This Instrumentum Laboris which is now being presented to the

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This Instrumentum Laboris which is now being presented to the
REESTRUTURAÇÃO PARA A MISSÃO
ESPERANÇA EM AÇÃO
Instrumentum laboris
Introdução
Este Instrumentum laboris, que é apresentado ao XXIV Capítulo Geral pelo Conselho Geral,
tem como único objetivo ser uma ferramenta para a reflexão, as discussões e decisões que os
Capitulares terão de fazer (cf. XXII Capítulo Geral, 1997, postulatum 1.4).
O documento tem três capítulos e um apêndice. Durante o Capítulo será dado tem para um amplo
estudo e discussão do seu conteúdo.
O primeiro capítulo do Instrumentum laboris apresenta uma análise da Congregação pelo Conselho Geral. O Conselho Geral enfatiza o ¨porquê” da reestruturação e convida os Capitulares a
avaliar a urgência histórica do momento.
O segundo capítulo apresenta valores, atitudes e conceitos chaves de nossa espiritualidade que
podem iluminar os desafios da reestruturação em vista da Missão Redentorista.
O terceiro capítulo contém o relatório da Comissão para a Reestruturação, que inclui diversas
propostas importantes. Recordamos os objetivos específicos que foram indicados a essa Comissão pelo XXIII Capítulo Geral (cf. Orientações, 11.2):
• um funcionamento mais eficaz das estruturas em nível geral, (v) provincial e regional;
• maior solidariedade na formação inicial e permanente;
• intercâmbio mais eficaz de pessoas entre as Unidades da Congregação, para responder
aos novos desafios que se apresentam à nossa missão, p. ex., a imigração;
• uma melhor coordenação de recursos econômicos;
• apoiar de maneira mais ágil as Províncias que enfrentam crises específicas ou o envelhecimento dos membros ou uma possível extinção;
• a necessidade de resolver a questão da representação no próximo Capítulo Geral.
Atualmente a Congregação está estruturada em seis Regiões; três das Regiões são estruturadas
com sub-Regiões. As Regiões são: América do Norte, América Latina e Caribe, Europa-Norte,
Europa-Sul, África e Madagascar e Ásia e Oceania. Durante este ano, os Superiores maiores
das seis Regiões reuniram-se com o Padre Geral, os membros do Conselho Geral, os Moderadores do Capítulo, os membros da Comissão de Reestruturação e periti para refletir e preparar o
Capítulo Geral. Um apêndice apresenta as propostas feitas à Comissão de Reestruturação
durante as seis reuniões regionais. Essas propostas estão agrupadas em quatro seções que correspondem a categorias no relatório da Comissão de Reestruturação: Conferências e subConferências (e a questão de sua autoridade), Rede de Inter-Conferência, o Capítulo Geral
e o Conselho Geral.
Finalmente, o Conselho Geral oferece várias propostas a serviço da Missão da Congregação.
Capítulo I
Nesta primeira parte do Instrumentum laboris queremos oferecer uma análise da Congregação hoje da perspectiva particular da reestruturação. Queremos considerar as razões teológicas e práticas que levam a Congregação a uma nova apreciação de sua missão e de suas
estruturas. Estamos muito conscientes de que essa escolha pode excluir alguns aspectos importantes de nossa vida e não tratar as preocupações específicas de Regiões individuais.
Reestruturação: porquê, o que e aonde está levando?
1. Chamados a “cuidar da vida apostólica de todo o Instituto” (Const.107), o Capítulo Geral é dócil
à voz de Deus, que interpela continuamente a Congregação no mundo e na Igreja (Const.108).
2. Como sempre, nosso ícone permanece o Redentor, que vem não para condenar mas para
salvar. O Redentor que, por meio de seu autoesvaziamento (kénosis), se une à realidade
do mundo para demonstrar seu amor, para o servir e redimir. O Redentor escuta, entende,
acolhe e sofre, também descobre e realiza no mundo aquilo que corresponde à vontade do
Pai. O Redentor, em sua ressurreição, dá a todos nós a verdadeira vida e um novo sentido
para a nossa existência. O Redentor nos dá seu Espírito para recriar e nos enviar a proclamar a Boa Nova aos pobres e nos fortalece para estabelecer o Reino de Deus.
3. Sob a guia do Espírito Santo, que a Seqüência de Pentecostes chama “o Pai dos pobres”,
proclamamos com nossas vidas, nossas palavras e estruturas a novidade do Reino que foi
revelado em Jesus: “a fim de que todos sejam um” (Jo 17,21).
4. Nos últimos anos, a Congregação tem também perguntado a si mesma o que Deus quer dela.
A reflexão tem progredido para enfocar sempre mais na reestruturação como uma escolha
que é exigida pela nossa missão hoje. Nas páginas seguintes queremos resumir as principais
razões por detrás dessa escolha, o que significa reestruturação e aonde ela está levando.
I. O porquê da reestruturação
A nossa missão num mundo globalizado
5. Se consideramos a quantidade e a qualidade das mudanças que experimentamos pelo mundo
afora, devemos reconhecer que a atual realidade global é única. Provavelmente é esta a primeira
vez na história em que tantas mudanças acontecem em tão breve período e em tão vasta escala.
Para entender o mundo de hoje, entre as muitas característica, uma sobressai: a globalização.
6. A Internet é talvez a primeira imagem que vem à mente para descrever as relações globais,
“um tipo de rede”, potencialmente acessível a qualquer pessoa. Porém, pensamos também na
propaganda, que impõe o mesmo produto praticamente em toda parte. De fato, os jovens se
vestem e pensam do mesmo modo. A televisão, a qual – por causa do domínio de um formato
padronizado e graças aos satélites – transmite tipos semelhantes de programas para todos os
continentes. De modo mais geral, pensamos no tremendo poder dos meios de comunicação,
que são capazes de modificar ou transformar uma cosmovisão como também o comportamento e modos de pensar dos seres humanos.
7. Um mundo globalizado também significa que a bancarrota num país torna-se uma crise financeira para todo o planeta. Como resultado, o estilo de vida e as aspirações tendem a se tornar
as mesmas por toda parte, com um denominador comum: a predominância de negócios, tecnologia e um mercado “livre” com pouco ou nenhum controle que o regule. Essas características
já têm conseqüências importantes para a nossa missão. Vamos mencionar algumas.
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 3 8. Um claro problema é a ambigüidade de tantas mudanças em andamento. Se é verdade
que ela traz oportunidades, reconhecemos que a globalização também implica riscos terríveis, sobretudo em detrimento dos mais pobres, dos marginalizados e dos excluídos.
9. O estilo de vida contemporâneo deixa cada vez menos espaço para a atenção ao próprio
espírito e consciência (Mt 16,26; Jo 6,63). Percebemos sempre mais que o nosso mundo
se tornou uma aldeia global, mas o ar que se respira é o das grandes cidades, onde as relações são muitas vezes impessoais, onde se vive mais para consumir do que para conversar, onde já não há tempo para se encontrar com Deus.
10. Assim, o mundo globalizado universalmente impõe uma urgente necessidade de evangelização no sentido estrito. Proclamar o Evangelho como a oferta de uma vida boa, bela e plena é
visto hoje como uma enorme tarefa porque se opõe à tendência geral para uma vida de facilidade, de gratificação imediata, um culto de imagens e a assim chamada”vida líquida” conforme descrita por Zygmunt Baumann. Fenômenos como o anticlericalismo ou o declínio da
participação na Missa não deve preocupar tanto quanto a razão que está por detrás: um mundo que está fechado à novidade de Deus, um mundo que não crê no amor de Deus.
11. O destino do último na sociedade desafia o primeiro. Não podemos responder à evangelização dos mais abandonados apenas “localmente”. Não podemos pensar na bolsa de valores e ao mesmo tempo esquecer as aldeias mais abandonadas. Precisamos concentrar e investir recursos em razão dos mais pobres, e fazer isto pensando globalmente.
12. Ao passo que no passado os missionários viajavam ao longo de dois eixos – do Norte ao
Sul e do Oeste ao Leste – uma imagem que cada vez mais passou a descrever a nossa
missão é mais uma vez a de uma rede. Por isso, um emblemático desafio para nós hoje é o
fenômeno da imigração, sinal de um mundo no qual os destinos de todos estão entrelaçados, onde a pregação do Evangelho requer respostas novas e menos estáticas.
13. No século passado, a resposta da Congregação ficava entregue principalmente à iniciativa e
autonomia de cada Unidade. Como resultado, hoje vemos a missão que parece com os lugares esparsos de um couro de leopardo. Algumas Unidades têm abundância de recursos humanos e materiais, muitas vezes excessivo para a modesta soma de trabalho que realiza.
Outras Unidades lutam para sobreviver e não sabem como responder aos muitos pedidos de
trabalho missionário. Existe claramente um real desequilíbrio, uma desproporção que o Capítulo Geral, em primeiro lugar, é chamado a considerar, para dar uma solução.
Algumas necessidades urgentes comuns a todas as Regiões
14. Essas observações gerais já pedem uma resposta. Mas se olhamos mais amplamente para
o mundo de hoje – como a visão de um satélite – poderemos vislumbrar outras necessidades prementes. Limitamo-nos a mencionar algumas que são comuns a toda a Congregação, bem sabendo que cada Região deve investigar e identificar as suas próprias, e perguntar em cada contexto o que Deus quer.
15. A primeira questão é: olhando para este mundo, podemos dizer que estamos presentes
entre os pobres mais abandonados? Até que ponto temos a peito a paixão que inspirou
a vida de Afonso de Ligório, como também a localização de nossas primeiras casas? A
experiência nos diz que num mundo em continua mudança, é uma luta ativar o necessário
dinamismo missionário (Const. 14). Às vezes nos instalamos. Em muitos casos as nossas
fundações começaram como resposta a uma necessidade pastoral urgente e hoje exercem
um ministério ordinário que é comparável a muitas paróquias diocesanas. Ficamos presos
em condições e estruturas e nas quais a nossa atuação já não é missionária (Const. 15).
4 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
16. Porém, a geografia oferece outros desafios perturbadores para o futuro da Congregação. Por
exemplo, é claro que em algumas partes do mundo, a presença dos Redentoristas em sua tradicional forma está “morrendo”: Austrália, Europa Ocidental e América do Norte são lugares
onde esse futuro parece inexorável. A reestruturação deve responder a pergunta: isto é vontade de Deus? Os Redentoristas têm uma missão também dentro de uma sociedade secularizada? Como podemos reapresentar o Evangelho àqueles que não o recebem como “Boa Nova” (Const. 3)? como podemos repensar a formação inicial e permanente e administrar nossos
recursos a fim de servir os mais abandonados nessas Regiões? Somos capazes de vislumbrar
a presença de pobres abandonados no próprio coração de uma sociedade rica (por ex., os imigrantes)? Como podemos aproveitar a disponibilidade dos leigos para nos ajudar?
17. Ao falarmos de Regiões, sabemos que cada uma tem necessidades pastorais urgentes que
muitas vezes são específicas e diferentes. Porém, globalmente, a Congregação é desafiada de
modo especial pela África e Madagascar. Do ponto de vista da Igreja, este é o continente
jovem par excellence, que apresenta fortemente a questão da inculturação. Aqui encontramos o mais eloqüente símbolo do grande abismo que separa ricos e pobres neste mundo e
portanto é um desafio para redescobrirmos nossa luta pela paz e pela justiça e o sentido profético de nossa proclamação em outras Regiões também. Como podemos consolidar nossa
missão neste continente que é tão rico de esperança e ao mesmo tempo tão frágil?
18. Um outro sinal dos tempos que requer a reestruturação é o destino de algumas Unidades,
na África e Madagascar e em outros lugares, de acabar ficando órfãs porque as Províncias
que as fundaram já não são capazes de sustentá-las, tornando-as possivelmente uma necessidade premente para a Congregação inteira. Se falamos de Haiti, Líbano, Iraque, Congo,
Japão e Suriname, é somente para dar alguns exemplos de uma realidade mais ampla, realidade que pede uma reconsideração de nossas estruturas, nossa solidariedade financeira e
nossos recursos humanos.
A Congregação perante este mundo
19. As atuais estruturas da Congregação ajudam-na a responder a esses desafios, ou devemos fazer algo para reexaminá-las? Mais uma vez nos limitamos a apresentar alguns elementos comuns a todas as Regiões, e somente as necessidades que julgamos que chamam
nossa atenção com mais urgência.
20. A primeira impressão é a de certo provincialismo, herança de um mundo feito de “nações” e “colônias”. Estamos habituados a pensar e buscar respostas com quaisquer recursos à nossa disposição. É uma luta deixar a própria terra, abrir-se a novos horizontes culturais, mudar. Essa luta está ligada a dificuldades internas de nossas vidas, que nos impedem de construir vida comunitária, rezar juntos e trabalhar como equipe.
21. Para alguns, esse provincialismo é reforçado pela Constituição 121, que reconhece na Província uma notável autonomia: “A Província é uma unidade orgânica da Congregação, pessoa jurídica erigida pelo Conselho geral. Consta de várias comunidades sob um mesmo superior, e é dotada dos órgãos necessários à sua vida…” às vezes isto leva à presunção de
uma certa auto-suficiência que vai contra as condições mudadas do trabalho pastoral e ignora os novos desafios, como a formação inicial e permanente.
22. Uma expressão de provincialismo é a atual descentralização, que tem conseqüências em diversos níveis. Devido mais à mentalidade “provincial” acima descrita do que a obstáculos canônicos, o Governo Geral tem uma função limitada. Em todo caso, é impossível para o Governo Geral supervisionar no nível central e, ao mesmo tempo, pretender ser eficaz em âmbito local por causa das limitações de tempo e outros compromissos, como também de uma inadequada compreensão das diferentes situações, etc. As Constituições e Estatutos não pre
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 5 vêem estruturas intermédias entre o Governo Geral e as Unidades individuais, nem tampouco
elas promovem suficientemente cooperação inter-provincial: apenas as Constituições 141-143
tocam nesse assunto. As Regiões não têm nem os meios nem a autoridade para organizar suas
forças diante das prementes necessidades da missão. Este princípio de descentralização encontra-se também nas Unidades individuais, onde, em certo número de casos, os superiores
são escolhidos mais com base nas preferências pessoais e na esperança de ser incomodado o
menos possível, do que pela real função de liderança, a de dar visão e direção ao serviço da
missão. Em outros casos, as eleições (vice-)provinciais tornam-se um processo “político” que
divide ou até paralisa os confrades de tal modo que se deve perguntar até que ponto esse processo tem algo a ver com “discernimento”.
23. A formação inicial é a primeira a sofrer com esse provincialismo. Freqüentemente existe
um medo de realmente desafiar os jovens, de convidá-los a deixar sua própria cultura. Ficase satisfeito com seu grupo, ainda que pequeno e com seus formadores, embora despreparados. Os nossos candidatos são preparados muitas vezes para responder “localmente”, esquecendo o “global”. Deveria ser inaceitável, confiar numa formação apressada, muitas vezes improvisada, com freqüentes mudanças de diretores e programas e onde o número de
colegas é reduzido a ponto de empobrecer o processo formativo. Todos nós sabemos muito
bem as conseqüências em termos de perseverança e dinamismo missionário.
24. Mesmo o nosso modo de conceber as escolhas a serviço da missão envolve a reestruturação.
Alguns Superiores (v) provinciais se queixam do individualismo de confrades que optam por
um ministério fora das prioridades comuns partilhadas. Às vezes, porém, esta mesma atitude
se reflete em nível mais amplo, quando algumas Unidades são tentadas a fazer escolhas com
base numa exagerada autonomia sem fazer um profundo discernimento, por ex., com base
em prioridades que requerem respostas mais fortes em nível de Congregação. Às vezes alguns necessidades urgentes que pedem uma resposta de nosso carisma permanecem desatendidas ou simplesmente no papel porque não se acha nenhum voluntário.
25. No fim de 2007 um questionário elaborado pela Comissão Preparatória Central (CPC) do
XXIV Capítulo Geral e baseado nos princípios da reestruturação foi enviado a todas as Unidades da Congregação. As questões e preocupações que surgiram das respostas ao questionário refletem importantes elementos de nossa Vita Apostolica. Toda revisão de nossas estruturas pelo Capítulo Geral deve considerar essas conseqüências.
26. O questionário revelou muitos elementos significativos e positivos para se viver o carisma e
a espiritualidade da Congregação. Aqui queremos concentrar nossa atenção nas seguintes
questões desafiadoras que surgiram das respostas ao questionário. Essas questões requerem
alguma resposta no modo de o Capítulo Geral tratar e renovar as estruturas da Congregação.
• A “questão de Deus”: Communicanda 2, Redenção, 2006, já afirmava que “Talvez a
proclamação mais primordial do Evangelho seja anunciar com convicção que Deus está
vivo, mesmo num tempo como o nosso” (28). Para alguns, a nossa fé básica em Deus é
a questão mais profunda que enfrentamos. Um outro modo de articular essa dificuldade
é em termos de nossa relação, como indivíduos e como comunidade, com Jesus o Redentor. Será esta uma crise que nós Redentoristas não queremos tratar?
• Outros se preocupam com a nossa identidade como Redentoristas no século XXI. Estamos em algum sentido identificados com os pobres como a Constituição 4 prescreve:
se Cristo quis identificar-se com eles, então não devemos nós encontrar nossa identidade
com eles? Também a Constituição 52 indica a “caridade apostólica” como o que nos identifica com o Cristo. Esta identidade é óbvia para os outros? Alguns acham tão frágeis
6 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
nossas atuais estruturas e o estilo de nossa vida religiosa, que não mais dão forma a nosso
viver cotidiano. Nesta opinião, tornamo-nos amplamente invisíveis, inidentificáveis.
• Dinamismo Pastoral: A questão que se põe é se nós perdemos nosso “corte” em termos de libertação, de salvação da pessoa humana toda, de promoção dos direitos fundamentais à justiça e à liberdade (Const.5), etc. Talvez haja um nevoeiro em nosso senso de missão e nervosidade diante de novos desafios apostólicos (migrantes e povos itinerantes, preconceito, xenofobia, a “exclusão” dos pobres, etc.). Alguns têm uma preocupação real de que o aspecto profético de nossa vocação redentorista seja ignorado ou
comprometido. Será que nos instalamos em condições e estruturas nas quais nossa atuação já não é missionária, não obstante o que diz a Const. 15? Pergunta-se se nós desistimos de perguntar e responder a profundas e incômodas perguntas, como: ‘Onde Deus
quer que estejamos?’ ou ‘Quem são os pobres abandonados?’
• Sendo que uma “lei essencial de nossa vida” é que vivamos e trabalhemos em comunidade (Const. 21), alguns se lamentam que descuidamos a vida comunitária e que houve uma perda de espírito contemplativo.
• Entre outras preocupações encontradas no questionário estão o declínio do número de
confrades, Regiões com poucas vocações ou com nenhuma, Regiões com demasiados
aspirantes, a idade avançada dos confrades, a falta de formadores qualificados, a formação necessária para um mundo em mudança, as diferenças em cultura e práticas que
aparecem em projetos comuns de formação e uma carência significativa de perseverança. Todas essas são visões válidas sobre o estado da atual da Congregação.
• Alguns ressaltam um declínio na formação intelectual no nível de pós-graduação
(por muitas razões, inclusive por haver poucas casas redentoristas especificas de estudo) (Const. 90). Vale a pena notar que a Const. 90 afirma claramente que “os estudos superiores” – como todo o resto – são promovidos “para mais eficazmente atingir sua finalidade missionária”.
• Outros comentam a falta de liderança em nível local e de Unidade e a premente necessidade de rever e renovar as estruturas de governo. Este processo não se efetua simplesmente mudando o nome das estruturas, por exemplo, de “Regiões” para “Conferências”,
mas deve atingir as áreas de efetiva autoridade e competência.
• Finalmente, alguns acham que muitas das estruturas que herdamos do passado não
servem mais a missão da Congregação (cf. Const. 15 e XXIII Capítulo Geral, 2003,
Orientações, 11).
II. O que é reestruturação
27. Uma visão geral da realidade do mundo e, acima de tudo, da nossa consciência missionária
levou-nos à tarefa expressa com um termo aparentemente frio: reestruturação. Porém – o
que é muito importante – essa palavra contém algumas conseqüências espirituais notáveis.
28. Do modo como a Congregação entendeu essa palavra nos últimos anos, reestruturação significa
colocar nossas atuais estruturas (Governo Geral, Províncias, Vice-Províncias, Capítulos, Regiões e Formação, etc.) a serviço de nossa missão. Isto nos ajuda a entender que a reestruturação
não é um fim em si mesma, mas um meio, uma tentativa de responder melhor às urgentes necessidades da missão. Ela se refere, antes de tudo, a uma avaliação de nossas estruturas; depois
– se necessário – a questioná-las e repensá-las. Isto exige um exercício de fidelidade criativa,
que nos anos recentes o Magistério freqüentemente pediu aos religiosos e religiosas.
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 7 29. Reestruturar, repensar: aqui há o risco de reduzir essa grande tarefa a uma operação mental,
uma estratégia ou simplesmente reorganização. Quando falamos sobre reestruturação, estamos de fato pensando em algo mais profundo, motivado por algumas necessidades concretas que a Congregação enfrenta hoje.
30. Antes de tudo, estamos lidando aqui com uma conversão espiritual, “uma mudança” que
é um dom de Deus. Às vezes há uma falta de uma autêntica alegria missionária em nosso
trabalho e em nossas comunidades. Isto pode ser sinal de uma frágil teologia e de fracas
motivações espirituais. Freqüentemente esse estilo de vida exprime uma resignação implícita, um prelúdio para a desistência. Às vezes caímos numa armadilha de individualismo que leva cada um a olhar “suas próprias” soluções. Temos de voltar à nossa fé no Espírito que faz renascer todas as coisas e pessoas, que faz a vida florescer de novo onde
nossos olhos não o vêem, que abre um caminho no deserto e crias rios na estepe (Is
43,19). É necessário nascer de novo e é só a graça de Deus que pode fazer este milagres.
31. A conversão deve enfocar nossa missão, levando-nos a entender que Deus está nos mostrando
novas urgências e abrindo novos ambientes hoje. É Deus que desperta em nós uma nova liberdade, nova disponibilidade, uma imaginação corajosa e uma maior agilidade em nossas estruturas.
32. Precisamos de uma liberdade mental para nos libertar de certas formas de missão, que no passado nos levaram a uma “definição”, portanto a uma limitação, de nossa identidade. Como resultado, quando essas formas entraram em crise, as profundezas de nosso ser foram questionadas. Isto
foi sentido sobretudo nas Regiões onde as missões paroquiais eram vistas como “a primária expressão de nosso carisma”. A necessidade do Evangelho e de pão que o mundo de hoje sente,
convida a uma séria revisão de nossos métodos e do conteúdo de nossa proclamação.
33. Nesse processo, uma especial função é atribuída ao valor próprio de nossa consagração
religiosa, que às vezes é posta entre “parênteses” em nossas avaliações e planejamentos,
sendo vista às vezes como uma questão pessoal. Na realidade, a consagração oferece a
mais potente força motora de nosso dinamismo missionário; dela recebemos a coragem
dos profetas, a disposição para deixar nossa terra e o impulso para os mais abandonados.
34. A experiência nos ensina, também, que temos de ser convertidos especialmente do difuso e
persistente clericalismo. Isto significa não somente um modo diferente de entender a vocação sacerdotal, mas também um modo diferente de ver o mundo. Fizemos progressos em
nossa parceria com os leigos e o crescente número dos que estão engajados em nossa missão
traz alegria a nossos corações. Porém, temos um longo caminho a fazer para entender melhor o mundo por dentro, em diálogo com os leigos. Talvez isto nos fará compreender que
Deus já está atuando neste mundo e que a nossa sociedade interiorizou muitos valores do
Evangelho, mesmo se não são reconhecidos como tais. Os leigos e as leigas vão nos ajudar a
identificar melhor a questão da salvação e a evitar respostas apressadas e pré-fabricadas.
35. O nosso compromisso deve ser marcado por uma clara e precisa consciência de sermos religiosos. Nossos Irmãos nos conscientizam de que a nossa profissão religiosa é “o ato que
define toda a vida missionária dos Redentoristas” (Const. 54). Como religiosos, os Redentoristas são chamados a dar um testemunho profético da vontade do Pai no contexto concreto do mundo hodierno. Como religiosos que seguem a Cristo, queremos assumir e viver
uma solidariedade que revela e proclama a presença redentora de Deus em nossa vida hoje.
36. Portanto, temos de redescobrir a vocação e dar um alto valor à função do Irmão Redentorista, no contexto da vida comunitária e da comum consagração, para reviver um estilo
de serviço em tudo o que fazemos. Precisamos de coragem e imaginação, como também
de vencer os preconceitos, a fim de criar a função de um Irmão que é bem integrado na
missão e dá uma contribuição particular à evangelização.
8 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
III. Alguns objetivos para a reestruturação
37. Na terceira parte deste Instrumentum laboris, a Comissão de Reestruturação apresenta algumas propostas concretas de ação, que precisam ser decididas pelo Capítulo Geral. Elas
especificam claramente alguns objetivos aos quais é direcionada a reestruturação: dar maior autoridade às Regiões, favorecer um intercâmbio de pessoal, propiciar maior agilidade ao
Capítulo Geral, etc. Esses são os objetivos mais gerais. Com base em nossa experiência,
gostaríamos de apresentar alguns mais concretos, que são eles próprios razões pelas quais
devemos rever nossas estruturas.
38. Cremos que devemos citar primeiro a formação, particularmente, a formação inicial. A
Congregação deve preparar futuros missionários que sejam capazes de trabalhar num grupo
internacional. Mais do que nunca, nossos noviciados e teologados precisam tornar-se centros internacionais ou interprovinciais para a formação onde o serviço de formadores qualificados é uma constante e uma sólida formação redentorista é integrada com a acadêmica.
39. Ademais, parece que precisamos urgentemente de uma coordenação melhor e mais eficiente
de atividades pastorais comuns em toda a Congregação mas que acontece apenas no nível
local. Por exemplo, estamos pensando aqui na pastoral da juventude, na parceria na missão,
nossos esforços no mundo da comunicação de massa e da imprensa, na pastoral dos santuários e das escolas. Poderíamos citar muitos outros exemplos, mas todos eles indicam a necessidade de um esforço maior para obter uma visão comum, uma avaliação de nossos recursos e
experiências partilhadas. Para atender a essas necessidades, precisamos urgentemente encontrar novas estruturas.
40. Uma real necessidade se percebe no campo da ação social. Se a evangelização constitui a
raison d’être essencial para a Congregação na Igreja, ela deve também ir de mãos dadas com
a opção pelos pobres (Const. 5). Além disso – e este é um outro sinal dos tempos – o mundo
contemporâneo crê em nossa proclamação na medida em que fazemos gestos concretos para a
libertação da pessoa humana toda (Const. 5). Nós, que tivemos a graça de visitar muitos dos
78 países do mundo onde a Congregação trabalha hoje, ficamos admirados ao ver o que tem
sido realizado e o que continua a ser feito: escolas para os mais pobres, projetos para dar moradia e água, associações para a solidariedade, voluntários, atendimento a pessoas com deficiência, etc. Alguns confrades erguem a voz e empregam sua energia em movimentos contra as
estruturas políticas, legais e econômicas injustas da sociedade. Mas é também verdade que
muitas Unidades fazem “o que podem” com recursos incertos. É necessária uma maior coordenação para incrementar o que está sendo feito e tornar-se mais visível no processo de solicitar e organizar recursos. Isto também pode abrir novas oportunidades para a evangelização.
41. As nossas finanças estão sendo repensadas num modo global. Não devemos esquecer as muitas
coisas que têm sido realizadas nos anos recentes. As generosas contribuições de muitas Províncias ao Fundo de Solidariedade da Congregação devem ser reconhecidas, já que, em muitos casos, este fundo nos tem permitido responder a urgências reais. Porém, a realidade de nossas finanças reflete uma mentalidade “provinciana”. Algumas Unidades têm grandes recursos, enquanto outras lutam para sobreviver. Algumas Unidades solicitam regularmente auxílio do Governo Geral, outras não ousam pedir por causa de um equivocado senso de autonomia ou talvez
porque têm vergonha. Há necessidade de um fundo comum no nível da Congregação, acima de
tudo para projetos que dependem diretamente da Congregação inteira e então devem ser aceitos
como responsabilidade partilhada: por ex.. o Fundo de Solidariedade, um futuro Fundo para África e Madagascar, a Academia Alfonsiana e instituições sob os cuidados do Governo Geral.
Precisamos de políticas claras, porém mais ainda, de uma nova mentalidade que nos levará a
partilhar globalmente com todos “conforme as necessidades de cada um” (At 2,45).
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 9 42. Um outro exemplo que requer reestruturação são os vários serviços no nível central, que
se referem à Congregação como um todo e não (Vice-)Províncias individualmente. A Academia Alfonsiana é o caso mais evidente, mas existem outros, como o Serviço de Comunicação, o Instituto Histórico, os Arquivos Gerais, o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro, a promoção de nossos Santos e Beatos e outros serviços da Cúria Geral. Essas instituições requerem pessoal qualificado e um empenho generoso por parte da Unidades, em
vez de o Governo Geral ter de periodicamente mendigar para resolver um problema que interessa a todos nós. A reestruturação deve ajudar também nessa área, podando “ramos” menos úteis e revitalizando os mais necessitados.
43. Junto com essas exigências, uma necessidade especial é apresentada pelas comunidades
internacionais e interprovinciais, que podem fornecer uma possível solução às questões
de atendimento pastoral aos imigrantes e grupos multiculturais ou multilinguais (por ex., a
pastoral nos santuários). Uma função decisiva pode ser exercida pelo Governo Geral em colaboração com as Regiões, mas uma palavra forte do Capítulo Geral sobre a reestruturação
poderia certamente acelerar o processo. Entre as possibilidades, pode-se considerar uma delegação de jurisdição da parte do Conselho Geral para a presidência de uma Região/Conferência com o objetivo de governar novas comunidades internacionais.
44. Movida pela Palavra de Deus e inspirada por nossas Constituições e Estatutos, a reestruturação é essencialmente uma tarefa de discernimento destinada à realização de objetivos concretos. A nossa principal intenção é colocar tudo o que somos e fazemos mais efetivamente e
fielmente a serviço do Reino, “continuando o exemplo de Jesus Cristo Salvador, pregando
aos pobres a Palavra de Deus , como disse ele de si mesmo: ‘Enviou-me para evangelizar os
pobres” (Const. 1).
45. Após ter feito tudo isto, precisamos nos lembrar de que somos simplesmente servos (Lc
17,10). De um lado, esperamos que nossa função na Igreja se tornará sempre mais significativa e eficaz e que resulte numa proposta vocacional mais clara, de modo que novos candidatos
possam juntar-se a nós em nossa missão. De outro lado, sabemos que é o Senhor da messe
que providencia operários para a sua messe (Mt 9,38). Assim, o grande meio da oração nos
ajuda a discernir adequadamente e a merecer o dom de novas e abundantes vocações.
46. Finalmente, gostaríamos de indicar que o princípio de adaptabilidade inserido nas Constituições e Estatutos Gerais (Consts. 17, 18, 33, 65, 90 e 123; Ests. Ger. 011c, 016, 025,
030, 037 e 046-2) já podem ser vistos em ação desde os primeiros dias da Congregação.
O desenvolvimento da Congregação no tempo de Afonso, sua expansão com São Clemente, o estabelecimento de Províncias (1841) e a reunificação da Congregação sob Pe.
Mauron (1869) podem ser lidos como corajosas reestruturações.
47. Talvez a mais radical reestruturação jamais realizada pela Congregação tenha sido a elaboração
das novas Constituições e Estatutos, que foram promulgados no dia 25 de fevereiro de 1982.
48. Nos tempos recentes temos visto várias iniciativas audazes na relação entre as Unidades,
na formação inicial e na solidariedade que têm levado a novas estruturas.
49. Começando no XXI Capítulo Geral de 1991 e continuando até o XXIII Capítulo Geral de
2003, o tema da reestruturação tem sido uma preocupação constante. O último Capítulo Geral pediu “ao Conselho Geral que continuasse a reestruturação da Congregação” (Orientações, 11.1) e a Comissão para a Reestruturação foi encarregada pelo Capítulo Geral de levar
adiante esse processo. É também significativo que em todas as reuniões de metade do sexênio (2006) e em todas as reuniões pré-capitulares (2009) houve consenso sobre a necessidade da reestruturação e também aceitação dos princípios da reestruturação e acordo sobre a
direção geral do processo em preparação para este XXIV Capítulo Geral.
CAPÍTULO II
FIDELIDADE À NOSSA VOCAÇÃO MISSIONÁRIA
NUM MUNDO EM MUDANÇA
Nesta seção destacamos algumas atitudes e valores que emergiram durante as reuniões em
preparação para o Capítulo Geral como também nas reuniões regionais pré-Capítulo e em
conversas com o Conselho Geral. Também refletimos sobre como alguns dos conceitos chaves
de nossa espiritualidade redentorista podem iluminar os desafios da reestruturação.
I. Atitudes e Valores
50. Já antes que a Comissão de Reestruturação começasse seu trabalho, era claro que a preocupação dominante para os Redentoristas é a Missão da Congregação. Essa preocupação com
a Missão se reflete no primeiro princípio da Reestruturação.
51. O contexto no qual a nossa Missão é estruturada é a vocação religiosa à qual fomos chamados e portanto o chamado à contínua conversão, a servir os abandonados e os pobres e
desenvolver as várias dimensões da solidariedade. É este contexto que inspira os outros
princípios da reestruturação.
52. Permanece uma preocupação preservar a integridade e a unidade de nosso chamado. A
nossa fidelidade ao Cristo Redentor e à Sua Missão, nossa identidade de religiosos consagrados, nossa vida comum e nosso testemunho profético são todos uma só coisa. Constituem nossa Vita Apostolica. A integração da reestruturação com toda a nossa vida apostólica é vivamente retratada na Communicanda 1, Chamados a dar a vida pela Copiosa Redenção, 2004.
53. A energia para a reestruturação vem de nosso dinamismo missionário. Como Congregação queremos evitar burocracia desnecessária. Devemos sempre procurar fazer primeiro
aquilo que serve melhor os abandonados e pobres, os que mais têm direito à atenção e à
energia dos Redentoristas. Essa Missão da Congregação é sempre a nossa preocupação
primária. Dando nossas vidas pela copiosa redenção colocamo-nos sob a guia do Espírito
de modo que “possamos cooperar sempre mais plenamente na realização do mistério da
redenção de Cristo” (Const. 10).
54. No decurso da preparação para o Capítulo Geral, algumas intuições sobre a reestruturação
mostraram como o processo pode ser comparado ao êxodo bíblico. A reestruturação muitas
vezes significa deixar o familiar pelo novo, deixar o passado pelo futuro e partir numa caminhada de fé. O êxodo de Santo Afonso de Nápoles pode dar coragem para sair do familiar, se
isto significa que os pobres abandonados serão evangelizados. O processo de reestruturação
já foi comparado à kenosis (Communicanda 2, Redenção, 2006, 43) e portanto combina bem
com a idéia alfonsiana do distacco, a liberdade para servir a Missão de Cristo.
55. Aprendemos da nossa história nos Capítulos Gerais que nenhuma fórmula ou slogan pode sozinho abranger toda a questão, resolver todo o problema ou expressar toda a esperança. O nosso objetivo deve ser a efetiva continuação de um processo fiel e constante de reestruturação.
56. O apelo à reflexão teológica enraizada na experiência pastoral encorajou-nos a ver a reestruturação à luz de alguns conceitos chaves da espiritualidade redentorista.
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 11 II. Conceitos chaves
Missão: o impulso para a reestruturação
57. Assim como não pode haver nenhuma dúvida sobre a rapidez da mudança neste mundo,
assim não há dúvida alguma sobre a vocação da Congregação neste mundo em mudança.
Nossa vocação encontra sua última fonte na vida de Deus, ou melhor, na Missão de Deus
(Missio Dei). A Missão de Deus nos é revelada na Missão do Verbo encarnado e na Missão do Espírito. A Missão de Deus é conduzir todas as pessoas à vida de Deus. Existe
Missão porque Deus ama as pessoas.
58. Nossa existência como instituto religioso é definida pela nossa participação na Missão de
Cristo (Const. 23), que é o mandato dado à Igreja (Const. 1). Chamados a estar com ele e a
ser enviados a pregar (Mc 3,14), nos vemos como os “colaboradores, companheiros e ministros de Jesus Cristo na grande obra da Redenção” (Const. 2). Por isso usamos a linguagem
da Missão ao nos identificar. Falamos desse ‘dinamismo missionário’ (Const. 1) com o qual
respondemos às necessidades dos pobres abandonados, de nosso carisma missionário (Est.
021), de solidariedade missionária (Const. 29) simbolizada em nossa celebração da Eucaristia. É claro que a nossa Missão de “continuar o exemplo de Jesus Cristo Salvador Redentor
pregando aos pobres a Palavra de Deus” não pode restringir-se a alguma forma particular
de atividade apostólica. Antes, “se caracteriza por seu dinamismo missionário” (Const. 14).
Usando a terminologia de Santo Afonso, a nossa missão é um modo ‘de continuar Jesus
Cristo, de continuar a missão do Salvador. Estamos lidando com um dom do Espírito que
precede e fundamenta todos os nossos esforços.
59. Por ocasião de um Capítulo Geral devemos examinar nossa fidelidade a esta vocação missionária (Const. 107). Este exame não pode contentar-se com questões externas ou considerações estatísticas. Devemos examinar nossa consciência como Congregação. Enquanto damos graças pela continuada vitalidade missionária da Congregação e enquanto nos alegramos com os muitos sinais de esperança, devemos enfrentar questões desafiadoras sobre a
nossa Missão.
60. Nossos métodos missionários precisam ser renovados: o que devemos manter, o que devemos modificar e o que devemos abandonar (Const. 17)? Como a voz de Deus está sempre
nos desafiando através da Igreja e do mundo (Const. 108), temos de nos questionar sobre as
iniciativas audazes que iniciamos ou não. Temos também de olhar a qualidade da dedicação
com a qual estamos exercendo a Missão da Congregação e como estamos desenvolvendo e
adaptando as formas de nossa atividade missionária (Const. 13). Por exemplo, será que nos
instalamos em “condições e estruturas” que já não são missionárias; quais novos modos
descobrimos como pioneiros para pregar o Evangelho a toda criatura (Const. 15)? Perdemos de vista o que um antecedente Capítulo Geral disse sobre ‘ser evangelizados pelos pobres’ (XX Capítulo Geral, 1985)?
61. Porque a Missão é de suma importância para nós, temos de refletir sobre as estruturas que
estamos usando para agilizar esta Missão. Todos nós reconhecemos que as estruturas são
um meio para um fim. Devem servir à Missão da Congregação. A questão que discutimos
é se podemos enfrentar os desafios de nosso mundo em mudança de um modo mais criativo e eficaz com o auxílio de estruturas diferentes.
62. Considerando as grandes mudanças no nosso mundo e o impacto delas na Igreja, somos obrigados a revisar as estruturas de nossas atividades apostólicas (Missão), fortalecer nossa vida
comunitária, aprofundar nossa dedicação ao Redentor, aprimorar nossa formação e adaptar e
desenvolver nosso sistema de governo, de modo que possamos ser sempre mais fiéis à nossa
12 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
Missão. Esses vários aspectos de nossa vida são coligados pela consciência de ser a nossa vida uma Vita Apostolica, “uma vida especialmente dedicada a Deus e uma vida de atividade
missionária” (Const. 1). Nossa profissão como Redentoristas torna missionários todos os aspectos de nossa vida (Const. 55). Quaisquer estruturas novas devem também inserir-se no
âmbito da Vita Apostolica e ser motivadas por ela.
63. No processo que leva a este Capítulo Geral tem ficado cada vez mais claro que os desafios
da formação inicial, a urgência de iniciativas pastorais novas e audazes, a necessidade de
comunidades internacionais e a função da solidariedade em termos de finanças e pessoal
requerem estruturas que com mais eficácia abordam esses aspectos de nossa Missão.
Conversão: o contexto para a reestruturação
64. A condição para a nossa volta para Deus (conversão) é a anterior e contínua volta de Deus
para nós. Este é o modelo do Novo Testamento articulado em 1Jo 4,10: “Nisto consiste o
amor: não fomos nós que amamos a Deus mas foi ele que nos amou e nos enviou seu Filho”. A conversão de Deus a nós fundamenta todas as nossas voltas para Deus. A influência
do individualismo é tal que as categorias religiosas são muitas vezes privatizadas. A realidade teológica, porém, é que ao voltar-se (converter-se) para nós, Deus chama a Congregação à existência, Deus chama a Congregação a responder no amor, Deus chama a Congregação à conversão contínua.
65. Temos Constituições inspiradoras sobre a nossa vocação como “apóstolos da conversão”
(Const. 11); lemos a respeito de “conversão contínua e total”, “conversão do coração”,
“conversão necessária”, “conversão interior” e “comunidade de conversão” (Consts. 11,
41 e 42). Por detrás dessas frases está a verdade teológica de que a conversão não é apenas
uma parte (muito menos, um mero ponto de partida) do ser discípulo; a conversão é constitutiva do ser discípulo. A conversão cristã é ‘contínua’, isto é, inteira, ininterrupta. Para
nós, Redentoristas, portanto, a conversão contínua é uma estrutura não negociável e espiritual de nossas vidas. A ênfase em nossa conversão individual e em nosso ministério de
converter os outros pode obscurecer a realidade teológica de que a Congregação como
Congregação é chamada à contínua conversão. Essa conversão coletiva da Congregação é
parte integrante da vocação da Congregação. É uma estrutura da Congregação sem a qual a
Congregação não pode ser fiel à sua vocação. A Communicanda 2, Redenção, 2006, chamou-a de conversão à compaixão que se manifesta em kenosis: “Não é difícil ver a reestruturação como uma espécie de auto-esvaziamento …..uma recusa de apegar-nos obstinadamente à glória do passado ou aceitar resignadamente as limitações do presente.” (43). A reestruturação é de fato uma forma de distacco fundacional para a Congregação inteira.
66. A conversão é uma estrutura, por isso deve fazer parte do exame de consciência coletivo
que o Capítulo Geral é chamado a fazer. A este respeito, precisamos estar conscientes não
só de nossas opções pessoais fundamentais, mas também das opções fundamentais da Congregação. Ambas precisam encontrar expressão nas dinâmicas da reestruturação. Para o
confrade individualmente e para a Congregação como um todo estamos lidando com uma
‘Conversão Missionária’ (Communicanda 2, Ai de mim se eu não prego o evangelho, 1999,
21-24). É instrutivo que a espiritualidade contemporânea da conversão, ao mesmo tempo
que reconhece os diferentes níveis de conversão (intelectual, moral e religiosa), também liga a conversão a questões de justiça e paz. A conversão deve assumir uma forma interpessoal, senão fica a pergunta: “Como o amor de Deus habita em alguém que, possuindo os
bens do mundo, vê um irmão ou irmã em necessidade e lhe recusa auxílio?” (1Jo 3,17) Deve assumir uma forma social e deve também possuir estruturas de apoio. Se a conversão
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 13 não afeta as relações pessoais, se não encontra expressão em instituições sociais e não encontra manifestações estruturais, permanece no nível das veleidades.
67. O processo de reestruturação pode expressar a “conversão contínua” descrita na Const. 54
que aumenta a nossa “disponibilidade para o serviço dos outros”.
Redenção: receber e dar vida em abundância
68. Escrevendo sobre o “juízo” como lugar de aprendizagem e de exercício da esperança, Bento XVI lamenta que “a fé cristã é caracterizada e orientada sobretudo para a salvação pessoal da alma” do fiel (Spe Salvi, 42). É tanto mais interessante observar que as nossas
Constituições e Estatutos apresentam uma visão de redenção que “atinge o homem todo” e
que “aperfeiçoa e transfigura todos os valores humanos” (Const. 6).
69. Enraizada na diária “contemplação dos mistérios da redenção” (Const. 31) e sempre procurando viver no coração do mistério da redenção, a Congregação nos últimos anos tem se
centrado no significado da Redenção. Muitas intuições ricas emergiram pelo fato de termos
aceito o tema ‘Dar a Vida pela Copiosa Redenção’ (XXIII Capítulo Geral 2003), estudado
Communicanda 2, Redenção, 2006, e meditado nos “Ensaios sobre a Redenção” (2006). A
copiosa Redenção que celebramos não é apenas libertação do mal, mas uma mútua experiência de vida humana e divina partilhada. O que é claro é que nenhum limite pode ser posto
aos horizontes da Redenção. Todos somos favorecidos por uma abundância de graça que
transborda todos os nossos conceitos e categorias; somos saturados com a vida ressuscitada
que não conhece limites. Todos os aspectos de nossas vidas, como indivíduos e como Congregação, são afetados por Cristo Redentor. Também o exame e a revisão das estruturas que
dão forma à nossa vida e missão são um aspecto da graça da Redenção.
70. Uma medida do efeito da ressurreição em nossas vidas de Redentoristas é o nível de profundidade até onde permitimos que a Redenção transforme nossas vidas e o grau de liberdade
que podemos ter com alguma estrutura particular. “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap
21,5). Por mais que sejamos idosos, como indivíduos ou como Congregação, em Cristo somos sempre novos! A flexibilidade e a adaptabilidade são características de família para os
Redentoristas! As Constituições e Estatutos reconhecem que a adaptação e a evolução (cf.
Const. 13) são parte da contínua experiência de Redenção. É uma questão não só para as pessoas (Const. 33), mas também para as comunidades (Const. 18), para as várias Unidades da
Congregação (Const. 123) e para a Congregação como um todo (Const. 98). Através de tal
adaptação de nosso dinamismo missionário vemos a Redenção em ação em nossas estruturas.
71. De um modo de pensar influenciado pela privatização da religião, somos chamados a pensar não apenas como indivíduos mas como Congregação, um corpo, um espírito no Redentor. Algo disso é expresso no slogan “Pensar globalmente, agir localmente”. Foi-nos dito
que “possuímos um modo instintivo e pastoral de entender e anunciar a Redenção” (Communicanda 2, Redenção, 2006, 10) que vai encontrar novo impulso em melhores estruturas.
Estruturas que reforçam uma vivência puramente individualista de nossa Vida Apostólica
não podem ressaltar a abundância de uma Redenção que inclui todas as estruturas. Adaptar
nossas estruturas é parte da “Redenção continuada, que o Filho de Deus realiza constantemente no mundo” (Est. Ger. 017a).
72. Como o mistério da conversão contínua, a redenção de nossas estruturas é também um processo sob a guia do Espírito Santo. Temos experimentado isto através de toda a história da
Congregação. Ele ficará conosco enquanto crescemos em caridade apostólica. Como toda
redenção, é um processo custoso. Para Cristo custou “não menos que tudo” e para nós pode
talvez pedir o alto preço de algumas mudanças radicais em nosso pensamento e em nossa
vida diária.Para alguns pode exigir uma nova experiência de “êxodo”.
14 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
Esperança em ação: compartilhar da esperança do pobre
73. Vivemos num tempo de incerteza e por isso é necessário que os cristãos testemunhem a duradoura esperança que a fé professa: “Guardemos inabalável a confissão da esperança, pois
Aquele que prometeu é fiel” (Hb 10,23). Num tempo de hesitação e ceticismo difuso sobre
a possibilidade de justiça e paz, muitos estão afundando num estado de visão estreita, expectativas limitadas e até falta de esperança real. Tanto mais, pois, devem os cristãos não só
oferecer uma visão cheia de esperança para a humanidade, mas mostrar o que esta visão
significa na prática. O futuro não é uma realidade que esperamos; antes, é uma realidade
que é criada por cristãos cheios de esperança dinâmica.
74. A Palavra de Deus é “algo vivo e eficaz” (Hb 4,12). A atividade da Palavra faz acontecer o
Reino de Deus. Em fidelidade ao nosso chamado para proclamar a Palavra, estamos já realizando o plano de Deus. A nossa mensagem – a Palavra de Deus – não é apenas informativa
(levando informação) mas performativa (realizando alguma coisa). Ser discípulo, ser missionário, ser Redentorista, é crer num futuro que já começou. Essa crença cheia de fé e de esperança no futuro nos convida e nos motiva a viver um modo alternativo de vida, um estilo de
vida contracultural, orientado para o Reino, cujo testemunho é muito necessário nos novos
tempos globalizados e de mudança de época em que nos encontramos. Este modo de viver alternativo, conforme vivido numa “comunidade aberta” (Const. 43), é em si mesmo missão e
vivo sinal de esperança para nós como Congregação e para os mais necessitados.
75. A Const. 10 nos diz que todos os Redentoristas são chamados a “dar testemunho da esperança
que neles existe (cf. 1Pd 3,15). Somos chamados “testemunho vivo da esperança” (Const. 43)
e “sinais de esperança para os pobres” (Const. 65). Desde a nossa formação inicial devemos
ser “firmes na esperança inesgotável e luminosa que não decepciona” (Const. 81).
76. O que se diz nas Constituições e Estatutos sobre os confrades individualmente pode ser
dito sobre a Congregação como um todo. Ela é chamada a ser sinal de esperança para a
humanidade e para a Igreja. A Congregação deve ser firme nessa esperança inesgotável e
luminosa que caracteriza a nossa formação. Estamos numa “caminhada de esperança”
(Communicanda 2, Redenção, 2006, 44). Compartilhar da missão da Igreja é compartilhar
do mistério da transfiguração do mundo. Algo da irradiação da transfiguração de Cristo se
reflete na inesgotável esperança da Congregação. Como escreveu São Paulo, a esperança
penetra toda a criação em sua luta pela salvação, “pois o universo foi submetido ao poder
do nada, não por sua vontade, mas por vontade daquele que o submeteu, e alimenta a esperança de que também ele será libertado” (Rom 8,20-21).
77. Precisamente porque a Congregação está lutando para ser fiel à sua vocação, ela sente uma
santa inquietação querendo responder sempre mais generosamente a Deus e às necessidades
dos pobres. Esta ‘divina inquietação’, estimulada pelo Espírito, sempre estará presente e levará a Congregação constantemente a examinar se ela permanece fiel à sua própria missão. É
essa inquietação que está levando a Congregação agora a examinar suas estruturas para ver
“se a Congregação está se mostrando dócil à voz de Deus, que a interpela continuamente no
mundo e na Igreja” (Const. 108).
78. O impulso para a reestruturação é, pois, um sinal de esperança em ação. Não tendo receio
de olhar para todos os aspectos de nossa vida em vista da Missão, estamos dizendo que cremos nas inspirações do Espírito Santo, que cremos num futuro para a Congregação e que estamos sendo conduzidos a um dinamismo pastoral ainda maior por amor aos pobres e abandonados. Compartilhamos da esperança de Santo Afonso, o qual, nos dias mais tenebrosos de
divisão na nascente Congregação, dizia muitas vezes: “Sede fiéis a Deus porque Ele não vai
abandonar a Congregação”. A reestruturação como esperança em ação já está acontecendo
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 15 entre nós; com efeito, é uma categoria performativa e não puramente nocional. O logotipo idealizado para este Capítulo Geral pretende manifestar essa “esperança em ação”.
Solidariedade: novos modos de ser “um só coração e uma só mente”
79. A etimologia de ‘solidariedade’ deriva da palavra ‘sólido’ que significa “livre de espaços vazios, firme, substancial”. A definição que o dicionário dá para ‘solidariedade’ é, portanto, “ser
plenamente de acordo em interesses”. Naturalmente, a palavra assumiu significado político e
cultural e agora entrou em nosso vocabulário religioso. Na encíclica Sollicitudo Rei Socialis
(1987) diz o papa João Paulo II: “Esta (a solidariedade), portanto, não é um sentimento de
compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas
...Pelo contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum;
ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos.” (38) A mais radical forma conhecida de solidariedade é a solidariedade
de Deus para conosco em seu Verbo encarnado, Jesus nosso Redentor. Dessa encarnada solidariedade nasce nossa proximidade Redentorista ao povo e nossa preocupação pelos pobres
abandonados.
80. Em nossa autodefinição falamos de ‘solidariedade com os pobres (Consts. 5 e 65 e Est.
046,2) e da Eucaristia como sinal de nossa ‘solidariedade ‘missionária’ (Const. 29). No governo da Comunidade Apostólica, “observe-se, também, o princípio da solidariedade, pelo
qual se promova uma verdadeira cooperação entre as instituições do mesmo nível e entre os
próprios confrades” (Const. 95). Este princípio encontrou muitas vezes calorosa e sadia expressão na tradição da hospitalidade. Ele certamente se manifesta nos muitos empreendimentos em favor dos pobres e abandonados, tão característicos de nossa missão. Frequentemente, porém, este princípio, tem sido experimentado, em boa parte, “à distância”.
81. A Congregação já foi desafiada a pensar sobre a solidariedade de modos criativos. A Communicanda 4, Um só coração e uma só alma: Reflexão sobre a Solidariedade na Congregação, 2002, convidou-nos a pensar em termos de solidariedade na oração: “Pode-se imaginar uma comunidade verdadeiramente apostólica onde a oração esteja ausente ou seja somente uma rotina? Sem a oração constante arriscamo-nos a reduzir a Missão a pequenas atividades que se correspondem exclusivamente com o que queremos fazer ou com o que
pensamos que podemos fazer” (p. 13). Ao falar de solidariedade na missão, a primeira
questão proposta pela Communicanda não é a respeito de projetos conjuntos, mas sobre a
solidariedade no Espírito, “pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8,14). Somos chamados a viver o “espírito de adoção” como coherdeiros de Cristo, um espírito que é evidenciado na “cultura redentorista” no meio de uma
profusa diversidade. Ser “de um só coração e de uma só mente” (At 4,32) leva à solidariedade na caridade e portanto a uma generosa partilha de todos os nossos recursos.
82. Essa nova idéia de solidariedade aproxima-a muito da experiência diária, conforme já está
acontecendo em muitos aspectos da vida da Congregação, não menos nas novas comunidades internacionais. Ela expande a compreensão da solidariedade da interação de confrade a
confrade e de esforços isolados em apoio aos mais necessitados para a solidariedade estrutural com empreendimentos novos e bem providos de recursos que beneficiam as Unidades
e Regiões envolvidas, como também os destinatários desses projetos criativos. Precisamos
de novas estruturas para atender a crucial urgência do tríplice diálogo que a solidariedade
genuína requer, a saber, o diálogo com os pobres, com as culturas e com as religiões mundiais. Uma solidariedade reestruturada e “globalizada” envolve e tonifica toda a Congregação na luta pela justiça e paz. Uma solidariedade reestruturada é justamente sentida como
“paixão”: paixão pelo Redentor, paixão pela humanidade.
16 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
Conclusão: Reestruturação como Dom
83. A reestruturação pode parecer uma tarefa bastante desanimadora, mas não é apenas uma
tarefa; é uma graça, um dom à Congregação.
84. Algo do significado da reestruturação para a Congregação pode-se entrever na análise que se
faz hoje em dia do ato de dar e receber presentes. Partindo «do costume exuberante que temos
de dar seja o que for», podemos apreciar mais profundamente a gratuidade absoluta do dom
de Deus «que tanto amou o mundo, que deu o seu Filho único» (Jo 3,16). Como ícone perfeito do Pai, o Filho «esvaziou-se a si mesmo» (Fl 2,7) e deu «sua vida em resgate pela multidão» (Mc 10,45). Estamos num novo mundo do dom de si: o Pai que dá tudo a seu Filho e o
Filho que dá tudo a seu Pai. «Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu» (Jo 17,10).
Em consequência, a teologia cristã é marcada por uma abundância que evoca a absoluta generosidade que é Deus. Paulo também usa a linguagem da profusão e da exuberância. Não há
lugar para estreiteza de espírito, mesquinhez de coração ou espírito calculista. Há uma norma
do Novo Testamento segundo a qual o que é recebido como dom deve ser dado como dom
(Mt 10,8). O dom é dado de tal modo que o recebedor por sua vez se torna um doador. Como
Redentoristas, estamos recebendo o dom da reestruturação, de tal modo que podemos oferecer o que recebemos de um modo sempre novo e diferente.
85. As Constituições e Estatutos dizem que devemos chegar à ‘total doação” de nós mesmos
(Const. 56), na prática, “dar a vida pela copiosa Redenção”. Essa entrega de nós mesmos
torna disponíveis para os mais necessitados os dons da natureza e da graça que foram dados à Congregação. O Espírito, levando-nos à autodoação sem reservas, permite a outros
tornar-se generosos doadores por sua vez e assim continuar a obra da Redenção.
86. Como dom, a reestruturação já está mostrando seu valor nas áreas da formação e da missão.
Cabe ao Capítulo Geral responder à graça do momento e “propor orientações à Congregação para que ela, sempre mais profundamente renovada conforme o próprio espírito, se
consagre totalmente, com maior perfeição, ao serviço da Igreja e dos homens” (Const. 109).
CAPÍTULO III
REESTRUTURAÇÃO PARA A MISSÃO
RELATÓRIO da COMISSÃO PARA A REESTRUTURAÇÃO
PROPOSTAS
87. Reestruturar, na fidelidade às nossas práticas passadas, é continuar a abrir novos horizontes para
a nossa missão redentorista e reunir nossos esforços para uma melhor resposta às necessidades
pastorais de nossos tempos. Isto é intrínseco à nossa Vita Apostolica. O presente projeto é um
apelo a continuar no momento o processo de mudança, processo este que vai envolver todos os
confrades, mas principalmente os jovens e, certamente, a próxima geração de Redentoristas.
88. Sob esta luz, a Comissão para a Reestruturação apresenta as seguintes propostas formais para a
reestruturação que integram ambos os princípios de reestruturação como também expressões
práticas desses princípios em novas estruturas. Os princípios para a reestruturação indicam a
necessidade de uma nova solidariedade e flexibilidade em nossa resposta missionária às necessidades de nosso tempo que requerem, por sua vez, a implementação em estruturas práticas.
1a PROPOSTA
SEIS PRINCÍPIOS ORIENTADORES DE REESTRUTURAÇÃO
Os seis princípios orientadores que seguem são propostos como critérios fundamentais e razão de ser para todo o projeto de reestruturação da nossa Congregação para a sua missão.
I. A reestruturação é para Missão
89. Nossa missão redentorista é anunciar o Evangelho aos pobres, onde quer que estejam; é
proclamar a plenitude da Redenção; é estar com os abandonados, continuando o exemplo
de Jesus Cristo (Const. 1-5). O ponto de partida de nossa animação e de nossa vida redentorista é sempre a missão da copiosa redenção.
90. A fidelidade a esta missão exige que sejam estabelecidas e implementadas as prioridades
apostólicas. Nem toda iniciativa apostólica, por mais louvável que seja, pode ser aceita como expressão válida do nosso carisma missionário. A fidelidade à nossa missão deve ser a
razão e a finalidade de uma autêntica reestruturação. Isto exigirá discernimento e decisão.
II. A reestruturação para a missão deve estimular um novo despertar de nossa identidade em sintonia com a nossa vocação. Deve provocar uma nova disponibilidade
para a missão – do contrário, não levará a nada.
91. Somos primeiramente Missionários que, vivendo juntos numa comunidade baseada na fé
em Jesus Cristo, somos consagrados ao carisma redentorista, e isso de forma mais profunda do que a nossa ligação com nossa cultura ou com nossa nacionalidade. A reestruturação para a missão é um chamado para uma re-fundação de nossa consagração religiosa.
Promove uma nova mentalidade para encarar os desafios da Evangelização hoje.
92. Esta mentalidade deve estar explícita nos diretórios de formação inicial (Ratio Formationis)
para as novas gerações de Redentoristas.
18 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
III. A reestruturação para a missão deve seguir os mais abandonados, especialmente
os pobres. Para isto, deve haver uma reestruturação tanto dentro das Unidades e
Conferências como também além dos limites das Unidades e das Conferências.
93. Seguir os mais abandonados, especialmente os pobres, é a razão para nossa existência como
Congregação na Igreja (Const. 5). A categoria dos ‘mais abandonados, especialmente os
pobres’, não pode ser estendida a tal ponto que inclua toda forma possível de trabalho pastoral.
Mas deve sempre incluir nossa preocupação pastoral pelos imigrantes e pelo êxodo dos pobres
abandonados.
94. Muitas de nossas casas historicamente foram fundadas no meio dos pobres. Contudo, mudanças e pressões sociais muitas vezes provocaram a saída dos pobres desses lugares, não porém
a saída dos Redentoristas. Mantemos essas casas, que não mais servem aos pobres, e justificamos nossa presença fazendo uma pastoral ordinária. Ainda que valiosa, muitas vezes não
reflete nosso verdadeiro carisma.
IV. A Solidariedade na Missão deve incluir uma nova capacidade de otimizar recursos, em fidelidade à nossa Missão
95. Nossos recursos são antes de tudo os recursos humanos: confrades Redentoristas, mas também
leigos chamados pelo Espírito Santo para trabalhar em parceria conosco na missão da Redenção.
96. A solidariedade na missão incluirá um especial cuidado com as Unidades que experimentam fragilidade quanto aos recursos humanos.
97. Esta solidariedade vai também exigir um sério exame de nosso atual sistema econômico e
uma sua reforma na medida do necessário.
V. O Princípio de Associação
98. Precisamos criar a mentalidade de sempre buscar um caminho comum para o futuro.
99. Hoje em dia reestruturar recursos para a missão significa que nenhuma Província pode
assumir sua missão isoladamente. Significa também estabelecer novas associações entre
as Unidades, sempre em vista de um melhor serviço à missão, superando inaceitáveis rivalidades ou divisões, que podem ser fonte de escândalo e possibilitando uma mais frutuosa compreensão da identidade redentorista.
VI. Uma parte vital da nossa Missão, tanto historicamente como nos nossos tempos, é
a reflexão teológica enraizada na experiência pastoral. Uma nova distribuição de
nossos recursos teológicos é uma parte crucial do desafio da reestruturação para a
missão hoje.
100. Para enfrentar a missão da Congregação em nosso tempo, precisamos estimular a formação permanente no nível de especialização (sobretudo em teologia moral e pastoral).
Precisamos também de uma rede de colaboração em outras áreas específicas de competência pastoral relacionadas com o nosso carisma.
2ª PROPOSTA
A ORGANIZAÇÃO DA CONGREGAÇÃO EM CONFERÊNCIAS
101. Que a Congregação seja organizada em cinco Conferências. A Conferência inclui todos os
Redentoristas que vivem e trabalham dentro de suas fronteiras. São representadas pelos
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 19 Superiores e Vogais das Unidades eleitos para a Assembléia da Conferência. A Assembléia
da Conferência reúne-se regularmente.
102. Propomos as seguintes cinco Conferências:
• Conferência dos Redentoristas da Ásia-Oceania
• Conferência dos Redentoristas da África e Madagascar
• Conferência dos Redentoristas da Europa
• Conferência dos Redentoristas da América Latina e Caribe
• Conferência dos Redentoristas da América do Norte
103. Que a Conferência seja considerada uma autoridade intermédia dentro da Congregação
entre o Conselho Geral e as Unidades individuais. A autoridade da Conferência seria exercida por delegação do Conselho Geral. O Coordenador, que age como presidente da
Conferência, é designado para um sexênio pelo Conselho Geral dentre uma lista de três
candidatos proposta pela Conferência.
104. A autoridade do Coordenador é exercida na Vida Apostólica da Conferência nas seguintes áreas: (1) comunidades e iniciativas internacionais e interprovinciais; (2) formação inicial e permanente; (3) promoção da solidariedade econômica; (4) desenvolvimento de
um apostolado social; (5) assistências às Unidades mais fracas que precisam de ajuda para
organizar suas estruturas e promover e dinamizar um processo de fusão ou federação onde for adequado; e (6) acompanhamento durante as visitas gerais.
105. Os Estatutos de cada Conferência destacarão modos específicos de a Conferência funcionar, por exemplo: o modo como os candidatos são escolhidos para o cargo de Coordenador; o modo como os trabalhos da Coordenação são financiados; convocação de reuniões
da Conferência; participação em eventos comuns e locais, etc. Esses Estatutos serão confirmados pelo Conselho Geral.
106. Os Coordenadores participarão ao menos uma vez por ano nas reuniões extraordinárias do
Conselho Geral.
107. Outras formas de associação tais como sub-grupos de Unidades, federações etc., podem
ser necessárias segundo as circunstâncias. Elas devem ser desenvolvidas em diálogo
com a Conferência através do seu Coordenador.
3a PROPOSTA
REDE CONGREGACIONAL
108. O Conselho Geral, em diálogo com os Coordenadores das Conferências introduza, durante o próximo sexênio, estruturas eficazes para assumir apostolados vitais que transcendem os limites da Conferência nas seguintes áreas:
• Pastoral dos Imigrantes
• Comunicações Redentorista (“Apostolado da Pena”)
• Pastoral dos Santuários
• Uma Rede para a África
• Reflexão teológica na tradição redentorista
• Missões Populares
[Nota: Veja a ‘Nota Final’ no fim deste capítulo para mais explicações desses tópicos].
20 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
4a PROPOSTA
O CAPÍTULO GERAL CELEBRADO EM TRÊS FASES
Fase I:
Reunião Pré-Capítulo no nível de Conferência
Fase II:
Capítulo Geral em Sessão Plenária (Fase Canônica)
Fase III: Capítulo Geral: Implementação no nível de Conferência
109. A Conferência, dentro dessas propostas, seria a maior unidade de trabalho da Congregação.
Assim sendo, tornar-se-ia intrínseca à dinâmica de um Capítulo Geral.
110. O Capítulo Geral deve ser visto como um processo que tem lugar num período de tempo e
em fases interligadas, especialmente quando são levadas em conta as funções e objetivos do
Capítulo Geral mencionados nas Const. 107 e 108. Estas prescrevem que as funções do Capítulo Geral são cuidar da vida apostólica de todo o Instituto, fortalecer os laços que unem
entre si suas partes e promovei a adaptação das instituições da Congregação e das normas
de vida às necessidades da Igreja e dos homens … [e] ... indagar se a Congregação tem se
mostrado sempre dócil à voz de Deus que a interpela continuamente no mundo e na Igreja.
Primeira Fase - No nível de Conferência
111. Tendo em mente que o Capítulo Geral é um processo que consta de três fases, a primeira fase se realiza no nível de Conferência. Isto proporciona uma mais ampla participação das Unidades e dos confrades. É aqui que as tarefas descritas pelas Constituições
acima citadas são cumpridas. Cada Conferência, numa Assembléia Especial, em colaboração com o Conselho Geral, no tempo estabelecido dentro do sexênio, examina a
sua missão, a sua vida e as suas prioridades. Este trabalho, na Assembléia Especial da
Conferência, integra o processo do Capítulo Geral.
112. Tarefas da primeira fase:
• avaliar a vida apostólica dentro do âmbito da Conferência, em fidelidade à nossa missão
e aos sinais dos tempos: experiências comuns, prioridades missionárias, novas urgências
pastorais etc.,
• determinar as prioridades apostólicas da Conferência em sintonia com a missão redentorista,
• examinar as iniciativas comuns para a formação inicial e permanente,
• promover a colaboração entre as Unidades e novas iniciativas possíveis,
• nomear, para a eleição no Capítulo Geral, dois candidatos ao Conselho Geral, não todos
necessariamente dessa Conferência particular,
• preparar o relatório da Conferência para o Capítulo Geral.
Segunda Fase – Capítulo Geral em Assembléia Plenária (Fase Canônica)
113. Tarefas da segunda fase:
• O Capítulo Geral elege o Superior Geral e o Conselho Geral.
• O Capítulo Geral reúne as avaliações e prioridades de cada Conferência, e suas mais
importantes decisões e recomendações, no contexto de um discernimento mundial
da missão da Congregação.
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 21 • O Capítulo Geral propõe à Congregação as necessárias orientações para garantir
maior fidelidade a seu carisma, possibilitando renovar-se, no serviço da Igreja e da
humanidade.
Terceira Fase – Capítulo Geral: Implementação em nível de Conferência
114. A Assembléia Especial da Conferência reúne-se de novo, não mais do que seis meses
após o Capítulo Geral. Esta Assembléia trabalha para transmitir a mensagem e a orientação dada pelo Capítulo Geral, enquanto relacionada com a missão na Conferência, de
um modo dinâmico. Eventos adequados devem ser organizados para facilitar isto.
115. O valor dessa proposta é que ela transforma o Capítulo Geral numa dinâmica continuada dentro da vida da Congregação, não sendo mais o Capítulo um evento isolado que
acontece a cada seis anos.
5a PROPOSTA
REPRESENTAÇÃO NO CAPÍTULO GERAL
POR CONFERÊNCIA E NÃO POR UNIDADES INDIVIDUAIS
116. Quando se firmar e se desenvolver a estrutura da Conferência, haverá implicações para representação no Capítulo Geral conforme indicado acima. À luz disto propomos o seguinte
método para determinar a representação no Capítulo Geral em suas respectivas fases:
Composição dos Membros da Assembléia Especial da Conferência
117. A primeira fase do Capítulo Geral, no nível de Conferência, permitirá uma participação
maior dos confrades.
• Os Superiores maiores de cada Unidade comparecem ex-officio.
• Cada Unidade elege um delegado.
• Unidades com mais de 200 Confrades elegem mais um delegado também.
118. Os Superiores e os vogais eleitos terão voz ativa na eleição dos participantes do Capítulo geral.
119. A Conferência pode convidar outros confrades a participar, dependendo dos temas em
discussão. Eles não terão voz ativa na eleição dos participantes do Capítulo Geral.
120. A Conferência, nesta fase, elege seus representantes para o Capítulo Geral. Deve-se notar que o número de confrades na Conferência forma a base para a representação.
Composição dos Membros na Segunda Fase do Capítulo Geral
(Assembléia Plenária Canônica)
121. O método para a eleição dos representantes é assim descrito:
• Cada Conferência elegerá para o Capítulo Geral um representante por cada 100 confrades que vivem e trabalham em sua área. Pelo menos 50% dos representantes serão dentre os Superiores maiores e regionais. Isto dará cerca de cinqüenta e cinco
(55) representantes dentre os Superiores maiores e regionais.
• O número de representantes ao Capítulo Geral será aumentado, se necessário, para
Conferências que não seriam adequadamente representadas no Capítulo Geral, segundo um modo determinado pelo Conselho Geral, em consulta com a Conferência
interessada, até um máximo de cinco.
22 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
• Além desses participarão ex officio os membros do Governo geral (inclusive os oficiais) e também os Coordenadores das Conferências, (6 + 5 + 5 = 16)
• Deve-se também prever a representação dos Irmãos, aproximadamente do mesmo
número da situação atual (6).
• Isto perfaz um total de cerca de aproximadamente setenta e cinco (75) delegados,
que pode ser um número efetivo.
6a PROPOSTA
122. Que o Conselho Geral seja formado pelo Superior Geral e cinco conselheiros eleitos das
cinco Conferências. Essa proposta é ad experimentum.
[Note-se que o número de Conselheiros Gerais proposto é agora cinco, correspondendo
às cinco Conferências. Isto implica uma mudança em nossas Constituições que requerem seis Conselheiros, portanto, ad experimentum.]
123. Que o Conselho Geral se reúna, pelo menos uma vez por ano, junto com os Coordenadores das Conferências.
OU
124. Que um “Conselho Geral Extraordinário” seja estabelecido, ad experimentum, consistindo do Superior Geral e dos Conselheiros Gerais Ordinários, junto com os cinco Coordenadores das Conferências. Esse Conselho Extraordinário se reunirá uma vez por ano.
125. Que as Visitas Gerais com as Conferências incluam o Coordenador da respectiva Conferência.
EPÍLOGO
126. Este epílogo resume brevemente o perfil de:
• Uma Conferência e suas principais funções,
• O Coordenador de uma Conferência e suas principais tarefas,
• Um confrade Redentorista formado nesta nova visão.
A Conferência: Um perfil de funções
O que uma Conferência pode fazer e que uma Unidade não pode e não deve fazer
por si só?
127. No passado as Unidades fizeram um trabalho corajoso; em alguns casos por meio de acordos bilaterais ou multilaterais com outras Unidades, consultando o Conselho Geral. Porém,
as urgências pastorais de nosso tempo requerem uma estrutura que possibilite um discernimento missionário e um processo decisório mais amplos vendo um panorama mais vasto.
128. A Conferência pode abrir a oportunidade de uma profunda revisão da vida e do trabalho dos
Redentoristas dentro de seus territórios. É um fórum para discernimento pastoral de um
modo diferente daquele feito por Unidades individuais ou multilateralmente; um fórum onde as necessidades locais podem ser assumidas seriamente, mas vistas num contexto maior.
129. Dentro de uma Conferência, o desafio à vitalidade missionária ultrapassa os limites nacionais imediatos. Isto assegura que somos capazes de vencer o provincialismo e, ao
contrário, alargar nossa apreciação do chamado à evangelização no mundo de hoje.
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 23 130. A Conferência tem melhor capacidade de transmitir um senso de segurança para as novas iniciativas apostólicas, mas também, o que é importante, dar um sentimento de segurança a Unidades frágeis. (No passado, essa segurança muitas vezes vinha das poderosas Províncias mães.)
131. Como uma estrutura, a Conferência fornece o ambiente para um maior apreço pela conservação e desenvolvimento dos vários ritos litúrgicos dentro da Congregação.
132. Em termos de recursos econômicos, a Conferência tem sistemas montados que permitem
maior eqüidade e solidariedade, e mais eficaz discernimento nos interesses da missão redentorista.
133. A Conferência ajuda a discernir possibilidades e prioridades para iniciativas e convites
para a missão.
134. A Conferência proporciona um horizonte mais vasto para a identidade da próxima geração de Redentoristas.
135. A Conferência ajuda a dar direção, visão e política à formação inicial e permanente.
136. A criação de comunidades internacionais de missão redentorista e o apoio a elas é primariamente uma responsabilidade da Conferência.
137. A Conferência auxilia o Conselho Geral no governo da Congregação com um todo.
Perfil de um Coordenador de Conferência
138. O Coordenador de per si está a serviço da Conferência; ele não é um Superior na vida ordinária de nenhuma Unidade dentro da Conferência. Seu mandato é para facilitar a implementação de decisões tomadas pela Assembléia da Conferência.
139. As principais tarefas do Coordenador são:
• guiar o processo de amplo discernimento missionário na Conferência,
• presidir a revisão de vida da Conferência numa perspectiva missionária,
• agir como “animador” e apoio para novas iniciativas missionárias na Conferência,
• estar atento às necessidades das Unidades frágeis e facilitar as decisões necessárias,
• ajudar a Conferência a encontrar boas estruturas para a formação inicial,
• facilitar a formação permanente dos confrades chamados a novas iniciativas, entre as
quais pode estar a criação de comunidades internacionais, e
• atuar como ligação com o Conselho Geral em todos os assuntos referentes à Conferência.
Perfil de um confrade Redentorista formado por esta nova visão
140. Os princípios da reestruturação asseguram a continuidade de nossa identidade e missão
fundamentais como Redentoristas na Igreja e no mundo. Ao mesmo tempo, eles requerem novas realidades e estruturas que dão novo impulso a essa missão e identidade.
141. O presente documento tentou fazer exatamente isto. Propôs e recomendou certas estruturas. Mas que dizer da dimensão humana? O que vem a seguir é uma descrição de como seria um confrade que pertence a uma Congregação recém-reestruturada.
142. Este confrade teria participado de um inter-noviciado programado por diferentes Unidades, pertencentes normalmente à mesma Conferência. Teria convivido em comunidade com confrades de outros países, culturas e talvez de outras línguas.
24 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
143. Durante a sua formação inicial, teria tomado conhecimento do carisma da Congregação e
dos dons e apostolados especiais da sua Unidade. Terá compreendido, a partir da nossa história, que a renovação constante e a reestruturação têm sido vitais para a continuidade da
nossa missão.
144. Quando faz os votos, ele se compromete com a Congregação como um todo e não simplesmente com sua Unidade particular. Praticamente, este compromisso se realizará em sua Unidade e na Conferência à qual sua Unidade pertence. Com outras palavras, ele deverá ter uma
compreensão mais ampla das circunstâncias mutantes, das realidades humanas e das prioridades apostólicas, não apenas da sua Unidade, mas de toda a Conferência à qual ele, com sua
Unidade, pertence. Por exemplo, ele terá sido informado do fenômeno dos migrantes no interior da região geográfica de sua Conferência. Para dar outro exemplo, ele deveria ser capaz de
participar do ministério dos santuários redentoristas no interior da sua Conferência, ministério
em expansão no interior do fenômeno moderno da devoção religiosa popular.
145. Acima de tudo, ele saberá que é membro e participa voluntariamente da missão de uma
Congregação mundial que leva a sério o desafio de ser atenta aos sinais dos tempos, e
de tomar decisões apostólicas vitais que respondem sempre de novo à nossa vocação
missionária.
NOTA FINAL: REDE CONGREGACIONAL
Pastoral dos Migrantes
146. O mundo de hoje é caracterizado por uma enorme movimentação de pessoas de um país
ao outro, principalmente em busca de uma vida melhor. O carisma redentorista no passado demonstrou grande sensibilidade aos migrantes. Temos uma tradição de cuidado
pastoral por eles. Um exemplo que vem logo à mente é a pastoral redentorista dos migrantes na América do Norte, sendo São João Neumann um exemplo notável neste particular. Nos últimos anos em muitas (V) Províncias tem havido novas iniciativas para
responder às crescentes necessidades pastorais dos imigrantes de hoje. Estas iniciativas
têm permanecido isoladas umas das outras. Chegou a hora, talvez, de estruturas mais eficazes para sustentar esse importante apostolado redentorista.
Comunicações Redentoristas
147. Em muitas Províncias encontra-se um serviço de publicações ou de comunicações redentoristas. Reconhecemos que é uma característica específica dos Redentoristas usar dos meios
de comunicação. As Comunicações Redentoristas geralmente servem para nos dirigirmos a
uma audiência ampla e popular, difundindo a Boa Nova através desse meio numa linguagem fiel à tradição pastoral redentorista central. Favorecem a defesa da causa dos pobres e
dos abandonados. Todos esses esforços se situam num mundo que, hoje em dia, é caracterizado pelo multiculturalismo das sociedades, nas quais povos de diferentes línguas e tradições estão vivendo lado a lado. Podemos encontrar estruturas mais eficientes para juntar
nossos recursos num esforço para atingir essa audiência multicultural?
Pastoral dos Santuários e Lugares de Romaria
148. Em muitos países e durante muitas gerações, os Redentoristas têm assumido o cuidado pastoral de importantes santuários e lugares de romaria. Com freqüência se diz que este apostolado é uma espécie de ‘Missão permanente’. A romaria a um santuário é uma opor tunidade
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 25 para proclamar a copiosa redenção. Pouco importa a quem o santuário é dedicado. Todos
os atos devocionais durante uma romaria são potencialmente uma oportunidade para aprofundar a mensagem fundamental da Boa Nova. Reconhecendo o valor desse apostolado,
são necessárias estruturas apropriadas para apoiá-lo.
Uma Rede para a África
149. A África tem sido descrita como ‘o Continente Negro’ e o produto implacável da disputa
colonialista e neo-colonialista por suas riquezas naturais. A África também convive com as
guerras étnicas, a pobreza, deslocamento de imensas populações, doenças (das quais a
mais espalhada é a aids) e a instabilidade política geral. Positivamente, a África de hoje está lutando para definir seu lugar dentro da comunidade mundial. Igualmente, o resto do
mundo se questiona sobre a função e a identidade da África no esquema global das coisas.
150. Onde estamos na África e onde estamos com a África? Como Redentoristas somos sensíveis diante da fragilidade de nossas novas e não tão novas fundações neste vasto Continente. Uma Rede para a África no nível da Congregação precisa ser criada para garantir a viabilidade de nossa presença nesse continente e possibilitar-nos responder aos imensos desafios que enfrentamos.
Reflexão Teológica na Tradição Redentorista
151. A reflexão teológica sobre a experiência pastoral é intrínseca ao bem-estar do carisma redentorista. A teologia redentorista sempre foi especializada e academicamente rigorosa na
busca da verdade, ao mesmo tempo que procurou comunicar-se com uma ampla audiência
de Redentoristas e do povo que servimos. Isto é verdadeiramente característico da teologia
redentorista e faz parte da nossa proclamação da Boa Nova. Infelizmente, nos últimos anos,
a prática ordinária em muitas de nossas casas e comunidades frequentemente tem deixado
de sustentar uma cultura de freqüente reflexão teológica sobre a experiência pastoral. É,
portanto, urgente, que procuremos estruturas mais eficazes para esse aspecto de nossa vida.
Missões Populares
152. As Missões populares têm sido sempre uma característica central de nossa vida apostólica e assim continua sendo. Contudo, o mundo em rápida mudança em que vivemos exige que estudemos seriamente onde essa iniciativa apostólica particular responde melhor aos desafios apresentados à evangelização hoje. Enquanto reconhecemos os diversos contextos nos quais exercemos nossa missão, pode ser proveitoso fazer este estudo
no nível mais amplo da Congregação, a fim de obtermos dados para os que trabalham
nesse apostolado.
APÊNDICE
Este apêndice apresenta várias propostas para a Comissão para a Reestruturação que surgiram
nas seis reuniões regionais pré-Capítulo. À guisa de informação e para consulta dos Capitulares,
as propostas estão agrupadas conforme os quatro maiores temas do relatório da Comissão para
a Reestruturação: Conferências (e a questão de sua autoridade), Rede Inter-Conferência, o
Capítulo Geral e o Conselho Geral. A lista indica qual Região fez a proposta. Não houve esforço
de sintetizar as propostas que podem encontrar-se substancialmente semelhantes em várias
Regiões. No fim do Apêndice, há uma lista de propostas que tratam de outros assuntos além dos
quatro temas acima mencionados. Finalmente, o Instrumentum laboris apresenta várias propostas feitas pelo Conselho Geral.
Sobre Conferências e Sub-Conferências
153. África e Madagascar
• A Região apóia uma estrutura de Conferência que redigirá seus próprios Estatutos.
• A Conferência inclui todos os Redentoristas que trabalham dentro de suas fronteiras.
• Os membros da Conferência são representados pelos Superiores das Unidades na Assembléia da Conferência.
• A Assembléia da Conferência se encontra regularmente.
• A Região sugere que o presidente da Conferência seja um confrade em tempo integral e
que, se ele é Superior de uma Unidade, renuncie ao cargo. Os candidatos para este ofício serão propostos pelos Superiores das Unidades da Conferência e aprovados pelo
Governo Geral. A autoridade do Presidente da Conferência é delegada pelo Superior
Geral com o consentimento de seu Conselho.
• Quanto ao grupo executivo, a Região propõe que seja composto de três membros, a saber, o Presidente e dois confrades como conselheiros, eleitos de acordo com os Estatutos da Conferência.
154. Ásia e Oceania
• A Região propõe que o Capítulo Geral dê passos para organizar a Congregação em Conferências de todos os membros que vivem e trabalham em suas respectivas Regiões.
• a Região propõe também que o Capítulo Geral autorize as Conferências a:
ƒ redigir seus próprios Estatutos,
ƒ ter seus grupos sub-regionais,
ƒ eleger o comitê executivo em suas assembléias desde os Superiores maiores até
os grupos sub-regionais,
ƒ formular os termos do ofício e como as vacâncias são supridas,
ƒ nomear Comissões para a missão, por exemplo: diálogo inter-religioso, comunidades internacionais, justiça e paz, formação e educação, irmãos, colaboradores leigos e finanças.
• Com relação ao grupo executivo, a Região propõe que o Capítulo Geral implemente estruturas apropriadas para auxiliar os Comitês Executivos das Conferências a:
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 27 ƒ comunicar com o Governo Geral, e
ƒ rede (intercâmbio de idéias) entre as Conferências, definir parâmetros dentro da
Conferência e delinear a extensão de sua autoridade.
155. Europa-Sul
• A Região sugere que o Capítulo seja interrogado para decidir sobre ter ou não Conferências, determinar suas competências e estabelecer princípios gerais.
• A Região vê a necessidade de definir melhor a natureza da Conferência, reorganizar suas funções e não identificá-la com o “organismo executivo”.
• A lei eleitoral dentro de cada Conferência deve ser unificada. Mesmo quando cada
Conferência elabora seus próprios Estatutos, deve haver um modelo comum com modificações particulares.
• A autoridade da Conferência deve ser ordinária, não delegada.
156. Europa-Norte
• A Região sugere que:
ƒ a Conferência se reúna uma vez por ano,
ƒ os membros da Conferência sejam: os Superiores provinciais, vice-provinciais e
regionais, assistentes e (possivelmente) o Conselheiro Geral,
ƒ de dois em dois anos haja também uma Conferência com todos os Vigários das
Províncias e Vice-Províncias,
ƒ a Conferência trate de todos os temas da Região e discuta a missão comum dos
Redentoristas na Região,
ƒ haja Estatutos (leis) feitas para a Conferência.
157. América Latina e Caribe
• A Região entendeu que a Conferência é um organismo da Congregação que, em harmonia com o Governo Geral, congrega TODOS os missionários Redentoristas de uma
determinada área geográfica e que é organizada por meio de diferentes instâncias de representação e de decisão para a animação e revitalização da Missão Redentorista. Todos os Redentoristas da Região são membros da Conferência e são representados por
delegados (Superiores maiores e outros).
• Haverá uma Conferência para a América Latina e Caribe com três Sub-Conferências
(antes chamadas “Sub-Regiões”).
• A Sub-Conferência assume a atual organização (Sub-Regiões), conforme seus próprios
Estatutos, implementando tudo relacionado com a Conferência (como está no documento da Comissão para a Reestruturação).
• Tudo o que é proposto pela Comissão para a Reestruturação se aplica às SubConferências.
• Quando ao processo decisório, o organismo que toma as decisões da Conferência será a
Assembléia Representativa, que se reunirá de três em três anos e terá duas modalidades:
a Assembléia ordinária e a Assembléia extraordinária.
• Na Assembléia ordinária reúnem-se apenas os Superiores Maiores das Unidades que
compõem a Conferência.
28 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
• A Assembléia extraordinária, que coincidirá com a primeira fase do Capítulo Geral, deve ser composta dos Superiores Maiores e dos delegados da Conferência.
• Quanto ao grupo executivo, as decisões da Assembléia serão implementadas por um
conselho de diretores, formado pelos três presidentes das Sub-Conferências, um dos
quais será escolhido para participar numa reunião anual com o Conselho Geral.
158. América do Norte
• A Região expressou a necessidade de clarear o sentido de Conferência: os membros que
vivem dentro de uma certa área geográfica ou o grupo que executa as decisões?
• A Região concorda que o modelo “Conferência” seja ulteriormente desenvolvido e iniciado ad experimentum.
• A Região expressou a necessidade de clarear o que aconteceu com as outras estruturas
mencionadas nos documentos anteriores da Comissão para a Reestruturação, por exemplo, o modelo “Federação”.
• A Região avalia as importantes experiências que têm vivido como Região durantes os
últimos anos e as considera como fundacionais.
• A Região considera que há necessidade de reflexão mais profunda sobre documentos
fundantes (por exemplo, a Palavra de Deus e as Constituições e Estatutos Gerais) e nossa vivência prática deles.
• A Região propõe oito anos para os Conselheiros Gerais e quatro anos para os Superiores Maiores e gostaria de ver esta proposta incorporada no documento da Comissão para a Reestruturação (por motivo de continuidade no ministério e na administração).
• Para a Região é importante que, no processo de reestruturação, as Unidades menores
não sejam absorvidas pelas Unidades maiores ou suas prioridades colocadas no final da
lista quando se trata de pessoal ou outras necessidades.
• A Região sugere que a autoridade do delegado/Coordenador seja bem definida e relacionada com áreas que transcendem as Unidades individuais, por exemplo, formação
inicial, comunidades internacionais, a promoção do programa e das decisões do Capítulo Geral, etc.
Sobre Rede Inter-Conferência
159. África e Madagascar
• A Região endossa a Rede para a África e Madagascar.
• A Região propõe que a Comissão para a África e Madagascar continue e que seja composta pelo executivo da Conferência, o Conselheiro Geral da África e Madagascar e o
Procurador para a África e Madagascar.
• No nível da Rede para a África e Madagascar, o tipo de relações que certas Unidades
têm com as Províncias mães precisa ser definido.
• A manutenção de reuniões regulares, no nível de Rede, vai nos ajudar a enfrentar os desafios da missão Redentorista na África e Madagascar.
• A Região recomenda que a lista contida no Documento sobre a Reestruturação sobre
rede Inter-Conferência seja aumentada para incluir ministérios de justiça e desenvolvimento e diálogo inter-religioso.
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 29 160. Europa-Sul
• A Região sugere que esta seção seja considerada como o segundo ponto das estratégias que devem ser organizadas do modo seguinte – duas estratégias: Conferência e
rede Inter-Conferência.
• A Região acredita que a rede Inter-Conferência deve ser simplificada de modo significativo.
• O item sobre a reflexão teológica na tradição redentorista deve ser ressaltado e deve-se pedir um apoio explícito para a Academia Alfonsiana.
• Deve-se encontrar um lugar melhor para o item sobre a Rede para a África.
161. América do Norte
• A Região expressa a necessidade de maior consideração sobre as Unidades Orientais ,
por exemplo as Províncias de Lviv e Yorkton.
• A Região gostaria de incluir algumas áreas específicas, por exemplo: formação
(também para comunidades internacionais), solidariedade, a colaboração com outros
(leigos, Igreja, outras Congregações), vocações, pastoral dos jovens e dos jovens
adultos e a coordenação da obra social.
Sobre o Capítulo Geral
162. África e Madagascar
• A Região sugere que para a primeira fase do Capítulo Geral, a fim de encorajar a ativa participação dos confrades, o Presidente da Conferência, os Superiores de cada
Unidade e um delegado de cada Unidade devam tomar parte.
• Na segunda fase, a Região sugere que a Conferência determine a representação conforme as normas apresentadas no Instrumentum laboris sobre a Reestruturação e que o Presidente da Conferência seja um membro ex officio do Capítulo Geral.
• A Região está ciente de que com o método proposto de representação existe, por
causa de seus problemas específicos e seus desafios missionários, uma subrepresentação dessa Região, no entanto ela tem muito potencial para crescer. A Região convida fraternalmente o Capítulo a considerar essa questão e oferecer uma
resposta. Uma possibilidade poderia ser convidar o Governo Geral a nomear alguns
outros membros da Conferência da África e Madagascar para o Capítulo Geral.
• Para encorajar a participação dos confrades na terceira fase do processo do Capítulo
Geral propomos que o Capítulo Geral especifique as questões para decisões particulares no nível da Conferência conforme as linhas traçadas pelo Capítulo Geral.
• A Região sugere que o Superior Geral tome parte nas reuniões da terceira fase.
163. Ásia e Oceania
• A Região propõe que o Capítulo Geral implemente as três fases do Capítulo conforme
imaginadas pela Comissão para Reestruturação com a cláusula que todas as Unidades
sejam representadas por seus Superiores Maiores ou Regionais na segunda fase.
164. Europa-Sul
• A Região concorda com a proposta feita pela Comissão para a Reestruturação sobre
a composição do Capítulo.
30 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
• Porém, a Região propõe que o Capítulo seja considerado em duas fases: Fase I e Fase II. A reunião pós-Capítulo não deveria ser considerada “Capítulo”. A Região aceita que os representantes da Fase II sejam eleitos na Fase I.
• A reunião pós-Capítulo deve ter lugar dentro do primeiro ano após o fim da segunda fase.
165. Europa-Norte
• A Região considera que o Capítulo deve ter três fases conforme consta na proposta
da Comissão para a Reestruturação.
• A Fase I, ou uma reunião pré-Capítulo, deve tratar os assuntos apresentados na proposta da Comissão para a Reestruturação.
• Quanto à representação, a Região propõe que seja composta de: (1) Superiores Provinciais (2) Superiores Vice-provinciais, (3) Superiores Regionais, (4) representantes de outros grupos Redentoristas na Região/Conferência, (5) outros membros convidados (representantes leigos, possivelmente confrades eleitos das Unidades maiores) – isto poderia ser deixado para a decisão de cada Conferência.
• Na Fase II do Capítulo Geral, os participantes devem ser:
ƒ o Governo Geral (conforme está definido pelas Constituições e Estatutos
Gerais: o Superior Geral, os Conselheiros Gerais, o Superior Geral emérito,
o Ecônomo Geral, o Secretário Geral e o Procurador Geral – 11 pessoas)
ƒ Os Superiores Provinciais e Vice-Provinciais (62 pessoas atualmente)
ƒ Irmãos, nomeados pelo Governo Geral (ao todo: 78 pessoas). É possível acrescentar um vogal das Unidades com mais de 150 membros.
• Quanto à Fase III, “levar o Capítulo para casa” – ela seria como está descrita na proposta da Comissão para a Reestruturação. Ou, como alternativa, poderia ser uma reunião com os mesmos participantes da reunião pré-Capítulo.
166. América Latina e Caribe
• A Região refletiu sobre as três fases do Capítulo Geral com diferentes propostas sobre a
representação.
• Para a Fase I a Conferência participará no Capítulo Geral. A Fase I deve ser constituída
por todos os Superiores Maiores e um vogal (delegado) de cada Unidade.
• Para a Fase II, não se chegando a um consenso sobre a sua representação, a Região apresenta cinco propostas:
ƒ Cada Conferência elegerá para o Capítulo Geral um delegado para cada 100
confrades: a metade dentre os Superiores Maiores e a metade dentre os outros
confrades.
ƒ Cada Conferência elegerá para o Capítulo Geral um delegado para cada 100
confrades: 60% dentre os Superiores Maiores e 40% dentre os outros vogais
(delegados).
ƒ Cada Conferência elegerá para o Capítulo Geral um delegado para cada 100
confrades: dentre os quais 60% devem ser Superiores Maiores.
ƒ Cada Conferência elegerá para o Capítulo Geral um delegado para cada 100
confrades dentre os Superiores Maiores e os delegados.
ƒ Participarão da Fase II do Capítulo Geral os três Coordenadores das subConferências, dois delegados eleitos de cada sub-Conferência e um Irmão
escolhido pelos confrades da Conferência.
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 31 • A Fase III do Capítulo Geral será implementada no nível das Sub-Conferências com
seus respectivos Superiores Maiores.
167. América do Norte
• A Região disse que, não obstante o mandato dado pelo XXIII Capítulo Geral sobre
a revisão da representação para o Capítulo Geral, o próximo Capítulo Geral deveria
considerar a possibilidade de aguardar até o Capítulo de 2015.
• Todas as Unidades (Províncias, Vice-Províncias e Regiões) deveriam estar representadas no Capítulo Geral.
• Todas as Unidades de uma Conferência deveriam ter um delegado no Capítulo Geral.
• Mantenha-se a tradição de convidar para o Capítulo Geral outros assessores, expertos (periti), etc.
Sobre o Conselho Geral
168. África e Madagascar
• A Região concorda em manter o sistema atual (seis conselheiros) e recomenda que
todos ou alguns Presidentes de Conferências sejam convidados, de acordo com os
temas em discussão, para as reuniões extraordinárias do Conselho Geral.
169. Europa-Sul
• A Região propõe a seguinte nova composição do Conselho Geral:
ƒ o Conselho Ordinário,
ƒ o Conselho Extraordinário ou Ampliado.
• Os membros do Conselho Ordinário devem ser pelos menos seis e devem ser eleitos
na Fase II do Capítulo Geral:
ƒ na Fase I cada Conferência propõe três candidatos,
ƒ dentre os propostos como candidatos na Fase II, ao menos seis são eleitos.
• Os presidentes das Conferências são membros do Conselho Extraordinário.
170. Europa-Norte
• A Região sugere que as atuais estruturas regionais continuem como estão, com o acréscimo de um assistente (um Conselheiro Geral extraordinário) de uma Região
(Conferência) com direta responsabilidade para a missão.
• Esta estrutura seria ad experimentum para um sexênio.
• A autoridade e as tarefas do assistente da Região (Conferência) seriam :
ƒ A autoridade do assistente é baseada na delegação do Superior Geral.
O assistente é o presidente da Conferência (reuniões regionais).
ƒ O assistente coordena, convoca e mantém informados os membros da Conferência (nas reuniões regionais).
ƒ O assistente acompanha o Conselheiro Geral na visita do Governo Geral.
ƒ O assistente recebe autoridade para tratar questões referentes à missão da Região. Essas questões são definidas pela Conferência regional (por ex., formação, pastoral dos migrantes, novos projetos internacionais, Copenhagen, etc.).
Essas questões devem ser aprovadas pelo Superior Geral.
32 Restruturação para a Missão: Esperança em Ação
• O Assistente recebe autoridade executiva delegada do Superior Geral e seu Conselho.
• A extensão da autoridade do assistente será determinada pelo Governo Geral.
171. América do Norte
• A Região sugere que deve ser enfatizada a atual autoridade do Superior Geral e seu
Conselho.
• Precisa ficar clara a relação entre o Conselho Geral e o presidente da Conferência
Regional.
• O Número 5.2.1 (no documento anterior da Comissão para a Reestruturação) deve
ser assim modificado: “na medida do possível, cada Conferência deve estar representada no Conselho Geral”.
• Os delegados/Coordenadores devem fazer parte do Conselho Geral como Conselheiros Extraordinários.
• Os delegados/Coordenadores não devem ser ao mesmo tempo Superiores Provinciais.
172. Outras Propostas
• A Região da Europa-Sul acolhe novas fundações redentoristas provenientes de outros continentes, de acordo com as Unidades locais.
• A Região da Europa-Norte sugere que demos início à prática de uma reunião pósCapítulo (como parte integrante do processo do Capítulo Geral) em cada Região,
começando pelo XXIV Capítulo Geral.
• Os mesmos membros presentes na reunião pré-Capítulo devem participar da reunião
pós-Capítulo.
• A reunião pós-Capítulo deve ter lugar dentro de quatro ou seis meses após o fim do
Capítulo Geral.
• A finalidade da reunião pós-Capítulo é discernir o caminho a seguir para a nossa
missão na Região, à luz das decisões do Capítulo.
Instrumentum laboris – XXIV Capítulo Geral 33 Quatro Propostas oferecidas pelo Conselho Geral
173. Proposta I
• Que a Congregação seja organizada em Conferências, com a possibilidade de SubConferências onde isto for considerado desejável.
• Que a Conferência seja vista como uma autoridade intermédia dentro da Congregação entre o Conselho Geral e as Unidades individuais. A autoridade da Conferência
seja exercida pr meio de um delegado do Conselho Geral. Esse delegado seja nomeado para o sexênio pelo Conselho Geral dentre uma lista de três candidatos proposta
pela Conferência.
• A autoridade do delegado seja exercida na Vida Apostólica da Conferência nas seguintes áreas: comunidades e iniciativas internacionais e interprovinciais; formação
inicial e permanente; promoção de solidariedade econômica; assistência às Unidades mais fracas que precisam de auxílio para organizar suas estruturas necessárias; e
acompanhamento durante as visitas gerais.
• Os Estatutos de cada Conferência descrevam os modos específicos de funcionamento da Conferência, por exemplo: a maneira como os candidatos são escolhidos para
o cargo de delegado; a maneira de se financiar o ofício do delegado; convocação de
reuniões da Conferência; participação em eventos comuns ou locais, etc.. Estes Estatutos devem ser confirmados pelo Conselho Geral.
• Os delegados participem ao menos uma vez por ano de uma das Reuniões Extraordinárias do Conselho Geral.
174. Proposta II
Propomos que a Região da América Latina e Caribe seja dividida em três Conferências:
URSAL (União dos Redentoristas do sul da América Latina), URNALC (União dos Redentoristas do norte da América Latina e Caribe), e URB (União dos Redentoristas do
Brasil), todas ligadas por uma rede comum.
175. Proposta III
Durante o sexênio 2009-2015, deve-se buscar um sistema mais satisfatório para uma efetiva
solidariedade econômica na Congregação. A busca deve ser realizada por uma Comissão que
informará sobre seu andamento durante as reuniões da metade do sexênio. O XXV Capítulo
Geral considerará os resultados desta busca e adotará as decisões necessárias (cf. Postulado
do Conselho Geral para o XXIV Capítulo Geral, Solidariedade Econômica na Congregação).
176. Proposta IV
O Conselho Geral apóia a proposta de que o Estatuto Geral 0153d seja modificado para
estabelecer um mandato de quatro anos para os Superiores Provinciais, Vice-Provinciais,
Regionais e Locais e seus Conselhos. Ademais, propomos que as eleições dos Superiores
Provinciais, Vice-Provinciais e Regionais tenham lugar no último trimestre (setembro a
dezembro) do último ano de seu mandato. Os Superiores eleitos tomariam posse no dia 1o
de janeiro do novo quadriênio.
O Conselho Geral aprovou essas quatro propostas no dia 12 de junho de 2009.
O texto original é o inglês.

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