Rivista di Massoneria - Revue de Franc-Maçonnerie
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Rivista di Massoneria - Revue de Franc-Maçonnerie - Revista de Masonerìa - Revista de Maçonaria History Literature Music Art Architecture Documents Rituals Symbolism Please bookmark P-S Review of Freemasonry TEMAS PARA O APRENDIZ MACOM Capítulos 1-10 Ven.Irmão OMAR CARTES Capítulo 1 Associações de Pedreiros da Antigüidade Na procura das origens da Maçonaria, os historiadores têm analisado as associações que existem desde os mais tempos mais longínquos e encontrado que os pedreiros ou outros ofícios relacionados com a arte de construir tem-se destacado por serem eles os que mais tem criado este tipo de associações, em certa forma similares das conhecidas nos tempos da Idade Média. Na antiga Caldéia existiriam confrarias de construtores 4.500 anos ac e têm-se encontrado certos monumentos acádicos em que aparece um triângulo como símbolo da letra Rou (construir). No Egito a arquitetura foi ciência sacerdotal, iniciática, hermética, com segredos que eram mantidos fora do alcance da sociedade comum. Na China, existiam livros sagrados que conheciam o simbolismo do esquadro e do compasso, que eram a insígnia do sábio diretor dos trabalhos. Na Grécia encontramos a confraria de Dionísio, que era uma divindade originaria da Tracia e que construiu templos e palácios tanto na Grécia como na Síria e na Pérsia. Seus membros eram homens de ciência que não somente se distinguiam pelo seu saber como também porque se reconheciam por sinais e toques. Mantiveram um colégio em Theos, lugar que lhes fora designado como residência e onde eram iniciados os novos membros. Reconheciam-se por médio de toques e palavras; estavam divididos em lojas que eles denominavam colégios; cada colégio era dirigido por um Mestre secundado por inspetores que eram eleitos pelo período de um ano; celebravam assembléias e banquetes; os mais ricos ajudavam aos que se encontravam em má situação ou doentes e relacionavam a arte de construir com o estudo de mistérios. Numa Pompilio, segundo rei de Roma (715–672 ac) fundou ou somente autorizou e consagrou os Collegia de artesãos. O povo foi dividido em ofícios agrupados em confrarias com culto. Plutarco menciona 9 collegias; eram mutualidades que as vezes adotavam caráter religioso recebendo o nome de Sodalitates. Entre os Collegia Fabrorum (de Faber = pessoa que trabalha um material), nos colégios funerários e as confrarias religiosas existia ritual iniciático, cerimônias, eleições, decisões pela maioria de votos, patronos honorários; estima-se que o mesmo ritual teria sido transmitido através de 6 séculos, os membros estavam divididos em 3 classes, compostos unicamente por homens, podiam ser de diferentes países, adotaram uma fórmula similar ao Grande Arquiteto do Universo para simbolizar a Deus, tem sido encontrados sarcófagos romanos com compassos, esquadros, prumos e níveis. Nas escavações realizadas em 1878, foi encontrado o Collegia de Pompéia (79 dc) que tinha duas colunas na entrada e esquadros unidos nas paredes. Os Colllegia acompanharam as legiões romanas em todas as suas conquistas onde tiveram a oportunidade de difundir sua arte da construção, podendo ser a semente das fraternidades da Idade Média, mas não existe nenhum documento ou outro fato concreto que demonstre esta possibilidade. Os Collegia terminam quando começam a serem usados como instrumentos políticos sendo abolidos pela Lex Julia (64 ac), voltam mas César baniu-os; Augusto dissolve-os, preservando somente os de utilidade pública; Trajano insiste na proibição mas Aurélio tolera e ajuda-os. Com o fim do Império Romano desaparecem definitivamente deixando poucas lembranças em alguns países. Durante as escavações do antigo porto de Roma foi descoberta uma inscrição do ano 152 dc com os nomes dos membros da corporação dos bateleiros de Ostia. Em 286 dc, São Albano obteve autorização de Carausius, imperador britânico, que facultava aos maçons para efetuar um Conselho Geral denominado Assembléia. São Albano participou da Reunião iniciando a novos irmãos. (Relatado nas Constituições Góticas de 926) O rei lombardo Rotaris (governou entre 636-652), confirma por édito aos Magistri Comacini, privilégios especiais. Os Mestres Comacinos são considerados o elo perdido da maçonaria, o laço de união que une os clássicos Collegia com as guildas de pedreiros da Idade Média, mas não existe nenhuma evidencia documental. A Ordem foi fundada nas ruínas do Colegio Romano de Arquitetos e, na queda do Imperio Romano (478), refugiaram-se na ilha fortificada de 2 Comacino, no Lago Como. Os Comacinos eram arquitetos livres, celebravam contratos e não estavam submetidos a tutela nem da Igreja e nem dos senhores feudais. O nome de Mestres Comacinos nao derivaria do nome da cidade Como, porque seus habitantes são chamados Comensis ou Comanus; o nome de comacinos significaria Companheiro Maçom e também, existe o nome de comanachus (companheiro monge) sem referencia a cidade de Como. Na inauguração em 674 dc da Igreja de Wearmouth, nas Ilhas Britânicas, construída pêlos Comacinos, foi emitido um documento de apresentação com palavras e frases do edito de 643 do rei lombardo Rotaris. Por uma pedra gravada entre 712 e 817 dc, sabe-se que a Guilda Comacina estava constituída por Mestres e Discípulos, obedeciam um Grão Mestre ou Gastaldo, chamavam Loja os locais de reunião, tinham juramentos, toques e palavras de passe, usavam aventais brancos e luvas, seus emblemas tinham esquadro, compasso, nível, prumo, arco, nó de Salomão e corda sem fim e reverenciavam os Quatro Mártires Coroados. Durante o reinado progressista e cultural de Alfredo O Grande na Inglaterra (849-899) a corporação maçônica se estabelece sob normas mais regulares. Divide-se em reuniões parciais denominadas lojas, dependendo todas de um poder central regulador, hoje conhecido como Grande Loja, com sede em York, sendo o objetivo principal a construção de edifícios públicos e catedrais. Capítulo 2 O Manuscrito de Halliwell O Manuscrito de Halliwell ou Poema Regius (James Orchard Halliwell, antiquário inglês que não era maçom, descobriu o documento na Biblioteca Regia do Museu Britânico e foi publicado no Freemason Magazine em Junho de 1815) teria sido escrito na segunda metade do século XIV, conforme opinião de seu descobridor. A data deve ser entre 1425 a 1427 porque não poderia ter sido preparado antes da lei de 1427 e nem depois da lei de 1444/1445. David Casley, especialista na matéria, estima que o escrito é de 1390. O historiador maçônico alemão, irmão Wilhem Begemann (1843-1913) indica Worcester como o lugar de origem do manuscrito. O Manuscrito, conservado atualmente no Museu Britânico, foi, em um tempo, propriedade de Charles Theyer, colecionador do século XVII, quem o doou para a família real, e em 1757, George II doou-o 3 simbolicamente para o povo inglês, ficando na Biblioteca Regia. Sua importância como documento foi descoberto pelo mencionado J. O. Halliwell, mais tarde, Halliwell Phillips que presenteou-o a Sociedade de Antiquários de Londres em 18 de Abril de 1839. O nome de Manuscrito Régio foi sugerido por Gould para assinalar a investidura de seus anteriores proprietários e doadores. Este documento contém 794 versos em inglês antigo; apresenta a antiga tradição da Corporação, os 15 artigos da lei com 15 pontos de ampliação, as novas Ordenanças de Geometria e a Lenda dos 4 Santos Coroados. A Maçonaria e conhecida nele como Geometria. O Poema Régio não faz menção ao Templo de Salomão e nem a Hiram Abif. Destaca a dois personagens: Euclides, o geometra grego alexandrino do século III ac e a Noé bíblico. (Note-se a similitude com a Constituição de Anderson). Relata que o grêmio estabeleceu-se em York em 926 sob o patrocínio do Príncipe Edwin, irmão, médio irmão ou sobrinho do rei Atelsthan. Os Santos Quatro Coroados (Quator Coronati) eram os Santos Patronos dos arquitetos lombardos e toscanos, depois dos maçons construtores da Idade Média e mais tarde da maçonaria Operativa de Alemanha, França e Inglaterra. A historia é de dois grupos de mártires e existem muitas versões. Conforme a Enciclopédia da Franc-maçonaria de Lenning (1901) “o primeiro grupo estava composto de 4 pedreiros de nomes Claudius, Castorius, Simphoranius e Nicostratus, que eram secretamente cristãos. O Imperador Diocleciano solicitou para eles em 302 dc, uma estatua do Deus pagão da saúde Esculápo, ao que eles se negaram pela sua condição de cristãos, solidarizando com eles um outro pedreiro, que não seria cristão. (Outra versão indica que este 5o seria um soldado romano de nome Simplicius). O Imperador condenou aos 5 a morrer dentro de esquifes de chumbo que foram jogados no rio. Os esquifes com os corpos foram recuperados por um cristão que os guardou na sua casa (Difícil de acreditar considerando o peso dos esquifes; somente se foram resgatados unicamente os corpos). Onze meses depois, Diocleciano ordenou incenso e sacrifícios à imagem de Esculápio, mas 4 suboficiais eram cristãos e resistiram a ordem sendo mortos a chicotadas; seus nomes eram Severus, Severinus, Carpophorus e Victorinus. Os 4 foram sepultados pêlos cristãos junto aos primeiros 5 mártires (Novembro 303). A tradição estabelece o 8 de Novembro como festa de homenagem aos mártires, mas são lembrados unicamente os 4 pedreiros; não existe uma boa explicação do termo “coroado” e outra versão fala que eles aceitaram construir estatuas ao Sol Invicto mas recusaram a de Esculápio o que faz supor que eles seriam do culto de Mitra e não cristãos. 4 O Manuscrito de Halliwell permite estabelecer a aparição da Maçonaria Operativa sob o reinado do mencionado rei Athelstan (895940) neto de Alfredo o Grande. Athelstan foi um prudente legislador que trouxe paz ao país, construiu muitas igrejas e castelos e acredita-se que ele convocou a reunião, mencionada no Manuscrito, de maçons para estudar leis, regras e preços. A Segunda Assembléia Geral da Fraternidade, conhecida pelas tradições, haveria sido convocada pelo príncipe Edwin na cidade de York. Nesta Assembléia conhecida como Convento Maçônico de York, nasceram as Constituições Góticas. Estas Assembléias continuaram por muito tempo. A antiga Constituição de York ou Constituição Legal das Lojas maçônicas de Inglaterra, conforme original mantido na Grande Loja de York, escrita em latim, tem 3 partes, sendo um preâmbulo em forma de oração, uma sumaria historia da arte de construir e os Estatutos da Loja com 16 artigos e foi utilizada por James Anderson na Constituição de 1723. Conforme outros autores, a data da Assembléia seria 936. Capítulo 3 As Sociedades na Idade Média No reinado de Alfredo O Grande (872-900) sábio rei da Inglaterra, protetor das artes e das ciências, considerado como o fundador da Universidade de Oxford, a arte de construir progrediu, mas não o suficiente limitado pela falta de verdadeiros mestres. No reinado de Athelstan, neto do anterior, chegaram mestres pedreiros vindos da França e da Alemanha, países que tinham uma arquitetura bem mais avançada. No séc X a cidade de Milão tinha tantas corporações de ofícios como Bruxas e Gantes as que tinham garantias e liberações de impostos e proteção das autoridades, motivo pelo qual começaram a ser chamadas de “francmestieres”, ou seja ofícios livres, a diferença dos outros ofícios independentes que sofriam todo tipo de taxas e controle. Grêmios se estabelecem em todos os cantos da Europa: em 1099 temos os tecedores de Maguncia, em 1066 os pescadores de Worm, em 1128 os sapateiros de Wützbourg, em 1149 os tecedores de colchas de Colonia, os curtidores de couro de Rouen formam um grêmio no início do séc XII, na Inglaterra encontramos grêmios em Oxford, Huntington, Winchester, Londres, Lincoln, etc durante o reinado de Enrique I (1100-1135). 5 No reinado de Eduardo III (1312-1377) diversos ofícios começam a constituir-se sob a denominação de Livery Companies e a mudar seu nome de guilda para crafts e Mysteries, mas ficando a organização e espírito sem mudanças. Craft denomina no inglês uma habilidade, arte ou destreza do obreiro; mystery indicaria a preservação dos secretos de seu ofício ou conforme alguns pensam, estaria relacionado com o caráter de “mestre”; guilda (do inglês guild), denomina um grêmio, fraternidade ou sociedade organizada para ajudar no trabalho de uma igreja. Há que veja nestas corporações a continuidade dos Collegia ou dos Mestres Comacinos mas nunca tem-se descoberto o denominado como “elo perdido” da maçonaria que vincule aqueles com as sociedades da Idade Média. Na formação dos grêmios da Idade Média participaram 4 fatores que são: a vigilância organizadora exercida pelas autoridades urbanas, a ação corporativa dos artesãos usando o apoio das autoridades, a organização tipo militar dos grêmios e a força de uma estreita fraternidade do ofício. Após estas lembranças das fraternidades de pedreiros da Idade Média, não podemos deixar de mencionar uma significativa lâmina que aparece no Ritual de Aprendiz da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, onde vemos a figura pensativa de um Aprendiz que desbasta a sua Pedra Bruta junto à menção da Idade Média seguida de duas datas: 476 a 1453. Os historiadores denominam Idade Média ao imenso intervalo entre a Antigüidade e o que pode ser chamado de Tempos Modernos. Entre o mundo antigo e a nova idade, estender-se-iam os séculos medianos, caracterizados sob uma nova perspectiva filológica (filologia: ciência que por médio de textos escritos, estuda a língua, a literatura e todos os fenômenos de cultura de um povo): a fase intermediaria fora a do latim bárbaro, enquanto que a restauração da língua clássica, assinalaria a idade nascente. Esta fase abarca exatamente um milênio. Para marcar o início deste período intermediário têm sido consideradas muitas datas e, de todas elas, uma teve especial repercussão: 476, data do fim do Império do Ocidente quando as sucessivas invasões bárbaras terminam com o último Imperador romano; entre os anos 307 e 337 o Imperador Constantino o Grande, tinha reunificado o Império mas fundado uma nova capital em Bizancio (Constantinopla); depois da sua morte o Império é novamente fragmentado, os chefes militares governam a seu bel prazer em nome dos Imperadores, que somente mantém as aparências até a desaparição do que fora o maior exponente da supremacia ocidental, na época. Assim como o desaparecimento do Império romano de Ocidente assinala o início da Idade Média, como uma espécie de revanchismo a tomada de Constantinopla em 1453 pêlos turcos, marca o fim do 6 Império romano de Oriente sendo escolhido como o término deste período obscurantista denominado pêlos historiadores como Idade Média. Mas não tudo é escuro neste período: começam a formar-se as línguas modernas em substituição ao latim. A Idade Média é uma fusão de conhecimentos adquiridos na Antigüidade, no Cristianismo e dos novos povos europeus. Nasce o burgo, antecessor de nossa cidade moderna. As associações de pedreiros iniciam a construção de catedrais que hoje são a maravilha de turistas cultos em diversos países europeus. Podemos dizer que a sociedade humana passa longos mil anos desbastando sua pedra bruta até atingir um estágio superior denominado Renacentismo. Capítulo 4 A Constituição de Anderson No fim do século XVI e durante a primeira metade de XVII ganharam formas definitivas ás tendências filosóficas progressistas, vinculadas intimamente aos progressos das ciências naturais e opostas à escolástica medieval. Durante esse tempo o centro de desenvolvimento da indústria e do comércio, da ciência e da cultura deslocou-se da Itália para a Inglaterra, França e Holanda, e Inglaterra converte-se em um dos principais centros da ciência e da filosofia materialista. Ali prolongam-se as melhores tradições dos materialistas antigos e dos pensadores avançados da época feudal. Em 1624 começou a guerra civil inglesa que terminou coma execução de Carlos I e o estabelecimento da ditadura de Oliverio Cromwell e pouco depois da morte de Cromwell (1658) triunfa temporalmente a reação feudal e os Stuarts voltaram do exílio para ocupar o trono inglês. Os grupos políticos apresentavam-se na Inglaterra com roupas religiosas. O partido realista defendia os dogmas da Igreja Anglicana, que era uma mistura de catolicismo e protestantismo; a oposição burguesa estava representava pelo puritanismo, variante do calvinismo. Logo surgiram no seio do puritanismo, que se difundiu na Inglaterra nos anos 1560 a 1570, duas tendências: uma moderada, a presbiteriana, a que pertenciam a grande burguesia e as classes altas da nova nobreza, e a outra, radical, dos independentes, apoiada no início pela pequena e média burguesia. Francis Bacon (1561-1626) fundador do materialismo inglês dois tempos modernos, o poeta John Milton (1608-1674) ideólogo dos republicanos independentes, o materialista Thomas Hobbes (15887 1679) e o sensualista materialista John Locke (1632-1704) criam com sua sabedoria um novo ambiente intelectual que acaba resultando propício para o surgimento da Maçonaria especulativa ou moderna, herdeira da maçonaria operativa, ou de autênticos pedreiros que durante a Idade Média, foram construídas igrejas, castelos e palácios, servindo a nobreza, motivo pelo qual é conhecida como “Arte Real”. Mas, com o advento do Renascimento, as artes alcançam seu apogeu, e o conhecimento da arte de construir já não precisa ser adquirido no segredo das Lojas de Pedreiros. As Lojas começam a enfraquecer, mas recebem o apoio inesperado de intelectuais que, levados pela influencia das novas idéias, vem no simbolismo cerimonial das Lojas de Pedreiros conhecimentos iniciáticos que motivam seu interesse. Estes novos membros são conhecidos como “maçons aceitos”. A cronologia maçônica registra que Thomas Bodwell, da Escócia, foi nomeado Inspetor de uma Loja que já admitia membros que não fossem pedreiros (Fonte: Les Sociêtes Secretes, de George Allary). Uma Ata do 8 de Junho de 1641 da Loja Mary’s Chapel (Edinburgo) indica que Robert Morey, Quartel Mestre Geral do Exército Escocês, o Coronel Mainwaring e o sábio alquimista inglês Elias Ashmole. Conforme Allec Mellor, no seu Dicionário da Franco-maçonaria e dos Franco-maçons, a Ata desta Iniciação, ainda preservada, é o documento mais antigo mencionando a iniciação de um não operativo na Inglaterra, mas dá outra data: 20 de Maio de 1641. J. G. Findel, na sua História da Maçonaria, fala que Elias Ashmole, conforme ele próprio declara no seu Diário, foi iniciado em 16 de Outubro de 1646, em uma Loja em Warrington. Os 3 novos irmãos foram reconhecidos como maçons mas, como não gozavam dos privilégios dos autênticos pedreiros pois o cargo era somente honorário, foram denominados como “accepted masons”. A confusão com a data de aceitação de Elias Ashmole nasceu porque no seu Diário ele declara que, a partir desta data (Junho 8, 1641), as Confrarias de Maçons Construtores começam a autorizar o ingresso nelas de pessoas alheias ao oficio de construtor desde que sejam pessoas distintas e notáveis pela sua sabedoria e talento, mas ele mesmo, E. Ashmole, não foi iniciado nesta data. Independente de uma ou outra data sabe-se que neste século, membros não pedreiros começam a fazer parte das Lojas maçônicas na Inglaterra recebendo o nome de maçons aceitos. Mas mesmo assim, as Lojas maçônicas continuam em decadência. Em 1717 entre as Lojas que existiam ou vegetavam em Londres, surgiu á idéia de se unir formando uma Grande Loja, mas somente 4 delas formaram parte deste projeto que haveria de mudar a história da Maçonaria. Uma delas, que chamaremos de No 1, se reunia no 8 restaurante ou taberna de nome “Goose and Giridion” (O Ganso e a Grelha), na praça da Igreja de St Paul, a No 2, se reunia na taberna “At the crown ale-house” (A Coroa), perto da Rua Drury, a No 3, se reunia na taberna “At the Apple-tree Tavern” (A Macieira) em Covent Garden e a No 4, que se reunia no restaurante “At the Rummer and the Grapes Tavern” (O Rum e o Cacho de Uvas), na rua do canal de Westminster. Resulta curioso que o nome distintivo delas não era um nome simbólico; elas se auto-designavam pelo nome do restaurante ou taverna onde se reuniam, já que naquela época não existia o Templo maçônico. Os quadros eram reduzidos: a No 1 tinha 22 irmãos, a No 2, 21 irmãos, a No 3, 14 irmãos e a No 4, 71 irmãos, dando um total de 128 irmãos; nas 3 primeiras, não havia nenhuma pessoa pertencente à nobreza e nem sequer um “esquire” ou “squire” que era o título mais inferior da nobreza, equivalente a um pajem ou escudeiro e que hoje é usado para uma pessoa respeitável. A Loja No 4 tinha 10 nobres, 3 filhos de nobres, 4 barões ou cavalheiros, 3 generais, 10 coronéis, 4 oficiais, 24 esquires e tão somente 14 pedreiros. Estes Irmãos reuniram-se no início de 1717 na taverna A Macieira e resolveram celebrar uma Assembléia e um banquete na taverna O Ganso e a Grelha em 24 de Junho do mesmo ano, no dia de São João Batista, para constituir uma Grande Loja. Eles não falaram nem em Grande Loja de Londres e menos em Grande Loja de Inglaterra, unicamente Grande Loja, mas os fatos posteriores fizeram que ela fosse o nascimento da que hoje é conhecida como Grande Loja Unida de Inglaterra. Em 24 de Junho, o Mestre maçom mais antigo ocupou a presidência e propôs uma lista de candidatos, dentre os quais foi escolhido pela maioria como Grão Mestre, o cavalheiro Anthony Sayer (1672-1642), como Primeiro Vigilante o carpinteiro Lamball e como Segundo Vigilante o capitão Joseph Elliot; a profissão de Anthony Sayer é desconhecida e ele morreu como Guarda do Templo da sua Loja. Tinha nascido a primeira Grande Loja dos tempos modernos e trazido com ela o início da Maçonaria especulativa ou simbólica, uma fraternidade que começa a ensinar a fé espiritual usando alegorias e a ciência moral mediante símbolos escolhidos. Em 1718 toma posse como Grão Mestre George Payne, esquire da Loja O Rum e o Cacho de Uva; Payne inicia a recompilação de antigos escritos e arquivos. 9 Em 1719 assume o Grão Mestrado John Theophile Desagulier, doutor em filosofia e jurisprudência, naturalista de valor reconhecido, membro da Academia Real de Ciências de Londres e pertencente à mesma Loja que Payne. Em 1720 volta George Payne; neste período é descoberta uma antiga obra, manuscrito de constituição de uma sociedade de maçons operativos, obra conhecida posteriormente como Manuscrito de Cooke, nome devido a Matthew Cooke, que foi o primeiro que divulgou ele de forma impressa, só que em 1861; está escrito em prosa com 950 linhas, com 19 artigos sobre a história da geometria e da arquitetura; logo vem os Deveres, uma parte histórica, artigos que regulamentam o trabalho e sua organização, que haveriam sido promulgados na época do rei Athelstan (veja o manuscrito Halliwell) em uma Assembléia Geral; logo tem 9 conselhos de ordem moral e religioso e 4 regras relativas à vida social dos maçons; o Manuscrito Cooke foi escrito aproximadamente em 1410 e curiosamente utiliza pela primeira vez o termo “especulativo” para referir-se ao filho do rei Athelstan falando que “o filho do rei Asthelstan amava a Geometria, cuja prática ele aprendeu dos maçons, ciência que acrescentou a sua especulativa, por que no especulativo ele era um Mestre”. Temos que lembrar que neste mesmo ano Desagulier, num fato controvertido, ordenou queimar vários manuscritos maçônicos para evitar que fossem para mãos profanas. Este excesso de zelo maçônico fez perder valiosos elementos de pesquisa histórica. Payne e Desagulier, em seus respectivos períodos atraíram à Ordem maçônica eminentes personalidades, entre eles o príncipe João Duque de Montagu, que em 1721 aceitou o cargo de Grão Mestre, no Stationer’s Hall, Londres, frente a uma representação de 12 Lojas. Com o Duque de Montagu começa o grande auge da Maçonaria Moderna. Os jornais informam da suas atividades e homens ilustrados pedem seu ingresso. Na mesma data de posse do Duque de Montagu, é aprovado o trabalho de 1720 de George Payne de recopilação das “Ordenanças Gerais” com 39 artigos. O rápido crescimento que experimentava a Ordem fez necessário criar um corpo regulamentar para normalizar o funcionamento corporativo da Ordem e é assim que, em 25 de setembro de 1721 (outra data seria 29 de setembro ou 29 de outubro), o Duque de Montagu encomendou ao Reverendo James Anderson que apresentara um projeto de Constituição compilando as antigas Constituições Góticas dos grêmios alemães promulgadas em 1459, e conhecida também como Ordenanças da Associação de Lojas de Construtores e que agrupava as Grandes Lojas de Estrasburgo, Viena, Colônia e Berna. 10 James Anderson, doutor em filosofia e teologia, nasce em Aberdeen (Escócia) em 1664 ou 1680. Publica algumas prédicas em jornais; parece ter sido iniciado em Escócia; não esteve presente na fundação da Grande Loja em 1717; entre 1723 e 1725 aparece registrado no quadro da Loja Horne Tavern No 17 de Westminster, tendo sido Venerável Mestre dela, e em 1725 aparece registrado na Loja Salomon’s Temple, de Hemmings Row. O Reverendo Anderson dedicou-se com especial interesse ao seu trabalho de compilar as leis e em 27 de dezembro de 1721 foi designada uma comissão de 14 irmãos da qual formava parte o próprio Anderson, o pastor Desagulier e o antiquário Payne. A obra foi aprovada numa reunião solene na Assembléia da Grande Loja em 17 de janeiro de 1723, dirigida pelo Grão Mestre Duque Felipe de Wharton. O Duque de Wharton em 1724, pouco depois de deixar o cargo, foi acusado de jacobita por conspirar na fação que intentava restaurar a dinastia dos Stuart na pessoa do filho de Jacobo II, O Pretendente, que estava exilado na França. O Duque foi degradado como maçom e expulso da Ordem; viaja para o exterior e em 1728, com um grupo reduzido de ingleses, funda em Madri a Loja A Matritense No 50, dos registros da Grande Loja (1717) com carta Constitutiva assinada pelo Lord Colleraine, como Grão Mestre; funciona na própria residência do Duque. Abateu colunas em 1767. Para alguns é conhecida como Loja As 3 Flores de Lys, nome do hotel francês onde haveria sido fundada; outra versão da como nome distintivo Les French Armes com sede na rua San Bernardo. O Duque de Wharton mais tarde converteu-se ao catolicismo, morrendo transtornado num convento na Espanha. Em janeiro 17 de 1723, James Anderson é eleito Segundo Grão Vigilante, sendo o 7o Grão Mestre o Duque de Dalkeit. Logo da aprovação da Constituição, a obra foi publicada na revista “Postboy” e autorizada para venda livre em 28 de fevereiro de 1723. Os impressores da primeira edição foram John Senex e John Hook que criaram um belo livro ilustrado de 96 páginas. Seu título: “A Constituição, Historia, Leis, Obrigações, Ordens, Regulamentos, e Usos da Mui Venerável Fraternidade dos Maçons Livres e Aceitos; coligidos de seus Arquivos gerais, e de suas fiéis Tradições de muitas Eras”. A obra foi dedicada por Desagulier ao ex-Grão Mestre Duque de Montagu com a seguinte dedicatória: “Por ordem de Sua Graça o Duque de Wharton, atual Mui Venerável Grão-Mestre dos FrancoMaçons; e, como seu Deputado (equivalente hoje ao cargo de Grão Mestre Adjunto), dedico humildemente este Livro das Constituições da nossa antiga fraternidade à vossa Graça, em testemunho do modo honroso, prudente, e vigilante com que exerceu no Ano anterior o cargo de nosso Grão-Mestre. “Não preciso dizer à vossa Graça o 11 Trabalho que teve o nosso erudito autor para compilar e ordenar este Livro segundo os velhos Arquivos e com que escrúpulo comparou e conciliou todas as coisas com que a História e a Cronologia, de modo a fazer destas NOVAS CONSTITUIÇÕES uma exposição justa e perfeita da Maçonaria desde o Começo do Mundo até o Mestrado de vossa Graça, conservando todavia tudo quanto é verdadeiramente antigo e autêntico nos artigos: Pois cada Irmão ficará satisfeito com o Trabalho realizado, se souber que ele foi Examinado e Aprovado por vossa GRAÇA, é que é agora impresso para o uso das Lojas, depois de ter sido aprovado pela GRANDE LOJA, quando vossa GRAÇA era GRÃO-MESTRE. Toda a Irmandade lembrará sempre da Honra que vossa GRAÇA lhe fez, e de vossa solicitude para sua Paz, Harmonia, e duradoura Amizade”. (Tradução do original pelo Irmão João Nery Guimaraes, Grande Oriente do Brasil, edição 1982) Além da dedicatória de Desagulier, o Livro tinha uma curta história da maçonaria desde a criação do Mundo, os Antigos Deveres ou Leis Fundamentais (Old Charges), as 39 Obrigações ou 39 artigos dos Regulamentos Gerais, a aprovação do Livro, os 6 Artigos da Constituição propriamente tal e 4 cânticos maçônicos, sendo a Canção do Mestre, Canção do Vigilante, Canção dos Companheiros e Canção dos Aprendizes. A Constituição não menciona graus superiores nem a Lenda de Hiram. A Constituição de Anderson é a primeira lei escrita da Francmaçonaria Especulativa, traduzida em todas as línguas, estudada e interpretada pelos mais eminentes pensadores maçônicos e continuará sempre assim porque ela tem um rico conteúdo e significado; alguns organismos maçônicos de hoje em dia, reconhecem, nela um valor tradicional e histórico; outros dão-lhe o valor jurídico imutável que não pode ser ultrapassado e introduzem sua transcrição literal na legislação de suas próprias Grandes Lojas. O Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Jurisdição Sul dos USA, considera a Constituição de Anderson como a base fundamental de seu status jurídico. Hoje em dia, praticamente todos os maçons espalhados na face da terra de qualquer rito a que pertençam, referem-se à obra de Anderson como a fonte comum. Mas mesmo sem duvidar em momento algum da importância da Constituição de Anderson, maçons conscientes não podemos colocar uma venda nos olhos e deixar de advertir um exagero evidente que tem a obra na parte referente a história da Maçonaria desde a criação do mundo. O irmão Raimundo Rodrigues, da Loja Ponto no Espaço (GLESP, São Paulo), comenta com muita propriedade e conhecimento num artigo publicado na Revista O Aprendiz, abril 1999, de São Vicente, SP, dos exageros de certos historiadores maçônicos que “teimam em afirmar que a Maçonaria existe há milhares de anos, 12 especialmente aqueles inocentes que acreditam na absurda afirmação de Anderson de que Adão, nosso primeiro pai, devia ter possuído as ciências liberais, principalmente a Geometria, escritas no seu coração e por tanto, a Maçonaria teve seu início no Paraíso terrestre”. Ignoramos os motivos ou antecedentes que levaram a Anderson a fazer semelhante afirmação e somente podemos, em descargo, acreditar que foi por sua formação religiosa. Mas, por mais clara que possa ser a sua redação, um texto antigo presta-se facilmente a discussões, especialmente se ele mexe com problemas religiosos, de tolerância e de consciência humana, problemas que eram vistos de forma diferente na época em que a obra foi escrita. A Inglaterra tinha nessa época uma Igreja estatal (protestante) no Governo e algumas Igrejas minoritárias (incluindo a católica), proveniente das últimas guerras religiosas. Persistiam em 1723 numerosas ordenanças que desconheciam os direitos dos cidadãos, dos dissidentes e não conformistas, tais como a eliminação dos cargos públicos e cátedras educacionais. O Reverendo Anderson era um pastor dissidente, daquelas perseguidas minorias confessionais. A tolerância tem sido sempre uma bandeira de luta das minorias; e a Constituição de Anderson é uma mensagem de tolerância civil, religiosa, social, política, e foi aprovada por um grupo de homens corajosos agrupados na Grande Loja em Londres, numa época de profunda intolerância dentro da sociedade inglesa. Evidentemente que a publicação da primeira edição do Livro das Constituições haveria de criar acirradas polêmicas e elas alcançaram a todos os segmentos da sociedade e foram tão violentas que o Revendo Anderson, desapontado, afastou-se das Lojas e, em sua vida privada junto com suas prédicas publica na Royal Genealogies, alguns estudos sobre reis de seu conhecimento, resultando uma obra de escassa significação. O artigo mais polêmico da Constituição acabou sendo o No I (Concernente a Deus e a Religião), que estabelece que “Um maçom é obrigado, por sua Condição, a obedecer à Lei moral; e se compreende bem a Arte, não será jamais um Ateu estúpido, nem um Libertino irreligioso”. Na época, um setor entendeu que, junto com ofender o ateu e ao homem sem religião, a Maçonaria condenava a ambos mas, na verdade, a condenação não era ao ateu comum e sim ao ateu obtuso, que tudo nega por sistema, ao homem que por preguiça espiritual ou por falta de escrúpulos ou de argumentação, rejeita “a priori” a idéia de um Deus. A este tipo de pessoas ninguém vai querer ver em uma Loja maçônica, nem sequer o mais decidido partidário da liberdade de pensamento. 13 Anderson foi novamente chamado em 1735 para preparar uma Segunda edição de sua obra e ele aproveitou para introduzir uma importante modificação nesse controvertido artigo. Em 25 de janeiro de 1738 entregou o produto de seu trabalho incluindo uma lista de Grandes Mestres desde 1717 até a data. O artigo I ficou como segue: “O Maçom está comprometido pela sua qualidade mesma, a obedecer a lei moral, como um verdadeiro noaquita (discípulo de Noé) “. Em 1813, por motivo da união das duas Grandes Lojas da Inglaterra, houve uma terceira e definitiva redação deste artigo I, onde se acabou com a liberdade de crer ou não em Deus, ficando de uma forma que, de certa forma voltou ao original de 1723: “Um Maçom está comprometido, por sua qualidade mesma, a obedecer a lei moral e se entende bem a arte, não será nunca um ateu estúpido nem um libertino sem religião, sempre que creia no glorioso Arquiteto do Céu e da Terra e que pratique os deveres sagrados da moralidade”, acabando com a obrigação de praticar a religião do país em que o maçom mora, podendo manter a sua crença original. O irmão Anderson publica em 1739 News from Elysium, antologia de conversações funerárias e uma genealogia da casa Ivery. Seus últimos anos foram vividos na pobreza recebendo ajuda financeira de irmãos. Fala-se que em Londres era uma figura popular, sendo chamado por todos como Bispo (que não era). Sendo dissidente obteve da rainha Carolina uma espécie de anistia. Morre em Londres em 1o de junho de 1739 e da sua morte informou o Daily Post no seguinte artigo: “Ontem, na tarde, foram sepultados em Bunhill’s Fields, os restos do Dr. Anderson, sacerdote dissidente. O esquife foi conduzido por 5 sacerdotes dissidentes e o Rev. Desaguliers. Seguido por uma dúzia de franc-maçons que agruparam-se em torno da tomba. Depois que o Dr. Earl pronunciou um discurso sobre a incerteza da vida humana sem mencionar o defunto, os irmãos levantaram os braços numa atitude de luto, gemeram e bateram três vezes, para honrar o defunto sobre seus aventais de pele”. Como podemos ver, seu funeral foi modesto mas sua contribuição à Maçonaria universal foi histórica. Capítulo 5 Os Land-marks Como acabamos de ver, a Maçonaria Especulativa como continuação da Maçonaria Operativa, herdou as regras, usos e costumes que até hoje são reconhecidas e fundamentam a existência da Instituição. Essas regras têm ficado conhecidas como Antigos Usos 14 e Costumes (do inglês Old Charges), sendo que os Land-marks formam parte deles. Os Antigos Usos ou Costumem referem-se as relações do Irmão individualmente com a Loja e com o conjunto de Irmãos da Loja. Para compreender bem esta relação mencionemos que os Regulamentos Gerais, de George Payne, tem a ver com a conduta da Ordem como um todo. Só que os Regulamentos Gerais podem ser modificados pela Grande Loja mas não os Antigos Usos ou Costumes já que eles são imutáveis. A expressão Land-mark pertence ao léxico inglês e significa limite, lindeiro, marco. Na linguajem maçônica e no sentido figurado é dada esta denominação aos princípios que são considerados próprios, essenciais e características da Ordem. Deste modo, e no mesmo sentido, os Land-marks vêm a constituir uma forma de demarcação entre o que é característico e autenticamente maçônico e aquilo que não é. Daí que a idéia do Land-mark está freqüentemente associada à “regularidade maçônica”.Tudo aquilo que não se conforma a estes preceitos essenciais e básicos deve-se ter por irregular e portanto, prescrito do terreno maçônico. Todas os pesquisadores maçônicos que se têm dedicado a investigação da história da Ordem concordam em que a primeira vez que se fala em um documento maçônico dos Land-marks é nos Regulamentos Gerais de George Payne, reunidos em 1720, aprovados em 21 de junho de 1721 pela Grande Loja (de 1717) e publicados em conjunto com a Constituição de Anderson em 1723. No artigo 39 (e último) dos Regulamentos Gerais lê-se: “Cada Grande Loja anual tem um inerente poder e a autoridade de estabelecer novos Regulamentos ou de modificá-los para o real benefício dessa antiga Fraternidade, observado porém que os velhos Land-marks sejam cuidadosamente preservados, e que ....etc” Mais de quais documentos, dos que poderia ter tido à vista G. Payne, tomou essa palavra Land-mark? Mesmo que não é possível saber com certeza, com o tempo ela tem-se convertido em uma das palavras mais importantes do “lore” (saber tradicional) maçônico e que tem provocado inúmeras polêmicas verbais e escritas. Esgotadas todas as investigações, para os pesquisadores tem surgido uma possibilidade: a palavra Land-mark foi tomada por George Payne da própria Bíblia significando baliza, limite, fronteira, confim, algo que não pode ser ultrapassado. No Deuteronômio, cap XIV ver 14, fala: “Não removerás os limites de teu vizinho de onde foram colocados pêlos teus antepassados na herdade de tua propriedade, na terra que Yahvé, teu Deus, te deu”. 15 Deuteronômio, cap XXVII, ver 17: “Maldito quem reduzir o limite de teu vizinho e o povo responderá: Amém”. Provérbios, cap XXII, ver 28: “Não removas os antigos limites que colocaram teus pais”. Provérbios, cap XXIII, ver 10: “Não ultrapasses os antigos limites, e também não entres na propriedade dos órfãos”. Maçonicamente considerado, um Land-mark é um acontecimento, uma característica, que marca um ponto de partida, uma jornada, uma etapa na História da Maçonaria, indicando até onde se pode chegar no assunto referido (limite no espaço ideológico) com a idéia imanente de preservação como causa e efeito do fato mesmo (conservação no tempo). E um antigo limite, agrega a significação dada na condição anterior, a idéia de uma remota antigüidade que a memória humana não pode precisar. Por exemplo, se hoje todas as autoridades do mundo maçônico reunidas em um Congresso mundial e com a total unanimidade promulgarem uma nova lei, ela não seria um Land-mark porque somente teria o caráter de universalidade mas não de Antigüidade e em um processo posterior essa nova lei poderia ser abolida ou modificada. Os Land-marks teoricamente limitam e estabelecem uma demarcação entre a Ordem maçônica e outras associações particulares, que os maçons denominam profanas; eles devem ser transmitidos intatos pêlos maçons e seus sucessores, aceitando-os e não os substituindo ou modificando. Todo Land-mark deve ter o caráter de verdade, vale dizer, deve ser provado a si mesmo que é bom e necessário, mas não deve ser imposto como crença irrespondível. Baseado no que anteriormente foi escrito poder-se-ia acreditar que os Land-marks formam um corpo de disposições definidas e dotadas de força obrigatória para todas as Potências maçônicas do mundo. Nada mais longe da verdade. E o mais contraditório é que não existe uma certeza sobre quais ditos princípios tem o caráter ou podem ser considerados Land-marks. Falamos que a palavra Land-mark aparece pela primeira vez em 1720; mas somente após um século, os pesquisadores maçônicos começam a investigar quais princípios ou tradições realmente poderiam ser considerados Land-marks. E neste sentido as opiniões são tão discrepantes que o número deles flutua desde 3 Land-marks 16 (Alexander S. Bacon e Chetwode Crawley) até 54 Land-marks (H. G. Grant e para a Grande Loja de Kentucky). Dos autores ingleses, um dos primeiros que procurou fazer luz sobre os Land-marks foi o pastor protestante George Oliver (17821867) que no seu “Historical Land-mark” deu por conhecidos 40 deles. Em 1858, o norte-americano Albert G. Mackey publicou a “Encyclopedia of the Freemasonry” incluindo nessa obra 25 normas ou preceitos que apresentavam características para serem consideradas como legítimos e autênticos Land-marks. Os 25 Landmarks de Mackey adotados pelas Grandes Lojas Brasileiras são : 1° - Os processos de reconhecimento são os mais legítimos e inquestionáveis de todos os landmarks. Não admitem mudanças de qualquer espécie, pois, sempre que isso se deu, funestas consequências vieram demonstrar o erro cometido. 2º - A divisão da Maçonaria Simbólica em três graus é um landmark que, mais do que nenhum, tem sido preservado de alterações, apesar dos esforços feitos pelo daninho espírito inovador. Certa falta de uniformidade sobre o ensinamento final da Ordem, no grau de Mestre, foi motivada por não ser o terceiro grau considerado como finalidade; daí o Real Arco e os Altos Graus variarem no modo de conduzirem o neófito à grande finalidade da Maçonaria Simbólica. Em 1813, a Grande Loja de Inglaterra reivindicou este antigo landmark, decretando que a Antiga Instituição Maçõnica consistia nos três primeniros graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, incluindo o Santo Arco Real. Apesar de reconhecido pela sua antiguidade, como um verdadeiro landmark, ele continua a ser violado. 3º - A lenda do terceiro grau é um landmark importante, cuja integridade tem sido respeitada. Nenhum rito existe na Maçonaria, em qualquer país ou em qualquer idioma, em que não seja expostos os elementos essenciais dessa lenda. As fórmulas escritas podem variar e, na verdade, variam; a lenda, porém, do construtor do Templo constitui a essência e a identidade da Maçonaria. Qualquer rito que a excluísse ou a alterasse, materialmente cessaria, por isso, de ser um rito Maçónico. 4º - O governo da Fraternidade por um Oficial que preside; denominado Grão-Mestre, eleito pelo povo maçónico, é o quarto landmark da Ordem. Muitas pessoas ignorantes supõem que a eleição do GrãoMestre se pratica em virtude de ser estabelecida em lei ou regulamento da Grande Loja. Nos anais da Instituição encontram-se, porém, Grão- MEstres muito antes de existirem Grandes Lojas e, se o actual sistema de governo legislativo por Grandes Lojas fosse abolido, sempre seria precisa a existência de um Grão-Mestre. 5º - A prerrogativa do Grão-Mestre presidir a todas as reuniões maçónicas, feitas onde e quando se fizerem, é o quinto landmark. É em virtude desta lei, derivada da antiga usança, e não de qualquer decreto 17 especial, que o Grão-Mestre ocupa o trono em todas as sessões de qual;quer loja subordinada, quando se ache presente. 6º - A prerrogativa do Grão-Mestre de conceder licença para conferir graus em tempos anormais, é outro e importantíssimo landmark. Os estatutos maçónicos exigem um mês, ou mais, para o tempo que deva transcorrer entre a proposta e a recepção de um candidato. O Grão-Mestre, porém, tem o direito de pôr de lado ou de dispensar essa exigência, e permitir a iniciação imediata. 7º - A prerrogativa que tem o Grão-Mestre de autorização para fundar e manter lojas, é outro importante landmark. Em virtude dele, pode o Grão-Mestre conceder a um número suficiente de Mestres Maçons o privilégio de se reunirem e conferirem graus. As lojas assim constituídas chamamse "Lojas Licenciadas". Criadas pelo Grão-Mestre, só existem enquanto ele não resolva o contrário, podendo ser dissolvidas por acto seu. Podem viver um dia, um mês ou sei meses. Qualquer, porém, que seja o tempo da sua existência devem-no, exclusivamente, à graça do Grão-Mestre. 8º - A prerrogativa de o Grão-Mestre criar Maçons por sua deliberação é outro landmark importante, que carece ser explicado, controvertida como tem sido a sua existência. O verdadeiro e único modo de exercer essa prerrogativa é o seguinte: o Grão-Mestre convoca em seu auxílio seis Mestres Maçons, pelo menos; forma uma loja e, sem nenhuma prova prévia, confere o grau aos candidatos; findo isso, dissolve a loja e despede os Irmãos. As lojas convocadas por esse meio são chamadas "Lojas Ocasionais" ou de "Emergência". 9º - A necessidade de se congregarem os Maçons em loja é outro landmark. Os landmarks da Ordem sempre prescreveram que os Maçons deviam congregar-se com o fim de se entregarem a tarefas operativas, e que a essas reuniões fosse dado o nome de "loja". Antigamente, eram essas reuniões extemporâneas, convocadas para assuntos especiais e logo dissolvidas, separando-se os Irmãos para, de novo, se reunirem em outros pontos e em outras épocas, conforme as necessidades e as circunstâncias exigissem. Cartas Constitutivas, Regulamentos Internos, Lojas e Oficinas permanentes e contribuições anuais são inovações puramente modernas, de um período relativamente recente. 10º - O governo da Fraternidade, quando congregado em Loja, por um Venerável e dois Vigilantes, é também um landmark. Qualquer reunião de Maçons, congregados sob qualquer direcção, como, por exemplo, um presidente e dois vice-presidentes, não seria reconhecida como loja. A presença de um Venerável e dois Vigilantes é tão essencial que, no dia da congregação, é considerada como uma Carta Constitutiva. 11º - A necessidade de estar numa loja a coberto, quando reunida, é um importante landmark que não deve ser descurado. Origina-se no carácter esotérico da instituição. O cargo de Guarda do Templo que vela para que o lugar das reuniões esteja absolutamente vedado à intromissão de profanos, não depende, em absoluto, de quaisquer leis de Grandes Lojas ou de lojas subordinadas. E o seu dever, por este landmark, é guardar a porta do 18 Templo, evitando que se ouça o que dentro dele se passa. 12º - O direito representativo de cada Irmão, nas reuniões gerais da Fraternidade, é outro landmark. Nas reuniões gerais, outrora chamadas Assembleias Gerais, todos os Irmãos, mesmo os simples Aprendizes, tinham o direito de tomar parte. Nas Grandes Lojas só têm direito de assistência os Veneráveis e os Vigilantes, na qualidade, porém, de representantes de todos os Irmãos das Lojas. Antigamente, cada Irmão representava-se por si mesmo. Hoje, são representados pelos seus Oficiais. Nem por motivo dessa concessão, feita em 1717, deixa de existir o direito de representação, firmado por este landmark. 13º - O direito de recurso de cada Maçon das decisões dos seus Irmãos, em loja, para a Grande Loja ou Assembleia Geral dos Irmãos, é um landmark essencial para a preservação da justiça e para prevenir a opressão. 14º - O direito de todo o Maçon de visitar e tomar assento em qualquer loja é um inquestionável landmark da Ordem. É o consagrado direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um direito inerente que todo o Irmão exerce, quando viaja pelo Universo. É a consequência de encarar as lojas como meras divisões, por conveniência, da Família Maçónica Universal. 15º - Nenhum visitante, desconhecido aos Irmãos de uma loja, pode ser admitido à, sem que, antes de tudo, seja examinado, conforme os antigos costumes. Esse exame só pode ser dispensado se o Maçon for conhecido de algum Irmão do Quadro, que por ele se responsabilize. 16º - Nenhuma loja pode intrometer-se em assuntos que digam respeito a outras, nem conferir graus a Irmãos de outros quadros. 17º - Todo o Maçon está sujeito às leis e regulamentos, da Jurisdição Maçónica em que residir, mesmo não sendo membro de qualquer loja. A não filiação é já em si uma falta maçónica. 18º - Por este landmark os candidatos à iniciação devem ser isentos de defeitos ou mutilações, livres de nascimento e maiores. Uma mulher, um aleijado ou um escravo não podem ingressar na Fraternidade. 19º - A crença no Grande Arquitecto do Universo é um dos mais importantes landmarks da Ordem. A negação dessa crença é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação. 20º - Subsidiariamente a essa crença é exigida a crença em uma vida futura. 21º - é indispensável a existência, no Altar, de um Livro da Lei, o Livro que, conforma a crença, se supões conter a Verdade revelada pelo Grande Arquitecto do Universo. Não cuidado a Maçonaria de intervir nas peculiaridades de fé religiosa dos seus membros, esses Livros podem variar de acordo com os credos. Exige, por isso, este landmark, que um "Livro da Lei" seja parte indispensável dos utensílios da Loja. 22º - Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinções de prerrogativas profanas, de privilégios, que a sociedade confere. A Maçonaria a todos nivela nas reuniões maçónicas. 23º Este landmark prescreve a conservação secreta dos conhecimentos havidos por iniciação, tanto dos métodos de trabalho, como das suas lendas e tradições que só podem ser comunicadas a outros Irmãos. 24º - A fundação de um ciência especulativa, segundo métodos 19 operativos, o uso simbólico e a explicação dos ditos métodos e dos termos neles empregados, com propósito de ensinamento moral, constitui outro landmark. A preservação da lenda do Templo de Salomão é outro fundamento deste landmark. 25º - O último landmark é o que afirma a inalterabilidade dos anteriores, nada podendo ser-lhes acrescido ou retirado, nenhuma modificação podendo ser-lhes introduzida. Assim como dos nossos antecessores os recebemos, assim os devemos transmitir aos nossos sucessores. Surgiram, evidentemente, muitos contraditores entre os quais o mais importante foi Albert Pike, também norte-americano, formandose entre os dois uma polêmica que acabou sendo uma fonte rica para o estudo dos Land-marks. Como exemplo, incluímos aqui três questionamentos feitos por Pike sobre a lista de Mackey: 2° - A divisão da maçonaria Simbólica em três graus. Antigamente a Fraternidade Maçônica não tinha graus; eles foram estabelecidos em 1723 e 40 anos mais tarde ainda havia Lojas sob a obediência da Grande Loja de Inglaterra que não aceitavam os graus. 3° - A Lenda do terceiro grau. Não pode ser um Landmark porque ela foi introduzida na maçonaria pelo ano de 1723. 18o – A exigência da maioridade para ser maçom. Antigamente não era necessário ser homem maior de idade para ser iniciado; se descrevia unicamente como um “jovem” sem ter em conta sua idade. Pike aceita da lista de Mackey unicamente cinco Land-marks, e que são: 1) A necessidade dos maçons reunir-se em Lojas; 2) O governo de cada Loja por um Venerável Mestre e dois Vigilantes; 3) A crença no Grande Arquiteto do Universo e numa vida futura; 4) A cobertura dos trabalhos da Loja; e 5) A proibição da divulgação dos segredos da Maçonaria, ou seja, o sigilo maçônico. A tendência de considerar os Land-marks como dogmas, similares as que tem caracterizado as Igrejas, têm sido material propício para cismas maçônicos durante a história da Ordem. Dogma é a expressão de um ponto fundamental e indiscutível do cristianismo, ensinado pela Igreja em nome de Deus; é vedado para os cristãos crer de 20 outro modo. Mesmo que Payne estabeleceu que era vedado mudar os Land-marks, os maçons tem criado uma série de alternativas ou interpretações e que em nada tem afetado a doutrina maçônica. Já falamos que não existe consenso sobre que princípios devem ser considerados como Land-marks e acrescentamos que em USA 13 Grandes Lojas não tem adotado nenhuma lista de Land-marks (para estas Potências os Landmarks existem sem necessidade de desenvolver uma Lista deles), 4 Grandes Lojas consideram os seis artigos da Constituição de Anderson como Land-marks; outras Grandes Lojas de USA aceitam formalmente a lista de Mackey ou tem adotado eles por uso e costume. 14 Grandes Lojas tem criado e adotado sua própria lista de Land-marks; como exemplo, citamos a Grande Loja de Massachusetts, que adotou a seguinte lista de Landrmarks: 1) Monoteísmo, sendo o único dogma da Francmaçonaria; 2) A crença na imortalidade, como a última lição da filosofia maçônica; 3) O Volume da Lei Sagrada, como elemento importante da mobília de uma Loja; 4) A lenda do terceiro Grau; 5) Discrição; 6) O simbolismo da arte operativa; e 7) Um maçom deve ser homem, nascido livre e adulto. Por sua vez, a Grande Loja Regular de Portugal adota os seguintes como seus Landmarks : 1. A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem como fundamento a fé em Deus, Grande Arquiteto do Universo. 2. A Maçonaria refere-se aos “Antigos deveres” e aos “Landmarks” da Fraternidade, especialmente quando ao absoluto respeito das tradições específicas da Ordem, essenciais à regularidade da Jurisdição. 3. A Maçonaria é uma ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz. 4. A Maçonaria visa ainda o aperfeiçoamento moral dos seus membros, bem como da toda a Humanidade. 5. A Maçonaria impõe a todos os seus membros a prática exata e escrupulosa dos ritos e do simbolismo, meios de acesso ao conhecimento pelas vias espirituais e iniciáticas que lhe são próprias. 6. A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa 21 harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros. 7. Os Maçons tomam as suas obrigações sobre um volume da Lei Sagrada, a fim de dar ao juramento prestado por eles o caráter solene e sagrado indispensável à sua perenidade. 8. Os Maçons juntam-se, fora do mundo profano, nas Lojas onde estão expostas as três Grandes Luzes da Ordem: um Volume da Lei Sagrada, um Esquadro e um Compasso, para aí trabalhar conforme o rito, com zelo a assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e os Regulamentos Gerais da Obediência. 9. Os Maçons só devem admitir nas suas Lojas homens maiores de idade, de ilibada reputação, gente de honra, leais e discretos, dignos em todos os níveis de serem bons Irmão, e aptos a reconhecer os limites do domínio do homem e o infinito poder do Eterno. 10. Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor da Pátria, a submissão às leis e o respeito pelas autoridades constituídas. Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas formas. 11. Os maçons contribuem pelo exemplo ativo do seu comportamento são, viril e digno, para irradiar da Ordem no respeito do segredo maçônico. 12. Os maçons devem-se, mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio, indispensáveis a um perfeito controle de sim próprio. Resumindo, um Landmark apresenta as seguintes características : · Antigüidade (São tam antigos que a memória humana não consegue lembrar seu origem) · Imutabilidade (Eles tem permanecido sem mudanças e não tem variado através dos tempos) · Fundamental Maçonaria) (Representam os princípios fundadores da · Universal (São destinados a todos os maçons, sem exceção) · Eternidade (Não podem ser suprimidos) 22 Em muitas oportunidades foi e ainda será abordado o tema dos Land-marks, que no meu conceito é um dos mais interessantes que existe no estudo da maçonaria e mesmo que não existe consenso sobre o número ou conteúdo deles, devemos reconhecer que eles estão dentro da maçonaria e que o estudo e interpretação deles tem contribuído para o enriquecimento da maçonaria em geral. Capítulo 6 A Regularidade maçônica Como já foi visto nos capítulos anteriores a maçonaria moderna começa em 1717 quando 4 Lojas reuniram-se em Londres e formaram uma Grande Loja. Em 1723 esta Grande Loja tomou o seguinte acordo: “O privilégio de reunir-se em qualidade de maçons, que até agora foi ilimitado, deixa desde hoje de ser extensivo à Fraternidade em geral e cada Loja que deseje reunir-se deverá ser autorizada oficialmente para realizar seus trabalhos por um documento escrito (warrant) do Grão Mestre que, com a aprovação da Grande Loja, fará saber se pode-se admitir a petição das pessoas representadas; sem esta autorização nenhuma Loja poderá desde hoje considerar-se regular e legalmente constituída”. Antecedente deste acordo é, sem dúvida, o No VIII dos Regulamentos Gerais compilados por George Payne em 1720 e aprovados em 1721: “Se algum grupo de irmãos formarem uma Loja sem a Carta Constitutiva expedida pêlo Grão Mestre, as Lojas regulares não os ajudarão, nem os considerarão como maçons regulares, nem aprovarão seus atos nem fatos, mas sim os tratarão como rebeldes, etc ...” Aqui nasce o poder regulador das Grandes Lojas que, assim como tem a faculdade de criar organismos maçônicos tem derivado a sua vez, regularmente de outros órgãos que tinham a mesma qualidade e a mesma faculdade. Uma Loja para ser considerada regular, tem que ter obtido sua carta patente ou carta constitutiva de uma Grande Loja igualmente regular. Aclaramos que uma Grande Loja é constituída por 3 ou mais Lojas legalmente organizadas e em goze de seus direitos e que proclamam seu desejo de estabelecer uma Grande Loja em um território que está livre (não existe nenhuma outra Potência nele). Posteriormente as outras Grandes Lojas estudarão o processo de sua geração e decidiram se ela merece ser admitida no seio da maçonaria regular universal conforme suas normas de reconhecimento, que são princípios adotados livremente por elas. 23 Como não poderia ser de outro modo, a base destas normas tem sido ditadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra e que as atualizou em 4 de setembro de 1929, ficando como segue: 1. Regularidade de origem. Cada Grande Loja deverá ser estabelecida legalmente por três ou mais Lojas regularmente constituídas. 2. A crença no Grande Arquiteto do Universo (fórmula adotada pela maçonaria para designar a Deus incluindo as diferentes denominações dadas pelas religiões) e na sua Vontade revelada será um requisito essencial para a admissão de novos membros. 3. Todos os iniciados prestarão seu juramento sobre ou na presença completa do Livro da Lei Sagrada aberto pelo qual significase a revelação do alto que liga a consciência do indivíduo particular que se inicia. 4. Os afiliados da Grande Loja e das Lojas individuais serão exclusivamente homens. Cada Grande Loja não terá relações maçônicas de nenhum tipo com Lojas mistas ou com Corpos que admitem mulheres como membros. 5. A Grande Loja terá jurisdição soberana sobre todas as Lojas de seu território podendo realizar inspeções periódicas. Será independente e governada por si mesma com autoridade sobre seus obreiros que serão dos três graus simbólicos (aprendiz, companheiro e mestre). Tal autoridade jamais poderá ser dividida com qualquer outro Corpo ou Potência ou sofrer inspeções e interferências de qualquer espécie. 6. As três Grandes Luzes da Franc-maçonaria (Livro da Lei Sagrada, Esquadro e Compasso) estarão sempre expostas quando a Grande Loja ou suas Lojas subordinadas estejam trabalhando , sendo a principal delas o Livro da Lei. 7. A discussão de religião ou política dentro da Loja será estritamente proibida. 8. Os princípios dos Antigos Limites (Old Land-marks), usos e costumes da Ordem serão estritamente conservados. O prazo de duração de uma Potência maçônica é indeterminado e ilimitada a quantidade de Lojas e maçons que a compõem; ela somente se dissolverá se houver menos de três Lojas sob a sua Jurisdição. Uma Loja tem um mínimo de sete membros. A G L Mac do 24 Estado de São Paulo, estabelece um mínimo de 10 Lojas para continuar existindo; com menos de 10 ela será dissolvida. Antes de continuar vamos tentar definir os termos “Regular” e a conseqüência imediata dele, que seria o “Reconhecimento”. “Regular” (deriva do latim regularis e este de regula, que significa algo que se comporta exatamente conforme a norma) entende-se como uma entidade maçônica que cumpre as normas que foram ditadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra. Estas normas, que foram ditadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, foram devidamente analisadas e aceitas porque elas acompanhavam fielmente o tradicional espírito maçônico. Logo veremos que o conceito de “regularidade” é subjetivo e passível de várias interpretações. “Reconhecimento” é o ato praticado pelos pares de uma entidade maçônica que, respondendo a uma solicitação da interessada, garantem que aquela entidade cumpre as normas de Regularidade. “Reconhecimento” é o estado de um fato conforme visto por uma entidade particular. É algo mais do que um simples ato diplomático. Cada Potência maçônica tem sua própria interpretação do conceito “Regular”; por isso falamos que o fato de uma Potência ser reconhecida por outra, não obriga as demais a também outorgar seu reconhecimento. Evidente, sempre serão apresentadas boas razões de uma ou outra determinação. Exemplos temos nos seguintes casos: 4 Grandes Lojas de EEUU reconhecem a Grande Loja de Mali e 47 não; a Grande Loja de New York e outras 6 reconhecem a Grande Loja da Polônia e 43 não; 20 Grandes Lojas de EEUU reconhecem a Grande Loja de Haiti e 30 não; 23 Grandes Lojas de EEUU tinham reconhecido a Grande Loja da França, retirando seu reconhecimento posteriormente, mas a Grande Loja de Minnesota reconheceu em 2001 e retirou em 2002 seu reconhecimento; a Grande Loja Unida da Inglaterra cria e reconhece uma Grande Loja na Itália que as Grandes Lojas de EEUU estimam que ela é clandestina; etc. A ação de “Reconhecimento” na Maçonaria mundial começa a ser praticado em Março de 1878, quando a Grande Loja Unida da Inglaterra, nomeia uma comissão de 10 membros a fim de considerar a ação tomada pelo Grande Oriente da França de suprimir da sua Constituição os parágrafos que afirmam a crença na existência de Deus (mais detalhes no Capítulo 7), comissão que propõe pela unanimidade, que não pode reconhecer como verdadeiros (maçons) irmãos que foram iniciados em Lojas que ignoram esta crença em Deus. É bom frisar que, a crença em Deus, para a Grande Loja Unida da Inglaterra, é o primeiro Landmark de toda verdadeira e autêntica 25 Maçonaria. O abandono deste Landmark fundamental de todo o edifício maçônico. suprime a pedra A maioria das Grandes Lojas tem ditado normas de reconhecimento que, em geral, acompanham os princípios da Grande Loja Unida da Inglaterra. Assim, por exemplo, a 1a Conferência Interamericana da Franc-maçonaria celebrada em Montevideo em 14 de abril de 1947, aprovou os fundamentos para um Direito Maçônico Inter-potencial que, na sua maioria, são normas de reconhecimento e na 2a Conferência celebrada em Cidade do México em Março de 1952, estas conclusões foram ratificadas na sua maioria sofrendo pequenas modificações que não alteram o espírito das normas originais inglesas. Em todas as normas de reconhecimento da Maçonaria universal, é requisito “sine qua non” a independência do Poder Simbólico e a exclusiva jurisdição territorial, da Potência que aspira a ser reconhecida, e que se refere a que deve governar exclusivamente os três primeiros graus simbólicos, vale dizer, com exclusão e sem tutela dos Supremos Conselhos que governam os graus IV à XXXIII. A Maçonaria, para ser praticada, precisa de um Ritual. Nascidos dos antigos Mistérios, diferentes Ritos tem sido criados e eles estabeleceram graus superiores ao 3º. Dentro desta diversidade de Ritos um dos mais praticados pela maioria das Lojas, fora de Inglaterra, e Rito Escocês Antigo e Aceito, que reconhece até o grau 33, e que desenvolveu uma organização de tipo mundial a partir do 31 de maio de 1801, quando foi fundado o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito na cidade de Charleston, USA. Estes graus superiores ou Altos Graus formam o que é conhecida como Maçonaria Filosófica diferenciada da Maçonaria Simbólica. As Lojas simbólicas jurisdicionadas a uma Grande Loja, no ato da sua fundação, escolhem o Rito em que irão a trabalhar e que deverá receber aprovação da Grande Loja. Os graus filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito começam no grau de Mestre Secreto que, por ser concedido depois do 3o grau (não importando o Rito) passou a ser chamado de 4o grau. A Conferência dos Supremos Conselhos realizada em 1929 em Paris esclareceu que é lícito aos Supremos Conselhos buscar candidatos em qualquer jurisdição simbólica sem distinção de ritualística. Assim como a regularidade de uma Grande Loja somente pode ser determinada por suas iguais, do mesmo modo os Supremos Conselhos somente podem ser reconhecidos por seus congêneres. O retiro voluntário ou a eliminação de um Irmão da Maçonaria Simbólica se reflete automaticamente na Maçonaria Filosófica, perdendo aquele Irmão os graus que tiver acima do 3o. A situação 26 inversa não é aplicável; evidente que se o motivo da eliminação da Maçonaria Filosófica obedecer a faltas graves de tipo moral, o caso será julgado pelos Tribunais da Maçonaria Simbólica e o julgamento indicará a eliminação ou não dos graus simbólicos. No que diz respeito à jurisdição territorial (ponto 5o das Normas inglesas), a regularidade significaria não aceitar o estabelecimento no próprio território de outra Potência Maçônica como também não invadir um território que já estiver ocupado maçonicamente, mas por razões de fraternidade e respeitando o direito adquirido, as Conferências maçônicas sul-americanas, em 1947, aceitaram fazer uma excepção com as Lojas dependentes de um poder estrangeiro e que funcionavam antes do estabelecimento da potência maçônica nacional. Na prática, a territorialidade tem sido o ponto mais discutido e difícil de ser aplicado dentro da Maçonaria universal. O conceito territorial estabelecido no ponto 5 da G indica que não pode reconhecer-se mais de uma Potência em um mesmo espaço territorial, mas a realidade tem mostrado uma situação diferente praticamente em todos os países. Começando pelo Brasil, a sua história potencial maçônica se inicia com a fundação do Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro em 17 de Junho de 1822 e do Supremo Conselho do Grau 33 do Brasil em 1829. Em 1832 o Supremo Conselho do Brasil recebe patente concedida pelo Supremo Conselho Confederado dos Países Baixos; ele é independente do Grande Oriente. Em 1833 o Supremo Conselho divide-se em dois facões, sendo uma fiel ao Visconde de Jequitinhonha e a outra unida ao Grande Oriente e sob a direção de José Bonifácio. Este último Conselho, por sua vez, divide-se em dois, ficando parte sob a presidência de Barreto Pedrosos (que fora logo sucedido pelo Conde de Lajes) e parte sob Cándido Ladislau Japiassu. Em 1838 os grupos do Supremo Conselho do Brasil dirigidas por Japiassu e pelo Conde de Lajes, reúnem-se e aliam-se ao Grande Oriente; posteriormente houve mais algumas cisões e uniões mas de pouca duração e de menor importância. Em 1847 cria-se o Grande Oriente de Caxias que em 1852 une-se ao Grande Oriente. Em 1922, começa o processo de formação das Grandes Lojas, sendo o personagem central o Irmão Mario Behring, ficando uma situação de duas Potências no mesmo território, sem contar que também é criado o Grande Oriente Paulista, acontecendo situação similar em outros estados brasileiros, onde convivem fraternalmente, uma Grande Loja, o Grande Oriente do Brasil e, ocasionalmente, um Grande Oriente estadual, como terceira Potência, separada do G. A GLESP mantém relacionamento amistoso tanto com o G como com o Grande Oriente Paulista, ambas potências com Lojas dentro de território do Estado de São Paulo. 27 Poderão surgir comentários no sentido que somente no Brasil acontecem estas coisas mas este tem sido um fato repetido através da história praticamente em todos os países. Inclusive na Inglaterra, aconteceu um cisma entre Antigos e Modernos desde 1757 até 1813, quando os dois grupos se uniram sob o nome de Grande Loja Unida da Inglaterra. Nos EEUU, mencionamos a Grande Loja Prince Hall, formada exclusivamente por pessoas da raça negra e que hoje conta com 45 Potências simbólicas, Corpos Filosóficos e 300.000 membros reunidos em mais de 4.500 Lojas simbólicas, espalhadas em EEUU, Libéria, Canadá e Bahamas. Esta Potência foi criada pela negativa das Grandes Lojas de EEUU de aceitar membros da raça negra; mas hoje 35 Grandes Lojas de EEUU reconhecem a Grande Loja Prince Hall que mantém Lojas nos mesmos estados das Grandes Lojas norteamericanas. A Maçonaria norte-americana aplica um critério de igualdade bastante especial; devido ao problema cultural e histórico (escravidão, Guerra de Secessão, mentalidade dos estados sulistas diferente dos estados do norte), para eles branco é igual a branco e negro é igual a negro; mesmo que reconhecida por 35 Grandes Lojas, cada Potência caminha separadamente mas defendendo exatamente os mesmos princípios. Vemos na história da Grande Loja de Maçons em Massachusetts (USA) que em 1970, seu Grão Mestre declarou que a Grande Loja que ele dirige não faz distinção entre homens pela cor da sua pele, raça ou crença; esta declaração foi originada pelo fato da Ordem de Garotas do Arco-Iris tinha eliminado o Capítulo em Auburn, Massachusetts porque ele tinha aceitado uma garota negra. Na França, a primeira Potência fundada é a Grande Loja da França, que nasce entre os anos 1728 e 1729; em 1773, a maior parte das Lojas da Grande Loja fundam uma nova obediência sob o nome de Grande Oriente da França. Depois da Revolução as duas Potências decidem pela união delas, terminando com a Grande Loja, tratado ratificado em 1799. Em 1894 é re-criada a Grande Loja da França, mas autores alegam não existir nenhuma relação entre aquela de 1728/29 e esta, e por isso que argumentam que o G é a potência mais antiga da França. Em 1913 é constituída a Grande Loja Nacional Independente e Regular para a França e Colônias francesas, sendo esta sim reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra dois meses após sua fundação; em 1948 ela muda seu nome para Grande Loja Nacional Francesa. Em Abril de 2001, a Grande Loja de Minnesota reconhece a Grande Loja da França e 4 Grandes Lojas de EEU (Michigan, New York, Maine e Kentucky) suspendem as visitas de seus membros nas Lojas de Minnesota argumentando que a Grande Loja da França é irregular. Minnesota alega que a G é regular já que 28 exige de seus membros a crença em Deus, mantém nas suas Lojas o Livro da Lei Sagrada, admite exclusivamente homens, e não mantém relacionamento com Potências mistas ou femininas. Alertamos que a G não reconhece o Grande Oriente da França, reconhecidamente irregular por seu caráter ateu. Mas, posteriormente a Grande Loja de Minnesota retirou o reconhecimento da Grande Loja da França, aparentemente porque em 2003, Minnesota hospedaria o Congresso de Grandes Lojas norte-americanas e as 4 Grandes Lojas que suspenderam suas visitas, não poderiam participar, prejudicando o sucesso do evento. Os fatos acima mencionados são diferentes quando em um mesmo país existem duas ou mais potências maçônicas conforme a divisão política do país, mas com territórios perfeitamente definidos. É o caso de países federativos da América tais como USA, Canadá, México, Brasil, Venezuela e Colômbia, que era federativo até 1886. Outra situação diferente e perfeitamente válida é o direito de asilo, matéria estudada na Conferência de Chefes da Fanc-maçonaria Simbólica de Sulamérica, Janeiro de 1932, a pedido da Grande Loja da Paraíba, Brasil, que apresentou a necessidade de conceder asilo ao Governo maçônico perseguido pelo Governo civil. No 30 de Julho de 1935 a Grande Loja de Hamburgo abateu colunas, para não se submeter as exigências totalitárias do governo hitlerista e recebeu asilo maçônico no Chile. A Grande Loja Valle de México, com data 21 de novembro de 1944, concedeu asilo maçônico ao Grande Oriente Espanhol, perseguido pelo regime franquista. Como temos apreciado, foi na primeira metade do século 20, que o Direito internacional maçônico começa a ser aprimorado, mencionando que ainda falta muito caminho por recorrer. Um exemplo é o próprio Brasil, que nos primórdios cometeu muitas situações de irregularidade, justificadas porque ainda não havia um conhecimento perfeito do mecanismo de funcionamento e das relações entre os Corpos maçônicos; citamos que numa mesma eleição era eleito o Grão Mestre do GOB que acumulava o cargo com o de Supremo Grande Comendador, situação observada permanentemente pelas potências européias. Coube ao paulista Mário Behring a correção desta irregularidade, em 1925, iniciando-se o período de fundação das Grandes Lojas em cada Estado brasileiro, num processo que até hoje gera ardentes polêmicas a favor e em contra, mas que teve o mérito de colocar a maçonaria brasileira numa comunhão permanente com a maçonaria universal. Subsistiu uma situação que afeta o ponto 5 das normas inglesas já que as Grandes Lojas compartilhavam o mesmo território com o Grande Oriente do Brasil; mas, em 15 de Outubro de 1999, em uma decisão inédita a Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo assina um Tratado de Amizade e Reconhecimento Mútuo com o Grande Oriente 29 do Brasil (Federação Maçônica Brasileira), iniciando-se um novo conceito de jurisdição territorial, e que teve o reconhecimento das Grandes Lojas reunidas na sua 4a Conferência Mundial desenvolvida na cidade de São Paulo em Novembro de 1999. Como podemos ver, a Maçonaria ainda tem um longo caminho por percorrer na estrada da Regularidade e provavelmente será difícil chegar a um entendimento universal no assunto. GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO A Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (doravante denominada GLESP) é pessoa jurídica de Direito Privado, fundada em 2 de julho de 1927, para reger a maçonaria no Estado de São Paulo, como Potência Maçônica legal e legítima. Outras Grandes Lojas e Grandes Orientes existem, no Brasil (inclusive dentro do próprio Estado de São Paulo) e no exterior, com as quais a GLESP mantém estreitos laços de fraternal amizade. Até Setembro de 2000 a GLESP tinha obtido o reconhecimento de 167 Potências Maçônicas do mundo inteiro A GLESP abriga 17.000 maçons congregados hoje em dia por mais de 500 Lojas Simbólicas, repartidas em todo o Estado de São Paulo, e funciona administrativamente na sua sede, conhecida como o Palácio Maçônico, na cidade de São Paulo. A GLESP tem por finalidade precípua a prática e difusão do simbolismo maçônico e são também suas finalidades a criação, direção e manutenção de escolas, asilos, creches, orfanatos, hospitais, centros recreativos, bibliotecas e entidades filantrópicas, beneficentes e outras. A través da sua história, a GLESP tem sido conhecida por outras designações, sendo essas: “Grandes Lojas do Estado de São Paulo”, “Grandes Lojas Maçônicas do Estado de São Paulo”, “Sereníssima Grande Loja do Estado de São Paulo”, “Grande Loja Unida de São Paulo”, “Grande Loja Bandeirantes”, “Grande Loja de São Paulo”, ”Grande Loja Paulista”, “Grande Loja”, “Grande Loja do Estado de São Paulo” e “Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo”. A sigla GLESP foi adotada e, ainda que os nomes tem sido mudados, a sigla continua com plena validade. A GLESP, como toda Potência maçônica, é soberana na sua jurisdição, que como repetimos, abrange todo o Estado de São Paulo, 30 e não depende de qualquer outra entidade, autoridade ou corpo maçônico, dentro ou fora do país. Dentro dos laços de fraternidade com outras Potências maçônicas, a GLESP pertence à Confederação da Maçonaria Simbólica Brasileira (CMSB, fundada em São Paulo em 1966), à Confederação da Maçonaria Interamericana (CMI, fundada em 1947) e a Conferência Mundial de Grandes Lojas, sendo que a 4a reunião dela foi em 1999 em São Paulo, sediada pela GLESP. Também a GLESP tem ocupado por duas vezes a Secretaria Executiva da CMI. Estas Associações de Potências maçônicas tem por único objetivo, se reunir periodicamente para estreitar laços de verdadeira fraternidade, discutir assuntos ligados a simbologia e ritualística maçônica mas, sob hipótese alguma emitem normas que possam afetar a soberania das Potências membros. Capítulo 7 Cismas na Maçonaria Não tem sido “um mar de rosas” o caminhar da Maçonaria moderna; quando em 1717 quatro Lojas reúnem-se e decidem criar a Grande Loja e, posteriormente, aprovar os Regulamentos Gerais e a Constituição de Anderson, existiam outras Lojas tanto em Londres como no interior de Inglaterra e Escócia que ficaram observando o desenvolvimento dos fatos até que decidiram reagir porque eles estimavam que estava sendo alterada a tradição maçônica. Um grupo destes irmãos que formavam parte da Grande Loja que já era denominada “de Inglaterra” em 1737 se separam dela e juntam-se aos restos das Corporações Operativas que trabalhavam sob a Constituição da Grande Corporação de Obreiros de York, dando forma ao conhecido como regime Escocês Antigo e aplicam à Grande Loja de Inglaterra o apelido de “moderno”; eles se consideram os verdadeiros depositários e continuadores das tradições das Corporações de Ofício. Em 1739 os dissidentes sob o nome de Antigos Maçons, recebem o reconhecimento das Grandes Lojas de Escócia e da Irlanda, e acrescentam ao seu nome a palavra “Aceito”. O cisma alcança seu apogeu em 1751, com a questão da crença em Deus obrigação que, os “modernos” alegam que não foi estabelecida pelos “antigos”. A Grande Loja de Inglaterra passa a ser conhecida como “dos antigos” em contraposição a Grande Loja de 1717 que é a “dos modernos”. Em 1753 os “antigos” constituem a Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos, consoante com as velhas Constituições ou Grande Loja dos Antigos Maçons da Inglaterra. Os “antigos” censuravam aos 31 “modernos” haver omitido as orações, descristianizado o Ritual, ignorado os dias Santos e mudado os Land-marks. Outro capítulo se acrescenta a esta disputa, quando em 1756 aparecem os primeiros certificados de maçom impressos com a assinatura do Grande Secretário da Grande Loja (“dos modernos”) e que os “antigos” censuravam porque eles, conforme as antigas tradições, obrigavam a seus membros a guardar sigilosamente ou destruir todo e qualquer documento maçônico. Passam-se 60 anos até que em 1813 as duas Grandes Lojas vendo que a sua rivalidade perdera o objetivo doutrinário, reconciliam-se e se unem. A nova Obediência recebe o nome de Grande Loja Unida dos Antigos Franc-maçons da Inglaterra, tal como é conhecida até hoje. O Tratado de Reconciliação é assinado no Palácio de Kensington aproveitando a circunstância que as duas Grandes Lojas eram dirigidas por irmãos carnais: o Rei George III, Duque de Kent, Grão Mestre dos “antigos” e o Duque de Sussex, Grão Mestre dos “modernos”. Imediatamente começou a trabalhar a Loja de Reconciliação, criada para retornar a um sistema puro e aceito por “antigos” e “modernos”. Os trabalhos desta Loja continuaram até 1816 e não foi nada de fácil já que recebeu muitas críticas por parte dos “antigos” mas a posição firme do Grão Mestre, o Duque de Sussex, levou a Grande Loja Unida com segurança através deste processo de reconciliação. Em 1815 a Grande Loja Unida publica sua Constituição. A obrigatoriedade I, relativa a Deus e a religião, termina com a amplia tolerância religiosa existente até esse momento. A Grande Loja Unida decidiu, ao mesmo tempo, trabalhar de acordo com o Rito dos Antigos, que haviam adquirido o hábito de se intitular Maçons de York. O Rito de York, praticado não só na Inglaterra mas também na América do Norte, compõe-se dos 3 graus simbólicos aos que sobrepõe-se o de Royal Arch, que praticavam os “antigos”. Outro cisma da maçonaria, acontece em 1877 quando termina o relacionamento entre a Grande Loja Unida da Inglaterra e o Grande Oriente da França. Na verdade, todos sabemos que historicamente França e Inglaterra tem sido eternos rivais que se tem enfrentado nos campos político, econômico e diplomático na luta pela hegemonia na Europa. A Maçonaria foi unicamente outro campo em que estes dois países se enfrentaram. Em 1876 acontecem significativos debates na Assembléia Geral do Grande Oriente da França e que iriam a conduzir ao voto de 1877: “A Francmaçonaria não é deísta, nem atéia, nem sequer positivista. 32 Instituição que afirma e pratica a solidariedade humana, é estranha a todo dogma e todo credo religioso. Tem por princípio único o respeito absoluto da liberdade de consciência ... Nenhum homem inteligente e honesto poderá dizer seriamente que o Grande Oriente da França quis banir de suas Lojas a crença em Deus e na imortalidade da alma quando, pêlo contrário, em nome da liberdade absoluta de consciência, declara solenemente respeitar as convicções, as doutrinas e as crenças de seus membros”. (Para melhor entender esta declaração, lembremos que a Constituição de Anderson eliminou da maçonaria os “ateus estúpidos” expressão que criou uma acirrada polêmica). Em 1738, Anderson muda o texto para a obrigação do maçom “de observar a lei moral como um verdadeiro noaquita” . Os franceses falam que Anderson virou do deísmo para o teísmo, sendo o deísmo o sistema dos que crêem em Deus mas rejeitam a revelação e o teísmo a crença na existência de Deus e em sua ação providencial no Universo. Em setembro de 1877 o Grande Oriente da França, aceitando sugestão do irmão Frederico Desmonds, teólogo protestante e futuro Grão Mestre, suprime a fórmula “À Glória do Grande Arquiteto do Universo” baseado em que a “maçonaria tem como fundamento a liberdade de consciência incondicional e a solidariedade humana. Não rejeita ninguém por motivos de crença”. A Bíblia desapareceu das Lojas do Grande Oriente. Como conseqüência, foi o rompimento de relações com a Grande Loja Unida da Inglaterra e com os países anglo-saxões, passando o Grande Oriente da França a ser considerado como irregular condição que persiste até hoje. O historiador maçônico alemão Gabriel Findel defendeu, no mesmo ano de 1877, a posição do Grande Oriente da França indicando que fez “somente uma declaração em favor da liberdade de consciências e que não atinge em absoluto nenhuma fé religiosa” e criticou as Grandes Lojas que retiraram seu reconhecimento considerando que foi “um intolerável ato de papismo, e a negação dos verdadeiros princípios da Ordem”. Só que esta defesa dos franceses não comoveu em absoluto aos maçons ingleses. Capítulo 8 Os Ritos Rito maçônico é definido como o conjunto de regras, símbolos e usos da instituição, formando um sistema completo das fórmulas e práticas das cerimônias maçônicas e comunicação dos sinais, toques e palavras secretas dos graus. E podemos dizer, que cada Rito constitui um verdadeiro sistema de ensinamento. 33 Como já vimos no Capítulo sobre os Land-marks, a maçonaria não é dogmática e praticamente cada organização, sem se afastar dos princípios seculares, tem adotado diferentes sistemas para desenvolver suas cerimônias e sistemas de ensinamento para seus membros. Da variedade destes procedimentos tem nascido variados e numerosos ritos através dos tempos; uns mais do que outros tem interpretado melhor o simbolismo maçônico e aqueles que não tem sido tão fieis ou felizes na interpretação maçônica tem desaparecido e, tão é assim que de uns 70 ou mais ritos criados através dos tempos, os praticados hoje em dia, não chegam a dez. O seis mais conhecidos são: · O Rito Schröder ou alemão, recebe seu nome de seu autor, Frederico Luis Schröder, Grão Mestre da Grande Loja de Hamburgo nos anos 1814 e 1816. Este rito foi criado especialmente para terminar com o caos ritualístico existente em 1800. Lamentavelmente, pese a sua singela simplicidade e beleza, é muito pouco praticado hoje em dia. · Rito de York, ou Emulation, é um rito inglês que era praticado pêlos maçons “antigos” e hoje é um dos mais praticados no mundo maçônico se consideramos que se pratica na Inglaterra e USA onde pertencem mais de 50% dos maçons na Terra. Após a reconciliação da maçonaria inglesa acontecida em 1813, forma-se em 1823 a “Emulation Lodge of Improvement for Master Masons” com a finalidade de manter a pureza do Ritual de York, de maneira que Emulation significa mais do que uma forma de praticar o Rito, uma instituição com a finalidade de cuidar do Rito. · O Rito Francês ou Moderno criado em Paris em 1761, é considerado um rito espúrio ou irregular pelo fato ter retirado de seus Templos o Livro da Lei e aboliu a fórmula de invocação à Grande Arquiteto do Universo e a crença na imortalidade da alma. · Rito Escocês Antigo e Aceito, que é o mais difundido, se considerado o número de Grandes Lojas no mundo todo, especialmente no mundo latino-americano. Criado em Paris, o nome de escocês deve-se ao fato de ter sido escoceses asilados na França que contribuíram para sua criação. É inexato que seu criador haveria sido o Imperador Frederico II. Nos manuais editados no Brasil estão encabeçados, logo na capa pelas iniciais MM LL AAAA, (Maçons Livres, Antigos e Aceitos) e que lembra aos maçons que estão livres de compromissos políticos, religiosos, filosóficos ou de outro tipo que limitem sua consciência, Antigos lembra os autênticos pedreiros e Aceitos são aqueles intelectuais que sem ser pedreiros foram aceitos 34 nas Lojas interessados em desvendar os ensinamentos morais dos símbolos maçônicos. · Rito Adonhiramita, também desenvolvido na França em 1778, com base nos escritos do Barão de Tschoudy. Adon (Domisus) usado pêlos hebreus quando falam de Deus e que agregado a palavra Hiram, forma-se Adonhiram, conforme explicação dada pelo Ritual editado pêlo Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita. O Livro dos Reis, cap IV, ver 6, menciona a Adoniram, filho de Abda, como encarregado do tributo e tomando conta das levas de trabalhadores na construção do Templo. Outra versão indica que seria a fusão das palavras Adonai (Senhor) e Hiram, significando portanto Senhor Hiram; José Castellani opina que a versão do Livro dos Reis é a mais correta. · Rito Brasileiro, pouco conhecido e praticado somente no Brasil com uma primeira tentativa de implantação em 1878, em Pernambuco. Depois de muitos anos esquecido, em 1968 revive dentro do Grande Oriente do Brasil, quando passa a denominar-se Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e Aceitos. A Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo exige das Lojas de sua jurisdição trabalhar nos Ritos Escocês Antigo e Aceito, Rito de Schröder, São João, Emulation (York) compreendendo o Supremo Grande Capítulo dos Maçons da Ordem do Santo Real Arco de Jerusalém, e outros que vierem a ser reconhecidos pela sua Assembléia Deliberativa. O Grande Oriente do Brasil reconhece os Ritos Escocês Antigo e Aceito, o Rito Adonhiramita, o Rito Francês ou Moderno, o Rito de York e o Rito de Schröder. Uma particularidade de todos os Ritos criados é que eles desenvolveram graus superiores ao grau de Mestre, conhecidos como Altos Graus, nascendo assim a denominada Maçonaria Filosófica que tem suas próprias Potências que, conforme vimos no capítulo sobre regularidade maçônica, o organismo mãe é o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, criado em 1801 nos USA. Os historiadores reconhecem em Michel André Ramsay (16861743) o criador ou impulsor dos Altos Graus quando em Dezembro de 1737, no seu cargo de Grão Orador da Grande Loja da França teve que preparar um discurso para uma cerimônia de iniciação. Ramsay, escocês, feito Cavalheiro da Ordem de São Lázaro pelo Regente Felipe de Orleans, exilado em Paris, lutando para restaurar a dinastia católica e escocesa dos Stuart na pessoa de Jacobo III, filho de Jacobo II, atividades que criavam um problema para França preocupada em manter um bom relacionamento com Inglaterra, para 35 não romper o equilíbrio existente nesses momentos no continente europeu. Conforme normas provavelmente da policia francesa, Ramsay submete o discurso à censura prévia do Cardeal Fleury, Ministro de Louis XV que devolve-o com só uma frase: “Le Roi ne le veut pas”. O discurso ficou pois oralmente inédito, mas sua versão escrita não foi possível ocultar e teve múltiplas repercussões sendolhe atribuída ser a primeira semente da criação da Enciclopédia de Diderot. Continuando com Ramsay, ao seu discurso lhe é atribuído á origem do movimento dos Mestres Escoceses que criaram o 4o Grau, mas revistando cuidadosamente seu discurso não se encontra nenhuma menção a um grau superior ao 3º Grau. A idéia de uma República Democrática Universal compatível com o sentimento patriótico é desejada quando escreve que “O mundo inteiro não é nada mais do que uma grande República, onde cada nação é uma família e cada pessoa um filho”. Advogando pela formação de uma Enciclopédia, Ramsay escreve que “Todos os Grandes Mestres da Alemanha, Inglaterra, Itália e de outras nações, exortam, tanto aos sábios como aos artesãos da fraternidade, para que se unam para facilitar os materiais a fim de formar um Dicionário universal de artes liberais e de ciências úteis, excetuando unicamente a teologia e a política.” Evidente que, tal como aconteceu com Anderson, o discurso de Ramsay atraiu e diria que ainda atrai defensores e detratores, desde aqueles que dizem que ele não falou absolutamente nenhuma novidade citando somente lugares comuns que todo o mundo conhece até aqueles que vem nele um dos fatos mais importantes junto à Constituição de Anderson. E bom aclarar que os Ritos se desenvolvem em cada país com completa independência e separação uns dos outros e são administrados e controlados pela Potência territorial que normalmente nomeia um grupo de membros mais esclarecidos nesta área para evitar deturpações dos mesmos. Mas, com as adaptações idiomáticas e usos e costumes de cada Potência não tem sido possível evitar que existam diferenças do mesmo Rito em diferentes territórios, mas de forma algumas estas diferenças tiram a simbologia, a beleza, e o significado de cada Rito. Muitos são os Ritos criados através dos tempos, mas a Maçonaria tem continuado sem desvios no seu caminhar porque os Ritos tem mantido a mesma doutrina e as poucas excepções que tem acontecido no decorrer dos séculos, tem sido eliminados da Maçonaria denominada regular, fiel aos princípios seculares estabelecidos pela Grande Loja Unida da Inglaterra, reconhecida como a Loja mãe da Franc-maçonaria universal. 36 Capítulo 9 O Avental de Aprendiz Na sua etimologia, avante que deriva do espanhol e em árabe inglês é “apron” e em avental. avental está formado por “avante + al”, e latim “ab + ante” que significa adiante. Em é “mandil” derivado do latim “mantile”. Em francês é chamado “tablier” cuja tradução é Alguns investigadores acreditam ver o origem do avental (não o avental maçônico, evidente) no Gênesis, cap 3 ver 21 que fala: “E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles, e os vestiu”. Ou, em outras palavras, digamos que está aqui o origem do vestido que não outra coisa é o avental que o vestido do maçom. Os aventais mais antigos foram encontrados em pinturas de tombas em Tebas de 3000 ac onde o faraó e os sacerdotes usavam aventais em forma de triângulo equilátero com inscrições de caráter mágico-protetoras. Sobreviventes do grupo que abriu a tomba de Tutankammon relatam que, quando tiradas as vendagens da múmia, apareceu um avental ricamente adornado. Os sacerdotes israelitas usavam um abnet ou avental branco e entre os persas, nos mistérios de Mitra, o candidato era investido com um cíngulo (cordão com que os ministros sagrados apertam a alva, veste talar de pano branco, na cintura), uma coroa ou mitra, uma túnica de púrpura e, finalmente, quando recebia a luz, um avental branco. Existe uma lenda de origem persa que fala que o povo na suas lutas contra um tirano de nome Zohac, foi sempre conduzido à vitória pelo ferreiro Kaweh que usava um avental de pele e que era erguido como estandarte. Os essénios revestiam os iniciados com túnicas brancas e na Índia os candidatos eram vestidos com o sach ou zennar sagrado que pendia desde o ombro esquerdo até o quadril direito. As primeiras referências de avental maçônico estão nos regulamentos de uma Loja operativa de Warwick, Inglaterra, que ordena que os recém iniciados “vistam à Loja” dando aos seus irmãos comida, bebida, hospedagem, luvas e aventais. No retrato de Anthony Sayer, o primeiro Grão Mestre da Grande Loja fundada em 1717 é visto pela primeira vez um avental de um maçom aceito; ele é de dimensões grandes como também o são os que aparecem na portada da primeira edição do Livro das Constituições, no quadro “Noite” de autoria de Hogarth, nas Antigas 37 Constituições publicada por Cole em 1731 e nas Cerimônias Religiosas de Picart, publicada em 1735 / 1736. Nessa época os aventais já eram adornados, como hoje, com bordas de seda branca. Em 1814, a Grande Loja Unida da Inglaterra, determina que o avental de aprendiz devia ser de pele de cordeiro, todo branco, sem adornos, forma retangular de 14 à 16 polegadas de largura e 12 à 14 polegadas de altura. O Rito Escocês Antigo e Aceito, no Convento de Laussanne de 15 de setembro de 1875, codificou as condecorações maçônicas e os aventais dos diferentes graus, acompanhando a determinação anterior da Grande Loja Unida da Inglaterra. A Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo aceita um tecido que substitua a pele de cordeiro e as medidas são 35 cms de altura por 40 cms de largura. O avental maçônico deveria ser confeccionado exclusivamente com pele de cordeiro; o carneiro é considerado com emblema de humildade; representa a ressurreição da luz na Páscoa de Pentecostes na festa da passagem quando o Sol, no equinoccio da primavera passa pela constelação do carneiro, derramando sobre a Terra sua benção de luz e de vida. Devemos eliminar de nós a prepotência e a vaidade e atuar sempre com a humildade do carneiro que vá para o sacrifício. Considerando a natureza humana, dir-se-ia que é a condição mais difícil de ser cumprida. A cor branca sempre simbolizou, em todos os ritos e mistérios dos povos desde os mais antigos e sábios, a pureza, sendo usada nos vestidos dos iniciando e das jerarquias mais elevadas. Para os maçons, simboliza a pureza da alma. O avental está constituído de duas figuras geométricas: um quadrado e um triângulo formado pela abeta levantada. O quadrado representa a matéria ou plano físico que serve de centro as reações instintivas que não olham para o aspecto moral e sim para a conservação da matéria e do corpo que é onde vive e se manifesta o espírito. Os instintos dominam o mundo dos sentidos e as paixões determinam nossa conduta. A Maçonaria estima que os Aprendizes ainda não desenvolveram a razão e a parte espiritual representada pelo triângulo, ou seja, esse fluído sutil dotado de sensibilidade, inteligência e essência para atingir um grau superior. É por isso que no avental o triângulo está localizado acima do quadrado para lembrar que o plano físico, causa e origem dos erros humanos, deve ser redimido pelo espírito que é a força superior que conduzirá o Homem pelo caminho certo da verdade e da aproximação à Deus. O Aprendiz usa a abeta levantada para se proteger das injurias causadas pelo cascalho da pedra bruta que ele está desbastando para serem usadas na construção do Templo. É por isso que o avental é o 38 símbolo também do trabalho e como os maçons comparecem ao Templo maçônico para trabalhar, eles nunca podem esquecer de usar o avental sempre que estiver dentro do Templo. Capítulo 10 A abertura do Livro da Lei Na abertura dos trabalhos de uma Loja maçônica no grau de Aprendiz, conforme os Land-marks é aberto o Livro da Lei correspondente à religião majoritária do país onde está localizada a Loja. Naquele país que a religião cristã é majoritária, o Livro usado será a Bíblia. O Oficial encarregado se posta no Altar dos Juramentos, localizado no centro geométrico da Loja e procede à leitura indicada pelo Rito no qual a Loja está trabalhando. No caso do Rito Escocês Antigo e Aceito são lidos os versículos 1, 2 e 3 do Livro dos Salmos, o capítulo 133, À excelência do Amor Fraternal, Cânticos dos Degraus de Davi. Os Salmos são o Livro mais extenso da Bíblia com 150 cânticos de louvor, sendo 72 atribuídos a Davi, entre eles o 133 (que em algumas edições da Bíblia aparece como 132 devido a uma diferencia de numeração existente entre a Bíblia católica e a protestante, porque os Salmos 9 e 10 e o 114 e 155 são reunidos em um só e os 116 e 147 são divididos em dois) Cada versículo tem uma interpretação esotérica que justifica desde o ponto de vista maçônica sua inclusão no momento solene de Abertura do Livro da Lei. Vejamos um a um, os três versículos. O versículo No 1 fala assim: "Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! Este primeiro versículo é de fácil interpretação já que é um canto a fraternidade que, quando praticada de coração e não somente mencionada como simples retórica é a base da harmonia e da igualdade que deve reinar entre os homens; é a labor inicial do Primeiro Grau que é o Grau do Aprendiz. Versículo No 2: É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Aarão, e que desce a orla de seus vestidos. 39 Neste versículo, a fraternidade mencionada no versículo anterior, é comparada com o óleo precioso. A aplicação de azeite, óleo ou essências gordurosas e perfumadas ao corpo ou à cabeça era costume antigo muito comum. Nas Escrituras podemos observar o relato do uso da unção para diversos fins: · A unção das pessoas com fins medicinais, como expressão de alegria, como prova de consideração, como cuidado do corpo e da beleza, para honrar os seres queridos que morriam embalsamando seus corpos, em sinal de honra a um hóspede ilustre, etc · A unção de objetos; encontramos várias citações bíblicas de ocasiões em que objetos foram ungidos para serem usados em atividades religiosas. Esta unção era observada no sentido que tais objetos seriam separados para o culto religioso, isto é, seriam de uso exclusivo do sacerdote. · A unção de sacerdotes. Conforme a Bíblia, Deus separou a Arão e seus descendentes para que exercessem o sacerdócio em Israel e ordenou a Moisés que distribui os vestuários sagrados a Arão e seus filhos, e os ungisse para que oficiassem o sacerdócio. A unção tornava o sacerdote santificado para exercer o ministério, como também todos os objetos que fossem ungidos com o óleo sagrado. · Os Reis também eram ungidos e essa unção era ministrada pelo Grão sacerdote, na sua qualidade de representante de Deus na Terra, e assim o Rei recebia a orientação divina. Comparar então a fraternidade com o óleo precioso corresponde a comparar ela com um símbolo com que antigamente era distinguida a divindade. A fraternidade é tão importante como o óleo com que Arão foi ungido Grão Sacerdote de Israel. E quem foi Arão? Sabemos pela História Bíblica que Jehovah ordenou a Moisés liberar seu povo da prisão no Egito, mas Moisés alegou sua falta de eloqüência e deus prometeu-lhe inspiração, além de um porta-voz para ser o intermediário com o povo, colocando sabedoria em Arão. Arão era filho de Amram e Yokabed, portanto irmão de Moisés e neto do patriarca Levi; tinha nascido em Egito em 1574 ac. A Arão e seus descendentes é confiado o Templo, devendo cuidar dele, convocar o povo no serviço religioso e castigar com a morte aos estranhos que chegarem indevidamente ao Templo. Os livros bíblicos tem muitas referências de Arão, demonstrando que ele é o chefe do povo israelita, quer dizer, o mestre dos Eleitos. Que podemos interpretar de todo isto? 40 A cabeça de Arão é o trono de Salomão, onde fica o Venerável Mestre, as suas barbas são os Oficiais da Loja e as suas vestiduras são o Quadro de Irmãos. O óleo precisos é a fraternidade que do Venerável Mestre desce para os demais Oficiais e, deles, para todos os Irmãos. Jehovah é o Grande Arquiteto do Universo, Moisés eqüivalente do Grão Mestre e Arão é o Venerável Mestre da Loja composta pêlos fugitivos. Moisés tem, a tarefa de livrar ao seu povo da escravidão e conduzir eles na fuga. Simbolicamente interpretamos escravidão como sinônimo de tirania, ignorância, e o povo inicia a sua fuga dos vícios, dos erros, dos defeitos profanos, etc. Arão, com a sabedoria recebida do Grande Arquiteto do Universo, ajuda a Moisés na sua tarefa e, quando ungido, cuida do Tabernáculo onde os profanos que se aproximarem, morreram. Não morre o profano na Câmara de Reflexões antes de ser iniciado? Versículo No 3: “Como o orvalho de Hermon, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre”. Para interpretar o 3o versículo, deveremos fazer uma descrição do reino de Sião que, naquela época, era uma terra fértil, com muitos sistemas montanhosos, sendo o maior de todos a Cordilheira de Hermon, com o monte do mesmo nome com 2.700 mts de altura e localizado no paralelo ou grau 33, ao Norte da Palestina. Dele nasce o sistema hidrográfico que alimentar as terras sedentas para produzirem até 3 colheitas por ano. O Monte Hermon atrai o orvalho e vai acumulando-o na suas ladeiras para, em forma de manancial de águas generosas, descerem até os montes menores e as terras que as aguardam para produzir os frutos abençoados. E agora podemos dar a interpretação certa a este 3o versículo: o Monte Hermon é a Maçonaria Universal; sua fraternidade derrama-se sobre as Grandes Lojas, para os Vales, as Oficinas e todos os Irmãos, que desfrutarão desta fraternidade como se fosse o mais prezado fruto. TEMAS PARA O APRENDIZ MACOM Capítulos 11-20 Ven.Irmão OMAR CARTES 41 Capítulo 11 O Chapéu do Venerável Mestre Sempre chamou a atenção dos Aprendizes no Rito Escocês Antigo e Aceito, o porque o Venerável Mestre usa chapéu nas sessões e porque em determinados momentos ele tira o chapéu e coloca-o novamente. O simbolismo maçônico desde o século XVIII, pede do Venerável Mestre usar chapéu, como um símbolo de autoridade e que, aparentemente este uso vem das cortes da época quando o Rei cobria sua cabeça ficando todos os outros cortesãos inclusive nobres de alta patente, descobertos. Mas no ocultismo, encontramos uma explicação que nos convence mais porque a Maçonaria sempre tem tomado das ciências ocultas ou de muita sabedoria seus usos e costumes, para preservar tudo o que de mais elevado o Homem produziu através da história. Os ocultistas dizem que os pêlos curtos e grossos das sobrancelhas e da barba do homem, são emissores de energia, enquanto que os pêlos finos e longos dos cabelos são catadores de energia. Por este motivo o Venerável Mestre mantendo-se de cabeça coberta, indica que ele nada mais tem a receber dos demais membros da Loja, uma vez que chegou ao termo final de sua iniciação. O chapéu de aba abaixada, lhe confere o poder e a autoridade que ele está pronto a exercer, perante os irmãos da Loja que ainda não chegaram aos seus conhecimentos plenos. Mais, em certos momentos, o venerável Mestre tira o chapéu quando, na apertura do Livro da Lei que é a verdade revelada de Deus, são lidos versículos da Bíblia e depois são elevadas preces ao Grande Arquiteto do Universo; nesse momento a Loja está invocando a presença de Deus e o Venerável Mestre descobre-se para poder receber também os influxos divinos. Terminado esse momento, cobre-se novamente. Capítulo 12 Os 3 pontos A costume de colocar três pontos após a assinatura de um maçom, não é tão antiga como poderia pretender-se. Ela aparece pela primeira vez em 12 de Agosto de 1774 em uma circular do Grande Oriente da França comunicando um novo valor da anuidade e a mudança de local. Confirmando o anterior vemos que na Constituição 42 de Anderson, documento básico da Maçonaria chamada Moderna, publicada em Londres em 1723, não é usada em parte alguma a escritura tripontuada. Esta forma de escritura, que teria como objetivo principal ocultar a compreensão de textos do entendimento de profanos, não tem sido exclusividade dos maçons; na Corte Pontifícia de Roma existia um tribunal denominado “Tribunal da A C\u8220" que era escrito justamente com as letras A e C seguidas de três pontos. Para uns era interpretado como Augusta Consulta, para outros Auditoris Curea e, inclusive, Auditor Camarae. Esta situação é, até certo ponto, comum em sistemas religiosos ou filosóficos, em que um símbolo ou ensinamento é adotado indistintamente por uns ou por outros. Acontece com a escada de Jacô; a cruz, adotada pela Igreja Católica alguns séculos depois da morte de Jesus; o Ternário, comum, praticamente, a todas as religiões, o avental, usado por todas as importantes religiões e mistérios antigos nas cerimônias de iniciação, etc. Se bem é certo que o maçom deve orgulhar-se de usar os três pontos na sua assinatura, ela não constitui uma obrigatoriedade, considerando que haverá certos casos em que por razões políticas, profissionais, familiares, etc, o maçom poderá ter a necessidade de não manifestar abertamente sua condição de tal. Inclusive, em nosso Ritual de Aprendiz da GLESP as iniciais não sempre são seguidas dos três pontos, tal é o caso das iniciais contidas nas páginas 13, 14, 23, 77, 78, 79, etc. edição 1989. Também, a pessoa que usa os três pontos na sua assinatura não é necessariamente um maçom. Ë como a pessoa que usa um adesivo maçônico no seu carro; já tivemos um caso em nossa Loja em que um irmão ao se encontrar com um carro luzindo um adesivo maçônico ele deu o conhecido toque de três buzinadas, provocando a ira do suposto condutor maçom que imaginou estar sendo criticado na sua condução pelo nosso irmão. O significado simbólico dos três pontos está, evidentemente, relacionado com o Ternário e como todos nos sabemos, o significado é variado e abrange todos os símbolos relacionados com o número três. O primeiro ponto é o origem criador de todo o que existe, o Uno, a Monada, o Princípio Fundamental, a Unidade, é Deus. Os dois pontos inferiores são a Dualidade, são gerados pelo primeiro ponto e, se se juntaram, voltam a ser a Unidade, da qual tiveram nascimento. O ponto superior corresponde ao Oriente em Loja, que é o mundo Absoluto da Realidade, é o Delta Sagrado, e os dois pontos inferiores correspondem ao Ocidente, ou seja o Mundo relativo, o domínio da Aparência, são as duas colunas, como mais um emblema da dualidade. Como podemos ver, a interpretação dos três pontos, são muitas e nelas não poderemos ficar restritos, para não pecar de dogmáticos. 43 Capítulo 13 A Pedra Bruta Ao pé da Coluna do Primeiro Vigilante existe uma pedra de forma irregular com que a simbologia maçônica representa a parte da personalidade humana na qual ainda estão latentes todos os sentimentos, tendências ou instintos ancestrais, mais ou menos atenuados pela educação, caráter e o médio ambiente. Esta pedra em seu estado bruto, representa o Aprendiz que chega à Ordem com um desejo, vontade, inquietude permanente de burilar suas asperezas, transformando seu espírito profano, ignorante, pleno de temores, vícios, até se converter em um maçom reto, virtuoso, sábio e útil para a sociedade. Definir a Pedra bruta é difícil; a expressão pode até ser mal interpretada por um Aprendiz que sentirá que está sendo chamado de forma peiorativa pelos seus irmãos maiores. Sócrates, demonstrando aos seus discípulos o aperfeiçoamento do espírito, usou o simbolismo da transformação de uma pedra informe em uma perfeitamente geométrica, deduzindo-se assim que os esforço será maior quanto mais perfeição pretenda-se alcançar. Jesús falou a um de seus discípulos: “Tu es Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (Mateus, cap XVI, ver 13-19) referindo-se ao desenvolvimento da parte não material do homem. O Aprendiz deve ser encorajado a apoiar sua personalidade sobre uma base equilibrada e que será obtida educando seu caráter com esforço e constância, vencendo as paixões, submetendo a sua vontade e tentando despojar-se do invólucro material para dar passo ao espírito purificado. Para viver melhor em nosso círculo familiar, profano e maçônico, devemos polir nossa Pedra Bruta. Deste ponto de vista, a definição da Pedra Bruta torna-se fácil para o Aprendiz. A seleção de um profano para ingressar numa Loja, é um processo da mais alta responsabilidade e importância e apresenta uma grande similitude com a Pedra Bruta, que vem a ser o profano candidato. Esta escolha é feita pelos Mestres da Loja, e a Pedra Bruta deverá Ter uma forma próxima a uma esfera; as pedras com formas alongadas apresentam dificuldades para seu transporte desde o canteiro até o local da construção; pedras similares a uma esfera podem ser roladas com facilidade e o desbaste até formar um cubo será mais fácil, porque não será necessário retirar tanto material. Evidente que o diâmetro mínimo deve ser aquele que permita lapidar uma pedra cúbica com as dimensões corretas. Para realização do desbaste da pedra bruta é necessário ter uma superfície plana e nivelada como referência. Esta superfície é o conjunto de pedras polidas que são os 44 Mestres da Loja. Se a Loja não existir um grupo de Mestres de boa formação maçônica será um trabalho muito tentar formar um bom grupo de Aprendizes e o futuro da Loja estará comprometido. O primeiro desbaste da pedra bruta é o mais importante; se retirar material em excesso não haverá material para uma pedra de dimensões corretas; simbolicamente, se na iniciação, a Loja confundir o cerimonial com um trote acadêmico, a Loja perderá um bom candidato como maçom. Aquelas Lojas que não respeitam o candidato e submete-lo a provas absurdas que nada tem a ver com uma iniciação maçônica, tais como tábua de pregos, encontros no cemitério a media noite, viagens de ambulância na cidade, ameaças ou comentários absurdos para ele ouvir quando está com a vista vendada, deverão sentir-se envergonhadas de formar parte da Ordem maçônica. Capítulo 14 Circunvolução em Loja Circunvolução significa andar em voltas e esta era uma forma de caminhar em torno do Altar, tanto o sacerdote como os oficiantes em quase todas as cerimônias ritualísticas da antigüidade. Esta forma de circular lembrava o curso aparente do Sol e de todos os corpos celestes em torno da Terra, que poetas e filósofos acreditavam que produzia um som harmonioso, imperceptível para os ouvidos humanos e que recebia o nome de música das esferas. Este caminhar em círculos era sempre do Oriente para o Sul, seguindo pelo Ocidente e dali para o Norte e, desta forma, sempre o Altar ficava a direita do sacerdote; a direita sempre foi considerada benéfica e a esquerda, maléfica. Lembremos que na iniciação, o Experto sempre deve ficar a esquerda do candidato para nada interfira entre este e o Altar. Entre os hindus esta forma ritualística de caminhar era utilizado em todas as cerimônias religiosas desde o acordar do brâmane que inicia o dia adorando o Sol com seu rosto voltado para o Oriente, logo se dirige ao Sul e depois ao Ocidente, exclamando “sigo o curso do Sol”. Os sacerdotes druidas giravam três vezes em torno do Altar que estava a sua direita esta viagem sagrada recebia o nome de “Deiseal” palavra composta e que significa a mão direita e o Sol. Nos romanos a circunvolução tinha relação íntima com a expiação e a purificação. Os sacerdotes e o povo grego, sempre davam três voltas em torno do Altar, cantando hinos sagrados, nas suas cerimônias de sacrifícios. 45 Vemos que todos os povos antigos utilizaram a circunvolução como homenagem a Deus e à sua obra mais maravilhosa: o Sol. A Maçonaria tem procurado conservar em seus ritos as mais elevadas significações antigas e a circunvolução tem sido uma delas. A Loja maçônica representa o Universo, as três Luzes representam as três mais importantes posições do Sol no seu percurso diário. Este seria o significado na sua conceição astronômica antiga (quando se acreditava que a Terra era plana e que o Sol girava em torno dela) e daqui deriva o simbolismo intelectual que indica que este é o caminho que o Homem deve seguir na sua procura permanente da luz, ou seja, da sabedoria. Hoje os conhecimentos astronômicos são outros mas o esoterismo da antigüidade tem sido mantido. E no Oriente do Templo maçônico?. Estando o Altar dos Juramentos localizado no centro da Loja e, portanto, no Ocidente, a circulação no Oriente não obedece ao movimento horário do relógio, cuidando-se unicamente de fazer a saudação ao Delta ao cruzar o eixo central da Loja. O movimento de circunvolução não tem tido aceitação em todos os ritos e, inclusive, em todas as Potências praticantes do mesmo rito.Mas pelo aqui exposto, ele tem como base antigas tradições estabelecidas por nosso antepassados milenares e incorporadas no simbolismo maçônico, merecendo então todo o nosso respeito. Capítulo 15 O Painel da Loja de Aprendiz A maçonaria usa como elemento fundamental de seus programas de Docência maçônica, os símbolos, constituindo eles uma linguajem própria dentro da Ordem. Desde o momento que o profano é introduzido na Câmara de reflexões e depois bate a porta do Templo, desejoso de ver a Luz, a Maçonaria, mantendo a tradição dos antigos filósofos egípcios, encerra sua filosofia por meio de símbolos, através dos quais oculta suas verdades ao mundo profano. O Dicionário define o símbolo como algo usado para outra coisa, por exemplo, um objeto material que representar uma idéia abstrata. Por exemplo, a corrente união, o pavimento de mosaicos brancos e pretos é igualdade, o esquadro é símbolo de retidão, etc. representar serve para simboliza a símbolo de Analisando um símbolo primeiramente de uma forma simples, temos a descrição do elemento material sob o ponto de vista estético 46 e, logo, as mentes mais esclarecidas interessar-se-ão pelo aspecto filosófico, o princípio para expressar idéias ou ideais, como verdadeiro substituto da imagem. Podemos dizer que o símbolo sintetiza um acúmulo de conhecimentos, resume objetivos que procuram dirigir a mente humana. O símbolo não é estático ou dogmático, ele tem uma bagagem de significados múltiplos, sempre em evolução, sendo que a interpretação simples ou complexa depende do intelecto de cada uma; usando como metáfora o computador, uma pessoa com conhecimentos elementares poderá usar o equipamento para operações matemáticas básicas e emissão de relatórios simples, mas para usar todo o potencial do computador em cálculos transcendentais, o usuário deverá se aprofundar no estudo de cálculo superior e informática. Eis o símbolo em palavras modernas: um Banco de Dados acumulado por mentes superiores através de milênios, a disposição das mentes que saibam como interpretar e usar estes conhecimentos, para trilhar o caminho exato da verdade. E é no Painel da Loja de Aprendiz onde nos deparamos com uma quantidade de símbolos que formam o ensinamento básico do Aprendiz maçom. História Os maçons medievais operativos, reunidos secretamente nos canteiros de obras, examinavam no final da jornada diária, as plantas de construção para programar o trabalho para o dia seguinte. Com o ingresso dos elementos especulativos a partir de 1600 os maçons, para manter a tradição, começam a marcar no chão a “forma da Loja”, desenho feito pelo Arquiteto da Loja sendo que, ao final dos trabalhos, tais marcas eram desfeitas pelo Aprendiz mais novo. A desenho feito com giz, carvão ou argila, era o projeto de construção continuando a tradição dos maçons operativos. O sistema de desenhar e apagar a cada reunião tinha seus inconvenientes e alguém sugeriu sua substituição por tecidos pintados. Existem referências que na década de 1730, a Loja Old King’s No 28 foi presenteada com um tecido representando “as várias formas das Lojas de Maçons”. A Loja Ressurrectio No 99 da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, trabalhando no Rito de São João, preserva a tradição do tecido pintado até hoje. O tecido pintado era, de certa forma, uma peça de arte que começou a ganhar o respeito dos irmãos, e quando alguém questionou o fato desta jóia ficar no chão, ela começou a ser pendurada na parede ou colocada sobre mesas. Vários modelos de 47 Painéis surgiram representando símbolos maçônicos perdendo-se no esquecimento a origem e finalidade dos painéis primitivos. Entre os anos 1821 e 1824 o desenhista inglês John Harris, pintor de miniaturas, iniciado em 1818, desenvolve desenhos de painéis para os três graus simbólicos e para um grau filosófico. Os Painéis de Harris ganharam a adesão de várias Lojas pela simbologia neles representada e paulatinamente começaram a ser mais e mais usados. As Grandes Lojas em geral nunca autorizaram qualquer desenho particular de painéis, embora o uso dos Painéis de Harris sem nenhum pronunciamento em contra, acabou sendo uma oficialização indireta. O painel em inglês é conhecido como “tracing board” e em francês como “planche à tracer” sendo significado de ambos, similar. Algumas literaturas antigas concordam que o Painel seja uma jóia fixa usada pelo Mestre para desenhar. A Segunda Instrução do Aprendiz nas GG LL brasileiras menciona como uma das jóias fixas a Prancheta da Loja que serve para o Mestre desenhar e traçar. Embora o Ritual não o discrimine assim, parece ser que a Prancheta da Loja e o Painel do Grau são o mesmo símbolo e, portanto, tem a mesma origem. Pavimento Mosaico O Pavimento Mosaico é constituído de quadrados alternativamente brancos e pretos tendo em sua volta uma orla dentada ininterrupta que lembra a unidade que deve existir entre todos os homens. Nas laterais estão as letras correspondentes aos quatro pontos cardeais simbolizando a universalidade da Maçonaria. A expressão certa é Pavimento Mosaico pois sua origem é baseada na lenda que Moisés teria assentado pequenas pedras multicoloridas no chão do Tabernáculo hebreu; pavimento de mosaico seria uma referência a um piso feito com pedras justapostas e nada tem a ver com simbologia maçônica. O Pavimento Mosaico rigorosamente e como exige o Ritual maçônico deve cobrir todo o solo do Templo mas, por razões difíceis de determinar e que poderiam ser de arquitetura, economia na construção ou desvios da ritualística que, repetidos acabam convertendo-se em regra, os Templos maçônicos começaram a usar o Pavimento Mosaico desde a porta de Ocidente até a Grade de Oriente e posteriormente ficou só um retângulo de comprimento igual ao dobro da sua largura. Sendo o Pavimento Mosaico o solo de todo o Templo, o retângulo que hoje é usado não é um símbolo sagrado podendo-se por tanto pisar sobre ele quando da circulação dos irmãos dentro do Templo, já que ele é um elemento constitutivo do piso. 48 O simbolismo do contraste dos quadrados brancos e pretos é expressão da dualidade da Luz e das Trevas, da igualdade das raças humanas ou como sugestão da Fraternidade Universal contrária aos preconceitos religiosos, políticos ou de qualquer outra índole. O certo é que o Pavimento Mosaico é o caminho de pedras lavradas em que se firmam os passos daqueles que se livram da lama (Salmos 40/2 : “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo; pós os meus pés sobre uma rocha firme, firmou os meus passos.) O charco de lodo são os vícios que aviltam o homem, a rocha firme, o Pavimento Mosaico, está suportado pêlos valores morais que dignificam o homem de bem. É pelos ladrilhos do Pavimento Mosaico que se regulam os passos; por isso no Rito Escocês Antigo e Aceito, devem ser dispostos em diagonal. Já no Rito Moderno podem configurar um tabuleiro de xadrez pois neste Rito o Passo regular e o Esquadro acompanham os lados do quadrilongo. As quatro borlas que existem nos cantos do Pavimento Mosaico simbolizam a Temperança, a Fortaleza, a Prudência e a Justiça, podendo também representar os quatro elementos do mundo antigo: Terra, Água, Ar e Fogo. Altar, Livro da Lei, Esquadro e Compasso No Pavimento Mosaico e na união das diagonais dos extremos do templo é localizado o Altar dos Juramentos. Ele é de forma triangular, altura 1.5 cóvados (0.99 m) e é destinado aos juramentos ritualísticos e outras cerimônias que precisem da invocação do Ser Supremo. Sobre o Altar fica o Livro da Lei que, em nosso país é a Bíblia católica por ser esta a religião predominante. Na abertura dos trabalhos a Bíblia é aberta no Salmo 133. A presença da Bíblia nos Altares Maçónicos vem de tempos antigos, difíceis de ser determinados sendo que já os pedreiros medievais utilizavam a Bíblia nas suas reuniões. A Primeira Constituição de Anderson de 1723 estabeleceu a obrigatoriedade da crença em um Ser Supremo, denominado G.: A.: D.: U.: fórmula utilizada para definir o Deus de todas as religiões. A Constituição de Anderson de 1738 aclarou a noção exata de Deus, sendo aquele que é admitido pela religião revelada. Os Landmarks do Ir.: norteamericano Albert Mackey fortaleceram a crença em Deus com a presença do Livro da Lei nas reuniões maçônicas; assim temos o Landmark 19 (A crença no Grande Arquiteto do Universo) sendo sua negação impedimento absoluto e 49 insuperável para a admissão na Ordem, o Landmark 20 (A crença na imortalidade da alma e a crença numa vida futura) e o Landmark 21 (A exigência de um Livro da Lei, parte indispensável das alfaias de uma Loja). Entende-se por Livro da Lei aquel volume que, segundo a religião do país, contém a verdade revelada do Grande Arquiteto do Universo. Conforme este último Landmark a Bíblia poderá ser substituída por outro Livro igualmente sagrado para os Maçons nos países onde não predomina o catolicismo; por exemplo, os bramamistas usarão os Vedas, os muçulmanos o Alcorão, e assim por diante. Diferentes são as denominações dadas ao Livro Sagrado, resultante da diversidade de Ritos: Livro da Lei, Livro das Sagradas Escrituras, Livro da Verdadeira Luz, Livro da Sabedoria, Volume da Lei Sagrada. Lido o Salmo 133 pelo Past-Master mais novo desde que não esteja ocupando cargo ou, na sua ausência, pelo Orador, são dispostos, por ele mesmo, sobre o Livro da Lei aberto na página em que foi lido o Salmo, o Compasso aberto em 45o com as pontas voltadas para o Ocidente colocando o Compasso sobre o Esquadro, escondendo-lhe as pontas significando com isto que a Verdade ainda não foi revelada ao Aprendiz. O Compasso fica com as pontas dirigidas para o Ocidente, porque simbolicamente ele foi usado por Deus, desde o Oriente, na construção do Universo. Em um sentido geral, o Esquadro é o símbolo da matéria e da Terra, enquanto o Compasso é do espírito e do Céu; unidos Esquadro e Compasso, significam também a aliança entre o Céu e a Terra de que nos fala o Génese. O Esquadro sobre o Compasso lembra que no Aprendiz, a materialidade anda está por cima da espiritualidade; existe entretanto uma outra interpretação : as hastes do Compasso pressas sob o Esquadro representam a mente ainda subjugada pelos preconceitos e pelas convenções sociais, sem a necessária liberdade para pesquisar e procurar a Verdade. A abertura do Compasso indica as possibilidades do conhecimento. Um ángulo de 45o, quarta parte do círculo total, significa que a sabedoria deve ser utilizada com comedimento. A abertura de 90o indica o limite do conhecimento que o Homem não seria capaz de ultrapassar. frente ao conhecimento da divindade representado pela abertura total. A Escada de Jacó Para ir da Terra ao Céu existe a Escada de Jacó suportada pelo Livro da Lei. A Escala de Jacó é um símbolo muito espalhado entre as religiões da antigüidade nas quais, como a Maçonaria, sempre se considerava formada de sete degraus, sendo sete um número sagrado. 50 Todos sabemos que Jacó, personagem bíblico, filho de Issac, por medo de ser assasinado pelo seu irmão primogénito Ezaú, fugiu da casa paterna para Mesopotamia e no caminho, enquanto dormia, teve um sonho no qual apareceu uma escada pela qual so-biam e desciam anjos e ouviu a voz de Deus, que do alto da escada, cedia-lhe para sempre a terra na qual estava descansando. Jacó tomou a pedra que servia-lhe de travesseiro e convirtiu-a em altar. Posteriormente Jacó mudou seu nome para Israel (Heroi de Deus) e seus 12 filhos formaram as doze tribos que deram início ao povo israelita. A escada que Jacó viu no seu sonho é o ciclo do nascimento e morte, a lei universal da evolução. Os anjos somos nos que com nossas virtudes sobimos na escada, sendo que cada degrau dela representa um valor moral que quando realmente praticado nos faz sobir para mais perto de Deus; da mesma forma, nossos defeitos e erros nos fazem descer. Quantos degraus tem a escada?. O Ritual de Aprendiz fala de “escada de muitos degraus” e que cada degrau representa uma das virtudes exigidas ao maçom para caminhar em busca da perfeição moral. Conforme prancha do Venerável Colégio da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, o número de degraus “nada significa pois está na dependência da criatividade do artista”. Em um trabalho publicado anteriormente pela Revista A Verdade indica-se que “seus degraus são tantos quantos são as virtudes necessárias ao aperfeiçoamento individual”. O Dr. R. Swinburne Clymer, na sua obra “Antiga Maçonaria Mística Oriental” opina : “É uma anomalia dar a escada mística da Maçonaria apenas 3 voltas. Entre tanto, a Maçonaria nada tem a ver com esta anomalia. O erro começou com os que gravaram pela primeira vez estes símbolos maçónicos da Fé, da Esperancá e da Caridade, surgindo a crença que a Escada Maçónica teria somente esses 3 degraus. A Escada da Maçonaria sempre teve 7 degraus e que, começando pelo inferior são: Temperança, Fortaleza, Prudência, Justiça, Fé, Esperança e Caridade”. Como se ve, o Dr. Swinburne Clymer concorda que cada degrau representa um valor moral. Que entendemos por Escada de Valores?. É um conjunto de qualidades ou virtudes que adornam a um homem de bem e que é obrigação maçônica praticar para benefício do próximo e da humanidade. Quantos são estes valores ou virtudes?. Concordemos que não pode existir uma quantidade limitada deles e que somente Deus reune dentro de sí a totalidade infinita deles. Por tanto, nossa argumentação é que a Escada de Jacó tem um número ilimitado de degraus e que eles representam os Valores ou Virtudes que devemos praticar para, de degrau em degrau, aproximarmos de Deus. Os 3 símbolos que aparecem desenhados na Escada de Jacó, conforme já falado, e que são uma Cruz no início da Escada, uma Áncora ao centro e uma Mão estendida para uma Taça ou Cálice 51 pouco antes do topo da Escada; repetiremos que eles representam a Fé, a Esperança e a Caridade, que são os símbolos básicos da filosofia maçónica. A Cruz é um símbolo universal pre-cristão, dos mais antigos, e ela existe sob variadas formas, sendo as mais conhecidas as seguintes: - Cruz gamada, de braços iguais e as extremidades prolongadas em ângulo reto como a letra grega gama maiúscula, por isso seu nome. Esta Cruz tem duas formas: a esvástica, assemelhada a duas letras Z entrelaçadas, simbolizando o movimento criador na energia cósmica, girando de Ocidente para o Oriente, e uma variante da esvástica, de sentido totalmente invertido, assemelhando-se a 4 letras gama reunidas, significando o movimento da energia destruidora e girando de Oriente para o Ocidente. - Cruz grega, tambem chamada de Salomão, com os traços iguais e entrelaça-dos, e simboliza a vida do Espírito Santo. - Cruz de Malta, cujos braços iguais se alargam em forma de leque até suas extremidades, simbolizando a irradiação crescente de força. - Cruz latina, com os 3 braços superiores mais curtos que o quarto simbolizando a vida do Filho, Segunda pessoa da Trindade; ela também pode ser formada com 7 quadrados de um cubo desdobrado. O culto cristão da Cruz como símbolo maior da Fé, começou somente no século V dc, pois a cruz na qual foi martirizado Jesus era um instrumento de tortura usado para castigar aos seres mais baixos da sociedade, tais como delinqüentes, traidores, inimigos do Estado, escravos, etc. As primeiras representações de Jesus crucificado começam a aparecer só em 430 dc, aproximadamente. A Cruz também pode ser formada pelo cruzamento do fio do prumo com o nível, símbolo do equilíbrio da força com a beleza. Pode ser também o malhete, o cinzel e a alavanca, justapostos, ou quatro esquadros unidos e como o esquadro simboliza a matéria pode estar lembrando os 4 elementos do mundo antigo (água, ar, terra e fogo); ou os 4 quadrantes do mundo. Sendo a Âncora um elemento que serve para segurar firmemente um navio, tem-se transformado em um símbolo de apoio seguro, um arrimo de confiança e é por isso que a religião transformou a Âncora em símbolo de Esperança. E nos últimos degraus da Escada de Jacó, o Painel de Aprendiz mostra uma Mão e um Cálice como símbolo de Caridade. Existem outras representações da Escada de Jacó em que o Cálice tem sido 52 substituído por um Coração, representação que não altera o simbolismo de Caridade. Como a Escada une a Terra onde moram os homens com o Céu, que é a morada de Deus, praticando a Caridade, que eqüivale ao Amor Divino, ficaremos mais próximos de Deus. Acima da Escada de Jacó, o Painel mostra uma fulgurante Estrela de Sete Pontas que com suas luzes os caminhos a ser seguidos pelo homem para atingir a sua perfeição. O Livro da Lei nos lembra que a Estrela de Sete Pontas pode estar relacionada com os sete espíritos ou Ministros ante o Trono do Senhor (Apoc 1:4), ou os sete poderes misteriosos adquiridos pelo homem perfeito, o senhor da vida e da morte (Apoc 1:10), ou os sete Selos (Apoc 5:12) “que diziam em voz alta: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber a virtude, a divindade, a sabedoria, a fortaleza, a glória e a benção”). As três Colunas Três são as Colunas que sustentam o edifício maçônico e que são a Sabedoria, a Força e a Beleza. Dentro da ordem arquitetônica grega elas pertencem a ordem jônica, a ordem dórica e a ordem coríntia, respectivamente. Cada uma delas lembra um importante personagem bíblico: a Sabedoria lembra o rei Salomão, que teve a sabedoria de construir um Templo à glória de Deus; a Força lembra o rei Hiram de Tiro, amigo do anterior, e que proporcionou dinheiro e mão de obra para construir o Templo e a Beleza lembra o artífice Hiram Abif, que com sua habilidade de artista, dirigiu os trabalhos de construção e produziu pessoalmente as obras que deram uma beleza incomparável ao Templo. Em nossa Loja, temos a Sabedoria representada pelo Venerável Mestre que dirige os obreiros, a Força está representada pelo Primeiro Vigilante que paga os obreiros que são a força de nossos trabalhos e a Beleza está representada pelo Segundo Vigilante que fiscaliza e faz repousar os obreiros. A disposição das 3 colunas no Painel da Loja de Aprendiz não obedece a sua localização no interior do Templo. Vemos no primeiro plano, perto do Ocidente, uma coluna dórica significando a Força, que simboliza o Primeiro Vigilante, e com um prumo encostado na base, que é a jóia do Segundo Vigilante e perto dele, uma Pedra Polida. Mais no fundo e deslocado ao Sul está uma coluna jônica significando a sabedoria que simboliza o Venerável Mestre, com um maço apoiado na base e na frente uma Pedra Bruta, onde trabalham os Aprendizes. 53 No fundo, quase no centro do Painel, encontra-se uma coluna coríntia que corresponde ao Segundo Vigilante mas com um esquadro na base e que é a jóia do Venerável Mestre. O desenho das três colunas mostra na parte superior de cada uma delas restos de uma laje que estava sendo suportada; é como se o artista, lembrando as ruínas da arquitetura grega de 7 séculos atrás, se inspirou nelas para dramatizar seu desenho; da mesma forma podemos estimar que a localização das colunas, acima mencionada, não guarda relação com a verdadeira posição dentro do Templo e nem com as jóias e ferramentas simbólicas usadas pelas Luzes e sim seria mais uma liberdade do artista. (Veja mais detalhes no capítulo sobre as Três Colunas.) A Pedra Bruta. Ao pé da Coluna do Primeiro Vigilante podemos observar uma pedra de forma irregular com que a simbologia maçônica tem simbolizado a parte da personalidade humana na qual estão ainda latentes todos os sentimentos, tendências ou instintos ancestrais, mais ou menos atenuados pela educação, caráter e o médio. Esta pedra, em seu estado bruto, representa o estado do Aprendiz que, chega na Ordem com um desejo, vontade, inquietude permanente de burilar suas imperfeições, transformando seu espírito profano, ignorante, pleno de temores, vícios, até se converter em um maçom reto, virtuoso, sábio e útil para a sociedade. (Veja mais detalhes no capítulo sobre a Pedra Bruta) Malho, cinzel, nível e prumo. Elas são as ferramentas que a Maçonaria entrega ao Aprendiz para cumprir com o objetivo de desbastar a sua Pedra Bruta e iniciar a construção de um Templo no seu interior. O malho e o cinzel são os executores diretos dessa labor; representando o maço a vontade e o cinzel a inteligência. O afiado gume do cinzel simboliza o critério, prudência e valor moral do Aprendiz que temperou sua moral nas práticas maçônicas para adquirir a dureza e resistência que irá eliminando as imperfeições da sua personalidade. Mas de nada serve aprender a usar estas ferramentas se o aprendido não é praticado. Acumular conhecimentos enciclopédicos para vaidade ou simples distração pessoal?. Ingressar na Maçonaria para galgar graus, receber diplomas, ostentar vistosos aventais e colares para causar a admiração de nossos Irmãos Aprendizes?. O malho e o cinzel, são símbolos de trabalho, suor, esforço e de humildade, e quando usados não devemos esquecer que 54 a prática das virtudes deve ser o fiel reflexo do que sentimos para que aquele esforço não seja estéril. Unidos, malho e cinzel, vontade e inteligência, bem dirigidas irão eliminando gradualmente nossas imperfeições em um trabalho que nunca tem término. Errado está aquele que achar que já terminou de desbastar sua Pedra Bruta. Progrediu?. Pode ser que sim, somente que ele ficou na metade do caminho. Fazemos um parêntesis para aclarar ao Aprendiz as diferenças existentes entre ferramentas de nomes similares e que até parecem sinônimos, más que não são. Malho, maço e malhete. O malho, do qual já temos falado, é um martelo geralmente de ferro, também pode ser de madeira, e que serve para golpear em outra ferramenta (o caso, um cinzel) para modificar o estado, forma ou posição de um objeto. O maço é um instrumento de madeira rija, com que os calceteiros batem nas pedras da calçada para as unir e segurar bem e também identifica um instrumento de madeira usado por escultores, carpinteiros, etc; não tem nenhuma relação com a maçonaria. O malhete é um pequeno malho de madeira ou de couro com que se bate num instrumento para ajuste, sem o danificar; em Maçonaria, define o pequeno malho usado pelo Venerável Mestre e pêlos Vigilantes durante os trabalhos; é o símbolo da sua autoridade e sempre deve ser mantido na mão direita durante toda a reunião maçônica. Continuando com o malho e o cinzel, não devemos deixar de notar que eles nos apresentam um exemplo de trabalho em união, e que quando bem coordenado e sempre aproveitando as qualidades diferentes de cada elemento, nos da os resultados desejados, neste caso, desbastar a Pedra Bruta. E não podemos esquecer que desbastando a nossa Pedra Bruta, estamos forjando nossa personalidade maçônica, tarefa longa e dura, que exigirá de nos muito esforço e perseverança. Não devemos nos desalentar se pensamos que temos avançado muito pouco ou quase nada; quanto maior o esforço, maior será o triunfo e mais fortalecido sairá nosso espírito. O nível, jóia do Primeiro Vigilante, é uma das ferramentas usadas pêlos pedreiros mais simples de aparência e de custo material quase que insignificante, mas é um símbolo que guarda princípios e ensinamentos fundamentais para a vida e progresso dos povos. A sua invenção é atribuída a Dédalo, após sua fuga do Labirinto de Creta, anos 1300 ac, mas outros autores indicam como seu criador a Rhicus, arquiteto do Labirinto de Samos ou a Teodoro arquiteto do Templo de Samos. O nível determina a diferença de altura entre dois pontos o que será fundamental para se obter a horizontal de um plano. Os 55 problemas de nossa sociedade derivam, justamente, da diferença de nível entre suas classes. O nível é o símbolo da Igualdade e nos ensina que nos devemos despojar do orgulho baseado numa eventual e transitória posição superior, seja material ou intelectual, e considerar a todos os seres humanos numa mesma altura ou nível. É importante definir de que Igualdade estamos falando. Muitos proclamam que esta igualdade é de direitos e obrigações mas surge a pergunta se podemos exigir as mesmas obrigações a aqueles privados de capacidade intelectual ou física; até que a sociedade deveria prover a eles de mais direitos que a pessoas normais. Igualdade intelectual?. Sim, desde que todos os seres humanos tenham as mesmas oportunidades para desenvolver essa capacidade intelectual. Igualdade material, sim, desde que ela seja obtida com esforço e não dada de graça a quem nada fez para merecer. Resumindo, igualdade em condições tais que todos os seres humanos possam atingir o mesmo nível. E agora falemos do prumo. Nas construções realizadas na antiga Índia, era tradição, antes de colocar uma pedra que o astrólogo indicasse o ponto do alicerce que se encontrava encima da serpente que habitava o centro da terra. Depois, o pedreiro lavrava uma estatua de madeira que era afundada perpendicularmente no chão, justo no ponto dado pelo astrólogo. Este ato repetia um ato cosmogônico (relativo a criação ou origem do Universo), já que a serpente representava para eles o caos, o amorfo no manifestado. Eliminá-la era equivalente ao ato da criação, com o passo do não manifestado para o manifestado, do amorfo ao formal (relativo a forma). O prumo mais elementar é uma corda com uma pedra atada num extremo e que suspensa pelo extremo oposto descreve uma perpendicular que sinaliza o centro da terra. O simbolismo do prumo tem uma significação dupla, derivadas da sua qualidade de conduzir sempre até o centro da terra. O Aprendiz deve ir até seu próprio centro para descobrir sua personalidade, usando a reflexão e a meditação; deve-se conhecer para corrigir-se e lutar sem descanso contra os erros e falsos conceitos que pode ter adquirido na sua vida profana. Projeta a luz da tua consciência até os mais obscuros cantos da tua alma para descobrir essas falhas que resistem um análise superficial. Finalizando, o prumo é o ideal do aperfeiçoamento, é a pauta que devemos observar para ajustar nossos atos, jamais esquecendo que ele simboliza a retidão, sendo também emblema da justiça. O Sol, a Lua e as Pléiades. 56 Na parte superior do Painel de Aprendiz vemos o Sol, a Lua e sete estrelas que são as Plêiades da constelação de Touro; hoje, com os avanços da Astronomia sabemos que esta Constelação tem milhares de estrelas, mas nos tempos antigos somente eram visíveis 7 delas. O Sol é o astro regente do Venerável Mestre porque a luz emitida por ele simboliza a sabedoria. Desde os tempos mais antigos o Sol tem cativado a atenção do ser humano, pela sua majestosa trajetória nos céus, sua morte no fim do dia, vencido pelas trevas, e a sua ressurreição, vitorioso no seguinte amanhecer. Morte e ressurreição, a vida nasce da morte, a morte não é o fim. O Sol nasce no Oriente e a sua luz é tão forte que os fracos olhos dos Aprendizes recém abertos não conseguiriam suportar, sendo por isto o motivo que os Aprendizes não podem subir no Oriente e que o seu lugar dentro do Templo é o Norte onde a luz do Sol é mais fraca (hemisfério Norte, onde a simbologia maçônica foi criada). Também explica que no Ritual nos anúncios transmitidos pelo Primeiro Vigilante ele se refere aos “IIr que decorais a Col.: do Norte” (que são os IIr AAp) e, em cambio, o S fala “IIr que abrilhantais a Col.: do Sul” onde ficam os MM e CC, diferenciando IIr que emitem as luzes dos conhecimentos adquiridos de IIr que, devido a sua idade maç por enquanto somente decoram um lugar com a sua presença. Em algumas mitologias antigas o Sol era o filho de Deus e na Alquimia a Grande Obra ou Obra do Sol, era a transformação de metais inferiores em ouro, simbolicamente transformar os vícios em virtudes ou em ouro do espírito. A Lua, que recebe a luz do Sol e irradia ela para o nosso planeta, é o astro regente do Primeiro Vigilante. A magia considera a Lua benéfica nas suas faces ascendentes e maléfica nas descendentes; no Painel vemos que a Lua está representada na sua fase crescente, como Lua cheia. Para os povos antigos o Sol e a Lua eram os olhos, situados em ambos lados do eixo do mundo, similar a posição em que estão representados no Oriente trás do trono do Venerável Mestre que está no eixo da Loja. As Plêiades são também conhecidas como as sete irmãs e regem os Mestres Maçons, a plêiade dos homens justos já que esse é o seu significado no dicionário. A sua localização na abóbada é no centro deslocado para o lado Norte. Capítulo 16 57 As Colunas B e J “21 Depois levantou as colunas no pórtico do templo: e levantando a coluna direita , chamou o seu nome J ...; e levantando a coluna esquerda, chamou o seu nome B ... “ (I Livro Reis Cap 7) Sendo o Templo maçônico, na maioria dos Ritos, construído a semelhança do Templo de Salomão, tem incluído dentro da sua decoração as duas colunas de bronze mencionadas na Bíblia, e conhecidas como colunas B (à esquerda, para quem olha desde a entrada) e J (à direita). A palavra coluna origina-se do latim “columnae” que significa apoio, suporte, sustentação. Conforme o Dicionário, uma coluna é um pilar que pode sustentar uma abóbada, uma estátua, etc. e está formada por uma base, um fuste, que é o corpo cilíndrico, e um capitel, que é a parte superior que serve para apoiar o corpo que a coluna irá a sustentar. Em arquitetura também podem ser usadas somente como objeto de decoração, tal o caso do Templo de Lúxor, cuja construção foi iniciada por Amenhotep III ou Amenófis III (1417–1379 ac) e terminada por Ramsés II (), de colunas papiriformes e lotiformes, onde o templo é precedido por fileiras de obeliscos (símbolos de proteção divina) e segue-se um pátio rodeado de colunas, com altura de até 20 metros, onde o povo podia entrar; este pátio era aberto e essas colunas, por tanto, nada sustentavam. Na entrada de todos os Templos egípcios existiam duas colunas e nas catedrais góticas construídas pelos autênticos pedreiros elas estão representadas pelas duas torres do pórtico. Para os antigos o Mar Mediterrâneo era seu mundo que compreendia unicamente os países que eram banhados por ele; o Mar era um Templo com sua entrada no Estreito de Gibraltar que tinha suas duas Colunas conhecidas como as Colunas de Hércules; eram sustentavam o céu sendo um símbolo de força. Muito se têm discutido se as Colunas B e J estariam dentro ou fora do Templo tentando definir a posição correta delas em um Templo maçônico; realmente, estando elas no pórtico conforme a Bíblia já citada, elas são o portal de entrada no Templo; acreditamos que por problemas arquitetónicos acostuma-se situar elas logo após a porta de entrada, no Ocidente. Existem Potências que cientes que as Colunas B e J são o pórtico do Templo, a entrada ritualística dos Irmãos atrasados é iniciada entre colunas, e não logo de cruzar a Porta do Templo. Não se pode cruzar por trás das colunas porque isso significa sair do Templo. Existe o Templo do Grande Oriente Paulista que ornamentou seu Templo Nobre com dois lindos pares de colunas 58 B e J: um par no Átrio e outro no interior do Templo, encostados na parede ocidental interna. A Coluna B haveria sido colocada no templo de Salomão para lembrar os judeus a coluna de nuvens que escureceu o caminho das tropas do Farão na fuga de Egito; também esta Coluna representaria a estrela Polar do Norte, chamada Estrela de Horus, nome que depois muda para Tat ou Ta-at, que significa Fortaleza, considerado como símbolo da Força; Deus impus aos judeus a criação de seu reino em fortaleza. As duas Colunas tinham um diâmetro de 4 varas reais (medida de comprimento que era usada pelos egípcios equivalente a 0,525 m) por tanto elas ocupavam a maior parte junto da porta, ficando um pequeno espaço para entrada simbolizando que a entrada ao Templo não é fácil. As Colunas eram ocas e permitiam guardar os instrumentos de trabalho dos obreiros e era ao pé das Colunas que os obreiros recebiam seus salários. As duas Colunas representam os pontos solsticiais conforme detalhado no Capítulo sobre o Ponto dentro do Círculo. Capítulo 17 As 3 Colunas Sustentam a Loja três grandes colunas denominadas SABEDORIA, FORÇA E BELEZA, representadas pelo Venerável Mestre, e pelos 1o e 2o Vigilantes, respectivamente. A estas colunas foram dadas três ordens da Arquitetura grega antiga: a Jônica, para representar a Sabedoria; a Dôrica, simbolizando a Força e a Coríntia simbolizando a Beleza. A arquitetura da Grécia antiga é considerada como a mais perfeita manifestação arquitetônica humana; foi uma arquitetura religiosa e oficial usada com grande magnificência nos templos e edifícios públicos, sendo que as casas eram extremamente simples e de baixo custo. O elemento mais característico da arquitetura grega é a coluna, que, a partir do séc. VI a. C. deixa de ser construído em madeira para começar a ser construído em pedra. As colunas eram compostas de três seções que ficavam simplesmente superpostas, sem usar material aglutinante. A coluna, por seu desenho, da a proporção e o estilo do Templo onde ela for usada, conforme se pode 59 ver se analisar a origem e filosofia de vida dos povos gregos que criaram estas ordens arquitetónicas. As primeiras ordens a serem criadas pêlos povos gregos foram a ordem jônica e a dórica. Dórios e jônicos são duas das quatro tribos helênicas, de origem indo-européia, que invadem a península balcânica a partir do século XIX a. C. Os dórios chegam no século XI a. C., ocupam a península do Peloponeso onde fundaram a cidade de Esparta. Esparta convertese em um estado militar, onde todo cidadão homem tinha que dedicar sua vida ao serviço militar, ficando o trabalho reservado aos escravos denominados hilotas. Esparta cultua até o extremo a Força física, virando uma lenda o vigor físico de seus cidadãos. A Força dos dórios é usada para conquistas importantes ocupando toda a península do Peloponeso, chegando até Sicília. E, justo, a coluna dórica, criada antes que as outras duas, tem uma forte impressão de solidez, mantendo uma simplicidade e sobriedade de sua decoração. Com os tempos, e com a influência das outras ordens, a coluna dórica ganha um pouco de estilização, tornando-se mais esbelta. Exemplo de templos onde foi usada a coluna dórica são o Templo C e o Templo de Júpiter Olímpico, ambos na Sicília, e o colossal Parthenon, construído por Péricles. Os jónios ocupam a Ática, a ilha Eubéia e chegam até a ilha Egeu na Ásia Menor. É um povo não tão militarizado como os dórios, e no século VII a. c. aparecem entre os seus habitantes os primeiros pensadores classificados como Jónios antigos, seguindo os filósofos jónios posteriores, fechando com eles o período pre-socrático. Só de lembrar seus nomes, é fácil deduzir que eles são á base de todo o esplendor da filosofia grega e que deixaram um legado de Sabedoria para a humanidade, com plena validade até os dias de hoje, 27 séculos depois. São eles Tales de Mileto, Anaximandro, Anaximedes, Xenófanes, Pitágoras, Heráclito, Parménides, Anaxágoras, Empédocles, Leucipo, Demócrito, etc. A ordem jónica atinge sua maturidade no 450 a. C., e a coluna jónica surge mais sofisticada que a dórica, ganhando mais leveza. Ainda, sobre a Sabedoria encetada na coluna jônica, extrai-mos de um trabalho do Irmão Oswaldo Ortega, que “a coluna jônica tem uma altura de 9 vezes o diâmetro do fuste com 24 estrias. O nove é o número representativo da eternidade porque ele na serie de números nove nunca desaparece; por exemplo, o nove multiplicado por qualquer número ( 9x2=18 e um mais oito igual a 9, 9x12=108, outra vez 1 mais 0 mais 8 é igual a nove) sempre será igual a nove. O 24, pelas 12 horas do dia e as 12 horas da noite, mostra os contrários onde nossa vida tem o seu relativo existir; o quatro simboliza a obra manifestada e, imanente a ela, a consciência da sua existência ou seja, o micro no macro, o Homem inserido no Universo”. As principais obras onde foi usada a coluna jônica são o Templo de Vitória Áptera na entrada da Acrópole de Atenas, o Templo de Erectéion, o Templo de Diana em Éfeso (uma 60 das sete maravilhas do mundo antigo), o Templo de Apolo em Didyma e o Templo de Atena em Priene. Corinto, localizado no golfo do mesmo nome, foi uma cidade e porto dos mais florescentes na Grécia antiga, rivalizando com Atenas e com Esparta. A ordem coríntia nasce como uma variante da jônica mas teve pouco desenvolvimento na Grécia; seu capitel, enriquecido com volutas e folhas de acanto, transforma-se em um verdadeiro arranjo florido. É uma coluna esbelta que tem uma altura de 10 vezes o diâmetro do seu fuste. Mesmo com o pouco aparente interesse dos gregos ela foi usada em importantes obras tais como o templo de Epidauro no Olimpo (séc. IV a. C.), o pequeno templo de Lysicrates em Atenas (335 a. C.) e o templo de Olympieron em Atenas, terminado durante a dominação romana, já que Roma, quando toma o controle das principais províncias da Grécia, incluindo o território de Corinto, aprecia a Beleza da coluna corintia e começa a usá-la nas suas principais obras arquitetónicas até que o próprio Coliseu de Roma ostenta no seu pórtico oito colunas coríntias. Capítulo 18 O Ponto dentro do Círculo A Franc-maçonaria instrui seus Aprendizes fundamentalmente por médio de instruções que constam no Manual que eles recebem no momento da sua iniciação e que são lidas em Loja; após a leitura de cada uma das instruções é oferecida a palavra aos Irmãos mais antigos para aclarar os conceitos nela mencionados e finalmente é solicitado dos Aprendizes escrever um trabalho sobre aquela parte da Instrução que mais chamou a sua atenção. Os temas incluídos nas Instruções são variados e de muita importância para quem está-se iniciando no conhecimento dos mistérios maçônicos, mas por razões de espaço, eles são ligeiramente mencionados sem ser desenvolvidos de forma mais completa, correspondendo aos Aprendizes dar continuidade e profundidade ao tema para atingir um nível razoável que lhe permita solicitar sua passagem ao grau superior. O Aprendiz sempre contará com o trabalho docente do Primeiro Vigilante, apoiado pelo quadro da Loja, com bibliografia que pode ser encontrada nas livrarias de bom nível, trabalhos publicados nas diversas revistas maçônicas (No Brasil temos A Verdade, A Trolha, O Aprendiz, etc). É recomendado ao Aprendiz que leia e releia cada Instrução, que leituras sucessivas ajudarão a familiarizar-se com conceitos de natureza abstrata e cujo conteúdo não sempre aparece cristalino com a primeira leitura. 61 Existem conceitos complexos que precisaria de um livro ou mais de um, se não para esgotar, ao menos clarificar o assunto. Um desses temas não de fáçil entendimento para um Aprendiz é a existência na Loja de um ponto dentro de um círculo, conceito importante, de um profundo significado e sobre o qual existe pouca literatura. No livro “Antiga Maçonaria Mística Oriental” do Dr. R. Swinburne Clymer, e estou adaptando livremente parágrafos dele que se referem ao assunto do ponto dentro do círculo. A edição consultada é da Editora Pensamento, ano 1970, páginas 119 até 127. Para entrar no assunto, lemos a 2a Instrução que fala: “Em toda Loja maçônica, Regular, Justa e Perfeita, existe um ponto, dentro de um círculo, que o verdadeiro Maçom não pode transpor. Este círculo é limitado, ao Norte ao Sul, por 2 linhas paralelas, uma representando Moisés e a outra ao Rei Salomão”. A Loja maçônica é a representação do Universo sendo seu teto o céu, no qual um grupo de astros, estrelas e constelações, estão desenhados. Como o Sol nasce no Oriente, ele está desenhado sobre o trono do Venerável Mestre e a Lua fica no Ocidente perto do trono do Primeiro Vigilante. Para ir da Terra ao céu existe a Escada de Jacó suportada pelo Livro da Lei, que fica sobre o Altar dos Juramentos, no ponto central da Loja. A Escada de Jacó é um símbolo “muito espalhado entre as religiões da antigüidade, nas quais, como na Maçonaria, sempre se considerava formada de sete degraus, porque sete era um número sagrado”. Todos sabemos que Jacó, personagem bíblico, filho de Isaac, por medo de ser assassinado pelo seu irmão primogênito Ezaú, fugiu da casa paterna para Messopotámia e no caminho, enquanto dormia teve um sonho no qual aparecia uma escada pela qual subiam e desciam anjos e ouviu a voz de Deus, que estava na parte superior dela, que lhe cedia para sempre a terra na qual estava descansando. Jacó tomou a pedra que lhe servia de travesseiro e converteu-a em altar. Posteriormente Jacó muda seu nome para Israel (Herói de Deus) e seus 12 filhos formam as 12 tribos, que deram inicio ao povo de Israel. A Escada que Jacó viu em seu sonho é o ciclo do nascimento e da morte, a lei universal da evolução. Os anjos são os seres humanos que praticando virtudes sobem na escada, pois cada degrau representa um valor moral, e os defeitos e erros fazem descer a níveis mais baixos. Deus sempre ocupa, inegável, o topo da Escada. 62 Quantos degraus têm a Escada? O Ritual fala de “escada composta de muitos degraus” e que “cada degrau representa uma das virtudes exigidas ao Maçom para caminhar em busca da perfeição moral”. Conforme um trabalho publicado no Boletim do Venerável Colégio da GLESP o número de degraus “nada significa, pois está na dependência da criatividade do desenhista”. Em um trabalho publicado pela Revista A Verdade “seus degraus são tantos quantas são as virtudes necessárias ao aperfeiçoamento individual”. O Dr Swinburne Clymer opina que “é uma anomalia dar a Escada mística da maçonaria apenas 3 voltas”. Entretanto, a Maçonaria nada tem a ver com esta anomalia. O erro surgiu da ignorância dos inventores que gravaram pela primeira vez os símbolos maçônicos para nossos monitores. A Escada da maçonaria, como as Escadas eqüipolentes das instituições semelhantes, sempre teve 7 degraus embora, nos tempos modernos, só se façam alusão aos três principais ou superiores. Essas voltas, começando pela inferior são: Temperança, Fortaleza, Prudência, Justiça, Fé, Esperança e Caridade”. O Dr Swinburne Clymer, como se vê, concorda que cada degrau representa um valor moral. Que entendemos por Escada de Valores? É um conjunto de qualidades ou virtudes que adornam um homem de bem e que é obrigação maçônica praticar para benefício do próximo e da humanidade. Quantos são estes valores ou virtudes? Concordemos que não pode existir uma quantidade limitada deles e que somente Deus reúne dentro dele a totalidade infinita deles. Conforme o anterior definimos então que a Escada de Jacó tem um número ilimitado de degraus e eles representam os Valores ou Virtudes que devemos praticar para, de degrau em degrau, nos aproximar de Deus. Todos os autores coincidem que o último degrau corresponde à Caridade e, como a Escada une a Terra com o Céu, que é a morada simbólica de Deus, praticando a caridade, que eqüivale ao amor divino, estaremos mais perto de Deus. Também a Maçonaria tem a caridade como o seu mais elevado Valor e cada Loja tem dentro de sua Oficialidade, um Oficial que com o nome de Mestre Hospitaleiro, como seu nome muito bem indica, recolhe os óbolos dos membros da Loja que, cada vez que eles se reúnem doam de forma totalmente anônima para ser distribuído entre os mais necessitados do denominado mundo profano. O dinheiro arrecadado fica, em conta separada, com a responsabilidade do Mestre Hospitaleiro. Acontece que a Loja recebe diversos tipos de solicitações para ajudas usando este fundo, mas se esses pedidos não são em benefício de necessitados do mundo profano, eles devem ser firmemente rejeitados. Inclusive, ás vezes procurar-se-á ajudar a Irmãos do quadro em aparentes situações de apuros. Mas, um maçom não pode 63 esquecer que por muito urgente sejam as suas necessidades elas nada são comparadas com a fome de milhões de pobres que hoje nada comeram e não sabem se amanha poderão comer alguma coisa. Um maçom em situação premente deve ser ajudado pelos seus irmãos mas sem usar o Fundo de Beneficência nestes casos. Fala-se, romanticamente, que se um maçom estive-se passando necessidades ele poderá, em vez de depositar, retirar discretamente dinheiro da denominada Bolsa de Beneficência. Pelas mesmas razões anteriores, esta situação não existe numa Loja autenticamente maçônica. Outra crítica a ser feita é com referência as poucas moedinhas depositadas por irmãos que depois da reunião não fazem questão de gastar quantias bem superiores no jantar fraterno que segue a reunião. Nesses casos, o Tronco de Solidariedade passa a ser realmente simbólico. Passemos agora as duas linhas paralelas. “O fato de que São João Batista e São João Evangelista eram essénios eminentes é razão suficiente para, mais tarde, os maçons” terem homenageados a eles dedicando-lhes suas Lojas e as Festas Solsticiais. “As duas linhas paralelas, que nas dissertações modernas são designadas como representando São João Batista e São João Evangelista, realmente se referem a períodos particulares do curso anual do Sol. Em dois pontos desse curso, o Sol encontra-se nos conhecidos como signos zodiacais de Câncer e Capricórnio, que são conhecidos como Solstício de Verão e Solstício de Inverno, respectivamente. Quando o Sol encontra-se nestes pontos, atingiu o seu limite máximo ao Norte ou ao Sul. Esses pontos, se imaginar o Círculo sendo analisado, representam o curso anual do Sol, serão indicados pelos pontos em que as linhas paralelas tocam no Círculo”. Antigamente um “anel seguro por duas serpentes era o emblema do mundo protegido pelo poder e a sabedoria do Criador; e essa é a origem das duas linhas paralelas (em que o tempo mudou as duas serpentes) que sustentavam o Círculo nas Lojas”. Temos, pois, duas interpretações para as duas linhas paralelas; conforme o Ritual de Aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito, uma delas representa a Moisés e a outra ao Rei Salomão, o Livro Sagrado e a Justiça. O Dr. Swinburne Clymer acredita que as linhas estão relacionadas com os Solstícios, reconhecendo que hoje em dia são entendidas como representações de São João Batista e São João Evangelista. Queremos aproveitar esta discussão e a anterior sobre o número de degraus da Escada de Jaçó, para lembrar aos Aprendizes que os conceitos emitidos nos Manuais, nos livros, nas intervenções dos Mestres em Loja, não são, sob hipótese alguma, a palavra final e que 64 ela deva ser decorada e retransmitida na mesma forma como foi ouvida ou lida. E isto é uma grande diferença da doutrina maçônica sobre qualquer outra doutrina, tanto de origem política, religiosa ou filosófica. Cada idéia deve ser ouvida atentamente, comparada com outras que possam enriquecer o conceito original; um símbolo não tem um significado limitado, seu alcance é amplo e rico e uma interpretação não anula necessariamente as anteriores e, muito pelo contrário, as enriquece. “O Ponto dentro do Circulo tornou-se um emblema universal para expressar o Templo de Deus, e se referia ao círculo planetário, no centro do qual o Sol estava fixo, como o Deus universal e Pai da natureza, pois o círculo todo do céu era chamado Deus. Julgava-se que o centro de um Templo era a residência especial de Deus, as decorações exteriores eram apenas ornamentos. O México, a Grã Bretanha, a Índia, etc, nos apresentam ruínas de Templos construídos em forma circular, em cujo centro ainda permanece o Ponto ou emblema de Deus”. “Todas as nações reconhecem como objeto de adoração uma Grande Divindade Suprema, pela qual todo o que existe foi criado. Outra idéia era que nada do que possui vida poderia ser criado sem a junção das forças geradoras, ativa e passiva. E como Deus criou toda vida deve, necessariamente, possuir dentro de si cada um destes poderes, a daí a adoração de Phallus, tão comum entre as nações antigas cujo símbolo era o emblema que estamos considerando, e que se encontra nessa relação por todo a parte, nos monumentos da antigüidade”. “O Ponto dentro do Círculo é derivado do Antigo culto do Sol e é, realmente, de origem fálica. É símbolo do Universo, o Sol sendo representado pelo Ponto, ao passo que a circunferência é o Universo”. Os antigos adoravam o falo como símbolo da fecundidade da natureza. A degradação das costumes dos homens fez que as Festas Fálicas se transformassem em reuniões licenciosas em que a religiosidade foi substituída pela luxuria. Hoje ainda existem povos não tão poluídos pelo ocidentalismo e mantém esse respeito pelo que, para eles, é a parte mais sagrada de nosso corpo e, assim como os ocidentais quando juramos colocamos a mão sobre o coração, numa atitude evidentemente egoísta porque sabemos que desse órgão pende nossa própria vida que é o mais importante para nos; os africanos, árabes e povos orientais antigos colocam a mão sobre o membro viril, como prova da sua sinceridade, porque esse órgão é o criador de uma nova vida e por tanto é sagrado; essa nova vida é a de seu próprio filho e, sendo assim, seu gesto, junto com ser uma demonstração de amor e respeito por Deus é uma prova de amor filial. Eis uma diferença que poderia ser uma lição para nos, mas 65 nossa vaidade de homens superiores nos impede de ver este tipo de lições. Um irmão de minha Loja, Guatimozim No 66, viajando nos anos 1970 por países africanos observou que os homens, com muita freqüência, paravam no meio da rua para fazer uma cuidadosa higiene de seu membro viril numa atitude corriqueira, simples, feita com muito respeito e sem curiosidade maldosa para ninguém. Na Bíblia, Gênesis cap 24, quando Abrão manda seu servo, o mais velho da casa, buscar uma mulher para Isaque “põe agora a tua mão debaixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo Senhor Deus dos Céus e Deus da Terra...” e no mesmo Gênesis, cap 47, quando Jacó ao morrer chamou ao seu filho José para pedi-lhe não ser enterrado no Egito “disse-lhe: Se agora tenho achado graça em teus olhos, rogo-te que ponhas a tua mão debaixo da minha coxa, e usa comigo de beneficência e verdade”. Nosso mundo desenvolvido (?) de hoje, em que a pornografia ocupa o primeiro lugar como elemento de marketing, imaginar um templo religioso com um símbolo fálico no seu centro é algo que não pode ser aceito pelas interpretações dúbias que surgiriam. “Às idéias indecentes atribuídas à representação do Phallus foram, embora pareça um paradoxo, o resultado de uma civilização mais adiantada a caminho do seu declínio, como temos provas em Roma e Pompéia”. “Para traçar o círculo completo da geração é necessário dar mais um passo. Assim encontramos... entre os gregos ... e os indianos ... símbolos do princípio gerador feminino ... sendo um pedestal ou receptáculo côncavo e circular, em que o Phallus ou coluna se apoiava e do centro do qual surgia”. “...os antigos, acreditando que se podia conceder a idéia dos poderes procriadores e produtivos da humanidade como existentes no mesmo indivíduo, fizeram a mais velha de suas Divindades hermafrodita, empregando a expressão homem-virgem para indicar a união dos dois sexos na mesma pessoa divina”. Há poucos anos, o Papa João Paulo II (1912-1978) durante seu breve reinado de 34 dias, nos meses de Outubro à Novembro de 1978, fez esta mesma declaração e que foi manchete em toda a imprensa mundial e, logicamente, transtornou à Igreja Católica. Imaginem o choque que devem ter tido os católicos ao ler nos jornais que o Papa afirmava que Deus era hermafrodita. O Papa João Paulo II tinha toda a razão na sua afirmação, no seu sentido mais puro. Somente que ele não considerou que, dentro do limitado grau de conhecimento do povo, sua afirmação não iria ser bem interpretada. Lembremos que Jesus, quando inicia seu evangélio, após sua longa preparação dos 13 aos 30 anos, quando se torna um iniciado, fala para o povo que Ele tinha grandes verdades para ensinar-lhes mas 66 eles, o povo, não estavam ainda preparados para entender. Na Bíblia, no Livro de São Mateus, cap 7, lemos que quando Jesus fala aos seus discípulos e a multidão no Sermão da Montanha, num momento ele diz: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis pérolas aos porcos, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se as despedacem”. O Papa João Paulo II, de grande nível intelectual, chegou a iniciar uma profunda reforma na Igreja para preocupação dos setores conservadores, até falecer repentinamente na noite do 28 de novembro de 1978 durante seu sono, num ataque cardíaco. “...este hermafroditismo da Divindade Suprema era considerado como sendo representado pelo Sol, que era a energia geradora masculina e pela natureza, ou o Universo, que era o princípio prolífico feminino. E esta união era simbolizada em diferentes formas, mas principalmente pelo Ponto dentro do Círculo”. “Chegamos, assim, à verdadeira interpretação do simbolismo maçônico do Ponto dentro do Círculo. É a mesma coisa, mas sob forma diferente, que o Venerável Mestre e os Vigilantes da Loja” sendo eles, símbolo do Sol e do Quadro da Loja, do Universo ou Mundo”. Capítulo 19 Os Solstícios A ascensão diária do Sol pelo horizonte do Oriente e seu descenso pelo Ocidente não é realizado sempre pelo mesmo lugar. No decurso do ano o Sol aparece e põe nos horizontes mencionados, mais ao Norte no Inverno (hemisfério Sul) e mais ao Sul no Verão, produzindo a sensação do Sol se deslocar no horizonte durante o ano entre duas posições extremas, mediante um movimento pendular. Assim, na Primavera o Sol se oculta em um ponto determinado desde o qual o ocaso avança para o Sul com velocidade retardada até parar em um ponto meridional máximo. Volta logo para o Norte com velocidade acelerada e chega a um ponto desde onde continua até uma segunda parada que se produz no Inverno. Volta outra vez ao Sul, e assim prossegue ininterruptamente em um movimento oscilante aparentemente eterno e que mostra aos olhos dos humanos uma regularidade perfeita. Vemos então que temos no horizonte dois pontos fixos e opostos, nos quais o Sol estaciona-se para, aparentemente, mudar de direção 67 e nas épocas que tal fato acontece, é conhecido com o nome de Solstício, do latim “Sol stat “ ou “Sol sistit” que significa Sol parado ou Sol detido. Este fato acontece duas vezes no ano : 21 de Dezembro e 21 de Junho. Durante o 21 de Junho o Sol está posicionado no Trópico de Câncer (23 graus e 27 minutos, latitude Norte) no Hemisfério Norte e longe do nosso Hemisfério Sul, e por isso para os habitantes de nossos países chama-se Solstício de Inverno. Ao inverso, quando o Sol, no 21 de Dezembro, alcança o Trópico de Capricórnio (23 graus e 27 minutos, latitude Sul) temos o Solstício de Verão para nos. Os Solstícios separam as duas grandes estações do ano, Verão e Inverno, nas quais o Sol é o principal e decisivo fator. São as épocas que a natureza oferece as mudanças e contrastes mais notáveis e significativos. No Verão a Terra fecundada com os raios do Sol, inchase e oferece seus frutos louvados aos homens; as espigas amadurecem douradas e ondeiam como bandeiras de paz. No Inverno a Mãe Terra, frente a época do frio, parece sumida no letargo; enquanto a quietude e as trevas reinam, a Terra no descanso fecundo, prepara-se para produzir novos frutos para o amanha. Uma fase de buliçosa vida e outra de morte aparente. Uma é a continuação da outra. É uma perpétua mudança. O homem primitivo notou, com certeza, a diferença entre as duas épocas, uma caracterizada pelo frio e a outra pelo calor, e que no início serviu-lhe de base para determinar os trabalhos agrícolas, fonte de seu principal alimento. O homem, animal racional, tentou compreender o mistério do Sol; era seu amigo, pois durante o dia com a sua luz facilitava-lhe a caça, protegia-o do frio mas que, infelizmente, todos os dias era derrotado pelas trevas e morria, deixando-o totalmente inerme, sem defesa. O ocaso do Sol causou-lhe receio e, provavelmente, medo. Amou a luz e temeu as trevas. Adorou o nascimento do Sol e chorou a sua desaparição. E esse estado espiritual foi-se transmitindo por gerações. E assim, desde a antigüidade, o Sol foi considerado uma divindade e, como tal, adorado pelo Homem. Povos históricos tais como os indianos, os persas, os gregos, os egípcios, os romanos, os aztecas e os incas, tem-lhe rendido homenagens e tributos. Em efeito, todos os livros sagrados das primitivas religiões revelavam que a teologia de todos os povos fundava-se em que os astros, especialmente o Sol, eram os causadores de todos os bens e desgraças do Homem, através da sua ação nas forças da natureza. Fonte de luz e calor, o Sol foi proclamado Rei dos Céus e Soberano do Mundo. A emocionante regularidade da sua brilhante aparição e de seu pôr ensina os Homens a verdade da vida, da morte e do renascimento. Ele é vencido pelo gênio do Mal, representado pelas 68 trevas, mas reaparece de novo como renascido e vencedor. Com esta morte e ressurreição alegórica, o Homem conhece pela primeira vez, as vicissitudes da vida e o dogma glorioso, conforme o qual a vida nasce da morte. É visível, então, que pela adoração ou culto do Sol, o Homem chegou na antigüidade à conceição das idéias mais sublimes sobre a divindade e a existência humana. Desde antigo os povos do Mediterrâneo imaginaram os Solstícios como aberturas opostas do céu, por onde o Sol entrava e saia ao terminar seu percurso em cada círculo tropical. Personificação desta idéia entre os greco-latinos foi a figura de Jano, representado como divindade bifásica, aludindo justamente a sua marcha pendular, ora progressiva ora regressiva, entre ambos trópicos. A idéia alegórica estava, por demais, implicitamente contida no seu próprio nome, Janus (de janua, que em latim significa porta). Por isto era chamado também, Janitor ou seja porteiro e era representado com um punhado de chaves nas mãos, detalhe que a tradição cristã popular transferiu depois à São Pedro como guardião das portas do Céu, porém sem nenhuma relação com os Solstícios. A semelhança das vozes Jano e João, não obstante não ter parentesco nenhum idiomático, favoreceu a mudança do Jano pagão pelo João cristão (do hebreu Iohohanam, graça de Deus). Esta mudança levava consigo o claro propósito de eliminar uma tradição que chocava com a nova religião, ainda que ela sustentava a mesma esperança, porem entendida de diferente maneira. Assim nasce no calendário do cristianismo a figura de São João Batista presidindo as Festas Solsticiais. Na obra “Símbolos fundamentais da ciência sagrada” de René Guénon, no capítulo “As portas solsticiais” é explicado o papel que desempenhavam os Solstícios nos ritos de iniciação, conforme uma tradição cuja raiz o autor localiza na literatura sagrada indiana, especificamente no Bhagavad-Sita, tradição que no Ocidente aparece assinalada nos alvores de sua própria literatura (Homero, A Odisséia, canto XIII). Surpreende verificar que as duas tradições, Oriental e Ocidental, coincidem que o Solstício de Câncer (24 de Junho) é a porta que cruzam as almas mortais chamada por isso Porta dos Homens, e o Solstício de Capricórnio (24 de Dezembro) é a porta que cruzam as almas imortais, chamada a Porta dos Deuses. O anterior explica porque os egípcios consagravam a Porta ou Solstício de Câncer, a Anubis e os gregos a Hermes. Sabemos que Anubis e Hermes eram os encarregados de conduzir as almas ao mundo extraterreno. Não está demais lembrar que este mesmo papel é desempenhado nas Lojas Maçônicas pelo Irmão Experto, onde também, simbolicamente, é suposto que chegam desde o mundo profano as almas em vias de purificação (Primeiro e Segundo Grau) e as depuradas (Terceiro Grau). 69 A Maçonaria tem considerado o Sol não como divindade e sim como síntese magnífica dos princípios fundamentais da Ordem. Assim sendo, tem condicionado seus Templos à imagem do harmonioso conjunto que é o Universo, sendo o teto da Loja a representação gráfica da abóbada celeste com o Sol desenhado no Oriente. A representação dos Solstícios dentro do Templo está no ponto dentro do círculo, assunto já tratado em capítulo anterior. O círculo traçado com o Altar como centro e de diâmetro a distância que separa as duas colunas B e J, das quais nascem duas linhas paralelas imaginarias que representam a São João Batista e São João Evangelista e que serão tangenciais ao círculo em dois pontos, que correspondem aos Solstícios de Inverno e Verão, ou vice-versa, conforme o Hemisfério Norte ou Sul; nas linhas paralelas se encontram os trópicos de Câncer e Capricórnio. Quando o Sol se encontra nesses pontos atingiu o seu limite máximo ao Norte ou ao Sul e são os pontos tangenciais com o círculo. As antigas confrarias de pedreiros tinham a regra, conforme a prática católica de escolher e reverenciar um Santo como Padroeiro. À maioria delas escolheram como Padroeiro a São João Batista e devido a isto, elas se denominaram Confrarias ou Lojas de São João e seus componentes, Irmãos de São João. Outras, em menor número, ficaram sob a tutela de São André da Escócia, São Jorge, os Quatro Santos Coroados e alguns outros abençoados. Este nome de Irmãos de São João encontra-se em corporações do século X, sendo o mais antigo até hoje conhecido. Em 1717, quatro Lojas em Londres, reuniram-se em 24 de Junho, colocando a pedra fundamental da Maçonaria Simbólica ou Moderna e proclamando a São João Batista como seu Padroeiro. A razão desta eleição poderia ter seu fundamento, analisando ou que o Batista e o Evangelista representam. O Batista, com sua prática de depuração pela água para preparar a chegada de “Aquele que virá” é o Profeta das Iniciações, o anunciador de Jesus, o precursor de uma renovação que significa nova luz nos espíritos. O Evangelista, como o mais jovem e predileto discípulo de Jesus, é o guardador de suas doutrinas e de seus ensinamentos e representa a Verdade a Verdade exposta no Apocalipse, último Livro do Novo Testamento, mal atribuído ao Evangelista, onde se relaciona a situação do Império Romano face ao poder do cristianismo, como uma verdade válida para todos os tempos e para todas as situações em que se chocam os poderes das trevas com o poder espiritual. Para os maçons que habitam o Hemisfério Sul, esta correspondência entre a data de um Solstício e a pessoa de um padroeiro se nos apresenta de um modo inverso; é assim, como 70 conseqüência deste obrigado “erro” ritualístico, no mês de junho reúnem-se para celebrar á Festa de São João Batista, que é a esperança de uma vida melhor e em Dezembro é celebrada a Festa de São João Evangelista que predica o Evangélio do amor fraternal. Capítulo 20 Zoroastro Conforme o Evangélio Persa, por volta do ano 1650 ac, e em conseqüência da luta eterna entre Ahura Mazda-Ormuzd, o senhor da Luz, e Azhriman ou Arimã ou Ahriraça, o espírito das trevas, a raça humana estava mergulhada na aflição. Os homens pediram então a Gosurvan, a alma do Touro Sagrado, que intercedesse em favor deles junto ao Trono de Deus. E Deus falou à Gosurvan: “Eu farei surgir aquele que há de salvar as criaturas da Terra”. 1000 anos se passam, e em 660 ac (outros autores indicam 607 ac) nasce Zoroastro – seu nome persa era Zaratustra – em Azerbaijan, que naquela época era província da Pérsia. Muitas informações sobre Zoroastro pertencem ao domínio da lenda, desde seu nascimento e a sua vida toda. Ao nascer Zoroastro, os espíritos maus se esforçaram em dar-lhe morte, mas ele teve a proteção de Deus. Aos sete anos foi entregue aos cuidados de um homem sábio, que alguns autores pensam que seria o profeta hebreu Jeremias; este homem o instruiu nas coisas divinas e dos 15 anos até os 33, ficou praticando a fraternidade e a caridade. Zoroastro, já Mestre, percebeu que seu povo necessitava de uma religião para serem bem preparados para as provas da vida. Concluiu que os homens estavam lutando com eles mesmos e com duas forças, as forças do Bem e as forças do Mal. Zoroastro acreditava que dominando as forças do Bem, o homem estaria certo da sua felicidade e dali procedeu a deificar o Bem, convertendo-o em Deus sob o nome de Ahura-Mazda, que significa Deus da Sabedoria, e que é o criador e guia absoluto do universo. Adotou das antigas costumes de seu povo, o símbolo do fogo que se converteu no símbolo de Ahura-Mazda, representando a faísca divina dentro do Homem, a luz da compreensão que alcançam aqueles que seguem o Bem. As forças do mal estavam representadas por um ser denominado por Zoroastro como Ahrimã, equivalente à Satã. À conceição hebraica de Satã, como Ser das Trevas e do mal, estima-se que foi tomada da religião de Zoroastro. 71 No zoroastrismo não existe o pecado mortal, mas também não existe o perdão dos pecados nem o arrependimento; aplica-se o principio da justiça e não o principio do amor. A alma do morto tem ser julgada levando em consideração toda a sua vida, premiando as boas ações e castigando as más. O Livro sagrado do Zoroastrismo é o Zend-Avesta que parece ter sido completado no século VI dc. Como o Deus adorado pelos persas, não deve ter nem templos nem estatuas, os únicos centros de adoração eram altares nos que ardia o fogo sagrado; mais tarde eles se converteram em verdadeiras piras rodeadas de pilares e três degraus. Como todos os Grandes Iniciados, Zoroastro também foi perseguido pelo poder dominante, mas teve a felicidade de converter o Rei Vishaspa, transformando a zoroastrismo na religião do Estado persa. Aos 77 anos foi morto no Templo em companhia de oito sacerdotes. Após o reinado de Dario I (521–486) o zoroastrismo transformou seu caráter, convertendo-se em mazdeísmo, impregnado de crença populares. No simbolismo maçônico, o zoroastrismo representa a escola da virtude. Os princípios do bem e do mal vivem a eterna luta com alternativas de vitória para um e outro lado. A cerimônia de purificação pelas chamas é a consagração do Altar, símbolo da divindade, puro e purificador; a purificação pela água é uma alusão a Veretraghina, vencedor do demônio, o gênio da vitória. Ahrimão significa para os maçons o despotismo político e a tirania religiosa, Ormuzd, pelo contrário, é a chama augusta da liberdade, inextinguível, embora por vezes bruxuleando. Sraosha personifica a Justiça maçônica, que pode tardar mas sempre chega. O Rito Escocês Antigo e Aceito incorpora o Zoroastrismo nas práticas maçônicas quando manda trabalhar do meio-dia à meianoite, como homenagem a Zoroastro, um dos primeiros instituidores dos Mistérios, que reunia secretamente seus discípulos, ao meio-dia, e terminava seus trabalhos à meia-noite, com um âgape fraternal, costume que os maçons continuam até hoje, praticamente em todos os Ritos. Capítulos 21-30 Ven.Irmão OMAR CARTES 72 Capítulo 21 A Corda de 81 nós A Corda de 81 Nós é um símbolo pouco conhecido que existe no Templo maçônico, estando localizado na parte superior de suas paredes, acima das colunas zodiacais. O material da corda, pese a que é permitido ser esculpida na parede, deve ser confeccionada em material natural podendo ser fibras de sisal, cânhamo, juta, linho ou outro similar. A costume de substituir materiais naturais por produtos artificiais, deveria ser abolida de nossos Templos porque com isso estamos paulatinamente perdendo o esoterismo que eles transmitem; como exemplos mencionamos o avental que deveria ser de pele de cordeiro e que hoje se permite o uso de material plástico, o acendido das velas com isqueiro e não com fósforos, a substituição das mesmas velas de cera por lâmpadas elétricas, etc. Os denominados nós, na verdade são laços chamados “laços de amor” e que lembram o amor que deve existir entre os irmãos da Loja. A forma de cada laço tem uma forma que lembra o ato de geração renovadora já que consiste em um anel (feminino) que é penetrado pela corda (masculino) mostrando como o amor atua na continuidade da vida. A disposição do laço será a de um oito deitado lembrando o infinito. Os laços devem estar distribuídos em uma perfeita simetria ao longo da Corda. O primeiro laço ficará sobre o dossel ou o trono do V M e os outros 80 distribuídos em 40 de cada lado até os extremos da Corda situados junto a porta de entrada do Templo, no Oc. A Corda termina em duas borlas que recebem o nome de Justiça ou Equidade e Prudência ou Moderação. Esta abertura da Corda, em torno da Porta indica que a Maçonaria sempre estará aberta para receber novos candidatos que se interessem pelo estudo da Verdade, como também para todos os conhecimentos e novas idéias que elevem a espiritualidade do Homem. O laço que fica sobre o trono do Va Divindade, criador do Universo e de todo o que existe. Os 40 laços ou nós de cada lado da Corda lembram os 40 dias que durou o dilúvio (Gênesis, cap 7 vers 4: “Farei chover sobre a terra 40 dias e 40 noites”), os 40 dias que Moisés passou no deserto com o Senhor (Êxodo cap 34 vers 28 “E esteve ali com o Senhor 40 dias e 40 noites”), os 40 dias do jejum de Jesus (Matheus cap 4 vers 2 “E, tendo jejuado 40 dias e 40 noites, depois teve fome”) e os 40 dias que Jesus esteve na Terra após a ressurreição (Atos dos Apóstolos cap 1 vers 3 “Sendo visto pêlos 73 Apóstolos por espaço de 40 dias”), 40 anos os israelitas peregrinaram pelo deserto até chegar a Canaã, a Terra prometida; a Quaresma dura 40 dias e antigamente certos doentes mais graves ficavam em quarentena como se tal fosse o período necessário para purificar o doente. Em numerologia, 40 é o número da penitência e da expectativa. A Verdade está representada pelo número 18; o número 81 também nos está representando a Verdade só que em uma forma oculta, simbolizando que a Verdade não é fácil descobrir, ela exige muito estudo e mesmo assim provavelmente nunca a conheceremos. O número 1 simboliza a Unidade, o Grande Criador Incriado, Deus, o G e o 8 simboliza o Infinito. Deus e o Infinito, quando nada mais existe. Um mais Oito somam Nove, o número perfeito, o número espiritual; 81 é o quadrado de Nove que por sua vez é o quadrado de Três. Nosso Irmão Oswaldo Ortega é citado em um trabalho sobre a Corda de 81 Laços, do Irmão Ivan Barbosa de Oliveira (Grande Loja de Brasilia), publicado na internet, quando menciona que os 81 laços, estando na parte superior das paredes portanto perto do céu, tem ligação com os 81 anjos que visitam periodicamente a Terra; a cada 20 minutos um anjo desce e dá sua mensagem aos Homens; são 72 visitas no dia e que somados aos 9 planetas, que também nos influenciam, chegamos novamente ao número 81. Conforme nosso Irmão Ortega estes anjos estão representados nos 81 laços. Capítulo 22 A Abóbada Celeste O Templo maçônico é coberto por uma abóbada celeste semeada de estrelas e nuvens, na qual circulam o Sol, a Lua e inúmeros outros astros, que se conservam em equilíbrio pela atração de uns sobre os outros e se o Templo representa o Universo, o pavimento é a Terra e o teto é o Céu. Em arquitetura, uma abóbada é uma construção em arco, feitas de pedras ou tijolos, que são colocados em cunha para se autosustentar, ficando uma estrutura suspensa que resulta em uma solução acústica e também estética. Esta solução foi muito usada nas catedrais de estilo gótico. 74 Entre tantas especulações existentes na história da Maçonaria, atribui-se a Elias Ashmole a criação da abóbada celeste que adorna o teto dos Templos maçônicos, e que de 5.000 astros conhecidos na época (1648 dc) haveria escolhido 36 para formar parte dela e que seriam os regentes de Luzes, Oficiais e graus maçônicos. Esta é mais uma especulação sem base, das tantas que rodeiam à Maçonaria e que não resiste o mais simples análise. Elias Ashmole escreve no seu Diário que foi iniciado em Warrington, condado de Lancashire junto do Coronel Henry Mainyaring em Outubro de 1646 e que ficou sem participar de nenhuma reunião maçônica durante 35 anos e por outra parte, lembremos que as reuniões maçônicas nessa data (século XVII) eram tradicionalmente realizadas em tabernas, numa condição muito diferente da que poderia oferecer um Templo como é atualmente. Dos 36 astros, Marte, por razões até certo ponto lógicas foi deixado no Átrio já que ele representa a guerra, a violência não podendo, obviamente, ocupar um lugar dentro do Templo maçônico. No quadro que figura a continuação estão descritos os 36 corpos celestes, o cargo ou grau que representam e uma breve descrição dos motivos pelo qual foram considerados dentro da simbologia maçônica. Só cabe dizer, que estes corpos foram considerados conforme o conhecimento astronômico existente 3 séculos atrás. Os aparelhos daquela época eram precários e somente permitiam ver os 3 maiores dos famosos anéis de Saturno e as Pleiades são uma nebulosas com infinidade de estrelas, das quais o homem antigo conheciam só sete. Uma explicação especial merece a Stella Pitagoris, regente do Segundo Vigilante. Conforme Pitágoras, quando são discutidas coisas divinas, o que realmente acontece dentro de uma Loja maçônica, deve existir um facho que ilumine o Templo. Como o Sol era a luz mais intensa do Universo conhecido foi reservada para o Venerável Mestre, simbolizando a sabedoria de Deus vinda desde o Oriente, não sendo conhecido outra estrela que emitisse tanta luz. Hoje se sabe que existem muitas outras estrelas mais brilhantes e maiores que o nosso Sol, por exemplo Arcturus, Antares e Formauhalt. Por isso, foi criada uma estrela virtual que recebeu o nome de Stella Pitagoris. ASTROS REGENTES DOS CARGOS E GRAUS 75 CARGO/ GRAU ASTRO Ordem DESCRIÇÃO Venerável Mestre Sol 1 Estrela anã amarela, 4,5 bilhões de anos de idade. Está na metade da sua vida e no final irá se converter numa super-nova; magnitude absoluta M=4.8 que indica um brilho fraco; temperatura superficial de 5.700o K; diâmetro = 1.392.00 km; emite luz e calor produto de reações termonucleares provocadas pela reação do 91.2% de H2 que se funde para formar He; 4 átomos de H2 são transformados em 01 de He. O Sol é a luz maior do sistema solar e da Loja. Sua luz é símbolo de Sabedoria. 1o Vigilante Lua 2 Satélite natural da Terra; reflete a luz do Sol. Diâmetro médio de 3476 km; distância média da Terra 380.000 km Sua volta em torno da Terra demora 27,322 dias terrestres exatamente o mesmo tempo de seu giro em torno de si mesma. Por isso sempre vemos a mesma face desde a Terra. Simboliza a luz que é recebida do VM e que é retransmitida pelo 1o Vig para as colunas. 2o Vigilante Stella Pitagoris 3 Estrela virtual de 5 pontas; é o facho de luz que ilumina o Templo quando se discutem coisas divinas. Orador Arcturus 4 Estrela gigante laranja da Constelação de Boótis (Boieiro). Diâmetro 22 vezes maior que o Sol; está a 36,7 anos-luz da Terra; Magnitude aparente -0,05 (83 vezes mais luminosa que o Sol); em latim significa “guarda da Ursa maior” e em grego “guardião de animais”. O Orador é o Oficial que cuida na Loja do cumprimento das leis. 76 Secretário Spica 5 Nome tradicional da estrela Alfa da Virgem. Magnitude visual 1,2 situada a 220 anos-luz da Terra; em latim significa “a espiga”; romanos e gregos usavam, para escrever, caules ocos de vegetal conhecidos como “specula” Tesoureiro Aldebarã 6 Estrela gigante vermelha da Constelação de Touro. Diâmetro 36 vezes maior que o Sol; Magnitude aparente 0,87; temperatura na superfície 3000o K; situada a 65,1 anos-luz da Terra; seu nome em árabe significa “adepto ou secuaz ou seguidor” porque, aparentemente, segue as Plêiades e as Hades da mesma Constelação. Chanceler Formalhaut 7 Estrela de magnitude visual aparente 1,17 e absoluta +2,0 Luminosidade 13 maior que o Sol; cor branca; situada a 25,1 anosluz da Terra; muito utilizada pelos navegantes e hoje pelos cosmonautas; temperatura superficial 9000o K; origina do árabe “Fam-al-Hout-al-Ganoubi” que significa “boca do peixe do Sul” porque pertence a Constelação de Peixe Austral Mestre Cerimônias Regulus 8 Estrela branco-azulada de 1a magnitude, a mais brilhante da Constelação de Leão situada a 68 anos-luz da Terra; diâmetro 3.5 vezes maior que o Sol; luminosidade é 130 vezes maior que o Sol; seu nome foi dado por Copérnico e significa “regente” Guarda do Templo Antares 9 Estrela supergigante vermelha, Constelação de Esorpião, diâmetro 300 vezes maior que o Sol; temperatura superficial 3500o K; situada a 604 anos-luz da Terra; seu nome significa “o rival de Marte” Cobridor Marte 10 77 Marte é um dos 9 planetas mais conhecidos do Sistema Solar ocupando a 4a órbita em torno do Sol; está situado a 80 milhões de kms da Terra; tem dois satélites naturais conhecidos; confundido visualmente com Antares devido a sua semelhança de cor; na mitologia é o Deus da guerra e por tanto foi colocado fora do Templo. 1o Diácono Mercúrio 11 É o planeta que orbita mais perto e mais rápido do Sol; sua volta demora 88 dias; é o menor dos 9 planetas conhecidos, com 4880 km de diâmetro e seu giro em torno de seu eixo demora 58 dias; na mitologia é o mensageiro dos Deuses 2o Diácono Vênus 12 Planeta que fica em 2o lugar mais perto do Sol; sua revolução demora 243 dias; conhecido como Estrela Dalva, Estrela matutina, Estrela Vespertina, Estrela do Pastor, etc; confundido como estrela por causa de seu brilho devido a sua atmosfera; surge sempre perto da Lua Past Masters Júpiter 13 O maior dos planetas conhecidos do Sistema Solar; diâmetro de 143000 km e massa 318 vezes maior que a Terra; sua volta em torno do Sol demora 11 anos; nome deriva do sânscrito Dyn (Deus) e Pater (Pai); temperatura na superfície de 130o K; possui 22 (2002) satélites conhecidos. Na mitologia, reunia em si todos os atributos divinos Cadeia de União Saturno 14 O 2o maior planeta conhecido do Sistema Solar com um diâmetro médio de 120000 km, situado a 01 bilhão de km do Sol. Sua volta em torno do Sol demora 30 anos mas sua rotação é muito rápida com 10h e 14min; Rege a Cadeia de União.... Aprend Comp Mestr ... Na época que a Abóbada Celeste foi criada, dos milhares de anéis que Saturno tem só eram conhecidos 3 anéis de Saturno que representam Aprendizes, Companheiros e Mestres ... 78 Cargos sefiróticos ... é 9 satélites naturais (hoje são conhecidos 18) que representam os 9 cargos sefiróticos : Venerável Mestre, Orador, Secretário, Tesoureiro, Chanceler, 1o e 2o Vigilantes, Mestre de Cerimônias e Guarda do Templo Aprendizes Orion 15, 16, 17 Constelação equatorial, a mais brilhante no Verão; consta de um retângulo formado por 4 estrelas e uma linha de 3 estrelas (as 3 Marias), formação associada ao avental do Ap. Na tradição árabe, Orion era a “ovelha do cinto branco”; as 3 estrelas regem os Aprendizes. Companheiros Hiades 18, 19, 20, 21 e 22 Cúmulo aberto de 140 estrelas aproximadamente, na Constelação de Touro; antigamente só eram visíveis 3 delas. Mestres Plêiades 23, 24, 25, 26, 27, 28 e 29 Aglomerado aberto na Constelação de Touro, com uma quantidade infinita de estrelas, das quais, na época da criação da Abóbada, somente 7 eram vistas a olho nu; situado a 350 anos-luz da Terra; são conhecidas como as “Sete Irmãs” Mestres Instalados Ursa Maior 30, 31, 32,33, 34, 35 e 36 Constelação circumpolar norte. Considerada a constelação mais antiga conhecida do homem. A simbologia maçônica escolheu as 7 estrelas mais significativas; os nomes das 2 maiores, Alkaid e Benetmash, formam parte da frase árabe “Quaid al banat ad Nash” que significa “a chefe das filhas do ataúde maior” NOTAS : O número de ordem é arbitrário e foi usado unicamente para contar os 36 astros que formam parte da Abóbada Celeste (incluindo Marte que fica fora do Templo) 79 Past Masters refere-se aos Ex Veneráveis Mestres Mestres Instalados são todos os Mestres que já foram instalados como Venerável Mestre, incluindo o atual Past Masters e Mestres Instalados não são sinônimos Cargos Sefiróticos refere-se ao Árvore da Vida (da Cabala) assimilando a localização dos cargos em Loja com As Esferas (ou sefiras) FONTES : Boletim do Venerável Colégio - No 87 - Carlos A. Inácio Alexandre Revista A Verdade, Julho e Agosto de 1996 - Ronaldo Ferreira da Silva Revista A Verdade, Janeiro e Fevereiro de 1999 - Milton Silva de Castro Capítulo 23 As Romãs 80 A romã é o fruto da romãzeira, pequena árvore de altura máxima de 2 metros e de madeira muito dura, mesmo sendo fina. Seus ramos são harmoniosamente distribuídos numa formando copas proporcionais, tanto para os lados como para acima. As raízes, bastante ramificadas, buscam no solo seu alimento, conseguindo alimentar a planta ainda nas condições mais adversas. Adapta-se até nas condições climáticas mais adversas. Ninguém sabe com certeza de onde é sua origem considerando-se uma planta universal. Seu período de produção é longo; no Brasil começa em dezembro e pode chegar à março e abril. Uma árvore bem cuidada pode produzir até 59 kgs de frutos. Comercialmente, como fruta a romã não é muito procurada mas é usada na produção de perfumes e por aqueles velhas costumes do povo (uma semente na carteira garante o dinheiro, onde a planta cresce existe a prosperidade) sua procura é grande, sem falar que também encontra usos na medicina popular e na produção de licores caseiros já seja combinados com frutas, cascas ou folhas. Do formulário egípcio podem ser citadas as cascas e raízes da romã, como vermífugas. A romã é abotoada, com o amadurecimento vai amarelando ficando umas partes vermelhas e deve ser colhido ainda incompleto enquanto a maturação, porque maduro atrai os pássaros e pode levar ataque de antracnose; mas, se você não tiver interesse comercial e gostar de pássaros e crianças, deixe o fruto amadurecer na árvore. Partida, a romã revela grande quantidade de sementes todas iguais, formando fileiras ordenadas, de sabor agridoce devido a composição cítrica, misturada com um açucarado envolvente. Suas sementes estão amparadas por uma película que separa as sementes por grupos, evitando o excesso de pressão sobre as sementes; a sua vez, cada semente é envolvida por uma substância de agradável sabor. Normalmente os alimentos vegetais e até animais tem uma proporção maior de potássio que de sódio na proporção de 5 : 1. Uma boa alimentação procura balancear os dois elementos e justamente a romã possui bons índices de sódio mas também não exclui o potássio. Agora, conhecendo simbologia maçônica. a romã, podemos relacioná-la com a Dentro de nos, representada por nossos pensamentos e idéias, corre a seiva que nos dá força moral, ainda que não tenhamos físico 81 ou poder material significativos. A romãzeira nos ensina que devemos buscar a Deus no alto, mas sem nos esquecer de nosso semelhantes que estão ao nosso lado e que poderão precisar de sombra e apoio. Ao mesmo tempo, as raízes da romãzeira que afundam na terra ensinam que os maçons não podem viver apenas na superfície. Temse que aprofundar nas suas convicções, na sua fé, e ter disposição para garantir firmeza e segurança aos nossos passos dentro do que se espera deles. As sementes da romã são o símbolo da fraternidade maçônica, como também da solidariedade entre os maçons: todos iguais, estreitamente unidos, apoiando-se os uns a os outros, agrupados em Lojas e todas as Lojas contidas no mesmo invólucro que é a Grande Loja. Desde seu nascimento de uma flor, que é o Aprendiz, até a maturação, que é o Mestre, quando já pode alimentar a quem estiver faminto e sedento de conhecimentos e sabedoria. Maçons devem, que nem a romã, serem comedidos ao alimentar ao profano. Nem mais sódio nem mais potássio; nem estímulo imerecido nem reprimenda desestimuladora. Capítulo 24 As Ciências Iniciáticas INTRODUÇÃO “Uma crença geral coloca a Maçonaria como a guardiã da Tradição e dos Mistérios Iniciáticos. Gostar-ia-mos de corroborar essa imagem que o leigo faz de nossa Instituição, mas infelizmente não podemos por saber estarem nossos membros cada vez mais distantes de suas origens”. (Rev A Verdade Mar/Abr 97, Ir Malkhut) Todos os autores maçônicos lembram da importância do estudo, por parte do maçom, da Tradição e dos conhecimentos iniciáticos representados pela Astrologia, Alquimia, os Mistérios, Cabala, Tarot, etc. Nestas páginas tentaremos fazer um apanhado destes temas, sem pretender esgotar eles e sim, incentivar nossos Irmãos a se adentrar no assunto. 82 ASTROLOGIA Os límpidos céus da Mesopotamia convidam os povos da região a iniciar a observação celeste criando-se assim a mais antiga das ciências: a astronomia misturada com a astrologia. Sabemos a indignação que toma conta dos astrônomos modernos esta relação astronomia / astrologia, mas o conhecimento dos astros começa na observação das constelações que circulam perante os olhos do observador nas terras da Mesopotamia. Esta observação define a movimentação diária dos astros (que hoje sabemos que é relativa), sempre em uma mesma rota, numa faixa total de 12 graus (seis graus para cada lado da linha equatorial), posteriormente modificada para 16 graus, tendo em seu centro a eclíptica (círculo máximo da esfera celeste, caminho aparentemente seguido pelo Sol em torno da Terra) e que é o plano que forma a órbita da Terra ao redor do Sol. Esta faixa pela qual circulavam aparentemente os astros recebe o nome de Zodíaco. A palavra Zodíaco vem do grego “zodiacos” e significa círculo de animais que, por sua vez, provém de “zodion” que significa pequeno animal. Hiparco, nascido em Nicea, cidade da atual Turquia, no século II ac, divide o Zodíaco em 12 casas iguais de 30 graus cada, e deu a cada uma delas o nome da constelação mais próxima; os nomes das constelações foram dados pêlos antigos pela forma de cada constelação que lembrava determinado animal ou outra figura. Nascem assim os signos do Zodíaco, ou casas do Sol e como o Sol demorava um mês em recorrer cada casa, cada mês recebeu um signo. O Zodíaco começa com o signo Aries que na época que ele foi criado, essa constelação estava no primeiro lugar. Hoje isto já não é assim, devido ao fenômeno da precessão, que é a ocorrência antecipada dos equinócios (equinócio = igual noite; a época do ano que a duração do dia é igual a noite, 24 de março e 24 de setembro) em cada ano sideral sucessivo devido ao lento movimento retrógrado dos pontos equinociais ao longo da eclíptica. A precessão demora 72 anos por cada grau e considerando 30º de cada signo temos como resultado 2.160 anos o tempo que cada “casa” demora em mudar totalmente de posição. O ponto de interseção do plano do equador terrestre com o plano da eclíptica gira uma volta completa a cada 25.920 anos, quando a constelação de Aries coincidirá com o signo Aries. Este período é conhecido como ano sideral e os gregos o designaram como um Dia de Platão. A quantidade de pulsações por minuto que tem um Homem normal é de 72. > Também 25.920 corresponde ao total de respirações de um ser humano em 24 hrs sendo 18 por minuto 83 25.920 é a vibração cósmica do ser humano coincidente com o Universo. Lembremos a Hermes Trismegisto: O que está encima é igual ao que está embaixo. O macrocosmo (Universo) é igual ao microcosmo (Homem). Uma única estrutura cósmica. Voltando a precessão equinocial, temos que uma Era dura 2.190 anos. Quando o homem antigo descobriu o círculo zodiacal, estava na Era de Áries; depois o Sol entra na constelação de Peixes pouco antes do nascimento de Jesús (lembremos a multiplicação dos peixes e que os católicos nas catacumbas adotam o peixe como identificação), e hoje já estamos na Era de Aquário. O Zodíaco misturou um caráter tanto científico como religioso e até supersticioso nos povos. Ele foi abraçado por todos os povos da antigüidade, prolongou-se durante a Idade Média e continua até hoje em todos os níveis sociais. No seu uso como horóscopo tem superado todo tipo de críticas científicas tais como (só para mencionar algumas): pode ter credibilidade o Zodíaco quando hoje se sabe que as casas não são doze e sim 24? por que dois gêmeos tem diferencias de caráter e desenvolvimento na vida? por que somente os primeiros astros conhecidos na antigüidade são usados nos vaticínios e não os bilhões que hoje se conhecem?, etc. O teto das Lojas maçônicas representa a abóbada celeste semeada de estrelas e nuvens, na qual circulam o Sol, a Lua e outros astros ou constelações em um total de 35, mais um deles, Marte, que está fora do Templo. Esta abóbada está sustentada por doze colunas adornadas com os doze tradicionais signos do Zodíaco. É o tempo indestrutível e eterno onde descansa a Moral e a Sabedoria maçônicas, lembrando aos irmãos que devemos utilizar sabiamente o tempo porque quando ele passa já não volta mais. Nosso passo pela Terra é muito breve. Também o Zodíaco nos convida a estudar história, geografia, religiões e astronomia, como elementos importantes de nosso aperfeiçoamento. Lembremos a Maimônides (filósofo, teólogo e médico judeu, nascido em Córdova (Espanha) em 1138 dc, que é considerado o Platão dos judeus) quando fala no seu livro Guia para os Perplexos ou Extraviados: “Estude Astronomia e Física se desejar compreender a relação entre o mundo e o modo como ele é regido por Deus”. Finalmente, o Zodíaco dentro de nossos Templos representa uma homenagem à cultura daqueles povos antigos. ALQUIMIA No seu sentido tradicional, a Alquimia era a técnica que pretendia transformar em ouro os metais inferiores. Sua origem encontra-se mais provavelmente no antigo Egito e é a partir dali que procuramos a etimologia da palavra. Egito é conhecido na linguagem copta como 84 terra de Khem ou Khame (terra negra); no grego recebe o nome de Khemia dado à transmutação do ouro e da prata, por ser uma técnica de que tratam os velhos escritos dos egípcios. Os árabes incorporaram a forma alkimiya e a levaram a Europa onde no português e no espanhol foi transformada em alquimia. Para o conhecimento de hoje, a Alquimia era um conjunto de teorias sem lógica, com base filosófica, com muito misticismo ocultista, quase sempre apoiadas em experimentos e fenômenos naturais que constituíam a base experimental e com regras rodeadas de símbolos cabalísticos. Na cidade de Memphis, no antigo Egito, os sacerdotes dedicavamse a fundição e purificação de ouro. Não existia ainda um questionamento filosófico ou principio religioso com base na Alquimia; ele virá do mundo grego. A tradição egípcia considera a Alquimia invenção do deus Thot (o Hermes dos gregos), sendo considerada um “arte hermética” dando origem a expressão “hermeticamente fechado” porque os alquimistas lacravam seus frascos com o selo de Hermes. Os conhecimentos da Alquimia eram sagrados e os iniciandos juravam manter segredo deles. Os primeiros antecedentes gregos datam do ano 100 dc, mas os alquimistas da antigüidade não são gregos e sim judeus e egípcios. Na mesma época dos gregos, os chineses procuram com procedimentos próprios de alquimistas, a obtenção de um elixir da imortalidade sob o conceito da Pedra Filosofal para curar todas as doenças. O Islão, nos anos 750 dc, tem um grande desenvolvimento cultural sob a dinastia dos califas Abasidas de Bagdá e, entre outras ciências, eles se interessam pela Alquimia e, entre os anos 1100 e 1200 dc, ela é levada para a Europa, junto com a invasão de Espanha e Portugal. A Alquimia foi combatida em diferentes épocas, tanto por motivos políticos como religiosos. Durante a Idade Média, é colocada fora da lei e penalizada até com a pena de morte, confisco de todos os bens, etc; mas ela continua se expandindo. Roger Bacon foi perseguido por suas experiências alquímicas, mas é solicitado secretamente pelo Papa Clemente IV para que entregue um relatório de suas pesquisas. Com o desenvolvimento cultural da Europa, perde-se o interesse dos alquimistas na busca da Pedra Filosofal e do Elixir da Vida e começam a serem desenvolvidas técnicas mais industriais, dirigidas à obtenção de perfumes, tintas, etc. Aparece Paracelso (1490-1541) que se dedica á pesquisa de medicinas para curar doenças da época. No século 18, Marcelin Berthelot inicia a tradução de manuscritos antigos de Alquimia, mas sem conhecer devidamente as línguas na qual eles estavam e com colaboradores que pouco sabiam da 85 natureza das operações neles descritas e o resultado foi aumentar as reservas com que o mundo moderno analisa até hoje as práticas alquímicas, vendo-as mais como superstições medievais. Vagarosamente, estudiosos estão dando importância aos trabalhos dos alquimistas da antigüidade. Gravuras de 4 séculos atrás indicam que os alquimistas, no fim da Idade Média, tinham desenvolvido técnicas de muito valor para a época; uma destas gravuras mostra um lobo cinzento devorando um rei e, ao fundo uma fogueira onde o lobo é queimado e o rei ressuscitado. Nesta alegoria, o lobo representa a estibinita, um mineral a base de antimônio e enxofre (Sb2 S3) que, quando fundido, dissolve “vorazmente” muitos metais, inclusive o ouro, que estaria representado pelo rei. Quando uma liga metálica é derretida, a estibinita reage com um dos metais e forma uma borra que pode ser retirada com uma escuma. O metal básico da liga é, desse modo, separado do outro. Este é um exemplo de centenas de procedimentos desenvolvidos pêlos alquimistas para entendimento só de iniciados, preservando-os de cair em mãos profanas, especialmente de aventureiros. Se discute se a Alquimia evolucionou ou não para dar origem à ciência que hoje é conhecida como química; enquanto existem os que consideram a Alquimia simplesmente uma magia, químicos modernos dizem que quando a Alquimia se praticava, o que sempre existiu foi a química. Outros argumentam que as ciências antigas pêlos seus métodos, meios, objetivos, princípios, critérios, etc, não apresentam nenhuma relação com as ciências modernas. Mas, alguns reconhecem na Alquimia o mérito de ter introduzido a experimentação, que hoje em dia é um importante elemento da ciência moderna. De todas maneiras, aceite-se ou não a Alquimia como o berço da Química moderna, ela merece nosso respeito como mística experimental voltada para descobrir o mistério dos metais e sua relação com a alma do universo. OS MISTÉRIOS Os sábios antigos explicavam suas idéias por médio de enigmas de difícil interpretação, na forma de símbolos, parábolas ou frases escuras, para que elas não fossem a cair nos ouvidos de profanos, com o risco de ser mal interpretados ou mistificados. Estando a compreensão destes enigmas, símbolos, jeróglifos ou linguagem emblemática, em poder somente dos iniciados, eles passaram a ser conhecidos como Mistérios. A palavra grega mysterion designa certas cerimônias religiosas secretas, freqüentadas somente por iniciados que se comprometiam a nunca revelar sua natureza aos profanos. Este sistema serviu de base para que homens como Confúcio, Zoroastro, Buda, Jesus e outros Grandes Iniciados conseguissem transmitir suas doutrinas para serem entendidas gradualmente pêlos seus discípulos.. 86 Prestextatus, cônsul romano de muita cultura (s IV dc) dizia que “privar os gregos dos Mistérios augustos era tornar para eles a vida impossível”. Nessa época eram tão importantes os Mistérios que não participar de nenhum deles motivava desconfiança do valer da pessoa. Sócrates, no Phaedo de Platão, argumenta que “eram homens de ingênio os fundadores dos mistérios, que ensinavam sob enigmas difíceis de compreender, purificavam-se antes de descer a regiões profundas, com risco de perecer nos abismos, para finalmente gozar da presença da divindade”. Curiosamente Sócrates não foi iniciado em nenhum dos mistérios da sua época e pode ser que isso influiu negativamente no seu julgamento. Como, igualmente, para pretender ser iniciado, a consciência do candidato tinha que estar limpa, Nero, o tirano, nunca ousou penetrar nos Templos para descobrir os Mistérios e Constantino não foi iniciado por causa do homicídio de seus parentes. Não conhecemos o origem exato dos Mistérios mas sabemos que eles são comuns a todas as grandes civilizações do mundo antigo. As lendas de Osiris e Isis no Egito, de Thammuz e Astarté na Fenícia, de Mithras e Asis na Pérsia, de Dioniso e Rhea na Samotracia, de Hu e Caridwem na Grã Bretanha, de Woden e Frea nos povos escandinavos, etc, são todas lendas similares e que não diferem muito das muitas lendas que existiram nos povos indígenas americanos ou tribos da África. Os Mistérios passam a ser portadores de uma nova esperança; não tudo está perdido e existe uma forma de salvação das injustiças, da dor e da miséria, se não nesta vida ao menos na outra porque ela existe; chega-se a ela por médio de uma morte mística num processo de iniciação após a qual o iniciando renasce para glória da divindade. Os Mistérios da Índia parecem ser os mais antigos, fundados 50 séculos ac e se ocupavam principalmente da iniciação de seus sacerdotes com uma doutrina teogónica, a que estuda as relações dos deuses entre si e entre eles e os homens, e com estudos de física aplicada. Sacerdotes do Egito teriam sido iniciados nos Mistérios dos brahmanes, havendo-os introduzido no seu país 2900 anos ac. Os Mistérios egípcios tinham como finalidade instruir seus iniciados nos conhecimentos humanos e na metempsicoses, a teoria que admite a transmigração da alma de um corpo para outro, chegando um momento que atingiam todos os ensinamentos e fórmulas religiosas existentes. Este elevado desenvolvimento dos Mistérios egípcios fez que eles foram uma importante fonte que passou a outras nações do mundo antigo a influência de sus ritos sagrados e doutrinas secretas. Logo se desenvolvem os Mistérios persas, gregos, hebreus, romanos, etc., sendo os Mistérios mais conhecidos os de Orféu, Baco, Eleusis e Mithra. A difusão deles foi universal. Este interesse pêlos Mistérios faz nascer os Mistérios Menores e Maiores para incluir neles a todos os 87 seres sem diferenças. Nos Menores era ensinada a moral e o secreto consistia em convencer os iniciados que o céu estava povoado por almas dos homens que se tinham distinguido pelo seu amor a Pátria. Estes Mistérios Menores eram os primeiros graus para iniciações mais elevadas onde nos Mistérios Maiores iram-se a examinar as ciências, os erros da metempsicoses, a natureza e suas obras, procurando recuperar a pureza primitiva da alma e corrigir suas costumes, elevando o espírito. Os Mistérios Menores formavam cidadãos virtuosos e os Maiores sábios e filósofos que iriam a servir de guias da humanidade. As iniciações eram muitas vezes, mais que simbólicas, provas duras e prolongadas durante dias, com risco real de vida. A iniciação mostrava o enigma do nascimento, vida, ressurreição e morte. No Antigo Testamento, tradução grega, a expressão mistério se encontra ligado com Jahve e subtraído da compreensão humana, mas no Novo Testamento muda o conceito e o mistério assume um sentido de cerimônia ritualística para os fiéis e de fácil aceitação. A Maçonaria, no século XVIII, restabeleceu dentro de seus Templos, a tradição dos ensinamentos esotéricos ministrados nos Santuários Egípcios, da mesma forma como, os antigos filósofos egípcios, ministravam seus ensinamentos utilizando símbolos e alegorias. A cerimônia maçônica, na sua forma simbólica, guarda muita semelhança com a dos antigos Mistérios. Ela abre as portas a uma nova vida que é o inicio da compreensão dos Mistérios Maiores e coloca em evidência que a Doutrina Iniciática, nela manifestada, é a Doutrina Mãe, fonte inesgotável dos ensinamentos que nos aproximam de Deus. NUMEROLOGIA Entre os símbolos de mais inapreciável valor pela imensa riqueza do seu conteúdo, estão os números. Etimologicamente, número deriva do latim numerus, sendo arithmós a expressão equivalente no grego. Conforme o dicionário, número expressa a relação existente entre magnitude e unidade; significa também signo ou conjunto de signos com que é representado o número aritmético. Os números estão presentes em todas as atividades do ser humano e têm regulado o Universo e a Natureza desde seus primórdios através de seu poder de medir, regular, ordenar, coordenar, calcular, dirigir, etc Na Natureza tudo obedece a princípios numerais tais como disposição das folhas de uma planta, o conjunto de alvéolos de um favo, a geometria de um cristal, o peso atômico e molecular dos 88 elementos, a gravitação dos corpos celestes, todas as formas da mecânica e da eletricidade, etc. E na vida social e econômica dos povos não poderia ser esquecida nem por um segundo a influência dos números, presentes nos indicadores econômicos que dirigem a conduta dos diferentes grupos da sociedade, na medição do tempo desde as frações de segundo até os milênios das eras da história, nas estatísticas, nas transações comerciais e até nas manifestações culturais, tais como a poesia e a música, que precisam dos números para suas produções de harmonia e beleza. O poder dos números se desenvolve desde as partes de um átomo até os mais longínquos e desconhecidos corpos celestes, demonstrando que seu poder infinito, que nossa mente não pode compreender mas que acredita nele da mesma forma que acredita na existência de Deus mas que não se tem, evidentemente, condições de demonstrá-lo. A origem dos números se perde na noite dos tempos. Quando o número nasceu e quando ele virá a desaparecer, são incógnitas que o Homem não consegue responder. Somente sabemos que ele está junto a nos como um elemento importante, participando desde a ordenação do Universo até o controle dos menores detalhes de nosso dia a dia. Medir e contar foram às primeiras atividades aritméticas do homem primitivo (25000 até 10000 ac). Fazendo marcas nos caules das árvores, os primeiros povos conseguiram a medição do tempo e a contagem do número de animais que possuíam; podemos falar que a Aritmética nasceu, mas passaram-se muitos séculos para que o Homem alcançasse um conceito abstrato dos números. Os mais antigos documentos conhecidos sobre números são umas peças de barro cozido descobertas no século XIX em Nippur, cidade da antiga Caldéia, fundada pelos sumérios por volta de 3500 ac. Nestas peças estão gravadas operações de soma, diminuição, multiplicação, divisão e até potenciação; também figuram operações algébricas com equações de 2o grau que requerem um maior domínio da matemática elementar, mas não podemos supor que os caldeus tivessem uma conceituação abstrata das matemáticas. É extraordinário que estas peças contém operações da ordem de grandeza de 2 x 1015 (2 mil bilhões) sendo que na desenvolvida Grécia, Arquimedes sentia terror pelos grandes números. Os caldeus tinham descoberto que o valor do número muda conforme a sua posição, dando origem assim a unidades, dezenas e centenas; mas, o curioso é que eles não usaram um sistema decimal e sim na base de 60, provavelmente devido a sua constante observação dos astros nos límpidos céus da Mesopotâmia, o que teria 89 permitido a eles descobrirem um ciclo anual de 360 dias, igual a 60 vezes 6. No Egito também encontramos vestígios de desenvolvimento de uma ciência matemática; no Papiro de Rhind, devido ao escriba Ahmos (1650 ac) se apresentam entre variados tipos de problemas, soluções de equações de 2o grau. Mas é com o sábio, filósofo e matemático Pitágoras de Samos (século VI ac) que o simbolismo numeral alcança seu mais alto nível. Na Escola Pitagôrica o ensinamento fundamental, no grau superior, era a ciência dos números desde sua expressão mais simples e exotêrica até seu mais profundo significado passando pelos cálculos, regras matemáticas, matemáticas abstratas até os símbolos e imagens filosóficas. Pitágoras não era, como se poderia presumir, um professor de matemáticas, e sim o maior filósofo numa era rica em filósofos e que usava os números e as figuras geométricas como simples representações simbólicas da construção arquitetônica do Universo, diferentemente das matemáticas desenvolvidas na Grécia, que eram do tipo utilitário para facilitar suas atividades comerciais. Todos os filósofos importantes da Antigüidade acreditavam que os números têm um poder evidente e que tudo o que acontece no Universo deve-se a ação admirável dos números. Pitágoras falava que tudo era constituído pelo número e que ele distribuía a virtude das coisas. Celso, filósofo do século II dc, famoso pelas suas críticas às interpretações alegóricas do Antigo Testamento como veículo de informação histórica, assegurava que o número persistia sempre e que se encontrava em tudo, na voz, na alma, nas coisas divinas. No Tratado da Filosofia Oculta de Agrippa, cronista do Imperador Carlos V, lê-se que os números simples significam as coisas divinas, os de dezena as celestes, os de centena as terrestres e as de mil as coisas dos séculos do porvir. Filolau de Crotona, (ou de Tarento), pitagórico ilustre da 2a geração, fala que tudo que pode ser conhecido tem um número e que, sem esse número, nada pode ser conhecido ou compreendido. Conforme Aristóteles, os pitagóricos foram os primeiros que se ocuparam a fundo das matemáticas. O conhecimento profundo desta ciência fez germinar a opinião que os princípios das matemáticas eram também os princípios do ser. E como os números são, por natureza, o primeiro no campo matemático e os pitagóricos acreditavam ver nos números analogias com o que nasce e morre; eles falavam que os elementos dos números são elementos das coisas e tudo no mundo é harmonia e número. Mas, investigações 90 posteriores provam que os pitagóricos não diferenciavam a determinabilidade numérica das coisas e a realidade das mesmas como número. Para eles as coisas eram números ou estavam feitas dos mesmos “elementos” que os números. Existe um axioma da antiga sabedoria que diz “Deus geometriza” e os antigos acreditavam que a Geometria sempre atrai a alma para a Verdade. Platão (429-347 ac), ao estabelecer a sua Academia em Atenas, colocou a seguinte inscrição no frontispício: “Que ninguém entre aqui se não souber Geometria”. Pitágoras usou o axioma acima, como fundamento da sua filosofia, considerando que, se a Criação apresenta-se em perfeitas linhas geométricas, dentro delas deve ocultar-se o mistério do Cosmos e da própria Vida. Conforme o anterior, Pitágoras representava os números com pontos ordenados segundo módulos geométricos; assim, ele tinha números triangulares com os pontos distribuídos em triângulos (3, 6, 10, etc), quadrados (4, 9, 16, etc). Toas as religiões reconhecem como objetivo de adoração uma Grande Divindade Suprema, criadora de tudo que existe, desde a origem dos tempos, quando nada existia. Nada dentro de um infinito vazio. Utilizando as matemáticas transcendentais e substituindo o Nada pelo Zero, temos que 1 : 0 = infinito ou 1 = infinito vezes 0. Fixemo-nos nesta última expressão. Se no princípio existiam os elementos Zero e Infinito e o produto deles é igual a Um (Uno) o Um existiu simultaneamente ou, em outras palavras, os 3 (Um, Zero e Infinito) existiram sempre. Pode-se alegar que todo número dividido por Zero é igual a Infinito, mas nos estamos tentando demonstrar que o Um é a origem de Todo e é o Todo ao mesmo tempo. Por exemplo, o 3 está formado por 3 Unos, o 5 de 5 Unos e assim por diante; outro número não tem essa característica porque o 8, por exemplo, somente poderá formar múltiplos de 8. Salientando que tudo está formado por unidades, podemos levar esta teoria à formação do Universo com o Uno existindo simultaneamente com o Nada e o Infinito, e como Deus criou Tudo quando Nada existia dentro de um Infinito, deduzimos que a unidade representa a Deus é Uno e Uno representa o Grande Arquiteto do Universo. Pitágoras confirma esta assertiva quando escreve “O sábio para representar à Deus, escreve a Unidade”. Para os pensadores da Antigüidade o primeiro número impar é o 3, pois o Uno não é um número porque está reservado para a Divindade. A unidade como representação de Deus eleva-se ao nível de origem criador de tudo o que existe e, de outro lado, considerando os números em geral, eles são criações sucessivas e infindáveis do Uno. Para reforçar o acima dito, recorremos à teósofa russa Helena Petrovna Blavatsky (1831–1891) que escreve: “Os números são uma 91 das chaves das antigas cosmogonias no seu sentido mais amplo, tanto espiritual como fisicamente, e também da evolução da atual espécie humana. Todos os sistemas de misticismo religioso estão baseados nos números. O caráter sagrado dos números começa com a Grande Causa, a Unidade Universal, o Único, o Símbolo do Universo infinito e ilimitado”. Adentrando nos simbolismos dos números, vimos, anteriormente, que a Unidade deveria ser considerada a fonte criadora de todos os números, pois sem necessidade de todos os números, por adição ele reproduz a todos; ele tem um poder de criação, um poder gerador total. A Unidade não tem partes, é estável, invariável, tudo o contém; se dividido ou multiplicado por ele, o resultado continua sendo ele e até suas potências e raízes são ele mesmo; por isso o Uno é considerado incorruptível, sendo estas duas últimas características mais duas razões para encontrar nele a representação da Divindade. Para melhor conhecer o aspecto abstrato da Unidade vamos pensar que o Homem pode ser definido como se ele fosse formado de matéria e consciência, mas acontece que a relação entre a matéria corporal e a consciência não tem sido demonstrado pela experiência e, por tanto, está no campo da especulação; mas, se o Homem for considerado como um Todo, com reações físicas, químicas, fisiológicas e psíquicas, então o Homem é um Todo, no sentido amplo da palavra, é Uno sempre, até sua morte. De maneira similar, o Sol não deixa de ser Uno, pese que constantemente envia seus raios de luz; o quadro de uma Loja é sempre variável enquanto ao número de membros, mas a Loja continua sendo Uma. Com este simples exemplos tentamos demonstrar que a Unidade é uma abstração similar ao nosso centro íntimo conhecido como Ego. E assim surge um outro elemento relacionado com a Unidade, de natureza psíquica e abstrata que constitui todos os seres e é conhecido como Mônada. Este elemento tem ocupado o pensamento dos grandes filósofos. Pitágoras concebia a “existência de um princípio absoluto, exterior ao tempo e ao espaço e portanto não manifestado na natureza e que recebeu o nome de Uno, Primeiro ou Mônada”. Giordano Bruno (1548–1600) que foi queimado vivo pela Inquisição, falava que “os indivíduos são Mônadas que em suas combinações produzem a harmonia universal; a Monas Monadum é uma substância única da qual os indivíduos são particularizações”. Para Leibnitz (1646–1716) que fora influenciado por Giordano Bruno, “o Universo constitui-se de substâncias simples ou Mônadas não extensas, contendo em si todo o passado e todas as determinações do futuro, só conhecidas integralmente pela Mônada suprema de Deus”. Em Numerologia, Mônada passa a ser sinônimo de Unidade. 92 Somando duas unidades ou Mônadas obtemos o número Dois, Duada ou Binário, que simboliza a capacidade geradora da Mônada. O Primeiro Livro de Moisés chamado Gênesis, no capítulo I, nos fala que Deus no primeiro dia fez a separação entre a luz e as trevas, no segundo fez a separação dos céus e da Terra, e na Terra, fez a separação das águas e da terra seca. Depois do sétimo dia, no Jardim do Éden, fez brotar a árvore da ciência do Bem e do mal; com bairro formou o Homem e, achando que não é bom que o Homem esteja só, de uma de suas costelas, criou a Mulher. O Homem ficando confuso neste mundo de céu e Terra, terra e água, luz e trevas, e desejoso de ter o conhecimento de Deus, comeu do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, criando o primeiro binário filosófico. O Homem é lançado fora do Paraíso e começa a sua busca, tentando regressar à unidade primitiva. Mas a marca que deixou nele a árvore do bem e do mal não lhe permitirá jamais retornar ao Éden, ficando assim debatendo-se num mundo de contrários representado pelo número Dois. Pitágoras simbolizou este caráter do número Dois, definindo que é o estado imperfeito a que cai o Homem quando é desprendido da Unidade ou de Deus. Aqui começa a aparecer o aspecto dual do Dois, pois igualmente como nos oferece a possibilidade do conhecimento da ciência do Bem, também podemos cair na fácil tentação da ciência do Mal, da ignorância e do atraso. Entendemos que o resultado final irá depender de nosso esforço, de nossa vontade, de nosso amor. Os romanos distinguiram o perigo do número Dois, chamado por eles de “bis” que expressa a idéia de 2 vezes ou de 2 alternativas; o número Dois representava um mal inicio e os números que começavam com ele eram considerados como funestos. Também assim foi considerado pela Igreja Católica ao instituir o Dia de Finados no dia 2 de Novembro, segundo mês do Outono (Hemisfério Norte) quando a natureza começa a morrer no mês 11 do ano (1 + 1 = 2). Mas nem tudo é terrível no número Dois. Devido ao seu poder de contrastes ele nos permite perceber objetivos ou realidades, diferenciando-as contra seus contrários; num mundo só de luz seriamos tão cegos com em um mundo dominado pelas trevas. O Dois também é criador, pois para sair da ignorância precisamos estudar, quando estamos em dificuldades temos que nos esforçar para superá-las, para os problemas temos que procurar soluções, a natureza desenvolve um órgão para superar uma necessidade, uma peste origina novos descobrimentos médicos, etc. Por isto falamos que o Dois representa a ciência, pois para produzir o conhecimento 93 precisamos de 2 elementos: um capaz de conhecer e outro que possa ser conhecido. Para Mokiti Okada, da Igreja Messiânica, na Lógica Dialética da Harmonia, os contrários garantem a grande harmonia do Universo pela tendência natural de encontrar o ponto de equilíbrio ou “caminho de meio”, de tal forma que possibilitem o movimento evolutivo. Heráclito já dizia: “A realidade é a harmonia dos contrários que não cessam de se transformar uns nos outros”. Para Mokiti Okada os contrários realizam a harmonia do Uno em favor de todos. Mas, de outro ponto de vista, do mesmo modo que o Uno representa a harmonia, a ordem e o bom princípio, o Dois oferece a idéia contrária: representa a divisão, a antítese que sempre nega, o espírito que recusa deter-se num abrigo a espera da tempestade passar; é a dúvida sistemática que nada aceita sem fundamentos; pode ser às vezes oposição impotente, a disputa perpétua. O Dois representa o opositor impotente, o espírito teimoso mas é justamente devido a isso que somos obrigados a estudar, a criar, a descobrir procedimentos sensatos em todas as atividades de nossa vida familiar e profissional. E se não tivermos a vontade, a capacidade, a ajuda para alcançar o conhecimento, a nossa fraqueza nos levará à esterilidade, ao fácil caminho do mal. O mal às vezes aparece disfarçado por algumas características do bem, sendo esta outra face perigosa do Dois, que não estabelece um limite definido que separa os dois campos. Por exemplo, durante o dia recebemos a luz magnífica do astro Sol, mas no entardecer esta luz vai sendo vencida pelo avanço das trevas, chegando um momento que resulta difícil dizer se estamos no dia ou na noite, ficando na indecisão. Platão (428–348 ac) fala do dualismo filosófico do mundo das aparências sensíveis e do mundo das idéias; achando assim tão enraizado o sentimento da dualidade não devemos estranhar a dificuldade que sempre encontramos para chegar à perfeita compreensão da unidade fundamental do ser, de tudo quanto existe. A Unidade acrescentada ao Dois revela o Três, terceiro princípio que é o Ternário. E o primeiro número que se separa da unidade e que equilibra as forças opostas; é o número que coloca justiça nos pares contraditórios. Do choque entre nossa consciência individual Uno, e o mundo externo Dois, surge em cada um de nos uma representação que se traduz na consciência de um Ser Supremo, origem da vida e do mundo, conhecido como Deus. O Três é o número capaz de dar a solução ao que o número Dois é afirmação e negação; é o número que dá a síntese e dá na antítese. Tudo é triplo e único, em tudo achamos os três elementos; um agente que atua, um paciente que 94 recebe e um efeito produzido; um primeiro termo ativo, um segundo passivo e um terceiro neutro ou de equilíbrio. Os povos da Antigüidade importância. Para Virgílio consideraram o Três da maior (70–19 ac) “omne trinum perfectum” (todo número 3 é perfeito). Os romanos e os gregos declararam que o número Três é um número agradável aos Deuses. Xenócrato, da Academia platônica antiga, representa a Divindade por um triângulo equilátero, primeira e mais perfeita de todas as figuras geométricas, já que tem 3 lados e 3 ângulos, simbolizando os 3 aspectos do Ser Supremo: a Vontade, a Sabedoria e a Inteligência. Como sabemos, o signo 3 está formado por 2 semicírculos que podem formar o círculo completo e que é o símbolo da Alma, o princípio que reúne em si mesmo, o oculto e o manifestado. Em outra analogia, imaginemos duas pessoas discutindo e cada uma delas mantendo vigorosamente seus pontos de vista, contradizendo tudo o que o oponente expressar; ambos podem estar errados e a verdade nunca aparecer senão houver um terceiro elemento analisador, que não outro que a razão, simbolizado pelo número Três. O Ternário, princípio da razão, constitui um sistema de conhecimento e por isto expressamos que o número Três é o aspecto mais inteligente da Unidade. O Quatro é a cifra básica do mundo sensual e objetivo. Os pitagôricos glorificaram o Quatro porque representa o primeiro quadrado dentro do sistema de representação dos números em base a pontos, figura denominada tretractys, pela qual juravam. Os pitagóricos criaram a aritmonancia que era uma espécie de adivinhação usando os números e nela acreditava-se que o Quatro estava encerrado na alma do Homem. Conforme outro simbolismo primitivo o Quatro representava a essência da justiça. Para os hebreus, era o símbolo do princípio eterno e criador, e expressava a nome de Deus que em hebreu é escrito com as quatro letras Iod, He, Vau e He. A Maçonaria, considerando a importância dos números, tem levado seus membros ao estudo da gnose numeral desde o primeiro grau, tentando descobrir e analisar as propriedades intrínsecas dos números utilizando a razão e aplicando este conhecimento para resolver o problema da existência das coisas. O maçom adorna geralmente sua assinatura com 3 pontos, representando que, conhecendo a Unidade e o Binário, chegou à compreensão do Ternário. O Ternário é o mais importante alicerce 95 filosófico da Ordem maçônica e nos Templos é o número que mais se encontra representado através de símbolos, lembrando a cada momento aos maçons a maneira certa de sentir, pensar e atuar, tendo como metas a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade. O TAROT Conta a lenda que os sábios de Egito, frente ao avanço dos exércitos invasores, quiseram preservar todos os conhecimentos indicativos que eles eram detentores. E para guardar da forma mais segura estes conhecimentos para as futuras gerações, decidiram recorrer ao vício do homem, já que a virtude no ser humano é mais frágil que um copo de fino cristal. O vício escolhido foi o jogo. Então todos os conhecimentos iniciáticos foram simbolicamente guardados nas cartas que, eternamente servindo para fins de jogo, nunca seriam destruídos, passando de geração em geração e sempre disponíveis para que os futuros iniciados poderem no futuro decifrar e utilizar estes conhecimentos. No século 14 os naipes do Tarot aparecem na Europa, sabendo-se que os ciganos da Hungria passaram seu conhecimento para os ciganos da Espanha e, por um tempo acreditou-se que aqueles eram os inventores do Tarot. Outra versão atribui sua invenção a Raimundo Lulio, filósofo e alquimista do século 13, mas na verdade, ele só escreveu um esquema de uma máquina que consistia em círculos concêntricos com palavras que designavam idéias quando elas colocadas em certa posição para formulação de uma pergunta, outras palavras da máquina estariam dando a resposta. Como pode-se ver, é diferente do Tarot. Os jogos de Tarot existentes apresentam figuras da época em que foram criados. Em geral eles estão compostos de 78 cartas, distribuídas em 3 partes: a primeira são 21 cartas, a segunda só 1 carta sendo o elo entre a primeira e a terceira, e esta última parte que não passa de ser um naipe comum. A primeira e segunda parte formam os conhecidos como Arcanos Maiores (Arcano = que encerra mistério, apocalíptico, cabalístico, enigmático; o que não se pode desvendar). Estas características do Tarot fizeram dele um elemento facilmente utilizado nas práticas de adivinhação popular, cumprindo assim uma das supostas intenções dos sacerdotes egípcios para que ele sempre estivesse em uso nas mãos da sociedade. De todos os baralhos de Tarot o mais significativo enquanto a simbolismo, é o Tarot egípcio que praticamente representa uma iniciação. Cada carta do Tarot egípcio vai desenvolvendo este processo que um candidato participa e vai começando a entender o significado da vida. O Tarot tem também uma estreita ligação com a 96 Cabala e a Alquimia; a Árvore Sefirótica e os 4 elementos da Alquimia estão presentes nas cartas do Tarot. A CABALA O verbo judaico está estruturado na Torah, no Talmud e na Cabala: A Tora, que representa a Lei judaica, é a palavra por excelência inspirada por Deus e está composta pêlos 5 primeiros Livros da Bíblia, também conhecido como Pentateuco : Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O Talmud complementa a lei escrita e interpreta os mandamentos à luz da evolução social, política e econômica. Foi escrito entre os séculos III ac e VI dc. Existem 2 Talmudes: o Talmud de Jerusalém e o Talmud de Babilônia, sendo este último o mais completo. O Talmud compreende 2 livros, Mishná e Gemara, e cada um deles trata dos assuntos seguintes : Mishná Zeraim (sementes) questões agrícolas Moed (festas) Sabath, jejum, solenidades Nashim (mulheres) noivado, casamento, divórcio Nezikim (prejuízos) jurisprudência civil e penal Kodashim (coisas santas) sacrifícios, ofertas, abate de animais Toharoth (purificação) regras de pureza Gemara Ensinamento tradicional São comentários à Mishná A Cabala é um sistema de interpretação da Bíblia judaica. As fontes da literatura e da doutrina cabalística, são as seguintes : Apocalipse (Bíblia) História da Gênese (Ma’assé Berechit) (não é livro) História do Trono (Ma’asse Merkabá) (não é livro) Livro da Criação (Sepher Yetsira) séc III e IV dc (explica a Árvore da Vida) Livro do Esplendor (Sépher há Zóar) s. II dc, Simeon bar Yohai, e s, XIII Moshe de León 97 Sendo a Bíblia um livro hermético, os estudiosos do povo hebreu se debruçaram no seu texto para ensinar corretamente seu significado ao povo, tanto para os que moravam em Israel como os que se encontravam no exílio, mantendo assim os judeus junto a suas tradições, no estrito cumprimento da Tora, política que deu ao povo judeu sua fisonomia definitiva, mantida até hoje, sem diferencias do lugar e das condições em que eles possam-se encontrar. Por outro lado, os textos da Bíblia estão carregados de alegorias, literatura imaginativa, descrições diferentes para os mesmos fatos e, inclusive, ao passar para diferentes línguas foram usadas palavras que alteraram o relato original. Este sistema desenvolvido pêlos dirigentes religiosos para manter viva a chama mística, com a mente fixa em Israel, fiéis a seu Deus e a suas tradições, recebe o nome de Cabala; a tradução mais aceita para Cabala é “Tradição”. Os ensinamentos dos cabalistas foram inicialmente orais, mas aparentemente eles começam bem antes da Bíblia existir, quando começam ensinando os acontecimentos da história dos hebreus. Os cabalistas afirmam que sua doutrina emana de Deus, que a ensinou aos anjos e eles a transmitiram aos Patriarcas e assim sucessivamente. Ninguém sabe quando nasce a Cabala. Autores assumem que ela é anterior ao próprio povo hebreu, o que poderia ser um exagero já que se for assim, a Cabala antecederia a Moisés em mais de 2500 anos. Através da história a Cabala passa por diversas etapas e vai assimilando conceitos que levam até uma interpretação própria do povo hebreu e que serve de base, junto com a Torah e o Talmud, do Verbo judeu. A estrutura original da Cabala está em duas histórias: a história da gênese e a história do trono ou carro. A história da gênese é a discussão favorita dos primeiros cabalistas já antes da destruição do 2º Templo (de Zorobabel); a história do trono ou do carro é a primeira manifestação mística da Cabala e data dos séculos I e II dc. Usa a alegoria do trono puxado por 4 querubins, mencionado pelo profeta Ezequiel, (ele tem rodas e por isso é conhecido também como o carro) que percorre os céus e que é interpretado como uma alegoria da alma em procura de Deus. Do séc III ao séc VI dc, o estudo da Cabala já é primordial dentro do pensamento religioso judaico. Surge o primeiro livro conhecido sobre a Cabala: O Sefer Ietzi-rah (Livro da Criação), autor desconhecido, onde é explicado a Árvore da Vida com as 10 sephirot (esferas) e as 22 linhas retas que unem as 10 esferas e que representam as 32 maravilhosas sendas místicas da Sabedoria, pelas quais Deus criou o mundo. As 10 esferas representam a série dos 10 primeiros números e as 22 linhas são as 22 letras do alfabeto 98 hebraico. Conforme relato atribuído a Abraão, existe o Espirito tornado Palavra (Verbo) que é a primeira sephira (esfera) e dela emana a segunda esfera que é o ar e que cria através do sopro divino as demais esferas que são a 3ª a água, a 4ª o fogo e as seis últimas os 4 pontos cardeais e os 2 pólos. No Livro da Criação se inicia a preocupação dos cabalistas com a numerologia e uso das letras na interpretação de significados ocultos; estas 22 letras e 10 números podem ser combinados de três maneiras: notarikón (acrósticos de expressões ocultas), guematria (atribui valores numéricos as letras) e temurah (permuta palavras por anagramas). Na Idade Média, o centro cultural do judaísmo se traslada a Espanha onde surgem as maiores inteligências que o judaísmo já teve. É com eles que a Cabala alcança um impulso notável. Em 1275 (aproximadamente) aparece o Livro do Esplendor (Sefer ha-zohar) que parece ser uma compilação de várias obras, sendo algumas delas apócrifas; mas existe unanimidade hoje em acreditar que a autoria de muitas obras e a compilação do Zohar corresponde a Moisés ben Shem Tov, chamado em espanhol, Moisés de León (1250-1305). No Zohar as 10 sephirot adotam a figura humana, simbolizada por Adam Kadmon, o demiurgo, o criador da natureza, o homem perfeito, mensageiro de Deus, Messias, reflexo da alta espiritualidade, corpo considerado como a marca da alma, o Adão celeste, o Grande Ancião do Zohar, à semelhança do qual foi criado o Homem. As sephirot são comparadas no Zohar aos membros do corpo humano e dispostas em grupos de três. A primeira esfera é o kether (coroa) situada na cabeça e que é a essência divina espiritual; nela nascem 2 outras esferas: a chokmah, que é a sabedoria e a binah, compreensão, inteligência. Da união de ambas ha de nascer um filho, o daath, que é o conhecimento, a ciência; esta tríade recebe o nome de chabad, fundamental para elucidar os mistérios do universo. As duas esferas seguintes são os braços de Deus: guedulah, grandeza, ou chesed, graça, que está no lado direito, simbolizando o amor, e geburah, heroísmo, ou din, justiça, que está no lado esquerdo que é o rigor. Ambas se equilibram num sentimento de justiça e misericórdia. A sexta esfera no centro é tiphereth, beleza, que ao se unir as anteriores formam uma nova tríade de harmonia. Uma nova tríade formar-se-á com as esferas seguintes que são netza, eternidade, hod, glória, majestade, e iesod, fundamento, base. A 10º esfera é uma síntese das demais, malkuth, realeza. (Alertamos que as transcrição das palavras do hebraico antigo difere de uma obra para outra, por exemplo, Hokhmah, Chochmah, Chokmah ou Hokmá; que são a mesma palavra; também muitos reclamam que a pronúncia correta é Cabalah, acentuando na última sílaba, mas no português nos pronunciamos Cabala da mesma forma que pronunciamos Londres e não London). 99 Resumindo temos: 1) O mundo da inteligência (Kether-coroa, Chokmah-sabedoria e Binah-inteligencia); 2) O mundo do sentimento (Chesed-graça ou amor, Din-justiça e Tiphereth-beleza) e 3) O mundo da natureza (Netza-triunfo, Hod-glória ou majestade e Iessod-fundamento). A 10ª esfera, Malkhult, encerra o conteúdo das outras nove para serem ensinadas aos homens. Também o Zohar classifica as esferas conforme sua localização nas colunas verticais da direita (masculina ou da misericórdia) e que são Chokmah, Chesed e Netza, da esquerda (feminina ou da severidade) Binah, Geburah e Hod e do centro (conciliação ou da suavidade) que são Kether, Tipheret, Iessod e Malkult. E que é a Árvore da Vida ao final? É o esquema da Criação (Sefer), é a representação do Homem desde o infinito que está acima de sua cabeça, até os seus pés, recebendo cada parte do corpo uma designação cabalística. As sephirot são os centros de energia existentes e, unidas, representam os nomes de Deus, a Árvore da Vida é o criador, e a criatura é a explicação do origem do Universo. E qual é a relação entre o Zohar e a Cabala? Os místicos judeus consideram o Zohar como a obra que melhor representa as regras e preceitos da fé judaica; está formado por histórias, discursos, meditações e monólogos, com muitos símbolos e alegorias místicas, tendo assumido uma importância igual a do Antigo Testamento e ao Talmud e substituiu toda a literatura cabalística anterior. Os místicos acreditam ver o origem da palavra Zohar no Livro de Daniel, cap 12 vers 3, que fala “Os entendidos (os místicos judaicos), pois, resplandecerão, como o esplendor do firmamento (Zohar); e os que a muitos ensinam (os cabalistas) refulgirão como as estrelas sempre e eternamente”. Autores procuram ver a Cabala aplicada no Templo maçônico, atribuindo a Elias Ashmole a localização dos cargos principais de uma Loja, acompanhando a Árvore da Vida com suas esferas para o V M (Kether), Secr (Hockman), Or (Binah), Chanc(Chesed), Tes(Geburah), MC(Thipheret), 2º V (Netzah), o Iniciando (Iessod) e Cob(Malkult). José Castellani na sua obra “A Ciência Maçônica e as Antigas Civilizações” discorda absolutamente desta pretensão, concluindo que é uma deturpação da concepção metafísica contida no Adão Kadmon, para adaptá-la a simbologia maçônica. Eu entendo que os Irmãos, no seu amor pela maçonaria queiram ver em toda ciência sagrada as raízes ou a influência da simbologia maçônica. Na verdade, não é bem assim: A Maçonaria foi criada, em uma data ainda não determinada, adotando muitos símbolos contidos nas ciências iniciáticas da antigüidade. Somos parte de um legado 100 deixado pêlos sábios do passado. E assim tem acontecido com todas as escolas filosóficas e religiões que tem surgido para culto de Deus e elevação da espiritualidade do homem. Somente como exemplo, a Escada de Jacó tem sido utilizada pelas mais diversas religiões e também pela Maçonaria e a própria Cruz, é um símbolo antigo que a Igreja Católica adota somente 3 séculos após a morte de Jesus. E porque, nós maçons, devemos estudar a Cabala, o Tarot, a Astrologia, a Alquimia, os Solstícios, os antigos Mistérios, os filósofos gregos, Bíblia, etc? Porque lá se encontra o que de melhor produziu o homem no desbastamento da sua Pedra Bruta. Porque é assim que estaremos em melhores condições de freqüentar nossa Loja, levando e trazendo espiritualidade e conhecimentos que melhorem nosso interior e nos aproximem de Deus e de nossos semelhantes. E, finalmente, como diz Dion Fortune, “estaremos bebendo da água mais pura”. Capítulo 25 O Delta Sagrado O neófito, quando despojado da venda que cobria seus olhos, percorre com sua vista os diversos símbolos que estão na sua frente e, entre outros, se fixa no Delta Sagrado e por alguns segundos sente-se inerme frente a Divindade que, do alto, faz sentir toda sua onipresença; é como a nossa consciência que nos acusa pêlos erros cometidos ou aprova as nossas boas ações. Sente-se inerme tal como se sentiram os egípcios, gregos e romanos quando se aventuraram por esses caminhos perigosos nas cerimônias iniciáticas pela qual ele, 5000 anos mais tarde, também acaba de passar. Usar o Delta com o Olho não é antigo e parece que somente apareceu na Maçonaria no início do séc XIX. O nome de Delta acompanha o nome da 4a letra do alfabeto grego, dada sua similitude gráfica. Em nossas Lojas, ele é um triângulo equilátero, figura muito conhecida em todas as religiões e considerada uma figura geométrica perfeita pelo seu equilíbrio, igualdade e perfeição ou harmonia. Para alguns autores, o triângulo é o símbolo universal das leis particulares que tem produzido a substância. Conforme Mackey (maçom e pesquisador norteamericano do s. 18), para os egípcios o triângulo era o símbolo da natureza universal, a base representando Horus, a perpendicular a Isis e a hipotenusa o filho Horus, gerado pelo princípio masculino e feminino. Plutarco e Senócrates, comparavam a Divindade com um 101 triângulo equilátero porque Ela é sempre perfeitamente igual em cada uma da suas manifestações; o triângulo isósceles é o gênio nunca totalmente perfeito e o triângulo escaleno vem a ser o homem com todas as suas imperfeições. O Triângulo pode ter no seu centro o “Y” místico dos Druídas, o “Iod” sagrado dos hebreus (também pode estar todo o Tetragrama), “G” simbólico dos saxões ou o Olho aberto que tudo vê e, apesar da variação de emblemas usados, sempre estará Deus representado, na sua tríplice manifestação: vida, verbo e luz. O Olho é característico do Rito Moderno, a letra “Iod” é usada nos Ritos Escoceses, de York, Adonhiramita e Ritos deístas ou teístas em geral. A diferença dos outros Ritos, no Rito Moderno o Delta representa a Suprema Sabedoria. Em nossa Loja existem dois Triângulos: na frente do dossel do Trono do Venerável Mestre temos um Triângulo com a letra “Iod” e na parede do Or, sob o dossel, entre o Sol e a Lua, está o Triângulo com o Olho que tudo vê; “... são os olhos do SENHOR, que percorrem toda a terra.” (Zacarias, 4-10) ou “... os olhos de Deus estavam sobre os anciãos dos judeus, “... (Esdras, 5-5). O Olho está dentro de uma chama raiada que simboliza o princípio criador e conservador da vida. Também o catolicismo na sua iconografia, representa Deus utilizando um triângulo equilátero com um olho aberto no centro, relacionando assim a perfeição divina (o triângulo equilátero) com a onipresença (o olho). Sua origem estaria no desenho usado como reconhecimento dos primeiros cristãos e que era um peixe. Dizem que Jesus desenhou um peixe no chão o que, posteriormente, seria usado como símbolo pêlos seguidores da nova religião. As iniciais das palavras gregas correspondentes à frase “Jesucristo filho de Deus, o Salvador” formariam ICTES em latim, que significa peixe. Se desenhar dois círculos que tenham o centro respectivamente num ponto da circunferência do outro, ficará uma área comum de forma elíptica que lembra a forma de um peixe ou de uma bexiga; daí foi dada a esta figura o nome de Vesica Piscis. A figura do rombo de extremos pontiagudos que se forma dentro da Vesica Piscis também lembra a figura estilizada de um peixe e em antigos manuscritos e construções da Idade Média aparece freqüentemente. Cristo é simbolicamente esta região que une o céu e a terra, o superior e o inferior, o criador e a criação. Também, dentro desta seção, podem ser construídos dois triângulos de base comum, símbolos da água e do fogo, e que em seu conjunto formam o mesmo losango que formam o esquadro e o compasso no Livro da Lei. As duas circunferências unidas lembram a forma básica da matéria que da origem a uma nova vida; é a célula que cria dois centros, parte-se e da origem a uma nova célula. Outra forma de considerar a Vesica Piscis é uma representação do reino intermédio que faz parte tanto 102 do princípio imutável, como do mutável, do eterno e do efêmero. A consciência humana funciona como mediadora, equilibrando os dois pólos complementares da consciência. Esta forma elíptica é também a designação simbólica da Era de Peixes, sendo a figura geométrica dominante neste período de evolução cósmica e humana, e o principal elemento usado nas catedrais góticas dessa era. A Era de Peixes se caracterizou por ser a encarnação formal do espírito na forma, aprofundando assim a materialização do espírito : o mundo se faz carne. Eis porque o Olho dentro do Delta Sagrado é o símbolo de Deus. Capítulo 26 As Velas A vela é um cilindro de cera, sebo, espermacete ou outra substância graxa com um pavio no centro acompanhando todo o comprimento do cilindro para que ele possa acender e dar luz. As velas são normalmente fabricadas de estearina que é uma substância química, branca, funde a 64.2 graus centígrados, insolúvel na água e está composta de ácido esteárico e glicerina. Outras matérias muito usadas na fabricação de velas são a parafina e a cera de abelhas. Interessante é notar que, as velas usadas nos tempos antigos para iluminar os ambientes, após o invento da luz elétrica não caíram em desuso e sim, seu uso multiplicou-se com fins de culto as almas por parte dos crentes, homenagem aos santos e para usos ritualísticos tanto religiosos como em outros cultos, não sendo a Maçonaria uma exceção a esta regra. Para entrar no conhecimento místico de uso das velas em Maçonaria temos que lembrar que o fogo é um dos quatro elementos do mundo antigo e que ele tem um conceito de purificação total: “... para que de profano nada lhe reste” conforme lembramos da nossa cerimônia de Iniciação. Desde épocas remotas a luz tem sido símbolo de sabedoria e conhecimento, com estreito relacionamento com o Sol e, como o Sol nasce no Oriente e, coincidentemente, a sabedoria dos sábios, filósofos e Messias, tem tido seu berço no Oriente, dai a relação entre luz e sabedoria que vem do Oriente. A luz simbolizando a Sabedoria e o fogo simbolizando a purificação dos pecados estão representados na ritualística maçônica, tanto através do Sol, no fogo purificador já mencionado, no Delta Sagrado 103 como nas velas nos altares. Praticamente todos os ritos maçônicos usam as velas sendo os que mas tem dado importância a elas são o Rito Adonhiramita e o Rito de York. Mas, em todos os Ritos as velas estão presentes, no mínimo, iluminando os altares e na cerimônia de recepção de visitantes ilustres, quando sob o comando do Mestre de Cerimônias são formadas as comissões de espadas e estrelas (que são velas acesas). Considerando que a abelha é um símbolo de laboriosidade e que o produto de seu trabalho torna a vida do ser humano mais doce, as antigas Lojas de pedreiros usavam nas suas velas unicamente cera de abelhas; com o avanço da civilização a produção de material para velas foi mudando para outros produtos industriais e lamentavelmente hoje são poucas as Lojas que se preocupam com o material das velas havendo, a maioria delas, substituída as velas autênticas por lâmpadas elétricas com formato simulando uma vela. A Ritualística não existe por acaso. Cada símbolo tem uma razão de ser e o conjunto deles cria um campo espiritual propício para nossas preces ao Grande Arquiteto do Universo. O não uso de velas confeccionadas com cera de abelhas ou, pior ainda, a substituição de velas por lâmpadas elétricas vai matando aos poucos a Ritualística que nossos antepassados criaram séculos atrás e que deveria ser a nossa obrigação manter e legar a nossos sucessores da forma como recebemos. O acendimento de uma vela em Loja deve ser feito com outra vela, previamente acesa, ou com fósforos, não sendo ritualisticamente correto usar isqueiro ou outro elemento moderno que no passado não existiam. Da mesma forma a vela deverá ser apagada com um abafador; discute-se se apagar a vela assoprando nela seria um ato profano considerando-se como a intenção de desintegrar a luz (José Cássio Simões Vieira, Bol. do GrSão Paulo, 20Abril-1995), recomendando-se usar o abafador mencionado ou os dedos umedecidos. Capítulo 27 As Espadas Sendo a espada uma arma branca ofensiva e defensiva, usada durante séculos na vida militar, acaba resultando um tanto difícil explicar sua presença na ritualística maçônica. Mas é justamente esta arma de luta que simboliza melhor na Maçonaria a luta constante pelos princípios do Bem e na mão esquerda como elemento que 104 lembra nosso juramento de ir em proteção dos membros da Ordem em situação de perigo; a importância desta última razão, o iniciando vê desde o mesmo momento que é despojado da venda; mas, também, essas mesmas espadas poderão castigar a quem for perjuro no seu juramento e nesse caso, a espada será tomada com a mão direita. A História ensina que o momento mais sagrado e de orgulho para o recém iniciado cavaleiro na Idade Média é quando ele recebe sua própria espada e a Ordem de Cavalaria em seus princípios “chamava os cavaleiros a defender a Pátria e amparar as viúvas e órfãos” como os mais sublimes deveres do cavaleiro recém ungido. Assim, a espada é elevada à símbolo moral da consciência do maçom, que deve vigiar permanentemente seus atos. Durante a cerimônia da iniciação, o tinir de espadas é ouvido representando as lutas que acontecem em nosso redor; é o emblema dos combates que o Homem deve enfrentar permanentemente contra suas paixões, seus vícios, seus defeitos, suas tendências negativas, etc, devendo lutar para corrigir seus erros e se afastar dos vícios. E na parte final, quando o Venerável Mestre da aqueles golpes com a Espada Flamígera, da mesma forma que o Rei dava aqueles golpes nas costas do recém armado cavalheiro, o recém iniciado está sendo ungido Cavaleiro do bem e da Moral, para lutar por Deus, sua família, sua Pátria e a sociedade. Lembramos que a Espada Flamígera deve ser tocada unicamente por Mestres Instalados (Mestres maçons que são ou foram Veneráveis Mestres de Loja) já que a simbologia dela indica que sendo sua lâmina uma língua de fogo, um irmão que não passou pelas provas de um Mestre Instalado poderia ser queimado por ela. O aço da Espada nos lembra que nosso espírito deve ter a mesma dureza desse metal. Capítulo 28 A Maçonaria e a Mulher No artigo III (segundo parágrafo) da primeira Constituição de Anderson, lemos: As pessoas admitidas como membros de uma Loja devem ser Homens de bem e leais, nascidas livres, e de idade madura e circunspecta, nem escravos, nem Mulheres, nem Homens sem moralidade ou de conduta escandalosa, mas de boa reputação. 105 Já nos Regulamentos compilados por Georges Payne, aprovados em 1721 e que, historicamente, tem formado um corpo só com a Constituição de Anderson, aparece no artigo XXXIX á obrigação de preservar cuidadosamente os velhos Land-Marks. Nos anos seguintes, os estudiosos da maçonaria debruçam-se para descobrir quais são estes Land-Marks, e de todas as listas que são emitidas, a Grande Loja Maçônica de São Paulo adota a de Albert Mackey, que em seu Land-Mark número 18 estabelece as condições para um candidato ser aceito na Maçonaria concluindo que uma mulher, um aleijado ou um escravo não podem ingressar na Fraternidade. Durante todos os séculos da Maçonaria Operativa, parece não existir antecedentes de alguma mulher tem pretendido ingressar na Maçonaria. Lembremos que nossos antecessores eram autênticos pedreiros e que desenvolviam um esforço físico considerável em uma época que a função da mulher estava relegada ao lar. Lembremos que as Lojas de autênticos pedreiros, a partir do século 17, reuniamse em tabernas, locais onde era absolutamente impossível contar com a presença de uma mulher. Charles Johnson escreve em 1723 que a rainha Isabel de Inglaterra, protetora das artes, ficou inimiga da Maçonaria porque, pretendendo ingressar nela, recebeu a resposta que em razão de seu sexo, não lhe seria possível. Fato similar acontece com a Imperatriz Maria Eugenia de Austria. Mencionamos algumas insólitas histórias de mulheres que foram iniciadas em Lojas regulares, sendo estes, casos excepcionais e curiosos, produtos de um errado entendimento dos usos e costumes da Ordem, mas que não podem ser considerados como prova de que no passado a Maçonaria tem aceito mulheres. Elisabeth Saint Leger, mais conhecida pelo seu nome de casada, Lady Aldworth, filha do Visconde Doneraile, havendo surpreendido uma reunião maçônica da Loja 95, de Cork (Irlanda), no castelo paterno através de uma parede que estava sendo reparada, foi iniciada para jurar guardar secreto. A esposa do General Xaintrailles nomeada Capitão de Cavalaria e aide de camp de seu marido e que participava nas batalhas com muita bravura foi iniciada na Loja Les Frères Artistes, de Paris (França), pensando-se que era um homem, o capitão Xaintrailles. O cavaleiro d’Eon, francês, foi iniciado na Loja 376, que trabalhava na França, sob a obediência da Grande Loja de Inglaterra (dos Modernos). Frente aos rumores cada vez mais fortes que seria mulher, em 1977 confessou seu verdadeiro sexo recebendo a ordem judicial de usar roupas femininas, e aparentemente nunca mais visitou a Loja. Na Hungria, Helene Barkocsy, casada com o Conde de Hardik, herdou os bens de seu pai, que era maçom, incluindo uma biblioteca maçônica onde ela adquiriu conhecimentos e um grande interesse pela Ordem, obtendo sua iniciação na Loja Egyenlossy do Grande Oriente da Hungria em 1875; mas, quando 106 esse Grande Oriente ficou sabendo do ato irregular procedeu disciplinarmente em contra da citada Loja e a Condesa de Hardik foi eliminada. Com o desenvolvimento da Maç, o ingresso nas Lojas de nobres e intelectuais, as informações que enchem os jornais europeus sobre a Ordem excita a curiosidade de muitas damas da época, que começam a questionar os motivos que poderiam existir para elas não poderem ingressar. Principalmente na França, foram criadas algumas organizações que tentavam imitar uma loja maçónica. Na impossibilidade de superar a proibição de mulheres ingressar na Maçonaria foi utilizado o esquema de criar lojas chamadas de adoção, dependentes de uma loja regular, na qual poderiam participar homens e mulheres. Estas lojas andróginas desenvolveram atividades mais do tipo social e de caridade, seus locais de reunião recebiam o nome de Bosquecinhos ou Templos do Amor, e as mulheres iniciadas se chamavam de primas ou amigas. Também existiu, na Alemanha, a Ordem dos Mopses, um cachorrinho como símbolo da fidelidade, organização muito popular entre as mulheres. Damas, princesas, duquesas, condessas, toda a nobreza feminina participavam dela. Satisfazia a curiosidade das damas com seus rituais pomposos e destacando que algumas desenvolveram atividades de tipo intelectual com palestras de escritores, concertos, prêmios para ações de caridade sobressalentes, etc., mas todas elas eram carentes de princípios filosóficos. Em 1782 aparece Cagliostro que cria seu Ritual da maçonaria Egípcia, nitidamente andrógina, com sua mulher como Grã Sacerdotisa do Rito. Estas lojas de adoção terminaram com a revolução recuperando sua força com a Imperatriz Josefina mas todas elas acabaram desaparecendo com o período da Restauração. Apagado o luxo e esplendor da corte francesa, vem um período de pouca atividade feminina na para-maçonaria. Até aparecer no século 19, três mulheres extraordinárias, de elevado nível intelectual, ardentes feministas que, dentro de todas as atividades que elas desenvolvem também participaram (ou pretenderam participar) na Maçonaria. Estamos falando de Marie Deraismes (1828-1894), Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891) e Annie Besant (1847-1933). Marie Deraismes solicita em 1881 seu ingresso na maçonaria francesa. A Lde Pucq aprova sua solicitação, retira-se da Grande Loja da França e inicia a Marie Deraismes em 14 de Janeiro de 1882. Mas 5 meses depois, a Loja se arrepende e volta ao seio da Grande Loja. Marie Deraismes funda sua própria potência e em 4 de Abril de 1893 nasce a Grande Loje Symbolique Ecossaise Le Droit Humain. O médico Georges Martin e sua esposa, amigos de toda a vida de Marie Deraismes, na morte dela, assumem a direção dos Direitos Humanos. Por sua parte, na tradicional Inglaterra, é uma discípula de Helena Blavatsky, Annie Besant que funda em 1902 a Order of the Universal Co-Masonry in the British Federation. Annie Besant e 6 seguidoras 107 tinham sido iniciadas na Direitos Humanos de Paris. Nascem Direitos Humanos em USA e em outros países, só que nenhuma delas, obviamente, é reconhecida como Loja regular. Hoje em dia existe na Inglaterra a Honorável Fraternidade da Maçonaria Antiga, que trabalha em um rito conhecido como Emulation e está composta unicamente por mulheres. No Brasil também existem Lojas femininas dependentes da Federação Brasileira “O Direito Humano” que se auto-intitula como Ordem Maçônica Mista Internacional “Le Droit Humain” e declara ser constituída de Franco-maçons de ambos os sexos, e que na sua Declaração de Princípios afirma a igualdade essencial do homem e da mulher, e ao proclamar seu nome Direito Humano, pretende que eles vivam a Justiça Social. Com sede em Paris, Le Droit Humain afirma que está presente em 60 países. Seus rituais declaram ser idênticos aos da Maçonaria Regular mas com ênfase especial no culto da fertilidade. Recentemente apareceu um artigo na Internet, publicado por um maçom de Brasília, Ivan Barbosa. Ele defende a participação da mulher na Maçonaria e fala que antigamente era uma prática comum o ingresso delas na Ordem. Culpa a James Anderson, colocando nele toda a responsabilidade pela exclusão da mulher na Maçonaria e negando inclusive a condição de maçom de Anderson chega a usar o epíteto de "falso maçom". Como já falamos no Capítulo 4, Anderson foi incumbido de colocar as velhas Constituições Góticas em ordem, aproveitando os manuscritos existentes e em 25 de Março de 1722, foram lidos a Constituição de Anderson e o relatório da Comissão Revisora sendo ambos aprovados com pequenas modificações. Temos dado todos estes detalhes da geração do documento mais importante da Maçonaria moderna para destacar que sua geração foi um processo de quase 3 anos, que envolveu a Ordem toda, não podendo dizer que foi criação de "um Presbítero seguindo sua própria inclinação". Ivan Barbosa cita ainda o Ir Miguel André Ramsay falando que "Muitos de nossos ritos e costumes, quando contrários aos reformadores (refere-se as 4 Lojas que em 1717 fundam a GLondres) foram mudados disfarçados ou suprimidos, e desta forma, muitos Irmãos lhe esqueceram o âmago, restando apenas a parte externa". Desta frase o sr Barbosa deduz implicitamente que uma das modificações seria a exclusão da mulher na Maç\parAndré Miguel de Ramsay, Cavalheiro da Ordem de São Lázaro, investido pelo Regente Filipe de Orleáns, era um dos principais membros da numerosa colônia de exilados escoceses residindo em París sendo partidário de Jacobo III, o Pretendente ao trono de seu pai Jacobo II da dinastia dos Estuardo. Ramsay foi iniciado na Loja Horn, de Westminster em 17 de Março de 1730. Com motivo de uma cerimônia de Inic na G L da França, a ser realizada em 21 de Março de 1737, Ramsay na sua 108 qualidade de Or preparou um discurso, mas conforme as ordens policiais da época enviou previamente uma cópia do discurso ao cardeal Fleury quem o devolveu com uma nota escrita na primeira página: Le Roi ne le veut pas. Assim o discurso ficou oralmente inédito, mas passou para a história pelos conceitos neles emitidos, inclusive fala-se que haveria inspirado os enciclopedistas dirigidos por Diderot. Mas tarde, a Inquisição em Roma queimou uma cópia dele em praça pública, logo após a Bula de Clemente XII "In Eminenti". Efetivamente na parte final dele, Ramsay emite os conceitos mencionados por Ivan Barbosa. Só que em parte alguma ele fala que as mudanças feitas pelos maçons em 1717 eliminaram a mulher da Maçonaria. As mudanças mencionadas por Ramsay são as mesmas que foram reclamadas pelos Ilrque se afastaram da G L (de 1717) e que originou um cisma em 1751 na G L de Inglaterra entre os "antigos" (anti G L de 1717) e os "modernos" que fundaram a G L de 1717. Em 1753 os "antigos" fundam a G L dos Maçons Livres e Aceitos consoante com as velhas Constituições. Os "antigos" censuravam os "modernos" por haver omitido orações, descristianizado os Rituais, ignorado os Dias Santos, estabelecido a obrigatoriedade da crença em Deus, e mudado os Landmarks. Favor preste atenção a este detalhe: se os "antigos" reclamavam supostamente da eliminação da mulher na Maçonaria por Anderson, porque eles não acolheram mulheres na sua G L durante os 60 anos que durou esta Potência? Antigos e modernos se reconciliaram em 27 de Dezembro de 1813 fundando a G L Unida de Inglaterra. Também no artigo de Ivan Barbosa, menciona o Manuscrito Régio ou Manuscrito de Halliwell, como suposta prova que a mulher formaria parte das Lojas de Pedreiros citando os versos 203 e 204 que dizem "Que nenhum Mestre suplante outro, senão que procedam todos como irmão e irmã", e nos versos 351 e 352 que dizem "Amavelmente, servindo-nos a todos, como se fossemos irmão e irmã". Efetivamente, na página 16 (são um total de 64 páginas) existem os versos que mencionam "que sejam unidos como irmão e irmã" e na página 28 fala-se "como se fossem irmão e irmã". Só que, acho que com a exceção de Brasil, em todos os outros países os maçons se referem às esposas dos irmãos como "nossas irmãs", não podendo então deduzir que o termo irmã refere-se a mulher maçom e sim a esposa de nosso irmão. Eu gostaria de mencionar que na página XII quando fala de selecionar novos membros para a fraternidade, menciona que "seria uma grande vergonha tomar um homem aleijado..., um homem imperfeito .., o grêmio quer um homem forte. .., um homem aleijado não tem força..., etc." E porque não recomenda tomar mulheres fortes, etc ? 109 As Lojas Direitos Humanos e outras Lojas mistas ou femininas não tem conseguido avançar dentro do campo que mais interessa a elas: a aceitação ou reconhecimento por parte das potências maçônicas regulares: seu principal centro de apoio, o Grande Oriente da França manteve relações e Garantes de Amizade durante um tempo com as Lojas Direitos Humanos, mas posteriormente este reconhecimento foi interrompido; unicamente aceita a visita na suas Lojas dos membros homens dos Direitos Humanos e não proíbe a seus próprios membros a incorporação nas Lojas da co-maçonaria. Por sua parte, a Grande Loja da França nunca reconheceu as Lojas Direitos Humanos; não proíbe a seus membros visitar Lojas de Direitos Humanos mas não aceita em suas Lojas a visita dos membros homens dos Direitos Humanos. Nenhuma potência maçônica da Associação Maçônica Internacional reconhece a Direitos Humanos como Obediência regular com exceção do tratamento dado pelo Grande Oriente da França. O Grande Comendador (autoridade máxima do grau 33 da maçonaria filosófica) da Bélgica não considera a Loja Direitos Humanos como um rito maçônico e, por tanto, ele pode ser visitado por qualquer Irmão, desde que sem paramentos, da mesma forma como pode visitar outras instituições não maçônicas como Lyons, Rotary, etc. Hoje em dia a situação da Maçonaria com respeito da mulher não tem mudado. E com certeza nunca mudará. Ainda que a Maçonaria não se pronuncia sobre o assunto (conforme sua atitude tradicional de não se envolver em polêmicas desgastantes e que a nada conduzem), os que realmente conhecem a Maçonaria sabem que ela considera a mulher com o maior respeito dentro da sociedade humana e tanto é assim que para ela são reservadas homenagens especiais na cerimônia de iniciação de seu marido; elas também participam em sociedades para-maçônicas tais como Centros Femininos, Clube da Acácia, Filhas de Jó, Eastern Star, Ordem do Arco-iris, etc. nas quais elas desenvolvem seus próprios ideais e princípios. Esta consideração para a mulher começa já na seleção do candidato que deseja um lugar entre nos : a esposa do candidato é entrevistada separadamente e se ela não concordar com o ingresso de seu marido na Maçonaria o processo do candidato é encerrado imediatamente. Resumindo, a Maçonaria é uma instituição essencialmente masculina; ela não é secreta e sim discreta e exclui a mulher por razões unicamente tradicionalistas. Se alterar esta proibição, a Maçonaria morreria e nasceria uma nova instituição que nada terá a ver com a Constituição de Anderson, com os Regulamentos Gerais e com os Land-marks. Capítulo 29 110 A Maçonaria é uma religião ? A crença em Deus é condição absoluta e insuperável para o ingresso na Maçonaria e converte-se numa verdade comum a todos os maçons, que consideram a Deus como o criador do Universo. Em respeito a todas as religiões a Maçonaria estabeleceu, como fórmula, denominar a Deus como o Grande Arquiteto do Universo. Mesmo que acreditar em Deus pressupõe a crença numa vida futura, a Maçonaria exige subsidiariamente esta crença numa vida futura. Também a Maçonaria considera indispensável á existência no Altar de um Livro da Lei, o livro que, conforme a crença, se supõe conter a verdade revelada por Deus. Conforme o credo da nação onde a Loja maçônica estiver localizada, este Livro poderá ser a Bíblia, Antigo Testamento, Torah, Corão, etc. Estas exigências da Maçonaria tem tanta força que quando em 1877 o Grande Oriente de França eliminou de seus estatutos a obrigação da crença em Deus, na imortalidade da alma e o uso da Bíblia no Altar, a Grande Loja Unida da Inglaterra, as Grandes Lojas dos Estados Unidos e outras potências de outros países romperam seu relacionamento fraternal com o Grande Oriente da França e ele não mais foi reconhecido como potência maçônica regular, situação que, pese a inúmeros esforços de aproximação feitos pelos franceses, persiste até hoje. Após este preâmbulo, podemos fazer a pergunta que encabeça este artigo: É a Maçonaria uma religião? Ela exige a crença em Deus e na imortalidade da alma, o Livro Sagrado está presente em suas reuniões, desenvolve um culto e nesse culto, conforme o seu ritual, são elevadas preces a Deus. Primeiramente vejamos o que é religião. Conforme o Dicionário Brasileiro da língua Portuguesa da Enciclopédia Mirador religião é o serviço ou culto a Deus, ou a uma divindade qualquer, expresso por médio de ritos, preces e observância do que se considera culto divino. Se bem é verdade que a Maçonaria exige de seus membros a crença em Deus, ela não propõe nenhum sistema de fé que seja próprio da Maçonaria. O fato de desenvolver suas reuniões conforme um ritual não é condição suficiente para ser rotulada de religião já que um ritual, em geral, não é privativo de uma religião e sim é um ordem ou conjunto de quaisquer cerimônias ou pode ser um cerimonial próprio de qualquer culto; culto é a forma pela qual se presta homenagem à divindade, mas na linguajem diária nos também 111 podemos render culto a outras símbolos diferentes da divindade, a Pátria, por exemplo; de todas maneiras, a Maçonaria aclara que esse culto é a própria Maçonaria. Os rituais maçônicos permitem preces, mas elas referem-se unicamente ao que vai fazer imediatamente e não a uma prática religiosa. A própria Igreja Católica reconhece, pela voz do Pe. Jesus Hortal, S. J., que a Maçonaria não é uma religião, porque não tem, como finalidade primordial prestar culto a Deus, sendo este o mais forte argumento que a Maçonaria não é uma religião. A Maçonaria mesmo que acessível aos homens de todas as crenças religiosas proíbe, expressamente, toda discussão religiosasectária em seus Templos. Sendo a Maçonaria uma sociedade de homens livres e de boas costumes que, com amor a Deus, à Pátria, à família e ao próximo, com tolerância e sabedoria, com a constante e livre investigação da Verdade, com a evolução do conhecimento humano pela filosofia, ciências e artes, sob a tríade da Liberdade, Igualdade e Fraternidade e dentro dos princípios da Moral, da Razão e da Justiça, o mundo alcance a felicidade e a paz universal, acaba tendo implicações religiosas, como também pode ter um sistema político ou uma escola filosófica e, obviamente, doutrinas políticas e filosofias não são religiões. Esperamos ter respondido de forma compreensível a pergunta acima concluindo que a Maçonaria não é uma religião. Capítulo 30 A Maçonaria e a Igreja Católica Na pre-sindicância que é feita com um candidato inclui-se a afirmação que “alguns setores religiosos condenam à Maçonaria” e se ele, o candidato, sabe disso. Invariavelmente o sindicante vê-se confrontado com uma série de perguntas por parte dele e de sua esposa querendo conhecer os motivos que poderia ter a Igreja para condenar à Maçonaria e em que forma o maçom poderia ser prejudicado com esta condenação. Normalmente, os candidatos têm a idéia que é a Maçonaria que combate a Igreja e não o contrário. Sobre as razões que a Igreja Católica poderia ter para combater à Maçonaria, lembramos que no passado a Igreja Católica temia o desenvolvimento do conhecimento, temerosa que espíritos esclarecidos pudessem questionar seus dogmas. Em 1717 ressurge, rejuvenescida na sua organização, a Maçonaria, como Maçonaria 112 Moderna ou Simbólica, promovendo dentre de seus membros a busca da verdade, o conhecimento do Homem e do meio em que ele vive, para assim alcançar o aperfeiçoamento da humanidade. Exalta a virtude da tolerância e rejeita todas as afirmações dogmáticas e todo fanatismo. E este renascimento da maçonaria na sua conceição moderna acontece na Inglaterra, berço do cisma provocado por Henrique VIII que reagiu contra o Vaticano. Os homens que participaram da Maçonaria eram na sua maioria, protestantes, livre pensadores, capazes de contestar os dogmas e o poder que a Igreja exercia sobre o povo. Esta primeira Grande Loja publica em 1723 a Primeira Constituição do Reverendo James Anderson que “faculta aos maçons de seguir a crença religiosa que lhe convenha, deixando para cada um a liberdade de suas convicções próprias desde que sejam homens probos e honestos, não importa que crença praticarem”. A reação da Igreja Católica contra esta Declaração de liberdade e tolerância religiosa demorou 15 anos. Esta demora pode ter sido pela lentidão das comunicações na época ou porque a Igreja não acreditou que a Maçonaria iria conquistar Europa e o Novo Mundo. Quando começam a nascer Lojas maçônicas na Europa e USA as quais a intelectualidade e a nobreza aderem, a Igreja reagiu lançando no dia 28 de abril de 1738 a primeira Bula contra os francmaçons, pelo Papa Clemente XII, sendo esta a conhecida como Bula mãe. De nome In Eminenti Apostolatus Specula, esta Bula acusa os maçons como suspeitos de heresia em razão do segredo e de seu juramento “pois se os maçons não fizeram o mal, não teriam esse ódio à luz”. A este primeiro motivo a Bula fala que “outros motivos justos e razoáveis, de nos conhecidos” existem só que estes motivos nunca foram revelados. Historiadores pensam que o objetivo principal da Bula mãe era de caráter político. As 4 Lojas fundadores em 1717 da Grande Loja, em Londres, pertenciam a facção política dos Hannover (protestantes); a causa do catolicismo estava perdida na Inglaterra e o destronado rei Jacobo II dos Stuart, era recebido com toda a sua corte em Roma como exilado, sendo seu filho Jacobo III reconhecido pelo Vaticano como legítimo rei da Inglaterra. Considerando que quando a Bula foi emitida, Clemente VII estava em adiantado estado de cegueira, havia perdido a memória e seu estado de senilidade não lhe permitia abandonar o leito, a Bula foi criação de um poder oculto que estaria trás da hierarquia da Igreja. A Bula, que sentenciava não só os maçons à excomunhão, como também a todos aqueles que promovessem ou defendessem a causa maçônica, teve nos países católicos diversas reações. Foi notoriamente aceita na Florença, Veneza, Sardenha, Polônia, Espanha e Portugal. Nestes dois últimos países grassou a Inquisição e a História conserva o processo movido contra o maçom João Coustos, 113 entre 1742 e 1744 em Lisboa, torturado e condenado ás galés. Na Espanha, Felipe V promulgou em 1740 uma ordem contra os maçons, baseada na Bula, desencadeando uma sangrenta perseguição. Mas, na Franca a Bula não surtiu qualquer efeito; não tendo sido registrada pelo Parlamento de Paris nunca foi colocada em execução, mercê ao adágio “Lex non promulgata non obligat”; o clero francês insistia em manter suas liberdades. Inclusive, durante todo o século XVIII os padres freqüentaram as Lojas em grande número. Estas, aliás, eram profundamente católicas. A primeira edição francesa (1742) das Obrigações da Confraternidade dos Francmaçons contém os Estatutos em uso nas Lojas da França e nelas se lê: “Ninguém será recebido na Ordem se não tiver prometido e jurado inviolável apego à religião, ao Rei e as costumes”. Muitas outras Bulas e Encíclicas tem sido emitidas todas similares em espírito. Aclaramos que uma Bula é um decreto do Papa e portanto deve ser obedecido pelo povo católico e que uma Encíclica é uma circular emitida também pelo Papa para esclarecer e orientar os fieis sobre pontos de fé, doutrina e dogmas da Igreja. Em 18 de Maio de 1751 o Papa Bento XIV promulga a bula Providas Romanorum Pontificum, que também enumera 6 razões: 1) nas sociedades e assembléias secretas estão filiados homens de todos os credos; daí ser evidente a resultante de um grande perigo para a pureza da religião católica; 2) a obrigação estrita do segredo indevassável, pelo qual se oculta tudo que se passa nas assembléias secretas; 3) o juramento pelo qual se comprometem a guardar inviolável segredo, como se fosse permitido a qualquer um apoiar-se numa promessa ou juramento com o fito de furtar-se a prestar declarações ao legítimo poder; 4) tais sociedades são reconhecidamente contrárias às sanções civis e canônicas; 5) em muitos países as ditas sociedades e agremiações foram proscritas e eliminadas por leis dos príncipes seculares; e 6) tais sociedades a agremiações são reprovadas por homens prudentes e honestos. Um dos Papas que mas se destacou na campanha católica contra a Maçonaria foi Pio IX. Durante seu mandato como Papa (1848–1878) emitiu 116 documentos pontifícios com ataques e condenações às sociedades secretas. Curiosamente em 1823 foi iniciado em uma loja maçônica em Santiago do Chile, Giovanni Maria Mastai Ferreti, futuro Papa Pio IX, então Secretário do Nuncio Apostólico Muzzi. Poder-se-á alegar que o intuito dele ingressar na Maçonaria teria sido o de conhecer mais de perto o inimigo da fé. Em 27 de março de 1874 a Grande Loja Escocesa de Palermo, Itália, eliminou da Ordem o Papa Pio IX acusado de perseguir seus irmãos. Além de perseguir à Maçonaria, Pio IX foi um ardente anti-semita. 114 Estas ações da Igreja tinham uma força terrível, pois a Igreja era a instituição mais poderosa da sociedade ocidental, sobre a qual exerceu influência marcante, tendo o Papa se tornadoo dirigente supremo do mundo ocidental. A Igreja, na época, formulava princípios relativos ás atividades econômicas, controlava o ensino, ditava normas relativas a organização familiar, na política cristianiza a autoridade de Reis e Imperadores mediante a unção e sagração. Afirmava que o poder leigo governa os corpos e o poder eclesiástico governa as almas e como ao alma é superior ao corpo, a autoridade eclesiástica sobrepõe-se a autoridade leiga. Ao Papa, como chefe da Igreja e representante direto de Deus na Terra, corresponde o governo supremo da sociedade cristã, à qual pertencem Reis e Imperadores; além do mais, Reis e Imperadores, como os demais homens, podem cair em pecado estando sujeitos ao julgamento do poder eclesiástico. Em uma sociedade assim dirigida, pode-se avaliar o que representava a pena de excomunhão que colocava o condenado fora da comunidade e o privava de todos seus direitos. Também a Igreja tem emitido em contra da maçonaria diversos decretos que se tem avolumado no Codex Juris Canonico formando o conjunto de leis que consolidam o direito dentro da Igreja. De todos eles os mais fortes e conhecidos são os números 2335 e 2336 que castigam com a excomunhão as seitas maçônicas que maquinam contra a Igreja ou contra as autoridades cíveis legítimas e promove a denuncia dos clérigos que participam em Lojas maçônicas. Unicamente para efeitos documentais reproduzimos a continuação os decretos principais emitidos em contra de associações de tipo maçonaria e similares: 684 – Fideles laude digne sunt, si sua dent nomina associationibus ab Ecclesia erectis vel saltem commen datis; caveant autem ab associationibus secretis, damnatis, seditiosis, suspectis au quae studeant sese a legitima Eccesiae vigilantia subducere. São dignos de loa os fiéis que se inscreverem nas associações erigidas ou ao menos recomendadas pela Igreja; mas fugirão das associações secretas, condenadas, sediciosas, suspeitas, ou que procuram evadir-se da legítima vigilância da Igreja. 693 – Acatholici et damnatas sectae adscripti aut censura notorie irretiti et in genere publici peccatores valide recipi nequeunt. Os católicos e os adscritos à seitas condenadas, ou os notoriamente incursos em censura e, em geral os pecadores públicos, não podem ser recebidos com validade. 115 1240 - #1 Ecclesiastica sepultura privantur, nisi ante mortem aliqua dederint poennitentiae signa : 1) Notorii apostatae a christiana fide, aut sectae haereticae vel schismaticae aut sectae massonicae aliieve eiusdem generis societatibus notorie addicti; #1 Estão privados da sepultura eclesiástica, a não ser que antes da morte houvessem dado algum sinal de arrependimento: 1) Os notórios apóstatas da fé cristã ou os notoriamente filiados a uma seita herética ou cismática ou à seita maçônica ou outras sociedades do mesmo tipo. 1339. Ipso iure prohibentur : # 8) Libri Qui duellum vel siucidium, vel divortium licita statuunt, Qui de sectis massonicis vel aliise ciusdem generis societatibus agentes, eas utiles et non perniciosas Ecclesiae et civili societati esse contendut; Estão proibidos por este decreto: # 8) Os divórcio, e sociedades perniciosas, livros que declaram lícitos o duelo e o suicídio, ou o os que tratando das seitas maçônicas ou de outras análogas, pretendem provar que, longe de serem resultam úteis para a Igreja e a sociedade civil. 2335 – Nomem dantes sectae massonicae aliisve eiusdem generis associationibus quae contra Ecclesiam vel legitimas potestates machinantur, contrahunt ipso facto excommunicationem Sedi Apopstolicae simpliciter reservatam. Os que dão seu nome à seita maçônica ou outras associações do mesmo gênero, que maquinam contra a Igreja ou contra as potestades cíveis legítimas, incorrem imediatamente do ato, em excomunhão simplesmente reservada à Sede Apostólica. 2336 – # 2 – Insuper clerici et religiosi nomen dantes sectae massonicae aliisque similibus associationibus denuntiari debent Sacrae Congregationi S. Officii. # 2 – Os clérigos e os religiosos que dão seu nome à seita maçônica ou a outras associações semelhantes, devem também ser denunciados à Sagrada Congregação do Santo Ofício. Que devemos entender por “maquinar contra a Igreja”? A resposta é dada pela própria Igreja que através dos séculos tem acusado à 116 maçonaria de ações que correspondem a este “delito”, detalhando-se alguns exemplos a continuação: 1751 – Os maçons enganam os fieis com falsa filosofia e vãos sofismas 1844 – Maçons e cristãos são essencialmente inconciliáveis - A Maçonaria declara que a razão humana é o meio de alcançar a verdade 1846 – A Maçonaria diz que qualquer religião é digna - A Maçonaria nega obediência e revela-se contra os Príncipes 1849 – A Maçonaria propicia a abolição do poder civil da Igreja 1850 – A Maçonaria propicia que a escola pública deve depender do poder civil 1851 – A Maçonaria diz que a Verdade não é exclusividade da Igreja Romana - A Maçonaria diz que reis e príncipes estão isentos da jurisdição da Igreja - A Maçonaria diz que a Igreja não tem potestade para usar a força - A Maçonaria diz que o Direito Civil prevalece frente as leis da Igreja - A Maçonaria diz que o vínculo matrimonial é indissolúvel e pertence ao Forum civil 1852 – A Maçonaria pede a separação da Igreja e do Estado 1854 – A Maçonaria declara que o poder civil de um país pode definir os direitos da Igreja 1855 – A Maçonaria nega à Igreja Católica de ser a única religião do Estado 1861 – A Maçonaria pede que a Igreja se reconcilie com o progresso, o liberalismo 117 e a moderna civilização 1862 – A Maçonaria declara que todo homem é livre de abraçar a religião que a luz de sua razão lhe indicar - A Maçonaria declara que o Estado tem direitos ilimitados 1864 – A Maçonaria está a favor da democracia e da instrução popular - A Maçonaria ignora a proibição de pertencer à seita maçônica e declara que essa proibição está contra a lei e a honestidade Pese a todos estes ataques da Igreja em contra da Maçonaria, esta tem continuado seu desenvolvimento silencioso abraçando praticamente todos os países do mundo onde existam regimes normalmente livres, e a Igreja Católica, tem diminuído sua influência no mundo ao ponto que hoje representa bem menos do que antigamente no desenvolvimento das idéias; seus sacerdotes começaram a se engajar com doutrinas políticas que a Igreja sempre combateu e o interesse por ingressar nos seminários é cada vez menor. Os ultra-conservadores que no comando da Igreja criaram a Inquisição e o Opus Dei, cedem seu lugar para dirigentes humanistas que tentam dialogar com aqueles que por enquanto são chamados de “irmãos na separação”. Em 1928 acontece uma reunião em Aquisgran entre o padre jesuíta Hermann Grüber e os maçons Lang, Lennhoff e Reichel e todos concordam na necessidade de suprimir de ambos lados o argumentos não objetivos, caluniosos e ofensivos. Durante a 2a Guerra mundial, o Nuncio Roncalli, futuro Papa João XXIII, trabalhou pela causa aliada junto dos maçons Riandey e Marsaudon, da Resistência francesa. No 2o Concílio do Vaticano já houve declarações bem diferentes das posições intolerantes do passado e, em fevereiro de 1969, Alec Mellor, advogado católico francês, pede e recebe autorização do Vaticano, para ser iniciado na Loja L’Espoir No 35 da Grande Loja Nacional Francesa, o que acontece em 29 de março do mesmo ano. Após sua iniciação, Allec Mellor recolhe em livros suas impressões sobre a Maçonaria e que tenta demonstrar que os anátemas da Igreja em contra da maçonaria tem deixado de ter validade e efetividade. 118 Estes livros de Mellor ganham a adesão de maçons que professam a fé católica e, paralelo a eles aparecem outros autores dando apoio, dando a impressão que existe um movimento interno tendente a provocar uma cisma dividindo a Maçonaria com fé revelada e Maçonaria baseada na razão e a ciência; para a Igreja a primeira seria Maçonaria regular e a outra espúria ou irregular. A Confederação Maçônica Inter-americana reunida na sua VIII Conferência de São Domingos, março de 1970, alertou sobre erros e confusões que estes “reformistas” pretenderiam provocar, lembrando as diferencias e a contradição existente entre a Igreja Católica e a Maçonaria, sendo o maior obstáculo para estes reformadores o fato da Maçonaria ser uma instituição para homens não alienados pela obsessão do sobrenatural. O Cânone 2335 começa a ser questionado. Respondendo a uma consulta do cardeal John Joseph Krol, de Novo Iorque, em 18 de julho de 1974, o Cardeal Prefeito do “Sacra-Congregatio Fidelis” do Vaticano, responde que o Cânone aplica-se somente aos católicos que se filiem a associações que conspirem contra a Igreja mas, os clérigos e religiosos continuam sempre proibidos de pertencer a qualquer instituição maçônica. Trata-se de um pequeno avanço no campo da tolerância religiosa. Em 1968, sempre sobre o Cânone 2335, o Grão Mestre da Grande Loja Unida da Alemanha, Theodor Vogel, contata o Cardeal de Viena, Franz Koening, e deste diálogo surge uma Comissão formada por maçons e autoridades eclesiásticas que tem várias reuniões e que ao término delas foi divulgada a Declaração de Lichtenau, em 5 de julho de 1970 que pregava pelo fim da controvérsia, manifestando que as Bulas referentes à Maçonaria tão somente tem interesse histórico, sem sentido nos tempos atuais e que a Lei Canônica torna-se impossível para uma Igreja que ensina a amar seus semelhantes. Em novembro de 1973 foram iniciadas conversações entre representantes da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e da Confederação Maçônica do Brasil para estudar as doutrinas católica e maçônica. A iniciativa surgiu em 1971 através de Dom José Ivo Lorscheiter, então Secretário Geral da CNBB. Desde o seu inicio, a primeira reunião de fato aconteceu em 1993, os encontros anuais tem sido realizados em Porto Alegre (RS) e as discussões se fazem em cima de temas sobre os quais existam possíveis “divergências doutrinarias” entre as duas instituições. Dois pontos principais tem sido levantados pela Igreja como posição de reserva em relação à Maçonaria: 119 1. O ritos simbólicos, centrando tudo no ser humano, reconhecem ainda a “Revelação Cristã”? Ou que espaço deixam à “Revelação Cristã”, que os católicos reconhecem e aceitam? 2. A procura racional da verdade, a moral autônoma, deixam espaço para a graça e a salvação em Cristo? A Maçonaria tem explicado que os Ritos simbólicos não centram tudo no ser humano como afirmado, uma vez que partem da premissa de prevalência do espírito sobre a matéria, cuja fonte é o Grande Arquiteto do Universo (Deus) existindo assim, espaço para o fortalecimento da fé (de todas as religiões) adotada pelos seus adeptos, constituindo-se a “Revelação Cristã” uma verdade para os maçons católicos, que não pode ser questionada pela Maçonaria ou pelos maçons de outros credos, segundo a doutrina que se extrai desses ritos. Enquanto ao segundo ponto, a procura racional da verdade afirmada nos rituais desses Ritos não tem origem na moral autônoma. Ao contrário, subordina-se à crença indispensável do maçom no Grande Arquiteto do Universo, em Deus, no Deus da sua religião, força espiritual de que tudo deriva. Assim, se para o maçom católico a Graça da Salvação está em Cristo, tal verdade não contraria qualquer princípio da maçonaria que impõe a seus adeptos respeito às religiões, estimulando-os à mais absoluta fidelidade à fé que abraçam. Embora não tenha se manifestado a favor ou em contra, o Vaticano está informado sobre os encontros, que continuam sendo realizados em Porto Alegre, e manifestou que o assunto é da alçada das autoridades religiosas brasileiras; a documentação vá sendo arquivada em uma pasta denominada “Assuntos da Maçonaria”. Em 1984 aparece um novo Código de Leis Canônicas, a “Sacrae Disciplinaes Legis”, caindo a quantidade total de artigos de 2412 para 1728. Este novo Código expurga a excomunhão aos maçons mas, a Sacra-Congretatio Fidelis, através se seu Prefeito Cardeal Ratzinger aclara que “os fieis que pertencem as associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da sagrada comunhão”. Pode ser que no Brasil é o país onde mais tem acontecido maior quantidade de encontros de bom relacionamento entre a Igreja e a Maçonaria, pois são inúmeras as vezes que palestrantes convidados por Lojas maçônicas no país todo, tem sido prelados da Igreja, demonstrando que a maçonaria brasileira é essencialmente cristã. 120 Em outros países, Chile por exemplo, o relacionamento não existe e podemos falar que os maçons chilenos se consideram “livrepensadores”. Resumindo, a posição oficial da Igreja Católica pouco tem mudado com respeito à Maçonaria, mas tem crescido, dentro do corpo dela, a quantidade de membros da Igreja Católica que se relacionam com a Maçonaria de forma amigável e trabalham junto com ela na solução dos problemas de suas comunidades. OUTRAS IGREJAS. Após análise da história do relacionamento entre a Maçonaria e a Igreja Católica, chega-se a conclusão que, de todas as Igrejas que tem dominado o pensamento religioso no mundo, quase a única que tem desenvolvido uma invariável perseguição em contra da Maçonaria tem sido a Igreja Católica. As outras Igrejas, incluindo aquelas em que está dividido o cristianismo, tem mantido um relacionamento marcado pelo respeito e, até certo ponto, pela amizade e isto é tão verdadeiro que quando o Papa João XXIII pretendeu atrair os outros irmãos chamados por ele de “irmãos separados” descobriu que muitos dos pastores e fieis destas Igrejas cristãs eram irmãos. Unir a Igreja Católica com essas Igrejas com maçons dentro delas, contrariava toda uma história de perseguições. E se através desses pastores “irmãos” a Maçonaria infiltrar-se dentro da Igreja Católica? Outro dado interessante é que nos países onde a Maçonaria tem alcançado um maior desenvolvimento, Inglaterra, Canadá e USA, a Igreja Católica é minoritária, sem influencia sobre o Estado ou sobre a consciência do povo. Uma das poucas exceções é a seita dos Santos dos Últimos Dias, ou os Mórmons, que mantém uma posição anti-maçônica extremada, proibindo aos seus adeptos de pertencerem à Ordem. Em 1839 os Mórmons compraram terras em Illinois, USA, recebendo um bom número de pessoas da religião Mórmon, e entre eles, havia alguns maçons, que obtiveram em 1851 uma Carta Provisória da Grande Loja de Illinois para fundarem uma Loja em 15 de outubro de 1842. Logo depois começa o processo da poligamia dentre deles gerando uma dura oposição dos maçons; as Lojas maçônicas começam a proliferar dentro dos Mórmons, mas cometendo uma série de irregularidades tais como iniciar maçons aos milhares, criando um atrito com a Grande Loja, que eles não obedeciam. Em 1844 acontece um motim popular no estado de Illinois, onde são assassinados dois irmãos carnais, ambos maçons, um deles fundador da primeira Loja de 1842 e o outro que iniciou o processo de poligamia. Os Mórmons emigram para Utah, fundam Salt Lake City e logo em seguida renunciam a sua condição de maçons e iniciam uma campanha intensa contra a Maçonaria. 121 Também grupos protestantes minoritários de USA, especialmente das denominadas igrejas neo-pentecostais desenvolvem hoje em dia uma campanha em contra da maçonaria acusando-a de : · manter duas organizações, uma invisível e outra invisível para fins de dominação inconfessáveis, · criação de uma religião mundial dominada pela maçonaria, · manter ligações com a feitiçaria, · adorar a Lúcifer como a encarnação da Luz, · considerar a serpente (Kundalini) como o Salvador do Mundo, · adoração do ato sexual (provavelmente refere-se ao Ponto dentro do Círculo) · ensinar que o homem pode atingir a divindade · derivar dos Cavalheiros Templários, que eram adoradores de Satanás, etc No Islam existe uma reação quase que geral em contra da Maçonaria. Quando foi emitida a primeira excomunhão dos maçons pelo Papa Clemente XII, os Ulemas (teologistas islamitas) com o argumento que “se o Papa declara que os maçons são ateus, algo de verdade deve existir, e acabaram influenciando o Sultão Mahmud I para proibir a Maçonaria nos países árabes. A exceção são Líbano e Marrocos, incluindo-se também as lojas militares que existem nas bases norte-americanas sediadas nos países árabes. Em 1973 a Alta Corte de Casablanca determinou que a Maçonaria é compatível com o Islã. Em Turquia existe uma Grande Loja reconhecida e consagrada pela Grande Loja da Escócia, como igualmente no Egito, que por sua vez tem tido períodos regulares e irregulares a través da sua história. BIBLIOGRAFIA : A Ciência Maçônica e as Antigas Civilizações José Castellani A Maçonaria Paul Naudon 122 A movimentação das colunetas e o acendido das velas Oswaldo Ortega A Simbólica Maçônica Jules Boucher Antiga Maçonaria Mística Oriental Dr. R. Swinburne Clymer Artigo Internet Ivan Barbosa de Oliveira Artigo Internet José Castellani As Grandes Religiões Editora Abril As velas e os sete candelabros na Ordem DeMolay Bol Gr20-04-95 O significado místico das velas José C. Simões Vieira Circunvalação Shittah Jul/56 e Circumambulismo Humberto Acosta Revista Comentários ao Ritual de Aprendiz – Volume II Nicola Aslan Constituição da GLESP Dicionário Brasileiro (Encyclopaedia Britannica) Enciclopédia Mirador Enciclopédia Sopena Geometria Sagrada Robert Lawlor História Universal Ilustrada (O mundo antigo) . Lições Bíblicas publicadas pelas Assembléias de Deus (1984) Manual do Aprendiz (GLESP) Masoneria y la Mujer. Anuário 11 L(Chile) 1995 Francisco Sohr O Tarot Egípcio – Um caminho de iniciação Bernd A. Mertz Regularidad masónica – Artigo de A . D. N. no livro “Siete y mas ...” de Juan Agustin González 123 Revista A Verdade No 1 de 1976 Revista A Verdade O Delta Sagrado ou o Olho da Providência J. B. Rezende Revista a Verdade No 290, Junho/Julho 1981 Revista A VerdadeOut/Nov 83 O movimento da circunvolução Nereu Mello Rev A Verdade Olho : o símbolo do G e do Cosmos Mário Linário Leal Revista A Verdade, Dezembro/85 Antônio Di Profio Revista A Verdade Jan/Fev de 1990 Revista A Verdade – Março Abril 1990 João Ribeiro Pereira Filho Revista A Verdade Set-Out 90 O uso de velas de cera na Maçonaria Luiz Orlando Revista A Verdade – Novemb Dez 1991 Ulysses Borges de Andrade Revistas A Verdade (Artigos de Édio Corradini, José Castellani, Malkult, Francisco Lucas, José Geraldo da Silva) Revista A Verdade Mar/92 O Rito da Circunvolução Luiz Henrique Monteiro Alves Revista A Verdade Set-Out 95 Velas no DeMolay Nelson Ramos Ribeiro Revista A Verdade Nov/Dez 98 Maçons e católicos se reúnem Revistas Masónicas de Chile, desde 1927 até 1985 Serviço de Pesquisas (Encyclopaedia Britannica) Site Pietre Stone (Bruno Gazzo) Trabalho de Antonio Negreira López da Loja 19 de Novembro do Grande Oriente Paulista Trabalho de Víctor Donoso Martínez, lido na sua L No 82 Valparaíso, Gr L de Chile 124 Tradução da Constituição de Anderson João Nery Guimaraes 125