Zona Sul do Rio - Guias de Turismo

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Zona Sul do Rio - Guias de Turismo
BAIRRO DE BOTAFOGO
O tradicional bairro de Botafogo nasceu em meio a uma guerra e, por pouco, quase
terminou na mesma ocasião. Com efeito, o Capitão-Mór e Governador Estácio de Sá
(1542-67) fundara a 1o. de março de 1565 a “Cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro”, na base do “Morro Cara-de-Cão”, na Urca, onde hoje existe o Centro de
Capacitação Física do Exército e Fortaleza de São João. Tal ato teve por fim não só
marcar a ocupação lusitana da Baía, descoberta pelos lusos em 1502 e até então presa
fácil de aventureiros, como também expulsar a colônia francesa intitulada “França
Antártica” que havia se estabelecido em 1555 onde hoje é a Ilha de Villegaignon.
No mesmo ano da chegada, em julho, Estácio começa a doar terras em regime de
sesmarias a colonos e agricultores para que desenvolvessem a região. Tais doações,
além de generosas, estavam livres de impostos e emolumentos, obrigando-se apenas ao
beneficiado medir suas terras e delas deixar registro na Câmara de Vereadores, bem
como desenvolver alguma cultura nelas.
Uma das primeiras doações foi, no entanto, para seu amigo particular, o futuro
Vereador, sesmeiro e “Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião”, o vicentino Antônio
Francisco Velho. Era uma doação deveras respeitável, pois abrangia toda a enseada das
futuras praias de Botafogo, Urca, Morro da Viúva e parte do Flamengo, até a altura da
casa “Carioca”, erguida em 1503 como uma malfadada feitoria lusitana num braço do Rio
Carioca, mais ou menos onde hoje é a Rua Cruz Lima, no Flamengo. As terras de
Francisco Velho abrangiam, portanto, áreas correspondentes hoje aos bairros de
Botafogo, Urca, Flamengo (parte), Humaitá e Lagoa (parte).
A doação constituía-se basicamente num vale, formado pelos morros que serão
batizados no século XVII de São João e Da. Marta, cortado por dois grandes rios: o
“Berquó” ou “Brocó”, próximo ao “Morro São João” assim chamado no final do séc. XVII
em lembrança de um dos proprietários locais, o Ouvidor Francisco Berquó da Silveira;
sendo o outro rio o “Banana Podre”, em grande parte canalizado e acompanhando o
trajeto da Rua São Clemente, estando a descoberto ainda em algumas propriedades.
Havia também uma Lagoa de restinga, ligada ao mar, onde hoje existe mais ou
menos a Rua Dezenove de Fevereiro (e que teima em virar lagoa quando chove muito...),
sendo, entretanto, a maior atração da doação a bela enseada de águas plácidas, tão
calmas que os franceses de Villegaignon chamavam-na de “Le Lac”(o Lago).
Os índios tamoios, primitivos habitantes, não se sensibilizaram com a beleza da
enseada, não lhe dando nome em especial. Chamavam Botafogo de “Itaóca”(casa de
pedra), em referência a uma furna que ainda existe onde hoje é o Humaitá(fica no final da
rua Icatu).
A partir de 1565, surge o primeiro nome português do local, a “Enseada de
Francisco Velho”. E por esse nome foi conhecida por mais de quarenta anos.
Francisco Velho era casado com Da. Ana de Moraes de Antas, de tradicional
família vicentina, vinda com Martim Afonso em 1532, e descendente de várias casas reais
européias. Em Portugal, a família era possuidora do tradicional “Paço de Antas”, daí o
sobrenome.
O casal teve ao menos uma filha, Da. Isabel Velho, casada com outro fundador do
Rio de Janeiro, Antônio de Mariz Coutinho, futuro Vereador e que entraria na literatura
romântica do séc. XIX como o pai de “Ceci”, do romance “O Guarani”, de José de Alencar.
Quando houve a expulsão dos franceses em março de 1567 e a transferência da
cidade para o Morro do Castelo, a família Velho passou a residir em morada erguida onde
hoje existe o imenso edifício neoclássico da “Universidade do Brasil”, na Avenida Pasteur,
antiga “Praia da Saudade”.
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Deve-se em boa hora lembrar que a topografia de então era bem diferente da
atual. Não existia a Praia Vermelha, nem o terrapleno onde hoje figura a Praça General
Tibúrcio. O Morro da Urca, junto com o Pão de Açúcar e o Cara-de-Cão formavam uma
ilha, separada do continente. O Oceano Atlântico comunicava-se diretamente com as
praias da Saudade e Botafogo. Somente em 1697 é que se fez o aterro que ligou a Urca
ao continente.
Curiosamente, Francisco Velho veio a ser nosso primeiro “seqüestrado” no Rio de
Janeiro, pois foi capturado em janeiro de 1567 pelos índios tamoios quando foi ao mato
cortar troncos para erguer a capela de São Sebastião. Velho foi rescaldado com vida
pelos portugueses, depois de épica batalha travada próximo ao que é hoje o Morro da
Glória, a 20 de janeiro de 1567, onde ocorreu espetacular embate entre cinco canoas
portuguesas e cento e oitenta tamoias, com vitória lusitana onde, ao que se diz, até o
próprio São Sebastião em pessoa apareceu para “dar uma mãozinha”. O embate entrou
para a história como a “Batalha das Canoas”.
Já bem idoso, Francisco Velho vendeu suas terras em 1590 ao seu colega de
aventuras, o alentejano de Elvas João Pereira de Souza Botafogo (1540?-1605),
sertanista famoso, e que deixara Portugal, ao que se diz, por embaraços financeiros. João
Pereira emprestaria seu nome em definitivo ao bairro, que se chamou Botafogo desde
então. O curioso é que possivelmente não era nome de nascença, mas sim apelido, muito
comumente dado em Portugal aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogo
manuais.
Portanto, os dois primeiros moradores do bairro já sofriam de velhos problemas
cariocas: seqüestro (Antônio Francisco Velho) e inadimplência (João Pereira de Souza
Botafogo).
UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA – RUA FERNANDO FERRARI, 75 – BOTAFOGO
A Ordem das Ursulinas foi fundada nos países baixos há quase cinco séculos por
Santa Ângela Merici. Em 1938, um grupo de freiras aportou ao Rio de Janeiro, cedendo
aos desejos do Papa Pio XI e do Cardeal D. Sebastião Leme. Vinham fundar uma escola
de professoras Católicas do Curso Secundário. Inicialmente se instalaram a 30 de
novembro daquele ano num prédio na Praia de Botafogo, 246. Em 1939 a Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Santa Úrsula é autorizado a funcionar. Pelo
Decreto 8.057, de 14 de outubro de 1941, a Faculdade foi reconhecida e pôde realizar em
dezembro seguinte a colação de grau da 1a. turma de Bacharéis. Sete anos depois, foi
inaugurado o novo edifício, hoje denominado de no. 1; na Rua Fernando Ferrari. Vinte
anos depois, o arquiteto Edgar de Oliveira da Fonseca ergueu um novo prédio, hoje
batizado de no. 2, para que a instituição passasse a funcionar como Universidade. Hoje
são seis prédios, sendo o último inaugurado em 1982.
A Universidade Santa Úrsula começou com os cursos de Filosofia, Ciências,
Letras, Geografia e Educação. Hoje, oferece, além destes, outros diversos cursos nas
áreas de graduação e pós-graduação, sendo alguns de excelência, como Biologia e
Arquitetura. Alguns de seus professores estão entre os melhores profissionais em sua
especialidade. Diversos alunos conquistaram reconhecimento nacional em suas
atividades. Entretanto, a crise que se abateu sobre o ensino e, em especial, o ensino
superior na década de 80 não poupou a instituição, que hoje trabalha com uma fração de
alunos se comparado com seu período áureo, dos anos 70.
O prédio no. 1 é tombado pela Municipalidade.
MONUMENTO A CHAIM WEIZMANN – RUA FARANI – BOTAFOGO
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Cientista e político. Nasceu em Pinsk, na Rússia Branca, em outubro de 1874.
Ainda jovem fugiu da perseguição czarista, indo para a Alemanha, onde se iniciou em
seus estudos de química, depois concluídos em Montreux, Suíça.
Em 1904 foi nomeado professor de química biológica na Universidade de
Manchester, e, mais tarde, em 1916, tornou-se diretor dos laboratórios de química do
Almirantado Britânico. Durante a 1a. Guerra Mundial, descobriu um novo método de
produzir acetona e álcool butílico, uma fórmula contra gases venenosos e o emprego da
fermentação de bactérias, para a fabricação de explosivos, inclusive a cordite; tudo isso
contribuiu eficazmente para a vitória dos aliados. Durante a 2a. Guerra Mundial foi
conselheiro químico honorário do Governo de Sua Majestade e orientou o Governo dos
Estados Unidos na produção de borracha sintética. Fundou em 1934 o Instituto de
Pesquisas Sieff, em Rehovoth e, em 1949, o Instituto de Ciências de Israel.
No entanto, Weizmann foi acima de tudo um líder político. Ao abandonar a pátria,
dirigiu-se logo para a Basiléia, onde se realizava o 1o. Congresso Sionista e lá conheceu a
lendária figura de Theodor Herzl, novo Messias do povo judaico. Ainda como estudante
tornou-se o centro de discussões e estudos sobre problemas sionistas. Quando, depois
da 1a. Guerra Mundial, o governo inglês quis recompensá-lo por suas valiosas
contribuições à causa britânica, pediu: “Dêem um lar nacional ao meu povo”. Como
resposta, obteve a declaração de Balfour, que dizia: “O Go verno de Sua Majestade
encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo
judaico e envidará todos os esforços para alcançar este fim.”
Em 1918 encabeçava a Comissão Sionista na Palestina, lançando a pedra
fundamental da Universidade Israelita em Jerusalém, que inauguraria em 1925.
Em 1922, esteve presente à ratificação do Mandato da Palestina pelo Conselho da
Liga das Nações, em Londres.
Em 1948, quando foi proclamado o Estado Judeu da Palestina, não precisou lançar
sua candidatura para presidente do novo Estado de Israel. Ela impôs-se por si mesma,
como uma conseqüência lógica e natural recompensa àquele que tanto sofreu e lutou até
ver concretizado seu ideal: “Um lar para o seu povo”.
Reeleito Presidente em 1951, Weizmann morreu no ano seguinte, a 29 de
novembro de 1952, em Rehovoth, centro de um magnífico instituto de pesquisas
científicas que ele mesmo fundara.
Em 29 de novembro de 1962, o Governador Carlos Lacerda inaugurou numa praça
da Rua Farani, em Botafogo, o monumento em sua homenagem, herma em bronze do
artista Carlos.
RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA E RUA SÃO CLEMENTE
Esta rua foi aberta em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, Marquês dos
Leões, comerciante português monarquista, e que igualmente abriu em suas terras, na
mesma ocasião, a rua Real Grandeza, Marques e o Largo dos Leões, onde residia. O
primitivo nome foi rua de São Joaquim da Lagoa, seu santo onomástico. Em sessão,
porém, de 13 de maio de 1870 e proposta do Sr. Presidente Barroso Pereira, deu-lhe a
Ilustríssima Câmara Municipal a denominação de rua dos Voluntários da Pátria, em
homenagem aos brasileiros que se alistaram voluntariamente na guerra de 1864/70
contra o governo do Paraguai.
Antigamente, a rua não possuía saída e terminava pouco além da travessa (hoje
rua) Marques, mas a companhia de bondes Botanical Garden Rail Road, fundada pelo
engenheiro americano Charles B. Greenough, adquiriu muitos terrenos em 1868 e a
prolongou em 1870/71 até o Humaitá.
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A rua São Clemente, aberta no século XVII, era o logradouro da fidalguia, onde
residiam os grandes barões do café. Nela moraram nos anos setenta do século XIX, o
Barão de Aze vedo, Antônio José de Azevedo Machado (no. 5); o Barão do Rio Bonito,
José Pereira Darrigue Faro (no. 135); o Segundo Conde de Itaguaí, Antônio Dias Pavão
(no.24); o Primeiro e Segundo Barões da Lagoa(no.98, hoje Casa de Rui Barbosa, atual
134); o Segundo Barão de Vargem Alegre, Luiz Octá vio de Oliveira Roxo(no. 106); o
Barão de Oliveira Castro, José Mendes de Oliveira Castro(no. 146); e outros. Também
residiram na São Clemente o Vice Rei Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito; o
Barão de Vassouras, Francisco José Teixeira Leite; o Barão de Macaúbas, Abílio César
Borges(ambos onde hoje é a praça Barão de Macaúbas, na subida da favela Santa Marta;
o Barão de Werneck(na esquina de Dezenove de Fevereiro) e o Marquês de Tamandaré
(onde hoje é a rua Guilherme Guinle); bem como vários fidalgos, comendadores e
ministros (Rui Barbosa, Lafaiette Rodrigues Pereira, etc.) ou seus parentes próximos.
Na Voluntários, por sua vez, era a rua dos grandes comerciantes e pequenos
nobres. Nos últimos anos do Império, no 01 morou o engenheiro e empresário André
Steel, dono de fábrica de tecidos na Lagoa; no 15, morou o comerciante José Joaquim
Costa Pereira Braga, dono de fábrica de chapéus, na Tijuca; no 49, o Visconde de
Caravelas, único grande nobre da rua, ex-regente do Império; no 119, o mercador de
escravos José Bento Rodrigues Callau; fora eles, muitos comendadores portugueses,
comerciantes enriquecidos e empresários em ascensão. Na República, continuar-se-ía
com os portugueses enriquecidos, comendadores e donos de estabelecimentos
comerciais.
Ainda no Império, era na Rua Voluntários que se encontrava um incipiente
comércio, representado pela padaria do português Antônio Antunes Guimarães, no 121,
ao lado da Matriz de São João Batista; uma botica do também português João da Silva
Teixeira, no72, e uma cocheira de burros, da Botanical Garden, no 90, onde hoje é o
Hortomercado da Cobal. Fora isso, existiam quartos para alugar no 5 (cinco quartos); 2
(quatro quartos); 14 (trinta e um quartos); 44 (três quartos) e 74 (idem); todos esses
quartos eram negócios de portugueses.
Na República, foi grande proprietário de imóveis na Voluntários o Comendador
Português e comerciante João Manuel Magalhães, que morava em extensa chácara (no
127). Um outro português fundaria o mais famoso bar da Voluntários, o “Sereia”, no lado
par, esquina da praia (fechou as portas em 1966, depois de 50 anos lá. Aliás, Botafogo
era o bairro dos bares de portugueses, tradição que ainda se mantém e pelo qual é
famoso. Hoje surgiram os restaurantes finos e os de fast-food, que convivem
harmoniosamente com seus colegas lusitanos mais antigos.
A mais antiga farmácia homeopática era a Nóbrega, existente desde princípios do
século XX (recentemente reformada, logo depois do Sereia). As mais tradicionais
padarias da rua eram de um português monarquista: Imperial e Bragança, uma em frente
à outra, na esquina de Voluntários com Real Grandeza. Ambas fundadas em 1922, só
sobrevivendo a Imperial. O Mais antigo supermercado foi o Gaio Marti, na esquina de
Voluntários com Mariana, lado ímpar. Logo depois era a Casas da Banha. Ambos
existiam desde os anos trinta. O primeiro fechou as portas nos anos setenta. O segundo
ainda é um supermercado. O primeiro Supermercado moderno, o Disco, foi fundado há
quarenta e cinco anos quase em frente. Hoje é um estacionamento e, em breve, um
prédio. Em 1962 surgiu depois da Matriz, no lado ímpar, o “Charque”, hoje Sendas.
Da rua Sorocaba até a da Matriz, e xistem ainda muitas lojinhas que resistem
estoicamente ao progresso: armarinhos, papelarias, lojas de modas, farmácias,
sapatarias, discos, açougues (lá existe um, pré-histórico, com açougueiro português e
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tudo), brinquedos, plásticos, e outras de miudezas mil, aliás, moda que voltou com força,
com as lojinhas de 1,99.
Foram famosos os cinemas da Voluntários. Eram três. Dois sobrevivem, como
cinemas de cult-movie (Estação 1 e 2). O terceiro era quase na esquina de Real
Grandeza, lado ímpar, e fechou as portas em 1968. Bairro com poucas livrarias no
passado (só papelarias e uma pequena livraria perto da Cobal), hoje tem várias perto dos
cinemas e quase no Humaitá. Duas bancas de jornais, entretanto, oferecem tanto quanto
as melhores livrarias da cidade: a do Metrô, na esquina de Voluntários com Nelson
Mandela, e a 19, do Wellington, na esquina de Voluntários com 19 de Fevereiro, que além
de ser uma verdadeira livraria, tem de tudo um pouco, de doces à camisinha e é uma
fortaleza, com telefone, Internet, ar condicionado, sistema de som e circuito interno de
televisão com microcâmeras e o escambau (sorria! Você está sendo filmado...).
Em 1977, o então Prefeito Marcos Tamoyo decretou que Botafogo seria o novo
Centro do Rio. Desestimular-se-ía o comércio horizontal, privilegiando o vertical, próximo
às estações do Metrô. Vinte e três anos, sete prefeitos e três shoppings depois, o
comércio horizontal do bairro dá mostras de extrema vitalidade, renovando-se
constantemente, atravessando crises imensas, mas sem dar a entender que vai acabar
tão cedo.
O PADRE CLEMENTE E A RUA SÃO CLEMENTE
Em 17 de janeiro de 1628 era batizado na Igreja Matriz de São Sebastião, no Morro
do Castelo, o inocente Clemente Martins de Matos, segundo filho do Capitão e Vereador
Ál varo de Matos, e de Da. Marta Filgueira. Foram padrinhos os avôs maternos, D. Antônio
Martins Palma e Da. Leonor Gonçalves, o casal que em cumprimento de uma promessa
edificou a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, em 1609.
Como era costume naqueles tempos, o filho mais velho herdava a profissão do pai,
ficando Clemente destinado a ser padre, profissão de muito prestígio, haja vista ser a
igreja ligada ao estado. Clemente, ainda adolescente, foi matriculado em seminário
lisboeta. Lá não completaria seus estudos, sendo expulso, ao que se consta, por ter se
envolvido com mulheres. Com ajuda do avô rico e do pai, Capitão e Vereador, terminou
Clemente seus estudos num seminário em Roma, voltando ao Rio por volta de 1650 como
padre, mas pobre como um monge.
Por influência familiar, logo Clemente abiscoitou importantes cargos no cabido da
Sé, sendo nomeado Vigário Geral, Arcediago e Tesoureiro-Mór (naqueles tempos, todo
cargo importante no Brasil era obtido por “pistolão”), atividades bem remuneradas e de
grande projeção pessoal, principalmente depois de 1676, pois nesse ano foi criado o
bispado do Rio de Janeiro, sendo Clemente a figura logo abaixo do Bispo, substituindo-o
em suas ausências.
Como tesoureiro, Padre Clemente foi um desastre, pois durante sua gestão deixou
o velho prédio da Sé cair aos pedaços, a ponto de ser interditado e finalmente
abandonado em 1703. Entretanto, Clemente ficou rico o suficiente para adquirir em
c.1680 a sesmaria de Botafogo, cujas terras tinham como limite a enseada de Botafogo, a
“Lagoa de Sacopenapã” (rebatizada em 1703 para Rodrigo de Freitas, seu dono), bem
como os morros que depois se chamarão de São João e Santa Marta. Fundou Clemente
a “Fazenda do Vigário Geral”, ou de “São Clemente”, numa imodesta homenagem ao seu
santo onomástico. Não satisfeito, ergueu em suas terras uma capela dedicada à São
Clemente, que existiu até o princípio do século XX no final da Rua Viúva Lacerda. Como
se fosse pouco, abriu Clemente um caminho da enseada de Botafogo até sua capela,
caminho batizado de ...São Clemente!
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Em homenagem à sua veneranda mãe, que morreu no Rio de Janeiro em 1698 aos
92 anos (idade excepcional para a época), Clemente batizou o morro circundante de suas
posses como “Morro Dona Marta”. Nome que ficou até época recente. Em 1980, os
favelados da “Favela Dona Marta”, surgida em 1930 e hoje uma das mais conhecidas na
cidade, em comum acordo, rebatizaram o morro para “Santa Marta”, o que deve muito ter
agradado o Padre Clemente, esteja ele onde estiver.
Padre Clemente faleceu a 8 de junho de 1702, aos 74 anos, sendo velado e
enterrado na Igreja Matriz que tanto se descuidara enquanto tesoureiro. No ano seguinte,
o Bispo Frei Francisco de São Jerônimo transferiria a Sé da arruinada Igreja de São
Sebastião para a Capela da Santa Cruz dos Militares, na “Rua Direita”, atual Primeiro de
Março.
Herdou as terras de Botafogo o irmão de Clemente, Francisco Martins, que vendeu
as terras em 1606 ao casal Afonso Fernandes e Domingas Mendes, os quais deviam
gostar de praia, pois no mesmo ano adquiriram da Câmara as terras que iam do Leme ao
Leblon. Em 1609 Da. Domingas, já viúva, doou todas suas terras à Câmara dos
Vereadores, tendo esta arrendado tudo ao Governador Geral Martim de Sá, que não
esquentou com elas. A orla oceânica ele arrendou em 1611 ao dono do “Engenho de
Nossa Senhora da Conceição da Lagoa”, Sebastião Fagundes Varela, que destinou a orla
ao pasto de suas vacas, que ruminavam entre cajueiros, pitangueiras e ananases.
Quanto às terras de Botafogo, foram arrendadas ao casal Pedro Fernandes Braga
e Da. Bárbara Corrêa Xavier, que a retalharam toda e venderam os lotes.
Nada de importante se fez nelas até 1808, quando, com a chegada da Côrte
portuguesa, Botafogo torna-se bairro da nobreza. Em 1819 as terras correspondentes à
maior parte da Rua São Clemente foram compradas por D. Marcos de Noronha e Brito,
Conde dos Arcos, último Vice-Rei do Brasil, que ganhou muito dinheiro com elas,
loteando-as e vendendo a outros nobres.
CAPELA DO CALVÁRIO – RUA SÃO CLEMENTE, 23 – BOTAFOGO
Sobrado eclético constando de térreo e dois pavimentos, erguido em c. 1910. A
originalidade consiste na utilização de elementos decorativos que simulam um castelo
medieval, tais como duas torres com ameias, seteiras, acabamento em massa simulando
pedra, etc. No segundo pavimento, instalou-se recentemente a igreja evangélica Capela
do Calvário.
O sobrado foi tombado pela Municipalidade em 2.001.
RESTAURANTE BISMARQUE – RUA SÃO CLEMENTE, 23-A – BOTAFOGO
Um dos mais tradicionais restaurantes de Botafogo, o Bismarque existe desde
1960 no mesmo local, um pequeno e espremido prédio art-déco da década de 40. Sua
culinária brasileira é famosa e o restaurante é disputado no horário de almoço.
Internamente, nada apresenta de notável, exceto um quadro sobre a parede da copa,
retratando o Premier Otto Von Bismarck, aportuguesado para “Bismarque”.
ESTAÇÃO DO METRÔ – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGO
Inaugurada em 1o. de setembro de 1981, pelo Presidente João Batista de Oliveira
Figueiredo, o Ministro dos Transportes Mário David Andreazza e o Go vernador Antônio de
Pádua Chagas Freitas. O projeto da estação, cuja construção se arrastou por dez anos, é
muito pobre e ainda hoje incompleta, é do arquiteto Sabino Barroso. Por mais de 15 anos
foi a estação terminal do Metrô Zona Sul, até ser inaugurada a Estação Cardeal
Arco verde, em Copacabana. Ainda em 1981, logo depois de inaugurar a linha 1 do metrô,
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com 56 km de extensão, o então Presidente Figueiredo teve um princípio de enfarto,
necessitando ser internado às pressas.
MERCADO POPULAR DE BOTAFOGO – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGO
Criado em 1995 pelo Prefeito César Maia, foi a opção encontrada para conter o
surgimento desordenado de camelôs que ocuparam as calçadas desse trecho de rua. São
mais de sessenta barracas padronizadas em metal e na cor verde. Há desde vendedores
de miudezas, de alimentos, livros novos e usados e até uma banca de salão de
barbeiro/cabeleireiro, completa.
IGREJ A UNIVERSAL DO REINO DE DEUS – RUA SÃO CLEMENTE, 72 – BOTAFOGO
Entre as décadas de 1960 e 80 ali existiu uma famosa loja de móveis, a
Montmartre Jorge. Em fins dos anos 80 foi comprada e demolida, sendo erguida em seu
lugar a nova Igreja Universal do Reino de Deus. Construída em concreto, granito e vidro
espelhado, com 2.000 lugares, é o maior templo não católico de Botafogo.
CENTRO DE ARQUITETURA E URBANISMO – RUA SÃO CLEMENTE, 117 –
BOTAFOGO
É um típico casarão residencial das famílias abastadas do século XIX. Este aqui,
no caso, foi erguido em 1879 para residência de Joaquim Fonseca Guimarães, um dos
criadores do Bairro de Santa Teresa. Na fachada, bem proporcionada, destacam-se os
trabalhos de cantaria, a escada com duplo acesso em posição incomum, os motivos
decorativos e a serralheria.
Durante décadas a casa abrigou o tradicional Colégio Jacobina, depois, Faculdade
de Educação Jacobina. Entrou em decadência em fins da década de 70, sendo fechado e
tendo a parte dos fundos demolida. Após ter sido tombada em 1987, foi reformada em
1997 para receber o Centro de Arquitetura e Urbanismo, da Prefeitura da Cidade do Rio
de Janeiro.
A casa é tombada pela Municipalidade.
FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA - RUA SÃO CLEMENTE, 134 - BOTAFOGO
Majestosa residência neoclássica erguida em 1849-50 pelo nobre português Barão
da Lagoa. Foi depois residência de seu genro, o segundo Barão da Lagoa, passando às
mãos de outro português, o Conselheiro Albino José de Siqueira, que reformou a casa
sem alterá-la. Depois pertenceu ao negociante inglês John Roscoe Allen e este a vendeu
em 1893 ao Conselheiro e advogado Rui Barbosa. Reformada e ampliada de 1893 a 97
pelo engenheiro italiano Antônio Januzzi que dotou-a de uma decoração interna em gosto
eclético italianizante, foi residência da família até a morte de seu proprietário em fevereiro
de 1923. Vendida ao Governo Federal em 1927, foi transformada em casa-museu, a
primeira do país, inaugurada pelo Presidente Washington Luís em 1930, destinada a
preservar a memória de seu mais ilustre morador. No Museu, existe ainda o rico mobiliário
e peças de arte, espalhadas pelos salões e quartos do térreo e sobrado, bem como a
biblioteca particular de Rui, com mais de 36 mil livros. A casa é dotada de amplo jardim,
que se converteu numa das áreas de lazer principais do bairro de Botafogo. Em 1966 foi
convertida em Fundação, sendo construído em 1972 o anexo moderno nos fundos do
amplo terreno, abrigando ali vasta biblioteca com mais de 100 mil títulos, arquivo,
videoteca, salas de conferências, exposições e auditório. Possui lojas para venda de
publicações e uma biblioteca infantil.
Quanto ao solar, de linhas neoclássicas, batizado por Rui de “Villa Maria Augusta”,
em homenagem à sua esposa, é tombado pelo IPHAN.
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GRANDES AMORES DA ZONA SUL - RUI BARBOSA E MARIA AUGUSTA
Rui Barbosa nasceu em Salvador, Bahia, a 05 de novembro de 1849. Jovem
brilhante, distinguiu-se já em seus estudos para advocacia na Escola do Largo de São
Francisco, em São Paulo. Jornalista, abolicionista e defensor dos direitos individuais do
cidadão, foi prócer da Abolição e figura destacada na República, não só como ministro da
fazenda e como autor da Constituição de 1891, assim também, como representante do
país na Conferência Internacional de Haia, na Holanda em 1908, onde se distinguiu.
Rui casara-se a 23 de novembro de 1876, depois de longo e epistolar noivado, com
Da. Maria Augusta Vianna Bandeira, casamento feliz que lhe deu dois filhos, João e
Alfredo; e três filhas: Maria Adélia Batista Pereira, Francisca Airosa e Maria Vitória Guerra
”Baby”.
Até 1893 Rui, apesar de ministro e homem importante, morava em casa alugada.
Neste ano, adquire do cidadão inglês John Roscoe Allen, por grande quantia paga em
duas promissórias, a enorme propriedade da rua São Clemente, que fôra erguida para o
Barão da Lagoa em 1850, cercada com enorme parque extenso de 10.000 m2.
Contratou o engenheiro arquiteto e amigo Comendador Antônio Januzzi para
reformá-la, mas teve de ficar distante haja vista ter se incompatibilizado com o governo do
Marechal Floriano Peixoto, quando teve de se exilar na Europa. Tendo retornado em
1897, passou a residir na rua São Clemente, cercado pela família e pelos livros (36.000!).
Nos jardins, mantinha extenso roseiral.
Cansado das lides políticas e dos falsos amigos, Rui residiu seus últimos dias em
Petrópolis, onde faleceu cercado pela esposa que tanto amava e filhos, no dia 01o. de
março de 1923.
Ainda em 1897, batizou sua nobre morada de “Villa Maria Augusta” em
homenagem à esposa, com quem viveu em idílio por mais de 46 anos.
UNIVERSO ATHLETICO – RUA SÃO CLEMENTE, 155 – BOTAFOGO
Grande casarão em estilo eclético, erguido em fins do século XIX para fins
residenciais. Por muitos anos sediou a Associação Sholen Aleichen de Cultura e
Recreação, com sua famosa biblioteca sobre assuntos hebraicos. Posteriormente veio a
sediar a Academia de Dança de Jayme Arôxa e a Academia de Ginástica Universo
Athlético. Sua entrada lateral igualmente dá acesso ao curso pré-vestibular A. D. N.
O prédio foi tombado pela Municipalidade em 2.001.
EDIFÍCIO BARÃO DE LUCENA – RUA SÃO CLEMENTE, 158 – ESQUINA DE RUA
BARÃO DE LUCENA – BOTAFOGO
Em 29 de março de 1930 o Prefeito Antônio Prado Júnior mandou desapropriar as
casas de nos. 148 e 158, na Rua São Clemente, com vistas a abrir uma nova rua de
acesso. Como a residência de no. 158 tinha sido até 1913 a moradia do Barão de Lucena,
a nova via foi assim batizada. Em 1931 era inaugurado no lote do antigo no. 148 o edifício
de apartamentos Barão de Lucena, em estilo art-déco, com fachada dando para a Rua
São Clemente e garagem, lazer e serviços com acesso pela nova rua.
BARÃO DE LUCENA – DADOS BIOGRÁFICOS
Henrique Pereira de Lucena, político, nasceu em 1835 na cidade de Bom Jardim,
Pernambuco. Formou-se em direito no Recife, onde foi delegado de polícia. Foi chefe de
polícia e desembargador honorário no Ceará, e Presidente das províncias de
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. Deputado Geral,
Presidente da Câmara dos Deputados, Ministro da Agricultura e da Fazenda, estes
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últimos já na República, em 1891, no Governo do Marechal Deodoro da Fonseca. Depois
foi Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Faleceu na sua casa de Botafogo em 1913.
IDORT – RUA SÃO CLEMENTE, 175 – ESQUINA DE RUA DEZENOVE DE FEVEREIRO
– BOTAFOGO
O antigo palacete residencial da Família Ozório onde hoje funciona o Instituto de
Organização Racional do Trabalho/IDORT, instituição fundada em 1931; ocupa o centro
de um grande terreno.
A ornamentação Luís XVI articula-se com elementos classicizantes nesse projeto
de 1926, do arquiteto francês Marmorat. No interior há um espaço com pé direito duplo
iluminado por lanternim de vidro. Os quartos de “criados” são incorporados à edificação
principal. No térreo, pequeno elevador, interligando as dependências íntimas do nível
superior às sociais e de serviço, completa o interesse desta residência.
O palacete IDORT é tombado pela Municipalidade desde 2.001.
VILLA GAUHY – RUA SÃO CLEMENTE, 176 – BOTAFOGO
Grande vila de casas de sobrados constando de uma casa dando para a rua, arco
de entrada e avenida de sobrados. Apesar de fundada em 1888, no início do processo de
ocupação de Botafogo por esse tipo de condomínio habitacional, todas as casas já trazem
a marca de uma grade reforma na década de 30, que lhes deram um vocabulário artdéco. Em 1953, num prédio em frente à vila, surgiu a Escola de Samba Unidos de São
Clemente.
PALACETE LINNEU DE PAULA MACHADO – RUA SÃO CLEMENTE, 213 – ESQUINA
DE RUA DONA MARIANA – BOTAFOGO
Magnífica residência senhorial, em estilo renascentista francês, construída em
1910 para a família de Linneu de Paula Machado pelo arquiteto Aramando da Silva Telles,
o mesmo projetista do Palácio Laranjeiras. Destaca-se pela implantação, ao centro de um
amplo terreno gramado e fartamente arborizado, o qual ia originalmente até a Rua
Voluntários da Pátria!
É notável a elegante porte-cochère aterraçada, o telhado em mansarda e torreão
central em ardósia. Uma ala de serviço, do lado direito da casa, foi acrescentada
posteriormente, mas obedecendo ao estilo original e ainda em vida de seu primeiro
proprietário. Presentemente, em 2.004, ainda serve de residência ao Sr. Francisco
Eduardo de Paula Machado.
O Palacete Linneu de Paula Machado é tombado pela Municipalidade.
COLÉGIO SANTO INÁCIO – RUA SÃO CLEMENTE, 226 – BOTAFOGO
O Colégio dos Jesuítas foi fundado por Nóbrega e Anchieta no Morro do Castelo,
em 1567. Durante o período colonial, foi não só a primeira instituição de ensino do Rio de
Janeiro, como a que mais se aproximou de uma escola de cursos superiores no Brasil,
com aulas de Filosofia e Teologia em cursos abertos a religiosos e leigos. Em dezembro
de 1759, o Colégio do Rio, bem como todas as instituições jesuíticas no país, foram
fechadas por ordem da Metrópole, insuflada por tenaz perseguição movida pelo Marquês
de Pombal.
O prédio do velho Colégio dos Jesuítas foi convertido em hospital militar e, no
século XIX, no Hospital São Zacarias, administrado pela Santa Casa de Misericórdia.
Entre 1920/22, tanto o prédio e capela como o Morro do Castelo foram arrasados por
ordem do Prefeito Carlos Sampaio. No terceiro quartel do século XIX, a Companhia de
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Jesus voltou a se estabelecer no Brasil, tendo fundado o Colégio Anchieta, em Nova
Friburgo, mas o sonho de tornar a ter um colégio na Capital teve de esperar o século XX.
A 10 de julho de 1903 tinha início na Rua São Clemente, 132 (hoje 226), com nove
alunos do curso preliminar, e anexo à Residência dos Padres Jesuítas o Externato Santo
Inácio. A Igreja de Santo Inácio, anexa ao Colégio, foi edificada em duas etapas,
respectivamente a partir de 1909 e 1924, sob os planos dos mestres italianos Sartorio,
Vidal Gomes e Armollini. A igreja tinha planta primitiva em cruz de braços iguais. Em
1934, ao ser ampliada em direção à rua constituiu um corpo alongado de três naves.
Na nova fachada de feição italiana, as colunas coríntias e o frontão conferem
monumentalidade à composição relativamente simples. Com o arrazamento do Morro do
Castelo, algumas portas do velho colégio jesuítico colonial foram incorporadas à nova
fachada. O Colégio ao lado possui um claustro eclético, erguido na década de 20/30, mas
em 1967 foi adicionada uma nova fachada moderna, que esconde o conjunto.
No hall do novo colégio, subsistem três imagens em tamanho natural de um
calvário barroco em madeira policromada, oriundas da antiga capela do Morro do Castelo.
Dentro do colégio funciona outra pequena capela, de uso doméstico.
A Igreja de Santo Inácio é tombada pela Municipalidade.
APARTAMENTOS GEORGE – RUA SÃO CLEMENTE, 241, 243 E 245 – BOTAFOGO
Apesar do nome, é uma elegante vila de casas com vocabulário da arquitetura
campestre inglesa, projetada e construída em 1930, pelo Engenheiro Haroldo Lisboa da
Graça Couto.
Os Apartamentos George são tombados pela Municipalidade desde 1987.
ANTIGA RESIDÊNCIA JOPPERT- RUA SÃO CLEMENTE, 248 – BOTAFOGO
Enorme residência em estilo eclético, erguida no início do século XX pelo famoso
engenheiro Maurício Joppert para sua moradia e de seus familiares. Vendida ao Colégio
Santo Inácio por módico valor em 1940, foi então adaptada para sediar a Pontifícia
Universidade Católica.
A idéia de uma universidade católica já havia sido levantada em 1866 pelo Senador
Cândido Mendes de Almeida, mas foi somente em 1934, durante o 1o. Congresso
Católico Brasileiro de Educação que o Cardeal Leme organizou uma comissão para
estudar a criação da nova instituição. Em 14 de novembro de 1938, o Papa Pio XII
confiava ao Cardeal a missão de fundar uma universidade cristã no Rio de Janeiro. A 15
de março de 1941 o Cardeal Leme entregou aos padres Jesuítas a recém fundada
“Sociedade Civil Faculdades Católicas”, com os cursos de Direito e Filosofia, instalados
na antiga residência Joppert. A 1o. de dezembro de 1942 os dois cursos foram
reconhecidos pelo Governo. Em 1943 foi fundada a escola Social Masculina. Finalmente,
pelo Decreto 21.968 de 21 de outubro de 1946, surgiu oficialmente a Universidade
Católica, tornada Pontifícia pela Santa Sé a 20 de janeiro de 1947. A partir de 1949 os
cursos foram sendo transferidos para o novo endereço da Gávea, na Rua Marquês de
São Vicente. Hoje no casarão funcionam apenas dependências do Colégio Santo Inácio.
Entretanto, meses antes, a 3 de setembro de 1948, morrera seu fundador, o Padre
Leonel Franca.
A residência é tombada pela Municipalidade.
PADRE LEONEL FRANCA – DADOS BIOGRÁFICOS
Leonel da Silveira Franca nasceu a 7 de janeiro de 1893 em São Gabriel, Rio
Grande do Sul. Entrou na Companhia de Jesus em 12 de novembro de 1908, e foi
ordenado sacerdote em Roma a 26 de julho de 1923, onde fizera seus estudos de filosofia
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e teologia. Após a profissão solene em 1926 trabalhou no Rio até a morte, para conseguir
implantar a PUC, o que logrou obter pouco antes de seu prematuro falecimento aos 55
anos.
ANTIGA RESIDÊNCIA PORTO D`AVE – RUA SÃO CLEMENTE, 265 – ESQUINA DE
RUA SOROCABA – BOTAFOGO
Casarão residencial em estilo neocolonial português, construído em c. 1935 num
espremido lote de esquina. Projeto e construção do arquiteto português A. Porto D`Ave,
famoso nas décadas de 20 e 30, para sua morada pessoal. Hoje ali funciona uma loja de
confecções de uniformes e trajes de trabalho, bem como de roupas comuns.
A casa foi tombada pela Municipalidade em 2.001.
COLÉGIO ISRAELITA BRASILEIRO A. LIESSIN – RUA SÃO CLEMENTE, 275/7 ESQUINA DE RUA SOROCABA – BOTAFOGO
O Colégio Liessin foi fundado em 1945 e instalado na Rua Barão de Itambi, 14,
com a finalidade de difundir a cultura universal, além da religião e da tradição israelitas.
Em 1951 mudou-se para a Rua das Laranjeiras e em 1957 transferiu os cursos infantil,
pré-primário e primário (até 4a. série) para a Rua Visconde de Ouro Preto, 46, onde, mais
tarde, passaram a funcionar os demais cursos.
Adquirido em 1965, o prédio sofreu reformas e, em 1975, em virtude de
desapropriação para as obras do Metrô, o colégio transferiu-se para a Rua São Clemente,
277, estendendo-se depois para o 275 (antigo Curso Oswaldo Aranha). Com o
crescimento do colégio, foram comprados também os prédios da Rua Sorocaba, 80 e 90.
Os alunos do A. Liessin, em atividades extra-curriculares, tem acesso desde 1986
ao uso do computador, então um pioneiro nesse recurso didático.
Além da instalação dos conselhos de classe, o Colégio oferece aos alunos a
vantagem de horário integral em caráter optativo.
Em 1986, dez anos após a transferência para a nova sede, o A. Liessin teve 1.205
alunos matriculados em seus diversos cursos: do jardim ao 2o. grau; Formação de
Professores e Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas.
A sede principal do colégio, na Rua Sorocaba, foi tombada em 2.002 pela
Municipalidade.
PALACETE FOREVER LIVING PRODUCTS – RUA SÃO CLEMENTE, 284 –
BOTAFOGO
Antiga residência senhorial do Coronel Severino Pereira da Silva, dono de diversas
indústrias, dentre elas a Fábrica Aliança, em Laranjeiras e a Fábrica de Cimentos Mauá,
ambas extintas. A casa mal se pode ver da rua. Edificada nos anos 10 originalmente para
servir de residência familiar do Ministro da Viação e Obras Públicas, o baiano Miguel
Calmon Du Pin e Almeida, que nela faleceu em 1935. É uma composição de referências
estilísticas variadas com rica decoração interna implantada num grande terreno com
notável ambientação paisagística.
O palacete e seu parque são tombados pela Municipalidade.
MIGUEL CALMON – DADOS BIOGRÁFICOS
Miguel Calmon Du Pin e Almeida, nasceu na Bahia em 1879. Formado em
engenharia, foi Ministro da Viação e Obras Públicas quando foi o Presidente Afonso Pena,
no período de 15 de novembro de 1906 a 18 de junho de 1908. Quando Ministro, realizou
na Praia Vermelha a famosa Exposição Nacional destinada a comemorar o Centenário da
Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas (1808-1908). Por sua experiência, foi
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depois chamado por Epitácio Pessoa para chefiar a Comissão da Exposição Internacional
do Centenário da Independência do Brasil, em 1922.
Faleceu em 1935, na sua casa de Botafogo. Era tio do famoso educador Pedro
Calmon Muniz de Bittencourt.
PINAKOTHEKE – RUA SÃO CLEMENTE, 300 – BOTAFOGO
A residência que hoje abriga a Editora PINAKOTHEKE é um exemplar austero e
tardio de um ecletismo classicizante, em que a decoração das fachadas restringe-se a
poucos elementos apostos ao volume quase prismático do edifício. O projeto geral, bem
como a construção, foram realizados por Eduardo V. Pederneiras e datam de 1929. O
acesso principal lateral é desprovido de ênfase.
A residência PINAKOTHEKE é tombada pela Municipalidade desde 2.001.
PRAÇA BARÃO DE MACAÚBAS – ENTRE AS RUAS BARÃO DE MACAÚBAS,
FRANCICO DE MOURA E SÃO CLEMENTE – BOTAFOGO
Local onde existiu, de 1850 a 1884, a residência de Francisco José Teixeira Leite,
Barão de Vassouras (1804/84). Posteriormente nela residiu o Dr. Abílio César Borges,
Barão de Macaúbas (1824/91). Médico e notável educador, era o fundador do Colégio
Abílio, na Praia de Botafogo. O Prefeito Henrique Dodsworth mandou pôr abaixo a velha
casa arruinada ali existente e criou a praça, batizada com esse nome pelo Decreto 6.560,
de 28 de outubro de 1939. Tornou-se a principal área de lazer dos moradores da Favela
Santa Marta, cujo acesso se faz pela Rua Francisco de Moura e Travessa Jupira.
FAVELA SANTA MARTA - RUA FRANCISCO DE MOURA - BOTAFOGO
A área correspondente à Favela Santa Marta era parte da chácara de Francisco
José Teixeira Leite, Barão de Vassouras (1804-84), um mineiro Sãojoanense que na hora
certa trocou o ouro pelo café, granjeando enorme fortuna no Vale do Paraíba. Casou-se
duas vezes. Sua segunda esposa, Da. Ana Ale xandrina, trinta anos mais jovem que ele,
era dada a acessos de loucura. Frequentemente saía à rua sem roupas, o que causava
ao Barão grande constrangimento. Sua casa na São Clemente era, por isso, bem
afastada da rua, cercada de frondosas árvores e amplo jardim fronteiro, exatamente onde
hoje está a Praça Barão de Macaúbas.
Aliás, falando dele, foi o proprietário seguinte da chácara do Barão de Vassouras.
Abílio Cesar Borges (1824-91) era médico e educador, tendo fundado em Laranjeiras o
Colégio Abílio, onde estudou Raul Pompéia (e inspirou seu livro “O Ateneu”). O Imperador
D. Pedro II agraciou-o em 1881 com o título de Barão de Macaúbas. Quando morreu, sua
imensa propriedade ficou fechada alguns anos.
Os padres jesuítas fundaram em 1901 o Colégio Santo Inácio, que no primeiro ano
funcionou numa casa na rua Senador Vergueiro. Em 1903 alugaram (e depois
compraram) a casa no. 226 (antigo 132) da rua São Clemente, onde morou o comerciante
Carlos Guilherme Gross. Em 1908, com o sucesso do colégio, ampliaram suas
instalações comprando chácaras vizinhas, inclusive a que foi do Barão de Macaúbas.
Tomadas por um capinzal, passaram a extraí-lo para venda, com o que ganharam alguns
recursos. Em 1915 a Prefeitura mandou cortar todo o capinzal com receio de incêndios,
passando então aquelas terras a serem usadas como local de recreio dos alunos.
Desde 1908 dirigia o colégio Padre José Maria Natuzzi, que sempre preocupou-se
com as instalações restritas da velha casa, ampliando-a à partir de 1909. Em 1915 é
inaugurada a nova capela e ampliado de muito as velhas instalações. A Primeira Guerra
Mundial impossibilitou a continuação das obras. Em 1924 as obras foram recomeçadas,
sob a direção do engenheiro arquiteto Padre Camilo Armelini.
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Desde 1924 Padre Natuzzi, homem piedoso, permitia que operários pobres e suas
famílias estabelecessem moradia no Morro Dona Marta. Em 1929, com a queda dos
preços do café no mercado mundial, muitos agricultores pobres do Vale do Paraíba
migraram para o Rio. Padre Natuzzi acolheu a muitos, destinando-os ao Morro Dona
Marta. Na mesma época, recrudesceram as obras do colégio e capela, sendo em 1931
inaugurado o novo altar de Santo Inácio e em 1939, a ala esquerda do colégio.
E claro, Padre Natuzzi inaugurou igualmente, sem querer nem saber, a favela do
Morro Dona Marta.
Em verdade, a primeira favela de Botafogo não foi ali. Já o recenseamento de 1920
registrava a existência de 63 barracos no Morro São João. Treze anos depois, São João
estava deserto. Todos migraram para o Dona Marta atraídos pela oferta de trabalho nas
obras do colégio e terras no morro oferecidas pela bondade de Padre Natuzzi.
Como as obras duraram por quase trinta anos, emprego houve para essa gente.
Durante muitos anos viveu a população favelada em paz, intocada pelos políticos, que
não se interessavam por ela. Com o crescimento da vizinha Copacabana e a orla de
Botafogo, surgiram muitos prédios altos e, é claro, trabalho para muitos. Já em 1950, o
censo realizado naquele ano registrava 1632 habitantes no Dona Marta, sendo 787
homens e 845 mulheres. 1355 eram maiores de cinco anos. Destes, 627 sabiam ler e
escrever e 728 eram analfabetos.
Em 1960, com a criação do Estado da Guanabara, o Governador Carlos Lacerda
desenvolveu enorme campanha de erradicação de favelas. O objetivo era pouco nobre.
Não era propriamente dar melhores condições de vida à aquela gente, e sim liberar os
valorizados terrenos de encosta para especulação imobiliária, então em franca ascensão
na zona sul.
Em Botafogo, foram removidas as favelas do Pasmado e Macedo Sobrinho, sendo
que, o sucessor de Lacerda, Negrão de Lima, eliminaria a da Catacumba, na Lagoa, onde
hoje está o Parque Marcos Tamoyo. Dona Marta escapou haja vista sua estabilidade já
consolidada no bairro e a propriedade dos terrenos, em mãos dos jesuítas e fora do
processo especulativo. O governo chegou até a construir uma escola, inaugurada em
outubro de 1968 pela Rainha Elizabeth II da Inglaterra, que visitou a favela. Entretanto,
essa escola era de tão precária construção que, literalmente, só durou o tempo da visita
da rainha. Valeu apenas o episódio para unir os moradores em defesa de suas casas e
direitos, mostrando que não eram diferentes dos outros cariocas, atividade que
prenunciou as famosas associações de moradores.
Em 1977, após a fusão da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, o Prefeito
Marcos Tamoyo não falava mais em remoção, mas reurbanização. Entretanto, somente
seu sucessor, o Prefeito Israel Klabin definiu bem o que era isso em 1979. Deixar os
moradores em paz, colocando infraestrutura, esgotos e demais serviços públicos. Em
1979, existiam no Morro(ainda) Dona Marta 2421 habitações, com população estimada de
12.105 habitantes, que se espalhavam por uma área de 55.540m2. Era a maior das oito
favelas do bairro, acumulando 2/3 da população favelada de Botafogo, com média de
1.051 habitantes por hectare.
Em 1980, os moradores da favela Dona Marta se uniram e resolveram rebatizá-la
para Santa Marta. No ano de 1985, o famoso ISER - Instituto Social de Estudos da
Religião realizou o famoso longa-metragem “Santa Marta - Duas Semanas no Morro”,
com uma hora de duração, filme que causou grande sensação, ainda mais que um dos
adolescentes entrevistados seria no futuro o famoso traficante “Marcinho VP”.
O empobrecimento geral do país na década de oitenta e um governo estadual
excessivamente tolerante permitiu que o tráfico de tóxicos estabelecesse no morro
importante quartel general. Apesar da proximidade do 2o. Batalhão da Polícia Militar, nada
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de concreto se pôde fazer para deter a ascensão de meliantes cujos nomes eram
substituídos por apelidos repetidos em grandes manchete: “Bolado”, “Pedrinho da Prata” e
o famigerado “Marcinho VP”, que chegou a ser o primeiro traficante a obter financiamento
de um banqueiro para escrever um livro.
Se, por um lado, o Santa Marta possui essa face perigosa, muito mais interessante
é sua importância cultural. Há trinta e cinco anos atrás surgiu em seus barracos a primeira
agremiação de samba da zona sul, o bloco “Unidos da São Clemente”, que ascendeu na
década de setenta à categoria de escola de samba, atingindo ao primeiro grupo no fim da
década, onde chegou a ameaçar suas tradicionais coirmãs. Em 1992 surgiria a segunda
agremiação do morro, a “Unidos de Santa Marta”. Não é nada não é nada, são poucas as
comunidades que podem orgulhar de possuir duas agremiações de samba!
Em 1995 visitou a favela e gravou um importante vídeo-clip o pop-star Michael
Jakson, com direção do não menos famoso cineasta Spike Lee.
As recentes e bombásticas revelações do envolvimento entre um grande banqueiro
e o traficante chefe da favela levam a crer que a cidade não está tão partida assim como
os sociólogos acusam.
Enquanto sociólogos, banqueiros, traficantes e policiais brigam entre si, a
população do Morro Santa Marta deseja apenas participar da palpitante cidade que os
circundam, e da qual já fazem parte indissociável dela.
2O. BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR – RUA SÃO CLEMENTE, 345 – ESQUINA DE
RUA REAL GRANDEZA - BOTAFOGO
Foi fundado em 14 de janeiro de 1890 pelo Marechal Deodoro da Fonseca, sendo
sediado numa velha casa da Rua General Caldwell, no Centro. Extinto a 16 de agosto de
1892, sendo recriado em janeiro de 1898. Novamente extinto em julho de 1905, foi
recriado em definitivo a 4 de outubro de 1911, e sediado na Rua São Clemente. Em 1919
passou para a Praça da Harmonia, em Santo Cristo, enquanto se construía o novo quartel
de Botafogo. Finalmente, a 17 de janeiro de 1920, voltou para o bairro, de onde não mais
saiu. O velho quartel veio a ser demolido em 1975, sendo substituído pelo atual, no
mesmo lugar.
O 2o. Batalhão participou da repressão à Revolta do Forte de Copacabana, a 6 de
julho de 1922, quando perdeu dois homens. Esteve com o Exército Legal na Revolução
Liberal de outubro de 1930, em Nova Friburgo. Ajudou na repressão à Intentona
Comunista na Praia Vermelha, de 27 de novembro de 1935. Sua última atuação notável
foi a de proteger o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado da Guanabara,
durante o golpe militar de 1o. de abril de 1964.
RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGO
Foi aberta em terras da Fazenda da Olaria, de propriedade de Joaquim Marques
Batista de Leão, adquirida em 1820. Recebeu o nome de Rua Real Grandeza, numa
homenagem a D. João VI, falecido em março de 1826. Do mesmo modo que a Rua Nova
de São Joaquim, atual Rua Voluntários da Pátria, deve ter sido aberta em 1826.
Originalmente nela terminavam as ruas Voluntários da Pátria e General Polidoro. Sofreu
melhorias em 1855, com o apoio do morador José Martins Barroso à frente, sendo
prolongada até o morro, onde começava uma ladeira íngreme que dava no areal de
Copacabana. Na Real Grandeza, funcionaram por alguns anos, o Instituto dos Surdos
Mudos, depois levado para a Rua das Laranjeiras e a Instituição Promotora da Instrução
aos Cegos, hoje Instituto Benjamim Constant, na Avenida Pasteur.
No final da Rua, junto ao morro, onde hoje começa a Rua Vila Rica, morou o Sr.
Manuel Luís de Lima e Silva, irmão do Duque de Caxias, e que ficou famoso no século
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XIX por haver comprado um título de nobreza falso, o de Barão de Vila Rica, o que,
quando descoberto, lhe valeu uma desmoralização pública e peça de teatro escrita por
Arthur Aze vedo (“O Bilontra”), encenada no Teatro Lucinda, com versos cantados
utilizando a ária “La Donna é Móbile”, de Giuseppe Verdi:
“Barão estou feito
De Vila Rica
Eis a rubrica
Do Imperador”
“Estou satisfeito
Sou mais um furo
Daquele obscuro
Comendador... “
Por muitos anos, de fins do século XIX até a década de 1950, existiu próximo ao
túnel a afamada Fábrica de Casimira Aurora, de Frederic D`Olne, existindo ainda hoje
algumas das casas então erguidas para os operários.
TÚNEL ALAÔR PRATA – RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGO
Em 6 de julho de 1892 o Rio começou a expandir-se para a Zona Sul, com a
abertura do Túnel Alaôr Prata – Túnel Velho, como é chamado – ligando Botafogo a
Copacabana pelas ruas Sampaio Correia, Vila Rica e Real Grandeza (em Botafogo) e
Siqueira Campos (em Copacabana), sob a garganta entre os morros da Saudade e São
João. Foi aberto originalmente de janeiro a maio de 1892 pela Companhia Ferro Carril do
Jardim Botânico, quando era seu gerente o Engenheiro José Cupertino de Coelho Cintra.
Quando de sua inauguração, apenas os bondes desta Companhia podiam por ele
trafegar. Somente em 1900 passou a ter o trânsito liberado. No dia da inauguração, faltou
energia elétrica e o bonde teve as rodas travadas, obrigando os operários a retira-las e
transporta-lo, sem rodas e no “muque”, pelos quase duzentos metros do percurso. Ao
chegar no final, os ingleses que cuidavam do cabo submarino na Praia da Igrejinha (Posto
VI), soltaram foguetes de júbilo. Tem 182 metros de comprimento e foi alargado em 1925
para 13 metros pelo Prefeito Alaôr Prata Soares, e duplicado para dois níveis em 1967
pelo Governador Negrão de Lima.
PALÁCIO DA CIDADE – RUA SÃO CLEMENTE, 360 – BOTAFOGO
Concebido em 1947 pelo arquiteto inglês Robert R. Prentice em estilo palladiano
inglês e construído dois anos depois, abrigou originalmente a Embaixada Britânica. Sua
imponência e solenidade se adequam aos exuberantes jardins que o emolduram e à
paisagem natural ao fundo. Nos interiores, ricamente decorados, obras de arte e
mobiliário de época compõem uma ambientação para as funções cerimoniais.
Enquanto Embaixada, hospedou em outubro de 1968 a Rainha Elizabeth II, então
em visita ao nosso país. Adquirido para sediar a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
em 1975 pelo Prefeito Marcos Tito Tamoyo da Silva, foi redecorado com obras de arte
adquiridas em leilões e compras avulsas.
O Palácio da Cidade é tombado pela Municipalidade.
ANTIGA EMBAIXADA DA CHINA – RUA SÃO CLEMENTE, 379 – BOTAFOGO
Erguido no início do século XX, esse típico casarão de Botafogo combina
elementos de diferentes referências estilísticas: telhado renascentista francês sobre bay
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window inglesa com arcos classicizantes. O avarandado é italiano e a escada acentua a
assimetria incomum.
Por muitos anos a casa sediou a Embaixada da China. Na década de 90, serviu
como sede da primeira exposição de decoração da Casa Cor.
A casa é tombada pela Municipalidade.
PALÁCIO DOS LEILÕES – RUA SÃO CLEMENTE, 385 – BOTAFOGO
Com uma fachada bem composta em estilo eclético classicizante francês, esse
casarão de dois pavimentos em centro de terreno foi erguido em 1913 para residência
familiar. Destacam-se o pórtico de entrada que é ladeado por duas colunas de capitel
jônico, os gradis de muros e guarda-corpos das sacadas. Na década de 1970 o palacete
foi adquirido por uma empresa de leilões de arte e adaptada para a nova função. A
entrada passou a ser frontal e o interior foi totalmente alterado com a demolição das
paredes divisórias internas.
O Palácio dos Leilões é tombado pela Municipalidade.
ESCOLA EXPERIMENTAL CORCOVADO – RUA SÃO CLEMENTE, 388 – BOTAFOGO
O palacete situado em centro de terreno densamente arborizado foi construído em
1933, no estilo colonial da época georgiana, para sediar a Embaixada dos Estados Unidos
e, depois de 1952, Residência do Embaixador. Com a transferência da legação para
Brasília, o casarão passou a sediar desde 1973 a Escola Experimental Corcovado,
nascida de iniciativa particular de uma família de alemães em 1963. O palacete foi
adquirido pela República Federal da Alemanha para a escola, que passou a receber
alunos brasileiros e alemães, com ensino bilíngüe.
O palacete e seu extenso parque são tombados pela Municipalidade.
CONSULADO DE PORTUGAL – RUA SÃO CLEMENTE, 402 – BOTAFOGO
Palacete em centro de terreno construído em 1957/60, à semelhança das grandes
quintas portuguesas do Renascimento, para sediar originalmente a Embaixada de
Portugal. Com a transferência da capital para Brasília, no ano da inauguração da
Embaixada, passou a sediar o Consulado Português. Edifício de primorosa execução, cita
a arquitetura histórica portuguesa. É projeto dos arquitetos portugueses Irmãos Rebello e
Andrade.
O Consulado de Portugal é tombado pela Municipalidade.
GURILÂNDIA CLUBE INFANTIL – RUA SÃO CLEMENTE, 408 – BOTAFOGO
Originalmente um pitoresco cottage inglês, projetado por Heitor de Mello em 1910
para a Família Rego Barros, e erguido três anos depois, com alterações, por Francisco
Antônio Tricário. Com embasamento de pedra e alvenaria de tijolos aparentes, esta
residência foi reformada e ampliada três anos após sua construção. Foram acrescentados
elementos neogóticos como os arcos de dois centros no primeiro piso e, provavelmente, o
corpo lateral direito com passagens cobertas para acesso de veículos. A bay window
balanceada do segundo piso, por exemplo, resultou enterrada no corpo avançado do
térreo que hoje lhe serve de apoio.
Na década de 1960, foi adaptada para clube, perdendo assim os jardins que o
cercavam.
O casarão é tombado pela Municipalidade desde 1987.
COLÉGIO NOSSA SENHORA DE LOURDES – RUA SÃO CLEMENTE, 438 –
BOTAFOGO
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O Colégio Nossa Senhora de Lourdes está em Botafogo desde 1913, quando foi
fundado pelas Irmãs da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. A primeira sede era na
Rua São Clemente, 148, onde funcionou inicialmente um pensionato para senhoras e
uma pequena escola para alunos do curso primário.
Em 1929 as irmãs alugaram um prédio na mesma rua, o 438, para onde se
mudaram com o pensionato e a pequena escola. Posteriormente a escola foi ampliada e o
prédio adquirido. Em 1950 foi extinto o pensionato. Durante muitos anos a instituição foi
batizada de Colégio Virgem de Lourdes, para não ser confundido com um colégio
homônimo existente em Vila Isabel desde 1945. Em 1982, com o fechamento da
instituição no subúrbio, voltou ao antigo nome.
O prédio atual foi edificado em 1973, no local em que foi demolida a casa do antigo
pensionato.
EDUCANDÁRIO DA MISERICÓRDIA – RUA SÃO CLEMENTE, 446 – BOTAFOGO
Em 1889, a Irmandade da Misericórdia possuía duas instituições para acolhimento
de menores desvalidos, mas estas já estavam lotadas há tempos. Assim sendo, muitos
órfãos de doentes internados na Santa Casa ficavam no Hospital Geral, como um asilo de
menores. A 14 de setembro de 1889 o Visconde de Cruzeiro, Provedor Geral da
Misericórdia, conseguiu autorização para fundar um novo recolhimento, no que obteve
apoio financeiro geral, inclusive de intelectuais, que moveram intensa campanha para
angariar fundos, como também da Princesa Isabel, que fez vultuosa doação. Foi então
adquirida a imensa mansão na Rua São Clemente, outrora propriedade de Da. Ana Maria
de Jesus Braga, pela quantia de oitenta contos de réis, a qual incluía o belo parque
adjacente. A aquisição se deu a 12 de novembro, três dias antes da queda da Monarquia.
O então denominado Asilo de Órfãs da Santa Casa foi inaugurado a 27 de julho de 1890
pelo Marechal Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório. Um ano depois o
prédio estava lotado, o que obrigou a Santa Casa a aquisição de mais dois casarões
vi zinhos.
No ano de 1917, o Cardeal D. Joaquim Arcoverde solicitou que na instituição se
erguesse uma capela, inicialmente dedicada à Nossa Senhora da Conceição. Em 1927, a
Irmã Barroca, Madre Superiora, ensejou esforços para sua ampliação, no que foi obtido
no ano seguinte, graças à doações de particulares. Tomou a capela a invocação de
Nossa Senhora das Graças , que ainda mantém. A inauguração do novo templo, em estilo
néo-gótico, se deu a 27 de novembro de 1930. A beleza do lugar motivou sua utilização
como cenário de novelas da televisão.
O Educandário da Misericórdia e seu parque são tombados pela Municipalidade.
LARGO DOS LEÕES – HUMAITÁ
Aberto em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, português, miguelista,
depois Marquês dos Leões por Portugal, grande proprietário de terras em Botafogo. Era o
antigo jardim de recreio da propriedade, chamada Fazenda da Olaria, cuja casa-grande
ainda existia em 1881 onde hoje é a Rua Conde de Irajá. Originalmente não tinha nome.
Seus filhos, Joaquim e Maria da Glória, solicitaram ao Ministro Luiz Pedreira do Couto
Ferraz, Visconde do Bom Retiro, que lhe fosse dado esse nome, tendo sido obtida a
aprovação em 1853, com beneplácito do Imperador D. Pedro II.
Até 1881 somente existiam duas grandes casas no Largo, a da Família Leão e a do
Comendador Stélio Roxo, irmão do Barão de Guanabara. Aliás, as palmeiras até hoje
existentes no Largo foram plantadas por volta de 1865 pelo dito Comendador. Sua única
rua de acesso, além da de São Clemente, era a Rua Marques, aberta em 1853 na divisa
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das terras do Comendador Souza. No dia 1o. de novembro de 1881 o Largo foi vendido
em lotes no leilão de M. J. Pinto, surgindo então muitas propriedades novas no lugar.
Dentre os moradores surgidos após 1881, ressaltam: o Comendador Manuel José
de Faria, em cuja casa depois residiu o editor e fotógrafo suíço Georges Leuzinger. Na
mesma casa, anos depois, sua cunhada, a Viscondessa de Geslin, fundaria uma aula
para as sinhás-moças do bairro, depois transferida para a Rua do Príncipe (hoje Silveira
Martins), no Catete. Outro morador famoso foi o Senador Antônio Azeredo, o primeiro a
ter luz elétrica domiciliar no bairro, ainda nos primeiros anos do século XX. O Ministro do
Império Alfredo Chaves morava num casarão, onde antes existia a casa do Comendador
Roxo. Em 1922 a casa seria afinal demolida e em seu lugar surgiria uma vila de casas,
origem da atual Rua Alfredo Chaves. No atual número 514 da Rua São Clemente existia a
casa do Comendador Gonzaga, onde, no dia 12 de agosto de 1904, Flávio Ramos, Otávio
e Ál varo Werneck, Jacques Raimundo da Silva e outros desportistas fundaram o Botafogo
Futebol Clube, destinado a fundir-se, anos depois ao Botafogo de Regatas.
Em 1871, com a ampliação da Rua Voluntários da Pátria para que atingisse a Rua
São Clemente (hoje Humaitá), foi construída no lado esquerdo do Largo uma grande
estação, garagem e estrebaria de burros da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico.
Essa garagem ia até a Rua Voluntários da Pátria. Em 1893, com a eletrificação da linha
de bondes, a estrebaria foi fechada. Os bondes, por sua vez, foram afinal extintos em
1963, e o edifício foi convertido em garagem de ônibus. Parte dele foi demolida pelo
Governador Carlos Lacerda e em seu lugar surgiu uma escola de concreto e tijolos. Afinal,
com a demolição da velha estação em 1969, surgiu o novo hortomercado da Cobal, um
dos três criados pelo Governador Negrão de Lima para substituir as feiras livres do Rio de
Janeiro. Hoje, o antigo hortomercado, povoado de restaurantes e bares, é um dos centros
da vida noturna no bairro do Humaitá.
No dia 30 de março de 1868, depois da passagem dos seis encouraçados
brasileiros pela poderosa Fortaleza de Humaitá, na Guerra do Paraguai, a Ilustríssima
Câmara Municipal denominou de Rua Humaitá o trecho final da Rua São Clemente, em
seguimento ao Largo dos Leões, dando origem ao futuro Bairro do Humaitá, afinal criado
em 1988 por Decreto do Prefeito Roberto Saturnino Braga.
SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 70 – HUMAITÁ
Grande casarão em sobrado, da década de 1920, com dois pavimentos, onde se
destacam a entrada lateral à esquerda com boa arborização, os gradis em ferro do balcão
e a decoração em estuque de sua fachada.
O sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.
SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 80 – HUMAITÁ
Sobrado sobre porão, em estilo eclético e com dois pavimentos, erguido na década
de 1920, onde se destacam o balcão em balaustrada de massa com poderosos consoles,
cartelas com guirlandas em estuque e a simulação de aplacagem regular no revestimento
em argamassa.
Este sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.
COLÉGIO PEDRO II – RUA HUMAITÁ, 80 – HUMAITÁ
A primeira iniciativa para se fundar uma unidade do tradicional Colégio Pedro II na
Zona Sul surgiu em 1937, quando o Ministro da Educação, Cultura e Saúde Pública, Dr.
Gustavo Capanema, determinou a instalação de uma nova unidade pedagógica nos
terrenos do antigo Hospício de D. Pedro II, hoje UFRJ. O novo colégio seria erguido
exatamente onde hoje está a casa de espetáculos “Canecão”. O Presidente Getúlio
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Vargas chegou a lançar a pedra fundamental da nova sede em dezembro de 1938, mas a
eclosão da Segunda Guerra Mundial encareceu a construção civil a tal ponto que a obra
foi de todo abandonada.
Somente em 1951 o assunto voltou à tona, mas o lugar escolhido para o colégio
mudou, indo para o bairro do Humaitá. A 2 de dezembro de 1952, Getúlio Vargas, agora
Presidente eleito, inaugurava a nova sede, em arquitetura moderna. Em fins do século
XX, mais uma unidade foi criada no Humaitá, na Rua João Afonso, 51, denominada
Humaitá 1. A velha sede é o atual Humaitá 2.
VILA RESIDENCIAL - RUA HUMAITÁ, 102 – HUMAITÁ
Vila residencial em estilo art-déco, erguida na década de 30, composta por 15
edificações geminadas de dois pavimentos, revestidas em pó de pedra.
A vila é tombada pela Municipalidade desde 1987.
BALLROOM – RUA HUMAITÁ, 110 – HUMAITÁ
Local da antiga casa de espetáculos “Oba, oba”, fundada em 1966 por Oswaldo
Sargentelli, um ex-militar que se especializou em shows de mulatas. Sargentelli foi o
primeiro empresário a criar shows musicais especificamente para turistas, com
representações cênicas de samba, umbanda, candomblé, música popular brasileira e
outras manifestações religiosas sincréticas e/ou folclóricas, tudo explicado de maneira
que um turista desaculturado pudesse entender e, é claro, sempre intercalado de belos
shows de mulatas sambando, geralmente usando luxuosas e minúsculas fantasias.
Apesar de Sargentelli ter se inspirado nos shows do Olímpia e no Moulin Rouge, ambos
de Paris, o nosso espetáculo era inteiramente original.
Em vinte e cinco anos de funcionamento, a casa promoveu shows pelo Brasil e
exterior, granjeando respeito internacional. Sargentelli foi muito criticado pelos intelectuais
por ter resumido a cultura brasileira a pouco mais que samba e mulatas. O termo “Oba,
oba” inclusive, passou a significar, como gíria, sinônimo de coisa feita sem muita
profundidade ou seriedade. Entretanto, o tempo lhe fez justiça, e a casa de shows acabou
transformando inúmeras mulatas em verdadeiros símbolos nacionais.
No início da década de 90, a casa fechou as portas, sendo depois vendida e
convertida em 1996 na “Ballroom”, um ambiente destinado a músicas e shows
experimentais de múltiplas tendências, com gosto bastante eclético.
Oswaldo Sargentelli faleceu em 2.002, pouco depois de gravar uma cena de novela
televisiva junto com uma ex-bailarina da casa.
4O. BATALHÃO DE INCÊNDIO – RUA HUMAITÁ, 126 – HUMAITÁ
Data da sua instalação do dia 15 de novembro de 1896, pelo Presidente Prudente
José de Morais e Barros. O quartel atual foi inaugurado em 1o. de janeiro de 1910, pelo
Presidente Nilo Peçanha. Foi o projetista o arquiteto e Coronel (depois Marechal)
Francisco Marcelino de Souza Aguiar, que havia sido Prefeito do Rio de Janeiro entre
1906 e 1909. Sua atual denominação, bem como, sua organização de Batalhão de
Incêndio, se deve ao advento do Decreto “N” no. 114, de 12 de dezembro de 1963. O
prédio do quartel que dá vista para a Rua Humaitá é em estilo eclético, mas muito mais
interessantes são as garagens dos carros, com estrutura em treliça de ferro, importada da
Europa, à semelhança que o mesmo arquiteto executou para Niterói.
O quartel do Humaitá é tombado pela Municipalidade desde 1987.
ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO – RUA HUMAITÁ, 163 - HUMAITÁ
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Em 1983 o prédio que era usado como depósito de merenda escolar do município
se transformou no que viria a ser uma dos mais destacados espaços de artes visuais da
cidade. Em grande estilo, a primeira exposição abrigada pelo centro recém-criado foi a
coletiva de 3 mil m³, que reuniu obras de nomes notáveis como Waltercio Caldas, José
Resende, Cildo Meireles, Antonio Dias, Artur Barrio, Tunga e Umberto Costa Barros.
A galeria de arte propriamente dita foi construída na primeira reforma realizada no
Centro, em 1989. Desde a inauguração, com uma mostra individual de Lygia Pape, o
espaço se tornou referência para as mais diversas manifestações culturais, entre artes
plásticas, música, teatro, dança, poesia e performances de forma geral.
A opção de não se comprometer com o mercado torna o Sérgio Porto um
verdadeiro laboratório para o experimentalismo de artistas contemporâneos, emergentes
ou consagrados. Atra vés de exposições individuais, o Centro tornou visível a produção
dos anos 90. Muitas vezes acolheu a primeira mostra de artistas que, mais tarde,
partiriam para carreira de projeção nacional ou mesmo internacional. Entre alguns dos
nomes lançados no Sérgio Porto se destacam Ernesto Neto, Valeska Soares, José
Damasceno, Fernanda Gomes e Efrain Almeida.
Após uma grande reforma em 1999, o Sérgio Porto reabriu as portas para o público
com duas galerias e um espaço cênico de 300 m2, equipado com urdimentos móveis e
arquibancadas modulares para 140 pessoas, camarins com banheiros, foyer e cafeteria.
INSTITUTO SOCIAL – RUA HUMAITÁ, 170 – HUMAITÁ
Fundado em 1o. de julho de 1937 pelo Cardeal D. Sebastião Leme, destina-se a
formar, no nosso meio feminino, personalidades capazes, não só de conhecer os
problemas sociais que se agitam por toda parte, como de colaborar eficazmente na sua
solução humana e cristã.
Compõe-se a instituição desde o início de duas escolas distintas:
A Escola de Serviço Social que forma Assistentes Sociais.
A Escola de Educação Familiar que forma Educadoras para os meios populares.
O prédio onde está instalado foi construído e doado à Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro por insigne benfeitora.
UNIVERCIDADE CAMPUS LAGOA – RUA HUMAITÁ, 275 - HUMAITÁ
Com instalações modernas e arrojadas, a Unidade Lagoa, tem mais de 20.000
metros quadrados, onde se acomodam 90 amplas salas de aula. É a sede dos cursos de
Direito, Relações Internacionais, Administração e Marketing, além de também abrigar a
Central de Propaganda, a Unikey - Pro vedora de Internet, Biblioteca, laboratórios de
informática, teatro, e auditório que compõem a excelente estrutura à disposição dos
estudantes, professores e da Reitoria da UniverCidade. Com localização invejável, perto
do Túnel Rebouças e com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas, é de fácil acesso, tanto
para o aluno da Zona Sul quanto o da Zona Norte.
COLÉGIO ANDREWS – RUA VISCONDE SILVA, 161 - HUMAITÁ
O Colégio Andrews foi fundado em 1918 a partir de dois postulados básicos e
indissociáveis: democracia e livre iniciativa. Era uma revolução pedagógica para os
padrões da época: um Colégio leigo e misto, preocupado em garantir aos seus alunos o
maior patrimônio que o século XX pôs ao alcance da humanidade: o ingresso na
cidadania plena através do acesso ao saber. Para o Andrews, educar não é simples
transmissão de conhecimentos: é formar um cidadão completo,com instrução, consciente
de seus direitos e deveres, sendo capaz de participar, com êxito, da vida em sociedade.
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A e xpansão do conhecimento nas últimas décadas e a velocidade das
transformações em todo o mundo vem impondo à escola o desafio de preparar as novas
gerações para atuar numa sociedade globalizada e em constante processo de mudança.
O sistema educacional deve adaptar-se a esse futuro. O Andrews tem investido na
permanente atualização de seu projeto pedagógico, conciliando o melhor de sua
experiência acumulada com promissoras inovações, da Educação Infantil ao Ensino
Médio.
O objetivo do Andrews é oferecer uma educação de qualidade, através da qual
busca promover uma formação em que se harmonizem êxito nos estudos e realização
pessoal. O Colégio proporciona ao aluno sólida formação geral e instrumentos que lhe
serão efetivamente úteis, mais tarde, no mercado de trabalho. Isso significa incentivar e
desenvolver habilidades e competências que o tornarão eficaz e valorizado como membro
de equipes e organizações.
O ambiente educacional deve levar o jovem a desenvolver senso crítico,
capacidade de avaliar e decidir acerca de que caminhos seguir e que atitudes tomar. É
tarefa da escola fazer florescer em cada um o que tem de melhor, ajudando-o a prepararse para o futuro.
As atuais instalações do Andrews ocupam o lugar de uma antiga residência
unifamiliar em estilo neocolonial do início do século XX, parcialmente preservada, onde
foram acrescentados, já em fins da década de 1980, modernos pavilhões onde ficam as
salas de aulas, laboratórios, quadras, auditório, etc.
CIEP PRESIDENTE AGOSTINHO NETO – RUA VISCONDE SILVA, S/NO. – HUMAITÁ
Construído em 1987 exatamente onde existiu antes o Forte da Piaçava, construído
em 1776, sob projeto do engenheiro militar Jacques Funck, para o Vice-Rei Marquês de
Lavradio. Era uma fortificação quadrangular, com um muro de pedra que descia o morro e
fechava o caminho do Humaitá, só acessível por dois portões em arco, com portas de
madeira e ferro. Sua função era a de impedir um ataque à Cidade do Rio de Janeiro por
tropas espanholas que porventura desembarcassem em Copacabana ou Ipanema, àquela
época ainda áreas desertas.
O forte nunca foi atacado ou funcionou a contento. Um de seus canhões está
recolhido hoje no Museu Histórico Nacional, em exposição no Pátio Epitácio Pessoa.
Abandonado em 1791, suas instalações defensivas foram parcialmente demolidas em
1850, principalmente o muro com duas portas que fechava a garganta do Humaitá. No
século XX, surgiu no final da Rua Macedo Sobrinho uma grande favela, removida em
1966 pelo Governador Negrão de Lima. Ao se retirarem os barracos, ficou à mostra por
muitos anos os poderosos alicerces da fortificação, bem como a torre de pedra do forno
de cal.
Tudo isso foi demolido em 1987 para a construção do CIEP Presidente Agostinho
Neto, projeto arquitetônico e educativo revolucionário do arquiteto Oscar Niemeyer,
desaparecendo assim, sob as estruturas modernas de concreto aparente, o último
remanescente da primitiva ocupação do bairro. Em 1997, o CIEP sofreu obras de
modernização e ampliação. Presentemente, nele são desenvolvidos projetos pedagógicos
pioneiros, como a horta comunitária e estudos de capoeira.
MUSEU VILLA LOBOS - RUA SOROCABA, 200 - BOTAFOGO
Antiga residência senhorial, com ricos detalhes em cantaria lavrada e estuques
finos, erguida por partes aí por volta de 1880, pelo português José Antônio da Fonseca
Teixeira. O projeto é do arquiteto e pintor catalão José Maria Villaronga, que executou
painéis murais internos, hoje perdidos. Ainda sobrevivem pequenas decorações em flores
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e pássaros na altura da cimalha dos salões internos. Durante muitos anos a casa
pertenceu ao IAPAS, que a alugou à família Souza Leão Gracie. Na década de oitenta,
passou a sediar o Museu Villa Lobos, abrigando o acervo do maestro, seus objetos
pessoais, partituras, escritos, etc. Conta o Museu com biblioteca, arquivo, videoteca, sala
de música, auditório ao ar livre e loja.
O prédio é tombado pelo IPHAN.
MUSEU DO ÍNDIO - RUA DAS PALMEIRAS, 55 - BOTAFOGO
Antiga residência senhorial da família Teixeira, tradicional fabricante de pães,
doces e bolos do Rio Antigo. Foi erguida em 1880-84, em estilo neoclássico, por um
parente arquiteto, Antônio Teixeira Rodrigues, Conde de Santa Marinha. Adquirida pelo
governo há muitos anos, sediou diversas repartições públicas até que em fins dos anos
setenta passou a sediar o Museu do Índio, que até então possuía sede na rua Mata
Machado, no Maracanã. O museu possui riquíssimo acêrvo em peças recolhidas pelo
antigo Serviço de Proteção ao Índio, fundado pelo Marechal Cândido Mariano Rondon. A
instituição foi fundada em 1951 pelo antropólogo Darcy Ribeiro. Dotado de vasta
biblioteca, arquivo, videoteca e loja, possui, em seus jardins, malocas de índios montadas
pelos próprios.
O prédio é tombado pelo IPHAN.
OS DONOS DE BOTAFOGO
Quando, a dezesseis de julho de 1565, pouco mais de quatro meses após a
fundação do Rio de Janeiro, Estácio de Sá finalmente definiu os limites da cidade, esta
possuía seu centro no “Morro do Castelo”, terminando pela zona sul pouco antes do
“Morro da Viú va”, na casa de pedra erguida em 1503 onde hoje é a rua Cruz Lima, no
Flamengo, pois dalí até o “Morro da Babilônia”, e da enseada até a Lagoa, tudo pertencia
a seu dileto amigo Antônio Francisco Velho, “Mordomo da Arquiconfraria de São
Sebastião” e fundador do Rio de Janeiro.
Pelo sistema colonial português, o governador podia conceder terras a seus
amigos ao bel prazer, à revelia da “Câmara de Vereadores”, isentas de impostos
conquanto fossem as mesmas desenvolvidas e medidas. Eram as famosas “sesmarias”, e
Botafogo era um cobiçado presente de luxo aos apaniguados do poder. A “Câmara”
sempre protestou contra esses protegidos, conseguindo até o retomo muitas áreas
devolutas ao patrimônio público, mas ela mesma também fazia das suas e só no século
XVIII tais concessões foram regularizadas e, finalmente, a vereança soube quais eram
realmente as terras públicas.
Não por muito tempo.
Na madrugada de 20 de julho de 1790 lavrou furioso incêndio no prédio do
“Senado da Câmara”, que funcionava num casarão ao lado do “Arco do Telles”, no “Largo
do Paço”, atual Praça XV. Esse incêndio, de efeito pirotécnico milagroso, atingiu
apropriadamente os papéis referentes às propriedades territoriais públicas, escapando
incólumes outros documentos.
O vereador Haddock Lobo apurou que o sinistro foi criminoso. Fôra obra de alguns
foreiros, com intuito de destruírem títulos e outros documentos que provavam o senhorio
direto da Câmara sobre as posses que tinham. Apesar de toda a maracutaia que correu,
Conseguiu-se recompor os livros e a “Câmara” obteve do rei a Ordem Régia de 8 de
janeiro de 1794 que lhe confirmavam todas as suas sesmarias. Mas mesmo assim muita
coisa se perdeu e inúmeras terras que eram públicas viraram particulares da noite para o
dia.
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No caso de Botafogo, a “Câmara” possuía os documentos em dia e já em 1681 fôra
doado o Morro da Viúva e terras anexas ao Mosteiro de São Bento. A Fazenda São
Clemente, que englobava o “miolo” do bairro, pagava 2$560 réis de foro ao poder
legislativo e de tudo era feito recibo. Conseguiu-se até, em 1794, levar aos tribunais o
espertalhão Manoel Francisco de Mendonça, que por meios pouco honestos falseara
documentos foreiros e apoderara dos terrenos no “Caminho Velho de Botafogo”(atual rua
Senador Vergueiro) e tentava cobrar foro dos moradores.
Mas a euforia dos vereadores pouco durou e em 1808, com a chegada da Família
Real, a roubalheira voltou.
O bairro valorizou-se bastante, haja vista que muitos fidalgos alí passaram a
residir, a começar pela própria Rainha Carlota Joaquina, que foi morar na praia, num
casarão erguido na esquina do “Caminho Novo” (atual rua Marquês de Abrantes). O
último Vice-Rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos, conseguiu
legislar em causa própria e se auto concedeu a “Fazenda da Olaria”, que englobava nada
mais nada menos toda a rua São Clemente e alguns terrenos vizinhos. Terras que seus
herdeiros venderam em 1823 a um amigo do Rei D. João VI, o Comendador Joaquim
Marques Batista de Leão, que nelas abriu em 1826 as ruas Nova de São Joaquim (atual
Voluntários da Pátria), Real Grandeza, Marques e Largo dos Leões. O Conselheiro José
Bernardo de Figueiredo, morador da praia, conseguiu sabe-se lá como uma carta de
doação e tornou-se dono de extensas terras na orla. Afinal, era parente de um poderoso
Regente do Império... Outro “barnabé”, José Guedes Pinto, conseguiu de D. João VI nada
mais nada menos que o foral de quase todos os terrenos do “Caminho Novo” (atual rua
Marquês de Abrantes), lotes que depois vendeu ao Marquês que batizaria a rua em
definitivo. Um “sabido”, o bacharel José Antônio de Oliveira e Silva, conseguiu levar boa
parte das terras da Lagoa Rodrigo de Freitas, pois provara por “a” mais “b” que a água da
Lagoa era doce (em verdade, é bem salobra), provando que tais propriedades não eram
terrenos de marinha e nada devendo ao patrimônio municipal. Agindo assim, lesou a
“Câmara”, que perdeu a arrecadação tributária de toda a região.
Em meados do século XIX, devido aos muitos “espertos”, eram poucos os grandes
proprietários botafoguenses que pagavam foro à “Câmara”. Os processos contestatórios
na justiça foram tantos que nunca chegou-se a uma solução de consenso.
A propriedade territorial foreira de Botafogo até hoje é caótica e, pode-se dizer que
a cada ano aparece um novo “dono do bairro” exigindo foros atrasados e apresentando
cartas de doação, sabe lá obtidas como. Se isso continuar, daqui a pouco serei eu a
aparecer com mais uma. Afinal de contas, sou descendente direto do primeiro dono de
tudo, o português Antônio Francisco Velho, que, no final das contas, imerecidamente,
ficou sem nada, nem uma homenagem póstuma numa ruela do bairro.
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 35 –
BOTAFOGO
Antigo Cinema Bruni-Botafogo, edificado nos anos 50 como sala de cinema de
bairro. Adquirido por uma instituição bancária no final da década de 80, foi integralmente
reformado, passando a possuir três salas de projeção, voltadas para filmes culturais.
Dentro do espaço do cinema, funciona uma livraria de livros usados (Luzes da Cidade) e
uma cafeteria.
CINECLUBE ESTAÇÃO UNIBANCO – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 88 –
BOTAFOGO
Inaugurado em 1968 como Cine-Capri, um modesto cinema, foi adquirido na
década de 80 por uma instituição bancária, sendo integralmente reformado, quando
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passou a ter três salas de projeção. A no. 1, tem 280 lugares; a no. 2, 41 lugares e a no.
3, 66 lugares. Também dotada de cafeteria, livraria, etc.
FACULDADE DE ENFERMAGEM DA UFRJ – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 107 –
BOTAFOGO
Grande sobrado sobre porão habitável, situado em centro de terreno e em estilo
eclético, construído em 1897 para residência do colecionador de arte E. E. Bechtinger,
que nele residiu até 1930. O prédio possui cercaduras e embasamento em pedra, motivos
decorativos em estuque e gradis em ferro fundido. Outrora existia em frente amplo jardim,
hoje convertido em estacionamento. Recentemente passou a sediar órgãos federais
diversos, bem como a Faculdade de Enfermagem da UFRJ.
O sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.
COLÉGIO SANTA ROSA DE LIMA – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 110 –
BOTAFOGO
Em 1935 a Congregação Dominicana do Santo Rosário, formada por quatro Irmãs,
alugou um prédio à Rua D. Mariana, 126, onde logo iniciaram ali um pequeno atelier de
costura e bordado para jovens.
No dia 1o. de agosto de 1935, foi aberto o Jardim de Infância Santa Rosa de Lima,
com um único aluno. No ano seguinte, o colégio transferiu-se para a Rua Voluntários da
Pátria, 110, onde até hoje funciona. Inicialmente oferecia apenas o curso primário, passou
em 1948 a ginásio, e em 1952 recebeu a denominação de colégio. As atuais instalações
datam dessa época.
Em janeiro de 1969 ficou pronto o último prédio, reservado às Irmãs.
CASA NEOCOLONIAL – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 117 – BOTAFOGO
Com dois pavimentos e em estilo neocolonial, esta casa foi edificada nos anos 30
como residência do proprietário de uma vila residencial de pequenas casa alugáveis que
existia ao lado, e que foi demolida em 1983. A casa sobrevivente destaca-se pelo
revestimento em reboco crespeiro e o beiral em massa. Ultimamente funciona ali um
curso particular de computação e idiomas.
A casa é tombada pela Municipalidade desde 1990.
FUNDAÇÃO PARA A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA – RUA VOLUNTÁRIOS DA
PÁTRIA, 120 – BOTAFOGO
Sobrado residencial em centro de terreno, com tipologia eclética, erguido na
década de 20 e convertido nos anos 60 numa sub-sede do S. A. M. – Serviço de
Atendimento ao Menor, hoje Fundação para a Infância e Adolescência. Possui vitrais
temáticos na escadaria. Nos fundos, foram erguidos pavilhões dormitórios modernos,
dentro da escala da casa da frente.
O sobrado da F.I.A. foi tombado pela Municipalidade em 2.001.
EIDFÍCIO JOÃO M. MAGALHÃES – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 127 –
BOTAFOGO
Grande edifício residencial de linguajar moderno, com oito pavimentos e 148
apartamentos de diversas tipologias. Foi projetado em 1950 pelos Irmãos Roberto
(Marcelo, Maurício e Milton), e construído, com alterações, de 1950 a 55 pela Construtora
Graça Couto. Os jardins são de Carlos Perry.
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EIDFÍCIO MULTIFAMILIAR – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 139 – BOTAFOGO
Edifício de onze pavimentos em estilo art-déco, erguido em fins da década de 30.
Os jardins são das primeiras obras do paisagista Roberto Burle Marx.
CURSO FREITAS RIBEIRO – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 147 – BOTAFOGO
Pequeno sobrado residencial de frente recuada e laterais na divisa do lote, com
fachada em decoração floral em estuque, de transição entre o art-nouveau e art-déco.
Edificado na década de 1920, hoje abriga um curso pré-vestibular. A escadaria interna
possui interessante serralheria de design art-déco.
O sobrado foi tombado pela Municipalidade em 2.001.
PRÉDIO RESIDENCIAL/COMERCIAL – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 151 –
ESQUINA DE RUA PAULINO FERNANDES – BOTAFOGO
Pequeno prédio de apartamentos com cinco lojas no térreo e dois andares de
apartamentos residenciais, com vocabulário art-déco nas duas fachadas. Foi edificado em
1929, época em que esse tipo de construção se iniciava no Rio de Janeiro. A entrada se
dá pela Rua Paulino Fernandes, no. 1, sob um pórtico de mármore. O edifício pertenceu
por muitos anos à Da. Laura Bokel.
O prédio foi tombado pela Municipalidade em 2.001.
VILA NEOCOLONIAL – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 191 – BOTAFOGO
Vila residencial composta de doze casas de sobrado em avenida e duas dando
fachada para a rua. As casas foram construídas por volta de 1930, com tipologia
neocolonial, com reboco crespeiro e beiral de telhas. As duas casas que dão para a rua
abrigam hoje atividades comerciais.
A vila foi tombada em 2.001 pela Municipalidade.
TRÊS SOBRADOS – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 194/6/8 – ESQUINA DE RUA
DONA MARIANA – BOTAFOGO
Três sobrados de dois pavimentos sobre porão, em estilo eclético, datados de
1914, com embasamento em aplacagem irregular em pedra. Destacam-se os vãos em
arco abatido, os estuques e os gradis em ferro fundido. É tudo o que resta de uma grande
vila residencial, que compreendia seis casas dando para a Rua Voluntários da Pátria, e
outras tantas em avenida. A vila foi parcialmente demolida em 1981. Presentemente, duas
das três casas sediam uma agência do Banco Real. Deve-se ressaltar que as casas
continuam pela Rua Dona Mariana, com que fazem esquina.
Os três sobrados são tombados desde 1990 pela Municipalidade.
AGÊNCIA DO BANCO BRADESCO – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 225 –
BOTAFOGO
Projeto minimalista do arquiteto Paulo Hamilton Casé, famoso por grandes obras,
como o Hotel Le Meridien, no Leme. A fachada simétrica foi uma tentativa de
interpretação pessoal do pós-modernismo arquitetônico. Construção datada de 1985.
A IGREJ A MATRIZ DE SÃO JOÃO BATISTA DA LAGOA - RUA VOLUNTÁRIOS DA
PÁTRIA, 287 - BOTAFOGO
Apenas oito meses depois de haver chegado ao Rio de Janeiro, recebeu o Príncipe
D. João, em novembro de 1808, uma petição dos moradores da Lagoa e Botafogo
solicitando a criação de uma paróquia na Zona Sul da cidade, já que a igreja mais
próxima onde podiam celebrar os sacramentos era a de São José, no centro, o que
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demandava quase um dia de viagem. Aprovou D. João a idéia e depois de uma longa
burocracia que durou quase seis meses (naqueles tempos a lentidão dos serviços
públicos era de amargar...), foi e xpedido o Alvará Régio de 12 de maio de 1809 que criou
a nova Freguesia de São João Batista da Lagoa, santo escolhido não por devoção local
dos fiéis e sim por ser o onomástico de D. João (os nossos governantes daqueles tempos
não primavam pela modéstia...).
A no va freguesia abarcava áreas que iam do bairro da Lapa até a distante Gávea,
passando por Lagoa, Ipanema e Copacabana ou seja, toda a atual Zona Sul do Rio de
Janeiro. Foi na mesma ocasião nomeado o primeiro vigário, o Reverendo Manuel Gomes
Souto.
A única capela em condições de abrigar a nova freguesia era a antiga ermida de
Nossa Senhora da Conceição, erguida antes de 1732 às margens da Lagoa Rodrigo de
Freitas, no antigo Engenho de N. Sra. Da Conceição da Lagoa, e que fora desapropriado
em junho de 1808 por D. João para ali se fundar a Real Fábrica de Pólvora da Lagoa e,
posteriormente, o Real Horto Botânico, origem do nosso Jardim Botânico. O Engenho de
N. Sra. Da Conceição era o segundo em antigüidade no Rio de Janeiro, cujas origens
remontavam a 1575, fundado que foi pelo Governador Antônio de Salema, com o nome
de “Engenho D`El Rei”.
A capelinha era própria para um engenho, mas desde logo mostrou ser
inconveniente como sede paroquial. Era afastada dos fiéis, de modestas dimensões,
possuía pequeno campanário lateral e alpendre fronteiriço e, pior, colada à uma perigosa
fábrica de pólvora. Como se fosse pouco, Monsenhor Souto a recebeu caindo aos
pedaços. Em 1824 tentou-se comprar um terreno em Botafogo para se erguer nova
matriz, mas faltou dinheiro. Para piorar, a capela não agüentou e desabou em 1826 após
uma explosão da fábrica vizinha, forçando a transferência provisória da Matriz para a
ainda menor Capela de São Clemente, que fôra fundada em Botafogo no século XVII pelo
Padre Clemente Martins de Matos em sua própria homenagem e que ainda há algumas
décadas atrás se via no final da rua Viúva Lacerda. Da velha Capela da Conceição da
Lagoa não há mais vestígios, haja vista que em seu local ergue-se o prédio da
EMBR APA, na rua Jardim Botânico.
As dificuldades financeiras abateram Padre Souto, que pediu e obteve sua
exoneração em 1830. A situação começou a mudar ano seguinte, quando o Comendador
português Joaquim Marques Batista de Leão doou um terreno de vinte braças de frente
por quarenta de fundo na rua Nova de São Joaquim, inaugurada pelo próprio em 1826 e
batizada em auto-homenagem, rua aberta em terras de sua chácara e que em 1871
ganharia o bonito nome de Voluntários da Pátria. No termo de doação especificava que ali
também se ergueria o cemitério da Freguesia, coisa que não chegou a acontecer, já que
em 1850 foram proibidos enterros nos templos.
Em 24 de junho de 1831 foi lançada a pedra fundamental do novo templo pelo
Bispo do Rio de Janeiro D. José Caetano da Silva Coutinho, tendo ele próprio e depois de
sua morte seus descendentes feitas grandes doações pecuniárias para o rápido
erguimento da Matriz. O projeto da igreja coube ao Major engenheiro Beaurepaire Rohan,
tendo sido inaugurada a Capela Mór em 1836 e no ano seguinte a do Santíssimo, que
foram convenientemente paramentadas quando se organizou a primeira procissão em
1841. Em 1858 o Major Rohan abriu a fronteira rua da Matriz para lhe dar maior realce à
fachada. Por volta de 1860, com o templo ainda em obras, o Vigário José Correia de Sá
Coelho transferiu a pia batismal para a nova sede, abandonando de vez a Capela de São
Clemente. Em 1862 assume o vicariato Monsenhor Francisco Martins do Monte, padre
ativo, misto de intelectual e aventureiro (foi um dos fundadores do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro e dos primeiros a escalar a Pedra da Gávea para examinar supostas
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inscrições fenícias.), que terminou as obras da igreja em 1864, depois de 33 anos de
labutas.
O belo e artístico Altar Mór neoclássico executado em pinho de Riga deve ter sido
inaugurado na mesma ocasião. O crescimento do rico bairro de Botafogo logo motivou
aos fiéis a ampliação do templo, iniciada em 1873, com uma nova fachada monumental
em pedra gnaisse, projetada em estilo neoclássico pelo arquiteto Francisco Joaquim
Bethencourt da Silva, então um dos mais afamados do Império. Dois anos depois já
estavam prontas a Capela Mór com seus finíssimos estuques, a Capela do Santíssimo
(hoje desmontada), as paredes laterais, que foram aumentadas em altura e ornadas com
belos altares de mármore (hoje desaparecidos) e a imponente frontaria de gnaisse da
Pedreira do Morro da Viúva. Finalmente, em 24 de julho de 1875 é elevada com festas a
cruz sobre o frontispício, Passando-se então aos acabamentos internos, tendo o último
dos seis altares laterais de mármore de Carrara ficado pronto somente neste século.
O templo não tinha torres sendo em 1877 iniciadas as obras da torre sineira do
lado do Evangelho, logo depois foi a vez da torre da Epístola. Em 1880 ambas foram
redesenhadas pelo arquiteto espanhol Adolfo Morales de Los Rios e completadas entre
1895 e 1900. Em 1907 foi colocado um relógio europeu na torre da Epístola, mas os três
sinos da igreja só foram fundidos pelo Arsenal de Marinha e colocados nas sineiras em
1947. Em princípios deste século foi instalado na Matriz seu famoso órgão, considerado
ainda hoje pelos especialistas como o melhor do Rio de Janeiro. Inicialmente ele foi
confiado ao organista inglês Harcourt de Saville. Depois passou às mãos de D. Nadyr leite
e D. Maria Inês Cardoso Pereira, exímias artistas nacionais.
Quase destruíram o templo por uma obra infeliz em 1958, quando do alargamento
da rua, tem sido a bela Igreja Matriz de Botafogo restaurada desde 1967 por Monsenhor
Arlindo Thiessen, que salvou o que pôde e impediu, com obras emergenciais, que a
formosa fachada pétrea desabasse sobre a via pública.
A Matri z foi tombada pelo Município em 09 de setembro de 1987, achando-se
novamente em processo de restauração, sendo remontados o antigo batistério e Capela
do Santíssimo, tudo isso com amplo apoio da comunidade botafoguense que, assim, zela
pela preservação do mais importante e cênicamente expressivo bem cultural de nosso
bairro.
PADARIA IMPERIAL – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 339 – ESQUINA DE RUA
REAL GRANDEZA – BOTAFOGO
Fundada em 1922 por um português monarquista, e que em frente e na mesma
época fundou outra padaria, a Bragança. Por muitos anos foi a mais afamada casa do
gênero no bairro. Era famosa não só pelos quitutes, como pela acurada decoração
interior, em madeira finamente entalhada. Na década de 1970, a Bragança foi fechada e a
Imperial teve seu interior modernizado, só se preservando o famoso e antigo relógio em
madeira esculturada. O prédio, em verdade três sobrados ecléticos interligados entre si,
possui exuberante decoração em estuque.
A Padaria Imperial foi tombada pela Municipalidade em 2.001.
INSTITUTO CULTURAL FLEURY – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 423,
BOTAFOGO
Palacete de dois pavimentos sobre porão, em estilo eclético, edificado em c. 1880,
que se destaca pela implantação em centro de terreno e pelo decorativismo de sua
fachada. Foi, por muitos anos, residência do Dr. Marinho, afamado médico. Na época, o
povo a denominada de casa do “cuidado cachorro morde!” por causa da placa afixada
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numa das árvores do jardim (nunca ninguém viu o tal cachorro). Restaurada
recentemente, passou a abrigar o Instituto Cultural Fleury.
O palacete é tombado pela Municipalidade desde 1990.
VILLA DULCE – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 455/7 – BOTAFOGO
Sobrado com três pavimentos e em estilo eclético, mas com decoração floreal em
massa lembrando o estilo art-nouveau, onde se destacam o decorativismo em estuque,
que conta com guirlandas, colunas com fuste em caneluras, capitéis coríntios e beiral
forrado em madeira. Datado de 1922.
A Villa Dulce foi tombada pela Municipalidade em 1990.
CEMITÉRIO DE SÃO JOÃO BATISTA - RUA GENERAL POLIDORO - BOTAFOGO
Este campo santo, criado e mantido pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de
Janeiro, foi inaugurado a 09 de dezembro de 1852, pela iniciativa do Grande Provedor
José Clemente Pereira, para ser o Cemitério Público da Freguesia de São João Batista da
Lagoa, em substituição ao pequeno cemitério que existia na antiga Praia do Hospício de
D. Pedro II. A primeira inumação foi do “anjinho” Rosaura, de quatro anos. Foi o terceiro
cemitério criado pela Santa Casa no Rio de Janeiro, após a lei de 1850 que proibia
enterros em igrejas, sendo inaugurado logo depois dos do Caju e Catumbi. O projeto geral
do campo santo, bem como o pórtico neoclássico e a capela central são devidos ao
arquiteto José Maria Jacinto Rebêlo, muito modificado na execução pelo também
arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva.
No cemitério de Botafogo repousam quase todos os grandes brasileiros que tem
figurado em nossa história, da Independência até a época presente: Evaristo da Veiga,
publicista notável e ardoroso patriota, autor da letra do Hino da Independência; José de
Alencar, glória da literatura romântica nacional; Joaquim Maria Machado de Assis, nosso
escritor maior; Benjamin Constant, o egrégio organizador da Revolução de 15 de
novembro de 1889; Floriano Peixoto, soldado e estadista, nosso segundo Presidente da
República; Marechal Bittencourt, Ministro de Prudente de Morais; Saldanha Marinho,
abolicionista e republicano; Barão de Cotegipe, um dos autores da Lei do Ventre Livre e
Presidente do Conselho de Ministros do Imperador; Esteves Júnior; Paula Ney; Raul
Pompéia, escritor, autor de “O Atheneu”; Oswaldo Aranha e Gustavo Capanema,
ministros da Fazenda e Educação do governo Getúlio Vargas; Santos Dumont, o “Pai da
Aviação”; Orville Derby, o “pai” da geologia no Brasil; Miguel Couto, famoso médico;
Rodolfo Bernardelli, nosso escultor maior, bem como seu irmão Henrique, grande pintor;
Pedro Calmon, famoso professor, historiador e acadêmico; Carmem Miranda, a “Pequena
Notável”, cantora e intérprete; Francisco Alves, o “Rei da Voz”; Vicente Celestino, o
“ébrio”, cantor de serestas, e sua mulher Gilda de Abreu; Antônio “Ton” Jobim, o maestro
da Bossa-Nova; Vinícius de Moraes, o “Poetinha”; Dias Gomes, grande teatrólogo, bem
como sua mulher, Janete Clair, famosa novelista; Luís Carlos Prestes, o revolucionário
comunista; Abelardo Barbosa, o “Chacrinha”, notável animador; Clara Nunes, cantora
popular e ícone da Umbanda; Cazuza, poeta, compositor e cantor; Nelson Rodrigues,
teatrólogo e escritor “Maldito”; todos os Acadêmicos da ABL; os marinheiros mortos na 1a.
Guerra Mundial; os Heróis da Força Expedicionária Brasileira que não morreram em
batalha na Segunda Grande Guerra; Odete Vidal, a “Odetinha”, santa popular; e
muitíssimos outros mais que, em diversos ramos da atividade humana, trabalharam em
prol do engrandecimento moral e intelectual do povo brasileiro.
E, num tempo futuro, espero que ainda bem distante, humildemente me juntarei a
eles, esperando a Ressurreição.
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MONUMENTO AO ALMIRANTE TAMANDARÉ - PRAIA DE BOTAFOGO
A iniciativa da construção do monumento coube à Marinha, que escolheu o local da
praia de Botafogo onde desde 1916 existia uma herma do Marquês. Foi escolhido o
projeto do escultor Hildegardo Leão Veloso, inaugurando-se o monumento em 28 de
dezembro de 1937.
No alto, vemos a figura em bronze de Joaquim Marques Lisboa, Marquês de
Tamandaré, Patrono da Marinha do Brasil, de pé. A linha do pedestal representa uma
quilha de navio, vendo-se nas duas faces laterais de granito, Tamandaré em atitude de
combate e figuras que simbolizam a Glória.
ALMIRANTE TAMANDARÉ – DADOS BIOGRÁFICOS
Joaquim Marques Lisboa nasceu no Rio Grande do Sul, a 13 de dezembro de
1807. Ingressou na Marinha em 1820. Quando, em 1822, se lutava para expulsar da
Bahia as tropas portuguesas contrárias à nossa Independência, mereceu de Lord
Cochrane este conceito, expedido a D. Pedro I: “Majestade, aquele senhor será o Nelson
brasileiro”. Naquela renhida peleja teve Tamandaré seu batismo de fogo, portando-se
galhardamente.
Aos 17 anos de idade, inscreveu-se na Academia de Marinha, hoje Escola Naval.
Participou das lutas pela pacificação de Pernambuco por ocasião do movimento
revolucionário denominado “Confederação do Equador” (1824). Comportou-se igualmente
com bravura nessa refrega. Tomou parte ainda nas guerras civis como a dos Farrapos, no
Rio Grande do Sul (1835 a 1845) e na Revolução Praieira de 1848, em Pernambuco,
última das guerras civis do Império.
Na luta contra o ditador paraguaio Solano Lopes, em 1864, foi comandante da
esquadra em operações de guerra. Sua influência na campanha do Prata foi de tal porte
que se lhe não pode deixar de tributar merecidas homenagens de reconhecimento às
raras qualidades de militar e brasileiro de alto sentir cívico.
Foi ainda membro do Conselho Naval e Ministro do Supremo Tribunal Militar. O
nome de seu título nobiliárquico adveio da denominação do cemitério Tamandaré, em que
fora sepultado seu irmão Manoel Marques Lisboa Pitanga, morto heroicamente, pela
causa da consolidação da Independência.
A vida de Tamandaré foi um exemplo de bravura; por isso foi escolhido para
“Patrono da Marinha Brasileira”, sendo a data de seu aniversário natalício, 13 de
dezembro, consagrada ao “Dia do Marinheiro”.
Tamandaré morreu no Rio de Janeiro, a 20 de março de 1897.
EIDFÍCIOS PARAOPEBA E SÃO JOÃO MARCOS – PRAIA DE BOTAFOGO, 142 E 148
– BOTAFOGO
Projetados por Pedro Latif e Joseph Gire em 1938, e construídos no mesmo ano,
os dois edifícios, que nos anos 40 se constituíam num dos endereços mais elegantes da
cidade, formam uma entidade arquitetônica unificada pelo estilo Luís XVI. Internamente
separados para melhor solução de circulação, os prédios têm apartamentos de duas salas
e quatro quartos.
Vale lembrar que ambos foram edificados onde até 1918 existiu uma antiga casa
que foi, sucessivamente, residência da Rainha Carlota Joaquina, do Marquês de Abrantes
e do Visconde de Silva. Nos anos 60 o prédio serviu de cenário de um filme norteamericano de terror.
Os dois edifícios são tombados pela Municipalidade.
GRANDES AMORES DA ZONA SUL - CARLOTA JOAQUINA
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Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, filha do Rei Carlos V de Espanha e de Da.
Maria Luísa de Parma, nasceu em 1775, mas casou-se por conveniência política dez
anos depois com o Príncipe português D. João.
Não foi feliz no casamento e, apesar de ter-lhe dado dois filhos (Teresa e Pedro,
futuro Imperador do Brasil), logo se desentendeu com o marido, chegando em 1796 a
morar em palácios separados. Passou desde então a encontrar-se com amantes, com
quem teve mais sete filhos.
Vindo para o Brasil em 1808, com a fuga da Família Real, trouxe para cá seu
comportamento escandaloso, morando em várias casas, mas nunca com o marido em
São Cristóvão, com quem só se encontrava em poucas cerimônias oficiais.
Das casas, as que mais apreciava eram as da Zona Sul. Possuía palacete
suntuoso na esquina do “Caminho Novo de Botafogo”(rua Marquês de Abrantes) com a
praia, bem como outra morada, na rua das Laranjeiras, perto do Largo do Machado. Era
seu vizinho fronteiro em Laranjeiras o português dos Açores José Fernando Carneiro
Leão (1782-1832), homem jovem e bonito. Tornaram-se amantes. Leão seria galgado ao
posto de Diretor do Banco do Brasil e teria o título de Conde de Vila Nova de São José,
por Decreto Imperial de 12 de outubro de 1826.
Era casado com Da. Gertrudes Angélica Pedra Leão, que armou “barraco” certa
ve z quando encontrou Carlota Joaquina na rua. A Princesa jurou vingança. Em 1819,
quando Gertrudes saía de uma missa numa capela próximo ao que hoje se chama Praça
José de Alencar, foi alvejada por um tiro, disparado pelo bandoleiro “Orelha”. Preso o
assassino e descoberto o mandante, D. João pediu o processo e queimou-o, não sem
antes dizer “mais um crime desta pérfida mulher...”
Carlota voltou para Portugal em 1821, junto com a Côrte. Ficou viúva em março de
1826, enlouquecendo depois. Suicidou-se em 1830 tomando veneno. Fernando baixaria
ao túmulo dois anos depois, mas seria enterrado ao lado de Da. Gertrudes, no Mosteiro
de São Bento.
EDIFÍCIO-SEDE DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - PRAIA DE BOTAFOGO, 190 BOTAFOGO
A solução inicial previa dois blocos paralelos dispostos transversalmente à praia e
ligados por um bloco baixo ao nível do 2o. pavimento, sobre pilotis. O projeto de 1955 de
Oscar Niemeyer permaneceu incompleto e o único bloco construído foi o esquerdo,
destinado a abrigar as atividades da Fundação. O bloco oposto seria dividido em
pequenas salas para comercialização e no corpo de ligação estariam salões destinados a
exposições, cinema e auditório. Na ocasião, o arquiteto lançou mão deste projeto a fim de
apresentar uma proposta urbanística para a praia de Botafogo, segundo a qual, em toda a
beira-mar deveriam ser executados edifícios semelhantes paralelos, eqüidistantes e com
a mesma altura, visando a preservação da silhueta dos morros ao fundo e da paisagem
natural circundante.
EDIFÍCIO CORCOVADO – PRAIA DE BOTAFOGO, 198 – BOTAFOGO
Edifício multifamiliar de dez pavimentos e cobertura, projetado em 1935 pelo
arquiteto Enéas Silva e construído em 1935/6 pela Construtora Continental. De estética
art déco e refinado acabamento, possui vinte grandes apartamentos de quatro quartos
cada um, mais uma pequena cobertura de serviço. Foi o segundo prédio alto edificado na
orla de Botafogo e o mais antigo sobrevivente.
CENTRO EMPRESARIAL REPÚBLICA ARGENTINA - PRAIA DE BOTAFOGO, 228 BOTAFOGO
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O empreendimento de 1978 procura atender a empresas de médio porte, com
pavimentos de 2 mil m2 de área e pilares periféricos, permitindo aproveitamento máximo
dos espaços internos. A localização em terreno de 8 mil m2, onde se situava o antigo
palácio da família Guinle, e em sua fase final a Embaixada Argentina, sugeriu o
agenciamento dos volumes ao redor de uma esplanada, para colocar em destaque as 15
palmeiras reais existentes. É marcante o desenvolvimento vertical do prédio principal: a
partir da “plaza” foram projetados cinco pavimentos de garagem que compõem o
embasamento, terminando com um pavimento de convenções que serve de ligação ao
corpo do prédio, projetado por Cláudio Fortes e Roberto Victor, com restaurante, auditório,
salas de reuniões, bares e áreas de apoio. Acima deste nível existem 17 pavimentos-tipo
e o coroamento do prédio, onde se localizam os equipamentos mecânicos. A necessidade
de estacionamento foi suprida pelo edifício-garagem em corpo anexo, com tratamento
uniforme em “curtain-wall”.
IGREJ A DA IMACULADA CONCEIÇÃO - PRAIA DE BOTAFOGO, 266 - BOTAFOGO
O Colégio da Imaculada Conceição pertence à Associação de São Vicente de
Paulo, a qual foi fundada pelo Bispo Conde de Irajá em 19 de julho de 1854. O antigo
prédio do Colégio, hoje demolido, na Praia de Botafogo, no. 36, foi ocupado
primitivamente por aquela Associação, e passou a ser sede deste estabelecimento de
ensino desde 1862. Em 1866, foi construído o anexo, que ainda existe atrás do prédio
novo.
A Igreja do Sagrado Coração de Jesus é contemporânea, pois foi projetada, bem
como o anexo, em 1866, pelo arquiteto Padre Júlio Clemente Clavelin, sacerdote
Salesiano francês, que viera ao Brasil para dirigir o Colégio do Caraça, em Minas Gerais.
A igreja só teve iniciada sua construção em 1886 e inaugurada em 1892. É um belo
templo em estilo neogótico, o primeiro assim projetado no Brasil, com fachada de cantaria
dos Morros da Viúva e do Pasmado, ostentando uma grande torre sineira central, que se
destaca no panorama da enseada de Botafogo. Apesar do entorno agressivo, esse
destaque fica evidenciado pela altura do campanário e pelos delicados pináculos ao longo
da fachada.
A pintura no interior é provavelmente inspirada nas restaurações de monumentos
góticos franceses pelo arquiteto violet-le-duc em meados do século XIX. Margeiam a
entrada dois anjos tocheiros do início do século XX em ferro fundido pelo artista Brunet,
de Paris.
A igreja é tombada pela Municipalidade.
VIADUTO SAN TIAGO DANTAS – PRAIA DE BOTAFOGO - BOTAFOGO
Ligando a Rua Pinheiro Machado à Praia de Botafogo, o viaduto em concreto
armado foi projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, em 1963, e construído pela
Superintendência de Urbanização e Saneamento em 1964/5. Tomou o nome do famoso
jurista, amigo e vizinho de Carlos Lacerda, então Governador do Estado da Guanabara
que o inaugurou em 1965.
SAN TIAGO DANTAS – DADOS BIOGRÁFICOS
Francisco Clementino de San Tiago Dantas, escritor, jurista e político. Nasceu no
Rio de Janeiro a 30 de outubro de 1911. Bacharelou-se pela Faculdade Nacional de
Direito do Rio de Janeiro. Militou na Ação Integralista Brasileira, com a qual rompeu em
maio de 1938. Foi professor de direito civil na Faculdade Nacional de Direito, de direito
constitucional na Faculdade Nacional de Ciências Econômicas e de direito romano na
PUC do Rio de Janeiro. De 1941 a 1944, foi diretor da Faculdade Nacional de Filosofia.
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No governo Vargas, em 1951, foi assessor do chanceler João Neves da Fontoura. Foi
diretor da Revista Forense. Em 1958, comprou o Jornal do Comércio, no qual, durante
vários meses, escreveu os artigos de fundo. Nesse mesmo ano, após vender o jornal a
Assis Chateaubriand, elegeu-se deputado federal na legenda do PTB de Minas Gerais.
No governo Jânio Quadros (1961), renunciou ao mandato chefiando a delegação
brasileira junto à ONU. No governo João Goulart, foi Ministro das Relações Exteriores
(1961/2), defendendo, na Reunião de Punta Del Este, a autodeterminação dos povos. Em
1962, reelegeu-se deputado federal, não logrando a indicação de seu nome para primeiroministro, no interregno parlamentarista. Em 1963/4, assumiu o Ministério da Fazenda,
tendo sido um dos autores do plano trienal de governo. Representou o Brasil em vários
congressos internacionais.
Era também vice-presidente da Refinaria de Petróleo de Manguinhos S. A.;
Membro da Societé de Législation Comparée; do Instituto Brasileiro de Relações
Internacionais; da Côrte Permanente de Haia; do Conselho Técnico Consultivo da
Confederação Nacional do Comércio.
Obras: O Conflito de Vizinhança e sua Composição (tese de concurso, 1939);
Discurso pela Renovação do Direito (1940); Humanismo e Direito (1947); Dom Quixote,
um Apólogo da Alma Ocidental (1948); Dois Momentos de Rui Barbosa (1950); Problemas
de Direito Positivo (1952); A Educação Jurídica e a Crise Brasileira (1955); Política
Externa Independente (1962).
San Tiago Dantas faleceu no Rio de Janeiro em 1964. Morava numa bela mansão
na Rua Dona Mariana.
EDIFÍCIO-SEDE DA CAEMI - PRAIA DE BOTAFOGO, 300 - BOTAFOGO
Edifício-sede das empresas do Grupo Caemi com 35.300m2 de área construída,
sendo cerca de 2/3 para escritórios e 1/3 para garagens. O projeto, de 1982 executado
pelos irmãos arquitetos Edison e Edmundo Musa, caracteriza-se pela concentração de
todos os serviços em um núcleo central, que reúne prumadas de instalações, circulações
verticais, sanitários e copas, ao redor do qual se desenvolve o salão em espaços
modulados de 1,50m x 1,50m, com grandes vãos estruturais. Foi adotado um sistema de
platibandas horizontais de 1,50m, dispostas em todo o perímetro do edifício, que
protegem o interior da insolação direta, servindo ainda como proteção corta-fogo e
acústica.
ANTIGO COLÉGIO ANDREWS - PRAIA DE BOTAFOGO, 338 - BOTAFOGO
Antigo solar neoclássico, erguido por volta de 1860 para residência do Visconde de
Souza Franco, até que em 1874 foi transformado no Club Guanabarense. Nele, em 27 de
junho de 1907, foi fundado o Automóvel Clube do Brasil. Em 1918, Isabel Andrews,
famosa educadora, instalou no prédio o tradicional colégio, que ali funcionou até 1999.
O edifício é tombado pela Municipalidade.
EIDFÍCIO DO BANCO DO BRASIL – PRAIA DE BOTAFOGO, 384 – BOTAFOGO
Projeto de 1965 de Marcelo Accioli Fragelli, de linguagem modernista, com
requintado acabamento na fachada em mármore branco. Durante muitos anos o arquiteto
travou intensa batalha judicial com o Banco do Brasil, para que o edifício fosse construído
respeitando o desenho original, o que foi conseguido a muito custo.
BOTAFOGO PRAIA SHOPPING – PRAIA DE BOTAFOGO, 400 – BOTAFOGO
Originalmente o prédio pertencia à filial da loja americana Sears Roebuck,
inaugurada em 1949, sendo esta a primeira grande loja de departamentos da zona sul.
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Faziam sucesso suas escadas rolantes e o ar condicionado, sempre na temperatura
perfeita. Por quarenta anos prestou bons serviços à população do bairro até fechar, em
fins da década de 1980. No final dos anos 90, o prédio foi adquirido pelo megaempresário
Dr. Roberto Marinho, que o reformou e reabriu em 2.000, com o novo nome de Botafogo
Praia Shopping. No oitavo andar existem seis salas de cinemas, bem como uma praça de
alimentação e mirante, os quais se tornaram um dos programas imperdíveis no bairro.
VIADUTO PEDRO ÁLVARES CABRAL – PRAIA DE BOTAFOGO - BOTAFOGO
Projetado e construído pela Superintendência de Urbanização e Saneamento
(SURSAN) e inaugurado pelo Governador do Estado da Guanabara, Francisco Negrão de
Lima, a 22 de abril de 1968. O viaduto começa na pista da Praia de Botafogo, na altura da
Rua São Clemente; e termina no início da Rua Clotilde Guimarães. Visa melhorar a
ligação da cidade com os bairros oceânicos, em especial Copacabana, evitando o
conturbado entroncamento das ruas São Clemente, Voluntários da Pátria e Professor
Ál varo Rodrigues com a Praia de Botafogo. Na década de 70, dois acidentes em épocas
próximas, quando dois ônibus de passageiros despencaram da pista superior, lhe valeu o
apelido de “Viaduto da Morte”, pelo qual muitos ainda o chamam.
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE J ANEIRO – PRAIA DE BOTAFOGO, 480
– BOTAFOGO
Antiga sub-estação transformadora de energia elétrica da Light and Power,
inaugurada em 1910. Construção industrial da época, com cunhais em massa imitando
pedra e alvenaria de tijolos aparentes. Pela grande porta da direita entravam, até 1963, os
bondes da Light. Desativada naquele ano, foi cedida à Companhia de Transportes
Coletivos do Estado da Guanabara e, na gestão Chagas Freitas (1971/82), ao Metrô-Rio.
Em 1996, na gestão Marcelo Alencar, passou a sediar o Arquivo Público do Estado do Rio
de Janeiro, órgão que preserva e dispõe à consulta documentos que abarcam a história
do Estado do Rio de Janeiro, dos séculos XVII ao XXI. No princípio de 2.004, na gestão
Rosângela Matheus, o Arquivo Público estava em vias de ser transferido para o prédio da
antiga Polícia Central, na Rua da Relação.
O prédio é tombado pela Municipalidade desde 2.001.
CENTRO EMPRESARIAL MOURISCO – PRAIA DE BOTAFOGO, 501 - BOTAFOGO
Edifício Comercial localizado na Praia de Botafogo nº 501, constituído de 7
pavimentos, de aproximadamente 4.000m 2 e 580 vagas, perfazendo uma área total
construída de 42.749,61 m 2 e área total privativa de 25.905,64 m 2.
O lançamento do Empreendimento ocorreu em dezembro de 1995.
O Empreendimento foi entregue em agosto de 1998.
CONDOMÍNIO RESIDENCIAL CASA ALTA – PRAIA DE BOTAFOGO, 528 –
BOTAFOGO
Concebido em 1959 por Sérgio Bernardes como “loteamento vertical”, o projeto
para o Condomínio Casa Alta representa proposta arrojada de concepção de espaços
destinados à moradia, e foi elaborado para permitir total liberdade na organização dos
espaços em função das características individuais de cada proprietário. Assim, a criação
de lajes duplas, como plataformas autônomas, permite que cada unidade habitacional
seja totalmente flexível. O conjunto arquitetônico está implantado sobre o pequeno Morro
do Pasmado e compreende duas torres de base quadrangular com núcleo de circulação
central, cuja acentuada verticalidade encontra contraponto no terceiro bloco, de
predominância horizontal, com prumadas de circulação deslocadas para a periferia. O
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esquema de circulação de automóveis foi estudado de forma a interferir o mínimo possível
no deslocamento de pedestres e na dinâmica do conjunto.
RESIDÊNCIA FONSECA COSTA – PRAIA DE BOTAFOGO, 530 – MORRO DO
PASMADO – BOTAFOGO
A contenção e simplicidade do estilo Luís XV/XVI contrastam com a exuberância da
vegetação que cerca esta casa de implantação privilegiada sobre o Morro do Pasmado e
diante da Praia de Botafogo. O projeto e a construção, datados de 1913, são assinados
pelo proprietário original, engenheiro Oscar de Almeida Gama Pereira. Morou na casa,
por muitos anos, Da. Glorinha Paulo de Frontim Muniz Freire, filha do Conde e Prefeito
Paulo de Frontim.
A casa é tombada pela Municipalidade.
TÚNEL DO PASMADO – PRAIA DE BOTAFOGO
Projetado em 1938 pela Comissão do Plano da Cidade, chefiada pelo Engenheiro
José de Oliveira Reis, só foi concluído em 1952. Foi o primeiro túnel no Brasil e, dizem, no
mundo, projetado por uma mulher, a engenheira Berta Leitchick. Liga a Avenida das
Nações Unidas, na Praia de Botafogo, à Avenida Lauro Sodré. Aberto sob o Morro do
Pasmado, facilita o acesso ao Túnel do Leme e, portanto, a Copacabana. Possui 220
metros de extensão e 20 de largura. Possui o nome oficial, que ninguém usa, de Túnel
André Luís dos Santos Filho, antigo engenheiro da Prefeitura.
EDUCANDÁRIO DE SANTA TERESA - RUA GENERAL SEVERIANO, 159 – ESQUINA
DE AVENIDA LAURO SODRÉ - BOTAFOGO
Antigo Recolhimento de Santa Teresa, mantido pela Santa Casa de Misericórdia e
originalmente destinado à educação das órfãs abandonadas. Foi fundado em 14 de março
de 1852 pelo Grande Provedor José Clemente Pereira, que destinou parte da herança de
Da. Luiza Avondano Pereira à fundação desta casa pia. Mais tarde, D. Pedro II e Da.
Teresa Cristina Maria concorreram com mais donativos para esta instituição destinada às
meninas desvalidas ou órfãs.
Depois abrigou, também, o antigo Recolhimento das Órfãs, estabelecido
anteriormente na Rua Santa Luzia, dali desalojado para acolher a Faculdade de Medicina.
Recentemente, o prédio foi arrendado ao Colégio Anglo-Americano, que o ocupa
presentemente.
O edifício, em sóbrio estilo neoclássico, foi obra do arquiteto Francisco Joaquim
Bethencourt da Silva, sendo inaugurado em 15 de outubro de 1866.
É tombado pela Municipalidade.
SINAGOGA HISPANO-PORTUGUESA UNIÃO ISRAELITA SHEL GUEMILUT
HASSADIM – RUA RODRIGO DE BRITO, 37 – BOTAFOGO
Até que se prove o contrário, a primeira sinagoga estabelecida nas Américas o foi
em Recife, no ano de 1638, pelos judeus holandeses que para cá vieram junto com o
administrador dos domínios da Companhia das Índias, Conde João Maurício de Nassau.
Esse venerando templo ainda existe e é uma das relíquias históricas do Brasil.
O que talvez poucos saibam, é que a segunda sinagoga a surgir em nossas terras
foi constituída em 1830, no Rio de Janeiro, pelos israelitas vindos do Marrocos. Fundada
no Campo de Santana, na esquina de Rua Senhor dos Passos, passou vinte anos depois
para a Rua da Alfândega, no. 358. Em 1890 foi para um salão maior, na Rua São Pedro
no. 300 (hoje Av. Presidente Vargas). Todas essas sedes eram apenas casarões
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coloniais alugados e mal adaptados para a função religiosa, pois a comunidade era muito
pobre para erguer um templo condigno.
Em 1870, a comunidade cresceu com a vinda de judeus alsacianos, cuja província
francesa natal havia sido invadida e incorporada à Alemanha naquele ano. Entretanto,
pouco após a Proclamação da República, houve uma grande epidemia de febre amarela
no Rio de Janeiro, cujas principais vítimas foram os judeus recém chegados ao Brasil.
Muitos desanimaram e voltaram para o Marrocos, indo outros para a Argentina. Mas os
que restaram se reorganizaram definitivamente em 24 de setembro de 1911, sendo seus
estatutos aprovados em 11 de março seguinte e publicados no Diário Oficial de 13 de
março de 1912.
Após a Primeira Guerra Mundial, com a vitória dos aliados, os judeus da Alsácia
retornaram à França. Com a diminuição da comunidade, a Shel Guemilut passou em 1921
para uma casa menor, na Rua do Lavradio, onde permaneceu 14 anos, sem muitas
perspectivas de erguer uma sede nova, por serem muito poucos os freqüentadores
realmente interessados em arcar com as responsabilidades de um templo próprio.
A mudança ocorreu em 1935. Desde aquele ano a Shel Guemilut passara para um
casarão na Rua Francisco Muratori, no. 33. Nos quinze anos que ali funcionou, aumentou
consideravelmente seu quadro social quando vieram para o Rio de Janeiro muitas
famílias de judeus do norte do Brasil, principalmente do Pará e Amazonas, os quais
haviam enriquecido muito com o comércio da borracha. Na mesma ocasião, vieram
muitas famílias ricas do Marrocos espanhol, para cá fugidas da Guerra Civil Espanhola.
Todos encontravam na Shel Guemilut o seu templo espiritual.
Com isso foi possível angariar recursos e com ajuda incessante, intelectual e
financeira de Jomtob Azulay, Rafael Serruya e Dr. David Perez, erguer o novo templo à
Rua Rodrigo de Brito, no. 37, lançando-se a pedra fundamental em 10 de outubro de 1948
e sua inauguração em 7 de setembro de 1950 (25 de Elul 5760).
Por iniciativa da Shel Guemilut e o esforço de Isaac Levi, Leon Davi Levy, sob a
presidência de Jomtob Azulay, colaborou na construção do Cemitério Comunal Israelita,
no Caju, fazendo parte do seu Conselho deliberativo.
Em 1968, a Sinagoga Shel Guemilut Hassadim foi considerada de utilidade pública
pela Lei Estadual no. 1741, de 18 de novembro de 1968.
O funcionamento da Sinagoga é diário, de rito sefaradi hispano-português e a sua
freqüência é livre. O seu nome União Israelita Shel Guemilut Hassadim em hebraico,
traduzido para o português é União Israelita de Ajuda aos Necessitados. Embora pequeno
o seu templo, é sempre grande para receber quem mais a freqüente.
De conformidade com o seu nome, a Shel Guemilut tem por finalidades:
a)- manter assistência social aos necessitados;
b)- manter assistência espiritual aos enfermos e falecidos; e
c)- manter instrução religiosa e cultura da língua hebraica.
ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA ISRAELITA - RUA. GENERAL SEVERIANO, 170 –
BOTAFOGO
A Associação Religiosa Israelita foi fundada na década de trinta, no Rio de Janeiro,
por judeus centro-europeus que para cá haviam migrado quando das perseguições
engendradas contra sua gente, principalmente na Alemanha (1933). Inicialmente, faziam
suas reuniões em acomodações provisórias, dentre elas, o velho Pavilhão Mourisco, na
Praia de Botafogo, um curioso prédio de linhas islâmicas e que inicialmente foi destinado
a ser um restaurante. Com a demolição do edifício em início da década de 50 para a
abertura do túnel do Pasmado (1952), os associados se uniram para adquirir um terreno e
construir uma sede definitiva, se possível, próximo da anterior. Com muito custo,
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conseguiram um terreno na rua General Severiano, onde até então existia uma pequena
escola pública.
O conjunto, projetado em 1958 pelo arquiteto Henrique Mindlin, compreende
sinagoga, capela, salão para reuniões e festas, salas de aula, serviços administrativos e
áreas de apoio. Localiza-se em área pouco adensada, em terreno de aproximadamente
1.300m2, com acesso por dois logradouros, havendo entre estes um desnível de cerca de
10m. com estas características do terreno e peculiaridades do programa, o arquiteto
optou por dividir o corpo principal em dois níveis: no 1o. pavimento se localiza a sinagoga,
com capacidade para 600 pessoas, e no nível inferior, salão de festas, para 400 pessoas.
Concentram-se os demais serviços em bloco de seis pavimentos ao longo da fachada
posterior, acessível por rampas laterais. Este bloco, em conjunto com a colunata do
pórtico, cria os elementos estruturais que sustentam a cobertura em cabos de aço que, na
sua curvatura, evoca as tendas das primitivas tribos judaicas.
A construção contou com o apoio da empresária Regine Feigl, dona do então
edifício Avenida Central, na av. Rio Branco, projetado e construído em 1958/61 pelo
mesmo arquiteto. Aliás, conta-se que a sinagoga foi erguida com as “sobras” dessa obra.
O mirante do morro do Pasmado, ao fundo da obra, foi recentemente batizado de
Parque Itzak Rabin, em homenagem ao famoso líder israelita assassinado por
extremistas.
SEDE SOCIAL DO BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS – AVENIDA W ENCESLAU
BRÁS, 72 – ESQUINA DE RUA GENERAL SEVERIANO – BOTAFOGO
O Botafogo passa por ser o mais antigo clube poliesportivo do Brasil, haja vista que
suas atividades como agremiação de regatas remontam ainda a 1886. Entretanto, apenas
no dia 1o. de julho de 1894, o Clube de Regatas Botagogo foi oficialmente criado e
registrado. O departamento terrestre, que correspondia à época apenas ao futebol, foi
criado a 12 de agosto de 1904 na casa no. 514 da Rua São Clemente. Seis anos depois o
time de futebol conquistava o primeiro título estadual. Apenas no dia 12 de agosto de
1941 foi oficializada a fusão do Clube de Regatas com o de Futebol, surgindo daí o
definitivo Botafogo de Futebol e Regatas.
A primitiva Sede Social, originalmente acoplada ao estádio, foi construída no
quarteirão entre as ruas General Severiano, Wenceslau Brás e Lauro Sodré, em 1926/28,
sob projeto em estilo neocolonial dos arquitetos Archimedes Memória e Francisque
Couchet. O prédio principal, com fachada para a Avenida Wenceslau Brás, ficou famoso
pelos bailes ali oferecidos nas décadas de 30 a 60. Quanto ao estádio, ficou incompleto,
sendo reconstruído em 1938 sob projeto de Raphael Galvão para ser vilmente vendido
em 1978 pelo seu então Presidente Charles Borer, com completo desamor ao passado
heróico do time, por muitos anos formador da Seleção Brasileira, sendo afinal demolido
em 1988, dando lugar ao Shopping Center Rio Off-Price.
A Sede Social foi tombada pela Municipalidade em 1983.
CASA DE SHOWS CANECÃO – AVENIDA W ENCESLAU BRÁS – BOTAFOGO
Onde hoje está o Canecão eram terras que foram doadas por D. Pedro II ao
Hospício de D. Pedro II (hoje UFRJ) em 1841. Na década de 60, ali existia a “Pensão
Fossa”, um dormitório de estudantes da UFRJ que acabou se transformando num reduto
da comunidade hippie. Em fins de 1966, a Pensão foi abaixo e, por alguns meses, ali
funcionou um circo. Em 1967, o terreno foi arrendado ao Sr. Mário Priolli, que construiu
um galpão metálico para shows e restaurante, o qual foi batizado de Canecão. Foi
inaugurado em 22 de junho de 1967, com um show de música de Ye, Ye, Ye, com
sucesso imediato.
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Possuindo 4.000 m2 e capacidade para 3.000 espectadores sentados, o Canecão
se impôs como a mais importante casa de espetáculos do Brasil, a ponto de quase todos
os cantores e compositores importantes da música popular brasileira e mundial ali terem
tido seus melhores momentos. Muitos artistas, aliás, foram lançados em seu palco.
Independente disso, ficaram tradicionais seus bailes carnavalescos e de reveillon, muito
disputados. De shows clássicos à música experimental, do samba ao jazz, do
carnavalesco ao gospell, tudo já desfilou por suas galerias. Muitos shows viraram discos
antológicos da música brasileira. Muitas tendências da música moderna tiveram sua
primeira audição sob seus tetos.
Em 1999, depois de longa disputa com a UFRJ, a casa foi tombada como
importante bem cultural pelo Estado do Rio de Janeiro, depois de emocionado movimento
popular chefiado pelo musicólogo Ricardo Cravo Albim.
RIO SUL SHOPPING CENTER - RUA LAURO MULLER, 116 – ESQUINA DE AVENIDA
LAURO SODRÉ - BOTAFOGO
Projeto elaborado pelo arquiteto Ulisses Burlamaqui, vencedor de concurso privado
realizado em 1975 para implantação do primeiro “shopping center” urbano da cidade. O
partido consiste em um embasamento, para comércio e estacionamentos, conjugado a
uma torre de escritórios de planta quadrangular, como os volumes vizinhos. O sistema
estrutural compõe-se de núcleo central (circulação vertical, dutos, lixo, sanitários, etc.) e
oito apoios periféricos que abrigam equipamentos de ar condicionado, interligados em
andares alternados por treliças em concreto protendido moldadas “in loco”. A
profundidade dessas treliças, conjugada com as passarelas externas, reduz a carga
térmica nas fachadas e proporciona proteção corta-fogo entre pisos. O sistema viário em
torno do terreno foi estudado, e optou-se por dividir o estacionamento em diferentes níveis
com entradas e saídas próprias e ligações internas. O tratamento externo do
embasamento evidencia o apelo visual desejado: as fachadas foram tratadas como
veículo de comunicação, sinalizando os acessos principais e informando sobre os eventos
do shopping.
O estabelecimento foi inaugurado em 1981.
IGREJ A DE SANTA TEREZINHA – AVENIDA LAURO SODRÉ - BOTAFOGO
Erguida por uma promessa de cura do Cardeal D. Sebastião Leme. Em 1921,
quando estava na Suíça para fazer uma cirurgia, Sua Eminência prometeu erguer uma
igreja à santa de sua devoção no Rio de Janeiro em caso de cura. Uma vez esta obtida,
visitou então o Convento de Lisieux, onde expôs o caso à Madre Superiora Inês sua
pretensão. O Cardeal entregou um mapa do Rio de Janeiro à Da. Inês e pediu que ela
indicasse um local para o novo templo. A Madre apontou, sem conhecer, para a Avenida
Lauro Sodré, em Botafogo.
Em 1931 foram iniciadas as obras, sob projeto do arquiteto Archimedes Memória.
Estas prosseguiram com vagar. Somente a 14 de junho de 1935 era consagrada a cripta.
A Paróquia foi criada pelo Cardeal Leme a 8 de dezembro de 1938. Em 1940 ficou pronta
a fachada, com as esculturas gigantes de Santa Terezinha e Apóstolos, feitas por Cunha
Mello e executadas em concreto por Tito Bernucci. A Igreja foi afinal consagrada a 30 de
setembro de 1941. A Igreja de Santa Terezinha do Menino Jesus de Lisieux é um dos
mais perfeitos exemplos do estilo art-déco no Rio de Janeiro.
Internamente, a decoração é muito rica. O batistério é obra do escultor Prof. Albert
Freyhöffer. Os altares de Maria e José possuem painéis de Carlos Oswald, inaugurados
em 1941. Aliás, todas as pinturas artísticas e vitrais foram desenhados pelo pintor Carlos
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Oswald. Os painéis escultóricos da Via Sacra foram executados pelo escultor Prof. Albert
Freyhöffer, e inaugurados em 1949.
A Igreja foi tombada pela Municipalidade em 2.001.
TÚNEL DUPLO DO LEME – AVENIDA LAURO SODRÉ – BOTAFOGO
O túnel duplo do Leme – Túnel Novo, como é conhecido – é a principal via de
acesso a Copacabana. Sua primeira galeria, chamada Coelho Cintra, foi concluída em
1904 e alargada em 1941. A segunda, chamada Marques Pôrto, foi concluída em 1946.
Ligam as avenidas Lauro Sodré (Botafogo) e Princesa Isabel (Leme), sob o Morro da
Babilônia, tendo cada uma 250 metros de extensão e 16 de largura.
BIBLIOGRAFIA
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BAIRRO DA URCA
Este bucólico bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro foi criado a partir de 1921. Até
então não existiam as Avenidas Portugal e João Luís Alves. O acesso para a Fortaleza de
São João era feito através de embarcação. A idéia de ligar a Praia da Saudade (atual
Avenida Pasteur) à Fortaleza partiu do comerciante português e Voluntário da Pátria
Domingos Fernandes Pinto, entre 1860/70. ”Olhando para a então pequena praia da Urca
onde havia apenas um coqueiro e uma casa de pescador, planejou transformar o local
num bairro, ou melhor, uma nova cidade, com prédios obedecendo a um novo estilo,
elegante e artístico”.
Em março de 1895 Domingos Fernandes assinou contrato com a Intendência
Municipal objetivando construir um cais ligando a Praia da Saudade à Fortaleza de São
João. A ponte Domingos Fernandes Pinto (que liga Avenida Marechal Cantuária à
Avenida Pasteur é resultado deste primeiro momento de obras). Em agosto de 1901 foi
criada a firma Domingos Fernandes Pinto & Cia a fim de continuar as obras de 1895. O
sonho de Domingos Fernandes de criação de um bairro foi embargado pelo Exército que
temia que esta obra viesse a tornar a Fortaleza de São João vulnerável.
Mas a criação do cais foi de utilidade para a Fortaleza facilitando a ligação da Praia
da Saudade com uma trilha na encosta do morro que acenava à fortaleza. Essa trilha foi o
embrião da atual Av. São Sebastião.
Em 1921 o Engenheiro Oscar de Almeida Gama criou a Sociedade Anônima
Empresa da Urca objetivando a construção de cais ligando a Praia da Saudade à
Fortaleza. Neste período governava a cidade o prefeito Carlos Sampaio, que incentivou a
obra realizada. A Sociedade foi responsável pela construção do ancoradouro de barcos
junto à ponte( o ancoradouro foi criado para servir como piscina para competições,
possuindo fundo azulejado e arquibancadas), do cais que corre pela atual Avenida João
Luís Alves e Avenida Portugal e do Hotel Balneário (que funcionou como Cassino da Urca
de 1934 a 1946 e TV Tupi, de 1951 a 1980 ).
Em setembro de 1922 a Avenida Portugal foi oficialmente inaugurada.
IGREJ A DE NOSSA SENHORA DO BRASIL - AVENIDA PORTUGAL - URCA
Elegante e esguia igreja em estilo neocolonial, projetada em 1925 pelo arquiteto
Frederico Faro Filho, sendo ultimada dez anos depois. O arquiteto, não conhecendo em
profundidade nosso estilo colonial, inspirou-se nas capelas das missões espanholas da
Flórida, então muito divulgadas nos filmes de faroeste americanos. Possui concorrida
missa, que quase sempre conta com a participação do popular cantor Roberto Carlos, que
mora nas proximidades.
ANTIGO CASSINO DA URCA - AV. PORTUGAL - PRAIA DA URCA
Volumoso edifício eclético concebido em 1920-22 para funcionar como hotel
balneário, dotado de acomodações para hóspedes, quadra de esportes, vestiários e
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equipamentos náuticos. Foi projetado pelos arquitetos Archimedes Memória e Francisco
Cuchet para acomodar turistas que viriam à Exposição Internacional Comemorativa do
Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Após a exposição, vegetou por alguns
anos, até ser adquirido em 1935 pelo empresário dos jogos Joachim Rollas, que o
converteu em cassino. As obras de adaptação foram realizadas pelo engenheiro Mário
Chagas Dória, ficando a decoração interna a cargo do arquiteto Wladimir Alves de Sousa,
que criou os belos salões em estilo art-déco, que ainda subsistem. Seu período áureo foi
de 1938 a 1946, quando grandes nomes artísticos nacionais e internacionais e uma
clientela selecionada contribuíram para que se tornasse uma das mais disputadas casas
das américas. Artistas de um porte de Josephine Baker, Maurice Chevalier, Mistin Guett,
Carmem Miranda, Eros Volúsia, Alvarenga e Ranchinho, Oscarito, Grande Otelo e Ankito,
realizaram shows memoráveis em seus palcos. Em abril de 1946, com a proibição do jogo
no Brasil, entrou em rápida decadência. Adquirido em 1950 pelo empresário das
comunicações Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, foi convertido em
estúdio da Tevê-Tupi, a primeira emissora de televisão da América Latina, que manteve
carreira de sucesso até a morte de seu fundador, em fins dos anos sessenta. Depois de
longa decadência, fechou as portas em 1980, servindo hoje como espaço de aluguel a
escritórios particulares ou leilões de arte.
O prédio foi tombado pela Municipalidade.
GRANDE OTELO - DADOS BIOGRÁFICOS
Sebastião Prates, seu verdadeiro nome, nasceu em Uberlândia, Minas Gerais, em
1915, tendo começado na vida artística aos oito anos. Trabalhou em teatro na Companhia
Walter Pinto de 1928 a 1934. De 1934 a 1937 trabalhou na Companhia de Jardel Jércolis.
De 1938 a 1946, no Cassino da Urca, onde obteve projeção internacional e iniciou uma
parceria com o ator cômico Oscarito, que perduraria até a morte deste em 1970. De 1950
a 1963 trabalhou no elenco de Carlos Machado. Ingressou no cinema ainda em 1935. Foi
do elenco da Atlântida Filmes, de 1942 a 1948; e nas produções de Herbert Richers, de
1950 a 1956. Participou de mais de 70 filmes, a maior parte deles comédias, dentre eles:
“Rio Zona Norte”; “Paixão na Selva”, “Assalto ao Trem Pagador”, “Crônica da Cidade
Amada”, “Its All True”, (incompleto, sob direção de Orson Welles); “Arrastão”(uma coprodução francesa sob a direção de Antoine D`Ormesson), e “Macunaíma”, considerado
por muitos seu melhor desempenho; “Una Rosa Per Tutti”, sob a direção de Franco Rossi;
“Também Somos Irmãos” e “Amei um Bicheiro”, tendo nos dois últimos ganho prêmios
como melhor ator. Dedicou-se muito nos últimos anos à televisão, fazendo geralmente
papéis cômicos, e a minissérie A-E-I-O-Urca, em 1990, onde interpretou a si próprio no
princípio de carreira. Nos últimos anos, casou-se com a atriz e cantora Josephine e tentou
um breve retorno ao teatro de revista. Foi um intransigente defensor da causa negra e da
igualdade nos direitos para brancos e pretos. Foi, durante quase cinqüenta anos,
praticamente único ator negro do país.
Morreu em 1996.
ASSIS CHATEUABRIAND BANDEIRA DE MELO - DADOS BIOGRÁFICOS
Jornalista e empresário, nasceu em 1891 em Umbuzeiro, Pernambuco. Bacharel
pela Faculdade de Direito do Recife. Redator do Jornal do Recife e do Diário de
Pernambuco. No Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1917, colaborou no Correio da
Manhã, foi redator-chefe do Jornal do Brasil e diretor de O Jornal. Organizou uma cadeia
dos Diários Associados, incluindo jornais, estações de rádio e televisão (sendo que ele
introduziu a televisão no Brasil, em 1950, pela extinta TV-Tupi), a re vista O Cruzeiro,
várias revistas infantis e uma editora. Fundou o Museu de Arte, em São Paulo, em 1947
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(hoje, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) , e promoveu a campanha
nacional da aviação e da redenção da criança. Em 1955, elegeu-se senador pelo
Maranhão, renunciando ao mandato para assumir a embaixada do Brasil em Londres. Foi
um dos mais acérrimos adversários da industrialização do país. Membro da Academia
Brasileira de Letras (cadeira no. 37). Sua obra consta principalmente de artigos de jornal
que não foram reunidos em livros. Entre as obras publicadas, devem-se mencionar: Em
Defesa do Sr. Oliveira Lima (1910); Alemanha, Dias Idos e Vividos (1921); Terra
Desumana (1926).
Morreu em São Paulo em 1968.
DIRETORIA DE PESQUISA E ESTUDO DE PESSOAL DO EXÉRCITO E FORTALEZA
DE SÃO JOÃO – AVENIDA JOÃO LUÍS ALVES, S/NO. – FORTALEZA DE SÃO JOÃO URCA
o
Na manhã de 1 . de março de 1565, o jovem Capitão português Estácio de Sá,
desembarcou com 120 brancos e trinta índios na península do morro Cara-de-Cão, na
base do Pão-de-Açúcar, para uma importante missão: fundar a Cidade de São Sebastião
do Rio de Janeiro, com o objetivo claro de retomar a Baía de Guanabara, desde 1555 em
mãos francesas. O desembarque, procedido às pressas, não obedeceu a nenhum
protocolo que o de realizar no menor prazo possível um cercado para proteção contra um
ataque inimigo, possibilidade que se concretizou alguns dias depois. Neste cercado, em
habitações que não se diferenciavam muito de seus adversários tamoios, aliados dos
franceses, Estácio resistiu por dois anos, até a reconquista final da Baía, ocorrida após a
batalha das canoas, em 20 de janeiro de 1567, vitória que custou a vida de nosso primeiro
governador, falecido em consequência de um ferimento recebido no rosto por uma flecha.
Mem de Sá, tio de Estácio e Governador Geral do Brasil desde 1557, transferiu a
cidade do estreito morro Cara-de-Cão para o do Castelo, mais bem situado, em posição
cavaleira no interior da Baía. Das construções deixadas pelos portugueses na então “vila
velha” pouco restou, logo encobertas pelo mato. Entretanto, já em 1601 os portugueses
iniciariam uma nova fortificação no morro Cara-de-Cão, importante demais para continuar
esquecido. Michel de Lescolles, engenheiro francês, teria sido seu primeiro fortificador,
logo substituído pelo engenheiro lusitano Francisco de Frias da Mesquita, que em
princípios do século XVII estava construindo fortes em toda a costa brasileira, e passou
bom tempo no Rio de Janeiro em 1617. Eram esses fortes simples muros de terra, sem
trabalhos em pedra. A idéia tinha o seu porquê. Uma muralha de terra absorvia as balas
inimigas, enquanto que a muralha de pedra a faria ricochetear ou estilhaçar, virando cada
pedaço um novo balim. O único problema é que quando chovia o forte se esfarelava. Em
1705, o Governador do Rio de Janeiro Francisco de Castro Morais, colocou uma corrente
ligando o morro Cara-de-Cão à Fortaleza de Santa Cruz, em Jurujuba, artifício que logo
mostrou sua inutilidade, pois não conseguiu impedir os ataques franceses ao Rio de
Janeiro cinco anos depois.
Após os ataques franceses de Duclerc e Duguay Trouin em 1710-11, foi a
fortificação reforçada por João Massé, engenheiro francês, passando a ser citada nos
documentos coevos como Fortaleza de São João. O Padre jesuíta e engenheiro
Domingos Capassi fez-lhe um levantamento em 1730. As principais muralhas de pedra já
existiam, mas ainda faltava muito por fazer. Em 1776, o Vice-Rei Marquês de Lavradio
encarregou o engenheiro militar Jean Jacques Funck de refazer as muralhas, tendo sido
erguida na ocasião a atual defensa, com elegante portada barroca e ponte levadiça.
Desartilhada pela Regência Trina em 1831, assim permaneceu até 1863, quando quase
entramos em guerra contra o governo de Sua Majestade Britânica devido à prepotência
de seu embaixador no Brasil, o intrigante William Dougal Christie. Reaparelhada às
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pressas pela Comissão de Melhoramentos do Exército, ganhou então os novos fortes de
São José e São Teodósio, executados em cantaria aparelhada e concluídos em 1872.
Ironicamente, nesse meio termo, fizemos as pazes com a Inglaterra em 1865, sendo a
Fortaleza artilhada com canhões ingleses Armstrong Whitworth.
A Fortaleza de São João atuou contra a esquadra revoltada em 1893-94 e contra a
revolta da Fortaleza de Santa Cruz, em 1905. Tendo ainda atuado contra o Encouraçado
São Paulo na rebelião de Hercolino Cascardo em julho de 1924. Na era Vargas, passou a
sediar a Escola Superior de Guerra, bem como outros estabelecimentos de ensino militar
e educação física, perdendo aos poucos seu caráter exclusivamente marcial. Atuou na
vigilância do litoral durante a Segunda Guerra Mundial, tendo dado seu último disparo
efetivo contra o Cruzador Tamandaré, em novembro de 1955, quando este fugiu barra
afora com o Presidente Carlos Luz à bordo, deposto pelo golpe branco do Marechal Lott.
Durante muitos anos ficou muito conhecido seu curso de educação física, aberto
ao público, nas férias escolares. Recentemente, foi aberta ao turismo e restaurada, sendo
demolidos prédios modernos que “entalavam” as antigas muralhas coloniais. Hoje
restaurada, serve a vetusta fortaleza de sede do importante Centro de Capacitação Física
do Exército, sendo suas instalações mantidas com muito zêlo pela classe militar, como as
relíquias mais veneráveis da quadrissecular cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
DIRETORIA DE PESQUISA E ESTUDOS DE PESSOAL E FORTALEZA DE SÃO JOÃO
II – AVENIDA JOÃO LUÍS ALVES, S/NO. – FORTALEZA DE SÃO JOÃO – URCA
Foi criada pelo Decreto 4.290, de 27 de junho de 2.002, assinado pelo Presidente
Fernando Henrique Cardoso, por transformação do Centro de Capacitação Física do
Exército e Fortaleza de São João. A portaria no. 310, de 28 de julho de 2.002, organizou a
DPEP. Sua missão é:
Coordenar as atividades de ensino, pesquisa e desporto das organizações militares
subordinadas.
Assessorar o escalão superior, quanto à doutrina do TFM e quanto a estudos na
área de pessoal.
Funcionar como pólo de referências em treinamento físico e militar, medicina
esportiva e desportos, e em seleção, avaliação e capacitação profissional.
A DPEP está subordinada ao Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército.
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO EXÉRCITO – AVENIDA JOÃO LUÍS ALVES,
S/NO. – FORTALEZA DE SÃO JOÃO – URCA
A EsEFEx é um estabelecimento de ensino superior e médio de especialização, da
linha ensino militar bélico, diretamente subordinado à Diretoria de Pesquisa e Estudos de
Pessoal e Fortaleza de São João.
Criada pelo Presidente Getúlio Vargas em 1933, tinha originalmente uma
orientação eugênica, bem ao gosto da época, de aprimorar a “raça brasileira”. Em 1940
passou a seguir uma linha mais pragmática, voltada para a excelência da vida militar na
guerra. Sua colônia de férias, criada na década de 50, com vagas muito disputadas pelas
famílias de militares e civis da zona sul do Rio de Janeiro.
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA – AVENIDA JOÃO LUÍS ALVES, S/N. –
FORTALEZA DE SÃO JOÃO – URCA
A Escola Superior de Guerra, criada pela Lei 785/49, é um instituto de altos
estudos de política, estratégia e defesa, integrante da estrutura do Ministério da Defesa, e
destina-se a desenvolver e consolidar os conhecimentos necessários ao exercício de
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funções de direção e assessoramento superior para o planejamento da defesa nacional,
nela incluídos os aspectos fundamentais da segurança e do desenvolvimento.
A ESG foi criada a 20 de agosto de 1949 pelo Presidente Marechal Eurico Gaspar
Dutra. Foi inspirada na National War College dos EUA, visitada em 1948 pelo General
Salvador César Obino, então chefe do Estado Maior Geral, antigo EMFA e hoje Ministério
da Defesa. O General Obino ficou profundamente impressionado com a escola
americana, e iniciou uma campanha para criar uma instituição congênere no Brasil, no
que foi bem sucedido.
Seu primeiro comandante foi o General Cordeiro de Farias, substituído em 1952
pelo General Juarez Távora, que antes havia sido aluno da dita escola. Desde 1949 está
instalada na Praia de Dentro da Fortaleza de São João, local histórico da fundação da
Cidade do Rio de Janeiro, e ministra cursos de excelência para as classes militar e civil.
IATE CLUBE DO RIO DE J ANEIRO – AVENIDA PASTEUR – URCA
Durante os dois primeiros séculos de existência da cidade, todo o trecho marítimo
que ia do Morro do Matias (hoje, do Pasmado), em Botafogo ao Morro da Urca era
denominado de Praia de Martim Afonso ou Praia de Santa Cecília. No século XVIII deramlhe a crisma de Praia da Saudade. O porquê desse nome nunca se soube.
No século XVIII, o Cônego Dr. Antônio Rodrigues de Miranda, Vigário-Geral do
Bispado do Rio de Janeiro e proprietário daquelas terras fez doação de toda a orla e
chãos adjacentes à Santa Casa de Misericórdia. Um século depois, a Santa Casa
aproveitou esses terrenos para ali erguer, de 1841 a 52, seu novo nosocômio para
alienados, o qual recebeu o nome de Hospício de D. Pedro II.
Na ocasião, o Provedor José Clemente Pereira mandou cordear um caminho que
ali existia, a Azinhaga do Pasmado, então rebatizada de Rua do Hospício de D. Pedro II,
afinal mudado na República para Rua General Severiano. Aproveitou-se a oportunidade
para igualmente cordear a rua fronteira ao hospício, a qual possuía o nome de Rua da
Pedreira de Botafogo, e que recebeu então o nome de Praia da Saudade. Em 1908, essa
praia ganhou uma muralha de pedra e concreto, por conta da Exposição Nacional
realizada na Praia Vermelha. A 27 de dezembro de 1922 ganharia o nome definitivo de
Avenida Pasteur.
Em 1920, a família Guinle, chefiada pelo empresário Guilherme Guinle, bem como
a família Rocha Miranda, dona da primeira concessão de uma linha de ônibus para a
Praia Vermelha, assim como outros amantes do iatismo, resolveram fundar o Fluminense
Yachting Club, cuja sede inicial foi no estádio do Clube Fluminense, em Laranjeiras, logo
depois transferida para a Praia da Saudade. Nesta nova sede, freqüentemente ampliada,
havia casas de banho de mar antes de terem tornado mais acessíveis os de Copacabana.
Apesar de ali ser um espaço destinado aos amantes de esportes náuticos, por muito
tempo, inicialmente, também funcionou um estande de tiro dos sócios do Revólver Club
(Afrânio Costa, Guilherme Paraense, etc.), onde faziam exercícios de tiro.
A Praia da Saudade foi definitivamente aterrada em 1934/5, para ali ser construída
uma pista de pouso de aviões. Chegou a funcionar por muitos anos naquele lugar um
aeroclube, mas uma série de acidentes fez com que a pista de vôo fosse fechada logo no
início da Segunda Guerra Mundial. Um projeto de ampliação do Fluminense Yachting
Club foi organizado por Oscar Niemeyer, mas as ampliações acabaram sendo feitas aos
poucos, sem um plano específico, até hoje. O estabelecimento, depois rebatizado para
Iate Clube do Brasil e, desde os anos 60 de Iate Clube do Rio de Janeiro, ganhou sua
forma definitiva depois das obras de 1968. Nesse ano, em outubro, o clube abriu as
portas para oferecer um jantar à Rainha Elizabeth II da Inglaterra que então nos visitava e
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vinha assinar o contrato de construção da Ponte Rio-Niterói entre diversas empresas
canadenses e o Governo do Brasil.
ANTIGO HOSPÍCIO HOJ E UNIVERSIDADE FEDERAL - AV. PASTEUR, 250 - URCA
Desde 1830 a Santa Casa de Misericórdia lutava para erguer um hospício
destinado a abrigar deficientes mentais, haja vista que o expediente até então era de
acolhe-los no antigo Hospital da Santa Casa, na Rua Santa Luzia, construção do século
XVIII e já completamente obsoleta. Já há alguns anos os loucos mais furiosos eram
encarcerados na cadeia pública, processo desumano e incompatível com os progressos
científicos da época e que já eram conhecidos no Brasil. A Santa Casa, instituição que
datava dos primórdios da cidade, enfrentara um período de decadência no Primeiro
Império, mas, na Regência, o espectro mudara, principalmente quando foi eleito o
Provedor José Clemente Pereira. Prócer da Independência, intelectual, político e
humanista, homem dotado de rara intelectualidade, era a pessoa certa no lugar e
momento certos. Com muita perspicácia, obteve permissão Imperial para, com loterias,
vendas de títulos e subscrições, obter as verbas necessárias ao erguimento do novo
hospital. Em ofício de 15 de julho de 1841 ao ministro do Império, informou José
Clemente que já angariara 2:500$ e estava autorizado pelo Imperador a empregar nas
obras o produto da grande subscrição, aberta entre os negociantes da praça do Rio de
Janeiro, para a “fundação de um estabelecimento de caridade”. Em conseqüência do
documento acima exarado, três dias depois, D. Pedro II, lavrou o Decreto de 18 de julho
de 1841, dia de sua sagração como Imperador na Igreja do Carmo, criando o Hospício de
D. Pedro II.
Sua pedra fundamental foi colocada pelo próprio D. Pedro II, em 03 de setembro de
1842. No dia 5 o Imperador visitou o local e ouviu de José Clemente a explicação dos
planos. No dia 7 do mesmo mês a obra foi iniciada. A construção até agosto de 1843 foi
dirigida pelo engenheiro José Domingos Monteiro, português, arquiteto do Hospital
Central da Misericórdia, o qual, usou como modelo de seu projeto, o velho Hospital de
Charenton, casa-mãe da psiquiatria francesa. O terreno era na então deserta “Praia da
Saudade”, em terras que no século XVIII eram conhecidas como “fazenda do Vigário
Geral”.
Depois de agosto de 1843, interveio na construção o arquiteto Major José Maria
Jacinto Rebêlo, como o anterior, igualmente arquiteto da Santa Casa, o qual acrescentou
ao palácio a Capela de São Pedro de Alcântara, situada bem ao centro da composição; a
maravilhosa escada em vários lances, que nasce no hall e vai até a dita capela, e a
clarabóia elíptica que ilumina eficientemente este espaço. Um outro arquiteto, o SargentoMór Joaquim Cândido Guilhobel, acrescentou o pórtico neoclássico em granito
fluminense, o qual deu grande imponência à fachada.
Construído dentro das regras mais rigorosas do estilo neoclássico, então em voga,
Monteiro decorou o térreo com colunas em estilo dórico, inspirado no Teatro de Marcelo,
em Roma. O segundo pavimento é todo em estilo jônico, inspirado no utilizado no templo
de Minerva Poliada. Essa decoração continua no interior, sendo que, nos corredores e
enfermarias, utilizou-se em profusão painéis de azulejos portugueses para combater a
umidade. Vários trabalhos de escultura em mármore de Carrara branco, inclusive as
alegorias da entrada nobre, foram realizados pelo escultor Pettrich. Ocupava o prédio
uma área de 140 mil metros quadrados. O preço da construção subiu a 2.672:428$689,
tudo obtido com doações conseguidas pelo Provedor.
A 30 de novembro de 1852 realizou-se a cerimônia da bênção do Hospício de D.
Pedro II. A abertura solene foi celebrada no domingo, 5 de dezembro. No salão nobre,
duas esculturas de Pettrich em tamanho natural homenageavam o Imperador (aos 15
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anos) e o Provedor José Clemente Pereira. Começou a receber doentes mentais em 08
de dezembro do mesmo ano. Alguns pequenos detalhes, como a decoração da capela,
foram realizados posteriormente. Menos de dois anos depois da inauguração, faleceu de
mal súbito, a 10 de março de 1854, o Provedor José Clemente Pereira.
Pertenceu à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia até 11 de janeiro de 1890,
quando então, por desentendimentos políticos com o Provedor Visconde de Cruzeiro,
passou o hospital para o Ministério da Justiça e Negócios do Interior. Logo depois,
quando se lhe anexou a Colônia de Alienados da Ilha do Governador, passou a receber o
nome de Hospício Nacional de Alienados. Em 1911, houve uma separação dos sexos,
fundando-se uma nova colônia para as mulheres em Engenho de Dentro. Em 1942, as
instalações da Praia Vermelha foram transferidas, aos poucos, para os novos HospitaisColônia Juliano Moreira e Gustavo Riedel, em Jacarepaguá. Estes modernos nosocômios
foram inaugurados em 14 de janeiro de 1944, podendo receber a 24 de março do mesmo
ano os primeiros doentes removidos da Praia Vermelha.
Desocupado o velho prédio, foi então permutado com a Universidade do Brasil, que
dele tomou posse em 1947 (por felicidade, tanto o hospício quanto a universidade
estavam subordinados ao mesmo ministério). Sendo reitor da instituição o erudito
professor e acadêmico Pedro Calmon Muniz Bittencourt, soube, com rara perícia, obter do
Ministério da Educação e Saúde as verbas necessárias à restauração e adaptação do
belo palácio, com o fito de ali sediar a Reitoria e diversas faculdades da área biomédica.
As obras foram realizadas com verbas conseguidas no curto período entre fevereiro e
dezembro de 1949.
O fato de Pedro Calmon ter continuado como Reitor, sendo inclusive agraciado em
1948 com o título de “magnífico”, e seu grande prestígio no meio cultural tê-lo elevado a
Ministro da Educação no Governo do General Dutra (1950/1), permitiu que as obras
prosseguissem sem perda de continuidade. Desde 1950 o prédio já era ocupado com
suas novas funções, mas a inauguração da nova sede universitária ocorreu oficialmente a
5 de dezembro de 1952, no centenário de inauguração do hospício; se bem que as obras
perduraram até maio de 1953. Depois disso, pôde o magnífico reitor acrescentar à
Universidade do Brasil os 11 mil metros quadrados de salas de aulas, laboratórios e
centros de pesquisas ali instalados.
Trinta anos depois, a Reitoria foi transferida para a Cidade Universitária, na Ilha do
Fundão, sede da agora rebatizada Universidade Federal do Rio de Janeiro, ficando no
velho prédio algumas faculdades da área biomédica e cursos diversos de extensão
universitária.
O prédio é tombado pelo IPHAN.
PEDRO CALMON MUNIZ DE BITTENCOURT – DADOS BIOGRÁFICOS
Historiador, ensaísta e professor. Pedro Calmon nasceu em Amargosa, na Bahia, a
23 de dezembro de 1902. Filho de Pedro Calmon Freire de Bittencourt e de Dona Maria
Romana Muniz de Aragão, estudou, de 1914 a 19, no Ginásio da Bahia. Em 1920,
ingressou na Faculdade de Direito de Salvador, onde passou dois anos, transferindo-se,
depois, para a Universidade do Rio de Janeiro, onde colou grau em 1924. Foi, no ano
seguinte, nomeado conservador do Museu Histórico Nacional. Deputado Estadual pela
Bahia, de 1927 a 30 e Deputado Federal de 35 a 37. Em 1929 foi premiado pela
Academia Brasileira de Letras o seu romance histórico Tesouro de Belchior. Eleito no dia
16 de abril de 1936 para a cadeira no. 16 da Academia Brasileira de Letras, e ali recebido
a 10 de outubro do mesmo ano. Sócio, grande benemérito e Presidente do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro. Professor catedrático e honorário de várias faculdades,
foi diretor da Universidade do Brasil de 1938 a 48 e, a partir desta última data, Magnífico
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Reitor. Delegado do Brasil à Conferência Interamericana do México em 1945 e presidente
da Conferência Interamericana para o Acordo Ortográfico em Lisboa. Delegado ao 1o.
Colóquio Luso-Brasileiro, em Washington. No mesmo ano, foi Ministro da Educação e
Saúde de 1950 a 51, no Governo Dutra. Possui grande número de condecorações.
Obras: Pedras d`Armas, (1923); Direito de Propriedade, (1926); O Tesouro de
Belchior, (1928); História da Independência do Brasil, (1928); Anchieta – O Santo do
Brasil, (1929); História das Bandeiras Bahianas, (1929); A Reforma Constitucional da
Bahia, (1929); O Rei Cavaleiro – Vida de D. Pedro I, (1930); Marquês de Abrantes,
(1933); Os Malês, (1933); A Federação e o Brasil, (1933); General Gomes Carneiro – O
General da República, (1933); O Crime do Padre Vieira, (1933); História da Civilização
Brasileira, (1933); História da Bahia, (1934); Espírito da Sociedade Colonial, (1935);
Intervenção Federal, (1936); Vida e Amores de Castro Alves, (1937); O Rei do Brasil –
Vida de D. João VI, (1937); História Social do Brasil, 1o. volume, (1937); História Social do
Brasil, 2o. volume (1937); Curso de Direito Constitucional Brasileiro, (1937); Curso de
Direito Público, (1938); Gregório de Matos, (1938); Por Brasil e Portugal, (1938); Brasil e
América, (1938); Pequena História da Civilização Brasileira, (1939); História Social do
Brasil, 3o. volume, (1939); O Rei Filósofo – Vida de D. Pedro II, (1938); Figuras de
Azulejo, (1939); História da Casa da Torre, (1940); História do Brasil – 1500 a 1600, 1o.
volume, (1940); História do Brasil – 1600 a 1700, 2o. volume, (1941); História do Brasil –
1700 a 1800, 3o. volume, (1943); História do Brasil – 1800 a 1900, 4o. volume, (1947);
Princesa Isabel, a Redentora, (1942); Pequena História Diplomática do Brasil, (1942);
História do Brasil na Poesia do Povo, (1943); O Estado e o Direito nos Lusíadas, (1945);
História de Castro Alves, (1947); A Bala de Ouro, (1947); Curso de Direito Constitucional,
(1947); História da Literatura Bahiana, (1949); História da Fundação da Bahia, (1949); O
Segredo das Minas de Prata, (1950); História das Idéias Políticas, (1952); O Palácio da
Praia Vermelha, (1952); Teoria Geral do Estado, (1954); Brésil (1956); História do Brasil, 7
volumes, (1959).
Pedro Calmon faleceu em 1988.
FUNDAÇÃO JOSÉ BONIFÁCIO – AVENIDA PASTEUR, 280 – URCA
Grande sobrado em estilo neoclássico vernacular, com telhas de faiança
portuguesa pintada à mão. Foi erguido no terceiro quartel do século XIX, sendo reformado
em 1900. Fica ao lado do que foi o antigo Hospício de D. Pedro II. Quando da instalação
da Universidade do Brasil, na década de 50, ali funcionou sua gráfica.
O casarão foi tombado pelo IPHAN em 1990.
INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT – AVENIDA PASTEUR – URCA
A um jovem cego brasileiro se deve a idéia da fundação de um estabelecimento
onde fosse convenientemente educada a juventude deficiente visual em nosso país.
José Alves de Aze vedo, natural da cidade do Rio de Janeiro, cego educado na
Institution Imperiale des Jeunes Aveugles, de Paris, foi quem teve essa idéia, que se
originou do fato seguinte:
Em 1853, achando-se ele no Rio de Janeiro, de volta de Paris, soube que o Dr.
José Francisco Xavier Sigaud, médico do Paço Imperial, tinha uma filha cega, e
prontamente ofereceu-se para ministrar-lhe a necessária instrução pelos processos
especiais por que fora educado em Paris.
O oferecimento foi aceito, e o êxito brilhante.
Da. Adélia Sigaud, sua discípula, veio a ser, mais tarde, professora do Instituto
criado para a educação dos deficientes visuais no Brasil.
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Era então ministro do Império o Dr. Luiz Pedreira do Couto Ferraz, depois Visconde
do Bom Retiro, que, tendo tido algumas conferências com o jovem cego José Alves de
Aze vedo, e obtida a aquiescência do Imperador D. Pedro II, criou o Imperial Instituto dos
Meninos Cegos.
O respectivo decreto tem a data de 12 de setembro de 1854, e a inauguração do
estabelecimento efetuou-se a 17 desse mesmo mês e ano. Foi a primeira instituição do
gênero a ser criada na América Latina.
O primeiro diretor nomeado foi o Dr. Sigaud, que procedeu a essa inauguração, e a
instalação do Instituto na chácara no. 3 do Morro da Saúde, que fora residência do Barão
do Rio Bonito, próximo à praia chamada do Lazareto e hoje Gamboa.
Não teve José Alves de Aze vedo a dita de assistir a esse acontecimento
auspicioso. A 17 de março de 1854 exalava ele o último suspiro, contando apenas 19
anos de idade. Seu retrato, bem como o do Dr. Sigaud, o do Visconde do Bom Retiro e
outros beneméritos, ornam os salões do prédio do Instituto.
Adélia Sigaud e Joaquim José Lodi foram os primeiros professores desta
instituição, sendo que o último, professor de música, desconhecendo o sistema Braille,
ensinava mediante a apresentação de figuras comuns, de grandes dimensões.
Em junho de 1864 passou o Instituto a funcionar no prédio da Praça da Aclamação,
antigo Campo de Santana e hoje Praça da República, no. 17.
Já então era dirigido pelo conselheiro Dr. Cláudio Luiz da Costa, que sucedera ao
Dr. Sigaud, em 1856.
A 28 de maio de 1869 foi nomeado o coronel (depois general) Dr. Benjamin
Constant Botelho de Magalhães para substituir o Dr. Cláudio. O Dr. Benjamin Constant,
casado com uma filha do Dr. Cláudio, dedicou ao Instituto uma verdadeira afeição, de que
deu a melhor prova quando ministro do Governo Provisório (1890), enviando à Europa
uma comissão de professores cegos para completarem seus estudos, e procederem à
compra de máquinas e material necessário para instalação de diversas oficinas.
Em 1872 recebeu o Instituto a importante doação, que lhe fez o então Imperador D.
Pedro II, e que consistiu no vasto terreno onde hoje se ostenta o seu edifício, ocupando
uma área de cerca de 9.516 metros quadrados.
Em 29 de junho desse mesmo ano fez-se o lançamento solene da primeira pedra, e
começou-se a construção do edifício sob a direção do hábil arquiteto brasileiro Francisco
Joaquim Bethencourt da Silva.
Muito lentamente correu essa construção, de modo que em 20 de setembro de
1896 só ficou pronta a metade esquerda do edifício planejado; a outra metade ficou por
décadas reduzidas apenas às paredes mestras do pavimento térreo. Nessa ala pronta se
instalaram os refeitórios, dormitório das alunas e alojamentos para 200 alunos.
O Instituto dos Meninos Cegos passou a denominar-se Instituto Benjamin Constant
por determinação da Lei no. 26, datada de 24 de janeiro de 1891, dois dias após a morte
de seu mais famoso professor e diretor.
A construção da outra ala do Instituto se arrastou por décadas. Reiniciadas as
obras em 1924 quando era seu diretor o Dr. Mello Mattos e já possuindo 130 alunos
matriculados, foram somente concluídas na década seguinte, depois de 1938. Na
execução, foram suprimidas a rotunda e cúpula que no projeto original deveriam encimar
o pórtico principal, este mesmo mutilado com a eliminação do frontão reto e de outros
ornamentos.
Em compensação, depois de pronto, a capacidade do Instituto subiu para 450
internados de ambos os sexos. Foram então convenientemente instalados os cursos de:
Jardim de Infância, Primário, Ginasial (equiparado em 1946 ao Colégio Pedro II), e
Profissional. Nesses cursos são ministrados: massoterapia, radiotelegrafia, afinação de
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piano, encadernação, trabalhos de madeira, empalhação, vimaria, datilografia, cursos
musicais, economia doméstica, trabalhos manuais, costura, etc. Nas novas dependências
foram instalados: a Imprensa Braille e a Biblioteca, esta com mais de 10 mil volumes, em
seis idiomas, sendo uma das mais completas da América do Sul, destinada aos cegos.
Em época posterior também ali se instalou o Banco de Olhos.
No seu primeiro século de existência, abrigou 7.664 alunos, número este que
ultrapassou os 10 mil quando a instituição completou 110 anos.
O Instituto Benjamin Constant é uma instituição federal subordinada ao Ministério
da Educação.
O prédio do Instituto Benjamin Constant é tombado pelo Município.
CENTRO DE PESQUISAS DE RECURSOS MINERAIS - AV. PASTEUR, 404 - URCA
Magnífico palácio em estilo neoclássico tardio, com pórtico monumental peristilado
em gnaiss facoidal e escadaria curvilínea, projetado em 1880 pelo engenheiro Antônio de
Paula Freitas, com pedra fundamental lançada a 12 de fevereiro de 1881 pelo próprio
Imperador D. Pedro II. Estava destinado a sediar a Faculdade de Medicina, mas as obras
pararam em 1884. Retomadas em 1889, foi o prédio destinado então à Escola Superior
de Guerra, que nele funcionou por algum tempo, mesmo incompleto. Em 1907-08 foi
terminado às pressas pelo engenheiro José Mattoso de Sampaio Corrêa, diretor da
Inspetoria Geral de Obras Públicas, para sediar a Exposição Nacional comemorativa do
centenário da Abertura dos Portos no Brasil. As escadarias de acesso foram então
redesenhadas pelo arquiteto, pintor e músico Dr. Francisco Isidoro Monteiro, pois no
projeto original a escadaria projetada invadiria o espaço da avenida Pasteur. A decoração
interna ficou à cargo dos artistas Frederick Anton Staeckel e Rodolfo Amoedo, que fez
belíssimos painéis artísticos nos salões principais. Posteriormente, o hall da escadaria
central foi decorado com três painéis de Antônio Parreiras simbolizando, respectivamente,
a Indústria, Agricultura e o Comércio. Após a exposição, foi o prédio destinado ao Serviço
Geológico e Mineralógico do Brasil, criado em 10 de janeiro de 1907, que nele se instalou
em 07 de novembro de 1909. Depois, outras repartições federais nele se instalaram, até
que passou a sediar em 1912 o Ministério da Agricultura, que nele permaneceu por dez
anos. De 1922 a 1950, sediou inúmeras repartições deste Ministério, inclusive o
Departamento Nacional da Produção Mineral, órgão que nele permaneceu após o prédio
ser destinado em 22 de julho de 1960 a sediar o recém criado Ministério das Minas e
Energia. Em 1973, lavrou-se furioso incêndio no edifício, fazendo desaparecer toda a sua
biblioteca, que funcionava no lado direito do prédio.
Em 1992, foi o palácio finalmente tombado pela Municipalidade.
ESCOLA MUNICIPAL MINAS GERAIS – AVENIDA PASTEUR, 433 – URCA
A Escola Municipal Minas Gerais é tudo o que resta do Pavilhão do Estado de
Minas Gerais, construído em 1907/8 para a grande Exposição Nacional de 1908 na Praia
Vermelha. O Pavilhão, bem como outros prédios na dita exposição, era projeto do
engenheiro e construtor Raphael Rebecchi, e construção do arquiteto René Barba. Após o
certame, o dito Pavilhão, que era em estrutura pouco resistente, pois foi previsto para
apenas permanecer enquanto durasse o evento, foi parcialmente demolido, sendo o
pavimento térreo, que era mais bem construído, convertido em 1922 numa escola para
crianças excepcionais. Em 1933 passou a ter o uso atual. Em seu interior, há um painel
da década de 50, com 91 azulejos, representando a Pomba da Paz, de autoria de Pablo
Picasso (1881-1973).
A Escola Minas Gerais é tombada pela Municipalidade desde 1990.
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ESCOLA DE GUERRA NAVAL – AVENIDA PASTEUR, 480 – PRAIA VERMELHA
Pelo Decreto no. 8.650, de 4 de abril de 1911, o Presidente da República, Marechal
Hermes Rodrigues da Fonseca, criou o Curso Superior de Marinha, o qual funcionava na
Rua Dom Manuel, 15, na Praça XV de novembro, num belo palacete eclético, onde hoje
está o Museu Naval e Oceanográfico. A Marinha do Brasil então passava por profunda
modernização e necessitava de uma formação melhor para os oficiais da Armada.
Sentindo a necessidade de ampliar as funções desse curso, o próprio Marechal Hermes o
ampliou, criando a 11 de junho de 1914 a Escola Naval de Guerra, funcionando ainda no
mesmo prédio da Rua Dom Manuel. A 27 de dezembro de 1930, o Presidente Getúlio
Vargas manda reorganizar o estabelecimento, que passa a se chamar pelo nome atual de
Escola de Guerra Naval.
Crescendo com os anos suas atribuições e cursos, tornou-se impossível a
permanência nas instalações acanhadas da Praça XV, passando em 1933 para o edifício
17 A do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, na Ilha das Cobras. Com a construção do
novo edifício Almirante Tamandaré, para ali sediar o Ministério da Marinha, na Praça
Barão de Ladário, a EGN foi para lá, transferida a 11 de junho de 1935. Ali permaneceu
por 35 anos. O edifício hoje sedia o 1o. Distrito Naval.
A 30 de abril de 1970 a EGN passou para a sede atual, um moderno conjunto de
prédios erguidos de 1967 a 70 na Avenida Pasteur, sendo inaugurada naquela data pelo
Presidente General Emílio Garrastazu Médici e o Ministro da Marinha. O atual
regulamento da EGN data de 1998, e substituiu o anterior, de 1974.
A EGN é uma escola de altos estudos militares e possui o objetivo de capacitar
oficiais para o desempenho de comissões operativas e de caráter administrativo; preparálos para funções de estado maior e aperfeiçoá-los para o exercício de cargos de
comando, direção e funções nos altos escalões da Marinha.
PRAIA VERMELHA
Sua denominação é explicada pelo fato de sua areia, em certa profundidade,
atualmente ser de coloração avermelhada.
Em 1698 foi projetada a Fortaleza da Praia Vermelha pelo engenheiro Gregório de
Castro Morais, construída no século XVIII. Em 1857 a Escola Militar passou a ser sediada
no prédio da fortaleza. Este prédio foi extensamente reformado em 1908 e outros foram
erguidos à sua volta, quando da exposição nacional em homenagem ao Centenário da
Abertura dos Portos no Brasil. Após a exposição, muitos pavilhões foram demolidos e o
antigo quartel da fortaleza foi convertido em sede do Terceiro Regimento de Infantaria,
unidade de elite do exército.
Conhecida por ser onde ocorreu a Intentona Comunista, em 1935.
Em 1930 assumiu a Presidência da República o Sr. Getúlio Vargas. As condições
de vida da população durante o início de seu governo , entre outros fatores, fizeram com
que a ala reformista e esquerdista dos tenentes, camadas liberais, socialistas, comunistas
e líderes sindicais criassem um grupo denominado Aliança Nacional Libertadora (ANL).
Seu presidente era o capitão Hercolino Cascardo, líder do movimento tenentista de
São Paulo, em 1924.
Seu presidente de honra era Luís Carlos Prestes, que fora líder da Coluna que
percorreu parte de Brasil de abril de 1925 à fevereiro de 1927, incitando as populações
locais a levantar-se contra as oligarquias.
A Aliança Nacional Libertadora defendia a suspensão do pagamento da dívida
externa, nacionalização de empresas estrangeiras, realização de reforma agrária,
formação de um governo popular, entre outras reivindicações. Parte da população
apoiava a ANL. Mas sendo uma clara ameaça ao governo e, ao mesmo tempo,
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representando um movimento que atingiu as forças armadas, a ANL foi fechada pelo
governo Vargas em 11 de junho de 1935, sendo os comunistas postos na
clandestinidade.
Diante do seu fechamento, a esquerda presente na ANL preparou uma insurreição,
sob o comando de Luís Carlos Prestes. Participaram do movimento Natal (RN), Recife,
Olinda (PE). Em 27 de novembro de 1935 o movimento eclodiu no Rio de Janeiro.
Funcionava no prédio da antiga Fortaleza da Praia Vermelha o 3º Regimento de
Infantaria, cujos soldados apoiaram o movimento, que especificamente naquele quartel
foram comandados pelo capitão Agildo Barata Ribeiro, que agiu de improviso.
Aquele prédio foi bombardeado pelas tropas governistas, e a revolta foi sufocada
em poucas horas. O prédio antigo foi colocado abaixo e a fortaleza em parte demolida,
sobrevivendo-lhe apenas os bastiões laterais, que abrigam hoje o Círculo Militar e a
Escola Gabriela Mistral, e, em lugar do antigo quartel, foi traçada em 1938 a Praça
General Tibúrcio, tendo ao centro o monumento em granito e bronze em homenagem aos
heróis de Laguna e Dourados, obra do escultor Antonino Pinto de Mattos. Na mesma
ocasião foram construídos ao redor os prédios da Escola Técnica do Exército e do
Instituto Militar de Engenharia, bem como o edifício da residência dos oficiais.
Anos depois, em 1964, foi colocado próximo à praia o monumento homenageando
ao compositor romântico polonês Frederic Chopin, do escultor Zamoiski, doado pela
colônia polonesa no Brasil em 1939.
GRANDES AMORES DA ZONA SUL - AS LIGAS DE DONA GERTRUDES
A 29 de agosto de 1825, D. Pedro I conseguira o que até então alguns achavam
impossível: depois de muitas negociações, Portugal e Inglaterra finalmente reconheciam
nossa Independência. Naquele ano, portanto, o desfile cívico do dia 12 de outubro teria
um significado especial (naquela época nossa Independência era comemorada a 12 de
outubro, data da Aclamação do Imperador).
Ora, a tropa que abria o desfile era a dos temidos mercenários alemães,
contratados a peso de ouro na Europa e cujo quartel na Praia Vermelha era comandado
pelo Major Von Ewald. Alcoólatra e falastrão, Von Ewald pouco antes tomara-se de
amores por uma famosa prostituta da época, Dona Gertrudes de tal, que enriquecera com
o comércio do corpo junto à nobreza e morava por isso em ótima chácara na Praia de
Botafogo.
Gertrudes inicialmente o repeliu, mas Ewald, espertamente, organizara desfiles da
tropa diante de sua casa e, impressionada com o gesto do Major, nossa rameira cedeu
aos seus amores (será que vem daí a expressão “topou a parada”?).
No dia do desfile da Independência, especialmente festivo naquele ano, a tropa
dos alemães entrou toda garbosa no Campo de Santana trajando seu melhor uniforme.
Porém, logo o povo era tomado de estupefação geral. Na bandeira do Brasil ostentada
pelo batalhão, pendia um apetrecho nada cívico: as ligas de Dona Gertrudes; ali
colocadas por Von Ewald como prova de amor à sua exigente meretriz. Até para D. Pedro
I, famoso por seus amores extraconjugais, o caso fôra longe demais. Logo após o desfile,
mandou prender Von Ewald, rebaixou-o de pôsto e submeteu-o a severa punição com
surra de vara.
Ewald fugiu mas foi capturado e preso. Entretanto, depois de algum tempo e,
talvez, premido pela consciência, D. Pedro I o perdoou e tudo ficou como antes.
Afinal, naquele mesmo ano, nosso Imperador mantinha com os cofres públicos
duas amantes não muito melhores que Dona Gertrudes: a Marquesa de Santos e sua
irmã, a Baronesa de Sorocaba.
Naquela época todos os escândalos da nação terminavam em pizza...
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VÁ FEDER NOUTRO LUGAR!
Após nossa Independência, em 1822, o Imperador D. Pedro I mandou contratar na
Europa, a peso de ouro, inúmeros mercenários. D. Pedro precisava de soldados para
consolidar nossa emancipação política e ainda não tínhamos um exército formado com
soldados brasileiros. Os militares que aqui então viviam eram portugueses e o Imperador,
com razão, não podia confiar neles.
Dentre os muitos aventureiros que para cá vieram, o maior número era o de
soldados alemães, desempregados após as guerras napoleônicas. Os truculentos
alemães foram divididos em dois batalhões. O primeiro sediado no quartel do Campo de
Santana, onde hoje existe o Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste;
o outro ficou num velho quartel na Praia Vermelha, onde hoje existe a Praça General
Tibúrcio.
Esses mercenários tedescos só nos deram dor de cabeça e não foram poucos os
motins e insubordinações então ocorridos. O quartel da Praia Vermelha era chefiado pelo
Major Von Ewald, um alcoólatra e falastrão. Ewald seria recusado como chefe militar em
qualquer país, mas, num Brasil ainda recém-independente, nosso Imperador achava que
ele ainda poderia nos ser útil em alguma coisa.
Por incrível que pareça, nosso jovem Imperador ficou amigo deste homem, o qual
só aprontou besteiras enquanto esteve entre nós. Em 1825, Von Ewald pendurou as ligas
de sua amante na Bandeira do Brasil usada no desfile da Independência, mas até isso D.
Pedro o perdoou, não sem antes lhe mandar aplicar uma surra de vara.
Von Ewald dizia e repetia a seus soldados que ele e o Imperador eram tão amigos,
que “...quando eu morrer, o Imperrador chorar!”
Em 1828, desafiado por outros oficiais que não o agüentavam mais repetir essa
arenga, Ewald fez com eles uma aposta e ordenou que um ajudante de ordens fosse ao
Palácio de São Cristóvão e avisasse D. Pedro da morte de seu amigo alemão. Durante
todo o dia, o Major repetiu: “...quando Imperrador saber que Ewald morrer, o Imperrador
chorar!”
De noite, o ajudante retornou e foi de imediato ao encontro do petulante Major e
seus suboficiais. Ewald logo lhe perguntou: “...e aí? O Imperrador chorar?”
O ajudante respondeu: “Não. Sua majestade apenas disse –pois então que vá
feder noutro lugar!”
MONUMENTO AOS HERÓIS DE LAGUNA E DOURADOS – PRAÇA GENERAL
TIBÚRCIO – PRAIA VERMELHA - URCA
No início da Guerra do Paraguai ocorreram dois episódios dramáticos para nosso
exército. Em 28 de dezembro de 1864, um destacamento de 16 homens, chefiados pelo
Tenente Antônio João, resistiu heroicamente a 300 paraguaios que os atacaram na
colônia militar de Dourados, Mato Grosso. Tendo recusado a rendição, morreram lutando
até o último homem. Meses depois, a 7 de maio de 1865, a coluna do General Camisão,
formada por 1680 homens, atacou fortemente o exército paraguaio em Laguna, Paraguai.
Apesar dos sucessos iniciais, a falta de provisões fez a tropa brasileira recuar, sendo
vítima de doenças, fome e ataques de guerrilhas paraguaias. Poucos sobreviveram.
Para lembrar esses dois episódios, em 1918 o Exército do Brasil, na figura do
General (então coronel) Pedro Cordolino de Azevedo, mandou realizar um concurso
público com nossos melhores escultores com o objetivo de elaborar um projeto dum
monumento a ser construído na Praia Vermelha.
Realizado o concurso em 1920, venceu a proposta do escultor brasileiro Antonino
Pinto de Matos. A contenção de despesas adiou o sonho por quase vinte anos. Em
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novembro de 1935, após a destruição do quartel do 3o. Regimento de Infantaria pela
Intentona Comunista na Praia Vermelha, aproveitou-se o espaço resultante para ali erguer
o monumento, o qual funcionaria igualmente como mausoléu dos principais líderes
brasileiros dos dois combates.
Situado no centro da Praça General Tibúrcio, o monumento é constituído de um
mausoléu, cuja base forma uma circunferência de 53m, em granito branco. No sub-solo,
de uma base com esculturas em bronze no tamanho real dos heróis brasileiros, painéis do
mesmo metal das batalhas travadas, e uma coluna em granito branco, com seis metros
de altura, tendo no topo a figura em bronze da Glória. No mausoléu, nove degraus abaixo
do nível do solo, estão sepultadas as cinzas, dentre outros, do Tenente Antônio João,
Major Drago, General Carlos de Morais Camisão, Guia Lopes, e outros heróis. Todas as
peças de bronze foram fundidas no Brasil pela Fundição Cavina & Cia.
Inaugurado solenemente a 31 de dezembro de 1938, não pôde estar presente o
escultor Pinto de Matos, falecido algumas semanas antes.
GENERAL TIBÚRCIO – DADOS BIOGRÁFICOS
Antônio Tibúrcio Ferreira de Souza, nasceu no Ceará, a 11 de agosto de 1837. Foi
um grande general brasileiro. Sentou praça no exército em 1852, no Ceará. Condecorado
com a Ordem do Cruzeiro, medalha de prata, quando da tomada de Corrientes, na
Argentina. Distinguiu-se na Guerra do Paraguai, no comando do célebre 16o. Batalhão.
Foi construtor da Estrada do Chaco, Paraguai, em apenas 23 dias, o que permitiu aos
soldados brasileiros contornarem o Exército Paraguaio. Pelo seu notável feito foi
promovido a Coronel. Era erudito conhecedor de história. Pertenceu à arma da
Engenharia.
Morreu no Ceará, a 28 de março de 1885.
MONUMENTO A FREDERIC CHOPIN – PRAIA VERMELHA – URCA
No dia 1o. de setembro de 1939 as tropas nazistas atacavam a pacífica Polônia. O
ataque foi tão devastador que três semanas depois os soldados alemães colocavam seu
tacão em Varsóvia. Dentre as muitas barbaridades praticadas pelos invasores, uma das
primeiras foi a de destruir o monumento ao compositor romântico polonês Frederic Chopin
existente naquela cidade.
Quando a notícia chegou ao Brasil, a comunidade polonesa aqui residente resolveu
reagir, organizando uma subscrição para angariar fundos com o objetivo de erguer um
monumento a Chopin no Rio de Janeiro. Obtida a verba necessária, encomendaram a
estátua ao escultor Augusto Zamoyski. Com 2,5 metros de altura e todo em bronze, o
monumento ficou pronto ainda em 1939. Entretanto, a política dúbia do governo brasileiro,
oficialmente neutro, mas relativamente simpático aos alemães, adiou sua instalação por
alguns anos.
Com o torpedeamento de navios brasileiros e a posterior declaração de guerra do
Brasil aos países do Eixo, desengavetou-se a idéia da estátua. Em 1o. de setembro de
1944, no quinto ano da invasão da Polônia, foi inaugurado o monumento a Chopin na
Praça Floriano, defronte ao Teatro Municipal. Lá ficou em paz por exatos quinze anos.
Em fins de 1959, o barítono Paulo Fortes iniciou uma campanha para erguer na
Praça Floriano um monumento ao maestro e compositor Carlos Gomes. Conseguida
rapidamente a estátua em bronze do maestro brasileiro, começou então uma campanha
para dali remover a homenagem a Chopin, por considerarem incompatíveis os dois
monumentos. Um outro grupo de intelectuais não via problemas na homenagem aos dois
compositores na mesma praça, mas Paulo Fortes não pensava assim e, usando de sua
influência, conseguiu a remoção. Em 15 de janeiro de 1960, o monumento a Chopin foi
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retirado à noite por funcionários da Prefeitura, sendo levado para um depósito. No dia 16,
pela manhã, estava em seu lugar o maestro brasileiro.
Depois de algum tempo esquecido num depósito, o monumento foi colocado na
Praia Vermelha em 1964. Chopin foi retratado em posição de quem medita e escuta. No
final das contas, a romântica Praia Vermelha acabou se tornando a moldura perfeita para
o mestre do romantismo. A estátua tem 2,5m e está sobre um pedestal de granito com um
metro de altura.
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA – PRAÇA GENERAL TIBÚRCIO, 80 – PRAIA
VERMELHA - URCA
O Rei de Portugal D. Pedro II mandou criar no Rio de Janeiro, por Decreto de 15 de
janeiro de 1699, um Curso de Formação de Soldados Técnicos. Funcionava na Fortaleza
da Praia Vermelha, e teve como seu primeiro professor o engenheiro militar Gregório
Gomes Henriques. Em meados do século XVIII, era lente deste curso o engenheiro militar
e brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim, que o dirigiu de 1738 até sua morte, em 1763.
Na ocasião, Alpoim aproveitou a efervescência cultural à época do governo do Conde de
Bobadela e mandou editar no Rio de Janeiro os dois primeiros livros didáticos impressos
no Brasil: Exame de Bombeiros e Exame de Artilheiros.
Havendo necessidade de ampliar os estudos militares no Brasil, a Rainha D. Maria
I criou em 1792 a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, instalada no
edifício da Casa do Trem, onde hoje funciona o Museu Histórico Nacional.
Finalmente, a 23 de abril de 1811, o Príncipe D. João criou por decreto a Real
Academia Militar, instalada inicialmente na Casa do Trem, mas removida no ano seguinte
para o edifício da Sé inacabada, no Largo de São Francisco, onde ficou até 1856. Neste
último ano passou novamente para a Fortaleza da Praia Vermelha, permanecendo ali até
1908.
Depois de perambular por vários prédios da cidade, foi decidido pelo Exército, em
1939, a construção de um grande edifício próprio para sediar a então denominada Escola
Técnica do Exército. Com a remodelação da Praia Vermelha e a demolição do quartel do
antigo 3o. Regimento de Infantaria, obteve-se o espaço necessário para ali surgir a Praça
General Tibúrcio, sendo destinado o lado costeiro ao Morro da Babilônia para o novo
prédio. Executaram o projeto, em estilo art-déco, os arquitetos Paulo Pires e Paulo
Santos. Inaugurado em 1942 pelo Presidente Getúlio Vargas, foi então transferida a
escola da antiga sede, na Rua Moncorvo Filho.
Em 1959 Surge o IME – Instituto Militar de Engenharia, fruto da fusão da Escola
Técnica do Exército e o Instituto Militar de Tecnologia. Desde 1958 a escola ministrava o
Curso de Pós-Graduação em Engenharia Nuclear, o 1o. da América Latina. A partir de
1997 a escola passou a aceitar mulheres, assim quebrando um velho tabu, o que deve ter
animado um pouco mais as salas de aulas. Presentemente, são ministrados nove cursos
de graduação em engenharia para militares e sete cursos de pós-graduação ao nível de
mestrado e doutorado para civis e militares.
O oficial de engenharia pode ascender no Exército até ao posto de General-deDivisão.
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO – PRAÇA GENERAL
TIBÚRCIO, 125 – PRAIA VERMELHA - URCA
Em 1808, o Príncipe D. João mandou instalar seu estado maior no Quartel General
da Côrte, no Campo de Santana. Concluído o edifício dois anos depois, o órgão passou a
orientar as forças de terra do Brasil. O prédio manteve suas funções por todo o século
XIX, e nele se deu a Proclamação da República, a 15 de novembro de 1889. Por Decreto
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de 2 de outubro de 1905, o Presidente Rodrigues Alves criou a Escola de Estado Maior,
com a missão de preparar oficiais superiores para o exercício de estado maior, comando,
chefia e assessoramento junto aos mais elevados escalões das forças terrestres. O
Marechal Hermes da Fonseca, procurou dar uma orientação mais germânica ao órgão
depois que assumiu a Presidência da República, em 1911/14, mas a derrota do exército
alemão na 1a. Grande Guerra levou o Governo a contratar na França uma Missão Militar
de Aperfeiçoamento, cujas atividades se prolongaram de 1918 a 1940. Neste último ano,
a escola passou a ter uma orientação mais parecida com o modelo norte-americano.
Com a demolição do antigo quartel do Campo de Santana em 1937 para ali ser
erguido o Palácio Duque de Caxias, atual sede do Comando Militar do Leste, o Exército
resolveu levantar edifício próprio para a Escola de Estado Maior, instalando-a na Praia
Vermelha, na nova Praça General Tibúrcio, num grande prédio projetado pelos arquitetos
Paulo Pires e Paulo Santos. Em 1955, a instituição foi reorganizada pelo Presidente Café
Filho para ser a Escola de Comando e Estado Maior do Exército – ECEME. Foi seu
primeiro comandante nesta nova fase o General (depois Marechal) Humberto de Alencar
Castelo Branco, o qual a modernizou bastante, transformando-a numa instituição de
excelência do Exército. Presentemente, ali são ministrados oito cursos aos oficiais das
forças terrestres.
EDIFÍCIO PRAIA VERMELHA – PRAÇA GENERAL TIBÚRCIO, 83 – PRAIA
VERMELHA
Grande edifício residencial com lojas no térreo, sobreloja e treze andares
residenciais, destinados a famílias de militares. Projetado em 1943 pelos arquitetos Paulo
Pires e Paulo Santos, e construído em 1946 pela empresa Cavalcanti & Junqueira. É em
pesado estilo art-déco.
OS TESOUROS DA GUANABARA
Em 1990, o arqueólogo Manuel Guerra comprou de um livreiro carioca um antigo
mapa, manuscrito inédito e anônimo da entrada da Baía de Guanabara, redigido em
francês arcaico, e datado de aproximadamente 1560, quando Villegaignon ocupava-a e
tencionava aqui implantar a “França Antártica”. Mostra, em linhas gerais, o Pão de
Açúcar, então chamado de “Pot-de-Sucre”, os morros da Urca e “Cara-de-Cão”(ambos
sem nome), sendo que o último aparece separado do continente, formando com os outros
dois uma ilha, no mapa batizada de “Yle Trinité”(Ilha Trindade, pois era formada pelo
“Cara-de-Cão”, “Pão-de-Açúcar” e Urca), não existindo o que hoje chamamos de Praia
Vermelha, pois esta só se formou no século XVII. A Baía de Botafogo aparece citada
como “Lac D`Eau Douce”(Lago de Água Doce), onde hoje está a Avenida Pasteur
aparece a legenda ”Praya”, estando o Morro da Viúva com as enigmáticas iniciais “P.M.”.
O mais curioso, é que o mapa demarca as posições de nada menos que três
tesouros enterrados na Baía de Guanabara!
O primeiro deles, grafado como “Tresor”(tesouro), na base do Pão-de-Açúcar, onde
hoje situa-se o Centro de Capacitação Física do Exército, dentro da Fortaleza de São
João.
O segundo, indicado como “Or”(ouro) no meio do Morro da Urca, mais ou menos
onde hoje é a residência do musicólogo Ricardo Cravo Albim, na Avenida São Sebastião.
O terceiro e último aparece desenhado no meio da Baía de Botafogo.
O mapa nunca foi publicado e, ao que se sabe, ninguém se aventurou a cavoucar
tais tesouros. Caso algum colega resolva se aventurar a encontrá-los, irá esbarrar em
muitas dificuldades, pois dois deles estão em território da união, guardados pelo Exército
e Marinha, ficando o terceiro em área particular, mas protegida pelo “IBAMA”.
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DADOS POUCO CONHECIDOS SOBRE O PÃO DE AÇÚCAR
Os antigos moradores do Rio de Janeiro julgavam impossível o acesso ao pico do
Pão de Açúcar. Foi, pois, um grande acontecimento a escalada feita em 1817 por uma
senhora inglesa, Lady América Vespucia, que no alto do penhasco colocou um poste com
a bandeira da Grã Bretanha.
Depois dessa ousada expedição, a 31 de outubro de 1851 o norte americano
Burdell e dez companheiros, inclusive duas senhoras e um menino (Luiz Burdell), todos
estrangeiros, escalaram a famosa escarpa, regressando após trinta horas de
permanência naquelas alturas.
Com a criação da Escola de Aplicação Militar e seu aquartelamento na Praia
Vermelha, tornaram-se frequentes as excursões ao Pão de Açúcar, sendo das mais
notáveis as que empreenderam os alunos da Escola Militar, em princípios de 1889, na
chegada de D. Pedro II de sua viagem à Europa, colocando ali uma bandeira com a
legenda “Salve”, tendo cada letra sete metros. No mesmo ano, em 13 de outubro, por
ocasião da visita, ao Rio de Janeiro, do navio chileno Almirante Cochrane, repetiu-se a
difícil escalada.
Anos antes, em 1883, o engenheiro americano Morris N. Kohn, propôs o plano de
um elevador mecânico ou ponte de “inclined suspension bridge”, para transportar
passageiros até o alto do Pão de Açúcar.
A portaria do Ministro da Agricultura, Conselheiro Henrique d`Avila, de 31 de
janeiro de 1883, dirigida à Ilustríssima Câmara Municipal da Côrte, submeteu o projeto à
consideração do corpo da Câmara, merecendo parecer favorável dos vereadores Pinto
Guedes, Emílio da Fonseca e Oliveira Brito, a 21 de março do mesmo ano. A concessão
caducou sem nada ter sido feito.
Em princípio de 1889, o Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas,
Rodrigo Augusto da Silva, submeteu à mesma Ilustríssima Câmara Municipal o projeto de
um grupo de empresários ingleses propondo a concessão para desmontar o Pão de
Açúcar e utilizar a pedra resultante em aterro a ser feito no bairro da Glória até o Centro.
O parecer não chegou a ser emitido pelos vereadores haja vista a Proclamação da
República, a 15 de novembro seguinte.
Em 1890, o Ministro da Argentina no Brasil, Dr. Henrique Moreno, sugeriu a ereção
de uma estátua em homenagem à Cristóvão Colombo no cimo do Pão de Açúcar, sendo
defendida essa idéia no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro pelo escritor João
Severiano da Fonseca, irmão de Manuel Deodoro da Fonseca, Presidente do Brasil.
De acordo com o decreto no. 1.260, de 29 de maio de 1909, foi o Prefeito
autorizado pelo Conselho Municipal a conceder, ao engenheiro civil Augusto Ferreira
Ramos e outros, o direito exclusivo, pelo prazo de trinta anos, para construção e
exploração de um caminho aéreo entre a antiga Escola Militar e o alto do morro da Urca,
com ramais para o pico do Pão de Açúcar e para a chapada do morro da Babilônia.
A 30 de julho de 1909, assinou-se, na Prefeitura, sob a administração Serzedelo
Corrêa, o respectivo contrato com o engenheiro Augusto Ferreira Ramos e Manoel
Antônio Galvão, industrial, ambos domiciliados nesta cidade, e segundo o plano
idealizado pelo engenheiro Fredolino Cardozo.
A cada ano, o Pão de Açúcar perde 60 toneladas de rocha em média devido à
erosão provocada pelas chuvas e vento.
O ELEVADOR DO PÃO DE AÇÚCAR
Na sessão de 21 de março de 1883, foi tratado pela Câmara Municipal do Rio de
Janeiro, o “requerimento mandado por Sua Majestade o Imperador, por intermédio do
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Ministério da Agricultura, em que Morris N. Kohn pede concessão para si ou para uma
empresa a organizar, construir, usar e gozar um elevador mecânico ou uma ponte
denominada por sua natureza Inclined Suspension Bridge, para o alto do Pão de Açúcar.”
Esse Morris N. Kohn era um inventor judeu norte-americano e que já tentara um
sem número de patentes no Rio de Janeiro, algumas bem interessantes, como a de 1873,
junto com Joseph Spyer, de fabricação de camas de tecido de arame e palhinha metálica.
Outra iniciativa progressista foi a que propôs ao Imperador a 21 de abril de 1884, de
instalar luz elétrica no Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão.
A portaria do Ministro da Agricultura , Conselheiro Henrique d`Avila, de 31 de
janeiro de 1883, dirigida à Ilustríssima Câmara Municipal da Côrte, submeteu o projeto do
elevador do Pão de Açúcar à consideração do corpo da Câmara, merecendo parecer
favorável na citada data de março seguinte dos vereadores Pinto Guedes, Emílio da
Fonseca e Oliveira Brito.
O elevador mecânico subiria pelo costão marítimo do Pão de Açúcar, e seria muito
semelhante ao que seis anos depois o engenheiro francês Gustave Eiffel inauguraria na
sua torre, em Paris.
Mesmo com os pareceres favoráveis, nada foi feito. Com a Proclamação da
República, em 1889, a concessão caducou e, depois de uma série de decepções com o
novo governo, Kohn retornou em 1892 aos Estados Unidos. Somente trinta anos depois, o
engenheiro Augusto Ferreira Ramos realizaria o sonho de Kohn, com o atual teleférico.
AUGUSTO FERREIRA RAMOS - DADOS BIOGRÁFICOS
O Pão de Açúcar é para o Rio de Janeiro o que a Tôrre Eiffel é para Paris, a
Estátua da Liberdade para New York e o Vesúvio para Nápoles.
Esse majestoso bloco pétreo em gnaiss facoidal, o mais espetacular morro do Rio
de Janeiro, foi escalado pela primeira vez, por incrível que pareça, por uma inglesa, Miss
América Vespúcia, em 1817; em 1851 por um marinheiro português, depois por um norteamericano e, em 1877, por três ingleses que lá em cima hastearam a bandeira brasileira.
Em princípios de 1889, alunos da Escola Militar o escalaram e lá puseram a legenda
“Salve”, em homenagem à chegada de D. Pedro II, que retornava da Europa, onde viajara
por motivos médicos.
Em 1908, o engenheiro Augusto Ferreira Ramos, nascido no Estado do Rio a 22 de
agosto de 1860, tivera a idéia de um teleférico ligando os morros da Babilônia, Urca e Pão
de Açúcar, quando da realização da Exposição Comemorativa do Centenário da Abertura
dos Portos Brasileiros às Nações Amigas, efetivada na Praia Vermelha em 1908. Ano
seguinte, idealizou o ousado caminho aéreo funicular do Pão de Açúcar. Unindo-se a
Antônio Galvão e ao Comendador Fredolino Cardoso, obteve do Prefeito Serzedelo
Correia em julho de 1909 o direito exclusivo de construir e explorar a linha aérea por trinta
anos. Do morro da Babilônia ao da Urca há 600 metros de distância e 224m de altura; daí
para o Pão de Açúcar há 800 metros de distância e 395 acima do nível do mar.
Augusto Ramos, autor de tão notável empreendimento, era lente da Escola
Politécnica de São Paulo. A ele se deve o plano de valorização do café que tantos
benefícios trouxe à indústria cafeeira do país, sobretudo de São Paulo. Também da
indústria açucareira se ocupou largamente, tendo representado seu estado natal em
diversas conferências e congressos industriais. Foi ele também que, estudando as
finanças nacionais, propôs a criação da Caixa de Conversão, de tão bons resultados para
o país. Ainda em diversos estados da União deixou marcas de sua técnica, realizando
obras de saneamento no Paraná, na Bahia e no Espírito Santo, instalando neste último
poderosa usina hidroelétrica e fábricas de cimento, papel e açúcar.
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Sua memória há de perdurar no reconhecimento dos brasileiros, como a de um
filho que soube viver o sonho de grandeza de sua terra e de sua gente.
A nós, cariocas, ligou-se desde outubro de 1912, vencendo a incredulidade geral,
com o caminho aéreo do Pão de Açúcar, ampliado em janeiro seguinte, quando se atingiu
o famoso pico. Esse passeio é um dos mais encantadores do Rio, quer pela sensação da
viagem, quer pela surpreendente perspectiva panorâmica da cidade e seus arredores.
Não há quem possa ficar indiferente a tanta magnitude. A viagem noturna é ainda mais
deslumbrante pela originalidade do quadro que apresenta com a “feérie” de luzes nas
mais caprichosas formas geométricas.
Augusto Ferreira Ramos morreu no Rio de Janeiro, a 28 de julho de 1939,
deixando desde 1936 a direção de sua vitoriosa empresa a Carlos Pinto Monteiro, que a
renovou depois daquela data, dotando-a de maquinismos modernos.
A CAVERNA DO PÃO DE AÇÚCAR
Todo o Guia de Turismo conhece esse morro, o mais característico da cidade,
cantado e decantado mundialmente, com 395 metros de altura, galgados com facilidade
pelo bondinho que vai ao seu topo desde 1913, e cujo nome é devido ao fato de os
portugueses acharem-no parecido com as formas de barro onde se colhia o caldo de cana
purificado nos engenhos coloniais.
O que poucos talvez saibam é que o Pão de Açúcar também possui uma enorme
caverna, aberta por uma falha na rocha gnaissica há, pelo menos, um bilhão de anos, no
costão batido pelo oceano Atlântico, fora da barra. Ela é acessível por terra, por um
caminho na rocha, depois da pista Cláudio Coutinho, como pelo mar, de caiaque.
Menos gente ainda sabe que até a relativo pouco tempo ermitões nela residiam.
Desde os anos trinta, nela morou o português Eduardo de Almeida, que contava 58
anos em 1965, vivia da caça e pesca, inteiramente alheio à cidade e sua gente, as quais
desconhecia por completo! Em princípios dos anos sessenta dividiu sua caverna com o
casal Francisco de Brito e Isídia Maria da Conceição, mais sociáveis, pois vendiam
mamão, laranja e banana que plantavam na encosta do morro aos freqüentadores da
Praia Vermelha.
Todos foram desalojados pelos militares da Fortaleza de São João em 1968 e
desde então só os morcegos a tem habitado.
OS BONDES FIZERAM COPACABANA
Com efeito, desde 12 de março de1856, quando, pelo decreto no. 1733 se conferiu
a primeira linha de carris urbanos puxados à burros ao Conselheiro Cândido Baptista
(1801-1865) e seu filho Luiz Plínio; e a segunda, de uma linha para a Tijuca, dada dias
depois pelo decreto no. 1742, de 29 de março, ao médico homeopata escocês Thomás
Cochrane (1805-1872), sogro de José de Alencar (1829-1877), ninguém podia imaginar a
revolução que tais veículos acarretariam à cidade.
A linha de Cochrane, partindo do centro para a Tijuca, começou a funcionar em
1859, mudando para tração à vapor em 1862. Não deu certo por causa da má
conservação e faliu em 1865, dando prejuízo de 700 contos a seus diretores. Já Cândido
Baptista desinteressou-se de sua concessão, haja vista que em 11 de outubro de 1859 foi
indicado “Presidente do Banco do Brasil”. Repassou então sua concessão por quarenta
contos de réis pelo decreto no. 2927, de 21 de maio de 1862 ao amigo, o banqueiro
Ireneu Evangelista de Souza, Barão e Visconde de Mauá (1813-1889). Mauá, receoso
com o investimento, haja vista o que acontecera à linha da Tijuca, cedeu a concessão por
cem contos de réis, formalizada pelo decreto no. 3738, de 21 de novembro de 1866 ao
engenheiro americano Charles B. Greenough (1825-1880). Partiu Greenough para os
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Estados Unidos, onde conseguiu verbas para sua linha que percorreria a Zona Sul da
Cidade, organizando uma companhia dois anos depois. Logo eram assentados os trilhos
do Centro ao Catete.
Em 09 de outubro de 1868, começou a funcionar a “Botanical Garden Rail Road
Company”, com sua primeira linha, da rua Gonçalves Dias até o Largo do Machado. O
impacto sobre a cidade logo se fez sentir. Regiões que ficavam desertas, por falta de
acesso logo se valorizaram e foram ocupadas. Bairros dominados por extensas chácaras,
como Botafogo, logo foram repovoados. Em breve, não se vendia mais terreno algum na
cidade sem antes o comprador fazer a pergunta: “...o bonde passa lá?”
Já em 1o. de janeiro de 1871 chegava o bonde ao Jardim Botânico e Gávea,
tornando tais arrabaldes muito populares desde então. Em 1o. de abril de 1873, o bonde
já atingia a “Olaria”, hoje “Campus da PUC”, na Rua Marquês de São Vicente, e outro
ramal, saindo do Largo do Machado atingia a “Bica da Rainha”, no Cosme Velho. Logo se
vislumbrou na mente de homens progressistas que o bonde era a maneira mais eficiente
de se chegar à Copacabana, Ipanema e Leblon.
Entretanto, o primeiro transporte coletivo que chegou às praias da zona sul não
foram os bondes, e sim as diligências do Dr. Francisco Bento Alexandre de Figueiredo de
Magalhães, Conde de Figueiredo Magalhães (181?-1898), médico cirurgião formado em
Lisboa, cujos serviços foram iniciados a 1o. de dezembro de 1878. Partiam as diligências
da Praia de Botafogo, canto da rua São Clemente, chegando à Praia de Copacabana pela
Ladeira do Leme. O Dr. Magalhães montara em Copacabana uma casa de saúde para
convalescentes, com cômodos para banhistas e um hotel anexo. As diligências
trafegavam de hora em hora, das 07:00h às 10:00h da manhã, e das 17:00h às 20:00h.
A primeira tentativa para se levar uma linha de bondes até a Praia de Copacabana
data de 1874, quando a 4 de novembro, foi concedido ao Sr. Ale xandre Vieira de
Carvalho, Conde de Lages, Mordomo dos Príncipes Conde e Condessa D`Eu, e ao seu
sócio, Dr. Francisco Teixeira de Magalhães, a necessária autorização para sua
construção, uso e gozo, durante cinqüenta anos, de uma linha de carris para
Copacabana. Chegou a ser fundada a “Empresa Ferro Carril Copacabana”, cujo principal
dono era o empresário alemão Alexandre Wagner, que adquirira a concessão dos
herdeiros do Conde de Lages e estava comprando todos os terrenos disponíveis em
Copacabana, do Leme até a “Pedra do Inhangá”. A obra foi até iniciada, mas muito
combatida na justiça pela “Botanical Garden”, que alegava ter privilégio concedido
contratualmente para exploração de linhas de carris na Zona Sul da cidade. A batalha
judicial terminou em vitória para a “Botanical Garden”, caducando a concessão rival a 21
de fevereiro de 1880.
Ano seguinte, a 13 de julho de 1881, o Ministro da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas colocou em concorrência pública a abertura de uma linha de carris urbanos para
Copacabana. A “Jardim Botânico” protestou, alegando privilégio de área, sugerindo em
ve z rediscutir seu contrato original e realizar a linha, mas o Govêrno fez “ouvidos de
mercador” e a concorrência foi realizada. A coisa não foi adiante, tendo todas as
concessões caducado.
Em 05 de outubro de 1882, um grupo de vereadores apresentou à Ilma. Câmara
Municipal um projeto de extensão das linhas de bondes da “Companhia Ferro Carril
Jardim Botânico” (nome que tomou a “Botanical Garden”, após sua nacionalização em
1883), de Botafogo, para os bairros de Copacabana, Vila Ipanema e Leblon. A coisa não
saiu de imediato.
Outros planos e concessões vieram e caducaram.
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Um deles, apresentado ao Govêrno Imperial em 1883, era o de Duvivier & Cia.
Seus autores eram Theodoro Duvivier (1848-1924) e Otto Simon, genros de Alexandre
Wagner. Igualmente caducou.
Um dos planos mais interessantes foi o que propôs a 10 de fevereiro de 1886 o
engenheiro João Dantas ao Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, de uma
ferrovia à vapor que, partindo de Botafogo, da estação da Companhia Jardim Botânico, no
Largo dos Leões, chegaria por um túnel à Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra da Tijuca,
Mangaratiba, Sepetiba indo até Angra dos Reis, numa extensão de 193km. Foi constituída
em 1890 a “Companhia Estrada de Ferro Sapucaí”, que pretendia, dentre outras obras,
fazer um prado de corridas de cavalos no Leblon, nas terras da chácara do português
José de Guimarães Seixas, colado ao “Morro dos Dois Irmãos” (é onde hoje existe o
“Clube Municipal”). O decreto no. 587, de 10 de outubro de 1891, emitido pelo Governo
Federal, autorizou a mesma empresa a estender os trilhos até Guaratiba. Em 1891 essa
concessão caducou, quando já se havia escavado uma estrada de quase um quilômetro
pela encosta do “Morro Dois Irmãos”, estrada esta que, depois de muito ampliada em
outubro de 1916 seria inaugurada como av. Niemeyer.
No mesmo mês de fevereiro de 1886, a “Companhia Jardim Botânico” fez uma
contraproposta ao “Plano Dantas”, sugerindo uma linha ferroviária à vapor cortando
Copacabana, Ipanema e Leblon, saindo da estação do Largo dos Leões, em Botafogo e
indo até “Pena”, em Jacarepaguá. Propunha também um prado de corridas no “Morro
Dois Irmãos” . Em vez de um prado de corridas no Leblon, o engenheiro André Rebouças
sugeriu um cemitério naquelas plagas, idéia logo enterrada. Igualmente não foi adiante.
Ainda em 1886, por sua vez, a “Companhia” propôs ao Ministro da Agricultura, Comércio
e Obras Públicas uma linha de bondes para Copacabana, o que se comprometeu por
contrato assinado já na República, a 30 de agôsto de 1890 com o dito ministério.
Somente dois anos depois, em maio de 1892, é que pôde ser escavado um túnel e,
finalmente, a 06 de julho de 1892, depois de oito meses de obras, sendo dois de
escavações na rocha, o Gerente da “Jardim Botânico”, o engenheiro pernambucano José
Cupertino Coelho Cintra (1843-1939) inaugurou o “Túnel Velho” (hoje Alaôr Prata),
ligando a rua Vila Rica, em Botafogo, ao areal de Copacabana. Na ocasião, o Barão de
Ipanema arrendou terras para construção de uma estação onde hoje é a av. N. Sra. de
Copacabana.
JOSÉ DE CUPERTINO COELHO CINTRA - DADOS BIOGRÁFICOS
Engenheiro inovador, nasceu em Pernambuco a 18 de setembro de 1843.
Bacharelou-se em matemáticas e ciências físicas e naturais, em 1865, pela Escola
Central, hoje Faculdade Nacional de Engenharia. Seu primeiro cargo foi o de Ajudante da
Fiscalização da Companhia City Improvements. Exerceu vários cargos pertinentes à
profissão, quase todos no estado do Espírito Santo. Como ajudante da Inspetoria de
Imigração, apaziguou diversas rebeliões de imigrantes naquele estado e no Rio Grande
do Sul. Fundou diversos núcleos coloniais nos referidos estados e em São Paulo.
Sua lisura, capacidade e inteligente ação valeram-lhe as distinções recebidas:
sócio Benfeitor da Sociedade Propagadora das Belas Artes; da Caixa de Socorros D.
Pedro V; membro da Sociedade de Geografia desta Capital; sócio honorário da
Sociedade de Artes Mecânicas e Liberais de Pernambuco; sócio dos Centros Carioca e
Pernambucano e do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco.
Em 1889, passou a dirigir, como gerente, a Companhia Ferro Carril do Jardim
Botânico. Projetou e executou, em apenas seis dias, a duplicação da linha de bondes de
Botafogo à Escola Militar da Praia Vermelha. Estendeu as linhas de bonde até
Copacabana, o que foi possível com a abertura do 1o. túnel para aquele bairro, a 06 de
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julho de 1892, ligando a rua Real Grandeza, em Botafogo, à rua Barroso, atual Siqueira
Campos (Túnel Velho, ou Túnel Alaôr Prata). Esta linha ia até a Praça Malvino Reis, atual
Serzedêlo Correia, e é considerada a certidão de batismo do futuroso bairro de
Copacabana. Prosseguindo, atingiu a Lagoa Rodrigo de Freitas até a praça Piassava,
onde hoje se ergue a estátua de Quintino Bocaiúva. Instalou a primeira corrente elétrica
contínua na América do Sul, com tração elétrica dos bondes, nesta Capital. Apesar da
forte oposição por parte dos rotineiros, pôde realizar tão ousado cometimento, inaugurado
em 1892, pelo Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto.
Coelho Cintra foi ainda deputado por Pernambuco, prefeito da cidade do Recife,
oficial de gabinete do Ministro Francisco Sá e autor de cartas corográficas e geográficas
do Espírito Santo. Aposentou-se aos 78 anos de idade, pobre, mas digno do acatamento
de seus concidadãos.
O engenheiro Coelho Cintra é hoje credor de nossa gratidão; sendo perpetuado em
estátua de bronze em Copacabana, onde, como bandeirante que foi, recebeu as
merecidas homenagens de sua população.
Faleceu Coelho Cintra no Rio de Janeiro, a 12 de agosto de 1939.
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