As Imagens Falam

AS IMAGENS FALAM
AS HQS e a HISTÓRIA
Prof. Reinaldo Nishikawa
1) Imagem como documento
2) Análise da Imagem como narrativa
3) Necessidade de se realizarem “Exercício do Ver”
Durante
Histórias
em
muito
tempo, as
Quadrinhos
foram
tratadas como um entretenimento
para crianças. Essa histórias curtas,
sem muitas vezes, relações entre
uma história e outra, serviram como
entretenimento mas a construção
desse espaço pode e deve ser
utilizado como análise histórica das
imagens.
As imagens em quadrinhos
são analisadas de acordo com os
interesses
de
uma
gama
de
indivíduos que compõem essa fonte.
Devemos pensar, por exemplo, que apenas o quadrinista não representa todos os
envolvidos no processo de análise histórica. O contexto histórico de produção passa
pelos editores, pelos interesses mercadológicos vigentes, pelo apelo envolvido e,
também, pelo sucesso da obra, que pode mudar de rumo de acordo com as opiniões
em geral.
Vejamos alguns exemplos que podem ser trabalhados em sala de aula. O
primeiro deles pode ser tratado como temática para a SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
1º tema: 2ª Guerra Mundial – 1939-1945
2º tema: movimento feminista.
Objetivos:
 Discutir a importância da mulher durante a Segunda Guerra Mundial nos EUA;
 Apresentar uma nova fonte para análise história.
Introdução
Em 1941, a DC Comics estréia sua personagem Mulher Maravilha (Wonder
Woman). Princesa da Ilha Paraíso, também conhecida como Themyscira, ela é rainha
das amazonas. Criada do barro por sua mãe, foi treinada como guerreira em uma ilha
que não havia homens. Já adulta, conhece o mundo dos homens, buscando levar a
paz e a justiça. Seu principal inimigo é o deus da guerra Ares. Sua primeira
publicação foi na revista All Star Comics #8 (dez 1941).
Esse personagem surge em um importante
momento da história americana, ou seja, durante a
Segunda Guerra Mundial. Os homens estavam em
guerra; as fábricas, as empresas não poderiam parar,
e foram as mulheres que cumpriram esse papel.
Deixaram o lar para suprir os braços que faltavam.
Desenvolvimento
Ao analisar esse personagem, devemos levar
em consideração que:
 O contexto da guerra necessitava de um personagem que encarnasse as
necessidades da mulher americana;
 Seu principal inimigo era justamente o deus Ares (guerra) e a paz sua
bandeira; vamos pensar que estávamos em plena guerra e o maior desejo de
todos era o fim imediato da mesma;
Os alunos devem compreender que os quadrinhos estavam legitimando o
papel da nova mulher americana, aquela que, além de cuidar dos filhos e da casa,
estava assumindo um novo papel, o trabalho fora de casa. Essa tripla jornada a
colocava como uma verdadeira heroína do século XX. Era uma mulher maravilha.
Pergunte para os alunos como é a realidade de sua casa. Quantas mulheres
hoje não cumprem essa dura jornada?
O mais interessante é que, enquanto a Mulher Maravilha servia para legitimar
a nova função feminina dentro dos Estados Unidos, no início de 1941 (março) foi
lançado um novo herói que representava o avanço dos EUA na Guerra, O Capitão
América representava a própria América, o que pode ser notado por suas roupas.
Reparem na imagem ao lado, seu
inimigo não era nada menos que Adolf
Hitler. Observem então a questão.
Dentro da América, as mulheres
estavam
representadas
por
uma
heroína que pregava a paz e a
harmonia, fora, onde os soldados
estavam
enfrentando
as
tropas
inimigas, um soldado que recebeu um
super soro, transformou o pequeno
Steve Rogers no Capitão América.
Questionem como os alunos,
que outros personagens representam
as cores americanas? O homem-aranha, o super-homem, por exemplo.
Na análise das imagens, fica clara a visão criada em torno da guerra.
Os heróis eram a ideologia americana sendo levada para todos os cantos da
América e fora dela.
Conclusão
As histórias em quadrinhos representam os interesses daqueles que os
criaram, ao tratar das histórias da Mulher Maravilha, podemos pensar se eles
refletem o papel da mulher nos dias atuais. Mas e a mulher da década de 19401950 que viveu a guerra, será que também se via representada por essa heroína?