Existem várias referências no mundo. E no mundo da

Transcrição

Existem várias referências no mundo. E no mundo da
Referência
e m r o man tis mo.
Referência
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D&D. O maior e mais completo
shopping de decoração
e design da América Latina.
Existem várias referências no mundo.
E no mundo da decoração e do design
existe o D&D Shopping.
O D & D S ho p p i n g f o i o p r i m e i r o a r euni r em um úni co luga r
o q u e h á d e m e lh o r e m d e c o r a çã o e des i gn. Sã o 90 loj a s concei tua da s
e p raç a d e a li m e n t a ç ã o c o m di v er s a s opções ga s tr onôm i ca s .
O D & D re ú n e a s m a i s i m p o r t a n tes ma r ca s do s egm ento,
t o r n a n do- se r e fe r ê nc i a e m sof istica çã o e bom gosto.
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Av. das Nações Unidas, 12.555. De segunda a sexta das 10 às 22h. Sábado das 10 às 20h. Domingo e feriados das 14 às 19h.
11-14
MARÇO
2014
SÃO
PAULO
EXPOREVESTIR.COM.BR
A FASHION WEEK
DA ARQUITETURA
E CONSTRUÇÃO
PROMOÇÃO
APOIO
EVENTOS CONJUNTOS
INTERNACIONAL
DE ARQUITETURA
E CONSTRUÇÃO
ORGANIZAÇÃO
*
EDITORIAL
CONCEITUAL
#09
dezembro 2013/janeiro 2014
Publishers André Poli e Roberta Queiroz
Conselho Editorial Renata Amaral, Carolina Szabó, Jéthero Cardoso,
Roberto Negrete, Alex Lipszyc
Diretora Executiva ABD Maria Cecília Giacaglia
Edição e Direção de Arte Marcos Guinoza
Redação Marcella Aquila
Colaboradores Amer Moussa, Bruno Moreschi, João Antonio Lourenço
Revisão Luciana Sanches
DEZEMBRO 2013/JANEIRO 2014
Jornalista Responsável Marcos Guinoza MTB 31683
CONCEITUAL
#09
* f UN
Publicidade
Diretor Comercial Marcelo Damado
[email protected]
VELVET EDITORA LTDA
11 3082 4275 www.velveteditora.com.br
ABD Associação Brasileira de Designers de Interiores
www.abd.org.br
Piero Fornasetti
Receita de Ano Novo
TRIÊNIO 2013/2015
CAPA Design divertido, lúdico,
radical é o tema da nona edição
da ABD Conceitual.
Presidência: Renata Duarte Amaral
Vice-presidência: Marcia Regina de Souza Kalil, Ricardo Caminada,
Bianka Mugnatto, Jéthero Cardoso Miranda
Conselho Deliberativo - Membros Efetivos: Carolina Szabó (SP), Carlos Alexandre
Dumont (MG), Paula Neder de Lima (RJ), Francesca Alzati (SP), Silvana Carminati (SP),
Mauricio Peres Queiroz dos Santos (SP), Luiz Saldanha Marinho Filho (RJ), Alexander
Jonathan Lipszyc (SP), Renata Maria Florenzano (SP), Jaqueline Miranda Frauches
(MG), Rosangela Larcipretti (SP), Joia Bérgamo (SP), Flavia Nogueira da Gama Chueire
(RJ), Lucy Amicón (SP), Elisa Gontijo (SP)
Conselho Deliberativo - Suplentes: Nicolau da Silva Nasser (SP),
Paula Almeida (SP).
Conselho Fiscal - Membros Efetivos: Fabianne Nodari Brandalise (PR), Catia Maria
Bacellar (BA), Maria Fernanda Pitti (SP), Delma Morais Macedo (BA)
Conselho Fiscal - Suplente: Daniela Marim (SP).
Consultor: William Bennett
“Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome/ você, meu caro, tem de merecê-lo...” (Carlos Drummond de Andrade)
Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade
dos autores e não refletem a opinião da revista.
6 abd conceitual dez 2013/jan 2014
Selo
foto Divulgação
Sugestões
[email protected]
Amigos,
O ano de 2013 está chegando ao fim. É época de renovação, de dar um tempo para refletir sobre nossas conquistas recentes e preparar o corpo e o espírito para as batalhas
do novo ano que começa.
E, para terminá-lo de bem com a vida, esta edição da
ABD Conceitual vem recheada de alegria e surpresas. Sendo assim, apropriei-me, com bom humor, de um poema de
Drummond, que elaborou uma “Receita de Ano Novo” a ser
lida e relida sempre.
Vejam só o que ele sugere, por exemplo, para se ganhar um belíssimo ano novo:
Drummond: “...você não precisa beber champanha
ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber
mensagens...”.
Minha interpretação: está nos dizendo para não encher
tanto a cara e gastar menos tempo nos e-mails e torpedos!
Drummond: “...Ano novo sem comparação com todo
o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido)...”.
Minha interpretação: “Sem sentido”, meu caro
Drummond! Sentido é o que mais damos; delicado e gentil aos
bem-vindos clientes e sua infinita ansiedade.
Drummond: “...para você ganhar um ano não apenas pintado de novo... Mas novo nas sementinhas do vir-a-ser...”.
Minha interpretação: pintamos, e pintamos de novo, em
cada projeto, em cada solução trabalhada. Acreditamos, vibramos
e, finalmente, lá está ela, às vezes menos, às vezes mais, a tão esperada realização.
Drummond: “...(a começar pelo seu interior)... Que de tão
perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama,
se compreende, se trabalha...”.
Minha interpretação: viu como ele estava falando conosco, os designers de interiores? E ainda é solidário: diz que um
trabalho tão bom nem se nota, pois é ali, lá, onde você tocou e
fez a diferença, que nossa realização está, comovendo e dando a
certeza de um ano ainda melhor!
Para todos, um feliz ano novo.
Renata Amaral, presidente da ABD
*
SUMÁRIO
A vi a g e m
c o me ç a q u an do
Gabriel 11 3063-5603
Jardins 11 3885-9917
Moema 11 5505-3826
Lar Center 11 2252-3063
Giovanni Gronchi 11 3746-7044
E-commerce: espacotil.com.br
voc ê c h e g a
em casa.
12 | parece, mas não é
18 | vai chover purpurina
Ilusão de óptica: a realidade e o sonho em
obras que iludem o olhar
O kitsch virou pop, virou cult e não disfarça, não
se preocupa com o julgamento alheio
[+]
10 | vitrine
Design cheio de graça: divertidos,
estranhos, inusitados, incompreensíveis
36 | é preciso estar atento
As propostas lúdicas e desobedientes do
arquiteto japonês Sou Fujimoto
40 | a invenção da infância
Foi durante o século 20 que as crianças
deixaram de ser tratadas como pequenos
adultos e ganharam significado próprio
22 | the way you live
26 | aloha!
Amanda Talbot: “Estamos passando por um
momento de anarquia residencial”
Decoração tropical, cultura tiki e a obra de cores
vibrantes do californiano Casey Gray
32 | inclassificável
46 | abrem-se as cortinas
Piero Fornasetti: nem op, nem pop, nem
surrealista, mas tudo isso ao mesmo tempo
A grandiosidade das casas de ópera registradas
pelo fotógrafo americano David Leventi
54 | formas femininas
O fetiche pop do artista plástico britânico
Allen Jones, criador da série de móveisesculturas Chair, Table e Hat Stand
d e c o r a ç Ã o
8 abd conceitual dez 2013/jan 2014
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oh!
VITRINE
7
1
design cheio de graça:
DIVERTIDOS, ESTRANHOS, INUSITADOS,
lúdicos, INCOMPREENSÍVEIS,
surpreendentes
8
9 10
2
11
o que é, o que é
1 Banco B085, Desfiacoco, madeira multilaminada, revestida com laca fosca e aplicação de
grafismos, 42 L x 45 P x 45 H, na Estar Móveis 2
Aparador Diva, Ibride, de madeira, 76 H x 60 L x
25 P, na Benedixt 3 Estante Iron Joe, Ibride, de
madeira laminada,155 H x 206 L x 86 P, na Benedixt 4 Estante de parede para livros Bel-Ami, MDF
impresso, 66 x 48 x 14 cm, na Benedixt 5 Paliteiro
Bunny, Alessi, de resina termoplástica, na Benedixt 6 Cadeira Her, Casamania, polietileno com pintura laqueada, 49,5 L x 61,5 D x 87 H, na Benedixt
7 Almofada A428, com enchimento de tecido
Suede, estampado com gatos e cachorros, 43 L
x 43 P, na Estar Móveis 8 Almofada A494, com
ilustração vintage, forrada com fibra siliconada
de poliéster, 30 L x 41 P x 10 E, na Estar Móveis 9
Porta-recado Pino, Matéria Amorim, aglomerado
de cortiça,12 D x 22 H, na Benedixt 10 Cadeira
Vintage, de madeira entalhada, 60 x 55 x 82 H, na
Kcase 11 Mesa Bamileke Miçanga Leopardo, 35
x 35 x 35 H, madeira e miçanga, na Katmandu 12
Pufe A464, com estampa em pixel, que faz alusão à pelagem do animal, na Estar Móveis
3
4
5
6
12
Endereços: Katmandu Rua 25 de Março, 509, Centro, São Paulo, tel. (11) 3322-1900 Estar Móveis
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.080, São Paulo, tel. (11) 3081-9036 Benedixt Rua Haddock Lobo, 1.584,
São Paulo, tel. (11) 3081-5606 Kcase Al. Gabriel Monteiro da Silva, 271, São Paulo, tel. (11) 3081-6562
10 abd conceitual dez 2013/jan 2014
*
ILUSÃO de óptica
PARECE, MAS NÃO É
A realidade e o sonho em obras que iludem o olhar
Por joão antonio lourenço
yarte
Dalston House | Leandro Erlich | Argentina
Subindo
pelas
paredes
Instalação convida o público a “escalar” a fachada de um prédio
FOTO Gar Powell-Evans
Conhecido por brincar com a ilusão de óptica em
suas obras, Leandro Erlich é o artista argentino com maior
destaque internacional na atualidade. Virou artista por acaso.
“Minha família nunca teve dinheiro, mas meus pais sempre
me apoiaram. Na adolescência, fui para a Europa com meus
irmãos e isso abriu a minha cabeça. Quando voltei, mesmo
sem saber o significado da minha escolha, decidi ser artista.”
Desde então, Erlich já passou pelas bienais de Istambul, Xangai, São Paulo e Veneza. Seus trabalhos pertencem a
diversas coleções, públicas e privadas. Obras que desafiam a
perspectiva do público são o seu forte. Pense em uma piscina
com água falsa (Piscine) ou em um sofá que, na verdade, é
um bolo que replica uma das mais importantes criações do
arquiteto alemão Mies van der Rohe (You Can’t Have Your
Cake and Eat It Too).
O mais recente projeto de Erlich é a instalação Dalston
House. A obra foi apresentada no Festival de Arquitetura de
Londres de 2013, no qual foi exposta em um terreno abandonado desde a Segunda Guerra Mundial, no bairro de Hackney.
Dalston House é composta por uma fachada de casa no estilo
vitoriano, de três andares, que é instalada no chão horizontal-
mente e refletida por um imenso espelho com inclinação de
45 graus. O jornal britânico The Guardian comparou a experiência de o público poder “escalar” a fachada de Dalston House
com as peripécias do personagem Homem-Aranha.
Utilizando elementos da arquitetura de cada lugar,
a obra passou por Paris, Buenos Aires, Linz, entre outras
cidades. Erlich, com seu trabalho, diz que procura manter “as
pessoas acordadas”, sem delimitar caminhos. “O público não
pode ser continuamente subestimado. Acredito em participação, e busco engajar as pessoas em uma experiência que
seja interpretativa.”
O artista constrói realidades alternativas, representações de sonhos e desejos, e defende que “a realidade pode ser
pesada, mutável, subjetiva, objetiva, natural ou construída. Em
última análise, realidade é objeto de manipulação. Ela também
pode ser tudo aquilo em que queremos acreditar.”
Dalston House não tem previsão para vir ao Brasil. Mas
obras de Leandro Erlich, em sua terceira individual no país,
podem ser vistas na galeria Luciana Brito, em São Paulo, até a
primeira quinzena de janeiro de 2014.
# leandroerlich.com.ar
ydesign
Coleção Canvas | Naoki Ono e Yuki Yamamoto | Japão
Acrilic
on
canvas
Poltronas ou telas? As duas coisas ao mesmo tempo
Naoki Ono e Yuki Yamamoto, formados em design espacial
e industrial, conheceram-se por meio de um amigo em comum. Não demorou muito para o duo perceber que compartilhava das mesmas ideias sobre design. Em 2011, seguindo o
conceito de criar uma nova linguagem entre espaço e objeto,
abriram o estúdio YOY. “Como criadores, acreditamos que
toda informação precisa ser filtrada e questionada. Sentimos
falta de um tempo em que sabíamos menos. O excesso de
tecnologia diminuiu a sensibilidade dos sentidos.”
Soluções simples e lúdicas, como prateleiras invisíveis
em forma de papel A4 e cadeiras que imitam telas de pintura,
representam o DNA da dupla.
As cadeiras, apresentadas no último Salão de Design
de Milão, constituem a coleção Canvas. “Sempre pensamos
em algo entre duas coisas distintas, como ficção e realidade.
Canvas surgiu da necessidade de uma cadeira que ficasse
entre o 2D e o 3D. Queríamos um objeto que não fosse desvendado no primeiro olhar.” O conjunto de peças bidimen-
sionais é revestido por um tecido elástico esticado dentro de
uma armação de alumínio e madeira.
Ao repensar a nova forma de consumo, o estúdio
YOY explora os limites entre arte e design. “Estamos tentando
criar modelos que permitam que as pessoas sintam alegria.
Em proporções diferentes, o design já faz parte de nossa vida
cotidiana, ele está deixando de ser considerado algo supérfluo.
Portanto, gostamos de sugerir objetos que deixem a vida das
pessoas mais leve e divertida.”
Podendo ser utilizada tanto como mobiliário funcional
quanto arte decorativa, a coleção Canvas ilude, subvertendo a
realidade que, segundo a dupla, “pode ser moldada de acordo
com as nossas vontades”. Disponível em três formatos – cadeira, poltrona e sofá – a coleção tem previsão de chegar ao
mercado no primeiro semestre de 2014.
Lá no Japão, mais especificamente na inquieta Tóquio,
Naoki e Yuki seguem rabiscando ideias que brincam com a
percepção de realidade. # yoy-idea.jp
FOTOS Yasuko Furukawa
yurbanismo
Mark’s House | Two Islands | Inglaterra
Casa
flutuante
Espaço homenageia famílias americanas que perderam suas casas na crise de 2008
gem ao morador fictício, Mark Flint, cuja família perdeu tudo
para o banco.”
Para passar a impressão de leveza, Mark’s House fica
suspensa no topo de um pedestal espelhado. A fachada,
revestida de painéis reflexivos, alterna-se com as mudanças
de temperatura e luz. Para aliviar o clima seco da cidade, o
pavilhão flutuante também conta com uma estrutura com
1.500 litros de água, que se transformam em spray para refrigerar o ambiente. “Não estávamos interessados somente em
criar uma boa ilusão de óptica. As superfícies refletoras, por
exemplo, serviram para mostrar que toda casa é um reflexo
da cidade ao seu redor. Mark’s House ‘flutua’ para lembrar a
importância de ter algo pairando sobre sua cabeça.”
Durante o último verão americano, a casa em estilo
Tudor de 28 metros de altura ficou em exposição no centro
antigo de Flint. Após finalizarem esse projeto, os integrantes
do coletivo concluíram que é necessário mais parcerias
entre designers e governos. “Políticos, em sua maioria, são
treinados apenas para ver números e seguir regras. Falta
uma visão ampla do bem-estar da sociedade. Ou seja, essas
parceiras poderiam colaborar para uma sociedade esteticamente mais agradável.”
# twoislands.net
FOTOS DIVULGAÇÃO
O coletivo londrino Two Islands surgiu da escassez
de soluções criativas para os problemas urbanos. Iniciado
em 2012, pelos amigos William Villalobos e Cesc Massanas, o
grupo, que ainda tem o engenheiro ambiental Tomas Selva,
defende o design funcional. “Fomos treinados como designers e arquitetos. Não nos consideramos artistas. No entanto,
tentamos fugir do convencional. Design deve tocar os nervos
e criar novos diálogos. Deve ser mais do que algo bonito. É um
processo de estimulação.”
Apesar do pouco tempo de existência, o Two Islands
já propôs conceitos arquitetônicos e urbanos para grandes
centros, como Londres e Cidade do México. Mark’s House,
o último projeto do coletivo, venceu a competição de lotes
públicos do governo de Michigan, nos Estados Unidos. O objetivo do projeto foi oferecer um espaço dinâmico e agradável,
promover o turismo e, também, a revitalização urbana da
pequena Flint, cidade do meio-oeste americano.
Após a crise financeira de 2008, essa região ficou
desvalorizada. Apenas em Flint, mais de 2 mil residências
perderam seus donos. “Mark’s House representa perda, abandono e a importância do conforto. Conhecemos cidades que
passaram por situações semelhantes. Não demorou muito
para dar início aos rabiscos. O nome da casa é uma homena-
*
KITSCH
David LaChapelle: Death by Hamburger, 2001. Na página ao lado, All You
Can Eat, 2002. Imagens publicadas no livro LaChapelle: Heaven to Hell I,
2006 , 344 páginas, editora Taschen (taschen.com)
yDAVID LACHAPELLE
Alguns costumam chamar esse fotógrafo norte-americano de “Fellini da fotografia”. Suas imagens são obrigatoriamente muito coloridas e
podem trazer de cachorros-quentes infláveis gigantes a nomes famosos como Madonna, Eminem, Pamela Anderson, Uma Thurman, David
Beckham, Paris Hilton, Leonardo DiCaprio, Britney Spears e Rihanna. # davidlachapelle.com
Vai chover
purpurina
O kitsch virou pop, virou cult e vem transformando o mundo em um
grande jardim habitado por flamingos de plástico
Por BRUNO MORESCHI
18 abd conceitual dez 2013/jan 2014
Antes de entrar no mundo de abajures de penas de pavão e de
jarros em formato de abacaxi, um aviso importante vem das páginas
de um livro que, apesar da capa pouco chamativa, é considerado a
bíblia do kitsch. Em The Artificial Kingdom: On the Kitsch Experience, a
historiadora Celeste Olalquiaga apresenta o resultado de anos de pesquisa que engrandece o universo kitsch e cala a boca dos conservadores protegidos em seus ternos monocromáticos. Logo no primeiro
capítulo, a autora dispara:
“É preciso esclarecer que kitsch e mau gosto são atitudes e
modos de vida distintos. O mau gosto é um ato inconsciente: a pessoa,
o quadro, a música jamais quiseram ser assim chamados. Ou alguém
conhece aqui algum pintor que diz adorar fazer ‘quadros de mau gosto’? Já o kitsch tem muitos dos elementos do chamado mau gosto,
mas não disfarça, não se preocupa com o julgamento do público. Ser
kitsch é escolher ser exagerado, chamativo, bizarro. O kitsch tem consciência do que é. E mais: se orgulha muito disso.”
Pedro Almodóvar, o rei kitsch do cinema, não escolheu Rossy
de Palma para ser sua musa (bem antes de Penélope Cruz) por outra
razão que não a de ser exagerada. A atriz espanhola de nariz de tucano e rosto assustadoramente marcante é o kitsch em forma de ser
humano. Almodóvar diz que soube que ela seria a Atriz de seus filmes
assim que a viu pela primeira vez. “Lembrei dos quadros cubistas de Picasso”, contou o diretor em uma entrevista ao jornal El País. “Ter Rossy
de Palma em meus filmes é mais forte do que ter minha assinatura nos
créditos iniciais. Mostrá-la ao público é explicar o que é o meu cinema.”
Não por acaso, a atriz também é presença constante em desfiles de
Jean Paul Gaultier e Thierry Mugler.
Mais difícil do que entender o rosto truncado de Rossy de
Palma, no entanto, é saber de fato como o termo kitsch surgiu. Sabemos sua origem: é invenção dos alemães. Mas daí em diante começa a confusão. Alguns estudiosos afirmam que a palavra surgiu entre
pintores da Alemanha em torno de 1870. Mais especificamente, entre
um grupo de artistas que costumavam pintar paisagens com cores
diferentes das reais: lago de águas rosas-choque, floresta de árvores
azul-calcinha e o sol emanando raios luminosos de todas as cores.
Já grande parte dos linguistas associam o kitsch a uma anti-
Jeff Koons: acima, Elvis, 2003, da série Popeye, óleo sobre tela; Ushering in Banality, 1988,
da série Banality, madeira policromada. Na página ao lado, Cake, 1995–1997, da série
Celebration, óleo sobre tela. Imagens publicadas no livro Jeff Koons, Art Edition, 606
páginas, editora Taschen (taschen.com)
yJEFF KOONS
O artista norte-americano pode até mudar de material e técnica, mas o resultado final é sempre o auge do kitsch. Ele já se fotografou pelado
com a ex-mulher, a atriz Cicciolina, produziu um cachorro feito de flores com mais de 15 metros de altura e afirmou que gostaria de transformar o mundo em uma grande Disneylândia. # jeffkoons.com
20 abd conceitual dez 2013/jan 2014
ga palavra parecida do dialeto do sul da Alemanha e que significava o ato
de fazer móveis novos a partir de velhos. Verdadeira ou não, a associação
dá conta de uma das principais características do kitsch: a apropriação do
real para fazer um ultrarreal, ou melhor, um mundo ainda mais chamativo do que este em que estamos. É também por isso que técnicas como
a colagem (mais antigamente) e efeitos de Photoshop e similares são tão
comuns nas criações intituladas como kitsch.
Mas a melhor hipótese sobre a palavra é irônica e pode ser capaz
de reunir em um mesmo pacote uma elegante Lady Di com uma espalhafatosa Elke Maravilha. O historiador escocês Gilbert Highet defende que
kitsch é um trocadilho para o termo francês chic. Para ele, pessoas da alta
sociedade que tinham muito dinheiro e adoravam esbanjar joias, vestidos,
sapatos em festas chiques de Paris se negaram a ser colocadas
no mesmo grupo de outros ricos discípulos da discrição – mesmo que, no caso, ser discreto aqui seja ter uma bolsa Gadino
Handbag, de Hilde Palladino, que parece simples, mas, na verdade, é cravejada de 39 valiosos diamantes. Ainda segundo o
historiador, as assumidamente peruas se rebelaram contra a falta de graça do mundo chique e se intitularam como “As Kitschs”.
A história vai contra a máxima de que kitsch é muitas
vezes a imitação malfeita, a subcelebridade, o rosto maquiado
da presidente Cristina Kirchner. O kitsch e seus milhares de produtos e manifestações culturais são também um universo de cifras milionárias. Como o kitsch perpassa as mais diferentes áreas
do conhecimento, fica difícil contabilizar de forma segura o tamanho desse negócio em termos mais gerais. Entretanto, casos
isolados sugerem que estamos diante de um grande negócio.
Veja o caso do artista norte-americano Jeff Koons. Seu
currículo é de fazer inveja a qualquer amante do kitsch: criador
de esculturas em formato de bichinhos de pelúcia, ex-marido
da atriz de filmes pornôs Cicciolina e queridinho de Lady Gaga
(foi ele quem criou a capa do último álbum da cantora, Artpop).
Em novembro deste ano, uma obra de Koons em formato de
cachorro foi vendida em um leilão em Nova York por US$ 58,4
milhões. A venda representou um novo marco – o recorde de
valor pago por obra de um artista vivo. Agora, o artista plástico
mais kitsch do planeta é também o mais valioso.
E qual foi a declaração de Koons após esse feito? Um
alívio aos que almejam um mundo (ainda) mais kitsch: “Quero
que o mundo inteiro se encha de cores, que a vida seja repleta
de coelhos saltitantes e que um dia ainda chova purpurina”.
O kitsch, de fato, virou cult. E isso parece válido para todas as classes sociais. No Brasil, um exemplo está no setor de
vendas da Rede Globo. Trata-se de uma espécie de loja virtual da emissora que comercializa produtos de decoração e de
moda que aparecem em suas novelas e seriados. Esqueça a
breguice das personagens de Glória Perez, dos brincos do tamanho de um bambolê usados por Glória Maria ou do vestido
bicolor da Ana Maria Braga. Durante quatro anos ininterruptos,
os produtos mais vendidos por lá foram os que compõem o cenário de A Grande Família: jarra em formato de abacaxi, toalhas
de mesa floridas, pinguim de geladeira que mais parece a Carmen Miranda, relógio de passarinho que canta de hora em hora,
pantufas de urso panda ou de patas de tigres.
Os recalcados estão perdendo. Estamos em um mundo onde atrações de TV parecem cada vez mais com o velho
e divertido programa do Chacrinha, milhões de coreanos dançam freneticamente Gangnam Style, do cantor Psy, e lojas de
decoração faturam alto ao vender almofadas de Marilyn Monroe e porta-casacos no formato de um pé de bananeira. É hora
de chamar a atenção. E, se isso significar mais liberdade para
as pessoas, que o mundo inteiro vire um jardim com anões da
Branca de Neve e centenas de flamingos rosas de plástico.
*
ENTREVISTA
Amanda Talbot era
editora da Elle UK
quando resolveu
largar tudo para viajar
o mundo e analisar
o modo como as
THE WAY
YOU LIVE
fotos Mikkel Vang
Por joão antonio lourenço
A trajetória de Amanda Talbot fala por si. Formada em comunicação,
a australiana já colaborou com os estilistas Marc Jacobs, John Galliano e Karl
Lagerfeld. Foi editora do portal WGSN e das revistas Livingetc e Elle UK. “No início, na Elle, me senti no filme O Diabo Veste Prada. Eu, uma garota do interior,
percorrendo aqueles corredores ao lado daquelas pessoas. Minha principal
função era perseguir e convencer designers, atores e músicos a abrir suas
casas para a revista. Por um período, foi surreal passear por esse tipo de ambiente, mas faltava algo.” Cansada do mundo encantado dos endinheirados e
famosos, Amanda largou tudo para conhecer novas formas de viver e morar.
Na entrevista a seguir, ela fala sobre Rethink: The Way You Live, livro que reúne
experiências vivenciadas por Amanda em suas andanças pelo globo.
pessoas moram. Em
entrevista para ABD
Conceitual, ela conta
o que aprendeu em
suas andanças e afirma:
“Estamos passando
por um momento de
anarquia residencial”
ABD Conceitual – Após dez anos entre Inglaterra e Los Angeles, você voltou
para a Austrália para escrever Rethink e trabalhar em novos projetos. Como
tudo isso aconteceu?
Amanda Talbot – Deixei a Elle em 2009. Não concordava mais com o estilo
de vida que ajudei a promover. O conteúdo dessas publicações não refletia o
lifestyle dos meus amigos e familiares. Fora do mundo glamuroso das celebridades, não conhecia ninguém que morava em uma casa recheada de móveis
caros. A economia caiu, vi amigos perderem empregos e comecei a me sentir
assustada. Em vez de recuar ou mudar de carreira, estabeleci a missão de
analisar tendências que refletissem a realidade que eu conhecia. Mudando
minha atitude e abordagem em relação ao design, comecei a questionar as
convenções e me deparei com as seguintes questões: e se a cozinha fosse
uma minifazenda? Podemos ter um jardim dentro de casa? Um quarto serve apenas para dormir? Por conta própria, comecei a documentar algumas
tendências no meu blog. Não contente em observar tudo de longe, preparei
a proposta do livro e fui atrás de pessoas que conseguiam transformar pequenos espaços em grandes maravilhas.
Capa do livro Rethink: The Way You Live,
Murdoch Books, 312 páginas, 2012. A obra
está prevista para ser lançada no Brasil no
primeiro semestre de 2014
22 abd conceitual dez 2013/jan 2014
Ao lado, apartamento
de Kouki e Keiko
Yakumo, por Myha
Design, Tóquio, Japão;
Switch House, de Yuko
Shibata, Tóquio, Japão
cias, como Estados Unidos e Inglaterra, insistem em um julgamento regrado sobre o assunto. Design certinho é coisa
do passado, não podemos mais aceitar ambientes que não
dizem nada, espaços construídos com peças que alguém
disse ser importante. Isso demonstra que nossas vontades
pessoais estão se sobrepondo às influências externas.
ABD Conceitual – Você está trabalhando em um novo
livro. Conte um pouco sobre ele e seus projetos futuros.
AT – O livro se chama Happy. Em qualquer língua e cultura,
a palavra está em desuso. Parece que as pessoas sentem
vergonha em utilizá-la; no design é a mesma coisa. É como
se a tal da felicidade ofendesse. Meu desafio é simplificar o
seu significado. Atualmente, ao lado de arquitetos, estou
Sala de jantar desenhada
por Suppose Design Office,
Tóquio, Japão
ABD Conceitual – De Antuérpia a Tóquio, você viajou os quatro cantos do
globo. Durante esse longo processo, qual foi seu maior aprendizado?
AT – Aprendi que sem mudança não avançamos. Devemos ser mais positivos sobre a forma como lidamos com nossa casa. Gratidão é palavra de
ordem. Você pode não ter conhecimento nem muito dinheiro, mas isso não
significa que seu espaço deve ser malcuidado. Aprendi que amar o espaço
que temos é muito mais importante do que comprar um sofá caro no qual
nem podemos sentar.
ABD Conceitual – Como devemos repensar o modo como vivemos em
nossa casa?
AT – Antes de investir em mobiliário que não condiz com sua situação financeira e seu estilo de vida, olhe ao redor e elimine tudo aquilo de que não gosta.
Acredite, faz um bem danado mudar os móveis de lugar – e isso não custa
nada. Ainda consumimos errado, compramos coisas que nunca utilizamos.
Repensar o design é repensar a nossa vida, pois acredito que o design ajuda
a lidar com os obstáculos do dia a dia. Tudo mudou: economia, tecnologia,
questões ambientais. Diante disso, nossas prioridades, inspirações e valores
precisam ser refletidos em nossa casa. Em Rethink mostro que muitas tendências locais, como o downsizing, que é forte no Japão, podem ser utilizadas
em qualquer lugar. Hoje, estamos vendo a ascensão de uma casa menor, e
isso é ótimo – espaço por espaço não agrega nada. E não podemos nos conformar e aceitar preços abusivos e objetos desnecessários. Não há diferenças
entre certo ou errado. Acredito em uma existência cotidiana elevada a um
plano mais poético e intuitivo. Afinal, é sua casa!
24 abd conceitual dez 2013/jan 2014
projetando um edifício social para pessoas desabrigadas. Geralmente, esse grupo de pessoas é negligenciado. Estamos tentando mudar isso, não queremos mais um prédio construído
com materiais baratos. E também pretendo oferecer o mínimo
de conforto, pois acredito que morar com dignidade e ter orgulho do seu espaço faz toda a diferença.
ABD Conceitual – Em relação ao consumo de design,
quais as maiores mudanças que sentiu nos últimos anos?
AT – Diria que estamos mais confortáveis com nossas
escolhas. A tecnologia colaborou muito para isso. Hoje,
temos blogs, Pinterest, Flickr, Instagram, entre outros.
Podemos ver como pessoas semelhantes vivem, não há
mais a necessidade de tentar copiar o estilo de vida representado nas revistas de celebridades e decoração. Estamos passando por um momento de anarquia residencial.
Trata-se de uma abordagem mais otimista, liderada por
uma nova geração de designers autodidatas, cujo único
princípio orientador é que não há regras. O Japão ainda é
o país mais interessante e inovador. Felizmente, alguns
centros estão seguindo o mesmo caminho. Veja só, o
governo de países como a Dinamarca e Suécia apoiam e
investem na indústria, oferecendo oportunidades e igualdade para jovens talentos. Enquanto isso, grandes potên-
Prédio do
Tokyo Bank, por
Emmanuelle
Moureaux. Acima,
jardim suspenso,
por Eagle Street
Community Rooftop
Farm, Nova York.
No alto da página,
ambiente de Natasja
Molenaar, Holanda
ABD Conceitual – Por que precisamos de uma revolução?
AT – Revolução está ligada ao tempo que vivemos. Não sei
para onde vamos, mas é refrescante viver em um período em
que os jovens estão tentando fazer alguma coisa. Pense na Primavera Árabe, nos tumultos em Londres, no Ocupe Wall Street
e nos protestos no Brasil. Alguns ainda não aceitam que o design também entrou na roda. Temos que tentar ser mais inteligentes do que os produtos da Apple. Está na hora de retomar
o controle de nossa vida. Sugiro a pegada punk rock dos anos
1970, uma abordagem seca e direta. Só vamos evoluir quando
aceitarmos que nossa casa não é mero produto de forças econômicas. É hora de aprender a dizer não – não para a cópia barata, não para a exploração, não para o desnecessário. O novo
pelo novo não acrescenta nada. Acredito em simplicidade, funcionalidade e tato.
# heartanddesign.blogspot.com.br
*
ESTILO
Aloha!
Flower Field Study
Tinta spray acrílica sobre painel, 2013
arte Casey GrAy Por amer moussa
A decoração tropical – com suas flores, frutas exóticas, mobília de ratã, estampas de cores
vibrantes – surgiu com a cultura tiki, na década de 1930, e até hoje é usada para tornar os
ambientes mais alegres e descontraídos
26 abd conceitual dez 2013/jan 2014
Beach Bootylicious
Tinta spray acrílica sobre painel, 2013
Waterlemon Melonade
Tinta spray acrílica sobre painel, 2013
Um jovem artista californiano tem chamado a atenção com seu
mais novo trabalho. A série de pinturas Tropic, de Casey Gray, evoca,
como o próprio nome sugere, o espírito dos trópicos. Tematicamente
centrada em torno da cultura litorânea, a coleção é tão vibrante como
as cristas de uma onda cromática psicodélica sob o sol – deixando o
observador com certo grau de náusea óptica.
Abacaxis, palmeiras, iguanas, coquetéis de frutas, bandeiras
náuticas, flamingos de jardim e bundinhas em biquínis são alguns dos
elementos mais abundantes nessa colcha de retalhos; memórias e de-
28 abd conceitual dez 2013/jan 2014
vaneios salgados, daqueles que vêm depois de boas doses de tequila.
Por meio de colagem e manipulação de materiais encontrados na internet – cuidadosamente selecionados e convertidos em
camadas digitais – os quais aplica em cada pintura, Gray apresenta
uma narrativa não linear de hipotéticos feriados. Essa abordagem é
determinada pelo interesse do artista em explorar o espaço conceitual criado a partir da dicotomia entre o digital versus a experiência
tangível, além de compor um trabalho que atue como uma interface
entre os dois.
Coastal Caboose
Tinta spray acrílica sobre painel, 2013
Algumas peças se baseiam em estampas de papel de parede
tropicais, com padronagens de um degradê bem marcado, pontuado
por tons de melancias e laranjas. Outras misturam objetos naturais
e produzidos pelo homem, como cestos e guarda-chuvas. O intuito
é configurar atmosferas agradáveis e familiares, como a de um preguiçoso piquenique no fim da tarde. Quando vistas todas juntas, as
obras evocam a sensação de uma leve brisa quente que flui e sopra
ao ritmo dos oceanos.
É impossível não associar o trabalho de Gray com a cultura
tiki, já que Palo Alto, a cidade natal do artista, foi também terra fértil
para o florescimento de muitas sementinhas vindas do Pacífico. A principal delas foi, sem dúvida, as tradições trazidas da Polinésia e do Havaí.
O marco oficial é a inauguração, nos anos 1930, de um restaurante
em Hollywood completamente temático. A decoração, até então inédita e feita pelo dono marinheiro, era constituída por tochas flamejantes, mobília de ratã, colares de pétalas de flores e tecidos coloridos
e brilhantes. Alguns anos mais tarde, o estilo era copiado por outros
estabelecimentos – muitos dos quais se tornariam grandes cadeias
Mingos in the Midst
Tinta spray acrílica sobre painel, 2013
Floral Study #2
Tinta spray acrílica sobre painel, 2013
mundiais em poucas décadas.
Os tikis são totens de madeira esculpidos que representam
deuses espirituais. Cada tiki tem proteção e significado diferentes.
Em 1939, A Exposição Internacional do Golden Gate, na Califórnia,
celebrou pela primeira vez a cultura da Polinésia nos Estados Unidos,
quando gigantescas estátuas tikis foram reproduzidas. No arquipélago, além de diversas divindades, os totens simbolizam o mito do primeiro casal e têm a função de sinalizar os espaços sagrados.
A expressão “cultura tiki” ganhou força nos anos 1940, quando
os soldados americanos foram para Pearl Harbor e lá se depararam
com o exótico surpreendente. Ao regressar, sentiram a necessidade
de recriar aquilo que seria a cultura tiki para eles – algo que expressasse a Polinésia como o sonho de paraíso. No embalo, a frenética
indústria americana tratou de disseminar as referências pela Califórnia
30 abd conceitual dez 2013/jan 2014
e em outros estados litorâneos, no maior fenômeno kitsch.
A América do pós-guerra assistiu à ascensão da classe média
como grande força econômica. Tal fato, combinado com a crescente
acessibilidade a viagens, particularmente por vias aéreas recém-criadas para o Havaí, ajudou a impulsionar o interesse do país em tudo
que viesse dos trópicos. A soberania havaiana conquistada – em 1959,
o arquipélago é o 50º e último estado a entrar para a união – foi um
fator importante, que estimulou ainda mais a popularidade tropical.
Muitos americanos se encantam então pela versão florida de uma
cultura idílica.
Com isso, o design polinésio começa a invadir cada aspecto
da estética visual do país, desde acessórios domésticos à arquitetura. Residências unifamiliares, complexos de apartamentos, escritórios
e mesmo shoppings centers e áreas cívicas de algumas cidades fo-
ram profundamente influenciados. A cultura tiki
também foi muito difundida com o filme Feitiço
Havaiano (Blue Hawaii), de 1961, no qual Elvis
Presley protagoniza um jovem que, após prestar serviço militar, volta para sua terra em Honolulu. O filme é um prato cheio de manifestações
tropicalistas, amplificadas.
A indústria gastronômica foi, sem dúvida, a protagonista dessa história, senão a
mãe. As melhores criações da cultura tiki foram
os esplêndidos coquetéis, que prontamente
conquistaram a exigente classe artística de
Hollywood. A ideia de misturar syrups aromatizados com suco de frutas frescas e rum foi um
sucesso fabuloso, além de muito refrescante.
Famosos drinques como scorpion, zombie e
o clássico mai tai nascem desse contexto. Isso
sem falar nos pratos que combinavam sabores
do pacífico sul com afro-cubanos – um verdadeiro banquete antropofágico.
Para além dos suvenires, boa parte da
filosofia pacífica também foi importada. Um
dos termos até hoje difundidos é o “aloha”, que
significa “amor” ou “alô”, mas mais do que isso,
“compartilhar com alegria a energia da vida presente”. Quando esse compartilhamento acontece, dizem que a energia entra em conexão
com o poder divino – segredo para se obter
saúde e prosperidade.
Outro aspecto cultural interessante são
as danças havaianas, polinésias e tikis. A hula,
por exemplo, composta por movimentos leves
e soltos, é uma dança sagrada havaiana, em
que o “espírito aloha” se manifesta.
No Brasil, existe uma loja especializada em moda tiki, a Aloha Café. Escondida no
bairro da Lapa, em São Paulo, a loja reúne uma
coleção de modelos desenhados pela própria
dona, Isabela Casalino, em estampas importadas, além de objetos e outras inspirações do
pacífico. O documentário Tikimentary (2009),
dirigido pelo brasileiro Duda Leite, contém cenas de revivals da cultura tiki, por intermédio de
movimentos surgidos a partir dos anos 1990
nos estados da Flórida e Nova York. A página
do projeto é ótima, vale uma visita.
# facebook.com/tikimentary
# caseygray.com
Inclassificável
*
design
Piero Fornasetti: nem op, nem pop, nem
surrealista, mas tudo isso ou nada disso
ao mesmo tempo
Por MARCELLA AQUILA
Vasos de cerâmica Ajna Oro. Design de Piero
Fornasetti para a marca italiana Bitossi
32 abd conceitual dez 2013/jan 2014
Embora já estejamos a todo vapor no terceiro
milênio – tempo/espaço em que a simultaneidade
prepondera sobre a linearidade, como modo de
ser/estar no mundo – há quem insista em apreendê-lo e navegá-lo sob o velho signo da catalogação.
E se ainda hoje é difícil, sobretudo para aqueles que
se consideram especialistas, enxergar a falência
das fórmulas para a contemporânea expressão do
mundo, imagine no começo do século 20, quando
a era mecânica se encontrava ainda em pleno vigor.
Como classificar sujeitos cujas produções transitavam entre várias das “modalidades” formais conhecidas? Pintura, escultura, design, arquitetura, artes
decorativas... E outros que fundiam antigas categorias gerando terceiras? Escultura, física, arquitetura,
artes visuais... Ou, então, faziam da própria vida matéria-prima de sua produção? Moda, dança, teatro...?
São inúmeros os exemplos de figuras inclassificáveis – e mesmo desclassificadas até muito pouco
tempo pela crítica – do começo do século passado.
Em maior ou menor grau de transcendência e trânsito entre linguagens, há algo em comum entre essas figuras: a mania de ser exatamente o que eram.
E isso as levou além. No mínimo até nós, hoje. E, entre todos esses sujeitos abre-alas mundo afora, um
deles chama a atenção pelo caráter controverso de
sua produção: Piero Fornasetti.
Milanês nascido em 1913, Fornasetti nunca se enquadrou muito bem em qualquer tipo de
padrão. Expulso da Universidade de Brera dois anos
depois de ingressar, em 1932, por insubordinação,
pode-se dizer que essa foi uma postura que man-
Mesa Tray With Stand, modelo
Eyes,1950
34 abd conceitual dez 2013/jan 2014
Papéis de parede desenhados
por Piero Fornasetti
Cadeira Lux Gstaad, 2009
FOTOS DIVULGAÇÃO
teve durante toda vida, principalmente quando o assunto era a tentativa de
etiquetar a sua obra. Em 1987, quando em entrevista foi questionado sobre
uma possível influência do surrealismo em seu trabalho, Fornasetti respondeu: “Alguém que rejeita a ideia de movimentos artísticos e rótulos também
rejeita essa comparação. Há surrealismo no Paolo Uccello. Você vê quão
vasto é esse horizonte!? Essa é uma fixação contra a qual eu luto, aquela da
rotulação; surrealismo, neorrealismo, romantismo, pós-modernismo. Temos
o hábito de comprar assinaturas e não mais coisas belas das quais gostamos”.
As tentativas de leitura da obra de Fornasetti a partir do surrealismo,
contudo, são recorrentes. Não à toa. De fato, grande parte de sua produção
tem como característica operações que são comuns também ao surrealismo, como os deslocamentos de sentido e as construções fantásticas que, em
muitos casos, resultam em estranhamento, questionamento de valores do
senso comum e atribuição de novas significações para objetos do repertório
cotidiano. Ao mesmo tempo que Fornasetti utiliza procedimentos e processos de composição próprios das vanguardas de sua época, como a colagem
e a produção em série, por outro lado pode-se dizer, também, que antecipa
certas operações que serão exploradas apenas posteriormente no século 20.
É o caso de um de seus trabalhos mais conhecidos, em que elege o rosto da
cantora de ópera italiana Lina Cavalieri, encontrado em uma revista francesa
do século 19, como ícone extensivamente reproduzido e retrabalhado em
inúmeras peças, num procedimento que pode ser aproximado ao da pop art
da década de 1960. Além da série Tema e Variazioni, que tem Lina Cavalieri
como protagonista, elementos arquitetônicos da antiguidade clássica, desenhos de fachadas de grandes obras do renascimento, misturados a padrões
extremamente ortogonais, frequentemente se tornam estampas cujo efeito
óptico lembra as gravuras de Escher e as produções da op art.
Ainda que Fornasetti não seja um artista da op art, nem pop, nem
surrealista, mas tudo isso ao mesmo tempo e na mesma relação, as peças
criadas por ele despertam a curiosidade pelo efeito “Alice” que causam em
quem as manipula. O mundo maravilhoso ocasionado por seus objetos não
é puramente contemplativo, mas atua na realidade redesenhando-a na medida em que se desdobram, revelando
surpresas e proporcionando uma composição diferente dos
ambientes em que se inserem. Uma porta fechada se torna
a fresta para uma sala de jantar virtual. Um armário fechado
expõe a fachada de um edifício e, quando aberto, revela seu
interior em perspectiva. Os objetos são como bólides, e os
ambientes como instalações – fantásticas. E sua manipulação, sempre um jogo entre real e virtual.
O fato de operar, em grande parte, na superfície dos
objetos e não propriamente em sua estrutura, fez com que
Fornasetti fosse identificado, muitas vezes, como antimoderno. O curioso dessa acusação, e até mesmo de certa hostilidade, é que não veio por parte de seus contemporâneos,
primeira geração moderna e protagonistas das novidades
estruturais então formuladas, mas, de uma geração posterior,
dita funcionalista, que se apoiou em distorções e diluições de
alguns princípios modernos. O contraponto entre os domínios da razão e da imaginação, da consciência e do inconsciente, da objetividade e da subjetividade, polos motores e,
portanto, fundamentais em qualquer processo criativo, então
essencializados como opostos excludentes, colocaram Fornasetti na geladeira – dessa vez (des)classificado como um
“ornamentador” menor – por quase duas décadas. “Redescoberta” no início da década de 1980, sua produção voltou
às paradas de sucesso, agora, porém, intermediada por certo
fetiche em torno de sua assinatura.
Para além de fetiches e categorias, grosserias estruturais e apreensões superficiais, a produção de Fornasetti
permanece desafiando os arautos do maniqueísmo e provocando surpresa. Mobilizando o realismo para resignificar a
realidade; colagem, litografia, serigrafia, pirografia para compor relações mais férteis entre homem-objeto; os objetos nas
mais diferentes escalas na direção de ocasionar descobertas
em três dimensões. Mais do que um verbete estético-estático
dentro de um livro de história, Fornasetti permanece como
impulso vivo a quem queira se lançar nessa aventura de imaginar, projetar e construir um campo novo de possibilidades.
# fornasetti.com
No Brasil, a Wallpaper é a importadora exclusiva dos
revestimentos com desenhos de Piero Fornasetti
*
arquitetura
Final Wooden House
Inspirada em um popular jogo de montar
chamado jenga, a casa repousa no tranquilo
vilarejo de Kumamoto, no Japão
É preciso
estar atento
As propostas lúdicas e desobedientes do arquiteto japonês Sou Fujimoto
fotos Daici Ano Por amer moussa
36 abd conceitual dez 2013/jan 2014
É impossível ficar imóvel quando em contato com a arquitetura desobediente de Sou Fujimoto. Parece ser este mesmo
o objetivo do criador: provocar o usuário para que designe seu
próprio ambiente, para que dê um sentido vivo aos objetos que
o cercam. Cotidianamente, para além de habitar um invólucro
inanimado, é preciso estar atento.
A fim de que ocorra essa interação, é fundamental antes compreender alguns valores que pautam o modo de vida
da cultura japonesa. Primeiro, o conceito de parede é completamente diferente do ocidental, no qual se tem a ideia de algo
sólido – geralmente blocos pesados rebocados por inúmeras
camadas de massa e pintura. No Japão, essa conotação muda
para algo flexível, leve, que pode ser movimentado a qualquer
momento. Tradicionalmente, as paredes são estruturas de
madeira vedadas com papel, o que permite o controle da luz
através da superfície como um todo, não só via orifícios. A diferenciação entre
o interior e o exterior fica por conta da cobertura – sair ou entrar nela é que
significa “estar em casa”.
Outro conceito importante é o “MA” (pronuncia-se “maah”). A grosso
modo, pode ser traduzido como intervalo, espaço, pausa ou “o espaço entre
duas estruturas”. Por exemplo, após curvar o corpo como forma de cumprimento, os japoneses são ensinados a executar uma pausa deliberada, antes de
retornar à posição inicial. Isso garante a existência de MA suficiente para que o
ato possa ter significado e ser respeitoso.
O MA é o que torna o minimalismo possível. É a pausa proposital de
um discurso, que faz as palavras ressoarem. É o tempo livre necessário que dá
sentido a nossa vida ocupada; é o silêncio entre as notas, que faz a música. É
comumente descrito como “a consciência do lugar”; não como uma entidade
tridimensional encerrada em si, mas sim como somatória da forma e da não
forma. Porém, o MA não é algo criado pela composição dos elementos, ele
ocorre justamente na imaginação do ser humano que experimenta esses elementos.
Assim, tomando o espaço como substância, Sou Fujimoto define duas formas de fazer arquitetura: o ninho e a caverna. O ninho é uma estrutura funcional e
determinada por parâmetros; já a caverna é o lugar da exploração, da experimentação, um recinto cheio de possibilidades, em que o corpo e suas diversas relações são
desenvolvidas. Segundo ele, escavar, esconder, fugir e interagir são necessidades instintivas do homem, e devem estar presentes nas construções contemporâneas. Por
isso, é importante que o design retome a relação com a natureza e com os espaços
quando esta era mais primitiva, quando só se descobria e experimentava.
38 abd conceitual dez 2013/jan 2014
A Casa de Madeira Definitiva (Final Wooden
House, 2008) exemplifica bem essa ideia. Foi uma das
primeiras obras que tornaram o jovem arquiteto, então
com menos de 40 anos, famoso no mundo inteiro. Fujimoto queria criar uma casa de madeira permanente,
um tipo de bangalô, com uma linguagem nova e ao
mesmo tempo primitiva. Ele propôs um único elemento, de perfil quadrado, que pode ser simultaneamente
estrutura, mobiliário, chão, paredes etc. O resultado é
um espaço escalonado, proporcional ao corpo humano, que permite inúmeras apropriações.
Nessa casa, as regras da arquitetura se veem
anuladas; não há plantas definidas, tampouco existem
pontos de referência claros. Tanto o método construtivo como a exploração volumétrica são uma síntese
de elementos indiferenciados. O que é piso pode ser
cadeira ou teto, dependendo da perspectiva. Os ambientes não estão delimitados, geram-se casualmente,
fundem-se uns com os outros, e, assim, os habitantes
inventam diversas funções; é uma nebulosa a ser descoberta. Acima de tudo, um campo espacial em que a
pessoa precisa se localizar.
A Casa Antes da Casa (House Before House,
2008) é outro exemplo interessante de arquitetura lúdica – que não procura entreter, mas sim fazer pensar,
estar presente. Nesse protótipo de casa podem habitar
até quatro pessoas, em caixinhas dispostas umas sobre
as outras, deixando abertos e vazios. O lugar lembra
uma aldeia – onde a porosidade cria a densidade – desconstruída. Para Fujimoto, a imagem ideal da arquitetura é a floresta. A floresta – ou bosque – é importante,
porque nela se encontram transparência e opacidade.
É um lugar onde as partes coexistem com o todo, é um
espaço que tem um envolvente exterior e ao mesmo
tempo carece dele; é acolhedor e alheio.
Sua recente proposta para o Pavilhão da Serpentine Gallery (2013), em Londres, foi um sucesso. A
estrutura branca de treliça, construída com barras de
aço ortogonais de 20 milímetros de espessura, parece se levantar do chão como uma matriz cintilante. O
pavilhão “trepa-trepa” foi concebido como um espaço
social de fluxo livre, que Fujimoto descreveu como “um
terreno transparente”.
Uma das principais críticas do arquiteto é que
atualmente as pessoas lidam com o espaço de uma
forma muito limitada, já que o design “funcionalista” só
proporciona uma opção de uso – não oferece diversidade. O design deve ser uma plataforma para experimentar e descobrir, e não limitar nossos comportamentos. Para isso, acredita ele, é fundamental liberar o
potencial móvel das pessoas.
# sou-fujimoto.net
House Before House
Construída, em 2008, na cidade japonesa
de Utsunomiya, é um protótipo de habitação
combinada para até quatro pessoas
*
design for kids
A invenção
Schaukelwagon
(carro de balanço), 1950
Material: quadro de faia e assento
de contraplacado de bétula
Autores: Hans Brockhage e Erwin Andrä
The Museum of Modern Art, Nova York
da infância
Foi durante o século 20 que as crianças deixaram de ser tratadas como pequenos adultos
e muitos designers dedicaram trabalhos ao período mais divertido da vida: a infância
Por marcella aquila
Mesa escolar, 1946
Material: aço esmaltado e carvalho
Autor: Jean Prouvé (1901–1984)
The Museum of Modern Art, Nova York
Quem, quando criança, nunca se roeu diante das impossibilidades muitas vezes justificadas com um “quando você for adulto...” ou “quando você
for mais velho...”? Quem, diante do desejo enorme de realizar um delírio,
uma imagem, um devaneio, não detestou o fato de não ter a autonomia
necessária para fazê-lo? Não são poucos, nem mesmo desconhecidos,
os filmes cujos protagonistas (crianças) de uma hora para outra veem sua
vontade realizada e viram adultos de repente. A grande contradição, nesse
caso, não está entre a ficção e a realidade, mas no fato de que, quando a
autonomia vem, na fase adulta, os delírios mais ingênuos e genuínos acabam ofuscados por compromissos de outra ordem.
Na contramão dessa tendência do “crescer” e de progressivamente abrir mão da curiosidade em nome de certas cartilhas, alguns nomes,
sobretudo ao longo do século 20, dispuseram-se a exercer o caminho de
volta... Para o futuro. A infância, frequentemente associada à ideia do “vir
a ser” e logo, de futuro, assume essa atribuição não apenas por sua qualidade imanente – de algo que se tornará outro – mas também por conta
de uma tendência à ausência de véus, entre crianças, na leitura e mobilização da realidade na direção de outra. Esse sentido preponderante entre
crianças, da criação de relações novas e inusitadas, levou muitos artistas,
designers e arquitetos a dedicar trabalhos a esses pequenos seres. Uma
curiosidade sobre a obra desses profissionais é que, se a observamos com
atenção, vamos perceber que não são raros os casos em que parece não
existir diferença entre a linguagem empregada para os objetos “infantis”
e aquela aplicada às obras “adultas”. Isso porque, de fato, não existe diferença. Na medida em que grande parte deles assume os signos mais
40 abd conceitual dez 2013/jan 2014
Indoor play area, 1985
Material: juta, couro, madeira
Autora: Renate Müller (1945)
Coleção particular
Skippy-racer scooter, 1933
Material: aço, tinta, madeira, borracha
Autor: John Rideout (1898-1951)
Minneapolis Institute of Arts
elementares como pauta de suas produções e investigações de
linguagem, estabelece também que o grande barato, tanto para
adultos quanto para crianças – tendo como meta a criação de
signos novos – é tornar disponíveis (e mobilizáveis) as estruturas,
sejam elas som, cor, forma, luz...
À par dessa intersecção designers + kids, via estruturas
de linguagem durante o século 20, o MoMA realizou recentemente a exposição Century of the Child: Growing by Design,
1900-2000, uma retrospectiva do século a partir de objetos que
se desdobram sobre crianças. Entre mobiliário, brinquedos, pôsteres, jogos, livros, vestimentas e fotos, foram reunidos mais de
500 itens de artistas dos mais conhecidos – como Gerrit Rietveld,
Bruno Taut, El Lissitzky Charles e Ray Eames, Giacomo Balla, Jean
Prouvé e Aldo van Eyck – até outros não tão familiares ao grande
Blocos de montar (1940-1943)
Material: madeira pintada
Autor: Ladislav Sutnar (1897-1976)
The Museum of Modern Art, Nova York
42 abd conceitual dez 2013/jan 2014
criados durante a Segunda Guerra Mundial, procurando naturalizar a guerra e estimular o ódio
aos inimigos; cartazes produzidos durante o nazismo e fascismo, que veiculam uma ideia bastante particular da infância e juventude nesses
regimes; objetos mais recentes, como a casa dos
sonhos da Barbie, de 1962, ou o Game Boy, da
década de 1990, que levantam as questões do
consumo entre crianças.
Uma das reflexões a que se pode chegar
é que fantasia, imaginação e criatividade são pilares tanto do fazer artístico – e que envolve as mais
amplas formas de linguagem – quanto são as características que encontramos mais aguçadas na
infância, por conta do próprio processo de apreensão do mundo, em pleno desenvolvimento.
A via seguida durante o século passado,
de desconstrução da visão sobre as crianças
como miniadultos e da construção da compreensão destes como sujeitos em desenvolvimento, com necessidades específicas que devem
ser asseguradas e assistidas, aparece como uma
conquista humana inegável. A via inversa, contudo, aquela em que adultos permanecem com
seus sentidos abertos e atentos às possibilidades
de criação e construção, ainda fica restrita aos
“adultos-artistas”.
Em uma época em que cada vez mais
os meios de expressão se tornam acessíveis em
massa (câmeras de vídeo/foto, programas de
edição e construções gráficas de diversas ordens), será que a tendência é retomar nossos
sentidos, tornando-os mais abertos? As possibilidades estão lançadas.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
FOTOS objetos apresentados na exposição century of the child, no moma
MoMA
Century of the Child:
Growing by Design, 1900-2000
# migre.me/gLqvD
público, mas igualmente intrigantes, como o arquiteto uruguaio Joaquín Torres García, o tcheco
Zdenek Nemecek e os americanos John Rideout
e Harold van Doren.
Não só obras para as crianças foram expostas, mas também um conjunto de produções
que, de uma maneira ou de outra, processavam
a temática da infância no período entre 1900 e
2000. Além de expor a relação do desenho pensado para e sobre crianças, um dos objetivos da
exposição era o de evidenciar que “o século das
crianças” foi inaugural da própria concepção de
infância como um momento específico de desenvolvimento do homem e, portanto, com demandas e características particulares.
Ainda que no século 19 tenham despontado figuras pioneiras no pensamento dedicado
aos primeiros passos dos pequeninos sobre a
terra foi, contudo, no século 20 que esses pensamentos se desdobraram, aprofundaram e operaram em escala mais ampla. Foi no início do século
passado que “Freud introduziu a ideia da infância
moldando nossa vida adulta”, diz Juliet Kinchin,
curadora da exposição em declaração ao jornal
The New York Times.
A exposição, entretanto, não deixa de reverenciar pensadores inaugurais do trabalho com
crianças, como Friedrich Fröbel, Maria Montessori
e Rudolf Steiner, além de tornar claro ao público
a influência que tiveram no desenvolvimento de
trabalhos posteriores. Também objetos de caráter
um tanto mais duvidosos foram trazidos, como
forma de estimular a reflexão e estabelecer um
contraponto a propostas mais livres. São jogos
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decoração
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que tal renovar as paredes com
impressões em grande formato?
ambientes de hospitais, na maioria, são frios e impessoais. Pensando nisso, Tanguy de la Bourdonnaye, diretor do
Deauville, hospital localizado na região da Normandia, na
França, chamou o fotógrafo Bruno Macé para transformar
a decoração tradicional da instituição. “Queríamos um lugar
que emanasse uma sensação de bem-estar.”
Em conjunto, os dois decidiram decorar os ambientes do Deauville com fotos de Macé impressas em grande
formato, para dar às pessoas a sensação de que estivessem
olhando pelas janelas de casa. “São imagens que trazem o
mundo exterior para dentro do hospital, tornando o ambiente mais confortável”, explica Bourdonnaye.
Para imprimir as 80 fotos que seriam usadas na decoração, Macé recorreu às inovadoras tecnologias de impressão em látex, da HP, que permitem alta qualidade de
imagens em grande formato, além de utilizar tintas à base
de água, que produzem impressões sem cheiro e não liberam compostos orgânicos voláteis (VOC) – requisito fundamental quando se trata de ambientes fechados.
Segundo pesquisa da HP, o uso de impressões digitais no design de interiores, como ocorreu no Deauville,
tem crescido 20% ao ano. Para renovar o revestimento
das paredes, restaurantes, hotéis, escritórios, entre outros
estabelecimentos, cada vez mais fazem uso desse tipo de
impressão, e as razões para esse crescimento são notórias:
com as novas tecnologias, qualquer cor, imagem, desenho
ou estampa pode ser impresso em grande formato, o que
resulta em ambientes personalizados e únicos.
Mas, para aproveitar as oportunidades de negócios
da decoração digital, os prestadores de serviços de impressão precisam tomar cuidado com as ferramentas que utilizam. “Algumas tecnologias podem limitar o seu sucesso”,
diz Rudy Herrera, responsável pela área de Desenvolvimento de Negócios de Decoração Digital nas Américas para
a HP Graphics Solutions Business. “Impressoras de tinta à
base de água não são eficientes para a impressão de materiais texturizados de revestimento de paredes. Ao mesmo
tempo, usar uma impressora à base de solvente ou UV, que
produzem impressões com odor, pode ser um problema,
uma vez que liberam gases em espaços confinados.”
As impressoras digitais HP Látex, explica Herrera,
são ideais para a decoração de paredes, produzindo alta
qualidade de imagens em uma variedade de materiais. “A
HP também oferece o software HP WallArt para ajudar os
provedores de serviços de impressão e seus clientes a criar
designs de revestimento de paredes juntos, na nuvem.
Essa solução é fornecida sem custo, por 12 meses, para os
clientes das impressoras HP Látex. Na ferramenta, os designers podem inserir as dimensões precisas do ambiente e
trabalhar o projeto da parede em torno de janelas e portas.
O software gera visualizações realistas e arquivos prontos
para impressão.”
O mercado da decoração digital ainda é relativamente novo. Ou seja, ainda há um amplo espaço para crescer, e as empresas que utilizarem as ferramentas corretas,
com certeza, vão estar à frente.
Com as impressões digitais da HP Látex, é possível
transformar e personalizar qualquer ambiente
Mais informações:
[email protected]
mundodaimpressaolatex.com.br
*
ESPAÇO
ABREM-SE
AS CORTINAS
A grandiosidade das casas de ópera registradas pelo fotógrafo David Leventi na
série Bjoerling’s Larynx: World Famous Opera Houses
fotos david leventi Por bruno moreschi
Margravial Opera House
Bayreuth, Alemanha, 2008
46 abd conceitual dez 2013/jan 2014
Teatro Comunale di Bologna
Bologna, Itália, 2010
Ópera é drama. Com música instrumental, canto, quase sempre
em latim, o espetáculo é, por si só, opulento. Mas tudo fica ainda mais
triunfal se o contexto entrar em consideração. O drama da ópera não
está apenas em seu fazer, mas também na sua morada.
As casas de ópera – também conhecidas como teatros de
ópera – costumam ser um espetáculo tão grandioso quanto a própria
ópera. Na maioria das vezes, os edifícios foram concebidos especialmente para suas apresentações. Mas são construídos com tamanho
cuidado e precisão que diretores de teatro e balé afirmam que o melhor teatro não é um teatro, mas sim, uma casa de ópera.
Veja o caso do Palais Garnier (ou Ópera Garnier). O projeto foi
encomendado a partir de uma competição que envolveu os melhores
arquitetos da França. Foi organizada por Napoleão Bonaparte III, em
1861, em uma época na qual Paris passava por uma intensa renovação urbana e social. Aos competidores, Napoleão III explicou o que
queria com poucas palavras: “O teatro mais lindo do mundo”. O ganhador foi Charles Garnier, mas vencer o concurso foi a etapa mais fácil.
48 abd conceitual dez 2013/jan 2014
Complicado mesmo foram as obras, atrasadas por inúmeros
fatos políticos, entre eles, a Guerra Franco-Prussiana e a Comuna de
Paris. Como se não bastasse, só depois do início das obras, os construtores se deram conta de que seria custoso erguer uma opulência
em forma de casa de ópera em um terreno extremamente pantanoso.
Foram precisos oito meses ininterruptos de bombeamento de água
para secar o terreno de 11 mil m². E, com tamanha demora, o local
foi o cenário perfeito para a criação da lenda do Fantasma da Ópera,
conhecido romance de Gaston Leroux, que também virou espetáculo
encenado ali mesmo.
Mas o esforço valeu a pena. O resultado ficou muito próximo
do pedido máximo do imperador francês. Tudo ali é para chocar: um
candelabro central de seis toneladas, esculturas e colunas no estilo
neobarroco, cadeiras forradas com veludo e algumas paredes folheadas a ouro. Além disso, em 1964, o pintor Marc Chagall refez a pintura
do teto, deixando tudo ainda mais impressionante. Diz a lenda que
uma imperatriz que visitava Paris perguntou ao arquiteto Garnier qual
Palau de la Música Catalana
Barcelona, Espanha, 2009
era o estilo do prédio, se grego ou romano. “O estilo francês, madame”,
ele respondeu.
Mas, apesar da Ópera Garnier, os franceses, neste caso, precisam engolir o fato de que não são os verdadeiros mestres quando se
fala em casa de ópera. Por uma questão histórica, a primazia é mesmo
dos italianos. Não poderia ser diferente, afinal, a ópera nasceu na Itália.
Suas origens remontam aos cantos carnavalescos italianos do século 14 e também a algumas tragédias gregas. E, claro, é na Itália que
se ergueu a primeira sala de ópera da história. O Teatro San Cassiano,
de Veneza, foi aberto em 1637. Embora tenha sido construído com
dinheiro privado, o teatro é considerado um dos primeiros prédios
públicos da Itália, visto que o empresário patrocinador das obras (da
conhecida família Tron) julgou elegante oferecer o local para toda a
população de Veneza. E Veneza é a cidade das casas de ópera: já chegou a ter mais de 40.
Edifícios para abrigar espetáculos de ópera, no entanto, tornaram-se, a partir da metade do século 19, uma obrigação para qualquer
cidade que almejava ser um local cosmopolita. Pode-se afirmar que
onde há dinheiro, há uma casa de ópera. É por isso que vemos casas
desse tipo também em países com pouca ou nenhuma tradição em
ópera. Manaus, por exemplo, durante seu virtuoso ciclo da borracha,
tratou de construir o Teatro Amazonas. Apesar do nome “teatro”, segue as regras de uma casa de ópera – com menos opulência que uma
Ópera Garnier, é claro.
Mas se engana quem pensa que casas de ópera são sinônimos apenas de prédios antigos, uma história que já não condiz com
nosso tempo atual. A arquitetura contemporânea e seus mais respeitados e premiados arquitetos continuam até hoje erguendo essas casas mundo afora. Mas, no lugar do estilo neobarroco do passado, as
formas são orgânicas e com materiais de alta tecnologia do presente.
Quem já visitou Los Angeles sabe exatamente o que isso significa. De longe, é possível ver um prédio que parece se mover quando o dia está ensolarado. O Walt Disney Concert Hall é uma casa de
ópera considerada obra-prima da arquitetura. Assinado pelo canaden-
La Fenice
Veneza, Itália, 2008
se Frank Gehry, o local mostra que futuro e ópera podem caminhar juntos.
Foram necessários 16 anos para construir um sistema de som considerado
um dos cinco melhores do mundo e uma fachada de lâminas finíssimas de
alumínio – vem daí o efeito óptico provocado pelo sol.
A Casa de Ópera de Sydney é outro exemplo de desafio da arquitetura. É fato que o orçamento final ficou mil por cento mais caro do que o
previsto no início. Entretanto, Sydney passou a ser mundialmente conhecida
por causa desse prédio com cinco teatros, cinco estúdios de ensaio, dois
auditórios, quatro restaurantes, seis bares e inúmeras lojas.
Em um primeiro olhar, o Walt Disney Concert Hall e a Casa de Ópera
de Sydney podem parecer muito diferentes do Royal Albert Hall, construído
em Londres, em 1871, a pedido da rainha Vitória, ou do Teatro Bolshoi, considerado a casa mais tradicional do mundo. Entretanto, todos esses locais têm
algo em comum: a capacidade de criar verdadeiros paraísos da arquitetura
– um espetáculo mesmo com as cortinas ainda fechadas.
yDavid Leventi
A série Bjoerling’s Larynx: World Famous Opera
Houses, do fotógrafo norte-americano David
Leventi, registra o interior das mais famosas casas
de ópera do mundo. Para isso, o fotógrafo utilizou
uma câmera de alta tecnologia capaz de capturar
os mínimos detalhes com o máximo de precisão.
Leventi explica que fotografar esses locais vazios é
também mostrar o quanto a arquitetura, por si só, é
capaz de impressionar.
# davidleventi.com
Cuvilliés Theatre
Munique, Alemanha, 2009
50 abd conceitual dez 2013/jan 2014
publi
Wallpaper
tempos
modernos
Ao lado, série de estampas
assinadas pela estilista Vivienne
Westwood. Abaixo, revestimento
com motivo geométrico
lúdicos, coloridos, inusitados: os revestimentos de parede da Cole & Son,
tradicional marca inglesa que reinventa o clássico a cada nova coleção
Revestimento de
coleção baseada em
desenho de Piero
Fornasetti
Figura central do movimento punk que
surgiu na Inglaterra nos anos 1970, a estilista
Vivienne Westwood, em 2009, produziu para a
Cole & Son uma série de estampas para papel
de parede. Os fashionistas adoraram. E Vivienne
também: “É bom quando minhas ideias são levadas para outras mídias artísticas”.
Britânica como a estilista que vestiu os
integrantes do Sex Pistols, banda seminal do
movimento punk, a Cole & Son foi fundada, em
1875, pelo filho de um comerciante de Cambridge, chamado John Perry. Naquela época, a
empresa estava situada em Islington, no norte
de Londres, em uma região que foi sede, nos
séculos 18 e 19, de importantes companhias
de impressão por blocos.
A Cole & Son, em virtude da alta qualidade de sua impressão, realizou, ao longo
do século 19, trabalhos para todas as grandes marcas desse período, como Jeffrey & Co.,
Sanderson e Shand Kydd. A empresa também
ficou conhecida por fornecer listras e jaspes. Em
1941, foi comprada por AP Cole, proprietário da
atual Cole & Son Wallpaper Ltd.
Os blocos de impressão dos arquivos da
Cole & Son têm estampas desenvolvidas para
52 abd conceitual dez 2013/jan 2014
decorar residências oficiais, palácios, castelos e teatros da Grã-Bretanha e de outros países, incluindo os desenhos para revestimentos de
parede criados por Augustus Welby Pugin para o Palácio de Westminster, nome oficial do prédio do parlamento inglês.
A Cole & Son é dona da coleção mais importante de blocos
de impressão de madeira na Inglaterra. Seu arquivo tem, aproximadamente, 1.800 blocos de impressão de desenhos, 350 designs diferentes de impressão de tela e uma grande quantidade de desenhos e
revestimentos de parede originais. Nesse acervo estão representados
praticamente todos os estilos que foram moda entre o século 18 e o
começo do século 20. Entre eles, alguns dos mais importantes projetos de papel de parede do mundo.
É esse espetacular acervo a principal fonte das novas coleções
da Cole & Son. Os desenhos são cuidadosamente selecionados, adaptados e coloridos por um estúdio de design e impressos por artesãos
para a produção de revestimentos de parede fiéis aos desenhos originais, mas atualizados para os dias de hoje.
A versatilidade e a contemporaneidade da marca estão, por
exemplo, nas duas coleções baseadas nas criações e inspirações de
Piero Fornasetti (1913-1988). Selecionadas a partir de desenhos do
arquivo do artista, as coleções Fornasetti I e II trazem revestimentos de
parede icônicos e lúdicos. Elementos como detalhes arquitetônicos,
macacos brincalhões, chaves e corujas evocam o universo teatral e
surreal de Fornasetti e surgem em paredes e ambientes descolados e,
ao mesmo tempo, clássicos.
A partir de projetos inovadores, como a série de estampas assinadas por Vivienne Westwood, as coleções da marca refletem sua longa e singular história, assim como sua paixão por revestimentos de parede que, além de tornar qualquer ambiente mais bonito, emocionam.
Atualmente, a Cole & Son mantém showroom e escritórios na
Mortimer Street, região central de Londres. No Brasil, é representada
com exclusividade pela Wallpaper, com showroom na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1.282, em São Paulo, e pontos de venda em
todas as regiões do país.
*
Acredite, é porcelanato.
GALERIA
Chair, 1969
y
Formas femininas
O fetiche pop do artista plástico britânico Allen Jones
questionar os jogos de poder que movem a sociedade.
No filme Laranja Mecânica (1971), obra-prima de Stanley
Kubrick, as esculturas que decoram o Korova Milk Bar foram inspiradas nessa série de Jones.
Furniture Fornication também faz referência a um fetiche
conhecido como forniphilia: desejo sexual envolvendo móveis.
Sim, o ser humano é inexplicável.
Nascido em 1937, em Southampton, cidade portuária na
costa sul do Reino Unido, Allen Jones estudou pintura e litografia
no Hornsey College of Art e no Royal College of Art. Boa parte de
suas obras está exposta na Tate Gallery, em Londres. (MG)
Cortes e projetos especiais
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 862
Fone (11)3087-6188
[email protected]
FOTO reprodução
Nome fundamental da pop art britânica – ao lado de David
Hockney e Peter Philips – Allen Jones faz uso de vários suportes
para compor sua obra: pintura, aquarela, escultura, gravura, fotografia e vídeo. Seu trabalho é marcado por cores vibrantes, formas
simples e forte apelo erótico, como na série de móveis-esculturas
intitulada Furniture Fornication.
A série, produzida na década de 1960, é formada por
três esculturas – Chair, Table e Hat Stand – em que o artista une
corpos femininos e peças de mobiliário. As obras causaram ira nas
feministas, que o criticaram por transformar mulheres em objetos
sexuais. Mas a intenção de Jones, mais do que apenas provocar, foi
# tate.org.uk
G
54 abd conceitual dez 2013/jan 2014
A
B
R
I
E
L
Para a roca, dar um banho é fabricar
os banheiros mais desejados do mundo.
O BanheiRO dOs sOnhOs exisTe. ROca.
Todos os dias, designers, engenheiros e arquitetos das 76 fábricas da Roca criam
e produzem soluções inovadoras para salas de banho e cozinhas. Presente em
mais de 135 países, a Roca é líder em louças sanitárias no Brasil e a marca preferida
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