Comunitá Italiana - 6º Seminário Nacional de Tomate de Mesa

Transcrição

Comunitá Italiana - 6º Seminário Nacional de Tomate de Mesa
Salerno
Brasileiros voltam
encantados com os
vinhos da província
Tomate
Conheça os tipos
mais usados
na cozinha
Cinema
Diretores italianos
driblam a crise
com muito talento
www.comunitaitaliana.com
Rio de Janeiro, novembro de 2012
Ano XVIII – Nº 172
Próximo
ISSN 1676-3220
R 7,00 R$ 11,90
Nem todos os caminhos levam a Roma.
Começa a temporada de inverno em lugares
ainda pouco visitados pelos brasileiros.
Itália aposta em destinos não convencionais
para mostrar que tem mais a oferecer
Entrevista com o fenômeno literário Fabio Volo que lança livro no país
EVOLUTION OF THE COLOR3
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no serviço de coloração profissional.
Cor e cabelos perfeitos com efeito 3D.
Para conquistar definitivamente todas as suas clientes.
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SAC 08000 212652 • WWW.ALFAPARFEDUC.COM.BR • WWW.ALFAPARF.COM
N o v e m bro de 2012
A no X V III
N º172
Cinema
44 | Renovação
Literatura
52 | Fabio Volo
Conheça os cineastas
italianos que, em plena crise
financeira, estão ganhando
o mundo com o movimento
Risorgimento
Fenômeno literário italiano,
jovem escritor conta em
entrevista que sonha vir ao
Brasil por conta de seus livros
Sociedade
24 | Tendências
Domenico De Masi se prepara
para encontrar intelectuais
brasileiros e italianos em
Paraty em março de 2013
para buscar um novo modelo
de vida e traça 20 tendências
sociais para 2020
Náutica
14
Automóveis
26 | Vitrine O Salão
Divulgação de destinos menos
procurados por brasileiros
no Facebook e no YouTube
é a nova estratégia da Itália
para atrair ainda mais
turistas. Cortina d’Ampezzo,
Óstia, Modena, o interior da
Campânia e a Sicília são
alguns dos lugares cujo
turismo o governo italiano
quer incrementar
do Automóvel de São Paulo
é palco de lançamentos de
marcas como a Fiat, que
apresentou o novo Punto
dotado do sistema Fiat
Social Drive
6
12 | Fabio Porta
Cinquant’anni fa, il Papa
Giovanni XXII annunciava
al mondo l’inizio del Concilio
Vaticano II, in grado di
trasformare la Chiesa e
di incidere sulla storia
del mondo
L’Europa unita è un sogno?
Stampare lirette non è
sovranità; è masochismo
Capa
32 | Turismo
sono opportunità di business
anche per le pmi. Il Paese è un
mercato enorme e per niente
facile, a partire dalle rigide
barriere doganali che limitano
le importazioni
O ministro italiano Corrado
Clini recebe o título de
cidadão do estado do
Rio de Janeiro
13 | Ezio Maranesi
Um novo fenômeno acontece em Salerno: jovens
produtores deixam as cidades e voltam às origens
da família para se dedicaram à vinicultura
Economia
20 | Internazionalizzazione In Brasile ci
Nossos colunistas
09 | Cose Nostre
Gastronomia
46 | Tomates
Conheça todas as variedades
apreciadas no Brasil e na
Itália e suas propriedades
no combate a doenças
53 | Tartufi
Está aberta a curtíssima
temporada das trufas
italianas, com menus
especiais em alguns
restaurantes italianos
do Brasil
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
31 | Guilherme
Aquino O tradicional
concerto de fim de ano em
Milão este ano acontece no
castelo Sforzesco e não diante
do Duomo
42 | Nova fábrica
No Salão de Gênova, foi
anunciada a construção de
mais um estaleiro do grupo
Azimut-Benetti até 2014
Moda
22 | Fashion
Business Durante
evento no Rio, estilista
italiano Stefano Sorci
fala sobre moda global e
sustentabilidade
43 | Italian Style
Acessórios de luxo para
animais de estimação estão
entre as últimas novidades
das grifes italianas
54 | Claudia
Monteiro De Castro
As galochas são a melhor
compra para enfrentar a
estação das chuvas nas
cidades italianas
Editorial
Expediente
Fundada
Voto pra quem?
A
corrida para as eleições italianas na primavera européia de 2013 começou
com as prévias dos partidos ocorridas no início de novembro. Pelo mundo,
a lei criada em 2001 pelo então ministro Mirko Tremaglia, falecido em dezembro do ano passado, que leva seu nome, disciplina o voto para os italianos residentes no exterior. A chamada Circunscrição Exterior tem quatro repartições:
Europa; América Meridional; América Setentrional e Central; África Ásia Oceania e Antártida. São eleitos 12 deputados e 6 senadores nessas áreas pelo voto dos inscritos nos
consulados pelo Aire. Para a região Meridional, existe uma ampla vantagem para os argentinos, que têm dois deputados e dois senadores eleitos, respectivamente Giuseppe
Angeli e Ricardo Merlo, Esteban Caselli e Mirella Giaia. Para o Brasil temos o deputado
Fabio Porta, reeleito em 2008.
A conta não é difícil de entender, uma vez que o número de passaportes para os
hermanos é o dobro do existente por aqui. Fica evidente neste quadro representativo
que a política exterior italiana privilegiou as relações com o
país vizinho em nosso continente durante décadas. O contingente de descendentes nascidos em território brasileiro
com direito ao passaporte italiano é enorme, mas a falta de
estrutura consular desde sempre impediu que os processos
fossem ágeis. O número de representações diplomáticas é
praticamente o mesmo nos dois países mesmo com as óbvias
diferenças de dimensões. A Itália sempre esteve mais perto
da Argentina, e mesmo quando o país atravessou sua pior
crise, que levou milhares de pessoas a bater panelas pelas
ruas de Buenos Aires, os italianos compraram títulos furados argentinos.
Com o crescimento da economia brasileira, que passou
Pietro Petraglia
de país devedor do Fundo Monetário Internacional para creEditor
dor do mesmo nos últimos anos, o governo da bota viu como
estava errada sua política internacional e passa a olhar com
mais atenção para as relações comerciais com o Brasil. Mas e os cidadãos italianos por
aqui, como andam? Como está o atendimento nos consulados pelo Brasil? Quais foram
as conquistas para estes eleitores após a entrada em vigor do voto?
As informações que recebemos não são animadoras. No Brasil, além das filas pelos consulados, dezenas foram as associações que fecharam suas atividades sócio-recreativas, culturais e mesmo o hospital da Sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo
Socorro do Rio de Janeiro está em estado degradável. Muitas vezes, a bem da verdade,
a culpa são dos próprios dirigentes das entidades que, ou por serem centralizadores ou
pela falta de uma gestão adequada, acabam por decretarem a falência da história de
entidades que em grande parte foram importantes para as relações entre os países e
seus cidadãos.
Nos próximos números, vamos mostrar o que fazem os parlamentares eleitos
pela Circunscrição Meridional e quais são as principais demandas de uma comunidade
que conta com 30 milhões de descendentes no Brasil. Gente que se identifica com a
Itália de origem e vive e ajuda a desenvolver um Brasil de muitas riquezas.
Boa leitura!
em
março
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
1994
Diretor-Presidente / Editor:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
Diretor: Julio Cezar Vanni
Publicação Mensal e Produção:
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14/11/2012 às 18h00
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Capa: Editoria de arte
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Pietro Polizzo; Marco Lucchesi; Domenico De
Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele;
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Ezio Maranesi; Fabio Porta; Venceslao Soligo;
Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato;
Walter Fanganiello Maierovitch;
Gianfranco Coppola; Lisomar Silva
CorrespondenteS:
Guilherme Aquino (Milão); Gina Marques (Roma);
Janaína Cesar (Treviso); Quintino Di Vona (Salerno);
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e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos
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estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima
libertà, personali opinioni che non riflettono
necessariamente il pensiero della direzione.
ISSN 1676-3220
8
de
cosenostre
JulioVanni
Crise
reduz províncias
governo italiano aprovou a redução do número de províncias do
O
país a quase a metade, dentro de uma campanha para diminuir
os onerosos custos das administrações regionais. O decreto reduz o
número de províncias para 51, das 86 atuais. O premier Mario Monti conduziu uma revisão dos gastos públicos para controlar a enorme
dívida pública italiana, equivalente a 126% do PIB. O decreto afeta
grandes cidades como Milão, que incorporará a província de Monza,
mas não inclui regiões semiautônomas como a Sicília. Os governos
provinciais serão abolidos a partir de 2013. O texto também contém
medidas para impedir que as autoridades locais tenham várias responsabilidades de uma só vez. Também foi aprovado um corte de 40
milhões de euros anuais do custo de governos regionais.
Michelangelo no Rio
E
m junho de 2013, o Museu Nacional de Belas
Artes do Rio de Janeiro vai abrigar obras de gênios do impressionismo como Monet, Van Gogh,
Cézanne e Renoir. Serão 89 pinturas provenientes
do Museu do Vaticano. Destacam-se: Pietá I e II,
de Michelangelo; S. Isodora Agricola, Decollazione di
Sant’Agapito, e San Francesco in meditazione, de Caravaggio; Cristo, de Fra Angélico; Testa di Cristo e Cristo Redentore, de Leonardo da Vinci; e Risurrezione,
de Tiziano. O evento fará parte da programação da
Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que contará
com a presença do Papa Bento XVI.
Corrupção
Medalha
Affari
o dia 5 dezembro, o
O
parlamento italiano aprovou uma lei que prevê que
condenados por máfia ou
crime de corrupção não possam se candidatar a cargos
públicos. A corrupção custa
caro aos cofres do Estado:
€60 bilhões por ano, segundo o Ministério da Justiça do
país. Se diminuísse pela metade o prejuízo, o salário dos
funcionários públicos poderia
subir 4% e algumas categorias
de empresa poderiam crescer
20%. Com a lei, funcionários
públicos serão impedidos de
pedir ou receber presentes.
Cursos de ética e legalidade
serão implantados e as obras
e concorrências públicas deverão ir para um banco de dados
online, aberto aos cidadãos. A
compra de votos só será crime
se for feita com dinheiro. Favores em troca de voto continuarão impunes.
N
O
ministro italiano do Meio Ambiente, Corrado Clini, foi homenageado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) com a Medalha Tiradentes, a mais importante comenda do Parlamento fluminense, no dia 5 de novembro. Na ocasião, Clini recebeu também
o título de cidadão do estado do Rio. Para o presidente da Alerj,
o deputado Paulo Melo (à direita), os serviços prestados em benefício da sustentabilidade global foram os motivadores das congratulações, bem como a participação do ministro italiano na
Rio+20. Segundo Melo, a Itália desenvolve políticas ambientais ao agregar pesquisa e tecnologia, um exemplo a ser seguido. Lisonjeado, Clini salientou que o Rio tem uma grande
oportunidade de mudar e limpar o seu ambiente
ao se preparar para as Olimpíadas de 2016.
Gae
Aulenti
ae Aulenti, autora do projeto de reforma do
G
Museu d’Orsay, em Paris, realizado entre
1980 e 1986, faleceu no dia 1º de novembro aos
85 anos, em Milão. Aulenti, cuja saúde estava
fragilizada nos últimos anos, nasceu em Palazzolo dello Stella, na província de Udine, no nordeste da Itália, em 1927. Designer de interiores
e espaços industriais, estudou na Universidade
Politécnica de Milão e desenvolveu seu trabalho
nesta cidade e em Veneza, cidade em que restaurou o Palácio Grassi em 1985. Em Barcelona,
junto com o arquiteto Josep Benedito, trabalhou
na década de 1980 na reestruturação do Museu
de Arte da Catalunha. Gae também projetou cenários para o diretor de teatro Luca Ronconi.
Trocas culturais
E
m outubro e novembro, foram realizadas, em Belém, conferências com
a intenção de fortalecer a relação entre a
Academia de Belas Artes de Bolonha e o
Projeto Cultural Casa Rosada, patrimônio
histórico do Pará. As docentes Carmen Lorenzetti, mestre em História da Arte pela
Fundação Longhi de Florença, e Beatrice
Buscaroli, especialista da Universidade de
Bolonha, falaram sobre a obra do arquiteto
Landi, que adaptou o estilo bolonhês, sua
região de origem, às condições climáticas
da Amazônia para construir obras de arte
como a Catedral da Sé e a Igreja de Nossa
Senhora do Carmo em pleno século XVIII.
embaixador italiano
no Brasil, Gherardo La
Francesca; a secretária de
Desenvolvimento Econômico de Minas, Dorothea
Werneck; e o presidente
da Aethra Sistemas Automotivos, Pietro Sportelli,
recebem a Medalha Italia
Affari. A solenidade da
7ª edição do evento, promovido anualmente pela
Câmara Italiana de Comércio de Minas Gerais
que homenageia personalidades que colaboram
para o fortalecimento das
relações entre os dois países, acontece nos salões
do Automóvel Clube de
Minas Gerais.
Cidades das
Confederações
Fifa confirmou as capitais
A
que receberão a Copa das
Confederações, de 15 a 30 de junho de 2013. O jogo de abertura
será em Brasília e a final no Maracanã. Os outros estados serão o
Mineirão (em Belo Horizonte), o
Castelão (em Fortaleza), o Fonte
Nova (em Salvador) e o Arena
Pernambuco (em Recife), que
terão que estar prontos em abril.
Os ingressos estarão disponíveis
pela internet a partir de dezembro. Os preços variam de R$
28,50 (meia-entrada) a R$ 418.
comunit àit aliana | novem br o 2012
9
Opinião
enquetes
frases
“Uma mulher que não quer
crianças pode ser feliz sem
elas. Mas, para uma mulher que
deseja muito tê-las... É muito
difícil para ela ser feliz”,
A União Europeia
recebeu o Prêmio Nobel
da Paz em meio a crise
econômica. Foi justa a
premiação?
Sim - 37,5%
Não - 62,5%
No site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 04/10/12 e 09/10/12.
FMI aponta
vulnerabilidade
do Brasil à piora
da crise europeia.
Concorda?
Sim - 20%
Não - 80%
No site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 10/10/12 e 15/10/12.
Você acha que a
nova lei anticorrupção,
aprovada na Itália, será
respeitada?
Sim - 42,9%
Não - 57,1%
No site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 16/10/12 e 22/10/12.
no celular
Penélope Cruz, atriz, em entrevista ao
The Guardian, ao dizer que a maternidade
lhe ajudou a ser mais exigente na seleção
de seus papéis e também a compreender
melhor seu personagem Gemma, do
filme italiano Venuto al Mondo
“Gosto muito da
interculturalidade. O
cinema é uma grande
família de gente que tem
códigos em comum”,
“Não se pode parar o
tempo. Nunca fiz lifting
ou coisas do gênero.
Tenho que aceitar o
tempo que passa”,
Marco Bechis, cineasta de
origem italiana e chilena, ao
falar de sua identidade múltipla
e de sua visão do cinema
durante a Mostra de São Paulo
Claudia Cardinale, atriz,
durante a Mostra de Cinema
de São Paulo, ao comentar
que nunca fez plástica e que
aceita bem a velhice
“A confiança que o povo
americano sabiamente
quis renovar permitirá
que toda a comunidade
internacional, a Europa
e Itália, se beneficiem
da sua liderança e do
bom senso que pude
apreciar em nosso
primeiro encontro na
Casa Branca”,
Mario Monti, primeiro
ministro da Itália, ao saber da
reeleição do presidente norteamericano Barack Obama, no
início de novembro
“Cheryl Cole é a perfeita
mulher Cavalli”,
Roberto Cavalli, estilista, em
entrevista à revista Vogue, ao
dizer que a cantora Cheryl
Cole é a mulher ideal para
vestir suas roupas por ser
forte, confiante e sexy
“Temos que reconhecer
o fato de que a iniciativa
deste governo é uma
continuação de uma
espiral de recessão para a
nossa economia”,
Silvio Berlusconi, ex primeiroministro, durante coletiva de
imprensa em que criticou o
governo de Mario Monti, dizendo
que ele e seu partido PDL podem
deixar de apoiar o premier nas
eleições de abril de 2013
“Fora os ladrões, os
ignorantes, os incapazes”,
Jacopo Morelli, líder dos jovens
de Confindustria, reunidos em
Capri, em outubro, ao pedirem
o fim do uso de cargos públicos
como meio de enriquecimento
Acesse comunitaitaliana.
com no seu smartphone
com o código QR acima
cartas
“M
uito interessante a matéria sobre os pães italianos: a
forma artesanal como a massa é produzida até hoje,
com determinados tipos de farinha, agregando sal ou não. E
também achei interessante a rivalidade regional que existe
em torno dos tipos de pães.”
Paloma Martins,
São Paulo – SP – por e-mail
10
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
“G
ostei bastante da matéria com dicas de comportamentos para evitar roubos e furtos durante viagens.
É importante saber como proceder nesses casos violentos:
quais instituições procurar para fazer boletim de ocorrência
e como se portar nessas situações.”
Sérgio Almeida,
Rio de Janeiro – RJ – por e-mail
Serviço
agenda
Itália: Ame-a ou Deixe-a
O Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro sedia até
11 de dezembro o evento Itália
- Amala o Lasciala, que propõe
um olhar contemporâneo sobre o país através do cinema.
A mostra também discute o
significado de viver na Itália
hoje. Por que muitas pessoas
deixam tudo para recomeçar
em outro lugar? Por que há
quem diga que seja melhor ficar? O país já não é mais o dos
filmes de Fellini e Mastroianni. Através de um percurso de
oito jovens diretores, a mostra
tenta explorar as contradições
do Belpaese.
www.iicrio.esteri.it
Arte, Desenho e Design
Em São Paulo, o Instituto Tomie Ohtake, em parceria com
a 30ª Bienal de São Paulo,
abriga até 18 de fevereiro de
2013 a mostra do artista e designer italiano Bruno Munari.
A exposição Arte, Desenho e
Design reúne 70 trabalhos,
entre colagens, serigrafias,
uma mostra de obras-primas
provenientes do museu do
Louvre. Luzes do Norte - Desenhos e gravuras da Coleção Barão
de Rothschild traz 61 gravuras
de Dürer, Altdorfer, Schongauer e outros artistas alemães
do século XVI que viveram na
Itália, no início do Renascimento, sendo influenciados
por esse movimento. As obras
mostram minuciosos detalhes
que criam luz e sombra e parecem dar volume às formas.
www.masp.art.br
esculturas, objetos, registros
de performances e pinturas,
e resgata as origens futuristas
do artista, bem como suas investigações educativas. www.institutotomieohtake.org.br
VicenzaOro
Winter & T-Gold
A exposição internacional de
joias, equipamentos e tecnologias voltadas para o setor
acontece na Via dell’Oreficeria,
na cidade de Vicenza, de 19 a
24 de janeiro de 2013. A feira
contará com 1.500 expositores que apresentam o melhor
da sua produção. A T-Gold faz
parte da feira e mostra máquinas sofisticadas utilizadas na
confecção de metais preciosos.
A Câmara Ítalo-Brasileira de
Comércio e Indústria do Rio
apoia o evento e os lojistas
brasileiros que têm interesse
em participar da feira.
www.vicenzafiera.it
8º Festival Pirelli
De 24 de novembro a 13 de
dezembro, o cinema italiano
invade São Paulo. O 8º Festival
Pirelli conta com workshops
na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) de 24 a
30 de novembro. Depois, o
público confere a retrospectiva de obras italianas do ator
Giancarlo Giannini no Museu
da Imagem e do Som, de 30
de novembro a 6 de dezembro.
Para finalizar, de 7 a 13 de dezembro, acontece a mostra
contemporânea em salas da rede Cinemark e do Cine Sabesp.
www.cinemaitaliano.com.br
Renascimento
O Museu de Arte de São Paulo,
o Masp, sedia até 13 de janeiro
clickdoleitor
A Folie Baudelaire Se Paris foi a “capital do século XIX”,
como queria Walter Benjamin, Charles Baudelaire compôs
a figura que mais lhe emprestou uma fisionomia moderna.
A partir desse pressuposto, o autor italiano Roberto Calasso
aborda em seu livro a influência de Baudelaire sobre as mais
diversas correntes e gêneros artísticos. A obra remete à onda intelectual na qual foram submergidos grandes nomes
como Chateaubriand, Nietzsche, Proust e outros. Os sete
capítulos do livro falam sobre o crítico de arte Baudelaire,
com suas oscilações, mas, em especial, centra nas fulgurantes análises que ele fez dos artistas franceses Ingres e
Delacroix, os quais tiveram grande impacto em pintores como Manet. Companhia das Letras, 448 páginas, R$ 64,50.
Moda: Moderna Medida do Tempo A autora brasileira
Angélica Adverse fala sobre o futurismo italiano e explora
o tema da moda como uma linguagem artística usada para
expressar uma nova experiência de tempo. Angélica busca
mostrar a moda como um dos aspectos simbólicos da corruptibilidade do tempo e das coisas, cuja ação se instaura
nos hábitos, nos costumes e na própria arte. A ideia é observar como o futurismo italiano apropriou-se da moda
como uma linguagem que poderia expressar o seu “elogio ao efêmero”, potencializando os sonhos de futuro por
meio da renovação social e política. Estação das Letras e
Cores, 196 páginas, R$ 36.
Arquivo pessoal
naestante
“P
assei 15 dias em Florença, cidade berço da Renascença italiana,
durante o Natal e o Ano Novo de 2011.
A cidade é linda, elegante e transpira
arte e história por cada vão de tijolo e
pedra das imensas construções medievais e renascentistas. Também aproveitei para visitar Siena, uma das cidades mais charmosas que já conheci.”
Aline Pascholati
Rio Claro, SP — por e-mail
comunit àit aliana | novem br o 2012
11
opinione
FabioPor ta
Cinquant’anni
fa il Concilio
Un evento religioso in grado di trasformare la
Chiesa e di incidere sulla storia del mondo
N
on ero ancora nato quando,
esattamente cinquant’anni
fa, Papa Giovanni XXII annunciava al mondo l’inizio
del Concilio Vaticano II. Era l’11 ottobre del 1962; la mattina oltre 2.500
vescovi e cardinali facevano il proprio
ingresso solenne nella Basilica di San
Pietro, seguiti dal Papa in “sedia gestatoria” (la “papamobile” non era ancora
stata inventata). Quella sera stessa,
sotto il cielo plumbeo di una Roma
autunnale, il “Papa buono” si sarebbe
affacciato dal suo studio rivolgendosi
ai fedeli rimasti in Piazza in trepida
attesa ed in preghiera con quello che
sarebbe passato alla storia come “il discorso alla luna”: “Cari figlioli, sento le
vostre voci. La mia è una voce sola, ma
riassume la voce del mondo intero: qui
tutto il mondo è rappresentato. Si direbbe che anche la luna si è affrettata
stasera, osservatela in alto, a guardare questo spettacolo”. Erano le parole
iniziali di un messaggio affettuoso e
profetico, pronunciate da un Papa che
già sapeva di avere pochi mesi di vita
(gli era stato diagnosticato un tumore
allo stomaco), ma che avrebbe lasciato
alla Chiesa universale ed al mondo un
testamento straordinario, il Concilio.
Non era stato facile convincere le
alte gerarchie della Chiesa cattolica
sull’esigenza di una nuova stagione conciliare; le resistenze furono grandi, ma
l’ostinazione di Papa Roncalli fu tale da
prevalere, anche grazie al determinante
sostegno dei vescovi francesi e tedeschi.
Il grande fermento presente nella
comunità ecclesiale di tutto il mondo
entrava così finalmente anche nelle
sacre stanze del Vaticano: il “movimento liturgico” che chiedeva una
riforma dei riti che erano fermi a quelli
del Concilio di Trento; il “movimento
biblico”, che sosteneva l’esigenza pastorale di restituire ai fedeli la lettura
integrale dei testi del Vangelo e della
Bibbia; il “movimento ecumenico”,
che spingeva al dialogo ed all’apertura
con i fratelli delle chiese separate.
Con una forte condanna di quelli che lui stesso definì i “profeti di
12
sventura” (coloro che fanno sempre
prevalere la paura sulla speranza, le preoccupazioni sulla fiducia), Giovanni XXIII
riesce a trasmettere questo straordinario
messaggio di gioia e di speranza alla Chiesa ed al mondo.
Erano gli anni della “guerra fredda”
tra Unione Sovietica e Stati Uniti e il
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
“Riprendere
la bussola del
concilio”: questo
l’impegno di Papa
Benedetto XVI
messaggio del Concilio sembrava entrare
decisamente anche nella delicata discussione sulla pace nel mondo.
Qualcuno ha chiamato il Concilio Vaticano II come il “Concilio Pastorale”, un
Concilio segnato non dagli anatemi o
dalle condanne, ma dalla volontà della
Chiesa di aprirsi al mondo e di avvicinarsi al suo popolo, nel tentativo difficile ma
non impossibile di coniugare tradizione e
rinnovamento, ortodossia e partecipazione. Da allora verrà modificata la liturgia,
che non sarà più celebrata in latino ma
nelle lingue correnti e “volgari”; verrà
dato un ruolo nuovo e centrale ai “laici”,
ai quali saranno affidati compiti sempre
più importanti; sarà ridisegnata la struttura gerarchica a favore di una maggiore
collegialità episcopale. Per la prima volta
la Chiesa tratterà apertamente temi delicati come quello della libertà religiosa,
del dialogo ecumenico o del rapporto con
gli ebrei.
Una vera e propria rivoluzione,
che influenzerà per decenni la storia
della Chiesa cattolica e non solo. Personalmente mi sento un po’ figlio di quegli
anni e del Concilio; sono nato nel 1963,
a quasi un anno esatto da quella sera di
ottobre del 1962, e ho iniziato il mio impegno sociale e politico proprio grazie
all’associazionismo cattolico trasformato
e motivato dai padri conciliari: l’Azione
Cattolica Italiana, gli Scout cattolici. Indirettamente ho usufruito dei frutti di
un miracolo apostolico, quello operato da
Giovanni XII e poi da Paolo VI, il Papa che
ha ereditato e portato a termine il Concilio Vaticano II. Anni lontani da quelli
che stiamo vivendo; lontani ma intrinsecamente vicini, più di quanto si possa
immaginare.
“Riprendere la bussola del Concilio”:
è stato questo il messaggio con il quale l’attuale Pontefice, Benedetto XVI, si
è rivolto al mondo a cinquanta anni da
quell’evento storico che tanto ha segnato
la storia dell’umanità.
Un messaggio che la Chiesa cattolica
dovrebbe interpretare e declinare appieno, magari dando seguito ad un altro
“testamento”, quello lasciatoci dal Cardinale Carlo Maria Martini, recentemente
scomparso. Per Martini “riprendere la
bussola del Concilio” voleva dire avere il
coraggio di continuare ad affrontare tematiche difficili ma necessarie come il
ruolo dei divorziati nella Chiesa, il celibato dei preti, il ricorso alla contraccezione
ed il controllo delle nascite, il multiculturalismo e l’ecumenismo. Sono convinto
che la Chiesa avrà il coraggio profetico di
riprendere questa strada, anche grazie al
ruolo sempre più rilevante e determinante delle comunità di Paesi come il Brasile,
dove vive il più grande numero di cattolici
al mondo.
opinione
EzioMaranesi
L’Europa unita
è un sogno?
“I
Stampare lirette non è sovranità; è masochismo
have a dream.” Cosí iniziava un celebre discorso di
Martin Luther King, quando sognava un’America di
cittadini uguali, qualunque fosse il colore
della pelle. Sono passati 50 anni e oggi il
Presidente degli Stati Uniti è negro. M.
L. King lottò e diede la vita per una causa che ebbe in lui il martire più illustre.
L’Europa unita è oggi il sogno di milioni
di cittadini europei. È una causa che ha
già i suoi martiri: sono i molti cittadini
di alcuni paesi, fra essi Grecia, Spagna e
Italia, che pagano con una vita miserabile
le politiche irresponsabili dei loro governanti degli ultimi decenni. L’Europa
unita è un sogno antico. Non è un’utopia;
è un sogno realizzabile perchè un collante formidabile unisce i popoli europei: la
cultura, basata sugli ideali di umanità, libertà e eguaglianza. Furono i princípi che
ispirarono la rivoluzione francese: già
Montesquieu infatti parlava di unione
europea. Ne parlò allora anche il filosofo Novalis, che da buon tedesco diceva:
“Ci sono tre gruppi di uomini: selvaggi,
barbari civilizzati e europei”. All’Europa unita pensava Mazzini e pensarono
tanti altri filosofi e statisti. Nel secolo
scorso, a partire dagli anni ’50, nacquero i primi embrioni di un’Europa unita.
Era evidente che le difficoltà sarebbero
state enormi, ma c’era fiducia. Lo statista tedesco Robert Schumann diceva nel
1951: “L’Europa si farà, pezzo per pezzo”. E l’Europa si sta facendo, pezzo per
pezzo. Mi metto tra i “sognatori”, perché
ci voglio credere. Credo in una Europa
In nome della sovranità
nazionale rimpiangono
la facile liretta e i
tempi in cui la si
poteva stampare, la
liretta inflazionata che
facilitava gli sprechi e il
clientelismo di cui molti
hanno campato
politicamente unita, economicamente
forte, che possa difendere e diffondere
nel mondo gli ideali che sono nostro patrimonio culturale, ben diversi da quelli
di altre regioni del mondo. E credo in una
Europa che sappia valorizzare le differenze, spesso meravigliose, di ognuna delle
sue regioni.
Speranza, quindi, e fede. I 27 stati
che oggi costituiscono l’Unione Europea “virtuale” che conosciamo hanno
ordinamenti politici, giuridici, fiscali e
amministrativi diversi e realtà economiche diverse. Sono diversità che possono
essere armonizzate: col tempo e la volontà di farlo. Ovviamente è difficile vincere
l’egoismo dei vari popoli. Alcuni sono
stati saggiamente amministrati e vivono nel benessere. Altri hanno voluto e
votato amministrazioni irresponsabili
che hanno barattato il potere in cambio
di un welfare fatto di debiti, di inflazione e di svalutazioni monetarie. È quindi
comprensibile che i paesi “virtuosi”, cioè
quasi tutti i paesi nord-europei, non amino l’idea di dover assumere i debiti
dei paesi che hanno speso troppo e male
e, prima di “fare” l’Europa, si aspettino
che questi paesi mettano in ordine i loro conti e correggano i loro “vizi”. Tra
essi l’Italia, alla quale ora sono chiesti
duri sacrifici. I nostri amministratori, negli ultimi decenni, hanno creato
benessere spendendo soldi che non avevano, indebitando lo stato, stampando
lire e deprezzando la moneta. E li hanno spesi male: pochi gli investimenti
produttivi, molti gli sprechi e molte le
spese per comprare consensi e mantenere un sovradimensionato carrozzone
pubblico. Quindi oggi l’Italia è molto
indebitata, paga al mercato almeno il
4% del suo PIL, ha un’amministrazione
costosa e inefficiente, soffre di un alto
livello di evasione fiscale e di corruzione e ha una popolazione abituata a un
alto livello di welfare “drogato”, che non
intende rinunciare a nulla. È un paese
di conservatori che protestano sempre
e comunque, e in nome della sovranità
nazionale rimpiangono la facile liretta
e i tempi in cui la si poteva stampare,
la liretta inflazionata che facilitava gli
sprechi e il clientelismo di cui molti hanno campato e campano ancora oggi, e
difendono le garanzie e i diritti– mai
i doveri –che una Costituzione ormai
antiquata ci dà, dimenticando che il
mondo è cambiato, c’è una recessione
mondiale, vivono in Italia 5 milioni di stranieri e le imprese vanno a
produrre all’estero perchè l’Italia è inefficiente. Ma non voglio perdere la
fede e la speranza in un’Italia sana.
Qualcosa sembra muoversi: figure
nuove vogliono rinnovare il quadro
politico e qualcosa accadrà in tempi brevi. Per il rinnovamento delle
coscienze e della nostra educazione
civica purtroppo ci vorrà molto più
tempo.
comunit àit aliana | novem br o 2012
13
Atualidade
O vinho que
transforma
Com mais de 30 vinícolas espalhadas em três
grandes zonas de cultivo, Salerno apresenta seus
últimos frutos: jovens produtores que deixam as
cidades para mergulhar na vida do campo
Ana Paula Campos
U
De Salerno
m fenômeno interessante ocorre na província de
Salerno. Por lá, o termo
recorrente para definir
a profissionalização de vinícolas é
restaurazione. O investimento nos
campos, curiosamente, tem partido dos jovens. São representantes
da quarta ou quinta geração de
produtores rurais, dispostos a “domar” as uvas tradicionais da região,
principalmente as variedades fiano
e aglianico, produzindo vinhos de
alta qualidade.
14
Francesca Salerno, de 32 anos,
deixou há pouco um promissor emprego em uma multinacional para
se dedicar à Casa di Baal. Instalada
em cinco dos 30 hectares da propriedade pertencente à família, a
vinícola, a partir de 2006, diversificou o negócio dos Salerno, que,
há quatro gerações atuavam na
produção de azeite. No momento,
a casa apresenta os tintos Agliânico di Baal (100% com uvas do tipo
aglianico) e Rosso di Baal (preparado com as variedades aglianico,
barbera e merlot) e os brancos Fiano di Baal (100% fiano) e Bianco di
Baal (fiano, moscatto e malvasia).
Francesca acompanha de perto toda a linha de produção e apresenta
cada garrafa aos visitantes com entusiasmo e orgulho.
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Em Salerno, os
produtores investem
na restauração dos
campos através
do controle da
produção das uvas
fiano e aglianico
para desenvolver
excelentes vinhos
O mesmo ocorre com Nicola
Trabucco, formado em turismo,
hoje à frente da Villa Lupara, e com
Mário Notaroberto, que se divide
entre as plantações da Alba Marina
e a redação da sua monografia de
graduação em Direito. Francesca,
Nicola e Mário pertencem à geração, hoje entre 20 e 30 e poucos
anos, que trilha o caminho inverso ao de seus pais, que deixaram o
campo à procura de novas carreiras
profissionais.
A retomada da mão de obra
evadida do meio rural pode ser justificada por diversos fatores, entre
eles, a crise econômica europeia e a
procura por um estilo de vida mais
simples, longe da agitação das metrópoles. No entanto, os estreantes
no negócio apostam na perpetuação de um legado familiar. E eles
sabem o quanto de tempo e investimento terão pela frente. Chegar
a rótulos de destaque carece de
conhecimento, adquirido com a
experiência dos anos. Ao mesmo
tempo, os enólogos responsáveis
pela revolução silenciosa junto à
costa italiana não têm medo de experimentar novas combinações e
enxertos com espécies nativas sob
raízes (chamadas de “cavalo”) com
mais de 40 anos de existência.
Repleta de paisagens de tirar o
fôlego, a província possui três principais zonas produtoras: Cilento
– Paestum, mais ao sul; Salerno e
Monte Picentini; e, por fim, a Costa Amalfinata. Ao todo, somam 31
vinícolas organizadas sob a égide
da Enoteca Provinciale, projeto
iniciado em 2003 com o objetivo de
promover a valorização e a divulgação dos vinhos, da gastronomia
e do turismo regional. Razões não
faltam para o sucesso da empreitada. Salerno reúne características
muito próprias, aliando a beleza da
costa do Mediterrâneo, a fantástica cozinha e, acima de tudo, o amor
do povo à sua terra, traduzida no
orgulho de revelar ao visitante seus
vinhos, azeites, queijos e frutas.
E é exatamente assim que o casal Mário e Maria Ida recepciona
quem aparece para conhecer a San
Giovanni: com deliciosos antepastos preparados pela proprietária
e servidos sob a mesa armada em
um penhasco com exuberante vista
para o mar. Localizada na região de
Cilento – Paestum, a vinícola possui
12 hectares, quatro deles cultivados com as castas fiano, trebbiano,
greco, aglianico e piedirosso. Atualmente, oferece, entre os brancos,
os rótulos Paestum (85% fiano,
10% trebbiano e 5% greco) e Tresinus (100% fiano), além de quatro
tintos: Castellabate (85% aglianico,
15% piedirosso), Maroccia Aglianico (100% aglianico) e Isca Della
Castagna (100% piedirosso), todos
com a denominação DOC Cilento.
O negócio, essencialmente familiar
e com produção anual de 20 mil
garrafas, é tocado com total atenção dos donos, que se esmeram na
qualidade de seus vinhos.
Recepção calorosa e
turismo gastronômico
nas cantinas
Também da região de Cilento – Paestum, a San Salvatore se
contrapõe à San Giovanni em extensão, volume de produção e
perfil administrativo. Com cerca de 97 hectares, a casa criada
em 2003 chegou rapidamente à
marca de 110 mil garrafas anuais, exportadas, sobretudo, para
a Alemanha, Suíça, Suécia, Japão
e Estados Unidos. O comunicativo Giuseppe Pagano, proprietário
da fazenda, explica todo o sistema
de gestão, marcado pelo emprego
de tecnologia e o manejo da produção voltado ao respeito ao meio
ambiente. Hoje, a San Salvatore
mantém 22 hectares como área
de preservação ambiental e ocupa
outros 16,5 hectares com videiras
e sete com oliveiras. Parte da terra ainda é utilizada nas plantações
de frutas selvagens e pasto voltado
para as criações de búfalo e gado.
Além do excelente azeite, Giovanni se orgulha dos vinhos que
levam o desenho de um búfalo
estilizado, característico da logo
que simboliza a fazenda. Há brancos, como o Trentenare, elaborado
apenas com uvas fiano; tintos, a
exemplo de Jungano, (100%
aglianico); e um rose: o Vetere,
fabricado a partir da variedade
aglianico rosato.
Com tradição forjada ao longo
de 200 anos, a fazenda Massimo
Cobellis, com 300 hectares, produz
mussarela de búfala, azeite e, claro,
vinho. O negócio leva o nome da
família, já na quarta geração ligada
à terra. Ali são plantados os grãos e
o feno para o alimento da criação,
formada por cerca de 650 cabeças
de búfalo, além dos porcos e cabras.
As quase 10 mil oliveiras, algumas
centenárias, fornecem o insumo
para a produção de azeite e os campos com parreiras a perder de vista,
as uvas das castas fiano, aglianico
e barbera, transformadas nos quatro rótulos com a marca Corbellis: o
branco Crai (100% fiano), os tintos
Vigna dei Russi (100% aglianico) e
o Piscriddi Rosso (50% aglianico,
50% barbera), mais o Piscrai Rose
(100% barbera).
Interessados em investir no
turismo gastronômico, os Cobellis
Giuseppe Pagano
administra a fazenda
San Salvatore,
que conta com 97
hectares e uma
produção anual de
110 mil garrafas,
exportadas para
Europa, Estados
Unidos e Japão
decidiram restaurar uma
casa construída pelos antepassados
em
1818,
adaptando-a para funcionar
como pousada e cantina. O
plano é oferecer ao hóspede a experiência de visitar
os vinhedos e participar de
degustações, além de passeios a cavalo e circuitos de
trekking. Os cômodos são
espaçosos e guardam curiosidades que os proprietários
prometem manter no projeto, como a cozinha com
paredes, portas e o fogão decorados com pinturas ultracoloridas
feitas pelos antigos moradores.
Ao sairmos da zona do Cilento
em direção à cidade de Salerno, capital da província, encontramos a
Montevetrano, uma antiga fazenda
localizada a 100 metros acima do
nível do mar. Apenas cinco dos seus
26 hectares são hoje utilizados no
plantio das castas empregadas na
produção do potente tinto que leva o nome da vinícola. Aprimorada
ao longo do tempo, a composição
do várias vezes premiado Montevetrano utiliza as uvas cabernet
sauvignon (60%), merlot (30%) e
aglinico (10%), sendo o único rótulo comercializado pela casa.
Mais ao norte, se localiza a
Costa Amalfitana, um dos destinos turísticos mais famosos do
Mediterrâneo. Treze municípios
integram esta zona de produção, dividida em três sub-denominações:
comunit àit aliana | novem br o 2012
15
Tramonti, Ravello e Furore. Nesta
última, a natureza desafia o agricultor em condições extremas: a
500 metros do nível do mar, o visitante se depara com lotes mínimos,
de 20 ou 30m2, rasgados na superfície de uma escarpa com 50% de
inclinação. Em franjas, as parreiras
brotam das paredes e do chão e formam uma paisagem tão incomum
como inesquecível.
Cinquenta e um produtores totalizam 50 hectares e integram a
rede de abastecimento da cantina
Marisa Cuomo, fundada em 1942 e
restaurada em 1983. Batizada como
declaração de amor de Andrea Ferraioli à sua esposa, a vinícola preza
por uma combinação de questões
“éticas e estéticas”, na concepção do
enólogo. Ele explica que, seguindo a
política do fortalecimento da economia local, chega a pagar três vezes
acima do valor de mercado pelas
uvas para que os pequenos agricultores não abandonem o cultivo.
No manejo da plantação, apenas
são utilizados materiais naturais,
como a madeira de castanha no suporte das videiras — uma orientação
passada de geração a geração. Protegidas pelas condições geográficas tão
O casal Mário e
Maria Ida administra
a fazenda San
Giovanni, na região
de Cilento-Paestum,
com produção anual
de 20 mil garrafas
de vinho. A vinícola
possui 12 hectares
com as castas fiano,
trebbiano, greco,
aglianico e piedirosso
Importadores
brasileiros apostam nos
rótulos salernitanos
P
A cantina Marisa Cuomo segue a política de
fortalecimento da economia local e chega a pagar
três vezes acima do mercado para incentivar o
cultivo das uvas pelos pequenos produtores
16
atrocinado pela Enoteca Provinciale, um grupo de profissionais
brasileiros ligados ao segmento do vinho rumou para Salerno em
setembro. Aguardava-os uma verdadeira maratona de visitas técnicas a vinícolas locais e seções de degustação dos rótulos produzidos
por fazendas das três zonas produtoras da região. Durante cinco dias,
imergiram no circuito enogastronômico da província, conhecendo de
perto os valores, conceitos e projetos de futuro dos enólogos locais.
— Esta foi a melhor missão da minha carreira — elogia Luciano Furquim, proprietário da Vital Gourmet Importação e Exportação.
O empresário paulista explicou que os aromas, as paisagens e os
conhecimentos adquiridos durante a viagem o acompanharão e lhe
servirão de ferramenta no trabalho de escolha e indicação dos produtos da região aos seus clientes. Luciano reconhece os predicados
das uvas locais como grande potencial da província para produção de
vinhos de alta qualidade.
— Só falta tempo — adverte.
A maturidade oferecida pelos anos no lidar com as uvas também
é algo em que Anna Rita Zanier acredita ainda faltar aos produtores
locais. No entanto, a sommelier da rede Expand não deixa de apontar
a pouca experiência como um fator positivo:
— Eles são desbravadores, que decidiram empregar castas que
até pouco tempo acreditava-se não renderem, sozinhas, bons vinhos.
E os resultados já estão aparecendo. Acredito que a combinação entre a qualidade do produto, a ambição das fazendas e a ousadia das
pessoas renderá vinhos interessantes — analisa.
Sócia da delicatessen Nebbiolo, Renata Moraes voltou ao Brasil
certa de que os rótulos da região farão sucesso entre os clientes de
sua loja, em Copacabana.
— Pela similaridade do clima de Salerno com o do Rio, os vinhos
são perfeitos para serem consumidos aqui, em qualquer época do
ano — garante a empresária, para quem “estar diretamente ligada
a esse trabalho de difusão da província, que, além da alta qualidade
dos produtos, revelou-se belíssima e riquíssima em cultura e história,
é motivo de orgulho”.
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Luciano Furquim
Luciano Furquim
Atualidade
particulares, as videiras de Furore
ficaram indiferentes à praga que dizimou as plantações europeias em
1864, fazendo com que as bases nativas fossem substituídas por cavalos
da variedade americana. Desta maneira, os cavalos da região são ainda
nativos, tendo, em média, 80 anos.
Vale a pena conhecer a adega de
Marisa Cuomo, uma área de 240 m2
escavada na rocha, onde todos os
detalhes no uso de materiais, iluminação e climatização foram pensados
pelo casal para a guarda e acolhimento de 190 barris. A casa tem produção
anual de 103 mil garrafas. Os rótulos
Furore e Ravello são apresentados
nas variações branco (produzidos
com uvas falanghina e biancolella)
e tinto (com as castas piedrosso e
aglianico). Já o Costa D’Amalfi, além
das espécies anteriores, também é
oferecido na versão rosé. As uvas
fenile, ginestra e ripoli entram na
composição do vinho branco Fiorfuva, que fecha o portfólio da vinícola.
Ao desdenhar do termo “apaixonado”, que, para ele, denota emoção
inconstante, Andrea se autodenomina um amante de sua terra, para onde
voltou depois de não se adaptar a um
emprego convencional em Milão.
Faltava-lhe a brisa de Furore. Basta
uma visita a Salerno para entender as
saudades do produtor. Cada garrafa
com a denominação da província carrega o produto de uma opção de vida,
ligada à terra, à tradição e à natureza,
consolidada na forma de vinho. Brindemos a isso.
Atualidade
Um tour de excelências
Comitiva brasileira de jornalistas e operadores turísticos é recebida por
autoridades em Salerno com o objetivo de mostrar à opinião pública
brasileira o valor de uma das regiões italianas de maior potencial turístico
Quintino Di Vona
e Cinthia Vargas
De Salerno
“O
turista
brasileiro
não
conhece o Cilento e a Costa
Amalfitana, pelo menos não o bastante. Com frequência, vai mais ao
norte, em Capri e Pompeia. Além
disso, há a barreira do tempo, barreira às vezes cultural pelo fato de
não saber o que existe além das
montanhas que separam o Cilento
e a costa da planície partenopea”.
Foi assim que Massimo Bellelli, ex-cônsul italiano no Rio de
Janeiro, entre 2006 e 2009, e atualmente ministro plenipotenciário
responsável pelas relações sociais
e econômicas com o Oriente Médio, sintetizou o motivo que levou
o presidente da Câmara Ítalo-brasileira de Indústria, Comércio e
Agricultura do Rio, Pietro Petraglia; o presidente da associação
de pequenas e médias empresas
do comércio, turismo e serviços, a
Confesercenti de Salerno, Enrico
Bottiglieri; a diretora do mesmo
órgão, Bianca Cecaro Pierri — em
colaboração com a Câmara de Comércio de Salerno, a província e o
Parque Nacional do Cilento — a
organizarem um tour educativo
para uma delegação brasileira. O
objetivo era fazer com que se conhecessem de perto as excelências
do Cilento e da Costa Amalfitana e
as propostas turísticas oferecidas
pelos operadores turísticos.
— O Cilento é um território
mágico. Além da exuberante natureza de rica fauna, floresta e mar,
ainda tem atrativos na história
milenar de seu território conhecido pelo período da Magna Grécia
e pela dieta mediterrânea à disposição de quem visita este pedaço
pouco explorado da Itália e que é
um Patrimônio da Humanidade —
ressalta Petraglia, que busca maior
interação entre as excelências salernitanas e cariocas.
Da delegação verde-amarela fizeram parte a editora de Ciência e
Saúde do jornal O Globo, Ana Lúcia Azevedo; Marcos Cezar Motta
Secco, do departamento de relacionamentos corporativos da CVC;
Ana Lúcia Ferreira Riveiro, da Marsans Departamento Corporativo;
Haroldo Enéas Barros de Campos,
relações públicas e opinion leader;
e a jornalista da Folha de S. Paulo,
Denise Maria Luna de Oliveira. O
grupo desembarcou na Itália em 21
de outubro e, no arco de 11 dias,
pôde conhecer e avaliar os pontos
de força e a peculiaridade da indústria e do turismo do Cilento e
da Costa Amalfitana, visitando as
cidades cilentanas de Castellabate,
Velia, Acciarioli, Prignano Cilento, Morigerati, Padula, Paestum,
Pertosa, Palinuro e Marina di Camerota, além dos comuni litorâneos
de Maiori, Minori, Amalfi, Positano e Ravello.
Deu-se mais atenção aos pontos
em sintonia com a preferência dos
turistas brasileiros, cuja presença tem aumentando no Belpaese,
graças ao boom econômico vivido
pelo país. Trata-se de um mercado
ao qual a região italiana olha com
Comitiva brasileira
encabeçada pelo
presidente da
Câmara Ítalobrasileira de
Comércio do Rio,
Pietro Petraglia,
mostra a jornalistas e
operadores turísticos
as excelências de
Cilento e da Costa
Amalfitana
muita atenção, conforme narrado
em uma transmissão pelo jornalista da RAI Gianfranco Coppola, que
moderou a coletiva de imprensa inicial do tour. A delegação apreciou
muito os tesouros de arte, os sítios
arqueológicos, a dieta mediterrânea e as paisagens de um território
sem contaminações que merece
uma maior valorização turística,
caracterizado por uma morfologia
particular que mantém próximos o
mar e os montes e oferece cardápios
diferenciados, além do azeite extra
virgem de altíssima qualidade.
— Em tour pela cidade, a delegação visitou os monumentos
principais. A reação foi ótima e
estamos contentes de como eles
perceberam a qualidade da nossa
oferta turística — comenta o presidente da Associação de Hoteleiros
de Amalfi, Gennaro Pisacane.
Da parte do diretor dos Museus
Integrados do Ambiente, Virgilio
Gay, ouvimos comentários análogos:
— Aqui em Pertosa, eles apreciaram muito as grutas dell’Angelo
com o inovador Speleo-Teatro e a
típica alcachofra branca. É desejável um projeto de expansão entre
o Cilento e o Brasil para olhar um
novo mundo e um desenvolvimento em comum.
Há ecos nas palavras do presidente do Consórcio Ravello Sense,
Giorgio Vuilleumier:
— O nosso consórcio, composto por 76 empresas, nasceu com a
intenção de elevar a qualidade dos
serviços para propor-se ao mercado. A costa não é somente mar,
mas também interior, com percursos de trekking. Estamos certos de
que o mercado sul-americano pode
encontrar aquela qualidade que todos procuram — resume.
Resta, agora, a necessidade, levantada por alguns componentes
da delegação brasileira, de ter um
só interlocutor com o qual interagir por uma promoção turística
adequada à qualidade e às ofertas
de um território esplêndido que,
como o brasileiro, pode se gabar
do privilégio de ter sido “esculpido
por Deus”.
comunit àit aliana | novem br o 2012
17
Economia
O fim da crise na Itália?
Italianos são bons poupadores e se mostram mais confiantes
sob a liderança de Monti, que promete o fim da austeridade
Andre Batista
Especial para Comunità
Q
uando o empório bancário Lehman Brothers
declarou falência em
2008, poucas pessoas
acreditaram na gravidade da crise
que estaria por vir. Essa sensação
ficou mais evidente quando, em
2010, a Grécia anunciou ao mundo que suas dívidas públicas eram
maiores do que poderiam suportar.
Na verdade, os problemas bancários nasceram ainda em 2007, mas
a gravidade do assunto foi subestimada, atrasando em quase um ano
o apoio aos bancos. Quando esse
apoio finalmente chegou, comprometeu uma grande parte do dinheiro
público e superou 20% do Produto
Interno Bruto (PIB) mundial.
Apesar da gigantesca operação
de resgate financeiro, todo resultado se resumiu a adiar o inevitável
colapso financeiro. Não foi possível
impedir o agravamento da situação
e a crise se tornou incontrolável.
Tamanho esforço do mundo para salvar os bancos — os quais, em
sua maioria, perdiam o dinheiro
que não possuíam — afetou, principalmente, os maiores países da
economia mundial, como os Estados
Unidos, o Japão e a União Europeia.
Esta última, por ser formada por
um bloco de Estados importantes
mundialmente, envolveu-se diretamente com a crise bancária.
Os países periféricos da UE
corriam mais riscos com a crise financeira global. Um governo como o
da Grécia que, durante anos, adquiriu grandes dívidas, praticamente
anunciava a derrocada de seu Estado. Foi o que aconteceu. Incapaz
de pagar suas dívidas, a Grécia precisou da ajuda europeia para quitar
Há pouco mais
de dois meses, o
premier Mario Monti
anunciou à opinião
pública que o fim da
crise está próximo
18
o déficit. Logo depois, a Irlanda se
encontrou na mesma situação.
Toda essa crise levou os europeus a declararem tempos de
austeridade. Ainda assim, em
2011, Portugal também necessitou de ajuda para tentar controlar
sua crise econômica. Os problemas
financeiros mundiais afetaram todos os países, porém, com mais
severidade, a UE, especialmente as
nações não preparadas para evitar
um golpe desses, caso de Espanha
e Itália.
Efeitos entre o
aumento de desemprego
e os protestos constantes
Os reflexos da crise financeira na
Itália não são muito diferentes
do que aconteceu em quase todos
os países da União Europeia, entre o aumento do desemprego, a
diminuição do poder de compra
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
De acordo com o
economista Giuseppe
Caporaso, a opinião
pública concorda
com Monti quando
diz que o fim da crise
está próximo e que
isso tem relação com
as medidas adotadas
por ele
da população, os protestos e as
passeatas constantes. É possível
enxergar as consequências da crise
sem muito esforço.
Na opinião do economista e operador de câmbio turismo da TOV
Corretora, Giuseppe Caporaso, se a
Itália não estivesse protegida pelo
euro, os efeitos da crise teriam sido
ainda mais graves.
— Na atual crise econômica, o
euro fez um papel protetor. Os ataques especulativos contra a Itália
dos meses anteriores conseguiriam
efeitos muito mais devastadores se
o país ainda utilizasse uma moeda
fraca, como a lira — acredita.
A dívida externa italiana gira
em torno de dois bilhões de euros,
mas esse é um problema antigo,
avalia Caporaso:
— Há muito tempo, a Itália
deveria ter tomado providências
para se proteger. As mesmas medidas que o primeiro-ministro Mario
Monti está tomando hoje, mais os
investimentos na pesquisa científica e na instrução pública, poderiam
ter evitado todo esse problema.
Há pouco mais de dois meses,
Monti afirmou que o fim da crise
está próximo. Graças às medidas
sociais e econômicas adotadas por
ele, a opinião pública acredita nessas palavras.
É possível que ainda demore alguns anos para que tudo esteja em
ordem, mas, aos poucos, as coisas
vão se ajustando na Itália. A gestão
de Monti, ainda de acordo com Caporaso, trouxe confiança por parte
da população ao governo e à política, algo muito importante, pois,
em tempos de austeridade, é necessário que os italianos aceitem um
mercado de trabalho mais flexível.
— A Itália possui uma dívida que equivale a 120% do PIB e
essa dívida será resolvida gradualmente. O débito público italiano
é menos preocupante do que o de
outros países como Espanha, Inglaterra e Estados Unidos. Isso
porque boa parte da dívida está
nas mãos dos próprios italianos. A
Itália, atrás somente do Japão, é o
segundo país do mundo com mais
capacidade de poupar dinheiro —
conclui Caporaso.
Economia
Contrattaco dei
Bric contro il dollaro
Ad accelerare il
fenomeno è stata la
politica monetaria
ultra-espansiva
della Fed che
deprezza la valuta
per sostenere
l’economia Usa
L
a Cina ha iniziato a comprare e vendere petrolio
dalla Russia pagandolo in
yuan invece che in dollari. L’India ha avuto la stessa idea:
da qualche mese acquista il petrolio iraniano direttamente in rupie.
Cina, Giappone e Corea intendono
firmare un accordo che li svincoli
dalla dipendenza del dollaro nei loro
rapporti commerciali. Pechino sta
siglando contratti di currency swap
con Pakistan, Thailandia, Giappone, Emirati arabi, Malesia, Turchia,
Mongolia e Australia con lo stesso
obiettivo: smarcarsi dal biglietto
verde e commerciare in valute locali.
E accordi simili sono stati siglati tra
Brasile e altri paesi sudamericani.
Forse sono solo piccoli frammenti di un puzzle più complicato. Ma,
messi insieme, sembrano delineare
gli albori di una rivoluzione di portata storica: la “de-dollarizzazione”
dell’economia mondiale. Certo,
il biglietto verde resta il punto di
riferimento del commercio internazionale e delle riserve valutarie. Ma
sempre più Paesi cercano di smarcarsi dalla sua ombra.
Ironia della sorte, ad accelerare
il fenomeno è stata la politica monetaria ultra-espansiva della Federal
Reserve. Da quando nel novembre
2008 la banca centrale Usa ha iniziato a stampare moneta in abbondanza
attraverso il “quantitative easing”,
deprezzando il dollaro nei confronti delle altre valute, per molti Paesi
commerciare in biglietti verdi è diventato meno conveniente. Ed è
diventato meno auspicabile accumulare troppe riserve in dollari. Questo
li ha convinti a siglare accordi bilaterali per scambiare merci e servizi
direttamente nelle loro valute. “Più
gli Usa stampano dollari – osserva Antonio Cesarano, responsabile market strategy di Mps Capital Services – più
il processo di de-dollarizzazione potenzialmente accelera”. Insomma: la politica monetaria della Fed rischia di
diventare un boomerang, a meno che non sia la stessa
politica Usa a far ripartire l’economia e a risolvere la crisi.
Dollaro caput mundi
Cosa sia attualmente il dollaro nell’economia mondiale
lo dicono i numeri raccolti dall’Omc o dal Fondo monetario. Circa il 60% dei dollari si trova oggi fuori dai confini
statunitensi. Novanta Stati al mondo hanno le loro
monete ancorate, esplicitamente o implicitamente, al biglietto verde. Secondo i dati (parziali) Fmi il 60% delle
riserve valutarie mondiali è in dollari. Il 40% del mercato obbligazionario mondiale è denominato in moneta
Usa. Gli Stati Uniti producono circa il 13% del commercio mondiale, ma il loro dollaro è presente nel 36% delle
transazioni commerciali mondiali. Per capire la sproporzione, anche la Cina produce una “fetta” di quasi il 13%
del commercio mondiale (come gli Usa), ma lo yuan è oggi usato per regolare meno dell’1% delle compravendite
di beni e servizi. Solo l’euro batte il dollaro come valuta
usata nel commercio, ma il dato è “gonfiato” dall’interscambio tra i 17 Stati dell’Unione europea.
La supremazia valutaria degli Usa, insomma, è
fuori discussione. Innanzitutto perché il dollaro è la
moneta più liquida, dunque la più comoda da usare in
tutto il mondo. E poi perché quando due Paesi in via
di sviluppo commerciano tra di loro tendono a non fidarsi ognuno della valuta dell’altro: questo li convince,
storicamente, ad usare il dollaro come moneta di riferimento. Eppure questa supremazia potrebbe incrinarsi.
“Personalmente non credo che il dollaro possa perdere il suo status di valuta di riserva internazionale,
ma penso che nell’arco di qualche anno possa perdere
posizioni e importanza. È possibile che altre monete
aumentino il loro peso specifico”, osserva Alessandro
Terzulli, economista della Sace.
La rivoluzione anti-dollaro
Qualcosa, in effetti, sta già cambiando. La Cina ha il problema
dell’accumulo di riserve in dollari.
Attualmente la Banca centrale di
Pechino ha riserve pari a 3.290 miliardi di dollari: queste sono in gran
parte investite in titoli di Stato Usa,
per un ammontare di 1.153 miliardi (dato di agosto). Ecco perché la
Cina ha iniziato a siglare accordi
commerciali o di currency swap,
per effettuare scambi direttamente in valuta locale eliminando le
fatture in dollari. E riducendo l’accumulo di riserve in biglietti verdi.
Così, se nel 2010 praticamente
nessuno scambio commerciale
con la Repubblica Popolare veniva
regolato in yuan, ora circa il 10%
dell’export/import cinese è in valuta locale.
Ci sono poi Paesi come il Brasile, che da quando la Fed ha avviato
la politica del “quantitative easing”,
nel 2008, ha registrato un forte apprezzamento del real nei confronti
del dollaro. Dalla metà del 2011
(da quando la Fed ha terminato il
Qe2) il movimento si è invertito,
ma questo non ha ridotto il problema: tenere gli scambi commerciali
esposti alle variazioni del dollaro è
sempre meno auspicabile. Non è un
caso che proprio il Brasile abbia più
volte tuonato contro gli Usa per la
“guerra delle valute”. Ecco perché a
marzo i paesi Bric (Brasile, Russia,
India e Cina) hanno deciso di estendere il credito in valuta locale per
favorire il commercio tra di loro.
Ovvio che lo smarcamento dal
biglietto verde è ancora agli albori.
Forse non decollerà mai. Ma, potenzialmente, potrebbe avere effetti
dirompenti sugli equlibri mondiali.
Si pensi che le esportazioni cinesi in
Asia – calcola il professor Lawrance Lau della Chinese university di
Hong Kong – ammontano a 1.100
miliardi di dollari. Il commercio tra
i paesi Bric ammonta a 307 miliardi
di dollari. Cosa succederebbe se un
giorno questi scambi avvenissero
tutti in valute locali? Insomma: dal
monopolio del dollaro, al duopolio
dollaro-euro, presto potremmo arrivare a un’”oligarchia” valutaria.
comunit àit aliana | novem br o 2012
19
Economia
In Brasile ci sono opportunità di business anche per le pmi
L’
Unione degli industriali ha tracciato un bilancio della recente
missione in terra carioca. Oltre 40
incontri con imprese brasiliane. Le esportazioni sono ancora ben al di sotto
della media lombarda ma le condizioni
per fare meglio ci sono. La Liuc aprirà
una summer school a San Paolo. In primavera si parte per la Cina.
“Internazionalizzazione” è una parola che non manca mai nei convegni e
negli incontri dedicati all’impresa, in genere sempre associata a “innovazione”.
E quando la si usa non ci si riferisce alla
zona euro, che è il cortile di casa, ma ai
mercati extraeuropei, i cosiddetti Brics
(Brasile, Russia, India, Cina e Sudafrica) dove è importante esserci per due
motivi: perché in crescita, rispetto alla
vecchia Europa, e perché lì si giocano le
partite economiche più importanti da
parte degli investitori.
Su questo tema, l’Unione degli industriali della provincia di Varese ha
realizzato un vero e proprio progetto che prevede una serie di missioni
all’estero con al seguito imprenditori
varesini. Dal 13 al 18 ottobre si è svolta
la prima con destinazione Brasile a cui
hanno partecipato una delegazione di
Univa, otto aziende e un tutor d’eccezione, Gabriele Galante, patron della Imf
(azienda metalmeccanica di Luino) che
ha una delle sue filiali estere proprio nella terra carioca. “Queste missioni – ha
detto Giovanni Brugnoli, presidente degli industriali – permettono alle piccole
e medie imprese di vedere cosa succede anche nei paesi d’oltreoceano. Pur
sapendo che non sarà facile operare in
questo paese, nei quaranta incontri che
i nostri imprenditori hanno fatto con le
imprese brasiliane è venuta fuori la nostra anima sul fare impresa, la nostra
grande attenzione alla praticità”.
Il Brasile è un mercato enorme e
per niente facile, a partire dalle rigide
barriere doganali che limitano le importazioni. I dati rivelano che è poco
conosciuto dalle aziende di casa nostra,
il cui export ha un valore complessivo
di appena 177 milioni di euro (14,6%),
ben al di sotto sia della media italiana
(23,4%) che di quella lombarda (23,6%).
“Internazionalizzare – ha detto Galante – non vuol dire delocalizzare.
Tutte le volte che ho fatto investimenti all’estero ho aumentato l’occupazione
nella fabbrica di Luino e nel sistema di
subfornitura. Noi all’estero possiamo
portare le nostre competenze e per farlo
bisogna conoscere bene il paese dove si
va a produrre. Spesso gli imprenditori si
lamentano che non c’è assistenza per le
imprese. Non è vero, oggi l’Ice (Istituto
per il commercio con l’estero) funziona e
la Sace (gruppo assicurativo-finanziario
attivo nell’export credit ndr) ti assicura
il credito”.
Entrando nel particolare delle esportazioni, si scoprono settori che da un
anno all’altro hanno avuto un incremento esponenziale di esportazioni verso il
Brasile, come nel caso di quello farmaceutico cresciuto del 154%. “Questi dati
– ha spiegato Vittorio Gandini, direttore di Univa – rivelano che per il nostro
metadistretto ci sono reali possibilità di
fare business in quel mercato. Non ci si
puo’ però affidare a una logica di mordi
e fuggi, bensì a un progetto di medio e
lungo periodo che porti le imprese che
non si sono ancora affacciate ai mercati
esteri, a farlo, approfittando dell’aiuto
di quei colleghi che hanno già realizzato
progetti industriali in quei paesi”.
Univa ha allargato il concetto di filiera aprendolo alla scuola e portando
nella missione brasiliana anche Samuele Astuti, docente dell’università
Liuc, per realizzare in collaborazione
con l’università di San Paolo una nuova
summer school (corsi intensivi di alta
formazione) per gli studenti dell’ateneo di Castellanza. Sarebbe la terza dopo
Shangai e Buenos Aires. “Ringrazio i nostri collaboratori –
ha concluso Brugnoli – perché ci hanno
permesso di fare una missione preparata
a 360 gradi. Tra di noi si respirava lo spirito imprenditoriale che ci caratterizza,
ci siamo sentiti come una grande famiglia che si è mossa insieme per generare
opportunità di business. In primavera ci
aspetta la Cina”.
Brasile, piu soldi per evitare i
black-out al Mondiali del 2014
I
l governo del paese sudamericano amplia il tetto di spesa destinata
alla creazione e trasmissione di energia elettrica negli Stati che ospiteranno la kermesse.
Nuova iniziativa del governo brasiliano per impedire i black-out nei
mondiali di calcio del 2014. Il ministero delle Finanze ha ampliato da
350 a 850 milioni di reais (circa 418 milioni di dollari) il tetto di spesa
per interventi tesi a migliorare la rete elettrica negli stati in cui si giocherà il torneo. Un intervento messo in campo dopo che nelle ultime
settimane il paese sudamericano ha fatto i conti con diversi black-out.
A beneficiare del provvedimento, che dovrà permettere la realizzazione di strutture per la creazione e la trasmissione di energia elettrica, le
capitali degli stati di San Paolo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do
Sul, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Amazonas, Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e il distretto federale della capitale Brasilia.
20
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Brasile, dove il carnevale
si paga tutto l’anno
T
utto a rate, da quattro a dieci a vostra scelta e per di
più senza interessi. Chi oggi vuole vendere i suoi prodotti in Brasile non ha quasi alternativa: pagare ogni mese
una frazione del costo è ormai un’abitudine consolidata
dei consumatori verde-oro. Dalla bottiglia di vino italiano
agli occhiali da sole, alla vacanza fatta a Bahia in occasione dell’ultimo Carnevale, passando persino per l’acquisto di
una semplice caffettiera.
Il Paese del samba si è trasformato in un vero e proprio
Eldorado per chi ama rateizzare tutto, anche gli acquisti
minori da 100 reais, l’equivalente di appena 40 euro. L’obiettivo, nobilissimo, è ampliare la base creditizia, consentendo
anche ai ceti più umili – che grazie al boom, da povere sono
diventate classe media negli ultimi anni - di trasformarsi in
consumatori attivi.
L’esperimento, vista la predisposizione della popolazione all’imitazione del modello consumistico statunitense più
che di quello europeo, è riuscito bene: il credito verde-oro è
schizzato in su del 516,4% negli ultimi 10 anni, arrivando
alla cifra record di 2,2 trilioni di reais, quasi un miliardo di
euro. È infatti sufficiente dimostrare di avere un lavoro re-
golare, con relativo libretto e versamenti effettuati all’Inss,
l’Inps locale, perché la banca dove il cliente ha depositato
anche sole poche centinaia di reais, oltre alla carta di credito,
conceda anche finanziamenti a tassi agevolati per l’acquisto
di automobile e casa.
Certo è che a volte questo modus operandi favorisce gli
eccessi, soprattutto quando alla rata non c’è alternativa.
L’ex direttrice dell’Istituto italiano di cultura di Sao Paulo,
abituata agli acquisti in contanti, alla sua richiesta di pagare cash un televisore al plasma, pochi giorni fa si è sentita
rispondere così da un commesso: “Signora, a quel prezzo
glielo posso vendere solo se mi paga con la carta di credito e
in dieci rate. Altrimenti, il prezzo sale”.
Il rischio, soprattutto se non si tiene d’occhio l’estratto
conto, è che con l’abitudine alla rateizzazione di ogni acquisto, l’accumulo degli arretrati, a mo’ di palla di neve che si
trasforma in valanga raggiunga un importo superiore alla
disponibilità del cliente-consumatore. In tal caso sono dolori, perché gli interessi passivi brasiliani sono i più alti al
mondo, in certi casi superano il 200% l’anno.
Da Londra al Brasile
Venchi cresce a due cifre
I
l trend passa dal 15% al 30% la crescita anno su anno delle
esportazioni dell’azienda cuneese, che si consolida soprattutto sui mercati in cui è posizionata nell’alto di gamma.
Ci sono voluti tempo e tenacia per convincere i mercati
esteri che l’eccellenza nel cioccolato non è soltanto svizzera o francese, ma i risultati stanno arrivando. Lo sottolinea Giovannni Battista Mantelli, direttore commerciale e
marketing della Venchi Spa, marchio storico del cioccolato
del Cuneese. E lo fa commentando i dati relativi alla crescita
dell’export dell’azienda, una percentuale, di fatto, raddoppiata negli ultimi mesi: “Siamo passati – spiega – da un più
10-15% a un più 30%, grazie a un processo di forte consolidamento del prodotto proprio in quei Paesi dove siamo collocati, sul mercato, in una posizione tra lusso e iperlusso”.
Un risultato che porta la quota di export della Venchi
al 15% del fatturato, e che quest’anno, prevede Mantelli,
supererà i 40 milioni di euro. Grazie “a una forte identità
mediterranea” e a una attenzione “verso per i sapori e gli
odori del paese di destinazione del prodotto”. Venchi all’estero diventa “istrionico”, capace di contaminarsi e di osare
accostamenti stravaganti con il cioccolato, come le spezie,
il peperoncino o il sale. “La nostra ambizione – aggiunge
– è di interpretare i gusti e le suggestioni dei Paesi dove
ci proponiamo, ma sempre in chiave made in Italy, con il
valore aggiunto di un cioccolato che nasce in un Paese del
Mediterraneo, che non ha bisogno dunque di troppi grassi,
che ha una chef life non lunghissima e che rinuncia a un
livello alto di conservanti”.
Asia – con 12 corner – e Medio Oriente sono in testa
alle destinazioni per il cioccolato Venchi, su mercati, spiega
il responsabile commerciale dell’azienda di Castelletto Stura, “molto propensi all’acquisto del prodotto a pezzo, e molto attenti al design”. In tema di esportazioni e presenza sui
mercati esteri, Venchi scommette non solo su accordi di distribuzione, come spiega Mantelli, ma anche su un piano di
sviluppo del canale retail che conta, tra le ultime aperture,
quella di Londra Covent Garden e quella in programma a
Jeddah, in Arabia Saudita, o a Hong Kong. Tra i nuovi mercati di destinazione, anche il Brasile, “forti di una proposta
globale – spiega l’ad – che accanto al cioccolato coinvolge
anche il gelato”.
Sul fronte della qualità, Venchi blinda la filiera integrata
e rende i coltivatori veri e propri partner. “Pur non avendo
nostre piantagioni – conclude Mantelli – puntiamo al massimo dell’integrazione all’interno del processo produttivo”.
comunit àit aliana | novem br o 2012
21
Moda
No tempo
da moda
A bolsa de negócios Fashion Business expõe novas
tendências do outono-inverno 2013 abordando o tempo como
tema e traz palestrantes como o estilista italiano Stefano Sorci
Nathielle Hó
O
Fashion Mall e o hotel
Royal Tulip sediaram,
de 6 a 9 de novembro,
a 21ª edição do Fashion
Business, em São Conrado, no Rio.
O evento integra o novo calendário
de moda da capital fluminense, que
agora realiza edições do Fashion
Rio e seus salões de negócios nos
meses de abril e outubro, e não
mais em janeiro. No evento, os
lojistas de todo o país puderam conhecer as novas tendências de 170
grifes para o outono e o inverno
de 2013. O salão contou com 90
estandes e apresentou dez novas
marcas. Além disso, os visitantes
puderam apreciar palestras de nomes importantes da moda, como o
professor italiano do Instituto Marangoni, Stefano Sorci.
De acordo com a diretora geral
da feira, Eloysa Simão, a reorganização das datas vai dar mais tempo
22
para que as peças sejam produzidas,
o que vai criar mais espaço entre
a venda das coleções e a entrega e
diminuir o cancelamento e as devoluções de pedidos. O consumidor
final é que vai ganhar com isso, pois
a mudança do calendário acarretará a queda dos preços em até 10%,
aquecendo ainda mais o setor.
— A partir de agora, toda a cadeia pode organizar melhor a sua
produção. Num evento como o
Fashion Business, que chega a movimentar mais de R$ 800 milhões
em vendas, essa economia pode
chegar a 15%, ou seja, R$ 120 milhões — enfatizou Eloysa.
Para a organizadora do evento,
outro ponto positivo na mudança do
calendário é a geração de empregos.
O salão gerou dois mil empregos a
mais nesta edição, afirma.
— Muita gente teve que contratar mão de obra extra para conseguir
entregar as coleções do verão, do alto verão, que ainda está entregando,
e fazer as roupas da temporada de
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
inverno. Nós gerávamos seis mil
empregos diretos. Nessa edição, a
gente conseguiu a marca de oito mil
— ressalta a diretora.
O tema da feira foi o tempo, assim como a mudança e a velocidade
na moda, que está sempre em busca do que é novo e das referências
do momento. O assunto também
inspirou a cenografia assinada por
Julia Liberati, que utilizou muitos
componentes de led com luzes coloridas para criar uma identidade
visual. Fotos e vídeos foram utilizados nesse processo de criação
para ilustrar a passagem de tempo
e delimitar os contornos do corpo.
Além de investir em novas coleções, o lojista teve a oportunidade
de enriquecer a bagagem cultural
através das palestras com especialistas do mercado de moda, como
diretores de marketing, consultores
e empresários da área, sob mediação de Eloysa Simão. A primeira
palestrante no fórum dos lojistas
foi a diretora de pesquisa de moda
da UseFashion, Patrícia Souza Rodrigues, que anunciou tendências
para as coleções de outono/inverno
2013: misturas, o retorno do estilo
militar, o vintage e os clássicos reinventados. Ela abordou a tendência
Mixed, que consiste em mesclar cores, acessórios e estampas, inclusive
as étnicas e de animais. E ressaltou
o retorno do estilo militar: peças
com muitos botões, casacos alongados, tecidos com texturas, roupas
leves com aparência mais bruta e
estampas atemporais, porém sem
a presença do camuflado. A tendência vintage que mescla o antigo com
o contemporâneo através de cortes
geométricos, estampas tradicionais
e bordados, nunca sai de moda, explica Patrícia.
Sorci ressalta a necessidade
de pluralidade na moda
Outra palestra muito prestigiada
pelo público foi a do professor italiano do Instituto Marangoni, Stefano
Sorci, intitulada Os Novos Caminhos
da Moda. Ele ministra aulas na instituição desde 2008 e já trabalhou
como analista de moda e comprador da loja de departamentos La
Rinascente por 12 anos. Atualmente, presta consultoria para empresas
dos Estados Unidos, Japão e Inglaterra. Sorci procurou abordar três
grandes importantes temas da moda
contemporânea: o sistema produtivo e criativo, as novas tendências e
a sustentabilidade através de novas
tecnologias de produção e de novas
fibras como matéria-prima.
O especialista forneceu uma visão geral do mundo da moda e do
seu processo de globalização e mostrou as diferenças entre o local e o
global e como melhor atender as necessidades dos clientes. Ele explicou
como as marcas devem proceder
para se adaptar ao mercado local, levando em conta a economia global.
A moda sobrevive à crise econômica, e estilistas e empresários devem
procurar se diferenciar no setor e
não apenas copiar o que já existe,
buscando utilizar cada vez mais produtos sustentáveis, defende.
— Hoje em dia o que se vê é
essa tendência do global que se espalha e torna o mundo uniforme.
As roupas que usamos em Milão
são vistas em Paris, Tóquio, Londres. É necessária uma identidade
cultural que resgate o diálogo entre
o presente e o passado e valorize a
herança cultural — enfatiza.
O professor italiano explorou as
macrotendências em seu discurso
e “desenhou” o que os jovens usam
hoje em dia. As tendências do mundo digital estão muito em voga e
assimilam o pensamento high tech.
Dentro desta vertente, Sorci falou
sobre a tendência do Chemical Cartoon, que usa computação gráfica
nas estamparias, objetos quadrados que se assemelham a peças do
Lego e pixels como nas imagens dos
Além de apresentar
novas tendências
e gerar negócios, o
Fashion Business
promoveu palestras
com especialistas no
mercado de moda,
como Stefano Sorci,
que falou sobre
moda global
e sustentável
computadores. É uma moda jovem,
que remete aos mangás, que são as
histórias em quadrinhos japonesas.
Outra tendência dentro do mundo
digital é a Cyber Strange, onde as
cores das roupas, segundo Stefano,
transmitem um efeito ambíguo de
verdadeiro e falso, e os cortes das
vestimentas deixam as formas irregulares, utilizando muito a malharia
para dar o efeito de fragmentação.
— As macrotendências levam
em consideração fatores sociais,
econômicos e culturais. Elas são
desenvolvidas a partir das expressões de vida, seja na forma como
a pessoa se alimenta, seja em suas
viagens e outras atividades.
A segunda tendência abordada
por Stefano foi a Next Nature, que
engloba a subtendência chamada
Sublime Nature, remetendo ao street cautoure onde formas de animais
aparecem em joias e outros objetos luxuosos. Outra corrente da
Next Nature é o Dark Resort, que
lembra a floresta noturna e utiliza
nas roupas o efeito fluorescente.
O Carnaval brasileiro, temática do
segmento, recorre ao uso de plumas
de pássaros, coloração em excesso
e estamparias diferentes misturadas. A Neo Geo também segue uma
linha naturalista e utiliza material
reciclável e orgânico.
— A Next Nature constrói as
roupas a partir de formas e cores
provenientes da flora e fauna. Essa
tendência é ecologicamente correta e utiliza tecidos naturais e de
origem biológica — enfatiza Sorci.
A terceira tendência que Stefano
disse ser muito vista hoje é a da moda urbana. A primeira corrente dessa
tendência é a Desert Elegance, que
abusa da alfaiataria e usa um volume
simples, na qual a roupa não encosta no corpo. A Luxury Archaeology
também utiliza formas minimalistas com cortes regulares, inspirada
nos origamis e na espiritualidade.
Após falar sobre as tendências usadas no mundo inteiro, o estilista
italiano lembrou que a publicidade
explora cada vez mais as imagens
de celebridades que costumam ser
admiradas e servem de exemplo comportamental, mas principalmente de
parâmetros da moda. Ao final, ele falou sobre a necessidade da produção
consciente e ecologicamente correta
e da necessidade de diferenciação no
mercado, que anda oferecendo muitas modelagens parecidas.
— Assim como no movimento
slow food, que procura ir contra as
comidas rápidas do fast food, atualmente está sendo difundido o
slow design, que busca ir contra a
padronização e o senso comum, a
favor da democracia de gostos, da
diferenciação na indústria criativa
e da valorização da moda eco-friendly — conclui.
comunit àit aliana | novem br o 2012
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Sociedade
De Masi
traça o futuro
Em março de 2013, intelectuais brasileiros se reunirão com
pensadores italianos em Paraty para buscar um novo modelo de
vida, guiados pelo sociólogo criativo Domenico De Masi
Stefania Pelusi
A
utor de várias obras reverenciadas no Brasil, como O ócio criativo, Domenico De Masi
anunciou aos participantes do XXII Enbra
(Encontro Brasileiro de Administração) que
em março de 2013 estará em um evento junto com outros
pensadores brasileiros e italianos em Paraty, no litoral Sul
Fluminense, para pesquisar “um novo modelo de vida,
um modelo brasileiro para o mundo”.
Refletir o Brasil: diálogo sobre a brasilidade. Esse será o nome do evento que vai acontecer entre os dias
20 e 23 de março, quando pessoas altamente qualificadas discutirão sobre o momento atual da evolução
brasileira, sob diferentes ângulos. Juntamente com os
resultados da pesquisa, poderão dar uma visão complementar e transcender os estereótipos sobre o Brasil
de modo a compartilhar conhecimentos e vivenciar a
formação de um grupo criativo, ao estilo de Domenico
De Masi.
O sociólogo encoraja os jovens
e os intelectuais a criar ideias novas para procurar um novo modelo
e diz que não tem esperança, e sim
“certeza de que a humanidade vai
para frente, não só com a tecnologia, mas também com as ideias”.
— A história da humanidade nos ensina que é um progresso
contínuo, mesmo se existem momentos obscuros como o nazismo,
as cruzadas, as guerras mundiais.
No entanto, a humanidade continua — declara à Comunità o
pensador de 74 anos.
Em busca de um
novo modelo de vida
O problema do presente é que a
nossa sociedade adaptou os valores
da sociedade passada, industrial, à
sociedade atual, que é pós-industrial, analisa. Ele dá como exemplo
a linha de montagem, feita por
trabalhadores que fazem um trabalho manual e precisam estar
contemporaneamente juntos porque senão tudo para.
— Já o trabalho intelectual
não exige que todos os trabalhadores trabalhem no mesmo lugar,
durante as mesmas quantidades
de horas. Nem é necessário ir ao
escritório. Pode-se trabalhar em
casa, evitando o engarrafamento,
principal problema de uma cidade
como São Paulo que está virando
um imenso manicômio — enfatiza
o carismático italiano.
Ele afirma que é tarefa dos
intelectuais a criação de um novo modelo, como fez Marx para o
marxismo e Weber para o capitalismo. Essa nova proposta precisa
levar em conta o mundo informático: segundo os últimos dados, os
usuários da rede social Facebook
já passam de um bilhão, com uma
idade media de 22 anos. Isso representa um mundo digital separado
dos adultos.
— Os jovens digitais falam inglês, viajam pelo mundo, não têm
medo dos gays, dos imigrantes,
das tecnologias. São mais propensos a ter as relações humanas mais
intensas, não carregam tabus sexuais. Enquanto os analógicos têm
medo de tudo, das tecnologias,
consideram a liberdade sexual um
Dez tendências para 2020, segundo Domenico De Masi
Longevidade – Em
2020, o planeta terá
um bilhão a mais de
bocas — e um bilhão
a mais de cérebros.
Viveremos até 730
mil, um aumento em
relação às atuais
700 mil horas. Viverá
mais quem tiver
relações sociais mais
intensas. E haverá
um bilhão de obesos.
24
Tecnologia – Em
2020, um chip
custará menos de
US$ 20. A engenharia
genética terá
evoluído muito e a
robótica avançará
a ponto de criar
robôs dotados de
informações afetivas.
O patrimônio de
músicas, filmes e
livros estará mais
disponível e a
próxima questão será
como “transferi-lo”
para o cérebro.
Economia – O PIB
per capita no mundo
será de US$ 15 mil,
contra os atuais US$
8 mil. Em paralelo
aos Brics, emergirão
os Civets (Colômbia,
Indonésia, Vietnã,
Egito, Turquia e África
do Sul).
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Trabalho – A
parte central do
mercado estará no
trabalho criativo.
Esses profissionais
serão os que terão
mais garantias e
melhor retribuição.
Os funcionários
executivos, por
outro lado, terão
menos garantias
em comparação ao
cenário atual. Haverá
uma significativa
massa de jovens sem
trabalho na Europa e
nos Estados Unidos.
Virtualidade – A
“nuvem informática”
terá transformado
o mundo em uma
única praça. A
privacidade sofrerá
uma mudança
radical, tendendo a
desaparecer. Graças
à farmacologia, todos
poderão inibir os
próprios sentimentos,
exacerbá-los, simulálos e combiná-los
da forma que
desejarem.
Lazer – Em 2020,
um jovem de 20
anos terá 555 mil
horas de vida pela
frente e 265 mil
horas de tempo
livre. A questão é
como ocupá-las:
será necessária uma
verdadeira formação
para o tempo livre.
Androgenia – Daqui
a oito anos, as
mulheres viverão
três anos a mais
do que os homens.
Cerca de 60%
dos estudantes
universitários e dos
pós-graduados serão
mulheres e muitas
casarão com um
homem mais jovem.
Terão um filho sem
ter um marido. Elas
estarão no centro do
sistema social e irão
gerenciar o poder.
pecado. O mundo analógico, a partir do ponto de vista da idade, está
destinado a terminar, mas as estruturas de poder ainda continuam e
as mulheres ainda estão fora da sala do controle, enquanto deveriam
decidir uma data para proclamar a
absoluta igualdade — afirma o cidadão honorário do Rio de Janeiro.
“Precisamos de uma
revolução global”
O desafio maior para o sociólogo é
mudar a organização de trabalho
nessa era pós-industrial. Isso será
possível somente através de uma
revolução global que crie um novo
modelo completamente diferente
daquilo do passado, acredita.
De Masi descarta as revoluções
árabes e europeias atuais como
possíveis soluções por serem “ainda um protesto contra um modelo
velho, e não uma proposta de um
novo modelo”.
— O verdadeiro problema é a
preguiça. Em vez de inventarmos
uma nova maneira de pensar, transportamos a organização da fábrica
para o mundo atual. Todos nós somos trabalhadores organizados
como numa linha de montagem,
enquanto a produção de ideias
não é proporcional ao tempo de
trabalho, mas é indiretamente
proporcional ao ócio criativo — comentou o presidente da Escola de
Especialização em Ciências Organizativas, a S3 Studium. Ética – Em 2020,
o mundo será
mais rico, porém
continuará desigual
na distribuição
dessa riqueza. A
visibilidade dessas
desigualdades
alimentará
movimentos e
conflitos.
Estética – Em 2020,
os fiéis se voltarão
à fé e os leigos, à
estética — a qual,
mais do que qualquer
outra disciplina, é
responsável pela
felicidade humana.
Quem se dedicar às
atividades estéticas
será mais gratificado
do que aqueles que
se dedicarem às
atividades práticas.
Domenico De Masi encanta a plateia do XXII Enbra ao falar
sobre as dez tendências para 2020
O italiano apaixonado pelo Brasil ressalta as características da sociedade atual e a divisão entre países
produtores de ideias, outros produtores de bens materiais e países do terceiro mundo.
— Os países do primeiro mundo não produzem
bens materiais porque as indústrias poluem. Assim,
preferem desenvolver universidades e laboratórios de
pesquisas e transferem as fábricas para os países emergentes, como o Brasil. A chegada de uma empresa não
quer dizer progresso, ao contrário, quer dizer subdesenvolvimento. No caso da empresa de automobilística
Fiat, o presidente executivo, Sergio Marchionne, está
reduzindo fortemente a presença da empresa na Itália
para desenvolvê-la em Belo Horizonte, pois uma hora
de trabalho em Turim custa 24 dólares. No Brasil, custa 12; em Pequim, um dólar; em Singapura, sete; e, na
Coreia do Sul, 4 dólares.
Durante a conferência para os
administradores no Rio de Janeiro,
o enérgico professor da Universidade La Sapienza de Roma quis
surpreender o público com projeções sobre como será o mundo em
2020 em relação a assuntos como
tecnologia, economia, trabalho e
virtualidade. O sociólogo montou
um grupo de especialistas de 30
pessoas na China, na Itália e no
Brasil, composto de economistas,
sociólogos, jornalistas, pintores
e artistas, os quais se encontram
periodicamente para apontar as
tendências da sociedade em 2020.
As abordagens giram em torno de
longevidade, tecnologia, economia,
trabalho, virtualidade, lazer, androgenia, ética, estética e cultura.
De Masi, junto com a sua equipe,
realizou um trabalho para orientar
debates com o objetivo de planejar
uma sociedade mais desenvolvida e
equilibrada para o futuro.
Cultura – O caráter
global irá superar
a identidade local.
Contudo, todos
tenderão a buscar
meios de se
diversificarem do
outro. A produção
cultural se dará
de muitos para
muitos (Wikipedia,
Facebook etc).
comunit àit aliana | novem br o 2012
25
Automóveis
Sonhos
sobre quatro rodas
O Salão do Automóvel de São Paulo recebe marcas renomadas como a Fiat e
desfila o que há de melhor em design e tecnologia do setor automotivo
Nathielle Hó
O
maior evento de exposição automobilística da
América Latina tomou
conta de São Paulo entre o final de outubro e o início de
novembro. Com a presença de 49
montadoras e importadoras e 500
carros, 7% a mais do que na última
edição, o 27º Salão Internacional do
Automóvel no Pavilhão do Anhembi
mostrou que o Brasil é um mercado
promissor e que passa longe da crise econômica enfrentada na Europa
e nos Estados Unidos. De acordo
com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea), o segmento no país teve
um crescimento de 5% nas vendas
neste ano. A perspectiva é que, até
o final de 2012, sejam vendidos 3,8
milhões de automóveis. Os números
são animadores, pois até setembro
foram licenciados 2,79 milhões de
unidades: um aumento de 4% em
relação ao mesmo período de 2011.
26
Um fato importante para o aumento das vendas de veículos no
Brasil foi a redução do Imposto
sobre Produtos Industrializados
(IPI), benefício que segundo a Anfavea aqueceu o setor, gerou 2,7
mil novos empregos e aumentou a
arrecadação de impostos em R$ 1,7
milhão por dia. Carros nacionais
de motor 1.0 foram beneficiados
com a queda do IPI de 7% para zero. Dos veículos com motor flex
até 2.0, o imposto caiu de 11% para 5,5%. Nos veículos utilitários, o
corte foi de 4% para 1%. De acordo
com o presidente da Fiat do Brasil
e da Anfavea, Cledorvino Belini,
houve aumento de 31% nas vendas
entre junho e outubro. Durante a
abertura do Salão do Automóvel,
a presidente Dilma Rousseff divulgou que o governo prorrogará a
redução do IPI para automóveis até
o dia 31 de dezembro deste ano.
— Antes do IPI reduzido ser
instituído, no final de maio, a média diária de vendas era de 12.300
unidades. Depois do benefício, a
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
O Salão do
Automóvel
apresentou
lançamentos, gerou
negócios e contou
com 49 montadoras
média nacional subiu para 16 mil
vendas diárias. Apesar disso, outros
fatores são necessários para impulsionar o mercado de automóveis,
como o destravamento do crédito
e a utilização do compulsório dos
bancos para estimular o financiamento. Além disso, a execução do
Programa Inovar-Auto no período
de 2013 a 2017 vai fazer com que
a indústria automobilística entre
em novo ciclo de competitividade
mundial — acrescentou Belini.
Por outro lado, a comercialização de veículos na Europa sofreu,
no mês de agosto, uma queda de
8,5%, liderada por Ford e General
Motors. Segundo a Associação de
Montadoras Europeias, a região
somou 722.483 emplacamentos no
mês de agosto, contra 789.458 no
mesmo período de 2011. As vendas
do início do ano até agosto caíram
6,6% na zona do euro.
Na abertura do salão, o vice-presidente executivo da empresa
organizadora do evento, a Reed Exhibithions Alcântara Machado, Paulo
Octávio de Almeida, ressaltou que
muitas montadoras estão migrando
para o Brasil porque o país se tornou
terreno fértil para investimentos.
— Com a crise em seus países
de origem, as montadoras estão focando nos emergentes, em especial
no Brasil, que hoje é o quarto maior
mercado mundial do setor. O Salão
do Automóvel é a grande vitrine para
as empresas mostrarem seus lançamentos, apresentarem tendências
e para a geração de novos negócios.
De acordo com nossas pesquisas,
55% das pessoas que visitam o salão
têm a intenção de trocar de carro nos
próximos seis meses. Por isso, a feira é um organismo vivo que reflete o
mercado — ressalta Almeida.
O evento bianual também fomenta o setor turístico da cidade,
atraindo turistas de negócios. De
acordo com os dados da SPTuris, em
2010, dos 750 mil visitantes, 300
mil estrangeiros deixaram no Brasil
R$ 360 milhões. A instituição afirma
que 20% da ocupação hoteleira neste período é motivada pelo salão.
Além de incentivar o turismo
e de fomentar o mercado de automóveis, o salão também serviu
para conscientizar o público sobre
os perigos no trânsito. As pessoas
testaram suas habilidades no simulador de direção, instalado no
estande do Ministério das Cidades.
O equipamento será obrigatório
para o aluno da categoria B, a partir do próximo ano, nas aulas das
autoescolas. O simulador já está
previsto na Resolução 168, do Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran). O estande também
divulgou a campanha de Redução
de Acidentes no Trânsito, que faz
parte do Pacto Nacional lançado
pelo governo brasileiro em 2011,
como resposta à Resolução da Organização das Nações Unidas, que
instituiu o período de 2011 a 2020
como a década para a redução de
mortes. No Brasil, os registros do
Ministério da Saúde mostram que
morrem 42 mil pessoas, a cada ano,
nas estradas.
Fiat brinda o público
com Ferrari e Maserati e
apresenta seus lançamentos
A Via Itália, importadora oficial
das marcas Lamborghini, Rolls-Royce, Ferrari e Maserati, resolveu
não investir no salão. No entanto, a
Fiat realizou o sonho de quem queria ver de perto uma Ferrari 458
Spyder e uma Maserati GranCabrio. A Ferrari conversível, vendida
no Brasil por R$ 1,9 milhão, vem
equipada com um motor V8 de 569
cavalos de potência, suficientes para cumprir de 0 a 100 km/h em 3,4
segundos e atingir uma velocidade
máxima de 320 km/h. Já a Maserati comporta um motor V8 de 450
cavalos. O modelo pode chegar aos
285 km/h e ir até 100 km/h em 5,2
segundos. O preço dessa versão é
R$ 920 mil. A Fiat também criou um estande só para a Chrysler, com veículos
da Dodge, Jeep e Ram, e apostou
nos minis, lançando o Cinquecento. Foram apresentados o 500 by
Gucci e a versão Cabriolet do modelo conversível. Os carros serão
vendidos a partir de R$ 57.900.
O 500 by Gucci faz parte das celebrações dos 90 anos da marca. Ele
recebe elementos de luxo, acabamento interno desenvolvido pela
grife e cores exclusivas que valorizam o glamour do perolado. De
acordo com o diretor comercial da
A Fiat agraciou os
visitantes do Salão
do Automóvel com
a exposição de uma
Ferrari 458 Spyder,
à venda no Brasil
por R$ 1,9 milhão. E
lançou o Cinquecento
na versão Gucci, que
agrega elementos
de luxo
Fiat, Lélio Ramos, a empresa procurou inovar nesta edição do salão
ao habilitar seus automóveis com
componentes sustentáveis.
— Estamos caminhando para o
nosso 11º ano de liderança no mercado brasileiro com participação de
23,1%. Este resultado é fruto de
um trabalho intenso de inovação
tecnológica. Lançamos o Fiat 500
com um preço mais acessível vindo
do México e oferecemos ao público
o sistema Eco-Drive, que serve para avaliar o modo de condução do
motorista, sugerindo formas de
deixar a direção mais sustentável,
com menos emissões de CO2 —
ressaltou Ramos.
A Fiat também apresentou no
salão as séries especiais Sublime
e Interlagos dos modelos Linea,
Siena, Uno e Palio. A série Interlagos deverá estar à venda no final
de novembro, quando acontece o
Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. Esses modelos receberão
a cor amarela e contarão com itens
esportivos. A Fiat mostrou ainda
o novo Punto, que, segundo Lélio,
representante da empresa, ganhou
novas formas de interatividade
com o usuário.
— O novo Punto vem dotado
do sistema Fiat Social Drive, que
permite ao motorista acessar a internet sem precisar tirar as mãos
do volante. Através do mecanismo
Blue&Me, o Fiat Social Drive lê para o motorista notícias dos grandes
portais e as atualizações das redes
sociais — acrescentou.
A Linha Especial Itália também
teve seu espaço no estande da Fiat,
mostrando o novo Uno Vivace com
o logotipo nas cores da bandeira
italiana. A empresa expôs ainda o
Grand Siena, único carro tetrafuel
do Brasil, com motor que suporta
quatro combustíveis.
Além dos lançamentos, a Fiat
tem vários projetos para os próximos anos no Brasil. A montadora
vai gastar €2,3 bilhões em uma nova fábrica no município de Goiana,
em Pernambuco. A companhia receberá financiamento do governo
brasileiro de até 85%, bem como
benefícios fiscais por cinco anos
após o início da produção. As obras
já começaram e o pólo automotivo
terá capacidade para a fabricação
de 250 mil veículos por ano. No espaço, serão construídos um parque
de fornecedores, centro de capacitação, centro de pesquisa e pista
de testes. A perspectiva é que as
operações na unidade iniciem em
março de 2014.
comunit àit aliana | novem br o 2012
27
O cavalo
e o tridente
Exposição no museu casa Enzo Ferrari reúne 19 automóveis entre
os mais representativos da Ferrari e da Maserati, concorrentes
mundiais que nasceram na mesma região italiana: a Emília-Romanha
Guilherme Aquino
A
De Modena
Ferrari e a Maserati competem entre si desde que vieram ao mundo. Os bólidos de Enzo
Ferrari e de Adolfo Orsi parecem que foram
criados à imagem e semelhança do outro no
que diz respeito ao design e à potência dos motores. A
leal concorrência pelo carro mais bonito e eficiente se
traduziu em corridas com modelos únicos que escreveram a história do automobilismo mundial. Para celebrar
esta competição eterna dentro e fora das pistas, as duas
marcas decidiram realizar uma exposição com os automóveis que ficaram registrados na memória coletiva dos
apaixonados pelo mundo das quatro rodas. O grid de largada para esta viagem no tempo é o interior do museu
Enzo Ferrari, no coração de Modena.
O amplo espaço criado ao lado da casa natal de Enzo
Ferrari abriga uma coleção sem precedentes que reúne
o melhor dos colecionadores, os quais, ao longo dos
anos, leilão após leilão, juntaram em suas garagens os
carros que mais fizeram sucesso. O cavalo empinado e
o tridente, os dois símbolos máximos da velocidade e
da beleza, estão estacionados nas plataformas de plexiglass. Ao todo, são 19 bólidos da Ferrari e da Maserati.
Cada um representa um momento especial. Da Fórmula
Um às Mil Milhas, das 24 Horas de Le Mans a Indianápolis, os dois carros desafiaram em duelos únicos a
perícia de quem estava ao volante e a resistência dos
motores em circuitos espalhados por todo o mundo.
Ali, estão alinhados uma Ferrari 340 MM, uma Maserati 250F, a Ferrari 50TRC e a Maserati A6 GCS/53.
28
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Eles são alguns dos 19 carros expostos que contam as aventuras de
Enzo Ferrari e dos irmãos Maserati, antes, e de Adolfo Orsi, depois.
A história destes pilares da odisseia
italiana começa com a entrada em
cena de Enzo Ferrari na Alfa Romeo. Na época, metade dos anos
1920, a Ferrari disputava com a Maserati, fábrica criada em 1914, em
Bolonha (e transferida a Modena
em 1937) por Alfieri Maserati, da
Isotta Fraschini. Dos cinco empregados, dois eram irmãos de Alfieri,
Ettore e Ernesto Maserati. A competição entre a Maserati e a Ferrari
começaria para valer apenas após
a saída de Enzo da Alfa Romeo e a
fundação da sua fábrica em 1939.
Antes, a escuderia já existia dentro
da estrutura da Alfa Romeo, porém,
não produzia seus próprios carros.
A linhagem nobre desses automóveis esportivos e de luxo ganhou
fama internacional e catapultou a
cidade de Modena no Olimpo dos
carros mais desejados do mundo. Os
carros citados acima representam a
ponta do iceberg de uma mostra
rara. A Ferrari 340 MM foi um carro de corrida produzido em 1953,
em apenas quatro exemplares. O
Fotos: cento29.com
Automóveis
modelo exposto venceu a Volta da
Sicília e chegou a bater recorde de
velocidade ao atingir 142km/h.
Nem todos os carros exibidos foram
escolhidos por seus resultados. A
Maserati tipo 63 Birdcage ganhou
um lugar no panteão dos eleitos
pelo seu design futurístico para a
época. O chassis tubular projetava o
modelo à frente do seu tempo, ainda
que na corrida cronométrica com os
concorrentes deixasse a desejar. Já
a Ferrari 500TRC foi construída em
1957 para fazer frente ao domínio
dos carros da Maserati na competição World Championship Sport
Prototypes. O chassis era tubular
em aço e a carroceria em alumínio.
O carro tinha sido desenhado pelo
projetista Scaglietti e chegou a marcar 245km/h.
Quem pensa que a admiração
pelos carros esportivos do passado
é apenas um exercício de nostalgia e contemplação se engana. Eles
são investimento seguro para uma
aplicação financeira. Uma pesquisa
do Wall Street Journal revelou que
um carro antigo de Maranello, uma
Ferrari, garantiu, no ano passado,
uma valorização de 28%, em média.
Segundo a bíblia dos automóveis
históricos — o Classic Car Auction
Yearbook — dos cem leilões mais
concorridos, em 37 eventos, foram
vendidos 35 modelos de Ferrari,
avaliados em mais de um milhão de
euros. É o investimento no passado
para garantir o futuro. Naturalmente, os carros exibidos no museu Casa
Enzo Ferrari não estão à venda. Mas
até março de 2013 — quando termina a exposição — quem sabe,
uma oferta irrecusável não poderá
mudar o destino, ou melhor, a garagem de um desses carros.
Notícias
Claudia Cardinale
A
os 73 anos, a atriz italiana Claudia Cardinale, diva do
cinema nos anos 1960, foi aplaudida de pé pelo público presente no encerramento da 36ª Mostra Internacional
de Cinema de São Paulo, em 1º de novembro. Estrela de
filmes como A pantera cor de rosa e Vagas estrelas da Ursa
Maior, a atriz de origem siciliana nascida na Tunísia rece-
Salernitano ilustre
O
presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio,
Indústria e Agricultura do Rio, Pietro Petraglia, recebeu o prêmio Salernitani illustri nel mondo das mãos do
presidente da Província de Salerno, Edmondo Cirielli, no
Palazzo Sant’Agostino, no dia 13 de outubro. A premiação
homenageia personalidades de origem salernitana que se
destacam em suas atividades na Itália e no exterior. O prefeito da cidade de Sacco, terra de origem dos pais de Pietro,
Claudio Saggese, destacou que “as páginas de sua revista
representam uma válida referência para os nossos compatriotas e para o mundo empresarial, político e diplomático
brasileiro”. — De suas origens, soube colher e exaltar as características típicas do Cilento: tenacidade, orgulho, sentido
de appartenenza — completou Saggese.
beu o prêmio Leon Cakoff pelo conjunto de sua obra. Em
entrevista à imprensa brasileira, revelou ser fã de futebol
e Fórmula 1, que nunca aceitou cenas de nudez por “não
querer vender o corpo” e que a melhor aventura de sua vida
foi quando filmou Fitzcarraldo, na Amazônia, do diretor
alemão Werner Herzog, na década de 1980.
Notícias
Poeta premiado
O
escritor brasileiro Cássio Junqueira foi premiado durante a 35ª edição do Prêmio Literário Internacional
S. Margherita Lígure - Franco Delpino, realizado pela Associação Nacional de Poetas, Autores e Artistas da Itália. A
comissão julgadora avaliou trabalhos de 707 participantes.
Sofia Loren no Rio
O
Cássio Junqueira, que teve seus poemas publicados no país
em 2010 na coletânea Só Poesia/Solo Poesia, recebeu o prêmio absoluto na categoria poesia, além de prêmios especiais
e menções honrosas. A cerimônia ocorreu em outubro, em
Santa Margherita Ligure, na província de Gênova. O livro de
Junqueira foi lançado também em edição bilíngue no Brasil
em 2011 pela Editora Comunità.
famoso e sempre polemico calendário Pirelli esse ano
escolheu a Cidade Maravilhosa como cenário para as
fotos do mestre da Magnum, Steve McCurry. Ícone do neorealismo italiano, a atriz Sofia Loren, de 78 anos, é a madrinha do calendário, que será apresentado no Rio no dia 27
deste mês. Pela primeira vez, uma modelo é representada
grávida, a baiana Adriana Lima. As outras protagonistas
são mulheres envolvidas no apoio a fundações, ONGs e
projetos humanitários. A edição já foi definida como o “calendário da alma”.
Assinatura: 1 ano = R$ 118,00
2 anos = R$ 199,00
Endereço para envio: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050
milão
GuilhermeAquino
Dança
das cadeiras
campanha para a sucessão de Roberto
A
Formigoni já está nas ruas. A nova eleição para a cadeira mais poderosa da Itália
depois daquela de primeiro-ministro, ou
seja, a presidência da Região da Lombardia, deve acontecer na virada do mês de
janeiro. Mas os candidatos que irão se
apresentar na disputa das primárias dos
partidos devem ser conhecidos até 15 de
novembro. A realização delas está prevista
para a primeira quinzena de dezembro.
Sem dinheiro
U
m fundo de dois milhões de euros vai
ser destinado às famílias com dificuldades financeiras. A crise italiana, em
Milão, atinge pelo menos dez mil núcleos
familiares que correm o risco de perder a
casa por falta de pagamento do aluguel. O
despejo pode deixar no olho da rua 90%
dessas pessoas que já foram notificadas.
A ajuda vai dar prioridade a quem tem a
renda baixa e, ainda, aos pais separados
que pagam pensão aos filhos e os aposentados que não “chegam” ao fim do mês.
Programa
deconcerto
fimdede
ano
fim de ano, tradicio-
Dança
das vitrines Milão
verde
nal programa milanês, vai mudar
famosa galeria Vittorio Emanuele vai
cinza Milão deverá ficar mais verde.
de endereço. Pela primeira vez, irá
Aganhar novos inquilinos. A prefeitura ATudo depende se a prefeitura vai ou não O
de Milão, proprietária do luxuoso imóvel, dá as boas-vindas às lojas de Armani
e Prada, depois de Gucci e Luis Vuitton.
Giorgio Armani vai desembolsar 479 mil
euros por ano pelo aluguel de um espaço
destinado à venda de acessórios de 145
metros quadrados de superfície. O valor
cobrado é o dobro dos antigos ocupantes. E Prada entra no lugar da lanchonete
McDonald’s: menos sanduíches e mais sapatos, a peso de ouro.
abraçar o plano da Legambiente, a maior
organização não governamental da Itália.
O projeto Lombardia Sustentável 2.0 prevê
a melhoria nos transportes ferroviários, a
criação de mais pistas cicláveis, a limpeza
dos rios e o aumento da área verde da cidade.
Pelo menos, sobre o incremento do plantio,
existe uma boa notícia. A prefeitura anunciou a chegada de três mil novas árvores.
Elas irão aumentar em quase 10% o número
total de árvores na paisagem milanesa.
acontecer dentro do castelo Sforzesco e não no espaço diante da catedral
do Duomo. A praça do “Cannone”
vai servir de moldura para o intenso recital de musica clássica. Mas a
programação natalícia começa no dia
7 de dezembro com a Prima della Scala. Dali em diante, os fins de semana
vão aquecer, culturalmente, o inverno da cidade.
comunit àit aliana | novem br o 2012
31
Capa
Turismo
Novos
roteiros
Nuovi itinerari
Com uma nova estratégia de turismo voltada para o público
brasileiro, Itália aposta nas redes sociais para divulgar destinos
ainda pouco visitados, como Cortina d’Ampezzo, Óstia e Modena
Con una nuova strategia di turismo rivolta al pubblico brasiliano,
l’Italia punta sulle reti sociali per divulgare destinazioni ancora
poco visitate, come Cortina d’Ampezzo, Ostia e Modena
Cintia Salomão Castro
C
om o início do inverno, os turistas procuram as estações italianas de esqui mais
prestigiadas, concentradas no norte da
península, como Madonna di Campiglio,
Cogne e Alpe Di Suisi. Ainda não são muitos, porém,
os brasileiros que conhecem ou procuram tais locais.
Pensando nisso, a Agência Nacional Italiana de Turismo, o Enit, está investindo na divulgação de destinos
ainda pouco explorados, como a região da Campânia,
a província de Modena, na Emília-Romanha, e a cidade de Cortina d’Ampezzo, conhecida como a rainha
vêneta das dolomitas e, sem dúvida, dona da mais
charmosa estação do país, palco da copa do mundo
de esqui realizada anualmente em janeiro. Situada
em uma reserva natural de mais de 11 mil hectares,
o parque natural das Dolomitas d’Ampezzo, reúne
charmosos cafés de onde se pode apreciar a paisagem
que vai do verde dos vales ao branco da neve no cume
das montanhas.
— Os turistas brasileiros que eu recebo são sempre alegres e dizem sempre que tudo é “muito lindo”.
Mas poucos nos visitam durante o inverno, quando
há muitas coisas para se fazer. Em Cortina, a vida
é como em Copacabana. Durante o dia, se pratica o
esporte; à noite, há muitos locais para se comer, se
divertir e dançar. Os brasileiros são o máximo para
Cortina e Cortina é o máximo para os brasileiros —
resume, mostrando grande entusiasmo para receber
32
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
C
on l’inizio dell’inverno i turisti cercano
le località sciistiche italiane più famose,
concentrate al nord della penisola, come Madonna di Campiglio, Cogne e Alpe
di Siusi. Ma non sono ancora in molti i brasiliani a
conoscere o cercare questi luoghi. Pensando proprio
a questo l’Agenzia Italiana di Turismo, l’Enit, investe nella divulgazione di destinazioni ancora poco
sfruttate, come la Campania, la provincia di Modena, l’Emilia-Romagna e Cortina d’Ampezzo, famosa
come la regina veneta delle Dolomiti e, senza dubbio,
località dove ci sono i più affascinanti impianti sciistici d’Italia e palco dei Campionati mondiali di sci,
realizzati tutti gli anni in gennaio. Cortina si trova in
una riserva naturale di più di 11mila ettari, il Parco
Naturale delle Dolomiti d’Ampezzo, che vanta bar affascinanti da dove si può ammirare il paesaggio, che
va dal verde delle valli al bianco della neve delle vette
delle montagne.
— I turisti brasiliani che ospito sono sempre allegri e dicono sempre che è tutto “molto bello”. Ma
in pochi ci visitano durante l’inverno, quando ci sono
molte cose da fare. A Cortina la vita è come a Copacabana. Durante la giornata si fanno sport; di sera ci
sono molti locali dove mangiare, divertirsi e ballare.
I brasiliani sono il massimo per Cortina e Cortina è
il massimo per i brasiliani — riassume, dimostrando
grande entusiasmo ner ricevere visitatori brasiliani,
Uma página
especialmente criada
para os internautas
brasileiros no Facebook
vai realizar concursos
que darão como prêmio
uma viagem à Itália
Ingimage.com
Una pagina creata ad
hoc dagli internauti
brasiliani su Facebook
realizzerà concorsi
che daranno in premio
un viaggio in Italia
comunit àit aliana | novem br o 2012
33
visitantes brasileiros, Flavia Sartor, proprietária do
Hotel Ancora, em Cortina D’Ampezzo, que esteve no
Brasil em outubro para divulgar a região.
Com o objetivo de incrementar ainda mais o fluxo
de brasileiros, que cresce cerca de 25% por ano, impulsionado, também, pelo crescimento da classe C, o
Enit adotou novas estratégias, como o investimento
em redes sociais. Até o final de 2012, cerca de 850 mil
turistas do Brasil devem visitar o Belpaese.
— Nosso objetivo é atingir um milhão de turistas brasileiros até 2014. Eles não estão mais
procurando visitar apenas as cidades mais conhecidas, como Roma, Florença, Bolonha, mas também
locais do sul, como Nápoles, a Costa Amalfitana e
a Sicília, que são lugares estupendos, com muita
história e gastronomia — revelou o diretor do Enit
para a América Latina, Salvatore Costanzo, durante o maior evento dedicado ao setor de turismo do
continente, a Feira das Américas, realizada pela Associação Brasileira de Agências de Viagens, a Abav,
no final de outubro, no Rio.
Marcio Roberto
Turismo
No alto, à direita, o
diretor do Enit para
América Latina,
Salvatore Costanzo,
destaca os destinos
italianos pouco
conhecidos pelos turistas
durante a Feira das
Américas. Nas outras
imagens, a rainha vêneta
das dolomitas, Cortina
d’Ampezzo
In alto a destra, il
direttore dell’Enit
per l’America Latina,
Salvatore Costanzo,
risalta destinazioni
italiane poco conosciute
dai turisti durante la
Fiera delle Americhe.
Nelle altre immagini,
la regina veneta delle
Dolomiti, Cortina
d’Ampezzo
34
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Marcio Roberto
Capa
Flavia Sartor, proprietaria dell’Hotel Ancora a Cortina d’Ampezzo, venuta in Brasile in ottobre per
divulgare la località.
Avendo per fine un maggiore incremento del flusso dei brasiliani, che aumenta circa del 25% all’anno
spinto anche dalla crescita della classe C, avutasi
grazie all’aumento del reddito di persone che erano
di ceti meno abbienti, l’Enit ha adottato nuove strategie, come gli investimenti in reti sociali. Entro la
fine del 2012 dovranno visitare il Belpaese 850mila
turisti circa.
— Miriamo ad arrivare ad un milione di turisti
brasiliani entro il 2014. Non visitano più solo le città
più famose come Roma, Firenze, Bologna, ma anche
località meridionali come Napoli, la Costiera Amalfitana e la Sicilia, che sono posti stupendi, con tanta
storia e gastronomia — ha rivelato il direttore dell’Enit per l’America Latina, Salvatore Costanzo, durante
il maggior evento dedicato al segmento turistico del
continente, la Fiera delle Americhe, realizzata dall’Associazione Brasiliana di Agenzie di Viaggi, la Abav,
alla fine di ottobre a Rio.
Il turismo di tipo culturale domina ancora le scelte dei visitatori brasiliani e inoltre aumenta il 10%
circa ogni anno, mentre il circuito enogastronomico
è aumentato in media del 18%.
Il cosiddetto ‘settore di matrimoni’, a sua volta,
ha registrato un aumento esponenziale di oltre il
30% annuo, afferma Costanzo.
— Questo segmento cresce molto rapidamente.
Le persone stanno cercando in Italia lo sfondo perfetto per sposarsi — ha commentato Costanzo.
Inoltre l’esistenza di milioni di brasiliani discendenti da italiani ha contribuito enormemente al
flusso di turismo in Italia: il direttore dell’Enit calcola
che un terzo circa degli oriundi sia già stato in Italia
perlomeno una volta nella vita.
O turismo de tipo cultural ainda domina a preferência dos visitantes brasileiros e ainda cresce cerca
de 10% ao ano, enquanto o circuito enogastronômico
aumentou em média 18%.
O chamado setor de casamentos, por sua vez, tem
registrado um crescimento exponencial, de mais de
30% por ano, afirma Costanzo.
— Esse segmento cresce muito rapidamente. As
pessoas estão procurando na Itália cenários perfeitos
para se casar — comentou Costanzo.
Além disso, a existência de milhões de brasileiros descendentes de italianos contribui amplamente
para o fluxo de turismo na Itália: o diretor do Enit
calcula que cerca de um terço dos oriundi já esteve no
país pelo menos uma vez na vida.
Foco nas redes sociais
para atingir os brasileiros
Segundo estudos do Ibope e da
Worldwide Independent Network
of Market Research (Win), cerca
de 87% dos internautas brasileiros
acessam sites de redes sociais. O
fato não passou despercebido pela agência de turismo italiana, que
acaba de criar um perfil especialmente voltado para os internautas
brasileiros em duas das mais importantes redes sociais virtuais.
No YouTube, o canal EnitBrasil reúne vídeos com imagens de
monumentos, ruínas arqueológicas, praças, praias e atrações
gastronômicas de regiões como Campânia, Abruzzo, Basilicata e Calábria. Já a
fanpage EnitTurismoNaItalia, criada há um
mês no Facebook, com todas as atualizações
publicadas em língua portuguesa, será um
canal para divulgar promoções, como um
concurso de fotos que melhor representam a
Itália e que presenteará os internautas
com uma viagem ou um Ipad. O lançamento do concurso está previsto para
acontecer até o final do ano.
O Enit aproveitou a participação na
Feira das Américas para estreitar os contatos com os operadores de turismo. Além
de reuniões entre a comitiva de autoridades italianas e os presidentes executivos
Itália aposta nas
redes sociais para
promover localidades
pouco conhecidas e
diminuir a distância
geográfica em relação
ao público brasileiro
Italia punta sulle reti
sociali per promuovere
località poco conosciute
e accorciare le distanze
geografiche con il
pubblico brasiliano
Reti sociali messe a fuoco
per raggiungere i brasiliani
Secondo studi dell’Ibope e della Worldwide Independent Network of Market Research (Win), l’87%
circa degli internauti brasiliani entrano in siti di reti
sociali. Questo fatto è stato identificato dall’agenzia
di turismo italiana, che ha appena creato un profilo
rivolto specialmente agli internauti brasiliani in due
delle più importanti reti sociali virtuali.
Su YouTube, il canale EnitBrasil offre video con
immagini di monumenti, rovine archeologiche, piazze, spiagge e attrattive gastronomiche di regioni come
Campania, Abruzzo, Basilicata e Calabria. Invece la
fan page Enit-TurismoNaItalia, creata un mese fa
su Facebook, con tutti gli aggiornamenti pubblicati in portoghese, sarà un canale per rendere note le
promozioni, come quella di un concorso di foto che
rappresentino meglio l’Italia, e che darà come premio
agli internauti un viaggio o un Ipad. Il lancio del concorso è previsto entro la fine dell’anno.
L’Enit ha approfittato la partecipazione alla Fiera
delle Americhe per fare vari contatti con gli operatori
turistici. Oltre alle riunioni tra la comitiva di autorità
italiane e i presidenti esecutivi di operatori brasiliani,
ha avuto luogo un incontro con il segretario di Turismo dello stato di Rio de Janeiro, Ronald Ázaro.
— Questo avvicinamento favorito dalla ABAV
è importante visto che avremo l’opportunità di
divulgare meglio le nostre strategie, cosí come di consolidare i nuovi affari — afferma Costanzo.
La Regione Toscana, ad esempio, ha presentato ai suoi operatori a Rio de Janeiro la sua più
recente campagna, che in questo momento è in fase start-up, il cui trailer ufficiale è stato proiettato
a settembre durante il festival Independent Film
Week a New York. Il concetto innovativo, chiamato
‘turismo esponenziale’, mette il viaggiatore come al centro di un film in cui gli
operatori, le guide e i vari istituti ricoprono
ruoli da coprotagonisti.
— C’è una specie di sceneggiatura. Tutti
sono capaci di partecipare al film, preparato
secondo ciò che vuole il cliente per il suo viaggio. Per esempio, chi è in cerca di un viaggio
romantico, per prendere un caffè in un posto
particolare, con vista e musica di sfondo, o una cena a lume di candela con la stessa musica, troverà
questi elementi che ha sognato — spiega Alessandro Fallani, tour operator della Toscana.
comunit àit aliana | novem br o 2012
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Turismo
de operadoras brasileiras, houve um encontro com o
secretário estadual de Turismo do Rio, Ronald Ázaro.
— É importante esta aproximação proporcionada pela ABAV, pois temos a oportunidade de divulgar
melhor nossas estratégias, bem como consolidar novos negócios — afirma Costanzo.
A Região Toscana, por exemplo, apresentou no Rio de
Janeiro aos operadores turísticos sua mais nova campanha, atualmente em fase de start-up, cujo trailler oficial
foi exibido em setembro durante o festival Independent
Film Week de Nova York. O conceito inovador, chamado
turismo esperenziale, coloca o viajante como se estivesse
no centro de um filme, onde os operadores, guias e estabelecimentos fazem papéis de coprotagonistas.
— Existe uma espécie de roteiro. Todos são capazes
de participar do filme, elaborado de acordo com o que o
cliente deseja de sua viagem. Por exemplo, quem busca
uma viagem romântica, tomando um café em um lugar
particular, com vista e música de fundo, ou um jantar à
luz de velas com essa mesma música, encontrará esses
elementos com os quais sonhou — explica Alessandro
Fallani, tour operator da Toscana.
O cliente passará as informações do que deseja de
suas férias ao tour operator ou à agência que o atende. Nesse cenário, tudo deriva daquilo que a pessoa
quer da sua viagem.
Outro incentivo italiano recém-lançado no mercado
brasileiro é o Club Itália Enit, uma espécie de programa
voltado para as operadoras que promovem a Itália como destino turístico. Divididas nas categorias prata,
ouro e platina, as vantagens incluem recebimento de
boletins informativos e material promocional a cursos
de formação e consultoria direta.
Também foi anunciado no Rio um projeto de turismo acessível, que procurará aplicar, no país, em
parceria com o governo brasileiro, o bem-sucedido
exemplo italiano na área. Para isso, serão utilizadas
tecnologias, como um banco de dados com informações sobre acessibilidade em locais públicos, como
hospitais, parques e estádios. Tais dados poderão ser
acessados por uma plataforma multimídia através de
ferramentas como GPS, Ipad e Totem.
As estratégias italianas incluem a revitalização do
bairro paulistano marcado fortemente pela imigração
italiana, o Bixiga. No local, está sendo desenvolvido um
projeto pela Acli (Associações Cristãs dos Trabalhadores Italianos). Intitulado Limes, tem como objetivo
contribuir para a difusão de um modelo de turismo
responsável replicável tanto no Brasil quanto na Itália,
além de valorizar o patrimônio histórico, arquitetônico, social e cultural do Bixiga por meio da idealização
de um itinerário turístico com o envolvimento da população local. Nesse contexto, serão valorizados o
diálogo entre a italianidade, as numerosas influências
culturais presentes no bairro e as tradições dos imigrantes junto à identidade do território.
Roma aposta no Ano da Fé e em Óstia
Cidade italiana mais visitada pelos brasileiros, Roma
aposta suas fichas no turismo religioso, embalada pelo
Ano da Fé, que começou em 11 de outubro deste ano
e termina em 24 de novembro de 2013 — e abrange a
Jornada Mundial da Juventude que trará o papa Bento XVI ao Rio de Janeiro em julho. O calendário inclui
eventos para os fiéis católicos e visitas ao pontífice.
O responsável pelo departamento de Turismo de
Roma, Antonio Gazzellone, esteve no Brasil em outubro para uma série de encontros no Rio e em São
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no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Marcio Roberto
Capa
O responsável pelo
Departamento de Turismo de
Roma, Antonio Gazzellone,
promove, além da Cidade
Eterna, um polo turístico
marítimo, o Lido di Ostia
Il responsabile del
Dipartimento di Turismo
di Roma, Antonio
Gazzellone, promuove
oltre alla Città Eterna, un
polo turistico marittimo,
quello del Lido di Ostia
No Bixiga, em São Paulo,
marcado pela imigração
italiana, está sendo
desenvolvido um projeto
pela associação italiana
Acli para valorizar o
patrimônio artístico, social
e cultural do bairro
A Bixiga, Sao Paulo,
segnato dall’immigrazione
italiana, è in via di
realizzazione un progetto
dell’associazione italiana
Acli per valorizzare il
patrimonio artistico, sociale
e culturale del quartiere
I clienti forniscono le informazioni di ciò che desiderano
durante le loro vacanze al tour
operator o all’agenzia responsabile. Quindi tutto dipende da
ciò che si vuole per il viaggio.
Un altro incentivo italiano
lanciato di recente sul mercato
brasiliano è il Club Italia Enit,
una specie di programma rivolto
agli operatori che promuovono
l’Italia come meta turistica. Divisi nelle categorie argento, oro
e platino, i vantaggi includono
la consulenza diretta e il poter
ricevere bollettini informativi e
materiali promozionali di corsi
di formazione.
È stato anche annunciato a
Rio un progetto di turismo accessibile, che in Brasile cercherà
di applicare, in partnership con il governo brasiliano,
il favorevole esempio italiano in questo segmento.
Per fare ciò saranno usate tecnologie, come un banco dati con informazioni sull’accessibilità in luoghi
pubblici come ospedali, parchi e stadi. Si potrà avere accesso a questi dati per mezzo di strumenti come
GPS, Ipad e Totem.
Le strategie italiane includono la riqualificazione del quartiere di São Paulo fortemente segnato
dall’immigrazione italiana, il Bixiga. Sul posto è in via
di realizzazione un progetto della Acli (Associazioni
Cristiane dei Lavoratori Italiani). Il progetto ha per
nome Limes, e mira a contribuire alla diffusione di un
modello di turismo responsabile e riproducibile tanto
in Brasile, quanto in Italia, oltre a valorizzare il patrimonio artistico, architettonico, sociale e culturale del
Bixiga, grazie all’ideazione di un itinerario turistico
con il coinvolgimento degli abitanti locali. In questo
contesto saranno valorizzati i dialoghi tra l’italianità,
le svariate influenze culturali presenti nel quartiere
e le tradizioni degli immigranti , insieme all’identità
del territorio.
Roma punta sull’Anno della Fede e Ostia
Roma, la città italiana più visitata dai brasiliani, punta sul turismo religioso, grazie all’Anno della Fede,
iniziato l’11 ottobre di quest’anno e che termina il
Ostia Antica é um dos
sítios arqueológicos
mais importantes do
mundo, mas ainda
pouco conhecido
pelos brasileiros
Ostia Antica è uno dei
siti archeologici più
importanti del mondo,
ma ancora poco noto
ai brasiliani
Paulo com autoridades e empresas de turismo. Na
capital paulista, junto a um comitê formado por representantes da indústria pública e privada reunidos
na Federação do Comércio, lembrou que Roma é o
principal destino dos brasileiros que visitam o país.
— Roma se organiza para ser protagonista na
oferta turística para os países do grupo dos Brics,
sem esquecer que é muito importante nosso papel de
capital para o componente da população de origem
italiana e que está na segunda ou terceira geração —
frisou à Comunità durante a feira da Abav.
A Cidade Eterna também quer divulgar o seu segundo pólo turístico. Pensando nisso, estiveram no
Brasil proprietários de estabelecimentos hoteleiros
de locais de Roma pouco conhecidos dos turistas, como a rica zona arqueológica de Ostia Antica, cidade
fundada pelos romanos com um muro datado do século IV a.C. e uma grande área com dezenas de ruínas
de templos, palácios, fóruns e armazéns daquele que
é considerado o primeiro porto fluvial da península.
Poucos sabem que, a poucos minutos dali, fica o Lido de Óstia, com ótima estrutura balneária,
hotéis e diversão noturna. Tamanha foi a necessidade de divulgar ao mundo que Roma tem praia que
os empreendedores de Óstia criaram a associação
Roma aposta suas fichas no
turismo religioso, embalada
pelo Ano da Fé, que começou
em 11 de outubro e vai até 24 de
novembro de 2013
Roma punta sul
turismo religioso
grazie all’Anno
della Fede, che
ha avuto inizio
l’11 ottobre e
durerà fino al 24
novembre 2013
24 novembre 2013, che include la Giornata Mondiale
della Gioventù, quando papa Benedetto XVI verrà a
Rio de Janeiro, in luglio. Il calendario prevede eventi
per i fedeli cattolici e visite al pontefice. Il responsabile del dipartimento di Turismo di Roma, Antonio
Gazzellone, è stato in Brasile in ottobre per una serie
di incontri a Rio e São Paulo con autorità e imprese di turismo. Nella capitale paulista, insieme ad un
comitato formato da rappresentanti dell’industria
pubblica e privata riuniti presso la Federazione del
Commercio, ha ricordato che Roma è la principale
meta turistica dei brasiliani che visitano l’Italia.
— Roma si organizza per essere protagonista
nell’offerta turistica per i paesi del gruppo dei Brics,
senza dimenticare che è molto importante il nostro
ruolo di capitale per quella parte della popolazione di
origini italiane e che si trova alla terza o quarta generazione — ha sottolineato a Comunità durante la
fiera della Abav.
Inoltre, la Città Eterna vuole rendere noto il suo
secondo polo turistico. Pensando a questo, sono stati
in Brasile proprietari di alberghi di luoghi in provincia di Roma poco noti ai turisti, come la ricca zona
archeologica di Ostia Antica, città fondata dai romani, con un muro del IV secolo a.C. e una grande area
con decine di rovine di templi, palazzi, forum e magazzini di quello che viene considerato il primo porto
fluviale della penisola.
In pochi sanno che, a pochi minuti da lí, c’è il
Lido di Ostia, con un’ottima struttura balnearia,
alberghi e vita notturna. Il bisogno di divulgare al
mondo che Roma ha il mare, che gli imprenditori di
Ostia hanno creato l’associazione Assohotel Mare di
Roma, di cui fanno parte sei alberghi, come l’Hotel
comunit àit aliana | novem br o 2012
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Capa
Turismo
A Campânia quer
mostrar que, além
da Costa Amalfitana,
Capri e Pompeia, tem
pequenas cidades com
muito a oferecer, como
os templos dóricos de
Paestum e o Castello
della Leonessa em
Montemiletto
Assohotel Mare di Roma, da qual fazem parte seis estabelecimentos hoteleiros, como o Hotel Belvedere,
cujo diretor, Nicola della Puca, esteve no Brasil.
— Ostia Antica é um dos sítios arqueológicos mais
importantes do mundo, mais ainda pouco conhecido
pelos brasileiros — comenta Della Puca.
O diretor do Ostia Antica Park Hotel, Roberto De
Prosperis, também esteve no Rio pra divulgar as atrações da região.
— Queremos lembrar também que o Lido de
Óstia faz parte do Comune de Roma. Do centro da
cidade, o visitante chega de metrô em menos de meia
hora. Além disso, a reserva natural de Lipu Ostia possui uma zona de observação de pássaros — ressalta
De Prosperis.
No local, espécies que não existem no Brasil podem ser apreciadas, como o noitibó-da-europa e o
abelharuco.
Campânia é a que mais
cresce em número de visitantes
A região que mais cresce (cerca de 40% ao ano) em
termos de visitação entre os turistas brasileiros
é a Campânia. Com cinco províncias — Avellino,
A região que mais cresce em
visitação entre os turistas
brasileiros é a Campânia, com
um aumento de 40% ao ano,
seguida pela Sicília, que registrou
um crescimento de 35%
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no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
La Campania vuole
mostrare che oltre alla
Costiera Amalfitana,
Capri e Pompei, ci sono
delle piccole città che
hanno molto da offrire,
come i templi dorici di
Paestrum e il Castello
della Leonessa a
Montemiletto
La regione a
ricevere più
visitanti tra i
turisti brasiliani
è la Campania,
con un aumento
del 40% annuo,
seguita dalla
Sicilia, che ha
registrato una
crescita del 35%
Belvedere, il cui direttore, Nicola della Puca, è venuto in Brasile.
— Ostia Antica è uno dei siti archeologici più
importanti del mondo, ma ancora poco noto ai brasiliani — è il commento di Della Puca.
Anche il direttore dell’Ostia Antica Park Hotel,
Roberto De Prosperis, si è recato a Rio per rendere
note le attrattive del posto.
— Vogliamo anche ricordare che il Lido di Ostia
fa parte del Comune di Roma. Al centro della cittadina, i visitatori arrivano in metro in meno di mezz’ora.
Inoltre la riserva naturale di Lipu Ostia vanta una zona di birdwatching — sottolinea De Prosperis.
Sul posto, specie che non esistono in Brasile possono essere osservate, come il Caprimulgo europeo e
il tordo marino.
La Campania è quella che cresce di più
La regione che vanta la maggior crescita in termini
di visite tra i turisti brasiliani (il 40% circa all’anno),
è la Campania. Con cinque provincie – Avellino, Bevevento, Caserta, Napoli e Salerno – presenta un
inestimabile patrimonio culturale, con segni lasciati
da greci, sanniti, romani, normanni, arabi, spagnoli
e longobardi.
— Il nostro è un patrimonio molto ricco, dato che
è stato invaso da molti popoli che sono rimasti, come i francesi, i normanni e gli spagnoli. Agropoli, ad
esempio, è stata governata dagli arabi nel XI secolo
— ricorda a Comunità il dirigente di turismo e cultura della Campania, Rocco Perna.
La regione vuole mostrare che oltre ai famosi
gioielli mediterranei, come la Costiera Amalfitana, Ischia, Capri, Sorrento e Pompei, ha molto di più da
offrire in cittadine che offrono visite a monumenti
Bevenento, Caserta, Nápoles e Salerno — a região reúne um patrimônio cultural inestimável, com marcas
deixadas por gregos, sanitas, romanos, normandos,
árabes, espanhóis e longobardos.
— Nosso patrimônio é muito rico, pois foi invadido por muitos povos que ficaram, como franceses,
normandos e espanhóis. Agropoli, por exemplo, foi
governada pelos árabes no século XI — lembra à
Comunità o dirigente de turismo e cultura da Campânia, Rocco Perna.
A Campanha quer mostrar que, além das famosas
joias mediterrâneas, como a Costa Amalfitana, Ischia,
Capri, Sorrento e Pompeia, tem ainda mais a oferecer
em pequenas cidades que oferecem visitas a monumentos de várias épocas, como os templos dóricos
de Paestum e o Castello della Leonessa em Montemiletto, edificado em época de dominação longobarda
e modificado pelos normandos no século XII. No capítulo enogastronomia, a região tem o mérito de ter
inspirado a criação do conceito de dieta mediterrânea,
hoje patrimônio cultural da Unesco. Após anos de estudo e observação da dieta seguida pela população da
zona do Cilento, especialmente na localidade de Acciaroli, o nutricionista norte-americano Ancel Keys
lançou mundialmente o conceito no livro How to eat
well and stay well, the mediterranean way.
Guiar uma Ferrari no autódromo
de Modena a partir de 400 euros
Localizada em uma zona estratégica da península italiana, a poucas horas da capital e do sul e, ao mesmo tempo,
muito próxima do norte industrial, a Emília-Romanha
também estreou na maior feira de turismo da América
Latina em 2012. A novidade principal é animadora para
os brasileiros apaixonados por carros. Inaugurado este
ano, o Museu Casa Enzo Ferrari, situado em Modena,
di varie epoche, come i templi dorici di Paestum e
il Castello della Leonessa a Montemiletto, costruito durante la dominazione longobarda e modificato
dai normanni nel XII secolo. Nel capitolo enogastronomia, la regione può vantarsi di aver ispirato la
creazione del concetto di dieta mediterranea, oggi patrimonio culturale dell’Unesco. Dopo anni di studio
e osservazione della dieta seguita dalla popolazione
della zona del Cilento, specialmente ad Acciaroli, il
nutrologo statunitense Ancel Keys ha lanciato nel
mondo il concetto nel libro How to eat well and stay
well, the mediterranean way.
No Museu Ferrari,
situado em Maranello,
é possível fazer um
passeio no carro
vermelho mais famoso
do mundo
Nel Museo Ferrari, a
Maranello, è possibile fare
un giro sulla macchina
rossa più famosa
Guidare una Ferrari con 400 euro
Situata in una zona strategica della penisola italiana, a
poche ore dalla capitale e dal sud e, allo stesso tempo,
molto vicina al nord industriale, anche l’Emilia-Romagna si è fatta presente per la prima volta nella maggior
fiera di turismo dell’America Latina nel 2012. La
principale novità è promettente per i brasiliani appassionati di macchine. Inaugurato quest’anno, il Museo
Casa Enzo Ferrari, a Modena, riunisce nella residenza del creatore del marchio documenti, foto, lettere
raccolte in archivi della famiglia e ‘reliquie’, come la
prima auto con la marca Ferrari, la S 125, del 1947.
Ma non solo di musei sono fatte le attrattive per
chi visita la regione: nell’autodromo di Modena si può
fare un test drive su una Ferrari 430 Challenge. Sono
cinque giri di piesta individuali, che durano da 10 a
20 minuti, e che rappresentano la realizzazione del
“feticcio” del visitatore disposto a pagare da 400 a
500 euro per lo svago.
comunit àit aliana | novem br o 2012
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Capa
Turismo
reúne, na residência do criador da marca,
documentos, fotografias, cartas recolhidas em arquivos da família e relíquias
como o primeiro carro com a marca Ferrari, a S 125, de 1947.
Mas não só de museus são feitas as
atrações para quem visita a região: no
autódromo de Modena, é possível fazer um test drive em uma Ferrari 430
Challenge. São cinco voltas individuais
que duram de 10 a 20 minutos, e que
representam a realização do “fetiche”
do visitante disposto a pagar de 400 a
500 euros pela empreitada.
Por menos do que isso, é possível guiar uma Ferrari esportiva, como a F430 Spider e a F430 Scuderia
em ruas próximas a Maranello. Dependendo do modelo Ferrari, um passeio de 10 minutos custa de 60 a
100 euros. A corrida mais cara se faz com o modelo
F458 Italia. Possuir a carteira de motorista internacional é necessário em todos os casos.
— A nossa força é que, em um raio de 30 quilômetros, há a possibilidade de ver muitas coleções de época,
vários museus e visitar algumas fábricas. Para citar
não apenas a Ferrari, mas também Maserati e Lamborghini — conta à Comunità Daniela Fedel, diretora da
ModenaTur, empresa que organiza as corridas para os
turistas. Ela conta que tem recebido grupos de brasileiros que conseguiram realizar o sonho de dirigir uma
potente Ferrari nas pistas de Modena.
Outra atração da Emília-Romanha são as fábricas
do famoso aceto balsamico de Modena. Daniela Fedel
chama atenção para o fato de que o nome do verdadeiro vinagre é aceto balsamico tradizionale di Modena,
caracterizado pela produção artesanal e pelo envelhecimento mais longo, diferente do industrial.
— O tipo industrial é o mais comum. O tradicional
de Modena, porém, é encontrado em um só tipo de garrafa, desenhada por Giugiaro, o designer da Fiat, e tem
um envelhecimento mínimo de 12 anos, até chegar ao
extra envelhecido em 25 anos — explica à Comunità.
Uma garrafa do aceto tradicional de 100 ml pode
custar cerca de 40 euros, enquanto o extra envelhecido pode chegar a 80 euros.
É possível agendar uma visita guiada a uma das
dezenas de fábricas familiares nas localidades rurais
da região. Ali, o turista pode acompanhar o processo
de fabricação, do cultivo da uva ao engarrafamento,
conversar e até fazer uma refeição com a família tendo
à mesa o mais legítimo vinagre balsâmico de Modena.
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no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Modena: uma cidade que
oferece monumentos,
arte e o famoso vinagre
balsâmico tradicional
caracterizado pela
produção artesanal e
pelo envelhecimento
mínimo de 12 anos
Modena: uma città
che offre monumenti,
arte e il famoso aceto
balsamico tradizionale
caratterizzato dalla
produzione artigianale
e dall’invecchiamento
minimo di 12 anni
Per meno, si può guidare una Ferrari sportiva, come la F430 Spider e la F430 Scuderia, in strade vicine
a Maranello. A seconda del modello Ferrari, un giro di
10 minuti costa dai 60 ai 100 euro. La corsa più cara
si fa con il modello F458 Italia. Ma bisogna avere la
patente internazionale in tutti casi.
— La nostra forza si basa sul fatto che, in un raggio
di 30 chilometri, si possono ammirare molte collezioni d’epoca, vari musei e visitare qualche fabbrica. Per
citare non solo la Ferrari, ma anche la Maserati e la
Lamborghini — racconta a Comunità Daniela Fedel,
direttore della ModenaTur, impresa che organizza le
‘corse’ per i turisti. E dice di aver ricevuto gruppi di
brasiliani che sono riusciti a realizzare il sogno di guidare una potente Ferrari sulle piste di Modena.
Un’altra attrattiva dell’Emilia-Romagna riguarda
le fabbriche del famoso aceto balsamico di Modena.
Daniela Fedel fa osservare che il vero nome dell’aceto è ‘aceto balsamico tradizionale di Modena’,
caratterizzato dalla produzione artigianale e dall’invecchiamento più lungo, diverso da quello industriale.
— Il tipo industriale è più comune. Ma quello
tradizionale di Modena si trova in un solo tipo di bottiglia, disegnata da Giugiaro, il designer della Fiat, e
ha un invecchiamento minimo di 12 anni, fino ad arrivare a quello che subisce un invecchiamento extra,
di 25 anni — spiega a Comunità.
Una bottiglietta di aceto tradizionale di 100ml
può costare 40 euro circa, mentre quello di 25 anni
può arrivare ad 80 euro.
Si può agendare una visita guidata ad una delle decine di fabbriche simili nelle località rurali
della regione. Lí i turisti possono seguire il processo
di produzione, dalla coltivazione dell’uva all’imbottigliamento, parlare e perfino fare un pasto con la
famiglia avendo in tavola il più legittimo degli aceti
balsamici di Modena.
O número de brasileiros
que visitam a ilha da
Sicília é em contínuo
aumento. Os turistas
se apaixonam por suas
belezas naturais, a rica
gastronomia e pelos
bons vinhos
Il numero di brasiliani
che visita l’isola della
Sicilia è in continuo
aumento. I turisti si
innamorano delle sue
bellezze naturali, della
ricca gastronomia e
dei buoni vini
Brasiliani scoprono le meraviglie siciliane
Subito dopo la Campania, è la Sicilia la regione che
registra la seconda maggior percentuale di crescita in
termini di visite di turisti brasiliani, con un aumento
del 35%, secondo dati dell’Enit.
— C’è stato un aumento di presenze di turisti brasiliani, ancora non cospicuo, ma sicuramente c’è un
maggior interesse. I turisti che vengono dal Brasile
preferiscono le città d’arte, il turismo culturale. Una
parte considerevole fa anche turismo di tipo religioso — racconta a Comunità il direttore del servizio
di promozione e marketing di turismo della Regione
Sicilia, Roberto Lanza.
Il direttore vendite del Grand Hotel Villa Igiea, un
hotel a cinque stelle a Palermo, Alessio Candiloro, nota che i brasiliani di solito arrivano in piccoli gruppi,
dai 40 ai 50 anni, e vogliono mangiare bene.
— Cercano buoni vini, la gastronomia, noleggiano
barche e cercano alberghi di categoria superiore—
nota Alessio.
Parlando di vini, la Sicilia è una delle regioni che
più producono vino in Italia. Grazie alle condizioni
ambientali, riesce a produrre 400 milioni circa di litri
annui. Dovuto alle iniziative dell’Istituto Regionale della Vite e del Vino siciliano (IRVV) negli ultimi
due decenni l’isola ha cominciato a dare priorità allo
stile originale, valorizzando il brand Made in Sicily.
I vini siciliani hanno conquistato, con merito, il certificato di qualità europea con 22 etichette DOC
(Denominazione di Origine Controllata) e un DOCG
(Denominazione di Origine Controllata e Garantita)
— motivi che rendono una visita in Sicilia ancor più
irresistibile e deliziosa per i brasiliani.
Eric Vandeville
Eric Vandeville
Eric Vandeville
Eric Vandeville
Brasileiros descobrem
aos poucos os encantos sicilianos
Logo depois da Campânia, a Sicília tem registrado o
segundo maior percentual de crescimento em termos
de visitação de turistas brasileiros, com um aumento
de 35%, segundo os dados do Enit.
— Houve um aumento da presença de turistas
brasileiros, ainda não conspícuo, mas há certamente um interesse maior. Os turistas que vêm do Brasil
têm uma preferência pelas cidades de arte, pelo turismo cultural. Uma parte considerável também faz
turismo de tipo religioso — conta à Comunità o diretor do serviço de promoção e marketing de turismo
da Região Sicília, Roberto Lanza.
O diretor de vendas do Grand Hotel Villa Igiea,
um hotel cinco estrelas situado em Palermo, Alessio
Candiloro, nota que os brasileiros chegam normalmente em pequenos grupos, com idade de 40 a 55
anos, e procuram comer bem.
— Eles procuram os bons vinhos, a gastronomia,
alugam barcos e buscam hotéis de categoria superior
— repara Alessio.
Por falar em vinhos, a Sicília é uma das regiões
que mais produzem vinho na Itália. Graças às condições ambientais, chega a produzir anualmente cerca
de 400 milhões de litros da bebida. Devido à atuação do Instituto Regional da Videira e do Vinho da
Sicília (IRVV), nas últimas duas décadas, a ilha passou a dar prioridade ao estilo original, valorizando o
brand Made in Sicily. E não foi à toa que os vinhos
sicilianos conquistaram o selo de certificação de qualidade europeia com 22 rótulos DOC (Denominação
de Origem Controlada) e um DOCG (Denominação
de Origem Controlada e Garantida) — motivos que
rendem uma visita à Sicília ainda mais irresistível e
deliciosa aos brasileiros.
comunit àit aliana | novem br o 2012
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Náutica
Rumo ao sul
Salão de Gênova mostra que os estaleiros italianos navegam
em direção aos mercados emergentes, como o Brasil, onde será
construído mais um estaleiro do grupo Azimut-Benetti até 2014
Guilherme Aquino
De Gênova
O
salão náutico de Gênova celebra a tenacidade dos armadores em navegar contra o
vento da crise econômica. Todos sabem
que depois da tempestade chega a bonança.
Mas quando? Ao invés de plantar os pés em terra firme à espera de respostas, os estaleiros italianos, líderes
mundiais na construção de iates e super-iates, navegam
rumo a novos mercados. Apontar a proa para as costas
do Brasil, da Rússia, da Índia e da China é a solução para
compensar a estagnação dos mercados europeu e norte-americano. A saída em direção aos emergentes atenua
os efeitos das quedas das vendas. Somente no arco de
um ano, o setor já perdeu cerca de 20 mil empregos.
Os fabricantes italianos e os seus concorrentes
franceses, ingleses, alemães e holandeses, entre outros
países, marcaram presença no salão de Gênova, que foi
transformado em uma vitrine de novos modelos nos
campos do luxo, do conforto e da tecnologia. Foram
200 mil metros quadrados de área expositiva em quatro pavilhões e duas marinas, abertos ao público de 6
a 14 do último mês de outubro. Mesmo sabendo que,
nos dias de hoje, modernidade, sofisticação e beleza chamam mais a atenção de admiradores do que de
compradores, os fabricantes acreditam que precisam
estar prontos para a retomada dos negócios. Lançaram âncoras em Gênova os novos 55S Azimut Yachts,
o Sense 46 Beneteau, o Vision 42 Bavaria e o Benetti
Delfino 93. Enfim, uma esquadra internacional, com
os estaleiros italianos, franceses e alemães que disputam uma regata de eficiência e design para conquistar
os clientes mais do que exigentes.
As quase 1500 embarcações expostas são capitaneadas por um mega-iate com 72 metros de comprimento.
O Stella Maris foi varado em julho deste ano pelo estaleiro Viareggio Superyachts, ao custo de 90 milhões de
euros. O gigante impressiona e faz muita gente sonhar
42
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
e até ganhar um torcicolo de tanto
olhar para o alto. Ali, bem ao lado,
porém um pouco menores, estão
barcos que navegam nos sonhos
dos amantes do mar, embora fiquem longe das costas brasileiras,
nem tanto pelo valor pago, e sim
pelo imposto cobrado. É o caso do
primeiro modelo Benetti Delfino
93, avaliado em 10 milhões de euros, vendido a um cliente brasileiro.
O importador Aderbal Coelho
Júnior, responsável pela operação,
afirma:
— No Brasil, o barco custa o
dobro. O armador prefere deixar o
iate em Miami e viajar de primeira
classe de avião sempre que quiser
navegar — afirma.
A fuga é também italiana. A
pressão fiscal do governo chefiado
por Mario Monti sobre os proprietários de embarcações acima dos dez
metros de comprimento é responsável, em boa parte, pela migração
de armadores rumo à França, Croácia e Espanha, onde os impostos
são bem menores. O resultado foi a
redução de 33% da vagas ocupadas
nas marinas e uma diminuição da
vendas de 3% no mercado interno,
além de 75% a menos no trânsito
dos iates pela costa italiana.
Nova fábrica em
Santa Catarina até 2014
Desembarca no Brasil mais um estaleiro do grupo Azimut-Benetti. O
anúncio foi feito no apagar das luzes
do salão náutico de Gênova. Depois
de vender 500 barcos em dez anos
no país, o colosso italiano decidiu investir na construção de um segundo
estabelecimento em Santa Catarina,
que deverá estar pronto em 2014.
O objetivo é a produção, nos próximos três anos, de 100 iates, entre
45 e 70 pés. Dias antes da abertura
do salão, a concorrente Sessa Marine inaugurou uma nova fábrica
no mesmo estado. A decisão confirma o solo catarinense como um
pólo náutico. Não por acaso, uma
comitiva de autoridades públicas do
estado — entre eles o secretário de
infraestrutura Vladimir Cobalchini
— visitou o salão de Gênova.
O presidente da Associação
Catarinense de Marinas, Leandro
“Mané” Ferrari, assinou acordos com
o Ministério italiano do Desenvolvimento Econômico e a Ucina, uma
espécie de Fiesp naútica italiana. O
objetivo é atrair mais investimentos
e proporcionar a criação de mão de
obra especializada no Brasil.
— Iremos reduzir a burocracia ao
mínimo para estreitar os laços com
as empresas italianas — garante o
secretário Vladimir Cobalchini.
Pet
ItalianStyle
Já faz tempo que o setor de acessórios de luxo se voltou para
o mercado dos animais de estimação. Confira algumas das
principais novidades deste nicho entre as grifes italianas.
Bolsa de viagem
Mala para carregar cachorros
com 28 cm de altura e 37 cm de
comprimento. Feito em couro saffiano
pela prestigiada marca italiana de
bolsas Serapian, é disponível nas
cores azul, preto ou vermelho.
Preço: € 763
www.serapian.com
Morada Spa
A grife Inamorada é uma das pioneiras na Itália na
produção de artigos para animais de estimação. Na
foto, está o Morada Spa, da linha Spa e Tempo Livre,
que consiste em um conjunto de banho formado por
um roupão dupla-face, meias antiderrapantes, toalhas
e faixa para a cabeça feitos em algodão e espuma.
Preço: € Sob consulta
www.inamorada.com
Dream Sofa
Fotos: Divulgação
Mais famosa marca de luxo para animais
da Itália, a For Pets Only cria, desde 1997,
os mais desejados artigos para pets da
moda italiana. Com duas boutiques, uma
em Milão e outra em Nova York, além da
loja online, a grife traz artigos como o
Dream Sofá — uma cama para cachorros
em tecido felpudo acompanhada de um
travesseiro no mesmo tecido.
Preço: € 250
www.forpetsonly.it
Bolsas e coleiras
A Gucci foi a primeira das grandes
grifes de luxo a apostar nos animais de
estimação. A bolsa grande em tecido preto
com acabamentos em couro é o modelo
clássico adaptado para carregar animais
de estimação. Um forro interno lavável e
removível acompanha a bolsa, que possui
32 cm de altura. Já a coleira, com as listras
tradicionais da Gucci em verde e vermelho,
tem 120 cm de comprimento, acabamento
em couro e acessórios metálicos em latão
banhado em ouro branco.
Preço: € 650 (bolsa) e € 330 (coleira)
www.gucci.com
Suéter de luxo
Acostumada a produzir
acessórios para cachorros, a
Alviero Martini lança para este
inverno esta coleção de roupas
em lã e náilon. Disponível em
três tamanhos e duas cores.
Preço: € 150
www.alvieromartini.it
comunit àit aliana | novem br o 2012
43
Cinema
Crise,
luz e ação
Em plena crise financeira, cineastas italianos, entre
veteranos e novatos, conquistam o público mundo afora
em um movimento de renovação batizado de Risorgimento
Janaína Pereira
A
De Veneza
crise econômica que a Itália enfrenta chegou ao cinema. Mas,
com criatividade e talento, os
cineastas italianos têm driblado este período financeiramente ruim,
com a realização de vários filmes que estão alcançando sucesso no mundo inteiro.
Este ano, três produções se destacaram
nos principais festivais de cinema. César
Deve Morrer (Cesare Deve Morrire), dos irmãos Taviani, ganhou o Urso de Ouro de
melhor filme no Festival de Berlim; Reality,
de Matteo Garrone, levou o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes; e A Bela
que Dorme (Bella Addormentata), de Marco
Bellocchio, foi o principal filme italiano no
Festival de Veneza, que premiou È stato Il
figlio, de Daniele Cipri, em duas categorias
(melhor fotografia e ator revelação).
Na terra de Fellini, Antonioni, Visconti, Pasolini, Rossellini e Monicelli — só
para citar alguns dos maiores cineastas
italianos que conquistaram o mundo —
veteranos como Marco Bellocchio e os
irmãos Taviani ainda têm espaço. Mas há
também uma nova geração, na faixa dos
40 anos, que conquistam o público e a crítica e ganham aos poucos reconhecimento
internacional. Essa nova safra do cinema
italiano, conhecida como Risorgimento,
tem como maiores destaques os diretores
Matteo Garrone, Emanuele Crialese, Saverio Costanzo e Paolo Sorrentino.
Apesar da boa fase, a atual produção
cinematográfica italiana ainda sofre críticas. Há aqueles que apontam uma grave
crise criativa e produtiva, como o crítico
Paolo Berroni.
— A Itália já foi, ao lado da França, o
maior concorrente da hegemonia americana no cinema. Hoje não conseguimos fazer
frente a eles porque nossos cineastas não
apresentam nada de novo. Continuam apostando em histórias que não conquistam o
público mundial e que são interessantes somente para os italianos — comenta.
Quem é quem no cinema italiano hoje
Matteo Garrone
Nasceu em Roma e despontou para o mundo em 2008,
quando ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de
Cannes com Gomorra, a história violenta de meninos
recrutados pela Máfia em Nápoles. Este ano, voltou
ao festival com Reality, apontado pelos críticos como
uma mistura das comédias italianas do passado e dos
filmes de Federico Fellini. A história gira em torno de
Luciano (Aniello Arena), dono de uma peixaria, casado
e pai de três filhos, que quer, a todo custo, participar
da versão italiana do Big Brother.
Em entrevista à ComunitàItaliana durante o
Festival de Veneza, onde foi jurado da competição
oficial, Garrone comentou sobre essa nova fase do
cinema italiano.
— Não acredito que os novos diretores italianos
façam filmes para mudar nosso cinema. Acho que
hoje temos uma linguagem universal, que alcança
um grande número de pessoas. Por isso, estamos em
evidência.
Garrone, que tem 44 anos, é apontado como o
melhor cineasta italiano da nova safra e era a aposta
certa para a indicação do país ao Oscar. Porém, perdeu
a vaga para os veteranos irmãos Taviani.
44
Emanuele Crialese
Aos 47 anos, nasceu em Roma e já fez quatro filmes,
todos com boa repercussão internacional. São eles Once
We Were Strangers, Respiro, Novo Mundo e Terraferma.
Este último ganhou o Grande Prêmio do Júri Festival de
Veneza de 2011 e foi indicado como representante da
Itália na disputa por uma indicação ao Oscar de produção
em língua estrangeira este ano. Com foco nos problemas
sociais italianos, Crialese mostrou em Terraferma a sua
visão sobre os problemas da imigração na Itália. Na
ocasião da apresentação do filme no Festival de Veneza,
o diretor chegou a discutir com uma jornalista italiana,
que o acusou de defender os imigrantes ilegais. O diretor,
no entanto, defendeu o filme dizendo que se tratava de
uma obra cinematográfica que retratava histórias reais.
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Paolo Sorrentino
Estreou no cinema em 2001 e começou a se destacar
em 2008 com a comédia política Il Divo, que ganhou o
Prêmio do Júri no Festival de Cannes. Em 2011, voltou
ao Festival com Aqui é meu lugar, estrelado por Sean
Penn. O filme é falado em inglês, mas foi produzido e
escrito por italianos, com dinheiro da Itália, em parceria
com irlandeses e franceses. Nasceu em Nápoles, tem
42 anos e está preparando um novo projeto: o filme La
grande bellezza.
Paolo Virzi
Despontou na Itália em 1994 com seu primeiro
filme, La Bella Vita. Porém, somente em 2010 com
A Primeira Coisa Bela, foi reconhecido em outros
países. O filme, representante do país no Oscar do
ano passado e maior bilheteria italiana dos últimos
tempos, é uma tragicomédia que conquistou o
público e a crítica ao dar nova vida a esse gênero.
Nasceu em Livorno e tem 48 anos.
Como em qualquer questão, há sempre o outro lado da história. O jornalista
Pietro Ferrara discorda de Berroni, apontando a renovação do cinema italiano.
— Tem muita coisa nova sendo produzida e o cinema italiano resiste a qualquer
tipo de influência externa, com produções de acordo com a nossa realidade.
O cineasta de animação Bruno Bozzetto ressalta que, com a crise, os italianos
têm ido pouco ao cinema. Por isso, escolhem bem as histórias às quais vão assistir.
— É um momento em que a Itália
produz uma ótima safra de humor, pois a
maioria dos italianos vai ao cinema poucas vezes por ano e levam toda a família.
Essas pessoas querem ver comédias para
deixar a vida real um pouco mais leve, já
que o dia a dia está muito pesado.
A crítica de cinema Maria Amatto
opina que não existe novo ou antigo cinema italiano. Para ela, o que existe são
novos e veteranos cineastas e, nesse
duelo, “quem sai ganhando é o cinema, e
a versatilidade que eles mostram diante
das dificuldades é, no mínimo, admirável”, conclui.
Saverio Costanzo
Nasceu em Roma, tem 37 anos e teve a segunda maior
bilheteria na Itália em 2010 com A solidão dos números
primos, baseado no best-seller homônimo de Paolo
Giordano. O filme foi seu quarto trabalho como diretor.
Em entrevista à Comunità, comentou as dificuldades
para se filmar na Itália.
— Temos grandes produções, mas, como são
financiadas por empresas, precisam ser comerciais. É
difícil fazer algo que seja cinematográfico. Muitos filmes
italianos que vemos no cinema, na verdade, poderiam
passar apenas na TV porque não são cinema de verdade.
Daniele Luchetti
Nasceu em Roma, tem 52 anos e ganhou fama
mundial em 2007 com Meu irmão é filho único. O
cineasta disputou a Palma de Ouro em Cannes em
2010 com La nostra vita, que rendeu o prêmio de
melhor ator a Elio Germano. Ele vive um operário
obrigado a cuidar sozinho de três filhos após a morte
de sua esposa. Seu próximo projeto, Storia mitologica
della mia famiglia, deve chegar aos cinemas em
2013 e já é apontado como o principal filme italiano a
concorrer em festivais mundias do ano que vem.
Roberto Benigni
O ator e diretor de 60 anos foi o grande nome do cinema
italiano no final dos anos 1990, quando ganhou o Oscar de
melhor ator e melhor filme estrangeiro com A Vida é Bela.
Era o ressurgimento do cinema italiano para o mundo. De
lá para cá, fez alguns filmes nos Estados Unidos, mas não
retomou o sucesso. Nascido na Toscana, chegou a ficar sete
anos longe das telas. Ressurgiu esse ano como ator, em
Para Roma com Amor, de Woody Allen. Mesmo não sendo
tão atuante no cinema hoje, ainda é muito popular na Itália.
Marco Bellochio
Aos 73 anos, nascido em Piacenza, é um dos mais
importantes cineastas italianos e também um dos mais
críticos à política do país. Fez seu primeiro filme, La Colpa
e La Pena, aos 21 anos, e conquistou reconhecimento
internacional em 1965 com o hoje clássico De Punhos
Cerrados (I Pugni in Tasca), um filme que questionava a
autoridade familiar. Ao longo dos anos, tem dirigido filmes
que alcançam sucesso fora da Itália, mas sempre divide
opinião dentro do país: talvez porque Bellocchio seja um
dos cineastas mais contestadores e politizados do cinema
italiano. Entre seus filmes de maior êxito, estão Bom Dia,
Noite, Vencer e Irmã Jamais. Seu último trabalho, A Bela Que
Dorme, aborda um caso de eutanásia que comoveu a Itália.
O filme era um dos favoritos ao Festival de Veneza
deste ano, mas não foi premiado. O resultado deixou o
diretor frustrado. Ele declarou, após o Festival, que não
voltará a concorrer.
— Para o Festival de Veneza, um filme que aborda
um assunto italiano é muito pequeno para ganhar uma
grande competição. Veneza não trata as obras nacionais
apropriadamente — lamentou.
Daniele Cipri
O roteirista e diretor de fotografia surpreendeu este ano
em Veneza com seu segundo filme como diretor, È Stato Il
Fliglio, vencedor de dois prêmios no Festival. Colaborador
de vários filmes de Marco Bellocchio, é uma das
promessas da nova safra de diretores italianos. Nasceu
em Palermo e tem 50 anos.
Nanni Moretti
Aos 58 anos, é um dos mais conceituados cineastas
italianos. Foi presidente do júri do Festival de Cannes
deste ano, local em que, em 1994, ganhou o prêmio
de melhor direção com Caro Diário, o primeiro grande
sucesso internacional, onde narra sua batalha pessoal
contra o câncer. Nasceu em Brunico, começou a dirigir
filmes em 1978 e sempre buscou o caminho da crítica
social, com uma visão sarcástica dos problemas.
Conhecido como o Woody Allen italiano, tem em sua
cinebiografia outros dois grandes sucessos: O quarto
do filho, vencedor da Palma de Ouro de melhor filme
no Festival de Cannes 2001, e Habemus Papam, que
participou da mostra competitiva de Cannes em 2011.
Giuseppe Tornatore
Começou a dirigir filmes em 1986. Em 1989, fez aquele
que é, até hoje, um dos mais lembrados filmes italianos
das últimas décadas: Cinema Paradiso. Sucesso de
público e de crítica, vencedor do Grande Prêmio do Júri
no Festival de Cannes de 1989 e do Oscar de melhor
filme estrangeiro em 1990, elevou Tornatore ao patamar
de maior nome do cinema italiano no início dos anos
1990. Teve outros dois sucessos em sua carreira:
Estamos todos bem (1990), estrelado por Marcelo
Mastroiani, e Malena (2000), que transformou Monica
Bellucci em símbolo sexual mundial. Mas nenhum deles
causou a repercussão e a comoção de Cinema Paradiso.
Nascido em Bagheria, tem 56 anos e está filmando
cada vez menos. Seu último trabalho foi em 2009, com
Baaria, que passou despercebido nos cinemas.
Irmãos Taviani
Vittorio e Paolo Taviani, respectivamente com 83 e 81
anos, têm, juntos, uma carreira de mais de 50 anos
dedicados ao cinema. E caberá aos veteranos cineastas
a missão de representar a Itália no Oscar de melhor filme
estrangeiro em 2013 com César Deve Morrer. Os cinco
indicados serão conhecidos no início do próximo ano.
Em Cannes, eles já ganharam dois prêmios: Palma de
Ouro com Pai Patrão (1977) e o Grande Prêmio do Júri
com A Noite de San Lorenzo (1982). Este ano, no Festival
de Berlim, conquistaram o Urso de Ouro com César
Deve Morrer, filme-documentário que é uma adaptação
da obra Júlio César, de Shakespeare, interpretada por
detentos da prisão de segurança máxima de Rebibbia.
comunit àit aliana | novem br o 2012
45
Gastronomia
Pomo
Nathielle Hó
Apreciado na Itália e no
Brasil, fruto gera altas
cifras para o mercado
de hortaliças com sua
enorme variedade.
Composição auxilia na
prevenção de doenças
A
lguns alimentos
são habitantes
fixos da cozinha. Entre
eles, está o tomate que
apresenta várias facetas: salpicado na pizza,
fatiado em rodelas sobre
a alface, entreposto nos
sanduíches, transformado em molho para carnes e
massas ou matizado nos drinques, ele é sempre bem-vindo.
Até o poeta chileno Pablo Neruda
se rendeu aos encantos do fruto
na poesia Oda al Tomate, reverenciando a hortaliça com expressões
como “majestade benigna” e “astro
da terra”. O tomate também estrelou como personagem principal no
cinema, no documentário Ilha das
Flores, que critica as desigualdades
sociais no Brasil. Porém, ele nem
sempre teve essa boa fama, sendo
visto no início como uma planta
ornamental venenosa. E foram os
incas, maias e astecas que o inseriram na alimentação. No Velho
Mundo, ele só ficou conhecido no
século XVI. Os primeiros tomates
tinham o formato de maçã e apresentavam coloração amarela, o que
fez o médico italiano e botânico
Pietro Andrea Mattioli nomeá-lo
46
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
de pomo d’oro ou “maçã de ouro”. Os
italianos foram os grandes divulgadores do cultivo do fruto nos países
para onde migraram, a exemplo do
Brasil, que conheceu a hortaliça no
século XIX.
O tomate é a segunda hortaliça
mais cultivada no mundo, sendo
superada apenas pela batata inglesa. De acordo com a Associação
Brasileira de Horticultura (ABH), a
produção mundial da hortaliça em
2010 totalizou 145,75 milhões de
toneladas. No rank dos dez maiores produtores mundiais, o país
que liderou foi a China, com 41,9
milhões de toneladas. A Itália ocupa a sexta posição com 6 milhões, e
o Brasil, a nona, com 4,2 milhões.
De acordo com a ABH, a produção
brasileira de tomates está concentrada nas regiões sudeste (35%)
e centro-oeste (34,8%). O sul e o
nordeste respondem por 15,5% e
14,5% da produção nacional, respectivamente. Com relação ao
consumo da hortaliça, o brasileiro
se encontra na sétima posição, com
um consumo anual de 18,5 kg por
habitante.
O agronegócio do tomate movimenta por ano R$ 4,2 bilhões e
gera mais de 650 mil empregos somente no setor de produção. Além
da produção nacional, o Brasil
importa pasta de tomate para reprocessamento e outros derivados
acabados como molhos, tomate
pelado, ketchup e sucos. De acordo
com dados da ABH, somente em
2010, o Brasil importou 61.223,5
toneladas de atomatados. A Itália é o terceiro fornecedor de
atomatados para o Brasil, com
10.607,6 toneladas. Depois da
pasta concentrada, os tomates
inteiros pelados são os produtos
de maior volume exportados pela
Itália para o Brasil. Em contrapartida, as exportações brasileiras
alcançaram apenas 7.649,5 toneladas, e os maiores volumes foram
enviados para países da América
do Sul e África. Segundo o engenheiro agrônomo e professor da
Universidade de São Paulo no Departamento de Produção Vegetal
(USP/Esalq), Paulo César Tavares
de Melo, não se pode comparar as
condições de produção brasileira
com a italiana.
— Nas condições tropicais e
subtropicais brasileiras, a produção de tomate é feita o ano todo
e em todas as regiões do país sob
alta pressão de incidência de doenças e do ataque de pragas, situação
que não ocorre na Itália, país que
respeita a sazonalidade. A Itália,
durante os meses de inverno, importa tomate fresco do norte da
África, de Israel, Jordânia e de
outros países próximos com produção no inverno menos rigoroso
no hemisfério norte ou que produzem tomate e outras hortaliças
em estufas agrícolas totalmente
climatizadas, a exemplo da Holanda. É assim que a sazonalidade é
respeitada. Além disso, os frutos
brasileiros têm de possuir características que permitam serem
transportados por mais de 3000
quilômetros e sob condições de estradas ruins — explica.
A produção de tomate é uma
atividade de altíssimo risco e de
custo de produção extremamente
elevado. De acordo com o professor
Melo, produtores gastam cerca de
R$ 60.000 por hectare. Em 2012,
de janeiro a junho, a média do quilo de tomate no varejo, segundo
dados do IBGE, ficou em R$ 2,60,
aumentando para R$ 4,00 entre junho e agosto. Entre março e abril
os produtores estavam perdendo
dinheiro nas zonas produtoras de
São Paulo quando o valor da caixa
de tomate na lavoura não passava
O professor da USP
Paulo César de
Melo ressalta que
a produção italiana
de tomates respeita
a sazonalidade,
enquanto a
brasileira sofre com
pragas e doenças
de R$ 10 e muitos deles chegaram
a jogar fora parte da safra. Esse
vai e vem dos preços é a marca registrada da comercialização das
hortaliças, segundo Melo.
— Se o produtor colher 2600
caixas, ele terá de vendê-las a R$ 23
cada, apenas para cobrir custos. O
tomate é um produto tipicamente
sazonal, havendo excesso de oferta numa dada época e escassez em
outra. No inverno, é comum o preço do tomate subir por conta do
tempo frio, que interfere na maturação dos frutos. Da mesma forma,
o excesso de chuva prejudica as
lavouras e o rendimento cai — ressalta o professor.
Benefícios à saúde da
pele e das gengivas e ajuda
no combate a infecções
Segundo a professora e doutora em Ciências dos Alimentos da
Universidade Federal Fluminense
(UFF), Claudete Chiappini, o tomate é um alimento que apresenta
uma composição extremamente
benéfica para o organismo. Não é
As raízes italianas
do tomate brasileiro
O
tomate chegou ao Brasil através dos
imigrantes italianos que aqui desembarcaram em 1870. Nas duas décadas seguintes, somente em São Paulo, chegaram
800 mil procedentes de Nápoles, da Calábria
e da Sicília. Eles trouxeram sementes do San
Marzano, o tomate alongado, sulcado, carnoso, com poucas sementes, de sabor e aroma
incomparáveis. No final do século XIX, foram
instaladas por membros da colônia italiana
em São Paulo as primeiras tratorias do país.
Mas, só por volta de 1910, nasceria em São
Paulo a primeira pizzaria. Em pouco tempo, a
culinária italiana com suas massas e molhos
à base de tomate foi se difundindo nos grandes centros urbanos. Na virada para o século
XX, destacava-se, entre as variedades mais
cultivadas no estado de São Paulo, a Rei Umberto, uma ramificação do San Marzano. Rei
Umberto, por sua vez, originou a variedade
Santa Cruz em 1945, a qual manteve-se na
liderança do mercado brasileiro até fins da
década de 1990.
comunit àit aliana | novem br o 2012
47
Gastronomia
calórico e apresenta apenas 14 kcal
por 100 gramas de fruto. O baixo
teor de glicídios, por sua vez, acarreta o pequeno grau de doçura, o
que levou ao hábito alimentar de
consumir o tomate junto às refeições salgadas. A hortaliça é uma
excelente fonte de vitamina C e de
minerais como magnésio, fósforo e
potássio, nutrientes que auxiliam
na prevenção de doenças.
— A vitamina C melhora a
absorção do ferro contido na dieta e contribui para o combate à
anemia. Além disso, a vitamina C
participa da síntese do colágeno,
tecido que faz parte dos músculos, ossos e cartilagens. Desta
forma, beneficia a saúde da pele
e das gengivas, evita a debilidade
óssea e a má formação dos dentes, ajuda no combate a infecções
e auxilia, em combinação com o
zinco, na cicatrização de feridas.
O potássio, cuja quantidade no
tomate é elevada, age no relaxamento muscular e participa dos
processos de regulação das atividades neuromusculares. Outros
benefícios incluem a diminuição
da pressão arterial e das incidências de doenças cardiovasculares
— salienta Chiappini.
A professora da UFF, no entanto, alerta que as pessoas que
apresentam doenças do trato
gastrointestinal, como gastrite e
úlceras, ou doenças renais, como
cálculo renal e insuficiência renal
crônica, devem restringir o uso
de tomate e seus derivados. Já os
portadores de níveis altos de ácido
úrico no sangue devem eliminar o
extrato de tomate da alimentação.
O tomate também é rico em
licopeno, substância que dá a cor
Principais variedades do tomate
Grupo Salada
Variedades brasileiras
Variedades italianas
Grupo Santa Cruz
Caqui
Momotaro
Carmen
A marca
registrada desse
grupo são os
frutos carnosos
e muito grandes,
com peso que
varia de 250g
a 500g. O
formato globular
achatado
apresenta
muitos gomos e
a consistência
mole. Os
frutos são
intensamente
vermelhos, ideais
para fatiar e
compor saladas
ou sanduíches.
O tomate
de origem
japonesa tem
os frutos moles
e a coloração
rosada. O sabor
é adocicado e
apresenta baixa
acidez. Por isso,
é considerado
um tomate
gourmet. É
comercializado
no varejo por
preços muito
elevados.
De origem
israelita, os
frutos são de
formato redondoachatado, firmes,
de cor vermelhoalaranjada.
Pesam de 150g
a 200g. Carmen
foi o primeiro
híbrido do
tomate Longa
Vida (LV). Esse
tipo de tomate
tem grande
durabilidade
depois de
colhidos, uma
vez que são
portadores
de genes que
retardam a
maturação dos
frutos. Mas, em
contrapartida,
esses genes
interferem
no sabor, no
aroma e até na
pigmentação
vermelha típica.
48
avermelhada ao fruto. O licopeno
tem poder antioxidante, evitando
o aparecimento de radicais livres,
o que previne o envelhecimento precoce. O consumo regular
da substância também diminui a
probabilidade de ocorrências de
AVC e câncer de próstata e nos
pulmões. De acordo com a professora Chiappini, um estudo
conduzido na Itália na década de
1980 mostrou que o consumo de
tomate também reduz o risco de
câncer no trato digestivo.
Tomate e derivados são as
maiores fontes de licopeno. O tomate cru apresenta, em média, 30
mg de licopeno por quilograma do
fruto. Já o suco de tomate possui
150 mg de licopeno por litro, e o
ketchup contém em média 100
mg por quilograma. Em relação
ao aproveitamento do licopeno
Grupo Minitomates
Santa Cruz
não-híbrido
Santa Cruz
híbrido
Italiano
ou Saladete
São oblongos,
com três gomos.
Possuem firmeza
mediana. O peso
varia de 150g a
180g. Quando
maduros, se
deterioram em
curto espaço de
tempo. O sabor
é ligeiramente
ácido. A
variedade são
os tomates
Santa Clara.
Caracteriza-se
pelo fruto de
elevada firmeza
(tecnicamente
esses tomates
são chamados
de Longa Vida
Estruturais –
LVE), com peso
variando de
140g a 180g.
Exemplos de
alguns híbridos
desse tipo são
Débora, Avalon,
Bônus, Kombat.
Ideais para
saladas, quando
totalmente
maduros são
indicados na
preparação de
molho caseiro
e tomate seco.
Os frutos são
tipicamente
compridos (7 a
10 cm). Possuem
três gomos e são
carnudos, firmes
e de coloração
vermelha
intensa. Podem
ser utilizados em
saladas. Quando
completamente
maduros, são
excelentes para
fazer molho
caseiro e tomate
seco. Os híbridos
mais comuns
no mercado
são Pizzadoro,
Giuliana, Netuno,
Saturno e San
Vito. O híbrido
San Vito se
assemelha ao
tomate italiano
San Marzano.
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Holandês
Cereja
Grape
Vendidos
maduros em
cachos, tal como
são removidos
da planta. Os
frutos são
firmes, exibem
formato redondo
levemente
achatado e
pesam, em
média 90g. A
pós-colheita
é prolongada.
Podem ser
usados em
saladas e são
indicados para
fazer tomates
recheados. É um
dos mais caros
no mercado.
Os frutos são
pequenos,
com 30g,
arredondados
e dispostos
em cachos
compridos
tipo espinhade-peixe. São
produzidos
geralmente
em estufas
agrícolas. A cor
predominante é
o vermelho, mas
há no mercado
tomatescerejas de cor
amarela, rosada
e de formato
piriforme.
No grupo,
há também
os tomatescoquetel,
mini-italiano e o
tomate-morango.
O fruto se
assemelha a
uma baga de
uva da variedade
Thompson e
tem sabor muito
adocicado e de
baixa acidez.
Esse, na verdade,
é o principal
diferencial dos
grapes em
relação ao cereja
tradicional. O
peso é de 12g.
Com coloração
vermelha e
intensa, são
firmes. A vida
de prateleira
pode se estender
por até 15 dias.
Os frutos são
utilizados como
tira-gosto e na
decoração de
pratos frios e
saladas.
pelo organismo, de acordo com
a nutricionista Kalinca Cusielo,
mestranda em Ciências Aplicadas
a Produtos para Saúde da UFF, estudos atestam que o consumo do
molho de tomate aumenta o licopeno no organismo se comparado
ao consumo de tomates crus. De
acordo com a nutricionista, alguns
tomates italianos são mais indicados para a preparação de molhos e
outros para o consumo in natura.
— Entre as variedades de tomate italiano, está o San Marzano,
considerado o melhor tipo para o
preparo de molhos, assim como o
Arawak ou o Liguria, que possui
sabor delicado e polpa farinhosa.
Já o Nerone, de cor rosada e formato oblongo, é muito usado em
preparações que levam recheio.
O Tyty, de cor vermelha, normalmente é utilizado como antepasto
San Marzano
É o tomate preferido dos chefs e
pizzaiolos para fazer molhos. A
verdadeira pizza napolitana é feita
com esse tomate. Alongado, carrega
o nome de uma pequena cidade
perto de Nápoles, onde o tomate foi
desenvolvido, nas encostas de solo
vulcânico do Vesúvio. Os tipos em
lata são caros e difíceis de achar.
A Comunidade Europeia protege
algumas variedades, como o San
Marzano DOP (Denominação de
Origem Protegida). Além disso, o
movimento Slow Food trabalha com
uma campanha de preservação dos
tomates em risco de extinção na Itália.
O San Marzano Adão, e o San Marzano
Cyrano fazem parte do grupo.
e no preparo de molho para pizzas.
O Salvatore e o Dune, que possuem consistência crocante, são
utilizados em saladas. O Piccadilly
e o Ikram têm uso recorrente na
preparação de molhos. O Zagor e
o Eugênia são de uso geral, sendo
consumidos crus ou cozidos. O Clave, de cor vermelha intensa, tende
ao picante, e o Ikramito e Oscar, de
formato oblongo, são consumidos
crus ou em conserva sem pele —
detalha a nutricionista.
No Brasil, embora tenha importância semelhante à Itália, a
hortaliça não recebe tratamento
tão nobre no cultivo. No último relatório do Programa de Análise de
Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, de 2010, da Anvisa, 16,3%
da amostra de tomates apresentavam ingredientes não autorizados
ou resíduos acima do permitido
Tomato
Belmonte
Pomodoro
di Pachino
A variedade
é cultivada
exclusivamente
na área de
Belmonte
Calabro, na
província de
Cosenza. Ele
é um ecotipo
de Cuore di
Bue (coração
de boi) e pode
chegar a 2 kg.
Já foi chamado
de “carne dos
pobres”.
O tomate de
Pachino é
oriundo da costa
sudeste da
Sicília. A zona de
produção está
dentro da área
delimitada por
Noto, ao norte, e
Portopalo di Capo
Passero, ao sul.
A União Europeia
concedeu a ele a
proteção IGP em
2003. As quatro
variedades
incluem os
tomates
Ciliegino,
Costoluto
(tomate salada
grande), Tondo
Liscio e Grappolo
(“uvas” tomates).
A especialista
da UFF Claudete
Chiappini ressalta
que o tomate é rico
em licopeno que
auxilia na prevenção
de doenças. Já a
nutricionista Kalinca
Cusielo enfatiza que
o consumo do molho
de tomate aumenta
a substância no
organismo
pelo órgão. Apesar disso, novas
tecnologias têm auxiliado o uso
racional do agrotóxico, tais como
plantio direto, ensacamento das
pencas de tomate, uso de fertirrigação e manejo integrado de pragas
e doenças.
Ciliegino
Tondo Liscio
Cuore di Bue
O tomate-cereja
é cultivado em
todas as regiões
italianas, mas
especialmente
no sudeste da
Sicília, onde
as condições
climáticas e
ambientais são
mais adequadas.
No mercado ele
é encontrado
durante todo
o ano. Este
tipo de tomate
desenvolve
seus frutos em
grupo de até
25 tomates.
Os frutos são
vermelhos,
redondos,
com um sabor
adocicado.
O Chipano,
Suncherry, Pepe,
Lilliput, e Rod
são tipos de
tomate-cereja. É
muito utilizado
em saladas
caprese.
Espécie generalizada na Itália e em
outras partes do mundo, pode atingir
uma altura de dois metros. As flores
da planta de tomate são amarelas e
crescem no tronco e ramos. É usado
na preparação de saladas. Tem uma
carne muito firme e dura muito tempo.
Foi importado para a Europa por
volta de 1500. É uma fruta de
formato irregular e pode chegar a
pesos elevados. A casca é lisa e fina,
enquanto a polpa é saborosa. Porém,
não é muito rica em água e contém
poucas sementes.
Camone
Ikram
Arawak
Albenga
Originário da
Sardenha, é
muito resistente
a doenças
e pode ser
cultivado em
áreas com climas
diferentes. Tem
um gosto muito
forte e textura
crocante.
É um tomate
suave que
desenvolve
cluster, cada
um dos quais
pode transportar
até seis frutos.
É encontrado
durante todo
o ano e é
resistente,
durando até duas
semanas.
Encontrado
especialmente
nas regiões
de Ligúria
e Piemonte,
embora seja
cultivado no
resto do país.
Tem uma
forma que se
assemelha ao de
uma pera e pode
ser de coloração
rosa, verde ou
vermelha.
Fruto da união
de diferentes
espécies, tem
uma polpa um
tanto doce.
Possui forma
de coração
com nervuras
e é muito
grande. Pode
ter coloração
vermelha ou
laranja.
comunit àit aliana | novem br o 2012
49
Comunidade
Dos territórios
e do futuro
Semana da Língua Italiana mostra a cultura diversificada das
regiões da península e envolve o público brasileiro
André Batista
A
cultura italiana está mais forte do que
nunca no país. Em meio a tantos pubs ingleses, mercados orientais, restaurantes
mexicanos e shoppings repletos de produtos norte-americanos, o mês de outubro se destacou
no calendário de 2012 como o mês italiano no Brasil. Entre os dias 9 e 27 de outubro, aconteceu a XII
Settimana della Lingua Italiana nel Mondo, cujo objetivo é divulgar não só a língua, mas a cultura itálica.
O evento ocorre anualmente em todo o planeta. Há
12 anos, as embaixadas italianas desenvolvem o projeto como forma de mostrar aos habitantes daquele
país o orgulho que sentem de sua origem, além de
apresentar partes da cultura que poucos conhecem.
Desenvolvida com uma temática diferente a cada edição,
a Semana este ano abordou o tema A Itália dos territórios
50
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
e a Itália do futuro. Apesar do nome
complexo, a definição é simples:
apresentar às pessoas a pluralidade
de culturas e costumes do país, levantando questionamentos sobre o
destino da Itália e dos descendentes
italianos espalhados pelo mundo.
— Muitas pessoas conhecem
a massa e a tarantela e acham que
a cultura da Itália se resume a isso, mas não é verdade. O país tem
mais de três mil anos de cultura e
muita coisa que os não italianos
desconhecem. Até mesmo descendentes conhecem pouca coisa da
nossa cultura — garante Letícia
Iambasso, neta de italianos.
A Accademia della Crusca (Academia da Língua Italiana) e órgãos
ligados ao Ministério das Relações
Exteriores atuaram na escolha e na
montagem da programação. Esse
ano, a organização em São Paulo
ficou por conta do Consulado e
do Instituto Italiano de Cultura,
com a colaboração do Consolado da
Suíça em São Paulo.
A diversificada
culinária dos territórios
O país é divido em 20 territórios.
Cada qual com sua própria cultura
artística, política e gastronômica.
Assim como no Brasil o cardápio
do Rio Grande do Sul difere da culinária apresentada no Maranhão, a
região de Piemonte, ao norte da Itália, possui hábitos gastronômicos
distintos da Calábria, no sul da
península. No Brasil, a maioria
das pessoas desconhece a existência de cardápios tão variados. Para
desfazer essa situação, a Semana
apresentou, pela primeira vez, a Semana da Cozinha Regional.
No projeto, realizado entre os
dias 15 e 21 de outubro, 12 restaurantes italianos apresentaram ao
público pratos típicos de diversas
regiões do Belpaese, sempre com
preços mais acessíveis ao público.
O chef da Trattoria e Rosticceria
Picchi, Pier Paolo Picchi, preparou
um cardápio especial para a semana, baseado na culinária de Toscana.
Nele, combinações de pratos foram
criadas para almoço e jantar.
— A semana foi ótima! Um verdadeiro sucesso — avalia a sócia do
restaurante, Mailin Shikida. Para
ela, a reação do público foi a melhor possível, deixando os clientes
plenamente satisfeitos.
Entre os pratos que mais se destacaram, estão a tagliata di manzo
cun rucola e grana, com carne bovina levemente passada com rúcula e
lascas de queijo grana, e o pesce del
giorno alla livornese, ou seja, peixe
do dia à moda de Livorno, banhado
em vinho branco com batata, tomates frescos e ervas.
A música também foi lembrada.
Um grande tenor italiano, conhecido como Pavarottinho, ou Pequeno
Pavarotti, visitou os restaurantes
alternadamente, embalando os
jantares com belas canções.
A cada nova edição da Semana da Língua Italiana no Mundo,
a cidade de São Paulo ganha mais
instituições com interesse em
participar. Parte desse sucesso é
creditada a Claudio D’Agostini, diretor adjunto do Instituto Italiano
de Cultura. Ele participa da organização do evento desde 2010. A
Semana, que desde o início seguia
uma crescente em relação ao público, passou também a trabalhar com
mais parceiros, o que aumentou a
visibilidade do projeto.
— O que eu tentei realizar quando cheguei, e talvez não fosse tão
normal nas edições anteriores, foi
fazer parcerias. Procurar todas as
instituições e escolas que tivessem
ligação com a cultura da Itália. Foi
o meu primeiro passo. Juntar todas
essas instituições para programarmos o evento juntos — explica.
Para Cláudio, concretizar parcerias era parte fundamental do
projeto, pois elas permitiriam que
a celebração fosse realizada na cidade inteira.
A estratégia deu certo, pois atualmente diversas regiões de São
Paulo abrigam eventos ligados à Semana. Instituições renomadas como
a Universidade de São Paulo (USP),
a Faculdade Paulista de Artes (FPA),
o Instituto Sou da Paz e o Instituto
Europeu de Design (IED) abrigam as
mais diversas formas de arte italiana
durante as festividades.
Os responsáveis por buscar parceiros são, basicamente, o Instituto
de Cultura e o Consulado, ambos
ligados ao Ministério italiano das
Relações Exteriores. Apesar de, atualmente, não receberem uma verba
significativa para a realização do
projeto, o sucesso é cada vez maior.
Público não só de
descendentes para
multiplicar a cultura italiana
Mais do que exibir a cultura italiana,
o objetivo da Semana é compartilhar, ou seja, trocar informações,
experiências e conhecimentos. É
o que defende o italiano e organizador do projeto Augusto Bellon,
diretor do departamento escolar
do consulado e um dos responsáveis pela criação e organização da
festividade. Ele explica que o principal desafio do projeto é preparar
um evento que não seja voltado exclusivamente para italianos e seus
descendentes, mas para todos.
— O objetivo é envolver nesses
eventos mais pessoas, incluindo
as que não são italianas. Temos
público com pessoas que são totalmente brasileiras. O evento existe
para aproximar a vida, as pessoas,
a cultura. É uma cultura milenar!
E o Brasil tem sua cultura relativamente nova. Então, podemos
compartilhar e todo mundo sai ganhando — define.
Esse ano, mais de 20 instituições participaram e contribuíram
com os cerca de 40 eventos espalhados pela capital paulista.
A Semana teve seu encerramento no dia 27, mas a propagação
da cultura não terá fim. É o que
garante o Comitê dos Italianos no
Exterior (Comites). Interessados
em atrair o olhar dos jovens para
a cultura italiana, a organização
desenvolveu o Retratos da Itália no
Brasil, um concurso de fotografias.
As fotos devem demonstrar como as cenas familiares, paisagens,
edificações, atividades culturais,
eventos e outras cenas corriqueiras. O prêmio consiste em aulas de
italiano ministradas em Marche e
excursões por cidades como como
Roma, Veneza e Florença.
A presidente do Comites SP, Rita Blasioli, natural
de Abruzzo, explica que o objetivo é resgatar a presença italiana em São Paulo.
— Queremos que as pessoas conheçam a nossa cultura. Não podemos deixar ela se perder dos costumes
dos descendentes — explica.
A organização dos eventos fica a cargo dos jovens
integrantes do comitê.
— Estamos conseguindo mudar o jeito que as pessoas de fora veem a Itália. Resumem tudo ao que é
mais conhecido, como as massas. Mas a Itália é muito
maior do que isso, e é o que estamos mostrando — comemora Gilles Leão, integrante da mesa organizativa
dos eventos.
A semana pelo Brasil
Em Belo Horizonte, a Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais organizou duas
exposições para celebrar a Semana. Entre os dias 15
e 21 de outubro, as professoras Ana Maria Chiarini e
Antonella de Muti se uniram aos alunos dos cursos de
italiano para participar das festividades.
As fotos de estabelecimentos comerciais e ruas da
capital mineira com nomes italianos demonstraram a
influência da cultura itálica na região. As exposições
continham painéis de gastronomia, vitrines com livros
de gramática, poesia, ficção e literatura infantil, além
de banners sobre Alberto Manzi, importante filósofo e
pedagogo italiano.
Já no Rio, o Instituto Italiano de Cultura, em colaboração com a Universidade de Roma Tor Vergata e a
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), destacaram a poesia italiana, em especial durante o evento
Territórios da Poesia, que ocorreu no dia 25, na Sala Italia.
Porto Alegre, Fortaleza e Florianópolis também
participaram da Semana com debates, palestras, exposições e exibições de filmes.
A Semana da Língua Italiana promoveu palestras e eventos de
literatura infantil, ficção e poesia sobre o Belpaese
comunit àit aliana | novem br o 2012
51
Literatura
O voo de Fabio
que precisa ser recuperado é um assunto que afeta a vida de todos nós.
Fenômeno literário na Itália com histórias de jovens que
buscam o autoconhecimento, o escritor, ator e diretor de
TV e rádio Fabio Volo já tem seu segundo livro lançado no
Brasil e sonha em vir ao país para divulgar seu trabalho
Aline Buaes
Especial para Comunità
C
om seu segundo romance em lançamento no
Brasil, As primeiras luzes da manhã (São Paulo,
Bertrand Brasil, 2012), o fenômeno
italiano Fabio Volo começa a conquistar os leitores do país. Escritor,
ator, diretor de TV e rádio, Volo,
40 anos, é também um galã na Itália, onde seus livros vendem como
água. Em 2011, foi protagonista
do filme Il giorno in pìu, baseado
no seu próprio livro homônimo. O
primeiro romance de Volo lançado no Brasil, O tempo que eu queria
(2011), vendeu mais de um milhão
de cópias em todo o mundo e conta
a história da vida e do amor de um
homem pela sua ex-namorada.
Segundo Volo, que não completou o ensino médio, seu segredo de
sucesso é apenas ser reflexo do homem comum. O seu primeiro livro,
Esco a fare due passi (2000), que significa em português “Saio para dar
uma volta”, vendeu mais de 300 mil
cópias apenas no primeiro ano e foi
seguido por outros sucessos, como
È una vita che ti aspetto (Faz uma
vida que te espero), best-seller na
Itália em 2003, e Un posto nel mondo (um lugar no mundo), de 2006.
Sua primeira incursão no mundo
do cinema, com o filme Casomai
(2002), lhe valeu uma indicação ao
prêmio David di Donatello, o Oscar italiano, na categoria de melhor
ator protagonista.
A imprensa italiana olha com
desconfiança o fenômeno literário,
mas, pelos números de vendas, é
obrigada a dar crédito a este escritor que se define um “não escritor”.
Como apresentador de TV e de
rádio, Volo ganhou notoriedade
entre o público jovem e descolado,
o mesmo público retratado em seus
romances, que viaja de Cabo Verde
a Nova York e busca incessantemente o autoconhecimento, tema
recorrente de seus livros. Confira
a seguir esta entrevista exclusiva
concedida à ComunitàItaliana.
52
CI – Existem semelhanças
no modo de ver o amor entre
O tempo que eu queria e As
primeiras luzes da manhã?
FV – O livro narra um amor que
não acabou, mas que também não
consegue ser vivido. O protagonista
ainda precisa consertar a sua relação com a família, especialmente
com o pai. Gostaria de amar, porém
não é capaz. Em As primeiras luzes
da manhã, ao contrário, a protagonista é uma mulher que ama, mas
que não realizou nenhum processo de conhecimento de si mesma e
dos seus desejos reais. Através do
erotismo e da sexualidade, ela encontra o caminho para entender a
sua verdadeira intimidade.
CI – Os seus livros falam muito sobre a busca de si mesmo,
de entender a vida, os sentimentos, o amor, a amizade
etc. Escrever para você é um
modo de ajudar os outros a
entenderem a si mesmos?
FV – Quando escrevo, nunca penso no objetivo de ensinar alguma
coisa, mas em compartilhar algo. A
busca do autoconhecimento é um
tema central em quase todos os
meus romances. O objetivo é trazer
luz sobre nós mesmos e dar vida ao
homem que somos destinados a ser.
ComunitàItaliana – Como você começou sua carreira de
escritor? Qual a sua principal
motivação para escrever?
Fabio Volo – Sempre escrevi, desde pequeninho, pois sempre gostei
de me isolar em um mundo íntimo. Para mim, a escrita sempre foi
necessária para entender muitas
coisas sobre mim mesmo. Tenho
sorte que muitas pessoas gostaram
das minhas histórias e então continuei a publicá-las. Mas, mesmo que
eu não pudesse mais publicar, continuaria a escrever de qualquer jeito.
Nunca poderia renunciar a escrever.
CI – O tempo que eu queria
obteve um enorme sucesso
de vendas na Itália. A quais
motivos você deve esse sucesso?
FV – Acredito que o sucesso deste livro é devido à simplicidade do
estilo e da linguagem, e também,
principalmente, porque o relacionamento com um dos nossos pais
a go s t o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
CI – Qual a sua impressão
sobre seus leitores aqui no
Brasil?
FV – Estive no Brasil apenas uma
vez, de férias, há muitos anos. Nunca estive no Brasil por causa dos
meus livros e seria uma honra para
mim poder fazer isso e conhecer as
pessoas que leem meus livros. Esperamos que ocorra em breve.
O livro As primeiras
luzes da manhã, de
Fabio Volo, descreve
uma mulher que
ama, mas que
precisa conhecer
melhor a si e os seus
verdadeiros desejos
CI – Além de escritor, você
é também ator, roteirista,
apresentador de televisão
e rádio. Qual destas profissões é a sua preferida?
FV – Como eu disse antes, escrever para mim é uma necessidade à
qual nunca poderei renunciar. O rádio é um trabalho muito divertido,
assim como a televisão. O cinema
possui o seu fascínio particular.
Mas, se eu tivesse que escolher um
deles, seria a escrita. Até porque,
quando eu escrevo, não tenho horários e compromissos geográficos.
Posso escrever de qualquer país do
mundo quando quero, talvez até do
Brasil um dia.
saporid’italia
CintiaSalomãoCastro
É tempo
de trufas
Dura de meados deste mês até dezembro a
curtíssima temporada das trufas, rara iguaria
que atrai clientes dispostos a desembolsar
centenas de reais para degustá-la
Divulgação Sollar de Búzios
R
io de Janeiro – Un buon tartufo non ha prezzo (uma
boa trufa não tem preço). Sua raridade e o fato de
ser muito apreciada na alta gastronomia contribuem
para manter o preço nas alturas. O quilograma de algumas espécies vendidas na Europa pode custar 4 mil euros.
O aparecimento desses cogumelos subterrâneos depende das
condições do tempo e um ano particularmente seco pode disparar ainda mais o valor de mercado.
Mesmo sendo tão “difícil”, a cada outono, essa espécie de diamante comestível provoca uma corrida de chefs e importadores
aos mercados das cidades da Itália, um dos maiores países exportadores do mundo. Em especial, a cidade de Alba, junto com a província de Asti, ambas na região do Piemonte, é conhecida como a
meca das tufas, e hospeda, todos os anos, a Feira Internacional
da Trufa Branca. Alba sedia inclusive o centro italiano de estudos
sobre as trufas. Os pesquisadores contabilizam 63 espécies no
mundo, sendo 25 em solo italiano. No entanto, apenas nove são
comestíveis. Dentre estas, somente seis são comuns no mercado.
Os “caçadores” de trufas mais experientes podem colher até
um quilo por dia.
As trufas brancas, mais raras, são mais custosas: o quilo sai
em média por dois mil euros, o dobro das negras. Durante a
procura, tradicionalmente, usava-se o porco. Hoje, prefere-se a
ajuda de cães especialmente treinados. O período principal de
“caça” vai de setembro a março.
Com elas, são feitos vários produtos que permitem saborear pratos com o seu famoso perfume em qualquer época do
ano, como pastas, trufas em conserva e azeite trufado.
Em um restaurante italiano no Brasil, um prato preparado
com alguns gramas de trufas frescas custa em média R$ 500.
E não é só: o produto dura poucos dias e o prato sai do menu
em pouco mais de uma semana. Mas os amantes brasileiros
dos tartufi podem comemorar: apesar da safra não ter sido das
melhores, os chefs de algumas casas já estão voltando da Itália
com alguns exemplares para servir pratos especiais.
O chef Danio Braga trouxe de Alba trufas brancas que vão
compor um menu especial de 29 de novembro a 2 de dezembro
em seu restaurante, o Sollar Búzios, a duas horas do Rio. Elas
vão estar presentes em pelo menos quatro itens: a espuma de
parmigiano reggiano, o carpaccio de ovo com lagosta, o “plin” de
queijo e um tiramissù especial.
— A cada temporada temos uma surpresa. Ora é o clima,
ora é a crise econômica, mas a trufa sempre aparece como em
um passe de mágica — diz Danio.
O chef do Alloro, também no Rio, avisa que os clientes poderão encontrar, a partir do dia 21 deste mês, três pratos com
trufas brancas: polenta com gema de ovo caipira; spaghetti alla
chitarra e risotto alla parmigiana.
Já o Fasano Al Mare escolheu servir um menu fechado com
tartare de carne, risotto e capellini.
Para saborear as delícias, o cliente deve se preparar para
desembolsar, no mínimo, R$ 500.
Polenta com gema de ovo
caipira e trufas brancas *
Ingredientes: 1 litro de caldo de galinha; 280 g de farinha de polenta; 3 colheres de parmesão ralado; 7-8 g de
açafrão; 1 colher de manteiga; 9-10 g de trufas brancas
frescas; ovos.
Modo de fazer: Preparar a polenta com a manteiga, o caldo e o açafrão. Cozinhe por 25 a 30 minutos até ganhar
consistência cremosa. Quando ferver, junte o parmesão.
Sirva em porções individuais e coloque ao centro a gema
de ovo. Leve ao forno durante um minuto. Polvilhe com
parmesão e acrescente manteiga derretida. Ao final, corte
as trufas brancas frescas em lâminas e sirva.
Rendimento: De 4 a 5 pessoas
* Receita do chef Luciano Bosseggia, do restaurante Alloro
Serviço:
Alloro - Av. Atlântica 1020, Copacabana, Rio de Janeiro
De 12h às 16 h e de 19h à meia-noite.
Tel (21) 2195-7857
Sollar de Búzios - Av. José Bento Ribeiro Dantas, 994, Orla
Bardot, Búzios – RJ | De quarta a domingo, das 12h à meia-noite
Tel (22) 2623-5392
Fasano Al Mare - Av. Vieira Souto, 80, Ipanema, Rio de Janeiro
De segunda a quinta, de 12h às 15h30 e de 19h à 1h
Às sextas, de 12h às 15h30 e de 19h à 1:30h
Aos sábados, de 12:30h à 1:30h
Aos domingos e feriados, de 12:30h à meia-noite
Tel: (21) 3202-4000
com unit àit aliana | agost o 2012
53
la gente, il posto
ClaudiaMonteiroDeCastro
Museu do guarda-chuva
e do guarda-sol
P
ara aqueles que gostam de museus
insólitos, aqui vai uma dica. Na cidade
de Gignese, perto de Verbania, a
cerca de 70 km de Milão, existe um museu
interessante, o Museu do Guarda-chuva e do
Guarda-sol. A coleção nasce de um projeto
de Igino Ambrosini, filho e irmão de artesãos
que realizavam esse artigo. O pequeno museu
fazia parte do andar superior de uma escola
desde 1939, mas, em 1976 foi inaugurado o
museu na sua sede atual, com a colaboração
da Associação Amigos do Museu e da
prefeitura, sob a direção de Zaverio Guidetti,
um empreendedor do mundo dos guardachuvas. São expostos 150 artigos, mostrando
a evolução da moda, desde o início do século
XIX até os dias de hoje.
Galochas, por que tê-las?
C
hega o final de agosto e começam as primeiras chuvas na Itália. Em setembro, há dias de sol e dias de chuva. Metade
das pessoas usa sandálias e camiseta e a outra metade já estreia o guarda-roupa invernal. Em outubro, prosseguem
as dúvidas sobre como se vestir, mas, em novembro, não tem jeito, a chuva vem para ficar. E na Itália, quando chove,
chove pra valer. Verificam-se vários episódios tristes, com grandes danos às cidades, como aconteceu na Ligúria e em outras
regiões e como acontece também no Brasil.
Em Roma, geralmente não há graves consequências, só uma chuva chata que não para, às vezes, por uma semana
seguida, com picos de tempestade, onde um guarda-chuva ralé não perdoa.
Mas a chuva não me pega mais. No ano passado, comprei um artigo que sempre julguei na minha vida o mais feio,
cafona e desajeitado, um atentado à elegância: um par de galochas. Ora, eu pensava, galochas são para quem trabalha na
fazenda e pisa na lama o dia inteiro ou para quem mora numa cidade com chuva 365 dias por ano. Resumindo, não era,
em minha opinião, um objeto indispensável. Além disso, galocha sempre foi na minha cabeça associado ao termo “chato
de galocha”. Ora, se alguém usava galocha só poderia ser um chato, uma mala-sem-alça. Dizem que a expressão tem como
origem as pessoas que decidiam fazer uma visita num dia de chuva. Chegavam com a galocha toda cheia de lama e molhada
e sujavam o chão da casa dos outros. Há quem conteste essa origem e diz que o termo vem do próprio objeto: o chato é como
uma galocha, resistente e insistente, não larga do nosso pé!
Enfim, etimologias à parte, um belo dia vi uma promoção de galochas numa loja perto da minha casa, num outlet.
Chovia cântaros (que eram os vasos para beber dos antigos gregos e romanos, providos de duas grandes asas e também o
conteúdo desse vasos). Resolvi reagir. Entrei na loja
decidida. E saí com um belo (na medida do possível)
par de galochas pretas. Antigamente, as galochas se
colocavam por cima dos sapatos. Hoje, as galochas são
sapatos, ou seja, botas de borracha.
Assim, esperei com ansiedade a primeira chuva.
E dá-lhe galochas. Saí de casa orgulhosa, com ar meio
desengonçado, como se caminhasse com pés de pato,
mas segui com passos firmes, decididos e experientes, de
quem usa galocha há anos. Além da minha galocha, saí
com meu guarda-chuva enorme. Assim, fiquei sequinha
da silva, e passei pelas pessoas com tênis molhados e
calças ensopadas, com um certo ar de superioridade.
Caminhei pisando nas poças d’água com desdém,
achando que estava abafando. Mas com certeza, um
monte de gente deve ter passado por mim pensando
“essa aí, sim, deve ser uma verdadeira chata de galocha!”
54
no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a

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