cultura rastafári em maceió e união dos palmares
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cultura rastafári em maceió e união dos palmares
III SEMINÁRIO DE ESTUDOS CULTURAIS, IDENTIDADES E RELAÇÕES INTERÉTNICAS. GT 4 - ESPAÇOS RELIGIOSOS, FORMAS DE EXPRESSÃO, FESTA E PODER. UMA BABILÔNIA CHAMADA ALAGOAS: CULTURA RASTAFÁRI EM MACEIÓ E UNIÃO DOS PALMARES DAVID JOSÉ SILVA SANTOS UMA BABILÔNIA CHAMADA ALAGOAS: CULTURA RASTAFÁRI EM MACEIÓ E UNIÃO DOS PALMARES David José Silva Santos Universidade Federal da Bahia (UFBA) [email protected] 1 INTRODUÇÃO Neste trabalho proponho discutir as várias definições que são atribuídas ao Movimento Rastafári, tendo como base os estudiosos do tema assim como os depoimentos colhidos. Iremos observar a diversidade de conceituações que circundam o universo em questão que vão de crença a filosofia de vida, de religião a movimento político, embora observe que Rastafári possuí aspectos de todas essas denominações. Seguirei pelo percurso que trouxe o Movimento Rastafári para terras alagoanas, destacando o papel do DJs de reggae no processo de divulgação e popularização do ritmo em Alagoas com foco na capital Maceió. E foi através do reggae que se tomou conhecimento da existência do Movimento Rasta. Surgem bandas de reggae locais e indivíduos pertencentes a essas bandas identificam-se com o Movimento passando a identificarem-se como rastas. União dos Palmares constitui a presença Rastafári organizada em terras alagoanas uma vez que Quilombola de Zion é integrante da organização Rastafári conhecida como Boboshanti. A pesquisa se baseou em análise bibliográfica e documental de autores que trabalham essas temáticas, dentre eles White (2008), Rabelo (2006), Bezerra (2012), Bermúdez (2005), além de observação direta e entrevista narrativa. 2 UM MOVIMENTO E VÁRIAS DEFINIÇÕES De acordo com Rabelo (2006, p.07) Rastafári é um movimento cultural, sendo assim concebida, essa definição “[...] engloba todos os aspectos discutidos pelas pesquisas anteriores, isto é, o movimento possui um caráter religioso, político, milenarista, revolucionário e constituí uma nova visão de mundo [...]”. A citação acima ajuda a compreender os diversos apontamentos que foram encontrados acerca do movimento Rastafári. Em minha caminhada encontrei definições de estudiosos e depoimentos de informantes que nos mostram o movimento como: culto messiânico milenar, religião, filosofia de vida e movimento sociopolítico. White (2008, p.23) define Rastafári como um “culto messiânico-milenar” [1]em outros momentos se refere ao mesmo como uma seita(2008, P.26), de acordo com Ferreira (2000, p. 627) em seu mini-dicionário, seita constitui um “grupo religioso, de forte convicção, surge em oposição às idéias e as práticas religiosas dominantes”. Definição que pode se adequar a Rastafári uma vez que o Movimento surgiu como contraponto ao cristianismo ocidental. O autor ainda faz observações de que o referido movimento foi influenciado pela filosofia pregada por Marcus Garvey. O autor acima citado, ao longo do seu texto se refere a Rastafári como fé, religião, e também é perceptível embora o autor não defina o movimento dessa forma, identificar características de um movimento sociopolítico, uma vez que ele relata ações de ocupação de terras e a renúncia do pagamento de impostos e o boicote a coroa britânica (WHITE 2003, p.29). Billy Bergman (1997, p.126-127), mesmo não se aprofundando no tema o define como “uma fusão de Nacionalismo negro e crenças cristãs e afro cristãs. De fato é possível observar essa características no Movimento uma vez que sofreu influencia das ideias de Marcus Garvey como dito acima, e que basicamente consiste em De acordo com Nascimento (2008, p.161) “[...]pan-africanismo significa a luta pela libertação dos povos africanos em todos os lugares onde se encontrem”. Ou ainda: “O termo PanAfricanismo se referia à unidade de todas as culturas e países africanos explorados pelas 1 Designação para a doutrina religiosa, retirada da Bíblia (Apocalipse 20, v. 1 a 10), que anuncia o regresso de Jesus Cristo para constituir um reino com duração de mil anos. O Movimento Rastafári possuiu essas características, por acreditarem na vinda do Messias, lembrando que muitos rastas acreditam que Selassié é o Messias que encarnou novamente. nações europeias e se estendeu, posteriormente, aos demais países onde havia afrodescendentes, especialmente os países americanos. “O objetivo comum era a eliminação do colonialismo e a supremacia branca no continente africano por meio da unidade dos povos africanos contra os interesses e particularismos regionais, bem como a valorização das etnias e culturas africanas” (RABELO, 2006, p.10). No que se referem às crenças cristãs e afro-cristãs essas são o Zionismo, Myalismo e a Pokomina (Kumina). [2] Os rituais da Pokomina de acordo com Bezerra (2012, p. 71) “[...] geralmente começam com cânticos e hinos acompanhados de palmas até que se atinja um estado de transe por parte dos participantes, resultando em diferentes fenômenos místicos”, a autora relata também que há uso de tambores. Ainda dialogando sobre as influencias das referidas crenças a autora relata que: “Do myalismo e da Kumina, os Rastafáris herdaram a identidade africana. Quando Marcus Garvey, visto por muitos como um profeta, anunciou publicamente que Deus era negro e quando Leonard Howell apregoou que o imperador etíope coroado era Deus, as afirmações encontraram um eco nos corações religiosos dos jamaicanos, os quais a esta altura haviam tentado estabelecer uma raiz africana às suas manifestações, processo iniciado pelo myalismo e por Kumina” (BEZERRA, 2012, p.72). Dessa forma é possível caracterizar os fatos acima como uma forma de ruptura e continuidade, onde entre os Rastafáris não havia possessão de espíritos a divindade é Jah (ruptura), porém a forma de organização social, de dança e música permaneceu (continuidade). Hall também dialoga sobre o movimento com aspectos de religião e movimento social, resaltando a importância que este teve no processo de constituição da identidade dos jamaicanos na ilha e na Inglaterra se referindo dessa forma: “o rastafarismo se representou como um retorno. Mas aquilo a que ele nos retornou foi a nós mesmos. Ao fazê-lo produziu ‘a África novamente’ – na diáspora. O rastafarismo aproveitou muitas ‘fontes 2 Cabe aqui uma observação que de acordo com Bezerra (2012, p.73) “não é fácil detectar onde o myalismo, o avivamento, o bedwardismo, o zionismo ou a Kumina começam e terminam”, o que implica que essas manifestações emprestaram elementos umas às outras assim como aconteceu entre as grandes variedades de seitas e denominações cristãs que se desenvolveram na Jamaica até então”. perdidas’ do passado. Mas sua relevância se fundava na prática extraordinariamente contemporânea de ler a Bíblia através de sua tradição subversiva sua não ortodoxia, seus apócrifos; lendo-a ao revés, de cabeça para baixo, voltando o texto contra si mesmo.” (2011, p.42). Já Bermúdez (2005, p.29), nos diz que: “[...] movimento rastafári é um fenômeno religioso que nasceu na Jamaica na terceira década do século XX, mas que se propagou pelo mundo inteiro como uma filosofia de vida”. Não é só uma religião, e sim um tipo de espiritualidade muito mais ampla e livre. [3] Dessa forma podemos observar que Bermúdez (2005) identifica Rastafári não apenas como uma religião, mas, também como uma filosofia de vida. Bezerra (2012, p.52/53) também considera o movimento como uma religião uma vez que a mesma diz: Apesar de muitos não considerarem rastafári religião, entendo que o movimento guarda todas as características do que considero religião, apesar de não existir uma centralização eclesiástica, templos ou um corpo fixo de doutrinas. Entretanto, todos os outros elementos de rastafári, quer estéticos, quer doutrinários, me permitem classificá-lo como religião, ou movimento de cunho religioso. Já enquanto filosofia de vida é possível identificar isso no relato de um de meus informantes que diz: “Nós temos toda uma forma de filosofia de vida as pessoas costumam falar: ah... é uma religião, mas nós não falamos religião por que religião porque o que é religião? Religião vem da palavra religare do latim e que ‘re’ quer dizer voltar e ‘ligare’ quer dizer ligar, qual é a nossa religião? A nossa religião é: Liberdade, Redenção e Internacional repatriação [...] então assim... essa é a nossa religião: voltar pra África pras nossas raízes por que o Ocidente nos lavou a mente, nos lavou o espírito e lavou nossa carne com sangue também foi uma escravidão mental, espiritual e física, então, qual é nossa religião? É voltar as nossas origens, não é nada espiritual como os espiritistas falam de ir pro céu... não é isso! É voltar a nossa terra pisar na nossa terra conhecer a história dos nossos ancestrais [...]”. (sacerdote Kes Ricardo Red Lion[4],entrevista em 06/07/2013). 3 Texto original: movimiento rastafari es un fenómeno religioso que nació en Jamaica en la tercera década del siglo XX pero que se propagó al mundo entero como una filosofía de vida. No es solo uma religión, sino um tipo de espiritualidad mucho más amplia y libre. 4 Sacerdote Boboshanti da Ordem de Melquizedeque com sede na Jamaica e embaixadas em diferentes partes do mundo como em Jarinu São Paulo. Observa-se que o referido sacerdote concebe o Movimento como uma ordem de vida voltada para o resgate das formas de vida africanas em oposição ao modelo ocidental que dentre outros fatos é marcado pelo processo da escravidão e desaculturação dos africanos. Enquanto um movimento político se pode observar o relato de outro informante: “[...] o Rastafári não era necessariamente um padrão estabelecido, mas, é uma visão uma certa visão política uma certa forma de enxergar a coisa espiritual as referencias ligadas à África hoje eu me considero um Rastafári, [...]Eu também concordo com alguns que não é uma religião em si os próprios rastafáris falam que não é uma religião e eu entendo isso assim como... parte também dessa postura dessa postura política de não querer ser enquadrado,... mas, tem as influencias da coisa do cristianismo... egípcio ... africano tem uma ligação assim também com a coisa da religião. No meu caso é algo mais como posicionamento político[...].”(Luís de Assis[5],entrevista em 08/04/2013) Fica perceptível nesse relato a identificação e a visão sobre Rastafári num aspecto de postura política, mas, também o compreendendo com aspectos de movimento espiritual com ligações religiosas milenares que remontam a África. Essas ligações milenares podem ser percebidas na identificação de que a história dos rastas está contida nas escrituras sagradas a saber: a Bíblia, os livros Essênios [6], assim como no Kebra Nagast (BEZERRA, 2012). Reforçando o que foi dito acima temos a seguinte citação: “Rastafári é um movimento espiritual que tem sua origem na Etiópia, e é descendente da linhagem que é apresentada aqui neste livro [Kebra Nagast]. Através da coroação e do governo de Sua Majestade Imperial O Imperador Haile Selassie e Sua Majestade Imperial A Imperatriz Menen, os africanos em diáspora no Caribe reconheceram-se como herdeiros dessa história e como partes dessa linhagem que vem desde os tempos mais antigos [...]”. (SOUSA, 2012, P.06). 5 Vocalista da banda maceioense ‘Vibrações’. Textos “encontrados na Judéia em 1947, que ficaram conhecidos como ‘os Manuscritos do Mar Morto’” (EU & EU REALIDADE RASTA, 2008), dentre esses textos temos: Os livros de Melquizedeque, a infância de Jesus assim como os ensinamentos do mesmo. 6 A linhagem a qual se refere à citação acima é a que descende da Rainha Makeda (Rainha de Sabá) e do rei Salomão de Israel. Por fim a compreensão que tenho acerca de Rastafári é que o mesmo pode ser considerado um Movimento sociopolítico religioso, pelos fatos discutidos acima, como: base ideológica Pan-africanista e diversos aspectos ligados à religião que são os símbolos, adoração, divindade e rituais litúrgicos. 3 RASTAFÁRIS NA TERRA DO SOL O reggae em Maceió teve início nas periferias tocado primeiramente nas sedes dos clubes de bairros e posteriormente em discotecas. Rapidamente esse estilo musical se tornou muito popular, surgindo também programas de rádio exclusivamente de reggae e a formação das primeiras bandas. Sobre essa questão um de meus informantes diz o seguinte: “Começou aqui em Maceió em clubes geralmente com nomes de times... tinha na Jatiúca o Figueirense, tinha aqui no Jacintinho também o Flamengo essas coisas, os times geralmente cada time tinha sua sede e eles tinham suas discotecas, todo final de semana botava o som pra tocar principalmente o reggae tocava mais o reggae. Sons Black em geral e o reggae década de 1980[...]” (Lucas Natureza, entrevista em 19/04/2013). Junto com o reggae difundido pelos DJs nos anos de 1980, veio o conhecimento da existência do Movimento Rastafári, isso graças ao fato dos grandes ícones do reggae mundial em sua maioria integrar o referido Movimento. E dessa forma cantavam a visão de mundo Rastafári, dentre esses podemos citar: Bob Marley, Peter Tosh, Bunny Wailer, Jacob Miller, Culture, The Abyssinians, The Gladiators, Israel Vibration, Pablo Moses, Peter Broggs, irei parar por aqui uma vez que a lista é imensa. Em termos de Brasil e que sempre fez muito sucesso em Alagoas em meados dos anos 1980 mais especificamente em 1988 ano em que lançou seu primeiro disco (MOTA, 2012, p.71), foi Edson Gomes que incorporou muito da influencia Rastafári o que é visivelmente expresso em suas músicas. Com a popularização do reggae surgiram na capital alagoana diversos artistas e bandas um dos pioneiros foi Paulo Luna e banda Airê Vibration, seguida da Recôncavo, The Lions, Vibrações (na época surgiu com o nome de Vibrações Rasta) todas na década de 1990, posteriormente Mensageiros de Jah, Revolução, Restauração do Sistema dentre outras[7], surgidas a maioria a partir dos anos 2000 até os dias atuais. Assim a cultura Rastafári em Alagoas, embora tenha se tornado conhecida através do reggae, ela se desenvolveu de maneiras distintas em Maceió e União dos Palmares. Em Maceió seu desenvolvimento ocorreu com a imersão no reggae, ouvindo e realizando traduções de músicas (em geral do Bob Marley) e o aprofundamento nos estudos referentes a essa cultura realizados através de fontes como: revistas, livros e vídeos. Esses foram os fatores que levaram os informantes a aderir e desenvolver a Cultura Rastafári em Maceió. Sobre essa questão temos os seguintes relatos: “[...] eu só fui realmente vê que aquilo ali era algo que tinha muito haver comigo e que eu poderia usar como ferramenta já quando eu fui fazer a tradução das letras, ouvir traduções através de um programa de reggae que tinha aqui em Maceió em uma das principais rádios daqui que era o Kaya Now um programa apresentado por Paulo Luna que é um radialista antigo que também tem uma banda de reggae então, isso aí em 1995 mais ou menos então eu comecei a ter acesso ao que se dizia nas músicas , porque era uma música que eu achava legal o ritmo tinha aquela coisa meio saudosista como se tivesse haver comigo. [...] Com certeza, aí foi no começo dessas traduções que eu comecei a me identificar de forma que mim deu uma certa direção naquela época com quinze anos, e foram aos poucos primeiro aquelas mensagens que não falava diretamente do Rastafári letras de Bob Marley com Redemption song mas, que tem todo o discurso Rastafári ali dentro daquela poesia e aí vendo a idéia, depois chegou realmente a coisa do Rastafári e aí eu comecei a pesquisar com as ferramentas que eu tinha e me identificar cada vez mais” (Luiz de Assis , entrevista em 08/04/2013). Percebesse no relato acima que a música reggae carregada com o discurso Rastafári proporcionou um referencial identitario positivo para Luiz de Assis ao defrontá-lo com uma forma alternativa de conhecimento da história da comunidade 7 Um catálogo mais detalhado das http://evertonbatistarasta.blogspot.com.br/. bandas de reggae alagoanas está disponível em: negra com a qual o mesmo se identifica, uma vez que, como dito anteriormente a população negra devido ao racismo estava alienada de sua história, com sua identidade esfacelada pela imposição de estereótipos negativos. (D’ADESKY, 2005, P.70; NASCIMENTO, 2003, P.169). Os rastas de Maceió não se organizam em igrejas, associações, ou pertencem a alguma “casa” Rastafári específica. Dizendo de outra forma, não compõem um movimento organizado, pelo contrário estão espalhados em bandas de reggae e/ou envolvidos com o reggae de alguma outra forma, como dito nos relatos a seguir: “[...]de início eu não me considerava rastafári eu é gostava do rastafári tal mas, quando eu fui entendendo que até o rastafári não era necessariamente um padrão estabelecido,mas, é uma visão uma certa visão política uma uma certa forma de enxergar a coisa espiritual as referencias ligadas à África hoje eu me considero um Rastafári, assim tenho minha leitura não faço parte de nenhuma instituição estabelecida não tem nenhuma igreja que eu freqüento, mas, me considero um rastafári[...]”(Luiz de Assis, entrevista em 08/04/2013). *** “[...] não sou filiado a nenhuma casa Rastafári nenhuma instituição, me considero por que sinto a energia total do Rastafári e assim que senti realmente já... todo jovem tem aquela má experiência de querer experimentar um cigarro, bebida coisas que eram corriqueiras, que são lícitas em nosso sistema, mas, que quando eu conheci a Cultura Rastafári eu já bani da minha vida [...]” (Lucas Natureza, entrevista em 19/04/2013). Esses informantes vivem a cultura Rastafári de maneira própria e independente embora busquem o conhecimento e a vivencia nesta cultura em outras fontes para além das já citadas (porém de forma espontânea e nada em específico) como, por exemplo, rastas mais antigos do Brasil assim como jamaicanos que veem a Maceió realizar shows, a esse respeito um de meus informantes diz o seguinte: “[...] no meu caso ao longo dessa minha inserção nessa cultura eu vim conhecendo pessoas que se tornaram referencias e através delas eu pude ter contato com outras e assim vai, um fala de outro e quando ‘você’ vai e pesquisa sobre ele já faz referencia a outro então ‘você’ vai conhecendo mais ou menos vai fazendo meio que um quebracabeça dessa cultura que agente conhece que veio ali desde a coroação de sua majestade Hailé Selassié na Etiópia na década de trinta (1930). Então assim eu particularmente o ancião que eu encontro periodicamente eu não tenho um específico, mas, considero vários inclusive até os que eu não conheço pessoalmente, mas, através das suas músicas e agente se informa através dos seus escritos eu considero essas referencias esses patronos também da história é o caso de Marcus Garvey que só tenho contato com os escritos de Marcus Garvey com as tentativas de revolução. Então artistas mesmo que através das suas músicas fui conhecendo outras figuras importantes no inicio do Rastafári e aí com o tempo fui conhecendo algumas pessoas, umas dessas pessoas é o Geraldo Cristal um ‘cara’ da Bahia de Cachoeira e que eu conheci através de uma banda de amigos em comum lá em Salvador e aí vi que ele também é um pesquisador e ele é mais velho do que eu, e eu o considero um ancião do rasta que me ensina muita coisa [...] então eu venho aprendendo essas coisas dando minha interpretação a partir dos contatos esporádicos que eu tenho com um e outro inclusive até através de diálogo com Max Romeo quando eu tive a oportunidade de conhecê-lo que é um artista jamaicano que deu início a sua carreira na década de setenta (1970) mais de quarenta anos cinqüenta anos de carreira então através dessas informações que eu vou colhendo eu vou enriquecendo o meu ponto de vista eu não poderia dizer que eu sou uma referência do reggae do rasta, mas, eu sim busco essas referências” (Luiz de Assis, entrevista em 08/04/2013). Apesar de em vários momentos participarem de Nyahbinghi[8], a forma como os rastas de Maceió vivenciam essa cultura é de forma adaptada a realidade local, até pelo fato de serem em número reduzido e não organizado. Dessa forma eles comungam da Cultura Rastafári em rodas de capoeira, em seus ensaios e shows, adaptando Rastafári a cultura local. Essas características podem ser analisadas sob a ótica de Débora Bezerra (2012, p.224) a referida autora diz o seguinte: “Rastafári não representa uma estrutura meramente dogmática de cunho unicamente espiritual e metafísico, embora essas questões permeiem sua visão de mundo. Rastafári possui um teor que pode ser posto em prática na vida cotidiana”. 8 Cerimônia Rastafári onde são tocados tambores e entoados cânticos de louvores a Jah. E como forma de propagação da mensagem Rastafári eles utilizam o reggae, tática que não se difere de outras regiões do Brasil e do mundo. Podemos comprovar isso nos relatos assim como nas letras das músicas: Há babilônia (Vibrações Rasta) Se quer saber, Eu ponho fogo sim A babilônia não é meu lugar Vou lutar por todos Não só por mim Pois ainda tenho força pra cantar Na cidade dos aflitos Não sobrou lugar pra paz Vamos todos dar um grito Pois não aguentamos mais tanta hipocrisia Fogo na babilônia Fogo na babilônia A babilônia é o pensamento pecador Algo banal que não nos deixa evoluir Por isso eu queimo sem receio do que faço Mais do que nunca, sei que é hora de agir Pois, se não queimarmos estaremos vegetando Indo,voltando e esquecendo a missão Não posso ficar preso aos valores carnais pois o nosso dever é a evolução fogo na babilônia fogo na babilõnia se não queimarmos estaremos vegetando vagando, vagando e esquecendo a missão não fique preso aos valores carnais pois, nosso dever é crescer meu irmão fogo na babilônia. Essa música traz símbolos encontrados com frequência no universo rastafári que é o repúdio e a condenação do mundo branco-ocidental-capitalista a Babilônia. Algo que também é muito presente nas canções Rastafáris são as canções inspiradas em um de seus principais livros: a Bíblia. A canção a seguir mostra-nos isso: Sadrak, Mesak e Abed-Nego (Vibrações Rasta) Lembra Sadrak, Mesak e Abed-Nego (3x) Uh, uh, uh... Lembra Sadrak, Mesak e Abed-Nego (3x) Oh, Oh, ôii... Fortificados de corpo e alma Consagrados mantiveram a calma Quando o opressor Nabucodonosor Tentou lhes obrigar a Uma estatua adorar Mas os amigos de Daniel se curvaram pro mal Sua fé foi fundamental Lembra Sadrak, Mesak e Abed-Nego (3x) Uh, uh, uh... Lembra Sadrak, Mesak e Abed-Nego (3x) Oh, Oh, ôii... Sempre que a trombeta soar Babilônia se dobrava de joelhos Uma estatua ela adorava E como os três não adoraram O tal objeto, furioso Nabucodonosor anunciou O seu decreto: "Esquente a fornalha 10 vezes mais que o habitual, hoje o mundo vai saber quem é que manda afinal." Babilônia os condenou para a fogueira Achando que eles iam queimar Mas no que estava por vir não quiseram acreditar "Eis que de repente o próprio "Nabucodonosor" pode observar que dentro da fornalha de fogo ardente, por entre as labaredas passeavam livremente, não apenas três, mas quatro figuras reluzentes..." História contida no livro de Daniel 2-3 e que narra à história de fé e resistência de Sadrak, Mesak e Abede-Nego contra a opressão de Nabucodonosor rei da Babilônia que tentara forçá-los a se curvar perante outro Deus que não o de Israel. Embora busquem propagar a Cultura Rastafári, os informantes não conseguem atingir o grande público com suas mensagens. Perguntado a respeito dessa questão eles dizem: “[...] realmente tem um público grande que não faz nem idéia do que agente ta tentando falar embora as músicas sejam em português, entre uma música e outra muitas vezes agente fala a respeito do assunto só que tem muita gente que não ta realmente entendendo aquela coisa ali ou tendo um certo entendimento [...] Então uma coisa que eu achei interessante foi uma entrevista do Bob Marley que eu li e nessa entrevista dizia que era a última entrevista dele, não sei se realmente foi, foi uma entrevista que ele deu pra uma jornalista alemã e que uma das perguntas dela foi essa ‘se ele achava que o povo tava entendendo já que ele tava com um alcance muito grande, mundial a música tava chegando a vários países’ e ele disse que ‘particularmente ele achava que era uma porcentagem pequena que tava entendendo’ é mais ou menos o que eu penso também embora a minha dimensão seja bem menor que a dele ele foi ao mundo e só aqui mesmo no nosso âmbito eu percebo isso assim e ele falou nessa época uma coisa que soou meio profética ele disse que: achava que era a minoria que tava entendendo,mas, que ele creia que aquela música ali era a música das crianças a música das criancinhas a música que um inocente entende mais do que aquele que já tem ... vários conceitos formados na sua mente...então quando eu vi essa entrevista eu na hora me enxerguei ali no termo criancinhas ele falou que era a música das crianças...aí quando ele morreu foi em 81 e eu nasci em 80 né eu era uma dessas criancinhas e hoje to fazendo também música reggae e realmente é um trabalho que eu acredito nisso é um trabalho que não é embora ele chegue... na questão do de prazer de se ouvir de se dançar de participar daquilo ele chegue facilmente as massas,mas, o entendimento político de luta ela é aos pouquinhos muita gente não vai entender no começo vai entender dez quinze anos depois outros talvez não entendam nunca[...]” (Luiz de Assis, entrevista em 08/04/2013). Essa situação cabe uma indagação: o que não encaixa nessas estratégias de divulgação? Qual o motivo do público não perceber essas mensagens? Sobre essa questão observamos que no relato de Luiz de Assis a sua percepção de que as mensagens não serão, na maioria dos casos, captadas em curto prazo e sim haverão de despertar em algum momento da vida desses indivíduos. Já Quilombola de Zion vê essa questão da seguinte forma: “[...]a Vibrações ta fazendo um trabalho muito bonito, eu to gostando do Trabalho da Vibrações eles realmente estão fazendo um trabalho super profissional, eu gostaria que Rastafári fosse mais dito pra que Rastafári passasse a ser respeitado as pessoas ainda vê rastafári como fumador de maconha e curtidor de reggae e isso é só no Brasil porque lá fora as pessoas olham que realmente existe o reggae e existe Rastafári congregação Ordem de Melquizedeque” (Quilombola de Zion, entrevista em 28/08/2013). Quando perguntado se a presença de Rastafáris grandes ícones do reggae internacional, poderia fazer alguma diferença na propagação e divulgação de Rastafári ele diz: “Vejo como um avanço, mas, só que os ‘caras’ ainda estão cantando em inglês e ninguém ta entendendo nada tá todo mundo ainda na onda do ritmo aí não entendem nada [...]” (Quilombola de Zion, entrevista em 28/08/2013). Uma questão que deve ser levada em conta e que a meu ver acaba sendo decisiva na geração dessa dificuldade encontrada na transmissão das mensagens é o número reduzido de Rastafáris em Maceió assim como em União dos Palmares. Dessa forma muitas vezes “faltam pernas” pra realizar um trabalho com uma maior abrangência. Como alternativa para mudar esse quadro um informante diz que é preciso: “Trazer os sacerdotes, trazer as bandas que falam de Rastafári [que passem a mensagem em português] levar pra mídia, fazer esse trabalho que você está fazendo, fazer esse trabalho que eu to fazendo enfim... movimento de repatriação precisa” (Quilombola de Zion, entrevista em 28/08/2013). É possível perceber que o conhecimento sobre a Cultura Rastafári é restrito aos próprios rastas, alguns indivíduos que vivenciam o reggae e talvez algum pesquisador. Possivelmente com a realização frequente de seminários, palestras, grupos de estudo, tudo isso aliado à vinda de sacerdotes e outros anciões rastas Maceió, União dos Palmares e outras regiões alagoanas, possam ter acesso e vir a compreender o que vem a ser Rastafári. 4 CÉLULA BOBOSHANTI NAS TERRAS DE ZUMBI Em União dos Palmares a imersão na Cultura Rastafári ocorreu de forma diferente de Maceió, uma vez que o líder da Banda Comunidade Quilombola despertou como Rastafári em São Paulo quando teve contado com alguns rastas da Casa de Menelick, a esse respeito ele diz: “Eu fui ver o show do Midnite em São Paulo e eu disse: Ah! Eu vou ver qual é a desses rastas, mas, eu fui mais pra conhecer a banda e quando eu cheguei lá eu encontrei Ras Ivan um profeta coroado hoje do Congresso Negro Internacional Etíope Africano e ele falava em Jesus Cristo de Nazaré. Então esse nome Jesus Cristo de Nazaré, pelo fato de eu já ser cristão de berço isso me despertou a querer ir mais a fundo, ‘pôxa’! Rastafári é Cristo, então Deus me levou pra casa de Menelick e foi lá que eu me despertei” (Quilombola de Zion, entrevista em 28/08/2013). Como já apontado no tópico anterior à presença Rastafári em União do Palmares é reduzida se restringindo ao escritório da Comunidade Quilombola de Sião, de onde partem as ações do Quilombola de Zion. Como forma alternativa de diálogo e disseminação da fé Rastafári (uma vez que raríssimos são os espaços para o mesmo realizarem seus shows em União assim como em Maceió), o referido informante realiza a assim denominada por ele: “Peregrinação ancestral sempre aos domingos”. Essa peregrinação consiste em subir a Serra da Barriga a pé, realizando o possível trajeto dos antigos quilombolas. [9] Além da peregrinação descrita acima Quilombola de Zion também propaga sua fé através das redes sociais [10], onde também divulga suas músicas. Em Maceió chegou a organizar um pequeno grupo de discussão sobre Rastafári, porém, a falta de um local físico específico como uma casa ou sala, por exemplo, (As reuniões eram feitas na praia do Sobral [11]), e a constante circulação da polícia dificultou a manutenção do grupo. 9 Cartaz de anúncio da Peregrinação Ancestral a Serra da Barriga. Para maiores detalhes conferir: https://www.facebook.com/pages/Comunidade-Quilombola-deSi%C3%A3o/169228703124883?fref=ts, e também: https://www.facebook.com/jahlagoas?fref=ts. 11 Praia urbana localizada em Maceió. 10 [12] 13 [ ] Enquanto membro da Ordem Boboshanti ou Congresso Negro Internacional Etíope Africano, Thiago Correia (Qulimbola de Zion) guarda os sábados, usa turbante, uma vez que é um profeta coroado, e crê na santidade do Rei Emmanuel como a representação de Yeshua nos tempos modernos, dentre outros princípios que norteiam sua vida, que veremos a seguir. Perguntado sobre o que era Rastafári ele respondeu com a seguinte canção: Rastafári (Quilombola de Zion) Rastafári é amor e é vida HailéInI SelassiéInI O próprio Cristo reergueu o templo no terceiro dia Mas, o próprio templo de Deus Vivendo neste grande dia Que reina Jah Selassié-bis Rastafári é amor e é vida HailéInI SelassiéInI (bis) Emannuel coroado Da descendência salomônica Da semente de Israel-bis Filho altíssimo consagrado pelo grande Jah Da genealogia de Maria Linhagem de Davi-bis Jesus rei Selassié Jah Deus Pai Selassié Deus Espírito Santo Hailé Selassié Rastafári é amor e é vida HailéInI SelassiéInI Eu&Eu cheio do fogo santo A unidade com o Leão de Judá Queimando essa Babilônia prostituta Caminhamos para o monte de Jah Eu&Eu, Eu & Eu, InI Jah Rastafári. 12 13 Cartaz de divulgação do grupo de discussão sobre Rastafári. Foto do grupo de discussão reunido na Praia do Sobral/Maceió/Alagoas. Observa-se a aproximação nos discursos dos rastas de Maceió e o de União dos Palmares retratados em suas músicas, embora aqueles diferentes deste não façam parte de nenhuma casa ou organização Rastafári, porém acima de tudo são rastas e repudiam a Babilônia. Sobre a Babilônia ele ainda acrescenta para além da música: “[...] esse sistema político é uma Babilônia, esse reggae de empresários, o reggae de empresários que não são rasta de empresários que não tem responsabilidade com o Movimento rasta nem com o movimento reggae do gueto mesmo entendeu? Que fica usando o reggae pra ganhar dinheiro, pra prostituir a galera através do ritmo que é legal é de paz, pra mim isso aí é uma Babilônia. Ladrão é uma Babilônia, tudo que é contra Jah é cria da Babilônia [...]” (Quilombola de Zion, entrevista em 28/08/2013). A alimentação é realizada de acordo com a realidade vivida, uma vez que o referido informante vive só (não convive com outros Rastafáris) em União dos Palmares e dessa forma tem um pouco mais de dificuldade de ter uma alimentação inteiramente Ital food, que de acordo com Bermúdez (2005, p.88), vem a ser comida natural e pura sem a utilização de produtos químicos. “Brother minha alimentação é vegetal, porém eu como peixe junto há momentos que se eu chegar à sua casa e tiver carne entendeu? Você ta me oferecendo me recebendo na sua casa com carne vermelha, com carne branca sei lá... com coisas que os rastas não comem, eu não vou fazer uma desfeita com seu amor porque está escrito na bíblia que aquele que come carne e aquele que não come, ambos agradecem a Deus, então, como eu sou um cara que busco na bíblia as minhas respostas e não no homem, então, a bíblia fala que aquele que come vegetal e aquele que come carne ambos agradecem. Eu estou muito tranqüilo,mas a comida do Rastafári é a Itaal vegetal, no Congresso Negro, lá na cozinha universal, na cozinha do Congresso não entra nem melancia, então já é a cultura de vida porque o Congresso ele busca mesmo que agente se alimente com alimentos que tragam vida que agente plantar e comer o que vem da terra. Então eu prefiro comer vegetal e peixe por que eu não consigo comer só vegetal quando eu passo muito tempo na montanha eu consigo comer porque você não tem onde comer termina você comendo. ‘Man’ lá na cozinha da igreja não entra nem sal nem açúcar, eu passo mal nos primeiros dias mas, depois a gente se acostuma[...]” (Quilombola de Zion, entrevista em 28/08/2013). Sobre seu cabelo, outra característica marcante em muitos rastas, é dito: “Voto! Antes eu queria parecer com o cabelo de Bob Marley e Edson Gomes e depois eu descobri que o cabelo era um cabelo que vinha de Rastafári, aí eu dizia: “ah eu quero ter o cabelo igual ao dos rastas mas, isso aí era uma manifestação daquilo que eu sempre fui um Rastafári e nunca cortei e depois eu fui vendo o sentido a ‘parada’ do Nazireu o voto e fui conhecendo e hoje é uma promessa é uma questão de fé[...]não faço a barba porque eu sou israelita entendeu? Hoje eu sou um africano etíope nascido no Brasil [...]”( Quilombola de Zion, entrevista em 28/08/2013). Sobre Marcus Garvey, ele assim se refere: “Marcus Garvey é o profeta o profeta que traz a visão, que quando um rei for coroado na África a redenção estará próxima”. O relato acima reforça ainda mais a tese sobre a condição de Marcus Garvey ser considerado um profeta pelos rastas, e dessa forma suas mensagens ganharam (e vem se mantendo dessa forma) status de profecias bíblicas. Quando perguntado que mensagem seria pertinente transmitir o informante diz o seguinte: “Man, Rastafári é o caminho! O cara do reggae ele tem que saber que o reggae veio dos rastas, não propriamente do Rastafári ortodoxo. Porque o Rastafári ortodoxo a música real Rastafári é Nyahbinghi, mas uma turma Rastafáris que se diziam Rastafáris Bob Marley e etc, montaram um ritmo em cima do Ska com alguns instrumentos ocidentais e montaram o reggae realmente o reggae é uma música gostosa de ouvir, estourou ta entendendo? Mas, que siga a Jah, tem que seguir a Jah não é a Bob Marley” (Quilombola de Zion, entrevista em 28/08/2013). Percebemos que as dificuldades que os rastas encontram em Maceió são praticamente as mesmas vivenciadas em União dos Palmares, mesmo que, vivenciem Rastafári de maneiras diferentes. Dessa forma se visualiza que a Cultura Rasta em Alagoas tendo como base esses dois municípios, está iniciando os primeiros passos de uma longa jornada. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos nesse trabalho as diferentes formas com que o Movimento Rastafári é denominado aparecendo como: crença, fé, religião, seita, dentre outras. Muitas dessas por sinal são variações de um mesmo universo que contém características como: adoração, rituais litúrgicos, símbolos e divindade. Dessa forma acredito que Rastafári compõe as características de um movimento sociopolítico e religioso, visto que além dos aspectos acima citados que o caracterizam como um movimento religioso possui também características políticas revolucionárias muitas das quais advindas do Nacionalismo Negro e do Pan-africanismo. Apresentei também como o conhecimento do referido movimento chegou em Alagoas, através do reggae música esta que teve/tem os Djs como seus principais divulgadores. Assim sendo Rastafári chegou a Alagoas e se manifestou de forma própria absorvendo características da cultura local. E diferentemente de Maceió que não possuí um movimento organizado (onde os adeptos dessa cultura compõem bandas de reggae), União dos Palmares possui uma célula Boboshanti, ou seja, um profeta coroado pelo Congresso Negro Internacional Etíope Africano. REFERÊNCIAS BERGMAN, Billy. Reggae na cultura africana. In: CARDOSO, Marco Antônio (Org.). A magia do reggae. São Paulo: Martin Claret, 1997. BERMÚDEZ, Darío. Rastafaris: La mística de Bob Marley. Buenos Aires: Ed. Kier, 2005. BEZERRA, Débora Andrade Panplona. O Movimento Rastafári: Da Jamaica para identidade e cultura em Fortaleza. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012. CARDOSO, Marco Antônio (Org.). Bob Marley por ele mesmo. São Paulo: Martin Claret, 2009. __________, A magia do reggae. São Paulo: Martin Claret, 1997. D’ADESKY, Jacques. 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