PAS – 2ª ETAPA
Transcrição
PAS – 2ª ETAPA
PAS – 2ª ETAPA MÚSICA LISTA DE MÚSICA - Subida do Morro, de Moreira da Silva - Você não soube me amar, da Blitz - Quereres, de Caetano Veloso - Billie Jean, de Michael Jackson - I dreamed a dream, do musical Les Miserables, 1980, de Alain Boublil com música de Claude-Michel Schönberg. Interpretação: Susan Boyle - Matança, de Jatobá, cantada por Xangai - Fado Tropical, de Chico Buarque de Holanda - Disseram que eu voltei americanizada, de Luiz Peixoto e Vicente Paiva cantada por Carmem Miranda - Cantata 140 (Wachet auf, ruft uns die Stimme); Coro 1 – Wachet auf, ruft uns die - - Stimme; Coro • 4 – Zion hort die Wächter Singen; e Ária 6 – dueto soprano e baixo, de Johann Sebastian Bach - Missa de Réquiem K 626, de W. Amadeus Mozart - Missa de Réquiem CPM 185, de Padre José Maurício Nunes Garcia - Para ti Ponta Porã, de Dino Rocha - Feira de Mangaio, de Sivuca - Milongas para as missões, de Gilberto Monteiro com Renato Borguetti e Vítor e Léo - Forró Classudo, de Toninho Ferragutti - Carnaval dos Animais: Introdução; Tartaruga; Os fósseis, de Saint Saëns - Aboio, tema da abertura do Auto da Compadecida - Rock das Cachorras, de Léo Jayme com Eduardo Dusek - Kaiowas, do Sepultura MATRIZ DE AVALIAÇÃO: Objeto de Conhecimento 1 O ser humano como ser que pergunta e quer saber • Na dimensão metafísica do conhecimento, por exemplo, há questões teológicas e religiosas orientadas pela perspectiva de que corpo e alma se completam, e a alma imortal anseia por Deus. Esse é o tema central da Cantata 140 (Wachet auf, ruft uns die Stimme), de Johann Sebastian Bach, como podemos ouvir no Coro 1 – Wachet auf, ruft uns die Stimme; no Coro 4 – Zion hort die Wächter Singen; e na Ária 6 – dueto soprano e baixo. • Na segunda etapa, formulam-se questões como: O que significa saber? O que de fato se pode saber? Como se pode saber? O que fazer com esse saber? Como formular um problema? Como distinguir verdade de falsidade? Como pensar com método? • Observam-se questionamentos dessa natureza perpassando esperanças e alentos na Cantata 140, Coro 1, Coro 4 e Ária 6 dueto soprano e baixo, como também no Kyrie e na Lacrimosa da Missa de Réquiem de Mozart e no Kyrie e na Ingemisco da Missa de Réquiem do Pe José Maurício Nunes Garcia. • Esses questionamentos estão, ainda, presentes na obra de Victor Hugo, Os miseráveis, em que a possível descoberta da verdade acompanha e angustia o personagem Jean Valjean. Na adaptação para o teatro, na versão musical, Les Misérables, 1980, de Alain Boublil, com música de Claude-Michel Schönberg, destacamos a canção I dreamed a dream interpretada por Susan Boyle, em que a personagem Fantine expressa angústia pessoal e ingenuidade diante do limite da verdade e da justiça. • Reflexões a respeito dos limites do conhecimento angustiam também os personagens Bento Santiago e Capitu, na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, uma narrativa de impregnações shakespearianas; em Otelo, o mouro de Veneza, de William Shakespeare, os personagens Otelo e Iago se deixaram dominar por suas fraquezas e por elas mataram e morreram. Mas, e no nosso cotidiano, onde estão os Otelos e Iagos? Onde estão as vítimas de calúnias como Desdêmona? As relações de amor, traição, honra e fidelidade são temas abordados de forma irônica no samba Subida do Morro, de Moreira da Silva e nas músicas Você não soube me amar, da Blitz, Quereres, de Caetano Veloso, Billie Jean, de Michael Jackson. • Nessa perspectiva, vale questionar: Até que ponto as angústias desses personagens se referem apenas à sua individualidade? O que os personagens conheciam? Quais as relações entre conhecimento e poder? • Assim, a pergunta central acerca da natureza do conhecimento pode se desdobrar em outras questões como: O que é a verdade? O que é a verdade científica? Como a Ciência é produzida? Como ela é difundida? O que a distingue das demais formas de conhecimento? Ela é mesmo neutra e objetiva? Que limites há entre ficção e realidade? Qual o sentido e o uso do conhecimento no cotidiano? • É relevante ressaltar que constitui erro teórico e filosófico contrapor ¯Homem. E ¯Natureza.. Os seres humanos são parte do mundo natural e compartilham a biosfera. Por conseguinte, a sua história é a história da transformação permanente e cumulativa da natureza, em sociedade, por meio do trabalho. Quem atua sobre o substrato natural e o transforma em meio técnico e em meio tecnocientífico e informacional é um ser social, como se observa no Almanaque Brasil Socioambiental 2008, do Instituto Socioambiental (ISA) e nas canções Matança, de Jatobá, cantada por Xangai, e Fado Tropical, de Chico Buarque de Holanda. • Se a música é essencialmente sonora, a qualidade musical não dependeria menos do conhecimento teórico do que da percepção auditiva, do conhecimento de estilos, da habilidade de execução, da criatividade? • Apreender música por ouvido ou por imitação ou pela notação não seriam formas igualmente válidas? • É ainda senso comum acreditar que o talento é inato, ou obra divina. Porém, vale questionar: Será que qualquer um de nós não poderia aprender música em algum nível? A aprendizagem musical não dependeria mais do contexto cultural do que de outros fatores? Músicos como W. Amadeus Mozart (Missa de Réquiem K 626), Padre José Maurício Nunes Garcia (Missa de Réquiem CPM 185), Dino Rocha (Para ti Ponta Porã), Sivuca (Feira de Mangaio), • Renato Borghetti (versão, com ¯gaita de oito baixos, de Milongas para as missões) e Vítor e Léo (versão, com guitarra e sanfona, de Milongas para as missões), Toninho Ferragutti (Forró Classudo), Moreira da Silva (Subida do Morro) e Carmem Miranda (Disseram que eu voltei americanizada) são exemplos da importância do contexto social na produção e na aprendizagem musical. • Que papel teria a mídia na divulgação, disseminação, massificação e mesmo persuasão de determinadas produções? Que critérios são usados por ela para seleção de músicas e artistas? Quais as contribuições dela a esse respeito? Que problemas ela pode provocar? Qual a relação entre internet e produção independente? Como se avaliam o ¯jaba., a pirataria e os produtores artísticos? Como funciona a cadeia de produção e divulgação musical? • A indústria fonográfica e sua influência na escuta dos indivíduos, seus gostos e preferências musicais podem ser discutidos a partir de músicas como Billie Jean, de Michael Jackson, Disseram que eu voltei americanizada, de Luiz Peixoto e Vicente Paiva, cantada por Carmem Miranda, e I dreamed a dream, do musical Les misérables, de Claude-Michel Schönberg, com orquestração de John Cameron e letra de Herbert Kretzmer, cantada por Susan Boyle. • Deve-se indagar que tipo de saber é a Arte. Saber teórico? Saber prático? Que tipo de conhecimento socializa? Como se produz esse conhecimento? Qual a relação entre Arte e Filosofia? Arte e Moral? Arte e Política? Arte e Ciência? Arte e Tecnologia? Arte e Folclore? Arte e Mito? Arte e Religião? Arte e Fé? • Na música, a Estética influencia a forma como os materiais sonoros são organizados, como podemos observar em Coro 1, Coro 4 e Ária 6 da Cantata 140 de Bach, no Kyrie e Lacrimosa da Missa Réquiem de Mozart, no Kyrie e Ingemisco, do Pe José Nunes Garcia, Carnaval dos Animais: Introdução; Tartaruga; Os fosseis, de Saint Saëns, Aboio, tema da Abertura do Auto da Compadecida e ... ... I dreamed a dream, de Claude-Michel Schönberg, Feira de Mangaio, Sivuca, Para ti Ponta Porá, de Dino Rocha; Milongas para as missões, de Gilberto Monteiro, com Renato Borghetti (versão com ¯gaita de oito baixos.) e Vítor e Léo (versão com guitarra e sanfona), Forró Classudo, de Toninho Ferragutti e Rock das Cachorras, de Léo Jayme, com Eduardo Dusek e Kaiowas, do Sepultura. • Outros questionamentos podem, ainda, ser feitos: Que concepções de mundo, de ser humano e de conhecimento estão presentes em expressões artísticas de diferentes culturas e períodos históricos? Que produções artísticas vinculadas às questões religiosas e mitológicas definem ou favorecem concepções de mundo, de ser humano e de conhecimento relacionadas à formação da identidade brasileira, sobretudo aquelas advindas dos Povos Indígenas, da Cultura Ibérica e da África Negra? • Outros questionamentos ainda pertinentes: Como a fé protestante influenciou os compositores Mozart, José Maurício Nunes Garcia e Bach na criação de suas obras Missa de Réquiem em Ré menor 626, CPM 185 e Cantata 140, respectivamente? Que relação há entre fé cristã e música? Como essas obras são ouvidas e cantadas? • Essas ideias podem ser consideradas na audição dos dois Coros da Cantata 140 de Bach, baseada no coral luterano de Philipp Nicolai Wachet auf, ruft uns die Stimme, também conhecida como Sleepers, Wake, e nas Missas Réquiem em Ré menor, de Mozart, e Missa Réquiem CPM 185, de Pe José Maurício Nunes Garcia. Objeto de Conhecimento 2 Indivíduo, cultura e mudança social • Qual seria o papel do indivíduo no processo de mudança social? Como ele faz a História? Em que condições? Questões dessa natureza podem ser exemplificadas na obra de Victor Hugo, Os miseráveis, como nas suas adaptações cinematográficas, nas quais os diretores nos mostram o sofrimento estampado nos rostos de diversos personagens ao constatar que somente eles mesmos poderiam modificar a situação na qual viviam. Já na adaptação para o teatro, na versão musical, Les misérables, o libretista Alain Boublil e produtor musical Claude-Michel Schönberg, respectivamente relatam a luta de Jean Viljean para provar sua honestidade e mudança de vida. • A ária I Dreamed a Dream, por exemplo, interpretada por Susan Boyle, descreve o sofrimento da personagem Fantine que não consegue mudar sua condição social. • A música é, para muitos músicos (compositores e intérpretes), uma possibilidade de mobilidade social que, em algumas situações, promove a mobilidade entre classes, como é o caso do Padre José Maurício Nunes Garcia, autor do Kyrie da Missa de Réquiem de 1816 (CPM 185), conhecido como o Mozart mulato brasileiro, e de cantores como Susan Boyle e Michael Jackson. • O discurso musical também é uma forma de crítica aos valores sociais e de classe e pode retratar estruturas sociais e políticas de diferentes épocas, como ocorre em Carnaval dos Animais, de Saint Saëns, nas peças Introdução, Tartarugas e Fósseis, Adereços Cerimoniais, da tribo Kayabi, exemplos importantes que revelam uma sociedade em formação, e em Fado Tropical, de Chico Buarque. • como em músicas como Billie Jean -- Michael Jackson; Dizem que fiquei americanizada, interpretada por Carmem Miranda; Subida do Morro, de Moreira da Silva, Rock das Cachorras, de Léo Jayme, interpretada por Eduardo Dusek; Você não soube me amar – música interpretada por Blitz, Quereres, música de e interpretada por Caetano Veloso, encontram-se exemplos dessa construção de ideias, valores e representações de si e do outro, bem como de uma diversidade crescente. • O contexto da Revolução Francesa no século XVIII representa um momento histórico ilustrativo de importante mudança social que se reflete na produção científica e cultural. Formas bastante utilizadas no período barroco caem em desuso como, por exemplo, o contraponto presente no Kyrie da Missa de Réquiem em Ré m (K626), de Woffgan Amadeus Mozart, no Kyrie da Missa de Réquiem (CPM 185), do Pe José Maurício Nunes Garcia, na Cantata 140: Coro 1 – Wachet auf, ruft uns die Stimme; Coro 4 Zion hort die Wächter Singen e na Ária 6 (dueto Soprano e baixo) com oboé e bx contínuo de J. S. Bach. • As orquestras tornam-se maiores, com presença efetiva do naipe de percussão, possibilitando um volume sonoro e variações dinâmicas maiores. No século XX, os instrumentos típicos de orquestra, como as cordas, dialogam com instrumentos eletroeletrônicos, o que se constata na peça Kaiowas, do grupo de rock Sepultura. • Na música, a crítica aos costumes e valores da sociedade pode ser observada em Subida do Morro, de Moreira da Silva, interpretada por ele mesmo, Fado Tropical, de Chico Buarque; Rock das Cachorras, de Léo Jayme, interpretada por Eduardo Dusek, e Você não soube me amar, da Blitz, interpretada pelo próprio grupo. • Como o artista participa dessas mudanças sociais? • Como a sociedade vê a criação artística? • Quais as ações e reações da sociedade diante da produção artística dos referidos séculos? • O que os movimentos tecnológicos e filosóficos trouxeram para que os artistas desenvolvessem novos processos de criação? • Que movimentos foram significativos para que se pudessem apreender essas mudanças? • Um dos aspectos das mudanças sociais se reflete, por exemplo, na apropriação e citação de músicas, temas musicais ou estilos musicais rearranjados, parodiados ou trabalhados por outros grupos ou compositores. É o caso do Carnaval dos Animais, de Saint Saëns, nas peças Tartarugas e Fósseis e no Kyrie da missa Réquiem, do Padre José Maurício Nunes Garcia. Qual seria o impacto do Carnaval dos Animais, de Saint Saëns, em sua época e na atualidade? Qual a intenção do Padre José Maurício ao desenvolver o Kyrie de sua Missa Réquiem baseado no tema do Kyrie da Missa de Réquiem de Mozart? Em que diferem as duas obras musicais e o que as aproxima? • No tocante às manifestações artísticas brasileiras na contemporaneidade e aos significados das produções locais, bem como suas influências em nossa sociedade, há o exemplo da sanfona, do acordeom ou gaita e os diferentes usos na música regional brasileira. Seus agentes, compositores e intérpretes se reconhecem e são reconhecidos como artistas e membros de um grupo social, identificados com uma região e com uma prática musical local cuja influência tem-se espalhado. • É o caso, por exemplo, das músicas e dos músicos Feira de Mangaio, de Sivuca (NE) e versão instrumental com o próprio Sivuca, Para ti Ponta Porã, de Dino Rocha (Centro-Oeste), interpretado pelo próprio sanfoneiro, Milongas para as missões, de Gilberto Monteiro, interpretada por Renato Borghetti (Sul), também com versão de Vítor e Léo, e Forró Classudo, de Toninho Ferragutti (Sudeste), interpretada por Toninho Ferragutti. A obra desses sanfoneiros retrata a diversidade cultural brasileira, unida pelo som da sanfona, enfatizando, entre outras, a função artística e social da música. • Influências culturais europeias e norteamericanas são encontradas em Kyrie, da Missa de Réquiem (CPM 185), do Pe José Maurício Nunes Garcia, Fado Tropical de Chico Buarque, Rock das Cachorras, de Léo Jayme, Você não soube me amar, da Blitz, Kaiowas, música do Sepultura. • Especificamente em relação ao Brasil, é pertinente analisar obras como A Parede da Memória, de Rosalina Paulino, Metamorfose Cultural, de Nelson Screnci e Adereços Cerimoniais, da tribo Kayabi, que ajudam a identificar, reconhecer e compreender a diversidade cultural, como ocorre também com as músicas Aboio, tema de Abertura do filme e do seriado Auto da Compadecida, de domínio público, Feira de Mangaio de Sivuca, Para ti Ponta Porã de Dino Rocha, Milongas para as missões, de Gilberto Monteiro, Forró Classudo, de Toninho Ferragutti, Subida do Morro, música de Moreira da Silva, Quereres, de Caetano Veloso. • Outra discussão importante diz respeito às questões ligadas às constantes mudanças sociais, econômicas, políticas e ambientais no mundo globalizado. No Almanaque Brasil Socioambiental 2008, os temas ambientais são trabalhados numa ótica que leva o leitor a relacionar o consumismo com uma mudança cultural, via processo de massificação, com consequências socioambientais. Por isso, tornase tão urgente discutir o modelo de desenvolvimento, o padrão de consumo, a distribuição desigual de riqueza e o padrão tecnológico da sociedade. • As obras Flor do Mangue, de Franz Krajberg, 1973, Eldorado de Nelson Screnci, 2001, e a música Matança, de Xangai, são exemplos contundentes da temática ambiental. • Assim, nesta etapa, os conceitos de indivíduo, cultura e mudança social são abordados em uma perspectiva sociológica. Todavia, atribuímos a esses conceitos novos significados por meio da articulação de outras áreas do conhecimento, de seus métodos e conceitos fundamentais, em uma abordagem dialógica, interdisciplinar.