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CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA TORTA RESULTANTE DA PRENSAGEM DAS AMÊNDOAS DE BUTIÁ Magdiele Machado Pereira(1), Cristiane da Rosa Bittencourt(2) Marcilio Machado Morais(3), Valéria Terra Crexi(4) (1) Engenheira de Alimentos; Universidade Federal do Pampa; Bagé, RS; [email protected]; Engenheira de Alimentos; Universidade Federal do Pampa; (4) Marcilio Machado Morais (coorientador) ; Universidade Federal do Pampa; (4) Valéria Terra Crexi (orientadora); Universidade Federal do Pampa. (3) RESUMO: O butiá é oriundo do butiazeiro, onde a amêndoas possuem cerca de 50% de lipídios. A extração por prensagem hidráulica apresenta-se como uma ótima alternativa a ser empregado, sendo que desta operação resulta a torta (co-produto). Este trabalho teve como objetivo caracterizar quimicamente a torta resultante da prensagem das amêndoas de Butia quaraimana. Foram obtidos os valores para proteínas, cinzas, fibras, carboidratos, umidade e lipídios de: 24,4±0,6; 3,8±0,1; 33,6±0,3; 23,5±0,0; 5,8±0,8 e 8,8±0,3, respectivamente. A torta resultante da prensagem constitui uma favorável fonte proteica, de fibras e carboidratos, podendo ser realizados estudos de sua utilização em preparações alimentícias. Palavras-Chave: prensa, butiazeiro, torta de prensagem. INTRODUÇÃO As palmeiras (família Arecaceae) são espécies muito utilizadas em todo o mundo, devido à notável importância econômica destas na produção de alimentos e produtos agroindustriais (BÜTTOW et al., 2009). O butiá e oriunda do butiazeiro sendo a espécie Butia quaraimana é endêmica do Palmar de Coatepe, que se encontra 25 km a leste da cidade de Quaraí (Latitude: 30° 23’ 15” S; Longitude: 56° 27’ 05” O) e no curso médio do arroio Areal (DEBLE et al., 2012). As amêndoas do butiá possuem em torno de 50% de lipídios onde estas são muitas vezes consideradas um resíduo do processamento. Tais amêndoas apresentam-se como uma alternativa de alto valor energético com potencialidade para produção de óleos de grande produtividade e rentabilidade (CAETANO, 2006). Após a extração do óleo obtém-se o resíduo, denominado como torta, geralmente empregado na forma de farelo na composição de rações para alimentação animal (PRETTI, 2010). A extração por prensagem hidráulica, em relação aos demais métodos, é uma ótima alternativa a ser empregada, pois este utiliza pouca energia elétrica ou até mesmo nenhuma, não utiliza solvente e não gera aquecimento nem no óleo nem na torta, sendo necessário apenas uma prensa e um cilindro extrator, porém, apresenta como desvantagem a retenção de óleo na torta (CARVALHO, 2011; RITTNER, 1996). A torta residual permanece com certa quantidade de óleo, que pode ser variável em função da eficiência do processo de extração por prensagem, sendo assim este trabalho teve por objetivo quantificar a composição centesimal da torta resultante da prensagem através das análises de umidade, cinzas, lipídios, proteínas, fibra bruta e carboidratos. METODOLOGIA As amostras de butiá da espécie B. quaraimana utilizadas para a realização dos experimentos foram obtidas do Palmar do Coatepe, localizado no município de Quaraí, safra 2014. As frutas foram despolpadas com auxilio de facas inox e o caroço (endosperma) submetido à quebra (morsa de bancado) para obtenção das amêndoas, estas foram secas (Estufa, Nova Ética modelo 400-4ND, com circulação forçada de ar a 105°C por 1h) e moídas (moinho analítico A11 Basic Mill). A torta das amêndoas foi obtida a partir da prensagem das amêndoas de B. quarimana em prensa hidráulica (Prensa TECNAL TE-098) descontínua com pistão descendente, de capacidade máxima de prensagem de 15 toneladas de pressão (60,7 MPa), onde as condições de processo foram pressão de 4 ton por 1h. A caracterização química da torta resultante da presagem das amêndoas foi realizada a partir das análises de proteínas, cinzas, fibras, carboidratos, umidade e lipídios, conforme metodologia oficial do Instituto Adolfo Lutz (2010). RESULTADOS E DISCUSSÃO Por ser uma espécie ainda pouco conhecida e sem uma cadeia produtiva estabelecida no Brasil, são escassas as informações sobre a torta resultante da prensagem das amêndoas do butiá. A caracterização deste co-produto é de extrema importância na avaliação da viabilidade dessas novas oleaginosas, uma vez que a composição dessa torta pode ser decisiva na definição de seus usos potenciais. Os resultados obtidos para a caracterização química da torta estão ilustrados na Tabela 1. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa Tabela 1 - Caracterização química da torta de amêndoas de B. quaraimana resultante de extração por prensagem Parâmetros avaliados (%) Torta resultante da operação de prensagem Proteínas 24,4±0,6 Cinzas 3,8±0,1 Fibras 33,6±0,3 Carboidratos 23,5±0,0 Umidade 5,8±0,8 Lipídios Fonte: Elaborado pelos autores (2014) 8,8±0,3 A operação de prensagem das amêndoas elevou os conteúdos de proteínas, cinzas, fibras e carboidratos na torta, e reduziram-se os níveis de umidade e lipídios quando comparadas com a composição centesimal das amêndoas in natura (Proteínas 3,56±1,18; Cinzas 1,44±0,02; Fibras 21,49±2,80; Carboidratos 17,13±2,60; Umidade 10,8±0,1 e Lipídios 45,5±0,3, valores obtidos por Pereira et al. (2014). Estes resultados são esperados, pois uma vez que se diminuem alguns parâmetros (umidade e lipídios) outros por consequência tendem a aumentar. Um comportamento semelhante nos teores destas determinações também foi constatado por Lima et al. (2004) quando estudaram a obtenção e caracterização dos principais produtos de caju. De acordo com Singh e Bargale (2000), a torta pode conter em média 8 a 14% em peso de óleo, demonstrando que a torta da amêndoa em estudo retém um teor de óleo dentro dos padrões estabelecidos na literatura. Os valores obtidos sugerem que esta torta possui potencial para ser reaproveitada, uma vez que sua extração não requer o uso de produtos químicos, portanto, por possuir um elevado teor de proteínas (24,4%), fibras (33,6%) e carboidratos (23,5%), este co-produto pode vir a ser aplicado na fabricação de ração humana, barras de cereais, ração animal ou até mesmo como adubo orgânico, reduzindo assim as perdas no processo. CONCLUSÕES Conclui-se que a torta resultante da prensagem constitui uma favorável fonte proteica, de fibras e carboidratos. A caracterização deste co‑produto vem a contribuir para estudos relacionados possibilidade da utilização deste tipo de amêndoa. REFERÊNCIAS DEBLE, L. P. et al. Butia quaraimana (Arecaceae), uma nova espécie para o Rio Grande do Sul (Brasil). Balduinia, n. 33, p. 09-20, 2012. BÜTTOW, M. et al. Conhecimento tradicional associado ao uso de Butiás (Butia spp., Arecaceae) no sul do Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, v.31, n. 4, p. 1069-1075, 2009. CAETANO, M. O desafio do biodiesel. Globo Rural, n. 253, p. 40-49, 2006. CARVALHO, C. O. Comparação entre métodos de extração do óleo de Mauritia flexuosa L.f. (ARECACEAE buriti) para o uso sustentável na reserva de desenvolvimento tupé: rendimento e atividade antimicrobiana. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia e Recursos Naturais) Universidade do Estado do Amazonas, 2011 INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos químicos-físicos para análises de alimentos. São Paulo. 4º. ed. São Paulo Instituto Adolfo Lutz, 1020 p., 2008. LIMA, C. A. et al. Obtenção e caracterização dos principais produtos do caju. Boletim CEPPA, v.22, n.1, p.133-144, 2004. PEREIRA, M. M. et al. Caracterização físico-química das amêndoas de Butiás. XX Congresso Brasileiro de Engenharia Química, COBEQ 2014. PRETTI, T. Tecnologia para produção de extrato aquoso de amendoim e elaboração de produto fermentado. 2010. 72 f. Dissertação (Mestrado em Alimentos e Nutrição), Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara, 2010. RITTNER, H. Óleo de mamona e derivados. São Paulo, 559 p., 1996. SINGH, J., BARGALE, P.C. Development of a small capacity double stage compression screw press for oil expression. Journal of Food Engineering, v.43, p. 75-82, 2000. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa