Setembro - Adventist World

Transcrição

Setembro - Adventist World
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
S e te m b ro 2 0 0 9
Aulas,
Cultura
e
Cristo
ARTIGO ESPECIAL
A
da
ronteira
F
Última
américa do norte
Veja página 11
Se te mbro 2009
IGREJA
EM
AÇÃO
Editorial............................. 3
A R T I G O
D E
C A P A
Aulas, Cultura
e Cristo
Por Sandra Blackmer ....................... 16
S A R A H
L E E / E D U C A Ç Ã O
D N A
A Escola Holbrook para Indígenas tem
transformado e direcionado
vidas por 35 anos.
A R T I G O
E S P E C I A L
Notícias do Mundo
3
Janela
7
Como os adventistas cumprem a
missão em uma terra de
contrastes extremos.
Chipre por Dentro
Visão Mundial
8
A Última Fronteira
da América do Norte
Por Judy Thomsen ............................ 11
Notícias & Imagens
A Cura de Cristo em
um Mundo em Mudança
PERGUNTAS
BÍBLICAS
Abismos
Tenebrosos para
os Anjos Maus ............... 26
Por Angel Manuel Rodríguez
DEVOCIONAL
Faltas Ocultas
Por Olga Valdivia ........................................................................ 14
Evitar o pecado é tão importante quanto fazer o que é certo?
CRENÇAS
FUNDAMENTAIS
Seu Apoio Divino
Por Aecio E. Cairus ..................................................................... 20
Avaliando o ministério difuso do Espírito Santo.
ESPÍRITO
DE
BÍBLICO
O Conflito do
Tempo do Fim
no Apocalipse ................ 27
Por Mark A. Finley
PROFECIA
Através das Lentes da Alegria
Por Jud Lake ................................................................................ 22
Suas mensagens têm muito mais que “deveres” e “obrigações”.
HERANÇA
ESTUDO
ADVENTISTA
O Enfermeiro Guerreiro
Por Marcos Paseggi...................................................................... 24
A incrível história de Kalbermatter.
INTERCÂMBIO
29
29
30
31
MUNDIAL
Cartas
O Lugar de Oração
Intercâmbio Mundial
Intercâmbio de Ideias
O Lugar das
Pessoas ............................. 32
Tradução: Sonete Magalhães Costa
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 5, nº 9, setembro de 2009.
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Adventist World | Setembro 2009
www.portuguese.adventistworld.org
A Igreja em Ação
EDITORIAL
Acima de Tudo, Curando
O
sermão havia terminado. O hino
de apelo tinha sido cantado. Proferi a bênção final, concluindo a série
sobre o poder de Jesus para curar.
Então, um pastor foi até o microfone.
– Vamos fazer algo um pouco estranho hoje à noite – ele
disse, com apreensão óbvia. A congregação parou no mesmo
instante, sem saber o que fazer.
– Exatamente quatro anos atrás –, ele continuou – logo após
a apresentação de um dueto ao piano, neste prédio, a esposa
de um de nossos pastores sofreu grave acidente no caminho de
volta para casa. O acidente a deixou com ferimentos permanentes nos braços e pernas. Hoje, porém, quatro anos mais tarde,
ela volta ao piano com a mesma colega, para tocar com apenas
uma mão, como testemunho do poder restaurador de Deus.
Impressionadas, as centenas de pessoas voltaram aos seus
assentos quando as primeiras notas do inesperado dueto
começaram a soar cautelosamente. Percebi que os lábios das
pessoas, em todo o salão, formavam as palavras de louvor:
“Acima de forças, acima de reis,
Que a natureza e tudo que se fez…”*
Como se estivéssemos assistindo a quatro anos de cura
compactados em um momento, sentimos a música florescer e
crescer em confiança, à medida que os dedos encontravam as
teclas familiares.
Acorde após acorde, apenas três mãos tocavam, enquanto a
música expandia a esperança de muitos no salão, que estavam
orando, havia muito tempo, para que tal graça um dia acontecesse. O pastor que havia feito a apresentação, agora chorava.
Dezenas de pessoas secavam as lágrimas com as mãos e com
lencinhos, enquanto outros – homens e mulheres – deixavam
que elas caíssem, totalmente impressionados.
“Mas na cruz, por amor de mim,
Morreu Jesus, sozinho até o fim.
Mesmo assim, em humilhação,
Morrendo só pensando em mim;
Acima de tudo .”
O aplauso foi instantâneo e insistente. Centenas se levantaram,
não para honrar as musicistas, mas para celebrar a cura, ainda em
andamento, e uma história que nunca poderemos esquecer.
O povo de Deus está faminto de tais momentos, pois eles
são a evidência de que o Adventismo, no cerne, tem que ver
com transformação de vidas e com a cura da mente, não apenas
mudança de ideias. Quando nos reunirmos em nome de Cristo,
assumamos o compromisso de contar e cantar as histórias
sobre Seus milagres. O culto, em sua essência, é a nossa festa
semanal sobre o amor que nos encontra e nos cura. É a antevisão
do dia em que Jesus fará todas as coisas maravilhosamente novas.
— Bill Knott
*Tradução livre do hino “Above All”, para que o leitor tenha uma ideia da mensagem da letra.
NOTÍCIAS DO MUNDO
Paulsen diz que ênfase da Igreja sobre saúde
pode ajudar a curar o mundo
Igreja Adventista mobiliza-se para fortalecer
parcerias em saúde global
■ Os adventistas do sétimo dia devem
associar-se a outras organizações de
saúde na oferta de cuidados primários
de saúde em nível mundial, um pedido
que insta com os membros da denominação e com as instituições a deixar as
abordagens individualistas e oferecer
atendimento às comunidades, disse Jan
Paulsen, presidente da Associação Geral,
no dia 7 de julho.
As observações de Paulsen foram
feitas na abertura do congresso sobre
saúde global, que estudou formas para
atingir metas de saúde pública com
diversas parcerias e também como as
organizações com base religiosa (FBOs)
desempenham tal esforço. Os líderes de
saúde da igreja também esperam demonstrar o papel que um estilo de vida
total e espiritual pode desempenhar no
cuidado primário e encontrar terreno
comum ao trabalhar em parceria. (Veja,
na íntegra, as considerações do Pr.
Paulsen nas páginas 8-11 desta edição)
PROMOVENDO
PARCERIAS:
Jan Paulsen,
presidente da
Associação
Geral da Igreja
Adventista do
Sétimo Dia, fala
no Congresso de Saúde Global e Estilo
de Vida em Genebra, no dia 7 de julho.
Os organizadores do congresso tentam
reforçar parcerias com a Organização
Mundial de Saúde, que, como a Igreja
Adventista do Sétimo Dia, trabalha para
melhorar a saúde no mundo.
A N S E L
O L I V E R / A N N
Setembro 2009 | Adventist World
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
Recentemente, a Organização
Mundial de Saúde (OMS), agência das
Nações Unidas, tem procurado promover parcerias com FBOs, que realizam
mais de 40% dos cuidados primários
em alguns países.
No dia 6 de julho, líderes da Igreja
Adventista reuniram-se em uma conferência de alto nível com líderes da
OMS em Genebra, Suíça, para explorar
formas eficazes de parcerias, principalmente com a execução das Metas de
Desenvolvimento para o Milênio, da
ONU. Líderes de ambos os organismos
têm-se reunido várias vezes nos últimos
dois anos, culminando esse trabalho
com o Congresso Mundial sobre Saúde
e Estilo de Vida, realizado em Genebra.
Em seu principal discurso, Paulsen
incentivou o envolvimento da comunidade como um caminho para os
adventistas expressarem seus valores
numa era de globalização. Tal envolvimento, disse ele, definiria a percepção
pública sobre a abordagem da igreja na
área da saúde primária.
Uma concepção individualista e
fechada sobre si mesma do cristianismo está absolutamente em contradição
com um Salvador que ia ao encontro
das pessoas para restaurar os olhos
dos cegos, curar leprosos e a mulher
emocionalmente abalada”, disse
Pausen. “Reclusos, não poderemos
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Adventist World | Setembro 2009
expressar nossa fé e nosso desejo de
imitar a Cristo.”
Paulsen falou para cerca de 500 líderes da igreja mundial, num auditório
lotado, na Universidade de Genebra,
local do congresso.
Durante seu discurso de aproximadamente meia hora, Paulsen disse que a
igreja continuará a priorizar, facilitar, financiar e apoiar os profissionais da área
médica e de cuidado da saúde por meio
de sua rede de mais de 600 hospitais,
clínicas e postos médicos. Os 150 anos
da denominação, sempre dando ênfase
à saúde, também destacam a educação
sanitária, defesa do vegetarianismo e
vida livre do álcool e das drogas.
Paulsen também expressou sua
preocupação de que as parcerias entrem
em contradição com a missão da Igreja,
dizendo: “Alguns criticaram, e com
razão, a perspectiva escatológica
que serve simplesmente para nos
reconciliar com a miséria atual.
Aguardar (o retorno de Cristo)
não é um exercício passivo, mas
algo que exige ação no presente.”
A ênfase que a igreja dá à
saúde, disse Paulsen, não deve
ser apenas um mal a ser tratado,
definindo o que é saudável para
comer ou beber, ou a formação
de profissionais de saúde. “Nossa
abordagem sobre saúde é um
conceito que engloba tudo o que
contribui para a plenitude da
existência humana”, disse ele.
Um funcionário da Organização
Mundial da Saúde (OMS) observou que
os adventistas do sétimo dia, no passado, às vezes agiam com exclusivismo,
mas disse que a parceria é bem-vinda.
“Penso que a Igreja Adventista está
pronta para se relacionar oficialmente
conosco”, disse Ted Karph, funcionário
do Departamento de Parcerias da OMS.
“A igreja está aqui para começarmos uma parceria, o que significa que
algo já mudou”, disse Karpf.
Referindo-se ao encontro, Jean
Duff, diretor-executivo do Centro
de Ação Interdenominacional sobre
a Pobreza no Mundo, reconheceu a
Igreja Adventista como “parceira fiel
em mobilizar sua infraestrutura de
saúde e congregacional” para colaborar
no programa interconfessional antimalária, em Moçambique.
Vários líderes do Ministério da
Saúde da igreja concordaram com os
comentários de Paulsen. “A meu ver,
ele definiu uma nova direção”, disse
Chester Kuma, diretor associado do
Ministério da Saúde da Igreja, no sul
do Pacífico. “Ele lançou um grande
desafio para a Igreja, levando-nos de
volta ao básico. É um bom lembrete
sobre compaixão, e isso ajuda os
pobres.”
Elie Honore, diretor do Ministério
de Saúde para a igreja na região
interamericana, disse que os comentários de Paulsen não eram dirigidos
apenas a líderes de saúde da igreja, mas
a muitos outros segmentos. “Temos
representantes [no congresso] do
Departamento de Educação, da Associação Ministerial, bem como da área
administrativa”, declarou Honore.
“Ele nos lembrou de perguntas que
deveríamos fazer. Não vamos apenas
manter ideias ou teorias, mas abrir os
olhos para a comunidade e cumprir
nossa missão como igreja.”
O Congresso de Saúde Global e
Estilo de Vida continuou até o dia 10
de julho. Participaram também outros
oradores e apresentadores, como David
Williams, professor de saúde pública
da Universidade Harvard; Sir Michael
Marmot, diretor do Instituto Internacional para a Sociedade e Saúde, e Alex
Ross, diretor da OMS para o Programa
de Parcerias e Reforma das Nações
Unidas.
– Reportagem de Ansel Oliver, diretor
assistente de notícias da Associação Geral
dos Adventistas do Sétimo Dia.
W I L M A R
F O T O
D O
D E PA R TA M E N T O
D E
Esquerda: CONSULTA: Wilmar Hirle, ao centro, instrui equipe da União Ásia do
Pacífico Norte sobre venda de livros. Direita: REVISTA DE SAÚDE: O presidente
da União Ásia do Pacífico Norte, Jairyong Lee, e o diretor do Departamento de
Publicações, Dae Sung Kim, seguram um exemplar de Best Life, nova revista
adventista do sétimo dia sobre saúde, na China.
Literatura Evangelística Adventista
Abre Caminho na China e Mongólia
■ Para que o cristianismo produza
impacto constante na Mongólia e na
China, de acordo com os líderes da
Igreja Adventista do Sétimo Dia da
região, é necessário mais literatura na
língua local. Wilmar Hirle, diretor associado do Ministério de Publicações
da Associação Geral, visitou recentemente os líderes na China e na Mongólia para discutir o crescimento da Igreja Adventista e sua grande necessidade
de literatura adventista traduzida para
os idiomas nativos.
Hirle encontrou-se com líderes
locais em Pequim para saber sobre o
crescimento do movimento adventista
na China e a recente publicação de uma
revista adventista sobre saúde. Jairyoung
Lee, presidente da Divisão Asiática do
Pacífico Norte (NSD), e Dae Sung Kim,
diretor de publicações da mesma divisão, descreveram a situação atual.
“A China é um grande país em
muitos sentidos”, disse Lee. “É o país
mais populoso do mundo, mas é também o que apresenta o maior desafio
em relação à missão adventista, por
causa da situação política. Vejo um
tremendo potencial para o trabalho da
Igreja Adventista.”
H I R L E
P U B L I C A Ç Ã O
Segundo David Ng Kok Hoe, diretor de publicações da União/Missão
Chinesa, há cerca de 400 mil membros
adventistas na China, dirigidos por
100 pastores. Não há associações ou
uniões, mas simplesmente igrejas
mães, filhas e netas.
Dos aproximados seis bilhões de
pessoas que vivem na Terra, menos da
metade tem acesso à leitura da mensagem adventista em seu idioma nativo.
Até recentemente, os adventistas na
China nunca tiveram um programa
oficial de evangelismo da página
impressa. O programa “Um Livro
para Jesus” foi criado para alcançar
aqueles que não têm acesso à literatura
adventista.
“É um projeto muito grande”,
disse Hoe. “Tenho certeza de que se
fôssemos realizá-lo por nós mesmos,
seria impossível. Mas temos uma
grande família mundial adventista, e
este mundo pertence a Deus.”
Falando com Hirle, Lee disse que
há aproximadamente 200 livrarias
cristãs na China e eles planejam abrir
cinco livrarias adventistas em futuro
próximo.
Os líderes também discutiram a
criação da primeira revista adventista
chinesa de saúde, Best Life (Viva
Melhor). Embora o começo seja pequeno − apenas cinco mil cópias estão
circulando agora – tanto a necessidade
quanto o potencial são grandes. Na
China, há 1,3 bilhão de pessoas e
muitas delas enfrentam poluição,
estresse e aglomeração nas grandes
cidades. Milhões lutam contra o fumo
e o álcool. Como resultado, informações confiáveis sobre como abordar
questões de saúde serão proveitosas,
com o aumento do desenvolvimento
da nação.
A revista Best Life foi lançada em
outubro de 2008, e Lee disse que a
divisão espera ser possível aumentar a
circulação para 50 mil nos próximos
anos.
“Entendemos que haverá muitas
dificuldades”, disse Lee, “mas o Senhor
certamente tem nos ajudado. Quando
vimos o primeiro exemplar da revista
de saúde sair do prelo, demos muitas
graças a Deus.”
No passado, era muito difícil conseguir permissão do governo chinês
para imprimir livros e revistas, especialmente publicações religiosas. Os
líderes adventistas chineses dizem que
se sentem abençoados por terem tido
a cooperação do governo chinês para
publicar a revista Best Life.
Recentemente, foi votado publicar
o livro Vida de Jesus, versão condensada de O Desejado de Todas as
Nações, em grandes quantidades para a
população chinesa. Segundo Hirle, os
líderes de publicação chineses esperam
publicar um milhão de cópias na
primeira edição.
Setembro 2009 | Adventist World
5
A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
“Estamos muito animados com esse
projeto”, disse Lee. “Na China, nunca
houve literatura ou material impresso
suficiente. Se pudermos publicar centenas de milhares e até milhões de cópias
do Vida de Jesus e distribuí-los entre os
membros de nossa igreja, faremos um
grande impacto em nossas comunidades locais .”
Hirle também viajou à Mongólia
para dialogar sobre a crescente
necessidade de literatura evangelística.
Segundo Paul Kotanko, presidente da
Missão da Mongólia, “há ali apenas
2,9 milhões de pessoas em uma área
pouco menor que o Estado do Alaska.
Desde 1990, com o fim do comunismo,
há grande interesse por religião.
Hoje, protegido pela constituição da
Mongólia, que garante liberdade
religiosa, os cristãos somam apenas
3% da população.”
Os livros adventistas do sétimo
dia ainda não foram traduzidos para
o Khalkha Mongol, idioma falado por
90% da população daquele país. Segundo Hirle, cinco livros, inclusive o Sinais
de Esperança, do evangelista adventista
Alejandro Bullón, já estão sendo traduzidos para o idioma nativo.
“Esse projeto será muito benéfico”,
disse Kotanko. “Há grande necessidade
de literatura para apresentarmos ao
público. A necessidade mais premente é
de tradutores e editores que compreendam as crenças e os ensinos adventistas
do sétimo dia para traduzir materiais
para o idioma mongol.”
Kotanko também disse que a igreja
na Mongólia é formada por membros
jovens e entusiastas, que estão ansiosos
para ler livros sobre a mensagem de Jesus.
– Reportagem de Érica Richards, editora
estagiária da Adventist World, com
informações do Departamento de
Publicações da Associação Geral dos
Adventistas do Sétimo Dia.
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Adventist World | Setembro 2009
AUTORES DO ESTUDO: David Wilkinson e Peter Phillips, da Universidade
Durham, pesquisaram sobre conhecimento bíblico no Reino Unido.
F O T O S :
U N I V E R S I D A D E
D U R H A M
Pesquisas Mostram que
Conhecimento da Bíblia Diminui
no Reino Unido
■ O conhecimento da Bíblia está diminuindo no Reino Unido. Menos de
uma pessoa em vinte são capazes de
dizer quais são os Dez Mandamentos,
segundo recente pesquisa da Universidade Durham.
Sob o patrocínio de uma associação
de igrejas nacionais, entidades de
caridade e agências bíblicas, mais de
900 pessoas de formação religiosa e
não religiosa foram entrevistadas em
vários locais em toda Inglaterra e País
de Gales sobre o conhecimento da
Bíblia.
Os resultados iniciais [britânicos]
da Pesquisa Nacional de Conhecimento Bíblico mostraram que 62% não
conhecem a parábola do filho pródigo
e 60% não sabem nada sobre o bom
samaritano.
Quarenta por cento não sabem que
a tradição, entre os cristãos, de trocar
presentes no Natal vem da história
dos Reis Magos que trouxeram ouro,
incenso e mirra para o bebê Jesus. Enquanto apenas 5% das pessoas sabem
todos os Dez Mandamentos, 16% não
sabem nenhum.
A despeito do sucesso do musical
José e o Maravilhoso Casaco Colorido,
57% não sabem absolutamente nada
sobre José e seus irmãos.
As pessoas entrevistadas que
frequentam igreja também mostraram
falta de conhecimento bíblico, pois
72% nada sabem sobre Daniel na
cova dos leões; desses, um pensou que
Daniel fosse “o rei leão”.
Outro disse que Davi e Golias é o
nome de uma ovelha, enquanto 57%
foram incapazes de contar corretamente a história de Jesus acalmando a
tempestade no Mar da Galileia.
O conhecimento da Bíblia está
diminuindo especialmente entre o
grupo abaixo de 45 anos de idade.
Metade da população com menos de
45 anos não sabe dar informação acurada sobre Sansão e Dalila, comparado ao
grupo acima de 45 anos de idade.
Da mesma forma, 33% dos menores de 45 anos nada sabem sobre a
alimentação dos cinco mil, comparado
a 12% dos acima de 45 anos. Os jovens
entrevistados disseram que a Bíblia é
“antiquada” e “irrelevante”.
–Reportagem de Erica Richards,
estagiária da Adventist World, com
Informações da Universidade Durham.
JANELA
Chipre
por Dentro
Por
Hans Olsen
Nicósia
S
egundo a mitologia grega, Chipre
é o lugar em que nasceu Afrodite,
a deusa do amor. Na realidade,
Chipre, nação insular do este mediterrâneo, tem sido de tudo um pouco, menos
o lugar do amor, pois foi disputada por
milhares de anos. Chipre foi conquistada e governada pelos impérios sírio,
egípcio, persa, romano e britânico.
Hoje, Chipre é um destino turístico
popular, em especial para os europeus do
norte que buscam praias quentes e tempo seco. A ilha filiou-se à União Europeia
(UE), em 2004 e, desde 1º de janeiro de
2008, o euro é sua moeda oficial. Chipre
possui forte economia, acima da média
na União Europeia. Além do turismo,
sua economia depende dos produtos
agrícolas, como uvas, frutas cítricas,
vegetais e produtos cárneos.
Após ser colônia por gerações,
Chipre independeu-se do Reino Unido
em 1960. Três anos mais tarde, as
tensões entre a maioria cipriota grega
e a minoria cipriota turca causaram
a eclosão de uma breve guerra civil.
Os pacificadores das Nações Unidas
chegaram em 1964 e tentaram reduzir
as ondas de violência a um mínimo.
Foi criada uma zona desmilitarizada,
conhecida como linha verde, dividindo
o norte, habitado principalmente por
cipriotas turcos, do sul, onde a maioria
dos cipriotas gregos vivem.
Adventistas em Chipre
Moisés Bousalian e sua família
foram os primeiros adventistas a
chegar a Chipre em 1912, como
missionários do estilo construtores de
tendas. Moisés vendia pentes feitos em
casa, viajando com um burro de uma
vila para outra, falando às pessoas,
ao longo do caminho, sobre sua fé.
Seu filho, John, tornou-se o primeiro
colportor adventista da ilha por muitos
anos. Nos anos 30, um pequeno grupo
de trinta pessoas cultuava juntos em
Nacósia, todos os sábados.
Por muitos anos, não tiveram um
pastor ordenado morando na ilha. Os
líderes da igreja os visitavam apenas
ocasionalmente para realizar batismo e
Santa Ceia. Em 1932, os missionários canadenses E. S. Greaves e sua esposa, que
haviam despendido muitos anos de sua
vida trabalhando na Grécia e na Turquia,
aposentaram–se em Chipre e trabalharam como missionários pioneiros.
Em 1964, J. Sherwood Jones foi
indicado como presidente da Igreja
Adventista em Chipre, após ser administrada por diversos anos de Beirute,
Líbano. Logo, um cipriota e neto de
Moisés Boursalian, Moses Elmadjian,
foi indicado como secretário-tesoureiro
da missão.
A Igreja Adventista ainda luta para
ganhar terreno em Chipre. A maioria
dos cipriotas vai à igreja para comemorar o Natal, a Páscoa, batismos e
funerais. Grande parte dos adventistas
da ilha são de estrangeiros que foram
para ilha por causa do trabalho.
Chipre é um dos muitos países
que formam a Divisão Trans-Europeia
dos Adventistas do Sétimo Dia. Essa
divisão está acolhendo o “Siga a Bíblia” neste mês. Essa é uma iniciativa
patrocinada pela Igreja Adventista do
Sétimo Dia para estimular interesse
profundo na leitura da Bíblia. A jornada será concluída no congresso da
Associação Geral, em Atlanta, Georgia,
EUA, em junho de 2010.
Para saber mais sobre o trabalho
missionário dos Adventistas do
Sétimo Dia ao redor do mundo, acesse:
www.AdventistMission.org.
CHIPRE
Nome oficial:
República de Chipre
Capital:
Nicósia
Línguas mais
importantes:
Grego, Turco e Inglês.
Religião:
Ortodoxa Grega, 78%;
Muçulmana, 18%;
Outras, 4%
População:
1,02 milhões*
Membros adventistas: 71*
Adventistas
per capita:
1:14.208*
*Arquivos Estatísticos da Associação Geral da Associação Geral,
145º Relatório Estatístico Anual.
F O T O S :
G E O F F R E Y
S M I T H
E
C H R I S T I N A
PA PA D O P O U L L O U
Setembro 2009 | Adventist World
7
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
A
cura
de
cristo
em
undo
M
Mudança
em um
Por Jan Paulsen
Qual é o futuro do ministério da saúde da Igreja Adventista
do Sétimo Dia, ao enfrentar os desafios da rápida evolução do
ambiente global? A seguir, está uma adaptação do principal
discurso de Jan Paulsen, presidente da Associação Geral, no dia
7 de julho de 2009, no Congresso de Saúde e Estilo de Vida, em
Genebra, Suíça.
O
s séculos XIX e XX viram os “profetas da secularização”, sociólogos e pensadores políticos que previram o
declínio da fé religiosa como uma força na sociedade.
Eles simplesmente tinham como certo que quanto mais as pessoas fossem expostas aos avanços econômicos, científicos e políticos, mais rapidamente se livrariam das algemas antiquadas
da fé. A morte da religião era apenas uma questão de tempo.
Os obituários, porém, eram prematuros. Encontramo-nos
hoje num mundo em que as crenças religiosas são visivelmente importantes e, em alguns lugares, uma força crescente na
sociedade. Em vez da “teoria da secularização”, os sociólogos
agora estão mais propensos a falar de uma era “pós-secular”.
Há, porém, outra força poderosa no século XXI, a qual
é produto de décadas recentes. Ao contrário das crenças
religiosas, é recém-nascida, frágil e tem pouca ligação com
o passado. Estou falando do processo de globalização, que
é a recriação das estruturas sociais da humanidade dentro
de um lapso de tempo que é simplesmente deslumbrante. A
globalização funciona como um grande e dinâmico “sistema
de transporte” que conduz ideias, valores e pessoas e as deposita em qualquer lugar, em todos os lugares. As barreiras de
idioma, cultura e geografia já não são mais tão importantes
Jan Paulsen é presidente mundial da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
8
Adventist World | Setembro 2009
quanto foram. Nenhuma instituição, pública ou privada,
religiosa ou secular, permanece intacta.
A globalização é um fato; ela está acontecendo; suas
consequências são inevitáveis e imprevisíveis. Do mesmo
modo, a religião é uma realidade que está conosco. Está aqui
e é uma força poderosa, tanto na vida dos indivíduos como
na sociedade em que vivem. Essas duas forças – globalização
e religião – convivem juntas, interagindo uma com a outra e,
muitas vezes, são interligadas.
Valores Orientadores
Para o Ministério da Saúde da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, as pesquisas sobre a evolução do panorama mundial que
ocorre em lugares onde ela realiza sua missão, são assuntos
muito importantes.
Ao caminharmos em direção ao futuro, não há dúvida de
que o nosso compromisso continua firme. Continuamos a
atribuir elevada prioridade na promoção, suporte financeiro e
apoio aos profissionais da área médica e de cuidado da saúde
por meio de nossa rede de mais de 600 hospitais, sanatórios,
clínicas e postos de atendimento; pela nutrição e outros
programas de saúde e pela defesa do vegetarianismo e da vida
livre do álcool e das drogas.
Embora nosso compromisso seja claro, creio que é tempo
de refletirmos mais profundamente sobre os valores que
devem nos enraizar ao pisarmos no terreno movediço de um
mundo em constante mudança. Mais que isso, questionar-nos
sobre que valores podem, por sua vez, ser impressos nesse
terreno. Que marca singular podemos deixar?
Precisamos nos perguntar: A que se parece a abordagem distintamente adventista do ministério da saúde? O que ela oferece
que já não esteja sendo oferecido por qualquer outro fornecedor?
Consideremos brevemente quatro vertentes de pensamento elaboradas ao longo do patrimônio e da identidade
adventista que são centrais para o ministério da saúde
da igreja e que, espero, continuem a guiar-nos no futuro.
A N S E L
Obviamente, esta não é uma lista finita de valores, mas pode,
talvez, servir como ponto de partida para uma conversação.
Tecnologia de Conexão
“Pois Eu tive fome, e vocês Me deram de comer; tive sede,
e vocês Me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês Me acolheram; necessitei de roupas, e vocês Me vestiram; estive enfermo,
e vocês cuidaram de Mim; estive preso, e vocês Me visitaram”
(Mt 25:35, 36, NVI).
Para os adventistas do sétimo dia, nosso modelo de
relacionamento com outras pessoas tem seu princípio e fim
na radical identificação de Cristo com a humanidade. Uma
concepção individualista e fechada sobre si mesma do cristianismo está absolutamente em contradição com um Salvador
que ia ao encontro das pessoas para restaurar os olhos dos
cegos, curar leprosos e a mulher emocionalmente abalada.
Muito simples: não podemos manifestar nossa fé – nosso
desejo de imitar a Cristo – em isolamento; encontramos o
verdadeiro significado de nossas crenças e valores apenas dentro do contexto das relações humanas. Nas palavras do meu
antigo professor Jürgen Moltmann: “A semelhança de Deus
não pode ser vivida de forma isolada. Só pode ser vivida em
comunidade humana” (J. Moltmann, God in Creation, p. 222).
Então, o que significa viver em conexão com os outros?
Significa que os seus problemas não são somente seus; são
meus também. Significa ter um sentimento de solidariedade
para com a humanidade que me faz mais vulnerável, inclusive, para sua mágoa e dor.
Viver em conexão com outros significa que os grandes
problemas da sociedade são problemas humanos coletivos.
Começo a ver que a pobreza, por exemplo, não é apenas o
resultado de circunstâncias aleatórias ou sorte arbitrária. Se
O L I V E R
eu vivo com conforto e outra pessoa vive na miséria, pode
acaso haver uma relação material entre as duas situações? Talvez haja. Ao admitir isso, meu senso de isolamento diminui e
meu senso de responsabilidade para com os outros cresce.
Como esses valores se manifestam dentro do ministério
da saúde de nossa igreja? Colocando-nos, deliberadamente,
em locais onde há “lacunas” no acesso aos cuidados da saúde;
oferecendo atendimento sem levar em conta o aspecto cultural, econômico ou religioso da pessoa; evitando o pensamento “paroquial”, formando parcerias criativas com pessoas que
compartilham nosso objetivo de aliviar o sofrimento humano, seja uma agência governamental ou outra organização de
base religiosa, uma igreja ou mesquita. Significa ser motivado
pelo amor, não pelo desejo de vantagem financeira ou tráfico
de influência.
Finalmente, viver em conexão com os outros significa que
“Ao vermos criaturas humanas em aflição, seja devido a infortúnio, seja por causa de pecado, não digamos nunca: Não
tenho nada com isso” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as
Nações, p. 504).
Teologia e Dignidade Humana
“Também disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem,
conforme a Nossa semelhança” (Gn 1:26).
Seja qual for o significado de Imago Dei – e quem tem uma
definição? – atinge a pessoa como um todo. Deus nos fez à Sua
imagem – seres físicos, espirituais, morais, sociais e intelectuais.
Para os adventistas do sétimo dia, porém, o imensurável valor de cada pessoa vem além desse simples selo do Divino dado
na Criação. A dignidade humana não resulta apenas de nossas
origens, mas também de nosso potencial e de nosso destino.
Esse conceito molda a maneira como lidamos com as pessoas.
Setembro 2009 | Adventist World
9
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
Em todos os nossos ministérios de cura, vemos em cada pessoa
não apenas “o que ela é”, mas “o que ela poderá ser.”
Significa também que temos que, às vezes, ter a coragem
de “partir para a luta”, a fim de reconhecer e condenar estruturas ou práticas que diminuam a dignidade de nossos semelhantes. Esse não é território novo para nós. Veja as palavras
de Ellen White: “Escravidão, sistema de castas, preconceitos
raciais injustos, a opressão do pobre, a negligência do desventurado – tudo isso é considerado como anticristão e uma
grave ameaça para o bem-estar da raça humana e como males
que a Igreja de Cristo é designada pelo seu Senhor, a destruir”
(Life Sketches, p. 473).
Simplificando: reconhecer a imagem de Deus na humanidade significa que valorizamos as pessoas sobre todas as
coisas – essa é a premissa fundamental presente em tudo o
que somos e fazemos como igreja.
Teologia e Esperança
“Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21:5).
Para os adventistas do sétimo dia, a esperança é um grande
tema, uma parte essencial da nossa “marca genética” espiritual.
Mas, para nós, esperança não apenas aponta em direção ao
epílogo da história humana, o que “está por vir”. Esperança é a
lente através da qual vemos o passado, presente e futuro.
Nossa esperança olha para trás, para a realidade da morte
e ressurreição de Cristo e encontra ali o seu fundamento. É
uma esperança que aguarda, com expectativa, o momento da
transformação final, quando todas as coisas serão feitas novas,
e encontra ali seu ideal, sua motivação. É uma esperança que
olha para fora, para as realidades que encontramos hoje e
pergunta: O que podemos fazer para começar a preencher a
lacuna entre o que é e o que deve ser?
Alguns criticam e, com razão, uma perspectiva escatológica que serve simplesmente para nos reconciliar com a atual
miséria, uma “letargia apocalíptica”. Mas, para os adventistas
do sétimo dia, a renovação de todas as coisas não é apenas um
acontecimento futuro da história, é um processo de renovação que se inicia agora. Aguardar a “bendita esperança” não é
um exercício passivo, mas algo que exige ação no presente.
O ministério de cura da Igreja Adventista do Sétimo Dia é,
acima de tudo, um despertar da esperança física e espiritual.
Embora as necessidades físicas, muitas vezes, sejam mais visíveis, são indivisíveis das necessidades emocionais e espirituais.
Ao ministrar para o corpo, não podemos ignorar o espírito, e
a necessidade mais elementar do espírito é a esperança.
Teologia e Totalidade
“Semeia-se corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção;
semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em
fraqueza, ressuscita em poder” (1Co 15: 42, 43).
Na morte e ressurreição de Cristo, vemos vívida e comple-
10
Adventist World | Setembro 2009
tamente exposta a extrema contradição da experiência
humana: o poder corrosivo do pecado e o poder criador de
Deus; a decadência da humanidade caída e a habilidade
de Deus de renovar e transformar; a agonia pela separação
de Deus e o Seu triunfo reconquistando o que é propriedade
dEle. Na morte e ressurreição de Cristo, essa dialética entre
decadência e integridade proporciona uma inigualável
exposição do poder criador e redentor de Deus.
Tirar integridade da decadência, restauração do que está
doente, encontrar paz em meio ao caos e luz na escuridão, eis
a tarefa dada aos seguidores de Cristo.
Para os adventistas do sétimo dia, “totalidade” tem outra
dimensão. Nossa espiritualidade abrange o todo da vida
humana; reconhece que: “Muito íntima é a relação que existe
entre a mente e o corpo (A Ciência do Bom Viver, p. 241), que
não vivemos nossa vida por “segmentos”, onde a saúde física é
simplesmente uma “peça” que pode ser separada da totalidade
de nossa existência.
A nossa abordagem sobre saúde não é limitada apenas ao
tratamento da doença ou na definição do que devemos comer
ou beber, ou na formação de profissionais de saúde; é o conceito que engloba tudo o que contribui para a “totalidade” da
existência humana.
Portanto, o ministério da saúde não pode ser separado de
nosso comprometimento com a educação, com os direitos
humanos, trabalho humanitário, cuidado com o meio ambiente, nosso desejo de ser uma força para o bem em nossas
comunidades. Todos esses compromissos fundamentam seu
início e fim, seu significado e objetivo em nossa missão espiritual que dá vida e força a tudo o que fazemos como igreja.
Uma Vida Melhor
Aqui é onde nos encontramos hoje, à beira de um novo
mundo, sem poder imaginar perfeitamente se o deslocamento
das placas tecnológicas, econômicas e políticas ainda recriarão o nosso cenário mundial.
Como será o amanhã? Eu não sei. Sei, porém, que não
devemos ter medo dele.
Como o Ministério da Saúde da Igreja Adventista do Sétimo Dia impactará o amanhã? Oro para que permaneça firme
ao seu compromisso de criar conexão, promover a dignidade
humana e oferecer esperança e totalidade; para que continue,
em uma variedade de formas, a ajudar as pessoas a alcançar
uma vida “melhor”.
Na simples palavra “melhor” reside uma imensa gama
de ideias − a habilidade para viver plenamente, amar profundamente, respirar livremente, experimentar a alegria e a
ausência do medo, conhecer a esperança que existe fora dos
limites do que é finito e que nos levará para a eternidade de
Deus. Essa é a vida melhor que Cristo tem para nós; essa é a
definição do que nos foi dado.
N
H O M S E
J U DY T
A RT I G O E S P E C I A L
Por
Judy Thomsen
Última
A
Fronteıra
América Norte
da
do
Todo o Alasca é um campo missionário;
as condições na Ilha de St. Lawrence
representam o conjunto de seus desafios
O
Alasca é de uma beleza
indiscutível. O majestoso
Monte McKinley; o dinâmico
panorama gelado e a diversidade da
vida selvagem do Denali National Park;
quilômetros de lindas florestas e cadeias
de montanhas; centenas de lagos e rios
de águas azul-claras; ricos depósitos de
recursos naturais; tundra desolada e os
ventos varrendo as praias – está tudo lá –
e recebe o intrigante nome de Yakutat,
Knik, Skwentna, Polo Norte (a cidade) e
197½ Mile Creek.
Ainda há mais: o inverno com temperaturas geladas, trenós puxados por cães e
o Iditorod (uma competição de cachorros
de trenós por 1.600 km pelos desertos do
Alasca). Dias em que o Sol mal aparece
e dias em que ele nunca se põe. A vida
selvagem é abundante: baleias, morsas,
formidáveis ursos pardos e ainda alces
– de até 680 quilos – impedindo sua ida
para o trabalho quando ficam parados
entre a porta da sua casa e o carro.
Meu esposo Halvard e eu ficamos
emocionados quando Den Crawford,
presidente da Associação do Alasca, nos
convidou para visitar esse Estado dos
Estados Unidos.
“O Alasca é a linha de frente do
campo missionário da Igreja Adventista
na Divisão Norte-Americana”, disse
Ken. “Venha visitar algumas pessoas e
alguns lugares”.
Assim, nós fomos e provamos das
muitas atrações, únicas do Alasca.
Voando Alto
Ken foi conosco, no mesmo voo
para Kotzebue, Nome, e, finalmente,
para a Ilha de St. Lawrence. Em Nome,
uma cidade que, por incrível que
pareça, se assemelha às do antigo
“faroeste” na América do século XIX,
paramos para fazer algumas compras e
achamos o preço da comida extremamente alto. Se fosse hoje, um galão de
leite (3,78 litros) custaria perto de dez
dólares e uma pizza média, quase $34.
Ken, que é piloto, explicou que
viagens em aviões pequenos são indispensáveis naquela região, porque muitas
vilas não têm outro acesso a outras
comunidades. O aeroporto de Nome é
uma sala que acomoda a loja de vendas
de passagens, sala de espera, segurança
e local de bagagem. Nosso piloto carregou a bagagem no avião de 12 lugares
da Bering Air, depois subiu na cabine
de voo para voar sobre o Mar Bering
até Gambell. A ilha, na realidade, é mais
próxima da Rússia que do continente e o
desenho da costa é claramente visível de
uma distância próxima a 65 quilômetros.
Um pequeno condomínio de casas
de madeira tornou-se visível ao aproximar-nos da pista de pouso. Um fino
nevoeiro cobria os arredores da vila. As
motocicletas de quatro rodas, sempre
presentes, trouxeram uma convergência
de pessoas, reunindo amigos e familiares para apanhar a correspondência e
comer pizza.
De certo modo, a vida na Ilha de St.
Lawrence é simples – sem auto-estrada,
carros, shoppings, multidões e trabalhos
estressantes. As ruas não têm nomes.
No verão, não escurece para alertá-los
de que a noite está chegando; e se a
temperatura chegasse aos 15 graus, os
Yup’iks nativos certamente chamariam
de onda de calor.
Mas a vida ali também é difícil.
Temperaturas geladas, muito abaixo de
Judy Thomsen é editora
correspondente para
a Adventist World. Seu
esposo, Halvard, é
assistente do presidente da Divisão NorteAmericana para a área de Administração.
Setembro 2009 | Adventist World
11
C R A W F O R D
F O T O S :
J U DY T H O M S E N
K E N
zero, inundam as cidades no inverno,
quando as máquinas de retirar neve são
o meio comum de transporte. A pele de
um urso polar jogada na balaustrada
da varanda é a evidência do perigo do
lado de fora. O isolamento torna muito
difícil trazer suprimentos para a ilha,
fazendo com que o custo de vida seja
alto. Para tratamento médico ou dentário, ou mesmo para o nascimento de
bebês, os residentes precisam ir de avião
para Nome ou Anchorage.
Bambell e Savoonga são pequenas
vilas com população entre 650 a 700
pessoas. Todo mundo conhece seus
vizinhos; na verdade, todas as pessoas
parecem conhecer todos os moradores
da cidade.
As Igrejas Adventistas do Sétimo Dia
em Gambell e Savoonga – uma em cada
cidade – são bem usadas aos sábados,
mas a casa pastoral já está vazia há um
bom tempo.
Verdadeiras Joias
Clement Ungott, adventista desde
1971, é o primeiro ancião da igreja de
Gambell. Ele nasceu ali mesmo – esse
sempre foi o seu lar, diz ele. Os pais da
sua esposa, Irma, eram adventistas e
foi ela quem despertou nele o interesse
pela igreja.
“Quando aceitei a verdade, tomei a
decisão por livre e espontânea vontade”,
disse Clement. “Minha mãe ficou muito
desapontada (a princípio), mas antes de
morrer ela aceitou o sábado também.”
Quando jovem, Clement era
amigo do irmão de Irma, mas ele já
demonstrava um interesse especial por
ela. Como de costume, ele morou com
a família dela por um ano. Deram-lhe
várias responsabilidades – a maioria
delas desagradáveis – para que “provasse ser capaz”. Com um brilho nos olhos
e levantando a sobrancelha, Irma disse:
“Tiveram que nos aceitar”. Clement e
Irma estão casados há 47 anos.
Aproveitar as oportunidades para
testemunhar, guardar o sábado durante
os períodos do ano quando o Sol nunca
nasce ou se põe, permanecer em contato
com os líderes da igreja na Associação
do Alasca ou outros da igreja mundial –
12
Adventist World | Setembro 2009
De cima para baixo: VÃOSE MUITO CEDO: Ossos de
baleia marcam o cemitério
localizado fora de Savoonga.
Leem-se, em muitas cruzes,
os nomes de adolescentes e
jovens. MEMBROS DA IGREW A R D W E L L S , C O L E Ç Ã O D E W A R D W E L L S ,
B 8 3 . 9 1 . 5 1 8 6 7. C 8 2 , M U S E U A N C H O R A G E .
U S A D O C O M P E R M I S S Ã O .
JA ADVENTISTA: Clement e
Irma Ungoo. VIDA NO ALASCA: A pele de um urso polar e ossos de baleia
são um contraste interessante com o resto dos Estados Unidos. VISITA
GRATIFICANTE:da esquerda para direita: Ken Crawford, presidente da
Associação do Alasca; Gerard Koonooka, empresário em Gambell e
Halvard Thomsen, assistente do presidente da DNA. FEITO HISTÓRICO:
Nathan Noongwook (direita/atrás dos cachorros) posa próximo ao trenó
puxado por cachorros em sua última viagem para os Correios dos EUA
no Alasca, preparando-se para ir de Gambell para Savoonga, na Ilha
St. Lawrence. Noongwook, que fez a última viagem para entregar
correspondência em 1963, era pai do adventista Chester Noongwook.
esses poderiam ser desafios em Gambell
e Savoonga. Quando, porém, é questionado sobre isso, Clement expressa
apenas uma necessidade: um pastor de
tempo integral. “Os pastores são sempre
bem-vindos”, ele disse.
Para Irma, não existe lugar como a
Ilha de St. Lawrence. “Eu amo minha
terra natal”, diz ela. “Nunca tenho vontade de sair daqui, nem mesmo para ir
a Nome.”
Loja da Cidade
Gererd Koonooka, morador de
Gambell e membro da igreja adventista,
nos recebeu em seu lar perto das 11h30
da noite – estava claro como dia. Quando era jovem, sua esposa, Ester, frequentava a Escola da Missão Adventista
Bristol Bay, perto de Aleknagik, e ali foi
batizada. Gerard foi batizado no inverno, num tanque improvisado, porque
o lago estava coberto com mais de um
metro de gelo. Quando Gerard saiu do
tanque, a água que pingou do roupão
congelou no chão.1
Gerard tem uma empresa em
Gambell. Há alguns anos, ele queria
abrir um supermercado, mas a política
da companhia de atacadistas de onde
compraria a mercadoria para vender,
consistia em não conceder crédito para
os nativos do Alasca. Mas, com a ajuda
financeira do presidente da Associação
do Alasca, Joseph Hanse, Gerard pôde
começar. As poucas prateleiras que
havia a princípio transformaram-se
numa grande loja, incluindo ferragens
e outros itens. Hoje, ele também serve
como provedor de Internet para a ilha.
Chester Noogwook, um membro
da igreja que se batizou no verão
passado, estava assentado na sua
cozinha, quando nos recebeu. Quando
se aposentou em 1963, a entrega regular de correspondência com trenós
puxados por cachorros acabou no
Alasca. A placa do Serviço Postal dos
Estados Unidos, pendurada num local
de destaque, é uma lembrança de sua
dedicação a um trabalho que nunca foi
fácil – “Com neve ou chuva … neblina
ou noite”, certamente eram realidades
para Chester.
Entre Aqui e Lá
Quem é o Meu Próximo?
A televisão e a internet levaram o
mundo externo para lá. A carne de baleias e morsas secando em prateleiras de
madeira e ossos antigos de baleia próximos à praia fazem um grande contraste
com o que é visto na tela da televisão. Os
jovens trafegam entre dois mundos –
a ilha não pode oferecer a vida que é
mostrada na televisão. Muitos dos adolescentes e jovens sentem-se amarrados
pelas tradições, carência de recursos e
inatividade. Mas dos que escolhem partir, poucos permanecem fora. O choque
cultural é muito grande.
As frases escritas do lado de fora nas
paredes dos prédios declaram: “Tédio,
Tédio, Grande Tédio”, “Gostaria de
Morrer Agora”, “Não Aquento Mais
Esperar a Minha Vez”.2
A depressão é comum e muitos
acham que o álcool é a solução. Tragicamente, o suicídio também. Muitos
adolescentes tentam tirar sua própria
vida. Caixões de madeira, enterrados
parcialmente por causa do solo permanentemente gelado, comprovam os
bem-sucedidos; as cruzes mostram que
muitos adolescentes e muitos jovens
morreram.
Carol Sepplu tem 22 anos de idade.
Quando tinha 16, tentou o suicídio.
Quando acordou no hospital, descobriu
que havia atirado na parte inferior do
lado direito de seu rosto. Hoje, uma
máscara cobre sua deformação e ela
respira por um tubo na garganta.
“O álcool é muito perigoso”, diz ela,
esforçando-se para falar. “Você não sabe o
que vai acontecer. Ele domina e destrói.”
Nove dos amigos de Carol se suicidaram nos últimos seis anos.
As lágrimas descem pelo rosto dela.
“Precisamos de ajuda com base na fé,
alguém com quem possamos conversar
sobre fé para termos força”, disse ela.
“Estou feliz por estar viva. Eu quero
ajudar o meu povo.”
Outras tragédias também afetaram
a igreja. Com lágrimas nos olhos, Irma
Ungott relatou a grande tristeza que
afetou sua família. Mais de um ano
atrás, um dos quatro filhos de Irma e
Clement, simplesmente desapareceu.
A Ilha de St. Lawrence é apenas
um exemplo do motivo pelo qual
Ken Crawford nos chamou para a
missão do Alasca. Embora tenha
sido organizada em 1929, o tamanho
do território intimidou o progresso
da igreja e pode desencorajar uma
liderança menos otimista. A restrição
financeira é um grande empecilho –
simplesmente não há gente suficiente
para trabalhar. Os 3.731 membros da
igreja são divididos entre 38 igrejas
e 15 pastores, destinados a cobrir os
1.517.733 quilômetros quadrados
do Alasca.
Alaska Atualizado
Bill e Elouise Haukes, residentes
do sul dos Estados Unidos, ouviram
um apelo de Ken Crawford, numa
campal na Califórnia, EUA, em 2008,
e aceitaram. Foram como voluntários
para Savoonga e estão desenvolvendo
um programa de prevenção do suicídio.
Ambos são enfermeiros com muitos
anos de experiência. Eles começaram
a vida em Savoonga, em fevereiro de
2009. Na opinião deles, não há lugar
como o Ártico.
Casais aposentados, trabalhadores
temporários, estudantes missionários,
voluntários – pessoas dedicadas podem
fazer a diferença para muitos que
precisam do Senhor e de Seu toque
restaurador. As últimas notícias de Ken
indicam que a maioria das vagas para
missões da associação, para o período
de um e dois anos, estão preenchidas e
ele está muito feliz. Muitas vilas que já
tiveram presença adventista vão tê-la
outra vez.
Como diz o ex-pastor de Gambell
e Savoonga, Rick Binford: “Deus pode
usar qualquer um que esteja disposto a
ser usado.”
Para assistir a um DVD online sobre
os desafios no Alasca, assim como a lista
de oportunidades para voluntários, acesse
www.alaskaconference.org.
1
Nadine Toler Hansen, Alaska Mission History. The Beginnings of
Seventh-day Adventist Work in Alaska, 1896-1983, p. 433. Alaska
Conference of Seventh-day Adventists. Impresso na China.
2
Gene Weingarten, The Washington Post, 1º de maio, 2005, p. 22.
Setembro 2009 | Adventist World
13
D E V O C I O N A L
Por
Olga Valdivia
altas
F
Ocultas
Uma lição de amor ao próximo
“Quem há que possa discernir as próprias faltas?
Absolve-me das que me são ocultas” (Sl 19:12).*
H
ouve um tempo, em minha vida cristã, no qual era
difícil compreender o que Davi quis dizer por
“faltas ocultas”. Como é possível violar a lei de
Deus se não temos consciência de que estamos pecando?
Somos culpados pelo pecado, mesmo assim? Ainda precisamos ser perdoados?
Olga Valdivia escreveu este artigo quando
trabalhava no Attorney General of Natural
Resources Division, em Idaho, Estados Unidos.
14
Adventist World | Setembro 2009
As “faltas ocultas” ou pecados mencionados no Salmo
19:12 referem-se a pecados involuntários, pecados que
cometemos sem a consciência de estarmos pecando. Trata-se
de coisas que deveríamos fazer, mas, por algum motivo, negligenciamos, como um pai que deixa de corrigir o filho que
necessita de correção. Pode, também, ser a apatia em relação
ao sofrimento ou perda de alguém, ou não tomar a atitude
correta contra quem nós sabemos estar fazendo mal a outros,
tomar uma propriedade ou destruir a união da comunidade.
Os pecados ocultos não precisam necessariamente provocar
escândalo como o adultério; mesmo assim, desrespeitam a lei
de amor de Deus e representam mal Seu santo caráter.
Tão Pouco, Tão Tarde
Até o dia em que encontrei a mulher de conjunto vermelho, não tinha consciência do efeito adverso dos pecados
ocultos sobre minha alma ou como podem enfraquecer
S C O T T
S N Y D E R / PA W E Ł
Z A W I S T O W S K I / M O D I F I C A D A
D I G I TA L M E N T E
minha relação com Deus. Por vê-la frequentemente vestida
em seu uniforme de trabalho, nunca me preocupei em saber
seu nome. Para mim, ela era simplesmente a mulher do
conjunto vermelho, outra silhueta se apagando na vastidão
das paredes de mármore branco do prédio do capitólio, onde
nós duas trabalhamos.
Coincidentemente, o escritório da mulher de conjunto
vermelho ficava bem em frente ao meu. Mesmo assim, muitos
anos se passaram antes que eu aprendesse seu nome verdadeiro. Talvez a sua timidez fosse razão para eu não me aproximar
dela. Ela era tímida como o céu do início da primavera e seus
olhos verdes e gentis pareciam dançar em sua extraordinária
timidez, como se, de algum modo, suplicassem por um “olá”
que eu sempre dizia rapidamente e de forma impessoal,
quando passava pelos corredores.
Tenho a impressão de que, limitada pela sua abordagem
vaga e distante, logo comecei a percebê-la não como uma
pessoa, mas como uma estrutura, quase como se fosse parte
do edifício. Assim, esperava vê-la ali para sempre.
Numa manhã de inverno, porém, nosso escritório subitamente ficou chocado com a terrível notícia da morte de Marci
Smith. Como todos nós que trabalhávamos no edifício do
capitólio, Marci Smith devia ter muitos amigos e familiares.
Entretanto, ela já estava morta havia uma semana quando
Infelizmente, porém, minha oportunidade de amar Marci
Smith, lamentavelmente, havia passado.
Fome de Amor
Naquela época, eu não sabia disso, mas a minha negligência e falta de interesse pelos outros constituía uma “falta
oculta” que ofendia a Deus. Não é de admirar que o salmista
tenha orado: “Ficarei livre de grande transgressão”; “Quem há
que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me
são ocultas. Também da soberba guarda o teu servo, que ela não
me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande
transgressão (Sl 19:12, 13).
Nosso pequeno mundo está faminto de amor do tipo
gentil e sincero, capaz de erguer o desanimado e encher nosso
coração de esperança.
Muitas vezes, porém, devido ao nosso individualismo
exacerbado, nos privamos uns dos outros e nos privamos
de amor. Nosso maravilhoso Pai celestial quer nos lembrar
de que o amor é o único atributo da vida presente que será
encontrado inalterado na vida futura. Ele deseja que compreendamos a importância de nos libertarmos das falhas ocultas,
de pecados que nos fazem susceptíveis de esquecermos que
somos chamados para amar como Deus amou, para fazer do
amor a força de nossa vida.
Até o dia em que encontrei a mulher de conjunto
vermelho, não tinha consciência do efeito adverso
dos pecados ocultos sobre minha alma ou como
podem enfraquecer minha relação com Deus.
alguém percebeu sua ausência. A notificação de um vizinho
que percebeu um estranho e pútrido odor exalando de seu
apartamento levou a polícia ao local e foi assim que, finalmente, seu corpo foi encontrado.
Fiquei de mal com o mundo. Como era possível alguém
morrer e ninguém sentir sua falta? Eu estava certa de que o
caso de Marci Smith teria sido diferente se eu tivesse sido sua
amiga. Certamente ela não teria morrido sozinha e negligenciada como morreu. De repente, concluí que eu não sabia
quem era Marci Smith ou qual era a sua aparência.
Desesperadamente, tentei colocar um rosto naquele nome,
mas “Marci Smith” era apenas uma triste melodia que se repetia vezes sem fim em meu cérebro, numa canção sem um rosto.
Quão terrivelmente inadequada e culpada me senti
quando, finalmente, me descreveram a falecida e, de repente,
concluí que Marci Smith era a mulher do conjunto vermelho,
a mulher sem nome que nunca tive o cuidado de conhecer.
erguntas
Ppara
Pensar
1. Como podemos descobrir nossas “faltas ocultas”? Como
podemos vencê-las?
2. Como podemos demonstrar o amor de Jesus para as pessoas
ao nosso redor?
3. Você já soube que magoou inconscientemente alguém,
quando já era tarde demais para reparar o problema? O que você
deve fazer, então? E o que faria hoje para mostrar a alguém que
você se importa com ele/ela?
4. Que outra lição espiritual pode ser tirada dessa história?
Setembro 2009 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
Aulas,
Cultura
e
Cristo
A Escola Adventista
Holbrook engloba esses
três aspectos
Por
Sandra
Blackmer
E
nrolando cuidadosamente seu
negro e longo cabelo em quatro
coques, dois de cada lado, e
prendendo-os com um cordão branco,
Krystal examinou-se criticamente
junto ao espelho. Sua blusa e saia são
de veludo, cinto trançado e poncho
com desenhos em brilhante turquesa e
terracota. Ela, então, calçou mocacins
de couro até os joelhos e jogou um xale
sobre os ombros.
Minha família ficaria satisfeita de
ver-me usando meus trajes Navajo,
pensou Krystal. Estou feliz de poder usar
minha roupa nativa aqui, mesmo que
não faça isso frequentemente. Ela, então,
pegou seus livros na escrivaninha e
correu para a aula.
Diferentemente da maioria das
escolas nas reservas do estado do
Arizona, nos Estados Unidos, a Escola
Adventista do Sétimo Dia Holbrook
16
Adventist World | Setembro 2009
S A R A H
para Indígenas não apenas permite, mas
encoraja seus alunos – a maior parte
da tribo Navajo – a abraçar sua cultura
nativo-americana e manter vivas suas
tradições.
“Embora o fator acadêmico seja
muito importante, a principal missão
da escola Holbrook é ensinar os alunos
sobre Jesus”, diz a diretora, Janet Claymore-Ross. “Mas também incentivamos
o respeito pela cultura nativa.”
Claymore-Ross, que é membro da
tribo Lakta e a primeira diretora nativa
desde a inauguração da escola em 1946,
diz que muitos dos valores mantidos
pelos nativos americanos são os mesmos nutridos pelos cristãos.
“Eles valorizam a honestidade e
o respeito tanto de um para com o
outro como pela natureza”, diz ela. “Se
realmente somos cristãos, se realmente
seguimos o que Jesus diz na Bíblia, nos-
L E E
sa crença combina com muito do que
eles aprenderam.”
Ministério Singular
A Escola Holbrook para Indígenas
(EHI) é um internato de ensino
fundamental e médio da missão
adventista para nativos americanos,
situado numa reserva de setenta acres,
a aproximadamente 150 quilômetros
ao leste de Flagstaff, Arizona, Estados
Unidos e a 362 km a nordeste de Fênix.
Quase todos os seus 64 alunos vêm de
reservas no Arizona e de outros estados
vizinhos, e não são membros da Igreja
Adventista. Alguns, como Krystal, chegaram à escola com apenas quatro anos
de idade. Dez anos mais tarde e em seu
penúltimo ano, Krystal ainda está lá e
feliz com a experiência.
“Eu gosto muito daqui; gostei desde
quando cheguei pela primeira vez”, diz
B L A C K M E R
S A N D R A
Da esquerda para a direita:
TRABALHO COM CERÂMICA:
Alunos da Escola Holbrook são
nacionalmente conhecidos por
sua habilidade na arte de fazer
cerâmica. PRÉDIO ADMINISTRATIVO:
Prédio da administração de Holbrook.
ALUNA ANTIGA: Krystal, agora no
segundo ano do ensino médio da
Escola Adventista do Sétimo Dia
Holbrook para Indígenas, é aluna
interna da escola desde os quatro
anos de idade.
S A N D R A
B L A C K M E R
Krystal. “Lá em casa não havia ninguém
da minha idade para brincar e aqui era
divertido morar no dormitório e comer
coisas diferentes. A escola tem muitas
atividades, as aulas são interessantes e
fazemos excursões educativas, por exemplo, para a Floresta Petrificada ou para o
parque para brincar e fazer piquenique.”
Os pais de Krystal se separaram
quando ela era pequena e sua avó, com
quem ela fica nos recessos e fins de
semana, cria que a escola Holbrook proveria nutrição, estabilidade e educação.
Embora não fosse adventista, sua avó
tinha certeza de que os valores da escola
não conflitariam com os seus e que
zelaria pela herança cultural da menina.
“Krystal fala seu idioma nativo e
sabe plantar e colher milho”, diz a vicediretora e secretária, Shannon Brown.
“A cultura Navajo mantém vivas muitas
de suas tradições. Nossos alunos têm
que aprender como tingir lã e tecer sua
roupa antes de se formar. Assim, Krystal
faz todas as coisas que se espera que
uma mulher nativa tradicional faça.”
Mais importante, Krystal aprendeu
sobre Jesus na escola Holbrook, e que há
um Salvador que tem amor e cuidado
por ela. Embora ainda não tenha tomado sua decisão para o batismo, ela diz
que “está caminhando nessa direção”.
Qualidade Acadêmica
A escola Holdbrook é credenciada
pela Associação de Credenciamento
Adventista do Sétimo Dia de Escolas,
Faculdades e Universidades. Seus
dezoito professores de tempo integral
e administradores são credenciados
e oferecem cursos em ciências, artes,
matemática, comunicação e tecnologia,
como conserto e solda de máquinas
pequenas. Os alunos são nacionalmente
conhecidos por sua habilidade de fazer
cerâmica, curso que atualmente é ministrado pela ex-aluna Lynessa Stanley.
Mas a primeira missão dos professores e dos 14 funcionários é ajudar a
preparar os alunos para uma vida de
serviço pelos outros e para a vida eterna
com Jesus.
“Todos os anos temos batismos”, diz
Brown. “Alguns alunos são batizados porque seus amigos o foram, mas a maioria é
batizada porque realmente crê.”
Ela acrescenta: “O batismo é uma
cerimônia, e a comunidade nativa
americana é baseada em cerimônias.
Quando são batizados, os alunos dizem:
‘Agora preciso viver como um cristão’.
Essa é sua transição para a nova vida.”
Fé no Dia a Dia
A escola Holbrook é mantida pela
União do Pacífico e é a única escola
mantida por uma união em toda a
Divisão Norte-Americana da Igreja
Adventista do Sétimo Dia. A subvenção
da divisão cobre cerca de 25% do orçamento da escola. Outros recursos são
gerados pelo estipêndio e internato – $75
dólares por mês para o ensino médio;
$65 dólares por mês para o ensino fundamental – mas a maioria das famílias
não tem condições de pagar esse valor.
“Nosso orçamento depende, principalmente, das doações e do dinheiro
deixado para a escola em testamentos”,
diz Claymore-Ross. “Basicamente
prosseguimos confiando que o Senhor
providenciará o dinheiro.”
Obviamente, Ele providencia.
Para exemplificar o cuidado de Deus,
Claymore-Ross conta que um dia ela
perguntou ao vice-tesoureiro, Eunie
Banuag:
– Como está nossa situação?
– Precisamos orar –, respondeu
Banuag e acrescentou – Vamos precisar
Sandra Blackmer é
editora assistente da
Adventist World.
Setembro 2009 | Adventist World
17
sacar dinheiro [do fundo de operação]
para cobrir a folha de pagamento.
– Não há nenhum outro jeito?
– perguntou Claymore-Ross.
– Penso que não.
– Então, deixa-me ver minha correspondência e, a seguir, vou preencher os
papéis para isso.
Claymore-Ross pegou um punhado
de cartas e abriu a que estava por cima.
Dentro havia um cheque de $30.000 dólares, o exato valor de que necessitavam.
“E continua a ser assim”, explica ela.
A diretora de desenvolvimento e
relações públicas, Bárbara Willis, confirma essas experiências.
“Às vezes, o cheque chega pelo
correio exatamente no dia em que
necessitamos dele”, diz ela. “Às vezes,
é um telefonema. A pessoa pode estar
pensando em fazer uma doação e,
talvez, já estava cogitando em fazer isso
uma semana antes, mas a doação chega
no dia exato em que precisamos dela. É
uma caminhada diária pela fé.”
Enfrentando Desafios
A maioria dos alunos da escola
Holbrook vem de lares pobres, de mães
solteiras ou de lares sem pais, trazendo
com eles o que Claymore-Ross descreve como: “Problemas emocionais
severos e de abandono.” Problemas de
abuso físico e emocional, alcoolismo,
drogas e agressões de gangues violentas, essa é a realidade diária desses
jovens, diz ela.
“O alcoolismo é definitivamente
um grande problema”, diz ClaymoreRoss. “No ano passado, contratamos
uma vice-diretora [Shannon Brown],
que é formada em psicologia escolar,
e ela fez uma grande diferença no
aconselhamento aos alunos. Eles a
procuram para pedir ajuda. Esse foi
um grande avanço.”
P H O T O S
À direita: DIRETORA
DA ESCOLA: Janet
Claymore-Ross, membro
da tribo Lakota, é a primeira
diretora Americana-Nativa
desde a fundação da
escola em 1946.
B Y
S A R A H
Brown concorda que os desafios
na escola Holbrook podem parecer
assustadores.
“Muitos pais enviam os filhos para
cá porque eles se envolveram com
drogas e gangues”, diz Brown. “Os pais
sabem que, quando seus filhos estão
aqui, estão seguros.”
Descrevendo Holbrook como uma
escola das segundas oportunidades, Brown explica: “Alguns dos alunos que vieram se envolveram com droga, ou álcool,
ou em brigas. Um de nossos meninos
veio da escola pública e estava suspenso
por uso de álcool. Ele me disse que gostaria de começar de novo. ‘Eu vou ficar
limpo’, ele disse, e permaneceu limpo.
Suas notas são boas. Ele está no segundo
ano do ensino médio e já demonstra
interesse nas faculdades adventistas.
“Temos nossas histórias de sucesso e
as não tão bem-sucedidas. Mas preferimos nos lembrar das de sucesso”, diz ela.
L E E
MISSÃO ESPIRITUAL E ACADÊMICA: Os dezoito professores
licenciados e administradores oferecem instrução em ciências,
artes liberais, matemática, comunicação e tecnologia, assim
como soldadura e reparo de motores pequenos. A principal
missão da escola, porém, é ajudar a preparar os alunos para
uma vida de serviço aos outros e para a vida eterna com Jesus.
S A N D R A
B L A C K M E R
O professor de matemática e Bíblia,
Arthur Miller, leciona em Holbrook
há onze anos. Ele disse que não queria
fazer “as coisas comuns do dia a dia. Eu
queria fazer algo que me desse a chance
de compartilhar minha fé diariamente e
realmente fazer a diferença”.
“Definitivamente esse é um campo
missionário”, diz Miller, que recebeu o
Prêmio de Professor por Excelência de
2009, da Associação dos Ex-alunos. “A
maioria de nossas crianças não é cristã
e, muito menos, adventista.”
Os diretores da escola encaram os
desafios mais diretamente do que os
demais funcionários. O preceptor associado, Sam Hubbard, que trabalha na
escola há três anos, diz que a diferença
de idade é uma característica singular.
“Os alunos do ensino médio têm
problemas diferentes dos pequenos”, diz
Hubbard. “Todos, porém, estão aprendendo sobre Jesus.”
Hubbard descreve a arrumação do
dormitório para as crianças do ensino
fundamental como “aberta, baseada em
comunidade”.
Referindo-se a realidades de curto
prazo, Hubbard diz: “Podemos não
ver muito resultado imediatamente
no crescimento emocional e espiritual
dos alunos, mas, em longo prazo, a
experiência deles aqui vai fazer toda a
diferença na vida.”
Sucesso Contínuo
Os desafios, como o sucesso da
escola, não são novos. A departamental
de educação da Associação de Idaho,
Paulette Jackson, trabalhou como diretora da escola de Holbrook por mais de
três anos, de julho de 2003 a dezembro
de 2006. Embora veja a missão da escola
como multifacetária, ela decidiu compartilhar um de seus principais objetivos:
“Oferecer um lugar seguro para as crianças aprenderem sobre Jesus” – e parece
que a escola tem cumprido esse objetivo.
“Simplesmente nunca tivemos
nenhum problema no campus”, diz
Jackson. “As gangues são o maior problema nas reservas, mas, mesmo tendo
aceitado algumas crianças que estavam
tentando sair das gangues, nunca
tivemos problema. Elas estavam bem
seguras.”
Jackson acredita que outra razão
para os pais enviarem os filhos para a
escola é o fato de que ali eles são livres
para manter sua cultura no ambiente
escolar. “Eles podem usar seus trajes
nativos sempre que desejarem”, diz
Jackson. “Ensinamos a história nativa,
que foi incorporada no currículo.
Mesmo quando ensinamos sobre Deus,
o fazemos de um modo que esteja relacionado à sua cultura.”
Mas Jackson admite que Holbrook
não consegue resolver todos os problemas. “Há apenas um ou dois pastores adventistas para 300 mil pessoas na reserva
Navajo”, diz ela. “Eles não têm programas
para jovens; não há um lugar para
que esses jovens procurem apoio após
deixar Holbrook. É muito desanimador.
Às vezes, após a formatura, os alunos
voltam para nos visitar. Eles ajudam no
refeitório e se hospedam no quarto de
visitas. Este é um lugar confortável para
eles e sentem-se como se estivessem em
sua casa. Este lugar é muito bom.”
Após a Formatura
A diretora Claymore-Ross, que possui um doutorado em Administração
Educacional e cujo esposo, Duane, também leciona na escola, diz que há várias
opções disponíveis para os formandos
de Holbrook.
“Alguns seguem para faculdades
adventistas, mas a maioria desses jovens
volta para as reservas”, diz ela. “Eles
conseguem trabalho como mecânicos,
funileiros e podem até se tornar doutores
– tudo o que uma pessoa faz fora, pode
ser feito nas reservas. Eles têm faculdades
comunitárias lá dentro, de modo que
podem continuar os estudos ali.
“Eles veem o serviço militar como
uma boa opção. Ele paga os seus estudos e é muito organizado. Os nativos
americanos crescem respeitando o
serviço militar porque sua sociedade
guerreira é muito respeitada.”
Ajudando Outros
O fato de testemunhar e ajudar
as pessoas das comunidades locais
fortaleceu a imagem da escola entre os
vizinhos. Como parte do currículo de
Holbrook, membros do corpo docente
transportam os alunos para a cidade,
todas as sextas-feiras à tarde, para
recolher o lixo, cuidar de jardins e ler
histórias para as crianças do jardim da
infância da escola pública.
“As pessoas da comunidade apreciam
Holbrook por causa disso”, diz Miller.
O professor Lowell Jenks e um grupo
de alunos também viajam por uma
hora, todos os sábados pela manhã, para
participar do culto junto com pessoas
que guardam o sábado, mas que não são
adventistas. A escola planeja realizar uma
série evangelística ali, neste verão.
Perspectiva da União
O diretor associado de educação da
União do Pacífico, Thambi Thomas,
considera Holbrook uma história de
sucesso.
“As crianças vêm de contextos problemáticos; em alguns casos, a família é
quase inexistente”, diz Thomas. “Conversei com uma jovem que me disse que
seus pais haviam se divorciado.”
– Com quem você fica quando não
está na escola? – perguntei.
– Na casa de minha avó.
– Você gosta daqui? – perguntei.
– Eu amo! As pessoas aqui se importam comigo.
“Para crianças que crescem em
lares fragmentados ou onde a estrutura
familiar não é forte, Holbrook é o céu”,
diz Thomas. “Há profundo comprometimento por parte dos professores. Tiro
o chapéu para eles.”
Palavras de uma Criança
Os alunos de Holbrook, como
Adrian, de oito anos de idade, não poupam palavras para expressar seu amor e
apreciação pela escola. Ele filosofa sobre
sua experiência ali.
“Eu brinco por aqui e às vezes me
meto em encrenca”, ele admite candidamente, “mas essa é uma ótima escola; eu
gosto muito daqui.” Embora entre suas
preferências estejam as aulas de cerâmica
e educação física, ele enfatiza: “Eu acho
que [a escola é] boa porque aprendemos
sobre Jesus aqui. Eu gosto disso.”
Para mais informações sobre a Escola
Adventista Holbrook, acesse www.hissda.
org, escreva para hisnativechildren@yahoo.
com, ou ligue para 928-524-6845 (nos
Estados Unidos).
Setembro 2009 | Adventist World
19
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
Quem é o Espírito Santo?
Como o Espírito Atuou no Passado?
Ninguém precisa ter vergonha de fazer essa pergunta. Você
não é um desconhecido para o Espírito de Deus. Pode ser que
tenha sido batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, uma ação de significado profundo. Esse trio de nomes
frequentemente aparece junto no Novo Testamento, embora
nem sempre na mesma ordem ou com os mesmos sinônimos.
Sua identidade, natureza e relacionamento mútuo têm sido
compreendidos de maneiras diferentes. A maioria dos cristãos
concorda com o conceito trinitário, segundo o qual nenhum
desses nomes pode ser igualado a outro, mas todos eles compartilham a mesma natureza divina.
Reconhecidamente, esse é um assunto difícil. Pai, Filho e
Espírito Santo sempre pensam, falam e agem em conjunto no
mundo, desde de que a unidade de Deus é real. Separar essas
Pessoas divinas uma da outra requer atenção cuidadosa para
a evidência bíblica.
Há, no entanto, um ponto de verdade nas posições rejeitadas acima. O Espírito não é apenas um poder, mas nós, seres
criados, sabemos e experimentamos Seu poder. O próprio
Jesus nos lembrou de que o nome “Espírito” (literalmente,
“espírito” ou “vento” na linguagem bíblica) é dado a Ele
porque, como um poderoso vento, é invisível, mas efetivo
(João 3:8). No princípio, esse poder Se manifestou como “o
Vento de Deus”, como alguns traduzem Gênesis 1:2 (BNJ).1 A
pomba pairando sobre a água no batismo de Jesus (Mt 3:16)
lembra-nos de que, no princípio da vida cristã, o mesmo
Poder, mais uma vez, cria e ilumina, pois “Todo aquele que
está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho;
eis que tudo se fez novo”(2Co 5:17). 2
As Escrituras apresentam o Espírito de Deus como um
poder moral no interior da consciência humana (Gn 6:3)
e “convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e
Seu
poio
A D i vi no
NÚMERO 5
Por
Aecio E.
Cairus
A envolvente
presença de Deus em
nossa vida diária
20
Adventist World | Setembro 2009
Deus
Espírito Santo
Deus, o Espírito Santo, desempenhou uma parte ativa com o Pai e o Filho na criação, encarnação e redenção. Inspirou os escritores das Escrituras. Encheu de poder a vida de Cristo. Atrai
do juízo”(Jo 16:8).
e convence os seres humanos; e os que se mostram sensíveis são renovados e transforConsequentemente, Ele
mados por Ele à imagem de Deus. Enviado pelo Pai e pelo Filho para estar sempre
aparece como um poder intecom Seus filhos, Ele concede dons espirituais à igreja, habilita-a a dar tesligente, capacitando com sabedoria
temunho de Cristo e, em harmonia com as Escrituras, guia-a em toda
os justos, como José (Gn 41:38). Faraó
a verdade. (Gn 1:1, 2; Lc 1:35; 4:18; At 10:38; 2Pe 1:21; 2Co 3:18;
percebeu esse poder, assim como o povo de
Ef 4:11, 12; At 1:8; Jo 14:16-18, 26; 15:26, 27; 16:7-13.)
Israel quando Saul foi transformado, tornando-se
“em outro homem”(1Sm 10:6-11).
Uma passagem muito importante do Antigo Testamento
que trata sobre o conceito da Trindade pode ser encontrada
em Isaías 63. Para salvar Israel (63:7, 8), Deus, “nosso Pai”
(63:16), enviou o “anjo da Sua presença” (63:9) que frequentemente se refere ao próprio Deus no Antigo Testamento.
Tragicamente, o povo a ser redimido se rebelou contra seu
Salvador, e “contristaram seu Santo Espírito” (63:10). Em
consequência, os profetas previram um dia no futuro, nos
tempos messiânicos, em que uma nova aliança seria concluída, com um novo espírito e um novo coração (Ez 11:19, 20;
Jr 31:31-33).
Esse tempo começou com a “concepção” de Maria pelo
Espírito Santo (Lc 1:35), o que a capacitou, sendo virgem,
a conceber o “ser santo”. Esse nascimento especial era diferente do fato de o Espírito “encher” um mero bebê humano,
como Seu primo João (Lc 1:15), para cumprir uma missão
especial durante a vida. João profetizou uma futura imersão
no Espírito (Mt 3:11), que Jesus definiu como o novo nascimento pelo Espírito (Jo 1:13; 3:5-8), adotando um “novo
eu” interior enquanto o velho perde seu poder (Cl 3:10,
11). Essa presença é “habitação” do Espírito (Ro 8:9). É um
presente permanente de Deus que nos faz Seus filhos e filhas
e herdeiros da vida eterna (Ro 8:11, 17; 1 Jo 3:1, 2), que
nunca é negado para aqueles que a buscam sinceramente
(Lc 11:13). Seu objetivo é permitir ações específicas no âmbito do total conjunto da missão da igreja, como um todo
orgânico, o corpo de Cristo.
A missão da igreja é grandemente avançada pela “plenitude” do Espírito, que promove um entusiasmo renovado
e ousadia no testemunho cristão (At 4:29; Ef 6:18-20). Embora a habitação interior seja permanente, a plenitude do
Espírito deve ser buscada repetidamente por meio da oração
(Atos 4:31) e outras formas inspiradas de culto (Ef 5:18, 19).
Como o Espírito Auxilia os Cristãos Hoje?
Como crentes, você deve saber que o Espírito, em
Sua capacidade de poder moral, desperta sua consciência
pela vontade revelada de Deus, a lei (Sl 40:8), que o Espírito
revela nas Escrituras (2Pe 1:21), a Palavra que o guia a
Cristo
(Jo 5:39, 40). Ele
é o seu Paraclete, ou Apoio
divino (Jo 14:16, 26).
Menos assimilado é o fato de que o Espírito capacita
cada crente a ser uma parte inteligente da ecclesia, termo
antigo para “assembleia”, que foi de certo modo obscurecido
ao ser traduzido por “igreja”. Ninguém deveria sentir-se
relegado à classe de mero “membro leigo”, muito menos
uma “congregação” que fica sentada nos bancos. O Espírito
de Cristo capacita todos os crentes, reunidos em Seu nome,
a agir com autoridade (Mt 18:19, 20). Isso deveria levá-los
a assumir com seriedade seus deveres na assembleia, tanto
disciplinando os membros que estão em erro (18:15-20),
como na seleção e apoio aos líderes (At 6:2-5).
Perante Cristo, não há mais nenhuma separação entre as
tribos de sacerdotes e tribos “leigas”. O povo de Deus hoje
é composto inteiramente de sacerdotes e sacerdotisas (1Pe
2:4, 5), cujo ritual de unção ocorreu durante o batismo em
nome do Espírito Santo. Como tal, você e eu podemos participar da tarefa que define todo o sacerdócio: representar
nossos semelhantes, os seres humanos, diante de Deus em
busca de perdão, simpatizando com eles com a consciência
de nossas próprias fraquezas, convidando-os à presença de
Deus e , consequentemente, intercedendo por eles (Hb 5:1,
2). Ao continuarmos orando pela plenitude do Espírito,
nunca devemos nos esquecer de que já possuímos “a unção
do Santo” (1 Jo 2:20).
1
2
Texto da Bíblia Nova Jerusalém
Ibidem
Aecio E. Cairus, Ph.D., natural do Urugai,
é professor de Teologia Sistemática no
Seminário Teológico do Instituto Adventista
de Estudos Avançados, nas Filipinas.
Setembro 2009 | Adventist World
21
D E S C O B R I N D O
O
E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
Através
entes
L
das
da
Por Jud Lake
E
llen White tinha todos os motivos para ser triste. Com
a idade de nove anos, ela sofreu um terrível acidente
que a deixou de cama por vários meses e deformada
pelo resto da vida. O “Grande Desapontamento” de 1844
deixou seu coração de jovem questionando por que Jesus não
havia voltado. Suas primeiras visões foram ridicularizadas e
rejeitadas por muitos dos que as ouviram. Seu esposo morreu
com 60 anos e dois de seus quatro filhos morreram ainda
jovens. Ao longo dos mais de 70 anos de ministério profético,
era ferrenhamente atacada por críticas que lançavam dúvidas
sobre suas palavras. Mesmo alguns de seus seguidores rejeitavam repetidamente seus conselhos.
Alegria na Jornada
Sim, apesar de toda essa oposição e ameaças, em 1902 ela
escreveu: “O céu é cheio de alegria” e “ressoa com os louvores
dAquele que fez tão maravilhoso sacrifício para a redenção da
raça humana.”1 Aqueles que um dia “participarão do coral de
anjos cantando seu hino de louvor, devem aprender na Terra a
canção do Céu, a nota tônica que é o louvor e ação de graças.”
Tal era sua compreensão do papel da alegria na vida cristã.
“Para todos aqueles que O
Em meio a provações e desapontamentos, os cristãos podem
aprender que eles têm todos os motivos para ser alegres.
Comentando as palavras de Jesus em João 15:11, ela escreveu:
“Por que nossa alegria não é total e completa, sem nada faltar?
Temos a certeza de que Jesus é nosso Salvador, e que podemos participar livremente das ricas provisões que Ele fez para nós. Ele nos
deu toda a certeza de que cumprirá tudo o que prometeu. É nosso
privilégio buscar, constantemente, a alegria de Sua presença. Ele
deseja que sejamos contentes e cheios de louvor ao Seu nome. Ele
quer que levemos luz em nosso semblante e alegria no coração. Nós
temos a esperança que está muito acima do que qualquer prazer
mundano pode ofertar; por que, então não sermos alegres?”2
Ellen White é muito clara sobre a certeza da salvação, companheirismo com Cristo, e a rica provisão das promessas de Deus
contém poderosas razões para sermos alegres. “Cristo habitando
na alma é uma fonte de alegria”, ela declarou. “Para todos aqueles
que O receberam, a nota tônica da Palavra de Deus é ‘regozijo’.”3
Desafios e Frustrações da Vida
Jud Lake, Th.D., D.Min., é professor de
Estudos Adventistas na Southern Adventist
University e ama compartilhar a alegria de
Jesus nas salas de aula.
22
Adventist World | Setembro 2009
Mas essa compreensão e prática da alegria cristã não
aconteceu por acaso na vida de Ellen quando ela era jovem.
Ainda menina, ela passou por um tremendo revés quando,
no outono de 1836, foi atingida por uma pedra, lançada por
sua colega de classe, que a deixou gravemente ferida. Convencida de que estava morrendo, a pequena Ellen, aos nove
anos de idade, com sua fé simples, entregou o coração a Jesus.
Vários meses mais tarde, no dia 25 de janeiro de 1837, uma
dramática aurora boreal iluminou o céu da Nova Inglaterra.
A jovem Ellen lembrou-se vividamente do evento, porque sua
mãe a levou para a janela e ela viu o brilho no céu, as luzes
“vermelho vivo” tornando a “neve” semelhante a “sangue”. Os
vizinhos ficaram assustados, mas a jovem Ellen estava feliz.
Ela pensou que Jesus estava voltando e bateu palmas como
se o fim de seu sofrimento houvesse chegado. “Mas fiquei
desapontada”, relembrou mais tarde; “O fenômeno singular
desapareceu dos céus e, na manhã seguinte, o Sol nasceu como
de costume.”4 A perspectiva de que ela deveria continuar
vivendo em meio ao sofrimento extinguiu a alegria infantil de
Ellen, que durara tão pouco.
Pelos quatro anos seguintes, ela lutou contra o desânimo e
a depressão. Por causa de sua saúde frágil, não pôde retornar
à escola e perdeu a esperança de voltar a estudar – algo que
desejava muito. “Eu estava irreconciliável com minha sorte”,
ela escreveu, “e às vezes murmurava contra a providência de
Deus, assim me afligindo.”5 Ela experimentou forte senso de
culpa pelo seu ressentimento. Sua fé simples em Jesus desapareceu, sentindo-se abandonada na escuridão. Esse sentimento
Essa experiência de alegria no serviço para Deus permaneceu com Ellen pelo resto da vida. Tornou-se um significante componente de sua filosofia de educação cristã e um tema
distinto em sua compreensão da vida cristã. “Nosso Deus é um
terno e misericordioso Pai”, ela escreveu em 1892. “Seu serviço
não deve ser considerado como penoso e entristecedor. Ao contrário, deve ser uma ‘honra’ para Seus filhos participar do Seu
serviço. Ele é o melhor amigo de vocês, e espera que, quando O
adorem, possa estar com eles, para abençoá-los e confortá-los,
enchendo-lhes o coração de alegria e amor.”8
Embora Ellen, às vezes, sofresse com depressão, ela “lutava
contra esse sentimento” e afirmava: “Eu sei que Deus quer
que Sua alegria esteja em nós, que nossa alegria seja completa.”
Afinal, “Ele tem um Céu cheio de bênçãos e nos dará essas
bênçãos se aceitarmos.”9
Seu mais memorável discurso sobre a alegria cristã
encontra-se no último capítulo do livro Caminho a Cristo,
intitulado “Regozijo no Senhor”:
“Muitos, pela estrada da vida, pensam demasiado em
seus erros, faltas e decepções, ficando com o coração cheio de
amargura e desalento. Durante minha estada na Europa, certa
irmã que assim fazia, achando-se profundamente acabrunhada,
receberam, a nota tônica da Palavra de Deus é ‘regozijo.’”
era resultado de sua crença no fogo eterno do inferno, exacerbando seus temores e agonia da alma.
Que Segurança … Sou de Jesus!
Felizmente, ela experimentou uma revolução na vida
espiritual em Buxton, Maine, numa reunião campal da Igreja
Metodista, no fim do verão de 1841. Após ouvir um sermão
convincente sobre justificação pela fé, Ellen suplicou a Deus
que a salvasse. “Quando me ajoelhei para orar”, disse ela, “de
repente meus fardos me deixaram e meu coração ficou leve …
Nunca vou me esquecer dessa preciosa segurança da terna graça
de Jesus para com alguém tão indigno de Sua atenção.”6 O ponto
culminante da experiência de conversão de Ellen foi numa
sessão de aconselhamento, em 1843, iniciada por sua mãe, com
o pastor metodista milerita, Levi Stockman. Ellen abriu o coração a Stockman que, em retorno, lhe falou sobre o grande amor
de Cristo e o plano da redenção. Esse encontro com Stockman
foi seguido por uma importante experiência numa reunião de
oração naquele mesmo dia, transformando completamente a
experiência cristã da jovem Ellen. Ela escreveu:
“Minha visão do Pai mudou. Agora O via como terno e
bondoso pai, em vez de um tirano que forçava o homem a uma
cega obediência. Meu coração inclinou-se em Sua direção com
profundo e fervente amor. Ser obediente a Ele será uma alegria;
foi um prazer estar a Seu serviço.”7
escreveu-me pedindo uma palavra de animação. Na noite seguinte à leitura de sua carta, sonhei que me achava num jardim,
e alguém que parecia o dono, ia me conduzindo por ele. Eu
apanhava as flores e fruía-lhes o aroma, quando essa irmã, que
ia a meu lado, chamou-me a atenção para alguns feios cardos
que lhe embaraçavam o caminho. Ali estava ela, lamentando-se
e afligindo-se. Não andava pelo caminho, seguindo o guia, mas
ia por entre os espinhos e cardos. ‘Oh!’ lamentava ela, ‘que pena
que este belo jardim esteja assim tão feio por causa dos espinhos!’
Então, o guia disse: ‘Não te importes com os espinhos, pois só te
podem magoar. Colhe as rosas, os lírios e os cravos’” [p. 116, 117].
Ao olhar para trás, para sua própria vida, Ellen White encontrou todas as razões para ser alegre. Ela ainda nos desafia a
encontrar a mesma alegria hoje!
1
Ellen G. White, “A Word of Cheer,” The Southern Watchman, 4 de Dezembro,
1902 in Ellen G. White Writings Complete Published Edition CD-ROM (Silver Spring, Md.: Ellen
G. White Estate, 2005), parágrafo 2.
2
Idem, “That Your Joy Might Be Full,” Signs of the Times, 11 de agosto de1909, in Ellen G. White
Writings Complete Published Edition CD-ROM, parágrafo 4.
3
Ibid., parágrafo 3.
4
Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 11; O relato de outra testemunha ocular sobre
esse evento celestial pode ser encontrado no Charles Bowen, The American Almanac and Repository
of Useful Knowledge for the Year 1838 (Boston: Charles Bowen, 1837), pp. 80-83, ascessível online no
site books.google.com.
5
Ellen G. White, Testemunhos para Igreja, vl 1, p. 13.
6
Idem, Life Sketches of Ellen G. White (Mountain View: Pacific Press, 1915), p. 23.
7
Ibid., p. 39.
8
Idem, Caminho a Cristo (Mountain View: Pacific Press, 1956), p. 103.
9
Idem, Boletim da Associação Geral, 1 de April de 1903, p. 32.
Setembro 2009 | Adventist World
23
H E R A N Ç A
A D V E N T I S T A
O
Por Marcos Paseggi
Enfermeiro
Guerreiro
Pedro Kalbermatter foi um grande guerreiro
de Deus nos altiplanos da América do Sul
P
edro Kalbermatter olhou através
da janela para a escola da missão
em Azangaro, no altiplano peruano,
entre as montanhas dos Andes.* Ele
sabia ser esse sábado o dia marcado
por seus inimigos para primeiramente
matá-lo, depois atirar nos índios e,
finalmente, derrubar as paredes da
missão. Ele podia ver a poeira causada
pela multidão que se aproximava. A
multidão era comandada por proprietários de terras que não aceitavam
que aquele “protestante herege”, como
Pedro era chamado, educasse os índios
e os ensinasse a abandonar a bebida.
O dinheiro deles dependia do trabalho
escravo dos índios e eles sabiam ser
mais fácil comandá-los enquanto estivessem bêbados e ignorantes.
Quando Pedro começou a construir
a missão, mais de setecentos índios se
ofereceram para ajudar. Finalmente, ele
conseguiu reunir um grupo de 1.200
fiéis ajudantes. Porém, naquele dia em
particular, mais da metade dos índios,
Marcos Paseggi é
tradutor profissional
freelancer e escritor/
pesquisador na Argentina.
24
Adventist World | Setembro 2009
com medo, já havia partido. Pedro sentiu-se abandonado.
Então, ele decidiu que, juntamente
com os índios remanescentes, lutaria e
morreria pela missão.
Ele tinha algumas armas de fogo
e munição escondidas num buraco
embaixo de sua cabana. Pensou que o
tempo de usá-las havia chegado. Porém,
não se sentia à vontade. Antes de pegar
seus revólveres e espingardas, ajoelhouse para orar pedindo a direção de Deus.
Enquanto orava, grande paz encheu seu
coração. Ele ouviu a voz de Deus lhe
dizendo: “Minha é a vingança. Eu irei
defendê-lo!”
Pedro deixou suas armas e voltou
para a janela. Decidiu, então, que sairia
ao encontro da multidão. Ele comunicou aos seus assistentes o que havia
resolvido.
– Mas, Mestre – disse o índio – você
vai ser morto.
– Eu vou sair − respondeu Pedro.
– Então vamos armados − disse o
índio.
– Vou levar a melhor arma que
tenho − disse ele. – Dê-me a Bíblia.
Então, abriu a porta da frente e saiu.
E como foi que o camponês das
planícies argentinas acabou lutando por
Deus no “topo do mundo”?
Um Camponês Entrega o
Coração
Pedro Kalbermatter nasceu em uma
família de imigrantes suíços que se mudou para a Argentina nas últimas décadas do século XIX. Foram morar numa
fazenda localizada numa grande planície.
Desde menino, Pedro aprendeu a cuidar
das ovelhas de seu pai e a protegê-las das
emboscadas das raposas e cobras.
Todas as noites, a mãe costumava ler
para sua família textos sobre os eternos
sofrimentos do inferno, que esperavam
por aqueles que não se comportavam
bem. Essas leituras, porém, não impediam que os meninos da família brigassem frequentemente.
Certo dia, um colportor vendeu
alguns livros religiosos para a família,
que começou a lê-los. Pouco tempo
depois, eles já haviam aprendido sobre
o sábado, a segunda vinda de Cristo
e os princípios de saúde. Convencida,
a família decidiu ser batizada. Como
não havia piscina, o pastor visitante
concordou em batizá-los no poço de
onde tiravam água para o gado. Logo,
os vizinhos começaram a perceber que
os rapazes não brigavam mais e que
haviam deixado de fumar e beber!
Pedro sentiu que Deus queria que ele
fosse um missionário. Assim, decidiu se
Da esquerda para a direita:
CHEFE ÍNDIO, ALTO E LOURO:
Pedro vestido como os índios
do altiplano dos Andes, onde
trabalhou como enfermeiro,
professor e pastor por vinte
anos. [p. 7 do livro/veja nota de
rodapé] PARTE DA FAMÍLIA: Na
foto, os pais de Pedro e nove dos
seus onze irmãos e irmãs, em
1920. Pedro já estava trabalhando
no Peru quando a foto foi tirada.
DESCANSO DO GUERREIRO: A
apenas alguns quarteirões da
escola que os preparou para
o campo missionário, Pedro e
Mina esperam a gloriosa manhã
da ressurreição.
F O T O G R A F I A S
matricular numa escola adventista, na
província de Entre Rios. Entretanto, três
meses após ter chegado à escola, Pedro
foi convocado para servir ao exército.
De Soldado a Enfermeiro
No exército, Pedro se recusou a
trabalhar aos sábados. Por isso, foi excluído, espancado e, finalmente, preso.
Pedro, que sempre estava pronto para
brigar, agora orava por domínio próprio. Após um ano de miséria e prisão,
finalmente foi libertado.
Pedro retornou à escola adventista,
onde se tornou enfermeiro. Como era
solteiro e não tinha nenhuma chance de
ser enviado para o campo missionário,
trabalhou por sete anos na cidade
vizinha, Rosário, onde conheceu uma
enfermeira adventista chamada Guilhermina (Mina), que se tornaria sua
companheira para a vida.
Pedro e Mina se casaram e tiveram
dois filhos. Quando eles foram convidados para trabalhar no altiplano
peruano, aceitaram o desafio com alegria. Após vários dias viajando de trem,
caminhão e barco, chegaram ao novo
local de trabalho, no inverno de 1919.
A situação que encontraram naquele
lugar estava longe de ser a ideal. Os
Kalbermatter perceberam que os índios
C E D I D A S
P E L O
A U T O R
eram maltratados, sofriam com privações e eram negligenciados. Entretanto,
toda tentativa de melhorar a condição
deles era recebida com feroz oposição. A
primeira escola da missão, na cidade de
Saman, foi destruída. Assim, Pedro foi a
Azangaro – onde o encontramos no dia
em que saiu ao encontro da turba irada,
armado apenas com sua Bíblia.
A multidão não conseguia acreditar
no que via. O protestante herege estava
andando desarmado na direção deles,
e estava sorrindo. Eles disseram que o
matariam; e então, começaram a atirar
para o alto. Pedro, porém, não recuou.
Pelo contrário, deixou bem claro que a
escola estava ali para ficar. Finalmente,
a turba foi embora, possuída de um
estranho medo.
Naquela noite, Pedro dirigiu um culto
de ação de graças por estar vivo. Daquele
dia em diante, a missão prosperou.
Grande Guerreiro de Deus
Os métodos de Pedro para confrontar os opositores nem sempre eram
compreendidos por seus companheiros
de trabalho. Alguns achavam que o
irmão Kalbermatter, às vezes, parecia
pronto para brigar. Finalmente, ele foi
chamado pelos líderes adventistas:
− Você batizou apenas duzentas
pessoas em três anos – disseram a ele.
– Pare de brigar e empregue mais tempo
pregando o evangelho.
Humildemente, Pedro aceitou a
repreensão dos líderes. Quando os dois
pastores foram novamente visitá-lo
para batizar os candidatos, descobriram
que Pedro tinha seiscentas pessoas
prontas para o batismo!
No ano seguinte, Pedro convidou
os líderes da igreja para um congresso
dos índios. Além dos delegados locais,
o congresso contava com a presença
dos líderes adventistas da União, da
Divisão e até da Associação Geral. Mas
alguns dos delegados não conseguiram
chegar a tempo. Quando estavam descendo as montanhas, foram atacados,
espancados, apedrejados e pisoteados
por cavalos. Finalmente, eles chegaram
à missão sangrando, com fraturas nos
ossos e sérios ferimentos. Pedro começou a cuidar deles, mas, a essa altura, os
líderes adventistas estavam realmente
amedrontados!
Após o congresso, quando começaram a partir, surgiu outra turba
tentando apedrejá-los. Pedro, porém,
enfrentou a multidão, esporando seu
cavalo e ajudando todos a voltar para
casa em segurança. Após aquele incidente, Pedro nunca mais foi criticado
por ninguém. Todos compreenderam
que ele era um homem para o seu
tempo, um guerreiro escolhido por
Deus para levar avante o evangelho sob
circunstâncias muito desafiadoras.
Com o tempo, Pedro se tornou um
dos enfermeiros mais amados da região.
Até os proprietários das terras aprenderam a respeitá-lo. Mais de uma vez,
Pedro tratou das mesmas pessoas que
haviam jurado matá-lo anos antes.
Após trabalhar por vinte anos no
altiplano, Pedro e Mina retornaram
às planícies da Argentina, próximo à
escola adventista que os preparou para
o serviço missionário. Até a morte,
em 1968, ele nunca deixou de falar da
maravilhosa proteção de Deus, especialmente no dia em que enfrentou a turba
feroz, com o Livro mais poderoso de
todos os tempos.
*Esse artigo é baseado na autobiografia de Pedro Kalbermatter,
em Veinte años como misionero entre los indios del Peru [Vinde
anos como missionário entre os índios do Peru] (Paraná: Nueva
Impresora, 1950); e de Barbara Westphal, A Man Called Pedro [Um
Homem Chamado Pedro] (Mountain View: Pacific Press, 1975).
Setembro 2009 | Adventist World
25
P E R G U N TA S B Í B L I C A S
P E R G U N T A : Por
favor, explique 2 Pedro 2:4
(NVI): “Pois Deus não poupou os anjos que
pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os
em abismos tenebrosos a fim de serem reservados
para o juízo.”
S
Essa ideia é apoiada por Judas, que simplesmente diz que
eles estão acorrentados e aprisionados nas trevas. Por falar
nisso, a frase “abismos tenebrosos” em Pedro é interpretada,
às vezes, como “grilhões das trevas”. No mundo antigo, em
muitos casos, as prisões eram masmorras escuras, um símbolo apropriado para tumba (cf Ap 1:18). Aparentemente,
as prisões da antiguidade não tinham como propósito o
aprisionamento de criminosos como uma forma de punição.
Os presos eram, geralmente, forçados a trabalhar duramente.
Mas, em muitos casos, os prisioneiros estavam esperando
pelo julgamento ou execução da pena já sentenciada contra
eles (cf Lv 24:10-12; Nm 15:32-36). De acordo com Pedro, os
anjos caídos estão encarcerados em trevas espirituais, no
reino dos mortos, esperando
a execução de sua sentença.
Eles já foram julgados.
3. O Pecado: Nem Pedro
nem Judas falam sobre a
natureza do pecado dos
anjos. Segundo Judas, os
anjos “não conservaram suas
posições de autoridade, mas
abandonaram sua própria
morada”. A queda dos anjos é
descrita como abandono de
suas funções no Céu, seu lar
original. A opinião comum
entre os estudiosos é que
Judas usou Gênesis 6:1-4,
como interpretado pela
literatura intertestamental
judaica, referindo-se à queda
dos anjos quando abandonaram o Céu e tiveram relações sexuais com mulheres. Eles
argumentam que o contexto em Judas é sobre o pecado da
imoralidade. Essa interpretação dificilmente se encaixa no
contexto de Pedro. Embora não se possa excluir totalmente a
possibilidade de Judas, é sempre melhor considerar o testemunho das Escrituras e evitar especulação. A ideia expressa
nas duas passagens parece encaixar melhor em Isaías 14, onde
é narrada a queda de Lúcifer: “Contudo, serás precipitado
para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (verso
15); assim como em Apocalipse 12:1-4, 7-9, onde a expulsão
dos anjos é precedida por uma guerra no Céu.
Conclusão: O destino final dos anjos maus está determinado. Entretanto, cuidado com os falsos mestres em sua igreja
e esteja atento à sua voracidade (2 Pedro 2:2)!
obre esse assunto, deveríamos considerar também uma
passagem similar encontrada em Judas 6 (NVI): “O anjo
me disse: E, quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram sua própria morada,
Ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas
para o juízo do grande Dia.”
Vamos examinar o contexto,
discutir a natureza da prisão e
comentar o pecado dos anjos.
1. Contexto: Pedro está
discutindo o trabalho dos
falsos mestres. Segundo ele, a
presença deles entre o povo de
Deus não é recente (2 Pedro
2:1). Uma coisa, entretanto,
é certa: eles experimentarão
o julgamento de Deus. Para
apoiar esse argumento, Paulo
usa três exemplos bíblicos de
pecados que resultaram em
julgamento: a experiência
dos anjos, a punição dos anPor
tediluvianos e a destruição de
Angel Manuel
Sodoma e Gomorra.
Rodríguez
O contexto em Judas é
similar. Também se refere
aos falsos mestres e seus três
exemplos de julgamento divino são: a rebelião dos israelitas
no deserto, a queda dos anjos e Sodoma e Gomorra. Essas
passagens não são especificamente sobre a natureza do pecado dos anjos, ou sobre o lugar para onde foram enviados.
2. A Prisão: Pedro usa uma linguagem clara para descrever o destino dos anjos maus: Deus “os lançou no inferno,
prendendo-os em abismos tenebrosos”. “Inferno”, na Bíblia,
é o lugar dos mortos, a tumba. A palavra para “inferno”
no grego comum é hades, que se refere a lugar dos mortos,
submundo. Mas nesse caso, Pedro usa uma palavra diferente,
o verbo tartaroo, “lançar dentro/manter cativo em tartaros”.
Na mitologia grega, tartaros designava a área mais profunda
do hades, reservado para a punição dos deuses desobedientes.
Pedro usa essa imagem para expressar a ideia de que os anjos
caídos agora estão na prisão de trevas e morte, separados da
divina fonte de vida. Essa não é uma prisão literal porque
os demônios ainda estão ativos no mundo dos humanos
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas
Bíblicas da Associação Geral.
(e.g., 1 Pedro 5:8; Judas 9).
Abismos Tenebrosos
Anjos
Maus
para os
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Adventist World | Setembro 2009
E S T U D O
O
B Í B L I C O
Confilito
do Tempo do Fim no
Por Mark A. Finley
apocalipse
O livro do Apocalipse, na Bíblia, descreve o grande conflito entre Cristo e Satanás. Ao longo
da história, Satanás tem tentado destruir o plano de Deus para este mundo. Ele tem atacado e
perseguido o povo de Deus, enganado as pessoas com suas falsidades e manipulado as
mentes com suas mentiras. O inimigo usa a tortura e a morte para realizar seus propósitos.
Apesar de sua opressão, os seguidores de Cristo não negaram a fé. Seu amor por Jesus
os manteve fiéis em tempos de ferrenhas oposições. Seu compromisso com a causa de
Deus os manteve leais em face das maiores provações na vida. Na lição de hoje,
estudaremos como podemos triunfar com Jesus sobre todas as forças do mal e reinar
com Ele por toda a eternidade.
1. Onde começou o conflito entre o bem e o mal?
“Houve peleja no Céu. Miguel e os Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus
anjos” (Ap 12:7).
O conflito começou no
.
Descreva, com suas palavras, por que Deus permitiu que tal conflito começasse no Céu.
Deus respeita a capacidade de escolha de Suas criaturas. Retirar-lhes o poder de escolha
é tirar-lhes a oportunidade de amar. Tirar deles a oportunidade de amar é tirar-lhes a
capacidade de pensar, a razão e o fato de ser realmente livres. Os seres que não são livres
estão sob sujeição ou escravidão. Deus, em seu amor, deseja que Seus seres criados
experimentem a vida em toda a sua plenitude.
2.
Quem venceu a primeira batalha no Céu?
“Houve peleja no Céu. Miguel e os Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus
anjos;
; nem mais se achou no
o lugar deles” (Ap 12:7, 8).
O inimigo e seus anjos perderam sua primeira batalha no Céu. De fato, Satanás nunca
venceu uma batalha contra Jesus. Jesus é o Conquistador cujo extraordinário poder é
colocado a serviço de cada discípulo que procura permanecer fiel a Ele.
3.
Para onde foi o diabo quando foi expulso do Céu?
“E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo,
sim, foi atirado para a Terra, e, com ele, os seus anjos” (Ap 12:9).
O diabo foi atirado para a
.
O diabo decidiu que sua principal obra seria enganar e destruir o povo de Deus ao longo
dos séculos. Apocalipse 12 conta a história de seu esforço para destruir Jesus, desde Seu
nascimento, e para perseguir Seu povo através dos séculos. Embora Satanás tenha sempre
oprimido o povo de Deus, a guerra será intensificada nos últimos dias.
Setembro 2009 | Adventist World
27
4.
Em quem Satanás concentrará seus ataques nos últimos dias?
“Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os
mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17).
Satanás guerreará contra os que
os
e têm o
de
de
.
O remanescente ou os descendentes de nosso Senhor são os homens e mulheres que
permanecerem leais a Jesus e fiéis aos Seus mandamentos. Por meio de Sua graça,
permanecem firmes à verdade de Sua Palavra.
5.
Apocalipse 17 revela que, nos últimos dias, haverá uma poderosa aliança entre a
Igreja e o Estado. Opressão e perseguição substituirão a liberdade religiosa. Como o
Apocalipse descreve essa união?
“Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem.” (Ap 17:13).
“E vi a besta e os reis da Terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra Aquele que estava
montado no cavalo e contra o Seu exército” (Ap 19:19).
Essa aliança entre a igreja e o poder estatal tem um só
.
Eles oprimem o povo de Deus e, futuramente, se
para guerrear contra Jesus ao Ele vir como Rei dos reis e Senhor dos senhores
6.
.
Quem vencerá a última guerra de nosso planeta?
“Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis;
vencerão também os chamados eleitos e fiéis que se acham com Ele” (Ap 17:14).
Essa aliança entre a igreja e o poder estatal tem um só
Eles oprimem o povo de Deus e, futuramente, se
para guerrear contra Jesus ao Ele vir como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
7.
Como, finalmente, acabará essa guerra?
“O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no Céu grandes vozes, dizendo: ‘O reino do mundo tornou-se de
nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos!’” (Ap 11:15).
O
do mundo tornou-se de nosso
e de Seu
.
Boas-novas em breve! Satanás e todas as forças do mal serão vencidos e destruídos.
O reino eterno de Deus será estabelecido. Não precisamos temer; estamos do lado do
vencedor. Cristo e Seu reino afinal triunfarão, e triunfaremos com Ele.
No próximo mês, nosso estudo será sobre
“A Igreja dos Últimos
Dias no Apocalipse”.
28
Adventist World | Setembro 2009
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Criação e Criador
Obrigado, Angel Manuel Rodríguez, por
sua honestidade ao responder à pergunta sobre os professores nas universidades
adventistas, que já não creem nos seis
dias literais da criação (veja “Honrando
o Deus Criador”, julho 2009).
Agora, outra pergunta: O que os líderes adventistas devem fazer para impedir
que os professores ensinem que Deus não
criou o mundo como é descrito em Gênesis? A meu ver, eles devem ser responsabilizados por contratar evolucionistas
e permitir que ensinem suas crenças nas
classes das escolas adventistas.
Marilyn Morgan
Kettle Falls, Washington,
Estados Unidos
Tendência Preocupante
ou Erro Numérico?
No artigo “A Rússia por Dentro”, da
Adventist World de julho de 2009, a
região foi descrita como tendo 51.875
membros adventistas e um crescimento
da igreja de menos 1%. Essa é uma notícia preocupante. Trabalhei na Rússia
para a Divisão Euro-Asiática por quinze
meses em 1992/1993 e, naquele tempo,
a comunidade adventista era maior que
essa. No 2006 Seventh-day Adventist
Church Yearbook (Livro do Ano – lista
os dados, nomes e endereços de todas
as instituições e obreiros da Igreja
Adventista do Sétimo Dia mundial), o
número de membros é de 143.459. Ou
eles perderam um enorme número de
membros ou a informação da Adventist
World está incorreta.
Pastor Jan T. Knopper
Austrália
Obrigado por sua carta. O senhor citou
corretamente o número de membros
registrado no Yearbook de 2006; mas deve
ser dito que esses números refletem toda a
Divisão, e não apenas a Federação Russa.
O yearbook de 2009 registra que o número de membros da Divisão Euro-Asiática
é 136.900. – Os Editores
Obrigado e Pedido
Muito obrigado por publicar a Adventist
World. Somos realmente abençoados
por essa publicação. Tenho um pedido:
Poderia escrever sobre os 144 mil e o selo
de Deus, numa edição futura? Penso que,
no tempo em que vivemos, deve-se dar
grande ênfase a esses assuntos.
N. Khumalo
Belmont, Bulawayo, Zimbábue
Apreciação
Aprecio muito a revista Adventist
World e [pela leitura de seus artigos]
realmente compreendo a importância
do evangelismo mundial. Sempre leio
todos os artigos. Muito obrigado!
Jose B. Gelilang Jr.
Jacksonville, Flórida, Estados Unidos
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
O LUGAR DE ORAÇÃO
Por favor, orem por minha saúde e para
que a graça de Deus aumente em minha
vida e na missão da igreja, na União da
África Central.
Eleve, Camarões
Vou ficar noiva, mas meu namorado e
eu não somos da mesma fé. Orem para
que o Senhor me mostre o que será
melhor para o meu futuro.
Valery, Haiti
Orem por meu irmão que será submetido a uma cirurgia cardíaca. Orem, também, para que eu consiga um emprego.
Tabitha, Quênia
Realmente, necessito de um emprego no
qual não tenha que trabalhar no sábado.
Trabalhei em uma das maiores companhias de comunicação da Malásia, mas
sei que Jesus sentiu muito a minha falta
na igreja aos sábados.
Via, Malásia
Estamos começando um novo grupo
musical com jovens de uma igreja,
em La Paz, Bolívia. Queremos usar
nossos talentos para que outras pessoas
conheçam a Cristo e as três mensagens
angélicas. Por favor, orem por nós ao
iniciarmos esse empreendimento.
Marco, Bolívia
Por favor, orem pelo meu noivo e por
mim. Perdi meu emprego por causa da
crise financeira. Peço a Deus paciência,
sabedoria e humildade.
Wendy, Inglaterra
Estamos passando por um período terrível na República do Congo: assassinatos, estupros, incêndios, especialmente
em Kanyabayonga, Kirumba, Kaina e
Kitsumbiro. Por favor, peçam ao Senhor
para intervir.
Busiku,
República Democrática do Congo
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana,
nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido,
seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu
material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para:
Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike,
Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA.
Setembro 2009 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
Atualizando:
N
awr
o dia 16 de julho de 2009, a Rádio Mundial
Adventista (AWR) iniciou suas transmissões no
idioma lao para os ouvintes do país do Laos. “Essa
é uma ocasião especial”, disse o presidente da AWR, Bem
Schoun, “pois é a primeira transmissão da mídia adventista
para o povo do Laos em seu próprio idioma. Além disso,
com o lançamento dos programas no idioma thai, no último
outono, na Tailândia, cobrimos completamente o sudeste
da Ásia. Logo adicionaremos programas em hmong, para os
ouvintes espalhados por toda a região sul da China e do norte
do Vietnã, Laos e Tailândia.
“Tem-se falado que os países budistas tornam-se a tumba
dos missionários cristãos”, disse o pastor Surachet Insom,
coordenador da AWR na Tailândia. “A Tailândia é um país
onde a mensagem adventista está sendo pregada há um
século; mesmo assim, apenas doze mil pessoas aceitaram o
evangelho. A igreja tem tentado seus melhores métodos para
transmitir a mensagem aos taís, mas com resultado muito
pequeno. A população teve um aumento substancial nas
últimas décadas e o desafio para nós é: como falar de Cristo
a vastos grupos de pessoas. O ministério do Rádio chamou a
atenção de alguns líderes e membros da igreja.”
Os programas da AWR em thai começaram a ser transmitidos em outubro de 2008, via ondas curtas e quatro estações
de rádio locais. Milhões de pessoas estão sendo alcançadas e
as primeiras histórias já mostram como o ministério dessa
rádio está moldando a vida dos ouvintes.
Na província Lumpang, ao norte, uma dona de casa
chamada Pornsawan ligou para pedir as lições do “Tesouro
da Saúde”. Mais tarde, ela visitou a igreja local e se apresentou
como amiga da Radio New Life (Rádio Nova Vida). Uma de
suas amigas, Natchahathai, foi budista devota. Como nova
cristã, ela está procurando uma “luz melhor”. Foi à igreja
Sintonizando a Rádio
no Sudeste da Ásia
adventista, onde aprendeu sobre a verdade do sábado e foi
tocada pela mensagem adventista sobre saúde.
Depois que Natchahathai conheceu o pastor Insom, assumiu o compromisso de parar de tomar café no dia seguinte.
Ela, agora, está ajudando no programa de rádio e está contando a outros sobre a verdade que acabou de encontrar. Embora
Natchahathai tenha sido alertada pelo pastor e amigos de sua
ex-igreja para não se unir aos adventistas, seu esposo a acompanhou nos Estudos Bíblicos.
Insom diz: “Por favor, orem pelos tailandeses budistas
que hesitam em frequentar as reuniões evangelísticas cristãs,
mas ouvem os programas de rádio em casa. Essa é a chave:
Chegarmos aos milhões da Tailândia.”
Foto maior: NO AR: Estudantes se apresentam voluntariamente
para gravar programas para jovens, em Lumpang, Tailândia.
Destaque: PERSONALIDADE DA RÁDIO: Programa ao vivo em
Lumpang, Tailândia, com a Sra. Sompong, locutora de rádio
muito conhecida; ela foi treinada pela AWR.
R Á D I O
30
Adventist World | Setembro 2009
M U N D I A L
A D V E N T I S TA
INTERCÂMBIO
DE IDEIAS
Ele Já Podia
Ter
Voltado...
Neste mês, um leitor compartilha conversa sobre o tempo do fim
H
á não muito tempo, viajamos para o casamento de um amigo. No sábado
à tarde, alguns amigos nos convidaram para visitar um de seus lugares
preferidos, perto do lugar em que estávamos hospedados. Visitamos um
lugar que descortina uma maravilhosa vista sobre o vale. Eles, então, sugeriram que
os acompanhássemos a outro lugar de que gostavam. Concordamos.
Chegamos uma hora antes do pôr do sol e o local já estava fechado. Havia,
porém, grande número de jovens do lado de dentro. Permitiram que entrássemos e
alguns dos jovens, muito simpáticos, vieram falar conosco, explicando que tinham
ido àquele lugar para passar o fim de semana, para um treinamento religioso, um
tipo de retiro espiritual.
Muitos deles eram universitários ou trabalhavam numa grande cidade da
redondeza.
Conversamos sobre a religião e as crenças deles. Ao dialogarmos com o líder,
ele nos lembrou que o tempo do fim está próximo. Ele disse: “Lembra-se de todas
as tragédias de 1999?” E mencionou terremotos, enchentes e outros problemas
que aconteceram naquele ano. Ele continuou dizendo: “Como sabemos, o mundo
poderia ter acabado naquela época. Mas Deus, em Sua misericórdia, decidiu adiar o
fim, para que mais pessoas possam conhecê-Lo e sejam salvas.”
Um sino tocou enquanto conversávamos. Os jovens lotaram um auditório e
começaram a cantar hinos harmoniosamente. Era como se estivéssemos num culto
de pôr do sol num acampamento adventista. Na verdade, estávamos visitando a
Tailândia e esse lugar era um Templo Budista. O professor e os alunos não falavam
sobre crenças cristãs, mas de suas crenças budistas.
Ao deixar aquele lugar, falávamos de como aquela conversa que soava tão
“adventista” era, na verdade, uma conversa com não-cristãos. Quais são as diferenças entre as nossas crenças e as deles? Obviamente, menos do que pensamos. Mas
elas giram em torno do grande dom da salvação pela graça. Nós não temos que
fazer o bem nesta vida, esperando que sejamos reencarnados em um corpo melhor
e, se o tempo durar o suficiente e nós formos bons o suficiente, podermos alcançar
o Nirvana. Deus enviou Seu Filho para que sejamos salvos – não por nenhuma
de nossas obras, mas por meio do Seu sangue. Tudo que temos que fazer é crer, e
teremos vida eterna (João 3:16).
A salvação é um dom. Mas devemos viver cada dia em grato reconhecimento
por aquilo que Deus nos deu, pois, de todas as religiões do mundo, só o cristianismo tem um Deus amoroso, que dá salvação para Seus filhos. Dá para imaginar por
que qualquer pessoa que tenha recebido um presente tão grande não queira dizer a
todo mundo sobre ele? O que você está esperando?
–Ronald Vyhmeister, Silang, Cavite, Filipinas
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Editor
Adventist World é uma publicação internacional da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela
Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte.
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Gerente Internacional de Publicação
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Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K.
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Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
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A menos que indicado de outra forma, todas as referências
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do
Brasil, 1993.
Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente
na Coréia, Argentina, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.
Vol. 5, No. 9
Setembro 2009 | Adventist World
31
Q U E
L U G A R
É
E S S E ?
O Lugar Das
AS
VID A A D V EN T I S TA
Eu era uma garota muito jovem
e tímida quando vivi uma incrível
experiência. Certa noite, fui com
minha mãe e três irmãs a uma
cidade bem pequena, no Brasil.
Após pegar um material de costura
que minha mãe precisava, voltamos
para casa. Já estava bastante escuro,
mas o céu estava repleto de estrelas
brilhantes.
Caminhamos rápido, porém uma
das minhas irmãs e eu ficamos um
J U DY T H O M S E N
PESS
pouco atrás das outras. Olhei para o
lado direito onde estavam as árvores e
umas duas casas – uma das quais pertencia a um membro de nossa igreja.
Foi quando eu vi um lindo e brilhante
anjo. Ele estava coberto com uma luz
radiante e estava voando em direção
ao céu. Eu exclamei: “Um anjo!”
Minha mãe virou-se para olhar,
COM PA R T I L H E C O N O S C O !
O Lugar das Pessoas é um relicário com itens de leitores de todo o mundo. São pequenas fatias da vida que incentivam os leitores a pensar, sorrir e
apreciar ainda mais sua família adventista. Pequenos textos, nessa categoria,
são bem-vindos.
FRASES (profundas e espontâneas)
QUE LUGAR É ESSE? (fotos em alta qualidade de membros da igreja mundial)
CONHEÇA SEU VIZINHO (fotos em alta qualidade, com biografia concisa, de
membros recém-batizados, adventistas que estejam ativamente envolvidos
no trabalho comunitário, pequenos grupos ou responsáveis por novas
iniciativas na obra de compartilhar o evangelho (máximo de 75 palavras).
Envie um e-mail para [email protected]; ou envie fax para
301-680-6638 (nos Estados Unidos) ou envie para World Exchange,
Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland
20904-6600, EUA
mas não viu nada. Muitos anos se
passaram desde aquela noite, mas
ainda posso vê-Lo diante de mim,
por onde eu vou, quando reclamo a
promessa do Salmo 37:4: “Deleite-se
no Senhor, e Ele atenderá aos
desejos do seu coração”(NVI).
– Mirtes Miers, Clanton, Alabama,
Estados Unidos
FRASE
DO
MÊS
“Quando o que você tem
nas mãos não é suficiente
para a sua necessidade,
entregue tudo a Ele,
assim, o que você tem se
transformará em semente.”
– Pastor Daniel D. Saugh, durante sermão,
na Igreja Adventista do Sétimo Dia de
Meadowvale, Ontário,Canadá.
RE SP O S TA : Em Savoonga, Alasca, Estados Unidos, os adventistas usam esse prédio como igreja, o qual está localizado
fora da costa do Alasca, na Ilha de St. Lawrence. A Igreja Adventista do Sétimo Dia de Savoonga tem 38 membros.
Quando o pastor ou um funcionário da associação vem do continente, os membros rapidamente se reúnem para uma
reunião de louvor e oração. Veja o artigo especial deste mês para saber mais sobre a igreja no Alasca.

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