,53 1,15 4 6,84 0,81 5 6,53 0,62 6 8,84 0,67 7 11,97 0,72 8 12,87 0,59 9 16,54 0,50 10 22,57 0,23 Total 100,00 0,46 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del gasto 0,5610 Cuasi-Gini del gasto 0,3130 Índice Kakwani -0,2490 Índice Reynolds-Smolensky 0,0011 173 Tabla 12 Incidencia del Gasto en Salud Decil Individuos de % de Gasto Gasto / Ingreso 1 28,13 33,89 2 25,10 13,07 3 19,63 7,41 4 14,23 4,18 5 11,31 2,66 6 9,23 1,74 7 7,28 1,09 8 1,94 0,22 9 -5,00 -0,38 10 -11,85 -0,30 Total 100,00 1,15 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del gasto 0,5476 Cuasi-Gini del gasto -0,6895 Índice Kakwani -1,2516 Índice Reynolds-Smolensky 0,0144 174 Tabla 12a Incidencia del Pago de Cotizaciones de Salud Decil Individuos de % de Gasto Gasto / Ingreso 1 2,31 -3,92 2 4,43 -3,25 3 6,35 -3,39 4 8,01 -3,33 5 9,50 -3,15 6 11,15 -2,97 7 12,66 -2,66 8 14,28 -2,27 9 15,27 -1,63 10 16,04 -0,57 Total 100,00 -1,63 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del gasto 0,5666 Cuasi-Gini del gasto 0,2571 Índice Kakwani -0,3049 Índice Reynolds-Smolensky -0,0045 175 Tabla 12b Incidencia de los Beneficios de Salud Decil Individuos de % de Gasto Gasto / Ingreso 1 13,01 37,82 2 13,00 16,32 3 11,86 10,80 4 10,59 7,51 5 10,25 5,81 6 10,35 4,72 7 10,43 3,75 8 9,17 2,49 9 6,87 1,25 10 4,48 0,27 Total 100,00 2,78 Efectos Distributivos del Gasto Gini antes de impuestos 0,5621 Gini después del gasto 0,5434 Cuasi-Gini del gasto -0,1313 Índice Kakwani -0,6933 Índice Reynolds-Smolensky 0,0187 176 4. Efectos distributivos de la política fiscal Tabla 13 Incidencia de la Política Fiscal Decil Individuos Ingreso después de Ingreso antes de Ingreso después de Impuestos y Política Fiscal de Impuestos Gasto 1 0,96 0,75 1,90 2 2,21 2,13 3,09 3 3,05 3,03 3,79 4 3,92 3,96 4,54 5 4,90 5,00 5,39 6 6,10 6,26 6,50 7 7,73 7,99 8,03 8 10,22 10,56 10,30 9 15,25 15,77 14,97 10 45,67 44,56 41,49 Total 100,00 100,00 100,00 Gini 0,5621 0,5590 0,5026 Q5/Q1 19,23 20,97 11,32 177 PARAGUAY Mayo de 2010 Equidad Fiscal en Paraguay ASA Consultores Economía, Tributación y Finanzas* * Se agradecen los valiosos comentarios y aportes realizados por los Sres. Alberto Barreix y Jerónimo Roca, que sin la contribución de ellos no hubiera sido posible llegar a la calidad del presente trabajo 178 INDICE Introducción……………………………………………………………………………………………………………181 Breve descripción del Paraguay y de su situación macroeconómica................................……………...182 I. Antecedentes………………………………………………………………………………………………………......182 II. Breve descripción de la situación macroeconómica del Paraguay……………………………………...182 III. Principales reformas acometidas en los últimos años.......................................................................189 IV. Futuros pasos a seguir…………………………………………………………………………………........191 Análisis del sector público en el Paraguay………………………………………………………………….......193 I. El Sector Público en el Paraguay……………………………………………………………………….......193 II. Ingresos Públicos…………………………………………………………………………………………......194 a. Nivel de importancia del Sector Público por niveles de Gobierno medido por el lado de los Ingresos……………………………………………………………………………………………....194 III. b. Breve descripción del Régimen Tributario en el Paraguay……………………………………...195 c. Impuestos en el Paraguay…………………………………………………………………………..197 Gastos Públicos…………………………………………………………………………………………….....206 a. Nivel de importancia del Sector Público por niveles de Gobierno medido por el lado de los Gastos………………………………………………………………………………………………..206 b. Gasto Social…………………………………………………………………………………………..207 Análisis de la Equidad Fiscal en el Paraguay……………………………………………………………….......212 I. Metodología……………………………………………………………………………………………….......212 II. Supuestos asumidos……………………………………………………………………………………........214 III. Indicadores de progresividad y capacidad redistributiva……………………………………………........216 179 IV. Análisis por instrumento de Política Fiscal…………………………………………………………….......219 a. Impuesto al Valor Agregado (IVA)………………………………………………………………....219 b. Impuesto Selectivo al Consumo (ISC )…………………………………………………………....221 - Combustibles. .……………………………………………………………………………...222 - Otros bienes (Cigarrillos, Bebidas alcohólicas y no alcohólicas)……………………..223 c. Gasto Social en Educación………………………………………………………………………....224 d. Gasto Social en Salud……………………………………………………………………………....226 e. Gasto Social en Pensiones………………………………………………………………………....227 Análisis de los efectos de la Política Fiscal…………………………………………………………………......228 I. Ingresos de las familias antes de la política fiscal…………………………………………………….......228 II. Bienestar de las familias después de la política fiscal………………………………………………........228 Conclusiones……………………………………………………………………………………………………….....232 Anexos……………………………………………………………………………………………………………….....234 180 INTRODUCCION América Latina es la región con mayor disparidad en la distribución del ingreso en el mundo. Adicionalmente, los países están haciendo un importante esfuerzo por mantener la disciplina fiscal y focalizar el gasto público con el fin de mejorar no sólo la eficiencia del mismo sino su impacto redistributivo. Este trabajo tiene como propósito estudiar los efectos de la política fiscal en la distribución del ingreso en un sentido integral, es decir evaluando los impactos tanto de la política tributaria como también del gasto público que ésta financia. En consecuencia, se estudiará tanto la equidad tributaria como la del gasto público social. Considerar la equidad exclusivamente por la tributación es un análisis incompleto ya que puede morigerarse con las siguientes acciones: a través del mayor recaudo que proporciona y que se convierte en la fuente de un mayor gasto público que, a su vez, puede asignarse progresivamente; a través de las exoneraciones o la aplicación de tasas diferenciales a las ventas de bienes y servicios que participan más fuertemente en las canastas de los estratos de menores ingresos. A su vez, es reconocido que el instrumento de política fiscal que mejor ha funcionado atendiendo a consideraciones redistributivas es el gasto público social (GPS) aunque justo es reconocer que existen impuestos con capacidad distributiva como el personal a la renta. En este sentido, aunque América Latina no está entre las regiones que tiene el menor GPS per cápita del orbe, el gasto en salud y educación debería ser redistributivo al igual que el gasto de tipo “focalizado” en los sectores más pobres. Estas erogaciones públicas deberían ser eficientemente desarrolladas y eficazmente dirigidas para aliviar los niveles de pobreza y, especialmente, la distribución del ingreso en el país. La segunda parte del estudio tendrá en cuenta la equidad del gasto social, y con ello avanzará en una evaluación global de la política fiscal en la equidad del sistema para tributos y gastos públicos. Por esta razón se complementará este estudio con uno similar de gasto público social. El Estado, a través de su política de impuestos y gastos, modifica la distribución del bienestar. Si se adopta como indicador del bienestar el ingreso de las familias, el primer paso para medir el impacto de la política fiscal en la distribución del ingreso de los hogares consiste en determinar cuál es la distribución del ingreso antes de la acción de dicha política fiscal. A posteriori, una vez definida la incidencia de la política tributaria y la de gasto público social, por comparación entre la situación ex ante y ex post, se determinará si la política fiscal en su integridad resulta regresiva o progresiva. 181 BREVE DESCRIPCIÓN DEL PARAGUAY Y DE SU SITUACIÓN MACROECONÓMICA I. Antecedentes La República del Paraguay es un país pequeño, considerando comparativamente a los demás países de la 2 región, cuenta con una superficie de 405.000 Km . Se encuentra ubicado en el centro de América del Sur, teniendo fronteras con Brasil, Argentina y Bolivia; posee una población de un poco más de 6 millones de habitantes, dividida geográficamente en 17 regiones y un poco más de 330 municipios. Políticamente, se describe como un país unitario, que ha pasado de un régimen dictatorial a uno democrático en 1989, perdurando hasta la fecha la etapa de la transición. En este periodo se han llevado adelante muchas reformas estructurales importantes en el campo económico principalmente, pero los resultados no fueron los esperados, dado que la situación económica se ha deteriorado muy rápidamente en la década de los ´90, en donde la renta per-cápita ha pasado a ser similar a la de 17 años atrás, es decir, por debajo de los US$ 1.000 60 (aprox. € 800), para volver a recuperarse y ubicarse a finales del 2009 en torno a los US$ 2.350 (aprox. € 1.650). Las carencias son importantes, a tal punto que aproximadamente el 40% de la población vive por debajo de 61 la línea de la pobreza , los servicios públicos son ineficientes, ineficaces y con bajo nivel de cobertura, las infraestructuras son insuficientes y la alta informalidad de la economía es una de las características más resaltantes. A todo esto se suma que la mayoría de los Presidentes elegidos desde la vigencia del Gobierno democrático soportan cargos judiciales, y en algunos casos han sido declarados culpables, por actos de corrupción durante su administración. Por otra parte, se señala además que no hay equidad en la distribución de funciones entre los poderes del estado, no se cuenta con un Poder Judicial que en la práctica sea independiente, y en muchas ocasiones los órganos de control no cumplen acabadamente con su misión. II. Breve descripción de la situación macroeconómica del Paraguay Los principales indicadores del comportamiento macroeconómico del Paraguay por sectores se describen a continuación: 60 Los datos del año 2005 muestran que la IPC se encontraba en US$ 1.017, aunque en los dos años anteriores esté había estado en torno a los US$ 920 - 970. 61 Menos de US$ 2 por día 182 Sector Real El país en el 2009 tuvo que soportar diversos choques externos e internos, los que básicamente se pueden resumir en: Externos o Crisis financiera internacional o Caída en el precio de nuestros productos de exportación o Sequia Internos o Falta de una política gubernamental eficaz para hacer frente o por lo menos para suavizar los choque externos La evolución del PIB ha sido uno de los peores de los últimos años y ha permitido que sea una década con altibajos, en donde las mayores retracciones se observaron al inicio y final del período, puesto que al analizar el período 2000-2009, la riqueza en el país ha caído en el último año, pero lo relevante es la tendencia de la misma, dado que a inicios del nuevo milenio las perspectivas eran más negativas que alentadoras, en tanto que a finales de la 1ª década del nuevo milenio la tendencia es muy favorable, ubicándose en torno a la tasa de crecimiento potencial del país, es decir, en torno al 4%. Lo citado se puede apreciar en el siguiente gráfico: Gráfico 1 PIB Real 8,0 6,0 4,0 2,0 2,1 3,8 4,1 2,9 4,3 6,8 5,8 0,0 -2,0 -3,3 0,0 -3,8 -4,0 -6,0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Fuente: ASA Consultores. Elaboración propia con datos del BCP 183 2007 2008 2009 A más de considerar la evolución del PIB real, que nos muestra la dinámica que ha tenido la economía una vez excluidos el nivel general de precios, también debemos analizar el comportamiento de la inflación, la que por definición implica un alza sostenida en el nivel general de precios. La importancia del análisis del comportamiento de la inflación viene dado por el hecho de que la misma es uno de los componentes de la tasa de interés, es decir, en la medida en que tengamos más inflación tendremos un crédito más caro o menos accesible. Como se puede apreciar más abajo, la inflación no ha sido un problema especialmente durante el año 2009, donde el nivel de actividad económica se contrajo y como consecuencia de ello no hubo grandes reajustes en los precios. En el gráfico (Cuadro 2) se aprecia lo señalado precedentemente: Gráfico 2 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 ago-09 mar-09 oct-08 may-08 dic-07 jul-07 feb-07 sep-06 abr-06 nov-05 jun-05 ene-05 ago-04 mar-04 oct-03 may-03 dic-02 jul-02 feb-02 sep-01 abr-01 nov-00 jun-00 ene-00 0,0 Fuente: ASA Consultores. Elaboración propia con datos del BCP Si analizamos en un horizonte mayor podemos apreciar que la variación en el nivel general de precios en la 1ª década del nuevo milenio, se encuentra en torno al 8,3%, aún cuando en el 2009 la inflación promedio fue del 2,6%. Está situación es relevante, dado que en la medida en que no se cuenten con medidas creíbles de reducción de la inflación o se defina una senda de la desinflación, ésta volverá a su senda histórica, aunque si podríamos decir que hay una tendencia a ubicarse en torno al 5% con un rango de variación [hacia arriba y hacia abajo] de 2,5 puntos porcentuales, a pesar de que en los últimos años estuvo más cerca del umbral superior que del inferior. Sector Monetario y Financiero Otro de los Sectores de mayor relevancia dentro de la economía es el mercado del dinero, en donde tanto oferentes (ahorristas) como demandantes (prestatarios) concurren a los efectos de tener una remuneración por ser propietarios del factor de producción (Capital) por una parte, y por otra, los inversionistas que 184 concurren al efecto de contar con recursos financieros para llevar adelante los proyectos de inversión definidos. En ese sentido se pueden diferenciar 2 momentos importantes en materia del crédito principalmente, en donde en la 1ª mitad de la década se observa una caída consistente y sin visos de recuperación, en tanto que en la segunda mitad se observa un ascenso constante en la evolución de los créditos, hasta antes de que la economía mundial entre en crisis (2º Semestre del 2008). No obstante, a pesar de que el crédito haya caído, éste nunca estuvo por debajo de los niveles de los primeros cinco años del nuevo milenio. Lo mencionado se puede apreciar en el siguiente cuadro 3: Gráfico 3 70,0 60,0 Depósitos Créditos 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 -10,0 -20,0 -30,0 jul-09 ene-09 jul-08 ene-08 jul-07 ene-07 jul-06 ene-06 jul-05 ene-05 jul-04 ene-04 jul-03 ene-03 jul-02 ene-02 jul-01 ene-01 jul-00 ene-00 -40,0 Fuente: ASA Consultores. Elaboración propia con datos del BCP Un aspecto relevante, que se cita en el presente trabajo es que durante el 2009, los créditos han estado muy por debajo de la dinámica del 2008, es decir, las variaciones en promedio fueron del 32,5% vs. el 51,8%, Sin embargo, dichas variaciones se han ubicado por encima del observado en los años anteriores (2000-2007). Con relación a los depósitos, los mismos también han tenido la misma tendencia que los créditos, aunque a un menor ritmo. Así en el 2009, la tasa de crecimiento promedio fue del 28,1%. En el 2008 habían crecido en promedio al 33,2%. Con respecto a la tasa de interés pasiva (pagada a los ahorristas) y las activas (pagada por los prestatarios) podemos ver que la misma ha venido cayendo en los últimos años y en especial durante finales del 2007 e inicios del 2008, mientras que el spread (margen de intermediación) ha venido reduciéndose de vuelta a 185 finales del 2009, ubicándose a niveles promedio del 2007 y 2008, e inferiores a los años anteriores. Lo expresado se puede apreciar en el siguiente gráfico: Gráfico 4 18,0 65,0 16,0 Activas 55,0 14,0 Pasivas 12,0 10,0 45,0 8,0 35,0 6,0 Tasas Pasivas En % Tasas Actias En % 20,0 75,0 4,0 25,0 2,0 jul-09 ene-09 jul-08 ene-08 jul-07 ene-07 jul-06 ene-06 jul-05 ene-05 jul-04 ene-04 jul-03 ene-03 jul-02 ene-02 jul-01 ene-01 jul-00 0,0 ene-00 15,0 Fuente: ASA Consultores. Elaboración propia con datos del BCP Sector Externo Al cierre del año 2009, finalizó el peor año de la década al analizar los valores relativos, dado que las exportaciones cayeron en 28% y las importaciones en 24%, situación no observada en los últimos 10 años, aunque es importante resaltar que los valores son largamente superiores a los observados a inicios del nuevo milenio. Lo mencionado se puede apreciar en el siguiente cuadro: Cuadro 1 En millones de dólares. Año 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 EXPORTACIONES 869 990 951 1.242 1.627 1.688 1.906 2.785 4.463 3.191 IMPORTACIONES 2.050 1.989 1.510 1.766 2.480 3.073 4.502 5.539 8.506 6.497 186 Fuente: ASA Consultores. Elaboración propia con datos del BCP En materia cambiaria, al final del año los valores no favorecieron a las exportaciones aunque si a las importaciones, dado que su valor se aprecio en 5%, es decir, tuvo un comportamiento a la baja con relación al cierre del 2008. EL comportamiento desde inicios del 2000 hasta el cierre del 2009, se puede visualizar en el siguiente gráfico: Gráfico 6 Tipo de Cambio Nominal G/US$ 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 jul-09 ene-09 jul-08 ene-08 jul-07 ene-07 jul-06 ene-06 jul-05 ene-05 jul-04 ene-04 jul-03 ene-03 jul-02 ene-02 jul-01 ene-01 jul-00 ene-00 0 Fuente: ASA Consultores. Elaboración propia con datos del BCP El buen desempeño del sector primario se tradujo en mayores exportaciones del país, y mayor entrada de divisas para el país, como ya se observó en la dinámica de las intercambios con el resto del mundo, así como una mayor acumulación de reservas internacionales netas a tal punto de que el país paso a tener una posición acreedora con relación al resto del mundo, es decir, nuestros activos fueron superiores a nuestras deudas con el resto del mundo, es decir, a partir del 2007 los activos internacionales netos superaron a la deuda externa. Lo mencionado se puede apreciar en el siguiente gráfico: Gráfico 7 187 4.500 3.861 4.000 3.500 Deud a Extern a Reservas Internacionales 3.000 2.478 2.500 2.234 2.283 2.162 2.864 2.462 2.391 2.271 2.197 2.230 2.000 2.232 2.234 1.703 1.500 1.297 1.168 1.000 772 983 723 641 500 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fuente: ASA Consultores. Elaboración propia con datos del BCP. Cifras en Millones de US$ Sector Fiscal Las cuentas públicas luego de estar al borde de una cesación de pagos en el 2003, y gracias a la adopción de medidas fiscales concretas (modificación tributaria, cambio en las reglas del sistema de pensiones públicas, por citar las más relevantes), sumados al buen desempeño de la economía de los últimos años, implicaron un mejoramiento de la salud del Tesoro Nacional, dado que luego de, lograr consolidar su situación, pasó a contar con resultados superavitarios desde el 2004 al 2009. La evolución de los ingresos y egresos de la última década se puede apreciar en el siguiente gráfico: Gráfico 8 Ingresos & Egresos En Millones de G. Corrientes 14.000.000 12.000.000 Ingresos Egresos 10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Fuente: ASA Consultores. Elaboración propia con datos del MH 188 2006 2007 2008 2009 El resultado del último año no estuvo quizás acorde a lo que requerían las expectativas de los agentes privados, dada la crisis financiera y económica del mundo desarrollado que se tradujo en una contracción de la demanda internacional, así como en los precios de nuestros principales productos de exportación, por una parte; y por otra, los embates climáticos del 2009, que provocaron grandes pérdidas especialmente para el sector primario. Los resultados de las cuentas públicas se pueden apreciar en el siguiente gráfico: Gráfico 9 Superávit Resultado Fiscal. En % del PIB 2,5 3,0 1,6 2,0 0,8 1,0 0,5 1,0 0,1 -0,4 0,0 -1,2 Deficit -1,0 -2,0 -3,2 -3,0 -4,0 -4,6 -5,0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fuente: ASA Consultores. Elaboración propia con datos del MH Los detalles de cada uno de los sectores con el comportamiento numérico se pueden apreciar en el Cuadro 1 del Anexo. III. Principales reformas acometidas en los últimos años Con el cambio del régimen de gobierno (del autoritario al democrático) en el año 1989, se inicia un periodo de apertura y liberalización de la economía, con el fin de sentar las bases para el nuevo modelo del desarrollo económico del país, dado que el modelo de desarrollo se consideraba obsoleto, hallándose inmerso en un periodo de retracción económica que se había iniciado en los últimos años de la década de los ´80, lo cual generó un alto endeudamiento público. Aunque este período de inicio de reformas legales se da en un escenario de baja institucionalidad de los organismos y entidades del estado, y la implementación a destiempo de algunas reformas generaron una gran desconfianza hacia el nuevo régimen democrático, que se vio acentuada en su legitimidad con las crisis financieras de los años 1995 y 1997, así como por la doble acefalia que se dio en el año 1999 en el Poder Ejecutivo, originado por el magnicidio del Vicepresidente de la República y posterior renuncia forzosa del Titular. Aún en medio de este periodo de mucha inestabilidad política se acometen distintas reformas en los distintos campos, de modo a contar con regímenes más 189 flexibles y acordes a las tendencias en los distintos países de la región y del mundo, y en ese sentido se realizaron reformas [se citan solo las más emblemáticas] en los siguientes campos: Sector Fiscal - Ley de Reforma Tributaria (125/91). - Ley de re-estructuración del Ministerio de Hacienda y del financiamiento (109/90). - Ley de Administración Financiera del Estado (1.535/99). - Un programa de re-estructuración de la deuda interna con las principales entidades financieras del país. - Una Ley de Reforma de Pensiones de la Caja Fiscal (para funcionarios). - Ley que modifica y amplia la Reforma Tributaria [Ley 125/91] por la cual se ampliaba la base de imposición de la mayoría de los impuestos vigentes (IVA, Renta empresarial, Impuestos Selectivos, etc.), así como se establecía un Impuesto a la Renta de las Personas Físicas, entre otras medidas (2.421/04). - Ley de Reforma del Código Aduanero (2.422/04). Sector Financiero - Ley Carta orgánica del BCP (489/95). - Ley que regula los Fondos Patrimoniales de Inversión (811/95). - Ley de Seguros (827/96). - Ley de Bancos, Financieras y otras entidades de créditos (861/96). - Ley de Negocios Fiduciarios (921/96). - Ley que regula las calificadoras de riesgo (1.056/97). - Ley de Bolsa de Productos (1.163/97). - Ley de Mercado de Valores (1.284/98). - Ley de Garantía de Depósitos y Resolución de Entidades de Intermediación Financiera sujetos de la Ley General de Bancos, Financieras y Otras Entidades de Crédito (2.334/03). - Ley por el cual se crea la Banca de 2º Piso con la denominación de Agencia Financiera de Desarrollo (2.640/05) Sector Inversiones - Ley de Incentivos a la Inversión (60/90). - Ley de Sociedades Anónimas (388/94). - Ley de Promoción de inversiones (527/94). - Ley de Zonas Francas (523/95). - Ley de Marcas (1.294/98). - Ley de Derechos de Autor (1.328/98). - Ley de Patentes e Invenciones (1.630/00). 190 - Ley de Contrataciones Públicas (2.051/03) - Ley que crea el Instituto Nacional de Desarrollo Rural y de la Tierra (2.419/04). Por otra parte, en otros campos se han tenido avances discretos o casi nulos como ser los casos de: - La reforma de la seguridad social no pudo lograrse la aprobación de los proyectos de Leyes remitidos al Congreso, debido a la gran variedad de opiniones que dichos proyectos generaron en varios sectores de la comunidad; por lo que los parlamentarios tampoco lograron consensos ni para aprobarlos ni para rechazarlos, por lo que aún se encuentran en estudio. - Un programa de re-estructuración de la deuda interna con las principales entidades financieras del país. - El presupuesto general de la nación en función a un programa de racionalización de los gastos corrientes. - No acumulación de nuevos atrasos externos. - El desarrollo de un Plan de Reforma de la Función Pública (Ley Nº 1.626/00). - El inicio de la implementación de un Plan de Reestructuración del Banco Central. - El Acuerdo entre el BCP y el MH para la regularización de deudas entre las partes. - En las Empresas Públicas los procedimientos de ajustes regulares de precios y tarifas públicas, que reflejen las variaciones de los precios internacionales y el tipo de cambio, así como la presentación de un Plan de participación de capital privado en las principales Empresas Públicas. - Aplicación de Auditorías Externas Integrales (Financieras y de Gestión) a las cuentas de las principales empresas públicas y el Instituto de Previsión Social (para empleados del sector privado). - Mejoramiento de la publicación de datos del Gobierno y las Empresas Públicas. - Reforma de las Instituciones del Estado a fin de tener una mayor eficiencia y eficacia en la entrega de los servicios públicos (a nivel central y subnacional) A más de las medidas mencionadas y de aquellas que aún se encuentran en agenda, el Gobierno negoció un Acuerdo Stand-by con el Fondo Monetario Internacional (2003 - 2008), que daba respaldo internacional a muchas de las medidas internas planteadas. IV. Futuros pasos a seguir La perspectiva económica del Paraguay viene mejorando de una manera notoria, hecho que se puede observar en las calificadoras de riesgo, las que han mejorado, aunque sea de manera modesta la calificación del país. Por tanto, las medidas de políticas fiscales y monetarias prudentes van teniendo como resultado una economía estabilizada. 191 Los desafíos actuales se centran en el inicio del proceso de reforma estructural actualmente en marcha, da una mejor perspectiva económica al país para el mediano plazo. Uno de los principales problemas a resolver quizás sea la escasa, o incluso nula productividad (empresarial y laboral), a fin de fortalecer el proceso de crecimiento en el mediano plazo, para ello es condición sine qua non el contar con un entorno macroeconómico estable. El proseguir con una política fiscal prudente y una política monetaria que priorice la estabilidad de precios, sentará las bases para ese crecimiento. En materia estructural aunque hay mucho aún por hacer, quizás una buena estrategia debe de ser lograr la plena implementación de las ya aprobadas. Las principales líneas de reforma estructural, aun pendientes, van encaminadas a mejorar el entorno del: Sector Público, a fin de fortalecer el marco presupuestario, el contar con un marco de gestión fiscal y aduanera, un mayor y mejor control de los gastos, una reorganización de la administración pública y una revisión exhaustiva de los regímenes de pensión y de salud, tanto público como privado Sector financiero, que pretende asegurar una asignación eficiente de los recursos financieros y eliminar las vulnerabilidades, por lo cual se propone reforzar la situación financiera del Banco Central, así como mejorar sus operaciones, modernizar la supervisión bancaria, fortalecer la reglamentación prudencial, reforzar los bancos estatales, promover el mercado de capitales y mejorar el sistema de pagos. Programa de promoción del crecimiento. Existen muchos obstáculos para el crecimiento en diversas áreas, que deben ser eliminados. Para ello será necesario mejorar el desempeño de las empresas públicas, el clima para la inversión, la productividad del sector agrícola, los procedimientos de los tribunales civiles y el funcionamiento del mercado. Red de protección social. A fin de proteger a los sectores sociales más vulnerables y mejorar los programas sociales, para mitigar la pobreza generalizada. Para ello, será necesario, entre otras cosas, reforzar los programas de asistencia social con vistas a lograr anticipadamente los Objetivos de Desarrollo del Milenio, adoptar una estrategia de reducción de la pobreza, focalizar mejor las subvenciones del gasoil mediante una realineación de los precios internos con los precios internacionales e introducir un sistema de transferencias de fondos a los grupos más vulnerables, condicionadas por contratos explícitos con los beneficiarios. Confiamos en que estas iniciativas contribuirán a reducir la desigualdad del ingreso y a aumentar la equidad social. 192 ANÁLISIS DEL SECTOR PÚBLICO EN EL PARAGUAY I. El Sector Público en el Paraguay El Paraguay conforme a la Carta Constitucional es un “…en Estado social de derecho, unitario, indivisible, y descentralizado en la forma que establecen esta Constitución y las leyes…”, es decir, en la propia constitución se hace mención al carácter unitario y descentralizado al mismo tiempo. Por ello, la organización desde el punto de vista económico es la siguiente: Administración Central AACC Entidades Gobierno Central Descentralizadas GGCC EEDD Seguridad Social EESS Gobierno Gobierno Departamental General GGDD GG Gobierno Local Sector (Municipalidades) Público no GGLL Financiero SPNF Empresas Públicas EEPP Sector Publico SSPP 193 Banco Central del Paraguay BCP Sector Público Financiero SPF Otras Entidades Financieras Oficiales EEFF Conforme se puede apreciar en el Diagrama, el Paraguay cuenta con una estructura similar a muchos países en donde se pueden visualizar todos los niveles de Gobierno y a partir de ello se puede avanzar en la identificación de roles que cumplen tanto vertical como horizontalmente las distintas Entidades del Estado. II. Ingresos Públicos a. Nivel de importancia del Sector Público por niveles de Gobierno Se presenta a continuación un grafico comparativo desagregado en base a la relevancia de los distintos componentes por el lado de los ingresos en los tres niveles de Gobierno. En los Ingresos Totales del Sector Público, visualizado por niveles de Gobierno, se puede apreciar una gran diferencia porcentual en la administración de ingresos que tiene la Administración Central con relación a los Gobiernos Subnacionales medidos como una proporción de la riqueza generada en el país (PIB). Lo dicho se puede apreciar en el siguiente gráfico: Gráfico 10 194 Gobernaciones 0,5% Municipalidades 1,6% Ingresos totales En % del PIB Prom. Período 2005-2008 Administración Central 18,2% Fuente: ASA Consultores con datos del MH Si realizamos un análisis comparativo diríamos que el 91% de los recursos son administrados por el Gobierno Central; el 2% por las Gobernaciones y el 7% por las Municipalidades Está situación recoge el promedio del período 2005-2008, periodo en el cual los Gobiernos Subnacionales vienen recibiendo de manera creciente recursos de la Administración Central por la Coparticipación en los Royalties y Compensaciones recibidos por el Tesoro Nacional de las Entidades Binacionales Itaipu y Yacyreta, en donde lo relevante de resaltar es que las participaciones en el pasado estaban aún más centralizadas. De todo lo expuesto, lo relevante de corresponde a la Administración Central y en ese sentido veremos la evolución de los Ingresos por componentes, en función a la clasificación económica, es decir, considerando los ingresos corrientes y de capital. b. Breve descripción del Régimen Tributario en el Paraguay A los efectos de contextualizar la evolución en materia impositiva se realiza una breve descripción de la estructura de los impuestos en el Paraguay, en su estado anterior al año 1992, el actual o vigente, así como se mencionan los principales cambios que se irán implementando durante el periodo 2005-2013, dada la modificación de la Política Tributaria realizada en el 2004. Así mismo, en el apartado final de éste Capítulo se exponen aspectos relativos a la corrupción en el Paraguay, en donde se ubican y sus criterios de percepción, tales como el uso discrecional de la norma que se traduce en una presión tributaria baja con relación al potencial, así como con respecto a los demás países con características similares. 1. Sistema tributario anterior a la reforma del año 1992 195 El sistema tributario anterior a la reforma del año 1992 era totalmente anacrónico y obsoleto, su principal componente era el impuesto de papel sellado y estampillas, que en su última versión se regía por la Ley 1003 del año 1964. Existían además otros impuestos: - Impuestos a los Alcoholes – Decreto Ley Nº 5.559/41 - Impuestos internos al consumo – Decreto Ley Nº 5/52 - Patentes fiscales – Decreto Ley Nº 344/71 - Patentes fiscales sobre autovehículos – Ley Nº 449/67 - Impuestos internos a los combustibles – Ley Nº 8859/41 y Decreto Ley Nº 59/53 - Impuestos a las herencias, legados y donaciones – Ley Nº 68/53 - Régimen sustitutivo del impuesto a la renta de las empresas – Ley Nº 322/62 - Impuestos internos al ganado y faenamiento - Decreto Ley Nº 11/53 & Ley Nº 622/77 - Impuesto a la renta de las empresas – Decreto Ley Nº 9.240/49 - Impuestos a las ventas y a los servicios – Ley Nº 69/68 & Ley 1.035/83 - Impuesto al capital de determinadas entidades – Ley Nº 70/68 Por todo esto, constituía una necesidad imprescindible realizar una reforma tributaria que simplificara e hiciera objetivas las reglas y relaciones con el contribuyente, así como generar los recursos genuinamente impositivos que en su lógica guarden la debida elasticidad con la evolución de la economía real y de los precios. Respecto al Régimen Tributario, éste ha experimentado una reforma en el año 1991, con la Ley 125/91, mediante la cual el número de impuestos se redujo de más de 80 a 9, se simplificó el sistema administrativo, y se incorporó el Impuesto al Valor Agregado (IVA). Los ingresos tributarios tuvieron una tendencia ascendente en la primera mitad de los años 90, lo cual se vio explicado principalmente por una aplicación plena del nuevo régimen tributario aprobado a finales del año 1991, así como por una potenciación del comercio de triangulación (régimen de turismo). A partir del año 1994, cuando tuvo que haberse aplicado en forma plena la ley impositiva, se inicia la sanción de leyes que otorgan beneficios, incentivos o privilegios sectoriales, con lo cual fue erosionándose la base de los impuestos más importantes como ser el impuesto a la renta de las empresas y el IVA. A finales del año 2003 se contaban con más de 40 leyes que otorgan ventajas o alicientes tributarios. Al final de la década se pudo observar la paulatina y sostenida erosión de la base imponible de los impuestos vigentes con lo cual obviamente el actual régimen tributario fue perdiendo efectividad. 196 Gráfico 11 Presion Tributaria1 14,0% 13,0% 12,0% 11,0% 10,0% 10,0% 10,4% 11,9% 11,9% 12,0% 11,4% 11,5% 12,4% 7,0% 10,7% 8,0% 10,8% 9,0% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 6,0% 1 No incorpora las contribuciones a la Seguridad Social Fuente: ASA Consultores con datos del MH c. Impuestos en el Paraguay Estructura tributaria vigente En Paraguay, el gobierno central recaudó por concepto de impuestos -sin incluir cotizaciones a la seguridad social- una cifra de G. 9,2 billones en el 2009, monto que equivale a unos US$ 2.003 millones y a un 12,4% del PIB para ese año, tal como se indica en el cuadro que detalla los componentes más abajo. La estructura tributaria de Paraguay está concentrada en un número relativamente reducido de impuestos, siendo los principales el Impuesto al Valor Agregado (IVA); el impuesto a la renta de las empresas, que opera sobre distintas modalidades; y un impuesto sobre el comercio exterior aplicado a las importaciones. A ellos se agregan impuestos selectivos sobre ciertos consumos, como por ejemplo el gravamen a los combustibles, tabacos, bebidas y alcoholes y un impuesto sobre los actos y documentos. Dentro de éste diseño, una característica notoria resulta ser la “ausencia efectiva” de un impuesto a la renta para las personas físicas (IRP) o de un impuesto al patrimonio. El actual régimen impositivo vigente data del año 1.992, ocasión en la que fue promulgada la Ley 125/91 y fue modificada y ampliada por Ley 2.421 del año 2004. La principal virtud del actual régimen tributario fue el hecho de haber sistematizado y eliminado un gran número de leyes especiales y de afectación especifica que tenía el Paraguay y que se constituían en un conjunto incoherente, amorfo e inconexo de normas del régimen tributario nacional y que, consecuentemente, la hacía extremadamente ineficiente, tanto en su administración como en su interpretación por los agentes económicos y contribuyentes. Con la sanción de la Ley 125/91, modificado y ampliado por la Ley 2.421/04, el régimen tributario quedó sistematizado en: 197 LIBRO I - Impuestos a los Ingresos (Empresariales) Titulo 1: Capítulo I: Rentas de actividades comerciales, industriales o de servicios que no sean de carácter personal Capítulo II: Rentas de las actividades agropecuarias Capítulo III: Renta del Servicio de Carácter Personal Titulo 2: Renta del Pequeño Contribuyente LIBRO II - Impuestos al Capital Titulo Único: Impuesto Inmobiliario (Actualmente éste impuesto se encuentra bajo la administración de los Gobiernos Locales) LIBRO III - Impuestos al Consumo Titulo 1: Impuesto al Valor Agregado Titulo 2: Impuesto Selectivo al Consumo Titulo 3: Impuesto a la Comercialización Interna de Ganado Vacuno (Derogado) LIBRO IV - Otros Impuestos Titulo 1: Impuesto a los Actos y Documentos (Derogado) Otros: Patente Fiscal Extraordinaria para auto vehículos (En proceso de extinción) A los efectos de determinar la estructura total de impuesto del Paraguay, es de mencionar a los impuestos al comercio exterior, los cuales se hallan regidos por la Ley 2.422/04 que establece el “Código Aduanero” y la Ley Nº 621/95 "Que aprueba el Protocolo relativo al Código Aduanero del MERCOSUR”. Cuadro 2 INGRESOS TRIBUTARIOS DEL PARAGUAY Gobierno Central - Año 2009 Conceptos En Millones de: G. US$ Como % del Total En % del PIB Impuestos Directos 2.193.000 477 24% 2,9% Impuesto a la Renta Empresarial 2.193.000 477 24% 2,9% Impuestos Indirectos 7.014.000 1.526 76% 9,4% Impuesto Selectivo al Consumo Impuesto al Valor Agregado Impuesto al Comercio Exterior Otros Impuestos 1.492.000 4.450.000 977.000 95.000 325 968 213 21 16% 48% 11% 1% 2,0% 6,0% 1,3% 0,1% Total Ingresos Tributarios 9.207.000 2.004 100% 12,4% 198 Fuente: ASA Consultores con datos del MH Tal como se pudo apreciar en el cuadro expuesto, en el total de impuestos recaudados se verifica una fuerte predominancia de los impuestos indirectos. En efecto, éste tipo de tributos -incluidos el IVA, el ISC, el ICEx y otros- representa un 76% del total de ingresos generados al año por el sistema impositivo. Dentro de los impuestos indirectos, el IVA es el impuesto que exhibe el mayor rendimiento relativo. Éste gravamen opera con un tipo general del 10% [aunque existen distintos tipos que buscan revertir la regresividad de este impuesto] y genera una recaudación del orden de los US$ 968 millones, monto que equivale a un 48% del total de los ingresos tributarios. Le siguen en importancia los Impuestos Selectivos al Consumo (Combustibles, tabaco, bebidas, alcoholes y bienes suntuarios) con una participación del 16% sobre el total y posteriormente el impuesto aduanero que viene perdiendo importancia relativa. Por su parte, la tributación directa está sustentada casi exclusivamente por el impuesto a la renta de las empresas. El tipo general de éste gravamen es del 10% más un 5% por distribución de utilidades y 15% adicional por remesas al exterior, impuesto que coexiste con diversas exenciones totales o parciales, como ser la Ley de Maquila (Ley 1.064/97), la apertura de capital en el Mercado de Valores [hasta la finalización de los beneficios otorgados, dado que ya no pueden otorgarse nuevos privilegios], el procesamiento en zonas francas (Ley 523/95), Forestación (Ley 536/94), Leasing (Ley 1.295/98), entre otros. Al régimen anterior, se agrega un tratamiento simplificado (ingresos menos egresos) y presuntivo para las rentas del sector agropecuario y una modalidad simplificada para los pequeños contribuyentes cuyas ventas anuales no superen aproximadamente US$ 22.000 al año, los que abonan un impuesto simplificado (ingresos menos egresos) o un sistema presunto del 3% de sus ventas totales, el que resulte menor y que se denomina Impuesto a la Renta del Pequeño Contribuyente. Situación actual del sistema tributario El sistema impositivo del país cuenta con un diseño simple y no-pesado para los contribuyentes e inversores, aunque la no vigencia desde el 2006 del Impuesto a la Renta Personal (IRP) ha generado un vacío en el sistema tributario general y en el impuesto a la renta de las empresas en particular, por lo cual la Administración Tributaria ha identificado la necesidad de hacer precisiones relativas a la no deducibilidad del impuesto, mediante la introducción de ciertas expresiones que salven los vacíos o lagunas legales respecto a las rentas no gravadas, que serán limitadas a aquellas de fuente extranjera. El Paraguay en el año 2.004 realizó unos ajustes en el régimen tributario que buscaba sostener y potenciar el régimen vigente hasta ese momento, dado que con el transcurrir de los últimos años ha sido objeto de muchas modificaciones, el cual en sí mismo pretendía: 1. Combatir la informalidad. 199 2. Reducir significativamente la evasión fiscal. 3. Sentar las bases para un país más competitivo. 4. Recaudar más por mejor base de contribuyentes. 5. Mayor participación ciudadana en la red de auto control. 6. Una mejor administración tributaria. 7. Transparencia informativa, pública y privada. Las modificaciones implementadas son un componente esencial de toda estrategia comprehensiva para lograr el ajuste estructural y reasumir el desafío del crecimiento económico, buscando la sostenibilidad del proceso de desarrollo que garantice mayores niveles de bienestar y justicia social. Siguiendo esta premisa, se puede expresar que los objetivos en forma resumido fueron i) lograr un Reordenamiento jurídico integral del Sistema Tributario Nacional para hacerlo instrumento apto para el desenvolvimiento eficaz de la economía, en armonía con las demás acciones y medidas operativas de la Política Económica Global; y, ii) alcanzar niveles de Ingresos Tributarios que no impacten en la sociedad con una presión tributaria que eventualmente pudiera afectar las decisiones de consumo, trabajo o inversión de los agentes económicos, así como para no incidir en la racional utilización de los factores de la producción en un marco de equilibrio dinámico. El proyecto de modificación tributaria, en su versión aprobado contempló modificaciones al impuesto a la renta de las empresas, al tributo único o impuesto de las pequeñas empresas, así como en el impuesto sobre actividades agropecuarias, el IVA y el impuesto selectivo al consumo. Además, se crea un impuesto a la renta personal (IRP). A continuación se describen y analizan los aspectos más relevantes de las modificaciones introducidas en el régimen tributario: Impuesto a la Renta de las Empresas Los cambios propuestos a éste impuesto se pueden agrupar en tres ámbitos: i) modificación de las estructuras de tipos; ii) ampliación de la base imponible; y, iii) modificación al régimen agropecuario. Modificación de la estructura de tipos: En la ley se prevén las siguientes medidas: o Reducir el tipo general de 30% al 20% en el año 1 y a partir del año 2, la misma quedará fijada en forma permanente en el 10%. Se introduce un tipo diferencial en caso de distribución de utilidades, la cual se sitúa en el 5%, así como del 15% para las remesas de dividendos al exterior. o Derogar los tipos especiales de 15% y 10% para las Sociedades Anónimas Emisoras de Capital Abierto -SAECAS-, la reducción del 95% del impuesto determinado conforme a la Ley 60/90, de Fomento a las Inversiones, por mencionar las de mayor relevancia, dado que se derogan todas las 200 leyes generales o especiales que establecen regímenes especiales para el impuesto a la renta de las empresas. Ampliación de la base imponible y derogación de regímenes especiales: En primer lugar, se derogan las siguientes exenciones contempladas en el artículo 14 de la Ley 125/91: o Exoneración a los intereses de Títulos-Valores o Se restringe la exención a favor de las entidades sin fines de lucro, quedando gravadas cuando realicen, en forma permanente, empresarial y habitual, actividades generadoras de rentas afectas. o Exención que beneficia a las entidades de educación, salvo que exista distribución de utilidades. Además, se introducen las siguientes modificaciones: o Se modifica el artículo 5, para considerar como rentas de fuente paraguaya los intereses de capitales colocados en el exterior. o Se modifica el artículo 9, para precisar que las entidades financieras no podrán deducir de la renta neta las utilidades del ejercicio que destinen a reservas legales. Esto se funda en que la Ley 861/96 establecía franquicias exclusivas para el sector financiero, que determina que estas entidades tengan una tributación media bastante inferior a las empresas de otros sectores económicos. o En el caso de intereses o comisiones remesados a entidades bancarias en el exterior, se presumirá una renta del 20% de los importes brutos. Actualmente se presume un 100% si el pagador de la renta es una agencia, sucursal u otro establecimiento situado en el país o 50% si el pagador no cuenta con agencia, sucursal u otro establecimiento en el país. Impuesto a la Renta Agropecuario Se reemplaza la actual determinación de una renta presunta (12% del avalúo fiscal de los inmuebles rurales) por una renta efectiva mediante contabilidad simplificada para todos aquellos inmuebles cuya superficie superen las 300 hectáreas (Has.) en la Región Oriental del país y de 1.500 Has. en la Región Occidental. La renta neta se determinará por la diferencia entre el ingreso total y todas las erogaciones relacionadas con la actividad. Las explotaciones medianas, cuya superficie se encuentren entre las 20 y 300 Has. o entre 20 y 1.500 Has., dependiendo de su ubicación en la Región Oriental u Occidental, respectivamente, se encuentran regidas por un sistema presunto de determinación en función a informaciones relativas a la productividad de las tierras. Quedan exonerados del impuesto quienes exploten una superficie total que no supere las 20 Has. en la Región Oriental y 100 Has. en la Región Occidental. En resumen podríamos decir que a los efectos tributarios el Paraguay cuenta con 3 tipos de inmuebles, en función a los que se determinarán si están o no alcanzados, así como el sistema de liquidación: El detalle sería el siguiente: 201 1. 2. Inmuebles grandes: a.- Región Oriental: Superficies > a 300 Has. b.- Región Occidental: Superficies > a 1.500 Has. Inmuebles medianos: a.b.- 3. Inmuebles pequeños: a.b.- Región Oriental: Superficies > 20 y < a 300 Has. Región Occidental: Superficies > 100 y < a 1.500 Has Región Oriental: Superficies < a 20 Has. Región Occidental: Superficies < a 100 Has. El tipo del impuesto se reduce del 25% al 10%, para los grandes inmuebles y al 2,5% para los inmuebles medianos. Se incorpora la compensación, para los medianos productores, del 100% del IVA pagado en las adquisiciones de bienes y servicios. En el caso de los Grandes Inmuebles esto pasa a constituirse en parte del costo de producción. Renta del Pequeño Contribuyente (Ex Tributo Único) Con los cambios propuestos el Tributo Único pasa a formar parte del impuesto a la renta de las empresas y se reemplaza su nombre por el de “Renta del Pequeño Contribuyente”. Los principales cambios al régimen de tributación son los siguientes: La renta se determinará sobre un sistema simplificado de ingresos menos egresos o en forma presunta la que se determinará como el 30% de los ingresos brutos y el tipo del impuesto será del 10%. En la actualidad, el Tributo Único presenta un sistema de liquidación sobre base presunta, en donde la renta presunta sobre la cual se aplicará el tipo del impuesto corresponde al monto mayor que resulte entre los ingresos reales y los ingresos presuntos, definidos estos últimos como la suma de los pagos por concepto de sueldos, arrendamiento de inmuebles, servicios básicos y mercaderías e insumos, más una imputación por concepto de utilidad. A su vez, el tipo actual es del 4%. Se eleva de G 53 millones (≈ US$ 11.000) a G 100 millones (≈ US$ 22.000) el límite de ventas para acceder al régimen. Se elimina la posibilidad de rebajar como crédito contra el impuesto el 50% del IVA pagado en las compras Los contribuyentes afectos a éste régimen serán contribuyentes de IVA. En la actualidad, el impuesto es sustitutivo del impuesto a la renta de las empresas y del IVA. Impuesto a la Renta Personal Se crea un impuesto a las rentas personales. La renta bruta estará comprendida por las rentas del trabajo, obtenidas en relación de dependencia o no; el 50% de los dividendos y utilidades distribuidas; y las 202 ganancias de capital obtenidas en la venta de bienes inmuebles y títulos-valores. De la renta bruta se podrán deducir las cotizaciones sociales; las donaciones al Estado y otras entidades; los gastos y erogaciones locales; los gastos e inversiones relacionados con la actividad; y los gastos personales y familiares. Se establece un tramo exento que para el año 1 se fija en diez salarios mínimos mensuales para cada persona física contribuyente. Éste tramo irá disminuyendo en un lapso de siete años, para quedar finalmente en tres salarios mínimos mensuales. El tipo del impuesto es: Ingresos > 10 salarios mínimos mensuales...............................................10% 3 salarios mínimos ≤ mensuales Ingresos ≥ a 10 salarios mínimos mensuales....................................................................................................8% El diseño actual del Impuesto a la Renta Personal presenta como característica principal el incentivo a que las personas exijan comprobantes de ventas para disminuir la evasión y es por ello que establece la posibilidad de deducir de la renta bruta la totalidad de los gastos personales y familiares, siempre y cuando los mismos se hallen debidamente documentados. La descripción sinóptica de la propuesta del Impuesto a la Renta Personal para el Paraguay es la siguiente: Cuadro 3 Paraguay: Ley que debió aplicarse desde Aspectos generales de diseño el año 2006 Nota: En estudio suspensión hasta el 2013 Renta Gravada Renta Neta Deducciones Sin límites, siempre que estén documentados Proporcional o Progresiva Progresiva Tipo Ingresos > a 10 SMM: 10% Ingresos > 10 SMM e < a 10 SMM: 8% Criterio Jurisdiccional Grava renta de fuente paraguaya Tratamiento de los Dividendos 50% de las Utilidades acreditadas Tratamiento de Ganancias de Capital 100% de las rentas generadas Carry forward Se pueden computar las pérdidas de períodos anteriores hasta el 20% del Ingreso Bruto del siguiente ejercicio fiscal Declaración patrimonial Al inicio y en forma anual deben de presentarse en forma complementaria la declaración patrimonial de las personas. Nota: SMM = Salarios Mínimos Mensuales Fuente: ASA Consultores 203 En un análisis sobre quienes serían los contribuyentes potenciales se puede verificar que según los datos de la Encuesta Integrada de Hogares, en el Paraguay existirían aproximadamente 19.000 personas que estarían sujetas al impuesto a la renta personal en su etapa inicial. Lo mencionado se puede apreciar en el siguiente cuadro: Cuadro 4 Paraguay: Número de Personas y Promedio de Ingreso de la Ocupación Principal de la Población Ocupada de 10 años y más años de edad por tramos de Ingresos En guaraníes nominales - Año 2002 Impuesto al Valor Agregado Ampliaciones de bases y derogaciones de regímenes especiales: o Se agrega a la definición de enajenación la cesión de acciones y se eliminan las fusiones y absorciones. o Se agrega a la definición de servicios, los servicios de obras con entrega de materiales y se eliminan los reaseguros. o Se incorpora como contribuyentes a las personas físicas que presten servicios profesionales y personales en forma independiente al monto de los ingresos anuales (En la actualidad solo son contribuyentes aquellos cuyos ingresos son superiores a G. 18 millones o ≈ US$ 4.000). o Se deroga la exoneración a la venta de bienes inmuebles nuevos. o Se deroga la exoneración a la importación y venta de combustibles. 204 o Se deroga la exoneración a la intermediación financiera y se gravan los intereses, comisiones y otros conceptos por el otorgamiento de préstamos o Se deroga la exoneración al arrendamiento de inmuebles. o Se deroga la exoneración a la venta de revistas que no sean de carácter científico, educativo y/o cultural y otros materiales impresos. La exoneración persiste para los libros, periódicos y revistas de interés científico, educativo y/o cultural. o A partir del año 3 es facultad del Poder Ejecutivo seguir aplicando regímenes especiales de tributación. El efecto inmediato de esta norma, de derogarse, es la eliminación del régimen especial para el transporte de pasajeros, según el cual estos servicios quedan afectos a un tipo de 0,75%, y la derogación del régimen de turismo, que rebaja a un 1,5% el tipo de determinados productos, citando los más relevantes. Así mismo se registran cambio de tipos, cuyo resumen es el siguiente: o Hasta 5% para: Productos de la canasta básica familiar (arroz, fideos, aceites, harina, sal yodada, leche, huevos, carnes y yerba mate) o 5% en forma definitiva para: Los contratos de cesión de uso de bienes (Muebles, inmuebles e intangibles) Venta de inmuebles o 5% en transición para los medicamentos y las financiaciones. Después de dos años, se incrementará en un punto anual, hasta llegar al tipo general del 10%. o 10% para las restantes Impuesto Selectivo al Consumo o Se establece un tipo máximo de 12% para la sección I, sobre cigarrillos y tabacos. El tipo actual es de 7% y 8%, dependiendo del bien. o En la sección II, se reduce de 8% a 5% el tipo aplicable a las bebidas sin alcohol o con un máximo de 2% de alcohol; todos los tipos sobre bebidas alcohólicas se mantienen a excepción del champagne que se eleva del 10% al 12%. Se suprime al agua mineral. o En la sección III, se eleva de 5% a 10% el tipo máximo aplicable al alcohol desnaturalizado. Se suprime el alcohol carburante. o La Sección IV Relativa a los Combustibles no sufren modificación y continúan con el tipo máximo del 50% o Se crea una nueva Sección, la “V” relativa a los Artículos Suntuarios y de Lujo: 205 III. - Perfumes 5% - Joyas 5% - Relojes 5% - Armas 5% - Instrumentos musicales 1% - Artículos Electrónicos 1% - Juguetes 1% Gastos Públicos A. Nivel de importancia del Sector Público por niveles de Gobierno medidos por los gastos El análisis por el lado del Gasto Público por niveles de Gobierno no nos brinda un escenario diferente al descrito con respecto a los ingresos, dado que la Ejecución de las erogaciones por la Administración Central representan el 15,7% de los bienes y servicios finales producidos en el país (PIB) con relación al 1% y al 0,3% que tienen las Municipalidades y las Gobernaciones, respectivamente. Lo mencionado se puede apreciar en el siguiente gráfico: Grafico 12 Municipalidades Gastos 1,4% En % del PIB Prom. Período 2005-2008 Gobernaciones 0,4% Administración Central 0,0% 17,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% Fuente: ASA Consultores con datos del MH - Informes Financieros 2005-2008 Dada la alta importancia relativa de los gastos de la Administración Central se realizará un análisis sobre la composición de la misma, partiendo de su estructura desde el punto de vista económico, es decir, cuanto se destinan a Gastos Corrientes y cuanto a Gastos de Capital. Esta primera aproximación sentará las bases para caracterizar y dar algunas líneas de pensamiento sobre el gasto social. 206 La participación del Gasto Corriente en la última década (2000-2009) ha sido del 78% en el Gasto Total, teniendo por tanto los Gastos de Capital una ponderación del 22%, es decir, menos de la ¼ de total del presupuesto de la Administración Central. A fin de magnificar la participación por componentes, a continuación se presenta un cuadro como porcentaje del PIB del período 2000-2009: Cuadro 5 Gasto Corriente Gasto de Capital Gasto Total En % del PIB 17% 17% 16% 14% 13% 13% 14% 13% 12% 14% 5% 4% 5% 4% 4% 4% 4% 4% 3% 4% 22% 20% 21% 17% 17% 17% 18% 17% 15% 19% Fuente: ASA Consultores con datos del MH B. Gasto Social En el presente trabajo nos interesa enfatizar el análisis en el Gasto Social y por ello vamos a analizar su evolución, dado que en el caso de Paraguay conforme ya se visualizo en la alta participación de los Gastos Corrientes y dentro de esta partida, los salarios son la partida más relevante y rígida a su vez, por lo cual, podemos concluir que los gastos sociales tienen un alto componente de salarios con lo cual la eficiencia del gasto social se relativiza. Según el Presupuesto General de la Nación, se consideran Servicios Sociales “…aquellas acciones inherentes a la prestación de servicios de salud, promoción y asistencia social, seguridad social, educación y cultura y otros gastos en servicios sociales…”. Por otra parte, la falta de gestión por resultados atenta contra las estrategias de racionalización y consecuente priorización del Gasto con lo que el gasto social podríamos decir que su principal característica es la falta de una política social consensuada entre los distintos actores con lo cual la asignación presupuestaria en materia, más allá de las restricciones que ya presenta, tiene una tendencia residual, es decir, en la medida en que haya recursos y/o iniciativas se destinarán más recursos al sector. La evolución de los gastos sociales con relación a los gastos totales se puede apreciar en el siguiente cuadro: 207 Cuadro 6 Años 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Gasto Social En Millones Var. Interanual de US$ en % 776 439 -43,4% 502 14,4% 456 -9,2% 535 17,3% 610 14,0% 864 41,6% 1.123 30,0% 1.418 26,3% 1.568 10,6% Gasto Total En % En Millones Var. Interanual del PIB de US$ en % 11,0% 1.753 6,9% 1.406 -19,8% 10,0% 1.164 -17,2% 8,2% 1.140 -2,1% 7,7% 1.344 17,9% 8,2% 1.501 11,7% 9,3% 1.873 24,8% 9,2% 2.273 21,4% 8,4% 2.747 20,9% 10,5% 3.079 12,1% En % del PIB 24,7% 22,0% 23,1% 20,6% 19,3% 20,1% 20,2% 18,6% 16,3% 20,6% Fuente: ASA Consultores con datos del MH Del cuadro precedente podemos diferenciar claramente 2 etapas: i) la del 1º quinquenio de la década caracterizada por la falta de recursos y de acceso al financiamiento con lo cual el gasto social claramente ha tenido una menor dinámica que el gasto total; y, ii) el 2º quinquenio de la década donde fueron superados los problemas de iliquidez del Tesoro Nacional y términos del grado de protección de las fluctuaciones del gasto social vis-a-vis las del gasto total agregado, esta ha mantenido una mayor protección relativa con respecto a los demás gastos por funciones, a excepción de aquellos destinados al servicio de la deuda pública. Si analizamos en contexto regional 62 podemos ver que existen 3 categorías Gasto Social: Indicador Países - Alto mayor al 13% del PIB Argentina, Chile y Costa Rica - Medio entre 9% y 13% del PIB Brasil, Colombia y Jamaica - Bajo menor al 9% del PIB Paraguay (8,9% ), Bolivia, 63 México y Perú 62 Rossana Mostajo - Gasto Social y Distribución del Ingreso: Caracterización e Impacto redistributivo en países seleccionados de América Latina y el Caribe. 63 Corresponde al periodo 2000-2009 208 Por otra parte, la mayor protección relativa ha ido acompañando en algún sentido el comportamiento de la economía en su conjunto y en ese sentido podemos apreciar en el siguiente gráfico, la asignación del Gasto Social versus el Gasto Total, como proporción del PIB: Grafico 13 30% 25% Gasto Total 25% 22% Gasto Social 23% 21% 20% 19% 20% 20% 21% 19% 16% 15% 10% 11% 10% 7% 8% 8% 8% 9% 9% 10% 8% 5% 0% 2.000 2.001 2.002 2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 Fuente: ASA Consultores con datos del MH Las principales partidas del Gasto Social, tomando como parámetro el año 2009, priorizadas son i) Educación (42%); ii) Salud (21%); iii) Seguridad Social o Pensiones (19%); y, iv) Promoción y Acción Social (16%), con lo cual se cuenta con el 98% del gasto social. Un aspecto relevante de mencionar es el alto dinamismo que muestra desde el año 2006 la partida de Promoción y Acción Social relacionado con los programas de Transferencias Monetarias Condicionadas a personas en extrema pobreza. Lo enunciado se puede apreciar en el siguiente gráfico: Gráfico 14 209 Otros 34,7 2% Salud 325,1 21% Educacion 660,3 42% Promoción y Acción Social 249,8 16% Seguridad Social 298,1 19% Fuente: ASA Consultores con datos del MH La evolución histórica de los componentes, agrupados por principales partidas, se puede apreciar en el siguiente cuadro: Cuadro 7 Cifras en Millones de US$ 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Sociales 776 439 502 456 535 610 864 1.123 1.418 1.568 - Salud 111,1 97,8 70,7 62,8 76,6 108,3 154,2 207,0 239,3 325,1 6,0 10,0 86,4 112,3 140,3 249,8 Servicios - Promoción y Acción Social - Seguridad Social 249,8 67,7 164,9 150,1 158,0 183,8 216,0 252,6 315,0 298,1 - Educación 377,7 251,2 235,0 221,4 257,9 295,0 380,5 483,1 656,8 660,3 - Otros 37,4 22,3 31,4 21,7 36,5 12,9 26,9 68,0 66,5 34,7 210 Fuente: ASA Consultores con datos del MH Dentro de los Gastos Sociales, en el periodo analizado (2000-2009), la salud y la seguridad social fueron relativamente más protegidos mientras que el gasto en educación y otros han sido menos protegido. Esta afirmación se relativiza a partir de la asignación de recursos para la Promoción y Protección Social, que ha sido el principal destinatario de los recursos públicos en los últimos años. Finalmente es de mencionar que los Gastos Sociales han tenido la dinámica mencionada como consecuencia principal de la mayor priorización del Gasto Social como resultado de una mayor bonanza fiscal, que se tradujo en resultados superavitarios de la Administración Central en el período 2004-2009. Lo mencionado se puede apreciar en el siguiente gráfico: Gráfico 14 Valores como % del PIB 12,0% 10,0% 11,0% 10,5% 10,0% 8,0% 9,3% 8,2% 6,0% 6,9% 7,7% 9,2% 8,2% 4,0% 1,6% 2,0% 0,0% 0,8% 0,5% 1,0% 0,1% -3,2% -2,0% -4,0% 2,5% -0,4% -1,2% 8,4% -4,6% Gasto Social Resultado Fiscal -6,0% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Fuente: ASA Consultores con datos del MH 211 2006 2007 2008 2009 Análisis de la Equidad en el Paraguay I. Metodología Para evaluar la equidad de la política tributaria y del gasto público en cualquier país es necesaria la determinación y caracterización de la distribución del ingreso antes de la acción estatal. Se necesita para ello de una fuente de información, con cobertura nacional, que permita discriminar los distintos componentes del ingreso y capte las diferentes variables que permitan aproximar los efectos de las políticas públicas. La fuente de información La fuente de información utilizada es la Encuesta Integrada de Hogares (EIH) 2000-01 realizada por la Dirección General de Estadística, Encuestas y Censos (DGEEC) con el apoyo del Banco Interamericano de Desarrollo (BID) en el marco del Proyecto MECOVI, en el período septiembre 2000 – agosto 2001. La EIH 2000-01 tiene cobertura nacional y su diseño muestral permite estimaciones para cuatro dominios de estudio: Asunción, Central Urbano, Resto Urbano y Área rural. Para captar los efectos de la estacionalidad de los ingresos y gastos de los hogares en el transcurso del año, el diseño muestral consideró la recolección de los datos a nivel trimestral, seleccionándose muestras para cada trimestre de la encuesta. El marco muestral se construyó a partir del Censo Nacional de Viviendas de 1992, siendo bietápico, probabilístico y estratificado. El marco muestral para la primera etapa de selección es, para cada estrato, el conjunto de unidades de primera etapa (UPM) que definen el estrato a partir de la información del Censo de 1992 más las actualizaciones posteriores. El marco muestral para la segunda etapa de selección es el conjunto de listados de actualización cartográfica con el número de viviendas y de hogares, en cada UPM seleccionada en la primera etapa. El tamaño de la muestra a nivel nacional es de 8.960 viviendas, distribuida por estratos. En la primera etapa se seleccionaron UPM con un mínimo de 12 viviendas. En la segunda etapa se seleccionaron 10 viviendas dentro de cada UPM. La encuesta se levantó en un período de 12 meses, de septiembre del 2000 a agosto del 2001. El mes medio de la EIH es marzo del 2001 por lo que se considera representativa de ese año. Esto significa que el análisis de la equidad de la política fiscal se referirá al año 2001. La EIH indaga a profundidad los distintos componentes de ingresos y gastos de los hogares, lo que permite estimar la incidencia de los impuestos al consumo y al ingreso. Incorpora una serie de variables sobre el acceso de las personas a la educación, salud y pensiones, lo que permite aproximar el impacto de los gastos públicos sociales en dichos sectores. La unidad de análisis Pese a que distintos tributos y programas sociales se dirigen a personas individuales y la teoría del bienestar recomienda que el análisis se centre en el individuo, la unidad de análisis pertinente para el análisis de la equidad de la política fiscal en el presente trabajo es el hogar pues es ahí donde se agregan y redistribuyen 212 los ingresos individuales y donde se decide la estrategia de gastos familiares. Además todos los análisis de progresividad e impacto distributivo del sistema tributario se han centrado en los hogares, porque su interpretación resulta más intuitiva. 64 Otro motivo importante al momento de elegir al hogar como unidad de análisis radica en que las encuestas normalmente no recogen información sobre la forma en que se distribuyen los recursos al interior del hogar de modo que suele suponerse una equidad interna en la asignación de estos cuando el análisis se quiere realizar por persona, lo cual no es necesariamente correcto. Esto no significa que todos los hogares sean iguales y por el contrario se deben considerar sus diferencias, en cuanto al número de miembros y su composición por edad y sexo, para establecer el indicador de bienestar. El indicador de bienestar Siendo el hogar la unidad de análisis, el indicador de bienestar sobre el cual se evaluará la equidad de la política fiscal debe ser especificado. En la literatura económica se ha debatido, y se continúa debatiendo, sobre si es mejor opción considerar el ingreso o el consumo como variable de referencia para medir el impacto en la equidad de la política fiscal. El fondo de la discusión se traduce en cuál de estas dos variables es el mejor indicador del bienestar. Desde una perspectiva utilitarista, el consumo aparece como el indicador más adecuado además de que se torna relativamente más fácil de medir. También es menos sensible a la coyuntura y en esa medida es un mejor predictor del ingreso permanente. No obstante, la EIH como cualquier encuesta de ingresos y gastos, mide las compras y no el consumo. Para aproximar el consumo se requiere información adicional que la EIH no ofrece. Por una parte, los bienes de consumo durable ofrecen un servicio durante su vida útil por lo que se debe estimar ese servicio para todos los hogares que poseen estos bienes y no solo considerar los hogares que los adquirieron durante el período de referencia de la encuesta. Para hacerlo se requiere conocer la fecha de adquisición de los bienes de consumo durable, información que no ofrece la EIH. Por otra parte, en el caso del consumo de los alimentos, la EIH indaga sobre las compras en la semana de la entrevista y a partir de ahí se mensualiza. No se pregunta sobre los inventarios iníciales y finales de modo que tampoco puede estimarse el consumo aparente. Esto significa que en tanto se torne más frecuente las compras a plazos mayores (por quincena o por mes), se presentarán hogares con un alto consumo puntual y muchos otros hogares sin compra alguna. Esto si bien en el diseño de la EIH se compensa para el promedio, no es el caso para los hogares individuales. Dos aspectos adicionales dificultan el manejo de los gastos de consumo para el estudio del impacto de la política fiscal según Trejos (2007). El primero es que no puede aproximarse un consumo previo a la política 64 En el Anexo se presentan los cuadros con los indicadores estimados utilizando como unidad de análisis a los individuos. 213 fiscal, pues las transferencias en dinero aportadas por la política social y el mismo aporte de los servicios suministrados por los programas sociales, generan o liberan ingresos que ya se han canalizado en consumo. También el efecto de los impuestos directos y al consumo se encuentra ya contemplados en la medición del gasto de consumo. El segundo elemento tiene que ver con su consistencia macro. Para determinarla se debe comparar con una estimación exógena cuyo candidato claro es el gasto de consumo final de los hogares que estiman las cuentas nacionales. Este sin embargo incluye el consumo de las instituciones privadas sin fines de lucro, tiende a estimarse de manera residual y con una clasificación que no es comparable con la que surge de la EIH por lo que tampoco es una referencia óptima. Debido a estos inconvenientes, el indicador de bienestar a utilizar en este trabajo es el ingreso de los hogares. Es claro que la medición de los ingresos tiene problemas, si se quiere mayor precisión, que los asociados con la medición del consumo, por lo que debe darse un tratamiento particular como se discutirá en la sección siguiente. No obstante, es más claro arribar a un ingreso antes de la política fiscal. Para considerar las diferencias en tamaño y composición de los hogares, el indicador de bienestar a utilizar es el ingreso per cápita del hogar. El ingreso per cápita del hogar será entonces el ingreso equivalente del hogar. Ello supone que lo único que hace diferencia entre los hogares es su tamaño relativo. En otras palabras, se supone implícitamente que no existen diferentes requerimientos de consumo en razón de la edad, sexo, actividad o condición de los miembros del hogar al tiempo que tampoco se contempla la posibilidad de que existan economías de escala en el consumo. II. Supuestos asumidos a-) Microsimulación estática y sin comportamiento La microsimulación realizada en este trabajo es estática, en el sentido de que parte de una muestra crosssection de microdatos que mantiene constantes sus características demográficas y socioeconómicas a lo largo del tiempo. La simulación dinámica, por el contrario, tiene en cuenta los efectos del tiempo sobre dichas características, sometiendo a las unidades de análisis a un proceso de envejecimiento año a año, desde su 65 nacimiento hasta su muerte, con el objetivo de simular el ciclo vital completo de todas y cada una de ellas . Por otra parte, el presente trabajo no incorpora el análisis del comportamiento de los agentes económicos ante la introducción de los impuestos, es decir, no estima ni considera sus funciones de reacción. Hacerlo implicaría, en primer lugar, estimar y, luego, considerar en la simulación la elasticidad-precio de la demanda de los bienes y servicios, las elasticidades cruzadas y la elasticidad gasto. Previamente debe estimarse la elasticidad de la oferta o, como se hace usualmente, suponer que es infinita (el productor traslada completamente el impuesto indirecto al precio). En este trabajo, la estimación de los impuestos se realiza atendiendo exclusivamente al cambio de normativa y suponiendo que dicho cambio no afecta el comportamiento de los contribuyentes (decisiones ahorro65 Sanz Sanz y otros (2004). 214 consumo, trabajo-ocio). En concreto, se ha supuesto que el gasto monetario de los agentes económicos en los diferentes bienes y/o servicios, una vez introducidos los impuestos que se consideran en el análisis, se mantiene constante, de modo que cae el gasto “real” (sin impuestos). La premisa es que la restricción presupuestaria del consumidor se mantiene fija y el gasto se reasigna sin considerar el impacto del cambio de precios relativos (no se captura el efecto sustitución). El supuesto tiene la única finalidad de simplificar la microsimulación. Aún en el marco de modelos de microsimulación con comportamiento se supone que los precios de producción no cambian como consecuencia de las reformas impositivas y sí lo hacen los precios finales de consumo. b-) Ingresos negativos y ceros Se ha decidido no considerar en el análisis aquellos hogares con ingresos negativos. Sin embargo, en el caso de ingresos cero, hemos decidido no eliminarlos, aún cuando existen argumentos de no considerarlos. Sin embargo, como se ha decidido tomar el ingreso corriente como indicador de bienestar (ante la imposibilidad de estimar el ingreso permanente), se asumirán todas las contras y serán considerados. c-) Uprating Se decidió no realizar un ajuste (por inflación) de las variables monetarias (uprating), suponiendo que las estructuras del ingreso y el consumo de la Encuesta de Hogares no han variado dramáticamente desde el momento de su realización hasta hoy. d-) Impuestos y Gastos Públicos considerados Debido a que la realidad paraguaya se caracteriza por una alta participación de la tributación indirecta, de transferencias no monetarias y de transferencias monetarias no contributivas -asistencia social-, la misma obliga considerar conjuntamente todo el sistema tributario y del gasto público al momento de estimar mediante las microsimulaciones los efectos de determinar el impacto de la política fiscal en la distribución del ingreso de los hogares. Sin embargo, se debe aclarar por un lado que el ejercicio de microsimulación realizado es “sin comportamiento”, es decir, no se estiman ni consideran las funciones de reacción de los agentes económicos ante la introducción de los impuestos. Por este motivo, no se tienen en cuenta en el análisis aquellos impuestos respecto a cuya incidencia económica existe amplio consenso, a saber: el Impuesto al Valor Agregado y los impuestos selectivos al consumo -hay amplio acuerdo en la literatura respecto a que se trasladan al consumidor final- y el Impuesto a la Renta Personal -soportado por la persona física gravada-. Por el contrario, no existe un consenso tan generalizado respecto a la incidencia económica del Impuesto a 215 la Renta Empresarial y de los aranceles. Por tanto, en lugar de realizar supuestos heroicos al respecto se ha preferido descartar su análisis. Por otro lado se ha considerado el llamado gasto público social -educación, salud y transferencias no contributivas-, pues no existen criterios teóricos ni información disponible para asignar todo el gasto público, en especial el gasto en justicia, en defensa, etc. e-) Imputación de los Impuestos En el trabajo se optó por asignar los impuestos determinando su base imponible a partir de la información de la EIH y aplicando, luego, el tipo impositivo correspondiente (“recaudación teórica”) en vez de imputar la “recaudación real”. La decisión se ha tomado al considerar el IVA, el principal impuesto del país. La recaudación de IVA puede verse como el pago que realizan todos los agentes que no pueden descontar el impuesto, a saber: (i) los consumidores finales, (ii) el Gobierno y (iii) los sectores productores de bienes y servicios exonerados que compran insumos gravados con IVA. f-) Imputación del Gasto Público Social Para la asignación del gasto público social se ha identificado a sus beneficiarios a partir de la EIH y se les asignó el monto del gasto público que figura en la ejecución presupuestal de los Ministerios respectivos, es decir, las áreas de salud, educación y pensiones (Ministerio de Hacienda). Esto implica asociar el costo de la prestación gubernamental al beneficio recibido por el beneficiario, lo cual no es necesariamente cierto si se consideran las ineficiencias que suelen producirse en la aplicación de los recursos. III. Indicadores de Progresividad y Capacidad redistributiva Existe una amplísima colección de indicadores que intentan medir la progresividad y capacidad redistributiva del sistema tributario y el gasto público social. Entre las varias elecciones posibles se ha decidido utilizar los siguientes indicadores: a-) Progresión de la tasa media El más habitual de los indicadores “locales” de progresividad es la progresión de la tasa media. Se les llama indicadores locales pues informan de la progresividad (o regresividad) al pasar de un tramo a otro de la distribución del ingreso, pero no aportan una evaluación global de la progresividad (o regresividad) del impuesto en cuestión. De acuerdo a este indicador, un impuesto es progresivo si el pago de dicho impuesto como porcentaje del ingreso (consumo) de quien lo paga, es decir, la tasa efectiva Impuesto/Ingreso o Impuesto/Consumo, crece a medida que crece el ingreso (Consumo) de los contribuyentes. 216 b-) Índice de Kakwani La progresividad o regresividad de un determinado impuesto también puede determinarse comparando la curva de Lorenz del ingreso de los hogares pre-acción fiscal con la curva de concentración de dicho impuesto. La curva de Lorenz de una distribución de ingresos es una función que indica el porcentaje de ingresos, respecto del total, que posee cada porcentaje de la población acumulada, una vez que la misma ha sido ordenada en forma creciente por su nivel de ingresos, esto es, de más pobres a más ricos. En otras palabras, L(p) indica el porcentaje de ingresos que posee el p por ciento más pobre de la población en relación al total de ingresos. (Gradín y del Río, 2001). A su vez, la curva de concentración mide para cada porcentaje acumulado de la población -ordenada en forma creciente por su nivel de ingresos- cuál es el porcentaje acumulado que paga del impuesto en cuestión. De acuerdo a este análisis gráfico, un determinado impuesto será progresivo en toda la distribución si y solo si la curva de concentración del mismo está siempre por debajo de la curva de Lorenz del ingreso de los hogares pre-acción fiscal (dominancia de Lorenz). Si la dominancia de Lorenz no se verifica -porque las curvas se cruzan una o más veces-, igualmente cualquier cálculo que resuma la desigualdad en un solo número -como el índice de Gini- permite una ordenación completa de las distribuciones de ingreso, es decir, cualquier par de distribuciones puede ser ordenado sin ambigüedad (Lambert, 1993). El índice de Gini, que se deriva de la curva de Lorenz, mide el área entre esta curva y la línea de 45% equidistribución- (en términos de proporción respecto al área por debajo de dicha línea de equidistribución). Toma, por tanto, valores entre 0 (máxima igualdad) y 1 (máxima desigualdad). Su fácil interpretación lo ha vuelto el indicador más utilizado. A su vez, el cuasi-Gini del impuesto se calcula de manera similar al Gini del ingreso, pero sobre la curva de concentración del impuesto. De ahí la distinción semántica. Por lo dicho, el índice de progresividad de Kakwani, que se basa en el índice de Gini, permite en cualquier caso indicar la progresividad o regresividad de determinado impuesto. Por ejemplo, para el caso del IVA, el indicador de Kakwani se define como: K = cuasi Gini (IVA) - Gini (Ingreso antes de la Política Fiscal). 66 Si K > 0, esto es, si el IVA se distribuye más inequitativamente que el ingreso antes de la política fiscal, el impuesto contribuye a disminuir la desigualdad en la distribución del ingreso siendo, por tanto, progresivo. Si, por el contrario, K < 0, el impuesto será regresivo. 66 Si se considera el consumo como indicador de bienestar, el índice se define como K =cuasi Gini (IVA) - Gini (Consumo antes de la Política Fiscal). 217 c-) Índice de Reynolds-Smolensky Ahora bien, el índice de Kakwani permite estimar cuán progresivo o regresivo es determinado impuesto, pero al no estar influenciado por su recaudación dice poco sobre su capacidad redistributiva. Un impuesto puede ser fuertemente progresivo, pero si su recaudación es irrelevante también lo será su capacidad redistributiva. Por tanto, el análisis se complementa considerando el índice de Reynolds-Smolensky, indicador global de la 67 capacidad redistributiva del impuesto en cuestión . Por continuar con el ejemplo, en el caso del IVA dicho índice se define como: RS = Gini (Ingreso antes de la Política Fiscal)- Gini (Ingreso después del 68 IVA) . Si RS < 0, su magnitud (en términos absolutos) indica cuántos puntos del Gini ha aumentado la desigualdad en la distribución del ingreso como consecuencia de la regresividad del IVA introducido. Lo contrario si RS > 0. Nótese que al Gini antes de impuestos se resta el Gini después de impuestos -y no el cuasi-Gini-. Esto implica reordenar las observaciones de menor a mayor ingreso después de impuestos (en este caso, después del IVA). Ahora bien, una definición alternativa del Reynolds-Smolensky es: GX C X T Efecto total [G X G X T ] [GX T C X T ] Efecto igualador Efecto reordenaci ón Es decir, al Gini antes de impuestos se resta el cuasi-Gini después de impuestos. Las observaciones, por tanto, no se reordenan sino que continúan ordenadas de menor a mayor ingreso antes de impuestos. Como se ve, esta definición captura el efecto total de un impuesto, que puede descomponerse en un (i) efecto igualador y (ii) un efecto “reordenación” -ver Lambert, 1993-. No obstante, existe cierto consenso respecto a que el efecto “reordenación” no es estrictamente un efecto redistributivo. La versión del ReynoldsSmolensky que figura en el trabajo es la citada en primer término. Finalmente, los indicadores globales de progresividad (Kakwani) y de capacidad redistributiva (ReynoldsSmolensky) utilizados en el trabajo se basan en el índice de Gini. Es sabido que el valor del índice de Gini 67 Un indicador local de la capacidad redistributiva de un impuesto es la participación relativa en el ingreso, que mide los cambios en el ingreso relativo de un grupo determinado de la población como consecuencia de la aplicación del impuesto. 68 Si se considera el consumo como indicador de bienestar, el índice se define como RS = Gini (Consumo antes de la Política Fiscal) – Gini (Consumo después del IVA). 218 disminuye como respuesta a una transferencia desde una renta más alta a otra más baja, con la particularidad de que no es sensible a los niveles de renta de los individuos entre los que tiene lugar la transferencia y sí lo es en relación a la diferencia de renta entre dichos individuos. Por tanto, resulta claro que, aunque no explícitamente, el índice de Gini tiene incorporado un juicio de valor respecto al efecto de la transferencia en la desigualdad. Si, dada una diferencia de renta, se quisiera conceder mayor valor a una transferencia entre dos individuos con dicha diferencia ubicados en los tramos bajos de la distribución que a una transferencia entre dos individuos con dicha diferencia pero ubicados en los tramos altos, el índice de Gini no resultaría adecuado. (Lambert, 1989). IV. Análisis por instrumento de Política Fiscal a) Impuesto al Valor Agregado (IVA) El impuesto sobre las ventas es la principal fuente de ingresos tributarios del gobierno general y su importancia ha aumentado en el tiempo a partir del reordenamiento tributario llevado adelante en el año 1991 con la aplicación de la Ley 125. Ampliaciones realizadas en su base impositiva así como en la tarifa con la reforma tributaria llevada adelante con la Ley 2421 del año 2004 también han contribuido a su mayor protagonismo, protagonismo que alcanza actualmente al 6% del PIB y al 48% de los ingresos tributarios del gobierno general en el año 2009. La Ley 125/1991, modificada y ampliada por la Ley 2421 del año 2004, se caracteriza por una tasa general de imposición del 10% sobre el precio neto de venta de la mayoría de los bienes lo que la hace sencilla de administrar. En el caso de los bienes básicos de la canasta básica familiar, así como en el caso de los medicamentos, alquileres y venta de inmuebles e intermediación financiera, se aplica una tasa diferencial del 5%. El IVA se aplica en el momento de consumo por lo que no discrimina por el origen de la producción y se recae sobre todos los bienes, excepto una canasta de bienes exentos, generalmente bienes en estado natural o sin procesamiento. También se aplica sobre un conjunto limitado de servicios que taxativamente señala la ley. Estas exoneraciones buscan reducir la carga en los sectores más pobres y aumentar la equidad vertical. No obstante, la lista de bienes y servicios exonerados no se limita a bienes y servicios de consumo básico lo que diluye su objetivo de equidad (progresividad) y reduce la base del impuesto. Esta base acotada hace también que el impuesto sobre las ventas no funcione efectivamente como un impuesto sobre el valor agregado, pues si bien se permite acreditar el impuesto de ventas pagado en la compra de los insumos incorporados en el bien producido, no se incluyen los demás costos y servicios asociados con la producción. Para estimar la incidencia del impuesto sobre las ventas se parte de un archivo de gasto de los hogares por artículo que surge de la EIH 2000-01 y se procede a determinar cuáles de estos se encuentran sujetos al impuesto y cuáles exonerados. La EIH 2000/01 identifica aproximadamente 230 artículos diferentes y estos se revisaron a partir de la legislación vigente en ese año y la nueva vigente en el 2004. Como para cada bien o servicio consumido por las familias, el gasto incurrido (GT) incorpora ya el monto del impuesto 219 cobrado, se estima el gasto neto de impuestos (GN = (GT/1,10) en el caso de los sujetos a una tasa del 10% y un procedimiento similar para los sujetos a una tasa del 5%) y luego el impuesto se calculó por diferencia (IVA = GT – GN). En el Cuadro 8 se presenta la información de los hogares ordenados tanto según su ingreso per cápita como el gasto de consumo per cápita, sin ajuste pero con valor locativo, como variable de ordenamiento. La comparación se hace teniendo en cuenta el régimen tributario vigente al momento de la encuesta (Ley 125/91) y la aplicación sobre la misma base del nuevo régimen tributario ocurrido en el 2004 (Ley 2421/04), a fin de poder observar los efectos de la reforma fiscal sobre los indicadores de equidad fiscal. En el caso del IVA el doble cálculo -denominador ingreso y denominador consumo- es relevante porque existe una alta probabilidad de que en el primer caso el impuesto resulte regresivo y en el segundo progresivo. Cuadro 8 Paraguay: Indices de Progresividad y Capacidad Redistributiva del Impuesto sobre las Ventas (IVA) según Regimen Tributario Ingresos ordenados Ingresos ordenados según ingreso per cápita según consumo per cápita Indicador a nivel de Hogares Ley 125/91 Ley 2421/04 Ley 125/91 Ley 2421/04 Progresividad: Tasa Media 7.0 7.5 4.1 4.5 Decil 1 Decil 2 Decil 3 Decil 4 Decil 5 Decil 6 Decil 7 Decil 8 Decil 9 Decil 10 24.1 6.2 6.9 5.1 5.3 5.0 4.7 4.3 4.4 4.0 24.6 6.4 7.1 5.6 6.7 5.6 5.2 4.7 4.9 4.6 3.0 3.3 3.6 3.5 3.9 4.1 4.6 4.7 5.2 5.0 3.0 3.5 3.8 3.9 4.4 5.4 5.0 5.2 5.8 5.6 0.4408 -0.1170 0.4504 -0.1075 0.5202 0.0672 0.5242 0.0712 0.5578 0.5630 -0.0052 0.5578 0.5632 -0.0054 0.4530 0.4498 0.0032 0.4530 0.4491 0.0039 Cuasi-Gini Kakwani Capacidad Redistributiva Gini del Ingreso antes de la política fiscal Gini del Ingreso después de la política fiscal Reynolds-Smolensky Fuente: Elaboración propia en base a la EIH 2000-01 En efecto, el IVA aparece como regresivo cuando los hogares se ordenan según su ingreso per cápita. Ello es claro al observar como la tasa media del impuesto se reduce casi sistemáticamente conforme se pasa a estratos de ingresos superiores. Considerando los regímenes tributarios, la reforma tributaria del 2004 parece no haber reducido el efecto regresivo del impuesto, antes bien la tasa relativa se incrementó en todos los deciles, si bien el efecto sería levemente superior en los deciles de los hogares más ricos. 220 La regresividad del impuesto, en ambos regímenes, se comprueba al considerar el cuasi Gini del impuesto (0,4408 y 0,4504 respectivamente) así como el índice de Kakwani negativo creciente (-0,1170 y -0,1075) lo cual implica que el impuesto ha contribuido a aumentar la desigualdad en la distribución del ingreso. Aún cuando el IVA sea, desde este punto de vista global y localmente un impuesto regresivo, su capacidad redistributiva es limitada pues solo aumenta el coeficiente de Gini de la distribución del ingreso equivalente descontado el impuesto en cerca de cinco décimos del uno por ciento (-0,0052 y -0,0054 respectivamente) de acuerdo a lo indica el índice de Reynolds-Smolensky. Cuando la atención se pone en el consumo per cápita de los hogares, el impuesto sobre las ventas se vuelve progresivo aunque mantiene una limitada capacidad redistributiva. Esta progresividad se logra porque el consumo se distribuye de modo menos desigual que el ingreso (el coeficiente de Gini antes de la política fiscal se reduce casi doce puntos porcentuales) y el impuesto se distribuye más desigual que cuando se considera el ingreso (el cuasi Gini del impuesto es mayor en siete puntos porcentuales). Ello genera un índice de Kakwani positivo (0,0672 y 0,0712 respectivamente) lo que corrobora su progresividad. Esto se traduce en una capacidad redistributiva positiva al reducir el coeficiente de Gini del consumo, en alrededor de tres décimos del uno por ciento (RS = 0,0032) en el caso de la Ley 125/91 y en cerca de cuatro décimos del uno por ciento (RS = 0,0039) en el caso de la Ley 2421/04. b) Impuesto Selectivo al Consumo (ISC) Los impuestos selectivos al consumo (ISC) se aplican a un conjunto de bienes que tienen diversas características. Por una parte, se aplica a bienes que se podrían llamar de lujo pues se caracterizan por una demanda con alta elasticidad ingreso y una baja elasticidad precio. Un impuesto de este tipo se considera progresivo y permitiría captar recursos sin mayores distorsiones en el consumo para canalizarlo a los grupos de menores ingresos. También se aplica a bienes y servicios que tienen externalidades negativas que al no reflejarse en el precio se consume más de lo socialmente deseado. Aquí entran los bienes y servicios que inducen a la adicción y pueden generar enfermedades y problemas sociales, como el tabaco, el licor y las apuestas. También se incluyen los bienes con efectos ambientales negativos como los hidrocarburos y los vehículos. Los impuestos en estos casos buscan corregir las distorsiones generadas por las externalidades tratando que estas se reflejen en los costos privados. Las críticas a estos impuestos giran en torno a su efecto distorsionador de los precios relativos, al posible fomento del comercio desleal (contrabando) y a un costo de administración que crece más que proporcional al aumento del número de bienes sujetos al impuesto y a su recaudación efectiva. Esto último aconseja a concentrarse en pocos productos de fácil cobro. Los impuestos selectivos de consumo se aplican a productos importados (sobre el valor aduanero más los derechos de importación) o producidos localmente (sobre el precio de venta al contado del fabricante) y utiliza tasas ad valorem que oscilan entre 0% y 50%. Para su estimación se asignó la tasa vigente en 1991 como en el 2004 para cada mercancía incorporada en la EIH y el impuesto se calculó sobre la base del gasto neto de impuesto de ventas (GN) y siguiendo el mismo procedimiento de este. Estimado el impuesto por 221 cada bien, se agruparon en cuatros grupos: cigarrillos y tabaco, bebidas alcohólicas, bebidas no alcohólicas y combustibles. En el caso de los combustibles se calculó su incidencia directa (compra de combustible) como indirecta (compra de bienes o servicios intensivos en combustible como el transporte público). - Combustibles El impacto del impuesto selectivo sobre los combustibles, suele ser muy diferente según se considere solamente el impacto directo (pago del impuesto selectivo por el combustible utilizado en el vehículo del hogar) o también los impactos indirectos (pago del impuesto selectivo por el combustible incorporado en el transporte de pasajeros consumidos por el hogar). La experiencia indica que al considerar solamente el impacto directo suele concluirse que el impuesto es fuertemente progresivo mientras que al considerar, además, los impactos indirectos suele concluirse que el impuesto es regresivo. La progresividad y capacidad redistributiva del impuesto único a los combustibles se puede apreciar en el Cuadro 9. Si se considera solo la parte del impuesto que llega directamente a los hogares a través de la compra de combustible, en el marco de la Ley 125/91, el impuesto es progresivo (el índice de Kakwani es positivo) aunque con una capacidad redistributiva marginal (R-S = 0,0004). Si bien bajo las nuevas reglas tributarias del 2004 el impuesto no pierde su carácter progresivo (el índice de Kakwani sigue siendo positivo), su capacidad redistributiva se reduce aún más (R-S = 0,0003). Al considerar la posible incidencia de la parte del impuesto que afecta por su traslado a los pasajes de transporte público, el impuesto que recae sobre esa parte se torna regresivo. Esto es válido para los dos regímenes analizados globalmente, siendo el índice de Kakwani negativo e idéntico en ambos casos. Aún cuando, localmente, la reforma tributaria del 2004 parece mejorar marginalmente la situación de equidad de algunos deciles de ingresos, la capacidad redistributiva del impuesto en términos globales es negativa en ambos regímenes, si bien de manera muy limitada. Esto lo confirma el coeficiente de Gini de la distribución del ingreso, el cual no sufre prácticamente variación antes como después de la aplicación de la política fiscal. El pequeño aumento en dicho indicador confirma el incremento marginal de la desigualdad. Cuadro 9 222 - Otros bienes (Cigarrillos, Bebidas alcohólicas y no alcohólicas) El resto de los impuestos selectivos al consumo se han agrupado en tres categorías: bebidas alcohólicas, bebidas no alcohólicas y cigarrillos. El impuesto por hogar se calculó producto por producto según su gasto y dependiendo de las tasas en cada uno de los regímenes tributarios analizados. El impuesto selectivo a los cigarrillos afecta en mayor medida a los hogares de ingresos menores quienes enfrentan tasas medias mayores. Esto puede comprobarse al analizar el cuasi Gini, el cual es el menor de las tres categorías analizadas, lo que significa que su curva de concentración se aproxima a la curva de equidistribución y que el monto absoluto pagado de impuesto por cada estrato de ingreso es muy similar. También significa que la regresividad global es elevada en relación a las otras categorías lo que se refleja en un índice de Kakwani de -0,2498. No obstante su limitado peso, pues su tasa media es del 0,07% y 0,10% respectivamente, según se trate del régimen analizado, no provoca mayores cambios distributivos a pesar de ser altamente regresivo con respecto a las otras categorías, lo que se evidencia en un RS = -0,0001. Constituye en un impuesto con limitado impacto fiscal y alta regresividad relativa, pero plenamente justificado por la externalidad negativa asociada con el consumo del tabaco. Cuadro 10 223 El impuesto selectivo a las bebidas alcohólicas tiene un peso relativo limitado similar al del impuesto a los cigarrillos, con la diferencia de que se tornan menos regresivos. Al mirar las tasas medias se observa que esta regresividad no se reproduce a lo largo de la distribución del ingreso, afectando en mayor medida al primer decil. Este impuesto no provoca mayor cambio en el coeficiente de Gini de la distribución del bienestar por lo que su capacidad redistributiva es prácticamente nula. De nuevo, son las externalidades negativas asociadas a su consumo y su facilidad de recaudación lo que justifican su existencia. Por otro lado, el impuesto selectivo al consumo aplicado a las bebidas sin alcohol tienen un peso similar en el marco de la Ley 125/91 y resulta apenas cerca de la mitad del anterior bajo la normativa de la Ley 2124/04, siendo en ambos casos regresivo (K < 0). Su capacidad redistributiva es prácticamente nula con un RS que tiende a cero. c) Gasto Social en Educación Por mandato constitucional el Estado es el encargado de ofrecer la educación general (preescolar, primaria y media), la cual es obligatoria hasta el noveno grado (hasta el tercer ciclo), y gratuita. La educación preescolar comprende al menos un año que se imparte a la edad de cinco años. La educación primaria comprende nueve años o tres ciclos de tres años cada uno, en tanto que la educación secundaria o media contempla un ciclo de tres años de carácter técnico. Estos servicios son ofrecidos por el Ministerio de Educación y Cultura (MEC). 224 La educación universitaria está en manos públicas como privadas, éstas últimas de reciente creación y menor calidad que sus contrapartes estatales. Dentro de los servicios educativos de carácter superior se incluye también la formación profesional de las fuerzas públicas. El gasto del gobierno general en servicios educativos se distribuye entre los hogares con miembros que están asistiendo a las distintas modalidades o niveles a partir de un costo medio que se mantiene constante por modalidad o nivel educativo, de modo que se asigna la totalidad del gasto incurrido por el gobierno general en estos servicios. Este gasto representó cerca del 4% del PIB en el año 2001 y el Cuadro 11 ofrece un resumen sobre su progresividad y capacidad redistributiva. Cuadro 11 Los servicios de educación primaria constituyen el programa más pro-pobre con el cuasi Gini negativo con mayor valor absoluto lo que implica automáticamente que es progresivo relativo (K < 0) haciendo el análisis tanto desde el punto de vista de los ingresos como del consumo. Ello es así porque favorece marcadamente a los hogares de menores ingresos que de paso cuentan con mayor población en esos grupos de edad escolar. El gasto que llega al 40% más pobre, correspondiente a los dos primeros deciles de ingresos, resulta 38 veces lo recibido por los dos deciles superiores en el caso de considerar el ingreso per cápita, siendo esta relación cercana a la mitad en el caso del consumo per cápita (16 veces lo recibido por los dos deciles superiores). Al ser el GPS en educación primaria y secundaria el que mayor cantidad de recursos moviliza es el que produce una mayor capacidad redistributiva, reduciendo el coeficiente de Gini de la distribución del ingreso en 1,9 puntos porcentuales en el caso del ingreso equivalente y en 1,6 puntos porcentuales en el caso del consumo. 225 Estos resultados muestran que toda la educación general o básica estatal, favorecen a los hogares en mayor proporción conforme menor sea su ingreso (o consumo) y que el último decil casi no recibe GPS por estos programas, con una alta progresividad local. La educación general en su conjunto se mantiene pro-pobre y es responsable de una reducción del coeficiente de Gini de la distribución del ingreso en torno a los 1,8 puntos porcentuales en el caso del ingreso y 1,5 puntos porcentuales en el caso del consumo. La educación superior y universitaria muestra una curva de concentración que se ubica por debajo de la diagonal (CG positivo y alto). El índice de Kakwani se mantiene por debajo de cero (progresivo relativo) y con escasa capacidad redistributiva casi nula pero positiva tanto desde el punto de vista del ingreso como del consumo. d) Gasto Social en Salud Globalmente, los servicios de salud en su conjunto se mantienen como programas pro-pobre, con una progresividad local (tasa media decreciente) y relativa (K<0), considerando tanto el ingreso per cápita como el consumo per cápita. El 40% recibe un gasto que resulta un poco más de veinte veces lo captado por el 20% más rico. Debido a que estos servicios de salud movilizan en conjunto cerca del 2% del PIB (2001), un porcentaje considerado bajo con respecto a los estándares internacionales, dicho gasto logra reducir el coeficiente de Gini de la distribución del ingreso sólo marginalmente, en cerca de 0,44 puntos porcentuales en el caso de los ingresos y 0,37 puntos porcentuales en el caso del consumo. Cuadro 12 226 e) Gasto Social en Pensiones Las transferencias producto de los sistemas de pensiones contributivas representaban cerca del 3,3% del PIB en el año 2001. Dentro de estos sistemas, existe uno de carácter público aunque administra cotizaciones público-privada, denominado Instituto de Previsión Social (IPS) que convive con un conjunto de regímenes especiales con cargo al presupuesto nacional o del gobierno central y agrupadas en la denominada Caja Fiscal, al cual pertenecen entre otros, funcionarios públicos, docentes, policías y militares. De manera general los programas de pensiones contributivas, presentan curvas de concentración por debajo de la diagonal (cuasi Gini positivo) de modo que no son pro-pobres, siendo mayor la concentración en el caso de los ingresos que del consumo. En el caso de la Caja Fiscal, régimen a cargo del presupuesto nacional, resulta no solo pro-rico sino además tiene carácter regresivo relativo (K>0), esto es, se distribuye más desigual que el ingreso. Así mismo, no tiene una fuerte capacidad redistributiva (R-S positivo pero cercano a cero). Cuadro 13 227 Análisis de los efectos de la Política Fiscal I. Ingresos y/o Consumo de las familias antes de la Política Fiscal Realizar un análisis de los ingresos de las familias antes de la política fiscal nos da una idea de la importancia que tiene la acción estatal con la finalidad de dar soluciones efectivas a fin de disminuir la mala distribución de los recursos, así como la asignación de los mismos. Del análisis realizado, y por el lado del gasto, podemos resaltar que las políticas sociales por el lado del gasto público no han sido objeto de una priorización adecuada y por tanto no han ido en línea con los objetivos de la reducción de la pobreza, tanto rural como urbana. Por otra parte, también es relevante mencionar que las cuentas públicas no han tenido la mejor performance al momento de la realización de la EIH, y en ese sentido la gestión pública ha implicado a su vez un empeoramiento hasta el año 2004, aproximadamente, periodo a partir del cual se observa un mejoramiento en los ingresos y los que se traducen a su vez en un mayor gasto social, aunque quizás aún con el déficit de calidad del mismo. Muchas veces la mayor asignación presupuestaria implico preferentemente el mejoramiento salarial así como mayores contrataciones en los sectores involucrados (salud y educación, principalmente) así como ha surgido una nueva partida a partir del año 2005, denominada Transferencias Monetarias Condicionadas [a sanitación y educación de los niños] a personas en extrema pobreza, con lo cual los resultados probablemente se podrán observar luego de realizar una nueva muestra y luego de cierto años de vigencia de la política estatal de priorización del gasto público social. Con relación a los ingresos, es de mencionar que generalmente en el diseño del régimen tributario, no se ha priorizado como objetivo la redistribución de la renta y la riqueza a través del sistema impositivo. Con la aprobación de la Ley 2421 en el año 2004, hubieron intentos superficiales de lograr una mayor equidad, los que podrían considerarse como estériles ante la no vigencia del Impuesto a la Renta Personal [luego de 6 años de su aprobación y con 2 suspensiones y una 3ª en proceso de aprobación], en tanto que la aplicación del IVA diferenciado (5% vs. 10%) para determinados ítems de la canasta familiar así como la reducción del Impuesto Selectivo al Consumo sobre la bebidas no alcohólicas (del 8% al 5%), se podría decir que pocos efectos ha surtido en lograr una menor regresividad de este impuesto. II. Bienestar de las familias después de la política fiscal Efectos del Impuesto al Valor Agregado Considerando el ingreso per cápita, el IVA aparece como regresivo pues la tasa media del impuesto se reduce casi sistemáticamente conforme se pasa a estratos de ingresos superiores. Considerando los regímenes tributarios, la reforma tributaria del 2004 parece no haber reducido el efecto regresivo del 228 impuesto, antes bien la tasa relativa se incrementó en todos los deciles, si bien el efecto sería levemente superior en los deciles de los hogares más ricos. La regresividad del impuesto, en ambos regímenes, se comprueba al considerar el cuasi Gini del impuesto (0,4408 y 0,4504 respectivamente) así como el índice de Kakwani negativo creciente (-0,1170 y -0,1075) lo cual implica que el impuesto ha contribuido a aumentar la desigualdad en la distribución del ingreso. Aún cuando el IVA sea, desde este punto de vista global y localmente un impuesto regresivo, su capacidad redistributiva es limitada pues solo aumenta el coeficiente de Gini de la distribución del ingreso equivalente descontado el impuesto en cerca de cinco décimos del uno por ciento (-0,0052 y -0,0054 respectivamente) de acuerdo a lo indica el índice de Reynolds-Smolensky. Al considerar el consumo per cápita de los hogares, el impuesto sobre las ventas se vuelve progresivo aunque mantiene una limitada capacidad redistributiva. Esta progresividad se logra porque el consumo se distribuye de modo menos desigual que el ingreso (el coeficiente de Gini antes de la política fiscal se reduce casi doce puntos porcentuales) y el impuesto se distribuye más desigual que cuando se considera el ingreso (el cuasi Gini del impuesto es mayor en siete puntos porcentuales). Ello genera un índice de Kakwani positivo (0,0672 y 0,0712 respectivamente) lo que corrobora su progresividad. Esto se traduce en una capacidad redistributiva positiva al reducir el coeficiente de Gini del consumo, en alrededor de tres décimos del uno por ciento (RS = 0,0032) en el caso de la Ley 125/91 y en cerca de cuatro décimos del uno por ciento (RS = 0,0039) en el caso de la Ley 2421/04. Efectos del Impuesto Selectivo al Consumo (ISC) En el caso de los Combustibles, si se considera solo la parte del impuesto que llega directamente a los hogares a través de la compra de combustible, en el marco de la Ley 125/91, el impuesto es progresivo (el índice de Kakwani es positivo) aunque con una capacidad redistributiva marginal (R-S = 0,0004). Si bien bajo las nuevas reglas tributarias del 2004 el impuesto no pierde su carácter progresivo (el índice de Kakwani sigue siendo positivo), su capacidad redistributiva se reduce aún más (R-S = 0,0003). Al considerar la posible incidencia de la parte del impuesto que afecta por su traslado a los pasajes de transporte público, el impuesto que recae sobre esa parte se torna regresivo. Esto es válido para los dos regímenes analizados globalmente, siendo el índice de Kakwani negativo e idéntico en ambos casos. Aún cuando, localmente, la reforma tributaria del 2004 parece mejorar marginalmente la situación de equidad de algunos deciles de ingresos, la capacidad redistributiva del impuesto en términos globales es negativa en ambos regímenes, si bien de manera muy limitada. Esto lo confirma el coeficiente de Gini de la distribución del ingreso, el cual no sufre prácticamente variación antes como después de la aplicación de la política fiscal. El pequeño aumento en dicho indicador confirma el incremento marginal de la desigualdad. 229 El impuesto selectivo a los cigarrillos afecta en mayor medida a los hogares de ingresos menores quienes enfrentan tasas medias mayores. El cuasi Gini es menor al presentado por las bebidas alcohólicas y no alcohólicas y presenta una regresividad global es elevada con un índice de Kakwani de -0,2498. No obstante su limitado peso, pues su tasa media es del 0,07% y 0,10% respectivamente, según los regímenes tributarios analizados, no provoca mayores cambios distributivos a pesar de ser altamente regresivo con respecto a las otras categorías, lo que se evidencia en un RS = -0,0001. Constituye en un impuesto con limitado impacto fiscal y alta regresividad relativa, pero plenamente justificado por la externalidad negativa asociada con el consumo del tabaco. El impuesto selectivo a las bebidas alcohólicas tiene un peso relativo limitado similar al del impuesto a los cigarrillos, con la diferencia de que se torna menos regresivo. Esta regresividad no se reproduce a lo largo de la distribución del ingreso, afectando en mayor medida al primer decil. Este impuesto no provoca mayor cambio en el coeficiente de Gini de la distribución del bienestar por lo que su capacidad redistributiva es prácticamente nula. De nuevo, son las externalidades negativas asociadas a su consumo y su facilidad de recaudación lo que justifican su existencia. Por otro lado, el impuesto selectivo al consumo aplicado a las bebidas sin alcohol tienen un peso similar en el marco de la Ley 125/91 y resulta apenas cerca de la mitad del anterior bajo la normativa de la Ley 2124/04, siendo en ambos casos regresivo (K < 0). Su capacidad redistributiva es prácticamente nula con un RS que tiende a cero. Efectos del Gasto Social en Educación El gasto social destinado a la educación primaria-secundaria, en relación a la destinada a la superioruniversitaria constituye el programa más pro-pobre con el cuasi Gini negativo con mayor valor absoluto lo que implica automáticamente que es progresivo relativo (K < 0) haciendo el análisis tanto desde el punto de vista de los ingresos como del consumo. Ello es así porque favorece marcadamente a los hogares de menores ingresos que de paso cuentan con mayor población en esos grupos de edad escolar. El gasto que llega al 40% más pobre, correspondiente a los dos primeros deciles de ingresos, resulta 38 veces lo recibido por los dos deciles superiores en el caso de considerar el ingreso per cápita, siendo esta relación cercana a la mitad en el caso del consumo per cápita (16 veces lo recibido por los dos deciles superiores). Al ser el GPS en educación primaria y secundaria el que mayor cantidad de recursos moviliza es el que produce una mayor capacidad redistributiva, reduciendo el coeficiente de Gini de la distribución del ingreso en 1,9 puntos porcentuales en el caso del ingreso equivalente y en 1,6 puntos porcentuales en el caso del consumo. Estos resultados demuestran que toda la educación general o básica estatal, favorecen a los hogares en mayor proporción conforme menor sea su ingreso (o consumo) y que el último decil casi no recibe GPS por estos programas, con una alta progresividad local. La educación general en su conjunto se mantiene propobre y es responsable de una reducción del coeficiente de Gini de la distribución del ingreso en torno a los 1,8 puntos porcentuales en el caso del ingreso y 1,5 puntos porcentuales en el caso del consumo. 230 La educación superior y universitaria muestra una curva de concentración que se ubica por debajo de la diagonal (CG positivo y alto). El índice de Kakwani se mantiene por debajo de cero (progresivo relativo) y con escasa capacidad redistributiva casi nula pero positiva tanto desde el punto de vista del ingreso como del consumo. Efectos del Gasto Social en Salud Globalmente, los servicios de salud en su conjunto se mantienen como programas pro-pobre, con una progresividad local (tasa media decreciente) y relativa (K<0), considerando tanto el ingreso per cápita como el consumo per cápita. El 40% recibe un gasto que resulta un poco más de veinte veces lo captado por el 20% más rico. Debido a que estos servicios de salud movilizan en conjunto cerca del 2% del PIB (2001), un porcentaje considerado bajo con respecto a los estándares internacionales, dicho gasto logra reducir el coeficiente de Gini de la distribución del ingreso sólo marginalmente, en cerca de 0,44 puntos porcentuales en el caso de los ingresos y 0,37 puntos porcentuales en el caso del consumo. Efectos del Gasto Social en Pensiones De manera general los programas de pensiones contributivas presentan curvas de concentración por debajo de la diagonal (cuasi Gini positivo) de modo que no son pro-pobres, siendo mayor la concentración en el caso de los ingresos que del consumo. En el caso de la Caja Fiscal, régimen a cargo del presupuesto nacional, resulta no solo pro-rico sino además tiene carácter regresivo relativo (K>0), esto es, se distribuye más desigual que el ingreso. Así mismo, no tiene una fuerte capacidad redistributiva (R-S positivo pero cercano a cero). 231 CONCLUSIONES 1. El Paraguay es uno de los países más pequeños y con mayor desigualdad en Sudamérica y que en los últimos años del nuevo milenio ha visto reverdecer la pobreza sin que se haya visualizado una verdadera y efectiva presencia del Estado, a través de sus políticas y/o de su accionar. 2. Las políticas públicas que han sido priorizadas han buscado reordenar e institucionalizar el accionar del Estado en los últimos casi 20 años, pero muchos de los intentos aún siguen siendo el reflejo de las decisiones individuales y que no necesariamente son seguidas y fortalecidas en los procesos de transición de un gobierno a otro, situación verificada en el lento proceso de transición hacia la democracia. 3. El régimen tributario del año 1992 (Ley 125) sentó las bases para una nueva relación entre los agentes público y privado pero sus efectos fueron diluyéndose en la medida que se avanzaba y llegaba al nuevo milenio. Las bases de la discusión de las modificaciones al sistema impositivo (Ley 2421/2004) giraron en torno a una mayor justicia y equidad en la tributación de modo a ampliar la base imponible [en número de contribuyentes y hechos imponibles], pero poco o nada en el objetivo de una mejor asignación de los recursos y/o en mejorar la distribución de la renta y la riqueza. 4. Una evaluación ex post de la Ley 2421/2004, que modificó y amplió la Ley 125/1991, da muestras claras que el objetivo fiscal en la modificación de la norma tributaria no fue la de avanzar en una mayor atención hacia los más necesitados a través del instrumento de la política fiscal que es el régimen tributario. El análisis de los gastos en consumo de los hogares con la Ley 125/1991 y con la Ley 2421, luego del análisis del IVA y del ISC aplicado sobre todos los bienes afectados, no han sufrido grandes variaciones, conforme a los Índices de Kakwani y Reynolds-Smolensky. 5. La falta de vigencia efectiva del IRP poco ha ayudado para sentar las bases de una mayor equidad en el régimen tributario del Paraguay y las señales recibidas dan poca certeza de que se pueda tener en vigencia este impuesto en el PRY, con lo cual seguirá postergándose el cumplimiento pleno de uno de los principios de la imposición que es la EQUIDAD. 6. Las políticas por el lado del gasto público han sido ineficaces en avanzar decididamente en la priorización del gasto social a fin de mitigar la pobreza, lograr una mejor asignación de los recursos productivos y por sobre todo influir decididamente en la redistribución de la renta y la riqueza. 7. La mayor priorización del gasto social, sin un ajuste y/o mayor eficiencia por parte de la gestión de Estado, así como sin una efectividad del GPS por lo menos mínima, no sienta las bases para comprender cuales son los verdaderos objetivos buscados y esperados desde el Estado para los más desprotegidos. 232 8. El GPS en educación luego de la intervención del Estado tiene una orientación pro-pobres lo cual indica que va en la dirección correcta, aunque lo relevante será evaluar la calidad de este gasto a largo plazo. Los esfuerzos en los últimos años han ido en la búsqueda de una mayor cobertura en la educación inicial y primaria, aunque el déficit observado aún sigue siendo la retención escolar, así como la efectiva culminación de la educación media (formación técnica). Por su parte, la educación universitaria es regresiva, es decir, beneficia en mayor medida a los deciles con mayores ingresos que a aquellos con menores. 9. El GPS en salud, al igual que la educación, tiene una orientación hacia los más desprotegidos y se puede indicar que avanzar efectivamente en estos programas se traducirán en mayores beneficios para los colectivos con menores ingresos. 10. Queda suficientemente claro que por razones redistributivas se debe de avanzar decididamente en destinar mayores recursos hacía este sector, así como en la educación, puesto que con sanidad y educación se tiene renta y con renta se tiene sanidad y educación, por tanto bajo el argumento de la equidad justifica la provisión pública de los servicios médicos y educativos. 11. El GPS en pensiones, a diferencia de educación y salud, no tiene una orientación hacia los más pobres, sino que todo lo contrario. Esta situación es consistente con la baja cobertura de la seguridad social en el PRY [14,6% de la población económicamente activa -PEA- o 7% de la población total es aportante o cotiza en algún tipo de entidad de seguridad social], dado que quienes aportan generalmente se encuentran dentro de los deciles que cuentan con ingresos permanentes, con lo cual los beneficios van de vuelta hacia este colectivo. Los intentos de favorecer a los desprotegidos hasta el momento se puede considerar nulos o ineficaces, dado que no se cuentan con reglas claras para lograr una mayor profundidad de la seguridad social -para que abarque a una mayoría de la PEA, por ejemplo- o para dotar a las personas con más de 60 años de edad de una pensión mínima [la ley aprobada por el cual se otorga pensiones no contributivas a las personas mayores de 60 años de edad no se ha implementado por falta de recursos financieros] aún sigue en la dulce espera. 12. La política fiscal, en el período analizado, ha sido ineficaz para dotar de mayores ingresos y/o capacidad de consumo a las familias de escasos recursos o en situación de pobreza con lo cual se requiere de un diseño de políticas públicas que logren el justo equilibrio entre lo económico y social, es decir, que no se privilegie lo social en detrimento de lo económico, dado que eso puede implicar la inviabilidad de la política social en el largo plazo. 13. No hay que olvidar que el sistema tributario es “uno” de los elementos empleado por el Sector Público para el logro del objetivo de la redistribución, y que actúa conjuntamente con el gasto social, las transferencias, las políticas de rentas, la regulación en materia de derechos de propiedad y de la competencia. 233 ANEXOS ABREVIATURAS PRY República del Paraguay BCP Banco Central del Paraguay MH Ministerio de Hacienda DGEEC Dirección General de Estadísticas, Encuestas y Censos BID Banco Interamericano de Desarrollo MEC Ministerio de Educación y Culto MSPBS Ministerio de Salud Pública y Bienestar Social IPS Instituto de Previsión Social CF Caja Fiscal del Ministerio de Hacienda SMM Salarios Mínimos Mensuales EIH Encuesta Integrada de Hogares UPM Unidad de Primera Etapa IRP Impuesto a la Renta Personal IVA Impuesto al Valor Agregado ISC Impuesto Selectivo al Consumo ICEx Impuestos al Comercio Exterior (Gravamen Aduanero) SAECAS Sociedades Anónimas Emisoras de Capital Abierto GT Gasto Total Incurrido GN Gasto Neto de Impuestos GPS Gasto Público Social CG Coeficiente de Gini K Índice de Kakwani R-S Índice de Reynolds-Smolensky PIB Producto Interno Bruto IPC Índice de Precios al Consumidor G. Guaraní (Unidad monetaria local) US$ Dólar de los EUA Has Hectáreas 234 CUADRO 1 235 CUADRO 2 236 CUADRO 3 CUADRO 4 237 CUADRO 5 CUADRO 6 238 CUADRO 7 239 URUGUAY Junio 2010 Equidad Fiscal en Uruguay Cuánto y cómo modifica el Estado el bienestar de los uruguayos El impacto conjunto de los Impuestos y el Gasto Público Social en la Distribución del Ingreso Jerónimo Roca 240 INDICE I. Introducción………………………………………………………………………………………………………...243 II. La distribución del ingreso antes de la política fiscal………………………………………………………245 1. Observaciones previas……………………………………………………………………………………245 2. La distribución del ingreso antes de la Política Fiscal…………………………………………………247 III. Progresividad e impacto redistributivo del sistema tributario……………………………………..…….248 1. Impuesto al Valor Agregado (IVA)……………………………………………………………………….250 2. Impuesto Específico Interno (IMESI)…………………………………………………………………….253 2.1. IMESI Bebidas……………………………………………………………………………...…..253 2.2. IMESI sobre Tabacos y Cigarrillos……………………………………………………...……258 2.3. IMESI sobre Combustibles……………………………………………………………………259 3. Impuesto sobre la Renta Personal………………………………………………………………………261 III. Progresividad e impacto redistributivo del gasto público social………………………………………..264 1. Observaciones preliminares………………………………………………………………………………264 2. Gasto Público en Educación Pre-Escolar y Primaria…………………………………………………..266 3. Gasto Público en Educación Secundaria……………………………………………………………….267 4. Gasto Público en Educación Terciaria…………………………………………………………………..269 5. Gasto Público en Salud…………………………………………………………………………………...270 6. Jubilaciones y Pensiones…………………………………………………………………………………271 7. Seguro de Desempleo…………………………………………………………………………………….271 8. Subsidio por Enfermedad…………………………………………………………………………………273 241 9. Asignaciones Familiares………………………………………………………………………………..…274 10. Ingreso Ciudadano (PANES)……………………………………………………………………………276 11. Tarjeta Alimentaria (PANES)……………………………………………………………………………277 12. Alimentos Gratis………………………………………………………………………………………….278 IV. Impacto conjunto del sistema tributario y el gasto público social………………………………………280 1. El impacto del Sistema Tributario en la Distribución del Ingreso…………………………………… 280 2. El impacto del Gasto Público Social en la Distribución del Ingreso………………………………….282 3. El impacto conjunto del Sistema Tributario y del Gasto Público Social en la Distribución del Ingreso...............................................................................................................................................283 Referencias Bibliográficas ....................................................................................................................... ...285 Anexo I – Consideraciones Metodológicas.....................................................................................................287 Anexo II – Sobre el sistea tributario …………………………………………………………………………...….. 295 Anexo III – Sobre el gasto público social ………………………………………………………………………… 297 242 I. INTRODUCCIÓN Los modelos de microsimulación de impuestos y prestaciones de la OCDE –más frecuentemente llamados modelos tax-benefit- tienen, entre otros objetivos, evaluar el efecto de la política fiscal sobre el bienestar de los individuos. Para la OCDE, dos ejemplos muestran claramente la necesidad de considerar conjuntamente impuestos y transferencias (gasto público social) para evaluar el efecto final de la política fiscal: (i) las transferencias sociales están sometidas a impuestos en algunos países y (ii) muchas de las prestaciones se otorgan a través de reducciones en la base imponible o deducciones en la cuota del impuesto a la renta personal (gasto tributario). 69 Los modelos tax-benefit simulan los efectos de impuestos y transferencias sobre el ingreso familiar. Calculan, aplicando la normativa de cada país, los impuestos directos pagados, las prestaciones sociales recibidas y el ingreso neto final. Los impuestos generalmente considerados son el impuesto a la renta personal y las contribuciones de los trabajadores a la Seguridad Social. Dentro de las prestaciones, las transferencias monetarias que atienden situaciones de desempleo son las más importantes (prestaciones contributivas y asistenciales por desempleo). La realidad de los países en vías de desarrollo, como Uruguay, con alta participación de la tributación indirecta, de transferencias no monetarias y de transferencias monetarias no contributivas –asistencia social-, hace obligatorio un tratamiento más comprehensivo. En concreto, a efectos de determinar el impacto de la política fiscal en la distribución del ingreso se impone la consideración conjunta de todo el sistema tributario al menos de aquellos impuestos para los cuales existe amplio consenso respecto a su incidencia- y del gasto público social –pues no existen criterios teóricos ni información disponible para asignar todo el gasto público, en especial el gasto en justicia, en defensa, etc. No existe ningún estudio que haya analizado en Uruguay el impacto conjunto del sistema tributario y el gasto público social en la distribución del ingreso. En efecto, hay algunos trabajos que han considerado el impacto del sistema tributario y, por otro lado, siguiendo metodologías no necesariamente coherentes, otros trabajos han considerado el impacto del gasto público social. Por tanto, resulta relevante conocer cómo el Estado uruguayo, a través de sus políticas tributaria y de gasto público social conjuntamente consideradas, modifica la distribución del bienestar. 69 Ejemplos citados por Urbanos y Utrilla (2001). 243 Si se adopta como indicador de bienestar el ingreso de las familias, el primer paso para medir el impacto redistributivo de la política fiscal consiste en determinar cuál es la distribución de dicho ingreso antes de la acción de la política fiscal. A posteriori, una vez definida la incidencia conjunta de la política tributaria y la de gasto público social, por comparación entre la situación ex ante (sin política fiscal) y ex post (con política fiscal), se determina si dicha política resulta regresiva o progresiva y se estima su impacto redistributivo. En el presente trabajo, este análisis se ha realizado a través de un ejercicio de microsimulación, estático y sin 70 comportamiento , realizado sobre los microdatos de la Encuesta de Gasto e Ingreso de los Hogares 20052006 (de aquí en adelante, para simplificar, EGIH). 70 Al respecto, véase el Anexo Metodológico. 244 II. LA DISTRIBUCIÓN DEL INGRESO ANTES DE LA POLÍTICA FISCAL 1. Observaciones previas 1.1. Ingreso antes de la Política Fiscal - Si se adopta como indicador de bienestar el ingreso de las familias, el primer paso para medir el impacto distributivo de la política fiscal consiste en determinar cuál es la distribución de dicho ingreso antes de la acción de la política fiscal. A posteriori, una vez definida la incidencia conjunta de la política tributaria y la de Gasto Público Social, por comparación entre la situación ex ante (sin política fiscal) y ex post (con política fiscal), se determina si dicha política resulta progresiva o regresiva y se estima su impacto redistributivo o concentrador. En el Anexo Metodológico se explican los procedimientos seguidos para definir el ingreso pre-fiscal. Aún así, se considera necesario adelantar aquí dos observaciones: a) La EGIH informa el ingreso líquido, neto de las contribuciones a la Seguridad Social, pero el ingreso prepolítica fiscal es el ingreso bruto. Por tanto, corresponde realizar el proceso de elevación del ingreso neto a líquido (gross up), lo que efectivamente se hizo en este trabajo. b) La evaluación del impacto distributivo de las pensiones, cuyo efecto neto se verifica a lo largo del ciclo de vida, introduce problemas en un enfoque anual como el que aquí se ha realizado. Antes que nada, parece claro que solo habrá efecto redistributivo si no hubo una contraprestación equivalente. En un sistema de Seguridad Social de reparto (o mixto), si, en términos actuariales, las pensiones recibidas por los pasivos actuales fueran superiores a las contribuciones realizadas durante el período activo, sería pertinente incluir la diferencia como transferencia pública. Del mismo modo, si las pensiones recibidas fuesen actuarialmente inferiores a las contribuciones realizadas durante la vida activa, sería pertinente considerar la diferencia como un impuesto. La correcta determinación de si se está ante una u otra situación no es posible en el contexto de un enfoque anual; por el contrario, solo puede realizarse mediante un enfoque de ciclo vital (y sin entrar en todos los problemas metodológicos que supone realizarlo). En esta primera versión del trabajo se ha adoptado provisoriamente la solución extrema de incluir las pensiones dentro de los ingresos originales de los hogares (ingresos antes de la política fiscal), en el supuesto de que son el beneficio (actuarialmente equivalente) recibido por una contribución anterior (al igual que los ingresos por intereses son la remuneración a un depósito previamente realizado). 245 Otra opción, más compleja, es estimar los componentes de contraprestación y de subsidio de cada pensión, adjudicando el componente contraprestación al ingreso antes de la política fiscal e imputando el subsidio como transferencia recibida. Por un lado, se considera el valor presente de los beneficios obtenidos mediante la tasa de descuento, la esperanza de vida al momento de retiro y la pensión promedio inicial. Por otro lado, el valor actualizado de los aportes teniendo en cuenta la tasa de descuento (crecimiento de los salarios), la tasa de aporte y los años requeridos ajustados por el costo de administración. El efecto (neto) fiscal porcentual surge de la diferencia del cociente de valor actual de los beneficios sobre el de los aportes menos uno. En este resultado final juegan varios supuestos discutibles como es que ningún beneficiario se jubila sin los años de aportes que la legislación obliga, la tasa de capitalización de los aportes y el cálculo de la esperanza de vida al momento del retiro, entre otras. 71 c) El ingreso pre-fiscal del cual se parte en este trabajo incluye el valor locativo, es decir, el alquiler que los propietarios deberían pagar en caso de que tuviesen que arrendar la vivienda que poseen y habitan. Es claro, por lo dicho, que se trata de una renta no observable, que debe imputarse. La EGIH incluye una estimación, realizada por el propietario, de cuál es el alquiler potencial de su vivienda. 1.2. Ajustes por no respuesta y/o subdeclaración - Estudios realizados para diferentes países han identificado significativos niveles de no respuesta y subdeclaración en los ingresos captados por las Encuestas de Hogares. Por otra parte, existe evidencia clara de que dicha subdeclaración está asociada a las fuentes de ingreso, registrándose niveles de subdeclaración muy altos en las rentas del capital, significativos en los ingresos de trabajadores independientes, siendo significativamente menores en salarios y jubilaciones. Si esta subdeclaración diferencial por fuentes de ingreso también implica una subdeclaración diferencial por estratos de renta –lo que es muy probable, dado que las rentas de capital son percbidas por los estratos de mayores ingresos- la evaluación de la desigualdad sin una corrección previa puede arrojar resultados incorrectos. Los ajustes por no respuesta y subdeclaración tienen mucho más de “arte” que de “ciencia” y dependen de las fuentes de información externas (a la Encuesta de Hogares) disponibles. Lo habitual es, siguiendo la sugerencia de CEPAL, comparar, para las diferentes fuentes de ingresos, los valores que surgen de la Encuesta de Hogares con los de Cuentas Nacionales. Esta comparación se ha realizado para los ingresos del trabajo (sueldos y salarios), los ingresos de los trabajadores independientes (patrones y cuentapropistas) y las transferencias recibidas (incluidas las 71 Alternativamente, se puede realizar un análisis de microdatos de cohortes en varios períodos, lo que suele exceder el alcance de trabajos como éste. 246 jubilaciones). De la comparación con las Cuentas Nacionales resulta que la EGIH capta satisfactoriamente estas fuentes de ingreso. No sucede lo mismo en el caso de las rentas del capital –alquileres, intereses, dividendos y otros-, donde la no respuesta y/o subdeclaración son notorias. No obstante, debe tenerse muy presente que en esta primera versión del trabajo no se ha realizado aún el ajuste correspondiente. En la versión final del mismo, dicho ajuste se realizará siguiendo la propuesta de Engel et al (1999), que ya fue aplicada para Ecuador en Roca (2009). 72 1.3. Deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita - Para diseñar los deciles de individuos , éstos se han ordenado según su ingreso per capita (en rigor, según el ingreso per capita del hogar al que pertenecen). Esta decisión se ha optado dado que el concepto de ingreso per capita es muy intuitivo y, por ello, generalizado. No obstante, es claro que no recoge correctamente las diferentes necesidades de los hogares. En efecto, no toma en cuenta las economías de escala en el consumo del hogar ni considera las diferentes necesidades de adultos y niños. Como respuesta a estas carencias ha surgido una literatura, tan vasta como controvertida, de las llamadas escalas de equivalencia, esto es, índices que se usan para convertir cualquier medida de bienestar de un hogar –ingreso o consumo- en una medida de bienestar equivalente, que permita la comparación entre hogares con diferentes necesidades. 73 2. La distribución del ingreso antes de la Política Fiscal En la Tabla 1 se presenta la distribución del ingreso pre–fiscal en Uruguay estimada para el año 2006 a partir del procesamiento de la EGIH. En primer lugar, el índice de Gini de dicha distribución, 0,4995, aunque revelador de una concentración significativa del ingreso es de los más bajos -sino el más bajo- de América Latina. En segundo lugar, el porcentaje del ingreso total percibido por el 10% más rico de la población (36.3%) es más de tres veces el que percibe el 40% más pobre (11%) y casi 12 veces el que percibe el 20% más pobre (3.1%). Nuevamente, estos ratios revelan una concentración significativa del ingreso pero, a la vez, se ubican claramente por debajo de los del resto de los países de la región donde, en promedio, la participación en el ingreso del 10% más rico es más de 5 veces la del 40% más pobre, lo que marca un rasgo muy propio de la desigualdad en América Latina: la muy alta concentración del ingreso en los estratos más ricos de la sociedad. Por tanto, la distribución del ingreso en Uruguay es menos desigual que la del resto de los países de la región y, en particular, la polarización –rasgo típico de América Latina- es también claramente inferior en Uruguay. 72 73 Como se explica en el Anexo Metodológico, se ha optado por los individuos (y no los hogares) como unidad de análisis. Para una explicación tan clara como rigurosa, véase Ruiz-Castillo (2004). 247 No obstante, son necesarias dos advertencias: i) esta comparación en términos relativos a los demás países de la región no debe perder de vista que América Latina es la región más desigual del mundo, y ii) Uruguay 74 es uno de los países con menor movilidad social de la región , siendo la movilidad uno más de los varios modos válidos de ver la desigualdad. (Al respecto, véase Barreix, Bes y Roca, 2009). Tabla 1 Distribución del Ingreso Pre-Fiscal Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % del Y Nº Ind Nº Hog % Hog Ind x Hog 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 312,668 314,092 312,307 314,437 313,464 313,632 313,863 313,342 313,429 313,807 3,135,041 66,891 73,637 82,965 91,409 102,783 109,768 117,998 126,153 132,461 144,862 1,048,927 6.4 7.0 7.9 8.7 9.8 10.5 11.2 12.0 12.6 13.8 100.0 4.7 4.3 3.8 3.4 3.0 2.9 2.7 2.5 2.4 2.2 3.0 4010+ 10+ / 40 Gini 11.0 36.3 3.3 0.4995 Fuente: elaboración propia en base a EGIH Un resultado clásico que muestra la Tabla 1 es el mayor número de integrantes de los hogares de menores ingresos. El número de individuos por hogar decrece sin discontinuidades desde el decil 1 (4.7 individuos por hogar) hasta el 10 (3 individuos por hogar). III. PROGRESIVIDAD E IMPACTO REDISTRIBUTIVO DEL SISTEMA TRIBUTARIO En esta sección se presentan los resultados del ejercicio de microsimulación realizado para estimar la progresividad y evaluar el impacto redistributivo del sistema tributario de Uruguay. Como ya se adelantó, dicho ejercicio es “sin comportamiento”, es decir, no se estiman ni consideran las funciones de reacción de los agentes económicos ante la introducción de los impuestos. 74 75 Véase Calónico (2006). Véase el Anexo Metodológico. 248 75 Por este motivo, se ha decidido tener en cuenta en el análisis aquellos impuestos respecto a cuya incidencia económica 76 existe amplio consenso, a saber: el IVA y los impuestos selectivos al consumo –hay amplio acuerdo en la literatura respecto a que se trasladan al consumidor final- y el Impuesto a la Renta Personal -soportado por la persona física gravada-. Por el contrario, no existe un consenso tan generalizado respecto a la incidencia económica del Impuesto a la Renta Empresarial y de los aranceles. Por tanto, en lugar de realizar supuestos heroicos al respecto, en esta serie de estudios de Equidad Fiscal que el BID y EUROsociAL Fiscalidad están llevando adelante para los países de América Latinase ha preferido descartar su análisis. En consecuencia, éste no es un estudio de incidencia, como habitualmente –y en forma incorrecta- se les denomina, pues no estiman la incidencia sino que, por el contrario, la suponen, aunque sólo cuando existe un consenso amplio y robusto –basado en análisis teóricos y evidencia empírica-. Éste es, por tanto, un análisis de la progresividad (regresividad) e impacto redistributivo (concentrador) del sistema tributario, supuesta determinada incidencia. La progresividad de los impuestos considerados se analiza a través de dos indicadores: la progresión de la tasa media y el índice de Kakwani. De acuerdo a la progresión de la tasa media (indicador local 77 de progresividad), un determinado impuesto será progresivo si expresado como porcentaje del ingreso del 78 hogar –tasa media- aumenta a medida que se avanza en la escala de ingresos de los individuos . Por su parte, el índice de Kakwani, que se basa en el índice de Gini, permite en cualquier caso indicar la progresividad o regresividad de determinado impuesto (indicador global). Por ejemplo, para el caso del IVA, el indicador de Kakwani se define como: 79 K = cuasi Gini (IVA) - Gini (Ingreso antes de la Política Fiscal) . El cuasi-Gini del impuesto se calcula de manera similar al Gini del ingreso, pero sobre la curva de concentración del impuesto. De ahí la distinción semántica. Si K > 0, esto es, si el IVA se distribuye más inequitativamente que el ingreso antes de la política fiscal, el impuesto contribuye a disminuir la desigualdad en la distribución del ingreso, siendo, por tanto, progresivo. Si, por el contrario, K < 0, el impuesto será regresivo. Ahora bien, el índice de Kakwani permite estimar cuán progresivo o regresivo es determinado impuesto, pero al no estar influenciado por su recaudación dice poco sobre su capacidad redistributiva. Un impuesto puede ser fuertemente progresivo, pero si su recaudación es irrelevante también lo será su capacidad redistributiva. Por tanto, el análisis se complementa considerando el índice de Reynolds-Smolensky, indicador (global) de la 76 Sobre quién recae, en definitiva, la carga del impuesto, más allá de quién es el sujeto pasivo (incidencia legal). 77 78 79 Se les llama indicadores locales pues informan de la progresividad (o regresividad) al pasar de un tramo a otro de la distribución del ingreso, pero no aportan una evaluación global de la progresividad (o regresividad) del impuesto en cuestión. En esta sección, con fines de simplificación, se hará referencia exclusivamente al ingreso como indicador de bienestar y a los individuos como unidad de análisis. No obstante, claro está, todos los indicadores valen igualmente si se elige el consumo como indicador de bienestar y los hogares como unidad de análisis. Si se considera el consumo como indicador de bienestar, el índice se define como K =cuasi Gini (IVA) - Gini (Consumo antes de la Política Fiscal). 249 capacidad redistributiva del impuesto en cuestión. Por continuar con el ejemplo, en el caso del IVA dicho índice se define como 80 RS = Gini (Ingreso antes de la Política Fiscal)- Gini (Ingreso después del IVA) . Si RS < 0, su magnitud (en términos absolutos) indica cuántos puntos del Gini ha aumentado la desigualdad en la distribución del ingreso como consecuencia de la regresividad del IVA introducido. Lo contrario si RS > 0. 1. Impuesto al Valor Agregado (IVA) Uruguay fue uno de los primeros países de América Latina en introducir el IVA, en 1973. Desde el comienzo estuvo definido como tipo consumo y basado en el principio de destino. La tasa general (tasa básica) actual, vigente luego de la Reforma Tributaria que entró en vigor el 1 de julio de 2007, es 22% (antes 23%). Existe, además, una tasa reducida (tasa mínima) de 10% (14% antes de la Reforma Tributaria). Actualmente, esta tasa reducida grava, básicamente, a la mayoría de los bienes de la canasta básica; medicamentos; servicios de salud; transporte de pasajeros; y primera enajenación de bienes inmuebles. Las principales exoneraciones son los servicios de educación; arrendamientos de inmuebles; combustibles, excepto fuel oil y gas oil; algunos bienes de la canasta básica (leche, carne ovina, pescado, leña); y libros, revistas y periódicos. Los cigarrillos, exonerados antes de la Reforma Tributaria, son actualmente gravados a la tasa básica de IVA (además del selectivo, IMESI, que siempre los gravó). Respecto a las transacciones financieras, el IVA solo grava los intereses de préstamos que financian el consumo. Es distintivo del IVA uruguayo el régimen en suspenso para las ventas del sector agropecuario, similar al de las operaciones intracomunitarias en la Unión Europea. Antes de la Reforma Tributaria, en adición al IVA se recaudaba el COFIS, un IVA mayorista al 3% sobre importaciones y enajenaciones a contribuyentes de IVA o IMESI (impuestos selectivos) de bienes industriales alcanzados por los mismos impuestos, excepto combustibles. Este impuesto fue derogado por la Reforma Tributaria. 80 Si se considera el consumo como indicador de bienestar, el índice se define como RS = Gini (Consumo antes de la Política Fiscal) – Gini (Consumo después del IVA). 250 Como se adelantó, en este trabajo se analizan la progresividad (regresividad) y el impacto redistributivo (concentrador) de los impuestos vigentes. Dicho de otro modo, sobre los microdatos de la EGIH 2005-2006 se simula la legislación tributaria actualmente vigente. En el caso del IVA, para calcular el impuesto pagado por cada uno de los hogares de la encuesta se consideraron todos y cada uno de sus gastos en bienes y servicios y se les adjudicó la tasa de IVA correspondiente. Ahora bien, el gasto relevado por la EGIH es IVA incluido. Por tanto, para determinar el IVA en primer lugar hubo que quitar el impuesto incluido en el gasto, tomando en cuenta la legislación vigente en el momento de realización de la la encuesta y, en segundo lugar, imputar el IVA de acuerdo a la normativa actual. 81 Por razones que se presentan más adelante y se desarrollan en el Anexo Metodológico, en los estudios de Equidad Fiscal que EUROsociAL y el BID han realizado para los países del MERCOSUR se ha decidido imputar los impuestos determinando su base imponible a partir de la información de las Encuestas de Hogares utilizadas y aplicando, luego, el tipo impositivo correspondiente (recaudación “teórica”) en vez de imputar la recaudación “real”. En el caso del IVA este método plantea un inconveniente serio si la encuesta utilizada subestima significativamente el consumo, que es precisamente lo que sucede con la EGIH de Uruguay. En efecto, tal cual se aprecia en la Tabla 2, la EGIH sólo capta aproximadamente las dos terceras partes del 82 consumo (con valor locativo ) que informan las Cuentas Nacionales. Es esperable, entonces, que el IVA “teórico” imputado sea significativamente menor al IVA “real” y, por tanto, se subestime su impacto en la distribución del ingreso. En una versión más avanzada de este trabajo, se proyecta realizar la imputación de la recaudación “real” y así poder comparar los resultados obtenidos con una y otra metodología. No obstante, los inconvenientes de esta segunda opción se adelantan en el Anexo Metodológico. Tabla 2 Consumo Cuentas Nacionales versus EGIH A. Cuentas Nacionales (CN) 1. CF Privado 2006 sin Valor Locativo (VL) 2. VL 3. CF Privado 2006 con VL Mill $ - Año 313,523 33,609 347,131 B. EGIH 1. Gasto Consumo sin VL 2. VL 3. Gasto No Consumo Total Gasto Mill $ - Año 186,612 33,609 68,511 288,732 C. EGIH / CN Gasto Consumo c/VL Gasto Consumo s/VL % 63.4 59.5 Fuente: elaboración propia en base a EGIH y Banco Central. 81 La normativa relevante no es sólo la del IVA sino también la del IMESI (impuestos selectivos) pues la base imponible del IVA incluye el IMESI. El valor locativo es el alquiler que los propietarios deberían pagar en caso de que tuviesen que arrendar la vivienda que poseen y habitan. El valor locativo debe formar parte tanto del ingreso como del consumo del hogar. Se trata de una partida no observable y que, por tanto, debe imputarse. 82 251 Antes de pasar a los resultados obtenidos, se considera necesaria una última aclaración. Es sensato suponer que no solamente se traslada al consumidor final el IVA incluido en las ventas de bienes y servicios gravados sino que también se traslada el IVA incluido en las compras de insumos intermedios e inversiones que realizan los oferentes de bienes y servicios exonerados. Por tanto, este IVA también debería haber sido estimado. No obstante, en esta primera versión del trabajo no se ha considerado este concepto. Téngase presente, sin embargo, que la progresiva generalización del IVA (que ha gravado al gas oil, los servicios de salud, la venta de inmuebles nuevos, cigarrillos) ha disminuido la relevancia de este monto que, según Miraballes (2005), llegó a representar un 25% de la recaudación del IVA de Uruguay. Los resultados obtenidos se presentan en la Tabla 3. Cuando se considera el ingreso como indicador de bienestar, casi sin excepciones el IVA resulta regresivo y no es sorprendente que así sea. En efecto, los deciles más ricos consumen un porcentaje significativamente menor de su ingreso que los más pobres, que no tienen capacidad de ahorro y consumen la totalidad del mismo. Por tanto, aunque existan exoneraciones y estén “bien diseñadas” –en el sentido de que recaen sobre bienes y servicios con mayor participación en la canasta de consumo de los deciles más pobres- el IVA, como porcentaje del ingreso, será menor en los deciles más ricos que en los más pobres, resultando, por tanto, regresivo. Este es precisamente el resultado que muestra la Tabla 3 para Uruguay. El IVA se distribuye más igualitariamente (cuasi-Gini = 0.3914) que el ingreso pre-fiscal (Gini = 0.4995) y resulta, en consecuencia, regresivo (K = -0.1081). El peso del impuesto en el ingreso pre-fiscal decrece sin discontinuidades a medida que se pasa del decil más pobre (para el que representa un 21.6% de su ingreso pre-fiscal) al más rico (para el que representa sólo un 6.5%). Los “perdedores”, aquellos cuya participación en el ingreso cae luego del impuesto, son los siete deciles más pobres. Su participación en el ingreso prefiscal, 33.8%, cae moderadamente luego del impuesto, a 33.1%. El impacto concentrador del impuesto en la distribución del ingreso es significativo: el índice de Gini de la distribución del ingreso pasa de 0.4995 a 0.5096 (R-S = - 0.0101). Tabla 3 252 Progresividad y efecto distributivo del IVA - Recaudación Teórica Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del Impuesto Tasa media % en el Y después del Impuesto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 21.6 12.7 11.4 10.2 9.9 9.0 8.7 8.1 7.6 6.5 8.1 0.8 2.1 3.2 4.4 5.8 7.4 9.4 12.4 17.6 36.9 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T 0.3914 Gini después T 0.5096 Kakwani -0.1081 R-S -0.0101 2. Transferencias Trf del 100.14 Trf del 400.47 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién paga el Impuesto? + + + 2.5 3.4 4.7 5.7 7.2 8.3 10.2 12.4 16.4 29.1 100.0 3. ¿Quién paga el Imp? 4016.3 10+ 29.1 40-/10+ 0.6 -0.63 Fuente: elaboración propia en base a EGIH No obstante, no debe perderse de vista que en términos absolutos son los deciles de más altos ingresos los que pagan la mayor parte del impuesto. En efecto, el 10% más rico de la población paga casi el 30% del impuesto (29.1%), casi el doble que el 40% más pobre (16.3%). Esto debería alentar a continuar el camino de la generalización del IVA y, a la vez, compensando a los deciles más pobres. Esta es precisamente la propuesta de “personalización” del IVA que plantean Barreix, Bes y Roca (2009), que es particularmente viable en países con Uruguay, con un bajo porcentaje de pobreza. En efecto, en países con extendidas exenciones en el IVA y altos índices de pobreza, la generalización del impuesto empeoraría la situación de los pobres y sería muy complejo –administrativa y financieramente- compensar a todos con el aumento de recaudación obtenida. 2. Impuesto Específico Interno (IMESI) 2.1. IMESI Bebidas El diseño del impuesto selectivo que actualmente grava las bebidas alcohólicas y no alcohólicas (numerales 1 a 7 y 16 del artículo 1º del Título 11 del Texto Ordenado 1996) fue definido por el Decreto 520/007, del 22 de diciembre de 2007. En primer lugar, este Decreto estableció un nuevo sistema de determinación de la base imponible del IMESI sobre las bebidas. 83 La nueva base imponible es la suma de una base fija más una base (que la Administración Tributaria llama) ad valorem. La base fija se establece por Decreto (en diciembre 83 El Decreto hace lo propio para las grasas y lubricantes (numerales 12 y 13). 253 de cada año para el año siguiente). Por su parte, la base ad valorem es la diferencia entre el precio de venta del fabricante o importador al distribuidor y la base fija. Por tanto, para todos aquellos que vendan a un precio superior a la base fija, la base será el precio de venta del fabricante o importador al distribuidor. Con este método, la Administración Tributaria se evita el costo administrativo de los ajustes bimestrales a los precios fictos que debía realizar en el esquema de liquidación anterior. En el esquema actual, la inflación se cubre con la base ad valorem. En segundo lugar, el Decreto 520/2007 determinó las nuevas tasas del impuesto, las que se presentan en la Tabla 4. Tabla 4 Numeral Bebida Tasa 1 Vermouth, vinos finos, licorosos, espumantes, especiales y champagne 30% 2 Alcoholes potables, incluso vínicos, excepto los incluidos en el numeral siguiente 7.5% 3 Alcoholes potables, incluso vínicos, que se utilicen para encabezar vinos comunes hasta 12º y otros alcoholes (ver Título 11, Texto Ordenado 1996) 7% 4 Bebidas alcohólicas, incluso caña y grapa 48% 5 Cerveza 22% 6 Aguas minerales 8% 6 Bebidas base jugo de frutas 18% 6 Alimentos líquidos 12% 7 Maltas 14% 7 Otras bebidas base jugo de frutas 18% 7 Otros alimentos líquidos 12% 7 Demás 20% 16 Amargos 20% Fuente: Título 11 Texto Ordenado 1996 y Decreto 520/007. 254 Al igual que en el caso del IVA, el impuesto se ha imputado determinando su base imponible a partir del consumo de bebidas declarado por los hogares en la EGIH y aplicando, luego, el tipo impositivo correspondiente (recaudación “teórica”). 2.1.1. IMESI Bebidas No Alcohólicas Los resultados obtenidos para las bebidas no alcohólicas se presentan en la Tabla 5. El IMESI Bebidas No Alcohólicas se distribuye más igualitariamente (cuasi-Gini = 0.3924) que el ingreso prefiscal (Gini = 0.4995) y resulta, en consecuencia, regresivo (K = -0.1071). Aunque con discontinuidades, el peso del impuesto en el ingreso pre-fiscal decrece a medida que se pasa del decil más pobre (para el que representa 0.31% de su ingreso pre-fiscal) al más rico (para el que representa 0.12%). Los “perdedores”, aquellos cuya participación en el ingreso cae luego del impuesto, son los ocho deciles más pobres. Dada su muy baja recaudación, el impacto concentrador del impuesto en la distribución del ingreso es insignificante: el índice de Gini de la distribución del ingreso pasa de 0.4995 a 0.4997 (R-S = - 0.0002). Tabla 5 255 Progresividad y efecto distributivo del IMESI BEBIDAS NO ALCOHÓLICAS - Recaudación Teórica Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del Impuesto Tasa media % en el Y después del Impuesto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 0.31 0.21 0.23 0.19 0.21 0.21 0.20 0.18 0.16 0.12 0.16 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T 0.3924 Gini después T 0.4997 Kakwani -0.1071 R-S -0.0002 2. Transferencias Trf del 100.00 Trf del 400.01 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién paga el Impuesto? + + 1.8 2.7 4.6 5.2 7.6 9.5 11.5 13.8 17.4 26.0 100.0 3. ¿Quién paga el Imp? 4014.3 10+ 26.0 40-/10+ 0.6 -0.02 Fuente: elaboración propia en base a EGIH 2.1.2. IMESI sobre la Cerveza Los resultados obtenidos en relación a la cerveza se presentan separadamente del resto de las bebidas alcohólicas en la Tabla 6. El IMESI que grava la cerveza se distribuye más igualitariamente (cuasi-Gini = 0.4033) que el ingreso prefiscal (Gini = 0.4995) y resulta, en consecuencia, regresivo (K = -0.0962). No obstante, dada su muy baja recaudación (la tasa efectiva promedio es insignificante, 0.02% del ingreso pre-fiscal), el impacto concentrador del impuesto en la distribución del ingreso es insignificante: el índice de Gini de la distribución del ingreso se mantiene prácticamente inalterado luego del impuesto. Tabla 6 256 Progresividad y efecto distributivo del IMESI CERVEZAS - Recaudación Teórica Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del Impuesto Tasa media % en el Y después del Impuesto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 0.01 0.02 0.05 0.02 0.03 0.03 0.03 0.03 0.02 0.02 0.02 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T 0.4033 Gini después T 0.4995 Kakwani -0.0962 R-S 0.0000 2. Transferencias Trf del 100.00 Trf del 400.00 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién paga el Impuesto? + + + + 0.4 1.4 6.4 4.2 8.6 8.4 13.8 13.6 18.1 25.1 100.0 3. ¿Quién paga el Imp? 4012.5 10+ 25.1 40-/10+ 0.5 0.00 Fuente: elaboración propia en base a EGIH 2.1.3. IMESI Resto Bebidas Alcohólicas Los resultados obtenidos para el resto de las bebidas alcohólicas se presentan en la Tabla 7. Este “resto” de bebidas alcohólicas agrupa tanto bebidas habitualmente consumidas por los estratos de menores ingresos (grapa y caña) como por los estratos de mayores ingresos (whisky). A diferencia del 84 resultado habitual , el impuesto selectivo sobre estas bebidas resulta progresivo (K = 0.1463). Sin embargo, dada su baja recaudación (la tasa efectiva promedio es insignificante, 0.04% del ingreso pre-fiscal) su efecto redistributivo es casi nulo (R-S = 0.0001). Tabla 7 84 Véase Barreix, Roca y Villela (2006) para la Comunidad Andina y Barreix, Bes y Roca (2009) para Centroamérica, Panamá y República Dominicana. 257 Progresividad y efecto distributivo del IMESI RESTO BEBIDAS ALCOHOLICAS Recaudación Teórica Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del Impuesto Tasa media % en el Y después del Impuesto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 0.02 0.01 0.02 0.01 0.01 0.02 0.02 0.05 0.06 0.04 0.04 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T 0.6458 Gini después T 0.4994 Kakwani 0.1463 R-S 0.0001 2. Transferencias Trf del 100.00 Trf del 400.00 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién paga el Impuesto? + + + + + + + - 0.6 0.7 1.7 1.1 1.1 4.5 6.4 16.1 28.4 39.4 100.0 3. ¿Quién paga el Imp? 404.1 10+ 39.4 40-/10+ 0.1 0.00 Fuente: elaboración propia en base a EGIH 2.2. IMESI sobre Tabacos y Cigarrillos El Decreto 232/007, de junio de 2007, estableció la forma de liquidación del IMESI sobre tabacos y cigarrillos actualmente vigente. 85 Este Decreto fija una base específica para los tabacos y otra para los cigarrillos 86 y sobre ella aplica una tasa –actualmente de 70% en ambos casos- para llegar al monto de impuesto a pagar. Adicionalmente, como se adelantó, la presión tributaria sobre los cigarrillos ha aumentado pues desde la Reforma Tributaria de julio de 2007 pasaron a estar gravados por la tasa general de IVA (22%). Los resultados obtenidos se presentan en la Tabla 8. Los impuestos selectivos sobre el tabaco y sus derivados pretenden corregir la externalidad negativa generada por el daño a la salud que causa su consumo. Siendo compartido el objetivo corregir esta externalidad negativa, es necesario igualmente señalar que, de acuerdo a los resultados obtenidos para Uruguay, comunes a los demás países de América Latina, dicho objetivo es incompatible con el de equidad. En efecto, tal cual se ve en la Tabla 8, el IMESI sobre los cigarrillos se distribuye más equitativamente (cuasiGini = 0.2806) que el ingreso pre-fiscal (Gini = 0.4996) y resulta, por tanto, regresivo (K = - 0.2189). No Este Decreto derogó el Decreto 142/003 y sus normas modificativas y complementarias según las cuales se liquidaba, hasta ese momento, el IMESI Cigarrillos. 86 En el caso de los tabacos la referencia es el paquete de 45 gramos y en el caso de los cigarrillos la cajilla de 20 unidades. 85 258 obstante, el efecto concentrador del impuesto es muy modesto, dada su baja recaudación (la tasa efectiva más alta, la del decil más pobre, es de apenas 0.78% del ingreso pre-fiscal). En efecto, la distribución del ingreso prácticamente no se altera luego del impuesto (R-S = - 0.0006). Tabla 8 Progresividad y efecto distributivo del IMESI TABACOS - Recaudación Teórica Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del Impuesto Tasa media % en el Y después del Impuesto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 0.78 0.58 0.51 0.50 0.47 0.34 0.42 0.33 0.29 0.14 0.29 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.4 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T 0.2806 Gini después T 0.5001 Kakwani -0.2189 R-S -0.0006 2. Transferencias Trf del 100.00 Trf del 400.03 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién paga el Impuesto? + + 2.5 4.3 5.8 7.8 9.3 8.7 13.5 13.8 17.4 16.9 100.0 3. ¿Quién paga el Imp? 4020.4 10+ 16.9 40-/10+ 1.2 -0.06 Fuente: elaboración propia en base a EGIH 3.3. IMESI sobre Combustibles De los combustibles habitualmente utilizados en el vehículo del hogar –naftas y gas oil-, solamente las naftas continúan gravadas por el IMESI, diseñado en este caso como un monto fijo por litro vendido. El gas oil sólo tributa IVA a la tasa básica, desde el 1 de mayo de 2007. También están gravados por IMESI las grasas y 87 lubricantes utilizados en el vehículo del hogar . Respecto a los combustibles utilizados en la vivienda, el único gravado por IMESI es el keroseno y está diseñado como un monto fijo por litro vendido. Los demás combustibles habitualmente utilizados en la vivienda (gas por cañería, supergas, carbón y leña) no están gravados por IMESI y sí por IVA a la tasa básica (con excepción de la leña). 87 39% sobre la base imponible determinada de igual modo que las bebidas, tal cual se explicó anteriormente. 259 El impacto de los impuestos selectivos al consumo de combustibles suele ser muy diferente según se considere (a) solamento el impacto directo –pago del impuesto selectivo por el combustible utilizado para el vehículo del hogar y, eventualmente, otros usos (cocción de alimentos, calefacción y/o alumbrado)- o (b) también los impactos indirectos –básicamente pago del impuesto selectivo por el combustible incorporado en el transporte de pasajeros y en el transporte de carga de los bienes consumidos por el hogar-. El impacto directo –en particular, el combustible para el vehículo del hogar- suele ser fuertemente progresivo, mientras que el indirecto resulta ser regresivo y suele más que neutralizar el impacto directo, con lo que el efecto total es regresivo. En el caso de Uruguay, no obstante, la sustitución del IMESI por IVA al gas oil, que es el combustible utilizado intensivamente en el transporte de carga y de pasajeros, ha disminuido la relevancia de este impacto indirecto. Los resultados obtenidos se presentan en la Tabla 9. Tabla 9 Progresividad y efecto distributivo del IMESI COMBUSTIBLES - Recaudación Teórica Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del Impuesto Tasa media % en el Y después del Impuesto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 0.51 0.38 0.58 0.49 0.64 0.64 0.57 0.50 0.62 0.76 0.64 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.5 17.5 36.3 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T 0.5543 Gini después T 0.4992 Kakwani 0.0548 R-S 0.0003 Gan (+) y Perd (-) ¿Quién paga el Impuesto? + + + + + + + + - 0.7 1.3 3.0 3.5 5.9 7.4 8.4 9.8 16.8 43.1 100.0 2. Transferencias Trf del 100.00 Trf del 40-0.02 Trf del 10+ 3. ¿Quién paga el Imp? 408.5 10+ 43.1 40-/10+ 0.2 0.04 Fuente: elaboración propia en base a EGIH El IMESI sobre los combustibles se distribuye más desigualmente (cuasi-Gini = 0.5543) que el ingreso prefiscal (Gini = 0.4995) y resulta, por tanto, ligeramente progresivo. El 10% de mayores ingresos paga casi el 43.1% del impuesto, más de 5 veces lo que paga el 40% más pobre (8.5%). No obstante, el impacto redistributivo es muy moderado (R-S = 0.0003) dada la baja recaudación del impuesto que es, no obstante, claramente superior a las de los demás impuestos selectivos. 260 3. Impuesto sobre la Renta Personal Contrariamente a lo que suele afirmarse, antes de la Reforma Tributaria de julio de 2007 Uruguay tenía un impuesto personal a la renta. Más precisamente, tenía un sistema de imposición a la renta de tipo cedular incompleto, es decir, una variedad de impuestos gravaban determinadas rentas a tasas diferenciales pero otras rentas no estaban alcanzadas. Por ejemplo, el Impuesto a las Retribuciones Personales (IRP) se imponía sobre los salarios y pensiones, el Impuesto a las Comisiones alcanzaba un gran número de servicios no profesionales (despachantes de aduana, corredores de cambio, vendedores, etc.) y las empresas unipersonales estaban gravadas por el impuesto de sociedades, pero otras rentas, como intereses, alquileres, ganancias de capital y los servicios profesionales, no estaban gravadas. Esta imposición a la renta se complementaba con una serie de impuestos menores, poco eficientes (distorsivos) y/o de alto costo de administración y cumplimiento. Gran parte de ellos fue producto de los continuos “ajustes fiscales” de la última década, que en rigor fueron ajustes tributarios menores, que llevaron a un deterioro de la calidad del diseño tributario. Por citar algunos: COFIS –IVA mayorista-, IMABA –impuesto a los activos bancarios-, ICOSIFI –Impuesto de Control del Sistema Financiero-, Impuesto a las Tarjetas de Crédito, Impuesto a las Cesiones de Deportistas, Impuesto a las Ventas Forzadas, Impuesto a los Sorteos, Impuesto a la Compra-Venta de Bienes Muebles en Remate Público. 88 En los trece años del período 1990- 2002 se crearon trece impuestos, exactamente a razón de uno por año. Como se verá, la introducción del impuesto sobre la renta dual permitió la derogación de la mayoría de ellos. La necesidad de resolver los problemas de diseño de este sistema cedular incompleto de tributación sobre la renta fue una de las razones que llevó a redefinirlo. La Reforma Tributaria de julio de 2007 introdujo un sistema de imposición a la renta dual a la uruguaya que integra armónicamente sus tres componentes, la renta personal –vinculada al ahorro y al esfuerzo del trabajo-, la empresarial –ligada conceptualmente a la inversión- y la internacional –la conexión con las retribuciones a la inversión, el ahorro y los servicios de no 89 residentes . (Véase Barreix y Roca, 2007). El impuesto a la renta dual a la uruguaya toma la idea central del dual nórdico de gravar separadamente las rentas del trabajo –a tasas progresivas- y las rentas del capital –a tasas proporcionales-. Por su parte, establece una tasa inferior para los rendimientos del capital (intereses, dividendos y utilidades, alquileres, ganancias de capital) igual a la tasa marginal inferior que grava las rentas del trabajo. Esta tasa constituye el “ancla” del sistema, la tasa mínima a la cual se comienzan a gravar las rentas. A su vez, la tasa marginal máxima que grava las rentas del trabajo es muy cercana a la tasa que grava las rentas (netas) empresariales. El debate político determinó que la tasa liberatoria sobre las rentas del capital fuese 12% y, 88 El COFIS es un IVA mayorista con efecto acumulación sobre los servicios y el consumidor final por la etapa minorista. Fue creado para financiar la rebaja de aportes patronales a la Seguridad Social a determinados sectores, rebaja con la que se pretendió compensar una equivocada política cambiaria. El IMABA se traslada al tomador del crédito y, por tanto, castiga la inversión. Para el resto de los impuestos, véase Dirección General Impositiva del Uruguay (DGI), Texto Ordenado. 89 Estas bases amplias favorecen la captación de las ganancias inframarginales en los períodos ascendentes del ciclo. 261 por tanto, ligeramente diferente a la tasa marginal menor sobre las rentas del trabajo, que se fijó en 10%. Estas rentas del trabajo tributan hasta 25%, tasa que es a su vez la que grava las rentas empresariales. Figura 1 DUAL A LA URUGUAYA 25% 20% 10% Rentas Empresariales Rentas del Trabajo Tasa máxima Arbitraje: rentas empresariales como rentas de capital Rentas del Trabajo Tasa mínima Rentas Puras de Capital Por tanto, la diferencia principal con el dual nórdico, que queda reflejada en las figuras adjuntas, es que éste “ancla” a la tasa que grava a las rentas empresariales y las rentas brutas de capital (en torno al 30%), que a su vez es la tasa menor del impuesto a las rentas del trabajo, las que son gravadas progresivamente hasta tasas cercanas al 50%. Con esto, el dual nórdico genera una oportunidad de arbitraje para las rentas del trabajo de los cuentapropistas, las que pueden disfrazarse de rentas empresariales. Muchos expertos consideran que éste es el “talón de Aquiles” del dual nórdico. Algo similar pasa en Chile –que aplica un IRPF sintético-, donde la renta empresarial es gravada al 17% y la tasa marginal mayor que grava las rentas del trabajo es del 40%. Por este motivo, Chile tiene un gasto tributario –costo del “diferimiento” del impuesto o rentas de personas físicas disfrazadas de rentas empresariales- de más de 100% de lo que recauda. En efecto, el gasto tributario originado en el IRPF es de 2% del PIB cuando recauda algo menos de 2% del PBI por este tributo. Por el contrario, el dual a la uruguaya limita esta posibilidad de arbitraje al punto de que deja libre la opción de tributar el impuesto a la renta empresarial o el personal a las personas físicas que presten servicios profesionales u obtengan rentas de tipo empresarial. Finalmente, aunque no soluciona el posible arbitraje entre rentas empresariales y rentas brutas de capital éste se resuelve con reglas habituales en la imposición a la renta de empresas, de mucho más fácil implementación que los controles a los que obliga el dual nórdico. Por ejemplo, el arbitraje en el dual a la uruguaya entre intereses –gravados, como se verá, al 10%que son deducidos para la determinación de la renta empresarial (25%) puede resolverse exigiendo que la deducción se ajuste a la proporción entre la tasa a la que se grava mediante retención liberatoria al capital y la de la renta empresarial (10/25 en esta propuesta). 90 Figura 2 90 Otra forma más compleja es utilizar el método del crédito pago en la renta retenida de capital y aplicar conjuntamente reglas de capitalización débil (think capitalization) en intereses o limitaciones en otro tipo de rentas de capital para la determinación de la renta empresarial. 262 DUAL NORDICO 50% Rentas del Trabajo Tasa máxima Arbitraje: rentas del trabajo de cuenta-propistas como rentas empresariales 30% Rentas Empresariales Rentas Puras de Capital Rentas del Trabajo Tasa mínima Finalmente, el dual a la uruguaya recoge del impuesto a la renta uniforme (flat tax) 91 las características de tener un mínimo no imponible que deja fuera del impuesto al 60% más pobre de la población y limitar las deducciones y créditos que erosionan la base del componente personal del impuesto, especialmente en América Latina. El impacto del IRPF en la distribución del ingreso se simula liquidando el impuesto en base a la información personal y del hogar de cada uno de los encuestados, información que aportan los microdatos de la EGIH. Se considera la legislación actualmente vigente. Por tanto, se liquida el IASS (el impuesto sobre la renta personal de los jubilados) y se asigna a cada contribuyente la mejor opción de tributación entre la individual y la conjunta. Esta opción estuvo disponible por primera vez para el ejercicio 2009; antes, la tributación individual era forzosa. Los resultados obtenidos se presentan en la Tabla 10. El impuesto se distribuye mucho más desigualmente (cuasi-Gini = 0.8630) que el ingreso pre-fiscal (Gini = 0.4995) y resulta, por tanto, significativamente progresivo (K = 0.3635). Su alta progresividad es obvia si se considera que el 10% de más altos ingresos, que percibe el 36.3% del ingreso pre-fiscal, paga casi el 80% del impuesto (78.3%). Más del 90% del tributo (92.1%) recae sobre el quintil de más altos ingresos de la población. Para el 70% más pobre de la población, el impuesto sólo representa, en promedio, un 0.2% de su ingreso pre-fiscal. El único decil perdedor con la introducción del IRPF es el más alto, cuya participación en el ingreso cae de 36.3% (antes del impuesto) a 34.9% (luego del IRPF). Dicho de otro modo, la transferencia que el 10% más rico realiza al resto de la sociedad como consecuencia del impuesto es de 1.41% del ingreso total (casi 4% de su ingreso propio). El índice de Gini de la distribución del ingreso cae de 0.4995 a 0.4874 (R-S = 0.0121). Así medido, como se verá más adelante, este impacto redistributivo del impuesto es más de un 10% mayor al del gasto público en educación secundaria y aproximadamente igual a las dos terceras partes del impacto redistributivo del gasto público en educación pre-escolar y primaria. 91 Un modelo modificado de la versión teórica desarrollada por Hall y Rabushka (1995), se puso en vigencia recientemente en más de una docena de países, en especial en economías del ex bloque soviético. 263 Tabla 10 Progresividad y efecto distributivo del IRPF - Libre Opción (Indiv o Conj) Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del Impuesto Tasa media % en el Y después del Impuesto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 0.0 0.0 0.1 0.2 0.2 0.3 0.7 1.2 2.6 7.0 3.3 1.0 2.2 3.4 4.7 6.1 7.7 9.7 12.7 17.6 34.9 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T 0.8630 Gini después T 0.4874 Kakwani 0.3635 R-S 0.0121 2. Transferencias Trf del 10-0.03 Trf del 40-0.35 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién paga el Impuesto? + + + + + + + + + - 0.0 0.0 0.1 0.3 0.4 0.6 2.0 4.6 13.8 78.3 100.0 3. ¿Quién paga el Imp? 400.4 10+ 78.3 10+/40182.7 1.41 Fuente: elaboración propia en base a EGIH III. PROGRESIVIDAD E IMPACTO REDISTRIBUTIVO DEL GASTO PÚBLICO SOCIAL 1. Observaciones preliminares 1.1. Gasto Público Social - En este trabajo, al igual que en la mayoría de la literatura sobre el tema, se ha considerado la progresividad y el impacto redistributivo del habitualmente denominado Gasto Público Social (GPS), esto es, educación, salud, pensiones y asistencia social (GPS focalizado). La razón es que no existen principios generalmente aceptados ni para valorar financieramente los bienes públicos puros (defensa, justicia, administración general) ni para identificar a sus beneficiarios. 1.2. Imputación del GPS - Se ha seguido la forma más habitual de imputar el GPS, identificando a sus beneficiarios a partir de la EGIH y asignando a ellos el monto del gasto público que figura en la ejecución presupuestal de los Ministerios respectivos. Este procedimiento, aunque prácticamente ineludible, es cuestionable por varias razones: no toma en cuenta ineficiencias, calidad del gasto, posible existencia de 264 corrupción, diferencias en los costos de prestación entre grupos, posibles desestímulos a la oferta laboral, etc. Sobre este punto se abunda en el Anexo Metodológico. 1.3. Progresividad e Impacto Redistributivo - La progresividad del GPS se evaluará con los mismos indicadores considerados para el sistema tributario. Por tanto, según la progresión de la tasa media (indicador local de progresividad), determinado ítem de gasto público será progresivo si expresado como porcentaje del ingreso del individuo -tasa media- decrece a medida que se avanza en la escala de ingresos. A su vez, definiremos el índice de Kakwani (indicador global de progresividad) como K = cuasi Gini (GPS) - Gini (Ingreso antes de la Política Fiscal). Si K < 0, esto es, si el gasto público se distribuye más equitativamente que el ingreso antes de la política fiscal, dicho gasto contribuye a disminuir la desigualdad en la distribución del ingreso siendo, por tanto, progresivo. Si, por el contrario, K > 0, el gasto público será regresivo. Finalmente, y al igual que en el caso del sistema tributario, se evalúa el impacto redistributivo de los diferentes rubros del Gasto Público Social a través del índice de Reynolds-Smolensky, que compara la distribución del ingreso antes y después del gasto analizado. Ahora bien, las definiciones de progresividad y redistribución que se han empleado hasta ahora tienen un juicio de valor implícito: que la desigualdad es un concepto relativo. Por ejemplo, se ha definido un impuesto como progresivo si su pago en relación al ingreso crece a medida que se pasa de los estratos más ricos a los más pobres en la distribución del ingreso. Este impuesto reduce la desigualdad relativa de la renta, la desigualdad antes del impuesto, y no otra desigualdad. En este contexto, un impuesto de suma fija sería regresivo. Sin embargo, para quien considerase que la desigualdad absoluta (y no la relativa) es el concepto relevante, un impuesto de suma fija resultaría neutral. El enfoque relativo de la desigualdad resulta insatisfactorio cuando se considera la distribución del Gasto Público Social. En este caso, intuitivamente, se recurre a un concepto absoluto de la desigualdad, más exigente, por el cual un beneficio solo es igualador cuando es mayor, en términos absolutos, lo otorgado a los estratos de más bajos ingresos. En este contexto, un beneficio de suma fija es neutral. Diremos, por tanto, que un gasto público es pro-pobre si el porcentaje otorgado disminuye a medida que aumenta el nivel de ingreso de los hogares; de lo contrario, se dirá que es pro-rico. Dicho de otro modo, el GPS será pro-pobre si el cuasi-Gini de su distribución es negativo. Esto se da cuando el porcentaje del GPS total asignado al p por ciento más pobre de la población supera al p por ciento del ingreso, que es el porcentaje del ingreso total que le correspondería en una distribución igualitaria. 265 Es claro que un determinado programa de gasto público social puede ser progresivo –su importancia, en relación al ingreso de los hogares, disminuye a medida que aumenta el ingreso- y, a la vez, pro-rico -los estratos más ricos se benefician con un mayor porcentaje del gasto público en cuestión-. Un caso típico, como se verá en los resultados obtenidos, es la educación universitaria. 2. Gasto Público en Educación Pre-Escolar y Primaria El gasto en educación pública pre-escolar y primaria del año 2006, 1.1% del PIB, se distribuyó proporcionalmente entre cada uno de los beneficiarios del mismo identificados en la EGIH. 92 Los resultados obtenidos se presentan en la Tabla 11. El gasto en educación pública pre-escolar y primaria no sólo es progresivo sino que, además, es pro-pobre (K = -0.4038). El 40% más pobre de la población, que recibe 11% del ingreso pre-fiscal, se beneficia con más del 70% del gasto público en educación pre-escolar y primaria. Casi el 80% de este gasto se concentra en la mitad más pobre de la población. Este resultado está en línea con los obtenidos en la Comunidad Andina y 93 Centroamérica , donde también el uso de la educación pública básica es cada vez menor a medida que se pasa de los deciles más pobres a los más ricos de la distribución del ingreso. Los cinco deciles más pobres son los “ganadores”, es decir, su participación en el ingreso post-gasto público aumenta respecto a su participación en el ingreso pre-fiscal (de 16.8% a 18.2%). La desigualdad, medida por el índice de R-S (0.0185), disminuye significativamente. Tabla 11 92 Se considera beneficiario del GPS en educación pre-escolar quien alcanzó como nivel educativo más alto la educación pre-escolar (responde 1 a la pregunta 27), está actualmente estudiando (responde 1 a la pregunta 28.1), asiste a un instituto público (responde 1 a la pregunta 28.2) y ese instituto es gratuito (responde 3 a la pregunta 28.3). Por su parte, se considera beneficiario del GPS en educación primaria quien alcanzó como nivel educativo más alto la educación primaria (responde 2 a la pregunta 27), está actualmente estudiando (responde 1 a la pregunta 28.1), asiste a un instituto público (responde 1 a la pregunta 28.2) y ese instituto es gratuito (responde 3 a la pregunta 28.3). 93 Véase Barreix, Roca y Villela (2006) y Barreix, Bes y Roca (2009). 266 Progresividad y efecto distributivo de Educación Pre-Escolar + Primaria Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 55.7 18.5 9.8 6.0 3.5 2.0 1.2 0.7 0.3 0.1 2.2 1.4 2.5 3.6 4.7 6.0 7.5 9.4 12.3 17.2 35.5 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T -0.4038 Gini después T 0.4810 Kakwani -0.9033 R-S 0.0185 Gan (+) y Perd (-) + + + + + - 2. Transferencias Trf del 10-0.49 Trf del 40-1.26 Trf del 10+ ¿Quién recibe el GPS? 24.2 18.5 15.0 12.6 9.4 7.0 5.5 4.3 2.6 0.9 100.0 3. ¿Quién recibe el GPS? 4070.4 10+ 0.9 40-/10+ 78.2 0.75 Fuente: elaboración propia en base a EGIH 3. Gasto Público en Educación Secundaria El gasto en educación pública secundaria del año 2006, 0.93% del PIB, se distribuyó proporcionalmente entre cada uno de los beneficiarios del mismo identificados en la EGIH. 94 Los resultados obtenidos se presentan en la Tabla 12. El gasto en educación pública secundaria no sólo es progresivo sino que, además, es pro-pobre (K = 0.1476), aunque menos significativamente que en el caso de la educación pre-escolar y primaria. En efecto, el 40% más pobre de la población, que recibe 11% del ingreso pre-fiscal y se beneficiaba con más del 70% del gasto en educación pre-escolar y primaria, recibe algo menos de la mitad (48.9%) del gasto público en educación secundaria. 94 Se considera beneficiario del gasto público en educación secundaria quien ha alcanzado como nivel educativo más alto la educación secundaria (responde 3 a la pregunta 27), está actualmente estudiando (responde 1 a la pregunta 28.1), asiste a un instituto público (responde 1 a la pregunta 28.2) y ese instituto es gratuito (responde 3 a la pregunta 28.3). 267 Los seis deciles más pobres son los “ganadores”, es decir, su participación en el ingreso post-gasto público aumenta respecto a su participación en el ingreso pre-fiscal (de 24.3% a 25.2%). La disminución de la desigualdad, medida por el índice de R-S (0.0109), no es despreciable. Tabla 12 Progresividad y efecto distributivo de Educación Secundaria Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 21.4 10.0 6.9 5.3 4.2 2.7 1.7 1.0 0.7 0.2 1.8 1.1 2.3 3.5 4.7 6.0 7.5 9.5 12.3 17.3 35.7 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T -0.1476 Gini después T 0.4886 Kakwani -0.6471 R-S 0.0109 2. Transferencias Trf del 10-0.18 Trf del 40-0.67 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién recibe el GPS? + + + + + + - 11.1 11.9 12.7 13.2 13.7 11.1 8.9 6.7 6.6 4.1 100.0 3. ¿Quién recibe el GPS? 4048.9 10+ 4.1 40-/10+ 11.8 0.57 Fuente: elaboración propia en base a EGIH Se considera oportuno realizar tres puntualizaciones sobre los resultados aquí obtenidos para la educación básica (pre-escolar, primaria y secundaria): i) No puede afirmarse que la concentración del gasto en educación pública básica en los estratos de menores ingresos responda a una correcta “focalización” del mismo, pues no hay un proceso de selección para admitir a los niños de los hogares más pobres (inclusión) y dejar de lado a los de hogares más ricos (exclusión). Por el contrario, se trata de un proceso de “selección natural”. ii) Este proceso de “selección natural” puede ser indicador de un problema –quienes tienen posibilidades eluden la educación pública por ser de inferior calidad- antes que de un correcto destino del gasto público. Es oportuno, por tanto, remarcar que este trabajo no evalúa la calidad de la educación recibida. Un gasto propobre, en la medida que mejora la distribución del ingreso, es considerado positivo, sin considerar que, si es de mala calidad, puede resultar, por el contrario, una condena casi segura a un pronto fracaso estudiantil. 268 iii) Finalmente, en el contexto de este trabajo un gasto pro-pobre muestra una mejoría inmediata en la distribución del ingreso. No obstante, en la realidad es poco probable que éste sea el efecto de gastos como la educación que, aún en caso de tener niveles aceptables de calidad, exigen un proceso de maduración. Como señalan Machinea y Hopenhayn (2005), ésta es una de las razones que explica la aparente paradoja de un deterioro en la distribución del ingreso en América Latina entre 1990 y 2002 simultáneamente con un aumento de los rubros del GPS más progresivos (educación y salud, entre otros). 4. Gasto Público en Educación Terciaria El gasto en educación pública terciaria del año 2006, 0.53% del PIB, se distribuyó proporcionalmente entre cada uno de los beneficiarios del mismo identificados en la EGIH. 95 Además del gasto en educación universitaria, se incluye el gasto en educación técnica, en magisterio y en profesorado. Los resultados obtenidos se presentan en la Tabla 13. Tabla 13 Progresividad y efecto distributivo de Educación Universitaria (+ Otras Terciarias) Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 4.5 1.9 1.5 1.3 1.4 1.1 1.1 1.5 1.0 0.6 1.0 1.0 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.5 17.5 36.1 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T 0.3171 Gini después T 0.4980 Kakwani -0.1824 R-S 0.0015 2. Transferencias Trf del 10-0.03 Trf del 40-0.08 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién recibe el GPS? + + + + + + + + + - 4.2 4.0 5.0 5.8 7.8 8.0 9.8 17.8 17.7 20.0 100.0 3. ¿Quién recibe el GPS? 4018.9 10+ 20.0 40-/10+ 0.9 0.16 Fuente: elaboración propia en base a EGIH 95 Se considera beneficiario del gasto público en educación terciaria quien ha alcanzado como nivel educativo más alto el universitario o similar (responde 8 a la pregunta 27.1), está actualmente estudiando (responde 1 a la pregunta 28.1), asiste a un instituto público (responde 1 a la pregunta 28.2) y ese instituto es gratuito (responde 3 a la pregunta 28.3). También se incluyen como beneficiarios del gasto en educación pública terciaria quienes asisten a la enseñanza técnica, a magisterio y a profesorado. 269 Al igual que en los países de la Comunidad Andina y Centroamérica, en Uruguay el comportamiento del gasto público en educación terciaria (básicamente educación universitaria) es marcadamente diferente al del gasto en educación básica. En efecto, aunque progresivo, el gasto en educación terciaria es pro-rico (K = 0.3171). En efecto, el porcentaje del gasto público en educación universitaria crece significativamente a medida que se pasa de los tramos más bajos a los más altos de la distribución del ingreso (Tabla 13). El 20% más rico recibe el doble (37.7%) de lo que recibe el 40% más pobre (18.9%). Sólo el 10% más rico recibe un 5% más (20%) de lo que recibe el 40% más pobre (18.9%). Es claro, por tanto, que quienes mayoritariamente acceden a la educación superior pública son integrantes de los hogares de mayores ingresos. Visto de otro modo, son los estratos más pobres, usuarios casi exclusivos de la educación pública, quienes, luego, no acceden a la educación universitaria. Aunque esto no habilita, en modo alguno, a hablar de causalidad (mala educación pública, nivel insuficiente para acceder a la educación terciaria), sí refuerza la idea de que el acceso a la educación pública sólo por los estratos más pobres es indicador de problemas (en este caso, no llegan a los niveles educativos más altos) más que de una correcta focalización de ese gasto público (universal). No obstante el marcado sesgo pro-rico del gasto en educación universitaria, existe consenso en relación a las externalidades positivas asociadas al mismo. Por tanto, una alternativa al pago de matrícula universitaria es reforzar el cobro del impuesto a la renta personal, que es el instrumento adecuado para gravar los rendimientos del capital humano. (Véase Barreix, Bes y Roca, 2009). 5. Gasto Público en Salud El gasto público en salud del año 2006, 1.95% del PIB, se distribuyó proporcionalmente entre cada uno de los beneficiarios del mismo identificados en la EGIH. En base a la información que brinda esta encuesta, se identifica como beneficiarios del gasto público en salud a quienes responden que reciben asistencia en Ministerio de Salud Pública, Hospital de Clínicas, Hospital Militar o Policial, Policlínica Municipal o vía Asignaciones Familiares. 96 Los resultados obtenidos se presentan en la Tabla 14. El gasto público en salud no sólo es progresivo sino que, además, es pro-pobre (K = -0.3132). El uso de la salud pública disminuye sin discontinuidades a medida que se pasa de los deciles más pobres a los más ricos de la distribución. El 40% más pobre de la población, que recibe 11% del ingreso pre-fiscal, se beneficia con casi el 63% del gasto público en salud. Aproximadamente las tres cuartas partes de este gasto se concentran en la mitad más pobre de la población y menos de un 5% del gasto público en salud beneficia al 20% más rico de la población. El gasto en educación representa, en promedio, casi un 50% del ingreso pre-fiscal del 20% más pobre de la población. Los seis deciles de menores ingresos son los “ganadores”, es decir, su participación en el ingreso post-gasto público aumenta respecto a su participación en el ingreso pre-fiscal (de 24.3% a 26.5%). El 96 La pregunta de la EGIH sobre dónde recibe atención a la salud (pregunta 32) admite indicar hasta tres lugares diferentes: 1 MSP, 2 Hospital de Clínicas, 3 Hospital Militar o Policial, 4 Policlínica Municipal, 5 Asignaciones Familiares, 6 Instituciones de Asistencia Médica Colectiva (IAMC), 7 Seguros Integrales Privados (SIP) y 8 Otra. Como se dijo en el texto principal, se consideran beneficiarios del gasto público en salud quienes declaran alguna de las opciones 1 a 5. Como la EGIH no permite conocer la intensidad que estos beneficiarios hicieron del servicio público de salud, el gasto debió repartirse proporcionalmente entre todos ellos. 270 impacto redistributivo, efecto conjunto de la progresividad y el monto del gasto, es el más significativo de todos los ítems del GPS: el índice de Gini (x 100) luego del gasto en salud disminuye casi 3 puntos (R-S = 0.0293). Tabla 14 Progresividad y efecto distributivo de GPS en Salud Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 68.5 28.9 17.2 11.7 7.6 4.5 2.8 1.5 0.7 0.1 3.8 1.5 2.7 3.8 4.9 6.1 7.5 9.4 12.2 17.0 35.0 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T -0.3132 Gini después T 0.4702 Kakwani -0.8127 R-S 0.0293 2. Transferencias Trf del 10-0.59 Trf del 40-1.89 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién recibe el GPS? + + + + + + - 17.0 16.6 15.2 14.1 11.8 9.0 7.1 4.9 3.1 1.3 100.0 3. ¿Quién recibe el GPS? 4062.8 10+ 1.3 40-/10+ 46.7 1.27 Fuente: elaboración propia en base a EGIH 6. Jubilaciones y Pensiones Como ya se dijo, en esta primera versión del trabajo se ha adoptado provisoriamente la solución extrema de incluir las pensiones dentro de los ingresos originales de los hogares (ingresos antes de la política fiscal), en el supuesto de que son el beneficio (actuarialmente equivalente) recibido por una contribución anterior (al igual que los ingresos por intereses son la remuneración a un depósito previamente realizado). Dada esta decisión, una forma de mostrar el impacto redistributivo de las jubilaciones es quitarlas del ingreso pre-fiscal y comparar el índice de Gini con y sin jubilaciones. Este impacto ex – post se calculará con fines ilustrativos, pero en la versión final del trabajo se espera presentar una solución técnica más fina. 7. Seguro de Desempleo Esta prestación es un subsidio mensual en dinero que se paga a todo trabajador en situación forzosa de desempleo, no imputable a su voluntad o capacidad laboral, por hasta 6 meses de inactividad continua o discontinua. En principio, tienen derecho al beneficio todos los trabajadores de la actividad privada que prestan servicios remunerados para terceros, con algunas exclusiones. Para una descripción detallada de este subsidio (cómo se adquiere el derecho, quiénes están excluidos del mismo, monto, posibilidades de prórroga, etc.) véase Banco de Previsión Social (BPS, 2009). 271 La imputación del seguro por desempleo se realizó totalmente en base a información de la EGIH, que pregunta a los encuestados cuánto ingreso recibieron por seguro de desempleo. 97 El número de beneficiarios que resulta del procesamiento de la EGIH (realizando, claro está, su expansión a nivel poblacional) es 13.933 beneficiarios, que se considera representativo del número de beneficiarios que informa el BPS, 17.622 (79,1%). En términos monetarios, la representatividad es algo menor (75,4%). En efecto, del procesamiento de la EGIH resulta que los ingresos recibidos por seguro de desempleo totalizaron 0,12% del PIB ($ 592,8 millones) mientras que el BPS afirma haber pagado 0,16% del PIB ($ 785,7 millones). Aún si se considerase insatisfactoria la representatividad de la EGIH, no habría criterios teóricos ni prácticos sólidos para corregir la subrepresentación. Los resultados en relación a la progresividad e impacto redistributivo del seguro de desempleo se presentan en la Tabla 15. Tabla 15 Progresividad y efecto distributivo del Seguro de Paro Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 5.8 1.4 1.3 0.6 0.2 0.3 0.3 0.1 0.0 0.0 0.2 1.0 2.2 3.4 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.4 36.2 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T -0.3399 Gini después T 0.4979 Kakwani -0.8394 R-S 0.0016 2. Transferencias Trf del 10-0.05 Trf del 40-0.13 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién recibe el GPS? + + + + + + - 22.7 12.9 18.0 12.1 4.3 8.5 12.5 5.7 1.9 1.5 100.0 3. ¿Quién recibe el GPS? 4065.7 10+ 1.5 40-/10+ 43.4 0.08 Fuente: elaboración propia en base a EGIH Este subsidio no sólo es progresivo sino que, además, es pro-pobre (K = -0.3339). El 40% más pobre de la población recibe casi las dos terceras partes del seguro. Este resultado es esperable pues quienes están recibiendo el seguro de desempleo son, por definición, quienes han dejado de percibir ingresos y, al haberse empobrecido, se han “movido” a los deciles más bajos de la distribución. No obstante, dado su bajo monto, 97 Pregunta 54.1 del Formulario 1. 272 su impacto redistributivo es casi insignificante, es decir, la distribución del ingreso luego de esta transferencia prácticamente no se altera (R-S = 0.0016). 8. Subsidio por Enfermedad 98 El trabajador de la actividad privada amparado por el Seguro por Enfermedad que quede impedido de trabajar por razones de salud, tiene derecho desde el cuarto día de la enfermedad inclusive, y en caso de internación desde el primer día, a percibir una prestación en dinero, equivalente al 70% de su sueldo o salario básico más la cuota parte del aguinaldo correspondiente al período de licencia certificada, con un tope de 3 Bases de Prestación y Contribución (BPC). Los pagos del subsidio se realizan en forma mensual de acuerdo a calendario, y pueden cubrir hasta un año con otro de prórroga. Para una descripción detallada de este subsidio, véase BPS (2009). La imputación del subsidio por enfermedad se realizó totalmente en base a información de la EGIH, que pregunta a los encuestados cuánto ingreso recibieron por subsidio por enfermedad. 99 El número de beneficiarios que resulta del procesamiento de la EGIH (realizando, claro está, su expansión a nivel poblacional) es 10.300 beneficiarios, que se considera representativo del número de beneficiarios que informa el BPS, 11.089 (92,9%). En términos monetarios, la EGIH capta más pagos por subsidio por enfermedad ($ 480.2 millones, 0.10% del PIB) que los que informa el BPS ($ 424.7 millones, 0.09% del PIB). Los resultados en relación a la progresividad e impacto redistributivo del seguro de desempleo se presentan en la Tabla 16. Tabla 16 98 99 Decreto Ley 14.407 Pregunta 54.1 del Formulario 1. 273 Progresividad y efecto distributivo del Seguro de Enfermedad Por deciles de INDIVIDUOS ordenados según su INGRESO per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 3.6 0.5 0.2 0.5 0.8 0.1 0.0 0.4 0.1 0.0 0.2 1.0 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.5 17.5 36.2 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T -0.0510 Gini después T 0.4987 Kakwani -0.5505 R-S 0.0008 2. Transferencias Trf del 10-0.03 Trf del 40-0.05 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién recibe el GPS? + + + + + + - 17.6 5.5 4.0 11.0 24.7 2.0 2.1 22.8 5.8 4.4 100.0 3. ¿Quién recibe el GPS? 4038.1 10+ 4.4 40-/10+ 8.7 0.06 Fuente: elaboración propia en base a EG Este subsidio es progresivo y, además, ligeramente pro-pobre (K = -0.0510). No obstante, el 40% más pobre de la población recibe algo menos del 40% del subsidio (38.1%). Dado que esta transferencia alcanza exclusivamente a los trabajadores del sector formal -como se dijo, cubre a quienes cotizan al Seguro por Enfermedad- no debe esperarse, a priori, que se concentre en los estratos de más bajos ingresos, en los que cae la mayoría de la población ocupada en el sector informal de la economía. Dado su bajo monto, su impacto redistributivo es casi insignificante, es decir, la distribución del ingreso luego del subsidio prácticamente no se altera (R-S = 0.0008). 9. Asignaciones Familiares La prestación por Asignaciones Familiares, creada en 1943 por la Ley 10.449, aunque inicialmente concebida para los trabajadores cubiertos por la Seguridad Social, se ha ido redefiniendo como una prestación a los hogares compuestos por asalariados de menores recursos (Ley 16.697 de 1995) y por adultos no amparados por el sistema de Seguridad Social con niños a su cargo (Ley 17.139 de 1995 y Ley 17.758 de 2004). 100 Grosso modo, en el momento de realización de la EGIH recibían esta prestación todos los hogares con ingresos de cualquier naturaleza inferiores a 3 BPC. La prestación es solamente económica y su monto se establece en el 16% de la BPC por cada hijo o menor a cargo. 101 Los beneficiarios son los menores de 15 años; los menores de 17 años que no hayan completado educación primaria por razones fundadas; los 100 101 Véase Arim y Vigorito (2006). En el caso de los incapaces el monto de la prestación es el doble (32% de la BPC). 274 mayores de 15 años que estén recibiendo enseñanza de nivel superior a primaria, hasta los 18 años; y los incapacitados para trabajar. La imputación del monto recibido por Asignaciones Familiares se realizó totalmente en base a información de la EGIH. 102 El número de beneficiarios que resulta del procesamiento de la EGIH (realizando, claro está, su expansión a nivel poblacional) es 547.400, muy similar al número de beneficiarios que informa el BPS, 540.006. En términos monetarios, de la EGIH resulta un pago de Asignaciones Familiares (0,32% del PIB; $ 1.521,6 millones) casi idéntico al que informa el BPS (0,32% del PIB; $ 1.538,5 millones). Los resultados en relación a la progresividad e impacto redistributivo de las Asignaciones Familiares se presentan en la Tabla 17 Tabla 17 Progresividad y efecto distributivo de Asignaciones Familiares Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 13.9 5.1 2.9 1.9 1.1 0.6 0.4 0.2 0.1 0.0 0.6 1.1 2.3 3.4 4.6 5.9 7.5 9.5 12.4 17.4 36.1 100.4 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T -0.3846 Gini después T 0.4941 Kakwani -0.8841 R-S 0.0054 2. Transferencias Trf del 10-0.12 Trf del 40-0.35 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién recibe el GPS? + + + + + - 21.4 18.2 15.7 14.0 10.3 7.3 6.1 3.3 2.7 1.1 100.0 3. ¿Quién recibe el GPS? 4069.2 10+ 1.1 40-/10+ 65.1 0.21 Fuente: elaboración propia en base a EGIH Las Asignaciones Familiares no sólo son progresivas sino, además, pro-pobres (K = -0.3846). Esta transferencia disminuye sin discontinuidades a medida que se pasa de los deciles más pobres a los más ricos de la distribución del ingreso y llega a representar el 14% del ingreso pre-fiscal del decil más pobre de la población. El 40% más pobre, que recibe 11% del ingreso pre-fiscal, se beneficia con casi el 70% del gasto público en Asignaciones Familiares. 102 La EGIH pregunta al encuestado si cobra o no Asignaciones Familiares (pregunta 54.5.1 del Formulario 1). En caso de respuesta positiva, pregunta cuántas cobra por mes (pregunta 54.5.2), si las declaró en el sueldo (pregunta 54.6), si cobra las Asignaciones Familiares por mes o cada dos meses (pregunta 54.7) y, finalmente, cuánto cobró la última vez (pregunta 54.8). Es importante destacar que, a diferencia de lo que sucede con el Hogar Constituido, ninguno de los encuestados dice haber incluido las Asignaciones Familiares en el sueldo declarado. De este modo, el ingreso pre-política fiscal no está “contaminado” por esta transferencia pública y, por tanto, su impacto redistributivo puede determinarse sin problemas metodológicos. 275 La mitad más pobre de la población es la “ganadora”, es decir, su participación en el ingreso postAsignaciones Familiares aumenta respecto a su participación en el ingreso pre-fiscal, pero este aumento es muy moderado, de 16.8% a 17.2%. Dicho de otro modo, dado el bajo monto de esta transferencia (0.32% del PIB), su impacto redistributivo, efecto conjunto de la progresividad y el monto, es muy moderado: la distribución del ingreso casi no se modifica luego de imputadas las Asignaciones Familiares (R-S = 0.0054). 10. Ingreso Ciudadano (PANES) La Ley 17.869, del 20 de mayo de 2005, creó el Plan de Atención Nacional a la Emergencia Social (PANES). Este Plan estuvo constituido por un conjunto de intervenciones dirigidas a hogares de muy bajos ingresos y su duración, definida desde un principio, fue de dos años (2005 – 2007). El Ingreso Ciudadano fue una prestación monetaria que formó parte del PANES. Consistió en una prestación fija por hogar de 1 BPC a los hogares de muy bajos ingresos (aquellos cuyos ingresos por todo concepto, exceptuándose las asignaciones familiares, prestaciones por invalidez y vejez, no superasen, al mes de marzo de 2005, los $ 1.300 por persona y presentasen carencias críticas en sus condiciones de vida). El Ingreso Ciudadano fue concebido como una transferencia condicionada. En efecto, se exigieron como requisitos indispensables para recibirlo la inscripción y asistencia regular de los menores al sistema educativo formal, controles médicos periódicos de los niños, adolescentes y mujeres embarazadas del hogar y la participación en actividades comunitarias. La imputación del Ingreso Ciudadano se realizó en base a información de la EGIH. 103 El número de beneficiarios que resulta del procesamiento de la EGIH (realizando, claro está, su expansión a nivel poblacional) es 50.705, significativamente por debajo del que informa el Ministerio de Desarrollo Social (MIDES), 74.500 (68.1%). Aunque la representatividad no es satisfactoria, como no se dispone de criterios sólidos para imputar la brecha por no respuesta, se decidió respetar la información original. Por su parte, en términos monetarios se ha constatado que un número relevante de hogares de la muestra declara haber cobrado montos muy superiores a los legales, seguramente porque están declarando el cobro de varios meses a la vez. Por este motivo, se decidió imputar a cada uno de los hogares beneficiarios 1 BPC, tal cual indica la legislación. Como resultado de este proceso resulta un pago de Ingreso Ciudadano de 0,20% del PIB ($ 902 millones). Los resultados en relación a la progresividad e impacto redistributivo del Ingreso Ciudadano se presentan en la Tabla 18. Tabla 18 103 La EGIH pregunta al encuestado cuánto recibió el mes pasado por Ingreso Ciudadano (pregunta 55 del Formulario 1). 276 Progresividad y efecto distributivo del Ingreso Ciudadano (PANES) Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 22.7 4.6 1.0 0.2 0.1 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.4 1.1 2.3 3.3 4.5 5.9 7.4 9.4 12.4 17.4 36.2 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T -0.7852 Gini después T 0.4950 Kakwani -1.2847 R-S 0.0045 2. Transferencias Trf del 10-0.21 Trf del 40-0.31 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién recibe el GPS? + + + - 58.7 27.7 8.9 2.8 1.2 0.8 0.0 0.0 0.0 0.0 100.0 3. ¿Quién recibe el GPS? 4098.0 10+ 0.0 40-/10+ -- 0.13 Fuente: elaboración propia en base a la EGIH El Ingreso Ciudadano es claramente pro-pobre (K = -0.7852). Casi el 60% de esta transferencia se focaliza en el decil más pobre de la población, para el que el Ingreso Ciudadano representa casi una cuarta parte (22.7%) de su ingreso pre-fiscal. Los únicos “ganadores”, aquellos cuya participación en el ingreso crece luego de esta transferencia, son los tres deciles más pobres, que reciben más del 95% de la misma. Esto muestra una correcta focalización del Ingreso Ciudadano, casi sin fugas a sectores a los que, por definición, no se pretendía favorecer. En efecto, los deciles 4 al 6 reciben menos de un 5% de la transferencia. Sin embargo, el impacto redistributivo es modesto (R-S = 0.0045) pues el monto de la transferencia, influido en este ejercicio por la subcaptación de los beneficiarios, es de sólo 0.2% del PIB. 11. Tarjeta Alimentaria (PANES) Todos los hogares aceptados en el PANES que cuentan con menores de 18 años o mujeres embarazadas tienen acceso a esta transferencia en especie. El beneficio es proporcional al número de potenciales beneficiarios en el hogar, ajustándose de acuerdo a la siguiente escala: 1 beneficiario (menor de 18 años o embarazada) - $ 300 2 beneficiarios - $ 450 3 beneficiarios - $ 600 4 beneficiarios - $ 800 277 Esta prestación comenzó a otorgarse en abril de 2006, cuando ya se había realizado el relevamiento de 6 de los 12 meses de la EGIH. 104 Seguramente por este motivo la captación de la EGIH es muy baja: menos de 8.000 beneficiarios, mientras que el MIDES informa más de 57.000 a finales de 2006. Como proxy, se podría realizar una imputación exclusivamente en base al número de menores de 18 años que haya en los hogares que declaran percibir el Ingreso Ciudadano, porque la EGIH ofrece información sobre el número de mujeres embarazadas en dichos hogares. 12. Alimentos Gratis La EGIH pregunta a los encuestados si reciben regularmente algún tipo de alimentación gratuita. 105 Para aquellos que responden afirmativamente pregunta si se trata de (i) alimentación o comidas preparadas o (ii) canastas de alimentos, abriendo dentro de esta segunda opción 12 posibilidades: común (INDA), bajo peso (riesgo nutricional), plomo, pensionistas, diabéticos, renales, renal-diabético, celíacos, tuberculosis, oncológicos, SIDA (VIH+), otra. 106 Tabla 19 Personas que reciben Alimentos Gratis según EGIH 1 2 4 5 6 7 8 10 12 Canastas de Alimentos INDA Bajo Peso Pensionistas Diabéticos Renales Renal-Diabético Celíacos Oncológicos Otra Comidas Preparadas Total Nº Personas 56,711 4,327 15,071 416 1,131 70 800 2,777 12,395 135,706 % 24.7 1.9 6.6 0.2 0.5 0.0 0.3 1.2 5.4 59.2 229,404 100.0 Fuente: elaboración propia en base a la EGIH De acuerdo a la EGIH, el total de beneficiarios de estas transferencias alimentarias llega a casi 230.000 (Tabla 19). Téngase presente que no se trata estrictamente de 230.000 beneficiarios diferentes, pues algunos encuestados declaran recibir 2 o 3 tipos de alimentación gratuita. Como se ve en la Tabla 19, la canasta de INDA y, sobre todo, las comidas preparadas (comedores) son los que más beneficiarios tienen. Aquí se ha supuesto que el 100% de las comidas preparadas son servidas por comedores públicos, lo que sobreestima el efecto de la transferencia pues es sabido que existe un porcentaje significativo de comedores El INE, además, sólo ha informado las respuestas a “cuánto recibió el mes pasado” y no las respuestas a “cuánto recibió los últimos 12 meses”, lo que podría haber permitido salvar este problema. 105 Pregunta 30, Formulario 1. 106 Pregunta 31, Formulario 1. 104 278 privados, que no se ha determinado en esta primera versión del documento. Siempre de acuerdo a la EGIH, el monto de estas transferencias alimentarias totalizó 0.25% del PIB en 2006 ($ 1.200 millones). Los resultados en relación a la progresividad e impacto redistributivo de las transferencias alimentarias se presentan en la Tabla 20. Estas ayudas alimentarias son claramente pro-pobres (K = -0.6126). El 30% más pobre de la población, que recibe el 6.4% del ingreso pre-fiscal, se beneficia con casi el 80% (77.9%) de esta transferencia. Los alimentos gratis representan más de un 20% del ingreso pre-fiscal del decil más pobre de la población. Las “fugas” hacia los sectores de más altos ingresos, a los que por definición no se pretende favorecer, son poco significativas. En efecto, los deciles 7 a 10 reciben menos de un 5% (4.7%) de estos alimentos gratis. El impacto en la distribución del ingreso de esta transferencia, muy progresiva pero de baja significación (0.25% del PIB) es modesto. En efecto, la participación en la distribución del ingreso de los deciles “ganadores”, los cuatro más pobres, pasa de 11% (en el ingreso pre-fiscal) a 11.3% (en el ingreso posttransferencia) y el índice de Gini de la distribución del ingreso se reduce pero ligeramente luego de la transferencia (R-S = 0.0052). Tabla 20 Progresividad y efecto distributivo del GPS en Alimentos Gratis Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 20.8 4.7 2.4 0.9 0.4 0.2 0.1 0.0 0.0 0.0 0.5 1.1 2.3 3.4 4.6 5.9 7.5 9.4 12.4 17.4 36.1 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T -0.6126 Gini después T 0.4943 Kakwani -1.1121 R-S 0.0052 2. Transferencias Trf del 10-0.19 Trf del 40-0.36 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién recibe el GPS? + + + + - 40.4 21.0 16.4 8.9 4.7 3.8 2.7 1.2 0.5 0.2 100.0 3. ¿Quién recibe el GPS? 4086.8 10+ 0.2 40-/10+ -- 0.17 Fuente: elaboración propia en base a la EGIH 279 V. IMPACTO CONJUNTO DEL SISTEMA TRIBUTARIO Y EL GASTO PÚBLICO SOCIAL 1. El impacto del Sistema Tributario en la Distribución del Ingreso Antes que nada, es necesario aclarar que, en rigor, aquí no se evalúa el impacto de “todo” el sistema tributario sino, como se dijo, de los impuestos considerados en el análisis –IVA, selectivos e impuesto sobre la renta personal-, aquellos impuestos respecto a cuya incidencia existe consenso en la literatura. Los resultados obtenidos se presentan en la Tabla 21. Tabla 21 Progresividad y efecto distributivo del Sistema Tributario Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del Impuesto Tasa media % en el Y después del Impuesto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 23.3 13.9 12.9 11.6 11.5 10.5 10.6 10.4 11.3 14.6 12.5 0.8 2.1 3.3 4.6 5.9 7.6 9.7 12.7 17.7 35.4 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T 0.5208 Gini después T 0.4974 Kakwani 0.0213 R-S 0.0021 2. Transferencias Trf del 100.12 Trf del 400.12 Trf del 10+ Gan (+) y Perd (-) ¿Quién paga el Impuesto? + + + + + + - 1.7 2.4 3.4 4.2 5.4 6.3 8.0 10.3 15.8 42.3 100.0 3. ¿Quién paga el Imp? 4011.8 10+ 42.3 10+/403.6 0.86 Fuente: elaboración propia en base a la EGIH Los impuestos considerados se distribuyen más desigualmente (cuasi-Gini = 0.5208) que el ingreso pre-fiscal (Gini = 0.4995) y, por tanto, conjuntamente considerados resultan ligeramente progresivos (K = 0.0213). No obstante, es necesario advertir que algunos problemas metodológicos que pretenden ser salvados en la versión final de este documento pueden estar sesgando los resultados, aunque ligeramente, hacia un lado (progresividad) u otro (regresividad). Recuérdese, por ejemplo, que el impacto del IVA está subestimado por la subvaluación del consumo en la EGIH y porque no se ha considerado el efecto del IVA incluido en las compras de insumos que realizan los oferentes de bienes y servicios exonerados. En sentido contrario, aún 280 debe considerarse un escenario que corrija la no respuesta y/o subdeclaración de las rentas del capital, lo que seguramente pronunciará la progresividad y el impacto redistributivo del IRPF. En la Figura 3 se muestra el índice de Gini después de cada uno de los impuestos allí representados. La barra horizontal roja representa el índice de Gini de la distribución del ingreso pre-fiscal (0.4995) y la azul el índice de Gini después de impuestos (0.4974). Resulta claro que la distribución del ingreso después los impuestos selectivos permanece prácticamente inalterada y que son el IVA (concentrador) y el IRPF (redistributivo) los que modifican, en sentidos opuestos, la distribución del ingreso pre-fiscal. La Figura 3 muestra que, en este ejercicio de microsimulación, el efecto redistributivo del IRPF prima sobre el efecto concentrador del IVA y, por tanto, la distribución del ingreso después de impuestos mejora levemente, disminuyendo el índice de Gini de 0.4995 (línea roja) a 0.4974 (línea azul). Figura 3 Gini después de cada Impuesto 0.5150 0.5100 0.5050 0.5000 0.4950 0.4900 0.4850 0.4800 0.4750 IVA IMESI Bebidas IMESI Tabaco IMESI Combustibles IRPF Resulta interesante señalar que los “perdedores”, aquellos cuya participación en el ingreso cae luego de impuestos, son los tres deciles más pobres –efecto IVA- y el decil más rico –efecto IRPF-. Ciertamente, el 30% de menos ingresos, que recibe un 6.4% del ingreso pre-fiscal, paga el 7.6% de los impuestos, y el 10% de mayores ingresos, que recibe un 36.3% del ingreso pre-fiscal, paga un 42.3% de los impuestos. Esto sugiere dos observaciones. En primer lugar, este resultado contradice la visión convencional de que es la clase media la “perdedora” cuando de impuestos se trata. Por el contrario, los deciles 5 a 8, que perciben el 35.3% del ingreso pre-fiscal, pagan el 30% de los impuestos. En segundo lugar, el que los tres deciles más pobres sean “perdedores” nuevamente reafirma la idea de “personalizar” el IVA planteada por Barreix, Bes y Roca (2009), de modo de no exonerar torpemente el mayor consumo (en términos absolutos) de bienes y servicios exonerados por parte de los sectores de más altos ingresos, y compensar focalizadamente a los deciles más pobres por el aumento del impuesto que provocaría su generalización. 281 2. El impacto del Gasto Público Social en la Distribución del Ingreso Como muestra la Tabla 22, el GPS en Uruguay no sólo es progresivo sino, además, pro-pobre (cuasi-Gini = 0.2727). Por ejemplo, el 40% más pobre de la población, que recibe el 11% del ingreso pre-fiscal, se beneficia con el 60% del GPS, 5 veces y media su participación en el ingreso ante de la política fiscal. Por el contrario, el 20% de más altos ingresos, que recibe más de la mitad del ingreso pre-fiscal (53.8%), se beneficia con menos del 10% del GPS (8.2%). El GPS representa más del doble del ingreso pre-fiscal del 10% más pobre de la población y más de las tres cuartas partes del ingreso pre-fiscal del segundo decil más pobre. Los 6 deciles más pobres, que reciben casi el 80% del GPS (78.7%), son los “ganadores”. En efecto, su participación en el ingreso aumenta más de un 20%, pasando de 24.3% (en el ingreso pre-fiscal) a 29.5% (en el ingreso post-GPS). Tabla 22 Progresividad y efecto distributivo del GPS Por deciles de INDIVIDUOS ordenados según su INGRESO per capita Decil 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total % en el Y antes del GPS Tasa media 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 1. Desigualdad Gini antes T 0.4995 cuasi-Gini T -0.2727 Gini después T 0.4204 Kakwani -0.7722 R-S 0.0791 216.9 75.6 43.2 28.5 19.1 11.6 7.7 5.3 2.9 1.0 10.7 % en el Y después del GPS Gan (+) y Perd (-) ¿Quién recibe el GPS? + + + + + + - 19.1 15.4 13.5 12.1 10.6 8.1 6.9 6.2 4.7 3.5 100.0 2.7 3.4 4.3 5.3 6.3 7.5 9.2 11.8 16.3 33.1 100.0 2. Transferencias Trf del 10-1.75 Trf del 40-4.73 Trf del 10+ 3. ¿Quién recibe el GPS? 4060.0 10+ 3.5 40-/10+ 17.4 3.16 Fuente: elaboración propia en base a la EGIH En la Figura 4 se muestra el índice de Gini después de cada uno de los ítems del GPS allí representados. El seguro de paro, el de enfermedad, las Asignaciones Familiares, el Ingreso Ciudadano (PANES) y los alimentos gratis se han agrupado en un solo ítem al que se ha llamado Asistencia Social. La barra horizontal roja representa el índice de Gini de la distribución del ingreso pre-fiscal (0.4995) y la azul el índice de Gini 282 después del GPS (0.4204). Resulta evidente que todos los ítems del GPS tienen un impacto redistributivo, es decir, contribuyen a disminuir la desigualdad en la distribución del ingreso. El impacto conjunto del GPS es realmente significativo: el índice de Gini (x 100) cae casi 8 puntos luego imputado el GPS. La transferencia que recibe el 40% más pobre como consecuencia del GPS es de casi 5% del ingreso total (4.73%), casi la mitad de su ingreso pre-fiscal. Figura 4 Gini después de cada GPS 0.5200 0.5000 0.4800 0.4600 0.4400 0.4200 0.4000 Primaria Secundaria Universitaria Salud Asistencia Social 3. El impacto conjunto del Sistema Tributario y del Gasto Público Social en la Distribución del Ingreso Finalmente, en la Tabla 23 se presenta el impacto conjunto del sistema tributario y el GPS en la distribución del ingreso. Tabla 23 283 Progresividad y efecto distributivo conjunto del Sistema Tributario y el GPS Por deciles de individuos ordenados según su ingreso per capita Decil % en el Y antes del GPS Tasa media % en el Y después del GPS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total 0.9 2.2 3.3 4.5 5.9 7.5 9.5 12.4 17.5 36.3 100.0 193.6 61.6 30.3 16.9 7.6 1.1 -2.9 -5.0 -8.4 -13.6 -1.8 2.8 3.6 4.4 5.4 6.4 7.7 9.4 12.0 16.3 32.0 100.0 Gan (+) y Perd (-) + + + + + + - Impacto distributivo de la Política Fiscal ( Y - ST + GPS) Gini Y Pre-Fiscal 0.4995 Gini después ST 0.4974 Gini después GPS 0.4204 Gini después ST y GPS 0.4179 R-S 0.0816 Fuente: elaboración propia en base a la EGIH Como ya se vió, la leve redistribución que introduce el sistema tributario -el índice de Gini pasa de 0.4995 a 0.4974- es acentuada por el gasto público social -el Gini después de descontar los impuestos y sumar el GPS es 0.4179. El 60% más pobre de la población “gana” con la política fiscal. En efecto, su participación en el ingreso pasa de 24.3% (en el ingreso pre-fiscal) a 30.3% (en el ingreso post-polífica fiscal). El 20% de más altos ingresos, que “pierde” con la política fiscal, disminuye su participación de 53.8% (en el ingreso pre-fiscal) a 48.3% (en el ingreso post-política fiscal). 284 Referencias bibliográficas Arim, R. y A. Vigorito (2006): “Las políticas de transferencias de ingresos y su rol en Uruguay. 2001-2006”. Banco Mundial. Barreix, A., M. Bes y J. Roca (2009): “Equidad Fiscal en Centroamérica, Panamá y República Dominicana”. BID – EUROsociAL Fiscalidad. Barreix, A., J. Roca y L. Villela (2006): “La Equidad Fiscal en los países andinos”. BID – DFID – CAN. Barriex, A. y J. Roca (2007): “Strengthening a fiscal pillar: the Uruguayan dual income tax”. CEPAL Review Nº 92. August. Banco de Previsión Social (2009): “Anuario Estadístico 2009”. CEDLAS (2005): “¿Quiénes se benefician del Gasto Público Social en Honduras? Un estudio sobre la base de la ENCOVI 2004”. Octubre. Engel, E., A. Galetovic y C. Raddatz (1999) “Taxes and Income distribution in Chile: some unpleasant redistributive arithmetic”, Journal of Development Economics Vol.59, pág. 155–192. Gasparini, L., M. Marchionni y W. Sosa Escudero (2001): “La distribución del ingreso en la Argentina: evidencia, determinantes y políticas”. Hall, R. y A. Rabushka (1995): “The Flat Tax”. Stanford, Hoover Institution Press. Instituto Nacional de Estadística (2008): “Encuesta de Gasto e Ingreso de los Hogares 2005-2006. Metodología y Resultados”. www.ine.gub.uy. Lindert, K., E. Skoufias y J. Sapiro (2006): “Redistributing income to the poor and the rich: public transfers in Latin America and the Caribbean”. SP Discussion Paper, No. 0605. Washington, DC: World Bank. Machinea, J. y M. Hopenhayn (2005): “La esquiva equidad en el desarrollo latinoamericano. Una visión estructural, una aproximación multifacética”. 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(1992). “Inequality reexamined”. Cambridge University Press. Urbanos Garrido, R. y A. Utrilla de la Hoz (2001): “La Economía Pública en Europa”. Madrid. Editorial Síntesis. 286 ANEXO I – Consideraciones Metodológicas 1. Microsimulación estática y sin comportamiento 1.1. Estática o dinámica La microsimulación realizada en este trabajo es estática, en el sentido de que parte de una muestra crosssection de microdatos que mantiene constantes sus características demográficas y socioeconómicas a lo largo del tiempo. La simulación dinámica, por el contrario, tiene en cuenta los efectos del tiempo sobre dichas características, sometiendo a las unidades de análisis a un proceso de envejecimiento año a año, desde su nacimiento hasta su muerte, con el objetivo de simular el ciclo vital completo de todas y cada una de ellas 1.2. 107 . Sin comportamiento o con comportamiento Por otra parte, los trabajos no incorporan el análisis del comportamiento de los agentes económicos ante la introducción de los impuestos ni del Gasto Público Social (GPS), es decir, no estiman ni consideran sus funciones de reacción. En el caso de los impuestos, hacerlo implicaría, en primer lugar, estimar y, luego, considerar en la simulación la elasticidad-precio de la demanda de los bienes y servicios, las elasticidades cruzadas y la elasticidad gasto. Previamente debe estimarse la elasticidad de la oferta o, como se hace usualmente, suponer que es infinita (el productor traslada completamente el impuesto al precio). En este trabajo, la estimación del impacto distributivo de los impuestos se realiza atendiendo exclusivamente al cambio de normativa y suponiendo que dicho cambio no afecta el comportamiento de los contribuyentes (decisiones ahorro-consumo, trabajo-ocio). En concreto, se ha supuesto que el gasto monetario de los agentes económicos en los diferentes bienes y/o servicios, una vez introducidos los impuestos que se consideran en el análisis, se mantiene constante, de modo que cae el gasto “real” (sin impuestos). La premisa es que la restricción presupuestaria del consumidor se mantiene fija y el gasto se reasigna sin considerar el impacto del cambio de precios relativos (no se captura el efecto sustitución). El supuesto tiene la única finalidad de simplificar la microsimulación. 107 Sanz Sanz y otros (2004). 287 Aún en el marco de modelos de microsimulación con comportamiento se supone que los precios de producción no cambian como consecuencia de las reformas impositivas y sí lo hacen los precios finales de consumo. 2. Los microdatos 2.1. Encuesta de Gasto e Ingreso de los Hogares 2005-2006 El principal objetivo del Instituto Nacional de Estadística (INE) de Uruguay al realizar la EGIH fue estimar la estructura promedio de gastos de consumo de los hogares, con el propósito de actualizar la base de cálculo del Indice de Precios de Consumo (IPC) con una cobertura geográfica ampliada. La EGIH, representativa de todo el país, fue realizada a más de 7.000 hogares entre los meses de noviembre de 2005 y octubre de 2006 (la muestra se distribuyó uniformemente por mes para captar las variaciones producto de la estacionalidad). A los efectos de la selección de la muestra se definieron cuatro dominios de estudio que representan también cuatro subuniversos: Montevideo, localidades urbanas del Interior de 5.000 o más habitantes, localidades urbanas del Interior de menos de 5.000 habitantes y área rural del Interior. La estratificación utilizada fue diferente en cada subuniverso: - En Montevideo la estratificación es doble, por área (urbano-rural) y nivel socioeconómico (4 estratos urbanos, 3 estratos rurales). - Para las localidades mayores del Interior los estratos son las localidades (51 estratos). - En las localidades pequeñas del Interior los estratos son el conjunto de localidades pequeñas en cada departamento (18 estratos). - En el Área Rural los estratos se conforman con la parte rural de cada departamento (18 estratos). En la Encuesta se utilizaron dos tipos de instrumentos: cuestionarios para el encuestador y cuestionarios de auto-llenado. Cuestionarios para el Encuestador Cuestionarios de auto-llenado Cuestionario 1 Cuestionario 2 Características sociodemográficas e ingreso del Gastos diarios del hogar hogar Cuestionario 4 Cuestionario 3 Gastos para períodos superiores a la semana Gastos diarios individuales 288 Todas las consideraciones metodológicas sobre la EGIH se encuentran en INE (2008). 2.2. Ajustes por no respuesta y subdeclaración Estudios realizados para diferentes países han identificado significativos niveles de no respuesta y subdeclaración en los ingresos captados por las Encuestas de Hogares. Algunos de estos estudios, por otra parte, han determinado que dicha subdeclaración está asociada a las fuentes de ingreso, registrándose los niveles de subdeclaración más altos en las rentas del capital y de trabajadores independientes, siendo significativamente menores en salarios y jubilaciones. Si esta subdeclaración diferencial por fuentes de ingreso también implica una subdeclaración diferencial por estratos de renta, la evaluación de la desigualdad sin una corrección previa puede arrojar resultados incorrectos. Los ajustes por no respuesta y subdeclaración tienen mucho más de “arte” que de “ciencia” y dependen en cada país de las fuentes de información externas (a la Encuesta de Hogares) disponibles. Por tanto, para conocer las soluciones adoptadas en cada uno de los países aquí estudiados, se sugiere consultar los respectivos trabajos. Lo habitual ha sido, siguiendo la sugerencia de CEPAL, comparar, para las diferentes fuentes de ingresos, los valores que surgen de la Encuesta de Hogares con los de Cuentas Nacionales. En el caso de los salarios y las pensiones, las diferencias suelen atribuirse a subdeclaración. No obstante, en el caso de las rentas del capital, el muy bajo número de encuestados que declara recibir dichos ingresos deja en evidencia la presencia de una fuerte no respuesta. Engel et al (1999) proponen un método para corregirla. 3. El indicador de bienestar 3.1. Ingreso versus consumo Lo más frecuente en los países desarrollados a la hora de analizar los efectos redistributivos del IVA es considerar el ratio IVA/Consumo, mientras que cuando se analizan los efectos redistributivos del IRPF se considera el ratio IRPF/Ingreso. No obstante, en este trabajo, que pretende analizar el impacto conjunto de todo el sistema tributario, es obligada la elección de una u otra variable. En la literatura económica se ha debatido, y se continúa debatiendo, sobre si es mejor opción considerar el ingreso o el gasto como variable de referencia para medir el impacto en la equidad de la política fiscal. El fondo de la discusión se traduce en cuál de estas dos variables es el mejor indicador del bienestar. Tradicionalmente se ha preferido considerar el ingreso corriente, e incluso más recientemente, cuando ha comenzado a primar la idea de que la desigualdad relevante es la desigualdad de oportunidades (Sen, 1992), el ingreso ha sobrevivido como indicador de referencia pues se le considera como un muy buen proxy de las oportunidades que tiene un individuo. No obstante, últimamente el debate parece inclinarse a favor del consumo, no sólo porque se afirma que el bienestar proviene directa e inmediatamente de los bienes y servicios consumidos, sino porque, además, la elección del ingreso es objeto de varias críticas: 289 (i) La subdeclaración de ingresos en las encuestas de hogares es un fenómeno empíricamente probado. Algunos estudios, que han analizado dicha subdeclaración por fuentes de ingresos, la asocian al auto-empleo, los ingresos de los profesionales y las rentas de capital -lo que puede determinar una subdeclaración diferencial por estratos de ingresos, pues son los hogares más ricos quienes perciben rentas de capital. Por el contrario, este alto nivel de subdeclaración no se verifica en el consumo. (ii) Transitoriedad. La percepción (o no percepción) de determinado nivel de ingresos es en ocasiones transitoria y, por ejemplo, considerar dichos ingresos para medir el impacto del IVA –que grava el consumo- puede conducir a conclusiones erróneas. Si un jubilado logra acceder a un alto consumo, financiándolo con el desahorro propio de esta etapa del ciclo vital, la carga del IVA sobre sus ingresos resultará muy alta y, a la vez, poco informativa. Del mismo modo, si en el período de realización de la encuesta determinado hogar recibe un ingreso extraordinario -zafralidad-, la carga del IVA sobre dichos ingresos será muy baja y, también, poco informativa, pues se trata de ingresos que serán consumidos en los siguientes períodos 108 . Para solucionar el problema que introduce la transitoriedad de la percepción de ingresos, algunos autores han propuesto considerar el ingreso permanente (y no el corriente) como indicador de referencia. Dada su dificultad de cálculo, el paso siguiente ha sido proponer el consumo como mejor proxy del ingreso permanente. 3.2. Qué va en Ingreso, qué va en Consumo a) Valor Locativo y renta de los bienes durables Si se define como ingreso la retribución a todos los activos de un hogar (o individuo), no solo deberían considerarse las retribuciones al trabajo y al capital sino también la renta derivada del uso de los bienes durables propios 109 . En particular, por su relevancia, correspondería considerar los bienes inmuebles. Suele definirse como valor locativo el alquiler que los propietarios deberían pagar en caso de que tuviesen que arrendar la vivienda que poseen y habitan. Es claro, por lo dicho, que se trata de una renta no observable, que debe imputarse. Técnicamente, el valor locativo debe formar parte del ingreso y del consumo del hogar, de los que se parte para realizar el análisis, y así se ha recomendado proceder. Las Encuestas de Hogares suelen incluir una estimación, realizada por el propietario, de cuál es el alquiler potencial de su vivienda. b) Autoconsumo y autosuministro Suele entenderse por autoconsumo la producción doméstica de bienes que pudiendo estar destinados al mercado son consumidos por el hogar. La finalidad principal ha de ser la producción para satisfacer las necesidades de consumo del hogar, independientemente de la posibilidad de comercializar los excedentes. Por otra parte, suele entenderse por autosuministro el retiro de mercancías que el hogar efectúa para su consumo de una empresa de su propiedad no constituida en sociedad. 108 109 Este problema se agrava cuando la encuesta de hogares se realiza mediante una única entrevista y no durante varias entrevistas a lo largo del año. Gasparini y otros (2001) 290 Técnicamente, tanto el autoconsumo como el autosuministro deben formar parte del ingreso y del consumo del hogar de los que se parte para realizar el análisis y así se ha procedido. c) Ingresos corrientes (no extraordinarios) 3.3. Ingreso y Consumo antes de la Política Fiscal Si se adopta como indicador de bienestar el ingreso de las familias, el primer paso para medir el impacto redistributivo de la política fiscal consiste en determinar cuál es la distribución de dicho ingreso antes de la acción de la política fiscal. A posteriori, una vez definida la incidencia conjunta de la política tributaria y la de Gasto Público Social, por comparación entre la situación ex ante (sin política fiscal) y ex post (con política fiscal), se determina si dicha política resulta regresiva o progresiva y se estima su impacto redistributivo. 3.3.1. Transferencias Públicas El ingreso antes de la Política Fiscal. Si lo que se pretende es partir de la distribución del ingreso antes de la política fiscal, debe tenerse presente que el ingreso captado por las Encuestas de Hogares suele tener incorporadas transferencias públicas (monetarias) por lo que ya será, en cierto modo, un ingreso post política fiscal. En el siguiente cuadro se esquematizan los ajustes que correspondería hacer en el ingreso captado por las Encuestas para efectivamente partir del ingreso antes de la política fiscal (También se informan los ajustes para obtener el ingreso después de la política fiscal, que es aquel del cual parten algunos estudios). Transferencias Públicas Monetarias Transferencias Públicas No Monetarias Ingreso antes de la Política Fiscal Ingreso después de la Política Fiscal Incluidas en el ingreso captado por Incluidas en el ingreso captado por la la Encuesta => deducirlas Encuesta => OK No incluidas en el ingreso captado No incluidas en el ingreso captado por por la Encuesta => OK la Encuesta => valorarlas y sumarlas Consumo antes de la Política Fiscal. Del mismo modo, el consumo de los hogares ya ha sido financiado, en parte, por el Gasto Público Social. Por ejemplo, cierto porcentaje (más o menos relevante) del consumo de los hogares es financiado por las transferencias monetarias realizadas por el gobierno. Por tanto, se parte de un gasto que ya está afectado por la política fiscal. En el siguiente cuadro se esquematizan los ajustes que correspondería hacer en el consumo captado por la Encuesta para efectivamente partir del consumo antes de la política fiscal. 291 En este caso es importante señalar que las transferencias públicas monetarias que hayan recibido los hogares y, además, hayan afectado al consumo, estarán incluidas en el gasto monetario captado por la Encuesta. Correspondería, por tanto, deducirlas si es que efectivamente se quiere partir de un consumo prepolítica fiscal. No obstante, es claro que no hay modo correcto de hacerlo pues no se tiene la información respecto al consumo de qué bienes y servicios fueron afectadas dichas transferencias (y aún en caso de tenerla es dudoso que hiciera sentido económico). Consumo antes de la PF Consumo después de la PF Incluidas en el gasto monetario relevado por la Encuesta (si fueron Transferencias efectivamente afectadas al consumo Públicas Monetarias del hogar) => correspondería deducirlas, pero no hay modo correcto Incluidas en el gasto monetario relevado por la Encuesta => OK de hacerlo Transferencias Públicas No Monetarias No incluidas en el gasto No incluidas en el gasto monetario monetario relevado por la relevado por la Encuesta => OK Encuesta => valorarlas y sumarlas 3.3.2. De ingreso líquido a bruto (gross-up). Algunas de las Encuestas de Hogares informan la renta líquida, neta de las contribuciones a la Seguridad Social y de las retenciones del Impuesto a la Renta de las Personas Físicas (IRPF). La distribución de la renta pre-política fiscal es la de la renta bruta. Por tanto, corresponde realizar el proceso de elevación de la renta líquida a bruta (gross up). 3.3.3. Tratamiento de las pensiones La evaluación del impacto distributivo de las pensiones, cuyo efecto neto se verifica a lo largo del ciclo de vida, introduce problemas en un enfoque anual 110 como el que se ha realizado en estos trabajos. Antes que nada, parece claro que solo habrá efecto redistributivo si no hubo una contraprestación equivalente. En un sistema de Seguridad Social de reparto (o mixto), si, en términos actuariales, las pensiones recibidas por los pasivos actuales fueran superiores a las contribuciones realizadas durante el período activo, sería pertinente incluir la diferencia como transferencia pública. Del mismo modo, si las pensiones recibidas fuesen actuarialmente inferiores a las contribuciones realizadas durante la vida activa, sería pertinente considerar la diferencia como un impuesto. La correcta determinación de si se está ante una 110 Solo se cuenta con la información de los ingresos recibidos por los individuos de la muestra en el año de realización de la encuesta. 292 u otra situación no es posible en el contexto de un enfoque anual; por el contrario, solo puede realizarse mediante un enfoque de ciclo vital (y sin entrar en todos los problemas metodológicos que supone realizarlo). Una solución extrema es incluir las pensiones dentro de los ingresos originales de los hogares (ingresos antes de la política fiscal), en el supuesto de que son el beneficio (actuarialmente equivalente) recibido por una contribución anterior (al igual que los ingresos por intereses son la remuneración a un depósito previamente realizado). Otra opción, más compleja que se ha seguido en este trabajo es estimar los componentes de contraprestación y de subsidio de cada pensión, adjudicando el componente contraprestación al ingreso antes de la política fiscal e imputando el subsidio como transferencia recibida. Por un lado, se considera el valor presente de los beneficios obtenidos mediante la tasa de descuento, la esperanza de vida al momento de retiro y la pensión promedio inicial. Por otro lado, el valor actualizado de los aportes teniendo en cuenta la tasa de descuento (crecimiento de los salarios), la tasa de aporte y los años requeridos ajustados por el costo de administración. El efecto (neto) fiscal porcentual surge de la diferencia del cociente de valor actual de los beneficios sobre el de los aportes menos uno. En este resultado final juegan varios supuestos discutibles como es que ningún beneficiario se jubila sin los años de aportes que la legislación obliga, la tasa de capitalización de los aportes y el cálculo de la esperanza de vida al momento del retiro, entre otras. Alternativamente, se podría haber adoptado un análisis de microdatos de cohortes en varios períodos, lo que excedía el alcance de este trabajo. 3.4. Per capita o escalas de equivalencia Las diferentes necesidades de hogares de distinta composición y el surgimiento de las economías de equivalencia son explicados muy clara y rigurosamente por Ruiz-Castillo (2004). En esa explicación se basan los comentarios de esta sección. Para diseñar los deciles de hogares o de individuos, éstos suelen ordenarse según su renta per capita. Así se ha procedido en este trabajo. La opción es claramente superior a la de considerar la renta total del hogar; es evidente que un hogar de un solo miembro disfrutará de un mayor bienestar que un hogar de cuatro miembros con el mismo ingreso. Más aún, su uso es tan generalizado que, pese a sus limitaciones, se suele igualmente recomendar su cálculo. No obstante, es claro que no recoge correctamente las diferentes necesidades de los hogares. En efecto: (i) No toma en cuenta las economías de escala en el consumo del hogar. La existencia de bienes públicos o semi-públicos determina la aparición de economías de escala. Por ejemplo, el consumo de energía eléctrica de un hogar de seis personas no será el triple del de un hogar de dos personas. Estas economías de escala en el consumo determinan, entonces, que hogares con diferente tamaño tengan diferentes necesidades. (ii) No considera las diferentes necesidades de adultos y niños. Por tanto, hogares de igual tamaño pero diferente composición demográfica tendrán diferentes necesidades. 293 Como respuesta, ha surgido una literatura, tan vasta como controvertida, de las llamadas escalas de equivalencia, esto es, índices que se usan para convertir cualquier medida de bienestar de un hogar –ingreso o consumo- en una medida de bienestar equivalente, que permita la comparación entre hogares con diferentes necesidades. En los estudios futuros de este Proyecto, parece pertinente, por tanto, evaluar el impacto redistributivo de la política fiscal considerando no sólo el ingreso per capita sino, además, alguna medida de ingreso equivalente. Por ejemplo, Ruiz-Castillo (2004) considera para México la siguiente especificación para el gasto neto 111 equivalente: gastoneto/(adultos a menores) , siendo a = 1/3 y =0.8. 4. Unidad de análisis: hogares versus individuos Una decisión metodológica que debe adoptarse es considerar como unidad de análisis a los hogares o a los individuos. Por un lado, la teoría del bienestar recomienda que el análisis se centre en el individuo -los hogares no tienen “entidad moral”, señala Ruiz Castillo (2004)- y, por otro lado, los análisis de progresividad e impacto distributivo del sistema tributario se han centrado en los hogares, porque su interpretación resulta más intuitiva y porque se considera que el hogar, como unidad, decide la estrategia de ingresos y gastos familiares 112 . La decisión tiene implicancias pues es sabido que los hogares de menores ingresos tienen una cantidad promedio mayor de integrantes. Por ejemplo, la mayoría de los subsidios (GPS) se otorga a nivel individual. Dado que los hogares pobres tienen una cantidad de miembros mayor que el promedio, si se consideran deciles de hogares, el porcentaje del subsidio total que reciben esos deciles pobres resultará mayor que si se consideran deciles de individuos. En este trabajo, siguiendo la pauta metodológica común que el BID y EUROsociAL Fiscalidad han propuesto para los estudios de los demás países del MERCOSUR y Chile, se ha tomado como unidad de análisis a los individuos. Por tanto, a cada individuo se le imputa el ingreso per capita del hogar al que pertenece, los estratos de ingreso –serán deciles- contienen igual cantidad de individuos ordenados según este ingreso que se les imputa y se calcula la tasa promedio Impuesto/Ingreso (GPS/Ingreso) para cada decil. 111 112 Neto se refiere a luego de ajustes, como la imputación del consumo de bienes durables, que no es del caso tratar aquí. Debe reconocerse, no obstante, que la tendencia a defender la tributación individual en el impuesto a la renta personal (versus la conjunta) se apoya, entre otros factores, en la opinión contraria. 294 ANEXO II – Sobre el Sistema Tributario 1. Impuestos considerados La realidad de los países latinoamericanos en general y de Uruguay en particular, con alta participación de la tributación indirecta, de transferencias no monetarias y de transferencias monetarias no contributivas – asistencia social-, hace obligatorio un tratamiento más comprehensivo que el de los modelos tax benefit de la OCDE. En concreto, a efectos de determinar el impacto de la política fiscal en la distribución del ingreso se impone la consideración conjunta de todo el sistema tributario y del gasto público. No obstante, es necesario apresurarse a aclarar que, como los ejercicios de microsimulación realizados son “sin comportamiento” -es decir, no se estiman ni consideran las funciones de reacción de los agentes económicos ante la introducción de los impuestos- solo se ha decidido tener en cuenta en el análisis aquellos impuestos respecto a cuya incidencia económica –sobre quién recae, en definitiva, la carga del impuestoexiste amplio consenso, a saber: el Impuesto al Valor Agregado, los impuestos selectivos al consumo y el Impuesto a la Renta Personal. Por el contrario, no existe un consenso tan generalizado respecto a la incidencia económica del Impuesto a la Renta Empresarial y de los impuestos al comercio exterior. Por tanto, en lugar de realizar supuestos heróicos al respecto se ha preferido descartar su análisis. a) Se considera que el IVA es trasladado al consumidor final. Aún en el marco de modelos de microsimulación con comportamiento se supone que los precios de producción no cambian como consecuencia de las reformas impositivas y sí lo hacen los precios finales de consumo. Esto implica suponer respecto de la incidencia económica del IVA que la función de oferta tiene una elasticidad infinita y dicho impuesto es trasladado al consumidor final. En este trabajo también se ha adoptado este supuesto. Debe precisarse que correspondería considerar que no solamente se traslada al consumidor final el IVA incluido en las ventas de bienes y servicios gravados sino que también se traslada el IVA incluido en las compras de insumos intermedios y en la inversión que realizan los oferentes de bienes y servicios exonerados. No obstante, en esta primera versión del trabajo no se ha considerado este concepto. b) Se supone que las curvas de oferta de los bienes y servicios gravados por los impuestos selectivos al consumo son horizontales (elasticidad infinita), de modo que los productores de los mismos pueden trasladar los impuestos a precios. c) El Impuesto a la Renta de las Personas Físicas es soportado por quien percibe los ingresos. 2. Recaudación teórica o recaudación real En este trabajo se ha optado por asignar los impuestos determinando su base imponible a partir de la información de la EGIH y aplicando, luego, el tipo impositivo correspondiente (“recaudación teórica”) en vez de imputar la “recaudación real”. Tal cual se explica a continuación, la decisión se ha tomado al considerar el IVA, 295 el principal recaudador de Uruguay. La recaudación de IVA puede verse como el pago que realizan todos los agentes que no pueden descontar el impuesto, a saber: (i) los consumidores finales, (ii) el Gobierno y (iii) los sectores productores de bienes y servicios exonerados que compran insumos gravados con IVA. Respecto a (ii), el IVA del Gobierno, la “recaudación teórica” no lo imputa, lo cual es correcto. La “recaudación real” suele considerarlo y, por tanto, supone equivocadamente que el IVA que el Gobierno se recauda a sí mismo recae sobre los consumidores. Debe admitirse, no obstante, que es posible depurar la recaudación total del IVA pagado por el Gobierno. Respecto a (iii), el IVA incluido en las compras de insumos gravados por IVA que hacen los sectores productores de bienes y servicios exonerados, la “recaudación teórica” suele no imputarlo y, por tanto, se subestima el impacto 113 del IVA. No obstante, si se cuenta con una Tabla de Oferta-Utilización, puede imputarse . A su vez, la “recaudación real” sí lo imputa, pero incorrectamente, de acuerdo a la estructura de consumo (promedio) de los bienes y servicios gravados, que no es necesariamente igual a la de bienes y servicios exonerados. Dependiendo del diseño del impuesto, este monto puede ser no despreciable. Por ejemplo, Miraballes (2005) estimó que, antes de la Reforma Tributaria, un 25% de la recaudación del IVA de Uruguay se originaba en estas compras. Por otra parte, la “recaudación teórica” no considera la evasión y, por tanto, sobrestima el impacto del IVA. Pero la “recaudación real”, que sí la considera, supone que (a) juega igual para las compras de los hogares de menores ingresos que para las de los de mayores ingresos y que (b) la evasión “llega” al consumidor -se traslada con el mismo supuesto que el impuesto-, lo cual no es necesariamente cierto pues es probable que buena parte se lo apropie el vendedor. Finalmente, entre los principales objetivos de los estudios de incidencia fiscal está el realizar simulaciones. Parece claro que la forma idónea de hacerlo es vía “recaudación teórica”, desde que es imposible realizarlo con recaudación real. 113 Ver, por ejemplo, Roca y Vallarino (2003) para Ecuador. 296 ANEXO III – Sobre el Gasto Público Social 1. Gasto Público considerado En estos trabajos, al igual que en la mayoría de la literatura sobre el tema, sólo se ha considerado el habitualmente denominado Gasto Público Social (GPS), esto es, educación, salud, pensiones y asistencia social (gasto público social focalizado). La razón es que no existen principios generalmente aceptados ni para valorar financieramente los bienes públicos puros (defensa, justicia, administración general) ni para identificar a sus beneficiarios. Respecto a lo que aquí llamaremos asistencia social, cabría definirla –siguiendo a Lindert, Skoufias y Shapiro (2005) 114 - como las trasferencias públicas –monetarias o en especie-, habitualmente no contributivas, que tienen como objetivo central reducir la pobreza y la desigualdad en la distribución del ingreso a través de la asistencia focalizada a individuos u hogares pobres. 2. Imputación del Gasto Público Social 2.1. Identificación de los beneficiarios La EGIH permite la identificación individual (microsimulación) de los receptores del GPS. Nótese que al limitar el grupo de beneficiarios a los receptores del GPS, se ignoran posible externalidades positivas, tanto contemporáneas como futuras, que pudieren surgir de estos egresos públicos. 2.2. Supuestos (heroicos) de la imputación del GPS La forma más habitual de asignar el GPS es identificar a sus beneficiarios a partir de la encuesta de hogares con la que se trabaja y a ellos asignarles el monto del gasto público que figura en la ejecución presupuestal de los Ministerios respectivos –salud, educación, social, etc.-. Éste es el procedimieno que se ha seguido en este trabajo. Debe reconocerse que, aunque prácticamente ineludible, este procedimiento es cuestionable por varias razones, a saber 115 : i) Se supone, implícitamente, que el beneficio recibido es igual al costo (medio) de la provisión del bien o prestación del servicio. Un mayor gasto de GPS será interpretado como un mayor beneficio para su receptor, siendo que este mayor gasto puede responder a mayores costos provocados por ineficiencias en su prestación. Tampoco se analiza si la provisión privada del rubro pudiere ser más eficiente. ii) El ejercicio no incluye consideraciones relativas a la calidad del GPS. Si determinado gasto público –por ejemplo, el gasto en educación primaria- resulta progresivo, se computará una mejor distribución del ingreso una vez recibido dicho gasto e implícitamente se le estará juzgando como positivo. Este no será necesariamente el caso si, en la realidad, la asistencia a la educación pública es una casi segura 114 115 Los autores definen cuidadosamente la asistencia social comparándola con la Seguridad Social. Véase CEDLAS (2005). 297 condena a un pronto fracaso estudiantil y, en consecuencia, a la imposibilidad de acceder a los empleos mejor remunerados. iii) Se considera que la totalidad de las partidas presupuestales es recibida por los beneficiarios, es decir, que no hay desvíos de las transferencias públicas debido a, por ejemplo, corrupción. Si no fuese éste el caso, se estaría sobrestimando el impacto del gasto público. iv) Este supuesto ignora diferencias en los costos de prestación entre grupos; por ejemplo, los costos educativos en escuelas urbanas y rurales. v) Al considerar exclusivamente la ejecución presupuestal de los diferentes rubros del GPS, no se está imputando ninguna renta por el uso de la inversión –edificios y equipamiento-, que puede ser relevante en casos como el de la salud. Aunque existen diversos modos de estimar esta renta, se han dejado de lado por las complicaciones que dicha estimación introduce. vi) Por tratarse de microsimulaciones sin comportamiento, se escapa al análisis la posibilidad de que la transferencia pública desestimule la oferta de trabajo. 298