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SEMINÁRIO TEMÁTICO VIII: TECNOLOGIA E INOVAÇÃO AULA 01: CONCEITOS SOBRE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA TÓPICO 02: TIPOLOGIAS DE INOVAÇÃO VERSÃO TEXTUAL A discussão sobre inovação, um tema emergente na discussão socioeconômico e tecnológica das últimas cinco décadas fez surgir diversas abordagens sobre o tema. O foco de cada abordagem acaba por propor uma graduação diferencial entre as possibilidades de inovar e assim criaram-se diferentes tipologias (classificações) possíveis para a inovação e seus processos. 2.1. TIPOLOGIA QUANTO AO OBJETO DA INOVAÇÃO Relacionando-se com os conceitos propostos pela terceira edição do Manual de Oslo da OECD (OECD, 2005, p. 57-63), as inovações podem ser de 4 tipos, tendo cada uma delas um definição "institucional": 1 - INOVAÇÃO DE PRODUTO 2 - INOVAÇÃO DE PROCESSO 3 - INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL 4 - INOVAÇÃO DE MARKETING 1. INOVAÇÃO DE PRODUTO É a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado com relação aos produtos existentes, tanto de características funcionais, como de usos previstos. As inovações de produto podem utilizar novos conhecimentos ou tecnologias, ou podem basear-se em novos usos ou novas combinações para conhecimentos ou tecnologias existentes. 2. INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL É a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Os métodos de produção envolvem técnicas, equipamentos e/ou softwares utilizados para produzir bens e serviços. Já os métodos de distribuição dizem respeito à logística da empresa. Além da produção e distribuição, esse tipo de inovação também envolve as atividades de compras, contabilidade, computação e manutenção e a implementação de tecnologias da informação e da comunicação (TIC) novas significativamente melhoradas, caso vise à melhoria de eficiência. ou 3. INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL É a implementação de um novo método organizacional, que pode ser uma nova prática de negócio da empresa, uma nova organização do local de trabalho ou nas relações externas. Os aspectos distintivos da inovação organizacional, comparada com outras mudanças organizacionais, está no fato de não ter sido usada anteriormente na empresa e que seja o resultado de decisões estratégicas tomadas pela gerência. 4. INOVAÇÃO DE MARKETING Implementação de novos métodos de marketing, como mudanças no design do produto e na embalagem, na promoção do produto e sua colocação no mercado, e de métodos de estabelecimento de preços de bens e de serviços. É a implementação de um novo método de marketing, voltado para as necessidades dos consumidores, abrindo novos mercados, ou reposicionando o produto no mercado, com o objetivo de aumentar as vendas. Deve representar mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços. Deve fazer parte de um novo conceito ou estratégia de marketing que representa um distanciamento substancial dos métodos de marketing existentes na empresa. OUTRAS TIPOLOGIAS DE INOVAÇÃO Além do objeto da inovação, que ajuda na conceituação institucional do termo, outras questões relacionadas ao processo geram tipologias. Uma questão central é quão "revolucionária" é a inovação na sua área, outra questão é seu grau de difusão, somando-se esses podemos ter o impacto socioeconômico que pode ser de tal forma significativo, resultando no que um dos primeiros teóricos sobre a economia da tecnologia e inovação, Schumpeter (1988), denominava destruição criativa. 2.2. TIPOLOGIAS QUANTO AO GRAU DE NOVIDADE DA INOVAÇÃO Muitas tipologias têm-se preocupado em analisar a relação entre o grau de novidade da inovação e seu impacto na organização. Uma das tipologias mais difundidas foi a primeira, proposta por Schumpeter (1988) em dois níveis: radical e incremental. Nesta tipologia clássica e nas suas derivações foca-se nas mudanças tecnológicas, essas são usualmente diferenciadas por seu grau de inovação e pela extensão das mudanças em relação ao que havia antes. A gama de inovações observadas na atividade econômica é classificada por Freeman da seguinte forma, segundo seus impactos (TIGRE, 2006, p.737¨): Quadro 1 Tipologia das mudanças tecnológicas conforme Freeman (1997). Cada tipo de mudança estabelece um novo nível tecnológico. INCREMENTAL RADICAL NOVO SISTEMA TECNOLÓGICO NOVO PARADIGMA TÉCNICO-ECONÔMICO INCREMENTAL O nível mais elementar e gradual. É representado pelas inovações incrementais, que incluem melhorias feitas no design ou na qualidade dos produtos, aperfeiçoamentos em layout e processos, novos arranjos logísticos e organizacionais e novas práticas de suprimentos e vendas. As inovações incrementais ocorrem de forma e não derivam necessariamente de atividades de P&D, sendo mais comumente resultantes do processo de aprendizado interno e da capacitação acumulada. RADICAL A mudança tecnológica é considerada radical quando rompe as trajetórias existentes, inaugurando uma nova rota tecnológica, provocando uma descontinuidade. Uma inovação radical geralmente provém de atividades de P&D e tem um caráter descontínuo no tempo e nos setores. A descontinuidade pode ser caracterizada pelo clássico exemplo de que "muitas carroças enfileiradas não formam um trem". Ou seja, a inovação radical rompe os limites da inovação incremental, trazendo um salto de produtividade e iniciando uma nova trajetória tecnológica incremental. Este salto e a diferença entre as perspectivas destes dois primeiros tipos de mudança e sua influência na produtividade geral pode ser visto na figura abaixo. NOVO SISTEMA TECNOLÓGICO Estágio das mudanças no sistema tecnológico, no qual um setor ou grupo de setores é transformado pela emergência de um novo campo tecnológico. Tais inovações são acompanhadas de mudanças organizacionais tanto no interior da firma como em sua relação com o mercado. A tecnologia baseada plásticos e elastômeros da petroquímica (a partir da década de 1950) e a internet comercial usada para comunicação a partir da década 1990 podem ser considerados uma mudança no sistema tecnológico, pois alteraram novas áreas de atividade econômica. NOVO PARADIGMA TÉCNICO-ECONÔMICO Tendo que um paradigma é uma visão de mundo, mudanças no paradigma técnico-econômico, envolvem inovações não apenas na tecnologia como também socioeconômicas, seriam realmente revolucionárias. Tais revoluções não ocorrem com frequência, mas sua influência é pervasiva e duradoura. Os ciclos longos de desenvolvimento são atribuídos a câmbios sucessivos de paradigma tecnológico, como, por exemplo, a máquina a vapor, a eletricidade e a microeletrônica. Tais inovações constituíram, em diferentes épocas, os fatores-chave que estavam na raiz das transformações tecnológicas e econômicas mundiais. Para constituir um fator-chave de um novo paradigma, uma nova tecnologia deve apresentar as seguintes condições: • Custos baixos com tendências declinantes: somente grandes reduções de custos podem motivar mudanças de comportamento nos agentes econômicos. No exemplo da microeletrônica, observa-se a "Lei de Moore", segundo a qual a capacidade dos processadores dobra a cada 18 meses em relação a seu preço. • Oferta aparentemente ilimitada: os fatores-chave não podem ser escassos, pois precisam estar disponíveis de forma abundante e sustentável em longo prazo. A microeletrônica , em contraste, utiliza pouquíssimo material e energia, pois seu principal insumo é a inteligência humana, um recurso aparentemente inesgotável. • Potencial de difusão em muitos setores e processos: um fator-chave não pode ser de uso restrito a poucos setores específicos, mas deve ser potencialmente aplicável em termos universais. A microeletrônica cumpre hoje este papel, pois abriu novas possibilidades de inovação em praticamente todos os setores de atividades econômicas e sociais. Além da tipologias clássicas de Joseph A. Schumpeter e de pesquisadores do instituto SPRU (Science & technology Policy Research) da Univesidade de Sussex na Inglaterra como Christopher Freeman e Joe Tidd, a pesquisa sobre inovação e desenvolvimento tecnológico tem trabalhos que vem ajudando a estratégias de desenvolvimento tecnológico de empresa e mesmo de países. Marly Carvalho apresenta em seus livro (CARVALHO, 2009, p.8) uma complementação da tabela de diversos autores e tipologias propostas por Garcia e Calantone (2002). AQUI REDUZIMOS A OS PRINCIPAIS AUTORES DA LITERATURA. Quadro 2. Tipologias de inovação Vale ainda desatacar as seguintes tipologias: Wheelwright e Clark (1992) focam em outros tipos de incerteza que não a tecnológica, como as incertezas de mercado, sendo a descontinuidade na inovação tecnológica resultado de forças do mercado ou tecnológicas ou de ambas. Mais recentemente, Clayton Christensen discutiu a inovação nas empresas em três de seus livros com co-autores (o Dilema da Inovação, o Crescimento da Inovação e o Futuro da Inovação 1997) propondo em suas análises teóricas de casos práticos que a natureza das mudanças também pode ser explicada através de dois tipos básicos: inovações de sustentação ((sustained innovation)) e inovações de ruptura ((disruptive innovation)) ou disrupção. As inovações de sustentação visam à melhoria do desempenho de um produto já conhecido por um mercado também conhecido, segundo os atributos tecnológicos valorizados pelos clientes mais rentáveis. As inovações de ruptura implicam a criação de novos mercados, trazendo novos atributos de valor. Outra classificação em dois níveis é proposta por Cheesbrough e Teece (1996): inovações autônomas ou sistêmicas. INOVAÇÕES AUTÔNOMAS OU SISTÊMICAS. As inovações autônomas podem independentemente de outras inovações. ser desenvolvidas Por sua vez, as inovações sistêmicas geram valor apenas quando acompanhadas por outras inovações. Esta variedade de abordagem acaba por expor a complexidade do processo de inovação, sua contigencialidade e diversidade. REFERÊNCIAS CARVALHO, Marly Monteiro. Inovação. Estratégias Comunidades de Conhecimento. São Paulo: Atlas 2009. e TIGRE Paulo Bastos. Gestão da Inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer Responsável: Prof. José Carlos Lázaro da Silva Filho Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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