1 Volume 18 - Numero 2 maio/agosto 2015

Transcrição

1 Volume 18 - Numero 2 maio/agosto 2015
Volume 18 - Numero 2
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
maio/agosto 2015
1
Ciência Veterinária
nos Trópicos
v. 18 nº 2
maio-agosto/2015
CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA
VETERINÁRIA DE PERNAMBUCO CRMV-PE
DIRETORIA EXECUTIVA
Med. Vet. Erivânia Camelo de Almeida
Presidente
Med. Vet. Geraldo Vieira de Andrade Filho
Vice-presidente
Med. Vet. Késia Alcântara Queiroz Pontual
Secretária-geral
Med. Vet. Maria Luiza de Melo Coelho
Tesoureiro
CONSELHEIROS TITULARES
Med. Vet. João Alves do Nascimento Júnior
Zootec. Valderedes Martins da Silva
Med. Vet. Paulo Ricardo Magnata da Fonte
Med. Vet. Jadson Queiros Alves Junior
Med. Vet. Mariana Gomes Ferreira M. de Siqueira
Med. Vet. Maria Claudia Ribeiro Agra
CONSELHEIROS SUPLENTES
Med. Vet. João Ferreira Caldas
Med. Vet. Elton Figueiroa Medeiros de Souza
Med. Vet. Marcos André Fernandes
Med. Vet. Francisco Hermano Q. Cavalcante
Med. Vet. Maria José de Sena
SEDE DO CRMV/PE
CONSELHO EDITORIAL
EDITOR
Hélio Cordeiro Manso Filho
EDITORES ASSOCIADOS
Márcia de Figueiredo Pereira
Késia Alcântara Queiroz Pontual
Andre Mariano Batista
José Wilton Pinheiro Junior
Gustavo Férrer Carneiro
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Eldemberga Grangeiro dos Anjos
Reg. Prof. 3686 DRT-PE
REVISÃO TÉCNICA
Med. Vet. Késia Alcântara Queiroz Pontual
EDTORAÇÃO GRÁFICA
Jônathas Souza
Mameluco Design
PERIODICIDADE
Quadrimestral
SITE
Edções da Revista Ciência Veterinária nos
Trópicos estão disponíveis no site
www.rcvt.org.br
Rua Conselheiro Theodoro, 460,Zumbi, Recife,
PE, CEP 50711-030
Fone: 081-3797.2517 | Fax: 081-3797.2506
www.crmvpe.org.br
Reconhecida como veículo de divulgação técnicocientífica pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Resolução nº652, de 18 de novembro de
1998.
INDEXAÇÃO
Revista Ciência Veterinária nos Trópicos esté
indexada na base de dados da Cabi Abstracts, Agris
e Agrobase.
2
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Sumário
Table of Contents
Informações Gerais...............................................................................................................................................06
Editorial.................................................................................................................................................................07
MANEJO DE POPULAÇÕES DE CÃES E GATOS COMO ESTRATÉGIA SANITÁRIA CONTRA
ZOONOSES URBANAS......................................................................................................................................08
Adriana Maria Lopes VIEIRA
IMPORTÂNCIA DA CAPRINOCULTURA LEITEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DO
CARIRI PARAIBANO.........................................................................................................................................12
Aldomário RODRIGUES1, Lucindo José QUINTANS2
BEM-ESTAR E CONTROLE DE QUALIDADE NO ABATE DE AVES.......................................................20
Amélia Maria de Queiroz Aguiar da Silva BARRETO
ANALGESIA EM ANIMAIS SILVESTRES......................................................................................................23
Dr. Carlos Roberto TEIXEIRA
SELEÇÃO DE REPRODUTORES E MATRIZES COMO ESTRATÉGIA PARA MELHORIA DO
DESEMPENHO PRODUTIVO DA CAPRINO-OVINOCULTURA..............................................................25
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2, Maria Madalena Pessoa GUERRA3
AGALAXIA CONTAGIOSA. UM “NOVO” PROBLEMA PARA CAPRINOS E OVINOS DO
BRASIL CONTAGIOUS AGALACTIA. A “NEW” PROBLEM TO GOATS AND SHEEP OF
THE BRAZIL.......................................................................................................................................................31
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2, Maria Madalena Pessoa GUERRA3
AVANÇOS NA NUTRIÇÃO DE AMINOÁCIDOS PARA FRANGOS DE CORTE E POEDEIRAS.........36
Fernando Guilherme Perazzo COSTA1,4, Matheus Ramalho de LIMA2,4, Sarah Gomes PINHEIRO3,4
BIOTECNOLOGIAS DE SELEÇÃO, CONSERVAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DE RECURSOS
GENÉTICOS DE OVINOS SANTA INÊS.........................................................................................................43
Hymerson Costa AZEVEDO1; Samuel Rezende PAIVA2; Concepta Margaret McMANUS3; Evandro Neves MUNIZ1; Amaury
Apolonio de OLIVEIRA1; Tania Valeska Medeiros DANTAS1; Luis Fernando Batista PINTO4; Rebeca Santos da SILVA5
IMPACTO AMBIENTAL DAS EXPLORAÇÕES AGROPECUÁRIAS: LEGISLAÇÃO E INSERÇÃO
PROFISSIONAL...................................................................................................................................................49
Israel José da SILVA1; Luciano Rodrigues dos SANTOS2
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DA ANEMIA INFECCIOSA
EQUINA................................................................................................................................................................55
Jenner Karlisson Pimenta dos REIS1
QUALIDADE E SEGURANÇA DO LEITE E DERIVADOS..........................................................................56
José Renaldi Feitosa BRITO1, Maria Aparecida Vasconcelos Paiva e BRITO2
TECNOLOGIA DE SÊMEN E INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM CAPRINOS E OVINOS...................62
Marciane da Silva MAIA1
BASES PARA O MELHORAMENTO GENÉTICO PARTICIPATIVO DE CAPRINOS EM SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE BAIXO INSUMO.......................................................................................................69
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS2
DOR EM ANIMAIS DE COMPANHIA.............................................................................................................78
Nilza Dutra ALVES1
SEGURANÇA ALIMENTAR NA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE.........................................................82
Paulo GUIMARÃES 1
MANIPULAÇÃO HORMONAL E FATORES QUE INFLUENCIAM NA EFICIÊNCIA REPRODUTIVA DE VACAS LEITEIRAS......................................................................................................................84
Pedro Leopoldo Jerônimo MONTEIRO JR1, Alexandre Barbieri PRATA1, Camila SPIES1, Louise Helen OLIVEIRA1, Jéssica Nora DRUM1, Roberto SARTORI1
DOR EM ANIMAIS DE PRODUÇÃO...............................................................................................................91
Rafael Resende FALEIROS1 , Luciana RASERA2, Andrea da Costa AITA3 , Hidelbrando VIEIRA FILHO3
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DO MORMO NO BRASIL.........95
Roberto Soares CASTRO1
CERTIFICAÇÃO DE BEA NAS CADEIAS PRODUTIVAS.........................................................................101
Rosangela POLETTO1
TOXOPLASMOSE E NEOSPOROSE EM CAPRINOS E OVINOS...........................................................106
Wagnner José Nascimento PORTO1; Müller Ribeiro ANDRADE2; Rinaldo Aparecido MOTA2
ANÁLISE DA VISÃO DA POPULAÇÃO QUANTO AOS ATOS DE MAUS-TRATOS PRATICADOS
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
3
CONTRA ANIMAIS...........................................................................................................................................110
Wagnner José Nascimento PORTO1; Müller Ribeiro ANDRADE2; Rinaldo Aparecido MOTA2
GUARDA RESPONSÁVEL DE ANIMAIS: VISÃO DA POPULAÇÃO......................................................114
Wagnner José Nascimento PORTO1; Müller Ribeiro ANDRADE2; Rinaldo Aparecido MOTA2
INDIGESTÃO VAGAL EM MINI-BOVINOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO....................................118
Huber RIZZO1; Lucas Leandro da Silva SOARES1; Carla Cristina Moura de OLIVEIRA1; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira CRUZ1; Mayumi Santos Botelho ONO1; Pollyanna Cordeiro SOUTO2.
ABANDONO DE GATOS VERSUS ADOÇÃO...............................................................................................122
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Domingos ANDRADE NETO³, Jhéssica Luara Alves de LIMA4; Ana
Márcia Bezerra RODRIGUES5; Felipe Belizario SILVA6
ESCOLA DE CAPATAZES: CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA RURAL COM PRECEITOS DE
BEM-ESTAR ANIMAL PARA MELHORIA NA PRODUTIVIDADE BOVINA.......................................126
Wilmar Sachetin MARÇAL1; Alexandre Lobo BLANCO2; Juliane MOREIRA3
RURALIDADE: PROGRAMA PEDAGÓGICO PARA INCREMENTO DE CASOS CLÍNICOS EM
RUMINANTES NO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA....................................................................129
Wilmar Sachetin MARÇALl
EFEITO DOS MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DE FORRAGEM SOBRE A CONCENTRAÇÃO
DE ÁCIDO CIANÍDRICO NA MANIÇOBA..................................................................................................132
Tomás Guilherme Pereira da SILVA1; Cíntia Rafaela de Lima COSTA2; Adriana GUIM3; Lucíola Vilarim FERRAZ4; Janiele
Tiburtino de LIRA5; Karen Santos Félix ABREU6
ADOÇÃO DE GATOS VERSUS COR DO PELO..........................................................................................136
Wilmar Sachetin MARÇAL1; Alexandre Lobo BLANCO2; Juliane MOREIRA3
CONHECIMENTO SOBRE AS PENALIDADES APLICADAS AS PESSOAS QUE MALTRATAM
ANIMAIS............................................................................................................................................................140
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5; Francisco da Chagas Silva MELO6
PERCEPÇÃO DE TUTORES DE CÃES E GATOS SOBRE HELMINTOSE ZOONÓTICA E AVALIAÇÃO DAS MEDIDAS PREVENTIVAS ADOTADAS..............................................................................144
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE GEO-HELMINTÍASES HUMANAS EM COMUNIDADES DA
REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE – PE – RESULTADOS PRELIMINARES...........................148
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
AVALIAÇÃO PARASITÁRIA EM ALFACE (Lactuca sativa) PROVENIENTES DO CEASA E DE SALADAS SERVIDAS EM SELF SERVICE LOCALIZADOS EM BAIRROS DO RECIFE......................151
Maria de Fátima Melo da SILVA1; Nathália Thaís Barbosa de OLIVEIRA2; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO3, Leucio Camara ALVES4; Edenilze Teles ROMEIRO5
QUALIDADE INTERNA DE OVOS COMERCIALIZADOS EM ESTABELECIMENTOS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE/PE.................................................................................................154
Nathalia Cavalcanti dos SANTOS1; Edenilze Teles ROMERO2
COMPONENTES NÃO CONSTITUINTES DA CARCAÇA DE CABRITOS DE ORIGEM LEITEIRA
ALIMENTADOS COM BORRA DE MANIPUEIRA EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO........................157
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4; Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
ERITROGRAMA E TEMPO DE SANGRAMENTO EM CABRITOS LEITEIROS ALIMENTADOS
COM BORRA DE MANIPUEIRA EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO.......................................................163
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4; Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
AVALIAÇÃO IN VITRO DO EFEITO LARVICIDA DO EXTRATO AQUOSO DAS FOLHAS DE
PITANGUEIRA (Eugenia uniflora L.) CONTRA NEMATÓIDES GASTRINSTESTINAIS DE CAPRI-NO.......................................................................................................................................................................168
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Giselle Ramos da SILVA2; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO3; Leucio Câmara ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
OCORRÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-Toxoplasma Gondii EM CAPRINOS E OVINOS ABATIDOS
4
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
EM MATADOURO PÚBLICO DA CIDADE DE PATOS-PB.......................................................................172
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze Teles ROMEIRO3; Maria
Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
COMPARAÇÃO ENTRE TESTES SOROLOGICOS PARA DETECÇÃO DE ANTICORPOS
ANTI-Toxoplasma Gondii EM CAPRINOS E OVINOS ABATIDOS EM MATADOURO PÚBLICO
DA CIDADE DE PATOS-PB.............................................................................................................................175
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze Teles ROMEIRO3; Maria
Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
AVALIAÇÃO SANITÁRIA E DE BEM ESTAR ANIMAL DE BOVINOS ABATIDOS NO MATADOURO DE LIMOEIRO DO NORTE, CEARÁ............................................................................................178
Andresa Pereira da SILVA1, Géssica Soares CAVALCANTE2, Carlos Antônio Sombra JUNIOR3, Claudiana Costa de
LIMA4, Katiane Queiroz da SILVA5, Charles Ielpo MOURÃO6
SOCIALIZAÇÃO DOS GATOS COM OUTRAS ESPÉCIES.......................................................................182
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA3; Felipe Belizário da SILVA 4;
Kayana Cunha MARQUES5; Thayane Cristina Carneiro SILVA5
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS MORADORES DA COMUNIDADE DO FIO NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN SOBRE A TOXOPLASMOSE.......................................................................186
Raphael Magno Silva SOARES1; Nilza Dutra ALVES2; Kayana Cunha MARQUES³; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA4;
Diego Trindade Pegado MENDES3; Marcelo Cavalcante FARIAS4
MEIOS DISPERSÃO DE Nosema ceranae EM Apis mellifera AFRICANIZADA NO MUNICÍPIO DE
MOSSORÓ-RN...................................................................................................................................................190
Telma de Sousa LIMA¹, Manuela Costa de MENEZES², Parmênedes Dias de BRITO³, Franklin Amado de SOUZA4, Carlos
Iberê Alves FREITAS5, Dejair MESSAGE6
ESTUDO DE Leptospira sp. EM ÉGUAS DE VAQUEJADA NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ-RN.......194
Telma de Sousa LIMA¹; Manuela Costa de MENEZES²; Ismael Lira BORGES³; Jael Soares BATISTA4
ESTUDO DA MORFOLOGIA DA SUPERFÍCIE ENCEFÁLICA DE TATU-PEBA (Euphractus sexcinctus LINAEUS, 1758)...........................................................................................................................................198
Manuela Costa de MENEZES¹; Parmênedes Dias de BRITO²; Telma de Sousa LIMA³; Jamille Maia de MAGALHÃES4;
José Fernando Gomes de ALBUQUERQUE5; Carlos Iberê Alves FREITAS6
AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE MÉTODOS DE OBTENÇÃO DA MEDIDA DE ÁREA DE
OLHO DE LOMBO EM OVINOS (Ovis aries L.)..........................................................................................202
Manuela Costa de MENEZES¹; Parmênedes Dias de BRITO²; Telma de Sousa LIMA³; Jamille Maia de MAGALHÃES4;
José Fernando Gomes de ALBUQUERQUE5; Carlos Iberê Alves FREITAS6
Ocorrência de infecção por Cryptosporidium spp. em caprinos da região Metropolitana de Recife
e Zona da Mata de Pernambuco........................................................................................................................206
Ana Carolina Messias de SOUZA1; Giselle Ramos da SILVA2; Silvia Rafaelli MARQUES3; João Carlos Gomes BORGES4;
Leucio Câmara ALVES5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA IN VITRO DO EXTRATO ETANÓLICO DA CASCA DO CAULE
DE Abarema cochliacarpos (BARBATIMÃO) SOBRE LARVAS DE NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS DE CAPRINOS E OVINOS................................................................................................................210
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Rodolfo Luiz Godoy do AMARAL2; Marcia Silva do NASCIMENTO3; Leucio Câmara
ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
EFEITO DA VITRIFICAÇÃO DE EMBRIÕES PIV SOBRE A TAXA DE PRENHEZ DE GIR (Bos
indicus) EM CONDIÇÕES DE CAMPO..........................................................................................................214
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Maiana Silva CHAVES4,
Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
VITRIFICAÇÃO DE EMBRIÕES PRODUZIDOS IN VITRO DE NELORE (Bos indicus) EM CONDIÇÕES DE CAMPO.........................................................................................................................................218
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Pábola Santos NASCIMENTO4, Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
QUANTIFICAÇÃO DE COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES EM AMOSTRAS DE
LEITE CAPRINO E ÁGUA UTILIZADA NA ORDENHA EM PROPRIEDADES DE ASSENTAMENTOS RURAIS NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN....................................................................................221
Thainá Anunciação Ferreira MATEUS ¹, Fernando da Costa FERNANDES ², João Maurício Ferreira AGUIAR³, Thalles
D’avila Pires Dutra DANTAS4, Caio Sérgio SANTOS5, Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ6
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
5
CARACTERIZAÇÃO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES UMBILICAIS DE PEQUENOS RUMINANTES EM COMUNIDADES RURAIS EM MOSSORÓ-RN.......225
Khaled Salim Dantas Aby FARAJ¹, Thamis Thiago RIBEIRO², Caio Sergio SANTOS³, Thalles D’avilla Pires Dutra DANTAS4, Thainá Anunciação Ferreira MATEUS5, Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ6
HISTOGRAMA DE CINZA DA DEGENERAÇÃO TESTICULAR ISQUÊMICA INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE EM CARNEIRO................................................................................................................228
Humberto Fernandes VELOSO NETO1; Maiana Silva CHAVES1; Pábola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Furtado CANTANHÊDE1; José Carlos FERREIRA-SILVA2; Marcelo Tigre MOURA3
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MITOCRONDIAL DE ESPERMATOZOIDES DE CARNEIROS TRATADOS COM MELATONINA ANTES DA CRIOPRESERVAÇÃO1...........................................................236
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE ACROSSOMAL DE ESPERMATOZOIDES DE CARNEIROS TRATADOS COM MELATONINA ANTES DA CRIOPRESERVAÇÃO1...........................................................241
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
EFEITO MACHO E DURAÇÃO DA ESTAÇÃO DE MONTA EM OVELHAS PLURÍPARAS CÍCLICAS DA RAÇA MORADA NOVA....................................................................................................................245
Maiana Silva CHAVES 1, Fernando TENÓRIO FILHO1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Pábola Santos NASCIMENTO1 ,
Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2
OCORRÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-Leptospira spp. EM CAPRINOS DO ESTADO DE SERGIPE,
BRASIL...............................................................................................................................................................248
Huber RIZZO1; Tatiane Rodrigues DA SILVA2, Taile Katiele Souza DE JESUS1, Felipe Apolônio MARINHO2, Mario Augusto Reyes ALEMÁN3, Vanessa CASTRO4
EFEITO MACHO: ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL E EFICIENTE PARA INDUZIR E SINCRONIZAR O ESTRO DE OVELHAS SANTA INÊS...............................................................................................253
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
EFEITO MACHO: ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL E EFICIENTE PARA INDUZIR E SINCRONIZAR O ESTRO DE CABRAS NÚLIPARAS DA RAÇA ANGLO-NUBIANA EM DIFERENTES PERÍODOS CLIMÁTICOS...........................................................................................................................................257
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
DIÂMETRO FOLICULAR EM DIFERENTES PROTOCOLOS HORMONAIS EM VACAS GIROLANDO................................................................................................................................................................261
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
EFEITOS DA SEXAGEM SOB AS CARACTERÍSTICAS ESPERMATICAS DE TOUROS 5/8 GIROLANDO................................................................................................................................................................265
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
USO DE FLUOROCROMOS PARA AVALIAÇÃO DO SEMÊN SEXADO DE BOVINOS GIROLANDO ..............................................................................................................................................................................269
Rita de Kássia Oliveira de ANDRADE1, Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES1, Marcelo Tigre MOURA1,
Sebastião Inocêncio GUIDO2, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE E PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS
DE IGARASSU – PE SOBRE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA...................................273
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE E PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE
IGARASSU – PE SOBRE A LEISHMANIOSE VISCERAL.........................................................................277
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
PESQUISA DE SALMONELLA SPP. EM AVES SILVESTRES NA REGIÃO METROPOLITANA DO
RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL..............................................................................................................281
6
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Luana Thamires Rapôso da SILVA1; Vitor Pereira Matos ROLIM2; José Sérgio de Alcântara e SILVA3; Grasiene de Meneses SILVA4; Rinaldo Aparecido MOTA5; Andréa Alice Fonseca OLIVEIRA6
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE DE CABRA IN NATURA PRODUZIDO NO ESTADO DE
SERGIPE.............................................................................................................................................................284
Grasiene de Meneses SILVA1; Maria Júlia NARDELLI2; Amanda Chagas da SILVA3; Maxsuel dos Santos SOUZA4; Emanuela Polimeni de MESQUITA5, Maria das Graças Xavier de CARVALHO6
INDUÇÃO DE URINA ÁCIDA ATRAVÉS DO USO CONTÍNUO DE ÁCIDO ASCÓRBICO EM UM
DÁLMATA E SUAS CONSEQUÊNCIAS........................................................................................................288
Leimah ALBUQUERQUE1; Evilda de LIMA2; Luiz CONSONI3.
EFEITOS DE DIFERENTES DOSES DE OLANZAPINA SOBRE AS GLÂNDULAS SALIVARES
SUBMANDIBULARES DE RATOS WISTAR PÚBERES.............................................................................291
Effects of different doses of Olanzapine the gland salivary submandimulares rats pubescent wistar
ESTUDO ANATÔMICO DO ESTÔMAGO DA Bradypus variegatus - Shinz, 1825 (Mammalia, Xenarthra).....................................................................................................................................................................295
Emanuela Polimeni de MESQUITA¹; Felipe Coral dos SANTOS³; Geraldo Jorge Barbosa de MOURA6; Júlio Cézar dos
Santos NASCIMENTO4; Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM5; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE².
AVALIAÇÃO DO PERFIL HIDROLÍTICO IN VITRO DA FITASE PRODUZIDA POR Aspergillus
niger var. phoenicis EM RAÇÕES COMERCIAIS DE AVES................................................................... ..299
Ana Lúcia Figueiredo PORTO6; Diogo Diógenes Medeiros DINIZ3; Fabiana América Silva Dantas de SOUZA2; José Antônio de Couto TEIXEIRA5 ; Júlio Cézar dos Santos NASCIMENTO1; Richelle da Silva BRAZ4.
EFEITO DA ADIÇÃO DOS ANTIOXIDANTES TROLOX C E ÁCIDO ASCÓRBICO SOBRE A INTEGRIDADE DA MEMBRANA PLASMÁTICA DE ESPERMATOZOIDES DE OVINOS1........................302
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
EFEITO DA ADIÇÃO DOS ANTIOXIDANTES TROLOX C E ÁCIDO ASCÓRBICO NO SEMEN
FRESCO DE CARNEIROS SOBRE A INTEGRIDADE ACROSSOMAL DOS ESPERMATOZOIDES1. ...
..............................................................................................................................................................................306
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
EFEITO DE DIFERENTES METODOS DE INCUBAÇÃO SOBRE A MOTILIDADE ESPERMÁ
TICA PELO TESTE DE TERMORRESISTÊNCIA DO SÊMEN DESCONGELADO DE OVINOS......311
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1, Wildelfrancys Lima de SOUZA1, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES2, Vitória Gomes COELHO3; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
USO DA COLORAÇÃO EOSINA-NIGROSINA NA AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE DA MEMBRANA PLASMÁTICA DE ESPERMATOZOIDES DE CARNEIROS SUPLEMENTADOS COM
MELATONINA1.................................................................................................................................................315
Wildelfrancys Lima de SOUZA2*, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
PERFIL DE RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA IN VITRO DE STAPHYLOCOCCUS COAGULASE-NEGATIVA ISOLADOS DE MASTITE CAPRINA...........................................................................319
Thatyane Carla de LIMA1; Cintia Emanuelle Ribeiro FERREIRA1; Anidene Christina Alves de MORAES2; Luciana
Florêncio VILAÇA2; Ângela Maria Vieira BATISTA2; Elizabete Rodrigues da SILVA1
AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA DE ÉGUAS EM LACTAÇÃO MANTIDAS A PASTO.......................323
Monica Miranda HUNKA1; Elizabeth Regina Rodrigues da SILVA2; Simone Gutman VAZ³; Lucia Maia Cavalcanti FERREIRA4; Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO5; Hélio Cordeiro MANSO FILHO6
EFEITO DO FARELO DE SOJA NA REDUÇÃO DA ÁGUA NA MANGA TOMMY UTILIZANDO
DOIS MÉTODOS DE DESIDRATAÇÃO DURANTE 24 HORAS...............................................................326
Marion Venâncio Gomes dos SANTOS1*; Anderson Miranda de SOUZA2; Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Gabiane dos
Reis ANTUNES3; Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; José Fernando Bibiano MELO4
USO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE MELATONINA SOBRE A MOTILIDADE ESPERMATICA PROGRESSIVA DE OVINOS DURANTE AS 48 HORAS DE RESFRIAMENTO1.................330
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA5, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO4, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Marion Venâncio Gomes dos SANTOS4
EFEITO DA ADIÇÃO DOS ANTIOXIDANTES TROLOX C E ÁCIDO ASCÓRBICO NO SÊMEN
FRESCO DE CARNEIROS SOBRE A ATIVIDADE MITOCONDRIAL DE ESPERMATOZOIDES
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
7
DESCONGELADOS1.........................................................................................................................................333
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Dailli Ingrid de Brito
LIMA5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; Vitória Gomes COELHO5
EFEITO DA DIMETILFORMAMIDA ASSOCIADA OU NÃO AO GLICEROL SOBRE A LONGEVIDADE ESPERMÁTICA DE CAPRINOS APÓS O RESFRIAMENTO E DESCONGELAMENTO.......337
Wildelfrancys Lima de SOUZA1, 2° Jonathan Maia da Silva COSTA4, 3° Elenice Andrade MORAES2, 4° Vitória Gomes
COELHO3, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
ABAMECTINA NO TRATAMENTO DE HABRONEMOSE CUTÂNEA EM EQUINO: RELATO DE
CASO...................................................................................................................................................................341
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1, Heder Nunes FERREIRA1,
Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA1
RABDOMIÓLISE CAUSADA POR ESFORÇO, HIPÓXIA E POLITRAUMATISMO EM EQUINO:
RELATO DE CASO...........................................................................................................................................344
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1, Heder Nunes FERREIRA1,
Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA1
MORTALIDADE EMBRIONÁRIA E FETAL EM CABRAS DA RAÇA ANGLO-NUBIANA SUBMETIDAS AO EFEITO MACHO CRIADAS NO SEMIÁRIDO PERNAMBUCANO DURANTE O PERÍODO SECO.........................................................................................................................................................347
Edivaldo Rosas dos SANTOS JUNIOR1; Osório Leite de Souza Bezerra NUNES2; Edilma Ramos COELHO3; Gustavo Ferraz Nogueira Pinheiro de BARROS4; Paula Barbosa TORRES5
COMPORTAMENTO SEXUAL DE REPRODUTORES OVINOS DA RAÇA DORPER SUBMETIDOS À ESTAÇÃO DE MONTA ......................................................................................................................349
Edivaldo Rosas dos SANTOS JUNIOR1; Tiago Gonçalvez Pereira ARAÚJO2; Paula Barbosa TORRES3; Osório Leite de
Souza Bezerra NUNES4; Edilma Ramos COELHO5; Gustavo Ferraz Nogueira Pinheiro de BARROS6
Aborto caprino causado por Neospora caninum no Nordeste do Brasil........................................................352
Annelise Castanha Barreto Tenório NUNES1; Pomy de Cássia Peixoto KIM2; Renata Pimentel Bandeira MELO2; Müller
RIBEIRO-ANDRADE2; Wagnner José Nascimento PORTO1; Rinaldo Aparecido MOTA2.
FREQUÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-NEOSPORA CANINUM EM CABRAS DA MICRORREGIÃO DE ARAPIRACA, ALAGOAS...............................................................................................................355
Müller RIBEIRO-ANDRADE1; Walter Franklin Bernardino LEÃO FILHO2; Leonardo Alves da SILVA3; Renata Pimentel
Bandeira MELO1; Wagnner José Nascimento PORTO2; Rinaldo Aparecido MOTA1.
INVESTIGAÇÃO EM FOCOS DE ANEMIA INFECIOSA EQUINA PELO SERVIÇO VETERINÁRIO OFICIAL NO MUNICÍPIO DE CANHOTINHO, ESTADO DE PERNAMBUCO, NO BIÊNIO
2012-2013.............................................................................................................................................................358
Joab Félix Carvalho de MOURA1; Paula Regina Barros de LIMA2;; Fabrício dos Santos SILVA5; Francisco David Nascimento SOUSA2;Erivânia Camelo de ALMEIDA3 ;José Wilton PINHEIRO JÚNIOR4
COMPORTAMENTO REPRODUTIVO DE FÊMEAS CAPRINAS ANGLO-NUBIANAS NULÍPARAS SUBMETIDAS AO EFEITO MACHO SOB DIFERENTES CONDIÇÕES CLIMÁTICAS..........363
Marcelo Tigre MOURA1; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos Ferreira SILVA3; Ludymila Furtado CANTANHÊDE4; Raffaela Maria Dias Rodrigues AMORIM5; Luis Rennan OLIVEIRA6
DETECÇÃO DE GENES RELACIONADOS A PLURIPOTÊNCIA EM CÉLULAS SOMÁTICAS,
OVÓCITOS E EMBRIÕES CAPRINOS POR PCR EM TEMPO REAL..................................................367
Marcelo Tigre MOURA1; Ludymila Furtado CANTANHÊDE; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos FerreiraSILVA; Pamela Ramos DEUS; Roberta Lane de Oliveira SILVA
EFEITO MACHO SOBRE A EFICIÊNCIA REPRODUTIVA DE OVELHAS NULÍPARAS DA RAÇA
SANTA INÊS CRIADAS NO SEMIÁRIDO E NA ZONA DA MATA DE PERNAMBUCO......................371
Priscila Germany Corrêa da SILVA1; Marcelo Tigre MOURA2; José Carlos Ferreira SILVA3; Pamela Ramos DEUS4;
Ludymila Furtado CANTANHÊDE5; Fernando Tenório FILHO6
Efeito macho associado à duração da estação de monta sobre o desempenho reprodutivo de ovelhas
Santa Inês pluríparas cíclicas.............................................................................................................................374
Priscila Germany Corrêa da SILVA1; Marcelo Tigre MOURA; José Carlos Ferreira SILVA; Raffaela Maria Dias Rodrigues AMORIM; Maico Henrique Barbosa dos SANTOS; Luis Rennan OLIVEIRA
8
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Informações Gerais
A
revista Ciência Veterinária nos Trópicos é editada quadrimestralmente pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV-PE), e destina-se a divulgação de trabalhos técnico-científicos (trabalhos originais de interesse
na área de ciência veterinária e zootecnia, ainda não publicados, nem encaminhados a outras revistas para o mesmo fim) e de notícias de cunho profissional,
ligadas a área de ciência veterinária em meio digital.
Reconhecida como veículo de divulgação técnico-científica pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (Resolução no 652, de 18 de novembro de 1998).
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:
Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV-PE)
Rua Conselheiro Theodoro, 460 - Zumbi, CEP 50711-030, Recife-PE, Brasil.
Telefone: (081) 3797.2506 e fax: (081) 3797.2514
Informações a respeito do Regulamento Editorial e Normas de Estilo poderão ser obtidas atraves do site: http://www.rcvt.org.br e do e-mail [email protected]
Os artigos publicados nesta Revista são indexados nas bases de dados:
CABI ABSTRACTS, AGRIS E AGROBASE
Ciência Veterinária nos Trópicos, v.19 n.1 (jan-abr 2015) - Recife:
CRMV - PE, 2015
Quadrimestral
ISSN 1415-6326
1. Veterinário - Ciência - Periódico I. Conselho
Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco, Recife, PE
CDD 636.08905
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
9
Editorial
O ressurgimento após longos anos do VI Congresso Pernambucano de Medicina Veterinária e do VII Seminário Nordestino de Caprino-Ovinocultura, foi recebido com grande
expectativa e entusiasmo por parte da comunidade acadêmica e científica da Medicina Veterinária e de outros segmentos ligados ao agronegócio no Nordeste.
Adotando como tema central “Saúde Animal e Produção Sustentável no Nordeste:
Desafios e Inovações Tecnológicas”, este importante fórum regional buscou inovar sua programação científica, que esteve distribuída em conferências, mini-simpósios e apresentação
de trabalhos científicos relacionados a temas contemporâneos, tais como bem-estar animal,
bioética, biotecnologia e sustentabilidade, com a destacada colaboração de especialistas de
renomadas instituições de ensino e pesquisa brasileiras.
Deve ser registrado que o inestimável apoio financeiro de instituições oficiais, como
UFRPE, CAPES, FACEPE e ADAGRO-PE, bem como de várias empresas ligadas à Medicina Veterinária e a agropecuária nordestina foi decisivo para que os promotores dos eventos
pudessem facilitar uma rica troca de experiências entre professores, pesquisadores, técnicos e
estudantes.
O exaustivo trabalho empreendido pelo CRMV-PE, Sociedade Pernambucana de Medicina Veterinária, Academia Pernambucana de Medicina Veterinária e de todos aqueles que
participaram da organização do fórum foi de vital importância no sentido de ampliar o debate
em torno da aplicação de novas tecnologias e do fortalecimento da produção animal sustentável no Nordeste. Os resultados então alcançados se materializam na publicação dos trabalhos
científicos nesta nova edição da RCVT.
10
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Adriana Maria Lopes VIEIRA
MANEJO DE POPULAÇÕES DE CÃES E
GATOS COMO ESTRATÉGIA SANITÁRIA
CONTRA ZOONOSES URBANAS
Adriana Maria Lopes VIEIRA
RESUMO
Instituto Pasteur de São Paulo
e Departamento de Vigilância
em Saúde de Guarulhos
email: [email protected].
br e adrianavieira1002@
gmail.com
1
O manejo das populações de animais e o controle de zoonoses devem
ser contemplados em programas ou políticas públicas em âmbito municipal. A
implantação de um programa de manejo animal, além da alocação de recursos
financeiros, técnicos e humanos, exige planejamento que englobe diagnóstico,
ações preventivas, controle, monitoramento, avaliação e dedicação permanente.
PA L AV R A S - C H AV E
Cães, gatos, manejo populacional, zoonoses,
vigilância, prevenção e controle.
Dogs and cats management population as health strategy
against urban zoonoses
ABSTRACT
The animal population management and the zoonoses control should be
included in programs or public policies at the municipal level. The implementation of an animal management program, besides the allocation of financial,
technical and human resources, requires planning encompassing diagnosis, preventive actions, control, monitoring, evaluation and permanent dedication.
KEYWORDS
O antropocentrismo ainda está muito presente na sociedade atual em decorrência de resíduos culturais que remontam o século IV, quando o
homem era tido como ser excelso e as ações eram
voltadas apenas para seu bem-estar, também no século XVII, a concepção do Universo e dos seres
vivos como máquinas, contribuiu com a visão reducionista de que os animais não têm inteligência,
que agem apenas por instinto, entre outras. Há que
se buscar o equilíbrio entre a saúde humana, animal e equilíbrio do meio ambiente, portanto, abandonar o antropocentrismo em busca de paradigmas
biocêntricos ou ecocêntricos. Nesse sentido, os
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Dogs, cats, population management, zoonoses, surveillance, prevention and control.
animais devem deixar de ser tratados como objetos
(VIEIRA, 2008).
A Organização Mundial da Saúde afirma
que atividades isoladas de recolhimento e eliminação de cães e gatos não são efetivas para o controle
da população. Deve-se atuar na causa do problema:
a procriação animal sem controle e a falta de responsabilidade do ser humano quanto à sua posse,
propriedade ou guarda (WHO, 1990). Até mesmo
no controle da raiva, os pesquisadores afirmam
que, enquanto a vacinação em massa de cães tem,
repetidamente, se mostrado eficaz para controle da
raiva canina, não há nenhuma evidência de que a
11
Adriana Maria Lopes VIEIRA
remoção destes tenha um impacto significativo sobre a densidade dessa população e a propagação
da raiva. Asseveram que a eliminação em massa
de cães não deve ser um elemento de uma estratégia de controle da raiva por ser ineficaz, podendo
até mesmo, ser contraproducente para os programas de vacinação. Referem ainda que nos últimos
anos, programas de controle e eliminação da raiva
por meio de vacinação em massa de cães resultaram em reduções significativas ou eliminação de
casos de raiva humana. Em alguns casos, a vacinação contra raiva, juntamente com a esterilização
dos cães resultou em eliminação local dos casos
ou previsão de levar à eliminação da raiva humana
(WHO, 2013).
Além dessas questões, a discussão ética no
manejo das populações de cães e gatos não pode
ser apartada da saúde pública veterinária, devendo-se levar em conta que esses animais não apenas
potenciais transmissores de zoonoses, sendo considerados, em muitas situações, como integrantes das
famílias e comunidades, com valor intrínseco agregado. Os cães e gatos são agentes que interferem
na promoção da saúde, positiva ou negativamente,
dependendo da guarda responsável e das políticas
públicas implantadas, quer seja para a estabilização dessas populações e prevenção das zoonoses e
demais agravos que possam produzir ao individuo
e coletividade, ou para o bem-estar dos próprios
animais (GARCIA, 2006).
Indispensável ainda considerar que, segundo a
“Declaração de Cambridge sobre a consciência
animal”, “a ausência de um neocórtex não parece
impedir que um organismo experimente estados
afetivos. Evidências convergentes indicam que os
animais não humanos têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos de
estados de consciência juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais. Consequentemente, o peso das evidências indica que
os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência. Animais
não humanos, incluindo todos os mamíferos e as
aves, e muitas outras criaturas, incluindo polvos,
também possuem esses substratos neurológicos”
(COSTA, 2013).
Desta forma, o manejo das populações de
animais e o controle de zoonoses devem ser con12
templados em programas ou políticas públicas em
âmbito municipal. A implantação de um programa
de manejo animal, além da alocação de recursos
financeiros, técnicos e humanos, exige planejamento que englobe diagnóstico, ações preventivas,
controle, monitoramento, avaliação e dedicação
permanente. É de extrema importância que se conheça a dinâmica populacional da área em que se
pretende interferir, com a realização de censos ou
estimativas populacionais. Outra estratégia importante para subsidiar o planejamento das políticas
de saúde pública é a implantação de um programa
de registro e identificação de animais que formam
um sistema de informação com dados que relacionam os proprietários aos seus animais. O registro
e a identificação são instrumentos de responsabilização do proprietário, fomentam a cultura de propriedade, posse ou guarda responsável e possibilitam conhecer e dimensionar as populações de cães
e gatos. É recomendável que se associe um método
de identificação visual (coleira e plaqueta) a um
permanente (microchip ou tatuagem). As cadelas e
gatas são animais pluríparos de gestação curta, com
grande potencial de produção de proles numerosas
que podem atingir a maturidade sexual a partir de
6 meses de idade. Esses fatores associados à falta
de responsabilidade dos guardiões de animais contribuem para o crescimento populacional de cães
e gatos, sem controle. Ações efetivas de controle
da reprodução devem ser implantadas associadas
aos outros pilares do programa de manejo de populações, sendo recomendável o emprego de esterilização cirúrgica de machos e fêmeas, com técnicas minimamente invasivas, preferencialmente a
partir de 8 semanas de idade. As cirurgias devem
ser acessíveis geográfica e economicamente aos
proprietários de animais. Os interessados em conviver com cães e gatos assumem o compromisso
ético de desenvolver e manter hábitos e posturas de
promoção e preservação da saúde e do bem-estar
animal e preservação do meio ambiente. Este compromisso pode parecer simples, se consideradas as
questões de alimentação, controle de mobilidade e
estabelecimento de comandos básicos para garantir
o cumprimento das regras sociais de convivência
em grupos comunitários. Entretanto, a manutenção
consistente de uma postura que abranja a responsabilidade jurídica e cuidados com abrigos, sustento,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Adriana Maria Lopes VIEIRA
controle da reprodução, prevenção de doenças e
de agravos diversos requer uma cultura, cujas bases precisam ser estabelecidas com a participação
de equipes multidisciplinares de educadores, profissionais de diferentes órgãos do poder público,
representantes de segmentos sociais e, sobretudo,
dos próprios interessados nesta convivência (SÃO
PAULO, 2009)
A oferta de abrigos e alimentos também
merece especial atenção, as condições existentes
no meio ambiente predispõem a migração de animais de áreas com condições menos favoráveis à
sua sobrevivência. O manejo ambiental, sempre
associado a programas educativos permanentes,
deve fazer parte de foros de discussão em que a
comunidade participe desde o diagnóstico, estabelecimento de prioridades, planejamento e execução das ações, até da avaliação e monitoramento
dos resultados. A população frequentemente não
aprova o recolhimento de animais e as instalações
públicas para alojamento e, uma vez que o incentivo à propriedade, posse ou guarda responsável
é de fundamental importância para o sucesso do
controle de populações de cães e gatos, os órgãos
públicos devem ser exemplos de manejo etológico
e preservação do bem-estar dos animais, mesmo
daqueles que precisam ser submetidos à eutanásia
(SÃO PAULO, 2009).
Os órgãos públicos também devem desenvolver ações com vistas ao controle do comércio
de animais, associados aos programas educativos,
de forma a coibir a aquisição de animais por impulso. Pesquisas apontam que, uma grande contribuição para populações de animais sem controle,
são as crias indesejadas abandonadas (GARCIA,
2012). Com vistas ao controle do comércio de cães
e gatos, o município de São Paulo, por meio da Lei
municipal nº 14.483, de 16 de julho de 2007, que
dispõe sobre a criação e a venda no varejo de cães
e gatos por estabelecimentos comerciais no Município de São Paulo, bem como as doações em eventos de adoção desses animais, é um importante instrumento legal que pode contribuir com as ações de
manejo populacional desses animais no município
(VIEIRA, 2008).
O abandono de cães afeta de forma negativa a saúde, tanto animal como humana, então há
que se implantar políticas públicas para prevenir
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
cada um dos fatores desencadeantes desse agravo.
A vigilância epidemiológica do abandono de cães e
gatos é imprescindível, de forma a auxiliar na compreensão dos fatores que influenciam a sua distribuição, avaliar a magnitude e monitorar as tendências, identificar os grupos de risco e o processo de
disseminação, indicar as medidas a serem adotadas
para a sua prevenção, avaliar o impacto e adequação dessas medidas de intervenção. A vigilância ao
abandono deve fazer parte do programa de manejo
populacional canino, auxiliando na definição das
estratégias necessárias, segundo as características
do território, e na retroalimentação para adequação ou implementação das estratégias (GARCIA,
2012).
Além do controle de zoonoses, considerando as ações de saúde coletiva, vários trabalhos
demonstram uma conexão existente entre os maus
tratos ou crueldade com animais e a violência contra seres humanos, inclusive violência doméstica,
portanto a investigação de maus tratos de animais
pode prevenir abusos (HSUS, 2011) então, pode
ser uma das estratégias do manejo populacional de
cães e gatos.
É de fundamental importância que, o manejo populacional de cães e gatos seja implantado como
programa e que sejam considerados os aspectos
políticos, sanitários, etológicos, ecológicos e humanitários, e que as estratégias sejam socialmente
aceitas e ambientalmente sustentáveis de forma a
promover a participação social e integrar o controle das zoonoses, ou seja, estratégias em consonância com o conceito de “saúde única” (GARCIA,
2012).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GARCIA, R. C. M. Controle populacional de cães
e gatos e a Promoção da Saúde. VIII Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal. Comunicação oral. Araçatuba/SP, 2006.
Garcia RCM, Calderón N, Ferreira F. Consolidação de diretrizes internacionais de manejo de populações caninas em áreas urbanas e proposta de
indicadores para seu gerenciamento. Rev Panam
Salud Publica. 2012;32(2):140–4.
13
Adriana Maria Lopes VIEIRA
SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo. Programa de Controle de Populações de Cães e Gatos do Estado de São Paulo.
São Paulo, Boletim Epidemiológico Paulista, suplemento 7, 2009. 163p.
VIEIRA, A.M.L. Controle Populacional de Cães e
Gatos - Aspectos técnicos e operacionais. Ciênc.
vet. tróp., Recife-PE, v.11, suplemento 1, p.102105, abril 2008.
WHO. WSPA. World Health Organization; World
COSTA, A. N.; MOLENTO, C.F.M.; PINTO, L. Society for the Protection of Animals. Guidelines
F.B.; TEIXEIRA, M. W.; PALHA, M. D. C.; PAI- for dog population management. Geneva, 1990.
XÃO, R. L. Revista do Conselho Federal de Me- 116p.
dicina Veterinária, Ano XIX , no 59 , 2013, pg 9.
WHO Expert Consultation on Rabies: second reHSUS. The Humane Society of the United States. port. WHO Technical Report Series No. 982,
Animal Cruelty and Human Violence, 2011.
2013.139p.
<http://www.humanesociety.org/issues/abuse_neglect/qa/cruelty_violence_connection_faq.html>
Acesso em 02 de setembro de 2015
14
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Aldomário RODRIGUES1 , Lucindo José QUINTANS 2
IMPORTÂNCIA DA CAPRINOCULTURA
LEITEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO
DO CARIRI PARAIBANO
Aldomário RODRIGUES1, Lucindo José QUINTANS2
RESUMO
1
Médico Veterinário, Mestre
Produção animal, EMEPA.
Email:
[email protected]
2
Economista, Ms em Engenharia de Produção.
A caprinocultura é considerada uma atividade capaz de gerar emprego e
renda na agricultura familiar, embora ao longo dos tempos a mesma tenha sido
voltada para o autoconsumo e comercialização do excedente. Tornar essa atividade um negócio eficiente e rentável tem sido o desafio do governo do Estado
da Paraíba. Com a implementação do Pacto Novo Cariri a cadeia produtiva da
caprinocultura leiteira organizou-se e teve um grande desenvolvimento, saindo
do estágio de subsistência e protagonizando uma mudança radical na sócio-economia local. No entanto, os desafios para tornar essa atividade um agronegócio
continuam e serão discutidos ao longo do artigo.
PA L AV R A S - C H AV E
AGRONEGÓCIO, CADEIA PRODUTIVA,
PRODUÇÃO DE LEITE, SEMIÁRIDO
ABSTRACT
: The goat production is considered an activity capable of generating employment and income in family farming; although over time the same has been
focused for consumption and sale of surpluses. Make this activity an efficient
and profitable business has been the government’s challenge of the State of Paraíba. With the implementation of the Pact New Cariri the production chain of
dairy goat was organized and had a great development, leaving the subsistence
stage and starring a radical change in the local socio-economy. However, the
challenges to make this activity one agribusiness continue and will be discussed
throughout the article
KEYWORDS
AGRIBUSINESS, MILK PRODUCTION,
PRODUCTION CHAIN, SEMIARID
1. CONTEXTUALIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔ- cantil. Isto representava um sério obstáculo ao deMICA E AMBIENTAL DA REGIÃO
senvolvimento da região. Permitindo, por falta de
emprego e renda, o extrativismo e a degradação do
O Cariri paraibano no final dos anos 90 era meio ambiente, materializando inflexões naturais
uma das regiões mais pobre do Brasil, tornando-se críticas na região, contribuindo para a desorganizao maior problema sócio-econômico do país, que se ção da sociedade e da economia e ampliando o proagravava nos períodos de longas estiagens, em de- cesso migratório da população. Estas deteriorações
corrência da precária organização produtiva mer- das condições humanas e do ambiente apontavam
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
15
Aldomário RODRIGUES1 , Lucindo José QUINTANS 2
fatalmente para a desertificação e esterilidade do
meio ambiente.
Tradicionalmente, a organização do Cariri
esteve ligada à exploração gado-algodão. Atualmente, em decorrência do forte recuo sofrido pelo
algodão, observa-se o fortalecimento da pecuária
e da policultura alimentar tradicional. As características do quadro natural (baixos índices pluviométricos e pobreza dos solos) têm repercutido negativamente no adensamento populacional, como
também tem sido motivo, por si só, suficiente para
vocacionar à região na exploração da caprinovinocultura, onde se encontrava, já naquela época, a
melhor área de mercado do país pela sua localização geográfica, pela maior densidade de caprinos e
ovinos do continente (Tabela 1) e, principalmente
por possuir o melhor material genético tanto para
leite como para carne, além de um rico acervo tecnológico gerado ao longo das últimas duas décadas
na Fazenda Experimental de Pendência, pertencente a EMEPA.
No período 1970/80 o crescimento populacional apresentou uma taxa de 1,10% ao ano. Nas
últimas décadas analisadas (1970 a 2000), a região
apresentava uma taxa de crescimento de apenas
0,12% a.a., indicando um forte fluxo emigratório
(Tabela 2). Supõe-se que a distribuição espacial da
população, depende da distribuição espacial das
“oportunidades de vida”, isto é, emprego, renda,
educação, saúde, acesso a chances de melhores
condições de vida, etc. Em geral, quanto melhores as condições de vida em uma determinada área,
maior é a “polarização populacional” (através de
migrantes) e menor a taxa esperada de crescimento
vegetativo. Inversamente, nos locais onde há menores oportunidades maiores serão a expulsão da
população e a taxa de crescimento vegetativo.
A região perdia uma parte significante das
pessoas em Idade Economicamente Ativa. Principalmente jovens que saíam (e ainda saem) para
estudar nos centros dinâmicos e não voltavam aos
locais de origem, devido à falta de “oportunidades
de vida” na região. Ao mesmo tempo, a população
urbana apresentava no período, uma taxa de crescimento de 1,72% a.a criando uma demanda por
serviços públicos nas cidades. Inversamente ao que
ocorreu nas áreas urbanas, houve um esvaziamento
da área rural de -1,22% ao ano (Tabela 2).
16
Para o ano de 1991 o emprego permanente total dos Cariris Paraibanos foi de 46,4 mil empregos, dos quais 51,9% gerados no setor primário
e 48,1% em atividades não agrícolas. No ano de
1996 a taxa de emprego decaiu –0,20% a.a., esboçando que a região encontrava-se estagnada.
Não obstante o crescimento da população
urbana, o emprego não agrícola no período 19911996 decaiu a uma taxa de (-2,10) a.a. O número
de pessoas ocupadas sem instrução situava-se em
51,50%, o que pode ser interpretado, como uma
expressão do baixo nível de renda local (IBGE
1991-2000). Os ocupados na faixa etária de 10
a 17 anos atingiu 14,8% dos ocupados municipais,
sabendo-se que esta mão de obra concentrava-se
essencialmente nas unidades da pequena produção
familiar rural.
Constatou-se que mesmo estimativas otimistas para o mercado de trabalho regional mostravam um hiato entre a oferta e a demanda de empregos devido a falta de oportunidades na economia
regional. Como conseqüências disto poderiam
ocorrer taxas crescentes de emigração e/ou um decréscimo do grau de ocupação se não fosse articulado um planejamento integrado e que seja bem
sucedido, visando um desenvolvimento econômico
e social mais equilibrado através de esforços concentrados nos setores econômicos, e de prover as
necessidades de infraestruturais.
Embora os indicadores econômicos do Estado da Paraíba, em período mais recente, evidenciassem desempenho acima dos padrões nacionais
e regionais, os aumentos da riqueza e da renda gerados não foram capazes, sob a ótica social, de produzir transformações significativas no perfil geral
do subdesenvolvimento das Microrregiões Cariri
Ocidental e Orientais Paraibanos.
As análises dos principais indicadores sociais mostravam que as condições gerais de vida
da Área-Programa permaneciam insatisfatórias
se comparadas com padrões vigentes nas regiões
mais desenvolvidas do País. No caso da educação,
o índice de analfabetismo situava-se em 37,4% entre a população de 10 anos e mais. Apesar da taxa
de escolarização da população de 7 a 14 anos ter
chegado 85,8% em 1996, devido aos volumosos
investimentos feitos para o atendimento da alfabetização e do ensino fundamental. Entretanto ve-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Aldomário RODRIGUES1 , Lucindo José QUINTANS 2
rificou-se que a evasão e a repetência mantêm-se,
respectivamente, nos elevados níveis de 13,5% e
15,5%.
Quanto à mortalidade infantil apresentava
uma taxa de 32 por mil nascidos vivos em 1996.
A questão se agravava pelo fato de que parcela
significativa dos óbitos constatados continuava a
ocorrer por causas evitáveis e em decorrência da
falta de assistência pré-natal de maior cobertura
e melhor qualidade. Concorriam fortemente para
a manutenção do perfil epidemiológico nas Áreas-Programa as condições ainda desfavoráveis de
saneamento básico.
Além da assimétrica distribuição de renda
prevalecente na área, contribuíam para a perpetuação da pobreza os baixos níveis de qualificação de
mão-de-obra e a própria incapacidade relativa de
geração de empregos por parte do setor privado em
decorrência da limitada base econômica de mercado.
Diante do exposto pode-se afirmar que
as condições gerais de bem estar da população da
Área-Programa se encontravam em níveis insatisfatórios, aquém dos padrões nacionais, igualando-se à situação vigente nos países mais pobres do
mundo.
No que se refere à ação dos governos municipais
na área social, apesar dos avanços observados na
década de 90, as políticas públicas dos municípios
integrantes do Cariri ainda apresentavam caráter
marcadamente assistencialista, orientando-se preferencialmente para segurar de forma residual,
condições mínimas de subsistência aos contingentes da população identificada em situação de pobreza extrema, através de apoios e subsídios pontuais às necessidades específicas.
Quanto à dimensão econômica, nas Microrregiões,
Cariri Ocidental e Cariri Oriental paraibano, a evolução da economia local tem se caracterizado por
forte decréscimo relativo das atividades agropecuárias em relação aos demais setores, como reflexo
da desarticulação da economia rural devido ao colapso do algodão, que formava a base da exploração agrícola e mantinha a lavoura de subsistência
e a pecuária extensiva. Some-se a isso a intercorrência de diversos anos de estiagens e de irregularidades climáticas aumentando a vulnerabilidade
do setor.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
A participação declinante do PIB local no período
1970-1996 no PIB paraibano indica claramente a
estagnação das atividades produtivas locais (Tabela 3). Em 1970 essa participação era de 4,0%, decaindo para 3,0 em 1996. Some-se a esse declínio
o atraso tecnológico e as precárias relações sociais
de produção prevalecente na área.
No que se refere à dimensão ambiental, o principal problema da Área-Programa é o processo de
desertificação que vem ocorrendo pela ação antrópica aliado aos impactos das variações climáticas.
O uso indevido do fogo e o superpastejo da pecuária extensiva, devastação da vegetação natural da
caatinga arbustiva-arbórea produtora de lenha e
madeira em atendimento à demanda de energéticos
vegetais, induzindo a redução da biodiversidade
pela quase extinção de muitas espécies animais e
vegetais nativas.
Segundo os Anais da 3º Conferência das Partes
da Convenção das Nações Unidas de Combate a
Desertificação e Seca, as Microrregiões Cariri Ocidental e Cariri Oriental encontram-se em estágio
muito grave de desertificação. Todos esses fatores,
associados aos impactos negativos das variações
climáticas ocorridas nas últimas décadas, conduzem ao esgotamento dos lençóis freáticos e a conseqüente sublimação das secas.
A degradação do meio ambiente se manifestou também na deterioração dos recursos hídricos, pelos constantes despejos de dejetos humanos
diretamente nos cursos d’água. Devido, principalmente, à falta de esgotamento sanitário, essa prática tem contribuído para o elevado índice de doenças endêmicas e proliferação de vetores nocivos à
saúde.
Apesar de haver coleta de lixo urbano em
todas as cidades da Área-Programa, não existe uma
destinação adequada dos resíduos sólidos, que são
depositados em lixões a céu aberto, contribuindo
para degradação ambiental da área. Significa dizer
que as ações dos governos locais têm se comportado pela ótica uma verdadeira indigência ambiental.
2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROGRAMA
A característica básica das Microrregiões
Cariri Ocidental e Cariri Oriental é uma economia
17
Aldomário RODRIGUES1 , Lucindo José QUINTANS 2
sem setores derivados. Seu padrão de crescimento
tende a ser vegetativo, ou seja, de reprodução por
impulso próprio, sem transformações qualitativas.
Tem um caráter predominantemente de alto-consumo, não conseguindo superar os baixíssimos níveis de produtividade de trabalho. É uma economia
sujeita a fortes oscilações derivadas das periódicas
ocorrências de secas cuja lógica de longo prazo,
teve no passado um comportamento dependente de
seus setores autônomos, compreendidos pelo trinômio: pecuária, algodão e alimentos, e que hoje,
está representada pela renda dos aposentados e dos
funcionários públicos.
Subjacente, dispõe ainda de outra característica: seu principal componente não é um setor
produtivo, mas a apropriação de renda produzida nos setores dinâmicos da economia nacional e
transferida para a região através de políticas compensatórias dos governos federal e estadual.
Com estas peculiaridades de economia sem
produção, a demanda por Informação e Conhecimento é extremamente baixa. Segundo Gomes
(2001, p. 264) não deixa de ser sintomático que
após ¼ de século de implementação de políticas –
voltadas para o pequeno produtor do Semi-Árido
– e de esforços não desprezíveis para desenvolver
tecnologias baratas de “convivência com a seca”,
os resultados de tudo isso tenham sido praticamente nulos.
A inovação tecnológica mais difundida na
região se deu no setor da pecuária tradicional e
extensiva, através da introdução de novas variedades de gramíneas resistentes a estiagem, da palma
(Cactácea que pode ser enriquecida proteicamente através de processo biológico) e as barragens
subterrâneas como tecnologias assimiladas pelo
homem do campo, entretanto, em escala nada significativa, podendo se constatar ainda um grau relativamente baixo de tecnificação.
Na área-Programa, esforços governamentais voltaram-se para a implantação de um banco
genético de caprinos e ovinos introduzindo melhorias qualitativas no rebanho, bem como, agregação
de valor à produção local, seja através da implantação de mini-usinas de pasteurização de leite, seja
proporcionando acessibilidade aos mercados através das compras governamentais compartilhadas
entre governos estadual e municipal.
18
Simultaneamente, através do PRONAF
formatou-se um Consórcio de Municípios para implantação de um abatedouro microrregional apto a
absorver a produção local de caprinos e ovinos. Estas medidas têm proporcionado um círculo virtuoso na pequena produção familiar, criando a sinergia
necessária à melhora qualitativa do agronegócio da
caprinovinocultura.
3. PACTO NOVO CARIRI
No inicio dos anos 2000, com este cenário,
tornou-se patente à necessidade de uma intervenção capaz de promover profundas transformações
no ambiente sócio-econômico, ambiental, produtivo e, principalmente na alta estima do caririzeiro
de modo que o fizesse enxergar as diversas oportunidades oferecidas pela região e de alicerçar o
seu desenvolvimento. Desta forma foi proposto o
“Pacto Novo Cariri” que nada mais é do que uma
rede de gestão compartilhada que procura conectar
todas as forças sociais, políticas, culturais e produtiva da região resultando em uma grande articulação entre as diversas instâncias e programas de
desenvolvimento, relacionando o local, o nacional
e o global em um processo de integração capaz de
superar os obstáculos.
Configurando desta forma, um novo espaço
de relações entre os agentes cooperantes, sociedade, governo, instituições públicas ou não, etc. Neste espaço, não impera a disputa, atuações isoladas
nem a busca de interesses individuais. Não pertence a nenhuma das esferas que integra (sociedade civil e/ou mercado e/ou Estado) mas, representando
o encontro dessas vertentes, uma atuação sinérgica
que possibilita um novo jeito de perceber e intervir
no sistema que é objeto de cooperação, assim é o
“Pacto Novo Cariri”.
Estabelecido o Pacto, os atores que o compõem, foram em busca da identificação e priorização das principais oportunidades de negócio da região, fixando-se em 07, a Caprinovinocultura que
foi apontada pelos 31 municípios que compõem os
cariris oriental e Ocidental, Turismo, Artesanato,
Culturas Alternativas, Educação Empreendedora,
Gestão Pública e Meio Ambiente.
Com a priorização das ações, partiu-se então para a implantação do programa da Caprino-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Aldomário RODRIGUES1 , Lucindo José QUINTANS 2
cultura leiteira em cinco municípios: Zabelê, São
Sebastião do Umbuzeiro, Monteiro, Cabaceiras e
Prata, servindo estes municípios como laboratório.
A seleção dos referidos municípios se deve
a adesão do poder público municipal a idéia original
que se fundamenta na ação tripartite: produtor, Poder Público Municipal e Governo do Estado, cada
um com obrigações distintas e convergentes onde
o produtor teria como responsabilidade a produção
da matéria prima (leite), suficiente para abastecer o
programa e gerenciar o negócio a nível municipal;
o Poder Público Municipal, adquirir parte da produção para uso em seus programas sociais, saúde e
educação além de apoiar financeiramente o programa no que tange a assistência técnica, combustível
etc, no âmbito de seu município; ao Poder Público
Estadual adquirir equipamentos de laticínio para o
processamento do leite e parte da produção através
dos seus órgãos de amparo social.
Estabelecidas estas responsabilidades entre
os parceiros, o programa ainda sentia a necessidade de que algumas posturas e diretrizes fossem definidas e igualmente pactuadas, tais como:
3.1. Postura
•
Os produtores, não filiados a associações
ou cooperativas, seriam incentivados a se filiarem
para que fossem beneficiados pelo Programa;
•
Os municípios onde existisse mais de uma
associação e/ou cooperativa de produtores de Caprinovino, os Presidentes e filiados seriam influenciados para que as mesmas fossem unificadas como
forma de fortalecê-las;
•
Conhecer e interagir permanentemente
com todos os Prefeitos e Secretários envolvidos
nas ações deste Plano na microrregião;
•
Ser proativo na liderança da rede de parceiros do Pacto Novo Cariri que estão participando do
projeto, para que contribuam efetivamente com os
compromissos assumidos. As interlocuções no âmbito municipal ficarão delegadas ao Responsável
local. As interlocuções com parceiros nos âmbitos
Estaduais e Federal serão de responsabilidade do
Coordenador de Caprinovinocultura, a quem deve
ser solicitado o apoio quando necessário.
•
Os ADR (Agentes de Desenvolvimento
Rural) devem atuar como instrutor facilitador, evi-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
tando que os produtores criem dependência da sua
presença para solucionar problemas existentes.
3.2. Diretrizes
• Só serão atendidos por este plano, os produtores
filiados a associações ou cooperativas;
• O comprometimento das Prefeituras Municipais
será condição indispensável para que o Programa
atue no município;
• Os produtores rurais que não atenderem às recomendações técnicas e de manejo sanitário serão excluídos do programa;
• O plano de caprinovinocultura será tratado dentro
do conceito de cadeia produtiva, contemplando o
primeiro, segundo e terceiros setor (produção, beneficiamento e comercialização) com o objetivo de
excluir os atravessadores;
• Incentivar novos produtores que desejam participar do Programa a se filiarem a associações já existentes no município. Em caso de impossibilidade
de filiação por motivo geográfico ou político, será
apoiada a criação de uma nova associação, como
última hipótese;
• Descentralizar o atendimento da assistência técnica por intermédio do ADR que atenderá a 20
produtores de leite ou 40 produtores de carne, por
agente, e;
• Incentivar a participação de adolescentes talentosos com espírito protagonista para que participem
do processo.
3.3. Principais dificuldades
As principais dificuldades foram encontradas na mudança de cultura com quebra de paradigmas, substituição da passividade pela pró-atividade, da recuperação da autoestima e do rompimento
com o individualismo, reconhecendo o poder de
construção através da cooperação. Somam-se a
essas dificuldades, a cultura do paternalismo, do
imediatismo e ainda de que tudo acontece por pura
vontade divina.
Este panorama está mudando a partir do
Pacto Novo Cariri. Os produtores foram mobilizados, sensibilizados e agrupados em associações,
o que não é fácil, representando uma das maiores
dificuldades a ser removida, isto porque, os nossos
19
Aldomário RODRIGUES1 , Lucindo José QUINTANS 2
criadores não têm o espírito associativo, quando se
unem é apenas pela barganha, pela busca do recebimento de benefícios públicos nunca pelo interesse coletivo e pela construção de algum negócio.
Fazê-los compreender a importância da cooperação, é fazer as associações ganharem dinamicidade desenvolvendo uma programação de caráter
empresarial, buscando promover mudanças de ordem quantitativa e qualitativa que levam a novos
arranjos na cadeia produtiva capaz de tornar o Cariri paraibano gerador de uma oferta de produção
crescente com qualidade e competitiva.
3.4. Assistência técnica
A informação representa o principal insumo na busca da transformação proposta, a cultura
secularmente enraizada neste arcaico processo de
condução dos sistemas de produção, tende a resistir ao novo e a modernização do processo produtivo, desta forma, a assistência técnica permanente e
eficientemente estruturada é condição indispensável para se alcançar os objetivos.
Entretanto, o que se observa na região é
uma extensão rural desarticulada cuja ação é puramente reativa e cada extensionista responsável
por assistir de 1.500 a 2.000 produtores rurais, incapazes, portanto, de promover as transformações
esperadas pelo programa, obrigando seus gestores
a buscar um sistema paralelo de acompanhamento,
com a formação de uma rede técnica local.
Os técnicos são recrutados entre jovens
dos próprios municípios, privilegiando-se aqueles
que tenham formação agrícola, técnico agrícola ou
equivalente e remunerados pelo próprio sistema
nos moldes do ADR, Agente de Desenvolvimento
Rural, experiência que tem mostrado bons resultados e tem se expandido em alguns municípios do
Cariri.
Essas redes locais estão conectadas e assistidas por um grupo regional e multi-institucional
de consultores, de maior nível técnico (zootecnistas, veterinários, agrônomos, etc.) especializados
em pastagens, alimentação, melhoramento genético, reprodução, sanidade e economia.
Este modelo, apesar de simples, tem sido
bastante eficiente a ponto do SEBRAE Nacional
adotá-lo em todo Nordeste enviando especialistas
dos nove Estados nordestinos para serem treinados
20
na Paraíba e multiplicarem a experiência em seus
respectivos Estados, além de patrocinar a cartilha
do ADR através do Projeto APRISCO.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A caprinocultura leiteira sempre se apresentou como uma atividade promissora para o Cariri,
mas, deste ponto até ser transformada em um negócio eficiente e rentável, encontrava-se um grande
vazio, que no entendimento de muitos, aconteceria
fatalmente no futuro, o difícil, era construir esse
futuro no presente. Essa tarefa e as obrigações couberam ao “Pacto Novo Cariri” que, de forma eficiente e inteligente, iniciou o processo a partir do
ano 2000, quando mobilizou a sociedade civil, o
governo e instituições no sentido de buscar soluções às suas necessidades no tocante a geração de
riquezas.
Esse grande agente transformador foi capaz de romper as barreiras da inércia produtiva e
construiu um negócio promissor que tem oferecido
à região um volume de recursos novos injetados
como também oferecido um grande número de
ocupações nas unidades de produção.
A organização dos produtores em associações municipais tem permitido a organização da
produção de forma eficiente e com ganhos qualitativos jamais alcançados na história da atividade além, de permitir um abastecimento constante
quando antes a sazonalidade era fator de risco.
A instalação das mini usinas de pasteurização no ano 2001, significou para o programa a
porta de entrada para a construção de um negócio
que, somente no ano de 2006 injetou R$ 3,6 milhão
de reais na região, atingindo R$ 6,5 milhões em
2010 apenas com a compra governamental do leite
caprino para os programas sociais do governo do
Estado. Por outro lado, permitiu ainda, a instalação
de laticínios especializados na produção de queijos
finos, iogurte, licor e outras bebidas lácteas. Atualmente, acena-se com a possibilidade de ampliação
significativa do mercado livre que deverá aumentar
a produção que hoje chega a 18 mil/litro/dia. Desta
forma o Cariri paraibano se transformou no maior
produtor de leite de cabra do país e protagonista de
uma mudança radical na sócio-economia local.
Soma-se a isso, o apelo econômico e social
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Aldomário RODRIGUES1 , Lucindo José QUINTANS 2
do programa, já que 66% dos fornecedores são caprinocultores de base familiar que produzem menos de 20 litros/leite/dia. O programa possibilitou
a elevação da renda dessas famílias assegurando
melhores condições para a reprodução e a acumulação dos seus meios de produção, além de gerar
ocupações produtivas de caráter permanente, e simultaneamente, transferência de tecnologias, capacitação de recursos humanos e fortalecimento do
associativismo proporcionando uma concentração
horizontal e vertical dos atores envolvidos no processo.
Apesar dos ganhos obtidos, algumas dificuldades têm surgido para consolidar a caprinocultura leiteira como agronegócio, entre elas a dependência do mercado institucional. Inicialmente,
esse mercado foi importante para a estruturação e
desenvolvimento da atividade, porém no momento
está sendo motivo de sua desestruturação.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário, 2006. Disponível em:
http://www.sidra.ibge.gov.br/bda. Acessado em:
28 de Junho 2015.
IDEME – Anuário Estatístico da Paraíba, v.1. João
Pessoa: IDEME, 1999.
IPEA – Produto Interno Bruto Municipal – 1970,
1996. Brasília/DF, 2001.
IPEA – Fundação João Pinheiro – PNUD. Desenvolvimento Humano e Condições de Vida: Indicadores dos municípios brasileiros: IPEA – FJP –
PNUD – IBGE – 2003
QUINTANS, L.J. PROMESO Cristalino, Projeto
Base Zero. João Pessoa: UFPB/Scientec, v.1 e 2,
356 p.
SEBRAE/PB. Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável do Cariri Paraibano.
João Pessoa: SEBRAE, 2001, 132 p.
FIBGE – Censos Demográficos 1970, 1980, 1991, SUDENE. Boletim Conjuntural Nordeste do Brasil
1996 e 2000 – IBGE, Rio de Janeiro/RJ.
nº 6. Recife: Sudene, 1999, 346 p.
GOMES, G.M. Velhas Secas em Novos Sertões:
Continuidade e Mudanças na Economia do Semi-Árido e Cerrado Nordestino. Brasília: IPEA,
2001, 326 p.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
21
Aldomário RODRIGUES1 , Lucindo José QUINTANS 2
TABELA 1:
Efetivos Caprino e Ovino e Densidade Demográfica, nos Cariris Ocidental e Oriental
Efetivo (cab)
Densidade (cab/km2)
Área Geográfica
(km2)
Caprinos
Ovinos
Caprinos
Ovinos
Cariri Ocidental
7.075,1
149.134
111.713
21.07
15.79
Cariri Oriental
4.159,9
72.063
57.368
17.32
13.79
Total
11.235,0
221.197
169.081
19.69
14.79
Cariri Ocidental
7.075,1
152.725
110.518
21,59
15,62
Cariri Oriental
4.159,9
88.160
58.732
21,19
14,12
Total
11.235,0
240.885
169.250
Fonte: Anuário Estatístico da Paraíba 1999, IBGE, 2006
21,44
15,06
Região
1999
2006
TABELA 2:
População Residente nas microrregiões Cariri Ocidental e Cariri Oriental
População Residente
Total
Urbana
Rural
Taxa de
Urbanização
1970
1980
151.642
169.317
35.455
54.389
116.187
114.928
23,38
32,12
1991
169.019
75.228
93.791
44,51
1996
169.486
82.954
86.532
48,94
89.604
83.719
51,70
Ano
2000
173.323
Fonte: IBGE – Censos Demográficos
TABELA 3:
Produto Interno Bruto da Paraíba e Área-Programa (em milhões US$ de 1998)
Região
Anos
1970
1975
1980
1985
Paraíba (1)
2.039,5
3.522,5
3.812,2 5.626,8
Área-Programa (2)
70,0
114,9
114,3
150,6
Fonte: (1) Sudene: Contas Regionais; (2) Dados Básicos: IBGE e IPEA
22
1990
1996
6.560,8
95,3
7.696,8
179,8
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Amélia Maria de Queiroz Aguiar da Silva BARRETO
BEM-ESTAR E CONTROLE DE QUALIDADE NO ABATE DE AVES
Amélia Maria de Queiroz Aguiar da Silva BARRETO
RESUMO
1
Norato Alimentos Ltda
Nas duas últimas décadas, um tema que vem sendo bastante difundido
nas agroindústrias, é o Bem-estar animal, principalmente por ter influência direta sobre a qualidade da carne, bem como o destaque e atenção aos profissionais
mais diretamente envolvidos, desde o manejo das aves até a chegada dos animais no abatedouro. Um dos fatores indispensáveis para o êxito da implantação
do programa de bem-estar e obtenção de uma carne de boa qualidade consiste na
capacitação da equipe através de treinamentos técnicos, assim como, o entendimento do comportamento animal. Nesse contexto, conclui-se que é de extrema
urgência divulgar incisivamente normas e técnicas de manejo adequadas aos
sistemas de criação das aves, a fim de evitar maus tratos desnecessários, respeitando ao máximo as 5 liberdades. Além disso, através da educação continuada,
é possível minimizar perdas econômicas decorrentes de lesões corporais, ocorridas principalmente nas etapas pré-abate.
PA L AV R A S - C H AV E
carne, liberdade, pré-abate.
ABSTRACT
In the last two decades, a topic that has been widespread in agricultural
industries is the Animal Welfare, mainly to have direct influence on the quality
of meat as well as the prominence and attention to the professionals directly
involved, since the handling of the birds until the arrival of the animals at the
slaughterhouse. One of the essential factors for the successful implementation
of welfare program and obtaining a good quality meat is the training of staff
through technical training, as well as the understanding of animal behavior. In
this context, it is concluded that it is of utmost urgency disclose pointedly standards and management techniques suitable for breeding birds systems in order
to avoid unnecessary ill -treatment, respecting the most of the five freedoms. In
addition, through continuing education, you can minimize economic losses due
to injury, especially occurred in the pre-slaughter steps.
KEYWORDS
meat, freedom, pre-slaughter.
INTRODUÇÃO
a preceitos religiosos que estejam relacionados ao
consumo de carne de aves em qualquer parte do
De acordo com SIMONS (2005), a carne de fran- mundo, ao contrário do que ocorre com a carne sugo é a única que, no decorrer da história, tem am- ína e bovina. O crescimento na produção de carne
pla aceitação. Não existem restrições culturais ou de aves é acompanhado por uma maior diversificaCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
23
Amélia Maria de Queiroz Aguiar da Silva BARRETO
ção de produtos, praticidade e valor agregado, em
detrimento da comercialização de carcaças inteiras
e/ou cortes. Essa tendência dá-se em razão da mudança de hábitos da população, pois a qualidade
nutritiva, segurança dos alimentos e preços acessíveis, são condições básicas para negócios na área
da alimentação (OLIVO, 2005).
Pandorfi (2005), afirma que as pessoas desejam
comer carne com “qualidade ética”, isto é, carne
oriunda de animais que foram criados, tratados e
abatidos em sistemas que promovam o seu bem-estar, e que sejam sustentáveis e ambientalmente corretos. Esta tendência é observada em países
desenvolvidos, onde os consumidores apresentam
preocupação e entendimento sobre qualidade e
segurança dos alimentos e exigem, inclusive, que
nos rótulos contenham selos que especifiquem se
os animais não foram submetidos a maus tratos.
No entanto, é constatado que em países de
pouco desenvolvimento econômico, as prioridades
dos consumidores ainda estão voltadas para saciar
suas necessidades básicas, de modo que aspectos
mais subjetivos como a preocupação com o meio
ambiente e com os animais, por exemplo, acabam
tendo pouca expressão (MOLENTO, 2005).
Por outro lado, os atributos de qualidade dos produtos agropecuários não estão restritos apenas aos
programas de autocontrole implantados na indústria, pois cada vez mais se voltam para os conceitos das boas práticas de produção e suas relações
principalmente com o bem-estar animal, as quais
propõem que as aves sejam criadas e processadas
em condições adequadas de conforto, sem serem
submetidas a condições de estresse desnecessário,
visando conciliar tanto o princípio ético quanto o
econômico. Baseado nisso, é preciso compreender
e respeitar as 5 liberdades, definidas pela FAWC
(Farm Animal Welfare Council, 1992) e que devem
ser atendidas: liberdade psicológica (de não sentir
medo, ansiedade ou estresse), liberdade comportamental (de expressar seu comportamento natural),
liberdade fisiológica (de não sentir fome ou sede),
liberdade sanitária (de não estar exposto a doenças,
injúrias ou dor) e liberdade ambiental (de viver em
ambientes adequados, com conforto).
Assim, o estudo priorizou os conceitos básicos das
boas práticas de produção, manejo pré-abate e suas
relações com o bem-estar animal, dando ênfase nas
24
normas e técnicas de manejo adequadas aos sistemas de criação das aves, visando sempre evitar
maus tratos desnecessários e reforçar a importância quanto ao respeito das 5 liberdades.
Desenvolvimento:
Neste artigo foi adotada a definição de Broom
(1991), a qual é utilizada com bastante freqüência,
descrevendo o bem-estar como a habilidade do animal de interagir e viver bem em seu ambiente.
Ao contrário do que se pensava há alguns anos, o
Bem-estar pode e deve, sempre que possível, ser
avaliado cientificamente, e os resultados obtidos
serem divulgados de forma clara e objetiva. Por
exemplo, um dos índices que podem ser analisados no processo produtivo é o percentual de aves
com fraturas (Figura 1) ou contusões (Figura 2),
assim como, a presença de calosidades nas patas.
Estes três itens auxiliam na interpretação se houve
ou não sucesso nas práticas de Bem-estar aplicadas
através de um manejo e/ou transporte adequados
dos animais até a indústria.
Manejar e transportar os animais de forma adequada pode reduzir o estresse e evitar contusões e o
sofrimento desnecessário, até porque são nessas
etapas que ocorrem o maior índice de contusões e
fraturas. Existem ainda outros protocolos para avaliação do bem-estar animal, com aplicações especificas como, por exemplo, durante o transporte ou o
atordoamento de animais (Grandin, 2010).
Figura 1. Fratura exposta
Figura 2. Lesão corporal (contusão)
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Amélia Maria de Queiroz Aguiar da Silva BARRETO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
MOLENTO, C. F. M. Bem-estar e produção animal: aspectos econômicos - Revisão. Archives of
Embora os animais de produção façam parte da Veterinary Science, v. 10, n. 1, p. 1-11, 2005.
nossa cadeia alimentar, deve-se levar em consideração que enquanto estiverem vivos, precisam OLIVO, R.. O mundo das carnes: ciência, tecnoloser bem tratados. Até porque, quando consumimos gia & mercado. Livro, p. 214, Criciúma, 2005.
animais bem criados e que não foram submetidos
ao sofrimento, obtemos um produto de melhor PANDORFI, H. Comportamento bioclimático
Qualidade. Além disso, estudos demonstram que de matrizes suínas em gestação e o uso de sisteum terço das lesões de carcaças são provenientes mas inteligentes na caracterização do ambiente
da etapa de apanha e transporte, por isso, essas ati- produtivo: suinocultura de precisão. Piracicaba,
vidades precisam ser muito bem assistidas, a fim de 2005. Dissertação (Doutorado em Agronomia).
assegurar a integridade física das aves, bem como Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
garantir o rendimento final desejado da carcaça, Universidade São Paulo. Disponível em: http://
mantendo desta forma a competitividade da em- www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11131/tdepresa no mercado.
09092005-145206/. Acesso em: 10 fev. 2007.
SIMONS, P. C. M.. Produção comercial e consumo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
de ovos e de carne de aves no mundo. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOABNT. NBR 6.028: resumos. Rio de Janeiro, 1990. GIA AVÍCOLAS, 2005, Santos. Anais..., CampiBROOM, D.M. Indicators of poor welfare. British nas: Facta, 2005, p. 72-73.
Veterinary Journal, v. 142, p. 524 - 526, 1986.
FRANCISCO, D. C. et al. Caracterização do consumidor de carne de frango da cidade de Porto Alegre. Ciência Rural, v. 37, n. 1, p. 253-258, 2007.
GRANDIN, T. Recommended animal handling
guidelines & audit guide: A Systematic Approach
to Animal Welfare. Washington: AMI Foundation,
109 p. 2010.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
25
Professor Dr. Carlos Roberto Teixeira
ANALGESIA EM ANIMAIS SILVESTRES
Professor Dr. Carlos Roberto Teixeira
1
UNESP - Jaboticabal
O reconhecimento da dor e seu alívio, em animais silvestres ainda é um
grande desafio. Ao longo da evolução, esses animais adquiriram habilidades
para não demonstrarem percepção frente a um estímulo nocivo como a dor.
As aves possuem os estímulos nociceptivos dor em aves é semelhante
aos de pequenos mamíferos silvestres em alguns estudos, tais como, estimulação elétrica, térmica e pressão, pinçamento, porém esta espécie apresenta alguns
estímulos específicos como remoção das penas, amputação do bico e pinçamento da crista, já os repteis por possuírem o seu córtex límbico e neocortex
bem definido, portanto essas particularidades anatômicas, não permitem clareza
sobre a resposta a dor nestes animais.
Diferentes receptores podem funcionar como moduladores da transmissão nociceptiva, inibindo a liberação de neurotransmissores. Como os receptores de adenosina, receptores adrenérgicos, ácido y-aminobutírico (GABA) e os
receptores de opioides ( Kappa, Mu e Delta), sendo encontrados no corno dorsal
da medula espinhal nas regiões pré e pós sináptica nos neurônios de segunda
ordem, estes estão presente nos mamíferos, nas aves pouco se sabe sobre este
sistema porém já foi identificado em seu SNC a avaliação da dor em animais
é realizada pela observação dos comportamentos, portanto devemos levar em
consideração: o gênero do animal, espécie, idade, o habitat, se o animal veio de
vida livre ou não, patologia pré-existente e ao estresse. Para uma boa avaliação
são necessárias pessoas que estejam familiarizadas com o comportamento do
animal avaliado.
Em aves já foi descrito como mudança de temperamento frente a um
estimulo nocivo, alteração na postura, posicionamento no poleiro inapropriado,
diminuição do apetite, alteração na interação social e aumento da frequência
respiratória e cardíaca. Já nos répteis, os quelônios podem demonstrar dor esticando o pescoço (para frente e para trás) e fechando os olhos, os lagartos com
mudanças posturais, elevação da cabeça e fechamento dos olhos também, já as
cobras ficam mais agitadas, evitando enrolar o seu corpo no locar da dor.
Para realizar um adequado tratamento a dor para essas espécies é necessário considerar: espécie, gênero, idade, particularidades anatômicas e diferenciar dor aguda de dor crônica. Após o reconhecimento da dor, a analgesia é
promovida através de fármacos, opióides e AINES. Devemos levar em consideração o metabolismo desses animais e seu estado geral sendo que a ave possui
um metabolismo mais rápido e os répteis mais lentos, quando desidratados ou
desnutridos alteram absorção do fármaco, nesses casos ter cautela na escolha do
medicamento (hepatotóxico ou nefrotóxico).
26
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Professor Dr. Carlos Roberto Teixeira
Doses e a farmacocinética desses fármacos ainda são muito discutidas
nessas espécies, sendo necessários mais estudos sobre. Estudos comprovam que
o uso de butorfanol para aves é o mais indicado, sendo indicado em dores agudas, severas e trauma, é um fármaco seguro sem efeitos adversos, porém sua
desvantagem é a aplicação frequente, pois é um fármaco de curta duração.
Para répteis é mais indicado o uso de opioides agonistas puros (morfina,
fentalina, metadona e meperidina) quando este usado junto com pré-anestésico
melhora o plano e a recuperação do animal. Nos pequenos mamíferos silvestres
o opioide mais indicado é a buprenorfina. O Cloridrato de tramadol apesar de
muito usado em todas essas espécies a sua eficácia ainda não é comprovada,
sendo que o uso prolongado em aves causa sedação.
A terapia multimodal é a mais indicada tanto para répteis, pequenos mamíferos e aves, esta associa o uso de opioides que limitam a entrada da informação nociceptiva no SNC e AINES que atuam perifericamente diminuindo a
inflamação e a informação nociceptiva, resultando em uma terapia com maior
eficácia e baixa toxidade.
Necessário ressaltar a necessidade da realização de mais estudos com o
objetivo de avaliar a farmacocinética dos principais medicamentos que promovam analgesia empregada em medicina veterinária para as diversas espécies de
animais selvagens.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
27
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2 , Maria Madalena Pessoa GUERRA3
SELEÇÃO DE REPRODUTORES E MATRIZES COMO ESTRATÉGIA PARA MELHORIA DO DESEMPENHO PRODUTIVO DA
CAPRINO-OVINOCULTURA
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2, Maria Madalena Pessoa GUERRA3
RESUMO
Curso de Medicina Veterinária – Universidade Federal de
Alagoas. E-mail: [email protected]
2
Departamento de Biotecnologia – Universidade Federal da
Paraíba, Campus I
3
Departamento de Medicina
Veterinária – Universidade
Federal Rural de Pernambuco
1
A profissionalização dos sistemas produtivos para pequenos ruminantes
envolve diversas etapas, como a adequada seleção de reprodutores e matrizes.
Considerando o grande impacto da reprodução sobre a rentabilidade da criação,
técnicos e criadores devem ser capazes de identificar nos animais características fenotípicas, adaptativas e de sanidade adequadas para o tipo de criação.
Objetiva-se com esse trabalho descrever sucintamente alguns aspectos a serem
considerados na seleção de animais para reprodução, bem como as causas mais
comuns de perdas reprodutivas em pequenos ruminantes, principalmente na região Nordeste do Brasil.
PA L AV R A S - C H AV E
fertilidade, pequenos ruminantes, reprodução.
ABSTRACT
Small ruminant productive systems professionalization is related to
many steps, such as the correct sire and dam’s selection. Considering the large
impact of reproduction on profitability, technicians and farmers must be able to
identify animals with desirable phenotypic, adaptive, and sanity characteristics
suitable to the production system. The objective of this study is briefly describe
some aspects to be considered during reproductive animal selection, as well as
the common causes of reproductive losses in small ruminants, primarily in the
Northeast of Brazil.
KEYWORDS
INTRODUÇÃO
Os pequenos ruminantes estão largamente disseminados nas regiões tropicais, sendo importantes para a economia, subsistência e estilo
de vida de grande parte da população (KOSGEY,
2004). No Brasil, foi lançada uma agenda estratégica em nível nacional na caprino-ovinocultura
(MAPA, 2011), abrangendo desde o estabeleci28
fertility, small ruminants, reproduction.
mento de abordagens mais modernas e confiáveis
para o levantamento de dados até a formação de
mão de obra qualificada no setor. A viabilização
das propostas catalisaria o surgimento de uma cadeia produtiva com maior profissionalização e impacto econômico, uma vez que o rebanho nacional
apresenta cerca de 8,78 e 17,29 milhões de cabeças de caprinos e ovinos, respectivamente (IBGE,
2013).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2 , Maria Madalena Pessoa GUERRA3
A adoção de melhorias no sistema produtivo de pequenos ruminantes influenciaria diretamente a agricultura familiar, a citar-se como exemplo que a mesma era responsável pela produção de
aproximadamente 67% do leite de cabra no Brasil,
enquanto ocupava apenas 24% da área produtiva
(IBGE, 2006). Em uma analogia com a bovinocultura, onde a eficiência reprodutiva é um dos principais elementos envolvidos na viabilidade econômica (MARTINS et al., 2013), a seleção do caprinos
e ovinos para a reprodução representa um ponto
crítico. Dessa forma, este trabalho visa comentar
suscintamente alguns aspectos relacionados a seleção dos animais para obtenção de maior eficiência
reprodutiva.
SELEÇÃO DE REPRODUTORES
Inicialmente vista como uma cultura de
subsistência, a caprino-ovinocultura servia para
fornecer suporte proteico as populações locais.
Para aumentar a produtividade, técnicas de manejo
sanitário e reprodutivo foram incrementadas nesta
criação. Biotécnicas como a inseminação artificial
começaram a ser utilizadas para disseminar a genética de animais superiores, visando ao acabamento
de carcaça e alta conversão alimentar. Entretanto,
para que estes animais sejam utilizados como disseminadores de potencial genético, a seleção de
reprodutores torna-se uma ferramenta necessária
para que características desejáveis sejam mantidas
e as indesejáveis descartadas.
Os pequenos ruminantes entram na puberdade por volta dos seis meses de idade, sendo os
caprinos mais precoces que os ovinos (HAFEZ
e HAFEZ, 2004). A puberdade inicia-se quando
do debridamento peniano e início da liberação de
células espermáticas viáveis no ejaculado. Para
fins de criação, a puberdade zootécnica é a mais
comumente utilizada, relacionada ao peso que o
animal precisa atingir para ser considerado púbere. Em decorrência das condições edafoclimáticas
da região Nordeste, há limitação no fornecimento
de pastagens de qualidade, o que confere atraso ao
desenvolvimento dos pequenos ruminantes e consequente retardo no aparecimento da puberdade
(BEZERRA et al., 2009), comprometendo os ínCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
dices reprodutivos do rebanho. Uma vez em idade
púbere, os animais podem ser selecionados como
reprodutores seguindo diferentes critérios. Na caprino-ovinocultura de animais de elite, a seleção
genealógica consiste em diferenciar animais pelo
registro dos seus ascendentes. Estes dados são fornecidos pelo Serviço de Registro Genealógico e
constam no Registro dos Animais Puro de Origem.
A seleção pela conformação é baseada no
julgamento do fenótipo animal, com o objetivo de
encontrar indivíduos com qualidades desejáveis
para a formação do plantel. As características mais
aplicadas a esta seleção são: padrões raciais, cascos sadios e bons aprumos, ausência de tetas supranumerárias (MACHADO et al., 2002), aparelho
genital, harmonia das formas e capacidade corporal. Esta última pode ser relacionada ao desempenho individual. Características como tórax largo
e profundo, caracterizado pelo bom arqueamento
de costelas podem indicar boa capacidade respiratória e circulatória, assim como maior capacidade
digestória. Na avaliação do aparelho genital, estes
devem apresentar-se bem desenvolvidos, sadios e
ausentes de defeitos.
Alguns defeitos desclassificatórios aos reprodutores são utilizados na seleção dos pequenos
ruminantes, como: albinismo; cegueira parcial ou
total; retrognatismo ou prognatismo; lordose, escoliose e cifose acentuadas; ossatura débil e/ou maus
aprumos; monorquidismo/criptorquidismo; atrofia
testicular; hipoplasia testicular uni ou bilateral;
politetia; intersexo; feminilidade; defeitos que impeçam a reprodução, como agenesia do corpo do
epidídimo e ductos deferentes. Animais portadores
de tais alterações devem ser descartados da reprodução uma vez que estes defeitos são hereditários
(MARCOLONGO-PEREIRA et al., 2010).
Outro tipo de seleção é a avaliação da progênie, que julga o reprodutor pelo desempenho
de seus descendentes. Os produtos de reprodutores que apresentaram os melhores resultados nas
características de interesse, como acabamento de
carcaça, volume testicular, qualidade de pernil e
características masculinas são selecionados. A escolha de animais pelo desempenho e pela progênie
é, sem dúvida, as que permitem maior confiabili29
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2 , Maria Madalena Pessoa GUERRA3
dade, todavia apresenta como fator limitante a resposta tardia, uma vez que os animais precisam entrar na puberdade, efetuar a monta, gestar, esperar
o crescimento dos filhotes e aguardar a expressão
das características sexuais secundárias. Ainda, para
que o teste de progênie reflita a condição genética,
o número de crias deve ser em quantidade relativamente significativa, ou seja, expressiva (CARNEIRO et al., 2001). Entretanto, segundo Lôbo (2009),
a seleção de reprodutores baseada na “genética”
ainda acontece de forma equivocada no Brasil, caracterizada apenas pela observação da expressão
fenótipica. Este autor ainda destaca o mercado dos
leilões, nos quais ovinos e caprinos seriam comercializados em condições surreais, superestimando
estes animais e dificultando o acesso a estes “animais selecionados”.
Para a escolha de reprodutores, independentemente dos critérios de seleção anteriormente
descritos, é necessária a realização de exame andrológico e avaliação da libido. O exame andrológico possibilita avaliar o potencial fertilizante de
machos, como também pode evidenciar os defeitos
de caráter reprodutivo descritos anteriormente.
SELEÇÃO DE MATRIZES
Na região Nordeste, perdas reprodutivas decorrentes de abortos são relatadas em 50 a
70% das propriedades (PINHEIRO JÚNIOR et
al., 2010b; SANTOS et al., 2011). Em relação as
alterações hereditárias ou congênitas, as mais comuns são a intersexualidade e más formações, que
culminam no nascimento de crias com diferentes
graus de deformidade. As adquiridas podem ser
agrupadas como de origem nutricional, por ingestão de plantas tóxicas, ou infecciosas. Vale ressaltar
que as perdas embrionárias ou fetais podem ocorrer secundariamente a afecções de outros sistemas
orgânicos e que fêmeas primíparas e idosas são as
mais susceptíveis ao aborto, redução nas taxas de
acasalamento e de nascimento de crias (SILVA e
ARAÚJO, 2000; MORAES, 2001).
Além disso, alguns sistemas de criação tem
adotado biotécnicas reprodutivas visando maximizar o potencial de fêmeas de alto mérito genético
30
associado a produtividade (CARNEIRO, 2008) ou
mesmo a substituição de fêmeas de raças nativas
por outras oriundas de regiões de climas temperados. Esta prática resultar em uma incompatibilidade dos genótipos introduzidos com o sistema de
criação adotado (KOSGEY, 2004). Souza (2013)
demonstrou redução significativa no percentual de
estro, fertilidade e partos múltiplos em cabras Saanen quando comparadas a cabras ½ Saanen × ½
Anglo-Nubiana criadas em clima tropical na época
seca. Silva e Araújo (2000) também demonstraram
melhores taxas de acasalamento, fertilidade e desmame em ovelhas Crioulas quando comparadas a
mestiças Crioulas × Santa Inês. Assim, o primeiro critério a ser considerado quando da seleção de
matrizes para reprodução deve ser a capacidade de
adaptação das mesmas as condições a que serão
submetidas, uma vez que o estresse reduz os índices de reprodutivos (DOBSON et al., 2012).
Em relação ao exame físico, deve-se enfatizar a condição corporal (CC), diretamente relacionada a fertilidade (RIBEIRO et al., 2003). Igualmente, caraterísticas como feminilidade, presença
de chifres (cabras) e o exame do trato reprodutor
são parâmetros importantes e muitas vezes negligenciados. O ideal é que a análise da CC seja
efetuada cerca de cinco semanas antes do início
da estação reprodutiva, de forma a permitir a suplementação das fêmeas que se encontrem com
CC inferior ao recomendado, que é entre 2,5 e 4,0
(SIMPLÍCIO e AZEVEDO, 2014), além de reduzir
o risco de distocias futuras (ASSIS, 2011).
No exame do trato reprodutor deve-se estar atento a presença de secreção vaginal, já que
a cervicite geralmente está associada a endometrite, causa mais comum de infertilidade (MORAES,
2001). Conformação da vulva, avaliação da glândula mamária, distância anogenital e conformação
clitoriana também devem ser observadas (MOBINI et al., 2005). No caso de fêmeas com histórico
de gestações/partos anteriores, ressalta-se a avaliação da glândula mamária, de forma a evitar o
acasalamento de fêmeas que no futuro podem não
ser capazes de garantir a sobrevivência das crias
(SIMPLÍCIO et al., 2007).
O diagnóstico precoce da gestação é uma
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2 , Maria Madalena Pessoa GUERRA3
ferramenta que favorece a identificação de fêmeas
com potencial problema reprodutivo (SIMPLÍCIO
et al., 2007) e quando detectada gestação positiva,
é um bom indicativo do correto funcionamento do
trato reprodutor. Além disso, atualmente é possível
a quantificação fetal para a adoção de estratégias
nutricionais específicas de forma a reduzir a perda
fetal, aumentar o índice de sobrevivência das crias
e reduzir o intervalo parto-primeiro estro da matriz
(MARTIN et al., 2004).
Diversas doenças infecciosas podem causar perdas reprodutivas. Dentre as principais já
diagnosticadas no Nordeste podem ser citadas a
toxoplasmose (Toxoplasma gondii; BEZERRA et
al., 2014), aborto enzoótico ovino (Chlamydophila
abortus; PINHEIRO JUNIOR et al., 2010a), neosporose (Neospora caninum; FARIA et al., 2010)
e micoplasmose (Mycoplasma agalactiae; ALVES
et al., 2013). Os proprietários devem ser instruídos
que o diagnóstico etiológico do aborto depende do
envio do feto, fragmentos da placenta e amostra
de soro sanguíneo materno para laboratório especializado o mais brevemente possível, evitando-se
a autólise geralmente observada em fetos abortados utilizados para diagnóstico (PEREIRA et al.,
2013). A partir dos resultados obtidos é possível a
adoção de estratégias de controle e profilaxia que
minimizem as perdas reprodutivas (PINHEIRO
JÚNIOR et al., 2009).
Uma moderna ferramenta é a identificação de fêmeas portadoras de genes relacionados
a prolificidade, que quando aliada a melhorias de
manejo pode até duplicar o número de cordeiros
desmamados (HOLANDA et al., 2006; SOUZA et
al., 2009). As pesquisas também têm avançado na
busca de marcadores moleculares relacionados a
produtividade dos rebanhos (ROCHA et al., 2008).
Todavia, apesar da atual disponibilidade de testes
de DNA rápidos e eficazes, o uso dessa ferramenta
em rebanhos comerciais não está disseminado.
dutivos, apresentam baixo custo de implantação
e grande capacidade de aumento de produtividade. Vale ressaltar que esse deve ser um processo
constante e cuidadoso, principalmente durante a
seleção dos animais que ingressarão na estação de
monta. Medidas simples como as citadas ao longo
do texto e a adoção de quarentena e manejo nutricional adequado devem ser realizadas com mais
comprometimento pelos criadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, B.H.L.S.; SILVA, J.G.; MOTA, A.R., et
al. Mycoplasma agalactiae in semen and milk of
goat from Pernambuco state, Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 33, n. 11, p. 1309-1312, 2013.
ASSIS, A.C.O. Enfermidades de caprinos e ovinos
no semiárido paraibano e avaliação de protocolos
de controle da linfadenite caseosa. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal de Campina
Grande. Programa de Pós-Graduação em Medicina
Veterinária, 2011. 54p.
BEZERRA, F.Q.G.; FREITAS NETO, L.M.;
AGUIAR FILHO, C.R.; et al. Avaliação dos parâmetros seminais e espermáticos de caprinos jovens da raça boer nascidos nas estações chuvosa
e seca. Ciência Animal Brasileira, v. 10, n. 4, p.
1256-1262, 2009.
BEZERRA, M.J.G.; CRUZ, J.A.L.O.; KUNG,
E.S.; et al. Occurrence of Toxoplasma gondii DNA
in sheep naturally infected and slaughtered in abattoirs in Pernambuco, Brazil. Pesquisa Veterinária
Brasileira, v. 34, n. 4, p. 329-331, 2014.
CARNEIRO, A.P.S.; TORRES, R.D.A.; EUCLYDES, R.F.; et al. Efeito da conexidade de dados sobre a acurácia dos testes de progênie e perfomance.
Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 2, p. 342347, 2001.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CARNEIRO, G.F. Biotécnicas da reprodução assistida em pequenos ruminantes. Tecnologia & Ci
A adequada seleção de reprodutores e ma- ência Agropecuária, v. 2, n. 3, p. 23-28, 2008.
trizes, bem como o correto e direcionado descarte
de animais capazes de reduzir os índices repro- DOBSON, H.; FERGANI, C.; ROUTLY, J.E.; et al.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
31
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2 , Maria Madalena Pessoa GUERRA3
Effects of stress on reproduction in ewes. Animal nosticados em ruminantes na Região Sul do Rio
Reproduction Science, v. 130, p. 135-140, 2012.
Grande do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.
30, n. 10, p. 816-826, 2010.
FARIA, E.B.; CAVALCANTI, E.F.T.F.S.; MEDEIROS, E.S.; et al. Risk factors associated with MARTIN, G.B.; MILTON, J.T.B.; DAVISON,
Neospora caninum seropositivity in sheep from the R.H.; et al. Natural methods for increasing reprostate of Alagoas, in the Northeast region of Bra- ductive efficiency in small ruminants. Animal Rezil. Journal of Parasitology, v. 96, n. 1, p. 197-199, production Science, v. 82-83, p. 231-246, 2004.
2010.
MARTINS, C.F.G.; OLIVEIRA, P.M.; BISINOHAFEZ, E.S.E.; HAFEZ, B. Reprodução animal. 7 TO, M.B.; et al. Distúrbios reprodutivos em vacas
Ed. Barueri, SP:Manole, 2004. 513p.
Holandesas com mais de três repetições de cio. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE REPRODUHOLANDA, G.M.L.; ADRIÃO, M.; WISCHRAL, ÇÃO ANIMAL, 20, Uberlândia, 2013. Anais...
A. O gene da prolificidade em ovinos. Ciência Ve- Belo Horizonte: CBRA, 2013. (CD-ROM). p. 227.
terinária nos Trópicos, v. 9, n. 2/3, p. 45-53, 2006.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E E ABASTECIMENTO – MAPA. 2011. Agenda
ESTATÍSTICA – IBGE. 2006. Agricultura Fami- Estratégica Caprinos e Ovinos 2010-2015. Ed. BIliar: Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federa- NAGRI, 56p.
ção. Censo Agropecuário. Disponível em: <http://
www.ibge.gov.br > Acesso em: 24/04/2015.
MOBINI, S.; HEATH, A.M.; PUGH, D.G. Teriogenologia de ovinos e caprinos. In: PUGH, D.G.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E Clínica de ovinos e Caprinos. 1 Ed. São Paulo,
ESTATÍSTICA – IBGE. 2013. Efetivo de reba- SP:Roca, 2005. p.143-208.
nhos. Pesquisa Agropecuária Municipal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/> Acesso MORAES, J.C.F. Infertilidade em ovinos. In:
em: 24/04/2015.
RIET-CORREA, F.; SCHILD, A.L.; MÉNDEZ,
M.D.C. et al. Doenças de ruminantes e equinos. 2
KOSGEY, I.S. Breeding objectives and breeding Ed. São Paulo, SP:Varela, 2001. p. 399-416.
strategies for small ruminants in the tropics. Tese
(Doutorado) – Wageningen University. Animal PEREIRA, M.F.; MOTA, R.A.; PEIXOTO, R.M.;
Breeding and Genetics Group, 2004. 278p.
et al. Estudos de casos de aborto em caprinos e
ovinos no estado de Pernambuco, Brasil. Ciência
LÔBO, R.N.B. Programa de Melhoramento de Veterinária nos Trópicos, v. 16, n.1/2/3/, p.18-30,
Pequenos Ruminantes no Brasil. Acesso Livre a 2013.
Informação Científica da EMBRAPA, 2009. Disponível em: <http://www.alice.cnptia.embrapa.br/ PINHEIRO JUNIOR, J.W.; MOTA, R.A.; OLIbitstream/doc/528789/1/AACProgramademelho- VEIRA, A.A.F.; et al. Prevalence and risk factors
ramento.pdf>. Acesso em: 27.05.2015.
associated to infection by Toxoplasma gondii in
ovine in the state of Alagoas, Brazil. Parasitology
MACHADO, T.M.M; ALVES, J.U.; SILVA, F.R. Research, v. 105, p. 709-715, 2009.
Ocorrência de tetas supranumerárias em caprinos
sem raça definida do estado do Ceará, Brasil. Ar- PINHEIRO JUNIOR, J.W.; MOTA, R.A.; PIATTI,
quivo de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNI- R.M.; et al. Seroprevalence of antibodies against
PAR, v. 5, n. 2, p. 219-224, 2002.
Chamydophila abortus in ovine in the state of Alagoas, Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v.
MARCOLONGO-PEREIRA, C.; SCHILD, A.L.; 41, p. 358-364, 2010a.
SOARES, M.P.; et al. Defeitos congênitos diag32
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2 , Maria Madalena Pessoa GUERRA3
PINHEIRO JUNIOR, J.W.; OLIVEIRA, A.A.F.;
ANDERLINI, G.A.; et al. Aspectos sociais, higiênico-sanitários e reprodutivos da ovinocultura de
corte no estado de Alagoas, Brasil. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v. 5, n.4, p. 600-605,
2010b.
SIMPLÍCIO, A.A.; AZEVEDO, H.C. Manejo reprodutivo: foco na taxa de reprodução. Acta Veterinaria Brasilica, v. 8, Supl. 2, p. 320-331, 2014.
SIMPLÍCIO, A.A.; FREITAS, V.J.F.; FERREIRA,
J.F. Biotécnicas da reprodução como técnicas de
manejo reprodutivo em ovinos. Revista BrasileiRIBEIRO, L.A.O.; FONTANA, C.S.; WALD, V.B. ra de Reprodução Animal, v.31, n. 2, p. 234-246,
et al.; Relação entre a condição corporal e a idade 2007.
das ovelhas no encarneiramento com a prenhez.
Ciência Rural, v. 33, n. 2, p. 357-361, 2003.
SOUZA, C.J.F.; MELO, E.O.; MORAES, J.C.F.
ROCHA, J.L.; FERRAZ, J.B.S.; CATENAO, A.R.; Genética da prolificidade e seu emprego na produet al. Marcadores moleculares e lócus quantitati- ção ovina. Revista Brasileira de Reprodução Anivos: uma contribuição para a caprino-ovinocultura mal, Supl., n. 6, p. 163-166, 2009.
de corte no Nordeste do Brasil. Tecnologia & Ciência Agropecuária, v.2, n. 3, p. 1-6, 2008.
SOUZA, P.T. Adaptabilidade e desempenho produtivo e reprodutivo de cabras Saanen e mestiças
SANTOS, T.C.P.; ALFARO, C.E.P.; FIGUEIRE- (1/2 Saanen × ½ Anglo-Nubiana) criadas em clima
DO, S.M. Aspectos sanitários e de manejo em cria- tropical. Tese (Doutorado) – Universidade Estaduções de caprinos e ovinos na microrregião de Pa- al do Ceará. Programa de Pós-Graduação em Ciêntos, região semi-árida da Paraíba. Ciência Animal cia Veterinária, 2013.131p.
Brasileira, v. 12, n. 2, p. 206-212, 2011.
SILVA, F.L.R.; ARAÚJO, A.M. Características de
reprodução e de crescimento de ovinos mestiços
Santa Inês no Ceará. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 6, p. 1712-1720, 2000.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
33
Edisio Oliveira de AZEVEDO1
AGALAXIA CONTAGIOSA. UM “NOVO”
PROBLEMA PARA CAPRINOS E OVINOS
DO BRASIL.
CONTAGIOUS AGALACTIA. A “NEW”
PROBLEM TO GOATS AND SHEEP OF THE
BRAZIL.
Diogo Ribeiro CÂMARA1 , Sildivane Valcacia SILVA2, Maria Madalena Pessoa GUERRA3
Professor Associado do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Sergipe. End.: Cidade
Universitária Prof. José Aloísio de Campos - Av. Marechal
Rondon, s/n – São Cristovão
– SE. CEP 49100-000 CRMV-SE 0854, E-mail: edisio@
pq.cnpq.brfone: 55-79-21056992
1
RESUMO
O artigo apresenta uma revisão das características clínico-epidemiológicas e medidas de controle da agalaxia contagiosa. A doença se caracteriza por
mastite seguida de agalaxia, poliartrite e ceratoconjuntivite e tem sido diagnosticada em rebanhos dos estados do Nordeste e Sudeste brasileiro. O uso de medicamento homeopático apresenta bons resultados clínicos, embora não resolvam
totalmente as lesões articulares. A prevenção da enfermidade pode ser obtida
pela indução do parto, seguida de separação imediata das crias com formação
de novo plantel, vacinação dos animais jovens e controle de entrada de animais
no plantel.
PA L AV R A S - C H AV E
Epidemiologia, Diagnóstico, Mastite, Poliartrite, Vacina.
ABSTRACT
The article presents a review of the main clinical and epidemiological
characteristics and contagious agalactia control measures. The disease is characterized by agalactia, mastitis, polyarthritis and keratoconjunctivitis and has
been diagnosed in small ruminants from States of Northeast and Southeast of
the Brazil. The use of homeopathic medicine presents good clinical results although not fully resolve joint damage. Prevention of the disease can be achieved
by induction of birth, followed by immediate separation of kids to new group
formation, vaccination of young animals and animal input control in the herd.
KEYWORDS
INTRODUÇÃO
As micoplasmoses foram incialmente descritas no final do séc. XVIII em bovinos com quadro clínico respiratório, denominado Pleuropneumonia Contagiosa dos Bovinos (PPCB). Desde
então, quadro respiratório semelhante com isola34
Epidemiology, Diagnostic, Mastitis, Polyarthritis, Vaccine.
mento de microrganismos com as mesmas características culturais aos da PPCB tem sido diagnosticado, o que fez com que fossem genericamente
denominados de “Pleuropneumoniae - Like Organisms” (PPLO).
No Brasil, diagnóstico de micoplasmoses
em pequenos ruminantes não era realizado rotineiCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Edisio Oliveira de AZEVEDO1
ramente, até final da década de 1990. A partir de
2001, casos clínicos de Agalaxia Contagiosa (AC)
com isolamento de Mycoplasma agalactiae foram
descritos na Paraiba. A doença adquiriu caráter endêmico no Nordeste e já há registros de animais
positivos em Estados da Região Sudeste.
Este trabalho tem como objetivo apresentar
as principais características epidemiológicas e atualizar as informações sobre o comportamento da
AC no Brasil, contribuindo para um melhor entendimento da enfermidade.
DESCRIÇÃO
Agalaxia Contagiosa é uma doença infectocontagiosa de ovinos e caprinos caracterizada
pela súbita redução na produção de leite com inflamação da glândula mamária, seguida de agalaxia,
artrite ou poliartrite e ceratoconjuntivite, causada
por um ou mais dos seguintes agentes: Mycoplasma agalactiae, M. capricolum subsp. capricolum ,
M. mycoides subsp. capri e M. putrefaciens.
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
No Brasil, o primeiro relato clínico de uma
doença semelhante a AC em caprinos foi registrado no Estado de São Paulo, em 1942 (PENHA &
D’APICE, 1942). Na ocasião foi isolado um microrganismos semelhante ao Mycoplasma, mas a
espécie não foi identificada. Passados 60 anos, M.
agalactiae foi isolado e identificado como o agente causador da AC em caprinos leiteiros nos Estados da Paraíba (NASCIMENTO et al., 2002) e
posteriormente em rebanhos de Pernambuco e Rio
Grande do Norte (AZEVEDO et al., 2006).
A infecção se dá por via oral, respiratória
ou mamária. Após um período de bacteremia, há
disseminação para globo ocular, glândula mamária, articulações, tendões, útero e linfonodos. Nascimento de crias inviáveis e abortos são observados. A infecção transplacentária foi descrita em três
cabritos que nasceram com poliartrite e dos quais
foi isolado M. agalactiae do líquido articular. As
matrizes apresentavam sinais clínicos e estavam
infectadas com M. agalactiae (AZEVEDO et al.,
2012).
A ordenha realizada sem higienização facilita a transmissão através das mãos dos ordenhadoCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
res. Excreções e secreções contêm microrganismos
que infectam rapidamente todo o rebanho, principalmente através do colostro e leite (REAL et al.,
1994).
Rebanhos livres desenvolvem sinais clássicos graves, tornando-se cronicamente infectados
ou assintomáticos por longos períodos. O impacto
econômico é resultado da queda na produção de
leite, podendo atingir 100% do rebanho. As taxas
de morbi-mortalidade pode atingir 90% em animais
jovens e de 5% a 90% em adultos (AZEVEDO et
al., 2002; GIL et al., 2003). Outro impacto econômico importante é o elevado custo para controle da
doença e a perda de credibilidade do rebanho.
Estudos indicam que a AC está se disseminando no Brasil, provavelmente em função da
comercialização de pequenos ruminantes entre
criadores. Santos et al. (2015) relatam a presença
de anticorpos em caprinos e ovinos do estado de
Sergipe. Soros de 27,27% (15/55) caprinos do Estado de São Paulo apresentaram sorologia positiva no ELISA e destes, 40% (6/15) apresentavam
elevados valores de densidade óptica, sugerindo
infecção ativa (AZEVEDO et al., 2014). Trabalho
realizado em um rebanho caprino leiteiro do Estado do Rio de Janeiro, detectou M. agalactiae no
leite em 10% (2/20) dos animais e anticorpos em
85% (17/20) dos animais testados (SANTOS et al.,
2014).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico clínico pode ser estabelecido
quando mastite, agalaxia, poliartrite e ceratoconjuntivite estão presentes no rebanho. Quando não,
é preciso identificar o agente através do cultivo
bacteriano ou por técnicas moleculares. Secreções
e excreções são utilizadas como material biológico e deve ser enviado ao laboratório o mais breve
possível. Inibição de crescimento, imunoperoxidase, ELISA, imunofluorescência, imunodifusão,
soro-aglutinação são técnicas eficientes para identificação de Mycoplasma spp,
Campos et al., (2009) desenvolveram um
ELISA com 95% de especificidade e 77-89% de
sensibilidade para identificação de caprinos infectados com M. agalactiae, podendo ser um método
a ser utilizado em programas de controle da AC, a
exemplo do que ocorre na Europa (POUMARAT et
35
Edisio Oliveira de AZEVEDO1
al., 2012).
A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
e o sequenciamento têm sido utilizadas em situações em que há pouca quantidade do material a ser
analisado, oferecendo uma ótima alternativa diagnóstica pela rapidez, segurança, especificidade e
sensibilidade.
TRATAMENTO E CONTROLE
Mycoplasma apresenta boa sensibilidade à
maioria dos antibióticos, mas a cura bacteriológica requer tratamento prolongado. Ainda assim, é
possível a recuperação do agente em animais após
o tratamento (AZEVEDO et al., 2006). Tetraciclinas, macrolídeos, florfenicol, tiamulin e fluoroquinolonas são as drogas de escolha. Resultados
clínicos foram obtidos com tilosina (20 mg/Kg de
PV) durante cinco dias em caprinos, porém alguns
animais apresentaram recidivas (AZEVEDO et al.,
2002). Associação de tilosina + tetraciclina ou lincomicina + espectinomicina melhoram os resultados (LORIA et al., 2002). A sensibilidade de M.
agalactiae in vitro demonstraram que estreptomicina, florfenicol e gentamicina não apresentaram
efeito inibitório satisfatório (MAMEDE, 2013).
Um medicamento homeopático demonstrou resultados animadores em caprinos naturalmente infectados. A recuperação clínica ocorreu
entre 7 e 49 dias de tratamento, enquanto os animais tratados com tilosina + oxitetracilcina apresentaram redução dos sinais clínicos, mas tiveram
recidivas (SILVA et al., 2013).
Trabalho semelhante foi desenvolvido em um rebanho caprino leiteiro do Rio Grande do Norte,
constituído por aproximadamente 250 animais.
Dependendo da imediata adoção da medicação,
a recuperação clínica ocorreu entre 10 dias e seis
meses de tratamento. Animais cronicamente sintomáticos apresentaram recuperação tardia da produção de leite (cerca de 30 dias), inclusive alguns
animais permaneciam com aumento de volume
articular, mas sem dor ou claudicação, seis meses
após o início do tratamento (informação pessoal).
Em regiões endêmicas, deve-se fazer um planejamento para o saneamento e controle, tendo como
principal meta a redução das perdas econômicas,
evitando o descarte precoce e morte de animais e
a constituição de rebanhos livres da infecção. Para
36
tanto, a indução do parto aos 145 dias de gestação
com separação das crias e administração de colostro e leite pasteurizado livres do patógeno são medidas indicadas (ALCÂNTARA et al., 2003).
Programa de vacinação, empregando vacinas vivas atenuadas ou inativadas produzidas a partir de
amostras de M. agalactiae e M. mycoides subsp
mycoides LC têm sido produzidas na Europa, onde
a doença é endêmico (BUONAVOGLIA et al.,
1998; DE LA FE et al., 2007). No Brasil, ainda não
há vacinas disponíveis. No entanto, os primeiros
estudos atestam a eficiência de vacinas inativadas.
Alcântara et al. (2013) testaram duas vacinas européias e obtiveram resposta imunológica satisfatória
em caprinos. Já Campos et al., (2013) produziram
vacinas inativadas a partir de amostra de M. agalactiae isolado no Brasil e confirmaram a eficiência
da vacinação em caprinos e ovinos, sendo que a
persistência da imunidade foi relativamente limitada, necessitando de revacinações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A AC é uma ameaça real à saúde dos pequenos ruminantes, causando perdas significativas
aos criadores, em particular aos agricultores familiares, que não dispõem de assistência técnica
e mecanismos para adotar medidas preventivas e
de controle. A pesquisa científica tem contribuído
na busca de soluções para o problema desde seu
surgimento em 2001, particularmente ao identificar
M. agalactiae, o principal agente causador (2002
a 2006), padronizar um ELISA (2006 a 2008),
desenvolver um tratamento homeopático (2004 a
2008) e uma vacina (2009 a 2012). Os próximos
passos devem estar articulados entre as Instituições
de pesquisa, produtores, a iniciativa privada e os
órgãos oficiais de defesa sanitária animal para regulamentação das medidas a serem adotadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALCÂNTARA, M.D.B.; AZEVEDO, E.O.; FARIAS, A.A.; TABOSA, I.M.; ARAÚJO, M.D.;
SANTOS, F.A.; NASCIMENTO, E.R.; CASTRO,
R.S. Indução de parto e separação das crias para
controle da agalaxia contagiosa em caprinos. In:
Cong. Latinamer. Buiatria, XI, Salvador, p. 71,
2003.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Edisio Oliveira de AZEVEDO1
E.R.; CASTRO, R.S. Efficiency of inactive vaccines against contagious agalactia in Brazil. Arq.
Bras. Med. Vet. Zootec., v.65, n.5, p.1394-1402,
2013.
CAMPOS, A.C.; GREGORY, L.; RIZZO, H.;
AZEVEDO, E.O. Antibodies anti-M . agalactiae in
goats in the São Paulo, Brazil. Intern. Cong. Intern.
Organiz. Mycoplasmol. (IOM). XX, Blumenau,
AZEVEDO, E.O.; ALCÂNTARA, M.D.B.; TA- 2014.
BOSA, I.M.; NASCIMENTO, E.R.; FARIAS,
A.A.; CASTRO, R.S.; CAMPOS, C.A.M. Conta- DE LA FE, C.; ASSUNÇÃO, P.; SAAVEDRA, P.;
gious agalactia by Mycoplasma agalactiae in dairy TOLA, S.; POVEDA, C.; POVEDA, J.B. Field trial
goats in Brazil. Epidemiologic findings. Intern. of two dual vaccines against Mycoplasma agalacCong. Intern. Organiz. Mycoplasmol. (IOM). XIV, tiae and Mycoplasma mycoides subsp. mycoides
Vienna, p. 48, 2002.
(large colony type) in goats. Vaccine, 25(12):23405, 2007.
AZEVEDO, E.O.; ALCÂNTARA, M.D.B.; NASCIMENTO, E.R.; Tabosa, I.M.; Barreto, M.L.; GIL, M.C.; PEÑA, F.J.; MENDOZA, J.H.; GOAlmeida, J.F.; Araújo, M.D.; Rodrigues, A.R.O.; MEZ, L. Genital Lesions in an Outbreak of CapriRiet-Correa, F.; Castro, R,S. Contagious Agalactia ne Contagious Agalactia Caused by Mycoplasma
by Mycoplasma agalactiae in small ruminants in agalactiae and Mycoplasma putrefaciens. J. Vet.
Brazil: first report. Braz. J. Microbiol., v.37, p.576- Med. Series B., v. 50, n.10, p. 484, 2003.
581, 2006.
LORIA, G.R.; SAMMARTINO, C.; TAMBUAZEVEDO, E.O.; SILVA, N.S.; CAMPOS, A.C.; RELLO, A.; EMANUELE, M.C.; AYLING, R.D.;
CORDEIRO, A.A.; MAMEDE, A.G.; SILVA, NICHOLS, R.A.J. Antibiotic susceptibility of MyR.B.S.; CASTRO, R.S.; NASCIMENTO, E.R.; coplasma agalactiae strins isolated from sheep in
MARINHO, M.L. Congenital Infection of Myco- Sicily. Intern. Cong. Intern. Organiz. Mycoplasplasma agalactiae in Goat Kids. Intern. Cong. In- mol. (IOM). XIV, Vienna, p. 60, 2002.
tern. Organiz. Mycoplasmol. (IOM). XIX, Cicinatti, p. 121, 2012.
MAMEDE, A.G. Sensibilidade in vitro de Mycoplasma agalactiae isolados de ovinos e caprinos naOIE, v. 16, p. 848-873, 1997.
turalmente infectados. Dissertação (UFCG). 2013.
BUONAVOGLIA, D.; FASANELLA, A.; SAGA- 40p.
ZIO, P.; TEMPESTA, M.; IOVANE, G.; BUONAVOGLIA, C. Persistence of antibodies to My- NASCIMENTO, E.R.; BARRETO, M.L.; PLAcoplasma agalactiae in vaccinated sheep. New TENIK, M.O.; AZEVEDO, E.O.; TABOSA, I.M.;
Microbiol., v. 21, n. 2, p. 209-212, 1998.
ALCÂNTARA, M.D.B.; ALMEIDA, J.F.; NASCIMENTO, M.G.F. Contagious agalactia by MyCAMPOS, A.C.;TELES, J.A.A.; AZEVE- coplasma agalactiae in goats in Brazil. Etiologic
DO, E.O.; NASCIMENTO, E.R.; OLIVEIRA, study. In: Intern. Cong. Intern. Organiz. MycoplasM.M.M.; NASCIMENTO, S.A.; CASTRO, R.S. mol. (IOM). XIV, Vienna, p. 45-46, 2002.
ELISA protein G for the diagnosis of contagious
agalactia in small ruminants. Small Rumin. Res. v. PENHA, A.M. & D’ APICE, M. Agalaxia conta84, p. 70-75, 2009.
giosa das cabras em São Paulo. Arq. Inst. Biol.,
13:299-301,1942.
CAMPOS, A.C.; AZEVEDO, E.O.; ALCÂNTARA, M.D.B.; SILVA, R.B.S.; CORDEIRO, A.A.; POUMARAT , F.; LE GRAND, D.; GAURIMAMEDE, A.G.; MELO, M.A.; NASCIMENTO, VAUD, P.; GAY, E.; CHAZEL, M.; GAME, Y.;
ALCÂNTARA, M.D.B.; CAMPOS, A.C.; MELO,
M.A.; PEREIRA FILHO, J.M.; NASCIMENTO,
E.R. FARIAS, A.A.; SOUSA; D.R.M.; AZEVEDO, E.O. Resposta imunológica em caprinos vacinados contra agalaxia contagiosa. Pesq. Vet. Bras.
33(5):561-564, 2013.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
37
Edisio Oliveira de AZEVEDO1
BERGONIER, D. Comparative assessment of two
commonly used commercial ELISA tests for the
serological diagnosis of contagious agalactia of
small ruminants caused by Mycoplasma agalactiae.
BMC Veterinary Research, 8:109, p. 1-12, 2012.
REAL, F.; DÉNIZ, S.; ACOSTA, B.; FERRER, O.;
POVEDA, J.B. Caprine contgious agalactia caused
by Mycoplasma agalactiae in the Canary Islands.
Vet. Rec., v. 135, p. 15-16, 1994.
SANTOS, L.M.M.; PEREIRA, C.S.; MANSUR,
F.J.; LOPES, L.A.; CAMPOS, A.C.; AZEVEDO,
E.O.; CASTRO, R.S.; BARRETO, M.L.; ALMEIDA, J.F.; NASCIMENTO, E.R. Mycoplasma agalactiae Outbreak in Goat Herd of Rio de Janeiro
State, Brazil. In: 20th Congress of the Internatio-
38
nal Organization for Mycoplasmology, Blumenau,
2014.
SANTOS, O.M.; CAMPOS, A.C.; SANTOS, J.P.;
SANTOS, P.O.M.; CALDAS, E.L.C.; SANTOS,
A.D.F.; NASCIMENTO, E.R.; CASTRO, R.S.;
AZEVEDO, E.O. Agalaxia contagiosa em ovinos e
caprinos do Estado de Sergipe: dados preliminares.
Scientia Plena, v. 11, p. 046124-1-5, 2015.
SILVA, N.S.; MARINHO, M.L.; AZEVEDO,
E.O.; CAMPOS, A.C.; CARVALHO, M.G.X. Tratamento alopático e homeopático em caprinos com
Agalaxia Contagiosa: estudo comparativo. Archives of Veterinary Science, v.18, n.4, p.57-64, 2013.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Fernando Guilherme Perazzo COSTA 1,4, Matheus Ramalho de LIMA 2,4, Sarah Gomes PINHEIRO 3,4
AVANÇOS NA NUTRIÇÃO DE AMINOÁCIDOS PARA FRANGOS DE CORTE E POEDEIRAS
Fernando Guilherme Perazzo COSTA1,4, Matheus Ramalho de LIMA2,4, Sarah Gomes PINHEIRO3,4
RESUMO
Professor do curso de Zootecnia da Universidade Federal
da Paraíba, Areia-PB – [email protected]
2
Professor da Universidade Federal do Sul da Bahia, Teixeira
de Freitas-BA – mrlmatheus@
gmail.com
3
Pós-doutoranda da Universidade Federal da Paraíba,
Areia-PB – sarahgpinheiro@
hotmail.com
4
Grupo de Estudos em Tecnologias Avícolas, GETA
1
O estudo da nutrição proteica nas aves associado ao bem estar, sanidade e principalmente a genética alavancou os parâmetros produtivos das aves,
garantindo não só melhor desempenho, como maior eficiência de produção e
absorção de nutrientes. Com um alto padrão genético que veio sendo alcançado
nos últimos anos pode-se fazer uso de estratégicas nutricionais que garantiam
que o animal produzisse carne e ovos de qualidade em um menor espaço de
tempo. Como a genética vem se atualizando de maneira vertiginosa, a nutrição
desses animais deve acompanhar de forma que eles busquem respostas biológicas cada vez mais relevantes e garantam a máxima produção.
PA L AV R A S - C H AV E
aves, eficiência, genética, metabolismo, produção, proteína.
ABSTRACT
The study of protein nutrition in poultry associated with well-being, sanity and especially genetic leveraged the performance of the birds, ensuring not
only better performance, such as increased production efficiency and absorption
of nutrients. With a high genetic pattern that came being achieved in recent
years we can make use of nutritional strategies that ensured that the animals
produce meat and egg quality in a shorter period of time. How genetics has been
upgrading from vertiginous way, the nutrition of these animals must follow so
that they seek biological responses increasingly relevant and ensure maximum
production.
KEYWORDS
INTRODUÇÃO
As aves possuem requerimentos nutricionais específicos para cada fase da vida, seja ela
pré-inicial, inicial, crescimento, terminação, em
caso de frangos de corte e inicial, crescimento,
pré-postura e postura, no caso de poedeiras. Vale
salientar que as aves no início da fase de produção,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
birds, efficiency, genetics, metabolism, production, protein.
requerem mais nutrientes, especialmente porque,
estão em crescimento, elevando as demandas nutricionais dessas aves para maior desenvolvimento
e consequente melhor desempenho. Assim, a determinação dos níveis nutricionais a cada fase de criação das aves é de suma importância para o melhor
desenvolvimento da atividade.
Os avanços na genética possibilitaram ga39
Fernando Guilherme Perazzo COSTA 1,4, Matheus Ramalho de LIMA 2,4, Sarah Gomes PINHEIRO 3,4
nhos importantes na produção de aves e, esses ganhos devem ser acompanhados não apenas por esse
segmento, mas é essencial que a nutrição torne possível os ganhos genéticos, assim, os requerimentos
nutricionais, devem sempre serem atualizados para
que as aves possam expressar todo seu potencial
genético.
Frangos de corte, Tabelas Brasileiras de
Exigências Nutricionais de Suínos e Aves
Ao logo dos anos, se percebe uma mudança no que
concerne aos requerimentos, tal qual apresentado
na Tabela 1, apenas dados de Rostagno et al. (2005
e 2011), onde percebe-se um aumento médio no
desempenho das aves, ficando mais pesadas em
cada fase, ganhando mais peso e consumindo mais
ração, o que elevou, uma maior exigência e consumo de lisina. Por outro lado, a energia metabolizável não foi alterada, enquanto que a proteína praticamente ficou igual, semelhante aos aminoácidos
lisina (Lis), Met+Cis (M+C) e treonina (Tre), com
alterações variáveis da Tre, enquanto que, o inverso ocorreu com o triptofano (Trp), valina (Val),
isoleucina (isso) e arginina (Arg), que tiveram
elevações nos requerimentos nutricionais. Assim,
percebe-se que os trabalhos publicados ao longo
desses anos, as aves se tornaram mais eficientes,
mas exigiram mais aminoácidos, especialmente
Trp, Val, Iso e Arg, o que mostra a importância dos
estudos constantes nesse campo a cada linhagem
nova no mercado.
Galinhas poedeiras leves, Tabelas Brasileiras de Exigências Nutricionais de Suínos e Aves
Fazendo o mesmo comparativo nas recomendações
das galinhas poedeiras leves, usando dados de Rostagno et al. (2005 e 2011), percebe-se que a energia metabolizável e a proteína bruta se mantiveram
iguais na fase de crescimento. Na fase de postura
a proteína se manteve, enquanto que a energia metabolizável continua sendo determinada, com base
em equações que se consideram o peso e ganho de
peso da ave, a massa de ovo produzida e a temperatura (Tabela 2).
Estritamente, na fase de postura, os aminoácidos Lis, Met+Cis, Trp, Arg e Val tiveram níveis
nutricionais maiores em publicações mais recentes. Esse aumento se deve especialmente à maior
capacidade da poedeira em produzir, tendo nesse
40
espaço de tempo um ganho de 1,0g em massa de
ovo/dia e 0,3g de peso a menos que antes, o que
mostra maior eficiência e maior requerimento nutricional.
Embora não se apresente variação nos requerimentos com as aves de postura, especialmente na fase de crescimento, não indica falta de crescimento genético e de potencial de produção, haja
vista que o que se verifica é que com os mesmos
níveis nutricionais nessas fases, as aves continuaram com desempenho elevado e até aumentaram a
capacidade de produção de massa de ovos, e para
isso, foi mais exigência em aminoácidos amplamente relacionados com essa variável.
TRABALHOS DE PESQUISA
As pesquisas vêm crescendo e há um volume constante de informações relacionadas aos
requerimentos nutricionais de aminoácidos para
frangos de corte e poedeiras, atualizando exigências com base no avanço já comentado da genética
e atualizando tecnologias de formulação de rações,
de instalações, entre outras, de modo a ter dados em
que é possível estimar, com base em modelagem
matemática, os níveis nutricionais dessas aves em
aminoácidos (Sakomura et al. 2015) e além disso,
calcular a ingestão do aminoácido e o seu padrão
de resposta em avaliação e estima-lo com base no
custo local de cada granja (Silva et al. 2015) .
PUBLICAÇÕES FRANGOS DE CORTE
Taverneri et al. (2014), avaliando a relação
de metionina + cistina: lisina digestível para frangos de corte Cobb 500 machos e fêmeas, nas fases
de 11 a 21 e de 22 a 35 dias de idade, com rações
atendendo as exigências recomendadas pelo manual da linhagem Cobb Guía de Manejo de Pollo de
engorde (Cobb, 2005), exceto em Met+Cis e com
o uso de 97% do nível de lisina, afim de evitar o
excesso desse aminoácido, concluíram que, para
máximo desempenho de frangos de corte, machos
e fêmeas, respectivamente, são de 75,53 e 78,23%,
na fase de 11 a 21 dias, e 78,83 e 79,82%, na fase
de 22 a 35 dias.
Domingues (2015) avaliando níveis de lisina e de metionina+cistina digestíveis sobre o
desempenho, rendimento de carcaça e suas partes,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Fernando Guilherme Perazzo COSTA 1,4, Matheus Ramalho de LIMA 2,4, Sarah Gomes PINHEIRO 3,4
biometria do filé de peito, morfometria das fibras
musculares e qualidade do músculo Pectoralis major de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade Cobb
500, usando 2 níveis de lisina digestível (1,253 e
1,378%) x 5 níveis de metionina+cistina digestíveis (0,812; 0,857; 0,902; 0,947; 0,992%), de
modo que, após a avaliação, concluiu que, a utilização de níveis de lisina e metionina+cistina digestíveis na dieta influenciaram a qualidade da carne
e a morfometria de fibras musculares do músculo
Pectoralis major, de modo que para os parâmetros
de desempenho e rendimento de carcaça, os menores níveis de lisina (1,253%) e metionina+cistina
(0,812%) digestíveis atenderam as exigências das
aves de 1 a 21 dias de idade. Na fase de 22 a 42 dias
de idade dos frangos de corte, sendo os tratamentos
com 2 níveis de lisina digestível (1,100 e 1,210%)
x 5 níveis de metionina+cistina digestíveis (0,724;
0,764; 0,804; 0,844; 0,884%), concluiu a autora,
informando que os diferentes níveis de lisina e metionina+cistina influenciam os parâmetros de morfometria das fibras do músculo Pectoralis major.
Três estudos conduzidos por Faridi et al.
(2015), avaliando os efeitos de aminoácidos sulfurosos totais (TSAA) sobre o desempenho nas fases
de 1 a 14, 15 a 28 e de 29 a 42 dias de idade de frangos de corte, com as rações obtidas pela técnica da
diluição, em incrementos de 2,5 a 9,04 g/kg, 2,26
a 8,14 g/kg e 2,08 e 7,5 g/kg, respectivamente nas
fases citadas, os autores concluíram que os valores
ótimos para melhor conversão alimentar dos frangos nas fases avaliados foi, 283, 585 e 1150 mg/
ave/dia, respectivamente.
Em estudo realizado na UFPB pelo Grupo
de Estudos em Tecnologias Avícolas, Perazzo Costa et al. (IPSF 2015) avaliaram a suplementação da
L-Thr, a variação na relação Thr:Lys e o uso da
L-Val em rações para frangos de corte machos de 1
a 42 dias de idade. Na fase total, os frangos que não
tinham na ração a L-Thr apresentaram piores resultados de desempenho. Considerando a variação
na relação Thr:Lys de 65 para 70 percebeu-se que
ocorreu uma melhoria significativa no consumo, e
quando se utilizou a L-Val na ração com Thr:Lys
de 70 proporcionou uma melhora significativa no
ganho de peso (3277,39b vs 3315,43a), muito embora, na conversão alimentar essa melhora tenha
sido apenas numérica (1,65ab vs 1,63b). Os autores concluíram que as rações atuais para frangos
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
de corte não podem ser formuladas sem o uso de
L-Thr, e que a relação Thr:Lys em 70 gera melhores resultados que a relação em 65, com isso, verifica-se que o uso de L-Val eleva o ganho de desempenho de frangos alimentados com ração com
L-Thr com uma relação Thr:Lys em 70%.
Souza (2015) em sua Tese de Doutorado
no CCA/UFPB avaliou a redução da proteína bruta
com ou sem suplementação, além do quarto limitante e a adição de óleo de soja nas dietas de frangos de corte de 01 a 46 dias de idade. Os resultados
do estudo mostraram que a proteína bruta não é
fator preponderante na formulação de rações para
atendimento de aminoácidos, especialmente após o
segundo limitante e com mais evidência, acima do
terceiro e com efeitos amplamente observados em
desempenho, acima do quarto limitante. Ademais,
a suplementação de L-Val possibilitou melhores
resultados aos frangos de corte, garantindo ao produtor a possibilidade de fornecimento de rações
com perfil em aminoácidos de melhor qualidade
e ainda, com possibilidade de redução dos níveis
desses aminoácidos, mas mantendo a relação aminoácidos: lisina em relação ao recomendado por
Rostagno et al. (2011), como pode ser observado
no tratamento com tais características.
Duarte et al. (2015) em um estudo com
frangos de corte Cobb 500, de 22 a 42 dias idade, avaliando a exigência de isoleucina digestível
aplicando modelos de regressão quadrática, exponencial e Linear Response Plateu, usando 6 níveis
de isoleucina digestível (0,6118; 0,6655; 0,7192;
0,7729; 0,8265 e 0,8802%), considerando dados de
desempenho e características de carcaça. Os autores concluiram que, para ótimo desempenho nessa
fase, as aves necessitam de um nível de 0,7729%
de isoleucina digestível, correspondendo a uma relação Ile:Lys em 72.
Nikoofard et al. (2015) avaliaram a interação de níveis de aminoácidos (100, 110 e 120%
das recomendações do NRC (1994)) com o balanço eletrolítico (150, 250 e 300 mEq/kg), em um
esquema fatorial em 3 x 3 em frangos de corte
Cobb 308. Os autores concluíram que o uso 150
mEq/kg reduz a ralação heterófilos:linfócitos, no
entanto eleva a relação albumina:globulina, indicando bons índices de saúde intestinal, de modo
que o recomendado para tais aves, de acordo com
os autores, é um balanço eletrolítico de 150 mEq/
41
Fernando Guilherme Perazzo COSTA 1,4, Matheus Ramalho de LIMA 2,4, Sarah Gomes PINHEIRO 3,4
kg de ração independente do nível de aminoácidos dissertação, concluiu que o nível que atende da
avaliados no estudo.
melhor forma tais aves nessa idade é 0,495% de
treonina digestível e relação tre:lis de 76,5 para
PUBLICAÇÕES POEDEIRAS
um consumo de 562mg/ave/dia, enquanto que para
triptofano o melhor nível foi 0,153% e uma relação
Vários trabalhos com aminoácidos foram trp:lis de 24 e consumo de 171 mg/ave/dia.
realizados pelo Grupo de Estudos em Tecnologias
Avícolas(GETA/UFPB) e mostram uma ampla va- CONSIDERAÇÕES FINAIS
riação nas recomendações nutricionais. Em outro
estudo do GETA, na fase de 13 a 18 semanas, San- O avanço genético nos coloca em uma sitana (2014) recomendou um nível ótimo de 0,730% tuação em que os níveis nutricionais já são, conde Met+Cis na fase de 13 a 18 e de 0,475% desse comitantemente, fora de uso totalmente eficiente
aminoácido para aves leves e na fase de postura.
na genética atual, em virtude do rápido processo
A lisina digestível, aminoácido base no conceito de de seleção e melhoramento genético. Aliado a isso,
proteína ideal, avaliando em associação com a ar- para que se tenha uma idéia, alguns trabalhos foginina digestível, Carvalho et al. (2015) recomen- ram desenvolvidos e os dados confirmam que as
daram um nível de 700 mg/ave/dia de lisina e o aves estão mais exigentes a cada dia que se passa,
mesmo valor para a arginina digestível, o que cor- de modo que as formulações precisam ser sempre
responde a uma relação Arg:Lys de 100. Enquanto atualizadas.
isso, Silva et al (2015) recomendam, 699, 658 e Atualmente, a quantidade de ferramentas
657 mg/ave/dia para poedeiras com 37 a 40 sema- disponíveis aos pesquisadores possibilitam melhonas, 41 a 44 e de 45 a 48 semanas, respectivamente. rias nas formulações, tornando-as mais eficientes e
Cardoso et al. (2014a) avaliaram cinco níveis de com perfis de aminoácidos mais equilibrados.
treonina digestível para poderias leves com 60 a 76 Nesse sentido, os aminoácidos são nutriensemanas de idade. O nível foi lisina digestível das tes de suma importância na nutrição de aves de cordietas foi mantido constante em todos os tratamen- te e postura. Contudo, os níveis e a relação entre
tos (Lys= 0,759%), enquanto que a Thr variou de eles deve ser obedecida para cada especificidade de
0,523% a 0,615%, gerando as relações Thr /Lys de produção.
69 a 81%. Efeito quadrático foi observado na produção de ovos (0,574%), massa de ovos (0,569%), REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
conversão alimentar por dúzia (0,556%) e massa
de ovos (0,570%). Os autores concluíram que o CARVALHO, F.B.; STRINGHINI, J.H.; MATOS,
nível de 0,570% de treonina digestível atende o M.S. et al. Egg quality of hens fed different digesmelhor desempenho dessas aves, equivalente a um tible lysine and arginine levels. Revista Brasileira
consumo diário de 622 mg/ave.
Ciência Avícola [online], v.17, n.1, p. 63-68. http://
Cardoso et al. (2014b), avaliando relações dx.doi.org/10.1590/1516-635x170163-68. 2015.
Trp dig/Lis dig (22 a 26%) em dietas de poedeiras
leves com 60 a 76 semanas de idade, verificaram COSTA, F.G.P.; PESSOA, G.; NOGUEIRA, E.
efeito quadrático sobre os parâmetros produção de T.; ISHIKAWA, E.; RAMALHO LIMA, M. Use
ovos (25,44%), massa de ovos (25,36%), conver- of L-Thr and L-Val in diet for male broilers. In:
são por dúzia de ovos (25,08%) e conversão por International Poultry Scientific Forum, 2015,
massa de ovos (25,07%). Os autores concluíram Atlanta, Georgia, USA. Abstract Book. Atlanta,
que uma dieta com 0,192% de triptofano digestível Georgia, USA: Southern Poultry Science Society,
é o ideal para o ótimo desempenho das aves, o que CD-ROM. 2015.
corresponde a uma relação Trp:Lys de 25,33% ou
um consumo diário de 212 mg/ave.
DUARTE, K.F.; JUNQUEIRA, O.M.; FILARDI,
Santos (2014) (GETA, dados não publi- R.S. et al. Digestible isoleucine requirements for
cados), trabalhando com poedeiras semipesadas 22 and 42 day old broilers. Acta Scientiarum. Anide 79 a 95 semanas de idade, em um trabalho de mal Sciences. Maringá- PR, v. 37, n. 1, p. 23-28,
42
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Fernando Guilherme Perazzo COSTA 1,4, Matheus Ramalho de LIMA 2,4, Sarah Gomes PINHEIRO 3,4
Jan.-Mar., 2015.
na para galinhas poedeiras leves nas fases de recria
e postura. Tese (Doutorado) - UFPB/CCA, AreiaDOMINGUES, C.H.F. Lisina e metionina+cistina PB. 128 p. 2014.
digestíveis sobre o desempenho, rendimento, qualidade e morfometria do músculo peitoral (pecto- SANTOS, C.S. Exigências nutricionais de treonina
ralis major) de frangos de corte. Tese (Doutorado) e triptofano digestível para poedeiras semipesadas
- Unesp/Jaboticabal. Zootecnia. 2015. 74p.
de 79 a 95 semanas de idade. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Paraíba. Zootecnia,
FARIDI, A.; GITOEE, A.; SAKOMURA, N.K. 2014. 67p.
et al. Broiler responses to digestible total sulphur
amino acids at different ages: a neural network SILVA, E.P.; MALHEIROS, E.B.; SAKOMURA,
approach. Journal of Applied Animal Research, N.K. et al. Lysine requirements of laying hens. LiDOI:10.1080/09712119.2015.1031787
vestock Science, v. 173, p. 69–77, March, 2015.
COBB - Cobb Guía de Manejo de Pollo de engor- SILVA, E.P.; SAKOMURA, N.K.; HAUSCHILD,
de. 2005. Disponível em: Acessado em: 24 de ju- L. et al. Modelo de Reading para estimar a ingestão
nho de 2015.
ótima econômica de aminoácidos para aves. Ciência Rural, Santa Maria, v.45, n.3, p.450-457, mar,
NIKOOFARD, V.; MAHDAVI, A. H.; SAMIE, 2015.
A.H.; JAHANIAN, E. Effects of different sulphur
amino acids and dietary electrolyte balance levels SOUZA, R.B. Suplementação de L-valina e avaon performance, jejunal morphology, and immu- liação da redução proteica em dietas de frangos de
nocompetence of broiler chicks. Journal of Animal corte. Tese (Doutorado em Zootecnia) – UniversiPhysiology and Animal Nutrition. DOI: 10.1111/ dade Federal da Paraíba. 2015. 91 p.
jpn.12316. 2015.
TAVERNARI, F.C.; BERNAL, L.E.P.; ROSTAGSAKOMURA, N.K.; SILVA, E.P.; DORIGAM, NO, H.S. et al. Relação metionina+cistina/lisina
J.C.P.; GOUS, R.M.; ST-PIERRE, N. et al. Mode- digestível para frangos de corte Cobb. Revista Celing amino acid requirements of poultry. Journal res, Viçosa-MG, v. 61, n.2, p. 193-201, mar/abr,
Applied Poultry Research, v.24, n. 2, p. 267-282. 2014.
DOI:10.3382/japr/pfv024 first published online
May 13, 2015.
SAMPAIO CARDOSO, A.; PERAZZO COSTA, F.G; RAMALHO LIMA, M. et al. Nutritional requirement of digestible threonine for white egg layers of 60 to 76 weeks of age. Journal
Applied Poultry Research, v.23, n.4, p. 724-728.
DOI:10.3382/japr.2014-01011. first published online November 6, 2014a.
SAMPAIO CARDOSO, A.; PERAZZO COSTA, F.G; VILAR DA SILVA, J.H. et al. Nutritional requirement of digestible tryptophan for white-egg layers of 60 to 76 weeks of age. Journal
Applied Poultry Research, v.23, n.4, p.729-734.
DOI:10.3382/japr.2014-01012. first published online, November 6, 2014b.
SANTANA, M.H.M. Níveis de Metionina + cistiCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
43
Fernando Guilherme Perazzo COSTA 1,4, Matheus Ramalho de LIMA 2,4, Sarah Gomes PINHEIRO 3,4
Tabela 1.
Comparativo entre as recomendações nutricionais de 2005 e 2011 das Tabelas Brasileiras de Exigências
Nutricionais para Aves e Suínos, páginas 90 e 119, respectivamente
Item
Peso Médio, kg
Ganho, g/dia
Consumo, g/dia
Exig. Lys, g/dia
EM, kcal/kg
PB, %
Lys, %
M+Cys, %
Trp, %
Thr, %
Arg, %
Val, %
Ile, %
44
1a7
0,124
0,104
19,6
21,1
23
24,8
0,306
0,325
2950
2950
22,04
22,2
1,33
1,31
0,944
0,944
0,213
0,223
0,865
0,852
1,397
1,415
0,998
1,009
0,865
0,878
8 a 21
0,463
0,503
45,8
53,9
65,8
75,7
0,754
0,889
3000
3000
20,79
20,8
1,146
1,174
0,814
0,846
0,183
0,2
0,745
0,763
1,203
1,268
0,86
0,904
0,745
0,787
22 a 33
1,33
1,43
77,6
89,3
134,5
153,6
1,443
1,656
3100
3100
19,41
19,5
1,073
1,078
0,773
0,787
0,182
0,194
0,697
0,701
1,127
1,164
0,826
0,841
0,719
0,733
34 a 42
2,198
2,431
87
99,7
178,4
201,3
1,814
2,03
3150
3150
18,03
18
1,017
1,01
0,732
0,737
0,173
0,182
0,661
0,656
1,068
1,091
0,783
0,788
0,681
0,687
43 a 46
2,675
3,069
85,7
91,4
196,1
209,6
1,902
1,961
3200
3200
17,24
17,3
0,97
0,936
0,698
0,683
0,165
0,168
0,631
0,608
1,019
1,011
0,747
0,73
0,65
0,636
Ano
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Fernando Guilherme Perazzo COSTA 1,4, Matheus Ramalho de LIMA 2,4, Sarah Gomes PINHEIRO 3,4
Tabela 2.
Comparativo entre as recomendações nutricionais de 2005 e 2011 das Tabelas Brasileiras de Exigências
Nutricionais para Aves e Suínos, páginas 107 e 135, respectivamente
Item
EM, kcal/kg
PB, %
Lys, %
M+Cys, %
Trp, %
Thr, %
Arg, %
Val, %
Ile, %
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
1a6
2900
2900
18
18
0,876
0,876
0,64
0,64
0,158
0,158
0,587
0,587
0,937
0,937
0,666
0,666
0,604
0,604
7 a 12
2900
2900
16
16
0,621
0,621
0,497
0,497
0,124
0,124
0,422
0,422
0,671
0,671
0,497
0,497
0,466
0,466
13 a 18
2900
2900
14
14
0,483
0,483
0,396
0,396
0,106
0,106
0,333
0,333
0,531
0,531
0,396
0,396
0,372
0,372
Postura
Equação
Equação
16,5
16,5
0,727
0,736
0,662
0,67
0,167
0,169
0,48
0,559
0,727
0,736
0,654
0,699
0,603
0,559
Ano
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
2005
2011
45
Hymerson Costa AZEVEDO1; Samuel Rezende PAIVA2 ; Concepta Margaret McMANUS3; Evandro Neves MUNIZ1; Amaury
Apolonio de OLIVEIRA1; Tania Valeska Medeiros DANTAS1; Luis Fernando Batista PINTO4; Rebeca Santos da SILVA5
BIOTECNOLOGIAS DE SELEÇÃO, CONSERVAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DE RECURSOS GENÉTICOS DE OVINOS SANTA INÊS
Hymerson Costa AZEVEDO1; Samuel Rezende PAIVA2; Concepta Margaret McMANUS3;
Evandro Neves MUNIZ1; Amaury Apolonio de OLIVEIRA1; Tania Valeska Medeiros DANTAS1;
Luis Fernando Batista PINTO4; Rebeca Santos da SILVA5
RESUMO
Embrapa Tabuleiros Costeiros
- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
Aracaju/SE
2
Embrapa Sede – Secretaria de
Relações Internacionais, Brasília - DF
3
Professora Titular de Universidade de Brasília, DF
4
Professor Adjunto IV da Universidade Federal da Bahia
1
A preservação da biodiversidade genética dos animais é fundamental
para a segurança alimentar. O ovino Santa Inês (SI) é um importante patrimônio
genético autóctone brasileiro que deve ser conservado através do uso de biotecnologias para seleção, conservação e multiplicação. As biotecnologias moleculares identificam genes de interesse que têm impacto sobre o desempenho
reprodutivo, produtivo e sanitário, agregando valores a estes animais, enquanto
que, as biotecnologias da reprodução, em especial a criopreservação do sêmen e
inseminação artificial, são utilizadas para a multiplicação, conservação e disseminação deste germoplasma. As atividades relacionadas à conservação e agregação de valores ao ovino SI devem continuar sendo estimuladas sob pena de
uma irrecuperável perda da sua originalidade e diversidade genética.
PA L AV R A S - C H AV E
inseminação artificial, marcadores genéticos,
ovinos deslanados, sêmen congelado.
ABSTRACT
The preservation of animal genetic biodiversity is fundamental to food
security. Santa Ines (SI) is an important native Brazilian hair sheep breed that
should be preserved by biotechnologies of selection, conservation and multiplication. The molecular biotechnology identify genes of interest that have an
impact on the reproductive, productive and health performance, adding value to
these animals, while reproduction biotechnologies, especially semen cryopreservation and artificial insemination, are used for multiplication, conservation
and dissemination of this germplasm.
Activities related to the conservation and adding value to SI should continue to
be stimulated otherwise an irretrievable loss of its originality and genetic diversity can happen.
KEYWORDS
46
artificial insemination, molecular markers,
hair sheep, frozen semen.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Hymerson Costa AZEVEDO1; Samuel Rezende PAIVA2 ; Concepta Margaret McMANUS3; Evandro Neves MUNIZ1; Amaury
Apolonio de OLIVEIRA1; Tania Valeska Medeiros DANTAS1; Luis Fernando Batista PINTO4; Rebeca Santos da SILVA5
INTRODUÇÃO
A causa da preservação da biodiversidade
da fauna é bem conhecida, mas poucos a associam
aos animais chamados de criação representados
pelas espécies domesticadas de produção. A manutenção da diversidade genética dos animais de
produção é fundamental para a segurança alimentar das populações humanas e, especialmente em
países subdesenvolvidos e em desenvolvimento,
que concentram as maiores coleções biológicas do
mundo, é de suma importância que sejam adotadas
ações concretas de conservação destes recursos a
fim de diminuir a dependência de material genético
exótico.
O Brasil é dependente de germoplasma de
animais domésticos de outras regiões, uma vez
que, a grande maioria destas espécies não existia
na fauna brasileira e tem origem em outros países
(LOPES e MELO, 2004) trazidas por colonizadores logo após o descobrimento. Esses animais foram naturalmente ou artificialmente selecionadas,
fazendo com que hoje, apresentem características
adaptadas a condições ambientais específicas, sendo conhecidas como crioulas, locais ou naturalizadas (MARIANTE e EGITO, 2002).
Os ovinos estavam entre as espécies trazidas para o Brasil pelos colonizadores e, assim
como acontece em todos os continentes, eles são
encontrados naturalmente ou são criados em diferentes coordenadas geográficas tendo se adaptado
a inúmeros tipos de clima, vegetação, relevo, cultura, sistema de manejo e demandas de mercado.
Essa presença difusa levou a uma variabilidade genética da espécie representada pelos seus diversos
tipos raciais que, por sua vez, permitem a escolha
do genótipo mais adequado a cada região e situação.
MANEJO DE CONSERVAÇÃO DE RECURSOS GENÉTICOS
Existem duas formas básicas de manejo
para preservação de recursos genéticos animais, a
conservação in situ com a manutenção de indivíduos vivos em rebanhos ou coleções biológicas e,
a conservação ex situ com a manutenção de células
haploides e diploides cripopreservadas.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
A preservação de populações de animais
vivos tem um elevado valor estético e cultural
além de ser muito importante para estudos de caracterização e agregação de valores aos recursos
genéticos, porém, além de problemas como a deriva genética provocada pelo tamanho reduzido
dos rebanhos e riscos de epidemias, catástrofes
e interesses políticos e econômicos, tem elevado
custo de manutenção. Uma alternativa mais segura de preservação dos recursos genéticos animais,
que diminui a influência de fatores externos e que
é menos onerosa é a conservação ex situ que utiliza como importante ferramenta as biotecnologias
para formação de verdadeiros bancos de genes previamente selecionados.
BIOTECNOLOGIAS APLICADAS À SELEÇÃO E MANEJO DE RECURSOS GENÉTICOS DE OVINOS
A caracterização genética associada à fenotipagem de animais nativos conservados tem
subsidiado o desenvolvimento da biotecnologia
por meio da disponibilização de genes e suas variáveis e de informações dos seus mecanismos de
ação e funções. Esse significativo avanço permite,
por exemplo, a inserção de genes de raças nativas
naquelas exóticas, modificando para melhor o seu
desempenho em ambientes hostis (MARIANTE e
EGITO, 2002) ou o inverso, introduzindo características genéticas mais produtivas de animais
especializados em raças autóctones. Além disso,
indivíduos portadores de genes e seus polimorfismos de interesse também podem ser identificados
e segregados dentro de uma própria raça. Nos dias
de hoje, esse intercâmbio de genes e características têm sido uma das principais ferramentas para o
melhoramento clássico e para a engenharia genética.
Com a possibilidade de emprego de técnicas de genética molecular e a identificação de
genes cuja função biológica está associada a características de interesse econômico na pecuária,
a seleção de indivíduos melhorados para acasalamento e multiplicação tem repercutido nos índices
de produtividade e produção. Um exemplo disso
são os polimorfismos de genes relacionados ao desempenho reprodutivo como aqueles que afetam a
47
Hymerson Costa AZEVEDO1; Samuel Rezende PAIVA2 ; Concepta Margaret McMANUS3; Evandro Neves MUNIZ1; Amaury
Apolonio de OLIVEIRA1; Tania Valeska Medeiros DANTAS1; Luis Fernando Batista PINTO4; Rebeca Santos da SILVA5
taxa de ovulação e consequentemente a prolificidade, como é o caso do alelo FecGE do gene GDF9
identificado primeiramente em ovinos Santa Inês e
que, quando segregado, pode aumentar em 58% a
produção de crias podendo ter um grande impacto
na produção de carne (SILVA et al., 2011; AZEVEDO et al., 2014).
Alguns outros trabalhos em andamento têm
focado genes relacionados a outros aspectos da reprodução como a ciclicidade e a puberdade e precocidade sexual de ovinos Santa Inês. Um exemplo
é o gene KISS1 que codifica a kisspeptina, um neuropeptídio crucial na regulação da secreção hipotalâmica do hormônio liberador de gonadotrofinas
(GnRH). Ovelhas em anestro têm baixos níveis de
kisspeptina que pode ser administrada com objetivo de se reestabelecer a ciclicidade destas fêmeas
(CLARKE et al., 2009). Outras iniciativas têm focado na identificação de marcadores moleculares
para resistência a determinadas doenças como trabalhos já realizados com a Scrapie (IANELLA et
al., 2009) e outros ainda em curso com a mastite
em ovinos Santa Inês. A mastite é uma das maiores
causas de descarte de ovelhas Santa Inês, haja vista
que a raça é bastante vulnerável à doença por possuir boa aptidão leiteira provavelmente herdada da
raça Bergamácia que participou da sua formação
(PAIVA et al., 2005).
Para se tornarem mais atraentes que as raças exóticas que foram melhoradas geneticamente visando atender às demandas de mercado, além
das suas características naturais de adaptabilidade
e rusticidade, animais da raça Santa Inês, necessitam ser submetidos a rigoroso processo de seleção
a fim de atingirem maiores taxas de crescimento e
carcaças de melhor qualidade e maior rendimento,
características difíceis de melhorar utilizando métodos clássicos de seleção.
Genes que têm relação com o desenvolvimento ponderal têm sido investigados em ovinos
Santa Inês a exemplo daquele do fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF1) (GALVÃO et al., 2015) e do hormônio do crescimento
(GH) (JESUS et al., 2015) que atuam principalmente no desenvolvimento esquelético e muscular
dos animais, agindo também na regulação do tecido adiposo (HAJIHOSSEINLO e NEGAHDARY,
2013). Além disso, genes candidatos relacionados
às características de carcaça como aqueles perten48
centes à família MyOD (MyoD1, MyF5, MyF6),
que atuam nos processos metabólicos de crescimento ou desenvolvimento do tecido muscular ou
miogênese (WEINTRAUB, 1993), da µ-Calpaína
(CAPN1), que está envolvido na proteólise do tecido muscular e consequentemente relacionado à
maciez da carne (KOOHMARAIE, 1996) e, da
Leptina, relacionado ao metabolismo do tecido
adiposo, regulando o consumo de ração, a composição e peso corporal (CAUVERI et al., 2014;
BOUCHER et al., 2014) e determinando a espessura de gordura de cobertura e de marmoreio na carcaça, têm sido alvo de estudos de associações em
ovinos Santa Inês (ARAÚJO et al., 2015; PINHEIRO et al., 2015; SANTOS et al., 2015; SOUZA et
al., 2015a e b).
Depois dos animais serem selecionados de
acordo com sua diversidade e aptidões genéticas
de interesse, seu germoplasma precisa ser conservado. Dentre as biotecnologias mais utilizadas no
manejo de recursos genéticos animais em todo o
mundo para sua multiplicação, conservação e disseminação, destacam-se aquelas relacionadas à
reprodução. Existem várias biotecnologias disponíveis e com grande potencial de uso para a conservação das espécies como, a produção de folículos pré-antrais, a colheita e criopreservação de
ovócitos, a produção in vivo e in vitro de embriões
e a clonagem que, têm ajudado desde multiplicar
até resgatar animais que já estavam extintos (FOLCHA et al, 2009). Entretanto, as tecnologias relacionadas ao sêmen, representadas principalmente
pela congelação e inseminação artificial, têm sido
as mais utilizadas em ovinos Santa Inês.
A criopreservação do sêmen é a principal
técnica de eleição para conservação ex situ de germoplasma e a inseminação artificial a mais usada
para o resgate e multiplicação de espécies ameaçadas.
A criopreservação é de baixo custo e permite a transferência de recursos genéticos em diferentes momentos e para diversos locais de forma
segura. Recentemente têm se popularizado o uso
de sistemas automatizados de congelação de sêmen por trazerem grandes vantagens quanto à facilidade, objetividade, portabilidade e a uniformidade dos processamentos de criopreservação. Apesar
disso, os procedimentos tradicionais de congelação
de sêmen que utilizam refrigeradores, o vapor ou o
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Hymerson Costa AZEVEDO1; Samuel Rezende PAIVA2 ; Concepta Margaret McMANUS3; Evandro Neves MUNIZ1; Amaury
Apolonio de OLIVEIRA1; Tania Valeska Medeiros DANTAS1; Luis Fernando Batista PINTO4; Rebeca Santos da SILVA5
próprio nitrogênio líquido em criotanques ou caixas de poliestireno expandido, desde que se preocupem em controlar melhor as curvas de queda
de temperatura, são ainda a opção mais utilizada,
viável e que apresenta resultados tão satisfatórios
quanto os métodos mais tecnificados (RODELLO,
2006).
Inúmeros protocolos são utilizados para
criopreservação do sêmen ovino em várias partes
do mundo e geram uma gama de diferentes resultados cuja fonte de variação vai desde aquelas de
natureza natural até aquelas de ordem técnica. É
imprescindível considerar-se alguns fatores naturais como é o caso da influência individual, do
ejaculado, da época do ano, da idade e do estado
nutricional do animal. Não existe uma fórmula única para a criopreservação do sêmen, o que se têm
são conceitos gerais que devem ser considerados
cabendo a cada um escolher aquele método ou material que melhor se adeque a sua realidade.
Independentemente do protocolo utilizado, quando o sêmen é submetido ao processo de
congelação, observa-se uma redução da qualidade
espermática. A congelação causa danos estruturais
e perdas funcionais aos espermatozoides de ovinos
(VALCÁRCEL et al., 1997; HE et al., 2001) que
limitam sua habilidade em atravessar as pregas e
barreiras do sistema genital ou de aderir ao epitélio
do útero, tornando-os mais vulneráveis à expulsão
através da drenagem (HAWK, 1983) e, encurtam
seu tempo de sobrevivência (SALAMON e MAXWELL, 2000). Assim, são poucos espermatozoides viáveis ou sem danos que chegam ao sítio de
fertilização o que faz reduzir a fertilidade (EVANS
e MAXWELL, 1990).
Este fato é mais preocupante quando os espermatozoides são depositados distantes do sítio
de fertilização (MAXWELL e JOHNSON, 1999).
O sêmen congelado apresenta menor fertilidade
quando depositado na cérvix ao invés do útero
(TAQUEDA et al., 2011). Por essa razão recomenda-se a laparoscopia como método de escolha para
o sêmen congelado de carneiro visto que viabiliza
sua deposição diretamente no útero, propiciando
melhores índices de prenhez. Entretanto a IA por
laparoscopia exige equipamentos e pessoal especializado restringindo o seu uso a plantéis especializados com elevado valor agregado. Desta maneira, a todo o momento novos métodos e materiais
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
são testados a fim de viabilizar a via cervical para a
deposição do sêmen de ovinos.
No entanto, a cérvix da ovelha é de difícil
transposição sendo pouco viável como opção de
via para se alcançar o útero em muitas raças como
a Santa Inês. A tração cervical, o uso de aplicadores especiais e de dilatadores cervicais têm sido
utilizados para aumentar o sucesso na transposição
da cérvix da ovelha, mas com resultados muito variáveis que dependem de fatores como, raça, idade,
ordem de parto, habilidade do inseminador, tipo de
sêmen dentre outros (TAQUEDA et al., 2011) além
de serem métodos questionáveis pelos traumas que
provoca, e demandarem maior capacitação em
comparação, por exemplo, à inseminação cervical.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As instituições brasileiras têm se mobilizado para preservar a diversidade biológica e conservar seus recursos genéticos animais e muitas
pesquisas estão sendo conduzidas para caracterizar
geneticamente e fenotipicamente os ovinos Santa
Inês. Apesar disso a falta de recursos, de incentivo
e conscientização ainda é grande. O ovino Santa
Inês, apesar das iniciativas promissoras tomadas
até o momento, ainda carece de mais ações de caracterização, agregação de valores e de melhoramento, especialmente utilizando-se as ferramentas
moleculares e reprodutivas para sua aceleração. Devemos continuar desenvolvendo atividades relacionadas à conservação deste patrimônio
nacional sob pena de uma irrecuperável perda da
sua originalidade e diversidade genética com consequentes prejuízos tecnológicos, econômicos, sociais e culturais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, M.G.O.; MACHADO, A. L.; MEIRA,
A.N. et al. Polimorfismos no gene da calpaína
(CAPN1) em ovinos Santa Inês. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 25, Fortaleza,
2015, Anais... Fortaleza: ABZ, 2015. p. 1-3.
AZEVEDO, H.C.; MUNIZ, E.N.; PAIVA, S. R. et
al. Prolificidade de ovelhas Santa Inês do genótipo
FecGE. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE RECURSOS GENÉTICOS, 3, Santos, 2014, Anais...
49
Hymerson Costa AZEVEDO1; Samuel Rezende PAIVA2 ; Concepta Margaret McMANUS3; Evandro Neves MUNIZ1; Amaury
Apolonio de OLIVEIRA1; Tania Valeska Medeiros DANTAS1; Luis Fernando Batista PINTO4; Rebeca Santos da SILVA5
Santos: SBRG, 2014, r.442.
BOUCHER, D.; PALIN, M.F.; CASTONGUAY,
F. et al. Detection of polymorphisms in the ovine
leptina (LEP) gene: Association of a single nucleotide polymorphism with muscle growth and meat
quality traits. Canadian Journal of Animal Science,
Ottawa, v.86, p.31–35, 2006.
CAUVERI, D.; SIVASELVAM, S.N.; KARTHICKEYAN, S.M.K. et al. Allelic polymorphism of
exon 3 of leptin gene in Nilagiri sheep identified by
sequencing and PCR-RFLP. International Journal
of Science, Environment and Technology, v.3, n.3,
p.951– 955, 2014.
IANELLA, P.; MCMANUS, C.; CAETANO, A.R.
et al. Avaliação dos polimorfismos do gene PRNP
ligados a scrapie clássica em Núcleos de Conservação de Ovinos no Brasil. In: Simposio de Recursos
Genéticos para América Latina e Caribe, 7, Pucón,
2009, Proceeding… Santiago: INIA, 2009. v. 2. p.
265-266.
JESUS, B.C.R.S.; MEIRA, A.N.; SANTOS, M.C.
et al. Polimorfismos no gene do hormônio do crescimento em ovinos Santa Inês. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 25, Fortaleza,
2015, Anais... Fortaleza: ABZ, 2015. p. 1-3.
KOOHMARAIE, M. Biochemical factors regulations the toughening and tenderization process of
CLARKE, I.J.; SMITH, J.T.; CARATY, A. Kiss- meat. Meat Science, v.43, p.193-201, 1996.
peptin and seasonality in sheep. Peptides, v. 30, p.
154-163, 2009.
LOPES, M. A.; MELLO, S.C.M. Estratégias para
Melhoria, Manutenção e Dinamização do Uso dos
EVANS, G.; MAXWELL, W.M.C. Inseminación Bancos de Germoplasma Relevantes para a Agriartificial de ovejas y cabras. Zaragoza: Acribia, cultura Brasileira. Campinas: Centro de Referên1990. 192 p.
cia em Informação Ambiental, CRIA, 2006 (Nota
Técnica). Disponível em: <http://www.cria.org.br/
FOLCHA, M.J.; COCEROB, P.; CHESNÉC, J.L. cgee/documentos/DinamizacaoAgronegocio.doc>
et al. First birth of an animal from an extinct subs- Acesso em 03 de junho de 2015.
pecies (Capra pyrenaica pyrenaica) by cloning.
Theriogenology, v. 71, p. 1026–1034, 2009.
MARIANTE, A. da S.; EGITO, A.A. Animal genetic resources in Brazil: result of five centuries
GALVÃO, J.M.; MEIRA, A.N.; MELO-FILHO, of natural selection. Theriogenology, v. 57, n.1, p.
G.M. et al. Polimorfismo no gene IGF1 em ovinos 223-235, 2002.
Santa Inês. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ZOOTECNIA, 25, Fortaleza, 2015, Anais... Forta- MAXWELL, W. M. C.; JOHNSON, L. A. Physioleza: ABZ, 2015. p. 1-3.
logy of spermatozoa at high dilution rates: The influence of seminal plasma. Theriogenology, v.52,
HAJIHOSSEINLO, A.; NEGAHDARY M. Sin- p.1353- 1362, 1999.
gle nucleotide polymorphism in growth hormone
gene exon-4 using PCR-SSCP in Makooei Sheep. PAIVA, S. R.; SILVÉRIO, V. C.; EGITO, A. A. et
Journal of Biology and today’s world, Dubai, v.2, al. Genetic variability of the Brazilian hair sheep
p.133-139, 2013.
breeds. Pesquisa Agropecuária Brasileira (1977.
Impressa), v. 40, n.9, p. 887-893, 2005.
HAWK, H. W. Sperm survival and transport in the
female reproductive tract. Journal of Dairy Scien- PINHEIRO, P.M.; MEIRA, A.N.; PEREIRA, I.S.
ce, Champaign, v. 66, n. 12, p. 2645-2660, 1983.
et al. Polimorfismo no gene MyF6 em ovinos Santa
HE, L; BAILEY, J.L.; BUHR, M.M. Incorporating Inês. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOlipids into boar sperm decreases chilling sensitivity TECNIA, 25, Fortaleza, 2015, Anais... Fortaleza:
but not capacitation potencial. Biology of Repro- ABZ, 2015. p. 1-3.
duction, v.64, p.69-70, 2001.
RODELLO, L. Validação de sistema automatiza50
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Hymerson Costa AZEVEDO1; Samuel Rezende PAIVA2 ; Concepta Margaret McMANUS3; Evandro Neves MUNIZ1; Amaury
Apolonio de OLIVEIRA1; Tania Valeska Medeiros DANTAS1; Luis Fernando Batista PINTO4; Rebeca Santos da SILVA5
do de refrigeração e congelação de sêmen ovino.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho. Medicina Veterinária, 2006. 70p.
SOUZA, T.C.; MELO-FILHO, G.M.; SOUZA,
T.C. et al. Polimorfismos no gene MyoD1 em ovinos Santa Inês. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE ZOOTECNIA, 25, Fortaleza, 2015, Anais...
Fortaleza: ABZ, 2015. p. 1-3.
SALAMON, S.; MAXWELL, W.M.C. Storage of
ram semen. Animal Reproduction Science, v.62, TAQUEDA, G.S.; AZEVEDO, H. C.; SANTOS,
p.77-111, 2000.
E. M. et al. Influência de aspectos técnicos e anatômicos nos índices de fertilidade baseado no deSANTOS, M.C.; MEIRA, A.N.; MELO-FILHO, sempenho da inseminação artificial transcervical
G.M. et al. Polimorfismos no gene da Leptina em em ovinos. ARS Veterinária (Online), v. 27, p. 127ovinos Santa Inês. In: CONGRESSO BRASI- 133, 2011.
LEIRO DE ZOOTECNIA, 25, Fortaleza, 2015,
Anais... Fortaleza: ABZ, 2015. p. 1-3.
VALCÁRCEL, A.; de las HERAS, M.A.; PÉREZ,
L. et al. Assessment of acrosomal status of memSILVA, B.D.M.; CASTRO, E.A.; SOUZA, C.J.H. brane-intact ram spermatozoa after freezing and
et al. A new polymorphism in the Growth and Di- thawing, by simultaneous lectin/Hoechst 33258
fferentiation Factor 9 (GDF9) gene is associated staining. Animal Reproduction Science, v. 45, p.
with increased ovulation rate and prolificacy in ho- 299-309, 1997.
mozygous sheep. Animal Genetics (Print), v. 42, p.
89-92, 2011.
WEINTRAUB, H. The MyoD family and myogenesis: redundancy, networks, and thresholds. Cell.
SOUZA, T. C.; MEIRA, A. N.; SOUZA, T. C. et v. 75, p. 1241-1244, 1993.
al. Polimorfismo no gene MyF5 em ovinos Santa
Inês. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 25, Fortaleza, 2015, Anais... Fortaleza:
ABZ, 2015. p. 1-3.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
51
Israel José da SILVA1; Luciano Rodrigues dos SANTOS2
IMPACTO AMBIENTAL DAS EXPLORAÇÕES AGROPECUÁRIAS: LEGISLAÇÃO
E INSERÇÃO PROFISSIONAL
Israel José da SILVA1; Luciano Rodrigues dos SANTOS2
RESUMO
Escola de Medicina Veterinária – UFMG, [email protected]
2
l s a n t o s ro d r i g u e s @
gmail.com.
1
O trabalho informa aos médicos veterinários e zootecnistas a importância do conhecimento da legislação ambiental no âmbito das ciências animais
na atual conjuntura de crise hídrica. A regulamentação ambiental vê na atividade agropecuária um enorme potencial poluidor e de grande impacto ambiental.
Logo atitudes devem ser tomadas para uma atividade que consome próximo de
70% da água doce do planeta. O texto traz uma súmula da legislação ambiental,
na preservação e utilização do recurso hídrico. Torna-se necessário uma abordagem do saneamento ambiental nos cursos de veterinária e zootecnia visando
mitigar efeitos do sistema de produção no meio ambiente com conteúdos voltados para o que demanda a legislação sobre águas residuárias, resíduos sólidos e
licenciamento de atividades. Outros profissionais atuam sem um envolvimento
no saber da ciência de produção e industrialização de produtos de origem animal. Ressalta-se que o uso da PH implantada na planilha de custo de produção
para obtenção de vantagens competitivas no mercado mundial de produtos e
serviços da cadeia animal pode ser uma ferramenta valiosa.
ABSTRACT
This paper aims to describe to veterinarians and zootechnists the importance of knowledge of environmental legislation (EL) regarding the animal
sciences and water crisis. The EL indicates the farming industry and animal
production as potential pollutant and of high environmental impact. Initiatives
are required to minimize the impact of an activity which consumes 70% of fresh
water of the planet. The manuscript compiles the environmental legislation regarding the use and preservation of water resources. The environmental sanitation regarding animal production and its legislation are discussed with perspective of veterinary and zootechnists activity for mitigating the impacts of sewage
water, solid residues and licensing. In spite of this, other professionals might
be overlooking such issue. The water usage, cleaning and adequate disposal of
residues should be included in the cost sheet.
52
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Israel José da SILVA1; Luciano Rodrigues dos SANTOS2
INTRODUÇÃO
A produção de animais no decorrer da evolução humana teve aspectos interessantes e paradoxais. A demanda por proteína animal e as grandes
concentrações urbanas nos tornaram reféns de se
produzir mais em menor tempo, com melhor qualidade, menor espaço e rentabilidade. Estas inovações resultaram em sérias complicações na produção de resíduos e contaminação ambiental.
A ciência da produção animal sempre focou
a qualidade de produção, mas o resíduo nunca foi
o objeto de maiores atenções. Hoje, as mudanças
climáticas e a escassez hídrica colocam em cheque
a questão dos resíduos de produção animal, o que
força a área técnica a trabalhar e inovar na questão
do lançamento indevido de efluentes, que a agropecuária produz em grande quantidade.
Os livros de Thomas Friedman (2005) “O
Mundo é Plano” e “O Ócio Criativo”, de Domenico de Massi (2000), fazem abordagens na direção dos desafios de sistemas de produção e relatam
que um novo olhar deve ser inserido nas diversas
formas de se produzir com quebra de paradigmas.
Como exemplos esses autores falam das inovações
relativas à forma de voar da hélice para a propulsão
à jato; a medição do tempo da ampulheta ao relógio de quartzo; os sistemas de alocação de estoques
que evoluiu da distribuição para o almoxarifado ao
sistema Just in Time.
A utilização racional da água como ferramenta de produção, a atenção à legislação, os padrões de lançamento, o reúso e finalmente, a PH,
são formas mais abrangentes de se mensurar o
consumo de água na produção da agropecuária e
agroindústria.
QUALIDADE EM PRODUÇÃO
Dentre as várias formas de se agregar valor
ao produto, temos a sua constituição, origem e certificação. Outras estratégias seriam hora trabalhada
por unidade de produto, matéria prima, produção
sustentável e PH. A economia ou racionalização do
uso da água podem ser gerenciadas em cada processo, resultando em redução da PH sem prejuízo
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
da qualidade.
A raspagem dos dejetos e compostagem e
sistema de cama sobreposta são formas de redução
do consumo de águas na produção de alguns animais além de favorecer o processo de incorporação
do material carbonáceo nos dejetos, promovendo
bem estar ao animal com baixo custo de implantação e não geração de efluentes.
A captação de água pode ser feita com estruturas e dispositivos com a finalidade de racionalizar seu uso, como o uso da água de chuva; galeria filtrante; poço escavado e tubular profundo e
por tomada direta em rios, lagos e açudes. O uso
de bebedouros tipo chupeta em granjas de suínos
pode economizar até 25% do consumo diário de
água das matrizes e o reuso de água em sistemas
confinados usados após o “flushing” e lavagens de
instalações, também seriam medidas favoráveis à
racionalização do uso da água.
Quando analisamos o esgoto urbano, o padrão de carga orgânica é pouco variável, sendo este
usado como referência para o tratamento de efluentes de atividades agropecuárias, guardadas as devidas proporções de cargas. Entretanto, em sistemas
de produção animal há uma grande amplitude na
vazão e geração de efluentes devido às variações da
qualidade da mão de obra, layout das instalações e
tipo de ração em cada sistema e/ou fase de criação.
Logo, como não existe um padrão de consumo de
água na higienização das instalações de animais, o
dimensionamento do sistema de tratamento deverá
ter a participação de profissionais da área, como
o médico veterinário e zootecnista, de forma a dimensionar as unidades de tratamento sem o comprometimento da qualidade de produção.
AÇÕES PARA O USO RACIONAL DA ÁGUA
As ações para o uso racional da água podem
ser feitas com uso de hidrômetros, medidores de
vazão (Calha Parshall), bebedouros mais eficientes
e água pressurizada. Pouco se fala na quantidade
de água consumida por setor de produção, sendo
rara a mensuração deste consumo. Em projetos
agropecuários, raramente são instalados medidores de vazão, importantes no dimensionamento dos
53
Israel José da SILVA1; Luciano Rodrigues dos SANTOS2
sistemas biológicos de tratamento. A redução da
quantidade de água por unidade de produto acabado influencia de forma direta o custo de produção.
Atualmente o custo do m3 de água pode variar de
R$1,70 até R$3,40 em Belo Horizonte, MG.
O tratamento de efluentes consiste em evitar
a sobrecarga de matéria orgânica em rios e córregos
com consequente redução do risco de transmissão
de doenças, agregando valor à produção animal,
melhorando a condição do solo e reduzindo gases
do efeito estufa. Assim, torna-se necessário conhecer o perfil dos efluentes, para que possamos usá-lo
de forma mais racional e produtiva. A formação
técnica atual nas áreas de medicina veterinária e
zootecnia dão pouca ênfase à questão ambiental,
deixando estes cursos órfãos, delegando competências a áreas que não “conversam” limitando as
possíveis inovações para solucionar o problema.
Poucos dados na literatura são referentes à composição e tratamento de dejetos em escala real, o
que torna empírico as ações para reduzir os efeitos
da poluição, distanciando estes profissionais das
estratégias de mitigação previstas pela legislação.
Logo, a capacitação é de fundamental importância
para avançarmos nesta ciência.
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
No Brasil as leis ambientais instituídas para
disciplinar o uso dos recursos naturais (água, solo,
ar, florestas), constam na Constituição Federal, no
Código Florestal Brasileiro, na Lei de Crimes Ambientais, na Política Nacional do Meio Ambiente,
na Política Nacional dos Recursos Hídricos, além
das resoluções do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA/1974).
Para o empreendedor atender às regulamentações requeridas pelo poder público, referente ao
Licenciamento ambiental, Autorização Ambiental
de Funcionamento, Outorga de Direito de Uso de
Recursos Hídricos, Cadastro de Uso Insignificante,
Supressão de Vegetação Nativa e Intervenção em
Área de Preservação Permanente, deverão proceder a regularização ambiental.
A REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL
(R.A) é o ato pelo qual o empreendedor atende às
54
precauções requeridas pelo poder público referente
ao Licenciamento ambiental, Autorização Ambiental de Funcionamento, Outorga de Direito de Uso
de Recursos Hídricos, Cadastro de Uso Insignificante, Supressão de Vegetação Nativa e Intervenção em Área de Preservação Permanente.
Em Minas Gerais, a R.A é expedida e supervisionada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental
(COPAM), por meio das Câmaras Especializadas,
Unidades Regionais Colegiadas, Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Fundação Estadual do Meio
Ambiente, Instituto Mineiro de Gestão das Águas
e do Instituto Estadual de Florestas, (Art. 1° do Decreto Estadual n° 44.844/08-SEMAD, 2008).
Entende-se por RESERVA LEGAL (RL)
a área localizada na propriedade ou posse rural,
excetuada a área de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais,
à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. Segundo o
Código Florestal, a RL de propriedades no Bioma
Cerrado deverá ocupar, no mínimo, 20% de sua
área. Nas propriedades rurais situadas em áreas de
Cerrado da Amazônia Legal, a RL deve ser no mínimo, 35% da área da propriedade, podendo 20%,
no mínimo, estar situada dentro da propriedade e
15% na forma de compensação em outra área, localizada na mesma micro bacia.
Em propriedades rurais situadas na Amazônia Legal, a RL deve ser de 80% da área dessas
propriedades. Caso essa propriedade seja situada
em área de floresta e de Cerrado de forma simultânea, o percentual de RL será definido considerando
cada situação separadamente.
Respeitadas as peculiaridades locais e o uso econômico da propriedade, a RL será demarcada em
continuidade a outras áreas protegidas, evitando-se
a fragmentação dos remanescentes da vegetação
nativa e mantendo-se os corredores necessários ao
abrigo e ao deslocamento da fauna silvestre.
A RL em condomínios devem ser, preferencialmente, na micro bacia hidrográfica em que se localiza a propriedade. A localização da RL deve ser
aprovada pelo órgão ambiental estadual competente, devendo ser registrada e averbada em cartório.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Israel José da SILVA1; Luciano Rodrigues dos SANTOS2
Após registro, o produtor deverá providenciar o to.
preenchimento do Ato Declaratório Ambiental, no As unidades de conservação de proteção
IBAMA.
integral são compostas pelas seguintes categorias:
Parque Nacional, Reserva Biológica, Estação EcoAs ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PER- lógica, Reserva Ecológica e Reserva Privada do
MANENTE (APP) são áreas protegidas, cobertas Patrimônio Natural –(nos Estados de MG, MT, PR
ou não por vegetação nativa, com a função de pre- E BA). As unidades de uso sustentável são comservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabili- postas pelas seguintes categorias: Reserva Extradade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de tivista, Área de Proteção Ambiental, Floresta Nafauna e flora, a proteção do solo e equilíbrio eco- cional e Área de Relevante Interesse Ecológico.
lógico às áreas de cultivo assegurando o bem estar
das populações humanas e animais. Consideram-se O LICENCIAMENTO AMBIENTAL
APPs, as florestas e demais formas de vegetações (LA) é conceituado pela Resolução CONAMA
naturais situadas ao longo dos rios ou de qualquer 237/97, como sendo o procedimento administraticurso d’água desde o seu nível mais alto em faixa vo pelo qual o órgão ambiental competente licencia
marginal com largura mínima estabelecida de 30 a localização, instalação, ampliação e a operação
a 500 metros de preservação para rios de 10 a 600 de atividades utilizadoras de recursos ambientais,
metros de largura respectivamente.
consideradas potencialmente poluidoras ou que
possam causar degradação ambiental.
Também são classificadas como APPs,
áreas ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios O LA é composto pelas licenças: Prévia
d’água naturais ou artificiais, nascentes, ainda que (LP), de Instalação (LI) e de Operação (LO). Cada
intermitentes e os chamados “olhos d’água”, qual- uma refere-se a uma fase distinta do empreendiquer que seja a sua situação topográfica, num raio mento e segue uma sequência lógica.
mínimo de 50 m (cinquenta metros) de largura.
Topo de morros, montes, montanhas e serras; en- • LP: Concedida na fase preliminar do planejacostas ou partes destas, com declividade superior mento da atividade aprovando a localização, cona 45º, equivalente a 100% na linha de maior de- cepção, viabilidade ambiental e estabelecendo os
clive; restingas, como fixadoras de dunas ou esta- requisitos e condicionantes a serem atendidos nas
bilizadoras de mangues; bordas dos tabuleiros ou próximas fases de implementação;
chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, • LI: Autoriza a instalação do empreendimento de
em faixa nunca inferior a cem metros em projeções acordo com as especificações constantes dos plahorizontais e em altitude superior a 1.800 m (mil e nos, programas e projetos aprovados, incluindo as
oitocentos metros). Para regularizar as APPs, deve medidas de controle ambiental e condicionantes,
ser elaborado um laudo técnico por profissional da qual constituem motivo determinante;
qualificado em georreferenciamento, plotando-se • LO: Autoriza a operação da atividade, após a veas APPs em mapa.
rificação do cumprimento das licenças anteriores,
com as medidas de controle ambiental e condicioAs UNIDADES DE CONSERVAÇÃO nantes determinados para a operação.
foram instituídas pela lei n° 9.985, de 18/07/2000,
sendo consideradas como espaços territoriais e Na fase de planejamento, diz-se que está
seus recursos ambientais, incluindo as águas juris- ocorrendo licenciamento preventivo. Caso esteja
dicionais, com características naturais relevantes, em momento de instalação ou operação, considelegalmente instituídos pelo Poder Público, com ob- ra-se que o licenciamento como corretivo, podenjetivos de conservação e limites definidos. As Uni- do ter a licença de instalação corretiva (LIC) ou a
dades de conservação são classificadas em Unida- licença de operação corretiva (LOC).
des de conservação de proteção integral ou de uso
indireto dos seus recursos naturais e Unidades de O procedimento de LA deve obedecer ao
conservação de manejo sustentável, ou de uso dire- órgão ambiental integrante do SISNAMA, com os
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
55
Israel José da SILVA1; Luciano Rodrigues dos SANTOS2
documentos, projetos e estudos, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente.
Neste procedimento deverá constar, a declaração
de conformidade da Prefeitura Municipal conforme a legislação aplicável. A LA não exime o empreendedor da obtenção de outras autorizações ambientais como a de recursos hídricos, que também
necessitarão da outorga, conforme Lei 9.433/97, da
Política Nacional de Recursos Hídricos.
A DELIBERAÇÃO NORMATIVA (DN)
COPAM n° 74/ 2004 é a norma legal que regulamenta o licenciamento ambiental em Minas Gerais
estabelecendo critérios para a classificação dos
empreendimentos com porte e potencial poluidor.
De acordo com a DN 74/04 os empreendimentos
são classificados em seis classes, que iniciam na
classe Um de pequeno porte e pequeno potencial
poluidor à classe Seis de grande porte e grande potencial poluidor.
BOVINOCULTURA CLASSE/ LICENÇA
DE LEITE
PORTE
DE 200 A 1000 CA1
(AAF)*
BEÇAS
DE 1000 A 2000 CA3
(RCA e
BEÇAS
PCA)
MAIS DE 2000 CA5
(RCA e
BEÇAS
PCA)
*necessário RT e compromisso do produtor
Fonte: DN COPAM nº 130/2009
O licenciamento dos recursos hídricos está
regulamentado na Constituição Federal (Lei nº
9.433, de 08/01/1997, que institui a Política de Recursos Hídricos) e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Brasil. Para o licenciamento e uso das águas devem ser respeitados os
critérios de uso da água, superficial ou subterrânea,
definidas para cada bacia ou sub-bacia devendo ter
um prazo definido e podendo ser suspensa em situações diversas de grave degradação ambiental, situações de calamidade e condições climáticas adversas. São passíveis de outorga do uso da água todas
as aplicações que alterem o regime, a quantidade
ou a qualidade da água existente em um curso de
água, excetuando-se os usos considerados insignificantes que são passíveis de cadastramento junto à
autoridade outorgante.
Os empreendimentos enquadrados nas
classes Um e Dois são de impacto ambiental não
significativo e dispensados do licenciamento ambiental. Entretanto, devem requerer a Autorização
Ambiental de Funcionamento (AAF), que é um
processo rápido e simples para a regularização ambiental. Nas demais classes exigem-se as licenças
prévia, de instalação e de operação. As atividades
nas quais é obrigatória a regularização ambiental
são classificadas como Atividades Minerárias, Industriais (Metalurgia, Química e Alimentícia), de Os Recursos hídricos que independem
Infraestrutura; Serviços, Comércio Atacadista e de outorga em Minas Gerais (DN CERH-MG nº
Atividades Agrossilvipastoris.
09/2004) são as captações e derivações de águas
superficiais de 0,5 a 1 litro/segundo. Acumula
Segundo a DN COPAM nº 130/2009, na ções de águas superficiais de 3000 até 5.000 m³ e
Lista - G de Atividade Agrosilvipastoril (G-02-07- as captações subterrâneas, como poços manuais,
0), enquadram-se a bovinocultura de leite, bubali- surgências e cisternas, com volume menor ou igual
nocultura de leite e caprinocultura de leite. Essas a 10 m3/dia. E as captações de águas subterrânesão classificadas quanto ao potencial poluidor/ de- as em poços tubulares, em área rural, menores ou
gradador pequeno no ar, pequeno na água e mé- iguais a 14.000 litros/dia, por propriedade (DN no
dio no solo, sendo consideradas como atividades 34/2010).
de médio potencial poluidor. Quanto ao tamanho a
classificação respeita o quadro abaixo:
A Pegada Hídrica (PH) é um termo quantitativo que indica a apropriação dos recursos naturais pelo homem ou o estresse ambiental causado
por ele. Esse conceito integra aqueles que foram
desenvolvidos pelas ciências ambientais na última
década como Pegada Ecológica e de Carbono. A
56
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Israel José da SILVA1; Luciano Rodrigues dos SANTOS2
pegada ecológica mede o uso do espaço bioprodutivo (em hectares). A pegada de carbono mede a
quantidade de gás do efeito estufa (GEE) que é produzida em unidades de carbono equivalente (em
toneladas) e a PH mede o uso da água (m³/ano). Os
três indicadores são complementares e mensuram
referenciais distintos. No caso da PH é importante
especificar o espaço e o tempo, porque a disponibilidade de água varia muito, como por exemplo, em
função da época do ano. Logo sua apropriação deve
ser considerada no contexto local.
processos produtivos, resultará em produtos mais
competitivos em um cenário futuro de escassez hídrica.
O uso da água nas cadeias produtivas ganhou interesse após o conceito de ‘PH’ introduzida
por Hoekstra, em 2002 (Hoekstra,2003). É um indicador que considera não apenas o uso direto por
um consumidor ou produtor, mas, seu uso indireto, podendo ser considerado um referencial abrangente da apropriação do recurso hídrico.
Os componentes de uma PH total são especificados geográfica e temporalmente, sendo calculados da seguinte forma:
3. DN COPAM nº 130, 14/01/09. D.E. Minas Gerais 16/01/09. http://sisemanet.meioambiente.mg.
gov.br/mbpo/recursos/DeliberaNormativa74.pdf
BIBLIOGRAFIA
1.www.meioambiente.mg.gov.br Secretaria de Estado de Meio-Ambiente
2.http://waterfootprint.org/media/downloads/ManualDeAvaliacaoDaPegadaHidrica.pdf
4.SABMiller,2009.http://d2ouvy59p0dg6k.cloudfront.net/downloads/sab0425_waterfootprinting_
text_artwork.pdf
PH = PH + PH + PH
total
azul
verde
cinza
Onde:
- PH total: soma das pegadas azul, verde e cinza
e os vários passos relevantes do processo de sua
elaboração.
- PH azul: consumo de água azul (superficial e subterrânea) ao longo de sua cadeia produtiva.
- PH verde: consumo de água verde para o desenvolvimento das culturas (considera-se que nem
toda água verde é absorvida, havendo evaporação
de água do solo. Além disso, nem todas as áreas e
períodos do ano são adequados para as culturas).
- PH cinza: definida como o volume de água doce
necessário para assimilar ou diluir a carga de poluentes, de forma que eles se tornem inócuos.
A ideia da PH é bem demonstrada na fabricação de uma garrafa de cerveja na África do Sul
que é de 155L comparada com a da Tchecoslováquia que é de 45L por unidade (SABMiller, 2009).
Logo, as variáveis como formação profissional, conhecimento da legislação e adequação da PH aos
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
57
Jenner Karlisson Pimenta dos REIS1
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DA ANEMIA INFECCIOSA EQUINA
Jenner Karlisson Pimenta dos Reis1
Laboratório de Retroviroses da Escola de Veterinária da UFMG
1
58
A anemia infecciosa eqüina (AIE) representa um grande problema mundial e afeta, exclusivamente os equídeos, sendo endêmica em certas regiões,
particularmente aquelas onde existem grandes populações de insetos vetores.
Embora a prevalência média da AIE no Brasil seja de aproximadamente 3%,
em certas regiões como o Pantanal Matogrossense e Amazônia, estes índices
podem alcançar taxas superiores a 24%. O controle da AIE tem sido feito predominantemente pela identificação de animais positivos pela sorologia tendo
como principal teste a imunodifusão em gel de ágar (IDGA). Testes de ELISA
(Enzyme linked immunosorbent assay) têm sido desenvolvidos e disponibilizados comercialmente e também podem contribuir para a identificação de animais
soropositivos devido a alta sensibilidade. Porém existem situações em que há
discordância entre o IDGA e o ELISA, neste caso testes mais sensíveis como
o imunoblot e os testes moleculares poderiam esclarecer o verdadeiro status
de infecção dos animais com resultados discordantes. Além da identificação de
animais infectados com conseqüente eutanásia ou segregação dos positivos, o
controle efetivo da AIE deve ser baseado em medidas de educação sanitária
para minimizar a disseminação do vírus mediada pelo homem que constitui um
eficiente vetor de transmissão.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Renaldi Feitosa BRITO1, Maria Aparecida Vasconcelos Paiva e BRITO2
QUALIDADE E SEGURANÇA DO LEITE
E DERIVADOS
Quality and safety of milk and dairy products
José Renaldi Feitosa BRITO1, Maria Aparecida Vasconcelos Paiva e BRITO2
RESUMO
Veterinário, PhD. Membro do
NUVLAC (Núcleo de Valorização de Lácteos), UFJF, Juiz de
Fora, MG; britorenaldi@gmail.
com
2
Farmacêutica-Bioquímica,
PhD. Pesquisadora, Embrapa
Gado de Leite, Rua Eugênio do
Nascimento, 610, 36038-330
- Juiz de Fora, MG; [email protected]
1
A qualidade do leite é definida com base na sua composição e higiene.
A contagem de células somáticas (CCS) é o principal indicador de qualidade e
o limite usado no mercado internacional é de 400.000 células por mililitro de
leite. A CCS indica a situação de mastite nos rebanhos. O controle dessa doença
é um dos maiores desafios para os produtores de leite. Alta CCS e alta contagem
de bactérias no leite cru interferem com o rendimento de queijos e a qualidade, a vida de prateleira e as características sensoriais do leite e seus derivados.
Patógenos alimentares podem contaminar o leite cru e até o leite industrializado, como consequência da contaminação durante e após o processamento. A
presença de resíduos de substâncias químics, notadamente os antimicrobianos,
pode afetar a manufatura de produtos fermentados e a saúde dos consumidores.
Isso torna imperativo o uso prudente dessas drogas pelos produtores de leite. É
importante, portanto, a adoção de programas de boas práticas, tanto na produção
primária quanto na indústria. Os consumidores estão atentos para todos esses
aspectos. Ignorar esses fatos pode colocar em risco a sobrevivência do setor.
PA L AV R A S - C H AV E
contagem de células somáticas, contaminantes, economia, mastite, resíduos de antibióticos, resíduos de antibióticos.
ABSTRACT
Milk quality is defined on the basis of its composition and hygiene. The
somatic cell count (SCC) is the main indicator of milk quality and the limit of
400,000 cells per milliliter of milk is adopted in the international market. The
SCC indicates the mastitis situation in herds, making control of this disease a
major challenge for producers. High somatic cell and bacteria counts in raw
milk adversely affect cheese yield and the quality, shelf life and sensory characteristics of processed milk and dairy products. Food pathogens can be found
in raw milk, and in processed milk and dairy products as a result of post-processing contamination. The presence of chemical residues, notably antibiotics,
may affect the manufacture of fermented products and the health of consumers.
Prudent use of these drugs is an issue for dairy farmers. It is recommended, therefore, the adoption of good dairy practice programs, both in primary production
and in processing plants. Consumers are aware of all these aspects. Ignoring
these facts could jeopardize the sector’s survival.
KEYWORDS
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
antibiotics residues, contaminants, economics, mastitis, microorganisms, somatic cell
counts.
59
José Renaldi Feitosa BRITO1, Maria Aparecida Vasconcelos Paiva e BRITO2
INTRODUÇÃO
A qualidade do leite cru engloba critérios
relacionados à composição (gordura, proteína, lactose, sólidos totais) e higiene [contagem total de
bactérias, contagem de células somáticas (CCS)],
ausência de patógenos, ausência de resíduos de
drogas veterinárias (NOUSIAINEN et al., 2007;
MORE, 2009). As legislações nacionais e internacionais tratam do atendimento de parâmetros
definidos para esses critérios. A CCS é o padrão
internacional de qualidade do leite, com limite de
400.000 células/ml, sendo adotado na Europa e alguns países como Argentina, Austrália e Nova Zelândia (MORE, 2009). A falta de qualidade e de
segurança do leite e derivados tem implicações
econômicas danosas para toda a cadeia do leite
(HOGEVEEN et al., 2011).
nhado pelos agentes da assistência técnica e da extensão rural (HOGEVEEN et al., 2011). Existe um
acervo de tecnologias e informações, para orientar os produtores a cumprir as normas e se manter
na atividade. Sem essa orientação, dificilmente os
produtores alcançarão os parâmetros exigidos.
REQUISITOS DE QUALIDADE
2.1 Demandas para o produtor de leite
Os parâmetros de qualidade a serem alcançados pelos produtores são relativos à composição
e higiene e incluem o aumento do conteúdo de
sólidos, especialmente proteína e gordura, baixas
contagens de bactérias e de células somáticas, ausência de fraudes, especialmente água adicionada,
e ausência de resíduos químicos, especialmente antibióticos. O item mais relevante do ponto de vista
econômico é a produção de leite com baixa CCS
(RENEAU e PACKARD, 1991). O leite com alta
CCS contribui para reduzir a qualidade, o rendimento industrial ou a vida de prateleira de praticamente todos os derivados lácteos (ROGERS e MITCHELL, 1994; AULDIST et al., 1996; COONEY
et al., 2000; SANTOS et al., 2003; MAZAL et al.,
2007).
Outros fatores que prejudicam a qualidade
e a segurança do leite e derivados quase sempre
são associados à produção primária. Os programas
para melhorar e manter a qualidade e a segurança
desses produtos são dirigidos aos produtores, por
uma razão: depois que o leite é secretado, não se
pode melhorar sua qualidade, e muito pode acontecer para que ocorra o contrário (HAYES e BOOR,
2001). Entretanto, produtores de leite respondem
de maneira positiva quando recebem bonificações 2.2 A mastite e a CCS
pela alta qualidade do leite produzido (NIGHTINGALE et al., 2008).
Mastite é a inflamação da glândula mamária em resposta a uma infecção, geralmente causa
As normas aplicadas para garantir a quali- da por bactérias. Traumas mecânicos e térmicos e
dade e a segurança do leite e derivados têm como injúrias químicas predispõem a glândula mamária a
objetivos atender a satisfação e a saúde do con- infecções. Quando um quarto mamário é infectado,
sumidor (RENEAU e PACKARD, 1991; MORE, a bactéria e os tecidos mamários produzem subs2009). Novas exigências são esperadas, caso o tâncias quimiotáticas, que atraem especialmente os
Brasil se torne exportador de leite e derivados. neutrófilos polimorfonucleares do sangue (COOEssas novas exigências incluem a adoção de boas NEY et al., 2000; ZHAO e LACASSE, 2008). Espráticas de produção, o que significa maior aten- tes leucócitos invadem o tecido mamário e atingem
ção ao meio ambiente, em especial com as fontes o leite na luz dos alvéolos. O grau de inflamação é
e uso da água, adoção de práticas que favoreçam o proporcional ao número de leucócitos que são enconforto e bem-estar animal, respeito às leis traba- contrados na glândula mamária, mas essa resposta
lhistas e de proteção da criança e do adolescente, está também associada ao tipo de bactéria envolestabelecimento de programas de saúde e nutrição vida. A bactéria Streptococcus agalactiae sozinha
adequada dos animais, e gestão da propriedade ou associada a Staphylococcus aureus geralmente
(OIE ANIMAL PRODUCTION FOOD SAFETY é responsável por altas CCS (LOPES JR. et al.,
WORKING GROUP, 2006).
2012).
Papel importante nesse aspecto é desempe- De acordo com vários autores (ex. RE60
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Renaldi Feitosa BRITO1, Maria Aparecida Vasconcelos Paiva e BRITO2
NEAU e PACKARD, 1991; MIDDLETON et al.,
2014) os custos da mastite são geralmente devidos
a: (a) Redução da produção de leite, que responde
por aproximadamente 70% do custo total da mastite; (b) Descarte de leite de animais tratados com
antibióticos; (c) Custos veterinários; (d) Custos
com aumento da mão de obra; (e) Custos com descarte ou morte de animais; (f) Penalidades ou redução de bônus pagos pela indústria. O descarte do
leite e a redução da produção respondem por mais
ou menos 85% do custo da mastite clínica. O cálculo desses custos é difícil de obter, e não há total
concordância de método entre os autores (HOGEVEEN et al., 2011), mas todos reconhecem que a
mastite é a doença que maiores prejuízos causa aos
produtores de leite. Somente nos Estados Unidos
as perdas são superiores a dois bilhões de dólares
por ano.
do prescrito em que o leite do animal tratado não
deve ser misturado ao leite de animais não tratados
(HURLEY, 2015). O descumprimento dessa ação
pode resultar em sérios prejuízos para a indústria,
especialmente no caso dos produtos fermentados,
e coloca em risco a saúde do consumidor (BRITO,
2000).
A presença de resíduos de antibióticos em
alimentos é motivo de preocupação mundial (KENNY, 2013). No Brasil vários levantamentos indicam a presença desses resíduos no leite, como
relatado por Bando et al. (2009). Estes autores
encontraram alta prevalência (41,3%) de resíduos
em leite pasteurizado no Estado do Paraná. Além
de antimicrobianos permitidos, mas para os quais
não deve ter sido observado o tempo de retirada do
leite para consumo, houve relato de presença de resíduos de cloranfenicol, medicamento proibido no
Brasil para animais de produção. Esses dados in2.3 Alterações na composição do leite, em decor- dicam a necessidade de maior conscientização dos
rência da mastite, e seus efeitos sobre a qualidade produtores e de vigilância efetiva pela indústria e
A mastite causa alterações na composição do lei- órgãos oficiais.
te (COONEY et al., 2000; ZHAO e LACASSE,
2008; HURLEY, 2015), que afetam adversamente 2.5 Altas contagens de bactérias no leite do rebaa qualidade e podem reduzir o valor do leite pago nho (leite do tanque) e consequências para a sua
ao produtor. Algumas dessas alterações são: (a) re- industrialização
dução da síntese da lactose; (b) proteólise da case- Nos países onde os programas de qualidade do leite
ína, devido à presença de plasmina e enzimas pro- estão consolidados, considera-se adequada a conteolíticas de leucócitos e de bactérias, resultando tagem total de bactérias de até 10.000 por mililitro
em redução do coágulo, redução do rendimento do no leite do rebanho. Altas contagens de bactérias
queijo, alterações da textura de produtos fermen- no leite do tanque pode significar que o leite está
tados, produção de peptídeos, aroma desagradável sendo contaminado após a ordenha, e/ou que há
e sabor amargo; (c) alterações da gordura do leite, grande proporção de vacas infectadas, que contripela ação da lipase nas membranas dos glóbulos buem com grande número de bactérias. Isso é parde gordura, que resulta na quebra de triglicerídeos, ticularmente verdadeiro para vacas infectadas com
oxidação de ácidos graxos e presença de sabores “patógenos contagiosos” da mastite. Quando há
estranhos; (d) alterações do potencial elétrico ao grande número de S. aureus no leite do tanque, isso
longo da membrana apical (Na+, Cl-, K+) (com- provavelmente indica a presença de alta proporção
pletar); (e) aumento da CCS; (f) aumento das pro- de vacas cronicamente infectadas. A presença de
teínas do soro (albumina, imunoglobulinas) e do qualquer número de S. agalactiae indica que esse
pH (bicarbonato).
organismo é a causa de problemas de mastite. S.
agalactiae somente sobrevive no úbere e conside2.4 Resíduos de antibióticos no leite
ra-se que a sua presença no leite provém de úberes
O amplo emprego de antibióticos em rebanhos infectados (KEEFE, 2012).
com problemas de mastite é um dos principais res- As consequências da baixa qualidade miponsáveis pela presença de resíduos dessas drogas crobiológica do leite cru são conhecidas e causam
no leite (RUEGG e TABONE, 2000). Os antibió- prejuízos ao produtor e à cadeia do leite como um
ticos persistem nos tecidos por períodos variáveis todo. Quando o leite não é refrigerado, há o risapós o tratamento. Cada antibiótico tem um perío- co de multiplicação de microrganismos mesófilos,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
61
José Renaldi Feitosa BRITO1, Maria Aparecida Vasconcelos Paiva e BRITO2
capazes de acidificar o leite, tornando-o impróprio
para a industrialização (HAYES e BOOR, 2001)
e com perda total para o produtor. Com o advento
da refrigeração do leite desde a fazenda, o risco é
o crescimento de bactérias psicrotróficas, que produzem lipases e proteases (PINTO et al., 2013).
Essas enzimas são termoestáveis e causam problemas como alterações de sabor e aroma, instabilidade térmica do leite, redução do rendimento na
produção de queijos, coagulação do leite durante a
pasteurização, gelificação do leite UHT etc. e são
responsáveis pela rejeição desses produtos pelos
consumidores.
ficados como perigos biológicos, a contaminação
do leite e derivados com químicos, especialmente
antibióticos (classificados como perigos químicos)
deve ser considerada (ver item 2.4 - Resíduos de
antibióticos no leite).
O PAPEL DO CONSUMIDOR
Historicamente, a vigilância sanitária aplicada ao leite e derivados foi estabelecida para
salvaguardar a saúde da população. Brucelose,
tuberculose e outras doenças, cujos agentes eram
encontrados no leite cru, eram amplamente disseminadas e constituíam importante risco à saúde
SEGURANÇA DO LEITE E DERIVADOS
pública. Desde a universalização do processo de
pasteurização, após as primeiras décadas do século
As doenças transmitidas por alimentos passado, essas doenças deixaram de ser uma preo(DTA) são um problema crescente de saúde públi- cupação relacionada ao consumo do leite e derivaca tanto em países desenvolvidos quanto em países dos nos países desenvolvidos.
em desenvolvimento (WHO 2010). Essas doenças
são geralmente de natureza infecciosa ou tóxica, Por muitos anos, o leite, nos países desene causadas por agentes ou toxinas que são ingeri- volvidos ganhou a reputação de ser o “alimento mais
dos com o alimento. As bactérias Salmonella spp., perfeito da natureza” (RENEAU e PACKARD,
Campylobacter spp., Escherichia coli, S. aureus e 1991). A indústria de lácteos precisa manter essa
Listeria monocytogenes são citados entre os agen- reputação, porque a disputa pelo mercado de alites mais envolvidos ou que maiores danos causam mentos é cada vez mais acirrada. Atualmente, a
à saúde do consumidor (KENNY, 2013). Esses preocupação dos consumidores volta-se cada vez
agentes são encontrados mais frequentemente em mais para a garantia da saúde e bem-estar animal,
alimentos crus, incluindo o leite não pasteurizado o uso prudente de medicamentos veterinários e a
e seus derivados. Os queijos Minas Frescal e de resistência a antimicrobianos (MIDDLETON et
Coalho estão entre os mais consumidos no Brasil al., 2014). Essas demandas apresentam potencial
e tem sido demonstrado que podem ser contami- impacto sobre a maneira como se tratará e prevenados com patógenos, que incluem L. monocyto- nirá a mastite no futuro. Por outro lado, a pressão
genes, Salmonella spp. e S. aureus (DESTRO et do comércio internacional pela rastreabilidade dos
al., 1991; SILVA et al., 1998; CARMO et al., 2002; alimentos, tem resultado em mais demandas para
BRANCO et al., 2003; BRITO et al., 2008).
a produção de leite e derivados (NOUSIAINEN et
al., 2007; KENNY, 2013).
Alimentos industrializados que foram contaminados durante ou após a pasteurização e o pro- CONSIDERAÇÕES FINAIS
cessamento inadequados são também responsabilizados como veiculadores de patógenos alimentares A qualidade e a segurança do leite têm
(TOMPKIN 2002; BRITO et al., 2008). O risco impacto direto sobre a rentabilidade da produção
para os consumidores é maior quando o crescimen- primária, o processamento industrial e a saúde dos
to de microrganismos ocorre em alimentos proces- consumidores. Os consumidores se tornam cada
sados, prontos para consumo (TOMPKIN 2002), vez mais exigentes com relação aos métodos de
que é o caso de muitos tipos de queijos e outros produção e especialmente com os cuidados disderivados lácteos.
pensados aos animais, e poderão influenciar, de
maneira positiva ou negativa, o sucesso da cadeia
Além dos patógenos alimentares, classi- de lácteos. O mercado internacional de lácteos tem
62
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Renaldi Feitosa BRITO1, Maria Aparecida Vasconcelos Paiva e BRITO2
tendência a crescer e poucos países têm condições
de ampliar significativamente sua produção e se
tornar exportadores. Uma das mais importantes
barreiras para os países exportadores é o atendimento às exigências de ordem higiênico-sanitárias,
com destaque para a CCS. A redução da CCS para
atendimento das exigências atuais é uma tarefa que
exige muito mais do que tem sido costumeiro no
Brasil, tanto pelos órgãos oficiais quanto pela indústria.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
p.9-14, 2002.
COONEY, S.; TIERNAN, D.; JOYCE, P. et al. Effect of somatic cell count and polymorphonuclear leucocyte content of milk on composition and
proteolysis during ripening of Swiss-type cheese. Journal of Dairy Research, Cambridge, v.67,
p.301-307, 2000. DESTRO, M. T.; SERRANO,
A. M.; KABUKI, D. Y. Isolation of Listeria species from some Brazilian meat and dairy products.
Food Control, Oxford, v. 2, p.110-112, 1991.
HAYES, M. C.; BOOR, K. Raw milk and fluid
AULDIST, M.J.; COATS, S.; SUTHERLAND, milk products. In: MARTH, E.E.; STEELE, J.L.
B.J. et al. Effect of somatic cell count and stage Applied Dairy Microbiology. 2.ed. New York:
of lactation on the quality and storage life of ul- Marcel Dekker, 2001. p. 59-76.
tra temperature milk. Journal of Dairy Research,
Cambridge, v. 63, p.377-388, 1996.
HOGEVEEN, H.; HUIJPS, K.; LAM, T.J.G.M.
Economic aspects of mastitis: new developments.
BANDO, E.; OLIVEIRA, R.C.; FERREIRA, New Zealand Veterinary Journal, Palmerston NorG.M.Z. et al. Occurrence of antimicrobial residues th, v. 59, n.1, p.16-23, 2011.
in pasteurized milk commercialized in the State
of Parana, Brazil. Journal of Food Protection, Des HURLEY, W.L. Lactation biology website. DispoMoines, v.72, n.4, p. 911-914, 2009.
nível em: http://ansci.illinois.edu/static/ ansc438/
index.html. Acesso em 8 de junho de 2015.
BRANCO, M.A.A.C.; FIGUEIREDO, E.A.T.;
BORGES, M.F. et al. Incidência de Listeria mo- KEEFE, G. Update on control of Staphylococcus
nocytogenes em queijo de coalho refrigerado pro- aureus and Streptococcus agalactiae for manageduzido industrialmente. Boletim do Centro de Pes- ment of mastitis. Veterinary Clinics of North Amequisa e Processamento de Alimentos, Curitiba, v. rica: Food Animal Practice, Filadelfia, v.28, p.20321, p.393-408, 2003.
216, 2012.
BRITO, J.R.F.; SANTOS, E.M.; ARCURI, E.F.
et al. Retail survey of Brazilian milk and Minas
frescal cheese and a contaminated dairy plant to
establish prevalence, relatedness, and sources of
Listeria monocytogenes isolates. Applied and Environmental Microbiology, Washington, v.74, n.15,
p.4954-4961, 2008.
KENNY, M. Safety and quality. In: Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO).
Milk and dairy products in human nutrition. FAO:
Rome, 2013. p.243-273.
LOPES JR, J.E.F.; LANGE, C.C.; BRITO, M.A.
V.P. et al. Relationship between total bacteria counts and somatic cell counts from mammary quarBRITO, M.A.V.P. Resíduos de antimicrobianos no ters infected by mastitis pathogens. Ciência Rural,
leite. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2000. Santa Maria, v.42, n.4, p.691-696, 2012.
28p. (Embrapa Gado de Leite. Circular Técnica,
60). (ISSN 1517-4816).
MAZAL, G.; VIANNA, P.C.B.; SANTOS, M.V.
et al. Effect of somatic cell count on Prato cheeCARMO, L.S.; DIAS, R.S.; LINARDI, V.R. et al. se composition. Journal of Dairy Science, ChamFood poisoning due to enterotoxigenic strains of paign, v.90, p.630–636, 2007.
Staphylococcus present in Minas cheese and raw
milk in Brazil. Food Microbiology, Chicago, v.19, MIDDLETON, J.F.; SAEMAN, A.; FOX, L.K. et
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
63
José Renaldi Feitosa BRITO1, Maria Aparecida Vasconcelos Paiva e BRITO2
al. The National Mastitis Council: a global organization for mastitis control and milk quality, 50 years and beyond. Journal of Mammary Gland Biology and Neoplasia, Boulder, (publicado online em
19 de dezembro de 2014).
tween antibiotic residue violations and somatic cell
counts in Wisconsin dairy herds. Journal of Dairy
Science, Champaign, v.83, n.12, p.2805-2809,
2000.
NIGHTINGALE, C.; K. DHUYVETTER, K.; MITCHELL, R. et al. Influence of variable milk quality premiums on observed milk quality. Journal
of Dairy Science, Champaign, v. 91, p.1236-1244,
2008.
SANTOS, M.V.; MA. Y.; BARBANO, D.M. Effect
of somatic cell count on proteolysis and lipolysis
in pasteurized fluid milk during shelf-life storage. Journal of Dairy Science, Champaign, v.86,
p.2491–2503, 2003.
NOUSIAINEN, J.; LAITINEN, H.; MAKELA, A.
et al. Current and future prospects of milk quality
from the Finnish dairy industry point of view. Journal of Animal and Feed Sciences, Jablonna, v.16,
(Suppl. 1), p.255-265, 2007.
TOMPKIN, R.B. Control of Listeria monocytogenes in the food-processing environment. Journal of
Food Protection, Oregon, v.65, p.709-725, 2002.
SILVA, M.C.D.; HOFER, E.; TIBANA, A. InciMORE, S.J. Global trends in milk quality: impli- dence of Listeria monocytogenes in cheese procations for the Irish dairy industry. Irish Veterinary duced in Rio de Janeiro, Brazil. Journal of Food
Journal, Dublin, v.62, (Suppl.), p.5-14, 2011.
Protection, Oregon, v.61, p.354-356, 1998.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Food safety and foodborne illness. Disponível em: https://
OIE ANIMAL PRODUCTION FOOD SAFETY foodhygiene2010.files.wordpress.com//2010/06/
WORKING GROUP. Guide to good farming prac- who-food_safety_fact-sheet.pdf. Acesso em 16 de
tices for animal production food safety. Scientific junho de 2015. (Fact-sheet n.237, 4p).
and Technical Review of the Office International
des Epizooties, Paris, v.25, n.2, p.823-836, 2006.
ZHAO, X.; LACASSE, P. Mammary tissue damage during bovine mastitis: causes and control.
PINTO, C.L.O.; LOPES, M.M.; VANETTI, Journal of Animal Science, Champaign, v.86, (SuM.C.D. et al. Bactérias psicrotróficas e importân- ppl. 1), p.57-65, 2008.
cia do controle de sua contaminação na cadeia do
leite. In: PINTO, C.L.O; PICCOLO, M.P.; BRITO,
M.A.V.P. et al. Qualidade microbiológica do leite cru. Viçosa, MG: Epamig Zona da Mata, 2013.
p.135-156.
RENEAU, J.K.; PACKARD, V.S. Monitoring
mastitis, milk quality and economic losses in dairy
fields. Dairy, Food and Environmental Sanitation,
Ames, v.11, n.1, p.4-11, 1991.
ROGERS, S.A.; MITCHELL, G.E. The relationship between somatic cell count, composition
and manufacturing properties of bulk milk. 6. Cheddar cheese and skim fat yoghurt. The Australian
Journal of Dairy Technology, Melbourne, v. 49,
p.70-74, 1994.
RUEGG, P.L.; TABONE, T.J. The relationship be64
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marciane da Silva MAIA1
TECNOLOGIA DE SÊMEN E INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM CAPRINOS E OVINOS
Semen processing and artificial insemination in goats and
sheep
Marciane da Silva MAIA1
Pesquisadora, Embrapa Semiárido. Email: marciane.maia@
embrapa.br
1
RESUMO
A inseminação artificial (IA) é a técnica de reprodução assistida, mais
antiga e mais utilizada na produção animal. Associada à preservação dos espermatozoides, a inseminação artificial, oferece muitas vantagens aos criadores,
uma vez que possibilita acelerar o melhoramento genético do rebanho, controlar
as doenças sexualmente transmitidas, bem como, preservar o material genético
de raças ameaçadas de extinção. No entanto, nos pequenos ruminantes a técnica
é pouco difundida comparada com outras espécies. Isso se deve em parte aos
resultados de fertilidade irregulares e geralmente, baixos obtidos com o uso de
sêmen congelado. O artigo aborda de maneira sucinta as principais tecnicas utilizadas atualmente no processamento do sêmen e na IA em pequenos ruminantes
e suas taxas de sucesso.
PA L AV R A S - C H AV E
ANTIOXIDANTES,
CRIOPRESERVAÇÃO, FERTILIDADE, REFRIGERAÇÃO,
PEQUENO RUMINANTE.
ABSTRACT
Artificial insemination (AI) is the oldest and most widely used assisted
reproductive technique applied in livestock production. Associated with preservation of sperm, artificial insemination, offers many advantages to farmers, since it allows accelerating the genetic improvement of the herd, control sexually
transmitted diseases, as well as preserve of the genetic material of endangered
breeds. However, in small ruminants this technique is little used compared to
other species. This is due to, in part, to the fertility results irregular and generally
low obtained with the use of frozen semen. This paper discusses briefly the main
technology currently used in the semen processing and AI in small ruminants
and their success rates.
KEYWORDS
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
antibiotics residues, contaminants, economics, mastitis, microorganisms, somatic cell
counts.
65
Marciane da Silva MAIA1
INTRODUÇÃO
PRESERVAÇÃO DO SÊMEN
As biotécnicas relacionadas à inseminação
artificial evoluíram ao longo dos anos. No início, o
sêmen era utilizado in natura e apenas fracionado e
depositado no fundo da vagina da fêmea, obtendo-se taxas de fertilidade razoável. Surgiu então a necessidade de se aumentar a capacidade fecundante
dos reprodutores e de conservar o sêmen por um
maior período de tempo. Dando inicio a uma nova
fase - a da utilização de diluentes e da criopreservação do sêmen. O grande avanço na criopreservação do espermatozoide de mamíferos ocorreu com
a descoberta do efeito crioprotetor do glicerol nos
anos de 1940. A partir daí, o espermatozoide de várias espécies tem sido criopreservado com sucesso.
Entretanto, o sucesso da criopreservação de sêmen
é apenas parcial, uma vez que cerca da metade dos
espermatozoides são destruídos ou danificados
pela congelação e descongelação. O processo sofre
influência de diversos fatores, entre eles a composição do diluidor, a taxa de diluição e a curva de
congelação/descongelação e no caso do caprino
ainda existem as limitações inerentes à espécie.
Apesar das dificuldades relativas ao processamento, a disponibilização de sêmen refrigerado ou congelado de boa qualidade, para uso na inseminação
artificial, é um desafio aos pesquisadores da área,
uma vez que a IA proporciona muitas vantagens
aos criadores, em relação à monta natural. O principal problema para a difusão/adoção da técnica
nos pequenos ruminante é a fertilidade obtida após
a IA com sêmen congelado, que ainda é aquém da
obtida na monta natural. Soma-se a isso a dificuldade de realização da inseminação cervical nas
ovelhas.
Em ambas as espécies, os avanços nesta
tecnologia têm-se concentrado principalmente na
preservação da viabilidade/ capacidade fertilizante dos espermatozóides, melhorando a composição
dos diluidores e alterando protocolos de refrigeração e congelação e nas técnicas de avaliação da
qualidade espermática, com o objetivo de prever
a fertilidade do sêmen. Ao longo do artigo discutiremos as tecnologias atualmente utilizadas no
processamento do sêmen e seus efeitos sobre a
qualidade espermática, bem como as técnicas de
IA aplicadas em caprinos e ovinos e suas taxas de
sucesso. Três formas de utilização do sêmen caprino
e ovino são adotadas mundialmente: fresco, refrigerado e congelado. O sêmen fresco é preferido,
quando o macho está presente no rebanho, e se tem
um grande número de fêmeas em estro, natural
ou sincronizado, inviabilizando a monta natural.
A utilização de sêmen refrigerado é ideal quando
o material genético de um macho é compartilhado por um grupo de criadores localizados em uma
área relativamente pequena. Em tais casos, o sêmen é armazenado a 15° ou 5°C e utilizado entre
8 e 12 horas após o processamento. No entanto,
existem relatos de resultados satisfatórios de fertilidade após IA com sêmen refrigerado por até 24
horas. Por fim, o sêmen é congelado para a preservação em longo prazo, permitindo que ele seja
distribuído por uma área mais ampla e usado por
tempo indeterminado.
O processamento do sêmen caprino para preservação em baixas temperaturas requer a lavagem,
uma vez que enzimas presentes no plasma seminal
interagem com a gema de ovo ou o leite presentes
no diluidor (ROY, 1957; NUNES et al., 1982) gerando substancias que inibem a motilidade espermática e induzem a reação acrossomal (NUNES e
SALGUEIRO, 2011; PURDY, 2006; CSEH et al.,
2012). Alguns estudos mostram que a remoção do
plasma seminal é benéfica para a motilidade e integridade das membranas do espermatozoide caprino
refrigerado ou criopreservado (SALVADOR et al.,
2006; RITAR e SALAMON, 1982). Enquanto outros mostram que a lavagem do sêmen não afeta a
viabilidade espermática (PETERSON et al., 2007;
VIANA et al., 2006).
Na preservação pelo método da refrigeração os espermatozoides são armazenados a temperaturas baixas o suficiente para deprimir o seu
metabolismo (15 ou 5 º C) prolongando assim a sua
vida fértil. No entanto, o processo de refrigeração
pode afetar a viabilidade celular devido ao efeito
prejudicial do choque térmico pelo frio que ocorre
entre 30°C e 0o C. A mudança rápida de temperatura, nessa faixa, induz alterações na membrana
plasmática e acrossomal, repercutindo na motilidade espermática e na capacidade fecundante do
espermatozoide. Este efeito pode ser parcialmente
superado pelo resfriamento gradual do sêmen da
66
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marciane da Silva MAIA1
temperatura ambiente à temperatura de armazenamento e pela suplementação do diluente com gema
de ovo (ANEL et al., 2006; SALAMON e MAXWELL 2000; WATSON, 2000).
Segundo Salamon e Maxwell (2000) no
sêmen resfriado, os espermatozoides deterioram,
com o aumento do tempo de armazenamento independente do diluente, taxa de diluição ou da temperatura. No sêmen caprino, a motilidade espermática declina lentamente nas primeiras 24 horas de
refrigeração e a partir daí sofre um declínio rápido (NUNES e SALGUEIRO, 2011; PETERSON
et al., 2007; SALVADOR et al, 2006; VIANA et
al., 2006). No entanto, nesses estudos a fertilidade
após IA cervical variou de 41 a 73%. Embora a
fertilidade possa ser mantida durante a refrigeração por várias horas, o armazenamento prolongado
reduz a fertilidade dos espermatozoides. No sêmen
ovino, a fertilidade após inseminação cervical com
sêmen armazenado a 5°C, por 24, 48 e 72 horas
foi 45-50%, 25-30% e 15-20%, respectivamente,
enquanto a taxa de parição com sêmen fresco foi
65-75% (ANEL et al., 2006). As razões fisiológicas para a deterioração do espermatozoide são o
estresse oxidativo extracelular, os efeitos do plasma seminal e produção de radicais livres endógenos (ANEL et al., 2006). Assim, a adição de antioxidantes ao meio de conservação pode ser uma
alternativa para melhorar a longevidade do sêmen
refrigerado. No sêmen ovino mantido a 5°C por
nove dias em meio contendo ou não o antioxidante
Resveratrol e sua combinação com vitamina E e
Aromex, Sarlós et al. (2002) observaram um declínio na qualidade do sêmen, com o tempo de incubação, independente do tratamento. No entanto,
a adição dos antioxidantes prolongou o período de
conservação do sêmen, melhorou a motilidade espermática e reduziu o grau de danos celulares. Nas
amostras com antioxidante a qualidade do sêmen
só deteriorou significativamente a partir do sexto dia de incubação. Maxwell & Stojanov (1996)
também observaram efeito benéfico dos antioxidantes catalase, superóxido dismutase (SOD), citocromo c e glutationa peroxidase na manutenção da
motilidade e integridade acrossomal do espermatozóide ovino refrigerado. Nesse estudo, a adição de
catalase (800 U/ml) e SOD (200 U/ml) ao diluidor
Tris-glicose-gema possibilitou a manutenção da
viabilidade espermática por 14 dias, resultando em
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
33% de fertilidade pós IA por laparoscopia.
A criopreservação possibilita o armazenamento do sêmen por tempo indeterminado, porém, também compromete a fertilidade do espermatozoide. Para reduzir o efeito da crioinjúria é
importante usar um diluente, crioprotetor e curvas
de congelação/descongeção adequados. Um bom
diluente deve suprir as células com uma fonte de
energia, proteger contra os danos relacionados
à temperatura e manter um ambiente adequado à
sobrevivência do espermatozoide (SALAMON e
MAXWELL, 2000; PURDY, 2006). Geralmente,
os meios de criopreservação de sêmen caprino e
ovino incluem um crioprotetor não penetrante (leite ou gema de ovo), um crioprotetor penetrante
(glicerol, etilenoglicol ou dimetil sulfóxido), um
tampão (Tris ou Test) um ou mais açucares (glicose, frutose, lactose, rafinose, sacarose ou trealose),
um sal (citrato de sódio, ácido cítrico) e antibióticos (penicilina, estreptomicina, gentamicina, etc.).
Os diluentes á base de Tris e leite em pó
desnatado são os mais comumente usados para a
preservação do sêmen de ambas as espécies (SALAMON e MAXWELL, 2000; PURDY, 2006).
Comparando o efeito desses dois diluidores na
criopreservação do sêmen caprino Dorado et al.
(2007) concluíram que ambos podem ser utilizados, pois mantiveram a viabilidade e capacidade
fertilizante do espermatozoide. Já Peterson et al.
(2007) relataram que o diluidor a base de TRIS
proporcionou maior percentual de espermatozoide
vivo com acrossoma intacto após a descongelação
que o leite glicosado.
Dentre os crioprotetores, o mais usado é o
glicerol, embora o mesmo possa afetar a sobrevivência da célula. Sua adição pode ser feita em uma
ou duas etapas, a 32 °C ou 5 °C e em uma concentração final variando de 1-10%. Para o sêmen ovino a adição do glicerol em uma etapa a 30°C é um
método amplamente utilizado (SALAMON e MAXWELL, 2000) sem causar prejuízos à qualidade
do sêmen. Em nossos estudos com sêmen caprino
criopreservado, realizamos a adição do glicerol em
uma etapa à temperatura ambiente, com bons resultados. Após a adição do glicerol, independente
do método, é necessário que o sêmen permaneça
sob refrigeração (2 a 5°C) por um período de tempo que varia de 1 a 3 horas para que ocorra a estabilização.
67
Marciane da Silva MAIA1
A adição de antioxidantes ao meio de congelação também tem sido avaliada. No sêmen caprino criopreservado em diluente a base de Tris-Gema
de ovo, Maia et al. (2012) avaliaram o efeito de doses crescentes de Resveratrol (0, 4, 6 e 8,0 µg/ml)
sobre as características espermáticas pós descongelação e observaram que o antioxidante conferiu
maior proteção ao espermatozoide contra a crioinjúria, resultando em efeito benéfico na preservação
da motilidade em relação ao controle. Sinha et al.
(1996) também observaram um efeito benéfico da
glutationa sobre a motilidade, integridade acrossomal e fertilidade do sêmen congelado, em relação
ao controle. No sêmen ovino criopreservado em diluidor Tris-gema aditivado de Catalase, Trolox C e
sua combinação Maia et al. (2009) observaram que
a adição dos antioxidantes aumentou o percentual
de espermatozoides com membrana plasmática integra mas não teve efeito sobre a motilidade espermática em relação ao controle. Porém, em situação
de estresse oxidativo (MAIA et al., 2010) induzido
pela adição de ferro (lipoperoxidação) ou peróxido
de hidrogênio (H2O2) ao meio de incubação, estes
mesmos antioxidantes foram eficazes em remover
o excesso de ROS (metabólitos reativos do oxigênio- H2O2, O2- e OH-) e manter o equilíbrio do
sistema. Podemos presumir que o efeito dos antioxidantes é mais evidenciado quando o sêmen está
passando por uma situação de estresse oxidativo
(excesso de ROS). Ao avaliarmos o efeito da adição de catalase em amostras de sêmen caprino com
alto (≥ 30%) e baixo percentual (≤ 15%) de patologias espermáticas (MAIA et al., 2011) observamos
um efeito benéfico do antioxidante sobre a motilidade espermática pós-descongelação, nas amostras
com alto percentual de espermatozoides anormais.
Possivelmente estes ejaculados continham excesso
de ROS, entre eles o H2O2, e nesse caso a Catalase
protegeu as células contra a perda de motilidade.
Maia et al. (2014) observaram que o H2O2 induz
a perda da motilidade do espermatozoide ovino e
que a adição de Catalase (2 U/mL) mesmo em baixa concentração é suficiente para neutralizar o seu
efeito.
cervical) e intrauterina (laparoscopia). A inseminação vaginal é uma técnica de fácil execução, onde
o sêmen é depositado no fundo da vagina, podendo
resultar em taxas de prenhez de acima de 50%. É
mais eficaz quando se utiliza sêmen fresco, do que
com sêmen refrigerado ou congelado. O volume de
sêmen e o número de espermatozoides progressivamente móveis recomendado para o uso são 0,2
mL e 400 × 106 espermatozoides (mínimo), respectivamente (CSEH et al., 2012). Utilizando sêmen fresco diluído, com 200 x 106 spz/dose, Paulenz et al. (2005) observaram que a taxa de prenhez
em cabras, após IA vaginal foi de 74,3% e não
diferiu daquela obtida na IA com deposição cervical (78%).
Nas cabras, geralmente utiliza-se a inseminação cervical. Por esta técnica, a deposição intrauterina do sêmen pode ser conseguida em 50-60%
das fêmeas, uma vez que a cérvice caprina é relativamente fácil de atravessar. Embora na IA Cervical
o sêmen possa ser depositado no corpo do útero,
a deposição cervical cranial produz resultados satisfatórios. Em inseminação cervical, com estro
sincronizado, utilizando sêmen diluído em água
de coco e mantido a 37 °C, Maia e Santos (2010)
obtiveram uma taxa de prenhez de 62,9% quando
a deposição foi cervical profunda e 42,4% na deposição intrauterina. Sugerindo que a manipulação
excessiva na tentativa de ultrapassar a cérvice pode
reduzir a fertilidade. Em cabras nulíparas Houdeau
et al. (2008) observaram que quanto mais rápido
a IA foi realizada maior foi a taxa de prenhez. Na
deposição intracervical rápida (20 segundos) a taxa
de prenhez foi 61,0% enquanto que quando a IA foi
mais demorada (60 segundos) a taxa de prenhez
foi 50,7%. Segundo os autores, a deposição rápida do sêmen limita o reflexo que ativa as contrações uterinas, provocado pela inserção do espéculo
e movimentos do aplicador e com isso melhora a
fertilidade. Batista et al. (2011) compararam a taxa
de prenhez de cabras inseminadas pela via cervical
com sêmen fresco e congelado e observaram que
aos 35 dias a taxa de prenhez foi significativamente maior (73,3%) utilizando sêmen fresco que com
sêmen criopreservado (46,7%).
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Nas ovelhas a transposição dos anéis cervicais é dificultada devido à complexidade da cérEm ambas as espécies podem ser utilizadas três vice, cujos anéis são dispostos em diferentes platécnicas de inseminação: vaginal, cervical (trans- nos e posições, obliterando o lúmen da vagina ao
68
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marciane da Silva MAIA1
útero (HALBERT et al., 1990; ANEL et al., 2006).
Portanto, nessa espécie as técnicas mais utilizadas
são a inseminação intrauterina por laparoscopia ou
a vaginal/ cervical, onde o sêmen é depositado no
óstio cervical. Quando o sêmen é depositado na
entrada da cérvice, a taxa de concepção varia de
30 a 40% dependendo do tipo de sêmen utilizado.
Para superar essa limitação e possibilitar a realização da inseminação transcervical (IATC), algumas
alternativas têm sido testadas, como: uso de ocitocina para promover o relaxamento da cérvice e o
tracionamento da cérvice até a abertura da vulva.
A IATC com tracionamento cervical foi desenvolvida no Canadá e denominada Sistema Guelph de
IA transcervical (HALBERT et al., 1990). No estudo de Halbert et al. (1990) a transposição cervical
completa foi obtida em 54% das ovelhas, resultando em 82% de parição. Posteriormente, Buckrell et
al. (1994) validaram a técnica inseminando 2060
ovelhas obtendo 88% de transposição cervical e
33% de parição. O otimismo em relação à IATC
deve-se ao sucesso obtido na transposição cervical pelo método Guelph e ao conhecimento de
que a deposição intrauterina do sêmen aumentaria
o número de espermatozoides no oviduto aumentando as chances de fecundação (ROBINSON et
al., 2011). No entanto, diversos estudos realizados pelo método de IATC não conseguiram obter
o mesmo nível de sucesso. Segundo Robinson et
al. (2011) o sucesso na transposição cervical e na
fertilidade pós IATC pode ser afetado por diversos
fatores entre eles: a experiência do operador, raça e
idade da fêmea (efeito sobre a morfologia da cérvice); época do ano (quando ocorre estacionalidade
reprodutiva); intervalo pós parto; muco cervical
(quantidade e composição) e atividade da cérvice
(contrações musculares). Em ovelhas Santa Inês inseminadas pela técnica de IATC com sêmen fresco,
Silva et al. (2005) obtiveram uma taxa de prenhez
de 59,25% sendo que 46,9% das inseminações foram intrauterinas. Já Isobe et al. (2006) utilizando a mesma técnica e sêmen congelado obtiveram
taxa de parição de 8,4% com 58,3% de inseminações intrauterinas, demonstrando a baixa eficiência
da técnica usando sêmen congelado. Analisando
os resultados de diferentes estudos concordamos
com Traldi (2006) ao afirmar que a técnica da tração cervical não melhora os índices de fertilidade
do sêmen fresco ou congelado, mesmo quando deCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
positado intra-uterinamente. Para Robinson et al.
(2011) a técnica transcervical per se parece reduzir
a taxa de fertilização.
A IATC também é realizada em cabras com
um alto índice de transposição cervical e melhores
resultados de fertilidade do que nas ovelhas. Utilizando essa técnica Siqueira (2006) obteve de 98,2%
de transposição cervical e Nogueira et al. (2011)
em cabras leiteiras obtiveram 100% de transposição cervical e uma taxa de prenhez de 82,2% na
inseminação com sêmen fresco diluído. Fonseca et
al. (2011) utilizando a Técnica Embrapa de IATC,
na qual a fêmea é mantida em estação quadrupedal,
com pinçamento, mas sem tração cervical, relatam
100% de transposição total da cérvice, nas fêmeas
plurípara e 68,75% nas nulípras, com uma taxa de
gestação de 62,5%.
A inseminação intrauterina laparoscópica
foi desenvolvida para superar muitas das dificuldades da inseminação intravaginal ou cervical,
sendo a técnica preferencialmente recomendada
para as ovelhas. O número de espermatozoides
necessários para cada inseminação é mais baixo e
o volume inseminante é proporcionalmente maior,
permitindo taxas de diluição mais adequadas e, por
conseguinte, uma melhor preservação / proteção
dos espermatozoides durante a criopreservação.
Como consequência, a inseminação intrauterina
laparoscópica melhora as taxas de prenhez obtidas
com sêmen congelado. As taxas de concepção com
sêmen congelado variam de 60-80% e são mais
elevadas do que na inseminação intracervical e semelhantes as da monta natural após sincronização
do estro. Em ambas as espécies, o número mínimo de espermatozoides no por dose inseminante é
de 20 × 106 e recomenda-se inseminar metade da
dose total de sêmen na região central de cada trompa uterina sem levar em conta o local de ovulação
(CSEH et al., 2012).
O momento ideal da inseminação, na cabra
é entre 43 e 46 h após a retirada dos implantes de
progesterona (Cseh et al., 2012). Na ovelha a IA
laparoscópica com sêmen congelado pode ser feita
±55h após a retirada do pessário nas fêmeas adultas e entre 34 a 68h nas borregas (TRALDI, 2006).
As desvantagens incluem a exigência de equipamento laparoscópico sofisticado, realização de
cirurgia invasiva e necessidade de maior conhecimento técnico para realizar o procedimento.
69
Marciane da Silva MAIA1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inseminação artificial pode dar uma
grande contribuição ao desenvolvimento da caprino-ovinocultura brasileira uma vez que propicia a
disseminação de genética de alto valor favorecendo o melhoramento genético rápido. Os principais
beneficiados seriam os pequenos produtores, que
não têm acesso a animais geneticamente superiores
devido ao alto custo de aquisição dos mesmos. No
entanto, o sucesso da técnica depende, entre outros fatores, da qualidade do sêmen e da técnica
de inseminação utilizada. Embora o conhecimento
sobre a fisiologia espermática e os métodos de conservação do sêmen a baixas temperaturas tenham
tido um grande avanço, reduzindo os efeitos danosos do processamento sobre a viabilidade e fertilidade do espermatozoide, a inseminação cervical
em ovelhas ainda exige esforço. Tornar a cérvice
uma rota para a inseminação intrauterina na ovelha
é o grande desafio para os pesquisadores da área.
REFERÊNCIAS
ANEL, L.; ALVAREZ, M.; MARTINEZ-PASTOR,
F. et al. Improvement Strategies in Ovine Artificial
Insemination. Reproduction in Domestic Animals,
v. 41 (Suppl. 2), p. 30–42, 2006.
BATISTA, M.; NIÑO, T.; SANTANA, M. et al.
Influence of the Preservation Temperature (37, 20,
4, -196 °C) and the Mixing of Semen over Sperm
Quality of Majorera Bucks. Reproduction in Domestic Animals, v. 46, p. 281–288, 2011.
BUCKRELL BC.; BUSCHBECK C.; GARTLEY
CJ., et al. Further development of a transcervical
technique for artificial insemination in sheep using
previously frozen semen. Theriogenology, v. 42,
p.601–611, 1994.
CSEH, S.; FAIGL, V.; AMIRIDIS, G.S. Semen
processing and artificial insemination in health management of small ruminants. Animal Reproduction Science, v. 130, p. 187– 192, 2012.
DORADO, J.; RODRÍGUEZ, I.; HIDALGO, M.
Cryopreservation of goat spermatozoa: Comparison of two freezing extenders based on post-thaw
sperm quality and fertility rates after artificial insemination. Theriogenology, v. 68, p.168–177, 2007.
FONSECA, J.F; ALVIM, G.P.; LOBO, A.M.B.O.
et al. Técnica Embrapa de inseminação artificial
70
transcervical em caprinos por meio de fixação
cervical. Sobral, CE: Embrapa-CNPC, 2011. 7p.
(Embrapa. Circular Técnica on line, 43).
HALBERT, G.W., DOBSON, H., WALTON, J.S.
et al. A technique for transcervical intrauterine insemination of ewes. Theriogenology, v.33, p. 993–
1010, 1990.
HOUDEAU, E.; FURSTOSS, V.; FORGERIT, Y.
et al. Short-duration insemination with frozen semen increases fertility rate in nulliparous dairy goats. Animal, v.2, n.10, p.1496–1500, 2008.
ISOBE, F.R; SILVA, J.C.B da; SEVERO, N. et
al. Inseminação artificial com sêmen congelado
em ovinos, por via trans-cervical. In: SIMPÓSIO
DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DO DEP.
DE REPROD. ANIMAL, 1, Pirassununga, 2006.
Anais... São Paulo: USP, 2006. Disponível em: https://uspdigital.usp.br/siicusp/siicCDOnlineListaEdicao.jsp. Acesso em: 14/06/2015
MAIA, M. da S.; BICUDO, S.D; AZEVEDO, H.C.
et al. Motility and viability of ram sperm cryopreserved in a Tris-egg yolk extender supplemented
with anti-oxidants. Small Ruminant Research,
v.85, p. 85–90. 2009.
MAIA, M. da S.; BICUDO, S.D; SICHERLE, C.C.
et al. Lipid peroxidation and generation of hydrogen peroxide in frozen-thawed ram semen cryopreserved in extenders with antioxidants. Animal Reproduction Science, v. 122, p. 118–123, 2010.
MAIA, M. S.; SANTOS, L. P. Taxa de prenhez em
cabras após a inseminação artificial com sêmen
fresco. Revista Eletrônica Centauro, v.1, n.1, p.1018, 2010. Disponível em: http://www.crmvrn.org.
br/crmv/arquivos/taxa_de_prenhez_em_cabras_
apos_a_inseminacao_artificial_com_semen_fresco.pdf
MAIA, M. da S.; MEDEIROS, I. M. de; SILVA, J.
V. C. da. Associação entre patologia espermática
e perda da motilidade do espermatozoide caprino
congelado na presença de catalase. In: SIMPÓSIO
INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE - SINCORTE, 5, João Pessoa,
2011. Anais... João Pessoa: EMEPA, 2011. (CD
ROM)
MAIA, M. da S.; MEDEIROS, I. M. de; LIMA,
C. A. C. et al. Efeito da adição de antioxidante ao
meio de congelação sobre a motilidade do espermatozoide caprino após a descongelação. In: CONGRESSO NORTE NORDESTE DE REPRODUCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marciane da Silva MAIA1
ÇÃO ANIMAL (CONERA), 6, Fortaleza, 2012.
Ciência Animal. Fortaleza: UECE, 2012. v.22, n.1,
p.345-348.
MAIA, M.S.; BICUDO, S.D.; RODELLO, L. Effect of hydrogen peroxide on thawed ovine sperm
motility. Animal Reproduction, v.11, n.2, p.119123, 2014
MAXWELL, W.M.C.; STOJANOV, T. Liquid storage of ram semen in the absence or presence of
some antioxidants. Reproduction Fertility and Development, v.8, p.1013-1020, 1996.
NOGUEIRA, D.M.; LOPES JÚNIOR, E.S.; PEIXOTO, R.M. et al. Using the same CIDR up to
three times for estrus synchronization and artificial insemination in dairy goats. Acta Scientiarum.
Animal Science, v.33, n.3, p.321-325, 2011
NUNES, J.F.; CORTEEL, J.M.; COMBARNOUS,
Y.; BARIL, G. Rôle du plasma séminal dans la
survie in vitro des spermatozoids de bouc. Reproduction, nutrition, development, v.22, p. 611-620,
1982.
NUNES, J.F.; SALGUEIRO, C.C.M. Strategies
to improve the reproductive efficiency of goats in
Brazil. Small Ruminant Research, v.98, p.176-184,
2011.
PAULENZ, H.; SÖDERQUIST, L.; ADNØY, T. et
al. Effect of cervical and vaginal insemination with
liquid semen stored at room temperature on fertility of goats. Animal Reproduction Science, v.86,
p.109–117, 2005.
PETERSON, K.; KAPPEN, M.A.P.M.; URSEM,
P.J.F. et al. Microscopic and flow cytometric semen assessment of Dutch AI-bucks: Effect of semen processing procedures and their correlation to
fertility. Theriogenology, v. 67, p. 863–871, 2007.
PURDY, P.H. A review on goat sperm cryopreservation. Small Ruminant Research, v. 63, p. 215225, 2006.
RITAR, A.J; SALAMON, S. Effects of seminal
plasma and of its removal and egg yolk in the diluent on the survival of fresh and frozen-thawed
spermatozoa of Angora Goat. Australian Journal of
Biological Science, v. 35, p.305–12, 1982.
ROBINSON, J. J.; MCKELVEY, W. A. C.; KING,
M. E. et al. Traversing the ovine cervix – a challenge for cryopreserved semen and creative science.
Animal, v.5, n.11, p. 1791–1804, 2011.
ROY, A. Egg yolk coagulating enzyme in the semen and Cowper’s gland of the goat. Nature, v.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
179, p. 318-319. 1957.
SALAMON, S.; MAXWELL, W.M.C. Storage of
ram semen. Animal Reproduction Science, v.62, p.
77-111, 2000.
SALVADOR, I.; YÁNIZ, J.;VIUDES-DE-CASTRO, M.P. et al. Effect of solid storage on caprine
semen conservation at 5 °C. Theriogenology, v. 66,
p.974–981, 2006.
SARLÓS, P.; MOLNAR, A.; KOKAI, M., et al.
Comparative evaluation of the effect of antioxidants in the conservation of ram semen. Acta Veterinaria Hungarica. v.50, p.235-245, 2002.
SILVA, J.C.B.; OLIVEIRA, R.; SCHNEIDER, C.
et al. Inseminação artificial intra-uterina em ovinos
por tração cervical. Acta Scientiae Veterinariae,
v.33; Supl. 1, p.307, 2005. In: 19 Reunião Anual
da SBTE
SINHA, M.P.; SINHA, A.K.; SINGH, B.K. et al.
The effect of glutathione on motility, enzyme leakage and fertility of frozen goat semen. Animal
Reproduction Science, v. 41, p. 237-243, 1996.
SIQUEIRA, A.P. Inseminação artificial em caprinos com sêmen resfriado. Dissertação (Mestrado)
- Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de
Veterinária. Belo Horizonte, 2006. 106p.
TRALDI, A. de S. Biotécnicas aplicadas em reprodução de pequenos ruminantes. In: FEIRA INTERNACIONAL DE CAPRINOS E OVINOS, 3,
São Paulo, 2006. Disponível em: HTTP://www.
agrocentro.com.br/feinco/2007/,2006 . Acesso:
14/06/2015
VIANA, A.K.S.; CHALHOUB, B.; RIBEIRO FILHO, A.L. et al. Avaliação in vitro do semen caprino resfriado, com ou sem centrifugação do plasma seminal e diluído em leite desnatado-glicose e
tris-gema de ovo. Ciência Animal Brasileira, v.7,
p.67-76, 2006.
WATSON, P.F. The causes of reduced fertility with
cryopreserved semen. Animal Reproduction Science, v.60-61, p. 481-492, 2000.
71
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS 2
BASES PARA O MELHORAMENTO GENÉTICO PARTICIPATIVO DE CAPRINOS
EM SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE BAIXO
INSUMO
Maria Norma Ribeiro1 , Janaina Kelli Gomes Arandas2
INTRODUÇÃO
Professora DZ/UFRPE,
E-mail:ribeiromn1@hotmail.
com, 2Aluno do PDIZ/UFRPE
1
Historicamente, o melhoramento clássico tem sido utilizado em sistemas
de produção intensivos, com raças exóticas, visando atender as demandas do
mercado. Por outro lado, no melhoramento genético participativo (MGP) todas
as ações são focadas nas demandas locais. Baseia-se na definição de critérios e
objetivos de seleção condizentes com as necessidades da comunidade local.
O melhoramento genético participativo (MGP) surgiu em 1967 com Jim
Shepherd, na Austrália e AGH Parker, na Nova Zelândia que, em resposta à insatisfação com os programas de melhoramento clássicos, iniciaram os “Programas de Melhoramento em Grupo (PMG)”. Em 1970 o PMG expandiu-se para
a África do Sul, Grã-Bretanha e outros países. Em 1980 devido à possibilidade
de uso da metodologia BLUP o MGP, evoluiu para esquemas de reprodutores
referência. Em 1990 o conceito de MGP foi reformulado e passou a ser chamado “Melhoramento Genético Participativo- “MGP” (Tibbo, 2008), utilizado
até então. O presente trabalho tem como objetivos apresentar as bases para o
melhoramento genético participativo, notadamente para sistemas de produção
de pequena e média escala.
RAÇAS LOCAIS E SUA IMPORTÂNCIA
A diversidade biológica pode ser definida como a variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas
quais eles ocorrem. Ela pode ser entendida como uma associação de vários componentes hierárquicos: ecossistemas, comunidades, espécies, populações e genes em uma área definida (CDB, 1992). Em produção animal a raça é o elemento básico no qual os estudos são focados e, a variabilidade genética intra-racial
é representada pela gama de raças existentes, ferramenta básica de trabalho dos
conservacionistas e melhoristas. As raças locais em geral têm grande importância econômica, notadamente nos trópicos onde se encontram mais de 50% dos
animais domésticos. Nessas regiões, com climas mais quentes que as regiões
temperadas, as plantas locais tem crescimento rápido e os solos apresentam características físicas que dificultam o desenvolvimento da agricultura de escala.
Essa realidade é comum na maioria dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, com sérios problemas de miséria e fome, como é o caso do Brasil.
As raças locais geralmente atendem diversas necessidades dos seus criadores e
são muito mais fáceis de manejar. Além disso, exigem baixo investimento e são
menos susceptíveis à doenças, restrição alimentar e estresse pelo calor. Conse-
72
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS 2
quentemente, oferece menos riscos econômicos que as raças exóticas. Apesar
da sua grande importância, essas raças estão sob constantes ameaças e esta
situação, se agrava dia a dia devido a questões sociais e ecológicas nas quais
estão inseridos. Diante desse cenário, há necessidade de adotar medidas para
conter esse processo. Segundo Ribeiro et al., (2010) a primeira medida consiste
em promover estudos que contribuam para definir a situação de risco ou grau de
ameaça das raças locais; a segunda consiste em definir ações prioritárias (conservação, preservação, melhoramento ou combinações destas ações) com base
no grau de risco de cada raça. A FAO (1998) recomenda que uma raça só deve
ser alvo de programas de melhoramento se estiver completamente fora de risco.
Em qualquer outra situação, o correto é definir estratégias de conservação e/ou
preservação antes de qualquer ação de melhoramento, sob pena de agravar ainda mais a situação com perdas irreparáveis da diversidade genética intrarracial.
Muitas das áreas consideradas inadequadas para a agricultura, como regiões
desértica, semiáridas, montanhosas e pedregosas, podem ser bastante úteis para
a pecuária, sendo utilizada para criação de raças locais que estão bem adaptadas
a condições extremas de ambiente. Nestas condições, o uso de raça localmente
adaptadas representa uma alternativa que pode ser sustentável. Devem ser, portanto, o elemento chave de desenvolvimento da pecuária em áreas pobres, fonte
de alimento e gerador de renda para as famílias nessas regiões.
SITUAÇÃO DOS RECURSOS GENÉTICOS DE ANIMAIS
DOMÉSTICOS
Apesar da grande importância, a maioria das raças locais nos países em
desenvolvimento encontra-se ameaçadas de extinção segundo os relatórios da
FAO (2007), tanto pela utilização inadequada da diversidade genética como
também pela negligência total das raças locais, taxadas erroneamente como
improdutivas. Além disso, existe uma relação complexa entre diversos elos da
cadeia produtiva, para além do ambiente e das raças existentes. Essa situação
exige a definição de estratégias de conservação a curto, médio e largo prazo.
Para garantirmos a sobrevivência das raças locais e dos agroecossistemas em
que estão inseridos, a produção animal deve ser feita praticada sob a ótica da
sustentabilidade, o qual deve permear todas as áreas da produção animal (nutrição, melhoramento, reprodução, etc.). Assim sendo, a conservação de raças
locais não deve ser dissociada dos programas de melhoramento adequando-os a
cada realidade e, tendo como base o uso e manutenção da diversidade genética
e cultural, como já discutido anteriormente. Por terem sido por muitos anos ignorados, diversos programas de conservação e melhoramento de raças em locais
não tiveram sucesso. Alguns aspectos foram mais decisivos para os insucessos:
Cruzamentos com raças exóticas: Programas de melhoramento elaborados e
conduzidos por governos ou por organizações não governamentais tem dado
preferência às raças exóticas para uso em cruzamentos, melhoramento de raças
ou substituição total de raças locais pelas exóticas. Porém, muitos programas
falharam em alcançar seus objetivos e contribuíram para a diluição das raças
locais, devido principalmente ao uso de acasalamentos indiscriminados que não
consideram as condições ambientais locais e desconhecem o potencial produtivo e adaptativo das raças locais.
Intensificação da agricultura: Mudanças no tipo de produção vegetal é o
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
73
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS 2
principal fator que leva a perda de raças locais, uma vez que, uma dada região
que produzia diversos produtos de origem vegetal e seus resíduos eram utilizados na alimentação de pequenas criações, os homens deixam de cultivar a terra
com diversas espécies vegetais para produzir uma única espécie vegetal (variedade industrial) em grande escala, como ocorre com a produção de soja, trigo e
milho, pois com a irrigação, certos grãos podem produzir 2 ou 3 vezes no ano,
eliminando a possibilidade de pastejo no restolho após a coleta dos grãos. Nesse
ponto, deve-se destacar também a necessidade de equipamentos mecânicos para
atender a modernização intensificada da agricultura, que conduz a substituição
de touros, asnos e cavalos que outrora eram utilizados para o trabalho com a
terra, por tratores.
Áreas protegidas: A demarcação de territórios como santuários de vida
selvagem, parques nacionais e outros tipos de áreas protegidas podem acarretar
na perca de áreas utilizadas para pecuária e que muitos oportunistas persuadem
os criadores a utilizarem raças especializadas, alegando serem mais produtivas
e necessitarem de menor área por conseguirem produzir confinadas, contribuem
para uma elevada pressão para o desuso de raças locais.
Falta de demanda no mercado: Muitos produtos de origem animal por não possuírem uma padronização de cortes, higienização adequada e/ou valorização
do modo tradicional no qual os animais são criados, ou desconhecimento de
potenciais características organolépticas de carnes e leite de raças locais, e até
mesmo por falta da adoção de tecnologias simples no manejo com os animais,
tornam-se não competitivos com produtos oriundos de criações intensivas que
por produzirem em escala maior conseguem poder de negociação maior no mercado. Falta apoio principalmente de programas governamentais que apóiem e
facilitem a venda dos produtos de origem animal que são produzidos pelas comunidades que mantém raças locais.
Conflitos políticos e territoriais: Esses tipos de conflito contribuem significativamente para o desaparecimento de raças locais, pois ou deixam de ser
criadas porque a região está em conflito e qualquer local é perigo eminente contra a vida dos cidadãos ou novas fronteiras territoriais impossibilitam aos povos
nômades a mover-se de uma localidade a outra pastorando seus animais.
Desaparecimento dos aspectos culturais e dos conhecimentos tradicionais: A
vida nos centros urbanos parece ser mais atrativa que a das zonas rurais, principalmente pela pouca valorização que ainda é dada a tudo que for rural em
virtude dos baixos investimentos empregados pelos governos para melhorar as
condições sanitárias e de educação, então muitos jovens tem abandonado suas
moradias e suas tradições em busca de melhores condições de vida em centros
urbanos, consequentemente muitos dos conhecimentos tradicionais e habilidades em manejar e selecionar animais vem se perdendo. Bem como, quando instituições tradicionais se quebram por falta de diálogo e entendimento das partes
interessadas, uma vez o conhecimento e a tradição de ritos desaparecem, praticamente torna-se impossível ressurgirem.
Negligência aos aspectos culturais, socioeconômicos e os conhecimentos tradicionais: Muitos dos programas que visam melhorar as condições de vida
de uma comunidade pastoral, através da criação de animais, ignoram totalmente
os interesses pessoais dos criadores, não buscam conhecer as tradições locais
que pode explicar muito das escolhas dos criadores em utilizar certas raças em
detrimento de outras, como eles realizam a seleção dos animais para reprodução
74
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS 2
e quais características eles escolhem que estão intimamente relacionadas com
a adaptação desses animais as condições adversas. Os desejos e motivações da
comunidade, suas ambições econômicas, suas características sociais e culturais
são relevantes para determinar os alicerces e objetivos de qualquer programa
de conservação e melhoramento das raças, pois quem deverá conduzí-los, na
realidade, é a própria comunidade, devendo estas serem sujeitos da ação, participando ativamente nas decisões.
BASES PARA O MELHORAMENTO GENÉTICO
PARTICIPATIVO (MGP)
O objeto imediato da conservação é a biodiversidade. Assim, a conservação deve ter como objetivo principal a manutenção da diversidade biológica
e da diversidade cultural, tendo como base as relações entre o homem, o animal
e o meio. Diversidade cultural é a diversidade das culturas humanas, sendo que
a cultura é o sistema de símbolos compartilhados, comportamentos, crenças,
valores, normas, artefatos e instituições que um membro de uma sociedade usa
para lidar com seu mundo e com o outro, e que são transmitidos de geração em
geração através da aprendizagem (Brey, 2007).
Atualmente, há um crescente reconhecimento de que a diversidade da
vida inclui tanto as formas de vida (diversidade biológica) como as crenças
humanas, valores, visões de mundo e cosmologia (cultura) (Posey, 1999). Diferentes culturas interagem com a natureza de diferentes formas e constroem
relações diferentes com seus ambientes locais (Berkes, 2008). Deve-se conhecer
e apoiar essas culturas, pois o seu desaparecimento implica no desaparecimento do conhecimento sobre a diversidade biológica a elas associada, visto que
são elementos intrinsecamente ligados. Posey (1982) demonstrou que os índios
Caiapó reconheciam mais de 50 categorias locais de abelhas, as quais correspondiam a 66 espécies cientificamente reconhecidas, sendo que 11 destas ainda
não eram, até aquele momento, conhecidas pela comunidade científica. O desaparecimento dessa cultura implica no aumento do risco de desaparecimento da
diversidade de espécies que eles conhecem antes de terem sido inventariados.
O componente humano do trinômio homem-animal-meio se revela através dos diferentes níveis da organização social. Por isso, ações para a conservação dos RGAn, idealmente, devem envolver os criadores em todas as etapas dos
programas, bem como representantes locais (associações de criadores, cooperativas, etc), nacionais (Universidades, Empresas de Pesquisa) e internacionais
(e.g. FAO) na conservação e melhoramento dos RGAn. É Fundamental a participação ativa dos criadores nas iniciativas de melhoramento das raças locais, enfatizando o poder que as comunidades locais possuem em gerenciá-las (Steglish
& Peters, 2003). Neste sentido, o conhecimento zootécnico local, patrimônio
acumulado ao longo de muitas gerações e, muitas vezes transmitido apenas por
comunicação oral, pode contribuir como fonte importante de subsídios para a
formulação de estratégias socialmente apropriadas para o manejo e conservação
dos recursos genéticos animais (Alves et al., 2010). Associado a esse conhecimento, as metodologias com enfoque participativo são importantes ferramentas
quando se pretende definir estratégias de conservação e melhoramento adequadas à realidade dos sistemas de produção locais.
Assim sendo, a primeira medida para o manejo sustentável de raças loCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
75
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS 2
cais é considerar as demandas, preferências e necessidades das comunidades
que as detém. A comunidade é quem gerencia, administra, decide e maneja os
recursos genéticos locais e, é nesse processo que muito da diversidade genética
dos animais é estabelecida.
O manejo dos RGAn baseado nos conhecimentos da comunidade local
contribui para a valorização e fortalecimento da comunidade, o que representa
ferramenta importante para o desenvolvimento rural sustentável. Esse conhecimento é representado pelo “corpo do conhecimento adquirido por uma comunidade em uma dada área que está relacionada com a agricultura, pecuária,
preparação de alimentos, educação, forma de gerenciar as instituições existentes
na comunidade, maneira como administram os recursos naturais, saúde e outros
assuntos intrínsecos a ela. O conhecimento local não é estático, se desenvolve
e modifica-se ao longo do tempo, pois a comunidade aprende continuamente,
adaptando-se as mudanças ao longo dos tempos.
CONHECIMENTO LOCAL E MANEJO DOS RECURSOS
GENÉTICOS LOCAIS
Também denominada de Etnozootecnia (Perezgrovas, 2001), o conhecimento local relacionado à criação de animais consiste de diversos componentes.
O manejo de raças baseado no conhecimento local tem sido utilizado desde os
primórdios da civilização. Baseiam-se nos conhecimentos construídos através
de experiências adquiridas sobre os atributos genéticos dos rebanhos, que possibilitam o uso de práticas que contribuem para uso sustentável das raças locais.
Isso porque, as escolhas dos criadores são pautadas em estratégias conscientes
que determinam a estrutura genética das raças locais.
Os elementos que compõem o conhecimento local não são uniformes entre comunidades. Cada uma desenvolve esses elementos conforme o seu contexto ambiental e cultural, sendo que sociedades que criam animais em coletividade
ou em sistemas pastoris, geralmente, possuem conhecimento mais amplo do
que criadores que desenvolvem suas atividades isoladamente. Também, indivíduos mais senis detêm rico conhecimento e experiência comparativamente aos
jovens. Com isso se percebe que o conhecimento e experiências são diferentes,
mesmo entre indivíduos da mesma comunidade.
O enfoque etnozootécnico, que tem como princípio a participação dos
criadores nas decisões de manejo e uso dos recursos genéticos locais, tem sido
alvo de muitos estudos, os quais têm indicado que a abordagem participativa
é determinante para minimizar fracassos na implementação e manutenção dos
programas de melhoramento genético. Nesses estudos, ressalta-se a importância
do envolvimento dos criadores, considerando que eles selecionam seus animais
com base em critérios locais e nos seus objetivos de criação (Getachew et al.,
2010). Isto contribui para o conhecimento das potencialidades produtivas, reprodutivas e de adaptação, possibilitando inclusive a identificação de nichos de
mercado e agregação de valor aos produtos derivados desses recursos (Chacón
et al., 2008).
No MGP deve-se lançar mão de métodos e técnicas do melhoramento
clássico porém, adaptando-os para atender às demandas locais. Isto é, devem
ter a participação ativa e direta dos criadores em todas as etapas. Assim, o MGP
apresenta como ingrediente fundamental, a inclusão sistemática dos conheci76
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS 2
mentos, habilidades, experiências, práticas e preferências dos criadores (Machado et al., 2002). Essa modalidade de melhoramento baseia-se nos conhecimentos da genética convencional, fisiologia e economia, combinado-os com os da
antropologia e sociologia (Eyzaguirre & Iwanaga, 1996; Soleri & Smith, 2002),
preconizando assim uma participação efetiva dos criadores e dos pesquisadores
em todas as etapas (diagnóstico, planejamento, implantação, avaliação e retro
informação) visando integrar os critérios de seleção dos atores envolvidos, facilitando o processo de uso das informações no programa de melhoramento
genético.
De modo geral o melhoramento participativo deve tem como objetivos:
descrever o sistema de produção; definir os objetivos de melhoramento; definir
os critérios locais que definem a escolha de animais de reprodução; avaliar as
instituições ligadas ao setor; Desenvolver e implementar estratégias de manejo
genético de rebanhos pela comunidade; avaliar conjuntamente as diretrizes e resultados alcançados em cada etapa; avaliar o impacto das ações em cada fase e,
analisar as possibilidades de acesso ao mercado. Deve ter como meta principal
a conservação da variabilidade ou diversidade genética local. Além disso, deve
selecionar e avaliar características de interesse para a comunidade; melhorar os
rendimentos das raças respeitando as condições ambientais; manter ou melhorar
a qualidade dos produtos derivados dessas raças; divulgar os resultados oriundos dos programas de melhoramento e, fortalecer a capacidade de organização
de produtores e outras instituições envolvidas (Tibbo, 2008).
A compreensão do sistema de produção em que se pretende realizar a
seleção e o envolvimento dos criadores na definição dos critérios e objetivos de
seleção são elementos essenciais para o delineamento de estratégias sustentáveis de criação.
SITUAÇÃO DOS PROGRAMAS DE MELHORAMENTO DE RAÇAS
LOCAIS NO MUNDO
O relatório sobre a Situação dos Recursos Genéticos Animais para a Alimentação e a Agricultura da FAO (2007) indica que a grande maioria dos países
em desenvolvimento não tem sido bem sucedida na manutenção de programas
de melhoramento genético em suas populações de animais, notadamente aqueles baseados em raças locais. No entanto, dentre as raças consideradas em uso,
77% estão localizadas nos países em desenvolvimento. Nesses países, os criadores têm objetivos de criação e exploram o conhecimento local e tecnologias
para atingí-los. No entanto, 94% das raças existentes nesses países não estão
sujeitas a programas estruturados de melhoramento genético. Ao contrário, 77%
das raças com programas estruturados de melhoramento genético estão localizados em países desenvolvidos. Ações de melhoramento genético sustentável
que atendam às necessidades nacionais sem comprometer as prioridades das comunidades locais podem trazer uma contribuição vital para a segurança alimentar e o desenvolvimento rural. Consideramos aqui a sustentabilidade em suas
dimensões ecológica, econômica e cultural. Um grande desafio é como delinear
programas de melhoramento de raças locais com esse enfoque em regiões de
ambientes inóspitos, onde os recursos são limitados e a disponibilidade de alimentos varia muito. Programas de melhoramento para essas condições exigem
muito mais do que simples aplicação de teorias sofisticadas de melhoramento
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
77
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS 2
animal e aumento da produtividade. Os fatores mais limitantes nessas condições
são a disponibilidade de recursos e infraestrutura.
O grande problema dos países em desenvolvimento na manutenção de
programas de melhoramento é que, durante várias décadas, foi amplamente preconizado que o caminho para esses países seria o uso de raças altamente selecionadas, introduzidas dos países desenvolvidos para serem utilizadas como raças
puras ou cruzadas em substituição às raças locais (FAO, 2010). Essas estratégias
só são eficazes nos países ou regiões capazes de oferecer condições de manejo
similares às previstas nos países de origem de onde vieram as raças, o que não
acontece na maioria das vezes, nos países em desenvolvimento. Caso contrário, as raças introduzidas e seus cruzamentos são frequentemente expostos a
condições de estresse intenso às quais não estão bem adaptados (por exemplo,
escassez periódica de água e alimento, doenças, condições climáticas extremas).
A introdução, cruzamento e difusão de recursos genéticos exóticos nos países
em desenvolvimento têm sido feitos muitas vezes sem avaliação dos possíveis
impactos, gerando grandes prejuízos sobre os recursos genéticos locais. Cada
país deve concentrar seus esforços no desenvolvimento de recursos genéticos já
bem adaptados aos sistemas de produção locais e aos objetivos dos criadores.
A experiência de programas avançados de melhoramento genético, particularmente nos países desenvolvidos, tem mostrado que estratégias de longo prazo,
envolvendo os setores público e privado, podem ser bem sucedidas.
Diante desse cenário, é exigida uma postura diferente do profissional
que lida com esses recursos. Os sistemas intensivos de produção não devem ser
a única solução, principalmente para os produtores de baixa renda, uma vez que
a maior parte da produção de alimentos no Brasil vem dos sistemas de produção
familiar. Estima-se, que de forma direta e indireta, os animais domésticos suprem cerca de 30% dos requerimentos humanos para a alimentação e agricultura
(Mujica, 2006). Isto aumenta a nossa responsabilidade e exige que o profissional
das Ciências Agrárias tenha uma visão global e integrada da produção animal
(homem-animal-ambiente) e, a partir daí, remodelar a tão conhecida equação P
= G + E. Há necessidade de redefinição dos elementos dessa equação notadamente o último (E), que é bastante complexo. Além dos elementos da natureza,
deve-se considerar a influência e importância do ambiente cultural onde esses
recursos se encontram, isto é, o saber local (métodos e técnicas ancestrais e
atuais adotadas pelos criadores), pois eles têm sido decisivos no sucesso ou fracasso de programas de melhoramento de raças locais. Estudos têm demonstrado
que os programas de melhoramento que adotam esses elementos têm tido maior
chance de sucesso, e que resultados mais duradouros são atingidos quando se
conseguem parcerias e apoio da comunidade local (Cullen Júnior, 2003). Países
que iniciaram programas sustentáveis de melhoramento genético nos últimos
cinquenta anos são exemplos do uso eficaz da diversidade genética animal, e
muito podemos aprender com essas experiências.
Visando munir os profissionais da área com elementos responsáveis pela
definição de estratégias de ação para melhoramento sustentável das raças locais,
a FAO (2010) editou o guia “Breeding Strategies for Sustainable Management
of Animal Genetic Resources”, no qual apresenta um conjunto de recomendações úteis, principalmente para os chamados Stakeholders, com destaque para
os tomadores de decisões. A leitura desse manual é indispensável para todos os
envolvidos com manejo e uso de raças locais para compreensão das prioridades
78
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS 2
para o desenvolvimento local sustentável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que é urgente a necessidade de desenvolver planos de melhoramento baseados nas raças locais para os países em desenvolvimento.
Programas de melhoramento das raças locais devem priorizar a manutenção da
diversidade genética intrarracial e das culturas a ela associada. Os países em
desenvolvimento, assim como o Brasil, possuem grande diversidade de raças
adaptadas a cada realidade que podem e devem ser usadas para isso.
Estes programas também devem se beneficiar das teorias avançadas do melhoramento, a exemplo dos modelos mistos, para desenvolver índices que combinem
características de produção e adaptabilidade.
Também não se deve descartar a possibilidade de uso das raças locais em
programas de cruzamentos com raças exóticas, aproveitando as vantagens de
cada uma delas, mas com o cuidado de manter a variabilidade genética original
através da conservação in situ e/ou ex situ. Além disso, os objetivos dos referidos cruzamentos devem ser bastante claros (para que?), bem como o público
alvo a ser beneficiado (para quem?) com os produtos derivados destas ações
(produtos de alta qualidade, reprodutores melhorados, etc).
Deve-se considerar sempre que cada sistema de produção demanda ações
e estratégias distintas. Isto contribuirá para melhor aproveitamento das vantagens dos métodos e das raças envolvidas, sem colocar em risco a manutenção
do valioso patrimônio genético e cultural associado. Com essa visão será mais
fácil conciliar conservação e melhoramento de raças locais com uso adequado e
rentável para o criador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, A. G. C.; PIRES, D. A. F.; RIBEIRO, M. N. Conhecimento local e
produção animal: uma perspectiva baseada na etnozootecnia. Archivos de Zootecnia, v.59, n.1, p.45-56, 2010.
BERKES, F.; Sacred Ecology, ed.2. New York: Routledge. 2008. 59 p.
BREY, P.; Theorizing the Cultural Quality of New Media, Techné. Research in
Philosophy and Technology. v.11, n.1, p.1-18, 2007.
CDB. Convention on biological diversity. United Nations Environment Program. Disponível em: www.cbd.int./convention/. Acesso em abril, 2011.
CHACON, E; MACEDO, F; MCMANAUS, C.; et al. Índices zoométricos de
uma amostra de Cabras Crioulas Cubanas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
MELHORAMENTO ANIMAL, 7., 2008, São Carlos. Anais... São Paulo: Simpósio Brasileiro de Melhoramento Animal, 2008.
CULLEN Jr, L.; RUDRAN, R.; PÁDUA, C. Métodos de estudos em biologia
da conservação e manejo da vida silvestre. Curitiba: Ed. UFPR; Fundação O
Boticário de proteção à natureza, 2003.
EYZAGUIRRE, P.; IWANAGA, M. Farmers contributions to maintaining genetic diversity in crops, and its role within the total genetic resources system. In:
Workshop On Participatory Plant Breeding, 1995, Wageningen, Netherlands.
Proceedings... Rome: IPGRI, 1996. p. 9-18.
FAO. Breeding Strategies for sustainable management of animal Genetic ReCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
79
Maria Norma RIBEIRO1 , Janaina Kelli Gomes ARANDAS 2
sources. Roma, Itália, 2010. 135 p.
FAO. Global Plan Action for animal genetic resources and the Interlaken declaration. Roma, Itália, 2007. 48p.
FAO. Secondary Guidelines for Development of National Farm Animal Genetic Resources Management Plans: Management of Small Populations at Risk.
Roma, Itália, 1998. 215 p.
GETACHEW, T.; HAILE, A.; TIBBO, M.; et al. Herd management and breeding practices of sheep owners in a mixed crop-livestock and a pastoral system
of Ethiopia. African Journal of Agricultural Research, v.5, n. 8, p.685-691, 2010.
MACHADO, A.T. et al. Manejo da diversidade genética do milho e melhoramento participativo em comunidades agrícolas no Estados do Rio de Janeiro e
Espírito Santo. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2002. 22p. (Embrapa Cerrados.
Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 22).
MUJICA, F.C. Diversidad, Conservación y utilización de los recursos geneticos
animales en Chile. Instituto de investigações agropecuarias. Osorno, Chile. Boletín INIA, n.137, 124p. 2006.
PEREZGROVAS, R. 2001. Validation of indigenous technical knowledge as the
basis for the improvement of sustainable livelihoods in Tzotzil villages, Chiapas, Mexico. Ph.D. Thesis, Imperial College at Wye, University of London. 366
p.
POSEY, D. A. Cultural and spiritual values of biodiversity. Nairobi:UNEP and
Intermediate Technology Publications. 110 p. il. 1999.
POSEY, D. A. The importance of bees to Kayapó Indians of the Brazilian Amazon. Florida Entomologist, 65(4): 452-458, 1982
RIBEIRO, M.N. ; PIMENTA FILHO, E.C.; CRUZ, G.R.B.; ARNAUD, B. L.;
OLIVEIRA, S.M.P.; RODRIGUES, D. S.; GAMA, L. T. Estrutura genética de
populações e importância para conservação e melhoramento de raças em perigo.
p. 340-362. IN: XIMENES, L. J. F. ; MARTINS, G. A.; MORAIS, O. R.; COSTA, L. A.; NASCIMENTO, J. L. S. CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA PECUÁRIA CAPRINA E OVINA. 2010. Série BNB, Ciência e Tecnologia 5, Fortaleza,
Ceará. 2010. 732 p.
SOLERI, D.; SMITH, S.E. Rapid estimation of broad sense heritability of farmer-managed maize population in the Central Valleys of Oaxaca, Mexico, and
implication for improvement. Euphytica, v.128, p.105-119, 2002.
STEGLICH, M.; PETERS, K. Participatory methods to assess traditional breeding systems. The case of cattle breeding in the Gambia. In: STEGLICH, M.
(Ed.) Participatory research and development for sustainable agriculture and natural resource management: A sourcebook. Manila: CIP-Upward, 2003. p.123–
132.
TIBBO M, ARAGAW K, PHILIPSSON J, MALMFORS B, N. SHOLM A,
AYALEW W and REGE, J. E. O. 2008 A field trial of production and financial
consequences of helminthosis control in sheep production in Ethiopia. Preventive Veterinary Medicine 84:152, 160.
80
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Nilza Dutra ALVES1
DOR EM ANIMAIS DE COMPANHIA
Nilza Dutra ALVES1
RESUMO
Docente do Curso de Medicina
Veterinária da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
[email protected]
1
Os animais de companhia tem sido considerado como membros das famílias e como tal os sentimentos desenvolvidos por esses animais são intensamente percebidos pelos seus guardiões, que acabam trazendo condições de
desconforto familiar. As doenças desenvolvidas nestes animais, em sua maioria,
apresentam como sintoma a dor, que precisa ser identificada e tratada. No entanto para isso é necessário que os profissionais tenham conhecimentos sobre o
comportamento das espécies e ainda sobre os protocolos terapêuticos de acordo
o tipo de dor. Devemos considerar que como profissionais Médicos Veterinários,
somos promotores da ética, do bem-estar, somos responsáveis pelo alivio do
sofrimento dos animais e de seus guardiões, desta forma o reconhecimento da
dor e de suas diversas formas de tratamento é um dever moral, pois assim como
os homens, sentem medo, solidão, monotonia e dor, os animais também sentem
e muitas vezes, apresentam dificuldade de expressar essas sensações.
Palavras chaves: Dor, sofrimento, comportamento, cães, gatos.
PA L AV R A S - C H AV E
Dor, sofrimento, comportamento, cães, gatos.
ABSTRACT
Pet animals has been considered as family members and as such the
feelings developed by these animals are intensely perceived by their guardians,
who have just bringing familiar discomfort conditions. The disease developed
in these animals, mostly present as a symptom pain that needs to be identified
and treated. However this requires that professionals have knowledge about the
behavior of the species as well as on the therapeutic protocols according the
type of pain. We must consider that as professional veterinarios, we are ethicists,
welfare, are responsible for the relief of animal suffering and their guardians, so
the recognition of pain and its various forms of treatment is a moral duty, as well
as men, they feel fear, loneliness, monotony and pain the animals feel well and
often have difficulty expressing those feelings.
KEYWORDS
Os animais de companhia tem sido considerado como membros das famílias (LUCAS,
2009) e como tal os sentimentos desenvolvidos por
esses animais são intensamente percebidos pelos
seus guardiões, que acabam trazendo condições
de desconforto familiar. As doenças desenvolvidas nestes animais, em sua maioria, apresentam
como sintoma a dor, que segundo a International
Association for the study of Pain (IASP) é definida
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Pain, suffering, behavior, dogs, cats.
como “Uma experiência sensorial de aversão causada por uma lesão tecidual real ou potencial que
provoca reações motoras e vegetativas de proteção,
ocasionando uma aprendizagem de um comportamento de esquiva, podendo modificar o comportamento especifico da espécie, incluindo o comportamento social”. Essa é uma síndrome que induz a
várias alterações fisiológicas podendo levar a morte. Observa-se que tem ocorrido um aumento no
81
Nilza Dutra ALVES1
número de estudos sobre o reconhecimento, alívio
e prevenção da dor em animais. No entanto, o seu
reconhecimento é muito subjetivo, considerando
que são necessário muitos estudos etológicos sobre
esse assunto, já que o reconhecimento da dor passa
por uma analise comportamental. O controle álgico é fundamental para a recuperação dos animais
enfermos e consequente manutenção do bem-estar.
Importante salientar que bem-estar significa condição de satisfação das necessidades, conscientes
ou inconscientes, naturais ou psicossociais, implica na satisfação das necessidades biológicas (bem
estar físico), das necessidades psicológicos (bem
estar mental), das necessidades sociais (bem estar
social), e não apenas satisfeitas todas essas necessidades, mas perfeitamente atendidas, como cita a
Organização Mundial da Saúde.
Neste contexto dor e o bem estar animal,
estão intrinsecamente ligados, pois não existe
bem estar animal onde existe dor. Aliviar a dor e
o sofrimento dos animais parece ainda, diante de
algumas pessoas, futilidade, considerando que há
ainda no mundo milhões de pessoas que sofrem,
tem doenças incuráveis, passam fome, convivem
com as guerras. As teorias de Garry Francione sobre a abolição da exploração animal, sugere que o
massacre dos animais é também um ato do ser humano contra si próprio. Nós o praticamos porque
estamos mergulhados em relações sociais que nos
cegam. Enxergar nas outras espécies como seres
que sentem e sofrem é um enorme passo para nos
livrarmos das brutalidades que cometemos entre
nós mesmos.
Na maior parte do século XX, os médicos
veterinários foram mal preparados, em termos de
educação e ideologia, para tratar da dor animal, da
mesma forma que o controle da dor não foi historicamente uma propriedade para os clínicos humanos. Na realidade a teoria e a pratica moral relativa
aos animais foi ignorada durante grande parte da
história da humanidade, sendo a crueldade imposta, e a dor e o sofrimento deliberado. Porém,
a imposição da sociedade e o comprimento de leis
de proteção dos animais têm feito com que sejam
adotadas medidas de controle da dor e reduzido o
sofrimento dos animais.
No inicio do século XXI, acumulou-se um
grande conjunto de conhecimentos básicos e de
critérios neuroanatômicos e neurofisiológicos do
82
homem e dos animais, assim como a compreensão
da fisiologia da dor. Dessa forma, a dor não controlada não é apenas, moralmente problemática, mas
ela é biologicamente prejudicial. Afeta numerosos
aspectos da saúde física, portanto prejudica a saúde
e o bem estar dos animais e pode até mesmo, se for
grave o suficiente, provocar a morte.
Na verdade pouco se sabe sobre dor e sofrimento dos animais, portanto muitas vezes a dor
não é identificada e por sua vez não é tratada. Verifica-se que nos últimos anos têm aumentado o
número de estudos sobre o reconhecimento, alívio
e prevenção da dor nos animais (HELLEBREKERS, 2002). A dor é uma experiência individual, e
o quanto dessa experiência se traduz em um comportamento observável e mensurável depende de
vários fatores. O consenso entre os pesquisadores
que usam métodos para aferir a dor é que a observação comportamental é uma ferramenta útil para
distinguir entre a ausência de dor e dor moderada
ou grave. Sabe-se que as estruturas anatômicas e os
mecanismos neurofisiológicos na percepção da dor
são semelhantes no homem e nos animais, sendo
razoável admitir que um estímulo que é doloroso
para uma pessoa poderá induzir respostas comportamentais semelhantes nos animais (THURMON,
1999).
Tem-se que os proprietários dos animais
de companhia estão preocupados com a dor e o
bem-estar de seus animais, já que em muitas vezes
referem sobre a possibilidade da dor, no entanto
muito tem-se que trabalhar esse assunto no meio
médico veterinário. Borges et al., 2013, em um
estudo sobre o ensino da dor e do bem-estar nas
universidades brasileiras verificou que quando foi
colocado a palavra-chave “dor” 83% das ocorrências estavam relacionadas a aspectos fisiológicos,
farmacológicos, patológicos e anestésicos da dor.
Outro dado relevante neste estudo, é que, entre as
22 ementas analisadas, 10 (45%) não mencionam o
termo “dor”. Desta forma, percebe-se que o ensino
da dor ainda é limitado e que, na maioria das vezes,
restringe-se aos aspectos fisiológicos, patológicos,
farmacológicos e anestésicos. Os resultados sugerem uma possibilidade de aprimoramento quanto
à formação dos médicos veterinários em relação
à relevância da dor para o bem-estar animal, de
maneira a promover reflexão e busca de melhorias
pelos futuros profissionais. O ensino específico de
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Nilza Dutra ALVES1
dor utiliza, em média, somente 15,2% da carga horária total das disciplinas que estão relacionadas à
dor animal. Main (2010) afirmou que os currículos do curso de medicina veterinária encontram-se
atualmente sob pressão contínua, de políticos, das
expectativas dos estudantes e das exigências comerciais, para a inclusão de questões de bem-estar animal. Entre os assuntos a serem incluídos, a
preocupação com o ensino da dor animal desponta
como muito relevante. A tendência provável, dessa
forma, é que essa porcentagem aumente no decorrer dos anos também no Brasil.
O diagnóstico de dor deverá ser baseado
no exame físico e na avaliação do comportamento
animal. Além disso, algumas analises laboratórios
contribuem para analise da dor. A detecção da dor
nos animais pode ser muito difícil, principalmente se o profissional não tiver um apurado conhecimento sobre o comportamento da espécie. Assim
sendo, pode-se estabelecer sinais de dor por meio
da observação de alterações de comportamento,
nível de atividade, qualidade do sono, expressão
facial, preocupação com a área traumatizada, vocalização, postura, parâmetros cardiorrespiratórios
e ingestão de alimentos e água (HELLYER, 1999).
A dor ainda é tratada de forma inadequada em todo
o mundo, tanto na medicina (DAUDT et al., 1998)
como na medicina veterinária, porém é necessário
que a dor seja identificada e tratada. Para tanto, faz-se necessário que os profissionais da saúde tenham
conhecimentos básicos sobre a fisiologia da dor e a
farmacologia dos analgésicos, além da capacitação
para reconhecimento do quadro álgico (BASSANEZI; OLIVEIRA FILHO, 2006). O tratamento
inadequado da dor, principalmente no período pós-operatório, poderá promover o desencadeamento
de dor crônica (BREIVIK; STUBHAUG, 2008).
A dor induz à mudança de comportamento, incluindo comportamento social, que pode ser específico
a cada animal ou espécie. O paradigma moderno
da dor sustenta que ela é uma experiência multidimensional. É importante considerar que embora
o limiar da percepção da dor pareça ser constante interespécies, a real tolerância de um estímulo
doloroso pode variar amplamente dentro de uma
mesma espécie, podendo alguns animais tolerar
um nível mais elevado de dor que os outros. Devido à sua natureza subjetiva, é difícil quantificar
a dor. Além disso, em comparação com os seres
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
humanos, a avaliação da dor em animais é mais
complexa e subjetiva, devido à incapacidade dos
animais comunicarem verbalmente sua dor.
A dor pode ser descrita de acordo com o
local de origem em dor somática originada na pele,
músculos, ossos e outros tecidos; dor visceral que
origina-se nos órgãos internos, como trato gastrintestinal, trato respiratório, dentre outros e dor
neuropática originada no sistema nervoso, manifestando-se como uma desordem de processamento da atividade neuronal. Ainda de acordo com sua
intensidade e duração podem ser divididas em dor
aguda e crônica. A dor aguda é útil e cumpre uma
função de preservação, pode causar sofrimento e
gerar grande limitação funcional. Esta associada
aos sinais físicos do sistema nervoso autônomo,
como taquicardia, hipertensão, ansiedade, sudorese, agitação psicomotora, dilatação da pupila e
palidez, tem a função de alerta, vem em seguida a
uma lesão tecidual, é rápida, permite ao indivíduo
evitar lesões graves e apresenta uma terapêutica
eficiente. A dor crônica gera acentuado estresse,
é inútil e incapacitante, não apresenta tratamento
eficiente, causa sofrimento e gera limitação funcional, especialmente de longa duração e com componente central dominante.
Na maioria das vezes a dor crônica está associada com alterações graves das vias de condução fisiológica normal que originam a hiperalgesia
e alodinia, ou espasmos espontâneos. Leva os pacientes a mudanças emocionais e vegetativas. Os
sinais são mudanças no comportamento e disposição funcional, depressão, perda da libido, perda
de peso, interferência no sono. Do ponto de vista
orgânico a dor crônica pode envolver estruturas
somáticas (dor nociceptiva) ou sistema nervoso
periférico e central ou ambos, dor neuropática. A
dor neuropática tem sintomas diversos e etiologias
variadas incluindo câncer, artrite, doenças vasculares, entre outros. É circundada por variadas síndromes, no entanto, tem em comum a presença de
hiperalgesia e/ou alodinia, dor espontânea e paraestesia. Os pacientes com esse tipo de dor parecem
não responder aos opióides.
Tratar a dor é um dever moral e ético, essa traz graves efeitos negativos nos sistemas cardiopulmonar,
gastrointestinal, neuroendócrino e imunológico;
além disso, os proprietários adquirem mais segurança e confiança. O tratamento da dor proporciona
83
Nilza Dutra ALVES1
qualidade de vida para o animal e o proprietário,
além de prevenir alterações comportamentais importantes. Atualmente existem vários protocolos
terapêuticos que objetivam propiciar o alívio da dor
e restaurar as funções órgão afetado. São utilizadas
modalidades terapêuticas desde a clínica à cirúrgica. Os medicamentos analgésicos utilizados são
os analgésicos narcóticos, antagonistas narcóticos,
anestésicos locais, anticonvulsivantes, antidepressivos triciclicos e medicamentos antiinflamatórios
não-esteróides e esteroidais. A administração de
medicações analgésicas baseia-se numa “escada
analgésica”. O primeiro a usado um analgésico
não opióide e um antiinflamatório não-hormonal.
Depois um opióide fraco é somado e em seguida
um opióide forte. A acupuntura é uma modalidade
terapêutica que pode ter aplicação na dor.
Porém, a terapêutica das dores neuropáticas é um
desafio e para essas tem sido utilizada terapia múltipla. Os principais instrumentos terapêuticos são
constituídos de cirurgia descompressiva, anticonvulsivantes (carbamazepina, ácido valpróico, fenitoína, a vigabatrina, gabapentina e lamotrigina,),
bloqueio simpático, antidepressivos tricíclicos
(amitriptilina, imipramina ou notriptilina) e fenotiazínicos. É provável que o conceito de “analgesia
multimodal balanceada” proporcione o alívio mais
abrangente. A analgesia profilática é um importante aspecto a se considerar nas cirurgias eletivas.
Essa minimiza o desenvolvimento de hipersensibilidade periférica e do Sistema Nervoso Central em
resposta à dor e previne a hiperalgesia e a alodinia.
Podemos concluir que como profissionais Médicos
Veterinários, somos promotores da ética, do bem-estar, somos responsáveis pelo alivio do sofrimento dos animais e de seus guardiões, desta forma o
reconhecimento da dor e de suas diversas formas
de tratamento é um dever moral, pois assim como
os homens, sentem medo, solidão, monotonia e
dor, os animais também sentem e muitas vezes,
apresentam dificuldade de expressar essas sensações.
Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Ciências Animais para obtenção do título
de Médico Veterinário. 2009 . 52 P
BASSANEZI, B. S. B.; OLIVEIRA FILHO, A.
G. Analgesia Pós-Operatória. Revista do Colégio
Brasileiro de Cirúrgia. 33(2):116-22, 2006.
BORGES, T.D.; SANS, E.C.O.; BRAGA, J.S.;
MACHADO, M.F.; MOLENTO, C.F.M. Ensino
de bem-estar e dor animal em cursos de medicina
veterinária no Brasil. Arquivos Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. vol. 65, nº1, Belo
Horizonte, 2013.
BREIVIK, H.; STUBHAUG, A. Management of
acute postoperative pain: still a long wal to go!.
Pain. 2008. 137. 233-4.
DAUDT, A. W.; HADLICH, E.; FACIN, M. A.;
APRATO, R. M. S.; PEREIRA, R. P. Opióides no
manejo da dor — uso correto ou subestimado? Dados de um hospital universitário. Revista da Assossiação Médica do Brasil. 1998; 44(2): 106-10.
HELLEBREKERS, L. J. Dor em Animais. São
Paulo: Manole, 2002. p. 69-79.
HELLYER P.W. Minimizing postoperative discomfort in dogs and cats. Veterinary Medicine, n.3,
p.259–265, 1999.
MAIN, D.C.J. Evolution of animal-welfare education for veterinary students. Journal Veterinary
Medicin Educative. v.37, p.30-35, 2010.
THURMON, J. C.; TRANQUILI, W. J.; BENSON, G. J. Perioperative pain and its management.
Essencials of Small Animal. Anesth Analg. 1999;
p.28-60.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, L.P. CARACTERIZAÇÃO DOS
PROPRIETÁRIOS DE CÃES E GATOS NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ, RIO GRANDE DO
NORTE. Monografia apresentada a Universidade
84
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Paulo GUIMARÃES1
SEGURANÇA ALIMENTAR NA CADEIA
PRODUTIVA DA CARNE
Paulo Guimarães 1
PROGEAL. guimaraespr@
ig.com.br
1
A partir da década de 80, as Indústrias de Alimentos vêm redirecionando
seus sistemas de gestão da qualidade para torná-los cada vez mais preventivos
e menos corretivos. Esta tendência tem se fortalecido tanto pela constatação de
que os sistemas tradicionais de Inspeção e Controle de Qualidade não têm sido
capazes de garantir a inocuidade dos alimentos, bem como pela necessidade
cada vez maior de racionalizar recursos e otimizar processos. Além disso, a
crescente globalização dos mercados tem exigido das empresas a adoção de
sistemas de controle reconhecidos internacionalmente.
Diante deste quadro, o Programa Alimento Seguro (PAS), associado às
Boas Práticas de Fabricação (BPF), tem-se revelado como ferramenta básica
do sistema moderno de gestão da qualidade nas indústrias de alimentos, sendo
compatível com sistemas da série ISO 22.000 e Qualidade Total. Trata-se de
um programa preventivo, que busca garantir a inocuidade do alimento e inclui
aspectos que vão desde a produção no campo até o consumidor final, passando
pela industrialização e distribuição.
Assim, o Sistema APPCC vem sendo adotado em todo o mundo, não só
por garantir a segurança dos produtos alimentícios, mas também por reduzir os
custos e aumentar a lucratividade, já que minimiza as perdas e o retrabalho, por
otimizar o processo, tornando desnecessária uma boa parte das análises laboratoriais realizadas no sistema de controle tradicional, e por tornar o processo de
controle transparente e confiável.
No Brasil, a partir de 1991, o governo federal juntamente com a iniciativa privada vem desenvolvendo ações para implantação, em caráter experimental, do Sistema APPCC. Este programa foi regulamentado pela Portaria nº 23, de
12 de fevereiro de 1993, da Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura,
do Abastecimento e da Reforma Agrária (MAARA) e pelas Portarias nº 11, de
18 de fevereiro de 1993 e nº 13, de 03 de março de 1993, da Secretaria da Defesa Agropecuária (SDA) e está sendo implantada pelo Serviço de Inspeção de
Pescado e Derivados (SEPES), do Departamento de Inspeção de Produtos de
Origem Animal (DIPOA).
Em 26 de novembro de 1993, o Ministério da Saúde (MS) lançou a Portaria nº 1428, que fornece as diretrizes para o estabelecimento de Boas Práticas
de Produção e Prestação de Serviços e do Sistema APPCC na área de alimentos, bem como relaciona os conhecimentos básicos necessários aos responsáveis
técnicos.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Recentemente, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MAA)
85
Paulo GUIMARÃES1
lançou a Portaria nº 46, de 10 de fevereiro de 1998, devido à necessidade de
atender aos compromissos internacionais assumidos no âmbito da Organização
Mundial de Comércio e consequente disposição do Codex Alimentarius. Nesta
portaria, instituiu- se o Sistema APPCC para os produtos de origem animal,
assim como diretrizes para elaboração do Manual Genérico de Procedimentos,
para elaboração do plano de APPCC.
Entretanto, apesar de todas as ações tomadas, é ainda uma realidade no
Brasil a falta de uma massa crítica de técnicos capazes de assessorar a implantação do Sistema APPCC na indústria. Também é marcante, até agora, a falta de
conhecimento do Sistema pelos empresários e pelos técnicos da grande maioria
de empresas de médio porte e pela quase totalidade das empresas de pequeno
porte. Vale aqui dizer que os princípios do Sistema APPCC são aplicáveis a
todos os segmentos da cadeia alimentar, desde a produção primária até o consumidor final. O Sistema pode ser implantado em qualquer tipo de indústria de
alimentos, inclusive nas microempresas.
Dessa forma, a implantação e implementação de sistemas de qualidade
desde o setor primário (Boas Práticas Agropecuária – BPA), passando pela indústria através das Boas Práticas de Fabricação – BPF, bem como no serviço de
alimentação (Boas Práticas na Manipulação dos Alimentos – BP) e a implantação do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC
em toda a cadeia produtiva.
86
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Pedro Leopoldo Jerônimo MONTEIRO JR1, Alexandre Barbieri PRATA1, Camila SPIES1,
Louise Helen OLIVEIRA1, Jéssica Nora DRUM1, Roberto SARTORI1
MANIPULAÇÃO HORMONAL E FATORES QUE INFLUENCIAM NA EFICIÊNCIA REPRODUTIVA DE VACAS LEITEIRAS
Pedro Leopoldo Jerônimo MONTEIRO JR1, Alexandre Barbieri PRATA1, Camila SPIES1,
Louise Helen OLIVEIRA1, Jéssica Nora DRUM1, Roberto SARTORI1
RESUMO
Departmento de Zootecnia,
Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, 13418-900, Brasil. *pedromonteirojr@hotmail.
com
1
Em rebanhos leiteiros, desde a década de 70, tem se observado que o aumento gradativo da produção de leite vem acompanhado do aumento do número
de serviços por concepção. Essa queda da fertilidade está associada a diversos
fatores como maior velocidade da metabolização de hormônios esteroides e,
consequentemente, concentrações hormonais inadequadas para promover um
ambiente endócrino ideal para o crescimento folicular e uterino para o desenvolvimento do concepto. Além disso, o aumento de produção de leite está associado a maiores incidências de doenças e condição anovulatória, bem como à maior
susceptibilidade das vacas ao estresse calórico. Com isso, tratamentos hormonais podem ser utilizados visando aumentar a fertilidade de rebanhos leiteiros.
Desta forma, o presente artigo discorre sobre aspectos envolvendo à fisiologia
reprodutiva e dos fatores que afetam a eficiência reprodutiva de vacas leiteiras.
PA L AV R A S - C H AV E
Estradiol, IATF, Progesterona, Rebanhos
Leiteiros.
ABSTRACT
In dairy herds, since the 70s, it has been observed that with the increase
in milk production has also been associated with increased number of services
per conception. This decreased fertility of dairy cows is associated with several
factors such as the greater metabolism of steroid hormones, consequently inadequate circulating hormones to promote optimal endocrine environment for
follicle growth and conceptus development. Furthermore, the increase in milk
production is associated with an increased incidence of diseases related to dairy
herds, increased susceptibility to heat stress and higher incidence of anovulation.
Accordingly, hormone treatments may be used in order to increase the fertility
of dairy herds. Thus, this article discusses particular aspects of the reproductive
physiology of dairy cows, as well as factors affecting the reproductive efficiency
of dairy herds.
KEYWORDS
Estradiol, FTAI, Progesterone, Dairy Herds.
INTRODUÇÃO
nas últimas décadas, embora se tenha verificado
aumentos consideráveis na média de produção de
A eficiência reprodutiva está positivamen- leite, observou-se um declínio na fertilidade dos
te relacionada com a média de produção de leite rebanhos leiteiros (LUCY, 2001, WASHBURN et
do rebanho (RIBEIRO et al., 2012). Entretanto, al., 2002). Este fato torna-se evidente quando noCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
87
Pedro Leopoldo Jerônimo MONTEIRO JR1, Alexandre Barbieri PRATA1, Camila SPIES1,
Louise Helen OLIVEIRA1, Jéssica Nora DRUM1, Roberto SARTORI1
ta-se que, a prenhez por inseminação artificial (P/
IA) que estava acima de 50% nos anos 70, ficou em
torno de 40% nos anos 90 e no início do século já
estava abaixo de 40% (WASHBURN et al., 2002).
Em resposta à diminuição da eficiência reprodutiva, diversos grupos de pesquisa tem concentrado
esforços para elucidar as causas e desenvolver estratégias de manejo que auxiliem a contornar estes
problemas (CHEBEL et al., 2004, WILTBANK et
al., 2006, RIBEIRO et al., 2013).
Dentre as principais causas relacionadas ao
declínio da fertilidade estão: a rápida metabolização dos hormônios esteroides, progesterona (P4) e
estradiol (E2; WILTBANK et al., 2006), à maior
susceptibilidade ao estresse térmico (CHEBEL et
al., 2004) e o aumento da incidência de doenças
relacionadas à rebanhos leiteiros (RIBEIRO et al.,
2013). Essa associação de fatores resulta em menor duração e intensidade de estro (LOPEZ et al.,
2004), aumento da incidência de condições anovulatórias (BARTLETT et al., 1986) e comprometimento da qualidade ovocitária (WILTBANK et al.,
2006). Visando solucionar parte desses problemas,
em 1995, foi desenvolvido pelo grupo do Professor
Milo Wiltbank, na Universidade de Wisconsin, nos
EUA, o primeiro protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) (PURSLEY et al., 1995).
Buscando melhores resultados de fertilidade, ao
longo dos anos, algumas modificações do protocolo inicial foram realizadas e até mesmo outros protocolos foram criados. Essa revisão discorre sobre
particularidades da fisiologia reprodutiva de vacas
leiteiras, assim como mudanças pontuais do protocolo de IATF mais utilizado no Brasil, visando
aumento de fertilidade. Além disso, são abordados
também diferentes aspectos que estão relacionados
ao comprometimento da fertilidade em rebanhos
leiteiros.
PARTICULARIDADES FISIOLÓGICA DA
VACA LEITEIRA
Existe alta correlação positiva entre a ingestão de matéria seca e a produção de leite (HARRISON et al., 1990) e isso não só provoca alterações na fisiologia ovariana, como também nas
concentrações de hormônios esteroides (SANGSRITAVONG et al., 2002). Vacas leiteiras de alta
produção possuem folículos ovulatórios de maior
88
tamanho durante a lactação, entretanto, a concentração sanguínea de E2 é mais baixa do que em
vacas não lactantes ou novilhas (SARTORI et al.,
2002a). Apesar das vacas lactantes apresentarem
CL de maior tamanho, as concentrações circulantes de P4 são menores quando comparadas a
novilhas e vacas não lactantes (SARTORI et al.,
2002a). Baixa concentração circulante de P4, está
associada à maior incidência de codominância e
dupla ovulação em vacas leiteiras, mas não em novilhas (WILTBANK et al., 2006).
Vacas lactantes, devido à alta ingestão de
matéria seca, possuem aproximadamente, duas vezes mais fluxo sanguíneo hepático do que vacas não
lactantes e, consequentemente, catabolizam mais
E2 e P4 (SANGSRITAVONG et al., 2002). Sendo
assim, em vacas lactantes, para que a concentração
sanguínea de E2 seja suficiente para induzir o comportamento de cio e pico pré-ovulatório de GnRH/
LH, os folículos ovulatórios devem ser maiores do
que em vacas não lactantes e novilhas (SARTORI
et al., 2004). Entretanto, a concentração sanguínea
de E2 tem correlação positiva com a expressão
e intensidade de estro (LOPEZ et al., 2004). Por
esta razão, vacas de maior produção de leite (46,8
kg/d) tem menor (P < 0,01) duração de cio do que
as de menor (32,3 kg/d) produção (7,0 vs. 11,9 h,
respectivamente; LOPEZ et al., 2004), o que pode
comprometer as estratégias de manejo reprodutivo
em fazendas leiteiras.
Quando se compara a qualidade embrionária de vacas holandesas de alta produção a de novilhas púberes ou vacas não lactantes, nota-se menor
viabilidade embrionária nas vacas lactantes (SARTORI et al., 2002b). Isso foi mostrado, por meio da
colheita de embriões de ovulação única onde, nas
vacas lactantes, apenas 47% dos embriões foram
considerados viáveis, enquanto que em vacas não
lactantes e novilhas em torno de 72% eram viáveis.
Ainda, no verão, a taxa de fecundação de vacas
lactantes foi comprometida quando comparada a
novilhas (55% vs 100%).
Em grande parte das vacas, quanto maior a
produção de leite mais intenso é o balanço energético negativo (BEN). Além disso, nesses animais
observa-se aumento na incidência de condição
anovulatória (BARTLETT et al., 1986). O atraso
na primeira ovulação é geralmente atribuído ao período de BEN durante o início da lactação e reduCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Pedro Leopoldo Jerônimo MONTEIRO JR1, Alexandre Barbieri PRATA1, Camila SPIES1,
Louise Helen OLIVEIRA1, Jéssica Nora DRUM1, Roberto SARTORI1
ção dos pulsos de LH necessários para estimular os Neste mesmo estudo, a fertilidade foi maior
estágios finais do crescimento folicular e produção para o grupo com maior dose (500 µg = 40,9% vs
de E2 (BEAM e BUTLER, 1997).
750 µg = 45,4%; P = 0,05). Em protocolos à base
de E2/P4, os resultados de fertilidade parecem ser
MANIPULAÇÃO HORMONAL PARA INSE- similares, já que vacas com concentrações de P4
MINAÇÃO ARTIFICIAL
acima de 0,1 ng/mL no momento da IATF, tiveram
menor taxa de ovulação (MONTEIRO JR et al.,
Visando minimizar os problemas relacio- 2015a) e P/IA (PEREIRA et al., 2013, MONTEInados à baixa eficiência reprodutiva de rebanhos RO JR et al., 2015a).
leiteiros, foram desenvolvidos vários protocolos Outra tentativa visando melhorar a ferhormonais com o intuito de sincronizar a emergên- tilidade em rebanhos leiteiros tem sido o uso da
cia de uma nova onda de crescimento folicular e gonadotrofina coriônica equina (eCG), porém, os
a ovulação, permitindo-se a realização da IA sem resultados ainda são controversos. Estudos utiliobservação de estro. Os protocolos de IATF são ba- zando vacas leiteiras de alta produção verificaram
seados nos tratamentos hormonais à base de GnRH aumento no volume do CL e na concentração de
e PGF2α (PURSLEY et al., 1995) ou na associação P4 no diestro subseqüente à IATF nos animais que
de E2/P4 (SOUZA et al., 2009).
receberam eCG (400 UI). Porém, no grupo de aniEm condições nacionais, mesmo com a utilização mais que receberam eCG ,somente os animais com
de protocolos de IATF, a P/IA dificilmente ultrapas- baixo escore de condição corporal (ECC) apresensa 35%. No protocolo à base de E2/P4, sabe-se que taram incremento na P/IA (SOUZA et al., 2009).
vacas efetivamente sincronizadas apresentam P/IA Devido ao crescimento do rebanho de vacas mestisatisfatória (≈60%). No entanto, apenas 60% des- ças produtoras de leite, principalmente da raça Gises animais atendem às premissas da sincroniza- rolando, Prata et al. (2015) realizaram um recente
ção, que é emergir uma nova onda de crescimento estudo com 679 vacas para avaliar o efeito da eCG
folicular e ovular ao final do protocolo (MONTEI- (400 UI) no dia 7 do protocolo na fertilidade de vaRO JR et al., 2015a). Deste modo, vários estudos cas mestiças lactantes. De acordo com os autores,
foram realizados com o intuito de melhorar a sin- vacas tratadas com eCG e inseminadas até 70 dias
cronização da emergência folicular, a luteólise e o em leite (DEL) apresentaram maior P/IA (32,8%
crescimento final do folículo dominante. Resulta- vs. 21,3%; P = 0,05), efeito este não observado
dos de alguns destes estudos serão demonstrados e em vacas com mais de 70 dias em leite (31,1% vs.
discutidos a seguir.
29,9%; P = 0,70). O uso de eCG no D7 do protoco
Para aumentar a proporção de vacas sin- lo aumentou a fertilidade, devido a melhora da P/
cronizadas foram realizados experimentos pré-sin- IA das vacas inseminadas até 70 DEL.
cronizando as vacas para se iniciar o protocolo de O fato é que quando se utilizam protocoIATF , aumentando a dose benzoato de estradiol los de IATF intensivamente em rebanhos leiteiros
(BE; MONTEIRO JR et al., 2015a), ou substituin- é observada diminuição (P < 0,01) dos intervalos
do o BE por GnRH (MELO et al., 2014) no início entre o parto e 1ª IA, e entre o parto e concepção
do protocolo. No entanto, nenhum desses estudos (MONTEIRO JR et al., 2015b). Todavia, outros faobteve sucesso no aumento de proporção de vacas tores como, estado nutricional e metabólico, tamsincronizadas ou da P/IA.
bém interferem na fertilidade de rebanhos leiteiros.
A maioria dos protocolos de IATF utilizados atualmente tem indicado apenas uma aplicação FATORES QUE AFETAM A FERTILIDADE
de PGF2α um dia antes da retirada do dispositivo FATORES NUTRICIONAIS E DESORDENS
de P4 ou junto ao mesmo. No entanto, um estudo METABÓLICAS
recente constatou que o aumento da dose de Cloprostenol proporcionou maior regressão total do O período de BEN está associado a menores
CL em vacas multíparas (500 µg = 79,2% vs 750 concentrações circulantes de insulina, hormônio
µg = 87,7%), no entanto, este efeito não foi obser- do crescimento (GH) e glucagon quando comparavado em primíparas (GIORDANO et al., 2013). do a outras fase de produção (KOZLOSKI, 2011).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
89
Pedro Leopoldo Jerônimo MONTEIRO JR1, Alexandre Barbieri PRATA1, Camila SPIES1,
Louise Helen OLIVEIRA1, Jéssica Nora DRUM1, Roberto SARTORI1
A insulina estimula a expressão de receptores de
GH no fígado e, consequentemente, a produção de
IGF-1. Como a concentração de insulina circulante
está baixa no pós-parto inicial, a secreção de IGF-1
é comprometida, o que caracteriza um desacoplamento do eixo somatotrópico (LUCY, 2008). Os
efeitos desse desacoplamento são negativos para a
reprodução, já que a insulina, bem como o IGF-I,
atuam em sinergia com as gonadotrofinas no ovário.
Gong et al. (2002) observaram que o fornecimento de dieta insulinogênica até 50 DEL antecipou a primeira ovulação. No entanto, existem
evidências de que a manutenção de vacas em uma
dieta hiperinsulinêmica pode ter efeitos deletérios sobre as taxas de sobrevivência embrionária
(FOULADI-NASHTA et al., 2005). Garnsworthy
et al. (2009) sugeriram então um manejo nutricional estratégico: o fornecimento de dieta insulinogência durante o período de espera voluntário para
melhorar o desenvolvimento folicular e retomada
da ciclicidade e outra dieta não-insulinogênica, a
partir desse período, baseando-se no fato de que
isto favoreceria o desenvolvimento e competência
oocitária e melhoraria o “status da P4”.
O BEN provoca perda de peso e de ECC, e
aumento nas concentrações séricas de ácidos graxos não esterificados (AGNE) e β-hidroxibutirato
(GRUMMER et al., 2004). Vacas com baixo ECC
ao parto ou com excesso de perda de ECC no pós-parto precoce apresentaram menor P/IA e maior
intervalo parto-concepção quando comparadas às
que mantiveram ou ganharam ECC (CARVALHO
et al., 2014). Isso pode, em parte, ser causado pela
captação de AGNE pelo ovócito, ocasionando prejuízos ao desenvolvimento embrionário (LEROY
et al., 2005) ou ainda, por desordens no ambiente uterino, já que o BEN severo pode aumentar a
expressão de mediadores da inflamação (WATHES
et al., 2007). A imunossupressão (BURTON et al.,
2001) e aumento do estresse oxidativo que ocorre
após o parto (SORDILLO e AITKEN, 2009) é o
que torna o animal susceptível a desenvolver doenças e desordens metabólicas como: hipocalcemia,
retenção de placenta, metrite, endometrite, cetose,
mastite e deslocamento de abomaso. Além disso,
independentemente da doença ser clínica ou subclínica, as vacas doentes apresentam maior incidência de condição anovulatória (16,5 vs. 4,4%) e
90
menor P/IA (50,0 vs. 73,5%) quando comparadas
às vacas sadias (RIBEIRO et al., 2013).
Um estudo recente realizado no Brasil (PONTES
et al., 2015) mostrou que vacas com baixa concentração sanguínea de Vitamina E possuem três
vezes mais chances de desenvolverem retenção
de placenta, tem maior incidência de natimortos,
apresentam concentração de AGNE mais elevada
na primeira semana pós-parto, além de menor P/IA
e maior perda de prenhez comparado a vacas com
níveis normais de vitamina E.
ESTRESSE TÉRMICO
O estresse térmico é o principal fator que
contribui para a diminuição da fertilidade de vacas de leite inseminadas no verão (AL-KATANANI et al., 1999), sendo os efeitos negativos carreados para o início do outono (WOLFENSON
et al., 1997). Chebel et al. (2004) mostraram que
um evento de estresse térmico ocorrendo entre 20
e 50 dias antes da IA é o suficiente para diminuir
a P/IA em vacas leiteiras lactantes. A explicação
para isso parece estar no fato de o estresse térmico
prejudica a fecundação e a qualidade do embrião,
como mostra o estudo de Sartori et al. (2002b) no
qual vacas lactantes, no verão, tiveram menor taxa
de fecundação (55 vs. 100%), menos embriões viáveis (33,3 vs. 71,9%) e maior temperatura retal
(39,3±0,03 vs. 38,7±0,01) comparadas às novilhas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora não se tenha obtido aumento na P/
IA do rebanho leiteiro norte-americano de 1998 a
2008, foi observada diminuição gradativa do intervalo entre o parto e concepção no mesmo período.
Essa recuperação da eficiência reprodutiva foi impulsionada principalmente pela adoção massiva de
protocolo de IATF, pois em 1998 em apenas 9%
dos rebanhos esta técnica era utilizada, enquanto
que em 2008, já eram 58% (WILTBANK e PURSLEY, 2014).
Sendo assim, a IATF é uma ferramenta que
deve ser sistematicamente utilizada em rebanhos
leiteiros, porém não deve ser vista como a única
solução para problemas de manejo reprodutivo.
Conforme foi visto no presente artigo, a eficiência reprodutiva de rebanhos leiteiros depende de
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Pedro Leopoldo Jerônimo MONTEIRO JR1, Alexandre Barbieri PRATA1, Camila SPIES1,
Louise Helen OLIVEIRA1, Jéssica Nora DRUM1, Roberto SARTORI1
diversos outros fatores, ressaltando-se então, a
importância de se integrar boas práticas sanitárias
e nutricionais associadas a estratégias de manejo
reprodutivo adequadas para se obter uma boa fertilidade.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, CAPES e FAPESP por fomentar alguns
estudos referenciados neste artigo e às fazendas
parceiras que contribuíram para a condução dos
estudos.
REFERÊNCIAS
AL-KATANANI, Y. M.; WEBB, D. W.; HANSEN,
P. J. Factors affecting seasonal variation in 90-day
nonreturn rate to first service in lactating Holstein
cows in a hot climate. Journal of Dairy Science,
v.82, n. 12, p.2611-2616, 1999.
BARTLETT, P. C.; NGATEGIZE, P. K.; KANEENE, J. B.; KIRK, J. H.; ANDERSON, S. M.; MATHER, E. C. Cystic follicular disease in michigan
holstein-friesian cattle - incidence, descriptive epidemiology and economic-impact. Preventive Veterinary Medicine, v.4, n.1, p. 15-33, 1986.
Dairy Science, v.97, n.6, p.3666-3683, 2014.
CHEBEL, R. C.; SANTOS, J. E. P.; REYNOLDS,
J. P.; CERRI, R. L. A.; JUCHEM, S. O.; OVERTON, M. Factors affecting conception rate after
artificial insemination and pregnancy loss in lactating dairy cows. Animal Reproduction Science,
v.84, n.3-4, p.239-255, 2004.
FOULADI-NASHTA, A. A.; GUTIERREZ, C.
G.; GARNSWORTHY, P. C.; WEBB, R. Effects
of dietary carbohydrate source on oocyte/embryo
quality and development in high-yielding, lactating dairy cattle. In: 38th Annual Meeting of the
Society-for-the-Study-of-Reproduction, Quebec,
2005. Biology of Reproduction, p.135-136, 2005.
GARNSWORTHY, P. C.; GONG, J. G.; ARMSTRONG, D. G.; MANN, G. E.; SINCLAIR, K.
D.; WEBB, R. Effect of site of starch digestion on
metabolic hormones and ovarian function in dairy
cows. Livestock Science, v.125, n.2-3, p.161-168,
2009.
GIORDANO, J. O.; WILTBANK, M. C.; FRICKE,
P. M.; BAS, S.; PAWLISCH, R.; GUENTHER, J.
N.; NASCIMENTO, A. B. Effect of increasing
GnRH and PGF(2 alpha) dose during Double-Ovsynch on ovulatory response, luteal regression,
and fertility of lactating dairy cows. TheriogenoloBEAM, S. W.; BUTLER, W. R. Energy balance gy, v.80, n.7, p.773-783, 2013.
and ovarian follicle development prior to the first
ovulation postpartum in dairy cows receiving three GONG, J. G.; LEE, W. J.; GARNSWORTHY, P.
levels of dietary fat. Biology of Reproduction, C.; WEBB, R.. Effect of dietary-induced increases
v.56, n.1, p.133-142, 1997.
in circulating insulin concentrations during the early postpartum period on reproductive function in
BURTON, J. L.; MADSEN, S. A.; YAO, J.; SI- dairy cows. Reproduction, v.123, n. 3, p.419-427,
PKOVSKY, S. S.; COUSSENS, P. M. An immuno- 2002.
genomics approach to understanding periparturient
immunosuppression and mastitis susceptibility in GRUMMER, R. R.; MASHEK, D. G.; HAYIRdairy cows. Acta Veterinaria Scandinavica, v.42, n. LI, A. Dry matter intake and energy balance in the
3, p.407-424, 2001.
transition period. Veterinary Clinics of North America-Food Animal Practice, v.20, n.3, p.447-470,
CARVALHO, P. D.; SOUZA, A. H.; AMUND- 2004.
SON, M. C.; HACKBART, K. S.; FUENZALIDA,
M. J.; HERLIHY, M. M.; AYRES, H.; DRES- HARRISON, R. O.; FORD, S. P.; YOUNG, J. W.;
CH, A. R.; VIEIRA, L. M.; GUENTHER, J. N.; CONLEY, A. J.; FREEMAN, A. E. Increase milkGRUMMER, R. R.; FRICKE, P. M.; SHAVER, -production versus reproductive and energy status
R. D.; WILTBANK, M. C. Relationships between of high producing dairy-cows. Journal of Dairy
fertility and postpartum changes in body condition Science, v.73, n.10, p.2749-2758, 1990.
and body weight in lactating dairy cows. Journal of KOZLOSKI, G. V. 2011. Bioquímica dos ruminanCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
91
Pedro Leopoldo Jerônimo MONTEIRO JR1, Alexandre Barbieri PRATA1, Camila SPIES1,
Louise Helen OLIVEIRA1, Jéssica Nora DRUM1, Roberto SARTORI1
tes. 3a ed., Santa Maria.
LEROY, J.; OPSOMER, G.; DE VLIEGHER, S.;
VANHOLDER, T.; GOOSSENS, L.; GELDHOF,
A.; BOLS, P. E. J.; DE KRUIF, A.; VAN SOOM,
A. Comparison of embryo quality in high-yielding
dairy cows, in dairy heifers and in beef cows. Theriogenology, v.64, n.9, p.2022-2036, 2005.
LOPEZ, H.; SATTER, L. D.; WILTBANK, M.
C. Relationship between level of milk production
and estrous behavior of lactating dairy cows. Animal Reproduction Science, v.81, p.3-4, p.209-223,
2004.
VERAS, M. B.; BORGES, P. T.; WILTBANK, M.
C.; VASCONCELOS, J. L. M. Timing of prostaglandin F-2 alpha treatment in an estrogen-based
protocol for timed artificial insemination or timed
embryo transfer in lactating dairy cows. Journal of
Dairy Science, v.96, n.5, p.2837-2846, 2013.
PONTES, G. C. S.; MONTEIRO JR., P. L. J.;
PRATA, A. B.; GUARDIEIRO, M. M.; PINTO,
D. A. M.; FERNANDES, G. O.; WILTBANK, M.
C.; SANTOS, J. E. P.; SARTORI, R. Effect of injectable vitamin E on incidence of retained fetal
membranes and reproductive performance of dairy
cows. Journal of Dairy Science, v.98, n.4, p.2437LUCY, M. C. ADSA Foundation Scholar Award - 2449, 2015.
Reproductive loss in high-producing dairy cattle:
Where will it end? Journal of Dairy Science, v.84, PRATA, A. B., MONTEIRO JR, P. L. J.; PONTES,
n.6, p.1277-1293, 2001.
G. C. S.; DRUM, J. N.; SARTORI, R. ECG incorporado ao protocolo de IATF aumenta a concepção
LUCY, M. C. Functional differences in the grow- de vacas leiteiras mestiças com até 70 DEL. In:
th hormone and insulin-like growth factor axis in XXIX Reunição Anual da Sociedade Brasileira de
cattle and pigs: Implications for post-partum nutri- Tecnologias de Embrião, Gramado, 2015. Anais da
tion and reproduction. Reproduction in Domestic SBTE, Gramado: SBTE, 2015.
Animals, v.43, p.31-39, 2008.
PURSLEY, J. R., MEE, M. O.; WILTBANK, M.
MELO, L. F., DRUM, J. N.; MONTEIRO JR, P. C. Synchronization of ovulation in dairy-cows
L. J.; WILTBANK, M. C.; SARTORI, R. Fertili- using PGF(2-alpha), and GnRH. Theriogenology,
ty of Holstein cows submitted to GnRH- or estra- v.44, n.7, p.915-923, 1995.
diol-based FTAI protocols. Animal Reproduction,
v.11, p.377, 2014.
RIBEIRO, E. S., GALVÃO, K. N.; THATCHER,
W. W.; SANTOS, J. E. P. Economics aspects of
MONTEIRO JR, P. L. J., BORSATO, M.; SIL- applying reproductive technologies to dairy herds.
VA, F. L. M.; PRATA, A. B.; WILTBANK, M. C.; Animal Reproduction, v.9, p.370-387, 2012.
SARTORI, R. Increasing estradiol benzoate, pretreatment with gonadotropin-releasing hormone, RIBEIRO, E. S., LIMA, F. S.; GRECO, L. F.; BIand impediments for successful estradiol-based fi- SINOTTO, R. S.; MONTEIRO, A. P. A.; FAVOxed-time artificial insemination protocols in dairy RETO, M.; AYRES, H.; MARSOLA, R. S.; MARcattle. Journal of Dairy Science, v.98, n.6, p.3826- TINEZ, N.; THATCHER, W. W.; SANTOS, J. E. P.
3839, 2015a.
Prevalence of periparturient diseases and effects on
fertility of seasonally calving grazing dairy cows
MONTEIRO JR, P. L. J.; GONZALES, J. A. H.; supplemented with concentrates. Journal of Dairy
GONZALES, B.; SARTORI, R. Intensificação do Science, v.96, n.9, p.5682-5697, 2013.
Manejo Reprodutivo em um Rebanho Leiteiro. In:
XXIX Reunição Anual da Sociedade Brasileira de SANGSRITAVONG, S.; COMBS, D. K.; SARTecnologias de Embrião, Gramado, 2015. Anais da TORI, R.; ARMENTANO, L. E.; WILTBANK, M.
SBTE, Gramado: SBTE, 2015b.
C. High feed intake increases liver blood flow and
metabolism of progesterone and estradiol-17 beta
PEREIRA; M. H. C., SANCHES, C. P.; GUIDA, in dairy cattle. Journal of Dairy Science v.85, n. 11,
T. G.; RODRIGUES, A. D. R.; ARAGON, F. L.; p.2831-2842, 2002.
92
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Pedro Leopoldo Jerônimo MONTEIRO JR1, Alexandre Barbieri PRATA1, Camila SPIES1,
Louise Helen OLIVEIRA1, Jéssica Nora DRUM1, Roberto SARTORI1
SARTORI, R.; HAUGHIAN, J. M.; SHAVER, R.
D.; ROSA, G. J. M.; WILTBANK, M. C. Comparison of ovarian function and circulating steroids
in estrous cycles of Holstein heifers and lactating
cows. Journal of Dairy Science, v.87, n.4, p.905920, 2004.
SARTORI, R.; ROSA, G. J. M.; WILTBANK, M.
C. Ovarian structures and circulating steroids in
heifers and lactating cows in summer and lactating
and dry cows in winter. Journal of Dairy Science,
v.85, n.11, p.2813-2822, 2002a.
SARTORI, R., SARTOR-BERGFELT, R. ; MERTENS, S. A.; GUENTHER, J. N.; PARRISH, J.
J.; WILTBANK, M. C. Fertilization and early embryonic development in heifers and lactating cows
in summer and lactating and dry cows in winter.
Journal of Dairy Science, v.85, n.11, p.2803-2812,
2002b.
WASHBURN, S. P.; SILVIA, W. J.; BROWN,
C. H.; MCDANIEL, B. T.; MCALLISTER, A. J.
Trends in reproductive performance in Southeastern Holstein and Jersey DHI herds. Journal of
Dairy Science, v.85, n.1, p.244-251, 2002.
WATHES, D. C.; FENWICK, M. ; CHENG, Z.;
BOURNE, N.; LLEWELLYN, S.; MORRIS, D.
G.; KENNY, D.; MURPHY, J.; FITZPATRICK, R.
Influence of negative energy balance on cyclicity
and fertility in the high producing dairy cow. Theriogenology v.68, p.232-241, 2007.
WILTBANK, M.; LOPEZ, H. ; SARTORI, R.;
SANGSRITAVONG, S.; GUMEN, A. Changes in
reproductive physiology of lactating dairy cows
due to elevated steroid metabolism. Theriogenology, v.65, n. 1, p.17-29, 2006.
WILTBANK, M. C.; PURSLEY, J. R. The cow as
an induced ovulator: Timed AI after synchronizaSORDILLO, L. M.; AITKEN, S. L. Impact of oxi- tion of ovulation. Theriogenology, v.81, n.1, p.170dative stress on the health and immune function of 185, 2014.
dairy cattle. Veterinary Immunology and Immunopathology, v.128, n.1-3, p.104-109, 2009.
WOLFENSON, D.; LEW, B. J.; THATCHER, W.
W.; GRABER, Y. ; MEIDAN, R. Seasonal and
SOUZA, A. H.; VIECHNIESKI, S.; LIMA, F. acute heat stress effects on steroid production by
A.; SILVA, F. F.; ARAUJO, R.; BO, G. A.; WIL- dominant follicles in cows. Animal Reproduction
TBANK, M. C.; BARUSELLI, P. S. Effects of Science, v.47, n.1-2, p. 9-19, 1997.
equine chorionic gonadotropin and type of ovulatory stimulus in a timed-AI protocol on reproductive responses in dairy cows. Theriogenology, v.72,
n.1, p.10-21, 2009.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
93
Rafael Resende FALEIROS1 , Luciana RASERA2, Andrea da Costa AITA3 , Hidelbrando VIEIRA FILHO3
DOR EM ANIMAIS DE PRODUÇÃO
Rafael Resende FALEIROS1 , Luciana RASERA2, Andrea da Costa AITA3 , Hidelbrando VIEIRA FILHO3
RESUMO
Escola de Veterinária da
UFMG. E-mail: faleirosufmg@
gmail.com
2
Instituto Brasileiro de Veterinária.
3
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP.
1
A capacidade de reconhecer, classificar e controlar a dor é qualidade
imprescindível ao Médico Veterinário que trabalha com animais de produção. A
dor, quando não devidamente controlada, pode trazer malefícios diretos ao organismo, que agravam o quadro clínico primário, retardando ou mesmo impedindo
o restabelecimento da homeostase. Cada situação clínica deve considerada especificamente e o tratamento direcionado de acordo com a intensidade da dor e
com órgão afetado pela enfermidade primária.
PA L AV R A S - C H AV E
analgesia, analgésicos, nocicepção
ABSTRACT
The ability to recognize, classify and control pain is an essential quality
to the veterinarian who works with farm animals. Pain, when not properly controlled, can bring direct harm to the body that aggravate the primary clinical and
delay or even prevent restoration of homeostasis. Each clinical situation should
be specifically evaluated and treated according to pain severity of pain and the
type of organ affected by the primary disease.
KEYWORDS
INTRODUÇÃO
analgesia, analgesic, nociception
O recente desenvolvimento de pesquisas no
campo da dor revela, progressivamente, a importância de suas manifestações clínicas. A dor deixa
de ser apenas um sintoma e adquire aspecto de síndrome, sendo seu reconhecimento e controle precoces, de grande relevância para a recuperação dos
animais acometidos.
Desenvolvimento
e consequente acúmulo de secreções pulmonares.
Essas alterações promovem diminuição na capacidade respiratória e possível hipoxemia, que podem
evoluir para atelectasia e pneumonia. O espasmo
muscular, devido a presença de dor aguda, também
é importante em traumas ortopédicos, pois a limitação de movimentos pode provocar transtornos
no metabolismo muscular, ocasionado atrofia e aumento significativo no retorno à função muscular
normal.
A presença de dor aguda, devido a trauma ou cirurgia, resulta direta ou indiretamente,
em várias respostas fisiológicas e psicológicas.
Quando originada na região do tórax ou abdome,
a dor severa provoca reflexo espinhal involuntário,
resultando em espasmo muscular tanto na região
da lesão, como nos grupos musculares caudais e
craniais. Outra complicação é a inibição da tosse
Outra alteração de grande importância no
processo da dor é a ativação reflexa das vias simpáticas que promove aumentos na frequência cardíaca e resistência periférica. Apesar dessas respostas
serem positivas na manutenção do débito cardíaco
e da pressão arterial, a atividade simpática prolongada pode provocar vários efeitos deletérios como:
alteração na perfusão regional, prejuízo para o fun-
94
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Rafael Resende FALEIROS1 , Luciana RASERA2, Andrea da Costa AITA3 , Hidelbrando VIEIRA FILHO3
cionamento dos órgãos vitais, ativação do sistema
angiotensina-renina, aumento na ativação plaquetária e hiperatividade reflexa eferente. Outros efeitos importantes são verificados sobre o trato gastrointestinal, podendo ocorrer estase gástrica e íleo
paralítico.
sequentemente a nocicepção. Em situações onde os
animais serão submetidos a cirurgia, a aplicação de
AINEs e anestésicos locais antes do procedimento
pode prevenir a ocorrência das alterações neuroplásticas na medula. Os anestésicos locais dessa
forma, mesmo em situações de anestesia geral, podem ser aplicados de forma tópica, perineural ou
Os mecanismos nociceptivos, após extensa mesmo por via epidural ou intratecal.
lesão tissular, estão envolvidos com uma série de
alterações neuroendócrinas denominadas resposta A via intratecal e, principalmente, a via epiglobal ao estresse. A resposta global ao estresse se dural têm sido muito utilizadas na atualidade não só
caracteriza por aumento nos hormônios catabólicos para os anestésicos locais, mas também para várias
(cortisol, glucagon, hormônio do crescimento, ca- substâncias, para as quais tem sido identificados retecolaminas) e inibição de mediadores anabólicos, ceptores na medula. As principais são os opioides
em particular testosterona e insulina. Verifica-se e os α2-agonistas, que agem nas vias descendentes
assim, aumento na mobilização de substrato, hiper- da dor ou mesmo em receptores inibitórios nas siglicemia e equilíbrio negativo de nitrogênio, que napses de neurônios aferentes e de segunda ordem.
podem ter um efeito benéfico inicial por melhorar A grande vantagem dessa via nesses casos é que
a produção e disponibilidade de energia corporal. se consegue analgesia efetiva com doses diminutas
Entretanto, à medida que essa situação se prolonga e com menor ocorrência dos efeitos indesejáveis
seus efeitos se tornam deletérios, principalmente sistêmicos. Outros fármacos têm sido pesquisados
na convalescência. A perda excessiva de proteína por essa via. Entre eles, um do que tem mostrado
pode promover esgotamento muscular, fadiga e resultados interessantes é a cetamina, que tem ação
convalescência prolongada, além de imunodepres- bloqueadora sobre os receptores NMDA, que estão
são, decorrente da diminuição da produção de imu- envolvidos nos processos de hiperalgesia secundánoglobulinas e da função fagocitária, favorecendo ria e alodinia.
o aparecimento de infecções.
Interessante ressaltar que, mesmo em ani
No controle da dor, o primeiro aspecto a ser mais que serão submetidos a cirurgia sob anestesia
considerado é o psicológico. Pesquisas têm revela- geral, é sempre necessária a inclusão de fármacos
do que existe uma estreita interação entre as vias analgésicos prévios. Isso se explica devido a maionociceptivas e os centros supraespinhais responsá- ria dos anestésicos gerais utilizados na atualidade
veis pela emoção. Relação essa que tem revelado, não possuir efeitos antálgicos diretos e, o que é mais
por meio de relatos de humanos e modelos experi- importante, não impedir a condução dos estímulos
mentais em cobaias, que sentimentos como ansie- nociceptivos. Tradicionalmente, os fármacos mais
dade e medo são fatores que tendem a maximizar a utilizados nessa situação são os α2-agonistas e os
percepção da dor e que conduzem o paciente a um opioides, que comprovadamente possuem ação
estado de sofrimento e estresse. Assim o abrigo, a analgésica central. A indicação deve ser feita com
manipulação e o tratamento adequados do paciente base na espécie, na enfermidade, no estado do pasão fundamentais. Em animais mais susceptíveis ciente e no tipo de anestesia a ser realizada. Essas
ao estresse, como os equinos, substâncias neuro- variáveis devem ser analisadas, dentro dos conceilépticas e ansiolíticas podem ser utilizadas, para tos modernos de anestesia balanceada, de forma a
auxiliar nos efeitos dos analgésicos.
se obter analgesia pré, intra e pós operatória pelo
anestesista.
Em relação aos analgésicos, os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) diminuem a sen- Existem várias situações no manejo da dor,
sibilização dos nociceptores, reduzindo assim a que devem ser abordadas de forma individualizada.
hiperalgesia primária. Já os anestésicos locais são As enfermidades gastrointestinais dolorosas são
eficientes para impedir a condução nervosa e con- muito comuns em animais de produção. Nessas siCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
95
Rafael Resende FALEIROS1 , Luciana RASERA2, Andrea da Costa AITA3 , Hidelbrando VIEIRA FILHO3
tuações é fundamental estabelecer-se um diagnóstico e, nesses casos, a dor é um parâmetro muito
importante a ser avaliado, devendo-se fazer considerações quanto à sua natureza, localização e intensidade. Até que se tenha um diagnóstico, apenas
analgésicos de curta ação devem ser administrados
permitindo a realização de um exame completo ou
pequenos procedimentos que os animais, devido à
dor severa, impedem sua manipulação. Dentre esses analgésicos de curta ação estão dipirona associada ou não à ioscina, xilazina e, em casos mais
intensos, butorfanol e meperidina. Lembrando que
opioides devem sempre ser usados com parcimônia e sempre em associação com fenotiazínicos e
α2-agonistas, para evitar excitação.
tésicas locais para proporcionar o alívio da dor no
período pós-operatório imediato. Estas técnicas, se
possível, deverão ser aplicadas antes do estímulo
cirúrgico ocorrer, desta forma bloqueia-se as vias
neuronais do sítio cirúrgico.
Após este estabelecimento do diagnóstico
ou da decisão cirúrgica nas infecções gastrointestinais, os AINEs podem ser administrados para promover analgesia. Além do mais AINEs são benéficos pois inibem a cicloxigenase, cujos produtos
mediam muitos dos efeitos da endotoxemia. O flunixim meglumine é bastante efetivo neste aspecto.
Nas afecções ortopédicas, sabe-se que os
AINEs são bastante efetivos para o controle da dor
associada com isquemia muscular em animais com
miopatia. AINEs também são amplamente utilizados no controle de dor oriunda de ligamentos,
tendões, ossos e articulações. A fenilbutazona tem
sido amplamente empregada para este propósito
na espécie equina e pode melhorar o conforto por
meio da redução do processo inflamatório e na produção de prostaglandinas. Os corticosteroides também são efetivos, principalmente quando aplicados
de forma local nas afecções articulares. Aplicações
sistêmicas têm sido usadas durante as primeiras 48
horas nos casos de trauma do sistema musculoesquelético.
As afecções oculares e auditivas também
merecerem atenção especial quanto ao controle da dor. Nas afecções oculares a terapia médica
normalmente soluciona o problema primário, mas
a dor associada pode produzir auto traumatismo.
Assim anestésicos locais tópicos previnem injúrias
secundárias por auto traumatismos, podendo-se
associá-los a AINEs ou opioides, dependendo da
severidade da dor. Como medida adicional o olho
deve ser protegido com bandagens.
Durante o parto, a presença de alguma dor
é inevitável não sendo desejável administração de
analgésicos na rotina, com exceção de casos de
distocia com dor severa, principalmente quando a
decisão é de realizar cirurgia. Nesses casos, o uso
de anestésicos locais por via epidural é uma opção
interessante. Os α2-agonistas devem ser evitados
nessas situações, principalmente em bovinos, por
interferir nas contrações uterinas.
Nas otites, relativamente comuns em bovinos da raça Gir, os animais podem apresentar dor
severa que pode persistir por vários dias, prejudicando a evolução do quadro. Assim preparações
tópicas com anestésicos locais associados com AINEs sistêmicos parecem ser bem eficientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O reconhecimento e tratamento precoce são fatores fundamentais para prevenir alterações psicológicas, neuropatológicas, endócrinas e metabólicas
produzidas pela dor. Cada situação deve ser avaliada considerando-se características específicas do
animal (como espécie, sexo, idade, estado nutricional, afecções prévias e concomitantes) e também o
tecido/órgão acometido e a intensidade da dor.
Uma ênfase maior tem sido dada ao uso de
opioides por via sistêmica, epidural e até intra-articular. O relaxamento muscular é benéfico na redução de alguns tipos de fraturas, um bloqueio epidural com um anestésico local ou um opioide, pode
proporcionar este relaxamento. Mais além, existem REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
relatos de que os opioides endógenos se interagem
com receptores intra-articulares. Juntamente com ALVES, G.E.S., FALEIROS, R.R., MARQUES
o uso dos opioides tem se realizado técnicas anes- Jr, A.P. Abdome agudo eqüino: controle da dor.
96
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Rafael Resende FALEIROS1 , Luciana RASERA2, Andrea da Costa AITA3 , Hidelbrando VIEIRA FILHO3
Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da HALL, L.W. Postoperative pain control in hospiUFMG, n.21, p.15-23, 1997.
talized and outpatient animals. In: SHORT, C.E.,
VAN POZNAK, A. (ed) Animal Pain. New York:
DOBROMYLSKYJ, P, FLECKNELL, P.A., LAS- Churchill Livingstone, 1992. p. 353-357.
CELLES, B.D. et al. Management of postoperative
and other acute pain. In: FLECKNELL, P.A., WA- PASCOE, P Control of postoperative pain in aniTERMAN A. Pain management in animals. Phila- mals receiving inhalant anesthetics. In: SHORT,
delphia:Saunders, 2000. p. 81-145.
C.E., POZNAK, A. (ed) Animal Pain. New York:
Churchill Livingstone, 1992. p. 348-352.
FALEIROS, R.R., ALVES, G.E.S., MARQUES
Jr, A.P. Dor aguda: vias anatômicas, bioquímica e
fisiopatologia. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, n.21, p.5-14, 1997.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
97
Roberto Soares CASTRO1
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DO MORMO NO
BRASIL
Roberto Soares CASTRO1
RESUMO
Médico Veterinário, Professor
Associado do Departamento de
Medicina Veterinária da UFRPE. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos. CEP:
52171-900, Recife, PE. Acadêmico titular da Academia Pernambucana de Medicina Veterinária. robertosoarescastro@
gmail.com
1
O Mormo é uma zoonose causada pela bactéria Burkholderia mallei que
afeta equídeos. Após sua reemergência no Brasil a doença tem sido notificada em praticamente todo território nacional. A estratégia de controle instituída
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento (MAPA) envolve o
teste para controle de trânsito e de eventos de aglomeração de equídeos, bem
como interdição e saneamento dos focos detectados. Essas medidas são baseadas nos resultados de testes sorológicos realizados por laboratórios privados
credenciados pelo MAPA ou por laboratórios oficiais do MAPA. A fixação do
complemento (FC) é o teste prescrito como triagem e o western blotting (WB)
como prova confirmatória. Os principais gargalos para o diagnóstico do mormo
no Brasil são a dependência tecnológica, a qualidade de certos antígenos, bem
como as limitações do teste de triagem (FC), com baixa sensibilidade (Se) e
especificidade (Sp), além da subjetividade do WB. Como alternativa, desenvolvemos um ELISA indireto (ELISAi) empregando antígeno de amostras de
B. mallei isoladas no Brasil (Kit diagnóstico Mormo ELISAi; MAPA Licença
no: 10.080/2015). O teste apresentou Se e Sp de 98,76% e 99,65%, respectivamente. O Kit será submetido à validação internacional (OIE-Tender ref. AD/
SR/2015/1885). A próxima etapa para concluir a validação no Brasil é a realização de provas de reprodutibilidade. Espera-se que, cumprida essa etapa, o
ELISAi seja incluído no Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos como
teste oficial para diagnóstico sorológico do mormo.
PA L AV R A S - C H AV E
ELISA, Fixação do complemento, western
blotting, MAPA, OIE.
ABSTRACT
Glanders is a zoonotic disease caused by Burkholderia mallei that affects equidae. After its re-emergence in Brazil the disease has been reported in
almost all country. The control strategy established by the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply (MAPA) involves statutory testing for equidae trafic
control, movement restrictions and culling of positive animals from the detected
outbreaks. These measures are based on the results of serological tests performed by private laboratories accredited by MAPA or by official MAPA laboratories. The complement fixation (CF) test is prescribed as screening and western
blotting (WB) as a confirmatory test. The major problems for the diagnosis of
glanders in Brazil are technological dependence, the quality of certain antigens,
as well as the limitations of the screening test (CF), with low sensitivity (Se)
and specificity (Sp), and the subjectivity of the WB. Alternatively, we have de98
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Roberto Soares CASTRO1
veloped an indirect ELISA (ELISAi) employing antigens of B. mallei isolated in
Brazil (Diagnostic kit – Glanders iELISA; MAPA License n: 10.080/2015). The
ELISAi showed Se and Sp of 98.76% and 99.65%, respectively. The Kit will be
submitted to international validation (OIE-Tender ref. AD/SR/2015/1885). The
next step to complete the validation in Brazil is the conduction of reproductibility assay. Then it is expected that the ELISAi will be included in the Equidae
National Health Program as official test for serological diagnosis of glanders.
KEYWORDS
O Mormo é uma zoonose causada pela bactéria Burkholderia mallei que afeta principalmente
equídeos causando hipertermia, sinais respiratórios
e lesões cutâneas. A doença geralmente é de evolução aguda em asininos e muares, porém crônica em
equinos, com evolução em poucos dias a anos. O
mormo é conhecido há vários séculos e foi considerada extinta do Brasil em 1968. Em 2000 o Prof.
Rinaldo Aparecido Mota da UFRPE e sua equipe
relataram a reemergência da doença ao isolarem B.
mallei e descreverem os aspectos epidemiológicos,
sorológicos e clínico-patológicos do mormo em focos nos Estados de Pernambuco e Alagoas (MOTA
et al, 2000). A classificação das amostras de B.
mallei isoladas no Brasil foi confirmada em um
amplo estudo com marcadores genéticos, envolvendo 44 cepas de B. mallei e 32 de B. pseudomallei isoladas em mais de 20 países (SCHMOOCK
et al., 2009). Atualmente o mormo está distribuído
em praticamente todo território nacional.
As fontes mais comuns de infecção por B.
mallei são alimentos ou água contaminados por
exsudatos eliminados do trato respiratório ou de
lesões cutâneas ulceradas de animais infectados.
A transmissão da bactéria entre os animais ocorre por contato direto ou indireto, principalmente
pela ingestão de água e alimentos contaminados e
inalação de partículas em suspensão. A transmissão é facilitada pela alta densidade populacional,
inadequadas condições de higiene e estresse dos
animais. O fluxo de portadores assintomáticos para
comercialização, reprodução e práticas esportivas
é a mais importante forma de disseminação da doença entre as criações (KHAN et al., 2013).
A prevenção e o controle do Mormo dependem de programas sanitários específicos, com
detecção precoce dos animais infectados, eliminaCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
ELISA, complemente fixation, western blotting, MAPA, OIE.
ção humanitária dos positivos, rigoroso controle
de trânsito animal, isolamento e higienização das
instalações e utensílios da criação afetada.
No Brasil as ações de vigilância e defesa
sanitária dos equídeos são coordenadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
por meio do Programa Nacional de Sanidade dos
Equídeos – PNSE, instituído pela INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 17, DE 8 DE MAIO DE 2008
(MAPA, 2008). O PNSE visa ao fortalecimento do
complexo agropecuário dos equídeos, por meio de
ações de vigilância e defesa sanitária animal, através das seguintes atividades: I - educação sanitária; II - estudos epidemiológicos; III - controle do
trânsito; IV - cadastramento, fiscalização e certificação sanitária; e V - intervenção imediata quando
da suspeita ou ocorrência de doença de notificação
obrigatória. As ações previstas no PNSE em cada
unidade da federação são de responsabilidade das
respectivas Secretarias de Agricultura ou agências
de defesa agropecuária.
Como a principal forma de propagação do
mormo entre as criações é o fluxo de animais infectados, o controle de trânsito dos equídeos é fundamental para sua prevenção. De acordo com a INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 24, DE 5 DE ABRIL
DE 2004 (MAPA, 2004), que estabelece as normas
para controle e erradicação do Mormo no Brasil, as
principais medidas são o controle de trânsito e de
eventos de aglomeração de equídeos, bem como o
saneamento dos focos detectados. Todas as medidas são baseadas nos resultados de testes sorológicos realizados por laboratórios privados credenciados pelo MAPA ou por laboratórios oficiais do
MAPA.
O período de incubação do Mormo varia
de alguns dias a vários meses, dependendo da via
99
Roberto Soares CASTRO1
de infecção, intensidade da exposição e fatores intrínsecos do hospedeiro. Por isso, o diagnóstico
laboratorial é essencial para dar apoio às medidas
preventivas e de controle da doença. Os testes sorológicos são os mais práticos para diagnóstico em
larga escala. O teste sorológico para diagnóstico do
Mormo preconizado para trânsito internacional de
equídeos é a Fixação do Complemento (FC), porém os ensaios imunoenzimáticos (Western Blotting-WB e ELISA), também são considerados adequados para dar suporte às medidas de controle e
para a realização de inquéritos epidemiológicos
(OIE, 2013).
A prova sorológica de FC, realizada em
laboratório oficial ou credenciado pelo MAPA,
conforme a referida Instrução Normativa, é o teste prescrito para o diagnóstico do mormo no Brasil. Mais recentemente o WB passou a ser adotada
como prova confirmatória. O WB empregado foi
desenvolvido na Alemanha (ELSCHNER et al.,
2011). Apesar de ser a FC o teste recomendado pela
OIE (2013), sua sensibilidade (Se) e especificidade (Sp) têm sido questionadas, mesmo nos países
que conseguiram erradicar a doença. Resultados
de trabalhos recentes demonstram que há variação
no desempenho da FC para diagnóstico do mormo, dependendo do antígeno utilizado, da situação
epidemiológica da população onde as amostras são
colhidas para o teste (endêmica x livre) e o laboratório onde os testes são realizados.
Para adequada avaliação de um teste de
diagnóstico, com base na Se e na Sp, é fundamental a existência de critérios seguros de classificação dos indivíduos que compõem a amostra em
verdadeiro-positivos e verdadeiro-negativos. No
caso da avaliação de testes sorológicos para diagnóstico do mormo, a definição de verdadeiro-negativo mais frequentemente empregada, e bastante consistente, é animais originários de área livre
da doença. Por outro lado, em todos estudos, há
grande dificuldade de adotar um critério de classificação de verdadeiro-positivo que se aproxime da
situação real, observada em condições naturais da
infecção. No geral os critérios levam em consideração a presença de sinais clínicos e/ou sorologia
positiva e/ou isolamento bacteriano. Isto resulta
em um importante viés de seleção dos casos positivos com consequente superestimativa do cálculo
da Se. Só para ilustrar, é bem sabido que, particu100
larmente na infecção de equinos, predominam os
casos crônicos assintomáticos, que deve ser a mais
frequente em uma área endêmica. Infecção crônica pode resultar em baixos títulos de anticorpos,
sobretudo em animais com bom equilíbrio orgânico e eficiente imunidade celular. Por ser de difícil
caracterização/detecção com os recursos atuais de
diagnóstico, esse tipo de animal não tem sido incluído nos trabalhos publicados de avaliação dos
testes para diagnóstico do mormo, resultando em
importante viés de seleção de amostras. Uma alternativa para compensar essa dificuldade é avaliar o
teste considerando, adicionalmente, os resultados
de testes seriados em rebanhos endêmicos.
Embora a prova de FC seja bastante antiga para diagnóstico do mormo, só recentemente
foram feitos estudos comparando o desempenho
do teste realizado com diferentes antígenos comercialmente disponíveis e em diferentes situações epidemiológicas. Testes de FC empregando
antígenos CIDC (Holanda), c.c.pro (Alemanha) e
USDA (USA) apresentaram, respectivamente, Se
de 100%, 99,39% e 62,19%, e Sp de 97,5%, 96,5%
e 100% (KHAN et al., 2011). Em outro estudo,
empregando o WB como teste de referência, os
testes de FC com antígenos c.c.pro e CIDC apresentaram 100% de Se; as Sp foram de 77,45% (antígeno CIDC) e 75,71% (antígeno c.c.pro) para os
testes com soro de uma área endêmica, e 93,75%
(CIDC) e 94,79% (c.c.pro) para os soros da área
livre (KHAN et al., 2012). No Brasil, Silva (2014)
comparou o desempenho da FC empregando os antígenos c.c.pro e USDA frente ao WB. Foram testadas no Lanagro-PE 456 amostras séricas de animais de propriedades dos Estados de Pernambuco,
Ceará, Distrito Federal, São Paulo, Espírito Santo
e Paraná com histórico de mormo e/ou submetidas
à vigilância através da abertura de foco pelas Secretarias de Defesa Animal (SDA). A Se da FC utilizando o antígeno USDA foi de 14,5%, enquanto
que utilizando o antígeno c.c.pro foi de 28,3%, em
relação ao WB. A Sp da FC com o antígeno c.c.pro
foi de 93,1% e a do antígeno USDA foi de 94,1%.
Como é bem conhecido, resultados falso-negativos
no teste podem levar à introdução do agente infeccioso em áreas ou rebanhos livres; resultados falso-positivos podem levar ao sacrifício de animais
sadios e a restrições desnecessárias ao comércio e
trânsito de animais, com perdas financeiras para os
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Roberto Soares CASTRO1
criadores.
Com base na análise do desempenho dos
testes sorológicos não é difícil inferir que o uso
de um teste de baixa Se como a FC realizada no
Brasil, não pode contribuir consistentemente para
o controle do mormo. Ao contrário disso, pode até
facilitar a propagação da doença, pois causa nos
criadores a falsa ideia de que estão lidando com
animais verdadeiro-negativos para a doença, levando-os a relaxar com as medidas de biossegurança, como a quarentena de animais recém-adquiridos, ou a ter maior permissividade do contato
entre animais durante eventos com aglomeração
de equídeos. Além disso, apenas parte dos animais
verdadeiro-positivos são eliminados durante o saneamento dos focos do mormo. Os falso-negativos
permanecem no rebanho mantendo o agente endêmico e transmitindo-o para os animais sadios.
A principal consequência do protocolo usado para
definição de caso (positivos na FC e confirmados
no WB) é a grande dificuldade de sanear um rebanho afetado pelo mormo. Infelizmente, esta é a
realidade de muitos rebanhos brasileiros que estão
interditados há meses ou anos, sem sucesso no processo de saneamento.
Alternativamente à FC outros testes mais
sensíveis e específicos seriam altamente desejáveis para o diagnóstico do mormo. Atualmente três
ELISAs indiretos (ELISAi) estão em fases variadas de validação. A seguir estão descritos, resumidamente, os ELISAs que farão parte de um projeto
de validação internacional para diagnóstico sorológico do mormo, aprovado pela OIE (OIE - INTERNATIONAL CALL FOR TENDER - Tender ref.:
AD/SR/2015/1885) sob a coordenação do Laboratório de Referência da OIE para o mormo (Reference Laboratory for Glanders – Friedrich Loeffler
Institute, Germany):
1) ELISAi desenvolvido a partir de uma fração antigênica de B. mallei (LAROUCAU et al., 2014).
Os resultados preliminares mostram uma boa Sp
e Se do teste. A Sp, calculada com 485 soros de
áreas livres de mormo, foi de 98,8%. Uma ligeira
adaptação do ponto de corte pode melhorar a Sp
para 99,6%. Não foi feita avaliação da Sp analítica.
2) ELISAi usando proteínas recombinantes de B.
mallei expressas em Escherichia coli (SINGHA et
al, 2014).
Para avaliação do teste foram empregadas amosCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
tras positivas (n=40), negativas (n=30) e de campo
(n=1.811). O teste apresentou Se de 100% e Sp de
99,7% em comparação com a FC. A Sp analítica
foi avaliada com base no teste de soros de humanos afetados por melioidose (n=6) e de 14 soros
de equinos infectados por Streptococcus equi subspecies equi (n=5), Streptococcus equi subespecie
zooepidemicus (n=5) e Pseudomonas aeruginosa
(n=5). Todos soros reagiram negativamente no
ELISAi.
3) ELISAi para diagnóstico do mormo empregando antígeno semi-purificado de amostras de B.
mallei isoladas no Brasil (Kit diagnóstico Mormo
ELISAi; MAPA Licença no: 10.080/2015).
Para avaliação do ELISAi foram empregadas
amostras positivas (n=162), negativas (n=1.115),
de animais de trânsito (n=3.096), de um inquérito soro-epidemiológico (n=4.499) e de dois rebanhos endêmicos monitorados por mais de um ano
(n=394). O teste apresentou Se e Sp de 98,76% e
99,65%, respectivamente. A Sp analítica foi avaliada por meio do teste de 32 equinos vacinados contra Encefalomielite Equina Leste e Oeste, Influenza Equina (3 cepas), Herpesvírus equino tipos 1 e
4, tétano e 13 serovares de Leptospira interrogans.
Todos apresentaram resultado negativo.
O Kit diagnóstico Mormo ELISAi apresenta as seguintes características: plataforma tecnológica internacionalmente aceita – ELISA; possibilidade de
automação parcial ou total (robotização); disponibilidade de insumos nacionais; uso de cepas de B.
mallei de origem brasileira; e teste das principais
espécies susceptíveis.
Desde a descrição da reemergência do mormo no Brasil (MOTA et al., 2000), a doença vem
sendo notificada de forma progressiva nas diversas
unidades federativas. Atualmente afeta quase todo
território nacional. Como a estratégia adotada pelo
MAPA prevê apenas a vigilância passiva, com teste
de animais de trânsito interestadual ou participantes de aglomeração, a detecção de focos fica condicionada a esse grupo de animais, resultando em
subestimativa da real situação epidemiológica do
mormo no país. Assim, a dimensão do problema
parece ser muito maior do que os dados oficiais indicam.
Seja qual for a estratégia adotada em um
programa sanitário para controle do mormo, um
ponto crucial para o sucesso é o diagnóstico labo101
Roberto Soares CASTRO1
ratorial, inclusive para realizar inquéritos sorológicos para conhecer a real prevalência da doença
no território nacional. Atualmente o país conta com
uma rede para diagnóstico do mormo, formada por
laboratórios privados credenciados pelo MAPA e
oficiais.
Os principais gargalos para o diagnóstico
do mormo no Brasil são a dependência tecnológica,
a qualidade de certos insumos, bem como as limitações do teste de triagem (FC), com baixa sensibilidade e especificidade, além da subjetividade do
WB, de difícil repetibilidade e reprodutibilidade.
Outro ponto importante que pode afetar o desempenho dos testes sorológicos é a similaridade, ou
não, das cepas usadas na produção dos antígenos
com as cepas circulantes na população. As cepas
usadas para produção dos antígenos empregados
na FC e WB no Brasil são as seguintes:
1) Antígeno FC USDA, Estados Unidos – B. mallei
(cepa chinesa, isolada na II Guerra mundial).
2) Antígeno FC cc-pro GmbH, Alemanha – B. mallei (cepas Borgor – Indonésia, Mukteswar – India,
e Zagreb - Iugoslávia).
3) Antígeno WB cc-pro GmbH, Alemanha – B.
mallei (mesmas cepas FC).
Será que essas cepas são homólogas às que circulam no Brasil?
Considerando que a composição antigênica dos insumos para diagnóstico sorológico é determinante para a especificidade e a sensibilidade
dos testes, cabe uma questão: porque o MAPA tem
prescrito testes com esses antígenos? Adicionalmente, outra questão relevante: porque só recentemente foi desenvolvido um produto nacional ELISAi?
Há de se considerar que o MAPA nos diversos momentos de decisão para enfrentamento do
problema da reemergência do mormo não tinha alternativas a não ser dispor dos meios diagnósticos
disponíveis em outros países, como USA e Alemanha, que, mesmo livres da doença mantiveram suas
pesquisas e desenvolveram os insumos acima descritos. Por outro lado, a falta de demandas claras de
pesquisa em cooperação entre o MAPA, universidades, institutos de pesquisa e empresas resultaram
no desenvolvimento de pesquisas que não foram
convertidas em solução objetiva do problema central – falta de um produto nacional para diagnóstico do mormo. Assim, permanecemos todos esses
102
anos dependentes dos países produtores dos insumos, característica típica dos países de economia
periférica.
A base para o desenvolvimento do Kit diagnóstico Mormo ELISAi foi o projeto “Desenvolvimento de kits de diagnóstico do Mormo: Teste imuno-alérgico (PPD-Maleína) e sorológico rápido”
(Proc APS-0065-5.05/08/CHAMADA PÚBLICA
FACEPE Nº 04/2008), do Programa de Apoio a
Pesquisa em Empresas (PAPPE) financiado pela
Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do
Estado de Pernambuco (FACEPE) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A empresa proponente foi a Indústria e Comércio
de Produtos Biotecnológicos LTDA (Biovetech). A
execução foi feita em colaboração com o Departamento de Medicina Veterinária da UFRPE, laboratório de Bacterioses animais, coordenado pelo
Prof. Rinaldo Aparecido Mota.
Apesar do projeto ser concluído em 2010,
os resultados só foram publicados em 2012. O ELISAi mostrou praticamente 100% de concordância
com a FC (Teles et al., 2012). O desenvolvimento do produto foi suspenso pela empresa, pois na
época a OIE não preconizava o ELISA como teste para diagnóstico do mormo, o que só foi feito
na edição de 2013 do “Terrestrial Manual” (OIE,
2013). A retomada do desenvolvimento do produto
ocorreu por uma demanda feita pelo Dr Jorge Caetano Junior, da CGAL/MAPA, durante o Simpósio
Nacional de Integração em Ciência, Tecnologia e
Gestão Pública (30 anos do Lanagro-MG), em 12
de agosto de 2013, organizado pelo INCT Pecuária
(CNPq) e Lanagro-MG (MAPA), coordenado pelo
Prof. Rômulo Cerqueira Leite, da UFMG.
Como já estava implantado o WB no Lanagro-PE foi feito um estudo comparando o ELISAi (Teles et al., 2012) com o WB, que mostrou
desempenho ligeiramente superior à FC realizada
com antígeno cc-pro GmbH, com Se de 35,5% e
Sp de 97,6%, porém muito inferior ao WB (SILVA,
2014). Diante desses resultados a empresa revisou
o processo de produção dos antígenos e elaborou
novas formulações antigênicas que resultaram
na obtenção de um ELISAi altamente sensível
(98,76%) e específico (99,65%), licenciado pelo
MAPA como “Kit diagnóstico Mormo ELISAi”
(MAPA Licença no: 10.080/2015).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Roberto Soares CASTRO1
O Kit diagnóstico Mormo ELISAi será submetido à validação internacional (OIE - INTERNATIONAL CALL FOR TENDER - Tender ref.:
AD/SR/2015/1885). A próxima etapa para finalização da validação no Brasil é a realização de provas
de reprodutibilidade entre laboratórios credenciados pelo MAPA e laboratórios oficiais. Espera-se
que, cumprida essa etapa, o ELISAi seja incluído
no PNSE como teste oficial para diagnóstico sorológico do mormo.
Argentina 2014, Poster.
MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 24, DE 5 DE ABRIL DE 2004.
Aprova as normas para controle e erradicação do
Mormo.
MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 17, DE 8 DE MAIO DE 2008.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Institui o Programa Nacional de Sanidade dos
Equídeos, no âmbito do Ministério da Agricultura,
Elschner MC, Scholz HC, Melzer F, Saqib M, Pecuária e Abastecimento.
Marten P, Rassbach A, Dietzsch M, Schmoock G,
de Assis Santana VL, de Souza MM et al: Use of Mota R.A., Brito M.F., Castro F.J.C. & Massa M.
a Western blot technique for the serodiagnosis of Mormo em equídeos nos Estados de Pernambuco
glanders. BMC Vet Res, 7:4, 2011.
e Alagoas. Pesq. Vet. Bras. v.20, n.4, p.155-159,
2000.
Khan, I. L. H. Wieler, F. Melzer, M. Gwida, V. L.
de. A. Santana, M. M. A. de Souza, M. Saqib, M. OIE – World Animal Health Organization. TerresC. Elschner, H. Neubauer. Comparative evalua- trial Manual. Chapter 2.5.11. — Glanders. 2013.
tion of three commercially available complement Schmoock, G., Ralf Ehricht, Falk Melzer, Asfixation test antigens for the diagnosis of glanders. trid Rassbach, Holger C. Scholz, Heinrich
Veterinary Record published online September 6,. Neubauer, Konrad Sachse, Rinaldo Aparecido
doi: 10.1136/vr.d5410. 2011.
Mota, Muhammad Saqib, Mandy Elschner. DNA
microarray-based detection and identification of
Khan, Iahtasham; Mandy C. Elschner, Falk Mel- Burkholderia mallei, Burkholderia pseudomallei
zer, Mayada Gwida, Lothar H. Wieler, Riasat Ali, and Burkholderia spp. Molecular and Cellular ProMuhammad Saqib, Heinrich Neubauer. Performan- bes, v. 23, p. 178–187, 2009.
ce of complement fixation test and confirmatory Singha H, Malik P, Goyal SK, Khurana SK,
immunoblot as two-cascade testing approach for Mukhopadhyay C, Eshwara VK, Singh RK. Opserodiagnosis of glanders in an endemic region of timization and validation of indirect ELISA using
South East Asia. Berliner und Münchener Tierär- truncated TssB protein for the serodiagnosis of
ztliche Wochenschrift 125, Heft ¾, Seiten 10–14. glanders amongst equines. Scientific World Jour2012.
nal, 2014:469407. 2014.
SILVA, CECÍLIA MARIA de SOUZA LEÃO. AvaKhan, I.; Wieler, L. H.; Melzer, F.; Elschner, M. C.; liação da Reação em Cadeia de Polimerase (PCR)
Muhammad, G.; Ali, S.; Sprague, L. D.; Neubauer, e ELISA indireto para o Diagnóstico do Mormo.
H.; Saqib, M. Glanders in Animals: A Review on 2014. Mestrado em Ciência Animal Tropical. UniEpidemiology, Clinical Presentation, Diagnosis versidade Federal Rural de Pernambuco, UFRPE.
and Countermeasures. Transboundary and Emer- Orientador: Manoel Adrião Gomes Filho. Coorienging Diseases. v. 60, p. 204–221, 2013.
tador: Vania Lucia de Assis Santana.
Teles J.A.A., Campos A.C., Silva K.P.C., SanLaroucau K BC, Roche M, Donnet F, Colaneri C, tos A.S., Santana V.L.A., Castro R.S., Mota R.A.
Dias Falcão M, Madani N, Zientara S, Pourquier P, Desenvolvimento e avaliação de um teste ELISA
Lucia Santana V, Saqib M, Comtet L. A new ELI- indireto para o diagnóstico sorológico do mormo
SA assay for Glanders diagnosis. III Pan - Ameri- em equídeos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.32,
can Congress of Zoonoses, 4-6/06/014, La Plata, n.9, p. 838-842, 2012.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
103
Rosangela POLETTO 1
CERTIFICAÇÃO DE BEA NAS CADEIAS
PRODUTIVAS
Rosangela POLETTO1
RESUMO
Médica Veterinária, Ph.D.,
Coordenadora do Curso de
Zootecnia, Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia
do Rio Grande do Sul, Campus Sertão, Sertão/RS, Brasil.
E-mail: [email protected].
1
As preocupações do consumidor quanto às práticas de produção usadas
para criar e alojar os animais têm se intensificado na ultima década. Sistemas de
produção e práticas correntes tais como, alojamento em gaiola, procedimentos
invasivos sem controle de dor e condições de abate, adotados na criação intensiva confinada moderna são questionados por desafiarem as naturezas fisiológicas
e comportamentais dos animais, prejudicando o seu estado de bem-estar (BEA).
Os programas de certificação por terceira parte de BEA (ex. Programa Certified
Humane) possibilitam que produtos de origem animal sejam comercializados
com selos que asseguram alto padrão de BEA do nascimento ao abate. Os programas avaliam padrões de BEA nas propriedades e frigoríficos referentes ao
cuidado fornecido aos animais quanto à nutrição, ambiente, sanidade, gerenciamento e qualidade do manejo, condições do transporte, manejo pré-abate e
abate. Os programas de certificação, além de auditar a produção (“inputs)”, também avaliam a rastreabilidade entre a produção, processamento (os “output”) e
comercialização (produção vs. venda). Desta forma, a certificação tem o papel
de transferir a credibilidade ao consumidor de que as condições de BEA estão
sendo atendidas e, que os produtos adquiridos na prateleira do supermercado
provêm de animais criados de forma socialmente responsável, ética e humanitária.
P A L A V R A S - C H A V E abate, auditoria, BEA, consumidor, ética,
produção.
ABSTRACT
Consumer concerns with practices used to raising and rearing animals
have intensified within the last decade. Production systems and current practices
such as cage housing, invasive procedures without pain control that are adopted
in the modern intensive confinement system are questioned due to challenging
the physiological and behavioral nature of animals, prejudicing their well-being
state. Third party animal welfare certification programs (e.g. Certified Humane
Program) allow that products of animal origin are sold with labels which ensure
high-welfare methods from birth to slaughter. The programs assess animal welfare standards in the farms and plants that refer to the care provided to animals
regarding nutrition, environment, health, management and quality of handling,
transport, pre-slaughter and slaughter conditions. The certification programs, in
addition to audit production inputs, also assess traceability of production, processing (outputs) and selling (produced vs. sold). The certification has the role
of transferring credibility to consumers that animal welfare conditions are met
and, that products sold at supermarkets´ shelves are from animals reared in a
humane, ethical and socially responsible manner.
KEYWORDS
104
animal welfare, audit, consumer, ethics, production, slaughter.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Rosangela POLETTO 1
A atenção e preocupação do público consumidor com as práticas de produção adotadas para
criar e alojar os animais tem gradualmente aumentado na ultima década (Poletto e Hötzel, 2012). Vários sistemas de produção e, as respectivas práticas
usadas na criação intensiva confinada moderna, desafiam os animais com condições adversas às suas
naturezas fisiológicas e comportamentais, que por
vez se apresentam como estressores psicológicos
e físicos (Duncan, 1981). Práticas questionadas e
criticadas no âmbito científico, ético e social, principalmente em países industrializados, incluem os
alojamentos para suínos e galinhas poedeiras (ex.
em grupo versus gaiolas), procedimentos cirúrgicos em animais jovens (ex. castração, corte de
dente e cauda sem o uso de anestesia local, realizados de forma desnecessária), e condições de transporte e métodos de insensibilização para o abate
animal (Rayment et al., 2010). Essas práticas são
controversas e inaceitáveis por parte do público
consumidor por comprometer em diferentes graus,
a capacidade dos animais em superar o estresse
decorrente, prejudicando consequentemente o seu
estado de bem-estar (BEA).
Os programas de avaliação e certificação
de BEA por terceira parte auditam ambos, as propriedades e as plantas de abate e processamento.
Além de levarem em consideração os “inputs” da
produção como, por exemplo, os animais propriamente ditos, itens relacionados ao manejo, a saúde,
a nutrição, o comportamento, e o estado produtivo,
que serão discutidos adiante, os programas também
incorporam parâmetros ou indicadores de bem-estar baseados na qualidade final do produto animal,
ou seja, a carne, o ovo ou o leite – os “outputs”.
Por exemplo, a avaliação de lesões na carcaça tem
sido usada como uma ferramenta objetiva a prática
para estimar a condição de bem-estar dos animais
antecedente ao abate (Welfare Quality®, União
Europeia).
Durante um processo de auditoria, estar de
acordo com as normas é importante principalmente
para aqueles parâmetros que estão associados a resultados específicos e diretos da condição de criação. Alguns exemplos destes parâmetros incluem
a condição corporal dos animais, alterações físicas
e métodos de identificação, e presença de animais
doentes ou com ferimentos óbvios, resultantes de
mau manejo ou instalações/meios de transporte poCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
bres em manutenção. Nos Estados Unidos, grande
parte da agroindústria tem desenvolvido e adotado recomendações com embasamento científico
para a criação animal em resposta às preocupações
dos consumidores, que demandam que os animais
usados para a produção de alimento de consumo
humano sejam tratados humanitariamente (USDA,
2014). Em muitos casos, as garantias de que os animais são criados e tratados conforme essas recomendações são providas através de programas de
auditorias por terceira parte ou por programas da
iniciativa privada, como por exemplo, o programa
PQA Plus™ (Pork Quality Assurance), criado pelo
Conselho Nacional de Suinocultores dos EUA, ao
invés de legislações.
Dentre as certificadoras internacionais de
BEA, tem se destacado no Brasil desde 2008, o
Programa Humane Farm Animal Care, de origem
americana e que concede o selo Certified Humane® impresso nos rótulos de produtos certificados
comercializados. Os participantes do programa são
inspecionados anualmente por auditores independentes, ou seja, que possuem conhecimento técnico de BEA sobre a espécie e, que não têm vínculo
com a certificadora ou com a parte sendo auditada.
Padrões de criação, que incorporam pesquisa científica, recomendações profissionais, e experiências
práticas dos produtores, determinam o manejo e os
sistemas de criação por espécie animal a serem auditados. Os padrões do programa estão divididos
cinco grandes áreas de forma a atender aquém das
cinco liberdades (FAWC, 1993) e garantir o bem-estar dos animais. Cada área está subdividida em
vários padrões enumerados, o que permite a identificação de quais estão conformes ou não conformes
no ato da auditoria. As grandes áreas são: 1) Nutrição: os animais devem ter acesso à água fresca e a
uma dieta formulada para manter a saúde plena e
promover um estado positivo de bem-estar; ambos
devem estar distribuídos para minimizar competição. O uso de melhoradores de desempenho e promotores de crescimento é proibido; 2) Ambiente:
este deve ser considerado de acordo com as necessidades da espécie e deve ser projetado para proteger os animais de desconforto físico e térmico,
medo e diestresse, e deve permitir que eles realizem
os seus comportamentos naturais; 3) Gerenciamento: um manejo altamente cuidadoso e responsável
é vital para assegurar bom estado de bem-estar dos
105
Rosangela POLETTO 1
animais, e para isso, os gerentes e funcionários devem ser treinados, habilidosos e competentes no
manejo, e devem ter bom conhecimento funcional
do sistema e da espécie sob os seus cuidados; 4)
Saúde: uma vez que o ambiente no qual os animais
são alojados deve contribuir para uma boa saúde,
todos os produtores devem ter um planejamento
sanitário que esteja de acordo com boas práticas
de criação. Registros de tratamento veterinário,
mortalidade e suas causas devem ser mantidos; 5)
Transporte: os sistemas de transporte devem ser
planejados e manejados ao mínimo absoluto para
assegurar que os animais não sejam submetidos
a diestresse ou desconforto desnecessários, e os
tratadores envolvidos devem ser cuidadosamente
treinados e competentes para executar as tarefas
que deles são exigidas; e, 6) Abate: todos os abatedouros/frigoríficos devem atender as especificações do Guia do American Meat Institute – AMI
(Grandin, 2013), que é descrito em mais detalhe a
seguir no texto. Os programas de certificação, além
de auditar a produção (“inputs)”, também avaliam
a rastreabilidade entre a produção, processamento
(os “output”) e comercialização (produção vs. venda) como forma de assegurar que produtos finais
comercializados com o selo sejam de fato oriundos
de animais/propriedades certificadas para bem-estar.
Os animais, independentemente da espécie,
fazem o uso de varias estratégias de adaptação concomitantemente para superar ou lidar com experiências positivas e negativas e, com as condições
adversas encontradas durante seu ciclo de vida.
Desta maneira, a utilização simultânea de uma variedade de indicadores é a estratégia mais efetiva
ao avaliar-se o bem- estar animal (SVC, 1997).
Duncan e Fraser (1997) definem que “a avaliação
da qualidade de vida de um animal não pode ser
inteiramente objetiva, pois ela engloba o conhecimento cientifico da espécie, e os julgamentos de
valores e princípios do avaliador”. No entanto,
métodos mais objetivos (e não subjetivos) podem
ser exclusivamente usados para se avaliar o BEA.
Isso pode ser alcançado por meio da adoção de
técnicas e metodologias de avaliação que podem
ser modificadas de acordo com as variáveis, como
indicadores fisiológicos, comportamentais, índices
de produção, ou fatores específicos como o tipo de
alojamento e qualidade do manejo. Espaço físico
106
ou área por animal, a condição da cama quando for
o caso, e a qualidade do ar (ex. níveis de amônia e
poeira) são pontos críticos de ambiência verificados durante as auditorias. As celas de gestação para
matrizes suínas e gaiolas como forma de alojamento para galinhas poedeiras, ou qualquer forma de
confinamento restritivo que compromete as cinco
liberdades (FAWC, 1993), são proibidas por programas de certificação de BEA.
Além disso, indicadores indiretos que sinalizam a condição de manutenção dos alojamentos e
o manejo dos mesmos incluem, por exemplo, a recorrência de lesões físicas (ferimentos), incidência
de doenças, e sinais clínicos de dor (fuga ao ser manejado, anorexia, tentativa de se esconder, relutância para se mover, depressão e apatia). Alterações
fisiológicas e comportamentais, como variação no
nível de atividade física, também podem ser utilizados como medidas de bem-estar em resposta ao
ambiente no qual os animais estão expostos. Animais são mais suscetíveis a uma condição de estresse quando mantidos num ambiente que induz medo
e que é imprevisível, como por exemplo, fornecimento de alimento em horários irregulares, funcionários adentrarem nas instalações falando em voz
alta. Alterações dos mecanismos neurofisiológicos
(que envolvem a função do sistema nervoso) são
indicadores limitados quanto a sua aplicabilidade
para a avaliação direta de bem-estar no dia a dia
de um sistema de produção; mas, eles podem auxiliar no entendimento dos mecanismos que levam
ao desencadeamento do comportamento, como por
exemplo, agressão em suínos. Regiões específicas
do cérebro são responsáveis por funções motoras e
estão intrinsecamente relacionadas com o controle
de comportamentos de motivação como comer ou
atividade sexual, e emocional. O uso deste método,
algumas vezes referenciando como neuroetologia,
tem se tornado mais popular nas ultimas décadas
principalmente entre a comunidade cientifica. Indicadores de produção são também relevantes e práticos na avaliação de bem-estar nas granjas, e devem ser agregados a observações comportamentais
do rebanho. Esses incluem a taxa de crescimento
dos animais (desmame até o abate), sucesso reprodutivo das fêmeas (número de coberturas por cio,
taxa de postura), expectativa de vida, principalmente no que se refere a descarte de fêmeas e suas
respectivas motivações, e até mesmo, medidas de
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Rosangela POLETTO 1
produção coletadas no abate como a qualidade da
carcaça.
A avaliação de alterações comportamentais
tem sido considerada um dos métodos mais rápidos e práticos para avaliar o bem-estar. Variações
nos padrões comportamentais podem ocorrer em
resposta, por exemplo, a mudanças no ambiente
(social: formação da estrutura de hierarquia em
grupos recém-misturados; física: mudança de fêmeas alojadas em grupo para gaiolas individuais),
estado de higidez (saudável para doente), ou nutricional (desmame e alteração abrupta de dieta).
O surgimento de comportamentos anormais indica
que o animal tem dificuldades para adaptar-se ao
meio e que seu bem-estar está reduzido (Duncan,
1981). Em algumas instâncias, esses comportamentos anormais são chamados estereotipias, ou
seja, ações repetitivas que são invariáveis em forma e sem uma função fisiológica óbvia, que são comumente obervadas em animais severamente frustrados e geralmente expostos a estresses crônicos
(SVC, 1997). A alta frequência de comportamentos
estereotipados é tida por muitos como indicador de
um estado de estresse crônico, como é o caso das
matrizes suínas gestantes nas celas (ex. mascado
em falso, mordedura de barras). Para otimizar o
uso do comportamento como uma ferramenta para
avaliar o bem-estar, é essencial o monitoramento
diário dos animais. Por tanto, na auditoria, é verificada a frequência diária em que os animais são inspecionados pelos tratadores (que também é crítico
para o monitoramento da saúde dos animais), e se
estes têm conhecimento (treinamento) amplo sobre
a espécie sob os seus cuidados. Isso, para que eles
possam identificar o que se é esperado e considerado um comportamento normal nos diferentes estágios de produção e, tomar ações corretivas imediatas e efetivas frente aos comportamentos anormais.
Durante as auditorias de bem-estar, os parâmetros
de desempenho, que devem ser coletados durante
o ciclo produtivo do rebanho, também são verificados. Para isso, é essencial que a granja ou fazenda
tenha um sistema de registros em funcionamento,
mesmo que seja simplificado. Registros devem conter informações sobre perfil sanitário do rebanho,
como o calendário de vacinação e vermifugação,
tratamento veterinário com causas de segregação
se for o caso, e obrigatoriamente a taxa de mortalidade. Monitoramento pelos tratadores da condição
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
corporal dos animais conforme o estágio de produção é visível durante as verificações nas propriedades. Dados produtivos de desempenho, como
o acompanhamento rotineiro da taxa de postura e
ganho de peso dos animais, também são informações relevantes exigidas durante a verificação. A
taxa e eficiência de ganho de peso de animais de
crescimento e os registros de prevalência de doenças estão entre os métodos mais diretos e práticos
aplicados na propriedade para avaliar o bem-estar.
A incidência de lesões e atrofia de perna e laminite,
principalmente nas vacas mantidas em free-stall e
nas porcas mantidas em gaiolas, pode ser agregada a medidas de produção (ex. longevidade). Ferimentos ou lesões, especialmente quando recorrentes (um indicativo de manutenção inadequada do
alojamento), ou uma condição de enfermidade com
duração de médio ou longo prazo, também comprometem o bem-estar por estarem associados com
dor, desconforto e estresse.
Os programas de bem-estar também variam
na rigorosidade das exigências de idade e procedimento aplicado para realizar alterações físicas
nos animais, quanto permitidas. A exemplo do
programa Certified Humane, práticas como o amochamento e a descorna, a castração, corte de tetas
supranumerárias, e descola são permitidas sob condições específicas quanto a idade do animal e o uso
de analgesia e anti-inflamatórios. Já a debicagem
de aves é proibida, permitindo apenas o aparo da
ponta do bico por cauterização que deve ser realizado até os 10 dias de vida. Da mesma forma,
os dentes de leitões não devem ser cortados, mas
lixados. Para maiores informações sobre especificidades dos procedimentos e alterações físicas, ver
os padrões por espécie do Programa Certified Humane que estão disponíveis em português no site
da Ecocert Brasil.
Para fechar o ciclo de produção e ter um
produto final com o selo de certificação de BEA, é
imprescindível a auditoria também nos processadores. Em relação aos procedimentos de avaliação
e certificação de BEA do manejo pré-abate e abate,
vários programas seguem os critérios estabelecidos
no “Recommended Animal Handling Guidelines
and Audit Guide”, elaborado por Temple Grandin,
em colaboração com o American Meat Institute
(Grandin, 2013). As auditorias das plantas frigoríficas pelos programas de terceira parte, ou até mes107
Rosangela POLETTO 1
mo por comitês de avaliação que representam redes
de restaurantes (ex. o McDonald´s, Burger King),
têm sido muito efetivas quanto à adoção das normas de bem-estar no manejo pré-abate e abate. As
auditorias no pré-abate e abate são razoavelmente
simplificadas por terem como base classificações
numéricas dos pontos críticos de controle. Isso
quando se compara às verificações nas diferentes
etapas da criação animal onde, conforme descrito
acima, requer a compilação e avaliação de diversos itens que variam amplamente em importância.
Não conformidades indicadas por percentuais inaceitáveis levam a falha na auditoria, mas também,
observações e indícios de qualquer um dos atos de
abuso contra os animais como, arrastar animais
conscientes, tocar áreas sensíveis do animal com
o bastão elétrico, empurrar animais uns sobre os
outros, bater os portões contra os animais, e bater
nos animais ou torcer o rabo, resultam em falha automática na auditoria da planta frigorífica.
Concluindo, o processo de avaliação ou
verificação do estado de bem-estar de um animal
ou do grupo, o qual pode variar de reduzido/baixo para muito bom, é um procedimento complexo
e requer senso crítico e conhecimento técnico de
profissionais capacitados na área. Um apanhado
completo da condição geral dos animais, do manejo e das instalações pode ser alcançado utilizando a
combinação de critérios de avaliação que incluem
o estado clínico de saúde do animal, observação
de indicadores de comportamento e homeostase fisiológica, verificação de parâmetros de produção e
das práticas de manejo. O gerenciamento e manejo
da criação são essenciais para a garantia do BEA
do nascimento ao abate. Desta forma, a certificação
tem o papel de transferir a credibilidade ao consumidor de que condições de BEA estão sendo atendidas e, que os produtos adquiridos na prateleira do
supermercado provêm de animais criados de forma
socialmente responsável, ética e humanitária.
mal welfare: a scientist’s assessment. Poult. Sci.
60:489-499.
DUNCAN, I. J .H., FRASER, D. 1997. Understanding animal welfare. In: Animal Welfare. Appleby,
M. C. and Hughes, B. O. Eds. CAB International,
Wallingford, UK, pp. 19-31.
FAWC, Farm Animal Welfare Council. 1993. Second report on priorities for research and development in farm animal welfare. MAFF Tolworth,
U.K.
GRANDIN, T. 2013. Recommended Animal Handling Guidelines and Audit Guide. 124 p. American Meat Institute. Acesso em 20 de maio, 2014.
http://www.animalhandling.org/ht/d/sp/i/26752/
pid/26752.
POLETTO, R., HÖTZEL, M. J. 2012. The Five
Freedoms in the global animal agriculture market:
Challenges and achievements as opportunities.
Animal Frontiers, 2: 22-30.
RAYMENT, M., P. ASTHANA, H. VAN DE
WEERD, J. GITTINS, AND J. TALLING. 2010.
Evaluation of the EU policy on animal welfare and
possible policy options for the future. Final Report.
Acesso em 20 de maio, 2014. http://ec.europa.eu/
food/animal/welfare/actionplan/3%20Final%20
Report%20-%20EUPAW%20Evaluation.pdf.
USDA, United States Department of Agriculture
- National Library. Animal Welfare Information
Center. Acesso em 20 de maio de 2014. http://awic.
nal.usda.gov/farm-animals/animal-welfare-audits-and-certification-programs.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SVC, Scientific Veterinary Committee. 1997. The
welfare of intensively kept pigs. Report of the
Scientific Veterinary Committee, EU, Brussels,
190 p.
DUNCAN, I. J. H. 1981. Animal rights – ani108
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wagnner José Nascimento PORTO1; Müller Ribeiro ANDRADE2; Rinaldo Aparecido MOTA2
TOXOPLASMOSE E NEOSPOROSE EM
CAPRINOS E OVINOS
Wagnner José Nascimento Porto1; Müller Ribeiro Andrade2; Rinaldo Aparecido Mota2
RESUMO
Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiaraca, Pólo
Vicosa – Viçosa, Alagoas
2
Universidade Federa Rural
de Pernambuco – Recife, Permanbuco
1
A toxoplasmose e a neosporose são doenças que causam prejuízos econômicos aos criadores de caprinos e ovinos, comprometendo os índices produtivos. Toxoplasma gondii é um dos principais agentes atuantes em abortos de
pequenos ruminantes, além de sua importância na Saúde Pública. Já, Neospora
caninum merece maior atenção no diagnóstico de falhas reprodutivas em ovelhas e cabras. O objetivo desta apresentação é sintetizar aspectos relevantes da
infecção de T. gondii e N. caninum para caprinos e ovinos.
PA L AV R A S - C H AV E
Coccídeos; Aborto; Pequenos ruminantes
ABSTRACT
The toxoplasmosis and neosporosis are diseases that cause economic
losses to caprine-ovineculture, affecting the productive indexes. Toxoplasma
gondii is one of major active agents in small ruminant abortions, as well as
its importance in Public Health. Already, Neospora caninum deserves greater
attention in the diagnosis of reproductive failure in sheep and goats. This presentation aims to describe the impact of T. gondii and N. caninum infection for
sheep and goats.
KEYWORDS
INTRODUÇÃO
Coccidia; Abortion; Small ruminant
falhas reprodutivas em pequenos ruminantes (MOELLER, 2001; MASALA et al, 2007), e dentre
diferentes patógenos, destacam-se os protozoários
Toxoplasma gondii e Neospora caninum. O primeiro é reconhecido como uma das maiores causas de aborto em ovinos (BUXTON et al., 2007)
e em caprinos (MOELLER, 2001; MORENO et
al., 2012). Enquanto que N. caninum, apesar de
ter sido identificado como indutor de perdas fetais
nessas espécies (DUBEY e SCHARES, 2011), merece melhor elucidação de sua importância clínica
e econômica.
Esta apresentação objetiva sintetizar aspectos relevantes da infecção de T. gondii e N. caninum para caprinos e ovinos.
As criações de caprinos e ovinos no Brasil compreendem atividades com capacidade de
expansão, principalmente na região Nordeste, visto a boa capacidade adaptativa dessas espécies.
Todavia, o pouco desenvolvimento tecnológico e
consequentemente os baixos índices de produtividade são importantes barreiras a serem vencidas
(CSCO, 2006). A eficácia reprodutiva é dos fatores que implicam nessa produtividade, isso inclui
a habilidade de ovulação, manutenção da gestação
até o feto a termo com idade e peso corporal ótimo
(FTHENAKIS et al., 2014). Desta maneira, a ocorrência de repetição de cio, aborto e/ou mortalidade
neonatal constituem causas de perdas econômicas
significativas às cadeias produtivas (CSCO, 2006). TOXOPLASMOSE EM PEQUENOS RUMIA ação de agentes infecciosos é principal causa de NANTES
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
109
Wagnner José Nascimento PORTO1; Müller Ribeiro ANDRADE2; Rinaldo Aparecido MOTA2
A toxoplasmose é uma doença zoonótica
com ampla distribuição geográfica que acomete
animais de sangue quente, sendo causada pelo coccídeo intracelular obrigatório, T. gondii. (DUBEY,
2009a).
Esse protozoário possui um ciclo de vida heteroxeno, onde a fase sexuada ocorre somente no ambiente enteroepitelial de felídeos (hospedeiros definitivos), que resulta na formação de oocistos não
esporulados eliminados nas fezes destes animais.
Em condições ótimas de temperatura, umidade e
oxigenação os oocistos tornam-se infectantes e
contaminam pastagens e aguadas. Ao serem ingeridos por caprinos e ovinos (transmissão horizontal),
os oocistos esporulados alcançam o epitélio intestinal desses animais, excistam-se e liberam esporozoítos que passam para o estágio de taquizoítos.
Nessa fase evolutiva, o parasito multiplica-se de
forma rápida e assexuada, seguindo com a invasão e infecção de variados tecidos. Dependendo da
condição imunológica dos hospedeiros intermediários, os taquizoítos podem provocar a doença aguda ou alterar seu metabolismo transformando-se
em bradizoítos (replicação lenta), formando cistos
nos tecidos e assumindo a forma de latência (HILL
et al, 2005; DUBEY, 2009b).
Se cabras e ovelhas sofrem infecção durante gestação cursando consequentemente com
infecção do feto, denominamos transmissão transplacentária exógena. Enquanto que se essa infecção deriva da ativação de formas císticas do
parasito devido a mudança na condição imunológica da fêmea prenhe, consideramos transmissão
transplacentária endógena. A via transplacentária é
considerada a forma mais eficaz de manutenção do
parasito em rebanhos (DUBEY, 2009a).
As manifestações clínicas da toxoplasmose
em pequenos ruminantes dependerá da fase gestacional que a infecção ocorre no feto. Se no terço inicial, poderá ocorrer morte embrionária com
reabsorção ou expulsão do embrião, dificilmente
serão identificados sinais clínicos e a ovelha ou a
cabra repetirá o cio. Em terço médio de gestação,
o feto pode ser abortado ou reabsorvido e em terço
final além do abortamento, o feto pode nascer com
sequelas da infecção (fraqueza, alteração neurológica, etc.) ou sadio e congenitamente infectado
(WEISSMANN, 2003).
Estimativas de perdas por toxoplasmose
110
em sistemas produtivos tem dificuldade de serem
estipuladas uma vez que a doença é normalmente
esporádica e o diagnóstico é negligenciado ou realizado de forma inadequada na maioria dos casos
(DUBEY, 2009c).
A prevalência de anticorpos anti-T. gondii
em ovinos e caprinos tem sido descritos em diferentes países com frequências bastante variáveis,
dependentes dos testes utilizados, região estudada e fatores de riscos presentes (DUBEY, 2009a;
2009c). São exemplos de alguns fatores de risco
para a infecção pelo protozoário: presença do hospedeiro definitivo nas propriedades e seu acesso a
fontes de águas e alimento e a falta de coleta dos
envoltórios fetais (VESCO et al., 2007; PINHEIRO et al., 2009; ANDERLINI et al., 2011)
NEOSPOROSE EM PEQUENOS RUMINANTES
N. caninum é próximo filogeneticamente
de T. gondii (DUBEY et al, 2002, apresentando
maior importância na indução de abortamentos
em bovinos (DUBEY; LINDSAY, 1996; DUBEY,
2003; REICHEL et al., 2013).
No ciclo de vida de N. caninum também há
a participação de hospedeiros intermediários que
albergaram formas latentes do parasito e de hospedeiros definitivos, onde ocorre a reprodução sexuada do parasito. São conhecidos quatro hospedeiros
definitivos: os cães (McALLISTER et al., 1998);
o coiote (Canis latrans) (GONDIM et al., 2004); o
dingo australiano (Canis lupus dingo) (KING et al.,
2010) e o lobo cinza (Canis lupus) (DUBEY et al.,
2011), e uma gama de hospedeiros intermediários,
a exemplo dos bovídeos, equídeos, e pequenos ruminantes (DUBEY, 2003). A transmissão de N. caninum entre seus hospedeiros ocorrer similarmente
as formas descritas para T. gondii: via horizontal e
pela via vertical (DUBEY et al., 2006; DIJKSTRA
et al., 2001; DUBEY, 1999)
Apesar de N. caninum não ser considerado atualmente um dos principais problemas para a
reprodução ovina e caprina, como para os bovinos
(REICHEL et al., 2013), estudos sorológicos e moleculares têm demonstrado frequências da infecção
por este coccídeo semelhantes ou superiores àquelas determinadas por T. gondii em pequenos ruminantes (BUXTON, 1998; MORENO et al., 2012).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wagnner José Nascimento PORTO1; Müller Ribeiro ANDRADE2; Rinaldo Aparecido MOTA2
Diferentes trabalhos de infecção experimental reforçam a teoria da suscetibilidade de ovinos e caprinos para N. caninum. A inoculação de taquizoítos do parasito em ovelhas gestantes pode resultar
em aborto, natimorto ou nascimento de cordeiros
clinicamente afetados, ou o nascimento de cordeiros saudáveis de acordo com a dose de inoculada e
o tempo gestacional da infecção (McALLISTER et
al., 1996; BUXTON et al., 1998)
Estudos de frequência da exposição de pequenos ruminante a N. caninum tem demostrado
que o parasito é cosmopolita, com variação acentuada de infecção de acordo geografia, presença de
hospedeiros definitivos e manejo (DUBEY et al,
1996; 2007; DUBEY, 2003).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico etiológico da toxoplasmose
ou da neosporose baseado na avaliação clínica não
é simples, uma vez que os sinais apresentados por
cabras e ovelhas são inespecíficos. Desta forma, a
confirmação deve ser obtida por exames laboratoriais (DUBEY; LINDSAY, 1996; PACKHAM et
al., 2002). A utilização de técnicas de diagnóstico
indiretas (sorológicas, como Teste de Microaglutinação – MAT, Reação de Imunofluorescência Indireta – RIFI, Ensaio Enzimático de Imunoadsorção
– ELISA e Western blot) ou direto (identificação
do parasito por histopatologia, imunoistoquímica
– IHQ, isolamento in vitro e in vivo e PCR) são
necessárias para auxiliar na confirmação da suspeita clínica (BUXTON, 1998; PEREIRA-BUENO et
al., 2004; DUBEY et al., 2006; DUBEY e SCHARES, 2006; MORENO et al, 2012).
SAÚDE PÚBLICA
Por toxoplasmose se tratar de uma zoonose,
é importante evitar o consumo de carne crua ou
mal cozida de ovinos e caprinos que constitui uma
importante fonte de infecção para humanos (JONES; DUBEY, 2012), em adicional, o parasito tem
sido identificado em leite de cabras naturalmente
infectadas, de forma que o consumo in natura de
leite de cabra apresenta um risco potencial a Saúde
Pública (BEZERRA et al., 2015).
Anticorpos anti-N. caninum já foram identificados em humanos, mas não há descrições da
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
ocorrência da doença (TRANAS et al, 1999).
CONTROLE E PREVENÇÃO
As vias de controle tanto da toxoplasmose quanto da neosporose nas criações de pequenos
ruminantes baseia-se na adoção de medidas higiênico-sanitárias: controle do acesso dos hospedeiros definitivos a áreas de criações, armazenamento
adequado de concentrado, silo e das fontes de água,
coleta de membranas fetais para evitar infecção de
outros animais, controle sorológico dos rebanhos e
utilização de receptoras negativas, na realização de
transferência de embrião (BUXTON, 1998; 2007;
DUBEY, 2003; 2007). Não é indicado o tratamento individualizado de animais com a utilização de
drogas antiprotozoáricas, pois são economicamente inviáveis e não cessam as infecções crônicas
(INNES et al, 2002)
A utilização da imunização como prevenção da toxoplasmose ovina é empregada em países
como Austrália, Nova Zelândia e Inglaterra através
da vacina baseada em taquizoítos da cepa acistogênica S48 de T. gondii (BUXTON et al, 1993). Ela
fornece imunidade, capaz de evitar a transmissão
congênita e consequentemente, quadros de abortamento (BUXTON; INNES, 1995).
Apesar de existir vacinas comerciais disponível contra a neosporose bovina, faltam estudos
que comprovem a real eficácia e segurança do imunógeno para conferir ótima proteção e evitar falhas
reprodutivas tanto em bovinos, quanto em outras
espécies animais (INNES et al, 2002; SCHETTERS et al 2004). Todavia diversos grupos de
pesquisas desenvolvem trabalhos na busca de uma
alternativa imunológica e comercial viável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora a literatura já destaque a importância de T. gondii para os pequenos ruminantes, há a
necessidade de considerar a neosporose em investigações de distúrbios da reprodução. Por conseguinte, os médicos veterinários devem estar atentos
a epidemiologia da doença, formas de diagnóstico,
bem como, para as medidas profiláticas necessárias
no controle e eliminação dos agentes nos rebanhos
ovinos e caprinos.
111
Wagnner José Nascimento PORTO1; Müller Ribeiro ANDRADE2; Rinaldo Aparecido MOTA2
REFERÊNCIAS
BUXTON, D.D.; THOMSON, K.M.; MALEY, S.;
WRIGHT, S.; BOS, H.J. Experimental challenger
of sheep 18 monthos afther vaccination with a live
(S48) Toxoplasma gondii vaccine. Veterinary Record, v. 25, p. 310-312, 1993.
ANDERLINI, G.A.; MOTA, R.A.; FARIA, E.B.;
CAVALCANTI, E.F.T.S.F.; VALENCA, R.M.B.;
PINHEIRO JUNIOR, J.W.; DE ALBUQUERQUE, P.P.F.; DE SOUZA NETO, O.L. Occurrence
and risk factors associated with infection by Toxoplasma gondii in goats in the State of Alagoas, Bra- BUXTON, D. Protozoan infections (Toxoplasma
zil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina gondii, Neospora caninum and Sarcocystis spp.) in
Tropical, v. 44, n. 2, p. 157–62, 2011.
sheep and goats: recent advances. Veterinary Research, v. 29, n. 3-4, p. 289-310, 1998.
BARR, B.C.; ANDERSON, M.L.; WOODS, L.W;,
DUBEY, J.P.; CONRAD, P.A. Neosporalike proto- BUXTON, D.; INNES, E.A. A commercial vaczoal infections associated with abortion in goats. cine for ovine toxoplasmosis. Parasitology, v. 110
Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, v. Suppl:S11-16, 1995.
4, p. 365–367, 1992.
BEZERRA, M.J.; KIM, P.C.; MORAES, É.P.; SÁ,
S.G.; ALBUQUERQUE, P.P.; SILVA, J.G.; ALVES, B.H.; MOTA, R.A. Detection of Toxoplasma
gondii in the milk of naturally infected goats in the
Northeast of Brazil. Transboundary and Emerging
Diseases, v. 62, n. 4, p. 421–424, 2015.
112
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5
ANÁLISE DA VISÃO DA POPULAÇÃO
QUANTO AOS ATOS DE MAUS-TRATOS
PRATICADOS CONTRA ANIMAIS
Analysis of the population of vision as to abuse of acts against animals
Wagnner José Nascimento Porto1; Müller Ribeiro Andrade2; Rinaldo Aparecido Mota2
Universidade Federal Rural
do Semiárido - UFERSA, Mestranda em Ambiente, Tecnologia
e Sociedade. jhessica.luara@
ufersa.edu.br
2
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Professora Orientadora do Mestrado em
Ambiente, Tecnologia e Sociedade. [email protected]
3
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Professor
do Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade. marlon@
ufersa.edu.br
4
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Assistente Social. [email protected].
br
5
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Estagiária. [email protected]
1
PA L AV R A S - C H AV E
Práticas, Abandonar, Sacrificar.
KEYWORDS
Practices, Abandon, Sacrifice.
INTRODUÇÃO
A Lei dos Crimes Ambientais é competente para dispor que aquele que
praticar ato de maus-tratos com animais comete crime contra o meio ambiente
e será punido com pena de detenção, de três meses a um ano, e multa. Assim,
entende-se que o homem tem a obrigação legal de respeitar os direitos dos animais. Todavia, o respeito à legislação depende do prévio conhecimento dela e/
ou da moral intrínseca em cada ser humano, decorrente da bioética. Há décadas
as legislações que protegem e tutelam os animais existem e não são efetivamente cumpridas. A dor e o sofrimento de per si, são ruins e devem ser evitados, desviados ou mitigados, não importa qual seja a raça, o gênero ou a espécie do ser
que sofre (SINGER, 2004). Semelhantemente a bioética, a ciência do bem-estar
animal é considerada uma ferramenta que permite avaliar a qualidade de vida
dos animais e o impacto de homem sobre eles (SOUZA, 2008). É necessário e
urge que a sociedade seja consciente e perceba o seu papel preponderante de
garantidor do bem-estar animal, pois seus direitos efetivamente são tutelados
pelos seres humanos, favorecendo assim todas as condições necessárias para
que os animais tenham seus direitos respeitados. Não cuidar do bem-estar dos
animais pode ser caracterizado como crime de maus-tratos (BRASIL, 1998). O
mesmo é praticado pelo ser humano em relação aos animais não-humanos, sendo sempre motivado por uma ordem de aspecto cultural, social e psicológica. Os
animais, tutela do Estado, precisam ser vistos como seres vivos, estando estes
sujeitos a diversas formas de maus-tratos, como traumas, atropelamentos, fome,
sede, prisões, expostos a condições ambientais desfavoráveis, doenças diversas,
abandonados quando adoecem ou quando já não têm mais utilidade, entre outras
situações humilhantes. Dessa forma, ser guardião de um animal exige um mínimo ético. Assim, o trabalho procura analisar a visão da população quanto aos
atos de maus-tratos praticados contra os animais.
MATERIAL E MÉTODOS
O método utilizado para o desenvolvimento do trabalho foi uma pesquisa de campo, que envolveu 1.000 (mil) participantes, maiores de dezoito anos,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
113
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5
residentes em Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte. O trabalho utilizou-se de questionário estruturado com perguntas fechadas acerca dos maus-tratos
realizados com animais. Esse trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em
pesquisa da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, com parecer nº
40506515.4.0000.5294, de 13 de abril de 2015.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Questionados sobre se sabiam o que constitui maus-tratos aos animais,
85% dos pesquisados responderam positivamente. Importante essa constatação,
pois os maus-tratos de animais são práticas muito comuns desde os primórdios
da humanidade e perduram até os dias atuais (ESTRELLA, 2014), devendo ser
difundido o conhecimento sobre maus-tratos, evitando assim que animais pereçam por esse motivo. Não raro nos depararmos com situações evidentes de
maus-tratos contra animais (ESTRELLA, 2014), mesmo com um percentual
elevado de pessoas que conhecem o que seria maus-tratos e, consequentemente,
deveriam ter a consciência de não praticá-lo. Dessa forma, o percentual de 15%
que não sabe o que é maus-tratos, precisa conhecer essa situação, mas, mais do
que conhecer, precisa pôr em prática atos de bem-estar animal. Às pessoas que
responderam saber o que constitui maus-tratos, questionou-se sobre as práticas de maus-tratos com animais. Quanto ao ato de abandonar um animal, 79%
das pessoas pesquisadas concordaram que este seria um tipo de maus-tratos aos
animais. De fato, o abandono é um dos tipos de maus-tratos para com os animais (PEA, 2015). Quanto a deixar o animal sem alimento, 77% das pessoas
afirmaram ser uma prática de maus-tratos. Não dar água e comida diariamente,
constitui exemplo de maus-tratos (PEA, 2015). Sobre não levar ao médico veterinário, 54% das pessoas entendem que é ato de maus-tratos, enquanto que 46%
não reconhecem a importância de se consultar os animais. O Médico Veterinário
estuda, se especializa por anos e é o profissional capaz de identificar alterações
na saúde do animal (TEIXEIRA, 2015), razão pela qual é importante a consulta
frequente. Sacrificar o animal quando existe tratamento é um ato cruel. Mesmo
o animal estando doente, o sacrifício destes no Centro de Controle de Zoonose
não pode ser feito de modo cruel (CONSULTOR JURÍDICO, 2009). Todavia,
apenas 63% dos pesquisados possuem o entendimento de que o animal deve ser
cuidado, evitando assim o seu sacrifício. Sobre não vacinar os animais, 57%
dos pesquisados compreendem ser este um ato de maus-tratos. O ato de vacinar
garante o bem-estar dos animais (FLORES, 2015), porém poucos possuem essa
compreensão. Aos animais são concedidos direitos os quais devem ser respeitados por toda a sociedade, não podendo serem maltratados.
CONCLUSÃO
A população pesquisada sabe o que constitui maus-tratos aos animais,
todavia, possui pouco conhecimento sobre os atos de maus-tratos praticados
com animais, visto que atos como abandonar, não alimentar, não levar ao Médico Veterinário, sacrificar quando existe tratamento e não vacinar, são vistos com
pouca importância pela sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
114
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5
BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.Brasília: Senado Federal, 1998. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 fev. 1998.
CONSULTO JURÍDICO. Município deve usar método que iniba a dor. Revista
Consultor Jurídico, São Paulo, 10 de setembro de 2009. Disponível em: <http://
www.conjur.com.br/2009-set-10/centro-zoonose-nao-sacrificar-animais-modo-cruel>. Acesso em: 02 jun. 2015.
PEA. Como denunciar. Pea, São Paulo, 2015. Disponível em: <http://www.pea.
org.br/denunciar.htm>. Acesso em: 02 jun. 2015.
ESTRELLA, S. Como funcionam os maus-tratos de animais. Disponível em: <
http://ambiente.hsw.uol.com.br/maus-tratos-animais.htm>. Acesso em: 02 jun.
2015.
FLORES, C. C. A irregularidade da vacinação de pequenos animais no Brasil
- Parte II. Disponível em: < http://www.portaleducacao.com.br/veterinaria/artigos/59259/a-irregularidade-da-vacinacao-de-pequenos-animais-no-brasil-parte-ii>. Acesso em: 02 jun. 2015.
SINGER, P. Ética Prática. 4. ed. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
SOUZA, M. F. de A. e. Bioética e Bem-Estar Animal: novos paradigmas para a
Medicina Veterinária. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária, v.
14, n. 43, 2008.
TEIXEIRA, L. S. 3 motivos para levar o Pet ao Veterinário. Disponível em:
<http://lupusalimentos.com.br/lupus_mundopet/3-motivos-para-levar-o-pet-ao-veterinario/>. Acesso em: 02 jun. 2015.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
115
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5
Figura 1 - Conhecimento da população de Mossoró/RN quanto aos maus-tratos
com animais.
Figura 2 – Conhecimento da população de Mossoró/RN quanto aos atos de
maus-tratos praticados contra animais.
116
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5; Caio Sérgio SANTOS6.
GUARDA RESPONSÁVEL DE ANIMAIS:
VISÃO DA POPULAÇÃO
Guard of animals in charge: population of vision
Wagnner José Nascimento Porto1; Müller Ribeiro Andrade2; Rinaldo Aparecido Mota2
Universidade Federal Rural
do Semiárido - UFERSA, Mestranda em Ambiente, Tecnologia
e Sociedade. jhessica.luara@
ufersa.edu.br
2
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Professora Orientadora do Mestrado em
Ambiente, Tecnologia e Sociedade. [email protected]
3
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Professor
do Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade. marlon@
ufersa.edu.br
4
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Assistente Social. [email protected].
br
5
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Estagiária. [email protected]
6
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Médico
Veterinário. [email protected].
br
1
PA L AV R A S - C H AV E
Bem-estar, Saúde, Meio Ambiente.
KEYWORDS
Welfare , Health, Environment.
INTRODUÇÃO
A guarda responsável de animais é uma questão importante a ser discutida. O ser humano possui alguma relação com os animais, sejam os que estão
sob sua guarda, os do vizinho, os de rua, enfim, fazem parte do meio ambiente. Entretanto, é preciso que a sociedade seja consciente de seu papel de bem
cuidar dos animais, pois possuir uma guarda responsável é ser ciente de seu
papel de guardião, alimentando, banhando, medicando, dando todas as condições necessárias para que o animal possua sua dignidade respeitada. Como diz a
Declaração Universal dos Direitos dos Animais, todos os animais têm o mesmo
direito à vida, ao respeito e à proteção do homem, não deve ser maltratado, têm
o direito de viver livres no seu habitat, nunca deve ser abandonado, não deve ser
usado em experiências que lhe causem dor e todo ato que põe em risco a vida
de um animal é um crime contra a vida. O homem deve ser educado desde a
infância para observar, respeitar e compreender os animais. Essas considerações
remetem ao que seria uma guarda responsável. A ausência do Poder Público
que diz respeito à tutela dos animais é quase que total. Dias (2011) esclarece
que o fato dos direitos dos animais serem tutelados por pessoas humanas não
os torna objeto material do direito, pois seriam os animais os verdadeiros titulares dos direitos a serem protegidos, ou seja, a eles são concedidos direitos os
quais devem ser respeitados por toda a sociedade, especialmente pelo Poder
Público e autoridades que devem zelar e cobrar daquela o respeito para com os
animais. Os animais, tutela do Estado, precisam ser vistos como seres vivos. A
falta de conhecimento sobre os cuidados com os animais os torna susceptíveis a
diversas doenças, entre essas, as zoonoses, pondo em risco sua própria vida e a
dos humanos. O destino dos animais é um sério problema, haja vista o elevado
número de animais abandonados e errantes, conforme informações da Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal (ARCA BRASIL, 2010).
Segundo Stewart (1999), a interação do homem com os animais promove efeitos benéficos para o ser humano, seja a nível emocional, social e psicológico.
Sendo assim, em retribuição a todos esses benefícios, os seres humanos devem
propiciar aos animais condições dignas de existência. Essa retribuição, além de
ser um direito dos animais, é dever do homem, posto que aos animais, a legis-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
117
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5; Caio Sérgio SANTOS6.
lação tem conferido direitos, necessitando de ser colocadas em práticas. Assim,
a guarda responsável é um importante instrumento para a proteção dos direitos
dos animais. Desta forma o trabalho tem como objetivo analisar o conhecimento
sobre guarda responsável da população de Mossoró, Estado do Rio Grande do
Norte.
MATERIAL E MÉTODOS
O método utilizado para o desenvolvimento do trabalho foi uma pesquisa de campo, que envolveu 1.000 (mil) participantes, maiores de dezoito
anos, residentes no Município de Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte,
amostra realizada com base em fórmula estatística de Andrade e Ogliare (2007).
O trabalho utilizou-se de questionário estruturado com perguntas fechadas acerca da guarda responsável. Esse trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em
pesquisa da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, com parecer nº
40506515.4.0000.5294, de 13 de abril de 2015.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sobre o instituto da guarda responsável, apenas 24% pessoas afirmaram
conhecer o que seria, enquanto que 76% afirmaram desconhecer o que seria
esse instituto (Figura 1). Esse é um dado preocupante, pois a desconhecimento
pode contribuir para que a população não tenha atitudes adequadas para com os
animais, os abandonando e deixando livres nas ruas, favorecendo desta forma os
acidentes, transmissão de doenças, mordeduras, entre outros. Importante discutir
essa informação junto à comunidade acadêmica, poderes executivo, legislativo
e judiciário, e sociedade civil, pois só assim é possível desenvolver novas estratégias, a fim de proporcionar qualidade de vida aos animais e conscientização à
população, sobretudo no que diz respeito ao tema guarda responsável (GIONGO FILHO, 2013). Vale ressaltar que a guarda responsável se opõe a noção de
maus-tratos (SANTANA e OLIVEIRA, 2010). Das pessoas que afirmaram saber
o que seria o instituto da guarda responsável, instigadas a citar algo que constitui
exemplo de guarda responsável, várias foram as respostas, tais como, manter os
animais abrigados do sol e da chuva (16%), fornecer ração adequada ao peso e à
idade do animal (14%), manter água limpa e fresca sempre à disposição (15%),
dar banhos periódicos (12%), ao sair de casa com o animal, utilizar sempre
coleira e guia (12%), recolher as fezes de seu animal das ruas (11%), vacinar
e vermifugar o animal dentro dos prazos estabelecidos pelo médico veterinário
(14%) (Figura 2). Esses atos, citados pelos pesquisados, estão de acordo com
Capez (2007), o qual estabelece que uma guarda responsável requer cuidados
com a vida, alimentação e saúde dos animais. Dessa forma, percebe-se que a população desconhece o que seria guarda responsável e dos que conhecem, poucos
praticam atos condizentes. Percebeu-se, durante a pesquisa, que os animais de
alguns desses participantes, no momento do questionamento, o qual era realizado na própria residência destes, estavam em más condições de higiene e saúde,
demonstrando a falta de zelo pelo animal, e distorcendo a afirmação concedida
a essa pesquisa. Portanto, discute-se se realmente as pessoas no Município de
Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte sabem o que é guarda responsável de
animais e se colocam esses conhecimentos em prática.
118
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5; Caio Sérgio SANTOS6.
CONCLUSÃO
A população de Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte não sabe o que
é guarda responsável. Embora os que afirmaram saber o que seria, saibam citar
exemplos de guarda responsável, suas práticas, muitas vezes, não correspondem
a esse conhecimento.
Referências Bibliográficas
ANDRADE, D. F.; OGLIARI, P. J. Estatísticas para as Ciências Agrárias e Biológicas com Noções de Experimentação. Florianópolis: UFSC, 2007.
ARCA BRASIL. Notícias da Arca. Oficial: Cresce o número de animais abandonados. 2010. Disponível em: <http://www.arcabrasil.org.br/blog/2010/04/
oficial-cresce-o-numero-de-animais-abandonados/>. Acesso em: 02 jun. 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 5 outubro 1988. ed.
Senado, 2011.
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. vol. 4. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. p. 400. DIAS, E. C. A tutela jurídica dos animais. Belo
Horizonte: Mandamentos, 2000. p. 155.
GIONGO FILHO, N. R. II Seminário de Proteção e Defesa Animal. São Paulo:
São Paulo, 2013.
SANTANA, L. R., OLIVEIRA. T. P. Guarda Responsável e Dignidade dos Animais. Disponível em: http://www.abolicionismoanimal.org.br/artigos/guardaresponsveledignidadedosanimais.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2015.
STEWART, M. F. Companion animal death: a practical and comprehensive guide for veterinary practice. United Kingdom: Elsevier Health Sciences, 1999. p.
188.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
119
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5; Caio Sérgio SANTOS6.
Figura 1 – Conhecimento da população de Mossoró, Estado do Rio Grande do
Norte, quanto à guarda responsável de animais.
Figura 2 – Atos que a população de Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte
considera como sendo guarda responsável.
Legenda:
1 - Manter os animais abrigados do sol e da chuva
2 - Fornecer ração adequada ao peso e à idade do animal
3 - Manter água limpa e fresca sempre à disposição
4- Dar banhos periódicos
5 - Ao sair de casa com o animal, utilizar sempre coleira e guia
6 - Recolher as fezes de seu animal das ruas
7 - Vacinar e vermifugar o animal dentro dos prazos estabelecidos pelo médico veterinário
120
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Huber RIZZO1; Lucas Leandro da Silva SOARES1; Carla Cristina Moura de OLIVEIRA1; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira
CRUZ1; Mayumi Santos Botelho ONO1; Pollyanna Cordeiro SOUTO2.
INDIGESTÃO VAGAL EM MINI-BOVINOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
Vagal indigestion in mini cattle in the state of Pernambuco
Huber RIZZO1; Lucas Leandro da Silva SOARES1; Carla Cristina Moura de OLIVEIRA1;
Jefferson Ayrton Leite de Oliveira CRUZ1; Mayumi Santos Botelho ONO1; Pollyanna Cordeiro
SOUTO2.
Universidade Federal Rural de
Pernambuco. DMV. hubervet@
gmail.com, lucasleandrovet@
gmail.com, carla_moura18@
hotmail.com, jefersonairton@
hotmail.com,
mayumi_sbo@
hotmail.com,
2
Universidade Federal de Viçosa, DMV. pollyannasouto@
hotmail.com
PA L AV R A S - C H AV E
bovinos, nervo vago, Síndrome de Hoflund,
sistema digestório, timpanismo
KEYWORDS
bulls, vagus nerve, Hoflund Syndrome, digestive system, tympanism
1
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Hoflund ou indigestão vagal é um distúrbio digestivo,
relacionado ao comprometimento do nervo vago, seja por lesão total, parcial,
compressão ou inflamação, uma vez que o mesmo é responsável pela motricidade dos pré-estômagos devido sua inervação, do ramo direito, em retículo, omaso
e abomaso, e esquerdo no rúmen (DIRKSEN et al., 1993). Dentre as possibilidades de desenvolvimento da indigestão vagal estão quadros de reticuloperitonite traumática (RPT) (AQUINO NETO et al., 2010), aderências abdominais
(ROMÃO et al., 2012; SIMÕES et al., 2014), linfossarcoma (FERNANDES et
al., 2008), aspectos nutricionais (BORGES et al., 2007; CAMÂRA et al., 2009;
COSTA et al., 2013) gestação avançada (CAMARA et al. 2009) e genéticos e/ou
anatômicos, a bovinos miniaturas (FIDELIS JUNIOR et al., 2011; AMORIM et
al., 2011).
MATERIAL E MÉTODOS
Relata-se a ocorrência de indigestão vagal em dois bovinos miniaturas
machos, atendidos no Ambulatório de Grandes Animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco (AGA/UFRPE) nos anos de 2013 e 2014.
Os proprietários foram submetidos a anamnese, para esclarecimento da evolução dos casos, e os animais, examinados clinicamente segundo Dirksen et al.,
(1993). Foram coletadas amostras de fluido ruminal, via sonda orogástrica, e
sangue, mediante punção da veia jugular, sendo esses encaminhados ao Laboratório de Patologia Clínica de Grandes Animais da UFRPE, onde realizou-se a
análise de fluido ruminal e o eritrograma e leucograma.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os bovinos miniaturas foram atendidos no mês de setembro de 2013
(B1) e 2014 (B2) e eram oriundos de propriedades localizadas nos municípios
de Vitória de Santo Antão, a qual já havia ocorrido um quadro de timpanismo recidivante em outro touro miniatura, e Bezerros no estado de Pernambuco
respectivamente. Eram criados no sistema semi-intensivo com livre acesso a
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
121
Huber RIZZO1; Lucas Leandro da Silva SOARES1; Carla Cristina Moura de OLIVEIRA1; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira
CRUZ1; Mayumi Santos Botelho ONO1; Pollyanna Cordeiro SOUTO2.
alimentos volumosos no pasto como capim Pangola (Digitaria decumbens) e
capim Elefante (Pennisetum purpureum). Em nenhum dos casos havia histórico
de mudança brusca ou introdução de alimentos ricos em carboidratos, leguminosas e/ou de baixa digestibilidade que poderiam levar ao quaro de timpanismo
(CHENG et al., 1998; CÂMARA et al., 2009; COSTA et al. 2013).
O paciente B1, de 10 meses de idade e 115Kg (Figura 1), apresentava timpanismo recidivante há 10 dias, antes do atendimento no AGA/UFRPE. Na propriedade, o bovino foi submetido a tratamento, com medicamento oral a base de
silicone a 30% suspenso em metilcelulose (Ruminol®), além de rumenocentese,
com utilização de trocater e agulha calibre 40x12mm. Ao exame físico, realizado no momento do atendimento no AGA/UFRPE, constatou-se frequência cardíaca de 44bpm, respiratória de 16mpm, ruminal de 5mov./5 min., temperatura
retal de 37,4°C e escore corporal de 1.
O paciente B2 (Figura 2), de um ano de idade e 120Kg, há 30 dias vinha
apresentando timpanismo recidivante. Ao exame físico obteve-se frequência
cardíaca de 48 bpm, respiratória de 20mpm, ruminal de 5mov./5min., 38,4ºC de
temperatura retal, mucosa congestas e escore corporal de 3.
Em ambos os casos, observou-se aumento de volume na fossa paralombar esquerda e na região ventral da fossa paralombar direita, timpania grave e estratificações do conteúdo ruminal mal definidas. Os animais foram sondados, para
alívio e eliminação de gazes, com progressão sem resistência da sonda orogástrica ou sinais obstrutivos no esôfago. O aspecto de “pera e maça” dos flancos
direito e esquerdo, assemelham-se ao relatado em oito casos de indigestão vagal
em bovinos miniaturas no estado de São Paulo (AMORIN et al., 2011; FIDELIS
JÚNIOR et al., 2011).
Nenhum dos bovinos foram responsivos a provas semiológicas de pesquisa de dor abdominal, descartando assim a possibilidade da RPT (AQUINO
NETO et al., 2010), corroborando com os achados dos exames complementares,
do bovino B2, onde não foram observados alterações no exame hematológico, (8,42x106/µL hemácias, 9,9g/dL hemoglobina, 38% de volume globular,
35,62fL VGM, 33% CHGM), principalmente em relação ao leucograma (leucócitos totais de 9800/µL sendo 21% de neutrófilos segmentados, 73% de linfócitos, 4% de monócitos e 2% de eosinófilos) (KANEKO et al., 2008), pois o
aumento desses índices, remeteria a um processo infecioso ativo como observado, na RPT e em casos de aderências abdominais (ROMÃO et al., 2012). Fidelis
Júnior et al., (2011) relataram leucocitose, associado a peritonite devido ruminocenteses em bovino miniatura com timpanismo recidivante, causando enfisema na região do flanco, alteração essa, que não observada no bovino B1. No
entanto, não foi realizado o leucograma do mesmo, que devido a ruminocentese,
poderia estar elevado.
O líquido ruminal encontrava-se com pH e características normais. Para
confirmação, do quadro de indigestão vagal, foi realizada a prova de atropina,
tendo resultado positivo em ambos os animais, caracterizando a bradicardia vagal (DIRKSEN et al., 1993).
Foram propostas duas condutas terapêuticas. A conservativa através da passagem de sonda orogástrica, a cada dilatação abdominal, afim da remoção do gás
e a cirúrgica através da implantação permanente de fistula ruminal (MUZZI et
al., 2009), sendo ambas paliativas, de serventia apenas para a administração do
quadro de timpanismo. Os proprietários optaram pela conduta terapêutica con122
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Huber RIZZO1; Lucas Leandro da Silva SOARES1; Carla Cristina Moura de OLIVEIRA1; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira
CRUZ1; Mayumi Santos Botelho ONO1; Pollyanna Cordeiro SOUTO2.
servativa, e com isso os animais receberam alta. Foi-lhes recomendado atenção
quanto ao manejo alimentar, priorizando o fornecimento de volumoso de qualidade, em pequenas porções divididas durante o dia, e redução do fornecimento
de alimento concentrado.
CONCLUSÃO
Devido a conformação condrodistrófica de bovinos miniaturas, supõe-se
que ocorra predisposição genética para o desenvolvimento da indigesto vagal,
devido a compressão do nervo vago em uma cavidade abdominal pequena em
relação a expansão dos compartimentos gástricos durante a vida do animal. Pesquisas mais amplas devem ser realizados com o intuito de confirmar esta teoria.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AQUINO NETO, H. M.; FACURY FILHO, E.J.; CARVLHO, E.U. et al. Reticuloperitonite traumatica em bovino: Relato de caso. Ruminantes, Oeiras, v.3,
p.4-13, 2010.
AMORIM, R.M.; SANTAROSA, B.P.; DANTAS, G.N. et al. Indigestão vagal
em seis mini-bovinos atendidos na clínica de grandes animais FMVZ-UNESP/
Botucatu. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA,
38, Florianópolis, 2011. Anais ... Florianópolis, COMBRAVET, 2011, p.1-3.
BORGES, J. R. J.; DA CUNHA, P.H.J.; MOSCARDINI, A.R.C. et al. Compactação de abomaso em bovinos leiteiros: descrição de cinco casos. Ciência
Animal Brasileira, Goiás, v.8 n.4, p.859-864, 2007.
CÂMARA, A. C. L.; AFONSO, J.A.B.; COSTA, N.A. et al. Compactação primária do abomaso em 14 bovinos no Estado de Pernambuco. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.29, n.5, p.387-394, 2009.
CHENG, K.J.; MCALLISTER, T.A.; POPP, J.D. et al. A review of bloat in feedlot cattle. Journal of Animal Science, Champaign, v.76, n,1, p.299-308, 1998.
DIRKSEN, G.; GRÜNDER, H.D.; STÖBER, M. 1993. Rosenberger, Exame
Clínico dos Bovinos.3ª ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 419p.
FERNANDES, G.O.; FILAPPI, A.R.; CECIM, M. et al. Indigestão vagal causada por linfossarcoma em bovino. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 35, Gramado, 2013. Anais...Gramado: COMBRAVET,
2008.
FIDELIS JUNIOR, O. L.; SANTOS, G.G.F.; CADIOLE, F.A. et al. Timpanismo recorrente em minibovinos. In: CONGRESSO BRASILEIRO BUIATRIA,
9, 2011, Goiânia. Anais...Botucatu: Veterinária e Zootecnia, v.18, n.4, supl.3,
2011.
KANEKO, J.J.; HARVEY, J.W.; BRUSS, M.L. Clinical Biochemistry of Domestic Animals. 6th ed. Academic Press, San Diego. 2008. 916p
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
123
Huber RIZZO1; Lucas Leandro da Silva SOARES1; Carla Cristina Moura de OLIVEIRA1; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira
CRUZ1; Mayumi Santos Botelho ONO1; Pollyanna Cordeiro SOUTO2.
MUZZI, A. L.; MUZZI, R.A.L.; GABELLINI, E.L.A. Técnica de fistulação e
canulação do rúmen em bovinos e ovinos. Ciência e Agrotecnologia, Lavras,
v.33, Edição Especial, p.2059-2064, 2009.
ROMÃO, F.T.N.M.A.; BARBERINI, D.J.; GOMES, R.G. Estenose funcional
pilórica em vaca leiteira: relato de caso. Revista Acadêmica Ciências Agrárias e
Ambientais, Curitiba, v.10, n.1, p.99-103, 2012.
SIMÕES, S.V. D.; LIRA M.A.A.; MIRANDA NETO E.G. et al. Transtorno motor sugestivo de indigestão vagal em caprino - Relato de caso. Revista Brasileira
de Medicina Veterinária, Rio de Janeiro, v.36, n.1, p.101-104, 2014.
COSTA, A.R.; SCHREINER, T.; KRABBE, A.A. et al. Indigestão vagal associada à timpanismo recidivante crônico por ingestão de Trifolium repens em um
bovino. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PATOLOGIA VETERINÁRIA E
ENCONTRO NACIONAL DE PATOLOGIA VETERINÁRIA, 2 e 16, Curitiba,
2013. Anais...Curitiba: Archives of Veterinary Science, v.18. n.3, Suplemento,
p.93-95, 2013.
Figura 1 – Bovino miniatura (B1) em decúbito latero-esternal, apresentando
dilatação da região do flanco esquerdo devido quadro de timpanismo.
Figura 2 – Plano dorsal de bovino miniatura (B2) com quadro de timpanismo
recorrente apresentando abdomen com aspecto “pêra-maça”.
124
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Domingos ANDRADE NETO³;Jhéssica Luara Alves de LIMA4;
Ana Márcia Bezerra RODRIGUES5; Felipe Belizario SILVA6
ABANDONO DE GATOS VERSUS ADOÇÃO
Cats abandonment versus adoption
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Domingos ANDRADE NETO³, Jhéssica
Luara Alves de LIMA4; Ana Márcia Bezerra RODRIGUES5; Felipe Belizario SILVA6
Médica Veterinária autônoma
Docente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, [email protected]
³ Discente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, [email protected]
4Discente do Mestrado em Ambiente Tecnologia e Sociedade - Veterinário Universidade
Federal Rural do Semi-Árido,
[email protected]
5
Médica Veterinária Autônoma
6
Ecólogo Autônomo
1
2
PA L AV R A S - C H AV E
Desprezo, bem estar animal, personalidade.
KEYWORDS
Disesteem, animal welfare, personality.
INTRODUÇÃO
Estima-se que os gatos foram os primeiros animais adotados como pets
pelos egípcios, há cerca de 3600 anos, sendo todos os felinos domésticos atuais
descendentes de Felis silvestris (LINSEELE et al., 2007). Nas últimas décadas
os gatos vêm adquirindo maior espaço dentre os pets e se tornaram os animais
mais populares do mundo (DRISCOLL et al., 2009). Proprietários relataram
considerar características fenotípicas externas, como tamanho do pelo, cor do
pelo, e tamanho do animal, no momento da adoção de felinos em abrigos (GOURKOW, 2001). Todavia, o posterior comportamento destes animais consiste em
um motivo de abandono (VUCINIC et al., 2009). Da mesma forma que a personalidade é considerada no momento da adoção a execução de comportamentos
desagradáveis ou incompatíveis com a personalidade do dono pode resultar em
abandono. O abandono de animais, principalmente domésticos, infelizmente é
comum em locais públicos. Fruto da má informação por parte da população que
acredita que os bichinhos podem viver por conta própria. É um problema com
soluções vagas. Ao passo que precisa ser tratado, existem vácuos legais que
dificultam sua abordagem. Se existem cães e gatos nas ruas são porque eles têm
donos que não os mantêm dentro dos limites das suas residências ou porque eles
tiveram donos e foram abandonados. Aqueles que nascem nas ruas raramente
conseguem sobreviver por muito tempo se não forem adotados (FARIA et al.,
2013). Faria (2014), relatou que 71,95% dos pesquisados já verificaram abandono de algum animal. Resultados semelhantes encontrados por Faria et al (2013),
onde foram abordados 245 moradores de um bairro da cidade de Fortaleza, e o
abandono de animais foi percebido por 78% dos participantes. De acordo com
o relatado por Bortoloti e D’Agostino (2007), os animais presentes nas ruas
são provenientes de abandono. O que faz desses animais potenciais agressores,
transmissores de doenças, contaminando diretamente o ambiente e/ou o homem,
como relatado por Rey (2001). Quanto ao bem estar dos gatos de rua, esta é
uma questão muito importante, pois apesar de estes serem animais sem dono,
eles necessitam de interação com seres humanos e muitos voluntários se envolvem emocionalmente, proporcionando alimentação e abrigo, cuidados médicos
veterinários, participando da captura para a realização da castração e posterior
soltura no seu ambiente ou auxílio na adoção (CENTONZE e LEVY, 2002).
Mas a adoção, apesar de um gesto nobre, é necessário conscientizar a população
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
125
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Domingos ANDRADE NETO³, Jhéssica Luara Alves de LIMA4;
Ana Márcia Bezerra RODRIGUES5; Felipe Belizario SILVA6
de que não se trata de distribuição aleatória de animais, mas de um programa
legalmente estabelecido que prevê posturas que os proprietários devem assumir
para que os animais não sejam submetidos a sofrimentos, nem descartados por
atitudes impensadas. A adoção deve ser um exercício de posse responsável e
precisa ser supervisionada por órgãos públicos, associados a profissionais de
clínicas particulares, organizações não-governamentais, entre outros (LAGES,
2009). Desta forma o presente trabalho objetivou analisar o abandono de gatos
e a adoção no Rio Grande do Norte.
MATERIAL E MÉTODOS
Desenvolvida de forma randômica, a pesquisa foi realizada mediante a
aplicação de 200 questionários de maneira que os pré-requisitos para participar
da pesquisa eram ter tutoria de pelo menos um gato e possuir mais que 18 anos.
As informações foram coletadas através de questionário estruturado realizado
com os tutores dos animais. Ao final a análise estatística foi realizada com o programa R (2013) utilizando-se o teste exato de Fisher, com nível de significância
de 5% (p<0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 200 questionários aplicados os proprietários relataram que desse
total de animais 115 (57,5%) foram encontrados nas ruas, vítimas de abandono,
corroborando com Clark (1975) que se torna um trabalho atual, onde afirmou
naquela época que a maior parte de animais eram adotados das ruas. Os outros
animais foram obtidos de presente, comprados ou adotados de outros proprietários. Observou-se que os machos representavam a maior parcela de animais
abandonados adotados, 61 (53,05%) enquanto as fêmeas representavam 54
(46,95%) (Figura 1). Os índices de animais que não foram vitimas de abandono
se aproximam ao de Baranyiová et al. (2006), que obteve 48,6%. Foi observado
ainda que as chances de adoção dos gatos reduzem à medida que crescem, pois
as pessoas tendem a adotar os gatos até os seis meses de vida (Figura 2). Esses
dados corroboram com Baranyiová et al (2006), onde afirmaram que a maioria
dos felinos são adotados até os dez meses de vida e com Kendall e Ley (2006),
que citaram que 65% dos gatos foram adotados até os dois meses de idade. Isso
se torna um fato preocupante, pois quanto maior a idade do animal abandonado
menor as chances do mesmo encontrar um novo lar. O abandono é uma falha
gritante da responsabilidade do ser humano e representa comportamento anti-social e imoral. Em muitos casos é também ilegal, ou deve ser visto por esse
ângulo, mas a aplicação da repressão é difícil e raro, pois é difícil para provar
na maioria dos casos. Se estiver escrito na legislação, leis contra o abandono
devem ser cuidadosamente redigidas bem estabelecidas sem brechas para que
fujam da punição (ROBERTSON, 2008). Portanto, medidas são necessárias a
serem tomadas pelo poder público para reduzir o abandono de gatos, tais como
o controle reprodutivo e conscientização da população sobre a guarda responsável.
CONCLUSÃO
Foi possível concluir que a maioria dos gatos dos tutores que se subme126
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Domingos ANDRADE NETO³;Jhéssica Luara Alves de LIMA4;
Ana Márcia Bezerra RODRIGUES5; Felipe Belizario SILVA6
teram ao questionário foram vitimas de abandono. Os gatos domésticos são mais
comumente adotados até o segundo mês de vida e os machos são mais abandonados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARANYIOVÁ, E.; HOLUB, A.; TYRLÍK, M.; VOLFOVÁ, M. Cats in Czech
Rural and Urban Households. Acta Veterinaria Brno, v. 75, n. 3, p. 411–417,
2006.
BORTOLOTI, R.; D’AGOSTINO, R. G. Ações pelo controle reprodutivo e posse responsável de animais domésticos interpretadas à luz do conceito de metacontingência. brazilian journal of behavior analysis, v.3, n.1, p.17-28, 2007.
Disponível em: www.rebac.unb.br/vol3_1/rebac_bortoloti_etal_2007.pdf.
Acessado em 10 de junho de 2012.
CENTONZE, L.A.; LEVY, J.K. Characteristics of free-roaming cats and their
caretakers. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 220, p.
1627-1633, 2002.
CLARK, J M. The effects of selection and human preference on coat colour
gene frequences in urban cats. Heredity, v. 35, n. 2, p. 195–210, 1975.
DRISCOLL, C. A.; CLUTTON-BROCK, J.; KITCHENER, A. C.; BRIEN, S. J.
O. The Taming of the Cat. Scientific American, n. June, p. 68–75, 2009.
FARIA, J. A.; ALVES, N. D.; FILHO, E. F. N.; SILVA, C. D. Os animais, cães
e gatos, no meio urbano e o problema ambiental. In: SEABRA, G. Qualidade de
Vida, Mobilidade e Segurança nas Cidades. v. 3. Ed. João Pessoa,PB: Editora
Universitária da UFPB, 2013, P. 130-141.
GOURKOW, N. Factors affecting the welfare and adoption rate of cats in animal shelter. University of British Columbia, 2001.
FARIA. J. A. Relação/controle populacional de cães e gatos/melhoria das condições ambientais e bem-estar da comunidade no bairro da Paupina em Fortaleza,
Ceará – Dissertação (mestrado) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido,
Mossoró, 2014, 66p.
KENDALL, K; LEY, J. Cat ownership in Australia: Barriers to ownership and
behavior. Journal of Veterinary Behavior: Clinical Applications and Research,
v. 1, n. 1, p. 5–16, 2006.
LAGES, S. L. S. Avaliação da população de cães e gatos com proprietário, e do
nível de conhecimento sobre a raiva e posse responsável em duas áreas contrastantes da cidade de Jaboticabal, São Paulo. Dissertação (Mestrado) - Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2009, 76p.
LANDSBERG, G. M.; TYNES, V. V. Behavior: a guide for practitioners. The
Veterinary Clinics of North America: Small animal practice, v. 44, n. 3, p. 13–
15, 2014.
LINSEELE, V.; VAN NEER, W.; HENDRICKX, S. Evidence for early cat taming in Egypt. Journal of Archaeological Science, v. 34, n. 12, p. 2081–2090,
2007.
REY, L. Um século de experiência no controle da ancilostomíase. Rev. Soc. Bras.
Med. Trop., Uberaba, v. 34, n. 1, 2001. Disponível em http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822001000100010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 06 de outubro de 2011.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
127
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Domingos ANDRADE NETO³, Jhéssica Luara Alves de LIMA4;
Ana Márcia Bezerra RODRIGUES5; Felipe Belizario SILVA6
ROBERTSON, S.J. A review of feral cat control. Journal of Feline Medicine &
Surgery, v.10, p.366–375, 2008.
VUCINIC, M.; DJORDJEVIC, M.; TEODOROVIC, R.; JANKOVIC, L.; RADENKOVIC-DAMNJANOVIC B.; RADISAVLJEVIC, K. Reasons for relinquishment of owned dogs in a municipal shelter in Belgrade. Acta veterinaria, v.
59, n. 2-3, p. 309–317, 2009.
Figura 1 – Relação entre machos e fêmeas abandonados
Fonte: Pinheiro, 2014
Figura 2 – Porcentagem de gatos adotados, distribuídos por faixa etária.
Fonte: Pinheiro, 2014
128
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wilmar Sachetin MARÇAL1; Alexandre Lobo BLANCO2; Juliane MOREIRA3
ESCOLA DE CAPATAZES: CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA RURAL COM
PRECEITOS DE BEM-ESTAR ANIMAL
PARA MELHORIA NA PRODUTIVIDADE
BOVINA
Universidade Estadual de Londrina, DMV. [email protected]
2
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Curitiba
- Paraná. alobo.blanco@gmail.
com
3
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça,
São Paulo. julianemoreira_@
hotmail.com
1
FARM FOREMEN SCHOOL: TRAINING OF RURAL LABOUR
WITH PERCEPTS OF ANIMAL WELFARE TO IMPROVE CATTLE PRODUCTION
Wilmar Sachetin MARÇAL1; Alexandre Lobo BLANCO2; Juliane MOREIRA3
PA L AV R A S - C H AV E
: bem-estar, educação, capacitação, bovinos,
produtividade.
KEYWORDS
welfare, education, training, cattle, productivity.
INTRODUÇÃO
Na pecuária bovina, ainda é premissa qualificar a mão de obra rural, para
minimizar perdas de modo geral. Os melhores resultados científicos e tecnológicos serão sempre mais facilmente adquiridos, se todos os atores da bovinocultura estiverem envolvidos, treinados e em perfeita sinergia. Nesta ótica, surgiu
em 2010 na Universidade Estadual de Londrina o projeto de extensão ESCOLA
DE CAPATAZES, com cursos práticos e de orientação individualizada. Os ensinamentos, tanto para os encarregados da lida do gado, quanto para os alunos dos
vários Colégios Agrícolas brasileiros, são relacionados ao eco-comportamento
bovino, respeitando-se a fisiologia do animal, com ensinamentos de manejo racional, abordagem semiológica e, principalmente, sem competitividade entre
“peões”.
MATERIAL E MÉTODOS
Os cursos são gratuitos e ocorrem na sede da Escola, situada na Fazenda
Cachoeira 2C, em Sertanópolis, no Paraná, mas também de modo itinerante em
localidades rurais que possuam condições para os treinamentos práticos. O número máximo por turma é dez participantes. Há ensaios de primeiros socorros
em bovinos, com ênfase em terapêutica por vias alternativas, bem como ações
práticas e reais de manejo racional em troncos e bretes, com orientação de vacinação, medicação, embarque e desembarque sem estresse e sem contusões
nas carcaças. O modelo “porteira aberta” é proibido nas diretrizes pedagógicas
da Escola. Os participantes recebem esclarecimentos sobre campo de visão dos
bovinos, zona de fuga, audição e reações a estímulos. Também se orienta sobre
os produtos básicos de uma “farmacinha-veterinária”, treinamento para melhor
manejo terapêutico com produtos controlados, como carrapaticidas e similares.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
129
Wilmar Sachetin MARÇAL1; Alexandre Lobo BLANCO2; Juliane MOREIRA3
O projeto ainda enfatiza os aspectos higiênico-sanitário dos participantes na prevenção de sua própria saúde em todas as atividades manuais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de quatro anos demonstraram escala progressiva de participantes, com aprimoramento profissional, promovendo, ainda, as correções de
vícios e crendices, algumas comuns no meio pecuário. A dinâmica dos trabalhos
práticos permitiu marketing natural entre os participantes, com estímulo a inclusão de novos interessados, fato também observado entre os jovens das escolas
agrícolas. Nos ensaios há motivação para se entender aspectos diretamente relacionados ao bem-estar animal, com preceitos explicados de modo técnico, mas
passíveis de entendimento pelo público alvo, às vezes sem muita instrução de
alfabetização. Ainda nas aulas práticas, os participantes aprendem a padronizar
a “farmacinha veterinária”, recebendo ensinamentos preventivos e orientações
de prescrições terapêuticas possíveis de serem realizadas, enquanto o veterinário não chega à fazenda. As ações realizadas pela ESCOLA DE CAPATAZES,
4278 pessoas através de 25 palestras e dois workshops em Sindicatos Rurais,
Colégios Agrícolas, Universidades e fazendas interessadas. Já foram realizados
21 cursos para capatazes e 22 para alunos de Colégios Agrícolas, compreendendo 18 municípios no estado do Paraná; 06 no estado de São Paulo; um em
Mato Grosso e um no estado de Santa Catarina. Produziram-se também alguns
trabalhos científicos para disseminação educativa e de iniciação científica aos
graduandos, permitindo a concessão de bolsas de estudos aos acadêmicos. Sob a
ótica pedagógica, os alunos-estagiários participantes, adquiriram a oportunidade de presenciar e vivenciar aspectos antigos de condutas práticas baseadas no
empirismo, podendo então, conhecer, respeitar e corrigir aqueles tópicos que a
ciência já demonstrou conhecimento pleno, absorvido por eles na Universidade.
Esta constatação permitiu melhorar o relacionamento entre o futuro profissional
e capataz, nascendo naturalmente o respeito pela permuta de conhecimentos.
Aspecto de notória observação é a motivação herdada pelos capatazes que, com
alguns ensinamentos repassados, sentem-se mais valorizados na rotina e no cotidiano da lida com os bovinos. O sinergismo vivenciado pelos docentes, alunos-estagiários e participantes reforça, ainda mais, a necessidade de se produzir
com qualidade e sustentabilidade, pois o bem-estar animal reflete positivamente
nos aspectos econômicos, sociais, ambientais e éticos, permitindo uma pecuária
bovina forte e muito competitiva.
CONCLUSÕES
Os ensinamentos práticos permitiram melhoria nas ações dos participantes, agregando tópicos de bem-estar animal e melhoria na produção dos animais,
de modo individual e coletivo; Os alunos-estagiários praticaram a relação empirismo versus ciência animal, dirimindo dúvidas e conhecendo algumas realidades loco-regionais; A Escola de Capatazes, em três anos de existência, prestou
informação e formação para mais de 4000 pessoas em diferentes localidades
brasileiras, levando o conhecimento da Universidade, de modo gratuito para os
que necessitam aprimorar-se profissionalmente na pecuária bovina; O conhecimento, como forma transformadora, melhorou o rendimento dos serviços e a
130
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wilmar Sachetin MARÇAL1; Alexandre Lobo BLANCO2; Juliane MOREIRA3
lida diária dos serviços na fazenda, com motivação pela educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BROOM, D. M.; FRASIER, A. F. Comportamento e bem-estar de animais domésticos. 4.ed. São Paulo: Manole, 2008. 452 p.
EURIDES, D. Métodos de contenção de bovinos. Guaíba: Livraria e Editora
Agropecuária, 1998. 78 p.
LOUREIRO, P.E.F. Curso de manejo racional de gado para vaqueiro. Viçosa,
M: Ed. CPT, 2010. 174 p.
MARÇAL, W.S. A educação do capataz na preservação do meio ambiente. Revista do CRMV-PR, n.38, ano XI, set/out/nov/dez 2012, p.26-27.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
131
Wilmar Sachetin MARÇAl
RURALIDADE: PROGRAMA PEDAGÓGICO PARA INCREMENTO DE CASOS
CLÍNICOS EM RUMINANTES NO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Universidade Estadual de Londrina, DMV. [email protected]
RURALITY: EDUCATIONAL PROGRAM FOR CLINICAL
CASE INCREASE IN RUMINANTS IN VETERINARY MEDICINE COURSE
1
Wilmar Sachetin Marçal
PA L AV R A S - C H AV E
bovinos, diagnóstico, enfermidades, profilaxia, tratamento
KEYWORDS
cattle, diagnosis, diseases, prophylaxis, treatment
INTRODUÇÃO
Ao se analisar as diretrizes curriculares das escolas de Medicina Veterinária no Brasil, estabelecidas pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC,
percebe-se que a mesma estabelece, na formação profissionalizante, que as disciplinas devem conferir aos acadêmicos, conhecimentos para desenvolverem
habilidades específicas na execução das especialidades que a Medicina Veterinária contempla. Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), o programa de
formação complementar na Graduação prevê a realização de ações de natureza
acadêmica, social ou cultural que proporcionem aos alunos estudos e práticas
curriculares complementares. Entretanto, na graduação básica, tornou-se imperiosa a necessidade de mais exercícios práticos, sobretudo nas disciplinas da
área de Semiologia e Clínica Médica de Ruminantes. Tal razão é pelo fato de
que, desde a última década, constatou-se que os atendimentos veterinários hospitalares de bovinos, ovinos e caprinos, que sempre subsidiaram pedagogicamente o curso, diminuíram significativamente. Isto levou a ausência de animais
enfermos para que os estudantes pudessem vivenciar a ementa no eixo prático.
Por isso, procedeu-se a efetivação do Projeto Ruralidade, dentro das próprias
aulas-práticas das disciplinas, realizadas a campo, proporcionando aos alunos
regulares o contato direto com a realidade loco-regional, onde, de forma extramuros, havia significativo número de ruminantes naturalmente enfermos para
atuação clínica.
MATERIAL E MÉTODOS
Com metodologia simples, planejamento com parcerias e atendimento
gratuito subsidiado, aumentou-se a dinâmica dos atendimentos externos, permitindo aos alunos exercícios práticos e atuação com animais de produção. Além
132
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wilmar Sachetin MARÇAl
das propriedades rurais que já eram cadastradas, foi possível ampliar o número
de localidades com a colaboração dos escritórios locais da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastacimento, Emater e Sindicato Rural Patronal. Com visitas in loco divulgou-se os objetivos do projeto junto aos novos produtores,
configurando, assim, mais colaboradores para as aulas-práticas planejadas. A
UEL disponibilizou micro-ônibus suficiente para transportar dois professores e
15 alunos em cada deslocamento realizado nas estradas rurais. Os atendimentos
foram no período da manhã as quartas, quintas e sextas-feiras. Através de parcerias com laboratórios fabricantes de produtos e medicamentos veterinários,
recebemos uma quantidade extraordinária de amostras-grátis, que ficaram à disposição das aulas, sensibilizando os doadores pelo efeito prescritor futuro, pois
permitiu aos alunos conhecerem as boas marcas do mercado veterinário, a serem
indicadas. Quanto aos procedimentos e consultas houve isenção de cobrança por
parte da UEL pelo interesse público e didático. Para as atividades os alunos se
preveniram com treinamento de aspectos higiênico-sanitários, bem como foram
imunizados com vacinação contra doenças zoonóticas, realizadas gratuitamente
pelo serviço especializado do Hospital de Clínicas da UEL.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período desse exercício didático foram atendidos 682 bovinos, de 25 propriedades rurais diferentes, localizadas num raio de até 60 km
da UEL. Nesta espécie, os 378 alunos participantes, com supervisão docente
direta, observaram e atuaram em casos de papilomatose, retenção de secundinas, mastite, indigestões de diferentes etiologias, retículopericardite traumática,
pododermatites, enfermidades metabólicas, traumas, entre outros. Atividades
não emergenciais também serviram de aprendizado aos alunos, como mochações, desverminação, vacinação, diagnóstico de gestação, curativos, colheita
de material biológico para exames laboratoriais, entre outras. Nos ovinos (n =
49) e caprinos (n = 38), os alunos vivenciaram problemas de casco, verminose,
mastite, ceratoconjuntivite infecciosa, deficiência mineral e nutricional, além de
conhecerem instalações rurais e técnicas de manejo diferenciadas para as duas
espécies. Em outro viés, os resultados dos últimos cinco anos demonstraram
uma pequena retomada no interesse do corpo discente em atuar nas localidades
rurais próximas a UEL, onde puderam praticar Semiologia e Clínica Médica de
Bovinos, com melhor preparo e segurança, reaquecendo a motivação para atuar
com animais de produção.
CONCLUSÕES
Pelos resultados observados, houve ganho acadêmico através das seguintes situações reais: mais oportunidades de vivências práticas dentro da própria grade curricular que complementem a carga horária obrigatória oferecida
pelo curso de Medicina Veterinária da UEL; maior elo entre a aquisição dos
conhecimentos teóricos adquiridos no transcorrer do curso com a prática profissional na área de Clínica Médica de Ruminantes; fornecimento aos discentes
de observação de condutas profissionais, permitindo adquirirem mais segurança
na futura atividade profissional, com diagnóstico, prognóstico e tratamento efetivos e corretos; enfim maior integração para trabalhos em equipe, com tutoria,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
133
Wilmar Sachetin MARÇAl
sinergismo e compartilhamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBRIGHT, J. L.; ARAVE, C. W. The behaviour of cattle. New York: Cab Internacional (ed.). Wallingford: 1997. 305 p.
CONSTABLE, P. D. Fluid and electrolyte therapy in ruminants. Veterinary Clinical of North America Food Animal Practice, Philadelphia, v.19, p.557-597,
2003.
EURIDES, D. Métodos de contenção de bovinos. Guaíba: Ed. Agropecuária,
1998. 78 p.
MARÇAL, W.S. A educação do capataz na preservação do meio ambiente. Revista do CRMV-PR, Curitiba, v. 6, n.38, p. 26-27, set./dez. 2012.
134
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Tomás Guilherme Pereira da SILVA1; Cíntia Rafaela de Lima COSTA2; Adriana GUIM3; Lucíola Vilarim FERRAZ4; Janiele
Tiburtino de LIRA5; Karen Santos Félix ABREU6
EFEITO DOS MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DE FORRAGEM SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO CIANÍDRICO
NA MANIÇOBA
Effect of forage conservation methods on hydrocyanic acid concentration in “maniçoba”
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DZ. tomas-g@
hotmail.com
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. [email protected]
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DZ. aguim@
dz.ufrpe.br
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. janiele_l@
hotmail.com
6
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DZ. karen.
[email protected]
1
Tomás Guilherme Pereira da SILVA1; Cíntia Rafaela de Lima COSTA2; Adriana GUIM3; Lucíola Vilarim FERRAZ4; Janiele Tiburtino de LIRA5; Karen Santos Félix ABREU6
PA L AV R A S - C H AV E
caatinga, cianeto, forrageira nativa, plantas
cianogênicas, ruminantes
KEYWORDS
caatinga, cyanide, cyanogenic plants, native
forage, ruminants
INTRODUÇÃO
Segundo Araújo e Cavalcanti (2002), das diversas plantas nativas da
caatinga, a maniçoba (Manihot sp), pertencente à família Euphorbiaceae, tem
sido bastante estudada por sua aceitabilidade, além de demonstrar teor médio de
proteína bruta de 16%, quando conservada na forma de silagem ou feno, além
de digestibilidade in vitro acima de 60%.
Apesar de seus atributos, a maniçoba, assim como as demais plantas do gênero
Manihot, apresenta quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos em sua
composição (linamarina e lotaustralina, localizadas nos vacúolos) que, ao se hidrolisarem e mediante a ação da enzima linamarase (presente na parede celular),
dão origem ao ácido cianídrico (HCN). Este ácido, dependendo da quantidade
ingerida por um animal, pode causar intoxicação (SOUZA et al., 2006).
O ácido cianídrico, entretanto, se volatiliza facilmente quando a planta é triturada mecanicamente e submetida à desidratação natural pela ação dos raios solares e do vento, assim como há redução considerável na concentração de HCN
em função do processo fermentativo da ensilagem.
Diante do exposto, objetivou-se quantificar o HCN residual em silagens e fenos
de maniçoba (Manihot sp.) cultivada.
MATERIAL E MÉTODOS
As maniçobas utilizadas para análise in natura e confecção do feno e da
silagem foram provenientes da Fazenda Balanço, situada no município de Serra
Branca, cariri da Paraíba. As plantas foram implantadas em abril de 2006, com
espaçamento de 1,5m x 1,5m e densidade de 4444 plantas ha-1. As coletas foram realizadas durante o período de abril a junho de 2014, sendo selecionadas,
aleatoriamente, 20 de um total de 80 plantas cultivadas.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
135
Tomás Guilherme Pereira da SILVA1; Cíntia Rafaela de Lima COSTA2; Adriana GUIM3; Lucíola Vilarim FERRAZ4; Janiele
Tiburtino de LIRA5; Karen Santos Félix ABREU6
A maniçoba foi submetida ao corte de uniformização a uma altura de 1 metro do
solo e após 70 dias, quando as plantas se encontravam no início do período de
frutificação, foi realizada a amostragem das plantas para determinação do teor
de HCN, bem como se procedeu ao corte das plantas, sendo a quantidade total
de massa de forragem dividida em duas porções, de modo que uma foi imediatamente ensilada e o restante do material foi exposto ao sol para confecção do
feno. A silagem foi confeccionada picando as plantas em partículas de aproximadamente 3 cm em máquina forrageira e armazenada em tambores plásticos
com volume de 200 litros, atingindo-se densidade de 515 kg/m3 e o feno acondicionado em sacos de polietileno.
Após 90 dias, os silos foram abertos para coleta de amostras de silagem, bem
como foram colhidas amostras do feno para quantificação do HCN residual. As
amostras coletadas foram acondicionadas em caixa de isopor contendo gelo e
conduzidas ao Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia
(DZ) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), localizado no
Recife, onde foram congeladas a -20ºC para posteriores análises do HCN.
O teor de ácido cianídrico presente nas amostras da maniçoba in natura e conservada foi determinado segundo metodologia de Ades Totah e Hernandez Luis
(1986) adaptada por Silva (2015). Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva, com determinação da média e do erro-padrão, utilizando-se o
programa Microsoft Office Excel® Versão 2011.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados comprovam a eficiência dos métodos de conservação de
forragem na redução da concentração do ácido cianídrico da maniçoba cultivada
in natura (Figura 1).
O processo de ensilagem promoveu a diminuição de 56,99% da concentração de
HCN em relação à planta in natura, mantendo o teor desse composto secundário
próximo aos 162 mg/kg de MS citado por Matos et al (2005). O processo de
fermentação anaeróbia que ocorre durante o processo de ensilagem pode evitar a
intoxicação dos animais através da transformação dos princípios tóxicos em gases inofensivos. Segundo Araújo (2001), a degradação da linamarina ocorre em
meio aquoso e a enzima ß-glicosidase é inativada pelo calor, mas a linamarina é
estável ao aquecimento e, neste caso, pode ser convertida em seus subprodutos
(glicose, HCN e acetona) pela ação enzimática produzida pela flora intestinal do
animal. Sendo assim, no caso da silagem, deve ter ocorrido a fermentação deste
glicosídio pelas bactérias anaeróbicas presentes no silo, o que contribuiu para
redução da concentração do HCN.
Em relação à fenação, observou-se que este processo reduziu o teor de HCN
em 88,14% comparado à planta in natura, semelhante à variação encontrada
por França et al (2010). Desta forma, esse resultado ratifica as considerações de
Soares (1995), quando menciona que o material desidratado está praticamente
isento ou com possibilidade bastante reduzida de formação de ácido cianídrico,
tendo em vista que a exposição das plantas aos raios solares e ao vento favorecem a volatilização do HCN.
CONCLUSÃO
136
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Tomás Guilherme Pereira da SILVA1; Cíntia Rafaela de Lima COSTA2; Adriana GUIM3; Lucíola Vilarim FERRAZ4; Janiele
Tiburtino de LIRA5; Karen Santos Félix ABREU6
Os métodos de conservação de forragem reduzem a concentração de ácido cianídrico na maniçoba, sendo a fenação a técnica aparentemente mais eficiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADES TOTAH, J.J.; HERNÁNDEZ LUIS, F. Presencia de acido cianhidrico en
forrajes cultivados en Mexico. Agricultura Tecnica en Mexico, México, v.12,
n.1, p.77-90, 1986.
ARAÚJO, G.G.L.; CAVALCANTI, J. Potencial de utilização de maniçoba.
In: SIMPÓSIO PARAIBANO DE FORRAGEIRAS NATIVAS, 2002, Areia.
Anais... Areia: UFPB, 2002.
ARAÚJO, J.M.A. Química de alimentos: teoria e prática. 2. ed. Viçosa: UFV,
2001, 475p.
FRANÇA, A.A.; GUIM, A.; BATISTA, A.M.V.; et al. Anatomia e cinética de
degradação do feno de Manihot glaziovii. Acta Scientiarum. Animal Sciences,
Maringá, v.32, n.2, p.131-138, 2010.
MATOS, D.S.; GUIM, A.; BATISTA, A.M.V.; et al. Composição química e valor nutritivo da silagem de maniçoba (Manihot epruinosa). Archivos de Zootecnia, v.54, n.208, p.619-629, 2005.
SILVA, T.G.P. Concentração de ácido cianídrico na maniçoba in natura e conservada. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Monografia (Bacharelado em Zootecnia), 2015, 38p.
SOARES, J.G.G. Cultivo da maniçoba para produção de forragem no semiárido
brasileiro. Petrolina, PE: EMBRAPA-CPATSA, 1995, 4p. (EMBRAPA/CPATSA. Comunicado Técnico, 59).
SOUZA, E.J.O.; GUIM, A.; BATISTA, A.M.V.; et al. Qualidade de silagens
de maniçoba (Manihot epruinosa) emurchecida. Archivos de Zootecnia, v.55,
n.212, p.351-360, 2006.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
137
Tomás Guilherme Pereira da SILVA1; Cíntia Rafaela de Lima COSTA2; Adriana GUIM3; Lucíola Vilarim FERRAZ4; Janiele
Tiburtino de LIRA5; Karen Santos Félix ABREU6
Figura 1. Valores médios e erros-padrão da concentração de ácido cianídrico
(HCN) na maniçoba (Manihot sp) in natura, aos 70 dias de crescimento, e nas
formas de silagem e de feno.
138
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2, Francisco das Chagas Silva de MELO3; Felipe Belizário SILVA4;
Thayane Cristina Carneiro SILVA³; Raphael Magno Silva SOARES4.
ADOÇÃO DE GATOS VERSUS COR DO
PELO
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2, Francisco das Chagas Silva de MELO3;
Felipe Belizário SILVA4; Thayane Cristina Carneiro SILVA³; Raphael Magno Silva SOARES4.
Wilmar Sachetin MARÇAL1; Alexandre Lobo BLANCO2; Juliane MOREIRA3
Médica Veterinária Autônoma.
Docente da Universidade Federal de Rural do Semi-Árido.
[email protected]
3
Discente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. [email protected]
4
Ecologo da Universidade Federal Rural do Semi-Árido.
1
2
PA L AV R A S - C H AV E
Pelagem, Comportamento, companhia.
KEYWORDS
hair, behaviour, company.
INTRODUÇÃO
Os gatos domésticos tiveram uma domesticação diferente dos demais
animais domesticados pelo homem, pois o mesmo não apresentava requisitos
úteis para a sua domesticação como a produção de leite, carne, lã ou tração
como outros animais de produção (DRISCOLL et al., 2009), e até mesmo características mais complexas analisadas em outras espécies, como comportamento de caça em cães e produção de leite em outros animais (KURUSHIMA et
al., 2012). Devido seu comportamento solitário e hábito alimentar estritamente
carnívoro, os felinos selvagens eram candidatos improváveis à domesticação.
Contudo a aglomeração humana trazia para o gato um habitat favorável ao seu
desenvolvimento (DRISCOLL et al., 2009). Neste cenário, as pessoas passaram
a tolerar os gatos (DRISCOLL et al., 2009) e a se relacionar com eles apenas
por sua capacidade de caçar e matar roedores (OVERALL, 1997; GRIFFIN e
HUME, 2006). A domesticação se deu, então, em torno das atividades agrícolas humanas, que concentrava recursos alimentares suficientes para comportar
diversos felinos (CROWELL-DAVIS et al., 2004) e presas como ratos (Mus
musculus domesticus), que por sua vez atraíam os gatos selvagens. A seleção
artificial no gato doméstico, quando realizada, focou em qualidades estéticas,
como cor dos pelos e tipos de pele. Nos últimos anos os gatos vêm se destacando pela crescente aceitação dentre os pets e se tornaram os animais mais
populares do mundo (DRISCOLL et al., 2009). A companhia de gatos é o fator
principal para sua adoção, mas proprietários relataram outros fatores decisivos
onde consideram características fenotípicas externas, como tamanho do pelo,
cor do pelo e tamanho do animal, no momento da adoção de felinos em abrigos
(GOURKOW, 2001). Considerada uma característica importante no momento
da adoção, a cor do pelo é um fator que pode influenciar o temperamento individual e personalidade do gato doméstico (DELGADO et al., 2012). Proprietários relatam perceber a semelhança de temperamento entre animais de mesma
pelagem, e alguns autores também citam estas características. Em uma pesquisa
realizada por Delgado et al., (2012), gatos brancos foram caracterizados como
menos ativos do que gatos de outras cores, e gatos amarelos foram considerados
mais treináveis do que gatos de outras cores. Sendo assim o presente trabalho
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
139
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2, Francisco das Chagas Silva de MELO3; Felipe Belizário SILVA4;
Thayane Cristina Carneiro SILVA³; Raphael Magno Silva SOARES4.
objetivou avaliar a influência da pelagem na adoção de felinos.
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida de maneira randômica. Foram realizados
200 questionários, de forma que os pré-requisitos para participar da pesquisa
eram ter tutoria de pelo menos um gato e possuir mais que 18 anos. As informações foram coletadas através de questionário estruturado realizado com os
tutores dos animais. As colorações obtidas foram separadas em dez categorias:
preto, tigrado, cinza, amarelo, bege, branco, preto com branco, tigrado bicolor,
bege com branco e tricolor. Ao final a análise estatística foi realizada com o programa R (2013) utilizando-se o teste exato de Fisher, com nível de significância
de 5% (p<0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram realizados 200 questionários com proprietários de animais. Destes, 23 (11,5%) possuíam a cor preta; 30 (15%) possuíam a cor tigrada; 13 (6,5%)
possuíam a cor cinza; 17 (8,5%) possuíam a cor amarela; 13 (6,5%) possuíam
a cor bege; 19 (9,5%) possuíam a cor branca; 33 (16,5%) possuíam a cor preta
com branca; 23 (11,5%) possuíam a cor tigrada bicolor; 11 (5,5%) possuíam a
cor bege com branca; e 18 (9%) possuíam a cor tricolor (Figura 1). Dos animais participantes da pesquisa pode-se observar que o maior número de animais
adotados são os pretos com branco, esse mesmo dado foi encontrado por Clark
(1975), em quatro áreas em Glasgow, na Escócia, onde demostrou que crianças
tinham preferência por gatos dessa pelagem, e desta forma havia a interferia
significativamente na adoção destes animais. Todavia, a influência humana na
seleção natural não ocorre de forma significativa, atuando pouco nas variações
de cor de pelo dos gatos, não afetando a frequência dos genes que determinam
a cor do pelo (TODD, 1977). Tal preferência pela cor preto com branco pode
está relacionado por serem animais que não gostam de caçar, tornando assim um
animal mais quieto, sendo ainda dentre eles um animal relativamente obediente
e dócil por permitir afago dos seus proprietários. Os gatos de pelagem bege com
branco, foram os menos adotados, esse dado pode estar relacionado com o fato
desses animais terem hábitos de arranhadura em locais inadequados e seu temperamento agressivo com outros gatos mais que os gatos cinza e os gatos bege.
Já os gatos pretos, teve uma boa média de adoção e isso pode estar relacionado
com sua boa capacidade de farejar animais novos e a caça diária. Mesmo sendo
os menos obedientes e considerados menos dócil, já que executam menos o
comportamento de subir no colo para ser afagado, podendo esse comportamento
ser atribuído ao fato de serem animais mais tímidos que os amarelos (DELGADO et al., 2012). Os gatos amarelos segundo Delgado et al., (2012) podem ser
considerados como animais muito amigáveis e pouco tímidos, mas é um animal
pouco adotado, onde essas características podem estar relacionadas com a baixa
preferencia dos proprietários em adotar animais de pelagem amarela. Tricolores
foram definidos com muito indiferentes e pouco amigáveis e tolerantes por Delgado et al., (2012). Em nossa interpretação, contudo, se mostraram animais interativos com pessoas, animais e objetos, contudo mesmo tendo comportamentos
diferentes do amarelo foram animais com baixa adoção.
140
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2, Francisco das Chagas Silva de MELO3; Felipe Belizário SILVA4;
Thayane Cristina Carneiro SILVA³; Raphael Magno Silva SOARES4.
CONCLUSÃO
Após analise dos dados podemos aferir as seguintes conclusões: Os fenótipos da pelagem podem influenciar a adoção desses animais, onde os gatos
de pelagem branca com preta demonstraram uma maior predileção para serem
adotados, enquanto que os de pelagem bege com branco apresentaram o menor
índice de adoção em relação as demais colorações.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CLARK, J M. The effects of selection and human preference on coat colour
gene frequences in urban cats. Heredity, v. 35, n. 2, p. 195–210, 1975.
CROWELL-DAVIS, S. L.; CURTIS, T. M.; KNOWLES, R. J. Social organization in the cat: a modern understanding. Journal of feline medicine and surgery,
v. 6, n. 1, p. 19–28, 2004.
DELGADO, M. M.; MUNERA, J. D.; REEVY, G. M. Human Perceptions of
Coat Color as an Indicator of Domestic Cat Personality. Anthrozoos, v. 25, n. 4,
p. 427–440, 2012
DRISCOLL, C. A.; CLUTTON-BROCK, J.; KITCHENER, A. C.; BRIEN, S. J.
O. The Taming of the Cat. Scientific American, n. June, p. 68–75, 2009.
DRISCOLL, C. A.; MACDONALD, D. W.; O’BRIEN, S. J. From wild animals
to domestic pets, an evolutionary view of domestication. Proceedings of the
National Academy of Sciences of the United States of America, v. 106 Suppl ,
p. 9971–8, 2009.
GOURKOW, N. Factors affecting the welfare and adoption rate of cats in animal shelter. University of British Columbia, 2001.
GRIFFIN, B.; HUME, K. R. Recognition and management of stress in housed
cats. In: August J (ed). Consultations in feline internal medicine. 5th. Ed. St
Louis: Saunders Elsevier, 2006. p. 717-733.
KURUSHIMA, J. D.; LIPINSKI, M. J.; GANDOLFI, B.; FROENICKE, L.;
GRAHN, J. C.; GRAHN, L. A.; LYONS, L. A. Variation of cats under domestication: genetic assignment of domestic cats to breeds and worldwide random-bred populations. Animal genetics, v. 44, p. 311–324, 2012.
OVERALL, K. L. Normal Feline Behavior: clinical behavioral medicine for
small animals. St. Louis: Mosby,1997 :45.
TODD, N. B. Cats and Commerce. Scientific American, v. 237, n. 5, p. 100–107,
1977.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
141
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2, Francisco das Chagas Silva de MELO3; Felipe Belizário SILVA4;
Thayane Cristina Carneiro SILVA³; Raphael Magno Silva SOARES4.
Figura 1: Distribuição das colorações de pelagem, em percentual, dos animais
participantes. Figura 1: Distribuição das colorações de pelagem, em percentual,
dos animais participantes. Figura 1: Distribuição das colorações de pelagem, em
percentual, dos animais participantes.
Fonte: PINHEIRO, 2014
Figura 2: Comportamento em percentual dos gatos, com diferentes fenotípicos.
Fonte: ANDRADE NETO, 2014
142
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5; Francisco da Chagas Silva MELO6
CONHECIMENTO SOBRE AS PENALIDADES APLICADAS AS PESSOAS QUE
MALTRATAM ANIMAIS
Knowledge about the penalties imposed people who mistreat animals
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3;
Carmem Tassiany Alves de LIMA4; Lanila Francisca TORRES5; Francisco da Chagas Silva
MELO6
Universidade Federal Rural
do Semiárido - UFERSA, Mestranda em Ambiente, Tecnologia
e Sociedade. jhessica.luara@
ufersa.edu.br
2
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Professora Orientadora do Mestrado em
Ambiente, Tecnologia e Sociedade. [email protected]
3
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Professor
do Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade. marlon@
ufersa.edu.br
4
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Assistente Social. [email protected].
br
5
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Estagiária. [email protected]
6
Universidade Federal Rural do
Semiárido - UFERSA, Discente
de Medicina Veterinária. [email protected]
1
PA L AV R A S - C H AV E
Constituição Federal, Proteção, Meio Ambiente.
KEYWORDS
Federal Constitution, Protection, Environment.
INTRODUÇÃO
A Constituição Federal, em seu artigo 225, §1º, inciso VII, reconhece
que os animais são dotados de sensibilidade, impondo a sociedade e ao Estado o
dever de respeitar a vida, a liberdade corporal e a integridade física destes, além
de proibir expressamente as práticas que coloquem em risco sua vida (BRASIL,
1988). A norma constitucional brasileira atribui direitos aos animais, como por
exemplo, o direito de não serem submetidos a tratamentos cruéis ou práticas
que os coloquem em risco, comando este assimilado pela Lei crimes ambientais
(BRASIL, 1998), que dispõe sobre as sanções derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Essa lei traz no artigo
32 que praticar ato de maus-tratos aos animais, tem como pena a detenção, de
três meses a um ano, e multa. Todo animal tem direito a atenção, a cuidados e a
proteção do homem. Assim, entende-se que o respeito pelos animais por parte
do homem está ligado ao respeito dos homens entre si. Desta forma, a educação
deve ensinar desde a mais tenra idade que o ser humano tem por obrigação legal
e moral, observar, compreender e respeitar os direitos dos animais. O Direito
dos animais não é uma novidade para o legislador brasileiro. Há décadas as
legislações que protegem e tutelam os animais existem e não são efetivamente
cumpridas. Os animais sempre existiram e fizeram parte do ambiente natural.
Por isso, é que se deve perceber a influência dos animais na vida em sociedade e
na preservação e conservação do meio ambiente. Assim, o ordenamento jurídico pátrio necessita despir-se do caráter antropocêntrico e tornar-se prático para
reconhecer a inclusão dos animais não-humanos como sujeitos de direitos. Além
da falta de conhecimento sobre os direitos dos animais por parte da sociedade,
existe outra problemática, a presença de enfermidades transmitidas naturalmente dos animais ao homem, conhecidas como doenças zoonóticas, as quais podem
se transformar em ameaças, se não cuidadas (ANDRADE, et al., 2000). Portanto, o presente estudo trará contribuição para a população, academia, e órgãos
públicos responsáveis pela proteção dos animais, na medida em que objetiva
analisar o conhecimento da população de Mossoró, Estado do Rio Grande do
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
143
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5; Francisco da Chagas Silva MELO6
Norte acerca das penalidades para aqueles que maltratam animais.
Material e Métodos
O método utilizado para o desenvolvimento do trabalho foi uma pesquisa de campo, que envolveu 1.000 (mil) participantes, maiores de dezoito
anos, residentes no Estado do Rio Grande do Norte. Os participantes de maneira
aleatória, os quais foram selecionados proporcionalmente ao total de 67.234
domicílios (IBGE, 2010) distribuídos nos 27 bairros existentes no Município
de Mossoró/RN. O cálculo amostral levou em consideração um poder do teste
(1 – β) de 80%, um nível de significância (α) e um erro da estimativa (δ) de 5%
e a proporção (π11) de 50% dos pesquisados com uma resposta afirmativa sobre
o conhecimento das legislações de proteção aos animais, segundo Andrade e
Ogliari (2007):
n = (zα/2 + zβ)²[π11(1 – π11) + (π11 -δ)(1 – π11 + δ)]
δ2
Para a análise dos resultados na forma de tabelas de contingência foram
utilizados o teste exato de Fisher e o teste de Qui Quadrado com a respectiva
análise dos resíduos com nível de 5% de significância. Esse trabalho foi aprovado pelo comité de ética em pesquisa da Universidade Estadual do Rio Grande
do Norte, com parecer nº 40506515.4.0000.5294, de 13 de abril de 2015.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os animais são protegidos por lei. No Brasil, a Constituição Federal é
a base de proteção aos direitos dos animais (BRASIL, 1988), além da Lei dos
Crimes Ambientais (BRASIL, 1998) e outras leis estaduais e municipais. Todavia, nem todas as pessoas estão cientes dessa proteção legal. No Município
de Mossoró/RN, das pessoas pesquisadas, 60% afirmaram conhecer que os animais tem proteção legislativa, enquanto que 40% desconhecem essa proteção
(Figura 1). O conhecimento sobre as leis e penalidades nela contidas, é assunto
tratado por Capez (2007), deputado que atua na elaboração destas em favor
dos animais. Conhecer a proteção legal aos animais tem como conseqüência
conhecer a penalidade aplicada àqueles que maltratam animais e, ao menos em
tese, deveria refletir em atos de bem-estar em vez de atos de maus-tratos. A autoridade policial é obrigada a proceder a investigação de fatos que configuram
crime ambiental (UOL BICHOS, 2014). Quanto ao conhecimento das leis, 18%
afirmaram conhecer alguma lei de proteção aos animais, enquanto que 82% não
souberam citar nenhuma lei protetiva. Sobre a penalidade aplicada aos que cometem maus-tratos com animais, apenas 11% dos pesquisados acertaram ser
esta de 03 meses a 01 ano e multa, conforme a Lei dos Crimes Ambientais,
enquanto que 89% não souberam responder (Figura 2). Poucos pesquisados conhecem a existência de leis protetivas aos animais. Do mesmo modo, a maior
parte não soube responder qual a pena aplicada aos que maltratam animais. Isso
só demonstra a necessidade de implantação de políticas públicas de conscientização à população. Os resultados são preocupantes, inclusive, essa ausência de
conhecimento demonstrada pela população, reflete a ausência de conhecimento
dos próprios parlamentares e profissionais que lidam com o Direito Ambiental.
Existe, inclusive, projeto de lei para demonstrar a ausência de conhecimento
144
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5; Francisco da Chagas Silva MELO6
dos parlamentares acerca de suas próprias leis (GLOBO RURAL, 2011), o que
é uma questão que merece o devido debate para a melhoria da legislação e da
proteção por esta conferida.
CONCLUSÃO
Desta forma pode-se concluir que a população pesquisada possui um conhecimento baixo acerca das penalidades para aqueles que maltratam animais. Assim,
é preciso intervenção do Estado para a implementação da educação ambiental
e de medidas de conscientização popular, protegendo, consequentemente, os
animais e a saúde pública.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, A.; PINTO, S. C.; OLIVEIRA, R. S. Animais de Laboratório:criação e experimentação.Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 388. p. 2002.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 5 outubro 1988. ed.
Senado,1988.
______. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.Dispõe sobre as sanções penais
e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e
dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L9605.htm>. Acesso em: 02 jun. 2015.
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. vol. 4. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. p. 400. GLOBO RURAL. Projeto afirma que deputados não
conhecem leis de biossegurança. Globo Rural, São Paulo, 2011. Disponível em:
http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI266781-18272,00-PROJETO+AFIRMA+QUE+DEPUTADOS+NAO+CONHECEM+LEIS+DE+BIOSSEGURANCA.html>.Acesso em: 02 jun. 2015.
UOL BICHOS.Conheça a legislação
e as instituições que cuidam da regulamentação e proteção dos animais. Uol,
São Paulo, 2014. Disponível em: <http://bichos.uol.com.br/leiseprotecao/denuncias.jhtm>.Acesso em: 02 jun. 2015.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
145
Jhéssica Luara Alves de LIMA1; Nilza Dutra ALVES2; Sthenia Santos Albano AMORA3; Carmem Tassiany Alves de LIMA4;
Lanila Francisca TORRES5; Francisco da Chagas Silva MELO6
Figura 1 – Conhecimento da população de Mossoró/RN quanto a existência de
proteção legal aos animais.
Figura 2 – Conhecimento da população de Mossoró/RN acerca das penalidades para quem maltrata animal.
146
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
PERCEPÇÃO DE TUTORES DE CÃES E
GATOS SOBRE HELMINTOSE ZOONÓTICA E AVALIAÇÃO DAS MEDIDAS PREVENTIVAS ADOTADAS
Perception of guardians of dogs and cats on zoonotic helminthosis and evaluation of preventive measures taken
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
1
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana
Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da
Gloria FAUSTINO6
PA L AV R A S - C H AV E
Cães, conhecimento, helmintos, posse responsável.
KEYWORDS
Knowledge, helminths, dogs, responsible pet
ownership.
INTRODUÇÃO
A elevada ocorrência de contaminação ambiental causada pela eliminação de fezes de animais vem sendo meio de investigação por instituições que
gerenciam a saúde, devido ao potencial de infecções zoonóticas parasitárias
ocorridas nas últimas décadas (SANTOS et al., 2007). O contato com animais
infectados gera problemas de saúde pública principalmente em crianças susceptíveis a essas infecções por viverem em comunidades carentes e contato direto
com fezes de cães e gatos em locais públicos além da transmissão por ingestão de água e alimentos contaminados (KATAGIRI e OLIVEIRA-SEQUEIRA,
2007).
Os estudos sobre parasitismo em animais de estimação vêm despertando crescente interesse frente à associação restrita e íntima entre o homem e os
animais e sua consequência em saúde pública (VASCONCELLOS et al., 2006).
Considerando que muitas parasitoses que afetam o homem são transmitidas por
animais, de modo direto ou indireto, o conhecimento sobre zoonoses parasitárias torna-se essencial sob o ponto de vista de saúde pública (TOMÉ et al.,
2005). Objetivou-se avaliar a percepção sobre helmintose zoonótica de cães e
gatos e analisar as medidas preventivas adotadas pelos tutores.
Material e Métodos
Definiu-se amostragem não probabilística, na dependência da aceitação
de tutores de cães e gatos radicados na Região Metropolitana do Recife em
colaborar com a pesquisa, confirmando por meio da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Para a coleta dos dados, formulou-se um questionário com informações gerais e
questões sobre o conhecimento de helmintoses gastrintestinais caninas e felinas
de potencial zoonótico.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
147
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo envolveu 80 tutores, 77,5% de caninos e 22,5% de felinos, com
idade entre 18 e 72 anos, predominando a faixa etária de 40 a 59 anos (42,5%),
sexo feminino (83,8%) e com ensino superior (38,8%). Estes resultados são semelhantes aos de Lima et al. (2010) e Langoni et al (2011) em que um número
mais expressivo dos entrevistados (66,7%) possuía cães. O grau de instrução
corrobora com Langoni et al. (2011) e a predileção por parte das mulheres coaduna com Molento et al. (2007) e Langoni et al. (2011).
Sobre helmintoses gastrintestinais com potencial zoonótico, um percentual mais
elevado de tutores de cães que de gatos informou ter ouvido falar e saber o que
é, referindo-se aos termos zoonoses e larva migrans visceral, verificando-se o
contrário em relação à verminose e bicho geográfico (Tabela 1).
Das práticas de manejo do ambiente onde vivem os animais, o recolhimento das
fezes era executado por 80,6% dos tutores de cães e 66,7% de gatos, concordando com Sánchez-Ortiz e Leite (2011), com percentual mais elevado de tutores
que praticavam a remoção das fezes.
O uso de anti-helmínticos foi citado por 80,6% dos tutores de cães e por apenas
44,4% de gatos. A realização de exames coproparasitológicos demonstrou não
ser uma prática comum entre tutores de cães (38,7%) e gatos (33,3%) prevalecendo a periodicidade anual.
Em relação à assistência veterinária, verificou-se que a maioria dos tutores de
cães (54,8%) o fazia, e no caso dos felinos, um percentual menor (44,4%) respondeu que sim. Esta situação diverge da observada por Domingues et al (2015)
em que 36% dos cães e gatos receberam atendimento veterinário. Pereira et al
(2012), em Manaus-AM, demonstraram que 73,5% dos cães recebiam assistência veterinária e 100% dos gatos.
Conclusão
Apesar de certo entendimento sobre o que é zoonose, tutores de cães e
gatos na área estudada precisam ser informados sobre as helmintoses gastrintestinais destes animais potencialmente transmissíveis ao homem, assim como sobre medidas preventivas voltadas aos cuidados com os animais, com adequada
orientação médico-veterinária, principalmente aos tutores de gatos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOMINGUES, L. R.; CESAR, J. A.; FASSA, A. G. et al. Guarda responsável
de animais de estimação na área urbana do município de Pelotas, RS, Brasil.
Ciência & Saúde Coletiva, v.20, n.1, p.185-192, 2015.
KATAGIRI, S.; OLIVEIRA-SEQUEIRA, T. C. G. Zoonoses causadas por parasitas intestinais de cães e o problema do diagnóstico. Arquivos do Instituto
Biológico, v.74, n.2, p.175-184, 2007.
LANGONI, H.; TRONCARELLI, M. Z.; RODRIGUES, E. C. et al. Conhecimento da População de Botucatu-SP sobre Guarda Responsável de Cães e
Gatos. Veterinária e Zootecnia, v. 18, n. 2, p. 297–305, 2011.
148
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
LIMA, A. M. A; ALVES, L. C.; FAUSTINO, M. A. G. et al. Percepção sobre o
conhecimento e profilaxia das zoonoses e posse responsável em pais de alunos
do pré-escolar de escolas situadas na comunidade localizada no bairro de Dois
Irmãos na cidade do Recife (PE). Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, p.1457-1464,
2010.
MOLENTO, C. F. M.; LAGO, E.; BOND, G. B. Controle populacional de cães
e gatos em dez Vilas Rurais do Paraná: resultados em médio prazo. Archives of
Veterinary Science, v 12, n.3. P.43-50, 2007.
PEREIRA, N. V.; SOUZA, F. S; PIRANDA, E. M. et al. Enteroparasitos encontrados em cães e gatos atendidos em duas clínicas veterinárias na cidade de
Manaus-AM. Amazon Science, v. 1, n.1, p.8-17, 2012.
SÁNCHEZ-ORTIZ, I. A.; LEITE, M. A. Fatores de risco da transmissão de zoonoses por costumes da população de Ilha Solteira, Brasil. Revista de Salud Pública, v.13, n. 3, P. 504-5013, 2011.
SANTOS, F. A. G.; YAMAMURA, M. H.; VIDOTTO, O. et al. Ocorrência de
parasitos gastrintestinais em cães (Canis familiaris) com diarreia aguda oriundos da região metropolitana de Londrina, Estado do Paraná, Brasil. Semina:
Ciências Agrárias, v.28, n.2, p.257-268, 2007.
TOME, R. O.; SERRANO, A. C. M.; NUNES, C. M. et al. Inquérito epidemiológico sobre conceitos de zoonoses parasitárias para professores de escolas
municipais do ensino infantil de Araçatuba-SP. Revista Ciência em Extensão,
v.2, n.1, p.46, 2005.
VASCONCELLOS, M. C.; BARROS, J. S. L.; OLIVEIRA, C. S. Parasitas gastroin¬testinais em cães institucionalizados no Rio de Janeiro, RJ. Revista Saúde
Pública, v. 40, n. 2, p. 321-323, 2006.
Comitê de Ética em Pesquisa com Animais – UFRPE aprovado sob licença nº
006/2013.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
149
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
Tabela 1. Frequência absoluta (n) e relativa (%) de tutores de caninos e felinos
segundo o conhecimento sobre helmintoses gastrintestinais de pequenos animais com potencial zoonótico.
Tutores
Gatos
Cães
%(2)
22,5
TOTAL
n
%
80 100,0
38,9
8,7
45
56,2
61,1
13,8
35
43,8
38,9
8,8
40
50,0
61,1
13,8
40
50,0
100,0
22,5
79
98,7
-
-
0
0
1,3
18
100,0
22.5
79
98,7
-
-
0
0
1,3
Total
 Já ouviu falar sobre zoonose?
Sim
Variável
n
62
% (1)
100,
00
%(2)
77,5
n
18
%(1)
100,0
38
61,3
47,5
7
Não
24
38,7
30,0
11
Sabe o que são zoonoses?
Sim
33
53,2
Não
46,8
41,2
5
36,2
7
29
11
Já ouviu falar sobre verminose?
Sim
61
98,4
Não
1,6
76,2
51,3
18
1
Sabe o que é verminose?
Sim
61
98,4
Não
1
1,6
76,2
5
1,3
Já ouviu falar sobre bicho geográfico?
Sim

5



26
41,9
32,5
7
38,9
8,7
33
41,2
Não
36
58,1
45,0
11
61,1
13,8
47
58,8
Já ouviu falar sobre larva migrans
visceral?
Sim
23
37,1
28,8
5
27,8
6,2
28
35,0
39
62,9
48,8
13
72,2
16,2
52
65,0
Não
(1) Valores percentuais baseados no número total de tutores da respectiva espécie animal.
(2) Valores percentuais baseados no número total de tutores.
150
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE GEO-HELMINTÍASES HUMANAS EM COMUNIDADES DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE – PE – RESULTADOS
PRELIMINARES
Analysis of the occurrence of human geohelmintiasis in communities of the Metropolitan
Region of Recife – PE - Preliminary Results
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DTR. ede.roma@
gmail.com
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
Apoio pelo Decit/SCTIE/MS,
por intermédio do CNPq, FACEPE e SES/PE.
1
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana
Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da
Gloria FAUSTINO6
PA L AV R A S - C H AV E
Controle, parasitismo, helmintos.
KEYWORDS
Control, parasitism, helminths.
INTRODUÇÃO
Os helmintos tem distribuição mundial, particularmente nas regiões tropicais e subtropicais (MORENIKEJI et al., 2009), podendo parasitar indivíduos
de forma silenciosa por longos anos, sendo considerados um dos indicadores
adequados para avaliar as condições socioeconômicas de uma população (ORLANDI et al., 2001).
Apesar dos distintos mecanismos de transmissão das helmintíases, há
sempre a necessidade de condições ambientais propícias para o desenvolvimento de seus estágios evolutivos, como também a contaminação do ambiente por
material fecal (BRASIL, 2013). A falta de políticas de educação sanitária e do
meio ambiente, no País, contribui para que as taxas de prevalência de parasitismo continuem elevadas, principalmente nas periferias dos grandes centros
(GONÇALVES et al., 2003).
Objetivou-se nesta pesquisa analisar a ocorrência de geo-helmintoses
em residentes de comunidades da Região Metropolitana de Recife – PE.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi após a obtenção da anuência das Secretárias de Saúde
dos municípios. Foram trabalhadas duas comunidades: uma em três Ladeiras,
no município de Igarassu (n=53) e outra em Barro Vermelho em Goiana – PE
(n=41). Os indivíduos foram selecionados por amostragem não probabilistica
(REIS, 2003), na dependência da aceitação em participar da pesquisa, e confirmando sua participação mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE),
As amostras fecais recolhidas nas residências foram submetidas a exames coproparasitológicos por meio das técnicas de flutuação simples (WILLIS,
1921), sedimentação espontânea (HOFFMANN, 1987), centrifugo-flutuação
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
151
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
(FAUST et al., 1939), Kato-katz e sistema de Coprotest (De SOUZA et al.,
2005), sendo três repetições de cada solução fecal, confeccionando-se três lâminas de cada uma das repetições para cada tipo de exame.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
À análise dos resultados, na comunidade de Três Ladeiras observou-se
5,66% (3/53) positividade, sendo 1,89% (1/53) positivo para ovo de Taenia spp.
e 3,77% (2/53) com Ascaris lumbricoides.
Na comunidade de Barro Vermelho detectou-se 9,75% (4/41) de positivos, identificando-se 2,44% (1/41) para ovo de Trichuris trichiura e 7,31 (3/41) para A.
lumbricoides.
Apenas um ovo de cada helminto foi encontrado em cada amostra. As
técnicas que revelaram positividade foram Kato-Katz e Coproplus.
Apesar do número reduzido de amostras examinadas, convém ressaltar a presença de infecção por Taenia spp., atentando para a necessidade de exame mais
específico para determinação da espécie (T. solium ou T. saginata) e avaliação
clínica do paciente. Os dados diferem de Iasbik et al (2010) que, em amostras
fecais de 266 humanos residentes em 176 propriedades da zona rural de Viçosa
– MG, obtiveram todos os resultados negativos.
Em relação aos demais helmintos, os resultados diferem dos relatados por Fonseca et al (2010), em dez municípios do Norte-Nordeste brasileiro, revelando
proporção de geo-helmintos de 36,5%, sendo os helmintos mais prevalentes A.
lumbricoides (25,1%) e Ancilostomídeos (12,2%).
CONCLUSÃO
A presença de humanos positivos para geo-helmintos de elevada importância clínica e de importância zoonótica na amostra estudada denota a necessidade de incrementar medidas para diagnóstico e controle na área estudada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL: SECRETATIA ESTADUAL DE SAÚDE. PROJETO SANAR. http://
portal.saude.pe.gov.br/programas-eacoes/controle-de-doencas/projeto-sanar-doencas-negligenciadas/. 06 setembro
2013.
FAUST, E.C. et al. Comparative efficiency of various technique for the diagnoses of protozoa and helminthes in feces. Journal of Parasitology, v. 25: n. 2, p.
241-262,
FONSECA, E. O. L. et al. Prevalência e fatores associados às geo-helmintíases
em crianças residentes em municípios com baixo IDH no Norte e Nordeste brasileiro. Caderno de Saúde Pública, v.26, n.1, p.143-152, 2010.
GONÇALVES, M.L.C.; ARAÚJO, A.; FERREIRA, L.F. Human intestinal parasites in the past: new findings and a review. Memórias do Instituto Oswaldo
Cruz, v. 98, n.3, p. 103-118, 2003.
152
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ivanise Maria de SANTANA1, Giselle Ramos da SILVA2, Silvia Rafaelli MARQUES3, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da COSTA4, Leucio Câmara ALVES5, Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
HOFFMANN, R.P. Diagnóstico de parasitismo veterinário. Porto Alegre; Sulina, 156 p. 1987.
IASBIK, A.F. et al. Prevalência do complexo teníase-cisticercose na zona rural
do município de Viçosa, Minas Gerais. Ciência Rural, v.40, n.7, p.1664-1667,
2010.
MORENIKEJI, O.; AZUBIKE, N ; IGE, A. Prevalence of intestinal and vector-borne urinary parasites in communities in south-west Nigeria. Journal Vector Borne Dis, v. 46; p.164–167, 2009.
ORLANDI, P.P. et al. Enteropathogens Associated with Diarrheal Disease in
Infants of Poor Urban Areas of Porto Velho, Rondônia: a Preliminary Study.
Memorial Instituto Oswaldo Cruz.v. 96: p.621-625, 2001.
REIS, J. C. Estatística aplicada à pesquisa em ciência veterinária. Copyright,
Recife, Brasil, p. 651, 2003
WILLIS, H. H. A simple levitation method for the detection of hookworm ova.
Medical Journal of Australia, v. 8, p. 375-376, 1921.
Comitê de Ética em pesquisa da Universidade de Pernambuco - Parecer 705.678.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
153
Maria de Fátima Melo da SILVA1; Nathália Thaís Barbosa de OLIVEIRA2; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO3, Leucio
Camara ALVES4; Edenilze Teles ROMEIRO5
AVALIAÇÃO PARASITÁRIA EM ALFACE
(Lactuca sativa) PROVENIENTES DO CEASA E DE SALADAS SERVIDAS EM SELF
SERVICE LOCALIZADOS EM BAIRROS
DO RECIFE
Parasitic assessment in lettuce (Lactuca sativa) from CEASA and salads served in Self Service
located in districts of Recife
Gastrônoma Autônoma. [email protected]
2
Gastrônoma Autônoma. [email protected]
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. ede.roma@
gmail.com
1
Maria de Fátima Melo da SILVA1; Nathália Thaís Barbosa de OLIVEIRA2; Maria Aparecida
da Gloria FAUSTINO3, Leucio Camara ALVES4; Edenilze Teles ROMEIRO5
PA L AV R A S - C H AV E
Hortaliças, Helmintos, Protozoários.
KEYWORDS
Vegetables, Helminths, Protozoa.
INTRODUÇÃO
Dentre as hortaliças folhosas, a alface (Lactuca sativa) possui destaque
pela expressiva importância econômica, sendo a mais produzida, comercializada e consumida no Brasil, por ser um componente básico nas saladas, além de
recomendada como um item alimentar de baixo teor calórico e fonte de fibras
(REYNALDO, 2011).
Embora recomendado, os alimentos crus prontos para consumo merecem atenção redobrada no tocante à higienização, uma vez que podem servir de veículo
para possíveis Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs). O Ministério da
Saúde atribui à qualidade dos alimentos uma condição essencial para a promoção e manutenção da saúde e indica que esta deve ser assegurada pelo controle
eficiente da manipulação em todas as etapas da cadeia alimentar.
Assim, teve-se como objetivo, avaliar a presença de ovos, larvas e oocistos de
parasitas em folhas de alface (Lactuca sativa) oriundas do Centro de Abastecimento de Alimentos – CEASA, Recife - PE, e de Self-Service localizados em
bairros do centro do Recife, já prontas para o consumo.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletadas 43 amostras de alfaces (Lactuca sativa), 23 do CEASA
e 20 de restaurantes Self-Service de bairros do centro do Recife, de agosto de
2011 a junho de 2012. Todas as amostras foram analisadas em Laboratório de
Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos do Departamento de Medicina
Veterinária - DMV, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Para as análises foi utilizada a técnica de sedimentação espontânea de Hoffman,
adaptado para avaliação parasitológica em alimentos, em função de sua eficiência na detecção de um maior número de formas parasitárias pesadas, como ovos
e larvas de helmintos; e a técnica de flutuação, mais eficiente para a identifica154
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Maria de Fátima Melo da SILVA1; Nathália Thaís Barbosa de OLIVEIRA2; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO3, Leucio
Camara ALVES4; Edenilze Teles ROMEIRO5
ção de estruturas leves. Assemelhando-se com o método de Hoffman que é uma
técnica consagrada na parasitologia clínica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A analise das 23 amostras de alfaces (Lactuca sativa) oriundas do CEASA, demonstrou pela técnica de sedimentação que 13,04% (3/23) das amostras
de alface estavam livres de estruturas parasitárias e 86% apresentaram pelo menos um tipo de contaminante, encontrando-se em 26,08% (6/23) das amostras,
larvas de nematóides, que poderiam ser de Strongyloide stercorales, mas devido
a morfologia imatura das mesmas, não permitiu a confirmação. Partelli e Gonçalves (2005), também encontraram em sua pesquisa, larvas de nematóides, que
devido serem também imaturas, não possibilitou a identificação.
Das amostras, 47,82% (11/23) apresentam ácaros, 43,47% (10/23) fragmentos microscópicos, 13,04% (3/23) insetos e 4,3% (1/23) das amostras ovos
de ácaros. Estes dados concordam com os de Guimarães et al (2003) que detectaram presença de todas as estruturas supracitadas, sendo ácaros e larvas de
nematóides os parasitas de maior incidência.
Para a técnica de flutuação, os resultados indicaram os ácaros como estrutura parasitária de maior incidência, sendo observados em 60,86% (14/23)
das amostras, além de ovos de ácaros, insetos, larvas não infectantes e ovo tipo
Strongyloidea em 4,34% (1/23) das amostras. Confirmando as considerações de
Quadros et al (2008) que encontraram os mesmos resultados, reforçando a má
qualidade higiênica sanitária das alfaces disponíveis para consumo em mercados e feiras livres em Lages/SC.
Das 20 amostras provenientes dos restaurante Self-Service, foi observado na sedimentação, que 45% (09/20) das amostras apresentaram ácaro, asas
e restos de insetos, sementes e grão de pólen, fibra vegetal e sujidades. Na flutuação 35% (7/20) das amostras apresentaram ácaro, larva de nematóide, fibra
vegetal e sujidades. Concordando com Lima e Oliveira (2009) para achados de
nematóide, em amostras de alfaces provenientes de restaurantes self-service em
Jacareí-SP.
Quanto a presença de outros contaminantes, corrobora com os achados
de Montanher et al (2007), que encontraram em alfaces comercializadas em
Self-Service na cidade de Curitiba-PR, a presença de grãos de terra insetos vivos, partículas de areia e pólen.
Tanto para à técnica de sedimentação e flutuação, todas as 43 amostras forma
negativas para a presença de oocistos de protozoários.
CONCLUSÃO
As alfaces (Lactuca sativa) comercializados no CEASA – Recife – PE e
em Self-Service, indicaram um baixo nível de ovos e parasitos intestinais, e um
índice relevante de sujidades e elementos microscópicos, estando fora do padrão
de consumo conforme previsto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
155
Maria de Fátima Melo da SILVA1; Nathália Thaís Barbosa de OLIVEIRA2; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO3, Leucio
Camara ALVES4; Edenilze Teles ROMEIRO5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUIMARÃES, A.M. et al. Parasitas intestinais em hortaliças comercializadas
em Lavras, Minas Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 36 n. 5. p. 621-623, set./out., 2003.
LIMA, C.P.; DE OLIVEIRA, M.A. Enteroparasitoses em hortaliças consumidas
em restaurantes “Self-service” no município de Jacareí-SP. In: XIII Encontro
Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de
Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2009.
MONTANHER, C.C. et al. Avaliação parasitológica em alfaces (Lactuca sativa)
comercializadas em restaurantes Self-Service por quilo, da cidade de Curitiba,
Paraná, Brasil. Estudo Biológico,v. 29, n. 66, p. 63-71, 2007.
PARTELLI, D. P.; GONÇALVES, S. A. Pesquisa de parasitas intestinais em folhas de Alfaces (Lactuca sativa l.) Comercializadas no Município de Vitória-ES.
Vitória-ES 2005. Disponível em: <http://deomarbittencourt.com.br>. Acessado
em: 27 fev. 2012.
QUADROS, R.M. et al. Parasitos em alfaces (Lactuca sativa) de mercados e
feiras livres de Lages - Santa Catarina. Revista Ciência e Saúde, Porto Alegre,
v. 1, n. 2, p. 78-84, jul./dez., 2008.
REYNALDO, R. 2011. Alfaces consumidas no Recife apresentam variação no
teor de nitrato. Disponível em: <http://ufpe.br>. Acessado em: 27 fev. 2015.
156
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Nathalia Cavalcanti dos SANTOS1; Edenilze Teles ROMEIRO2
QUALIDADE INTERNA DE OVOS COMERCIALIZADOS EM ESTABELECIMENTOS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE/PE
Internal quality of eggs from establishments of the Metropolitan Region of Recife, Pernambuco, Brazil
Nathalia Cavalcanti dos SANTOS1; Edenilze Teles ROMERO2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, CD. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DTR. ede.roma@
gamil.com
1
PA L AV R A S - C H AV E
Alimento, Supermercados, Mercado público.
KEYWORDS
Food, Supermarkets, Public Market.
INTRODUÇÃO
No Brasil, por não ser obrigatória a refrigeração dos ovos comerciais,
cerca de 90% dos ovos são comercializados in natura, e todo processo, desde
a postura até a distribuição final, ocorre em temperatura ambiente, sendo, algumas vezes, refrigerados apenas nas casas dos consumidores (LEANDRO et al.,
2005; XAVIER et al., 2008).
Entretanto, a temperatura e o tempo de armazenamento são fatores essenciais para a conservação e manutenção das características organolépticas e
nutricionais do ovo, influenciando diretamente a sua qualidade (ALLEONI e
ANTUNES, 2001; LOPES et al., 2012).
O Brasil tem como uma das medidas para estabelecer a qualidade de
ovos frescos por meio de cálculo, a unidade Haugh (UH) e o Índice da gema
(IG) (GANECO et al., 2012; LOPES et al., 2012). Tais métodos são utilizados
também para indicar a duração e condições de armazenamento do ovo (XAVIER et al., 2008, LOPES et al., 2012).
Desta forma, objetivou-se avaliar a qualidade interna de ovos comercializados em diferentes estabelecimentos da Região Metropolitana do Recife.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Laboratório de Alimentos do Departamento de Tecnologia Rural (DTR) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Foram utilizadas 26 bandejas contendo uma dúzia de ovos cada,
totalizando 312 ovos brancos dos Tipos extra, grande e médio, Classe A e Grupo
1; coletados por meio de amostragem probabilística casual em mercados públicos, mercados populares e supermercados da Região Metropolitana de Recife/
PE, no período de setembro de 2012 a janeiro de 2013.
As variáveis coletadas para análise foram: peso do ovo (P), altura do albúmen (AALB), altura da gema (AG) e diâmetro da gema (DG); e temperatura
e umidade do local de exposição e venda dos ovos.
A qualidade interna dos ovos foi avaliada por meio do cálculo da Unidade Haugh, cuja fórmula é
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
157
Nathalia Cavalcanti dos SANTOS1; Edenilze Teles ROMEIRO2
UH = 100log [AALB – 1.7 P 0,37 + 7.57]; e Índice da Gema, cuja fórmula é IG
= AG/DG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios dos resultados obtidos nas análises de qualidade interna dos ovos nos diferentes estabelecimentos de coleta encontram-se na Tabela 1.
De acordo com os valores estabelecidos para a Unidade Haugh, apenas
os ovos tipo grande coletados nos mercados populares poderiam ser classificados com qualidade alta, pois apresentaram valores entre 72 e 60; enquanto os
demais ovos, foram classificados com qualidade inferior. A queda dos valores
de UH, pode ser relacionada com a diminuição do albúmen possivelmente pelas
perdas de água e dióxido de carbono, levando a gradual liquefação do albúmen
e acentuando a diminuição do mesmo (LOPES et al., 2012).
O limite padrão para resultados do IG estabelecidos para ovos frescos
vai de 0,30 a 0,50 (GANECO et al., 2012). Desta forma, os ovos tipo extra dos
mercados públicos e supermercados não estavam dentro do limite exigido para
o índice, estando, portanto, com qualidade inferior aos demais.
O aumento do período de estocagem em dias prejudica a qualidade dos
ovos de poedeiras, independente do sistema de conservação (GANECO et al.,
2012); entretanto, observa-se, que, dentre as variáveis estudadas, a temperatura
(°C) foi a variável que mais teve influencia sobre a qualidade interna dos ovos,
uma vez que ovos com maior tempo de armazenamento sob temperatura mais
baixa obtiveram valores de UH e IG superiores aos ovos com menor tempo de
armazenamento sob temperatura de armazenamento mais elevada, como pode
ser observado na Tabela 1. Vale ressaltar que a legislação recomenda que ovos
frescos estejam armazenados entre 8°C e 15°C e com umidade relativa do ar
entre 70%-90% (BRASIL, 1990). No entanto, nenhum dos estabelecimentos
de coleta mantinham os ovos sob refrigeração, o que pode ter influenciado na
baixa qualidade interna dos mesmos, uma vez que a falta de uma cadeia de frio
durante os períodos de transporte e armazenamento, provocam o consequente
comprometimento da qualidade do produto final. Vale ressaltar, que as medidas
de UH e IG têm pouca relação com parâmetros da qualidade nutricional dos
ovos.
CONCLUSÃO
Considerando os valores de UH e IG aqui apresentados, os ovos comercializados em mercados populares apresentaram melhor qualidade interna, quando
comparada aos outros estabelecimentos. E que a temperatura foi um dos fatores
que mais contribuiu para isso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLEONI, A.C.C.; ANTUNES, A.J. Unidade Haugh como medida da qualidade de ovos de galinha armazenados sob refrigeração. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 58, n. 4, p. 681–685, 2001.
158
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Nathalia Cavalcanti dos SANTOS1; Edenilze Teles ROMEIRO2
BRASIL. Portaria nº 1, de 21 de fevereiro de 1990. Normas gerais de inspeção
de ovos e derivados. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 06 mar. 1990, Seção 1, n. 44, p 4321.
GANECO, A.G. et al. Estudo comparativo das características qualitativas de
ovos armazenados em refrigeradores domésticos. Revista ARS Veterinária,
Jaboticabal, v.28, n.2, 100-104. 2012.
LEANDRO, N.S.M. et al. Aspectos de qualidade interna e externa de ovos comercializados em diferentes estabelecimentos na região de Goiânia. Revista Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 6, n. 2, p. 71-78, 2005.
LOPES, L.L A. et al. Influência do tempo e das condições de armazenamento na
qualidade de ovos comerciais. Revista eletrônica de Medicina Veterinária, São
Paulo. n. 18, 2012.
XAVIER, I.M.C. et al. Qualidade de ovos de consumo submetidos a diferentes
condições de armazenamento. Arquivo Brasileiro de Veterinária e Zootecnia,
Minas Gerais, v. 60, n. 4, p.953-959, 2008.
Tabela 1. Médias da Temperatura, Umidade, Tempo de armazenamento, Unidade Haugh e do Índice da Gema por tipo de ovos coletados nos estabelecimentos
Local de coleta
dos ovos
Mercados públicos
T(°C)
28,8
U(%)
62,1
TA(dias)
5
M
44
UH
G
39
E
28
M
0,30
IG
G
0,31
E
0,22
Mercados populares
25,7
56,1
6
57
62
-
0,33
0,33
-
Supermercados
25,7
57,9
12
56
57
47
0,30
0,32
0,27
Temperatura (T), Umidade (U), Tempo de armazenamento (TA), Unidade Haugh (UH), Índice da gema (IG), Tipo médio (M), Tipo grande (G) e Tipo extra
(E).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
159
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
COMPONENTES NÃO CONSTITUINTES
DA CARCAÇA DE CABRITOS DE ORIGEM LEITEIRA ALIMENTADOS COM
BORRA DE MANIPUEIRA EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO
Non-carcass components of kids dairy goats fed with draff wastewater of cassava in replacement the corn
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. [email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DZ. aguim@
dz.ufrpe.br
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. rmlv2002@
yahoo.com.br
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. ffr.carvalho@
dz.ufrpe.br
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DZ. tomas-g@
hotmail.com
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. [email protected]
1
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4; Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de
Melo NICOLOFF6
PA L AV R A S - C H AV E
mandioca, órgãos, vísceras
KEYWORDS
cassava, organs, viscera
INTRODUÇÃO
Os componentes não-carcaça são definidos como os constituintes do
peso de corpo vazio, com exceção da carcaça, ou seja, o conjunto de órgãos, vísceras e outros subprodutos obtidos após o abate dos animais (OSÓRIO, 1992).
Segundo Alves et al (2003), a comercialização do animal como um todo deve
levar em consideração não somente o peso vivo, mas a proporção de seus componentes, ou seja, carcaça e não-carcaça e a valorização destes.
Individualmente, os órgãos e as vísceras não representam um bom valor
comercial, porém, se usados como matéria prima na elaboração de pratos típicos, ou mesmo em embutidos, podem agregar valor para a unidade de produção
ou de abate, podendo alcançar valores equivalentes ao da carne (SANTOS et al.,
2005).
Na região Nordeste, é comum o uso desses componentes na culinária,
sendo utilizados principalmente para o preparo de pratos como a “buchada” e a
“panelada” (COSTA et al., 2010; MEDEIROS et al., 2008), comumente consumidos nessa região.
Assim, objetivou-se avaliar o peso e o rendimento dos constituintes não-carcaça, da buchada e panelada de caprinos de origem leiteira alimentados com
borra de manipueira em substituição ao milho.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Caprinos e Ovinos pertencente
ao Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE). Para tanto foram utilizados 36 cabritos de origem leiteira, desmamados, com idade entre 3 e 4 meses e peso inicial de 17,61 kg ± 1,98.
Os tratamentos experimentais foram constituídos por diferentes níveis
de substituição do milho pela borra de manipueira conforme Tabela 1.
160
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
Após identificação e tratamento contra ecto e endoparasitas, os animais foram
alojados em baias individuais com dimensões de 1,0 m x 1,20m, providas de
comedouro e bebedouro e passaram por um período de adaptação de 40 dias.
Destes 40 dias, 7 foram de adaptação as dietas experimentais.
As amostras dos alimentos foram processadas e submetidas as análises
bromatólogicas no laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia (DZ) da UFRPE, segundo metodologia descrita por Detmann et al. (2012).
Ao se completar os 60 dias de coleta de dados e amostras, os animais
foram submetidos a jejum de sólidos por 16 horas. Decorrido este tempo, foram
pesados para obtenção do peso corporal ao abate (PCA).
As operações de abate foram realizadas de acordo com as normas vigentes do RIISPOA (BRASIL, 2000). O TGI foi pesado cheio e, em seguida,
esvaziado, lavado e novamente pesado, para determinação do PCVZ, obtido
pela diferença entre o PCA e o conteúdo do trato gastrintestinal (CTGI).
Os órgãos, as vísceras e os subprodutos foram pesados para mensuração
dos componentes não constituintes da carcaça, sendo as vísceras esvaziadas,
lavadas e novamente pesadas, para determinação dos rendimentos de buchada e
panelada (SILVA SOBRINHO e GONZAGA NETO, 2001).
Como constituintes da buchada foram considerados: sangue, fígado,
rins, pulmões, baço, língua, coração, omento, rúmen, retículo, omaso e intestino
delgado (MEDEIROS et al., 2008). Para panelada foram considerados os constituintes da buchada acrescidos da cabeça e das patas (CLEMENTINO et al.,
2007).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, sendo os
blocos formados de acordo com o peso inicial dos animais. Os dados foram
tabulados e posteriormente submetidos à análise de variância e regressão com
auxílio do pacote estatístico SAS (2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve efeito linear decrescente sobre os consumos de extrato etéreo
(CEE) e de fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína (CFDNcp), reflexo das dietas experimentais (Tabela 1), no entanto a substituição não
resultou em efeito sobre o CMS (Tabela 2).
O resultado obtido com CMS foi refletido sobre o peso corporal ao abate (PCA)
e o peso do corpo vazio (PCVZ) e demais componentes.
Não foi verificado efeito dos níveis de substituição sobre o peso total dos
órgãos (PTO) e nem de seus rendimentos em relação ao PCA e PCVZ.
De acordo com Silva Sobrinho e Osório (2008), animais com PCA semelhantes
apresentam peso análogos para órgãos, vísceras e subprodutos.
O peso e rendimentos das vísceras (PTV; PTV:PCA; PTV:PCVZ), também não sofreram influência dos níveis de substituição. Neste trabalho, à medida
em que se aumentava o nível de substituição do milho pela borra, diminuiu-se o
teor de fibra em detergente neutro da dieta e o CFDNcp, com base nisto, era esperado redução do peso das vísceras, que não foi observado talvez em resposta
ao PCA e idade dos animais.
O mesmo comportamento foi observado para o peso dos subprodutos
(Peso subp) e rendimento das gorduras (GT:PCA; GT:PCVZ), que não foram
influenciados pelos níveis de substituição.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
161
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
Madruga, (2003) cita 8,0% de rendimento de gordura como característica das espécies caprinas, que acumulam mais tecido adiposo nos órgãos. Valor
superior ao encontrado nesse estudo que ficou com media de 3,78 e 4,36% para
o PCA e PCVZ respectivamente.
Os resultados dos pesos e rendimentos de buchadas e paneladas refletiram os resultados obtidos com peso das vísceras, órgãos e subprodutos.
Costa et al (2003) citaram que os rendimentos de buchada, encontrados na literatura, variam de 17,74 a 20,13% do peso do animal ao abate. Os resultados
encontrados no presente trabalho estão próximos dos 14,2% a 14,8 encontrados
por Amorim et al. (2008), em caprinos mestiços Anglo-Nubianos.
Já para o rendimento da panelada, Costa et al (2003) obtiveram 27,7% a
29,1% para animais Saanen e Lisboa et al., (2010), 27,5% e 28,1% para animais
Canindé e Moxotó, valores superiores aos aqui obtidos com média de 24,48%.
CONCLUSÃO
Com base nos componentes não constituintes da carcaça, a borra de manipueira pode substituir o milho em até 100% na dieta para cabritos de origem
leiteira, pois não influencia o peso total dos órgãos, víceras, nem os rendimentos
da buchada e panelada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, K. S. CARVALHO; F. F. R.; FERREIRA, M. A. Níveis de energia em
dietas para ovinos Santa Inês: Características de carcaça e constituintes não carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 6, Supl. 2, p. 1927-1936, 2003.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA). Secretaria da Defesa Agropecuária (SDA). Departamento de Inspeção de Produtos
de Origem Animal (DIPOA). Divisão de Normas Técnicas. Instrução Normativa n. 3, de 17 de janeiro de 2000. Aprova o Regulamento Técnico de Métodos de
Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue. Lex: Diário
Oficial da União de 24 de janeiro de 2000, Seção 1, pág. 14-16. Brasília, 2000.
CLEMENTINO, R.H.; SOUZA, W.H.; MEDEIROS, A.N. et al. Influência dos
níveis de concentrado sobre os cortes comerciais, os constituintes não carcaça e
os componentes da perna de cordeiros confinados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.3, p.681-688, 2007.
COSTA, R. G.; ARAÚJO FILHO, J. T.; SOUSA, W. H.; GONZAGA NETO,
S.; MADRUGA, M. S.; FRAGA, A. B.; Effect of diet and genotype on carcass
characteristics of feedlot hair sheep. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.12,
p.2763-2768, 2010.
COSTA, R.G.; MEDEIROS, A.N. de; MADRUGA, M.S.; CRUZ, S.E.S.B.S.;
MELO, L.S. de. Rendimento de vísceras para “buchada” em caprinos Saanen
alimentados com diferentes níveis de volumoso e concentrado. In: SIMPÓSIO
INTERNACIONAL DE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE, 2.; SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE AGRONEGÓCIO DA CAPRINOCULTU162
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
RA LEITEIRA, 1., 2003, João Pessoa. Anais... João Pessoa: Emepa-PB, 2003.
p.663-666.
DETMANN, E.; SOUZA, M. A. DE; VALADARES FILHO, S. DE C. Métodos
para análise de alimentos – INCT-Ciência Animal. Visconde do Rio Branco,
MG: Suprema Gráfica Ltda. 2012. 149p.
LISBOA, A.C.C.; FURTADO, D.A.; MEDEIROS, A.N. et. al. Quantitative characteristics of the carcasses of Moxotó and Canindé goats fed diets with two
different energy levels. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.7, p.1565-1570,
2010.
MADRUGA, M.S. Fatores que afetam a qualidade da carne caprina e ovina. In:
SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE,
2. 2003. João Pessoa, PB, Anais... Editado por Santos, E.S. & Souza, W.H. João
Pessoa: Emepa-PB, 2003. p. 417-432.
MEDEIROS, G.R.; CARVALHO, F.F.R.; FERREIRA, M.A. et al. Efeito dos níveis de concentrado sobre os componentes não-carcaça de ovinos Morada Nova
em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.6, p.1063-1071, 2008.
OSÓRIO, J.C.S. Estudio de la calidad de canales comercializadas em el tipo
ternasco segun la procedencia: bases para la mejora de dicha calidad em Brasil.
Tese (Doutorado em Veterinaria) – Facultad de Veterinaria, Universidad de Zaragoza, Zaragoza, 1992, 335p.
SANTOS, N. M.; COSTA, R. G.; MEDEIROS, A. N.; MADRUGA, M. S.;
GONZAGA NETO, S. Caracterização dos componentes comestíveis não constituintes da carcaça de caprinos e ovinos. Agropecuária Técnica, Areia, v. 26, n.
2, p. 77-85, 2005.
SILVA SOBRINHO, A.G.; GONZAGA NETO, S. Produção de carne caprina
e cortes da carcaça. 2001. Disponível em: <http://www.sheepembryo.com.br/
artigos.php> Acesso em: 27/11/14.
SILVA SOBRINHO, A. G.; OSÓRIO, J, C. S. Aspectos quantitativos da produção da carne ovina. In: SILVA SOBRINHO, A. G.; SANUDO, C.; OSÓRIO,
J. C. S.; ARRIBAS, M. M. C.; OSÓRIO, M. T. M. Produção de carne ovina.
Jaboticabal:Funep, 2008, p.1-68.
STATISTICAL ANALYSES SYSTEM - SAS. User´s guide. Cary: 2000. (CD-ROM).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
163
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
Tabela 1. Composição percentual e composição química dos ingredientes nas
dietas experimentais.
Ingredientes (g/Kg MS)
Substituição do milho por borra de manipueira
0
33
66
100
Milho
330,0
220,0
110,0
0,00
Borra
0,00
109,0
218,0
327,0
Farelo de soja
167,0
167,0
167,0
167,0
Feno
245,0
245,0
245,0
245,0
Palma
240,0
240,0
240,0
240,0
Ureia
4,00
5,00
6,00
7,0
Sal comum
5,00
5,00
5,00
5,00
Sal mineral
9,00
9,00
9,00
9,00
MS (g/kg MN)
320,07
313,14
306,50
300,13
MO (g/kg MS)
905,62
899,26
892,90
886,53
PB (g/kg MS)
152,07
154,26
156,45
158,64
EE (g/kg MS)
25,28
21,46
17,64
13,82
FDNcp (g/kg MS)
312,25
301,65
291,05
280,46
FDA (g/kg MS)
160,78
158,62
156,46
154,31
Composição química
MS = Matéria seca; MO= Matéria orgânica; PB = Proteína bruta; EE = Extrato
etéreo; FDNcp= Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;
FDA = Fibra em detergente ácido.
164
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
Tabela 2. Consumo e componentes não constituintes da carcaça de cabritos de
origem leiteira alimentados com borra de manipueira em substituição ao milho
Itens
CMS (kg/dia)
CEE (kg/dia)
CFDNcp (kd/dia)
PCA (kg)
PCVZ (kg)
PTO
PTO:PCA (%)
PTO:PCVZ (%)
PTV (kg)
PTV:PCA (%)
PTV:PCVZ (%)
Peso subp (kg)
GT:PCA (%)
GT:PCVZ (%)
Buchada (kg)
Panelada (kg)
RB:PCA(%)
RP:PCA(%)
Níveis de substituição (%)
0
33
66
100
0,968
0,026
0,263
26,85
23,23
1,58
5,94
6,87
1,68
6,28
7,27
5,66
3,41
3,94
3,82
6,47
14,28
24,20
0,877
0,018
0,219
26,59
23,12
1,64
6,19
7,12
1,60
6,02
6,93
5,43
4,17
4,29
3,87
6,51
14,54
24,53
0,887
0,013
0,208
27,95
24,25
1,70
6,11
7,04
1,83
6,54
7,54
5,80
3,73
4,80
4,16
6,86
14,88
24,57
0,978
0,011
0,207
26,73
23,28
1,62
6,06
6,96
1,73
6,48
7,45
5,61
3,83
4,42
3,92
6,57
14,67
24,63
CV
L
Q
Equações
regressão
18,87
21,14
21,44
12,52
12,93
10,99
6,04
6,42
14,33
8,17
8,41
11,88
28,38
28,80
14,82
11,74
8,57
4,95
ns
<0,0001
0,01
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
Ŷ = 0,927
1
2
Ŷ = 27,03
Ŷ = 23,47
Ŷ = 1,38
Ŷ = 6,07
Ŷ = 7,00
Ŷ = 1,71
Ŷ = 6,33
Ŷ = 7,30
Ŷ = 5,62
Ŷ = 3,78
Ŷ = 4,36
Ŷ =3,94
Ŷ = 6,60
Ŷ = 14,59
Ŷ = 24,48
CMS = consumo de material seca; CEE= consumo de estrato etéreo; CFDNcp =
consumo de fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína; PCA
= peso corporal ao abate; PCVZ = peso do corpo vazio; PTO = peso total dos
órgãos; PTV= peso total da vísceras; peso subp = peso dos subprodutos; GT
= gordura total; RB = rendimento de buchada; RP = rendimento de panelada;
CV= coeficiente de variação; L= efeito linear; Q = efeito quadrático; 1y = 0,024
-0,000017NB; 2y = 0,250 -0,00053NB.
Comissão de Ética (CEUA): Processo número 23082.005529/2014
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
165
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
ERITROGRAMA E TEMPO DE SANGRAMENTO EM CABRITOS LEITEIROS ALIMENTADOS COM BORRA DE MANIPUEIRA EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO
Erythrogram and bleending time in kids of dairy goats fed with draff wastewater of cassava in
replacement the corn
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. [email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DZ. aguim@
dz.ufrpe.br
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. rmlv2002@
yahoo.com.br
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. ffr.carvalho@
dz.ufrpe.br
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DZ. tomas-g@
hotmail.com
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. [email protected]
1
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4; Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de
Melo NICOLOFF6
PA L AV R A S - C H AV E
ácido cianídrico, hemograma, plantas cianogênicas
KEYWORDS
blood cell count, cyanide, cyanogenic plants
INTRODUÇÃO
Por ser resultante de uma planta cianogênica, a manipueira apresenta
altas concentrações de ácido cianídrico (HCN), líquido incolor, muito volátil,
considerado como uma das substâncias mais tóxicas que se tem conhecimento
(TOKARNIA et al., 2000).
Ainda de acordo com Tokarnia et al (2000), as intoxicações só ocorrem quando
doses tóxicas de 2 a 4 mg de HCN por kg/PV são ingeridas em período curto.
Por outro lado, há vários trabalhos na literatura, relatando que a exposição prolongada ao cianeto, em baixas concentrações, pode ocasionar quadros de toxicidade crônica (MANZANO et al., 2006). Adicionalmente, trabalhos relatam a
dificuldade de coagulação sanguínea (TOKARNIA et al., 2000).
Diante do exposto, objetivou-se avaliar o eritrograma e o tempo de sangramento de cabritos de origem leiteira alimentados com borra de manipueira
em substituição ao milho.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Caprinos e Ovinos pertencente
ao Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE). Para tanto foram utilizados 36 cabritos de origem leiteira, desmamados, com idade entre 3 e 4 meses e peso inicial de 17,61 kg ± 1,98.
Os tratamentos experimentais foram constituídos por diferentes níveis
de substituição do milho pela borra de manipueira conforme Tabela 1.
Após identificação e tratamento contra ecto e endoparasitas, os animais
foram alojados em baias individuais com dimensões de 1,0m x 1,20m, providas
de comedouro e bebedouro e passaram por um período de adaptação de 40 dias.
Destes 40 dias, 7 foram de adaptação as dietas experimentais.
As amostras dos alimentos foram processadas e submetidas às análises
166
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
bromatólogicas no laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia (DZ) da UFRPE, segundo metodologia descrita por Detmann et al (2012). A determinação do teor de ácido cianídrico (HCN) foi realizada de acordo com Ades Totah e Hernandez Luis (1986) e adaptada por Silva (2015).
Amostras de sangue foram coletadas no 1º dia do período de adaptação as dietas
e no 58º dia do período experimental, totalizando 65 dias de exposição ao HCN.
As amostras foram analisadas no Laboratório de Biologia Molecular Aplicada a Produção Animal (BIOPA) do DZ da UFRPE. O sangue foi coletado nos
animais em jejum de 12 horas. Para análise do hemograma, o sangue foi acondicionado em tubos siliconizados vacutainer® de cinco milímetros contendo solução aquosa a 10% de sal dissódico de etilenodiaminotetracetato (EDTA), que
foram resfriadas e condicionadas sob refrigeração e enviadas ao laboratório para
realização das análises com a ajuda de analisador hematológico automatizado
(pocH-100iV Diff, Sysmex®).
No momento da coleta, foi ainda determinado o tempo de sangramento
através de uma pequena incisão de aproximadamente 1 cm no lóbulo da orelha.
A cada 30 segundos era absorvida a gota de sangue com o auxílio de um papel
filtro sem esfregar a incisão. O cronômetro foi parado quando o papel de filtro
não absorvia mais nenhuma gotícula de sangue.
Os dados foram analisados como um delineamento experimental em blocos casualizados e submetidos à análise de variância e de regressão utilizando o programa computacional SAS 9.0 (2000), adotando-se 0,05 como nível crítico para
o erro tipo I.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi observado um aumento discreto nos eritrócitos (Erit) e hematócritos
(Ht) (Tabela 2). Como é sabido, a hipóxia tecidual estimula a síntese de eritropoietina pelos rins, o que resulta em uma resposta medular à hipóxia.
Percebe-se ainda redução discreta nos valores de hemoglobina (Hb), hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração média de hemoglobina
corpuscular (CHCM), que pode também ser resultado de uma resposta medular
à hipóxia, no contexto de uma possível carência de ferro ou de vitaminas essenciais à eritropoiese.
Outro mecanismo possível para a redução da hemoglobina e para o aumento discreto do volume corpuscular médio (VCM) pode ser devido ao efeito
intrínseco do cianeto sobre a cianocobalamina. Dessa forma, é possível que a
exposição ao HCN tenha provocado redução dos níveis plasmáticos da vitamina
B12, o que a médio e longo prazo resultaria em uma anemia megaloblástica.
Os níveis de plaquetas (Plt) em todos os grupos sofreram queda, apesar de permanecerem dentro dos valores da normalidade. Tal evento pode ser explicado
igualmente pela possível deficiência da vit B12 induzida pelo cianeto.
Essa redução encontrada nos níveis de plaquetas não corroboram a hipótese de que o estímulo à eritropoiese é induzido por uma possível hipóxia
tecidual. Assim, torna-se mais provável a hipótese de uma agressão direta do
cianeto à medula óssea ou de uma deficiência de micronutrientes necessários à
produção da série vermelha e plaquetas, como é o caso da cianocobalamina.
Houve aumento do tempo de sangramento (TS) após 65 dias de exposição ao HCN. Essa elevação parece ter se correlacionado com o nível de borra na
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
167
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
dieta e, consequentemente, com o HCN.
Como foi estipulado, a ausência total de sangramento visível no animal, pode-se ter incluído neste tempo a hemostasia secundária. Desta maneira,
não podemos afirmar que o aumento no tempo de sangramento se deva única e
exclusivamente ao número e qualidade funcional das plaquetas. Na verdade, o
esperado é que a hemostasia secundária esteja mais implicada no alargamento
do tempo de sangramento já que na literatura é descrito que o cianeto inibi o
dióxido de carbono (CO2) no sistema glutamato carboxylase vitamina K dependente (DOWD e WOOK HAM, 1991).
CONCLUSÃO
A partir dos dados de eritrograma e tempo de sangramento a borra de
manipueira pode substituir o milho em até 100% na dieta de cabritos de origem
leiteira por um período de até 65 dias. Uma vez que as alterações durante esse
período de ingestão não foram significativas ao ponto de prejudicarem o bem
estar dos animais.
No entanto, vale ressaltar que o tempo e o nível de exposição podem não
ter sido significativos para resultar em alterações marcantes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADES TOTAH, J.J.; HERNÁNDEZ LUIS, F. Presencia de acido cianhidrico en
forrajes cultivados en Mexico. Agricultura Tecnica en Mexico, v.12, n.1, p.7790, 1986.
DETMANN, E.; SOUZA, M. A. DE; VALADARES FILHO, S. DE C. Métodos
para análise de alimentos – INCT-Ciência Animal. Visconde do Rio Branco,
MG: Suprema Gráfica Ltda. 2012. 149p.
DOWD, P.; HAM, S.W. Mechanism of cyanide inhibition of the blood-clotting, vitamin K-dependent carboxylase. Proceedings of the National Academy
of Sciences, v. 88, n. 23, p. 10583-10585, 1991.
JAIN, N.C. Essentials of veterinary hematology. Philadelphia: Lea & Febiger,
1993. 417p.
KLAGES, Curtis. Repeated automated plasmapheresis in goats (Capra hircus):
a clinically safe and long-term refinement to current antibody recovery techniques. Journal of the American Association for Laboratory Animal Science, v. 45,
n. 6, p. 49-53, 2006.
MANZANO, H.; SOUZA, A.B.; GÓRNIAK, S.L. Exposição cianídrica em suínos: uma abordagem dos parâmetros toxicocinéticos utilizando tiocianato como
biomarcador. Brazilian journal of veterinary research and animal science, v. 43,
suplemento, p. 93-101, 2006.
MEYER, D.J.; HARVEY, J.W. Veterinary laboratory medicine: interpretation &
diagnosis. 2.ed. Philadelphia: Sauders, 2004. 351p.
168
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
SILVA, T.G.P. Concentração de ácido cianídrico na maniçoba in natura e conservada. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Monografia (Bacharelado em Zootecnia), 2015, 38p.
STATISTICAL ANALYSES SYSTEM - SAS. User´s guide. Cary: 2000. (CD-ROM).
TOKARNIA, C. H.; DOBEREINER, J.; PEIXOTO, P. V. Plantas tóxicas do
Brasil. Ed. Helianthus, Rio de Janeiro. p. 215-221. 2000.
Tabela 1. Composição percentual e composição química dos ingredientes nas
dietas experimentais.
Ingredientes (g/Kg MS)
Substituição do milho por borra de manipueira
0
33
66
100
Milho
330,0
220,0
110,0
0,00
Borra
0,00
109,0
218,0
327,0
Farelo de soja
167,0
167,0
167,0
167,0
Feno
245,0
245,0
245,0
245,0
Palma
240,0
240,0
240,0
240,0
Ureia
4,00
5,00
6,00
7,0
Sal comum
5,00
5,00
5,00
5,00
Sal mineral
9,00
9,00
9,00
9,00
MS (g/kg MN)
320,07
313,14
306,50
300,13
MO (g/kg MS)
905,62
899,26
892,90
886,53
PB (g/kg MS)
152,07
154,26
156,45
158,64
EE (g/kg MS)
25,28
21,46
17,64
13,82
FDNcp (g/kg MS)
312,25
301,65
291,05
280,46
FDA (g/kg MS)
160,78
158,62
156,46
154,31
HCN (mg/kg MS)
20,52
25,33
30,14
34,95
Composição química
MS = Matéria seca; MO= Matéria orgânica; PB = Proteína bruta; EE = Extrato
etéreo; FDNcp= Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;
FDA = Fibra em detergente ácido; HCN = ácido cianídrico.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
169
Luciola Vilarim FERRAZ1; Adriana GUIM2; Robson Magno Liberal VÉRAS3; Francisco Fernando Ramos de CARVALHO4;
Tomás Guilherme Pereira da SILVA5; Ana Luiza Bezerra de Melo NICOLOFF6
Tabela 2. Eritograma e tempo de sangramento de cabritos de origem leiteira
alimentados com borra de manipueira em substituição ao milho.
Parâmetros
0
Tratamentos
33
66
Valores de referência*
CV
L
Q
ER
100
Erit A
Erit B
13,26
13,87
13,95
13,80
13,97
14,34
13,95
14,25
8,0 – 18,0 (x106 μL)
9,56
6,08
ns
ns
ns
ns
-
Hb A
Hb B
8,51
7,82
8,66
7,82
8,37
7,95
8,46
8,17
8,0 -14,0 g/dL
10,66
7,50
ns
ns
ns
ns
-
Ht A
Ht B
27,29
29,98
27,76
29,75
28,92
31,97
27,91
31,41
19,0 – 38%
30,30
8,46
ns
ns
ns
ns
-
VCM A
VCM B
20,30
21,61
20,71
21,53
20,84
23,23
20,74
22,02
15,0 – 30,0 fL
4,30
7,21
ns
ns
ns
ns
-
HCM A
HCM B
6,21
5,69
6,18
5,66
5,98
5,65
5,91
5,77
5,2 – 8,0
5,95
3,81
ns
ns
ns
ns
-
CHCMA
CHCMB
29,24
26,28
27,78
26,55
28,38
25,94
28,84
26,65
35,0 - 42,0
4,74
4,44
ns
ns
ns
ns
-
RDW A
RDW B
32,27
30,04
31,53
30,46
30,56
30,64
30,81
29,94
31,2 – 42,7%
3,58
3,36
0,003
ns
ns
ns
1
-
Plt A
Plt B
725,32
480,50
745,07
512,00
682,26
390,90
716,50
423,50
200 – 900 milhares/mm
24,73
46,12
ns
ns
ns
ns
-
TS A
TS B
2,65
3,10
3,25
6,48
2,89
13,18
3,04
11,82
2 – 5 minutos
30,15
74,88
ns
0,003
ns
ns
2
A= baseline; B= Coleta final (65 dias de exposição ao HCN); CV = coeficiente
de variação; ER = equações de regressão; Erit = Eritrócitos; Hb = hemoblobina;
Ht = hematócrito; VCM = volume corpuscular médio; HCM = hemoglobina
corpuscular média; CHCM = concentração média de hemoglobina corpuscular;
RDW = índice de anisocitose; Plt = plaquetas; TS = tempo de sangramento; ER
= equações de regressão; 1Ŷ = 32,09 – 0,016X; 3Ŷ =2,84+0,002X; * Jain, 2003;
Meyer, D.J.; Harvey, J.W., 2004; Klages, 2006.
Comissão de Ética (CEUA): Processo número 23082.005529/2014
170
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Giselle Ramos da SILVA2; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO3; Leucio Câmara
ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
AVALIAÇÃO IN VITRO DO EFEITO LARVICIDA DO EXTRATO AQUOSO DAS FOLHAS DE PITANGUEIRA (Eugenia uniflora
L.) CONTRA NEMATÓIDES GASTRINSTESTINAIS DE CAPRINOS
In vitro evaluation of the larvicide aqueous extract effect of the sheets surinam cherry (Eugenia
uniflora L.) against caprine gastroinstestinal nematodes
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
1
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Giselle Ramos da SILVA2; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO3; Leucio Câmara ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
PA L AV R A S - C H AV E
Endoparasitos, fitoterapia, pequenos ruminantes, Capra hircus
KEYWORDS
Endoparasites, phytotherapy, small ruminants, Capra hircus
INTRODUÇÃO
Dentre as endoparasitoses gastrintestinais de caprinos, destacam-se
os nematoides pelo impacto na produtividade dos rebanhos e difícil controle
(VIEIRA, 2008).
O uso de produtos de origem vegetal no controle de parasitos tem como
vantagem promover um desenvolvimento mais lento da resistência, além de não
causar danos ao meio ambiente (CHAGAS, 2004).
As folhas da Pitangueira (Eugenia uniflora L.) são utilizadas na medicina popular em infusões e decoctos (AURICCHIO, 2007). A atividade da antimicrobiana
já tem sido registrada, além de sua utilização para tratar problemas intestinais
(CONSOLINI e SARUBBIO, 2002). Santos (2011) e Cossolosso (2013) evidenciaram potencial atividade tripanocida e leishmanicida, respectivamente,
utilizando óleos essenciais. A atividade anti-helmíntica, apesar de já especulada,
tem sido pouco analisada.
Objetivou-se verificar o efeito larvicida do extrato aquoso das folhas da
Pitangueira em nematoides gastrintestinais de caprinos.
MATERIAL E MÉTODOS
As folhas foram coletadas no município de Jaboatão dos Guararapes-PE
e processadas no Laboratório de Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos)
- Departamento de Medicina Veterinária - Universidade Federal Rural de Pernambuco. Foram triturados 500g de folhas secas obtendo-se 150g do material
em pó, homogeneizando-se 20g em 100 ml de água destilada tendo-se concentração de 0,2g/ml.
Amostras fecais de 50 caprinos coletadas diretamente da ampola retal
foram analisadas determinação do número de ovos por grama de fezes (OPG)
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
171
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Giselle Ramos da SILVA2; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO3; Leucio Câmara
ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
(GORDON e WHITLOCK, 1939), interpretando-se o grau de infecção (UENO
e GONÇALVES, 1998). Selecionaram-se amostras fecais, formando-se um homogeneizado para a realização da coprocultura (ROBERTS e O’SULLIVAN,
1950). Quatro grupos foram formados. O controle negativo recebeu água destilada, outros três grupos receberam respectivamente o extrato aquoso das folhas
da Pitangueira 20%, Albendazole 5% e Ivermectina 1%. As larvas coletadas
após o período de cultivo foram identificadas segundo Ueno e Gonçalves (1998).
A atividade do extrato aquoso foi determinada pelo cálculo dos percentuais de
redução de larvas por grama de fezes (LPG), utilizando-se a fórmula R = 100
(1 – T/C) (VIZARD e WALLACE, 1987) e interpretada segundo a classificação proposta pela Associação Mundial para Avanço da Parasitologia Veterinária
(POWERS, 1981).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os cultivos revelaram larvas infectantes do gênero Haemonchus, Trichostrongylus e Oesophagostomum, com predominância para o gênero Haemonchus.
O extrato aquoso de E. uniflora não apresentou efeito sobre os ovos dos
nematoides gastrintestinais supracitados na concentração utilizada (Tabela 1),
diferindo de Hassum et al. (2013) que obtiveram, de fezes ovinas, redução significativa do número de larvas H. contortus e Trichostrongylus sp. e de Furtado
(2006) que registrou taxa de inibição superior a 80% da eclodibilidade dos ovos
de trichostrongilideos. Os autores citados, porém, utilizaram extratos alcoólicos,
enquanto que no presente estudo foi utilizado o extrato aquoso, o que pode explicar a diferença dos resultados.
CONCLUSÃO
O extrato aquoso das folhas da Pitangueira (E. uniflora L.) não apresenta
eficácia ovilarvicida contra nematoides gastrintestinais de caprinos, nas condições em que o presente estudo foi realizado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AURICCHIO, M. T.; ADRIANA, B.; SILVIA B. M. B. et al. Atividades antimicrobiana e antioxidante e toxicidade de Eugenia uniflora. Latin American
Journal of Pharmacy, n.26, v.1, p.76-81, 2007.
CHAGAS, A. C. S. Controle de parasitas utilizando extratos vegetais. Revista
Brasileira de Parasitologia Veterinária, n.1, supl., p.156-60, 2004.
CONSOLINI, A. E.; SARUBBIO, M. G. Pharmacological effects of Eugenia
uniflora (Myrtaceae) aqueous crude extract on rat’ heart. Journal of Ethnopharmacology. v. 81, p. 57-63, 2002.
COSSOLOSSO, D. S. Atividades leishmanicida e antioxidante dos óleos essenciais de plantas encontradas no nordeste brasileiro. [Dissertação]. Fortaleza:
Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará; 2013.
172
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Giselle Ramos da SILVA2; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO3; Leucio Câmara
ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
FURTADO, K. S. lternativas fitoterápicas para o controle da verminose ovina no
estado do Paraná: testes in vitro e in vivo. [Tese Doutorado]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2006.
GORDON, H. McL.; WHITLOCK, H.V. A new technique for counting nematoda eggs in sheep faeces. Journal Commonwealth Science and Industry Organization, v.12, n.1, p. 50-2, 1939.
HASSUM, I. C., VENTURI, C. R., GOSMANN, G. et al. Ação dos extratos de
quatro plantas sobre larvas infectantes de nematódeos gastrintestinais de ovinos.
Revista Cubana de Plantas Medicinales. v.18, n.2, p. 278-287, 2013.
POWERS, K. G. World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology (W.A.A.V.P.) – Guidelines for evaluating the efficacy of anthelmintics in
ruminants (bovine and ovine). Veterinary Parasitology, v.10, p. 265-84, 1981.
ROBERTS, F. H. S.; O’SULLIVAN, J. P. Methods for egg counts and larval
cultures for strongyles infesting the gastrointestinal tract of cattle. Journal of
Agricultural Research, v.1, p. 99102, 1950.
SANTOS, K. K. A. Atividade antiepimastigota, citotóxica e fungicida de plantas
medicinais da Região do Cariri. [Disssertação]. Crato: Universidade Regional
do Cariri; 2011.
UENO, H.; GONÇALVES, P. C. Manual para diagnóstico das helmintoses de
ruminantes. 4.ed. Tokyo: Japan International Cooperation Agency, 1998. 143p.
VIEIRA, L. S. Métodos alternativos de controle de nematoides gastrintestinais
em caprinos e ovinos. Tecnologia e Ciência Agropecuária, v. 2, n. 2, p. 49-56,
2008.
VIZARD, A. L.; WALLACE, R. J. A simplified egg count reduction test. Australian Veterinary Journal, v.64, n.4, p. 109-11, 1987.
A metodologia foi aplicada após aprovação na Comissão de Ética no Uso de
Animais (CEUA-UFRPE) sob a licença nº 024/2013.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
173
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Giselle Ramos da SILVA2; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO3; Leucio Câmara
ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
Tabela 1- PERCENTUAL DE REDUÇÃO DE LARVAS DOS GÊNEROS Haemonchus, Trichostrongylus E Oesophagostomum, POR GRUPOS DE TRATAMENTO.
Haemonchus
(%)
E. A. de E. uniflora
0
L.
Água Destilada
0
Trichostrongylus
(%)
14,87
0
Oesophagostomum
(%)
0
0
Albendazole 5%
97,42
100
100
Ivermectina 1%
100
100
100
E.A = Extrato aquoso
174
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze Teles ROMEIRO3; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
OCORRÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-Toxoplasma Gondii EM CAPRINOS E
OVINOS ABATIDOS EM MATADOURO
PÚBLICO DA CIDADE DE PATOS-PB
Occurrence of anti-Toxoplasma Gondii antibodies in both goats and sheep slaughtered in the
public slaughterhouse from Patos City, Paraiba, Brazil
Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Sertão
Pernambucano, campus Zona
Rural de Petrolina.
2
Universidade Rural de Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Rural de Pernambuco, DMT. ede.roma@
gmail.com
4
Universidade Rural de Pernambuco, DMV. magfaustino@
hotmail.com
5
Universidade Federal de Campina Grande. marmelo@cstr.
ufcg.edu.br
1
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze
Teles ROMEIRO3; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
PA L AV R A S - C H AV E
Toxoplasmose, Sorologia, Hemaglutinação
Indireta, Imunofluorescência Indireta.
KEYWORDS
Toxoplasmosis, Serology, Indirect Hemagglutination, Indirect Immunofluorescence .
INTRODUÇÃO
Em virtude da importância da toxoplasmose em saúde pública, conhecimentos sobre a sua frequência nos caprinos e ovinos destinados ao consumo
humano poderão contribuir para o estabelecimento de medidas de controle da
doença, uma vez que esses animais, mesmo aparentemente sadios, podem constituir via de eliminação para o homem e outros animais, principalmente carnívoros (TENTER et al., 2000). Esse trabalho teve como finalidade verificar a ocorrência de anticorpos anti-T. gondii em caprinos e ovinos abatidos no Matadouro
Público da cidade de Patos – PB.
MATERIAL E MÉTODOS
Amostras de sangue de 100 ovinos e 97 caprinos, sem raça definida, abatidos no Matadouro Público Municipal da cidade de Patos-PB, entre setembro e
dezembro de 2011, foram submetidas à Hemaglutinação Indireta (HI) através de
kit comercial e à Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) (CAMARGO
et al., 1986), com ponto de corte de 64 para detecção de anticorpos IgG anti-T.
Gondii, no Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, campus Patos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para HI, obteve-se positividade de 4% e 4,12% respectivamente para
ovinos e caprinos. Resultados semelhantes para caprinos, pela técnica HI foram
registrados por Perret e Escopelli (2008) em Santa Catarina (4%). Os dados
diferem dos obtidos por Rossi et al. (2006) em Uberlândia-MG (67,85%) para
ovinos; por Silva e Rue (2006) com ovinos, em Rosário do Sul-RS (19,5%) e
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
175
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze Teles ROMEIRO3; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
por Filho et al. (2010) no Pará (44,29%).
À RIFI foram positivos 25% dos ovinos e 27,8% dos caprinos. Em caprinos abatidos no Matadouro Público de Patos–PB, registrou-se prevalência
de (24,5%) concordante à do presente estudo (FARIA et al., 2007). Em inquéritos sorológicos para caprinos, resultados inferiores foram registrados por Lima
et al. (2008), em Mossoró-RN (17,1%); Batista et al (2012), em Monteiro-PB
(18,1%). Para ovinos, Moraes et al. (2011) registraram no Maranhão 18,75%
para ovinos.
Frequências superiores foram encontradas por Garcia et al. (2012), em
Curitiba-PR (35,96%) em caprinos; Lopes et al. (2010), 52,05% em ovinos em
Jaboticabal -SP.
A divergência de frequências entre os estudos pode ser devida a fatores
tais como, diferentes pontos de corte (MODOLO et al., 2008), a categoria zootécnica coletada, equipamentos e reagentes (UENO, 2005).
CONCLUSÃO
Toxoplasma gondii circula nas propriedades de criação caprina e ovina
que abastecem os Matadouros Públicos da cidade de Patos-PB.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, C.S.A. et al. Risk factors associated with Toxoplasma gondii seroprevalence in the state of Paraíba, Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia
Veterinária, v.21, n.4, 2012.
CAMARGO, M. E. et al. Um teste prático para a sorologia da toxoplasmose:
o teste de hemaglutinação. Estudo comparativo com os testes de imunofluorescência e imunoenzimático de captura de IgM. Revista Brasileira de Patologia
Clínica, v.22, n.6, p.196-201, 1986.
FARIA, E.B. et al. Ocorrência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii e anti-Neospora caninum em caprinos abatidos no matadouro público da cidade de Patos,
Estado da Paraíba, região Nordeste do Brasil. Veterinary Parasitology, v.149,
p.1-2, 2007.
FILHO, E.B. et al. Inquérito sorológico de Toxoplasma gondii em ovinos na microrregião castanhal, Pará, Brasil. Arquivo Instituto Biológico, v.77, n.4, p.707710, 2010.
GARCIA, G.; SOTOMAIOR, C.; NASCIMENTO, A. J.; NAVARRO, I. T.;
SOCCOL, V. T. Toxoplasma gondii in goats from Curitiba, Paraná, Brazil: risks
factors and epidemiology. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.21,
n.1, 2012.
LIMA, J.T.R. et al. Ocorrência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii e anti-Neospora caninum em rebanho caprinos do município de Mossoró, Rio Grande do
Norte. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.45, n.2,
p.81-86, 2008.
176
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze Teles ROMEIRO3; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
LOPES, W.D.Z et al. Soro-ocorrência e fatores de risco para Toxoplasma gondii
em ovinos criados na microrregião de Jaboticabal, Estado de São Paulo, Brasil.
Pesquisa em Ciência Veterinária, v.88, n.1, p.104-106, 2010.
MODOLO, J.R. et al. Avaliação da ocorrência de anticorpos anti-Toxoplasma
gondii, em soros de caprinos do estado de São Paulo, e associação com variáveis
epidemiológicas, problemas reprodutivos e riscos à saúde pública. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.28, n.12, 2008.
MORAES, L.M.B. et al. Occurrence of anti-Neospora caninum and anti-Toxoplasma gondii IgG antibodies in goats and sheep in western Maranhão, Brazil.
Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.20, n.4, 2011.
PERRET, L. e ESCOPELLI, K.S. Estudo sorológico de anticorpos para toxoplasma gondii em ovinos e caprinos e sua epidemiologia na região oeste de
Santa Catarina – Resultados Parciais. Universidade do Oeste de Santa Catarina-UNOESC, 2008.
ROSSI, G.F.; CABRAL, D.D.; CORRÊA, R.R. Soro-ocorrência de Toxoplasma
gondii em ovinos no município de Uberlândia, MG. Universidade Federal de
Uberlândia, 2006.
SILVA, K.L.M.; RUE, M.L. Possibilidade da transmissão congênita de Toxoplasma gondii em ovinos através de seguimento sorológico no município de
Rosário do Sul, RS, Brasil. Ciência Rural, v.36, n.3, p.892-897, 2006.
TENTER, A.M; HECKEROTH, A.R; WEISS, L.M. Toxoplasma gondii: from
animals to humans. Veterinary Parasitology, v.30, p.1217-1258, 2000.
UENO, T.E.H. Ocorrência das infecções por Toxoplasma gondii e Neospora
caninum em matrizes e reprodutores ovinos de rebanhos comerciais do Distrito
Federal, Brasil. 2005. 107f. Dissertação (Mestrado em Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, 2005.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
177
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze Teles ROMEIRO3; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
COMPARAÇÃO ENTRE TESTES SOROLOGICOS PARA DETECÇÃO DE ANTICORPOS ANTI-Toxoplasma Gondii EM
CAPRINOS E OVINOS ABATIDOS EM
MATADOURO PÚBLICO DA CIDADE DE
PATOS-PB
Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Sertão
Pernambucano, campus Zona
Rural de Petrolina.
2
Universidade Rural de Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Rural de Pernambuco, DMT. ede.roma@
gmail.com
4
Universidade Rural de Pernambuco, DMV. magfaustino@
hotmail.com
5
Universidade Federal de Campina Grande. marmelo@cstr.
ufcg.edu.br
6
TOXO-HAI® , Analisa, Campinas, SP.
1
Comparison of serological tests for detection of anti-Toxoplasma Gondii antibodies in both
goats and sheep slaughtered in the public slaughterhouse from Patos City, Paraiba, Brazil
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze
Teles ROMEIRO3; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
PA L AV R A S - C H AV E
KEYWORDS
Toxoplasmose, Sorologia, Hemaglutinação
Indireta, Imunofluorescência Indireta.
Toxoplasmosis, Serology, Indirect Hemagglutination, Indirect Immunofluorescence .
INTRODUÇÃO
Com o intuito de aumentar a aplicabilidade das reações no diagnóstico
da infecção toxoplásmica, em 1957, Jacobs e Lunde preconizaram a reação de
Hemaglutinação Indireta (HI). A técnica demonstra boa eficiência com baixo
custo, tem sido utilizada, tanto no diagnóstico quanto na triagem, e em estudos
soroepidemiológicos (CAMARGO et al., 1986). Goldman, em 1957, efetuou o
primeiro relato da aplicação da Imunofluorescência Indireta (RIFI) para a detecção do T. gondii. É um dos melhores métodos de diagnóstico para a toxoplasmose, sendo sensível e seguro (KAWAZOE, 2000).
Objetivou-se comparar os testes sorológicos de HI e RIFI, para diagnóstico da
toxoplasmose em caprinos e ovinos.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram analisadas 100 amostras de soro ovino e 97 de soro caprino,
oriundos do Matadouro Público Municipal da cidade de Patos-PB utilizando-se
para detecção de anticorpos anti-T. gondii, a da Imunofluorescência Indireta
(CAMARGO et al., 1986) e a Hemaglutinação Indireta com kit comercial6. Para
medir o grau de concordância real entre os resultados dos dois testes sorológicos
foi utilizado o índice Kappa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Obteve-se positividade de 4,12% e 4% para HI e de 25% e 27,8% respectivamente para ovinos e caprinos. Dois foram positivos nas duas técnicas, e
entre os ovinos três.
O índice Kappa demonstrou valores de 0,1481 e 0,0616 para ovinos e
178
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze Teles ROMEIRO3; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
caprinos, respectivamente, revelando fraca concordância entre os testes sorológicos utilizados no atual estudo.
Essa discordância entre a HI e RIFI pode estar ligada a vários fatores
inerentes a essas técnicas. Segundo Blood e Radostits (1992), a HI não é muito
específica, pois tem reações cruzadas com outros parasitos, e para Larsson et
al. (1980), sua principal limitação é que só detecta anticorpos anti-Toxoplasma
gondii em fases mais tardias da evolução da infecção.
A RIFI, segundo D’angelino e Ishizuka (1986), detecta ao redor do oitavo ou décimo dia após a infecção. Embora a HI tenha menos sensibilidade que a
RIFI , nos períodos mais tardios da infecção, os níveis de anticorpos específicos
tendem a se elevar, aumentado a sensibilidade da HI (JACOBS et al., 1960). No
entanto, a especificidade é reduzida, sendo, desta forma, a RIFI o método mais
adequado para ser utilizado no diagnóstico precoce (NOGUEIRA et al., 1996).
Muitos autores relatam a importância da RIFI como teste sorológico para a pesquisa de anticorpos anti-T. gondii. Serra-Freire et al. (1994), descrevem a RIFI
como uma reação sensível, especifica e reprodutível afastando a possível ocorrência de reações falso-positivas.
Os resultados obtidos corroboram com os de Langoni et al. (1999), pesquisando soros de ovinos no estado de São Paulo pela técnica de RIFI e HI, revelando 55,1% de positividade na RIFI, e na HI 30,4%; Maciel (2004) com 30%
na RIFI e 19% na HI em caprinos. Ortega et al. (2005), com ovinos, revelou
diferença significativa entre RIFI e HI, não sendo, segundo esse autor, indicada
a substituição de uma técnica pela outra.
CONCLUSÃO
Nas condições em que se realizou este estudo a RIFI apresenta-se mais
adequada que a HI para a detecção de anticorpos anti-Toxoplasma Gondii.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLOOD, D.C.; O.M. RADOSTITS. Medicina Veterinaria. 6. ed. España: Interamericana, 1992. 1306p.
CAMARGO, M.E. et al. Um teste prático para a sorologia da toxoplasmose:
o teste de hemaglutinação. Estudo comparativo com os testes de imunofluorescência e imunoenzimático de captura de IgM. Revista Brasileira de Patologia
Clínica, v.22, n.6, p.196-201, 1986.
D´ANGELINO, J.L.; ISHIZUKA, M.M. Toxoplasmose suína. Inoculação experimental com taquizoítos de Toxoplasma gondii por via intraperitoneal. Evolução de anticorpos revelados pela prova de imunofluorescência indireta e hemaglutinação. Boletín de la Oficina Sanitaria Panamericana, v.100, n.4, p.400-410,
1986.
JACOBS, L. et al. The resistance of the encysted form of toxoplasma gondii.
Jounal of Parasitology, v.46, p.11-21, 1960.
KAWAZOE, U. Toxoplasma gondii In: NEVES, D. P. Parasitologia Humana.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
179
José Eduardo Marques da SILVA1; Glenda Lídice de Oliveira Cortez MARINHO2; Edenilze Teles ROMEIRO3; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO4; Márcia Almeida de MELO5
10. ed.São Paulo: Atheneu, 2000. p.147-156.
LANGONI, H. et al. Inquérito soroepidemiológico para a toxoplasmose em
ovinos no Estado de São Paulo. Brasil Biológico, v.61,n.1, p.35-39, 1999.
LARSSON, C.E. et al. Ocorrência de toxoplasmose ovina determinada pela reação de Sabin-Feldman em animais de Uruguaiana, RS, Brasil. Revista de Saúde
Pública, v.14, p.582-8, 1980.
MACIEL, K.P. Inquérito sorológico para detecção de anticorpos de Toxoplasma gondii em caprinos (Capra hircus) criados nos municípios de Gravataí e
Viamão, região da grande Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Dissertação
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul), 2004.
NOGUEIRA, A.S. et al. Toxoplasmose: diagnóstico e tratamento. Jornal Brasileiro de Medicina, v.71, n.2, p.38-41, 1996.
ORTEGA, S.I.H. Concordancia entre las pruebas de hemaglutinación indirecta
e inmunofluorescencia indirecta para determinar la prevalencia de toxoplasma
gondii en ovinos. Lima, 2005. Monografia – Universidad Nacional Mayor de
San Marcos. Peru, 2005.
SERRA-FREIRE, N.M. et al. Toxoplasmose caprina no Rio de Janeiro. Parasitologia al Día, v.18, p.77-81, 1994.
180
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Andresa Pereira da SILVA1, Géssica Soares CAVALCANTE2, Carlos Antônio Sombra JUNIOR3, Claudiana Costa de LIMA4,
Katiane Queiroz da SILVA5, Charles Ielpo MOURÃO6
AVALIAÇÃO SANITÁRIA E DE BEM ESTAR ANIMAL DE BOVINOS ABATIDOS
NO MATADOURO DE LIMOEIRO DO
NORTE, CEARÁ
Health evaluation and well-being slaughtered cattle animal in Limoeiro do Norte slaughter,
Ceará
Universidade Estadual do Ceará, GCB. andresa_pereira08@
hotmail.com
2
Universidade Estadual do Ceará, MCV. gessicascavalcante@
gmail.com
3
Universidade Estadual do Ceará, GCB. carlossombra92@
gmail.com
4
Universidade Estadual do Ceará, GCB. claudianacl@yahoo.
com.br
5
Universidade Estadual do Ceará, DBiotec. katiane1002@
yahoo.com.br
6
Universidade Estadual do Ceará, MCM. charles.ielpo@uece.
br
1
Andresa Pereira da SILVA1, Géssica Soares CAVALCANTE2, Carlos Antônio Sombra JUNIOR3, Claudiana Costa de LIMA4, Katiane Queiroz da SILVA5, Charles Ielpo MOURÃO6
PA L AV R A S - C H AV E
Bem estar animal. Estresse animal. Qualidade da carne.
KEYWORDS
animal welfare. Animal stress. Meat quality.
INTRODUÇÃO
Para garantir o bem estar, a criação animal precisa aprimorar as técnicas
de manejo pré e pós abate, atendendo assim, o desejo da população em consumir
carne de animais abatidos dentro dos padrões éticos sugeridos (Souza, 2011). O
aprimoramento dessas técnicas ajuda a reduzir o estresse dos animais durante a
sua rotina, pois as diversas etapas de pré-abate como, por exemplo, o embarque
dos animais na fazenda e transporte até o frigorífico podem contribuir para o
estresse animal (Pessoa, 2007).
De acordo com Luchiari Filho (2000), a diminuição na qualidade no
que diz respeito à maciez, por exemplo, pode ocasionar carnes mais duras se
comparadas àqueles que não sofreram estresse, sendo este tipo de problema
diretamente relacionado ao manejo dispensado no período anterior ao abate. O
conhecimento das fontes de estresse animal durante o manejo pré e pós abate,
torna-se fundamental para o aprimoramento dessas técnicas, resultando em um
abate que assegure o bem estar animal. Neste contexto, a pesquisa objetiva avaliar as condições de pré-abate em um abatedouro em um Munícipio Cearense.
MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa foi conduzida no abatedouro municipal de Limoeiro
do Norte-CE, em agosto de 2014.
Realizaram-se cinco visitas no abatedouro, nas quais pôde-se acompanhar a rotina normal de trabalho do estabelecimento e observar o comportamento dos
funcionários e a reação dos animais, apenas bovinos, durante os procedimentos
de manejo pré-abate.
Aplicou-se, também, um questionário estruturado composto por 49 perguntas. A partir dessas atividades, avaliaram-se também 23 bovinos em um período de 24 h seu comportamento perante as etapas de abate e os indicadores de
estresse e bem-estar animal.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
181
Andresa Pereira da SILVA1, Géssica Soares CAVALCANTE2, Carlos Antônio Sombra JUNIOR3, Claudiana Costa de LIMA4,
Katiane Queiroz da SILVA5, Charles Ielpo MOURÃO6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O abatedouro apresenta vias de acesso adequado, iluminação suficiente,
ventilação adequada, além de currais de chegada de matança e de observação,
boxe de atordoamento, lavatórios de mão, piso e revestimento da parede, todos
adequados. De acordo com Costa et al. (2012), as instalações agropecuárias
devem ser adequadas de modo a não causar danos ao animal (couro e carcaça) e garantir o bem-estar e a segurança do pessoal responsável pelo manejo
dos animais. Entretanto, a estrutura dos currais não apresenta declividade, nem
escoamento de resíduos ou chuveiros de aspersão. O piso dos bovinos é de paralelepípedo. Além disso, não existe controle rotineiro de pragas e nem acondicionamento adequado do lixo no abatedouro. Às vezes há a presença de animais
domésticos, e a higiene geral do ambiente é inadequada. As más condições higiênicas do local podem ocasionar a proliferações de doenças em animais como
também nos trabalhadores.
Em relação ao pré-abate, há a recepção, identificação e repouso, abegoaria limpa e seca que evita conspurcação dos animais. Não há demora desnecessária na descarga de animais, visto que a densidade é superior 550kg/g, não
ocorre lavagem de animais sujos antes do abate. O tempo médio de descanso do
pré-abate são oito horas (Figura 1). Os animais são sujeitos a exame ante-mortem, no qual verifica os certificados de vacinação e sanidade dos animais. O abatedouro analisado não realiza exame post-mortem consiste no exame sensorial e
macroscópico em que se observa a cor, o odor, o aspeto e a consistência de todas
as partes do animal abatido, com o objetivo de assegurar que carne imprópria
para consumo não seja colocada no mercado. As características do abate são
evidenciadas na Tabela 1.
O transporte e o manejo pré-abate estão associados a uma série de eventos estressantes aos animais e que podem comprometer tanto o bem-estar dos
animais quanto a qualidade da carne (Ljungberg et al., 2007), causando sofrimento aos animais e prejuízos econômicos para produtores e frigoríficos.
O manejo pré-abate influência significativamente a qualidade da carne e do couro e no aproveitamento da carcaça. Além das perdas decorrentes de contusões e
hematomas, o estresse vivenciado por esses animais durante o manejo, na propriedade ou em abatedouros mal planejados, diminui sua qualidade e vida útil
(COSTA et al., 2012).
Observou-se no pré-abate que os bovinos frequentemente urinam, apresentaram respiração forçada e movimentos da cauda. Esses comportamentos
podem indicar sinais de estresse durante o processo. O termo estresse é uma expressão, referente a ajustes fisiológicos, tais como alterações no ritmo cardíaco
e respiratório, temperatura corporal e pressão sanguínea, que ocorrem durante
a exposição do animal a condições adversas (Batista et al., 1999). O abate de
bovinos é feito por meio de pistola bala cativa, porém quando esta não funciona,
o abate ocorre de forma inadequada, através do uso da marreta. A utilização de
marreta como método de abate promove grave lesão do tecido ósseo com afundamento da região atingida.
O tempo de sangria (figura 1) dos animais no referido abatedouro, é de
três minutos após insensibilização, ultrapassando os limites da Instrução Normativa n° 3/MAPA 2000, a qual indica a realização de sangria, no máximo, um
minuto após a insensibilização.
182
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Andresa Pereira da SILVA1, Géssica Soares CAVALCANTE2, Carlos Antônio Sombra JUNIOR3, Claudiana Costa de LIMA4,
Katiane Queiroz da SILVA5, Charles Ielpo MOURÃO6
CONCLUSÃO
O abatedouro analisado, apesar da reforma, a qual tem promovido melhoria da estrutura física e das condições higiênicas sanitárias, ainda não segue
todos os protocolos determinados pela legislação vigente.
Os bovinos analisados apresentaram comportamentos indicadores de
estresse no pré-abate, influenciando diretamente na qualidade da carcaça para
expedição. Esse estresse pode estar associado ao transporte dos animais, como
também ao uso da marreta, método este proibido por lei, que causa dor e sofrimento ao animal, fugindo totalmente da regra de proteção e bem-estar animal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, D. J. C.; SILVA, W. P.; SOARES, G. J. D. Efeito da distância de
transporte de bovinos no metabolismo post-mortem. Revista Brasileira de Agrociência, 1999, vol. 5 nº 2, p. 152-156.
BRASIL. Instrução Normativa nº 3, de 17 de janeiro de 2000. Estabelece Regulamento técnico de métodos de insensibilização para o abate humanitário de
animais de açougue; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 24 de janeiro de 2000, Seção 1, p. 14-16.
COSTA, M. J. R. P. et al. Strategies to promote farm animal welfare in Latin
America and their effects on carcass and meat quality traits. Meat Science, Vol.
92, Issue 3, pp. 221-226, 2012.
LJUNGBERG, D, GEBRESENBET, G, ARADOM, S. 2007. Logistics chain of
animal transport and abattoir operations. Biosystems Engineering.
LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da carne bovina. 1.ed. São Paulo: A. Luchiari
Filho, 2000. 134p.
PESSOA, Sérgio F.; Manejo Racional de Currais para bovinos. Londrina – PR.
2007. Disponível em: < www.camposecarrer.com.br/.../14112008161008-manejo-racional-curral.ppt>. Acesso em: 07/09/2010.
SOUZA, Bonifácio Benício de. Adaptabilidade e bem-estar em animais de produção. Disponível em http://webcache.googleusercontent.com/search Acesso
em 23 de abril de 2011.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
183
Andresa Pereira da SILVA1, Géssica Soares CAVALCANTE2, Carlos Antônio Sombra JUNIOR3, Claudiana Costa de LIMA4,
Katiane Queiroz da SILVA5, Charles Ielpo MOURÃO6
Figura 1. Características do abate realizado pelo abatedouro municipal de Limoeiro do Norte, Ceará.
Características de Abate
Tempo de descanso
Tipo de Abate
Raças de Bovinos
Número de animais abatidos
Tempo de sangria
Fisiologia do Animal
Local do abate
Descarga de animais
Exames
Fonte: própria autor
Observado no matadouro
Oito horas
Pistola bala cativa/marreta
Girolando, Nelore, Holandês e SRD
23 por hora/ 215 por mês
três minutos
Urinam frequentemente, apresentam repiração forçada e movimentos de cauda
Abegoaria limpa e seca
Não há demora
Ante-mortem
Figura 2. Curral para descanso pré-abate e boxe de sangria de bovinos no matadouro municipal de Limoeiro no Norte, CE.
184
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA3; Felipe Belizário da SILVA 4;
Kayana Cunha MARQUES5; Thayane Cristina Carneiro SILVA5
SOCIALIZAÇÃO DOS GATOS COM OUTRAS ESPÉCIES
Socialization of cats and other species
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA3;
Felipe Belizário da SILVA 4; Kayana Cunha MARQUES5; Thayane Cristina Carneiro SILVA5
Medica veterinária autônoma.
Docente da Universidade Federal Rural Semi-Árido, [email protected]
3
Médica veterinária discente de
mestrado da Universidade Federal Rural Semi-Árido.
4
Ecólogo
5
Discente da Universidade Federal Rural do Semi- Árido
PA L AV R A S - C H AV E
felinos, sociabilidade, espécies.
KEYWORDS
cats, sociability, species
1
2
INTRODUÇÃO
A domesticação dos felinos é tida como uma atividade bem recente quando comparada a de outros animais (HU et al., 2014), mesmo existindo
provas de relações de mutualismo entre homens e gatos desde 5300 anos atrás
(KURUSHIMA et al., 2012). Estima-se que foram os gatos os primeiros animais de estimação adotados pelos egípcios (LINSEELE et al., 2007). Os gatos
se tornaram os animais mais populares do mundo nas ultimas décadas, adquirindo maior espaço entre os pets (DRISCOLL et al., 2009). Pois conseguiram
facilmente adaptar seu estilo de vida a ambientes fechados (JONGMAN, 2007),
foram retirados de seu habitat natural e passaram a conviver em proximidade
com o homem. Neste contexto, adquiriram papeis variados na sociedade, como,
no desenvolvimento cognitivo em crianças, manutenção da saúde mental da sociedade e facilitador das relações humanas (BEAVER, 2005). Nos EUA, o número de gatos domésticos superou o de cães em 2012 (Pet Food Institute http://
petfoodinstitute.org), bem como na Europa (The European Pet Food Industry
http://fediaf.org) no mesmo ano. Alguns tutores relatam perceber semelhança de
temperamento em alguns animais de mesma cor de pelagem, e existem autores
que ainda citam essas características. Animais pertencentes a uma mesma colônia apresentam comportamentos de cuidado e carinho, como lamber uns aos outros, tocarem os focinhos, brincar e dormir juntos (ELLIS et al., 2013; PACHEL,
2014), esfregar cabeça ou corpo em outro gato e dividir recursos como comida
e água (PACHEL, 2014). Em contrapartida, por reconhecerem os membros da
colônia, a maioria dos animais se torna agressivo quando em contato com gatos
não familiares (ELLIS et al., 2013). Com os humanos, interagem também de
forma carinhosa, ronronando, esfregando a face em partes do corpo humano,
subindo no colo para ser afagado, permanecendo em proximidade física, inclinando o corpo para a mão de uma pessoa que não está interagindo com eles e
rolando de um lado para o outro, mostrando a barriga (ELLIS et al., 2013), dentre outros. Portanto a interação entre os gatos a as outras espécies pode ocorrer,
porém observa-se que os gatos apresentam comportamentos pouco interativos.
Desta forma esse trabalho objetivou analisar a sociabilização dos gatos com
outras espécies.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
185
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA3; Felipe Belizário da SILVA 4;
Kayana Cunha MARQUES5; Thayane Cristina Carneiro SILVA5
MATERIAL E MÉTODOS
Para atingir os objetivos fora realizado a aplicação de 200 questionários
com os tutores dos animais. Os pré-requisitos para participar da pesquisa eram
ter tutoria de pelo menos um gato e possuir mais que 18 anos. As informações
foram coletadas através de questionário estruturado realizado com os tutores dos
animais. Ao final a análise estatística foi realizada com o programa R (2013)
utilizando-se o teste exato de Fisher, com nível de significância de 5% (p<0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos dados obtidos com os questionários pode-se observar que
23 gatos (11,5%) não conviviam com outros animais enquanto que 177 gatos
(88,5%) conviviam com outros animais. Do total que convivia com outros animais, 35,5% conviviam apenas com animais da mesma espécie; 6,5% conviviam apenas com cães e 46,5% conviviam com cães e gatos concomitantemente
(Figura 1). Em um estudo realizado por Ramos (2009), 75% dos animais moravam com pelo menos outro gato e uma pequena maioria (56%) tinha contato
com animais de outras espécies. Em nosso estudo, o índice de animais que moravam com pelo menos outro gato foi maior (82%) e o índice de animais que
tinham contato com animais de outras espécies foi discretamente menor (53%),
diferindo também de Kendall e Ley (2006), em que 50% das casas tinham mais
de um gato e 30% possuíam outros animais. A maior parcela dos proprietários
entrevistados não possuía crianças em casa (159 = 79,5%), índice inferior ao
obtido por Kendall e Ley (2006), onde 54% dos entrevistados possuíam crianças
em casa. Quando analisamos os comportamentos dos gatos em relação aos cães
verificamos que quanto ao comportamento de brincar observou-se que a maior
parte dos animais não brinca junto (57,55%) nem se alimentam próximo um do
outro (57,55%). Todavia, nos casos em que o gato foi adquirido primeiro que o
cão foi mais favorável que se alimentassem próximos (p= 0,04818). Considerando o hábito de se alimentar próximo um do outro como indicativo de amizade, já que exige confiança, corroboramos com Terkel e Feuerstein (2008), onde
quando o gato foi adotado primeiro, houve mais casos de animais amigos do que
quando o cão foi adotado primeiro. Apenas 35,85% dos gatos dormem próximo
aos cães, enquanto que 64,15% não dormem próximo destes animais. Quanto
ao comportamento do gato lamber o cão ou vice-versa, 65,1% dos animais não
o fazem, enquanto que 34,9% dos gatos lambem o cão ou vice-versa (Figura
2). De acordo com Terkel e Feuerstein (2008), cães machos e fêmeas exibiram
comportamentos semelhantes em relação aos gatos.
CONCLUSÃO
Podemos concluir que, de um modo geral, os gatos evitam o contato com
as outras espécies, demonstrando uma baixa capacidade de socialização com
animais de outras espécies; no entanto, pode-se verificar que quando a adoção
do gato é feita primeiro que a adoção do cão esses laços de confiança aumentam,
consequentemente a socialização dos felinos domésticos aumenta.
186
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA3; Felipe Belizário da SILVA 4;
Kayana Cunha MARQUES5; Thayane Cristina Carneiro SILVA5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEAVER, B. V. Comportamento Felino: um guia para veterinários. 2ª ed. São
Paulo: Roca, 2005.
DELGADO, M. M.; MUNERA, J. D.; REEVY, G. M. Human Perceptions of
Coat Color as an Indicator of Domestic Cat Personality. Anthrozoos, v. 25, n. 4,
p. 427–440, 2012.
DRISCOLL, C. A.; CLUTTON-BROCK, J.; KITCHENER, A. C.; BRIEN, S. J.
O. The Taming of the Cat. Scientific American, n. June, p. 68–75, 2009
ELLIS, L. S. H.; RODAN, I.; CARNEY, H. C.; HEATH, S.; ROCHLITZ, I.;
SHEARBURN, L. D.; SUNDAHL, E. WESTROPP, J. L. AAFP and ISFM Feline Environmental Needs Guidelines. Journal of Feline Medicine and Surgery,
v. 15, n. 3, p. 219-230, 2013
HU, Y.; HU, S.; WANG, W.; WU, X.; MARSHALL, F. B.; CHEN, X.; HOU, L.
Earliest evidence for commensal processes of cat domestication. PNAS, v. 111,
n. 1, p. 116–120, 2014.Kaelin, C. B., & Barsh, G. S. Genetics of Pigmentation in
Dogs and Cats. Annual Review of Animal Biosciences, 1(1), p.125–156, 2013.
JONGMAN, E.C. Adaptation of domestic cats to confinement. Journal of Veterinary Behavior: Clinical Applications and Research, v. 2, n. 6, p. 193–196,
2007.
LINSEELE, V.; VAN NEER, W.; HENDRICKX, S. Evidence for early cat taming in Egypt. Journal of Archaeological Science, v. 34, n. 12, p. 2081–2090,
2007.
KENDALL, K; LEY, J. Cat ownership in Australia: Barriers to ownership and
behavior. Journal of Veterinary Behavior: Clinical Applications and Research,
v. 1, n. 1, p. 5–16, 2006.
KURUSHIMA, J. D.; LIPINSKI, M. J.; GANDOLFI, B.; FROENICKE, L.;
GRAHN, J. C.; GRAHN, L. A.; LYONS, L. A. Variation of cats under domestication: genetic assignment of domestic cats to breeds and worldwide random-bred populations. Animal genetics, v. 44, p. 311–324, 2012
PACHEL, C. L. Intercat aggression: restoring harmony in the home: a guide for
practitioners. The Veterinary Clinics of North America: Small animal practice,
v. 44, n. 3, p. 565–79, 2014.
PET FOOD INSTITUTE. Cat and Dog Population. Pet Food Institute. Disponível em: <http://www.petfoodinstitute.org/?page=PetPopulation>. Acesso em:
17 abr. 2014.
RAMOS, D.; MILLS, D. S. Human directed aggression in Brazilian domestic
cats: owner reported prevalence, contexts and risk factors. Journal of feline medicine and surgery, v. 11, n. 10, p. 835–41, 2009.
FEUERSTEIN, N.; TERKEL, Joseph. Interrelationships of dogs (Canis familiaris) and cats (Felis catus L.) living under the same roof. Applied Animal Behaviour Science, v. 113, n. 1-3, p. 150–165, 2008.
FEDIAF. Statistics underline the importance of pet animals in society. The European Pet Food Industry. Disponível em: <http://www.fediaf.org/facts-figures/>.
Acesso em: 17 abr. 2014.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
187
Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA3; Felipe Belizário da SILVA 4;
Kayana Cunha MARQUES5; Thayane Cristina Carneiro SILVA5
Figura 1: Convivência dos gatos participantes, em percentual, com animais da
mesma espécie, com cães, ou com nenhum animal.
FONTE: PINHEIRO, 2014
Figura 2: Relacionamento entre gato e cão, distribuído em percentual, quanto a
brincar junto, se alimentar próximo, dormir junto e lamber um ao outro.
FONTE: PINHEIRO, 2014
188
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Raphael Magno Silva SOARES1; Nilza Dutra ALVES2; Kayana Cunha MARQUES³; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA4;
Diego Trindade Pegado MENDES3; Marcelo Cavalcante FARIAS4
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS
MORADORES DA COMUNIDADE DO
FIO NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN
SOBRE A TOXOPLASMOSE
Knowledge evaluation of citizens in community of Fio in Mossoró/ RN about Toxoplasmosis
Pós graduando em Ambiente,
Tecnologia e Sociedade pela
Universidade Federal Rural do
Semi-árido. magno_medvet@
hotmail.com
2
Docente da Universidade Federal Rural do Semi-árido. [email protected].
3
Discente de graduação da
Universidade Federal Rural do
Semi-árido. kayanamarques@
hotmail.com
1
Raphael Magno Silva SOARES1; Nilza Dutra ALVES2; Kayana Cunha MARQUES³; Vanessa
Kaliane Nunes da COSTA4; Diego Trindade Pegado MENDES3; Marcelo Cavalcante FARIAS4
PA L AV R A S - C H AV E
Toxoplasma gondii, Cães, Gatos, Zoonose.
KEYWORDS
Toxoplasma gondii, Dogs, Cats, Zoonosis.
INTRODUÇÃO
É perceptível que nos últimos anos houve um aumento na aquisição de
animais de companhia, principalmente de cães e gatos na área urbana. Esse fato
pode ser explicado pelos benefícios que tal convívio proporciona aos serem humanos. No entanto, a criação inadequada, o desconhecimento dos fundamentos
sobre a guarda responsável, associados ao baixo grau de instrução e a escassez
de legislação, altera os padrões de crescimento populacional de cães e gatos, o
que afeta diretamente o bem estar de todos os envolvidos e possibilita o aumento nas taxas de transmissão de doenças (LIMA e LUNA, 2012), com destaque
para as zoonoses. Dentre elas a toxoplasmose que é causada por um parasita
que infecta naturalmente o homem, os animais selvagens e domésticos, e os
pássaros. Essa doença tem importância em saúde pública, principalmente, pelas
alterações que causam nos fetos humanos, e de importância em produção animal
pelas perdas por aborto (FIALHO et al., 2009). É importante salientar ainda,
que os maiores índices de infecção para toxoplasmose foram encontrados no
nordeste do país, incidência acima de 75% da população (BAHIA-OLIVEIRA
et al., 2003). Desta foram considerando-se a necessidade de pesquisas sobre
a toxoplasmose, o estudo visou obter informações a respeito do conhecimento
da população da comunidade do Fio de Mossoró/RN acerca da toxoplasmose,
sua forma e modo de transmissão, buscando promover a orientação adequada e
conscientização da população, a respeito da doença.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no período de dezembro de 2014 a janeiro de
2015. O local para o desenvolvimento da pesquisa foi a comunidade do Fio
próximo ao bairro de Santa Delmira, em Mossoró-RN, a qual apresenta uma
população carente e sérios problemas de infraestrutura básica. Constou da apliCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
189
Raphael Magno Silva SOARES1; Nilza Dutra ALVES2; Kayana Cunha MARQUES³; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA4;
Diego Trindade Pegado MENDES3; Marcelo Cavalcante FARIAS4
cação de 207 questionários composto por questões fechadas e abertas, contendo
em algumas delas espaço para o registro da opinião do participante da pesquisa.
Estaria apto a participar da pesquisa pessoas que residissem na Comunidade
do Fio, com idade mínima de 18 anos, de ambos o sexo, independente do grau
de escolaridade. Os questionados assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE) confirmando sua participação voluntária na pesquisa. O
questionário enfatizou a respeito do conhecimento da população da comunidade
sobre a toxoplasmose, modo e forma de transmissão da doença. Os dados obtidos foram analisados com auxílio do Microsoft Office Excel® (Versão 2007,
Redmond, WA), e analisados de modo descritivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente, indagamos aos questionados se os mesmos já tinham conhecimento a respeito da toxoplasmose e observou-se que 88% (182) afirmaram
não ter ouvido falar na doença e 12% (25) afirmaram já ter ouvido falar. Esse
fato gera preocupação considerável tanto para a saúde médica, como médica
veterinária. Pois, não conhecer sobre o tema, implica na qualidade de vida e
consequentemente na saúde da população como um todo. Quando questionado
aos moradores da comunidade do Fio a respeito da participação dos animais de
companhia (cães e gatos) na transmissão da toxoplasmose para os seres humanos, 93,5% (196) não sabiam e 5% (8) afirmaram conhecer a participação do
gato para a transmissão da doença, e 1,5% (3) afirmam que ambos (cães e gatos)
participam do ciclo de transmissão da doença (Figura 1). Hill e Dubey (2002)
relataram que apenas 1% da população de gatos libera em algum momento da
vida os oocistos. Portanto, as formas de transmissão precisam ser esclarecidas
para a população desta comunidade, pois a transmissão em humanos geralmente
ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados com oocistos excretados por fezes de gatos infectados, pela ingestão de carne crua, mal cozida
contendo oocistos, ou por transmissão congênita através da placenta infectada
(LOPEZ et al., 2000; WONG e REMINGTON et al., 1994). Assim, observa-se
que a ocorrência da toxoplasmose está intrinsecamente ligada com o meio ambiente, tendo em vista que os oocistos além de infectar demais fatores, estes são
altamente resistentes a condições ambientais, favorecendo assim, o contágio ao
ser humano (MONTAÑO et al., 2010). No que diz respeito ao modo de transmissão, 97% (201) dos moradores da comunidade do Fio não sabiam como era
transmitida a toxoplasmose, 2% (4) afirmaram que podia ser transmitida através
do contato pelas fezes do gato e 1% (2) através de mordedura e arranhadura (Figura 2). Assim, o que pode ser observado com esses dados é a existência de precariedade da população no que diz respeito ao conhecimento sobre tal doença e
o seu modo de transmissão, o que acaba tornando-os estes sujeitos susceptíveis
ao risco de contrair e expor a doença. Portanto, o conhecimento sobre o que é
toxoplasmose, suas formas de transmissão e medidas preventivas, proporciona diminuir a contaminação e manifestação da infecção, e consequentemente minimiza sua ocorrência e danos a saúde da população. Milano e Oscherov
(2002) citaram que o conhecimento sobre toxoplasmose mostra-se importante
para não se adquirir a infecção, todavia, esse conhecimento referente à infecção
nem sempre, ou dificilmente alcança toda a população que é exposta ao risco
constante de contração como é o caso da comunidade pesquisada.
190
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Raphael Magno Silva SOARES1; Nilza Dutra ALVES2; Kayana Cunha MARQUES³; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA4;
Diego Trindade Pegado MENDES3; Marcelo Cavalcante FARIAS4
CONCLUSÃO
De acordo com os dados obtidos nessa pesquisa é possível concluir que: a população da comunidade do Fio mostrou carência de informação a cerca da forma e
modo de transmissão da toxoplasmose. Desta forma é necessário a interferência
dos órgãos publicas para orientação da comunidade sobre essa doença.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAHIA-OLIVEIRA, L. M. G.; JONES, J. L.; AZEVEDO-SILVA, J.; Alves, C.
C., ORÉFICE, F.; ADDISS, D. G.. Highly endemic, waterborne toxoplasmosis
in north Rio de Janeiro state, Brazil. Emerging infectious diseases, 9 (1), (2003).
FIALHO, C. G.; TEIXEIRA, M. C.; ARAÚJO, F. A. P. Toxoplasmose animal no
Brasil. Acta Scientiae Veterinariae. v. 37, n. 1, p. 21-23, 2009.
LOPEZ A,; DIETZ V.J.; WILSON M,; Preventing Congenital Toxoplasmosis.
Morb Mort Week Report 49: 57-71, 2000.
LIMA A. F. M.; LUNA S. P. L. Algumas causas e consequências da superpopulação canina e felina: acaso ou descaso?. Revista de Educação Continuada em
Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP / Journal of Continuing Education in Animal Science of CRMV-SP, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 32–38, 2012.
MILANO, L. S.; OSCHEROV, E. B. Contaminación por parasitos caninos de
importância zoonotica em playas de laciudad de Corrientes, Argentina. Parasitol
Latino, v. 57, n. 3-4, p. 21-28, 2002.
HILL, D. E.; DUBEY, J. P. Toxoplasma gondii: transmission, diagnosis and prevention. Clinical Microbiology and Infection, v. 8, p. 634-640, 2002.
MONTAÑO, P. Y.; CRUZ, M. A.; ULLMANN, L. S.; LANGONI, H.; BIONDO, A. W. Contato com gatos: um fator de risco para a toxoplasmose congênita?
Clínica Veterinária, n. 86, p. 78-84, 2010.
WONG S.Y.; REMINGTON J.S. Toxoplasmosis in pregnancy. Clinical Infectious Diseases, 18: 853- 861, 1994.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
191
Raphael Magno Silva SOARES1; Nilza Dutra ALVES2; Kayana Cunha MARQUES³; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA4;
Diego Trindade Pegado MENDES3; Marcelo Cavalcante FARIAS4
Figura 1: Conhecimento dos moradores a respeito da participação dos animais
de companhia na transmissão da toxoplasmose.
Fonte: SOARES, 2015.
Figura 2: Modo de transmissão da toxoplasmose segundo os questionados.
Fonte: SOARES, 2015.
192
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Telma de Sousa LIMA¹, Manuela Costa de MENEZES², Parmênedes Dias de BRITO³, Franklin Amado de SOUZA4, Carlos
Iberê Alves FREITAS5, Dejair MESSAGE6
MEIOS DISPERSÃO DE Nosema ceranae
EM Apis mellifera AFRICANIZADA NO
MUNICÍPIO DE MOSSORÓ-RN
Means dispersion of Nosema ceranae in Apis mellifera in the city of Mossoró -RN
¹Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, UFERSA, DCA [email protected]
²Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
[email protected]
³Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
parmenedesdbrito@hotmail.
com
4
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
[email protected]
5
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
[email protected]
6
Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, UFERSA, DCA [email protected]
Telma de Sousa LIMA¹, Manuela Costa de MENEZES², Parmênedes Dias de BRITO³, Franklin
Amado de SOUZA4, Carlos Iberê Alves FREITAS5, Dejair MESSAGE6
PA L AV R A S - C H AV E
diagnóstico, afecções, abelhas, Nordeste
KEYWORDS
diagnosis, diseases, bees, Northeast
INTRODUÇÃO
As abelhas constituem um importante componente da natureza principalmente por garantirem a polinização de inúmeras espécies vegetais e, se bem manejadas, possibilitam grandes lucros aos produtores. Das enfermidades apícolas,
a nosemose figura como uma doença fúngica que ganhou grande importância
na apicultura brasileira por ter reaparecido com uma agente de potencial virulência denominado Nosema ceranae. Este parasita intracelular obrigatório age
infectando desde insetos até mamíferos vertebrados e, em abelhas Apis, infecta
essencialmente células do sistema digestivo.
Dada a importância econômica e sanitária que a nosemose pode adquirir,
faz- se necessário a identificação das áreas afetadas e qual a espécie de Nosema
spp envolvida nos Estados brasileiros, na tentativa de traçar um perfil epidemiológico eficaz da doença, e considerar estratégias que limitem seus efeitos na
colônia.
Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi verificar a presença de Nosema spp em cidades do Estado do Rio Grande do Norte, identificando a espécie
envolvida, observando sua prevalência nos enxames recém-capturados e o percentual no pólen corbicular.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado em duas etapas, sendo a primeira delas
em 3 propriedades na Região Assu-Mossoró: Serra do Mel (SMe); Alto
do Rodrigues (ARo); e na cidade de Upanema (UPa), e a segunda etapa, no
Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura-CETAPIS, Município de
Mossoró, Rio Grande do Norte – Brasil. Foram instaladas caixas iscas nas
propriedades visitadas para subsequente avaliação dos enxames que viessem a
povoar as colmeias.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
193
Telma de Sousa LIMA¹, Manuela Costa de MENEZES², Parmênedes Dias de BRITO³, Franklin Amado de SOUZA4, Carlos
Iberê Alves FREITAS5, Dejair MESSAGE6
As abelhas campeiras eram coletadas através de aparelho sugador portátil, precedido de obstrução do alvado com esponja. Os indivíduos coletados foram armazenados em álcool 70% até processamento. Já a coleta de pólen
foi realizada no CETAPIS, sob acoplamento de coletores de pólen ao fundo
da colmeia. Para realização dessa etapa foram instaladas 14 colmeias (Langstroth) negativas (por meio de microscopia óptica) para nosemose, sendo 7
delas sorteadas para manter os coletores fixos. Após coleta, o pólen foi armazenado em sacos plástico, sendo separados por cor, para posterior pesquisa de Nosema sp. A contagem dos esporos/mm³ foi realizada e extraída sua média, sendo
o resultado obtido expresso conforme fórmula: Ῡ x 25x 104, onde Ῡ é igual à
média dos 5 campos analisados na câmara de Neubauer (CANTWELL, 1970;
CORNEJO & ROSSI, 1974). Amostras de pólen corbicular e abelhas campeiras
foram encaminhadas ao Laboratório de Sanidade Apícola- LASA/SP, para diagnóstico molecular (PCR).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Mediante análise molecular, foi constatado que os esporos encontrados
na Região Assu-Mossoró e CETAPIS correspondem a Nosema ceranae. Essa é
a primeira vez que esse patógeno é detectado e confirmado, por técnicas moleculares, no Estado do Rio Grande do Norte. Anteriormente foi detectado no município de Ceará Mirim mas não havia sido confirmada a espécie (MESSAGE,
com. pessoal). No Brasil esse patógeno foi detectado pela primeira vez no estado
de São Paulo em 2006 (KLEIN et al. 2007). A alta prevalência da N. ceranae no
Brasil e no mundo pode estar relacionada com suas características reprodutivas,
sendo possível sua proliferação dentro de uma maior amplitude térmica, além de
uma maior resistência às intempéries ambientais conferida pela fase de esporos
no meio ambiente. Estas particularidades fazem da Nosema ceranae um agente
com uma capacidade de propagação muito maior que a Nosema apis (PAXTON
et al., 2007). Nosema ceranae não apresenta sazonalidade e pode-se detectar
seus esporos em amostras em qualquer época do ano (MARTÍN HERNÁNDEZ
et al. 2007).
No presente estudo, não foi observada prevalência maior que 60% de
esporos nos enxames recém-capturados de Apis mellifera africanizada, durante
o período de abril a junho de 2014. Foram obtidos, em ordem decrescente: 60%
(Upanema- Upa); 48% (Serra do Mel- Sme) e 32% (Alto do Rodrigues- ARo).
A diferente prevalência de Nosema ceranae nas cidades visitadas pode ser
reflexo do trajeto dos enxames, sua procedência ou mesmo a causa originária
da enxameação. Winston (1981) afirma que fatores como pólen contaminado,
doenças e falta de alimento, dentre outros, contribuem para o processo enxameatório. Isso pode refletir a qualidade do enxame que está deixando determinada
região e povoando outra.
Após análises, verificou-se que o percentual de esporos no pólen corbicular retido em coletores polínicos variou entre 14, 28% (nas primeiras semanas) e 42,85% (na última semana). E, quando se compara com o percentual de
abelhas infectadas nesse mesmo período, verifica-se, na tabela
01, que o percentual de infecção aumentou de acordo com o percentual de esporos no pólen. A presença de esporos no pólen permite afirmar que o pólen
194
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Telma de Sousa LIMA¹, Manuela Costa de MENEZES², Parmênedes Dias de BRITO³, Franklin Amado de SOUZA4, Carlos
Iberê Alves FREITAS5, Dejair MESSAGE6
fornecido ou coletado em floradas contaminadas contribui efetivamente para
a contração do patógeno. Nunes e Pereira (2015) afirmam que apenas a N. apis
elimina seus esporos por via fecal e que no caso da N. ceranae, a contaminação
do material apícola com esporos explicaria uma das formas de contágio. Do
mesmo modo, as abelhas infectadas podem contaminar o material quando são
esmagadas durante o manejo (MALONE et al., 2001).
As implicações da nosemose sugerem impactos negativos em diversas
partes do mundo, (NUNES, 2015), sendo que um manejo adequado com fornecimento de alimentação em épocas de pouca florada, água limpa e ambiente
propício, conferem medidas profiláticas indispensáveis ao desenvolvimento de
um apiário livre de doenças.
CONCLUSÕES
A Nosema ceranae está presente tanto nos enxames capturados quanto
no pólen corbicular analisados nesse estudo, não ultrapassando, respectivamente, 60% e 43%, sugerindo que tais meios contribuem efetivamente na dispersão dos esporos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
CANTWELL G.E. Standard methods for counting nosema spores. American
Bee Journal. 110: p.222- 223, 1970.
CORNEJO, L. G. ROSSI, C. O. Enfermedades de las abejas, su profi laxis y
prevención. Ediciones Hemisferio Sur. Buenos Aires, Argentina. p. 238, 1974.
KLEIN, A.M., VAISSIERE, J.H., CANE, J.H., STEFFAN-DEWENTER, I.,
CUNNINGHAM, S.A., KREMEN, C., and
TSCHARNTKE, T. Importance of pollinators in changing landscapes for
world crops. Proceeding of the Royal Society of London B: Biological Science.
274. p. 303– 313, 2007
MALONE L. A., H. S. GATEHOUSE, and E. L. TREGIDGA. Effects of time,
temperature, and honey on Nosema apis (Microsporidia: Nosematidae), a parasite of honeybee, Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae). Journal invertebrate
Pathology.
77. p.258-268, 2001.
MARTIN-HERNANDEZ, R. et al. Outcome of Colonization of Apis mellifera
by Nosema ceranae. Applied and Environmental Microbiology, p. 6331–
6338, 2007.
NUNES, Felipe. Nosemose. Disponível em: <http://www.hifarmax.com/html/
apicultura/ doencas/nosemose.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2015.
NUNES, Felipe; PEREIRA, Frederico. Nosema ceranae, uma ameaça real. DisCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
195
Telma de Sousa LIMA¹, Manuela Costa de MENEZES², Parmênedes Dias de BRITO³, Franklin Amado de SOUZA4, Carlos
Iberê Alves FREITAS5, Dejair MESSAGE6
ponível em: <http://www.hifarmax.com/fckeditor_files/f ile/nosemaceranae.
pdf>. Acesso em: 19 fev. 2015.
PAXTON, R. J.; KLEE, J.; KORPELA, S.; FRIES, I. Nosema ceranae has
infected Apis mellifera in Europe since at least 1998 and may be more
virulent than Nosema apis. Apidologie, v. 38, n. 6, p. 558-565, 2007.
WINSTON M. L.; DROPKIN, J. A. & TAYLOR O.R.. Demography and life
history characteristics of two honey bee races (Apis mellifera). Oecologia. 48:
p. 407-413, 1981.
Tabela 01. Prevalência de Nosema ceranae no extrato de abelhas campeiras provenientes de enxames recém-capturados na Região Assu-Mossoró/RN, Brasil,
de abril a junho de 2014.
Cidade
Sigla
Nº quadro*
Total
Positivas Prevalência %
Upanema
Upa
4,71
25
15
60
Serra do Mel
SMe
4,97
25
12
48
Alto do rodrigues
ARo
5,10
25
8
32
*Média de quadros preenchidos por enxame capturado (colmeia Langstroth, 10 quadros)
196
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Telma de Sousa LIMA¹; Manuela Costa de MENEZES²; Ismael Lira BORGES³; Jael Soares BATISTA4
ESTUDO DE Leptospira sp. EM ÉGUAS DE
VAQUEJADA NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ-RN
Study of Leptospira sp. in mares of vaquejada in city of Mossoró-RN
Telma de Sousa LIMA¹; Manuela Costa de MENEZES²; Ismael Lira BORGES³; Jael Soares
BATISTA4
¹Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, UFERSA, DCAn.
[email protected]
²Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, UFERSA, DCAn
[email protected]
³Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, UFERSA, DCAn [email protected]
4
Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, UFERSA, DCAn
[email protected]
PA L AV R A S - C H AV E
equinos, aborto, leptospirose, semi-árido
KEYWORDS
horses, abortion, leptospirosis, Semiarid
INTRODUÇÃO
A leptospirose é uma zoonose infecciosa com prevalência mundial provocada por bactérias do gênero Leptospira e que, segundo Godoy et al. (2009),
caracteriza-se por febre, icterícia, hemorragia pulmonar, manifestações nervosas centrais, uveíte ou cegueira e, principalmente, por gerar transtornos reprodutivos, como abortos e mumificação fetal, podendo levar inclusive a óbito.
Em equinos, abortos e mortalidade perinatal são responsáveis por grandes perdas econômicas para seus criadores, sendo a frequência de abortos nesta
espécie variável entre 8%-19% (LAUGIER et al., 2011). Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi relatar a presença de Leptospiras sp. em éguas de
vaquejada numa propriedade do Município de Mossoró-RN.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi conduzido num haras em Mossoró-RN, de onde foram
registrados 5 casos de aborto em éguas da raça Quarto de Milha. Nesses animais
(N 01, N 02, N 03, N 04 e N 05), realizou-se exame clínico (observando estado nutricional, temperatura retal, frequência cardíaca, respiratória e coloração
de mucosas) e sorológico, para pesquisa de aglutininas anti-Leptospira frente
a 22 diferentes sorovares, segundo a prova de soroaglutinação microscópica
(SAM). Foram coletados 20 mL de sangue, mediante antissepsia adequada, para sequente obtenção do soro. Apenas um animal foi submetido ao exame
necroscópico, realizado antes da pesquisa por Leptospira sp., sendo avaliado a
placenta e o feto do mesmo, procedendo-se coleta e fixação dos fragmentos em
solução formalina a 10% (placenta e órgãos das cavidades torácica, abdominal
e do sistema nervoso central do feto) para subsequente exame histopatológico.
O soro foi enviado ao Laboratório de Bacterioses da Universidade Federal da
Bahia. Foram considerados positivos os títulos maiores ou iguais a 1:100.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
197
Telma de Sousa LIMA¹; Manuela Costa de MENEZES²; Ismael Lira BORGES³; Jael Soares BATISTA4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O nascimento de um potro de alta linhagem genética representa parte
considerável do investimento em criação de cavalos de vaquejada. Dessa forma,
abortos e mortalidade neonatal constituem causa de grandes prejuízos econômicos na criação de equinos destinados a competições.
Considerando-se os parâmetros clínicos analisados, os animais avaliados no presente estudo não apresentaram alterações evidentes, entrando em
conformidade com Lilenbaum (1996), que afirma não existir, obrigatoriamente,
uma relação entre títulos sorológicos e infecção propriamente dita, embora tradicionalmente considera-se que animais com títulos sorológicos acima de 1:200
apresentam evidências de infecção recente. O fato dos animais em estudo não
terem manifestado sinais clínicos característicos pode estar associado ao estado nutricional e condicionamento físico requeridos pela categoria e mantidos
nos animais observados em estudo.
Conforme a tabela 01, percebe-se que, dos 5 animais avaliados, 4 (80%)
deles foram reagentes para presença de aglutininas anti-leptospiras, sendo
égua N 01: sorovar Pomona; égua N 02 sorovar Hardjo; égua N 03 para o sorovar Icterohaemorragiae e N04 para Copenhageni. Os sorovares observados
na presente pesquisa correspondem aos encontrados, em maior frequência, nos
Estados do Paraná (MARINHO et al. 2010), Bahia (SIQUEIRA, 2012) e
Minas Gerais (MOREIRA et al. 2008).
O animal que abortara cinco dias antes da sorologia (N 02), apresentou
o maior título (1:400), fato que permite sugerir contato recente do animal
com a Leptospira sp. O aborto é relatado frequentemente por tratadores e veterinários de equinos de vaquejada, sendo a leptospirose muito associada a esses
eventos nos últimos anos. Vale salientar que a infecção materna pode afetar
o crescimento e a maturidade dos fetos, predispondo ao abortamento, prematuridade ou mortalidade perinatal (PESCADOR et al. 2004).
No exame anatomopatológico da placenta observou-se: cotilédones edemaciados, de coloração vermelho escura, com áreas focais enegrecidas,
friáveis e necróticas. No exame necroscópico do feto observou-se icterícia,
presença de líquido serossanguinolento na cavidade abdominal, torácica
e saco pericárdico, áreas multifocais de hemorragia no fígado, coração e
pulmão, rins com consistência amolecida e áreas multifocais branco amarelada.
Histologicamente, observou-se necrose e inflamação do epitélio placentário coriônico; necrose difusa de hepatócitos e hepatite mononuclear; acentuada hemorragia no interstício do córtex renal, degeneração hidrópica e necrose
do das células do epitélio tubular e presença de cilindros hemáticos intratubular,
além de nefrite intersticial mononuclear e pneumonia intersticial mononuclear
difusa acentuada.
Os achados anatomopatológicos macroscópicos e histológicos observados no presente estudo assemelham-se às descritas por Marcolongo-Pereira et
198
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Telma de Sousa LIMA¹; Manuela Costa de MENEZES²; Ismael Lira BORGES³; Jael Soares BATISTA4
al. (2012) que caracterizam morfologicamente a leptospirose como uma doença
que se manifesta por icterícia, hemorragia e lesões microscópicas de natureza
degenerativa, necrótica e inflamatória. Os referidos autores recomendam que,
nos critérios histopatológicos para o diagnóstico da leptospirose devem incluir
além do descrito acima, a presença de nefrite tubulointersticial aguda ou subaguda, hepatite reativa não-específica e lesão alveolar difusa.
CONCLUSÃO
De acordo com os dados anatomopatológicos e sorológicos, pode-se
relacionar os abortos observados no presente estudo com a Leptospira sp.
refletindo sua importância no contexto sanitário e epidemiológico potiguar e
denotando maiores cuidados durante as competições e circuitos intermunicipais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GODOI, R.C.S.; LUCHEIS, S.B; FILADELPHO, A.L. Influência das Leptospiras nas infecções dos equinos- revisão de literatura. Revista científica eletrônica
de medicina veterinária. 7: 12, 2009.
LANGONI, H.; DA SILVA, A.V.; PEZERICO, S.B.; DE LIMA, V.Y.J. AntiLeptospira agglutinins in equine sera, from São Paulo, Goias, and Mato Grosso
do Sul, Brazil, 1996-2001. Journal of Venomous Animals and Toxins including
Tropical Diseases. v.10, p. 207-218, 2004.
LAUGIER, C.; FOUCHER, N.; SEVIN, C.; LEON, A.; TAPPREST, J. A 24year retrospective study of equine abortion in Normandy (France). Journal of
Equine Veterinary Science. v.31, p. 116-123, 2011.
LILENBAUM, W. Atualização em Leptospirose bovina. Revista Brasileira de
Medicina Veterinária. v. 18. n. 1, p. 9-12, 1996.
MARCOLONGO-PEREIRA, C.; ADRIEN, M.L.; LADEIRA, S.R.L.; ASSIS-BRASIL, N.D.; SCHILD, A.L.; Abortos em equinos na região Sul do Rio
Grande do Sul: estudo de 72 casos. Pesquisa veterinária brasileira. V.32, n 1, p
22-26, 2012.
MARINHO, A.P.; FINGER, M.A.P.; DECONTO, I.; DORNBUSCH, P.T.;
ULLMANN, L.S.; LANGONI, H.; BARRROS FILHO, I.R.; BARROS, C.C.;
PAMPUSCH, R.; BONANCIN, J.; MORIKAWA,V.M.; BIONDO, A.W. Leptospirose em cavalos carroceiros de Curitiba-PR e Região Metropolitana. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 13, Suplemento 2, 2010.
MOREIRA, N.; KRUNGER, E.R.; WARTH, J.F.G.; BIESDORF, S.M.; GOULARTE, M.M.M.; WEISS, R.R. Aspectos etiológicos e epidemiológicos do
aborto equino. Archives of Veterinary Science. v.3, n.1, p.25-30., 1998.
PESCADOR, C.A.; CORBELLINI, L.G.; LORETTI, A.P.; WUNDER-JÚNIOR, E.; FRANTZ, F.J.; DRIEMEIER, D. 2004. Aborto equino por Leptospira
sp. Ciência Rural. v.34, n.1, p. 271-274, 2004.
SIQUEIRA, C. C. Leptospirose equina: estudo soroepidemiológico nas regiões
metropolitana de salvador e recôncavo baiano. 2012. 75f. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Salvador - Bahia, 2012.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
199
Telma de Sousa LIMA¹; Manuela Costa de MENEZES²; Ismael Lira BORGES³; Jael Soares BATISTA4
Tabela 01 – Sorovares de Leptospira sp e títulos em soros de éguas com histórico de aborto avaliados por 2012. meio da técnica soroaglutinação microscópica
(SAM), Rio Grande do Norte, 2012.
200
Identificação
Equino 1
Equino 2
Equino 3
Sorovares
Hardjo
Pomona
Icterohaemorrhagie
Título
1/200
1/400
1/200
Equino 4
Copenhageni
1/100
Equino 5
Não reagente
-----
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Manuela Costa de MENEZES¹; Parmênedes Dias de BRITO²; Telma de Sousa LIMA³; Jamille Maia de MAGALHÃES4; José
Fernando Gomes de ALBUQUERQUE5; Carlos Iberê Alves FREITAS6
ESTUDO DA MORFOLOGIA DA SUPERFÍCIE ENCEFÁLICA DE TATU-PEBA (Euphractus sexcinctus LINAEUS, 1758)
Morphology of brain surface of six-banded armadillo (Euphractus sexcinctus Linaeus, 1758)
¹Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
[email protected]
²Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
parmenedesdbrito@hotmail.
com
³Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, UFERSA, DCA [email protected]
4
Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, UFERSA, DCA [email protected]
5
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
[email protected]
6
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
[email protected]
Manuela Costa de MENEZES¹; Parmênedes Dias de BRITO²; Telma de Sousa LIMA³; Jamille
Maia de MAGALHÃES4; José Fernando Gomes de ALBUQUERQUE5; Carlos Iberê Alves
FREITAS6
PA L AV R A S - C H AV E
sistema nervoso, aspectos anatômicos, animais silvestres
KEYWORDS
nervous system, anatomical aspects, wild
animals
INTRODUÇÃO
Os tatus-peba constituem um importante componente faunístico da Caatinga brasileira, sendo considerados um recurso trófico essencial à cadeia alimentar. Entretanto, a despeito de sua importância e da necessidade de se destacar em programas de conservação, tais animais são ainda pouco estudados
(BARBOZA, 2009). O estudo da morfologia, em particular a neuroanatomia,
dos animais selvagens é carente de informações básicas, especialmente quando
se trata de espécies que apresentam algum potencial de exploração intensiva
(MENEZES, et al. 2001). Tais estudos fornecem subsídios para resolução
de problemas do ponto de vista clínico e cirúrgico, contribuindo indiretamente
à preservação da espécie e manutenção do ecossistema. Essa carência de informações está mais acentuada quando se trata do tatu-peba (E. sexcinctus). Diante
da falta de conhecimento sobre anatomia do encéfalo e das importantes correlações que podem ser obtidas acerca de seus estudos, torna-se imprescindível a
compreensão da organização anatômica do sistema nervoso do tatu-peba. Dessa
forma, o objetivo desse trabalho foi descrever a anatomia da superfície encefálica e estruturas do plano sagital mediano do tatu-peba (Euphractus sexcinctus).
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Anatomia da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró-RN, Brasil.
Foram utilizados nove encéfalos de tatu-peba (Euphractus sexcinctus), cinco
machos e quatro fêmeas, adultos, oriundos de apreensões realizadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Rio
Grande do Norte (IBAMA/RN), enviados pós-óbito natural.
Inicialmente foi realizada incisão na cavidade torácica dos espécimes
para canulação dos ventrículos direito e esquerdo e sequente perfusão com so-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
201
Manuela Costa de MENEZES¹; Parmênedes Dias de BRITO²; Telma de Sousa LIMA³; Jamille Maia de MAGALHÃES4; José
Fernando Gomes de ALBUQUERQUE5; Carlos Iberê Alves FREITAS6
lução formalina a 20%. A preparação das peças anatômicas ocorreu mediante
retirada do encéfalo da cavidade craniana, mantendo-se as meninges e a origem
aparente dos nervos cranianos. Os cérebros foram pesados e então calculado o
QE- Quociente de Encefalização: [(peso do encéfalo)/(peso corporal)] *100. As
observações macroscópicas da superfície encefálica eram registradas e comparadas à nomenclatura universal do International Committee on Veterinary Gross
Anatomical Nomenclature (2005), enquanto os dados referentes a peso, volume
e mensurações (espessura, altura e comprimento) foram trabalhados mediante
análise descritiva (medidas de tendência central e respectivos devios-padrão da
média).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Macroscopicamente pode-se observar órgãos com extremidade rostral
apresentando relativo adelgaçamento e lobos parietal e temporal, ambos desenvolvidos, conferindo um aspecto triangular ao órgão, além da presença de sulcos
telencefálicos marcantes e um cerebelo proporcionalmente grande. Com relação
ao peso médio do encéfalo, o QE e a distância encéfalo-escudo cefálico foram,
respectivamente, 14,03±3,5g, 0,51% e 5,6mm (tabela 1). Já ao corte sagital mediano, pode-se verificar que o bulbo olfatório, em proporção, é bem desenvolvido, assim como o cerebelo que, nesse corte, apresenta uma “árvore cerebelar” bastante característica. Além disso, foi verificado que a relação percentual
do cerebelo-encéfalo é 20,85, cerca de 2,3 vezes maior que a do cão (8,86).
O desenvolvimento relativo observado nos lobos parietal e temporal
pode estar relacionado a desempenhos eficazes de atividades motoras e interpretativas de linguagem, além de refletir hábeis propriedades auditivas e de proprioceptivas, manifestadas ora na comunicação com os indivíduos da mesma
espécie ou de outras, ora na interação com o meio ambiente. Da mesma forma,
a dependência do olfato para diversas atividades desses animais, tais como localização da toca, orientação no ambiente, busca por alimentação ou por parceiros
sexuais, pode explicar o tamanho exacerbado do bulbo olfatório. Ou seja, uma
maior capacidade de interpretação olfatória, auditiva, de memória, tato, propriocepção e orientação espacial, conferem um arranjo morfofuncional capaz
de explicar a capacidade dos tatus de localizarem, refazerem seus trajetos
ou de se locomoverem rapidamente mesmo durante a noite, em detrimento de
uma visão deficiente.
Para Schmidek e Cantos (2008) o quociente de encefalização possibilita
avaliar o tamanho do cérebro de animais em relação a espécies de mesmo porte.
Quando menor que 1(QE<1), significa que a espécie tem um cérebro menor que
a média das espécies com o mesmo tamanho corporal. Nesse raciocínio, a proporção relativamente baixa, de 0,51%, Entretanto, independente de viverem
sob baixa complexidade, o baixo quociente cerebral não implica em inferioridade mental do indivíduo, uma vez que observam-se comportamentos relativamente complexos quando se trata de E. sexcinctus. Quando se analisa, por
exemplo, a proporção cerebelo- encéfalo do tatu peba, observa-se uma relação
expressivamente alta (~20,86%), superando inclusive a dos caninos, demonstrando a importância do cerebelo para os tatus, o que pode ser expresso nas
habilidades de coordenação básica dos movimentos onde coordena os aspectos
de força, velocidade, harmonia e ritmo, contribuindo ainda para manutenção do
202
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Manuela Costa de MENEZES¹; Parmênedes Dias de BRITO²; Telma de Sousa LIMA³; Jamille Maia de MAGALHÃES4; José
Fernando Gomes de ALBUQUERQUE5; Carlos Iberê Alves FREITAS6
equilíbrio e da postura (VILELA JÚNIOR, 2014).
CONCLUSÃO
De acordo com o presente estudo, a conformação cerebral (triangular)
do tatu- peba deve-se aos lobos parietal e temporal, mais desenvolvidos que a
porção rostral.
Os espécimes apresentaram peso médio de encéfalo e quociente de encefalização de, respectivamente, 14 gramas e 0,51%.
Ao corte sagital, tanto o bulbo olfatório quanto o cerebelo e sua árvore
cerebelar (arbor vitae) apresentaram-se proporcionalmente bem desenvolvidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOZA, R.R.D. 2009. A etnoecologia dos tatus-peba (Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) e tatu verdadeiro (Dasypus novemcinctus Linnaeus,
1758) na perspectiva dos povos do semiárido paraibano. Dissertação (Mestrado), Curso de Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental, Universidade
Estadual da Paraíba, Campina Grande, MS. 177p.
MENEZES, D.A.; CARVALHO, M.F.; CAVALCANTE FILHO, M.F. & SOUZA, W.M. Configuração do sistema venoso portal na cutia (Dasyprocta agutia,
Rodentia). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science.
6:263-266. 2001.
SCHMIDEK, W.R. & Cantos G.A. 2008. Evolução do sistema nervoso, especialização hemisférica e plasticidade cerebral: um caminho ainda a ser
percorrido. Revista Pensamento Biocêntrico. Pelotas, 10:181-204.
VILELA JÚNIOR & BARROS, G. 2014. Aspectos filogenéticos e ontogenéticos do movimento humano (Slides). Disponível em <http://www.cpaqv.org/
filonto/aspectos_fil o_onto_mh.pdf> Acesso em 9 dez. 2014.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
203
Manuela Costa de MENEZES¹; Parmênedes Dias de BRITO²; Telma de Sousa LIMA³; Jamille Maia de MAGALHÃES4; José
Fernando Gomes de ALBUQUERQUE5; Carlos Iberê Alves FREITAS6
Tabela 1. Valores médios para peso do encéfalo, volume, relação encéfalo-peso corpóreo, distância encéfalo-escudo cefálico e superfície ao corte sagital
mediano de encéfalo de tatu peba (E. sexcinctus)
Critério de avaliação
Peso do encéfalo
Volume do encéfalo
Relação encéfalo-peso corporal
Distância encéfalo-escudo cefálico
Relação percentual tálamo-encéfalo¹
Relação percentual cerebelo-encéfalo¹
204
N
9
9
9
8
8
8
Unidade*
g
mL
%
mm
%
%
Valores
14,04 ± 3,5
16,75 ± 5,0
0,50 − 0,52
5,6 ± 0,6
2,39 – 2,42
20,85 – 20,88
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Manuela Costa de MENEZES¹, Parmênedes Dias de BRITO2, Matheus Wagner Paulino de SOUSA3, Telma de Sousa LIMA4,
Carlos Iberê Alves FREITAS5
AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE
MÉTODOS DE OBTENÇÃO DA MEDIDA
DE ÁREA DE OLHO DE LOMBO EM OVINOS (Ovis aries L.)
Comparative evaluation of methods for obtaining the measure of loin-eye area
in sheep (Ovis aries L.)
¹ Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
[email protected]
² Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
parmenedesdbrito@hotmail.
com
³ Faculdade Terra Nordeste,
FATENE, Laboratório de Anatomia [email protected]
4
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
[email protected]
5
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCA
[email protected]
Manuela Costa de MENEZES¹; Parmênedes Dias de BRITO²; Telma de Sousa LIMA³; Jamille
Maia de MAGALHÃES4; José Fernando Gomes de ALBUQUERQUE5; Carlos Iberê Alves
FREITAS6
PA L AV R A S - C H AV E
tipificação de carcaças, ovinos, técnicas de
mensuração
KEYWORDS
classification of carcasses, sheep, measuring
techniques
INTRODUÇÃO
A área de olho de lombo (AOL) é uma técnica prática e eficaz na obtenção de medidas indicadoras da composição e musculosidade da carcaça, sendo
amplamente aceita e utilizada principalmente pela correlação positiva entre a
AOL e a porção comestível da carcaça. Ela é calculada através mensuração do
espaço situado entre 12ª e 13ª vértebra torácica e, pela relevância da precisão
dessa medida, torna-se necessário encontrar uma técnica ideal para sua medição,
evitando a ocorrência de prejuízos na comercialização e erros na estimação de
confiabilidade para a classificação das carcaças.
Segundo Luchiari Filho (2000), quando há aumento na área de olho de
lombo, aumenta também a porção comestível da carcaça, e vice-versa. Várias
medidas realizadas na carcaça ou na superfície de cortes cárneos têm sido estudadas com o objetivo de se identificar quais podem servir como índices confiáveis de classificação (SILVA et al, 2003) uma vez que o mercado brasileiro exige
a produção de animais que tenham boa qualidade de carcaça, com bons cortes
comercializáveis e boa cobertura de gordura. Portanto, a avaliação da qualidade
de carcaças, seja por pesquisadores ou pela indústria da carne, utilizando-se de
medidas fidedignas, é de fundamental importância pois pode trazer, inclusive,
diferenciais na remuneração dos criadores (GUINODI,2000).
Desta forma, o presente trabalho objetivou comparar os métodos mais
utilizados para obtenção da área de olho de lombo (AOL) em relação à precisão,
custo, exequibilidade e quanto à rapidez na tipificação de carcaça de ovinos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Anatomia Veterinária da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), localizado no município de Mossoró-RN, e no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Terra
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
205
Manuela Costa de MENEZES¹, Parmênedes Dias de BRITO2, Matheus Wagner Paulino de SOUSA3, Telma de Sousa LIMA4,
Carlos Iberê Alves FREITAS5
Nordeste (FATENE), localizado no município de Caucaia-CE. Para execução
dos testes, procedeu-se a secção entre a 12ª e 13ª costelas de carcaças ovinas
obtidas de mercado local (Caucaia-CE) depois, utilizando-se papel vegetal e
plástico transparente, foi realizado o desenho da AOL contornando o perímetro
muscular do longuissimus dorsi, nas secções feitas nas carcaças, para posterior
aplicação das técnicas de medição da AOL.
Para as comparações de tais técnicas, utilizou-se as mensurações obtidas
no AutoCad® como controle. Foram comparadas seguintes técnicas: AutoCAD
(OLIVEIRA et al., 2010); Grade (COSTA et al., 2012); Grade-Unesp (YÁÑEZ
et al., 2006); Método Geométrico (YÁÑEZ et al., 2006; COSTA et al., 2012);
Gabarito (COSTA et al., 2012; TEIXEIRA et al., 2011; YÁÑEZ et al., 2006)
e método do Planímetro (TEIXEIRA et al., 2011). Os testes foram realizados
por profissionais e estudante de medicina veterinária e por profissionais com
nível médio-técnico. Os dados foram submetidos à análise de variância, teste
F, ao nível de significância de 5%, as médias foram comparadas pelo teste “t”
de Student a 5% de probabilidade. O delineamento utilizado foi inteiramente
casualizados (DIC). O recurso computacional utilizado foi o pacote estatístico
SAS (1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se que os testes para obtenção das áreas de olho de lombo
(AOL) pelo método Planímetro e Gabarito apresentaram os piores resultados
(P<0,05) quanto à precisão.
Em relação ao método do planímetro verificou-se que as medidas obtidas foram estatisticamente diferentes do método padrão (AutoCAD), além disso, as medidas encontraram-se com incremento de área que, provavelmente,
decorre da dificuldade de circunscrever uma figura irregular muito pequena,
favorecendo medidas imprecisas e, consequentemente, gerando medidas superestimadas. Tal fato corrobora com Teixeira et al (2012), que apontam elevada
preocupação no momento de calibrar e até em manuseá-lo, possibilitando maiores erros no cálculo. Esse método deve ser desencorajado em análises tanto no
campo prático da zootecnia, como em pesquisas, não apenas pela demora, pois
figuras pequenas e irregulares dificultam as medições, mas principalmente pela
imprecisão detectada no presente estudo.
Quanto ao método do gabarito, a imprecisão decorre do método permitir
desprezo de área relevante, haja vista que para assinalar um quadrado do gabarito é preciso que a linha toque o ponto central do quadrado e perdendo, consequentemente, área. É preciso destacar que essas medidas ficaram abaixo das
obtidas no AutoCAD, por consequência, usar esse método subestima a medida
de área de olho de lombo.
Ainda em relação à precisão, os demais métodos (Geométrico, Grade
e Grade-UNESP) apresentaram estatisticamente similares ao método controle
(AutoCAD®). Contudo o método da Grade-UNESP foi mais preciso que o método da grade devido os quadrados na contagem de pontos serem menores, permitindo desse modo, um melhor aproveitamento da área. Essa superioridade da
Grade UNESP em relação ao método da Grade também foi verificada por Costa
et al (2012).
Quanto ao tempo de execução o método Geométrico, Gabarito, Grade,
206
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Manuela Costa de MENEZES¹, Parmênedes Dias de BRITO2, Matheus Wagner Paulino de SOUSA3, Telma de Sousa LIMA4,
Carlos Iberê Alves FREITAS5
e Grade-UNESP sobressaíram. Ainda que o AutoCAD® apresente elevada precisão por se tratar de recurso digital, esse método exige um bom computador,
com operador treinado na ferramenta CAD e digitalização da imagem, demora
que se justifica na pesquisa, mas pouco prático no cotidiano. Já em relação aos
custos, os métodos mais econômicos (e também precisos) foram os métodos:
Geométrico; Grade; e Grade-UNESP.
CONCLUSÕES
A utilização do método Planímetro de mesa deve ser desencorajada, pois
apresentaram baixa precisão (P<0,05), desperdício de tempo e difícil manuseio
do equipamento.
O método Gabarito, em pesquisa, deve ser evitado, pois apresentaram
baixa precisão (P<0,05), ainda que seja um método rápido.
Os métodos mais econômicos, rápidos que mantiveram uma precisão satisfatória foram os métodos: Geométrico; Grade; e Grade-UNESP.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, et al. Utilização de diferentes metodologias para determinação da área
de olho de lombo em ovinos. Archivos de zootecnia, vol. 61, núm. 236, p. 615618, 2012.
GUIDONI, A. L. 2000. Melhoria de processos para a tipificação e valorização
de carcaças suínas no Brasil. 2000. URL: www.cnpsa.embrapa.br/down.php?tipo=pu-blicacoes &cod_publicacao=290. Acesso em 27 jun.2009.
LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da carne bovina. 1. ed. São Paulo: Luchiari
Filho, 2000. 134p.
PERES, Louise Manha, et al. Análise Comparativa de Metodologias de Determinação da Capacidade de Retenção de Água. XXI Congresso Brasileiro De
Zootecnia , 2011.
SAS. INSTITUTE INC. Introductory guide for personal computers. Version
8.ed. Cary, Nc, 1999. 1167p.
SILVA, S. L. Estimativa do peso e do rendimento de carcaça de tourinhos Brangus e Nelore, por medidas de ultrassonografia. Revista brasileira de zootecnia,
v.32, n. 5, p. 1227-1235, 2003.
TEIXEIRA, Maurício de Paula F. et al. Avaliação comparativa da metodologia
de determinação da área de olho de lombo em suínos (Sus domesticus). Ciência
Animal Brasileira, [S.l.], v. 12, n. 2, p. 235-240, 2011.
YÁÑEZ, et al. Methologies for ribeye area determination in goats. Small ruminant Res, 66: 197-20, 2006.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
207
Manuela Costa de MENEZES¹, Parmênedes Dias de BRITO2, Matheus Wagner Paulino de SOUSA3, Telma de Sousa LIMA4,
Carlos Iberê Alves FREITAS5
Tabela 1 – Relação mão de obra, custo dos equipamentos, tempo aproximado de
processamento e custo mínimo da análise de cada Técnica de obtenção de AOL
(Área de Olho de Lombo) em Mossoró-RN, Brasil.
Técnicas
Exigências
Custo mínimo da
Mão-de-obra
Custo dos
Tempo aprox. de
especializada a
equipamentos b
processamento*
AutoCad®
++
++
15 minutos
50,00
Gabarito
-
-
6 minutos
15,00
Planímetro
+
+
22 minutos
60,00
Peso do papel c
+
++
14 minutos
25,00
Grade
-
-
6 minutos
15,00
Grade-UNESP;
-
-
6 minutos
15,00
Geométrico
-
-
7 minutos
15,00
análise (R$)**
(++) alta exigência (profissional/técnico) (+) Razoável exigência (profissional), (-) Baixa exigência.
b
(++) Alto custo (2 - 8 mil reais), (+) Custo considerável (1 - 2 mil reais), (-)
Baixo custo (< 50 reais).
c
Método executado usando balança analítica, alta precisão, realizado em laboratório.
* Tempo para o preparo de material, equipamento até a obtenção da medida,
incluindo até refazer o teste.
** Custo mínimo para apenas uma análise, envolvendo custos mão-de-obra em
Mossoró-RN, 2014.
a
208
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ana Carolina Messias de SOUZA1; Giselle Ramos da SILVA2; Silvia Rafaelli MARQUES3; João Carlos Gomes BORGES4;
Leucio Câmara ALVES5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
Ocorrência de infecção por Cryptosporidium
spp. em caprinos da região Metropolitana de
Recife e Zona da Mata de Pernambuco
Occurrence of Cryptosporidium spp. in goats from the Metropolitan Region of
Recife and Forest Zone of Pernambuco State, Brazil
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. joão@mamiferos aquáticos.org.br
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
1
Ana Carolina Messias de SOUZA1; Giselle Ramos da SILVA2; Silvia Rafaelli MARQUES3;
João Carlos Gomes BORGES4; Leucio Câmara ALVES5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
PA L AV R A S - C H AV E
Infecção, manejo e oocistos
KEYWORDS
Infection, management and
INTRODUÇÃO
Cryptosporidium spp. causa enterites graves associadas com diarréia e
morte, podendo gerar perda de peso e baixa produtividade (GOMA et al., 2007),
sendo um dos principais patógenos entéricos em cabras (DELAFOSSE et al.,
2006).
A prevalência mundial varia de 7% a 77% nos caprinos (SANTÍN et
al., 2007; GEURDEN et al., 2008), os quais podem eliminar oocistos, possibilitando a infecção de pessoas e animais, caracterizando um problema de saúde
pública (FIUZA et al., 2011).
Objetivou-se, nesta pesquisa, avaliar a frequência de infecção por Cryptosporidium spp. em caprinos de propriedades da região Metropolitana de Recife (RMR) e Zona da Mata (ZM) de Pernambuco Material e Métodos Selecionaram-se 63 caprinos de ambos os sexos, raças e idades variadas, de quatro
propriedades rurais da RMR e ZM de Pernambuco. Fichas com dados sobre
o manejo sanitário e zootécnico foram preenchidas e amostras fecais foram
processadas no Laboratório de Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos
– Departamento de Medicina Veterinária Veterinária - UFRPE pela técnica de
concentração de oocistos em formol-éter e coradas pela técnica de Kinyon, realizando-se três repetições de esfregaço de fezes por amostra.
Os dados foram analisados estatisticamente pelo software SPSS na versão 17 adotando-se o nível de significância de 5,0 %.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Obteve-se positividade de 6,3% (4/63) para Cryptosporidium spp., variando de
0,0 % a 75,0%, sem diferença significativa entre as taxas de infecção das propriedades (Tabela 1). Frequências maiores foram registradas na França (DELA-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
209
Ana Carolina Messias de SOUZA1; Giselle Ramos da SILVA2; Silvia Rafaelli MARQUES3; João Carlos Gomes BORGES4;
Leucio Câmara ALVES5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
FOSSE et al., 2009), 16,2%, e na Bélgica com 9,5% (GEURDEN et al., 2008).
Taxa menor foi obtida em estudo no Rio de janeiro, sendo de 4,8% (BOMFIM
et al., 2005).
Análise estatística inferencial não foi realizada para as variáveis a
seguir devido ao reduzido número de animais positivos. Diarréia foi observada
em 6,3% dos animais, e em apenas 25,0% (1/4) dos caprinos positivos, diferindo
de Nazemalhosseini-Mojarad et al ( 2011) na Espanha, em que de 40% dos cabritos com diarréia eram positivos e de Servin et al (2005) na Turquia, 100% dos
caprinos com diarréia e positivos. No Município de Caéte – MG, 63,63% dos
caprinos apresentavam diarréia e infecção por Cryptosporidium spp. (VIEIRA
et al, 1997).
A amostra predominantemente de animais adultos, com todos os animais
positivos incluídos nesta faixa, pode ter influenciado na diferença com resultados já publicados em que prevalece infecção em animais jovens (DE WAELE et
al., 2010).
Nas criações de caprinos em que havia animais positivos, constatou-se má higienização, frequência de limpeza irregular, dejetos depositados a céu
aberto e equipamentos não desinfectados, o que contribui para a disseminação
de oocistos no ambiente (GRACZYK et al., 2007; MARTINS et al., 2009).
Os animais positivos eram criados em regime extensivo, o que pode explicar a baixa prevalência (TEMBUE et al., 2006; SANTÍN et al., 2007).
CONCLUSÃO
Este achado constitui-se no primeiro registro de infecção por Cryptosporidium spp. em caprinos em Pernambuco. A avaliação de um número maior de
rebanhos é necessária para se inferir sobre a associação com fatores do manejo
higiênico-sanitário instituídos nas propriedades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOMFIM, T. C. B.; HUBER, F.; GOMES, R. S.; ALVES, L.L. Natural infection
by Giardia sp. and Cryptosporidium sp. in dairy goats, associated with possible
risk factors of the studied properties. Veterinary. Parasitoly, v. 134, n.1-2, p. 913, 2005.
DELAFOSSE, A.; CASTRO-HERMIDA, J. A.; BAUDRY, C., et al. Herd-level
risk factors for Cryptosporidium infection in dairy-goat kids in western France.
Preventive Veterinary Medicine, v. 77, n. 43, p. 109–121, .2009.
DE WAELE V.; SPEYBROECK, N.; BERKVENS, D., et al. Control of cryptosporidiosis in neonatal calves: Use of halofuginone lactate in two different calf
rearing systems. Preventive Veterinary Medicine, v.96, n.24, p. 143–151, 2010
FIUZA, V.R, COSENDEY, R. I., FRAZÃO-TEIXEIRA, E., et al. Molecular
characterization of Cryptosporidium in Brazilian sheep. Veterinary Parasitoly, v.
175, n.35, p. 360–362, 2011.
GEURDEN, T.; THOMAS, P.; CASAERT, S., et al. Prevalence and molecular
characterisation of Cryptosporidium and Giardia in lambs and goat kids in Bel210
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ana Carolina Messias de SOUZA1; Giselle Ramos da SILVA2; Silvia Rafaelli MARQUES3; João Carlos Gomes BORGES4;
Leucio Câmara ALVES5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
gium. Veterinary Parasitoly, v. 155, n.6, p. 142– 145, 2008.
GOMA F. Y.; GEURDEN, T.; SIWILA, J., et al. The prevalence and molecular
characterization of Cryptosporidium spp. in small ruminants in Zambia. Small
Ruminant Research, v 72, n. 23, p.77-80, 2007.
GRACZYK, T. K; LUCY, F. E; TAMANG, L.; MIRAFLOR, A. Human enteropathogen load in activated sewage sludge and corresponding sewage sludge-end
products. Applied and Environmental Microbiology, v.73, n. 72, p. 2013-2015,
2007.
MARTINS-VIEIRA, M. B. C.; BRITO, L. A.L.; HELLER, L. Oocistos de
Cryptosporidium parvum em fezes de bezerro infectado experimentalmente. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.61, n.6, p. 33- 36,
2009.
NAZEMALHOSSEINI-MOJARAD E., HAGHIGHI, A.; TAGHIPOUR, N. et
al. Subtype analysis of Cryptosporidium parvum and Cryptosporidium hominis
isolates from humans and cattle in Iran. Veterinary Parasitoly, v. 179, n. 23,
p.250–252, 2011.
SANTÍN, M.; TROUT, J.M.; FAYER, R. Prevalence and molecular characterization of Cryptosporidium and Giardia species and genotypes in sheep in
Maryland. Veterinary Parasitoly, v. 146, n. 1-2, p.17-24, 2007.
SERVIN, F.; SIMSK, A; USLU, U. Massive Cryptosporidium parvum Infection
Associated with an Outbreak of Diarrhoea in Neonatal Goat Kids. Journal Veterinary Animal Science, v. 29, n.6, p. 1317-1320, 2005.
TEMBUE, A. A. M.; ALVES, L. C.; BORGES, J. C. G, et al. Ocorrência deCryptosporidium spp. Em ovinos no Município de Ibimirim, estado de Pernambuco, Recife-PE. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 9, n.1, p. 41 – 43, 2006.
VIEIRA, L. S.; SILVA, M. B. O.; TOLENTINO, A. C. V. et al. Outbreak of
cryptosporidiosis in dairy goats in Brazil. Veterinary Record, v. 140, n 23, p.
427- 428, 1997.
Comissão de Ética no Uso de Animais
(CEUA – UFRPE) licença nº 041/2012.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
211
Ana Carolina Messias de SOUZA1; Giselle Ramos da SILVA2; Silvia Rafaelli MARQUES3; João Carlos Gomes BORGES4;
Leucio Câmara ALVES5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
Tabela 1. Frequência absoluta (n) e relativa (%) de caprinos submetidos à pesquisa de oocistos de Cryptosporidium spp. por propriedade estudada.
Procedência
Total
Aldeia
Aliança
Dois irmãos
Jaboatão dos
Guararapes
n
4
1
3
Positivo
Resultado
%
100,0
25,0
-
n
59
10
6
24
75,0
19
Negativo
%
100,0
16,9
10,2
40,7
n
63
10
7
24
32,2
22
Total
%
100,0
15,9
11,1
38,1
Valor de p
p
(1)
= 0,140
34,9
(1): Teste Exato de Fisher.
212
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Rodolfo Luiz Godoy do AMARAL2; Marcia Silva do NASCIMENTO3; Leucio Câmara
ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA IN VITRO DO
EXTRATO ETANÓLICO DA CASCA DO
CAULE DE Abarema cochliacarpos (BARBATIMÃO) SOBRE LARVAS DE NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS DE CAPRINOS E OVINOS
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal de Pernambuco, DA. [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
5
Universidade Federa Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
1
“In vitro” anthelmintic activity of the ethanol extract from the bark of stem
Abarema cochliacarpos on larvae of gastrointestinal nematodes of sheep and
goats.
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Rodolfo Luiz Godoy do AMARAL2; Marcia Silva do NASCIMENTO3; Leucio Câmara ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
PA L AV R A S - C H AV E
Babatenom, Fitoterapia, Haemonchus, Ruminantes
KEYWORDS
Babatenom,
Ruminants
Phytotherapy,
Haemonchus,
INTRODUÇÃO
A utilização indevida dos compostos químicos anti-helmínticos na caprinovinocultura tem conduzido à resistência anti-helmíntica dos nematóides
gastrintestinais (FALBO et al., 2008; PENELUC et al., 2009).
A fitoterapia é uma alternativa que poderá reduzir o uso de anti-helmínticos (ANDRADE et al., 2014). Abarema cochliacarpos é planta nativa do Brasil,
da família Leguminosae-Mimosoidae, popularmente conhecida como barbatimão, empregada no tratamento de diversas enfermidades humanas e animais
(SANTOS et al., 2007; COELHO et al., 2010). Objetivou-se avaliar a ação anti-helmíntica in vitro do extrato etanólico da casca do caule de Abarema cochliacarpos em nematóides gastrintestinais das espécies caprina e ovina.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais UFRPE sob a licença nº 024/2013.
Amostras fecais de caprinos da Região Metropolitana do Recife e ovinos
do Município de Bonito – PE foram coletadas de animais naturalmente infectados por helmintos e processadas para contagem de ovos por grama de fezes
(OPG) (GORDON e WHITLOCK, 1939). De cada espécie animal formou-se
um homogeneizado de amostras fecais, distribuindo 3 gramas em cada cultivo,
para a realização de coprocultura quantitativa e identificação de larvas (ROBERT e O’SULLIVAN, 1950; UENO e GONÇALVES, 1998).
Cada cultivo foi submetido a tratamento em concentrações de 10% (T1),
25% (T2) e 50% (T3) do extrato etanólico da casca do caule de Abarema cochliacarpos. Os extratos foram preparados no Laboratório de Química de ProCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
213
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Rodolfo Luiz Godoy do AMARAL2; Marcia Silva do NASCIMENTO3; Leucio Câmara
ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
dutos Naturais da Universidade Federal de Pernambuco, utilizando 2 litros de
etanol e 500 gramas da casca do caule por três dias com troca de solvente a cada
24h. Formou-se um grupo controle negativo com água destilada (CN), e dois
controles positivos, Ivermectina 1% (CP1) e Albendazole 5% (CP2), todos com
duas repetições.
A atividade do extrato foi determina conforme Vizard e Wallace (1987):
R = 100 . (1 – T/C)
R = Redução calculada na LPG
T = Média geométrica das LPGs dos cultivos tratados
C = Média geométrica das LPGs dos cultivos não tratados
A eficácia in vitro do extrato foi classificada em altamente efetiva (> 90%), moderadamente efetiva (80% a 90%), pouco efetiva (60% a 70%) e não efetiva (<
60%) (POWERS et al., 1982).
RESULTADO E DISCUSSÃO
Identificaram-se larvas infectantes com predominância do gênero Haemonchus, seguido Trichostrongylus e Oesophagostomum, concordando com
Farias et al. (2010) em estudos realizados no estado de Pernambuco.
Em caprinos, observou-se redução altamente efetiva do número de larvas de
todos os gêneros identificados para os tratamentos T2, T3, CP1 e CP2. O tratamento T1 mostrou-se altamente efetivo apenas para o gênero Oesophagostomum (Tabela 1).
Nos ovinos, os tratamentos T1, T2, T3, CP1 e CP2 foram altamente efetivos contra os gêneros Trichostrongylus e Oesophagostomum e, para Haemonchus apenas os tratamentos T3, CP1 e CP2 (Tabela 2).
As bases químicas ivermectina 1% e albendazole 5% mostraram-se altamente efetivas frente aos gêneros Haemonchus, Trichostrongylus e Oesophagostomum, (Tabelas 1 e 2), diferindo de outros estudos que indicaram resistência
anti-helmíntica, principalmente do gênero Haemonchus (COSTA et al., 2011;
ROCCO et al., 2012).
CONCLUSÃO
O extrato etanólico de Abarema cochliacarpos apresenta atividade biológica contra nematoides gastrintestinais de pequenos ruminantes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, F.D.; RIBEIRO, A.R.C.; MEDEIROS, M.C. et al. Ação anti-helmíntica do extrato hidroalcóolico da raiz da Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf. No
controle de Haemonchus contortus em ovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira,
v. 34, n. 10, p. 942-946, 2014.
COELHO, J. M.; ANTONIOLLI, A. B.; SILVA, D. N. et al. O efeito da sulfadiazina de prata, extrato de ipê-roxo e extrato de barbatimão na cicatrização de
feridas cutâneas em ratos. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgia, v. 1, n.37,
p. 045-051, 2010.
214
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Rodolfo Luiz Godoy do AMARAL2; Marcia Silva do NASCIMENTO3; Leucio Câmara
ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
COSTA, V.M.M.; SIMÕES, S.V.D.; RIET-CORREA, F. Controle das parasitoses gastrintestinais em ovinos e caprinos na região semiárida do Nordeste do
Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 31, n. 1, p. 65-71, 2011.
FALBO, M.K.; SANDINI, I.E.; ISHIY, H.M. et al. Atividade anti-helmíntica do
fruto da Melia azedarach em cordeiros naturalmente infectados com nematódeos gastrintestinais. Semina: Ciências Agrárias, v. 29, n. 4, p. 881-886, 2008.
FARIAS, M.P.O; TEIXEIRA, W.C.;WANDERLEY, A.G. et al. Avaliação in vitro dos efeitos do óleo da semente de Carapa guianensis Aubl. Sobre larvas de
nematoides gastrintestinais de caprinos e ovinos. Revista Brasileira de Plantas
Medicinais, v. 12, n. 2, p. 220-226, 2010.
GORDON, H.McL.; WHITLOCK, H.V. A new technique for counting nematoda eggs in sheep faeces. Journal Commonwealth Science and Industry Organization, v.12, n.1, p. 50-2, 1939.
PENELUC, T.; DOMINGUES, L.F.; ALMEIDA, G.N. et al. Atividade anti-helmíntica do extrato aquoso das folhas de Zanthoxylum rhoifolium Lam. (Rutaceae). Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 18, n. 1, p. 43-48, 2009.
POWERS, K.G.; WOOD I.B.; ECKERT J. et al. World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology (W.A.A.V.P.) – Guidelines for evaluating
the efficacy of anthelmintics in ruminants (bovine and ovine). Veterinary Parasitology, v.10, p. 265-284, 1982.
ROBERTS, F.H.S.; O’SULLIVAN, J.P. Methods for egg counts and larval cultures for strongyles infesting the gastrointestinal tract of cattle. Journal of Agricultural Research, v.1, p. 99-102, 1950.
ROCCO, V.V.B.; LACERDA, M.J.R.; FERNANDES, L.H. et al. Diferentes
princípios ativos no controle de helmintos gastrintestinais em ovinos. Global
Science and Technology, v. 5, n. 2, p. 194-200, 2012.
SANTOS, S. C.; FERREIRA, F. S.; ROSSI-ALVA, J. C. et al. Atividade antimicrobiana in vitro do extrato de Abarema cochliocarpos (Gomes) Barneby &
Grimes. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, n. 2, p. 215-219, 2007.
UENO, H.; GONÇALVES, P.C. Manual para diagnóstico das helmintoses de
ruminantes. 4.ed. Tokyo: Japan International Cooperation Agency, 1998. 143p.
VIZARD, A.L.; WALLACE, R.J. A simplified egg count reduction test. Australian Veterinary Journal, v.64, n.4, p. 109-11, 1987.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
215
Rodrigo Ferreira Lima TENÓRIO1; Rodolfo Luiz Godoy do AMARAL2; Marcia Silva do NASCIMENTO3; Leucio Câmara
ALVES4; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO5
Tabela 1. Percentual de redução de larvas de nematoides gastrintestinais em
amostras fecais da espécie caprina.
Haemonchus
Trichostrongylus
Oesophagostomum
T1
44,20%
56,85%
100%
T2
96,95%
91,70%
100%
T3
98,79%
100%
100%
CP1
100%
100%
100%
CP2
96,65%
100%
100%
T1: Extrato a 10%; T2: Extrato a 25%; T3: Extrato a 50%; CP1: Ivermectina
1%; CP2: Albendazole 5%.
Tabela 2. Percentual de redução de larvas de nematoides gastrintestinais em
amostras fecais da espécie ovina.
Haemonchus
Trichostrongylus
Oesophagostomum
T1
0%
100%
100%
T2
38,17%
100%
100%
T3
100%
100%
100%
CP1
100%
100%
100%
CP2
100%
100%
100%
T1: Extrato a 10%; T2: Extrato a 25%; T3: Extrato a 50%; CP1: Ivermectina
1%; CP2: Albendazole 5%.
216
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Maiana Silva CHAVES4,
Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
EFEITO DA VITRIFICAÇÃO DE EMBRIÕES PIV SOBRE A TAXA DE PRENHEZ
DE GIR (Bos indicus) EM CONDIÇÕES DE
CAMPO
Effect of vitrification under field conditions on pregnancy rate of Gyr (Bos indicus) PIV embryos
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. carlos.
[email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. maiana-@
hotmail.com
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. maicohenriquebarbosasantos@gmail.
com
1
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Maiana Silva CHAVES4, Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
PA L AV R A S - C H AV E
criobiologia, criotolerância, Zebu.
KEYWORDS
cryobiology, crytolerance, Zebu
INTRODUÇÃO
Em bovinos, embriões produzidos in vitro (PIV) são mais sensíveis à
criopreservação quando comparados a embriões produzidos in vivo devido à
alta concentração de lipídios. A espécie Bos indicus apresenta menor tolerância
à criopreservação quando comparado com embriões Bos taurus PIV (VISINTIN
et al., 2002). Dessa forma, objetivou-se avaliar a viabilidade de embriões PIV
de Gir (Bos indicus) transferidos à receptoras após a vitrificação em condições
de campo.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizada a produção in vitro de embriões Bos indicus, a vitrificação,
desvitrificação e transferência direta para avaliação da taxa de prenhez e perda
embrionária.
Produção in vitro de embriões
Recuperação dos ovócitos
A punção dos folículos (OPU) de diâmetro maior que 2 mm foi realizada
de acordo com Zhao et al (2009). O meio utilizado foi TCM-199 (Gibco Life
Technologies, Grand Island , NY , EUA) suplementado.
Maturação in vitro (MIV)
Os ovócitos foram selecionados segundo Morató et al (2008). Foram
então lavados em TCM-199 HEPES (Gibco Life Technologies) suplementado.
Para a MIV foi utilizado o TCM-199 com SFB (Gibco Life), FSH (Folltropin,
Bioniche Animais Saúde, Belleville, ON, Canada), hCG (Profasi, Serono, São
Paulo, SP, Brasil), estradiol (estradiol-17b), piruvato de sódio e amicacina (Instituto Bioquimico, Rio de Janeiro, Brasil). Os ovócitos foram incubados sob
óleo mineral a 39oC em atmosfera úmida de 5% CO2 durante 22 a 26 horas.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
217
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Maiana Silva CHAVES4,
Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
Fecundação In Vitro (FIV)
O sêmen utilizado pertenceu a reprodutores com fertilidade comprovada
no processo de FIV com concentração final de 1x105 espermatozoides/gota segundo Viana et al (2010). Os espermatozoides e os ovócitos foram lavados em
TALP-FIV. Os gametas foram acondicionados sob mesma atmosfera mencionada anteiormente.
Cultivo in vitro de embriões (CIV)
Os presumíveis zigotos foram desnudados e transferidos para SOFaa
com BSA e SFB sob óleo mineral a 39oC em atmosfera úmida de 5% CO2, 5%
O2 e 90% de N2 durante todo o período do CIV. No 3o (D3) e 5o dia (D5) de
cultivo foi feito feeding.
Vitrificação de embriões
Os Blastocistos (n=138) foram vitrificados por “Cryotop”, colocados em
10% de etilenoglicol (WakoPure Chemical Industries Co., Osaka, Japão) e 10%
de DMSO (WakoPure Chemical Industries Co.) em meio TCM-HEPES com
SFB. Em seguida, os embriões foram transferidos para solução de vitrificação
contendo 20% de etilenoglicol, 20% de DMSO e sacarose. Para então serem
imersos em nitrogênio líquido. Como controle, foram selecionados embriões
frescos (n=140) avaliados no dia 7 (D7).
Desvitrificação de embriões
Os blastocistos foram aquecidos pela imersão da tira no meio base
(TCM-HEPES + sacarose) a 35°C por 1 minuto. Em seguida foram colocados
em meio conforme Morató et al (2008). Os embriões foram transferidos em
tempo fixo para receptoras sincronizadas após o aquecimento.
Protocolo de transferência de embrião e diagnóstico de prenhez
Somente as receptoras com corpo lúteo (CL) receberam um embrião no
dia 17 de protocolo. O diagnóstico precoce de prenhez foi realizado por ultrassonografia transretal (DP 2200 VET, 5 MHz transdutor linear, Mindray, China)
no 35o dia, contando a partir da data da FIV. O diagnóstico confirmatório e a
perda embrionária no 60o dia, junto com a sexagem.
Análise estatística
Para análise da taxa de prenhez e perda embrionária foi realizado o teste
do Qui-quadrado com nível de significância de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Avaliação da viabilidade de embriões PIV vitrificados foi feita após a
transferência direta em vacas sincronizadas. A taxa de prenhez de embriões vitrificados foram semelhantes às de embriões transferidos a fresco, tanto em 35
quanto em 60 dias após a fertilização in vitro. A fase do desenvolvimento embrionário também não influenciou as taxas de prenhez e a incidência de morte
embrionária (Tabela 1). Resultados semelhantes da influência das fases de desenvolvimento sobre as taxas de prenhez foram descritos com embriões PIV
vitrificados e transferidos por Scanavez et al. (2013) em condições de campo. A
218
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Maiana Silva CHAVES4,
Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
baixa criotolerância de embriões PIV vem sendo um fator limitante para utilização de embriões vitrificados (MUCCI et al., 2006) deste forma estes resultados
são relevantes para criopreservação de embriões PIV de Bos indicus em condições de campo.
CONCLUSÃO
A vitrificação a campo é um método eficiente e pode ser implementada
para minimizar o descarte de embriões excedentes sem prejuízo à taxa de prenhez.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORATÓ, R.; IZQUIERDO, D.; PARAMIO, M.T. et al. Embryo development
and structural analysis of in vitro matured bovine oocytes vitrified in flexipet
denuding pipettes. Theriogenology, Stoneham, v.70, n.9, p.1536-1543, 2008.
MUCCI, N.; ALLER, J.; KAISER, G.G. et al. Effect of estrous cow serum during bovine embryo culture on blastocyst development and cryotolerance after
slow freezing or vitrification. Theriogenology, Stoneham, v.65, p.1551-1562,
2006.
SCANAVEZ, A. L.; CAMPOS, C. C.; SANTOS, R. M. Taxa de prenhez e de
perda de gestação em receptoras de embriões bovinos produzidos in vitro. Arq
Bras Med Vet Zootec, Belo Horizonte, v.65, p.722-728, 2013.
VIANA, J.H.M.; SIQUEIRA, L.G.B.; PALHÃO, M.P. et al. Use of in vitro fertilization technique in the last decade and its effect on Brazilian embryo industry and animal production. Acta Scientiae Veterinariae, Porto Alegre, v. 38 ,
p.661–674, 2010.
VISINTIN, J.A.; MARTINS, J.F.P.; BEVILACQUA, E.M. et al. Cryopreservation of BostaurusvsBosindicus embryos: are they really different. Theriogenology, Stoneham, v.57, p.345–59, 2002.
ZHAO, X.M.; FU X.W.; HOU Y.P. et al. Effect of vitrification on mitochondrial
distribution and membrane potential in mouse two pronuclear (2-PN) embryos.
Molecular Reproduction and Development, New York, v.76, n.11, p.1056-1063,
2009.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
219
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Maiana Silva CHAVES4,
Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
Tabela 1: Efeito da vitrificação de embriões PIV em condições de campo sobre
taxa de prenhez de Gir (Bos indicus).
Prenhez (35 dias)
Prenhez (60 dias)
n (%)
n (%)
Bi
18/39 (46,15)
17/39 (43,58)
Bl
23/49 (46,93)
23/49 (46,93)
Bx
26/52 (50,00)
26/52 (50,00)
Total
67/140 (47,85)
66/140 (47,14)
Bi
14/40 (35,00)
13/40 (32,50)
Bl
22/52 (42,30)
20/52 (38,46)
Bx
20/46 (43,47)
20/46 (43,47)
Total
56/138 (40,57)
53/138 (38,40)
Estágio de
desenvolvimento
Embrião Fresco
(controle):
Embriões vitrificados:
PIV: produção in vitro; Bi: Blastocisto inicial; Bl: Blastocisto; Bx: Blastocisto
expandido. 35 e 60 dias após a fertilização in vitro.
220
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Pábola Santos NASCIMENTO4, Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
VITRIFICAÇÃO DE EMBRIÕES PRODUZIDOS IN VITRO DE NELORE (Bos indicus) EM CONDIÇÕES DE CAMPO
Vitrification of Nellore (Bos indicus) in vitro produced embryos under field conditions
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. carlos.
[email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. pabolasn@
hotmail.com
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. maicohenriquebarbosasantos@gmail.
com
1
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Pábola Santos NASCIMENTO4, Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do
SANTOS6
PA L AV R A S - C H AV E
gado, criobiologia, embriões excedentes
KEYWORDS
cattle, cryobiology, surplus embryos
INTRODUÇÃO
Embriões submetidos à criopreservação sofrem danos morfológicos e
funcionais, resultando em baixas taxas de sobrevivência. A viabilidade embrionária após criopreservação depende da origem do embrião (in vivo ou in vitro),
da qualidade e do estado de desenvolvimento (LEIBO et al., 1996). No entanto, embriões produzidos in vitro possuem menor tolerância à criopreservação.
Deste modo, objetivou-se avaliar a viabilidade de embriões PIV de Nelore (Bos
indicus) transferidos a receptoras após vitrificação em condições de campo.
MATERIAL E MÉTODOS
Produção in vitro de embriões
Recuperação dos ovócitos
A punção dos folículos (OPU) de diâmetro maior que 2 mm foi realizada
de acordo com Zhao et al (2009). O meio utilizado foi TCM-199 (Gibco Life
Technologies, Grand Island , NY , EUA) suplementado.
Maturação in vitro (MIV)
Os ovócitos foram selecionados segundo Morató et al (2008). Foram
então lavados em TCM-199 HEPES (Gibco Life Technologies) suplementado.
Para a MIV foi utilizado o TCM-199 com SFB (Gibco Life), FSH (Folltropin,
Bioniche Animais Saúde, Belleville, ON, Canada), hCG (Profasi, Serono, São
Paulo, SP, Brasil), estradiol (estradiol-17b), piruvato de sódio e amicacina (Instituto Bioquimico, Rio de Janeiro, Brasil). Os ovócitos foram incubados sob
óleo mineral a 39oC em atmosfera úmida de 5% CO2 durante 22 a 26 horas.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Fecundação In Vitro (FIV)
O sêmen utilizado pertenceu a reprodutores com fertilidade comprovada
221
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Pábola Santos NASCIMENTO4, Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
no processo de FIV com concentração final de 1x105 espermatozoides/gota segundo Viana, et al (2010). Os espermatozoides e os ovócitos foram lavados em
TALP-FIV. Os gametas foram acondicionados sob mesma atmosfera mencionada anteiormente.
Cultivo in vitro de embriões (CIV)
Os presumíveis zigotos foram desnudados e transferidos para SOFaa
com BSA e SFB sob óleo mineral a 39oC em atmosfera úmida de 5% CO2, 5%
O2 e 90% de N2 durante todo o período do CIV. No 3o (D3) e 5o dia (D5) de
cultivo foi feito feeding.
Vitrificação
Os Blastocistos (n=127) foram vitrificados por “Cryotop”. Blastocistos
grau I foram colocados em 10% de etilenoglicol (WakoPure Chemical Industries Co., Osaka, Japão) e 10% de DMSO (WakoPure Chemical Industries Co.)
em meio TCM-HEPES com SFB. Em seguida, os embriões foram transferidos
para solução de vitrificação contendo 20% de etilenoglicol, 20% de DMSO e sacarose. Para então serem imersos em nitrogênio líquido. Como controle, foram
selecionados embriões frescos (n=137) avaliados no dia 7 (D7).
Desvitrificação de embriões
Os blastocistos foram aquecidos pela imersão da tira no meio base
(TCM-HEPES + sacarose) a 35°C por 1 minuto. Em seguida foram colocados
em meio conforme Morató, et al (2008). Os embriões foram transferidos em
tempo fixo para receptoras sincronizadas após o aquecimento.
Protocolo de transferência de embrião
Somente as receptoras com corpo lúteo (CL) receberam um embrião no
dia 17 de protocolo. O diagnóstico precoce de prenhez foi realizado por ultrasonografia transretal (DP 2200 VET, 5 MHz trasndutor linear, Mindray, China) no
35o dia, contando a partir da data da FIV e o diagnóstico confirmatório no 60o
dia, junto com a sexagem.
Análise estatística
Foi realizado o Qui-quadrado e Exato de Fisher com nível de significância de
5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a vitrificação, a taxa de congelação, a viscosidade e o volume
do meio de vitrificação, nos quais os embriões são suspensos, são importantes
pontos a serem considerados (YAVIN et al., 2007). As taxas de prenhez em 35
dias para embriões frescos foram 75,0% de blastocisto inicial (Bi), 38,6% de
blastocisto (Bl), e 60,9% blastocisto expandido (Bx), sendo Bl significativamente menor. Depois da vitrificação não foi observada diferença em 30,9% de Bi,
42,8% de Bl e 47,6% Bx. Em 60 dias, a taxa de prenhez para embriões frescos
foi 37,5% de Bi, 38,6% de Bl e 56,0% Bx, não havendo diferença entre os estágios. Do mesmo modo, após vitrificação, foi observado 30,9% de Bi, 39,6%
222
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Ludymila Furtado CANTANHÊDE1, Lucas Carvalho PEREIRA2, José Carlos FERREIRA-SILVA3, Pábola Santos NASCIMENTO4, Marcelo Tigre MOURA5, Maico Henrique Barbosa do SANTOS6
de Bl e 42,8% de Bx. Scanavez et al (2013) também não observaram efeito do
estágio iniciais e mais avançados de blastocistos produzidos in vitro. A taxa
de prenhez foi semelhante entre os grupos de embriões Bl e Bx, mas Bi fresco
obteve maior taxa de prenhez em D35 e D60. Possivelmente os embriões neste
estágio de desenvolvimento apresentam melhor atividade metabólica e proliferação celular, resultando em maiores taxas de prenhez.
CONCLUSÃO
Foi observada taxas de prenhez satisfatórias de embriões após vitrificação, independentemente da fase de desenvolvimento no estágio de blastocisto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEIBO, S.P.; MARTINO, A.; KOBAYASHI, S.; et al. Stage dependent sensitivity of oocytes and embryos to low temperatures. Animal Reproduction Science, Amsterdam, v.42, p.43-53, 1996.
MORATÓ, R.; IZQUIERDO, D.; PARAMIO, M.T.; et al. Embryo development
and structural analysis of in vitro matured bovine oocytes vitrified in flexipet
denuding pipettes. Theriogenology, Stoneham, v.70, n.9, p.1536-1543, 2008.
SCANAVEZ, A. L.; CAMPOS, C. C.; SANTOS, R. M. Taxa de prenhez e de
perda de gestação em receptoras de embriões bovinos produzidos in vitro. Arq
Bras Med Vet Zootec, Belo Horizonte, v.65, p.722-728, 2013.
VIANA, J.H.M.; SIQUEIRA, L.G.B.; PALHÃO, M.P.; et al. Use of in vitro
fertilization technique in the last decade and its effect on Brazilian embryo industry and animal production. Acta Scientiae Veterinariae, Porto Alegre, v. 38 ,
p.661–674, 2010.
YAVIN, S.; ARAV, A. Measurement of essential physical properties of vitrification solutions. Theriogenology, Stoneham, v.67, p.81-89, 2007.
ZHAO, X.M.; FU X.W.; HOU Y.P.; et al. Effect of vitrification on mitochondrial
distribution and membrane potential in mouse two pronuclear (2-PN) embryos.
Molecular Reproduction and Development, New York, v.76, n.11, p.1056-1063,
2009.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
223
Thainá Anunciação Ferreira MATEUS ¹, Fernando da Costa FERNANDES ², João Maurício Ferreira AGUIAR³, Thalles
D’avila Pires Dutra DANTAS4, Caio Sérgio SANTOS5, Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ6
¹ Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCAn
[email protected]
² Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCAn
fernandofernands@hotmail.
com
³ Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCAn
[email protected]
4
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCAn
[email protected]
5
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCAn
[email protected]
6
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, UFERSA, DCAn
[email protected]
QUANTIFICAÇÃO DE COLIFORMES
TOTAIS E TERMOTOLERANTES EM
AMOSTRAS DE LEITE CAPRINO E
ÁGUA UTILIZADA NA ORDENHA EM
PROPRIEDADES DE ASSENTAMENTOS
RURAIS NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/
RN
Quantification of total and thermotolerant coliforms in samples from goat milk
and from water utilized in the milking process inside properties of Rural Settlements in the City of Mossoró/RN
Thainá Anunciação Ferreira MATEUS ¹, Fernando da Costa FERNANDES ², João Maurício
Ferreira AGUIAR³, Thalles D’avila Pires Dutra DANTAS4, Caio Sérgio SANTOS5, Francisco
Marlon Carneiro FEIJÓ6
PA L AV R A S - C H AV E
caprinocultura, produção familiar, condições
higiênico-sanitárias, qualidade microbiológica.
KEYWORDS
goat, family production, hygienic-sanitary
conditions, microbiologic quality.
INTRODUÇÃO
No nordeste, a caprinocultura tem bastante destaque. No caso do Rio
Grande do Norte, o estado detêm 2.287 mil litros (10,74%) da produção nacional de leite de caprino e 16% da produção do Nordeste (IBGE, 2012). As bactérias indicadoras de contaminação fecal normalmente são os coliformes, os quais
têm sido utilizados como parâmetros de avaliação de qualidade microbiológica
do leite e da água utilizada na ordenha de cabras de aptidão leiteira. Ao realizar
análises microbiológicas no leite obtém-se um reflexo do estado de saúde do
rebanho e das circunstâncias sanitárias nas quais a ordenha foi conduzida.
Adicionalmente, além da possibilidade de causar enfermidades nos animais produtores, as bactérias contaminantes tendem a comprometer a qualidade
química e nutricional do leite pela degradação de seus componentes (carboidratos, proteínas e gorduras) (MENDES et al, 2009). Tendo em vista os dados apresentados acima, é de suma importância o monitoramento microbiológico dos
animais e da água das propriedades com produção ativa de leite de caprino. O
presente trabalho leva justamente em conta essa importância, com o objetivo de
verificar a qualidade microbiológica da água e do leite para prover alternativas
de melhorias sanitárias no manejo dos animais.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram realizadas visitas a 7 produtores de leite caprino em 7 assentamentos na zona rural de Mossoró, Rio Grande do Norte. As amostras de leite,
224
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Thainá Anunciação Ferreira MATEUS ¹, Fernando da Costa FERNANDES ², João Maurício Ferreira AGUIAR³, Thalles
D’avila Pires Dutra DANTAS4, Caio Sérgio SANTOS5, Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ6
provenientes da produção diária total, e água, utilizada na ordenha, foram coletadas “in loco” imediatamente após a ordenha, entre 6h e 7h da manhã, durante
os meses de março e junho de 2015, com intervalos de 15 dias. O leite coletado
era destinado pelos produtores a uma usina de beneficiamento da região e a água
era aquela utilizada no processo de limpeza dos utensílios e higienização dos
tetos dos animais durante a ordenha. Ambas foram acondicionadas em frascos
estéreis contendo 100 mL das amostras e armazenadas em caixas isotérmicas
com gelo reciclável, sendo posteriormente encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia Veterinária da UFERSA para processamento. Foi utilizada a técnica do número mais provável (NMP) ou tubos múltiplos (BUZANELLO et al.,
2008). Inicialmente foi realizado o teste presuntivo utilizando-se de tubos de
Caldo Lauril Sulfato de Sódio (LST) incubados de 35 a 37ºC por 24 a 48 horas.
Na primeira etapa, as amostras de leite e água foram processadas assepticamente
e foram preparadas três diluições sucessivas (10 mL; 1,0 mL; 0,1 mL) e para
cada diluição foram utilizadas três repetições para o leite e cinco repetições para
as de água. Os tubos com caldo LST positivos foram semeadas em Caldo Verde
Brilhante Bile a 2% (VB) contendo tubos de Durham incubados 35 a 37ºC por
24 a 48 horas, e posteriormente para tubos contendo caldo Escherichia coli
(E.C.), para coliformes termotolerantes e deixados em banho-maria de 44,5 a
45ºC durante 24 a 48 horas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No presente trabalho foi observado que 85,71% das amostras de água coletadas
possuíam coliformes totais e termotolerantes. Todos os valores encontram-se na
Tabela 1. As bactérias encontradas variaram de 1,7 x10 a 2,3 x 10³, para os coliformes totais, e 9,5 10 -2,3 x 10³ para os coliformes termotolerantes. Resultados
semelhante aos dados de Santos (2014) que realizou um estudo em propriedades
com matrizes produtoras de leite de cabra localizadas na zona rural do município de Mossoró, Rio Grande do Norte, onde em noventa por cento de
amostras de água obtidas nas propriedades foram detectados coliformes totais e termotolerantes, com amplitude de 1,1 x 10¹ NMP/100mL a 2,3 x 10³
NMP/100mL para os coliformes totais e 1,4 x 10¹ NMP/100mL 1,6x10³NMP/100mL para as bactérias termotolerantes. De acordo com a Normativa nº 62
(DÜRR, 2012), das amostras de leite coletadas, todas apresentaram resultados
positivos na determinação para coliformes totais e termotolerantes. Na propriedade B foram verificados valores acima do permitido pela legislação (11 NMP/
mL para coliformes totais e tolerantes). Nas propriedades C, D, e E também
foram verificados valores acima do permitido para coliformes termotolerantes
(4,6 NMP/mL, 11 NMP/mL e 11 NMP/mL). Araújo (2008) realizou um estudo
no Cariri e médio sertão paraibano com amostras de leite in natura nas quais
foram encontradas, respectivamente, uma média de 1,9 x 106 NMP/100 mL e
4,4 x 106 NMP/100 mL para coliformes totais. Em contrapartida, os resultados
encontrados no atual trabalho foram significativamente menores, o que pode
refletir a maior adesão por parte dos caprinocultores às boas práticas de ordenha
e manejo animal, fruto de diversos trabalhos de extensão promovidos pelas universidades da região que enfocam essas temáticas.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
225
Thainá Anunciação Ferreira MATEUS ¹, Fernando da Costa FERNANDES ², João Maurício Ferreira AGUIAR³, Thalles
D’avila Pires Dutra DANTAS4, Caio Sérgio SANTOS5, Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ6
CONCLUSÃO
De acordo com o presente estudo, tanto a água destinada a ordenha quanto o
leite coletado apresentaram-se impróprios segundo as análises microbiológicas
realizadas. A caprinocultura leiteira em projetos de assentamentos rurais carece
de maior atenção e assessoria técnica, para que assim o produto final seja conduzido ao consumidor com a qualidade devida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, V. J. A. Qualidade do leite de cabra in natura processado em mini-usinas do médio Sertão e Cariri paraibano - Estudo Comparativo. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Campina
Grande. 2008. 62p.
BUZANELLO, E. B.; MARTINHAGO, M. W.; ALMEIDA, M. M. et al. Determinação de Coliformes Totais e Termotolerantes na Água do Lago Municipal
de Cascavel, Paraná. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 6, sup.
1, p. 59-60, 2008.
DÜRR, J. W. Como produzir leite de qualidade. 4. ed. Brasília: SENAR, 2012.
44p. (Coleção SENAR, ISSN 1676-367x, 113).
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Produção da Pecuária
Municipal 2012. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. Disponível em: <http://www.
sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/
default.asp?t=2&z=t&o=24&u1=1&u3=1&
u4=1&u5=1&u6=1&u7 =1&u2=20> Acesso em: 01 Jul de 2015.
MENDES, C. G.; SILVA, J. B. A.; ABRANTES, M. R. Caracterização organoléptica, físico-química, e microbiológica do leite de cabra: uma revisão. Acta
Veterinaria Brasilica, Mossoró, v.3, n.1, p.5-12, 2009.
OLIVEIRA, M.A.; FÁVARO, R. M. D.; OKADA, M. M. et al. Qualidade físico-química e microbiológica do leite de cabra pasteurizado e Ultra Alta Temperatura, comercializado na região de Ribeirão Preto-SP. Rev. Inst. Adolfo Lutz,
São Paulo, v.64, n.1, p. 104-109, 2005.
SANTOS, C. S. Diagnóstico da produção familiar de leite caprino em Mossoró-RN: aspectos sociais, econômicos, ambientais e higiênico-sanitários. Dissertação (Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade) – Universidade Federal
Rural do Semi-Árido. 2014.129p
226
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Thainá Anunciação Ferreira MATEUS ¹, Fernando da Costa FERNANDES ², João Maurício Ferreira AGUIAR³, Thalles
D’avila Pires Dutra DANTAS4, Caio Sérgio SANTOS5, Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ6
Tabela 1: Resultados obtidos baseados na metodologia do nmp – tubos múltiplos.
Propriedades
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Água
Amostras
CTO
(NMP/100mL)
CTE
(NMP/100mL)
Leite
CTO
CTE
(NMP/100mL) (NMP/100mL)
A
2,3 x 10³
2,3 x 10
4,3 x 10¹
4,3 x 10¹
B
3,5 x 10²
3,5 x 10²
< 1,1 x 10³
> 1,1 x 10³
C
9,2 x 10²
2,3 x 10³
2,4 x 10²
4,6 x 10²
D
3,5 x 10²
5,4 x 10²
3,6 x 10¹
< 1,1 x 10³
E
3,2 x 10¹
9,5 x 10¹
2,9 x 10²
> 1,1 x 10³
F
0
0
7,4
2,1 x 10¹
G
1,7 x 10¹
2,1 x 10²
< 3,0
< 3,0
227
Khaled Salim Dantas Aby FARAJ¹, Thamis Thiago RIBEIRO², Caio Sergio SANTOS³, Thalles D’avilla Pires Dutra DANTAS4, Thainá Anunciação Ferreira MATEUS5, Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ6
CARACTERIZAÇÃO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA PREVENÇÃO DE
INFECÇÕES UMBILICAIS DE PEQUENOS RUMINANTES EM COMUNIDADES
RURAIS EM MOSSORÓ-RN
Characterization of medicinal plants in the prevention of umbilical infection of
small ruminants in rural community from mossoró-rn
¹ Universidade Federal Rural
do Semi-Árido – [email protected]
² Universidade Federal Rural
do Semi-Árido – thamisthiago@
bol.com.br
³ Universidade Federal Rural
do Semi-Árido – caio.srg@
gmail.com
4
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido – thalles.adv@
hotmail.com
5
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido – thaina_95@
live.com
6
Universidade Federal Rural
do Semi-Árido – [email protected]
Khaled Salim Dantas Aby FARAJ¹, Thamis Thiago RIBEIRO², Caio Sergio SANTOS³, Thalles
D’avilla Pires Dutra DANTAS4, Thainá Anunciação Ferreira MATEUS5, Francisco Marlon
Carneiro FEIJÓ6
PA L AV R A S - C H AV E
produção familiar, caprinocultura, ovinocultura, fitoterapia, onfaloflebite.
INTRODUÇÃO
A diversidade de plantas medicinais conhecida na Caatinga é elevada
e sua obtenção na própria comunidade sugere uma forte correlação entre uso e
conhecimento tradicional dessas plantas. O resgate de tais informações assume
um papel indispensável, impedindo a sua perda com o passar dos anos, além de
contribuir para a ciência contemporânea ( LEITÃO et al., 2009). Os empregos
de produtos medicinais de origem natural começam a ganhar cada vez mais
espaço no tratamento veterinário e vem surgindo como alternativa que se deve
principalmente à grande tendência da busca por remédios fitoterápicos, vinculadas a fatores socioeconômicos, pois os custos são menores, de manutenção das
tradições culturais e a busca de um medicamento com menor efeito colateral (
SARANDY, 2007). Scardelato et al., (2013) citou que a Organização Mundial
da Saúde (OMS) reconhece o valor dos trabalhos etnobotânicos, além de estimular as comunidades a identificar suas próprias tradições em relação às terapias, e explorar práticas seguras e eficazes para posterior utilização em cuidados
primários de saúde. Uma série de doenças oportunistas pode se desenvolver nas
primeiras semanas de vida após o parto em animais. Nas infecções de umbigo,
em virtude da maior fragilidade dos recém nascidos em relação aos animais
adultos, observa-se expressivo prejuízo econômico relacionado às infecções
umbilicais, que resultam na queda do ganho de peso e até mesmo a morte dos
animais acometidos (RIET-CORREA, 2007). Desta forma, o presente estudo
buscou investigar o conhecimento dos criadores de caprinos e ovinos quanto
ao uso e técnicas de utilização de plantas medicinais na “cura” do umbigo de
pequenos ruminantes.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram aplicados 100 questionários a criadores de caprinos e ovinos em
comunidades rurais. Foram inclusos na pesquisa as pessoas que foram convidadas e aceitaram responder o questionário, com idade igual ou superior a 18 anos
228
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Khaled Salim Dantas Aby FARAJ¹, Thamis Thiago RIBEIRO², Caio Sergio SANTOS³, Thalles D’avilla Pires Dutra DANTAS4, Thainá Anunciação Ferreira MATEUS5, Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ6
e que estiveram dispostas a participar. O termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi submetido no momento do recrutamento do entrevistado e só
participavam desta pesquisa mediante a assinatura do termo. Para os entrevistados que não sabiam assinar seu nome ou estavam incapacitados foi destinado
um local para a impressão datiloscópica. O questionário continha questões sobre
o perfil social dos criadores, sua fonte de renda e grau de escolaridade. A segunda parte do questionário se referia ao perfil de sua criação, o tamanho e o tipo de
rebanho. A terceira e última parte abordava o conhecimento do produtor sobre as
plantas medicinais, seu uso, técnicas de preparo, tipo de plantas utilizadas, onde
obtiveram o conhecimento e a importância da conservação das plantas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a tabulação dos dados foi observado quanto ao perfil dos produtores que a maioria apresenta mais de 40 anos (84%) e desenvolvem apenas a
pecuária como fonte de renda (63%). Grande parte não chegou a completar o
ensino fundamental (43%) ou é analfabeto (32%). A maioria tem preferência
por ovinos (70%) alegando a baixa incidência de fugas; já a criação de pequenos
ruminantes (67%) predomina devido ao baixo custo e 49% criam bovinos. Observou-se que poucos produtores conhecem o termo onfalopatia (37%). Os produtores divergiam em relação ao tipo de tratamento feito utilizando fitoterápicos, as enfermidades mais tratadas são: ferimentos (37%), retenção de placenta
(21%), miíase (14%), parasitoses (8%), fraturas (6%) e inflamações (5%). Para
a prevenção da infecção no umbigo a planta mais utilizada foi a ameixa do mato
(15%) seguida do cajueiro (9%), embora outras plantas foram citadas, como
aroeira (8%), jurema e jucá (5%). 37% utilizavam as plantas na forma de chá,
25% como infusão e 19% trituravam e utilizavam o pó. Segundo Arnous (2005),
chá é a forma mais utilizada na preparação de remédios oriundos de plantas.
Ao utilizar a planta, a entrecasca era a parte mais utilizada (48%), seguida da
folha (28%), semente (18%), raiz (10%) e caule e folha (6%). Segundo Paes et
al. (2006) os taninos presentes na planta têm grande capacidade antimicrobiana, sendo encontrado na entrecasca do 19,83% de teor de taninos condensados
(TTC). 91% dos produtores tratam seu próprio animal quando ocorre a descrita
doença e apenas 1% utiliza fitoterápicos para o tratamento. 80% obtiveram o
conhecimento das plantas medicinais a partir de familiares e 67% acreditam que
a eficácia da planta independe de como é processada.
CONCLUSÃO
Com o que foi exposto, concluímos que a fitoterapia é amplamente utilizada por produtores rurais de caprinos e ovinos do semiárido em diversas situações. O conhecimento destes sobre diferentes tipos de plantas da região é
bastante amplo e sua utilização é observada em diversas patologias sendo o uso
em ferimentos a principal destas. O uso da entrecasca das plantas e a técnica da
decocção (chá) é a mais utilizada. O conhecimento sobre as plantas, indicações e
as técnicas utilizadas pelos produtores continua sendo passado para as gerações
descendentes.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
229
Khaled Salim Dantas Aby FARAJ¹, Thamis Thiago RIBEIRO², Caio Sergio SANTOS³, Thalles D’avilla Pires Dutra DANTAS4, Thainá Anunciação Ferreira MATEUS5, Francisco Marlon Carneiro FEIJÓ6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARNOUS, A.H.; SANTOS, A.S.; BEINNER, R.P.C. Plantas medicinais de uso
caseiro – conhecimento popular e interesse por cultivo comunitário. Revista
Espaço para a Saúde, Londrina 2005; 6:1-6.
LEITÃO, F.; FONSECA-KRUEL, V. S. da; SILVA, I. M.; REINERT, F. Urban
ethnobotany in Petrópolis and Nova Friburgo (Rio de Janeiro, Brazil). Revista
Brasileira de Farmacognosia, Curitiba, v. 19, n. 1B, p. 333-342, 2009.
PAES, J. B.; MARINHO, I. V.; LIMA, R. A.; LIMA, C. R.; AZEVEDO, T. K.
B. Viabilidade técnica dos taninos de quatro espécies florestais de ocorrência
no semi-árido brasileiro no curtimento de peles. Ciência Florestal, v. 16, n. 4, p.
453-462, 2006.
SARANDY, M. M. Avaliação do efeito cicatrizante do extrato de repolho (Brassica oleracea var. capitata) em ratos wistar. 2007. 59f. Dissertação (Mestrado em
Biologia Celular e Estrutural) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007.
SCARDELATO, J. Á.; LEGRAMANDI, V. H. P.; SACRAMENTO, L. V. S.
Ocorrência de cristais em plantas medicinais utilizadas no tratamento da nefrolitíase: paradoxo? Revista Brasileira de Farmacognosia, Curitiba, v.34, n.2,
p.161-168, 2013.
230
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Humberto Fernandes VELOSO NETO1; Maiana Silva CHAVES1; Pábola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Furtado CANTANHÊDE1; José Carlos FERREIRA-SILVA2; Marcelo Tigre MOURA3
HISTOGRAMA DE CINZA DA DEGENERAÇÃO TESTICULAR ISQUÊMICA INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE EM
CARNEIRO
Gray histogram of degeneration testicular ischemic experimentally induced in
ram
Doutorando,
Universidade
Federal Rural de Pernambuco,
PPGCV. humbertofvn@hotmail.
com
2
Mestrando, Universidade Federal Rural de Pernambuco,
PPGCV.
3
Pós-doutorado, Universidade
Federal Rural de Pernambuco,
PPGCV.
1
Humberto Fernandes VELOSO NETO1; Maiana Silva CHAVES1; Pábola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Furtado CANTANHÊDE1; José Carlos FERREIRA-SILVA2; Marcelo Tigre
MOURA3
PA L AV R A S - C H AV E
Ultrassonografia, isquemia, testículo, ovinos.
KEYWORDS
ultrasound, ischemia, testicles, ram.
INTRODUÇÃO
Na andrologia, a ultrassonografia modo-B em tempo real é umas das
principais ferramentas para avaliação testicular em ovinos sadios (ANDRADE
et al., 2012; JUCÁ et al., 2009). O histograma de escala-cinza (HEC) tem sido
utilizado para a avaliação da ecogenicidade e da ecotextura de diversos órgãos
de diferentes espécies, (SANTOS FILHO et al., 2009; SANTOS et al., 2009;
VESCOVI et al., 2009; GABOR et al., 1998; GIFFIN et al., 2009; BONELLI
et al., 2011) para avaliação microestrutural e funcional de orgãos aumentado o
conhecimento na dinâmicada histofisiologia (EVANS et al., 1996).
Haja vista, a importância da análise da escala de cinza para aumentar a sensibilidades das observações, o escopo deste estudo é acompanhar através de tal ferramenta, a progressão da degeneração isquêmica testicular experimentalmente
induzida em carneiros, com intuito de apurar as análises de padrões de ecotextura e ecogenecidade da lesão degenerativa que até então são descritas de uma
forma subjetiva.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se 6 ovinos machos, sem raça definada, púberes, entre 11 e
18 meses de idade clinicamante sadios. Aferições das medidas testiculares (perímetro escrotal, comprimeto escrotal e largura escrotal) foram verificadas com
auxílio de paquímetro e fita métrica para determinação do volume testicular
segundo Bayley et al (1998).
A indução na falha da irrigação sanguínea testicular, foi realizada burdizzo próprio para pequenos ruminantes. Os animais foram tranquilizados com
acepramazina IV (Acepram® a 1%, Univet, São Paulo) e bloqueio local com
lidocaína a 2% (Lidovet®, Bravet, São Paulo) subcutânea, na região a ser trabalhada.
Avaliação ultrassonográfica com aparelho da marca Mindray®, modelo DP
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
231
Humberto Fernandes VELOSO NETO1; Maiana Silva CHAVES1; Pábola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Furtado CANTANHÊDE1; José Carlos FERREIRA-SILVA2; Marcelo Tigre MOURA3
2200 transdutor linear multifrequencial com frequencia de 10MHz, e ganho total de imagem de 80. Foram feitas imagens em corte longitudinal, com aferição
da escala pixel em seis pontos, e quatro pontos em um corte transversal, em cada
testículo com área de diâmetro de aproximadamente de 0,5 cm cada ponto. As
imagens foram armazenadas em dispositivo de memória removível, para posterior análise computacional quantitativa da ecotextura e ecogenicidade realizada
através do histograma de cinza utilizando o software GIMP® 2.8.
Avaliações foram relizadas nos dia 0 1, 4, 8, 16, 24, 35 e 50 dias.
A análise estatística utilizou teste de normalidade de distribuição dos dados,
pelo método Kolmogorov e Smirnov e em seguida análise de variância (ANOVA) com α = 5% e post hoc de Tukey, utilizando o software GraphPad InStat®
5.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ecogenicidade é a luminosidade média de cada região selecionada da
imagem, onde médias baixas significam imagens mais escuras e médias altas
significam imagens mais claras, em padrão do histograma de cinza onde varia
de 0 (preto absoluto) a 255(branco absoluto) (SANTOS et al., 2009; GIFFIN et
al., 2009). Neste trabalho foram padronizados em valores numéricos pixel de
ecogenicidade e foi encontrado o valor médio de 105±8,23 para ecogenicidade,
com os limites inferior e superior de 91,88 e 116,17 respectivamente, onde tais
valores são referentes, aos valores de ecogenicidade média testicular de carneiros púberes com idade variando de 11 a 18 meses, deslanados, sem raça definida. GIFFIN et al (2009) encontraram valores comprendidos entre 100 e 120, não
sendo preciso quanto aos valores exatos de média e desvio padrão, encontradas
na raça Rideu Arcott, com idade dos carneiros entre 20 -22 semanas.
A ecogenicidade média de cada testículo no decorrer do experimento,
diminuiu quando comparada ao D0 (padrão de ecogenicidade normal). A diminuição da ecogenicidade do parêquima testicular foi significativa para todos os
períodos observados quando comparado ao controle e ao D1. A partir do D4 a
redução da ecogenicidade se estabilizou (Tabela 1).
A falha na vascularização testicular observada través da ecogenicidade
do parêquima, caracterizou uma lesão progressiva entre D1 e D35, obervada
pela diminuição progressiva de perimetro e volume escrotal. Entretanto a partir
de D4 esta diminuição foi menos acentuada. A hipoecogenicidade evidente no
D1 sugere um edema intersticial, decorrente da interrupção da drenagem venosa
e da irrigação arterial, (AHMAD et al., 1999), tal isquemia leva a um processo
de necrose de coagulação no parênquima, causando atrofia do orgão com degeneração dos túbulos seminíferos (FERREIRA et al. 2000).
Em D4 (11,01±1,6), houve aumento significativo da homogeneidade da
ecotextura do parênquima em relação a D0. Este achado pode advir do fato que
histologicamente, há no processo de isquemia uma necrose dos túbulos seminíferos que progride para uma autólise total melhor notada histologicamente entre
o terceiro e quinto dia pós-lesão (EILTS et al., 1989). Durante o processo de
substituição do parênquima testicular por tecido fibroso, a ecotextura avaliada
mostrou que em relação a D1 houve um aumento estatisticamente significativo
da homogeneidade, permanecendo assim até o D35, sendo observada uma alteração da ecotextura com aspecto heterogêneo no D50 (Tabela 1).
232
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Humberto Fernandes VELOSO NETO1; Maiana Silva CHAVES1; Pábola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Furtado CANTANHÊDE1; José Carlos FERREIRA-SILVA2; Marcelo Tigre MOURA3
Logo, os valores de ecotextura obtidos perante uma lesão aguda, não dá respaldo a uma avaliação diagnóstica porque a variação venha ser expressão a partir
do D4 sendo necessário correlacionar à alteração nos valores de ecogenicidade,
que se apresentará bastante diminuída.
Macroscopicamente, a degeneração testicular se caracterizou pela redução do
volume testicular e do perímetro escrotal (Figura 2), e que se observa correlação forte positiva, a medida que o volume testicular diminui ocorre redução do
perímetro testicular.
CONCLUSÃO
A determinação dos valores de ecogenicidade e ecotextura em testículos com
isquemia induzida, traz respaldos para avaliações do parêquima testicular de
uma forma mais precisa dessas lesões testiculares. Pórem é necessário uma associação entre ecogenicidade e ecotextura para um determinação mais objetiva
do estado da degeneração.
Comitê de ética:
Aprovado pelo Comite de ética da Faculdade Pio Décimo no processo 008/12.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AHMAD, N.; AMAD, H.A.; REHMAN, N.U. et al. An ultrasonographic and
histopathological study of the testis and epididymis following experimentally
induced unilateral ischemia in male goats and rams. Pakistan Veterinary Journal,v, Faisalabad, 19, p. 204-209, 1999.
ANDRADE, A.K.G.; SOARES, A.T.; CARTAXO, F.Q. et al. .Achados ultrassonográficos nos testículos e epidídimos de carneiros deslanados jovens e clinicamente sadios. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo
Horizonte, v.64, n.2, p.371-379, 2012.
BAYLEY, T.L.; HUDSO, R.; POWE, T. et al. Caliper ultrasonographic measurements of bovine testicles and a mathematical formula for determining testicular
volume and weight in vivo. Theriogenology, Stoneham, v.49, p.581-594, 1998.
BONELLI, M.A.; SANTOS, C.R.O.; COSTA, F.S. et al. Análise de histograma
dos níveis de cinza da medula espinhal normal em cães. Medicina Veterinária,
Rio de Janeiro, v.5, n.4, Supl. 1, p. 136-141, 2011.
EILTS, B.E.; PECHMAN, R.D.; TAYLOR, H.W. et al. Ultrasonographic evaluation of induced testicular lesions on male goats American Journal Veterinary Research, Chicago, v. 50, p.1361-1364, 1989.
EVANS, A.C.O.; PIERSON, R.A.; GARCIA, A. et al. Changes in circulating
hormone concentrations, testes histology and testes ultrasonography during
sexual maturation in beef bulls. Theriogenology, Stoneham, v.46, p.345–357,
1996.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
233
Humberto Fernandes VELOSO NETO1; Maiana Silva CHAVES1; Pábola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Furtado CANTANHÊDE1; José Carlos FERREIRA-SILVA2; Marcelo Tigre MOURA3
FERREIRA, A.L.; CRISCI, A.R.; FIORANI, S.A.S. et al. Lesões isquêmicas
do testículo de cães mediante garroteamento temporário do cordão espermático
Ciência Rural, Santa Maria, v.30, n.5, p.841-845, 2000.
GABOR, G.; SASSER, R.G.; KASTELIC, J.P. et al. Computer analysis of video
and ultrasonographic images for evaluation of bull testes. Theriogenology, Stoneham, v.50, p.223–228, 1998.
GIFFIN, L.; FRANKS, E.S.; RODRIGUEZ-SOSA, J. R. et al. A Study of Morphological and Haemodynamic Determinants of Testicular Echotexture Characteristics in the Ram Experimental Biology and Medicine, Maywood, v.234
p.794-801, 2009.
JUCÁ, A.F.; GUSMÃO, A.L.; BITTENCOURT, T.C. et al. Avaliação ultrassonográfica dos testículos e das glândulas sexuais anexas de carneiros santa inês.
Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 10, n. 2, p. 650-659, 2009.
SANTOS FILHO, O.O.; NARDOZZA, L.M.M.; ARAÚJO JUNIOR, E. et al.
Estudo da cicatriz uterina de cesariana avaliada pelo histograma escala-cinza
Revista da Associação Médica Brasileira, Bela Vista, v. 56, n.1, p. 99-102, 2009.
SANTOS, W.G.; MONTEIRO, J.N.; OLIVEIRA D.C. et al. Ultrassonografia
quantitativa do fígado em gatos com tirotoxicose induzida, Brazilian Journal
of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v. 46, n. 6, p. 438-447,
2009.
VESCOVI, L.A.; MONTEIRO, J.N.M.; SANTOS, W.G. et al. Ultrassonografia
quantitativa do baço de gatos normais Veterinária em Foco: Revista de Medicina
Veterinária, Canoas, v. 7, n. 1, p.4-10, 2009.
234
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Humberto Fernandes VELOSO NETO1; Maiana Silva CHAVES1; Pábola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Furtado CANTANHÊDE1; José Carlos FERREIRA-SILVA2; Marcelo Tigre MOURA3
Tabela 1: Valores de ecogenicidade e ecotextura (média±desvio padrão) do parênquima testicular de ovinos deslanados SRD submetidos a isquemia.
Dia
n
Parâmetros
Ecogenicidade
Ecotextura
VNP
AVE
13,24±0,88ad
D0
12
105,01±8,23a
D1
12
73,73±9,60b
D4
12
50,10±7,21
c
14,56±0,99abd
11,01±1,6c
11,89±1,23c
D8
12
55,55±5,05c
D16
12
57,41±3,69c
11,90±1,41abc
D24
12
53,07±5,70c
12,45±1,59abc
D35
12
52,90±8,75c
D50
12
62.19±7.15d
12,38±0,67abc
14.41±1.77abd
VNP: valor numérico de pixel (luminosidade média); AVE: amplitude de variação do eco; BH: base do histograma. Letras diferentes na mesma coluna indicam
diferença estatisticamente significativa. Valores significativos para p < 0,05.
FIGURA 2: Correlação da atrofia do volume testicular com a diminuição do
perímetro escrotal em carneiros deslanados SRD submetidos a isquemia.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
235
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MITOCONDRIAL DE ESPERMATOZOIDES DE CARNEIRO TRATADOS COM MELATONINA
ANTES DA CRIOPRESERVAÇÃO1
EVALUATION THE MITOCHONDRIAL ACTIVITY OF RAM SPERMATOZOA TREATED WITH MELATONIN BEFORE CRYOPRESERVATION1
Parte de dissertação do primeiro autor.
2
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal (CPGCA), Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Petrolina-PE,
*email:
wilde@zootecnista.
com.br
3
Professora do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
4
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (FAVET), Universidade
Estadual do Ceará
5
Discente do Curso de Medicina
Veterinária, Univasf, Petrolina-PE,
6
Bioestatístico Embrapa Semiárido – CPATSA, Petrolina-PE-Brasil.
1
Wildelfrancys Lima de Souza2, Jonathan Maia da Silva Costa4, Elenice Andrade Moraes3, Vitória Gomes Coelho5, Laiane Moreira Vianna Magalhães2; Raimundo Parente Oliveira6
PA L AV R A S - C H AV E
antioxidante. espécies reativos ao oxigênio.
mitocôndria.
KEYWORDS
antioxidant. reactive oxygen species.mitochondria.
INTRODUÇÃO
A baixa taxa de fertilidade de espermatozoides ovinos criopreservados
se deve às alterações ultra estruturais, bioquímicas e funcionais ocorridas numa
boa parte da população de espermatozoides, que resulta em insuficiente motilidade e perda de viabilidade dos mesmos no aparelho reprodutivo da fêmea
(SALAMON e MAXWELL, 2000).
As mitocôndrias são estruturas subcelulares dos espermatozoides mais
sensíveis à criorepservação (PEÑA et al., 2009). Diante disso, Hrudka (1987)
desenvolveu um ensaio citoquímico para demonstração qualitativa e quantitativa da atividade da enzima Citocromo C-Oxidase (CCO), enzima da cadeia
respiratória responsável pela produção de energia do espermatozoide, através
da 3,3’-diaminobenzidina (DAB). A enzima CCO tem fundamental papel no
processo de respiração celular e metabolismo energético das células, além de
ser pré-requisito para manutenção das funções osmótica e sintética, motilidade
e integridade da estrutura celular.
Todavia, os níveis excessivos de espécies reativas ao oxigênio podem
afetar adversamente a motilidade espermática via alterações nas funções mitocondriais, e muitos estudos têm mostrado que a melatonina pode proteger espermatozoides contra o estresse oxidativo e melhorar a atividade mitocondrial de
espermatozoides (DU 2009; JANG et al. 2010).
Deste modo, é de particular interesse o estudo do possível papel da melatonina como agente bioenergético que pode manter e melhorar a função mitocondrial (KORKMAZ et al., 2009). Portanto, objetivou-se avaliar o efeito da
adição de melatonina sobre a função mitocondrial de espermatozoides descongelados de carneiro.
MATERIAL E MÉTODOS
Todos os cuidados com os animais e os procedimentos utilizados para coletar
236
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
o sêmen foram aprovados pelo Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e
Pesquisas da Universidade Federal do Vale do São Francisco. O experimento
foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em Suínos, Espécies Nativas e Silvestre
(CPSENS), localizado no Campus de Ciências Agrárias da Univasf, Petrolina,
Pernambuco (09°23’55” de latitude S e 40°30´03” de longitude O).
Foram utilizados três carneiros, com idade entre 2 a 4 anos. Os animais foram
mantidos em baias individuais, com dieta a base de volumoso e concentrado,
com fornecimento de água ad libitum.
As colheitas foram realizadas duas a três vezes por semana para cada
animal com intervalos de 48 horas, totalizando 30 coletas, 10 para cada animal.
Foi utilizada nas colheitas vagina artificial para ovinos (Minitub®, Berlim, Alemanha) com água a 50°C acoplada a tubos de centrífuga de 50 ml, utilizando
como manequim uma fêmea ovina. Após a coleta o sêmen foi transportado imediatamente para o CPSENS e colocado em banho-maria a 32°C. Cada ejaculado
foi avaliado quanto aos parâmetros seminais (volume, aspecto, concentração e a
motilidade espermática).
Os ejaculados foram distribuídos em cinco tubos de ensaio de 15 ml e
diluídos em Tris-gema de ovo, conforme Souza et al., (2015), para concentração final de 200x106 espermatozoides/ml, determinado através da análise no
fotômetro SDM6 (Minitub®, Berlim, Alemanha), e mantidos em banho maria
a 32°C. O diluidor foi previamente preparado com as quatro concentrações diferentes de melatonina, de acordo com os tratamentos: Controle; 1 mM; 100
μM; 100 nM; 100 pM de melatonina. Após a diluição as amostras nos tubos de
ensaio foram colocadas em um becker com água a 32°C e acondicionadas sobre
rack em câmara fria a 5°C por duas horas. Após esse período, as amostras de
cada tratamento foram envasadas em palhetas de 0,5 ml, lacradas com seladora
UltraSeal (Minitub®, Berlim, Alemanha) e acondicionadas sob vapores do nitrogênio liquido a 8 cm da lâmina líquida por 15 minutos. Decorrido este tempo
as palhetas foram imersas no nitrogênio líquido e descongeladas a 37°C durante
30 segundos.
A avaliação da atividade mitocondrial foi determinada conforme Hrudka
(1987), onde 25 μL de cada amostra foram incubadas com 25 μL de DAB (1mg/
mL de PBS), a 37ºC, por uma hora, na ausência de luz. Foram contados 200
espermatozoides por lâmina em microscópio óptico DM 750 (Leica Microsystems, Heerbrugg, Suiça) em aumento de 100x, obedecendo à escala de quatro classes propostas por Hrudka (1987), onde: Classe I: células espermáticas
com peça intermediária totalmente corada, alta atividade mitocondrial (DAB
I); Classe II: células espermáticas com segmentos corados (ativos) e não-corados (inativos), havendo predominância dos ativos (DAB II); Classe III: células
espermáticas com segmentos corados (ativos) e não-corados (inativos), havendo predominância dos inativos (DAB III); Classe IV: células espermáticas com
peça intermediária totalmente descorada, sem atividade mitocondrial (DAB IV).
As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa SAS
9.2 2002-2008 by SAS Institute Inc. (Cary, NC, USA).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Quanto à atividade mitocondrial (DAB), a suplementação de 100 pM
237
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
de melatonina exerceu um maior efeito protetor sobre o percentual de células
classe I (Tabela 1; P<0,05), proporcionando um número elevado de espermatozoides com alta atividade mitocondrial após o descongelamento, quando comparado aos demais níveis de suplementação de melatonina. Pode-se observar um
efeito dose-dependente da suplementação de melatonina sobre a alta atividade
mitocondrial (DAB I; Tabela 1), isto é, quanto menor o nível de suplementação
de melatonina utilizada, maior foi à resistência das mitocôndrias ao dano oxidativo.
No entanto, o percentual de células sem atividade mitocondrial (DAB
IV) foi in-fluenciado pelos diferentes níveis de suplementação de melatonina
apresentando maior porcentagem de células sem atividade mitocondrial quando
comparado ao grupo sem suplementação de melatonina (Tabela 1; P<0,05). Da
mesma forma, as amostras do grupo sem suplementação foram mais susceptíveis as classes II e III quando comparadas com aos grupos suplementados com
melatonina. Demonstrando que o emprego de melatonina influenciou positivamente a atividade mitocondrial dos espermatozoides de carneiros após a criopreservação.
Esses resultados sugerem que devido à facilidade da melatonina de alcançar compartimentos intracelulares como a mitocôndria, bem como, apresentar propriedade redutora (JOU et al., 2007), a melatonina pode melhorar e manter a função mitocondrial.
Resultados semelhantes foram encontrados por Costa et al. (2015) com
sêmen ovino tratados com a associação melatonina+Trolox+ácido ascórbico.
Todavia, Perez et al. (2012) avaliando o efeito da adição de glutationa reduzida
(GSH) relataram que o GSH confere proteção a atividade mitocondrial de espermatozoides de ovinos. No entanto, Maia et al. (2009) estudando a adição de
catalase e Trolox na criopreservação do sêmen ovino, observaram que a atividade mitocondrial após o descongelamento manteve-se equivalente em todos os
grupos avaliados.
CONCLUSÃO
A melatonina mantém a função mitocondrial dos espermatozoides durante o processo de criopreservação, tendo a concentração de 100 pM de melatonina apresentado alta atividade das mitocôndrias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, J. M. S.; SOUZA, W. L.; MORAES, E. A.; GRAHAM, J. K. Antioxidants improve membrane integrity and acrosome and sperm mitochondrial activity in ram sperm after cryopreservation. In: ADSA - ASAS, JOINT ANNUAL
MEETING-JAM, 2015, Orlando-FL. J. Anim. Sci. Vol. 93, Suppl. s3/J. Dairy
Sci. Vol. 98, Suppl. 2. Orlando-FL, 2015. p. 114-115.
DU, LY. Antioxidation of melatonin on boar semen preservation. Jiangsu, Journal of Agricultural Science, 25, 315–319. 2009.
HRUDKA, F. Cytochemical and ultracytochemical demonstration of cytochrome-c oxidase in spermatozoa and dynamics of changes accompanying ageing
238
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
or induced by stress. International Journal of Andrology, v. 10, n. 6, p. 809-828,
1987.
JANG, HY; KIM, YH; KIM, BW; PARK, IC; CHEONG, HT; KIM, JT; PARK,
CK; KONG, HS; LEE, HK; YANG, BK. Ameliorative effects of melatonin
against hydrogen peroxide-induced oxidative stress on boar sperm characteristics and subsequent in vitro embryo development. Reproduction in Domestic
Animals, 45, 943–950, 2010.
JOU, M.-J.; PENG, T-I.; YU, P-Z.; JOU, S-B.; REITER, R. J.; CHEN, J-Y.;
WU, H-Y.; CHEN, C-C.; HSU, L-F. Melatonin protects against common deletion of mitochondrial DNAaugmented mitochondrial oxidative stress and apoptosis. Journal of Pineal Research, v. 43, n. 4, p. 389-403, 2007.
KORKMAZ, A., REITER, R. J., TOPAL, T. Melatonin: na established antioxidant worthy of use in clinical trials. Mol Med, 15(1-2), 43-50, 2009.
MAIA, M.S.; BICUDO, S.D.; AZEVEDO, H.C.; SICHERLE, C.C.; SOUSA,
D.B.; RODELLO, L. Motility and viability of ram sperm cryopreserved in a
Tris-egg yolk extender supplemented with anti-oxidants. Small Ruminant Research, v.85, p.85-90, 2009.
PEÑA, F. J.; RODRÍGUEZ-MARTÍNEZ, H.; TAPIA, J. A.; ORTEGA-FERRUSOLA, C.; GONZÁLEZ-FERNÁNDEZ, L.; MACÍAS-GARCÍA, B. Mitochondria in mammalian sperm physiology and pathology: a review. Reproduction in
Domestic Animals, v. 44, p. 345-349, 2009.
PEREZ, E. G. A. ; NICHI,M. ; VIANA, C.H,C.; SILVA, R. O. C.; DALMAZZO, A.; GÓES, P. A. A.; GURGEL, J. R. C.; BARNABE, V. H.; BARNABE, R.
C. Efeito da adição de Glutationa na função e estresse oxidativo em sêmen ovino criopreservado. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science (Impresso), v. 49, p. 262-268, 2012.
SALAMON, S.; MAXWELL, W.M.C. Storage of ram semen. Animal Reproduction Science, v. 62, p. 77-111, 2000.
SAS System for Windows (Statistical Analysis System), versão 9.2. Cary, USA:
SAS Institute Inc; 2002-2008.
SOUZA, W. L.; LIMA, D. I. B.; MORAES, E. A.; COSTA, J. M. S.; TORRES, L. R. C.; COELHO, V. G.; MAGALHAES, L. M. V. Adição de diferentes
concentrações de crioprotetores e gema de ovo sobre a motilidade espermática
progressiva de ovinos após a criopreservação. In: XXV Congresso Brasileiro de
Zootecnia-ZOOTEC, 2015, Fortaleza-CE. Anais do XXV Congresso Brasileiro
de Zootecnia. 2015. v. 25.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
239
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
Tabela 1. Percentuais de atividade mitocondrial (DAB I, II, III, IV) de espermatozoides de carneiros criopreservados após adição de diferentes níveis de
suplementação de melatonina (NSM) no sêmen fresco.
NSM
Controle
1 mM
100 µM
100 nM
100 pM
DAB I %
59,60±8,04B
60,66±8,17B
62,50±7,56B
64,46±5,88B
69,28±8,9A
DAB II %
22,05±9,17A
21,36±8,16AB
20,83±7,63AB
19,65±6,58AB
16,96±8,84B
DAB III %
10,36±9,49A
8,86±8,64AB
8,46±7,69AB
7,78±9,48AB
7,41±8,90AB
DAB IV %
9,48±8,67A
7,60±8,84AB
8,20±7,24AB
8,10±7,62AB
6,33±8,21B
Médias com letras maiúsculas diferentes sobrescritas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
A,B
240
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE ACROSSOMAL DE ESPERMATOZOIDES DE
CARNEIROS TRATADOS COM MELATONINA ANTES DA CRIOPRESERVAÇÃO1
EVALUATION THE INTEGRITY ACROSOMAL OF RAM SPERMATOZOA
TREATED WITH MELATONIN BEFORE CRYOPRESERVATION1
Parte de dissertação do primeiro autor.
2
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal (CPGCA), Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Petrolina-PE,
*email:
wilde@zootecnista.
com.br
3
Professora do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
4
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (FAVET), Universidade
Estadual do Ceará
5
Discente do Curso de Medicina
Veterinária, Univasf, Petrolina-PE,
6
Bioestatístico Embrapa Semiárido – CPATSA, Petrolina-PE-Brasil.
1
Wildelfrancys Lima de Souza2, Jonathan Maia da Silva Costa4, Elenice Andrade Moraes3, Vitória Gomes Coelho5, Laiane Moreira Vianna Magalhães2; Raimundo Parente Oliveira6
PA L AV R A S - C H AV E
antioxidante. congelamento. espécies reativas ao oxigênio. ovino.
KEYWORDS
antioxidant. freezing. reactive oxygen species. sheep.
INTRODUÇÃO
O acrossoma é um dos principais componentes da célula espermática,
pois é o responsável pela fusão do espermatozoide com o oócito (BELFORD,
1983).
No entanto, a avaliação da integridade da membrana acrossomal pode ser feita
observando suas alterações morfológicas, por microscopia eletrônica ou através
de testes funcionais, lançando-se mão do uso de corantes ou de sondas fluorescentes (POPE, ZHANG e DRESSER, 1991). Diante disso, Pope, Zhang e Dresser (1991) desenvolveram um método simples e rápido para a coloração desta
organela, comprovando sua eficácia para a avaliação da integridade acrossomal
do espermatozoide.
As membranas de algumas organelas, assim como as do acrossoma,
são especialmente sensíveis aos danos causados pelo resfriamento (WATSON,
1995). Desta maneira, é muito importante avaliar a integridade dessas membranas ao se estudar novas metodologias de congelamento do sêmen (BAILEY,
BILODEAU e CORMIER, 2000).
Com isso, a suplementação com antioxidantes aumenta a tolerância
espermática após descongelamento em diferentes espécies (CÂMARA et al.,
2011) e a melatonina tem como função, nos organismos mais primitivos, a proteção contra o estresse oxidativo (TAN et al., 2007). Objetivou-se avaliar efeito
da adição de melatonina sobre a integridade acrossomal de espermatozoides
descongelados de carneiros.
MATERIAL E MÉTODOS
Todos os cuidados com os animais e os procedimentos utilizados para
coletar o sêmen foram aprovados pelo Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas da Universidade Federal do Vale do São Francisco. O experimento foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em Suínos, Espécies Nativas
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
241
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
e Silvestre (CPSENS), localizado no Campus de Ciências Agrárias da Univasf,
Petrolina, Pernambuco (09°23’55” de latitude S e 40°30´03” de longitude O).
Foram utilizados três carneiros, com idade entre 2 a 4 anos. Os animais foram
mantidos em baias individuais, com dieta a base de volumoso e concentrado,
com fornecimento de água ad libitum.
As colheitas foram realizadas duas vezes por semana para cada animal com
intervalos de 48 horas. Foi utilizado nas colheitas vagina artificial para ovinos
(Minitub®, Berlim, Alemanha) com água a 50°C acoplada a tubos de centrífuga
de 50 ml, utilizando como manequim uma fêmea ovina. Após a coleta, o sêmen
foi transportado imediatamente para o CPSENS e colocado em banho-maria a
32°C. Cada ejaculado foi avaliado quanto aos parâmetros seminais: (volume,
aspecto, concentração e a motilidade espermática).
Os ejaculados foram distribuídos em cinco tubos de ensaio de 15 ml e
diluídos em Tris-gema de ovo, conforme Souza et al., (2015), para concentração final de 200x106 espermatozoides/ml, determinado através da análise no
fotômetro SDM6 (Minitub®, Berlim, Alemanha) e mantidos em banho maria a
32°C. O diluidor foi previamente preparado com as quatro concentrações diferentes de melatonina, de acordo com os tratamentos: Controle; 1 mM; 100 μM;
100 nM; 100 pM de melatonina. Após a diluição, as amostras nos tubos de ensaio foram colocadas em becker com água a 32°C e acondicionadas sobre rack
em câmara fria a 5°C por duas horas. Após esse período, as amostras de cada
tratamento foram envasadas em palhetas de 0,5 ml e lacradas com seladora UltraSeal (Minitub®, Berlim, Alemanha) e acondicionadas sob vapores do nitrogênio liquido, por 15 minutos, a 8 cm da lâmina líquida. Decorrido este tempo,
as palhetas foram imersas no nitrogênio líquido e descongeladas a 37°C durante
30 segundos.
O corante simples de Pope (POPE; ZHANG; DRESSER, 1991) foi utilizado para verificar a integridade do acrossoma. Onde, alíquotas de 10 μl de cada
amostra foram diluídas com 90 μl de solução diidrato citrato de sódio a 2,9% em
microtubo tipo eppendorf de 1,5 ml. Em seguida foi adicionado ao tubo 10 μl de
corante simples de Pope, homogeneizado, e incubado a temperatura ambiente
por 70 segundos. Após incubação, 10 μl de cada amostra foi colocado em lâmina e feito esfregaço. As laminas com os esfregaços foram cobertas com lamínula, sob imersão em óleo. Foram contados 200 espermatozoides por lâmina em
microscópio óptico DM 750 (Leica Microsystems, Heerbrugg, Suiça) em aumento de 100x. Estes foram classificados em: a) acrossoma íntegro (AI): região
acrossomal de coloração lilás, levemente mais escura na região pós-acrossomal;
b) acrossoma não íntegro (AA): região acrossomal de coloração rosa, levemente
mais clara na região pós-acrossomal.
As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando-se o programa
SAS 9.2 2002-2008 by SAS Institute Inc. (Cary, NC, USA).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na avaliação da integridade acrossomal, o emprego da suplementação
de 100 pM de melatonina proporcionou o maior percentual de acrossoma íntegro em relação aos demais níveis de suplementação após a criopreservação do
sêmen de carneiro (Tabela 1; P<0,05).
242
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
Estes resultados comprovam nossa hipótese de que a suplementação
com melatonina ao meio diluidor aumentaria a eficiência na conservação da
integridade estrutural da membrana acrossomal. Demonstrando a eficácia da
melatonina como antioxidante devido sua capacidade quelante das espécies reativas de oxigênio (ERO; REITER et al., 2007) relacionadas aos danos causados
no processo de criopreservação a membrana acrossomal. Nossos resultados corroboram com os de Costa et al. (2015) que estudaram a associação de Trolox C,
melatonina e ácido ascórbico ao diluente de sêmen de ovinos e relataram maior
proteção contra os danos no acrossoma durante o processo de criopreservação
comparado ao controle. No entanto, Peixoto et al. (2008) observaram que a adição de antioxidantes (ácido ascórbico e Trolox C) no sêmen ovino não preservou a integridade da membrana acrossomal após a criopreservação.
CONCLUSÃO
A suplementação de 100 pM de melatonina promoveu nos espermatozoides de carneiro maior proteção contra os danos no acrossoma durante o processo de criopreservação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAILEY, J.L.; BILODEAU, J.F.; CORMIER, N. Semen Cryopreservation in
Domestic Animals: A Damaging and Capacitating Phenomenon. Journal of Andrology, v.21, p.1-7, 2000.
BELFORD, J. M. Significance of the need for sperm capacitation before fertilization in eutherian animals. Biology of Reproduction, v. 28, p. 108-120, 1983.
CÂMARA, D.R.; SILVA, S.V.; ALMEIDA, F.C.; NUNES, J.F.; GUERRA,
M.M.Effects of antioxidants and duration of pre-freezing equilibration on frozen-thawed ram semen. Theriogenology, 76, p. 342–350, 2011.
COSTA, J.M. S.; SOUZA, W. L.; MORAES, E. A.; GRAHAM, J. K. Antioxidants improve membrane integrity and acrosome and sperm mitochondrial activity in ram sperm after cryopreservation. In: ADSA - ASAS, JOINT ANNUAL
MEETING-JAM, 2015, Orlando-FL. J. Anim. Sci. Vol. 93, Suppl. s3/J. Dairy
Sci. Vol. 98, Suppl. 2. Orlando-FL, 2015. p. 114-115.
PEIXOTO, A. L. V. A.; MONTEIRO JR, P. L. J.; CAMARA, D. R.; VALENCA,
M. M.; SILVA, K. M. G.; GUERRA, M. M. P. Efeito do tempo de incubação
pós-descongelação sobre a viabilidade de espermatozóides ovinos criopreservados com tris-gema suplementado com vitamina c e trolox. Ciência Veterinária
nos Trópicos, v. 11, p. 16-24, 2008.
POPE, C. E.; ZHANG, Y. Z.; DRESSER, B. L. A simple staining method for
evaluating acrosomal status of cat spermatozoa. Journal of Zoo and Wildlife
Medicine, v. 22, n. 1, p. 87-95, 1991.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
243
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO5,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
REITER, R. J., TAN, D. X., TERRON, M. P.Melatonin and its metabolites: new
findings regarding their production and their radical scavenging actions. Acta
Biochim Pol, 54(1), 1-9, 2007.
SAS System for Windows (Statistical Analysis System), versão 9.2. Cary, USA:
SAS Institute Inc; 2002-2008.
SOUZA, W. L.; LIMA, D. I. B.; MORAES, E. A.; COSTA, J. M. S.; TORRES, L. R. C.; COELHO, V. G.; MAGALHAES, L. M. V. Adição de diferentes
concentrações de crioprotetores e gema de ovo sobre a motilidade espermática
progressiva de ovinos após a criopreservação. In: XXV Congresso Brasileiro de
Zootecnia-ZOOTEC, 2015, Fortaleza-CE. Anais do XXV Congresso Brasileiro
de Zootecnia. 2015. v. 25.
TAN, D.-X.; MANCHESTER, L. C.; TERRON, M. P.; FLORES, L. J.; REITER, R. J. One molecule, many derivatives: a never-ending interaction of melatonin with reactive oxygen and nitrogen species? Journal of Pineal Research, v.
42, n. 1, p. 28-42, 2007.
WATSON, P.F. Recent developments and concepts in the cryopreservation of
spermatozoa and the assessment of their post-thawing function. Reprodution,
Fertilility and Development, v. 7, p. 871-891, 1995.
Tabela 1. Percentuais de integridade da membrana acrossomal (iAC) de espermatozoides de carneiros criopreservados após adição de diferentes níveis de
suplementação de melatonina (NSM) no sêmen fresco.
NSM
Controle
1 mM
100 µM
100 nM
100 pM
iAC %
90,21B
90,56B
90,41B
94,43B
96,51A
Médias com letras maiúsculas diferentes sobrescritas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
A,B
244
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Maiana Silva CHAVES 1, Fernando TENÓRIO FILHO1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Pábola Santos NASCIMENTO1 ,
Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2
EFEITO MACHO E DURAÇÃO DA ESTAÇÃO DE MONTA EM OVELHAS PLURÍPARAS CÍCLICAS DA RAÇA MORADA
NOVA
Male effect and duration of the breeding season in cycling pluriparous sheep of
Morada Nova breed
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Faculdade Dr. Francisco Maeda, DMV. [email protected]
1
Maiana Silva CHAVES 1, Fernando TENÓRIO FILHO1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Pábola
Santos NASCIMENTO1 , Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2
PA L AV R A S - C H AV E
bioestimulação, prenhez, prolificidade
KEYWORDS
biostimulation, pregnancy, prolificacy
INTRODUÇÃO
O ovinocultura no estado de Pernambuco vem utilizando biotécnicas reprodutiva que aceleram tanto o melhoramento genético quanto aumentam o desempenho reprodutivo dos rebanhos (MAZZONI GONZALEZ e OLIVEIRA,
1991).
Como uma alternativa de manejo reprodutivo simples e de baixo custo,
o efeito macho apresenta eficiência na indução e sincronização do estro similar
a métodos farmacológicos. Essa bioestimulação quando associada à duração da
estação de monta está relacionada a incremento no desempenho reprodutivo de
fêmeas pluríparas cíclicas (CALDAS et al., 2015).
Diante desse contexto, objetivou-se avaliar a influência do efeito macho
associado à duração da estação de monta sobre a indução e a sincronização do
estro, prenhez e prolificidade de ovelhas pluríparas cíclicas Morada Nova criadas nas Regiões do Semiárido e da Zona da Mata do Estado de Pernambuco.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no município de Sertânia-PE, Sertão, latitude 08°04’25’’ S, longitude 37°15’52’’ O, altitude de 558 m, temperatura média
anual de 22,8 °C, pluviosidade média anual de 566 mm3, durante os meses de
julho e setembro, e no município de Escada-PE, região da Zona da Mata Sul,
latitude 08°21’33’’ S, longitude 35°13’25’’ O, altitude de 109 m, temperatura
média anual de 24,4 °C e pluviosidade média anual de 1763 mm3, nos meses de
setembro a novembro.
A alimentação consistiu de vegetação nativa, pastagens cultivadas e suplementação com forragem no período da tarde. O sal mineral e a água foram
oferecidos ad libitum. Todos os animais foram vermifugados de forma sistemática e vacinados contra raiva e clostridioses.
As fêmeas, com idade 36 a 48 meses (n = 180), após o desmame das suas
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
245
Maiana Silva CHAVES 1, Fernando TENÓRIO FILHO1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Pábola Santos NASCIMENTO1 ,
Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2
respectivas crias, foram pré-selecionadas de acordo com a ciclicidade, mínimo
de dois ciclos estrais consecutivos, e submetidas a nenhum tipo de contato de
machos por 60 dias. Posteriormente, as fêmeas que apresentaram o escore entre
3 e 4 (CALDAS et al., 2015) foram selecionadas, identificadas e de forma aleatória e equitativa foram distribuídas nas estações de monta com duração de 25
dias, 35 dias ou 45 dias.
Os reprodutores da raça Morada Nova (n = 6) foram pré-selecionados
de acordo com o histórico de fertilidade e após seleção, com base na avaliação
da capacidade reprodutiva através de exame andrológico sugerido pelo Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (2013), forma introduzidos no rebanho de
ovelhas. Para identificação e quantificação do estro durante a estação, os mesmos foram untados na região do esterno com cores diferentes a cada dez dias da
estação de monta.
O estro foi considerado como sincronizado quando ocorreu até o quinto
dia da referida estação e o diagnóstico de gestação foi efetuado através da ultrassonografia no 60º dia após a última cobertura observada.
A estatística foi feita através de análises de variânica, teste t-Student para
dados contínuos e qui-quadrado para dados binomiais. Os dados foram analisados através do SAS, na versão 8 e o nível de significância foi de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A porcentagem de estros induzidos foi igual entre as regiões e entre as
durações da estação de monta (P>0,05), sendo os mesmo distribuídos nos primeiros 40 dias da estação (P<0,05) e com maior incidência de apenas um estro
por fêmea. A sincronização do estro ocorreu em mais de 60% (Tabela1). Esses
dados corroboram Gelez e Fabre-Nyz (2004) os quais afirmam que a experiência sexual das fêmeas pluríparas contribui para a alta proceptividade a corte do
macho aumentando a intensidade do estro e acelerando seu aparecimento numa
estação de monta.
Para que o efeito macho tenha uma influência positiva sobre a taxa de
prenhez, é necessário que a fêmea tenha um pico de LH seguido por um corpo
lúteo funcional. Estes aspectos fisiológicos foram observados nas fêmeas desse
trabalho e em maior frequência no primeiro estro (Tabela 1). Estudos reiteram
que o primeiro estro decorrente do efeito macho ser anovulatório ou, se ocorrer ovulação, o corpo lúteo formado regride rapidamente (CHEMINEAU et al.,
2006).
A prevalência de partos simples na região Semiárida e na Zona da Mata
foi maior em relação aos duplos (P<0,05).
Uma vez que a distribuição pluviométrica relaciona-se com a nutrição e esta,
com a qualidade dos oócitos e com a taxa de ovulação (VALASI et al., 2012)
era previsto uma maior quantidade de cabritos nascidos por fêmeas na Zona da
Mata, no entanto, a prolificidade encontrada não diferiu entre as regiões (Tabela1).
CONCLUSÃO
A estação de monta de 35 dias associada ao efeito macho é eficiente para
induzir e sincronizar o estro de fêmeas pluríparas cíclicas da raça Morada Nova,
246
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Maiana Silva CHAVES 1, Fernando TENÓRIO FILHO1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Pábola Santos NASCIMENTO1 ,
Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2
sem comprometer a prenhez e a prolificidade.
Comite de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
nº 08/12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALDAS, E. L.C; FERREIRA-SILVA, J. C; FREITAS NETO, L.M. et al. Male
effect associated with suckling interruption on the reproductive performance of
Santa Inês ewes. Boletim de Indústria Animal, Nova Odessa, v. 72, n.2, p.117123, 2015.
CHEMINEAU, P.; PELLICER-RUBIO, M.T.; LASSOUED, N. et al. Male-induced short oestrous and ovarian cycles and sheep and goats: a working hypothesis. Reproduction Nutrition Development, Paris, v.46, n. 4, p.417-429, 2006.
COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL-CBRA. Manual para
exame e avaliação de sêmen animal. 3. ed. Belo Horizonte. 2013, 87p.
GELEZ, H.; FABRE-NYS, C. The “male effect” in sheep and goats: a review of
the respective roles of the two olfactory systems. Hormones and behavior, New
York, v.46, n.3, p.257-261, 2004.
MAZZONI GONZALEZ, C. I.; OLIVEIRA, V. S. Técnicas para incrementar a
eficiência reprodutiva de caprinos e ovinos. In: XXVIII Reunião da Sociedade
Brasileira de Zootecnia / Caprinocultura e Ovinocultura, João Pessoa, 1991.
Anais... João Pessoa, 1991.p.7102.
VALASI, I.; CHADIO, S.; FTHENAKIS, G.C. et al. Management of pre-pubertal small ruminants: Physiological basis and clinical approach. Animal Reproduction Science, Amsterdam, v.130, n. 3-4, p.126-134, 2012.
Tabela 1- Desempenho reprodutivo de ovelhas pluríparas da raça Morada
Nova submetidas ao efeito macho em regiões do Semiárido e Zona da Monta
no Estado de Pernambuco.
Semiárido
Estros (%)
Prenhez (%)
Prolificidade ( )
Zona da Mata
EM25
EM35
EM 45
EM25
EM35
EM45
90a
(27/30)
92a
(23/27)
1,30a
93a
(28/30)
86a
(24/28)
1,29a
93a
28/30
93a
(26/28)
1,35a
97a
(29/30)
93a
(27/29)
1,41a
100a
(30/30)
90a
(27/30)
1,41a
93a
(28/30)
93a
(26/28)
1,42a
Letras diferentes na mesma linha representam diferença significante (P<0,05).
EM25: estação de monta de 25 dias; EM35: estação de monta de 35 dias; EM45:
estação de monta com 45 dias.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
247
Huber RIZZO1; Tatiane Rodrigues DA SILVA2, Taile Katiele Souza DE JESUS1, Felipe Apolônio MARINHO2, Mario Augusto
Reyes ALEMÁN3, Vanessa CASTRO4
OCORRÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-Leptospira spp. EM CAPRINOS DO ESTADO DE SERGIPE, BRASIL
Occurrence of anti-Leptospira spp antibodies in goats of state of Sergipe, Brazil
Universidade Federal Rural de
Pernambuco. DMV. hubervet@
gmail.com,
tailekatiele14@
yahoo.com.br
2
Faculdade de Medicina Veterinária Pio Décimo de Aracaju,
PIO X. tatianerodrigues.vet@
gmail.com, felipemarinhovet@
hotmail.com
3
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, VCM.
[email protected]
4
Insitituto Biológico de São
Paulo, Centro de P&D de Sanidade Animal. castro@biologico.
sp.gov.br
1
Huber RIZZO1; Tatiane Rodrigues DA SILVA2, Taile Katiele Souza DE JESUS1, Felipe Apolônio
MARINHO2, Mario Augusto Reyes ALEMÁN3, Vanessa CASTRO4
PA L AV R A S - C H AV E
caprinocultura, icterohaemorrhagiae, leptospirose, soroaglutinação microscópica, sorovar
KEYWORDS
goats, icterohaemorrhagiae, leptospirosis,
microscopic agglutination test, serovar
INTRODUÇÃO
A infecção de caprinos por leptospiras pode manifestar-se nas formas
aguda, crônica ou inaparente, sendo essa última a mais frequente e muito importante do ponto de vista epidemiológico, uma vez que a introdução de animais
com esse tipo de infecção pode garantir a persistência do agente no rebanho.
Estudos de ocorrência nacional, nos estados de Rio Grande do Norte (ARAÚJO
NETO et al., 2010), Paraíba (HIGINO et al., 2012), Minas Gerais (DOS SANTOS et al., 2012), Rio de Janeiro (LILENBAUM et al., 2007; LILENBAUM et
al., 2008), Espirito Santo (CORTIZO et al., 2015) e Santa Catarina (TOPAZIO
et al., 2015), Rio Grande do Sul (SCHIMIDT, AROSI e DOS SANTOS, 2002),
demonstram que a ocorrência de caprinos com anticorpos anti-Leptospira varia
de 3,6% a 35,5%. Os principais sorovares identificados foram o Autumnalis,
Australis, Hardjo, Shermani, Wolffi, Pyrogenes, Castellonis e Patoc (HIGINO
e AZEVEDO, 2014). Taxas maiores (30% e 71,6%) foram observado em soros
caprinos, suspeitos de leptospiroses, encaminhados ao Laboratório de Leptospirose da Escola de Medicina Veterinária da UFBA (VIEGAS, VIEGAS e CALDAS, 1980; CALDAS et al., 1996).
Objetiva-se o estudo da ocorrência de leptospiras em caprinos criados no
Estado de Sergipe.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletas 675 amostras de sangue de caprinos de 41 propriedades
localizadas no Estado de Sergipe entre os anos de 2013 e 2014, sendo selecionados de sete a 20 animais por rebanho aleatoriamente. As propriedades localizavam-se em 15 municípios Sergipanos pertencentes as três mesorregiões do
Estado que são: Leste, Agreste e Sertão com 178, 233 e 264 amostras coletadas
respectivamente.
248
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Huber RIZZO1; Tatiane Rodrigues DA SILVA2, Taile Katiele Souza DE JESUS1, Felipe Apolônio MARINHO2, Mario Augusto
Reyes ALEMÁN3, Vanessa CASTRO4
Os soros foram obtidos por centrifugação a 1.600 g por 10 minutos no
Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário Dr. Vicente Borelli da
Faculdade Pio Décimo, Aracaju-SE, acondicionados em tubos tipo eppendorf e
congelados a -20ºC até a análise. A pesquisa de anticorpos anti-leptospiras foi
executada no Laboratório de Doenças Bacterianas da Reprodução do Instituto
Biológico de São Paulo pela reação de soroaglutinação microscópica utilizando coleção constituída por 26 estirpes de leptospiras dos sorovares: australis,
autumnalis, bataviae, bratislava, butembo, canicola, castellonis, copenhageni,
cynopteri, grippotyphosa, hardjo, hebdomadis, icterohaemorrhagiae, javanica,
panama, pomona, pyrogenes, sentot, shermani, tarassovi, whitcombi e wolffi.
As leptospiras foram cultivadas no meio de EMJH modificado (FAINE, 1982;
ALVES et al., 1996)
A pesquisa foi desenvolvida na Faculdade de Medicina Veterinária Pio
Décimo de Aracaju e no Instituto Biológico de São Paulo e aprovada pela Comissão de Bioética da Faculdade Pio Décimo, protocolo Nº 06/2014.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ocorrência de caprinos sororeagentes a leptospiras nos 41 rebanhos
Sergipanos foi de 29% (196/675) com 90,2% (37/41) de focos. Índices de ocorrência maiores foram observados somente em estudos realizados no município
de Uberlândia (DOS SANTOS et al., 2012) e no Estado de Santa Catarina (TOPAZIO et al., 2015) e Bahia (VIEGAS, VIEGAS e CALDAS, 1980; CALDAS
et al., 1996). O alto índice de focos, assemelha-se a estudos realizados em rebanhos Cariocas e Catarinenses com 100% e 90% de focos respectivamente (LILENBAUM et al., 2007; TOPAZIO et al., 2015). Na Paraíba obteve-se 43% de
focos (HIGINO et al., 2012). Em ovinos criados em Sergipe, também foi observado alto índice de animais sororeativos e focos (37,6% e 98,3%) demonstrando
sua grande disseminação dos rebanhos de pequenos ruminantes do Estado (RIZZO et al., 2013)
Em relação as três regiões a ocorrência de animais positivos e de focos
nas propriedades foram respectivamente de 28,9% (53/178) e 100% (10/10) na
Leste, 26,6% (62/233) e 81,3% (13/16) no Agreste e 39,9% (79/264) e 93,3%
(14/15) no Sertão, não sendo observado diferença entre a ocorrência nas regiões,
mesmo a Leste apresentando índices pluviométricos e de umidade maior que
as outras, fator esse que propicia a persistência do agente no meio (HIGINO E
AZEVEDO, 2014)
Dentre os positivos 9,3% eram machos e 90,3% fêmeas, onde analisando a ocorrência dentro de cada sexo foi obtido 16,5% (18/109) dentre os machos e 31,2%
(177/567) dentre as fêmeas.
Foram registradas 244 reações de soroaglutinização com oito sorovares
distintos. A ocorrência dos sorovares observados em ordem decrescente foram
de 74,2% icterohaemorrhagiae (n=181), 9,4% bratislava (n=23), 5,3% pomona
(n=13), 4,1% pyrogenes (n=10), 2% australis, assim como wolffi (n=5), 1,6%
canicola (n=4) e 1,2% hardjo (n=3).
Das pesquisas nacionais em caprinos, o sorovar icterohaemorrhagiae foi um
dos mais presentes na Bahia e na Paraíba em soros de animais suspeitos de leptospirose (VIEGAS, VIEGAS e CALDAS, 1980; LANGONI et al., 2002). Foi
isolado no Bra¬sil tendo como principal hospedeiro de manutenção, os roedores
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
249
Huber RIZZO1; Tatiane Rodrigues DA SILVA2, Taile Katiele Souza DE JESUS1, Felipe Apolônio MARINHO2, Mario Augusto
Reyes ALEMÁN3, Vanessa CASTRO4
sinantrópicos, sendo eles a provável fonte de infecção nos re¬banhos acometidos (CORREIA et al., 2004).
Os títulos obtidos variaram de 100 a 1.600, e o mais frequente foi o valor de 100 em 148 (60,7%) animais. Em seguida foram observados os valores
200, 400, 800 e 1600 registrados, respectivamente em 67 (27,5%), 21 (8,6%),
6 (2,5%) e 2 (0,8%) caprinos. As baixas titulações, que podem indicar uma
infecção crônica, justificam-se uma vez que os animais do estudo se apresentavam aparentemente saudáveis. Os títulos elevados associam-se a uma infecção
recente e/ou ativa (FAINE, 1982).
CONCLUSÃO
Os rebanhos Sergipanos apresentaram alto índice de focos de animais
sororeagentes a leptospiras, sendo esses indivíduos portadores cônicos, responsáveis pela manutenção da infecção nos rebanhos assim como a presença de roedores sinantrópicos, principal portador do sorovar icterohaemorrhagiae o mais
ocorrente no estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, C.J.; VASCONCELOS, S.A.; CAMARGO, C.R.A. et al. Influência de
fatores ambientais sobre a proporção de caprinos soro-reatores para a leptospirose em cinco centros de criação do Estado da Paraíba, Brasil. Arquivos do
Instituto Biológico, São Paulo, v.63, n.2, p.11-18, 1996.
ARAÚJO NETO, J.O.; ALVES, C.J.; AZEVEDO, S.S. et al. Soroprevalência
da leptospirose em caprinos da microrregião do Seridó Oriental, Estado do Rio
Grande do Norte, Brasil, e pesquisa de fatores de risco. Brazilian Journal of
Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v.47, n.2, p.150-155, 2010
CALDAS, E.M.; VIEGAS, S.A.R.A.; VIEGAS, E.A. et al. Aglutininas antileptospiras em hemosoro de animais domésticos no Estado da Bahia, 1994/1996.
Arquivos da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia,
Salvador, v.18, n.1, p.268-280, 1996.
CORREIA, S.H.R.; VASCONCELLOS, S.A.; MORAIS, Z.M. et al. Epidemiologia da leptospirose em animais silvestres na fundação parque zoológico de
São Paulo. Brazilian Journal Veterinary Research Animal Science, São Paulo,
v.41, p.189- 193, 2004.
CORTIZO, P.; LOUREIRO, A.P.; MARTINS, G. et al. Risk factors to incidental
leptospirosis and its role on the reproduction of ewes and goats of Espírito Santo
state, Brazil. Tropical Animal Health Production, Edinburgh, v.47, p.231–235,
2015.
DOS SANTOS, J.P.; LIMA-RIBEIRO, A.M.C.; OLIVEIRA, P.R. et al. Seroprevalence and risk factors for Leptospirosis in goats in Uberlândia, Minas Gerais,
Brazil. Tropical Animal Health Production, Edinburgh, v.44, p.101–106, 2012.
FAINE, S. (Ed.). Guidelines for the control of leptospirosis, Geneva: WHO,
1982. p. 1-171. (WHO Offset Publication, 67).
250
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Huber RIZZO1; Tatiane Rodrigues DA SILVA2, Taile Katiele Souza DE JESUS1, Felipe Apolônio MARINHO2, Mario Augusto
Reyes ALEMÁN3, Vanessa CASTRO4
HIGINO, S.S.S.; ALVES, C.J.; SANTOS, C.S.A.B. et al. Prevalência de leptospirose em caprinos leiteiros do semiárido paraibano. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.32, n.3, p. 199-203, 2012.
HIGINO, S.S.S.; AZEVEDO, S.S. Leptospirose em pequenos ruminantes: situação epidemiológica atual no Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.81, n.1, p. 86-94, 2014.
LANGONI, A.C.M.; PINHEIRO, S.R.; VASCONCELLOS, S.A. et al. Leptospiras predominantes em exames sorológicos de bubalinos, ovinos, caprinos,
eqüinos, suínos e cães de diversos estados Brasileiros. Ciência Rural, Santa Maria, v. 32, n. 4, p.613-619, 2002.
LILENBAUM, W.; SOUZA, G.N.; RISTOW, P. et al. A serological study on
Brucella abortus, caprine arthritis–encephalitis virus and Leptospira in dairy goats in Rio de Janeiro, Brazil. The Veterinary Journal, London, v.173, p.408–412,
2007.
LILENBAUM, W.; VARGES, R.; MEDEIROS, L. et al. Risk factors associated
with leptospirosis in dairy goats under tropical conditions in Brazil. Research in
Veterinary Science, London, v.84, n.1, p.14-7, 2008.
RIZZO, H.; CARVALHO, J.S.; HORA, J.H.C. et al., Ocorrência de aglutininas
anti-leptospira em ovinos do estado de Sergipe, Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA, 10, Belém, 2013. Anais...Belém: CBB, 2013.
SCHIMIDT, V.; AROSI, A.; DOS SANTOS, A.R. Levantamento sorológico da
leptospirose em caprinos leiteiros no Rio Grande do Sul, Brasil. Ciencia Rural,
Santa Maria, v.32, n.4, p.609-612, 2002.
TOPAZIO, J.; TONIN, A.A.; MACHADO, G. et al. Antibodies to Leptospira
interrogans in goats and risk factors of the disease in Santa Catarina (West side),
Brazil. Research in Veterinary Science, London, v.99, p.53–57, 2015.
VIEGAS, E.A.; VIEGAS, S.A.R.A.; CALDAS, E.M. Aglutininas antileptospiras em hemosoro de caprinos e ovinos, no Estado da Bahia. Arquivos da Escola
de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, Salvador, v.5, n.1,
p.20-34, 1980.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
251
Huber RIZZO1; Tatiane Rodrigues DA SILVA2, Taile Katiele Souza DE JESUS1, Felipe Apolônio MARINHO2, Mario Augusto
Reyes ALEMÁN3, Vanessa CASTRO4
Tabela 1. Ocorrência de caprinos sororeagentes a leptospiras pelo teste soroaglutinação microscópica em relação ao município e mesorregião do estado de
Sergipe, Brasil.
Município
Aracaju
Estância
Itaporanga d’ajuda
Nossa Senhora do Socorro
Salgado
São Cristóvão
Neópolis
Total Região Leste
Itabaiana
Lagarto
Macambira
Poço Verde
Total Região Agreste
Canindé de São Francisco
Nossa Senhora da Glória
Pedra Mole
Pinhão
Total Região Sertão
Total
Focos/Propriedades
3/3 (100%)
1/1 (100%)
1/1 (100%)
1/1 (100%)
2/2 (100%)
1/1 (100%)
1/1 (100%)
9/9 (100%)
1/1 (100%)
1/1 (100%)
2/3 (66,7%)
9/11 (81,1%)
14/17 (82,3%)
6/6 (100%)
5/6 (83,3%)
1/1 (100%)
2/2 (100%)
14/15 (93,3%)
37/41 (90,2%)
Sororeativos/Total
11/52 (21,5%)
11/20 (55%)
4/20 (20%)
8/18 (44,4%)
9/28 (32,1%)
9/20 (45%)
1/20 (5%)
53/178 (29,8%)
12/20 (60%)
7/20 (35%)
6/42 (14,3%)
37/151 (24,5%)
62/233 (26,6%)
46/120 (38,3%)
21/92 (22,8%)
1/13 (7,7%)
11/39 (28,2%)
79/264 (29,9%)
194/675 (29%)
Tabela 2 .Distribuição das 244 reações de soroaglutinização em soro de caprinos, criados no Estado de Sergipe, sororeagente a leptospiras pelo teste soroaglutinação microscópica.
Sorovar
Australis
Brastislava
Canicola
Icterihaemorrhagiae
Pomona
Pyrogenes
Serjoe Hardjo
Serjoe Wojffi
Total
252
100
2 (0,8%)
15 (6,1%)
4 (1,6%)
116 (47,5%)
4 (1,6%)
3 (1,2%)
2 (0,8%)
2 (0,8%)
148 (60,7%)
200
2 (0,8%)
6 (2,5%)
50 (20,5%)
4 (1,6%)
3 (1,2%)
1 (0,4%)
1 (0,4%)
67 (27,4%)
Titulação
400
1 (0,4%)
2 (0,8%)
14 (5,7%)
2 (0,8%)
2 (0,8%)
21 (8,6%)
800
1 (0,4%)
2 (0,8%)
2 (0,8%)
1 (0,4%)
6 (2,5%)
1600
1 (0,4%)
1 (0,4%)
2 (0,8%)
Total
5 (2,1%)
23 (9,4%)
4 (1,6%)
181 (74,2%)
13 (5,3%)
10 (4,1%)
3 (1,2%)
5 (2,1%)
244 (100%)
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
EFEITO MACHO: ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL E EFICIENTE PARA INDUZIR E SINCRONIZAR O ESTRO DE OVELHAS SANTA INÊS
Male effect: alternative sustainable and efficient to induce and synchronize estrous in Santa Inês ewes
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. carlos.
[email protected]
2
Faculdade Dr. Francisco Maeda, DMV, [email protected]
1
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
PA L AV R A S - C H AV E
bioestimulação, prenhez, prolificidade
KEYWORDS
bioestimulation, pregnancy, prolificacy
INTRODUÇÃO
O efeito macho é definido como um estímulo social (RAMÍREZ e
QUINTERO, 2001) capaz de estimular o retorno da ciclicidade de fêmeas em
anestro pós-parto ou estacional.
O efeito macho é uma biotécnica de fácil implantação, de baixo custo e de
eficiência comprovada em ovinos (CALDAS et al., 2015). Além disso é um
método que atende as novas exigências do mercado consumidor (MARTIN e
KADOKAWA, 2006) por dispensar o uso de substancias hormonais sem comprometer o bem estar animal.
Devido à necessidade de separar o reprodutor do rebanho das ovelhas a
uma distância mínima de 1000 m (PEARCE e OLDHAM, 1988), esse método
torna-se impraticável de ser adotado em pequenas propriedades.
Diante do exposto, objetivou-se avaliar a possibilidade de reduzir a distância
de separação macho/fêmea sem comprometer a eficiência do efeito macho em
induzir o retorno da ciclicidade de ovelhas no anestro pós-parto e sincronizar o
estro sem interferir na prenhez e na prolificidade.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos no Município de Escada, Região da
Zona da Mata do Estado de Pernambuco.
Fêmeas, com idade de 2 a 4 anos e que haviam parido entre 15 e 30 dias, foram
selecionadas conforme o escore de condição corporal, bem como por ultrassonografia do trato reprodutivo para avaliação da condição de aciclia. Posteriormente, foram afastadas dos reprodutores por 30 dias para evitar o contato físico,
visual, olfativo e auditivo nos dois primeiros tratamentos experimentais (T1 e
T2), respectivamente, por 1000 m e 300 m e no terceiro (T3) foram afastadas
dos reprodutores por 3 m, evitando-se apenas o contato físico.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
253
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
Os reprodutores da raça Santa Inês (n = 3) foram selecionados de acordo
com o histórico de fertilidade e através de exame andrológico, conforme sugerido pelo CBRA (2013).
O estro foi observado duas vezes ao dia (6:00 e 16:00 horas) durante a
estação de monta de 45 dias, sendo considerado como estro sincronizado, aquele
que ocorreu até o quinto dia da referida estação. O diagnóstico de gestação foi
efetuado por ultrassonografia no 35o e 60o dia da cobertura.
A análise estatística foi realizada através do teste de qui-quadrado, considerando-se como significativo valores < 0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 estão contidos os dados relativos à dispersão de estros que
ocorreu até o 33o dia da estação de monta com 45 dias de duração. Ainda é
possível visualizar que a sincronização dos estros, nos primeiros cinco dias da
estação de monta, somente ocorreu em aproximadamente 26% no T1, 20% no
T2 e de 23% no T3, não havendo diferença (P > 0,05) entre os tratamentos.
Na Tabela 1 constam os dados relativos à prenhez no primeiro e segundo serviços, prenhez total, bem como aqueles concernentes a prolificidade não sendo
registrada diferença (P > 0,05) entre os tratamentos.
Diante dos dados obtidos é possível sugerir uma redução da estação de
monta para 35 dias. Essa redução diminuiria os custos de produção, especialmente com mão de obra especializada, assim como concentraria os partos em
épocas favoráveis, uniformizaria os lotes e planejaria a produção de acordo com
as exigências de mercado, conforme descrito por Fonseca et al. (2007).
Apesar de não existir dados disponíveis sobre índices reprodutivos de
ovelhas da Raça Santa Inês para a região da Zona da Mata do estado de Pernambuco, os resultados aqui obtidos de prenhez total e prolificidade encontram-se
em conformidade com o que é recomendado pela EMBRAPA (1989) para a
Região do Semiárido nordestino. A prenhez no primeiro serviço foi maior do
que a do segundo, independente do tratamento experimental, achado que desmistifica a observação que o primeiro estro decorrente do efeito macho pode
ser anovulatório ou, se ocorrer ovulação, o corpo lúteo formado é débil, regride
rapidamente e determina o aparecimento de estros decorrentes de ciclo curto
(CHEMINEAU et al., 2006).
CONCLUSÃO
Os resultados permitem concluir que evitando apenas o contato físico é
possível utilizar o efeito macho com ovelhas acíclicas durante o pós-parto sem
comprometer a prenhez e a prolificidade, além de permitir a sugestão de reduzir
essa estação para 35 dias.
Comitê de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
nº 08/12.
254
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
CALDAS, E.L.C; FREITAS NETO, L.M.; ALMEIDA-IRMAO, J.M.; SILVA,
J.C.F.; SILVA, P.G.C.; VELOSO NETO, H.; NEVES, J.P.; MOURA, M.T.;
LIMA, P.F.; OLIVEIRA, M.A.L. The influence of separation distance during the
preconditioning period of the male effect approach on reproductive performance
in sheep. Veterinary Science Development, (Artigo Impresso) 2015.
CBRA - COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL. Manual
para exame e avaliação de sêmen animal. 3. ed. Belo Horizonte. 2013, 50p.
CHEMINEAU, P.; PELLICER-RUBIO, M.T.; LASSOUED, N.; KHALDI, G.
E MONNIAUX, D. Male-induced short oestrous and ovarian cycles and sheep
and goats: a working hypothesis. Reproduction Nutrition Development, v.46,
p.417-429, 2006.
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Recomendações
tecnológicas para a produção de caprinos e ovinos no Estado do Ceará. Sobral,
CE: EMBRAPA-CNPC, 1989, 58p.
FONSECA, J.F.; SOUZA, J.M.G.; BRUSCHI, J.H. Sincronização de estro e
superovulação em ovinos e caprinos. Embrapa Caprinos e Ovinos-Nota técnica,
2007.
MARTIN, G.B.; KADOKAWA, H. “Clean, Green and Ethical” Animal Production. Case Study: Reproductive Efficiency in Small Ruminants. Journal of
Reproduction and Development, v.52, n.1, 2006.
PEARCE,D.T.; OLDHAM, C.M. Importance of non-olfatory ram stimuli in mediating ram-induced ovulation in the ewe. Journal of Reproduction & Infertility,
v.84, p.333-339, 1988.
RAMÍREZ, L.A.; QUINTERO, L.A.Z. Los fenómenos de bioestimulacion sexual en ovejas y cabras. Veterinaria Mexicana, v.32, n.2, p. 117-129, 2001.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
255
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
Figura 1 - Distribuição de estros de ovelhas da raça Santa Inês, paridas entre 45
e 60 dias, que foram previamente afastadas do reprodutor durante 30 dias por
1000 m (T1), 300 m (T2) e por 3 m (T3) antes de iniciar a estação de monta de
45 dias.
Tabela 1 - Porcentagem de prenhez por número de serviço das fêmeas da raça
Santa Inês, paridas entre 45 e 60 dias, que foram previamente afastadas do reprodutor durante 30 dias por 1000 m (T1), por 300 m (T2) e por 3 m (T3) antes
de iniciar a estação de monta de 45 dias.
Tratamento
T1
T2
T3
Primeiro
n/n (%)
18/27 (66,6)a
19/26 (73,0)a
18/27 (66,6)a
Prenhez por Serviço
Segundo
Total
n/n (%)
n/n (%)
9/27 (33,4)b
27/30 (90,0)
7/26 (27,0)b
26/30 (86,6)
b
9/27 (33,4)
27/30 (90,0)
Prolificidade
( ± s)
1,30±0,4
1,38±0,5
1,33±0,5
Letras minúsculas diferentes na mesma linha significa diferença (P < 0,05)
256
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
EFEITO MACHO: ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL E EFICIENTE PARA INDUZIR E SINCRONIZAR O ESTRO DE
CABRAS NÚLIPARAS DA RAÇA ANGLO-NUBIANA EM DIFERENTES PERÍODOS
CLIMÁTICOS
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. carlos.
[email protected]
2
Faculdade Dr. Francisco Maeda, DMV, [email protected]
1
Male effect: sustainable and efficient alternative to induce and synchronize estrous in nulliparous Anglo-Nubian goats under different climatic periods
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
PA L AV R A S - C H AV E
caprino jovem, manejo reprodutivo, bioestimulação
KEYWORDS
young goat, reproductive management, biostimulation.
INTRODUÇÃO
O avanço tecnológico da caprinocultura nas últimas décadas estimulou
a importação de sêmen, embriões e animais com qualidade genética superior
para acelerar o melhoramento genético. Mesmo assim, ainda existe carência de
programas efetivos que orientem os produtores adotarem práticas adequadas de
manejo visando aumentar o desempenho reprodutivo dos rebanhos nos períodos
de seca e chuva (SILVA e ARAÚJO, 2000), especialmente no semiárido nordestino (BANDEIRA et al. 2004). Adequar uma estação de monta para cabras nulíparas no semiárido utilizando o efeito macho é importante por permitir controlar
e estimular a atividade reprodutiva de forma natural (HORTA e GONÇALVES,
2006; LIMA et al., 2000). Este procedimento assegura o nascimento de crias em
intervalos menores, reduz o tempo dispensado com a supervisão na época de parição e racionaliza as demais atividades de manejo (VALLE et al., 2000). Além
disso, contribui para selecionar as fêmeas mais prolíficas e as que desmamam as
crias mais pesadas (SILVA e ARAÚJO, 2000).
O efeito macho é um método natural de indução e sincronização do estro
e é definido como um estímulo social capaz de estimular o retorno da ciclicidade de fêmeas em anestro pós-parto ou estacional (RAMÍREZ e QUINTERO,
2001). Contudo, fêmeas núliparas respondem com menor intensidade ao estímulo provocado pelo macho (GELEZ et al., 2003). Diante do exposto, objetivou-se avaliar o desempenho reprodutivo dessas fêmeas submetidas ao efeito
macho nas estações de monta de 25, 35 e 45 dias de duração.
MATERIAL E MÉTODOS
Os Experimentos foram conduzidos no Município de Sertânia-PE. FoCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
257
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
ram utilizados 243 animais, sendo três reprodutores, com idade de 24 a 48 meses
e 240 fêmeas nulíparas da raça Anglo-Nubiana, com idade entre 8 e 12 meses.
As fêmeas, criadas em regime semiextensivo, eram soltas pela manhã na pastagem de vegetação da caatinga e retornavam ao aprisco no período da tarde.
A condição reprodutiva das fêmeas foi avaliada através da ultrassonografia, conforme Santos et al. (2004) e exame vaginoscópico adaptado daquele preconizado por Grunert et al. (2005) para bovinos.
Os reprodutores, com capacidade fecundante anteriormente comprovada, permaneceram 300 m afastados das fêmeas sem contato visual, olfativo e
auditivo durante 60 dias em baias individuais com a alimentação sendo à base
de capim elefante, além de 200 g de ração concentrada específica para caprinos.
No dia anterior ao início do experimento, os reprodutores foram submetidos
ao exame andrológico recomendado pelo CBRA (2013) para confirmação da
condição reprodutiva. Ao ser introduzido no rebanho foi untado com uma mistura de graxa e tinta xadrez (4:1) na região do esterno para identificar as fêmeas
acasaladas, sendo substituída a cada 10 dias para facilitar a identificação das
fêmeas que retornavam ao estro. As coberturas foram diariamente observadas às
6:00 e 16:00 horas por pessoal habilitado, efetuando-se as anotações em fichas
individuais.
O diagnóstico de gestação foi efetuado através da ultrassonografia no
60o dia após a última cobertura, conforme técnica sugerida por Santos et al.
(2004).
Os resultados foram analisados através do teste de Tukey para comparação das
médias e teste de Qui-Quadrado para a comparação entre as proporções. O nível
de significância foi de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Imediatamente após a introdução dos machos nos rebanho, um elevado
número de fêmeas evidenciou estro, independentemente da duração da estação
de monta. Segundo Lima et al. (2000), a introdução repentina do macho após
um isolamento prévio de 3 a 4 semanas sem contato visual, olfativo e auditivo,
provoca um pico pré-ovulatório de LH que estimula o desenvolvimento folicular e induz a ovulação (CHEMINEAU, 1987).
Os dados contidos na Tabela 1 não evidenciam influência (P > 0,05) da
duração da estação de monta sobre a porcentagem de animais em estro e sobre
a taxa de penhez, sendo interessante ressaltar que durante a estação de monta de
25 dias, algumas fêmeas foram cobertas em duas oportunidades. Esse achado
respalda a utilização da Estação de Monta com a referida duração, otimizando a
produção de caprinos no sertão pernambucano.
Na Tabela 2 é possível observar que um significativo número de fêmeas
evidenciou prenhez, não sendo registrada diferença (P > 0,05) entre a duração da
estação de monta. Por outro lado, houve diferença (P < 0,05) entre os períodos
climáticos, fato já esperado e que pode estar associado ao maior aporte nutricional durante o período chuvoso.
CONCLUSÃO
Os resultados permitem concluir que o efeito macho é um método natural efi258
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
ciente que contribui para reduzir a estação de monta para 25 dias sem comprometer os parâmetros reprodutivos avaliados.
Comitê de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
nº 08/12.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
BANDEIRA, D.A.; SANTOS, M.H.B.; NETO, J.C.; NUNES, J.F. Aspectos
da caprino-ovinocultura no Brasil e seus reflexos produtivo e reprodutivo. In:
SANTOS, M.H.B.; OLIVEIRA, M.A.L.; LIMA, P.F. Diagnóstico de gestação
na cabra e na ovelha. São Paulo: Varela, 2004. Cap. 1, p.1-9.
CBRA - COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL. Manual
para exame e avaliação de sêmen animal. 3. ed. Belo Horizonte. 2013, 50p.
CHEMINEAU, P. Possibilities for using bucks to stimulate ovarian and oestrous cycles in anovulatory goats. A review. Livestock Production Science, v.17,
p.135-147, 1987.
GELEZ, H., LINDSAY, D.R., BLACHE, D., MARTIN, G.B. Temperament and
sexual experience affect female sexual behaviour in Sheep. Applied Animal
Behaviour Science, v.84, n.2, p.81–87, 2003.
GRUNERT, E. BIRGEL, E.H., VALE, W.G. Semiologia do trato genital feminino. In: Patologia e clínica da reprodução dos animais mamíferos domésticos:
ginecologia. São Paulo: Varela, 2005. p.181-241.
HORTA, A.C.M., GONÇALVES, S.C. Biostimulation through the male-effect in
inducing and synchronising ovarian activity in small ruminants. In: XVI CONGRESSO DE ZOOTECNIA SABER PRODUZIR, SABER TRANSFORMAR.
2006. Vale de Santarém. Anais... Vale de Santarém: Escola Superior Agrária de
Castelo Branco, 2006. p.95-107.
LIMA, S.A., COSTA, A.N., REIS, J.C., PEREIRA, R.J.T.A. Malle effect associated or not to cloprostenol in the induction and sychronization of estrus in Anglo-Nubian goats. Ciência Veterinária nos Trópicos, v.3, n.2, p.102-110, 2000.
RAMÍREZ, L.A.; QUINTERO, L.A.Z. Los fenómenos de bioestimulacion sexual en ovejas y cabras. Veterinaria Mexicana, v.32, n.2, p. 117-129, 2001.
SANTOS, M.H.B., OLIVEIRA, M.A.L., MORAES, E.P.B.X., CHALHOUB,
M., BICUDO, S.D. Diagnóstico de gestação por ultra-sonografia de tempo real.
In: SANTOS, M.H.B., OLIVEIRA, M.A.L., LIMA, P.F. (Ed.), Diagnóstico de
gestação na cabra e na ovelha. São Paulo:Varela, 1985. p.97-116.
SILVA, F.L.R, ARAÚJO, A.M. Desempenho Produtivo em Caprinos Mestiços
no Semi-árido do Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.4,
p.1028-1035, 2000.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
259
José Carlos FERREIRA-SILVA1, Maiana Silva CHAVES1, Pabola Santos NASCIMENTO1, Ludymila Cantanhêde FURTADO1, Marcelo Tigre MOURA1, Maico Henrique Barbosa SANTOS2
VALLE, E. R., ANDREOTTI, R., THIAGO, L.R.L. Técnicas de manejo reprodutivo em bovinos de corte. In: Documentos/Embrapa Gado de Corte. Embrapa
Gado de Corte, Campo Grande, 2000. 61 p.
Tabela 1 - Porcentagem de estro de cabras nulíparas da raça Anglo-Nubiana
submetidas ao efeito macho nas Estações de Monta de 25, 35 e 45 dias nos Períodos Seco e Chuvoso.
Estação
de Monta
25 dias
35 dias
45 dias
Ocorrência de Estros
Período Seco
No de
% de
Fêmeas
Estro
40
70,00
40
85,00
40
85,00
Período Chuvoso
N de
% de
Fêmeas
Estro
40
85,00
40
95,00
40
95,00
o
Tabela 2 - Porcentagem de prenhez de cabras nulíparas da raça Anglo-Nubiana
submetidas ao efeito macho nas Estações de Monta de 25, 35 e 45 dias nos Períodos Seco e Chuvoso.
Estação
de Monta
25 dias
35 dias
45 dias
Prenhez
Período Seco
No de
% de
Fêmeas
Prenhez
40
55,00a
40
70,00a
40
70,00a
Período Chuvoso
No de
% de
Fêmeas
Prenhez
40
80,00b
40
90,00b
40
90,00b
Letras minúsculas diferentes na mesma linha significa diferença (P < 0,05).
260
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
DIÂMETRO FOLICULAR EM DIFERENTES PROTOCOLOS HORMONAIS EM
VACAS GIROLANDO
Follicular diameter under different hormone protocols in Girolando cows
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2,
Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. pabolasn@
hotmail.com
2
Instituto agronômico de Pernambuco, Recife- PE, Brasil.
1
PA L AV R A S - C H AV E
estro, IATF, progesterona.
KEYWORDS
estrous, FTAI, progesterone.
INTRODUÇÃO
A raça, período pós-parto, média de lactação e escore de condição corporal são fatores que estão relacionados com o sucesso dos protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Uma das possibilidades de falha na
concepção nos programas de IATF é o crescimento reduzido do folículo pré-ovulatório, que determina a falha na ovulação e o desenvolvimento de um corpo
lúteo pequeno que produz pouca progesterona. No Entanto este o hormônio responsável por induzir alterações no ambiente uterino propiciando a receptividade e melhor desenvolvimento do concepto, caso esteja em boas concentrações,
e consequentemente, maiores possibilidades de obter prenhez (LONERGAN,
2011).
O hormônio folículo-estimulante (FSH) é uma gonadotrofina hipofisária,
administrada em protocolos de estimulação ovariana. Pela obtenção de resultados semelhantes àqueles após tratamentos com FSH, a Gonadotrofina Coriônica
equina (eCG) têm sido utilizada em substituição ao FSH (BALDASSARRE et
al., 2003). Com o intuito de promover maior crescimento e maturação do folículo ovulatório foi testada a administração de gonadotrofina coriônica equina
(eCG) ou hormônio folículo estimulante (FSH) no dia da retirada do implante a
base de progesterona.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado entre os meses de Setembro à Novembro, na Estação Experimental do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), localizada
no Município de Arcoverde, no sertão de Pernambucano.
Foram utilizadas 40 vacas da raça 5/8 Girolando, não gestantes, com intervalo entre partos variando entre 81 e 543 dias, idade entre 48-180 meses, escore de condição corporal 2,5-4,5, e média de lactação entre 4,53-19,4, mantidas
em regime de pastejo, em capim pangolão (Digitaria pentzii), com suplementação mineral e água a vontade. Os animais após avaliação clínico-ginecológica
foram identificados por um número de ordem além dos já existentes no controle
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
261
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
da fazenda através de brincos numerados, sendo estas a base de identificação do
animal no decorrer do experimento.
Os animais foram divididos em 2 grupos experimentais de acordo com
o protocolo hormonal (Tratamento 1- T1 - FSH; Tratamento 2- T2 - eCG) e 2
subgrupos dentro de cada grupo, de acordo com a observação de estro: Tratamento1A - com observação de estro e 1B - sem observação de estro; Tratamento
2A - com observação de estro e 2B - sem observação de estro. As vacas do
T1 receberam no D0 um implante subcutâneo auricular de silicone contendo
3mg de norgestomet (Crestar®) e 2mg de benzoato de estradiol (Estrogin®),
D8 retirada do implante, 100 UI de FSH i.m (Pluset®) e 500μg de cloprostenol
sódico i.m. (Ciosin®), D9 0,5 mg de cipionato de estradiol (ECP®, Pfizer Saúde
Animal, São Paulo, Brasil). Os animais do T2 receberam no D0 um implante
subcutâneo auricular de silicone contendo 3mg de norgestomet (Crestar®) e
2mg de benzoato de estradiol (Estrogin®), D8 foi retirado o implante, aplicado
500UI de eCG i.m (Gonadotrofina Coriônica Eqüina, Novormon®, Schering-Plough Saúde Animal, São Paulo, Brasil) e 500μg de cloprostenol sódico i.m.
(Ciosin®), D9 0,5 mg de cipionato de estradiol (ECP®, Pfizer Saúde Animal,
São Paulo, Brasil) (somente o subgrupo sem a observação de estro), Os subgrupos T1B e T2B, no D10, aproximadamente 56h da retirada do implante, foram IATFs. Os subgrupos T1A e T2A que tiveram o estro observado, só foram
inseminados quando da exibição do estro. Essas vacas foram avaliadas após a
retirada do implante de 12 em 12 horas até a inseminação ou, caso não demonstrasse estro, no máximo, até 72 horas da retirada do implante. Todos os animais
pertencentes a todos os tratamentos tiveram a dinâmica folicular acompanhada
com ultrassom nos D0, D4, D8, D10.
Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS 16.0 empregando-se a análise de variância (ANOVA). O teste t-Student foi usado para detectar diferenças entre os grupos. Para todas as análises, os valores foram considerados significativos (P< 0,05). Foram realizados estudos comparativos entre
os tratamentos e seus subgrupos (FSH CIO-1A; FSH IATF-1B; eCG CIO-2A;
eCG IATF-2B) nas variáveis: Dias pós parto (DPP), Idade em meses (I), Escore
de condição corporal (ECC), Média de lactação (ML), Diâmetro do maior folículo na retirada do implante (DFRI), Diâmetro do folículo pré ovulatório na IA
(DFIA).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diferença (P< 0,05) para a variável DFRI entre os tratamentos
T1A ≠ T2A (0,8±0,0; 0,8±0,1, respectivamente) e T2A ≠ T2B (0,8±0,1; 0,9±0,0,
respectivamente). Nas variáveis DPP, I, ECC, ML, não foram observadas diferenças (P> 0,05) provavelmente devido a uniformidade dos grupos (tabela 1).
No presente estudo o diâmetro do folículo pré-ovulatório foi maior no protocolo
que utilizou o eCG IATF demonstrando satisfatória indução do pico de LH e
ovulação. Estudos comprovam que o folículo pré-ovulatório de maior tamanho
encontrado com a utilização do eCG propiciou um corpo lúteo de melhor qualidade devido a maior perfusão sanguínea, no entanto sem relação direta com a
taxa de prenhes (WECKER et al., 2012; SANTOS, 2013).
Levando em conta que naqueles protocolos que tiveram estro observado,
houve maior tempo para que os folículos presentes crescessem e ainda assim
262
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
não houve diferença daqueles presentes em vacas inseminadas em tempo fixo
no dia da inseminação demonstrado pela variável DFIA.
CONCLUSÃO
O uso do eCG na IATF resultou em um folículo de maior diâmetro no dia
da retirada do implante.
Comite de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
nº 05/11.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALDASSARRE, H.; WANG, B.; KAFIDI, N. et al. Production of transgenic
goatsby pronuclear microinjection of in vitro produced zygotes derived from
oocytes recovered by laparoscopy. Theriogenology, Stoneham, v. 59, n. 3-4, p.
831–839, 2003.
LONERGAN, P. Influence of progesterone on oocyte quality and embryo development in cows. Theriogenology, Stoneham, v. 76, n. 9, p. 1594-1601, 2011.
SANTOS, E. S. Efeito das características morfológicas e da dinâmica vascular
do folículo e do corpo lúteo sobre a fertilidade de vacas de corte submetidas à
protocolo de sincronização do estro e ovulação. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Anatomia doa Animais Domésticos e Silvestres,
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo,
2013. 46p.
WECKER, F.; THEDY, D.X.; GONSIOROSKI, A.V. et al. Effect of administration of eCG or hCG 7 days after FTAI on the development of ovarian structures
and pregnancy rates in Beff Cows. Acta Scientiae Veterinariae, Porto Alegre, v.
40, n. 4, p. 1072-1080, 2012.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
263
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
Tabela 1: Médias e erros-padrão de variáveis reprodutivas em vacas 5/8 Girolando submetidas a protocolos de sincronização e indução do estro utilizando
FSH ou eCG na retirada do implante contendo progesterona.
DPP
I
ECC
ML
DFRI
DFIA
T1A-FHS CIO
257,6±45,6a
97,2±15,2a
3,2±0,2a
8,1±1,0a
0,8±0,0a
1,2±0,0a
T2A- eCG CIO
264,1±45,6a
87,6±12,1a
3,2±0,1a
8,8±0,6a
0,8±0,1c
1,5±0,0a
T1B-FSH IATF
263,5±50,0a
92,4±12,7a
3,4±0,2a
10,7±1,1a
0,6±0,0ac
1,3±0,0a
T2B-eCG IATF
333,6±53,8a
87,6±12,9a
3,2±0,18a
9,0±1,0a
0,9±0,0ab
1,2±0,0a
DP (dias pós-parto); I (idade em messes); ECC (escore de condição corporal);
ML (média de lactação); DFRI (diâmetro do maior folículo na retirada do implante); DFIA (diâmetro do folículo pré-ovulatório no momento da inseminação
artificial). Médias (±SEM) com letras sobrescritas diferentes (a,b,c) na mesma
linha são significativamente diferentes (P<0,05).
264
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
EFEITOS DA SEXAGEM SOB AS CARACTERÍSTICAS ESPERMATICAS DE TOUROS 5/8 GIROLANDO
Effects of sexing under sperm bulls features 5/8 Girolando
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2,
Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. pabolasn@
hotmail.com
2
Instituto agronômico de Pernambuco, Recife- PE, Brasil.
1
INTRODUÇÃO
Avanços no processo de sexagem espermática (SHARPE; EVANS, 2008)
e mudanças nos protocolos de produção in vitro de embriões (PIVE) puderam
permitir a proximidade entre as taxas de produção embrionária alcançadas com
sêmen sexado daquelas alcançadas com sêmen convencional (BLONDIN et al.,
2009).
A utilização de análises computadorizadas como a exemplo o “Computer-Assisted Semen Analysis” (CASA) (RUPERT et al., 2004), e sondas fluorescentes por meio de microscopia de epifluorescência ou citometria de fluxo são
métodos que vem sendo amplamente utilizados em algumas espécies (SILVA et
al., 2012). O grande desafio seria apontar dentre os animais férteis, aqueles que
suportariam os danos causados pela técnica de sexagem mantendo sua capacidade fecundante (SEIDEL JR, 2003). E das diversas variáveis obtidas pelo CASA
aquelas que teriam uma maior influencia sobre o potencial de fertilidade
(ARRUDA et al., 2010).
O objetivo deste trabalho foi comparar as análises obtidas pelo CASA
realizadas com sêmen sexado e convencional de três touros da raça 5/8 Girolando, e observar a influencia da sexagem sob as características espermáticas,
identificando possíveis alterações, lesões e danos provocados pela técnica.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo oi realizado no Laboratório de Andrologia do Departamento
de Medicina Veterinária – ANDROLAB, da Universidade Federal Rural de Pernambuco em Recife. Foram feitas três repetições de cada procedimento para o
sêmen convencional e três para o sêmen sexado de cada touro, todas submetidas
às mesmas condições.
Foram utilizadas palhetas criopreservadas contendo sêmen convencional (três
doses) e sêmen sexado (três doses), provenientes de três touros da raça pura sintética 5/8 Girolando (T1, T2 e T3), de mesma partida para cada tipo de sêmen/
touro.
Para a cinética, o método utilizado foi o mesmo descrito por Nascimento
(2014).
Para a cinética, 5 µL de cada amostra foi colocada em uma lâmina previamente
aquecida (37◦ C), e uma lâminula depositada por cima da gota. A lâmina foi
colocada sob o microscópio de contraste de fase (Eclipse 50i; Nikon, Tóquio,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
265
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
Japão) e as imagens foram captadas com uma câmera digital Basler A312FC
(Basler Vision Technologies, Ahrensburg, Alemanha). As imagens foram capturadas e analisadas utilizando o software SCA ™ v 5.1 (Microptics, SL, Barcelona, Espanha). Pelo menos cinco campos microscópicos, não consecutivos
selecionados aleatoriamente por amostra foram digitalizados, registrando pelo
menos 2.000 espermatozoides móveis. As definições de parâmetros padrão foram: motilidade progressiva (MP)), velocidade (VEL), linearidade (LIN), retilinearidade (STR), expressos em valores porcentuais (%); velocidade curvilínea
(VCL), velocidade linear progressiva (VSL) e velocidade média da trajetória
(VAP) expressas em micrometros por segundo (µm/s); amplitude de deslocamento lateral da cabeça (ALH) expresso em micrometros (µm); e frequência de
batimento flagelar (BCF), expresso em hertz (Hz).
Os dados foram analisados pelo programa estatístico SPSS 16.0 empregando-se a análise de variância (ANOVA). Para todas as análises, os valores
foram considerados significativos (P< 0,05). Antes dessas análises, dados percentuais para linearidade e retilinearidade foram transformados em arcoseno.
Todos os resultados foram expressos em média ± erro padrão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado das análises estatísticas mostraram diferenças (P< 0,05) nas
análises do CASA entre os tipos de sêmen (sexado e convencional) dos touros
em diversas variáveis principalmente as que se referem ao padrão de movimento
dos espermatozoides VCL, VSL, VAP, BCF, ALH e STR (tabela 1).
Alguns autores relataram que o sêmen sexado necessita de menos tempo para a
capacitação devido ao processo de separação por citometria de fluxo (BLONDIN et al., 2009).
Os espermatozoides sexados apresentaram padrão de cinética espermática superior ao sêmen convencional como reportado por GALLEGO (2010)
fator que favorece o processo de fertilização quando da utilização desse tipo
de sêmen na FIV. Estudos associaram alta motilidade com a habilidade de espermatozoides fertilizarem corroborando AITKEN et al., 2012 que afirmaram
que aqueles espermatozoides com diminuição da motilidade além de estarem
comprometidos quanto a possibilidade fecundante tem menor habilidade para
sofrerem capacitação, apresentam maior produção de radicais livres e dificuldades de realizar processos considerados chaves na fertilização do oócito.
GERHARDT et al., (2012) obtiveram taxas de 53,85% e 17,86% com sêmen
convencional e sexado respectivamente utilizando o sêmen do mesmo touro na
IA. Observando os resultados do presente trabalho, e fazendo comparações entre as amostras convencionais e sexadas de sêmen do mesmo touro podemos
afirmar que independente do touro utilizado as variáveis obtidas pelo CASA
sofreram alterações que influenciam no padrão de movimento espermático para
o sêmen sexado.
CONCLUSÃO
O processo de sexagem afeta a cinética espermática de touros 5/8 Girolando,
induzindo a um aumento nos parâmetros de velocidade.
266
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
Comite de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
nº 05/11.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AITKEN, R.J., GIBB, Z., MITCHELL, L. A., et al. Sperm motility is lost in
vitro as a consequence of mitochondrial free radical production and the generation of electrophilic aldehydes but can be significantly rescued by the presence
of nucleophilic thiols, Biology of Reproduction, New York, v. 87, n. 5, p. 1-11,
2012.
ARRUDA, R.L.; ORROS, I.R.; PASSOS, T.S.; et al. Técnicas para avaliação
laboratorial da integridade estrutural e funcional do sêmen congelado de touros,
Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.34, n.1, p.168-184, 2010.
BLONDIN, P.; BEAULIEU, M.; FOURNIER, V. et al. Analysis of bovine sexed
sperm for IVF from sorting to the embryo. Theriogenology, Stoneham, v.71, n.
1, p. 30-38, 2008.
GALLEGO, A.M. Avaliação das características da motilidade (CASA), morfologia e funcionalidade da membrana plasmática (HOST) de espermatozóides
bovinos sexados por citometria de fluxo. 2010. 118 f. Dissertação - Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, São Paulo.
GERHARDT, B.T.; SINEDINO, L.D.P.; DOURADO A.P. et al. Taxa de concepção com sêmen sexado ou convencional e viabilidade econômica em vacas Girolandas. Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.36, n.2, p.128-132, 2012.
NASCIMENTO, P. S. Fertilização in vitro com sêmen sexado de bovinos da
raça 5/8 Girolando. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
Sanidade e Reprodução de Ruminantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2014. 50p.
RUPERT P. AMANN & DAVID F. KATZ. Reflections on CASA After 25 Years.
Journal of Andrology, Philadelphia, v.25, n. 3, p. 317-325, 2004.
SEIDEL JR. G.E. Economics of selecting for sex: the most important genetic
trait. Theriogenology, Stoneham, v. 59, n. 2, p. 585-598, 2003.
SHARPE, J.C. EVANS, K.M. Advances in flow cytometry for sperm sexing.
Theriogenology, Stoneham, v. 71, n.1, p. 4–10, 2008.
SILVA, E.C.B.; CAJUEIRO, J.F.P.; SILVA, S.V. et al. Effect of antioxidants
resveratrol and quercetin on in vitro evaluation of frozen ram sperm, Theriogenology, Stoneham, v.77, n. 8, p. 1722- 1726, 2012.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
267
Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES 1, Antônio Santana do SANTOS FILHO2, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Marcelo Tigre MOURA1, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
Tabela 1: Análise comparativa do sêmen convencional X sexado de três touros
5/8 Girolando quanto às variáveis da cinética espermática.
N
Touro 1
Convenc.
VCL
VSL
VAP
LIN
STR
ALH
BCF
3
3
3
3
3
3
3
66,5±0,8a
36,9±0,3a
46,4±0,5a
55,4±1,0a
79,4±1,5a
2,7±0,0a
10,1±0,2a
A
Touro 2
Sexado
117,7±1,6
60,0±0,3A
73,6±0,4A
55,7±0,7a
81,6±0a
3,2±0,2a
14,5±0,3A
Touro 3
Convenc.
Sexado
Convenc.
Sexado
46,2±2,5b
27,6±2,3b
33,8±2,4b
59,6±2,4b
81,4±1,0b
2,0±0,0b
9,3±0,4b
80,2±2,3B
47,0±2,0B
57,7±0,9B
58,7±2,4b
81,4±2,2b
2,4±0,1B
10,5±0,3b
64,6±5,1c
35,3±0,6c
44,2±1,0c
55,1±3,1c
79,7±0,3c
2,6±0,4c
9,9±0,2c
86,4±5,7C
46,2±2,7C
53,8±2,8C
53,6±2,6c
85,7±0,5C
3,2±0,3c
13,0±0,4C
VCL (Velocidade curvilínea, µm/s); VSL (Velocidade linear, µm/s); VAP (Velocidade de trajeto, µm/s); LIN (Linearidade,%); STR (Retilineariade, %); ALH
(Deslocamento lateral da cabeça, µm); BCF (Frequência de batimento de cauda,
Hz). a, A Na mesma linha, médias com letras sobescrito diferentes (P<0,05).c,C
Na mesma linha, médias com letras sobescrito diferentes (P<0,05). b,B Na mesma linha, médias com letras sobescrito diferentes (P<0,05).
268
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
USO DE FLUOROCROMOS PARA AVALIAÇÃO DO SEMÊN SEXADO DE BOVINOS GIROLANDO
Use of fluorochromes for the assessment of sexed semen of Girolando cattle
Rita de Kássia Oliveira de ANDRADE1, Pábola Santos NASCIMENTO1, Maiana Silva CHAVES1, Marcelo Tigre MOURA1, Sebastião Inocêncio GUIDO2, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU1
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. pabolasn@
hotmail.com
2
Instituto Agronômico de Pernambuco, Recife-PE, Brasil.
1
INTRODUÇÃO
Desde a década de 40 cientistas reconhecem a necessidade de obter informações precisas acerca da porcentagem de espermatozóides móveis (de um
ejaculado/de uma palheta). Pois essas informações sobre o movimento espermático poderiam ser utilizadas para prever o potencial de fertilidade de um macho
ou selecionar o ‘’melhor’’ procedimento para a preparação do sêmen (RUPERT
& DAVID, 2004). Têm-se realizado estudos com o intuito de identificar o que
seria esse potencial fecundante, muitos resultados evidenciam divergências entre os tipos de sêmen (convencional/sexado), raça, reprodutores utilizados, palhetas e partidas de um mesmo animal (MARQUES et al., 1995; BLONDIN et
al., 2009).
A integridade da membrana plasmática dos espermatozoides é geralmente sinônimia de espermatozoide viável (GRAHAM & MOCÉ, 2005), em virtude do seu papel biológico, qualquer mudança na função mitocondrial pode ser
refletida na alteração da motilidade (THOMAS et al., 1998), do mesmo modo,
um acrossoma intacto até o momento em que o espermatozoide se liga à zona
pelúcida do oócito e sofre a reação acrossômica, liberando enzimas que permitem a fusão com a membrana do oócito (HAFEZ & HAFEZ, 2004) é de fundamental importância. As preparações que empregam a combinação de sondas
fluorescentes ou fluorocromos, avaliadas por microscopia de epifluorescência
ou citometria de fluxo, conferem especificidades na diferenciação entre células
funcionais e afuncionais, e destacam-se como as mais utilizadas na determinação da integridade estrutural dos espermatozóides (GRAHAM & MOCÉ, 2005;
ARRUDA et al., 2007).
Uma vez que o sexo do produto é um fator determinante para o desempenho produtivo e econômico de uma atividade (SÁ FILHO et al., 2010), percebendo a lacuna de estudos feitos na raça a respeito dos danos da sexagem e
diante do importante papel da raça Girolando na pecuária nacional (SILVA et al.,
2012), objetivou-se comparar as análises realizadas com sêmen sexado e convencional de três touros da raça 5/8 Girolando utilizando sondas fluorescentes, e
observar a influencia da sexagem sob a estrutura espermática, afim de identificar
possíveis alterações provocadas pela técnica.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo oi realizado no Laboratório de Andrologia do Departamento de Medi-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
269
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
cina Veterinária – ANDROLAB, da Universidade Federal Rural de Pernambuco
em Recife. Foram feitas três repetições de cada procedimento para o sêmen
convencional e três para o sêmen sexado de cada touro, todas submetidas às
mesmas condições.
Foram utilizadas palhetas criopreservadas contendo sêmen convencional (três
doses) e sêmen sexado (três doses), provenientes de três touros da raça pura sintética 5/8 Girolando (T1, T2 e T3), de mesma partida para cada tipo de sêmen/
touro.
Para a determinação da integridade do acrossoma, os espermatozoides
foram corados com isotiocianato de fluoresceína conjugado a Peanut agglutinin
(FITC-PNA), segundo Silva et al., (2012).
Avaliação da integridade da membrana do plasma foi determinada usando uma
combinação de diacetato de carboxifluoresceína (CFDA) e iodeto de propídio
(PI), tal como descrito por Silva et al., 2011.
Para determinação do potencial da membrana mitocondrial, um método adaptado de Guthrie HD & Welch GR, (2006) foi utilizado. As análises foram avaliadas por microscopia de epifluorescência (Carl Zeiss, Göttingen, Alemanha).
Os dados foram analisados pelo programa estatístico SPSS 16.0 empregando-se a análise de variância (ANOVA). Para todas as análises, os valores
foram considerados significativos (P< 0,05). Antes dessas análises, dados percentuais para acrossoma íntegro, integridade da membrana plasmática, e alto
potencial da membrana mitocondrial foram transformados em arcoseno. Todos
os resultados foram expressos em média ± erro padrão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises feitas a partir da utilização de fluorocromos comparando as
amostras convencionais com as amostras sexadas do mesmo animal foi significativa para o T3 ao que se refere à membrana plasmática e acrossoma (tabela 1).
A base molecular do processo de capacitação espermática é a remoção de colesterol e mudanças na distribuição dos fosfolipídeos de membrana que levam à
abertura dos canais de Ca++. Alterações semelhantes podem acontecer gerando
uma capacitação espermática prematura. Este processo não é desejável, pois
diminui a longevidade espermática (FREITAS-DELL’AQUA et al., 2011).
Graham & Mocé, (2005) observaram que a integridade estrutural da
membrana plasmática dos espermatozoides é geralmente sinonímia de viabilidade espermática espermatozoide, no presente experimento foram vistas diferenças quanto as avaliações de membrana plasmática e acrossomal para o touro
3.
Thomas et al., (1998) constataram que qualquer mudança na função
mitocondrial pode ser refletida na alteração da motilidade. No presente estudo
nenhuma diferença foi obtida a partir da avaliação do potencial de membrana
mitocondrial para quaisquer dos touros estudados.
CONCLUSÃO
O processo de sexagem pode ter afetado as características estruturais da célula
espermática de touros 5/8 Girolando.
270
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
Comite de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
nº 05/11.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, R. P.; ANDRADE, A. F. C.; PERES, K. R., et al. Biotécnicas aplicadas à avaliação do potencial de fertilidade do sêmen equino. Revista Brasileira
Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.31, n.1, p.8-16, 2007.
BLONDIN, P.; BEAULIEU, M.; FOURNIER, V.; et al. Analysis of bovine
sexed sperm for IVF from sorting to the embryo. Theriogenology, Stoneham,
v.71, n. 1, p.30-38, 2009.
GRAHAM, J.K.; MOCÉ, E.. Fertility evaluation of frozen/thawed semen. Theriogenology, Stoneham, v.64, n. 3, p.492-504, 2005.
GUTHRIE, H.D. & WELCH, G. R. Determination of intracellular reactive
oxygen species and high mitochondrial membrane potential in Percoll-treated
viable boar sperm using fluorescence-activated flow cytometry, Journal Animal
Science, Champaign, v. 84, n. 8, p. 2089-2100, 2006.
HAFEZ, E. S. E. & HAFEZ B. Transporte e sobrevivência de gametas. In: HAFEZ, E.S.E. & HAFEZ, B., Reprodução Animal, 7ª Ed., Barueri-SP: Manole,
2004, p. 146-166.
MARQUES, C.C.; BAPTISTA, M.C.; PEREIRA, R.M.; et al.. Influência do
sémen de diferentes touros sobre as taxas de fertilização in vitro e desenvolvimento de embriões em co-cultura. Revista Portuguesa de Zootecnia, Lisboa, n.
2, p. 103-110, 1995.
RUPERT P. AMANN & DAVID F. KATZ. Reflections on CASA After 25 Years.
Journal of Andrology, Philadelphia, v.25, n. 3, p. 317-325, 2004.
SÁ FILHO,M.F.; SOUZA A.H.; MARTINS C.M.; et al.. Avanços nos Protocolos Reprodutivos em Fêmeas Bovinas Utilizando Sêmen Sexado. São Paulo,
Brasil. 2010. Disponível em: < http://www.abspecplan.com.br/upload/library/
Avancos-Sexado_Baruselli.pdf> Acesso em 01 mai. 2015.
SILVA, E.C.B.; CAJUEIRO, J.F.P.; SILVA, S.V. et al. Effect of antioxidants
resveratrol and quercetin on in vitro evaluation of frozen ram sperm, Theriogenology, Stoneham, v.77, n. 8, p. 1722- 1726, 2012.
SILVA, S.V., SOARES, A.T., BATISTA, A.M., et al. In vitro and in vivo evaluation of ram sperm frozen in Tris egg-yolk and supplemented with superoxide
dismutase and reduced glutathione, Reproduction in Domestic Animals, Berlin,
v.46, n.5, p. 874-81, 2011.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
271
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
SILVA, MARCOS VINICIUS G. BARBOSA DA (Ed.). Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando – Sumário de Touros – Resultado do Teste
de Progênie - Julho/2012 /. Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, 2012.
THOMAS, C.A.; GARNER, D. L.; DEJARNETTE, J. M. et al. Effect of
cryopreservation in bovine sperm organelle function and viability as determined
by flow cytometer. Biology of Reproduction, New York, v.58, n. 3, p. 786-793,
1998.
Tabela 1: Médias e erros-padrão da integridade da célula espermática do sêmen
convencional X sexado de três touros 5/8 Girolando.
Touro 1
Membrana
citoplasmática
Potencial de memb.
mitocondrial
Membrana
acrossomal
Touro 2
Touro 3
Convec.
Sexado
Convenc.
Sexado
Convenc.
Sexado
47,5±11,8a
38,0±2,7a
40,1±7,3b
44,1±4,4b
66,5±2,7c 53,8±1,8C
66±19,0a
79,6±4,8a
73,6±3,6b
81,0±3,2b
82,6±7,9c
71,8±4,0a
56,0±12,8a 74,2±3,0b 55,8±10,5b
85,5±2,7c
76,6±0,4c 69,3±1,1C
Na mesma linha, médias com letras sobescritas diferentes (P<0,05). b,B Na
mesma linha, médias com letras sobescritas diferentes (P<0,05). c, C Na mesma
linha, médias com letras sobescritas diferentes(P<0,05).
a, A
272
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS
DE SAÚDE E PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE IGARASSU – PE SOBRE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR
AMERICANA
knowledge of health professionals and public school teachers of Igarassu – Pernambuco State - Brazil on leishmaniasis
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. verinha_
[email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
1
Silvia Rafaelli Marques1; Ana Carolina Messias de Souza2; Jussara Valença de Alencar Ramos3; Ivanise Maria de Santana4; Verônica Maria Silva da Costa5; Maria Aparecida da Gloria
Faustino6
PA L AV R A S - C H AV E
Leishmania spp, conhecimento, educação
em saúde.
KEYWORDS
Leishmania spp, knowledge, health education.
INTRODUÇÃO
A educação em saúde é indicada dentre as medidas de controle da
leishmaniose tegumentar americana (LTA) que devem estar integradas para que
possam ser efetivas, principalmente em áreas de risco (BRASIL, 2007).
Muitos profissionais de saúde levam a educação em saúde ao campo,
sendo essencial sua participação nas experiências de educação popular como
medida para controle das doenças (VASCONCELOS, 1998). De igual modo,
professores bem informados tornam-se importantes multiplicadores de saberes,
atuando de forma relevante no controle de endemias (UCHOA et al., 2004).
Neste estudo objetivou-se avaliar a percepção dos profissionais de saúde
da Secretaria de Saúde de Igarassu - PE e professores das escolas públicas sobre
a LTA.
MATERIAL E MÉTODOS
No distrito de Três Ladeiras - município de Igarassu - PE, a Secretaria de
Saúde vem atuando, após a ocorrência de casos humanos de LTA, notificados a
partir de 2008 (RAMOS et al., 2010; BRITO et al., 2012).
Utilizou-se amostragem não probabilística dos participantes cuja anuência foi
confirmada através da assinatura do “Termo de consentimento livre e esclarecido” (TCLE), incluindo 90 profissionais de saúde e 65 professores de cinco
escolas públicas.
Foram aplicados questionários com questões fechadas sobre LTA, aferindo-se pontuações proporcionais ao número de acertos, correspondendo 100%
de acertos à pontuação 10,00 (Dez), estabelecendo-se uma escala para os níveis
de conhecimento (Tabela 1), seguindo-se a realização de atividades de educação
em saúde, sendo reaplicado o questionário após a ação.
A análise estatística inferencial foi aplicada de acordo com a compa-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
273
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
ração efetuada (Tabelas 1 e 2) por meio do “software” SPSS em versão para
microcomputador ao nível de significância de 5,0%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os 90 profissionais de saúde responderam o questionário LTA, e 41,7%
(31/65) dos professores. Nas questões de resposta única, 68,9% dos profissionais de saúde e 80,6% dos professores erraram a pergunta “o que é LTA?”. Para
as demais questões, predominaram os acertos para os profissionais de saúde e
a maioria dos professores ainda apresentaram erros relativos ao modo de transmissão e nome do agente transmissor, constatando-se, assim, um desempenho
significativamente melhor dos profissionais de saúde. Porém, considerando-se
que estes lidam com a área específica do assunto, os percentuais de erro podem
ser considerados elevados, concordando com Santos et al. (2000), na Bahia,
citando que a prevenção da LTA no extradomicílio torna-se difícil devido à
insuficiência de conhecimentos sobre as reais condições de transmissão.
Em questões de multi-resposta sobre prevenção, tratamento indicado,
hábitos e características do vetor, papel dos animais na cadeia de transmissão
e sinais clínicos no cão, o percentual de acertos dos profissionais de saúde foi
significativamente maior que o dos professores em todos os quesitos.
As notas obtidas variaram de 3,07 a 8,89, com média de 6,70 para os
profissionais de saúde e, de 2,69 a 9,23 com média de 4,45 para os professores,
com diferença significativa, em nível regular e insuficiente respectivamente. A
média geral foi 6,12. Observando-se as notas individuais, 17,8% dos profissionais de saúde obtiveram nível bom e, para os professores, 0,03% classificados
em bom e 0,03% com classificação excelente.
Observou-se associação significativa entre o nível de escolaridade e os
níveis de conhecimento atingidos (Tabela 1). De 41 profissionais de saúde reavaliados, verificou-se aumento significativo da média e dos níveis de conhecimento (Tabela 2), confirmando a eficácia da educação em saúde e da aplicação
de questionários em duas etapas como instrumento de avaliação da metodologia, como já verificado em diferentes categorias sociais e utilizando-se diferentes recursos pedagógicos (UCHOA et al., 2004; SANTOS et al., 2000; MAGALHÃES et al., 2009; GENARI et al., 2012).
CONCLUSÃO
O nível de conhecimento de profissionais de saúde e professores de escolas públicas de Igarassu – PE sobre a LTA precisa ser incrementado, principalmente
com informações mais específicas sobre aspectos clínicos e epidemiológicos
da doença nos animais, apresentando-se as ações de educação em saúde como
eficazes ferramentas para este fim.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Centro Nacional
de Epidemiologia. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana. Brasília, 2007. 179 p.
274
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
BRITO, M.E.F. et al. Cutaneous leishmaniasis in northeastern Brazil: a critical
appraisal of studies conducted in State of Pernambuco. Revista da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical, v. 45, n.4, p. 425-429, 2012.
GENARI, I.C.C et al. Atividades de educação em saúde sobre leishmaniose visceral para escolares. Veterinária e Zootecnia, v.19, n.1, p.99-107, 2012.
MAGALHÃES, D.F. et al. Dissemination of information on visceral leishmaniasis from schoolchildren to their families: a sustainable model for controlling
the disease. Cadernos de Saúde Pública, v.25, p.1642-1646, 2009.
RAMOS, J.V.A. et al. Avaliação clínica-epidemiológica e terapêutica dos casos
de leishmaniose tegumentar ocorridos no distrito de Três Ladeiras - Igarassu
- PE. In: Anais - Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão – JEPEX, X. 2010.
Recife. Recife: UFRPE. 2010. Disponível em: http://www.sigeventos.com.br/
jepex/inscricao/resumos/0001/R1961-2.PDF/.
SANTOS, J. B. et al. Fatores. socioeconômicos e atitudes em relação à prevenção domiciliar da leishmaniose tegumentar americana, em uma área endêmica
do sul da Bahia, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v.16, v.3, p. 701-708. 2000.
UCHOA, C.M.A. et al. Educação em saúde: ensinando sobre a leishmaniose
tegumentar americana. Caderno de Saúde Pública, v.20, n.4; p.935-941, 2004.
VASCONCELOS, E. M. Educação popular como instrumento de reorientação
das estratégias de controle das doenças infecciosas e parasitárias. Caderno de
saúde pública, v. 31, p.56-74. 1998.
Os procedimentos metodológicos foram aprovados pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (CEP-FIOCRUZ / PE, 09/2011).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
275
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
Tabela 1. Avaliação do nível de conhecimento sobre a LTA segundo a escolaridade no grupo dos profissionais de saúde e de professores.
Escolaridade
Nível de conhecimento Fundamental
Médio
Superior
Grupo Total
LTA
n
%
n
%
n
%
n
%
TOTAL
15
100,0
57
100,0
49
100,0
121
100,0
Nulo
-
-
1
1,7
16
32,7
17
14,0
Insuficiente
6
40,0
16
28,1
9
18,4
31
25,6
Regular
7
46,7
35
61,4
13
26,5
55
45,5
Bom
2
13,3
5
8,8
10
20,4
17
14,1
Excelente
-
-
-
-
1
2,0
1
0,8
Valor de p
p(1) < 0,001*
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%. (1): Teste Exato de Fisher Nulo →
0,00 – 3,99; Insuficiente → 4,00 – 5,99; Regular → 6,00 – 7,49; Bom → 7,5 –
8,99; Excelente → 9,00 – 10,00.
Tabela 2 . Avaliação do nível de conhecimento dos profissionais de saúde do
município de Igarassu – PE sobre a LTA antes e após a atividade de educativa.
LTA - Profissionais de saúde
Notas categorizadas
TOTAL
Insuficiente
Regular
Bom + Excelente
n
41
14
24
3
Avaliação 1
%
n
100,0
34,1
58,5
7,3
41
2
16
23
Avaliação 2
%
100,0
4,9
39,0
56,1
Valor de p
p(1) < 0,001*
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%. (1): Teste McNemmar.
276
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE
SAÚDE E PROFESSORES DE ESCOLAS
PÚBLICAS DE IGARASSU – PE SOBRE A
LEISHMANIOSE VISCERAL
Perception of health professionals and teachers from public school of Igarassu –
Pernambuco State - Brazil on visceral leishmaniasis
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. verinha_
[email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
1
Silvia Rafaelli Marques1; Ana Carolina Messias de Souza2; Jussara Valença de Alencar Ramos3; Ivanise Maria de Santana4; Verônica Maria Silva da Costa5; Maria Aparecida da Gloria
Faustino6
PA L AV R A S - C H AV E
Leishmania infantum, conhecimento, educação em saúde.
KEYWORDS
Leishmania infantum, knowledge, health
education.
INTRODUÇÃO
A importância das leishmanioses em termos médicos e veterinários é
cada vez mais significativa principalmente pelo caráter zoonótico, distribuição
cosmopolita e impacto na saúde pública (DANTAS-TORRES, 2006).
A educação em saúde visa expandir o entendimento sobre saúde, auxiliando
no desenvolvimento da comunidade, podendo ser desenvolvida em vários tipos
de espaços (SHEIHAM e MOYSÉS, 2000). Portanto, as ações educativas são
relevantes para o estabelecimento de campanhas de controle devido ao fato da
mobilização em ações sanitárias (DIVE, 2009).
Assim, as atividades educativas são indicadas, juntamente com o diagnóstico precoce e o tratamento dos casos humanos, dentre as medidas a serem
adotadas para o controle, as quais devem sempre estar integradas para que possam ser efetivas (BRASIL, 2006; WERNECK et al., 2007; DIVE, 2009)
Neste estudo objetivou-se avaliar a percepção dos profissionais de saúde
da Secretaria de Saúde de Igarassu - PE e professores das escolas públicas sobre
a Leishmaniose visceral (LV).
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizou-se amostragem não probabilística dos participantes cuja anuência foi confirmada através da assinatura do “Termo de consentimento livre e
esclarecido” (TCLE), sendo 64 profissionais de saúde e 65 professores de cinco
escolas públicas. O projeto desenvolveu-se com prévia autorização das Secretarias de Saúde e da Educação do município e dos Gestores escolares.
Questionários estruturados foram aplicados, contendo informações gerais e questões específicas sobre LV, de resposta única (o que é a doença, agente
causador, transmissão, fatores de risco e sintomas no homem) e com quatro
opções de resposta em verdadeiro ou falso (controle, tratamento, características
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
277
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
do vetor, papel dos animais e sinais clínicos no cão).
Pontuações proporcionais ao número total de acertos, correspondendo 100% de
acertos à pontuação 10,00 foram aferidas para análise do conhecimento individual, estipulando-se uma escala para os níveis de conhecimento (Tabela 1).
Os dados foram analisados por técnicas de estatística inferencial (Tabelas 1),
efetuando-se os cálculos estatísticos por meio do “software” SPSS (Statistical
Package for the Social Sciences) em versão para microcomputador ao nível de
significância de 5,0%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas perguntas com única resposta obteve-se diferença significativa entre
os dois grupos, com taxa de acertos maior para os profissionais de saúde em
todos os quesitos, exceto para os sinais clínicos da LV.
Nas questões de quatro opções, foram relativamente baixos os percentuais para quatro acertos nas assertivas apresentadas, percebendo-se que os conhecimentos não são profundos, quando se envolvem os aspectos mais complexos.
Os dados obtidos diferem dos reportados por Luz et al. (2005) em Belo horizonte que constataram, média 90,0% de acertos entre profissionais de saúde e
64,0% de acertos para professores em questões sobre LV.
As notas variaram de 1,03 a 9,65 para os profissionais de saúde e de 0,79 a 9,23
para os professores.
As médias para profissionais de saúde (6,69) e professores (5,13) diferiram significativamente entre si, mantendo-se em nível de conhecimento regular
e insuficiente respectivamente, com média geral de 5,9. Além do grau de instrução dos participantes, outro fator que pode ter contribuído para os diferentes
níveis de conhecimento pode ser o tempo de trabalho dos profissionais de saúde
na área de saúde, além da experiência prévia com a doença na atividade profissional.
Em relação à associação entre os níveis de escolaridade e de conhecimento para
o total de entrevistados (Tabela 1), nota-se percentual maior de conhecimento
insuficiente para participantes com escolaridade de nível fundamental. O segundo percentual mais elevado foi de nível bom para profissionais de nível médio.
Apesar da ampla variação nos percentuais, constatou-se associação significativa
entre os parâmetros.
Concordando com Lima et al (2007), o resultado do presente estudo
evidencia que os profissionais podem não estar atentos às recomendações do
Manual de Vigilância da Leishmaniose Visceral (BRASIL, 2006). Sugere-se,
portanto, a intensificação das ações educação em saúde sobre esta doença para
que as medidas de controle possam ser efetivamente adotadas.
CONCLUSÃO
Na área estudada o reduzido nível de conhecimento sobre a doença demonstra a necessidade de fomentar a ação das equipes de educação em saúde
e professores no que diz respeito à leishmaniose visceral em seus aspectos de
transmissão e prevenção.
278
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral. Brasília, 2006. 120 p.
DANTAS-TORRES F. Leishmune vaccine: the newest tool for prevention and
control of canine visceral leishmaniosis and its potential as a transmission blocking vaccine. Veterinary Parasitology, v.141. p.1-8, 2006.
DIVE - Diretoria de Vigilância Epidemiológica. Gerencia de Vigilância De
Zoonoses e Entomologia - Guia de Orientação da Leishmaniose Tegumentar
Americana. Vigilância de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA). Guia de
orientação. 3.ed. 2009.
LIMA, M.V.N. et al. Atendimento de pacientes com leishmaniose tegumentar
americana: avaliação nos serviços de saúde de municípios do noroeste do estado
do Paraná, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v.23, n.12, p.2938-2948, 2007.
LUZ, Z.M.P.; SCHALL, V.; RABELLO, A. Evaluation of a pamphlet on visceral leishmaniasis as a tool for providing disease information to healthcare professionals and laypersons. Cadernos de Saúde Pública, v. 21, p.608-21, 2005
SHEIHAM, A.; MOYSÉS, S.J. O papel dos profissionais de saúde bucal na
promoção de saúde. In YP Buisch. Promoção de saúde bucal na clínica odontológica. Artes Médicas, p. 23-37, 2000.
WERNECK, G.L. et al. Multilevel modeling of the incidence of visceral leishmaniasis in Teresina, Brazil. Epidemiology and Infection, v.135, p. 195-201, 2007.
Os procedimentos metodológicos foram aprovados pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (CEP-FIOCRUZ / PE, 09/2011).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
279
Silvia Rafaelli MARQUES1; Ana Carolina Messias de SOUZA2; Jussara Valença de Alencar RAMOS3; Ivanise Maria de
SANTANA4; Verônica Maria Silva da COSTA5; Maria Aparecida da Gloria FAUSTINO6
Tabela 1. Avaliação do nível de conhecimento sobre leishmaniose visceral segundo a escolaridade no grupo dos profissionais de saúde e de professores.
Nível de conhecimento
Escolaridade
Fundamental
Médio
Superior
Grupo Total
n
%
n
%
n
%
n
%
14
100,0
40
100,0
75
100,0
129
100,0
-
-
2
5,0
21
28,0
23
17,8
Insuficiente
10
71,4
6
15,0
25
33,3
41
31,8
Regular
4
28,6
13
32,5
15
20,0
32
24,8
Bom
-
-
19
47,5
5
6,7
24
18,6
Excelente
-
-
-
-
9
12,0
9
7,0
TOTAL
Nulo
Valor de p
p(1) < 0,001*
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%.
(1): Teste Exato de Fisher
Nulo → 0,00 – 3,99; Insuficiente → 4,00 – 5,99; Regular → 6,00 – 7,49; Bom
→ 7,5 – 8,99; Excelente → 9,00 – 10,00.
280
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Luana Thamires Rapôso da SILVA1; Vitor Pereira Matos ROLIM2; José Sérgio de Alcântara e SILVA3; Grasiene de Meneses
SILVA4; Rinaldo Aparecido MOTA5; Andréa Alice Fonseca OLIVEIRA6
PESQUISA DE SALMONELLA SPP. EM
AVES SILVESTRES NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, PERNAMBUCO,
BRASIL.
Salmonella spp. research in wild birds from Metropolitan Region of Recife,
Pernambuco, Brazil.
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, luana.raposo.
[email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, vitorpr_1@
hotmail.com
3
Médico Veterinário autônomo,
[email protected]
4
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, [email protected]
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, rinaldo.mota@
hotmail.com
6
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, andreaafo@
hotmail.com
1
Luana Thamires Rapôso da SILVA1; Vitor Pereira Matos ROLIM2; José Sérgio de Alcântara e
SILVA3; Grasiene de Meneses SILVA4; Rinaldo Aparecido MOTA5; Andréa Alice Fonseca OLIVEIRA6
PA L AV R A S - C H AV E
Carcará, Saúde Pública, Salmonelose.
KEYWORDS
Carcará, Public Health, Salmonelosis.
INTRODUÇÃO
Bactérias do gênero Salmonella são consideradas as maiores causadoras
de enterites no mundo geralmente através de produtos de origem animal, comumente envolvidas em casos de gastrenterites e outros tipos de infecções (SILVA et al., 2010). São micro-organismos gram-negativos, flagelados, anaeróbios
facultativos, não formadores de esporos, que produzem gás sulfídrico (H2S) e
possuem duas espécies reconhecidas: Salmonella bongori e Salmonella enterica,
seis subespécies e cerca de 2500 sorotipos.(MARIETTO-GONÇALVES et al.,
2010, SILVA et al., 2010). Salmonella Pullorum e Gallinarum são consideradas
específicas pra aves, que determinam a Pulorose e o Tifo aviário respectivamente, além da Febre Paratifóide causada por outros sorovares que são originados
da combinação de antígenos de superfície bacteriana (MARIETTO-GONÇALVES et al., 2010, SILVA et al., 2010). As bactérias do gênero podem colonizar
o trato digestório de répteis, aves e mamíferos, incluindo o homem (SILVA et
al., 2010). O diagnóstico da Salmonelose é baseado no exame clínico através
dos sinais, podendo ser realizado o isolamento do agente, exames sorológicos
técnicas de biologia molecular, como PCR, sendo os materiais biológicos de
escolha fezes ou sangue em casos de infecções sistêmicas (SILVA et al., 2010).
Objetivou-se pesquisar a presença de Salmonella spp. através de isolamento
bacteriano, em aves silvestres capturadas no Aeroporto Internacional do Recife/
Guararapes Gilberto Freyre, Pernambuco.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida inicialmente no Aeroporto Internacional do
Recife/Guararapes Gilberto Freyre, juntamente com a equipe do Projeto Fauna
nos Aeroportos Brasileiros, onde foram coletadas amostras das aves capturadas
pela equipe. Para a captura utilizou-se armadilhas do tipo Tomahawk, dispostas
no sítio aeroportuário, com iscas vivas para atrair as aves. Após a captura, as
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
281
Luana Thamires Rapôso da SILVA1; Vitor Pereira Matos ROLIM2; José Sérgio de Alcântara e SILVA3; Grasiene de Meneses
SILVA4; Rinaldo Aparecido MOTA5; Andréa Alice Fonseca OLIVEIRA6
aves foram encaminhadas ao Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT),
situado no aeroporto para a coleta das amostras biológicas e exame físico. As
aves foram contidas fisicamente de forma adequada e submetidos à esfoliação
com uso de suabes esterilizados na cloaca. Os suabes foram acondicionados em
tubos estéreis e encaminhados para o Laboratório de Doenças Infecto-contagiosas – Departamento de Medicina Veterinária/ UFRPE para pesquisa de seja em
vida livre ou em cativeiro (MARIETTO-GONÇALVES et al., 2010)e atualmente já é reconhecido no mundo o potencial risco a saúde pública da Salmonelose oriunda de infecção em aves silvestres (HORTON et al., 2013). Segundo
Horton e colaboradores (2013), em seus estudos em aves silvestres e animais
domésticos, identificaram espécies idênticas de Salmonella nesses animais, o
que pode indicar direta, ou indiretamente a associação na cadeia de transmissão
em relação à saúde pública (HORTON et al., 2013). Essas aves podem carrear o
agente ou serem infectadas, podendo assim interferir tanto na sua saúde, quanto
a de animais domésticos e humanos (PENNYCOTT et al., 2006). Estudos sugerem que a Salmonelose é mais comum em aves que tem o hábito de forragear,
como alguns passeriformes (HORTON et al., 2013), o que pode explicar a baixa
frequência de aves positivas no estudo, uma vez que somente a espécie Vanellus
chilensis costuma buscar seu alimento no solo. A ave que apresentou a amostra
positiva pode ter se infectado através do contato com águas poluídas por fezes
ou esgotos sem tratamento (SILVA et al., 2010), uma vez que o local da captura
das aves situa-se em área urbana, com muitas residências informais, associado
ao fato que a espécie Caracara plancus é comum nesses ambientes e não possui
hábito de forragear, alimentando-se de roedores, aves pequenas e répteis (LUIGI, 2006).
CONCLUSÃO
A detecção de Salmonella spp. em aves de hábito antrópico demonstra
um risco à saúde pública, devido a manutenção do agente e contaminação do
ambiente. Mais estudos são necessários para avaliar o impacto da presença dessas aves e possíveis medidas de controle.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Métodos analíticos oficiais para análises microbiológicas para controle de produtos de origem animal e água. Portaria número 62 de 26 de agosto de
2003, Ministério da Agricultura do Abastecimento e da Reforma Agrária, Brasília, 2003.
HORTON, R.A.;SPEED, KIDD,S.; DAVIES, R., COLDHAM, N.G.; DUFF,
J.P. Wild birds carry similar Salmonella enterica serovar Typhimurium strains to
those found in domestic animals and livestock. Research in Veterinary Science
v. 95, p. 45-48, 2013.
LUIGI, Giovannini . Aves como fator de risco para a Aviação nas proximidades
de Aeroportos no Brasil: Desenvolvimento de uma metodologia para avaliação
e busca de soluções. Manual de Controle do Perigo Aviário para Aeroportos da
Rede Infraero. Centro de Pesquisa em Avifauna de Aeroportos –CPAA, 2006.
282
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Luana Thamires Rapôso da SILVA1; Vitor Pereira Matos ROLIM2; José Sérgio de Alcântara e SILVA3; Grasiene de Meneses
SILVA4; Rinaldo Aparecido MOTA5; Andréa Alice Fonseca OLIVEIRA6
MARIETTO-GONÇALVES, G. A.; ALMEIDA, S.M.; LIMA, E. T.; OKAMOTO, A.S.; PINCZOWSKI, P.; FILHO, R.L.A. Isolation of Salmonella enterica
Serovar Enteritidis in Blue-Fronted Amazon Parrot (Amazona aestiva). Avian
Diseases, v.54 p.151-155. 2010.
PENNYCOTT, T.W.; PARK, A.; MATHER, H.A. Isolation of different serovars
of Salmonella enterica from wild birds in Great Britain between 1995 and 2003.
Veterinary Record v.158, p 817-820, 2006.
SILVA, M.A.; MARVULO, M.F.V.; MOTA, R.A.; SILVA, J.C.R. A importância
da ordem Ciconiformes na cadeia epidemiológica de Salmonella spp. para a
saúde pública e a conservação da diversidade biológica. Pesquisa Veterinária
Brasileira v. 30 (7) p. 573-580, 201
Comissão de Ética: CEUA/UFRPE nº: 065/2014. SISBIO nº: 43771-1
22/04/2014.
Agradecimentos: À Equipe do projeto Fauna nos Aeroportos Brasileiros, ao
Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT-UnB) e à INFRAERO.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
283
Grasiene de Meneses SILVA 1; Maria Júlia NARDELLI 2; Amanda Chagas da SILVA 3; Maxsuel dos Santos SOUZA 4; Emanuela Polimeni de MESQUITA 5, Maria das Graças Xavier de CARVALHO 6
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE
DE CABRA IN NATURA PRODUZIDO NO
ESTADO DE SERGIPE
Goat in milk quality assessment produced in natura sergipe state
Grasiene de Meneses SILVA 1; Maria Júlia Nardelli 2; Amanda Chagas da Silva 3; Maxsuel dos
Santos Souza 4; Emanuela Polimeni de Mesquita 5, Maria das Graças Xavier de Carvalho 6
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, [email protected]
2
Universidade Tiradentes, [email protected]
3
Universidade Federal de Campina Grande, amanda.chs@
gmail.com
4
Universidade Federal de Sergipe, [email protected].
br
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, [email protected]
6
Universidade Federal de campina Grande, [email protected]
1
PA L AV R A S - C H AV E
caprinos, saúde pública, segurança alimentar
KEYWORDS
goats, public health, food safety
INTRODUÇÃO
O leite de cabra é um alimento nutritivo e saudável, com elevados teores
de vitamina A, cálcio, fósforo, potássio, magnésio e proteínas de alto valor biológico, sendo indicado a consumidores variados como crianças, adultos, idosos
e pessoas com restrições alimentares (LAGUNA, 2004). A maior digestibilidade
do leite de cabra e o interesse por alimentos mais saudáveis vem estimulando a
utilização deste como alimento funcional (OLLALA et al., 2009).
Segundo Chapaval e Magalhães (2009), os consumidores estão assumindo uma posição cada vez mais exigente no que diz respeito à garantia de segurança alimentar, sustentabilidade dos processos de produção e qualidade, além
das exigências por parte das indústrias beneficiadoras, que sabem da importância de uma matéria prima de boa qualidade para a obtenção de seus derivados.
A qualidade do leite de cabra é definida por seus parâmetros físico-químicos e microbiológicos, garantida pela Instrução Normativa n° 37 de 31 de Outubro de 2000 (BRASIL, 2000) estabelecendo requisitos mínimos de qualidade
do leite de cabra destinado ao consumo humano.
Para melhorar a produção e incentivar o consumo no estado de Sergipe é
necessário o conhecimento da qualidade do leite produzido. Esse trabalho teve
como objetivo avaliar a qualidade do leite de cabra in natura proveniente das
principais regiões produtoras no estado de Sergipe.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado em 27 propriedades do estado de Sergipe, distribuídas em 12 municípios, nas três mesorregiões do estado em Janeiro
de 2012.
O deslocamento para as propriedades foi feito com o apoio do SEBRAE-SE.
Nas propriedades os animais foram ordenhados pelos produtores, e as
amostras coletadas diretamente do latão contendo o leite de todas as cabras em
lactação. Das 27 propriedades, 19 (70,38%), tinha rebanho formado por animais
284
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Grasiene de Meneses SILVA 1; Maria Júlia NARDELLI 2; Amanda Chagas da SILVA 3; Maxsuel dos Santos SOUZA 4; Emanuela Polimeni de MESQUITA 5, Maria das Graças Xavier de CARVALHO 6
da raça Saanen e, 8 (29,62%), apresentavam animais da raça Saanen e mestiças.
As amostras coletadas foram submetidas às analises de Densidade,
Acidez, conforme Brasil (1981), Composição e Contagem Bacteriana Total
(CBT). Os testes de acidez e densidade foram realizados imediatamente
após a ordenha.
Para os testes de composição e CBT as amostras foram coletadas em frascos
contendo Azidiol, refrigeradas e encaminhadas para o laboratório do Programa
de Gerenciamento de Rebanhos Leiteiros do Nordeste (PROGENE) situado na
Universidade Federal Rural de Pernambuco para análise.
Os municípios contemplados, os números de produtores e de amostras
estão demonstrados na tabela 1.
O experimento foi realizado com a aprovação do Comitê de ética no uso
animai (CEUA-UNIT) da Universidade Tiradentes, processo nº 040811/2011.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na determinação da acidez e da densidade foi constatado que 100% das
amostras se enquadravam aos padrões estabelecidos 13-18°D e 1,028 – 1,034,
respectivamente, devido mensuração da acidez logo após o término da ordenha,
não havendo desdobramento da lactose em ácido lático pelos micro-organismos. Os valores dentro dos padrões para a densidade podem ser explicados por
características raciais, pois segundo Medeiros (1994) animais da raça Saanen
apresentam a tendência a produzir leite com menores teores de sólidos totais e,
portanto, menor densidade.
Para a acidez a média geral dos produtores foi de 15,5ºD e da densidade
foi 1,030, esses resultados foram próximos aos encontrados por Brandão et al.
(2012) de 16,24°D e 1,031 respectivamente, estudando o leite caprino in natura
produzido no semi-árido de Sergipe. E,m seu estudo, Pereira et al. (2005) encontraram valores que variaram de 1027,6 a 1033,4 g/cm³.
Quanto à composição, o teor de gordura estava dentro dos padrões em
93% das amostras, os 7% que apresentaram resultados insatisfatórios tinham
origem em propriedades cujos produtores não ofereciam volumoso de boa qualidade, fator que interfere negativamente no teor de gordura. Outro fator importante é o período de lactação, porém nesse estudo esse fator não pode ser
avaliado, pois as amostras foram coletadas do latão, onde havia leite de animais
em diferentes estágios de lactação.
Em relação a proteínas, 100% das amostras e 85% das amostras para Extrato seco desengordurado (ESD) estavam em conformidade com Brasil (2000),
valor abaixo do encontrado por Pereira et al (2005) que foi de 90,2% estavam
conforme a legislação. Para o Extrato seco total (EST) 88,88% apresentavam-se
em conformidade com a legislação, contra 11,11% que estavam fora do padrão
para esse requisito.
Para a CBT, importante indicador da sanidade do rebanho e higiene na
ordenha, 52% apresentaram valores acima do limite e, 48% estavam no limite.
O número elevado de amostras fora dos padrões pode ser explicado pela falta
de manejo adequado na ordenha. Avaliação semelhante foi feita por Mororó
(2011) que em seu estudo em Monteiro-PB, encontrou 75% das propriedades
com valores acima do limite. Das propriedades estudadas, 96,3% não possuíam
plataforma de ordenha, realizando o procedimento em local inadequado, 37%
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
285
Grasiene de Meneses SILVA 1; Maria Júlia NARDELLI 2; Amanda Chagas da SILVA 3; Maxsuel dos Santos SOUZA 4; Emanuela Polimeni de MESQUITA 5, Maria das Graças Xavier de CARVALHO 6
dos ordenhadores não lavam as mãos antes da ordenha e nem lavam e secam as
tetas das fêmeas, 59,3% não desprezam os primeiros jatos de leite e 81,5% não
realizam procedimentos considerados como princípios básicos de higiene.
CONCLUSÃO
Esse estudo demonstra que a maioria dos produtores pesquisados dispõe
de um produto dentro dos padrões físico-químicos estabelecidos pela Instrução
normativa nº 37, mas possuem análises de contagem bacteriana total insatisfatórias, resultados que podem ser revertidos com a adoção de manejo durante a
ordenha, diminuindo a incidência de mastites e a contaminação do leite.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAGUNA, L. E. O Leite de cabra como alimento funcional. EMBRAPA, 2004.
Disponível em:<http://www.capritec.com.br/artigos_embrapa030609a.htm>.
Acesso em: Julho de 2015.
BRANDÃO, E.C.S.; FIGUEIREDO, A.V.D.; BOMFIM, F.S.; BOARI, C.A.;
SILVA, G.F. Perfil físico-químico do leite caprino em natureza produzido no
semi-árido de Sergipe. Rev. Hig. Alimentar, v.26. 2012.
BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria Nacional
de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa n° 37 de 31 de outubro de 2000.
Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite de Cabra.
2000. Disponível em: <http://www.engetecno.com.br/legislacao/leite_rtfiq_leite_cabra.htm>. Acesso em: julho de 2015.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretária Nacional de Defesa agropecuária. Laboratório Nacional de Referência Animal.
Métodos Analíticos Oficiais para Controle de produtos de Origem Animal e seus
Ingredientes. II Métodos Físicos e Químicos. Cap. 14: Leite Fluido. Brasília,
DF., 1981.
CHAPAVAL, L.; MAGALHÃES, D. C. T. Qualidade do leite de cabra: uma
questão de bom gosto. Capril virtual. Disponível em: http://www.caprilvirtual.
com.br/Artigos/CNPC_Qualidade_Leite.pdf, acesso em: julho de 2015.
MEDEIROS, L.P. Caprinos: Princípios básicos para a sua exploração. Brasília:
EMBRAPA-SP. 1994, 177p.
MORORÓ, A. M.; CHAPAVAL ,L.; AGALHÃES, D.C.T. et al.Qualidade do
Leite Caprino Antes da Aplicação de Boas Práticas Agropecuárias: Estudo de
Casos, XXI Congresso Brasileiro de Zootecnia. Alagoas, Maceió-Al, 2011.
OLLALA, M.; RUIZ-LOPES, M. D.; NAVARRO-ALARCON, M. et al. Nitrogen fractions of Andalusian goat milk compared to similar types of commercial
milk. Food Chemistry, London, v. 113, n. 3, p. 835-838, 2009.
286
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Grasiene de Meneses SILVA 1; Maria Júlia NARDELLI 2; Amanda Chagas da SILVA 3; Maxsuel dos Santos SOUZA 4; Emanuela Polimeni de MESQUITA 5, Maria das Graças Xavier de CARVALHO 6
PEREIRA, R. A. G ; QUEIROGA, R. C. R. E; VIANNA. R. P. T. et al. Qualidade química e física do leite de cabra distribuído no Programa Social “Pacto
Novo Cariri” no Estado da Paraíba. Rev Inst Adolfo Lutz, v.64, n.2, p.205-211,
2005.
Agradecimetos: Ao Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE-SE) e a Federação das Associações de Criadores de Caprinos e Ovinos de Sergipe (Faccos).
Tabela 1 Relação dos municípios, número de produtores beneficiados e número
de amostras coletadas no estado de Sergipe.
MUNICIPIOS
Nº DE PRODUTORES
Nº DE AMOSTRAS
Aracaju
4
4
Canindé de São Francisco
1
1
Capela
1
1
Itabaiana
1
1
Lagarto
2
2
Macambira
2
2
Malhador
1
1
Nossa Senhora da Glória
5
5
Pinhão
1
1
Poço Verde
6
6
São Cristóvão
1
1
Simão Dias
2
2
27
27
Total
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
287
Leimah ALBUQUERQUE1; Evilda de LIMA2; Luiz CONSONI3
INDUÇÃO DE URINA ÁCIDA ATRAVÉS
DO USO CONTÍNUO DE ÁCIDO ASCÓRBICO EM UM DÁLMATA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Acid urine induction through continued use of ascorbic acid in a Dalmatian and
its consequences.
Leimah ALBUQUERQUE1; Evilda de LIMA2; Luiz CONSONI3.
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. hamiela@
gmail.com
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. evilda17@
hotmail.com
3
Universidade Federal de Pernambuco, DBR. consoni@ufpe.
br
1
PA L AV R A S - C H AV E
Cristais na urina, dálmata, urina ácida, vitamina C.
KEYWORDS
Acidic urine, C vitamin, dalmatian dog, crystals in the urine.
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos os seres humanos foram fazendo cruzamentos de cães
de forma a apurar certas raças o que além melhorar certas características consideradas ideais, por vezes também leva ao aumento da incidência de doenças
genéticas. No caso da raça Dálmata uma das doenças genéticas mais comuns é
a urolitíase congénita cujo gene se pensa estar associado ao da pelagem branca
com manchas pretas características. A urolitíase é devida a uma grande acumulação de ácido úrico, um componente resultante da destruição das purinas
existentes no DNA de todas as células que é pouco solúvel em água e por isso se
torna difícil de eliminar do organismo (ÁLVAREZ et al., 2003).
No caso dos dálmatas, há uma deficiência na uricase que faz com que
o ácido úrico não seja transformado e se acumule e o ácido úrico em excesso
vai-se depositar na forma de urato nos rins ou bexiga formando cálculos que podem impedir o fluxo normal da urina. O controle do pH urinário é uma medida
eficaz e deve ser menor do que 7 para prevenir cálculos de estruvita, e maior do
que 7 para cálculos de oxalato de cálcio, urato e cistina (ÁLVAREZ et al., 2003).
Diante dessas informações o presente trabalho teve como objetivo avaliar o pH
urinário, antes e após a administração de doses de vitamina C diariamente em
um cão.
MATERIAL E MÉTODO
O animal estudado tem 13 anos de idade, é da raça dálmata e alimenta-se
uma vez ao dia. Sua dieta é à base de proteína e carboidrato (arroz, fubá, carne e
legumes), e o mesmo ingere pouca água durante o dia. O animal é castrado e já
foi submetido a quatro cistotomias para retirada de cálculos na vesícula urinária.
A primeira cirurgia foi realizada em 2007, a segunda, terceira e quarta cirurgias
foram realizadas respectivamente nos anos de 2010, 2012 e 2013. Porém, em
2013 o animal submeteu-se a uma nova cirurgia devido à formação de aglo288
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Leimah ALBUQUERQUE1; Evilda de LIMA2; Luiz CONSONI3
merado de cálculos em volta do fio de sutura (Naylon) usado para a síntese da
parede da vesícula urinária. A pesquisa analisou o valor do pH urinário com o
auxílio de fitas medidoras de pH, diariamente, sempre no período da manhã,
tendo como método de coleta a micção espontânea. O volume a ser coletado
variava de 11 à 12ml de urina. Essa análise foi realizada antes de se administrar
dois comprimidos de 500mg de vitamina C (Cewin 500mg) ao dia e após o uso
desta. No decorrer total de quatro meses, sendo dois meses consecutivos sem o
uso da vitamina C e nos dois meses subjacentes com o uso da referida vitamina.
Durante o período em que não se administrou a vitamina C observou-se
que os valores na medição do pH variavam muito de 6.0 até 7.0. Porém, após
administrar 1g de vitamina C à noite, foi observado pH urinário igual a 6,0
permanecendo este valor durante o tratamento com a vitamina C. No entanto,
após dois meses contínuos de uso da vitamina C, o animal apresentou disúria e
estrangúria. Pode-se observar também que em algumas coletas havia a presença
de cristais sedimentados no fundo do tubo de ensaio.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme Álvarez et al. (2003) qualquer que seja a natureza dos elementos dos cálculos envolvidos na sua formação, deve-se considerar quatro fatores:
supersaturação de minerais presentes na urina, o pH urinário que diminui a solubilidade dos minerais, existência de promotores da cristalização e ausência
de inibidores da cristalização. No entanto, González e Silva (2008) os rins são
uns dos componentes responsáveis pela manutenção do pH sanguíneo seja pela
excreção ou manutenção de ácidos ou bases do organismo e que para manter o
pH sanguíneo constante, haverá alterações do pH urinário. Contudo, não deve
ser utilizado unicamente para estabelecer alterações do pH sanguíneo.
Essas alterações correspondem a condições alimentares, ou seja, o pH
normal da urina irá depender da dieta. Os valores normais para cães variam de
5,5 à 7,0. As alterações no pH indicam mais uma condição sistêmica do que
uma alteração localizada no sistema urinário. O pH urinário observado após o
uso contínuo e frequente da vitamina C resultaram em uma urina ácida, porém
torna-la ácida não alterou a insolubilidade dos minerais e nem tão pouco promovei o surgimento de inibidores de cristais ou mesmo inibiu os promotores de
cristalização.
CONCLUSÃO
A indução na formação de uma urina ácida através de doses diárias de
vitamina C se mostrou-se eficiente no cão dálmata. Contudo, a tentativa de se
evitar a formação de cristais ao diminuir o pH urinário, tendo como fator principal a solubilidade dos minerais existentes nesta, não demonstrou sucesso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TILLEY, P.L.; SMITH, F.W.K.Jr. Consulta Veterinária em 5 Minutos: Espécie
Canina e Felina. 5 ed. Tradução de Fabiana Buassaly Leistner. Barueri, SP: Manole, 2015. P. 285-286.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
289
Leimah ALBUQUERQUE1; Evilda de LIMA2; Luiz CONSONI3
ÁLVAREZ, L; LÓPEZ, J; FERNÁNDEZ, R; ANTÓN, J. “Médica Veterinaria:
libro de texto para la docência de la Asignatura”. Universidade de Leon, Santiago de Compostela, p. 550-552, 2003.
GONZÁLEZ, F. SILVA, S. Patologia Clínica Veterinária: Texto de Apoio ao
Curso de Especialização em Análises Clínicas Veterinárias. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, p.112-120, 2008.
Figura 1 – Coleta da urina antes e após a utilização da vitamina.
Figura 2 – Fitas de pH. Após uso da vitamina C o pH da urina manteve-se
entre 6-7.
290
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM1; Richelle da Silva BRAZ2; Júlio Cézar dos Santos Nascimento3; Valdemiro
Amaro da SILVA JUNIOR4; Emanuela Polimeni de MESQUITA5; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE6
EFEITOS DE DIFERENTES DOSES DE
OLANZAPINA SOBRE AS GLÂNDULAS
SALIVARES SUBMANDIBULARES DE
RATOS WISTAR PÚBERES
Salmonella spp. research in wild birds from Metropolitan Region of Recife,
Pernambuco, Brazil.
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMFA [email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV [email protected]
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV juliocezar@
veterinario.med.br
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV vajunior@
dmv.ufrpe.br
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV polemini.
[email protected]
6
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV [email protected]
1
Effects of different doses of Olanzapine the gland salivary submandimulares rats pubescent
wistar
PA L AV R A S - C H AV E
Carcará, Saúde Pública, Salmonelose.
KEYWORDS
Carcará, Public Health, Salmonelosis.
INTRODUÇÃO
A olanzapina, é um antipsicótico atípico indicado para o tratamento
agudo e de manutenção da esquizofrenia e outras psicoses onde os sintomas
positivos e/ou sintomas negativos são proeminentes. Os efeitos adversos mais
comuns em curto prazo incluem ganho de peso, sonolência, acatisia, edema
vascular periférico, aumento do apetite, disfunção erétil e boca seca (FROTA,
2001). Xerostomia é a manifestação clínica da disfunção das glândulas salivares
caracterizada pela hipossalivação (PIRES, 2009). As drogas são as causas mais
comuns da redução salivar. Existem diferentes mecanismos que são responsáveis por essa redução relacionadas às drogas, mas a ação anticolinérgica é a que
domina a maioria deles. Existem muitos tipos de receptores para substâncias nas
glândulas salivares, sugerindo que essas glândulas podem conter sistemas alvos
para muitas drogas (SCULLY, 2003).
Um antipsicótico atípico pode afetar diretamente a fisiologia das glândulas salivares devido à sua afinidade com os receptores muscarínicos e adrenérgico α1, localizados nessas glândulas. Esse trabalho teve como objetivo verificar
os efeitos da olanzapina sobre as glândulas salivares, devido à sua atividade
xerostômica, através das alterações histomorfológicas das glândulas.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 20 ratos wistar púberes (Rattus norvegicus, var. albinus) pertencentes a um projeto preexistente. Após a eutanásia, foram separadas as cabeças dos animais que posteriormente foram utilizadas as partes de
interesse da presente pesquisa, onde as glândulas submandibulares foram removidas. Os ratos foram escolhidos por amostragem não probabilística e submetidos aos diversos tratamentos, de acordo com o grupo experimental: controle
(n=5), 2,5mg/kg (n=5), 5mg/kg (n=5) e 10mg/kg (n=5) de olanzapina.
Para estudo, as glândulas submandibulares foram removidas e pesadas
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
291
Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM1; Richelle da Silva BRAZ2; Júlio Cézar dos Santos Nascimento3; Valdemiro
Amaro da SILVA JUNIOR4; Emanuela Polimeni de MESQUITA5; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE6
em balança de precisão e feita mensuração com paquímetro manual. O volume
de cada amostra foi obtido usando a fórmula dada por Fautino (2003), VP =
m.Sf / d, onde: Vp = volume processado em mm3; m = massa fresca da glândula
em mg; Sf = fator de retração médio (Sf=0,47); d = densidade média da glândula
(d=1,072 mg/mm3). Também mensurados largura e comprimento utilizando-se
paquímetro manual. Para análise histomorfometrica um fragmento de cada glândula, foi submetido processamento rotineiro para inclusão em resina plástica à
base de glicol metacrilato (LEICA) e analisados os cortes em microscopio de
luz. Para estimativa da densidade volumétrica de cada estrutura glandular foram
selecionados 5 campos histológicos por animal por amostragem sistemática em
objetiva 40X. Foi utilizada uma grade exibindo 441 pontos sobre os campos
histológicos e anotado a quantidade de pontos sobre cada estrutura glandular. A
densidade de volume estimada foi então calculada pela seguinte relação: VE=
PE/PG, onde VE= volume estimado de cada estrutura em (%), PE= quantidade
de pontos sobre a estrutura e PG= quantidade de pontos sobre a glândula (441).
Para se determinar volume absoluto em mm3 (VA) de cada componente glandular, foi feita a seguinte relação: VA=VE.VP, onde VP é o volume processado da
glândula. Foram realizadas as análises de variância entre os grupos (ANOVA)
e o teste de Tukey, com nível de significância de p<0.05. Este experimento foi
avaliado e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da UFRPE, sob
o licença número 053/2014.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em análise macroscópica não foram observadas alterações de coloração, topografia da glândula e textura entre os grupos estudados. Os resultados
morfométricos obtidos pela análise estão expressos na tabela 1. Não houve diferença estatistica sigificativa entre os grupos de acordo com os parâmetros avaliados. Os resultados da análise quantitativa dos constituintes teciduais da glândula submandibular estão apresentados na Tabela 2. De acordo com os dados
obtidos por essas análises, não foi constatada variação na proporção das estruturas glandulares nos grupos tratados em comparação com o grupo controle, bem
como também não foram constatas variações no valor de volume absoluto.
Os achados histológicos, esterológicos e estatística aplicada, demonstram que a olanzapina não causa alterações morfológicas e estruturais nas glândulas salivares submandibulares que justifique o efeito xerostômico descrito na
literatura, contudo não se pode eliminar a possibilidade desse efeito ser causado
por outra interação fisiológica envolvendo as glândulas e o antipsicótico. Diversos autores constataram que drogas podem atuar alterando a qualidade e a
quantidade do fluxo salivar. Entretanto, outros fatores também podem ser considerados, pois outros neuromediadores, proteínas e aminoácidos são capazes de
resultar em alteração da atividade sobre as glândulas salivares (SCULLY, 2003).
Dentre os efeitos colaterais da olanzapina está a boca seca, que pode
ser causado pela inibição da secreção salivar. Esta pode ser determinada pela
capacidade desta droga atuar sobre a fisiologia das glândulas salivares devido à
sua afinidade com os receptores muscarínicos, adrenérgico e colinérgicos o que
pode acarretar em hipossalivação (SCULLY, 2003).
Desta forma levanta-se a hipótese de que o efeito xerostômico causado
292
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM1; Richelle da Silva BRAZ2; Júlio Cézar dos Santos Nascimento3; Valdemiro
Amaro da SILVA JUNIOR4; Emanuela Polimeni de MESQUITA5; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE6
pela olanzapina seja devido a sua interação com receptores, levando a hipossalivação, contudo é necessário um estudo fisiológico com animais vivos, onde
se determina o volume salivar produzido por cada animal durante o tratamento,
bem como a composição salivar.
CONCLUSÃO
De acordo com os diferentes tratamentos empregados e com os parâmetros avaliados nesse estudo, a olanzapina não causa alterações histomorfométricas nas glândulas salivares.
O efeito xerostômico causado pelo uso da olanzapina não ocorre devido
a alterações degenerativas nas glândulas salivares, contudo não se pode eliminar
a possibilidade desse efeito ser causado por outra interação fisiológica envolvendo as glândulas e o antipsicóticos. Sugere-se que seu efeito seja devido a
interação com receptores provocando a hipossalivação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FROTA, LEOPOLDO H. Cinqüenta anos de medicamentos antipsicóticos em
psiquiatria. J. Bras. Psiquiat. v.50, p.298-317, 2001.
PIRES, Fábio Ramôa et al. Reações medicamentosas na cavidade oral: aspectos
relevantes na Estomatologia. Rev. bras. odontol., v. 66, n. 1, p.41-53, 2009.
SCULLY, C. Drug effects on salivary glands: dry mouth. Oral diseases, v.10,
p.165-176, 2003.
www.ZYPREXA.com (Acesso em 19 de junho de 2015 ás 18 horas)
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
293
Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM1; Richelle da Silva BRAZ2; Júlio Cézar dos Santos Nascimento3; Valdemiro
Amaro da SILVA JUNIOR4; Emanuela Polimeni de MESQUITA5; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE6
Tabela 1. Média e desvio padrão dos resultados morfométricos da glândula
submandibular.
Comprimento (cm)
Largura (cm)
Massa (mg)
Volume (mm³)
Controle
0,90 ± 0,24
0,46 ± 0,05
401,2 ± 82,5
175,89 ± 36,2
2,5mg/kg
0,82 ± 0,30
0,50 ± 0,00
382,6 ± 89,7
167,60 ± 39,5
5,0mg/kg
0,88 ± 0,31
0,52 ± 0,10
357,2 ± 78,8
156,66 ± 34,5
10mg/kg
0,88 ± 0,23
0,50 ± 0,09
330,6 ± 60,7
144,94 ± 26,6
0,971
0,251
0,532
0,534
P
Tabela 2. Densidade de volume absoluto das estruturas glandulares nos grupos
(mm3)
Estrutura
Controle
2,5 mg
5,0 mg
10,0 mg
P
Ácino
102,3 ± 22,8
94,7 ± 25,6
93,8 ± 22,3
89,0 ± 24,4
0,848
Ducto G
28,0 ± 12,5
29,1 ± 4,8
21,8 ± 2,5
19,1 ± 4,1
0,141
Ducto E
16,0 ± 5,6
17,9 ± 7,7
15,2 ± 2,9
14,5 ± 6,6
0,822
TC
23,5 ± 6,1
21,9 ± 5,1
21,6 ± 9,3
18,5 ± 3,5
0,663
Vasos
4,4 ± 1,1
3,3 ± 1,3
3,6 ± 1,0
3,4 ± 1,0
0,464
* Ducto G: ducto granuloso; Ducto E: ducto estriado, excretor e intercalares;
TC: tecido conjuntivo.
Figura 1 – Fotomicrografias das glândulas submandibulares dos grupos controle (A); 2,5mg (B); 5,0mg (C) e 10,0mg (D). Notar integridade de ácinos e
ductos. Hematoxilina-floxina. 40x.
294
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Emanuela Polimeni de MESQUITA¹; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE²; Felipe Coral dos SANTOS³; Júlio Cézar dos
Santos NASCIMENTO4; Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM5; Geraldo Jorge Barbosa de MOURA6.
ESTUDO ANATÔMICO DO ESTÔMAGO DA Bradypus variegatus - Shinz, 1825
(Mammalia, Xenarthra)
An anatomical study of the stomach in Bradypus variegatus – Shinz, 1825
(Mammalia, Xenarthra)
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMFA polemini.
[email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMFA [email protected]
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV juliocezar@
veterinario.med.br
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV [email protected]
6
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV [email protected]
1
¹ Universidade Federal Rural
de Pernambuco. DMFA. E-mail:
[email protected]
² Universidade Federal Rural
de Pernambuco. DMFA. E-mail:
[email protected]
³ Universidade Federal Rural
de Pernambuco. DMFA. E-mail:
felipecoral_l2009@hotmail.
com
4
Universidade Federal Rural
de Pernambuco. DMFA. E-mail:
[email protected]
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco. DMV. E-mail:
[email protected]
6
Universidade Federal Rural
de Pernambuco. DMFA. E-mail:
[email protected]
7
Universidade Federal Rural de
Pernambuco. DB. E-mail: [email protected]
Emanuela Polimeni de MESQUITA¹; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE²; Felipe Coral dos
SANTOS³; Júlio Cézar dos Santos NASCIMENTO4; Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM5; Geraldo Jorge Barbosa de MOURA6.
PA L AV R A S - C H AV E
Câmaras gástricas, morfologia, sistema digestório, bicho-preguiça, Bradypus variegatus.
KEYWORDS
Gastric cameras, morphology, digestive system, sloth, Bradypus variegatus.
INTRODUÇÃO
Com o avanço das fronteiras agrícolas, o meio ambiente vem sendo fortemente alterado proporcionando mudanças à fauna e a flora. Com base nessas
condições torna-se de fundamental importância conhecer os aspectos anatômicos do estômago das espécies prioritariamente arborícolas e herbívoras, a exemplo de Bradypus variegatus, bicho-preguiça que ocorre em regiões neotropicais
(BIANCHI et al., 2012).
O Brasil é detentor de quase todas as espécies do gênero Bradypus, exceto a B. pygmaeus. (MEDRI et al., 2011). Assim, por ocupar essa posição ímpar, o país constitui a maior reserva natural de Bradipodídeos, o que permite
que esses animais sejam vistos como modelos biológicos para as pesquisas de
caráter multidisciplinar (AMORIM et al., 2003). Este trabalho teve por objetivo
descrever anatomicamente o estômago de B. variegatus, no que se refere a sua
sintopia, morfologia interna, topografia e vascularização.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados cinco espécimes de B. variegatus, sendo duas fêmeas prenhes e um macho adulto e, uma fêmea e um macho jovens, os quais se
encontram tombados no acervo da área de Anatomia, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Os animais encontravam-se congelados
para posterior fixação em formol a 10%. O trabalho foi autorizado pela licença
nº136/2014, concedida pelo comitê de ética no uso dos animais da UFRPE.
Foram realizadas as localizações nos planos anatômicos e a mensuração através
de ultrassonografia da distância entre estes e as bordas do estômago, além de
fotografias, permitindo localização mais precisa das estruturas em sintopia com
o órgão.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
295
Emanuela Polimeni de MESQUITA¹; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE²; Felipe Coral dos SANTOS³; Júlio Cézar dos
Santos NASCIMENTO4; Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM5; Geraldo Jorge Barbosa de MOURA6.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se macroscopicamente que nos animais dissecados o estômago possuía subdivisões, denominadas câmaras gástricas: Câmara cárdica ou 1;
Fundo estomacal ou câmara 2; Divertículo ou câmara 3; corpo do estômago ou
câmara 4; Pré-piloro I ou Câmara 5 e Câmara 6 ou Pré-piloro II, além do esfíncter pilórico, que faz sintopia com o pré-piloro II, duodeno e pâncreas (Figura
1A).
O estômago ocupa a porção cranial da cavidade, juntamente com o fígado que está localizado no espaço mediano da cavidade e, se estende até o
antímero direito. Além disso, esses dois órgãos fazem sintopia com o diafragma,
que pode ser considerado o limite cranial da cavidade abdominal.
Os limites laterais são compostos pelas costelas e variou da 7ª a 15ª, bem
como, a musculatura abdominal. Os limites dorsais são a musculatura do dorso,
juntamente com as vértebras torácicas (6ª a 14ª vértebras) e as cinco vértebras
lombares. Já os limites ventrais são compostos pela musculatura ventral do abdome. Os limites caudais são os ossos ilíacos, da pelve.
A disposição e topografia do estômago variaram em função da faixa etária, distensão deste órgão e prenhez. Quanto à sintopia do estômago com outros
órgãos, encontra-se as seguintes características morfológicas: a câmara cárdica
(1), faz sintopia com o fundo estomacal (2) e com o corpo do estômago (4). O
divertículo gástrico (3), possui sintopia com as câmaras cárdica, corpo e fundo
estomacal e se encontra sobre os pré-piloros I e II, esfíncter pilórico e duodeno.
Os pré-piloros I e II, tem sintopia com o divertículo gástrico, esfíncter pilórico,
duodeno e baço (Figura1B).
As câmaras cárdica e corpo do estômago fazem sintopia com o diafragma; já as câmaras cárdica e fundo estomacal possuem relação com a bordo medial do fígado. O divertículo se encontra repousando sobre os pré-piloros, esfíncter pilórico e duodeno.
O fundo estomacal além de ser encontrado no antímero esquerdo, e possuir sintopia com a câmara cárdica, ainda possui relação com a parede torácica,
ao nível das 8ª a 15ª costelas; já os pré-piloros e piloro, com baço, pâncreas e
duodeno; o fundo estomacal possui relação com o duodeno.
No que se refere aos hábitos alimentares e comportamento o bicho-preguiça B. variegatus, é extremamente restrito (BRITTON, 1941) e a possível
utilização deste como modelo biológico para estudos ecoanatomofisiológicos
é reconhecido pela comunidade acadêmica (AMORIM et al., 2003). Alimenta-se quase que exclusivamente de folhas (BARRETO, 2009), seu estômago tem
maiores proporções se comparado a outras espécies de animais. Estudos realizados em outras espécies como a Murmecophaga tridactyla, pertencentes à mesma
ordem e, cujo formato do estômago se assemelha a letra J (MENEZES, 2013),
o estômago de Bradypus variegatus, apresenta três divisões dando origem a seis
subdivisões. Estas características encontradas no presente estudo foram semelhantes às descritas por REZENDE et al (2011) em B. torquatus.
A fixação do estômago ocorre através de ligamentos peritoniais: o ligamento hepato-duodenal, gastroesplênico e hepato-gástrico, conforme descrito
por REZENDE et al. (2011). A divisão e organização das câmaras gástricas descritas neste trabalho corroboraram com estudos realizados por REZENDE et al
(2011), em B. torquatus.
296
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Emanuela Polimeni de MESQUITA¹; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE²; Felipe Coral dos SANTOS³; Júlio Cézar dos
Santos NASCIMENTO4; Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM5; Geraldo Jorge Barbosa de MOURA6.
CONCLUSÃO
O estudo topográfico do estômago de B. variegatus, permitiu ampliar o
conhecimento sobre o padrão de disposição anatômica, topográfica das espécies
de preguiça do gênero Bradypus. Visto que, o alcance desses objetivos fornecem
subsídios para intervenções cirúrgicas e formulação de planos mais eficientes à
conservação in situ e ex situ dessas espécies e dos ecossistemas onde habitam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MEDRI, I.M. et al. Ordem Pilosa. In: REIS, N.E. et al. Mamíferos do Brasil.
Londrina: Edição do autor, 2011. Cap.4, p. 92-94.
BIANCHI, P.K.F.C. et al. Morfologia renal do Bradypus torquatus. Biotemas,
v.25, p.201-205, 2012.
AMORIM, M.J. A. A. L.; MIGLINO, M.A.; AMORIM JÚNIOR, A.A.; SANTOS, T.C. Aspectos morfológicos da placenta da preguiça, Bradypus variegatus
- Shinz, 1825. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science,
v.40, p.217-226, 2003.
BRITTON, S.W. Form and function in the sloth. The Quarterly Review of Biology. v.16, p.190-207, 1941.
BARRETO, R.M.F. Uso do habitat pela preguiça de coleira (Bradypus torquatus), no sul da Bahia, Brasil. Dissertação (Mestrado em Zoologia) – Curso de
Pós-graduação em Zoologia, Universidade de São Paulo, 2009. 100p.
REZENDE, L.C. et al. Morphology and Vascularization of the Gastric Compartments in Three-Toed Sloth (Bradypus torquatus Illiger, 1811). International
Journal of Morphology, v.29, p.1282-1290, 2011.
MENEZES, L.T. Morfologia do tubo digestório do Tamanduá bandeira Myrmecophaga tridactyla (Pilosa: Myrmecophagidae). Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) – Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (Saúde
Animal), Universidade de Uberlândia, 2013.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
297
Emanuela Polimeni de MESQUITA¹; Priscilla Virgínio de ALBUQUERQUE²; Felipe Coral dos SANTOS³; Júlio Cézar dos
Santos NASCIMENTO4; Marleyne José Afonso Accioly Lins AMORIM5; Geraldo Jorge Barbosa de MOURA6.
Figura 1 - Apresentação das câmaras estomacais e vascularização gástrica em
Bradypus variegatus . A- Câmara cárdica (1), Fundo do estômago (2), Divertículo gástrico (3) e Câmara cárdica médial (4); B- Região pré-pilórica e pilórica,
com visualização de pré-piloro I (5`), pré-piloro II (5), piloro (6), duodeno (7)
e pâncreas (8); C- Ligamento mesogástrico (9), fígado (10), câmaras 1, 2 e 4;
D- Baço (11), situado dorsalmente aos pré-piloros I e II, no antímero esquerdo;
E- A. tronco celíaco (12) com ramificação das A. gástrica direita (a), A. esplênica (b) e pré-pilórica (c).
298
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Júlio Cézar dos Santos NASCIMENTO1; Fabiana América Silva Dantas de SOUZA2; Diogo Diógenes Medeiros DINIZ3;
Richelle da Silva BRAZ4; José Antônio de Couto TEIXEIRA5; Ana Lúcia Figueiredo PORTO6.
AVALIAÇÃO DO PERFIL HIDROLÍTICO
IN VITRO DA FITASE PRODUZIDA POR
Aspergillus niger var. phoenicis EM RAÇÕES
COMERCIAIS DE AVES
In vitro Hydrolytic profile of phytase produced from Aspergillus niger var. phoenicis on commercial poultry feed
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMFA fabiana.
[email protected]
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV [email protected]
4
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV [email protected]
5
Universidade do Minho, DEB,
Escola de Engenharia, Braga
Portugal [email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DFMA [email protected]
1
Júlio Cézar dos Santos NASCIMENTO1; Fabiana América Silva Dantas de SOUZA2; Diogo
Diógenes Medeiros DINIZ3; Richelle da Silva BRAZ4; José Antônio de Couto TEIXEIRA5; Ana
Lúcia Figueiredo PORTO6.
PA L AV R A S - C H AV E
Nutrição de aves, aditivos enzimáticos, digestibilidade, fator anti-nutricional, fitato
KEYWORDS
Poultry nutrition, enzymatic feed, digestibility, phytate, antinutritional factor.
INTRODUÇÃO
Ácido fítico é a maior forma de armazenamento de fósforo em sementes
de plantas e está presente como grande parte do fósforo orgânico encontrado
no solo. Contudo, o fitato não pode ser diretamente usado por vegetais e alguns
animais, tais como suínos, aves e peixes (Fan et al., 2013).
Fitases formam uma classe de enzimas fosfatases que possui atividade
de hidrolizar o fitato e liberar os íons ortofosfatos ligados à estrurtura do ácido
fítico (Fan et al., 2013). Além diso, fitase tem sido utilizada como suplemento
alimentar de aves com o objetivo de melhorar a qualidade nutricional dos alimentos ricos em fitato e eventualmente redução da poluição ambiental (Jorquera
et al., 2011).
Estudos têm sido conduzidos a cerca da utilização de enzimas exógenas
na alimentação de aves, com o intuito de melhorar a digestibilidade. Há um
destaque para o uso de fitases de origem microbiana, pois vem sendo utilizada
como suplemento alimentar de aves para melhorar a qualidade nutricional dos
alimentos ricos em fitato e eventualmente redução da poluição ambiental (Jorquera et al., 2011). O objetivo deste trabalho foi analisar o perfil hidrolítico in
vitro da enzima fitase em rações comerciais de aves.
MATERIAL E MÉTODOS
O fungo utilizado para a produção da fitase foi o Aspergillus niger var.
phoenicis URM 4924, o qual foi obtido da coleção de culturas URM do Departamento de Micologia (Universidade Federal de Pernambuco). A produção da
fitase realizada em erlenmayers (250 mL) contendo meio de cultura com a seguinte composição: farelo de arroz 1.0% (m/v), como fonte de carbono, milho-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
299
Júlio Cézar dos Santos NASCIMENTO1; Fabiana América Silva Dantas de SOUZA2; Diogo Diógenes Medeiros DINIZ3;
Richelle da Silva BRAZ4; José Antônio de Couto TEIXEIRA5; Ana Lúcia Figueiredo PORTO6.
cina 3.0% (v/v) como fonte de nitrogênio, 0.5 g/L KCl, 1,5 g/L MgSO4.7H2O,
2,0 g/L CaCl2.2H2O, 1,5 g/L Fe2SO4.7H2O. Os frascos foram incubados em
agitador orbital a 30°C, 100 rpm por 96 horas de cultivo. A atividade fitásica foi
determinada pela utilização do método de Heinonen e Lathi (1981). Após pesar
1,0 grama de amostra da ração comercial, as mesmas foram autoclavadas e posteriormente foram diluídas em 5,0 mL de tampão glicina-HCl 0,1 M (pH 2,5)
em frascos shot de 50 mL e adicionada a extratos da enzima (5 U/mL). Alíquotas
foram retiradas até 8h de incubação, e posteriormente centrifugadas (5000 x g,
15 minutos, a 4°C), onde coletou-se o sobrenadante para realizar a análise quantitativa de fósforo inorgânico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 representa o perfil hidrolítico da fitase produzida por A. niger
var. phoenicis e sua utilização em ração comercial de aves. A enzima fitase produzida por A. niger var. phoenicis apresentou-se eficaz na liberação do fósforo
fítico presente em rações de aves comerciais. Através da Figura 1 nota-se que a
hidrólise catalizada pela fitase foi mais efetiva aos 6 minutos de hidrólise, onde
a enzima liberou aproximadamente 3 µmoles de PO4-2, tornando-se inibida em
concentrações de fósforo de 6 µmoles de PO4-2 (após minutos de reação).
Monteiro (2011) estudou a produção e caracterização parcial de uma
fitase produzida por A. niger. Este autor concluiu que a enzima fitase estudada
liberou 5,14 µmoles de PO4-2 após 5 minutos de reação em ração comercial de
aves. Estes resultados são compatíveis com os encontrados neste trabalho, onde
obtive-se a liberação de aproximadamente 6 µmoles de PO4-2 por 8 minutos
de reação. De acordo com Vats et al (2009) que estudaram sobre a utilização de
fitase produzida por A. niger na hidrólise do fitato em rações comerciais, conseguindo uma liberação de 48 nm de PO4-2 a 55°C. Estes dados são diferentes
aos obtidos neste presente trabalho. Entretanto, os resultados encontrados nesta
pesquisa mostram o potencial hidrolítico da fitase em estudo.
CONCLUSÃO
O tratamento enzimático das rações comerciais de aves utilizando a fitase de A. niger var. phoenicis foi bastante promissor, pois se mostrou-se eficiente
na hidrólise do fitato, característica bioquímica essencial para uma enzima com
potencial aplicação industrial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FAN, C.M.; WANG, Y.H.; ZHENG, C.Y.; YONG, F.F. Fingerprint motifs of
phytases. African Journal of Biotechnology, v.12, n.10, p.1138-1147, 2013.
JORQUERA, M.A.; CROWLEY, D.E.; MARSCHNER, P.; GREINER, R;
FERNANDEZ, M.T.; ROMERO, D.; MENEZES-BLACKBURN, D.; DE LA
LUZ, M.M. Identification of β-propeller phytase-encoding genes in culturable
Paenibacillus and Bacillus spp. from the rhizosphere of pasture plants on volcanic soils. Microbiol. Ecol. v.75, p.163-172, 2011.
300
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Júlio Cézar dos Santos NASCIMENTO1; Fabiana América Silva Dantas de SOUZA2; Diogo Diógenes Medeiros DINIZ3;
Richelle da Silva BRAZ4; José Antônio de Couto TEIXEIRA5; Ana Lúcia Figueiredo PORTO6.
HEINONEN, J.K.; LAHTI, R.J. A new and convenient colorimetric determination of inorganic orthophosphate and its applications to the assay of inorganic
pyrophosphate. Anal. Biochem., v.113, p.313-317, 1981.
MONTEIRO, P.S. Produção e caracterização bioquímica de fitases de Rhizopus
stolonifer e Aspergillus niger UFV-1 e suas aplicações em ração animal. Tese
(Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa, 2011. p.79.
VATS, P.; BANERJEE, U.C. Production studies and catalytic properties of phytases (myo-inositolhexakisphosphate phosphohydrolases): an overview. Enzyme and Microbial Technology, v.35, p.3-14, 2004.
Figura 1 – Perfil hidrólitico da fitase produzida por A. niger var. phoenicis em
ração comercial de aves
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
301
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
EFEITO DA ADIÇÃO DOS ANTIOXIDANTES TROLOX C E ÁCIDO ASCÓRBICO
SOBRE A INTEGRIDADE DA MEMBRANA PLASMÁTICA DE ESPERMATOZOIDES DE OVINOS1
Parte de dissertação do primeiro autor.
2
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (FAVET), Universidade
Estadual do Ceará. *email: [email protected].
br
3
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal
(CPGCA), Universidade Federal do Vale do São Francisco
(Univasf), Petrolina-PE.
4
Professora do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
5
Discente do Curso de Medicina
Veterinária, Univasf, Petrolina-PE.
1
Effect of addition of antioxidants trolox c and ascorbic acid about the integrity
of plasma membrane of sheep spermatozoa1
1° Jonathan Maia da Silva Costa2*, 2° Wildelfrancys Lima de Souza3, 3° Elenice Andrade Moraes4, 4° Vitória Gomes Coelho5, 5° Laiane Moreira Vianna Magalhães3, 6° Dailli Ingrid de
Brito Lima5
PA L AV R A S - C H AV E
carneiro. criopreservação. fluorescência.
KEYWORDS
ram, cryopreservation. fluorescence.
INTRODUÇÃO
A criopreservação de sêmen dos animais domésticos contribuiu para a
expansão das biotécnicas da reprodução, como a inseminação artificial (IA) e a
fertilização in vitro, o que a torna uma importante técnica reprodutiva, tendo em
vista que promove a conservação do germoplasma masculino por tempo indeterminado (SILVA, 2013). Entretanto, a célula espermática é sensível a variações
externas decorrentes do processo de congelação-descongelação, que implicam
em danos a motilidade espermática e a integridade das membranas (SALAMON
e MAXWELL, 1995), produzindo uma subpopulação com menor tempo de vida
in vivo, o que reduz efetivamente a eficiência da população como um todo.
Visando reduzir os efeitos deletérios ocasionados pela criopreservação,
antioxidantes não enzimáticos como o Trolox C e ácido ascórbico, tem sido
adicionados ao meio diluidor, os quais tem demostrado efeitos benéficos na manutenção da viabilidade espermática pós-descongelamento (MAIA et al., 2009;
CASTILHO et al., 2009), sendo está uma importante avaliação, uma vez que,
os parâmetros da cinética espermática têm sido correlacionados com provas de
capacidade fecundante do espermatozoide (ISACHENKO et al., 2004).
Assim, objetivou-se avaliar o efeito da adição dos antioxidantes Trolox
C e ácido ascórbico sobre a integridade da membrana plasmática de espermatozoides descongelados de carneiros.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Deontologia em
Estudos e Pesquisas CEDEP/UNIVASF, registrado com o protocolo de número 0005/140813. O experimento foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em
Suínos, Espécies Nativas e Silvestre (CPSENS), localizado no Campus de Ci-
302
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
ências Agrárias da Univasf, Petrolina, Pernambuco (09°23’55” de latitude S e
40°30´03” de longitude O).
Foram utilizados três carneiros, com idade entre 2 a 4 anos. Os animais
foram mantidos em baias individuais, com dieta a base de volumoso e concentrado, com fornecimento de água ad libitum. As coletas foram realizadas duas
a três vezes por semana para cada animal com intervalos de 48 horas. Foi utilizada nas coletas vagina artificial para ovinos (Minitub®; Berlim, Alemanha)
com água a 50°C acoplada a tubos de centrífuga de 50 ml, utilizando como
manequim uma fêmea ovina. Após a coleta o sêmen foi transportado imediatamente para o CPSENS e colocado em banho-maria a 32°C. Cada ejaculado foi
avaliado quanto aos parâmetros seminais (volume, aspecto, concentração e a
motilidade espermática).
Os ejaculados foram distribuídos em cinco tubos de ensaio de 15 ml e
diluídos em Tris-gema de ovo, conforme Souza et al., (2015), para concentração final de 200x106 espermatozoides/ml, determinado através da análise no
fotômetro SDM6 (Minitub®; Berlim, Alemanha), e mantidos em banho maria a
32°C.
A avaliação da integridade da membrana plasmática foi realizada através
da associação das sondas iodeto de propídeo (PI) e Hoechst 3342 (H342). Para
isto foi utilizada metodologia descrita por Azevedo (2006), com algumas modificações. Uma alíquota de 5 µL de sêmen (2x106 espermatozoides) foi diluída
em 120 µL de meio Tris ao qual foram adicionadas as soluções de trabalho das
sondas nas seguintes proporções: 2μL de IP e 2μL H342.
A mistura foi homogeneizada, mantida protegida da luz e incubada a
37ºC por 8 minutos, em seguida uma alíquota dessa mistura de 10μL foi colocada entre lâmina e lamínula e 200 espermatozoides foram avaliados em microscópio de fluorescência, usando filtro 02 (excitação 365nm e Emissão 420nm). Os espermatozoides corados foram visualizados e classificados: A ausência de fluorescência azul (H342) e consequentemente a presença de fluorescência vermelha (PI) na cabeça do espermatozoide, indicava lesão na membrana
plasmática, já a ocorrência inversa indicava que a membrana plasmática encontrava-se integra.
As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando-se o programa
estatístico SAEG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os percentuais de membrana plasmática dos espermatozoides podem
ser observados na Tabela 1, onde os grupos tratados com 200µL de Trolox C
(23,67%); 0,05 % (27,17) e 0,25% (37,0%) de ácido ascórbico apresentaram
maiores (P<0,05) taxas de integridade de membrana, pós-descongelamento.
A suplementação do diluidor com 0,25% de ácido ascórbico proporcionou efeito benéfico na integridade de membrana plasmática avaliada pela associação das sondas PI e H (342), em relação aos demais grupos, dados que corrobora com os achados de Salamon e Maxwell (1995), os quais demonstraram
que embora os espermatozoides apresentem motilidade de 60% pós-descongelamento, somente cerca de 20 a 30% permaneceram biologicamente intactos.
Aisen et al. (2002), por sua vez, ao utilizarem um diluidor tris isotônico,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
303
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
com menos gema de ovo 10% x 20% e sem antioxidante, observaram que os danos causados à membrana plasmática durante a criopreservação, foram elevados
(P<0,05) nos espermatozoides congelados.
Resultados semelhantes ao deste estudo foram obtidos por Moraes et
al. (2015) ao avaliarem a associação dos antioxidantes trolox, ácido ascórbico
e melatonina. Maia et al. (2009) e Silva et al. (2011), ambos em sêmen de carneiros, com as sondas fluorescentes supracitadas, observaram cerca de 30% de
espermatozoides com membrana plasmática íntegra.
Desta forma, podemos presumir que o uso de 0,25% de ácido ascórbico
elevou a capacidade de produção dos antioxidantes enzimáticos GSH, CSH-Px
e catalase, reduzindo o potencial de lipoperoxidação lipídica, durante o processo
de congelamento e descongelamento (HU, et al., 2011).
Conclusão
A adição de 0,25% de ácido ascórbico no sêmen fresco de carneiros
melhorou a integridade da membrana plasmática de espermatozoides de ovinos
após descongelamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AISEN, E.G.; MEDINA, V.H.; VENTURINO, A. Cryopreservation and postthawed fertility of ram semen frozen in different trehalose concentration. Theriogenology, Philadelphia-PA, v.57, p.1801-1808, 2002.
AZEVEDO, H.C. Integridade e funcionalidade dos espermatozóides ovinos
submetidos à criopreservação após a incorporação de colesterol, desmosterol,
ácido oléico-linoleico e a-lactoalbumina. Botucatu, 2006. 218p. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade Estadual Paulista – UNESP, Botucatu.
CASTILHO, F. E.; GUIMARÃES, D. J.; MARTINS, F. L. et al. Uso de própolis
e ácido ascórbico na criopreservação do sêmen caprino. Revista Brasileira de
Zootecnia, Minas Gerais-MG, v.38, n.12, p.2335-2345, 2009.
HU, J. H.; ZHAO, X. K.; TIAN, W. Q. et al. Effects of vitamin E supplementation in the externder on frozen-thawed bovine semen preservation. The Animal
Consortium, Chesterfield-MO, v. 5, p. 107-112, 2011.
ISACKENKO, E.; ISACKENKO, V.; KATKOV, I.I. et al. DNA integrity motility of human spermatozoa after standard slow freezing versus cryoprotectant-free
vitrification. Human Reproduction., Oxford-GB, v. 19, n.4, p. 932-939, 2004.
MAIA, M. S.; BICUDO, S. D.; AZEVEDO, H. C. et al. Motility and viability of
ram sperm cryopreserved in a Tris-egg yolk extender supplemented with anti-oxidants. Small Ruminant Research. Jefferson City-MO, v. 85, p. 85–90, 2009.
MORAES, E. A.; SOUZA, W. L.; COSTA, J. M. S. et al. Antioxidants improve membrane integrity and acrosome and sperm mitochondrial activity in ram
sperm after cryopreservation. In: ADSA - ASAS, JOINT ANNUAL MEETING-JAM, 2015, Orlando-FL. J. Anim. Sci. Vol. 93, Suppl. s3/J. Dairy Sci. Vol. 98,
304
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
Suppl. 2. Orlando-FL, 2015. p. 427-428.
SAEG Sistema para análises estatísticas, versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes – UFV – Viçosa, 2007.
SALAMON, S.; MAXWELL, W.M.C. Frozen storage of ram semen I. processing, freezing, thawing and fertility after cervical insemination. Animal Reproduction Science, Amsterdam-NL, v. 37, p.185-249, 1995.
SILVA, J. C. Criopreservação de sêmen ovino com diferentes concentrações
espermáticas associado ou não com ácido ascórbico. Viçosa, 2013. 52p. Tese
(Doutorado em zootecnia). Universidade Federal de Viçosa.
SILVA, S.V.; SOARES, A.T.; BATISTA, A.M. et al. In Vitro and In Vivo Evaluation of Ram Sperm Frozen in Tris Egg-yolk and Supplemented with Superoxide
Dismutase and Reduced Glutathione. Reproduction in Domestic Animals, Berlin, v. 46, p. 874-981, 2011.
SOUZA, W. L.; LIMA, D. I. B.; MORAES, E. A. et al. Adição de diferentes
concentrações de crioprotetores e gema de ovo sobre a motilidade espermática
progressiva de ovinos após a criopreservação. In: XXV Congresso Brasileiro de
Zootecnia-ZOOTEC, 2015, Fortaleza-CE. Anais do XXV Congresso Brasileiro
de Zootecnia. 2015. v. 25.
Tabela 1. Percentual de integridade da membrana plasmática (iMP) de espermatozoides de carneiros criopreservados acrescidos ou não de diferentes antioxidantes
Parâmetros
Grupos experimentais
espermáticos
Controle
TRO 100µL
iMP
22,04±6,9
18,80±6,9
bc
c
TRO 200µL
AA 0,05%
AA 0,25%
23,67±6,9
27,17±6,9
37,0±6,9a
bc
b
TRO= Trolox C; AA= Ácido ascórbico. Médias com letras diferentes sobrescritas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas CEDEP/UNIVASF, registrado com o protocolo de número
0005/140813.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
305
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
EFEITO DA ADIÇÃO DOS ANTIOXIDANTES TROLOX C E ÁCIDO ASCÓRBICO
NO SEMEN FRESCO DE CARNEIROS
SOBRE A INTEGRIDADE ACROSSOMAL
DOS ESPERMATOZOIDES1
Parte de dissertação do primeiro autor.
2
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (FAVET), Universidade
Estadual do Ceará. *email: [email protected].
br
3
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal
(CPGCA), Universidade Federal do Vale do São Francisco
(Univasf), Petrolina-PE.
4
Professora do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
5
Discente do Curso de Medicina
Veterinária, Univasf, Petrolina-PE.
1
Effect of addition of antioxidants trolox c and ascorbic acid in the fresh semen
of ram on integrity acrosomal of sperm
1° Jonathan Maia da Silva Costa2*, 2° Wildelfrancys Lima de Souza3, 3° Elenice Andrade Moraes4, 4° Vitória Gomes Coelho5, 5° Laiane Moreira Vianna Magalhães3, 6° Dailli Ingrid de
Brito Lima5
PA L AV R A S - C H AV E
criopreservação. FITC-PNA. sêmen. sonda
fluorescente
KEYWORDS
cryopreservation. FITC-PNA. semen. fluorescent probe
INTRODUÇÃO
Dentre as biotecnologias reprodutivas aplicáveis ao gameta masculino, a
criopreservação de espermatozoides causa injúrias celular e molecular, as quais
resultam em queda na fertilidade em comparação com o uso de sêmen fresco
(Bernardini et al., 2011). O espermatozoide possui uma concentração alta de
fosfolipídios e, portanto sensível à peroxidação lipídica e devido à relação reduzida entre citoplasma e núcleo, sua reserva antioxidante é baixa, não sendo
suficiente para resistir ao estresse oxidativo gerado durante o processo de criopreservação (Bucak et al., 2007).
Visando reduzir os efeitos deletérios ocasionados pela criopreservação,
o uso de antioxidantes como o Trolox C e ácido ascórbico, tem demostrado efeitos benéficos na manutenção da viabilidade espermática pós descongelamento
(MAIA et al., 2009; CASTILHO et al., 2009)
Portanto, objetivou-se avaliar se a adição de Trolox C e ácido ascórbico
preservam a integridade acrossomal de espermatozoides de ovinos durante a
criopreservação.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Deontologia em
Estudos e Pesquisas CEDEP/UNIVASF, registrado com o protocolo de número
0005/140813.
O experimento foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em Suínos, Espécies Nativas e Silvestre (CPSENS), localizado no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Petrolina,
Pernambuco.
Foram utilizados três carneiros, com idade entre 2 a 4 anos. Os animais
306
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
foram mantidos em baias individuais, com dieta a base de volumoso e concentrado, com fornecimento de água ad libitum.
As colheitas foram realizadas duas a três vezes por semana para cada
animal com intervalos de 48 horas. Foi utilizada nas colheitas vagina artificial
para ovinos (Minitub®; Berlim, Alemanha) com água a 50°C acoplada a tubos
de centrífuga de 50 ml, utilizando como manequim uma fêmea ovina. Após a
coleta o sêmen foi transportado imediatamente para o CPSENS e colocado em
banho-maria a 32°C. Cada ejaculado foi avaliado quanto aos parâmetros seminais (volume, aspecto, concentração e a motilidade espermática).
Os ejaculados foram distribuídos em cinco tubos de ensaio de 15 ml e
diluídos em Tris-gema de ovo, conforme Souza et al., (2015), para concentração final de 200x106 espermatozoides/ml, determinado através da análise no
fotômetro SDM6 (Minitub®; Berlim, Alemanha), e mantidos em banho maria a
32°C.
Em seguida o diluidor foi previamente adicionados ou não com os antioxidantes, considerando os seguintes tratamentos: Grupo 1 (Controle - sem
antioxidante); Grupo 2 (adição de 200µM de Trolox C Ácido Ascórbico); Grupo
3 (300µM de Trolox C); Grupo 4 (0,05% de Ácido Ascórbico); Grupo 5 (0,25%
de Ácido Ascórbico).
Em seguida os tubos de ensaio contendo os tratamentos foram inseridos
em becker com 100mL de água a 32°C, e acondicionados sobre rack em câmera
fria a 5°C durante 2 horas. Após esse período, as amostras de cada tratamento
foram envasadas em palhetas de 0,5 mL e lacradas com seladora UltraSeal (Minitub®; Berlim, Alemanha). As palhetas foram colocadas em rampa de congelação e sobre vapor de nitrogênio líquido (N2) (8 cm da lâmina líquida) durante 15
minutos, quando foram imersas em nitrogênio líquido e armazenadas em botijão
criogênico até análise.
As amostras foram descongeladas a 37°C, durante 30s utilizando o descongelador automático de palheta (IMV®; São Paulo, Brasil).
A integridade do acrossoma foi avaliada pela técnica de coloração de
Fluorescein isothiocyonate-conjugated aglutin (FITC-PNA), para isto foram
preparados esfregaços com alíquotas de sêmen (10µL), os quais foram secos em
temperatura ambiente e armazenados a 4ºC protegidos da luz. Após o intervalo
de duas semanas, os esfregaços foram corados com 30 µL de FITC-PNA (concentração de 100 µg/mL), incubados por 20 minutos em câmera úmida a 4ºC,
em seguida eram lavados em PBS e secos na ausência da luz. Antes de cada avaliação, 5 µL de meio de montagem (4,5 mL de glicerol, 0,5 mL de PBS e 5 mg de
p-phenylenediamine) foi colocado sobre a lâmina coberta de lamínula (ROTH et
al.1998). Um total de 200 células espermáticas foram avaliadas em microscópio
de fluorescência, usando filtro 02 (excitação 365nm e emissão 420nm).
Os espermatozoides foram classificados como detentores de acrossomos
íntegros, quando apresentavam a região acrossomal corada com sonda fluorescente brilhante. Por outro lado, quando apresentavam uma faixa verde fluorescente na região equatorial da cabeça espermática ou não apresentavam fluorescência verde em toda a região da cabeça eram considerados como reagido e/ou
lesionado.
As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando-se o programa
estatístico SAEG.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
307
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os percentuais de espermatozoides com acrossoma intactos após o descongelamento variou de 78,06 a 92,19%, havendo influência positiva das amostras acrescidas com as diferentes concentrações de antioxidantes quando comparado ao tratamento não aditivado dos mesmos (Tabela 1; P<0,05).
Os valores percentuais de integridade da membrana acrossomal deste estudo
foram superiores aos observados por Arruda et al. (2007), Maia et al. (2009),
Azevedo (2006) e Bittencourt et al. (2014), 47,5%, 59,9%, 51,5% e 67,0%, respectivamente, ao avaliarem a membrana acrossomal de espermatozoides de carneiros, através da associação da sonda fluorescente FITCH-PSA.
Embora no presente trabalho não tenha sido avaliado os níveis de geração de ERO, quando comparamos os percentuais de integridade da acrossomal deste experimento, com os trabalhos supracitados, podemos presumir que
a utilização 100 ou 200 µL de trolox e 0,05% ou 0,25% de ácido ascórbico foi
eficiente para proporcionar equilíbrio na produção das espécies reativas de oxigênio durante o processo de criopreservação, onde de maneira eficiente, reduziu
os danos iniciais relacionados à criocapacitação (BAILEY et al., 2000) que são
suficientes para proporcionar a chamada reação acrossômica precoce.
Tais resultados são fundamentais, uma vez que, a integridade de membrana acrossomal é um dos parâmetros que possui maior correlação com a taxa
de fecundação in vitro do que com a motilidade e morfologia, fato esse também
observado por Januskauskas et al. (2001) quando observaram a ocorrência de
correlação positiva entre os espermatozoides com membrana intacta e sua fertilidade in vitro.
CONCLUSÃO
A adição de 0,25% de ácido ascórbico no sêmen fresco de carneiros promoveu maior integridade da membrana acrossomal dos espermatozoides após
descongelamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, R. P. ANDRADE, A. F. C.; PERES, K. R.; RAPHAEL, C. F.; NASCIMENTO, J.; CELEGHINI, E. E. C. Biotécnicas aplicadas à avaliação do potencial de fertilidade do sêmen equino. Revista Brasileira de Reprodução Animal. V. 31, n. 1, p. 8-16, 2007.
AZEVEDO, H.C. Integridade e funcionalidade dos espermatozóides ovinos
submetidos à criopreservação após a incorporação de colesterol, desmosterol,
ácido oléico-linoleico e a-lactoalbumina. Botucatu, 2006. 218p. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade Estadual Paulista – UNESP, Botucatu.
BAILEY, J.L.; BILODEAU, J.F.; CORMIER, N. Semen cryopreservation in
domestic animals: a damaging and capacitating phenomenon. Journal of Andrology, v. 21, p. 1-7, 2000.
308
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
BERNARDINI, A.; HOZBOR,F.; SANCHEZ, E.; FORNÉS, M.W. ; ALBERIO, R.H.; CESARI, A. Conserved ram seminal plasma proteins bind to the
sperm membrane and repair cryopreservation damage. Theriogenology, 76,p.
436–447, 2011.
BITTENCOURT, R. F.; OBA, E.; RIBEIRO FIHO, A. L.; CHALHOUB, M.;
VASCONCELHOS, M. F.; BISCARDE, C. A.; BICUDO, S. D. Trehalose and
calcium chelator for ram semen cryopreservation. Archives of Veterinary Science, v. 19, p. 69-77, 2014.
BUCAK, M.; ATEŞŞAHIN A.; VARIŞLI, O.; YÜCE, A.; TEKIN, N.; AKÇAY,
A. The influence of trehalose, taurine, cysteamine and hyaluronan on ram semen: Microscopic and oxidative stress parameters after freeze–thawing process.
Theriogenology, v.67, n.5, p.1060-1067, 2007.
CASTILHO, F. E.; GUIMARÃES, D. J.; MARTINS, F. L.; PINHO, O. R.; GUIMARANHÃES, F. E. S.; ESPESCHIT, B. J. C. Uso de própolis e ácido ascórbico na criopreservação do sêmen caprino. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38,
n.12, p.2335-2345, 2009.
JANUSKAUSKAS, A.; JOHANNISSON, A.; RODRIGUEZ-MARTINEZ, H.
Assessment of soerm chromatin structure assay in relation to field fertility of
frozen-thaewd semen from Swedish Al bulls. Theriogenology, v. 55, p. 947-961,
2001.
MAIA, M. S.; BICUDO, S. D. Radicais livres, antioxidantes e função espermática em mamíferos: uma revisão. Revista Brasileira de Reprodução Animal.
v.33, n.4, p.183-193,2009.
ROTH, T.L.; WEISS, R.B.; BUFF, L.M. et al. Heterologous in vitro fertilisation
and sperm capacitation in an endangered African antelope, the Scimiltar-Horned
Oryx (Oryx dammah). Biology of Reproduction., v. 58, p. 475-482, 1998.
SAEG Sistema para análises estatísticas, versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes – UFV – Viçosa, 2007.
SOUZA, W. L.; LIMA, D. I. B.; MORAES, E. A.; COSTA, J. M. S.; TORRES, L. R. C.; COELHO, V. G.; MAGALHAES, L. M. V. Adição de diferentes
concentrações de crioprotetores e gema de ovo sobre a motilidade espermática
progressiva de ovinos após a criopreservação. In: XXV Congresso Brasileiro de
Zootecnia-ZOOTEC, 2015, Fortaleza-CE. Anais do XXV Congresso Brasileiro
de Zootecnia. 2015. v. 25.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
309
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3, Dailli Ingrid de Brito LIMA5
Tabela 1. Percentual de integridade do acrossoma (iAC) de espermatozoides de
carneiros criopreservados acrescidos ou não de diferentes antioxidantes
Parâmetros
Grupos experimentais
espermáticos
Controle
TRO 100µL
TRO 200µL
AA 0,05%
AA 0,25%
iAC
78,06±5,3c
84,46±5,3b
86,48±5,3ab
89,0±5,3ab
92,19±5,3a
TRO = Trolox C; AA= Ácido ascórbico. Médias com letras diferentes sobrescritas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
310
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1, Wildelfrancys Lima de SOUZA1, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES2, Vitória Gomes COELHO3; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
EFEITO DE DIFERENTES METODOS DE
INCUBAÇÃO SOBRE A MOTILIDADE ESPERMÁTICA PELO TESTE DE TERMORRESISTÊNCIA DO SÊMEN DESCONGELADO DE OVINOS
Effect of different incubation methods on sperm motility by thermo resistance
test in post-thawed sheep semen
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal (CPGCA), Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Petrolina-PE,
*email: laianevianna@yahoo.
com.br
2
Professora do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
3
Discente do Curso de Medicina
Veterinária, Univasf, Petrolina-PE,
4
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (FAVET), Universidade
Estadual do Ceará
1
1° Laiane Moreira Vianna Magalhães1, 2° Wildelfrancys Lima de Souza1, 3° Jonathan Maia da
Silva Costa4, 4° Elenice Andrade Moraes2, 5° Vitória Gomes Coelho3; 6° Dailli Ingrid de Brito
Lima3
PA L AV R A S - C H AV E
criopreservação, banho-maria, espermatozoide, longevidade espermática, placa aquecedora.
KEYWORDS
cryopreservation, bath, sperm, sperm longevity, hot plate.
INTRODUÇÃO
Os critérios para avaliação de sêmen ovino no Brasil são estabelecidos
pelo Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA,1998), dentre eles tem-se que uma amostra descongelada é considerada dentro do padrão quando apresentar motilidade progressiva ≥ a 30% e vigor ≥ 3 no descongelamento (HENRY e NEVES, 1998).
Dentre os testes utilizados para a avaliação de sêmen animal tem-se o
Teste de termorresistência (TTR), que visa avaliar o potencial de fertilidade ou
longevidade dos espermatozoides em partidas de sêmen criopreservado (CHEMINEAU e COGNIÉ, 1991).
Para avaliação do sêmen durante o TTR no Sistema computacional de
Análise espermática (CASA), o sêmen é mantido em banho-maria, que pode ser
um problema devido ao fato deste apresentar riscos com relação à entrada de
água na amostra de forma incidental.
Considerando o exposto acima, a utilização da placa aquecedora seria
uma forma mais pratica de manutenção da temperatura da amostra seminal durante o TTR, sem riscos de perda da amostra para manter a temperatura desejada. Objetivou-se testar a utilização da placa aquecedora em substituição ao
banho-maria para incubar amostras submetendo-as ao teste de termorresistência
(TTR).
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado após a aprovação sob o protocolo
nº0002/110414, estando de acordo com os princípios éticos de experimentação
animal do Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas da UniversiCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
311
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1, Wildelfrancys Lima de SOUZA1, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES2, Vitória Gomes COELHO3; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
dade Federal do Vale do São Francisco.
O experimento foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em Suínos, Espécies Nativas e Silvestre (CPSENS), localizado no Campus de Ciências Agrárias da Univasf, Petrolina, Pernambuco (09°23’55” de latitude S e 40°30´03” de
longitude O).
Foram utilizados três carneiros, com idade entre 2 a 4 anos. Os animais
foram mantidos em baias individuais, com dieta a base de volumoso e concentrado, com fornecimento de água ad libitum.
As colheitas foram realizadas duas a três vezes por semana para cada
animal com intervalos de 48 horas. Foi utilizada nas colheitas vagina artificial
para ovinos (Minitub®) com água a 50°C acoplada a tubos de centrífuga de
50 ml, utilizando como manequim uma fêmea ovina. Após a coleta o sêmen
foi transportado imediatamente para o CPSENS e colocado em banho-maria
a 32°C. Cada ejaculado foi avaliado quanto aos parâmetros seminais (volume,
aspecto, concentração e a motilidade espermática).
Os ejaculados foram distribuídos em tubos de ensaio de 15 ml e diluídos
em Tris-gema de ovo, conforme Souza et al., (2015), para concentração final
de 200x106 espermatozoides/ml, determinado através da análise no fotômetro SDM6 (Minitub®), e mantidos em banho maria a 32°C. Após a diluição as
amostras nos tubos de ensaio foram colocadas em um becker com água a 32°C
e acondicionadas sobre rack em câmara fria a 5°C por duas horas. Após esse
período, as amostras de cada tratamento foram envasadas em palhetas de 0,5
ml e lacradas com seladora UltraSeal (Minitub®) e acondicionadas sob vapores
do nitrogênio liquido, por 15 minutos, a 8 cm da lâmina líquida. Decorrido este
tempo as palhetas foram imersas no nitrogênio líquido e descongeladas a 37°C
durante 30 segundos.
Após o descongelamento, as amostras foram subdividas em dois tubos
para serem submetidas ao TTR, sendo uma incubada em banho-maria e a outra
em chapa aquecedora, ambas a 37°C, onde as amostras foram avaliadas a cada
30 minutos por um período de 90 minutos (0, 30, 60 e 90), utilizando o sistema
computadorizado (CASA). Alíquota de 8 μl de cada amostra foram analisadas
individualmente sobre lâmina e lamínula pré-aquecidas, a 37ºC.
As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa
estatístico SAEG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve efeito da incubação do sêmen de ovinos descongelado quando incubados em banho-maria em relação à placa aquecedora durante o período
de avaliação do TTR (Tabela 1; P>0,05).
Não observamos diferença na motilidade total entre os tempos de 0 e 30 minutos. Entretanto houve a redução após o tempo de 60 minutos (Tabela 1; P>0,05).
Com relação à motilidade progressiva constatou-se que o tempo de 60 minutos
não teve alteração da motilidade quando comparado aos tempos de 0 e 30 minutos, ocorrendo ainda a redução aos 90 minutos.
Os resultados obtidos com a placa aquecedora corroboram com Siqueira
et al. (2007); que ao avaliar a relação da taxa de gestação com sêmen bovino
congelado e testes de avaliação espermática in vitro, observou que após o tempo
312
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1, Wildelfrancys Lima de SOUZA1, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES2, Vitória Gomes COELHO3; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
de 120 min durante o teste de termorresistência a motilidade manteve-se em torno de 35,88%, sendo a correlação observada para o TTR e a gestação positiva.
Segundo o CBRA (1998) a motilidade espermática após o TTR para o sêmen
ovino deve ser de 30% podendo a motilidade encontrada ser considerada viável
após 90 minutos de TTR. Isso demonstra que a placa aquecedora pode ser utilizada como meio de manutenção do sêmen durante o teste de termorresistência.
Contudo, os resultados demonstrados nesse trabalho revelaram o sêmen com
valores superiores a 30%, que seria o valor mínimo exigido pelo CBRA (1998)
inferindo assim a sua capacidade fecundante.
Não observamos diferença entre o banho-maria e a placa aquecedora,
aliado a isso, tem-se o fato de a motilidade seminal das amostras em que foi utilizada a placa aquecedora estarem dentro dos padrões estabelecidos pelo CBRA,
demonstrando que o meio de manutenção utilizado não interferiu no poder fecundante dos espermatozoides. Considerando o fato de que a placa aquecedora
traz uma menor chance da ocorrência de riscos incidentais e, pode ser levada
mais facilmente à campo para manutenção do sêmen descongelado durante a
inseminação artificial, esta apresentaria uma maior praticidade ao manipulador
de sêmen durante a inseminação artificial.
CONCLUSÃO
A placa aquecedora pode ser utilizada como meio de incubação de amostras durante o teste de termorresistência em substituição ao banho-maria.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHEMINEAU, P.; COGNIÉ, Y. Training manual on artificial insemination in
sheep and goats. FAO Animal Production and Health Papr 83, Roma, 1991.
COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL – CBRA. Manual
para exame e avaliação de sêmen animal. 2 ed. Belo Horizonte: 1998, 49p.
HENRY, M.; NEVES, J.P. Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. Colégio Brasileiro de Reprodução Animal. 2. ed. Belo Horizonte,
1998, 49p.
SIQUEIRA, J.B.; GUIMARAES, J.D.; COSTA, E.P.; HENRY, M.; TORRES,
C.A.A.; SILVA, M.V.G.B.; SILVEIRA, T.S. Relação da taxa de gestação com
sêmen bovino congelado e testes de avaliação espermática in vitro. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n. 2, p. 387-395, 2007.
SOUZA, W. L.; LIMA, D. I. B.; MORAES, E. A.; COSTA, J. M. S.; TORRES, L. R. C.; COELHO, V. G.; MAGALHAES, L. M. V. Adição de diferentes
concentrações de crioprotetores e gema de ovo sobre a motilidade espermática
progressiva de ovinos após a criopreservação. In: XXV Congresso Brasileiro de
Zootecnia-ZOOTEC, 2015, Fortaleza-CE. Anais do XXV Congresso Brasileiro
de Zootecnia. 2015. v. 25.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
313
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1, Wildelfrancys Lima de SOUZA1, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES2, Vitória Gomes COELHO3; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
Tabela 1. Motilidade espermática total (MT) e progressiva (MP) do sêmen ovino após o Teste de Termorresistência (TTR) submetido a diferentes métodos de
incubação (MI)
MT
MP
MI
0min
30min
60min
90min
0min
30min
60min
90min
PA
63,79
61,65
56,68
48,92
43,69
44,46
38,61
AB
31,19B
BM
61,53A
62,89A
51,17B
46,81B
43,43A
44,22A
34,84AB
30,92B
Média
62,66
62,27
53,92
47,87
43,56
44,34
36,72
31,05
A
A
B
B
A
A
PA: placa aquecedora; BM: banho maria. Médias com letras maiúsculas diferentes sobrescritas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
314
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wildelfrancys Lima de SOUZA2*, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
USO DA COLORAÇÃO EOSINA-NIGROSINA NA AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE
DA MEMBRANA PLASMÁTICA DE ESPERMATOZOIDES DE CARNEIROS SUPLEMENTADOS COM MELATONINA1
Use of eosin-nigrosine staining in assessing plasma membrane integrity of ram
spermatozoa supplemented with melatonin1
Parte de dissertação do primeiro autor.
2
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal (CPGCA), Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Petrolina-PE,
*email:
wilde@zootecnista.
com.br
3
Professora do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
4
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (FAVET), Universidade
Estadual do Ceará
5
Discente do Curso de Medicina
Veterinária, Univasf, Petrolina-PE,
6
Bioestatístico Embrapa Semiárido – CPATSA, Petrolina-PE-Brasil.
1
1° Wildelfrancys Lima de Souza2*, 2° Jonathan Maia da Silva Costa4, 3° Elenice Andrade Moraes3, 4° Vitória Gomes Coelho5, 5° Laiane Moreira Vianna Magalhães2; 6° Raimundo Parente
Oliveira6
PA L AV R A S - C H AV E
antioxidante. criopreservação. ovino.
KEYWORDS
antioxidant. cryopreservation. Sheep.
INTRODUÇÃO
Um aspecto fundamental no processo de avaliação seminal, que é em
grande parte negligenciado pelos métodos descritivos, é a determinação da integridade estrutural e funcional das membranas lipoprotéicas dos espermatozoides (WATSON, 1995).
A membrana espermática tem um importante papel nos processos de
capacitação e fertilização do oócito e sua constituição bioquímica é um dos
principais pontos de interesse do estudo da fisiologia e patologia espermática
(LENZI et al., 1996). Ela é basicamente composta por ácidos graxos e proteínas
(FLESH; GADELLA, 2000). Teorias sobre a fusão de membranas (oócito/espermatozoide) sugerem que a fluidez da membrana é pré-requisito para a função
normal da célula, e que, a fluidez e a flexibilidade das membranas celulares são
dependentes da sua composição lipídica (LENZI et al., 2002).
Existem vários testes que podem ser empregados para a determinação da
integridade da membrana plasmática, como as colorações supravitais, incluindo
Tripan-Blue-Giensa, testes hiposmóticos e, mais recentemente, o uso das sondas
fluorescentes que atuam através de reações com enzimas citoplasmáticas ou de
ligação com o DNA espermático (ARRUDA et al., 2005), mas é uma técnica
pouco aplicável a campo pois há necessidade de equipamentos de custo muito
alto como um microscópio de epifluorescência ou um citômetro de fluxo. Enquanto o teste de eosina-nigrosina (HANCOCK, 1951), é um teste muito prático
e de baixo custo, podendo ser rotineiramente utilizado à campo para avaliar a
integridade da membrana espermática (KUMI-DIAKA; BADTRAM, 1994).
Portanto, objetivou-se avaliar o efeito da suplementação de melatonina na integridade da membrana plasmática dos espermatozoides de carneiros após a criopreservação.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
315
Wildelfrancys Lima de SOUZA2*, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em Suínos, Espécies Nativas e Silvestre (CPSENS), localizado no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Petrolina,
Pernambuco.
Foram utilizados três carneiros, com idade entre 2 a 4 anos. Os animais
foram mantidos em baias individuais, com dieta a base de volumoso e concentrado, com fornecimento de água ad libitum.
As colheitas foram realizadas duas a três vezes por semana para cada
animal com intervalos de 48 horas. Foi utilizada nas colheitas vagina artificial
para ovinos (Minitub®) com água a 50°C acoplada a tubos de centrífuga de
50 ml, utilizando como manequim uma fêmea ovina. Após a coleta o sêmen
foi transportado imediatamente para o CPSENS e colocado em banho-maria
a 32°C. Cada ejaculado foi avaliado quanto aos parâmetros seminais (volume,
aspecto, concentração e a motilidade espermática).
Os ejaculados foram distribuídos em cinco tubos de ensaio de 15 ml e
diluídos em Tris-gema de ovo, conforme Souza et al., (2015), para concentração
final de 200x106 espermatozoides/ml, determinado através da análise no fotômetro SDM6 (Minitub®), e mantidos em banho maria a 32°C. O diluidor foi
previamente preparado com as quatro concentrações diferentes de melatonina,
de acordo com os tratamentos: Controle; 1 mM; 100 μM; 100 nM; 100 pM de
melatonina. Após a diluição as amostras nos tubos de ensaio foram colocadas
em um becker com água a 32°C e acondicionadas sobre rack em câmara fria a
5°C por duas horas. Após esse período, as amostras de cada tratamento foram
envasadas em palhetas de 0,5 ml e lacradas com seladora UltraSeal (Minitub®)
e acondicionadas sob vapores do nitrogênio liquido, por 15 minutos, a 8 cm da
lâmina líquida. Decorrido este tempo as palhetas foram imersas no nitrogênio
líquido e descongeladas a 37°C durante 30 segundos.
A integridade da membrana plasmática foi determinada utilizando a
coloração de Eosina-Nigrosina (E/N) segundo Barth e Oko (1989). Onde as
amostras nas palhetas foram descongeladas como descrito acima e o conteúdo
esvaziado em tubo de eppendorf de 1 ml. Foi transferido para um segundo tubo
10 μL de cada amostra e adicionados 10 μL do corante. 8 μL de cada amostra foi
adicionada entre lâmina e lamínula pré-aquecidas, e um mínimo de 200 espermatozoides por amostra foram contados em microscópio óptico DM 750 (Leica
Microsystems, Heerbrugg, Suiça) em aumento de 100x. Onde as células com
membrana plasmática lesada apresentavam o núcleo corado em rosa da eosina,
e aquelas com a membrana plasmática intacta, núcleo corado em escuro da nigrosina.
As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa SAS 9.2 2002-2008 by SAS Institute Inc. (Cary, NC, USA).
Resultados e Discussão
Pode-se observar que as amostras suplementadas com 100 µM, 100 nM
e 100 pM de melatonina apresentaram maior percentual de cé¬lulas com membranas plasmática íntegras quando comparadas com as amostras sem suplementação e aquelas suplementadas com 100 mM de melatonina (Tabela 1; P<0,05).
Entretanto, Perez et al., (2012) e Moraes et al., (2015) encontraram valores per316
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wildelfrancys Lima de SOUZA2*, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
centuais inferiores de membrana plasmática integra 18,31 e 29,1 respectivamente. Demonstrando que a capacidade da melatonina de neutralizar as ERO foi
favorecida à medida que o nível de suplementação foi reduzindo, promovendo
uma maior resistência e preservação da integrada da membrana plasmática aos
danos oxidativos.
CONCLUSÃO
A melatonina manteve a integridade da membrana plasmática dos espermatozoides avaliados com Eosina-Nigrosina após o processo de criopreservação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, R. P.; CELEGHINI, E. C. C.; SOUZA, L. W. O. et al. Importância da
qualidade do sêmen em programas de IATF e TETF. Acta Scientiae Veterinariae,
Porto Alegre-RS, v. 33, n. 1, p. 145-150, 2005.
BARTH, A. D.; OKO, R. J. Abnormal morphology of bovine spermatozoa.
Ames: University Press, 1989. 285 p.
FLESH, F. M.; GADELLA, B. M. Dynamics of mammalian sperm plasma
membrane in the process of fertilization. Biochimica et Biophysica Acta, Amsterdam-NL, v. 1469, p. 197-235, 2000.
HANCOCK, J. L. A staining technique for the study of temperature shock in
semen. Nature, London, v. 167, p. 323-324, 1951.
KUMI-DIAKA, J.; BADTRAM, G. Effect of storage on sperm membrane integrity and other functional characteristics of canine spermatozoa: in vitro biossay
for canine semen. Theriogenology, Philadelphia-PA, v. 41, p. 1355-366, 1994.
MORAES, E. A.; SOUZA, W. L.; COSTA, J. M. S. et al. Antioxidants improve membrane integrity and acrosome and sperm mitochondrial activity in ram
sperm after cryopreservation. In: ADSA - ASAS, JOINT ANNUAL MEETING-JAM, 2015, Orlando-FL. J. Anim. Sci. Vol. 93, Suppl. s3/J. Dairy Sci. Vol. 98,
Suppl. 2. Orlando-FL, 2015. p. 427-428.
LENZI, A.; FANDINI, L.; LOMBARDO, F. et al. Polyunsaturated fatty acids of
germ cell membranes, glutathione and glutathione-dependent enzyme-PHGPx:
from basic clinic. Contraception, Philadelphia-PA, v. 65, p. 301-304, 2002.
LENZI, A.; PICARDO, M.; GANDINI, L. et al. Lipids of the sperm plasma
membrane: from polyunsaturated fatty acids considered as markers of sperm
function to possible scavenger therapy. Human Reproduction Update, Oxford-GB, v. 2, p. 246-56, 1996.
PEREZ, E. G. A. ; NICHI,M. ; VIANA, C.H,C. et al. Efeito da adição de Glutationa na função e estresse oxidativo em sêmen ovino criopreservado. Brazilian
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
317
Wildelfrancys Lima de SOUZA2*, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes
COELHO5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Raimundo Parente OLIVEIRA6
Journal of Veterinary Research and Animal Science (Impresso), São Paulo-SP,
v. 49, p. 262-268, 2012.
SAS System for Windows (Statistical Analysis System), versão 9.2. Cary, USA:
SAS Institute Inc; 2002-2008.
SOUZA, W. L.; LIMA, D. I. B.; MORAES, E. A. et al. Adição de diferentes
concentrações de crioprotetores e gema de ovo sobre a motilidade espermática
progressiva de ovinos após a criopreservação. In: XXV Congresso Brasileiro de
Zootecnia-ZOOTEC, 2015, Fortaleza-CE. Anais do XXV Congresso Brasileiro
de Zootecnia. 2015. v. 25.
WATSON, P.F. Recent developments and concepts in the cryopreservation of
spermatozoa and the assessment of their post-thawing function. Reprodution,
Fertilility and Development, Melbourne, v. 7, p. 871-891, 1995
Tabela 1. Percentuais de integridade da membrana plasmática (iMP), de espermatozoides de carneiros criopreservados após adição de diferentes níveis de
suplementação de melatonina (NSM) no sêmen fresco.
NSM
SA
1 mM
100 µM
100 nM
100 pM
iMP %
40,05B
44,65B
55,50A
59,06A
61,03A
SA= sem antioxidante (controle). A,B Médias com letras maiúsculas diferentes
sobrescritas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
318
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Thatyane Carla de LIMA1; Cintia Emanuelle Ribeiro FERREIRA1; Anidene Christina Alves de MORAES2; Luciana Florêncio VILAÇA2; Ângela Maria Vieira BATISTA2; Elizabete Rodrigues da SILVA1
PERFIL DE RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA IN VITRO DE STAPHYLOCOCCUS COAGULASE-NEGATIVA ISOLADOS DE MASTITE CAPRINA
In vitro antimicrobial resistance of coagulase-negative Staphylococcus isolated
from goat mastitis
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. beteers@
hotmail.com
2
Universidade Federal de Rural
de Pernambuco, Departamento
de Zootecnia.
1
Thatyane Carla de Lima1; Cintia Emanuelle Ribeiro Ferreira1; Anidene Christina Alves de Moraes2; Luciana Florêncio Vilaça2; Ângela Maria Vieira Batista2; Elizabete Rodrigues da Silva1
PA L AV R A S - C H AV E
resistência antibiótica, beta-lactâmicos, penicilina.
KEYWORDS
antibiotic resistance, beta-lactam antibiotics, penicillin.
INTRODUÇÃO
Na espécie caprina, os Staphylococci coagulase-negativa (SCN) são os
micro-organismos mais frequentemente isolados do leite de animais com mastite subclínica, com prevalência de até 60% dos animais de um rebanho leiteiro
(SILVA et al., 2004). Considerados, tradicionalmente, como patógenos secundários da glândula mamária, SCN podem causar grave e extensa destruição do tecido secretório mamário, aumento de células somáticas, redução da produção e
comprometimento da qualidade do leite e derivados (TAPONEN e PYORALA,
2009). O uso indiscriminado e incorreto de antimicrobianos para o tratamento
da mastite estafilocócica é um dos mais importantes fatores que contribui para a
seleção e disseminação de cepas de Staphylococcus spp. resistentes (GARINO
JUNIOR et. al, 2011), afetando a saúde e produção animal, bem como a saúde
humana (VIRDIS et al., 2010). Dessa forma, este trabalho teve por objetivo
avaliar o perfil de resistência antimicrobiana de SCN isolados do leite de cabras
com mastite.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se 69 amostras de SCN isoladas do leite de 59 cabras pertencentes a um rebanho localizado no município de Sertânea, PE. Para a colheita
do leite e lactocultura foram seguidas as recomendações do NMC (2004). Após
o período de incubação, colônias bacterianas caracterizadas como cocos Gram-positivos e catalase positiva foram submetidas ao teste da coagulase em tubo e
agrupadas, de acordo com o resultado, em Staphylococcus coagulase positiva e
Staphylococcus cogulase negativa. A susceptibilidade antimicrobiana foi determinada pelo método de difusão em placa, seguindo a metodologia recomendada
pelo CLSI (2008), utilizando-se discos impregnados com as seguintes drogas:
ampicilina (10μg), penicilina G (10 U.I), oxacilina (1μg), cefalotina (30μg), teCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
319
Thatyane Carla de LIMA1; Cintia Emanuelle Ribeiro FERREIRA1; Anidene Christina Alves de MORAES2; Luciana Florêncio VILAÇA2; Ângela Maria Vieira BATISTA2; Elizabete Rodrigues da SILVA1
traciclina (30μg), gentamicina (10μg), clindamicina (2μg) e enrofloxacina (5μg).
A leitura e a interpretação dos limites das zonas de inibição foram realizadas de
acordo com os critérios estabelecidos pelo CLSI (2008). Estabeleceram-se as
frequências absoluta e relativa para cada droga testada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 demonstra os resultados do teste de sensibilidade antimicrobiana in vitro das 69 amostras de SCN avaliadas neste estudo. Observou-se
que, das oito drogas testadas, as maiores taxas de resistência foram demonstradas frente aos beta-lactâmicos, particularmente penicilina G e ampicilina, com
47,8 (33/69) e 40,6% (28/69) das amostras de SCN resistentes a essas drogas,
respectivamente. A resistência simultânea a esses antimicrobianos também foi
o fenótipo mais frequentemente observado, com 21,7% (15/69) das amostras
resistentes a ambas e sensíveis às demais drogas estudadas. Outros autores também relataram a resistência à penicilina G+ampicilina como o fenótipo mais
frequentemente demonstrado por amostras de Staphylococcus spp isoladas em
rebanhos caprinos no estado da Paraíba (GARINO JUNIOR et al., 2011). Resistência às penicilinas é o fenótipo que mais preocupa cientistas em todo o
mundo, visto que representam as drogas de primeira escolha para o tratamento
das mastites estafilocócicas e por indicar uma baixa probabilidade de cura microbiológica das mastites por Staphylococci portando tal fenótipo (BARKEMA
et al., 2006). Neste estudo, foi observado que 23% (16/69) das amostras, foram
resistentes à oxacilina, droga recomendada para pesquisar resistência às penicilinas resistentes à penicilinases, inclusive à meticilina (CLSI, 2008). Esse resultado, analisado conjuntamente com as taxas de resistência frente à penicilina
G e ampicilina, sugere que, nos rebanhos amostrados, SCN tem o potencial de
apresentar mecanismos de resistência ao beta-lactâmicos que incluem a produção de beta-lactamases e alteração da molécula alvo codificada pelo gene mecA.
Resultados de trabalhos conduzidos por diversos investigadores demonstraram
que o gene mecA está amplamente distribuído em espécies do grupo SCN (VON
EIFF et al., 2000; FONTES et al., 2013). Além disso, há fortes evidências que
suportam a suspeita de que cepas de SCN carreadoras do gene mecA, funcionem
como reservatório desses genes para Staphylococcus aureus o que, na prática,
significa um sério risco à saúde pública, devido ao potencial patogênico desse
agente bacteriano (FLUIT et al., 2013). Com relação aos não beta-lactâmicos
testados neste trabalho, destaca-se a taxa de resistência frente à tetraciclina, com
29% (20/69) das amostras com tal fenótipo indicando que, nos rebanhos estudados, o uso desse grupo de antimicrobiano deve ser frequente. Vale ressaltar
que as tetraciclinas são amplamente utilizadas no ambiente de fazenda para o
tratamento das mais diversas patologias, o que favorece a seleção de cepas resistentes a essa droga (SILVA et al., 2012). A taxa de multirresistência (resistência
a três ou mais classes de drogas simultaneamente) observada nesta investigação
foi de 2,8%, bem abaixo daquelas observadas por Della Libera et al. (2010) e
Bhargava e Zang (2012), os quais observaram taxas de 20,7 e 54%, respectivamente, para isolados de SCN. O resultado do presente trabalho pode ser devido
aos tipos raciais dos animais amostrados que, em sua maioria, pertenciam a
raças nativas, sendo mais resistentes a infecções bacterianas, não sendo tão corriqueira a administração de antimicrobianos.
320
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Thatyane Carla de LIMA1; Cintia Emanuelle Ribeiro FERREIRA1; Anidene Christina Alves de MORAES2; Luciana Florêncio VILAÇA2; Ângela Maria Vieira BATISTA2; Elizabete Rodrigues da SILVA1
CONCLUSÃO
Os resultados deste trabalho demonstraram que SCN resistente aos beta-lactâmicos está presente em rebanhos caprinos, sugerindo pressão seletiva
exercida pelo uso indiscriminado desses antimicrobianos. Os resultados também apontam para a importância clínica da realização de testes in vitro para
avaliar a susceptibilidade de amostras bacterianas causadoras de mastite, sendo
uma valiosa ferramenta epidemiológica, por monitorar o surgimento e disseminação de bactérias multirresistentes a partir do ambiente de fazenda.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARKEMA, H.W.; SCHUKKEN,Y.H.; ZADOKS, R.N. The role of cow, pathogen, and treatment regimen in the therapeutic success of bovine Staphylococcus
aureus mastitis. Journal of Dairy Science, Champaign, v.89, n.6, p.1877-1895,
2006.
BHARGAVA, K.; ZHANG, Y. Multidrug-resistant coagulase-negative Staphylococci in food animals. Journal of Applied Microbiology, Oxford, v.113,
pp. 1027-1036, 2012.
CLSI. CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE. Performance Standards for Antimicrobial Susceptibility Testing; Fifteenth Informational Supplement. Pennsylvania: CLSI, 2008.
DELLA LIBERA, A.M.M.P.; BLAGITZ, M.G.; SOUZA, F.N.; BATISTA, C.F.;
AZEDOM.R.; BENITES, N.R.; MELVILLE, P.A.; GOMES V. Antimicrobial
susceptibility of coagulase-negative staphylococci isolated from meat-producing ewes with mastitis. Arquivo Brasileiro de Veterinária e Zootecnia, Belo
Horizonte, v.62, n.6, p.1499-1502, 2010.
FLUIT, C.; CARPAIJ, N.; MAJOOR, E.A.M; BONTEN, M.J.M.; WILLEMS,
R.J.L. Shared reservoir of ccrB gene sequences between coagulase-negative staphylococci and methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, Oxford, v. 68, p. 1707-1713, 2013.
FONTES, C.O.; SILVA, V.L.; BRANDÃO DE PAIVA, M.R.; GARCIA, R.A.;
RESENDE, J.A.; FERREIRA-MACHADO, A.B.; DINIZ, C.G. Prevalence,
Antimicrobial Resistance, and Virulence Characteristics of mecA-Encoding Coagulase Negative Staphylococci Isolated from Soft Cheese in Brazil. Journal of
Food Science, Chicago, v, 78, n, 4, p. 594-599, 2013
GARINO JUNIOR, F.; CAMBOIM, E.K.A.; NEVES, P.B.; SÁ, A.V.V.; ALMEIDA A.P. Suscetibilidade a antimicrobianos e produção de betalactamase em
amostras de staphylococcus isolados de mastite caprina no semiárido paraibano.
Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.78, n.1, p.103-107, 2011.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
321
Thatyane Carla de LIMA1; Cintia Emanuelle Ribeiro FERREIRA1; Anidene Christina Alves de MORAES2; Luciana Florêncio VILAÇA2; Ângela Maria Vieira BATISTA2; Elizabete Rodrigues da SILVA1
NATIONAL MASTITIS COUNCIL, Arlington. Microbiological procedures for
the diagnosis of bovine udder infeccion. 4.ed. , Arlington, 2004. 46 p.
SILVA, E.R. da; PEREIRA, A.M.G.; MORAES, W.S.; SANTORO, K. R.; SILVA, T. R. M. Perfil de sensibilidade antimicrobiana in vitro de Staphylococcus
aureus isolado de mastite subclínica bovina. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, Salvador, v.13, n.3, p.701-711, 2012
SILVA, E.R.; SIQUEIRA, A.P.; MARTINS, J.C.D.; FERREIRA, W.P.B.; SILVA, N. Identification and in vitro antimicrobial susceptibility of Staphylococcus
species isolated from goat mastitis in the Northeast of Brazil. Small Ruminant
Research, Amsterdam, v.55, p.45-49, 2004.
TAPONEN, S.; PYORALA, S: Coagulase-negative staphylococci as cause of
bovine mastitis-not so different from Staphylococcus aureus?. Veterinary Microbiology, Ames, v.134, n 1-2, p. 29-36, 2009.
VIRDIS S.; SCARANO C.; COSSU F.; SPANU V.; SPANU C. & SANTIS
E.P.L. Antibiotic resistance in Staphylococcus aureus and coagulase negative
staphylococci isolated from goats with subclinical mastitis. Veterinary Medicine
International, New York, v. 2010, 2010.
VON EIFF, C.; REINERT, R.R; KRESKEN, M.; BRAUERS, J.; HAFNER, D.;
PETERS, G. Nationwide German multicenter study on prevalence of antibiotic
resistance in staphylococcal bloodstream isolates and comparative in vitro activities of quinupristin-dalfopristin. Journal of Clinical Microbiology, Washington, v. 38, n. 8, p. 2819–23, 2000.
Tabela 1. Perfil de susceptibilidade antimicrobiana in vitro de amostras de Staphylococcus coagulase- negativa isoladas do leite de cabras com mastite clínica
e subclínica
Antimicrobiano
Ampicilina
Cefalotina
Clindamicina
Enrofloxacina
Gentamicina
Oxacilina
Penicilina
Tetraciclina
322
n
41
65
62
60
63
53
36
45
Sensível
%
59,4
94,2
89,9
87
91,3
76,8
52,2
65,2
PERFIL
Intermediário
n
%
3
4,3
7
10,1
2
2,9
4
5,8
Resistente
n
%
28
40,6
4
5,8
4
5,8
2
2,9
4
5,8
16
23,2
33
47,8
20
29
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Monica Miranda HUNKA1; Elizabeth Regina Rodrigues da SILVA2; Simone Gutman VAZ³; Lucia Maia Cavalcanti FERREIRA4; Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO5; Hélio Cordeiro MANSO FILHO6
AVALIAÇÃO
HEMATOLÓGICA
DE
ÉGUAS EM LACTAÇÃO MANTIDAS A
PASTO
Haematological assessment in lactating mares kept on pasture
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. mmhunka@
hotmail.com
2
Universidade Federal de
Pernambuco, DMV. bethrrs@
yahoo.com.br
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DZ. lucia.maia@
dz.ufrpe.br
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DZ.hmanso@
gmail.com
6
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DZ.hmanso@
dz.ufrpe.br
Monica Miranda HUNKA1; Elizabeth Regina Rodrigues da SILVA2; Simone Gutman VAZ³; Lucia Maia Cavalcanti FERREIRA4; Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO5;
Hélio Cordeiro MANSO FILHO6
1
PA L AV R A S - C H AV E
hemograma, equinos, lactantes
KEYWORDS
hemograma, horses, lactating
INTRODUÇÃO
Considerando que o rebanho equino no Brasil está estimado em 5.496.817
cabeças, sendo 1.375.419 na região nordeste (BRASIL, 2009), pouco ainda foi
publicado em relação a hematologia equina baseando-se em contadores hematológicos, apesar de alguns artigos terem sido publicados avaliando as células
sanguíneas em outras espécies e até em outras raças de equinos (ELLAH et al.,
2011).
O hemograma é um exame muito utilizado na clínica médica equina,
sendo um indicador de alterações que podem não ser percebidas ao exame clínico, além de servir como procedimento para avaliar a saúde animal e auxiliar
na obtenção de um diagnóstico. A avaliação dos elementos celulares do sangue,
quantitativamente e qualitativamente, fornece informações indispensáveis ao
controle evolutivo das doenças (FAILACE, 2006). Neste sentido é recomendada a obtenção de novos parâmetros de referência na medida em que alterações
ocorram na fase analítica do processamento da amostra (ASVCP, 2011).
Em se tratando de equinos, deve considerar a aptidão física desses animais e além disso, a fase de vida em que se encontram (LORDING, 2008).
Desta forma, objetivou-se caracterizar o eritrograma de 19 éguas da
Raça Quarto de Milha em fase de lactação.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas 19 éguas da raça Quarto de Milha, com peso médio de
437±30 Kg, com idade entre 5 e 18 anos, todas hígidas e em lactação. Mantidas
em uma única fazenda em Lagoa do Carro-PE.
Permaneceram em pastagens de Capim Massai (Panicum maximum cv. Massai)
e Capim Tifton (Cynodon dactylon cv.
Tifton68), com acesso à sal mineralizado comercial e água à vontade,
não receberam nenhum tipo de suplementação com grãos ou concentrados durante o período de lactação. Participaram do controle de ecto e endoparasitas,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
323
Monica Miranda HUNKA1; Elizabeth Regina Rodrigues da SILVA2; Simone Gutman VAZ³; Lucia Maia Cavalcanti FERREIRA4; Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO5; Hélio Cordeiro MANSO FILHO6
assim como do programa de vacinação da fazenda. Foi realizada uma coleta
de sangue, através de punção da veia jugular utilizando-se tubos para coleta à
vácuo contendo anticoagulante EDTA (ácido etileno diamino tetra acético). Os
hemogramas foram realizados em analisador hematológico automático veterinário (Modelo: poCH-100iV Diff, Fabricante: Roche Diagnóstica do Brasil).
Os resultados estão expressos em médias ± desvio padrão médio.
Resultados e Discussão
O período de lactação representa um desafio para esta categoria animal,
pois, a quantidade de nutrientes disponibilizados no leite deve suprir as necessidades nutricionais dos potros.
O hemograma de éguas em final de gestação e éguas durante as primeiras semanas de lactação demonstra valores de hematócrito, hemoglobina e
hemácias ligeiramente inferiores aos valores referenciados na literatura, como
ocorreu neste estudo. Este fenômeno está explicado pelo aumento do volume
plasmático (JAIN, 1986).
Em razão destas alterações, um bom plano nutricional para estas fêmeas
deve ser instituído, visando à manutenção de sua saúde e consequentemente, dos
potros por elas amamentados.
Estas alterações podem também estar relacionadas as maiores exigências de ferro na alimentação destes animais nesta fase. Do início da lactação
até o quarto mês, essa exigência apresenta-se elevada, para poder equilibrar sua
redução. Para uma égua de 450 a 500 Kg, a recomendação de ingesta diária é de
1060 mg/dia do primeiro ao quarto mês (MARTIN-ROSSET, 2015).
O VCM e CHCM apresentaram-se semelhantes aos padrões de normalidade. Estes índices sofrem pouca variação nesta espécie, uma vez que equinos
só liberam na circulação hemácias maduras. Em relação ao RDW, também foi
observada discreta redução em relação aos parâmetros de normalidade. A determinação do RDW pode ser importante na caracterização do tipo de anemia nos
animais (LIRA, 2010).
CONCLUSÃO
O período de lactação induz a desafios fisiológicos que interferem nos parâmetros hematológicos das éguas, porém avaliou-se as alterações como não patológicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASVCP Quality Assurance and Laboratory Standards Committee (QALS). Guidelines for the Determination of Reference Intervals in Veterinary Species and
other related topics: SCOPE NOV 2011. Disponível em: http://www.asvcp.org/
pubs/qas/index.cfm. Acesso em 27/11/2012.
BRASIL. IBGE. Pesquisa Pecuária Municipal, 2009. Disponível em: <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.a spx?vcodigo=PPM01>. Acesso em: 02 ago.
2015.
324
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Monica Miranda HUNKA1; Elizabeth Regina Rodrigues da SILVA2; Simone Gutman VAZ³; Lucia Maia Cavalcanti FERREIRA4; Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO5; Hélio Cordeiro MANSO FILHO6
ELLAH, M.R.A. et al. Effect os storage time and temperature on erythrocythes,
platelets, and leucocytes pictures on cattle and equine blood. Journal of Animal
and Veterinary Advance. v.10, n.21, p.2768-2771, 2011.
FAILACE, R. Hemograma. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. 298p.
JAIN, N. C. Schalm’s Veterinary Hematology. 4th ed. Lea and Febiger, 600.
Washington square, Philadelphia, USA, 1986.
LIRA, L. B. ; VAZ, S. G. ; ALMEIDA, T. L. A. C. ; CARIELI, E. P. O. ; MANSO FILHO, H. C. ; TEIXEIRA, M. N. Amplitude de tamanho dos eritrócitos em
cavalos de cavalgada. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 13, p. 17, 2010.
LORDING, P.M. Erythrocytes. Veterinary Clinical of North America and Equine Practice. Lexington, v.24, p. 225-37, 2008.
HOLANDA, L. C. ; VAZ, S. G. ; ALMEIDA, T. L. A. C. ; MELO, S. K. M. ;
LIRA, L. B. ; SANTOS, F. L. ; REGO, E. W. ;TEIXEIRA, M. N. . Variáveis
hematológicas de equinos (Equus caballus, Linnaeus, 1958) da raça Mangalarga
Marchador. Medicina Veterinária (UFRPE), 7, p. 1-6, 2013.
MARTIN-ROSSET, W. Equine nutrition, INRA Nutrient requeriments, recommended allowances and feed tables, Wageningen Academic Publishers, 2015,
691p.
Tabela
1 – Eritrograma de éguas em lactação mantidas a pasto.
Hemácias (x106/µL) Hemoglobina (g/dL) Hematócrito (%) VCM (fL) CHCM (g/dL) RDW-­‐CV (%) Média 6,25 10,17 30,21 48,96 33,69 17,98 Desvio padrão 1,03 1,28 4,03 3,69 0,73 0,84 Referência* 8,17 a 9,77 12,17 a 14,61 34,48 a 41,0 40,08 a 44,24 34,51 a 36,45 17,23 a 23,29 *valores de referência para éguas sadias, independente da idade. Fonte: Holanda
et al., 2013.
*Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética para Uso de Animais em pesquisa através do processo número: 23082.017404.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
325
Marion Venâncio Gomes dos SANTOS1*; Anderson Miranda de SOUZA2; Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Gabiane dos
Reis ANTUNES3; Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; José Fernando Bibiano MELO4
EFEITO DO FARELO DE SOJA NA REDUÇÃO DA ÁGUA NA MANGA TOMMY
UTILIZANDO DOIS MÉTODOS DE DESIDRATAÇÃO DURANTE 24 HORAS
Effect of soybean meal in reducing water in mango tommy using two dehydration methods during 24 hours
Discente do Curso de Medicina Veterinária, Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Petrolina-PE.
*email: ma.vgomes@hotmail.
com
2
Doutorando do Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia –
Universidade Federal da Bahia,
(UFBA), Salvador-BA, Brasil.
3
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal
(CPGCA), Univasf, Petrolina-PE.
4
Professor do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
1
1° Marion Venâncio Gomes dos Santos1*; 2° Anderson Miranda de Souza2; 3° Wildelfrancys
Lima de Souza3, 4° Gabiane dos Reis Antunes3; 5° Laiane Moreira Vianna Magalhães3; 6° José
Fernando Bibiano Melo4
PA L AV R A S - C H AV E
farinha de fruta. mangifera indica. secagem.
subproduto.
KEYWORDS
fruit flour. Mangifera indica. drying. subproduct.
INTRODUÇÃO
A prática da utilização de subprodutos na alimentação animal tem sido
realizada há décadas com o objetivo de aumentar a qualidade do produto final e/
ou reduzir os custos da produção (OKAI e ABOAGYE, 1990).
Todavia, na região do semiárido, uma das fontes de carboidratos disponíveis é a
manga Tommy (Mangifera indica L.), a qual poderá substituir o farelo de milho
(MELO et al., 2012).
Com isso, a utilização da farinha de manga em ração de peixes é uma
alternativa para tentar aumentar os níveis de carboidratos na ração. No entanto, o aumento da porcentagem de carboidratos na ração de peixes, utilizando
a frutose, representa uma maneira eficiente de redução de custos, poupando a
utilização de proteína como fonte de energia.
Entretanto, a desidratação de frutas é uma das técnicas mais antigas de
preservação de alimentos utilizadas pelo homem. O processo é simples e consiste na eliminação de água de um produto por evaporação, com transferência
de calor e massa (BRANDÃO et al., 2003). Existem diversos métodos para
secagem de alimentos. O método de escolha depende do tipo de alimento a ser
secado, do nível de qualidade que se deseja obter e de um custo que possa ser
justificado (BRANDÃO et al., 2003).
Diante deste contexto, objetivou-se avaliar o efeito da adição do farelo
de soja na desidratação da manga Tommy no período de 24 horas, por meio de
dois métodos de desidratação.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Laboratório de Aquicultura, no Campus Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Vale do São Francisco, Univasf, Petrolina-PE.
326
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marion Venâncio Gomes dos SANTOS1*; Anderson Miranda de SOUZA2; Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Gabiane dos
Reis ANTUNES3; Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; José Fernando Bibiano MELO4
Os frutos, da variedade Tommy Atkins, foram coletados do solo, na área
de cultivo experimental existente no Campus. Após a coleta, os frutos foram encaminhados para o Laboratório de Aquicultura onde foram devidamente lavados
e cortados. Ao final dessa etapa, os frutos foram colocados em um moedor, para
redução do tamanho e facilitar a secagem. Após a moagem, a massa resultante
foi então distribuída em bandejas plásticas, sendo 3,33 kg de manga moída para
cada bandeja.
Após a distribuição nas bandejas, o farelo de soja foi adicionado para
forma os seguintes tratamentos: controle (sem adição de farelo de soja), 2%,
4%, 8% e 16% de adição de farelo de soja. Com 3 repetições para cada tratamento, onde foram submetidos a dois métodos de secagem:
-Secagem A: os tratamentos em cada bandeja foram inicialmente submetidos
a uma pré-secagem ao sol por 8 horas, em um local coberto, com temperatura
de 29°C e umidade de 58%. Onde foram realizadas quatro pesagens, no inicio
da pré-secagem, 4 horas após, 8 horas após e para realizar a ultima pesagem as
amostras foram mantidas em estufa a 55°C, por 16 horas. Após o fim das 16
horas de secagem em estufa, foi realizada uma ultima pesagem das bandejas.
-Secagem B: consistiu em não utilizar a pré-secagem ao sol, onde as amostras
foram levadas imediatamente à estufa com temperatura de 55°C, por 24 horas.
Foram realizadas três pesagens das amostras, uma inicial ao entrar na estufa, a
segunda com 8 horas e ao final das 24 horas de secagem.
As analises estatísticas foram realizadas utilizando o programa estatístico R-Br. Todos os dados foram testados a normalidade e homogeneidade, em
seguida submetidos ao teste de Tukey com nível de significância de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores percentuais da desidratação das amostras com os diferentes
métodos de secagem no período de 24 horas estão descritos nas Tabelas 1 e 2.
Observa-se que o tratamento controle apresentou a maior perda percentual de
água no período de 24 horas em comparação aos demais tratamentos no método
utilizando uma pré-secagem (Tabela 1; P<0,05). Sugerindo que, as diferentes
porcentagens de farelo de soja adicionadas não favoreceram na desidratação da
manga com a pré-secagem no período de 24 horas, tornando até mais lento o
processo de desidratação.
Alguns fatores podem ter influenciado nos resultados, como as condições climáticas no momento da secagem, ou a quantidade de horas na qual as
amostras foram expostas, o processamento da manga no moedor, ou a própria
adição da proteína pode ter influenciado nessa pequena perda de água das amostras.
Houve efeito da adição do farelo de soja quando adicionado a manga
para a secagem em estufa por 24 horas (Tabela 2; P<0,05). Observa-se que a
adição de 2% de farelo de soja, proporcionou uma maior redução percentual no
volume de água no periodo de 24 horas a 55°C, quando comparado aos demais
tratamentos (Tabela 2; P<0,05).
Esses resultados demonstram que além de favorecer a redução da porcentagem de água durante o processo de desidratação da manga, a inclusão do
farelo de soja resulta ainda no aumento percentual da proteína desse fruto, o que
favorece para o desenvolvimento de uma farinha de manga com bons índices
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
327
Marion Venâncio Gomes dos SANTOS1*; Anderson Miranda de SOUZA2; Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Gabiane dos
Reis ANTUNES3; Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; José Fernando Bibiano MELO4
bromatológicos.
No entanto, para se obter uma desidratação adequada, em condições de desenvolver uma farinha para utilizar na ração animal, as amostras teriam que ser
submetidas há um maior número de horas de secagem, tanto na pré-secagem
como na secagem em estufa.
Em estudo realizado por Souza et al. (2013) avaliando diferentes concentrações de farinha de manga in natura sem cascas em substituição ao milho
na ração para piau, verificaram que os animais alimentados com a ração contendo 100% de manga in natura com cascas obtiveram menor ganho de peso.
No entanto, Melo et al. (2012) ao trabalhar com farinha de manga sem cascas,
em substituição ao milho na alimentação de alevinos de tilápias observaram
maior ganho de peso nos animais alimentados com a ração contendo apenas
fruta como fonte de carboidrato.
CONCLUSÃO
Em conclusão, a adição do farelo de soja favorece a redução de água no
processo de desidratação da manga em estufa por 24 horas. No entanto, mais
estudos são necessários.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, M. C. C.; MAIA, G.A.; LIMA, D. P.; PARENTE, E. J. S.; CAMPELLO, C. C.; NASSU, R. T.; FEITOSA, T.; SOUSA, P. H. M.; Análise físico-química, microbiológica e sensorial de frutos de manga submetidos à desidratação osmóticasolar. Revista Brasileira de Fruticultura, v.25, n.1, p.38-41, 2003.
MELO, J.F.B.; SEABRA, A.G.L.; SOUZA, S.A.; SOUZA, R.C.; FIGUEIREDO, R.A.C.R. Substituição do farelo de milho pela farinha de manga no desempenho da tilápia-do-nilo. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.64, n.1, p.177-182, 2012.
OKAI, D.B.; ABOAGYE, J. The effects of mango seed kernel meal (MSKM) on
the performance of growing rats.Biological Wastes, v.34, n.2, p.171-175, 1990.
SOUZA, A.M.; REIS, Y.S.; MELO, J.F.B.; ALMEIDA, T.S.; FREITAS, C.A.
Desempenho corporal e resposta glicêmica de piau alimentados com farinha de
goiaba como fonte de carboidrato. XVII Congresso Brasileiro de Engenharia de
Pesca – CONBEP, UNEB, Paulo Afonso. BA. Anais... 2013.
328
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marion Venâncio Gomes dos SANTOS1*; Anderson Miranda de SOUZA2; Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Gabiane dos
Reis ANTUNES3; Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; José Fernando Bibiano MELO4
Tabela 1. Percentual dos diferentes níveis de farelo de soja (NFS) na desidratação da manga Tommy em gramas submetida a uma pré-secagem
NFS
0h
4h
8h
16h
Controle
4.281,50a
4.142,90a
4.055,70a
2.835,30a
2%
4.337,60a
4.231,10a
4.147,40a
3.226,20b
4%
4.406,20a
4.288,60a
4.204,10a
3.236,70b
8%
5.418,30a
5.309,00a
5.216,70a
4.074,00b
16%
5.593,10a
5.472,30a
5.383,50a
4.124,00b
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa (P<0,05).
Tabela 2. Percentual dos diferentes níveis de farelo de soja (NFS) na desidratação da manga Tommy em gramas submetida à secagem em estufa por um
período de 24 horas
NFS
0h
8h
24h
Controle
4.284,00a
3.511,75a
2.845,00b
2%
4.350,10a
3.372,00a
2.471,70a
4%
4.424,10a
3.618,63a
2.673,50ab
8%
5.446,50a
4.251,12a
3.465,97b
16%
5.598,70a
4.325,00a
3.675,10b
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa (P<0,05).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
329
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA5, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO4,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Marion Venâncio Gomes dos SANTOS4
USO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE MELATONINA SOBRE A MOTILIDADE ESPERMATICA PROGRESSIVA DE OVINOS DURANTE AS 48 HORAS
DE RESFRIAMENTO1
Use of the different melatonin concentrations on the progressive motility of ram
spermatozoa during 48 hours of cooling1
Parte de dissertação do primeiro autor.
2
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal (CPGCA), Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Petrolina-PE,
*email:
wilde@zootecnista.
com.br
3
Professora do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
4
Discente do Curso de Medicina
Veterinária, Univasf, Petrolina-PE,
5
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (FAVET), Universidade
Estadual do Ceará
1
1° Wildelfrancys Lima de Souza2, 2° Jonathan Maia da Silva Costa5, 3° Elenice Andrade Moraes3, 4° Vitória Gomes Coelho4, 5° Laiane Moreira Vianna Magalhães2; 6° Marion Venâncio
Gomes dos Santos4
PA L AV R A S - C H AV E
antioxidante. CASA. sêmen
KEYWORDS
antioxidante, CASA, semen
INTRODUÇÃO
A inseminação artificial cervical em ovinos com o uso do sêmen congelado ainda apresenta baixa taxa de concepção pela diminuição da viabilidade
espermática no processo de congelamento. Uma alternativa é o uso do sêmen
resfriado, sendo prático e vantajoso economicamente, podendo ser utilizado na
IA cervical (YÁNIZ, 2005).
A temperatura de manutenção do sêmen resfriado varia de 4º a 5ºC. Ele
pode ser armazenado por um período de quatro a nove dias, o que permite um
pouco mais de flexibilidade de uso quando comparado ao sêmen fresco. O tempo
em que o sêmen deverá ser utilizado depende da qualidade espermática inicial,
da temperatura de conservação e do diluente empregado. Esse procedimento
reduz o crescimento microbiano, mantendo a viabilidade do sêmen diluído por
mais tempo (Severo, 2009).
A melatonina como os seus metabolitos têm a capacidade de destoxificação de radicais livres (REITER et al., 2007), em concentrações fisiológicas
e farmacológicas. A eficácia da melatonina como antioxidante está relacionada
com a sua capacidade quelante de radicais livres, o estímulo exercido tanto sobre enzimas antioxidantes como sobre a glutationa, a eficácia na redução da fuga
de elétrons de cadeia de transporte mitocondrial e ainda a sua ação sinérgica
com outros antioxidantes (REITER et al., 2007).
Portanto, objetivou-se avaliar o efeito da adição de diferentes concentrações de melatonina sobre a motilidade progressiva dos espermatozoides de
ovinos durante 48 horas de resfriamento.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado após a aprovação sob o protocolo nº0002/110414,
estando de acordo com os princípios éticos de experimentação animal do Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas da Universidade Federal do
330
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA5, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO4,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Marion Venâncio Gomes dos SANTOS4
Vale do São Francisco.
O experimento foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em Suínos, Espécies Nativas e Silvestre (CPSENS), localizado no Campus de Ciências Agrárias da Univasf, Petrolina, Pernambuco (09°23’55” de latitude S e 40°30´03” de
longitude O).
Foram utilizados três carneiros, com idade entre 2 a 4 anos. Os animais
foram mantidos em baias individuais, com dieta a base de volumoso e concentrado, com fornecimento de água ad libitum.
As coletas foram realizadas duas a três vezes por semana para cada animal com intervalos de 48 horas. Foi utilizada nas coletas vagina artificial para
ovinos (Minitub) com água a 50°C acoplada a tubos de centrífuga de 50 ml,
utilizando como manequim uma fêmea ovina. Após a coleta o sêmen foi transportado imediatamente para o CPSENS e colocado em banho-maria a 32°C.
Cada ejaculado foi avaliado quanto aos parâmetros seminais (volume, aspecto,
concentração e a motilidade espermática).
Os ejaculados foram distribuídos em cinco tubos de ensaio de 15 ml e
diluídos em Tris-gema de ovo conforme Souza et al., (2015), para concentração
final de 200 x 106 espermatozoides/ml, determinado através da análise no fotômetro SDM6 (Minitub®), e mantidos em banho maria a 32°C. O diluidor foi
previamente preparado com as quatro concentrações diferentes de melatonina,
de acordo com os tratamentos: Controle; 1 mM; 100 μM; 100 nM; 100 pM de
melatonina. Após a diluição as amostras nos tubos de ensaio foram colocadas
em um becker com água a 32°C e acondicionadas sobre rack em câmara fria a
5°C.
A motilidade espermática progressiva foi determinada utilizando o sistema de análise computadorizado (CASA). Alíquota de 8 μL de cada amostra por
tratamento foram analisadas individualmente sob lâmina e lamínula pré-aquecidas, a 37ºC. As amostras foram analisadas em 2, 24 e 48h após o processo de
refrigeração.
As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa estatístico SAEG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A motilidade espermática progressiva não diferiu entre as diferentes
concentrações de melatonina durante os períodos de resfriamento observado as
2, 24 e 48 horas (Tabela 1; P>0,05).
Isso demonstra que o aumento do período de resfriamento no qual os espermatozoides foram submetidos não afetou a motilidade progressiva, logo, nas
praticas de inseminação artificial para ovinos, o uso dos diferentes tempos de
resfriamento pode ser utilizado.
P. Perumal et al., (2013) avaliando o efeito da melatonina no resfriamento do sêmen de Mithun nos tempos de 0, 6, 12, 24 e 30 horas, constatou efeitos
protetores da suplementação de melatonina, corroborando com os achados desse
estudo.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
331
Wildelfrancys Lima de SOUZA2, Jonathan Maia da Silva COSTA5, Elenice Andrade MORAES3, Vitória Gomes COELHO4,
Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES2; Marion Venâncio Gomes dos SANTOS4
CONCLUSÃO
O sêmen ovino tratado com melatonina não alterou a motilidade progressiva durante o período de resfriamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
P. PERUMAL; KEZHAVITUO VUPRU; K. KHATE. Effect of Addition of Melatonin on the Liquid Storage (5°C) of Mithun (Bos frontalis) Semen. International Journal of Zoology, vol. 2013, Article ID 642632, 10 pages, 2013.
REITER, R. J., TAN, D. X., TERRON, M. P.Melatonin and its metabolites: new
findings regarding their production and their radical scavenging actions. Acta
Biochimica Polonica, 54(1), 1-9, 2007.
SEVERO, C. K.; PEREIRA, G. R.; PEREIRA, A. M.; ILHA, G. F.; OLIVEIRA, J. F.; SOARES, M.; GONÇALVES, P. B. Cysteine addition on short-term
cooled boar semen preservation and its relationship with swine field fertility.
Pesquisa Veterinária Brasileira (Impresso), v. 11, p. 25-32, 2011.
SOUZA, W. L.; LIMA, D. I. B.; MORAES, E. A.; COSTA, J. M. S.; TORRES, L. R. C.; COELHO, V. G.; MAGALHAES, L. M. V. Adição de diferentes
concentrações de crioprotetores e gema de ovo sobre a motilidade espermática
progressiva de ovinos após a criopreservação. In: XXV Congresso Brasileiro de
Zootecnia-ZOOTEC, 2015, Fortaleza-CE. Anais do XXV Congresso Brasileiro
de Zootecnia. 2015. v. 25.
YÁNIZ, J.; MARTÍ, J.I.; SILVESTRE, M.A.; FOLCH, J.; SANTOLARIA, P.;
ALABART, J.L.; LÓPEZ GATIUS, F. Effects of solid storage os sheep spermatozoa at 15ºC on their survival and penetrating capacity. Theriogenology. v. 64,
1844 -1851, 2005.
Tabela 1. Motilidade espermática progressiva (%) do sêmen de ovinos diluídos
com diferentes concentrações de melatonina após resfriamento a 2, 24 e 48 horas
Concentrações
de Melatonina
332
Resfriamento 5°C
0h
2h
24h
48h
Controle
72,83±9,59
62,24±13,09
61,00±9,43
59,36±11,51
1 mM
75,11±8,89
57,66±13,38
57,05±9,87
53,11±7,82
100 µM
77,41±7,08
58,60±11,80
62,64±7,65
55,27±7,44
100 nM
77,36±10,67
63,51±12,82
58,36±9,71
54,75±10,91
100 pM
78,26±4,96
61,44±10,92
58,35±7,80
60,00±11,67
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Dailli Ingrid de Brito
LIMA5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; Vitória Gomes COELHO5
EFEITO DA ADIÇÃO DOS ANTIOXIDANTES TROLOX C E ÁCIDO ASCÓRBICO
NO SÊMEN FRESCO DE CARNEIROS
SOBRE A ATIVIDADE MITOCONDRIAL
DE ESPERMATOZOIDES DESCONGELADOS1
Parte de dissertação do primeiro autor.
2
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (FAVET), Universidade
Estadual do Ceará. *email: [email protected].
br
3
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal
(CPGCA), Universidade Federal do Vale do São Francisco
(Univasf), Petrolina-PE.
4
Professora do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
5
Discente do Curso de Medicina
Veterinária, Univasf, Petrolina-PE.
1
Effect of antioxidants Trolox c and ascorbic acid adition in the ram’s fresh semen on the mitochondrial activity of thawed spermatozoa
1° Jonathan Maia da Silva Costa2*, 2° Wildelfrancys Lima de Souza3, 3° Elenice Andrade Moraes4, 4° Dailli Ingrid de Brito Lima5, 5° Laiane Moreira Vianna Magalhães3; 6° Vitória Gomes
Coelho5
PA L AV R A S - C H AV E
criopreservação. mitocôndria. sêmen. sonda
fluorescente.
KEYWORDS
cryopreservation. mitochondria. semen. fluorescent probe.
INTRODUÇÃO
Mitocôndrias são as estruturas subcelulares dos espermatozoides mais
sensíveis à refrigeração e congelação (PEÑA et al., 2009). De acordo com essa
evidência, parece lógico que se foque o interesse em antioxidantes com capacidade de facilmente alcançar a mitocôndria, como a melatonina (SILVA et al.,
2011).
Os níveis excessivos de espécies reativas ao oxigênio também podem
afetar adversamente a motilidade espermática via alterações nas funções mitocondriais (Du 2009), e muitos estudos têm demostrado efeitos benéficos na manutenção da viabilidade espermática pós-descongelamento ao utilizar o Trolox
C e ácido ascórbico adicionado ao meio diluidor (MAIA et al., 2009; CASTILHO et al., 2009).
Portanto, objetivou-se avaliar se a adição de diferentes antioxidantes e
concentrações no sêmen fresco de carneiro melhora a atividade mitocondrial de
espermatozoides após a criopreservação.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Deontologia em
Estudos e Pesquisas CEDEP/UNIVASF, registrado com o protocolo de número
0005/140813.
O experimento foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em Suínos, Espécies Nativas e Silvestre (CPSENS), localizado no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Petrolina,
Pernambuco.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
333
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Dailli Ingrid de Brito
LIMA5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; Vitória Gomes COELHO5
Foram utilizados três carneiros, com idade entre 2 a 4 anos. Os animais
foram mantidos em baias individuais, com dieta a base de volumoso e concentrado, com fornecimento de água ad libitum.
As colheitas foram realizadas duas a três vezes por semana para cada
animal com intervalos de 48 horas. Foi utilizada nas colheitas vagina artificial
para ovinos (Minitub®; Berlim, Alemanha) com água a 50°C acoplada a tubos
de centrífuga de 50 ml, utilizando como manequim uma fêmea ovina. Após a
coleta o sêmen foi transportado imediatamente para o CPSENS e colocado em
banho-maria a 32°C. Cada ejaculado foi avaliado quanto aos parâmetros seminais (volume, aspecto, concentração e a motilidade espermática).
Os ejaculados foram distribuídos em cinco tubos de ensaio de 15 ml e
diluídos em Tris-gema de ovo, conforme Souza et al. (2015), para concentração final de 200x106 espermatozoides/ml, determinado através da análise no
fotômetro SDM6 (Minitub®; Berlim, Alemanha), e mantidos em banho maria a
32°C.
Em seguida o diluidor foi previamente adicionados ou não com os antioxidantes, considerando os seguintes tratamentos: Grupo 1 (Controle - sem antioxidante); Grupo 2 (adição de 100µM de Trolox C Ácido Ascórbico); Grupo 3 (200µM
de Trolox C); Grupo 4 (0,05% de Ácido Ascórbico); Grupo 5 (0,25% de Ácido
Ascórbico).
Em seguida os tubos de ensaio contendo os tratamentos foram inseridos
em becker com 100mL de água a 32°C, e acondicionados sobre rack em câmera
fria a 5°C durante 2 horas. Após esse período, as amostras de cada tratamento
foram envasadas em palhetas de 0,5 mL e lacradas com seladora UltraSeal (Minitub®; Berlim, Alemanha). As palhetas foram colocadas em rampa de congelação e sobre vapor de nitrogênio líquido (N2) (8 cm da lâmina líquida) durante 15
minutos, quando foram imersas em nitrogênio líquido e armazenadas em botijão
criogênico até análise.
As amostras foram descongeladas a 37°C, durante 30s utilizando o descongelador automático de palheta (IMV®; São Paulo, Brasil).
A avaliação da atividade mitocondrial, foi realizada através da associação das sondas Rodamina 123 (R123) e iodeto de propídeo (PI), conforme descrita por Celeghini (2005), com algumas modificações. Uma alíquota de 5 µL
de sêmen (2 X 106 espermatozoides) foi diluída em 120 µL de meio Tris ao qual
foram adicionadas as soluções de trabalho das sondas fluorescentes nas seguintes proporções: 2μL de R123 e 2μL PI.
Após homogeneização da amostra, está foi mantida ao abrigo de luz e
incubada por 20 minutos a 37ºC, em seguida uma alíquota de 10μL dessa mistura foi colocada entre lâmina e lamínula e 200 espermatozoides foram avaliados
em microscópio de fluorescência, usando filtro 03 (excitação 400 a 570nm e
Emissão 460 a 610nm). Os espermatozoides corados foram visualizados e classificados da seguinte forma: A ausência de fluorescência verde (R123) na cauda
do espermatozoide, indicava a ausência de atividade mitocondrial, consequentemente a presença de fluorescência verde na cauda do espermatozoide, indicava presença de atividade mitocondrial. A utilização do PI nesta avaliação era
necessariamente para identificar os espermatozoides com ausência de atividade
mitocondrial, uma vez que, estes não apresentavam cor, desta forma o PI atuou
como marcador da cabeça do espermatozoide.
As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram
334
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Dailli Ingrid de Brito
LIMA5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; Vitória Gomes COELHO5
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando-se o programa
estatístico SAEG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A adição de diferentes concentrações de Trolox C e ácido ascórbico
manteve o potencial de atividade mitocondrial acima dos 90%, quando o controle obteve percentual inferior a 90% (Tabela 1; P<0,05).
No entanto, observa-se que os espermatozoides tratados com a adição
de 0,25% de ácido ascórbico apresentou maior percentual de atividade mitocondrial após a criopreservação quando comparado aos demais grupos (Tabela 1;
P<0,05)
Windsor e White (1995), utilizando a sonda R123 em amostras adicionadas ao antioxidante BHT, demonstraram que o processo de congelamento e
descongelamento provoca severos danos à membrana mitocondrial do espermatozoide ovino. No entanto, dados foram semelhantes aos obtidos por Moraes et
al. (2015) ao avaliarem o potencial de atividade mitocondrial pela sonda R123,
em sêmen de ovino adicionado da interação de melatonina, ácido ascórbico e
Trolox C, os quais observaram atividade mitocondrial de 96,43%. Já, Beconi et
al. (1993), ao adicionarem vitamina C (5mM) e vitamina E (1 mg/ml) ao sêmen
bovino, observando uma redução dos efeitos nocivos das espécies reativas de
oxigênio.
Sendo assim, o bom rendimento da atividade mitocondrial observado
neste estudo, ao utilizar as diferentes concentrações de Trolox C e ácido ascórbico, vêm a constatar que a utilização de antioxidantes no meio diluidor é fundamental na proteção de alguns compartimentos celulares, uma vez que, as mitocôndrias são responsáveis pela energia que gera motilidade a célula espermática,
demostrando uma forte correlação entre os espermatozoides que possuam alto
potencial de membrana mitocondrial, com aqueles que possuem capacidade de
fecundação.
CONCLUSÃO
As diferentes concentrações de Trolox C e ácido ascórbico mantém a
atividade mitocondrial e neutraliza o dano oxidativo nas mitocôndrias espermáticas durante o processo de criopreservação. Sendo recomendado a adição de
0,25% de ácido ascórbico, devido ao alto valor percentual obtido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECONI, M.T.; FRANCIA, C.R.; MOR, N.G.; AFFRANCCHINO, M.A. Effect of natural antioxidants on frozen bovine semen preservation. Theriogenology, v. 40, p. 841-851, 1993.
CASTILHO, F. E.; GUIMARÃES, D. J.; MARTINS, F. L.; PINHO, O. R.; GUIMARANHÃES, F. E. S.; ESPESCHIT, B. J. C. Uso de própolis e ácido ascórbico na criopreservação do sêmen caprino. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38,
n.12, p.2335-2345, 2009.
CELEGHINI, E.C.C. Efeitos da criopresrvação do sêmen bovino sobre a membrana plasmática, acrossomal e mitocondrial e estrutura da cromatina dos esperCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
335
Jonathan Maia da Silva COSTA2*, Wildelfrancys Lima de SOUZA3, Elenice Andrade MORAES4, Dailli Ingrid de Brito
LIMA5, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES3; Vitória Gomes COELHO5
matozóides utilizando sondas fluorescentes. 2005. 186p. Tese (Doutorado em
Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo – USP,Pirasununga.
DU, LY. Antioxidation of melatonin on boar semen preservation. Jiangsu, Journal of Agricultural Science, 25, 315–319. 2009.
MAIA, M. S.; BICUDO, S. D. Radicais livres, antioxidantes e função espermática em mamíferos: uma revisão. Revista Brasileira de Reprodução Animal.
v.33, n.4, p.183-193,2009.
MORAES, E. A.; SOUZA, W. L.; COSTA, J. M. S.; GRAHAM, J. K. Antioxidants improve membrane integrity and acrosome and sperm mitochondrial activity in ram sperm after cryopreservation. In: ADSA - ASAS, JOINT ANNUAL
MEETING-JAM, 2015, Orlando-FL. J. Anim. Sci. Vol. 93, Suppl. s3/J. Dairy
Sci. Vol. 98, Suppl. 2. Orlando-FL, 2015. p. 427-428.
PEÑA, F. J.; RODRÍGUEZ-MARTÍNEZ, H.; TAPIA, J. A.; ORTEGA-FERRUSOLA, C.; GONZÁLEZ-FERNÁNDEZ, L.; MACÍAS-GARCÍA, B. Mitochondria in mammalian sperm physiology and pathology: a review. Reproduction in
Domestic Animals, v. 44, p. 345-349, 2009.
SAEG Sistema para análises estatísticas, versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes – UFV – Viçosa, 2007.
SILVA, C. M. B. da; MACÍAS-GARCÍA, B.; MIRÓ-MORÁN, A.; GONZÁLEZFERNÁNDEZ, L.; MORILLO-RODRIGUEZ, A.; ORTEGA-FERRUSOLA,
C.; GALLARDO-BOLANOS, J. M.; STILWELL, G.; TAPIA J. A.; PEÑA, F.
J. Melatonin reduces lipid peroxidation and apoptotic-like changes in stallion
spermatozoa. Journal of Pineal Research, v. 51, p. 172-179, 2011.
SOUZA, W. L.; LIMA, D. I. B.; MORAES, E. A.; COSTA, J. M. S.; TORRES, L. R. C.; COELHO, V. G.; MAGALHAES, L. M. V. Adição de diferentes
concentrações de crioprotetores e gema de ovo sobre a motilidade espermática
progressiva de ovinos após a criopreservação. In: XXV Congresso Brasileiro de
Zootecnia-ZOOTEC, 2015, Fortaleza-CE. Anais do XXV Congresso Brasileiro
de Zootecnia. 2015. v. 25.
WINDSOR, D.P.; WHITE, I.G. Mitochondrial injury to ram sperm during procedures associated with artificial insemination or frozen storage. Animal Reproduction Science, v.40, p.43-58, 1995.
Tabela 1. Percentual de atividade mitocondrial (AM) de espermatozoides de
carneiros criopreservados acrescidos ou não de diferentes antioxidantes
Parâmetros
Grupos experimentais
espermáticos
Controle
TRO 100µL
TRO 200µL
AA 0,05%
AA 0,25%
AM
87,54±3,5d
91,85±3,5c
93,46±3,5bc
94,64±3,5ab
97,04±3,5a
TRO= Trolox C; AA= Ácido ascórbico. Médias com letras diferentes sobrescritas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
336
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wildelfrancys Lima de SOUZA1, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES2, Vitória Gomes
COELHO3, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
EFEITO DA DIMETILFORMAMIDA ASSOCIADA OU NÃO AO GLICEROL SOBRE A LONGEVIDADE ESPERMÁTICA
DE CAPRINOS APÓS O RESFRIAMENTO
E DESCONGELAMENTO
Effect of dimethylformamide associated or not to glycerol on longevity sperm of
goats after cooling and thawing
Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal (CPGCA), Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Petrolina-PE,
*email:
wilde@zootecnista.
com.br
2
Professora do Colegiado de
Zootecnia e CPGCA, Univasf,
Petrolina-PE.
3
Discente do Curso de Medicina
Veterinária, Univasf, Petrolina-PE,
4
Doutorando do Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (FAVET), Universidade
Estadual do Ceará
1
1° Wildelfrancys Lima de Souza1, 2° Jonathan Maia da Silva Costa4, 3° Elenice Andrade Moraes2, 4° Vitória Gomes Coelho3, 5° Laiane Moreira Vianna Magalhães1; 6° Dailli Ingrid de
Brito Lima3
PA L AV R A S - C H AV E
crioprotetor. criopreservação. sêmen. teste
de termoresistência
KEYWORDS
cryoprotectant. cryopreservation. semen.
test resistance thermometer
INTRODUÇÃO
Com o intuito de reduzir os danos causados às células durante o processo
de criopreservação, diversas substâncias foram estudadas e mostraram-se bons
crioprotetores. Dentre os crioprotetores alcoólicos utilizados para a preservação
espermática, destaca-se, especialmente, o glicerol; entre as amidas, a dimetilformamida (FICKEL et al., 2007).
As amidas também têm sido testadas como crioprotetor alternativo e,
em decorrência de muitas destas apresentarem um menor peso molecular do que
o glicerol supõe-se que possam induzir menos danos osmóticos (MELO et al.,
2007).
Portanto, objetivou-se avaliar os efeitos de diferentes concentrações de
dimetilformamida e sua associação ao glicerol, sobre a sobrevivência dos espermatozoides de caprinos após o resfriamento e descongelamento.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado após a aprovação de acordo com os Princípios Éticos de Experimentação Animal adotados pela Comissão de Ética no
Uso de Animais da Univasf, sob o número 0005/161012.
O experimento foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em Suínos, Espécies
Nativas e Silvestre (CPSENS), localizado no Campus de Ciências Agrárias da
Univasf, Petrolina, Pernambuco (09°23’55” de latitude S e 40°30´03” de longitude O).
Foram utilizados quatro reprodutores caprinos adultos, sem raça definida, com idades entre 2 e 3 anos. As coletas foram realizadas por meio de vagina
artificial, tendo como manequim uma fêmea em estro. Após a coleta o sêmen
foi transportado imediatamente para o CPSENS e mantido em banho-maria a
37°C. Os ejaculados foram avaliados quanto aos parâmetros seminais (volume,
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
337
Wildelfrancys Lima de SOUZA1, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES2, Vitória Gomes
COELHO3, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
aspecto, concentração e a motilidade espermática). Posteriormente, o sêmen foi
subdividido em seis tubos plásticos (5 ml) aonde foram adicionados os seguintes tratamentos- Controle: diluente a base de Tris-gema (TG) + 2% de glicerol;
DMF2: TG + 2% de dimetilformamida (DMF); DMF3: TG + 3% DMF; DMF4:
TG + 4% DMF; DMF5: TG + 5% DMF; e DFM22: TG + 2% de glicerol + 2%
DMF. Em seguida, as amostras de cada tratamento foram envasadas em palhetas
de 0,5 ml e acondicionadas em recipientes plásticos, mantidas horizontalmente
a 5ºC por 2 horas, quando foi avaliada a motilidade progressiva espermática
utilizando o sistema computadorizado (CASA). Em seguida as palhetas foram
dispostas horizontalmente sobre vapores de nitrogênio liquido, por 7 minutos, a
5 cm da lâmina líquida. Ao termino, as palhetas foram submersas no nitrogênio
e quando da avaliação foram descongeladas a 37°C durante 30 segundos e submetidas à análise do teste de termoresistência (TTR).
Para a realização do TTR, as amostras descongeladas foram colocadas
em tubos de ensaio e incubadas em banho-maria a 37°C por um período de 2
horas, sendo avaliada a motilidade progressiva a cada 30 minutos nesse período
pelo CASA.
As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa estatístico SISVAR 5.1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os parâmetros espermáticos encontrados no sêmen caprino diluído e
resfriado são apresentados na (Tabela 1).
Houve redução da motilidade progressiva dos espermatozoides tratados
com DMF5 quando comparado o sêmen diluído ao resfriado (P<0,05). Os tratamentos DMF3 e DMF22 diferiram do DMF5 quando comparada a motilidade
progressiva espermática após resfriamento (P<0,05), não sendo observada diferença entre os demais tratamentos para o sêmen diluído e resfriado (P>0,05).
Não foi observado efeito da dimetilformamida e de sua associação com o glicerol sobre a motilidade progressiva espermática após o teste de termoresistência
(Tabela 2; P>0,05).
Entretanto, pode-se constatar uma redução (P>0,05) da motilidade progressiva espermática ao longo de 120 minutos de duração do teste para os tratamentos.
Avaliando os resultados da tabela 2, observa-se que a motilidade progressiva dos espermatozoides submetidos aos tratamentos DMF2 (19,2%),
DMF3 (20,2%), DMF4 (17,7%) e DMF22 (19,4%) possibilitaram um período
de resistência térmica de 90 minutos após o descongelamento. No entanto, o
tratamento DMF5 conseguiu manter a motilidade progressiva (18,5%) por um
período de apenas 60 minutos (P<0,05).
Resultado semelhante foi observado por Silva et al., (2006), ao avaliar
a dimetilformamida e associação dela com o glicerol, verificando que a motilidade espermática progressiva do sêmen caprino não foi afetada pelos diferentes
crioprotetores.
Esses resultados demonstraram a necessidade de novas pesquisas com
diferentes concentrações de dimetilformamida na criopreservação espermática
de caprinos.
338
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Wildelfrancys Lima de SOUZA1, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES2, Vitória Gomes
COELHO3, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
CONCLUSÃO
A dimetilformamida usada na concentração de ate 4% mantém a longevidade dos espermatozoides de caprinos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FICKEL, J.; WAGENER, A.; LUDWIG, A. Semen cryopreservation and the
conservation of endangered species. European journal of wildlife research, v.53,
p.81-89, 2007.
MELO, C.M.; ZAHN, F.S.; MARTIN, I.; ORLAND, C.; DELL’AQUA, Jr. JÁ.;
ALVARENGA, M.A.; PAPA, F.O. Influence of semen storage and cryoprotectant an post-thaw viability and fertility of stallion spermatozoa. Journal of equine veterinary science, v.27, p.171-175, 2007.
SILVA, A.F., COSTA, E.P.; OLIVEIRA, F.A. Uso da dimetilformamida associada ou não ao glicerol na criopreservação de sêmen caprino. Revista brasileira de
zootecnia. 35:452-456, 2006.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
339
Wildelfrancys Lima de SOUZA1, Jonathan Maia da Silva COSTA4, Elenice Andrade MORAES2, Vitória Gomes
COELHO3, Laiane Moreira Vianna MAGALHÃES1; Dailli Ingrid de Brito LIMA3
Tabela 1. Motilidade espermática progressiva (%) de espermatozoides de caprinos submetidos a diferentes concentrações de dimetilformamida associada ou
não ao glicerol após a diluição e resfriamento a 5°C
Tratamentos
Controle
DMF2
DMF3
DMF4
DMF5
DMF22
Motilidade progressiva (%)
Diluído
Resfriado
89,0±1,77Aa
87,1±2,21Aab
89,4±1,65Aa
87,7±1,07Aab
Aa
90,1±1,83
89,4±0,64Aa
Aa
90,0±1,47
88,0±1,52Aab
Aa
89,5±1,52
85,7±1,16Bb
Aa
90,6±0,79
89,4±1,02Aa
Médias com letras maiúsculas na mesma linha diferem entre si pelo teste de
Tukey (P<0,05).
a,b
Médias com letras minúsculas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de
Tukey (P<0,05).
DMF: dimetilformamida.
A,B
Tabela 2. Motilidade progressiva de sêmen caprino descongelado, durante o
teste de termoresistência lento, submetido a diferentes concentrações do crioprotetor
Tratamentos
Controle
DMF2
DMF3
DMF4
DMF5
DMF22
0
21,5±2,08Aa
27,0±3,21Aa
27,2±7,25Aa
24,2±9,40Aa
24,3±3,67Aa
24,5±2,72Aab
Tempo de incubação (minutos)
30
60
90
18,8±2,57Aa
15,4±2,96Aa
16,4±2,61Aa
24,3±4,27Aab
21,0±2,30Aab
19,2±1,17Aab
Aab
Aab
24,4±3,02
17,9±0,07
20,2±2,01Aabc
Aab
Aab
23,1±5,43
20,8±7,67
17,7±4,19Aab
21,5±3,21Aab 18,5±2,96Aabc 14,6±3,73Abc
25,7±4,36Aa
20,7±4,14Aab
19,4±2,50Aab
120
15,5±2,46Aa
17,1±2,00Ab
14,8±1,42Ac
15,4±4,12Ab
11,8±3,04Ac
16,5±3,96Ab
Médias com letras maiúsculas diferentes sobrescritas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
a,b c
Médias com letras minúsculas diferentes sobrescritas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
DMF: dimetilformamida.
A,B
340
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1, Heder Nunes FERREIRA1,
Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA1
ABAMECTINA NO TRATAMENTO DE
HABRONEMOSE CUTÂNEA EM EQUINO: RELATO DE CASO
Abamectin in treatment of cutâneous abronemosis in equine: case report
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1,
Heder Nunes FERREIRA1, Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de
OLIVEIRA1
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. jorge.
[email protected]
2
Faculdade Dr. Francisco Maeda, DMV, [email protected]
1
PA L AV R A S - C H AV E
cavalo, ferida de verão, terapia.
KEYWORDS
horse, summer wound, therapy.
INTRODUÇÃO
A cicatrização de feridas nos equídeos envolve a interação de diversos
componentes celulares e bioquímicos, sendo objeto constante de investigação.
Trata-se de um processo complexo, classicamente dividido em um estágio inflamatório/degradativo precoce, com pico nas primeiras horas após a injúria,
seguido pela fase proliferativa, onde ocorrem a neo-angiogênese, granulação
e epitelização, seguidas pela fase de maturação, quando se dá a contração e remodelação da ferida. A terapêutica empregada deve ser individualizada e levar
em conta a etiopatogenia e características do ferimento (TAZIMA et al, 2008;
MÖRSCHBÄCHER et al, 2012).
A habronemose cutânea, também conhecida como “ferida de verão”, é
comum em equinos. É uma enfermidade causada pela deposição de larvas dos
nematóides Habronema spp. e Drashia megastoma e transmitida pelas Musca
doméstica e Stomoxys calcitrans (FORTES, 2004; SILVA, et al, 2012), que invadem os tecidos previamente lesionados, provocando grave dermatite ulcerativa. Essa lesão é caracterizada por excesso de tecido de granulação irregular,
presença de exudato sero-sanguinolento, ulceração e prurido, podendo atingir
grandes diâmetros (MERCK, 1988; RADOSTITIS, 2000; THOMASSIAN,
2005).
O tratamento preconizado inclui a administração de combinações tópicas de antibióticos, antiinflamatórios e larvicidas (FREITAS, 2011; SILVA,
2012). Entretanto, os tratamentos utilizados são de custos elevados.
Diante do exposto, objetivou-se descrever um tratamento de fácil execução e
baixo custo, através do uso da abamectina.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Regimento de Polícia Montada da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte - RPMONT/PMRN. Uma égua,
da raça árabe com aproximadamente 18 anos de idade, foi atendida apresentando
ferimentos contaminados bilaterais no canto medial de ambos os olhos. Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
341
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1, Heder Nunes FERREIRA1,
Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA1
Estas lesões apresentavam dermatite exsudativa de aspecto circular, tecido de
granulação exuberante com superfície ulcerada, considerável comprometimento
tecidual, intenso prurido e secreção sero-sanguinolenta. Esse quadro clinico que
quando associado a excesso de umidade e falta de higiene ambiental adequada,
fornecem as condições ideais ao surgimento da habronemose cutânea.
Realizou-se excisão cirúrgica de um pequeno fragmento do granuloma, que enviado para exame histopatológico apresentou grande quantidade de eosinófilos e
presença de necrose, contribuindo com a suspeita clínica de habronemose cutânea.
A égua foi submetida a procedimento de limpeza mecânica dos ferimentos, com utilização de soro fisiológico e gaze para remoção das crostas,
detritos, corpos estranhos e tecidos desvitalizados. Posteriormente foi submetida ao tratamento sistêmico com Abamectina (0,250g) associado a Praziquantel
(1,500g) e Vitamina E (0,600g), na dose de 200 μg de Abamectina, 2,5 mg de
Praziquantel e 1 mg de vitamina E por kg de peso corporal, via oral. O mesmo
gel foi topicamente aplicado associado a pomada comercial a base de penicilina
G benzatina (1.250ui), Penicilina G Procaína (1.250 ui), Diidroestreptomicina
(1,25g) e Uréia (50g) na proporção de 50% de cada produto, sendo aplicados
duas vezes ao dia durante 30 dias, após prévia higienização da ferida.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerou-se as condições ambientais adversas como sendo o principal responsável pelos repetidos casos clínicos de habronemose cutânea no
RPMONT, favorecendo tanto a perpetuação do parasita nos animais quanto a
proliferação de moscas (vetores). Portanto, reiterando a recomendação de Thomassian (2005) que orienta higiene ambiental rigorosa e controle parasitário
periódico.
A terapia sistêmica adotada a base de Abamectina teve o objetivo de evitar uma possível resistência parasitária à Ivermectina, já utilizada nesta unidade
militar há décadas, corroborando com o resultado de Freitas et al. (2011) que
utilizaram outra lactona macrocíclica – Moxidectin, obtendo também sucesso
na terapia.
De acordo Tazima et al. (2008), o sucesso do tratamento pode estar relacionado com o controle dos fatores que dificultam cicatrização, observações que
corroboram os dados aqui obtidos.
CONCLUSÃO
A adição da abamectina ao tratamento convencional é eficiente, além de
apresentar baixo custo e facilidade de aplicação, fatores de fundamental importância na rotina de instituições militares.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
FORTES, E. Parasitologia veterinária. 4. ed. São Paulo: Ícone, 2004. P. 342–348.
FRASER, C. M. Manual Merck de veterinária. 3.ed. Madrid: Guada, 1918p.
1988.
342
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1, Heder Nunes FERREIRA1,
Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA1
FREITAS, F.C; MORAES, A.T.B; VALENTE, P.P; AGOSTINHO, J.M.A; MAGALHÃES, G.M. Habronemose nasal em uma égua. Nucleus animalium. v.3,
n.1, p.7-16, 2011.
MÖRSCHBÄCHER, P.D; GARCEZ, T.N.A; CONTESINI, E.A. Adjuvantes
para cicatrização cutânea. Veterinária em Foco. v.9, n.2, p. 173-183, 2012.
RADOSTITS, O. M., et al. Clínica Veterinária. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2000, p. 1118-1119.
SILVA, M.C.P., AGUIAR, B.F., JABOUR, F.F., TEIXEIRA, L.G., CARVALHO,K.S. Habronemose cutânea em equino – Relato de caso, Simpósio Alagoano de Medicina Equina, V.I, P 125, 2012.
TAZIMA, M.F.G.S, VICENTE, Y.A.M.V.A, MORIYA T. Wound biology and
healing. Medicina, v.41, n.3, p.259-64, 2008.
THOMASSIAN, A. Parasitos do estômago e intestinos. In: Enfermidades dos
Cavalos. 2. ed. São Paulo: Varela, 2005. p.176.
Figura 1. Lesão localizada no canto medial do olho esquerdo, com presença de
exuberante tecido de granulação e secreção sero-sanguinolenta.
Figura 2. Tratamento com creme de Abamectina gel associado a pomada cicatrizante (A) e Cicatrização completa após 20 dias de tratamento (B).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
343
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1, Heder Nunes FERREIRA1,
Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA1
RABDOMIÓLISE CAUSADA POR ESFORÇO, HIPÓXIA E POLITRAUMATISMO EM EQUINO: RELATO DE CASO
Rhabdomyolysis caused by stress, hypoxia and polytrauma in equine: case report
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1,
Heder Nunes FERREIRA1, Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de
OLIVEIRA1
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. jorge.
[email protected]
2
Faculdade Dr. Francisco Maeda, DMV, [email protected]
1
PA L AV R A S - C H AV E
cavalo, mioglobinúria paralítica, terapia.
KEYWORDS
horse, paralytic myoglobinuria, therapy.
INTRODUÇÃO
A rabdomiólise, também conhecida como mioglobinúria paralítica, é
uma patologia que acomete animais de qualquer raça, idade, sexo e não possui
caráter sazonal. Pode ser desencadeada por sobrecarga de carboidratos, hipóxia
tecidual, deficiência de vitamina E e Selênio, desbalanceamento eletrolítico e
baixo condicionamento físico, normalmente após algum episódio de excesso de
exercício físico. Consiste basicamente de um processo degenerativo muscular
por excesso de ácido láctico na musculatura, associado a altos níveis de estresse.
Os episódios podem variar desde casos subclínicos a severos, com necrose muscular e falência renal por mioglobinúria. Os animais acometidos, normalmente
relutam em movimentar-se ou permanecem em decúbito, demonstrando exaustão, sempre acompanhados de intensa dor muscular. Nos casos mais severos
pode ocorrer quadro de mioglobinúria, com a urina apresentando coloração vermelha ou achocolatada (STASHAK, 1994; KNOTTENBELT e PASCOE, 1998;
RADOSTITS, 2002; THOMASSIAN, 2005; RIVIERO, 2007).
MATERIAL E MÉTODOS
Foi atendido, à campo, um equino macho, inteiro da raça Paint-Horse
com 12 anos de idade, o qual era portador de hemiplegia laringeana, sendo utilizado apenas para reprodução. O histórico relata uma briga entre o paciente e
outro garanhão do Haras, dentro de uma baia de 16m2, desenrolada por tempo
desconhecido, porém, interrompida 10 minutos antes do atendimento.
Ao exame clínico, o animal se apresentou-se em posição quadrupedal
e sob intensa sudorese. Constatou-se elevado grau de desidratação, inúmeras
lesões distribuídas por todo o corpo, sobretudo, face, pescoço, peitoral e garupa. Além disso evidenciou frequência cardíaca de 90 batimentos por minuto,
frequência respiratória de 25 movimentos por minuto, tempo de preenchimento
capilar de 4 segundos, mucosa oral seca e levemente cianótica, sem febre e sem
sinais de desconforto abdominal, intensas dores musculares facilmente perceptíveis à palpação, tremores musculares e grande relutância em movimentar-se. O animal apresentava ainda duas lacerações cutâneas, sendo uma na re344
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1, Heder Nunes FERREIRA1,
Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA1
gião peitoral e outra no antebraço do membro anterior esquerdo.
O animal foi cateterizado em ambas as veias jugulares para realização
de hidratação rápida e posteriormente foram realizadas as suturas necessárias
sob analgesia com aplicação de 1,5ml de Cloridrato de Detomidina (Dormium
V) e anestesia local utilizando Cloridrato de Lidocaína a 2% (Anestésico local
Pearson). Após aplicação de 15 litros de soro fisiológico, o animal realizou a
primeira micção, apresentando mioglobinúria clássica, com presença de urina
de coloração castanha.
O tratamento realizado, com duração de dez dias, teve o objetivo de restabelecer o equilíbrio hidro-eletrolítico, neutralizar o dano muscular e renal, e
controlar a dor e o desconforto. Foram ministrados 30 litros de soro fisiológico
por via endovenosa em ritmo de aplicação decrescente. Quando se restabeleceu
da desidratação foi aplicado Bromidrato de Escopolamina associado a Dipirona
Sódica (Buscofin Composto, 20 ml). Instituiu-se dieta com ausência completa
de carboidratos, repouso, massagens e duchas na musculatura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No segundo dia de tratamento apesar da intensa dor muscular, o animal
já apresentava urina com coloração normal e parâmetros cárdio-respiratórios
dentro do limiar de normalidade, sendo prescrito tratamento com fenilbutazona
(4,4 mg/kg/dia/EV) durante cinco dias consecutivos. No quinto dia de tratamento já se locomovia normalmente e após nove dias do ocorrido teve normalizada
a alimentação e já não apresentava dores à palpação muscular.
O histórico de hemiplegia laringeana e consequente falta de condicionamento físico, associado a uma condição extrema de luta levou este animal a
apresentar, concomitantemente, diversos fatores desencadeantes de rabdomiólise, como hipóxia, excesso de esforço físico e politraumatismos musculares, o
que contribuiu com o rápido diagnóstico e intervenção terapêutica.
A fluidoterapia empregada conseguiu reverter rapidamente o desequilíbrio hidroeletrolítico e o sedativo utilizado para realização das suturas auxiliou
na aplicação dos demais fármacos, deixando o animal tranquilo durante todo
o procedimento. Além disso, a detomidina promoveu ainda relaxamento muscular e analgesia, conforme previamente relatado por Muir e Hubbell (1991).
O Bromidrato de Escopolamina associado a Dipirona, devido a sua ação parassimpatolítica, reduziu os espasmos musculares. Adimite-se que a rapidez no
atendimento e o tratamento impediram o agravamento do quadro clínico com
surgimento de patologias muito comuns nesses casos, como insuficiência renal,
cólica e laminite.
CONCLUSÃO
Os casos de rabdomiólise por esforço são frequentemente encontrados
na medicina esportiva equina, sobretudo por sobrecarga de esforço em provas.
Porém, não era de se esperar que ocorresse com um animal exclusivo para reprodução devido a limitações respiratórias. O tempo decorrido entre o estabelecimento do quadro e o início do tratamento é fundamental para a evolução
e desfecho final do caso, ficando evidente que quanto mais rápida e precisa a
intervenção médica, melhor será a recuperação do animal.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
345
Jorge Motta da ROCHA1, José Carlos FERREIRA-SILVA1, Leopoldo Mayer FREITAS NETO1, Heder Nunes FERREIRA1,
Maico Henrique Barbosa dos SANTOS2, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA1
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
KNOTTEMBELT, D.C; PASCOE, R.R. Afecções e distúrbios do cavalo. 1.ed.
São Paulo: Manole, 432p. 1998.
MELO, U.P.; FANTINI, C.F.P.; BORGES, K.D.A. Icterícia de íris após rabdomiólise por esforço em um equino. Revista Ciência Rural. V.39,n.7,p.2213-2217.
2009.
MUIR, W.W., HUBBELL, J.A.E. Equine Anesthesia. St Louis: Mosby-Year
Book, Standing chemical restraint in horses: tranquilizers, sedatives, and analgesics, p.247-280, 1991.
RADOSTITS, O.M; GAY, C.C; BLOOD, D.C; HINCHCLIFF, K.W. Clínica
Veterinária. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2002. 1770p.
SILVA, T.V; CAMPOS, S.B.S; BRAZIL, D.S. Injúria muscular aguda em cavalo atleta: relato de caso. In: CONBRAVET 35º. Anais... Gramado-RS. 2008.
STASHAK, T. Claudicação em eqüinos segundo Adams. 4 ed. São Paulo: Roca,
1994.
THOMASSIAN, A. Enfermidades dos cavalos. 2.ed. São Paulo: Varela, 2005.
385p.
Figura 1. Animal apresentando lesões por todo o corpo.
Figura 2. Apresentação do animal após o tratamento.
346
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Edivaldo Rosas dos SANTOS JUNIOR1; Osório Leite de Souza Bezerra NUNES2; Edilma Ramos COELHO3; Gustavo Ferraz
Nogueira Pinheiro de BARROS4; Paula Barbosa TORRES5
MORTALIDADE EMBRIONÁRIA E FETAL EM CABRAS DA RAÇA ANGLO-NUBIANA SUBMETIDAS AO EFEITO
MACHO CRIADAS NO SEMIÁRIDO PERNAMBUCANO DURANTE O PERÍODO
SECO
Universidade Federal de Sergipe / Campus do Sertão. [email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco / UAST. osório.
[email protected]
3
Universidade Federal Rural de
Pernambuco / UAST. edilma10.
[email protected]
4
Universidade Federal Rural
de Pernambuco / UAST. [email protected]
5
Universidade Federal Rural de Pernambuco / UAST.
[email protected]
1
Embryonic and fetal mortality in goats breed Anglo-Nubian submitted to male
effect during the dry season in Semiarid of Pernambuco
Edivaldo Rosas dos SANTOS JUNIOR1; Osório Leite de Souza Bezerra NUNES2; Edilma Ramos COELHO3; Gustavo Ferraz Nogueira Pinheiro de BARROS4; Paula Barbosa TORRES5
PA L AV R A S - C H AV E
apoptose, biotécnicas, estresses térmico, prenhez
KEYWORDS
apoptosis, biotech, thermal stress, pregnancy.
INTRODUÇÃO
A criação de caprinos da raça Anglo-Nubiana, pelo biótipo, potencial
produtivo e reprodutivo, alta adaptabilidade e rusticidade, destaca-se como uma
alternativa viável para a produção de leite, carne e pele. No entanto, na região
Nordeste, a maioria dos rebanhos caprinos, por serem explorados basicamente
em sistemas de produção tradicional, apresenta baixa produtividade (SANTOS
JUNIOR et al., 2013). O controle dos eventos reprodutivos através de medidas
simples e de baixo custo, como o efeito macho, é justificado pelo fato da sociedade está cada vez mais exigente com a qualidade dos alimentos de origem
animal.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada nos meses de novembro e dezembro de 2013, no
Município de Serra Talhada-PE, localizado no Sertão do Pajeú, com latitude de
-7,98 e longitude de -38,30; 9.097.129KmN e 586.198KmE, altitude de 435m,
clima Semiárido, com vegetação predominante de Caatinga. O sistema de criação da propriedade é o semi-intensivo, com os animais soltos pela manhã e
retornando ao aprisco no final da tarde. A alimentação consistiu de vegetação da
Caatinga, além de sal mineral e água ad libitum. No experimento, foram utilizadas 30 fêmeas pluríparas da raça Anglo-Nubiana com idade variando entre 18 e
72 meses e um reprodutor da mesma raça com idade próxima aos 48 meses. Antes do inicio da estação de monta, o macho foi submetido a exame andrológico
e mantido fora do contato visual, olfativo e auditivo das fêmeas por 15 dias para
estimular o efeito macho. As fêmeas foram submetidas ao exame ginecológico
com auxílio de aparelho ultrassom para avaliar as condições fisiológicas e identificar por meio de colar com numeração as matrizes vazias que participaram
da pesquisa. O reprodutor foi marcado com mistura de tinta xadrez e graxa na
proporção de 4:2 todos os dias na região do esterno, para identificação das fêCiênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
347
Edivaldo Rosas dos SANTOS JUNIOR1; Osório Leite de Souza Bezerra NUNES2; Edilma Ramos COELHO3; Gustavo Ferraz
Nogueira Pinheiro de BARROS4; Paula Barbosa TORRES5
meas cobertas, sendo a cor da tinta modificada após 20 dias para indicar aquelas
que repetirem estro durante a estação de monta de 25 dias. Os lotes foram observados às 6:00 e às 16:00 horas, por pessoal habilitado para identificação das
matrizes cobertas. Os exames ultrassonográficos para diagnostico de prenhez e
monitoramento das perdas de concepto foram realizados nos dias 25, 45 e 65
dias após a data da última cobertura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento, foram considerados os meses de novembro e dezembro
de 2013 como sendo o período seco, apresentando temperatura média do ar de
27,8°C e precipitação pluviométrica acumulada de 22mm. A ocorrência de estro
foi de 76,66%, com o pico entre o 11º e 15º dia após a introdução do reprodutor,
demonstrando um comportamento diferente do que foi citado por Alvarez et al
(2007) em que o contato com o macho induziu em poucos minutos um aumento
na frequência de pulsos do hormônio luteinizante, resultando num pico pré-ovulatório e em ovulação dentro de três a cinco dias. A taxa de prenhez obtida no
diagnóstico ultrassonográfico aos 25 dias após a cobertura foi de 26,66%. Nos
exames realizados a partir de 45 dias não foi observada mais nenhuma prenhez.
Esses dados demonstram elevado nível de perdas embrionárias se comparado
aos índices de cobertura. Durante o período seco, as altas temperaturas promovem uma situação de estresse térmico por calor, e dependendo do tempo de exposição ao estresse térmico pode ser comprometida a viabilidade e competência
dos oócitos e desenvolvimento dos embriões (SANTOS JUNIOR et al., 2013). A
baixa condição corporal das fêmeas, imposta pela má qualidade e disponibilidade de forragens, resulta em desequilíbrio hormonal e consequentemente corpos
lúteos hipofuncionais, contribuindo para a elevada mortalidade embrionária e
fetal pois, segundo Robinson et al (2006), o desempenho reprodutivo sofre
efeitos nutricionais indiretos sobre as concentrações hormonais e de metabólitos
circulantes.
CONCLUSÃO
Os resultados demontram que durante períodos de estiagem o embrião
está muito susceptível, sofrendo com os efeitos deletérios das altas temperaturas, bem como da baixa condição corporal das fêmeas desta raça, necessitando
assim de cuidados de manejo especiais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ L.; ZARCO, L.; GALINDO, F.; et al. Social rank and response to the
“male effect” in the Australian Cashmere goat. Animal Reproduction Science,
Amsterdam, v.102, n.3-4, p. 258-266, 2007.
ROBINSON, J.J.; ASHWORTH, C.J.; ROOKE, J.A. et al. Nutrition and fertility in ruminant livestock. Animal Feed Science and Technology, Amsterdam, v.
126, p. 259-276, 2006.
SANTOS JUNIOR, E.R.; SILVA, J.C.F.; MOURA, M.T. et al. Avaliação de embriões ovinos provenientes de oócitos submetidos a estresse calórico durante a
maturação in vitro. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v.14, n.3, p.360-365,
2013.
348
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Edivaldo Rosas dos SANTOS JUNIOR1; Tiago Gonçalvez Pereira ARAÚJO2; Paula Barbosa TORRES3; Osório Leite de Souza Bezerra NUNES4; Edilma Ramos COELHO5; Gustavo Ferraz Nogueira Pinheiro de BARROS6
COMPORTAMENTO SEXUAL DE REPRODUTORES OVINOS DA RAÇA DORPER SUBMETIDOS À ESTAÇÃO DE MONTA
Sexual behavior breeding Dorper sheep under the calving season
Universidade Federal de Sergipe / Campus do Sertão. [email protected]
2
Universidade Federal Rural de
Pernambuco / UAST. [email protected]
3
Universidade Federal Rural de Pernambuco / UAST.
[email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco / UAST. osó[email protected]
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco / UAST. edilma10.
[email protected]
6
Universidade Federal Rural
de Pernambuco / UAST. [email protected]
1
Edivaldo Rosas dos SANTOS JUNIOR1; Tiago Gonçalvez Pereira ARAÚJO2; Paula Barbosa
TORRES3; Osório Leite de Souza Bezerra NUNES4; Edilma Ramos COELHO5; Gustavo Ferraz
Nogueira Pinheiro de BARROS6
PA L AV R A S - C H AV E
biotécnicas, estro, reprodução
KEYWORDS
biotech, estrus, reproduction
INTRODUÇÃO
Nordeste, a maioria dos rebanhos ovinos, por serem explorados basicamente em sistemas de produção tradicional, apresenta baixa produtividade
(SANTOS JUNIOR et al., 2013). Para que haja uma maior produtividade do
setor, a adoção de técnicas que melhorem as condições de criação do rebanho é
de fundamental importância. As biotécnicas da reprodução quando devidamente
usadas, são fortes aliadas e respondem por significativas melhorias na produtividade e rentabilidade dos rebanhos (SIMPLÍCIO et al., 2007). Quando se usam
essas técnicas, a avaliação do comportamento reprodutivo permite a identificação de carneiros mais aptos à realização de monta natural a campo, sendo este o
objetivo deste trabalho.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no município de Serra Talhada-PE, localizado
no Sertão do Pajeú, clima Semiárido, com vegetação predominante de Caatinga,
temperatura média anual de 25,20 ºC e precipitação pluviométrica média de
642,10 mm. O sistema de criação da propriedade é o semi-intensivo. O manejo
sanitário consistiu em limpeza das instalações semanalmente, vacinação contra
clostridiose e vermifugação seguindo os critérios do método Famacha. A base
alimentar dos animais foi à base de vegetação de Caatinga, além de sal mineral
e água ad libitum.
Foram observados 10 machos da raça Dorper com idades variando de 38
a 42 meses expostos às fêmeas no estro em piquetes separados. Todos os dados
comportamentais foram registrados em planilhas seguindo um etograma de trabalho especifico para avaliação do comportamento sexual. Para determinação
dos diferentes padrões comportamentais e respectivas frequências, os dados foram submetidos à análise de variância, considerando uma distribuição binomial
negativa.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
349
Edivaldo Rosas dos SANTOS JUNIOR1; Tiago Gonçalvez Pereira ARAÚJO2; Paula Barbosa TORRES3; Osório Leite de Souza
Bezerra NUNES4; Edilma Ramos COELHO5; Gustavo Ferraz Nogueira Pinheiro de BARROS6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao entrar em contato com as fêmeas, os machos apresentaram os comportamentos de vocalização, cortejo com patas e exposição do pênis. Ao realizar
a cobertura, foram mais expressados os parâmetros de cheirar região urogenital,
exposição de língua e reflexo de Flehmen (Tabela 1). Segundo Pacheco et al
(2008), o comportamento sexual de ovinos Santa Inês apresenta vocalização
excessiva como uma atitude relacionada a ansiedade gerada pela separação dos
companheiros pertencentes ao seu grupo de convívio o que pode justificar os
dados encontrados neste estudo. Em condições de temperatura elevada os carneiros expressaram níveis adequados de libido para o sucesso reprodutivo de
um grande número de fêmeas. O tempo de reação do reprodutor foi em média
9,5 segundos Esse tempo pode ter sido em conseqüência do fato que as fêmeas
já tiveram seu estro identificado pelo uso de rufião. Stellflug e Lewis (2007) relataram que a frequência e duração de cada comportamento dependem de cada
reprodutor e da sua experiência sexual prévia, podendo servir como critério de
avaliação, classificação e seleção de bons reprodutores.
CONCLUSÃO
Foi possível concluir que o comportamento sexual dos machos da raça
Dorper criados em condição de Semiárido está de acordo com os parâmetros
fisiológicos para a espécie, não sofendo assim grande influência dos fatores ambientais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PACHECO, A.; QUIRINO, C.R.; OLIVEIRA, A.F.M. Avaliação do comportamento sexual de ovinos jovens da raça Santa Inês, com e sem experiência prévia
com fêmeas. Archivos Latinoamericanos de Produccioón Animal, Mayaguez,
v.17, n.1, p.22-30, 2008.
SANTOS JUNIOR, E.R.; SILVA, J.C.F.; MOURA, M.T. et al. Avaliação de embriões ovinos provenientes de oócitos submetidos a estresse calórico durante a
maturação in vitro. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v.14, n.3, p.360-365,
2013.
SIMPLÍCIO, A. A; FREITAS, J.V.F.; FONSECA, J.F. Biotécnicas da reprodução como técnicas de manejo reprodutivo em ovinos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.31, p.234-246, 2007.
STELLFLUG, J.N.; LEWIS, G.S. Effect of early and late exposure to estrual
ewes on ram sexual performance classifications. Animal Reproduction Science,
Amsterdam, v.97, p.295-302, 2007.
350
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Edivaldo Rosas dos SANTOS JUNIOR1; Tiago Gonçalvez Pereira ARAÚJO2; Paula Barbosa TORRES3; Osório Leite de Souza Bezerra NUNES4; Edilma Ramos COELHO5; Gustavo Ferraz Nogueira Pinheiro de BARROS6
Tabela 1. Valores médios das variáveis comportamentais de reprodutor ovino
da raça Dorper, CRUF (Cheirar região urogenital da femea); COP (Cortejo com
a pata); VOC (vocalização); EXL (Exposição de língua); EXP (Exposição do
pênis); RF (Reflexo de flehmen) e NST (número de saltos por tentativas)
Parâmetros
Número de vezes
DP
CV
VOC
19,50
+
12,02
61,64
COP
21,00
+
16,97
80,81
CRUF
6,50
+
9,19
141,4
EXL
9,50
+
6,36
66,98
EXP
21,0
+
19,79
94,28
RF
3,00
+
1,41
47,14
NST
9,50
+
4,95
52,10
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
351
Annelise Castanha Barreto Tenório NUNES1; Pomy de Cássia Peixoto KIM2; Renata Pimentel Bandeira MELO2; Müller RIBEIRO-ANDRADE2; Wagnner José Nascimento PORTO1; Rinaldo Aparecido MOTA2
Aborto caprino causado por Neospora caninum no Nordeste do Brasil
Abortion in goat caused by Neospora caninum in northeastern Brazil
Annelise Castanha Barreto Tenório NUNES1; Pomy de Cássia Peixoto KIM2; Renata Pimentel
Bandeira MELO2; Müller RIBEIRO-ANDRADE2; Wagnner José Nascimento PORTO1; Rinaldo
Aparecido MOTA2
PA L AV R A S - C H AV E
Unidade Educacional Viçosa,
Campus Arapiraca, UFAL
2
Laboratório de Doenças Infecto-contagiosas dos Animais
Domésticos, DMV, UFRPE;
[email protected]
1
KEYWORDS
Neosporose; transmissão transplacentária;
Caprino.
Neosporosis, transplacental transmission;
Goat.
INTRODUÇÃO
Toxoplasma gondii é responsável por perdas econômicas significativas
na cadeia produtiva da caprinovinocultura, enquanto que Neospora caninum,
coccídeo filogeneticamente relacionado, destaca-se como indutor de falhas
reprodutivas em bovinos em muitos países (BUXTON et al., 2007; DUBEY;
SCHARES, 2011).
Apesar da repercussão da infecção natural de N. caninum em cabras não
está totalmente esclarecida, há descrições da sua ação como responsável por
perdas reprodutivas em diferentes países (DUBEY et al., 1992; MORENO et
al., 2012). No Brasil, quadros de infecção congênita natural por N. caninum em
caprinos já foram descritos na região Sul e Sudeste (CORBELLINI et al., 2001;
VARASCHIN et al., 2012), não havendo descrições de neosporose em caprinos
em outras regiões do país.
O objetivo deste estudo foi determinar a participação de T. gondii e N.
caninum na ocorrência de aborto caprinos enviados ao diagnóstico, provenientes de propriedades da região Nordeste do Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram necropsiados seis fetos caprinos, sendo coletado 26 amostras de
diferentes tecidos (cérebro, fígado, pulmão, rim e coração). Esses fetos eram
originários de propriedades rurais do Estado de Pernambuco que possuíam histórico de aborto e foram encaminhados ao Laboratório de Doenças Infecto-contagiosas dos Animais Domésticos da UFRPE, durante o ano de 2013.
As amostras foram analisadas por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), Histopatologia (HP) e Imunoistoquímica (IHQ) com a finalidade de associar o abortamento a T. gondii e/ou N. caninum.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nenhuma amostra de tecido foi positiva na PCR e IHQ para T. gondii.
Para N. caninum, 19,3% (5/26) das amostras de tecidos analisadas foram positivas para alguma das técnicas (Tabela 1).
352
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Annelise Castanha Barreto Tenório NUNES1; Pomy de Cássia Peixoto KIM2; Renata Pimentel Bandeira MELO2; Müller RIBEIRO-ANDRADE2; Wagnner José Nascimento PORTO1; Rinaldo Aparecido MOTA2
Não foram observadas lesões macroscópicas significativas nos fetos necropsiados. As lesões histológicas observadas no cérebro e fígado do feto Caprino 6 (leve infiltrado mononuclear no fígado e necrose com calcificação no
SNC) demonstram que as alterações teciduais são semelhantes àquelas relatadas
na literatura para neosporose ou toxoplasmose (MORENO et al., 2012), sendo
indispensável a confirmação por técnica mais específica. A amostra de cérebro
deste animal teve imunomarcação positiva na IHQ e PCR positiva para N. caninum.
Para os autores, essa investigação compreende a primeira descrição de
aborto caprinos associados a N. caninum no Nordeste brasileiro, mostrando a
importância da inclusão deste protozoário em investigações de falhas reprodutivas em rebanhos caprinos no Nordeste brasileiro.
CONCLUSÃO
Os resultados confirmam a transmissão vertical de N. caninum em caprinos naturalmente infectados na região nordeste do Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUXTON, D.; MALEY, S.W.; WRIGHT, S.E.; RODGER, S.; BARTLEY, P.;
INNES, E. A. Toxoplasma gondii and ovine toxoplasmosis: New aspects of an
old story. Vet. Parasitol., v. 149, p. 25–28, 2007.
CORBELLINI, L.G.; COLODEL, E.M.; DRIEMEIER, D. Granulomatous encephalitis in a neurologically impaired goat kid associated with degeneration
of Neospora caninum tissue cysts. J Vet Diagn Invest, v. 13, p. 416–419, 2001.
DUBEY, J.P.; ACLAND, H.M.; HAMIR, A.N. Neospora caninum (Apicomplexa) in a stillborn goat. J Parasitol, v. 78, p. 532–534, 1992.
DUBEY, J.P.; SCHARES, G. Neosporosis in animals--the last five years. Vet
Parasitol, v. 180, p. 90–108, 2011.
MORENO, B.; COLLANTES-FERNÁNDEZ, E.; VILLA, A.; NAVARRO, A.;
REGIDOR-CERRILLO, J.; ORTEGA-MORA, L.M. Occurrence of Neospora
caninum and Toxoplasma gondii infections in ovine and caprine abortions. Vet
Parasitol, v.187, p. 312–318, 2012.
VARASCHIN, M.S.; HIRSCH, C.; WOUTERS, F.; NAKAGAKI, K.Y.; GUIMARÃES, A.M.; SANTOS, D.S.; BEZERRA, P.S.; COSTA, R.C.; PECONICK, A.P.; LANGOHR, I.M. Congenital neosporosis in goats from the State of
Minas Gerais, Brazil. Korean J Parasitol, v. 50, p. 63–67, 2012.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
353
Annelise Castanha Barreto Tenório NUNES1; Pomy de Cássia Peixoto KIM2; Renata Pimentel Bandeira MELO2; Müller RIBEIRO-ANDRADE2; Wagnner José Nascimento PORTO1; Rinaldo Aparecido MOTA2
Tabela 1. Resultados da histopatologia e da PCR para N. caninum em amostras
de fetos caprinos do nordeste do Brasil.
Animais
Caprino 1
Caprino 2
Caprino 3
Caprino 4
Caprino 5
Caprino 6
Fi
+ b’
HPa
Ce Pu Co Ri
- ND
- ND ND +b’’ ND
-
PCR
Fi Ce Pu Co Ri
- ND
+
+ - ND ND +
+ ND
-
Fi: Fígado; Ce: Cérebro; Pu: Pulmão; Co: Coração; Ri: Rim; ND: Sem dados.
a
Lesões consistentes com infecção por T. gondii ou N. caninum
b’
IHC Negativo; b’’ IHC Positivo
354
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Müller RIBEIRO-ANDRADE1; Walter Franklin Bernardino LEÃO FILHO2; Leonardo Alves da SILVA3; Renata Pimentel
Bandeira MELO1; Wagnner José Nascimento PORTO2; Rinaldo Aparecido MOTA1
FREQUÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-NEOSPORA CANINUM EM CABRAS DA
MICRORREGIÃO DE ARAPIRACA, ALAGOAS
Frequency of antibodies anti-Neospora caninum in goats from microregion of
Arapiraca, Alagoas
Unidade Educacional Viçosa,
Campus Arapiraca, UFAL
2
Laboratório de Doenças Infecto-contagiosas dos Animais
Domésticos, DMV, UFRPE;
[email protected]
1
Müller RIBEIRO-ANDRADE1; Walter Franklin Bernardino LEÃO FILHO2; Leonardo Alves da
SILVA3; Renata Pimentel Bandeira MELO1; Wagnner José Nascimento PORTO2; Rinaldo Aparecido MOTA1
PA L AV R A S - C H AV E
Neosporose; RIFI; Pequeno ruminante.
KEYWORDS
Neosporosis, IFAT; Small ruminant.
INTRODUÇÃO
A Neosporose, causada pelo coccídeo Neospora caninum, tem emergido
como uma patologia significativa na ocorrência de abortos e perdas neonatais
na criação de caprinos (BARR et al., 1992). Estudos sorológicos e moleculares
têm demonstrado frequências da infecção por N. caninum semelhantes ou superiores àquelas determinadas por Toxoplasma gondii em pequenos ruminantes
(BUXTON, 1998; MORENO et al., 2012), sendo este último reconhecido como
um dos maiores causadores de perdas reprodutivas em ovinos (BUXTON et al.,
2007) e em caprinos (MOELLER, 2001).
Trabalhos que demostrem a frequência de exposição desses animais a N.
caninum na microrregião de Arapiraca-AL são escassos, contudo, informações
da real dimensão da infecção são relevantes, constituindo-se o principal objetivo
desse estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado um estudo transversal, sendo amostradas 235 cabras em
idade reprodutiva, totalizando 10 propriedades da microrregião de Arapiraca-AL. O regime de criação predominante era o semi-intensivo.
Para a pesquisa de anticorpos anti-Neospora caninum, executou-se a
Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), utilizando o soro dos animais.
Foram considerados positivos (ponto-de-corte) os soros que apresentaram títulos ≥1:50 e com fluorescência periférica total dos taquizoítos (cepa Nc-Spain)
fixados em lâmina. As amostras positivas foram tituladas em diluição seriada na
base dois e o título foi definido na maior diluição em que houve reação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Das 235 amostras de soro caprino, 5,95% (14) foram positivas para N.
355
Müller RIBEIRO-ANDRADE1; Walter Franklin Bernardino LEÃO FILHO2; Leonardo Alves da SILVA3; Renata Pimentel Bandeira MELO1; Wagnner José Nascimento PORTO2; Rinaldo Aparecido MOTA1
caninum (Tabela 1). Durante a anamnese das propriedades, 100% dos proprietários relataram a ocorrência de algum problema reprodutivo (repetição de cio,
aborto, natimorto), entretanto não foi feita investigação da etiologia em nenhuma delas. Além disso, todas propriedades possuíam cães, que é reconhecido
fator de risco associado a neosporose (DUBEY et al., 2007).
Estudos de frequência sorológica de caprinos expostos a N. caninum no
país tem demostrado ampla variação de frequência, de 1% (4/381), no Rio Grande do Norte (LIMA et al., 2008) até 26,6% (85/319) em Pernambuco (TEMBUE
et al., 2011). Os achados desse trabalho corroboram com frequências encontradas na Paraíba, que apresenta condições climáticas semelhantes ao Estado de
Alagoas, onde verificou-se positividade de 3,3% dos animais (10/306) (FARIAS
et al., 2007). Porém a comparação entre os estudos existentes deve ser cautelosa
devido a variações nos testes sorológicos utilizados, dos pontos-de-corte adotados, diferenças na determinação amostral ou no delineamento experimental,
em adicional, as condições climáticas podem afetar a viabilidade de oocisto do
parasito no ambiente, similar ao que ocorre a oocistos de T. gondii (DUBEY,
2004; DUBEY et al., 2007).
CONCLUSÃO
A infecção por N. caninum está presente em criações de caprinos na microrregião de Arapiraca-AL.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARR, B. C.; ANDERSON, M. L.; WOODS, L. W.; DUBEY, J. P.; CONRAD,
P. A. Neospora-like protozoal infections associated with abortion in goats. J Vet
Diagn Invest, v. 4, n. 3, p. 365-367, 1992.
BUXTON, D.; MALEY, S.W.; WRIGHT, S. E.; RODGER, S.; BARTLEY, P.;
INNES, E. A. Toxoplasma gondii and ovine toxoplasmosis: new aspects of an
old story. Vet Parasitol, v. 149, n. 1-2, p. 25-28, 2007.
BUXTON, D. Protozoan infections (Toxoplasma gondii, Neospora caninum and
Sarcocystis spp.) in sheep and goats: recent advances. Vet Res, v. 29, n. 3-4, p.
289-310, 1998.
DUBEY, J. P. Toxoplasmosis – a waterborne zoonosis. Vet Parasitol, v. 126, p,
57–72, 2004.
DUBEY, J. P.; SCHARES, G.; ORTEGA-MORA, L. M. Epidemiology and
Control of Neosporosis and Neospora caninum. Clinical Micro Rev, v. 20, p.
323-367, 2007.
MORENO, B.; COLLANTES-FERNÁNDEZ, E.; VILLA, A.; NAVARRO, A.;
REGIDOR-CERRILLO, J.; ORTEGA-MORA, L.M. Occurrence of Neospora
caninum and Toxoplasma gondii infections in ovine and caprine abortions. Vet
Parasitol, v.187, p. 312–318, 2012.
356
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Müller RIBEIRO-ANDRADE1; Walter Franklin Bernardino LEÃO FILHO2; Leonardo Alves da SILVA3; Renata Pimentel
Bandeira MELO1; Wagnner José Nascimento PORTO2; Rinaldo Aparecido MOTA1
FARIA, E. B.; GENNARI, S. M.; PENA, H. F.; ATHAYDE, A. C.; SILVA, M.
L,; AZEVEDO, S. S. Prevalence of anti-Toxoplasma gondii and anti-Neospora
caninum antibodies in goats slaughtered in the public slaughterhouse of Patos
city, Paraíba State, Northeast region of Brazil. Vet Parasitol, v. 149, p. 126-129,
2007.
LIMA, J. T. R. et al. Prevalência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii e anti-Neospora caninum em rebanhoscaprinos do município de Mossoró, Rio Grande do Norte. Brazilian J Vet Res Anim Sci, v. 45, n. 2, p. 81-86, 2008.
MOELLER, R.B. Causes of caprine abortion: diagnostic assessment of 211 cases (1991–1998). J Vet Diagn Invest, v. 13, p. 265–270, 2001.
TEMBUE, A. A. S. M. et al. Serological survey of Neospora caninum in small
ruminants from Pernambuco State, Brazil. Rev Bra Parasitol Vet, v. 20, n. 3, p.
246-248, 2011.
Tabela 1 - Distribuição dos títulos das amostras de soros de caprinos positivas
na Reação de Imunofluorescência Indireta para Neospora caninum. (≥1:50).
Espécie
Caprino
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
1:50
Título
1:100
1:200
9
2
3
Total
14
357
Joab Félix Carvalho de MOURA1; Paula Regina Barros de LIMA2;; Fabrício dos Santos SILVA5; Francisco David Nascimento
SOUSA2;Erivânia Camelo de ALMEIDA3 ;José Wilton PINHEIRO JÚNIOR4
INVESTIGAÇÃO EM FOCOS DE ANEMIA INFECIOSA EQUINA PELO SERVIÇO VETERINÁRIO OFICIAL NO MUNICÍPIO DE CANHOTINHO, ESTADO DE
PERNAMBUCO, NO BIÊNIO 2012-2013
Research focuses of equine infectious anemia by official veterinary service in
Canhotinho municipality, state of Pernambuco, Biennium 2012-2013
Médico Veterinário autônomo.
Fiscais Estaduais Agropecuários, ADAGRO. Doutorandos
do Programa de Pós-graduação
em Ciência Veterinária da UFRPE. Email para correspondência: franciscodavid@adagro.
pe.gov.br
3
Fiscal Estadual Agropecuária,
Doutora em Ciência veterinária, Gerente Geral da ADAGRO.
4
Professor adjunto, Departamento de Medicina Veterinária,
Universidade Federal Rural de
Pernambuco-UFRPE.
5
Fiscal Estadual Agropecuário,
Mestre em Ciência Animal nos
Trópicos, UFRPE.
1
2
Joab Félix Carvalho de MOURA1; Paula Regina Barros de LIMA2;; Fabrício dos Santos SILVA5; Francisco David Nascimento SOUSA2;Erivânia Camelo de ALMEIDA3 ;José Wilton PINHEIRO JÚNIOR4
PA L AV R A S - C H AV E
KEYWORDS
agreste meridional, doença infecciosa, equino.
southern agreste, infectious disease,equine.
INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), a Anemia Infecciosa Equina está enquadrada como doença de notificação obrigatória
imediata ao serviço veterinário oficial, que no Brasil é composto pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pelos órgãos estaduais de
Defesa Sanitária Animal.
Visando o fortalecimento do complexo agropecuário destas espécies, foi
instituído pelo MAPA o Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos, e por
meio da Instrução Normativa n° 45, de 15 de junho de 2004, aprovou normas
para a prevenção e o controle da AIE em território brasileiro. Para atender condições epidemiológicas peculiares ao estado de Pernambuco, as ações são determinadas pela CECAIE-PE.
Diante da importância dessa enfermidade na equideocultura nacional,
objetivou-se com este trabalho relatar os casos de AIE ocorridos no período de
janeiro de 2012 a dezembro de 2013 no município de Canhotinho/PE e descrever as respectivas ações implementadas pelo serviço veterinário oficial para que
possam servir de subsídios numa avaliação posterior quanto à eficácia das medidas adotadas para o controle e o combate da doença no estado de Pernambuco.
MATERIAL E MÉTODOS
Natureza e número das notificações de casos suspeitos ou confirmados
de AIE
Foram utilizados dados oriundos de testes de diagnósticos realizados em
laboratórios credenciados requisitados por veterinários da iniciativa privada; resultados laboratoriais decorrentes da vigilância epidemiológica em propriedades vínculo e resultados de testes cuja motivação inicial foi a suspeita clínica.
358
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Joab Félix Carvalho de MOURA1; Paula Regina Barros de LIMA2;; Fabrício dos Santos SILVA5; Francisco David Nascimento
SOUSA2;Erivânia Camelo de ALMEIDA3 ;José Wilton PINHEIRO JÚNIOR4
Ações de controle executadas pelo Serviço Veterinário Oficial
Foram descritas detalhadamente as atividades executadas pelo serviço
veterinário oficial diante das notificações de casos suspeitos ou confirmados de
AIE, incluindo procedimentos e formulários utilizados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período de execução deste trabalho (biênio 2012/2013) foram registrados 19 focos de AIE em uma população de 592 equídeos, entre os quais 75
(setenta e cinco) reagiram positivamente à prova sorológica de Imunodifusão
em Gel de Ágar (IDGA), implicando numa prevalência média de 12,67%.
Dos estabelecimentos rurais estudados 35,8% resultaram em foco para
AIE e a prevalência média anual entre os animais foi de 6,37%. A distribuição
espacial das propriedades envolvidas no estudo está evidenciada na figura 1. Os
resultados são superiores aos identificados na Paraíba (2,86%), Rio Grande do
Norte (1,29%) e Ceará (3,10%) por SILVA et al. (2010). Todavia, ALMEIDA et
al. (2006), encontraram resultados similares no estado de Minas Gerais ao determinarem uma prevalência de 5,29% em animais de rebanho e 3,1% em animais
de serviço.
O número significativo de propriedades atendidas devido ao vínculo
epidemiológico e os atendimentos por suspeita clínica refletem o trabalho bem
conduzido pelo serviço veterinário oficial do estado de Pernambuco, ao realizar
além da eliminação dos animais positivos, a vigilância em propriedades vizinhas
aos focos, e também pela sensibilização dos produtores a partir das orientações
técnicas prestadas.
Com relação às atividades de Defesa Sanitária Animal frente a uma no
tificação de AIE, foram descritas as seguintes ações:
1) Levantamento de informações sobre a propriedade no banco de dados-SIAPEC (dados cadastrais de produtores, propriedades, coordenadas geográficas,
vias de acesso, trânsito de animais e vacinações);
2) Lavratura dos termos oficiais –Interdição e proibição do trânsito de equídeos;
3) Identificação do animal soropositivo através da resenha contida no laudo laboratorial e isolamento para posterior sacrifício.
4) O FORM IN (Formulário de Investigação de Doenças - Inicial) é preenchido
para registrar o primeiro atendimento do médico veterinário oficial no caso de
suspeitas ou focos de doenças animais de notificação obrigatória, cujas informações seguem um fluxo documental na ADAGRO e servem de fonte para gerenciamento pelo MAPA.
5) Ainda na primeira visita do SVO na propriedade foco, faz-se um levantamento de todos os equídeos existentes para que sejam submetidos a coletas de sangue para realização de teste de diagnóstico por IDGA, assim como os animais
de propriedades vizinhas ou que tiveram algum outro tipo de vínculo epidemiológico com o foco.
6) Após a eutanásia do animal positivo é lavrado um termo de sacrifício assinado pelo veterinário executor e testemunhas, não cabendo indenização ao proprietário do animal. Dos 75 equídeos positivos para AIE, 74 foram sacrificados
pelo SVO e 1 animal morreu devido a progressão da doença antes mesmo da
confirmação laboratorial.
7) A partir do segundo atendimento à propriedade foco, é preenchido o FORM
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
359
Joab Félix Carvalho de MOURA1; Paula Regina Barros de LIMA2;; Fabrício dos Santos SILVA5; Francisco David Nascimento
SOUSA2;Erivânia Camelo de ALMEIDA3 ;José Wilton PINHEIRO JÚNIOR4
COM (Formulário de Investigação de Doenças – Complementar) com o objetivo de elencar informações complementares, e quando da colheita de sangue,
é utilizado também o FORM LAB (Formulário de Colheita de Amostras) para
acompanhar os soros a serem testados pelo laboratório oficial.
8) Em posse de dois exames negativos consecutivos em intervalos de 30 a 60
dias, a propriedade é desinterditada. Caso detecte-se resultado positivo nesse
intervalo reinicia-se todo o processo.
Paralelamente às ações de saneamento foram realizadas palestras e
orientações técnicas sobre a AIE abordando as principais medidas de controle
da enfermidade.
Uma vez que as condições edafoclimáticas do município de Canhotinho
são propícias ao desenvolvimento dos vetores mecânicos da AIE e associado ao
grande efetivo de equídeos nestas áreas e a não adoção de práticas de controle
da doença por parte dos proprietários podem ter favorecido a disseminação da
enfermidade dentre esses animais, condições que corroboram com ISSEL et al.
(1990) ao afirmarem que o risco de transmissão aumenta, também, com a prevalência da doença na propriedade, a diversidade e abundância dos vetores e a
distância entre os animais. Segundo CORRÊA & CORRÊA (1992) a morbidade da AIE varia de acordo com as condições ecológicas, população de insetos
hematófagos e densidade demográfica de equídeos.Embora diversos autores
(FOIL, 1983; CUENCA et al., 2011) salientem que não haja predileção por espécie, idade ou raça, no presente estudo, os machos foram mais prevalentes, em
número absoluto, que as fêmeas. E entre os resultados por espécies, os muares
apresentaram prevalência maior do que os equinos, 26 e 11% respectivamente
(Tabela 1).
CONCLUSÃO
As ações de defesa sanitária animal executadas pela UVL de Canhotinho
estão em conformidade com as diretrizes do PNSE e em perfeito atendimento a
IN N° 45, de 15 de junho de 2004 quando da detecção de focos, e da Resolução
da CECAIE para peculiaridades inerentes ao combate e profilaxia da AIE no
estado de Pernambuco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, V.M.A.; GONÇALVES, V.S.P.; MARTINS, M.F., HADDAD,
J.P.A.; DIAS, R.A.; LEITE, R.C.; REIS, J.K.P. Anemia infecciosa: prevalência em equídeos de serviço em Minas Gerais. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. 58:
141-148, 2006.
CORRÊA, W.M.; CORRÊA, C.N.M. Enfermidades infecciosas dos mamíferos domésticos. 2. 304 Ed. Rio de Janeiro: MEDSI, Cap.76, p.695-698,
1992. 305p.
CUENCA, J.C.; PRADO, E.S. Prevalencia de anemia infecciosa equine em el
municipio de Santa Clara, Cuba. REDVET. Revista Eletrónica de Veterinaria,
v. 12, n.1, 2011. Disponível em: <http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/
n010111/011105.pdf> Acesso em: 16 de janeiro de 2014.
de 2014.
FOIL, L. A mark-recapture method for measuring effects of spatial separation of
360
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Joab Félix Carvalho de MOURA1; Paula Regina Barros de LIMA2;; Fabrício dos Santos SILVA5; Francisco David Nascimento
SOUSA2;Erivânia Camelo de ALMEIDA3 ;José Wilton PINHEIRO JÚNIOR4
horses on tabanid (Diptera) movement between hosts. Journal of Medical
Entomology, Lanhan, v.20, n.3, 319 p.301-305, 1983.
ISSEL, C.J.; McMANUS, J.M.; HAGIUS, S.D.; FOIL, L.D.; ADAMS, W.V.
JR; MONTE LARO, 330 R.C. Equine infectious anemia: prospects for control.
Dev. Biol. Stand. 72: 49-57, 1990.
SILVA, C.F.; PEQUENO, N.F.; CLEMENTINO, I.J.; AZEVEDO, S.S.; SILVA,
A. Frequência de anemia infecciosa equina em equinos nos estados da Paraíba,
Rio Grande do Norte e Ceará durante o ano de 2010. Braz.J. Vet. Res. Anim.
Sci., São Paulo, v. 50, n. 1, p. 12-17, 2013.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
361
Joab Félix Carvalho de MOURA1; Paula Regina Barros de LIMA2;; Fabrício dos Santos SILVA5; Francisco David Nascimento
SOUSA2;Erivânia Camelo de ALMEIDA3 ;José Wilton PINHEIRO JÚNIOR4
Figura 1 Distribuição das propriedades focos identificadas no município de Canhotinho/PE, 2012-2013.
Tabela 1. Resultado laboratorial para pesquisa de AIE, por sexo para as espécies
equina, muar e asinina; no município de Canhotinho, PE, registrados no Serviço
Veterinário Oficial no período de 2012 a 2013
Equídeos
Equinos
Muares
Asininos
TOTA L
1
362
Sexo
Nº animais
Machos
Resultado Laboratorial
Negativos
%
Positivos
%
286
247
86,36
39
13,64
Fêmeas
Subtotal
239
525
220
467
92,05
88,95
19
58
7,95
11,05
Machos
30
20
66,67
10
33,33
Fêmeas
Subtotal
33
63
26
46
78,79
73,02
7
17
21,21
26,98
Machos
2
2
100
0
0
Fêmeas
Subtotal
2
4
2
4
100
100
0
0
0
0
Machos
318
269
84,59
49
15,41
Fêmeas
274
248
90,51
26
9,49
Total
592
517
87,33
75
12,67
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marcelo Tigre MOURA1; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos Ferreira-SILVA3; Ludymila Furtado CANTANHÊDE4; Raffaela Maria Dias Rodrigues AMORIM5; Luis Rennan OLIVEIRA6
COMPORTAMENTO REPRODUTIVO DE
FÊMEAS CAPRINAS ANGLO-NUBIANAS
NULÍPARAS SUBMETIDAS AO EFEITO
MACHO SOB DIFERENTES CONDIÇÕES
CLIMÁTICAS
Reproductive behavior of nulliparous Anglo-Nubian goats submitted to male
effect under contrasting weather conditions
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. carlos.
[email protected]
4
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. rennanlr@
yahoo.com.br
1
Marcelo Tigre Moura1; Priscila Germany Corrêa da Silva2; José Carlos Ferreira-Silva3; Ludymila Furtado Cantanhêde4; Raffaela Maria Dias Rodrigues Amorim5; Luis Rennan Oliveira6
PA L AV R A S - C H AV E
Bioestimulação, Caprinos, Ciclo Estral, Fertilidade.
KEYWORDS
Bioestimulation, Caprine, Estrous Cycle, Fertility.
INTRODUÇÃO
A Região nordeste detém mais de 90% da população de caprinos do Brasil. Apesar da da sua importância socioeconômica, a caprinocultura permanece
com baixa adoção de práticas adequadas de manejo visando aumentar o desempenho reprodutivo dos rebanhos nos períodos de seca e chuva. O efeito macho,
representa um alternativa de manejo reprodutivo para concentrar as coberturas e
consequentemente os nascimentos nos períodos mais favoráveis do ano. Objetivou-se avaliar parâmetros do comportamento reprodutivo de cabras nulíparas da
raça Anglo-Nubiana submetidas ao efeito macho nos períodos de seca (Estação
Seca - ES) e chuva (Estação Chuvosa - EC) do semi-árido do estado de Pernambuco.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram realizados em Sertânia, Pernambuco. Dois machos com idade entre 24 e 48 meses e 80 fêmeas Anglo-Nubianas nulíparas
com 9 a 12 meses de idade foram utilizadas no experimento. Os animais foram
mantidos em pastagens nativas, pastagens cultivadas de capim buffel (Cenchrus
ciliaris, L.), suplementados com silagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum.), água e sal mineral ad libitum. As fêmeas foram separadas aleatoriamente em dois grupos de 40 animais. A condição de ciclicidade foi avaliada
pela concentração sérica de progesterona (P4). Amostras de sangue foram coletadas pela punção da veia jugular em tubos com anticoagulante e estocadas a -20
˚C. A concentração de P4 foi determinada pela técnica de quimioluminescência.
As fêmeas com concentração de P4 igual ou superior 1 ηg mL-1 foram consideradas cíclicas, conforme descrito anteriormente (MORALES et al., 2003).
Os machos foram mantidos a uma distância de 300 metros das fêmeas por 60
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
363
Marcelo Tigre MOURA1; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos Ferreira-SILVA3; Ludymila Furtado CANTANHÊDE4; Raffaela Maria Dias Rodrigues AMORIM5; Luis Rennan OLIVEIRA6
dias. No dia anterior ao início da estação de monta, os machos foram submetido
ao exame andrológico (CBRA, 1998). Quando introduzidos no lote de fêmeas,
os machos foram untados na região do esterno com uma mistura de graxa e tinta
xadrez (4:1) para identificação das fêmeas em estro. A cor da tinta foi trocada a
cada 10 dias para facilitar a identificação das fêmeas que retornaram ao estro.
A detecção visual dos estros foi feita duas vezes ao dia (6:00 e 16:00 horas) por
períodos de uma hora durante toda a estação de monta.
O diagnóstico de prenhez foi realizado por ultrassonografia 60 dias após
a última detecção de estro conforme descrito anteriormente (SANTOS et al.,
2004).
Os dados foram analisados pela ANOVA e pelo teste de Tukey para comparações entre médias e pelo teste do qui-quadrado para dados binomiais. Diferenças com probabilidades de p < 0,05 foram consideradas significativas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a ES, 85,0% das fêmeas exibiram estro contra 95,0% durante a
EC (Figura 1), fato que sugere que o período do ano não afeta a ciclicidade das
fêmeas Anglo-Nubianas. A maior parte dos estros foram detectados entre os dias
11 e 15 de ambas estações de monta. No entanto, o efeito macho não foi eficiente para sincronizar o estro nos primeiros cinco dias da estação de monta, conforme descrito para fêmeas pluríparas (CHEMINEAU, 2006, ALMEIDA-IRMÃO
et al., 2014), possivelmente devido a falta de experiência sexual das fêmeas
nulíparas. Durante a ES, os valores médios para o primeiro estro variou entre
fêmeas cíclicas e em anestro (15,00±0,00 e 12,62±2,31 dias), respectivamente.
Durante a EC, o valor médio para o primeiro estro de fêmeas cíclicas e em anestro foram, respectivamente, 11,88±2,57 dias e 11,20±2,39 dias. O intervalo entre
estros na EC foi menor devido a maior incidência de estros de ciclo curto. As
hipóteses a respeito do estro de ciclo curto são muito controversas. Para Jainudeen et al. (2004), pode ser devido à regressão prematura do corpo lúteo e para
Chemineau et al. (2006) ser consequência da formação de corpo lúteo oriundo
de folículos de baixa qualidade, com pequeno número de grandes células luteais
e insuficiente secreção de P4. Por outro lado, Lassoued et al. (1997) destacaram
a falta de P4 como sendo a responsável pelo aparecimento de estro de ciclo
curto. No entanto, a comparação das fêmeas cíclicas durante os dois períodos
não diferiu (15,00±0,00 vs 11,88±2,57 dias). Além disso, a mesma comparação
feita apenas entre as fêmeas em anestro também foi semelhante (12,62±2,31 vs
11,20±2,39 dias). O intervalo entre estros durante a ES foi 10,66±6,35 dias e
durante a EC foi 21,00±1,40 dias.
A concentração de P4 foi menor durante a ES 0,54±0,53 ηg mL-1 que
a EC 1,12±1,00 ηg mL-1. Os menores valores de P4 no pré-acasalamento foram registrados no período da seca, provavelmente em decorrência dos teores
da provitamina A que se encontram baixos nas forrageiras disponibilizadas aos
animais, em contraste com a elevada demanda de vitamina A durante esta estação pelos animais (RAKES et al., 1985). Esse fato pode ser responsável por um
déficit vitamínico nos animais, podendo então, ter refletido diretamente sobre a
função ovariana, onde o β-Caroteno esta associado a maiores concentrações de
P4 no corpo lúteo (RAKES et al., 1985).
Apesar do efeito do clima quente sobre o desempenho reprodutivo em
364
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marcelo Tigre MOURA1; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos Ferreira-SILVA3; Ludymila Furtado CANTANHÊDE4; Raffaela Maria Dias Rodrigues AMORIM5; Luis Rennan OLIVEIRA6
virtude de falhas na fecundação ou às perdas embrionárias (JAINUDEEN et
al., 2004), a taxa prenhez nas fêmeas foi semelhante entre a ES (65,0%) e a EC
(85.0%).
CONCLUSÃO
O efeito macho concentrou os acasalamentos no início da estação de monta de
fêmeas nulíparas Anglo-Nubianas, embora a taxa de prenhez tenham sido melhores na estação chuvosa.
Comitê de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
nº 08/12.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA-IRMÃO, J.M.; FREITAS NETO, L.M.; MOURA, M.T. et al. Duration of the breeding season on the reproductive performance of Anglo-Nubian
goats during dry and rainy periods. Veterinary Science Development, Pavia, v.4,
p.43-45, 2014.
CHEMINEAU, P.; PELLICER-RUBIO, M.T.; LASSOUED, N. et al. Reproduc-tion, Nutrition and Development, Paris, v.46, n.4, p.417-429, 2006.
COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL – CBRA, 1998. Manual para exame e avaliação de sêmen animal. 2ª ed. Belo Horizonte: CBRA.
49p.
JAINUDEEN, M.R.; HAFEZ, E.S.E. Ovinos e caprinos. In: HAFEZ, E.S.E.;
HAFEZ, B. Reprodução Animal. 7ed. Barueri, SP: Manole, 2004, P.173-218.
LASSOUED, N.; KHALDI, G.; CHEMI-NEAU, P. et al. Role of the uterus in
ear-ly regression of corpora lutea induced by the ram effect in seasonally anoestrous Barbarine ewes. Reproduction, Nutri-tion and Development, Paris, v.37,
n.5, p.559-571, 1997.
MORALES, J.U.; VÁQUEZ, H.G.G.; ANDRADE, B.M.R. Influencia del pastoreo restringido en el efecto macho em cabras em baja condición corporal durante la estación de anestro. Tecnica Pecuaria en México, Yucatán, v.41, p.251260, 2003.
RAKES, A.H.; OWENS, M.P.; BRITT, J.H. et al. Effects of adding β-carotene
to rations of lactanting cows consuming different forages. Journal of Dairy Sci-ence, Champaign, v.68, n.7, p.1732-1737, 1985.
SANTOS, M.H.B.; OLIVEIRA, M.A.L.; MORAES, E.P.B.X. et al. 2004. Diagnóstico de gestação por ultra-sonografia de tempo real. In: SANTOS, M.H.B.,
OLIVEIRA, M.A.L., LIMA, P.F. Diagnóstico de gestação na cabra e na ovelha.
São Paulo, SP: Varela, p.97-116.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
365
Marcelo Tigre MOURA1; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos Ferreira-SILVA3; Ludymila Furtado CANTANHÊDE4; Raffaela Maria Dias Rodrigues AMORIM5; Luis Rennan OLIVEIRA6
Figura 1 – Distribuição dos estros de cabras nulíparas submetidas ao efeito macho durante as estações de monta de 45 dias nos períodos de seca e chuva.
366
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marcelo Tigre MOURA1; Ludymila Furtado CANTANHÊDE; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos Ferreira-SILVA; Pamela Ramos-DEUS; Roberta Lane de Oliveira SILVA
DETECÇÃO DE GENES RELACIONADOS A PLURIPOTÊNCIA EM CÉLULAS
SOMÁTICAS, OVÓCITOS E EMBRIÕES
CAPRINOS POR PCR EM TEMPO REAL
Detection of pluripotency genes in caprine somatic cells, oocytes and embryos
by real time PCR
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
4
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. carlos.
[email protected]
5
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
6
Universidade Federal de Pernambuco, DG. lane.roberta@
gmail.com
1
Marcelo Tigre Moura1; Ludymila Furtado Cantanhêde; Priscila Germany Corrêa da Silva2;
José Carlos Ferreira-Silva; Pamela Ramos-Deus; Roberta Lane de Oliveira Silva
PA L AV R A S - C H AV E
Capra hircus, totipotência, embriogênese.
KEYWORDS
Capra hircus, Totipotency, embryogene-sis.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento embrionário é um processo controlado por diversos fatores intrínsecos, dentre eles, diversos fatores de transcrição, classificados
como genes relacionados a pluripotência (GRP). Estes genes contribuem para
a viabilidade e capacidade de diferenciação de embriões e células-tronco embrionárias (MOURA, 2012). Além disso, a expressão exógena de GRPs converte células somáticas em células embrionárias (TAKAHASHI e YAMANAKA,
2006). Apesar da importância dos GRPs no controle do desenvolvimento embrionário e reprogramação celular em humanos e camundongos, poucos relatos
investigaram a atividade de GRP em ruminantes. Objetivou-se avaliar a expressão dos genes OCT4, NAC1, DAX1, ZFP281 e RONIN em células somáticas,
ovócitos e embriões caprinos.
MATERIAL E MÉTODOS
Os ovários foram obtidos em matadouro de Bonito, Pernambuco. Os
ovócitos foram aspirados de folículos de 2-6 mm em meio TCM-199 com sais
de Hank’s suplementado com 10% de Soro Fetal Bovino (SFB) e antibióticos.
Os ovócitos com citoplasma de granulação homogênea e mais de uma camada de células do cumulus foram selecionados, conforme descrito anteriormente
(CHIAMENTI et al., 2010).
O meio Maturação in vitro foi composto por TCM-199 com sais de Earle’s suplementado com 5,0 μg mL-1 FSH/LH (Pluset®, Hertape Calier), 10% de
SFB e antibióticos. Posteriormente, os ovócitos foram incubados a 38,5º C em
atmosfera úmida contendo 5% de CO2 durante 24-26 horas.
A fecundação in vitro (FIV) foi conforme descrito por CHIAMENTI et
al. (2010). A seleção dos espermatozo-ides foi por “swim-up”. Meio mDM com
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
367
Marcelo Tigre MOURA1; Ludymila Furtado CANTANHÊDE; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos Ferreira-SILVA; Pamela Ramos-DEUS; Roberta Lane de Oliveira SILVA
10 μg mL-1 de heparina foi acrescentado ao pellet de espermatozoides.
Os ovócitos foram transferidos para mDM com uma suspensão de 2,0
X 106 espermatozóides mL-1, sob condições atmosféricas idênticas aquelas da
MIV por 18-20 horas.
Os zigotos foram transferidos para meio SOF (In vitro Brasil) sobre células do
cumulus. O embriões foram avaliados no 3o, 7o e 8o dia de cultivo.
Pools de 30-60 ovócitos, 15 embriões clivados ou 2 blastocistos e células do
cumulus (>1 x 106) foram preservadas em RNAlater® (Ambion) a -20 °C.
A extração de RNA foi realizada com o kit ReliaprepTM (Promega),
conforme as recomendações do fabricante. O RNA foi quantificado com o espectofotômetro Nanovue plus® (GE Healthcare). O RNA das células do cumulus foi avaliado por eletroforese em gel de agarose a 1%, com corrida a 80V, 120
A por 40 minutos.
A reação de transcriptase reversa (RT) foi realizado com o QuantiTect®
(Qiagen). Possíveis resíduos de DNA genômico foram removidos pela reação
Genomic DNA elimination reaction a 42° C por dois minutos. Adicionou-se a
reação anterior a reação de RT a 42° C por 15-20 minutos. Em seguida, as amostras foram incubadas a 95 °C por três minutos e conservadas a -20° C.
As reações de PCR em Tempo Real (RT-qPCR) foram realizadas no
equipamento LineGene 9660 (Bioer®), com detecção SYBR Green. A reação
foi composta por 1µL de cDNA, 5µL de HotStart-IT SYBR MasterMix (USB®),
0,05µL ROX®, 3,35 µL H2O e 0,3 µL de cada primer (0,15 µM), em volume
final de 10µL. O cDNA para células do cumulus foi diluído (10X), enquanto que
para ovócitos e blastocistos foram uti-lizadas amostras concentradas. As reações
seguiram as seguintes condições: desnaturação inicial de 95 ºC por 2 min, seguida por 40 ciclos de 95 ºC por 15 s, 58 ºC por 30 “, e 72º C por 30 s. As curvas de
melting foram analisadas em 65 – 95º C por 20 min após 40 ciclos. Os níveis de
expressão dos genes candidatos foram avaliados com base no número de ciclos
necessários para atingir um limiar fixo (Ciclo limiar - Ct) na fase exponencial da
RT-qPCR.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
NAC1 foi o único gene avaliado que não amplificou a partir do cDNA
de células do cumulus. No que diz respeito ao nível de expressão dos GRPs
candidatos (ZFP281, OCT4, NAC1, RONIN, DAX1) nas células do cumulus,
os valores de Ct variaram de 28,86 (RONIN) a 34,46 (DAX1). Levando em
consideração que a quantidade de células utilizada para preparação do cDNA
foi superior nesse tipo celular em relação aos ovócitos e embriões, este resultado sugere que os GRPs não são detectados ou expressos em níveis mais baixos
nesse tecido (Figura 1).
Em ovócitos, os Cts variaram de 26,08 (ZFP281) a 31,12 (DAX1) para
os genes candidatos, e de 22,51 (ß-ACTINA) a 23,74 (RPL19) para os genes
de referência (Figura 2). Esse mesmo padrão de expressão foi observado nos
blastocistos, onde ZFP281 (Ct de 26,95) foi o gene mais expresso e DAX1 (Ct
de 32,43) o mais tardio a se expressar.
Os genes de referência apresentaram-se estáveis nos diferentes tipos
celulares testados, exceto para GAPDH e RPL19 nas células do cumulus. No
entanto, ß-ACTINA apresentou grande estabilidade em todos os tipos celulares
368
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Marcelo Tigre MOURA1; Ludymila Furtado CANTANHÊDE; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos Ferreira-SILVA; Pamela Ramos-DEUS; Roberta Lane de Oliveira SILVA
avaliados, apresentando Cts de 21,67 no cumulus, 22,51 em ovócitos e 21,85
nos blastocistos. No entanto, uma avaliação sistemática precisa ser realizada em
embriões caprinos, para determinar se os genes referência utilizados aqui são
estáveis para RT-qPCR.
A análise da curva de melting permitiu confirmar que os primers amplificam apenas um único produto, evidenciado pela presença de único um pico no
gráfi-co (Figura 2). Este resultado sugere que não há evidências de contaminação das amostras com DNA genômico, o que também foi confirmado pela presença de apenas um amplicon para cada pri-mer/gene nos géis de agarose. Por
exemplo, o resultado obtido para OCT4 (Tm de 76,5) em células do cumulus
sugere que a amplificação obtida refere-se provavelmente a dímeros de primers.
As avaliações descritas aqui com-provaram de forma inédita que diversos GRP
são expressos em células embrio-nárias e somáticas caprinas, sugerindo que os
GRPs possam ter funções sem-elhantes em caprinos as evidências em camundongos. Este conhecimento poderá contribuir para aperfeiçoar a clonagem de
caprinos e a produção de transgênicos.
CONCLUSÃO
Os resultados mostraram a dinâmica da expressão de ZFP281, OCT4, NAC1,
RONIN, e DAX1 em células caprinas e sugerem estes achados possam contribuir para elucidação de outros processos celulares na espécie.
Comitê de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
nº 08/12.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAMENTI, A.; AGUIAR FILHO, C.R.; FREITAS NETO, L.M.; et al. Effects of retinoids on the in vitro development of Capra hircus embryos to blastocysts in two different culture systems. Reproduction in Domestic Animals,
Londres, v.45, n.5, p.e68-72, 2010.
MOURA, M.T. Pluripotency and cellular reprogramming. Anais da Academia
Pernambucana de Ciência Agronômica, recife, v.8, p.138-168, 2012.
TAKAHASHI, K.; YAMANAKA, S. Induction of pluripotent stem cells from
mouse embryonic and adult fibroblast cultures by defined factors. Cell, Cambridge, v.126, n.4, p.663-676, 2006.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
369
Marcelo Tigre MOURA1; Ludymila Furtado CANTANHÊDE; Priscila Germany Corrêa da SILVA2; José Carlos Ferreira-SILVA; Pamela Ramos-DEUS; Roberta Lane de Oliveira SILVA
Figura 1 – Valores de Ct para os genes ZFP281, OCT4, NAC1, RONIN, DAX1,
GAPDH, RPL19, ß-ACTINA em células do cumulus de caprinos.
Figura 2 – Valores de melting para os genes OCT4, RONIN, em células do
cumulus e ovócitos de caprinos.
370
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Priscila Germany Corrêa da SILVA1; Marcelo Tigre MOURA2; José Carlos Ferreira-SILVA3; Pamela Ramos-DEUS4; Ludymila Furtado CANTANHÊDE5; Fernando Tenório FILHO6
EFEITO MACHO SOBRE A EFICIÊNCIA
REPRODUTIVA DE OVELHAS NULÍPARAS DA RAÇA SANTA INÊS CRIADAS
NO SEMIÁRIDO E NA ZONA DA MATA
DE PERNAMBUCO
Male effect on reproductive efficiency of nulliparous Santa Inês ewes raised in
Semiarid and Zona da Mata regions in Pernambuco
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
2
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
3
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. carlos.
[email protected]
4
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
5
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
6
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
1
Priscila Germany Corrêa da Silva1; Marcelo Tigre Moura2; José Carlos Ferreira-Silva3; Pamela Ramos-Deus4; Ludymila Furtado Cantanhêde5; Fernando Tenório Filho6
PA L AV R A S - C H AV E
Bioestimulação, Ovis aries, Ciclo Estral, gestação.
KEYWORDS
Bioestimulation, Ovis aries, Estrous Cy-cle,
pregnancy.
INTRODUÇÃO
A ovinocultura representa uma importante fonte de proteína animal,
encontrando-se difundida em vários continentes, especialmente em países em
desenvolvimento como o Brasil. O controle dos eventos reprodutivos contribui
para maximizar a eficiência reprodutiva do rebanho e consequentemente a rentabilidade da ovinocultura. Por isso, a indução e sincronização do estro, permite
concentrar os nascimentos nos períodos mais propícios do ano e a formação
de lotes mais homogêneos de animais (BANDEIRA et al., 2004). O efeito macho apresenta resultados similares aos obtidos com os métodos farmacológicos
(CALDAS et al., 2015), tanto na antecipação da puberdade e da estação reprodutiva, quanto na indução e sincronização do estro. No entanto, a maior parte
das investigações sobre o efeito macho utilizaram raças ovinas lanadas e em
locais condições edafoclimáticas distintas das encontradas no nordeste brasileiro. Avaliou-se a influência do efeito macho sobre a indução e a sincronização
do estro, bem como sobre a prenhez e a prolificidade de ovelhas nulíparas das
raças Santa Inês (n = 80) criadas nas Regiões do Semiárido e da Zona da Mata
do Estado de Pernambuco.
Material e Métodos
Os experimentos foram realizados nos municípios de Sertânia e Escada,
Pernambuco. Dois carneiros com idade entre 24 e 48 meses e 80 fêmeas nulíparas Santa Inês com 11 a 12 meses de idade foram utilizadas no experimento. Os
animais no semiárido foram mantidos em pastagens nativas, pastagens cultivadas de capins buffel (Cenchrus ciliaris, L.) e pangola (Digitaria decumbes), além
da suplementação com silagem de sorgo (Sorghum bicolor, Moench.) e palma
forrageira (Napolea cochenillifera, Salm-Dick). Os animais na Zona da mata fo-
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
371
Priscila Germany Corrêa da SILVA1; Marcelo Tigre MOURA2; José Carlos Ferreira-SILVA3; Pamela Ramos-DEUS4; Ludymila Furtado CANTANHÊDE5; Fernando Tenório FILHO6
ram mantidos em pastagens de braquiária (Brachiaria humidicola) e nativa com
gengibre (Paspalum maritimum), capim de raiz (Chloris orthonton), grama de
burro (Cynodon dactylon) e braquiária do brejo (Brachiaria tunnergrass), além
da suplementação com capim elefante (Pennisetum purpureum) no período da
tarde. Todos os animais tiveram acesso a água e sal mineral ad libitum.
As fêmeas foram separadas aleatoriamente em dois grupos de 40 animais. Os machos foram mantidos a distância das fêmeas por 30 dias, sem qualquer contato com as fêmeas. No dia anterior ao início da estação de monta, os
machos foram submetido ao exame andrológico (CBRA, 1998). Quando introduzidos no lote de fêmeas, os machos foram untados na região do esterno com
uma mistura de graxa e tinta xadrez (4:1) para identificação das fêmeas em
estro. A cor da tinta foi trocada a cada 10 dias para facilitar a identificação das
fêmeas que retornaram ao estro. A detecção visual dos estros foi feita duas vezes
ao dia (6:00 e 16:00 horas) por períodos de uma hora durante toda a estação de
monta.
O diagnóstico de prenhez foi realizado por ultrassonografia 60 dias após
a última detecção de estro conforme descrito anteriormente (SANTOS et al.,
2004).
Os dados foram analisados pela ANOVA e pelo teste de Tukey para comparações entre médias e pelo teste do qui-quadrado para dados binomiais. Diferenças com probabilidades de p < 0,05 foram consideradas significativas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Semiárido, os estros ocorreram até 48o dia da estação de monta.
Na Zona da Mata, as fêmeas Santa Inês apresentaram estro até o 56o dia. Tanto na Região do Semiárido quanto na Zona da Mata, a maior concentração de
estros ocorreu entre o 11o e o 15o dia da estação de monta. No Semiárido, a
sincronização dos estros, ou seja, estros detectados nos cinco primeiros dias da
estação, ocorreu apenas em 10% das fêmeas. Na Zona da Mata, somente 10%
das fêmeas tiveram os estros sincronizados (P > 0,05). Além disso, houve uma
maior incidência de ciclo estrais curtos no semiárido (Tabela 1), embora a incidência de estros normais tenha sido semelhante. No Semiárido, a prenhez total
no primeiro serviço foi de 52,97% e no segundo de 50,00%, já o total de partos
foi 88,46% de simples e 11,81% de duplo, com prolificidade de 1.11±0,34. Na
Zona da Mata a prenhez total foi de 44,44% no primeiro, 60,00% no segundo
serviço e o total de partos foi de 85,71% de simples, 14,29% de duplo e com
prolificidade de 1.14±0,38.
Todas os resultados foram semelhantes nas duas condições (semiárido
e Zona da Mata), demonstrando que quando os animais recebem boa oferta de
alimento e manejo, principalmente no semiárido, o efeito macho apresenta resultados sem-elhantes independente da região.
CONCLUSÃO
Os resultados permitem concluir que o efeito macho não sincronizou o
estro de ovelhas nulíparas, mas concentrou as cobrições nos primeiros 15 dias
de uma estação de monta, sem prejuízo da eficiência reprodutiva.
372
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Priscila Germany Corrêa da SILVA1; Marcelo Tigre MOURA2; José Carlos Ferreira-SILVA3; Pamela Ramos-DEUS4; Ludymila Furtado CANTANHÊDE5; Fernando Tenório FILHO6
Comitê de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
nº 08/12.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANDEIRA, D.A.; SANTOS, M.H.B.; CORREIA NETO, J. et al. Aspectos
gerais da caprino-ovinocultura no Brasil e seus reflexos produtivo e reprodutivo.
In: SANTOS, M.H.B.; OLIVEIRA, M.A.L.; LIMA, P.F. Diagnóstico de gestação na cabra e na ovelha. Editora Varela, São Paulo, p.1-8, 2004.
CALDAS, E.L.C; FREITAS NETO, L.M.; ALMEIDA-IRMAO, J.M.; et al. The
in-fluence of separation distance during the preconditioning period of the male
effect approach on reproductive performance in sheep. Veterinary Science Develop-ment, 2015 (No prelo).
COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL – CBRA, 1998. Manual para exame e avaliação de sêmen animal. 2ª ed. Belo Horizonte: CBRA.
49p.
SANTOS, M.H.B.; OLIVEIRA, M.A.L.; MORAES, E.P.B.X. et al. 2004. Diagnóstico de gestação por ultra-sonografia de tempo real. In: SANTOS, M.H.B.,
OLIVEIRA, M.A.L., LIMA, P.F. Diagnóstico de gestação na cabra e na ovelha.
São Paulo, SP: Varela, p.97-116.
Tabela 1 – Avaliação da duração do ciclo estral em fêmeas Santa Inês durante
a estação de monta de 60 dias nas Regiões do Semiárido e da Zona da Mata do
Estado de Pernambuco.
Semiárida
Zona da Mata
Tipo de Ciclo Estral
n/n (%)
n/n (%)
Curto (<17 dias)
10/40 (25,00)A
14/40 (35,00)B
Normal (17 a 23 dias)
24/40 (60,00)
22/40 (55,00)
Total
34/40 (85,00)
36/40 (90,00)
Letras sobrescritas maiúsculas diferentes (A, B) na mesma linha indicam diferença estatística (P>0,05).
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
373
Priscila Germany Corrêa da SILVA1; Marcelo Tigre MOURA; José Carlos Ferreira-SILVA; Raffaela Maria Dias Rodrigues
AMORIM; Maico Henrique Barbosa dos SANTOS; Luis Rennan OLIVEIRA
Efeito macho associado à duração da estação
de monta sobre o desempenho reprodutivo
de ovelhas Santa Inês pluríparas cíclicas
Male effect associated with breeding season duration on reproductive performance of cycling pluriparous Santa Inês ewes
Priscila Germany Corrêa da Silva1; Marcelo Tigre Moura; José Carlos Ferreira-Silva; Raffaela
Maria Dias Rodrigues Amorim; Maico Henrique Barbosa dos Santos; Luis Rennan Oliveira
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. [email protected]
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
Universidade Federal Rural
de Pernambuco, DMV. carlos.
[email protected]
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. [email protected]
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. maicohenriquesantosbarbosa@gmail.
com
Universidade Federal Rural de
Pernambuco, DMV. rennanlr@
hotmail.com
1
PA L AV R A S - C H AV E
KEYWORDS
Bioestimulação, Fertilidade, Gestação, Ovino deslanado.
Bioestimulation, Fertility, Gertation, Hair
sheep.
INTRODUÇÃO
O Brasil possui um crescente rebanho ovino, e dentro do nordeste, Pernambuco detém o quarto maior efetivo de ovinos (IBGE, 2011). Apesar da importância socioeconômica da ovinocultura, a atividade permanece com limitada
adoção de práticas adequadas de manejo, e consequentemente, com baixa rentabilidade (NUNES et al., 1997). O uso do efeito macho representa um alternativa
de manejo reprodutivo de baixo custo para todos os produtores. O efeito macho
permite concentrar as coberturas e o posterior nascimentos dos borregos nos períodos desejados. Objetivou-se avaliar parâmetros do comportamento reprodutivo de ovelhas da raça Santa Inês submetidas ao efeito macho com estações de
monta de 25, 35 e 45 dias nas regiões semiárida e Zona da Mata de Pernambuco.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram realizados nos municípios de Sertânia (semiárido) e Escada (Zona da Mata), estado de Pernambuco. Seis machos com fertilidade comprovada e 180 fêmeas Santa Inês entre 36 e 48 meses foram utilizadas
no experimento (três machos e 90 fêmeas em cada município). Após a seleção,
as fêmeas foram identificadas, pesadas e de forma aleatória e equitativa foram
distribuídas nas estações de monta com duração de 25 dias (EM-25d), 35 dias
(EM-35d) e 45 dias (EM-45d) em cada município. Os animais foram mantidos
em pastagens nativas, pastagens cultivadas de capim buffel (Cenchrus ciliaris,
L.), suplementados com silagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum,
Schum.), água e sal mineral ad libitum.
Os machos foram mantidos a uma distância de 300 metros das fêmeas
por 60 dias. No dia anterior ao início da estação de monta, os machos foram
submetido ao exame andrológico (CBRA, 1998). Quando introduzidos no lote
de fêmeas, os machos foram untados na região do esterno com uma mistura de
graxa e tinta xadrez (4:1) para identificação das fêmeas em estro. A cor da tinta
foi trocada a cada 10 dias para facilitar a identificação das fêmeas que retornaram ao estro. A detecção visual dos estros foi feita duas vezes ao dia (6:00 e
374
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
Priscila Germany Corrêa da SILVA1; Marcelo Tigre MOURA; José Carlos Ferreira-SILVA; Raffaela Maria Dias Rodrigues
AMORIM; Maico Henrique Barbosa dos SANTOS; Luis Rennan OLIVEIRA
16:00 horas) por períodos de uma hora durante toda a estação de monta.
O diagnóstico de prenhez foi realizado por ultrassonografia 60 dias após a última detecção de estro conforme descrito anteriormente (SANTOS et al., 2004).
Os dados foram analisados pela ANOVA e pelo teste de Tukey para comparações entre médias e pelo teste do qui-quadrado para dados binomiais. Diferenças
com probabilidades de p < 0,05 foram consideradas significativas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Semiárido, as porcentagens de estro das fêmeas Santa Inês variaram
de 90,0% a 96,6%, não se observando dife-rença (P > 0,05). Na Zona da Mata,
as porcentagens de estro das fêmeas Santa Inês foram de 100%, não se observando diferença (P > 0,05). As comparações efetuadas entre as regiões não evidenciaram diferença (P > 0,05). No Semiárido, 167/180 (92,7%) das fêmeas evidenciaram estro em até 40 dias da estação de monta e a sincronização dos estros
ocorreu em 55,0% das fêmeas Santa Inês. Na Zona da Mata, 177/180 (98,3%)
das fêmeas apresentaram estro no período de 40 dias e a sincronização dos estros ocorreu em 60,0% das fêmeas da raça Santa Inês. No Semiárido, a prenhez
das fêmeas Santa Inês variou de 85,2% a 96,3%, não se evidenciando diferença
(P > 0,05). Na Zona da Mata, os percentuais variaram de 86,6% a 90,0% com as
fêmeas da raça Santa Inês, não havendo diferença (P > 0,05) entre esses valores.
No Semiárido, a prolificidade variou de 1,29 ± 0,45 a 1,35 ± 0,47 e na Zona da
Mata de 1,35± 0,47 a 1,42 ± 0,49, não diferindo entre as regiões.
CONCLUSÃO
Os resultados permitem concluir que o efeito macho associado à redução
da estação de monta é eficiente para induzir e sincronizar o estro de fêmeas pluríparas cíclicas sem comprometer a prenhez e a prolificidade.
Comitê de Ética
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade Pio Décimo. Processo
no 08/12.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL – CBRA, 1998. Manual para exame e avaliação de sêmen animal. 2ª ed. Belo Horizonte: CBRA.
49p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Produção da Pecuária Municipal. Rio de Janeiro, v.37, p.1-55,2011. Disponível
em: <http://www.ibge.gov. br/home/estatistica/economia/ppm/2011/ppm2011.
pdf>. Acesso em: 13 Janeiro de 2015.
NUNES, J.F.; CIRÍACO, A.L.T.; SUAS-SUNA, U. Produção e reprodução de
caprinos e ovinos. 2. ed. Ceará: LCR, 1997. 160 p.
SANTOS, M.H.B.; OLIVEIRA, M.A.L.; MORAES, E.P.B.X. et al. 2004. Diagnóstico de gestação por ultra-sonografia de tempo real. In: SANTOS, M.H.B.,
OLIVEIRA, M.A.L., LIMA, P.F. Diagnóstico de gestação na cabra e na ovelha.
São Paulo, SP: Varela, p.97-116.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
375