Comunitá Italiana - 6º Seminário Nacional de Tomate de Mesa
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Comunitá Italiana - 6º Seminário Nacional de Tomate de Mesa
Salerno Brasileiros voltam encantados com os vinhos da província Tomate Conheça os tipos mais usados na cozinha Cinema Diretores italianos driblam a crise com muito talento www.comunitaitaliana.com Rio de Janeiro, novembro de 2012 Ano XVIII – Nº 172 Próximo ISSN 1676-3220 R 7,00 R$ 11,90 Nem todos os caminhos levam a Roma. Começa a temporada de inverno em lugares ainda pouco visitados pelos brasileiros. Itália aposta em destinos não convencionais para mostrar que tem mais a oferecer Entrevista com o fenômeno literário Fabio Volo que lança livro no país EVOLUTION OF THE COLOR3 COLOR EXCELLENCE. HAIR PERFECTION. Uma performance nunca antes alcançada no serviço de coloração profissional. Cor e cabelos perfeitos com efeito 3D. Para conquistar definitivamente todas as suas clientes. PRÓXIMO AOS CABELEIREIROS DO MUNDO TODO, COM ORGULHO E PAIXÃO . Academia ALFAPARF Group: RJ - 21 2178-9600 • SP - 11 3174-1613 • BH - 31 3225-6513 SAC 08000 212652 • WWW.ALFAPARFEDUC.COM.BR • WWW.ALFAPARF.COM N o v e m bro de 2012 A no X V III N º172 Cinema 44 | Renovação Literatura 52 | Fabio Volo Conheça os cineastas italianos que, em plena crise financeira, estão ganhando o mundo com o movimento Risorgimento Fenômeno literário italiano, jovem escritor conta em entrevista que sonha vir ao Brasil por conta de seus livros Sociedade 24 | Tendências Domenico De Masi se prepara para encontrar intelectuais brasileiros e italianos em Paraty em março de 2013 para buscar um novo modelo de vida e traça 20 tendências sociais para 2020 Náutica 14 Automóveis 26 | Vitrine O Salão Divulgação de destinos menos procurados por brasileiros no Facebook e no YouTube é a nova estratégia da Itália para atrair ainda mais turistas. Cortina d’Ampezzo, Óstia, Modena, o interior da Campânia e a Sicília são alguns dos lugares cujo turismo o governo italiano quer incrementar do Automóvel de São Paulo é palco de lançamentos de marcas como a Fiat, que apresentou o novo Punto dotado do sistema Fiat Social Drive 6 12 | Fabio Porta Cinquant’anni fa, il Papa Giovanni XXII annunciava al mondo l’inizio del Concilio Vaticano II, in grado di trasformare la Chiesa e di incidere sulla storia del mondo L’Europa unita è un sogno? Stampare lirette non è sovranità; è masochismo Capa 32 | Turismo sono opportunità di business anche per le pmi. Il Paese è un mercato enorme e per niente facile, a partire dalle rigide barriere doganali che limitano le importazioni O ministro italiano Corrado Clini recebe o título de cidadão do estado do Rio de Janeiro 13 | Ezio Maranesi Um novo fenômeno acontece em Salerno: jovens produtores deixam as cidades e voltam às origens da família para se dedicaram à vinicultura Economia 20 | Internazionalizzazione In Brasile ci Nossos colunistas 09 | Cose Nostre Gastronomia 46 | Tomates Conheça todas as variedades apreciadas no Brasil e na Itália e suas propriedades no combate a doenças 53 | Tartufi Está aberta a curtíssima temporada das trufas italianas, com menus especiais em alguns restaurantes italianos do Brasil no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a 31 | Guilherme Aquino O tradicional concerto de fim de ano em Milão este ano acontece no castelo Sforzesco e não diante do Duomo 42 | Nova fábrica No Salão de Gênova, foi anunciada a construção de mais um estaleiro do grupo Azimut-Benetti até 2014 Moda 22 | Fashion Business Durante evento no Rio, estilista italiano Stefano Sorci fala sobre moda global e sustentabilidade 43 | Italian Style Acessórios de luxo para animais de estimação estão entre as últimas novidades das grifes italianas 54 | Claudia Monteiro De Castro As galochas são a melhor compra para enfrentar a estação das chuvas nas cidades italianas Editorial Expediente Fundada Voto pra quem? A corrida para as eleições italianas na primavera européia de 2013 começou com as prévias dos partidos ocorridas no início de novembro. Pelo mundo, a lei criada em 2001 pelo então ministro Mirko Tremaglia, falecido em dezembro do ano passado, que leva seu nome, disciplina o voto para os italianos residentes no exterior. A chamada Circunscrição Exterior tem quatro repartições: Europa; América Meridional; América Setentrional e Central; África Ásia Oceania e Antártida. São eleitos 12 deputados e 6 senadores nessas áreas pelo voto dos inscritos nos consulados pelo Aire. Para a região Meridional, existe uma ampla vantagem para os argentinos, que têm dois deputados e dois senadores eleitos, respectivamente Giuseppe Angeli e Ricardo Merlo, Esteban Caselli e Mirella Giaia. Para o Brasil temos o deputado Fabio Porta, reeleito em 2008. A conta não é difícil de entender, uma vez que o número de passaportes para os hermanos é o dobro do existente por aqui. Fica evidente neste quadro representativo que a política exterior italiana privilegiou as relações com o país vizinho em nosso continente durante décadas. O contingente de descendentes nascidos em território brasileiro com direito ao passaporte italiano é enorme, mas a falta de estrutura consular desde sempre impediu que os processos fossem ágeis. O número de representações diplomáticas é praticamente o mesmo nos dois países mesmo com as óbvias diferenças de dimensões. A Itália sempre esteve mais perto da Argentina, e mesmo quando o país atravessou sua pior crise, que levou milhares de pessoas a bater panelas pelas ruas de Buenos Aires, os italianos compraram títulos furados argentinos. Com o crescimento da economia brasileira, que passou Pietro Petraglia de país devedor do Fundo Monetário Internacional para creEditor dor do mesmo nos últimos anos, o governo da bota viu como estava errada sua política internacional e passa a olhar com mais atenção para as relações comerciais com o Brasil. Mas e os cidadãos italianos por aqui, como andam? Como está o atendimento nos consulados pelo Brasil? Quais foram as conquistas para estes eleitores após a entrada em vigor do voto? As informações que recebemos não são animadoras. No Brasil, além das filas pelos consulados, dezenas foram as associações que fecharam suas atividades sócio-recreativas, culturais e mesmo o hospital da Sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro do Rio de Janeiro está em estado degradável. Muitas vezes, a bem da verdade, a culpa são dos próprios dirigentes das entidades que, ou por serem centralizadores ou pela falta de uma gestão adequada, acabam por decretarem a falência da história de entidades que em grande parte foram importantes para as relações entre os países e seus cidadãos. Nos próximos números, vamos mostrar o que fazem os parlamentares eleitos pela Circunscrição Meridional e quais são as principais demandas de uma comunidade que conta com 30 milhões de descendentes no Brasil. Gente que se identifica com a Itália de origem e vive e ajuda a desenvolver um Brasil de muitas riquezas. Boa leitura! em março no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a 1994 Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 14/11/2012 às 18h00 Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: [email protected] Redação: Guilherme Aquino; Gina Marques; Cintia Salomão Castro; Nathielle Hó; Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi Subedição: Cintia Salomão Castro REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho [email protected] Capa: Editoria de arte Colaboradores: Pietro Polizzo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Venceslao Soligo; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch; Gianfranco Coppola; Lisomar Silva CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Gina Marques (Roma); Janaína Cesar (Treviso); Quintino Di Vona (Salerno); Gianfranco Coppola (Nápoles); Stefania Pelusi (Brasília); Janaína Pereira (São Paulo); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo); Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 [email protected] RepresentanteS: Espírito Santo - Dídimo Effgen Tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493 [email protected] Brasília - ZMC Representações Zélia Corrêa Tel: (61) 9986-2467 / (61) 3349-5061 [email protected] Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 [email protected] ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220 8 de cosenostre JulioVanni Crise reduz províncias governo italiano aprovou a redução do número de províncias do O país a quase a metade, dentro de uma campanha para diminuir os onerosos custos das administrações regionais. O decreto reduz o número de províncias para 51, das 86 atuais. O premier Mario Monti conduziu uma revisão dos gastos públicos para controlar a enorme dívida pública italiana, equivalente a 126% do PIB. O decreto afeta grandes cidades como Milão, que incorporará a província de Monza, mas não inclui regiões semiautônomas como a Sicília. Os governos provinciais serão abolidos a partir de 2013. O texto também contém medidas para impedir que as autoridades locais tenham várias responsabilidades de uma só vez. Também foi aprovado um corte de 40 milhões de euros anuais do custo de governos regionais. Michelangelo no Rio E m junho de 2013, o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro vai abrigar obras de gênios do impressionismo como Monet, Van Gogh, Cézanne e Renoir. Serão 89 pinturas provenientes do Museu do Vaticano. Destacam-se: Pietá I e II, de Michelangelo; S. Isodora Agricola, Decollazione di Sant’Agapito, e San Francesco in meditazione, de Caravaggio; Cristo, de Fra Angélico; Testa di Cristo e Cristo Redentore, de Leonardo da Vinci; e Risurrezione, de Tiziano. O evento fará parte da programação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que contará com a presença do Papa Bento XVI. Corrupção Medalha Affari o dia 5 dezembro, o O parlamento italiano aprovou uma lei que prevê que condenados por máfia ou crime de corrupção não possam se candidatar a cargos públicos. A corrupção custa caro aos cofres do Estado: €60 bilhões por ano, segundo o Ministério da Justiça do país. Se diminuísse pela metade o prejuízo, o salário dos funcionários públicos poderia subir 4% e algumas categorias de empresa poderiam crescer 20%. Com a lei, funcionários públicos serão impedidos de pedir ou receber presentes. Cursos de ética e legalidade serão implantados e as obras e concorrências públicas deverão ir para um banco de dados online, aberto aos cidadãos. A compra de votos só será crime se for feita com dinheiro. Favores em troca de voto continuarão impunes. N O ministro italiano do Meio Ambiente, Corrado Clini, foi homenageado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) com a Medalha Tiradentes, a mais importante comenda do Parlamento fluminense, no dia 5 de novembro. Na ocasião, Clini recebeu também o título de cidadão do estado do Rio. Para o presidente da Alerj, o deputado Paulo Melo (à direita), os serviços prestados em benefício da sustentabilidade global foram os motivadores das congratulações, bem como a participação do ministro italiano na Rio+20. Segundo Melo, a Itália desenvolve políticas ambientais ao agregar pesquisa e tecnologia, um exemplo a ser seguido. Lisonjeado, Clini salientou que o Rio tem uma grande oportunidade de mudar e limpar o seu ambiente ao se preparar para as Olimpíadas de 2016. Gae Aulenti ae Aulenti, autora do projeto de reforma do G Museu d’Orsay, em Paris, realizado entre 1980 e 1986, faleceu no dia 1º de novembro aos 85 anos, em Milão. Aulenti, cuja saúde estava fragilizada nos últimos anos, nasceu em Palazzolo dello Stella, na província de Udine, no nordeste da Itália, em 1927. Designer de interiores e espaços industriais, estudou na Universidade Politécnica de Milão e desenvolveu seu trabalho nesta cidade e em Veneza, cidade em que restaurou o Palácio Grassi em 1985. Em Barcelona, junto com o arquiteto Josep Benedito, trabalhou na década de 1980 na reestruturação do Museu de Arte da Catalunha. Gae também projetou cenários para o diretor de teatro Luca Ronconi. Trocas culturais E m outubro e novembro, foram realizadas, em Belém, conferências com a intenção de fortalecer a relação entre a Academia de Belas Artes de Bolonha e o Projeto Cultural Casa Rosada, patrimônio histórico do Pará. As docentes Carmen Lorenzetti, mestre em História da Arte pela Fundação Longhi de Florença, e Beatrice Buscaroli, especialista da Universidade de Bolonha, falaram sobre a obra do arquiteto Landi, que adaptou o estilo bolonhês, sua região de origem, às condições climáticas da Amazônia para construir obras de arte como a Catedral da Sé e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo em pleno século XVIII. embaixador italiano no Brasil, Gherardo La Francesca; a secretária de Desenvolvimento Econômico de Minas, Dorothea Werneck; e o presidente da Aethra Sistemas Automotivos, Pietro Sportelli, recebem a Medalha Italia Affari. A solenidade da 7ª edição do evento, promovido anualmente pela Câmara Italiana de Comércio de Minas Gerais que homenageia personalidades que colaboram para o fortalecimento das relações entre os dois países, acontece nos salões do Automóvel Clube de Minas Gerais. Cidades das Confederações Fifa confirmou as capitais A que receberão a Copa das Confederações, de 15 a 30 de junho de 2013. O jogo de abertura será em Brasília e a final no Maracanã. Os outros estados serão o Mineirão (em Belo Horizonte), o Castelão (em Fortaleza), o Fonte Nova (em Salvador) e o Arena Pernambuco (em Recife), que terão que estar prontos em abril. Os ingressos estarão disponíveis pela internet a partir de dezembro. Os preços variam de R$ 28,50 (meia-entrada) a R$ 418. comunit àit aliana | novem br o 2012 9 Opinião enquetes frases “Uma mulher que não quer crianças pode ser feliz sem elas. Mas, para uma mulher que deseja muito tê-las... É muito difícil para ela ser feliz”, A União Europeia recebeu o Prêmio Nobel da Paz em meio a crise econômica. Foi justa a premiação? Sim - 37,5% Não - 62,5% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 04/10/12 e 09/10/12. FMI aponta vulnerabilidade do Brasil à piora da crise europeia. Concorda? Sim - 20% Não - 80% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 10/10/12 e 15/10/12. Você acha que a nova lei anticorrupção, aprovada na Itália, será respeitada? Sim - 42,9% Não - 57,1% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 16/10/12 e 22/10/12. no celular Penélope Cruz, atriz, em entrevista ao The Guardian, ao dizer que a maternidade lhe ajudou a ser mais exigente na seleção de seus papéis e também a compreender melhor seu personagem Gemma, do filme italiano Venuto al Mondo “Gosto muito da interculturalidade. O cinema é uma grande família de gente que tem códigos em comum”, “Não se pode parar o tempo. Nunca fiz lifting ou coisas do gênero. Tenho que aceitar o tempo que passa”, Marco Bechis, cineasta de origem italiana e chilena, ao falar de sua identidade múltipla e de sua visão do cinema durante a Mostra de São Paulo Claudia Cardinale, atriz, durante a Mostra de Cinema de São Paulo, ao comentar que nunca fez plástica e que aceita bem a velhice “A confiança que o povo americano sabiamente quis renovar permitirá que toda a comunidade internacional, a Europa e Itália, se beneficiem da sua liderança e do bom senso que pude apreciar em nosso primeiro encontro na Casa Branca”, Mario Monti, primeiro ministro da Itália, ao saber da reeleição do presidente norteamericano Barack Obama, no início de novembro “Cheryl Cole é a perfeita mulher Cavalli”, Roberto Cavalli, estilista, em entrevista à revista Vogue, ao dizer que a cantora Cheryl Cole é a mulher ideal para vestir suas roupas por ser forte, confiante e sexy “Temos que reconhecer o fato de que a iniciativa deste governo é uma continuação de uma espiral de recessão para a nossa economia”, Silvio Berlusconi, ex primeiroministro, durante coletiva de imprensa em que criticou o governo de Mario Monti, dizendo que ele e seu partido PDL podem deixar de apoiar o premier nas eleições de abril de 2013 “Fora os ladrões, os ignorantes, os incapazes”, Jacopo Morelli, líder dos jovens de Confindustria, reunidos em Capri, em outubro, ao pedirem o fim do uso de cargos públicos como meio de enriquecimento Acesse comunitaitaliana. com no seu smartphone com o código QR acima cartas “M uito interessante a matéria sobre os pães italianos: a forma artesanal como a massa é produzida até hoje, com determinados tipos de farinha, agregando sal ou não. E também achei interessante a rivalidade regional que existe em torno dos tipos de pães.” Paloma Martins, São Paulo – SP – por e-mail 10 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a “G ostei bastante da matéria com dicas de comportamentos para evitar roubos e furtos durante viagens. É importante saber como proceder nesses casos violentos: quais instituições procurar para fazer boletim de ocorrência e como se portar nessas situações.” Sérgio Almeida, Rio de Janeiro – RJ – por e-mail Serviço agenda Itália: Ame-a ou Deixe-a O Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro sedia até 11 de dezembro o evento Itália - Amala o Lasciala, que propõe um olhar contemporâneo sobre o país através do cinema. A mostra também discute o significado de viver na Itália hoje. Por que muitas pessoas deixam tudo para recomeçar em outro lugar? Por que há quem diga que seja melhor ficar? O país já não é mais o dos filmes de Fellini e Mastroianni. Através de um percurso de oito jovens diretores, a mostra tenta explorar as contradições do Belpaese. www.iicrio.esteri.it Arte, Desenho e Design Em São Paulo, o Instituto Tomie Ohtake, em parceria com a 30ª Bienal de São Paulo, abriga até 18 de fevereiro de 2013 a mostra do artista e designer italiano Bruno Munari. A exposição Arte, Desenho e Design reúne 70 trabalhos, entre colagens, serigrafias, uma mostra de obras-primas provenientes do museu do Louvre. Luzes do Norte - Desenhos e gravuras da Coleção Barão de Rothschild traz 61 gravuras de Dürer, Altdorfer, Schongauer e outros artistas alemães do século XVI que viveram na Itália, no início do Renascimento, sendo influenciados por esse movimento. As obras mostram minuciosos detalhes que criam luz e sombra e parecem dar volume às formas. www.masp.art.br esculturas, objetos, registros de performances e pinturas, e resgata as origens futuristas do artista, bem como suas investigações educativas. www.institutotomieohtake.org.br VicenzaOro Winter & T-Gold A exposição internacional de joias, equipamentos e tecnologias voltadas para o setor acontece na Via dell’Oreficeria, na cidade de Vicenza, de 19 a 24 de janeiro de 2013. A feira contará com 1.500 expositores que apresentam o melhor da sua produção. A T-Gold faz parte da feira e mostra máquinas sofisticadas utilizadas na confecção de metais preciosos. A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio apoia o evento e os lojistas brasileiros que têm interesse em participar da feira. www.vicenzafiera.it 8º Festival Pirelli De 24 de novembro a 13 de dezembro, o cinema italiano invade São Paulo. O 8º Festival Pirelli conta com workshops na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) de 24 a 30 de novembro. Depois, o público confere a retrospectiva de obras italianas do ator Giancarlo Giannini no Museu da Imagem e do Som, de 30 de novembro a 6 de dezembro. Para finalizar, de 7 a 13 de dezembro, acontece a mostra contemporânea em salas da rede Cinemark e do Cine Sabesp. www.cinemaitaliano.com.br Renascimento O Museu de Arte de São Paulo, o Masp, sedia até 13 de janeiro clickdoleitor A Folie Baudelaire Se Paris foi a “capital do século XIX”, como queria Walter Benjamin, Charles Baudelaire compôs a figura que mais lhe emprestou uma fisionomia moderna. A partir desse pressuposto, o autor italiano Roberto Calasso aborda em seu livro a influência de Baudelaire sobre as mais diversas correntes e gêneros artísticos. A obra remete à onda intelectual na qual foram submergidos grandes nomes como Chateaubriand, Nietzsche, Proust e outros. Os sete capítulos do livro falam sobre o crítico de arte Baudelaire, com suas oscilações, mas, em especial, centra nas fulgurantes análises que ele fez dos artistas franceses Ingres e Delacroix, os quais tiveram grande impacto em pintores como Manet. Companhia das Letras, 448 páginas, R$ 64,50. Moda: Moderna Medida do Tempo A autora brasileira Angélica Adverse fala sobre o futurismo italiano e explora o tema da moda como uma linguagem artística usada para expressar uma nova experiência de tempo. Angélica busca mostrar a moda como um dos aspectos simbólicos da corruptibilidade do tempo e das coisas, cuja ação se instaura nos hábitos, nos costumes e na própria arte. A ideia é observar como o futurismo italiano apropriou-se da moda como uma linguagem que poderia expressar o seu “elogio ao efêmero”, potencializando os sonhos de futuro por meio da renovação social e política. Estação das Letras e Cores, 196 páginas, R$ 36. Arquivo pessoal naestante “P assei 15 dias em Florença, cidade berço da Renascença italiana, durante o Natal e o Ano Novo de 2011. A cidade é linda, elegante e transpira arte e história por cada vão de tijolo e pedra das imensas construções medievais e renascentistas. Também aproveitei para visitar Siena, uma das cidades mais charmosas que já conheci.” Aline Pascholati Rio Claro, SP — por e-mail comunit àit aliana | novem br o 2012 11 opinione FabioPor ta Cinquant’anni fa il Concilio Un evento religioso in grado di trasformare la Chiesa e di incidere sulla storia del mondo N on ero ancora nato quando, esattamente cinquant’anni fa, Papa Giovanni XXII annunciava al mondo l’inizio del Concilio Vaticano II. Era l’11 ottobre del 1962; la mattina oltre 2.500 vescovi e cardinali facevano il proprio ingresso solenne nella Basilica di San Pietro, seguiti dal Papa in “sedia gestatoria” (la “papamobile” non era ancora stata inventata). Quella sera stessa, sotto il cielo plumbeo di una Roma autunnale, il “Papa buono” si sarebbe affacciato dal suo studio rivolgendosi ai fedeli rimasti in Piazza in trepida attesa ed in preghiera con quello che sarebbe passato alla storia come “il discorso alla luna”: “Cari figlioli, sento le vostre voci. La mia è una voce sola, ma riassume la voce del mondo intero: qui tutto il mondo è rappresentato. Si direbbe che anche la luna si è affrettata stasera, osservatela in alto, a guardare questo spettacolo”. Erano le parole iniziali di un messaggio affettuoso e profetico, pronunciate da un Papa che già sapeva di avere pochi mesi di vita (gli era stato diagnosticato un tumore allo stomaco), ma che avrebbe lasciato alla Chiesa universale ed al mondo un testamento straordinario, il Concilio. Non era stato facile convincere le alte gerarchie della Chiesa cattolica sull’esigenza di una nuova stagione conciliare; le resistenze furono grandi, ma l’ostinazione di Papa Roncalli fu tale da prevalere, anche grazie al determinante sostegno dei vescovi francesi e tedeschi. Il grande fermento presente nella comunità ecclesiale di tutto il mondo entrava così finalmente anche nelle sacre stanze del Vaticano: il “movimento liturgico” che chiedeva una riforma dei riti che erano fermi a quelli del Concilio di Trento; il “movimento biblico”, che sosteneva l’esigenza pastorale di restituire ai fedeli la lettura integrale dei testi del Vangelo e della Bibbia; il “movimento ecumenico”, che spingeva al dialogo ed all’apertura con i fratelli delle chiese separate. Con una forte condanna di quelli che lui stesso definì i “profeti di 12 sventura” (coloro che fanno sempre prevalere la paura sulla speranza, le preoccupazioni sulla fiducia), Giovanni XXIII riesce a trasmettere questo straordinario messaggio di gioia e di speranza alla Chiesa ed al mondo. Erano gli anni della “guerra fredda” tra Unione Sovietica e Stati Uniti e il no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a “Riprendere la bussola del concilio”: questo l’impegno di Papa Benedetto XVI messaggio del Concilio sembrava entrare decisamente anche nella delicata discussione sulla pace nel mondo. Qualcuno ha chiamato il Concilio Vaticano II come il “Concilio Pastorale”, un Concilio segnato non dagli anatemi o dalle condanne, ma dalla volontà della Chiesa di aprirsi al mondo e di avvicinarsi al suo popolo, nel tentativo difficile ma non impossibile di coniugare tradizione e rinnovamento, ortodossia e partecipazione. Da allora verrà modificata la liturgia, che non sarà più celebrata in latino ma nelle lingue correnti e “volgari”; verrà dato un ruolo nuovo e centrale ai “laici”, ai quali saranno affidati compiti sempre più importanti; sarà ridisegnata la struttura gerarchica a favore di una maggiore collegialità episcopale. Per la prima volta la Chiesa tratterà apertamente temi delicati come quello della libertà religiosa, del dialogo ecumenico o del rapporto con gli ebrei. Una vera e propria rivoluzione, che influenzerà per decenni la storia della Chiesa cattolica e non solo. Personalmente mi sento un po’ figlio di quegli anni e del Concilio; sono nato nel 1963, a quasi un anno esatto da quella sera di ottobre del 1962, e ho iniziato il mio impegno sociale e politico proprio grazie all’associazionismo cattolico trasformato e motivato dai padri conciliari: l’Azione Cattolica Italiana, gli Scout cattolici. Indirettamente ho usufruito dei frutti di un miracolo apostolico, quello operato da Giovanni XII e poi da Paolo VI, il Papa che ha ereditato e portato a termine il Concilio Vaticano II. Anni lontani da quelli che stiamo vivendo; lontani ma intrinsecamente vicini, più di quanto si possa immaginare. “Riprendere la bussola del Concilio”: è stato questo il messaggio con il quale l’attuale Pontefice, Benedetto XVI, si è rivolto al mondo a cinquanta anni da quell’evento storico che tanto ha segnato la storia dell’umanità. Un messaggio che la Chiesa cattolica dovrebbe interpretare e declinare appieno, magari dando seguito ad un altro “testamento”, quello lasciatoci dal Cardinale Carlo Maria Martini, recentemente scomparso. Per Martini “riprendere la bussola del Concilio” voleva dire avere il coraggio di continuare ad affrontare tematiche difficili ma necessarie come il ruolo dei divorziati nella Chiesa, il celibato dei preti, il ricorso alla contraccezione ed il controllo delle nascite, il multiculturalismo e l’ecumenismo. Sono convinto che la Chiesa avrà il coraggio profetico di riprendere questa strada, anche grazie al ruolo sempre più rilevante e determinante delle comunità di Paesi come il Brasile, dove vive il più grande numero di cattolici al mondo. opinione EzioMaranesi L’Europa unita è un sogno? “I Stampare lirette non è sovranità; è masochismo have a dream.” Cosí iniziava un celebre discorso di Martin Luther King, quando sognava un’America di cittadini uguali, qualunque fosse il colore della pelle. Sono passati 50 anni e oggi il Presidente degli Stati Uniti è negro. M. L. King lottò e diede la vita per una causa che ebbe in lui il martire più illustre. L’Europa unita è oggi il sogno di milioni di cittadini europei. È una causa che ha già i suoi martiri: sono i molti cittadini di alcuni paesi, fra essi Grecia, Spagna e Italia, che pagano con una vita miserabile le politiche irresponsabili dei loro governanti degli ultimi decenni. L’Europa unita è un sogno antico. Non è un’utopia; è un sogno realizzabile perchè un collante formidabile unisce i popoli europei: la cultura, basata sugli ideali di umanità, libertà e eguaglianza. Furono i princípi che ispirarono la rivoluzione francese: già Montesquieu infatti parlava di unione europea. Ne parlò allora anche il filosofo Novalis, che da buon tedesco diceva: “Ci sono tre gruppi di uomini: selvaggi, barbari civilizzati e europei”. All’Europa unita pensava Mazzini e pensarono tanti altri filosofi e statisti. Nel secolo scorso, a partire dagli anni ’50, nacquero i primi embrioni di un’Europa unita. Era evidente che le difficoltà sarebbero state enormi, ma c’era fiducia. Lo statista tedesco Robert Schumann diceva nel 1951: “L’Europa si farà, pezzo per pezzo”. E l’Europa si sta facendo, pezzo per pezzo. Mi metto tra i “sognatori”, perché ci voglio credere. Credo in una Europa In nome della sovranità nazionale rimpiangono la facile liretta e i tempi in cui la si poteva stampare, la liretta inflazionata che facilitava gli sprechi e il clientelismo di cui molti hanno campato politicamente unita, economicamente forte, che possa difendere e diffondere nel mondo gli ideali che sono nostro patrimonio culturale, ben diversi da quelli di altre regioni del mondo. E credo in una Europa che sappia valorizzare le differenze, spesso meravigliose, di ognuna delle sue regioni. Speranza, quindi, e fede. I 27 stati che oggi costituiscono l’Unione Europea “virtuale” che conosciamo hanno ordinamenti politici, giuridici, fiscali e amministrativi diversi e realtà economiche diverse. Sono diversità che possono essere armonizzate: col tempo e la volontà di farlo. Ovviamente è difficile vincere l’egoismo dei vari popoli. Alcuni sono stati saggiamente amministrati e vivono nel benessere. Altri hanno voluto e votato amministrazioni irresponsabili che hanno barattato il potere in cambio di un welfare fatto di debiti, di inflazione e di svalutazioni monetarie. È quindi comprensibile che i paesi “virtuosi”, cioè quasi tutti i paesi nord-europei, non amino l’idea di dover assumere i debiti dei paesi che hanno speso troppo e male e, prima di “fare” l’Europa, si aspettino che questi paesi mettano in ordine i loro conti e correggano i loro “vizi”. Tra essi l’Italia, alla quale ora sono chiesti duri sacrifici. I nostri amministratori, negli ultimi decenni, hanno creato benessere spendendo soldi che non avevano, indebitando lo stato, stampando lire e deprezzando la moneta. E li hanno spesi male: pochi gli investimenti produttivi, molti gli sprechi e molte le spese per comprare consensi e mantenere un sovradimensionato carrozzone pubblico. Quindi oggi l’Italia è molto indebitata, paga al mercato almeno il 4% del suo PIL, ha un’amministrazione costosa e inefficiente, soffre di un alto livello di evasione fiscale e di corruzione e ha una popolazione abituata a un alto livello di welfare “drogato”, che non intende rinunciare a nulla. È un paese di conservatori che protestano sempre e comunque, e in nome della sovranità nazionale rimpiangono la facile liretta e i tempi in cui la si poteva stampare, la liretta inflazionata che facilitava gli sprechi e il clientelismo di cui molti hanno campato e campano ancora oggi, e difendono le garanzie e i diritti– mai i doveri –che una Costituzione ormai antiquata ci dà, dimenticando che il mondo è cambiato, c’è una recessione mondiale, vivono in Italia 5 milioni di stranieri e le imprese vanno a produrre all’estero perchè l’Italia è inefficiente. Ma non voglio perdere la fede e la speranza in un’Italia sana. Qualcosa sembra muoversi: figure nuove vogliono rinnovare il quadro politico e qualcosa accadrà in tempi brevi. Per il rinnovamento delle coscienze e della nostra educazione civica purtroppo ci vorrà molto più tempo. comunit àit aliana | novem br o 2012 13 Atualidade O vinho que transforma Com mais de 30 vinícolas espalhadas em três grandes zonas de cultivo, Salerno apresenta seus últimos frutos: jovens produtores que deixam as cidades para mergulhar na vida do campo Ana Paula Campos U De Salerno m fenômeno interessante ocorre na província de Salerno. Por lá, o termo recorrente para definir a profissionalização de vinícolas é restaurazione. O investimento nos campos, curiosamente, tem partido dos jovens. São representantes da quarta ou quinta geração de produtores rurais, dispostos a “domar” as uvas tradicionais da região, principalmente as variedades fiano e aglianico, produzindo vinhos de alta qualidade. 14 Francesca Salerno, de 32 anos, deixou há pouco um promissor emprego em uma multinacional para se dedicar à Casa di Baal. Instalada em cinco dos 30 hectares da propriedade pertencente à família, a vinícola, a partir de 2006, diversificou o negócio dos Salerno, que, há quatro gerações atuavam na produção de azeite. No momento, a casa apresenta os tintos Agliânico di Baal (100% com uvas do tipo aglianico) e Rosso di Baal (preparado com as variedades aglianico, barbera e merlot) e os brancos Fiano di Baal (100% fiano) e Bianco di Baal (fiano, moscatto e malvasia). Francesca acompanha de perto toda a linha de produção e apresenta cada garrafa aos visitantes com entusiasmo e orgulho. no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Em Salerno, os produtores investem na restauração dos campos através do controle da produção das uvas fiano e aglianico para desenvolver excelentes vinhos O mesmo ocorre com Nicola Trabucco, formado em turismo, hoje à frente da Villa Lupara, e com Mário Notaroberto, que se divide entre as plantações da Alba Marina e a redação da sua monografia de graduação em Direito. Francesca, Nicola e Mário pertencem à geração, hoje entre 20 e 30 e poucos anos, que trilha o caminho inverso ao de seus pais, que deixaram o campo à procura de novas carreiras profissionais. A retomada da mão de obra evadida do meio rural pode ser justificada por diversos fatores, entre eles, a crise econômica europeia e a procura por um estilo de vida mais simples, longe da agitação das metrópoles. No entanto, os estreantes no negócio apostam na perpetuação de um legado familiar. E eles sabem o quanto de tempo e investimento terão pela frente. Chegar a rótulos de destaque carece de conhecimento, adquirido com a experiência dos anos. Ao mesmo tempo, os enólogos responsáveis pela revolução silenciosa junto à costa italiana não têm medo de experimentar novas combinações e enxertos com espécies nativas sob raízes (chamadas de “cavalo”) com mais de 40 anos de existência. Repleta de paisagens de tirar o fôlego, a província possui três principais zonas produtoras: Cilento – Paestum, mais ao sul; Salerno e Monte Picentini; e, por fim, a Costa Amalfinata. Ao todo, somam 31 vinícolas organizadas sob a égide da Enoteca Provinciale, projeto iniciado em 2003 com o objetivo de promover a valorização e a divulgação dos vinhos, da gastronomia e do turismo regional. Razões não faltam para o sucesso da empreitada. Salerno reúne características muito próprias, aliando a beleza da costa do Mediterrâneo, a fantástica cozinha e, acima de tudo, o amor do povo à sua terra, traduzida no orgulho de revelar ao visitante seus vinhos, azeites, queijos e frutas. E é exatamente assim que o casal Mário e Maria Ida recepciona quem aparece para conhecer a San Giovanni: com deliciosos antepastos preparados pela proprietária e servidos sob a mesa armada em um penhasco com exuberante vista para o mar. Localizada na região de Cilento – Paestum, a vinícola possui 12 hectares, quatro deles cultivados com as castas fiano, trebbiano, greco, aglianico e piedirosso. Atualmente, oferece, entre os brancos, os rótulos Paestum (85% fiano, 10% trebbiano e 5% greco) e Tresinus (100% fiano), além de quatro tintos: Castellabate (85% aglianico, 15% piedirosso), Maroccia Aglianico (100% aglianico) e Isca Della Castagna (100% piedirosso), todos com a denominação DOC Cilento. O negócio, essencialmente familiar e com produção anual de 20 mil garrafas, é tocado com total atenção dos donos, que se esmeram na qualidade de seus vinhos. Recepção calorosa e turismo gastronômico nas cantinas Também da região de Cilento – Paestum, a San Salvatore se contrapõe à San Giovanni em extensão, volume de produção e perfil administrativo. Com cerca de 97 hectares, a casa criada em 2003 chegou rapidamente à marca de 110 mil garrafas anuais, exportadas, sobretudo, para a Alemanha, Suíça, Suécia, Japão e Estados Unidos. O comunicativo Giuseppe Pagano, proprietário da fazenda, explica todo o sistema de gestão, marcado pelo emprego de tecnologia e o manejo da produção voltado ao respeito ao meio ambiente. Hoje, a San Salvatore mantém 22 hectares como área de preservação ambiental e ocupa outros 16,5 hectares com videiras e sete com oliveiras. Parte da terra ainda é utilizada nas plantações de frutas selvagens e pasto voltado para as criações de búfalo e gado. Além do excelente azeite, Giovanni se orgulha dos vinhos que levam o desenho de um búfalo estilizado, característico da logo que simboliza a fazenda. Há brancos, como o Trentenare, elaborado apenas com uvas fiano; tintos, a exemplo de Jungano, (100% aglianico); e um rose: o Vetere, fabricado a partir da variedade aglianico rosato. Com tradição forjada ao longo de 200 anos, a fazenda Massimo Cobellis, com 300 hectares, produz mussarela de búfala, azeite e, claro, vinho. O negócio leva o nome da família, já na quarta geração ligada à terra. Ali são plantados os grãos e o feno para o alimento da criação, formada por cerca de 650 cabeças de búfalo, além dos porcos e cabras. As quase 10 mil oliveiras, algumas centenárias, fornecem o insumo para a produção de azeite e os campos com parreiras a perder de vista, as uvas das castas fiano, aglianico e barbera, transformadas nos quatro rótulos com a marca Corbellis: o branco Crai (100% fiano), os tintos Vigna dei Russi (100% aglianico) e o Piscriddi Rosso (50% aglianico, 50% barbera), mais o Piscrai Rose (100% barbera). Interessados em investir no turismo gastronômico, os Cobellis Giuseppe Pagano administra a fazenda San Salvatore, que conta com 97 hectares e uma produção anual de 110 mil garrafas, exportadas para Europa, Estados Unidos e Japão decidiram restaurar uma casa construída pelos antepassados em 1818, adaptando-a para funcionar como pousada e cantina. O plano é oferecer ao hóspede a experiência de visitar os vinhedos e participar de degustações, além de passeios a cavalo e circuitos de trekking. Os cômodos são espaçosos e guardam curiosidades que os proprietários prometem manter no projeto, como a cozinha com paredes, portas e o fogão decorados com pinturas ultracoloridas feitas pelos antigos moradores. Ao sairmos da zona do Cilento em direção à cidade de Salerno, capital da província, encontramos a Montevetrano, uma antiga fazenda localizada a 100 metros acima do nível do mar. Apenas cinco dos seus 26 hectares são hoje utilizados no plantio das castas empregadas na produção do potente tinto que leva o nome da vinícola. Aprimorada ao longo do tempo, a composição do várias vezes premiado Montevetrano utiliza as uvas cabernet sauvignon (60%), merlot (30%) e aglinico (10%), sendo o único rótulo comercializado pela casa. Mais ao norte, se localiza a Costa Amalfitana, um dos destinos turísticos mais famosos do Mediterrâneo. Treze municípios integram esta zona de produção, dividida em três sub-denominações: comunit àit aliana | novem br o 2012 15 Tramonti, Ravello e Furore. Nesta última, a natureza desafia o agricultor em condições extremas: a 500 metros do nível do mar, o visitante se depara com lotes mínimos, de 20 ou 30m2, rasgados na superfície de uma escarpa com 50% de inclinação. Em franjas, as parreiras brotam das paredes e do chão e formam uma paisagem tão incomum como inesquecível. Cinquenta e um produtores totalizam 50 hectares e integram a rede de abastecimento da cantina Marisa Cuomo, fundada em 1942 e restaurada em 1983. Batizada como declaração de amor de Andrea Ferraioli à sua esposa, a vinícola preza por uma combinação de questões “éticas e estéticas”, na concepção do enólogo. Ele explica que, seguindo a política do fortalecimento da economia local, chega a pagar três vezes acima do valor de mercado pelas uvas para que os pequenos agricultores não abandonem o cultivo. No manejo da plantação, apenas são utilizados materiais naturais, como a madeira de castanha no suporte das videiras — uma orientação passada de geração a geração. Protegidas pelas condições geográficas tão O casal Mário e Maria Ida administra a fazenda San Giovanni, na região de Cilento-Paestum, com produção anual de 20 mil garrafas de vinho. A vinícola possui 12 hectares com as castas fiano, trebbiano, greco, aglianico e piedirosso Importadores brasileiros apostam nos rótulos salernitanos P A cantina Marisa Cuomo segue a política de fortalecimento da economia local e chega a pagar três vezes acima do mercado para incentivar o cultivo das uvas pelos pequenos produtores 16 atrocinado pela Enoteca Provinciale, um grupo de profissionais brasileiros ligados ao segmento do vinho rumou para Salerno em setembro. Aguardava-os uma verdadeira maratona de visitas técnicas a vinícolas locais e seções de degustação dos rótulos produzidos por fazendas das três zonas produtoras da região. Durante cinco dias, imergiram no circuito enogastronômico da província, conhecendo de perto os valores, conceitos e projetos de futuro dos enólogos locais. — Esta foi a melhor missão da minha carreira — elogia Luciano Furquim, proprietário da Vital Gourmet Importação e Exportação. O empresário paulista explicou que os aromas, as paisagens e os conhecimentos adquiridos durante a viagem o acompanharão e lhe servirão de ferramenta no trabalho de escolha e indicação dos produtos da região aos seus clientes. Luciano reconhece os predicados das uvas locais como grande potencial da província para produção de vinhos de alta qualidade. — Só falta tempo — adverte. A maturidade oferecida pelos anos no lidar com as uvas também é algo em que Anna Rita Zanier acredita ainda faltar aos produtores locais. No entanto, a sommelier da rede Expand não deixa de apontar a pouca experiência como um fator positivo: — Eles são desbravadores, que decidiram empregar castas que até pouco tempo acreditava-se não renderem, sozinhas, bons vinhos. E os resultados já estão aparecendo. Acredito que a combinação entre a qualidade do produto, a ambição das fazendas e a ousadia das pessoas renderá vinhos interessantes — analisa. Sócia da delicatessen Nebbiolo, Renata Moraes voltou ao Brasil certa de que os rótulos da região farão sucesso entre os clientes de sua loja, em Copacabana. — Pela similaridade do clima de Salerno com o do Rio, os vinhos são perfeitos para serem consumidos aqui, em qualquer época do ano — garante a empresária, para quem “estar diretamente ligada a esse trabalho de difusão da província, que, além da alta qualidade dos produtos, revelou-se belíssima e riquíssima em cultura e história, é motivo de orgulho”. no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Luciano Furquim Luciano Furquim Atualidade particulares, as videiras de Furore ficaram indiferentes à praga que dizimou as plantações europeias em 1864, fazendo com que as bases nativas fossem substituídas por cavalos da variedade americana. Desta maneira, os cavalos da região são ainda nativos, tendo, em média, 80 anos. Vale a pena conhecer a adega de Marisa Cuomo, uma área de 240 m2 escavada na rocha, onde todos os detalhes no uso de materiais, iluminação e climatização foram pensados pelo casal para a guarda e acolhimento de 190 barris. A casa tem produção anual de 103 mil garrafas. Os rótulos Furore e Ravello são apresentados nas variações branco (produzidos com uvas falanghina e biancolella) e tinto (com as castas piedrosso e aglianico). Já o Costa D’Amalfi, além das espécies anteriores, também é oferecido na versão rosé. As uvas fenile, ginestra e ripoli entram na composição do vinho branco Fiorfuva, que fecha o portfólio da vinícola. Ao desdenhar do termo “apaixonado”, que, para ele, denota emoção inconstante, Andrea se autodenomina um amante de sua terra, para onde voltou depois de não se adaptar a um emprego convencional em Milão. Faltava-lhe a brisa de Furore. Basta uma visita a Salerno para entender as saudades do produtor. Cada garrafa com a denominação da província carrega o produto de uma opção de vida, ligada à terra, à tradição e à natureza, consolidada na forma de vinho. Brindemos a isso. Atualidade Um tour de excelências Comitiva brasileira de jornalistas e operadores turísticos é recebida por autoridades em Salerno com o objetivo de mostrar à opinião pública brasileira o valor de uma das regiões italianas de maior potencial turístico Quintino Di Vona e Cinthia Vargas De Salerno “O turista brasileiro não conhece o Cilento e a Costa Amalfitana, pelo menos não o bastante. Com frequência, vai mais ao norte, em Capri e Pompeia. Além disso, há a barreira do tempo, barreira às vezes cultural pelo fato de não saber o que existe além das montanhas que separam o Cilento e a costa da planície partenopea”. Foi assim que Massimo Bellelli, ex-cônsul italiano no Rio de Janeiro, entre 2006 e 2009, e atualmente ministro plenipotenciário responsável pelas relações sociais e econômicas com o Oriente Médio, sintetizou o motivo que levou o presidente da Câmara Ítalo-brasileira de Indústria, Comércio e Agricultura do Rio, Pietro Petraglia; o presidente da associação de pequenas e médias empresas do comércio, turismo e serviços, a Confesercenti de Salerno, Enrico Bottiglieri; a diretora do mesmo órgão, Bianca Cecaro Pierri — em colaboração com a Câmara de Comércio de Salerno, a província e o Parque Nacional do Cilento — a organizarem um tour educativo para uma delegação brasileira. O objetivo era fazer com que se conhecessem de perto as excelências do Cilento e da Costa Amalfitana e as propostas turísticas oferecidas pelos operadores turísticos. — O Cilento é um território mágico. Além da exuberante natureza de rica fauna, floresta e mar, ainda tem atrativos na história milenar de seu território conhecido pelo período da Magna Grécia e pela dieta mediterrânea à disposição de quem visita este pedaço pouco explorado da Itália e que é um Patrimônio da Humanidade — ressalta Petraglia, que busca maior interação entre as excelências salernitanas e cariocas. Da delegação verde-amarela fizeram parte a editora de Ciência e Saúde do jornal O Globo, Ana Lúcia Azevedo; Marcos Cezar Motta Secco, do departamento de relacionamentos corporativos da CVC; Ana Lúcia Ferreira Riveiro, da Marsans Departamento Corporativo; Haroldo Enéas Barros de Campos, relações públicas e opinion leader; e a jornalista da Folha de S. Paulo, Denise Maria Luna de Oliveira. O grupo desembarcou na Itália em 21 de outubro e, no arco de 11 dias, pôde conhecer e avaliar os pontos de força e a peculiaridade da indústria e do turismo do Cilento e da Costa Amalfitana, visitando as cidades cilentanas de Castellabate, Velia, Acciarioli, Prignano Cilento, Morigerati, Padula, Paestum, Pertosa, Palinuro e Marina di Camerota, além dos comuni litorâneos de Maiori, Minori, Amalfi, Positano e Ravello. Deu-se mais atenção aos pontos em sintonia com a preferência dos turistas brasileiros, cuja presença tem aumentando no Belpaese, graças ao boom econômico vivido pelo país. Trata-se de um mercado ao qual a região italiana olha com Comitiva brasileira encabeçada pelo presidente da Câmara Ítalobrasileira de Comércio do Rio, Pietro Petraglia, mostra a jornalistas e operadores turísticos as excelências de Cilento e da Costa Amalfitana muita atenção, conforme narrado em uma transmissão pelo jornalista da RAI Gianfranco Coppola, que moderou a coletiva de imprensa inicial do tour. A delegação apreciou muito os tesouros de arte, os sítios arqueológicos, a dieta mediterrânea e as paisagens de um território sem contaminações que merece uma maior valorização turística, caracterizado por uma morfologia particular que mantém próximos o mar e os montes e oferece cardápios diferenciados, além do azeite extra virgem de altíssima qualidade. — Em tour pela cidade, a delegação visitou os monumentos principais. A reação foi ótima e estamos contentes de como eles perceberam a qualidade da nossa oferta turística — comenta o presidente da Associação de Hoteleiros de Amalfi, Gennaro Pisacane. Da parte do diretor dos Museus Integrados do Ambiente, Virgilio Gay, ouvimos comentários análogos: — Aqui em Pertosa, eles apreciaram muito as grutas dell’Angelo com o inovador Speleo-Teatro e a típica alcachofra branca. É desejável um projeto de expansão entre o Cilento e o Brasil para olhar um novo mundo e um desenvolvimento em comum. Há ecos nas palavras do presidente do Consórcio Ravello Sense, Giorgio Vuilleumier: — O nosso consórcio, composto por 76 empresas, nasceu com a intenção de elevar a qualidade dos serviços para propor-se ao mercado. A costa não é somente mar, mas também interior, com percursos de trekking. Estamos certos de que o mercado sul-americano pode encontrar aquela qualidade que todos procuram — resume. Resta, agora, a necessidade, levantada por alguns componentes da delegação brasileira, de ter um só interlocutor com o qual interagir por uma promoção turística adequada à qualidade e às ofertas de um território esplêndido que, como o brasileiro, pode se gabar do privilégio de ter sido “esculpido por Deus”. comunit àit aliana | novem br o 2012 17 Economia O fim da crise na Itália? Italianos são bons poupadores e se mostram mais confiantes sob a liderança de Monti, que promete o fim da austeridade Andre Batista Especial para Comunità Q uando o empório bancário Lehman Brothers declarou falência em 2008, poucas pessoas acreditaram na gravidade da crise que estaria por vir. Essa sensação ficou mais evidente quando, em 2010, a Grécia anunciou ao mundo que suas dívidas públicas eram maiores do que poderiam suportar. Na verdade, os problemas bancários nasceram ainda em 2007, mas a gravidade do assunto foi subestimada, atrasando em quase um ano o apoio aos bancos. Quando esse apoio finalmente chegou, comprometeu uma grande parte do dinheiro público e superou 20% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Apesar da gigantesca operação de resgate financeiro, todo resultado se resumiu a adiar o inevitável colapso financeiro. Não foi possível impedir o agravamento da situação e a crise se tornou incontrolável. Tamanho esforço do mundo para salvar os bancos — os quais, em sua maioria, perdiam o dinheiro que não possuíam — afetou, principalmente, os maiores países da economia mundial, como os Estados Unidos, o Japão e a União Europeia. Esta última, por ser formada por um bloco de Estados importantes mundialmente, envolveu-se diretamente com a crise bancária. Os países periféricos da UE corriam mais riscos com a crise financeira global. Um governo como o da Grécia que, durante anos, adquiriu grandes dívidas, praticamente anunciava a derrocada de seu Estado. Foi o que aconteceu. Incapaz de pagar suas dívidas, a Grécia precisou da ajuda europeia para quitar Há pouco mais de dois meses, o premier Mario Monti anunciou à opinião pública que o fim da crise está próximo 18 o déficit. Logo depois, a Irlanda se encontrou na mesma situação. Toda essa crise levou os europeus a declararem tempos de austeridade. Ainda assim, em 2011, Portugal também necessitou de ajuda para tentar controlar sua crise econômica. Os problemas financeiros mundiais afetaram todos os países, porém, com mais severidade, a UE, especialmente as nações não preparadas para evitar um golpe desses, caso de Espanha e Itália. Efeitos entre o aumento de desemprego e os protestos constantes Os reflexos da crise financeira na Itália não são muito diferentes do que aconteceu em quase todos os países da União Europeia, entre o aumento do desemprego, a diminuição do poder de compra no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a De acordo com o economista Giuseppe Caporaso, a opinião pública concorda com Monti quando diz que o fim da crise está próximo e que isso tem relação com as medidas adotadas por ele da população, os protestos e as passeatas constantes. É possível enxergar as consequências da crise sem muito esforço. Na opinião do economista e operador de câmbio turismo da TOV Corretora, Giuseppe Caporaso, se a Itália não estivesse protegida pelo euro, os efeitos da crise teriam sido ainda mais graves. — Na atual crise econômica, o euro fez um papel protetor. Os ataques especulativos contra a Itália dos meses anteriores conseguiriam efeitos muito mais devastadores se o país ainda utilizasse uma moeda fraca, como a lira — acredita. A dívida externa italiana gira em torno de dois bilhões de euros, mas esse é um problema antigo, avalia Caporaso: — Há muito tempo, a Itália deveria ter tomado providências para se proteger. As mesmas medidas que o primeiro-ministro Mario Monti está tomando hoje, mais os investimentos na pesquisa científica e na instrução pública, poderiam ter evitado todo esse problema. Há pouco mais de dois meses, Monti afirmou que o fim da crise está próximo. Graças às medidas sociais e econômicas adotadas por ele, a opinião pública acredita nessas palavras. É possível que ainda demore alguns anos para que tudo esteja em ordem, mas, aos poucos, as coisas vão se ajustando na Itália. A gestão de Monti, ainda de acordo com Caporaso, trouxe confiança por parte da população ao governo e à política, algo muito importante, pois, em tempos de austeridade, é necessário que os italianos aceitem um mercado de trabalho mais flexível. — A Itália possui uma dívida que equivale a 120% do PIB e essa dívida será resolvida gradualmente. O débito público italiano é menos preocupante do que o de outros países como Espanha, Inglaterra e Estados Unidos. Isso porque boa parte da dívida está nas mãos dos próprios italianos. A Itália, atrás somente do Japão, é o segundo país do mundo com mais capacidade de poupar dinheiro — conclui Caporaso. Economia Contrattaco dei Bric contro il dollaro Ad accelerare il fenomeno è stata la politica monetaria ultra-espansiva della Fed che deprezza la valuta per sostenere l’economia Usa L a Cina ha iniziato a comprare e vendere petrolio dalla Russia pagandolo in yuan invece che in dollari. L’India ha avuto la stessa idea: da qualche mese acquista il petrolio iraniano direttamente in rupie. Cina, Giappone e Corea intendono firmare un accordo che li svincoli dalla dipendenza del dollaro nei loro rapporti commerciali. Pechino sta siglando contratti di currency swap con Pakistan, Thailandia, Giappone, Emirati arabi, Malesia, Turchia, Mongolia e Australia con lo stesso obiettivo: smarcarsi dal biglietto verde e commerciare in valute locali. E accordi simili sono stati siglati tra Brasile e altri paesi sudamericani. Forse sono solo piccoli frammenti di un puzzle più complicato. Ma, messi insieme, sembrano delineare gli albori di una rivoluzione di portata storica: la “de-dollarizzazione” dell’economia mondiale. Certo, il biglietto verde resta il punto di riferimento del commercio internazionale e delle riserve valutarie. Ma sempre più Paesi cercano di smarcarsi dalla sua ombra. Ironia della sorte, ad accelerare il fenomeno è stata la politica monetaria ultra-espansiva della Federal Reserve. Da quando nel novembre 2008 la banca centrale Usa ha iniziato a stampare moneta in abbondanza attraverso il “quantitative easing”, deprezzando il dollaro nei confronti delle altre valute, per molti Paesi commerciare in biglietti verdi è diventato meno conveniente. Ed è diventato meno auspicabile accumulare troppe riserve in dollari. Questo li ha convinti a siglare accordi bilaterali per scambiare merci e servizi direttamente nelle loro valute. “Più gli Usa stampano dollari – osserva Antonio Cesarano, responsabile market strategy di Mps Capital Services – più il processo di de-dollarizzazione potenzialmente accelera”. Insomma: la politica monetaria della Fed rischia di diventare un boomerang, a meno che non sia la stessa politica Usa a far ripartire l’economia e a risolvere la crisi. Dollaro caput mundi Cosa sia attualmente il dollaro nell’economia mondiale lo dicono i numeri raccolti dall’Omc o dal Fondo monetario. Circa il 60% dei dollari si trova oggi fuori dai confini statunitensi. Novanta Stati al mondo hanno le loro monete ancorate, esplicitamente o implicitamente, al biglietto verde. Secondo i dati (parziali) Fmi il 60% delle riserve valutarie mondiali è in dollari. Il 40% del mercato obbligazionario mondiale è denominato in moneta Usa. Gli Stati Uniti producono circa il 13% del commercio mondiale, ma il loro dollaro è presente nel 36% delle transazioni commerciali mondiali. Per capire la sproporzione, anche la Cina produce una “fetta” di quasi il 13% del commercio mondiale (come gli Usa), ma lo yuan è oggi usato per regolare meno dell’1% delle compravendite di beni e servizi. Solo l’euro batte il dollaro come valuta usata nel commercio, ma il dato è “gonfiato” dall’interscambio tra i 17 Stati dell’Unione europea. La supremazia valutaria degli Usa, insomma, è fuori discussione. Innanzitutto perché il dollaro è la moneta più liquida, dunque la più comoda da usare in tutto il mondo. E poi perché quando due Paesi in via di sviluppo commerciano tra di loro tendono a non fidarsi ognuno della valuta dell’altro: questo li convince, storicamente, ad usare il dollaro come moneta di riferimento. Eppure questa supremazia potrebbe incrinarsi. “Personalmente non credo che il dollaro possa perdere il suo status di valuta di riserva internazionale, ma penso che nell’arco di qualche anno possa perdere posizioni e importanza. È possibile che altre monete aumentino il loro peso specifico”, osserva Alessandro Terzulli, economista della Sace. La rivoluzione anti-dollaro Qualcosa, in effetti, sta già cambiando. La Cina ha il problema dell’accumulo di riserve in dollari. Attualmente la Banca centrale di Pechino ha riserve pari a 3.290 miliardi di dollari: queste sono in gran parte investite in titoli di Stato Usa, per un ammontare di 1.153 miliardi (dato di agosto). Ecco perché la Cina ha iniziato a siglare accordi commerciali o di currency swap, per effettuare scambi direttamente in valuta locale eliminando le fatture in dollari. E riducendo l’accumulo di riserve in biglietti verdi. Così, se nel 2010 praticamente nessuno scambio commerciale con la Repubblica Popolare veniva regolato in yuan, ora circa il 10% dell’export/import cinese è in valuta locale. Ci sono poi Paesi come il Brasile, che da quando la Fed ha avviato la politica del “quantitative easing”, nel 2008, ha registrato un forte apprezzamento del real nei confronti del dollaro. Dalla metà del 2011 (da quando la Fed ha terminato il Qe2) il movimento si è invertito, ma questo non ha ridotto il problema: tenere gli scambi commerciali esposti alle variazioni del dollaro è sempre meno auspicabile. Non è un caso che proprio il Brasile abbia più volte tuonato contro gli Usa per la “guerra delle valute”. Ecco perché a marzo i paesi Bric (Brasile, Russia, India e Cina) hanno deciso di estendere il credito in valuta locale per favorire il commercio tra di loro. Ovvio che lo smarcamento dal biglietto verde è ancora agli albori. Forse non decollerà mai. Ma, potenzialmente, potrebbe avere effetti dirompenti sugli equlibri mondiali. Si pensi che le esportazioni cinesi in Asia – calcola il professor Lawrance Lau della Chinese university di Hong Kong – ammontano a 1.100 miliardi di dollari. Il commercio tra i paesi Bric ammonta a 307 miliardi di dollari. Cosa succederebbe se un giorno questi scambi avvenissero tutti in valute locali? Insomma: dal monopolio del dollaro, al duopolio dollaro-euro, presto potremmo arrivare a un’”oligarchia” valutaria. comunit àit aliana | novem br o 2012 19 Economia In Brasile ci sono opportunità di business anche per le pmi L’ Unione degli industriali ha tracciato un bilancio della recente missione in terra carioca. Oltre 40 incontri con imprese brasiliane. Le esportazioni sono ancora ben al di sotto della media lombarda ma le condizioni per fare meglio ci sono. La Liuc aprirà una summer school a San Paolo. In primavera si parte per la Cina. “Internazionalizzazione” è una parola che non manca mai nei convegni e negli incontri dedicati all’impresa, in genere sempre associata a “innovazione”. E quando la si usa non ci si riferisce alla zona euro, che è il cortile di casa, ma ai mercati extraeuropei, i cosiddetti Brics (Brasile, Russia, India, Cina e Sudafrica) dove è importante esserci per due motivi: perché in crescita, rispetto alla vecchia Europa, e perché lì si giocano le partite economiche più importanti da parte degli investitori. Su questo tema, l’Unione degli industriali della provincia di Varese ha realizzato un vero e proprio progetto che prevede una serie di missioni all’estero con al seguito imprenditori varesini. Dal 13 al 18 ottobre si è svolta la prima con destinazione Brasile a cui hanno partecipato una delegazione di Univa, otto aziende e un tutor d’eccezione, Gabriele Galante, patron della Imf (azienda metalmeccanica di Luino) che ha una delle sue filiali estere proprio nella terra carioca. “Queste missioni – ha detto Giovanni Brugnoli, presidente degli industriali – permettono alle piccole e medie imprese di vedere cosa succede anche nei paesi d’oltreoceano. Pur sapendo che non sarà facile operare in questo paese, nei quaranta incontri che i nostri imprenditori hanno fatto con le imprese brasiliane è venuta fuori la nostra anima sul fare impresa, la nostra grande attenzione alla praticità”. Il Brasile è un mercato enorme e per niente facile, a partire dalle rigide barriere doganali che limitano le importazioni. I dati rivelano che è poco conosciuto dalle aziende di casa nostra, il cui export ha un valore complessivo di appena 177 milioni di euro (14,6%), ben al di sotto sia della media italiana (23,4%) che di quella lombarda (23,6%). “Internazionalizzare – ha detto Galante – non vuol dire delocalizzare. Tutte le volte che ho fatto investimenti all’estero ho aumentato l’occupazione nella fabbrica di Luino e nel sistema di subfornitura. Noi all’estero possiamo portare le nostre competenze e per farlo bisogna conoscere bene il paese dove si va a produrre. Spesso gli imprenditori si lamentano che non c’è assistenza per le imprese. Non è vero, oggi l’Ice (Istituto per il commercio con l’estero) funziona e la Sace (gruppo assicurativo-finanziario attivo nell’export credit ndr) ti assicura il credito”. Entrando nel particolare delle esportazioni, si scoprono settori che da un anno all’altro hanno avuto un incremento esponenziale di esportazioni verso il Brasile, come nel caso di quello farmaceutico cresciuto del 154%. “Questi dati – ha spiegato Vittorio Gandini, direttore di Univa – rivelano che per il nostro metadistretto ci sono reali possibilità di fare business in quel mercato. Non ci si puo’ però affidare a una logica di mordi e fuggi, bensì a un progetto di medio e lungo periodo che porti le imprese che non si sono ancora affacciate ai mercati esteri, a farlo, approfittando dell’aiuto di quei colleghi che hanno già realizzato progetti industriali in quei paesi”. Univa ha allargato il concetto di filiera aprendolo alla scuola e portando nella missione brasiliana anche Samuele Astuti, docente dell’università Liuc, per realizzare in collaborazione con l’università di San Paolo una nuova summer school (corsi intensivi di alta formazione) per gli studenti dell’ateneo di Castellanza. Sarebbe la terza dopo Shangai e Buenos Aires. “Ringrazio i nostri collaboratori – ha concluso Brugnoli – perché ci hanno permesso di fare una missione preparata a 360 gradi. Tra di noi si respirava lo spirito imprenditoriale che ci caratterizza, ci siamo sentiti come una grande famiglia che si è mossa insieme per generare opportunità di business. In primavera ci aspetta la Cina”. Brasile, piu soldi per evitare i black-out al Mondiali del 2014 I l governo del paese sudamericano amplia il tetto di spesa destinata alla creazione e trasmissione di energia elettrica negli Stati che ospiteranno la kermesse. Nuova iniziativa del governo brasiliano per impedire i black-out nei mondiali di calcio del 2014. Il ministero delle Finanze ha ampliato da 350 a 850 milioni di reais (circa 418 milioni di dollari) il tetto di spesa per interventi tesi a migliorare la rete elettrica negli stati in cui si giocherà il torneo. Un intervento messo in campo dopo che nelle ultime settimane il paese sudamericano ha fatto i conti con diversi black-out. A beneficiare del provvedimento, che dovrà permettere la realizzazione di strutture per la creazione e la trasmissione di energia elettrica, le capitali degli stati di San Paolo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Amazonas, Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e il distretto federale della capitale Brasilia. 20 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Brasile, dove il carnevale si paga tutto l’anno T utto a rate, da quattro a dieci a vostra scelta e per di più senza interessi. Chi oggi vuole vendere i suoi prodotti in Brasile non ha quasi alternativa: pagare ogni mese una frazione del costo è ormai un’abitudine consolidata dei consumatori verde-oro. Dalla bottiglia di vino italiano agli occhiali da sole, alla vacanza fatta a Bahia in occasione dell’ultimo Carnevale, passando persino per l’acquisto di una semplice caffettiera. Il Paese del samba si è trasformato in un vero e proprio Eldorado per chi ama rateizzare tutto, anche gli acquisti minori da 100 reais, l’equivalente di appena 40 euro. L’obiettivo, nobilissimo, è ampliare la base creditizia, consentendo anche ai ceti più umili – che grazie al boom, da povere sono diventate classe media negli ultimi anni - di trasformarsi in consumatori attivi. L’esperimento, vista la predisposizione della popolazione all’imitazione del modello consumistico statunitense più che di quello europeo, è riuscito bene: il credito verde-oro è schizzato in su del 516,4% negli ultimi 10 anni, arrivando alla cifra record di 2,2 trilioni di reais, quasi un miliardo di euro. È infatti sufficiente dimostrare di avere un lavoro re- golare, con relativo libretto e versamenti effettuati all’Inss, l’Inps locale, perché la banca dove il cliente ha depositato anche sole poche centinaia di reais, oltre alla carta di credito, conceda anche finanziamenti a tassi agevolati per l’acquisto di automobile e casa. Certo è che a volte questo modus operandi favorisce gli eccessi, soprattutto quando alla rata non c’è alternativa. L’ex direttrice dell’Istituto italiano di cultura di Sao Paulo, abituata agli acquisti in contanti, alla sua richiesta di pagare cash un televisore al plasma, pochi giorni fa si è sentita rispondere così da un commesso: “Signora, a quel prezzo glielo posso vendere solo se mi paga con la carta di credito e in dieci rate. Altrimenti, il prezzo sale”. Il rischio, soprattutto se non si tiene d’occhio l’estratto conto, è che con l’abitudine alla rateizzazione di ogni acquisto, l’accumulo degli arretrati, a mo’ di palla di neve che si trasforma in valanga raggiunga un importo superiore alla disponibilità del cliente-consumatore. In tal caso sono dolori, perché gli interessi passivi brasiliani sono i più alti al mondo, in certi casi superano il 200% l’anno. Da Londra al Brasile Venchi cresce a due cifre I l trend passa dal 15% al 30% la crescita anno su anno delle esportazioni dell’azienda cuneese, che si consolida soprattutto sui mercati in cui è posizionata nell’alto di gamma. Ci sono voluti tempo e tenacia per convincere i mercati esteri che l’eccellenza nel cioccolato non è soltanto svizzera o francese, ma i risultati stanno arrivando. Lo sottolinea Giovannni Battista Mantelli, direttore commerciale e marketing della Venchi Spa, marchio storico del cioccolato del Cuneese. E lo fa commentando i dati relativi alla crescita dell’export dell’azienda, una percentuale, di fatto, raddoppiata negli ultimi mesi: “Siamo passati – spiega – da un più 10-15% a un più 30%, grazie a un processo di forte consolidamento del prodotto proprio in quei Paesi dove siamo collocati, sul mercato, in una posizione tra lusso e iperlusso”. Un risultato che porta la quota di export della Venchi al 15% del fatturato, e che quest’anno, prevede Mantelli, supererà i 40 milioni di euro. Grazie “a una forte identità mediterranea” e a una attenzione “verso per i sapori e gli odori del paese di destinazione del prodotto”. Venchi all’estero diventa “istrionico”, capace di contaminarsi e di osare accostamenti stravaganti con il cioccolato, come le spezie, il peperoncino o il sale. “La nostra ambizione – aggiunge – è di interpretare i gusti e le suggestioni dei Paesi dove ci proponiamo, ma sempre in chiave made in Italy, con il valore aggiunto di un cioccolato che nasce in un Paese del Mediterraneo, che non ha bisogno dunque di troppi grassi, che ha una chef life non lunghissima e che rinuncia a un livello alto di conservanti”. Asia – con 12 corner – e Medio Oriente sono in testa alle destinazioni per il cioccolato Venchi, su mercati, spiega il responsabile commerciale dell’azienda di Castelletto Stura, “molto propensi all’acquisto del prodotto a pezzo, e molto attenti al design”. In tema di esportazioni e presenza sui mercati esteri, Venchi scommette non solo su accordi di distribuzione, come spiega Mantelli, ma anche su un piano di sviluppo del canale retail che conta, tra le ultime aperture, quella di Londra Covent Garden e quella in programma a Jeddah, in Arabia Saudita, o a Hong Kong. Tra i nuovi mercati di destinazione, anche il Brasile, “forti di una proposta globale – spiega l’ad – che accanto al cioccolato coinvolge anche il gelato”. Sul fronte della qualità, Venchi blinda la filiera integrata e rende i coltivatori veri e propri partner. “Pur non avendo nostre piantagioni – conclude Mantelli – puntiamo al massimo dell’integrazione all’interno del processo produttivo”. comunit àit aliana | novem br o 2012 21 Moda No tempo da moda A bolsa de negócios Fashion Business expõe novas tendências do outono-inverno 2013 abordando o tempo como tema e traz palestrantes como o estilista italiano Stefano Sorci Nathielle Hó O Fashion Mall e o hotel Royal Tulip sediaram, de 6 a 9 de novembro, a 21ª edição do Fashion Business, em São Conrado, no Rio. O evento integra o novo calendário de moda da capital fluminense, que agora realiza edições do Fashion Rio e seus salões de negócios nos meses de abril e outubro, e não mais em janeiro. No evento, os lojistas de todo o país puderam conhecer as novas tendências de 170 grifes para o outono e o inverno de 2013. O salão contou com 90 estandes e apresentou dez novas marcas. Além disso, os visitantes puderam apreciar palestras de nomes importantes da moda, como o professor italiano do Instituto Marangoni, Stefano Sorci. De acordo com a diretora geral da feira, Eloysa Simão, a reorganização das datas vai dar mais tempo 22 para que as peças sejam produzidas, o que vai criar mais espaço entre a venda das coleções e a entrega e diminuir o cancelamento e as devoluções de pedidos. O consumidor final é que vai ganhar com isso, pois a mudança do calendário acarretará a queda dos preços em até 10%, aquecendo ainda mais o setor. — A partir de agora, toda a cadeia pode organizar melhor a sua produção. Num evento como o Fashion Business, que chega a movimentar mais de R$ 800 milhões em vendas, essa economia pode chegar a 15%, ou seja, R$ 120 milhões — enfatizou Eloysa. Para a organizadora do evento, outro ponto positivo na mudança do calendário é a geração de empregos. O salão gerou dois mil empregos a mais nesta edição, afirma. — Muita gente teve que contratar mão de obra extra para conseguir entregar as coleções do verão, do alto verão, que ainda está entregando, e fazer as roupas da temporada de no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a inverno. Nós gerávamos seis mil empregos diretos. Nessa edição, a gente conseguiu a marca de oito mil — ressalta a diretora. O tema da feira foi o tempo, assim como a mudança e a velocidade na moda, que está sempre em busca do que é novo e das referências do momento. O assunto também inspirou a cenografia assinada por Julia Liberati, que utilizou muitos componentes de led com luzes coloridas para criar uma identidade visual. Fotos e vídeos foram utilizados nesse processo de criação para ilustrar a passagem de tempo e delimitar os contornos do corpo. Além de investir em novas coleções, o lojista teve a oportunidade de enriquecer a bagagem cultural através das palestras com especialistas do mercado de moda, como diretores de marketing, consultores e empresários da área, sob mediação de Eloysa Simão. A primeira palestrante no fórum dos lojistas foi a diretora de pesquisa de moda da UseFashion, Patrícia Souza Rodrigues, que anunciou tendências para as coleções de outono/inverno 2013: misturas, o retorno do estilo militar, o vintage e os clássicos reinventados. Ela abordou a tendência Mixed, que consiste em mesclar cores, acessórios e estampas, inclusive as étnicas e de animais. E ressaltou o retorno do estilo militar: peças com muitos botões, casacos alongados, tecidos com texturas, roupas leves com aparência mais bruta e estampas atemporais, porém sem a presença do camuflado. A tendência vintage que mescla o antigo com o contemporâneo através de cortes geométricos, estampas tradicionais e bordados, nunca sai de moda, explica Patrícia. Sorci ressalta a necessidade de pluralidade na moda Outra palestra muito prestigiada pelo público foi a do professor italiano do Instituto Marangoni, Stefano Sorci, intitulada Os Novos Caminhos da Moda. Ele ministra aulas na instituição desde 2008 e já trabalhou como analista de moda e comprador da loja de departamentos La Rinascente por 12 anos. Atualmente, presta consultoria para empresas dos Estados Unidos, Japão e Inglaterra. Sorci procurou abordar três grandes importantes temas da moda contemporânea: o sistema produtivo e criativo, as novas tendências e a sustentabilidade através de novas tecnologias de produção e de novas fibras como matéria-prima. O especialista forneceu uma visão geral do mundo da moda e do seu processo de globalização e mostrou as diferenças entre o local e o global e como melhor atender as necessidades dos clientes. Ele explicou como as marcas devem proceder para se adaptar ao mercado local, levando em conta a economia global. A moda sobrevive à crise econômica, e estilistas e empresários devem procurar se diferenciar no setor e não apenas copiar o que já existe, buscando utilizar cada vez mais produtos sustentáveis, defende. — Hoje em dia o que se vê é essa tendência do global que se espalha e torna o mundo uniforme. As roupas que usamos em Milão são vistas em Paris, Tóquio, Londres. É necessária uma identidade cultural que resgate o diálogo entre o presente e o passado e valorize a herança cultural — enfatiza. O professor italiano explorou as macrotendências em seu discurso e “desenhou” o que os jovens usam hoje em dia. As tendências do mundo digital estão muito em voga e assimilam o pensamento high tech. Dentro desta vertente, Sorci falou sobre a tendência do Chemical Cartoon, que usa computação gráfica nas estamparias, objetos quadrados que se assemelham a peças do Lego e pixels como nas imagens dos Além de apresentar novas tendências e gerar negócios, o Fashion Business promoveu palestras com especialistas no mercado de moda, como Stefano Sorci, que falou sobre moda global e sustentável computadores. É uma moda jovem, que remete aos mangás, que são as histórias em quadrinhos japonesas. Outra tendência dentro do mundo digital é a Cyber Strange, onde as cores das roupas, segundo Stefano, transmitem um efeito ambíguo de verdadeiro e falso, e os cortes das vestimentas deixam as formas irregulares, utilizando muito a malharia para dar o efeito de fragmentação. — As macrotendências levam em consideração fatores sociais, econômicos e culturais. Elas são desenvolvidas a partir das expressões de vida, seja na forma como a pessoa se alimenta, seja em suas viagens e outras atividades. A segunda tendência abordada por Stefano foi a Next Nature, que engloba a subtendência chamada Sublime Nature, remetendo ao street cautoure onde formas de animais aparecem em joias e outros objetos luxuosos. Outra corrente da Next Nature é o Dark Resort, que lembra a floresta noturna e utiliza nas roupas o efeito fluorescente. O Carnaval brasileiro, temática do segmento, recorre ao uso de plumas de pássaros, coloração em excesso e estamparias diferentes misturadas. A Neo Geo também segue uma linha naturalista e utiliza material reciclável e orgânico. — A Next Nature constrói as roupas a partir de formas e cores provenientes da flora e fauna. Essa tendência é ecologicamente correta e utiliza tecidos naturais e de origem biológica — enfatiza Sorci. A terceira tendência que Stefano disse ser muito vista hoje é a da moda urbana. A primeira corrente dessa tendência é a Desert Elegance, que abusa da alfaiataria e usa um volume simples, na qual a roupa não encosta no corpo. A Luxury Archaeology também utiliza formas minimalistas com cortes regulares, inspirada nos origamis e na espiritualidade. Após falar sobre as tendências usadas no mundo inteiro, o estilista italiano lembrou que a publicidade explora cada vez mais as imagens de celebridades que costumam ser admiradas e servem de exemplo comportamental, mas principalmente de parâmetros da moda. Ao final, ele falou sobre a necessidade da produção consciente e ecologicamente correta e da necessidade de diferenciação no mercado, que anda oferecendo muitas modelagens parecidas. — Assim como no movimento slow food, que procura ir contra as comidas rápidas do fast food, atualmente está sendo difundido o slow design, que busca ir contra a padronização e o senso comum, a favor da democracia de gostos, da diferenciação na indústria criativa e da valorização da moda eco-friendly — conclui. comunit àit aliana | novem br o 2012 23 Sociedade De Masi traça o futuro Em março de 2013, intelectuais brasileiros se reunirão com pensadores italianos em Paraty para buscar um novo modelo de vida, guiados pelo sociólogo criativo Domenico De Masi Stefania Pelusi A utor de várias obras reverenciadas no Brasil, como O ócio criativo, Domenico De Masi anunciou aos participantes do XXII Enbra (Encontro Brasileiro de Administração) que em março de 2013 estará em um evento junto com outros pensadores brasileiros e italianos em Paraty, no litoral Sul Fluminense, para pesquisar “um novo modelo de vida, um modelo brasileiro para o mundo”. Refletir o Brasil: diálogo sobre a brasilidade. Esse será o nome do evento que vai acontecer entre os dias 20 e 23 de março, quando pessoas altamente qualificadas discutirão sobre o momento atual da evolução brasileira, sob diferentes ângulos. Juntamente com os resultados da pesquisa, poderão dar uma visão complementar e transcender os estereótipos sobre o Brasil de modo a compartilhar conhecimentos e vivenciar a formação de um grupo criativo, ao estilo de Domenico De Masi. O sociólogo encoraja os jovens e os intelectuais a criar ideias novas para procurar um novo modelo e diz que não tem esperança, e sim “certeza de que a humanidade vai para frente, não só com a tecnologia, mas também com as ideias”. — A história da humanidade nos ensina que é um progresso contínuo, mesmo se existem momentos obscuros como o nazismo, as cruzadas, as guerras mundiais. No entanto, a humanidade continua — declara à Comunità o pensador de 74 anos. Em busca de um novo modelo de vida O problema do presente é que a nossa sociedade adaptou os valores da sociedade passada, industrial, à sociedade atual, que é pós-industrial, analisa. Ele dá como exemplo a linha de montagem, feita por trabalhadores que fazem um trabalho manual e precisam estar contemporaneamente juntos porque senão tudo para. — Já o trabalho intelectual não exige que todos os trabalhadores trabalhem no mesmo lugar, durante as mesmas quantidades de horas. Nem é necessário ir ao escritório. Pode-se trabalhar em casa, evitando o engarrafamento, principal problema de uma cidade como São Paulo que está virando um imenso manicômio — enfatiza o carismático italiano. Ele afirma que é tarefa dos intelectuais a criação de um novo modelo, como fez Marx para o marxismo e Weber para o capitalismo. Essa nova proposta precisa levar em conta o mundo informático: segundo os últimos dados, os usuários da rede social Facebook já passam de um bilhão, com uma idade media de 22 anos. Isso representa um mundo digital separado dos adultos. — Os jovens digitais falam inglês, viajam pelo mundo, não têm medo dos gays, dos imigrantes, das tecnologias. São mais propensos a ter as relações humanas mais intensas, não carregam tabus sexuais. Enquanto os analógicos têm medo de tudo, das tecnologias, consideram a liberdade sexual um Dez tendências para 2020, segundo Domenico De Masi Longevidade – Em 2020, o planeta terá um bilhão a mais de bocas — e um bilhão a mais de cérebros. Viveremos até 730 mil, um aumento em relação às atuais 700 mil horas. Viverá mais quem tiver relações sociais mais intensas. E haverá um bilhão de obesos. 24 Tecnologia – Em 2020, um chip custará menos de US$ 20. A engenharia genética terá evoluído muito e a robótica avançará a ponto de criar robôs dotados de informações afetivas. O patrimônio de músicas, filmes e livros estará mais disponível e a próxima questão será como “transferi-lo” para o cérebro. Economia – O PIB per capita no mundo será de US$ 15 mil, contra os atuais US$ 8 mil. Em paralelo aos Brics, emergirão os Civets (Colômbia, Indonésia, Vietnã, Egito, Turquia e África do Sul). no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Trabalho – A parte central do mercado estará no trabalho criativo. Esses profissionais serão os que terão mais garantias e melhor retribuição. Os funcionários executivos, por outro lado, terão menos garantias em comparação ao cenário atual. Haverá uma significativa massa de jovens sem trabalho na Europa e nos Estados Unidos. Virtualidade – A “nuvem informática” terá transformado o mundo em uma única praça. A privacidade sofrerá uma mudança radical, tendendo a desaparecer. Graças à farmacologia, todos poderão inibir os próprios sentimentos, exacerbá-los, simulálos e combiná-los da forma que desejarem. Lazer – Em 2020, um jovem de 20 anos terá 555 mil horas de vida pela frente e 265 mil horas de tempo livre. A questão é como ocupá-las: será necessária uma verdadeira formação para o tempo livre. Androgenia – Daqui a oito anos, as mulheres viverão três anos a mais do que os homens. Cerca de 60% dos estudantes universitários e dos pós-graduados serão mulheres e muitas casarão com um homem mais jovem. Terão um filho sem ter um marido. Elas estarão no centro do sistema social e irão gerenciar o poder. pecado. O mundo analógico, a partir do ponto de vista da idade, está destinado a terminar, mas as estruturas de poder ainda continuam e as mulheres ainda estão fora da sala do controle, enquanto deveriam decidir uma data para proclamar a absoluta igualdade — afirma o cidadão honorário do Rio de Janeiro. “Precisamos de uma revolução global” O desafio maior para o sociólogo é mudar a organização de trabalho nessa era pós-industrial. Isso será possível somente através de uma revolução global que crie um novo modelo completamente diferente daquilo do passado, acredita. De Masi descarta as revoluções árabes e europeias atuais como possíveis soluções por serem “ainda um protesto contra um modelo velho, e não uma proposta de um novo modelo”. — O verdadeiro problema é a preguiça. Em vez de inventarmos uma nova maneira de pensar, transportamos a organização da fábrica para o mundo atual. Todos nós somos trabalhadores organizados como numa linha de montagem, enquanto a produção de ideias não é proporcional ao tempo de trabalho, mas é indiretamente proporcional ao ócio criativo — comentou o presidente da Escola de Especialização em Ciências Organizativas, a S3 Studium. Ética – Em 2020, o mundo será mais rico, porém continuará desigual na distribuição dessa riqueza. A visibilidade dessas desigualdades alimentará movimentos e conflitos. Estética – Em 2020, os fiéis se voltarão à fé e os leigos, à estética — a qual, mais do que qualquer outra disciplina, é responsável pela felicidade humana. Quem se dedicar às atividades estéticas será mais gratificado do que aqueles que se dedicarem às atividades práticas. Domenico De Masi encanta a plateia do XXII Enbra ao falar sobre as dez tendências para 2020 O italiano apaixonado pelo Brasil ressalta as características da sociedade atual e a divisão entre países produtores de ideias, outros produtores de bens materiais e países do terceiro mundo. — Os países do primeiro mundo não produzem bens materiais porque as indústrias poluem. Assim, preferem desenvolver universidades e laboratórios de pesquisas e transferem as fábricas para os países emergentes, como o Brasil. A chegada de uma empresa não quer dizer progresso, ao contrário, quer dizer subdesenvolvimento. No caso da empresa de automobilística Fiat, o presidente executivo, Sergio Marchionne, está reduzindo fortemente a presença da empresa na Itália para desenvolvê-la em Belo Horizonte, pois uma hora de trabalho em Turim custa 24 dólares. No Brasil, custa 12; em Pequim, um dólar; em Singapura, sete; e, na Coreia do Sul, 4 dólares. Durante a conferência para os administradores no Rio de Janeiro, o enérgico professor da Universidade La Sapienza de Roma quis surpreender o público com projeções sobre como será o mundo em 2020 em relação a assuntos como tecnologia, economia, trabalho e virtualidade. O sociólogo montou um grupo de especialistas de 30 pessoas na China, na Itália e no Brasil, composto de economistas, sociólogos, jornalistas, pintores e artistas, os quais se encontram periodicamente para apontar as tendências da sociedade em 2020. As abordagens giram em torno de longevidade, tecnologia, economia, trabalho, virtualidade, lazer, androgenia, ética, estética e cultura. De Masi, junto com a sua equipe, realizou um trabalho para orientar debates com o objetivo de planejar uma sociedade mais desenvolvida e equilibrada para o futuro. Cultura – O caráter global irá superar a identidade local. Contudo, todos tenderão a buscar meios de se diversificarem do outro. A produção cultural se dará de muitos para muitos (Wikipedia, Facebook etc). comunit àit aliana | novem br o 2012 25 Automóveis Sonhos sobre quatro rodas O Salão do Automóvel de São Paulo recebe marcas renomadas como a Fiat e desfila o que há de melhor em design e tecnologia do setor automotivo Nathielle Hó O maior evento de exposição automobilística da América Latina tomou conta de São Paulo entre o final de outubro e o início de novembro. Com a presença de 49 montadoras e importadoras e 500 carros, 7% a mais do que na última edição, o 27º Salão Internacional do Automóvel no Pavilhão do Anhembi mostrou que o Brasil é um mercado promissor e que passa longe da crise econômica enfrentada na Europa e nos Estados Unidos. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o segmento no país teve um crescimento de 5% nas vendas neste ano. A perspectiva é que, até o final de 2012, sejam vendidos 3,8 milhões de automóveis. Os números são animadores, pois até setembro foram licenciados 2,79 milhões de unidades: um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2011. 26 Um fato importante para o aumento das vendas de veículos no Brasil foi a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), benefício que segundo a Anfavea aqueceu o setor, gerou 2,7 mil novos empregos e aumentou a arrecadação de impostos em R$ 1,7 milhão por dia. Carros nacionais de motor 1.0 foram beneficiados com a queda do IPI de 7% para zero. Dos veículos com motor flex até 2.0, o imposto caiu de 11% para 5,5%. Nos veículos utilitários, o corte foi de 4% para 1%. De acordo com o presidente da Fiat do Brasil e da Anfavea, Cledorvino Belini, houve aumento de 31% nas vendas entre junho e outubro. Durante a abertura do Salão do Automóvel, a presidente Dilma Rousseff divulgou que o governo prorrogará a redução do IPI para automóveis até o dia 31 de dezembro deste ano. — Antes do IPI reduzido ser instituído, no final de maio, a média diária de vendas era de 12.300 unidades. Depois do benefício, a no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a O Salão do Automóvel apresentou lançamentos, gerou negócios e contou com 49 montadoras média nacional subiu para 16 mil vendas diárias. Apesar disso, outros fatores são necessários para impulsionar o mercado de automóveis, como o destravamento do crédito e a utilização do compulsório dos bancos para estimular o financiamento. Além disso, a execução do Programa Inovar-Auto no período de 2013 a 2017 vai fazer com que a indústria automobilística entre em novo ciclo de competitividade mundial — acrescentou Belini. Por outro lado, a comercialização de veículos na Europa sofreu, no mês de agosto, uma queda de 8,5%, liderada por Ford e General Motors. Segundo a Associação de Montadoras Europeias, a região somou 722.483 emplacamentos no mês de agosto, contra 789.458 no mesmo período de 2011. As vendas do início do ano até agosto caíram 6,6% na zona do euro. Na abertura do salão, o vice-presidente executivo da empresa organizadora do evento, a Reed Exhibithions Alcântara Machado, Paulo Octávio de Almeida, ressaltou que muitas montadoras estão migrando para o Brasil porque o país se tornou terreno fértil para investimentos. — Com a crise em seus países de origem, as montadoras estão focando nos emergentes, em especial no Brasil, que hoje é o quarto maior mercado mundial do setor. O Salão do Automóvel é a grande vitrine para as empresas mostrarem seus lançamentos, apresentarem tendências e para a geração de novos negócios. De acordo com nossas pesquisas, 55% das pessoas que visitam o salão têm a intenção de trocar de carro nos próximos seis meses. Por isso, a feira é um organismo vivo que reflete o mercado — ressalta Almeida. O evento bianual também fomenta o setor turístico da cidade, atraindo turistas de negócios. De acordo com os dados da SPTuris, em 2010, dos 750 mil visitantes, 300 mil estrangeiros deixaram no Brasil R$ 360 milhões. A instituição afirma que 20% da ocupação hoteleira neste período é motivada pelo salão. Além de incentivar o turismo e de fomentar o mercado de automóveis, o salão também serviu para conscientizar o público sobre os perigos no trânsito. As pessoas testaram suas habilidades no simulador de direção, instalado no estande do Ministério das Cidades. O equipamento será obrigatório para o aluno da categoria B, a partir do próximo ano, nas aulas das autoescolas. O simulador já está previsto na Resolução 168, do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O estande também divulgou a campanha de Redução de Acidentes no Trânsito, que faz parte do Pacto Nacional lançado pelo governo brasileiro em 2011, como resposta à Resolução da Organização das Nações Unidas, que instituiu o período de 2011 a 2020 como a década para a redução de mortes. No Brasil, os registros do Ministério da Saúde mostram que morrem 42 mil pessoas, a cada ano, nas estradas. Fiat brinda o público com Ferrari e Maserati e apresenta seus lançamentos A Via Itália, importadora oficial das marcas Lamborghini, Rolls-Royce, Ferrari e Maserati, resolveu não investir no salão. No entanto, a Fiat realizou o sonho de quem queria ver de perto uma Ferrari 458 Spyder e uma Maserati GranCabrio. A Ferrari conversível, vendida no Brasil por R$ 1,9 milhão, vem equipada com um motor V8 de 569 cavalos de potência, suficientes para cumprir de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos e atingir uma velocidade máxima de 320 km/h. Já a Maserati comporta um motor V8 de 450 cavalos. O modelo pode chegar aos 285 km/h e ir até 100 km/h em 5,2 segundos. O preço dessa versão é R$ 920 mil. A Fiat também criou um estande só para a Chrysler, com veículos da Dodge, Jeep e Ram, e apostou nos minis, lançando o Cinquecento. Foram apresentados o 500 by Gucci e a versão Cabriolet do modelo conversível. Os carros serão vendidos a partir de R$ 57.900. O 500 by Gucci faz parte das celebrações dos 90 anos da marca. Ele recebe elementos de luxo, acabamento interno desenvolvido pela grife e cores exclusivas que valorizam o glamour do perolado. De acordo com o diretor comercial da A Fiat agraciou os visitantes do Salão do Automóvel com a exposição de uma Ferrari 458 Spyder, à venda no Brasil por R$ 1,9 milhão. E lançou o Cinquecento na versão Gucci, que agrega elementos de luxo Fiat, Lélio Ramos, a empresa procurou inovar nesta edição do salão ao habilitar seus automóveis com componentes sustentáveis. — Estamos caminhando para o nosso 11º ano de liderança no mercado brasileiro com participação de 23,1%. Este resultado é fruto de um trabalho intenso de inovação tecnológica. Lançamos o Fiat 500 com um preço mais acessível vindo do México e oferecemos ao público o sistema Eco-Drive, que serve para avaliar o modo de condução do motorista, sugerindo formas de deixar a direção mais sustentável, com menos emissões de CO2 — ressaltou Ramos. A Fiat também apresentou no salão as séries especiais Sublime e Interlagos dos modelos Linea, Siena, Uno e Palio. A série Interlagos deverá estar à venda no final de novembro, quando acontece o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. Esses modelos receberão a cor amarela e contarão com itens esportivos. A Fiat mostrou ainda o novo Punto, que, segundo Lélio, representante da empresa, ganhou novas formas de interatividade com o usuário. — O novo Punto vem dotado do sistema Fiat Social Drive, que permite ao motorista acessar a internet sem precisar tirar as mãos do volante. Através do mecanismo Blue&Me, o Fiat Social Drive lê para o motorista notícias dos grandes portais e as atualizações das redes sociais — acrescentou. A Linha Especial Itália também teve seu espaço no estande da Fiat, mostrando o novo Uno Vivace com o logotipo nas cores da bandeira italiana. A empresa expôs ainda o Grand Siena, único carro tetrafuel do Brasil, com motor que suporta quatro combustíveis. Além dos lançamentos, a Fiat tem vários projetos para os próximos anos no Brasil. A montadora vai gastar €2,3 bilhões em uma nova fábrica no município de Goiana, em Pernambuco. A companhia receberá financiamento do governo brasileiro de até 85%, bem como benefícios fiscais por cinco anos após o início da produção. As obras já começaram e o pólo automotivo terá capacidade para a fabricação de 250 mil veículos por ano. No espaço, serão construídos um parque de fornecedores, centro de capacitação, centro de pesquisa e pista de testes. A perspectiva é que as operações na unidade iniciem em março de 2014. comunit àit aliana | novem br o 2012 27 O cavalo e o tridente Exposição no museu casa Enzo Ferrari reúne 19 automóveis entre os mais representativos da Ferrari e da Maserati, concorrentes mundiais que nasceram na mesma região italiana: a Emília-Romanha Guilherme Aquino A De Modena Ferrari e a Maserati competem entre si desde que vieram ao mundo. Os bólidos de Enzo Ferrari e de Adolfo Orsi parecem que foram criados à imagem e semelhança do outro no que diz respeito ao design e à potência dos motores. A leal concorrência pelo carro mais bonito e eficiente se traduziu em corridas com modelos únicos que escreveram a história do automobilismo mundial. Para celebrar esta competição eterna dentro e fora das pistas, as duas marcas decidiram realizar uma exposição com os automóveis que ficaram registrados na memória coletiva dos apaixonados pelo mundo das quatro rodas. O grid de largada para esta viagem no tempo é o interior do museu Enzo Ferrari, no coração de Modena. O amplo espaço criado ao lado da casa natal de Enzo Ferrari abriga uma coleção sem precedentes que reúne o melhor dos colecionadores, os quais, ao longo dos anos, leilão após leilão, juntaram em suas garagens os carros que mais fizeram sucesso. O cavalo empinado e o tridente, os dois símbolos máximos da velocidade e da beleza, estão estacionados nas plataformas de plexiglass. Ao todo, são 19 bólidos da Ferrari e da Maserati. Cada um representa um momento especial. Da Fórmula Um às Mil Milhas, das 24 Horas de Le Mans a Indianápolis, os dois carros desafiaram em duelos únicos a perícia de quem estava ao volante e a resistência dos motores em circuitos espalhados por todo o mundo. Ali, estão alinhados uma Ferrari 340 MM, uma Maserati 250F, a Ferrari 50TRC e a Maserati A6 GCS/53. 28 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Eles são alguns dos 19 carros expostos que contam as aventuras de Enzo Ferrari e dos irmãos Maserati, antes, e de Adolfo Orsi, depois. A história destes pilares da odisseia italiana começa com a entrada em cena de Enzo Ferrari na Alfa Romeo. Na época, metade dos anos 1920, a Ferrari disputava com a Maserati, fábrica criada em 1914, em Bolonha (e transferida a Modena em 1937) por Alfieri Maserati, da Isotta Fraschini. Dos cinco empregados, dois eram irmãos de Alfieri, Ettore e Ernesto Maserati. A competição entre a Maserati e a Ferrari começaria para valer apenas após a saída de Enzo da Alfa Romeo e a fundação da sua fábrica em 1939. Antes, a escuderia já existia dentro da estrutura da Alfa Romeo, porém, não produzia seus próprios carros. A linhagem nobre desses automóveis esportivos e de luxo ganhou fama internacional e catapultou a cidade de Modena no Olimpo dos carros mais desejados do mundo. Os carros citados acima representam a ponta do iceberg de uma mostra rara. A Ferrari 340 MM foi um carro de corrida produzido em 1953, em apenas quatro exemplares. O Fotos: cento29.com Automóveis modelo exposto venceu a Volta da Sicília e chegou a bater recorde de velocidade ao atingir 142km/h. Nem todos os carros exibidos foram escolhidos por seus resultados. A Maserati tipo 63 Birdcage ganhou um lugar no panteão dos eleitos pelo seu design futurístico para a época. O chassis tubular projetava o modelo à frente do seu tempo, ainda que na corrida cronométrica com os concorrentes deixasse a desejar. Já a Ferrari 500TRC foi construída em 1957 para fazer frente ao domínio dos carros da Maserati na competição World Championship Sport Prototypes. O chassis era tubular em aço e a carroceria em alumínio. O carro tinha sido desenhado pelo projetista Scaglietti e chegou a marcar 245km/h. Quem pensa que a admiração pelos carros esportivos do passado é apenas um exercício de nostalgia e contemplação se engana. Eles são investimento seguro para uma aplicação financeira. Uma pesquisa do Wall Street Journal revelou que um carro antigo de Maranello, uma Ferrari, garantiu, no ano passado, uma valorização de 28%, em média. Segundo a bíblia dos automóveis históricos — o Classic Car Auction Yearbook — dos cem leilões mais concorridos, em 37 eventos, foram vendidos 35 modelos de Ferrari, avaliados em mais de um milhão de euros. É o investimento no passado para garantir o futuro. Naturalmente, os carros exibidos no museu Casa Enzo Ferrari não estão à venda. Mas até março de 2013 — quando termina a exposição — quem sabe, uma oferta irrecusável não poderá mudar o destino, ou melhor, a garagem de um desses carros. Notícias Claudia Cardinale A os 73 anos, a atriz italiana Claudia Cardinale, diva do cinema nos anos 1960, foi aplaudida de pé pelo público presente no encerramento da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 1º de novembro. Estrela de filmes como A pantera cor de rosa e Vagas estrelas da Ursa Maior, a atriz de origem siciliana nascida na Tunísia rece- Salernitano ilustre O presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura do Rio, Pietro Petraglia, recebeu o prêmio Salernitani illustri nel mondo das mãos do presidente da Província de Salerno, Edmondo Cirielli, no Palazzo Sant’Agostino, no dia 13 de outubro. A premiação homenageia personalidades de origem salernitana que se destacam em suas atividades na Itália e no exterior. O prefeito da cidade de Sacco, terra de origem dos pais de Pietro, Claudio Saggese, destacou que “as páginas de sua revista representam uma válida referência para os nossos compatriotas e para o mundo empresarial, político e diplomático brasileiro”. — De suas origens, soube colher e exaltar as características típicas do Cilento: tenacidade, orgulho, sentido de appartenenza — completou Saggese. beu o prêmio Leon Cakoff pelo conjunto de sua obra. Em entrevista à imprensa brasileira, revelou ser fã de futebol e Fórmula 1, que nunca aceitou cenas de nudez por “não querer vender o corpo” e que a melhor aventura de sua vida foi quando filmou Fitzcarraldo, na Amazônia, do diretor alemão Werner Herzog, na década de 1980. Notícias Poeta premiado O escritor brasileiro Cássio Junqueira foi premiado durante a 35ª edição do Prêmio Literário Internacional S. Margherita Lígure - Franco Delpino, realizado pela Associação Nacional de Poetas, Autores e Artistas da Itália. A comissão julgadora avaliou trabalhos de 707 participantes. Sofia Loren no Rio O Cássio Junqueira, que teve seus poemas publicados no país em 2010 na coletânea Só Poesia/Solo Poesia, recebeu o prêmio absoluto na categoria poesia, além de prêmios especiais e menções honrosas. A cerimônia ocorreu em outubro, em Santa Margherita Ligure, na província de Gênova. O livro de Junqueira foi lançado também em edição bilíngue no Brasil em 2011 pela Editora Comunità. famoso e sempre polemico calendário Pirelli esse ano escolheu a Cidade Maravilhosa como cenário para as fotos do mestre da Magnum, Steve McCurry. Ícone do neorealismo italiano, a atriz Sofia Loren, de 78 anos, é a madrinha do calendário, que será apresentado no Rio no dia 27 deste mês. Pela primeira vez, uma modelo é representada grávida, a baiana Adriana Lima. As outras protagonistas são mulheres envolvidas no apoio a fundações, ONGs e projetos humanitários. A edição já foi definida como o “calendário da alma”. Assinatura: 1 ano = R$ 118,00 2 anos = R$ 199,00 Endereço para envio: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 milão GuilhermeAquino Dança das cadeiras campanha para a sucessão de Roberto A Formigoni já está nas ruas. A nova eleição para a cadeira mais poderosa da Itália depois daquela de primeiro-ministro, ou seja, a presidência da Região da Lombardia, deve acontecer na virada do mês de janeiro. Mas os candidatos que irão se apresentar na disputa das primárias dos partidos devem ser conhecidos até 15 de novembro. A realização delas está prevista para a primeira quinzena de dezembro. Sem dinheiro U m fundo de dois milhões de euros vai ser destinado às famílias com dificuldades financeiras. A crise italiana, em Milão, atinge pelo menos dez mil núcleos familiares que correm o risco de perder a casa por falta de pagamento do aluguel. O despejo pode deixar no olho da rua 90% dessas pessoas que já foram notificadas. A ajuda vai dar prioridade a quem tem a renda baixa e, ainda, aos pais separados que pagam pensão aos filhos e os aposentados que não “chegam” ao fim do mês. Programa deconcerto fimdede ano fim de ano, tradicio- Dança das vitrines Milão verde nal programa milanês, vai mudar famosa galeria Vittorio Emanuele vai cinza Milão deverá ficar mais verde. de endereço. Pela primeira vez, irá Aganhar novos inquilinos. A prefeitura ATudo depende se a prefeitura vai ou não O de Milão, proprietária do luxuoso imóvel, dá as boas-vindas às lojas de Armani e Prada, depois de Gucci e Luis Vuitton. Giorgio Armani vai desembolsar 479 mil euros por ano pelo aluguel de um espaço destinado à venda de acessórios de 145 metros quadrados de superfície. O valor cobrado é o dobro dos antigos ocupantes. E Prada entra no lugar da lanchonete McDonald’s: menos sanduíches e mais sapatos, a peso de ouro. abraçar o plano da Legambiente, a maior organização não governamental da Itália. O projeto Lombardia Sustentável 2.0 prevê a melhoria nos transportes ferroviários, a criação de mais pistas cicláveis, a limpeza dos rios e o aumento da área verde da cidade. Pelo menos, sobre o incremento do plantio, existe uma boa notícia. A prefeitura anunciou a chegada de três mil novas árvores. Elas irão aumentar em quase 10% o número total de árvores na paisagem milanesa. acontecer dentro do castelo Sforzesco e não no espaço diante da catedral do Duomo. A praça do “Cannone” vai servir de moldura para o intenso recital de musica clássica. Mas a programação natalícia começa no dia 7 de dezembro com a Prima della Scala. Dali em diante, os fins de semana vão aquecer, culturalmente, o inverno da cidade. comunit àit aliana | novem br o 2012 31 Capa Turismo Novos roteiros Nuovi itinerari Com uma nova estratégia de turismo voltada para o público brasileiro, Itália aposta nas redes sociais para divulgar destinos ainda pouco visitados, como Cortina d’Ampezzo, Óstia e Modena Con una nuova strategia di turismo rivolta al pubblico brasiliano, l’Italia punta sulle reti sociali per divulgare destinazioni ancora poco visitate, come Cortina d’Ampezzo, Ostia e Modena Cintia Salomão Castro C om o início do inverno, os turistas procuram as estações italianas de esqui mais prestigiadas, concentradas no norte da península, como Madonna di Campiglio, Cogne e Alpe Di Suisi. Ainda não são muitos, porém, os brasileiros que conhecem ou procuram tais locais. Pensando nisso, a Agência Nacional Italiana de Turismo, o Enit, está investindo na divulgação de destinos ainda pouco explorados, como a região da Campânia, a província de Modena, na Emília-Romanha, e a cidade de Cortina d’Ampezzo, conhecida como a rainha vêneta das dolomitas e, sem dúvida, dona da mais charmosa estação do país, palco da copa do mundo de esqui realizada anualmente em janeiro. Situada em uma reserva natural de mais de 11 mil hectares, o parque natural das Dolomitas d’Ampezzo, reúne charmosos cafés de onde se pode apreciar a paisagem que vai do verde dos vales ao branco da neve no cume das montanhas. — Os turistas brasileiros que eu recebo são sempre alegres e dizem sempre que tudo é “muito lindo”. Mas poucos nos visitam durante o inverno, quando há muitas coisas para se fazer. Em Cortina, a vida é como em Copacabana. Durante o dia, se pratica o esporte; à noite, há muitos locais para se comer, se divertir e dançar. Os brasileiros são o máximo para Cortina e Cortina é o máximo para os brasileiros — resume, mostrando grande entusiasmo para receber 32 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a C on l’inizio dell’inverno i turisti cercano le località sciistiche italiane più famose, concentrate al nord della penisola, come Madonna di Campiglio, Cogne e Alpe di Siusi. Ma non sono ancora in molti i brasiliani a conoscere o cercare questi luoghi. Pensando proprio a questo l’Agenzia Italiana di Turismo, l’Enit, investe nella divulgazione di destinazioni ancora poco sfruttate, come la Campania, la provincia di Modena, l’Emilia-Romagna e Cortina d’Ampezzo, famosa come la regina veneta delle Dolomiti e, senza dubbio, località dove ci sono i più affascinanti impianti sciistici d’Italia e palco dei Campionati mondiali di sci, realizzati tutti gli anni in gennaio. Cortina si trova in una riserva naturale di più di 11mila ettari, il Parco Naturale delle Dolomiti d’Ampezzo, che vanta bar affascinanti da dove si può ammirare il paesaggio, che va dal verde delle valli al bianco della neve delle vette delle montagne. — I turisti brasiliani che ospito sono sempre allegri e dicono sempre che è tutto “molto bello”. Ma in pochi ci visitano durante l’inverno, quando ci sono molte cose da fare. A Cortina la vita è come a Copacabana. Durante la giornata si fanno sport; di sera ci sono molti locali dove mangiare, divertirsi e ballare. I brasiliani sono il massimo per Cortina e Cortina è il massimo per i brasiliani — riassume, dimostrando grande entusiasmo ner ricevere visitatori brasiliani, Uma página especialmente criada para os internautas brasileiros no Facebook vai realizar concursos que darão como prêmio uma viagem à Itália Ingimage.com Una pagina creata ad hoc dagli internauti brasiliani su Facebook realizzerà concorsi che daranno in premio un viaggio in Italia comunit àit aliana | novem br o 2012 33 visitantes brasileiros, Flavia Sartor, proprietária do Hotel Ancora, em Cortina D’Ampezzo, que esteve no Brasil em outubro para divulgar a região. Com o objetivo de incrementar ainda mais o fluxo de brasileiros, que cresce cerca de 25% por ano, impulsionado, também, pelo crescimento da classe C, o Enit adotou novas estratégias, como o investimento em redes sociais. Até o final de 2012, cerca de 850 mil turistas do Brasil devem visitar o Belpaese. — Nosso objetivo é atingir um milhão de turistas brasileiros até 2014. Eles não estão mais procurando visitar apenas as cidades mais conhecidas, como Roma, Florença, Bolonha, mas também locais do sul, como Nápoles, a Costa Amalfitana e a Sicília, que são lugares estupendos, com muita história e gastronomia — revelou o diretor do Enit para a América Latina, Salvatore Costanzo, durante o maior evento dedicado ao setor de turismo do continente, a Feira das Américas, realizada pela Associação Brasileira de Agências de Viagens, a Abav, no final de outubro, no Rio. Marcio Roberto Turismo No alto, à direita, o diretor do Enit para América Latina, Salvatore Costanzo, destaca os destinos italianos pouco conhecidos pelos turistas durante a Feira das Américas. Nas outras imagens, a rainha vêneta das dolomitas, Cortina d’Ampezzo In alto a destra, il direttore dell’Enit per l’America Latina, Salvatore Costanzo, risalta destinazioni italiane poco conosciute dai turisti durante la Fiera delle Americhe. Nelle altre immagini, la regina veneta delle Dolomiti, Cortina d’Ampezzo 34 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Marcio Roberto Capa Flavia Sartor, proprietaria dell’Hotel Ancora a Cortina d’Ampezzo, venuta in Brasile in ottobre per divulgare la località. Avendo per fine un maggiore incremento del flusso dei brasiliani, che aumenta circa del 25% all’anno spinto anche dalla crescita della classe C, avutasi grazie all’aumento del reddito di persone che erano di ceti meno abbienti, l’Enit ha adottato nuove strategie, come gli investimenti in reti sociali. Entro la fine del 2012 dovranno visitare il Belpaese 850mila turisti circa. — Miriamo ad arrivare ad un milione di turisti brasiliani entro il 2014. Non visitano più solo le città più famose come Roma, Firenze, Bologna, ma anche località meridionali come Napoli, la Costiera Amalfitana e la Sicilia, che sono posti stupendi, con tanta storia e gastronomia — ha rivelato il direttore dell’Enit per l’America Latina, Salvatore Costanzo, durante il maggior evento dedicato al segmento turistico del continente, la Fiera delle Americhe, realizzata dall’Associazione Brasiliana di Agenzie di Viaggi, la Abav, alla fine di ottobre a Rio. Il turismo di tipo culturale domina ancora le scelte dei visitatori brasiliani e inoltre aumenta il 10% circa ogni anno, mentre il circuito enogastronomico è aumentato in media del 18%. Il cosiddetto ‘settore di matrimoni’, a sua volta, ha registrato un aumento esponenziale di oltre il 30% annuo, afferma Costanzo. — Questo segmento cresce molto rapidamente. Le persone stanno cercando in Italia lo sfondo perfetto per sposarsi — ha commentato Costanzo. Inoltre l’esistenza di milioni di brasiliani discendenti da italiani ha contribuito enormemente al flusso di turismo in Italia: il direttore dell’Enit calcola che un terzo circa degli oriundi sia già stato in Italia perlomeno una volta nella vita. O turismo de tipo cultural ainda domina a preferência dos visitantes brasileiros e ainda cresce cerca de 10% ao ano, enquanto o circuito enogastronômico aumentou em média 18%. O chamado setor de casamentos, por sua vez, tem registrado um crescimento exponencial, de mais de 30% por ano, afirma Costanzo. — Esse segmento cresce muito rapidamente. As pessoas estão procurando na Itália cenários perfeitos para se casar — comentou Costanzo. Além disso, a existência de milhões de brasileiros descendentes de italianos contribui amplamente para o fluxo de turismo na Itália: o diretor do Enit calcula que cerca de um terço dos oriundi já esteve no país pelo menos uma vez na vida. Foco nas redes sociais para atingir os brasileiros Segundo estudos do Ibope e da Worldwide Independent Network of Market Research (Win), cerca de 87% dos internautas brasileiros acessam sites de redes sociais. O fato não passou despercebido pela agência de turismo italiana, que acaba de criar um perfil especialmente voltado para os internautas brasileiros em duas das mais importantes redes sociais virtuais. No YouTube, o canal EnitBrasil reúne vídeos com imagens de monumentos, ruínas arqueológicas, praças, praias e atrações gastronômicas de regiões como Campânia, Abruzzo, Basilicata e Calábria. Já a fanpage EnitTurismoNaItalia, criada há um mês no Facebook, com todas as atualizações publicadas em língua portuguesa, será um canal para divulgar promoções, como um concurso de fotos que melhor representam a Itália e que presenteará os internautas com uma viagem ou um Ipad. O lançamento do concurso está previsto para acontecer até o final do ano. O Enit aproveitou a participação na Feira das Américas para estreitar os contatos com os operadores de turismo. Além de reuniões entre a comitiva de autoridades italianas e os presidentes executivos Itália aposta nas redes sociais para promover localidades pouco conhecidas e diminuir a distância geográfica em relação ao público brasileiro Italia punta sulle reti sociali per promuovere località poco conosciute e accorciare le distanze geografiche con il pubblico brasiliano Reti sociali messe a fuoco per raggiungere i brasiliani Secondo studi dell’Ibope e della Worldwide Independent Network of Market Research (Win), l’87% circa degli internauti brasiliani entrano in siti di reti sociali. Questo fatto è stato identificato dall’agenzia di turismo italiana, che ha appena creato un profilo rivolto specialmente agli internauti brasiliani in due delle più importanti reti sociali virtuali. Su YouTube, il canale EnitBrasil offre video con immagini di monumenti, rovine archeologiche, piazze, spiagge e attrattive gastronomiche di regioni come Campania, Abruzzo, Basilicata e Calabria. Invece la fan page Enit-TurismoNaItalia, creata un mese fa su Facebook, con tutti gli aggiornamenti pubblicati in portoghese, sarà un canale per rendere note le promozioni, come quella di un concorso di foto che rappresentino meglio l’Italia, e che darà come premio agli internauti un viaggio o un Ipad. Il lancio del concorso è previsto entro la fine dell’anno. L’Enit ha approfittato la partecipazione alla Fiera delle Americhe per fare vari contatti con gli operatori turistici. Oltre alle riunioni tra la comitiva di autorità italiane e i presidenti esecutivi di operatori brasiliani, ha avuto luogo un incontro con il segretario di Turismo dello stato di Rio de Janeiro, Ronald Ázaro. — Questo avvicinamento favorito dalla ABAV è importante visto che avremo l’opportunità di divulgare meglio le nostre strategie, cosí come di consolidare i nuovi affari — afferma Costanzo. La Regione Toscana, ad esempio, ha presentato ai suoi operatori a Rio de Janeiro la sua più recente campagna, che in questo momento è in fase start-up, il cui trailer ufficiale è stato proiettato a settembre durante il festival Independent Film Week a New York. Il concetto innovativo, chiamato ‘turismo esponenziale’, mette il viaggiatore come al centro di un film in cui gli operatori, le guide e i vari istituti ricoprono ruoli da coprotagonisti. — C’è una specie di sceneggiatura. Tutti sono capaci di partecipare al film, preparato secondo ciò che vuole il cliente per il suo viaggio. Per esempio, chi è in cerca di un viaggio romantico, per prendere un caffè in un posto particolare, con vista e musica di sfondo, o una cena a lume di candela con la stessa musica, troverà questi elementi che ha sognato — spiega Alessandro Fallani, tour operator della Toscana. comunit àit aliana | novem br o 2012 35 Turismo de operadoras brasileiras, houve um encontro com o secretário estadual de Turismo do Rio, Ronald Ázaro. — É importante esta aproximação proporcionada pela ABAV, pois temos a oportunidade de divulgar melhor nossas estratégias, bem como consolidar novos negócios — afirma Costanzo. A Região Toscana, por exemplo, apresentou no Rio de Janeiro aos operadores turísticos sua mais nova campanha, atualmente em fase de start-up, cujo trailler oficial foi exibido em setembro durante o festival Independent Film Week de Nova York. O conceito inovador, chamado turismo esperenziale, coloca o viajante como se estivesse no centro de um filme, onde os operadores, guias e estabelecimentos fazem papéis de coprotagonistas. — Existe uma espécie de roteiro. Todos são capazes de participar do filme, elaborado de acordo com o que o cliente deseja de sua viagem. Por exemplo, quem busca uma viagem romântica, tomando um café em um lugar particular, com vista e música de fundo, ou um jantar à luz de velas com essa mesma música, encontrará esses elementos com os quais sonhou — explica Alessandro Fallani, tour operator da Toscana. O cliente passará as informações do que deseja de suas férias ao tour operator ou à agência que o atende. Nesse cenário, tudo deriva daquilo que a pessoa quer da sua viagem. Outro incentivo italiano recém-lançado no mercado brasileiro é o Club Itália Enit, uma espécie de programa voltado para as operadoras que promovem a Itália como destino turístico. Divididas nas categorias prata, ouro e platina, as vantagens incluem recebimento de boletins informativos e material promocional a cursos de formação e consultoria direta. Também foi anunciado no Rio um projeto de turismo acessível, que procurará aplicar, no país, em parceria com o governo brasileiro, o bem-sucedido exemplo italiano na área. Para isso, serão utilizadas tecnologias, como um banco de dados com informações sobre acessibilidade em locais públicos, como hospitais, parques e estádios. Tais dados poderão ser acessados por uma plataforma multimídia através de ferramentas como GPS, Ipad e Totem. As estratégias italianas incluem a revitalização do bairro paulistano marcado fortemente pela imigração italiana, o Bixiga. No local, está sendo desenvolvido um projeto pela Acli (Associações Cristãs dos Trabalhadores Italianos). Intitulado Limes, tem como objetivo contribuir para a difusão de um modelo de turismo responsável replicável tanto no Brasil quanto na Itália, além de valorizar o patrimônio histórico, arquitetônico, social e cultural do Bixiga por meio da idealização de um itinerário turístico com o envolvimento da população local. Nesse contexto, serão valorizados o diálogo entre a italianidade, as numerosas influências culturais presentes no bairro e as tradições dos imigrantes junto à identidade do território. Roma aposta no Ano da Fé e em Óstia Cidade italiana mais visitada pelos brasileiros, Roma aposta suas fichas no turismo religioso, embalada pelo Ano da Fé, que começou em 11 de outubro deste ano e termina em 24 de novembro de 2013 — e abrange a Jornada Mundial da Juventude que trará o papa Bento XVI ao Rio de Janeiro em julho. O calendário inclui eventos para os fiéis católicos e visitas ao pontífice. O responsável pelo departamento de Turismo de Roma, Antonio Gazzellone, esteve no Brasil em outubro para uma série de encontros no Rio e em São 36 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Marcio Roberto Capa O responsável pelo Departamento de Turismo de Roma, Antonio Gazzellone, promove, além da Cidade Eterna, um polo turístico marítimo, o Lido di Ostia Il responsabile del Dipartimento di Turismo di Roma, Antonio Gazzellone, promuove oltre alla Città Eterna, un polo turistico marittimo, quello del Lido di Ostia No Bixiga, em São Paulo, marcado pela imigração italiana, está sendo desenvolvido um projeto pela associação italiana Acli para valorizar o patrimônio artístico, social e cultural do bairro A Bixiga, Sao Paulo, segnato dall’immigrazione italiana, è in via di realizzazione un progetto dell’associazione italiana Acli per valorizzare il patrimonio artistico, sociale e culturale del quartiere I clienti forniscono le informazioni di ciò che desiderano durante le loro vacanze al tour operator o all’agenzia responsabile. Quindi tutto dipende da ciò che si vuole per il viaggio. Un altro incentivo italiano lanciato di recente sul mercato brasiliano è il Club Italia Enit, una specie di programma rivolto agli operatori che promuovono l’Italia come meta turistica. Divisi nelle categorie argento, oro e platino, i vantaggi includono la consulenza diretta e il poter ricevere bollettini informativi e materiali promozionali di corsi di formazione. È stato anche annunciato a Rio un progetto di turismo accessibile, che in Brasile cercherà di applicare, in partnership con il governo brasiliano, il favorevole esempio italiano in questo segmento. Per fare ciò saranno usate tecnologie, come un banco dati con informazioni sull’accessibilità in luoghi pubblici come ospedali, parchi e stadi. Si potrà avere accesso a questi dati per mezzo di strumenti come GPS, Ipad e Totem. Le strategie italiane includono la riqualificazione del quartiere di São Paulo fortemente segnato dall’immigrazione italiana, il Bixiga. Sul posto è in via di realizzazione un progetto della Acli (Associazioni Cristiane dei Lavoratori Italiani). Il progetto ha per nome Limes, e mira a contribuire alla diffusione di un modello di turismo responsabile e riproducibile tanto in Brasile, quanto in Italia, oltre a valorizzare il patrimonio artistico, architettonico, sociale e culturale del Bixiga, grazie all’ideazione di un itinerario turistico con il coinvolgimento degli abitanti locali. In questo contesto saranno valorizzati i dialoghi tra l’italianità, le svariate influenze culturali presenti nel quartiere e le tradizioni degli immigranti , insieme all’identità del territorio. Roma punta sull’Anno della Fede e Ostia Roma, la città italiana più visitata dai brasiliani, punta sul turismo religioso, grazie all’Anno della Fede, iniziato l’11 ottobre di quest’anno e che termina il Ostia Antica é um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo, mas ainda pouco conhecido pelos brasileiros Ostia Antica è uno dei siti archeologici più importanti del mondo, ma ancora poco noto ai brasiliani Paulo com autoridades e empresas de turismo. Na capital paulista, junto a um comitê formado por representantes da indústria pública e privada reunidos na Federação do Comércio, lembrou que Roma é o principal destino dos brasileiros que visitam o país. — Roma se organiza para ser protagonista na oferta turística para os países do grupo dos Brics, sem esquecer que é muito importante nosso papel de capital para o componente da população de origem italiana e que está na segunda ou terceira geração — frisou à Comunità durante a feira da Abav. A Cidade Eterna também quer divulgar o seu segundo pólo turístico. Pensando nisso, estiveram no Brasil proprietários de estabelecimentos hoteleiros de locais de Roma pouco conhecidos dos turistas, como a rica zona arqueológica de Ostia Antica, cidade fundada pelos romanos com um muro datado do século IV a.C. e uma grande área com dezenas de ruínas de templos, palácios, fóruns e armazéns daquele que é considerado o primeiro porto fluvial da península. Poucos sabem que, a poucos minutos dali, fica o Lido de Óstia, com ótima estrutura balneária, hotéis e diversão noturna. Tamanha foi a necessidade de divulgar ao mundo que Roma tem praia que os empreendedores de Óstia criaram a associação Roma aposta suas fichas no turismo religioso, embalada pelo Ano da Fé, que começou em 11 de outubro e vai até 24 de novembro de 2013 Roma punta sul turismo religioso grazie all’Anno della Fede, che ha avuto inizio l’11 ottobre e durerà fino al 24 novembre 2013 24 novembre 2013, che include la Giornata Mondiale della Gioventù, quando papa Benedetto XVI verrà a Rio de Janeiro, in luglio. Il calendario prevede eventi per i fedeli cattolici e visite al pontefice. Il responsabile del dipartimento di Turismo di Roma, Antonio Gazzellone, è stato in Brasile in ottobre per una serie di incontri a Rio e São Paulo con autorità e imprese di turismo. Nella capitale paulista, insieme ad un comitato formato da rappresentanti dell’industria pubblica e privata riuniti presso la Federazione del Commercio, ha ricordato che Roma è la principale meta turistica dei brasiliani che visitano l’Italia. — Roma si organizza per essere protagonista nell’offerta turistica per i paesi del gruppo dei Brics, senza dimenticare che è molto importante il nostro ruolo di capitale per quella parte della popolazione di origini italiane e che si trova alla terza o quarta generazione — ha sottolineato a Comunità durante la fiera della Abav. Inoltre, la Città Eterna vuole rendere noto il suo secondo polo turistico. Pensando a questo, sono stati in Brasile proprietari di alberghi di luoghi in provincia di Roma poco noti ai turisti, come la ricca zona archeologica di Ostia Antica, città fondata dai romani, con un muro del IV secolo a.C. e una grande area con decine di rovine di templi, palazzi, forum e magazzini di quello che viene considerato il primo porto fluviale della penisola. In pochi sanno che, a pochi minuti da lí, c’è il Lido di Ostia, con un’ottima struttura balnearia, alberghi e vita notturna. Il bisogno di divulgare al mondo che Roma ha il mare, che gli imprenditori di Ostia hanno creato l’associazione Assohotel Mare di Roma, di cui fanno parte sei alberghi, come l’Hotel comunit àit aliana | novem br o 2012 37 Capa Turismo A Campânia quer mostrar que, além da Costa Amalfitana, Capri e Pompeia, tem pequenas cidades com muito a oferecer, como os templos dóricos de Paestum e o Castello della Leonessa em Montemiletto Assohotel Mare di Roma, da qual fazem parte seis estabelecimentos hoteleiros, como o Hotel Belvedere, cujo diretor, Nicola della Puca, esteve no Brasil. — Ostia Antica é um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo, mais ainda pouco conhecido pelos brasileiros — comenta Della Puca. O diretor do Ostia Antica Park Hotel, Roberto De Prosperis, também esteve no Rio pra divulgar as atrações da região. — Queremos lembrar também que o Lido de Óstia faz parte do Comune de Roma. Do centro da cidade, o visitante chega de metrô em menos de meia hora. Além disso, a reserva natural de Lipu Ostia possui uma zona de observação de pássaros — ressalta De Prosperis. No local, espécies que não existem no Brasil podem ser apreciadas, como o noitibó-da-europa e o abelharuco. Campânia é a que mais cresce em número de visitantes A região que mais cresce (cerca de 40% ao ano) em termos de visitação entre os turistas brasileiros é a Campânia. Com cinco províncias — Avellino, A região que mais cresce em visitação entre os turistas brasileiros é a Campânia, com um aumento de 40% ao ano, seguida pela Sicília, que registrou um crescimento de 35% 38 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a La Campania vuole mostrare che oltre alla Costiera Amalfitana, Capri e Pompei, ci sono delle piccole città che hanno molto da offrire, come i templi dorici di Paestrum e il Castello della Leonessa a Montemiletto La regione a ricevere più visitanti tra i turisti brasiliani è la Campania, con un aumento del 40% annuo, seguita dalla Sicilia, che ha registrato una crescita del 35% Belvedere, il cui direttore, Nicola della Puca, è venuto in Brasile. — Ostia Antica è uno dei siti archeologici più importanti del mondo, ma ancora poco noto ai brasiliani — è il commento di Della Puca. Anche il direttore dell’Ostia Antica Park Hotel, Roberto De Prosperis, si è recato a Rio per rendere note le attrattive del posto. — Vogliamo anche ricordare che il Lido di Ostia fa parte del Comune di Roma. Al centro della cittadina, i visitatori arrivano in metro in meno di mezz’ora. Inoltre la riserva naturale di Lipu Ostia vanta una zona di birdwatching — sottolinea De Prosperis. Sul posto, specie che non esistono in Brasile possono essere osservate, come il Caprimulgo europeo e il tordo marino. La Campania è quella che cresce di più La regione che vanta la maggior crescita in termini di visite tra i turisti brasiliani (il 40% circa all’anno), è la Campania. Con cinque provincie – Avellino, Bevevento, Caserta, Napoli e Salerno – presenta un inestimabile patrimonio culturale, con segni lasciati da greci, sanniti, romani, normanni, arabi, spagnoli e longobardi. — Il nostro è un patrimonio molto ricco, dato che è stato invaso da molti popoli che sono rimasti, come i francesi, i normanni e gli spagnoli. Agropoli, ad esempio, è stata governata dagli arabi nel XI secolo — ricorda a Comunità il dirigente di turismo e cultura della Campania, Rocco Perna. La regione vuole mostrare che oltre ai famosi gioielli mediterranei, come la Costiera Amalfitana, Ischia, Capri, Sorrento e Pompei, ha molto di più da offrire in cittadine che offrono visite a monumenti Bevenento, Caserta, Nápoles e Salerno — a região reúne um patrimônio cultural inestimável, com marcas deixadas por gregos, sanitas, romanos, normandos, árabes, espanhóis e longobardos. — Nosso patrimônio é muito rico, pois foi invadido por muitos povos que ficaram, como franceses, normandos e espanhóis. Agropoli, por exemplo, foi governada pelos árabes no século XI — lembra à Comunità o dirigente de turismo e cultura da Campânia, Rocco Perna. A Campanha quer mostrar que, além das famosas joias mediterrâneas, como a Costa Amalfitana, Ischia, Capri, Sorrento e Pompeia, tem ainda mais a oferecer em pequenas cidades que oferecem visitas a monumentos de várias épocas, como os templos dóricos de Paestum e o Castello della Leonessa em Montemiletto, edificado em época de dominação longobarda e modificado pelos normandos no século XII. No capítulo enogastronomia, a região tem o mérito de ter inspirado a criação do conceito de dieta mediterrânea, hoje patrimônio cultural da Unesco. Após anos de estudo e observação da dieta seguida pela população da zona do Cilento, especialmente na localidade de Acciaroli, o nutricionista norte-americano Ancel Keys lançou mundialmente o conceito no livro How to eat well and stay well, the mediterranean way. Guiar uma Ferrari no autódromo de Modena a partir de 400 euros Localizada em uma zona estratégica da península italiana, a poucas horas da capital e do sul e, ao mesmo tempo, muito próxima do norte industrial, a Emília-Romanha também estreou na maior feira de turismo da América Latina em 2012. A novidade principal é animadora para os brasileiros apaixonados por carros. Inaugurado este ano, o Museu Casa Enzo Ferrari, situado em Modena, di varie epoche, come i templi dorici di Paestum e il Castello della Leonessa a Montemiletto, costruito durante la dominazione longobarda e modificato dai normanni nel XII secolo. Nel capitolo enogastronomia, la regione può vantarsi di aver ispirato la creazione del concetto di dieta mediterranea, oggi patrimonio culturale dell’Unesco. Dopo anni di studio e osservazione della dieta seguita dalla popolazione della zona del Cilento, specialmente ad Acciaroli, il nutrologo statunitense Ancel Keys ha lanciato nel mondo il concetto nel libro How to eat well and stay well, the mediterranean way. No Museu Ferrari, situado em Maranello, é possível fazer um passeio no carro vermelho mais famoso do mundo Nel Museo Ferrari, a Maranello, è possibile fare un giro sulla macchina rossa più famosa Guidare una Ferrari con 400 euro Situata in una zona strategica della penisola italiana, a poche ore dalla capitale e dal sud e, allo stesso tempo, molto vicina al nord industriale, anche l’Emilia-Romagna si è fatta presente per la prima volta nella maggior fiera di turismo dell’America Latina nel 2012. La principale novità è promettente per i brasiliani appassionati di macchine. Inaugurato quest’anno, il Museo Casa Enzo Ferrari, a Modena, riunisce nella residenza del creatore del marchio documenti, foto, lettere raccolte in archivi della famiglia e ‘reliquie’, come la prima auto con la marca Ferrari, la S 125, del 1947. Ma non solo di musei sono fatte le attrattive per chi visita la regione: nell’autodromo di Modena si può fare un test drive su una Ferrari 430 Challenge. Sono cinque giri di piesta individuali, che durano da 10 a 20 minuti, e che rappresentano la realizzazione del “feticcio” del visitatore disposto a pagare da 400 a 500 euro per lo svago. comunit àit aliana | novem br o 2012 39 Capa Turismo reúne, na residência do criador da marca, documentos, fotografias, cartas recolhidas em arquivos da família e relíquias como o primeiro carro com a marca Ferrari, a S 125, de 1947. Mas não só de museus são feitas as atrações para quem visita a região: no autódromo de Modena, é possível fazer um test drive em uma Ferrari 430 Challenge. São cinco voltas individuais que duram de 10 a 20 minutos, e que representam a realização do “fetiche” do visitante disposto a pagar de 400 a 500 euros pela empreitada. Por menos do que isso, é possível guiar uma Ferrari esportiva, como a F430 Spider e a F430 Scuderia em ruas próximas a Maranello. Dependendo do modelo Ferrari, um passeio de 10 minutos custa de 60 a 100 euros. A corrida mais cara se faz com o modelo F458 Italia. Possuir a carteira de motorista internacional é necessário em todos os casos. — A nossa força é que, em um raio de 30 quilômetros, há a possibilidade de ver muitas coleções de época, vários museus e visitar algumas fábricas. Para citar não apenas a Ferrari, mas também Maserati e Lamborghini — conta à Comunità Daniela Fedel, diretora da ModenaTur, empresa que organiza as corridas para os turistas. Ela conta que tem recebido grupos de brasileiros que conseguiram realizar o sonho de dirigir uma potente Ferrari nas pistas de Modena. Outra atração da Emília-Romanha são as fábricas do famoso aceto balsamico de Modena. Daniela Fedel chama atenção para o fato de que o nome do verdadeiro vinagre é aceto balsamico tradizionale di Modena, caracterizado pela produção artesanal e pelo envelhecimento mais longo, diferente do industrial. — O tipo industrial é o mais comum. O tradicional de Modena, porém, é encontrado em um só tipo de garrafa, desenhada por Giugiaro, o designer da Fiat, e tem um envelhecimento mínimo de 12 anos, até chegar ao extra envelhecido em 25 anos — explica à Comunità. Uma garrafa do aceto tradicional de 100 ml pode custar cerca de 40 euros, enquanto o extra envelhecido pode chegar a 80 euros. É possível agendar uma visita guiada a uma das dezenas de fábricas familiares nas localidades rurais da região. Ali, o turista pode acompanhar o processo de fabricação, do cultivo da uva ao engarrafamento, conversar e até fazer uma refeição com a família tendo à mesa o mais legítimo vinagre balsâmico de Modena. 40 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Modena: uma cidade que oferece monumentos, arte e o famoso vinagre balsâmico tradicional caracterizado pela produção artesanal e pelo envelhecimento mínimo de 12 anos Modena: uma città che offre monumenti, arte e il famoso aceto balsamico tradizionale caratterizzato dalla produzione artigianale e dall’invecchiamento minimo di 12 anni Per meno, si può guidare una Ferrari sportiva, come la F430 Spider e la F430 Scuderia, in strade vicine a Maranello. A seconda del modello Ferrari, un giro di 10 minuti costa dai 60 ai 100 euro. La corsa più cara si fa con il modello F458 Italia. Ma bisogna avere la patente internazionale in tutti casi. — La nostra forza si basa sul fatto che, in un raggio di 30 chilometri, si possono ammirare molte collezioni d’epoca, vari musei e visitare qualche fabbrica. Per citare non solo la Ferrari, ma anche la Maserati e la Lamborghini — racconta a Comunità Daniela Fedel, direttore della ModenaTur, impresa che organizza le ‘corse’ per i turisti. E dice di aver ricevuto gruppi di brasiliani che sono riusciti a realizzare il sogno di guidare una potente Ferrari sulle piste di Modena. Un’altra attrattiva dell’Emilia-Romagna riguarda le fabbriche del famoso aceto balsamico di Modena. Daniela Fedel fa osservare che il vero nome dell’aceto è ‘aceto balsamico tradizionale di Modena’, caratterizzato dalla produzione artigianale e dall’invecchiamento più lungo, diverso da quello industriale. — Il tipo industriale è più comune. Ma quello tradizionale di Modena si trova in un solo tipo di bottiglia, disegnata da Giugiaro, il designer della Fiat, e ha un invecchiamento minimo di 12 anni, fino ad arrivare a quello che subisce un invecchiamento extra, di 25 anni — spiega a Comunità. Una bottiglietta di aceto tradizionale di 100ml può costare 40 euro circa, mentre quello di 25 anni può arrivare ad 80 euro. Si può agendare una visita guidata ad una delle decine di fabbriche simili nelle località rurali della regione. Lí i turisti possono seguire il processo di produzione, dalla coltivazione dell’uva all’imbottigliamento, parlare e perfino fare un pasto con la famiglia avendo in tavola il più legittimo degli aceti balsamici di Modena. O número de brasileiros que visitam a ilha da Sicília é em contínuo aumento. Os turistas se apaixonam por suas belezas naturais, a rica gastronomia e pelos bons vinhos Il numero di brasiliani che visita l’isola della Sicilia è in continuo aumento. I turisti si innamorano delle sue bellezze naturali, della ricca gastronomia e dei buoni vini Brasiliani scoprono le meraviglie siciliane Subito dopo la Campania, è la Sicilia la regione che registra la seconda maggior percentuale di crescita in termini di visite di turisti brasiliani, con un aumento del 35%, secondo dati dell’Enit. — C’è stato un aumento di presenze di turisti brasiliani, ancora non cospicuo, ma sicuramente c’è un maggior interesse. I turisti che vengono dal Brasile preferiscono le città d’arte, il turismo culturale. Una parte considerevole fa anche turismo di tipo religioso — racconta a Comunità il direttore del servizio di promozione e marketing di turismo della Regione Sicilia, Roberto Lanza. Il direttore vendite del Grand Hotel Villa Igiea, un hotel a cinque stelle a Palermo, Alessio Candiloro, nota che i brasiliani di solito arrivano in piccoli gruppi, dai 40 ai 50 anni, e vogliono mangiare bene. — Cercano buoni vini, la gastronomia, noleggiano barche e cercano alberghi di categoria superiore— nota Alessio. Parlando di vini, la Sicilia è una delle regioni che più producono vino in Italia. Grazie alle condizioni ambientali, riesce a produrre 400 milioni circa di litri annui. Dovuto alle iniziative dell’Istituto Regionale della Vite e del Vino siciliano (IRVV) negli ultimi due decenni l’isola ha cominciato a dare priorità allo stile originale, valorizzando il brand Made in Sicily. I vini siciliani hanno conquistato, con merito, il certificato di qualità europea con 22 etichette DOC (Denominazione di Origine Controllata) e un DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) — motivi che rendono una visita in Sicilia ancor più irresistibile e deliziosa per i brasiliani. Eric Vandeville Eric Vandeville Eric Vandeville Eric Vandeville Brasileiros descobrem aos poucos os encantos sicilianos Logo depois da Campânia, a Sicília tem registrado o segundo maior percentual de crescimento em termos de visitação de turistas brasileiros, com um aumento de 35%, segundo os dados do Enit. — Houve um aumento da presença de turistas brasileiros, ainda não conspícuo, mas há certamente um interesse maior. Os turistas que vêm do Brasil têm uma preferência pelas cidades de arte, pelo turismo cultural. Uma parte considerável também faz turismo de tipo religioso — conta à Comunità o diretor do serviço de promoção e marketing de turismo da Região Sicília, Roberto Lanza. O diretor de vendas do Grand Hotel Villa Igiea, um hotel cinco estrelas situado em Palermo, Alessio Candiloro, nota que os brasileiros chegam normalmente em pequenos grupos, com idade de 40 a 55 anos, e procuram comer bem. — Eles procuram os bons vinhos, a gastronomia, alugam barcos e buscam hotéis de categoria superior — repara Alessio. Por falar em vinhos, a Sicília é uma das regiões que mais produzem vinho na Itália. Graças às condições ambientais, chega a produzir anualmente cerca de 400 milhões de litros da bebida. Devido à atuação do Instituto Regional da Videira e do Vinho da Sicília (IRVV), nas últimas duas décadas, a ilha passou a dar prioridade ao estilo original, valorizando o brand Made in Sicily. E não foi à toa que os vinhos sicilianos conquistaram o selo de certificação de qualidade europeia com 22 rótulos DOC (Denominação de Origem Controlada) e um DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida) — motivos que rendem uma visita à Sicília ainda mais irresistível e deliciosa aos brasileiros. comunit àit aliana | novem br o 2012 41 Náutica Rumo ao sul Salão de Gênova mostra que os estaleiros italianos navegam em direção aos mercados emergentes, como o Brasil, onde será construído mais um estaleiro do grupo Azimut-Benetti até 2014 Guilherme Aquino De Gênova O salão náutico de Gênova celebra a tenacidade dos armadores em navegar contra o vento da crise econômica. Todos sabem que depois da tempestade chega a bonança. Mas quando? Ao invés de plantar os pés em terra firme à espera de respostas, os estaleiros italianos, líderes mundiais na construção de iates e super-iates, navegam rumo a novos mercados. Apontar a proa para as costas do Brasil, da Rússia, da Índia e da China é a solução para compensar a estagnação dos mercados europeu e norte-americano. A saída em direção aos emergentes atenua os efeitos das quedas das vendas. Somente no arco de um ano, o setor já perdeu cerca de 20 mil empregos. Os fabricantes italianos e os seus concorrentes franceses, ingleses, alemães e holandeses, entre outros países, marcaram presença no salão de Gênova, que foi transformado em uma vitrine de novos modelos nos campos do luxo, do conforto e da tecnologia. Foram 200 mil metros quadrados de área expositiva em quatro pavilhões e duas marinas, abertos ao público de 6 a 14 do último mês de outubro. Mesmo sabendo que, nos dias de hoje, modernidade, sofisticação e beleza chamam mais a atenção de admiradores do que de compradores, os fabricantes acreditam que precisam estar prontos para a retomada dos negócios. Lançaram âncoras em Gênova os novos 55S Azimut Yachts, o Sense 46 Beneteau, o Vision 42 Bavaria e o Benetti Delfino 93. Enfim, uma esquadra internacional, com os estaleiros italianos, franceses e alemães que disputam uma regata de eficiência e design para conquistar os clientes mais do que exigentes. As quase 1500 embarcações expostas são capitaneadas por um mega-iate com 72 metros de comprimento. O Stella Maris foi varado em julho deste ano pelo estaleiro Viareggio Superyachts, ao custo de 90 milhões de euros. O gigante impressiona e faz muita gente sonhar 42 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a e até ganhar um torcicolo de tanto olhar para o alto. Ali, bem ao lado, porém um pouco menores, estão barcos que navegam nos sonhos dos amantes do mar, embora fiquem longe das costas brasileiras, nem tanto pelo valor pago, e sim pelo imposto cobrado. É o caso do primeiro modelo Benetti Delfino 93, avaliado em 10 milhões de euros, vendido a um cliente brasileiro. O importador Aderbal Coelho Júnior, responsável pela operação, afirma: — No Brasil, o barco custa o dobro. O armador prefere deixar o iate em Miami e viajar de primeira classe de avião sempre que quiser navegar — afirma. A fuga é também italiana. A pressão fiscal do governo chefiado por Mario Monti sobre os proprietários de embarcações acima dos dez metros de comprimento é responsável, em boa parte, pela migração de armadores rumo à França, Croácia e Espanha, onde os impostos são bem menores. O resultado foi a redução de 33% da vagas ocupadas nas marinas e uma diminuição da vendas de 3% no mercado interno, além de 75% a menos no trânsito dos iates pela costa italiana. Nova fábrica em Santa Catarina até 2014 Desembarca no Brasil mais um estaleiro do grupo Azimut-Benetti. O anúncio foi feito no apagar das luzes do salão náutico de Gênova. Depois de vender 500 barcos em dez anos no país, o colosso italiano decidiu investir na construção de um segundo estabelecimento em Santa Catarina, que deverá estar pronto em 2014. O objetivo é a produção, nos próximos três anos, de 100 iates, entre 45 e 70 pés. Dias antes da abertura do salão, a concorrente Sessa Marine inaugurou uma nova fábrica no mesmo estado. A decisão confirma o solo catarinense como um pólo náutico. Não por acaso, uma comitiva de autoridades públicas do estado — entre eles o secretário de infraestrutura Vladimir Cobalchini — visitou o salão de Gênova. O presidente da Associação Catarinense de Marinas, Leandro “Mané” Ferrari, assinou acordos com o Ministério italiano do Desenvolvimento Econômico e a Ucina, uma espécie de Fiesp naútica italiana. O objetivo é atrair mais investimentos e proporcionar a criação de mão de obra especializada no Brasil. — Iremos reduzir a burocracia ao mínimo para estreitar os laços com as empresas italianas — garante o secretário Vladimir Cobalchini. Pet ItalianStyle Já faz tempo que o setor de acessórios de luxo se voltou para o mercado dos animais de estimação. Confira algumas das principais novidades deste nicho entre as grifes italianas. Bolsa de viagem Mala para carregar cachorros com 28 cm de altura e 37 cm de comprimento. Feito em couro saffiano pela prestigiada marca italiana de bolsas Serapian, é disponível nas cores azul, preto ou vermelho. Preço: € 763 www.serapian.com Morada Spa A grife Inamorada é uma das pioneiras na Itália na produção de artigos para animais de estimação. Na foto, está o Morada Spa, da linha Spa e Tempo Livre, que consiste em um conjunto de banho formado por um roupão dupla-face, meias antiderrapantes, toalhas e faixa para a cabeça feitos em algodão e espuma. Preço: € Sob consulta www.inamorada.com Dream Sofa Fotos: Divulgação Mais famosa marca de luxo para animais da Itália, a For Pets Only cria, desde 1997, os mais desejados artigos para pets da moda italiana. Com duas boutiques, uma em Milão e outra em Nova York, além da loja online, a grife traz artigos como o Dream Sofá — uma cama para cachorros em tecido felpudo acompanhada de um travesseiro no mesmo tecido. Preço: € 250 www.forpetsonly.it Bolsas e coleiras A Gucci foi a primeira das grandes grifes de luxo a apostar nos animais de estimação. A bolsa grande em tecido preto com acabamentos em couro é o modelo clássico adaptado para carregar animais de estimação. Um forro interno lavável e removível acompanha a bolsa, que possui 32 cm de altura. Já a coleira, com as listras tradicionais da Gucci em verde e vermelho, tem 120 cm de comprimento, acabamento em couro e acessórios metálicos em latão banhado em ouro branco. Preço: € 650 (bolsa) e € 330 (coleira) www.gucci.com Suéter de luxo Acostumada a produzir acessórios para cachorros, a Alviero Martini lança para este inverno esta coleção de roupas em lã e náilon. Disponível em três tamanhos e duas cores. Preço: € 150 www.alvieromartini.it comunit àit aliana | novem br o 2012 43 Cinema Crise, luz e ação Em plena crise financeira, cineastas italianos, entre veteranos e novatos, conquistam o público mundo afora em um movimento de renovação batizado de Risorgimento Janaína Pereira A De Veneza crise econômica que a Itália enfrenta chegou ao cinema. Mas, com criatividade e talento, os cineastas italianos têm driblado este período financeiramente ruim, com a realização de vários filmes que estão alcançando sucesso no mundo inteiro. Este ano, três produções se destacaram nos principais festivais de cinema. César Deve Morrer (Cesare Deve Morrire), dos irmãos Taviani, ganhou o Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim; Reality, de Matteo Garrone, levou o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes; e A Bela que Dorme (Bella Addormentata), de Marco Bellocchio, foi o principal filme italiano no Festival de Veneza, que premiou È stato Il figlio, de Daniele Cipri, em duas categorias (melhor fotografia e ator revelação). Na terra de Fellini, Antonioni, Visconti, Pasolini, Rossellini e Monicelli — só para citar alguns dos maiores cineastas italianos que conquistaram o mundo — veteranos como Marco Bellocchio e os irmãos Taviani ainda têm espaço. Mas há também uma nova geração, na faixa dos 40 anos, que conquistam o público e a crítica e ganham aos poucos reconhecimento internacional. Essa nova safra do cinema italiano, conhecida como Risorgimento, tem como maiores destaques os diretores Matteo Garrone, Emanuele Crialese, Saverio Costanzo e Paolo Sorrentino. Apesar da boa fase, a atual produção cinematográfica italiana ainda sofre críticas. Há aqueles que apontam uma grave crise criativa e produtiva, como o crítico Paolo Berroni. — A Itália já foi, ao lado da França, o maior concorrente da hegemonia americana no cinema. Hoje não conseguimos fazer frente a eles porque nossos cineastas não apresentam nada de novo. Continuam apostando em histórias que não conquistam o público mundial e que são interessantes somente para os italianos — comenta. Quem é quem no cinema italiano hoje Matteo Garrone Nasceu em Roma e despontou para o mundo em 2008, quando ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes com Gomorra, a história violenta de meninos recrutados pela Máfia em Nápoles. Este ano, voltou ao festival com Reality, apontado pelos críticos como uma mistura das comédias italianas do passado e dos filmes de Federico Fellini. A história gira em torno de Luciano (Aniello Arena), dono de uma peixaria, casado e pai de três filhos, que quer, a todo custo, participar da versão italiana do Big Brother. Em entrevista à ComunitàItaliana durante o Festival de Veneza, onde foi jurado da competição oficial, Garrone comentou sobre essa nova fase do cinema italiano. — Não acredito que os novos diretores italianos façam filmes para mudar nosso cinema. Acho que hoje temos uma linguagem universal, que alcança um grande número de pessoas. Por isso, estamos em evidência. Garrone, que tem 44 anos, é apontado como o melhor cineasta italiano da nova safra e era a aposta certa para a indicação do país ao Oscar. Porém, perdeu a vaga para os veteranos irmãos Taviani. 44 Emanuele Crialese Aos 47 anos, nasceu em Roma e já fez quatro filmes, todos com boa repercussão internacional. São eles Once We Were Strangers, Respiro, Novo Mundo e Terraferma. Este último ganhou o Grande Prêmio do Júri Festival de Veneza de 2011 e foi indicado como representante da Itália na disputa por uma indicação ao Oscar de produção em língua estrangeira este ano. Com foco nos problemas sociais italianos, Crialese mostrou em Terraferma a sua visão sobre os problemas da imigração na Itália. Na ocasião da apresentação do filme no Festival de Veneza, o diretor chegou a discutir com uma jornalista italiana, que o acusou de defender os imigrantes ilegais. O diretor, no entanto, defendeu o filme dizendo que se tratava de uma obra cinematográfica que retratava histórias reais. no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Paolo Sorrentino Estreou no cinema em 2001 e começou a se destacar em 2008 com a comédia política Il Divo, que ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes. Em 2011, voltou ao Festival com Aqui é meu lugar, estrelado por Sean Penn. O filme é falado em inglês, mas foi produzido e escrito por italianos, com dinheiro da Itália, em parceria com irlandeses e franceses. Nasceu em Nápoles, tem 42 anos e está preparando um novo projeto: o filme La grande bellezza. Paolo Virzi Despontou na Itália em 1994 com seu primeiro filme, La Bella Vita. Porém, somente em 2010 com A Primeira Coisa Bela, foi reconhecido em outros países. O filme, representante do país no Oscar do ano passado e maior bilheteria italiana dos últimos tempos, é uma tragicomédia que conquistou o público e a crítica ao dar nova vida a esse gênero. Nasceu em Livorno e tem 48 anos. Como em qualquer questão, há sempre o outro lado da história. O jornalista Pietro Ferrara discorda de Berroni, apontando a renovação do cinema italiano. — Tem muita coisa nova sendo produzida e o cinema italiano resiste a qualquer tipo de influência externa, com produções de acordo com a nossa realidade. O cineasta de animação Bruno Bozzetto ressalta que, com a crise, os italianos têm ido pouco ao cinema. Por isso, escolhem bem as histórias às quais vão assistir. — É um momento em que a Itália produz uma ótima safra de humor, pois a maioria dos italianos vai ao cinema poucas vezes por ano e levam toda a família. Essas pessoas querem ver comédias para deixar a vida real um pouco mais leve, já que o dia a dia está muito pesado. A crítica de cinema Maria Amatto opina que não existe novo ou antigo cinema italiano. Para ela, o que existe são novos e veteranos cineastas e, nesse duelo, “quem sai ganhando é o cinema, e a versatilidade que eles mostram diante das dificuldades é, no mínimo, admirável”, conclui. Saverio Costanzo Nasceu em Roma, tem 37 anos e teve a segunda maior bilheteria na Itália em 2010 com A solidão dos números primos, baseado no best-seller homônimo de Paolo Giordano. O filme foi seu quarto trabalho como diretor. Em entrevista à Comunità, comentou as dificuldades para se filmar na Itália. — Temos grandes produções, mas, como são financiadas por empresas, precisam ser comerciais. É difícil fazer algo que seja cinematográfico. Muitos filmes italianos que vemos no cinema, na verdade, poderiam passar apenas na TV porque não são cinema de verdade. Daniele Luchetti Nasceu em Roma, tem 52 anos e ganhou fama mundial em 2007 com Meu irmão é filho único. O cineasta disputou a Palma de Ouro em Cannes em 2010 com La nostra vita, que rendeu o prêmio de melhor ator a Elio Germano. Ele vive um operário obrigado a cuidar sozinho de três filhos após a morte de sua esposa. Seu próximo projeto, Storia mitologica della mia famiglia, deve chegar aos cinemas em 2013 e já é apontado como o principal filme italiano a concorrer em festivais mundias do ano que vem. Roberto Benigni O ator e diretor de 60 anos foi o grande nome do cinema italiano no final dos anos 1990, quando ganhou o Oscar de melhor ator e melhor filme estrangeiro com A Vida é Bela. Era o ressurgimento do cinema italiano para o mundo. De lá para cá, fez alguns filmes nos Estados Unidos, mas não retomou o sucesso. Nascido na Toscana, chegou a ficar sete anos longe das telas. Ressurgiu esse ano como ator, em Para Roma com Amor, de Woody Allen. Mesmo não sendo tão atuante no cinema hoje, ainda é muito popular na Itália. Marco Bellochio Aos 73 anos, nascido em Piacenza, é um dos mais importantes cineastas italianos e também um dos mais críticos à política do país. Fez seu primeiro filme, La Colpa e La Pena, aos 21 anos, e conquistou reconhecimento internacional em 1965 com o hoje clássico De Punhos Cerrados (I Pugni in Tasca), um filme que questionava a autoridade familiar. Ao longo dos anos, tem dirigido filmes que alcançam sucesso fora da Itália, mas sempre divide opinião dentro do país: talvez porque Bellocchio seja um dos cineastas mais contestadores e politizados do cinema italiano. Entre seus filmes de maior êxito, estão Bom Dia, Noite, Vencer e Irmã Jamais. Seu último trabalho, A Bela Que Dorme, aborda um caso de eutanásia que comoveu a Itália. O filme era um dos favoritos ao Festival de Veneza deste ano, mas não foi premiado. O resultado deixou o diretor frustrado. Ele declarou, após o Festival, que não voltará a concorrer. — Para o Festival de Veneza, um filme que aborda um assunto italiano é muito pequeno para ganhar uma grande competição. Veneza não trata as obras nacionais apropriadamente — lamentou. Daniele Cipri O roteirista e diretor de fotografia surpreendeu este ano em Veneza com seu segundo filme como diretor, È Stato Il Fliglio, vencedor de dois prêmios no Festival. Colaborador de vários filmes de Marco Bellocchio, é uma das promessas da nova safra de diretores italianos. Nasceu em Palermo e tem 50 anos. Nanni Moretti Aos 58 anos, é um dos mais conceituados cineastas italianos. Foi presidente do júri do Festival de Cannes deste ano, local em que, em 1994, ganhou o prêmio de melhor direção com Caro Diário, o primeiro grande sucesso internacional, onde narra sua batalha pessoal contra o câncer. Nasceu em Brunico, começou a dirigir filmes em 1978 e sempre buscou o caminho da crítica social, com uma visão sarcástica dos problemas. Conhecido como o Woody Allen italiano, tem em sua cinebiografia outros dois grandes sucessos: O quarto do filho, vencedor da Palma de Ouro de melhor filme no Festival de Cannes 2001, e Habemus Papam, que participou da mostra competitiva de Cannes em 2011. Giuseppe Tornatore Começou a dirigir filmes em 1986. Em 1989, fez aquele que é, até hoje, um dos mais lembrados filmes italianos das últimas décadas: Cinema Paradiso. Sucesso de público e de crítica, vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1989 e do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1990, elevou Tornatore ao patamar de maior nome do cinema italiano no início dos anos 1990. Teve outros dois sucessos em sua carreira: Estamos todos bem (1990), estrelado por Marcelo Mastroiani, e Malena (2000), que transformou Monica Bellucci em símbolo sexual mundial. Mas nenhum deles causou a repercussão e a comoção de Cinema Paradiso. Nascido em Bagheria, tem 56 anos e está filmando cada vez menos. Seu último trabalho foi em 2009, com Baaria, que passou despercebido nos cinemas. Irmãos Taviani Vittorio e Paolo Taviani, respectivamente com 83 e 81 anos, têm, juntos, uma carreira de mais de 50 anos dedicados ao cinema. E caberá aos veteranos cineastas a missão de representar a Itália no Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013 com César Deve Morrer. Os cinco indicados serão conhecidos no início do próximo ano. Em Cannes, eles já ganharam dois prêmios: Palma de Ouro com Pai Patrão (1977) e o Grande Prêmio do Júri com A Noite de San Lorenzo (1982). Este ano, no Festival de Berlim, conquistaram o Urso de Ouro com César Deve Morrer, filme-documentário que é uma adaptação da obra Júlio César, de Shakespeare, interpretada por detentos da prisão de segurança máxima de Rebibbia. comunit àit aliana | novem br o 2012 45 Gastronomia Pomo Nathielle Hó Apreciado na Itália e no Brasil, fruto gera altas cifras para o mercado de hortaliças com sua enorme variedade. Composição auxilia na prevenção de doenças A lguns alimentos são habitantes fixos da cozinha. Entre eles, está o tomate que apresenta várias facetas: salpicado na pizza, fatiado em rodelas sobre a alface, entreposto nos sanduíches, transformado em molho para carnes e massas ou matizado nos drinques, ele é sempre bem-vindo. Até o poeta chileno Pablo Neruda se rendeu aos encantos do fruto na poesia Oda al Tomate, reverenciando a hortaliça com expressões como “majestade benigna” e “astro da terra”. O tomate também estrelou como personagem principal no cinema, no documentário Ilha das Flores, que critica as desigualdades sociais no Brasil. Porém, ele nem sempre teve essa boa fama, sendo visto no início como uma planta ornamental venenosa. E foram os incas, maias e astecas que o inseriram na alimentação. No Velho Mundo, ele só ficou conhecido no século XVI. Os primeiros tomates tinham o formato de maçã e apresentavam coloração amarela, o que fez o médico italiano e botânico Pietro Andrea Mattioli nomeá-lo 46 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a de pomo d’oro ou “maçã de ouro”. Os italianos foram os grandes divulgadores do cultivo do fruto nos países para onde migraram, a exemplo do Brasil, que conheceu a hortaliça no século XIX. O tomate é a segunda hortaliça mais cultivada no mundo, sendo superada apenas pela batata inglesa. De acordo com a Associação Brasileira de Horticultura (ABH), a produção mundial da hortaliça em 2010 totalizou 145,75 milhões de toneladas. No rank dos dez maiores produtores mundiais, o país que liderou foi a China, com 41,9 milhões de toneladas. A Itália ocupa a sexta posição com 6 milhões, e o Brasil, a nona, com 4,2 milhões. De acordo com a ABH, a produção brasileira de tomates está concentrada nas regiões sudeste (35%) e centro-oeste (34,8%). O sul e o nordeste respondem por 15,5% e 14,5% da produção nacional, respectivamente. Com relação ao consumo da hortaliça, o brasileiro se encontra na sétima posição, com um consumo anual de 18,5 kg por habitante. O agronegócio do tomate movimenta por ano R$ 4,2 bilhões e gera mais de 650 mil empregos somente no setor de produção. Além da produção nacional, o Brasil importa pasta de tomate para reprocessamento e outros derivados acabados como molhos, tomate pelado, ketchup e sucos. De acordo com dados da ABH, somente em 2010, o Brasil importou 61.223,5 toneladas de atomatados. A Itália é o terceiro fornecedor de atomatados para o Brasil, com 10.607,6 toneladas. Depois da pasta concentrada, os tomates inteiros pelados são os produtos de maior volume exportados pela Itália para o Brasil. Em contrapartida, as exportações brasileiras alcançaram apenas 7.649,5 toneladas, e os maiores volumes foram enviados para países da América do Sul e África. Segundo o engenheiro agrônomo e professor da Universidade de São Paulo no Departamento de Produção Vegetal (USP/Esalq), Paulo César Tavares de Melo, não se pode comparar as condições de produção brasileira com a italiana. — Nas condições tropicais e subtropicais brasileiras, a produção de tomate é feita o ano todo e em todas as regiões do país sob alta pressão de incidência de doenças e do ataque de pragas, situação que não ocorre na Itália, país que respeita a sazonalidade. A Itália, durante os meses de inverno, importa tomate fresco do norte da África, de Israel, Jordânia e de outros países próximos com produção no inverno menos rigoroso no hemisfério norte ou que produzem tomate e outras hortaliças em estufas agrícolas totalmente climatizadas, a exemplo da Holanda. É assim que a sazonalidade é respeitada. Além disso, os frutos brasileiros têm de possuir características que permitam serem transportados por mais de 3000 quilômetros e sob condições de estradas ruins — explica. A produção de tomate é uma atividade de altíssimo risco e de custo de produção extremamente elevado. De acordo com o professor Melo, produtores gastam cerca de R$ 60.000 por hectare. Em 2012, de janeiro a junho, a média do quilo de tomate no varejo, segundo dados do IBGE, ficou em R$ 2,60, aumentando para R$ 4,00 entre junho e agosto. Entre março e abril os produtores estavam perdendo dinheiro nas zonas produtoras de São Paulo quando o valor da caixa de tomate na lavoura não passava O professor da USP Paulo César de Melo ressalta que a produção italiana de tomates respeita a sazonalidade, enquanto a brasileira sofre com pragas e doenças de R$ 10 e muitos deles chegaram a jogar fora parte da safra. Esse vai e vem dos preços é a marca registrada da comercialização das hortaliças, segundo Melo. — Se o produtor colher 2600 caixas, ele terá de vendê-las a R$ 23 cada, apenas para cobrir custos. O tomate é um produto tipicamente sazonal, havendo excesso de oferta numa dada época e escassez em outra. No inverno, é comum o preço do tomate subir por conta do tempo frio, que interfere na maturação dos frutos. Da mesma forma, o excesso de chuva prejudica as lavouras e o rendimento cai — ressalta o professor. Benefícios à saúde da pele e das gengivas e ajuda no combate a infecções Segundo a professora e doutora em Ciências dos Alimentos da Universidade Federal Fluminense (UFF), Claudete Chiappini, o tomate é um alimento que apresenta uma composição extremamente benéfica para o organismo. Não é As raízes italianas do tomate brasileiro O tomate chegou ao Brasil através dos imigrantes italianos que aqui desembarcaram em 1870. Nas duas décadas seguintes, somente em São Paulo, chegaram 800 mil procedentes de Nápoles, da Calábria e da Sicília. Eles trouxeram sementes do San Marzano, o tomate alongado, sulcado, carnoso, com poucas sementes, de sabor e aroma incomparáveis. No final do século XIX, foram instaladas por membros da colônia italiana em São Paulo as primeiras tratorias do país. Mas, só por volta de 1910, nasceria em São Paulo a primeira pizzaria. Em pouco tempo, a culinária italiana com suas massas e molhos à base de tomate foi se difundindo nos grandes centros urbanos. Na virada para o século XX, destacava-se, entre as variedades mais cultivadas no estado de São Paulo, a Rei Umberto, uma ramificação do San Marzano. Rei Umberto, por sua vez, originou a variedade Santa Cruz em 1945, a qual manteve-se na liderança do mercado brasileiro até fins da década de 1990. comunit àit aliana | novem br o 2012 47 Gastronomia calórico e apresenta apenas 14 kcal por 100 gramas de fruto. O baixo teor de glicídios, por sua vez, acarreta o pequeno grau de doçura, o que levou ao hábito alimentar de consumir o tomate junto às refeições salgadas. A hortaliça é uma excelente fonte de vitamina C e de minerais como magnésio, fósforo e potássio, nutrientes que auxiliam na prevenção de doenças. — A vitamina C melhora a absorção do ferro contido na dieta e contribui para o combate à anemia. Além disso, a vitamina C participa da síntese do colágeno, tecido que faz parte dos músculos, ossos e cartilagens. Desta forma, beneficia a saúde da pele e das gengivas, evita a debilidade óssea e a má formação dos dentes, ajuda no combate a infecções e auxilia, em combinação com o zinco, na cicatrização de feridas. O potássio, cuja quantidade no tomate é elevada, age no relaxamento muscular e participa dos processos de regulação das atividades neuromusculares. Outros benefícios incluem a diminuição da pressão arterial e das incidências de doenças cardiovasculares — salienta Chiappini. A professora da UFF, no entanto, alerta que as pessoas que apresentam doenças do trato gastrointestinal, como gastrite e úlceras, ou doenças renais, como cálculo renal e insuficiência renal crônica, devem restringir o uso de tomate e seus derivados. Já os portadores de níveis altos de ácido úrico no sangue devem eliminar o extrato de tomate da alimentação. O tomate também é rico em licopeno, substância que dá a cor Principais variedades do tomate Grupo Salada Variedades brasileiras Variedades italianas Grupo Santa Cruz Caqui Momotaro Carmen A marca registrada desse grupo são os frutos carnosos e muito grandes, com peso que varia de 250g a 500g. O formato globular achatado apresenta muitos gomos e a consistência mole. Os frutos são intensamente vermelhos, ideais para fatiar e compor saladas ou sanduíches. O tomate de origem japonesa tem os frutos moles e a coloração rosada. O sabor é adocicado e apresenta baixa acidez. Por isso, é considerado um tomate gourmet. É comercializado no varejo por preços muito elevados. De origem israelita, os frutos são de formato redondoachatado, firmes, de cor vermelhoalaranjada. Pesam de 150g a 200g. Carmen foi o primeiro híbrido do tomate Longa Vida (LV). Esse tipo de tomate tem grande durabilidade depois de colhidos, uma vez que são portadores de genes que retardam a maturação dos frutos. Mas, em contrapartida, esses genes interferem no sabor, no aroma e até na pigmentação vermelha típica. 48 avermelhada ao fruto. O licopeno tem poder antioxidante, evitando o aparecimento de radicais livres, o que previne o envelhecimento precoce. O consumo regular da substância também diminui a probabilidade de ocorrências de AVC e câncer de próstata e nos pulmões. De acordo com a professora Chiappini, um estudo conduzido na Itália na década de 1980 mostrou que o consumo de tomate também reduz o risco de câncer no trato digestivo. Tomate e derivados são as maiores fontes de licopeno. O tomate cru apresenta, em média, 30 mg de licopeno por quilograma do fruto. Já o suco de tomate possui 150 mg de licopeno por litro, e o ketchup contém em média 100 mg por quilograma. Em relação ao aproveitamento do licopeno Grupo Minitomates Santa Cruz não-híbrido Santa Cruz híbrido Italiano ou Saladete São oblongos, com três gomos. Possuem firmeza mediana. O peso varia de 150g a 180g. Quando maduros, se deterioram em curto espaço de tempo. O sabor é ligeiramente ácido. A variedade são os tomates Santa Clara. Caracteriza-se pelo fruto de elevada firmeza (tecnicamente esses tomates são chamados de Longa Vida Estruturais – LVE), com peso variando de 140g a 180g. Exemplos de alguns híbridos desse tipo são Débora, Avalon, Bônus, Kombat. Ideais para saladas, quando totalmente maduros são indicados na preparação de molho caseiro e tomate seco. Os frutos são tipicamente compridos (7 a 10 cm). Possuem três gomos e são carnudos, firmes e de coloração vermelha intensa. Podem ser utilizados em saladas. Quando completamente maduros, são excelentes para fazer molho caseiro e tomate seco. Os híbridos mais comuns no mercado são Pizzadoro, Giuliana, Netuno, Saturno e San Vito. O híbrido San Vito se assemelha ao tomate italiano San Marzano. no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a Holandês Cereja Grape Vendidos maduros em cachos, tal como são removidos da planta. Os frutos são firmes, exibem formato redondo levemente achatado e pesam, em média 90g. A pós-colheita é prolongada. Podem ser usados em saladas e são indicados para fazer tomates recheados. É um dos mais caros no mercado. Os frutos são pequenos, com 30g, arredondados e dispostos em cachos compridos tipo espinhade-peixe. São produzidos geralmente em estufas agrícolas. A cor predominante é o vermelho, mas há no mercado tomatescerejas de cor amarela, rosada e de formato piriforme. No grupo, há também os tomatescoquetel, mini-italiano e o tomate-morango. O fruto se assemelha a uma baga de uva da variedade Thompson e tem sabor muito adocicado e de baixa acidez. Esse, na verdade, é o principal diferencial dos grapes em relação ao cereja tradicional. O peso é de 12g. Com coloração vermelha e intensa, são firmes. A vida de prateleira pode se estender por até 15 dias. Os frutos são utilizados como tira-gosto e na decoração de pratos frios e saladas. pelo organismo, de acordo com a nutricionista Kalinca Cusielo, mestranda em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde da UFF, estudos atestam que o consumo do molho de tomate aumenta o licopeno no organismo se comparado ao consumo de tomates crus. De acordo com a nutricionista, alguns tomates italianos são mais indicados para a preparação de molhos e outros para o consumo in natura. — Entre as variedades de tomate italiano, está o San Marzano, considerado o melhor tipo para o preparo de molhos, assim como o Arawak ou o Liguria, que possui sabor delicado e polpa farinhosa. Já o Nerone, de cor rosada e formato oblongo, é muito usado em preparações que levam recheio. O Tyty, de cor vermelha, normalmente é utilizado como antepasto San Marzano É o tomate preferido dos chefs e pizzaiolos para fazer molhos. A verdadeira pizza napolitana é feita com esse tomate. Alongado, carrega o nome de uma pequena cidade perto de Nápoles, onde o tomate foi desenvolvido, nas encostas de solo vulcânico do Vesúvio. Os tipos em lata são caros e difíceis de achar. A Comunidade Europeia protege algumas variedades, como o San Marzano DOP (Denominação de Origem Protegida). Além disso, o movimento Slow Food trabalha com uma campanha de preservação dos tomates em risco de extinção na Itália. O San Marzano Adão, e o San Marzano Cyrano fazem parte do grupo. e no preparo de molho para pizzas. O Salvatore e o Dune, que possuem consistência crocante, são utilizados em saladas. O Piccadilly e o Ikram têm uso recorrente na preparação de molhos. O Zagor e o Eugênia são de uso geral, sendo consumidos crus ou cozidos. O Clave, de cor vermelha intensa, tende ao picante, e o Ikramito e Oscar, de formato oblongo, são consumidos crus ou em conserva sem pele — detalha a nutricionista. No Brasil, embora tenha importância semelhante à Itália, a hortaliça não recebe tratamento tão nobre no cultivo. No último relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, de 2010, da Anvisa, 16,3% da amostra de tomates apresentavam ingredientes não autorizados ou resíduos acima do permitido Tomato Belmonte Pomodoro di Pachino A variedade é cultivada exclusivamente na área de Belmonte Calabro, na província de Cosenza. Ele é um ecotipo de Cuore di Bue (coração de boi) e pode chegar a 2 kg. Já foi chamado de “carne dos pobres”. O tomate de Pachino é oriundo da costa sudeste da Sicília. A zona de produção está dentro da área delimitada por Noto, ao norte, e Portopalo di Capo Passero, ao sul. A União Europeia concedeu a ele a proteção IGP em 2003. As quatro variedades incluem os tomates Ciliegino, Costoluto (tomate salada grande), Tondo Liscio e Grappolo (“uvas” tomates). A especialista da UFF Claudete Chiappini ressalta que o tomate é rico em licopeno que auxilia na prevenção de doenças. Já a nutricionista Kalinca Cusielo enfatiza que o consumo do molho de tomate aumenta a substância no organismo pelo órgão. Apesar disso, novas tecnologias têm auxiliado o uso racional do agrotóxico, tais como plantio direto, ensacamento das pencas de tomate, uso de fertirrigação e manejo integrado de pragas e doenças. Ciliegino Tondo Liscio Cuore di Bue O tomate-cereja é cultivado em todas as regiões italianas, mas especialmente no sudeste da Sicília, onde as condições climáticas e ambientais são mais adequadas. No mercado ele é encontrado durante todo o ano. Este tipo de tomate desenvolve seus frutos em grupo de até 25 tomates. Os frutos são vermelhos, redondos, com um sabor adocicado. O Chipano, Suncherry, Pepe, Lilliput, e Rod são tipos de tomate-cereja. É muito utilizado em saladas caprese. Espécie generalizada na Itália e em outras partes do mundo, pode atingir uma altura de dois metros. As flores da planta de tomate são amarelas e crescem no tronco e ramos. É usado na preparação de saladas. Tem uma carne muito firme e dura muito tempo. Foi importado para a Europa por volta de 1500. É uma fruta de formato irregular e pode chegar a pesos elevados. A casca é lisa e fina, enquanto a polpa é saborosa. Porém, não é muito rica em água e contém poucas sementes. Camone Ikram Arawak Albenga Originário da Sardenha, é muito resistente a doenças e pode ser cultivado em áreas com climas diferentes. Tem um gosto muito forte e textura crocante. É um tomate suave que desenvolve cluster, cada um dos quais pode transportar até seis frutos. É encontrado durante todo o ano e é resistente, durando até duas semanas. Encontrado especialmente nas regiões de Ligúria e Piemonte, embora seja cultivado no resto do país. Tem uma forma que se assemelha ao de uma pera e pode ser de coloração rosa, verde ou vermelha. Fruto da união de diferentes espécies, tem uma polpa um tanto doce. Possui forma de coração com nervuras e é muito grande. Pode ter coloração vermelha ou laranja. comunit àit aliana | novem br o 2012 49 Comunidade Dos territórios e do futuro Semana da Língua Italiana mostra a cultura diversificada das regiões da península e envolve o público brasileiro André Batista A cultura italiana está mais forte do que nunca no país. Em meio a tantos pubs ingleses, mercados orientais, restaurantes mexicanos e shoppings repletos de produtos norte-americanos, o mês de outubro se destacou no calendário de 2012 como o mês italiano no Brasil. Entre os dias 9 e 27 de outubro, aconteceu a XII Settimana della Lingua Italiana nel Mondo, cujo objetivo é divulgar não só a língua, mas a cultura itálica. O evento ocorre anualmente em todo o planeta. Há 12 anos, as embaixadas italianas desenvolvem o projeto como forma de mostrar aos habitantes daquele país o orgulho que sentem de sua origem, além de apresentar partes da cultura que poucos conhecem. Desenvolvida com uma temática diferente a cada edição, a Semana este ano abordou o tema A Itália dos territórios 50 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a e a Itália do futuro. Apesar do nome complexo, a definição é simples: apresentar às pessoas a pluralidade de culturas e costumes do país, levantando questionamentos sobre o destino da Itália e dos descendentes italianos espalhados pelo mundo. — Muitas pessoas conhecem a massa e a tarantela e acham que a cultura da Itália se resume a isso, mas não é verdade. O país tem mais de três mil anos de cultura e muita coisa que os não italianos desconhecem. Até mesmo descendentes conhecem pouca coisa da nossa cultura — garante Letícia Iambasso, neta de italianos. A Accademia della Crusca (Academia da Língua Italiana) e órgãos ligados ao Ministério das Relações Exteriores atuaram na escolha e na montagem da programação. Esse ano, a organização em São Paulo ficou por conta do Consulado e do Instituto Italiano de Cultura, com a colaboração do Consolado da Suíça em São Paulo. A diversificada culinária dos territórios O país é divido em 20 territórios. Cada qual com sua própria cultura artística, política e gastronômica. Assim como no Brasil o cardápio do Rio Grande do Sul difere da culinária apresentada no Maranhão, a região de Piemonte, ao norte da Itália, possui hábitos gastronômicos distintos da Calábria, no sul da península. No Brasil, a maioria das pessoas desconhece a existência de cardápios tão variados. Para desfazer essa situação, a Semana apresentou, pela primeira vez, a Semana da Cozinha Regional. No projeto, realizado entre os dias 15 e 21 de outubro, 12 restaurantes italianos apresentaram ao público pratos típicos de diversas regiões do Belpaese, sempre com preços mais acessíveis ao público. O chef da Trattoria e Rosticceria Picchi, Pier Paolo Picchi, preparou um cardápio especial para a semana, baseado na culinária de Toscana. Nele, combinações de pratos foram criadas para almoço e jantar. — A semana foi ótima! Um verdadeiro sucesso — avalia a sócia do restaurante, Mailin Shikida. Para ela, a reação do público foi a melhor possível, deixando os clientes plenamente satisfeitos. Entre os pratos que mais se destacaram, estão a tagliata di manzo cun rucola e grana, com carne bovina levemente passada com rúcula e lascas de queijo grana, e o pesce del giorno alla livornese, ou seja, peixe do dia à moda de Livorno, banhado em vinho branco com batata, tomates frescos e ervas. A música também foi lembrada. Um grande tenor italiano, conhecido como Pavarottinho, ou Pequeno Pavarotti, visitou os restaurantes alternadamente, embalando os jantares com belas canções. A cada nova edição da Semana da Língua Italiana no Mundo, a cidade de São Paulo ganha mais instituições com interesse em participar. Parte desse sucesso é creditada a Claudio D’Agostini, diretor adjunto do Instituto Italiano de Cultura. Ele participa da organização do evento desde 2010. A Semana, que desde o início seguia uma crescente em relação ao público, passou também a trabalhar com mais parceiros, o que aumentou a visibilidade do projeto. — O que eu tentei realizar quando cheguei, e talvez não fosse tão normal nas edições anteriores, foi fazer parcerias. Procurar todas as instituições e escolas que tivessem ligação com a cultura da Itália. Foi o meu primeiro passo. Juntar todas essas instituições para programarmos o evento juntos — explica. Para Cláudio, concretizar parcerias era parte fundamental do projeto, pois elas permitiriam que a celebração fosse realizada na cidade inteira. A estratégia deu certo, pois atualmente diversas regiões de São Paulo abrigam eventos ligados à Semana. Instituições renomadas como a Universidade de São Paulo (USP), a Faculdade Paulista de Artes (FPA), o Instituto Sou da Paz e o Instituto Europeu de Design (IED) abrigam as mais diversas formas de arte italiana durante as festividades. Os responsáveis por buscar parceiros são, basicamente, o Instituto de Cultura e o Consulado, ambos ligados ao Ministério italiano das Relações Exteriores. Apesar de, atualmente, não receberem uma verba significativa para a realização do projeto, o sucesso é cada vez maior. Público não só de descendentes para multiplicar a cultura italiana Mais do que exibir a cultura italiana, o objetivo da Semana é compartilhar, ou seja, trocar informações, experiências e conhecimentos. É o que defende o italiano e organizador do projeto Augusto Bellon, diretor do departamento escolar do consulado e um dos responsáveis pela criação e organização da festividade. Ele explica que o principal desafio do projeto é preparar um evento que não seja voltado exclusivamente para italianos e seus descendentes, mas para todos. — O objetivo é envolver nesses eventos mais pessoas, incluindo as que não são italianas. Temos público com pessoas que são totalmente brasileiras. O evento existe para aproximar a vida, as pessoas, a cultura. É uma cultura milenar! E o Brasil tem sua cultura relativamente nova. Então, podemos compartilhar e todo mundo sai ganhando — define. Esse ano, mais de 20 instituições participaram e contribuíram com os cerca de 40 eventos espalhados pela capital paulista. A Semana teve seu encerramento no dia 27, mas a propagação da cultura não terá fim. É o que garante o Comitê dos Italianos no Exterior (Comites). Interessados em atrair o olhar dos jovens para a cultura italiana, a organização desenvolveu o Retratos da Itália no Brasil, um concurso de fotografias. As fotos devem demonstrar como as cenas familiares, paisagens, edificações, atividades culturais, eventos e outras cenas corriqueiras. O prêmio consiste em aulas de italiano ministradas em Marche e excursões por cidades como como Roma, Veneza e Florença. A presidente do Comites SP, Rita Blasioli, natural de Abruzzo, explica que o objetivo é resgatar a presença italiana em São Paulo. — Queremos que as pessoas conheçam a nossa cultura. Não podemos deixar ela se perder dos costumes dos descendentes — explica. A organização dos eventos fica a cargo dos jovens integrantes do comitê. — Estamos conseguindo mudar o jeito que as pessoas de fora veem a Itália. Resumem tudo ao que é mais conhecido, como as massas. Mas a Itália é muito maior do que isso, e é o que estamos mostrando — comemora Gilles Leão, integrante da mesa organizativa dos eventos. A semana pelo Brasil Em Belo Horizonte, a Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais organizou duas exposições para celebrar a Semana. Entre os dias 15 e 21 de outubro, as professoras Ana Maria Chiarini e Antonella de Muti se uniram aos alunos dos cursos de italiano para participar das festividades. As fotos de estabelecimentos comerciais e ruas da capital mineira com nomes italianos demonstraram a influência da cultura itálica na região. As exposições continham painéis de gastronomia, vitrines com livros de gramática, poesia, ficção e literatura infantil, além de banners sobre Alberto Manzi, importante filósofo e pedagogo italiano. Já no Rio, o Instituto Italiano de Cultura, em colaboração com a Universidade de Roma Tor Vergata e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), destacaram a poesia italiana, em especial durante o evento Territórios da Poesia, que ocorreu no dia 25, na Sala Italia. Porto Alegre, Fortaleza e Florianópolis também participaram da Semana com debates, palestras, exposições e exibições de filmes. A Semana da Língua Italiana promoveu palestras e eventos de literatura infantil, ficção e poesia sobre o Belpaese comunit àit aliana | novem br o 2012 51 Literatura O voo de Fabio que precisa ser recuperado é um assunto que afeta a vida de todos nós. Fenômeno literário na Itália com histórias de jovens que buscam o autoconhecimento, o escritor, ator e diretor de TV e rádio Fabio Volo já tem seu segundo livro lançado no Brasil e sonha em vir ao país para divulgar seu trabalho Aline Buaes Especial para Comunità C om seu segundo romance em lançamento no Brasil, As primeiras luzes da manhã (São Paulo, Bertrand Brasil, 2012), o fenômeno italiano Fabio Volo começa a conquistar os leitores do país. Escritor, ator, diretor de TV e rádio, Volo, 40 anos, é também um galã na Itália, onde seus livros vendem como água. Em 2011, foi protagonista do filme Il giorno in pìu, baseado no seu próprio livro homônimo. O primeiro romance de Volo lançado no Brasil, O tempo que eu queria (2011), vendeu mais de um milhão de cópias em todo o mundo e conta a história da vida e do amor de um homem pela sua ex-namorada. Segundo Volo, que não completou o ensino médio, seu segredo de sucesso é apenas ser reflexo do homem comum. O seu primeiro livro, Esco a fare due passi (2000), que significa em português “Saio para dar uma volta”, vendeu mais de 300 mil cópias apenas no primeiro ano e foi seguido por outros sucessos, como È una vita che ti aspetto (Faz uma vida que te espero), best-seller na Itália em 2003, e Un posto nel mondo (um lugar no mundo), de 2006. Sua primeira incursão no mundo do cinema, com o filme Casomai (2002), lhe valeu uma indicação ao prêmio David di Donatello, o Oscar italiano, na categoria de melhor ator protagonista. A imprensa italiana olha com desconfiança o fenômeno literário, mas, pelos números de vendas, é obrigada a dar crédito a este escritor que se define um “não escritor”. Como apresentador de TV e de rádio, Volo ganhou notoriedade entre o público jovem e descolado, o mesmo público retratado em seus romances, que viaja de Cabo Verde a Nova York e busca incessantemente o autoconhecimento, tema recorrente de seus livros. Confira a seguir esta entrevista exclusiva concedida à ComunitàItaliana. 52 CI – Existem semelhanças no modo de ver o amor entre O tempo que eu queria e As primeiras luzes da manhã? FV – O livro narra um amor que não acabou, mas que também não consegue ser vivido. O protagonista ainda precisa consertar a sua relação com a família, especialmente com o pai. Gostaria de amar, porém não é capaz. Em As primeiras luzes da manhã, ao contrário, a protagonista é uma mulher que ama, mas que não realizou nenhum processo de conhecimento de si mesma e dos seus desejos reais. Através do erotismo e da sexualidade, ela encontra o caminho para entender a sua verdadeira intimidade. CI – Os seus livros falam muito sobre a busca de si mesmo, de entender a vida, os sentimentos, o amor, a amizade etc. Escrever para você é um modo de ajudar os outros a entenderem a si mesmos? FV – Quando escrevo, nunca penso no objetivo de ensinar alguma coisa, mas em compartilhar algo. A busca do autoconhecimento é um tema central em quase todos os meus romances. O objetivo é trazer luz sobre nós mesmos e dar vida ao homem que somos destinados a ser. ComunitàItaliana – Como você começou sua carreira de escritor? Qual a sua principal motivação para escrever? Fabio Volo – Sempre escrevi, desde pequeninho, pois sempre gostei de me isolar em um mundo íntimo. Para mim, a escrita sempre foi necessária para entender muitas coisas sobre mim mesmo. Tenho sorte que muitas pessoas gostaram das minhas histórias e então continuei a publicá-las. Mas, mesmo que eu não pudesse mais publicar, continuaria a escrever de qualquer jeito. Nunca poderia renunciar a escrever. CI – O tempo que eu queria obteve um enorme sucesso de vendas na Itália. A quais motivos você deve esse sucesso? FV – Acredito que o sucesso deste livro é devido à simplicidade do estilo e da linguagem, e também, principalmente, porque o relacionamento com um dos nossos pais a go s t o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a CI – Qual a sua impressão sobre seus leitores aqui no Brasil? FV – Estive no Brasil apenas uma vez, de férias, há muitos anos. Nunca estive no Brasil por causa dos meus livros e seria uma honra para mim poder fazer isso e conhecer as pessoas que leem meus livros. Esperamos que ocorra em breve. O livro As primeiras luzes da manhã, de Fabio Volo, descreve uma mulher que ama, mas que precisa conhecer melhor a si e os seus verdadeiros desejos CI – Além de escritor, você é também ator, roteirista, apresentador de televisão e rádio. Qual destas profissões é a sua preferida? FV – Como eu disse antes, escrever para mim é uma necessidade à qual nunca poderei renunciar. O rádio é um trabalho muito divertido, assim como a televisão. O cinema possui o seu fascínio particular. Mas, se eu tivesse que escolher um deles, seria a escrita. Até porque, quando eu escrevo, não tenho horários e compromissos geográficos. Posso escrever de qualquer país do mundo quando quero, talvez até do Brasil um dia. saporid’italia CintiaSalomãoCastro É tempo de trufas Dura de meados deste mês até dezembro a curtíssima temporada das trufas, rara iguaria que atrai clientes dispostos a desembolsar centenas de reais para degustá-la Divulgação Sollar de Búzios R io de Janeiro – Un buon tartufo non ha prezzo (uma boa trufa não tem preço). Sua raridade e o fato de ser muito apreciada na alta gastronomia contribuem para manter o preço nas alturas. O quilograma de algumas espécies vendidas na Europa pode custar 4 mil euros. O aparecimento desses cogumelos subterrâneos depende das condições do tempo e um ano particularmente seco pode disparar ainda mais o valor de mercado. Mesmo sendo tão “difícil”, a cada outono, essa espécie de diamante comestível provoca uma corrida de chefs e importadores aos mercados das cidades da Itália, um dos maiores países exportadores do mundo. Em especial, a cidade de Alba, junto com a província de Asti, ambas na região do Piemonte, é conhecida como a meca das tufas, e hospeda, todos os anos, a Feira Internacional da Trufa Branca. Alba sedia inclusive o centro italiano de estudos sobre as trufas. Os pesquisadores contabilizam 63 espécies no mundo, sendo 25 em solo italiano. No entanto, apenas nove são comestíveis. Dentre estas, somente seis são comuns no mercado. Os “caçadores” de trufas mais experientes podem colher até um quilo por dia. As trufas brancas, mais raras, são mais custosas: o quilo sai em média por dois mil euros, o dobro das negras. Durante a procura, tradicionalmente, usava-se o porco. Hoje, prefere-se a ajuda de cães especialmente treinados. O período principal de “caça” vai de setembro a março. Com elas, são feitos vários produtos que permitem saborear pratos com o seu famoso perfume em qualquer época do ano, como pastas, trufas em conserva e azeite trufado. Em um restaurante italiano no Brasil, um prato preparado com alguns gramas de trufas frescas custa em média R$ 500. E não é só: o produto dura poucos dias e o prato sai do menu em pouco mais de uma semana. Mas os amantes brasileiros dos tartufi podem comemorar: apesar da safra não ter sido das melhores, os chefs de algumas casas já estão voltando da Itália com alguns exemplares para servir pratos especiais. O chef Danio Braga trouxe de Alba trufas brancas que vão compor um menu especial de 29 de novembro a 2 de dezembro em seu restaurante, o Sollar Búzios, a duas horas do Rio. Elas vão estar presentes em pelo menos quatro itens: a espuma de parmigiano reggiano, o carpaccio de ovo com lagosta, o “plin” de queijo e um tiramissù especial. — A cada temporada temos uma surpresa. Ora é o clima, ora é a crise econômica, mas a trufa sempre aparece como em um passe de mágica — diz Danio. O chef do Alloro, também no Rio, avisa que os clientes poderão encontrar, a partir do dia 21 deste mês, três pratos com trufas brancas: polenta com gema de ovo caipira; spaghetti alla chitarra e risotto alla parmigiana. Já o Fasano Al Mare escolheu servir um menu fechado com tartare de carne, risotto e capellini. Para saborear as delícias, o cliente deve se preparar para desembolsar, no mínimo, R$ 500. Polenta com gema de ovo caipira e trufas brancas * Ingredientes: 1 litro de caldo de galinha; 280 g de farinha de polenta; 3 colheres de parmesão ralado; 7-8 g de açafrão; 1 colher de manteiga; 9-10 g de trufas brancas frescas; ovos. Modo de fazer: Preparar a polenta com a manteiga, o caldo e o açafrão. Cozinhe por 25 a 30 minutos até ganhar consistência cremosa. Quando ferver, junte o parmesão. Sirva em porções individuais e coloque ao centro a gema de ovo. Leve ao forno durante um minuto. Polvilhe com parmesão e acrescente manteiga derretida. Ao final, corte as trufas brancas frescas em lâminas e sirva. Rendimento: De 4 a 5 pessoas * Receita do chef Luciano Bosseggia, do restaurante Alloro Serviço: Alloro - Av. Atlântica 1020, Copacabana, Rio de Janeiro De 12h às 16 h e de 19h à meia-noite. Tel (21) 2195-7857 Sollar de Búzios - Av. José Bento Ribeiro Dantas, 994, Orla Bardot, Búzios – RJ | De quarta a domingo, das 12h à meia-noite Tel (22) 2623-5392 Fasano Al Mare - Av. Vieira Souto, 80, Ipanema, Rio de Janeiro De segunda a quinta, de 12h às 15h30 e de 19h à 1h Às sextas, de 12h às 15h30 e de 19h à 1:30h Aos sábados, de 12:30h à 1:30h Aos domingos e feriados, de 12:30h à meia-noite Tel: (21) 3202-4000 com unit àit aliana | agost o 2012 53 la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro Museu do guarda-chuva e do guarda-sol P ara aqueles que gostam de museus insólitos, aqui vai uma dica. Na cidade de Gignese, perto de Verbania, a cerca de 70 km de Milão, existe um museu interessante, o Museu do Guarda-chuva e do Guarda-sol. A coleção nasce de um projeto de Igino Ambrosini, filho e irmão de artesãos que realizavam esse artigo. O pequeno museu fazia parte do andar superior de uma escola desde 1939, mas, em 1976 foi inaugurado o museu na sua sede atual, com a colaboração da Associação Amigos do Museu e da prefeitura, sob a direção de Zaverio Guidetti, um empreendedor do mundo dos guardachuvas. São expostos 150 artigos, mostrando a evolução da moda, desde o início do século XIX até os dias de hoje. Galochas, por que tê-las? C hega o final de agosto e começam as primeiras chuvas na Itália. Em setembro, há dias de sol e dias de chuva. Metade das pessoas usa sandálias e camiseta e a outra metade já estreia o guarda-roupa invernal. Em outubro, prosseguem as dúvidas sobre como se vestir, mas, em novembro, não tem jeito, a chuva vem para ficar. E na Itália, quando chove, chove pra valer. Verificam-se vários episódios tristes, com grandes danos às cidades, como aconteceu na Ligúria e em outras regiões e como acontece também no Brasil. Em Roma, geralmente não há graves consequências, só uma chuva chata que não para, às vezes, por uma semana seguida, com picos de tempestade, onde um guarda-chuva ralé não perdoa. Mas a chuva não me pega mais. No ano passado, comprei um artigo que sempre julguei na minha vida o mais feio, cafona e desajeitado, um atentado à elegância: um par de galochas. Ora, eu pensava, galochas são para quem trabalha na fazenda e pisa na lama o dia inteiro ou para quem mora numa cidade com chuva 365 dias por ano. Resumindo, não era, em minha opinião, um objeto indispensável. Além disso, galocha sempre foi na minha cabeça associado ao termo “chato de galocha”. Ora, se alguém usava galocha só poderia ser um chato, uma mala-sem-alça. Dizem que a expressão tem como origem as pessoas que decidiam fazer uma visita num dia de chuva. Chegavam com a galocha toda cheia de lama e molhada e sujavam o chão da casa dos outros. Há quem conteste essa origem e diz que o termo vem do próprio objeto: o chato é como uma galocha, resistente e insistente, não larga do nosso pé! Enfim, etimologias à parte, um belo dia vi uma promoção de galochas numa loja perto da minha casa, num outlet. Chovia cântaros (que eram os vasos para beber dos antigos gregos e romanos, providos de duas grandes asas e também o conteúdo desse vasos). Resolvi reagir. Entrei na loja decidida. E saí com um belo (na medida do possível) par de galochas pretas. Antigamente, as galochas se colocavam por cima dos sapatos. Hoje, as galochas são sapatos, ou seja, botas de borracha. Assim, esperei com ansiedade a primeira chuva. E dá-lhe galochas. Saí de casa orgulhosa, com ar meio desengonçado, como se caminhasse com pés de pato, mas segui com passos firmes, decididos e experientes, de quem usa galocha há anos. Além da minha galocha, saí com meu guarda-chuva enorme. Assim, fiquei sequinha da silva, e passei pelas pessoas com tênis molhados e calças ensopadas, com um certo ar de superioridade. Caminhei pisando nas poças d’água com desdém, achando que estava abafando. Mas com certeza, um monte de gente deve ter passado por mim pensando “essa aí, sim, deve ser uma verdadeira chata de galocha!” 54 no v e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
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