Ficha do caso: nº

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Ficha do caso: nº
COVA DA IRIA - FÁTIMA
Ficha do caso: nº. 005 da casuística nacional*
Data/hora: 1917 – (consultar texto)
País: Portugal
Local: Cova da Iria (Serra de Aire), Fátima, concelho de V. N. Ourém, distrito de
Santarém (Leiria)
Localização Geográfica: lat.:39º 36’ N, long.: 08º 36’ W
Altitude: 352 m (acima do nível do mar)
Características geológicas: Terrenos do Jurássico “camadas de Montejunto”,
Oxfordiano. Inúmeras falhas tectónicas estáveis na região da Serra de Aire. Limites de
terrenos Batonianos. Zonas pontuais do Cretácio inferior, perto de Cova da Iria.
Algumas linhas de água importantes, poucas constantes. Nascentes subterrâneas
regulares, grutas de referência na região próxima.
Características gerais: Zona do interior rural. Mini latifúndios; cultivo familiar, gado
bovino, caprino, ovino e suíno, quase que para exclusivo uso doméstico.
Agricultura de subsistência. Escassos recursos.
Fauna/flora indígenas: Espécies cinegéticas Ibéricas, mamíferos, aves e répteis
selvagens; lobos, cabras, furões, magustos, lebres etc., águias, milhafres e outras.
Pinheiro bravo, azinheira e árvores de floresta Europeia. Árvores frutíferas de plantio, e
vastas zonas de pastagem e de cultivo.
Hidrografia: Não significativa.
População: Essencialmente rural. Altos níveis de analfabetismo, crentes, quanto á fé
católica, muito dependentes, escassos recursos. Não existem dados concretos sobre o
exacto número de habitantes locais, mas estimativas apontam para cerca de meio milhar.
Número de testemunhas: Inicialmente 3 (13 de Maio de 1917**), por último cerca de
50 a 70 mil (13 de Outubro de 1917), maioritariamente oriundas de outros locais.
Classificação geral, tipo Hynek: EI-3 segundo estas normas internacionais adoptadas,
mas sem classificação alguma, atribuída pela nossa investigação, dada a diversidade de
factores que compõem este inédito caso.
* Esta compilação inclui as ocorrências apuradas nas ex-colónias Portuguesas, daí o
número 005, atribuido a este caso.
** Não estão aqui consideradas as observações anteriores, porventura efectuadas pelas 3
crianças e outras, entre Abril e Outubro de 1915, na gruta do Outeiro, e cerca de um ano
depois no mesmo local.
Testemunhos directos:
Lúcia de Jesus Santos, nascida a 22 de Março de 1907, filha de Maria Rosa e António
dos Santos, prima de Francisco e Jacinta, por parte de sua mãe que era irmã de Manuel
Pedro Marto, pai dessas crianças. À altura dos acontecimentos de 13 de Maio, Lúcia
tinha 10 anos de idade. Durante quase todo o resto da vida, viveu enclausurada na
ordem religiosa das Carmelitas. Faleceu a 13 de Fevereiro de 2005.
Francisco Marto, irmão de Jacinta e primo de Lúcia, nascido a 11 de Junho 1908, filho
de Olímpia de Jesus e de Manuel Pedro Marto (irmão da mãe de Lúcia). Por seu turno,
Olímpia era irmã do pai de Lúcia. À data dos acontecimentos de 13 de Maio tinha 9
anos. Faleceu a 5 de Abril de 1919.
Jacinta Marto, irmã de Francisco e prima de Lúcia. Nasceu a 11 de Março de 1910. Foi
a vidente mais nova (apenas com 7 anos a 13 de Maio de 1917). Faleceu em 20 de
Fevereiro de 1920.
Testemunhos indirectos/participativos:
Carolina dos Santos Carreira – Chamada 4ª vidente, pela investigadora Fina d’Armada.
Teria observado, juntamente com os três principais garotos, aquilo a que chamaram “os
anjos”. Posteriormente, esteve sempre presente nos dias 13. Era filha de Maria Carreira,
uma mulher que teve um papel muito activo no desenrolar dos acontecimentos. A drª.
Fina d’Armada entrevistou-a em 28 de Julho de 1978. Carolina Carreira faleceu em
1981 e foi sempre ignorada por todos, principalmente pelos membros da Igreja Católica.
Maria Carreira – Mãe de Carolina, tinha 44 anos de idade à altura dos acontecimentos
(as ditas “aparições). Desde o início acreditou que todos os fenómenos tinham origem
divina e que a criatura que nunca viu, era Nª. Senhora. Muito católica e empreendedora.
Parece ter assitido a parte da primeira “visão” a 13 de Maio, pois referiu ter visto as
ovelhas paralisadas. Esteve presente na segunda aparição em 13 Junho de 1917.
Mandou limpar o local de ervas e pedras e mandou construir um pórtico em madeira em
jeito de capela e uma mesa de madeira em jeito de altar. Fotografias da altura mostram
os videntes e esse cenário. Como começaram a aparecer dádivas em bens e dinheiro,
desde essa altura se prontificou a ser a tesoureira, cargo que exerceu durante quase toda
a vida, com consentimento da Igreja. Era conhecida como a Maria da Capelinha e foi
uma das principais obreiras do que viria a ser o grandioso Santuário ali erguido. O povo
dizia que Maria da Capelinha era a mãe e a tesoureira de Fátima. Faleceu a 21 de Março
de 1949. Depois da sua morte, foi completamente ignorada pela Igreja Católica.
Gilberto Fernandes dos Santos – Jovem comerciante de Torres Vedras e um dos que,
nas últimas aparições, esteve presente na Cova da Iria, muito perto dos três pastorinhos.
Teria tido visões do inferno(?) e apercebeu-se de vários fenómenos adjacentes em
simultâneo com as ditas aparições. Nunca viu nem ouviu nada, mas por estar demasiado
perto dos garotos, referiu que a azinheira estaria envolta em cones de luz. Gilberto dos
Santos acabaria por se tornar no devoto mais importante, ao oferecer uma imagem da
Virgem Maria, comum a tantas outras, mas neste caso, vestida de branco e com alguns
sinais particulares inventados por um santeiro de Braga. Dessa imagem foram feitas
milhares de cópias e ainda hoje se multiplicam. De referir que essa imagem é totalmente
inventada e em nada é semelhante à descrição que Lúcia dos Santos fez nos Inquéritos
Paroquiais, levados a cabo pelo padre Manuel Marques Ferreira. É também de sua
autoria o hino de Fátima, sobejamente conhecido. Tal como os restantes, foi
completamente ignorado pela Igreja Católica.
Outras personalidades directa ou indirectamente ligadas ao caso:
Maria Rosa Matias, Teresa Matias, Maria Justino – Outras crianças que, em 1915,
juntamente com Lúcia de Jesus, observaram, no Outeiro do Cabeço, aquilo que
designaram como algo parecido com uma nuvem, mais branca que a neve, transparente
e de forma humana. A 1ª face das aparições dos “Anjos”.
Manuel Marques Ferreira (Padre) – Foi o pároco da freguesia de Fátima, um pequeno
lugar, por essa altura.
Foi o primeiro a interrogar os três videntes e a elaborar um vasto relatório, apontando a
originalidade dos factos, tal como saíam das bocas das crianças.
Foram os chamados “Inquéritos Paroquiais”, que só em 28 de Abril de 1919 seriam
enviados ao Patriarcado. Abandonou a paróquia de seguida.
O espólio do seu trabalho não foi destruído e encontra-se na posse da Igreja.
José Ferreira Lacerda (Padre) – Soube dos acontecimentos da Cova-da-Iria, mas só
inquiriu os videntes em 19 de Outubro de 1917, cerca de uma semana depois do célebre
13 de Outubro, com o propósito de publicar, em primeira mão, esse extraordinário
evento, no Jornal “O Mensageiro”, do qual era director.
Ao que consta, não fez qualquer relatório, ou algo semelhante. Estava em França como
capelão voluntário do corpo expedicionário português, na primeira grande guerra, desde
2 de Maio de 1917, regressando a Portugal a 25 de Setembro para resolver assuntos
relacionados com Fátima.
Nunes Formigão – Visconde Montelo (Cónego) – Era doutorado e professor do
Seminário de Santarém. Esteve como observador dos eventos de Fátima, possivelmente
a partir de Julho/Agosto. Interrogou várias vezes os videntes, mas não respeitou na
íntegra os factos e a dialéctica utilizada pelas crianças, introduzindo o seu próprio
raciocínio e interpretação, nos textos, artigos e livros.
Usava como pseudónimo o “título” de Visconde Montelo.
Em 13 de Outubro de 1922 funda o jornal “A Voz de Fátima”.
É considerado o primeiro historiador de todos os acontecimentos relativos às aparições.
Escreve diversos livros; talvez o mais conhecido seja “As grandes Maravilhas de
Fátima”, assim como dezenas de artigos jornalísticos.
D. José Alves Correia da Silva – É nomeado em 1920 para, pela primeira vez, ser bispo
da diocese de Leiria, criada propositadamente para dar resposta aos acontecimentos em
curso, relacionados com Fátima.
Todas as acções posteriores, desencadeadas nos anos seguintes, são de sua “directa”
autoria.
Dr. Pereira Gens – Jovem estudante de medicina, haveria de se tornar director dos
Serviços do Hospital do complexo da Cova-da-Iria.
Exerceu, à altura dos eventos finais (possivelmente a partir de Setembro ou Outubro),
grande influência nas famílias dos três videntes.
Avelino de Almeida – Jornalista do jornal “O Século”, um dos maiores jornais diários do
país, com grande expansão. Publica, logo após os acontecimentos de 13 de Outubro de
1917, um artigo, cujo título sugestivo (por ele inventado), se referia a um “Milagre do
Sol”. Tal foi o sucesso, que a sua “invenção” pegou e ainda hoje se fala num “Milagre
do Sol” quando se recorda Fátima.
J. Thedim – Santeiro da Casa Fânzeres. Bracarense; executou, a pedido de Gilberto dos
Santos, uma imagem que este desejava oferecer ao lugar e ao povo da Cova-da-Iria
(uma imagem para o culto já formado).
Sem possuir elementos concretos, inspirou-se numa imagem de Nª Senhora da Lapa; fez
apenas algumas alterações relativamente à cor das vestes, à expressão do rosto e em
alguns símbolos.
Artur de Oliveira Santos – Administrador do Município de Vila Nova de Ourém.
Levou para sua casa os três pastorinhos em 13 de Agosto de 1917, na tentativa de
acabar com toda a balbúrdia que se passava na Cova-da-Iria.
Era um republicano e anticlerical convicto, fundador de uma Loja Maçónica e substituto
do Juiz na Comarca.
Foi o “mau da fita” ao tentar saber o que se passava e restabelecer a ordem pública,
completamente incontrolável.
Fez aquilo que qualquer um hoje faria na mesma situação; revelou-se um homem
equilibrado, racional, objectivo e impermeável ao que considerou ser abusivo e fora de
controlo.
Carlos Azevedo Mendes – Jovem advogado de 29 anos, mais tarde deputado à
Assembleia da República, resolveu visitar o local de tão reclamados prodígios. Em
Setembro, foi assistir ao evento e conviveu com os “pastorinhos”. Numa carta que
escreveu à namorada, diz: As crianças dizem sempre que lhes aparece uma Senhora,
mas não sabem quem é. A Senhora só lhes revelará a identidade no dia 13 de Outubro.
Dr. Almeida Garrett – Filho de um catedrático da Universidade de Coimbra, de seu
nome Garrett, que também esteve presente no dia do dito “Milagre do Sol”.
Observou os fenómenos de 13 de Outubro de 1917. Relativamente ao chamado
“Milagre do Sol”, testemunhou o que lhe pareceu, não apontando qualquer relação com
o astro-rei. A sua observação teria durado 10 minutos. Esceveu um trabalho sobre o
evento e a “miraculosa nuvem de fumo” que surgia sobre a azinheira.
Engº Mário Godinho –
Maria Emília V. Barbosa –
Augusto Pereira Reis –
Maria Cândida da Silva –
Júlio Vicente –
Palmira Pinheiro Costa –
Testemunhas idóneas, presentes em 13 de Outubro de 1917, as quais forneceram, com
os seus depoimentos, pistas importantes sobre os fenómenos observados. Pessoas cultas,
eruditas, que deixaram escritas as suas opiniões.
Graças a estes e muitos outros, é possível saltar do imaginário para o real.
Gonçalves (Padre) – Em 1929, foi um dos principais confessores jesuítas de Lúcia.
Figura proeminente na Ordem dos Jesuítas.
Francisco (Padre) – Figura proeminente na Ordem dos Jesuítas.
Rodrigues (Padre) – Figura proeminente na Ordem dos Jesuítas.
Naturalmente que seria impossível incluir neste espaço todos os intervenientes
conhecidos. Estes, serão, porventura, os mais significativos.
Resumo do caso
Corria o ano de 1917, estava-se em Portugal, um País pobre e inculto, que atravessava
uma das maiores crises da sua história. As profundas convulsões políticas a par com o
subdesenvolvimento de uma sociedade essencialmente rural, o poder religioso
debatendo-se entre a incerteza da continuidade, o gigantesco esforço de guerra nas
frentes sangrentas dos campos de batalha franceses, a peste que dizimava o povo, a falta
de recursos e o natural afastamento das realidades sociais e filosóficas desse momento
histórico no resto do Mundo, o isolamento que se vivia a quase todos os níveis, criaram
a vulnerabilidade que iria proporcionar as interpretações surgidas após um conjunto de
fenómenos ocorridos numa zona rural apagada, longe dos centros urbanos sem
quaisquer meios.
Habitada por pacatos aldeões, sem cultura e instrução, profundamente devotos ao
cristianismo, ingénuos e crédulos, dentro da sua simplicidade, num cenário bucólico e
parado num tempo de mudança real mas inimaginada, iria acontecer um dos factos mais
importantes da história das experiências humanas.
Três modestas crianças, filhas daquele mesmo povo e lugar, foram as protagonistas.
Visões de seres angelicais teriam iniciado o que se julga ter sido um pré-contacto. Estes
eventos teriam começado entre Abril e Outubro de 1915, perto da gruta do Outeiro, em
que por três vezes Lúcia dos Santos, seus primos Francisco e Jacinta, juntamente com
outras crianças da mesma idade teriam sido confrontadas com essas criaturas.Na
primavera/verão do ano seguinte (1916), no mesmo local, voltariam a ver esses “anjos”,
tal como foram identificados. Desta vez apenas os três garotos teriam sido
“contactados”. Teria sido na última aparição dessa criatura (nem sempre com o mesmo
aspecto), que esta lhes teria dado por este, substâncias para ingerir.
A Lúcia, nessa data, com a idade de 9 anos, teria ingerido uma substância sólida de cor
esbranquiçada, enquanto que o Francisco (8 anos) e a Jacinta (6 anos), teriam bebido um
líquido de cor vermelha, ao que após essa ingestão ficaram durante algumas horas
prostados no solo.
Desde o entendimento “verbal” com a criatura, designada como um lindo jovem loiro
com aproximadamente 14/15 anos, até à ingestão dessas substâncias e ao seu efeito,
decorreria cerca de um ano, para acontecer a visualização de uma entidade de aspecto
humano, pairando sobre uma pequena azinheira. Curiosamente, uma “mensagem”
mediúnica teria sido captada por espíritas e posteriormente divulgada num jornal, sem
se saber ao certo do que se tratava.
Essa criatura de aspecto humano e feminino, aparentava 12 a 15 anos de idade. Muito
bela e luminosa, apenas era “observada” ao pormenor, por Lúcia. Os seus primos nunca
a teriam “visto” muito bem, nem com ela mantido contacto “verbal”.
Estabeleceu-se com essa entidade uma espécie de diálogo, em que Lúcia fazia perguntas
e a entidade respondia “dentro da sua cabeça”.
“Ela fala, mas eu não a ouço, é dentro da minha cabeça que ouço ela falar”.
De princípio, a pequenita Lúcia julgou tratar-se do diabo em forma de gente.
Desde 13 de Maio de 1917 a 13 de Outubro do mesmo ano, sucederam-se em dias e
horas certas esses contactos, coalhados de episódios extraordinários, onde não faltaram
efeitos secundários, designadamente sonoros, audíveis e visíveis.
Curiosamente, o povo que se juntava para assistir ao fenómeno, nada conseguia ver
sobre a azinheira. A entidade só aparecia a Lúcia e só com esta falava.
Quem se encontrava perto dos pequenitos, ouvia a voz de Lúcia e uma espécie de
zumbido.
O natural impacto destes acontecimentos numa sociedade com as características atrás
descritas, teve os seus dividendos.
A incredulidade inicial do povo depressa deu lugar às especulações mais diversas. A
leitura imediata apontava, sem reservas, para um evento Divino.
Durante os cerca de 15 minutos que durava o fenómeno (no total foram quase 2 horas),
foram descritos alguns efeitos:
No início de cada “aparição”, o povo descrevia um trovão, tremor de terra ligeiro, uma
espécie de sopro, uma espécie de fumo, diminuição da luz solar e nas aparições finais,
queda de filamentos e sobrevoo de esferinhas luminosas.
Efeitos:
Tal como já foi referido várias vezes, desde a primeira aparição da “entidade”, foram
detectados e observados vários fenómenos na área de contacto, provocando, muitos
deles, efeitos quer no ambiente, na flora e fauna, como nas pessoas. Uns, apenas foram
“observados” ou “sentidos” pelos videntes, outros foram vistos por todos:
- “Flashs” de luz, focos ou luminosidades “compactas” que se moviam; “lá vem ela”…
uma forma luminosa. Muitos extra – videntes aperceberam-se deste fenómeno.
- Diminuição da luz solar, quase sempre detectada pelos videntes e extra – videntes.
- Uma estranha nuvem sobre a azinheira.
- Névoa sobre a copa da azinheira na altura do contacto, nem sempre observada.
- Focos ou cones de luz (energia) sobre a área específica do contacto: Um. Mais
pequeno, que apenas incidia na copa da azinheira, provocando talvez a névoa descria e
outro, maior, que “cobria” a pequena árvore e os videntes. Ninguém, a não ser Gilberto
dos Santos, se apercebeu desses fenómenos.
- Som de zumbido, perceptível pelos extra – videntes muito próximos, quando se
efectuavam os diálogos.
- Estrondo ou som de foguete ou até um silvo quando terminavam os contactos dos
videntes com a “entidade”. Há referências deste ruído também no início.
- Efeitos cromáticos no ambiente envolvente, principalmente no dia 13 de Outubro. As
pessoas e as coisas tomaram mil cores, verde, azul, prateado, etc…
- “Explosões ou tremores de terra”; sons fortes e vibração do solo.
- Efeitos psico – físicos nos videntes, principalmente no período dos pré – contactos.
- Efeitos sobre os animais, domínio psico – somático: pré – contactos.
- Nuvens estranhas e solitárias “movimentando-se” no espaço próximo.
- Objectos luminosos de pequenas dimensões que sobrevoaram a multidão a baixa
altitude. Teriam o tamanho de um ovo ou de um punho. Muitas pessoas viram estes
fenómenos nos dias 13 de Setembro e 13 de Outubro.
- Efeitos caloríficos nas pessoas, provocados pelo objecto observado em 13 de Outubro.
O objecto circular ou discóide desceu sobre as pessoas que estavam encharcadas devido
à chuva e secou-as de imediato.
- Objecto esférico, circular ou discóide observado em 13 de Outubro. Saiu de uma
nuvem e evolucionou durante uns minutos sobre a multidão. Era luminoso e silencioso.
Provocou efeitos cromáticos e caloríficos em seu redor e voltou para a nuvem. Durante
a exibição mudou de cor, espalhou colorações várias, viram-se luzinhas, etc.
Era um objecto de aspecto sólido, que executou manobras de voo inteligentes.
- Figuras dentro do objecto (?). Muitas pessoas, incluindo os videntes, viram figuras
humanas dentro do objecto descrito ou dele projectadas para o espaço muito próximo.
Observaram-se “criaturas” de aspecto masculino e feminino. Também foi observada
uma “criança”. Foram identificados pelos videntes e extra – videntes como a Sagrada
Família: S. José, Nosso Senhor, Nossa Senhora, o Menino Jesus.
Teriam gesticulado para a multidão: “Deram a bênção, acenaram num adeus, saudaram
o povo”.
- Odores diversos, especialmente na observação de Valinho. Cheiros agradáveis foram
detectados nas plantas.
- Avarias mecânicas em viaturas (13 de Outubro): Combustão espontânea do
combustível da viatura, vidros estilhaçados.
- Curas espontâneas (13 de Outubro), quistos, pequenos tumores, alterações cutâneas,
feridas, inchaços, etc.
- Queda de filamentos esbranquiçados e fibrosos sobre a multidão.
- Marcas nas folhas da copa da pequena azinheira, no local da incidência do cone
menor.
- Efeitos psicológicos “mostrando” imagens terríveis: o inferno ou projecção de
imagens restritas, cujo destino seriam as pessoas (videntes e extra – videntes) muito
próximas dos cones de luz/energia, provavelmente “difundidas” a partir da “bola” ou
“coração com espinhos”, detectado na “entidade”. Lúcia deu-se conta e Gilberto dos
Santos também.
Todo este vasto conjunto de anomalias, mesmo nos tempos de hoje, causaria profundas
reacções nas pessoas.
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De toda a série de fenómenos ocorridos durante essas seis intervenções, o mais
espectacular seria o de 13 de Outubro. Nesse dia chuvoso, Cova da Iria tinha ente 50 a
70 mil pessoas esperando um “anunciado milagre”, dado que o povo vinha pedindo a
Lúcia que essa “Nossa Senhora”, para provar ser a Virgem Maria, teria que fazer um
milagre.
De facto, pela hora do costume, meio-dia solar, apareceu um objecto esférico dentro de
uma suposta nuvem, que se movimentou por sobre a multidão. Desceu repentinamente
sobre as pessoas, causando uma “onda de calor”, que secou a roupa molhada dos que
ficaram na trajectória do objecto. Ao mesmo tempo que ali perto, sobre uma azinheira, a
mesma entidade contactava, pela última vez, as três crianças, enquanto que toda a
atmosfera próxima foi invadida por estranhas colorações e belos efeitos cromáticos.
“Parecia um disco de prata fosca”, “uma bola com luzinhas à volta”.
A riqueza testemunhal foi enorme e as descrições preciosas.
Depois tudo terminou. Apenas os testemunhos dos videntes referem a entidade
observada. Ninguém mais, a não ser estes, a viram.
A entidade nunca chegou a dizer quem era e mentiu, quando teria dito, “a guerra
termina hoje”, referindo-se a esse mesmo dia, 13 de Outubro de 1917.
De facto, a guerra terminaria um ano mais tarde.
No dia seguinte ao do “milagre”, o jornalista do jornal “O Século”, Avelino de Almeida,
publicava um artigo em primeira página designando o objecto observado, como tendo
sido o Sol. Assim ficou até aos nossos dias., embora fosse o único a referir o nosso astro
rei, que foi observado com normalidade, ao contrário de toda a gente. Houve até quem
visse figuras humanas dentro desse objecto e houve quem o observasse atravéz de
binóculo.
Infelizmente, a doença subtraiu do número dos vivos duas das três crianças, pouco
tempo depois. Restou apenas Lúcia, a pastorinha analfabeta, inculta mas inteligente.
O primeiro inquiridor dos factos foi o pároco da igreja local, padre Manuel Marques
Ferreira, uma das únicas pessoas cultas do lugar, que ouviu as três crianças, teve o
cuidado de deixar escrito os diversos interrogatórios que fez aos “videntes”, descreveu
com todo o rigor a figura, assinalando o facto de ser uma menina muito bonita, vestida
de branco, saia pelo joelho, aos gomos, com fiozinhos dourados, assim como uma capa,
do mesmo estilo que a saia. Pormenorizou todos os acessórios assim como toda uma
série de pormenores. A descrição da entidade mereceu grande destaque nesse relatório,
dado que o vestuário não podia ser compatível (à altura), com uma possível pessoa de
bom porte, visto que só as prostitutas usariam uma saia pelos joelhos.
Foi graças à detalhada descrição do páraco, que foi possível a Claro Fângio (esposo e
auxiliar da investigadora Fina d’Armada), desenhar a figura que consta do livro e deste
trabalho. Figura feita com todo o rigor documental e posteriormente copiada pelo autor
desta ficha.
Talvez por este facto e outros, este padre, confrontado com a complexidade de toda a
história, cedo se apercebeu que o suporte religioso não serviria de argumento seguro
para credibilizar os factos. Inteligentemente afastou-se do processo, abandonando a
aldeia. Entretanto o povo, por sua própria iniciativa, havia construído uma capela nesse
lugar, já transformado em local de culto. A Igreja acabou por, naturalmente, liderar o
que o povo já impunha. Limitou-se a guardar para si as provas, enclausurar a única
testemunha viva e através dos seus confessores Jesuítas interpretar os factos do ponto de
vista católico.
Nesta perspectiva hermética, o caso ficou encerrado e esclarecido. Porém, a perpetuação
do culto e do lugar, levou, muitos anos depois, a que se olhasse de novo para essa
história, desta vez numa perspectiva isenta, racional, objectiva e científica.
Tudo ficou imediatamente sob suspeita. Apareceram as contradições, as fraudes, as
interpretações gratuitas, os erros, os documentos secretos etc., etc.. Surgiu então uma
hipótese para os factos; racional e lógica, capaz de fornecer luz aos acontecimentos
obscuros.
Uma leitura científica, com todo o suporte histórico inerente. Não teria sido, como
muitos pensam e desejam, Nossa Senhora que ali apareceu. Tudo aponta para um dos
casos ovnilógicos mais importantes do mundo, mas infelizmente ignorado, pela capa do
primitivismo cultural! Um contacto com uma civilização extraterrestre, foi o que, já sem
muitas dúvidas, aconteceu em Fátima no ano de 1917.
Convém aqui salientar que, sessenta anos depois, essa investigação foi feita pela
historiadora, drª. Fina d’Armada, tal como é conhecida.
Foi um trabalho longo e cheio de perigos, que lhe haviam de custar grandes e graves
problemas como académica.
Conseguiu penetrar nos arquivos secretos de Fátima, consultar documentos em diversas
bibliotecas do país e recuperar escritos e opiniões dispersas pelos jornais da época.
Conseguiu entrevistar algumas testemunhas directas e ainda vivas e por fim, escrever o
primeiro livro realmente importante, sobre o que aconteceu na Cova da Iria – Fátima,
por esses tempos.
O livro, cujo título é: “Fátima, o que se passou em 1917” foi editado pela livraria
Bertrand e apresentado em 1980.
Ler esta obra, é fundamental para se entender o que de facto ali se passou. Seria
inimaginável escrever um relatório sobre este longo e complexo caso.
Seguiram-se outros trabalhos literários de autoria de Fina d’Armada e do jornalista
(agora docente da universidade F. Pessoa), Joaquim Fernandes, na altura, director do
C.E.A.F.I..
Nota final:
Apuramento do número aproximado de testemunhas presentes em cada uma das
“aparições”:
13 de Maio de 1917 = Apenas as três crianças.
13 de Junho de 1917 = Cerca de 40 pessoas, maioritariamente aldeões.
13 de Julho de 1917 = Entre 4 a 5 mil pessoas.
13 de Agosto de 1917 = Entre 15 a 18 mil pessoas (os videntes não estavam presentes).
13 de Setembro de 1917 = Entre 25 a 30 mil.
13 de Outubro de 1917 = Entre 50 a 70 mil pessoas.
Fim de relatório,
José Manuel González Sottomayor
ANEXOS
Primeira obra sobre Fátima, autoria de Fina d’Armada
Fotografias da época:
Jacinta, Lúcia e Francisco
Padre Manuel Marques Ferreira, pároco da freguesia.
Os três videntes e o local do contacto; “Altar e Capela”.
Carolina do Santos Carreira, a 4ª vidente, entrevistada em 1978.
13 de Outubro de 1917, à espera do milagre o povo olha o céu.
13 de Outubro de 1917, Jacinta ao colo do pai.
Gravuras:
Os desenhos que se seguem, foram elaborados com o máximo rigor, a partir das
informações recolhidas.
Os “contactados”, a imagem detectada e o cenário geral e constante.
A imagem, segundo a descrição de Lúcia dos Santos.
Na 5ª aparição, devido à ausência anterior dos videntes (13 Agosto), a zona foi
sobrevoada por pequenas esferas luminosas.
13 de Outubro de 1917, o objecto sai de uma nuvem e o Sol desponta ligeiramente.
13 de Outubro. A multidão entra em êxtase.
13 de Outubro. Efeitos causados num automóvel à aproximação do objecto
13 de Outubro. O objecto observado foi algo assim paracido.
Primeira página do Jornal “O Século”. Notícia bombástica de Avelino de Almeida.
Mapas da zona (edições do ano 1985):
Carta geográfica.
Carta geológica da zona.