Modelo JDBD e o ciberjornalismo de quarta geração Modelo PDBD

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Modelo JDBD e o ciberjornalismo de quarta geração Modelo PDBD
Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line | FACOM-UFBA
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Modelo JDBD e o ciberjornalismo de quarta geração
Suzana Barbosa1
Universidade Federal da Bahia, Brasil/Universidade de Santiago de Compostela
Resumo:
No contexto atual do jornalismo nas redes, ou ciberjornalismo, as bases de dados (BDs)
possuem caráter estruturante para a atividade jornalística em suas dimensões de pré-produção,
produção, disponibilização/circulação, consumo e pós-produção. Como um condicionante a
favorecer inovação continuada para o campo do jornalismo há mais de três décadas, as bases de
dados, no limiar da que consideramos como quarta geração para o ciberjornalismo, assumem
um papel de protagonismo definindo um paradigma próprio: o Modelo Jornalismo Digital em
Base de Dados – JDBD (Barbosa, 2007a). Na fundamentação conceitual desse modelo, estão as
concepções de bases de dados como forma cultural simbólica (Manovich, 2001), bases de dados
como formato no jornalismo digital (Machado, 2006) e a de resolução semântica (Fidalgo,
2003, 2004, 2007a, 2007b). Nesta comunicação, identificamos como as BDs e os novos
formatos de conteúdos associados a elas vêm sendo incorporados por sites noticiosos de perfis
distintos, já incorporando alguns dos resultados prévios da pesquisa de pós-doutorado, cujo
objetivo é aperfeiçoar o Modelo JDBD. Na pesquisa, que tem a triangulação como desenho
metodológico, avaliamos a aplicação deste modelo em três cibermeios espanhóis: Elpais.com,
La Voz de Galícia e El Correo Gallego. Combinamos o método histórico, o estudo de caso,
categorias de análise do Modelo JDBD, observação participante, entrevistas semi-estruturadas,
entre outras técnicas.
Palavras-chave:
Ciberjornalismo – Bases de Dados – Modelo JDBD – Quarta geração
Modelo PDBD y el ciberperiodismo de cuarta generación
Resumen:
En el contexto actual del periodismo en las redes, o ciberperiodismo, las bases de datos (BDs)
poseen un carácter estructurante para la actividad periodística en sus dimensiones de preproducción, producción, disponibilidad/circulación, consumo y post-producción. Como un
condicionante a favorecer una innovación continuada para el campo del periodismo hace más de
tres décadas, las bases de datos, en el umbral de la que consideramos como cuarta generación
para el ciberperiodismo, asumen un papel de protagonismo definiendo un paradigma propio: el
Modelo Periodismo Digital en Bases de Datos – PDBD (Barbosa, 2007a).
En la
fundamentación conceptual de este modelo, están las concepciones de bases de datos como
forma cultural simbólica (Manovich, 2001), bases de datos como formato en el periodismo
digital (Machado, 2006) y la de resolución semántica (Fidalgo, 2003, 2004, 2007a, 2007b). En
esta comunicación, identificamos como las BDs y los nuevos formatos de contenidos asociados
a ellas vienen siendo incorporados por sites noticiosos de perfiles distintos, incorporando ya
alguno de los resultados previos de la investigación post-doctoral, cuyo objetivo es perfeccionar
el Modelo PDBD. En la investigación, que tiene la triangulación como diseño metodológico,
evaluamos la aplicación de este modelo en tres cibermedios españoles: Elpais.com, La Voz de
Galicia y El Correo Gallego. Combinamos el método histórico, el estudio de caso, categorías de
1
Jornalista. Doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia.
Membro do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line (GJOL, UFBA). Bolsista CAPES em estágio de
pós-doutorado no Grupo Novos Medios da USC. E-mail: [email protected].
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análisis del Modelo PDBD, observación participante, entrevistas semi-estructuradas, entre otras
técnicas.
Palabras clave:
Ciberperiodismo – Bases de Datos –Modelo – Cuarta Generación
DJDB Model and the fourth generation cyberjournalism
Summary:
In the present context of the journalism in the networks, or cyberjournalism, the databases
(DBs) have a structuring character for the journalistic activity in its dimensions of preproduction, production, availability/circulation, consumption and post-production. As a
conditioner to favour continuous innovation for the field of journalism since more than three
decades ago, the databases, in the threshold of which we consider as the fourth generation for
the cyberjournalism, assume a role of protagonist defining an own paradigm: the Digital
Journalism in DataBases Model – DJDB (Barbosa, 2007a). In the conceptual fundamentation of
this model, there are the conceptions of databases as symbolic cultural form (Manovich, 2001),
databases as format in the digital journalism (Machado, 2006) and the one of semantic
resolution (Fidalgo, 2003, 2004, 2007a, 2007b). In this paper, we identify how the DBs and the
new formats of contents associated to them are being incorporated by news bulletins sites of
different profiles, already incorporating some of the previous results of the post-doctorate
research, whose objective is to perfect the DJDB Model. In the research, which has the
triangulation as methodological design, we assess the application of this model in three Spanish
cybermedia: Elpais.com, La Voz de Galicia and El Correo Gallego. We combine the historical
method, the case study, categories of analysis of the DJDB Model, participant observation,
semi-structured interviews, among other techniques.
Key words:
Cyberjournalism – Databases – DJDB Model – Fourth Generation
1. O “lugar” das bases de dados na contemporaneidade
Como uma tecnologia e sistema de informação, as bases de dados (BDs) vêm
sendo empregadas há quatro décadas. Os aperfeiçoamentos e desenvolvimentos
experimentados ao longo desse período as fizeram chegar à era da internet e da web
como uma das mais imprescindíveis soluções para o armazenamento, a estruturação e o
compartilhamento de informações, atendendo, assim, à dinâmica e às demandas e
necessidades sociais. As BDs tornaram-se coleções estruturadas de dados mantidas em
computadores, como são mais popularmente compreendidas.
Christiane Paul (2004, p.02) vai apontar como um dos traços distintivos entre as
bases de dados digitais e os seus predecessores analógicos a sua possibilidade inerente
para a recuperação e filtragem do dado (ou dos registros nelas inseridos) em múltiplas
maneiras. Ela define as BDs como sendo, essencialmente, um sistema que constitui o
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hardware que armazena o dado: o software que permite alojar o dado em seu container
respectivo e recuperá-lo, filtrá-lo e mudá-lo, tanto como os usuários que acrescentam
um nível melhor no entendimento do dado como informação (Paul, 2004, p.03). Além
desta, outras diferenças podem ser acrescentadas, como a descentralização, que permitiu
passar das então centralizadas bases de dados para o padrão aberto constituído pela
internet e pela web – ela própria considerada a maior das bases de dados atualmente
disponível.
Coube a Lev Manovich (2001), reconhecer as bases de dados como uma forma
cultural simbólica na por ele denominada computer era ou era do computador. Ele foi
um dos primeiros a sistematizar elaborações teóricas acerca da ubiqüidade das BDs,
percebendo-as como lógica e estrutura para forjar boa parte dos objetos da nova mídia.
Ao argumentar em favor das BDs como uma forma cultural simbólica, Manovich a
apresenta como aquela que está para a era do computador, assim como a novela e o
cinema estiveram para a era moderna. E, como forma do contemporâneo, as BDs
representam o mundo como uma coleção de itens, sobre a qual o usuário performará
várias operações, como: ver, navegar, buscar (Manovich, 2001, p.219). Tal lógica está
implícita na estruturação de boa parte dos produtos da nova mídia, como o CD-ROM de
um museu virtual com sua coleção de imagens para serem acessadas de diferentes
maneiras ou um web site, que apresenta uma lista seqüencial de elementos separados:
blocos de texto, imagens, videoclipes e links para outros sites. Logo, na perspectiva
construída pelo autor, as bases de dados tornam-se o centro do processo criativo do
design da nova mídia.
O entendimento do potencial das BDs na era do computador, portanto, amplifica
o sentido do termo, indo além daquela noção mais básica de estrutura de dados para
rápida recuperação, que até então norteou os procedimentos de armazenamento e
ordenamento de informações, para adquirir o status de nova forma cultural simbólica.
Com Raymond Williams (1990), compreendemos que assim como as formas encontram
necessidades sociais de um novo tipo para serem estabelecidas, também serão
necessárias novas definições sociais. Ao lado disso, podemos apreender, ainda, que
formas culturais diferenciadas convivem ao mesmo tempo e vão sendo apropriadas de
acordo com as particularidades de cada campo social, ainda que possam ser específicas
de um campo particular. Com as bases de dados, ocorre algo desta natureza. Como uma
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tecnologia e sistema de informação já em uso desde os anos 60, e sendo uma forma
específica do domínio das ciências da computação para solucionar os problemas de
organização, armazenamento, recuperação e compartilhamento de informações, a
flexibilidade das BDs, aliada aos desenvolvimentos das redes interativas digitais, do
computador, dos softwares e das linguagens de programação, as coloca num patamar
diferenciado, revestindo-as de novo significado: de forma cultural, delineada nos anos
finais da década de 90 do século XX e em consolidação nesta primeira década do século
XXI.
E para quê? Para dar conta de necessidades sociais de tipos novos num contexto
de sociedade contemporânea complexa, na qual as tecnologias de informação e
comunicação (TICs) permeiam as atividades da vida diária, seja no ambiente de
trabalho, na educação e na produção do conhecimento, nos modos de informar, criar e
consumir informações, nas esferas da criação artística e cultural, do lazer e do
entretenimento, da indústria, da economia e dos serviços, das relações sociais, enfim. As
BDs deslocam linhas de força e passam a exercer papel fundamental, seja registrando,
diariamente, bilhões de ações e hábitos de todos nós, produzindo perfis, formatando
novos padrões de consumo – ou a personalização em massa –, gerando um novo
“sujeito”, forjando produtos culturais, armazenando, estruturando e distribuindo
conhecimento. Ou seja, um mundo traduzido em bases de dados. Acreditamos que este
novo “lugar” para as bases de dados na contemporaneidade corrobora a concepção de
forma cultural. Como tal, as bases de dados são modelo para produtos da nova mídia
(Manovich, 2001); uma estética e uma hipernarrativa (Vesna, 1999, 2000a, 2000b;
Manovich, 2001, 2006; Dietz, 2000, 2004; Leão, 2003; Paul, 2004); uma ferramenta de
comunicação de grande valor para o prognóstico de cenários futuros e de relevância
crescente para a tomada de decisões (Lucas, 2004, 2006).
Para o ciberjornalismo ou jornalismo digital2 - modalidade em desenvolvimento
há mais de uma década - as bases de dados vão inspirar a designação de um paradigma3,
2
Neste texto, usamos ambas terminologias como sinônimos.
O termo pode ser entendido como exemplos que incluem práticas e leis que se aplicam em diferentes
áreas particulares da ciência (Kuhn, 1962), ou como um conjunto de regras que definem fronteiras acerca
de algum tema ou conceito e que ademais descrevem o comportamento dentro dessas fronteiras (Baker,
1992). Contudo, um paradigma pode significar também formas básicas de perceber, pensar e avaliar,
associadas a uma particular visão da realidade (Harmon, 1970). Ver: ROMERO, V. M. G. “Paradigmas
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a saber: o Jornalismo Digital em Base de Dados. O Modelo JDBD configurou-se
durante a investigação doutoral (2007a), quando identificamos as bases de dados como
um aspecto-chave para a construção de sites jornalísticos, sob o foco de
continuidades/remediações, rupturas e potencialidades. Ademais, identificamos um
novo status para as BDs no campo do jornalismo, bem como verificamos a
consolidação de um padrão dinâmico para os cibermeios, em contraposição a um outro
estático que havia marcado etapas anteriores. Nesse momento, com a realização do
estágio de pós-doutorado (Grupo Novos Medios, Universidade de Santiago de
Compostela), estamos dando continuidade à pesquisa, cujo objetivo é aperfeiçoar e
potencializar o Modelo JDBD. A seguir nos deteremos na explicação do modelo, do seu
marco teórico-conceitual, bem como discutiremos os fatores a garantir a sua
extensibilidade, já incorporando alguns dos resultados da investigação ora em curso.
2. Marco teórico-conceitual do Modelo JDBD
A denominação Jornalismo Digital em Base de Dados desponta em razão das
funcionalidades asseguradas pelas BDs para a construção e gestão de produtos
jornalísticos digitais – os cibermeios – bem como para a estruturação e a apresentação
dos conteúdos. Associado a ele está, ainda, a identificação de uma nova metáfora para a
representação de conteúdos de natureza jornalística, a database aesthetics ou estética
base de dados. O estudo sobre o histórico do emprego das BDs no jornalismo (Smith,
1980; Koch, 1991; Meyer, 1991, 1993; Garrison, 1998; Paul, 1999; Lage, 2001; Gunter,
2003) nos permite identificá-las como um condicionante a favorecer inovação contínua
para o campo do jornalismo há mais de três décadas, pela flexibilidade e, sobretudo,
pelo seu potencial de reinvenção. Ao observar o seu uso desde a década de 70 até o
momento atual, aferimos, principalmente, que elas já não desempenham apenas uma
função documental e auxiliar ou de espaço para busca de informação. As bases de dados
de la educación superior para el siglo XXI”. Centro Virtual Cervantes. Memoria, comunicación y futuro.
Disponível em: <www.cvc.cervantes.es/obref/debates-brown/ponencia08.htm>.
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têm caráter estruturante para a atividade jornalística em suas dimensões de préprodução, produção, disponibilização/circulação, consumo e pós-produção.
Nossa proposição está em sintonia com trabalhos de investigadores que
ampliaram a dimensão conceitual para as bases de dados no jornalismo e,
particularmente, na modalidade do jornalismo digital (Colle, 2002, 2005a, 2005b;
Fidalgo, 2003, 2004, 2007a, 2007b; López, Gago, Pereira, 2003a; López, Gago, Pereira,
2003b; Machado, 2006; García et al, 2005; Holovaty, 2005, 2006a, 2006b; Gago, 2006,
2007; Pereira, 2006; 2007). Na fundamentação conceitual do Modelo JDBD estão as
concepções de bases de dados como forma cultural simbólica (Manovich, 2001); bases
de dados como formato no jornalismo digital, com a qual Machado (2004a, 2004b,
2006) identifica um estatuto próprio para as BDs a partir do princípio de
transcodificação – o qual permite, segundo Manovich, que todos os objetos da nova mídia
possam ser traduzidos para outros formatos –, e a de resolução semântica (Fidalgo, 2003,
2004, 2007a, 2007b).
Conforme explica António Fidalgo, tal como uma imagem digital aumenta sua
qualidade com o aumento da resolução gráfica, ou seja, o número de pixels por
centímetro quadrado, também a pluralidade e a diversidade das notícias on-line sobre
um evento aumenta a informação sobre o mesmo, aumentando a resolução semântica
(Fidalgo, 2007a: 93). Neste conceito são intrínsecas as noções de baixa e de alta
resolução sendo, assim, mais adequado para explicar a sucessão de notícias na
informação on-line, dada em contínuo. Significa, por conseguinte, que o contínuo da
informação on-line não se adequa à técnica da pirâmide invertida (Fidalgo, 2007a: 94),
estando melhor sintonizada – acrescentamos – com a denominada “pirâmide deitada”
(Canavilhas, 2007, 2008), que contempla quatro níveis distintos: unidade base (o que,
quando, quem, onde); nível de explicação (por que e como); nível de contextualização e
nível de exploração.
Operacionalmente, definimos o Modelo JDBD como aquele que tem as bases de
dados como definidoras da estrutura e da organização, bem como da apresentação dos
conteúdos de natureza jornalística, de acordo com funcionalidades e categorias
específicas, que vão permitir a criação, a manutenção, a atualização, a disponibilização
e a circulação de produtos jornalísticos digitais dinâmicos. O Modelo JDBD possui um
conjunto de 18 funções (ver quadro a seguir), percebidas tanto quanto à gestão interna
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dos produtos, quanto aos processos de apuração e contextualização, à estruturação das
informações, à composição das peças informativas, assim como à recuperação das
informações e à apresentação dos conteúdos.
FUNCIONALIDADES
1. Indexar e classificar as peças informativas e os
objetos multimídia
2. Integrar os processos de apuração, composição e
edição dos conteúdos
3. Orientar e apoiar o processo de apuração, coleta,
e contextualização dos conteúdos
4. Agilizar a produção de conteúdos, em particular
os de tipo multimídia
5.Regular o sistema de categorização e
qualificação das distintas fontes jornalísticas,
indicando a relevância das mesmas
10. Ordenar e qualificar os colaboradores e
“repórteres cidadãos”
11. Conformar padrões novos para a construção das
peças informativas
12. Propiciar categorias diferenciadas para a
classificação externa dos conteúdos
13. Gerar resumos de notícias estruturados e/ou peças
informativas de modo automatizado
14. Transmitir e gerar informação para dispositivos
móveis, como celulares, computadores de mão,
iPods, entre outros
6. Sistematizar a identificação dos profissionais da
redação, e documentar a sua respectiva produção
7. Estocar o material produzido e preservar os
arquivos (memória), assegurando o processo de
recuperação das informações
15. Armazenar anotações semânticas sobre os
conteúdos inseridos
16. Habilitar o uso de metadados para análise de
informações e extração de conhecimento, por meio de
técnicas estatísticas ou métodos de visualização e
exploração como o data mining. E também para a
aplicação da técnica do tagging.
8. Garantir a flexibilidade combinatória e o 17. Cartografar o perfil dos usuários para adequar o
relacionamento entre os conteúdos
conteúdo às suas necessidades de informação
9. Permitir usos e concepções diferenciadas para o 18.Implementar
a
publicidade
dirigida,
material de arquivo
personalizando por perfil de usuário, país e/ou cidade
Quadro: Funcionalidades4
Quanto às categorias expressivas desse modelo, temos:
- Dinamicidade: Categoria mestre a guiar a verificação de um novo padrão, em
contraposição com os anteriores sites estáticos, justamente pelo emprego de BDs para
construção de cibermeios. É a partir dela que as demais categorias adquirem
representatividade;
- Automatização: Inerente ao uso de BDs nos processos de armazenamento,
estruturação, organização e apresentação das informações. Há 3 tipos de automatização:
parcial, procedimental (nível intermediário) e total;
- Flexibilidade: Relacionada a sistemas de apuração menos hierarquizados, à
facilidade de recuperação dos conteúdos para a contextualização, a uma maior
autonomia do trabalho dos profissionais, assim como à descentralização da produção;
- Inter-relacionamento/Hiperlinkagem: Um dos grandes potenciais das BDs
4
A seriação para a apresentação não configura uma hierarquização, até porque muitas das funções estão
contidas em diversos níveis, perpassando todo o processo jornalístico.
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para os sites jornalísticos. A partir da classificação interna, aplica-se padrões
combinatórios e inter-relacionamentos diversos para as informações. A hiperlinkagem
permite incorporar material de arquivo à oferta informativa; oferecer contextualização;
agregar elementos da narrativa hipertextual e multimídia às peças jornalísticas,
assegurando, em paralelo, tematizações novas para os conteúdos;
- Densidade informativa: Na base da definição desta e da próxima categoria
está o conceito de resolução semântica (Fidalgo, 2003, 2004, 2007a, 2007b), com suas
noções de baixa e de alta resolução, conforme explicado acima. O conceito só faz
sentido em produtos assentes em BDs, posto que neles os elementos informativos
sucessivos e progressivos seguem uma ordenação, definida na classificação interna que,
por sua vez, proporcionará mudanças também na classificação externa para
apresentação dos conteúdos. A densidade informativa é assegurada por uma oferta
abrangente e diversificada de conteúdos (tanto quanto aos gêneros jornalísticos como
aos formatos) e de recursos associados à cobertura dos eventos, ao tratamento,
processamento e publicação dos mesmos;
- Diversidade temática: Novas tematizações podem ser trabalhadas para
assegurar também maior densidade informativa e vice-versa. Quanto maior for a
incorporação de BDs para a estruturação do material jornalístico, para a construção das
peças informativas e para a apresentação dos conteúdos, tanto maior serão as
possibilidades para novas tematizações. Significa dizer, que ultrapassem o eixo temático
mais comum utilizado para organizar os conteúdos, quais sejam: política, economia,
esportes, cultura (Fontcuberta, 2006, p.72), além de ciência, saúde e tecnologia;
- Visualização: Diz respeito aos modos diferenciados para se representar
informações jornalísticas, a partir da sua estruturação em BDs. Aqui são intrínsecas as
noções de metadados ou metainformações, as técnicas de data mining, do tagging entre
outras que já vêm sendo empregadas5. Exemplos são a tree map, que gera o padrão de
visualização conhecido como Squarified (retângulos alongados6), o software livre
LinkBrowser7 que produz mapas para a visualização dos relacionamentos existentes
entre as pessoas e os assuntos mencionados nas matérias contidas em uma BD ou,
ainda, o software Buzztracker8, que visualmente localiza frequências e relacionamentos
entre eventos que aparecem na cobertura de notícias internacionais. A intenção é
mostrar quão interconectado o mundo está.
3. A quarta geração do ciberjornalismo
Proposto como um paradigma para sites jornalísticos de perfil dinâmico, o
Modelo JDBD teve o seu surgimento localizado na etapa de transição entre a terceira
(Mielniczuk, 2003; Pryor, 2002) e uma quarta geração de evolução para o
ciberjornalismo no limiar da segunda década de desenvolvimento desta modalidade. À
época, afirmamos que apesar de ainda estar em gestação, o quarto estágio, fosse qual
5
Ver News Explorer,< http://press.jrc.it/NewsExplorer/dayedition/en/latest.htm> do European Media
Monitor (EMM).
6
Ver aplicação no Newsmap, em <http://www.marumushi.com/apps/newsmap/newsmap.cfm>.
7
Ver blog Deu no jornal, em <http://deunojornal.zip.net/>.
8
Ver em <http://buzztracker.org/> .
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fosse a configuração a consolidá-lo, teria as bases de dados com um elemento
estruturante. A continuidade da pesquisa, o que se pode considerar como longitudinal
study, vem confirmando a nossa hipótese e, por conseguinte, verificar a consolidação
paulatina de alguns dos elementos que distinguem a chamada quarta geração. E o que a
caracteriza, afinal?
O cenário no qual emerge a quarta geração do ciberjornalismo é marcado pela
consolidação das bases de dados como estruturantes da atividade jornalística e como
agentes singulares no
processo
de convergência jornalística; equipes mais
especializadas; desenvolvimento de sistemas de gestão de conteúdos (SGC) mais
complexos e baseados preponderantemente em softwares e linguagens de programação
com padrão open source, formato XML (eXtensible Markup Language), algoritmos;
acesso expandido por meio de conexões banda larga; proliferação de plataformas
móveis; consolidação do uso de blogs; ampla adoção de recursos da Web 2.0;
incorporação de sistemas que habilitam a participação efetiva do usuário na produção de
peças informativas; produtos diferenciados criados e mantidos de modo automatizado;
sites dinâmicos; narrativas multimídia; utilização de recursos como RSS (Really Simple
Syndication) para recolher, difundir e compartilhar conteúdos; aplicação da técnica do
tagging na documentação e na publicação das informações; uso crescente de aplicações
mash-ups; do conceito de geolocalização de notícias ou geocoding news; uso do
podcasting para distribuição de conteúdos em áudio; ampla adoção do vídeo em
streaming; novos elementos conceituais para a organização da informação; maior
integração do material de arquivo na oferta informativa; produtos experimentais que
incorporam o conceito de web semântica; emprego de metadados e data mining para
categorização e extração de conhecimento; aplicação de novas técnicas e métodos para
gerar visualizações diferenciadas para os conteúdos jornalísticos que auxiliam a
sobrepujar a metáfora do impresso (broadsheet metaphor) como padrão.
Vale notar que esta etapa de desenvolvimento a que alcança o ciberjornalismo
não se dá de modo uniforme para todos os produtos jornalísticos digitais. Como ocorreu
nas fases anteriores (transposição, metáfora, terceira geração - cf. Mielniczuk, 2003 - ou
primeira, segunda e terceira ondas, cf. Pryor, 2002), ela primeiro se faz notar nos
chamados produtos mais inovadores ou de ponta, geralmente porque reúnem maiores
condições de investimento em profissionais especializados, em tecnologia, e tem sua
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estratégia como operação digital mais claramente definida. Também é possível que nem
todos os elementos apareçam num único cibermeio, mas a presença de alguns deles é
indicadora de que se está a conformar o produto segundo renovados e até
revolucionários parâmetros. A emergência de uma nova geração também não é
excludente. Quer isto dizer que em um mesmo produto é possível se encontrar
elementos característicos de todas as gerações, com preponderância maior para uma ou
outra (s).
4. Extensibilidade e potencialização do Modelo JDBD
Em conformidade com a identificação de uma quarta geração do
ciberjornalismo avançamos também em direção às possibilidades de aperfeiçoamento
para o Modelo JDBD. Aferimos, inicialmente, a extensibilidade do paradigma JDBD ao
identificar a sua adequação para ser aplicado aos processos de convergência jornalística
(Barbosa, 2008). Trata-se de um desdobramento ou extensão natural, pois o contexto do
qual o próprio modelo desponta é marcadamente o da convergência, entendida na sua
acepção mais ampla, e que modifica a configuração das relações não apenas entre
tecnologias existentes, mas também entre indústrias, mercados, gêneros, audiências e
consumo dos meios (Jenkins, 2004).
Atestamos a validade do modelo também através dos estudos específicos sobre
as experiências de convergência já em curso (Deuze, 2004; Huang et al, 2004; Quinn,
2005a, 2005b; 2006; Lerude, 2005; Lawson-Borders, 2006; Dupagne, Garrison, 2006;
Kennedy, 2006; Domingo et al, 2007), tanto quanto é possível inferir a partir dos dados
coletados e das entrevistas realizadas durante visitas às redações de três cibermeios
espanhóis (Lavozdegalicia.es, Elcorreogallego.es e em Elpais.com)9, integrantes do
corpus empírico da nossa pesquisa pós-doutoral. Esses cibermeios estão ainda em
processo de avaliação para decidir se haverá integração de redações ou como os
processos de convergência serão formalmente implantados.
9
O período de estância temporal aconteceu entre o final de fevereiro e a segunda quinzena do mês de
março de 2008 e compreendeu três dias em La Voz de Galícia e Elpais.com/Prisacom e dois dias em El
Correo Gallego. Também compreendeu a aplicação de questionários junto aos jornalistas das redações
dos web sites. A etapa agora é a de organização dos dados e transcrição de entrevistas para, em seguida,
proceder a sistematização, análise, efetuar comparações, para consolidar os resultados apropriadamente.
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Nos três, as produções coordenadas ocorrem de maneira esporádica e informal
entre os profissionais das redações de meios impressos, audiovisuais e online no sentido
de oferecer conteúdo diversificado, mais contextualizado e, sobretudo, para agregação
de material multimídia produzido pelos co-irmãos de matriz audiovisual. E isso é
possível porque, do ponto de vista tecnológico, a convergência, como assinalaram
diretores e coordenadores desses cibermeios, já é plena, sendo as bases de dados um
elemento fundamental. São nelas que estão assentados os sistemas publicadores que
possibilitam a integração editorial dos distintos meios pertencentes aos respectivos
grupos. Tais sistemas permitem, nomeadamente, automatizar processos, e descentralizar
a produção. Quanto à automatização, significa, entre outros benefícios, incorporar
formatos distintos para os conteúdos, com uso de mais elementos multimídia, agilizar a
recuperação de informações para oferecer contexto, estabelecer relações, e, claro, tornar
mais fácil o trabalho dos profissionais. Por sua parte, a descentralização habilita
qualquer jornalista (redator ou fotógrafo), na própria sede da empresa, nas delegações e
mesmo os correspondentes em países distintos, não só enviar peças informativas como
também ter acesso ao sistema documental para efetuar buscas e recuperar informações,
aceder ao material de agência de notícias e a outros serviços pertinentes à execução de
suas respectivas tarefas.
O exame das bases de dados na convergência jornalística põe em relevo,
primeiro, o fato delas desempenharem papel chave na integração das rotinas produtivas
dos meios, bem como nas etapas de criação, edição e apresentação dos conteúdos, de
distribuição, permitindo a automatização dos processos e maior agilidade, pois facilita o
trabalho dos profissionais, inclusive nos procedimentos de adaptação do conteúdo de
um meio para outro. Em segundo lugar, evidencia que as BDs são soluções essenciais
para a gestão do fluxo informativo e do conhecimento nas redações multimídia, total ou
parcialmente integradas, para a interconexão entre distintas plataformas. Assim, como
funções adicionais ao conjunto das 18 do Modelo JDBD apresentadas no ponto 2,
agregamos mais quatro diretamente relacionadas com os processos de convergência.
Quais sejam:
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- Sustentar a produção e a distribuição dos conteúdos;
- Gerenciar o fluxo de informação e o conhecimento nas redações;
- Integrar distintas plataformas;
- Suportar ações de interação que envolvam usuários e profissionais através do
conteúdo informativo e de entretimento (reportagens investigativas associadas a
informações de serviço, ou até mesmo vinculados a algum game, por exemplo).
Quadro 2: Funcionalidades adicionadas ao Modelo JDBD
Pensamos, ainda, a própria convergência como uma categoria a somar-se às sete
já reconhecidas. A sua inclusão significa contemplar as BDs mais diretamente como um
agente central nesse processo, ao tempo em que auxilia na própria análise de casos nos
quais as dimensões profissional e de conteúdos (Salaverría, García Avilés, Masip, 2007)
da convergência estejam em desenvolvimento. Permite, por outro lado, testar o alcance
do paradigma JDBD e ajudar a potencializá-lo. Desta maneira, consideramos que este
modelo reforça a convergência, intensificando a cooperação entre meios distintos
(inclusive pertencentes a diferentes grupos), integrando redações segundo a lógica desse
jornalismo convergente, multimídia, multiplataforma, que também requer habilidades
múltiplas dos profissionais.
4.1 De olho na prática
A avaliação preliminar da aplicação do Modelo JDBD nos três cibermeios
espanhóis (Lavozdegalicia.es e Elcorreogallego.es, de perfil regional, Elpais.com, de
informação geral), inclui a observação sistemática do site e das rotinas produtivas.
Neles, o conteúdo da edição impressa está disponibilizada quase completamente, à
exceção do reportagens exclusivas. O modelo de negócio é aberto, baseado em
publicidade, com alguns conteúdos acessíveis através de assinatura. Identificamos
nesses cibermeios a presença da maioria das funcionalidades do JDBD, conquanto que
algumas ainda estejam no nível de potencialidades. Destacamos: a utilização de técnicas
estatísticas ou métodos de visualização e exploração como o data mining, entre outras,
para a representação de conteúdo seguindo paradigmas inovadores, assim como a
técnica do tagging; a de cartografar o perfil dos usuários/leitores para adequar o
conteúdo às suas necessidades informativas, ou, ainda, a de implementação de
publicidade dirigida. A que diz respeito à conformação de padrões novos para a
construção das peças informativas é verificada, mas não de maneira estável. Já a
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referente a usos e concepções diferenciadas para o material de arquivo aparece
consolidada no Elpais.com (a seção “A fondo”, por exemplo), enquanto que nos dois
cibermeios galegos o arquivo aparece apenas na seção “Hemeroteca”.
Em todos três, artigos passados relacionados a eventos noticiosos atuais para
contextualização e aprofundamento são oferecidos como enlaces, posicionados em
“caixas” ao lado ou abaixo do texto. Sobre isso, vale lembrar, ademais, que a
disponibilização do arquivo digitalizado do periódico e mesmo o das edições online
ajustado em espaços denominados “Arquivo” e/ou “Hemeroteca” já é, em si, uma
novidade para a organização da oferta informativa trazida pelo ciberjornalismo.
Quanto às categorias operativas do Modelo JDBD, aferimos tratar-se todos de
cibermeios de padrão dinâmico, porque estruturados em bases de dados: desde o
entorno tecnológico que os sustenta até o produto plasmado na tela, com conteúdos
permanentemente renovados, inter-relacionados, com sistemas refinados de busca e de
categorização da informação (esta última mais presente no Elpais.com), incorporação
crescente de material multimídia, infografias interativas, serviços complementares,
como estatísticas dinâmicas, blogs, bookmarks sociais, dentre outros recursos da Web
2.0.
Os três possuem seções de participação que acolhem contribuições dos usuários,
um elemento a mais a favorecer a densidade informativa, bem como a diversidade
temática. Sobre esta última, citamos como exemplo as seções: “La Voz de la
Emigración”, de Lavozdegalicia.es, um espaço para as notícias sobre os galegos fora do
país, na qual se utiliza uma aplicação mash-up, neste caso um mapa para localizar em
que continentes e países estão os galegos sobre os quais se escreve; “Lo más”, existente
nos três; “Tema del Día”, em Elcorreogallego; “Vídeos”, presente como seção em
Lavozdegalícia e em Elpais.com (neste também há a “ElpaisTV), enquanto no
Elcorreogallego se está incorporando aos poucos os vídeos em streamming. Os
podcastings de áudio estão já consolidados na oferta informativa de Elpais.com.
Também nele, como um dos cibermeios gestionados pela Prisacom, é onde aparece
projetos de experimentação baseados no conceito de Web semântica: La Lista WIP
(www.lalistawip.com), uma lista que estabelece o ranking de popularidade de
personalidades na web, através de bots (robôs) que “varrem” o ciberespaço e, de modo
automático, organizam a informação processada segundo distintas categorias.
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Quanto à automatização, o nível é alto, proporcionalmente adequado ao perfil,
linha de atuação e realidade de cada um. No Elpais.com, por exemplo, chega a 95%,
considerando a saída de informações. Em Lavozdegalicia.es e no Elcorreogallego.es, no
entanto, desde informações de previsão meteorológica, resultados de partidas de futebol,
de loterias, às seções “lo más”, ou seja “as mais populares”, que mostram os artigos
mais lidos/vistos, os mais enviados por e-mail, ou os vídeos mais vistos, são totalmente
automatizadas. E a tendência, pelo que se observa, é de maior automatização, não
apenas para a saída do conteúdo, mas quanto aos processos de apuração. Com isso,
concretamente o jornalista poderá dedicar-se mais à atividade intelectual - investigação,
seleção, análise, prospecção e descoberta de relações para as informações, etc.
Os sistemas de gestão de conteúdos (SGC) dos cibermeios analisados estão
apoiados em softwares e linguagens de programação com padrão open source, formato
XML (eXtensible Markup Language) e bases de dados MySQL. O de Lavozdegalicia.es
e o do Elpais.com foram desenvolvidos por suas próprias equipes de tecnologia, ao
passo que o Elcorreogallego.es optou por terceirizar, confiando o desenvolvimento à
empresa Plexus Technology. Todos distribuem seus conteúdos através de RSS e para
plataformas móveis.
O inter-relacionamento/hiperlinkagem está igualmente incorporado, embora
possa ser melhor implementado, enquanto do ponto de vista da visualização, se constate
menor nível de experimentação com padrões para representação dos conteúdos, como já
apontado. Inferimos que os incrementos futuros certamente virão por meio de conceitos
como geolocalização de notícias ou geocoding news, isto é a classificação de notícias
por localização, como faz, entre outros, os sites EveryBlock10, idealizados por Adrian
Holovaty, e que agregam notícias e informações locais em profundidade; do
desenvolvimento de infografias de segunda geração, assentes em bases de dados;
aplicações mash-ups (criadas através da combinação de conteúdo de fonte ou fontes
externas para produzir uma nova peça jornalística); e experimentação crescente com
projetos baseados no conceito de web semântica.
10
Lançados em janeiro de 2008, para as cidades de Chicago (<http://chicago.everyblock.com/>), New
York (<http://nyc.everyblock.com/>) e San Francisco (<http://sf.everyblock.com/>).
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Para finalizar, assinalamos com Rich Gordon (2007), que as bases de dados
estão no centro de grandes mudanças que vêm sendo realizadas por cadeias de jornais,
como a Ganett.co/EUA, proprietária de 90 periódicos, entre os quais USA Today. A
Gannet criou o conceito de Information Center ou Centro de Informação, que aposenta
a redação tradicional, e postula que “data should be a driving force in online
journalism” (cf. Gordon, 2007).
Por conta do protagonismo que assume as BDs para o campo do jornalismo,
Gordon propõe uma hierarquia com quatro níveis para o que chama database
journalism: - Data delivery, “Entrega de dados”: Nível em que as organizações de
notícias obtêm dados e os disponibiliza em uma forma navegável; - Data search,
“Pesquisa de dados”: O modo mais comum de tornar os dados disponíveis para a busca
de informação relevante para os usuários, através das caixas de busca/pesquisa; - Data
exploration, “Exploração dos dados”: Nível em que pressupõe a implementação de
aplicações para tornar mais fácil, divertida e serendiptosa (descoberta ao acaso) a
exploração de dados; e Data visualization, “Visualização dos dados”: Prover modos
mais interessantes para os usuários visualizarem o que os dados mostram, e que sejam
mais efetivos e atraentes que as colunas e linhas. Entre as opções, ele cita o mapping,
quando for para elementos geográficos, e as interfaces visuais criadas pelo Digg.com.
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