Apresentação - Brasil e Belgica

Transcrição

Apresentação - Brasil e Belgica
organizadores
Eddy Stols
Luciana Pelaes Mascaro
Clodoaldo Bueno
Brasil
e Bélgica
Cinco Séculos de Conexões e Interações
Brasil
e Bélgica
organizadores
Eddy Stols
Luciana Pelaes Mascaro
Clodoaldo Bueno
Cinco Séculos de
Conexões e Interações
B r a si l e B é l g ic a
Cinco Séculos de Conexões e Interações
brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
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brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
Brasil e Bélgica
Cinco Séculos de Conexões e Interações
organizadores
Eddy Stols
Luciana Pelaes Mascaro
Clodoaldo Bueno
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brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
edi çã o
Roney Cytrynowicz
p rodu ção edi tor i al
Monica Musatti Cytrynowicz
desi gn e edi tor aç ão e le tr ôni c a
Ricardo Assis
Tainá Nunes Costa
Negrito Produção Editorial
www.negritodesign.com.br
tradu ção
Eddy Stols
Luciana Pelaes Mascaro
Susana Rossberg
p repa ra ção de te xto e r e vi s ão
Mariangela Paganini
revi sã o de te xto e r e vi s ão das tr aduç õe s
c i p - b r a s i l . c a ta l o g a ç ã o n a p u b l i ca çã o
si n d i c a t o n a c i o n a l d o s e d i t o r e s d e liv ro s , rj
Clodoaldo Bueno
Eddy Stols
Luciana Pelaes Mascaro
B83
Brasil e Bélgica: cinco séculos de conexões e interações / organização Eddy
Stols, Luciana Pelaes Mascaro, Clodoaldo Bueno. – 1. ed. – São Paulo: Narrativa Um, 2014.
376 p.: il.; 29 cm.
ISBN 978-85-88065-34-5
1. Brasileiros – Bélgica – História. 2. Problemas sociais. 3. Política internacional. I. Stols, Eddy. II. Mascaro, Luciana Pelaes. III. Bueno, Clodoaldo.
Editora Narrativa Um – Projetos e Pesquisas de História
www.narrativaum.com.br
[email protected]
14-13963
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CDD: 305.86980493
CDU: 316.77
Os laços entre Brasil e Bélgica
Manoel Arlindo Zaroni Torres
Presidente da Tractebel Energia
S
eparados por um oceano e milhares de quilômetros, Brasil e
Bélgica são mais próximos do que se poderia imaginar. Trazer
à tona esse vínculo é a principal missão desta obra, que nos oferece um registro histórico e cultural importante da relação entre
os dois países. A tarefa de desbravar o tema, transformando uma
série de informações dispersas em um livro pujante como este, foi
brilhantemente desempenhada pelos autores e organizadores, os
quais conhecem o assunto em profundidade.
Ao longo dos capítulos, o leitor descobrirá que os laços entre
os dois países começaram a ser construídos ainda no Brasil Colônia, há mais de cinco séculos, e foram se estreitando a partir do
intercâmbio cultural e econômico que se seguiu. O relato deixa
claro que muitas pessoas e instituições colaboraram para consolidar marcas do Brasil na Bélgica e da Bélgica no Brasil. A elas
cabe nosso agradecimento, pois a proximidade resultou em trocas
importantes nas mais diversas áreas, do cinema à gastronomia,
passando pelas artes cênicas e plásticas, literatura, música, esportes e arquitetura.
Além das influências culturais, o livro revela impressionantes
alinhamentos religiosos, ideológicos e científicos entre as duas nações. Ao final de cada texto, constatamos a solidez dessa relação e,
em especial, o legado deixado por um país no outro. Fundamental
à construção desse legado, a atuação de empresas belgas, como a
Tractebel Energia, no Brasil, bem como de companhias brasileiras na Bélgica, contribuíram de forma decisiva não apenas para
o desenvolvimento econômico dos dois países, mas também para
intensificar o intercâmbio cultural.
Colaborar para que toda essa trajetória conjunta fosse registrada e se tornasse pública foi o que motivou a Tractebel Energia
a apoiar a realização desta obra. Estamos certos de que, a partir
dela, Brasil e Bélgica passam a ter uma referência bibliográfica
tão relevante quanto inspiradora, capaz de demonstrar todos os
benefícios da relação respeitosa, harmoniosa e cooperativa entre
duas nações.
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brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
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Apresentação
Incentive Projetos e Eventos
Florianópolis (SC)
A
Enxergamos neste livro, também, uma forma não só de resgatar o passado das duas nações e suas relações, mas também de
desenhar novos cenários para o futuro: promovendo conhecimento sobre a atual realidade entre os dois países e assim oportunizar
novas formas de negociações. Assim, esperamos que este livro seja
apenas o primeiro entre muitos outros que contarão mais sobre a
trajetória do Brasil e Bélgica unidos em torno da valorizarão da
cultura destes dois países.
Agradecemos imensamente a todos os profissionais envolvidos
neste trabalho, entre eles, especialmente aos pesquisadores Eddy
Stols, Luciana Mascaro e Clodoaldo Bueno; Roney Cytrynowicz
e Monica Musatti Cytrynowicz, diretores da editora Narrativa Um;
a Embaixada da Bélgica no Brasil, na pessoa do Sr. Jozef Smet;
ao Consulado Geral da Bélgica, representado pelo Cônsul Didier
Vanderhasselt; ao Consulado Honorário da Bélgica em Santa Catarina, Sr. Manoel Arlindo Zaroni Torres. Sem o envolvimento
destes profissionais não seria possível que tal estudo acontecesse.
Somos gratos pelo profissionalismo, comprometimento e esmero
que todos dedicaram a este projeto cultural.
Nosso agradecimento especial também ao Ministério da
­Cultura, por ter proporcionado a execução deste projeto, e a empresa Patrocinadora Tractebel Energia, representada pelo Sr. Jan
Flachet, Sr. Luciano Andriani e Sra. Luciane Pinheiro Pedro, que
cumpriram papel essencial para a realização desta obra.
O livro Brasil e Bélgica: Cinco Séculos de Conexões e Interações está pronto para ser apreciado pelos seus leitores. A Incentive
Projetos e Eventos espera que a obra literária aqui presente seja
de grande contribuição para a valorização das heranças culturais
geradas pela relação entre os dois países e que traga incontáveis
ganhos para aqueles que tiverem acesso a ela. Convidamos a todos, portanto, a entrarem neste mundo ainda pouco conhecido da
relação belgo-brasileira e a se deliciarem com o incrível conteúdo
que está agora disponível.
presentar um livro cuja missão é tão importante não é tarefa
fácil. Uma obra que promete discorrer sobre o belo cordão
que existe entre o Brasil e a Bélgica. Essa relação, tão cordial e sólida, já vem de tempos: são cinco séculos de interação. Um pouco
esquecida entre as tão comentadas relações brasileiras com outros
países europeus, como a Itália, Alemanha e Portugal, o relacionamento Brasil-Bélgica é importante de ser aprofundado, exposto e
disseminado. Tornar esse livro acessível a todos aqueles que desejam ter mais conhecimento sobre o estreitamento entre esses dois
países é o nosso maior objetivo. Como intuito principal, nosso
desejo é que existam cada vez mais intercâmbios socioculturais
entre as duas nações e, acreditamos, sem sombra de dúvidas, que
este livro propiciará isso.
Sabedores de que esta obra tem na sua tônica o resgate, a
preservação e a promoção da presença do Brasil na Bélgica e da
Bélgica no Brasil, temos a certeza de que os dois países se complementam e se ajudam mutuamente a evoluir e a crescer, trazendo
intrínsecos benefícios um ao outro.
A partir do convite do professor Eddy Stols, precursor do projeto, pode-se entender que este foi delineado para apresentar as
relações que se formaram entre essas duas importantes nações no
decorrer dos últimos séculos, que vão desde a gastronomia até o
esporte. Passou-se pelas influências ideológicas e religiosas que
cada país revelou um ao outro. Vislumbrou-se a arte como verdadeira ferramenta de diplomacia e assim descobrimos dois países
repletos de trocas entre as áreas de cinema, teatro, dança, música
popular e clássica, artes plásticas, arquitetura e literatura.
Com este desafio proposto, acreditamos que podíamos alcançar os objetivos desenhados para este estudo e, certamente, nossa
alegria é imensa por desempenharmos e mediarmos as relações
entre os profissionais, que para nós, mostraram-se verdadeiros investigadores da história brasileira e belga. Poder proporcionar uma
fonte de conhecimento sobre essa relação tão importante nos enche de entusiasmo. Ficamos motivados, cada vez mais, por sabermos que estamos no caminho certo: levar ao outro a possibilidade
de descobertas e de crescimento através do aprendizado.
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brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
Eddy Stols nasceu em 1938 em Roeselare, Bélgica. Concluiu seu Doutorado em História pela Universidade Católica de Lovaina em
1965. Foi professor na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília (atual Unesp) de 1963 a 1968; professor na Universidade
Católica de Lovaina de 1971 até se tornar Professor Emérito em 2004; professor extraordinário na Universidade de Leiden, Holanda
(1987-1991); professor visitante em várias universidades brasileiras (USP, UFMG, UFSC e UNESP - Campus Assis) e na École des
Hautes Études en Sciences Sociales, Paris. Entre suas publicações: Brazilië, Een geschiedenis in dribbelpas (Brasil, uma história em
passo drible), 1996, 2002 e terceira edição ampliada em 2011; coeditor de La Belgique et l’étranger aux XIXe et XXe siècles (1987); de
Flandres e Portugal, Na confluência de duas culturas (1991); Flandre et Amérique latine, Cinq siècles de confrontations et de métissages
(1993); Brasil, Cultures et économies de quatre continents (2001); O diplomata e desenhista Benjamin Mary e as relações da Bélgica com
o Império do Brasil (2006); Un mundo sobre papel (2009); Terra Brasilis (2011), com curadoria da exposição na Europalia.Brasil. Publicou mais de cem artigos em revistas ou capítulos de livros, dos quais uma dezena sobre alimentação, açúcar e chocolate.
Luciana Pelaes Mascaro nasceu em 1970 em Dourado, São Paulo. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU-USP) São Carlos em 1997 e Doutora pela mesma escola na área de Teoria e História da Arquitetura e
do Urbanismo em 2008. Realizou estágio de doutorado na Universidade do Minho, Portugal, e atuou como pesquisador estrangeiro
na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa. Trabalhou como Diretor do Departamento de Patrimônio Histórico da cidade de Jaú
(SP) em 2003. Participou da organização de workshops e seminários sobre Arquitetura e Patrimônio Arquitetônico e colaborou com o
CIVA (Centre International pour la Ville, l’Architecture et le Paysage), em Bruxelles, Bélgica, durante o ano de 2010. É professora do
Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso – campus de Cuiabá, e atua como pesquisadora
em temas como arquitetura do final do século XIX e início do XX, patrimônio arquitetônico e industrial.
Clodoaldo Bueno nasceu em 1943 em Presidente Prudente, Estado de São Paulo. É Mestre e Doutor em História Econômica pela
Universidade de São Paulo (USP), Livre-Docente e Professor Titular da Unesp, aposentado. Docente permanente do curso do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais “San Tiago Dantas” da Unesp/Unicamp/PUC-SP, sediado em São Paulo. Foi professor visitante na Universidade de Brasília (1994-95) e no Instituto de Estudos Avançados da USP (1197-99). Com auxílio da Fapesp,
desenvolveu em 1997 programa de aperfeiçoamento científico na Universidade de Lovaina, Bélgica. Membro do Grupo de Análise de
Conjuntura Internacional da USP; membro da CHIR (Comission of History of International Relations), sediada em Paris-Milão e vicecoordenador acadêmico do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Unesp/SP. Entre suas publicações, destacam-se os livros
A República e sua política exterior (1889 a 1902) (Editora da Unesp / Funag, 1995); Política externa da Primeira República – Os anos
de apogeu – de 1902-1918) (Paz e Terra, 2003); História da política exterior do Brasil (Ed.UnB, 4ª ed. 2011), este em co-autoria com
Amado Luiz Cervo. Publicou textos em revistas e livros editados em Londres, Tóquio, Paris, Buenos Aires, Milão, Quito e Assunção.
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Introdução
Eddy Stols • Luciana Pelaes Mascaro • Clodoaldo Bueno
Organizadores
E
nos anos de 1850 a de Nicolau Vergueiro em Limeira, ou oficiais,
como por volta de 1890 a de Porto Feliz, dirigida pelo padre Vanesse. Havia também trabalhadores à procura de salário melhor.
Em menor número, partiram comerciantes para vender armas,
vidraria, casimiras, espelhos, lampadários, estruturas metálicas, como fizeram no Rio de Janeiro a Casa Laporte e os irmãos Pecher.
O cônsul Edouard Pecher fundou no Rio de Janeiro em 1852
a Société Belge de Bienfaisance – ainda existente –, que organizava banquetes anuais para angariar fundos para dar assistência aos
compatriotas necessitados ou doentes, embora não possuísse hospital próprio. Vieram, ainda, artesões como o litográfo Jean-Baptiste Lombaerts que montou em 1848 na Rua do Ouvidor uma
conceituada livraria, continuada pelo seu filho Henri e frequentada por Machado de Assis. Os tecelões d’Olne de Verviers criaram no final do século XIX em Niterói a fábrica Tecidos Aurora.
Nessa corrente imigratória nem mesmo faltou um ou outro
nobre ou gente abastada: Léon Mosselman du Chenoy, longíquo
parente da Rainha Paola da Bélgica, que se distinguiu na Bahia
por volta de 1900 pelas suas empresas de mineração e, até, de
piscicultura, embora nunca bem sucedidas; a família de Vicq de
Cumpich no Rio de Janeiro; Henri Oedenkoven, filho de um rico
industrial de Antuérpia, que, desiludido da famosa colônia de naturismo Monte Veritá em Ascano na Suiça, tentou em 1925 organizar uma similar em escala menor em Catalão, Estado de Goiás.
Vale assinalar a presença de mulheres atuantes como Marie
van Langendonck, que publicou em 1862 o relato de sua vida
numa colônia do Rio Grande do Sul ou Georgina Mongruel,
musa dos simbolistas e poetisa em Curitiba por volta de 1900. O
talento artístico motivou frequentes travessias e migrações como
a de Maurice Nadeau, que desde os anos de 1950 encenou peças
no Teatro Brasileiro de Comédia e dirigiu inclusive novelas. Nos
anos de 1950 e 1960 o violonista Jan Douliez fundou em Goiânia
o Conservatório de Música, mas, incomodado pelo regime militar,
voltou em 1965 para a Bélgica.
O Brasil recebeu também fugitivos belgas. O primeiro foi Pierre Mabilde, que, revoltado contra o novo Rei Leopoldo I, chegou
em 1832 ao Rio Grande do Sul, onde, dirigindo a abertura de estradas, ficou cativo dos índios Coroados, que lhe inspiraram seu
livro Apontamentos. Nos anos de 1840, um conspirador contra o
mesmo rei, o Conde Auguste van der Meeren, teve sua pena de
morte comutada em banimento e se estabeleceu na Bahia. Com
ntre o Brasil e a Bélgica (a Flandres do século XVI) o primeiro
atrativo foi a procura de açúcar de cana em quantidade suficiente para sustentar uma requintada produção doceira e confeiteira, bem como para adocicar, com o mascavado mais barato, a
dieta popular. Para produzi-lo, um grande mercador de Antuérpia,
Erasmo Schetz, lançou já na década de 1540 um dos primeiros
investimentos capitalistas no Brasil com o Engenho dos Erasmos
em São Vicente, no litoral do atual Estado de São Paulo.
Pouco depois, em Antuérpia, um primeiro papagaio verde
brasileiro apareceu à venda em uma feira, segundo um quadro
de Joachim Beuckelaer de 1566. Importaram-se logo em seguida
mais papagaios, além de araras, tucanos, saguis e tatus brasileiros,
que serviam para dar prestígio à corte de Bruxelas e enriquecer as
coleções dos primeiros naturalistas. Tais animais exóticos, vendidos no mercado, eram destinados também à intimidade dos lares
burgueses e chegaram a merecer um lugarzinho nos quadros de
Jan Breughel o Velho, no início do século XVII.
Mas foi somente a partir do início do século XIX que se intensificaram e se diversificaram as conexões entre os dois países.
A partir de 1807, o porto de Antuérpia abriu-se à importação de
produtos brasileiros, como café, couros e madeira. O Brasil reconheceu a independência da Bélgica e com ela firmou, já em 1834,
um tratado de comércio.
Doravante, ambos os países manteriam relações diplomáticas
exemplares, reforçadas pela arbitragem do Rei Leopoldo I em favor do Brasil na questão Christie com a Inglaterra em 1863, quando, por seu lado, o Brasil contribuiu para resgatar os direitos de peagem, cobrados pela Holanda sobre a navegação do Rio Escalda.
Nesses anos ainda, o príncipe herdeiro Leopoldo II estimulou, sem
êxito, o irmão Felipe a pedir no Rio de Janeiro a mão de uma das
princesas imperiais. Logo depois, o Imperador Pedro II visitou a
Bélgica por quatro vezes em 1871-1872, 1876 e 1888. Com a queda do Império, Leopoldo II, exitoso na sua conquista do Congo,
cobiçou uma parte do território da recém implantada república
brasileira: em 1891 fez a proposta ao Brasil e à França de cessão
do território contestado do Oiapoque; por volta de 1900 estava
de olho no Acre e tinha em mira grandes concessões de terras no
Mato Grosso e no Araguaia.
Entrementes embarcaram entre 1840 e 1914 quase seis mil
emigrantes belgas para o Brasil, principalmente agricultores candidatos a um pedaço de terra numa das colônias privadas, como
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brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
os distúrbios sociais do final de século, socialistas como Augusto
Lootens e Alphonse Solheid e anarquistas como Jules Moineau
se asilaram no Brasil.
Fugindo dos horrores da Primeira Guerra Mundial, um grupo
de 30 belgas fundou sua comunidade libertária na fazenda Tabantinguera perto de Cananéia; mesmo malograda, esta aventura
brasileira inspirou um dos participantes, Géo Libbrecht, em sua
futura obra poética. No início da Segunda Guerra Mundial, cerca
de trinta judeus, com passaportes belgas, obtiveram do embaixador
brasileiro na França, Souza Dantas, visto para refugiarem-se no
Brasil. Uma vez terminado o conflito, para lá escaparam, por sua
vez, vários colaboracionistas belgas da ocupação nazista.
Outros ainda chegaram ao Brasil para prestar serviço a companhias belgas, como fez o engenheiro Gustave Vauthier, no final
do século XIX, nas ferrovias do Paraná e Rio Grande do Sul. Em
1886 a compra da companhia inglesa Gaz do Rio por capitalistas
belgas inaugurou um período de investimentos em ferrovias, mineração, indústria têxtil, agropecuária e exploração da borracha,
totalizando por volta de 1910 mais de 100 milhões de francos em
quase quarenta empresas. Algumas destas tiveram vida curta, como a Companhia Força e Luz, no Rio de Janeiro, que em 1887,
embora por pouco tempo, teve parte do centro iluminado com baterias do belga Edmond Julien. Esta prefigurou de certa maneira
o empenho belga no fornecimento de energia elétrica no Brasil.
Outras empresas foram compradas pelo americano Farquhar como as ferrovias do sul brasileiro pouco antes da Primeira Guerra
Mundial; outras ainda mantiveram-se por quase um século, como
o Banco Ítalo-Belga, fundado em 1911 em São Paulo.
Uma incipiente segunda onda de investimentos belgas no Brasil ocorreu no final dos anos de 1930, mas interrompida pela guerra. A nova dinâmia de investimentos que se verifica atualmente
somente se intensificou a partir do final do século XX, mas supera agora as fases anteriores. Desta vez veio acompanhada de movimento de capitais em sentido inverso, pois várias companhias
brasileiras instalaram-se na Bélgica.
Se as empresas belgas levaram seu pessoal para o Brasil, numerosa colônia brasileira surgiu espontaneamente na Bélgica, com
presença mais visível em Bruxelas, dos anos 1990 até hoje, constituída de emigrantes à procura de trabalho. Desde a década anterior, futebolistas brasileiros profissionais foram contratados por
equipes belgas, a exemplo do maranhense Luís Oliveira, que se
tornou entre 1988-1992 estrela do F.C. Anderlecht e da equipe
nacional dos Rode duivels.
Bem antes disso, isto é, desde meados do século XIX, foi expressivo o número de estudantes brasileiros nas universidades
belgas. Merecem ainda destaque os cerca de quarenta exilados
brasileiros no Chile que, depois do golpe contra o presidente
Allende, encontraram no final de 1973 refúgio na Bélgica. Dois
de seus líderes, Vladimir Palmeira e José Ibrahim, participaram
de maneira ativa da redemocratização do País. Cabe mencionar,
também, o programa de intercâmbio American Field Service, que
desde 1985 facilita para algumas centenas de jovens brasileiros
e belgas passar um ano escolar na Bélgica ou no Brasil, hospe-
dados em casas de família. Paralelamente, cresceu o número de
expats belgas no Brasil, sendo cada vez maior o número dos que
se registram em seus consulados no país.
Assim não é de se estranhar o fato de a Bélgica ter se tornado
referência frequente no vocabulário e ideário brasileiros. Em razão
das dimensões do seu território e padrão de vida de sua população passou a fazer parte da métrica brasileira e adquiriu status de
modelo de bem-estar social refletido no termo ‘Belíndia’, forjado
em 1974 por Edmar Bacha para definir a sociedade brasileira,
que justapõe o bem-estar desfrutado por 10% de seus nacionais
nas condições da Bélgica aos 90% daqueles que vivem problemas
similares aos da Índia.
Esta primeira exploração poderia prolongar-se, enveredando-a
na vida científica, educacional e religiosa, mas esta pequena miscelânea de dados é suficiente para evidenciar um surpreendente
fluxo quase contínuo e muito diversificado de conexões entre ambos os países, o que justifica um estudo mais aprofundado destas
relações multifacetadas e sobretudo recíprocas, relações que nunca suscitaram uma obra de síntese como as que existem para as
relações do Brasil com outros países europeus. Diferenciando-se
destas obras, preferiu-se aqui uma abordagem bifocal, explorando estas conexões dos dois lados e dando ênfase tanto à presença
brasileira na Bélgica quanto à belga no Brasil.
Em nosso projeto editorial, ambicionamos, inicialmente, apresentar um repertório sucinto, mas tão completo quanto possível,
destas conexões em todos os setores, tanto no passado quanto no
presente, alternando verbetes de estudiosos com depoimentos pessoais. Entretanto, logo vimo-nos subjugados e algo desnorteados
pela abundância de temas, não suspeitada inicialmente.
Além disso, tivemos a grata surpresa de constatar que muitos
assuntos já foram investigados recentemente por acadêmicos belgas e, sobretudo, por brasileiros. O crescente interesse existente
no Brasil pelos recantos de sua história reflete-se na excelente
qualidade da pesquisa nas suas universidades e na conservação
do patrimônio material.
Em vista do limite de páginas, do tempo e do orçamento
disponíveis impôs-se a necessidade de selecionar temas. Assim,
deixamos de lado as figuras e os episódios mencionados acima.
Procuramos equilibrar os mais conhecidos e proeminentes com
outros desconhecidos e quase marginais. Mesmo assim, conexões
importantes como na psicologia e psicanálise ou na literatura ficaram de fora. Pedimos desculpas às pessoas para as quais não pudemos dar a devida atenção, mas esperamos que futuramente em
outro livro consigamos nos redimir desta falha. Para adequarmos
a obra ao espaço disponível reduzimos as referências bibliográficas ao mínimo indispensável. Ressaltamos ainda que cada autor
é pessoalmente responsável pelas opiniões emitidas.
***
Este projeto foi viabilizado graças ao patrocínio da Tractebel
Energia dentro das normas da Lei Rouanet. A boa acolhida dada pelo seu diretor Jan Flachet e seus colaboradores foi determi-
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introdução
pour l’exploration et la conservation de la nature, de Luc Vints do
KADOC (Centro de documentação católica da Universidade de
Lovaina), do Institut Royal du Patrimoine Artistique (KIK-IRPA)
em Bruxelas, de Monica Muggler, Patrick Segers, do Serviço de
Turismo do município de Dendermonde, do Museu Real de Arte
e História (KMKG-MRAH), em Bruxelas, do Ecomusée du Boisdu-Luc, em La Louvière, Bélgica, de Verônica Tamaoki do Centro de Memória do Circo em São Paulo, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, do Acervo do Museu
Mineiro-Superintendência de Museus e Artes Visuais, do Museu
Paulista da Universidade de São Paulo, da Pinacoteca do Estado
de São Paulo, do Museu da Cidade de São Paulo-Casa da Imagem
da Prefeitura de São Paulo, do Museu do Trem do Rio de Janeiro,
do Arquivo Público do Distrito Federal, da Christie’s Images, do
Irmão João Baptista do Mosteiro de São Bento de São Paulo, do
Núcleo de Documentação do Instituto Butantan, da Biblioteca
da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”-Esalq, da
Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade-FEA-USP, da Europalia em Bruxelas, do arquivo pessoal de
Allen Morrison, do conde Frédéric de Limburg Stirum, de Paul
Wittamer, do fotógrafo Ricardo de Vicq de Cumptich, e das fotógrafas Vivian Oswald e Sofie Deblieck, que cederam suas obras
sem ônus. Devemos, finalmente, registrar que recebemos informações preciosas de Regina Barbosa, Daniela Rocha, Dominique Van
Pée, dos padres Johan Konings e Thierry Linard de Guertechin.
nante, como também em Bruxelas o apoio de Dirk Beeuwsaert,
diretor da Electrabel e administrador da GDF-Suez. Grande é
nossa dívida para com a Incentive Cultural de Raphael Ribeiro,
que conseguiu a aplicação da referida lei a este livro. Entre os
diplomatas belgas, Peter Claes, cônsul-geral da Bélgica em São
Paulo, foi, em 2011, o primeiro a apoiar o projeto, além de fornecer valiosas informações juntamente com seus colaboradores
Dulce Vivas e Bart Struyf. Em seguida, também o embaixador
belga em Brasília, Claude Misson, ofereceu sua colaboração. Os
atuais embaixador Jozef Smets e cônsul-geral Didier Vanderhasselt apoiaram a conclusão do projeto. O embaixador brasileiro
na Bélgica, André Mattoso Maia Amado, manifestou, também,
especial interesse. Somos particularmente gratos à embaixadora
Katia Godinho Gilaberte, no consulado-geral do Brasil em Bruxelas, pelo seu apoio, e ao seu assistente Brunno Hoffmann Velloso
da Silva, pelas valiosas informações prestadas.
Agradecemos de modo especial a todos os autores por terem
aceitado colaborar, sem receber honorários, e particularmente a
Els Lagrou, Susana Rossberg, Cristina Dias, Roland Renson por
terem coordenado capítulos. Boa parte das ilustrações foi proporcionada pelos próprios autores. Várias fotografias são de autoria de
Luciana Mascaro. Outras recebemos de Ivana Vervloet, Regina
Lootens Machado, do Museu Histórico de Belo Horizonte, de
Silvio Cordeiro, Luc Van Coolput, Bruno De Corte, do Arquivo
Municipal de Antuérpia, de Bruno Gosse, do Fonds Léopold III
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brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
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Sumário
Parte 1 – Travessias e Migrações
A inserção dos trabalhadores brasileiros migrantes no
mercado de trabalho belga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
P res en ças B elg as n o B ra sil
Martin Rosenfeld e Beatriz Camargo
Os ‘flamengos’ do Brasil colonial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
A Associação Arte N’Ativa: um pouco da nossa história.... . . . . 51
Eddy Stols
Isabel de Lannoy
Sainte-Cathérine du Brésil ou os belgas em Santa Catarina. . . 22
Parte 2 – Relações Oficiais e Diplomáticas
Eddy Stols
Jules Luis Parigot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
A diplomacia brasileira perante o potencial e as pretensões
belgas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Ana Maria Rufino Gillies e Eddy Stols
Paulo Roberto de Almeida
Jeanne Louise Milde, escultora e educadora. . . . . . . . . . . . . . . 28
Dois diplomatas belgas no Brasil imperial: Edouard de
Jaegher (1839-1843) e Gabriel Auguste Van der Straten
Ponthoz (1845-1849) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
René Lommez Gomes e Verona Campos Segantini
Marcel Roos: viajante, escritor e cineasta . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Chris Delarivière
Milton Carlos Costa
A colônia belga de Botucatu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Oliveira Lima: um homem certo no lugar certo. . . . . . . . . . . . 63
Luciana Pelaes Mascaro e Eddy Stols
Clodoaldo Bueno
Uma italo-belga no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Os belgas em Descalvados e na fronteira Oeste do Brasil
(1895-1912). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Florence Carboni
A casa é sua. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Domingos Savio da Cunha Garcia
Annelies Beck
O Rei Alberto I e a música brasileira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Daniel Achedjian
Pr es en ças B ras i lei ras na B élgica
De rebelde a escritor laureado: Conrad Detrez no Brasil. . . . . 69
Os primeiros brasileiros em Flandres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Peter Daerden
Eddy Stols
Brasil-Europa, via Bruxelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Passantes e residentes brasileiros na Bélgica dos séculos
XIX e XX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Antônio Carlos Lessa
Eddy Stols
Parte 3 – Relações Econômicas: Comércio e Empresas
Flores brasileiras no Instituto das Ursulinas em Onze-LieveVrouw-Waver . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
O C o mé r cio
Mario Baeck
O Engenho dos Erasmos ou dos Esquetes em São Vicente . . . 75
Os estudantes brasileiros na Universidade de Liège
(1870-1914). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Eddy Stols e Silvio Cordeiro
A companhia de Ostende e os portos brasileiros. . . . . . . . . . . . 77
Christine Fellin
Eddy Stols
Como fui parar na Bélgica e me tornei cineasta. . . . . . . . . . . . 46
Antuérpia e os diamantes do Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Susana Rossberg
Tijl Vanneste
Algumas figuras brasileiras em Lovaina durante os anos 70 . . . 47
Paul Dulieu
13
brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
A toda vela para o Brasil, impressões do passado marítimo
oitocentista. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Algumas contribuições belgas à bovinotecnia brasileira . . . . . 114
Regis De Bel
Jan Possemiers
Dom Amaro Van Emelen e a apicultura no Brasil . . . . . . . . . 116
Um traficante de escravos na Bahia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Regis De Bel
Chris Delarivière
Alphonse Richard Hoge: o especialista em serpentes . . . . . . . 118
Chris Delariviere
E m presas belg as n o B ras il
Biotecnologia Vegetal no Brasil: sucesso na cooperação. . . . . 118
A Urucum dos belgas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Dulce Eleonora de Oliveira
Fabio Guimarães Rolim
A Cooperação ente a KULeuven e as universidades
brasileiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
A Companhia de Estradas de Ferro Noroeste do Brasil e suas
conexões belgas (1904-1918) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Beatriz Monge Bonini e Rogelio Lopes Brandão
Paulo Roberto Cimó Queiroz
Me d icina
Um lugar belga em Pernambuco: a cidade industrial da
Société Cotonnière Belge-Brésilienne S.A.. . . . . . . . . . . . . . . . 93
Marie Rennotte: medicina e emancipação da mulher . . . . . . 123
Jean Suettinni
Eddy Stols
A Solvay chega ao Brasil e abre as portas para a América
do Sul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Lucien Lison e André Jacquemin na Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Tractebel Energia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Luciana Pelaes Mascaro
O diretor brasileiro de um dos mais ativos laboratórios de
pesquisa em diabetes na Bélgica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Deme: uma empresa de engenharia marinha com 150
anos de experiência mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Decio L. Eizirik
Grupo Jan de Nul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Katoen Natie: mais de 15 anos de prestação de serviços
logísticos no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
Antr o po lo gia
A melancolia dos belgas: devir antropológico no Brasil. . . . . . 126
Els Lagrou
E m presas bras i lei ras na B élgica
Quando a selva chama. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
A Compagnie Brésilienne des Tramways. . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Daniel De Vos
Eddy Stols
As pesquisas sobre o patrimônio linguístico africano. . . . . . . . 140
O Panorama da baía e cidade do Rio de Janeiro. . . . . . . . . . . 104
Jacky Maniacky e Jean-Pierre Angenot
Eddy Stols
Citrosuco: presente na Bélgica desde 1980. . . . . . . . . . . . . . . 106
Ensino e Pe sq u isa
Parte 4 – Colaboração Científica
Os belgas nas origens da Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Luciana Pelaes Mascaro
A s tro n om i a e Geo lo g i a
A cooperação entre o Institut International de Bibliographie
e a Biblioteca Nacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
Louis Cruls e o Observatório Astronômico do Rio
de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Jacques Gillen
Christina Helena Barboza
O Instituto Real do Patrimônio Artístico de Bruxelas e o
Barroco Mineiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Um belga à procura do petróleo no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . 111
Patrick Collon
Erika Benati Rabelo e Myriam Serck-Delwaide
B o tân i ca e Z o o lo g i a
A cooperação acadêmica, científica e técnica entre
Bélgica e Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
O botânico Céléstin Alfred Cogniaux e sua relação com
o Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Claude Misson
Magali Romero Sá e Alda Heizer
14
sumário
Parte 5 – Influências Religiosas e Ideológicas
Parte 6 – O Brasil Entra em Cena
Jesuítas belgas no Brasil colonial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
O Br a sil e ntr a e m cena
Eddy Stols
O Brasil entra em cena. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
Eddy Stols
As missões flamengas no Congo e a cultura afro-brasileira. . . 155
Jeroen Dewulf
Brasileiros barrocos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
Johan Verberckmoes
Dom Gerardo van Caloen e sua reconquista do Brasil
beneditino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
Te atr o, Da nça , C ir c o
Eddy Stols
A dança na Bélgica a partir do Século XX. . . . . . . . . . . . . . . . 199
Os cônegos brancos e outras ordens belgas. . . . . . . . . . . . . . . 164
Textos organizados por Cristina Dias
Eddy Stols
Depoimento de Rachel da Costa Cunha. . . . . . . . . . . . . . . 199
O excêntrico padre Júlio Maria de Lombaerde. . . . . . . . . . . . 168
Eddy Stols
A Escola Mudra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
Cristina Dias
O sonho monástico de José Moreau em Tabatinguera
(Cananéia) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
Depoimento de Claudio Bernardo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
Eddy Stols
A evolução da dança contemporânea na Bélgica. . . . . . . . . . 201
A Trapa Maristela (1904-1931). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
Textos organizados por Cristina Dias
José Eduardo M. Manfredini Júnior
Depoimento de Milton Paulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
Orval, uma grande abadia belga, com substrato brasileiro . . . 171
PARTS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
Peter Heyrman
Cristian Duarte
Os colégios das freiras belgas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
Depoimento de Maria Clara Villa Lobos. . . . . . . . . . . . . . 203
Eddy Stols
O papel dos produtores, os intercâmbios de companhias
de dança e os festivais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
As Damas da Instrução Cristã em Pernambuco. . . . . . . . . . . . 174
Marcelo Lins
Textos organizados por Cristina Dias
Presenças belgas no catolicismo do Brasil contemporâneo
(1945-2010). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
Espetáculos brasileiros na Bélgica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
Rodrigo Albea
Eddy Stols
Danças populares brasileiras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205
Joseph Comblin (1923-2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
Cristina Dias
Carl Laga
Grupos e companhias de espetáculos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
A contribuição dos jocistas belgas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
Arlene Rocha
Myriam Vanden Nest
Depoimento de Mano Amaro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
A Uniapac e o Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
Peter Heyrman
O homem do carnaval do Rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208
Régis Lemaire
Os vínculos entre os mundos maçônicos e laicos da Bélgica
e do Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
Depoimento de Cristina Dias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
Nicoletta Casano
A amizade entre o Brasil e a Bélgica no circo . . . . . . . . . . . . . 210
As igrejas brasileiras de Bruxelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
Verônica Tamaoki
Anne Morelli
Circo social belgo-brasileiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212
Grupos espíritas criados por brasileiros na Bélgica e o
movimento espírita belga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
Anne Loeckx
Parte 7 – Música
Fabio Mendes Furtado
Deuses em exílio: notas biográficas de um candomblé
na Bélgica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Mú sica C lá ssica
Músicos belgas no Brasil e brasileiros na Bélgica . . . . . . . . . . 217
Arnaud Halloy
Anna Maria Kieffer
15
brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
Álvaro Guimarães (1956-2009). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222
Baiano, Brasileiro e Bruxellois. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
Katrijn Friant
Diego Santana Claudino
Biografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
Documentário e mal-entendido: Retorno sobre uma
primeira filmagem no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250
Eliane Rodrigues
Jeremy Hammers
M ú s i ca Popu lar B ras i lei r a
“Primeira vez que eu ouvi Bluesette, tinha eu dezessete, ah
foi bom, meu coração ficou feliz...”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
MPB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
Daniel Achedjian
Reynald Halloy
A descoberta da Bossa Nova na Bélgica. . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
O Brasil, terra de energia e de cinema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254
Bart P. Vanspauwen
Thierry Michel
A descoberta do Mangue Beat na Bélgica. . . . . . . . . . . . . . . . 229
Mover-se com a câmera, mudar o ponto de vista. . . . . . . . . . . 257
Bart P. Vanspauwen
Heron Ferreira
A música brasileira nos festivais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
Filmando nas aldeias Kayapó. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259
Bart P. Vanspauwen
Gustaaf Verswijver
Os músicos brasileiros residentes na Bélgica. . . . . . . . . . . . . . 232
O fascínio pelo Nordeste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 260
Bart P. Vanspauwen
Nicolas Hallet
Parte 8 – Cinema e Televisão
Te le v isão
C i n em a Atual
A difícil e prazerosa tarefa de traduzir o Brasil para
os belgas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
Pequeno panorama atual do cinema sobre o Brasil
na Bélgica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235
Daniela Rocha
Parte 9 – Artes Plásticas
Susana Rossberg
Capoeira, Bel Horizon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
Pintu r a e Escu ltu ra
Basile Salustio
Rastros flamengos no Barroco mineiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 269
O meu Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
Alex Fernandes Bohrer
Roger Beeckmans
Pedro Américo de Figueiredo e Mello: Conexão Ciência &
Brasil & Bélgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
As questões indígena e ambiental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238
Babi Avelino
Madalena Zaccara
A mensagem poética de Oscar Niemeyer . . . . . . . . . . . . . . . . 240
Benjamin Mary (1792-1846) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272
Marc-Henri Wajnberg
Valéria Piccoli
Sobre as “pessoas sem voz” no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
Henri Langerock (1830-1915) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
Lazhari Abdeddaïm
Valéria Piccoli
Paixão pelo Nordeste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242
Adrien Henri Vital Van Emelen (1868-1943). . . . . . . . . . . . . 276
John Erbuer
Valéria Piccoli
Em busca de uma arte global. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
Georges Wambach e o Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 278
Icaro Alba
Aldrin Moura de Figueiredo
Sem-Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
Um olhar para o meu passado brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . 280
Jean Timmerman
Jef Van Grieken
Descobertas do Brasil entre o som e a antropologia . . . . . . . . 247
Inscrever os direitos do homem entre o Brasil e a Bélgica. . . . 281
Nicodème de Renesse
Françoise Schein
Lampião, sonhos de bandido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
A visibilidade da arte contemporânea brasileira na
Bélgica: uma história recente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 284
Damien Chemin
Olívia Ardui
16
sumário
Fonte de inspiração e temas de Luiz Figueiredo. . . . . . . . . . . 291
Os pavilhões brasileiros nas exposições internacionais
da Bélgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338
Frederik De Preester e Piet Slijkerman
Luciana Pelaes Mascaro
A trajetória da Galeria Cravo e Canela . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
Sérgio Bernardes e o pavilhão do Brasil na Exposição
Mundial de 1958 em Bruxelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342
Jacques Ardies
Arte Popular Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296
Emiel De Kooning
Daniel Achedjian
Frédéric de Limburg Stirum e Paraty. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345
Europalia.Brasil 2011-2012 ou como quase um milhão de
visitantes descobrem ou redescobrem a cultura brasileira. . . . 298
Dominique Vanpée
Paraty. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 346
Kristine De Mulder
Cassio Ramiro Mohallem Cotrim
Hi s tó ri as em Quad ri n h o s
Paraty e o plano de Limburg-Stirum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349
O cartunista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302
Fabio Guimarães Rolim
Ronaldo Cunha Dias
B-architecten. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351
Caatinga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303
Dirk Engelen
Hermann Huppen
O Projeto Bamboostic. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351
Sven Mouton
Fo to g rafi a
Parte 11 – Esportes
A oficina litográfica de Leon De Rennes. . . . . . . . . . . . . . . . . 305
Jamil Abib
Gaston Roelants ganha quatro vezes a Corrida Internacional
de São Silvestre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355
Um patrimônio de fontes em comum com o Brasil: a coleção
de fotografias dos Premonstratenses da Abadia do Parque
(Parkabdij) de Lovaina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307
Roland Renson
A primeira competição de atletas brasileiros nos Jogos
Olímpicos de 1920 em Antuérpia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 356
Luc Vints
Um botânico, um jardim e uma expedição: Jean Massart
e a “Mission Biologique Belge Au Brésil (1922-23)”. . . . . . . . . 314
Roland Renson
A capoeira na Bélgica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359
Alda Heizer
Jan Tolleneer
O Rei Leopoldo III e a floresta amazônica brasileira. . . . . . . . 317
Nelson e Rodrigo Pessoa: uma família brasileira dedicada
ao hipismo mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
Gustaaf Verswijver
Frechal, pioneiro da luta quilombola no Brasil. . . . . . . . . . . . 319
Katia Rubio
Christine Leidgens
A obra de Ricardo de Vicq Cumpitch. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321
Parte 12 – Gastronomia
Parte 10 – Arquitetura
Produtos brasileiros na gastronomia belga. . . . . . . . . . . . . . . . 365
Eddy Stols
Ramos de Azevedo: um arquiteto brasileiro formado
na Bélgica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 325
Interlocuções etílicas entre o Brasil e a Bélgica. . . . . . . . . . . . 368
Daisy De Camargo
Maria Angela P. C. S. Bortolucci
Como um chef mergulhou nos sabores dos ingredientes
nacionais valorizando os produtos e a gastronomia brasileira . . 371
Arquitetura industrial belga no Brasil no século XIX. . . . . . . . 327
Bernard Pirson
Quentin Geenen de Saint Maur
Os empreendimentos belgas e a moradia operária . . . . . . . . . 333
Mille merci monsieur Quentin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373
Telma de Barros Correia
Alex Atala
A vila belga de Santa Maria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335
Ensaio do fotógrafo Ricardo de Vicq Cumptich sobre
gastronomia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373
Anna Eliza Finger
Nota sobre Arsène Puttemans. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
Créditos de Imagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 374
Luciana Pelaes Mascaro
17
brasil e bélgica: cinco séculos de conexões e interação
18

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