Livro de Resumos - Sociedade Portuguesa de Transplantação

Transcrição

Livro de Resumos - Sociedade Portuguesa de Transplantação
XII CONGRESSO
PORTUGUÊS DE
TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO
LUSO BRASILEIRO
DE TRANSPLANTAÇÃO
I ENCONTRO IBÉRICO
DE TRANSPLANTAÇÃO
9-11 OUTUBRO 2014
SANA LISBOA HOTEL · LISBOA · PORTUGAL
RESUMOS
XII CONGRESSO
PORTUGUÊS DE
TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO
LUSO BRASILEIRO
DE TRANSPLANTAÇÃO
I ENCONTRO IBÉRICO
DE TRANSPLANTAÇÃO
9-11 OUTUBRO 2014
SANA LISBOA HOTEL · LISBOA · PORTUGAL
CONGRESSO
SOCIEDADE PORTUGUESA DE TRANSPLANTAÇÃO
DIRECÇÃO
Presidente
Fernando Macário
Vice-Presidente
Susana Sampaio
Tesoureira
Cristina Jorge
Vogais
André Weigert
Jorge Daniel Silva
Pedro Nunes
Rui Perdigoto
COMISSÃO ORGANIZADORA
Domingos Machado – Presidente
Alice Santana
Ana Pena
André Weigert
Cristina Jorge
Fernando Nolasco
La Salete Martins
Lídia Santos
Maria José Rebocho
Maria do Rosário Caetano Pereira
Susana Sampaio
SECRETARIADO
ACROPOLE, LDA.
Paula Nora | Rita Pollmann | Joana Inês Costa
Rua de Gondarém, 956-r/c,
4150-375 Porto, PORTUGAL
Tel: 226199683 - Fax: 226199689
e-mail: [email protected]
www.spt.pt
2
ASSEMBLEIA GERAL
Presidente
La Salete Martins
Vogais
Manuela Almeida
Rui Filipe
CONSELHO FISCAL
Presidente
Alice Santana
Vogais
Nuno Silva
Lidia Santos
XII CONGRESSO
PORTUGUÊS DE
TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO
LUSO BRASILEIRO
DE TRANSPLANTAÇÃO
I ENCONTRO IBÉRICO
DE TRANSPLANTAÇÃO
9-11 OUTUBRO 2014
SANA LISBOA HOTEL · LISBOA · PORTUGAL
COMISSÃO CIENTÍFICA
Adriano Miziara Gonzalez
Agnaldo Soares Lima
Alfredo Fiorelli
Alfredo Mota
Alice Santana
Ana Mª Calvão da Silva
Ana Pena
André Weigert
Antonino Barros
António Castro Henriques
António José Martinho
António Morais Sarmento
Antonio Román Broto
Beatriz Domínguez Gil
Ben-Hur Ferraz Neto
Carla Damas
Carlos Oliveira
Clotilde Druck Garcia
Conceição Mota
Cristina Jorge
Edson Abdala
Eduardo Barroso
Eliana Barbosa de Almeida
Elias David-Neto
Emanuel Furtado
Fernando Judas
Fernando Macário
Fernando Nolasco
Fernando Vilares
Helena Pessegueiro Miranda
Humberto Messias
Joel de Andrade
Jorge Daniel
Jorge Neumann
José Eduardo Afonso Jr
José Fragata
José Guerra
José Medina-Pestana
José Neves
La Salete Martins
Leonardo José Rolim Ferraz
Lídia Santos
Lucas Baptista
Lúcio Pacheco
Luís Tomé
Manuel Antunes
Manuel Arias Rodríguez
Marcos López Hoyos
Margarida Bruges
Maria Rosário Sancho
Maria Cristina Castro
Maria Cruz Palma
Maria Gerbase Lima
Maria João Quadrado
Maria José Rebocho
Maria Rosário Caetano Pereira
Marilda Mazzali
Mário Abbud Filho
Marisa Crespo Leiro
Miguel González Molina
Noedir Stolff
Nuno Silva
Paulo Massarollo
Paulo Pêgo Fernandes
Paulo Torres
Pedro Nunes
Rafael Prinz
Roberto Manfro
Rui Almeida
Rui Alves
Rui Dias
Rui Perdigoto
Susana Sampaio
Tainá de Sandes Freitas
Teresa Adragão
Valentín Cuervas-Mons
Valter Duro Garcia
3
XII CONGRESSO
PORTUGUÊS DE
TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO
LUSO BRASILEIRO
DE TRANSPLANTAÇÃO
I ENCONTRO IBÉRICO
DE TRANSPLANTAÇÃO
9-11 OUTUBRO 2014
SANA LISBOA HOTEL · LISBOA · PORTUGAL
PROGRAMA SINÓPTICO
9 OUTUBRO, QUINTA-FEIRA - MANHÃ
SALA A
08:30
10:30
10:30
10:50
11:00
SALA B
13:15
13:30
14:30
4
SALA D
SALA E
SESSÃO DE ABERTURA
Moderadores: Helder Trindade, Ana França
Transplantação em Portugal – Presidente SPT – Fernando Macário
Transplantação no Brasil – Presidente ABTO – Lúcio Pacheco
Transplantação em Espanha – Presidente SET – Valentín Cuervas-Mons
CAFÉ
Transplantação Transplantação
Renal
Hepática
Transplantação
Cardíaca
Coordenação
Transplantes
Comunicações
Orais
Moderadores:
Paulo Dinis,
Fernando Nolasco,
Antonio Norton de
Matos
Moderadores:
M.ª José Rebocho,
Alfredo Fiorelli
Moderadores:
Ana Calvão da Silva,
Lucas Baptista,
Joel de Andrade
Rim Clínico
[CO01-CO09]
· Dador Vivo
J. Medina
Pestana
· Cirurgia Dador
Arnaldo
Figueiredo
· Educação
Clotilde Druck
Garcia
12:30
12:30
SALA C
Moderadores:
Rui Perdigoto,
Agnaldo Soares
Lima
· Desafios de
· Suporte Hepático
desenvolver
Artificial
dispositivos de
Aníbal Marinho
assistência
· Recidiva PAF pós
circulatória em
transplantação
países emergentes
Helena
Noedir Stolf
Pessegueiro
· Indicações para
Miranda
assistência
· Retransplantação
ventricular em
hepática
adultos
Emanuel Furtado
José Neves
· Transplantação
· Indicações para
hepática na
assistência
criança:
ventricular em
problemas a
pediatria
longo prazo
Conceição Trigo
Isabel Gonçalves
Pereira
· Complicações da
assistência
ventricular
Pinheiro Torres
Moderadores:
Carlos Oliveira,
· Dadores Marginais – Que Catarina
Limites?
Romãozinho,
Rui Filipe
Donzília Silva
· A implementação da
Directiva Europeia para os
Órgãos (Lei nº 36/2013)
Regina Carmona
· Modelo de Coordenação
com Ênfase na Detecção
de Dadores em Portugal
Rosário Caetano Pereira
· O Papel do Coordenador
de Doação num Hospital
Central
Armindo Simões
SESSÃO PLENÁRIA
Moderadores: Fernando Macário, Fernando Nolasco, Domingos Machado
Antibody Mediated Rejection: How can we prevent how do we manage
– Clinical implications
Daniel Séron
ALMOÇO
XII CONGRESSO
PORTUGUÊS DE
TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO
LUSO BRASILEIRO
DE TRANSPLANTAÇÃO
I ENCONTRO IBÉRICO
DE TRANSPLANTAÇÃO
9-11 OUTUBRO 2014
SANA LISBOA HOTEL · LISBOA · PORTUGAL
PROGRAMA SINÓPTICO
9 OUTUBRO, QUINTA-FEIRA - TARDE
SALA A
SALA B
14:45
Monitor 4 –
Fígado
[CB024-CB031]
Lúcio Pacheco,
Rui Perdigoto
Monitor 2 –
Pâncreas
[CB009-CB014]
A. Castro
Henriques,
Ana Pena
16:30
16:30
20:00
Monitor 7 – Coordenação
[CB0048-CB055]
Joel de Andrade,
Ana Calvão da Silva
Monitor 6 –
Rim Clínico
[CB040-CB047]
Rui Filipe,
Patrícia Matias
Monitor 8 – Enfermagem
[CB056-CB063]
Elsa Ramos, Cidália Elias
Monitor 9 –
Rim Clínico
[CB064-CB071]
João Godinho,
Célia Nascimento
CANDIDATOS A TRANSPLANTAÇÃO
Moderadores: Miguel Mendes, Rui Almeida, Valter Duro Garcia
Avaliação Cardíaca – Carlos Aguiar
Avaliação Vascular – Arlindo Matos
Resolução de Problemas Técnicos Vasculares – Rui Machado
Transplantação
Renal
· Marcadores de
disfunção
Roberto Manfro
· Atualização de
Banff 2013
Daisa Ribeiro
Neto
· Caso anatomoclínico
Helena Viana
André Weigert
19:15
Monitor 5 – Coração
[CB032-CB039]
Alfredo Fiorelli,
Marta Marques
Monitor 3 –
Rim Clínico e
Rim Pediátrico
[CB015-CB023]
Rosário Stone,
Conceição Mota
Moderadores:
Teresa Morgado,
Jorge Pratas, José
Guerra
18:00
18:00
18:20
18:30
SALA E
COMUNICAÇÕES BREVES
Monitor 1 – Rim
Cirúrgico
[CB001-CB008]
António Martinho,
Belmiro Parada
15:30
15:30
SALA D
SALA C
TransplanHistocompatibitação Hepática lidade
Enfermagem
(16:30-17:10) Deteção de Dadores de Órgãos e
Moderadores: Helena Tecidos – Como podem os enfermeiros ajudar?
Moderador: José António Pinho
Sá, Leonídio Dias
· Nas Unidades de Cuidados Intensivos
· Avaliação imune
– Hugo Sousa
· Casos Clínicos: pré-transplante em · No Serviço de Urgência – Artur Marona
2014: economia de · Nos Serviços de Internamento – Ricardo Braga
# HCC
tempo e ganho de · Na comunidade – Vanessa Brício Gonçalves
Tânia Almeida
(17:10-17:30) Cirurgia de Colheita de Órgãos e
qualidade
# HGSA
Tecidos – a importância do trabalho em equipa
Jorge Neumann
Hugo Oliveira
· Vía de los imTOR en Moderador: Fernando Rodrigues
# HUC
la regulación de la · Organização da Colheita – Função do GCCT
– Fernando Nunes
respuesta
·
inmunitaria y efectos Organização no Hospital de Colheita
– Marco Job Batista
en la
(17:30-18:00) Programas de Ensino de
alosensibilización
Enfermagem
Marcos Lopez Hoyos Moderadores: Fernando Vilares, Fátima Morais
· Imunomodulação
· Consulta de Enfermagem em Transplante com Dador
pelas células
Vivo Rim – Ana Casqueiro
mesenquimais do
· Estilos de vida após o transplante renal – Patrícia
estroma
Ferreira
Artur Paiva
· Adesão Terapêutica em Doentes Transplantados
Hepáticos e Renais – Fernanda Moreno
Moderadores:
Antonino Barros,
Donzília Silva
CAFÉ
SIMPÓSIO ASTELLAS
Moderadores: Fernando Macário, Domingos Machado, Jorge Daniel
Tacrolimus LP experiência de um Centro – Lídia Santos
The choice of immunosuppressive regimen in liver transplantation
– the ELTR registry – Giuseppe Tisone
Cerimónia de Homenagem à Doação e
Jantar – Sociedade de Geografia de Lisboa
5
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DE TRANSPLANTAÇÃO
I ENCONTRO IBÉRICO
DE TRANSPLANTAÇÃO
9-11 OUTUBRO 2014
SANA LISBOA HOTEL · LISBOA · PORTUGAL
PROGRAMA SINÓPTICO
10 OUTUBRO, SEXTA-FEIRA - MANHÃ
SALA A
08:30
10:30
10:30
10:50
11:00
12:30
12:30
13:15
13:30
14:30
6
SALA B
SALA C
SALA D
SESSÃO PLENÁRIA – Transplantação Hepática
Moderadores: Eduardo Barroso, Américo Martins, Walter Pereira
Metástases Neoplasia Colo-rectal – Hugo Pinto Marques
Transplantação Sequencial – J Santos Coelho
Hepatite C e Transplantação Hepática – Raquel Mega
CAFÉ
Transplantação
Transplantação
Reno-Pancreática Hepática
Transplantação
Pulmonar
Moderadores:
Moderadores:
Moderadores: José
Ana Pena, A. Castro Jorge Daniel, Jorge Eduardo Afonso Jr,
Henriques, José
Paulino Pereira
Luísa Semedo
Davide Silva
Controvérsias I · Utilização de
pulmões com
· Selecção do dador · Profilaxia da
recuperação “ex– expandir critérios infecção pelo
vivo”: impacto
até que limite?
VHB em
real na prática da
Donzília Silva
transplante
transplantação
· Caso clinico 1
hepático:
Paulo Pego
(HGSA)
podemos
Fernandes
La Salete Martins
esquecer o
·
Experiência das
· Caso clinico 2
passado?
l00 primeiras
(HCC)
Ana Morbey
transplantações
Susana Rodrigues · “Downstaging”
pulmonares em
· Selecção do
do carcinoma
receptor: devemos
hepatocelular em Portugal: “Lessons
Learned”
rever os critérios de candidatos para
Ivan Bravio
aceitação?
transplante
· Relações de custo:
Aníbal Ferreira
hepático. Quais
Efectividade na
os limites?
transplantação
Adriano Miziara
pulmonar
Gonzalez
Julian Perelman
· As excepções do
· Comunicações
sistema MELD na Orais
alocação de
[CO10-CO13]
órgãos no
transplante
hepático
Paulo Massarollo
Transplantação de Tecido Ósseo
Moderadores: Fernando Judas, Rafael
Prinz, Rui Dias
· Vigilância e sistema de qualidade:
Critérios e procedimentos na
preparação do aloenxerto ósseo
Celeste Francisco
· A aplicação do aloenxerto na cirurgia
da coluna
Naod Bharnu
· A aplicação do aloenxerto na cirurgia
Maxilo-facial
Eugénio Pereira
· A legislação brasileira e o Banco de
osso: Registo único internacional para
tecidos
Rafael Prinz
· A aplicação de aloenxerto na cirurgia
ortopédica e na traumatologia
Rui Dias
· Aloenxertos osteocartilagíneos: novos
desafios
Rafael Prinz
· A legislação portuguesa e o banco de
osso
Rui Dias
SESSÃO PLENÁRIA – Infeções em Transplantação
Moderadores: Alice Santana, Marilda Mazzali, La Salete Martins
CMV e vírus polioma – Paulo Paixão
HIV – André Weigert
Vacinação – Ana Rita Sandes
ALMOÇO
SALA E
XII CONGRESSO
PORTUGUÊS DE
TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO
LUSO BRASILEIRO
DE TRANSPLANTAÇÃO
I ENCONTRO IBÉRICO
DE TRANSPLANTAÇÃO
9-11 OUTUBRO 2014
SANA LISBOA HOTEL · LISBOA · PORTUGAL
PROGRAMA SINÓPTICO
10 OUTUBRO, SEXTA-FEIRA - TARDE
SALA A
SALA B
14:45
Monitor 4 – Fígado
[CB096-CB103]
Walter Pereira,
Helena Pessegueiro
Miranda
Monitor 2 –
Rim Clínico
[CB080-CB087]
Inês Aires,
La Salete Martins
16:30
16:30
Monitor 5 –
Pulmão
[CB104-CB111]
Ivan Bravio,
José Eduardo
Afonso Jr
Monitor 6 –
Rim Clínico
[CB112-CB119]
Rita Birne, Luís
Escada
Monitor 3 –
Rim Clínico
[CB088-CB095]
João Gonçalves,
Luís Resende
Monitor 7 – Coordenação
[CB120-CB127]
Valter Duro Garcia,
Rosário Caetano Pereira
Monitor 8 – Enfermagem
[CB128-CB135]
Fernando Vilares, Teresa Marques
Monitor 9 –
Rim Clínico
[CB136-CB143]
Marília Possante,
J. Medina
Pestana
SESSÃO PLENÁRIA – Imunologia
Moderadores: António Morais Sarmento, António José Martinho, Manuel Arias Rodriguez
Pacientes hipersensibilizados: Caracterização e acessibilidade
ao transplante renal – Maria Gerbase De Lima
Immunoregulation – Luís Graça
Transplantação Transplantação Comunicações Transplantação de Córnea
Moderadores: Paulo Torres,
Renal
Hepática
Orais
Moderadores:
Aníbal Ferreira,
Teresa Adragão,
Mário Abbud Filho
18:00
18:00
18:20
18:30
SALA
COMUNICAÇÕES BREVES
Monitor 1 –
Rim Clínico
[CB072-CB079]]
Isabel Tavares,
Ricardo Vizinho
15:30
15:30
SALA D
SALA C
Moderadores:
José Ferrão,
Ben Hur Ferraz
Neto
Coração
[CO14-CO21]
Mª João Quadrado
· Transplantes lamelares posteriores –
curva de aprendizagem
Moderadores:
Vitor Maduro
M.ª José Rebocho, · Indicações para QP ou
· Doença mineral Controvérsias II Melchior Luiz Lima, Queratoplastia lamelar posterior
e transplantação · Transplante
Sandra Amorim
na patologia endotelial
duplo –
João Frazão
Tânia Rocha
fígado/rim:
· Histologia
· DALK alternativa à Queratoplasia
indicações
Catarina
Penetrante
Luís Torrão
Judit Gandara
Carvalho
· Desafios da transplantação de
· Definição de
· Caso Clínico
células epiteliais e endoteliais da
futilidade em
Rita Birne
córnea
transplantação
Esmeralda Costa
hepática
· Apresentação do banco de Olhos
Luis Tomé
do Norte
· Retransplante na
Paulo Torres
recorrência de
· Apresentação do banco de Olhos
VHC
do CHUC
Gonzalo Crespo
Mª João Quadrado
· Apresentação do banco de Olhos
do Sul
Pedro Candelária
· Colaboração com Banco de
Olhos Internacionais
Rita Piteira
CAFÉ
19:15
Simpósio LIBBS: Diabetes e transplantação
O que há de novo em diabetes após o transplante?
Tainá de Sandes Freitas
20:30
Jantar – Palácio Nacional da Ajuda
7
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PORTUGUÊS DE
TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO
LUSO BRASILEIRO
DE TRANSPLANTAÇÃO
I ENCONTRO IBÉRICO
DE TRANSPLANTAÇÃO
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SANA LISBOA HOTEL · LISBOA · PORTUGAL
PROGRAMA SINÓPTICO
11 OUTUBRO, SÁBADO - MANHÃ
SALA A
08:30
10:15
10:15
10:35
10:45
SALA B
Comunicações
Orais
Comunicações
Orais
Comunicações
Orais
Rim Clínico
[CO22-CO31]
Moderadores:
Fernanda Rego, Gil
Gomes da Silva,
Josefina Santos
Rim Clínico
[CO32-CO41]
Moderadores:
João Sousa,
Patrícia Branco,
Manuela Almeida
Pulmão
[CO42-CO49]
Moderadores:
Carla Damas,
Paulo Pego
Fernandes,
Luísa Semedo
(10:45-11:15)
Imunossupressão
Comunicações Transplantação
Orais
Cardíaca
Fígado
[CO58-CO65]
Moderadores:
José Davide Silva,
· Risk factors for acute Leonardo Rolim
Ferraz, Ana
rejection
Emmanuel Morelon Morbey
· Discussão
(11:15-12:15)
SIMPÓSIO
NOVARTIS
Conceitos
emergentes em
imunossupressão
13:00
13:00
14:15
8
SALA D
Comunicações Orais
Coordenação
[CO50-CO57]
Moderadores:
Eliana Regia Barbosa,
M.ª Cruz Palma,
José Mendes do Vale
CAFÉ
Moderadores:
Alfredo Mota,
Margarida Bruges,
Rui Alves
12:15
12:15
SALA C
· Imunossupressão
em Portugal nos
últimos 5 anos
Cristina Jorge
· Immunosupressive
drug regimens:
Refining our practice
Julio Pascual
· Experiência num
centro português
Fernando Macário
· Discussão
Moderadores:
Noedir Stolf, Rui
Soares
· Extensão dos
critérios de
selecção dos
dadores
Manuel Antunes
· Cuidados com
dadores
Melchior Luiz Lima
· Recipient selection
Marisa Crespo
· Indicações para
terapêutica de
indução
Alfredo Fiorelli
Comunicações Orais
Enfermagem
[CO66-CO74]
Moderadores:
António José Ferreira,
Fernanda Moreno,
Regina Oliveira
SESSÃO PLENÁRIA
Moderadores: Fernando Macário, Domingos Machado
Hot topics in kidney transplantation: where are the current debates?
Julio Pascual
ALMOÇO
SALA E
XII CONGRESSO
PORTUGUÊS DE
TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO
LUSO BRASILEIRO
DE TRANSPLANTAÇÃO
I ENCONTRO IBÉRICO
DE TRANSPLANTAÇÃO
9-11 OUTUBRO 2014
SANA LISBOA HOTEL · LISBOA · PORTUGAL
PROGRAMA SINÓPTICO
11 OUTUBRO, SÁBADO - TARDE
SALA A
SALA B
14:30
Monitor 4 – Fígado
[CB168-CB175]
Paulo Massarollo,
Jorge Daniel
Monitor 5 – Coração
[CB176-CB179]
M.ª José Rebocho,
David Prieto
Monitor 7 – Coordenação
[CB188-CB195]
Isabel Rio de Carvalho,
M.ª Cruz Palma
Monitor 6 –
Rim Clínico
[CB180-CB187]
Cristina Jorge,
Alice Santana
Monitor 8 – Tecidos: Cornea;
Osso; Outros.
[CB196-CB203]
Rafael Prinz,
Pedro Candelária
Infecções urinárias Comunicações
Moderadores:
Orais
Comunicações
Orais
Comunicações Orais
La Salete Martins,
Manuela Bustorff,
Francisco Remédio
Imunologia
[CO81-CO88]
Moderadores:
M.ª Rosário Sancho,
Cecília Silva,
Luís Freitas
Monitor 2 –
Rim Clínico
[CB152-CB159]
Inês Ferreira,
Fernanda Rego
16:30
16:30
18:00
18:00
18:30
SALA E
COMUNICAÇÕES BREVES
Monitor 1 –
Imunologia
[CB144-CB151]
Jorge Neumann,
Sandra Tafulo
15:15
15:15
SALA D
SALA C
Monitor 9 – Rim
Clínico
[CB204-CB210]
Pedro Moreira,
Teresa Adragão
Monitor 3 –
Rim Clínico
[[CB160-CB167]
Mário Abbud Filho,
Lídia Santos
Fígado
[CO75-CO80]
Moderadores:
Rui Perdigoto,
· ITUs de repetição:
Vítor Lopes,
para alem do obvio Elia Mateus
Cristina Toscano
· Aspectos urológicos
Pedro Nunes
· Multirresistência
Tainá de Sandes
Freitas
Tecidos – Cornea; Osso;
Outros.
[CO89-CO96]
Moderadores:
M.ª João Quadrado,
Rui Dias
SESSÃO PLENÁRIA – Terapêuticas Celulares
Moderadores: Valter Duro Garcia, Susana Sampaio
T Cell Therapy: from Product Development to Clinical Practice – Miguel Forte
Stem Cells and transplantation – Irene Noronha
Development of cellular therapy for immunological and inflammatory diseases – Francisco Santos
PRÉMIOS
Anúncio Congresso 2015
ENCERRAMENTO
9
Eléctrico de Lisboa
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
COMUNICAÇÕES ORAIS
CO01
COMO COMUNICAR AO POTENCIAL RECEPTOR QUAL A
CHANCE DE SOBREVIDA DO RIM TRANSPLANTADO?
DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO ESCORE CLÍNICOHISTOLÓGICO PREDITIVO DE SOBREVIDA DO ENXERTO
RENAL A LONGO PRAZO: ROMAN RENAL RISK 1 (RRR1)
José Alberto Pedroso, MD, MsC, PhD; Evaldo Favi, MD; Maria
Paola Salerno, MD; Gionata Spagnoletti, MD; Patrizia Silvestri,
MD; Valentina Pietroni, MD, PhD; Alessia Toscano; Valentina
Bianchi, MD; Jacopo Romagnoli, MD, PhD; Franco Citterio,
MD, PhD.
Unitá Operativa di Trapianto Renale, Dottorato di Ricerca in
Trapianti D'Organo, Policlinico Agostino Gemelli, Universitá
Cattolica del Sacro Cuore, Roma, Itália
Introdução: Características do dador-receptor e do rim disponibilizado ao momento da oferta (MO) podem interferir no desfecho
imediato e tardio do transplante. Por serem multifatoriais, sua avaliação objetiva sem ferramentas é complicada. Criamos um escore
para sobrevida do enxerto renal em 5 anos, facilmente determinável
no MO.
Material e método: Fatores de risco pré-transplante, incluindo a
histologia do enxerto pré-implantação, foram avaliados em 601
transplantes renais realizados entre 1997 e 2012 (doadores falecidos ou vivos). O modelo incluiu dados do par dador-receptor e histologia da biópsia pré-implantação (IBS, segundo Remuzzi). O
escore chamado RRR1 foi gerado com base nos dados de 323 pacientes (Modelo) e testado em outros 278 pacientes (Teste).
Resultados: Os grupos modelo e teste apresentavam características
demográficas do receptor e dador semelhantes. As variáveis consideradas no modelo proposto foram idade do receptor, IMC, glomerulonefrite, HCV, número de mismatches do HLA B e escore de
Remuzzi (biópsia de tempo zero ou IBS). O resultado do escore final
varia entre -6 e +42. O uso de um modelo de Sullivan et al, 2003,
utilizado para construção de escores de Framingham, permitiu a
imediata correlação entre o valor numérico do escore e a estimativa
percentual de sobrevida em 5 anos (tabela não apresentada). O
modelo final incluiu a histologia da biópsia pré-implantação do enxerto (disponível em 285 casos) devido uma melhoria na reclassificação geral de 32% (NRI) com este dado. Valores maiores atribuem
maior risco. A acurácia (AUC-ROC) foi de 0.760 para grupo Modelo e 0.877 para grupo Teste. O valor médio de sobrevida ao 5º
ano observado, para enxerto de doadores de critérios standard
(n=209) e estendidos (n=76) são, respectivamente, 93.7% e
84.2%. Os percentuais predizível de sobrevida ao 5º ano utilizando
o RRR1 foram, respectivamente, 92.8% (IC 95% Newcombe-Wilson
-4% a +5.9%) e 85% (IC 95% Newcombe-Wilson -12% a +10.8%)
demonstrando uma ótima concordância entre percentuais observados e previstos.
Conclusão: O RRR1 é uma ferramenta inédita e de fácil utilização
que mostrou-se útil na predição de estimativa de sobrevida do enxerto renal em 5 anos. Esta informação fornece um valor percentual, facilitando a comunicação com o potencial receptor e
permitindo personalizar o consentimento informado no MO.
CO02
AVALIAÇÃO DE BIÓPSIAS PROTOCOLARES DE ENXERTO
RENAL EM PACIENTES DE BAIXO RISCO IMUNOLÓGICO
RECEBENDO REGIME IMUNOSSUPRESSOR BASEADO EM
TACROLIMO COM CONVERSÃO PLANEJADA PARA
SIROLIMO TRÊS MESES APÓS O TRANSPLANTE
Sandes-Freitas TV, Felipe CR, Campos EF, Soares MF, TedescoSilva H, Medina-Pestana JO
Hospital do Rim / Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP /
São Paulo, Brasil
Introdução: É elevada a incidência de rejeição subclínica (RSC)
em regimes baseados em ciclosporina e seu tratamento associa-se
a melhores desfechos clínicos e histológicos. No entanto, a incidência de RSC em regimes contendo tacrolimo em concentrações con-
vencionais é reduzida e não parece haver benefício na identificação
e tratamento desses episódios. Não há evidências sobre a incidência de RSC em regimes baseados em tacrolimo em concentrações
reduzidas (TACred), e qual o impacto histológico da eliminação de
tacrolimo em pacientes expostos a TACred.
Objetivos: Avaliar os achados histológicos de biópsias protocolares
(BxP) de pacientes recebendo imunossupressão baseada em TACred, com conversão para sirolimo três meses após o transplante
renal (TxR).
Metodologia: Foram avaliadas as BxP de mês 3 (M3) e 24 (M24)
e a pesquisa de anticorpos específicos contra o doador (D.S.A) de
169 receptores de TxR, os quais receberam TACred, prednisona e
micofenolato, com conversão para SRL no M3 (grupo SRL) ou manutenção com TACred (grupo TAC).
Resultados: Dos 169 pacientes incluídos, 140 foram analisados
no M3. A população consistiu predominantemente de homens
(65%), jovens (44 anos), receptores de TxR com doador vivo (55%),
de baixo risco imunológico (PRA 1,6%, MM 3). A média da concentração de TACred no M3 foi 6ng/mL. A incidência de rejeição
aguda celular (RAC) foi 8,6%, com predomínio de infiltrados borderline (58%). 31% das biópsias no M3 tinham fibrose
intersticial/atrofia tubular (FIAT) leve. Dos 140 pacientes analisados
no M3, 93 foram incluídos na análise do M24, 48 no grupo SRL e
45 no grupo TAC. Apenas 1 paciente (grupo SRL) apresentava RSC
no M24 (infiltrado borderline). As lesões de FIAT predominaram no
grupo SRL (69 vs. 44%, p 0,022) e foram mais severas. Apesar de
não estatisticamente significante, mais pacientes desse grupo desenvolveram D.S.A (19 vs. 7%).
Conclusões: A incidência de rejeição subclínica em pacientes recebendo regime com TACred não foi desprezível, mas com predomínio de infiltrados borderline. Os pacientes convertidos para
sirolimo apresentaram maior incidência de FIAT e lesões mais severas, além de aparente maior incidência de D.S.A pós transplante.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO03
DE NOVO USE OF EVEROLIMUS (EVR) IN RECIPIENTS OF
HUMAN LEUKOCYTE ANTIGEN (HLA) IDENTICAL LIVING
DONOR (LD) ALLOGRAFTS
Tainá Veras de Sandes-Freitas, Alexandra Nicolau Ferreira,
Claudia Rosso Felipe, Nagilla Oliveira, Adrieli Bessa, Luciana
Wang Gusukuma, Marina Pontelo Cristeli, Priscila Ueno, Pedro
Hannun, Helio Tedesco-Silva, Jose Osmar Medina-Pestana
Hospital do Rim / Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP /
São Paulo, Brasil
Introduction: Recipients of living related HLA-identical kidney transplants typically display very low incidence of acute rejection (AR) and
the highest graft survival compared to recipients of other types of allografts. A calcineurin inhibitor(CNI)-free regimen may improve further these outcomes by reducing long-term CNI associated
cardiovascular, metabolic and renal toxic effects.
Methods: This is a prospective, single center, single arm study to
evaluate HLA identical living donor recipients treated with everolimus
3.0 mg BID, tacrolimus 0.1 mg/kg and steroid followed by
tacrolimus withdrawal 30 days after transplant. This preliminary
analysis included 33 of 100 anticipated patients.
Results: The mean age was 42 years, 51% male and 60% Caucasian. Four of the first 17 patients (23%) showed an AR episode 2
weeks (IB), 1 month (IA), 5 months (IA) and 8 months (borderline)
after tacrolimus discontinuation. Tacrolimus was reintroduced in 3
of these patients. An amendment was done postponing tacrolimus
withdrawal to 90 days after transplant and no acute rejection
episodes have been observed. At day 7, mean everolimus concentrations was 4.0ng/ml. At month 3, the mean tacrolimus and
everolimus concentrations were 5.4ng/mL and 6.6ng/mL, respectively. Mean creatinine at month 3 was 1.2mg/dL. At 6 months mean
daily everolimus dose and concentrations were 5.2mg and
7.0ng/mL, respectively. Mean creatinine was 1.2mg/dL and mean
total cholesterol and triglycerides were 243 and 240mg/dL, respectively. Proteinuria was not observed in the first month. Mean urinary
11
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
protein concentration was 0.2g/L at 3 and 0.13g/L at 6 months.
The proportion of patients with proteinuria >0.05 g/L was 62% at
month 3 and 43% at month 6. One patient showed new onset of
diabetes mellitus. Oral ulcer was observed in 9% of patients and
there was no CMV infection. Adverse wound-healing events were
reported in 12 patients and 2 required surgical reintervention. There
was no death and one graft loss due to renal vein thrombosis. None
of the patients have discontinued EVR.
Conclusion: Even in HLA-identical living kidney transplant recipients, early TAC withdrawal is associated with increased incidence of
acute rejection. Tolerability and safety profile still need longer follow
up to be evaluated.
Table 1. Significant risk factors of dPRA≥10% (n=65/140), considering first KT variables
CO04
MICRORNA 142-3P APRESENTA EXPRESSÃO DIFERENCIADA
NO SANGUE PERIFÉRICO DE PACIENTES
TRANSPLANTADOS RENAIS SEM REJEIÇÃO AGUDA QUE
DESENVOLVERAM DISFUNÇÃO DO ENXERTO
Tuany Domenico, Gabriel Joelsons, Fabio Spuldaro, Rosângela
M Montenegro, Luiz F Goncalves e Roberto C Manfro
Hospital de Clínicas de Porto Alegre / Unidade de Transplante
Renal, Serviço de Nefrologia, Porto Alegre / RS, Brasil
Introdução: A descoberta de biomarcadores moleculares não invasivos para a detecção de disfunção do enxerto otimizaria o manejo clínico de pacientes transplantados renais (PTR). O microRNA
142-3p (miRNA 142-3p) está associado com funções de supressoras do sistema imune, em particular a diferenciação e a supressão
de células T helper. Este trabalho avalia a expressão do miRNA
142-3p em células do sedimento urinário e do sangue periférico
de PTR, a fim de avaliá-lo como um biomarcador não invasivo para
disfunções do enxerto.
Pacientes e métodos: Foram incluídas 98 amostras coletadas a
partir de 76 PTR que foram submetidos a biópsias de enxerto.
Foram realizadas 49 biópsias por indicação, 42 biópsias de vigilância e sete biópsias protocolares de pacientes estáveis no terceiro
mês pós-transplante. O sangue periférico e urina foram obtidas
imediatamente antes da biópsia para a avaliação do biomarcador
através da técnica de reação em cadeia da polimerase em tempo
real (RT-PCR). As biópsias foram classificadas segundo a classificação de Banff07 e divididas em três grupos: rejeição aguda (RA,
n = 23), outras disfunção (OD, n = 68) e biópsia de transplante
renal normal (BxN, n = 7)
Resultados: A expressão molecular do miRNA 142-3p nas células
do sedimento urinário do grupo BxN foi 0,7 (IC 95% 0,6 – 2,0) e
não houve diferença na comparação com os outros grupos, RA [9,0
(IC 95% 0,3-38,2)] e OD [8,0 (IC 95% 0,5-80,3)], (P=0,29). No
sangue periférico, os valores da expressão do miRNA 142-3p para
o grupo BxN foi 1,1 (IC 95% 0,4-2,4), esse grupo apresentou
menor expressão do que o grupo de pacientes com RA [(1,3
(IC 95% 0,5-1,8)] e significativamente menor em comparação com
o grupo OD [(2,39 (IC 95% 1,06-5,82)] (P=0,01).
Conclusões: O miRNA 142-3p apresentou expressão aumentada no
sangue periférico de pacientes com disfunção do enxerto renal e isso
não se deve à rejeição aguda do enxerto. Sabe-se que o gene FOXP3
atua como mediador reprimindo a transcrição do miRNA 142-3p. É
possível que a expressão do miR-142-3p seja regulada negativamente
pelo aumento da expressão de FOXP3 encontrada na rejeição aguda,
sugerindo-se uma relação inversa com esse marcador.
CO05
SENSITIZATION INCREASE AFTER KIDNEY GRAFT FAILURE
MATTERS TO RETRANSPLANTATION RATES AND
OUTCOMES: ROLE OF FIRST TRANSPLANT HLA
MISMATCHING
Jorge Malheiro, La Salete Martins, Leonídio Dias, Isabel
Fonseca, Manuela Almeida, Sofia Pedroso, António Castro
Henriques
Nephrology & Kidney Transplantation Unit, Centro Hospitalar do
Porto, Portugal
12
We examined our unit kidney transplant (KT) recipients’ cohort and
selected those who received a second, after a failed first graft
(n=140). Significant PRA increase (dPRA) between the first and second pretransplant peak PRA was defined as ≥10% (cohort median
value). A logistic regression was constructed to determine risk factors
of dPRA ≥10%. Then, we investigated the effect of dPRA on second
KT rate and outcomes. Risk factors for acute rejection (AR) were determined through logistic regression. The effect of dPRA (< vs ≥10%)
on second graft survival was analyzed through Kaplan-Meier curves
and Cox regression adjusted for variables from the second KT. In all
models only variables with a univariate P-value <0.1 were included.
Second kidney graft recipients have frequently higher levels of panel
reactive antibodies (PRA). We sought to detect predictors of PRA increase after a failed graft and its effect on retransplantion rates and
outcomes.
OR
P
AR (vs no)
2.78
0.010
Graft survival <1 (vs >1 year)
2.55
0.021
HLA mismatches number
1.38
0.037
Model: HLA mismatches, AR, recipient gender, blood transfusions posttransplant, graft survival time.
Annual rate of retransplantation between first KT failure and second
KT was significantly lower in patients with dPRA≥10% (0.19 vs 0.29
per patient-year; P=0.009).
Table 2. Significant risk factors for second KT AR (n=30/140)
OR
P
dPRA≥10 (vs <10%)
2.93
0.036
No ATG (vs ATG use)
4.55
0.031
Model: dPRA≥10%, HLA mismatches, ATG use, recipient age and gender, delayed graft function.
Table 3. Significant predictors of second KT failure (n=35/140)
AR (vs no)
HR
P
3.30
0.001
dPRA≥10 (vs <10%)
2.38
0.042
Delayed graft function (vs no)
2.82
0.006
Model: dPRA≥10%, HLA mismatches, AR, recipient age, ATG use, delayed graft function.
First KT poor HLA matching was associated with a higher PRA increase at the second transplant, with significant detrimental effects
on retransplantation rates and outcomes. De-emphasis of HLA
matching in current allocation policies may be undesirable in patients with a long life expectancy because of the high likelihood of
needing a second transplant.
CO06
RENAL TRANSPLANTATION AND RENAL SCAN: A
COMPARISON WITH SURGICAL OCCURENCES,
BIOCHEMICAL AND IMAGIOLOGICAL OUTCOMES.
Fernando Abreu, Carlos Gaspar, André H Dias, Sophia Pintão
Department of Nuclear Medicine, Lisbon Ocidental Hospital
Center, Lisbon, Portugal
Aim: Given the value of early renographic evaluation in early postoperative evaluation of renal transplant patients, we reviewed our
hospital’s renal transplant population and compared results from
renographic evaluation with surgical occurrences, doppler US and
biochemical analyses.
Methods: We retrospectively analyzed epidemiological data, surgi-
cal occurrences, biochemical analyses, doppler US and up to 5 day
post-transplant renal scan (acquired according to the department
protocol) of all renal transplanted patients since 2010.
Doppler US, biochemical and surgical data were gathered from patient files.
Statistical analyses were made using PAWS-22®.
Results: 111 patients were identified, mainly caucasian (83.3%),
66.7% male, median age of 51 years old (20-68). Donors were
56% female, median age of 55 (4-71); 76.6% of kidneys came from
cadaver donors. Median time of cold ischemia for live donors was
1 hour; for cadaver donors was 18 hours (9-25); median number
of graft arteries was 1 (1-3); 78.7% didn’t experience hypotension
during surgery; 57.7% had immediate diuresis; median post-transplant creatinine was 6.32 mg/dL (1.84-12.23 mg/dL). 98.2% of patients were submitted to Doppler US: 76,6% with normal results;
22,5% had resistive index (RI) above 0.7 and only 4/109 (3.7%)
had morphological changes suggesting hypoperfusion.
In renal scan studies, 45.9% of patients had decreased perfusion
and 55.0% showed signs of Acute Tubular Necrosis (ATN). Median
ERPF was 191 (43-528).
Median ERPF changed according to donor status [245 (living donor)
Vs 172 (cadaver donor), p=0.008]. Receiving a living donor kidney
represents a higher likelihood of normal renal scan [OR 22,06 (2,7175), p<0,001]. Significant statistical relation was found between
longer cold ischemia time (CIT) and lower ERPF (Spearman correlation -0.279, p=0.009).
Median ERPF changed according to the presence of immediate diuresis [median ERPF 205.5 (immediate diuresis) Vs 88 (not immediate diuresis), p=0.001].
Comparing renal scan findings with Doppler US analysis, 31/56
(55.4%) patients had RI equal or below 0.7 in the Doppler US; however, in complementary renographic studies, 11/31 (35.5%) showed
decreased perfusion and 15/31 (48.4%) showed signs of ATN.
Conclusions: Early post-operative renal scan is an accurate exam
for renal transplantation evaluation and when available should be
routinely used to predict renal graft outcome.
CO07
DE NOVO EVEROLIMUS (EVR) VERSUS MYCOPHENOLATE
(MPA) IN KIDNEY TRANSPLANT RECIPIENTS RECEIVING
TACROLIMUS (TAC)
Cristelli MP, Felipe CR, Oliveira NI, Sandes-Freitas TV, Ferreira
AN, Gusukuma LW, Franco MF, Tedesco-Silva H, Medina-Pestana
JO, Mayara Ivani de Paula
Hospital do Rim, Nephrology Division, Universidade Federal de
São Paulo, Brazil
Introduction: Head-to-head comparison of the efficacy of de novo
use of EVR or MPA has not been investigated in kidney transplant
recipients (KTR) receiving TAC.
Methods: This is a single center prospective randomized study including 288 low immunological risk KTR receiving:(G1,N=85) single 3 mg/kg dose of thymoglobulin, reduced-exposure TAC (<5
ng/ml), EVR (4-8 ng/mL) and prednisone; (G2,N=102) basiliximab,
reduced-exposure TAC (6ng/ml for 3 months,<5ng/mL thereafter),
EVR (4-8ng/mL) and prednisone; (G3,N=101) basiliximab, TAC (68ng/ml), MPA(1440mg/day) and prednisone. None of the patients
received any CMV prophylaxis. All patients were followed for 6
months after transplant and 28%,29% and 27% reached one year
of follow up, respectively. This report includes detailed analysis of
the incidence and characteristics of acute rejection (AR) up to one
year after transplant (mean follow up: 297 days).
Results: There were no differences in demographic characteristics
including recipient age, gender, race, PRA, CMV status, donor age
and donor source. The incidence of delayed graft function was comparable among the groups(48 vs. 53 vs. 45%,p=0.391). The incidence of biopsy proven acute rejection(BPAR) was not different
among the groups (8.2 vs.19.6 vs 13.9%,p=0.085). There was no
significant difference in mean time to first treated AR (64 vs 34 vs
60 days,p=0.419) or in the total number of BPAR episodes (10 vs.
24 vs. 17 p=0.112). Vascular involvement was less frequent in G1
(0 vs. 29 vs. 52%, p=0.01) while the incidence of AR episodes requiring thymoglobulin treatment was not different (10 vs. 29 vs.
47%,p=0.07). There was no difference in the number of patients
with recurrent AR episodes (3 vs. 4 vs. 3). Also, there were no differ-
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
ences in the number of graft losses (1 vs. 3 vs. 6) and patient death
(3 vs. 3 vs. 4). The incidence of CMV infection was lower in EVR
groups (4.7 vs. 7.8 vs. 35.6%,p<0.001) with no differences in mean
estimated GFR (64 vs. 58 vs. 66 ml/min, p=0.08).
Conclusions: In this cohort of patients receiving TAC, a single dose
3mg/kg antithymocyte globulin induction combined with reduced
exposure TAC and EVR is associated with less severe AR and lower
incidence of CMV infection compared to MPA.
CO08
GLOMERULONEFRITE PÓS TRANSPLANTE PODE SER
REJEIÇÃO MEDIADA POR ANTICORPO
A. Pereira, J. Reeve, J. Chang, K.S. Famulski, P.F. Halloran
Santa Casa Misericordia Belo Horizonte
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Introdução: A glomerulonefrite (GN) é a segunda principal causa
de deterioração tarde de transplantes de rim, e pode representar
recorrência da doença primária ou uma condição "de novo". Estimativas da contribuição de GN para perda de enxerto é de 28,1%
em 1 ano a 39,5% entre 1 e 5 anos após o transplante. Embora
transplantes renais com GN recorrentes e de novo sejam comum,
distinguir GN de rejeição mediada por anticorpos (ABMR) é difícil.
Trabalhamos com a hipótese de que um teste recentemente desenvolvido para ABMR (ABMR score) revelaria que algumas GN pós
transplante seriam ABMR.
Métodos: A partir de um estudo prospectivo de biópsias por indicação com mais de 1 ano de transplante, foram selecionadas 64
amostras diagnosticadas como GN. Foi avaliada sua pontuação
para ABMR score (S) e para os recursos histopatológicos convencionais (C). A doença renal foi identificada como GN em 35/60
(58%) pacientes.
Resultados: 10 /60 (17%) dos transplantes de biópsias diagnosticado como GN eram S+ (>0,2). Na análise por microarray, biópsias S+ foram mais tardias e tiveram maior expressão gênica de
transcriptos associada a DSA (DSAST), a IFNG (GRIT) e a células
NK (NKB), típicos da ABMR, e tiveram pontuações de lesão (AKI)
mais elevados que S-. Biópsias S+ também apresentaram maiores
lesões histológicas cg, g, mm e ci, e uma sobrevida do enxerto
menor que as biópsias S-. No entanto, a pontuação para rejeição
mediada por célula T (TCMR score) não era diferente.
Conclusões: 17% dos transplantes diagnosticados como GN em
biópsias tardias são ABMR score positivos. Estas têm uma maior frequência de características moleculares da ABMR, de duplo contorno
glomerular e de glomerulite, e aumento do risco de falência do enxerto. O ABMR score provavelmente detecta perturbações da microcirculação em ABMR que pode ser produzida por uma variedade
de doenças glomerulares graves, refletindo possível remodelação
do tecido na destruição do nefrón. Com as opções de tratamento
emergentes para ABMR, diagnóstico por microarray pode ajudar a
distinguir corretamente ABMR de GN.
CO09
EFFECT OF DIFFERENT SENSITIZATION EVENTS ON HLA
ALLOIMMUNIZATION IN KIDNEY TRANSPLANTATION
PATIENTS
D. Lopes, T. Barra, J. Malheiro, S. Tafulo, L. Martins, M.
Almeida, S. Pedroso, L. Dias, A. Henriques, A. Cabrita
Nephrology - Kidney Transplant Unit, Centro Hospitalar Porto,
Oporto, Portugal.
Introduction: HLA alloimmunization is caused by various sensitization events (SE), such as transfusion, pregnancy or organ transplantation and the effects of a particular SE have not been well studied.
The aim was to evaluate how the different SE affected HLA alloimmunization considering luminex assays (screening for anti-HLA antibodies and single antigen assay for anti-HLA antibodies antigen
specificity determination).
Methods: Sera from kidney transplantation candidates were
screened per protocol by Luminex assays to determine the presence
of anti-HLA class I/II antibodies; positive sera underwent single antigen assay to determine the presence of specific antibodies against
HLA-A, B, C, DR, DQ, DP loci [positivity if median fluorescence intensity (MFI) values of >1000]. The effect of each SE was analysed
considering only patients exposed to one kind of sensitization.
Results: Tests were performed on 722 kidney transplant candidates,
13
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
60% male, mean age of 50 (± 11,7) years; 269 (37,3%) patients
had no sensitization event (CG). In the 453 (62,7%) patients with a
SE, class I positive rates were significantly higher in patients with previous transfusion (18,9%, p=0,014), pregnancy (38,3%, p<0,001)
or transplant (75%, p<0,001) compared with CG. The same results
were seen for class II (table 1).
Considering only patients with SE, prevalence of HLA antibodies class
I or II was significantly higher in patients with previous transplantation
than transfusion (table 2). The strength of specific antibodies against
HLA-A, B, DR loci were significantly higher in patients with previous
transplantation than in those with transfusion for HLA-A, (with median
MFI HLA-A 8017/2302, p=0,02), HLA-B (7765/2901, p=0,018)
and HLA-DR (9835/2060, p=0,003). Differently, anti-HLA antibodies strength was similar between patients with previous pregnancy
when compared with transplantation (table 2,3,4).
Conclusion: Prevalence of HLA antibodies for class I ± II were significantly higher in patients with any of the SE analysed in comparison with CG. Transplantation had the strongest immunization effect
on both class, followed by pregnancy and then transfusion.
Table 1. Prevalence of PRA-positive rates and anti-HLA class I and class II antibodies: comparison
by different sensitization events.
Control Transfusion p value* Pregnancy p value** Transplan- p value***
group
(N=127)
(N=81)
tation
(N=269)
(N=52)
PRA max>5%
4 (1,5%)
4 (3.1%)
0.275
9 (11.1%)
<0.001
32 (61.5%)
<0.001
HLA - I +
27 (10%)
24 (18.9%)
0.014
31 (38.3%)
<0.001
39 (75.0%)
<0.001
HLA - II +
14 (5.2%) 14 (11.0%)
0.035
32 (39.5%)
<0.001
37 (71.2%)
<0.001
* comparison of previous transfusion and CG
** comparison of previous pregnancy and CG
*** comparison of previous transplantation and CG
Table 2. Presence of specific antibodies against HLA-A, B, C, DR, DQ, DP loci (percentage): comparison of previous pregnancy or transfusion with previous transplant.
Transplantation
(N=52)
Transfusion
(N=127)
P
value*
Pregnancy
(N=81)
HLA-A +,
21.2
HLA-B +, %
28.8
HLA-C +, %
HLA-DR+, %
HLA-DQ+, %
HLA-DP+, %
P
value**
3.9
<0.001
13.6
0.251
5.5
<0.001
11.1
0.012
21.1
1.6
<0.001
6.2
0.013
15.4
3.9
0.007
14.8
0.929
21.2
2.4
<0.001
3.7
0.003
15.4
2.4
0.003
8.6
0.230
* comparison of previous transfusion and previous transplant
** comparison of previous pregnancy and previous transplant
Table 3. Median MFI values of specific antibodies against HLA-A, B, C, DR, DQ, DP loci: comparison of previous pregnancy or transfusion with previous transplant.
Transplantation
(N=52)
Transfusion
(N=127)
P
value*
Pregnancy
(N=81)
P
value**
HLA-A
8017
2302
0.020
3611
0.094
HLA-B
7765
2901
0.018
6313
0.655
HLA-C
5708
2585
0.114
2607
0.193
HLA-DR
9835
2060
0.003
8065
0.064
HLA-DQ
5435
4241
0.243
1760
0.243
HLA-DP
6810
1076
0.041
2488
0.105
* comparison of previous transfusion and previous transplant
** comparison of previous pregnancy and previous transplant
Table 4. Median MFI values of specific antibodies against HLA-A, B, C, DR, DQ, DP loci: comparison of previous pregnancy with transfusion.
14
Transfusion
(N=127)
Pregnancy
(N=81)
P
value
HLA-A
2302
3611
0.396
HLA-B
2901
6313
0.013
HLA-C
2585
2607
0.439
HLA-DR
2060
8065
0.006
HLA-DQ
4241
1760
0.827
HLA-DP
1076
2488
0.210
CO10
VENOUS THROMBOEMBOLISM: A RETROSPECTIVE
ANALYSIS OF 87 LUNG TRANSPLANT PATIENTS
José Eduardo Afonso Júnior, Fernando M F Didier Neto; Priscila
C Leon Camargo, André Nathan Costa, Ricardo Henrique OB
Teixeira, Rafael Medeiros Carraro, Silvia Vidal Campos,
Marcos Naoyuki Samano, Lucas Matos Fernandes, Luis
Gustavo Abdalla, Paulo Manoel Pêgo-Fernandes
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
Introduction: The incidence of venous thromboembolism (VTE) in
lung transplant patients is greater than in other surgical patients,
and can reach 29%. Because these patients suffer several complications in the post-operative period, part of the pulmonary embolisms (PE) might be overlooked. This study describes the incidence
of deep venous thrombosis (DVT) and PE in a group of lung transplant (LTx) patients.
Methods: Retrospective analysis of the 89 patients submitted to single or double lung transplant from January 2010 to September
2013, at Lung Transplantation Service of Heart Institute (InCor) Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. VTE diagnosis
was made either with chest tomography, lung scintigraphy, duplexscan ultrasonography of the limbs, or at necropsy.
Results: Among the 87 selected cases, 14 (16.09%) were diagnosed
with PE, five with central vein thrombosis (5.74%), and eight with
DVT (9.19%). Regarding the PE diagnosed patients, four had PE
without DVT (28.57% of all PE), and three (3.44%) had DVT in central and peripheral veins and PE simultaneously.
Conclusion and Discussion: We observed an incidence of VTE in
our LTx service that is similar to the literature. However, the real incidence is still unknown, and thus there is no well-established prophylaxis protocol for VTE in LTx patients. Still, the majority of VTE cases
are silent and because there are other confounding illnesses concomitant in the post-operative period and VTE and PE cases can be
underdiagnosed. In our group 35.71% of PE cases had DVT in chest
or neck (jugular, subclavian, superior or inferior vena cava), and only
one case (16.66%) among central DVTs was not associated to PE,
suggesting a major relevance of central catheter-related thrombosis.
Great prospective studies must define the variables before, during,
and after the surgery which raise VTE incidence in lung transplant
above the observed in other surgical patients, as well the impact of
chemical prophylaxis and its ideal timing.
CO11
O PAPEL DO OXIGENADOR EXTRACORPORAL POR
MEMBRANA NO TRANSPLANTE PULMONAR
Silva, J.S.; Martelo, F.P.; Bravio, I.G.; Reis, J.E.; Semedo, L.;
Borba, A.; Murinello, N.; Franco, P.; Furtado, D.; Fragata, J.
Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital de Santa Marta
Resumo:
O transplante pulmonar é uma opção terapêutica em doentes com
doença pulmonar crónica em fase terminal. Como suporte ao transplante pulmonar, surgiu o oxigenador extracorporal por membrana
(ECMO), técnica que tem ganho popularidade pela sua utilidade como
ponte para transplante, como suporte intra-operatório por instabilidade
hemodinâmica e/ou hipertensão pulmonar ou como suporte pós-operatório imediato por disfunção primária do enxerto (PGD).
Com o presente trabalho pretendemos avaliar os resultados da utilização do ECMO no transplante pulmonar no Hospital de Santa
Marta, em Lisboa.
Desde 2001 foram realizados 102 transplantes pulmonares. No período entre Junho de 2010 e Maio de 2014, foi utilizada o ECMO
num total de 13 casos, correspondente a 19,4% dos transplantes
pulmonares nesse mesmo período: 6 doentes do sexo feminino e 7
do sexo masculino, com idade média de 42 anos (20 - 61); 8 procedimentos unipulmonares e 5 bipulmonares; 2 doentes com diagnóstico de bronquiectasias não-fibrose quística e 11 doentes com
doença do interstício pulmonar.
Esta técnica foi utilizada em diferentes modalidades: ECMO-Venovenoso (VV) como bridging (n = 2), ECMO-Venoarterial (VA) como
suporte intra-operatório (n = 6) e ECMO-VV como suporte pósoperatório por PGD (n = 6). A duração média do suporte com
ECMO-VV no contexto de PGD foi de 126,8 horas (71,5 – 208).
Dos 13 doentes submetidos a transplante pulmonar com recurso
ao ECMO, a taxa de complicações diretamente associadas foi reduzida, com 100% de taxa de sucesso na descontinuação do suporte. Após um tempo médio de follow-up de 6 meses, a taxa de
sobrevivência é de 58%.
Baseando-nos nesta experiência, acreditamos que o uso do ECMO
permite aumentar a segurança dos receptores durante a cirurgia e
na recuperação pós-operatória dos doentes com PGD apesar de
controverso quando utilizado na ponte para transplante.
Acreditamos que o ECMO permite melhorar o resultado do transplante pulmonar a curto prazo, apesar do seu benefício a longo
prazo ser ainda controverso. Apresenta-se, por isso, como um componente fundamental do arsenal de qualquer programa de transplante pulmonar.
CO12
CREATINE SUPPLEMENTATION ATTENUATES PULMONARY
AND SYSTEMIC EFFECTS OF LUNG ISCHEMIA-REPERFUSION
INJURY
Francine M Almeida1, Adilson Santos Andrade-Sousa3, Renato
A Souza2,3, Ricardo C. Petroni4, Sonia F Soto1, Ana Paula
Ligeiro-Oliveira3, Francisco G. Soriano4, Paulo T C de
Carvalho2, Regiane Albertini2, Nilsa R Damaceno-Rodrigues5,
Fernanda D. T. Q. S. Lopes1, Hugo C Castro-Faria-Neto6,
Milton A Martins1, Marisa Dolhnikoff7, Rogerio Pazetti8, Rodolfo
P Vieira2
1-University of Sao Paulo, School of Medicine, Department of
Clinical Medicine (LIM 20), Sao Paulo, Sao Paulo, Brazil;
2-Grupo de Estudos e Pesquisa em Ciência da Saúde (GEP-CS).
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de
Minas Gerais (IFSULDEMINAS), Campus Muzambinho, Minas
Gerais, Brazil; 3-Nove de Julho University – UNINOVE,
Laboratory of Pulmonary and Exercise Immunology (LABPEI). Sao
Paulo, Brazil; 4-University of Sao Paulo, School of Medicine,
Department of Clinical Medicine (LIM 51), Sao Paulo, Sao Paulo,
Brazil; 5-University of Sao Paulo, School of Medicine, Department
of Pathology (LIM 59), Sao Paulo, Sao Paulo, Brazil; 6-Institute
Oswaldo Cruz, Oswaldo Cruz Foundation, Laboratory of
Immunopharmacology, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil;
7-University of Sao Paulo, School of Medicine, Department of
Pathology (LIM 05), Sao Paulo, Sao Paulo, Brazil; 8-University of
Sao Paulo, School of Medicine, Department of Cardipneumology
(LIM 61), Sao Paulo, Sao Paulo, Brazil.
Introduction: Ischemia and reperfusion (I/R) injury is common after
large surgical procedures such as lung transplantation, and may result in acute respiratory distress syndrome (ARDS). Besides the pulmonary effects of I/R-induced ARDS, systemic acute and severe
inflammatory responses also follow I/R injury, accounting for significant morbidity and mortality. Creatine (Cr) in its most common form,
creatine monohydrated, is a dietary supplement that presents important beneficial effects in experimental models of heart and brain
I/R injury. In addition, Cr improves the capacity to generate ATP reducing cell damage. The effects of Cr in pulmonary I/R injury have
not been investigated.
Methods: Forty male Wistar rats were divided into four groups:
Sham-operated, Creatine+Sham, Ischemia/Reperfusion, Creatine+Ischemia/Reperfusion. We investigated the effects of 5 days of
oral Cr supplementation (0.5gr/kg/day by gavage) prior to left pulmonary artery ischemia (90 minutes) and reperfusion (120 minutes).
Results: Cr inhibited the I/R-induced increases in the following parameters: exhaled nitric oxide (NOex) (p<0.05), total cells (p<0.01)
and neutrophils (p<0.001) number in bronchoalveolar lavage fluid
(BALF) and in systemic circulation (p<0.001), the levels of IL-1beta
(p<0.05), tissue damping (Gtis) and tissue elastance (Htis)
(p<0.05). Cr also inhibited pulmonary oedema formation (total proteins in BALF, p<0.001; histological oedema index, p<0.001) and
neutrophils accumulation in lung tissue (p<0.001). As part of possible mechanisms involved in these beneficial effects of Cr, we observed a reduced expression of caspase 3 (p<0.05) and an
increased expression of IGF-1 (p<0.05), as well as reduced expression of toll like receptor (TLR) 4 and increased expression of TLR7 in
lung tissue (p<0.001).
Conclusions: Cr supplementation presents pulmonary and systemic
protective effects in acute lung injury induced by ischemia and reperfusion in rats.These beneficial effects seem to be associated with improved energy pool re-storage, increased IGF-1 expression, as well
as the modulation of TLRs expression.
CO13
REJEIÇÃO AGUDA NO TRANSPLANTE PULMONAR: ANÁLISE
RETROSPECTIVA NO HOSPITAL DE SANTA MARTA
N Murinello, A Alves, A Borba, L Semedo, J Cardoso, J E Reis,
I Bravio, P Baptista, F Martelo, Prof Dr. J Fragata
Serviço de Pneumologia e CardioTorácica do Hospital de Santa
Marta, Centro Hospitalar de Lisboa Central
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
Introdução: O transplante pulmonar constitui uma opção de tratamento para doentes com patologia respiratória em estádio avançado, sob terapêutica médica optimizada. A rejeição aguda (RA) é
uma complicação frequente deste procedimento, constituindo uma
causa de morbilidade e factor de risco para síndrome de bronquiolite obliterante. Os registos internacionais apontam para uma incidência de RA de 30% no 1º ano após o transplante.
Objectivos: Caracterização da incidência, apresentação clínica e
radiológica, tratamentos efectuados e a evolução dos receptores
com episódios de RA comprovada histologicamente por biópsia pulmonar transbrônquica.
Métodos: Estudo retrospectivo baseado na análise dos processos
dos doentes submetidos a transplante pulmonar num período de 6
anos (2008-2013) no nosso Centro.
Resultados: Foram submetidos a transplante pulmonar 78 doentes.
Identificaram-se 21 casos de RA registados em 17 receptores
(26,92%), com uma média etária de 40,8 anos. As patologias de
base foram: Fibrose quística (35,3%), DPOC (11,8%), Patologia do
interstício pulmonar (52,9%).
Subtipos de RA encontrados: A1 (66,6%), B2 (14,28%), A2 (9,52%),
B3 (4,76%) e B1 (4,76%). O tempo médio de ocorrência do 1º episódio de RA relativamente à data do transplante foi de 298 dias.
À data do diagnóstico de RA, 50% dos receptores estavam assintomáticos e 85% evidenciava um declínio significativo do valor de FEV1
(> 10%). Detectaram-se infecções respiratórias prévias em 7 casos.
Alterações imagiológicas estiveram presentes em 94,1%, salientando-se: vidro despolido (47.05%), condensações (41,17%), espessamento dos septos interlobares (35,39%) e derrame pleural
(23,52%).
A maioria das RA (95,23%) foi tratada com pulso de esteróide. Após
o tratamento, houve melhoria clínica e/ou funcional em 65% dos
receptores. Naqueles em que não se verificou melhoria, instituiu-se
uma 2ª linha terapêutica com imunoglobulina policlonal antitimocito (ATG). 4 receptores registaram outro episódio de RA, o qual
foi tratado com novo de pulso esteróide ou ATG. O diagnóstico de
RA implicou alteração ao regime imunossupressor inicial em 64,7%
receptores. Nos casos tratados com ATG (5) não se verificou melhoria funcional, tendo ocorrido estabilização da taxa de declínio
em 3 deles.
Conclusões: Salienta-se neste grupo a diversidade de apresentação
clínica, imagiológica e funcional dos casos de RA confirmados. A rejeição A1 foi o subtipo mais frequente. O declínio funcional representou o principal determinante da decisão terapêutica; Identificou-se
um subgrupo de doentes não respondedores às terapêuticas tradicionais para RA, cujos mecanismos permanecem em investigação.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO14
USO DE NANOEMULSÕES LIPÍDICAS COMO VEÍCULOS DE
METOTREXATO E PACLITAXEL NO TRATAMENTO DA
DOENÇA VASCULAR DO CORAÇÃO TRANSPLANTADO EM
COELHOS
Noedir Antonio Groppo Stolf, Lucas Regatieri Barbieri, Elaine
Rufo Tavares, Domingos Dias Lourenço-Filho, Priscila Oliveira
de Carvalho, Paulo Sampaio Gutierrez, Raul Cavalcante
Maranhão
Instituto do Coraçao, Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo
Introdução: A doença vascular do coração transplantado é a principal causa de morte após o primeiro ano de transplante cardíaco
e é o fator de limitação mais importante na sobrevida em longo
prazo após o transplante. A doença não tem tratamento clínico efetivo, sendo o retransplante a única opção terapêutica. Em trabalho
anterior, mostramos que ao tratarmos os animais com o quimioterápico de ação antiproliferativa paclitaxel incorporado à LDE, houve
uma redução de 60% da estenose nos corações transplantados.
Objetivos: Investigar a efetividade da associação do LDE-metotrexato com o LDE-paclitaxel em reduzir as lesões da doença vascular
do enxerto em modelo de coelhos.
Métodos: Foi realizado transplante cardíaco heterotópico em 14
coelhos, divididos em dois grupos. O primeiro grupo foi tratado
com 4 mg/kg de LDE-metotrexato + 4 mg/kg de LDE-paclitaxel,
administrados uma vez por semana por via endovenosa durante
seis semanas. O grupo controle foi tratado com injeções endovenosas de solução salina, no mesmo esquema de administração. Os
15
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
dois grupos receberam ciclosporina (10mg/kg/dia). Foi determinado o diâmetro arterial coronário, área íntima arterial, imunohistoquímica para presença de macrófagos, além da determinação de
fatores inflamatórios no coração transplantado pela análise de sua
expressão gênica.
Resultados: Houve uma redução na estenose das artérias coronárias de 25% nos animais do grupo LDE-Metotrexato/LDE-Paclitaxel.
A área de infiltração de macrófagos foi 3 vezes menor nos animais
tratados com LDE-Metotrexato/LDE-Paclitaxel. Foi observada uma
diminuição importante da expressão gênica da interleucina pro-inflamatória IL-1β e da metaloproteinase 9. Em contrapartida, houve
aumento discreto da expressão de outros fatores pro-inflamatórios,
como IL-18, TNF-α, MCP-1 e VCAM-1. A IL-10 teve sua expressão
levemente aumentada com o tratamento.
Conclusões: Foi demonstrado que o tratamento com LDE-Metotrexato/LDE-Paclitaxel diminui as lesões dos corações transplantados, reduzindo a progressão da doença vascular do enxerto.
Nossos dados introduzem uma possível nova estratégia na conduta
pós-transplante cardíaco: o uso de fármacos, até então com alta
toxicidade, que associados à nanoemulsões, promoveriam melhor
resultado dos procedimentos de transplante cardíaco.
CO15
UTILIZAÇÃO DE DADORES MAIS VELHOS NA
TRANSPLANTAÇÃO CARDÍACA: AUMENTAR A POOL DE
DADORES
David Prieto, Pedro Correia, Manuel Batista, Manuel J Antunes
Centro de Cirurgia Cardiotorácica e Transplantação de Órgãos
Torácicos, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Objectivos: Tem-se assistido, na transplantação cardíaca, a um
progressivo alargamento dos critérios de selecção de dadores, entre
eles o limite superior de idade. Propusemo-nos avaliar o impacto
na morbilidade e mortalidade da utilização de corações de dadores
com mais de 50 anos.
Métodos: De Nov2003-Dez2012, 228 doentes foram submetidos
a transplante cardíaco. Exclui-se do estudo crianças e adolescentes
(idade inferior a 18 anos), doentes em choque cardiogénico ou com
transplante prévio de outro órgão. Os receptores de 26 dadores
com idade superior ou igual a 50 anos [Grupo A] foram comparados com os de 136 dadores com idade inferior ou igual a 40
[Grupo B]. As principais características dos dadores e receptores
eram idênticas, à excepção da causa de morte dos dadores, onde
predominou o AVC isquémico no grupo A (65% vs. 27%; p<0,001)
e o traumatismo craniano no grupo B (31% vs. 66%; p=0,001). O
tempo de seguimento médio foi de 4,6±2,7anos.
Resultados: Os receptores do grupo A eram mais velhos (59±11
vs. 53±11; P=0,003), mas a incidência de miocardiopatia isquémica (50% vs. 35%; P=0,156), de proveniência da unidade de cuidados intensivos (31% vs. 27%; P=0,652) e o tempo de espera
(56±49 vs. 41±47 dias; P= 0,149) não diferiram significativamente. O tempo de isquémia foi inferior na utilização de dadores
mais velhos (65±27 vs. 93±35 minutos; P<0,001). A mortalidade
hospitalar foi semelhante (4% vs. 4%; P=0,967). A sobrevivência a
1, 3 e 5 anos foi de 84±7% para o grupo grupo A e 90±3%,
86±3% e 81±4%, respectivamente, para o grupo B (P=0,850).
Também não se encontrou diferença na sobrevivência quando estratificados os receptores em idade superior ou inferior a 60 anos.
No entanto, a sobrevivência livre de doença vascular do enxerto foi
tendencialmente inferior no grupo A (aos 8 anos: 65±18% vs.
78±7%; P=0,062).
Conclusões: Os critérios de exclusão de dadores para transplantação cardíaca devem ser reajustados, uma vez que a utilização de
dadores marginais seleccionados, associado a tempos de isquemia
curtos, parece não ter impacto negativo na morbilidade e mortalidade, especialmente quando comparado com a mortalidade dos
doentes em lista de espera.
16
CO16
TRANSPLANTAÇÃO CARDÍACA EM DOENTES COM MAIS
DE 65 ANOS: BENEFÍCIO OU DESPERDÍCIO?
David Prieto, Pedro M Correia, Manuel Batista, Manuel J
Antunes
Centro de Cirurgia Cardiotorácica e Transplantação de Órgãos
Torácicos, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Objectivos: Avaliar os resultados imediatos e a longo prazo da
transplantação cardíaca em doentes com idade superior a 65 anos,
comparando-os com uma população mais nova.
Métodos: De Nov2003-Dez2013, foram submetidos a transplante
cardíaco 258 doentes. Foram excluídos crianças e adolescentes
(idade inferior a 18 anos) e doentes com transplante prévio de outro
órgão. Os receptores foram divididos em dois grupos: 45 doentes
(18%) com idade superior a 65 anos [Grupo A] e 203 (81%) com
idade inferior [Grupo B]. Não se encontrou diferença na predominância do sexo masculino entre os grupos A e B (78% vs. 77%;
p=0,949) nem no tempo de espera pelo transplante (48,8±50,0
vs. 42,3±44,6dias; p=0,384). No grupo A verificou-se maior incidência de factores de risco cardiovasculares (hipertensão e dislipidémia), miocardiopatia isquémica (60% vs. 34%; p=0,001) e
creatinina sérica mais elevada (1,6±0,8 vs. 1,4±0,6mg/mL;
p=0.099). Os dadores do grupo A tinham idade superior
(38,5±11,3 vs. 34,0±11,0 anos, p=0,014).
Resultados: A mortalidade hospitalar foi mais elevada no grupo B,
embora não atingido significância estatística (0% vs. 6%; p=0.095).
Não se encontraram diferenças no tempo de isquémia (96±35 vs
89±36min; p=0,213), nem na utilização prolongada de inotrópicos (18% vs. 13%; p=0,381) ou necessidade assistência mecânica
no pós-operatório (7% vs. 5%; p=0,636). A incidência de rejeição
celular (16% vs. 18%; p=0,671) e humoral (2% vs. 3%; p=0,924)
foi comparável. A sobrevivência global a 1 e 5 anos foi de
88,8±4,7% e 81,5±5,9% e de 86,8±2,4% e 77,2±3,2%, respectivamente para os grupos A e B (p=0,289). A partir deste ponto, a
sobrevivência do grupo de doentes mais velhos parece diminuir. A
sobrevivência livre de doença vascular do enxerto e de neoplasia
foi menor nos doentes do grupo A (p<0,01), que também mostraram um maior risco de infecções graves durante o primeiro ano
pós-transplante (29% vs. 14%; p=0,018).
Conclusões: A transplantação cardíaca em doentes seleccionados
com mais de 65 anos pode ser feita com uma mortalidade imediata
e a médio-prazo comparável à de uma população mais nova, embora com uma morbilidade maior, especialmente no que diz respeito às infecções, neoplasias e doença vascular do enxerto.
CO17
INIBIDORES mTOR EM TRANSPLANTAÇÃO CARDÍACA:
INDICAÇÕES, EFEITOS SECUNDÁRIOS E IMPACTO NA TAXA
DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR
Manuel Batista, Ana Alves, Pedro Correia, Carlos Pinto, David
Prieto, Pedro Antunes, Manuel Antunes
Centro de Cirurgia Cardiotorácica e Transplantação de Órgãos
Torácicos, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Portugal
Introdução: Os inibidores mTOR(mTORi) são uma classe de fármacos cada vez mais usados em transplantação cardíaca(TxC) mas
com alguns efeitos secundários(ES) graves e/ou debilitantes. Uma
das vantagens do uso dos mTORi é permitirem minimizar o uso dos
inibidores da calcineurina(CNI) com eventual redução da toxicidade, nomeadamente renal.
Material e Métodos: De Nov2003 a Abr2014 foram transplantados 266 doentes. 66/25% foram convertidos a mTORi. Os autores
apresentam as indicações, timing da introdução, ES, razões da suspensão de mTORi e avaliam o impacto desta classe de fármacos
na taxa de filtração glomerular(TFG) aos 3, 6 e 12 meses após a
sua introdução.
Resultados: 54/82% eram homens. A idade média à data da TxC
era de 53,1A, e à data do início de mTORi 56,9A. O mais usado
foi o everolimus (61/95%). As indicações foram: doença vascular
do enxerto(DVE)-25/38%, neoplasia-20/26,7%, insuficiência renal
crónica(IRC)-9/14%, diarreia por MMF-6/9%, citopenias por MMF4/6% e rejeição persistente-2/3%. 35 doentes(53%) tiveram ES: úlceras orais-11, edemas-10, artrite gotosa(AG)-6, estomatite aftosa
persistente(EAP)-2, infecções de repetição(IR)-2, exantema urticariforme(EU)-1, pneumonite-1, leucopenia severa-1 e púrpura trombocitopénica(PT)-1. 42 doentes(69,6%) mantêm a medicação. A
causa principal para suspensão foi a morte (17/25%) por neoplasia
maligna pré-existente-7, infecções-3, DVE-3, AVC-1, Acidente-1,
Abandono da medicação-1 e Desconhecida-1. Nos restantes 7
doentes(10%) a suspensão foi devida a ES graves/debilitantes. À
data da introdução dos mTORI a TFG era 54,15±30,08ml/min/m2
e aos 3, 6 e 12M era, respectivamente: 53,85±25,20,
56,23±31,33 e 54,17±29,99ml/min/m2 (P=0,901, 0,784,
0,614, respectivamente). Nos doentes com neoplasia, os valores
correspondentes de TFG (inicial, aos 3, 6 12M) foram:
51,95±25,10, 54,68±25,51 (P=0.21), 56,25±30,54 (P=0.57)
e 53,62±27,14 (P=0.83). Nos doentes com DVE os valores foram:
56,97±25,92, 54,64±26,18 (P=0.55), 56,68±33,05 (=P0.77)
e 56,15±30,79(=P0.91), respectivamente. No subgrupo com IRC
foram: 28,93±13,54 (P=0,16), 38,47±16,10 (P=0.16),
40,72±22,85 (P=0.36) e 37,04±22,17 (P=0.50).
Conclusões: A maioria dos nossos doentes convertidos a mTORi
são homens, com idade média de 56,9A, metade têm DVE ou neoplasia e só em 7 doentes(10%) houve necessidade de suspender o
fármaco por ES graves. Na nossa casuística os mTORi não tiveram
impacto na TFG avaliada aos 3, 6 e 12M após a sua introdução,
independentemente da indicação.
CO18
UMA DÉCADA DE TRANSPLANTAÇÃO CARDÍACA EM
COIMBRA – O VALOR DA EXPERIÊNCIA
David Prieto, Pedro Correia, Manuel Batista, Emília Sola,
Fátima Franco, Susana Costa, Pedro E Antunes, Manuel J
Antunes
Centro de Cirurgia Cardiotorácica e Transplantação de Órgãos
Torácicos, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Objectivos: Analisar a experiência adquirida em 10 anos do programa de transplantação cardíaca no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Métodos: De Nov2003-Dez2013, 258 doentes com idade média
de 53±13 anos (limites 3-72 anos), e predominância do sexo masculino (78%) foram transplantados. Mais de um terço dos doentes
tinha miocardiopatia isquémica (37%) e 36% idiopática. A idade
média dos dadores era 34±11 anos e 195 eram do sexo masculino
(76%), com disparidade de sexo entre dador e receptor (F:M) em
32% dos casos e disparidade AB0 (grupos não idênticos mas compatíveis) em 18%. A colheita foi feita à distância em 59% dos casos.
Em todos os casos foi utilizada a técnica de transplantação total,
com anastomose bicava, modificada neste Centro. O tempo médio
de isquémia foi 90±35 minutos. Todos os doentes receberam terapêutica de indução.
Resultados: A mortalidade precoce foi 4,7% (12 doentes), por falência do enxerto e acidente vascular cerebral em cinco cada, e por
rejeição hiperaguda em dois. Treze doentes (5%) necessitaram de
ventilação prolongada, 25 (12%) requereram suporte inotrópico
por mais de 48 horas, e sete necessitaram de implantação de pacemaker. O tempo médio de internamento foi de 16±15 dias. Em
90% dos doentes foi mantida terapêutica imunossupressora tripla,
incluindo ciclosporina. Os restantes receberam tacrolimus. Em 23
doentes foi necessário alterar o esquema de imunossupressão devido a complicações renais e/ou neoplásicas e rejeição humoral.
Todos os doentes, excepto dois, são seguidos no Centro Cirúrgico.
Cinquenta doentes (19%) faleceram tardiamente por infecção
(n=18), neoplasia (n=10), causa vascular (n=8), neuropsiquiátrica
(n=4), cardíaca (n=2) ou outras (n=8). Quarenta e seis doentes
(18%) tiveram episódios de rejeição celular (≥2R da ISHLT), oito tiveram rejeição humoral (3%) e em 22 houve evidência de doença
vascular enxerto (9%). A sobrevivência actuarial a 1, 5, e 8 anos
foi de 87±2%, 78±3% e 69±4%, respectivamente.
Conclusões: Nesta série de 10 anos obtiveram-se resultados equivalentes ou superiores aos referidos em experiências mais vastas e
mais longas, progressivamente melhorados pela introdução de factores suscitados pela própria experiência. Com este programa, foi
possível elevar e manter a taxa de transplantação cardíaca em valores acima da média europeia.
CO19
REJEIÇÃO CELULAR DE GRAU ≥2R – AVALIAÇÃO DAS
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DO IMPACTO NA FRACÇÃO
DE EJECÇÃO E VOLUMES VENTRICULARES
Manuel Batista, Ana Alves, Pedro Correia, Carlos Pinto, David
Prieto, Pedro Antunes, Manuel Antunes
Centro de Cirurgia Cardiotorácica e Transplantação de Órgãos
Torácicos Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Portugal
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
Introdução: A rejeição celular GRAU ≥2R tem impacto no prognóstico dos doentes e obriga a tratamento. O nosso objectivo foi
avaliar a prevalência de rejeições &#8805;2R assintomáticas e o
seu impacto na fracção de ejecção e volumes ventriculares avaliados por ecocardiografia.
Material e Métodos: De Nov2003-Mai2014 foram transplantados
267 doentes, 208 (78%) homens, idade média 53,10±12,6anos.
Neste período foram realizadas 3232 biopsias endomiocárdicas
(BEM), encontrando-se rejeição celular em 353 (11%): 1R-284, 2R58 e 3R-11. Nos 69 casos de rejeição GRAU ≥2R analisámos as
manifestações clínicas à data da rejeição e comparámos dados
ecocardiográficos (fracção de ejecção (FEVE), diâmetros diastólico
(VEdiast) e sistólico (VEsist) do VE e diâmetro do ventrículo direito
(VD), prévios e no episódio de rejeição.
Resultados: Os 69 casos de rejeição GRAU ≥2R ocorreram em 53
doentes (43/81% eram homens). Houve 39 doentes com 1 episódio, 12 com 2 e 2 com 3. As rejeições GRAU ≥2R constituíram 2,1%
do total das BEM e 19,5% das rejeições e ocorreram 279±517dias
(2-2.904dias) após o TxC, com 42 (62,3%) casos nos primeiros 6M
e 57 (82,6%) no 1ºAno. 43 doentes (62.3%) estavam medicados
com ciclosporina, micofenolato de mofetil e prednisolona. Ocorreram sintomas em 35 (50%) doentes. 22 (31,8%) tinham sintomas
cardiovasculares (CV): dispneia/cansaço fácil(12), Dispneia/edemas (8) e morte súbita (1). Em 13 doentes (18,8%) os sintomas
foram gastrointestinais (7) ou mal-estar inespecífico (6). Em 26
casos (37%) houve redução da FEVE, em média 8,11±3,81%; em
28 casos (40%) aumentou o VEdiast, em média 3,92±2,05mm;
em 21 (30%) aumentou o VEsist, em média 3,71±1,58mm e em
16 (23%) houve aumento do VD, em média 5,06±3,17mm. Os
valores médios da FEVE(%), VEdiast(mm), VEsist(mm) e VD(mm)
antes e durante os episódios de rejeição foram, respectivamente:
67,48±9,75 vs. 66,07±12,04 (p=0.134), 45,50±5,37 vs.
44,65±7,05 (p=0.306), 28,50±6,46 vs. 27,34±6,65(p=0.117)
e 25,68±5,69 vs. 26,72±5,24 (p=0.104). Dos 53 doentes com
rejeição &#8805;2R, 16(30%) já faleceram, mas só 2 por rejeição.
Conclusões: As rejeições GRAU ≥2R constituem apenas 2,1% das
BEM e 19,5% das rejeições; 2/3 ocorrem nos primeiros 6 meses;
metade são assintomáticas; 1/5 têm clínica inespecífica; e não existiu impacto significativo na fracção de ejecção nem nos volumes
ventriculares avaliados por ecocardiografia.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO20
EXPRESSÃO GÊNICA NO DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA
VASCULAR DO ENXERTO
Fiorelli AI, Lourenço-Filho DD, Tavares ER, Maranhão RS,
Gutierrez PS, Chamel TWD, Stolf NAG, Jatene FB
Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo – Brasil
Fundamento: No transplante cardíaco a doença vascular do enxerto é uma complicação insidiosa, caracterizada por inflamação
perivascular persistente com hiperplasia intimal e representa o principal fator limitante do transplante em longo prazo.
Objetivo: Estabelecer um modelo experimental que apresente características morfofuncionais semelhante aquela desenvolvida em
humanos e que permita avaliar o comportamento de doença vascular do enxerto nos vasos coronários, servindo como suporte para
investigações futuras.
Método: O coelho foi o animal eleito devido a sua incapacidade
de metabolizar o colesterol. Para tanto foram eleitos 10 coelhos
machos da raça Nova Zealand(Brancos) com peso médio de
3,4±0,6kg e 10 machos (Vermelhos) com peso médio de
2,7±0,5kg, sendo que os brancos foram os receptores de enxertos
cardíacos provenientes dos coelhos vermelhos. A técnica operatória
de eleição foi a realização do implante do coração doador em posição cervical do receptor, por produzir menor agressão cirúrgica.
Todos os animais foram alimentados com ração enriquecida de
0,5% de colesterol e receberam 10mg/kg/dia ciclosporina A. Após
o período experimental, os coelhos foram sacrificados para análise.
Resultados: O exame histológico dos diferentes órgãos dos animais revelou a impregnação de colesterol, todavia, foi muito mais
intenso no enxerto cardíaco devido à reação imune que se instala
pelo processo de rejeição. As alterações histológicas nas artérias
coronárias dos corações transplantados se assemelham aquelas
observadas na doença vascular do enxerto. A análise morfométrica
17
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
das artérias coronárias encontra-se apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 – Estudo Morfométrico das Artérias Coronárias
Coração Nativo
Enxerto
p
Área da Lâmina Elastica
16,4±5,7
148,6±136,4
<0.05
Área do Lume Arterial
16,4±5,7
11,4±12,8
<0.01
0
90,8±9,5
<0.001
Morfometria
Estenose em relação ao coração native
Conclusões: O modelo ora apresentado mostrou-se eficaz para
reproduzir de forma experimental a doença vascular do enxerto observada em humanos e servir de suporte para investigações futuras
quanto a eficácia de novos tratamentos farmacológicos.
CO21
REDUÇÃO DA DISFUNÇÃO VENTRICULAR DIREITA E DA
INSUFICIÊNCIA DA VALVA TRICÚSPIDE NO PÓSOPERATÓRIO IMEDIATO DE TRANSPLANTE CARDIACO
ORTOTÓPICO BICAVAL COM HTK-CUSTODIOL
Domingos Dias Lourenço Filho, Fábio Antonio Gaiotto,
Ronaldo Honorato Barros Santos, Pablo Pommerantzeff, Carlos
Imberg, Lauro Kawabe, Fernando Bacal, Sandrigo Mangini,
Luis Fernando Seguro, Fabiana Braga, Monica Avila, Roberto
Kalil Filho, Fabio Biscegli Jatene
Instituto do Coração do Hospital das Clinicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: O transplante cardíaco (TX) é a melhor opção terapêutica, no nosso meio, para o tratamento da insuficiência cardíaca
avançada. A falência aguda do enxerto é a principal causa de insucesso e a disfunção aguda do ventrículo direito (VD) em grande
número de pacientes. A proteção miocárdica está associada e frequentemente a disfunção ventricular direita (DVD) acompanha-se
da insuficiência tricúspide (IT).
Objetivo: Comparar a incidência e a magnitude da DVD e da IT
no pós-operatório (PO) imediato de pacientes submetidos a TX ortotópico bicaval com proteção miocárdica com StThomas e HTKCustodiol. Método: Retrospectivamente e consecutiva, 60 pacientes
(PT) submetidos ao TX, foram avaliados. A análise ecocardiográfica
transtorácica da função do VD e da competência da valva tricúspide
foi qualitativa. Os pacientes foram divididos em 2 grupos de acordo
com o tipo de proteção miocárdica utilizado: StThomas e Custodiol.
Os grupos foram comparados com o teste pareado “t student”, significânicia < 0,05.
Casuística: Os grupos são semelhantes quanto à idade, sexo, resistência vascular pulmonar, presença de assistência ventricular mecânica, tempo de internação, priorização e função renal. Os
doadores foram aceitos sob os mesmos critérios e também são semelhantes para os dois grupos quanto à idade, proporção pesoaltura e tempo de isquemia (média de 158+-46 mim
HTK-Custodiol e 175+-44 min StThomas).
Resultado: No POI, o grupo StThomas apresentou 11 casos de
DVD (36%), 5 (16%) acentuadas. A IT surge em 10 (33%), acentuada 2 (6,6%). As avaliações do segundo PO mostraram 10 DVD
(33%), 3 (10%) acentuadas. Oito (26%) apresentaram IT, um (3,3%)
acentuada. O grupo HTK-Custodiol apresentou 9 (30%) DVD e um
(3,3%) insuficiência tricúspide, todas classificadas como discretas.
No segundo PO, 8 (26%) DVD sendo 1 (3,3%) acentuada. Em 4
(13%) notou-se IT (50% discreta e 50% moderada). A análise estatística mostrou não haver significância quanto à incidência
(p>0,05), porém nota-se menor gravidade no grupo HTK-Custodiol
(p<0,05).
Conclusão: a incidência de DVD e IT no PO imediato de TX é semelhante em ambos os grupos, entretanto a magnitude da DVD e
da IT é menor no grupo HTK-Custodiol, sugerindo melhor preservação e adaptação do enxerto.
18
CO22
TRANSPLANTAÇÃO RENAL EM DOENTES COM VIH: A
REALIDADE PORTUGUESA
Sara Querido, Domingos Machado, Cecília Silva, Fernando
Nolasco, Ana Teresa Nunes, Susana Sampaio, Pedro Cruz,
Carlos Oliveira, André Weigert
Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental – Hospital de Santa Cruz,
Centro Hospitalar de Lisboa Central – Hospital Curry Cabral,
Hospital de São João, Hospital Garcia de Orta
Introdução: A terapêutica anti-retroviral de alta eficácia passou a
permitir transplantar doentes renais crónicos portadores de vírus da
imunodeficiência humana (VIH).
Objectivo: Avaliar a casuística portuguesa no período entre 2009
(primeiro doente VIH positivo transplantado) e Maio de 2014.
Método: Trabalho cooperativo retrospectivo das unidades portuguesas que efectuaram transplantação renal em doentes VIH positivos.
Resultados: Realizaram-se 17 transplantes em doentes VIH positivos:
6 no H.S.Cruz, 6 no H.C.Cabral (incluindo um re-transplante), 4 no
H.S.João e 1 no H.G.d’Orta; 13 doentes eram do sexo masculino.
A idade média dos doentes à data do transplante foi de 49,5 ± 11,8
anos; 10 doentes eram caucasianos e 13 tinham VIH tipo 1.
O tempo entre a data de identificação do VIH e a transplantação
renal foi de 12 ± 5 anos; 8 doentes tiveram critérios de diagnóstico
de Síndroma de Imunodeficiência Adquirida e 4, nefropatia associada ao VIH. O tempo em diálise até à data do transplante foi de
115,8 ± 65,7 meses; 14 doentes apresentavam mais de 3 mismatches com o dador e em 2 identificaram-se anticorpos anti-HLA
classe I e II. À data do transplante todos apresentavam carga viral
negativa e CD4 superiores a 200 células/mm3. O esquema de imunossupressão caracterizou-se pela associação de Tacrolimus, Micofenolato de Mofetil e Prednisolona, tendo 11 doentes efectuado
indução com Basiliximab; 5 doentes estavam sob inibidores da protease à data da transplantação.
A data da última avaliação, o tempo médio pós transplante renal
era de 17 ± 16 meses. Em 2 doentes diagnosticou-se rejeição humoral e em 3, rejeição celular. Constatou-se perda precoce de enxerto renal em 2 doentes, um por choque hipovolémico e outro por
trombose vascular do transplante. Dois doentes faleceram, um deles
por infecção a H1N1 com enxerto funcionante. A data de alta, a
creatinina média era de 1,38 mg/dL ± 0,43 mg/dL.
Conclusão: Em Portugal existem aproximadamente 151 doentes
VIH positivos em hemodiálise, 9 em lista activa para transplantação
renal.
A transplantação renal pode ser uma modalidade substitutiva da
função renal em portadores de VIH, mesmo em alguns com critérios
de SIDA no passado, desde que, criteriosamente seleccionados.
CO23
TRANSPLANTE RENAL EM RECEPTORES INFECTADOS PELO
HIV. RELATO DA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
Vicari AR, Spuldaro F, Freitas TV, Cristelli MP, Requião-Moura
LR, Reusing Jr JO, Pierrotti LC, Deboni LM, Esmeraldo R,
Oliveira ML, Keitel E, Gadonski G, Kroth LV, Tedesco-Silva H,
Garcia VD, Pacheco-Silva A, Medina-Pestana JO and Manfro
RC
Serviço de Nefrologia, Unidade de Transplante Renal- HCPAEstudo Multicêntrico
Pacientes infectados pelo HIV e com doença renal crônica terminal
tornaram-se candidatos a transplante renal desde o advento da terapia anti-retroviral de elevada atividade. O objetivo deste estudo
é apresentar a experiência brasileira no transplante renal em pacientes infectados pelo HIV.
Pacientes e métodos: Centros transplantadores brasileiros que
realizam transplantes renais em pacientes infectados pelo HIV foram
convidados a participar deste estudo retrospectivo. Para cada paciente transplantado infectado foram pareados controles, pelas variáveis: idade, gênero, tipo de doador e reatividade contra painel
(PRA I e II), do mesmo centro de transplante. Os principais resultados avaliados foram sobrevidas de pacientes e enxertos, incidência
de rejeição aguda, infecções e função do enxerto em 6 e 12 meses.
Resultados: Oito centros forneceram resultados. Foram analisados
52 receptores HIV+ e 104 controles, transplantados no período de
fevereiro de 2006 a outubro de 2013. Não foram observadas diferenças significativas nos parâmetros de idade, raça, gênero, tipo
de doador, frequência de doadores de critérios expandidos, tempo
de isquemia fria, incidência de DGF, tempo de diálise pré-transplante e filtração glomerular estimada aos 6 e 12 meses. A incidência de rejeição aguda em 12 meses pós-TR foi significativamente
maior no grupo HIV+ (26 pacientes; 50%) versus controles (32 pacientes; 30,8%), (P= 0,019). A incidência global de infecções também foi maior no grupo HIV+ (32 pacientes; 74,4%) versus
controles (49 pacientes; 54,4%), (P=0,027). As sobrevidas dos pa-
cientes nos primeiros 12 meses foi respectivamente 92,2% (grupo
HIV) e 100% (grupo controle) (P=0,001). As sobrevidas dos enxertos nos primeiros 12 meses foram de 92,3% (grupo HIV) e 99%
(grupo controle) (P=0,002).
Conclusão: Na experiência brasileira com transplante renal em pacientes infectados pelo HIV observam-se resultados aceitáveis. O
seguimento desse grupo de pacientes em longo prazo é necessário
para que se avalie a segurança do procedimento nesta população.
CO24
JC VÍRUS NEPHROPATHY: MYTH OR REALITY?
Sara Querido, Cristina Jorge, Patrícia Matias, Henrique Sousa,
Rita Birne, André Weigert, Teresa Adragão, Margarida Bruges,
Sância Ramos, Paulo Paixão, Domingos Machado
Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental - Hospital de Santa Cruz,
Serviço de Nefrologia, Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Nova de Lisboa
A 61 year old man with a past history of hypertension, ischemic
stroke without sequelae, treated Lyme disease and chronic kidney
disease of unknown etiology was submitted to dialysis between 2003
and 2009. He received a kidney from a deceased 46-year-old
donor in August 2009 with 5 HLA mismatches. The receptor presented 0% PRA and Anti HLA class I and II antibodies were both negative; donor and recipient were both CMV IgG positive.
He received immunosuppression with basiliximab, tacrolimus, mycophenolate mofetil (MMF) and prednisolone; the post operative
period was uneventful and he was discharged on the 11th day of
hospitalization with eGFR (EPI) of 94 ml/min/1.73 m2.
Between 2009 and October 2013, no complications were noted,
and he maintained stable renal function. In March 2010, JC viruria
(2.3 x 104) with a negative viremia was identified for the first time.
Renal function and tacrolinemia (7-11 ng/ml) remained stable.
From November 2013 we found an increase of JC viruria (4.7 x
1014), which was associated with viremia after January 2014 (1.1 x
103). BKV viruria and viremia remained negative. Estimated GFR
decreased to 36 ml/min/1.73 m2. The renal allograft biopsy revealed a SV40 positivity in the tubular epithelium and the diagnosis
was "polyoma virus associated tubulointerstitial nephritis and grade
II chronic allograft nephropathy." BKV remained undetected both in
urine and plasma by PCR. De novo anti HLA class I and II and a
donor-specific (DSA) non complement fixing HLA antibodies were
detected. MMF dose was reduced and ciprofloxacin was started. Six
weeks later, JC viruria and viremia were still present, but eGFR increased to 48 ml/min/1.73 m2. Real-time PCR confirmed the presence of JCV and absence of BKV in the graft biopsy.
Bibliography on JCV nephropathy without co-infection with BKV is
scarce. However, there are cases in the literature that seem to associate JCV with nephropathy, translated by interstitial nephritis, inflammation and focal fibrosis, although not always documented with
the identification of JCV in kidney tissue.
This case suggests that patient’s nephropathy was due to JCV isolated infection. “Benignity” of JCV should be reconsidered in the
context of kidney transplantation.
CO25
RESULTADOS NO LONGO PRAZO DE TRANSPLANTE RENAL
UTILIZANDO DOADORES COM SOROLOGIA POSITIVA
PARA HEPATITES B/C EM UM CENTRO BRASILEIRO
Valter Duro Garcia, Larissa Sgaria Pacheco, Diego Gnatta,
João Carlos Goldani, Japão Dröse Pereira, Marcelo Kemel
Zago, Géssica Steindorff, Tiago Araújo Borges, Cynthia Keitel
da silva, Elizete Keitel
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre –
Serviço de Nefrologia e Transplante Renal, Universidade Federal
de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Programa de PósGraduação em Patologia
Resumo:
São controversos os dados em relação aos resultados no longo
prazo de pacientes transplantados renais utilizando rins de doadores
com sorologia positiva para hepatites B/C, em receptores com
mesma sorologia, comparados com transplantes com rins de doadores com sorologias negativas. Mesmo com grande déficit de órgãos doadores com critérios expandidos não tem sido amplamente
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aceitos, especialmente no que se refere ao risco de transmissão de
doenças infecciosas. Baseados em dados prévios, a política do Serviço foi de expandir os critérios de aceitação de doadores renais
com sorologias positivas para hepatites B/C em receptores de
mesma sorologia, na tentativa de aumentar a oferta de rins sem
causar prejuízo aos receptores no longo. Para avaliar os resultados
dessa política foi realizada a análise dos resultados dos transplantes
no longo prazo. Foram revisados dados de 18 anos de experiência
com doadores cadáveres. Todos os órgãos de doadores anti-HCV+
foram transplantados em receptores de mesma sorologia. Adicionalmente, todos os órgãos de doadores HBsAg+ e/ou anti-HBctotal+ foram transplantados em receptores HBsAg+ ou anti-HBs+.
Desde agosto de 1990 até dezembro de 2008, 68 transplantes renais foram realizados usando doadores com HCV e HBV (Grupo1)
e 984 sem hepatites (Grupo2). O Acompanhamento médio foi 4.7
anos. Em 1, 5 e 10 anos a sobrevida do paciente foi 95,2%, 82,7%
e 78,1% no Grupo 1 versus 91,5%, 82,4% e 71,7% no Grupo 2 (p
= 0,694). A sobrevida do enxerto, no mesmo período de tempo,
foi de 87,9%, 64,2% e 54,5% no Grupo 1 versus 83,5%, 67,7% e
52,5% no Grupo 2 (p = 0,803). No Grupo 1, 9 dos pacientes
(13,2%) foram a óbito, 2 diretamente atribuídas a doenças hepática. A causa da morte em 5 pacientes foi infecção e em 2 pacientes
doenças cardiovasculares. Doze pacientes retornaram à diálise
(17,6%). Em conclusão, o resultado no longo prazo dos receptores
de doadores falecidos com HVC ou HBV são similares em termos
de sobrevida do paciente e do enxerto. Estes dados sugerem que o
uso de rins de HVC ou HBV positivo é uma estratégia segura no
longo prazo, que aumentam o número de transplantes renais.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO26
GAMAPATIA MONOCLONAL DE SIGNIFICADO
INDETERMINADO (MGUS) NO PÓS-TRANSPLANTE RENAL:
RESULTADOS DE UM CENTRO DE TRANSPLANTAÇÃO
Luís Rodrigues1, José Gago1, Tânia Santos1, Luís Escada1,
Catarina Romãozinho1, Helena Sá1, Luís Freitas1, Rui Alves1,
Mário Campos1, Alfredo Mota2
1-Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2-Serviço de Urologia e Transplantação Renal, Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Introdução: A gamapatia monoclonal de significado indeterminado
(MGUS) é uma condição pré-maligna, assintomática, caracterizada
pela proliferação monoclonal de plasmócitos com risco de evolução
para mieloma múltiplo (MM), doença linfoproliferativa, amiloidose
de cadeias leves e doença de depósito de imunoglobulinas. É definida pela presença de menos de 3g/dL de proteína monoclonal,
menos de 10% de plasmócitos na medula óssea e ausência de atingimento de órgão alvo (hipercalcémia, insuficiência renal, anemia
ou lesões líticas ósseas directamente atribuídas à gamapatia monoclonal). Apesar da grande incidência na população em geral, existem poucos estudos sobre a evolução clínica desta entidade ou do
seu perfil de risco em doentes transplantados renais.
Material e métodos: Estudo retrospectivo de centro único com análise de 2424 transplantes renais e identificação dos doentes que apresentaram diagnóstico de gamapatia monoclonal por imunofixação
sérica no período pós-transplante. Recolhidos dados demográficos,
clínicos e laboratoriais desde o follow-up pós-transplante com análise
de sobrevida, evolução para doença plasmocitária maligna e diagnóstico de doença linfoproliferativa pós-transplante (PTLD).
Resultados: Identificados 221 doentes com MGUS (9% da população inicial). Relação ♂/♀ 2.2:1; média de idade ao diagnóstico:
55.68 ± 12.3 anos; follow up médio após diagnóstico de 48,71
± 12.67 meses. A média de idades na data do transplante é maior
nos doentes com MGUS (48.71±12.67 vs 43.91±14.03,
p<0.0001). Não se encontraram outras diferenças de significado
estatístico entre os dois grupos nas variáveis estudadas. Um doente
evoluiu para MM e outro desenvolveu uma Macroglobulinemia de
Waldenström (MW). Dos 18 doentes que desenvolveram PTLD na
população estudada, 6 apresentavam diagnóstico de MGUS previamente (odds ratio [OR] 5.09, intervalo de confiança 95% [CI]
1.89-13.71, p=0.002). A sobrevida do enxerto e a sobrevida global não foram significativamente diferentes nos doentes com e sem
diagnóstico de MGUS. A evolução para uma condição maligna dos
doentes com MGUS foi associado a sobrevida significativamente
pior (log-rank p<0.001).
19
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
Conclusão: O diagnóstico de MGUS no pós-transplante não parece estar associado à evolução para MM ou MW, contudo os
doentes com esta condição parecem apresentar maior predisposição para o desenvolvimento de PTLD.
CO27
IMMUNOSUPPRESSION AND BK POLYOMA VIRUS
INFECTION AFTER RENAL TRANSPLANTATION
Sara Querido1, Ivo Laranjinha1, Teresa Adragão1, Cristina
Jorge1, Margarida Bruges1, Mário Cunha2, Luis Martins2, André
Weigert1, Rita Birne1, Patrícia Matias1, Henrique Silva Sousa1,
Ana Casqueiro1, Regina Oliveira1, Domingos Machado1
1-CHLO, Unidade de Transplantação Renal, Hospital de Santa
Cruz; 2-IPOLG, EPE, Serviço de Patologia Clínica, Laboratório de
Virologia.
BK polyomavirus infection after renal transplantation (RT) may cause
graft dysfunction. The main objective of this study was to evaluate
the effect of immunosuppression (IMS) during the first 3 months (M)
after RT, on BK viremiaand viruria. In this prospective study we evaluated 220 consecutive patients (pts) (65% males, 14% diabetics)
submitted to RT from 2009-2011. BK viremia and viruria were evaluated by in house Real Time PCR (124bp from VP2 Region) monthly
till M6 and each 3M till 2Y after RT. IMS induction consisted of Basiliximab in 129 pts (59%, Gr1), ATG in 57 pts (26%, Gr2) and
ATG+Rituximab+IvIg in 34 pts (15%, Gr3). During a follow-up of
48±10M viruria>0 copies/mL (n=117, 53%), viremia>0 (n=64,
29%), viruria>107 (n=38, 60%) viremia>104 (n=14, 6.4%) occurred respectively at 5.2±6M, 5.8±5M, 5.4±6M, 4.3±2M after
RT; negativation of viruria (n=70, 60%) and of viremia (n=58, 91%)
occurred respectivelyat 14.7±8M and 16.1±10M after RT; viruria
preceded viremia (1.7±2.4M); viremia negativation preceded
viruria negativation (6.7±8.8M).
In univariate analysis viruria>107 and viremia>0incidence in Gr2
vs. Gr1+Gr3, was respectively 26.3% vs. 14%, p=0.042 and
40.4% vs. 24.8%, p=0.037. Negativation timeof viruria in Gr1, 2
and 3 was 13.6±7M, 20.5±11M and 11.2±5M, p=0.008; cGFR
(CKD-EPI) inviruria>107 pts vs. all other pts12M was54±15 vs.
61±20 mL/min/1.73m2, p=0.024.
In different models, Gr2 predicted viremia>0 (OR=3.1; p=0.02),
viruria>107 (OR=2.6, p=0.034) and longer negativation time of
viruria (p=0.002); tacrolimus reduction dose predicted viruria negativation (p=0.03); Gr1 and Gr3 vs. Gr2 showed a 56%
(OR=0.44, p=0.047) and 66% (OR=0.34, p=0.045) risk reduction of viremia>0; cGFR at M12 was directly associated with Gr1
(p=0.015), with Tacrolimus levels at M3 (p=0.015) and inversely
associated with viruria>0 (p=0.049).
In summary, ATG induction was associated with 3.1 and 2.6-fold
increased risk of viremia>0 and viruria>107 and with later negativation of viruria.Occurrence of viruria was a predictor of worse
graft function at M12. Basiliximab vs. ATG induction showed 56%
risk reduction of viremia. Unexpectedly ATG+Rituximab+IvIg vs. ATGinduction showed 66% risk reduction of viremia.It is necessary to
evaluate the effect of IvIgand Rituximab on viremia.
CO28
LEISHMANIOSE VISCERAL EM TRANSPLANTE RENAL – SÉRIE
DE CASOS
Claudia Maria Costa de Oliveira, Eveline. S. Girão, Larissa C.
O. Santos, Silvana C. Andrade, Marcia U. Mota, Daniela C. O.
Santos, Sonia L. Silva, Wilson B Mendes, Paula FCBC
Fernandes
Hospital Universitário Walter Cantideo – UFC – Ceará – Brasil
20
Introdução: Em receptores de transplante (Tx) renal, as manifestações clínicas da leishmaniose visceral (LV) podem ser atípicas e o
diagnóstico atrasado, além da possibilidade de falência terapêutica
e relapsos pós-tratamento. Não há diretrizes sobre a duração ideal
de tratamento e a indicação de profilaxia secundária neste grupo
de pacientes.
Objetivo: Relatar casos de LV em receptores de um único centro,
com ênfase no tipo de tratamento, relapsos e uso de profilaxia secundária.
Relato de casos: LV foi diagnosticada em 12 receptores de Tx renal
no período de 2000-2013, sendo 9 do sexo masculino, idade
média de 43,7 anos (23-65) e 11 com doador falecido. O tempo
do diagnóstico da LV foi < 6 meses pós-Tx em 3 casos, entre 612m em 6 e > 12m em 3. O tempo entre o início dos sintomas e
o diagnóstico de LV foi em média de 27 dias. As manifestações clínicas mais prevalentes foram febre (11 receptores), leuco-plaquetopenia (n=12), esplenomegalia (n= 11), anemia (n=9). O
diagnóstico foi realizado por mielograma revelando o parasita em
7 casos, diagnóstico sorológico (antígeno k39) em 4 e biópsia
óssea em 1. O tratamento com sucesso foi realizado com glucantime em 2 casos (28 dias) e anfotericina lipossomal em 10 casos
(10-21 dias), com tendência ao aumento da duração do tratamento
nos últimos anos. Profilaxia secundária foi utilizada em 9 receptores
com anfotericina B (2 casos), lipossomal (6 casos) e fluconazol (1
caso). A duração da profilaxia variou entre 3-6 meses. Houve apenas um caso de relapso 2 anos pós-tratamento, em receptor que
não fez profilaxia secundária. Não houve óbitos relacionados à LV,
apenas 1 paciente devido pneumonia 13 meses após LV.
Conclusão: O diagnóstico de LV deve ser considerado em todos os
receptores de Tx renal com febre, pancitopenia e/ou esplenomegalia.
O antígeno k39 é um teste que pode ser muito útil, principalmente
quando o mielograma é negativo para LV. Não há recomendações
universalmente aceitas sobre a duração da terapia e o uso de profilaxia secundária em pacientes imunossuprimidos, mas os autores
consideram importante e relatam a sua experiência clinica.
CO29
HISTOPLASMOSE E CRIPTOCOCOSE PÓS-TRANSPLANTE
RENAL E RIM-PÂNCREAS: INCIDÊNCIA, APRESENTAÇÃO
CLÍNICA, FATORES DE RISCO E PROGNÓSTICO.
Débora Bignotto Rosane, Elias David Neto, Luiz Sérgio
Azevedo, Flávio Jota de Paula, Flávia Rossi, William Carlos
Nahas, Edson Abdala, Maria Aparecida Shikanai-Yasuda, Lígia
Camera Pierrotti
Serviço de Transplante Renal do Hospital das Clinicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – São
Paulo – Brasil
Introdução: Histoplasmose ocorre em < 1% pós-transplante renal
(TxR). Criptococose é a 2a infecção fungica mais freqüente pós-TR,
com incidência até 5%.
Material e Método: Estudo observacional retrospectivo dos casos
de histoplasmose e criptococose pós-TR e transplante de rim-pancreas (TxRP) de janeiro 2000 a dezembro 2012 em um hospital universitário. Os casos foram identificados por revisão de prontuário
e resultados microbiológicos e histológicos.
Foram incluídos os casos confirmados por cultura positiva e/ou
exame histológico. Os casos foram classificados como disseminado
(evidencia radiológica, histológica ou microbiológica de 2 órgãos
comprometidos ou cultura de sangue ou medula óssea positiva); e
localizado.
Resultados: Identificamos 9 casos de histoplasmose e 17 de criptococose. A incidência de histoplasmose foi de 0,8/1.000 pacientes-ano pós-TxR e a incidência de criptococose foi de 1,07 e
4,67/1.000 pacientes-ano pós-TxR e pós-TxRP, respectivamente.
A média de idade dos casos de criptococose foi maior em comparação a histoplasmose (50 vs 26 anos, p 0,04), e transplante com
doador falecido (TxDF) ocorreu em 53% dos casos de criptococose
e zero de histoplasmose (p 0,009). Não houve diferença quanto ao
sexo, presença de DM, HLA mismatch, tempo de transplante, indução com ATG e imunossupressão.
Doença localizada foi mais freqüente; histoplasmose disseminada
ocorreu em 33% e criptococose em 12% dos casos (p 0,3); criptococose em SNC em 59%.
Na análise multivariada, os fatores de risco para doença fungica
foram TRP (p 0,04) e TxDF (p 0,03).
Terapia inicial com anfotericina foi utilizada em 88% dos casos de
criptococose e 56% de histoplasmose. Recidiva ocorreu em um caso
de criptococose e nenhum de histoplasmose. Durante o tratamento,
perda de enxerto e óbito ocorreu em um caso e 6 casos de criptococose e em zero e 2 casos de histoplasmose, respectivamente (NS).
Após 12 meses de tratamento, perda de enxerto e óbito ocorreu
em um e zero casos de criptococose e 2 e um caso de histoplasmose, respectivamente (NS).
Conclusões: Criptococose é mais frequente que histoplasmose
pós-TR/ TRP. O tempo de início da doença pós-transplante foi simi-
lar e fatores de risco foram TxDF e TRP. A sobrevida do enxerto e
do paciente foram similar pós-doenças fungicas.
Palavras Chaves: Histoplasmose/ Criptococose/ transplante rim/
transplante rim-pancreas/ disseminada X localizada/ sobrevida
CO30
FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO POR K. PNEUMONIAE
PRODUTORA DE CARBAPENEMASE EM PACIENTES
TRANSPLANTADOS RENAIS.
Maristela P. Freire1, Andrea Marques Miranda3, Fernanda
Spadao1, Thais Guimarães1, Flavio Jota de Paula4, Flávia
Rossi2, Hélio Hehl Caiaffa Filho2, William Carlos Nahas4,
Edson Abdala3, Elias David Neto4, Lígia Camera Pierrotti3
1-Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, 2-Divisão de
Laboratório Central, 3-Grupo de Infecção em Imunodeprimido e
4-Serviço de Transplante Renal do Hospital das Clinicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – São
Paulo – Brasil.
Descrição dos fatores de risco para infecção por K. pneumoniae
produtora de carbapenemase (KPCKp) em pacientes transplantados
renais.
Os casos foram identificados por vigilância ativa de janeiro 2009
a dezembro 2013 e comparados com o total de pacientes do
mesmo período sem cultura positiva para KPCKp. Todas as cepas
de K. pneumoniae com MIC maior que 1 para Ertapenem pelo método automatizado VITEK foram submetidas ao teste de Hodge e
os testes positivos e inconclusivos confirmados por PCR para o gene
blakpc. As variáveis analisadas foram sexo, idade, tipo de transplante, tipo de doador, transplante prévio, tempo de isquemia fria,
diabete mellitus, terapia de imunossupressão, diálise pós-tx, rejeição celular aguda, doença por CMV, uso de stent ureteral, uso de
dispositivos invasivos. Análise estatística foi por teste de Mann-Whitney e chi-square para a análise univariada e Step-wise logistic regression para a análise multivariada.
De 84 pacientes com cultura positiva para KPCKp, 35 tinham infecção, sendo 31 (37%) com gene blaKPC confirmado. O sitio de
infecção mais comum foi sitio cirúrgico (39%), seguido por trato
urinário. Dispositivo invasivo foi presente em 5 e infecção de foco
profundo com indicação cirúrgica em 12 casos. A media de tempo
entre transplante e infecção foi 54 dias. Quinze pacientes eram colonizados previamente, e o tempo médio entre colonização e infecção foi 24 dias.
25 casos de infecção foram pós-transplante de rim (2,2%), e 6 póstransplante duplo (4 rim-figado e 2 rim-pancreas). A média de
idade foi 54 anos e 81% transplantado de doador falecido. No período de 30 dias antes da infecção, 16 pacientes necessitaram de
diálise, 14 utilizaram stent ureteral, 5 realizaram tratamento de rejeição celular aguda e 5 tiveram doença por CMV.
Na análise univariada, os fatores de risco para infecção por KPCKp
foram idade do receptor (p 0,05), transplante duplo (p < 0,001),
doença por CMV (p 0,012), uso de stent ureteral (p 0,003). Na
analise multivariada, o único fator de risco foi transplante duplo (p
< 0,001).
Pacientes pós-transplante de rim-figado e rim-pancreas são de
maior risco para infecção por KPCKp.
CO31
INFEÇÕES FUNGICAS INVASIVAS APÓS TRANSPLANTE
RENAL
Telma Santos, Cecília Santana, Brigite Aguiar, Lídia Santos,
Catarina Romãozinho, Andreia Borges, Rui Tomé, Fernando
Macário, Rui Alves, Mário Campos, Alfredo Mota
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Introdução: As infecções fúngicas invasivas (IFI) constituem um problema crescente em transplantação renal, estando associadas a aumento da mortalidade, disfunção do enxerto e rejeição. É
necessário elevado índice de suspeição clínica e instituição de terapêutica antifúngica atempada.
Objectivo: Descrever a frequência, manifestações clínicas e evolução das IFI não Pneumocystis em transplantados renais.
Método: Estudo retrospectivo descritivo incluindo todos os transplantados renais seguidos neste centro, com diagnóstico de IFI entre
2003 e 2013 comprovado por cultura, baseado na revisão das cul-
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turas de fungos do Laboratório de Microbiologia e dos registos clínicos individuais.
Resultados: Identificamos 43 casos de IFI, numa população de
2156 transplantados renais, a maioria dos quais em doentes transplantados após o ano 2000 (n=38). Os diagnósticos foram aspergilose broncopulmonar (n=11, dos quais A. fumigatus n=9, A.
flavus n=2), micose subcutânea (n=11, dos quais Alternaria n=9,
Paecilomyces n=1, Pseudallescheria n=1), candidíase disseminada
(n=11, dos quais C. albicans n= 6, C. não-albicans n=5), criptococose disseminada (n=7, 2 dos quais com envolvimento meníngeo) pneumonia a fungos filamentosos não-aspergillus (n=2) e
pneumonia a Geotrichum capitatum (n=1). Todos os casos ocorreram em receptores de rim de dador cadáver. A imunossupressão
inicial foi baseada em timoglobulina em 16 casos e 8 casos em basiliximab, os restantes 19 casos sem indução. Seis IFI ocorreram no
período pós-transplante precoce (em média após 53 dias) e 37 no
período tardio (em média após 4,2 anos). A apresentação clínica
mais frequente foi síndrome febril resistente aos anti-bacterianos.
O tratamento consistiu em voriconazol ou caspofungina na aspergilose, itraconazol e biópsia excisional ou crioterapia nas micoses
subcutâneas, fluconazol na maoria das candidíases e anfotericina
B na criptococose. Catorze doentes faleceram. Sete doentes perderam o enxerto no contexto da infecção e 5 evoluíram com disfunção
grave e perda alguns meses depois.
Conclusão: Este estudo obteve resultados que estão de acordo
com outros descritos na literatura. O uso de imunossupressão mais
potente bem como a idade tendencialmente mais avançada dos receptores poderão justificar as proporções crescentes, pelo que salientamos a necessidade de elevado índice de suspeição.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO32
INFLUÊNCIA DA VITAMINA D SOBRE O CONTROLO
GLICÉMICO DE DOENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
D. Guelho1, M. Bastos1, C. Baptista1, I. Paiva1, R. Alves2, A.
Roseiro3, J. Saraiva1, C. Moreno1, N. Vicente1, L. Cardoso1, R.
Dantas4, A. Mota3, F. Carrilho1
1-Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra, HUC-CHUC, E.P.E.
2-Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra, HUC-CHUC, E.P.E. 3-Serviço de Urologia e
Transplantação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra,
HUC-CHUC, E.P.E. 4-Serviço de Endocrinologia, Diabetes e
Nutrição do Centro Hospitalar Baixo Vouga, E.P.E.
Introdução: A vitamina D parece influenciar múltiplos aspetos do
metabolismo glucídico. Estudos prévios demonstraram uma correlação inversa entre o valor de vitamina D e de HbA1c em doentes
com diabetes tipo 2 ou gestacional. No entanto não existem estudos
publicados acerca desta relação em doentes transplantados renais,
quer com diabetes prévia quer após transplante.
Objetivos: Avaliar os níveis de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D] em
transplantados renais e a sua relação com o controlo glicémico dos
doentes diabéticos.
Material e Métodos: Estudo observacional transversal de doentes
avaliados em consulta de Urologia e Transplantação, entre janeiro
e maio de 2013. Excluídos aqueles transplantados há ≤6 meses ou
sob fármacos que interferissem com o doseamento de 25(OH)D.
Recolhidos: parâmetros antropométricos; antecedentes; terapêutica;
e complicações pós-transplante. Efetuado estudo analítico com doseamento de creatinina, cálcio, albumina, 25(OH)D, paratormona,
glicemia, HbA1c, uricemia e PCR. Análise estatística: SPSS(21).
Resultados: Incluídos 185 doentes (125♂/60♀), com 55,5 ± 10
anos, transplantados há 6,09 ± 5,88 anos. O valor médio de
25(OH)D foi 17,8±10,4ng/mL, com deficiência em 71,1%
(n=131), insuficiência em 19,3% (n=36) e suficiência em 9,6%
(n=18) dos doentes. Os doentes foram subdivididos em GI: normoglicemia (22,2%, n=41); GII: diabetes tipo 1 (DM1) (9,2%, n=17);
GIII: diabetes tipo 2 (DM2) (22,7%, n=42); e GIV: diabetes póstransplante (DMPT) (45,9%, n=85). Os níveis de 25(OH)D foram
significativamente inferiores em doentes diabéticos, particularmente
naqueles com DM2 (GI:20,4±7,1; GII:17,3±13,9; GIII:15,4±7,4;
GIV:17,8±11,9ng/mL, p<0,01). O valor de 25(OH)D apresentou
uma correlação inversa com a dose de corticóides (r=-0,17,
p<0,05), com os níveis de paratormona (r=-0,27, p<0,01) e com
o valor de HbA1c(r=-0,38, p<0,01). Nos doentes de GIII e GIV, a
21
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
25(OH)D constituiu mesmo um fator preditor independente da
HbA1c (B=-0,84 e B=-0,21, respetivamente, p<0,05).
Conclusões: Verificou-se uma elevada frequência de deficiência
de 25(OH) D em doentes transplantados renais, Os valores de
25(OH)D foram significativamente inferiores nos transplantados
diabéticos, particularmente com DM2. Os níveis de 25(OH)D correlacionaram-se de forma inversa com a HbA1c, e influenciaram
de forma independente o controlo glicémico dos doentes com DM2
e DMPT. Em doentes transplantados renais, uma adequada suplementação vitamínica poderá facilitar o controlo glicémico e eventualmente atrasar o aparecimento de DMPT.
CO33
CALCINEURIN FREE PROTOCOL IS ASSOCIATED WITH
INCREASE IN FOXP3 EXPRESSION IN THE PERIPHERAL
BLOOD OF RECIPIENTS OF EXTENDED CRITERIA DONOR
KIDNEYS.
Cinthia Dias, Heloisa Caldas, Rodolfo Nunes, Camila Mazeti,
Ida Charpiot, Maria Alice Baptista, Mario Abbud-Filho
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto- Laboratório de
imunologia e Transplante – LITEX, Instituto de Urologia e
Nefrologia, São José do Rio Preto, SP, Brasil.
Background: The significance of the factor forkhead box (FOXP3)
expression in the peripheral blood of renal transplant recipients (RTx)
of extended (ECD) or standard (SCD) criteria donor kidneys is yet to
be determined.
Aim: To investigate the clinical significance of FOXP3 level in relation to the type of kidney donor, immunosuppressive protocol (ISS)
and graft function in stable ECD RTx.
Methods: Prospective, open label study with 36 stable RTx randomized according to the type of donor (ECD/SCD) to receive tacrolimus
(TAC; n= 19) or everolimus (EVL; n=17) based protocols combined
to mycophenolate sodium, prednisone and induction therapy with
basiliximab. Using qRT-PCR we measured FOXP3 expression in the
peripheral blood of patients (pts) at the 3rd month after Tx.
Results: Greater expression of FOXP3 was observed in recipients of
ECD when compared to SCD kidneys (ECD=1.98 ± 2.8 vs SCD=
0.63 ± 0.71; p=0.02). EVL based immunosuppression (EVL= 1.49
± 2.1 vs TAC= 0.51 ± 0.57; p=0.03) and absence of DGF postTx (DGF - = 1.94 ± 2.5 vs DGF+ = 0.54 ± 0.6; p=0.014) were
also associated with high levels of FOXP3 expression. Cold ischemia
time, acute rejection episodes and serum creatinine (sCr) at 3rd
month were not associated with changes in FOXP3 expression. Multivariate logistic regression analysis showed that ECD (p= 0.025)
absence of DGF (0.015) were independently associated with high
levels of FOXP3. Correlation between sCr and FOXP3 was inverse
in TAC treated pts and positive in those taking EVL (r= 0.74, P =
0.007). FOXP3 expression was low in kidneys with mild or no
chronic lesions (IFTA score < 2) regardless the ISS. In contrary, patients treated with EVL presenting IFTA score ≥ 2 had increased expression of FOXP3 (p=NS vs TAC).
Conclusions: Our results suggest that recipients of ECD kidneys
without having undergone DGF, treated with EVL presented an increased expression of FOXP3 in their peripheral blood. The higher
FOXP3 levels associated with more chronic histological lesions may
represent an anti-inflammatory response elicited by ongoing chronic
allograft damage.
Descritores: Foxp3, Everolimus, kidney transplantation, ECD kidneys.
CO34
IDENTIFYING THE CYTOKINE MOLECULAR PROFILE OF
EXTENDED CRITERIA DONOR (ECD) KIDNEYS
Camilla Montoro Mazeti, Heloisa Cristina Caldas, Julio Cesar
Razera, Cinthia Dias, Ida M M Fernandes, Maria Alice S F
Baptista, Mario Abbud Filho
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto / FAMERP,
Hospital de Base/Funfarme.
22
Introduction: Extended-criteria donors (ECD) are known to have
worse long term results than standard criteria donor (SCD) kidneys.
The profile of cytokine expression in pretransplantation ECD donor
kidneys has yet to be elucidated.
Objective: To identify the expression of inflammatory and anti-inflammatory cytokine in preimplanted donor kidney biopsies (BxT0)
of ECD and SCD. Materials and Methods: Eighty BxT0 (SCD n =
52; ECD n = 28) biopsies were analyzed to measure expression levels of FOXP3, TGF-β, MCP-1, RANTES and IL-10 in a blinded fashion by quantitative real-time reverse transcription polymerase chain
reaction (qRT-PCR).
Results: Expressions of proinflammatory cytokines MCP-1 and
RANTES were significantly higher in kidneys ECD (SCD MCP-1 =
14.4 ± 37.5 vs. ECD = 33 ± 66; P = 0.014; SCD RANTES =
6.68 ± 20.3 vs. ECD = 15.7 ± 32.6; P = 0.079). Anti-inflammatory cytokines IL-10 and TGF-β were also increased in ECD kidneys
(SCD IL-10 = 6.49 ± 13.7 vs. ECD = 16.79 ± 17.8; p = 0.032;
SCD TGF-β = 7.3 ± 12.4 vs. ECD = 12.19 ± 15.7; p = 0.0201)
while FOXP3 expression was not different between both types of kidneys (SCD = 11.65 ± 45.6 vs. ECD = 8.14 ± 14.3; P = 0.55).
Conclusion: We suggest that increase in anti-inflammatory cytokines could be the result of a compensatory immune response occurring in suboptimal kidneys.
CO35
PAPEL DA BIÓPSIA PRÉ-IMPLANTE E DOS DADOS CLÍNICOS
DO DADOR NA PREVISÃO DOS RESULTADOS FUNCIONAIS
DO TRANSPLANTE RENAL
Edgar Tavares da Silva1, Rui Oliveira2, Vera Marques1, David
Castelo1, Vítor Sousa2, Pedro Simões1, Carlos Bastos1, Arnaldo
Figueiredo1, Alfredo Mota1
1-Serviço de Urologia e de Transplantação Renal, 2-Serviço de
Anatomia Patológica, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Introdução: Nos últimos anos temos vindo a assistir a um aumento
do número de rins de dadores de critério expandido (DCE). É importante fazer-se uma avaliação rigorosa destes enxertos para conhecer a sua utilidade. No entanto, não há ainda consenso sobre
como o fazer. O objectivo deste trabalho é comparar a capacidade
de previsão do resultado funcional do transplante por dois métodos
diferentes – a biópsia pré-implante e dados clínicos do dador.
Material e métodos: Revisão de todos os rins colhidos em dadores
cadavéricos para transplante, por um centro académico, entre Janeiro de 2008 e Setembro de 2013. Seleccionaram-se os órgãos
de DCE submetidos a biópsia pré-implante. Quando consideradas
relevantes pela equipa de transplantação de serviço, foram realizadas biópsias por agulha, no momento da colheita. Dois anatomopatologistas foram responsáveis pelas análises e a classificação
usada foi a de Remuzzi. A análise estatística foi feita com recurso ao
SPSS V.21.0. Correlacionou-se a idade do dador, a taxa de filtração
glomerular (TFG) do dador e as pontuações globais e parcelares
das biópsias, com as TFG dos receptores em diferentes prazos.
Resultados: Seleccionaram-se 134 enxertos de dadores com uma
idade média de 69.2 anos e com uma TFG média de 81.9 mL/min.
Realizaram-se 112 transplantes simples e 11 transplantes duplos.
A pontuação mediana dos enxertos foi 3. Até aos 3 anos de seguimento, não há correlação entre a idade e a TFG do dador e a TFG
do receptor em diferentes prazos. A pontuação global correlacionou-se com o resultado do transplante a curto prazo – 3 e 6 meses
(p=0.005 e 0.004) – e a mais longo prazo – 2 e 3 anos (p=0.015
e 0.010). Por separado, as pontuações dos glomérulos e do interstício correlacionaram-se com a TFG nos prazos mais curtos – aos
3 meses p=0.025 e 0.037 – já as artérias e os túbulos correlacionaram-se com a TFG nos prazos mais longos – aos 3 anos
p=0.004 e 0.010.
Conclusões: A biópsia apresentou melhor desempenho na medida
em que o seu resultado se correlacionou com as TFG nos diferentes
prazos, o que reforça a sua importância na avaliação de enxertos
de DCE.
CO36
CONVERSÃO DA TERAPÊUTICA COM ADVAGRAF® PARA
TACROLIMUS GENÉRICO
Maria João Melo, João Gonçalves, José Guerra, Célia
Nascimento, Alice Santana, A. Gomes da Costa
Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Hospital de Santa Maria,
Serviço de Nefrologia
Introdução: Vários estudos mostram a segurança da conversão de
tacrolimus de libertação rápida para tacrolimus de libertação prolongada Advagraf® (TACLP). Não são conhecidos trabalhos indica-
dores da eficácia e segurança da conversão de TACLP para tacrolimus de libertação rápida genérico (TACLRG).
Objectivos: Avaliar o impacto, perfil de segurança, efeitos secundários e função do enxerto renal, na conversão da terapêutica com
TACLP para TACLRG.
População e métodos: Estudo prospectivo ao longo de 9 meses.
Conversão de 1:1 do TACLP para TAC LRG. Controlo da dose e
dos níveis séricos de tacrolimus e função renal no dia da conversão,
aos 15 dias, 1, 3 e 6 meses, após os ajustes necessários para atingir
a estabilidade analítica e clínica.
Resultados: 123 doentes: 68 do género masculino (55,3%); idade
de 49,9 ± 12 anos; 100 (81,3%) leucodérmicos; tempo de transplante 4,63±4,4 anos. A creatininémia média antes da conversão,
ao primeiro e sexto mês permaneceu estável (1,40 mg/dL;
1,43mg/dL e 1,46 mg/dL, respectivamente). Foi necessário reduzir
a dose do fármaco: 5,9 ± 3,30 mg antes; 5,33 ± 3,05 ao primeiro
mês; 4,9 ± 2,92 ao terceiro mês (p=0,000). A dose em mg/Kg
passou de 0,90 antes da conversão para 0,82 e 0,75 ao primeiro
e terceiro mês (p=0,000).
Quinze dias após a conversão para TACLRG verificou-se aumento
de 7.69 ng/dL para 9,07 ng/dL nos níveis séricos (17,99%;
P=0,000) e 35 doentes tiveram doseamento acima de 10 ng/dL.
Após os ajustes necessários, ao fim do 1º mês e do 6º mês o doseamento foi de 8,19 ng/dL (p=0,02) e de 7,80ng /dL (p=0,6).
Foram necessários pelo menos 3 doseamentos para atingir os níveis
iniciais do fármaco, com uma redução da dose de tacrolimus de
16,7%.
9% dos doentes tiveram efeitos adversos, relacionados com doseamentos elevados do fármaco.
Não houve episódios de rejeição aguda nem perda de enxerto.
Conclusões: No período de estudo a conversão de TACLP para
TACLRG mostrou-se segura, a dose para atingir os valores alvo foi
mais baixa e os efeitos adversos foram atribuídos a concentrações
transitórias elevadas do tacrolimus.
CO37
DADOR VIVO: CARATERISTICAS QUE INFLUENCIARAM A
FUNÇÃO DO ENXERTO RENAL DO RECEPTOR 1 ANO APÓS
O TRANSPLANTE
José Guerra, Maria João Melo, Alice Santana, João Gonçalves,
Célia Nascimento, A. Gomes da Costa
Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Hospital de Santa Maria,
Serviço de Nefrologia
É conhecido o valor do filtrado glomerular estimado (eGFR) ao fim
do 1º ano, no prognóstico e sobrevida do enxerto a longo prazo.
Objectivos e métodos: Avaliar a influência da idade, género,
eGFR antes da nefrectomia e capacidade de vicariação e reserva
funcional do rim restante do dador vivo, com a eGFR do receptor
no 1º ano pós-transplante. A eGFR foi avaliada pela CKD-EPI
Creatinine Equation.
Resultados:
Dadores: nº 55; idade 45,84 ± 11,03 anos, 69% género feminino.
Receptores: idade 34,94 ± 12,3 anos, 49% género masculino.
eGFR média do dador antes da nefrectomia: 104,75 ± 13,36
mL/min/ 1,73m2.
eGFR média do dador 1º ano após a nefrectomia: 71,13 ± 13,66
mL/min/ 1,73 m2.
eGFR média do receptor 1º ano pós-transplante: 68,45 ± 10,43
mL/min/ 1,73 m2. (60% > 65 mL/min)
Percentagem de receptores que tinham no 1º ano pós-transplante
um eGFR superior a 15% do valor inicial do par após a nefrectomia: 31%.
Verificou-se uma influência significativa da idade, do género e da
eGFR do dador antes da nefrectomia, na eGFR do receptor após
um ano de transplante. O género feminino teve influência negativa.
A eGFR superior ou inferior a 65 mL/min/1,73 m2 dos receptores no
1º ano pós-transplante, foi influenciada pela idade do dador (inferior
ou superior a 45 anos) (p=0,002) e pela vicariação funcional do
dador (com aumento da eGFR superior a 15 mL/min/m²) (p=0,04).
Conclusão: os receptores com enxertos renais de dadores vivos
mais jovens, do género masculino, com um maior eGFR pré nefrectomia e maior capacidade de vicariação, têm um eGFR maior
ao 1º ano pós-transplante. Este facto poderá influenciar a sobrevida
destes órgãos a longo prazo.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
CO38
TERAPÊUTICA DE INDUÇÃO NA TRANSPLANTAÇÃO RENAL:
QUAL O SEU PAPEL NO DESENVOLVIMENTO DE DIABETES?
Ana Azevedo, Inês Aires, Cecília Silva, Aníbal Ferreira,
Francisco Remédio, Fernando Nolasco
Serviço Nefrologia, Hospital Curry Cabral, Lisboa, Portugal
O desenvolvimento de Diabetes Mellitus (DM) após o transplante
renal (TR) - NODAT - é uma complicação frequente, de etiopatogenia multifactorial. Estudos recentes apontam para que a terapêutica de indução com Basiliximab, comparativamente à ausência de
terapêutica de indução é um fator de risco para desenvolvimento
de NODAT. Vários outros estudos têm demonstrado que “missmatch” HLA são também fatores de risco nesta complicação.
O objectivo do estudo foi o de comparar a incidência de NODAT
em novos TR de acordo com a terapêutica de indução efectuada
(Basiliximab vs Timoglobulina), avaliando o risco diabetogénico dos
fármacos ou dos factores imunológicos.
Para tal, efectuámos um estudo retrospectivo, em 112 deontes (dts)
transplantados renais de 2007 a 2011 e comparámos a incidência
de NODAT ao primeiro e ao sexto mês. Os doentes de maior risco
imunológico (60 dts) realizaram indução com Timoglobulina (TG)
e os restantes (52 dts) com Basiliximab. A restante terapêutica imunossupressora (ISS) consistia em corticóides, MMF e um inibidor da
calcineurina (Tacrolimus).
Não se verificou diferença na incidência de NODAT no primeiro
mês (31.6% no grupo da TG vs 16% no grupo do Basiliximab,
p=0.08), mas ao 6º mês verificou-se maior incidência de NODAT
no grupo com maior risco imunológico (36.7% vs 19% p=0.04).
Não se verificaram diferenças no número de pulsos de metilprednisolona (MTP) entre os dois grupos no 1ºmes (média 4.85 vs 4.2,
p=0.06) e ao sexto mês (p=0.06). O grupo que desenvolveu
NODAT (N=32) fez o mesmo número de pulsos de MTP que o
grupo que não desenvolveu NODAT (N=80), (p=0.97), assim
como a mesma dose de PDN ao 1ºmês (p=0.47) e 6º mês
(p=0.58) e a mesma dose/Kg de tacrolimus em ambas as observações. Também não se observaram diferenças no número de rejeições nem na função renal.
Perante estes resultados, pode-se concluir que doentes com maior
risco imunológico têm também maior risco de desenvolver NODAT.
Estes resultados não são necessariamente contraditórios aos dos 2
estudos que mostram que o Basiliximab é dibetogénico, uma vez
que num o grupo do Basiliximab tinha mais “missmatch” HLA
(p=0.01) e no outro essa informação não é conhecida.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO39
EFEITO ANTIPROTEINÚRICO DE ANTAGONISTAS DE
ALDOSTERONA EM TRANSPLANTADOS RENAIS
Marcos Vinicius de Sousa, Gabriel Giollo Rivelli, Marilda
Mazzali
Disciplina de Nefrologia- Faculdade de Ciencias Medicas,
Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP- Campinas-SPBrasil
Objetivo: Avaliar o efeito dos antagonista da aldosterona no controle de proteinúria em receptores de transplante renal. Avaliar eficácia e segurança, o efeito no controle pressórico, na função renal
e na sobrevida do enxerto.
Metodologia: Estudo retrospectivo.
Critérios de inclusão: idade > 18 anos, proteinúria > 0,5g/24
horas, persistente > 6 meses e creatinina < 3mg/dL. Parametros
avaliados: dados demográficos, medicações associadas, proteinúria, função renal, hematócrito e hemoglobina, potássio, glicemia,
pressão arterial e número de anti-hipertensivos. Para análise, os pacientes foram divididos em dois grupos, de acordo com a proteinúria inicial: não nefrótico (<3,5g/24h) ou nefrótico (>3,5g/24h).
Resultados: 36 pacientes, (31 homens), 48,5 ± 13,2 anos, iniciaram terapia com Espironolactona 83,9 ± 65,1 meses pós tx, com
proteinúria de 3,14 ± 2,88 g/24h. Quinze pacientes (41,6%) já
utilizavam terapia anti proteinúrica, há cerca de 19,6 meses. Os
dois grupos foram comparáveis em relação ao tempo de inicio de
espironolactona pós tx e ao uso prévio de iECA ou BRA. O efeito
anti proteinúrico da espironolactona foi mais acentuado no grupo
nefrótico. Após 6 meses de tratamento, 9/15 pacientes apresentavam proteinúria < 3g/dia. A avaliação da função renal mostrou
23
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
que, apesar dos grupos nefrótico e não nefrótico apresentarem filtração glomerular comparável na introdução da espironolactona,
o grupo nefrótico perdeu 6 ml/min de filtração no 1º ano de acompanhamento, enquanto o grupo não nefrótico manteve função
renal estável.
Tabela
Proteinúria (g/24h)
Filtração Glomerular (ml/min)
Nefrótico
Não nefrótico
Nefrótico
Não nefrótico
Inicial
5,8 ± 2,6
1,2 ± 0,7
45,6 ± 12,0
50,8 ± 17,0
M1
4,6 ± 2,0
1,3 ± 1,1
42,7 ± 17,1
45,4 ± 16,0
M6
3,4 ± 2,7
0,8 ± 0,6
38,9 ± 15,8 ¥
50,2 ± 16,7
M12
3,2 ± 2,0
1,0 ± 0,7
41,7 ± 16,5
50,8 ± 19,9
¥ p<0.05 versus não nefrótico; θ p=0,08 versus não nefrótico;
Conclusões: O uso de espironolactona foi seguro, com baixa incidência de eventos adversos graves. A manutenção de proteinuria
nefrótica em 40% dos casos ao final de 1 ano pode estar relacionada ao curto período de acompanhamento, pois esta medicação
estaria envolvida em alterações renais no longo prazo.
CO40
RENAL FUNCTION AND IMMUNOSUPPRESSIVE THERAPY AT
TEN YEARS AFTER RENAL TRANSPLANTATION. RESULTS
FROM AN OBSERVATIONAL PROSPECTIVE MULTICENTRE
STUDY
JM Morales and R Marcen on behalf of Forum Renal.
Madrid, Spain.
The aim of the study was to know renal function at ten years after
transplantation with an immunosuppressive calcineurin inhibitor(CNI)based protocol (most of the with Tacrolimus, (TAC) associated with
Mycophenolate mofetil (MMF) in the setting of clinical practice.
We include 2600 patients transplanted among 2000-2002 from 14
hospitals from Spain. All of the were the number of total transplanted
in this date without exclusions.Initial immunosuppression was
steroids, preferently Tacrolimus (TAC) or Ciclosporine (CyA) and
MMF. Induction therapy was used in 30% of patients
Interestingly at ten years 80% of patients were maintained with CNI
(more than 60% with TAC) associated or no with MMF and 30%
were steroids-free. Only 13% received m-TOR inhibitors. Mean
serum creatinine was 1.58±0.85 mg/dl, MDRD 54.2±24.7 ml /m
and the distribution of renal disease stages were: degree I 7%, II
30.3%, III 46.6%, IV 14.3% and V 1.8%. ar 120 months. Non-censored and censored graft survival were 72.6% and 59.5% respectively.
Chronic allograft nephopathy, death with function and acute rejection were the most frequent causess of grfat loss. The presence of
hepatitis C, retransplantation, donor age, DR mismatching, level of
panel reactive antibodies, CyA (vs TAC), pretransplant diabetes and
acute tubular necrosis (ATN) were identify as independent risk factors
for graft loss.
Patients survival was 80.5% showing that first cardiovascular disease,
mainly coronary disease,second infections and third neoplasia were
the most frequents causes of death. Donor and recipient age, hepatitis C, pretransplant cardiovascular disease, pretransplant diabetes
and ATN were independent risk factors for death.
In summary, the use of an immunosuppressive schema based on
CNI, preferently TAC, associated with MMF in the setting of clinical
practice exhibit good results at ten years after renal transplantation.
Notably, 70% of patients maintained long-term good renal function
on stages II and III of renal disease.
CO41
ASSOCIATION OF EARLY KIDNEY ALLOGRAFT FAILURE
WITH PREFORMED IGA ANTIBODIES TO BETA2GLYCOPROTEIN I
Jose M Morales, JA Martinez Flores, M Serrano, A Serrano
Immunology Deparment and Instituto de Investigacion. Hospital
12 de Octubre. Madrid.
24
In the current immunosuppressive therapy era, vessel thrombosis
represents the first cause of early graft loss after renal transplantation. The prevalence of IgA anti beta-glycoprotein I antibodies (IgAaB2GPI-ab) in patients on dialysis is elevated (>30%), these
antibodies being related with mortality and cardiovascular morbidity.
However, their relevance in transplanted patients is unknown, reason
why we have evaluated the influence of these antibodies in these
patients.
All transplanted patients from 2000 to 2002 in the Hospital 12 de
Octubre were prospectively followed-up for ten years. Presence of
IgA-aB2GPI-ab in pretransplant serum was examined retrospectively.
Of the 269 patients, 89 were positive for IgA-aB2GPI-ab (33%,
group 1) and the remaining ones were negative (67%, group 2).
Graft loss at six post-transplant months was significantly higher in
Group 1 (10/89 vs 3/180, p=0.002). The most frequent cause of
graft loss was due to thrombosis of the vessels, this only being observed in group 1 (8/10 vs 0/3, p=0.035). Multivariate analysis
showed that the presence of IgA-aB2GPI-ab was an independent
risk factor for early graft loss (p=0.038) and delayed graft function
(p=0.042). There were no significant differences regarding patient
survival between the two groups. Graft and patient survival were
similar in both groups after 6 months to 10 years.
In summary, patients with pre-transplant IgA-aB2GPI-ab have a high
risk of early graft loss, (fundamentally caused by thrombosis) and
delayed graft function. Therefore, pre-transplant IgA-aB2GPI-ab
seems to have a detrimental effect on early clinical outcomes after
renal transplantation.
CO42
LUNG TRANSPLANTATION FOR SUPPURATIVE DISEASES
José Eduardo Afonso Júnior, Marcos Naoyuki Samano, Rafael
Medeiros Carraro, Silvia Vidal Campos, André Nathan Costa,
Lucas Matos Fernandes, Luis Gustavo Abdalla, Priscila C. Leon
Camargo, Felipe Xavier de Melo, Fabio Biscegli Jatene, Paulo
Manoel Pêgo-Fernandes
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
Objectives: Bronchiectasis may be associated with chronic respiratory failure, where lung transplantation (LTx) is the only long term
treatment. According to ISHLT, cystic fibrosis (CF) is the third reason
for LTx (16.8%) while non-CF bronchiectasis corresponds to only
2.8%. The high incidence of non-CF bronchiectasis as a cause for
end-stage lung disease in our LTx Program is remarkable. The aim
of this study is to describe our experience with LTx in suppurative diseases.
Methods: Between 2000 and 2011, 150 LTx were performed, of
which 59 patients (39.3%) had suppurative diseases. These patients
were divided into CF group (30 patients – 20%) and non-CF group
(29 patients – 19.3%). Both these groups were compared in relation
to preoperative variables (age, gender, body mass index, PFT),
donor variables (age, pO2, gender mismatch), surgical variables (ischemic time, cardiopulmonary bypass, primary graft dysfunction)
and outcome variables (ventilation time, major complications, ICU
stay, hospital stay). Kaplan-Meier survival curves were compared for
these groups and other underlying diseases. Risk factors for death
in the non-CF group were analyzed using univariate and logistic regression.
Results: CF and bronchiectasis corresponded to the third and fourth
indication, respectively. CF group mean age was 26.8+9.2 years
while in non-CF group, mean age was 38.7±13.9 years. Except for
recipient age (p=0.023), no preoperative or postoperative parameters showed significant differences between these groups. Also,
there were no differences in ventilation time, ICU and hospital stay
(p>0.05). The survival rate at 1 and 5 years in CF was 86.7% and
74.9% respectively and in non-CF was 89.7% and 68.7%. There
were no differences in survival between CF and non-CF Group
(p=0.906) but both these groups showed better survival than other
underlying diseases (p<0.001). Recipient age and CPB were identified as risk factors associated with mortality in non-CF patients.
Conclusion: Suppurative diseases are an important indication for
LTx in our program. The incidence of non-CF bronchiectasis is especially high, corresponding to the fourth indication. The survival
rates of both these groups are comparable and better than other
underlying diseases. Recipient age and CPB were associated with
mortality in non-CF patients.
CO43
TREATMENT OF HEMORRHAGIC SHOCK WITH
HYPERTONIC SALINE SOLUTION DECREASES
NEUTROPHILIC INFILTRATE AND TNF-ALPHA EXPRESSION
IN RAT MODEL OF DONOR LUNGS
Nepomuceno, NA; Braga, KAO; Ruiz, LM; Pato, EZS; Correia,
AT; Pêgo-Fernandes, PM; Samano, MS
Thoracic Surgery Department, Heart Institute (InCor), Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
The shortage of donor organs and the rigidity of the clinical criteria
for selection is a serious problem for transplant groups, especially
for lung transplantation. One of the main reasons for refusal for
donation is pulmonary edema, which may be result of hemorrhagic
shock frequent in multiple organ donors. In an attempt to increase
the supply of donor lungs our hypothesis is based on the realization
of a pre-treatment with hypertonic saline solution in donors with hemorrhagic shock. Sixty rats were divided into 3 groups: Sham (S
Group n=20), Shock (SH Group n=20) and hypertonic solution
(HS Group n=20). After anesthesia, the animals underwent
catheterization of the femoral artery and vein to record mean arterial pressure (MAP). In S group only monitoring measures was performed. In SH and HS groups, hemorrhagic shock was obtained by
exsanguination until MAP of 40 mmHg. Group HS was treated with
hypertonic solution (4ml/kg). After 120 minutes, 10 heart-lung
blocks of each group were perfused in the ex vivo perfusion system
Harvard Apparatus IL-2 and evaluated for 60 minutes. The other
10 blocks of all groups were referred to dosage of cytokine TNFalpha, IL-1 beta and neutrophils quantification. In ex vivo analysis,
statistically significant differences were found in Pulmonary Artery
Pressure between groups – SH vs. S (p=0.001) and SH vs. HS
(p=0.013). Measurement of cytokine TNF-alpha was also different
– SH vs. S (p=0.001) and SH vs. HS (p=0.001). Regarding the
neutrophil count, the group HS showed similar results to the S
group, with statistical difference between HS vs. S (p<0.001) and
SH vs. HS (p<0.001). Our study showed that treatment with hypertonic saline solution in hemorrhagic shock recovers donor lung
equaling the group with ideal lung. This study received financial
support from the Foundation for Research Support of the State of
São Paulo (FAPESP).
CO44
BRONCHIAL STENTS FOR STENOSIS AFTER LUNG
TRANSPLANTATION: SHOULD WE REMOVE THEM?
Hugo Veiga Sampaio da Fonseca, Leandro Ryuchi Luamoto,
Hélio Minamoto, Luis Gustavo Abdalla, Lucas Matos Fernandes,
Marcos Naoyuki Samano, Paulo Manuel Pêgo-Fernandes
Thoracic Surgery Division, Heart Institute (InCor) Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Objectives: Airway complications after lung transplantation are an
important cause of morbidity, occurring in up to 33%. Stenosis is the
most common, found in 1.6 to 32% of cases, usually after necrosis,
dehiscence or infection. Bronchial stents are the most effective treatment, and recommendations are to remove them after 3 to 6 months
of application. However, there is no evidence of this statement. The
aim of this study is to question the real importance of removing
them, by exposing our long term results.
Methods: Retrospective study evaluating patients with bronchial
stenosis between August 2003 and April 2014. Two hundred lung
transplants were performed, of which 156 bilateral, totalizing 356
in risk anastomosis. Sixteen patients with airway complications were
observed, of which 4 bilateral (20/356 – incidence of 5.6%). Ten
patients had bronchial stenosis, of which 3 bilateral (3.6%). Except
by 1 case of isolated dilation, all the other stenosis were managed
with metallic self-expandable stents.
Results: The follow-up post-stent application were 8 months to 7
years. All had pulmonary function improvement. All stent removal
(3) occurred within the first year after stent insertion due to infection,
colonization or mucous plugging. There were no technical difficulties
in its removal. Five patients remained stable and with pulmonary
function improvement. Of this, one patient died after 2.5 years because of unrelated cause.
Conclusion: Despite recommendation to remove bronchial stents
after 6 months, definitive treatment is possible. Our patients re-
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mained clinically, endoscopically and functionally stable. One year
follow up seems to be a landmark for this decision.
CO45
BORTEZOMIB EM REJEIÇÃO CÓRTICO-RESISTENTE NO
TRANSPLANTE PULMONAR
Sadi Marcelo Schio, Tatiana Michelon, Regina Barbosa
Schroeder, Heloisa Tarasconi, Juliana Montagner, Andrea
Bortolotto, João Wurdig, Jose Camargo, Jorge Neumann
Unidade de Transplante Pulmonar e Laboratório de Imunologia de
Transplantes - Santa Casa de Porto Alegre, RS
Bortezomib é um inibidor do proteassomo que tem sido utilizado com
sucesso no tratamento da rejeição humoral em transplante renal. Objetivo: Descrever a experiência do serviço de transplante pulmonar
com o uso do Bortezomib em rejeições córtico-resistentes.
Pacientes e métodos: Foram estudados 13 de um total de 152
pacientes transplantados de pulmão adultos realizados no período
de janeiro de 2009 a dezembro de 2013 que utilizaram bortezomib
como parte do manejo de rejeição córtico-resistente. Prova cruzada
por citometria de fluxo (XM-FLOW) e avaliação de anticorpos por
Single Antigen (One Lambda) foi realizado em todos pacientes antes
do transplante. Todos transplantaram com XM Flow T negativo e
somente um apresentava XM Flow B positivo. A imunossupressão
de rotina foi azatioprina, ciclosporina e prednisona. Somente os pacientes com risco imune aumentado, identificado pela presença de
anticorpo antidoador (AAD) preformado (PF, n=2) receberam indução com timoglobulina.
Resultados: A média de idade dos pacientes estudados foi de 54
anos (36 a 67 anos), 8/13 (61,5%) eram do gênero masculino. A
maioria das rejeições cortico-resistentes tratadas com Bortezomib
ocorreu nos primeiros 6 meses pós-transplanste (8/13; 61,5%).
Destes, 2 apresentaram AAD-PF (100% dos formadores deste tipo
de anticorpo) e 6 AAD De Novo (DN). Quatro pacientes com rejeição tardia apresentavam AAD-DN e para um não demonstrou-se
AAD. No momento do uso do Bortezomib, AAD anti HLA classe I
(CI) estava presente em 3 (23%) pacientes, anti-Classe II (CII) em 8
(62%) e 2 (15,4%) apresentavam CI+CII concomitantemente.
Óbito ocorreu em 40% (4/10) dos AAD-DN e em 50% (1/2) dos
AAD-PF. Bronquiolite obliterante (BO) foi observada em 100%
(8/13) dos pacientes que permaneceram vivos no acompanhamento. Apenas 1 caso de miocardiopatia dilatada relacionada ao
uso do Bortezomib foi observada (1/13, 7,7%), com boa resposta
ao manejo clínico convencional.
Conclusão: Rejeição cortico-resistente é sempre um evento grave
e de difícil tratamento. Bortezomib parece ser uma opção segura,
especialmente nos casos ocorridos nos primeiros 6 meses pós-transplante pulmonar, com evidência de AAD-DN anti-CI. Ainda não é
claro o seu potencial benefício nos casos de rejeição cortico-resistente com AAD-PF e anti-CII, e sua utilização sem evidência de AAD
é anedótica.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO46
QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES EM LISTA DE ESPERA
AO TRANSPLANTE PULMONAR: COMPARAÇÃO ENTRE OS
QUE EVOLUIRAM A ÓBITO E OS SOBREVIVENTES
Maria Ignez Z. Feltrin; Amanda M. Sakashita; Debora S. Fortes;
Karen C. D. Silva; Ricardo Teixeira; Paulo Pego-Fernandes
Instituto do Coração Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: Conhecer os pacientes com maior risco de mortalidade enquanto aguardam o transplante de pulmão (TxP) é um desafio. Avaliar a qualidade de vida (QV) pode ser útil para identificar
quais domínios apresentam maior comprometimento e para implementar ações de apoio e de intervenções. Pacientes que evoluem a
óbito em lista são os mais gravemente enfermos e com provável
baixa capacidade funcional e pior referencia de QV.
Objetivos: Avaliar a QV e a capacidade física-funcional de pacientes em lista de espera ao TxP, comparando os resultados entre
os desfechos óbitos em lista (OL) e não óbito (NO).
Casuística e Métodos: Coletou-se dados antropométricos e de
avaliação fisioterapêutica incluindo SpO2, frequência respiratória,
frequência cardíaca, pressões musculares respiratórias máximas,
distância percorrida no teste dos 6 minutos e grau de dessaturação
25
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
durante o teste (delta de SpO2). Os questionários aplicados (QQV)
foram SF-36 e SGRQ. Análise estatística realizada por meio de
Anova One Way (comparação entre grupos de doenças) e teste tStudent (comparação óbito e não óbito) com nível de significância
p<0,05. Associação entre funcionalidade e QQV foi realizada pelo
teste de correlação de Pearson.
Resultados: Avaliados 251 pacientes (59-BQ; 56-FC, 47-EP, 50FP, 39- outras doenças). Desses, 61 (24%) pacientes evoluíram para
óbito em lista (OL); estes apresentaram menor oxigenação em repouso (88% versus 92% p=0,001) e no teste de caminhada (81%
versus 85% p=0,001), com menor distancia percorrida (370ms versus 411ms p=0,019). Os domínios Aspectos Físicos e Capacidade
Funcional (SF-36) foram os mais afetados em ambos os grupos.
Houve diferença significante entre OL e NO nos domínios Aspectos
Físicos (p=0,042) e Total (SGRQ) (p=0,011). Correlações significantes foram encontradas entre distância percorrida e domínio Capacidade Funcional, em ambos os grupos.
Conclusões: Pacientes em lista apresentam alterações significativas
na funcionalidade e QV no primeiro ano em lista de espera de TXP.
Pacientes que evoluem a óbito em lista são os que apresentam
maior comprometimento funcional, que se reflete na sua referencia
de pior qualidade de vida.
CO47
AVALIAÇAO E RECONDICIONAMENTO DE PULMOES
MARGINAIS DOADOS PARA TRANSPLANTE ATRAVES DA
PERFUSAO PULMONAR EX VIVO
Abdalla LG,Oliveira-Braga KA, Nepomuceno NA, Fernandes
LM, Samano NM, Pêgo-Fernandes PM
Instituto do Coração do HCFMUSP, Disciplina de Cirurgia
Torácica Grupo de Transplante pulmonar
26
Introdução: A utilização da Perfusão Pulmonar Ex Vivo (PPEV) no
recondicionamento de pulmões está impactando, de maneira positiva, os novos rumos do transplante com a perspectiva de aumentar o número de órgãos viáveis e diminuir a mortalidade de
pacientes em espera pelo órgão. Pesquisadores na Suécia, Canadá,
Áustria, Inglaterra e Espanha já possuem experiência com o método
e introduziram algumas variações. No Brasil, após alguns estudos
experimentais essa pesquisa teve o objetivo de avaliar o emprego
PPEV clinicamente.
Método: De fevereiro/2013 à fevereiro/2014 foi realizado um estudo clínico prospectivo com recondicionamento de pulmões limítrofes em sistema de PPEV como protocolo descrito pelo grupo de
transplante pulmonar de Toronto. Os doadores limítrofes, considerados para recondicionamento, foram definidos por critérios específicos incluindo aqueles com razão pO2/FiO2 < 300mmHg.
Durante a PPEV a mecânica pulmonar foi avaliada continuamente
e a cada hora foram colhidas amostras do perfusato e feita avaliação funcional do órgão. Os pulmões seriam considerados viáveis
para o transplante pulmonar quando o Delta pO2 fosse > 350
mmHg.
Resultado: A pO2 média dos pulmões captados foi 262,9 mmHg
±119,7 e a observada ao final da terceira hora de perfusão foi de
357,0 mmHg ±108,5. A capacidade de oxigenação (ΔPO2) dos
pulmões apresentou discreta melhora durante as 3 horas de PPEV
sendo respectivamente 246,1 mmHg ± 35,1 (hora 1), 257,9
mmHg ± 48,9 (hora 2), 288,8mmHg ± 120,5 (hora 3), sem diferença estatística entre os momentos (p=0,508). A complacência
pulmonar média observada foi de 63.0 ± 18,7 (hora1),
75,6mmHg ± 25,4 (hora 2) e 70,4mmHg ± 28,0 (hora 3), com
melhora significativa a na segunda hora de perfusão (p=0,029),
no entanto voltou a diminuir ao longo da terceira hora (p=0,059).
A resistência vascular pulmonar permaneceu estável durante a PPEV
e sem diferença entre os momentos (p=0,284). Apesar da reposição de perfusato a cada hora, houve importante consumo de glicose e produção de lactato ao longo da PPEV.
Conclusão: Os pulmões avaliados permaneceram em condições
fisiológicas de preservação, no entanto o protocolo não foi eficaz
para promover a melhora na função pulmonar inviabilizando o
transplante.
CO48
AVALIAÇÃO DA SOBREVIDA NO TRANSPLANTE PULMONAR
EM PORTUGAL: UNI VS BIPULMONAR
Reis, JE1; Martelo, FP1; Semedo, L2; I Bravio1; Baptista, P1; Silva,
JS1; Murinello, N2; Alves, AM2; Borba, A2; Cardoso, J2;
Fragata, J1
1-Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, 2-Serviço de Pneumologia
do Hospital de Santa Marta – CHLC
Introdução: O transplante pulmonar em Portugal encontra-se em
ritmo crescente, tendo sido realizados 100 transplantes entre Junho
de 2001 e Abril de 2014, 84 destes desde 2008. Na literatura internacional, a sobrevida dos doentes submetidos a transplante bipulmonar é significativamente superior à dos submetidos a
transplante unipulmonar.
Objectivo: Comparar a sobrevida dos doentes submetidos a transplante unipulmonar vs bipulmonar, no nosso centro, desde 2008.
Materiais e métodos: Estudo retrospectivo dos doentes submetidos
a transplante entre 2008 e Abril 2014, com caracterização da população e comparando as sobrevidas nos grupos submetidos a
transplante unipulmonar e bipulmonar.
Resultados: No período referido foram transplantados 84 doentes,
com uma idade média de 44,2±13,6 anos, 59,5% deles do sexo
masculino. A grande maioria dos transplantes (54,8%) foram realizados por doenças parenquimatosas condicionantes de fibrose
pulmonar, as outras causas foram a DPOC (19%), a fibrose quistica
(FQ) (16,7%) e as bronquiectasias não-FQ (9,5%).
A sobrevida aos 3 meses destes doentes é de 90,2% (IC95% 8195), aos 12 meses é 81,3% (70-88) e os valores aos 24, 36 e 60
meses são, respectivamente, 75,9% (64-84); 65,4% (50-77) e
57,2% (36-73).
Ao analisar a sobrevida dos doentes submetidos a transplante unipulmonar verificamos que a sobrevida aos 12 meses é de 84,4%
(70-92) e os valores de sobrevida aos 24, 36 e 60 meses são, respectivamente, 78% (62-88); 62% (40-78) e 47% (17-72). Já nos
doentes submetidos a transplante bipulmonar, aos 12 meses a sobrevida é de 77% (57-88) e os valores aos 24, 36 e 60 meses são,
respectivamente, 73% (53-86); 67,4% (45-82) e 67,4% (46-84). A
diferença dos resultados dos dois tipos de transplante não é estatisticamente significativa, Log-rank p=0.9.
Conclusão: A sobrevida global verificada no nosso centro, neste
período, é superior à descrita pela ISHLT. Ao comparar a sobrevida
entre o transplante uni e bipulmonar, verificamos que apesar da sobrevida inicial, nos 2 primeiros anos, ser superior nos transplantes
unipulmonares, a partir dos 36 meses, a sobrevida dos transplantes
bipulmonares passa a ser claramente superior, apesar da diferença
não ser estatisticamente significativa.
CO49
ASPETOS SOCIODEMOGRÁFICOS E PSICOSSOCIAIS DOS
100 PRIMEIROS TRANSPLANTES PULMONARES EM
PORTUGAL
Nélia Rebelo da Silva1, Luísa Semedo2, Alexandra Borba2, João
Cardoso2, Fernando Martelo3, José Fragata3
1-Unidade de Psicologia Clínica, 2-Serviço de Pneumologia,
3-Serviço de Cirurgia Cardiotorácica Hospital Stª Marta – Centro
Hospitalar Lisboa Central, EPE.
Introdução: O transplante pulmonar (txp) constitui uma opção terapêutica para os doentes com patologia pulmonar em fase terminal. A adaptação do doente à progressão da doença pulmonar e
a todo o procedimento de transplantação exige a mobilização de
recursos psicológicos e sociais, cujas características podem comprometer o sucesso do processo de tratamento. Com o presente
trabalho, pretende-se descrever as características sociodemográficas e psicossociais dos doentes submetidos a txp no Hospital de
Santa Marta.
Métodos: Estudo retrospetivo, descritivo e analítico. Analisaram-se
retrospetivamente os processos clínicos de todos os doentes submetidos a txp, (n= 100) no período compreendido entre junho de
2001 e abril de 2014. Procedeu-se à análise descritiva (média, mediana, desvio padrão, variância e frequências) das variáveis sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade, estado civil, situação
profissional, zona de residência) das variáveis psicossociais (suporte
familiar, hábitos tabágicos, antecedentes. psicopatológicos, uso de
ansiolíticos e de antidepressivos, informação sobre a doença e o
txp) e das variáveis clínicas (diagnóstico, tempo de evolução da
doença, tempo em lista de espera, dias na UCI, dias de Internamento e sobrevida). Para a comparação das variáveis quantitativas
foi usado o t-student, para as variáveis qualitativas o qui-quadrado
e o teste de Kruskal Wallis. A análise estatística foi realizada com o
IBM-SPSS Statistics 22.
Resultados: A maioria dos doentes tem Patologia do Interstício
(53%), foi submetida a txp unilateral (55%), é ex-fumador (51%),
com média etária de 44±13 anos e 8,28±7 anos de evolução da
doença, sendo 63% do sexo masculino. A percentagem de doentes
medicados com ansiolíticos é superior na Patologia do Interstício
(p=.05), comparativamente com os outros grupos de diagnóstico
(Patologia Obstrutiva, Fibrose Quistíca e Bronquiectasias). A medicação com antidepressivos é mais frequente nas mulheres
(p=.010). Ainda no sexo feminino, observa-se média etária significativamente inferior (38±13 anos, p=.001), mais anos de escolaridade (p=.028) e mais anos de evolução da doença (p=.011).
Na avaliação pré-txp, apenas, 48% dos doentes tinham adequada
informação sobre a sua doença e o processo de txp, observandose nestes, mais anos de escolaridade (p=.000) e média de sobrevida pós-txp superior (p=.05).
Conclusões: O perfil-tipo dos 100 doentes submetidos a txp em
Portugal poderá sintetizar-se nas seguintes características: sexo masculino, com idade entre 45-50 anos, 8 anos de escolaridade, casado, reformado, residente em meio rural, a mais de 200 km de
distância do Hosp. Stª Marta, ex-fumador, sem antecedentes psicopatológicos, com Patologia do Interstício, com cerca de 8,5 anos
de evolução da doença. Os resultados encontrados põem em evidência a importância da informação sobre a doença e o processo
de txp na sobrevida, constituindo este facto um alerta para os profissionais de saúde, quanto à necessidade de melhorar a comunicação e a transmissão clara e eficaz de informação a estes doentes.
CO50
ACOMPANHAMENTO E ANÁLISE DOS ÓBITOS NAS
UNIDADES DE CRÍTICOS: UMA PROPOSTA PARA DIMINUIR
A PERDA DE POSSÍVEIS DOADORES
Neide da Silva Knihs, Joel de Andrade, Leandro Botelho
Central de Notificação Captação e Distribuição de Órgãos e
Tecidos do Estado de Santa Catarina - CNCDO/SC
Introdução: Um dos principais entraves para a detecção do potencial de doação no mundo é a dificuldade em calcular o número
de Morte Encefálica (ME) em cada estabelecimento de saúde, ou
seja, definir a real capacidade geradora de possíveis doadores em
cada instituição.
Objetivo: identificar o número de ME em nove hospitais pilotos em
Santa Catarina.
Metodologia: trata-se de um estudo piloto de avaliação de todos
os óbitos ocorridos nas unidades de críticos em nove hospitais de
referência em neurocirurgia no estado de Santa Catarina, durante
o período de dez meses. Esse estudo segue as seguintes etapas:
1° Etapa - Preenchimento do informativo de óbito para todas as mortes ocorridas nas unidades de terapia intensiva e serviço de emergência pelos Coordenadores Hospitalares de Transplantes (CHT).
2° Etapa - Encaminhamento dos informativos de óbito semanalmente a coordenadora desse projeto.
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3° Etapa - Avaliação dos informativos de óbito pela coordenadora
do projeto, a qual identifica os informativos de possíveis ME;
4° Etapa - Solicitação aos CHT dos prontuários dos informativos de
óbito que não foram notificados a Central de Transplantes e que
geraram dúvidas;
5° Etapa - Avaliação destes prontuários.
Resultados:
HOSPITAIS
N° DE
N° DE ME
N° DE
ESCAPES
INFORMATIVOS NOTIFIENVIADOS
CADAS
%
ESCAPES
N° DE ME
IDENTIFICADAS
% de ME
nas Unidades
de Críticos
HOSPITAL 1
474
80
9
10%
89
19%
HOSPITAL 2
323
71
5
7%
76
24%
HOSPITAL 3
205
39
11
22%
50
24%
HOSPITAL 4
350
31
7
18%
38
11%
HOSPITAL 5
394
25
15
38%
40
10%
HOSPITAL 6
410
20
16
44%
36
9%
HOSPITAL 7
335
31
9
23%
40
12%
HOSPITAL 8
430
25
12
32%
37
9%
HOSPITAL 9
378
16
11
41%
27
7%
Total
3299
338
95
22%
433
13%
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Junho de 1013 a abril de 2014
Considerações: Frente aos resultados é possível perceber que em
todas as instituições há escapes e perdas de possíveis doadores. Diante
destes dados a Central de Transplantes, pode priorizar as estratégias
para diminuir o número de escapes nestas instituições, aumentando
assim as notificações e as doações de múltiplos órgãos no estado.
CO51
A MUDANÇA NO PERFIL DO DADOR DE ÓRGÃOS NA
REGIÃO CENTRO DE PORTUGAL – ANÁLISE COMPARATIVA
DE 20 ANOS
Calvão da Silva, A. M.; Alves, A.; Henriques, M. J.
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Hospitais da
Universidade de Coimbra, Gabinete Coordenador de Colheita e
Transplantação da Região Centro
Objectivos: Avaliar a evolução do tipo de dadores ao longo de 20
anos de actividade do Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação da Região Centro.
Material e métodos: No período compreendido entre Janeiro de
1994 e Dezembro de 2013 foram avaliados 1258 dadores em
“Morte Cerebral” e 286 potenciais dadores que foram excluídos.
Resultados: Em 1994 tínhamos uma tipologia de dador com idade
média de 34 anos, 83,4% do foro traumático e só 16,6% do foro
médico. Em 2013 a idade média dos dadores foi de 53,4 anos,
80% do foro médico e só 20% do foro traumático.
O perfil dos dadores foi mudando na Região Centro. Até 2002 a
maior parte dos dadores eram pessoas relativamente jovens cuja
causa de morte era traumática – correspondendo a um elevado índice de acidentes rodoviários. A partir desse ano o número de dadores do foro traumático manteve-se constante numa média de 26-30
casos por ano, enquanto o número de dadores do foro médico foi
aumentando de 9 casos (16,6%) em 1994 para 84 (80%) em 2013.
O maior aumento de dadores do foro médico deu-se em 2008, altura em que foram implementadas mudanças organizacionais nos
Hospitais da Universidade de Coimbra com vista ao maior aproveitamento de dadores do foro médico (36,7% em 2007 vs 60,9%
em 2008). O HUC passa a partir desse ano a ser o Hospital com
o maior número de dadores no País. A idade média dos dadores
foi aumentando ao longo do tempo, e sobretudo o número de dadores com idade superior a 60 anos (35% em 2013).
A taxa de aproveitamento de órgãos foi baixando ao longo dos
anos com maior expressão no rim – 96,6% aproveitamento em
1994 vs 70,4% em 2013 – e no coração (36,7% em 2004 e 21%
em 2013).
A análise dos dadores perdidos (n=286) permitiu-nos constatar que
a maior percentagem de dadores foi eliminada pela história clínica
e idade (65,7%), (14%) por paragem cardíaca, (13,3%) por serologia viral / serologia para Treponema Pallidum, (4,2%) estrangeiros
não residentes / problemas familiares e só (2,8%) excluídos pelo
Registo Nacional de Não Dadores (RENNDA).
O aumento crescente de dadores verificado na Região Centro e os
elevados níveis de doação alcançados nos últimos anos – 41,3 da-
27
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COMUNICAÇÕES ORAIS
dores pmp em 2013 vs 13 dadores pmp em 1994 – foram essencialmente devidos ao aumento dos dadores do foro médico e também ao aumento do número de hospitais em que fomos iniciando o
programa de colheitas – 2 hospitais em 1994 vs 12 em 2013 –.
Conclusão: A mudança da tipologia do dador leva à imperiosa
necessidade de se efectuar um estudo mais exaustivo do dador recorrendo a exames complementares com vista a optimizar o aproveitamento de órgãos com segurança.
CO52
CERTIFICAÇÃO DO PROGRAMA DE COLHEITA E
TRANSPLANTE DE CÓRNEA
Fernando Nunes, Rosário Pereira, Cristina Tavares
GCCT do Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António
Introdução: Em 2010 o GCCT do CHP-HSA encetou uma caminhada rumo ao processo de melhoria contínua das boas práticas
na área da transplantação, propondo à certificação, pela norma
ISO 9001-2008, o programa de transplante de córnea.
Métodologia: A norma ISO 9001 constitui uma referência internacional para a Certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade.
A Certificação de acordo com a ISO 9001 reconhece o esforço da
organização em assegurar a conformidade dos seus produtos e/ou
serviços, a satisfação dos seus clientes e a melhoria contínua.
Foi decisão do GCCT não submeter apenas o ato de transplante
de córnea, mas todo o processo conducente à sua realização, nomeadamente a deteção de dador, a colheita, processamento, armazenamento e alocação dos tecidos colhidos.
Para o efeito, recorreu a uma empresa reconhecida pelo seu rigor
na implementação de projetos de certificação, a APCER, e iniciou
a primeira fase do processo que foi desde o agregar de um trabalho
de equipa pluridisciplinar, o reconhecimento do que se fazia e a
sua organização em matrizes dos diferentes processos que percorrem todo o programa.
Resultados: Foram elaboradas várias matrizes de processos correspondentes a: doação; colheita, avaliação e processamento do
tecido colhido, armazenamento, alocação dos tecidos colhidos,
gestão da lista de espera e cirurgia de transplante.
Fomos certificados em 2010 e desde então temos várias auditorias
de acompanhamento e após um trabalho contínuo, dinâmico e
bastante intenso, em 2013 obtivemos a recertificação oficial do organismo certificador.
Conclusões: A certificação num programa de transplantação tem
como objetivo final a melhoria contínua da qualidade, promovendo: Uma forte ligação do trabalho em equipa; implementação
das melhores práticas; reconhecimento das práticas a melhorar;
aumento do potencial de doação; garantia de qualidade e segurança dos tecidos a transplantar; melhor gestão da lista de espera.
CO53
QUALIDADE DA PERFUSÃO DOS ENXERTOS RENAIS
RECEBIDOS PARA TRANSPLANTE E SUA RELAÇÃO COM A
FUNÇÃO PRIMARIA
Ana Carolina Lück Moniz de Aragão, Luciane Mônica Deboni,
Hercilio Alexandre da Luz Filho, Jean Cristovão Guterres,
Alexandre Emani da Silva, Gilberto José Rodrigues, Gracielle
de Medeiros Martins, Patricia Contantini Kreling, José Aluísio
Vieira, Paulo Eduardo Lobo Cicogna, Carlos Alberto Rost,
Christian Evangelista Garcia
Hospital Municipal São José / Fundação pró-rim Joinville - SC.
Brasil
28
A perfusão de solução de preservação fria tem por objetivo limitar
a lesão celular reduzindo a atividade metabólica e a demanda de
energia das células tubulares renais, minimizando os efeitos prejudiciais da isquemia. No Brasil, por condições territoriais a captação
renal é realizada por múltiplas equipes independente do destino do
enxerto, portanto susceptível a técnicas diversas.
Métodos: Avaliamos 72 transplantes realizados entre janeiro/2010
e dezembro/2011, no Hospital Municipal São José/Fundação ProRim em Joinville-SC, Brasil. Mediante coleta dos primeiros 10ml do
líquido de reperfusão extravasado da veia renal em bancada, analisando contagem de hemácias, polimorfonucleares, monomorfonucleares e citometria, relacionando-os com a função do enxerto.
Resultados: 53 órgãos eram de doadores cadáveres e 19 vivos.
No grupo doador vivo 63,2% do sexo masculino, com média da
idade do doador de 41,16 (+10,78) e do receptor 45,37
(+15,48), predominou sangue tipo A com 63,2%, Euro-Collins solução padrão e tempo médio de isquemia de 101 minutos (+39).
No Grupo Doador Cadaver 79,2% de pacientes do sexo masculino,
com média de idade do doador de 44,15 (+16,41) e receptor
45,37 (+15,48). 49,1% grupo sanguíneo O. Euro Collins utilizado
em 70,5%, e Custodiol 27,3%. O tempo médio de isquemia fria
foi de 1403 minutos (+273). O tempo mediano de normalização
da creatinina foi de 21 dias, com mínimo de 3 e máximo de 402.
Analisando o perfil do líquido de perfusão apenas nos transplantes
de doador cadáver, encontramos contagem de hemácias com mediana de 4130 células, mínimo de 35 e máximo de 50.000; citometria com 295 células, mínimo de 2 e máximo de 5400;
polimorfonucleares com 40 células, mínimo de 0 e máximo de 90
e monomorfonucleares com média de 58,57 células (+24,23).
Conclusão: A qualidade de perfusão em isquemia fria dos enxertos
ofertados ainda é ruim devido ao elevado número de células residuais nas amostras. A correlação de Spearman entre citometria e
tempo de normalização da creatinina foi positiva com Rho = 0,300
e p = 0,029, onde 80% dos enxertos com citometria acima de
1300 células cursaram com disfunção tardia do enxerto.
CO54
MANUTENÇÃO DE DADORES EM MORTE CEREBRAL FORA
DA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS: UM RECURSO
NECESSÁRIO
António Gomes, Ricardo Rocha, Andreia Fernandes, Ana P.
Fernandes
Coordenação Hospitalar de Doação Hospital Prof. Doutor
Fernando Fonseca, EE, EPE (HFF)
Introdução: A manutenção de dadores em morte cerebral (MC)
deve ser realizada em unidades de cuidados intensivos (UCI) atendendo à complexidade e instabilidade do processo de MC e à necessidade de salvaguardar a máxima qualidade dos órgãos a
transplantar. No entanto, a escassez de camas de UCI’s em muitos
hospitais, coloca por vezes a necessidade de fazer a manutenção
noutros serviços hospitalares, o que poderá comprometer o “outcome” dos dadores e órgãos colhidos.
Objectivos: Comparar a evolução clínica e laboratorial de dadores
cuja manutenção foi feita dentro e fora da UCI.
Metodologia: Estudo observacional, analítico, longitudinal com
colheita retrospectiva de dados. Incluídos todos os doentes de idade
igual ou superior a 18 anos que evoluíram com diagnóstico de MC
e com critérios de elegibilidade para doação de pelo menos um
órgão, entre Janeiro de 2008 e Maio de 2014 no Hospital Prof
Doutor Fernando Fonseca E.P.E. Foram considerados dois grupos
de estudo: dadores mantidos em UCI (Grupo A) e dadores mantidos em serviços que não UCI, nomeadamente Serviço de Urgência
(Grupo B). Foi avaliada a presença e duração de períodos de hipotensão, o débito urinário mínimo, transaminases, bilirrubina e
creatinina iniciais, máximas e relação máxima/inicial. Foi utilizada
estatística não paramétrica e considerada significância estatística
para α=0,05.
Resultados: Foram incluídos 40 doentes que evoluíram para MC,
33 no grupo A e 7 no grupo B. Idade média 55 ± 15,3 [21,83],
43,2% do sexo feminino, 60,8% foram dadores de critério expandido. O tempo de manutenção foi de 30,2±28,1 horas. A idade,
sexo, critério expandido e tempo de manutenção foram independentes do grupo de estudo. O número de perdas na manutenção
foi de 3, todos no grupo A. A presença de períodos de hipotensão
e a sua duração, o débito urinário mínimo a cada 8h, AST, ALT, bilirrubina total e creatinina na avaliação inicial, seus valores máximos e a relação entre máximo/inicial foi independente do grupo
de estudo.
Conclusões: A manutenção de dadores multiorgânicos fora do
ambiente de UCI não foi factor de risco para perda de dadores ou
diminuição de função de órgãos avaliados pelos referidos critérios
clínicos e analíticos.
CO55
DADORES DE CRITÉRIO EXPANDIDO NA CASUÍSTICA DE
UM HOSPITAL SEM NEUROCIRURGIA
António Gomes, Ricardo Rocha, Andreia Fernandes, Ana P
Fernandes
Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca
Introdução: A necessidade de aumentar o número de órgãos disponíveis para transplante tem levado nos últimos anos, a utilizar os
designados Dadores de Critério Expandido (DCE): mais velhos, com
co-morbilidades de natureza cardiocirculatória, metabólica ou infeciosa. Estudos têm demonstrado bons resultados com a utilização
de órgãos destes dadores, tornando-os fonte aceitável de órgãos
para doação.
Objectivos: Caracterizar a população de DCE do Hospital Prof.
Doutor Fernando Fonseca (HFF) e comparar características clinicas
e laboratoriais destes dadores com as de dadores convencionais
(DC).
Metodologia: estudo observacional, analítico, longitudinal com
colheita retrospectiva de dados. Incluídos todos os doentes de idade
igual ou superior a 18 anos que evoluíram com diagnóstico de
morte cerebral (MC) e com critérios de elegibilidade para doação
de pelo menos um órgão entre janeiro de 2009 e maio de 2014
no HFF. Foram comparados os DCE com os DC relativamente à
ocorrência e duração de hipotensão na manutenção, débito urinário mínimo, transaminases, bilirrubina e creatinina séricas iniciais,
máximas e relação máxima/inicial. Foi utilizada estatística não paramétrica e considerada significância estatística para a=0,05.
Resultados: Foram incluídos 40 doentes que evoluíram para MC,
22 DCE. Idade média 55 ± 15,3 [21,83], 43,2% do sexo feminino.
O tempo de manutenção foi de 30,6±27,7 horas [6-156]. A idade
e a prevalência do sexo feminino foram superiores entre os DCE.
38% dos DCE foram mantidos fora da UCI. A duração dos tempos
de manutenção foi independente do grupo de estudo. A prevalência
de DCE aumentou de 16,6% em 2009 para 100% em 2013 e 75%
até maio de 2014. O número de perdas de manutenção foi de 3,
todos DCE. A presença de períodos de hipotensão e sua duração,
débito urinário mínimo a cada 8h, AST, ALT, bilirrubina total e creatinina séricas na avaliação inicial, no valor máximo e a relação
entre máximo/inicial foi independente do grupo de estudo. Nos
DCE foram colhidos em média 2,15 orgãos/dador contra 3,0 no
DC (p<0,011).
Conclusões: Os DCE representam um peso cada vez maior na casuística de doação, sobretudo em hospitais sem valência neurocirúrgica. No HFF a evolução clínica e laboratorial dos DCE não
apresentou diferenças significativas comparativamente aos DC
quando considerados os dadores que foram efetivados. O menor
número de órgãos colhidos é uma consequência inevitável da utilização de DCE.
CO56
OS TEMPOS DO PROCESSO DA DOAÇÃO: DA CAPTAÇÃO
AO IMPLANTE
Andrea Silveira Gomes, Kátia da Silva dos Santos, Kátia Maria
Minuzzi Brodt, Rosana Reis Nothen
Secretaria Estadual da Saúde do RS Central de Transplantes
Objetivo: Descrever os tempos decorridos durante as principais
etapas do processo de morte encefálica acompanhada e registrados pela Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, Brasil.
Método: Foram analisadas as notificações recebidas dos hospitais
do RS no período de janeiro a abril de 2014, cujos dados foram
organizados em planilhas de Excel e conferidos com as informações
registradas pelas equipes transplantadoras no Sistema de Informações Gerenciais (SIG/SNT).
Resultados: Houve 166 notificações no período, sendo que 52
(31%) foram efetivadas. Dos que efetivaram a doação, 50% eram
mulheres, e a mediana de idade dos doadores efetivos foi 48 anos.
A principal causa de óbito foi AVE-H (54%), seguido pelo TCE
(19%), e os exames complementares mais realizados foram Doppler
(46%) e Cintilografia (31%). Das 118 famílias entrevistadas, 60
(51%) recusaram a doação de órgãos. A média de tempo, em
horas, decorrido desde a realização do primeiro exame clínico positivo para ME até a conclusão do protocolo foi 16,6 horas para
todos os potenciais doadores que completaram o protocolo ME.
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A entrevista familiar foi realizada, em média, 2,6 horas após a conclusão do protocolo ME. O tempo decorrido desde a entrevista familiar até o clampeamento foi, em média, 11,2 horas. O tempo
médio total do processo de doação foi de 30,4 horas. O tempo
médio desde o clampeamento até a reperfusão foi de 21,7 horas
para o rim e de 6,7 horas para o fígado.
Conclusão: Os indicadores estudados apontam para várias oportunidades de melhoria em relação ao modelo espanhol, considerado o “benchmark”(1) nesta área. Conhecer os tempos decorridos
nas várias etapas que compõe o processo desde a captação até a
implantação dos órgãos é fundamental para intervir nas etapas
mais críticas e melhorar a qualidade dos órgãos e, consequentemente, o resultado dos transplantes realizados.
Bibliografia:
Matesanz R. El Modelo Español de Coordinación y Transplantes. 2ª Edición 2008.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO57
HISTORY & LANDSCAPE OF DONATION AND
TRANSPLANTATION IN TURKEY
Ata Bozoklar
Turkey
Transplantation in Turkey has actually started by the successful kidney
tranplant performed by Mehmet Haberal in 1975. The Law #2238
for organ and tissue transplantation has been published in 1979, with
the purpose of enabling deceased transplantations and having a legislation on this area. Despite the available law on this, the difficulties
faced on obtaining deceased organs has led the centers to a trend
towards using live donors. The reasons for of this for Turkey can be
listed such as: 1 - Organizational incapabilities, 2 - Beliefs, 3 - Lack
of relationship among transplant centers, 4 - Sociocultural structure.
Even though unintendedly, in line with the reasons given above,
transplantation has developed in the direction of living donors in
Turkey. During 1990s, when liver transplantation has come to
agenda, the difficulties experienced in finding organs has brought
cadeveric donors to the table again, while triggering research in selected centers. Particularly in Ege and Akdeniz Universities, the urge
and effort of well trained and ambitious surgeon teams to perform
liver transplants, started the studies on creating a western style transplant coordination system in 1997. This approach has given results
with a significant increase at the deceased donation rates at particular regions, compared to the rest of the country. As of 2000, the
first national coordination system, with the leadership of the government, has started to be built. Additional to the law which was the
sole legal basis since 1979, regulations and guidelines has been
published. Extensive trainings were organized for intensive care units
and coordinators, particularly following 2006. However, the living
donor numbers are not decreasing and even increasing when we
look at the data generally. Deceased donor rates are far from satisfying expectations for the growing waiting list. A donation rate of
22% seems like one of the most serious hurdles on finding organs
from deceased donors in Turkey.
Despite all these facts, the volume and success achieved at living
donor transplants in Turkey -particularly kidney and liver- comparable to developed countries. Today, Turkey is among the countries
where high level of transplantations are performed with success. Success rates are also above average in Turkey, where 5 centers are
members of European Liver Transplant Registry (ELTR). This situation
has turned Turkey into a charming country from the Health Tourism
aspect. An undesired side of living donors is illegal transplants, as it
is already well known. Apparently the best solution would be increasing deceased organ procurement and improvement of the transplantation in this direction.
Total Transplantation Activity in Turkey 2002-2013:
29
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COMUNICAÇÕES ORAIS
OPTN/SRTR 2011 Annual Data Report (International Data)
Donation rates (%) between 2002-2012
Resultados: Foram avaliados 179 pacientes para risco de aquisição, e 191 para risco de infecção – 17(9%) eram colonizados antes
do TF, e 77(43%) apresentaram colonização e/ou infecção após o
TF. Entre os pacientes com CRAB, 45(58%) evoluíram com infecção;
em 28 (28/45-62%) não foi identificada colonização por cultura
de vigilância antes da infecção. O principal sítio de infecção foi o
sítio cirúrgico, seguido por infecção da corrente sanguínea. PFGE
demonstrou cepa predominante durante o período do estudo. Fatores de risco identificados na análise multivariada para aquisição
de CRAB: número de unidades de sangue transfundido, hepatite
fulminante e retransplante; fatores de risco identificados para infecção: tempo de isquemia total (OR 1,04), tempo de ventilação mecânica (OR 1,07), colonização prévia (OR 4,16) e uso de
micofenolato (OR 2,3). Mortalidade foi maior nos pacientes com
CRAB (49% vs 27% - p=0,04).
Discussão: Infecção por CRAB foi associada a alta mortalidade.
Culturas de vigilância apresentaram baixa sensibilidade para identificar colonização, entretanto, colonização foi o mais importante
fator de risco para infecção.
CO59
WHOLE OR REDUCED-SIZE GRAFT VERSUS SPLIT-LIVER
TRANSPLANTATION FOR ADULT AND PEDIATRIC
RECIPIENTS: THE BRAZILIAN EXPERIENCE
Roberto Carmagnani Pestana, Eduardo Iankelevich Baracat,
Luiz Augusto Pereira, Paulo Celso Bosco Massarollo
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Patients in dialysis
CO58
FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO OU COLONIZAÇÃO
POR Acinetobacter baumannii CARBAPENEM-RESISTENTE
APÓS TRANSPLANTE DE FÍGADO
Maristela P. Freire, Ana Machado, Larissa Santos, Isabel
Oshiro, Patrícia R. Bonazzi, João Nóbrega, Inneke van der
Heijden, Thais Guimarães, Silvia F. Costa, Luiz A. C.
D’Albuquerque, Edson Abdala
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
30
Introdução: Infecções por bactérias multidroga-resistentes são um
desafio no contexto do transplante de fígado (TF). Acinetobacter
baumannii resistente a carbapenêmicos (CRAB) é um dos agentes
de especial importância. O objetivo do estudo foi identificar os fatores de risco para aquisição e infecção por CRAB, e descrever o
impacto de infecção por este agente na sobrevida após TF.
Método: Foram analisados pacientes maiores de 18 anos submetidos a TF entre 10/2009 e 11/2011. Critérios de exclusão: óbitos
em menos de 72 horas e colonização por CRAB antes do TF (para
análise de infecção). Realizada vigilância de colonização no dia do
TF, e uma vez por semana durante a internação. Clonalidade foi
avaliada por eletroforese em gel pulsátil (PFGE). Variáveis analisadas: idade, MELD, infecção, hepatite fulminante, tempo de internação pré-transplante, cirurgião, tempo de cirurgia, escore ASA,
imunossupressão, transplante duplo fígado-rim, retransplante, reoperação, rejeição, diálise, infecção por CMV, uso de antibióticos,
procedimentos invasivos e tempo em UTI. Análise univariada realizada por teste de Mann-Whitney e teste de qui-quadrado, e multivariada por regressão logística tipo Step-wise. Sobrevida analisada
por curva de Kaplan-Meier.
Abstract
Split-liver transplantation (SLT), in which one liver is dissected to provide two grafts, may represent an important alternative to alleviate
the organ shortage and provides adequate grafts for pediatric patients. However, the outcome in patients submitted to SLT persists
controversial. This study intends to determine whether there is a difference on the survival outcomes of the adult and pediatric patients
submitted to SLT, comparatively to non-split liver transplantation
(NSLT). We retrospectively analyzed 1,817 liver transplantations registered in the Secretariat of Health of the State of São Paulo, from
July 2006 to July 2010. We analyzed the number and percentage
of SLT, the percentage of pediatric (under 12 years) and adult patients who underwent SLT and re-transplantation rates. Patient survival rates were compared between SLT and NSLT, stratified by age
group. NSLT contains patients that underwent both whole-graft and
reduced-size liver transplantation. Patient and graft survival rates
were calculated using the Kaplan-Meier method and compared
using the log-rank test. During the analyzed period, SLT corresponded to 5.8% (n=106) of the total. Of these, 50 were in children, what represents 30.3% of the total number (165) of pediatric
transplantation, and 56 were in adults, corresponding to 3.3% of
the all 1,652 adult patients. Re-transplantation rate was 10.3% (11
out of 106) in the SLT group and 7.07% (121 out of 1711) in the
NSLT group. One-, 2- and 4-years survival rates of the patients who
underwent SLT was superior when compared to the patients submitted to NSLT (81%, 72% and 72% versus 68%, 65% and 63%, respectively; p=0.0449). Analyzing the pediatric patients, the SLT
group had higher survival rates than those submitted to whole graft
or reduced-size transplantation, though with no statistical significance (82%, 73% and 73% versus 63%, 63% and 61%;
p=0.0827). This same pattern was seen among adult patients (80%,
71% and 71% versus 69%, 65% and 63%; p=0.177). Assessing
SLT, there was no difference in survival rates comparing adults and
children (p=0.965). In conclusion, SLT represents an alternative to
obtain a greater number of allografts for both pediatric and adult
patients, with no negative effect on patient survival rates.
CO60
TRANSPLANTE DE FÍGADO NO CARCINOMA
HEPATOCELULAR APÓS DOWNSTAGING POR
QUIMIOEMBOLIZAÇÃO ARTERIAL: EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
Paulo Celso Bosco Massarollo, Caroline Moreira Albrecht,
Murilo Folharini Catalano, Adriana Zuolo Coppini, Fabricio
Ferreira Coelho, Leonardo Rolim Ferraz, Tomoe Minami
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Resumo
O princípio do downstaging é reduzir o tamanho do carcinoma hepatocelular (CHC) avançado, através de terapias locorregionais,
para atingir os critérios de Milão e permitir o transplante de fígado
(TxF). Em outubro de 2008, o Ministério da Saúde do Brasil passou
a autorizar TxF no CHC submetido a downstaging dentro dos seguimentos critérios: lesões localmente avançadas, sem limite máximo de tamanho inicial mas sem invasão vascular e sem doença
extra-hepática, e que tenham redução do diâmetro do tumor e do
número de nódulos para dentro dos critérios de Milão após quimioembolização arterial. Exames de imagem abdominais são realizados a cada 4 meses durante o período de espera na lista e os
pacientes são excluídos se houver progressão do tumor. O objetivo
deste estudo é comparar a sobrevida dos pacientes submetidos ao
TxF após downstaging com a de pacientes transplantados segundo
as indicações habituais. De 1/1/2009 a 29/5/2014, 1.600 pacientes foram submetidos ao transplante hepático por cirrose sem
tumor no Estado de São Paulo. Nesse período, 664 pacientes foram
submetidos a TxF por CHC dentro dos critérios de Milão e 53 pacientes por CHC após downstaging. Foram analisadas e comparadas as sobrevidas dos pacientes dos três grupos acima através da
construção de curvas atuariais de Kaplan-Meier, com os dados disponíveis no Sistema Estadual de Transplantes da Secretaria de
Saúde do Governo do Estado de São Paulo. A sobrevida em 1, 3 e
5 anos dos pacientes transplantados por CHC após o downstaging
foi maior do que a do grupo com CHC dentro dos critérios de Milão
(86,3%, 78,6% e 74,5% versus 79,0%, 71,7% e 67,8%, respectivamente), embora sem significância estatística (p>0,05). A sobrevida do grupo downstaging foi significativamente melhor quando
comparada à dos pacientes submetidos ao TxF por cirrose (70,2%,
65,7% e 64,1%; p<0,05). Conclui-se que, no Brasil, pacientes submetidos ao TxF após downstaging apresentam sobrevida comparável à do CHC dentro dos critérios de Milão e superior à dos
transplantados por cirrose. Esse resultado sugere que os critérios
adotados para downstaging no Brasil conseguem identificar pacientes com prognóstico favorável após o transplante e justificam a continuidade de sua aplicação.
CO61
RETRANSPLANTE HEPÁTICO EM DOENTES COM
PARAMILOIDOSE ADQUIRIDA: EXPERIÊNCIA DE UM
SERVIÇO
C. Rodrigues1, J. Jesus1, L. Pereira1,2, H. Vieira1,2, C. Bento1,2,
C. Seco1,2, F. Pinto1,2, A. Eufrásio1,2, S. Calretas2, N. Silva2,
J. Ferrão2, L. Tomé2, A. Barros2, D. Diogo2, E. Furtado2
1-Serviço de Anestesiologia-CHUC; 2-UTHPA-CHUC. Centro
Hospitalar Universitário de Coimbra, Unidade de Transplantação
Hepática Pediátrica e Adultos.
Em 1995 Furtado e col. realizaram o primeiro transplante sequencial, utilizando um fígado de dador com paramiloidose (PAF), aumentado assim o pool de dadores. Era expectável que doentes não
geneticamente afetados pela PAF só desenvolvessem sintomas dependentes da produção da TTR Met30 ao fim de duas décadas.
Contudo, a nossa experiência, bem como a de outros autores (1),
demonstrou que o aparecimento da sintomatologia é mais precoce
em alguns doentes. Estes doentes com PAF adquirida por transplante, são candidatos a retransplantes hepático (ReTxH), para minimizar a progressão dos sintomas associados ao depósito de
amilóide.
O ReTxH é considerado um procedimento de alto risco, tanto pelos
desafios cirúrgicos, como pelas comorbilidades: doença renal, coagulopatia, infecções e uso crónico de imunossupressores. Está associado a menor sobrevida em relação com o primeiro transplante (2).
Pretendemos avaliar o risco de ReTx nos doentes com PAF adquirida, já que se apresentam para o ReTx sem disfunção do enxerto.
Fizemos uma análise retrospectiva do perioperatório destes doentes
baseados nos registos da UTHPA.
De 1995 a 2008 efectuamos 82 transplantes sequenciais, dos quais
10 foram submetidos a ReTx por PAF adquirida e dois aguardam
em lista de espera. Todos os doentes homens, com média de idade
de 61,9 anos (52 a 70). O tempo médio entre o transplante e o
ReTxH foi de 11, 2 anos. A duração média do ReTxH foi 585min
(438-654). Os consumos de eritrócitos e de plasma variaram com
mediana de 2 e 0,5 U respectivamente. Nove doentes necessitaram
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de 2 ou mais aminas. Os doentes foram extubados em média às
18 horas (0-48) e permaneceram em cuidados intensivos 3,65 dias
(2 a 5).Todos estavam vivos ao fim de um ano. Um doente faleceu
aos 13 meses por sépsis após complicações biliares. Follow up de
5 a 36 meses.
Conclusões: O consumo de hemoderivados, o tempo de entubação e o reduzido número de complicações neste grupo, leva-nos a
pensar que o ReTx em doentes com PAF adquirida não está associado aos mesmos riscos de ReTx em candidatos com falência do
enxerto. Os resultados são preliminares dado o reduzido número
de casos.
CO62
SIRTUINS IN FATTY LIVER PRESERVATION: AN IGL-1
SOLUTION APPROACH
Mohamed Bejaoui1, Anabela Rolo2, Eirini Pantazi1, Emma
Folch-Puy1, Carlos Palmeira2 and Joan Roselló Catafau1
1-Institute of Biomedical Research of Barcelona, IDIBAPS-Ciberehd, Barcelona, Spain; 2-Center for Neurosciences and Cell
Biology, University of Coimbra, Coimbra, Portugal.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Background: Histone deacetylase sirtuin 1 (SIRT1) regulates diverse
cellular functions, including cellular metabolism and response to
stress conditions. In this sense, it has been reported that Sirt 1 prevents ischemia reperfusion injury (IRI) in the heart. Fatty livers are
more vulnerable to cold preservation injury than non steatotic ones;
but no data are reported concerning to the implications of sirtuin 1
in liver graft storage. In this communication, we report by the first
time the relationship between SIRT1, NAD+, NAMPT, adenosine
monophosphate protein kinase (AMPK) and endoplasmatic reticulum stress (ERS) when rat steatotic and non steatotic livers were preserved in IGL-1 solution.
Methods: Steatotic and non steatotic livers were preserved for 24
hr (4¨¬C) in IGL-1 solution, and then washed by ringer lactate solution to assess hepatic injury (ASAT, ALAT). NAD+, NAMPT, ATP,
SIRT1 and eNOS protein level were determined by western blot
analysis. In addition, we evaluated ERS parameters (GRP78, p-elf2,
ATF4, IRE1¥á, caspase 12).
Results: Steatotic liver show poor tolerance to cold ischemia when
compared to non steatotic ones as seen by enhanced liver transaminases and perturbed liver histology. Activation of AMPK in non
steatotic livers after preservation was accompanied by an upregulation of SIRT1 and eNOS levels. Interestingly, upregulation of SIRT1
level was not accompagned by an enhanced activity of SIRT1. Moreover, activity of SIRT1, assessed by Acp53 protein level, was decreased in steatotic livers. The present study also demonstrates that
prolonged cold ischemia time induces ERS, which was more relevant
in steatotic livers. GRP78, p-elf2, ATF4, IRE1¥á and Caspase 12
were increased in fatty liver but levels of ATF4 and Casp12 remains
unchanged in lean ones. This was consistent with a higher activation
of autophagic parameter (Beclin-1) in non steatotic livers. These
data confirm the closely relationship between SIRT1, AMPK activation, ER stress and autophagy after cold IRI.
Conclusions: The susceptibility of steatotic liver to cold IRI could be
explained by lower SIRT1 activity, decreased activation of AMPK and
eNOS and enhanced ERS.
CO63
HMGB1 AND NUCLEOSOMES AS BIOMARKERS OF
CLINICAL OUTCOME IN HUMAN LIVER TRANSPLANTATION
Antônio Márcio de FARIA ANDRADE, Luciana COSTA FARIA,
Marcus Vinicius de MELO ANDRADE, Agnaldo SOARES LIMA
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte - Brasil
This study aimed to investigate if high mobility group box 1 (HMGB1)
protein and extracellular nucleossomes released by the donor and
the recipient in human liver transplantation (LT) may act as alarmins
and be associated with an amplified inflammatory reaction, and thus
correlate with the occurrence of complications and mortality after LT
– like early allograft dysfunction or primary non-function, acute renal
failure (ARF) and lung injury.
Methods: The study involved adult cirrhotic patients who underwent
first LT at the hospital of the Federal University of Minas Gerais, between 03/05/2011 and 11/01/2012 and their donors; the preser-
31
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COMUNICAÇÕES ORAIS
vation solution used was University of Wiscousin. These patients were
evaluated according to clinical protocol in order to identify postoperative complications. Samples were obtained from the donor peripheral blood and also from the recipient before, during and early
after surgery, at several times. In all samples, the levels of cytokines,
HMGB1 and nucleosomes were measured, and association between
the results and outcomes was investigated.
Results: Twenty two patients were in-cluded. HMGB1 and nucleosomes levels in the donors were low. An important peak in the recipient after reperfusion was observed, suggesting origin from the
graft due to ischemia-reperfusion injury. In univariate analysis, nucleosomes levels after reperfusion and early after LT were associated
with ARF, systemic inflammatory response syndrome, early allograft
dys-function and early mortality post-LT; HMGB1 levels were associated with ARF, early allograft dysfunction and early mortality; the
amount of transfused blood was associated with ARF. In multivariate
analysis, HMGB1and nucleosomes levels after reperfusion were associated with early mortality after LT.
Conclusion: This study showed that HMGB1 and nucleosomes levels after reperfusion and early after LT are associated with survival
and suggests a probable origin from the graft, once donors and recipients before reperfusion presented low levels. In our knowledge,
the kinetics of nucleosomes in LT was described for the first time.
CO64
O DONOR RISK INDEX AMERICANO NÃO PREDIZ O
RESULTADO DO TRANSPLANTE DE FÍGADO NO BRASIL
Paulo Celso Bosco Massarollo, Eliza Maria de Camargo
Aranzana, Adriana Zuolo Coppini, Fabricio Ferreira Coelho,
Iron Pires de Abreu Neto, Luiz Augusto Pereira
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Resumo:
Em 2006, utilizando dados americanos, Feng et al desenvolveram
o Donor Risk Index (DRI), tentando predizer o risco de evolução adversa em transplantes de fígado (TxF) a partir de sete variáveis independentes do doador falecido: idade acima de 40 anos, causa da
morte, uso de enxerto parcial, raça, altura, causa da morte, tempo
de isquemia fria, local de procedência. O objetivo deste trabalho é
verificar a utilidade do DRI em prever o resultado do TxF no Brasil.
Foram estudados retrospectivamente 1.006 pacientes adultos (maiores de 12 anos), registrados no banco de dados da Secretaria de
Estado da Saúde de São Paulo, submetidos a primeiro transplante
eletivo de fígado no período de julho de 2006 a julho de 2009. A
procedência foi classicada em “Local”, quando o doador era da região metropolitana da cidade de São Paulo; “Regional”, se de outras
cidades do Estado de São Paulo; “Nacional”, se de outros Estados.
A comparação da sobrevida de pacientes a partir de curvas atuariais
de Kaplan-Meier agrupadas pelos quartis dos valores de DRI (quartil
1 = 0,818 a 1,193; quartil 2 = 1,193 a 1,441; quartil 3 = 1,441
a 1,662; quartil 4 = 1,662 a 3,527) não encontrou diferença significante (p=0,667). Na análise univariada de sobrevivência pelo
modelo de riscos proporcionais de Cox, o DRI não apresentou interação com o desfecho óbito (RPCox=1,08, IC95% 0,76 a 1,53;
p=0,677). Na análise multivariada, realizada com todas as variáveis
utilizadas no DRI, apenas o tempo de isquemia fria foi relevante
(RPCox=1,06, IC95% 1,01 a 1,10; p=0,017). Inversamente ao esperado, a idade do doador superior a 70 anos (RPCox=0,37,
IC95% 0,14 a 1,02; p=0,055), a procedência nacional do doador
(RPCox=0,15, IC95% 0,02 a 1,09;p=0,061) e a bipartição do fígado (RPCox=0,74, IC95% 0,40 a 1,38; p=0,342) estiveram associadas a melhor sobrevida dos pacientes, embora sem atingir
significância estatítistica. A área sob a curva Receiver Operating Characteristic (ROC), não revelou poder discriminante do DRI para o
desfecho óbito no primeiro ano (AUCROC=0,48, IC95% 0,44 a
0,52; p=0,312. Conclui-se que o DRI americaco não é eficaz em
predizer o resultado do TxF no Brasil.
32
CO65
CONSEQUENCES OF THE USE OF EXTENDED CRITERIA
DONORS IN LIVING DONOR LIVER TRANSPLANTATION
Sezai YILMAZ, Abuzer DIRICAN, Burak ISIK
Inonu University Liver Transplantation Institute Malatya / Turkey
Liver transplantation is a life-saving procedure for patients with end
stage liver disease. However, shortage of deceased donors has resulted in longer waiting times and an increased number of deaths
in patients awaiting liver graft in regions where limited numbers of
organs from deceased donors are available. Living donor liver transplantation (LDLT) was therefore developed against the background
of a shortage of cadaveric donors. Although donor life is the most
important aspect in LDLT surgery, donor selection criteria are being
continuously modified to expand the potential donor pool. There
are not accepted definitions of donor exclusion criteria in LDLT. The
equivalent of the marginal donor in DDLT is a donor with extended
criteria in LDLT. The utility of elderly donors, obesity, hepatosteatosis,
and small liver remnants are concerns regarding donor safety and
these donors are defined as “donors with extended criteria. This retrospective study reports our center’s experience in utilizing extended
criteria donors for LDLT.
The charts of 342 LDLT donors who underwent right hepatectomy
between September 2007 and December 2010 were reviewed. The
donors who were older than 55 years, and/or with BMI>30, and/or
with a remnant liver volume of <30% were defined as extended criteria donors. The surgical complications in the extended criteria
donors and non-extended criteria donors were compared using
Fisher’s exact test.
There were 61extended criteria donors (21 male, 40 female; mean
age: 41 years) and 281 non-extended criteria donors (189 male,
92 female; mean age: 31). Surgical morbidities were observed in
70 (20.4%) donors. The number of patients with complications according to Clavien’s system were: Grade I, 30 (43%); Grade II, 11
(16%); Grade IIIa, 12 (17%); Grade IIIb, 16 (23%); and Grade IV,
1 (1%). Postoperative complications were observed in 17 (28%) of
61 extended criteria donors, and 53(19%) of 281 non-extended
donors (p>0.05). However, only the Grade IIIb complication rate
in donors with extended criteria was significantly higher than nonextended criteria donors (p=0.04). Complications developed in
three of seven donors aged >55 years with a BMI>30. There was
no donor mortality.
Although there was no statistical difference between two groups’
postoperative complication rate, Grade IIIb complications were statistically significantly higher in the extended group. Additionally, having more than one extended criteria may increase the donor’s
postoperative morbidity in LDLT.
CO66
CONTROLO GLICÉMICO NO PÓS-TRANSPLANTE
CARDÍACO
Almeida, CF; Castro, IA; Pinto, A; Branco-Santos, C; Rebocho, MJ
Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, Hospital de Santa Cruz,
CHLO E.P.E.
Introdução: A terapêutica com agentes imunossupressores no póstransplante cardíaco pode resultar em alterações de glicémia e diabetes mellitus. A intervenção multidisciplinar com acções
protocoladas pode ser um factor determinante no controlo metabólico após o transplante cardíaco (TC).
Métodos: Estudo retrospectivo de 76 doentes submetidos a TC,
para avaliar eficácia de protocolo dietético. A idade média foi de
47,9 ± 12,3, 77,8% eram homens. Todos os doentes iniciaram
dieta protocolar no pós-transplante cardíaco imediato, caracterizada por ser polifraccionada e pela isenção de sacarose, alimentos
crus e transformados.
Resultados: Após o transplante cardíaco, 30,2% dos doentes (n =
19) tiveram alterações de glicémia com necessidade de terapêutica
insulínica, sendo que 14.47% (n = 11) foram posteriormente diagnosticados com diabetes mellitus. Os valores médios de glicémia
verificados no prétransplante foram de 104.89 ± 34,6 mg/dl, sendo
que no pós-transplante no período de respectivamente oito dias, um
mês e seis meses foram de 133.3 ± 45,4 mg/dl, 142.2 ± 52,6
mg/dl e 90 ± 26,9 mg/dl. Após um ano de transplante, 81.25%
(n=13) dos doentes diabéticos, mantiveram glicémias controladas
com terapêutica dietética adequada. A terapêutica imunossupressora com tracolimus foi efectuada em 21,1% dos doentes com alterações glicémicas que necessitaram de terapêutica insulínica.
Considerando todos os doentes, 75% cumpriram o ensino dietético
na alta, enquanto 65,7% cumpriram o ensino de enfermagem.
Conclusão: Nos doentes submetidos a transplante cardíaco é es-
sencial o controlo da glicemia. O acompanhamento e monitorização frequente pela equipa obedecendo a um protocolo dietético especifico com isenção de sacarose e polifraccionamento de glícidos
são factores determinantes na atitude preventiva da diabetes secundária à terapêutica imunossupressora, e, para o controlo glicémico.
CO67
FLUXOGRAMA DE APOIO À DECISÃO CLÍNICA: GESTÃO
DO REGIME TERAPÊUTICO NO TRANSPLANTE HEPÁTICO
Liliana Andreia Neves da Mota, Maria Adelaide Sousa Cruz,
Catarina Alexandra Costa Oliveira
Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António, Unidade
de Transplantação Hepática e Pancreática
A nossa prática profissional desde há alguns anos tem vindo a estar
ancorada na assistência às pessoas submetidas a transplante hepático. Centrados nesta área é indubitável, e enquanto enfermeiros, nos
centrarmos numa área primordial ao sucesso do transplante hepático:
a gestão do regime terapêutico. Esta é uma área na qual os enfermeiros podem ser verdadeiramente significativos, com a implementação de terapêuticas adequadas às reais necessidades das pessoas
submetidas a transplante hepático. Além disso, ao longo dos anos
temos vindo a assistir a uma constante integração dos sistemas de informação na prática clínica dos enfermeiros. Foi nossa preocupação
compreender de que forma é que poderíamos operacionalizar as terapêuticas de enfermagem no âmbito da gestão do regime terapêutico, tendo em vista a continuidade de cuidados e a melhoria contínua
da qualidade da assistência. Procedemos a uma análise retrospetiva
dos registos de enfermagem, centrados no foco gestão do regime terapêutico, de forma a conhecer as terapêuticas implementadas pelos
enfermeiros na Unidade de Transplantação Hepática e Pancreática
do Centro Hospitalar do Porto. Realizamos reuniões de consenso com
os enfermeiros da unidade percebendo a sistemática que induziam
das suas práticas clínicas. Toda esta sistemática foi orientada pela prática baseada na evidência. Em resultado, emergiu um fluxograma que
suporta a tomada de decisão dos enfermeiros em prol da continuidade dos cuidados. A operacionalização das terapêuticas de enfermagem, com integridade referencial para o foco gestão do regime
terapêutico, relaciona-se diretamente com o nível de competência adquirida pela pessoa ao longo do seu internamento. O grau de complexidade vai aumentando à medida que a pessoa demonstra
disponibilidade e capacidade para gerir o regime terapêutico. Com
este fluxograma é possível a sistematização das terapêuticas a implementar, orientando os enfermeiros no seu processo de tomada de decisão, para que a pessoa adquira conhecimento e capacidade para
gerir o seu regime terapêutico, tendo em vista a continuidade dos cuidados e por esta via a melhoria da qualidade da assistência.
CO68
CONTRIBUTO DO ENFERMEIRO DA CONSULTA EXTERNA
DE TRANSPLANTAÇÃO HEPÁTICA - CONTINUIDADE DE
CUIDADOS. CONSULTA DE ENFERMAGEM DE PRÉTRANSPLANTE HEPÁTICO
Lídia Carvalho
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
CONSULTA DE ENFERMAGEM DE PRÉ-TRANSPLANTE HEPÁTICO:
Objectivo geral:
Manter ou melhorar a qualidade de vida dos doentes em lista de
espera para transplante hepático.
Durante o período do pré-transplante hepático é importante manter
um contacto com o doente, em que o enfermeiro estabelece uma
relação de acompanhamento, desde a primeira consulta até ao
momento da intervenção cirúrgica. Esta relação vai ser facilitadora
dos cuidados a ter no pós-transplante hepático.
O enfermeiro da consulta externa de transplantes hepáticos deve
ser uma figura de referência para o doente, com disponibilidade
para resolver quaisquer dúvidas ou problemas.
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exercício físico, possíveis complicações, medicação e tratamento).
Após a alta, o doente é então encaminhado para a consulta externa, onde é garantida a continuidade dos cuidados.
A consulta de enfermagem de pós-transplante hepático assegura a
continuidade de cuidados dos problemas detectados no internamento. E a detecção e consequente resolução dos problemas que
venham a surgir no domicílio. Assegurando a recuperação e o
maior grau de independência, do doente, possível.
Objectivo Geral:
Oferecer cuidados integrais ao doente transplantado hepático em
todas as etapas do processo após a alta.
A primeira consulta é realizada, habitualmente uma semana após
o dia da alta, mas o doente pode contactar a unidade a qualquer
momento que seja necessário.
Nos casos de falência hepática aguda, o doente não passa por
todo o processo de pré-transplante, logo, quer no internamento,
quer na consulta de pós transplante hepático é tido esse aspecto
em conta. E são feitos os ensinos reforçadamente.
Nas situações em que há necessidade de retransplante, o apoio
emocional tem que ser reforçado.
As consultas de enfermagem coincidem com as consultas médicas,
embora, por vezes, sejam realizadas com maior frequência (cuidados à ferida, drenos, …).
A consulta de enfermagem de transplante hepático está devidamente formalizada oficialmente, sendo inserida informaticamente
na plataforma dos doentes e paga.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO69
PROGRAMA DE INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM PARA
ADESÃO TERAPÊUTICA EM TRANSPLANTE RENAL
Maria Regina Oliveira
Hospital de Santa Cruz - Unidade de Transplantação Renal
António Pina
O Hospital de Santa Cruz iniciou o seu programa de transplantação
renal em 1985, contabilizando, 1084 transplantes renais. Destes,
797 transplantados, mantêm enxerto renal funcional e frequentam
a consulta em regime ambulatório. Ao longo de 2011, 15 faleceram, 14 perderam o enxerto retomando o programa de TSFR e
ocorreram cerca de 172 internamentos. Qual a incidência de degradação do enxerto renal por não adesão terapêutica?
Um dos problemas com que o sistema de saúde se confronta é o abandono ou o incorrecto cumprimento dos tratamentos prescritos o que
interfere na morbilidade, na mortalidade, na qualidade de vida, no
aumento de custos, excesso de utilização dos serviços de saúde, entre
outros (ICN, 2009; NETO et al, 2009; SOUSA, 2005; WHO, 2003).
O Internacional Council of Nurses (ICN) (2009) considera, que os enfermeiros são os profissionais melhor posicionados pelo seu mandato
social e pelo lugar que ocupam na equipa de saúde para desenvolverem estratégias para a promoção da adesão ao regime terapêutico.
A equipa de enfermagem, preocupada com o fenómeno de adesão
terapêutica elaborou e implementou em 2012, um programa de
intervenção de enfermagem que consiste num plano de ação estruturado que apoia e orienta a intervenção de enfermagem dirigida
ao transplantado renal e família com a finalidade de aumentar a
adesão terapêutica.
Para a elaboração do plano de intervenção, realizou uma revisão
bibliográfica donde se extraiu as medidas que se considerou adequadas para aumentar a adesão terapêutica e que culminou no
quadro seguinte:
Estratégia para adesão ao Regime Terapêutico
Escutar a pessoa
Pedir à pessoa para repetir o que deve realizar
Efectuar prescrições simples, linguagem acessível e de compreensão simples
Contar os comprimidos a ingerir
Contactar a pessoa transplantada quando falta à consulta
Horários em concordância com a pessoa
Salientar importância adesão em todas as consultas
Adaptar a data da consulta às necessidades da pessoa
CONSULTA DE ENFERMAGEM DE PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO:
O doente transplantado hepático é confrontado com uma nova situação de saúde.
Durante o internamento tanto o doente como a família vão sendo
educados para enfrentar o momento da alta hospitalar. É-lhe entregue um panfleto com os cuidados a ter (alimentação, higiene,
Realçar e elogiar os esforços da pessoa para aderir ao RT proposto
Envolver o cônjuge ou pessoa significativa no processo de adesão
(TURK e MEICHENBAUM, 1991 cit. por PAIS-RIBEIRO, 2007)
Palavras-chave: Transplante renal; Adesão terapêutica; programa
de intervenção de enfermagem.
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XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
CO70
GESTAÇÃO EM TRANSPLANTE RENAL
Ana Casqueiro Salvadinha
Unidade de Transplantação Renal António Pina – Hospital de
Santa Cruz, CHLO
Resumo:
A possibilidade de engravidar fica frequentemente comprometida
na insuficiência renal crónica nos estádios IV e V, situação que é revertida após o transplante renal (Santos, 2012).
A Transplantação Renal permite uma melhoria da qualidade de
vida, (Branco, 2000) que resulta numa nova perspetiva futura onde
está incluída a capacidade de conceção.
De acordo com Milheiros (2005) quando uma mulher transplantada tem por objetivo engravidar, é importante ter em mente que
cada gravidez tem as suas características e riscos, pelo que deve
ser planeada.
Antes da gravidez a mulher deverá discutir essa decisão com a
equipa multidisciplinar e o seu obstetra, ponderando o estado de
saúde, a função renal e a terapêutica.
A equipa de enfermagem deverá conhecer o projeto de vida e disponibilizar tempo para que a mulher exponha os seus medos, anseios e dúvidas relativamente à nova situação de vida.
A rejeição do enxerto durante a gravidez e o risco de aborto é igual
ao da população em geral, com função renal normal, segundo
ITNS (2005).
Foram analisados todos os casos de gravidez ocorridos nos últimos
20 anos na Unidade de Transplantação Renal António Pina no HSC.
Num universo de 802 transplantados com enxerto funcionante,
estão incluídas 79 mulheres em idade fértil. Destas 14 engravidaram (2 multíparas e 9 primíparas) e as restantes 3 sofreram interrupção da gravidez. Refere-se ainda que do grupo das multíparas,
duas sofreram aborto prévio. Os partos ocorreram entre as 26 e as
38 semanas, 3 foram eutócicos e os restantes distócicos por decisão
da equipa obstétrica.
Das 14 mulheres, uma faleceu e duas induziram hemodiálise, de
causas não relacionadas com a gravidez. As restantes mantêm-se
transplantadas com boa função renal.
A base desta análise está num trabalho da ITNS sobre as principais
dúvidas surgidas nas mulheres transplantadas que pretendem engravidar.
Qual a melhor altura para engravidar?
Quais os riscos que podem ocorrer na gravidez?
Posso rejeitar o rim?
Quais os riscos para o feto?
Qual o tipo de parto aconselhado?
Posso amamentar?
Posso ter um segundo filho?
ITNS – International Transplant Nurses Society
Palavras-chave: transplante renal; gravidez; gestação no transplante renal.
CO71
CUIDAR DO DOENTE SUBMETIDO A TRANSPLANTE
PULMONAR: O PAPEL DO ENFERMEIRO NA EDUCAÇÃO
PARA A SAÚDE
Alda Catela, Clara Vital, Dina Lopes, Joana Silva
Centro Hospitalar Lisboa Central,EPE - Hospital de Santa Marta,
Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, Lisboa.
34
O Transplante Pulmonar está indicado para doentes com doença
pulmonar crónica terminal, sob terapêutica médica otimizada, para
os quais não exista qualquer outra alternativa, e que não apresentem contra-indicações para a sua realização (Fragata, 2009). O
Transplante pulmonar pode devolver a dignidade e a qualidade de
vida dos doentes e das suas famílias, permitindo ainda que voltem
a ser membros ativos da sociedade (Tavares, 2004; Phipps, Sands
& Marek, 2003).
A área da transplantação é altamente especializada e requer equipas experientes de profissionais de saúde para que se obtenham
bons resultados e se cumpram os objetivos (D’Império, 2006). Após
o término da cirurgia o doente submetido a transplante pulmonar
é encaminhado para a Unidade de Cuidados Intensivos dando iní-
cio a um período crucial, o pós-operatório imediato, o qual é significativo para a morbi-letalidade do doente (D’Império, 2006).
Na prestação de cuidados, no pós-operatório imediato, do doente
submetido a transplante pulmonar o enfermeiro procede à vigilância, antecipação de complicações, educação e acompanhamento
dos doentes e da sua família, ou pessoa significativa.
Segundo referem Ohler & Cupples (2008) a Educação para a
Saúde é uma componente essencial da transplantação de órgãos
sendo muito relevante para a recuperação e qualidade de vida dos
doentes. Os enfermeiros assumem um papel preponderante na
educação para a saúde, uma vez que esta exige uma visão holística, que inclui uma abordagem global e particular da pessoa nas
suas diferentes dimensões e em interação constante com o meio
envolvente (Carvalho & Carvalho, 2006).
O processo de educação para a saúde no pós-operatório do
doente submetido a transplante pulmonar, envolve igualmente a
sua família, e visa que estes consigam assumir a responsabilidade
pelo seu autocuidado, para obterem a maior autonomia possível e
recuperarem a qualidade de vida.
Este trabalho pretende dar a conhecer dar a conhecer o programa
de educação para a saúde estabelecido para o doente submetido
a transplante pulmonar no serviço de cirurgia cardiotorácica do
Hospital de Santa Marta e, designadamente, os meios e materiais
que integram este programa e funcionam como instrumentos de
trabalho para os enfermeiros.
Bibliografia:
- Carvalho, A. & Carvalho, G. S. (2006). Educação para a saúde: conceitos, práticas e necessidades de formação. Lisboa: Lusociência.
- Daly, R. C. & Mcgregor, C. G. A. (1996). Postoperative management of the single
lung transplant patient. In Cooper, D. K. C., Miller, L. W. & Patterson, G. A. (Eds.).
The transplantation and replacement of thoracic organs. (pp. 479-487). 2nd Edition. London: Kluwer Academic Publishers.
- D’Império, F. (2006). Transplante de pulmão: cuidados pós-operatórios. Pulmão
RJ, 15 (4), 262-269.
- Feltracco, P., Serra, E., Barbieri, S., Milevoj, M. & Ori, C. (2011). Intensive care
management of lung transplant recipiente. In R. D. Ferguson & C. A. Holmer
(Eds.). Lung transplantation: Therapies, complications and outcomes. (pp. 4369). New York: Nova Science publishers, Inc.
- Fragata, J. (Coord.). (2009). Procedimentos em cirurgia cardiotorácica. Lisboa: Lidel.
- George, E., & Guttendorf, J. (2011). Critical care nursing clinics of north América
Transplant. theclinics.com. 23 (3), 481-503.
- Hesbeen, W. (2000). Cuidar no hospital: enquadrar os cuidados de enfermagem
numa perspectiva de cuidar. Loures: Lusociência.
- International Society for Heart and Lung Transplantation (2013). Thirtieth Adult
Lung and Heart-lung Transplant Report – 2013; Focus Theme: Age. The journal
of heart and lung transplantation. 32 (10), 965-978.
- Meleis, A. I. (Ed). (2010). Transitions Theory: middle-range and situation-specific
theories in nursing research and practice. New York: Springer Publishing Company.
- Ohler, L. & Cupples, S. (2008). Core curriculum for transplant nurses. USA: International Transplant Nurses Society.
- Phipps, W. J., Sands, J. K. & Marek, J. F. (2003). Enfermagem Médico-cirúrgica:
Conceitos e prática clínica. Loures: Lusociência.
- Raseth, A. (2006). O perfil e funções do formador (17) In Colecção Formar Pedagogicamente. 6ª Edição. Loures: Instituto do Emprego e Formação Profissional.
- Schumacher, K. L. & Meleis, A. I. (1994). Transitions: A central concept in nursing.
Journal of Nursing Scholarship. 26 (2), 119-127.
- Tavares, E. (2003). Transplantação pulmonar: como se sobrevive a uma morte
“anunciada”? (Dissertação de Mestrado, Instituto superior de psicologia aplicada, 2003). Disponível em: http://repositorio.ispa.pt/handle/10400.12/1000
- Tavares, E. (2004). A vida depois da vida: Reabilitação psicológica e social na
transplantação de órgãos. Análise Psicológica. 4 (XXII), 765-777.
- Urden, L. D., Stacy, K. M. & Lough, M. E. (2008). Thelan's Enfermagem de Cuidados Intensivos: Diagnóstico e Intervenção. (5.ª ed.). Loures: Lusodidacta.
- Zagonel, I. P. S. (1998). O cuidado de enfermagem na perspectiva dos eventos
transicionais humanos. ACTA Paulista de Enfermagem. 11 (2), 56-62.
CO72
ADESÃO À TERAPÊUTICA IMUNOSUPRESSORA NOS
DOENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE RENAL – PODE
SER MELHORADA?
Ana Bela Alcobia, Ana Catarina Santos, Ana Clara Vasconcelos,
Joel Ferreira, Rita Gouveia, Susana Duarte, Vânia Guerreiro
Serviço de Nefrologia: Unidade de Transplante, Hospital Garcia
de Orta, E.P.E.
A adesão à terapêutica imunosupressora é uma das chaves para o
sucesso do transplante renal. A não adesão à terapêutica imunosupressora é um factor determinante para o aumento da morbilidade e mortalidade, redução da qualidade de vida e aumento do
recurso aos serviços de saúde.
Neste contexto, considerámos importante avaliar o grau de adesão
das pessoas transplantadas renais seguidas em consulta num Hospital Central, através de um estudo de carácter descritivo, exploratório e transversal, no âmbito de uma abordagem quantitativa, com
base num questionário acerca da adesão terapêutica. Do total de
190 doentes transplantados renais seguidos na unidade, com mais
de 3 meses de tempo de transplante, preencheram, até à data, o
questionário 70 doentes, continuando em curso a sua aplicação.
Analisando os dados, 71% dos sujeitos são do sexo masculino, 47%
pertencem à faixa etária acima dos 60 anos e 41% têm entre 40 e
60 anos de idade. Relativamente ao tempo de transplante, 46% encontram-se transplantados há mais de 5 anos e 37% têm entre 1 a
5 anos de transplante renal.
Analisando os resultados obtidos constatámos que existe uma taxa
elevada de adesão à terapêutica imunosupressora, com 81% dos
indivíduos a referir nunca ter falhado a toma dos imunossupressores. Dos que afirmam ter falhado (17%), em 42% a primeira falha
na toma da medicação aconteceu entre o primeiro e o quinto ano
pós-transplante. Os principais motivos apontados foram o esquecimento (38%), considerar que lhes fazia mal (8%), não ser importante (4%) e 33% dos doentes não responderam à questão.
Dos doentes avaliados, a maioria considera que falhar a toma da medicação afecta a sua saúde (84%) e a função do enxerto renal (86%).
Os doentes reportaram como soluções importantes para aumentar
a adesão à terapêutica: controlo na consulta (40%), elaboração de
folhas guias de medicação (33%), preparação de caixas de medicação (33%), alerta em aplicação de telemóvel (24%) e utilização
de e-mail (3%).
Este estudo contribuiu para conhecer a adesão à terapêutica dos
doentes transplantados seguidos na unidade, o que ainda deve ser
aprofundado, para permitir o desenvolvimento de estratégias efectivas de melhoria da adesão à terapêutica.
CO73
A EXPERIÊNCIA DO TRANSPLANTE E O PAPEL DOS
PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO APOIO À FAMÍLIA: UM
ESTUDO REFLEXIVO
Annaíza Freitas Lopes de Araújo1, Aline Severo de Assis2, Érica
Fontenele Costa Lima3, Ítalo Rigoberto Cavalcante Andrade4,
Jardeliny Corrêa da Penha5, Talita Maria Lopes Carreiro de
Alencar6
1-Enfermeira. Especialista em Transplantes de Órgãos-UECE.
Supervisora Pedagógica da Escola de Saúde Pública do Ceará.
2-Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Coordenadora
Pedagógica da Escola de Saúde Pública do Ceará. 3-Enfermeira.
Especialista em Saúde Pública. Supervisora Pedagógica da Escola
de Saúde Pública do Ceará. 4-Enfermeiro. Especialista em UTI.
Coordenador da Especialização em Transplantes de ÓrgãosUECE. 5-Enfermeira. Mestre em Cuidados Clínicos em
Enfermagem pela Universidade Estadual do Ceará. Doutoranda
do Programa de Pós- Graduação da UFC. 6-Enfermeira.
Especialista em UTI. Diretora Hospitalar da Secretaria de Saúde
do Piauí.
Introdução: O transplante de órgãos proporciona aumento da sobrevida dos pacientes, melhorando sua qualidade de vida; no entanto, é uma experiência que traz impactos emocionais tanto para
o paciente quanto para a família. A experiência do transplante traz
aspectos importantes que afetam a qualidade de vida da família,
já que traz alterações na rotina familiar. A família necessita, portanto, de um apoio profissional para vivenciar esta experiência.
Objetivo: Investigar o papel dos profissionais de saúde no apoio à
família no contexto da experiência do transplante.
Descrição Metodológica: Trata-se de um estudo reflexivo, realizado
no período de abril a maio de 2014. O embasamento teórico foi
oriundo de pesquisa bibliográfica em fontes secundárias da Biblioteca
Virtual em Saúde. Incluiu-se, então, artigos indexados nas bases de
dados LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde) e
SciELO (Scientific Eletronic Library Online). Utilizaram-se as palavraschave “transplante’, “apoio” e “ família”, de forma concomitante.
Resultados: Observou-se nos estudos analisados que a experiência
do transplante traz para o paciente e para a família situações e sentimentos como: uso de drogas e realização de exames pelo resto
da vida, visitas periódicas ao médico, complicações pós-transplante, medo da rejeição pós-transplante, problemas psicossociais,
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
inversão familiar, alterações na rotina familiar, incertezas, vulnerabilidade e ansiedade. Ainda com embasamento nos achados, é
premente elencar o papel dos profissionais de saúde, tais como enfermeiros e psicólogos, como de fundamental importância no processo de adaptação e manejo da família para a provisão do
cuidado ao membro familiar.
Conclusão: Perante o exposto, é notória a magnitude da atuação
dos profissionais no apoio ao familiar no setor de transplantes de
órgãos. Pois os mesmos serão de suma importância durante todo
o processo de transplante.
Referências:
1. Anton, Márcia Camaratta; Piccinini, Cesar Augusto. O desenvolvimento emocional em crianças submetidas a transplante hepático. Estudos de Psicologia,
vol. 16, no.1. Natal: Jan/Abr. 2011.
2. Brito, Lise Maria Pinheiro de Mattos; Pessoa, Vera Lúcia Mendes de Paula; Santos, Zélia Maria de Souza Araújo dos. A família vivenciando o transplante cardíaco. Revista Brasileira de Enfermagem, vol.60. no.2. Brasília: Mar/Abr. 2007.
3. Garcia, Maria Lúcia Pinheiro; Souza, Ângela Maria Alves e; Holanda, Teresa
Cristina. Intervenção psicológica em uma unidade de transplante renal de um
hospital universitário. Psicologia: ciência e profissão, vol. 25, no.3. Brasília:
Set. 2005.
4. Mendes-Castillo, Ana Márcia Chiaradia; Bousso, Regina Szylit; Santos, Maiara
Rodrigues dos; Damião, Elaine Buchhorn Cintra. Estilos de manejo familiar:
uma possibilidade de avaliação no transplante hepático pediátrico. Acta Paulista de Enfermagem, vol. 25, no. 6. São Paulo: 2012.
5. Stolf, Noedir Antonio Groppo; Sadala, Maria Lucia Araujo. Os significados de
ter o coração transplantado: a experiência dos pacientes. Braz. J. Cardiovascular., vol. 21, no 3, 2006.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO74
PROCESSO DE TRABALHO DE ENFERMAGEM EM
TRANSPLANTES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA.
Annaíza Freitas Lopes de Araújo1, Aline Severo de Assis2, Érica
Fontenele Costa Lima3, Ítalo Rigoberto Cavalcante Andrade4,
Jardeliny Corrêa da Penha5, Talita Maria Lopes Carreiro de
Alencar6
1-Enfermeira. Especialista em Transplantes de Órgãos-UECE.
Supervisora Pedagógica da Escola de Saúde Pública do Ceará.
2-Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Coordenadora
Pedagógica da Escola de Saúde Pública do Ceará. 3-Enfermeira.
Especialista em Saúde Pública. Supervisora Pedagógica da Escola
de Saúde Pública do Ceará. 4-Enfermeiro. Especialista em UTI.
Coordenador da Especialização em Transplantes de ÓrgãosUECE. 5-Enfermeira. Mestre em Cuidados Clínicos em
Enfermagem pela Universidade Estadual do Ceará. Doutoranda do
Programa de Pós-Graduação da UFC. 6-Enfermeira. Especialista
em UTI. Diretora Hospitalar da Secretaria de Saúde do Piauí.
Introdução: No Brasil, os transplantes de órgãos tiveram início na
década de 60, mas esse tratamento pouco se difundiu em razão
da baixa sobrevida dos pacientes transplantados. Entretanto, após
15 anos, a atividade ganhou importância com o desenvolvimento
e criação de técnicas cirúrgicas, equipamentos de suporte, métodos
de determinação de histocompatibilidade entre doador e receptor,
bem como com o advento dos fármacos imunossupressores. Por
fim, esses procedimentos difundiram-se entre estabelecimentos hospitalares, aumentando a necessidade de regulamentação para a
doação e transplante de órgãos, e, além disso, o processo de trabalho de enfermagem realizado neste setor.
Objetivo: Identificar nas publicações científicas o processo de trabalho de enfermagem no setor de transplantes.
Metodologia: Revisão integrativa, para a qual foi elaborada a seguinte questão norteadora: como o processo de trabalho de enfermagem está acontecendo no setor de transplantes? Como critérios
de inclusão foram estabelecidos: artigos científicos disponibilizados
gratuitamente e na íntegra em inglês, português e espanhol, que
retratassem a temática em questão. O levantamento da literatura
foi realizado durante os meses de abril e maio de 2014, utilizandose, concomitantemente, como descritores “Transplantes” e “Enfermagem”. Em face disso, totalizaram 68 publicações, destas
somente 38 condiziam com o objetivo da pesquisa. Respeitando os
critérios de inclusão a amostra final foi composta por 11 artigos,
distribuídos nas bases de dados LILACS e BDENF.
Resultados: Conforme análise dos dados, verificou-se que a maioria dos estudos (04, 36,6%) foi divulgada no ano de 2012 e metade
dos estudos utilizou a abordagem qualitativa. Todos as publicações
35
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
foram realizadas no ambiente hospitalar. E em relação aos objetivos
analisados nas publicações, foi possível verificar a importância da
atuação da enfermagem no contexto hospitalar, ressaltando o seu
papel nos transplantes e no seu desenvolvimento e a implementação no serviço.
Conclusão: Perante o exposto, é notória a magnitude da atuação
do enfermeiro no setor de transplantes de órgãos. Diante disso, fazse primordial que novas estratégias sejam desenvolvidas a fim de
engrandecer a classe dos enfermeiros e seu aperfeiçoamento em
transplantes fortalecendo assim o processo de trabalho.
Palavras-chave: Transplantes, Enfermagem, Processo de trabalho.
Referencias:
1. KNOBEL E, LASELVA CR, MOURA DF. Terapia intensiva: enfermagem. São
Paulo: Atheneu; 2009.
2. ARCANJO RA, OLIVEIRA LC, SILVA DD. Reflexões sobre a comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos para transplantes; 3-Rev bioét (Impr.)
2013; 21 (1): 119-25.
3. Brito, Lise Maria Pinheiro de Mattos; Pessoa, Vera Lúcia Mendes de Paula; Santos, Zélia Maria de Souza Araújo dos. A família vivenciando o transplante cardíaco. Revista Brasileira de Enfermagem, vol.60. no.2. Brasília: Mar/Abr. 2007.
CO75
A IMPORTÂNCIA DA EXPRESSÃO GENÉTICA DA SELECTINA
E E INTERLEUCINA 1β NA PREVISÃO DE OCORRÊNCIA DE
DISFUNÇÃO DE ENXERTO APÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO
Jorge Paulino Pereira, Emanuel Vigia, Paulo Marcelino,
Eduardo Barroso
Centro Hepato-Bilio-Pancreático e de Transplantação do Hospital
Curry Cabral, Lisboa.
Objectivos: Este estudo destinou-se a comparar a expressão genética de moléculas envolvidas em processos inflamatórios e análise
histológica e disfunção de enxerto após transplante hepático (TH).
Material e métodos: Os tempos de colheita foram: no início da
colheita (T0); no final do período de isquémia fria (T1); após a reperfusão (T2). Incluídos 54 doentes com idade média de 45. Dados
obtidos: género, tempo de isquémia fria, tempo de isquémia
quente, tempo operatório, pico de transaminases, consumo de hemoderivados, ocorrência de lesão renal. A expressão genética foi
realizada com a determinação da expressão dos seguintes genes:
IL-1b, IL-6, TNF alfa, perforina, Selectina-E (SELE), Fas-ligando,
Granzima B, Heme oxigenase-1 (HO1) e sintetase do óxido nitrico
induzida (iNOS2A). Utilizado ainda o score histológico de Suzuki
para avaliação histológica comparativa. A disfunção do enxerto foi
a variável de comparação e definida segundo os critérios de disfunção precoce do aloenxerto validados na era do MELD.
Resultados: A disfunção de enxerto relacionou-se com: género
masculino (protectora); tempo de isquémia fria inferiores a 500 minutos ou 90 minutos para a isquémia quente; estadia na UCI de
mais de 6 dias; tempo operatório superior a 350 minutos. Histologicamente: com a balonização e necrose (alterações irreversíveis,
p=0.029). Expressão genética: expressões basais de IL-1β
(p=0.028), e de SELE (p=0.013).
Conclusão: a expressão genética de SELE e IL-1β em T0 foram relevantes para previsão de ocorrência de disfunção de enxerto pós
transplante, traduzindo o papel da mobilização precoce de neutrófilos nos desempenhos menos favoráveis do enxerto hepático.
CO76
INFLUENCE OF RED BLOOD CELULAR CONSUMPTION IN
PATIENTS SURVIVAL FOLLOWING LIVER TRANSPLANTATION
Real C., Sobreira Fernandes D., Barros F, Sa Couto P, Aragao I,
Fonseca L
Centro Hospitalar do Porto
36
Background and Goal of Study: Liver transplantation is known as
a highly complex procedure. Several variables can affect the outcome. Many attempts have been undertaken to better predict outcome after the transplantation procedure. These could assist on the
very difficult task of balancing the waiting list mortality and the posttransplant outcome. Centro Hospitalar do Porto has a liver transplantation program since 1996, with about 1100 performed
transplants. The aim of this study was to identify the pre- and intraoperative variables that may influence the outcome of cadaveric liver
transplantation, at a single institution.
Materials and Methods: Anesthetic records from 237 consecutive
patients who underwent liver transplantation from deceased donors
between June 2006 and December 2011 in our institution were reviewed in this retrospective study. Patients undergoing retransplantation were excluded from the analysis as were patients with familial
amyloid polyneuropathy because we considered these to be a very
different entity from all the other primary diagnosis. Pre-operative
variables studied were age, gender, MELD score, primary diagnosis,
cold ischemic time, preoperative INR, serum albumin and hemoglobin levels. Intra-operative variables included were norepinephrine
consumption (mg), blood loss (mL), red blood cell (RBC) transfusion
(number of units) and surgical time (min). All variables statistically
significant at the 10% level at bivariate analysis were included in a
multivariate Cox proportional hazard model.
Results and Discussion: Bivariate analysis revealed that norepinephrine consumption, blood loss, RBC transfusion and surgical
time were associated with patient survival (P values 0.008, 0.001,
<0.001, 0.066, respectively). When these variables were included
in a multivariate Cox regression model, only RBC transfusion was
identified as a significant independent predictor of survival after liver
transplantation (hazard ratio per unit transfused 1.19, 95% confidence interval 1.07 – 1.34). These findings support previously published studies demonstrating the association between intra-operative
transfusion of RBC and adverse outcome after orthotopic liver transplantation.
Conclusion: RBC intra-operative requirement is an independent risk
factor for survival after liver transplantation, in our center. These findings have important implications for transfusion practice and should
be considered when determining the risk-benefit ratio of blood product transfusions in liver transplantation recipients.
CO77
USO DA ESPONJA DE FIBRINOGÊNIO E TROMBINA
HUMANA PARA HEMOSTASIA NO TRANSPLANTE HEPÁTICO
COM A TÉCNICA DE SPLIT
Vicentine FPP1,2, Perdigão FC1, Sepulveda A1, Gonzalez AM2,
Soubrane O1, Scaton O1
1-Hospital Saint Antoine (AP-HP), Universidade Pierre e Marie
Curie – UPMC, Paris VI, França; 2-Universidade Federal de São
Paulo, Brasil.
Introdução: O transplante de fígado com a técnica de split tem
hoje em dia os mesmos resultados que o transplante hepático com
fígado inteiro, mas não é livre de complicações, como sangramento
e fístula biliar da área cruenta. A esponja de fibrinogênio e trombina
humana é uma nova ferramenta na cirurgia hepática, com bons resultados na hemostasia da área de corte da hepatectomia. O objetivo deste trabalho é avaliar o uso da esponja de fibrinogênio e
trombina humana para a hemostasia em pacientes submetidos ao
transplante de fígado com a técnica de split.
Material e Métodos: De maio de 2000 a janeiro de 2010, 57 pacientes foram transplantados com a técnica do split (enxerto direito
extendido ou fígado direito). Os pacientes foram divididos em dois
grupos de acordo com a utilização da esponja de fibrinogênio e
trombina humana na área cruenta para auxiliar a hemostasia: com
esponja (n= 23) e sem esponja (n= 34). Os dois grupos foram
comparáveis em termos de características do receptor (idade, sexo,
IMC, Child, Meld, indicação de transplante hepático e carcinoma
hepatocelular) assim como nas características do doador (idade e
causa da morte), mas com IMC maior do doador no grupo com
esponja (24,13 contra 21,76kg, p= 0,01).
Resultados: No grupo com esponja a média de esponjas usadas
foram 2 esponjas por paciente. O número de pacientes que necessitaram de hemotransfusão durante o transplante hepático foram
iguais nos dois grupos: com esponja: 11/23 (48%) e sem esponja:
18/34 (54%), p = 0,79, mas o número de hemoconcetrados usados
por pacientes no grupo com esponja foi estatisticamente menor que
no grupo sem esponja (2,63 contra 8,33 unidades, p = 0,04). Não
houve diferença entre o número de coleções e fístula biliar em ambos
os grupos: com esponja 10/23 (43%) e 8/23 (35%) e sem esponja
8/34 (24%) e 9/34 (27%), p= 0,09 e 0,35, respectivamente.
Conclusão: Nesta população o uso da esponja de fibrinogênio e
trombina humana foi útil para melhorar a hemostasia em pacientes
submetidos ao tranplante hepático com a técnica de split.
CO78
ANÁLISE RETROSPETIVA DO TRATAMENTO COM TÉCNICA
DE SUBSTITUIÇÃO HEPÁTICA NUM CENTRO DE
TRANSPLANTAÇÃO.
J. Rodrigues, S. Guerreiro Castro, Borja Moya, Philip Fortuna,
Ana Martins, Jorge Paulino Pereira, Luis Bento, Paulo
Marcelino, Rui Perdigoto, Eduardo Barroso
Centro Hepato-Bilio-Pancreática e de Transplantação, Hospital de
Curry Cabral, Lisboa; Unidade de Cuidados Intensivos do
Hospital de Curry Cabral, Lisboa
Introdução: O suporte hepático artificial tem por objetivo a remoção de produtos solúveis no plasma e ligados a albumina que
advêm da falência hepática. As sindicações habituais incluem a melhoria da encefalopatia hepática e o uso destas técnicas como
ponte para transplante. Os autores avaliam a experiencia do serviço
na utilização da técnica de suporte hepático com Prometheus®.
Métodos: Análise descritiva, retrospetiva, dos doentes submetidos
a técnica de suporte hepático (Prometheus®) numa Unidade de Cuidados Intensivos entre Julho de 2007 e Dezembro de 2013.
Sumário de Resultados: Foram incluídos 64 doentes, nos quais se
realizaram 212 procedimentos; excluídos 10 por dados insuficientes.
A idade média foi de 50,7 ± 13,1 anos, 73,4% do sexo masculino.
Realizaram-se em média 3,3 ± 2,3 procedimentos por doente. As
indicações para aplicação da técnica foram doença colestática
(n=18), hepatopatia aguda (n=20), agudização de doença hepática crónica (n=15), pós-transplante (n=20); encefalopatia portossistémica (n=19). Em 24 doentes (37.5%) havia mais de um motivo.
O valor médio de Bilirrubina Total inicial foi de 27,3 ± 12,8 mg/dl,
com uma descida média de 49.8%. O índice MELD (model for end
stage disease) médio foi de 29,4 ± 9,2 e de Child-Turcotte-Pugh
score (CTPs) de 10,6 ± 2. Como intercorrências durante a técnica
constatou-se hipotensão em 21 doentes (32,8%), com necessidade
de introdução de vasopressor em 6 doentes e aumento da dose em
3. Em 6 doentes (9.4%) houve coagulação do circuito. Verificaramse 23 óbitos (35,9%) no internamento, melhoria clínica em 20 doentes (31,2%) e 20 (31,2%) foram submetidos a transplante hepático.
A mortalidade a 6 meses foi de 58,9% (33 doentes; em 8 doentes
não havia dados). Os doentes com doença hepática cronica agudizada apresentaram pior condição pré-procedimento (maior MELD
e CTPs) e uma mortalidade a 6 meses de 71.4%.
Conclusão: A técnica de suporte hepático com Prometheus® é uma
técnica segura e eficaz na depuração de bilirrubina total. Os doentes com agudização de doença hepática crónica são mais graves e
apresentam maior mortalidade.
CO79
BRAZILIAN EXPERIENCE IN LIVER DONOR LIVER
TRANSPLANTATION (LDLT) IN A SINGLE CENTER
Junior R.A.F., Carvalho G.S.S., Bento G.A., Vasconcelos R.D.,
Annunziatta T., Souza L.D.D., Pacheco-Moreira L.P.
Hospital Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro
The rising demand for liver transplantation in the world has continued to outpace the availability of deceased donor organs leads to
the need for other treatment options including, living donors.
A precise evaluation of surgical complications is therefore considered to be the most important issue in this setting. Publications are
controversies, reporting of donor morbidity range from 13% to
78.3%, and the mortality cannot be considered a real value.
The aim of this study is to present a retrospective analysis of 172
living donors in a single Brazilian center, December 2002 to December 2013, stratifying the complications according to Clavien’s
score system.
None of the donors experienced died but only one had a grade IV
of Clavien, the majority of donors (n=127) didn’t suffer any complications. Fifty one complications were observed in 45 patients.
Eighty three hepatectomies were performed for adult and eighty nine
for pediatric transplantation. According to the Brisbane, were realized 80 right and 3 left hepatectomies and 89 left lateral segmentectomies.
According to Clavien, the complications were classified as: grade I
– 20(40%), grade II – 12(24%), grade III – 17(34%), grade IV –
1(2%) and any patient presented V; and the most common,was biliary tract injury, like in others series.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
In this Brazilian serie, hepatectomy for LDLT was a safe procedure
with low morbidity, regardless of the type of liver resection undertaken and, probably, will continue to grow to alleviate the pressure
of growing waiting lists, mostly at pediatric group.
CO80
PONTUAÇÃO POR SITUAÇÃO ESPECIAL BENEFICIA
DESPROPORCIONALMENTE RECEPTORES DE FÍGADO
Nathália N G Lopes, Agnaldo S Lima, Leandro R N Amado,
Luciana C Faria
Hospital das Clínicas da UFMG – Belo Horizonte, MG – Brasil
Frente à limitada disponibilidade de enxertos para transplante, a
alocação de órgãos pelo MELD foi instituída em diversos países.
Entretanto, circunstâncias específicas de pacientes com neoplasia
e algumas outras doenças requerem a concessão de pontuação
extra. O objetivo deste estudo foi verificar a equanimidade da distribuição de órgãos pelo sistema MELD.
Casuística e Método: Estudo retrospectivo envolvendo pacientes
acima de 12 anos, incluídos em lista de espera entre janeiro/2009
e setembro/2013. Foram coletados dados demográficos, indicação
ao transplante e pontuação MELD. Transplante ou óbito foram considerados desfechos finais do acompanhamento. O intervalo de
tempo entre o primeiro atendimento e a inscrição em lista e a inscrição e o desfecho final foram calculados. Critérios de exclusão
foram hepatite fulminante, retransplantes e atendimentos que não
chegaram à inscrição em lista. Diferenças foram consideradas significativas quando p<0,05.
Resultados: Dos 301 pacientes com indicação ao transplante e
inscritos em lista de espera, aqueles com contraindicações (n=4),
melhora clínica (n=4), transferidos para outro serviço (n=2), perda
de seguimento (n=5) e que permaneciam em lista até o final da
coleta de dados (n=26), não foram considerados nesta análise. Os
260 pacientes analisados tinham mediana de 54,9 anos (12,1 a
73,9 anos), 70,4% eram homens, 56,2% eram provenientes do interior do Estado, acometidos por doenças hepatocelulares crônicas
em 63,1%, especialmente cirrose etanólica (33,1%) e cirrose pósviral C (24,2%). Pacientes foram incluídos em lista com mediana
de MELD de 17 (6-50), 26,5% beneficiaram de pontuação especial.
O MELD inicial dos pacientes que evoluíram para óbito pré-transplante era menor que dos pacientes que transplantaram (13,5 vs.
15), mas eles aguardaram mais tempo até a inscrição (268,5 dias
vs. 211 dias), chegando ao evento final com a mesma gravidade
que os pacientes que transplantaram (MELD final 16). Pacientes
com situação especial representaram 1/3 dos pacientes transplantados e apresentaram mortalidade pré-Tx menor que os demais pacientes (p<0,001). Não houve diferença no acesso ao transplante
segundo a idade, sexo ou proveniência do receptor.
Conclusão: A pontuação atribuída a receptores com situação especial deve ser ajustada para não prejudicar pacientes com acesso
ao transplante pelo MELD calculado.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO81
THE KINETICS OF HLA ANTIBODIES AFTER KIDNEY
TRANSPLANTATION – THE IMPACT ON ACUTE REJECTION
AND GRAFT LOSS
Erick A. Barbosa1, Renata P. Souza2, Fabiana Agena1, Gabriella
Maciel1, Nicolas Panajotopoulos2, Patricia S. Souza1, Helcio
Rodrigues2, Daisa S. David1, Willian Nahas1, Elias David-Neto1
and Maria Cristina Ribeiro de Castro1
1-Renal Transplant Service, Hospital das Clinicas - University of
Sao Paulo, Sao Paulo, SP, Brazil and 2-Laboratory of Immunology,
Heart Institute Medical School, University of Sao Paulo, Sao Paulo,
SP, Brazil.
We evaluated, using Luminex techniques, the presence and the kinetics
of the anti-HLA antibodies after kidney transplantation and their influence on the occurrence and severity of the episodes of acute rejection.
This is a prospective, observational study that evaluated 150 patients
undergoing isolated kidney transplantation. Blood samples were collected before transplantation and on days 4, 7, 14, 30, 90, 180
and 360 after the surgery. HLA typing included determination of loci
A, B, C, DR and DQ.
Results: 150 patients analyzed, ninety-nine from deceased donor
and forty-one from living donor in the pre-transplant period. The
37
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
rates of TCMR and ABMR in our patients during the first year followup were 12% and 8% respectively; The incidence of acute rejection
were higher in patients transplanted with DSA. The relative risk of
acute rejection between groups I (PRA=0) and IIA (PRA≠0 without
DSA) was 1.52; IIB (PRA≠0 with DSA)/IIA 1.87 and IIB/I 2.9. The
RR to develop antibody-mediated rejection among groups were; IIA/I
1.8; IIB/IIA 5.5 and IIB/I 8 times.
In the post tx period, patients transplanted with a known DSA had more
acute rejection than any other patients. There was no statistical difference on different levels of DSA-MFI at the moment of the transplant and
the occurrence of rejection. Only 2% patients non-sensitized developed
“de novo” DSA and both occurred late. 15% sensitized pts without DSA
developed DSA usually during the 1st month and Pre tx DSA can increase, decrease, or stabilize their DSA levels with a graft impact.
Conclusion: 5% of our patients developed de novo DSAs; 12% of our
patients were transplanted with a DSA: 44% presented ABMR; At one
year DSA presence and rejection occurrence had no impact on graft
function, graft survival and patient survival; We did not find any evidence of benefit in monitoring routinely non-sensitized patients; Sensitized patients could be monitored frequently during the 1st month (7,
14 and 30 days), followed by the 3nd month and each 6th months.
CO82
EIXO DE POLARIZAÇÃO LINFÓCITOS T REGULADORES/
TH17 E GRAVIDADE DE REJEIÇÃO CELULAR NO ENXERTO
RENAL
Helena Sousa Viana, Ana Santos, Isabel Mesquita, Fernanda
Carvalho, Fernando Nolasco
Hospital de Curry Cabral, Centro Hospitalar de Lisboa Central
Introduçâo: As Th17 são células T efectoras, em associação com
as Th1 e Th2 e Th foliculares e actuam através da produção da citocina pro-inflamatória IL17. As Tregs marcadas através de FOXP3
têm efeito supressor da inflamação e assim protector contra a rejeição. As Th17 estão mais próximas das Tregs do que das outras
células T efectoras, desenvolvendo-se a partir de um percursor
comum. De acordo com o meio, as Th17 podem converter-se em
Tregs e vice-versa. A resposta imunológica depende do balanço,
do eixo de polarização entre estes dois tipos de células.
Métodos: Reavaliação de todas a biópsias consecutivas unicêntricas (n=45) com diagnóstico de lesão borderline (B), rejeição celular
(RC) e rejeição vascular (RV) entre 2000-2001. Reobservação das
biópsias e classificação histológica de acordo com os critérios actuais de Banff. Marcação celular das FOXP3 e TH17 por imunohistoquímica indirecta em cortes de parafina. Determinação do
número de células por mm2, através de contagem celular e medição digital da área de cada fragmento de biópsia.
Resultados: Verificámos um total de 16,56±17,66 FOXP3/mm2 e
um total de 6,12±14,53 Th17/mm2. Em 16 biópsias não se observam células Th17.As biópsias com diagnóstico B em relação às
RC apresentam um menor número de FOXP3 (8,94 ±11,32 vs
25,33±19,66, p=0,0022) com um número baixo mas semelhante
de Th17 (2,39±4,15 vs 2,45±4,45; p=0,8241). As biópsias classificadas com RV em relação às RC apresentam um número menor
de FOXP3 (6,11±5,98 vs 25,33±19,66; p=0,0002) e um número
maior de TH17 (15,74±25,17 vs 2,45±4,45; p=0,015)
Conclusão: Á medida que a rejeição se torna mais grave assistese a um predomínio das TH17 sobre as FOXP3. Estes resultados
coadunam-se com a inflamação/ lesão do tecido observado à medida que se avança na gravidade da rejeição. Seria determinante
perceber quais são os factores que causam a polarização do eixo
para a destruição celular.
38
CO83
NIVELES BAJOS DE CÉLULAS TREGS ANTES DEL
TRASPLANTE RENAL PRESENTAN PEOR SUPERVIVENCIA DEL
INJERTO A LARGO PLAZO
David San Segundo, Emilio Rodrigo, Maria Kislikova, Juan
Carlos Ruiz, Miguel Seras, Geovana Bonilla, Gema
Fernández-Fresnedo, Manuel Arias, Marcos López-Hoyos
Servicios de Inmunología y Nefrología. Hospital Universitario
Marqués de Valdecilla-IDIVAL, Santander
Introducción: Las células T reguladoras (Tregs) están involucradas
en el control de la repuesta inmunitaria y se han propuesto como
biomarcadores de rechazo en trasplante renal. Sin embargo, el
papel que pueden jugar a largo plazo aún no estáesclarecido.
Objetivos: Evaluar los niveles de células Tregs pretrasplante como
biomarcadores de supervivencia a largo plazo de trasplante renal.
Material y métodos: Se reclutaron un total de 172 pacientes con
enfermedad renal terminal que han sido trasplantados en nuestro
centro desde 2006. Se estudiaron los niveles de células Tregs antes
del trasplante mediante citometría de flujo. La supervivencia del injerto (muertes con injerto funcionante censuradas) se evaluó mediante curvas de Kaplan-Meier y las diferencias significativas se
determinaron mediante test log-rank.
Resultados: Para determinar un punto de corte de los niveles de
Tregs que mejor discriminase entre los grupos de injerto funcionante
(IF) o injerto perdido (IP), se realizaron curvas ROC. Un valor de
13,2 células Tregs/mm3 en sangre, alcanzó una sensibilidad de un
64,8% y una especificidad del 57,1%. A su vez se dividió a los pacientes trasplantados renales en función de los niveles de Tregs pretrasplante en niveles normales (> 13,2 células Tregs/mm3) y niveles
bajos (<13,2 células Tregs/mm3).
Los pacientes incluidos en el grupo de niveles bajos de Tregs tuvieron una peor supervivencia a los 7 años del trasplante renal (91,2%
Normal Tregs vs 73,85% niveles bajos de Tregs, p=0,0214).
Conclusión: Los niveles bajos de células Tregs antes del trasplante
parece que detecta los pacientes en riesgo de pérdida del injerto a
largo plazo. El posible tratamiento de condicionamiento en pacientes con enfermedad renal terminal con el objeto de aumentar los
niveles de células Tregs antes del trasplante, podría ser una opción
para mejorar la supervivencia del injerto a largo plazo.
Financiación: Fondo de Investigaciones Sanitarias (FIS 08/0157
and 11/00990), RENDIREN and Mutua Madrileña.
CO84
ESTUDIO DE SUBPOBLACIONES DE LINFOCITOS B PRETRASPLANTE RENAL PARA IDENTIFICAR PACIENTES EN
RIESGO DE RECHAZO AGUDO
David San Segundo, Manuel Arias, Emilio Rodrigo, Maria
Kislikova, Juan Carlos Ruiz, Gema Fernández-Fresnedo,
Marcos López-Hoyos
Servicios de Inmunología y Nefrología. Hospital Universitario
Marqués de Valdecilla-IDIVAL, Santander.
Introducción: La respuesta mediada por linfocitos B tiene gran relevancia en trasplante renal por el papel de los anticuerpos antiHLA en el rechazo y la observación aparentemente contradictoria
en trasplantados renales tolerantes de un perfil de respuesta humoral. En la base de esta contradicción puede estar la diferente función
de cada subtipo de célula B según su grado de diferenciación.
Objetivos: Estudiar la frecuencia de las subpoblaciones de linfocitos B en pacientes con enfermedad renal terminal antes del trasplante para determinar aquellos en riesgo de sufrir un RA.
Material y métodos: Se estudiaron 80 pacientes en lista de espera
de trasplante renal seguidos en nuestro centro justo en el momento
previo al trasplante desde el año 2010. Mediante la tinción con anticuerpos monoclonales y análisis citométrico se cuantificaron las
subpoblaciones sanguíneas de linfocitos B naïve y memoria que sufren cambio de isotipo (SW) y sin cambio de isotipo (US).
Resultados: Los pacientes incluidos en el grupo de RA (n:11,
13,75%) presentaban una frecuencia de linfocitos SW superior a la
observada en el grupo de pacientes sin eventos de RA (mediana
[rango intercuartílico] 24,5% [18,6-39,6] vs 15,1% [8,45-23,4];
p=0,025). Por ello, se analizó la frecuencia de SW como biomarcador predictor de RA. Un valor superior a 18,4% de SW predice el
riesgo de RA con 81,8% de sensibilidad y 60,9% de especificidad y
un área bajo la curva (AUC) ROC de 71,2%. En nuestra serie, los
pacientes con una frecuencia de linfocitos B SW por encima de
18,4% tenían un riesgo relativo (intervalo de confianza al 95%) de
sufrir un RA de 7,0 (1,4-34,9).
A su vez se observó una frecuencia disminuida de linfocitos B naïve
en pacientes con RA (media +/- desviación estándar: 47,07 +/17,46% vs 63,94 +/- 18,73%, p=0,0066). Un valor por debajo de
53,75% de linfocitos B naïve identifica a pacientes con RA con una
sensibilidad del 72,1% especificidad del 72,9%; siendo el AUC calculada de 75,3%. Cuando la frecuencia de células B naïve es inferior
a 53,75%, el riesgo relativo de RA es 6,88 (1,65-28,7; p=0,004).
Conclusiones: La cuantificación de la frecuencia de linfocitos B SW
y naïve en el momento del trasplante identifica a pacientes con
riesgo de sufrir un evento de RA en nuestra serie.
Financiación: Fondo de Investigaciones Sanitarias (FIS 08/0157
and 11/00990), RENDIREN and Mutua Madrileña.
CO85
DONOR AND RECIPIENT GENETIC POLYMORPHISMS AND
DELAYED GRAFT FUNCTION IN KIDNEY
TRANSPLANTATION
Goncalves-Primo A, Campos EF, Medina-Pestana JO, TedescoSilva, H, Gerbase-DeLima M
Instituto de Imunogenética da Associação Fundo de Incentivo à
Pesquisa -AFIP, Universidade Federal de São Paulo, Hospital do
Rim e Hipertensão, São Paulo, SP, Brazil
This study sought to investigate the association between single nucleotide polymorphisms (SNPs) in genes coding for molecules involved in ischemia-reperfusion injury and the occurrence of delayed
graft function (DGF).
Methods: Using a prioritization system (SNPLogic www.snplogic.org) based on SNP’s potential to influence gene expression and their allelic frequencies in Caucasian populations, we
selected SNPs in the following genes: ATF3, BAX, BCL2, CLCN6,
CX3CL1, CXCL1, CXCL10, EDN1, EPAS1, FABP1, GSTP1, HAVCR1,
HMOX1, ICAM1, IL8, JAG1, LGALS3, MCPH1, NGAL, NOS2,
PARP1, SELP, SHROOM3, SPATA5L1, STC1, TLR4, UMOD and
VEGFA. The study included 579 transplants performed in a single
center with kidneys from deceased donors. SNPs were determined
in 312 donors and 466 recipients of predominantly Caucasian ancestry. DGF was defined as the need for dialysis in the first week after
transplantation, and occurred in 303 transplants. TaqMan® OpenArray™ System was used to genotype 29 SNPs in 28 genes.
Results: Only the SNP rs2146323, +7149 A>C intron 2 in VEGFA
of donors (AA/AC vs CC genotypes: p=0.0004, OR=2.310, 95%
CI=1.465-3.643) and the SNP rs1871042, +2778 T>C intron 6
in GSTP1 of recipients (TT/TC vs CC genotypes: p=0.0066,
OR=1.680, 95% CI=1.159-2.435) were associated with DGF. These
two SNPs are located at predicted transcription factors binding sites.
A multiple regression analysis including only clinical data showed that
only donor serum creatinine (Cr) > 1.5 mg/dL before kidney removal
remained associated with DGF (p=0.0005, OR=1.544, 95%
CI=1.304-1.829). A posterior multiple regression analysis, including
the final Cr of the donor and the VEGFA and GSTP1 SNPs, revealed
that all three variables were independently associated with DGF.
Conclusions: Out of 29 SNPs investigated, only one SNP in the
gene VEGFA (vascular endothelial growth factor A) of the donor,
and one SNP in the gene GSTP1 (glutathione S-transferases P1) of
the recipient were found to be significantly associated with DGF.
CO86
ANALYSIS OF CYTOKINE SYNTHESIS IN DONOR-RECIPIENT
MIXED LYMPHOCYTE REACTIONS IN KIDNEY TRANSPLANT
PATIENTS: RAPAMYCINE IS SUPERIOR TO CALCINEURIN
INHIBITORS IN DOWN-REGULATING IL-2 PRODUCTION
Maria Paula DP. Xavier1, Susana Norton. Sampaio2, Paula
Aires1, Fátima Freitas1, José GG. Oliveira3
1-Instituto Português Sangue e Transplantação, Porto, Portugal;
2-Hospital S João, Porto, Portugal; 3-Faculdade Medicina Porto,
Hospital S João, Porto, Portugal.
Rapamycine (RAPA) and cyclosporin A (CsA) are both used as immunosuppressants in kidney transplantation. Their mechanism of
action are different, CsA is thought to predominantly inhibit IL-2 synthesis with an array of consequences while RAPA acts distally without
interference in IL-2 synthesis. We tested the cytokine production by
donor-recipient mixed lymphocyte reactions in two groups of kidney
transplant patients, one treated by a combination of CsA, mycophenolate mofetil and prednisolone (group I, n=7) and by RAPA substituting for CsA (group II, n=8), combined with the same regimen of
the other two drugs. All transplants were done with cadaver donors,
were first grafts and remained free of acute rejection. The MLR were
done with irradiated donor splenocytes and recipient peripheral
blood cells collected between six and 12 months post transplantation. On day 5 of incubation supernatants were collected and ana-
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I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
lyzed by ELISA from R&D for IFN-α, TGF-ß, IL-2, IL-2Ralpha, IL-10
and IL-1Ra. Results are expressed in pg/mL, analysis by Mann-Whitney test (Statsoft). Each patient enjoyed good graft function and CsA
and RAPA blood levels were within the therapeutic window at the
time of testing. Significant differences were found by comparing IL2, IL-2Ralpha and in the ratio of TGF-ß/IL-2 in I vs II, respectively:
68±20 vs 49±10, p=0.017; 238±6 vs 181±26,
p=0.01;8.1±5.6 vs 19±7.3, p=0.007. The other cytokines did
not show significant differences. TGF-ß was upregulated in II
(p=0.13), IL-10 and IL-1Ra were down-regulated in II. We conclude
that RAPA is more powerful in IL-2 synthesis inhibition than CsA and
also in promoting a significantly higher predominance of TGF-ß over
IL-2 than CsA while it does change significantly IL-10, suggesting
RAPA induces a T regulator cell that is not IL-2 dependent. The combination of high TGF-ß and low IL-1Ra may also surmise a lower
activation status of monocytic cells associated with RAPA.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CO87
PERFIL DE EXPRESSÃO GÉNICA DO DOENTE COM
DISFUNÇÃO CRÓNICA DO ENXERTO RENAL
Diana Carvalho, Olívia Simões, José Gomes, Ana Gonçalves,
Susana Pedreiro, Artur Paiva, Hélder Trindade, Alfredo Mota,
Rui Alves
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra – Unidade de
Transplantação Renal. Centro do Sangue e da Transplantação de
Coimbra – IPST, IP.
Apesar de se terem atingido excelentes resultados no controlo da
rejeição aguda e, consequentemente, na sobrevida, a curto prazo,
do enxerto renal, uma parte substancial dos doentes desenvolve
progressivamente disfunção crónica do enxerto. Esta, é normalmente avaliada com recurso a técnicas invasivas que complementam, em definitivo, a perda de função com o aumento dos valores
da creatinina a qual continua a ser o marcador mais utilizado no
diagnóstico de disfunção do enxerto.
Assim, na tentativa de entender os mecanismos que levam à disfunção crónica do enxerto, constituiu objectivo deste trabalho, fazer uma
avaliação do perfil transcripcional dos leucócitos do sangue periférico
de dois grupos de transplantados renais: doentes com função renal
estável (FE -N=48) há mais de dez anos e doentes com diagnóstico
de rejeição/ disfunção crónica (DFC - N=23) do enxerto.
Foi avaliada a expressão relativa de um painel de genes mediadores
da resposta imune (IL 2; IL 12; IFN-&#947; IL 4; IL 6; IL 10; TGF&#946;1; FoxP3; perforina 1; granzima B; CXCL 9, CXCL 10 e
CD79B) nos dois grupos de doentes e num grupo controlo de individuos saudáveis, por PCR em Tempo Real após síntese de cDNA a
partir de mRNA extraído dos leucócitos do sangue periférico.
A nível estatístico, os resultados foram submetidos ao teste U de
Mann-Whitney e considerados estatisticamente significativos quando
p < 0,05. O software usado foi o IBM SPSS® Statistics 19.
Dos resultados obtidos, comparando os dois grupos de doentes,
sobressai um aumento significativamente estatístico na produção
de IL12 (p=0.004), FoxP3 (p=0,0001) e CD79B (p=0,0001) e
uma diminuição da produção de CXCL10 (p=0,0001) e IL 10 no
grupo de doentes com função renal estável (FE).
Apesar de preliminares, estes resultados parecem indiciar a obtenção, no grupo de doentes com função renal estável, de algum grau
de tolerância. Assim, parece-nos viável explorar esta abordagem
no seguimento do doente transplantado a fim de avaliar se as mudanças no perfil de expressão génica poderão, precocemente, servir
de marcador da disfunção crónica do enxerto.
CO88
PROTOCOLO HALIFAX PARA PROVA CRUZADA POR
CITOMETRIA DE FLUXO: VALIDAÇÃO E COMPARAÇÃO
COM PROVA CRUZADA CDC-AGH.
Juliana Montagner1, Norberto Costa1, Sandra Fernandes1,
Robert Liwski2 e Jorge Neumann1
1-Laboratório de Imunologia de Transplantes, Santa Casa de
Porto Alegre, RS, Brasil; 2-Dalhousie University, Halifax, Canada
O Brasil realizou durante o ano de 2013 exatos 5.926 transplantes
de rim, pulmão, coração e pâncreas. Todos estes transplantes demandaram a realização de uma prova cruzada pré-transplante.
O tempo dispendido na realização da prova cruzada é um dos fa-
39
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
tores que aumenta o tempo de isquemia fria, com impacto a qualidade do transplante.
Em 2011 R. Liwski apresentou um novo protocolo para prova cruzada por citometria de fluxo (Protocolo Halifax) com importante redução no tempo necessário para a sua realização (ASHI 2011). Em
novembro de 2012 o LITx da Santa Casa de Porto Alegre iniciou
os testes para validação deste novo protocolo em substituição ao
protocolo convencional por citometria.
Realizamos 914 testes entre novembro de 2012 e março de 2013
introduzindo pequenas modificações no Protocolo Halifax. Entre
março e abril de 2013, após a realização em paralelo de 416 provas cruzadas entre o Protocolo Halifax e o protocolo convencional,
observamos um alto nível de concordância, com um P estatisticamente significativo (P<0,0000), sendo o Protocolo Halifax adotado
em nossa rotina. Neste momento ainda mantínhamos a prova
CDC-AGH em operação.
Positivo
Negativo
Positivo
183
1
DC: 44
Negativo
1
DC: 42
231
Ao mesmo tempo, já há um ano vínhamos comparando o resultado
da prova cruzada por citometria de fluxo e o resultado da prova cruzada CDC-AGH. Após 1.081 provas cruzadas flow e CDC-AGH
realizadas em paralelo a análise estatística (Curva ROC) revelou
uma área sob a curva de 0.884, ou seja, uma excelente correlação.
Baseado nestes dados decidimos a partir de setembro de 2013 passar a realizar prova cruzada pré-transplante apenas com citometria
de fluxo pelo Protocolo Halifax, abandonando os testes CDC-AGH.
A economia de tempo daí resultante foi extremamente significativa,
reduzindo-se o tempo médio da prova cruzada de 7 para menos
de 4 horas.
CO89
RESULTADOS DAS QUERATOPLASTIAS EM 13 ANOS DE
EXPERIÊNCIA
Inês Martins de Almeida, Filipa G Rodrigues, Filipa D
Rodrigues, Cláudia Costa Ferreira, Serafim Gonçalves, José
Salgado Borges, João Chibante
Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga
Introdução: O transplante de córnea, também denominado de
queratoplastia, é o tipo de transplante mais frequentemente realizado em Portugal. É um procedimento relativamente seguro indicado em casos de ectasia da córnea, leucomas secundários a
traumatismo ou infecções, úlceras de córnea ou em situações de
complicações de cirurgias prévias, entre outras. Apresentam-se os
resultados das queratoplastias realizadas no nosso Serviço.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos processos clínicos
de todos os doentes submetidos a queratoplastia entre os anos de
2000 e 2013, tendo sido recolhidas as características pré e pós
operatórias
Resultados: Foram realizados 271 transplantes de córnea (268
queratoplastias penetrantes e 3 queratoplastias lamelares anteriores
profundas), dos quais 162 (59,8%) eram doentes do sexo masculino
e 109 (40,2%) do sexo feminino. A idade média dos receptores foi
de 52,4 anos, sendo a idade mínima de 10 anos e a máxima de
88 anos. As principais indicações cirúrgicas foram o queratocone,
a queratopatia bolhosa pseudofáquica e os leucomas secundários
a infecção ou traumatismo. Em 16 doentes houve necessidade de
retransplante.
Conclusão: Os múltiplos avanços tecnológicos associados a uma
melhor abordagem das complicações e rejeições do enxerto, tornaram o transplante de córnea um procedimento eficaz no tratamento de várias patologias corneanas.
CO90
ENDOTHELIAL KERATOPLASTY: INDICATIONS AND
OUTCOMES
André Vicente, Rita Anjos, Bárbara Borges, Ana Basílio, Nuno
Alves, Vítor Maduro, João Feijão, Pedro Candelária
Centro Hospitalar de Lisboa Central
40
Purpose: The authors present a study of the indications, visual outcomes and complications of 57 eyes of 51 patients submitted to Descemet Stripping Automated Endothelial Keratoplasty.
Introduction: The surgical treatment of endothelial disease is now
mainly performed with Endotelial Keratoplasty. Fuchs endothelial
dystrophy and pseudophakic bullous keratopathy are the two most
common indications. The surgical procedure consists in stripping
Descemet’s membrane and endothelium from the recipient and joining the donor tissue using an air bubble.
Methods: Observational study of 57 eyes of 51 patients submitted
to DSAEK from 2011 to 2013 by the same surgical team. Indications, visual acuity progress and complications were analyzed. The
outcome dissimilarity between the different indications was studied.
A comparison between DSAEK and the combined procedure with
phacoemulsification was also done.
Results: 63,2% were women. Patients had a mean age of
68±11,27 years. Pseudophakic bullous keratopathy was the indication in 47,4% of the cases, Fuchs endothelial dystrophy in 43,9%,
bullous keratopathy after AC IOL implantation in 7,0% and after
penetrating keratoplasty in 1,8%. A combined procedure with phacoemulsification and IOL implantation was performed 15,8% of the
cases. There were no intraoperative complications. Preoperative average visual acuity was 0,22±0,15 and best postoperative average
visual acuity was 0,60±0,23. The postoperative complication rate
was 15,8% and included graft failures, dislocations and vitritis.
Conclusion: An ample average visual acuity increase was obtained,
comparable to those described by other studies with a fast visual recovery associated with less postoperative inflammation. Postoperative complication rate was also within the expected results. In patients
with endothelial dysfunction DSAEK is now a secure alternative to
penetrating keratoplasty.
CO91
TOPOGRAPHY GUIDED TREATMENT OF IRREGULAR
ASTIGMATISM AFTER CORNEAL TRANSPLANT: REFRACTIVE
AND ABERROMETRIC OUTCOMES
Martins Rosa A1,2, Rocha Tânia I1,2, Laíns I1,2, Tavares C1,
Quadrado MJ1,2, Lobo C1,2, Murta J1,2
1-Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia do
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal; 2Faculdade de Medicina de Coimbra, Portugal.
Purpose: To analyse the outcomes of topography-guided photorefractive keratectomy (PRK) to treat irregular astigmatism following
penetrating keratoplasty (PK).
Methods: Retrospective study. Eyes with irregular astigmatism after
PK submitted to topography-guided PRK and minimum follow-up
(FU) of 3 months were included. Pre and postoperative VA, manifest
refraction, endothelial cell density (ECD), topography and aberrometric parameters were collected.
Results: Thirty-one eyes with mean FU of 9.18±8.24 months were
included. A significant improvement of uncorrected VA (p<0.001),
best-corrected VA (BCVA)(p=0.004), refractive cylinder (p<0.001)
and spherical equivalent (SE) (p=0.002) was verified. At last followup, 53.8% of the eyes had SE among ±1diopter and 66.6% of the
eyes had gained BCVA lines. These presented significantly lower refractive cylinder, vertical coma and spherical aberration (p≤0.034).
Conclusion: Topography-guided ablation is efficient and safe after
PK. Better postoperative aberrometric outcomes are associated with
gain of lines. Aberrations should be considered in surgical plans.
CO92
CULTURAS PRIMÁRIAS DE ENDOTÉLIO CORNEANO
E Costa1,2, AF Moço2, M Laranjo2, MJ Quadrado3, AM
Abrantes2, MF Botelho2, JN Murta3
1-Serviço de Oftalmologia, Hospital Infante D. Pedro, Aveiro;
2-Unidade de Biofísica, IBILI - Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra; 3-Centro de Responsabilidade
Integrado de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário
de Coimbra.
Introdução: A disfunção endotelial é a principal indicação para
transplante de córnea em todo o mundo. Por outro lado, a escassez
de dadores e de tecidos corneanos com qualidade adequada para
transplantação tornam necessário o desenvolvimento de terapêuticas alternativas. Nesse sentido, a expansão ex vivo de células endoteliais corneanas tem vindo a ser equacionada como opção
terapêutica, embora ainda sem aplicação clínica.
Objectivo: Desenvolver um protocolo de expansão ex vivo de células endoteliais corneanas no IBILI – FMUC / CHUC.
Material e métodos: Foram estabelecidas culturas de células endoteliais provenientes de botões córneo-esclerais considerados não
adequados para transplantação. Estas foram obtidas após peeling
da Descemet sob microscópio cirúrgico. Foram testados vários procedimentos e condições de cultura, nomeadamente tipo e tempo
de digestão enzimática, substratos de crescimento, meios de cultura
e suplementação com factores de crescimento. O protocolo adoptado visou o isolamento de esferas numa fase inicial, e posterior
cultura em em condições propícias ao crescimento de células aderentes. A evolução das culturas foi documentada através de fotografia com microscópio óptico invertido.
Resultados: Foram obtidas células endoteliais de 12 olhos. As contagens endoteliais das amostras foram 1877±274. A digestão do
tecido com colagenase 0.02% durante 12h foi insuficiente, havendo
necessidade de a prolongar até as 24h para obter células em suspensão. O meio de cultura utilizado foi DMEM:F12 com 1% metilcelulose, suplementado com factor de crescimento fibroblástico
(bFGF) e epitelial (EGF), permitiu o isolamento de esferas em cinco
casos (42%). Destes, apenas três deram origem a culturas aderentes, mantidas em placas revestidas com poli-lisina. Apesar da taxa
de sucesso global de 25% ainda não foi possível manter as culturas
até à confluência.
Conclusões: O protocolo de isolamento de esferas utilizado demonstrou algum sucesso. No entanto, a cultura em condições aderentes e sua manutenção revelou-se difícil, apresentando uma taxa
de sucesso reduzida. Os resultados obtidos põem em evidência a
necessidade de optimizar ainda alguns parâmetros da cultura.
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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CO93
ESTUDO RETROSPECTIVO SOBRE MÉTODOS DE
ARMAZENAMENTO DE FLAPS ÓSSEOS DE CRÂNIOS APÓS
CRANIECTOMIA DESCOMPRESSIVA: SUBCUTÂNEO
ABDOMINAL X CRIOPRESERVAÇÃO.
Raphael Bertani3, Bruna de Luna3, Vitor Devens3, Miguel
Horwacz3, Bruna Porciúncula3, Thais Castro3, Natália Pais3,
Fernanda Ghelman3, Fabrício Moreira3, Karine Maia3, Ruy
Monteiro2, Rafael Prinz1
1-Chefe do banco de tecidos músculo-esqueléticos, Divisão de
Transplantes de Multitecidos do Instituto Nacional de
Traumatologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 2-Chefe do Serviço de
Neurocirurgia, Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil; 3-Aluno da graduação do Curso de Medicina,
Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
COMUNICAÇÕES ORAIS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Introdução e objetivos: Durante o procedimento cirúrgico de craniectomia descompressiva é realizada a remoção de um flap ósseo
do crânio, sendo a dura-máter seccionada e, posteriormente, reparada. O flap ósseo retirado é armazenado para posterior reimplante após melhora clínica do paciente. Dentre os métodos de
armazenagem atualmente disponíveis, destacam-se: (i) o de preservação em tecido subcutâneo abdominal por incisão abdominal
e (ii) o de criopreservação em banco de tecidos, em freezer, com
temperatura de -80°C. O objetivo deste trabalho é realizar estudo
retrospectivo de pacientes submetidos a reimplantes de flaps ósseos
provenientes de craniectomias descompressivas, para tentar identificar qual dentre os dois métodos apresentados de preservação do
flap ósseo apresenta menores taxas de complicações -infecção de
ferida operatória e reabsorção óssea do flap.
Materiais e métodos: Foi realizado estudo retrospectivo através da
análise de prontuários de 36(trinta e seis) pacientes do Hospital Municipal Miguel Couto (Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e 1 (um) paciente do
Hospital Central do Exército (Rio de Janeiro, RJ, Brasil), tendo sido
em 22 utilizado o método de armazenamento com criopreservação
em banco de tecido do flap e em 15 utilizado o método de preservação em subcutâneo abdominal. Foram levantados os seguintes
dados: (i) idade, (ii) indicação da craniectomia descompressiva, (iii)
duração do procedimentos cirúrgicos de retirada e reimplante do flap
ósseo (cranioplastia),(iv) intervalo entre os procedimentos, (v) reabsorção do flap ósseo, (vi) infecção após reimplante e (vii) local de armazenamento do flap. Após registro de todas as medidas obtidas,
estas foram compiladas e analisadas estatisticamente.
Resultados: No grupo da criopreservação, houve 2(dois) relatos
de infecções do flap ósseo (9,09%) e nenhum caso de reabsorção
óssea do flap. No grupo da armazenagem em subcutâneo a incidência de infecção do flap foi de 13,3%, com 2 relatos, não tendo
ocorrido relatos de reabsorção óssea.
Discussão: Apesar dos resultados preliminares apresentados sugerirem menores taxas de infecção com o uso da técnica de criopreservação, são necessários mais estudos multicêntricos para se
comprovar a eficácia da técnica nesse sentido. A criopreservação
do flap ósseo, em contraste com a preservação em tecido subcutâneo, parace ser vantajosa por gerar cirurgias de menor duração e
com menor número de incisões, o que potencialmente pode reduzir
os riscos de infecção, considerando que a maioria das infecções
de ferida operatória é causada por germes da pele como Staphylococcus aureus. A criopreservação preserva o potencial osteogênico de células mesenquimais de medula óssea, o que poderia
também se refletir nos flaps ósseos armazenados por essa técnica
e potencialmente reduzir os riscos de reabsorção óssea. Não obstante essas vantagens, uma desvantagem da técnica da criopreservação que se pode apontar é que esta requer a montagem de uma
estrutura de banco de tecidos, tanto para armazenagem quanto
para a coleta do material.
CO94
FRACTURAS PERIPROTÉTICAS DO FÉMUR COM PTJ
TRATADAS COM OSTEOSSÍNTESE E ALOENXERTO
Rui Dias, Fernando Judas, Celeste Francisco e Fernando Fonseca
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Introdução: O aumento da longevidade e o número crescente de
artroplastias primárias e de revisão do joelho, induz um aumento
das fracturas periprotésicas. A complexidade destas fracturas e os
41
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES ORAIS
defeitos ósseos apresentados implicam a osteossíntese e/ou revisão
dos sistemas de artroplastia e a aplicação de aloenxertos ósseos,
sendo necessátio procedimentos definidos.
Material e Métodos: Entre Janeiro de 2000 e Dezembro de 2006
foram aplicadas 1028 PTJ primárias e 76 de revisão. Foram diagnosticadas 20 fracturas periprotésicas primárias de PTJ (1,94%) e
12 fracturas periprotésicas de revisão (15,7%). Foi utilizada a classificação de AAOS. A maioria das fracturas periprotésicas foi do
tipo I e 2. Foram operadas 29 fracturas periprotésicas (90,6%). 5
casos foram tratadas com artroplastia de revisão e os restantes 24
casos foram tratados com osteossíntese com placa AO (8) ou cavilha (16). Em 20 casos foi aplicado aloenxerto.
Resultados: Nos 20 casos de aloenxertos aplicados não foram e
confirmados casos de infecção, reações imonulógicas nem qualquer caso de transmissão de doenças víricas associada ao aloenxerto. A consolidação óssea foi conseguida entre as 2 e os 12
meses, com um tempo médio de 3,1 meses, p>0,05. Não houve
nenhum caso de pseudo-artrose dos casos que foi realizada a osteossintese.
Discussão: As fracturas periprotésicas do fémur com PTJ apresentam problemas de vária ordem, tanto da estabilidade da prótese
como da consolidação da fractura. As fracturas que apresentem estabilidade do implante devem ser tratadas inicialmente com osteossintese (placa/cavilha distal). Um dos problemas destas fracturas é
a má qualidade de osso associada a possíveis defeitos ósseos.
Nesta situação, preconizamos a aplicação concomitante de aloenxerto, sob variadas formas, granulado, cortical ou descalcificado.
O número de casos destas fracturas é coincidente com outras séries
internacionais. Os resultados da consolidação da fractura, nos
casos com aplicação de aloenxerto, são bastante animadores e não
há registo de complicações inerentes à técnica. Os casos onde foi
aplicado o aloenxerto apresentavam defeitos ósseos e má qualidade óssea em relação ao suporte ósseo. A aplicação de aloenxerto não alterou a mobilidade do joelho.
Conclusão: A complexidade destas fracturas e os defeitos ósseos
apresentados implicam a osteossíntese e/ou revisão dos sistemas
de artroplastia, e ainda a aplicação de aloenxertos ósseos, sendo
necessários procedimentos ósseos bem definidos que dependem da
qualidade do osso, da estabilidade do implante e da personalidade
de fractura. Por ouro lado, a opção pela preservação da prótese
primária ou pela realização de artroplastia de revisão deve ser feita
de forma cuidadosa.
CO95
ARMAZENAMENTO DE CALOTA CRANIANA NO BANCO DE
TECIDOS: UMA ALTERNATIVA EM CRESCIMENTO NO RIO
DE JANEIRO, BRASIL.
Souza, JEO1,2; Almeida, RNR1; Ferreira, LL1; Maia E1; Souza S1;
& Prinz R1
1-Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad
– INTO (Rio de Janeiro – RJ); 2-Fundação Oswaldo Cruz FIOCRUZ.
42
O Banco de Tecidos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad - INTO é o responsável pelos processos de
captação, processamento e distribuição de ossos e tendões para
utilização em cirurgias de transplante na área da ortopedia e odontologia em todo o território nacional, e o primeiro banco de ossos
público no país.
Recentemente, o banco passou a receber e armazenar, calotas cranianas retiradas de pacientes submetidos a neurocirurgias com a
finalidade de reduzir a pressão intracraniana devido a problemas
como, por exemplo, traumatismos cranianos e acidentes vasculares
cerebrais.
Na cirurgia de retirada, material para controle microbiológico da
peça é coletado por swab. A calota é embalada de forma asséptica,
transportada até o banco de tecidos e armazenada em ultracongelador com temperatura controlada à -80°C até que o paciente
apresente condições clínicas para o reimplante. Em uma análise
microbiológica, destaca-se que em 98,97% de todas as calotas armazenadas não houve crescimento bacteriano e/ou fúngico. O microrganismo isolado no único achado positivo foi Staphylococcus
hominis.
No passado, a única alternativa seria armazenar a calota craniana
no abdômen do próprio paciente, determinando, dentre outros pro-
blemas, o risco de infecções ou de alguma absorção da calota pelo
organismo, resultando em sua diminuição, o que inviabilizava sua
utilização e reimplante.
Em 2012, 18 calotas foram armazenadas com 7 reimplantes realizados. No ano passado, das 54 calotas conservadas, 21 calotas
foram utilizadas. Na análise parcial de 2014, realizamos 25 captações de calotas, sendo que uma já foi recolocada. O tempo
médio de armazenamento foi de 90 dias.
Até o presente momento, o banco conservou 97 calotas cranianas:
30% foram utilizadas e reimplantadas com sucesso. 17% foram descartadas por evolução à óbito e 53% continuam armazenadas à
espera da melhora clínica do paciente. Por lei, estas calotas cranianas podem ficar armazenadas por até cinco anos, entretanto a
utilização em outro paciente está proibida.
CO96
EFEITO DA RADIAÇÃO IONIZANTE EM MEMBRANAS
AMNIÓTICAS GLICEROLADAS EMPREGADAS COMO UM
BIOMATERIAL DE SUPORTE AO CULTIVO DE
QUERATINÓCITOS
André Oliveira Paggiaro, Monica Beatriz Mathor, Walci
Teodoro, Vera Capelozzi, Rolf Gemperli
Banco de tecidos Músculo-esqueléticos, Divisão de Transplantes
de Multitecidos do Instituto Nacional de Traumatologia, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil Serviço de Neurocirurgia, Hospital Municipal
Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Curso de Medicina,
Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
A membrana amniótica (MA) é considerada um biomaterial com
propriedades biológicas benéficas ao processo de reparação tecidual, servindo de substrato ao cultivo de células. Contudo, por se
tratar de um material biológico, com risco de transmissão de doenças infectocontagiosas, é recomendável sua esterilização previamente ao uso clínico. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos
da radiação ionizante sobre membranas amnióticas gliceroladas,
com ênfase em sua compatibilidade ao cultivo de queratinócitos
humanos. Quatro MA foram conservadas em altas concentrações
de glicerol (>85%), sendo metade delas enviadas para radioesterilização a 25 kGy. Constituíram-se dois grupos de estudo: MA não
irradiadas (MA-ni) e MA irradiadas (MA-i). Ambos os grupos foram
submetidos a protocolo padronizado de desepitelização e avaliados
por microscopia óptica (Hematoxilina-eosina e Picrossirius), imunofluorescência para colágeno IV e laminina e microscopia eletrônica.
Posteriormente, foram cultivados queratinócitos humanos sobre as
superfícies desepitelizadas das bases de MA-ni e MA-i em situação
imersa e em interface ar-líquido. Foram comparados os resultados
nos instantes 14 e 21 dias de cultivo, por microscopia óptica e eletrônica. As análises microscópicas, após a denudação epitelial, demonstraram que no grupo não irradiado a continuidade da
membrana basal encontrava-se preservada, enquanto no grupo irradiado não existia nenhum indício de resquício da presença da
membrana basal na superfície do material. O resultado das culturas
de queratinócitos mostrou que no grupo não irradiado houve crescimento de um epitélio multiestratificado e diferenciado, inclusive
com a formação de estrato córneo na situação de interface ar-líquido. No grupo irradiado, o epitélio formado era composto por
duas a três camadas de estratificação e discreta diferenciação celular, com semelhanças entre o cultivo imerso ou em exposição ao
ar. A MA glicerolada foi compatível ao crescimento de epitélios cultivados, demonstrando potencial ao uso como um possível substituto dermoepidérmico. A irradiação a 25 kGy provocou danos
estruturais às MA, levando a alterações na membrana basal e facilitando a sua perda quando exposta ao protocolo de desepitelização. Esta perda pode explicar a diferença nos resultados do cultivo
de queratinócitos em MA-i em relação ao MA-ni.
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COMUNICAÇÕES BREVES
CB001
ALLOGRAFT NEPHRECTOMY - SINGLE INSTITUTION 10YEAR EXPERIENCE
Rui Freitas, Jorge Malheiro, Clara Santos, Rui Costa, La Salete
Martins, Manuela Almeida, Leonidio Dias, António Castro
Henriques, António Cabrita, Miguel Ramos, Rui Almeida
Serviços de Nefrologia e Transplantação do Hospital de Santo
António, CHP
Introduction: Allograft nephrectomy (AN) is associated with a high
number of surgical complications. Some authors advocate that early
nephrectomy (<1 year) is associated with fewer complications. Intracapsular (ICAN) and extra-capsular allograft nephrectomy (ECAN)
might have different impact on allosensitization and surgical outcomes. Our goal was to compare surgical outcomes between early
and late AN in our institution, as well as to compare ICAN and
ECAN techniques in terms of surgical outcomes and panel reactive
antibodies (PRA) variation.
Materials and methods: Between 01/2000-10/2012 104 AN
were performed at our institution (32 early AN and 72 late AN).
Comparisons between early and late AN, and, within the latter, between the two different techniques were sought. Statistic analysis was
performed for sample description, technique comparison and %PRA
variation using chi-square test or t-test as appropriate.
Results: Among the 104 patients with a mean age of 47,9±14,2
years, 54 were men. Age, gender, body mass index and number of
previous transplants were similar between early and late AN and between ICAN and ECAN patients.
Late AN was associated with lower blood loss (293,4±229,0 vs
414,3±349,5ml; p=0,03), shorter hospital stay (12,8±14,5 vs
26,8±26,5; p<0,05) and fewer complications (22,2% vs 59,3%;
p<0,05). The chance of being re-listed for transplant was similar
(50,0% in early vs 59,7% in late AN; p=0,7).
When comparing ICAN and ECAN, there was no difference in surgical outcomes. %PRA variation between the two techniques was
comparable (-1,2±10,6 ICAN vs -0,5±15,9 ECAN; p=0.8) as was
the chance of being re-listed for transplant (60,5%ICAN vs
58,6%ECAN; p=0,8).
Conclusion: Early AN was associated with higher number of surgical complications. Nevertheless, the number of AN patients returning
to active waiting list was similar between early and late AN groups.
ICAN and ECAN had similar surgical and post-operative outcomes,
although a bias should be considered since some conversions from
ECAN to ICAN occurred due to technical issues. Like in other studies
ICAN did not seem to affect allosensitization nor jeopardize the
chance of being re-listed for transplant when compared to ECAN.
CB002
EFECTO DE LA NEFRECTOMÍA QUIRÚRGICA Y
EMBOLIZACIÓN EN EL DESARROLLO DE ANTICUERPOS
ANTI-HLA EN PACIENTES TRASPLANTADOS RENALES
David San Segundo, Zoila Albines, Mara Serrano, Alvaro
Arnau, Emilio Rodrigo, Juan Carlos Ruiz, Esther Asensio, Gema
Fernández Fresnedo, Marcos López-Hoyos, Manuel Arias
Servicios de Inmunología, Nefrología, Hematología. Hospital
Universitario Marqués de Valdecilla-IDIVAL, Santander
Introducción: Tras la pérdida de un injerto renal por rechazo el
riñón se puede retirar bien mediante nefrectomía o mediante embolización de la arteria renal. Esta práctica puede facilitar la producción de anticuerpos circulantes bien por perderse la capacidad
de absorción del injerto, en el caso de haber sido un rechazo humoral, o bien por retirarse la inmunosupresión farmacológica a
pesar de que el estímulo alogénico esté reciente.
Objetivos: Evaluar si la eliminación del aloinjerto renal por cualquiera de los dos procedimientos tras un rechazo favorece la producción de anticuerpos anti-HLA.
Material y métodos: Se seleccionaron 67 pacientes trasplantados
renales sometidos a nefrectomía quirúrgica (Gr-NEF) o embolización
(Gr-EMBO), seguidos en nuestro centro desde 1985 a 2011. Se analizaron retrospectivamente tres sueros por paciente obtenidos: antes
del trasplante (Pre-TX), antes de la nefrectomía/embolización y trans-
curridos al menos 3 meses. Como control se estudió un grupo de 49
pacientes trasplantados pareados en tiempo de trasplante y seguimiento post-trasplante. Los anticuerpos anti-HLA se determinaron mediante LABScreen®Mixed (One Lambda Inc, Canoga Park, CA) para
su escrutinio y, en caso de positividad, se determinó la especificidad
con LABScreen®Single Antigen de clase-I y/o clase-II (One Lambda).
Resultados: En el Gr-NEF (n=59), se detectan anticuerpos anti-HLA
donante específicos (DSA) antes de la nefrectomía en 9 casos (9/59;
15,25%), a partir del tercer mes de la nefrectomía, se detectan 27
casos de desarrollo de DSA (27/59; 45,76%). En el Gr-EMBO
(n=8), en 2 pacientes se detecta DSA (2/8; 25%) antes de la embolización y en 5 casos transcurridos 3 meses (5/8; 62,5%). Durante
el mismo período de seguimiento, en el grupo control se detectan 4
casos con DSA (4/49; 8,16%). Por lo tanto, se observa un aumento
en la frecuencia de producción de DSA tanto en GR-NEF (15,25%
vs 45,76%; p<0,001) como en Gr-EMBO (25% vs 62,5%; p=NS).
Conclusiones: Este estudio confirma las observaciones previas que
demostraban un aumento en el desarrollo de DSA tras nefrectomía
quirúrgica y, además, demuestra por primera vez un aumento en el
desarrollo de DSA tras nefrectomía mediante embolización. Independientemente del método utilizado para la nefrectomía, quirúrgica
o embolización, se pone de manifiesto un aumento en la producción
de DSA en los pacientes tras tres meses de la intervención.
Financiación: Fondo de Investigaciones Sanitarias (FIS 08/0157
and 11/00990), RENDIREN and Mutua Madrileña.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB003
NEFRECTOMIA LAPAROSCÓPICA TRANSPERITONEAL PARA
COLHEITA DE ÓRGÃO: OS 50 PRIMEIROS CASOS DO C.H.P
Cabral J, Braga I, Fraga A, Príncipe P, Silva-Ramos M
Serviço de Urologia, Hospital de Santo António, C.H.P, Porto,
Portugal
Introdução: O transplante renal é o melhor tratamento da insuficiência renal terminal. A demanda de órgãos para transplante ultrapassa largamente o número de dadores cadáver, pelo que nos
últimos anos tem aumentado a colheita em dadores vivos. A nefrectomia laparoscópica tem ganho popularidade, uma vez que é
menos agressiva, induzindo menor dor, mais rápida recuperação
funcional e melhores resultados estéticos.
Material e Métodos: Efectuámos uma análise retrospectiva da
série inicial de nefrectomias laparoscópicas para doação de rim,
realizadas no serviço de Urologia do Hospital de Santo António.
Resultados: Desde o início do programa, em Novembro de 2011,
foram realizados 50 colheitas de dador vivo por via laparoscópica
pelo mesmo cirurgião (MSR). A colheita foi realizada à direita em 5
dadores. Doze doentes tinham 2 artérias renais e 3 dadores apresentavam alterações venosas, 2 com veia renal em posição retroaórtica e um com veias renais múltiplas, estes aspectos não
influíram na duração do procedimento. Apenas o IMC esteve relacionado com maior tempo operatório. Houve necessidade de conversão para cirurgia aberta em 2 doentes por hemorragia. Nenhum
doente necessitou de realizar transfusão sanguínea.
Registamos uma perda de enxerto por trombose num rim com veias
renais múltiplas.
A tabela sumariza os dados dos dadores e receptores:
Média
Desvio Padrão
Idade (anos)
47,76
9,82
IMC (Kg/m2)
25
3,22
Tempo operatório (minutos)
159,56
28,98
Tempo de Isquemia Quente (segundos)
255,26
92,56
Perda Hemática (ml)
82,95
147,46
Tempo de internamento (dias)
3,24
0,82
Creatinina pré-operatória (mg/dl)
0,76
0,154
Creatinina pós-operatória (mg/dl)
1,05
0,21
Idade receptor (anos)
39,16
12,41
Creatinina receptor 1 mês (mg/dl)
1,35
0,46
Creatinina receptor 3 meses (mg/dl)
1,35
0,42
Discussão/Conclusão: A colheita de rim por laparoscopia é uma
técnica segura e eficaz quando realizada por centros com experiência.
A existência de múltiplos vasos não influenciou o tempo operatório.
43
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
CB004
AVALIAÇÃO PRÉ-TRANSPLANTE DE POTENCIAIS DADORES
DE RIM POR ANGIO-TCDM
Costa, Catarina1; Valentim, Maria Helena2; Santos, Ana
Coutinho2; Saraiva, Carla1
Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental - Hospital de São
Francisco Xavier
Fundamentação teórica: A crescente evolução e rápido crescimento da cirurgia de transplante renal nas últimas décadas levou a
que a colheita de órgão em doador cadáver se revelasse insuficiente para suprir as necessidades, conduzindo a uma cada vez
maior demanda por dadores vivos de rim.
A Angiografia por TCMD (Tomografia Computorizada Multidetectores) das artérias renais, efetuada de forma sistemática no Serviço
de Radiologia do CHLO (Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental)
como elemento integrante do protocolo de avaliação multidisciplinar dos candidatos a dador de rim, é a técnica de imagem de escolha no planeamento pré-operatório dos potenciais enxertos,
possuindo uma elevada sensibilidade na caracterização da vasculatura renal e do seu largo espectro de variantes anatómicas.
Trata-se de um método de imagem de rápida aquisição, menos invasivo comparativamente à angiografia, e que possibilita a obtenção de imagens de elevada resolução espacial.
Desta forma, assume um papel crucial no processo de triagem dos
dadores de rim, e fornece ao cirurgião informação anatómica préoperatória precisa, contribuindo de forma decisiva para a minimização dos riscos e complicações do ato cirúrgico.
Objectivos: Caracterizar as variantes anatómicas da vasculatura
renal em potenciais dadores de rim para transplante, submetidos a
Angiografia por TCMD.
Material e métodos: Estudo prospectivo englobando 114 candidatos a dador de rim, submetidos a Angio-TCDM renal para avaliação pré-transplante entre Fevereiro de 2009 e Abril de 2014. Do
número total de examinados, 30 são do sexo masculino (26,3%) e
84 são do sexo feminino (73,7%), e as idades aquando da realização do exame estão compreendidas entre os 23 e os 70 anos
(media de idades 49 anos). Até à data actual, 40 examinados
foram submetidos a nefrectomia para doação de órgão. 74 encontram-se em avaliação multidisciplinar pré-cirúrgica.
Conclusão: A Angiografia por TCMD fornece uma avaliação detalhada e rigorosa do sistema renal vascular e extra-vascular, constituindo uma ferramenta valiosa no planeamento cirúrgico dos
potenciais dadores de rim para transplante.
CB005
TRANSPLANTE RENAL COM ANASTOMOSE VENOSA EM
VEIA OVARIANA EM RECEPTORES COM TROMBOSE OU
ESTENOSE DE VEIAS ILÍACAS – EXPERIÊNCIA DE UM
CENTRO
Larissa Costa de Oliveira Santos, João Batista Gadelha
Cerqueira, Claudia Maria Costa de Oliveira, Bruno Gadelha
B. Silva, Eugenio Lincoln Maia, Paula FBC Fernandes, Ailson
Gurgel Fernandes
Hospital Universitario Walter Cantideo - UFC
44
Introdução: A técnica cirúrgica padrão de transplante (Tx) renal
utiliza os vasos ilíacos para anastomoses vasculares. Em pacientes
com trombose/estenose de vasos ilíacos por múltiplos acessos vasculares prévios, o transplante renal pode ser um desafio.
Objetivos: Os autores descrevem a experiência de um único centro
em que 4 receptores com trombose /fibrose dos vasos ilíacos, tiveram a anastomose venosa realizada na veia ovariana com sucesso.
Resultados: Transplante renal com doador falecido foi realizado
em caráter de urgência em 4 receptores com dificuldade de acesso
vascular no ano de 2013 em um único centro. O acesso para diálise no momento do Tx era um cateter permanente em 3 pacientes
(veia jugular, subclávia e epigástrica) e um cateter de Tenckhoff em
1. A idade média foi de 55,5 anos, com peso médio de 56,8 kg. A
doença renal primária era diabetes em 1 caso, nefroesclerose hipertensiva em 1 e indeterminada em 2. Os doadores eram do sexo
masculino, com idade média de 24,7 anos, peso médio de 69 kg
e creatinina de 1,26 mg/dL. O tempo de isquemia fria variou entre
16h 15 min a 24h 40min e o tempo cirúrgico entre 2 a 2,5 horas.
A anastomose com veia ovariana foi termino-lateral em todos os
casos e a anastomose arterial foi com ilíaca externa em 3 casos e
com ilíaca comum em 1 caso. A função retardada do enxerto ocorreu em 2 pacientes, sendo necessário 7 e 10 sessões de diálise. O
tempo médio de internamento foi de 19 dias e a creatinina na alta
foi de 1,5 mg/dL. Não houve perda de enxerto, óbito ou complicações cirúrgicas após o Tx e até a presente data. A creatinina atual
é de 0,7 mg/dL.
Conclusão: Os autores relatam 4 casos de Tx renal com sucesso,
utilizando a veia ovariana para anastomose venosa em receptores
com trombose/estenose de veias ilíacas. Os transplantes evoluíram
sem complicações vasculares e com boa função do enxerto a curto
prazo. Esta pode ser uma importante opção de drenagem venosa
para pacientes com dificuldade de acesso vascular pré-Tx e com
múltiplos cateteres utilizados em veias ilíacas na hemodiálise.
CB006
RESULTADOS E EXPERIÊNCIA DE TRANSPLANTE RENAL EM
BLOCO DE DOADORES-CADÁVERES INFANTIS DA ISCMPA
Elizete Keitel, Larissa Sgaria Pacheco, Natiana Vizioli, Andre
D’avila, Valter Garcia
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
(ISCMPA) – Serviço de Nefrologia e Transplante Renal;
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Programa de Pós-Graduação em Patologia
A grande necessidade de órgãos para transplante ampliou os critérios a aceitação de potenciais doadores pediátricos menores de
5 anos. Alguns grupos de transplante utilizam esses rins pediátricos
com implantação em bloco para proporcionar maior massa de néfrons.
Esse é um estudo retrospectivo com o objetivo de analisar os resultados de transplantes renais em bloco de doadores infantis e avaliar
a sobrevida do paciente (SP) e do enxerto (SE) dos transplantes realizados na ISCMPA.
Dezesseis pacientes foram submetidos a transplante renal em bloco
de doadores com idades entre 20 dias e 5 anos de vida no período
de 1998 a 2014.
Comparamos a SP e SE de receptores de rins em bloco com a sobrevida global de receptores jovens (19-49 anos) não limítrofes,
pelo método de Kaplan-Meier. A média de idade dos receptores foi
45 ± 9,4anos, 64% mulheres. Todos os receptores receberam indução, 9 com anticorpos depletores de linfócitos e 7 com anticorpos anti-receptores de IL-2. A média do tempo de isquemia fria foi
de 23 ± 5,9 horas. Retardo da função do enxerto esteve presente
em 50% dos receptores. O seguimento médio estimado dos pacientes foi de 161 meses (IC: 104,4 ± 218). A média da taxa de
filtração glomerular estimada foi 37,6 ± 16,6 e 65,0 ±18,2 em 1
e 12 meses, respectivamente. Durante o acompanhamento houve
1 perda precoce de enxerto (1mês) e 4 óbitos sendo; 2 por infecção
(10 anos), 1 por acidente vascular cerebral (7,5 meses) e 1 por câncer de pâncreas (5 anos).
Em receptores de rins em bloco a SP foi 92%, 92% e 74% a SE foi
86%, 86% e 70% em 1, 5 e 10 anos, respectivamente. Em receptores de rim único de doador considerado ideal, a SP foi 96%, 90%
e 84% e a SE foi de 89%, 75% e 61% em 1, 5 e 10 anos.
Nossos dados confirmam que o uso de rins pediátricos em bloco é
uma forma segura de transplante com bons resultados no curto e
longo prazo.
CB007
EXTENSÃO DA VEIA RENAL COM VEIA GONADAL
ESPIRALADA NO TRANSPLANTE DE DADOR VIVO: RELATO
DE UM CASO.
Sérgio Teixeira1, Ivone Silva1, Pedro Sá Pinto1, João Gonçalves1,
Miguel Ramos2, Paulo Príncipe2, Rui Almeida1
1-Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do
Porto – Hospital de Santo António; 2-Serviço de Urologia, Centro
Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António.
Introdução/Objectivos: Na transplantação renal de dador vivo,
o uso do rim direito é acompanhado de dificuldades técnicas acrescidas, pois a exiguidade do comprimento da veia, torna necessário,
na maioria das vezes, um prolongamento da veia renal. Estão descritas várias técnicas para extensão da veia renal na transplantação
de dador vivo. Estas recorrem ao uso da veia grande safena ou da
veia femoral superficial do recetor, a condutos protésicos de politetrafluoroetileno ou ao uso da veia gonadal do dador.
Este trabalho tem como objetivo a apresentação de um caso de
transplante de dador vivo em que se recorreu a veia gonadal espiralada para extensão da veia do enxerto renal.
Relato de caso: Dadora do sexo feminino, 66 anos, obesa (IMC
de 32), com renograma e angio-TC a mostrarem, relativamente ao
rim direito, função diferencial de 43% e a presença de 2 artérias.
Foi efetuada colheita por via laparoscópica do rim direito e de cerca
de 10 cm de veia gonadal direita. A veia gonadal, após venotomia
longitudinal, foi espiralada com sutura contínua de monofilamento
7-0, sobre um molde com o diâmetro correspondente à veia do enxerto renal, tendo sido obtida uma extensão de 4 cm de veia gonadal espiralada, que foi anastomosada, em topo a topo, com a veia
do referido enxerto.
Dada a presença de duas artérias renais, houve a necessidade de
reconstrução de uma boca comum em cano de espingarda.
As anastomoses venosa e arterial foram realizadas, em termino-lateral, aos vasos ilíacos externos.
O enxerto renal recuperou função logo após a desclampagem e
não se verificaram complicações no período pós-operatório.
Discussão/Conclusão: A extensão da veia renal facilita a implantação do enxerto. O uso da veia gonadal permite, de uma forma
simples e segura, evitar a morbilidade de incisões cirúrgicas adicionais e ao mesmo tempo preservar o património venoso do recetor. A espiralização rentabiliza o total comprimento da veia colhida
na construção de um conduto com um diâmetro final semelhante
ao da veia renal do enxerto.
Este trabalho é um dos primeiros a descrever o uso da veia gonadal
espiralada na transplantação renal.
CB008
RINS PEQUENOS EM RECEPTORES GRANDES: O TAMANHO
CONTA NA TRANSPLANTAÇÃO RENAL?
Paulo Dinis, Pedro Nunes, Lorenzo Marconi, Frederico Furriel,
Belmiro Parada, Pedro Moreira, Arnaldo Figueiredo, Carlos
Bastos, António Roseiro, Vítor Dias, Francisco Rolo, Fernando
Macário, Alfredo Mota
Serviço de Urologia e Transplantação Renal, Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra, Portugal
Introdução: O desequilíbrio entre a massa nefrónica transplantada
e as necessidades metabólicas do receptor foi apontado como factor de prognóstico da função do enxerto renal. Resultados inferiores
de transplantes de dadores e receptores do sexo feminino têm sido
atribuídos à diferença entre a massa nefrónica implantada e as necessidades metabólicas do receptor.
O objectivo do nosso trabalho é avaliar a influência da desproporção entre massa nefrónica transplantada e peso do receptor nos
resultados do transplante.
Material e Métodos: Estudo prospectivo de 236 primeiros transplantes renais únicos de enxertos de dador cadáver. Procedeu-se à
pesagem e medição das três dimensões ortogonais do enxerto na
banca antes do implante. Após um seguimento médio de 5.20
anos, avaliaram-se os resultados do transplante quanto à função
inicial do enxerto, rejeições agudas (RA), TFGe aos 1, 6, 12 e 24,
36 e 60 meses, sobrevivência do enxerto e do doente. Estas variáveis foram correlacionadas com a morfometria do enxerto e com
as relações peso do enxerto/peso do receptor. Avaliaram-se os mesmos parâmetros em subgrupos homogéneos de sexo de dador e
receptor.
Resultados: Valores médios para as dimensões do enxerto de
109.47 x 61.77 x 40.07 mm e um peso médio de 234.63g. O volume médio calculado do enxerto foi de 145.64cc. A relação média
peso do enxerto (PE) / peso do receptor (PR) foi de 3,65g/kg. Estes
valores foram significativamente inferiores nos órgãos provenientes
de dadores do sexo feminino (3.91 vs 3.24, p<0.001).
Nenhuma das relações PE/PR, volume do enxerto/PR, peso
dador/PR se correlacionou de forma significativa nas análises uni e
multivariadas com a TFGe aos 1, 6, 12 e 24, 36 e 60 meses. O
único factor que se correlacionou de forma significativa com a
TFGe foi a idade do dador. Não houve igualmente diferenças na
função inicial do enxerto ou na taxa de RA. A sobrevivência do enxerto aos 36 e 60 meses foi significativamente superior para aqueles
com peso e volume superiores ao percentil 50.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
Para grupos homogéneos de sexos de dador e receptor a mesma
análise revelou resultados semelhantes – sem influência das relações estudadas na função renal do enxerto. Os transplantes de dadores masculinos apresentaram uma TFGe significativamente
superior durante o seguimento, enquanto os transplantes em que
os receptores eram masculinos apresentaram uma TFGe significativamente superior apenas entre os 6 e os 36 meses inclusivamente.
Conclusões: A desproporção entre a massa nefrónica implantada
e as necessidades metabólicas do receptor não parece influenciar
os resultados funcionais nem a sobrevivência do enxerto até aos 60
meses pós-transplante. No entanto, peso e volume de enxerto renal
superiores a P50 associam-se de forma significativa a melhoria na
sobrevivência do enxerto.
Os diferentes resultados do transplante observados consoante o
sexo do dador e receptor, não se devem à desproporção entre
massa nefrónica e peso do receptor, mas a outros factores próprios
de cada sexo.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB009
CUSTO E RESULTADO FINANCEIRO DE INTERNAÇÕES PARA
TRANSPLANTE SIMULTÂNEO PÂNCREAS/RIM (TSPR) EM UM
HOSPITAL BRASILEIRO.
Adriano Miziara Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas-Netto,
Ulysses Fagundes, Marcelo Moura Linhares, Gaspar Josus
Lopes Filho, Jose Osmar Medina Pestana, Carlos Alberto
Garcia Oliva
Unifesp - Hospital do Rim e Hipertensão
O TSPR tem uma maior taxa de complicações técnicas quando
comparado a outros transplantes. A viabilidade econômica preocupa equipes e instituições. Há dificuldade de se avaliar os custos
no Brasil. Avaliaram-se os custos hospitalares, receitas e resultados
operacionais financeiros(ROF) do TSPR.
Material e método: No período compreendido entre janeiro de
2008 e dezembro de 2011, foram avaliados 105 TPR consecutivos
realizados no Hospital do Rim e Hipertensão. Avaliaram-se variáveis
demográficas, fonte pagadora (SUS ou saúde suplementar), e impacto de cada componente do custo hospitalar.
Resultados: Dos 105 TPR, 61,9% dos doentes eram homens e
38,1% mulheres. Oito doentes evoluíram para óbito e 97 tiveram
alta hospitalar (92,4%). 89 procedimentos foram financiados pelo
SUS. Todos os custos foram avaliados mensalmente, corrigidos para
dezembro de 2011 pelo IPCA do IBGE e transformados em dólar
segundo cotação oficial para este mês, sendo, portanto, os valores
apresentados em suas mediana em dólar. O custo do paciente que
teve alta hospitalar foi de 18352,27, e do que evoluiu para óbito
18449,96 (p=0,79). O tempo de internação em enfermaria foi de
8,35 dias ao custo de 1484,72. O tempo de internação em UTI
foi de 3,05 dias e custo de 1398,05. O custo com suprimentos foi
de 6172,05 e os honorários médicos cirúrgicos de 3097,91. O
tempo cirúrgico de 6,33 horas ao custo de 1876,62. As despesas
administrativas foram 3670,45. O P50 do faturamento foi
23902,93. O ROF do TSPR nesse período foi positivo em 5620,65.
A distribuição do custo foi 36% suprimentos, 20% despesas administrativas, 15% honorário cirúrgico, 10% UTI, 10% enfermaria e
9% centro cirúrgico.
Discussão e conclusões: O custo incluiu a internação do TSPR
sem avaliações pré e pós-operatórias. A mortalidade não impactou
nos custos. Suprimentos foi o maior componente de custo.
CB010
COMPARATIVE EFFICACY OF BELZER OR EURO-COLLINS
SOLUTIONS FOR PANCREATIC PRESERVATION DURING
COLD ISCHEMIC STORAGE IN RATS
Rogério Renato Perez, Alcides Augusto Salzedas-Netto, Adriano
Miziara Gonzalez
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Purpose: To compare the efficacy of different types of solutions
(Belzer or Euro-Collins) for the preservation of rat pancreas during
cold ischemia.
Methods: Thirty Wistar rats were divided into three groups according to the perfusion or storage solution: Group E (perfusion and
storage in Euro-Collins solution); Group B (perfusion and storage
in Belzer solution) and Group BE (Perfusion in Belzer solution and
45
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
storage in Euro-Collins solution). After perfusion, the pancreas was
excised and stored at 4˚C for 18 hours. Amylase was measured at
6, 12 and 18h, and histological analysis of the pancreas was performed after 18h of cold storage.
Results: Amylase was elevated and comparable in Groups E and
BE after 12 and 18 hours of ischemia (p<0.05). In the exocrine
pancreas, histological differences in the amount of necrosis
(p=0.049), lymphocytic infiltrate (p<0.001) and neutrophilic infiltrate (p=0.004) were observed, with more favorable features present in Group B. In the endocrine pancreas, Group B showed less
edema (p<0.001), but other parameters were similar among all
groups.
Conclusion: The Euro-Collins solution is inferior to the Belzer solution for the preservation of rat pancreas during cold ischemia.
CB011
PANCREAS-KIDNEY TRANSPLANTATION: IMPACT OF
DIALYSIS MODALITY ON THE OUTCOME
L. Martins1,2, D Lopes1, T Barra1, A. Henriques1,2, L. Dias1,2, M.
Almeida1,2, S. Pedroso1,2, A. Cabrita1, J Davide2
1-Nephrology and 2-Transplant Department, CHP, Hospital Santo
António, Portugal.
We analyzed 165 Pancreas-Kidney Transplants (PKT) with a followup >6 months (5.9±3.7 years), trying to find differences in the outcome between peritoneal dialysis (PD) and hemodialysis (HD)
patients. All PKT were performed in type 1 diabetic recipients, from
cadaveric donors, with systemic-enteric diversion. Immunosuppression used was ATG+Tacrolimus+MMF+steroids; 87 women, 78
men. PKT was preemptive in 7, other 158 were on dialysis for
28±21 months, 39 of them PD/119 HD. Time on dialysis was
higher in HD than in PD group (30±23 vs 21±15 months,
p=0.003). The mean evolution of diabetes was 24±6 years and
was similar between HD and PD patients (24±6 vs 25±4 years); as
was their mean age (35±6 vs 34±5 years). The median hospital
stay also was similar (HD:20 days, PD:19 days). Donor age was
equal in both groups (28±11 years).
Incidence of delayed kidney graft function tended to be lower in PD
patients (10.3% vs 16.8%, P=0.067). Relaparotomy rate was similar
IN PD vs HD patients (28.2% vs 25.2%), however, among the specific
reasons for reintervention, thrombosis was more frequent in DP patients (12.8% vs 1.7%, P=0.014). The rate of pancreas loss was
slightly higher in PD patients (30.8% vs 23.5%), mainly due to infection (12.8% vs 3.4%, P=0.042), being the other causes (thrombosis,
rejection, bleeding) similar. Kidney loss tended to be more frequent
in PD than in HD patients (20.5% vs 9.2%, P=0.060), mainly caused
by thrombosis (5.1% vs 0%, P=0.058). Graft loss due to patient
death occurred in 6.7% of HD and 5.2% of PD patients.
Death occurred in 13 patients, more frequently in the PD (7/39) than
in HD (6/119) group (17.9% vs 5%; P=0.011). The leading cause
of death among PD patients was infection (n=5), higher than in HD
(13.5% vs 1.7%, P=0.010), although cardiovascular (CV) disease
(stroke-1, myocardial infarction-3 and mesenteric ischemia-1) was
the main cause among HD patients.
In conclusion, delayed kidney function tended to be less common in
PD patients; but DP patients more frequently complicated with infection and thrombosis. Pancreas graft loss due to infection was higher
in PD patients. Moreover, PD patients more often died from infection.
CB012
O ÍNDICE DE RISCO DO DOADOR NÃO PREDIZ A
SOBREVIDA DO ENXERTO APÓS TRANSPLANTE DE
PÂNCREAS NO BRASIL
Pedro Henrique de Freitas Amaral, Marcelo Perosa, Tércio
Genzini, Paulo Celso Bosco Massarollo
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo,
São Paulo, Brasil
46
Resumo: Em 2006, Feng et al propuseram um Índice de Risco do
Doador (IRD) tentando predizer o risco de evolução adversa em
transplantes de fígado. Devido à sua utilidade, Axelrod et al, em
2010, adaptaram o IRD para o transplante pancreático (TxP), utilizando características do doador (peso, altura, idade, IMC, raça,
sexo, causa da morte, creatinina), do receptor (idade e sexo) e técnicas/logísticas (tempo isquemia do enxerto e local de procedência
do enxerto). O objetivo deste trabalho é verificar utilidade do IRD
em prever a sobrevida do enxerto no TxP no Brasil. Foram estudados
retrospectivamente 570 prontuários de pacientes submetidos a
transplante de pâncreas pelo Grupo Hepato em 4 hospitais da cidade de São Paulo, de 1996 a 2011. A causa da morte foi classificada em AVC e não AVC. A procedência do enxerto foi dividida
em 3 grupos: Local, se o doador era proveniente da região metropolitana da cidade de São Paulo; Regional, se proveniente de outras
cidades do Estado de São Paulo; Nacional, se o enxerto foi captado
em hospitais fora do Estado de São Paulo. Devido a dados incompletos para cálculo do IRD, foram incluídos apenas 154 pacientes
(27%) nas seguintes modalidades: 107 TP-Rim Simultâneo, 31 TP
pós Rim, 17 TP Isolado. Na análise de regressão logística, a IRD e
a sobrevida do enxerto em 1 ano não apresentaram interação estatisticamente significante (Odds Ratio=1,718; IC95% 0,394 a
7,494; p=0,47). A sobrevida de enxerto após 1 ano, calculada
pelo método atuarial de Kaplan-Meir, foi de 81% nos casos com
IRD menor ou igual a 1, 79% no IRD > 1 e < 1,5, e 83% no IRD
maior ou igual a 1,5. Conclui-se que o modelo estatístico de IRD
proposto por AXELROD não se mostrou eficaz em predizer sobrevida do enxerto pancreático no Brasil. Esse resultado sugere que o
IRD americano precisa ser adaptado às características locais da população onde será aplicado. (Trabalho financiado pela Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo por meio de Bolsa
de Iniciação Científica, processo 2011/21034-5).
CB013
INITIAL EXPERIENCE USING INSTITUT GEORGE LOPES
- 1 (IGL-1) SOLUTION IN CLINICAL PANCREAS
TRANSPLANTATION
Igreja MR, Wiederker JC, Nozaki GY, Morgado CR
Hospital Santa Isabel Blumenau
University of Wisconsin (UW) solution has been known as the standard solution for pancreas graft preservation. Alternative preservation solutions have been used in pancreatic transplantation, such as
Histidine-tryptophan-ketoglutarate (HTK, Custodiol™) and Celsior™
solution. Institut Georges Lopez-1 (IGL-1™) is a new preservation
solution with lower potassium and lower viscosity than UW solution
that has recently been used in liver transplant and kidney transplant.
We describe a series of patients submitted to pancreatic transplantation with grafts preserved with IGL-1 solution. From August 2012
through May 2014, 22 dyalitic patients with diabetes type I, were
submitted to kidney and pancreas transplantation. The multiple
organ retrival surgery was performed as previously described using
2liters of IGL-1 in the abdominal aorta and 1 liters of IGL-1 in the
superior mesenteric vein. The pancreas was packed with 1000 ml
of IGL-1 solution. No other solution was used in the donor organ
procurement. In 2 patients the pancreas transplant was performed
after the kidney transplant (PAK), and in 20 they were simultaneously
(SPK). Nine patients were female and 13 male. The recipient age
ranged from 29 to 48 years, with a mean±sd of 37.4±5.8 years.
The donor age ranged from 9 to 44 years with a mean of 24,5
years. Thirteen donors were male and nine female. Cold ischemia
time ranged from 375 to 1039 minutes, with a mean of 721,23
minutes. The peak post-transplant amylasemia ranged from 68 to
960 U/L with a mean of 239.86±213.52.
Two patients (9%) had vascular thrombosis and lost their pancreatic
graft and 2 patients, 9%, died after infectious complications. The
pancreatitis after the reperfusion was mild with few oedeme.
IGL-1 has been shown to be a safe preservation solution in pancreatic transplant patients.
CB014
IMAGING OF COMPLICATIONS AFTER PANCREAS
TRANSPLANTATION
Rui Gil1, Ana Santos2, Pedro Pegado3, Ana Paula Neto4,
Américo Martins5, Regina Martins4
1-Department of Radiology, Instituto Português de Oncologia,
Lisbon, Portugal; 2-Department of Radiology, Centro Hospitalar
de Lisboa Ocidental, Lisbon, Portugal; 3-Department of
Radiology, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisbon, Portugal;
4-Department of Radiology, Hospital de Curry Cabral, Lisbon,
Portugal; 5-Hepato-Biliary-Pancreatic and Transplantation Centre,
Hospital de Curry Cabral, Lisbon, Portugal.
Pancreas transplantation is an established therapy for severe type I
diabetes mellitus complicated by end-stage renal failure or, less
often, for poorly controlled severe diabetes. The pancreas is most
often transplanted with a simultaneous kidney transplant (SPK) from
the same donor, but it can be performed after kidney transplant or,
rarely, as an isolated transplantation. The surgical techniques are
diverse, and although some principles of vascularization and management of the pancreatic exocrine secretions are respected, no
standard methodology is used in all centres. The history of transplantation of the pancreas has largely been shaped by the associated surgical complications, but recent developments in this area
continue to decrease pancreatic graft failure. Furthermore, the imaging evaluation improved the assessment of the viability of pancreatic graft, and allowed a more prompt diagnosis and treatment
of complications. The radiologist should understand the surgical
technique, the pancreas-graft imaging and postoperative complications. Ultrasound with Doppler mode remains the first-line modality
for the evaluation of pancreatic graft and vasculature, while computed tomography (CT) is useful in the evaluation of extra-graft involvement, particularly in collections and intestinal complications.
This pictorial essay aims to revise the spectrum of possible complications after pancreas transplantation, focusing on the surgical technique used in our reference centre.
CB015
TRANSPLANTE RENAL PEDIÁTRICO NO BRASIL
Clotilde Garcia, Jose Medina Pestana, Suelen Martins, Paulo
Koch, Viviane Barros, Roberta Rohde, Maria Camargo, Luciana
Feltran, Ronaldo Esmeraldo, Rebeca Carvalho, Benita
Schvartsman, Maria Veisbich, Andrea Watanabe, Mariana
Cunha, Rejane Meneses, Liliane Prates, Vera Belangero, Lilian
Palma, Vanda Benini, Simone Laranjo, Mario Abbud filho, Ida
Fernandes, Horacio Carvalho, Eleonora Lima, Jose Penido,
Marcelo Tavares, Mariana Penido, Claudia Andrade, Maria
Gesteira, Vandea Souza, Mario Wagner
ABTO
Objetivo: Em 2003 foi iniciado o registro multicêntrico voluntário
de transplante renal pediátrico no Brasil. O objetivo é analisar os
resultados destes 10 anos.
Método: Análise retrospectiva multicêntrica (13 centros) de dados
de pacientes pediátricos que realizaram transplante renal de
01/01/2004 a 31/12/2013.
Resultados: Neste período registramos 1747 transplantes renais
pediátricos. A média de idade no momento do transplante foi de
11,6 + 4,6 (1 a 21) anos, 985 (56%) do sexo masculino. Etiologia
da doença renal foi em 542 (31%) uropatias, 427 (24%) glomerulopatias, sendo 219 (51%) destas GESF. Doador foi falecido (DF)
em 1151 (66%). A imunossupressão inicial consistiu principalmente
de tacrolimo 1439 (82%) e ácido micofenólico 1026 (59%), a indução com IL2RAb 1401 (80%) e Timoglobulina 226 (13%) e livre
de corticóide em 177 (10%). Houve 241 (14%) perdas do enxerto:
recorrência da doença renal (n=27), trombose arterial ou venosa
(n=55), morte com o enxerto renal funcionante (n=48). Houve
66(4%) óbitos de pacientes, 33 foram devido a infecção e 10 a
doenças cardíacas.
A sobrevida (SV) enxerto censurado para morte: no 1a ano foi 92%
e 5a ano 84%, SV com DV no 1o ano foi 95% e no 5o ano 89%,
e com DF no 1o ano foi 91% e no 5o ano foi 79%. A ocorrência
de perda do enxerto foi 1,71 [1,29-2,26] vezes maior no grupo DF
comparado com o grupo DV (Log rank test p< 0,001)
Conclusões: Analisamos 1747 transplantes renais pediátricos, número significativo, pois representa os centros mais expressivos do
país. O transplante com DF ocorreu em 66%, mas a SV do enxerto
foi superior quando utilizado DV. A principal causa de óbito foi infecção. Os resultados são comparáveis a registros internacionais.
Nosso esforço tem conseguido manter um intercâmbio de informações, tanto entre os centros participantes como com outros registros
internacionais.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
CB016
PROTOCOLOS DE TRANSPLANTE RENAL PEDIÁTRICO NO
BRASIL – ESTUDO MULTICÊNTRICO
Clotilde Garcia, Jose Medina, Paulo Koch, Suelen Martins,
Luciana Feltran, Maria F Camargo, Viviane Bittencourt, Roberta
Rohde, Ronaldo Esmeraldo, Rebeca Carvalho, Liliane Prates,
Lilian Palma, Vera Belangero, Benita Schvartsman, Maria H
Veisbich, Adriana Watanabe, Vanda Benini, Simone Laranjo,
Eleonora Lima, Jose Penido, Marcelo Tavares, Mariana Penido,
Claudia Andrade, Fatima Gesteira, Mario Abbud Filho, Ida
Fernandes, Horacio Ramalho, Vandrea Souza, Mario Wagner
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos - ABTO
Objetivo: analisar o número de pacientes pediátricos em lista de
espera por um transplante renal com doador falecido no Brasil,
bem como o tipo de protocolo clínico utilizado nos 13 centros que
participam de estudo multicêntrico
Método: questionário enviado a 13 centros mais ativos que realizam
transplante renal em pacientes com idade < 18 anos para: 1) coleta
de dados de pacientes em lista de espera 2) política quanto a idade
de transplante, seguimento e transição de pacientes, esquema imunossupressor e avaliação de infecção viral por CMV, EBV e BKV.
Resultados: No Brasil em 2013 foram realizados 303 transplantes
renais em <18 anos. Estes 13 centros realizaram 66% deste total.
Os resultado destes centros foram
– Em 31/12/2013, havia 186 pacientes com idade < 18 anos em
lista de espera por um rim
– Dos 153 pacientes inscritos em lista com Reatividade Contra Painel (RCP) classe I disponível, 25 (14,5%) tinham RCP> 50% e
22/165 (13,3%) tinham RCP classe II > 50%.
– 12 centros transplantam pacientes até 18 anos e 1 centro, até 15
anos. Sete centros fazem exclusivamente transplante renal pediátrico.
– O seguimento pós-transplante é variável desde transferência para
clínica de adultos aos 18 anos até idade ilimitada, sendo que
apenas 1 centro possui um programa de Transição de Cuidados.
– Imunossupressão mais empregada em pacientes não sensibilizados é Indução com basiliximabe e manutenção com
tacrolimo/micofenolato/prednisona (1 centro faz “steroid-free”).
Para os hipersensibilizados, indução com timoglobulina e um balanço entre tacrolimo/ciclosporina, micofenolato/azatioprina e
todos com prednisona.
– Sorologia para CMV e EBV disponível em todos. Cerca de metade
dos centros possuem PCR (quali e quantitativo) para CMV, EBV e
BKV (sangue e urina); 12 centros fazem pesquisa de células decoy
em urina e 9 utilizam antigenemia para CMV.
Conclusão: Concluímos que os protocolos de imunossupressão e
diagnóstico de infecções virais mais frequentes são similares. Cerca
de 15% destes pacientes têm RCP > 50%, para os quais a indução
com timoglobulina é universalmente empregada. Esta análise permitirá um intercâmbio de informações visando à uniformização das
condutas em transplante pediátrico nos centros brasileiros.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB017
STEROID-FREE IMMUNOSUPPRESSION IN PEDIATRIC RENAL
TRANSPLANTATION – LONG-TERM EXPERIENCE FROM A
SINGLE CENTER
R M Esmeraldo, P M A Pinheiro, R C Costa, M L B Oliveira
Renal Transplant Unit, Hospital Geral de Fortaleza, Fortaleza, CE,
Brazil
Background: Despite short-term promising results with steroid-free
(SF) immunosuppression in pediatric kidney transplant recipients,
data on long-term efficacy and safety have been scarce. The aim of
this study was to report the long-term safety and efficacy of a SF immunosuppressive protocol in pediatric renal transplant recipients.
Methods: In a prospective, nonrandomized single-center clinical
study 120 low immunologic risk (PRA <30%), pediatric recipients
of first living (n=60) or deceased (n=60) renal allografts (age between 3-20 years; mean = 14 years) received induction therapy with
anti-interleukin 2 monoclonal antibodies (daclizumab or basiliximab,
n = 60), or thymoglobulin (n = 60) in combination with tacrolimus
and mycophenolate mofetil or sodic. Protocol biopsies were performed at 3, 6, and 12 months post-transplant (post-tx). The main
clinical outcomes were analyzed.
47
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
Results: At a mean follow-up time of 7.3 (range 0.6-12) years, overall patient and graft survival were 97% and 80%, respectively. Only
10 patients (8%) experienced clinical acute rejection (AR) during the
first year post-tx, all readily reversed with methylprednisolone (n=9)
or OKT3 (n=1). Protocol biopsies revealed borderline lesions
(n=10; 11%), subclinical AR (n=2; 2%), and 1 patient with mild
chronic allograft nephropathy. Mean serum creatinine was 1.0±0.9
mg/dl at discharge, 1.19±0.69 mg/dl at 1 year, 1.25±0.76 mg/dl
at 3 years, 1.29±0.41 mg/dl at 5 years, and 1.35±0.42 mg/dl at
10 years post-tx. For patients with a functioning graft, 89% remain
steroid-free. Post-tx lipid levels were not significantly different from
pre-operative levels. There were 20 cases (17%) of CMV, and 2
cases (2%) of BKV infections. Seven patients (6%) presented post-tx
hyperglycemia. Despite excellent renal function, hemoglobin was
only normalized by 12 months post-tx.
Conclusions: The use of induction therapy followed by tacrolimus
and MMF or MMS allowed complete avoidance of steroids in this
selected group of patients. This protocol has the advantage of avoiding the side effects of steroids without increasing the prevalence of
acute rejection episodes, while providing long term graft function.
Keywords: Kidney transplant, immunosuppression, pediatric,
steroid-free, Induction.
CB018
COMPARAÇÃO ENTRE TRANSPLANTE RENAL PEDIÁTRICO
PREEMPTIVO OU NÁO: ANÁLISE DE 10 ANOS
Clotilde D Garcia, Viviane Bittencourt, Roberta Rohde, Vandrea
Souza, Samantha Dickel, Izadora Pires, Kanama Tumba,
Fabian Pires, Santo Vitola, Valter Duro Garcia
Santa Casa de Porto Alegre – Hospital da Criança Santo António,
Universidade Federal Ciências da Saúde de Porto Alegre
Objetivo: analisar 10 anos de transplante renal pediátrico preemptivo em centro único num período de 10 anos.
Método: Análise de dados de prontuários de pacientes submetidos
à transplante renal pediátrico no Hospital da Criança Santo Antônio, em Porto Alegre-RS, Brasil, no período de 01 de janeiro de
2000 à 31 de dezembro de 2010.
Resultados: Foram realizados 323 transplantes renais em <18
anos, 171 do sexo masculino (53%), 158 com doadores vivos
(49%). Neste período 81 transplantes foram realizados de forma
preemptiva (25%). Destes, 60% foi com doador vivo (n=49). Houve
diferença significativa (p<0,05) entre a perda de enxerto comparando transplantes preemptivos e não preemptivos. Dos preemptivos, 7 perderam o enxerto (9%), enquanto a perda entre os demais
transplantados foi de 60 enxertos (25%). Não houve diferença estatística na sobrevida do receptor entre os dois grupos. No grupo
preemptivo não houve diferença na sobrevida do enxerto entre os
doadores vivos ou falecidos.
Conclusão: Concluímos que o transplante renal preemptivo é a
melhor opção de tratamento para a criança com doença renal crônica terminal.
CB019
AVALIACÃO DO DESENVOLVIMENTO DE LESÃO RENAL
AGUDA NAS COMPLICACOES CLÍNICAS E CIRURGICAS DO
TRANSPLANTE RENAL ATRAVES DOS SISTEMAS RIFLE, AKIN
E KDIGO
Thiago Corsi Filiponi, Alvaro Pacheco e Silva Filho, Lúcio
Roberto Requião Moura, Eduardo Jose Tonato, Erika Ferraz,
Luciana Mello de Mello, Ana Paula Bertocchi, Ana Cristina C.
Matos, Rogério Chinen, Marcelino de Souza Durão Junior
Serviço de Transplante Renal do Hospital Israelita Albert Einstein,
São Paulo, SP, Brasil
48
Objetivos: Avaliar a incidência, o impacto, os fatores de risco e o
desfecho da lesão renal aguda em pacientes transplantados renais,
internados devido a complicações clínicas e/ou cirúrgicas, através
dos critérios RIFLE, AKIN e KDIGO.
Metodologia: Estudo retrospectivo de prontuário de pacientes
transplantados renais, maiores de 16 anos, com tempo de transplante igual ou superior a 3 meses, internados no Hospital Israelita
Albert Einstein devido a complicações clínicas e/ou cirúrgicas.
Resultados: Foram observados 458 pacientes, todos transplantados de rim, a maioria homens (55,2%), da raça branca (60,3%),
com idade de 49 anos (Intervalo interquartil (IIQ): 36-58 anos),
com comorbidades associadas como Hipertensão arterial (74,5%),
diabetes mellitus (35,8%) e doença cardiovasular (68,1%), portadores de insuficiência renal de etiologia indeterminada (30,8%),
que receberam o enxerto renal de um doador cadavérico (62,2%),
com tempo mediano de transplante de 12,5 meses (IIQ: 4-35
meses) e taxa de filtração glomerular estimada de 63 ml/minuto
(IIQ: 50-74). A principal causa de internação foi infecção (60,7%),
com tempo de internação mediano foi de 10,5 dias (IIQ: 6-16
dias). A incidência de Lesão renal aguda foi identificada em 69,7%
pacientes classificados pelo critério de RIFLE e 82,3% pelos sistemas
AKIN e KDIGO, que foram coincidentes. Os fatores de risco identificados para LRA foram a internação hospitalar causada por Infecção (RR= 5,7; p<0,001; IC 95%: 2,80 a 13,19), uso de
contraste iodado (RR= 9,35; p= 0,004; IC 95%: 2,05 a 42,70),
internação em UTI (RR= 8,9; p=0,008; IC 95%: 1,78 a 44,57)
pelos critérios de KDIGO e AKIN, acrescido da presença de rejeição
(RR=7,7; p<0,001; IC 95%: 2,68 a 22,23) e o aumento do valor
da creatinina basal antes da internação (RR= 1,6, p=0,015; IC:
9,9% a 144%) pelo critério de RIFLE. Das 458 internações dos pacientes, em 59 delas (12,9%), houve lesão renal aguda grave com
necessidade de diálise intra-hospitlar. Estiveram relacionados diretamente com a diálise, a internação por disfunção do enxerto (RR=
207,2; p<0,001; IC 95%: 12,37 a 3474,8) e por neoplasia (RR=
71,8; p=0,007; IC 95%: 3,14 a 1691,93), uso de Vancomicina
(RR= 3,48; p=0,040; IC 95%: 1,061 a 11,469), necessidade do
uso de drogas vasoativas (RR= 9,06; p=0,001; IC 95%: 2,411 a
34,039), necessidade de ventilação mecânica (RR= 16,3;
p<0,001; IC 95%: 4,315 a 62,147) e a taxa de filtração glomerular basal, onde cada aumento de uma unidade na TFG, estimamos um decréscimo esperado de 4% na chance de dependência
de diálise (RR= 0,96; p<0,001; IC 95%: decréscimo de 1,8% a
6,2%). Óbito ocorreu em 10 pacientes (2,2%), sendo que estes
todos apresentaram LRA associada, com 90% dos casos, classificados em estágio F e AKIN III. De forma simples, houve relação de
LRA e óbito e associação entre gravidade de LRA e aumento progressivo na mortalidade, porém não conseguimos verificar, em análise multivariada, se houve relação direta entre LRA (por AKIN, RIFLE
ou KDIGO) e óbito, primeiramente por ter havido um pequeno número de eventos e não termos observado óbitos nos casos classificados como sem LRA pelos 3 métodos. Foi fator de risco o óbito, a
internação por causa cardiovascular (RR= 21,35; p= 0,007; IC
95%: 2,32 a 196,49), o uso de sedação (RR= 23,8; p= 0,007;
IC 95%: 2,41 a 235,35), uso de quimioterápico (RR= 21,63; p=
0,046; IC 95%: 1,06 a 441,3) e o tempo de permanência em UTI
em dias, onde cada aumento de um dia de internação na UTI, estimamos um aumento esperado de 32% na chance de óbito (RR=
1,32; p=0,003; IC: 10% a 59%). A dependência de diálise na alta
hospitalar ocorreu em 28,1% dos pacientes que realizaram diálise
intra-hospitalar (17/59 pacientes), relacionando-se diretamente
com a presença de rejeição (RR= 5,53; p= 0,019; IC 95%: 1,32
a 23,27), o tempo em meses após o transplante, onde ara cada
aumento de um mês no tempo de TX, estimamos um aumento esperado de 3,6% na chance de dependência de diálise (RR= 1,036;
p=0,003; IC: 1,2% a 6,0%) e o valor da creatinina basal (RR =
16,7, p<0,001; IC: 5,99 a 46,65). Os pacientes que apresentaram LRA ao final de 12 meses de seguimento pós alta, apresentaram valor de creatinina maior, comparada ao basal (p<0,001).
Conclusão: Mesmo os pacientes transplantados renais tendo vários
fatores de risco para apresentarem disfunção aguda do enxerto, a
ocorrência de LRA nestes pacientes, evidenciada pelo aumento da
creatinina, era pouco estudada. Usando o critério RIFLE, AKIN e
KDIGO, demonstramos uma alta incidência desta patologia nos
pacientes internados em hospital por complicações clínicas e cirúrgicas, relacionando-se com internação por infecção, uso de contraste, internação em UTI, presença de rejeição e creatinina basal
mais elevada. Não conseguimos associar de forma independente
a LRA com a mortalidade, pois não termos observado óbitos nos
casos classificados como sem LRA pelos 3 métodos. Para a avaliação da influência de outras variáveis na relação entre LRA e óbito
são necessários estudos com maior casuística, de modo a contemplar óbitos em pacientes classificados como sem LRA. A presença
de LRA foi fator de progressão para piora da função renal ao final
de 12 meses de seguimento.
CB020
EFFICACY AND SAFETY OF EARLY USE OF EVEROLIMUS IN
STANDARD AND EXTENDED CRITERIA DECEASED DONOR
KIDNEY TRANSPLANT RECIPIENTS: 12-MONTH
PRELIMINARY RESULTS OF A RANDOMIZED SINGLE CENTER
TRIAL
Ida Maria Maximina Fernandes-Charpiot, Heloisa C Caldas,
Camila M Mazeti, Maria Alice Sperto F Baptista, Julio C
Razera, Mario Abbud-Filho
Hospital de Base, FUNFARME/Faculdade de Medicina-FAMERP,
Laboratorio de Imunologia e Transplante Experimental LITEX,
Instituto de Urologia e Nefrologia, S.J.Rio Preto
Introduction: There are reports that kidney transplant recipients
(RTx) from extended criteria (ECD) have worse outcomes than RTx
from standard kidney donors (SCD) and that calcineurin inhibitors
(CNI) nephrotoxicity may contributes to these results.
Objectives: Evaluate outcomes of RTx of ECD treated with a CNIfree protocol and immediate use of everolimus (EVL).
Methods: 24-month, prospective, single center, open-label study.
RTx (n= 64) were allocated according to the type of donor (ECD or
SCD) and then randomized to start EVL on day 1 (n= 30) or
tacrolimus (n= 34; TAC) combined with sodium mychophenolate,
prednisone and induction with basiliximab.
Results: After 12 months, 12 (35%) ECD and 22 (65%) SCD have
been allocated to the TAC group while 9 (30%) ECD and 21 (70%)
SCD received EVL. Incidence of diabetes, cold ischemia time, and
rate of DGF were similar among. Diabetes de novo/NODAT
(TAC=18% vs. EVL= 3%, p=NS), and diagnosis of CMV (68% vs.
27%, p=0.001, respectively) were more frequent in the TAC group.
Biopsy-proven acute rejection (BPAR) in EVL and TAC groups
were17% vs. 9% (p=NS). Analysis of subgroups TAC-ECD (n=12),
TAC-SCD (n=22), EVL-ECD (n=9), and EVL-SCD (n=21) showed
similar incidence of time and length of DGF, wound complications,
a trend toward more BPAR (16.6%, 4.5%, 11%, and 19%, respectively, p = NS) and less CMV+ (83%, 59%, 33%, and 24%, p =
NS) were observed in EVL treated patients. Serum creatinine after 6
months was highest in the TAC-ECD compared with the TAC-SCD
subgroup (p=0.01). One year graft survival for TAC-SCD, TACECD, EVL-ECD, and EVL-SCD were 100%, 83%, 75%, and 95%, respectively. Overall 12-month patient survival for TAC and EVL were
94% and 93%, respectively.
Conclusions: Our preliminary results suggest that CNI-free protocol
with immediate introduction of EVL in the novo SCD RTx seems to
be effective and safe when compared with SCD treated with conventional TAC based protocol. The EVL based immunosuppression
in ECD recipients was not associated with improved outcomes, although they have similar mortality rates.
CB021
CHOLECALCIFEROL SUPPLEMENTATION IN KIDNEY
TRANSPLANT PATIENTS: A TWO YEAR FOLLOW UP
Inês Aires, Isabel Mesquita, Ana Azevedo, Cecília Silva,
Francisco Remédio, Marilia Possante, Aníbal Ferreira, Fernando
Nolasco
Unidade de Transplantação: Hospital Curry Cabral - Centro
Hospitalar Lisboa Central
Native vitamin D (25-OH) levels are reduced in kidney transplant
(KTx) patients (pts) and have been associated with chronic kidney
disease-mineral and bone disorder (CKD-MBD), neoplasic, immunological and cardiovascular effects. We prospectively evaluated
the effects of 24 months cholecalciferol supplementation (median
dose 2664 UI), in 121 KTx pts, 60,4% men, mean age 54.4±13
years, 25% diabetic, mean post KTx follow up:71.5±8.5 months.
All pts naïve to 25-OH vitD therapy but 29.7% on active vitamin D.
Immunosuppression based in calcineurin inhibitor and mTor inhibitors in 83 and 17% pts. 25% on ACE/ARB inhibitors.Pts were
supplemented accordingly to basal (T0) calcidiol serum (S) levels
(ng/mL): deficiency (<15), insufficiency (15 to 30) and normal
(>30). Wilcoxon and Anova tests were used. At T0, 25-OH levels
were 15.9±8.2 ng/mL with 93.4% pts having lower than normal
levels. At T24, 25OH levels increased to 31.2±13.3 and 44.6%
pts attained normal levels (vs 6.6% at T0).Proteinuria was significantly reduced: 0.83±1.2 g/d (T0) to 0.56±1 g/d (T24),p<0.001.
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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PTH levels were reduced: 133.9±85.3 (T0) to 110±102 pg/mL
(T24), p<0.001, although Sphosphorus increased (3,3±0,7 mg/dl
vs 3,6±0,8, p<0,005) and Scalcium decreased (9,8±0,9 mg/dl
vs 9,7±1 mg/dl; p>0,05). As expected Pcr increased after 24m
from 1.35±0.5 mg/dL to 1.48±0.8 mg/dL, p<0,05, but that did
not seem to account for the reduction in proteinuria (r=0,31;
p<0,005). Cholecalciferol supplementation was well tolerated and
no adverse events were reported.No acute rejection episodes were
reported and 27pts were admitted to hospital for complications. Five
pts suffered cardiovascular (CV) events and ten were diagnosed with
cancer. There were no differences in the number of hospital admission, CV events or cancer between pts with normal or insufficient
25OH levels.
Accordingly to our results, vitamin D deficiency is highly prevalent
among KTx pts. Oral supplementation with cholecalciferol is efficient
and safe in the correction of calcidiol serum levels, leading to reduction in proteinuria and CKD-MBD. In this period it was not associated with CV, infectious or neoplastic risk reduction but the short
follow up and the late supplementation may have contributed to
these results. Larger and longer randomized controlled studies are
needed to address different results.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB022
REATIVAÇÃO DE HEPATITE B EM TRANSPLANTADOS RENAIS
COM ANTICORPOS ANTI-HBs E HBc
Sofia Marques, Luciano Pereira, Manuela Bustorff, Manuel
Pestana
Centro Hospitalar de São João, EPE
A presença de anticorpo anti-HBc +/- anticorpo anti-HBs associase à cura da hepatite B. Contudo, o vírus pode persistir nos hepatócitos, em baixos níveis e de forma indetetável, podendo reativar
a doença em contexto de imunossupressão.
Descrevem-se dois casos de reativação de hepatite B em transplantados renais portadores ocultos do vírus. O primeiro, um homem
de 67 anos, com glomerulosclerose segmentar e focal, transplantado renal em 2007. À data do transplante, apresentava anticorpos
anti-Hbs e anti-Hbc positivos e antigénio HBs (Ag-HBs) negativo.
Foi imunossuprimido com prednisolona, ciclosporina e micofenolato de mofetil. Em agosto de 2013, no estudo de perda ponderal
e tosse, detetou-se trombocitopenia de 99G/L e ligeira elevação
dos marcadores de colestase. Em outubro, realizou lavado broncoalveolar onde se isolou Aspergillus fumigatus pelo que se reduziu
imunossupressão e iniciou itraconazol. Duas semanas depois, foi
internado por disfunção hepática de padrão colestático e elevação
de enzimas pancreáticas. Suspendeu o itraconazol por suspeita de
toxicidade e realizou CPRE, sem evidência de obstrução. Identificaram-se Ag-HBs positivo e carga vírica superior a 1,7 x 108 UI/mL.
A biópsia hepática exibia colestase acentuada, infiltrado inflamatório, hepatócitos com citoplasma em “ground-glass” e imunohistoquímica com expressão nuclear de Ag-HBc em 100% das células
e ausência de expressão de Ag-HBs, padrão sugestivo de replicação
viral fraca. Recebeu entecavir e tenofovir, mas morreu em falência
hepática, 7 dias após iniciar tratamento.
O segundo caso, um homem de 42 anos, com doença renal crónica de etiologia indeterminada, realiza imunossupressão com
prednisolona, tacrolimus e micofenolato de mofetil desde o seu terceiro transplante, em 2006. Naquela altura, apresentava Ag-HBs
negativo com anticorpos anti-HBc e anti-HBs positivos. Em 2014,
foi internado por pneumonia tendo sido reduzida a imunossupressão. Surgiu citólise hepática, Ag-HBs, anticorpos anti-HBc e antiHBs positivos e viremia de 4,34 log10. Concluiu-se tratar-se de
uma reativação da hepatite B. Iniciou entecavir, que se encontra em
curso, com redução da citólise.
Em doentes com anticorpo anti-Hbc positivo, com ou sem anticorpo
anti-Hbs, as transamínases e o DNA viral devem ser monitorizados
e a terapêutica iniciada se se confirmar reativação.
CB023
SWITCH DE TACROLIMUS DE FORMULAÇÃO CLÁSSICA
PARA TACROLIMUS DE LIBERTAÇÃO PROLONGADA NA
TRANSPLANTAÇÃO RENAL: EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO
Ana Azevedo, Inês Aires, Cecília Silva, Aníbal Ferreira,
Francisco Remédio, Fernando Nolasco
Serviço de Nefrologia, Hospital Curry Cabral, Lisboa, Portugal
49
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
Alguns estudos demonstraram que o tacrolimus de libertação prolongada (FK LP), tem um perfil de segurança e eficácia semelhante
ao tacrolimus de formulação clássica (FK), com a vantagem de melhor cumprimento terapêutico pelos doentes.
O objetivo deste estudo foi avaliar a segurança do switch do FK para
FK LP numa proporção de 1:1 numa amostra de doentes transplantados renais, cujo follow up média foi 25,8 meses pós conversão.
Sessenta e um doentes fizeram o switch em média 30±9,38 meses
após o transplante (Tx). A dose de FK LP (mg/Kg/dia) foi idêntica depois do switch, aos 6 meses (µ=0.064±0.043, p=0.41), e aos 12
meses (µ=0.065+-0.043, p=0.28) de follow-up, para níveis séricos
iguais aos 6 meses (µ=6.16±0.34, p=0.22) e níveis inferiores aos
12 meses (µ=5.34±1.6, p=0.012). Dos 61 doentes, 31 precisaram
de ajuste de dose aos 6 meses (17 aumentaram e 14 diminuiram a
dose). Vinte e um doentes estavam sob prednisolona (PDN) no momento do switch, que foi descontinuada em 5 após 12 meses, sem
episódios de rejeição aguda. A dose de manutenção de PDN no momento de conversão era 4.01±2.72mg, sendo menor aos 6 meses
(µ=2.90±2.48mg, p=0.001) e aos 12 meses (µ=2.64±2.5mg,
p=0.002). Não se observou alteração da função do enxerto durante
o período de follow-up, com creatinina plasmática no momento de
switch 1.39±0.53mg/dL, aos 12 meses 1.35±0.49mg/dL(p=0.35)
e atualmente 1.34±0.48mg/dL(p=0.54). Dos 61 doentes, 13 eram
diabéticos pré conversão, verificando-se melhoria das hemoglobinas
glicadas aos 12 meses, mas sem significado estatístico(p=0.22). Dos
48 doentes não diabéticos, nenhum desenvolveu diabetes. Dois
doentes pararam FK LP durante o seguimento (um por neoplasia
outro por Glomerulopatia do Tx). Não se registaram efeitos adversos
ou episódios de rejeição durante o período de follow-up. Estes dados
mostram que o switch 1:1 FK para FK LP é seguro e eficaz, com níveis
adequados para a mesma dose de FK. Possibilitou a diminuição da
dose, ou suspensão, dos corticóides sem episódios de rejeição.
CB024
INCIDENCE OF HYPERKALEMIA AND ASSOCIATED
FACTORS IN LIVER TRANSPLANT
GENEROSO, Simone de Vasconcelos1; LIMA, Agnaldo Soares2;
VIEIRA, Lidiane1; SILVA, Rafaelly Cristina1; CORREIA, Maria
Isabel Toulson Davisson2; CLARO, Rafael Moreira1
1-Departamento de Nutrição / Universidade Federal de Minas
Gerais; 2-Departamento de Cirurgia e Oftalmologia /
Universidade Federal de Minas Gerais.
50
Introduction: Liver transplantation (tx) is the main resource used in
cases of irreversible liver disease without other therapeutic possibilities of cure. Patients undergoing Tx commonly present with hyperkalemia (serum potassium greater than 5.5 mEq / L), which is often
caused by the use of immunosuppressive therapy. Hyperkalemia can
cause arrhythmias, bradycardia and hypotension, leading to heart
failure, among other complications.
Aim: To evaluate the incidence of hyperkalemia and associated factors in post-Tx patients
Methods: A retrospective cohort study was conducted. Data were collect on electronic medical records. Age, sex, date of Tx and survival
were registered. Drugs in use and biochemical tests were collected at
4 times (first consultation, 6, 12 and 24 months) in pre Tx phase and
at 6, 12 and 24 months post Tx. Data were analyzed with statistical
software, using chi-square test, with statistical difference p <0.05.
Results: Data were collected from 147 patients (54 ±13 years old).
The incidence of hyperkalemia was higher in the post-Tx compared
to pre-Tx (p <0.05). In the post-Tx 59.9% of patients had hyperkalemia at some time, compared to 13.4% prevalence in pre Tx.
There was no significant difference between gender and time since
transplantation surgery with incidence of hyperkalemia. Age was associated with the development of hyperkalemia (p <0.05); each
decade increase in age at the moment of Tx, increases the risk of
hyperkalemia in 39%. The use of Tacrolimus as immunosuppressor
(91% of patients), was directly associated with the incidence of hyperkalemia (p <0.05).
Conclusion: The high prevalence of hyperkalemia in post-Tx and
its relationship with age and use of Tacrolimus highlights the necessity of constant monitoring of serum potassium concentrations and
hyperkalemia.
Key Words: liver transplantation, hyperkalemia, potassium,
Tacrolimus.
CB025
PHES (PSYCHOMETRIC HEPATIC ENCEPHALOPATHY TEST
SCORE) - AN EASY AND EFFECTIVE WAY OF DIAGNOSING
MINIMAL HEPATIC ENCEPHALOPATY IN LIVER TRANSPLANT
CANDIDATES
Telles Correia D, Freire MJ, Mega I, Barreira D, Cortez-Pinto H,
Barroso E
Centro Transplantação Hepática, Hospital Curry Cabral e
Faculdade de Medicina de Lisboa
Liver encephalopathy (LE) is a very frequent diagnosis in liver transplant candidates with liver cirrhosis. The diagnosis of LE is often difficult to perform, especially when the patient has few symptoms. The
PHES is a battery of neuropsychological tests, especially designed
to asses these difficult cases.
The objective of this study was to find the correlation between the
diagnosis of LE according to PHES and the one according to the
clinical evaluation.
Sixty consecutive liver transplant candidates, attending the out-patient clinics of a Liver Transplantation Centre were studied between
January 1, 2012 and December 1, 2012. Each patient was assessed
by means of PHES sub-tests and they were also evaluated by an experienced gastroenterologist.
We found a significant statistical correlation between the two ways
of diagnosing LE (clinical evaluation and PHES tests). Nevertheless,
as expected PHES tests detected more cases of LE than the clinical
evaluation.
We also found that only 3 of the 5 PHES subtests were correlated to
the clinical diagnosis.
In conclusion, the PHES tests may be an easy an effective way of diagnosing LE in liver transplant candidates.
CB026
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE PROTOCOLO DE PREVENÇÃO
DE RECIDIVA DO HBV EM PACIENTES SUBMETIDOS A
TRANSPLANTE DE FÍGADO POR HEPATITE CRÔNICA PELO
VHB
Edson Abdala, Inaldo Francisco Jr, Patrícia R. Bonazzi, Débora
R. B. Terrabuio, Sílvia V. Campos, Flávia A. Abrantes, Alice T.
W. Song, Flair J. Carrilho, Luiz Augusto Carneiro
D’Albuquerque
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
Introdução: A utilização de imunoglobulina específica (HBIg), e
posteriormente sua associação a antivirais, diminuíram significativamente a taxa de recidiva do VHB pós-transplante de fígado (TF).
O objetivo do estudo foi avaliar a eficácia de protocolo de prevenção contra recidiva de VHB em pacientes submetidos a TF por cirrose pelo VHB, no Serviço de Transplante de Fígado do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Método: Estudo coorte retrospectiva, com pacientes maiores de 18
anos submetidos a TF entre 01/01/2002 e 31/12/2012; excluídos
casos de óbito em menos de 1 ano. Recidiva definida pela positividade do antígeno de superfície (HBsAg) e/ou do HBV DNA, em
qualquer momento do seguimento. Protocolo de profilaxia: HBIG
(800-1000UI) IM na fase anepática + diariamente por uma semana + mensalmente por 1 ano; antiviral: o mais eficaz disponível
no momento. Exames: anti-HBs mensalmente, imediatamente antes
da aplicação do HBIG, até um ano, depois semestralmente; PCR
semestralmente (quando disponível). Análise univariada por teste
de qui-quadrado ou exato de Fisher para variáveis categóricas, e
teste de Mann-Whitney ou teste T para variáveis ordenadas.
Resultados: Realizados no período 743 TF em 679 pacientes; destes, 60 em portadores crônicos do VHB. Dos 60 pacientes com VHB
crônico, 16 foram excluídos, e 4 não tiveram dados disponíveis
para avaliação. Analisados, portanto, 40 pacientes – 87,5% masculinos, idade média 52,7 anos, 52,7% com CHC. Tempo médio
de seguimento de 2071 dias. Recidiva ocorreu em 13 pacientes
(32,5%) – sorológica em 5, virológica em 3, sorológica e virológica
em 5; um caso apresentou recidiva histológica. A média de antiHBs no primeiro ano pós-TF foi de 199 e 189 nos grupos com e
sem recidiva, respectivamente (ns). Na análise univariada, houve
tendência a maior frequência de rejeição aguda e de uso de pulsos
de corticóIde no grupo com recidiva (31% vs 7%, p=0,08).
Discussão: Em nossa casuística, a recidiva do VHB foi maior do
que a relatada em literatura. As possíveis causas são: não inclusão
de caos de hepatite fulminante e irregularidade nas coletas de PCR,
levando provavelmente a grande proporção de pacientes submetidos ao TF com viremia. Não houve impacto clínico da recidiva.
CB027
INFECTIOUS DISEASES AFTER LIVER TRANSPLANT: A
SINGLE CENTER RETROSPECTIVE STUDY
Margarida Antunes, Cristina Teixeira, Philip Fortuna, Borja
Moya, Ana Martins, Luis Bento, Rui Perdigoto, Eduardo
Barroso, Paulo Marcelino
Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Curry Cabral,
Lisboa; Centro Hepato-Bilio-Pancreático e de Transplantação do
Hospital Curry Cabral, Lisboa
Introduction: Liver transplantation (LT) is the therapeutic of choice
in many clinical situations. A major factor that can compromise it’s
success is infection.
Material and Methods: All patients who underwent LT from January 2008 to December 2011 were considered for enrollment. The
date was collected for a 2-year follow-up.
Results: In the study period, 463 patients were considered (29 died
either during surgery or in the first 48 hours after LT and were excluded). From those, 174 (37.3%) developed at least one infection
and overall, 282 infections were registered. In patients who developed infections the aminotransferases level were lower (mean AST
1287 vs 1652, p=0,033; ALT 1948 vs 2593, p=0,025), the overall
hospital stay (23,7 vs 19,3, p=0,006) and mortality (15.2% vs 6.5%
p=0,001) were higher. A higher rate of hemodialysis use was observed in the infection group (4% vs 2,7% p<0,001). Harvesting
data, surgical procedure data and early clinical course were similar
in both groups.
The most frequent were biliary tract infections (mean time of occurrence of 160.4±167.7 days after LT). The most frequent agents
were the Gram-positive bacteria (Enterococcus faecium and Staphylococcus aureus) although Gram-negative bacteria (Escherichia coli)
prevailed later after LT. Undetermined location infections was high
(n=48, mean 75,4 days after LT). Bloodstream and operative wound
infections occurred earlier (63 and 42.4 days respectively) and urinary tract (153 days), biliary (160,4 days), intra-abdominal (179.5
days) and respiratory (164,1 days) later. Opportunistic infections occurred in mean 268 days after LT. 21 deaths were attributable to infections, 19 of them in sepsis and multiorgan failure.
By logistic regression analysis, we found no individual parameter to
be independently related to the considered dependent variables: occurrence of infection, occurrence of biliary tract or respiratory tract
infection.
Conclusions: 37.3% of all LT patients developed at least one infection during this 2-year follow-up, with higher mortality and hospital stay. It’s occurrence was not affected by graft quality or
harvesting data, surgical procedure data and early clinical course.
More attention is due to donnor’s variables when for the analysis of
this particular problem.
CB028
OPTIMISATION OF TRANSFUSION REQUIREMENTS IN LIVER
TRANSPLANTATION
Sobreira Fernandes D., Real C. Barros F., Sa Couto P., Branco
T., Esteves S.
Centro Hospital do Porto
Introduction: Liver transplantation is a surgical procedure that can
lead to massive blood loss and consequently result in transfusion of
blood products. The ability to predict blood product use before surgery would allow better coordination of resources by the transfusion
service for each case. Centro Hospitalar do Porto has a liver transplantation program since 1996, with about 1100 performed transplants. The aim of this study was to assess the ability of preoperative
variables to predict intraoperative red blood cell transfusion requirements in liver transplantation.
Methods: Anesthetic records from 237 consecutive patients who
underwent liver transplantation between June 2006 and December
2011 in our institution were reviewed in this retrospective study. Patients undergoing retransplantation were excluded from the analysis
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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as were patients with familial amyloid polyneuropathy because we
considered these to be a very different entity from all the other primary diagnosis. Preoperative variables studied were age, gender,
MELD score, primary diagnosis (alcoholic cirrhosis, fulminant hepatic failure, cholestatic liver disease, hepatitis B and C related cirrhosis, hepatocarcinoma, miscellaneous), preoperative INR, serum
albumin and hemoglobin level. Red blood cell units (RBCU) were
dichotomized according to the sample median (£ 3 RBCU versus >
3 RBCU). Statistical associations between the preoperative variables
and intraoperative blood transfusion requirements were first examined by bivariate analysis and then by logistic regression analysis.
Results: Bivariate analysis of the studied variables revealed that all
the variables, except for age and gender, were related with the transfusion of > 3 RBCU (P<0.05). Logistic regression analysis of the
variables found to be significant in the bivariate analysis indicated
that MELD score (odds ratio [OR] 1.09, 95% confidence interval [CI]
1.02 – 1.17), cholestatic liver disease (compared to alcoholic cirrhosis, OR 0.16, 95% CI 0.03-0.76) and preoperative hemoglobin
level (OR 0.80, 95% CI 0.68-0.93) were independently associated
with transfusion of > 3 RBCU. Likelihood ratio test for the model
was significant (P<0.001).
Conclusions: In the study sample, MELD score, cholestatic liver disease (compared to alcoholic cirrhosis) and preoperative hemoglobin
level, were independently associated with intraoperative red blood
cell transfusion requirements. These data could be used in the preoperative evaluation of recipients in order to predict blood component use. Each individual institution should evaluate their practices
in order to provide a more efficient management of their blood bank
resources. The ability to predict transfusion requirements will allow
the transfusion service to save time, labor and costs. This way it
would also avoid further delays in surgery and improve our practice
making it safer.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB029
PERFIL BACTERIOLÓGICO DE UMA UNIDADE DE
TRANSPLANTAÇÃO HEPÁTICA
E. Pereira1, M. Fernandes, N. Silva3, F. Pinto1,2, A. Eufrásio1,2, L.
Boaventura3, C. Bento1,2, H. Vieira1,2, C. Seco1,2, L. Pereira1,2, S.
Calretas2, N. Silva2, J. Ferrão2, L. Tomé2, A. Barros2, D. Diogo2,
E. Furtado2
1-Serviço de Anestesiologia-CHUC, 2-UTHPA-CHUC, 3-Serviço
de Patologia Clínica-CHUC
Os Transplantados Hepáticos constituem um grupo especial de
doentes internados pela maior suscetibilidade à infeção, em consequência da imunosupressão1. O objetivo deste estudo é avaliar
qual a classe de agentes infeciosos mais comum num internamento
de transplantação hepática.
A Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica e de Adultos
(UTHPA) do CHUC concentra doentes transplantados com complicações médicas e cirúrgicas pelo que pode ser usada para avaliar
o perfil bacteriológico desta população2. Foram recolhidos os resultados das culturas efetuadas aos doentes internados nos últimos
dois anos, avaliando o microorganismo isolado, segundo a classificação da coloração Gram, em variados produtos. Os dados
foram tratados com o IBM SPSS v 20.
Foram estudadas 493 amostras positivas recolhidas dos doentes internados na UTHPA nos 2 últimos anos (124 doentes), com exclusão
de duplicados. 50,7% (n= 250) dos isolados foram gram-positivo
(G+) (o mais frequente S. aureus) e 49,3% (n=243) gram-negativo
(G-) (o mais frequente P. aeruginosas). Os produtos mais cultivados
foram a bílis (22,6%), o sangue (12,8%), o líquido peritoneal
(12.8%), a urina (9,2%) e o aspirado brônquico (5,5%). Em relação
aos agentes isolados em cada um destes meios, obtivemos na bílis
42,6% G+ e 57,4% G- ; no sangue 58,6% eram G+ e 41,4% G;
no líquido peritoneal 54% foram G+ e 46% G-; na urina 18,4%
G+ e 81,6% G-; e no aspirado brônquico 31,8% G+, 68,2% G.
Com os resultados obtidos não verificámos diferenças estatisticamente significativas entre cada uma das classes de bactérias em nenhum dos produtos, embora as bactérias gram-positivas fossem
ligeiramente mais prevalentes. Em relação aos meios de cultura as
bactérias gram positivas foram mais frequentes na bílis, sangue e
líquido peritoneal. Na urina e aspirado brônquico foram mais frequentes as bactérias gram negativas, embora sem significado estatístico. Será necessário manter a vigilância por um período mais
51
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
alargado, de forma a aumentar a amostra e o nº de isolados e conferir maior robustez à análise microbiológica.
Bibliografia:
1. Kohlenberg A. et al. Time-trends for Gram-negative and multidrug-resistant
Gram-positive bacteria associated with nosocomial infections in German intensive care units between 2000 and 2005. Clin Microbiol Infect. 2008
Jan;14(1):93-6. Epub 2007 Nov 22.
2. Nseir S. et al.Relationship between immunosuppression and intensive care unitacquired multidrug-resistant bacteria: a case-control study. Crit Care Med. 2007
May;35(5):1318-23.
CB030
ASSOCIAÇÃO ENTRE O USO DE HEMODERIVADOS NO
INTRA-OPERATÓRIO E A PRESENÇA DE ISOLADOS
BACTERIANOS POSITIVOS NO 1º MÊS PÓS TRANSPLANTE
HEPÁTICO: ANÁLISE DE DOIS ANOS
M. Fernandes1, E. Pereira1, A. Ribeiro1, N. Silva3, A. Eufrásio1,2,
F. Pinto1,2, L. Boaventura3, C. Bento1,2, H. Vieira1,2, C. Seco1,2,
L. Pereira1,2, S. Calretas2, N. Silva2, J. Ferrão2, L. Tomé2,
A. Barros2, D. Diogo2, E. Furtado2
1-Serviço de Anestesiologia-CHUC, 2-UTHPA-CHUC, 3-Serviço
de Patologia Clínica-CHUC.
Introdução: A administração de hemoderivados tem sido associada
a maior incidência de infeção e consequentemente de morbi-mortalidade1. Os doentes transplantados são um grupo especialmente
suscetível à infeção e esta é um determinante major do outcome da
transplantação de órgão sólido. A incidência de infeção varia de
acordo com diversos fatores, nomeadamente o tipo de órgão transplantado, grau de imunossupressão, ocorrência de complicações
técnicas e cirúrgicas2,3. Neste trabalho, procurou-se verificar a associação entre a transfusão de hemoderivados com a presença de
isolados bacterianos colhidos no 1º mês pós transplante.
Métodos e Resultados: Fez-se um estudo retrospetivo de 89 doentes
adultos submetidos a transplante hepático de Março de 2012 a Março
de 2014 na Unidade de Transplantes Hepáticos Pediátricos e Adultos
(UTHPA) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
Recolheram-se os produtos transfundidos durante o transplante hepático e os resultados das culturas pedidas durante o primeiro mês
pós-transplante. Os dados recolhidos foram submetidos a uma análise bivariada através do IBM SPSS 20.0®. Avaliaram-se variáveis categóricas (eritrócitos; plasma; plaquetas; fibrinogénio; complexo
protrombínico; albumina e isolamento de microorganismos) com o
teste Qui-quadrado. Um valor de p≤0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Esta análise não revelou uma relação estatisticamente significativa entre a administração de plaquetas, fibrinogénio,
complexo protrombínico ou albumina e o isolamento de microorganismos. No entanto, demonstrou que a transfusão de eritrócitos
(p=0,02) e de plasma (p=0,003) estiveram significativamente relacionados com o isolamento de microorganismos.
Conclusão: Na nossa amostra, que reflecte a actividade desde a
criação da UTHPA, confirmámos uma associação estatisticamente
significativa entre o aumento da transfusão de eritrócitos e/ou de
plasma durante o transplante hepático e o isolamento de microorganismos durante o primeiro mês pós-transplante.
1. Shah H et al, Surgical site infection after liver re-transplantation: incidence and
risk factors. Liver Transpl. 2014 Apr 18.
2. Fishman J, Infection in solid-organ transplant recipients. N Engl J Med. 2007
Dec 20;357(25):2601-14.
3. Fishman J, Infections in immunocompromised hosts and organ transplant recipients: essentials. Liver Transpl. 2011 Nov;17 Suppl 3:S34-7.
CB031
LIVER REGENERATION MODEL IN GROWING ANIMALS
WITH HEPATIC ARTERY LIGATION: HISTOLOGICAL AND
MOLECULAR STUDIES
Ariane Nadia Backes, Ana Cristina Aoun Tannuri, Nelson
Gibelli, Amadeu Jose Rodrigues Queiroz, Fabiane Neiva
Backes, Maria Cecília Mendonça Coelho, Elenice Lima da
Silva, Valentina Oliveira Provenzi, Uenis Tannuri
Pediatric Surgery Division, University of São Paulo Medical School,
Brazil
52
Introduction: liver transplantation is an effective treatment for irreversible liver diseases. The incidence of hepatic artery thrombosis
remains high. Our objective is analyze ligature of the hepatic artery
on liver regeneration in a growing animal model.
Methods: seventy-five male Wistar rats were divided into 3 groups:
Group 1(sham): incision without intervention; Group 2: 70% hepatectomy; Group 3: 70% hepatectomy and ligation of the hepatic artery. Before 70% hepatectomy, hepatic artery ligature was performed
and a segment of the artery was resected. Liver specimens were
stained with hematoxylin-eosin and immunohistochemical staining
for Ki-67. The expression of IL-6 gene was studied by RT-PCR. The
level of significance was α = 0.05. Data were analyzed with SPSS
version 18.0 and SigmaPlot version 11.0 using ANOVA and
Turkey’s post-hoc test.
Results: G2 and G3 demonstrated similar tendency to gain weight
ratio over time. Mitotic activity was significantly lower at 72h in G3
than G2. There was no difference between G2 and G3 Ki-67 staining. The expression of the IL-6 gene was present in all groups, lower
in G1, although there was no difference between G2 and G3.
Conclusion: The experimental model was feasible and adequate
for the current investigations. Hepatectomy stimulated hepatocyte
proliferation, the obstruction of arterial flow did not affect the liver
regeneration.
Keywords: hepatic artery thrombosis, liver regeneration, liver transplantation, animal model.
CB032
DISPOSITIVO DE ASSISTÊNCIA MECÂNICA BIVENTRICULAR,
DE MEDIA DURAÇÃO, COMO PONTE PARA TRANSPLANTE
CARDÍACO REALIZADO COM SUCESSO
Noedir Antonio Groppo Stolf, Ronaldo Honorato dos Santos,
Lucas Regatieri Barbieri
Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, Serviço de
Cirurgia Cardiovascular e Torácica – Equipe Prof. Dr. Noedir Stolf
Introdução: Pacientes candidatos a transplante cardíaco apresentam alta mortalidade, especialmente no Brasil, devido ao prolongado tempo de espera em fila de transplante e a deterioração
clinica da doença. Os dispositivos de assistência ventricular mecânica (DAV) podem melhorar o status hemodinâmico/clinico, e funcionar como ponte para transplante cardíaco. Essa pratica e pouco
utilizada devido ao alto custo dos dispositivos e a má indicação do
seu implante.
Objetivo: Relatar caso de paciente submetido a implante de DAV
biventricular como ponte para transplante cardíaco com dispositivo
indicado para media duração.
Relato de Caso: Paciente do sexo masculino, 55 anos, portador
de miocardiopatia dilatada valvar com falência biventricular e hipertensão pulmonar importante, foi internado com insuficiência cardíaca descompensada, evoluindo com 2 PCR revertidas.
Encontrava-se refratário ao tratamento clínico, sob cuidados de terapia intensiva (ha 3 meses), em uso de drogas inotrópicas e vasoativas em altas doses. Desenvolveu então disfunção renal,
hepática, acidose refrataria e intubação orotraqueal. Dado a gravidade do quadro, o paciente foi incluído no protocolo de implante
de DAV (INTERMACS classe I). No 98o dia de internação, foi realizado implante de DAV biventricular (tipo CENTRIMAG – indicado
para media duração) e retirado da fila de transplante. Procedimento
realizado sem intercorrências. No POI, apresentou sangramento
aumentado, sendo corrigido a coagulopatia com uso de hemotransfusões e complexo protrombinicos. Após o implante de DAV o
paciente melhorou hemodinamicamente e recuperou gradativamente as funções orgânicas. Após 10 dias do implante do DAV, o
paciente retornou a fila de transplante e foi submetido, no 19 PO
de implante da assistência bi-ventricular, ao transplante cardíaco
ortotópico, com resultados satisfatórios, recebendo alta hospitalar
1 mês apos transplante e encontra em ótima evolução.
Conclusão: O implante de DAV nesse tipo de caso tem sido realizado com resultados já documentados com alta mortalidade. Este
foi o início bem sucedido ao programa de implante de DAV biventricular, representando um grande progresso e permitindo maior
chance de sobrevida na lista de espera para Transplante Cardíaco.
Dado o critério de priorização no Brasil,esse dispositivo pode ser
utilizado com sucesso na indisponibilidade de outro mais sofisticado.
CB033
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA TRANSPLANTE
CARDÍACO: EXPERIÊNCIA DE TRÊS ANOS
Priscila Gonçalves Pereira Moraes, Bellkiss Wilma Romano
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A literatura é enfática ao apontar que dificuldades no
ajuste psicológico dos pacientes com insuficiência cardíaca estão
relacionadas ao aumento do risco de adversidades clínicas no período pós transplante e maior dificuldade na adesão ao tratamento,
justificando a necessidade e importância da avaliação psicológica
pré transplante do candidato receptor. Na prática clínica, a avaliação psicológica é realizada e, em seguida, discutida em equipe
multiprofissional de transplante quando é decidida a conduta de
inserção em fila de espera para transplante ou seguimento do tratamento clínico.
Objetivo: Realizar levantamento das avaliações psicológicas realizadas no Instituto do Coração - HCFMUSP e identificar as principais dificuldades psicológicas apresentadas pelos candidatos a receptores.
Metodologia: Foi realizado levantamento retrospectivo das avaliações psicológicas para transplante cardíaco de pacientes adultos
realizadas nos últimos três anos pelo Serviço de Psicologia. Em seguida, foram analisadas quanto ao apontamento de dificuldades
psicológicas apresentadas pelos pacientes.
Resultados: Foram analisadas 249 avaliações. Destas, 146 (59%)
foram liberadas pelo Serviço de Psicologia sem apontar nenhum
fator psicológico que pudesse comprometer o seguimento do paciente em Programa de Transplante; 103 (41%) apontaram “dificultadores” psicológicos que foram discutidos em equipe para decisão
sobre inclusão do paciente em fila de espera. Os principais fatores
psicológicos apontados como “dificultadores” para o Programa
foram: 1- Reação psicológica de desajustamento com sintomas importantes (21%); 2- Recusa ou ambigüidade na aceitação do transplante (20%); 3- História de uso de substância com abstinência
inferior a seis meses (17%); 4- Má adesão ao tratamento proposto
(14%); seguidos de ausência/negligência de cuidador, dificuldade
de compreensão cognitiva e transtorno psiquiátrico diagnosticado.
Conclusão: Foi possível observar que as principais dificuldades dos
pacientes candidatos a transplante cardíaco se referem ao impacto
emocional despertado pelas limitações da cardiopatia, pelo medo
e estranhamento do próprio transplante e dificuldade em alterar estilo de vida e se adaptar à rigidez do tratamento.
CB034
RESULTADOS DA TRANSPLANTAÇÃO CARDÍACA NO
RECEPTOR URGENTE: QUEM DEVE SER TRANSPLANTADO?
David Prieto, Pedro M Correia, Pedro E Antunes, Manuel
Batista, Manuel J Antunes
Centro de Cirurgia Cardiotorácica e Transplantação de Órgãos
Torácicos, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Objectivos: Avaliar os resultados a curto e longo prazo da transplantação cardíaca em dois níveis de urgência.
Métodos: De Nov2003-Dez2012, 228 doentes foram submetidos
a transplante cardíaco. Exclui-se do estudo crianças e adolescentes
(idade inferior a 18 anos), doentes em choque cardiogénico ou com
transplante prévio de outro órgão. Do grupo final (n=212), 58 receptores (27%) estiveram hospitalizados até à data do transplante
sob suporte inotrópico [Group A], enquanto que 154 (73%) aguardaram em casa, mas com mais que uma hospitalização nos últimos
seis meses [Group B]. Os doentes do grupo A eram mais novos
(52,0±11,3 vs. 55,2±10,4 anos; p=0,050) e com tempo de espera pelo transplante mais curto (29,4±43,8 vs. 48,8±45,2 dias;
p=0,006). Não se encontrou diferença na predominância de género ou nas principais comorbilidades. A hemoglobina foi mais
baixa (12,2±2,2 vs. 13,2±1,9; p=0.001) e a creatinina mais alta
(1,6±1,2 vs. 1,4±0,4; p=0.010) no grupo A. As características
dos dadores eram semelhantes. O tempo de seguimento médio foi
de 4,5±2,7 anos.
Resultados: Não se encontrou diferença no tempo de isquémia
(89,1±37,0 vs. 91,5±34,5min; p=0,660). Apesar de uma utilização prolongada de inotrópicos no pós-operatório (14% vs. 11%;
p=0,579) sobreponível entre os grupos, houve maior necessidade
de assistência mecânica no grupo B (0% vs. 7%; p=0,047). Já du-
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
rante o seguimento, foi comparável a incidência de rejeição celular
aguda de grau superior ou igual a 2R (22% vs. 17%; p=0,351),
rejeição humoral (2% vs. 3%; p=0,551) e doença vascular do enxerto (10% vs. 9%; p=0,781). A diabetes de novo durante o primeiro ano foi ligeiramente mais predominante no grupo A (16% vs.
12%; p=0,456), e estes doentes tiveram um risco tendencialmente
aumentado de infecções graves durante esse mesmo período (22%
vs. 12%; p=0,068). A mortalidade hospitalar mostrou-se sobreponível (3,4% vs. 4,5%; p=0,724), assim como a sobrevivência a
longo-prazo (7,8±0,5 vs. 7,4±0,3 anos; p=0,724).
Conclusões: Os resultados obtidos em doentes hospitalizados sob
suporte inotrópico revelaram-se equiparáveis aos doentes a aguardar transplante no domicílio. A alocação de dadores para o primeiro grupo não parece comprometer o benefício da
transplantação. Estes resultados podem não ser extensíveis a doentes mais críticos.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB035
EVALUATION OF THE XENODIAGNOSIS IN PATIENTS
AWAITING HEART TRANSPLANT
Cruz FD, Issa VS, Ayub SF, Chizzola P, Conceição GE, F. Bacal,
Fiorelli AI, Bocchi EA
Heart Failure and Transplantation Unity – Heart Institut –
InCor/HCFMUSP São Paulo, SP – Brasil
Introduction: Chagas disease, caused by the protozoan Trypanosoma cruzi, is an endemic disease in Brazil and Latin America.
We estimate that more than 16-18 million people are infected and
120 million people are at risk of acquiring it. The chagasic cardiomyopathy is the most severe form of the infection and appears in 1020% of infected individuals, being a frequent cause of hospitalization
and it is responsible for the high amount of patients referred for heart
transplantation (HT). The best method to demonstrate the parasite is
the xenodiagnosis, with a sensitivity of 70 to 80%.
Objective: To identify the prevalence of patients in the waiting list
of HT with xenodiagnosis (xeno) positive.
Methods: We analyzed 28 patients with Chagas' cardiomyopathy in
the wait list of HT, 48 ± 12 years, 71% male, that had the xenodiagnosis examination.
Results: In the analysis, 5 patients and positive blood culture within
90 days, 2 xeno within 20 day* s and 1 within 30 days. Among the
patients, underwent cardiac transplantation, and of these, 10 had
the xenodiagnosis and the blood culture negatives - 3 died of 2 of
septic shock, 1 of graft dysfunction and 7 sirvied), 4 had the exams
positives 2 (with positive blood cultures and 2 with positive xeno) 3 died of septic shock and 1 survived). The other 14 that did not
undergo heart transplantation, 1 had positive blood culture within
90 days and died of septicemia and 13 with xeno and blood culture
negatives. Of these 12 died: 3 had a sudden death, 2 a cardiogenic
shock, 6 had mixed shock and and 1 had septic shock. There was
no statistical difference in the analysis of age, gender, time in the
wait list and survival (p=ns). Of the patients who survived after transplantation, with negative xenodiagnosis the average days of reactivation of Chagas disease was 145 ± 152 versus 46 ± 45 days in
patients with positive test.
Conclusion: In this group of patients there was no difference in the
variables analyzed for positive and negative xenodiagnosis, however
this analysis should be extended to a larger number of patients and
variable.
CB036
ANÁLISE ANATOMOPATOLÓGICA DOS CORAÇÕES
EXPLANTADOS DE PORTADORES DE DOENÇA DE CHAGAS
SUBMETIDOS AO TRANSPLANTE CARDÍACO
Fiorelli AI, Benvenuti L, Aielo V, Santos Jr VP, Canizares BG, Costa
TS, Chamel TWD, Bacal F, Bocchi E, Stolf NAG, Jatene FB
Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
Objetivo: Analise anatomopatológica dos corações explantados
de portadores de Doença de Chagas e submetidos ao transplante
cardíaco.
Método: Foi realizada a análise de 106 exames anatomopatológicos
dos corações explantados de portadores de Doença de Chagas e
submetidos ao transplante cardíaco, no período de 1985 a 2010.
53
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
Casuística: Homens: 70 (66,1%) e Mulheres: 36 (33,9%). Idade
Média: 42,5±12,8anos (11-64).
Resultados: Peso dos Ventrículos:405,8±87,6g (182-634). Pericardite: 13(12,3%).
Dilatação: VE 3(2,8%); VD: 2(1,9%); VE/VD: 70(66,1%); das 4 câmeras; 6(5,7%) e Ausência; 25(23,6%). Local da Fibrose: Ápice de
VE: 24(22,7%); Ápice de VE/VD: 4(3,7%); Parede Posterior:
6(5,6%); SIV: 3(2,8%); Via de Saída de VD: 1(0,9%); Endocárdio:
1(0,9%); Ausência: 66(62,5%).
Aneurisma de VE: 14(13,2%); Ausência: 92(86,8%). Local do Aneurisma: Ápice do VE: 11(78,67%); Ápice do VE/VD: 1(7,1%); Parede
Posterior: 2(14,3%). Trombos: 29(27,4%).
Microscopia: Miocardite Crônica: 51(48,1%); Presença de T. Cruzi:
9(8,5%); Infarto: 4(3,7%); Aterosclerose: 8(7,5%). Focos de Necrose: 1(0,9%); Fibrose Intersticial: 51(48,1%); Eosinófilos:
14(12,5%); Mononucleares: 26(24,5%); Linfócitos: 18(,9%) e Hipertrofia de Fibras; 29(27,4%).
Conclusões: Os resultados apontam que as alterações anatomopatológicas dos corações explantados com D. de Chagas, em pacientes
submetidos ao transplante cardíaco, são muito pronunciadas, pois,
representam a fase final da enfermidade.
A doença apresenta acometimento biventricular o que a torna, por
si só, fator de risco em relação às demais cardiomiopatias.
CB037
COMPORTAMENTO DA EXPRESSÃO GÊNICA DE
MEDIADORES INFLAMATÓRIOS E RECEPTORES CELULARES
NO DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA VASCULAR DO
CORAÇÃO TRANSPLANTADO. ESTUDO EXPERIMENTAL
Fiorelli AI, Lourenço Filho DD, Tavares ER, Chamel TWD,
Gutierrez PS, Stolf NAG, Maranhão RS, Jatene FB
Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
Fundamento: A doença vascular do enxerto é uma complicação
que ocorre forma lenta e progressiva após o transplante de coração
e limita a sobrevida tanto do enxerto quanto do próprio receptor.
Trata-se de uma resposta inflamatória de caráter imune que agride
o endotélio e a íntima da artéria coronária, produzindo em reação
inflamação perivascular persistente com hiperplasia intimal. A oclusão das artérias coronárias é o desfecho final, levando à disfunção
do enxerto. Trata-se de uma entidade ainda pouco conhecida e sem
um tratamento eficaz.
Objetivo: Estudar o comportamento da expressão gênica de mediadores inflamatórios e receptores celulares durante o desenvolvimento da doença vascular do coração transplantado em modelo
experimental.
Método: Foram selecionados 10 coelhos machos da raça Nova
Zealand (Brancos) com peso médio de 3,4±0,6kg e 10 machos
(Vermelhos) com peso médio de 2,7±0,5kg, sendo que os brancos
foram os receptores de enxertos cardíacos provenientes dos coelhos
vermelhos. O coelho foi o animal eleito na presente investigação,
devido a sua incapacidade de metabolizar o colesterol. Desta
forma, pode-se observar alterações histológicas nas artérias coronárias semelhantes aquelas observadas em humanos. O coração
doador foi transplantado em posição heterotópica na região cervical, por questões de facilidades técnicas.
Todos os animais foram alimentados com ração enriquecida de
0,5% de colesterol e receberam 10mg/kg/dia ciclosporina A. Após
o período experimental, os coelhos foram sacrificados para análise.
O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade de São Paulo.
Resultados – Os resultados obtidos das análises de Receptores Celulares e de Mediadores Inflamatórios encontram-se expressos na
Tabela 1.
A
B
54
Sigla
Coração Nativo
Coração Transplantado
p
CD 36
1,0±0,19
1,05±0,06
>0,05
LDLR
1,0±0,79
14,48±0,25
<0,001
LRP-1
1,0±0,18
46,90±0,15
<0,001
IL-1&#946;
1,0±0,82
20,54±0,02
<0,001
IL-18
1,0±0,07
53,75±0,03
<0,001
TNF&#945;
1,0±0,36
44,01±0,13
<0,001
VCAM1
1,0±0,00
36,03±0,38
<0,001
MCP-1
1,0±0,15
181,18±0,09
<0,001
A – Receptores Celulares e B – Mediadores Inflamatórios
Conclusões: A doença vascular do enxerto apresenta comportamento inflamatório de origem imune e induz a ativação de diferentes receptores celulares e mediadores inflamatórios quando
analisados por meio da expressão gênica no tecido miocárdico.
CB038
SOBREVIDA APÓS IMPLANTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA
VENTRICULAR
Marques M, Rebocho MJ, Nolasco T, Ranchordas S, Calquinha
J, Abecasis M, Moradas Ferreira M, Queiroz e Melo J, Neves JP
Hospital de Santa Cruz – CHLO
A terapêutica médica, a ressincronização, a implantação de cardiodesfibrilhador têm melhorado a sobrevida da insuficiência cardíaca; no entanto e em alguns casos é difícil dar resposta imediata
na área da transplantação cardíaca em situações agudas, emergentes ou urgentes de falência cardíaca.
O suporte circulatório mecânico – assistência ventricular (univentricular/biventricular) é uma área que tem evoluído no sentido da
implantação num número crescente de doentes. A assistência circulatória permite através da implantação de um ‘device’ ventricular
ser uma técnica ‘life-saving’ em doentes com insuficiência cardíaca
descompensada ou agudizada em que a terapêutica médica falha.
A assistência ventricular pode ser usada como ponte para transplantação cardíaca, para decisão de terapêutica prolongada per si
ou como ponte para recuperação da função ventricular.
Entre Janeiro de 2007 e Maio de 2014 foram implantados 55 assistências ventriculares no serviço, sendo que 9 doentes evoluíram
para transplante cardíaco, 14 doentes recuperaram função e 32
doentes morreram. A média de idades foi de 49,9 anos com predominio do sexo masculino (79%). A ocorrência de cirurgia cardíaca precedeu a necessidade de implantação de assistência
ventricular em 47% dos casos. A principal complicação foi a necessidade de técnica de substituição renal transitória em 32% dos
casos. A sobrevida aos 6M dos doentes que tiveram alta é de 83%.
Doentes sujeitos a implantação de assistência ventricular são doentes críticos à data da implantação; as características da implantação
podem influenciar os resultados.
CB039
ASSISTÊNCIA VENTRICULAR: PONTE DE SUCESSO PARA
TRANSPLANTE CARDÍACO
Nolasco T, Rebocho MJ, Marques M, Madeira M, Calquinha J,
Abecasis M, Moradas Ferreira M, Queiroz e Melo J, Neves JP
Hospital de Santa Cruz – CHLO
O Transplante cardíaco continua a ser o tratamento de escolha para
a insuficiência cardíaca em fase terminal. No entanto, o aumento
do tempo de espera e a redução da disponibilidade de órgãos adequados, tem tornado premente o recurso a um suporte circulatório
mecânico como forma de prolongar a sobrevida destes doentes. A
Assistência ventricular pode ser assim utilizada como ponte para
transplante cardíaco, com indicações reconhecidas e bons resultados internacionais.
Foi realizada uma análise retrospectiva de centro único, revelando
24 doentes (10,8% dos transplantados) submetidos a transplante
cardíaco quando sob terapêutica com assistência ventricular, no periodo compreendido entre Novembro 1986 e Maio 2014. A média
de idades dos doentes foi de 43,8 ± 13,3 anos, havendo um predomínio dos doentes do sexo masculino (83,3%). A implantação
da assistência ventricular ocorreu em 50% dos casos após complicação de cirurgia cardíaca. O tempo médio de assistência até ao
transplante cardíaco foi de 18,21 ± 21,25 dias, com um máximo
de 105 dias. A mortalidade aos 6 meses após transplante cardíaco
foi de 37,5%, com sobrevida média de 6,18 ± 5,33 anos e máximo
de 20,4 anos. A principal complicação foi a necessidade de técnica
de substituição renal transitória em 37,5% dos casos.
Estes resultados espelham a mais valia que a assistência ventricular
como ponte para transplante cardíaco pode oferecer, nomeadamente em doentes de elevada gravidade que não sobreviveriam até
ao transplante.
CB040
UMA CAUSA PECULIAR DE FEBRE E DOR NO ALOENXERTO
Luciano Pereira, Susana Sampaio, Manuela Bustorff, Manuel
Pestana
Unidade de Investigação e Desenvolvimento de Nefrologia,
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Serviço de
Nefrologia do Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal.
A infeção de um enxerto vascular é uma complicação rara e grave
da cirurgia reconstrutiva arterial. O bypass femoro-femoral tem sido
utilizado em casos de doença arterial ilíaca unilateral. Tanto quanto
os autores conhecem, não existem casos descritos de infeção de
bypass femoro-femoral em doentes transplantados renais.
Apresentamos o caso de uma mulher, 69 anos, submetida a transplante renal de dador cadáver, sob imunosupressão tripla (prednisolona, tacrolimus e micofenolato de mofetil). História de rejeição
borderline, gastrite por CMV e pneumocistose pulmonar. Vinte
meses após transplante, diagnóstico de hipertensão arterial renovascular consequente a oclusão da artéria ilíaca externa direita,
com vascularização retrógrada do aloenxerto por circulação colateral. Submetida a bypass femoro-femoral esquerdo-direito com
prótese de politetrafluoroetileno (PTFE), com melhoria franca do
controlo tensional.
Trinta meses após transplante, recorreu ao serviço de urgência por
dor no aloenxerto, febre e arrepios com vários dias de evolução.
Do estudo efetuado, destacava-se trombocitopenia (plaquetas de
74x10^9/l); deterioração da função do aloenxerto (PCreat de
1.19 para 2.68 mg/dl); elevação da proteína c-reativa para 403
mg/l; sedimento urinário sem leucocitúria, raio-X do tórax e ecografia abdominal sem alterações de relevo. Colheu hemoculturas
e urocultura, iniciou terapêutica antibiótica empírica com piperacilina/tazobactan e foi admitida na nossa unidade. Realizou TAC abdominal que evidenciou processo inflamatório envolvendo o bypass
femoro-femoral, com 12x3.5 cm. Submetida a drenagem percutânea da colecção que revelou material purulento, cujo estudo microbiológico foi negativo. Entretanto, as hemoculturas
demonstraram crescimento de Streptococcus pyogenes sensível a
cefalosporinas, pelo que a antibioterapia foi alterada para ceftriaxone. Realizou intervenção cirúrgica com remoção da prótese infectada e drenagem do material purulento, com nova anastomose
utilizando coto de prótese infracentrimétrico e veia safena colhida
no membro inferior esquerdo. Por hepatotoxicidade, substituiu ceftriaxone por ampicilina, tendo realizado um total de 6 semanas de
antibioterapia. Constatada melhoria clínico-analítica, manutenção
de aloenxerto renal funcionante e hipertensão arterial controlada.
Apresentamos o primeiro caso de infecção de bypass femoro-femoral por prótese de PTFE, num transplantado renal. O tratamento
deve incluir cirurgia com exérese de prótese, drenagem de material
infectado e antibioterapia durante 6 semanas.
CB041
DADOR VIVO, UMA PERSPECTIVA DIFERENTE
José Guerra, Alice Santana, Maria João Melo, Célia
Nascimento, João Gonçalves, A. Gomes da Costa
Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Hospital de Santa Maria,
Serviço de Nefrologia
Introdução: Estudos prévios sugerem que a doação de rim tem um
baixo risco, os dadores mantêm a função do rim restante a curto e
longo prazo com cerca de 70% da função pré nefrectomia e um
eGFR entre os 60 a 90 mL/min/1,73m². É importante definir baixo
risco e longo prazo. Perder 50% da massa renal conduz a compensação vicariante funcional diferente entre os dadores, podendo
comprometer a evolução da função renal.
Objectivos: Avaliar o impacto da influência de factores eventualmente predictores na evolução da função renal do rim restante e
dimensão de casos não esperados.
Avaliou-se a evolução da função renal pós-nefrectomia em 55 dadores vivos, a importância de factores como a função renal prévia
estimada em mL/min/1,73m² (eGFR), idade, género e capacidade
de vicariação ≥ 10% no 1º ano. Quantificaram-se os dadores com
evolução não esperada. A eGFR foi avaliada pela CKD-EPI Creatinine Equation.
Resultados:55 dadores; idade: 45,84±11,04 anos, género feminino:69%. Internamento:6,6±1,29 dias. Follow-up: 6,03±2,7 anos.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
eGFR pré/pós-nefrectomia: 104,75±13,36 e 64,98±11,23
mL/min/1,73m²; eGFR 1º e 4º anos pós-nefrectomia: 71,25±15
e 70,77±15,57 mL/min/1,73m². Após 1º ano a função dos dadores era 32% inferior á pré-nefrectomia.
Número de dadores com eGFR < 60 mL/min/1,73m²: 27% na alta,
21% 1º ano, 23% 2º ano, 26% 3º ano e 27% 4º ano. Nos dadores
com idade ≤ e superior a 45 anos verificou-se diferença significativa
(p=0,000) entre eGFR pré-nefrectomia, ao 1º ano e ao 4º anos após:
113,28±12,29 versus 97,63±9,60, 79,33±13,88 versus
64,32±13,05, 79,64±15,64 versus 62,84±14,39 mL/min/1,73m².
A vicariação funcional também foi diferente: 70,88±9,47 para
79,33±13,87 e 60,06±10,29 para 64,32±13,05 mL/min/1,73m².
A idade do dador, a eGFR pré-nefrectomia e a capacidade de vicariação≥10 mL/min/1,73m² influenciaram a eGFR ao 1º ano pósnefrectomia.
Dadores com eGFR≥100: 4 (11%) tiveram eGFR<60
mL/min/1,73m² no 1º ano pós-nefrectomia. Dadores com idade
menor que 45 anos: 2 (8%) tiveram eGFR<60 mL/min/1,73m² no
1º ano pós-nefrectomia.
Conclusão: A evolução da eGFR da maioria dos dadores pós-nefrectomia comporta-se de forma esperada. Existe no entanto algum
grau de imprevisibilidade desta evolução que é independente da
idade e da eGFR pré-nefrectomia.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB042
A MORTE APÓS O TRANSPLANTE RENAL: PRINCIPAIS
CAUSAS E EVENTUAIS FACTORES DE RISCO
Ana Carina Ferreira, Cecília Silva, Inês Aires, Marília Possante,
Aníbal Ferreira, Francisco Remédio, Fernando Nolasco
Centro Hospitalar de Lisboa Central
A morte com enxerto funcionante é um obstáculo à melhoria dos
resultados no transplante renal.
Objectivos do estudo: identificar causas de morte nos transplantados renais com enxerto funcionante; estudar factores de risco.
Estudo retrospectivo dos doentes falecidos com enxerto funcionante
na nossa Unidade (1989-2012), por consulta dos processos.
Na nossa Unidade, 24% das perdas de enxerto ocorreram por
morte (n=122), após follow-up médio 80.2±65.1 meses: 36 doentes após 10 anos follow-up; 34 entre 5-10 anos, 26 doentes entre
1-5anos, 26 antes do 1ºano (sendo que 15 faleceram precocemente, sem alta hospitalar). A população dos 122 doentes tinha
idade média 53.7±9.3 anos; tempo médio em diálise 61.4±60.3
meses; 91 homens (74.6%); 9 diabéticos (7.4%), 105 hipertensos
(86.1%), 29 fumadores (23.8%); 26 seropositivos HCV (21.3%) e
109 CMV (89.3%). Pcr à data da morte 2.7±2 mg/dl. Idade média
do dador 41.3±17 anos, média de incompatibilidades 3±1.1. Terapêutica de indução em 23 doentes(18.9%).
Causas de morte: cardiovascular (CV) em 29 doentes (24%); infecciosa em 28 (23%; 23-bacteriana, 4-oportunista, 1-malária); neoplásica em 24 (20%; 18-sólido, 4-PTLD, 2-pele); outras em 18
(15%) e desconhecida em 23 (19%). Avaliando a década em que
os doentes foram transplantados (antes e após ano 2000), verificamos que as mortes por neoplasia e por doença CV diminuíram
(22%>15%; 25%>20%, p>0.05); tendo-se mantido as causas infeciosas (23%).
O grupo de morte CV era tendencialmente mais hipertenso (27%
vs 6%, p=0.05), com pior função renal final (Pcr 3.3±2.6mg/dl vs
2.5±1.7mg/dl, p=0.04); teve proporção maior de fumadores
(31% vs 22%, p>0.05) e dislipidémia pós TR (30% vs 22%,
p>0.05). Verificou-se 7/15 casos de mortalidade precoce (47% vs
21%, p=0.03).
O grupo de morte por infecção apresentava maior proporção de
Ac citotóxicos circulantes (35% vs 19%); de rejeições humorais (33%
vs 23%) e de leucopenia pós TR (33% vs 20%), p>0.05. Nos doentes submetidos a Timoglobulina, a dose foi tendencialmente mais
elevada (825.7g vs 1.9g, p=0.05).
O grupo de morte por neoplasia, apresentava maior tempo de follow-up (104.9±10.7 vs 74.2±66.7 meses, p=0.04) e melhor função renal final (Pcr 1.8±0.2 vs 2.9±2.1 mg/dl, p=0.01).
A morte é causa importante de perda enxerto. A imunossupressão
prolongada (e agressiva) parece ter influência na mortalidade por
neoplasia e infecção. A disfunção renal é factor de risco para morte
CV, assim como o tempo de transplante para morte por neoplasia.
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COMUNICAÇÕES BREVES
CB043
EFICÁCIA DA PREVENÇÃO DA INFECÇÃO POR
CITOMEGALOVÍRUS (CMV) EM DOENTES
TRANSPLANTADOS RENAIS
Cecília Santana1, Telma Amorim1, Lídia Santos1, Catarina
Romãozinho1, Luís Escada1, Fernando Macário1, Rui Alves1,
Mário Campos1, Alfredo Mota2
1-Serviço de Nefrologia, 2-Serviço de Urologia e Transplantação
Renal, polo HUC, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra
(CHUC)
Introdução: A infecção por CMV é uma causa importante de morbilidade e mortalidade em receptores de transplante renal. Nos últimos anos tem-se assistido a grandes avanços relativamente às
técnicas de detecção do vírus e à utilização de fármacos antivirais
por via oral. A prevenção da infecção por CMV pode ser alcançada
pela profilaxia ou pelo tratamento preemptive. Este estudo tem
como objectivo avaliar a eficácia da prevenção da infecção por
CMV com a utilização de Valganciclovir.
Método: Foi efectuado um estudo retrospectivo com 352 receptores submetidos a transplante renal entre Março de 2011 e Outubro
de 2013 e que fizeram profilaxia de CMV com Valganciclovir (durante 3 meses nos casos de Dador (D)-/Receptor (R)+ e D+/R+;
durante 6 meses para D+/R-).
Resultados: Dos 352 transplantados renais, 23 (6,5%) apresentaram infecção por CMV: 7 (1,9%) durante a profilaxia e 16 (4,6%)
após suspensão da profilaxia com tempo médio de aparecimento
da infecção de 4 ± 2 meses. Dos 23 casos, 7 (30,4%) desenvolveram doença por CMV; destes, a maioria (6 - 85,7%) apresentava
serologia D+/R- e apenas 1 caso (14,3%) apresentava D+/R+. Os
doentes com doença por CMV foram tratados em regime de internamento hospitalar, tendo sido necessário em apenas um caso, o
uso de Ganciclovir por ausência de resposta ao Valganciclovir. Todos
os outros doentes apresentaram boa resposta ao Valganciclovir. O
estado serológico D/R dos 16 casos apenas com infecção foi:
D+R+ 13 (81,3%), D+/R- 2 (12,5%), D-/R+ 1 (6,2%) e D-/R- 0%.
Conclusão: A profilaxia com Valganciclovir é eficaz reduzindo significativamente os casos de infecção por CMV. O estado serológico
D+/R- é um factor de risco importante para o desenvolvimento da
doença.
CB044
COMBINED THERAPY OF EVEROLIMUS AND LOW-DOSE
TACROLIMUS IN RENAL ALLOGRAFT RECIPIENTS: A 3MONTH EXPERIENCE OF ONE CENTER
Tânia Santos1, Lídia Santos1,2, Fernando Macário1,2, Catarina
Romãozinho1,2, Rui Alves1,2, Alfredo Mota2
1-Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2-Unidade de Transplantação Renal, Serviço de
Urologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
56
Background: Calcineurin inhibitors (CaIn) have been the cornerstones of the immunossupressive management in renal allograft recipients although their nephrotoxicity may contribute to a reduced
long-term graft survival. Therefore, improving immunossupressive
regimens in the early post-transplant period is important for achieving long-term graft function and survival. Nowadays, mammalian
target of rapamycin inhibitors, such as everolimus, are alternatives
to CaIn but their side effects and complications may represent a
drawback when considering them ab initio: delaying renal function
in the presence of renal ischemia/acute tubular necrosis or lymphocele development.
Study and Methods: The authors conducted a prospective study to
compare the combined therapy of low-dose tacrolimus and
everolimus (TAC+EVE group) with mycophenolate mofetil/mycophenolic acid and standard-dose tacrolimus (Control group) in the first
3 months post-transplantation. Twenty-six patients were included in
the TAC+EVE group and 34 in the control group. The selected endpoints were renal graft function, proteinuria, new-onset diabetes after
renal transplantation (NODAT), acute rejection (AR) and surgical
complications rates (lymphocele and surgical wound dehiscence).
Results: Delayed graft function (DGF) was seen in 4 (15,4%) patients, slow graft function (SGF) in 4 (15,4%) patients and immediate
graft function (IGF) in 18 (69,2%) in the TAC+EVE group, while in
the control group there were 9 (26,5%) with DGF, 7 (20,6%) with
SGF and 18 (52,9%) with IGF (without statistical significance,
p=0,426). There were no differences between groups in mean
serum creatinine levels on discharge, at 1, 2 and 3 months
(p=0,123; 0,175; 0,660 and 0,480 respectively). Proteinuria didn’t
differ also between groups in the same period (p=0,445; 0,780;
0,383). NODAT rates were similar (p=1,00). There were no AR
cases in the TAC+EVE group and only 3 (8,8%) in the control group,
without statistical significance (p=0,139). Finally, there were no differences in surgical complication rates, which were otherwise rare
in both groups (p=1,0 and p=0,184).
Conclusion: This study has shown that renal allograft function was
similar between groups and there weren’t more metabolic or surgical
complications in the TAC+EVE group. Everolimus may be an alternative to our immunossupressive protocols, but a larger study and
a longer follow-up period are required.
CB045
NEOPLASIAS PÓS TRANSPLANTE RENAL: CASUÍSTICA DE
UMA UNIDADE
Brigite Aguiar1, Telma Santos1, C. Romãozinho1,2, L. Santos1,2,
F. Macário1,2, R. Alves1,2, M. Campos1, A. Mota2
1-Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2-Unidade de Transplantação Renal do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Introdução: Nos últimos anos, com a introdução de novos protocolos de imunossupressão, observamos uma diminuição dos episódios de rejeição. No entanto, o aumento do risco de neoplasias
é uma realidade inerente à depressão do sistema imunitário.
Objectivos: Realizar uma análise da incidência global e caracterização das neoplasias (Neo) em transplantados renais, avaliando a
idade no momento do diagnóstico, o tempo de transplante, a evolução e a mortalidade.
Métodos: Analisamos todos os doentes submetidos a transplante
renal (Tx) na nossa Unidade, durante o período compreendido entre
Janeiro de 1987 a Dezembro de 2012, que incluiu 2353 doentes.
Resultados: Num total de 2353 doentes transplantados foram
diagnosticas 245 neoplasias em 215 doentes (10.4%), sendo que
30 doentes apresentaram 2 tipos diferentes de neoplasias. Neste
grupo a idade média à data do Tx foi de 50 anos, 67.9% do sexo
masculino, e idade média à data do diagnóstico de neoplasia de
58 anos. Tempo médio desde o Tx até ao diagnóstico de 100
meses. Em 154 casos sem terapêutica de indução, em 32 utilizouse basiliximab e em 29 timoglobulina. Em relação à terapêutica de
manutenção, 71% estavam sob ciclosporina, 47% sob azatioprina,
21% sob tacrolimus e 5% doentes sob inibidores mTOR.
O tipo de neoplasia mais frequente foi a neoplasia cutânea (34%),
seguido por neoplasias do foro urológico (22%), PTLD (12%), S.Kaposi (3%); 26% outros carcinomas que incluem carcinoma colorectal (16) carcinomas gástricos (12), hepatocelular (5); mama (4),
útero (7); do pulmão (7); laringe (5); e 6% outros tipos de neoplasias, que incluem tumores foliculares da tiróide (5), carcinomatose
peritoneal (5), neoplasia SNC (2), neoplasia óssea (3). As neoplasias que surgiram com tempo médio mais curto foram os sarcomas
de Kaposi (53 meses).
Verificaram-se 85 óbitos (39.5%) nesta população, sendo que 56
casos foram secundários à Neo. O tempo médio de sobrevida após
o diagnóstico foi mais curto nas PTLD.
Conclusão: A incidência de neoplasia encontrada na nossa Unidade foi semelhante à experiência relatada em outras Unidades.
Este tipo de complicação é uma realidade inerente ao transplante,
pelo que devemos estar sempre sensibilizados para o seu diagnóstico precoce.
CB046
O IMPACTO DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C EM
DOENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTAÇÃO RENAL
Magalhães-Costa P1., Lebre L.1, Machado D.2, Chagas C.1
1-Serviço de Gastrenterologia, Hospital Egas Moniz, Centro
Hospitalar de Lisboa Ocidental; 2-Serviço de Nefrologia e
Transplantação Renal, Hospital Santa Cruz, Centro Hospitalar de
Lisboa Ocidental.
Introdução e Objectivos: O impacto que a infecção pelo vírus da
Hepatite C (VHC) tem no sucesso da transplantação renal (TR) é
controverso. Neste estudo analisamos o efeito da infecção VHC na
sobrevida do enxerto renal.
Material: Estudo caso-controlo, retrospectivo, observacional e unicêntrico. A partir de uma base de dados de TR (1985-2013), foi
seleccionada uma amostra aleatória de doentes sem evidência de
infecção VHC e comparada com outro grupo de doentes com infecção VHC. Procuramos ainda identificar factores de risco para
perda do enxerto na população em estudo.
Sumário dos resultados: Identificamos 34 casos de doentes com
infecção VHC (2.7% do total da amostra) e seleccionados 80 controlos. O tempo de seguimento médio para ambos os grupos foi
de 13 anos. Os grupos encontravam-se equiparáveis relativamente
às variáveis idade, género, etnia, realização de diálise previamente
ao TR, modalidade de diálise e etiologia da doença renal. Os doentes VHC positivo apresentaram um tempo de espera em diálise significativamente superior (5 anos vs 3 anos) e eram mais novos
aquando da TR (37 anos vs 43 anos). A taxa global de perda de
função do enxerto foi superior no grupo VHC positivo (50% vs 20%;
p < 0.05). As taxas de sobrevida do enxerto aos 1, 5 e 10 anos foi
de 94.1%, 78.1% e 66.9% no grupo VHC positivo e 94.9%, 89.1%
e 80.4 no grupo controlo. Usando um modelo de sobrevivência
(Kaplan-Meier), apesar da superior durabilidade do enxerto em
doentes VHC negativo, esta não foi estatisticamente significativa (p
= 0.154). O grupo VHC positivo apresentou ainda uma maior prevalência de doença cardiovascular major. A infecção VHC foi um
factor de risco independente para perda da função do enxerto (Hazard Ratio: 1.657; IC95%: 0.817-3.364; p = 0.162). O uso de ciclosporina ou azatioprina e a transplantação por glomerulopatia
foram identificados como factores com efeito protector neste subgrupo de doentes, por outro lado, o uso de micofenolato de mofetilo e a transplantação por doença do interstício renal estiveram
associados a uma maior perda de enxerto.
Conclusões: Os nossos achados sugerem que a infecção VHC no
doente submetido a TR, apesar de conferir um efeito negativo sobre
a durabilidade do enxerto, este efeito não é significativo a longoprazo. Assim, a transplantação renal em doentes com infecção
VHC, parece ter resultados equivalentes à população geral.
CB047
WOUND HEALING COMPLICATIONS IN KIDNEY
TRANSPLANT RECEIVING EVEROLIMUS
Cristelli MP, Ueno PS, Hannun PG, Sandes-Freitas TV, Felipe
CR, Tedesco-Silva H, Medina-Pestana JO
Hospital do Rim / Universidade Federal de São Paulo /
Nephrology Division, São Paulo Brazil
Introduction: De novo use of EVR has been associated with lower
incidence of CMV infection but is associated with a concentration
dependent increase in wound healing adverse events(WHAE). This
study specifically evaluated WHAE within a prospective randomized
trial comparing EVR and mycophenolate(MPA) in kidney transplant
recipients(KTR) receiving tacrolimus(TAC).
Methodology: In this single center prospective randomized study
288 low immunological risk KTR were randomized to: (G1,N=85)
single 3mg/kg dose of thymoglobulin, reduced exposure (TAC<5
ng/ml), EVR (4-8 ng/mL) and prednisone; (G2,N=102) basiliximab,
reduced exposure TAC (6ng/ml for 3 months,<5ng/mL thereafter),
EVR(4-8ng/mL) and prednisone; (G3,N=101) basiliximab, TAC(68 ng/ml), MPA(1440mg/day) and prednisone. All drugs were started
within 24 hours of graft revascularization. None of the patients received any CMV prophylaxis. All 12 surgeons involved were not
aware of the trial and therefore no specific surgical procedures were
implemented. A specific case report form was developed to capture
all WHAE. An ultrasound evaluation was also scheduled for all patients reaching 30 days to capture subclinical abnormalities.
Results: No differences in main demographic characteristics were
observed. Mean EVR concentrations at day 7 were 4.1ng/ml in G1
and 4.0ng/ml in G2. There was no difference in the incidence of
patients with at least one WHAE (28 vs. 35 vs. 25%, p=0.246) or
those requiring surgical reintervention (13 vs. 13 vs. 12%,
p=0,972). Total number of events was higher in G2 (35 vs. 61 vs.
42). The most frequent events observed were lymphocele (16 vs. 25
vs. 12), incisional hernia (6 vs. 11 vs. 2), urinary fistula (6 vs. 7 vs.
7) and surgical site infection (1 vs. 10 vs. 8). Ultrasound was performed in 96% of patients reaching 30 days. Among patients without
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previous WHAE, specific findings were observed in 13%, 11% and
4% of patients in G1, G2 and G3, respectively, mostly small fluid
collections. The incidence of CMV infection was lower among patients receiving EVR (4.7 vs. 7.8 vs. 35.6, p< 0.001), respectively.
Conclusion: In this rigorous analysis involving 12 blinded surgeons
the proportion of patients with any WHAE were comparable in patients receiving EVR compared to MPA, although the total number
of events appears to be higher in patients receiving basiliximab induction and EVR.
CB048
MOTIVOS DA RECUSA FAMILIAR PARA A DOAÇÃO DE
CÓRNEAS
KC Hermann, PR Carvalho, ML Oliveira, CA Franke, F
Pagnussato
Hospital de Clínicas de Porto Alegre / FIPE
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Introdução: A oferta de córneas não preenche a demanda para
transplante. Em 2013 a lista de espera por este tipo de tecido no
Brasil era de 5.379 pacientes. O sucesso da captação de córneas
é inversamente proporcional à recusa para a doação de córneas
por parte dos familiares do potencial doador.
Objetivo: Descrever os motivos de recusa familiar para doação de
córneas.
Método: Pesquisa retrospectiva realizada nos registros de todas as
entrevistas realizadas para captação de córneas de potenciais doadores de coração parado em um hospital universitário, público e
geral localizado no sul do Brasil. Foi estudado o período de janeiro
de 2008 a dezembro de 2013 com a identificação dos motivos de
recusa dos familiares para a doação de córneas.
Resultados: No período referido ocorreram 1175 entrevistas com
familiares de potenciais doadores de córneas com 610 (51,91%)
recusas para a doação. Como causas da não efetivação da doação
de córneas relacionadas à entrevista tivemos: 180 (29,50%) pelo
potencial doador ser contrário à doação em vida, 176 (28,85%)
pelos familiares se manifestarem contra a doação, 131 (21,45%)
por familiares indecisos quanto à doação, 86 (14,09%) por desconhecimento do desejo do potencial doador, 15 (2,45%) por familiares com receio da demora na liberação do corpo, 13 (2,13%)
por familiares desejarem o corpo integro, 6 (0,98%) por convicções
religiosas e 3 (0,49%) por familiares estarem descontentes com a
assistência prestada ao paciente.
Conclusão: Muitos são os motivos para os familiares recusarem a
doação de córneas e o conhecimento dos mesmos proporciona
uma melhoria nas estratégias de entrevista familiar. Neste estudo,
quase dois terços dos familiares recusaram a doação em função
da falta de comunicação familiar sobre o tema. Uma maior conscientização da população sobre o assunto mostra-se como um caminho que poderá aumentar os índices de captação de córneas e
diminuir a lista de espera para transplante.
CB049
RELATO DE EXPERIÊNCIA: IMPLANTAÇÃO DE DUAS
COMISSÕES INTRA-HOSPITALAR DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
E TECIDOS PARA TRANSPLANTE-CIHDOTT, EM HOSPITAIS
DE REFERÊNCIA
Neide da Silva Knihs, Joel de Andrade, Lucielle da Silva
Pereira, Leandro Botelho
Central de Notificação Captação e Distribuição de Órgãos e
Tecidos do Estado de Santa Catarina - CNCDO/SC
Introdução: Melhorar os resultados no processo de doação e
transplantes é uma necessidade mundial. O número de doadores
é insuficiente para atender a demanda de quem aguarda em lista.
Baseado nesta perspectiva o estado de Santa Catarina, atualmente,
conta com uma Equipe de Profissionalização das Comissões IntraHospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT), a qual
busca incentivar o aumento no número de doações, auxiliando, capacitando e implantando novas CIHDOTTs no estado.
Objetivo: apresentar a reestruturação de duas CIHDOTTs e seus
resultados.
Metodologia: A reestruturação das respectivas CIHDOTTs seguiu
as seguintes etapas.
1° Elaboração do diagnóstico dos hospitais;
2° Apresentação do diagnóstico a direção dos hospitais;
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
3° Apresentação de estratégias de melhorias neste cenário à direção
Estratégias:
&#61656; Substituição de membros da CIHDOTT;
&#61656; Definição de novos profissionais para atuar na
equipe;
&#61656; Treinamento específico a nova equipe sobre o processo de doação;
&#61656; Treinamento para a equipe de profissionais das unidades de críticos sobre potencial doador, manutenção e comunicação de situações críticas;
&#61656; Tutoria á CIHDOTT em, pelo menos, dez protocolos;
&#61656; Elaboração de regimento da CIHDOTT, planos operacionais e rotinas de gerenciamento do processo.
&#61656; Ajustes internos relacionados a pagamentos, exames
complementares e repasse financeiro a equipe da
CIHDOTT.
&#61656; Cronograma de atividades conforme portaria das
atribuições da CIHDOTT
4° As CIHDOTTs passaram a desenvolver atividades diárias de
busca ativa nas unidades de críticos e as unidades de críticos passaram a informar todos os óbitos a CIHDOTT por meio do informativo de óbito.
5° Apresentação dos resultados a cada trimestre a direção.
Resultados:
Variáveis
Composição da equipe anterior
Composição equipe atual
Início da nova equipe
Número de notificações
Número de doadores efetivos
HOSPITAL 1
HOSPITAL 2
Duas enfermeiras
Uma enfermeira
Cinco enfermeiros,
um médico e um psicólogo
Cinco enfermeiros e
um médico
2013
2014
2011
6
20
2012
6
11
201
22
15
2014 (01-04)
10
10
2011
03
05
2012
00
03
2013
08
04
2014 (01-04)
07
02
Considerações: A partir da analise destes resultados, acredita-se
que as estratégias implantadas e desenvolvidas junto a esses hospitais, trouxeram resultados significativos para o processo de doação e transplantes.
CB050
CONHECIMENTO SOBRE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E
TECIDOS ENTRE OS JOVENS E ADOLESCENTES NAS
ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA
(BRASIL)
Eliana Régia Barbosa de Almeida, Antônia Célia de Castro
Alcântara, Mônica Maria Paiva Lima, Pedro Elder Silva Lima,
Raphael Paiva Lima, Rosângela Gaspar Cavalcante, Sandra
Solange Leite Campos
Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do
Ceará (CNCDO-CE)
58
Resumo:
A doação é uma das atividades críticas no processo de transplantes.
A conscientização da população sobre o ato de doar é fundamental
para esse processo. Essa conscientização deve começar os mais
cedo possível como parte da educação permanente. Este trabalho
objetiva avaliar o grau de conhecimento sobre o processo de doação de órgãos e tecidos pelos estudantes do ensino médio, nas escolas públicas do município de Fortaleza. Trata-se de um estudo de
campo, do tipo exploratório, de natureza quantitativa. Foi aplicado
um formulário contendo cinco questões sobre doação de órgãos
em oito escolas para jovens e adolescentes entre 14 a 18 anos da
rede de escolas públicas do município de Fortaleza no período de
maio a outubro de 2013. O questionário foi aplicado após palestras educativas sobre o processo de doação de órgãos e tecidos.
Foram avaliados 490 estudantes. A análise dos questionários demonstrou que 15,7% responderam que a morte cerebral não significa que a pessoa está morta e 12,45% não souberam informar.
9,4% responderam que não autorizariam a doação de órgãos no
caso de morte de um familiar que nunca disse nada sobre a doação
e 24,8% não saberiam o que fazer neste caso. 3,9% responderam
que não respeitariam o desejo do familiar, mesmo este tendo expresso em vida o seu desejo de doar. Conclui-se que mesmo após
a participação em uma palestra educativa sobre o processo de doação e transplante ainda é elevado o número de jovens e adolescente que desconhecem o significado de morte cerebral e que não
souberam informar. A negativa em não autorizar a doação de um
órgão de familiar que em vida não disse nada sobre a doção e que
não saberiam o que fazer neste caso, também apresenta um número elevado, o que demonstra a necessidade de um trabalho contínuo de divulgação do processo entre os jovens e adolescentes,
que certamente impactará nas entrevistas na etapa crítica de solicitação de autorização dos familiares em caso de morte encefálica
de pacientes. O resultado ainda sugere a necessidade de comunicação entre os familiares sobre o desejo de doar seus órgãos ainda
em vida.
CB051
PERFIL DOS DOADORES DE CÓRNEAS EM VITÓRIA DA
CONQUISTA – BA
Alex Costa Cunha, André Santos Ferraz, Edney Nascimento
Matos, Carolina Magalhães Costa, Priscila C. B. dos S.
Santiago, Silas Santos Santana, Vanessa Bezerra Cerqueira,
Yan Gabriel David M. Silva
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Introdução: Afecções da córnea são a segunda maior causa de
cegueira no mundo e atingem a população jovem e ativa, gerando
perda econômica e social. O transplante é a alternativa terapêutica
para a maior parte das doenças corneanas. Contudo, a realidade
é que o número de transplantes realizados na Bahia - Brasil ainda
é muito menor do que o número de pessoas na fila de espera para
doação. Diante disso, a análise epidemiológica das características
de doação desse tecido torna-se de extrema necessidade para ampliar a realização de transplantes.
Objetivo: Identificar o perfil epidemiológico dos potenciais doadores de córnea em Vitória da Conquista – BA.
Metodologia: Foram analisados os 59 Alertas Doadores preenchidos no período de agosto de 2012 a janeiro de 2013, pelas unidades hospitalares do município.
Resultados: 64% dos potenciais doadores tinham idade maior que
40 anos. 80% eram do sexo masculino. Entre as causas da morte,
destacam-se 22% por Trauma, 20% por doenças cardiovasculares.
Essa predominância do sexo masculino decorre de que a mortalidade de homens por trauma e doenças cardiovasculares serem
maiores que as femininas na faixa etária de 40 a 70 anos. 61% dos
Alertas Doador resultaram em doação de Globo Ocular; destes
92% dos dois globos oculares, 5% de um globo ocular e 3% de
Múltiplos órgãos. Em 16% das vezes o familiar não estava presente
para entrevista; em 8%, o paciente evoluiu com septicemia, porém
a recusa familiar foi a principal causa de não doação (40%). Os
aspectos que mais influenciam para esta decisão são: o respeito à
vontade do potencial doador, crenças (como a manutenção da integridade corporal após morte) e a falta de esclarecimento quanto
ao binômio doação/transplantes.
Conclusão: O caráter ainda incipiente da legislação no Brasil, bem
como uma cultura, por vezes enraizada, seja por questões religiosas
ou puramente ignorância acerca do tema, leva a uma resistência
marcante por parte da população. A organização de uma equipe
comprometida associada a campanhas de difusão do conhecimento são fundamentais para o crescimento das doações e maior
entendimento da população para os benefícios advindos do transplante de órgãos.
CB052
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE
MEDICINA DA UFRN SOBRE DOAÇÃO E TRANSPLANTES DE
ÓRGÃOS
Paulo José de Medeiros, Brunna Catarina Costa Neves,
Mariana Luciano De Azevedo Almeida, Rodrigo Freire Dutra
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro d Ciências
da Saúde, Departamento de Medicina Integrada
A doação de órgãos e tecidos e o transplante representam a uma
esperança de sobrevivência para pacientes com disfunção orgânica
terminal. Com a criação do Sistema Nacional de Transplantes, o
Brasil passou a oferecer à sua população um dos maiores sistemas
públicos de transplantes de órgãos do mundo. Porém, ainda há
muita resistência da população com relação ao tema doação de
órgãos. Dentre os fatores que levam a recusa familiar, há a falta
de conhecimento sobre a doação de órgãos por parte dos médicos
para responder a perguntas ou preocupações dos familiares. O
tema doação de órgãos é pouco abordado nos currículos médicos
de diversas escolas de medicina. Dessa forma, o presente estudo
visa avaliar o conhecimento e atitudes dos estudantes de medicina
da UFRN sobre doação e transplante de órgão. O estudo apresenta
o seguinte desenho: descritivo, observacional, transversal. Envolveu
os estudantes do curso de medicina, do 1º ao 8º período, durante
o ano de 2013. Ao se relacionar o período do curso e as questões
sobre morte cerebral encontramos uma fraca correlação entre os
períodos, não havendo ganho progressivo de habilidades. Os alunos consideram o conhecimento sobre o tema é insuficiente. No
que diz respeito às atitudes dos estudantes em relação ao processo
de doação de órgãos, constatou-se que 284 (87,1%) tem interesse
em receber órgãos, 278 (85,3%) acham que o consentimento familiar para a doação de órgãos é importante, 115 (35,3%) acham
que o posicionamento da sua religião importante para a sua tomada de decisão, 311 (95,4%) gostariam de doar seus órgãos se
a sua família estivesse de acordo e 296 (90,8%) autorizariam a
doação de órgãos de um familiar. Os achados descritos no trabalho
mostram que o nível conhecimento sobre transplantes e doação de
órgãos é satisfatório embora os estudantes acreditem que não adquiriram conhecimento suficiente sobre o tema. Esse conhecimento
é obtido de forma uniforme ao longo dos períodos, não se detectando um momento específico do curso em que houve aquisição
de conhecimento considerável. Os estudantes apresentam atitudes
favoráveis em relação à doação de órgãos.
Palavras-Chave: Transplante de Órgãos. Conhecimento. Estudantes de medicina.
CB053
COMPOSIÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS DO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE PARA O FINANCIAMENTO DA
DOAÇÃO E TRANSPLANTES NO RS
Kátia Maria Minuzzi Brodt, Andrea Silveira Gomes, Kátia da
Silva dos Santos, Rosana Reis Nothen
Secretaria Estadual da Saúde do RS Central de Transplantes
Objetivo: Descrever a alocação dos recursos da Sistema Único de
Saúde destinados para o custeio das ações relacionadas a doação
e alocação de órgãos, tecidos e células, realizados no Rio Grande
do Sul.
Método: Foram analisadas as informações da produção aprovada
pelos Sistemas de Informação Ambulatorial e Hospitalar do Ministério da Saúde e os valores pagos pela Secretaria Estadual de
Saúde, no período de janeiro a dezembro de 2013. Foram excluídos os gastos com medicamentos imunossupressores.
Resultados: Do valor total gasto com as ações de doação e transplantes no RS em 2013, 18% foram com doação e alocação de
órgãos e tecidos, sendo que 50% na rede de procura de órgãos,
8% com a imunogenética e 42% com a cirurgia de retirada e sua
logística. Para o Registro de Doadores de Medula Óssea – REDOME foram gastos 9% e com os procedimentos de transplante
73%. O financiamento da doação e alocação teve 61% de recursos
de fonte federal e 39% da fonte estadual.
Conclusão: Estima-se que o Brasil possua o maior programa de
transplantes quanto ao montante financiado com recursos públicos,
sendo a maior parte destinados ao financiamento dos transplantes.
Ainda que a alta complexidade esteja ao abrigo da esfera federal,
pela lógica de financiamento do SUS, no caso do financiamento
para a captação e alocação de órgãos e tecidos há uma participação decisiva da fonte estadual no estado do Rio Grande do Sul.
Mesmo assim, há a necessidade de ampliação dos recursos financeiros para procura de órgãos e tecidos, já que os números de doações e transplantes ainda estão aquém do potencial estimado e da
necessidade dos pacientes em lista.
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CB054
ESTUDO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO E A ACEITAÇÃO
DA DOAÇÃO E DO TRANSPLANTE DE CÓRNEA NA CIDADE
DO RIO DE JANEIRO: PROFISSIONAL DE SAÚDE X
POPULAÇÃO GERAL
Adib Jeovani, Ana Paula Vieira, Brenda Ferreira, Carolina
Silva, Catarine Barcellos, Luiza Bragança, Maria Alice Ferreira,
Karolina Rubim, Matheus Azevedo, Rodrigo Rocha Rodrigues,
Thais Cristini Oliveira, Yan Barcelos Barbosa, Gustavo
Bonfadini, Rafael Augusto Dantas Prinz
Curso de Medicina - Universidade Estácio de Sá - Rio de Janeiro RJ - Brasil Banco de Tecido Ocular - Divisão de Transplantes de
Multitecidos - Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia
(INTO) - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Introdução: O transplante de córnea é uma das modalidades mais
comuns de transplantes existentes no Brasil, correspondendo a
cerca de 75% do total de transplantes no país. Apesar disso, o nível
de desinformação ainda acarreta exiguidade de doadores em algumas partes do país, refletindo no número necessário de transplantes para erradicar a fila de espera destas localidades.
Objetivo: Avaliar o nível de conhecimento e aceitação, da população geral e profissionais de saúde da cidade do Rio de Janeiro,
com relação a doação e o transplante de córnea, procurando identificar os entraves que impedem o crescimento nas doações e transplante de córnea na região metropolitana da cidade do Rio de
Janeiro.
Metodologia: Foi aplicado questionário, sob forma de entrevista,
com 15 questões estruturadas que abrangeram temas pessoais, culturais, de conhecimento geral e específico sobre a doação e transplante de córnea, à 998 entrevistados, dentre eles: 756 transeuntes,
divididos entre 4 zonas da cidade do Rio de Janeiro, 113 profissionais de saúde entrevistados em hospitais da região Metropolitana
do Rio de Janeiro e 129 estudantes do Curso de Medicina da Universidade Estácio de Sá. Os dados obtidos foram compilados e
analisados estatisticamente.
Resultado: Apesar da taxa de aceitação da população geral para
a doação ser superior a 80%, foi demonstrado desconhecimento
da mesma quanto a maioria dos procedimentos e questões necessárias para a doação da córnea. Quanto aos profissionais de saúde
e estudantes de medicina, o conhecimento não se mostrou muito
superior ao observado na população leiga; 22% não tinham conhecimento da possibilidade de se retirar a córnea fora de ambiente
hospitalar e apenas 8% souberam informar a idade limite de um
potencial doador.
Conclusão: Dessa forma, observou-se que há carência de informações e conhecimento sobre o processo de doação e transplante
de córnea em todos os grupos estudados, contrapondo-se com a
alta aceitação da doação de córnea para transplante entre os entrevistados, podendo ser esta uma das causas relacionadas ao
baixo número de doações de córnea na região metropolitana do
Rio de Janeiro.
CB055
PROTOCOLOS MUNDIAIS PARA MANUTENÇÃO DO
POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS
Ivonei Bittencourt, Sayonara de Fátima Faria Barbosa
Universidade Federal de Santa Catarina
O presente estudo foi realizado no programa de mestrado profissional do departamento de enfermagem da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC) com intuito de conhecer quais sociedades
médicas envolvidas com processo de transplantes possuem protocolo definido sobre manutenção do potencial doador de órgãos
em morte encefálica.
Foi acessado os sites das sociedades de transplantes, de terapia intensiva e anestesiologia de 34 países (Inglaterra, Canadá, Argentina, Espanha, Chile, Uruguai, Alemanha, Irlanda, Polônia, Cuba,
República Dominicana, Suíça, EUA, Bélgica, Austrália, Portugal, Itália, Colômbia, África do Sul, Coréia do Sul, Japão, França, Israel,
Lituânia, Holanda, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Suécia, Equador, México, Peru, Venezuela e Brasil).
Destes encontramos protocolos de manutenção do potencial doador representados em apenas 8 países (23,52%).
Quanto aos sistemas fisiológicos, 6 países (75%) possuíam proto-
59
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
colo para manutenção de alterações endócrinas, 6 países (75%)
para manutenção de coagulação, 7 países (87,5%) para manutenção pulmonar, 6 países (75%) para manutenção cardiovascular, 6
países (75%) para manutenção de temperatura e 5 países (62,5%)
para manutenção da função renal. A abrangência destes protocolos
em cada sistema variava em complexidade de país para país. O
único país que apresentou protocolo de manutenção do potencial
doador completo para todos os sistemas foi o Brasil através da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Foi encontrado muitos protocolos de manutenção do potencial doador de órgãos na forma de artigos em banco de dados produzidos
por pesquisadores e que não se encontravam disponíveis nos sites
das sociedades medicas supra citadas dos seus respectivos países.
Também não foi encontrado nenhum protocolo específico para assistência de enfermagem ao potencial doador de órgãos nas diversas sociedades pesquisadas, sendo todos protocolos médicos.
Diante do exposto, observamos a necessidade de produção de protocolos que direcionem a manutenção dos órgãos do potencial
doador em morte encefálica para melhor qualidade do enxerto e
sobrevida do receptor, principalmente voltados para a assistência
de enfermagem.
CB056
ESTRATÉGIAS PARA A ADESÃO AO REGIME
MEDICAMENTOSO NO ADULTO TRANSPLANTADO
HEPÁTICO
Liliana Andreia Neves da Mota
Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António, Unidade
de Transplantação Hepática e Pancreática
A adesão ao regime medicamentoso no doente transplantado hepático foi desde sempre uma grande preocupação na prática clínica
dos enfermeiros, pelo forte impacto que a não adesão tem na qualidade de vida do doente. Deste modo, a não adesão culmina num
aumento da taxa de rejeição, na diminuição da qualidade de vida
e num aumento dos custos em saúde. Por conseguinte, é fundamental o desenvolvimento/reconhecimento das estratégias promotoras da adesão de forma a adequar as estratégias às necessidades
de cada doente em particular. Assim sendo, foi efetuada uma revisão sistemática da literatura em bases de dados indexadas tais
como Registered Nurses Association of Ontario, Royal College of
Nursing, The Joanna Briggs Institute, BMJ, Ebscohost e todas as
bases de dados associadas à mesma. A pesquisa foi organizada
segundo as etapas da prática baseada na evidência (PICO). Concluiu-se que, existem várias estratégias que promovem a adesão ao
regime medicamentoso. As estratégias referenciadas pelos estudos
que analisamos relacionam-se com um acompanhamento estreito
do doente, acessibilidade e proximidade, nomeadamente através
do contato via chamadas telefónicas, internet, videoconferência,
reuniões com grupos de doentes da mesma esfera de tratamento;
partilha de informação e de estratégias individuais, promoção do
envolvimento do doente no seu plano terapêutico, utilização de vídeos explicativos e ajuda na incorporação do horário da medicação nas atividades diárias do doente, para que não haja
esquecimento das tomas de medicação. A associação de várias estratégias potencia resultados mais positivos e, portanto, tradutores
de maior qualidade de vida e bem-estar ao doente transplantado.
A adoção de determinada estratégia em detrimento de outra relaciona-se com o reconhecimento, por parte do enfermeiro, dos fatores preditores da não adesão. No entanto, é fundamental que
seja promovida uma participação ativa do doente no seu plano terapêutico e, que o enfermeiro mantenha uma vigilância apertada
da adesão ao regime terapêutico do doente transplantado hepático. Apenas desta forma o doente vivenciara esta sua situação de
saúde de forma saudável e com enorme bem-estar.
60
CB057
A ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO NO DOENTE
TRANSPLANTADO HEPÁTICO COM DEPRESSÃO – UM
ESTUDO DE CASO
Catarina Alexandra Costa Oliveira, Liliana Andreia Neves da
Mota, Maria Adelaide Sousa Cruz
Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António, Unidade
de Transplantação Hepática e Pancreática
O transplante hepático surge como forma de tratamento em situação de doença hepática avançada. A adesão ao regime terapêutico
assume-se como um aspeto importante na sobrevida do doente,
pelo que a não adesão tem consequências devastadoras, aumentando a possibilidade de rejeição aguda, perda do enxerto, diminuição da qualidade de vida ou mesmo a morte. Vários são os
fatores preditores da não adesão, tais como as caraterísticas, atitudes e educação do doente. Os níveis de adesão são reconhecidamente menores nos doentes com patologia psiquiátrica,
nomeadamente, com depressão, muito provavelmente pelo isolamento social e alterações das capacidades cognitivas que os caraterizam. Com este estudo pretendemos operacionalizar a teoria das
Transições de Meleis à vivência de uma doente numa situação de
transplante hepático, em contexto de hepatite fulminante. Além de
melhor compreender o quadro clínico em que a doente se encontrava. O estudo de caso será concretizado com auxílio da teoria de
Médio alcance de Meleis, aplicando-o ao caso de uma doente do
sexo feminino, transplantada num quadro de hepatite fulminante,
internada por disfunção grave do enxerto, com uma depressão profunda, que a levou ao abandono da consulta médica, nos últimos
dois anos, e por consequência ao abandono do regime terapêutico.
Para isto, foram analisados os registos eletrónicos de enfermagem
e realizada entrevista semiestruturada à doente em causa. Desta
forma foi possível implementar um processo de Enfermagem individualizado e uma prática mais sustentada, com intervenções de
enfermagem que permitiram capacitar a doente para gerir o seu
regime terapêutico e melhorar significativamente a sua qualidade
de vida.
CB058
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA CIHDOTT DO
MARANHÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Heloisa Rosário Furtado Oliveira Lima, Nayra Michelle Anjos
Amorim, Janaína de Jesus Castro Câmara, Laiana de Melo
Medeiros, Nailde Melo Santos, Lanna Gabriela Façanha Costa
Universidade Federal do Maranhão
Introdução: A Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos
e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) tem como atribuições melhorar a organização do processo de doação e transplante no hospital, viabilizando descentralização das ações; agilizar a
identificação e manutenção do potencial doador; coordenar a entrevista familiar ou acolhimento e promover ações educativas, visando conscientizar, sensibilizar e divulgar o processo na instituição
e na comunidade. A CIHDOTT deve ser constituída por uma equipe
multidisciplinar, entretanto, destacam-se as ações do enfermeiro por
atuar em várias fases do processo. Infelizmente, a CIHDOTT ainda
não se encontra profissionalizada na maioria das instituições do
Maranhão o que leva a um déficit de profissionais capacitados que
atuam nessa área.
Objetivo: Relatar a atuação do enfermeiro no desempenho de suas
atividades na CIHDOTT.
Metodologia: Estudo descritivo do tipo relato de experiência.
Resultado: A formação multidisciplinar da CIHDOTT facilita o desenvolvimento das etapas do processo doação e transplante. A participação do enfermeiro reveste-se de importância, pois esse
profissional atua na maioria das etapas do processo incluindo
busca ativa diária, notificação precoce do potencial doador, identificação precoce do paciente em morte encefálica, avaliação e manutenção adequada do potencial doador; orientação e
acompanhamento dos exames clínicos e de imagem; solicitação e
coleta de exames laboratoriais; identificação dos familiares para
realização da entrevista e acolhimento; se necessário, providenciar
transferência do doador para o hospital transplantador, coordenação de sala da captação dos órgãos e tecidos no centro cirúrgico
e a entrega do corpo do doador após reconstituição para seus familiares; arquivar a documentação: termo de declaração de morte
encefálica, termo de consentimento da doação, exames e finalmente, registrar todas suas atividades e encaminhar mensalmente
relatório à Central de Notificação, Captação e Doação de Órgãos.
Durante o desenrolar deste processo são detectados inúmeras dificuldades pelo enfermeiro que tenta minimizá-las e resolvê-las para
elevar as doações.
Conclusão: A participação do enfermeiro como membro da CIHDOTT possibilita um elevado ganho ao processo de doação e
transplante, uma vez que este profissional é capacitado para atuar
em grande parte das etapas, em virtude do seu perfil assistencial,
educacional e gerencial, que é adquirido desde sua formação acadêmica.
CB059
A TRANSIÇÃO NO TRANSPLANTE RENAL
Sónia Cunha Leal, Juliana Maria Correia da Silva
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Serviço de
Transplantação, CHUC
O transplante renal é um método de substituição da função renal
em doentes com insuficiência renal terminal representando uma
transição saúde/doença que conduz a alterações que influenciam
a qualidade de vida. Atualmente, as transições são uma dimensão
importante da prática de enfermagem. A pessoa transplantada
renal, no período pós transplante, vivencia uma adaptação ao seu
novo estado de saúde. Os enfermeiros assumem um papel verdadeiramente significativo no apoio à pessoa na vivência de transições
saudáveis e na manutenção da adaptação da pessoa criando estratégias de readaptação.
É relevante a importância do enfermeiro identificar o tipo de transição que a pessoa está a vivenciar, para que se possa desenvolver
um plano de intervenção ajustado às suas necessidades.
Objetivo: Operacionalizar a teoria de médio alcance de Meleis à
vivência de uma transição saúde/doença de uma pessoa numa situação de transplante renal, identificando o impacto do transplante
na vida da pessoa e os fatores facilitadores/dificultadores.
Metodologia: Análise de um caso relativo a uma pessoa submetida
a transplante renal aplicando a teoria de médio alcance de Meleis,
descrevendo o trajeto desde a entrada no serviço até à primeira
consulta pós transplante renal.
Conclusão: Com esta análise foi possível identificar a importância
do papel dos enfermeiros no período pré e pós transplante renal.
Identificamos também, que a teoria de médio alcance de Meleis é
viável na área da transplantação renal. Importa realçar a importância da prática baseada na evidência para que a prestação de
cuidados seja mais sustentada e direcionada às reais necessidades
das pessoas transplantadas renais.
CB060
AUTOCUIDADO NO PÓS-OPERATÓRIO DE TRANSPLANTE
HEPÁTICO: APLICANDO A TEORIA DOS SISTEMAS DE
ENFERMAGEM DE OREM
Fernando Nunes, Fatima Morais
Unidade de Transplante Hepático Pancreático Centro Hospitalar
do Porto - Hospital Santo António
Após um período com pouco mais de 5 décadas, com expectativas
que nem sempre foram conseguidas, o transplante de órgãos sólidos é atualmente uma opção terapêutica que representa uma capacidade da ciência médica em oferecer não apenas qualidade de
vida, mas efetivamente ganhos de vida a doentes em fase terminal
de falência de um órgão vital.
Transplante Hepático: Ainda que o fígado tenha uma capacidade
intrínseca de recuperação, certas doenças provocam insuficiência
hepática aguda ou crônica grave que podem levar à morte do
doente. Nesses casos, o único recurso terapêutico é a substituição
do fígado doente por um fígado retirado de um dador compatível.
O primeiro transplante de fígado foi realizado em 1963, na cidade
de Denver, nos Estados Unidos, pelo Dr. Thomas Starzl. Desde então
e com a evolução das técnicas cirúrgicas, bem como o desenvolvimento de novos fármacos imunossupressores, atualmente fazemse cerca de 20.000 transplantes por ano em todo o mundo com
uma taxa de sobrevida aos cinco anos de 70%.
Em 2013, Portugal realizou 242 transplantes de fígado. A maior
percentagem de doentes transplantados foi devido a falência hepática associada a comportamentos de risco (álcool, HVC, HVB).
A entrada em lista para transplante pressupõe que o doente tenha
aceitado e aderido a um conjunto de recomendações com vista à
procura de comportamentos de adesão ao regime terapêutico.
Teoria dos Sistemas de Enfermagem no pós Operatório de
Transplante Hepático: Orem (2001) define as necessidades de
autocuidado da pessoa utilizando três classificações do processo
de intervenção do enfermeiro consoante os défices apresentados.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
Considerando que o período de convalescença do pós-operatório
do transplante hepático passa por 3 fases distintas, em que o papel
do enfermeiro passa pelos níveis de dependência no autocuidado,
assistir no autocuidado e pelo ensino programado com vista a promover uma transição mais adaptada a comportamentos de vida
saudáveis e adesão ao regime terapêutico em todas as suas vertentes, parece-nos pertinente, analisar a progressão na evolução
do autocuidado da pessoa sujeita a transplante hepático à luz do
referencial teórico de Elisabeth Orem.
Aproximadamente nos primeiros 3 dias, existe um deficit de autocuidado em grau elevado, sendo necessário que o enfermeiro inicie
todas as atividades, mesmo as mais básicas. Com a evolução clinica, o processo de ação do enfermeiro é mais compensatório, passando de autocuidado em grau moderado para reduzido de forma
gradual conduzindo a pessoa à identificação das suas limitações e
potencialidades. Na fase de autonomia no autocuidado, nomeadamente no que se refere às atividades de vida diária, o enfermeiro
tem de desenvolver estratégias para promover a adesão ao regime
terapêutico em toda a sua transversalidade, seno este o terceiro sistema a ser aplicado, o sistema de apoio-educação.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB061
DIABETES E TRANSPLANTAÇÃO
Elsa Maria Ramos Relvas Pires
Unidade de Transplantação Renal António Pina - Hospital de
Santa Cruz, CHLO
A transplantação Renal permite uma melhoria da qualidade de vida,
(Branco, 2012) mas mesmo quando bem sucedida, a pessoa continua a viver com uma doença cronica e todas as suas implicações.
É frequente que a pessoa transplantada seja portadora de uma diabetes já diagnosticada, mas esta pode manifestar-se após o mesmo.
A diabetes de novo após transplante renal (NODAT) é uma complicação metabólica muito séria e frequente (Ghisdal, 2012).
As taxas de incidência variam de acordo com o órgão transplantado
e o tempo pós transplante. As taxas de estimativa, segundo Lane e
Dogogo-Jack, para o transplante renal referem 20- 50% de probabilidade de desenvolvimento de NODAT (2011).
Para além do risco habitual para a diabetes tipo 2 (idade, história
familiar, obesidade e raça) a exposição a agentes imunossupressores precipita o seu aparecimento. A Diabetes está associada ao aumento de risco de rejeição, infeção, doença cardiovascular e morte.
(Lane e Dogogo-Jack, 2011)
Após o transplante, uma monitorização apertada da glicemia capilar, assim como adoção de medidas preventivas/ corretivas tornam-se fundamentais.
“As pessoas com diabetes ou qualquer outra doença crónica precisam de ser envolvidas no seu próprio tratamento. Um conhecimento
básico da doença é muito importante mas para a mudança de
comportamentos é fundamental um reforço das atitudes apropriadas e um processo contínuo de motivação da pessoa com doença
crónica. É necessário educar as pessoas providenciando-lhes ferramentas para gerir a sua própria doença, tornando-os autónomos,
capacitando-os.” (Boavida, 2013)
O primeiro objectivo da educação terapêutica é “manter, o mais
possível, a qualidade de vida do doente diabético e proporcionar
um efeito terapêutico adicional às outras intervenções terapêuticas,
sejam elas farmacológicas ou não.” (DGS, 2000)
Na Unidade de Transplantação Renal António Pina, num universo
de 802 transplantados com enxerto funcionante, cerca de 90 apresentam diabetes.
A equipa de enfermagem desenvolve um trabalho junto da pessoa
transplantada com o objetivo de o capacitar para a autonomia no
auto cuidado:
– Autovigilância vs Autocontrolo
– Alimentaçao
– Exercicio
– Medicação
– Intercorrências
Palavras Chave: Transplante Renal, Diabetes, Educaçao Terapêutica.
61
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
CB062
PROJETO PILOTO DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
PARA GRUPOS DE PACIENTES VISANDO A PROMOÇÃO DA
ADESÃO AO TRATAMENTO APÓS TRANSPLANTE RENAL
Bruna Doleys Cardoso, Elizete Keitel, Helen Zanetti, Juliana
Bittencourt, Maria Lúcia de Moraes Machado, Rita de Cássia
Pinto Pereira, Juliana Paludo Vallandro, Marines Fernandes de
Lima, Daniele Iserhard Rezende, Valter Duro Garcia
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre- Serviço
de Nefrologia e Transplante Renal
Após o transplante, o paciente se depara com uma nova realidade,
na qual necessita incorporar outros cuidados à sua rotina essenciais
para o sucesso do tratamento. Um dos problemas identificados por
profissionais da saúde é a dificuldade dos pacientes crônicos seguirem tratamentos, sendo a adesão um comportamento difícil de adquirir. A não adesão ao tratamento pode ter desfecho clínico
negativo, como o aumento da incidência da rejeição e a perda de
enxerto. Baseado nesses dados foi implantado um grupo multidisciplinar, formado por farmacêuticos, psicólogos, enfermeiros, assistente social e nutricionista, de adesão ao tratamento no ambulatório
de transplante renal da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Essa equipe multidisciplinar é justificada pelo fato de que a adesão
é a extensão para a qual o comportamento de um indivíduo corresponde a recomendações de um profissional da saúde.
O grupo teve início no dia 17/02/2014. Os pacientes chegam ao
hospital pela manhã, coletam exames laboratoriais e aguardam,
na sala de espera o atendimento médico que inicia as 13:30h. Diariamente é realizado um grupo de 1 hora (12:30-13:30h) com 10
pacientes. Cada dia da semana 1 profissional da saúde é responsável pela palestra. Até o momento, 206 pacientes participaram do
grupo da farmácia, 89 da psicologia, 54 da nutrição, 44 da assistência social e 17 da enfermagem. Alguns pacientes participaram
mais de uma vez de cada grupo. Os pacientes durante as palestras
se mostram bastante interessados e participativos, questionamentos
referentes à forma correta de administrar o medicamento, o ajuste
de horário de algumas medicações, a interação fármaco-alimento,
aspectos comportamentais e dúvidas sociais são freqüentes e os esclarecimentos parecem estar contribuindo para a adesão. Estas
questões são anotadas para posterior confecção de um manual de
transplante. Estão sendo levantados indicadores a fim de mensurar
os resultados da intervenção multidisciplinar.
CB063
FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E CLÍNICOS
ASSOCIADOS À ADESÃO À TERAPIA IMUNOSSUPRESSORA
Morais, R.F.C; Silva, N.S; Sardinha, A.H.L; Nunes, F.D.A;
Câmara, J.J.C; Dias, R.S.
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão,
Serviço de Transplante Renal – São Luís/MA. Brasil.
62
Introdução: A adesão aos imunossupressores é indispensável para
o sucesso do transplante. No entanto, a não adesão é frequente
entre receptores de transplante renal.
Objetivo: Levantar os fatores sociodemográficos e clínicos associados à adesão a terapia imunossupressora em transplantados renais.
Material e Métodos: Estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, entre maio/2012 a abril/2013, com 151 transplantados renais em seguimento ambulatorial no Serviço de
Transplante Renal do Hospital Universitário da Universidade Federal
do Maranhão/Brasil. Utilizou-se um instrumento para coletar as variáveis sociodemográficas e clínicas e o Instrumento de Aderência
à Terapia Imunossupressora – ITAS para mensurar a adesão ao uso
dos imunossupressores pelo autorrelato. Aprovado pelo Comitê de
Ética e Pesquisa sob n.º 0076/2012.
Resultados e Discussão: Dos 151 transplantados, 51,7% eram
masculinos, 74,8% de cor/raça parda, 55,7% casados, inativos laboral 58,9%, renda familiar maior de um salário mínimo 77,5%, mais
de 8 anos de estudo 62,9% e a média de idade de 40,33 ± 11,7
anos. Prevaleceu a etiologia indeterminada como causa da doença
de base. O percentual de não adesão no método autorrelato foi de
60,3%. As variáveis que tiveram associação estatística significante
com a não adesão foram: ter sido transplantado com doador vivo
(p= 0,03), idade mais jovem (p=0,04) e tipo de imunossupressor
usado (p=0,04). Níveis mais elevados de creatinina foram encon-
trados no grupo não aderente pelo autorrelato (p=0,04). A baixa
correlação entre os fatores socioeconômicos e não adesão sugere
que a atenção da equipe multidisciplinar deve concentrar-se em outras variáveis que possam ter maior influência, como a relação paciente - equipe multipliciplinar e sistema de saúde.
Conclusão: A adesão à terapia imunossupressora é um processo
complexo, com múltiplas dimensões, que envolve tanto o esforço
do profissional/da equipe quanto o engajamento do paciente. A
baixa adesão aos imunossupressores é um desafio para minimizar
o risco para rejeição aguda e crônica e diminuição da sobrevida
do enxerto e a Enfermagem protagoniza ação educativa da adesão
aos imunossupressores.
CB064
SOBREVIDA A LONGO PRAZO DE TRANSPLANTES RENAIS
DE DADOR CADÁVER >25 ANOS
Fernanda Rêgo, Paula Alcântara, Francisco Buinho
Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa
Há poucas publicações sobre resultados de transplante renal (dador
cadáver) com mais de 20 anos; Neste sentido, fizemos uma avaliação preliminar das características clínicas dos doentes transplantados há mais de 25 anos na nossa Unidade. Tentámos comparar
com os resultados do trabalho que encontrámos - H. Necker de
2012.
A nossa Unidade fez o 1º transplante em Junho de 1980; completámos 100 em 1983, 500 em 1990 e 1000 em Fevereiro de 1997.
Em Janeiro de 2014, continuamos a seguir em consulta 110 doentes com transplante funcionante há mais de 20 anos; destes, 52
com mais de 25 anos e 11 com mais de 30 anos, tendo o mais
antigo 33 anos.
A sobrevida do enxerto é de 12,7% aos 25 anos, e de 10% aos 30
anos. No H. Necker a 30 anos é de 11,2% mas só 56% são de
dador cadáver.
A idade média à data do transplante foi de 35,9 anos com min 15
e máx 50 anos. A idade actual é de 63,4 anos; min 46, max 80;
29 homens e 23 mulheres.
A idade do dador foi em média de 26,7 (±10,3) anos; o tempo de
isquemia fria foi de 15,45h (±7,7). Sete doentes foram transplantados com 1 mismatch (13,4%), 22 com 2 MM (42,3%) e 23 com
3 mismatches (44,2%).
76% dos doentes tiveram função imediata; 38% tiveram um episódio
de rejeição aguda 4 doentes tiveram dois episódios de rejeição.
A imunossupressão inicial foi dupla com AZA+Pred em 14 doentes;
com Cya+Pred em 13 doentes e tripla (com Cya) em 25 doentes.
Actualmente apenas 36% dos dontes mantém o esquema inicial de
imunossupressão.
A creatininémia média era de 1,2 mg (±0,35) ao 1º ano e actualmente é de 1,3 (±0,7).
Ao longo do seguimento 8 doentes desenvolveram diabetes iatrogenica, 2 tiveram necrose asséptica da cabeça do fémur, 5 tiveram
neoplasias de órgãos sólidos e um linfoma e 3 doentes tiveram neoplasias cutâneas graves. Dos 3 doentes VHC positivos à data de
transplante, nenhum teve complicações major até ao presente.
CB065
CLINICAL OUTCOMES AND VIRUS CHARACTERISTICS OF
DENGUE IN KIDNEY TRANSPLANT RECIPIENTS: REPORT OF
11 CASES FROM A SINGLE CENTER
IMM Fernandes-Charpiot1, GR Souza1, ML Nogueira1,2, MASF
Baptista1, A Sorrenti1, M. Abbud-Filho1,3
1-Hospital de Base, FUNFARME/Faculdade de Medicina-FAMERP,
2-Laboratorio de Virologia, 3-Instituto de Urologia e Nefrologia,
S.J.Rio Preto.
Introduction:The growing number of transplants (Tx) in developing
countries has brought the impact of neglected tropical diseases as
Dengue infection (DI) and the natural course of disease is of interest
among researchers dealing with kidney Tx in tropical areas.
Objectives: To report the impact of DI in 11 Tx recipients (KTx) in a
single center from Brazil.
Methods: From January 2010 to December 2013 all KTx with confirmed diagnosis of DI were studied.
Results: Eleven KTx requiring hospitalization were diagnosed as DI
among 306 KTx (3,6%). Two cases occurred in 2010 and 9 during
the outbreak of 2013. Patients had a mean age of 48 ±17 years,
were Caucasian (81%), males (63%) and non-diabetics (9%). Immunosuppression protocols consisted of induction therapy in 82%
of cases, 72% were in use of calcineurin inhibitors and all patients
were taking steroids. Diagnosis was made after 34 ± 26 months
after transplantation and principal clinical features were fever (72%),
muscular pain (73%), leucopenia (90%) and thrombocytopenia
(81%). Ten (91%) cases were diagnosed as classic dengue fever (DF)
and one had dengue hemorrhagic fever/shock syndrome
(DHF/DSS). All diagnosis were confirmed by at least one of the following serologic tests: NS1- dengue nonstructural protein 1 antigen
(3/4; 27%), dengue-specific immunoglobulin M serology (7/8; 64%)
or dengue virus serotype by reverse transcriptase-polymerase chain
reaction (7/9; 64%). The viremia time was 6 ± 7 (3-28) days and
co-infection with cytomegalovirus was present in 18% of cases.
Dengue type 1 was the main subtype (6 cases). Graft dysfunction
occurred in 10 patients but none lost their grafts after a mean follow
up time of 14± 9 months. The only patient with DHF/DSS had fulminant course and died (9%).
Conclusions: The most common DI virus affecting our Tx population was type 1. It seems that the clinical manifestation disease in
KTx is not different from that in the general population. However,
KTx seems to carry the risk of severe complications including life
threatening in patients with DHF/DSS.
CB066
ENDOCARDITE INFECIOSA EM TRANSPLANTADOS RENAIS:
EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO
Luciano Pereira, Manuela Bustorff, Ana Nunes, Susana
Sampaio, Manuel Pestana
Unidade de Investigação e Desenvolvimento de Nefrologia,
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Serviço de
Nefrologia do Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal.
Resumo: A infeção é a 2º causa mais frequente de morte com enxerto funcionante entre os transplantados renais (TR). Nestes doentes, a endocardite infeciosa (EI) é uma entidade raramente descrita
e as suas características clínicas continuam por definir. Realizamos
um estudo retrospectivo, com o objectivo de descrever características clínicas e mortalidade dos TR admitidos na nossa unidade, entre
1992-2012, em que foi feito o diagnóstico de EI. Foram aplicados
os critérios de Duke para o diagnóstico e foi avaliada a evolução
dos doentes por um período de 2 anos. Apresentamos na tabela
seguinte os principais resultados.
Epi- Idade
sódio
Sexo
Tempo
de
Transplante
(meses)
Apresen- Válvula
tação
afetada
Clínica
Tipo de
válvula
Agente
Tratamento
Resultado
aos 30
dias
Resultado
aos 2
anos
1
67
Masc.
132
AVC
Aórtica
Nativa
Sem
isolamento
Vancomicina
+ Meropenem
Vivo
Vivo
2
52
Masc.
12
Febre
Aórtica
Nativa
Staphylococcus
capitis
Linezolide+
Amicacina+
Cirurgia
Vivo
Vivo
3
77
Masc.
156
Febre
Aórtica
Protésica
Streptococcus
viridans
Vancomicina+
Ceftazidima
Vivo
Falecido
4
39
Fem.
0
Febre
+ICC
Aórtica
e mitral
Nativas
Sem
isolamento
5
50
Masc.
5
Febre+
Aórtica
Espondilo- e mitral
discite+ICC Nativas
Enterococcus
faecalis
Vancomicina+
Penicilina G+
Cirurgia
Vivo
Vivo
6
59
Fem.
128
Febre+
Aórtica
Hipotensão Nativa
Sem
isolamento
Gentamicina+
Ampicilina
Vivo
Vivo
7
79
Masc.
173
Febre
Aórtica
Protésica
Pseudomonas
aeruginosa
Linezolide+
Vivo
Piperacilina/
tazobactan+
Amicacina+Cirurgia
Vivo
Vancomicina+ Falecido Falecido
Piperacilina/
tazobactan
Todos os episódios ocorreram em transplantes de dador cadáver e
o esquema de imunosupressão mais frequente incluía Prednisolona,
Ciclosporina e Micofenolato de Mofetil. Nenhum doente tinha história de rejeição ou procedimento médico prévio com risco de bacteriémia. Foi identificada recorrência num caso (7) 17 meses após
o episódio inicial (3).
A proporção de doentes com febre à apresentação foi maior do
que a descrita noutras séries. Nenhum microorganismo se destacou
como mais frequente. Não identificámos agente etiológico em
42.8% dos episódios. A mortalidade aos 30 dias (14.3%) e 2 anos
(24.6%) foi inferior à descrita na literatura.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
Dada a raridade de episódios reportados de EI em TR, é necessário
um estudo multicêntrico, com maior número de doentes, para melhor esclarecimento das suas características clínicas e mortalidade
associada.
CB067
PERFIL METABÓLICO E RISCO CARDIOVASCULAR NUMA
POPULAÇÃO DE DOENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
Miguel Gonçalves, Pedro Vieira, Luís Resende, José Durães,
Nuno Rosa, José Alves Teixeira, Gil Silva
Serviço de Nefrologia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, Funchal,
Portugal
Introdução: A doença cardiovascular é a principal causa de morbimortalidade no pós-transplante renal. Comparado com a diálise,
promove diminuição do risco cardiovascular, embora os doentes
permaneçam com risco superior ao da população geral.
Objectivos: Caracterizar os factores de risco cardiovascular nos
doentes transplantados renais. Calcular a probabilidade de evento
cardíaco major (ECM) e de morte a 7 anos, determinando os principais factores de risco associados.
Material e métodos: Análise retrospectiva dos registos clínicos
entre Novembro/2013 e Janeiro/2014 dos doentes seguidos na
consulta de pós-transplantação renal, com função renal estável e
>6 meses de transplante. Identificaram-se os principais factores de
risco cardiovascular. Calculou-se a probabilidade de ECM e morte
a 7 anos, utilizando a Cardiovascular Risk Calculator for Renal
Transplant Recipients.
Resultados: Foram estudados 121 doentes (59.5% sexo masculino;
idade média 49.6±13.8 anos; tempo em dialise pré-transplante
50.2±42.0 meses; tempo de transplante 105±73.5 meses; TFGe
52.0±15.2mL/min/1.73m2). Na população estudada: 86.8% hipertensos, 19.8% diabéticos, 5.7% doença coronária documentada, 24.8% hábitos tabágicos prévios/actuais, 62% excesso de
peso ou obesidade, 57% hipercolestrolémia e 34.7% hipertrigliceridémia.
A probabilidade de ECM foi <10% em 68.6% dos doentes, 1020% em 18.2% dos doentes e >20% em 13.2% dos doentes. A de
morte foi <10% em 53.7% dos doentes, 10-20% em 20.7% dos
doentes e >20% em 25.6% dos doentes.
Na análise estatística univariada a probabilidade de ECM>10%
apresentou relação estatisticamente significativa com idade avançada, tensão arterial sistólica elevada, sexo masculino, diabetes
mellitus e hábitos tabágicos. A probabilidade de morte>10% apresenta relação estatisticamente significativa com a idade, tensão arterial sistólica, n.º de hipotensores, hipercolesterolémia, diabetes
mellitus e tabagismo.
Na análise multivariada identificou-se associação independente de
ECM>10% com o sexo masculino, idade superior a 55 anos, diabetes mellitus e tabagismo. Associação independente de
morte>10% com a idade >55 anos e tabagismo.
Conclusão: Neste trabalho verificou-se uma elevada prevalência
de factores de risco cardiovascular numa população de transplantados renais e consequentemente elevada probabilidade de ECM
e morte. Este conhecimento poderá resultar na instituição de estratégias que reduzam o risco cardiovascular e aumentar a sobrevida.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB068
OUTCOME RENAL NA INFEÇÃO POR BK VIRUS
Ana Cerqueira, Hugo Ferreira, Ana Nunes, Susana Sampaio,
Manuela Bustorff, Inês Ferreira, Isabel Tavares, Joana Santos,
Manuel Pestana
Centro Hospitalar São João, Porto, Portugal
O vírus BK, obliquo na população geral, pode ter papel importante
na disfunção do aloenxerto renal (AE) particularmente no primeiro
ano pós transplante (TxR).
Objectivo: Avaliar o impacto da infecção por BK vírus e das medidas
instituídas, na função renal (FR) dos doentes TxR no nosso centro.
Métodos: Estudo retrospectivo observacional incluindo os doentes
TxR de Janeiro a Dezembro de 2012, considerando a caracterização dos recetores, a incidência de infeção por BK, outcome renal
e global.
Resultados: 60 doentes transplantados divididos pela presença ou
ausência de virúria/viremia BK acima do cutt-off definido pelas
63
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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COMUNICAÇÕES BREVES
KDIGO/ASN (Grupo 1 e 2, respectivamente), durante 20,7 ± 5,7
meses. O grupo 1 (n=13) e grupo 2 (n=47), diferiam quanto à
idade (49,8 ± 10,6 vs 52,7 ± 11,2, p=0.402), sexo (masculino:
76,9% vs 63,8%, p=0,375), etiologia da doença renal (p=0,145),
número de mismatches (5/6 em 30,8% vs 46,8%, p=0,302), PRA
&#8805; 20% (15,4% vs 4,3%, p=0,155), indução com ATG
(23,1% vs 10,6%, p=0,243), rejeição (23,1% vs 10,6%, p=0,243).
As diferenças atingiram significância no tempo em técnica de substituição renal (77,5 vs 49,0 meses, p=0,049) e TxR prévio (23,1%
vs 4,3%, p=0,03). Dos 13 doentes: 2 negativaram virúria sem intervenção, 3 após redução de IS, 4 desenvolveram viremia, que negativaram com redução de IS e 1 desenvolveu viremia e Nefropatia
de BK (NBK). Destacam-se 2 doentes com viremia sem virúria, 1
dos quais desenvolveu NBK. Não há registos de rejeições após redução de IS. No final do follow-up, o grupo 1 e 2 apresentaram
respectivamente, sobrevida global de 100% e 98% (p=0,596), sobrevida do AE de 92,7% e 94% (p=0,867) e creatinina plasmática
(pCreat) de 1,46 e 1,10mg/dL, (p=0,155). Os doentes com NBK
parecem ter pior outcome renal (pCreat: 2,72mg/dL, p=0,253).
Estes dados estão de acordo com a literatura relativamente aos factores de risco: tempo em TSFR e TxR prévio. Sugerem que a NBK
poderá cursar com declíneo da FR e que a redução da IS é eficaz
e segura. Salienta-se a importância da vigilância regular de viruria
mas também viremia, dado que os cut-offs são apenas linhas orientadoras.
CB069
DIABETES MELLITUS DE NOVO PÓS-TRANSPLANTE RENAL
(DMPT) E GLOMERULOSCLEROSE NODULAR DO ENXERTO
RENAL – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Diana Martins1, Carla Baptista1, Margarida Bastos1, Jorge
Pratas2, Rui Alves2, Catarina Romãozinho2, Luís Cardoso1,
Carol Marinho3, Diana Oliveira1, Nuno Rodrigues1, Daniela
Guelho1, Carolina Moreno1, Joana Saraiva1, Rosa Dantas4,
Margarida Balsa4, Francisco Carrilho1
1-Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra, CHUC-HUC, E.P.E.,
Coimbra, Portugal; 2-Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra, CHUC-HUC, E.P.E., Coimbra, Portugal;
3-Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra, CHUC-HUC, E.P.E., Coimbra, Portugal;
4-Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Nutrição, Centro
Hospitalar do Baixo Vouga E.P.E., Aveiro, Portugal
64
Introdução: A diabetes mellitus constitui uma complicação metabólica frequente após transplante renal, ocorrendo com uma frequência
variável, de 15-30% no primeiro ano. Contudo, apesar da sua elevada incidência, encontram-se descritos poucos caso de nefropatia
diabética de novo com glomerulosclerose nodular no enxerto.
Caso Clínico: Doente do sexo feminino, de 49 anos, submetida a
transplante renal com rim de cadáver em Junho de 2004, por
doença renal crónica terminal associada a poliquistose renal familiar autossómica dominante, diagnosticada aos 17 anos. Iniciou terapêutica imunossupressora com tacrolímus, sirolímus e prednisona,
tendo sido feito o diagnóstico de diabetes mellitus de novo 5 meses
após o transplante. Foi medicada com insulinoterapia intensiva convencional. Com a suspensão de prednisona e diminuição das doses
de imunossupressores, iniciou uma redução gradual da insulinoterapia, tendo ficado com uma administração diária única.
No seguimento, verificou-se disfunção crónica do enxerto renal,
mantendo sempre um controlo glicémico otimizado (HbA1c <7%).
Em Novembro de 2013 (9 anos e 5 meses após o transplante), a
doente apresentava redução marcada da taxa de filtração glomerular (< 20 mL/min), com proteinúria na faixa nefrótica, tendo sido
realizada biópsia do enxerto. A avaliação histopatológica e imunohistoquímica demonstrou “glomeruloesclerose nodular em contexto
de diabetes mellitus clinicamente conhecida, sem rejeição aguda
valorizável, observando-se fenómenos de rejeição crónica ligeira
com atrofia tubular ligeira e fibrose (Ci1; Ct1)”. Em Abril de 2014,
mantinha agravamento da taxa de filtração glomerular, de ~ 15
mL/min e uma A1C de 6,6% (VR 4-6%), apresentando-se sob imunossupressão exclusiva com tacrolímus (tacrolinemia 4,8 ng/mL).
Conclusões: No caso descrito, houve uma disfunção gradual do
enxerto apesar do bom controlo glicémico, tendo-se verificado a
existência de lesões de glomerulosclerose nodular típicas da diabe-
tes mellitus. Assim, na diabetes de novo pós-transplante, com disfunção crónica do enxerto renal, não é de excluir a possibilidade
de associação com nefropatia diabética. Este caso evidencia que
na DMPT existem os mesmos fatores de risco para que ocorram as
complicações tardias da diabetes.
CB070
CMV INFECTION AND KIDNEY TRANSPLANT ACUTE
REJECTION AND SURVIVAL
Vânia Grenha, Belmiro Parada, Carlos Ferreira, Arnaldo
Figueiredo, Fernando Macário, Rui Alves, Hugo Coelho, Luís
Sepúlveda, Maria José Freire, Edson Retroz, Alfredo Mota
Serviço de Urologia e Transplantação Renal, Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra
Introduction and objectives: The effect of CMV infection on renal
allograft is still controversial. We pretend to analyse if CMV infection
is related to renal allograft acute rejection and survival.
Patients and Methods: We retrospectively evaluate data from
2284 allograft recipients, transplanted at our hospital between July
1980 and December 2012. Statistical analysis was made using Chisquare tests and Kaplan-Meier and Survival analysis.
Results: We identified 452 CMV positive patients and 1832 CMV
negative patients. Mean follow up time was 7,93 years. Acute rejection rate was 19,7% and 19,8% in CMV positive and negative
patients, respectively, with no statistical differences between the
groups. Patient and renal allograft survival was 97% and 92% at 1
year, 93% and 84% at 5 years and 86% and 72% at 10 years, respectively, for CMV positive patients. Patient and renal allograft survival was 95% and 90% at 1 year, 88% and 78% at 5 years and
79% and 62% at 10 years, respectively, for CMV negative patients.
CMV infection was related to inferior renal allograft survival with statistical significance.
Conclusions: According to our study, patients with CMV infection
have an inferior renal allograft survival.
CB071
B AND C HEPATITIS AND KIDNEY TRANSPLANT ACUTE
REJECTION AND SURVIVAL
Vânia Grenha, Belmiro Parada, Carlos Ferreira, Arnaldo
Figueiredo, Fernando Macário, Rui Alves, Hugo Coelho, Luís
Sepúlveda, Maria José Freire, Edson Retroz, Alfredo Mota
Serviço de Urologia e Transplantação Renal, Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra
Introduction and objectives: The effect of HBV and HCV infection
on renal allograft is still controversial. We pretend to analyse if HBV
and HCV infections are related to renal allograft acute rejection and
loss.
Patients and Methods: We retrospectively evaluate data from
2284 allograft recipients, transplanted at our hospital between July
1980 and December 2012. Statistical analysis was made using Chisquare tests and Kaplan-Meier and Survival analysis.
Results: We identified 62 patients HBV positive (Group 1), 99 patients HCV positive (Group 2), 14 patients HBV and HCV positive
(Group 3) and 2109 patients HBV and HCV negative (Group 4).
Mean follow up time was 7,93 years. Acute rejection rate was
17.7%, 24.2%, 7.1% and 19.7% in Groups 1, 2, 3 and 4, respectively, with no statistical differences between the groups. Patient and
renal allograft survival were:
Group 1
Group 2
Group 3
Group 4
1 year
87%
90%
100%
91%
5 years
67%
80%
70%
79%
10 years
53%
61%
59%
65%
1 year
97%
94%
100%
95%
5 years
90%
91%
70%
89%
10 years
80%
84%
59%
81%
Renal allograft survival
Patient survival
Group 2 patients had an inferior allograft survival, with statistical
significance.
Conclusions: According to our study, patients with HBV infection
have an inferior renal allograft survival, but with no statistical difference on acute rejection rate, comparing to patients with no hepatitis.
No statistical differences were identified for HCV or HVB plus HCV
positive patients.
CB072
MENOS UM PULSO DE METILPREDNISOLONA NA
TERAPÊUTICA DE INDUÇÃO ASSOCIA-SE AO AUMENTO
DA TAXA DE REJEIÇÕES CELULARES DO ENXERTO RENAL
Isabel Mesquita, Helena Viana, Francisco Remédio, Cecília
Silva, Inês Aires, Marília Possante, Aníbal Ferreira, Fernanda
Carvalho, Fernando Nolasco
Unidade de Transplante e Serviço de Nefrologia, Hospital Curry
Cabral, Centro Hospitalar de Lisboa Central
Introdução: O protocolo de indução dos doentes de menor risco
imunológico (PRA <25%, ≥ 2 compatibilidades e sem transplante
prévio) no nosso departamento consiste: basiliximab IV (prévio ao
transplante), 4 pulsos IV (1 prévio) de 500 mg de metilprednisolona
(MP) tacrolimus, micofenolato de mofetil e início de prednisolona
oral após os pulsos.
Um nº importante de doentes desenvolvem Diabetes Mellitus de
novo pós-transplante (DNPT).
Todos os doentes realizam biópsia antes da alta. Quer as rejeições
(clínica e subclínicas) são tratadas.
Objectivos: Reduzir o nº de DNPT através da administração de
menos 1 pulso de MP.
Avaliar se esta redução causa diferença nos resultados.
Métodos: Avaliação retrospectiva dos doentes consecutivos transplantados com biopsia renal antes da alta, nos 18 meses antes da
alteração do protocolo A com 4 pulsos (n=17) e nos 18 meses
após início do protocolo B com 3 pulsos (n=15).
Os receptores tratados pelo protocolo A revelaram-se semelhantes
aos do protocolo B. Não encontrámos diferenças estatisticamente
significativas em relação ao género, média de idade, tempo prévio
em diálise. Não encontrámos diferenças entre tempos de isquémia
fria e diurese imediata. Os dadores apresentavam os mesmos índices de cronicidade na biópsia de hora zero. O número de DNPT
foi equivalente em ambos os grupos (5 vs 6, p=0,7119).
Verificámos uma diferença estatisticamente significativa no número
de rejeições celulares agudas clínicas (1 vs 7; p = 0,0133) e subclínicas (0 vs 4; p = 0,0379). Não houve rejeições humorais.
As creatininas à data de alta (1,73±0,60 vs 1,74±0,70,
p=0,8947)) e aos 6 meses ou última disponível não foram diferentes (1,59±0,37 vs 1,53±0,36, p=0,3689).
Conclusões: O protocolo B não permitiu reduzir o número de
DNPT. A redução da imunossupressão em apenas 1 pulso de metilprednisolona, neste grupo de baixo risco imunológico, associouse a um maior número de rejeições celulares agudas clínicas e
subclínicas.
Apesar do maior número de rejeições, não verificámos diferenças
na função renal precoce. O tratamento das rejeições celulares precoces clínicas e subclínicas parece permitir manter a função do enxerto nos primeiros 6 meses.
CB073
TRANSPLANTAÇÃO RENAL, O QUE MAIS IMPORTA?
Maria Guedes Marques1, Catarina Romãozinho2, Lídia Santos2,
Fernando Macário2, Rui Alves2, Alfredo Mota2
1-Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) – pólo
Hospital Geral, Serviço Nefrologia; 2-CHUC – Hospitais
Universidade de Coimbra, Unidade de Transplantação Renal.
Introdução: Factores relacionados com o receptor, dador e transplante têm sido caracterizados, embora a sua importância na sobrevida do enxerto não seja consensual.
Neste estudo foi avaliado o impacto de 49 factores na sobrevida
do enxerto renal a curto e médio prazo.
Material e métodos: Estudo transversal de 64 doentes transplantados de 1 Janeiro a 30 Junho de 2013.
Recolhidos dados demográficos, clínicos e analíticos. Utilizado SPSS
20.0. Análise descritiva, bivariada e multivariada. Rejeitada hipótese
nula se p-value<0,05.
Resultados: Transplantados 64 doentes, 60,9% sexo masculino;
95,3% caucasianos; idade 47±11,3 anos; IMC 25,5±3,5 kg /m2;
tempo de diálise 47±25 meses; 85% provenientes de HD; 20,3%
realizaram HD prévia à cirurgia.
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Dador de 48,6±13,7 anos; principal causa de morte AVC hemorrágico (43,1%).
Relativamente ao transplante, 9,4% de dador vivo; isquémia fria
17±7h; tempo cirúrgico 107±187 min. Ausência de complicações
em 59,4% e tempo de internamento 16±13 dias.
Na análise multivariada, 87,6% da creatinininémia ao 6º mês de
follow up, foi explicada pelo conjunto de factores avaliados.
Relativamente ao dador, a idade e a morte por AVC afectaram negativamente os resultados (p<0,05).
Relativamente ao receptor, a idade e sua diferença do dador, a raça
negróide, género masculino, IMC >25 Kg/m2 e etiologia vasculopática da DRC associaram pior função. A modalidade de diálise
peritoneal, maior albuminémia e hemoglobina tiveram positivo.
O transplante de dador vivo, início diurese imediata, maior tempo
cirúrgico, maiores valores tensionais pós-operatórios associaram
melhores resultados. A realização de HD prévia e a presença de
complicações comprometeram pior função do enxerto.
Conclusões: A desnutrição e inflamação têm um impacto negativo
na sobrevida do enxerto, sendo importante optimizar o status nutricional e individualizar valores alvo Hb, evitando o excesso de peso.
A influência negativa da realização de HD antes da cirurgia, desencoraja esta atitude, excepto se estritamente necessário.
No período peri-operatório é benéfica a híper-hidratação com elevação sustentada dos parâmetros hemodinâmicos para optimizar
a perfusão renal. Em concordância com estes dados, os doentes
em DP apresentaram melhor função renal.
A optimização clínica e analítica conduzida pela equipa multidisciplinar é preditora de mais de 80% da função renal a médio prazo!
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB074
FEMALE SEXUAL FUNCTION AND DEPRESSION AFTER
KIDNEY TRANSPLANT: COMPARISON BETWEEN DECEASED
AND LIVING DONOR RECIPIENTS
Cabral J1, Braga I1, Carvalho FL1, Cavadas V1, Osório L1,
Silva-Ramos M1, Fraga A1, Dias L2, Martins LS2, Rocha A2,
Branco F1
1-Department of Urology, 2-Department of Nephrology, Hospital
de Santo António, C.H.P, Porto, Portugal.
Background: Disturbances in sexual function and depression are a
common feature in women with chronic renal failure.
Living donor kidney transplantation seems to warrant better results
than its cadaveric counterpart in many aspects but it’s impact on
post transplant sexual function remains unknown.
Methods: From a single centre prospective database of 2016 renal
transplants, we enrolled 50 sexually active women after kidney transplantation. Female sexual function was evaluated with the Female
Sexual Function Index Questionnaire (FSFI) and depression was assessed using a Beck Depression Inventory-II (BDI-II) scale between
June of 2010 and June of 2012.
Results: Total BDI-II was well correlated with total FSFI score in our
study cohort (Spearman’s rho= -0.80, p<0.001). The sexual domains of satisfaction and desire were significantly better in livingdonor receptors; in all other domains evaluated by FSFI no
statistically significant difference was encountered between groups,
although living-donor receptors tended to report better function.
Only 34,6% of women referred to have discussed sexual issues with
their physicians while 73,1% stated it would have been important.
Conclusions: Female living-donor receptors tend to report better
sexual function than those receiving organs from cadaveric donor.
Additional studies with larger samples are required to further clarify
this issue.
CB075
RECEPTOR IDOSO NO TRANSPLANTE RENAL: PREVALÊNCIA
E RESULTADOS
Larissa Sgaria Pacheco, Elizete Keitel, Auri Ferreira dos Santos,
Valter Garcia
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre –
Serviço de Nefrologia e Transplante Renal. Universidade Federal
de Ciências da Saúde de Porto Alegre - Programa de PósGraduação em Patologia.
Há um crescente número de idosos em diálise com acesso restrito
a transplante. Nosso objetivo é avaliar a prevalência de transplante
65
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
renal em receptores idosos (RI) em 3 períodos de tempo e a sobrevida do paciente (SP) e do enxerto (SE).
Analisamos a prevalência de transplantes por faixa etária do receptor (G1=19 a 49 anos, G2= 50 a 64 anos e G3≥ a 65 anos), o
último definido como RI. Foram avaliados 3 períodos de tempo:
P1=1986-2002, P2=2003-2009 e P3= 2010-2013, tipo do doador e a sobrevida global comparada nas diferentes faixas etárias
(Método de Kaplan-Meier). Foi revisado o banco de dados de transplante renal da Instituição desde 1986, quando o limite de idade
passou de 65 para 70 anos. Em cada período havia um limite superior de idade para ser aceito para transplante (70, 80, 90 anos
respectivamente P1, P2, P3).
De Jan/1986 a Dez/2013 foram realizados 2.937 transplantes em
receptores adultos, sendo 125 (4,2%) em RI, destes 120 com doador falecido e 5 com doador vivo. No P1, dos 1.162 transplantes
(68/ano), 0,9% em RI com média de idade de 67,3 ± 1,9 anos
(máxima de 70). No P2, dos 977 transplantes (139/ano), 4,0% em
RI, idade 67,8 ±3,2 anos (máximo de 79). No P3, dos 798 transplantes (199/ano), 9,5% com RI e idade 68,8 ±4,0 anos (máximo
de 87). Em 1 e 5 anos a SP nos RI foi 84% e 74% e a SE 78% e
67%, respectivamente. As sobrevidas foram significativamente menores (p<0,001) que nos grupos de pacientes mais jovens (G1 a
SP: 96% e 90%; SE: 89% e 75% e G2 a SP: 92% e 82%; SE: 84%
e 70%, respectivamente em 1 e 5 anos). A principal causa de perda
do enxerto nos RI foi óbito (56%), especialmente no primeiro ano.
Houve um crescimento significativo na realização de transplantes
em RI entre os períodos estudados. A SP e a SE comparada aos
mais jovens foram menores, porém a SP nos RI alcançada em 5
anos (74%) justifica a realização de transplante nesse grupo, pois é
superior a esperada nos pacientes remanescentes em lista.
CB076
FUNÇÃO RETARDADA DO ENXERTO RENAL EM UM ÚNICO
SERVIÇO DE TRANSPLANTE
Juliana Borborema1, Ana Maria Pontes1, Ana Valéria Benício1,
Luiz Barros Sobrinho1, Adriana Barbosa2, Adriano Pereira
Rocha3, Raquel Santos da Silva3, Dayana Sampaio de Almeida4,
Rafael Fábio Maciel5
1-Hospital Antônio Targino/ISAS – Nefrologista de transplante,
MD; 2-Hospital Antônio Targino/ISAS – Enfermeiro de transplante;
3-Acadêmico ligante de nefrologia e transplante – Faculdade de
Ciências Médicas de Campina Grande, Paraíba; 4-Acadêmico
ligante de nefrologia e transplante – Universidade Estadual da
Paraíba; 5-Hospital Antônio Targino/ISAS – Transplantador, MD.
66
Introdução: A Função Retardada do Enxerto (FRE), é uma complicação imediata do transplante, com prevalência média de 52% no
Brasil. Predispõe à rejeição aguda e aumenta o risco de rejeição
crônica e de perda prematura de enxerto. Vários fatores de risco
são implicados no surgimento da FRE. O conceito utilizado nesta
pesquisa para descrição dos casos foi a ausência de queda da
creatinina e/ou necessidade de hemodiálise na primeira semana.
Objetivo: Avaliar FRE em 94 transplantes renais com doadores falecidos em um único serviço de transplante na Paraíba, Brasil.
Métodos: Foram avaliados 94 pacientes transplantados renais realizados no período de 2006-2014. As variáveis analisadas foram:
idade do doador, tempo de isquemia fria, uso de indução, tipo utilizado e a necessidade ou não de hemodiálise na primeira semana.
Resultados: 26 pacientes (27,7%) apresentaram DGF. A média de
idade do doador foi de 36,5 anos (14-60). O tempo médio de isquemia fria foi de 744 minutos, indução: anticorpo monoclonal
77,78% e policlonal 22,2%.
Conclusão: Os fatores de risco conhecidos foram encontrados na
amostra, porém, a menor prevalência de DGF pode ser justificada
pela pela melhor logística na alocação do órgão, diminuindo o
tempo de isquemia fria, devido a pequena dimensão do Estado da
Paraíba.
Descritores: Transplante renal, função retardada do enxerto, sobrevivência de enxerto.
CB077
DIAGNÓSTICO RARO DE PARACOCCIDIOIDOMICOSE EM
RECEPTOR DE TRANSPLANTE DE RIM. RELATO DE CASO.
Ana Maria Pontes1, Juliana Borborema1, Ana Valéria Benício1,
Luiz Barros Sobrinho1, Patrícia Cariry2, Alexandre da Silva
Andrade3, Claudio Rafael B Correia4, Wagner Leite de
Almeida4 e Rafael Fábio Maciel5
1-Hospital Antônio Targino/ISAS – Nefrologista, MD; 2-Hospital
Antônio Targino/ISAS – Cirurgião Vascular, MD; 3-Hospital
Antônio Targino/ISAS – Urologista, MD; 4-Unidade Científica de
Diagnóstico – Patologista, MD; 5-Hospital Antônio Targino/ISAS –
Transplantador, MD.
Introdução: A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica, cuja apresentação clínica mais comum no adulto é a forma
crônica e que pode levar a formas disseminadas graves e letais, envolvendo pulmões, pele, gânglios, baço, fígado e órgãos linfóides
do tubo digestivo. Comum na América Latina é rara em pacientes
transplantados, com poucos casos descritos na literatura.
Objetivo: Relatar o caso de um paciente transplantado renal há
três anos, com diagnóstico de PCM pseudotumoral cervical.
Métodos: Paciente, masculino, 45 anos, transplantado renal, com
quadro de diarreia, perda ponderal severa e anemia. Foram realizados exames de parasitológico de fezes, coprocultura, urocultura
e USG de abdome para avaliação de quadro diarréico, porém, inconclusivos. Medicado com antibióticos e antiparasitário, sem melhora, continuou com perda ponderal de 15kg em três meses. A
imunossupressão foi modificada e o ac. micofenólico reduzido, até
a sua substituição por everolimo. O quadro diarréico voltou a se
intensificar e houve elevação da creatinina (de 1,5 para 3,4). Introduzida sulfametoxazol/trimetropima, houve melhora do estado
geral, regressão completa da diarreia e ganho ponderal. Submetido
a biopsia renal, exames de anti-HIV, PCR BK vírus e PCR para Mycobacterium tuberculosis - sem conclusão diagnóstica. Em seu
quinto internamento (seis meses do inicio da pesquisa diagnóstica),
com estado geral comprometido, perda de 20kg, anemia, insuficiência renal e febre, desenvolveu lesões cutâneas em pernas e tumoração volumosa e endurecida em região cervical direita.
Realizada tomografia de tórax e abdome, afastaram-se lesões neoplásicas dessas regiões. Iniciado teste terapêutico com tuberculostático e biópsia da lesão tumoral cervical.
Resultado: Biópsia da tumoração cervical evidenciou lesão fúngica
por paracoccidioidomicose. A pesquisa de BAAR nesta biópsia foi
negativa.
Conclusão: A associação entre transplante de órgãos e PCM é
rara, porém, deve ser lembrada em pacientes imunossuprimidos,
no diagnóstico diferencial da tuberculose ganglionar e da doença
linfoproliferativa.
Descritores: paracoccidioidomicose, transplante de rim, doença
oportunista.
CB078
SOBREVIDA AVALIADA EM 04 ANOS E PERFIL
EPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO DE UM ÚNICO SERVIÇO DE
TRANSPLANTE RENAL DA PARAÍBA, BRASIL
Juliana Borborema1, Ana Maria Pontes1, Ana Valéria Benício1,
Luiz Barros Sobrinho1, Amanda C Freitas de Jesus2, Elaine
C.A.M. de Souza2, Daniela Jessica Santos Oliveira3, Euller
Fabrício Alves Cruz4, Lucas Rodrigues Prado4 e Rafael Fábio
Maciel5
1-Hospital Antônio Targino/ISAS – Nefrologista de transplante,
MD; 2-Hospital Antônio Targino/ISAS – Enfermeiro de transplante;
3-Acadêmico ligante de nefrologia e transplante – Universidade
Federal de Campina Grande; 4-Acadêmica ligante de nefrologia
e transplante – Faculdade de Ciências Médicas de Campina
Grande; 5-Hospital Antônio Targino/ISAS – Transplantador, MD.
Introdução: O transplante renal é um excelente método de terapia
renal substitutiva, melhora a qualidade de vida dos pacientes renais
e sua sobrevida. Ampliar o acesso ao transplante no interior do
país, com bons resultados, é uma das metas do Sistema Nacional
de Transplantes brasileiro.
Objetivos: Analisar a sobrevida em 04 anos e o perfil epidemiológico e clínico dos pacientes transplantados de um único serviço de
transplante renal em Campina Grande (PB), Brasil.
Métodos: Estudo retrospectivo a partir da análise de prontuários de
155 pacientes transplantados no período de maio de 2010 a maio
de 2014. Foram avaliadas as curvas de sobrevida de Kaplan-Meier,
tendo como nível de significância &#945; = 0,05, estratificada pelo
tipo de doador: Doador Vivo (DV) e Doador Falecido (DF), além das
variáveis: idade, grau de parentesco (DV), grupo ABO, HLA, sorologia, PRA (classe I e II), imunossupressão (IMS) inicial e indução. Os
dados levantados foram digitados no programa Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS) versão 17.0. Resultados. A sobrevida
em 04 anos de receptores e enxertos foi: DV 96-94% e DF 93-86%.
A média de idade dos receptores 38 anos (15-69); grupo ABO mais
frequente, O (33%), sorologia positiva para CMV (49,7%), hepatite
C (1%) e hepatite B (0,5%). PRA classe I 0-20% = 83,2%, 21-80%
=14,9% e 81-100% = 1,9% e classe II 94,2%, 2,6% e 3,2%. A
média de idade dos doadores foi de 34 anos (14-66). Transplantes
com DV (52,3%) e DF (47,7%), HLA-distinto (51,8%), idêntico (8,1%)
e haploidêntico (18,3%). O grupo ABO mais frequente nos doares
foi O (36,5%) e A (26,9%). Grau de parentesco mais frequente foi
1o grau (18,3%) e 2o grau (24,4%). Sorologia para CMV IgG positiva (63,9%). Indução (47,7%): IL2Ra (35%) e ATG (12,7%). Imunossupressão inicial: corticoide + IC + Ac. Micofenólico.
Complicações cirúrgicas: fístula urinária (2%), trombose arterial (2%),
e hematoma (2%). Complicações clínicas frequentes: infecção urinária (17,7%), por CMV (17,2%) e diabetes mellitus (4,5%). A média
de creatinina de alta foi de 1,63.
Conclusão: O aumento da atividade transplantadora no Brasil na
última década, se deve em parte, a ampliação do programa para
as regiões no interior do país, em especial para o nordeste. Nesse
estudo os autores descrevem um serviço com alta performance e
resultados assemelhados aos de ponta na literatura.
Descritores: Transplante renal, sobrevida, epidemiologia.
CB079
RENOGRAMAS NO PERÍODO PÓS-TRANSPLANTE: CASOS
CLÍNICOS
Fernando Abreu, Carlos Gaspar, André H Dias, Sophia Pintão
Serviço de Medicina Nuclear, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental,
Lisboa, Portugal.
Introdução: O renograma é um excelente método para avaliar a
função do enxerto renal no período pós-transplante e permite, além
de obter uma estimativa da função renal, avaliar a perfusão e a
função excretora. Quando realizado no período precoce no póstransplante pode constituir um bom documento de base para avaliação evolutiva, sobretudo na suspeita de complicações.
Os autores descrevem 5 casos clínicos que englobam os principais
achados renográficos nos vários tipos de complicações que podem
ocorrer no período pós-transplante: Rejeição hiperaguda, Rejeição
aguda, Necrose Tubular Aguda (NTA), Obstrução e Leak urinário.
Casos Clínicos:
1. Rejeição Hiperaguda: Homem, 40 anos, submetido a transplante
renal (TR) de dador vivo por DRC (nefropatia a IgA). Cirurgia e
pós-operatório imediato sem complicações. Enxertectomia por
rejeição hiperaguda 48 horas pós-transplante.
2. Rejeição Aguda: Mulher, 37 anos, submetida a TR de dador cadáver por DRC de etiologia desconhecida. Necessidade de reanastomose da artéria renal em período intra-operatório;
pós-operatório com débito urinário escasso. Enxertectomia em
D4 pós-transplante.
3. Necrose Tubular Aguda: Homem, 59 anos, submetida a TR
dador cadáver por DRC de etiologia desconhecida. Cirurgia e
pós-operatório sem complicações.
4. Obstrução: Homem, 53 anos, submetido a TR dador cadáver
por DRC (por glomerulonefrite membranosa). Cirurgia e pósoperatório sem complicações.
5. Leak Urinário: Homem de 64 anos, submetido a segundo transplante renal em 21/03/2002 com rim de dador cadáver. Antecedentes pessoais – DRC de etiologia desconhecida. Apresentou
complicações urológicas no período pós-transplante com necessidade de nefrectomia parcial do enxerto e reimplantação do
ureter.
Comentário Final: O renograma é um método que ilustra a existência ou não de complicações médicas e cirúrgicas do ponto de
vista funcional do rim no pós-transplante, fornecendo informação
pertinente para o seguimento e decisão terapêutica dos doentes.
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CB080
A DIAGNOSIS NOT TO FORGET IN A LONG TERM KIDNEY
TRANSPLANT – PNEUMOCYSTIS JIROVECI PNEUMONIA
Cláudia Bento1, La Salete Martins2, Manuela Almeida2, Sofia
Pedroso2, Leonídeo Dias2, António Castro Henriques2, António
Cabrita2
1-Department of Nephrology, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes
e Alto Douro, Vila Real. Portugal; 2-Department of Nephrology,
Hospital Geral de Santo António, Porto, Portugal.
Potential etiologies of infection in kidney transplant patients are diverse, ranging from common community acquired infectious diseases to uncommon opportunistic infections. Pneumocystis Jiroveci
is a well known opportunistic fungus that can cause life-threatening
pneumonia in kidney transplant patient mostly within the first 6
months post-transplantation1,2,3,4. This entity may occur after one
year post transplant, but the rate is very low1,4,5. High immunossupression, cytomegalovirus infection, previous history of acute rejection and poor GFR are risk factors for the occurrence of
pneumocystis pneumonia (PCP) in kidney transplant patient4,6,7. The
treatment of choice is high dose of trimethoprim-sulfamethoxazol
(TMP-SMX), reduction of immunossupressive therapy and, in severe
cases (defined by PaO2 < 70 mmHg or an arterial-alveolar gradient
> 35 mmHg), association with steroids8. We report a case of PCP
12.5 years after renal transplant. A 51-year-old male presented to
the hospital with a 3-day history of asthenia, fever and genitourinary
complains. Despite the initial treatment for cystitis he kept fever (>
38,5ºC) and developed dry cough, hypoxemia and rapidly progressive dyspnea. Physical examination revealed increased respiratory
rate, tachycardia, cyanosis, wheezing and crackles on pulmonary
auscultation. Radiographic alterations showed a bilateral interstitial
infiltrates (not present on the admission). On the 3th day he was
transferred to the intensive care unit and started non-invasive ventilation. The diagnosis was established by the identification of Pneumocystis Jiroveci in bronchoalveolar lavage. Treatment was made
with high-dose intravenous TMP-SMX plus steroids and resulted in
clinical improvement of the symptoms and complains.
Early diagnosis and prompt administration of empiric antimicrobial
therapeutic are the cornerstones of successful treatment since the
disease is associated with high mortality rate. This diagnosis should
never be forgotten.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB081
CONVERSÃO PRECOCE DE ICN PARA IMTOR É UMA
TENTATIVA ABOLIDA OU MAL PLANEJADA?
André Barreto Pereira, André de Souza Alvarenga, Walter
Antônio Pereira
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
Alguns estudos tem mostrado que conversão precoce de ICN para
imTOR é seguro, mas qual seria o melhor nível ou momento para
isto? Baseado no estudo clínico em andamento (Clinicaltrials.gov:
NCT 01239472), avaliamos o caso de uma paciente que perdeu
seu enxerto após a conversão e analisamos se houve alguma diferença em relação aos outros pacientes do estudo que não perderam o enxerto.
MGS, 47 anos, com etiologia de DRC por nefrite lúpica foi transplantada renal com doador vivo evoluindo com boa função renal.
Aos 3 meses de transplante, após realizar biópsia renal para excluir
a possibilidade rejeição aguda subclínica, foi submetida a conversão de tacrolimus para everolimus. Paciente manteve boa função
renal inicialmente, mas apresentou níveis de everolimus entre 3 e 5
ng/mL continuamente. Aos 7 meses de transplate apresentou uma
RAMA, sendo submetida a tratamento de resgate sem sucesso.
Foi então avaliado os níveis sanguíneos de outros 13 pacientes do
estudo submetidos a conversão com sucesso até o momento em
relação a função renal e níveis de imunossupressores. Todos os pacientes do estudo foram submetidos a conversão aos 3 meses caso
não tivessem rejeição aguda prévia ou em biópsia renal naquele
momento. Também era necessário PRA<30%, ausência de DSA,
ser este o primeiro transplante, Creatinina<2,0mg/dL, proteinúria
<1g/24h e ausência de dislipidemia severa.
Avaliando os níveis sanguíneos de everolimus desta paciente em
relação aos outros pacientes do estudo, esta apresentou níveis sanguíneos mais baixos que os da média. É possível que a conversão
67
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
de everolimus seja possível mas com níveis sanguíneos mais elevados deste imunossupressor numa parcela de população com menor
risco imunogênico e portanto trata se de uma prática que não deve
ser abolida mas melhor planejada.
CB082
INDUÇÃO COM BASILIXIMABE EM TRANSPLANTE DE BAIXO
RISCO: VALE A PENA ESSE CUSTO?
André Barreto Pereira, André de Souza Alvarenga, Walter
Antônio Pereira
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
Imunossupressão em Transplante renal tem sido utilizada com principal interesse em reduzir o índice de rejeição aguda, uma vez que
esta pode impactar na sobrevida do enxerto. E os medicamentos
imunossupressores de caráter de indução tem atingido um valor
mais acessível nos últimos anos, possibiitando que sejam utilizados
em protocolos de transplante renal.
Trata se de um estudo retrospectivo avaliando pacientes de baixo
risco (PRA<50%, TIF<18h, primeiro transplante, >18 anos de
idade) submetidos a transplante renal em uso de basiliximabe versus
aqueles que não utilizaram tal medicamento em indução. Todos paciente iniciaram imunossupressão com tacrolimus, micofenolato e
prednisona. O desfecho principal foi função renal com 3 meses de
transplante e taxa de rejeição aguda comprovada por biópsia renal.
Foram estudados 23 pacientes induzidos com basiliximabe versus
33 que não o utilizaram. Foram avaliados o TIF, Cr aos 3 meses,
taxa de rejeição aguda, sobrevida do enxerto e do paciente, não
sendo nenhuma diferença estatística entre os grupos. Avaliada a
curva de sobrevida denotando uma tendência a maior mortalidade
quando utilizado bailiximabe como imunossupressor, apesar de não
demonstrar significância estatística.
Neste estudo a utilização de basiliximabe não demonstrou benefício
em relação ao seu não uso. Nesta população brasileira estudada
de baixo risco, não há razão para utilização basiliximabe como indução protocolar. Maiores estudos em outras populações com indução são necessários para confirmar tão importante alteração de
conceito imunossupressor.
CB083
RECEPTOR IDOSO NO TRANSPLANTE RENAL: PREVALÊNCIA
E RESULTADOS
Larissa Sgaria Pacheco, Elizete Keitel, Auri Ferreira dos Santos,
Valter Duro Garcia
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
(ISCMPA)– Serviço de Nefrologia e Transplante Renal,
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Programa de Pós-Graduação em Patologia
68
Há um crescente número de idosos em diálise com acesso restrito
a transplante. Nosso objetivo é avaliar a prevalência de transplante
renal em receptores idosos (RI) em 3 períodos de tempo e a sobrevida do paciente (SP) e do enxerto (SE).
Analisamos a prevalência de transplantes por faixa etária do receptor (G1=19 a 49 anos, G2= 50 a 64 anos e G3 ≥ a 65 anos), o
último definido como RI. Foram avaliados 3 períodos de tempo:
P1=1986-2002, P2=2003-2009 e P3= 2010-2013, tipo do doador e a sobrevida global comparada nas diferentes faixas etárias
(Método de Kaplan-Meier). Foi revisado o banco de dados de transplante renal da Instituição desde 1986, quando o limite de idade
passou de 65 para 70 anos. Em cada período havia um limite superior de idade para ser aceito para transplante (70, 80, 90 anos
respectivamente P1, P2, P3).
De Jan/1986 a Dez/2013 foram realizados 2.937 transplantes em
receptores adultos, sendo 125 (4,2%) em RI, destes 120 com doador falecido e 5 com doador vivo. No P1, dos 1.162 transplantes
(68/ano), 0,9% em RI com média de idade de 67,3 ± 1,9 anos
(máxima de 70). No P2, dos 977 transplantes (139/ano), 4,0% em
RI, idade 67,8 ±3,2 anos (máximo de 79). No P3, dos 798 transplantes (199/ano), 9,5% com RI e idade 68,8 ±4,0 anos (máximo
de 87). Em 1 e 5 anos a SP nos RI foi 84% e 74% e a SE 78% e
67%, respectivamente. As sobrevidas foram significativamente menores (p<0,001) que nos grupos de pacientes mais jovens (G1 a
SP: 96% e 90%; SE: 89% e 75% e G2 a SP: 92% e 82%; SE: 84%
e 70%, respectivamente em 1 e 5 anos). A principal causa de perda
do enxerto nos RI foi óbito (56%), especialmente no primeiro ano.
Houve um crescimento significativo na realização de transplantes
em RI entre os períodos estudados. A SP e a SE comparada aos
mais jovens foram menores, porém a SP nos RI alcançada em 5
anos (74%) justifica a realização de transplante nesse grupo, pois é
superior a esperada nos pacientes remanescentes em lista.
CB084
IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO SUPORTE
PÓS TRANSPLANTE EM PACIENTES INTERNADOS EM
CENTROS DE TERAPIA INTENSIVA: RELATO DE CASO
Isabela Soares de Castro, Paulo Sérgio da Silva Santos, Fábio
Luiz Coracin, Deise de Boni Monteiro de Carvalho, Lúcio
Pacheco e Fernanda
Hospital São Francisco na Providência de Deus
Paciente, 30 anos, sexo masculino, melanoderma. Transplante renal
em 20 de outubro de 2013. Evoluiu com fístula urinária, infecção
do enxerto, crise convulsiva, sepse abdominal e transplantectomia
quatro meses após. Internado no centro de terapia intensiva, seguiu
grave e instável, em uso de noradrenalina a 15 ml/hora e vasopressina 3 ml hora. Intubação orotraqueal e sedação presentes.
Apresentou bolhas em mãos, cavidade oral e região abdominal.
Ferida do enxerto infectada, sob cuidados da cirurgia geral e comissão de curativos. Apresentou em região intraoral mucosite muito
exuberante em toda área de mucosa, com maior expressividade em
semi mucosas lábios superior e inferior, mucosa jugal lados direito
e esquerdo e borda lateral de línguas em ambos os lados. Com
sangramento ativo, lesões representavam grande janela de entrada
para infecções supracentes ao problema de base e também grande
queixa álgica. Um exame citológico foi colhido em região oral com
resposta positiva para Citomegalovírus e Herpes simples. A equipe
de Odontologia Hospitalar, cujo objetivo é dar suporte à equipe
médica na assistência ao paciente crítico, introduziu protocolo de
cuidados minimamente invasivos em mucosa afetada com Clorexidina 0,12% enxaguante bucal e sessões de laserterapia foram conduzidas diariamente para maior conforto do paciente e otimização
de reparo tecidual. Após 20 dias de intervenção e acompanhamento diários, mucosa oral se apresentou totalmente íntegra e paciente exibiu maior estabilidade clínica e laboratorial. O caso citado
ilustra a importância do cirugião-dentista em equipes multidisciplinares no período pós transplante, com destaque ao paciente internado em Centros de terapia intensiva. A atuação Odontológica
local, aliada ao esquema terapêutico da equipe médica, proporcionaram grande melhora no quadro geral do paciente bem como
representaram qualidade na assistência que foi prestada.
CB085
ASSOCIAÇÃO DA DOSE DE MICOFENOLATO DE SÓDIO
AJUSTADO PELA SUPERFÍCIE CORPORAL E INCIDÊNCIA DE
INFECÇÃO POR CITOMEGALOVÍRUS NO TRANSPLANTE
RENAL
Elizabete Pinheiro, Cláudia Fagundes, Luciano Morgado,
Fátima Arruda, Olga Abraão, Lívia Assis, Onofre Barros,
Fernanda Baldotto, Ana Costa,Tereza Matuck, Deise Carvalho
Centro Estadual de Transplante, Hospital São Francisco de Assis
As doenças oportunistas tem maior incidência em pacientes transplantados em decorrência da imunossupressão, sendo o citomegalovírus (CMV) um dos agentes mais frequentes. Como já descrito
amplamente na literatura há uma maior associação entre o CMV e
o uso dos micofenolatos. A dose ideal do micofenolato sódico não
está completamente definida, sobretudo por não haver o controle
dos níveis séricos na prática clínica.
Considerando que posologia é praticamente a mesma para todos
os pacientes (micofenolato de sódio 1440mg/dia), foram analisados
retrospectivamente a correlação entre dose e superfície corporal comparando com a incidência de CMV. 29 pacientes com esquema tríplice (Pred/MF sódico/Tac) com seguimento de 1 ano foram incluídos
no estudo. O objetivo foi identificar se as maiores doses por superfície
corpórea estariam relacionadas à presença de infecção por CMV.
Entre 29 pacientes, 8 (28%) apresentaram a infecção por CMV. As
doses médias do Micofenolato de sódio/superfície corporal (mg/m2)
não foram diferentes entre os grupos na ocasião do transplante
(CMV positivo (n=8) 853 mg/m2 vs. CMVnegativo (n=21) 831
mg/m2). A média de micofenolato de sódio do grupo CMV positivo,
no momento da infecção, foi o superior ao grupo CMV Negativo
(860±83 vs 733±179 mg/ m2, p=0.069, respectivamente).
Baseado nos dados preliminares desta amostra, a dose de micofenolato de sódio/superfície corporal foi superior nos pacientes com
citomegalovírus positivo, na ocasião da infecção, sugerindo que os
pacientes com menor superfície corpórea devam receber doses
ajustadas do imunossupressor.
CB086
GLOMERULOSCLEROSE FOCAL E SEGMENTAR (GEFS)
FAMILIAR – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Rita Birne, Henrique Sousa, Sara Querido, João Torres, Patrícia
Matias, Cristina Jorge, Teresa Adragão, André Weigert,
Domingos Machado
Unidade António Pina, Hospital de Santa Cruz, CHLO
Em 2002, uma doente de 24 anos é submetida a transplantação
renal de dador vivo, a sua irmã de 28 anos de idade, após 1 ano
em hemodiálise. A receptora tinha doença renal crónica de etiologia desconhecida (havia iniciado seguimento médico já em urémia,
com rins pequenos e sem proteinúria significativa). O transplante
apenas durou 4 anos. Uma biópsia do enxerto realizada nos primeiros meses da transplantação mostrava GEFS.
A dadora é observada em consulta na nossa Unidade somente 8
anos e 10 meses anos após a nefrectomia por ter até aí abandonado o seguimento. Entretanto tinha tido duas gestações, a primeira
(aos 30 anos) sem intercorrências, tendo a segunda (2 anos depois
da primeira) culminado com aborto inexplicado às 32 semanas,
sem pre-eclampsia.
Oito anos após a doação e 6 meses após a última gestação apresentava retenção azotada com creatininémia 1.8 mg/dl e proteinúria nefrótica (8 g/24h). A realização de biópsia do rim único
confirmou o diagnóstico de GEFS.
Iniciou tratamento com corticóides que não surtiu efeito. Houve remissão completa com a introdução de ciclosporina, mas a manifestação de nefrotoxicidade (creatininémia 2.6 mg/dl) e a recorrência
da proteinúria com a diminuição da dose do inibidor da calcineurina
suscitaram alteração terapêutica para micofenolato de mofetil. Apesar da boa resposta renal a esta fármaco, a intolerância inultrapassável da doente ao mesmo e ao ácido micofenólico culminou no
retorno à ciclosporina, com nova evidência de nefrotoxicidade.
Actualmente, 12 anos após a doação e 3 anos após a manifestação clínica de GEFS, a dadora terminou recentemente a segunda
administração de rituximab. Tem creatininémia de 2.3 mg/dl e proteinúria de 2.1 g/24h.
Este caso clínico realça três aspectos fundamentais: 1. A complexidade de tratamento de alguns tipos de GEFS; 2. O risco na transplantação de dador vivo aparentado quando a etiologia da DRC
não é conhecida; 3. A importância de uma consulta de seguimento
do dador de rim.
CB087
TOXIDADE PULMONAR PELO BORTEZOMIB?
Hernani Gonçalves1, Patrícia Matias2, Rita Birne2, Cristina
Jorge2, André Weigert2, Teresa Adragão2, Margarida Bruges2,
Domingos Machado2
1-Serviço de Nefrologia – Centro Hospitalar do Médio Tejo;
2-Unidade de Transplantação Renal – Hospital de Santa Cruz –
CHLO.
Um doente de 41 anos, em diálise, durante apenas 1 ano, por nefropatia diabética, foi transplantado com rim de cadáver, em 1996,
com 4 compatibilidades HLA.
A diabetes mellitus tipo I tinha complicações vasculares e neurológicas. Para além da imunossupressão com ciclosporina, ácido micofenólico, prednisolona, tomava amlodipina, pantoprazol, oxazepam,
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risperidona, paroxetina, epoetina beta e insulina.
Em Junho 2011, constatou-se existência de proteinúria superior
5g/24h. Foi, por biópsia óssea, diagnosticado mieloma múltiplo IgG
K. Em consulta de Hemato-Oncologia, foi prescrito bortezomib.
Em Maio 2012, aquando da administração do 3º ciclo de bortezomib, o doente apresentava-se prostrado e dispneico para pequenos esforços. A radiografia do tórax revelou reforço intersticial nas
bases, mais acentuado à direita. Não havendo isolamentos de
agentes infecciosos e devido a pneumonia bilateral, iniciou antibioterapia com ceftriaxone e claritromicina, depois substituídos por piperacilina + tazobactam.
Quatro dias após esse 3º ciclo, desenvolveu edema agudo do pulmão que se verificou ser devido a enfarte do miocárdio. Foi colocado stent na coronária direita. Foi necessária ventilação mecânica
durante 2 dias. Agravamento progressivo da função renal levou à
instituição de técnica de substituição renal continua durante 2 semanas. Foi alterada a antibioterapia, adicionados anti-virais e antifungicos e reduzida a imunossupressão.
Após extubação, verificou-se hipoxemia persistente com necessidade de aporte importante de oxigénio. TAC torácica revelou extensas áreas em “vidro despolido” e espessamento dos septos
interlobares. Colocada a hipótese de alterações secundárias ao
bortezomib, administraram-se 3 “pulsos” de metilprednisolona.
Houve melhoria significativa: 11 dias depois teve alta com razoável
tolerância ao esforço e com recuperação parcial da função renal
(creatininémia de 2,2 mg/dl).
Após o incidente, não voltaram a surgir problemas respiratórios.
As lesões respiratórias de diagnóstico impreciso não são raras no
doente transplantado. Neste caso, colocamos a hipótese de pneumopatia associada ao bortezomib.
Este fármaco, aprovado para o tratamento dos plasmocitomas,
também tem sido utilizado como imunomodulador em certos casos
de rejeição aguda no contexto de transplantação renal. Efeitos secundários pulmonares parecem mais raros, mas há pequenas séries
de casos publicados.
A toxicidade pulmonar do bortezomib deve ser considerada no
diagnóstico diferencial de problemas respiratórios após o uso deste
inibidor dos proteosomas.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB088
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DADOR VIVO – MOTIVOS DE
EXCLUSÃO
Lídia Santos1, Fernando Macário1, Catarina Romãozinho1, Rui
Alves1, Mário Campos1, Alfredo Mota2
1-Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2-Serviço de Urologia e Transplantação Renal, Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Introdução: A doação renal em vida é uma actividade com aspectos ético-legais particulares, exigindo uma avaliação rigorosa do
ponto de vista clínico e psico-social do candidato. O objectivo deste
trabalho assenta na análise dos motivos de exclusão de potenciais
dadores durante a avaliação para doação.
Métodos: Análise retrospectiva de potenciais dadores vivos de rim
entre Janeiro de 2010 e Dezembro de 2013.
Resultados: Foram avaliados 72 potenciais dadores durante 4 anos,
com uma média de idades de 48,4±11.4 anos, maioritariamente
(58,3%) do sexo feminino. A maioria dos dadores apresentava algum
grau de parentesco com os receptores: mãe em 19,4%, pai em 18,1%,
irmã em 15,3%, irmão em 11.1%, filha em 4.2% e prima em 1.4%
dos casos. Os restantes distribuíram-se por esposa em 20,8%, marido
em 6,9%, namorado em 1.4% e amigo em 1.4% dos casos. Foram
excluídos 42 candidatos (58,3%). Os principais motivos para a exclusão foram de ordem clínica: taxa de filtração glomerular inadequada
(n=9), obesidade (n=4), hipertensão arterial grave (n=2), proteinúria
(n=2); neoplasia (n=2), doença cardíaca (n=1), litíase (1), aneurismas
das artérias renais (n=1) doença hepática (n=1); doença de Behçet
(n=1). Verificou-se incompatibilidade ABO em 2 casos, crossmatch
positivo em 5 casos e foi interrompida a doação em 5 casos, por transplantação dos receptores de dador cadáver. Quatro dadores desistiram
da doação durante o processo, um candidato foi excluído na avaliação
psicológica e outro estudo foi suspenso por suspeita de coacção. Os
dois dadores ABO incompatíveis encontram-se inscritos no Programa
Nacional de Doação Renal Cruzada.
Conclusões: O rigoroso e multidisciplinar processo de avaliação
de potenciais dadores vivos culmina com elevada frequência, na
exclusão dos candidatos. Os motivos de exclusão são variados,
desde função renal inapropriada num significativo número de doentes, obesidade, bem como crossmatch positivo, inaptidão psicológica e questões éticas.
69
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
CB089
TRANSPLANTE RENAL CRUZADO: O FUTURO PARA OS
DOENTES COM DRC
Brigite Aguiar1, F. Macário1,2, L. Santos1,2, R. Alves1,2, C. Alberto2,
A. Figueiredo2, M. Campos1, Alfredo Mota2
1-Serviço de Nefrologia, 2-Unidade de Transplantação Renal,
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra – CHUC.
das para o Citomegalovirus e o Poliomavírus foram negativas.
Neste contexto efectuou-se biopsa de enxerto, que revelou depósitos sub-epiteliais com positividade na imunofluorescência para IgG
e C3 estabelecendo o diagnóstico de glomerulopatia membranosa
do aloenxerto.
Á salientar a negatividade do Ac RFLA2 que foi doseado no pré
transplante e no pós transplante.
Em Portugal existem cerca de 800 mil doentes com doença renal
crónica, das quais 11 500 estão em hemodiálise. Destas cerca de
duas mil aguardam por um transplante renal, em média entre 2 a
4 anos. Com o problema crescente da escassez de órgãos e de dadores com idades cada vez mais avançadas, implementaram-se estratégias para aumentar o pool de dador vivo. As vantagens deste
tipo de transplante na sobrevida do enxerto já foram relatadas em
inúmeros estudos. Actualmente o transplante renal de dador vivo é
uma realidade em crescente em Portugal, no entanto, ainda representa menos de 10% do total de transplantações. O transplante de
dador vivo teve início em Portugal em 1993, e em 2007 a lei alargou a dádiva em vida para cônjuges ou amigos.
Devido às incompatibilidades entre os pares dadores-receptores de
dador vivo, foi desenvolvido o Programa Nacional de Dávida Renal
Cruzada, que permite a troca de órgãos entre pares que eram incompatíveis, de modo a diminuir as longas listas de espera.
Em 15 de Abril de 2013, o primeiro transplante renal (Tx) cruzado
foi realizado em Portugal, no CHUC. Um dos muitos requisitos para
implementar este programa com sucesso, além das questões relacionadas com a biocompatibilidade, foi a abordagem de todas as
questões éticas e psicossociais. O Tx cruzado foi realizado em simultâneo, neste caso no mesmo Hospital, envolvendo uma vasta
equipa de cirurgiões e enfermeiros.
Os autores relatam a experiência do primeiro caso de transplante
renal cruzado realizado entre dois pares, cujo grau de parentesco
entre os pares era num dos casos cônjuges (A+B) e noutro par eram
irmãos (C+D). Em ambos os casos o esquema de indução foi realizado com basiliximab, tacrolimus, ácido micofenólico e corticoterapia. Em ambos os casos a função do enxerto foi imediata, não
se registando complicações no período pós-transplante imediato.
Actualmente ambas as doentes apresentam boa função do enxerto.
Espera-se que este seja o primeiro de muitos casos, para que o problema da longa lista de espera possa ser resolvido.
CB091
DUAS APRESENTAÇÕES, A MESMA DOENÇA
Isabel Mesquita, Helena Viana, Inês Aires, Cecília Silva, Marília
Possante, Aníbal Ferreira, Francisco Remédio, Fernanda
Carvalho, Fernando Nolasco
Hospital Curry Cabral do CHLC, Serviço de Nefrologia e
Transplantação, Lisboa, Portugal.
CB090
GLOMERULOPATIA MEMBRANOSA NO ALOENXERTO –
A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Marina Vieira, Ana Vila Lobos, Helena Viana, Fernanda
Carvalho, Fernando Nolasco
Serviço Nefrologia, Hospital Curry Cabral, Lisboa, Portugal
70
A Glomerulopatia membranosa (GNM) é uma causa comum de
síndrome nefrótico no adulto. Podendo ocorrer recidiva da doença
após transplante renal, provocando proteinuria, disfunção de enxerto e até perda do aloenxerto.
Apresenta-se o caso clínico de um homem de 39 anos, seguido na
consulta de Nefrologia do Hospital Curry Cabral (HCC) com DRCT
por GNM Idiopatica com 20 anos de evolução de síndrome nefrótico já tendo feito Imunosupressão com Prednisoloona e Ciclofosfamida mas sem remissão total da doença. Tendo iniciado
Terapêutica de Substituição da Função Renal e mantendo-se durante 5 anos em programa regular de Hemodiálise.
Transplantado renal de dador cadáver: sexo feminino, sem antecedentes relevantes para além de uma hipertensão arterial controlada
com medidas dietéticas, morte por hemorragia subaracnoideia,
com diurese >100 cc/hora e com função renal normal (Pcreat 0.9
mg/dL). Tipagem HLA com uma compatibilidade em A. Realizou
protocolo de indução de Imunossupressão com Timoglobulina, Micofenolato de Mofetil, Tacrolimus e Prednisolona. A biopsia renal
do dador não mostrou alterações histopatológicas.
Sem intercorrências no pós transplante imediato, boa evolução da
função do aloenxerto sempre mantendo boas diureses, mas com
um nadir de Pcreat 1.5 mg/dL. Ao 3º dia pós transplante renal aparecimente de ASU com 100 mg/dL de proteinuria, com subida posterior da Pcreat para 1.9 mg/dL.
Crossmatch e Luminex seriados foram negativos e não evidenciaram presença de anticorpos contra o dador. A analises sequencia-
A doença ateroembólica do enxerto renal é uma entidade raramente relatada, correspondendo 0,2% e 1% de todos os casos de
biopsias. Descrevemos dois casos que ilustram duas formas de
apresentação desta entidade.
Caso 1: Homem de 56 anos, com DRC5d secundária a ADPKD,
diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, submetido a transplante renal de dador cadáver. Dador sem patologia ou factores
de riscos cardiovasculares (CV). A imunossupressão (ISS) de indução
foi feita com basiliximab e metilprednisolona. A cirurgia decorreu
sem intercorrências, com biopsia das 0h sem alterações. Tacrolimus,
micofenolato de mofetil e prednisolona constituíram a ISS de manutenção. Verificou-se função tardia do enxerto, com creatinina
plasmática (Pcreat) de 7,4 mg/dl ao 7.º dia. Anticorpos específicos
contra dador (DSA) e o crossmatch negativos às 0 e 48h. A biópsia
do enxerto ao 10.º dia revelou êmbolo de colesterol com rejeição
aguda mediada por células T Banff IIA sobreposta. Após início de
terapêutica, verificou-se diurese crescente com descida lenta da
creatinina. Actualmente encontra-se em seguimento na consulta
com Pcreat de 2,2 mg/dL.
Caso 2: Homem de 73 anos, com DRC5d por ADPKD transplantado com enxerto renal de dador cadáver em 1996. Até 2004 esteve imunossuprimido com ciclosporina, azatioprina (AZA) e
prednisona (PDN), com alteração para sirolimus (SRL) e AZA após
o diagnóstico de carcinoma espinocelular do lábio. Desde 2010
sob monoterapia com SRL. Ao longo destes anos aumento ligeiro
da Pcreat de 1,2 a 1,8 mg/dl. Em Setembro de 2013 foi-lhe diagnosticado adenocarcinoma do lobo superior pulmonar direito. Após
switch de sirolimus para tacrolimus, foi submetido a cirurgia. À data
da alta, a Pcreat de 1,9 mg /dL. Verificou-se aumento da Pcreat
(1,9 para 3,2 mg/dl) e proteinúria de 50 mg/dl. Realizou biópsia
do enxerto renal ao 75.º dia após cirurgia, que revelou nefropatia
ateroembólica. Iniciou 3 pulsos de metilprednisolona e aspirina em
baixa dose. A Pcreat diminuiu rapidamente para 1,9 mg/dl.
A doença renal ateroembólica pode levar à perda do enxerto e a
sua forma de apresentação pode ser precoce ou tardia. O aumento
crescente nas idades dos dadores e receptores tem contribuído para
o aumento da prevalência desta entidade.
CB092
UMA CAUSA RARA DE DISFUNÇÃO DO ENXERTO:
NEFROPATIA DE CILINDROS
Isabel Mesquita, Helena Viana, Marília Possante, Cecília Silva, Inês
Aires, Aníbal Ferreira, Francisco Remédio, Fernanda Carvalho,
Fernando Nolasco
Hospital Curry Cabral do CHLC, Serviço de Nefrologia e
Transplantação, Lisboa, Portugal.
O rim de mieloma pode constituir doença de novo ou recorrência
de patologia de base no enxerto renal. Manifesta-se habitualmente
por agravamento da função renal e proteinúria. O diagnóstico definitivo requer a realização de biópsia do enxerto renal e demonstração de cadeias leves monoclonais no rim.
Descreve-se um caso invulgar de disfunção crónica do enxerto renal
devido a nefropatia de cilindros em doente sem história de mieloma
múltiplo (MM) ou de gamapatia monoclonal prévia ao transplante
renal (TR). Trata-se de uma mulher de 71 anos, HTA, infecção pelo
vírus da hepatite C, DRCT secundaria a ADPKD, transplantada renal
em 1993, após 4 anos e meio de hemodialise. Seguimento regular
na consulta de TR, sob tacrolimus e micofenolato de mofetil, com
valor basal de creatinina plasmática (Pcreat) de 1,2-1,4 mg/dl e sob
estimulador da eritopoietina (EPO). Ao 19.º ano pós-TR, iniciou quadro de astenia, anorexia, perda ponderal, aumento da necessidade
da EPO e agravamento da função renal Pcreat 1,9 mg/dl. Analiticamente, pico monoclonal de novo na electroforese das proteínas.
Foi pedida pesquisa de proteína de Bence Jones, imunofixação sérica e urinária, com resultados compatíveis com gamapatia monoclonal IgA lambda. Realizou biopsia de enxerto que mostrou
nefropatia de cilindros. Iniciou quimioterapia (QT) tripla com dexametasona, melfalan e bortezomib; após 5 ciclos verificou-se remissão completa do MM IgA lambda e retorno da função renal aos
valores basais. Fez-se switch para everolimus, com aparecimento de
proteinúria significativa (2,5 g/dia) após 2 meses da sua instituição,
conduzindo à sua suspensão e reinício de tacrolimus. Actualmente
mantém-se em remissão e com função do enxerto estável.
As doenças linfoproliferativas pós-transplante (DLPT) são uma realidade cada vez mais frequente. O risco de desenvolvimento de MM
de novo pós TR é 4,4 vezes maior do que na população em geral.
A terapia de indução, imunossupressão em alta dose, idade avançada e infecção pelo VHC e Epstein-Barr estão associados ao aumento do risco de DLPT. A conversão a mTOR (anti-proliferativos) e
consequente diminuição ou suspensão de inibidores da calcineurina
parece minimizar impacto das DLPT.
CB093
REJEIÇÃO HUMORAL AGUDA VIH – CASO CLÍNICO
Isabel Mesquita, Cecília Silva, Inês Aires, Marília Possante,
Aníbal Ferreira, Francisco Remédio, Helena Viana, Fernanda
Carvalho, Fernando Nolasco
Hospital Curry Cabral do CHLC, Serviço de Nefrologia e
Transplantação, Lisboa, Portugal.
Antes da era da terapêutica anti-retroviral altamente activa (HAART),
o transplante renal não era considerado uma opção para doentes
renais crónicos infectados com o vírus da imunodeficiência humana
(VIH) devido à elevada morbi-mortalidade associada ao procedimento.
No entanto, na era pós-HAART, os estudos têm demonstrado que a
sobrevida dos receptores e do enxerto renal é semelhante à dos receptores VIH-negativos.
Os trabalhos publicados revelaram no entanto que os doentes VIH
positivos sob HAART podem desencadear uma resposta imune,
apresentando uma elevada frequência de rejeição aguda, que em
algumas séries atingem frequências>50%. As causas são desconhecidas, sendo apontados como factores prováveis os imunológicos, farmacológicos e raciais.
A escolha do esquema de imunossupressão deve minimizar o agravamento da infecção pelo VIH, devendo ser dada especial atenção
às interacções medicamentosas da combinação de HAART e imunossupressores.
Descreve-se o caso de um homem de 53 anos de idade, politransfundido, com infecção VIH sob HAART, com função imunológica
preservada (linfócitos CD4>200 células/mm3) e cargas virais suprimidas que foi submetido a 2.º transplante de rim de dador cadáver (perda do 1.º enxerto por trombose venosa). Apresentava
uma sensibilidade contra painel (PRA) de 13%. Ao 8.º dia pós-transplante, agravamento da função renal (creatinina sérica (Pcreat) 4,2
mg/dl), com aparecimento de títulos elevados de anticorpos contra
dador e positivação de crossmatch. Foi feito diagnóstico clinico de
rejeição humoral aguda, posteriormente confirmada por biopsia do
enxerto, que foi tratada com sucesso com timoglobulina, plasmaferese e imunoglobulina. Manteve cargas virais sempre suprimidas,
com recuperação progressiva dos linfócitos CD4, que atingiram
baixa contagem (1 célula) durante o tratamento. Verificou-se recuperação da função renal, apresentando à data de alta Pcreat de
1,6 mg/dl.
A maior frequência de rejeição aguda nesta população deve condicionar elevada suspeição clinica com monitorização apertada dos
sinais de actividade imunológica e realização de biopsias protocoladas. As rejeições agudas são tratáveis, apresentando resultados
comparáveis aos da população não VIH transplantada.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
CB094
RETRANSPLANTAÇÃO RENAL: PREDITORES DE PERDA DO
ENXERTO
Brigite Aguiar1, L. Santos1,2, F. Macário1,2, C. Romãozinho1,2,
R. Alves1,2, M. Campos1, A. Mota2
1-Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2-Unidade de Transplantação Renal do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Introdução: A retransplantação renal é cada vez mais utilizada devido à melhoria das técnicas cirúrgicas e dos novos protocolos de
imunossupressão. No entanto, a nefropatia cronica do transplante
(NCT) é responsável pela perda do enxerto ao longo dos anos.
Objectivos: Caracterizar os doentes submetidos a segundo transplante renal, comparando com o primeiro transplante, relativamente à etiologia DRC, tipo de transplante, episódios de rejeição
aguda (RA), função do enxerto, TFGe após um ano de transplante,
causa de perda de enxerto (PE);e avaliar os factores preditores para
perda do enxerto a curto e a médio prazo.
Métodos: Realizado um estudo observacional retrospectivo na
nossa Unidade, que incluiu 66 doentes submetidos ao segundo
transplante mas com o primeiro enxerto funcionante durante pelo
menos um ano. A regressão multivariada de Cox permitiu identificar
os factores preditores, usando como modelo: sexo e idade do receptor/dador, tempo em hemodiálise, tipo de transplante, compatibilidades HLA, PRA, dador marginal, episódio de R.A, função do
enxerto, indução, tempo de isquémia fria, etiologia da DRC, tempo
do 1º transplante, tempo de intervalo entre os dois transplantes.
Resultados: Observou-se um ligeiro predomínio do sexo masculino
(58%), a glomerulonefrite crónica foi a etiologia mais prevalente
(36.4%). Em relação ao 1º e 2º transplante renal, os resultados
foram respectivamente: idade média do receptor (27 Vs 38 anos),
dador vivo (7 Vs 5 casos), função do enxerto imediata (53 Vs 46),
média da TFGe ao final do 1º ano (59 Vs 73 ml/min/1.73m2),
doentes com episódio de RA (47 Vs 20), tempo de hemodiálise (26
Vs 98 meses), tempo médio de transplante [78 Vs 63 meses (alguns
doentes ainda em seguimento)]. A principal causa de perda de enxerto foi NCT em ambos os tempos. Não foram encontrados factores preditores para PE a curto-prazo. No 1º transplante os factores
preditores foram a idade do dador e receptor, e a morte por TCE.
No 2º transplante os factores preditores foram função do enxerto,
idade do receptor, e episódio de R.A.
Conclusão: A retransplantação é uma realidade que tem demonstrado bons resultados. A idade do receptor foi o preditor encontrado, quer no primeiro quer no segundo transplante.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB095
TROMBOSE VENOSA TARDIA DO ALOENXERTO RENAL
TRATADA CONSERVADORAMENTE COM SUCESSO
Luciano Pereira, Susana Sampaio, Sofia Marques, Manuela
Bustorff, Manuel Pestana
Unidade de Investigação e Desenvolvimento de Nefrologia,
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Serviço de
Nefrologia do Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal.
Resumo:
A trombose da veia renal do aloenxerto é uma complicação rara
mas grave da transplantação renal. Na maioria dos casos, ocorre
nas primeiras semanas após transplante, mas raramente tem sido
descrita vários anos após a cirurgia. A perda do aloenxerto é o resultado habitual.
Apresentamos o caso de um homem, 52 anos, submetido a transplante renal de dador cadáver, sob imunosupressão tripla (prednisolona, tacrolimus e micofenolato de mofetil). História de rejeição
celular aguda (grau IB da classificação de Banff) ao 7º dia após
transplante e eritrocitose pós-transplante, controlada com flebotomias (a última aos 7 anos de transplante) e lisinopril.
Dez anos após transplante, recorreu ao serviço de urgência por dor
na região gemelar direita e no quadrante inferior direito do abdómen, mais intensa aquando da deambulação, associada a edema
de todo o membro inferior direito. O estudo efetuado evidenciou
hemoglobina de 14.6 g/dl, deterioração da função do aloenxerto
(PCreat de 1.6 para 2.49 mg/dl), ecodoppler do aloenxerto e do
membro inferior direito com sinais sugestivos de trombose venosa
profunda oclusiva ilio-femoro-poplítea-gemelar-tibial posterior, com
71
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
extensão para veia renal do aloenxerto, o que foi confirmado por
angio-TAC. Iniciou hipocoagulação com heparina não fraccionada
e meias de compressão elástica. O doente evoluiu com oligúria e
agravamento progressivo da função do aloenxerto com necessidade de hemodiálise ao D3 de internamento. Ocorreu recuperação
gradual da função do aloenxerto, associado a evidência de repermeabilização venosa no ecodoppler. Teve alta com PCreat de 2.65
mg/dl, sob hipocoagulação oral com varfarina. O estudo pro-trombótico e o despiste de causas neoplásicas foram negativos. Decorridos 15 meses, o doente mantém-se sob terapêutica com varfarina,
não houve recorrência de episódios tromboembólicos e mantém
PCreat estável de 1.6 - 1.8 mg/dl.
A trombose venosa tardia não é sinónimo de perda do aloenxerto
renal. A hipocoagulação pode permitir a repermeabilização da veia
trombosada, com recuperação da função do aloenxerto, mesmo
sem o recurso a trombólise química ou mecânica.
The distinction between HE and a psychiatric condition is sometimes
difficult. Some liver patients end up being medicated with psychiatric
drugs which might worsen their medical state. The main objective
of this study is therefore to try and find correlation between anxiety
and depression symptoms and the presence of HE, in order to better
treat these patients.
Sixty consecutive liver transplant candidates, attending the out-patient clinics of a Liver Transplantation Centre were studied between
January 1, 2012 and December 1, 2012. Each patient was assessed
by means of PHES sub-tests and HADS scale.
We did not find correlation between HE and depression or anxiety
syndromes, but we found statistically significant relation between HE
and isolated depressive symptoms: anhedonia and loss of energy.
These findings may indicate that when in the presence of a HE patient with depressive symptoms, HE directed therapies should be attempted before anti-depressant drugs.
CB096
COMPARAÇÃO ENTRE AS SOLUÇÕES DE PRESERVAÇÃO
HEPÁTICA IGL-1 E HTK, EM TRANSPLANTES DE FÍGADO
COM DOADORES FALECIDOS
Mário Henrique Meine, Maria Lucia Zanotelli, Eduardo
Schlindwein, Ian Lipnitz, Guillermo Kiss, Juliano Martini,
Cláudio Marroni, Ajácio Brandão, Alfeu Fleck Jr., Marcus
Mucenic, Guido Cantisani
Grupo de Transplante Hepático Complexo Hospitalar Santa Casa
de Misericórdia de Porto Alegre
CB098
IMPACTO DA RECONSTITUIÇÃO VENOSA NAS
COMPLICAÇÕES E SOBREVIDA NO TRANSPLANTE DE
FÍGADO INTERVIVOS ADULTO
André Luiz Aleluia da Silva, Alfredo Luiz Jácomo, Edna Frasson
de Souza Montero e Sérgio Mies
Professor Associado da III Clínica Cirúrgica do Departamento de
Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Dúvidas quanto eficácia e efetividade das soluções de preservação
hepática permanecem em evidência. Tempos de isquemia, esteatose, sobrevida de enxertos e receptores, doadores límitrofes e custo
agregado, nos mantem a estudar as soluções de preservação.
Estudo de coorte, prospectivo, entre agosto de 2009 e abril de
2014. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, aleatoriamente,
conforme a disponibilidade da solução. Análise estatística feita pelo
programa SPSS por regressão logística, qui-quadrado e exato de
Fischer.
Neste período realizamos 262 transplantes, sendo 178 em receptores com cirrose pelo vírus da hepatite C ou B, que foram avaliados
nos grupos IGL-1 (113 casos, 63,5%) e HTK (65 casos, 36,5%). As
médias de idade, cor, gênero, escore MELD e incidência de rejeição
aguda, colestase e síndrome de reperfusão dos receptores foram
similares. As médias de idade, cor, gênero, peso, altura, permanência em UTI, escore de risco (Donor Risk Index) e incidência de
esteatose, infecções, parada cardíaca, uso vasopressores dos doadores foram similares entre os grupos. A incidência de delayed graft
function (DGF) foi de 4,5% com IGL-1 e 4,6% com HTK (p=0,90).
A incidência de não funcionamento primário (PNF) foi de 2,7% com
IGL-1 e 3,1% com HTK (p=0,59). A incidência de óbito perioperatório, por qualquer causa, foi de 11,5% com IGL-1 e 13,8% com
HTK (p=0,94). Os tempos de isquemia fria foram de 494 minutos
com IGL-1 e 489 min. com HTK (p>.05). Os tempos de isquemia
quente foram semalhantes (30 min.). As medianas dos níveis séricos
de ALT/AST no 1° dia PO foram 707 e 1185 mg/dl com IGL-1 e
1298 e 2291 mg/dl com HTK (p=,016), e similares no 7°e 15°
dias (p>.05). A sobrevida em 30 meses foi de 86% com IGL-1 e
82% com HTK (p=0,66)
Ambas as soluções usadas tem igual eficácia na preservação de
enxertos hepáticos para transplantes com doadores falecidos. Estudos com maior número de casos são necessários para elucidar
particularidades no uso de cada solução. Disponibilidade de mercado deve guiar sua utilização até o presente momento.
CB097
ANXIETY AND DEPRESSION SYMPTOMS IN HEPATIC
ENCEPHALOPATHY: ARE THEY PSYCHIATRIC OR ORGANIC?
Telles Correia D, Freire MJ, Mega I, Barreira D, Cortez-Pinto H,
Barroso E
Centro Transplantação Hepática, Hospital Curry Cabral e
Faculdade de Medicina de Lisboa
72
Hepatic Encephalopathy (HE) represents a broad continuum of neuropsychiatric abnormalities, from subtly altered mental status to deep
coma, seen in patients with liver dysfunction. HE can mimic all the
major psychiatric syndromes.
Introdução: O transplante intervivos adulto com enxerto de lobo
direito alcança 84% de sobrevida em 5 anos. Abrange hepatopatas
sintomáticos negligenciados legalmente (MELD <11). Reduz a espera e oferece sobrevida similar ao transplante de doador falecido.
Aumenta em 10% a sobrevida em 1 ano dos inscritos. No Brasil é
raramente praticado. A implicação da reconstituição venosa nas
complicações e sobrevida são desconhecidos.
Objetivo: Analisar complicações e sobrevida relacionadas ao tipo
de reconstituição venosa no enxerto do lobo direito.
Métodos: De 2002 a 2006, 140 adultos, com média de 51,5
anos, 69,3% homens, operados no hospital Albert Einstein, São
Paulo, Brasil, foram distribuídos em três grupos de acordo com a
quantidade de anastomoses venosas no enxerto: grupo A- uma
(veia hepática direita), grupo B- duas (Direita e média ou, direita e
direita acessória), grupo C- três (direita, média e direita acessória).
Foram também distribuídos em dois grupos: M- uso da veia média
ou AM- ausência da média. Para análise foram comparadas médias
e percentuais utilizando teste T de student e qui-quadrado considerando p significante <0,05.
Resultado: Na distribuição nos grupos A,B e C. Retransplante
(Retx): A=76x11,8% B=50x16% C=14x1% p=0,8. Insuficiência
renal aguda (IRA): A=76x34,2% B=50x27,7% C=14x50% p=0,6
Hemodiálise (HD): A=76x13,1% B=50x14% C=28,6 p=0,3. Sobrevida>5 anos: A=76x64,5% B=50x78% C=14x57,1% p=0,17.
Na distribuição entre os grupos M e EM. Retx: M=5,6%x67
AM=4,1%x73 p=0,61. IRA: M=67x32,8% EM=73x43,8%
p=0,18. HD: M=67x13,4% EM=73x16,4% p=0,62. Sobrevida>5 anos: M=67x65,7% EM=73x71,2% p=0,48.
Conclusão: O transplante intervivos adulto apresenta resultados
satisfatórios, o tipo de reconstituição venosa do enxerto de lobo direito não influencia as complicações ou sobrevida dos receptores.
Bibliografia
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(North American ed.), v. 2, p. 497, 1989.
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N., Cattral M.S. & Grant D.R. Reduced Mortality with Right-Lobe Living Donor
Compared to Deceased-Donor Liver Transplantation When Analyzed from the
Time of Listing. AM J transplant, 7,998-1002,2007.
CB099
NICOTINAMIDE ADENINE DINUCLEOTIDE (NAD+),
NICOTINAMIDE PHOSPHORIBOSYLTRANSFERASE (NAMPT)
IN ORTHOTOPIC LIVER TRANSPLANTATION IN THE RAT: A
SIRTUIN APPROACH
Eirini Pantazi1, Anabela Rolo2, Mohamed Bejaou1, Emma
Folch-Puy1, Carlos Palmeira2, Joan Roselló Catafau1
1-Institut d'Investigacions Biomèdiques de Barcelona (IIBB), CSIC,
Barcelona, Catalonia, Spain; 2-Center for Neurosciences and Cell
Biology, Department of Life Sciences of the University of Coimbra,
Coimbra, Portugal.
Sirtuin 1 (SIRT1) is a NAD+-dependent deacetylase that regulates
different cellular functions, but there is poor evidence about its role
in liver transplantation. Preservation of liver grafts is a crucial step
for the success of transplantation. Recent studies have shown Institute
Georges Lopez 1 (IGL-1) preservation solution as a good alternative
to University Wisconsin (UW) preservation solution in rat orthotopic
liver transplantation (OLT). Moreover, addition of trimetazidine (TMZ)
in IGL-1 solution has been found to increase liver grafts preservation
in an “ex-vivo” model. In this study, we demonstrate that the addition
of TMZ in IGL-1 preservation solution improves liver preservation in
rats and reduces ischemia-reperfusion injury (IRI) after OLT through
SIRT1 activation. Male Sprague-Dawley rats livers were preserved in
IGL-1 supplemented with TMZ (10-6 M), named IGL+TMZ, for 8 h
at 4°C or in IGL-1 solution alone and then were subjected to OLT.
SIRT1, ac-p53, ac-FoxO1, p-mTOR, p70S6K, autophagy parameters (becline-1 and LC3B), as well as MAPK kinases (pERK, p-p38)
were measured and correlated with liver injury 24 h after transplantation. Results reported here revealed that liver grafts preserved in
IGL-1+TMZ showed lower liver injury when compared to IGL-1
alone. This was consistent with enhancement of SIRT1 expression
and activity (decreases in ac-p53 and ac-FoxO1) and a significant
activation of autophagic pathway. MAPK kinases were also modulated in IGL+TMZ group. Data reported here evidenced that the activation of SIRT1 may be a potential therapeutic strategy to reduce
liver ischemia-reperfusion injury (IRI) associated to OLT.
CB100
RECORRÊNCIA DO CARCINOMA HEPATOCELULAR APÓS
TRANSPLANTE HEPÁTICO: EVITÁVEL?
Carla Madureira Pinto, Filipa Borges, Vítor Lopes, Judit Gandara,
Sofia Ferreira, Jorge Daniel, Helena Pessegueiro Miranda
Centro Hospitalar do Porto, Unidade de Transplante HepatoPancreático
A recorrência do carcinoma hepatocelular (CHC) no pós transplante limita a sua eficácia, variando de 10 a 50% dos casos.
Métodos: Análise retrospetiva dos doentes submetidos a transplante
hepático com diagnóstico histológico de CHC no explante (Março
1996 a Outubro 2013). Analisadas as características demográficas,
laboratoriais e do tumor.
Resultados: Foram transplantados 89 doentes com o diagnóstico
de CHC. A idade média foi de 56 ± 7,2 anos, sendo 91,0%
(n=81) homens. 98,9% (n=88) apresentavam cirrose estabelecida;
cirrose por vírus hepatite C (VHC) 35,9% (n=32), álcool 35,9%
(n=32), vírus da hepatite B (VHB) 15,7% (n=14), VHC e álcool
4,5% (n=4), VHB e VHC 3,3% (n=3), esteatohepatite não alcoólica
2,2% (n=2), criptogénica 2,2% (n=2). A alfa-fetoproteína pré transplante foi inferior a 10 µg/dl em 31,2% (n=5), entre 10 e 100 µg/dl
em 25% e superior a 100 µg/dl 43,8% (n=7). Imagiologicamente
o número médio de nódulos foi de 1,36 ± 0,84, sendo o tamanho
médio de 28,7 mm. No explante o tamanho médio dos nódulos foi
de 38,7 mm, com média de 1,8 nódulos. Na histologia, 35,5 %
(n=6) eram bem diferenciados, 43,8% (n=7) moderadamente diferenciados, 6,25% (n=1) pouco diferenciados, 6,25% (n=1) necrosado e 12,5% (n=2) não especificado; 43,8% (n=7)
apresentavam invasão vascular, sem invasão vascular em 43,7% e
12,4% não referido. 52,8% dos doentes transplantados estão vivos
(n=47). A sobrevida média foi de 32,8 meses, variando entre morte
no pós operatório a 199 meses. Dos 89 doentes transplantados,
houve recorrência do CHC em 17,9% (n=16). A idade média foi
53,7 ± 5,8 anos. A recidiva foi hepática e extra-hepática em 50%
(n=8), hepática 18,8% (n=3) e extra-hepática 25% (n=16). A taxa
de mortalidade foi de 75% (n=12). A recidiva ocorreu em média
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
após 32,2 meses. A sobrevida média após o diagnóstico foi de 5,5
meses.
Conclusão: A sobrevida após a recidiva do CHC é muito inferior
à dos doentes que não recidivaram. A alfa-fetoproteína >100, o
tamanho e número de nódulos no explante eram maiores nos doentes que recidivaram. Havia evidência de invasão vascular no explante em quase metade dos doentes que recidivaram.
CB101
RISCO PERIOPERATÓRIO DE RETRANSPLANTE NA PAF
ADQUIRIDA
C. Rodrigues1, H. Vieira1,2, J. Jesus1, L. Pereira1,2, C. Bento1,2,
C. Seco1,2, F. Pinto1,2, A. Eufrásio1,2, S. Calretas2, N. Silva2, J.
Ferrão2, L. Tomé2, A. Barros2, D. Diogo2, E. Furtado2
1-Serviço de Anestesiologia-CHUC, 2-UTHPA-CHUC.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Introdução: O retrasplante hepático (ReTxH) é o único tratamento
para a disfunção do enxerto após o transplante hepático (TxH) primário1. No nosso serviço 10 doentes foram submetidos a ReTxH
na ausência de doença hepática, após terem recebido um fígado
de dador com paramiloidose familiar (PAF) no contexto de transplante sequencial. Estes doentes desenvolveram sintomatologia relacionada com depósito de amilóide clinicamente semelhante aos
portadores da doença genética.
O nosso objectivo foi comparar as diferenças no consumo de hemoderivados e suporte hemodinâmico no intraoperatório, entre
doentes submetidos a TxH por PAF e doentes com PAF adquirida
submetidos a ReTxH.
Métodos: Foram analisados os registos anestésicas e da unidade
de cuidados intensivos de todos os doentes submetidos a TxH por
PAF e dos submetidos a ReTxH por PAF adquirida desde Janeiro de
2009 a Maio de 2014. A caracterização da população está apresentada em tabela anexa. Os doentes foram divididos em dois grupos: GI doentes com PAF e GII com PAF adquirida.
Os dados foram analisados estatisticamente utilizando o IBM SPSS
22®. Foi analisada a normalidade das amostras (teste ShapiroWilk). Para as variáveis sem distribuição normal (creatinina e INR
pré-operatório, tempo operatório, consumo de eritrócitos, plasma,
plaquetas, fibrinogénio, e utilização de aminas no intra-operatório)
foi utilizado o teste Mann-Whitney U. O valor de hemoglobina inicial, tendo uma distribuição normal, foi analisado com teste t-Student. Foi considerado estatisticamente significativo um valor de
p<0,05.
Resultados: Foram encontradas diferenças estatísticas para o valor
de creatinina preoperatória (p<0,001). O valor de hemoglobina e
IRN preoperatório, consumo de hemoderivados ou suporte aminérgico e tempo operatório não mostraram diferença estatística.
Conclusões: Maiores perdas hemorrágicas seriam esperadas para
os doentes submetidos a ReTxH quando comparados aos que são
submetidos ao primeiro transplante2. A alteração da função renal e a
terapêutica imunossupressora crónica podem contribuir para o aumento das complicações intraoperatórias. Não encontramos diferenças estatisticamente significativas levando-nos a pensar que a PAF
adquirida não parece ser um preditor de risco intraoperatório. As nossas conclusões devem ter em conta o reduzido número de doentes.
1. Transplantation Proceedings, 2014: 45(854-859)
2. Advances in Surgery, 2012:46 (87–100)
Tabelas:
1. Caracterização antropométrica da população
Grupo I
Grupo II
37,5% homens
100% homens
62,5% mulheres
0% mulheres
Idade
35,38 (7,136)
61,90 (6,332)
<0,001
IMC
21,80 (4,628)
25,38 (5,321)
0,039
Sexo
p-value
0,003
2. Valores preoperatórios de hemoglobina (Hb) em g/dL, creatitina (Cr) em mg/dL, e INR. O
valor de hemoglobina é apresentado em média e desvio padrão, o valor de creatitina e INR
em mediana e percentil 25 e 75.
Grupo 1
Grupo 2
Hb
13,67 (1,65)
13,31 (2,28)
p-value
0,651
Cr
0,71 (0,63; 0,81)
1,28 (1,05; 1,71)
<0,001
INR
1,03 (1,00; 1,14)
1,05 (1,00; 1,19)
0,703
73
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
3. Consumo de hemoderivados em unidades de eritrócitos, plasma e plaquetas. O consumo
de fibrinogéneo é apresentado em gramas. O suporte aminérgico refere-se ao uso de 1, 2 ou
3 aminas diferentes. O tempo operatório é apresentado em horas. Os resultados são apresentados em mediana e percentil 25 e 75.
Grupo 1
Grupo 2
Eritrócitos
0 (0; 0,8)
2 (0; 3)
0,121
Plasma
0 (0; 2,3)
0,5 (0; 4,3)
0,303
Plaquetas
0 (0; 0)
0 (0; 1)
0,232
Fibrinogéneo
0 (0; 0)
0 (0; 4)
0,396
Aminas
2 (1; 2)
2 (2; 2,25)
0,132
9,3 (8,1; 10,6)
10 (9,3; 10,8)
0,398
Tempo operatório
p-value
CB102
INTERVENTIONAL RADIOLOGIC MANAGEMENT OF
HEPATIC ARTERY PSEUDOANEURYSMS FOLLOWING LIVING
DONOR LIVER TRANSPLANTATION: A SINGLE-CENTER
EXPERIENCE
Prof. Ramazan KUTLU, MD1; Assistant Prof. Volkan INCE, MD2;
Assistant Prof. Fatih OZDEMIR2, Prof. Burak ISIK, MD2, Prof.
Sezai YILMAZ, MD2
1-Inonu University, Liver Transplantation Institute, Department of
Radiology, Malatya, Turkey; 2-Inonu University, Liver
Transplantation Institute, Department of Surgery, Malatya, Turkey.
Background: Although rare, both extrahepatic and intrahepatic hepatic artery pseudoaneurysms are important and potentially lethal
complication of liver transplantation, which could lead to life threatening hemorrhage and retransplantation, and therefore they should
be treated effectively and in a timely manner.
Patients and Methods: This retrospective study analyzed patients
with hepatic artery pseudoaneurysms developed following living
donor transplantation in a group of 1044 patients in our center between 2005 and 2014. The patients’ demographic characteristics,
presentation, investigations, the technical and clinical success of
treatment and their outcome were studied.
Results: A total of 6 patients (5 male and 1 female) were studied.
Median age was 49 years. All of the 6 patients had endovascular
interventions. The reasons for pseudoaneurysms were as follows:
one post-liver biopsy, two post-biliary interventions, three hepatic artery anastomosis related. A total of 7 procedures were performed.
All embolizations were performed using microcoils. In one case
stent-graft were used. Biodegradable stent assisted coiling were performed in one case. Mortality was 16.6% (n=1) due to bleeding,
and no other complications were seen in other patients.
Conclusion: Interventional radiologic procedures are effective and
important for the management of hepatic artery pseudoaneurysms
in living donor liver transplant patients.
CB103
RECONSTRUCTION OF ANOMALOUS PORTAL VENOUS
BRANCHING IN RIGHT LOBE LIVING DONOR LIVER
TRANSPLANTATION
Sezai YILMAZ, Burak ISIK, Volkan INCE
Inonu University Liver Transplantation Institute Malatya / Turkey
74
Adult-to-adult right lobe living donor liver transplantation (LDLT) has
become popular, because it provides a larger size of liver graft that
is necessary for adult recipients. However, anomalous portal venous
branching (APVB) that results in two venous opening in a right lobe
graft is one of the common anatomic variations encountered during
liver donor evaluation. Several authors reported the incidence of uncommon anatomic variations of the portal vein as % 6 - % 22. Reconstruction of these vessels during transplantation can be
challenging, even donors with such APVB had often been disqualified as right lobe donors. Several reconstruction methods have been
attempted for this anomaly and they enabled use of right lobe liver
grafts from donors with APVB. However, all these surgical techniques
have several pitfolls. Portal vein anatomy is classified according to
Nakamura. In brief, type A, was the usual bifurcation type; type B
was the trifurcation pattern without the trunk of a right branch of the
portal vein; In type C and D, a right paramedian sector branch right
lateral sector branch bifurcates seperately with the left portal vein.
The difference was that the right paramedian branch originated from
the proximal or extraparenchymal site of the left portal vein in type
C, whereas it originated from a distal, or intraparenchymal site in
type D. In type E, branches of segment V and VIII originated seper-
ately from the left portal vein. Descriptions of the techniqual approaches, which are performed to APVB encountered are expressed
below:
a) The donor portal vein branches were obtained with two seperate
openings that were joined. A joined common orifice is anastomosed to the recipients main portal vein Donor portal veins are
divided seperately. Two of 13 cases that performed unification
were died due to portal vein thrombosis of, at least, one sectorial
portal venous branch.
b) Two seperate graft portal veins are anastomosed each to the right
and left portal vein branches of the recipient. We lost one of 3
cases with this procedure.
c) Y graft interposition technique with autologous iliac vein can be
performed for reconstruction in APVB. Of 7 cases with Y graft interposition technique, one was lost and other needed portal vein
anastomosisi revision because of portal vein thrombosis postoperatively.
d) Complicated venoplasties can be performed also. We performed
in 6 patients and 2 were lost
e) In the technique (called as Malatya approach) we suggested, the
parenchymal transection is finished, including right hepatic duct
and right hepatic artery, the right portal branches were excised
seperately with 2 isolated openings 2-3 mm from the confluence.
This left the donor’s main portal vein and confluence intact.
Donor right portal branches were joined with 7/0 prolene sutures,
continuesly. Unification should be performed from closest parts
of both branches, consequently lumens of the branches did not
become narrow. Then, autologous saphenous vein longitudinally
is opened and wrapped to the joined portal vein branches like
circumferential fence. This structure is anastomosed with main
portal vein trunk of the recipient easly. We performed Malatya approach in 73 cases. Only one case had anterior portal vein
thrombosis. This patient was one of the beginning cases and tolerated good because of enough posterior sector volüme of the
right lobe graft.
In the study we present results of various reconstruction methods for
102 APVB in 1100 patients that performed right lobe LDLT. Importantly we emphasize on Malatya approach.
CB104
INCIDENCIA DE SÍNDROME DE BRONQUIOLITE
OBLITERANTE (BOS) E VITAMINA D (VIT D) EM PACIENTES
SUBMETIDOS AO TRANSPLANTE DE PULMAO NO INCORHCFMUSP
Anna Carolina Di Creddo Alves, Priscila Cilene Leon Bueno de
Camargo, Ricardo Henrique Oliveira Braga Teixeira, Marcos
Naoyuki Samano, Paulo Manuel Pego Fernandes
Instituto do Coração – Hospital das Clinicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo - Serviço de Cirurgia
Torácica
O transplante de pulmao e tratamento indicado aos pacientes que
nao respondem ao tratamento otimizado. Complicacoes, como a
BOS, podem acometer os pacientes transplantados, sendo uma das
principais causas de mortalidade. Nos ultimos 2 anos, a relaçao
entre a vit D e as doencas pulmonares, tem sido bastante estudada.
Estudos associam a deficiencia de vit D com BOS.
Objetivo: Correlacionar a deficiencia de vit D com BOS.
Metodologia: Participaram do estudo pacientes submetidos ao
transplante de pulmao de 2003 a 2007 e que permaneceram vivos
ate o termino da coleta de dados, que foi realizada com consulta
aos prontuários. Formam coletados dados da doenca de base, espirometria, diagnostico de BOS e dosagem de vit D. Os pacientes
foram divididos em quatro grupos: sem BOS e sem suplementacao
de vit D (grupo 1); sem BOS e com suplementacao de vit D (grupo
2); com BOS e sem suplementacao de vit D (grupo 3); com BOS e
com suplementacao de vit D (grupo 4). Os dados de espirometria
foram correlacionados com as dosagens de vit D.
Resultados: Participaram 26 pacientes: 11,54% (3) do grupo 1;
26,92% (7) do grupo 2; 26,92% (7) do grupo 3; 34,62% (9) do
grupo 4. Do grupo 1 as doencas de base foram Silicose, Bronquiectasia e Enfisema Pulmonar. 100% não possuiam dosagens de vit D.
Do grupo 2, as doencas de base foram Fibrose Cistica, Bronquiectasia e Linfangioleiomiomatose. 28,58% desses pacientes possuiam
vit D classificadas como insuficiente e 71,42% nao possuiam dosa-
gens de vit D. Do grupo 3, as doenças de base foram Fibrose Pulmonar, Bronquiectasia, Enfisema e Fibrose Cistica. 100% não possuiam dosagens de vit D. Do grupo 4, as doencas de base foram
Enfisema Pulmonar, Bronquiectasia e Fibrose Pulmonar. 11,11%
possuiam dosagens de vit D classificadas como insuficiente e
88,89% nao possuiam dosagens de vit D.
Conclusão: No periodo estudado, a preocupaçao com a dosagem
de vit D nao era presente. A suplementacao acontecia apenas
quando o paciente apresentava deficiencia ou osteoporose. Contudo, nesse periodo não houve obitos, de forma que a falta de suplementacao nao trouxe impacto na sobrevida desses pacientes.
CB105
PERFIL DO DOADOR DE PULMÃO DISPONIBILIZADO NO
ESTADO DE SÃO PAULO ENTRE OS MESES DE AGOSTO DE
2013 ATÉ JUNHO DE 2014
Sousa JMA, Barbosa MRBF, de Paulo ARSA,de Melo JAL, Ohe
LA, Abdalla LG, Fernandes LM, Samano MN, Pêgo-Fernandes
PM
Instituto do Coração do HCFMUSP
Introdução: O transplante pulmonar é a indicação fundamental
para pacientes em tratamento das pneumopatias crônicas em estágio terminal. Existe uma grande disparidade entre os órgãos disponíveis e o número de pacientes aguardando em fila. Em apenas
3,2% dos doadores, os pulmões são utilizados, conseqüência dos
efeitos deletérios da morte encefálica e das complicações relativas
à internação em UTI. Alguns grupos transplantadores têm demonstrado que, através da melhora do cuidado do potencial doador e
da expansão de critérios de seleção é possível aumentar de maneira
seguraa utilização dos órgãos doados.
Objetivos: Caracterizar os doadores de pulmão ofertados, aceitos
ou não, entre os meses de Agosto de 2013 e Abril de 2014 ao Núcleo de Transplantes de Órgãos do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Metodologia: Estudo descritivo e observacional dos dados clínicos
obtidos pelas notificações relacionadas à doadores de pulmão, levando em consideração os critérios-padrão e critérios estendidos,
enviadas pela Central de Notificação, Captação e Distribuição de
Órgãos do Município de São Paulo (CNCDO-SP).
Resultados: Dos 398 doadores, 62,56% eram do sexo masculino,
com idade média 37,2anos. Tendo como média de peso 73,5 Kg
e 168,6 cm de altura. Foi encontrado como tipo sanguíneo mais
comum o tipo O (49,4%), seguido pelo tipo A (38,4%). Em relação
à cor, 63,8% eram brancos, 19% pardos.Dentre as causas mais comuns de morte encefálica, o TCE (44,7%) foi o mais freqüente, seguido pelo AVEH (18,6%). A média de dias de Intubação
Orotraqueal foi de 4,8 dias. Dos doadores, 29,3% eram tabagistas,
sendo que 13,8% com carga tabágica de até 20 anos/maço. O
motivo mais freqüente de recusa dos doadores foram evidências de
infecção (35%), seguido por antecedentes mórbidos (16,7%), entre
eles tabagismo, e alteração de gasometria (15,6%).
Conclusão: Os doadores ofertados são na sua maioria homens
brancos e jovens, do tipo sanguíneo O. A maior parte das recusas
decorreram pela vigência de infecção pulmonar, tabagismo e alteração gasométrica, o que faz levar em consideração, um melhor
cuidado do doador como um fator preponderante na melhora das
condições dos órgãos ofertados.
CB106
STUDY OF BURKHOLDERIA CEPACIA COMPLEX STRAINS IN
LUNG TRANSPLANT PATIENTS: ANALYSIS OF GENOMOVAR
AND MORTALITY IMPACT
D. S. Carraro, S. V. Campos, K. A. Oliveira-Braga,
L. R. Iuamoto, R. M. Carraro, L. C. Oliveira, F. Rossi, E. C.
Sabino, P. M. Pêgo-Fernandes
Thoracic Surgery Department, Heart Institute (InCor), Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Purpose: Suppurative lung disease represented worldwide by cystic
fibrosis has better short and long-term outcomes compared to others
types of lung diseases after transplantation. However, colonization
by Burkholderia cepacia complex is the most serious because it has
been linked with a poorer prognosis after transplantation compared
to those without this infection. Therefore, many transplant centers
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do not list these patients for transplantation. Our aim is to analyze
Burkholderia cepacia complex strains and its clinical impact among
lung transplant suppurative disease recipients of Heart Institute of
Sao Paulo Medical School.
Methods: We prospectively analyzed respiratory tract samples (sputum and bronchoalveolar lavage) of suppurative lung disease patients from January-2010 through November-2013. Since
January-2012, we also analyzed B. cepacia genotype by DNA sequencing primers of the gene recA. Clinical data was collected from
regular medical records.
Results: Forty-seven patients with suppurative lung disease, 20 patients with bronchiectasis and 27 with cystic fibrosis, were selected.
B. cepacia complex was detected in 14 patients (29.8%); thirteen
with cystic fibrosis. B. cepacia complexis more frequent among cystic
fibrosis patients (48.14% vs. 5%) than other causes of bronchiectasis.
Six strains of B. cepacia complex were subjected to genotype analysis,
in which were identified: 2 strains of B. metallica and 4 strains of B.
cenocepacia. No patient with B. cepacia complex died until today
(median time of 678 and 656 days of follow up after transplantation).
Conclusion: The incidence of B. cepacia complex in patients with
suppurative lung diseases in our group is 29.8% from 2010 until
now. B. cepacia complexis more frequent among cystic fibrosis patients than other causes of bronchiectasis. We identified more B.
cenocepacia (genomovar III) in our population but no major health
risks. All patients survived, indicating different clinical outcomes in
Brazilian lung recipients with B. cenocepacia strains.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB107
EX-VIVO LUNG PERFUSION FOR INFECTED DONOR LUNGS
Abdalla, LG; Messias, PM; Vianna, RM; Oliveira-Braga, KA;
Nepomuceno, NA; Fernandes, LM; Samano, MN; PêgoFernandes, PM
Thoracic Surgery Division, Heart Institute (InCor) Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Objectives: Ex-vivo lung perfusion (EVLP) improves lung function of
non-acceptable donor lungs. There is no evidence for using EVLP in
cases of infected lungs. Our aim was to evaluate the efficacy of EVLP
with extended antibiotic strategy in the improvement of lung function
and microbiological profile in infected lungs.
Methods: From August to November/2013, five consecutive donors
with clear signs of pneumonia were included. After harvesting, lungs
were submitted to normothermic EVLP for 6 hours according Toronto
Group protocol. Vancomycin (500mg) was added to conventional
Steen perfusate. PaO2, PvO2, lactate, glucose and vancomycin levels were measured each hour during EVLP. Culture samples of bronchoalveolar lavage, lung tissue and perfusate were also analyzed.
Lungs were classified as potentially acceptable if Delta pO2 of the
perfusate reached 350 after 6h of EVLP.
Results: There was a trend toward better oxygenation after EVLP but
none case exceeded Delta pO2 of 350. There was an important
consumption of glucose and the increase of lactate levels. Although
vancomycin level decreased due to Steen dilution, it remained in
therapeutic levels in all cases. Microbiological panel before and
after perfusion showed a reduction in gram positive bacteria in three
cases. In three other cases, Candida sp or yeasts grew in cultures.
There wasn’t improvement in one case.
Conclusion: Lungs with infection have high consumption of glucose
and increased levels of lactate, suggesting elevated anaerobic metabolism. Positive micological tests show that antifungal agents
should be included. Vancomycin was able to reduce gram positive
bacteria with qualitative improvement.
CB108
EFEITOS DO BASILIXIMABE E DA TERAPIA TRÍPLICE SOBRE A
DEPURAÇÃO MUCOCILIAR DE RATOS
Aristides Tadeu Correia, Francine Maria de Almeida, Afonso da
Silva Alves Bento, Hugo Kenji Matsushima Hirano, Paulo
Manuel Pêgo-Fernandes, Rogerio Pazetti
Laboratório de Pesquisa em Cirurgia Torácica-LIM61, Instituto do
Coração, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo.
Estudos prévios mostraram que as drogas imunossupressoras comumente usadas no transplante de pulmão prejudicaram a depu-
75
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
ração mucociliar das vias aéreas de ratos. O basiliximabe tem sido
usado como terapia de indução antes do transplante pulmonar em
diversos centros ao redor do mundo e com poucos relatos de efeitos
colaterais. Assim, devido à sua alta especificidade e poucos efeitos
indesejados, acreditamos que o basiliximab, diferentemente das outras drogas imunossupressoras, não tem efeito deletério sobre o
aparelho mucociliar. Quarenta ratos Wistar machos foram divididos
em 4 grupos: Controle (água); Basiliximabe; Terapia Tríplice (tacrolimus, micofenolato e prednisona), e Basiliximabe+Terapia tríplice.
O basiliximabe foi administrado em duas doses (1º. e 4º. dia do
estudo). As drogas da terapia tríplice foram administradas por gavagem diariamente por 7 dias, com início no dia da 2ª.dose de basiliximabe. Após este período, a frequência de batimento ciliar (FBC)
e a velocidade de transporte mucociliar (VTMC) foram medidas.
Não houve diferença entre os grupos em relação à FBC. Porém, a
VTMC foi menor nos grupos Basiliximabe (0,87±0,21 mm/min) e
Basiliximabe+Terapia Tríplice (0,80±0,28 mm/min) em comparação com o grupo Controle (1,28±0,21 mm/min) e Terapia Tríplice
(1,17±0,20 mm/min) (p<0,05). Concluímos que o basiliximabe
foi o principal fator de prejuízo da depuração mucociliar por diminuir a VTMC.
CB109
ENFISEMA PULMONAR INDUZIDO POR METILFENIDATO:
ESTUDO EXPERIMENTAL
Gabriel Victor Guimarães Rapello1, Andréia Brochado
Antoniolli1, Daniel Martins Pereira1, Gilberto Facco2, Paulo
Manuel Pêgo Fernandes3, Rogerio Pazetti3
1-Programa de Desenvolvimento e Saúde da Região Centro-Oeste,
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; 2-Universidade do
Estado de São Paulo-Jaboticabal; 3-Instituto do Coração do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, Brasil.
Introdução: O metilfenidato é o medicamento mais utilizado para
o tratamento de déficit de atenção e hiperatividade. No entanto,
tem efeitos colaterais importantes, tais como dor abdominal, insônia, anorexia, perda de apetite, bem como alguns casos de enfisema precoce grave após abuso da droga. Nosso objetivo foi
investigar o desenvolvimento de enfisema pulmonar em ratos submetidos a diferentes doses de metilfenidato.
Métodos: Dezoito ratos machos Wistar foram igualmente divididos
em três grupos: Controle (solução salina 0,9%); MP 0,8 (metilfenidato 0,8 mg/kg); MP 1,2 (metilfenidato 1,2 mg/kg). Após 90 dias
de administração diária da solução salina ou do metilfenidato por
gavagem, os animais sofreram eutanásia. Foram feitas lâminas histológicas a partir das amostras de tecido pulmonar, coradas com
hematoxilina-eosina para análise histológica do diâmetro alveolar
médio (Lm).
Resultados: O Lm foi maior nos animais dos grupos MP 0,8 (47,91
± 3,13 µm, p <0,01) e MP 1,2 (46,36 ± 4,39 µm, p<0,05) em
comparação com os do grupo controle (40,00 ± 3,48 µm).
Conclusão: O metilfenidato causou um aumento no diâmetro alveolar médio de ratos, o que é compatível com as características
histológicas do enfisema pulmonar humano.
CB110
PERFIL INFLAMATÓRIO DE RATOS IMUNOSSUPRIMIDOS:
COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TERAPIAS TRÍPLICES
Francine Maria de Almeida, Maristela Prado e Silva, Angel
Anny Sousa Liu, Sônia de Fátima Soto, Aristides Tadeu Correia,
Paulo Manuel Pêgo-Fernandes, Rogerio Pazetti
Laboratório de Pesquisa em Cirurgia Torácica-LIM61, Instituto do
Coração, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo.
76
Introdução: Na última década, os pacientes receptores de enxerto
pulmonar, na maioria dos centros de transplante, passaram a receber uma nova terapia tríplice imunossupressora, constituída de
tacrolimus, micofenolato e prednisona, no lugar do regime clássico,
formado por ciclosporina, azatioprina e prednisona. No entanto,
diversos estudos ainda questionam as vantagens e desvantagens
dos dois esquemas. Considerando que alterações do número e dos
tipos de células inflamatórias podem indicar a presença de rejeição
do enxerto pulmonar, buscamos verificar o perfil inflamatório sistê-
mico e pulmonar de ratos imunossuprimidos com ambas as terapias
ao longo do tempo.
Métodos: Noventa ratos Wistar machos foram igualmente distribuídos em três grupos: Controle (água); Terapia 1 (tacrolimus +
micofenolato + prednisona); e Terapia 2 (ciclosporina + azatioprina + prednisona). As drogas e a água foram administradas diariamente por gavagem por 7, 15 ou 30 dias. Após esses períodos,
10 animais de cada grupo foram eutanasiados e a contagem de
células inflamatórias realizada no lavado broncoalveolar (BAL), no
esfregaço sanguíneo e no tecido pulmonar.
Resultados: O grupo Terapia 1 apresentou maior número de células totais, neutrófilos e macrófagos no BAL após 15 dias em relação aos demais grupos (p=0,001). Já no esfregaço sanguíneo,
ambas as terapias causaram um aumento do número de neutrófilos
em todos os tempos estudados em comparação com o grupo Controle (p<0,012). Por fim, no tecido pulmonar, o número de células
polimorfonucleares foi maior no grupo Terapia 1 em relação aos
demais em todos os tempos (p<0,020), enquanto ambas as terapias causaram o aumento do número de células mononucleares
em relação ao grupo Controle (p=0,001).
Conclusão: Assim, podemos concluir que as duas terapias, principalmente a Terapia 1, provocam um influxo aumentado de células
inflamatórias no BAL, no sangue e no pulmão de ratos tratados por
até 30 dias.
CB111
AVALIAÇÃO FISIOTERAPEUTICA APÓS TRANSPLANTE
PULMONAR: SEGUIMENTO DE 5 ANOS
Maria Ignez Z Feltrim, Fabio I Rodrigues, Ricardo Teixeira,
Paulo Pêgo-Fernandes
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
Introdução: A inserção da Fisioterapia no programa de TxP completou 10 anos em 2013 em nossa Instituição. Sua atuacao inclui a selecao de candidatos, programa de assistência no pre e pos transplante
e seguimento por avaliação anual ate o 5º. ano pos transplante. Verificar os resultados relativos a evolução dos aspectos físico-funcionais
pode contri=buir para quantificar o sucesso do programa.
Objetivos: estudar a evolução dos aspectos físico-funcionais dos
pacientes transplantados em um seguimento de 5 anos.
Casuistica e Métodos: Pacientes transplantados avaliados no pré
TxP e pós TxP, alta hospitalar, 3º e 6º mês e anualmente ate o 5º.
ano pos TxP. As variáveis estudadas foram oxigenacao, SpO2, frequencia respiratoria, frequencia cardiaca, pressoes musculares respiratorias maximas, e variaveis do teste dos seis minutos, T6M,
distancia e oxigenacao. Analise estatistica realizada por meio de
Anova One Way para medidas repetidas com nivel de significancia
p<0,05. Associacao entre distancia percorrida e dados de funcao
pulmonar foi realizada pelo teste de correlacao de Pearson.
Resultados: Foram acompanhados 117 pacientes avaliados no pre
TxP. Destes, 112 completaram a avaliacao no seguimento de 2
anos; 114 pacientes no 3º. ano; 106 pacientes no 4º. ano e 46
pacientes no 5º. ano. Na avaliacao fisioterapeutica observou-se
elevacao imediata da oxigenacao, 91% para 97%, mantendo-se
elevada ao longo do tempo; a frequencia respiratoria nao se alterou significantemente, 20 para 18; as pressoes musculares respiratorias aumentaram ao longo do tempo; a PIMax a partir do 3º mês
estava significantemente maior do que no pre TxP, enquanto que a
PEMax atingiu diferença estatistica a partir do 1º. ano. No teste dos
6 minutos a distancia percorrida aumentou de 414±122 metros
para 604&#61617;104ms no 3º. mes e continuou aumentando
ao longo dos anos. Desoxigenacao durante o T6M foi observada
a partir do 2º. ano, que se correlaciou com reducao dos valores
espirometricos.
Conclusão: Pacientes em pos-transplante apresentam melhoras
significantes e imediatas nos aspectos fisicos-funcionais que se mantem por 5 anos. A avaliacao fisioterapeutica é um instrumento de
medida desta funcionalidade e auxilia na reorientacao e no reforco
para o auto cuidado.
CB112
TACROLIMO BAIXO ASSOCIADO À EVEROLIMO – UMA
OPÇÃO SEGURA E EFICAZ EM PACIENTES IDOSOS
TRANSPLANTADOS RENAIS
Elias David-Neto, Ana Heloisa Kamada Triboni, Fernanda
Ramos, Fabiana Agena, Nelson Zocoler Galante, Francine
Brambate Carvalinho Lemos, William Nahas
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
Não há regime imunossupressor definido para pacientes idosos transplantados renais. Avaliamos 42 pacientes (90 previstos) com
66±4anos (61-78) em um estudo prospectivo, randomizado, comparando a conversão a nível baixo de Tacrolimo (TAC) (2-4ng/ml) e
Everolimo (3-8ng/ml) (grupo EVL) após o primeiro mês, com a manutenção da TAC regular (5-12ng/ml) e Micofenolato sódico (MPS)
(grupo MPS). Os grupos receberam esteróides e indução com dose
única de ATG (2mg/Kg). Profilaxia para CMV foi dada por 90 dias e
suspensa ao inicio de EVL. Até o momento, 22 pacientes foram randomizados para o grupo MPS e 20 para o grupo EVL, semelhantes
quanto à idade, raça, sexo, diálise, PRA e comorbidades. 90% dos
transplantes foram de doadores falecidos. DGF ocorreu em 12 (29%)
nos dois grupos. De acordo com o protocolo, os níveis sanguíneos
de TAC foram mais baixos no grupo EVL aos 60 (6.4±2.7 vs
9.4±3.1ng/ml, p=0.019) e 180 dias (4.1±1.1 vs 6.3±2.3ng/ml,
p=0.01). Os níveis sanguíneos de EVL foram 6.4±3.8, 3.98±3.58
e 2.82±5.5ng/ml e a dose de MPS foi 1113±340, 1260±272 e
1152±324mg/dia nos dias 60, 90 e 180 dias, respectivamente.
Após um seguimento médio de 311 dias, 1 paciente foi convertido
de EVL para MPS por pneumonia relacionada a mTORi e 1 de MPS
para EVL devido a nefropatia por BK. Houve 37 eventos adversos
graves (19 no grupo MPS e 18 no grupo EVL), 3 mortes no grupo
EVL (2 antes da conversão e 1 após) e 3 mortes no grupo MPS. Rejeição aguda ocorreu em 4 EVL (20%) vs 6 MPS (27%) (p =NS). No
grupo MPS, doença por CMV ocorreu em 3 pacientes e nefropatia
por BKV em 1 paciente, mas nenhum caso no grupo EVL. A eGFR
(MDRD) na conversão (50±25 dias) foi 51±12 vs 41±20ml/min
(p=NS), e a do último seguimento foi de 58±20 vs 47±17ml/min
(p=NS) para os grupos EVL e MPS, respectivamente. Esta análise preliminar mostrou que em pacientes idosos a utilização de TAC
baixo/EVL após o primeiro mês é segura, mantém a eGFR e parece
protegê-los contra infecções virais deste período.
CB113
TRANSPLANTE RENAL DE DADOR VIVO OU CADÁVER:
VARIÁVEIS E OUTCOMES
Guimarães J1, Araújo AM1, Santos F1, Nunes CS1,2, Casal M1
1-Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar do Porto, Porto,
Portugal; 2-DCeT, Universidade Aberta, Portugal.
Introdução: Em Portugal, os órgãos transplantados são provenientes maioritariamente da colheita em cadáver. O transplante renal
de dador vivo (DV) apresenta uma importância crescente pela maior
probabilidade de sucesso do enxerto. O objetivo do presente estudo
consistiu na comparação das características dos doentes transplantados de dador vivo ou cadáver e do seu outcome num centro de
referência.
Material e Métodos: Consulta do processo clínico eletrónico com
registo de variáveis demográgicas, comorbilidades, tempo de isquemia do órgão, tempo de internamento, complicações/reintervenções/ reinternamentos até aos 90 dias pós-operatórios de todos
os doentes submetidos a transplante de dador vivo ou cadáver nesta
instituição em 2012 e 2013. Para a análise estatística dos dados
obtidos foram utilizados testes t-Student e Qui-quadrado.
Resultados: Foram registados 40 transplantes de DV e 113 de
dador cadáver (DC). A média de idades é superior no grupo DC
(49,99 versus 37,28 anos). A maioria dos doentes dos dois grupos
era do sexo masculino. A causa de doença renal crónica mais frequente foi a desconhecida em DC (32.7%) e as glomerulonefrites
em DV (30%). Em DC, o tempo médio de diálise foi superior (5,7
versus 2,2 anos) e 83% destes doentes estavam em programas de
hemodiálise. A percentagem de doentes com comorbilidades era
superior em DC (84% versus 67,5%). O tempo médio de isquemia
do órgão foi superior em DC (1057,7 versus 154,5 minutos). O
tempo médio de internamento foi superior em DC. Neste grupo DC
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há mais complicações pós-operatórias (94% versus 65%). Verificaram-se 7 reintervenções em DV e 14 em DC. Em DC 13,3% dos
doentes foram reinternados; no grupo DV não se registaram reinternamentos. Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas
(p≤0.025) entre os dois grupos para a idade, tempo médio de diálise
e técnica dialítica, comorbilidades e tempo de isquemia. Relativamente às variáveis de outcome avaliadas, verificou-se associação
entre tempo de internamento e complicações pós-operatórias.
Conclusão: Os transplantes de dador vivo apresentaram um outcome superior. Tal como descrito na literatura, as diferenças identificadas na idade, tempo de isquemia, comorbilidades e tempo de
diálise poderão favorecer o seu melhor prognóstico.
Bibliografia
1. Berger, J.C., et al., Living Kidney Donors Ages 70 and Older: Recipient and
Donor Outcomes. Clinical Journal of the American Society of Nephrology,
2011. 6(12): p. 2887-2893.
2. Delanaye P., et al., Outcome of the living kidney donor. Nephrol Dial Transplant,
2012. 27: p 41-50.
3. Guirado L., et al., Why living-donor renal transplant yelds better outcomes than
cadaver renal transplant? Nefrologia, 2008. 28(2): p.159-167.
4. Kute V.B., et al., Outcome of live and diceased donor renal transplantation in
patients aged >= 55 years: A single-center experience. Indian J Nephrol, 2014.
24(1): p. 9-14.
5. Matas, A.J., et al., 2,500 living donor kidney transplants: a single-center experience. Ann Surg, 2001. 234(2): p. 149-64.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB114
RITUXIMAB E IMUNOGLOBULINA HUMANA NO
TRANSPLANTE RENAL
M. Pereira, A. Mirco, D. Machado, F. Falcão
Hospital de Santa Cruz, CHLO, EPE.
Introdução: O transplante renal (TR) é considerado o melhor tratamento para os doentes renais crónicos em estadio avançado, permitindo uma melhoria significativa na qualidade de vida. A escassez
de dadores conduziu à realização do TR de dador vivo, com maior
risco imunológico. Para minimizar este risco, surgiram novos protocolos com fármacos como o Rituximab (RTX) e a Imunoglobulina
humana (IGH). Estes fármacos promovem a redução e manutenção
de baixos títulos de anticorpos no pré e pós-transplante, conduzindo
a uma maior sobrevida do enxerto. Apresentam, no entanto, fraco
nível evidência, apenas suportado por estudos de caso. A sua prescrição é sempre autorizada de forma individualizada pela Direção
Médica/Conselho de Administração de acordo com política de utilização de medicamentos da instituição.
Objectivos: Monitorizar a utilização do protocolo com RTX e IGH
na rejeição humoral aguda no TR de elevado risco
imunológico.Métodos: Estudo retrospectivo e descritivo, nos doentes
com prescrição de RTX e IGH, realizado de Junho 2012 a Abril
2014. Dados obtidos por consulta do processo clínico dos doentes
do HSC, CHLO, EPE: posologia do RTX e IGH, creatinina sérica
(CrS) no 1º, 2º e 3º mês após a aplicação do protocolo (eficácia
terapêutica) e registo dos valores da Hemoglobina (Hg) no 1º, 2º
e 3º dia após administração do protocolo, como avaliação da segurança (efeitos adversos hematológicos relevantes).
Resultados: Foram estudados 24 doentes, 12 do sexo feminino,
média de idades de 48 anos. Todos os doentes fizeram protocolo
com RTX 375 mg/ m2 / dose única e IGH 1g/kg/24h durante 2
dias. Observou-se redução da CrS em 14 doentes (58.3%). Foi verificada redução dos valores da Hg em 9 doentes (37.5%). Dos 24
doentes do protocolo em risco de rejeição, apenas 1 doente (4.2%)
rejeitou o enxerto. A terapêutica foi eficaz em 95,8% doentes.
Conclusões: O protoloco referido parece ser uma terapêutica eficaz e segura na rejeição humoral do TR. No entanto, a reduzida
dimensão da amostra e o elevado custo associado, determina a
necessidade de efetuar mais estudos.
CB115
PROTEINURIA AND CYSTATIN AS PREDICTORS OF GRAFT
OUTCOME IN KIDNEY TRANSPLANTATION
D. Lopes, T. Barra, J. Santos, J. Malheiro, L. Martins,
M. Almeida, S. Pedroso, L. Dias, A. Henriques, A. Cabrita
Nephrology - Kidney Transplant Unit, Centro Hospitalar Porto,
Oporto, Portugal
77
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
Introduction: Although cystatin C (Cys) and proteinuria are predictors of end-stage renal disease in the general population, there are
limited data about the performance of these markers alone or combined with respect to the prediction of the kidney transplant outcome.
Aim: We assessed the ability of creatinine (Cr), Cys, proteinuria, the
logarithm of proteinuria (LogProtU), and two products of these variables for predicting death-censored graft loss (DCGL).
Methods: We enrolled 290 stable KTR visiting our outpatient unit
in June 2010, regularly monitored them until December 2013 or to
graft failure or death, and the following kidney graft markers were
determined: serum creatinine (Cr), serum cystatin and proteinuria
as logarithm, two products of these markers (Cr*LogProtU; Cys*LogProtU). ROC curve analysis of each marker, considered as continuous variable, was performed to determine their DCGL diagnostic
ability. Multivariate Cox regression model (co variables included: receptor age and gender, donor age, dialysis time, acute rejection
during the first year and number of transplant) was used to assess
the association between quartiles of each marker and DCGL.
Results: Mean follow-up (Fup) was 41.9±7.1 months since June
2010, and 19 patients developed DCGL. Ten patients died with a
functioning graft.
By ROC curve analysis, the predictive ability for DCGL was: Cr
87.7%, LogProtU 90.1%, Cys 91.3%, Cr*LogProtU 93.9% and
Cys*LogProtU 95.8% (all p<0.001). After multivariate analysis (Hazards ratios - HR), all the markers were independent predictors for
DCGL (p<0.001), HR: Cr 5.722, Cys 6.748 and LogProtU 7.813.
Conclusions: We found that Cys based markers and proteinuria
performed better than Cr based markers to predict DCGL. The combination of proteinuria with Cr and Cys based markers were better
predictors of graft outcome than those markers alone, being the
product of Cys and proteinuria a better predictor of graft failure.
Our results argue against the use of serum Cr as the sole kidney
function marker in the management of KTR.
DCGL
(n=19)
No DCGL
(n= 271)
P-value
Recipient sex (Female) (%)
42.1
39.1
0.796
Second transplant (%)
12.9
31.6
0.024
First-yr acute rejection (%)
7.4
29.4
0.002
Donor sex (Female) (%)
35.7
35.3
0.972
Donor age (yr)
38.7±16.1
38.7±16.1
0.584
Recipiente age at June 2010 (yr)
54.9±11.3
52.6±13.7
0.414
Dialysis time (months)
80.9±57.4
51.9±52.5
0.045
Fup at June 2010 (months)
97.4±82.2
93.7±78.1
0.839
Fup since June 2010 (months)
24.0 ±10.0
43.1±5.0
<0.001
Cr (mg/dl)
2.36±0.69
1.42±0.48
<0.001
Cys (mg/L)
2.30±0.62
1.32±0.43
<0.001
2.0±0.4
1.2±0.6
<0.001
LogProtU
CB116
APOIO NUTRICIONAL Á CONSULTA DE TRANSPLANTE RENAL
Calha, A; Castro, I; Pinto, D
Hospital Santa Cruz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
78
Na atualidade, são cada vez mais os estudos que demonstram a
vantagem de uma abordagem multidisciplinar, entendendo-se esta
como uma estrutura sinergética em que as várias valências interagem e se completam em prol do alcance do objetivo comum.
A terapêutica nutricional e educação alimentar do doente transplantado renal é uma terapêutica prioritária e coadjuvante na prevenção
secundária da doença cardiovascular, renal e doenças metabólicas
associadas ao transplante e à terapêutica imunossupressora.
Nem sempre, os profissionais de saúde, estão sensibilizados para
a optimização nutricional do doente, preferindo dar-lhes a ideia de
que a sua dieta não tem limitações nem há vantagens nos procedimentos dietéticos. Nesta perspetiva a abordagem nutricional só
faz sentido na óptica da terapêutica nutricional quando o enxerto
já está em falência. No entanto, a prática clinica comprova que a
adesão à dieta é um dos fatores relevantes para o bem-estar e
saúde do paciente; e nesta perspetiva existe a necessidade de planificar, criar e registar a consulta dietética de apoio ao serviço de
transplantação renal (TR).
Nesta comunicação será apresentada a consulta de dietética de
apoio à consulta TR do Hospital Santa Cruz na atualidade e abordado o modo de otimizar o acesso dos doentes a esta consulta.
CB117
IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA EM EQUIPES
MULTIPROFISSIONAIS DE SUPORTE PÓS TRANSPLANTE:
RELATO DE CASO
Isabela Soares de Castro, Paulo Sérgio da Silva Santos, Fábio
Luiz Coracin, Deise de Boni Monteiro de Carvalho, Lúcio Pacheco
Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus
Paciente, 16 anos, sexo masculino, leucoderma. História de transplante renal bem sucedido. No período pós-operatório, aproximadamente 15 dias após transplante, paciente, não respeitou o
repouso de pós operatório e sofreu queda de bicicleta com trauma
abdominal importante que culminou em hematoma perienxerto
com choque hemorrágico, parada cárdio respiratória de aproximadamente 20 minutos e crise convulsiva, tendo sido internado no
centro de terapia intensiva. Os episódios convulsivos bem como o
espasmo em musculatura perioral, resultaram num hábito recorrente e crônico de aprisionamento da língua entre os arcos dentários superior e inferior. Aos 15 dias de internação, paciente
apresentou lesão em porção anterior de língua, de aproximadamente 5 cm em seu maior diâmetro, com sangramento ativo e sinais clínicos inflamatórios. A equipe de Odontologia Hospitalar,
inserida na equipe multiprofissional, realizou intervenção odontológica à beira do leito para remoção do agente traumático e reparo
da lesão. Após moldagem dos arcos, duas placas de silicone foram
colocadas nos arcos dentais e sessões de laserterapia de baixa intensidade, protocolo de 4j/cm2, foram conduzidas diariamente para
otimização do reparo tecidual, alívio da dor e redução do teor inflamatório. Após 10 dias de intervenção, lesão sofreu remissão
completa e paciente passou a exibir certa estabilidade clínica, com
menos drogas vasoativas e anti-convulsivantes. O caso citado ilustra a importância do cirurgião-dentista inserido na equipe multidisciplinar de suporte ao paciente no período pós transplante. A
remissão da lesão e a estabilidade clínica sugerem que a atuação
Odontológica gerou impacto positivo nos aspectos clínicos e laboratoriais do paciente.
CB118
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO CINACALCET NUMA
POPULAÇÃO DE TRANSPLANTADOS RENAIS DURANTE 48
MESES
Tiago Assis Pereira, Ricardo Vizinho, Teresa Adragão, Cristina
Jorge, Patrícia Matias, André Weigert, Margarida Bruges,
Domingos Machado
Serviço de Nefrologia, Hospital de Santa Cruz, Centro Hospitalar
Lisboa Ocidental
Introdução: Não está definida a melhor abordagem do hiperparatiroidismo persistente nos transplantados renais (TR’s). As suas potenciais complicações como a hipercalcémia e a hipofosfatémia
constituem os principais motivos para o uso de calcimiméticos.
Objectivos: Avaliação dos efeitos laboratoriais relativos à doença
mineral óssea (DMO), traduzida por PTHi plasmática, Fosfatase Alcalina(FA), Fósforo(FO), e Cálcio ajustado à albumina (CA) séricos,
bem como função renal, avaliada pela Creatinina sérica (CR) após
introdução e suspensão Cinacalcet(CI) nos TR’s.
Métodos: Estudo observacional baseado num registo clínico de 33
TR’s que iniciaram CI e completaram um follow-up mínimo de 48
meses(M) (máximo 76M), sendo 54.5% do sexo masculino, com
idade média aquando do transplante renal(TxR) de 46.3±11.7
anos, 33.3% sob CI pré-TxR e 15% com paratiroidectomia pré-TxR.
Foram utilizados os teste T de Student e de Wilcoxon, consideradose com significado estatístico se p<0.05.
Resultados: Verificou-se mediana de 29M entre o TxR e o início de
CI (IQ 6.5 a 51). Aquando da instituição de CI, encontrámos os seguintes valores médios: PTHi = 374 mg/dL(± 358) pg/ml, CR
=1,56 (± 0,81) mg/dL, CA =10,9 (± 0,8) mg/dL, FO = 2,8 (±
0,5) mg/dL e FA =138 (± 78) pg/mL. Após o início do CI, verificou-se uma diferença estatisticamente significativa dos níveis de
PTHi, CA e PO, mantida durante os 48M avaliados, com variações
medianas de -56 pg/mL (IQ -107 a +5.5), - 0,9 mg/dL(IQ -1,3 a
– 0,3) e 0,5 mg/dL(IQ 0,2 a 0,9), respectivamente. Este efeito persistiu quando incluídos doentes que suspenderam CI. Não se verificou diferença estatisticamente significativa relativamente à CR e FA.
Após a suspensão do CI, verificou-se um aumento do CA
(p=0,014, variação mediana 0,75), com restantes parâmetros inalterados. Em 87,9% dos doentes houve necessidade de incremento
da dose inicial. Verificou-se a suspensão de CI em 60.6% dos doentes, numa mediana de 40.5M (6.5-51).
Discussão: O CI revelou-se eficaz na melhoria do hiperparatiroidismo, hipercalcémia e hipofosfatémia no período pós-TxR. O efeito
terapêutico persistiu durante os 48 meses avaliados, destacandose a elevação do CA após a suspensão do CI. A biópsia óssea poderá auxiliar a decisão de iniciar e suspender este fármaco.
CB119
TRANSPLANTADOS RENAIS COM SOBREVIDA LONGA
Henrique Silva Sousa, Sara Querido, Rita Birne, Patrícia Matias,
Cristina Jorge, André Weigert, Teresa Adragão, Margaria Bruges,
Domingos Machado
Serviço Nefrologia, Hospital de Santa Cruz, Centro Hospitalar de
Lisboa Ocidental
Introdução: O principal objectivo da transplantação renal é proporcionar aos insuficientes renais longa qualidade de vida. É escassa a bibliografia referente a pessoas que receberam um rim de
cadáver há mais de 20 anos.
Este estudo tem como objectivo analisar os doentes transplantados
há mais de 20 anos no mesmo Hospital, identificando factores de
prognóstico.
Métodos: O estudo é retrospectivo, apoiado numa base de dados
onde são sistematicamente registados dados demográficos, laboratoriais e terapêuticos, bem como intercorrências, causas de falência do enxerto e mortalidade. As rejeições foram diagnosticadas
com base em elementos clínicas e ou histológicos.
Resultados: Foram identificados 181 doentes sucessivamente transplantados com rim de cadáver entre 1985 e 1994; 131 (72,4%)
género masculino, 160 (88,4%) leucodérmicos, com idades entre
os 7 e os 66 anos (média 37,96 ± 12,42 anos).
As principais causas de DRC foram GNC (23,2%), doença hipertensiva (11,6%), ADPKD (7,2%), nefropatia de refluxo (6.6%) e diabetes (5%). Etiologia desconhecida em 12,7%.
Os doentes com 47,52 ± 33,16 meses em TSFR (entre 6 e 180
meses), a maioria em hemodiálise (n= 173; 95,6%).
A imunossupressão inicial mais frequente (n=163; 90,1%) foi CsA
+ AZA + Pred. Nos restantes, apenas se usou AZA + Pred.
O nadir de creatininémia (nos primeiros 12 meses) foi de 1,36 ±
0,7 mg/dL, e 25 (13,8%) desenvolveram diabetes posteriormente.
Dos 181 doentes transplantados, 49 (27,1%) mantiveram função
do enxerto renal > 240 meses, sendo que 9 (18,4%) faleceram
com função renal preservada; 14 (7,7%) doentes mantiveram função do enxerto > 300 meses.
Faleceram 78 (43,1%) doentes e as principais causas foram infecciosas (34.6%), cardiovasculares (25.7% - 9% morte súbita) e neoplásicas (11.5%).
Comparando os 3 grupos (função enxerto >= 240, >= 300 e <
240 meses) e fazendo análise multivariada, observou-se que a sobrevida do enxerto >= 240 meses se associou inversamente ao
nadir da Cr (p=0.050) e ao nº total de rejeições (p<0.001). Por
outro lado, a sobrevida do grupo >=300 meses associou-se inversamente ao nº total de rejeições (p=0.012).
Conclusões: Os dados que se apresentam são semelhantes aos
dos registos de transplantação europeus.
CB120
O QUE É DOAÇÃO E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS?
EDUCANDO ATRAVÉS DA DÚVIDA!
Ana Flávia Zerbin Mazzia, Cátia Maria Scherer Hoppen,
Larissa de Almeida Isquierdo, Marianne Le Bourlegat, Milene
Campanholo Picasso, Natasha Kissmann Raphael Baptista
Gallo, Sérgio Pedro Hattge Júnior, Victória Bernardes
Guimarães, Elizabeth Castro, Clotilde Druck Garcia
UFCSPA – Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto
Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil
Introdução: O transplante de órgãos no Brasil está crescendo, mas
um dos obstáculos é a negativa da população à doação. Assim,
para viabilizá-lo, é indispensável que os profissionais da área da
saúde orientem as pessoas sobre o processo de doação e transplante. Nosso objetivo foi avaliar e elucidar as dúvidas de uma população a cerca do tema.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
Material e Método: A intervenção ocorre em escolas públicas selecionadas pela UFCSPA para a Feira de Saúde, atividade regular
6 vezes ao ano, com a aplicação prévia de um questionário aos
pais, alunos e professores, que se dirigem à área intitulada “Banca
da Doação e Transplante de Órgãos”. As pessoas que procuram a
Banca são submetidas a um questionário sobre doação e transplante de órgãos. As perguntas são: se doariam seus órgãos, se
doariam os órgãos de seus familiares, se sabem o que é morte encefálica, se acreditam na existência do comércio e tráfico de órgãos, se a família necessita autorizar a doação, se tem medo que
seus órgãos sejam retirados antes de morrer, quais órgãos podem
ser transplantados, se conhecem alguma pessoa transplantada e
se aceitariam receber um transplante caso necessário. Após, há esclarecimento ao entrevistado.
Resultados: Em nosso estudo piloto, com n=236, 97% dos entrevistados ouviram falar em doação de órgãos, 80% disseram que
doariam seus órgãos após a morte, 76% disseram que doariam os
órgãos de seus familiares mas 76% afirmaram acreditar na existência de tráfico de órgãos.
Discussão e Conclusões: O elevado percentual dos que acreditam haver comércio de órgãos mostra que esclarecimentos neste
sentido são urgentes e necessários. É nítida a necessidade de educar a população sobre a ética da doação, enfatizando que no Brasil
não há comércio de órgãos. Continuaremos este trabalho questionando e orientando sobre este tema com objetivo de aumentar o
número de doadores.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB121
IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO DE
COORDENAÇÃO INTRA-HOSPITALAR DE DOAÇÃO DE
ÓRGÃOS E TECIDOS EM HOSPITAIS PÚBLICOS DE SÃO
PAULO
Vanessa Silva e Silva, Janine Schirmer, Ana Cristina Carvalho
de Matos, Luciana Carvalho Moura, Bartira de Aguiar Roza
Hospital Israelita Albert Einstein e Universidade Federal de São
Paulo
Objetivo: avaliar o faturamento hospitalar gerado pelos procedimentos referentes à doação de órgãos, pagos pelo sistema público
de saúde, segundo a legislação vigente à época estudada nos hospitais que abrigam o projeto NCAP; verificar as alterações no número de possíveis doadores identificados e efetivados em doadores
e; verificar se o faturamento hospitalar relacionado aos procedimentos de doação de órgãos é compatível com o custeio de recursos humanos da CIHDOTT, conforme portaria n° 2.600/2009.
Método: Estudo Epidemiológico, retrospectivo, transversal,1 realizado com dados de doação de órgãos do Estado de São Paulo e
do projeto NCAP de nove hospitais que tiveram ou têm profissional
exclusivo para a CIHDOTT pertencente ao projeto.
Resultados: houve diferença, estatisticamente significante
(p<0,05), nas análises comparativas antes e após a implantação
do projeto NCAP sobre o número de ME (0,78-1,60%), número de
DE (3,05 - 4,74%) e na taxa de conversão de todos os hospitais
(24,7-34,8%). Quando analisados separadamente os hospitais que
tiveram resultado significante foram o Hospital Municipal Moyses
Deustch (0,58-1,54% – ME), o hospital Regional de Sorocaba
(4,88%-8,35% - ME, 1,02-2,02% - DE), Hospital Mandaqui (1,977,05% - ME, 0,30-2,59% - DE, 11,1% - 35,1% taxa de conversão)
e hospital Regional de Osasco (27,3-46,1% - taxa de conversão),
tais resultados evidenciaram que a presença do especialista representa alteração importante dos indicadores de eficência. Na análise
de regressão logística segmentada analisamos a tendência das
retas com a progressão do tempo tanto para ME quanto para DE
em todos os hospitais estudados, notou-se que houve um salto significativo nos números de ME e DE no mês de entrada do especialista comparado ao mês anterior nos hospitais Mandaqui (4,17 ME)
e Osasco (2,73 ME), Regional de Sorocaba (1,08 DE) e Mandaqui
(1,52DE). Quanto a comparação do faturamento hospitalar notase que de um modo geral houve aumento de 190% no período de
2008 a 2012 (com o projeto NCAP). Analisando separadamente
os hospitais percebe-se que houve aumento do faturamento hospitalar em todos após a implantação do projeto NCAP tendo variado
de 40% a 1955%. Foi feito um levantamento do piso salarial médico e de enfermagem do Estado de São Paulo e identificamos que
em CIHDOTT tipo II, o coordenador pode ser um enfermeiro com
79
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COMUNICAÇÕES BREVES
custo mensal de R$ 1.175,40. Já no caso da CIHDOTT tipo III o
custo médio mensal pode ser de R$ 1.0412,00 para mantermos
um coordenador médico atuando vinte horas semanais exclusivas.
Conclusão: Neste estudo pudemos concluir que a presença do
coordenador intra-hospitalar é benéfica e promissora tanto socialmente quanto financeiramente, pois por meio dos resultados apresentados pudemos observar a nítida melhora no número de
notificações de ME, DE e faturamento hospitalar no período após
introdução do profissional especialista.
CB122
KIDNEY TRANSPLANTATION PROCESS IN BRAZIL
REPRESENTED IN BUSINESS PROCESS MODELING
NOTATION (BPMN)
Alissa Peres Penteado1, Frederico Molina Cohrs1, Anderson
Diniz Hummel2, João Erbs3, Rafael Fabio Macie l4, Cristina
Lucia Feijó Ortolani5, Bartira de Aguiar Roza3, Ivan Torres Pisa1
1-Universidade Federal de São Paulo UNIFESP - Departamento
de Informática em Saúde; 2-Universidade Presbiteriana
Mackenzie - Faculdade de Computação e Informática;
3-Universidade Federal de São Paulo UNIFESP - Departamento
de Enfermagem; 4-Instituto Social de Assistência À Saúde ISAS;
5-Universidade Paulista UNIP - Programa de Pós graduação em
Odontologia - Universidade Paulista.
Abstract:
The entire kidney transplantation process in Brazil is defined through
laws, decrees, ordinances, and resolutions, but there is no defined theoretical map describing this process. Taking into consideration the growing use of process modeling for optimization purpose, it becomes
imperative to create a representation that describes the flow of this
process. The aim of this study was to analyze official documents in order
to construct the kidney transplantation process representation (KTP) in
Brazil using business process modeling notation (BPMN). Also we intend
to identify all information and communication technologies (ICTs) that
support this process. The approach taken for this investigation consisted
of an exploratory observational study with documents and processes
analysis and face-to-face and online surveys with voluntary professionals
specialists. We identified and analyzed 13 official digital documents
(laws, decrees, and ordinances) relating to the kidney transplantation
process in all over Brazil which recommends and specifies rules regarding how the Brazilian national transplantation system operates. The KTP
was created (available at http://telemedicina6.unifesp.br/projeto/kidneytransplant/XIIICLBT/) using Bizagi software version 2.4.0.8. The KTP
consists in 2 complementary process (insertion of new patients in the
national registration system, and the kidney transplant) with 45 knots
(actions, decisions, and events) regarding 6 stakeholders, bypassing the
national transplantation system to the local organization unit. KTP was
preliminarily evaluated using Delphi face-to-face method with 4 transplant specialists. ICT was identified with these specialists. As next step
we consider to perform a national specialists evaluation at June 2014.
We will conduct an online survey to collect 27 specialists’ opinion to
validate the KTP and the ICT mapped. Portugal and California USA
processes will also be represented for comparison till October 2014 to
be part of our results. The main result from this study is the construction
of a representation of the kidney transplantation process in Brazil using
BPMN with ICT identification. This result may help in gaining an
overview of the process and to enable quality improvements analysis.
We acknowledge Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), the
professional specialists involved, and postgraduate scholarship support
by CAPES Brazil.
CB123
MODELO DE COORDENAÇÃO DO GCCT DO CHP-HSA
Fernando Nunes, Rosário Caetano Pereira
Centro Hospitalar do Porto
80
O GGCT do CHP-HSA, ainda sem essa denominação, foi pensado
em 1990 e inserido no criado Departamento de Transplantes, ainda
mesmo antes da regulamentação através do Dec-Lei de 1993.
O objetivo foi reunir no Gabinete as funções de coordenação da
colheita de órgãos e córneas e o programa de transplantação renal.
Actualmente, todos os programas de órgãos e tecidos que o CHPHSA tem para oferecer são englobados no Conselho de Transplantação onde se insere o GCCT.
O Gabinete tem 3 coordenadores de transplantação, enfermeiros
a tempo parcial nesta função, sendo que um destes acumula as
funções de diretor do GCCT. Desde 2009, está também em funções
o coordenador hospitalar de doação. Estes profissionais têm reconhecida competência e certificação da ETCO para o exercício das
funções.
A metodologia de trabalho que sempre esteve presente é uma conjugação do que se denomina de procurement coordination e clinical coordination.
Os coordenadores têm um papel ativo na avaliação do dador, na
interligação entre os cuidados intensivos e as diferentes equipas envolvidas na colheita e na alocação dos orgãos e está em presença
física no bloco no momento da colheita. Salientamos também como
vital o papel pedagógico que desempenham na sensibilização dos
profissionais de saúde para incrementar o pool de dadores
Na coordenação clinica, assumimos o papel de organização das
equipas de transplante e mantemos presença física durante o peroperatório, contribuindo para optimização dos tempos e gestão das
vagas dos doentes transplantados.
Os registos são de primordial importância e a elaboração de relatórios detalhados, bem como o preenchimento de impressos que
possibilitam garantir a rastreabilidade dos órgãos e tecidos transplantados são o culminar do trabalho que se iniciou na avaliação
do dador e no transplante. Toda a actividade é periodicamente monitorizada através de indicadores que permitem identificar oportunidades de melhoria e implementar acções correctivas num
processo de qualidade dinâmico e contínuo.
CB124
EVOLUÇÃO DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NO CEARÁ (BRASIL)
NO PERÍODO DE 2004 A 2013
Eliana Régia Barbosa de Almeida, Ana Carolina de Mello
Nóbrega, Anna Yáskara Cavalcante Carvalho, Lúcio Kildare e
Silva Lima, Michele Renata de Souza, Rosângela Gaspar
Cavalcante, Sânlio Cirne de Oliveira Filho, Regina Cláudia
Melo Fernandes
Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do
Ceará (CNCDO-CE)
Resumo:
O estado do Ceará vem se destacando ano a ano nos resultados
de transplantes no Brasil. Visando entender o crescimento da evolução da doação de órgãos nos últimos 10 anos no estado do
Ceará, realizou-se um estudo retrospectivo, comparando dois períodos consecutivos de cinco anos, de 2004-2008 versus 20092013. Os dados foram obtidos da Central de Notificação,
Captação e Distribuição de Órgãos do Ceará (CNCDO-CE), analisando o número de potenciais doadores, número de doadores
efetivos, a taxa de efetivação e o número de transplantes. O estudo
demonstrou um considerável aumento no número total de notificação de potenciais doadores, de 1055 no período de 2004-2008
para 1920 (82%) de 2009-2013. Além disso o número de doadores efetivos cresceu de 352 para 738, apresentando um aumento
de 111,4%. A taxa de efetivação de potenciais doadores para doadores efetivos foi de 33,36% no primeiro período e de 38,44% no
segundo período. Como resultado o número de transplantes aumentou de 878 para 1928 (119,6%). Houve um aumento significativo no número de potenciais doadores e de doadores efetivos
na segunda metade da década. Houve também um aumento notável no número de transplantes. Esse crescimento das doações e
dos transplantes mostra que as ações que estão sendo implementadas são efetivas para promoção das doações no Ceará.
CB125
DOAÇÃO DE CÓRNEAS EM CORAÇÃO PARADO (CP):
EXPERIÊNCIA DO PRIMEIRO ANO DE PROGRAMA DE
COLHEITAS NO HOSPITAL PROF. DOUTOR FERNANDO
FONSECA
A. Gomes, A. Batista, A. Barradas, A. Domingues,
J Granadeiro, I. Prieto, A.P. Fernandes
Coordenação Hospitalar de Doação, Hospital Prof. Doutor
Fernando Fonseca
Em Portugal a disponibilidade de córneas para transplante mantém-se abaixo das necessidades. A lei 12/2009 estabeleceu o regime jurídico da qualidade e segurança relativa à dádiva, colheita,
análise, processamento, preservação, armazenamento, distribuição
e aplicação de tecidos e células de origem humana. Neste contexto,
o HFF desenvolveu um projeto de colheita e transplante de córneas
numa colaboração conjunta entre a Coordenação Hospitalar de
Doação CHD), e o Serviço de Oftalmologia com o apoio do Gabinete de Coordenação de Colheita e Transplantação (GCCT) do
Centro Hospitalar Lisboa Central.
O ano de 2013 marcou o início deste programa, tendo-se realizado um total de 40 colheitas em CP correspondendo a 79 córneas
colhidas. A idade dos dadores variou entre 30 e os 80 anos, com
uma média de 61.6. 37.5% dos dadores eram do sexo feminino.
Todos os dadores foram avaliados clinica e laboratorialmente pela
CHD antes da colheita sendo rejeitados os que apresentaram condições ou fatores de risco para transmissão de doenças. Do total
de colheitas realizadas 20 foram rejeitadas pelas seguintes razões:
5 baixa celularidade, 7 serologias virais positivas, 5 serologia para
sífilis positiva, 1 infeção do dador por microorganismo multirresistente, 2 por dados de autópsia. A taxa de exclusão foi assim de
50%, ficando acima dos 43.1% da taxa de exclusão de todas as
colheitas do GCCT.
Foram aplicadas no HFF 20 córneas (18 colhidas no HFF) tendo
as restantes sido alocadas pelo GCCT para outros hospitais.
Não obstante a validação dos dadores ser sistematicamente realizada pela CHD, a taxa de rejeição após a colheita foi elevada sobretudo devido a causas infeciosas, o que poderá estar relacionado
com as características da população servida pelo HFF.
A implementação de um programa de colheita de córneas em coração parado não constitui um processo particularmente complexo,
mas deve adaptar-se às características e recursos de cada hospital.
A colaboração e trabalho conjunto com outros hospitais permite a
utilização eficiente dos recursos de modo a que mais doentes possam beneficiar das córneas disponíveis.
CB126
PERDAS DE POTENCIAIS DOADORES DE ÓRGÃOS E
TECIDOS EM HOSPITAL ENSINO POR FALHAS
NOTIFICAÇÃO
Rosane Almeida de Freitas, Cátia Millene Dell Agnolo, Magda
Lúcia Félix de Oliveira, Andresa Marques Cason, Maria
Aparecida Pinheiro da Silva, Elizabete Almeida Benguella,
Sandra Marisa Pelloso, Maria Dalva de Barros Carvalho
Universidade Estadual de Maringá – Hospital Universitário de
Maringá – Programa de Ciências da Saúde – Departamento de
Enfermagem – Comissão Intra Hospitalar de doação de órgãos e
tecidos para transplantes do Hospital Universitário de Maringá
A doação e captação de órgãos e tecidos para transplante deixou
de ser um procedimento considerado de risco, realizado apenas em
doentes de extrema gravidade, para um tratamento eficaz em casos
de doenças terminais (GARCIA, 2006). No Brasil, apenas a partir
da década de 80 é que iniciaram as primeiras notificações, no Rio
de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Falhas na identificação
e notificação de potenciais doadores representam obstáculos à doação, bem como negativa familiar e contra indicações clínicas. Estes
dados dificultam o processo de doação/transplante e podem estar
ligados a deficiências estruturais das instituições ou gestão do sistema impossibilitando a realização de todas as etapas do processo.
Um dos fatores relevantes ao aumento do número de doações pelo
Manual de Transplantes é o empenho dos profissionais de Unidade
de Terapia Intensiva (UTI) e neurologistas, na identificação precoce
de potenciais doadores em estado de morte encefálica. O objetivo
deste estudo foi identificar o número de perdas de notificações de
potenciais doadores, período e setor de ocorrência. Estudo retrospectivo, realizado em um Hospital Universitário de um município do
Sul do Brasil, entre janeiro de 2008 a dezembro de 2013. Ocorreram 31 casos de potenciais doadores, não notificados, sendo 51,6%
no período da noite (das 19h01min às 07 horas); 32,2% à tarde
(das 13h01 às 19 horas) e 16,2% no período da manhã (das
07h01min às 13 horas). O setor com maior falha na notificação foi
o Pronto Atendimento (77,4%), seguido pela Unidade de Terapia Intensiva Adulto (22,6%). Diante do exposto, conhecer as falhas na
notificação de potenciais doadores, horários e setores envolvidos,
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possibilita a elaboração de estratégias direcionada aos profissionais
envolvidos com a doação de maneira a corrigir possíveis problemas
organizacionais e de capacitação profissional.
Palavras-chave: doadores de órgãos; doadores de tecidos; seleção do doador.
CB127
A SURVEY: PERSPECTIVE OF CRITICAL CARE PHYSICIANS TO
BRAIN DEATH PROCESS IN TURKEY
Kahveci E.1, Arsava E M.2, Topcuoglu M A.2, Dominguez-Roldan
J M3
1-Turkish Transplant Foundation, Ankara, Turkey; 2-Hacettepe
University Hospital, Neurocritical Care Unit, Ankara, Turkey;
3-Sevilla University Hospital Virgen Del Rocio, Neurocritical Care
Unit, Sevilla, Spain.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Objective: Critical care physicians play a central role in detection
of possible and potential donors, diagnosis of brain death and declaration of brain death to families in the intensive care unit. Lack of
knowledge, confidence and awareness among critical care physicians in identifying potential donors and communicating with donor
families may explain missed brain death cases and also organ
donors. This study was designed to determine attitudes of critical
care physicians toward donor detection, brain death diagnosis,
donor management, communication with family members and related processes.
Methods: A survey form including a total of 12 multiple-choice,
closed and open-ended questions was distributed to 853 critical care
physicians who were reached and asked to fill the form completely.
The participants were from 59 different cities and hospitals. In total,
127 neurologists, 311 anesthesiologists, 98 neurosurgeons, 73 cardiologists and 244 physicians from other specialities participated.
Results: 628 (75.8%) of 853 physicians participating in the survey
agreed with the concept that brain death is equivalent to medical
and legal death. On the other hand, 215 (25.5%) physicians considered themselves to have enough knowledge and experience in
this field. More than half (501, 59.4%) thought that confirmatory
test should be mandatory in brain death diagnosis. Only 262
(31.4%) physicians considered that medical care and respiratory
support should be withdrawn when organs are not donated.
Conclusion: This study shows that despite the majority of physicians
agree with the concept of brain death, there are issues with various
dimensions of the process. Our findings highlight the necessity for
establishment of national training programs related to brain death
processes.
Key Words: Intensive care physicians, donor detection, brain death
diagnosis, donor management, communication with family.
CB128
ADESÃO AOS TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS DA
PESSOA TRANSPLANTADA AO CORAÇÃO
António José dos Santos Ferreira, Emília Sola, Marta Costa
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Introdução: Depois de transplantado, a qualidade de vida do
doente e o sucesso do transplante dependem, em muito, da adesão
ao tratamento farmacológico. Para além do incumprimento relacionado com a não aplicação das regras prescritas relativas à terapêutica farmacológica, constituem comportamentos não
aderentes, a auto-medicação, não completar o tratamento prescrito, desvios relativamente à dose e à frequência de administração
e a utilização excessiva de medicamentos.
Metodologia: Com a elaboração deste estudo pretendeu-se identificar o nível de adesão aos tratamentos farmacológicos, do indivíduo transplantado há mais de seis meses, analisar a influência
das características sociodemográficas e clínicas com a Medida de
Adesão aos Tratamentos (MAT). Neste sentido, foi desenvolvido um
estudo quantitativo, descritivo-correlacional, entre 2011 e 2012,
recorrendo a uma amostra não probabilística e acidental de 62 indivíduos transplantados ao coração há mais de seis meses. Efetuouse a recolha de dados pela aplicação de um questionário aos
doentes onde se incluía a MAT e a análise documental dos processos clínicos. O projeto de investigação foi encaminhado para apreciação da Comissão de Ética, ao qual emitiu um parecer favorável.
81
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
Resultados: Relativamente à medicação imunossupressora, 8,1%
dos doentes transplantados referem que, houve ocasiões em que
não tomaram a medicação. A MAT permitiu-nos verificar que
69,4% dos indivíduos nunca se esqueceu de tomar os medicamentos prescritos, 38,7% toma sempre a medicação à hora que está
prescrita, 95,2% nunca deixou de tomar os medicamentos depois
de se ter sentido melhor, 93,5% nunca tomou medicação por iniciativa própria, 87,1% afirma que nunca interrompeu a terapêutica
por ter deixado acabar os medicamentos e 91,9% nunca deixou de
tomar a medicação sem indicação médica.
Conclusões: Depois de convertida a MAT e com o objectivo de
captar padrões de adesão, pudemos verificar que apenas um indivíduo, pelo seu padrão comportamental foi categorizado como
“não aderente”. A utilização da estatística inferencial permitiu-nos
ainda concluir que na nossa amostra, a idade, o género, o estado
civil, a área de residência, o tempo decorrido desde a realização
do transplante cardíaco, o IMC e a presença de fatores de risco,
não estão associados à Adesão aos Tratamentos. Apesar de usarem
outros métodos para avaliarem a adesão ou não adesão aos tratamentos, a percentagem de não aderentes aos tratamentos no
nosso estudo é significativamente inferior às percentagens encontradas por outros autores que também desenvolveram os seus estudos em doentes transplantados.
CB129
DIFICULDADES SENTIDAS PELO INDIVÍDUO
TRANSPLANTADO NA GESTÃO DO REGIME TERAPÊUTICO –
UM ESTUDO QUALITATIVO
António José dos Santos Ferreira, Emília Sola, Marta Costa
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
82
Introdução: Com a realização do transplante continuam a persistir
sentimentos de sofrimento e insegurança, relacionados com os tratamentos farmacológicos que têm de realizar diariamente, com os
efeitos nocivos que advém de muitos desses medicamentos, da
dieta rigorosa que têm de seguir, das mudanças no estilo de vida a
que estão sujeitos e na dependência relativamente ao hospital e à
equipa de saúde (Stolf e Sadala, 2006).
Metodologia: Pela necessidade que a pessoa tem em dar continuidade ao regime terapêutico que inicia no hospital depois de realizado o transplante, pretendeu-se com a realização deste estudo,
conhecer as dificuldades sentidas no seu dia-a-dia. Para a concretização deste objetivo, foi colocada uma questão aberta, pedindo à
pessoa que expusesse de uma forma escrita, as dificuldades com
que se deparou após a alta hospitalar, e, que na sua perspetiva, interferiam na gestão do regime terapêutico. Foram obtidas treze respostas, que depois de transcritas para um documento de Word®,
foram analisadas pelo método de análise de conteúdo e organizados em categorias e subcategorias. Foi solicitado o consentimento
informado para a realização do estudo, assim como, respeitado o
anonimato e a confidencialidade na análise e tratamento dos dados.
Resultados: Da análise dos dados qualitativos emergiram três categorias: atividades e horários (três subcategorias); receio de complicações (três subcategorias); autoimagem e interação social (duas
subcategorias). A pessoa transplantada ao coração sente dificuldades na realização das suas atividades diárias (quatro unidades de
registo) e profissionais (uma unidade de registo), programando a
sua vida no dia-a-dia em torno do horário da toma da medicação
(duas unidades de registo). O receio de complicações faz emergir
sentimentos de insegurança (cinco unidades de registo) e as alterações da autoimagem (cinco unidades de registo) revelam um “sentir-se diferente” dos seus semelhantes.
Conclusões: Ter permitido à pessoa expor as dificuldades que sente
no seu dia-a-dia permitiu-nos constatar os vários obstáculos existentes após a realização do transplante. Estes obstáculos ou dificuldades são vistos de uma forma muito pessoal pela pessoa e, por
isso, a necessidade de um cuidar individualizado, contando com a
presença de fatores intrínsecos e extrínsecos, como a família, o ambiente e a comunidade em que o indivíduo está inserido. Como
diria Ferreira (2011), “não há seres humanos iguais (…), por isso,
torna-se impossível formatar uma metodologia de trabalho global
que possa agradar a todos…”.
CB130
HÁBITOS DE VIDA E FATORES DE RISCO DA PESSOA
TRANSPLANTADA AO CORAÇÃO
António José dos Santos Ferreira, Emília Sola, Marta Costa
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Introdução: A adoção de hábitos de vida saudável e o controlo dos
fatores de risco devem ser parte integrante do plano terapêutico dos
doentes transplantados ao coração. O controlo de alguns fatores
de risco, como as dislipidemias e a HTA, para além da terapêutica
farmacológica que lhes está subjacente, não pode ser isolado de
um programa de adoção de hábitos de vida saudável que inclua,
atividade física, alimentação saudável, controlo do stresse e ansiedade e abstinência de drogas como o tabaco e o álcool.
Metodologia: Com o objetivo de conhecer os hábitos de vida do
indivíduo transplantado ao coração, relativamente à alimentação,
aos hábitos tabágicos, hábitos alcoólicos, atividade física e vigilância da saúde, foi realizado um estudo de metodologia quantitativa
e descritiva, recorrendo a uma amostra de 62 doentes submetidos
a transplante cardíaco há mais de seis meses. O instrumento de colheita de dados foi elaborado pelos pesquisadores, tendo em conta
a educação para a saúde que é realizada à pessoa é à família,
abrangendo os seguintes domínios: comportamentos alimentares,
prevenção de infeções e hábitos de vida. Foi solicitado o consentimento informado para a realização do estudo, assim como, respeitado o anonimato e a confidencialidade na análise e tratamento
dos dados.
Resultados: Relativamente aos hábitos de vida, 33,9% dos sujeitos
refere consumir bebidas alcoólicas (vinho e/ou cerveja), sendo que,
mais de metade (52,4%) afirma que consome apenas uma vez por
dia. “Apenas” um indivíduo refere ter voltado a fumar depois de
realizado o transplante. A maioria (64,5%) pratica uma atividade
física, cinco ou mais vezes por semana (53,7%), entre 30 a 60 minutos por dia (62,5%), sendo a caminhada, a prática de atividade
física que tem mais adeptos (65%). Relativamente aos comportamentos alimentares, 19,4% refere que não deixou de consumir nem
diminuiu a ingestão de fritos ou produtos de pastelaria, 43,5% prefere leite gordo ou meio gordo mesmo quando são aconselhados
a consumir leite magro e 12,9% afirma beber frequentemente refrigerantes. Relativamente à prevenção de infeções, 25,8% refere ter
o calendário desatualizado, 9,7% não faz a higiene oral após as
refeições, todos os indivíduos referem que se protegem com máscara sempre que se deslocam ao hospital.
Conclusões: Os resultados obtidos possibilitaram o conhecimento
dos hábitos de vida da pessoa transplantada, o que nos permite direcionar o nosso foco de atenção para áreas mais específicas da
educação para a saúde e, por vezes, negligenciadas. O enfermeiro
deve continuar a investir numa educação para a saúde personalizada, numa relação terapêutica que não julgue ou incrimine a pessoa, mas fornecendo-lhe instrumentos que melhorem a sua
capacidade de adesão a hábitos de vida saudáveis e que lhe permitam, de alguma forma, controlar co-morbilidades associadas à
transplantação.
CB131
DISPOSITIVO DE ASSISTÊNCIA VENTRICULAR ESQUERDA
DO TIPO BERLIM HEART - INCOR
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AMBULATORIAL – RELATO
DE CASO
Fatima D. Cruz, Silvia Ayub, Edimar A. Bocchi
Instituto do Coração - Hospital das Clinicas da Universidade de
São Paulo - Brasil
Introdução: Os dispositivos de assistência ventricular esquerda
(DAVE) estão sendo cada vez mais indicados em pacientes (pts) com
insuficiência cardíaca (IC) refratária, como ponte para transplante
cardíaco (TC), e na presença de hipertensão pulmonar, não responsiva a vasodilatador. O número de pts que se beneficiam tem
se elevado e a assistência de enfermagem é fundamental na orientação, educação e monitorização do paciente e família. O DAVE é
um dispositivo de assistência ventricular esquerda, que gera um
fluxo sanguíneo laminar. O sangue oxigenado vindo das veias pulmonares chega ao átrio esquerdo, e é injetado diretamente na
aorta, sendo direcionado pela cânula do dispositivo para a circulação corporal.
Objetivo: Descrever a experiência do núcleo de IC do Instituto do
Coração – HCFMUSP, na consulta de enfermagem ambulatorial,
educação, orientação e monitorização de um paciente com um
DAVE, totalmente implantável e família.
Métodos: Relato de experiência de um caso inédito no Brasil, ocorrido com um paciente que após ter sido contra-indicado o transplante cardíaco, realizou o implante do DAVE, recebeu alta e
permaneceu em acompanhamento ambulatorial, com reversão do
quadro de hipertensão pulmonar, realizou TC após 421 dias.
Resultados: A enfermeira do ambulatório de IC realizava semanalmente a consulta de enfermagem ao paciente, sendo abordados
os temas: esquema de anticoagulação, orientação do paciente e
cuidador quanto a troca diária do curativo, observando sinais e sintomas de infecção no local da inserção (na suspeita de infecção
era realizada a coleta de culturas); posicionamento adequado e fixação do drive in line; manutenção do equipamento e baterias
(tempo de duração das baterias e recarga); orientações para realização das atividades de vida diária, especialmente quanto à proteção da inserção e das baterias durante o banho; apoio das
necessidades emocionais, assim como disponibilidade para suporte
via contato telefônico.
Conclusões: A educação em saúde paciente possibilitou ao paciente o manejo de cuidados, maior autonomia nas DAVE, receber
apoio psicossocial e ampliou a perspectiva de viver no seu ambiente
social. Para o enfermeiro possibilitou agregar conhecimento à prática clínica e a integralidade do cuidado.
CB132
E DEPOIS DO TRANSPLANTE...
Casimira Carvalho
Centro Hospitalar Lisboa Ocidental – Hospital de Santa Cruz
O transplante é sempre um dos últimos recursos da medicina para
quem já tem um longo percurso de doença e apresenta a falência
de um órgão.
O doente, a família e os amigos já vivenciaram um trajecto de vida
onde o diagnóstico, a doença, o desespero, a esperança e a resiliência se misturam.
Experienciar situações de vida onde estes sentimentos são vividos
na esperança de surgir um órgão compatível, poderá levar o doente
e a família a um enorme sofrimento. Este período de tempo mais
ou menos longo pode transformar momentos de sofrimento e dor
em esperança, com ajuda de profissionais experientes e sensíveis a
estas necessidades.
Como enfermeiros cabe-nos a responsabilidade de ajudar os doentes e as famílias a “agarrar” a esperança de dias melhores.
Durante o nosso percurso profissional, a escuta é um dos instrumentos de que dispomos para ajudar os doentes e famílias. Esta
escuta acrescenta conhecimento às nossas competências, porque
ao ouvirmos os nossos doentes sobre as suas dúvidas, a sua esperança e ou desesperança, medos e receios, com eles aprendemos
muito sobre aquilo que os preocupa, e deste modo acumular experiência para novas situações.
Com base nas nossas escutas tentamos compreender como é viver
o transplante na primeira pessoa.
Foram ouvidos 10 doentes transplantados renais sobre aquilo que
sentiram depois de transplantados e como vivenciam essa experiencia.
Encontramos expressões que agrupamos em categorias tais como:
A liberdade para viajar e gozar férias, A liberdade para Comer e
Beber, e ainda Ocupação /emprego /escola /sociedade.
Para além destas categorias encontramos expressões de medo e receio que demonstram preocupações com o futuro e com o presente, receios sobre o desconhecido, o medo de ter uma rejeição,
de ter infecções, de ter febre, e o medo de se constiparem, porque
“tudo pode mudar de um dia para o outro”.
Na transplantação de dador vivo, a dádiva poderá trazer uma responsabilidade acrescida sobre a preservação da sua vida para além
de cuidar do órgão doado, porque o medo de morrer e causar desgosto ao dador, pode ser uma preocupação como nos revelou um
doente transplantado de dador vivo.
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CB133
CUIDAR DA CRIANÇA COM INDICAÇÃO PARA
TRANSPLANTE CARDÍACO: QUE RESPOSTAS CIRÚRGICAS?
Alda Catela, Clara Vital, Dina Lopes, Joana Silva
Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital de Santa Marta,
Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, Lisboa
O transplante cardíaco é uma opção viável para crianças com cardiomiopatia refratária à terapêutica médica ou malformação cardíaca congénita inoperável.
A transplantação cardíaca pediátrica ocorre em menor número, e
isto está relacionado, não só com o facto da transplantação cardíaca constituir a ultima linha de tratamento, pelas complicações
inerentes à terapêutica imunossupressora ao longo da vida, mas
também, pela dificuldade em encontrar dador em tempo útil, especialmente pelo menor peso e pela menor disponibilidade de dadores compatíveis.
As crianças consideradas candidatas para transplante, para as
quais as opções médicas já foram esgotadas, têm ainda uma opção
cirúrgica: a colocação de um dispositivo de assistência ventricular
paracorporal.
A tomada de decisão de avançar para a realização de qualquer
um dos procedimentos, tem em conta os direitos da criança como
o respeito pelo interesse supremo da criança, o respeito pela sua
opinião, a sua sobrevivência e o seu desenvolvimento.
A existência de uma doença terminal, associada à necessidade de
realização de um transplante ou colocação de um dispositivo de
longa duração, como única forma de sobrevivência, traz à criança
e à sua família momentos de grande angústia, relacionados com
os processos de transição vivenciados que exigem uma intervenção
específica de enfermagem.
Com este trabalho, procuramos dar a conhecer como é feito o seu
acompanhamento, antes e depois do transplante, e de que forma
pode o enfermeiro, enquanto parte de uma grande equipa, contribuir para a melhoria da qualidade de vida destas crianças e das
suas famílias, bem como ser facilitador das transições que experienciam.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Bibliografia:
Fragata, J. (Coord) (2009) Procedimentos em Cirurgia Cardiotorácica. Lisboa:
Lidel.
Green, A., McSweeney, J., Ainley, K. & Bryant, J. (2009) Comparing parents’ and
children’s views of children’s quality of life after heart transplant. J Spec Pediatr
Nurs. 14(1), 49-58.
Green, A., Meaux, J., Huett, A., & Ainley K. (2009). Constantly responsible, constantly worried, constantly blessed: parenting after pediatric heart transplant. Progress in Transplantation. 19 (2), 122-127.
International Transplant Nurses Society (Linda Ohler and Sandra Cupples, Editors).
2008. Core curriculum for transplant nurses. ITNS.
Kirk, R. et al. (2012). The Registry of the International Society for Heart and Lung
Transplantation: Fifteenth Pediatric Heart Transplantation Report – 2012. The Journal
of the Heart and Lung Transplantation. Disponível em: http://www.jhltonline.org.
Meleis, A. (Ed) (2010). Transitions Theory: Middle-Range and Situation-Specific
Theories in Nursing Research and Practice. New York: Springer Publishing Company.
Thelan, L. (Eds) (1996). Enfermagem em Cuidados Intensivos: Diagnóstico e Intervenção. 2ª Edição. Camarate: Lusodidacta.
CB134
READAPTAÇÃO PSICOSSOCIAL E FUNCIONAL DA PESSOA
SUBMETIDA A CIRURGIA DE TRANSPLANTAÇÃO TORÁCICA
Alda Catela, Clara Vital, Joana Silva
Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital de Santa Marta,
Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, Lisboa
A transplantação constitui uma alternativa cirúrgica, em alguns
casos a única alternativa, para que pessoas com doenças terminais
refratárias ao tratamento médico possam sobreviver.
Perante a sua doença crónica, o doente e família passam a integrar
um programa de transplantação que depende de uma infraestrutura
suportada por um atendimento multidisciplinar. Médicos (pneumologistas, cirurgiões, anestesistas), psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, dietistas e enfermeiros passam a fazer parte do seu
acompanhamento.
A transplantação “é um processo e não um acontecimento. É um
processo que continua ao longo de toda a vida do recetor. Apesar
da ênfase que se coloca no ato cirúrgico, é o que o precede e o
que se lhe segue que é, para os pacientes e para aqueles que o ro-
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XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
deiam, o permanente foco de atenção” (Bunzel, 1992 citado por
Tavares, 2004, p.765).
A transplantação exige uma readaptação contínua ao longo da vida
da pessoa transplantada. Será possível contribuirmos enquanto enfermeiros para que esta readaptação seja bem-sucedida? Acreditamos que sim!
No decorrer da sua nova aprendizagem, perante a sua história de
vida, a pessoa transplantada tem a capacidade de se questionar e
consequentemente alterar atitudes e comportamentos que a fazem
sentir-se responsável pelas suas decisões.
Pretendemos com este trabalho dar a conhecer uma das áreas mais
significativas do trabalho do enfermeiro no pós-operatório que é a
Educação Para a Saúde. Esta tem como objetivos ajudar a pessoa
e família a compreender e a lidar com o seu estado de saúde, assim
como, ajudá-la a assumir a responsabilidade no seu autocuidado,
estimulando a sua independência nas diferentes áreas, que passam
pela gestão do regime nutricional, do regime medicamentoso, da
atividade física, da vigilância da sua saúde, entre outras.
É fundamental que o doente encontre sentido para a adoção dos
comportamentos que vão passar a fazer parte da sua rotina diária,
pois só assim será possível, apresentar uma adaptação bem-sucedida à sua nova situação de vida, a nível psicossocial e funcional,
contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida.
Bibliografia:
Bahruth, A. 2004. What every patient should know... pretransplantation and posttransplantation. Critical Care Nursing Quartely [Online], 27:31-60.
Camargo, J. (2003). Simpósio sobre transplantes: Transplante Pulmonar. Revista
AMRIGS 47 (1), 7-13.
Christie, J. et al. (2012). The Registry of the International Society for Heart and
Lung Transplantation: Twenty-ninth Adult Lung and Heart-Lung transplant Report –
2012. The Journal of the Heart and Lung Transplantation. Disponível em:
http://www.jhltonline.org.
Fragata, J. (Coord) (2009) Procedimentos em Cirurgia Cardiotorácica. Lisboa: Lidel.
International Transplant Nurses Society (Linda Ohler and Sandra Cupples, Editors).
2008. Core curriculum for transplant nurses. ITNS.
Meleis, A. (Ed) (2010). Transitions Theory: Middle-Range and Situation-Specific
Theories in Nursing Research and Practice. New York: Springer Publishing Company.
Meyer, S. et al (1996). Postoperative care of the lung transplant recipient. Critical
Care Nursing Clinics of North America. 8(3), 239-252.
Tavares, E. (2004). A vida depois da vida: Reabilitação psicológica e social na
transplantação de órgãos. Análise Psicológica, 4(XXII), 765-777.
Thelan, L. (Eds) (1996). Enfermagem em Cuidados Intensivos: Diagnóstico e Intervenção. 2ª Edição. Camarate: Lusodidacta.
CB135
DOAÇÃO/TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS NO CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO NA GRADE CURRICULAR DO CURSO DE
ENFERMAGEM
Elton Carlos de Almeida1, Sonia Maria Villela Bueno2, Vanessa
Denardi Antoniassi Baldissera3, José Renato Gatto Junior4,
Rosane Almeida Freitas5
1-Enfermeiro, Mestre em Ciências, doutorando em Ciências na
EERP-USP, pesquisador do GEPES; 2-Doutora, Professora
Associada na EERP-USP, coordenadora do grupo de pesquisa
CAESOS e pesquisadora do GEPES; 3-Doutora, Professora
Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade
Estadual de Maringá, líder do GEPES; 4-Enfermeiro, estudante de
doutorado direto em Ciências na EERP-USP; 5-Enfermeira do
Pronto Atendimento – Hospital Universitário de Maringá,
Coordenadora da CIHDOTT, Mestre em Ciências da Saúde pelo
Programa de Ciências da Saúde - Universidade Estadual de
Maringá.
84
No processo de doação de órgãos vale refletir sobre a vulnerabilidade do profissional, assim como, pensar sobre as feridas emocionais, que a morte do outro pode causar no profissional enfermeiro.
Nesse processo, o significado de morte é rodeado por conceitos
divergentes. E alguns profissionais a percebem como finitude da
vida, perda, o que desencadeiam sentimentos tristeza e medo, e ao
mesmo tempo, observam a morte como possibilidade de vida ao
paciente que aguarda por um órgão. Nas palavras de Lima (2012)
os enfermeiros comportam-se como se houvesse vínculo diante do
outro que morreu, o que leva a pensar que o enfermeiro identificase com o doador pela sua condição de ser humano. Assim, nas palavras de Almeida (2011) é de grande relevância refletir sobre como
é o preparo emocional, durante a graduação, para a temática em
foco, visto que há sentimentos distintos que podem afetar a saúde
mental do profissional envolvido. E na busca de melhor compreensão desse preparo, analisamos o conteúdo programático da grade
curricular do curso de enfermagem de uma Universidade Estadual
localizada no Noroeste do Paraná/Brasil, o que faz parte da Tese
de um Doutorado. Dos resultados, observou-se que, no 1º ano,
das 14 disciplinas, somente imunologia aborda o tema
doação/transplante de órgãos. No 2º ano, de 12 disciplinas nenhuma trabalha a temática. Entre as 12 disciplinas do 3º ano, o
conteúdo Aspectos Éticos do Transplante de Órgãos é mencionada
na disciplina Bioética e Exercício Profissional. Em relação ao 4º ano,
as atividades são voltadas aos estágios curriculares supervisionados, método de pesquisa e trabalho de conclusão de curso. Assim,
torna-se necessário reforçar a importância de incluir nas grades
curriculares temas relacionados à doação/transplante de órgãos.
Visto que, existem disciplinas que podem discutir essa temática.
Palavras-Chave: Doação de órgãos, Doação dirigida de tecido,
Enfermagem.
Referências Bibliográfica:
ALMEIDA, E. C. Doação de Órgãos e visão da família sobre atuação dos profissionais neste processo: revisão sistemática da literatura brasileira. 2011. 97 p.
Dissertação (mestrado em ciências) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
LIMA, A.A.F. Doação de órgãos para transplante: conflitos éticos na percepção
do profissional. Rev. O Mundo da Saúde. São Paulo, v.36,n.1, p.27-33, 2012.
CB136
TRANSPLANTE DUPLO FÍGADO-RIM NA HIPEROXALÚRIA
PRIMÁRIA TIPO 1 – DESFECHO IMPREVISÍVEL NUM CASO
CLÍNICO RARO
Rita Leal1, Telma Santos1, Cecília Santana1, Lídia Santos1,2, Ana
Galvão1, Fernando Macário1,2, Susana Calretas3, Emanuel
Furtado3, Alfredo Mota2, Mário Campos1
1-Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2-Serviço de Urologia e Transplantação renal do
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; 3-Unidade de
Transplantação Hepática do Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra.
Resumo:
A hiperoxalúria primária tipo 1 (HP 1) é uma doença autossómica
recessiva rara causada por um defeito da enzima hepática alaninaglioxalato aminotransferase. Caracteriza-se pelo aumento da síntese de oxalato com evolução para doença renal crónica terminal
(DRCT) e subsequentemente deposição sistémica de oxalato de cálcio. O tratamento definitivo aceite na atualidade é o transplante
hepático ou duplo fígado-rim quando já existe DRCT colmatando
o defeito enzimático base e a disfunção renal.
Reportamos o caso de uma doente com história de litíase renal bilateral e nefrocalcinose desde os quatro anos de idade e que aos
32 anos apresentou um declínio rápido da função renal com necessidade de entrar em programa regular de hemodiálise. O estudo
etiológico da DRCT levou ao diagnóstico de HP1 e a doente foi
proposta para transplante duplo fígado-rim, apresentando já oxalose sistémica.
Foi submetida a transplante duplo de um dador cadáver com 27
anos de idade, morte por AVC hemorrágico, com 0 compatibilidades em DR e em AB. A cirurgia decorreu sem complicações, realizou-se hemodiafiltração contínua intraoperatória e pós-operatória
e objetivou-se diurese imediata. A imunossupressão de indução foi
realizada com Basiliximab, metilprednisolona, tacrolimus e acido
micofenólico.
Manteve-se em hemodiálise diária e posteriormente em dias alternados para remoção dos oxalatos sistémicos concomitantemente
com hidratação e alcalinização urinária. A creatinina sérica estabilizou em 0,8mg/dL com enzimas de citólise e colestase hepática
discretamente elevadas. Os valores de oxalémia no plasma pós
transplante reduziram significativamente (160 para 32 mcmol/L) e
os valores oxalúria foram variáveis consoante a frequência da hemodiálise. Foi submetida a biopsia renal ao 2º mês que não revelou
alterações. Verificou-se uma melhoria evidente do seu estado geral
com diminuição marcada das queixas álgicas e autonomia completa para as atividades de vida diárias.
Apesar do transplante duplo fígado-rim ser considerado o tratamento de eleição em doentes com HP1 e DRCT existem poucos
dados na literatura, principalmente em adultos. Com o maior conhecimento desta doença rara será possível realizar mais estudos
comparativos que ajudarão à tomada de decisões nomeadamente
como evitar a recorrência de oxalose no enxerto e qual a melhor
técnica de transplante duplo: sequencial ou concomitante.
CB137
INDUÇÃO DE NEFRITE TÚBULO INTERSTICIAL CRÔNICA
COM PRESENÇA DE FIBROSE POR ADIÇÃO DE ADENINA
NA DIETA - ESTUDO PILOTO
Bárbara Bruna Abreu de Castro, Wander Barros do Carmo,
Luísa Cardoso Manso, Paulo Giovanni de Albuquerque
Suassuna e Hélady Sanders Pinheiro
Universidade Federal de Juiz de Fora – Centro de Biologia da
Reprodução (Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Animais de
Laboratório – NIDEAL e Núcleo Interdisciplinar de Estudos e
Pesquisas em Nefrologia – NIEPEN)
Introdução: A doença renal crônica é resultado de vários tipos de
lesão e sua patogênese envolve inflamação que progressivamente
evolui para a fibrose. No transplante renal a principal causa da
perda do enxerto é a injúria crônica do enxerto que têm os mesmos
achados morfológicos da doença renal crônica de outras etiologias.
São vários os modelos experimentais que possibilitam o estudo da
fibrose renal. O modelo induzido pela adenina na dieta causa nefrite túbulo intersticial (NTI) que progressivamente evolui para a fibrose. O objetivo foi reproduzir o modelo experimental de nefrite
túbulo intersticial crônica com a presença de fibrose oferecendo
dieta rica em adenina.
Métodos: Foram utilizados 12 ratos Wistar, com 8 semanas, divididos em dois grupos: Controle e NTI. Grupo Controle recebeu
ração convencional e o grupo NIT ração com adenina a 0,75%,
por 4 semanas e durante as 2 semanas seguintes, ração suplementada com 0,1% de adenina, com objetivo de promover disfunção
renal importante e sustentada. Foram realizadas avaliações ao final
da 4ª e 6ª semanas. Os animais foram pesados semanalmente e a
diurese, consumo de água e ração foram mensurados em gaiolas
metabólicas. A função renal foi avaliada pela creatinina e depuração da creatinina (Dep C). O tecido renal foi avaliado pela coloração de HE e Sirius Red (SR) e quantificada a área corada/área
total do campo.
Resultados: No grupo NTI houve perda de cerca 30% do peso, redução do consumo de ração, aumento da ingestão hídrica e da diurese. Observamos disfunção renal com redução da Dep C nos
tempos avaliados e pico de creatinina na 4ª semana (NTI
3,32±0,32mg/dl vs. Controle 0,54±0,08mg/dl, p<0,05). Os rins
do grupo NTI apresentaram cristais intratubulares, com dilatação dos
túbulos, atrofia do epitélio, infiltrado e expansão intersticial. A percentagem mediana de fibrose nos pontos avaliados foi 14,7% (0,0233,0), e 9,9% (0,0-28,2), com 4 e 6 semanas respectivamente.
Conclusão: a modificação com adição de adenina na dieta desencadeou lesão renal túbulo-intersticial caracterizada por alteração
funcional e presença expressiva de fibrose, mostrando-se assim útil
na investigação de mecanismos envolvidos na lesão renal crônica.
CB138
CASE REPORT: INTERACÇÃO TACROLIMUS/DARUNAVIR EM
DOENTE HIV POSITIVO TRANSPLANTADO RENAL
M. Pereira, A. Mirco, D. Machado, F. Falcão
Hospital de Santa Cruz, CHLO, EPE
Introdução: A literatura sugere que o transplante renal (TR) parece
ser uma alternativa segura como terapêutica de substituição renal
em doentes seropositivos para o virus da imunodeficiencia humana
(HIV+). A highly active antiretroviral therapy (HAART) veio reduzir a
mortalidade e aumentar a sobrevida dos doentes HIV+, incluindo
os doentes com doença renal crónica secundária à infecção pelo
HIV. Os critérios para considerar os doentes HIV+ elegíveis para o
transplante renal são: contagem de CD4 > 200 células/mm3,
carga viral HIV (CV HIV) < 50 cópias de RNA/mL e tratamento com
HAART pelo menos seis meses antes do TR. Não existe consenso
sobre qual o melhor esquema HAART e imunossupressor a utilizar.
As possíveis interacções entre imunossupressores e antiretrovirais,
tornam essencial a monitorização dos níveis séricos dos imunossupressores.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
Objectivos: Descrever uma interacção Tacrolimus(TAC)/Darunavir
(DRV) em doente HIV+ após TR.
Métodos: Recolha de dados no processo clínico:terapêutica imunossupressora e antiretovírica, CV HIV, contagem CD4, creatinina
sérica (CrS) e níveis séricos do TAC (margem terapêutica:10-20
ng/ml).
Resultados: Doente sexo masculino,65 anos, HIV+ em dialise peritoneal há 4 anos. Apresenta no pré-TR CD4: 507 celulas/mm3 e
CV HIV negativa (<20 cópias RNA/mL) e CrS:10.81mg/dl. Antiretrovirais: Lamivudina150 mg/d; Etravirina 200 mg 2xd, DRV 600
mg 2xd e Ritonavir 100 mg/d. A 16/04/2014 fez terapêutica préTR com Basiliximab+TAC+Micofenolato de mofetilo (MMF)+Metilprednisolona. Após TR iniciou TAC 2 mg/d, MMF 1000 mg/ 2xd
e Prednisolona 5 mg/d. Os níveis séricos do TAC obtidos foram >
30 ng/ml, 5 dias após TR, com CrS:1.54 mg/dl. Suspeitou-se de
interacção DRV/TAC, dado que o DRV sofre metabolização pela via
CYP450 3A4 e funciona como inibidor do metabolismo do TAC,
originando aumento dos níveis séricos. O TAC foi suspenso e a dose
de DRV ajustada para 800 mg/dia. Foram obtidos níveis dentro da
margem terapêutica 7 dias após a suspensão do TAC(12.5
ng/ml).O doente teve alta com CrS de 1.44 mg/dl,TAC 0.5 mg de
12h/12h e DRV 800 mg/dia.
Conclusões: No transplante renal em doentes HIV+ é importante
monitorizar as interacções entre os fármacos imunossupressores e
antiretrovirais de forma a optimizar a terapêutica e evitar a rejeição
precoce do enxerto.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB139
O TRANSPLANTE RENAL E A HEPATITE B
A. Atalaia, M. Pereira, L. Calixto, T. Laranjeira, A. Mirco,
D. Machado, F. Falcão
Hospital de Santa Cruz, CHLO
Introdução: A hepatite B (HB) é um factor de risco da disfunção
hepática em transplantados renais (TR). O uso de terapêutica imunossupressora (TI) pode alterar a evolução da história natural da
infecção pelo vírus da hepatite B (VHB), com evolução mais rápida
da lesão hepática, na medida em que possibilita uma maior replicação viral ou, alternativamente, uma diminuição da resposta inflamatória e assim da agressão tecidular. O entecavir (ETV)
representa uma opção terapêutica pelo menor risco de nefrotoxicidade e resistência à terapêutica antivírica (TA). A duração da TA
não está bem estabelecida. Os níveis séricos de DNA VHB e da ALT
deverão ser monitorizados para avaliar a eficácia e detectar resistências à TA.
Objectivos: Caracterizar os TR com HB relativamente à TI e TA e
as suas consequências na função renal e carga viral.
Métodos: Estudo retrospectivo, descritivo, que incluiu TR com HB
seguidos na consulta de hepatologia do Hospital Santa Cruz,
CHLO, entre Janeiro 2006 e Dezembro 2013. Os dados foram obtidos por consulta do processo clínico e dos registos farmacoterapêuticos existentes nos Serviços Farmacêuticos: idade, sexo, data
do transplante renal, TI, posologia do ETV, creatinina sérica, ALT e
carga viral.
Resultados: Foram analisados 15 TR, 73% sexo masculino (n=11),
sendo a média de idades 48,47 anos (desvio padrão +/-17). Todos
os TR tinham infecção crónica pelo VHB e efectuaram TA com ETV
de 0,5 a 1 mg de 24/24h ou de 48/48h. Não estão descritas interacções medicamentosas entre o ETV e os diferentes esquemas de
TI. Após um seguimento de 3, 6, 12 e 24 meses não se verificaram
alterações relevantes na creatinina e os níveis de ALT apresentavam-se dentro dos limites normais. A terapêutica com ETV foi associada a uma redução na carga viral de DNA VHB para níveis <20
IU/ml em 60% dos doentes (n=9), após um acompanhamento
médio de 24 meses.
Conclusões: Da avaliação dos dados conclui-se que a evolução
dos doentes analisados e&#769; concordante com a bibliografia
consultada, ou seja, o ETV tem um bom perfil de segurança e eficácia em doentes TR HBV+. No entanto, deverão ser realizados
mais estudos para suportar esta utilização.
85
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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COMUNICAÇÕES BREVES
CB140
POLICITEMIA EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL:
INCIDÊNCIA, FATORES DE RISCO E IMPLICAÇÕES
PROGNÓSTICAS
André Luis Bastos Sousa, Marcos Vinícius de Sousa, Gabriel
Giollo Rivelli, Marilda Mazzali
Disciplina de Nefrologia - Faculdade de Ciências MedicasUniversidade Estadual de Campinas
Objetivo: Avaliar a incidência de policitemia (PPTx) em transplantados renais no primeiro ano pós transplante. Descrever o perfil de
pacientes que desenvolvem PPTx, identificar fatores de risco e avaliar implicações prognósticas.
Metodologia: Estudo retrospectivo, observacional, incluindo receptores de transplante renal entre 01/01/2010 e 31/12/2010,
com idade > 18 anos e com acompanhamento pós transplante >
6 meses. Foram excluídos pacientes com DPOC, tabagismo ativo
e Eritrocitose secundária. Para análise, os pacientes foram divididos
em 2 grupos: Policitemia (PPTx): Hb> 18g/L ou htc > 51% (homens) ou Hb> 17g/L ou Htc > 50% (mulheres). PPTx grave foi definida como hb > 18,5g/L ou htc >55% e/ou necessidade de
flebotomias. Grupo controle (CTL): Hb < 18g/L ou htc < 51% (homens) e hb<17g/L ou ht < 50% (mulheres). Parâmetros avaliados:
dados demográficos, eventos tromboembólicos, hemoglobina, hematócrito e creatinina sérica, terapêutica e evolução.
Resultados: 122 pacientes, com idade média de 47 ± 12 anos,
maioria homens (n=77, 63,1%) e receptores de doador falecido
(95%) preencheram os critérios de inclusão. Destes, 17 (14%)
preencheram os critérios para PPTx (Hb=17,3 ± 0,6 g/L; Htc=
53,4 ± 1,9%), diagnosticada 9 ± 5 (3-24) meses pós transplante.
Seis pacientes, classificados como PPTx grave, não apresentaram
fenômeno tromboembólico grave e/ou necessidade de flebotomia.
Cerca de 62% dos pacientes apresentavam função renal estável
(creatinina < 1,6 g/L) após 6 meses de acompanhamento. O tratamento foi realizado com iECA e/ou aminofilina em 12/17 pacientes, com resposta completa em 8 casos. Dos 5 pacientes não
tratados, 4 evoluiram com remissão completa. Comparado aos
controles, não observamos diferença significativa nos parâmetros
demográficos, pressão arterial, função renal, diabetes ou tabagismo
pré transplante e/ou terapia imunossupressora. O grupo PPTx evoluiu com recuperação mais rápida dos parâmetros hematimétricos,
comparado ao CTL. Não houve diferença significativa entre os grupos para os desfechos de perda de enxerto e morte em 3 anos,
porém houve tendência a perda mais precoce no grupo controle.
Conclusão: A incidência de policitemia foi de 14%, menor que a
reportada por nossa série histórica, de 33%. Níveis de hemoglobina
próximos ao normal, no 1o. Mês pós transplante foram marcadores
precoces de PPTx.
CB141
DOENÇA DE CHAGAS APÓS TRANSPLANTE RENAL: RELATO
DE DOIS CASOS
Cynthia Keitel da Silva, Daniela Carlotto Seelig, Gisele
Meinerz, José Antônio Tesser Poloni, Cláudio Stadnik, Elizete
Keitel e Valter Duro Garcia
Santa Casa de Misericordia de Porto Alegre, Serviço de
Nefrologia
86
Mulher de 37 anos, afrodescendente com história de necrose cortical após pré-eclâmpsia, foi submetida a transplante renal com
doador falecido em maio de 2013. Ela estava em programa de hemodiálise desde agosto de 2011. Seu PRA era negativo, assim
como suas sorologias.
O doador tinha 33 anos, masculino, falecido por traumatismo crânioencefálico, com creatinina de 1,1 mg/dL e sorologia positiva
para doença de Chagas.
Recebeu basiliximabe, micofenolato sódico, tacrolimus e prednisona
como regime imunossupressor. Ela apresentou uma boa evolução
clínica, sem necessidade de hemodiálise após o transplante.
Um mês após o transplante, foi admitida no hospital com história
de 3 dias de febre noturna. O exame físico era normal.
Durante análise do sangue e urina, foi encontrado um grande número de parasitas morfologicamente semelhantes ao Trypanosoma
cruzi tripomastigoto. Este achado foi confimado por cultura.
A paciente recebeu tratamento com benznidazol e agora apresenta
boa função renal sem sinais de recorrência da doença.
O receptor do outro rim do mesmo doador encontra-se sem evidência clínica de doença de Chagas.
Homem de 52 anos, branco, em hemodiálise desde 2010 por
doença renal de causa desconhecida. Foi submetido a transplante
renal com doador falecido em março de 2014. PRA classe I negativo e classe II 60%, sem DSA. Sorologias negativas.
Doador masculino, 56 anos, óbito por causa cerebrovascular, creatinina 2,4 mg/dL, com sorologia positiva para doença de Chagas.
Recebeu basiliximabe, tacrolimus, micofenolato sódico e prednisona
como imunossupressores.
Apresentou boa evolução clínica após o transplante.
Após 37 dias de transplante iniciou com febre baixa, prostração e mialgias. O esfregaço de sangue periférico mostrou Trypanosoma cruzi.
Foi iniciado tratamento com benznidazol com boa resposta clínica.
Ambos os pacientes foram informados sobre o baixo risco de transmissão da doença e assinaram o termo de consentimento.
A doença de Chagas é endêmica na América do Sul e devido a oferta
reduzida de órgãos, estes doadores podem ser utilizados com baixo
risco de transmissão. Apesar de controverso, o transplante pode ser
seguro com um monitoramento apropriado do receptor e início imediato do tratamento ao invés de uso de profilaxia universal.
CB142
EFICÁCIA DA TERAPEUTICA PRECOCE COM INSULINA
BASAL NA DIABETES DE NOVO PÓS-TRANSPLANTE
(NODAT) – FOLLOW-UP DE UM ANO
Hugo Ferreira, Ana Cerqueira, Ana Nunes, Manuela Bustorff,
Susana Sampaio, Joana Santos, Manuel Pestana
Serviço de Nefrologia - Centro Hospitalar de São João
Introdução: A NODAT é uma complicação frequente no transplante renal (TR). Evidência recente sugere que instituição precoce
de insulina basal intermédia (NPH) pode levar a proteção das células beta-pancreáticas e independência posterior de terapêutica
anti-diabética (TAD).
Métodos: Estudo retrospectivo observacional de doentes submetidos a TR no nosso centro em 2012, sem diabetes prévia e com rim
funcionante no fim do primeiro ano pós-TR. Durante o internamento
para TR (ITR) foi determinada a glicemia capilar ocasional e foi avaliada a prevalência de NODAT aos 3 meses e 1 ano pós-TR de
acordo com a terapêutica adoptada para tratamento da hiperglicemia pós-TR (HPTR).
Resultados: Dos 60 doentes submetidos a TR em 2012, 48 foram
elegíveis: idade média de 50,8 ± 10,9 anos, 64,4% do sexo masculino. A principal etiologia conhecida de Doença Renal Crónica
foi a Doença Renal Poliquística Autossómica Dominante (14,6%).
A imunossupressão com tacrolimus, micofenolato de mofetil e prednisolona foi universal.
Dos 39 doentes (81,3%) com HPTR, 26 iniciaram tratamento precoce com NPH matinal (aos 9,0 ± 6,3 dias pós-TR) – grupo 1; nos
restantes 13 doentes utilizou-se apenas insulina regular ajustada à
glicemia – grupo 2.
Os grupos só diferiram na duração do ITR – 15,8 ± 7,5 dias no
grupo 1 contra 9,4 ± 3,8 dias no grupo 2, p=0,001.
A prevalência de NODAT foi 92,3% vs 15,4% aos 3 meses,
p<0,000 e 46,2% vs 23,1% ao ano, p=0,163 (grupo 1 e 2, respectivamente). Por outro lado, ao ano, 53,8% dos doentes do grupo
1 não estavam medicados, enquanto no grupo 2 nenhum suspendeu terapêutica (p=0,077).
Não houve eventos cardiovasculares major. Apenas um doente no
grupo tratado precocemente desenvolveu hipoglicemia assintomática. Nenhum dos doentes sem HPTR desenvolveu NODAT no período de follow-up.
A prevalência global de NODAT, ao ano, foi de 31,3%.
Conclusão: A nossa prevalência de NODAT está em linha com a
literatura. Conscientes das limitações inerentes a um estudo retrospectivo, os nossos resultados parecem apontar para a independência de TAD ao ano, após tratamento precoce com NPH, mesmo
que à custa de um aumento dos casos de NODAT inicialmente. A
HPTR parece ser preditor de risco de desenvolver NODAT.
CB143
A TRANSPLANTAÇÃO RENAL NA NEFRITE LÚPICA –
RESULTADOS DE UM CENTRO
Tânia Santos1, Fernando Macário1,2, Lídia Santos1,2, Catarina
Romãozinho1,2, Rui Alves1,2, Mário Campos1, Alfredo Mota2
1-Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2-Unidade de Transplantação Renal, Serviço de
Urologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Introdução: A nefrite lúpica (NL) constitui uma importante causa
de morbilidade no Lupus Eritematoso Sistémico (LES), com progressão para Doença Renal Crónica (DRC) numa proporção significativa dos casos. A evolução destes doentes após transplantação renal
ainda não está bem definida devido à heterogeneidade dos estudos
publicados.
Objectivo: Caracterização epidemiológica da população transplantada e sua evolução relativamente à recorrência da nefrite lúpica e à incidência de rejeição aguda no enxerto renal.
Métodos: Análise retrospectiva dos doentes submetidos a transplantação renal no nosso Centro, no contexto de DRC estadio 5d
secundária a NL, entre 1980 e 2013.
Resultados: Incluídos 21 doentes com um follow-up médio de 68.1
± 69.2 meses, dos quais 90,5% eram mulheres. A idade média
aquando do diagnóstico de LES e NL foi de 24 ± 12 e 26 ± 11
anos, respectivamente. Histologicamente, a maioria (66.7%) apresentava NL classe IV. A maioria dos doentes (81%) encontrava-se
sob corticoterapia pré-transplante. Apenas uma doente manifestou
concomitantemente síndrome anti-fosfolipídico. Efectuado transplante de dador cadáver em 95.2% dos doentes e 4.8% de dador
vivo (pre-emptive). A maioria encontrava-se em hemodiálise (95%),
com um tempo médio entre diálise e transplante de 35 ± 23 meses.
O PRA médio foi de 3 ± 6% e 14.3% sem compatibilidades HLA.
Os agentes imunossupressores utilizados pós-transplante foram os
inibidores calcineurínicos (95.2%), antiproliferativos (76.2%), azatioprina (19%) e inibidores mTOR (14.2%). Verificada função tardia
do enxerto em 14.3% dos doentes. Não se registaram casos de recorrência de NL. Em 5 doentes (23.8%) foi diagnosticada rejeição
aguda (RA), após 58 ± 88 meses de transplante. Desses, 2 doentes
evoluíram com perda do enxerto renal, um por óbito (causa cardiovascular) e outro por disfunção crónica terminal do enxerto. Não
ocorreram eventos trombóticos a nível do enxerto renal. As sobrevidas global e do enxerto ao 1º, 5º e 10º anos foram, respectivamente, 87.5, 87.5 e 81.5% e 87.5, 56.3 e 37.5%.
Conclusão: À semelhança de outros estudos, demonstrou-se que
a recorrência de NL é um evento incomum, embora a taxa de rejeição aguda seja variável. Um estudo multicêntrico poderia contribuir para uma adequada caracterização da evolução destes
doentes após transplante renal em Portugal.
CB144
“IMPACT OF PRETRANSPLANT ANTI-MICA SENSITIZATION
IN GRAFT REJECTION AND SURVIVAL”
Rui Costa, Jorge Malheiro, Sandra Tafulo, Clara Santos,
Manuela Almeida, Sofia Pedroso, La Salete Martins, Leonídio
Dias, António Castro-Henriques, António Cabrita
Unidade de Transplantação Renal do Centro Hospitalar do Porto
Background: Evidence supporting deleterious effect of preformed
major histocompatibility class I chain-related A (MICA) antibodies
in rejection incidence and graft survival is still unclear.
Methods: Retrospective analysis of 554 kidney transplanted patients.
Comparison between MICA positive or negative patients was performed to characterize sensitizing triggers. Further classification according to pretransplant flow cytometry-recorded anti–MICA and/or
anti-human leukocyte antigen (HLA) antibodies was made to determine first year rejection incidence and graft survival. Multivariate
analysis was applied to determine predictors for acute rejection.
Results: Preformed anti-MICA antibodies were detected in 41 patients (7.4%). HLA sensitization, blood transfusions and pregnancies
were frequently found in MICA+ patients but only preformed antiHLA class I antibodies showed independent association (OR 2.67,
p=0.02). Comparing to MICA-/HLA-, MICA-/HLA+ group presented significant lower first year rejection-free survival (78.6% vs
89.3%, p<0.01), mostly occurred in first six months, while no difference was found in MICA+/HLA– (88.9% vs 89.3%, p=ns). MICA-
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/HLA+ showed independent impact in rejection (OR 2.09, p=0.03),
while no evidence was found in MICA+/HLA- (OR 1.08, p=ns). At
4 years, MICA-/HLA+ group presented lower graft survival (85.8%
vs 95.3%, p=0.03). Again, no difference was found in
MICA+/HLA- group (95.1% vs 95.3%, p=ns).
Conclusion: Our results do not support an HLA-independent deleterious pathogenic role of preformed MICA antibodies on first year
rejection incidence and graft survival. However, an possible deleterious effect cannot be ruled out.
CB145
DETECCIÓN DE ANTICUERPOS ANTI-AT1R EN TRASPLANTE
RENAL TRAS CONVERSIÓN DE ANTICALCINEURÍNICOS A
INHIBIDORES DE MTOR
David San Segundo, Mara Serrano, Zoila Albines, Juan Carlos
Ruiz, Emilio Rodrigo, Esther Asensio, Carolina Santacruz,
Manuel Arias, Marcos López-Hoyos
Servicios de Inmunología, Nefrología, Hematología. Hospital
Universitario Marqués de Valdecilla-IDIVAL, Santander
COMUNICAÇÕES BREVES
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Introducción: El rechazo humoral es un problema de gran trascendencia clínica en la evolución del trasplante renal a corto y largo
plazo. En su mayoría es causado por la producción de anticuerpos
anti-HLA aunque existe un número de casos donde no se encuentran estos anticuerpos y se sospecha la presencia de otros aloanticuerpos no-HLA. Entre estos últimos, los anticuerpos anti-receptor
tipo 1 de la angiotensina II (AT1R) se han sugerido como inductores
de parte de los rechazos humorales. Por otro lado, se conoce que
los cambios en el régimen inmunosupresor puede favorecer la producción de anticuerpos anti-HLA, aunque no hay nada investigado
respecto a los anticuerpos anti-AT1R.
Objetivo: Analizar la presencia de anticuerpos anti-AT1R en trasplantados renales convertidos desde un tratamiento basado en anticalcineurínicos (CNI) a uno basado en inhibidores de mTOR
(imTOR).
Material y métodos: Se estudió la presencia de anticuerpos antiAT1R en 31 trasplantados renales estables convertidos desde una
inmunosupresión basada en CNI a otra basada en imTOR. Se estudió un suero pre-conversión y otro a los 3 meses de la conversión.
Los anticuerpos se midieron mediante ELISA (One Lambda). Se consideraron resultados positivos aquellos >10 U/ml.
Resultados: Se detectaron anticuerpos anti-A1ATR en 7/31 (22.6%)
pacientes en el momento previo a la conversión. De ellos, 5 casos
mostraron títulos muy elevados (> 25 U/ml) y la conversión no indujo cambios en estos títulos. Los otros dos casos tuvieron títulos
de 11 y 15 U/ml antes de la conversión y tampoco cambiaron después de la conversión. Hubo un paciente con 8 U/ml (negativo)
pre-conversión y que se tornó positivo a los 3 meses de la conversión a títulos muy bajos (11 U/ml). Curiosamente, ninguno de los
7 pacientes mostró anticuerpos anti-HLA, salvo uno que tuvo Ac
anti-HLA de clase I post-conversión. Ninguno de los pacientes ha
sufrido pérdida del injerto hasta la fecha.
Conclusiones: En esta serie de pacientes convertidos, la presencia
de anticuerpos anti-AT1R es relevante aunque queda por definir la
implicación clínica del hallazgo. En todo caso, la conversión desde
CNI a imTOR no favoreció una mayor producción de anticuepos
en el tiempo de seguimiento analizado.
Financiación: Fondo de Investigaciones Sanitarias (FIS 08/0157
and 11/00990), RENDIREN and Mutua Madrileña.
CB146
COMPARISON OF TREATMENTS OF THE SERUM FOR
ELIMINATING INHIBITORY FACTORS IN THE LUMINEX
SINGLE ANTIGEN ASSAY
deMarco R, Gerbase-DeLima, M
Instituto de Imunogenética – IGEN, Associação Fundo de
Incentivo à Pesquisa
False-low and false-negative reactions may occur in the Luminex single-antigen bead assay. The purpose of this study was to compare
three serum treatments used for eliminating inhibitory factors: heat,
DTT and EDTA. Two fresh sera with PRA I > 80% (serum #1 and #2)
and two fresh sera with PRA II > 80% (serum #3 and #4), both with
at least one reaction with > 15,000 MFI, were tested with LABScreen® Single Antigen, One Lambda. Serum treatments: Heat-1
87
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COMUNICAÇÕES BREVES
min: the sera, already in the Luminex plate, were placed in a thermocycler, at 56°C for 1 min; DTT: final concentration 5 mM, 37°C,
30 min; EDTA: 10 mM. Differences ≥ 50% in MFIs between treated
and native sera were considered relevant. The different treatments
did not significantly affect the reactions on negative nor on positive
control beads. Serum #1: 11 beads had higher MFIs in sera treated
with H-1 min, DTT or EDTA and all these reactions could be explained by one antibody against an epitope shared by HLA-A2,-68,69,-24,B-57and B-58 molecules. Serum #2: no effect of any
treatment was observed. Serum #3: six beads (five of them with
DQB1*03) had higher MFIs only in H-1 min and EDTA treated sera.
Serum # 4: 18 beads had higher MFIs in sera treated with H-1 min,
DTT or EDTA and, surprisingly, six reactions (all with beads with
DQA1*01/DQB1*06) were practically abolished in EDTA-treated
serum, being restored by the addition of calcium to the EDTA-treaded
serum. Conclusions: Heat-1 min, DTT and EDTA treatments are in
general very similar regarding their ability to eliminate the inhibitory
factors of the serum, but we see the following advantages of H-1
min, besides being more practical: (a) the same treatment can be
used if we want to test for IgM antibodies, which would not be possible with the DTT treatment; and (b) there is no interference with calcium-dependent epitopes, which can happen with EDTA. To the best
of our knowledge, this is the first report of a calcium-dependent antiHLA antibody or, better yet, of an antibody directed against a Ca2+dependent conformational epitope on an HLA molecule.
CB147
MODULATION OF CYTOKINE SYNTHESIS IN DONORRECIPIENT MIXED LYMPHOCYTE REACTIONS IN KIDNEY
TRANSPLANT RECIPIENTS UNDER RAPAMYCINE THERAPY BY
FINE-NEEDLE ASPIRATION BIOPSY CULTURES
SUPERNATANTS
Maria Paula DP Xavier1, Susana Norton Sampaio2, Paula
Aires1, Fátima Freitas1, José GG Oliveira3
1-Instituto Português Sangue e Transplantação, Porto, Portugal;
2-Hospital S João, Porto, Portugal; 3-Faculdade Medicina Porto,
Hospital S João, Porto, Portugal.
88
Rapamycine (RAPA) is used as immunosupressant in kidney transplantation. RAPA is said to spare the development of T regulatory
cells and it inhibits mTOR actions acting distally to IL-2 synthesis. We
report the interference by fine-needle aspiration biopsy (FNAB) culture supernatants (s/n) upon cytokine production by donor-recipient
mixed lymphocyte reactions. Patients were treated by a combination
of RAPA, mycophenolate mofetil and prednisolone (n=8). On day
7 post transplantation, when graft function was stable and RAPA has
reached therapeutic blood levels, FNAB was done and submitted to
culture for 48h, then cultures s/n were collected and kept at -80ºC.
MLR were done with irradiated donor splenocytes and recipient peripheral blood cells collected between six and 12 months post transplantation. While group II received 100uL of FNAB culture s/n from
the outset, group I did not. Then on the 5th day of MLR incubation
s/n were collected and analyzed by ELISA from R&D for IFN-α,
TGF-ß, IL-2, sIL-2Ralpha, IL-10 and IL-1Ra. Also, on day 5 MLR proliferation was measured by tritiated methyl thymidine incorporation
and cpm counting. Each patient enjoyed good and stable graft function when MLR were performed. FNAB s/n decreased MLR cpm by
mean of 28,7% compared to MLR without s/n (p=0.01). The following cytokines were significantly increased by adding FNAB s/n:
TGF-ß (p=0.02), IL-10 (p=0.01), IL-2 (p=0.01), on the contrary,
IL-1Ra decreased (p=0.01). The ratios of sIL2Ralpha/IL-2, IL-10/IL2 and TGF-ß/IL-2 were decreased, p=0.01, p=0.01 and p=0.04,
respectively. No significant correlation were observed between cytokine synthesis and the decreased in cell proliferation with the exception of IL-10, r=0.78, p=0.003. We conclude that
donor-recipient MLR supplemented with FNAB culture s/n displayed
a significantly lower cell proliferation together with a surprising
change of cytokine synthesis surmising that the putative regulatory
clone produces a significant amount of IL-2 along with IL-10 without
increasing classical regulatory TGF-ß.
CB148
PROVA CRUZADA VIRTUAL. UM EXERCÍCIO POSSIVEL
Heloisa Rieger Tarasconi,Andrea Bortolotto,Sandra Regina
Fernandes, João Batista Wurdig,Valter Duro Garcia, David
Saitovitch, Jorge Neumann
Laboratório de Imunologia de Transplantes, Santa Casa de Porto
Alegre, Porto Alegre, Brasil
A relevância clínica dos níveis de anticorpos anti-HLA detectados
por teste de fase sólida no pré-transplante ainda está em fase de
intensa discussão. Uma das maiores dificuldades é definir nível de
MFI de um determinado anticorpo anti-doador (DSA) que se correlaciona com uma prova cruzada positiva. O objetivo deste trabalho
é inferir a correlação entre o MFI de DSA contra HLA A, B ou DRB1
detectado por fase sólida e resultados das provas cruzadas no prétransplante renal. Foi utilizada uma amostra de 837 soros de pacientes que realizaram prova cruzada contra 146 doadores
falecidos no ano de 2010. Para detecção de anticorpos anti-HLA
foram utilizados os testes LABScreen®Mixed e LABScreen® Single Antigen. A prova cruzada foi realizada por CDC e Flow. Os soros testados somente por CDC foram excluídos da análise. A amostra foi
dividida em três grupos utilizando o critério de prova cruzada virtual
(XMV): grupo 1 – XMV negativo, sem DSA I e II (n=424, 51%),
grupo 2 – XMV indeterminado, presença de DSA com MFI entre
1000 e 5000 (n=160, 19%) e grupo 3 – XMV positivo, presença
de DSA com MFI > 5000 (n=253, 30%). A prova cruzada real foi
positiva em 41 soros do grupo um (9,6%), 98 do grupo 2 (61%) e
249 do grupo 3 (98,4%). É importante salientar que nossa análise
não contempla tipagem de doador falecido dos loci C e DQB1.
Portanto, com relação à análise do grupo 1, ocorreram 41 casos
(9,6%) onde a prova cruzada apresentou resultado positivo, destes,
14(34%) poderiam ser explicados pela presença de anticorpo contra DQ, sendo que em nove (64%) possuíam MFI maior que 5000.
No grupo 2, os pacientes que apresentaram XM real negativo
(n=62) tiveram media de MFI de 2003 ao analisarmos o DSA de
maior intensidade presente em cada teste. No grupo 3, nos soros
que apresentaram prova cruzada negativa (n=4), as tipagens dos
doadores correspondentes foram reanalisadas e identificamos um
possível alelo nulo e três alelos específicos não DSA. Apesar da ausência dos loci C e DQB1 neste estudo, demonstramos que
MFI>5000 obteve 98,4% de concordância entre prova cruzada virtual e real positiva.
CB149
THE NUMBER OF MISMATCHES AND ITS IMPACT ON THE
SENSITIZATION OF KIDNEY RETRANSPLANT CANDIDATES
AFTER FIRST GRAFT FAILURE
Luís Ramalhete1, Rosário Sancho1, Isabel Silva1, Sara Calão2,
Hélder Trindade3
1-Laboratório de Serologia HLA, Centro de Sangue e da
Transplantação de Lisboa- Área da Transplantação; 2-Gabinete
de Tecnologias de Informação e Comunicações, Centro de
Sangue e da Transplantação de Lisboa- Área da Transplantação,
Hospital Pulido Valente; 3-Instituto Português do Sangue e da
Transplantação.
The importance of preformed anti-HLA antibodies in kidney transplantation is a well know phenomenon. We have analyzed the impact of HLA mismatches toward the first kidney graft on the
sensitization of patients reentering our waiting list for a second kidney transplant.
Assessment of sensitization was performed in 243 patients, whom
after losing his first graft reentered our waiting list for second kidney
transplant. The sensitization studies were performed by solid phase
technology (Single Antigen Bead), the results of these tests were used
to calculate the virtual PRA (HLA-A,-B,-DR) against 2668 HLA typing
of individuals randomly selected.
In our data, 92% of patients evaluated in this study are sensitized
and has a virtual PRA≥ 10%. The factor that most contributed to the
sensitization of these patients was the number of mismatches with
the first graft (p = 0.0002), more significant than blood transfusions
or pregnancy (Spearman correlation coefficient).In a chi-square
analysis comparing patients with zero and patients with more than
zero mismatches at the loci level; the only loci with statistical significance was HLA-DR., X2 (1, N = 243) = 4.2, p = 0,0396.
Taking this into account, especially for younger patients, trying to
minimize the number of mismatches in the first kidney graft, since
these patients eventually may need a second kidney transplant. Probably these patients will fail to have zero HLA mismatch with the first
donor, at least it would be important to transplant them with zero
HLA-DR mismatches; so that the sensitization of these patients, at
the time of reentry in waiting list, won’t become a barrier that will
prevent them from having access to a second transplant.
CB150
CLASSIC VS. CALCULATED PRA SIGNIFICANCE IN KIDNEY
TRANSPLANTATION
Sandra Tafulo, Ermelinda Osório, Cecília Mendes, Fátima
Freitas
Centro do Sangue e da Transplantação do Porto, Instituto
Português do Sangue e da Transplantação, IP
HLA sensitization remains a major barrier to kidney transplantation
and the number of transplant candidates with preformed HLA antibodies waiting for a kidney in the deceased donor list is increasing.
The identification of these increased risk patients is achieved with a
measure of sensitization, performed by panel reactive antibody (PRA)
estimation. The classic PRA, determined with CDC assay, lacks sensitivity and can be highly variable depending on the panel composition. With the development of solid-phase single antigen bead
immunoassays for HLA antibodies detection, the percentage of
donors expected to have one or more unacceptable HLA antigens
for one candidate can be estimated – calculated PRA (cPRA).
The aim of this study is to analyse the correlation between cPRA values, time on dialysis and maximum PRA values for kidney transplant
patients in the northern Portugal waiting list (N=619).
Unacceptable HLA antigens were identified with LABScreen SAB for
HLA class I and class II kits and cPRA values determined using HLA
fusion software, considering HLA antigen frequencies of a random
sample of 37993 bone-marrow donors. Maximum PRA was determined with a panel with 50 cells from HLA-typed donors.
Differences of median time on dialysis by group of PRA values, assessed with nonparametric Kruskal-Wallis test, were statistically significance (p<0.001) and there is a positive correlation between the
maximum PRA and time on dialysis (rs = 0.45; p < 0.001) and a
slight positive correlation using cPRA class I and class II (rs = 0.34;
p < 0.001 and rs = 0.26; p < 0.001, respectively). The correlation
between PRA and cPRA was high, especially for the groups with 02% (77%) and >80% (100%) of PRA. However concordance was 9,
6 and 14% for the intermediate groups of 3-20, 21-50 and 51-80%
of PRA, where 30, 86 and 83% of the patients had cPRA >80%.
cPRA determination lead to an increased identification of hypersensitized patients from 2,3% to 18% for HLA class I and 9,7% hypersensitized patients for HLA class II, being a powerful tool for
sensitized patients identification, allowing to redirect them to other
programs such as desensitization therapies or kidney paired-exchange program.
CB151
DISFUNÇÃO CRÓNICA DO ENXERTO RENAL: AVALIAÇÃO
GENÉTICA, HUMORAL E CELULAR DO DOENTE
TRANSPLANTADO
António Martinho, Diana Carvalho, Olívia Simões, José
Gomes, Ana Gonçalves, Rosário Mateus, Jeanette Bráz,
Artur Paiva, Hélder Trindade, Alfredo Mota, Rui Alves
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra – Unidade de
Transplantação Renal, Centro do Sangue e da Transplantação de
Coimbra – IPST, IP
O conhecimento e desenvolvimento da técnica cirúrgica, acompanhado de terapêuticas imunossupressoras mais eficazes e de novas
abordagens laboratoriais, permitiram atingir níveis de excelência
no controlo da rejeição aguda e, consequentemente, na sobrevida
do enxerto renal, a curto prazo. Todavia, no que respeita à disfunção/rejeição crónica e consequente taxa de sobrevida, todo o desenvolvimento referido não teve ainda tradução na sobrevida do
enxerto, a longo prazo.
Assim, na tentativa de entender os mecanismos que levam à disfunção crónica do enxerto, foram alvo de estudo, doentes transplantados renais com função renal estável (FE) há mais de dez anos
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e doentes com diagnóstico de rejeição/ disfunção crónica (DFC)
do enxerto. Nos dois grupos (FE=48 doentes e DFC=23 doentes)
foi efectuada de uma avaliação genética, celular e humoral na tentativa de encontrar algum aspeto diferencial entre eles, que pudesse
constituir um potencial alvo de estudo com impacto na longevidade
do enxerto. Foram também avaliados o tempo de isquemia e a
idade dos cadáveres dadores de rim.
Relativamente à caracterização genética dos doentes, efetuou-se
uma avaliação das incompatibilidades HLA e determinou-se o perfil
farmacogenético do doente, avaliando os polimorfismos (SNP’s)
dos genes ABCB1 e CYP3A5. No que respeita à avaliação humoral,
foi efetuada a pesquisa e identificação de anticorpos anti-HLA. Com
o intuito de conhecer alguma da dinâmica celular após o transplante, efetuou-se, no sedimento urinário, uma avaliação do quimerismo celular.
Dos resultados obtidos, os tempos de isquemia foram iguais nos
dois grupos, assim como o grau de incompatibilidades com o
dador. A caracterização genética dos SNP’s e a avaliação do grau
de mistura celular, no sedimento urinário, não evidenciaram diferenças significativas apesar de, no grupo com DFC, notar-se um
aumento de células de células do dador nos sedimento urinário.
Diferenças significativas foram encontradas ao nível da presença
de anticorpos anti-HLA (sobretudo Acs classe II) e na média das idades dos dadores, estando muito aumentados no grupo DFC.
Assim, apesar do valor da creatinina continuar a ser o principal
marcador da perda de função renal, haverá ainda lugar a explorar
o significado dos anticorpos anti-HLA e detalhar o quimerismo celular no sedimento urinário, depois do transplante.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB152
FISTULA URINARIA SECUNDARIA A URETERITE POR
CITOMEGALOVIRUS NO PRIMEIRO MÊS APOS
TRANSPLANTE RENAL
Clotilde D Garcia, Viviane Bittencourt, Roberta Rohde, Karla
Piegas, Samantha Dickel, Izadora Pires, Kanama Tumba,
Álvaro Vila Claro, Moacyr Salem, Santo Vitola, Valter Duro
Garcia
Santa Casa de Porto Alegre UFCSPA- Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre Brasil
Infecção por citomegalovírus (CMV) é frequente em pacientes transplantados de órgãos causa desde infecções assintomáticas até
perda do enxerto. Acometimento direto do trato urinário é raro. Relatamos um caso de ureterite por CMV ocorrido precocemente em
paciente transplantado renal.
Descrição do Caso: G.S.O, feminina, 17 anos, nefropatia por IgA,
realiza retransplante renal com doador falecido pediátrico (TCE).
Doador CMV -, Receptor CMV +, não usou profilaxia para CMV.
Transplante sem intercorrências, imunossupressão com tacrolimus,
micofenolato, 4 doses de timoglobulina e metilprednisolona.
Nos primeiros cinco dias diurese aproximada de 2L/24h e recuperação da função renal.
No sexto PO apresenta-se anúrica, congesta, hipertensa, com piora
de função renal, dor abdominal importante e abaulamento em ferida
operatória. Ecografia com coleção de 300ml ao redor do enxerto
(diagnóstico provável de hematoma secundário a fratura renal). Sem
possibilidade de punção ou biopsia devido ao risco de sangramento
foi tratada com pulsoterapia (metilprednisona) para rejeição aguda
presumida. Apresentou boa resposta clinica inicial. No D20, a antigenemia para CMV evidenciou 70 células +. Iniciado ganciclovir endovenoso. Houve piora clinica e laboratorial e a paciente foi
submetida a reintervencão cirúrgica no D25. Foi drenada coleção serohematica perienxerto, impressão de provável urinoma. Visualizado
fistula urinaria. Realizado ligadura alta do ureter do rim nativo e reimplante do ureter do enxerto proximal com ureter nativo. O ureter tinha
aspecto alterado e foi enviado para patologia. No exame histológico:
segmento ureteral com edema e inflamação crônica apresentando inclusões eosinofílicas na parede e nos capilares, compatível com citomegalovírus. Imuno-histoquímica positiva confirmando o diagnóstico
de ureterite por CMV. A histologia do rim foi normal.Paciente evolui
com melhora clinica e recuperação de função renal.
Conclusão: Esta é uma situação rara de fístula urinária causada
precocemente por infecção por CMV. Nesse caso, o uso de timoglobulina sem prescrição de profilaxia para CMV em DCMV -,
RCMV + pode ter desencadeado a infecção. Devemos lembrar
desta etiologia em casos similares.
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
CB153
OS EFEITOS INDIRETOS DA INFECÇÃO POR CMV
REALMENTE EXISTEM?
Fernanda Ramos, Ana Heloisa Kamada Triboni, Flavio Jota
Paula, Lucy S. Vilas Boas, Clarisse M. Machado, Fabiana
Agena, Acram Z.A. Latif, Cecília S. Alencar, Lígia C. Pierrotti,
Helio H. Caiaffa-Filho, Claudio S. Pannuti, Elias David-Neto,
William C. Nahas
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
Além dos seus efeitos infecciosos diretos a infecção por CMV é conhecida por seus efeitos indiretos sobre o enxerto. No entanto, os
dados que demonstram estes efeitos indiretos foram obtidos de pacientes sob profilaxia para CMV onde se assumiu que estes pacientes nunca são virêmicos, o que certamente não é verdade. Por
exemplo, 30-40% dos pacientes D+/R- desenvolvem viremia após
cessarem a profilaxia. Para avaliarmos os efeitos indiretos de CMV
e se é possível obter-se um tamanho de amostra para avaliar tais
efeitos, utilizamos um estudo prospectivo de monitorização de viremia por antigenemia e qPCR feitos semanalmente até o dia 120
pós transplante renal. 102 pacientes completaram o estudo, sendo
54 homens (53%), 69 (68%) brancos, com 45 ± 14 anos, 64% dos
rins de doadores falecidos, todos D+/R+ que não usaram ATG
como indução, sob TAC/ MPA/ Pred e basiliximab. 22 pacientes
(22%) desenvolveram a doença por CMV (D), 51 (50%) apresentaram pelo menos um episódio de viremia assintomática (VA) e 29
pacientes (28%) evoluíram sem viremia (SV). Após um seguimento
médio de 732 dias, rejeição aguda ocorreu em 5 (22.7%), 7
(13.7%) e 4 (13.8%) pacientes (p=NS), houve 3 (13.6%), 1 (1.96%)
e 1 (3.4%) (p=0.094) óbitos e 1 (5%), 0 (0%), 2 (7%),(p=NS) perdas do enxerto nos grupos de D, VA e SV, respectivamente. Nâo
houve diferença nas sobrevidas de enxerto e paciente. No último
seguimento, a eGFR (MDRD) foi 48±20, 51±22 e 57±17ml/min
(p=NS),para os grupos D, VA e SV, respectivamente. Usando-se a
diferença da eGFR entre os grupos SV e VA (6±19ml/min) seria necessária uma amostra de 80 casos de VA, equivalentes a 275 casos
D+/R+ que não usaram ATG monitorados por 4 meses para se
detectar uma diferença estatisticamente significante na eGFR ao
final de 2 anos. Estes dados sugerem uma diferença na função renal
entre os grupos, mas não na sobrevida do enxerto ou na rejeição,
mas seria necessário um estudo muito mais amplo para demonstrar
ou não estatisticamente esta diferença.
CB154
TRANSPLANTE RENAL COM RIM DE CADÁVER: FATORES
PREDITIVOS COM IMPACTO NO OUTCOME
Santos F1, Guimarães J1, Araújo AM1, Casal M1, Nunes CS1,2
1-Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar do Porto, Porto,
Portugal; 2-DCeT, Universidade Aberta, Portugal.
90
Introdução: O transplante renal (TR) é o tratamento de eleição na
doença renal terminal. Doentes propostos para TR têm múltiplas comorbilidades que tornam a sua abordagem um desafio, esta requer
o conhecimento da fisiologia, procedimento cirúrgico e potenciais
complicações. O objetivo deste trabalho é a identificação de fatores
preditivos a curto prazo com influência no outcome do recetor.
Material e Métodos: Consulta do processo clínico eletrónico com
registo de variáveis demográficas, comorbilidades, tempo de isquemia (TI) do órgão, tempo de internamento, morbi-mortalidade até
aos 90 dias de doentes submetidos a TR com rim de cadáver em
2012 e 2013. Para análise estatística dos dados obtidos foram utilizados regressões logísticas e um modelo linear de regressão.
Resultados: Foram incluídos no estudo 113 doentes. Média de idades 49,9 anos, prevalência maior de homens (54,9%) e 92.9% classificação funcional ASA 4. A etiologia mais prevalente foi a
desconhecida (32.7%) seguida das glomerulonefrites (19.5%).
Todos em terapêutica de substituição renal (TSR), em média 5,7
anos, sendo a TSR mais prevalente a hemodiálise (83.2%). A maioria tinha comorbilidades pré-TR (84,1%), a mais frequente a hipertensão arterial (82.3%). O procedimento cirúrgico teve uma
duração média de 118 minutos e o TI fria em média 1056 minutos.
Em 93,8% dos casos ocorreram complicações, as urorrenais
(71.7%) e as infecciosas (69%) foram as mais prevalentes. Re-intervenções ocorreram em 12.4% dos casos e re-internamentos em
13.3%. O tempo médio de internamento foi 18,8 dias. O único
caso de mortalidade ocorreu por paragem após disritmia.
O tempo em TSR, TI e a doença cardíaca isquémica apresentaram
poder preditivo para a duração do internamento. A diabetes mellitus
pré-TR e o TI foram preditores para complicações urorrenais
(p=0.017; p=0.012). Anemia pré-TR apresentou poder preditivo
para complicações hematológicas (p=0.022).
Discussão e Conclusão: Estes resultados, nomeadamente prevalência de complicações aos 90 dias, estão de acordo com a literatura. O sucesso do TR com rim de cadáver está dependente da
coordenação de equipas multidisciplinares. A morbilidade associada a esta patologia leva à necessidade de identificar e melhorar
as variáveis não dependentes do doente que influenciam o seu outcome. Este trabalho permitiu a tomada de consciência dos pontos
de fragilidade e a sua correção.
Bibliografia:
Chandran S, Vincenti F. Clinical aspects: focusing on key unique organ-specific issues
of renal transplantation. Cold Spring Harb Perspect Med, February 2014; 4:a015644
Slagt IKB, IJzermans JNM, Visser LJ, Weimar W, Roodnat JI, et al. (2014) Independent Risk Factors for Urological Complications after Deceased Donor Kidney Transplantation. PLoS ONE 9(3): e91211. doi:10.1371/journal.pone.0091211
Tennankore KK, Kim SJ, Baer HJ, Chan CT. Survival And Hospitalization For Intensive Home Hemodialysis Compared With Kidney Transplantation. J Am Soc Nephrol. 2014 May 22. Pii: ASN.2013111180.
CB155
TRANSPLANTE RENAL DE DADOR VIVO: FATORES
PREDITIVOS COM IMPACTO NO OUTCOME
Araújo AM1, Santos F1, Guimarães J1, Nunes CS1,2, Casal M1
1-Centro Hospitalar do Porto, Serviço de Anestesiologia, Porto,
Portugal; 2-DCeT, Universidade Aberta, Portugal.
Introdução: O transplante renal de dador vivo tem demonstrado
um bom prognóstico a curto e a longo prazo. O objetivo deste estudo é a identificação de fatores preditivos do dador e recetor que
influenciam o outcome do recetor a curto prazo.
Material e Métodos: Consulta do processo clínico eletrónico com registo de variáveis demográficas e grau de parentesco de todas as nefrectomias e transplantes de dador vivo nesta instituição em 2012 e
2013. Registaram-se também as comorbilidades, tempo de isquemia
do órgão e variáveis de outcome dos doentes transplantados (tempo
de internamento, complicações / reintervenções / reinternamentos até
aos 90 dias pós-operatórios). Para a análise estatística foram utilizadas
regressões logísticas e um modelo linear de regressão.
Resultados: Foram registados 40 transplantes renais de dador vivo,
52.5% entre parentes de 1º grau. A diferença de idade entre dador
e recetor era ≤10 anos em 55% dos transplantes. Os dadores tinham, em média, 46 anos e os transplantados 37 anos. O tempo
médio de isquemia quente foi 4,7 minutos. As causas mais frequentes de doença renal crónica (DRC) foram as glomerulonefrites. Em
32,5% dos doentes não se identificaram outras comorbilidades.
Nos restantes a hipertensão arterial e a anemia foram as mais frequentes. No momento do transplante, 32 doentes estavam em diálise; o tempo médio de diálise pré-transplante foi 2,2 anos. O
tempo médio de isquemia fria foi 154,5 minutos. O tempo médio
de internamento foi 12 dias e durante este período 7 doentes foram
re-intervencionados. Nos 90 dias após a cirurgia, 65% dos doentes
apresentaram complicações, na sua maioria infeciosas.
A doença arterial periférica (DAP) e a etiologia da DRC apresentaram poder preditivo para a duração do internamento. Verificou-se
ainda que a presença de complicações urorrenais, infeciosas e hematológicas estava associada com a duração do internamento.
Conclusão: As variáveis do dador analisadas parecem não influenciar o outcome a curto prazo dos recetores. A etiologia da DRC e DAP
influenciaram a duração do internamento; nenhuma variável analisada foi preditiva de complicações pós-operatórias e reintervenções.
Os nossos resultados indicam que a seleção cuidada do dador e
recetor parecem ser um pré-requisito para o sucesso da transplantação em vivo.
Bibliografia:
1. Berger, J.C., et al., Living Kidney Donors Ages 70 and Older: Recipient and
Donor Outcomes. Clinical Journal of the American Society of Nephrology,
2011. 6(12): p. 2887-2893.
2. Lee, Y.J., et al., Donor-recipient age difference and graft survival in living donor
kidney transplantation. Transplant Proc, 2012. 44(1): p. 270-2.
3. Matas, A.J., et al., 2,500 living donor kidney transplants: a single-center experience. Ann Surg, 2001. 234(2): p. 149-64.
4. Voiculescu, A., et al., Kidney transplantation from related and unrelated living
donors in a single German centre. Nephrol Dial Transplant, 2003. 18(2): p.
418-25.
CB156
CONVERSÃO DE ADVAGRAF® PARA TACROLIMUS
GENÉRICO NOS DOENTES MELANODÉRMICOS
João Gonçalves, Maria João Melo, José Guerra, Alice
Santana, Célia Nascimento, A. Gomes da Costa
Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Hospital de Santa Maria,
Serviço de Nefrologia
Introdução: Em geral os doentes melanodérmicos relativamente
aos leucodérmicos necessitam de doses em mg por quilo de tacrolimus (TAC) mais elevadas para obtenção de níveis terapêuticos semelhantes. Foi efectuada na nossa Unidade a conversão do
fármaco Advagraf® para TAC genérico (TACG) de libertação rápida,
o que implicava a análise e o estudo destes grupos de doentes no
percurso farmacológico para a manutenção da concentração no
sangue dos valores terapêuticos alvo.
Objectivos: Com este trabalho pretende-se verificar se existe alteração de dose necessária para obtenção de doseamentos adequados após a conversão dos doentes melanodérmicos em relação aos
leucodérmicos.
População e Métodos: Estudo prospectivo ao longo de 9 meses.
Conversão de 1:1 do TACLP para TAC LRG. Controlo da dose e
dos níveis séricos de tacrolimus e função renal no dia da conversão,
aos 15 dias, 1, 3 e 6 meses, após os ajustes necessários para atingir
a estabilidade analítica e clínica.
Avaliou-se um grupo de 123 doentes transplantados. 68 do género
masculino (55,3%); idade 49,9 ± 12 anos; 23 (18,7%) melanodérmicos; tempo de transplante 4,63±4,4 anos.
Resultados: Após 3 meses e para atingir os valores terapêuticos
alvo, nos doentes melanodérmicos foi necessário uma redução da
dose de Advagraf® de 9,3 ± 3,8 mg para 8,08 ± 3,33 mg de
TACG (p=0,00) e nos doentes leucodérmicos uma redução da
dose de Advagraf® de 5,08 ± 2,6 mg, para 4,21 ± 2,2 mg de
TACG (p=0,02).
Em mg/Kg de peso, a redução nos doentes melanodérmicos foi de
0,141 ± 0,08 mg para 0,126 ± 0,066 mg e nos leucodérmicos
de 0,077 ± 0,041 mg para 0,064 ± 0,035 mg
Verificou-se uma redução de dose de quase o dobro nos doentes
leucodérmicos em relação aos doentes melanodérmicos (p=0,00).
Conclusão: Os doentes melanodérmicos necessitam de doses superiores de TAC para obtenção de doseamentos dentro da janela
terapêutica e a redução da dose necessária para obtenção de doseamentos adequados após a conversão de Advagraf® para TAC
genérico (TACG) nos doentes melanodérmicos é inferior à dos leucodérmicos.
CB157
NOSOCOMIAL OUTBREAK OF CARBAPENEMASEPRODUCING ENTEROBAC-TERIACEAE (CP-E) IN A
TRANSPLANT HOSPITAL IN SOUTH BRAZIL: A 1 YEAR
FOLLOW-UP
Teresa Cristina Teixeira Sukiennik, Daniela dos Santos Branco,
Cláudio Marcel Berdun Stadnik, Denusa Wiltgen
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre,
Controle de Infecção Hospitalar, Porto Alegre, Brasil
The recent emergence of carbapenemases in Enterobacteriaceae
represents a concerning threat to the treatment of invasive enterobacterial infections, specially in immunocompromised patients like transplant recipients. In this interrupted time series study we describe an
outbreak of CP-E and a 1 year follow-up in a transplantation hospital
after the identification of the index case in November 2012. We performed sur-veillance cultures (rectal swabs) weekly in all patients surrounding a case and colonized/infected pa-tients were treated under
conditions of cohorting and contact isolation. Until November 2013
fourty-two solid organ recipients (kidney, liver and lung) were either
colonized (76.2%) or infected (23.8%) by CP-E. Organisms largely
comprised of K. pneumoniae (93%) followed distantly by E. cloacae
and S. marces-cens. The median length of stay before patients became infected or colonized by CP-E was 10.4±6 days. Patients mean
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
age was 53±11 years, 69% were male and 54.8% were admitted
to the ICU. Prior antimi-crobial treatment was identified in 18% of
patients. The most common clinical isolate was urine (46%), followed
by lung (30%) and blood (23%) samples. Overall mortality was 18%.
Seventy-one (71)% of pa-tients who died had clinical CP-E disease.
When observing the epidemiology of prevalent and incident cases
by month, it’s clear that colonization pressure has a central role in
the maintenance of the out-break. In conclusion, these observations
of a nosocomial outbreak provides some insight into the epide-miology and clinical importance of carbapenemase-producing Enterobacteriaceae in transplant recipients. More than ever, strict infection
control measures including screening strategies, hand hygiene compliance and antibiotic stewardship must be implemented to contain
a larger spread of these microorganisms.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB158
ESCLEROSE TUBEROSA MULTISSISTÉMICA E
TRANSPLANTAÇÃO RENAL - CASO CLÍNICO
Ricardo Vizinho, Bruno Rodrigues, Herminia Estibeiro, Rita
Birne, Domingos Machado
Hospital Santa Cruz, Hospital Fernando da Fonseca
Homem de 41 anos; caucasiano; em hemodiálise desde 2008.
Acesso vascular: FAV UC (1º acesso). Sessões de hemodiálise sem
intercorrências significativas.
Diagnóstico de Esclerose Tuberosa (E.T.) estabelecido em fase de
terapêutica substitutiva da função renal, por confirmação genética
de mutação de gene TSC1, cromossoma 9. Tem expressão multissistémica da doença:
– Diagnóstico inicial de lesões quísticas renais, compatíveis com angiomiolipomas. Foi sujeito a nefrectomia direita (2008) por atipia
renal. Diagnóstico histológico: Carcinoma de Células Renais,
21mm de diâmetro, incluído totalmente na espessura do parênquima, não atingindo a cápsula. O controlo imagiológico posterior foi negativo para recidiva de neoplasia ou de lesão atípica
no rim contra-lateral. Veio a ser submetido a nefrectomia esquerda (2012) em contexto de emergência, por ruptura de quisto
renal complicado por choque hipovolémico. Apesar de exame
macroscópico não ser indiciador, a histologia veio a documentar
Carcinoma de Células Renais, com 17mm no maior eixo, totalmente limitado ao rim.
– Por queixas de cefaleias, por vezes refractárias a terapêutica, foi
realizado TAC-CE que documentou pequenas calcificações nodulares na superfície ependidimária do ventrículo lateral direito, ao
nível do corno frontal e corpo, bem como uma lesão ocupando
espaço, intraventricular, de morfologia nodular. A RMN-E confirmou
os aspectos referidos, compatíveis com Esclerose Tuberosa. Foi estabelecida indicação para terapêutica anti-epiléptica e mTOR, bem
como indicação para TAC-CE urgente em caso de alteração de
estado de consciência ou de cefaleia súbita associada a vómito.
Como comorbilidades, salienta-se hipertensão arterial, hiperparatiroidismo (apesar de paratiroidectomia) e patologia herniária discal
da coluna cervical e lombar.
Há condições para entrar em lista de espera para transplantação
renal?
CB159
NEOPLASIA APÓS TRANSPLANTE RENAL: ANÁLISE DE UM
ÚNICO CENTRO
Souza JF, Wagner CS, Magalhães AO, Malafronte P, Paes RAP,
Martini-Filho D, Miorin LA, Sens YAS
Clinica de Nefrologia da Santa Casa de São Paulo, Brasil
Introdução: As neoplasias são complicações que ocorrem em receptores de transplante renal. Segundo dados da literatura a incidência é maior do que na população geral, e são de diferentes tipos
daquelas observadas em indivíduos previamente saudáveis. As neoplasias de pele são as mais prevalentes, entretanto os outros tipos
de neoplasias variam nas diversas regiões geográficas. No Brasil e
na população geral é mais frequente (exceto câncer de pele não
melanoma) no sexo feminino o câncer de mama e no masculino de
próstata, mas não há dados na população de transplantados renais.
Objetivo: Avaliar a prevalência de neoplasia não dermatológica
(tumores sólidos e doenças linfoproliferativas) após o transplante
renal em um único centro da cidade de São Paulo, Brasil.
91
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
Método: Análise retrospectiva de prontuários de receptores de
transplante renal no período de 1976 a 2013. Critérios de exclusão: idade ≤ 16 anos, transplante de outros órgãos, portadores de
neoplasias de pele não melanoma.
Resultados: Durante o período de estudo 17 pacientes (3,82%) desenvolveram 19 neoplasias (exceto dermatológica) após o transplante renal. A idade na ocasião do transplante foi de 35,6±18
anos, 53% do sexo feminino, e 65% receberam o enxerto de doador
vivo. A neoplasia mais comum foi Linfoma (não-Hodgkin 26,3%;
Hodkin 5,3%), seguido do colo uterino 15,8%, vulva 10,5%, mama
5,3%, próstata 5,3% e outros (órbita 1, bexiga 1, pâncreas 1, sarcoma de Kaposi 1 e carcinomatose sem diagnóstico da neoplasia
primitiva em 2). Um paciente que desenvolveu neoplasia de colo
uterino tinha antecedente de tumor mandibular de células gigantes
5 anos antes do transplante. O tempo do diagnóstico da neoplasia
após o transplante foi com mediana de 75,5 meses (12 a 192
meses). O tempo de seguimento foi de 156 meses (24 a 240
meses) e perda do enxerto ocorreu em 4/17 pacientes neste período. Tratamento cirúrgico foi realizado em 68,4% das neoplasias,
quimioterapia em 26,3% e radioterapia em 31,5%.
Conclusão: Na população estudada de receptores de transplante
renal a neoplasia mais frequente em ambos os sexos foi Linfoma
não Hodgkin (excluído de pele não melanoma), em discordância à
população geral.
CB160
EVOLUÇÃO DE RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL
COM NEFRITE LÚPICA
Wagner CS, Malafronte P, Demetrio DP, Souza JF, Sens YAS
Santa Casa de São Paulo, Brasil
Introdução: O prognóstico de receptores de transplante renal com
nefrite lúpica ainda é controverso. A evolução destes pacientes depende da população estudada, das condições socioeconômicas,
fatores relacionados ao doador e recorrência da nefrite lúpica, entre
outros fatores.
Objetivo: avaliar a evolução de receptores de transplante renal
adultos, com nefrite lúpica de um único centro da cidade de São
Paulo, Brasil.
Método: Foram analisados retrospectivamente os arquivos médicos
de pacientes com nefrite lúpica que receberam transplante renal na
Santa Casa de São Paulo. Foi realizada a análise de sobrevida pelo
método de Kaplan-Meier.
Resultados: Foram identificados 18 pacientes com nefrite lúpica
submetidos a 22 transplantes renais no período de 20 anos. Dois
pacientes receberam três enxertos renais. A maioria dos pacientes
era do sexo feminino, com idade de 33,7± 10 anos na ocasião do
transplante, 50% da raça branca e o restante não branca. Dezesseis
transplantes foram realizados com doador falecido e seis com doador vivo. A sobrevida dos pacientes em 10 anos foi 90%, e do enxerto 68%. Nefropatia crônica do enxerto foi a causa mais frequente
de perda do enxerto. Dois pacientes desenvolveram manifestações
extra renais do lúpus. Não houve evidência clínica ou histológica
de recorrência da nefrite lúpica no enxerto renal.
Conclusão: O transplante renal é um método que pode propiciar
sobrevida a longo-prazo em pacientes com nefrite lúpica que desenvolvem doença renal crônica dialítica.
CB161
TUBERCULOSE EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL
Souza JF, Wagner CS, Magalhães AO, Malafronte P, Miorin LA,
Sens YAS
Santa Casa de São Paulo, Brasil
92
Introdução: De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil na região metropolitana da cidade de São Paulo em 2012 a incidência de
tuberculose (TBC) foi de 45,2 casos/100.000 habitantes. Em receptores de transplante renal a prevalência de tuberculose é maior do
que na população geral, e varia em diferentes regiões geográficas.
Objetivo: Avaliar a prevalência de tuberculose após o transplante
renal em um único centro da cidade de São Paulo, Brasil.
Método: Análise retrospectiva de prontuários de receptores de
transplante renal no período de 1976 a 2013.
Resultados: Foram identificados 22 pacientes que apresentaram
tuberculose após o transplante renal com idade de 38 ±11 anos,
50% do sexo masculino e 63% receberam o enxerto renal de doador falecido. Dois pacientes tinham história prévia de TBC e três receberam tratamento profilático. A prevalência de tuberculose foi de
4,9%, diagnosticada após o transplante renal com mediana de 24
meses (2 a 156 meses). A apresentação mais comum foi de TBC
extrapulmonar (68,2%): no sistema nervoso central, sistema digestório e ganglionar. Apresentaram hepatoxicidade ao tratamento
31,8%, e resistência em 4,5% dos pacientes. Perda do enxerto ocorreu em três pacientes após o término do tratamento, e dois óbitos
por complicações relacionadas à tuberculose.
Conclusão: A prevalência de tuberculose foi alta na população estudada, sugerindo a necessidade de profilaxia em pacientes de risco
ou de áreas endêmicas.
CB162
CASE REPORT: INFECÇÃO POR STRONGYLOIDES
STERCOLARIS EM DOENTE TRANSPLANTADO RENAL
M. Pereira, A. Mirco, D. Machado, F. Falcão
Hospital de Santa Cruz, CHLO, EPE
Introdução: A estrongiloidíase é uma parasitose de alta prevalência
em regiões tropicais e subtropicais, sendo causada pelo nemátodo
Strongyloides stercoralis. Trata-se de uma patologia de fraca relevância em indivíduos imunocompetentes, mas com elevada mortalidade no doente transplantado renal (TR) pelos factores de risco
associados, nomeadamente novos esquemas de imunossupressão
e utilização de elevadas doses de corticosteroides. A estrongiloidíase pode surgir vários meses ou anos após o transplante, embora
a forma disseminada possa ocorrer dentro dos primeiros três meses.
A Ivermectina é um antiparasitário actualmente considerado como
fármaco de escolha para o tratamento de doentes TR com estrongiloidíase, com eficácia superior ao albendazol. A ivermectina é um
fármaco não comercializado a nível nacional, e exige cumprimento
de legislação especifica para a sua aquisição, sendo necessária autorização superior para a sua dispensa em regime ambulatório hospitalar.
Objectivos: Descrever um caso de estrongiloidíase após transplante
renal.
Métodos: Recolha de dados no processo clínico relativos à caracterização do doente, terapêutica imunossupressora, exame parasitário para Strongyloides stercoralis, registo de eosinofilia, creatinina
sérica e descrição tratamento com ivermectina.
Resultados: Doente sexo masculino, caucasiano com 64 anos transplantado renal desde 2006. Em Outubro 2013 apresenta-se na consulta emagrecido com dor abdominal e revela exame parasitário
fecal positivo para Strongyloides stercoralis. A imunossupressão em
curso consistia na associação tripla tacrolimos LP 2 mg/dia, micofenolato mofetil 500 mg de 8/8h e prednisolona 5 mg/dia. Iniciou tratamento com ivermectina, segundo as recomendações, na dose de
0,02 mg/kg/dia durante 2 dias, sem registo de interacções medicamentosas. Analiticamente no início do diagnóstico observou-se eosinofilia 0,95%, sem elevação da ureia (37 mg/dl) e da creatinina
sérica (0.82 mg/dl). Um mês após a terapêutica instituída ocorreu
normalização dos valores dos eosinófilos (0,24%) e observou-se
exame parasitário fecal negativo para o Strongyloides stercoralis.
Conclusão: No doente TR a estrogiloidíase pode estar associada a
elevada morbimortalidade, sendo o diagnóstico precoce e o tratamento imediato com ivermectina uma opção eficaz para a melhoria
do prognóstico clínico do doente evitando a disseminação da doença.
CB163
GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA EM
ASSOCIAÇÃO COM CRIOGLOBULINEMIA TIPO II EM
DOENTE TRANSPLANTADO RENAL PORTADOR DO VÍRUS
DA HEPATITE C
Cláudia Bento1, Jorge Malheiro2, Manuela Almeida2, La Salete
Martins2, Leonídeo Dias2, António Castro Henriques2, António
Cabrita2
1-Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e
Alto Douro, Vila Real. Portugal; 2-Serviço de Nefrologia, Centro
Hospitalar do Porto, Porto. Portugal.
Resumo:
A glomerulonefrite membranoproliferativa com crioglobulinemia associa-se frequentemente à infeção pelo vírus da hepatite C. O tratamento desta entidade não é consensual e representa um desafio
para os clínicos.
Apresentamos um caso de glomerulonefrite membranoproliferativa
associada a crioglobulinemia tipo II num doente do sexo masculino
de 46 anos portador de enxerto renal de dador cadavérico desde
2010. O seu valor de creatinina sérico (SCr) era 1,1 mg/dl. Após 3
anos do transplante o paciente apresentou-se com síndrome nefrítico
em associação com agravamento da função renal (SCr – 2,1 mg/dl).
Os exames laboratoriais demonstraram: fator reumatoide positivo,
crioglobulinemia tipo II, hipocomplementemia. Os anticorpos antinuclear e anti-double stranded DNA foram negativos. Apesar da
presença de anticorpos anti-HCV a carga vírica era indetectável. A
biópsia do enxerto renal demonstrou lesões compatíveis com glomerulonefrite membranoproliferativa com depósitos granulares para
IgM e C3 e marcação com C4d negativa na imunofluorescência.
Iniciou terapêutica com pulsos de metilprednisolona seguido posteriormente por prednisolona oral em associação com rituximab. Dois
meses após a última dose de rituximab o valor de creatinina melhorou para 1,27 mg/dl, a proteinúria diminuiu e os níveis de C3 normalizaram. O doseamento de crioglobulinas e de fator reumatoide
foi negativo e a carga vírica do VHC permaneceu indetectável.
Foi perdido o follow-up do doente.
No nosso caso o tratamento com rituximab associou-se a uma melhoria clínica. Um período de follow-up maior é necessário para a
monitorização clínica uma vez que as taxas de recidiva são elevadas
de acordo com estudos publicados na literatura.
CB164
GAMAPATIA MONOCLONAL DE SIGNIFICADO RENAL –
RECORRÊNCIA NO PÓS TRANSPLANTE RENAL
David Navarro, Ana Carina Ferreira, Cecília Silva, Inês Aires,
Fernando Caeiro, Fernanda Carvalho, Aníbal Ferreira,
Fernando Nolasco
Hospital Curry Cabral
A Gamapatia Monoclonal (GM) de Significado Renal é uma nova
entidade, na qual um clone de células B, sem critérios de mieloma
múltiplo (MM) ou de linfoma, produz imunoglobulinas monoclonais
ou seus fragmentos, que se depositam no rim, com perda de função
renal. Uma vez que não há manifestações extra-renais da doença,
o tratamento dirigido ao clone de células B não visa prolongar a
vida do doente, mas sim preservar a função renal e/ou prevenir a
recorrência da doença num rim transplantado.
Descreve-se o caso de um doente de 77 anos, transplantado renal
em Dezembro 2000 (dador cadáver) após 13 anos em hemodiálise
por doença de depósitos de cadeias leves (CL), confirmada por biópsia renal. Trata-se de um doente com GM de significado indeterminado de CL lambda, HTA e gastrite.
Período pós-transplante sem intercorrências até ao 9º ano, altura
em que ocorre agravamento da função renal (Pcr 1.7mg/dl) e surgimento de proteinúria (3.3g/24h). A biópsia de enxerto revelou
glomerulonefrite membranoproliferativa (secundária à GM) e FIAT
III, sem crioglobulinémia. Foi avaliado em Consulta de Hematologia, considerando-se não haver indicação para tratamento dirigido
por a doença não ter critérios de MM.
Em 2014, é internado por edema, HTA e agravamento da função
renal (Pcr 1.7>3mg/dl). A biópsia do enxerto documentou novamente glomerulonefrite membranoproliferativa. O mielograma e
BO revelaram 5-10% de plasmócitos. Excluiram-se lesões ósseas
líticas, e a TC abdomino-pélvica excluiu lesões patológicas. Re-avaliado em consulta de Hematologia, não tendo sido efectuado tratamento dirigido. O agravamento da função renal manteve-se, e o
doente retomou hemodiálise após 1 mês.
Este é um caso de perda de função do enxerto renal associada à
recorrência de lesão por depósitos de CL (e pesadas) no rim transplantado. A GM de significado renal não é considerada uma contra-indicação para o transplante renal, no entanto a existência desse
clone coloca o doente em risco de perda do transplante. Os autores
pretendem alertar para a necessidade de tratamento desta doença
para a sobrevida do enxerto, dada a elevada morbi-mortalidade
da doença renal crónica.
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CB165
DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA PÓS-TRANSPLANTE RENAL
- EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO
Hugo Ferreira, Manuela Bustorff, Joana Santos, Inês Ferreira,
Susana Sampaio, Isabel Salomé, Juliana Bastos, Rui Bergantim,
Fernando Príncipe, Manuel Pestana
Centro Hospitalar de São João, Serviço de Nefrologia/Serviço de
Hematologia Clínica
Introdução: A doença linfoproliferativa pós-transplante (PTLD) - segunda neoplasia mais frequente após transplante renal (TR) no
adulto, acarreta grande morbi-mortalidade pelo que um reconhecimento precoce e tratamento adequado são essenciais.
Métodos: Estudo retrospetivo de 8 doentes adultos transplantados
renais com PTLD, diagnosticada no nosso Centro no período de
2001 a 2014.
Resultados: Seis dos 8 doentes eram homens. A idade mediana
ao diagnóstico foi de 43 anos (30-64 anos) e a mediana de tempo
de diagnóstico após o transplante foi de 88 meses (3-155 meses).
Três doentes fizeram ATG/OKT3 previamente e todos faziam inibidores da calcineurina (CNI) ao diagnóstico. Tipos de PTLD identificados: 5 monomórficas (um linfoma de Burkitt e 4 linfomas difusos
de grandes células B, LDGCB), 1 polimórfica e 2 tipo linfoma de
Hodgkin. A forma de apresentação mais frequente foi febre. Quatro
em cinco doentes tinham vírus Epstein Barr na neoplasia. Relativamente ao tratamento: um doente realizou nefrectomia (PTLD do
aloenxerto), um sem condições para tratamento curativo (linfoma
de Burkitt), um doente tratado apenas com redução de imunossupressão (RI) e 5 doentes tratados com RI e quimioterapia associando-se rituximab em 3 doentes. A RI incluiu a conversão dos CNI
para inibidores da mTOR (imTOR) - realizado em 4 doentes.
Seguimento máximo de 6,7 anos com mortalidade de 50% que
ocorreu a uma mediana de 3,5 meses (0-6 meses) após o diagnóstico de PTLD (2 com rim funcionante). No final da avaliação metade dos doentes encontravam-se vivos – seguimento mediano de
51,5 meses (20-80 meses). Todos os doentes em remissão fizeram
conversão de CNI para imTOR, em nenhum houve perda de TR.
Conclusão: Apesar do número reduzido de doentes os nossos resultados confirmam a elevada mortalidade e o impacto das PTLD
na sobrevida do aloenxerto. A manifestação mais comum foi febre;
o tipo de PTLD mais encontrado foi a do tipo monomórfica de células B e dentro deste o LDGCB, resultados de acordo com a literatura. Apesar de a RI ser a terapêutica de primeira linha está por
definir a melhor estratégia de RI. Os nossos resultados sugerem
para um efeito benéfico da conversão dos CNI para imTOR.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB166
NEOPLASIAS UROLÓGICAS DE NOVO NO PERÍODO PÓSTRANSPLANTE RENAL: EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO
Brigite Aguiar1, Tânia Santos1, C. Romãozinho1,2, L. Santos1,2,
F. Macário1,2, R. Alves1,2, C. Alberto2, Mário Campos1, Alfredo
Mota2
1-Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2-Unidade de Transplantação Renal do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Introdução: A incidência das neoplasias nos doentes submetidos
a transplante renal é superior em relação à população geral. Com
o aumento da idade dos dadores e dos receptores há um risco
acrescido de desenvolverem neoplasias, incluindo as do aparelho
genito-urinário.
Objectivo: O objectivo deste estudo foi determinar a incidência de
neoplasias do foro urológico após o transplante renal, analisando
o tipo de neoplasia, tratamento efectuado, e o seu impacto no
transplante.
Material e Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva dos
2353 doentes que foram submetidos a transplante renal na nossa
Unidade de Transplantação Renal, no período entre Janeiro de
1987 a Dezembro de 2012.
Resultados: Durante o período de observação diagnosticamos 54
neoplasias urológicas de novo (2.3%) em 54 doentes, com uma
mediana de follow-up de 117 meses. A maioria era do sexo masculino (87.3%), com idade média de 55 anos à data do diagnóstico
da neoplasia.
A mediana do tempo entre o transplante renal até ao diagnóstico
93
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I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
da neoplasia foi de 73 meses. Foram diagnosticados 24 carcinomas células renais (CCR) (44.4%), 21 do rim nativo e em 3 casos
do enxerto renal, adenocarcinoma da próstata em 35.2% dos
casos, neoplasia vesical em 16.7% dos casos e 2 casos de carcinoma urotelial.
O tratamento realizado foi semelhante ao utilizado na população
não transplantada.
A perda do enxerto foi registada em 23 casos (42.6%), sendo que
em 14 casos foi secundária a morte (10 casos de causa neoplásica
urológica), e nos restantes casos por nefropatia crónica do enxerto.
Não se observou correlação estatisticamente significativa entre
doença renal poliquística e o desenvolvimento de CCR. Actualmente 31 doentes permanecem transplantados com um tempo
médio de follow up de 60.37± 55.6 meses.
Conclusão: Os resultados obtidos na nossa Unidade nos últimos
25 anos quanto à ocorrência de neoplasias urológicas no período
pós transplante renal são globalmente satisfatórios, com uma incidência baixa de 2.3%, e com uma taxa de mortalidade de 18.5%
relacionada com a neoplasia. A idade média de diagnóstico de
neoplasia foi mais baixa do que na população em geral o que reforça a importância do rastreio deste tipo de complicações.
CB167
SÍNDROMA FEBRIL INDETERMINADO NUM DOENTE
TRANSPLANTADO RENAL HÁ 12 ANOS
Henrique Silva Sousa, Rita Birne, Sara Querido, Patrícia Matias,
Cristina Jorge, André Weigert, Teresa Adragão, Margaria
Bruges, Domingos Machado
Serviço Nefrologia, Hospital de Santa Cruz, Centro Hospitalar de
Lisboa Ocidental
94
Introdução: Os doentes transplantados, pela imunossupressão necessária, manifestam quadros clínicos atípicos e, muitas vezes de
difícil diagnóstico.
Caso clínico: Doente de 73 anos, género masculino, leucodérmico, com DRC estadio 5 em hemodiálise (HD) desde 1992 (nefropatia IgA). Recebeu um transplante de dador cadáver em
10/2002. Manteve boa função do enxerto renal (Creat habitual: 1
mg/dl), sob IMS inicialmente com CSA+MMF+ Pred e posteriormente switch para SRL em 2008 por carcinoma espino-celular do
pavilhão auricular.
Tinha história de tuberculose pulmonar (1977) e pleural (1992) com
alterações sequelares - queixas brônquicas crónicas e provas funcionais com ligeiro padrão obstrutivo.
A 19/03 recorreu ao nosso Hospital por febre com 2 semanas e
tosse produtiva, tinha PCR 5 mg/dl e Rx tórax sem condensações.
Foi medicado com levofloxacina, mantendo tosse, agora seca, e
febre. A 2/04 foi observado, apresentando-se febril (39.5ºC), PCR:
21 mg/dl e Rx com reforço basal do interstício, mas sem evidência
de condensações. Ficou internado, iniciando piperacilina+tazobactam. O quadro arrastou-se durante várias semanas com evidente
deterioração do estado geral, apesar dos vários AB: levofloxacina,
meropenem, vancomicina. Reduziu-se francamente MMF e fez-se
switch de SRL para EVR, sem melhoria. Os exames microbiológicos,
incluindo LBA, foram negativos. O ecocardiograma não mostrava
vegetações e o TAC T-A-P excluiu qualquer foco infeccioso ou adenopatias. O ADA encontrava-se ligeiramente acima do normal.
Realizou PET-Scan: processo inflamatório/infeccioso pulmonar periférico bilateral em fase activa + infiltração difusa do músculo
psoas direito.
A febre e as alt. analíticas inflamatórias regrediram com a suspensão dos antibióticos e com o inicio anti-bacilares (Rifabutina 300mg
1x/d, Isoniazida 300mg 1x/d, Pirazinamida 2000mg 1x/d, Etambutol 1200mg 1x/d e Piridoxina 1 cp/d).
Conclusão: Os autores descrevem uma apresentação rara de tuberculose, com envolvimento do psoas e pleuras, sem evidência de
espondilite. Os habituais ECD preconizados na síndrome febril indeterminada, não foram esclarecedores. A realização de PET-scan
demonstrando hipercaptação em 2 locais distintos improváveis,
conduziu à alteração de terapêutica para antibacilares.
O sucesso da estratégia referida permitiu confirmar o diagnóstico
de TB com envolvimento muscular e subpleural.
CB168
FEATURES OF LIVER BIOPSY FRAGMENTS PREDICT SUITABLE
SAMPLES FOR HISTOLOGICAL ANALYSIS OF
TRANSPLANTED PATIENTS
Leandro R N Amado, Agnaldo S Lima, Luciana C Faria,
Nivaldo H Toppa, Lúcia P F Castro
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais,
Brasil
Graft biopsy is a useful tool for diagnosis of post transplant liver dysfunction. However, an adequate liver fragment is essential for histological study effectiveness, accurate diagnosis and, consequently,
proper therapeutic management. The most important feature is the
number of portal tracts found in a liver specimen. The aim of this
study was to assess the quality of the graft biopsy, in terms of the fragment characteristics and its relation with the number of portal tracts.
Methods: A retrospective study included 125 liver graft needle biopsies performed in 94 patients, mainly for investigation of high liver
enzymes. Patients were 50.8 years old in median (range = 3.2 72.5), mostly male (59 patients, 62.7%), average BMI 26,6±4,2.
Biopsies were obtained by punction with Menghini needle (n=116
- 92.8%) or by eco-guided with automatic needle (n=9 - 7.2%). The
same pathologist analyzed all liver fragments, to count the number
of portal tracts and measure total fragment length.
Results: Mean length of fragments was 2,16cm and was similar between the Menghini and the automatic needles (mean 2.16cm and
2.18cm, respectively – p=0.951), so as the total number of portal
tracts found (mean 9.4 and 11.3, respectively – p=0.434). When
the relation between the total fragments length and the number of
portal tracts was considered, fragments longer than 2.6 ± 0.9cm
(1.2 - 5.5cm), regardless of needle type or biopsy technique, provided more than 10 portal tracts, number accepted as gold standard. Patient BMI did not correlate with fragment size or with the
number of portal tracts. Conclusive diagnosis was possible when a
larger number of portal tracts were available (2 vs. 8 portal tracts –
p <0.001) and the total length of the fragment was larger (median
1.0cm vs. 2.0cm – p=0.006).
No major complications of biopsy procedures were found in patients
of this study.
Conclusion: Liver fragments longer than 1.2cm (mean 2.6cm) were
associated to a better quality of histopathological analysis. Menghini
needle or Tru-Cut needle are equally suitable for obtain adequate
liver fragments.
CB169
VARIÁVEIS ASSOCIADAS AO RISCO DE MORTE PRECOCE
APÓS TRANSPLANTE DE FÍGADO NA UNIDADE DE
TRANSPLANTE HEPÁTICO EM UM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO
Liris Delma de Lima e Silva Azevedo, Elisabete Yoko Udo, Luiz
Claudio Martins, Raquel Silveira Bello Stucchi, Ilka de Fatima
Santana Ferreira Boin
Universidade Estadual de Campinas, Brasil
A disfunção do enxerto após o transplante de fígado é uma complicação grave que pode levar à perda do enxerto e a morte do paciente. Esse é um estudo observacional, retrospectivo que visa
identificar os fatores de risco de morte precoce após o transplante
em pacientes adultos maiores de 18 anos na Unidade de transplante de fígado do Hospital de Clinicas da Universidade de Campinas, de julho 1994 a dezembro de 2013. Como morte precoce
consideramos os óbitos até 30 dias após a cirurgia. Foram incluídos
pacientes maiores de 18 anos, submetidos ao transplante com a
técnica de piggyback e excluídos aqueles menores de 18 anos, retransplantes, transplante duplo fígado-rim e hepatite fulminante
Foram analisados 624 paciente selecionados do banco de dados
da unidade de transplante de fígado. Destes, 256 foram excluídos
pelos critérios acima e 66 por dados incompletos. Dos 302 casos
analisados, 26% morreram em 30 dias.Para identificar os fatores
de risco fizemos uma análise inferencial utilizando um modelo de
regressão logística. Para a seleção das variáveis utilizamos os testes
t-Student e qui-quadrado, divididas em 3 grupos: relacionadas ao
receptor (idade, IMC, sódio sérico, grau de disfunção do enxerto,
MELD, taxa de filtração glomerular), a cirurgia (isquemia quente e
fria, tempo cirúrgico e unidades de concentrados globular), ao doa-
dor (idade, bilirrubina total (BT), hipotensão arterial e índice de risco
do doador). Como resultado vimos que a possibilidade de um receptor com sódio sérico menor que 130 mEq/l ter morte precoce é
6,26 vezes maior daqueles com sódio sérico maior. Não houve diferença significativa entre disfunção leve e moderada, porém o risco
de disfunção grave do enxerto (DGE) ter morte precoce é 21 vezes
maior. Quanto a hemotransfusão, há um aumento de 14% de risco
para cada unidade transfundida. Em 50% dos óbitos precoces o
valor da BT do doador foi de 0.65 mg/dl. Em 26,6% dos óbitos o
doador teve hipotensão arterial, contra 17,6% dos demais. Concluímos que há fatores associados ao doador (aumento de BT) e
ao receptor (hiponatremia, DGE e politransfusão) que podem ser
observadas para melhor resultado no período pós-operatório.
CB170
IMPACTO DO ESCORE MELD NO PROGNÓSTICO PÓS
TRANSPLANTE
Annunziata T, Fernandes R, Balbi E, Paulino K, Vasconcelos R,
Stoduto G, Pacheco-Moreira LF
Hospital São Francisco de Assis / Centro Estadual de Transplantes RJ
Introdução: O escore MELD (Model for End-stage Liver Disease)
vem sendo utilizado como ferramenta para avaliação do risco de
mortalidade do paciente com cirrose hepática. Desde 2006, ele
começou a ser empregado no Brasil como critério de alocação de
enxerto para pacientes em fila para transplante hepático, de forma
a priorizar o paciente com maior gravidade. Contudo, ainda não
está bem estabelecido se um MELD elevado interfere no prognóstico
pós-operatório; os resultados na literatura variam ao tentar demonstrar tal associação.
Objetivo: O objetivo desse trabalho é avaliar se o MELD pré-operatório correlaciona-se com o prognóstico pós-operatório dos pacientes submetidos a transplante hepático.
Materiais e métodos: Foram avaliados 87 pacientes submetidos a
transplante hepático com doador falecido entre fevereiro de 2013
e março de 2014 em um único centro. Os MELDs foram calculados
com exames coletados na internação para o transplante. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: grupo 1, com MELD < 25
(n=58), e grupo 2, com MELD ≥ 25 (n=29), os quais foram avaliados quanto à sobrevida nos primeiros 30 dias de pós-operatório.
Resultados: A sobrevida global nos primeiros 30 dias pós transplante foi de 82,8%. No grupo 1 ocorreram 9 óbitos, com sobrevida de 84,5%, enquanto no grupo 2 observamos 6 óbitos, com
sobrevida de 79,3% (p=0,547). A análise por sexo demonstra que
as mulheres transplantaram com MELD mais elevado e possuem
uma taxa de mortalidade maior (25,6%) quando comparado com
os homens (10,4%), p=0,062. A média de tempo de internação
no grupo 1 foi de 25,15 dias e no grupo 2 foi de 25,96 dias. Pacientes do grupo 2 receberam mais transfusão sanguínea durante
a cirurgia (45,7% contra 19,5%), embora não haja associação estatística entre isso e a mortalidade em 30 dias (p=0,23).
Conclusão: Apesar de uma amostra ainda pequena em virtude de
ser a experiência inicial de um serviço, os resultados preliminares
sugerem que não há relação entre MELD elevado e maior risco de
mortalidade no período pós transplante precoce. Apesar disso, ao
se fazer uma avaliação pelo sexo, os dados sugerem que pode
haver essa correlação.
CB171
INCIDENTALLY DISCOVERED HEPATOCELLULAR
CARCINOMA (IHCC) IN EXPLANT LIVER: CLINICAL,
HISTOPATHOLOGIC FEATURES AND OUTCOME
João Madaleno1, Rita Alves1, Nuno Silva1,2, Suzana Calretas1,2,
Luis Tomé2, José Ferrão1,2, Antonino Barros2, Dulce Diogo2,
Augusta Cipriano3, Emanuel Furtado2, Armando Carvalho1
1-Serviço de Medicina Interna A, 2-Unidade de Transplantação
Hepática Pediátrica e de Adultos, 3-Serviço de Anatomia
Patológica, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra,
Coimbra, Portugal.
Background and aims: iHCC are tumors discovered on the explanted liver, which were not present on imaging prior to transplant.
The natural history, histopathologic characteristics and prognosis are
not clearly defined.
Methods: We compared the characteristics of iHCC and previously
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I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
known hepatocellular carcinoma (pkHCC) in patients who underwent
liver transplantation between 1998 and 2012 in a retrospective study.
Results: During this period a total of 675 patients were transplanted;
58 (8,6%) patients had pkHCC and 12 (1,8%) patients had iHCC.
The gender and age distribution were similar between pkHCC and
iHCC. The etiology of cirrhosis in iHCC patients were alcoholic liver
disease (n=7), hepatitis C (n=3), hepatitis B (n=1) and NASH
(n=1). The mean MELD in patients with iHCC was 16,6 (± 2,5),
higher than in patients with pkHCC 13,7 (±5,9) (p=0,002). 33,3%
of iHCC patients had multiple tumors and 25% had bilobar involvement. The average number of tumors was 1,0 (± 0,7) and the cumulative tumor size was 2,3 cms (± 1,6). The cumulative tumor size
in iHCC was significantly lesser than pkHCC (mean 3,8 cms)
(p=0.003). Incidence of microvascular invasion was not different
(16,7 vs 39,3%; p=0.122). AJCC T1 stage was found in 58,3% of
patients with iHCC and 24,6% of pkHCC patients (p=0.190). The
median survival of patients with iHCC was 11,84 yrs (95%CI 8,5115,16) and 8,70 yrs (95%CI 6,90-10,51) in patients with pkHCC
(p=0.178). None of the patients with iHCC had recurrence of HCC,
while incidence of recurrence in pkHCC patients was 8,6%.
Conclusion: iHCC occurred in patients with more advanced liver
disease. The cumulative tumor size of iHCC was smaller but a third
were multifocal. Survival was similar to patients with pkHCC and recurrence was not noted in patients with iHCC.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB172
TRANSPLANTE HEPÁTICO NA FALÊNCIA HEPÁTICA AGUDA
– CASUÍSTICA DE UM CENTRO EM PORTUGAL
Filipa Borges Santos, Carla Pinto, Sofia Ferreira, Vítor Lopes,
Judit Gandara, Aníbal Marinho, Jorge Daniel, Helena
Pessegueiro Miranda
Unidade Transplantação Hepato-Pancreática, Centro Hospitalar
do Porto
A Falência Hepática Aguda (FHA) é uma entidade clínica rara, com
uma incidência e etiologia variáveis. As causas mais frequentes nos
países em desenvolvimento são as infecções virais, contrapondose à toxicidade medicamentosa frequente no Norte da Europa e
América. O conhecimento da etiologia é importante por poder influenciar um tratamento específico e o prognóstico.
Foi realizada uma revisão dos processos clínicos de todos os doentes de uma Unidade de Transplante Hepático, com o diagnóstico
de FHA e submetidos a Transplante Hepático Ortotrópico (THO),
desde Janeiro de 1996 até Maio de 2014, de acordo com os seus
dados demográficos, etiologia, modelos de prognóstico, disfunção
de órgãos e mortalidade.
Nos 47 doentes, a idade média dos doentes era de 38 anos (14 a
66), sendo 80.9% mulheres. A infecção pelo vírus da hepatite B foi
a causa de FHA mais frequente (25.5%). Outras etiologias: toxicidade medicamentosa (21.3%), doença de Wilson (12.8%), hepatite
auto-imune (10.6%), intoxicação por amanita phalloides (4.3%),
um de infecção por herpes simplex tipo 2, um de lesão iatrogénica
do hilo hepático e um de síndrome de HELLP. Em 19,1% casos não
se conseguiu estabelecer uma etiologia quando da apresentação.
87.2% dos doentes apresentavam coagulopatia grave aquando do
diagnóstico da hepatite aguda (HA). A encefalopatia hepática surgiu em média 13 dias após o diagnóstico da HA. 51.2% requereram entubação orotraqueal; 22.0% apresentaram disfunção
cardiocirculatória; 34.1% disfunção renal; 41.5% síndrome resposta
inflamatória sistémica. A técnica de Prometheus foi utilizada em
12.8%. Quando do THO os doentes apresentavam MELD médio
de 32 (20 a 40). O THO ocorreu em média 2.7 dias (0 a 7) após
o apelo. 92.7% dos THO havia compatibilidade ABO. 25.5% dos
doentes faleceram no período inferior a 30 dias após THO.
O THO alterou o prognóstico da FHA, permitindo uma grande melhoria da sobrevivência destes doentes. A referenciação atempada
para unidades específicas, com equipas multidisciplinares, capacitadas no cuidado de doentes críticos, recurso a sistemas de suporte
hepático, é por isso fundamental. As dificuldades nacionais de resposta a um apelo super-urgente podem comprometer o sucesso da
transplantação, pela demora em encontrar um dador obrigando à
utilização de dadores incompatíveis.
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XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
CB173
NEOPLASIAS SÓLIDAS DE NOVO APÓS O TRANSPLANTE
HEPÁTICO: ESTUDO DE UMA POPULAÇÃO
Vital Da Silva Domingues, Judit Gandara, Sofia Ferreira, Vítor
Lopes, Jorge Daniel, Helena Pessegueiro Miranda
Centro Hospitalar do Porto, Unidade de Transplante HepatoPancreático
O desenvolvimento de neoplasias de novo tem emergido como
uma complicação séria após o transplante hepático (TH), comprometendo a sobrevivência destes doentes. Numa população de 903
doentes submetidos a TH (1995 a 2014) foram avaliados os que
desenvolveram malignidade sólida de novo pelo menos 12 meses
após o transplante. Trinta e cinco (3,8%) doentes desenvolveram 36
neoplasias numa média de 7 anos (mínimo de 1 e máximo de 16
anos) após o TH. As neoplasias do aparelho digestivo corresponde
a 43% dos casos, com claro domínio da colo-rectal, 15% com neoplasia do pulmão, 15% com neoplasia genitourinária e 3% com
neoplasia da pele. Maioritariamente são homens (61%), com idade
média de 57 anos à data de diagnóstico, transplantados na maioria
dos casos por cirrose a álcool (42%), cirrose de etiologia vírica
(VHB-6%; VHC-10%) e doentes com paramiloidose (10%). As serologias IgG eram positivas a CMV e EBV em 87% e 48% dos casos,
respetivamente. Foram retransplantados 18% dos doentes. Em
todos os doentes a imunossupressão incluiu prednisolona durante
pelo menos 3 meses e o tratamento com inibidores da calcineurina
foi associado a micofenolato de mofetil (17%) ou azatioprina (58%).
A taxa de rejeição celular foi de 12%. O tratamento da neoplasia
foi cirúrgico (33%), com quimioterapia (25%) e paliativo em 15%
dos casos. A taxa de mortalidade foi de 53% e a sobrevida aos 5
anos de 55%. Na maioria, aquando o diagnóstico da neoplasia,
esta apresentou-se em estadio avançado, ocorrendo o falecimento
em média 16 meses após o diagnóstico.
Neste estudo confirmamos um risco acrescido de neoplasias após
a transplantação hepática, sobretudo das neoplasias do foro digestivo. A idade avançada e o tipo de imunossupressão são factores
de risco a ter em conta. Devemos implementar a aplicação de protocolos de rastreio oncológico antes e após o TH, por forma a identificar precocemente estes doentes.
CB174
SÍNDROME DO SÉTIMO DIA – CATÁSTROFE APÓS O
TRANSPLANTE HEPÁTICO: A PROPÓSITO DE TRÊS
DOENTES
Marta Pereira, Inês Ferreira, Judit Gandara, Sofia Ferreira,
Vítor Lopes, André Coelho, Ramón Vizcaino, Aníbal Marinho,
Jorge Daniel, Helena Pessegueiro Miranda
Centro Hospitalar do Porto, Unidade de Transplante HepatoPancreático
96
Introdução: A Síndrome do Sétimo Dia (SSD), representa uma
complicação aguda e muito grave do transplante hepático (TH).
Rara e de etiologia desconhecida, condiciona uma elevadíssima
mortalidade, de tratamento ineficaz para além do retransplante precoce. Após uma evolução favorável com tendência a normalização
do enxerto, 1 a 2 semanas depois do TH desenvolve-se uma disfunção súbita e grave do enxerto e falência hepática irreversível. A
histologia na SSD caracteriza-se por necrose hemorrágica aguda
(NHA) com exuberante hemorragia centrolobular e necrose/apoptose hepatocelular, com reduzida actividade inflamatória.
Os autores apresentam três casos de SSD.
Caso clínico 1: Mulher de 50 anos, submetida a TH por colangite
esclerosante primária. Sem intercorrências no intra-operatório e com
evolução favorável nos primeiros dias de pós-operatório. Ao sétimo
dia, disfunção grave do enxerto, tendo sido excluídas causas vasculares e infecciosas. Evolução para falência hepática e choque. Em
apelo super-urgente para retransplante, a doente faleceu ao 10º
dia. A necrópsia mostrou na histologia do fígado aspectos de NHA.
Caso clínico 2: Homem de 17 anos, submetido a TH por Doença
de Wilson. Evolução inicial favorável. Ao 7º dia de pós-operatório,
disfunção grave do enxerto com evolução rápida para falência hepática. Foi submetido a retransplante ao 12º dia, sendo a histologia
do explante sugestiva de NHA. Após uma evolução inicial favorável
veio a falecer ao 30º dia por falência hepática. A necrópsia demonstrou extensa trombose do leito hepático arterial e venoso.
Caso clínico 3: Mulher de 58 anos, submetida a TH por cirrose
hepática, co-infectada VHC e VIH. Sem intercorrências no intraoperatório e evolução inicial favorável. Ao 4º dia de pós-operatório
presenciada crise convulsiva isolada. Ao 6º dia, disfunção aguda
do enxerto, acompanhada de quadro febril e compromisso hemodinâmico. Excluídas causas vasculares e infecciosas. Biópsia hepática com achados sugestivos de NHA. Evolução para choque e
óbito ao 10º dia, em apelo urgente para retransplante.
Conclusão: Os casos descritos salientam as características peculiares da SSD, distintas de outras etiologias mais frequentemente
responsáveis pela disfunção aguda e grave do enxerto. A ausência
de publicações nos últimos anos sobre esta entidade pode traduzir
a sua raridade mais recente ou um interesse menor pela mesma.
CB175
TRANSPLANTE DE FÍGADO NO CONTEXTO DE ESCASSEZ
DE ENXERTOS. ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 238
TRANSPLANTES DE UM CENTRO TRANSPLANTADOR NO
BRASIL
Rogério P. Barbosa, Luiz H. Yamauchi, Elton L. Silva, André
Serra, Marcelo S. Silva, Márcio Dias, Leonardo R. Ferraz
Hospital Israelita Albert Einstein
Introdução: O cenário de escassez de enxertos leva os pacientes a
transplantar com doença hepática avançada, MELD elevado e alto
risco de morbimortalidade. O Hospital Israelita Albert Einstein representa um dos centros que mais realizou transplante de fígado no país.
Objetivo: Reportar resultados e características do peri-operatório
de transplantes de fígado realizados no Hospital Albert Einstein nos
últimos dois anos.
Método: Coorte retrospectiva de 238 casos sequencias de todos
os transplantes realizados nos anos de 2012 e 2013. Análise retrospectiva de dados coletados prospectivamente.
Resultados: Foram realizados 238 transplantes em 204 pacientes,
sendo 34 (14%) re-transplante, 6 duplos figado-rim e um multi-visceral. A idade média foi de 51 anos, 171 (72%) no sexo masculino
e 67 (28%) no feminino. O MELD médio foi de 31. Hipertensão e
diabetes são as comorbidades mais prevalentes com cerca de 25%
cada, seguidos de insuficiência renal crônica (6%). As indicações
para o transplante mais frequentes foram cirrose por vírus C e hepatocarcinoma com 38% dos casos cada, seguido por cirrose por
álcool com 18%. O tempo médio de espera em lista foi de 233
dias. Anestesia geral com propofol, fentanil, isofluorane e cisatracurio em todos os casos e monitorização hemodinâmica com FlowTrack®, Swan Ganz ou ecocardiograma, associado a terapia
transfusional restritiva guiada por trombelastometria guiam nossa
prática. Não houve transfusão de hemácias durante o transplante
em 52 casos e a média foi de 1,5 transfusão por transplante com
mediana de 1 e moda de zero. O tempo médio de cirurgia foi de
5h. Todos os pacientes foram encaminhados a UTI. O tempo médio
de internação na UTI foi de 5,6 dias com a moda e mediana de 4
e internação hospitalar de 19 dias com moda e mediana ente 8 e
15 dias. A sobrevida atuarial em um ano esta em 83,12%.
Conclusão: O modelo de alocação de órgãos adotado no Brasil
direciona os órgão aos pacientes mais graves e exige grande aporte
de recursos financeiros e humanos, que num cenário de pouca doação, trata os pacientes numa condição extremamente avançada da
doença hepática. O ato anestésico e os cuidados peri-operatórios
tornam-se complexos e exigem a alocação de muitos recursos para
obtenção de resultados satisfatórios.
CB176
EXPERIÊNCIA DO PROCESSO DE TRANSPLANTE CARDÍACO
NA PERSPECTIVA DO CUIDADOR
Priscila Gonçalves Pereira Moraes Bellkiss, Wilma Romano
Karina Casseb Fernandes, Marcella Noschese Garbin, Thais
Cianfone Zucoloto
Instituto do Coração do HCFMUSP - Serviço de Psicologia
Introdução: A realização de um transplante cardíaco é um processo complexo que demanda muitos ajustes na vida do paciente,
tanto no período pré transplante, quanto com os cuidados pós-operatórios. Nesse contexto, a figura do cuidador do paciente possui
fundamental importância para o êxito do procedimento. Contudo,
a literatura apresenta poucos dados acerca do impacto que este
processo tem sobre a figura do cuidador principal do paciente.
Objetivo: Essa pesquisa teve por objetivo conhecer a experiência
vivenciada pelo cuidador do paciente transplantado cardíaco.
Metodologia: O procedimento de coleta de dados foi a entrevista
aberta a partir da questão: "Como foi sua experiência como cuidador?". Foram realizadas entrevistas com 12 cuidadores de pacientes
adultos transplantados cardíacos. Para análise dos dados foram utilizados os princípios teóricos e metodológicos da pesquisa qualitativa fenomenológica.
Resultados: A análise dos dados foi organizada em quatro temas
principais surgidos a partir do discurso dos participantes: (1) Relações interpessoais dos cuidadores, (2) Impacto prático e emocional
gerado pelo processo de transplante, (3) Vivência de situações de
imprevisibilidade e (4) Medidas de apoio e suporte utilizado pelo
cuidador.
Conclusão: Foi possível concluir que os cuidadores de pacientes
que realizaram transplante cardíaco constituem uma população
predominantemente do sexo feminino e que a sobrecarga de cuidar
de uma pessoa durante este processo afeta, pratica e emocionalmente, diretamente a vida do cuidador. Porém, além do sofrimento
psíquico envolvido, é possível observar estreitamento dos laços afetivos nas relações interpessoais do cuidador e sentimentos de superação e gratidão ao final do processo.
CB177
ANÁLISE DE PACIENTES EM FILA DE TRANSPLANTE
CARDÍACO COM PESO CORPORAL IGUAL OU SUPERIOR A
80 KG
Fátima D. Cruz, Victor S. Issa, Silvia Auyb, Germano Emilio,
Paulo Chizzola, Ronaldo Honorato, Alfredo Fiorelli, Fernando
Bacal, Edimar Bocchi
Instituto do Coração - Hospital das Clínicas da Universidade de
São Paulo - Brasil
Introdução: O transplante cardíaco (TC) é o tratamento definitivo
para a insuficiência cardíaca refratária. Uma criteriosa seleção é
necessária para que ocorra um impacto significante na qualidade
de vida, capacidade de exercício e sobrevida. O seguimento multidisciplinar consta da avaliação do enfermeiro, psicólogo, nutricionista e assistente social para inclusão em fila de TC. Entretanto a
obesidade constitui um fator responsável por grande morbi-mortalidade após cirurgia cardíaca, devido a fatores relacionados a cicatrização, risco de infecção, tromboembolismo e complicações
pulmonares, sendo a obesidade mórbida considerada contra-indicação relativa para a realização do TC.
Objetivos: Analisar os pacientes em fila de TC com peso corporal
igual ou superior a 80 kg.
Métodos: Analisamos pacientes em fila de TC ortotópico no período de 27 de agosto de 2009 a 30 de dezembro de 2010 em
centro de referência para TC.
Resultados: No período analisado foram incluídos 50 pacientes
em fila de TC, sendo 21 (42%) com peso igual ou superior a 80
Kg. Dos 21 pacientes, 12 (57%) em caráter de prioridade (hospitalizados em uso de drogas vasoativas).
Idade:
52±15 anos
Masculino:
90,4% masculino
Etiologia:
33% isquêmica
38% dilatada
5% chagásica
24% outras causas
Peso:
88±8 Kg
IMC:
27,9±4 Kg/m².
Realizaram TC:
4 (19%)
Óbitos: 3 (75%) - (1 choque séptico, 1 falência de
múltiplos órgãos; retransplante: 1);
Vivos: 1
Não Realizaram TC: 17 (81%)
Óbitos: 11 (65%) (choque cardiogênico; 4, descompensação da IC: 3 coque séptico: 2, tromboembolismo/ Infecção: 1, subito: 1)
Vivos: 6 (35%) (1 saiu da fila por melhora clínica).
Conclusão: Embora os pacientes tivessem peso corpóreo igual ou
superior a 80 Kg, uma pequena porcentagem apresentou IMC superior a 30 Kg/m², sendo que, destes, somente um e sobreviveu ao
procedimento anestésico/cirúrgico.
A mortalidade foi elevada em fila de TC o sendo o choque cardio-
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
gênico e septicemia/infecção as principais causas. Embora tenha
sido um grupo pequeno de pacientes nas condições descritas, e um
curto espaço de tempo, observa-se indícios de que é possível obter
sucesso no TC em pacientes com peso e IMC elevados, entretanto,
observamos que o sobrepeso e a obesidade pode ser um fator dificultador devido não somente a falta de doadores, mas a falta dos
mesmos que apresentem este perfil de peso.
CB178
O SERVIÇO SOCIAL NO PROGRAMA DE TRANSPLANTE
CARDÍACO: AVALIAÇÃO SOCIAL
Ribeiro A.L.S, Ferreira L.P.
Instituto do Coração – HC FMUSP (São Paulo / SP)
A Equipe de Transplante de Coração do Instituto do Coração
HC/FMUSP é multidisciplinar, caracterizando-se pela troca de informações e interação dos conhecimentos pelos diferentes profissionais.
O Assistente Social nos seus atendimentos com pacientes e familiares
realiza avaliação social com o intuito de configurar o quadro socioeconômico e cultural do paciente, para identificar e interagir nas situações vivenciadas, desenvolvendo uma pratica social educativa e
política, para que o transplante se caracterize enquanto possibilidade
de reintegração na sociedade e qualidade de vida do transplantado.
O objetivo deste estudo configurou-se, na apresentação da Avaliação Social dos determinantes sociais, econômicos e culturais da
população atendida no Programa de Transplante Cardíaco pelo
Serviço Social, para subsidiar a equipe multiprofissional.
A metodologia adotada foi à pesquisa quantitativa, descritiva e retrospectiva, realizada no período de janeiro de 2012 a dezembro
de 2013 por meio de entrevista estruturada, com amostragem de
200 pacientes/familiares.
O perfil dos pacientes caracterizou-se pela predominância do sexo
masculino em 68%; maior faixa etária de 51 a 60 anos; 50% escolaridade correspondente ao ensino fundamental incompleto; 89%
apresentam cuidadores; 96% procedentes do Estado de São Paulo,
97% apresentam domicílios com infra-estrutura total/saneamento
básico; 65% destes pacientes encontra-se em benefício previdenciário ou assistencial; com concentração de renda de 1 a 2 salários
mínimos em 45% dos casos;
Do total de avaliações sociais realizadas com pacientes com indicação de transplante cardíaco, 70% apresentaram condições sociais favoráveis, para acompanhamento do programa; 28%
permaneceram em atendimento pelo Serviço Social para se monitorar as condições sociais e familiares passíveis de alteração, e contribuir com o processo de indicação para o transplante e dos
pacientes e 2% apresentaram fatores impeditivo como aceitação/
aderência ao tratamento.
A avaliação social é relevante no programa de Transplante Cardíaco, pois identifica os determinantes socioeconômicos e culturais
presentes no cotidiano do paciente e suas famílias que possam facilitar, interferir ou obstruir o processo de adesão e reintegração social, colaborando com a equipe multiprofissional na indicação
daqueles que mais se beneficiarão com o tratamento.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB179
EFEITOS DA REJEIÇÀO CELULAR AGUDA SOBRE A
CONTRATILIDADE DO VENTRÍCULO DIREITO DO
CORAÇÃO TRANSPLANTADO
Fiorelli AI, Chamel TWD, Santos T, Canizares BG, Junior Santos
VP, Stolf NAG, Jatene FB
Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
Fundamento: A biópsia endomiocárdica é o padrão ouro no
acompanhamento imunológico para detectar a rejeição aguda
após o transplante cardíaco. O ventrículo direito é considerado a
câmara mais frágil no transplante cardíaco e com menor capacidade de adaptação às situações adversas. Após o emprego da ciclosporina na imunossupressão as manifestações hemodin6amicas
passaram a ter menor expressão no diagnóstico de rejeição aguda
e a biopsia endomiocárdica
O objetivo deste estudo foi correlacionar os achados histopatológicos obtidos de especimes de miocárdio obtidos durantes a biopsias
endomiocárdicas de rotina com comprometimento hemodinâmico
avaliado pelo cateterismo cardíaco direito.
97
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XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
Método: Foram selecionadas 41 avaliações hemodinâmicas realizadas durante as biopsias endomiocárdicas de rotina de pacientes
submetidos ao transplante cardíaco, sendo separados em dois grupos em função da necessidade de pulsoterapia. No Grupo I – sem
indicação de pulsoterapia e Grupo II – com indicação de pulsoterapia. As seguintes variáveis hemodinâmicas foram controladas:
Pressão Arterial Sistólica (PAS), Frequência Cardíaca (FC), Pressão
em Átrio Direito (PAD), Pressão Sistólica na Artéria Pulmonar (PSAP),
Pressão Capilar Pulmonar (PCP), Débito Cardíaco (DC), +dP/dt e
–dP/dt de Ventrículo Direito.
Resultados: Os resultados obtidos encontram-se apresentados na
Tabela abaixo.
N
PAS
FC
PAD
PSAP
PCP
DC
+dP/dt
-dP/dt
Grupo I
134,8
88,8
11,9
37,0
10,2
5,4
12,5
11,6
(23)
±19,8
±19,8
±4,6
±9,4
±5,5
±1,2
±5,3
±4,8
Conclusões: Na presente investigação não foi possível detectar alterações no padrão hemodinâmico durante os episódios de rejeição
celular aguda que exigiram a adoção de terapia imunossupressora
com pulsoterapia. O mesmo pode-se observar quanto à contração
e ao relaxamento do ventrículo direito sob análise da dP/dt.
CB180
SARCOMA DE KAPOSI EM DOENTE TRANSPLANTADO
Daniela Macedo1, André Mansinho1, Isabel Fernandes1, Célia
Nascimento2, Alice Santana2, José Guerra2, João Borges da
Costa3
1-Serviço de Oncologia Médica, Hospital de Santa Maria, Centro
Hospitalar Lisboa Norte; 2-Serviço de Nefrologia, Hospital de Santa
Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte; 3-Serviço de Dermatologia,
Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte.
98
Introdução: O sarcoma de Kaposi (SK) é um tumor raro, associado
ao herpes vírus humano 8. É frequente nos doentes transplantados
renais devido à imunossupressão, especialmente na população africana, ocorrendo em fase precoce pós-transplante (5-21 meses).
Com a descrição de um caso clínico pretende-se abordar o tratamento multidisciplinar de um doente transplantado com SK em fase
avançada.
Caso Clínico: AJN, sexo masculino, 37 anos de idade, raça negra,
transplantado renal desde Junho de 2007, sob micofenolato de mofetil, rapamicina e prednisolona, com diagnóstico de SK por biópsia
de lesão nodular a nível do membro inferior (MI) direito em Janeiro
de 2009. Até Junho de 2010 tratado com alterações do regime de
imunossupressão, com melhorias transitórias. Por esta altura, verificou-se progressão de doença com extensas lesões cutâneas, exsudativas, a nível dos membros e da parede abdominal. Apresentava
ainda queixas de epigastralgias com endoscopia digestiva alta a
confirmar envolvimento gástrico. Iniciou primeira linha de quimioterapia com doxorrubicina lipossómica verificando-se boa resposta
clínica (34 ciclos no total). Em Março de 2011 por edema do MI direito realizou eco-doppler arterio-venoso que revelou adenopatias
ao longo dos vasos femorais. Em tomografia computorizada (TAC)
constatou-se progressão ganglionar e peritoneal. Alterou-se para
segunda linha com paclitaxel (total 8 ciclos) seguida de radioterapia
sobre cadeias ganglionares femorais. Em Fevereiro de 2013 foi internado por agravamento de lesões cutâneas no MI direito, com
perda de solução de continuidade e consequente quadro de sépsis.
Em Julho de 2013 identificada metastização hepática em TAC. Em
avaliação multidisciplinar (Nefrologia, Oncologia e Dermatologia),
decidido suspender imunossupressão e iniciar terceira linha com etoposido em conjunto com limpeza das feridas com permanganato de
potássio alternado com àcido acético. Verificou-se melhoria significativa de todas as lesões e resolução de quadro séptico. Em Janeiro
de 2014 por clínica de rejeição de enxerto renal retomou imunossupressão com prednisolona (baixa dose). Actualmente mantém etoposido (22º ciclo) com doença estável.
Conclusão: A redução, suspensão ou alteração de terapêutica
imunossupressora é a abordagem inicial nos doentes transplantados renais com SK. Contudo, em formas avançadas e refractárias
às primeiras linhas terapêuticas, a abordagem multidisciplinar permite um tratamento mais eficaz destes doentes.
CB181
ASPERGILOSE E POST REVERSIBLE ENCEPHALOPATHY
SYNDROME EM TRANSPLANTADO RENAL
Maria João Melo, Célia Nascimento, João Gonçalves, Alice
Santana, José Guerra, A. Gomes da Costa
Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Hospital de Santa Maria
Descreve-se o caso de uma doente caucasiana, de 61 anos, com
insuficiência renal crónica por provável GNC, em programa regular
de dialise peritoneal desde 2011, transplantada renal em outubro
de 2012, com creatinina sérica (Pcreat) média de 1,1 mg/dL. Como
intercorrências após o transplante apresentou Diabetes mellitus pós
transplante e pneumonia a Pneumocistis jirovecii (internamento
cerca de 3 meses antes antes).
Internada por quadro de tosse produtiva, febre e anorexia marcada
com várias semanas de evolução. À observação salientava-se: caquexia, fervores subcrepitantes no hemitórax direito com sibilos generalizados e aumento do tempo expiratório. Analiticamente
releva-se: disfunção do enxerto renal, com Pcreat de 4,3 mg/dL,
PCR de 16 mg/dL, níveis séricos de tacrólimus (TAC) muito elevados
(> 20 µg/dL) apesar da baixa dose do fármaco.
Lavado broncoalveolar com isolamento de Aspergilus, pelo que iniciou terapêutica com voriconazol e cinesiterapia respiratória, com
melhoria clínica comprovada por TC de tórax.
Por alterações da mobilidade e sensibilidade, com tremor da mão
direita, realizou-se TC-CE que revelou “áreas focais de hipodensidade na substância branca”. Para esclarecimento realizou RM-CE
que evidenciou “lesões hiperintensas em T2 justa corticais rolândicas
esquerdas na substância branca, occipitais e paramedianas, e hipo
em T2” colocando-se a hipótese de Posterior Reversible Encephalopathy Syndrome. Pela hipótese de infecção a poliomavírus realizouse pesquisa de DNA para JCV e BKV no líquor, sangue e urina, tendo
sido positivo para JCV apenas na urina. Estava medicada com 0,5
mg/dia de TAC mas mantinha níveis tóxicos pelo que se converteu
a imunossupressão para ciclosporina. Assistiu-se a melhoria do quadro neurológico e a RM-CE de controle realizada cerca de 3 semanas depois mostrou melhoria significativa lesões prévias.
Os autores apresentam este caso porque demonstra o desafio clínico que se pode revelar um doente transplantado, tendo em conta
a múltipla patologia revelada. Torna-se ainda pertinente a eventualidade da relação dos níveis tóxicos de TAC com o quadro neurológico, dada a melhoria clínica após a suspensão do fármaco.
CB182
ESTRONGILOIDIASE DISSEMINADA EM TRANSPLANTE
RENAL - UM DIAGNÓSTICO QUE PODE SER
NEGLIGENCIADO
Larissa Costa de Oliveira Santos, Claudia Maria Costa de
Oliveira, Thania Teixeira L. Fernandes, Regina F. Gomes
Garcia, Jarinne C. Landim Nasserala, Luciano M. Franco,
Eveline S. Girão, Paula FBC Fernandes
Hospital Universitario Walter Cantideo - UFC - Fortaleza - Ceará Brasil
Introdução: A estrongiloidíase disseminada é uma doença parasitária que afeta pacientes imunossuprimidos e que pode ser de difícil
reconhecimento.
Objetivos: Relatar um caso de estrongiloidíase disseminada em receptor de transplante (Tx) renal aos 3 meses pós-Tx, cujo diagnóstico foi realizado pós-mortem.
Relato de caso: Receptor masculino, 60 anos, retransplante renal
e doador falecido, masculino, 39 anos, causa mortis traumatismo
cranio-encefálico, e com tempo de isquemia fria de 18 hs 7 min.
Indução com timoglobulina e imunossupressão de manutenção
com tacrolimus, micofenolato sódico e prednisona. A sorologia
anti-CMV do doador e receptor era IgG positiva, tendo o receptor
feito profilaxia com valganciclovir. A profilaxia anti-parasitária foi
feita com albendazol. Aos 90 dias pós-Tx, o paciente passou a
apresentar náuseas, vômitos, anorexia e empachamento pós-prandial, sendo internado. Hemograma sem citopenias e discreto aumento de transaminases. Endoscopia digestiva alta revelou
pangastrite erosiva moderada e bulboduodenite enantematosa intensa no bulbo e 2ª porção duodenal, sendo feito biópsias. PCR
para CMV foi colhido (apesar de ainda estar em uso de valganciclovir 450 mg/dia, uma vez que verificou-se ser esta dose inferior
ao recomendado para o clearance de creatinina).Foi iniciado ganciclovir endovenoso em dose terapêutica (devido suspeita de CMV
do trato digestivo). No segundo dia de internação, evoluiu com
febre baixa, dispneia, hemoptoicos, e suspeita clínica de pneumonia. Após 2 dias, foi transferido para terapia intensiva e iniciado
tratamento empírico para bactérias, fungos e Pneumocystis jirovecci,
sendo suspenso micofenolato. A radiografia de tórax revelava infiltrados intersticiais difusos, com padrão reticulo-nodular; gasometria
arterial com acidose mista e hipoxemia; e leucocitose acentuada
(30 mil/mm3, com 16% de bastões, sem eosinofilia). Evoluiu para
ventilação mecânica, uso de drogas vasoativas, hemodiálise e óbito
após 6 dias de terapia intensiva. A biópsia duodenal revelou duodenite por S. stercoralis e PCR para CMV negativo, com resultados
obtidos somente após o óbito.
Conclusão: Os autores relatam um caso de estrongiloidíase disseminada com evolução fatal, apesar da profilaxia anti-parasitária pós-Tx
renal. Não houve suspeita clínica da doença e o diagnóstico foi feito
após o óbito. Um alto grau de suspeição é necessário para o seu diagnóstico e tratamento, diminuindo assim sua morbimortalidade.
CB183
TRANSPLANTE RENAL COM CDC-CROSSMATCH POSITIVO:
RELATO DE UM CASO E REVISÃO DA LITERATURA
T. Barra, D. Lopes, L. Martins, M. Almeida, S. Pedroso,
S. Tafulo, L. Dias, A. Henriques, A. Cabrita
Serviço de Nefrologia – Centro Hospitalar do Porto, Porto,
Portugal
A existência de anticorpos pré-formados dirigidos às moléculas HLA
do dador constitui o mais importante fator prognóstico da sobrevida
do enxerto renal. A técnica de crossmatch (CM) foi implementada
para testar a existência desses anticorpos e o método por CDC
(complement dependent cytotoxicity) é o método tradicional para a
sua determinação. Um CM por CDC (CM-CDC) positivo tem sido
considerado uma contra-indicação absoluta para o transplante
renal (TR), pelo aumento da probabilidade de um desfecho adverso.
Apesar disso, em certas situações clínicas, o CM-CDC positivo deve
ser interpretado com cautela porque pode não significar necessariamente a presença de anticorpos anti-dador.
Descreve-se o caso de um doente de 61 anos, do sexo masculino,
com uma doença renal crónica de etiologia desconhecida em hemodiálise, com PRA (CDC) máximo e atual de 52% e PRA (Luminex)
máximo e atual de 0%. Colocada a hipótese de TR de dador vivo,
foi testada a filha, que apresentava CM-CDC positivo para células
B e T, CM por citometria de fluxo (CM-CF) negativo, sem identificação de anticorpos anti-HLA, MICA ou anti-endoteliais. Dado o
risco imunológico foi colocado no programa de doação cruzada,
com resultados similares. Foi realizado auto-CM que foi positivo à
temperatura ambiente e após tratamento com DDT, sugerindo a
presença de auto-anticorpos da classe IgG. Após ponderação dos
riscos, foi transplantado com rim de dador cadáver com o mesmo
perfil imunológico (CM-CDC positivo e CM-CF negativo). Foi feita
indução de imunossupressão com ATG, Imunoglobulina Humana,
Tacrolimus, Micofenolato de Mofetil e Metilprednisolona bem como
5 sessões de plasmaferese profilática em dias alternados. Dois anos
depois do transplante, mantém enxerto renal funcionante, sem episódios de rejeição aguda.
Neste trabalho discutem-se os mecanismos associados a um CMCDC falso positivo e faz-se uma breve revisão do transplante renal
com CM-CDC positivo.
CB184
PERFUSÃO SUBCUTÂNEA CONTÍNUA DE INSULINA EM
DIABÉTICO TIPO 1 SUBMETIDO A TRANSPLANTE RENAL –
SERÁ VANTAJOSO?
Diana Martins1, Carla Baptista1, Margarida Bastos1, Rui Alves2,
Luís Cardoso1, Diana Oliveira1, Nuno Rodrigues1, Daniela
Guelho1, Carolina Moreno1, Joana Saraiva1, Rosa Dantas3,
Margarida Balsa3, Francisco Carrilho1
1-Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra, CHUC-HUC, E.P.E.,
Coimbra, Portugal; 2-Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra, CHUC-HUC, E.P.E., Coimbra, Portugal;
3-Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Nutrição, Centro
Hospitalar do Baixo Vouga E.P.E., Aveiro, Portugal.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
Introdução: Em doentes portadores de diabetes mellitus tipo 1 (DM1),
com nefropatia diabética e submetidos a transplante renal, é essencial
um controlo glicémico rigoroso, para prevenção de complicações e
assegurar a sobrevivência do doente e do enxerto a longo prazo.
A insulinoterapia por perfusão subcutânea contínua de insulina
(PSCI) é utilizada em diabéticos tipo 1. Porém, encontram-se descritos poucos casos de doentes sob PSCI no pós-transplante renal
e qual o seu outcome.
Caso Clínico: Doente do sexo masculino, de 31 anos, desportista,
com DM1 diagnosticada aos 11 anos e submetido a transplante
renal com rim de cadáver em Fevereiro de 2006 por nefropatia diabética/DRCT. Actualmente sob imunossupressão com micofenolato
de mofetil e ciclosporina (ciclosporinémia 103,3 ng/mL).
Apesar da insulinoterapia intensiva funcional e uma A1C de 7%,
evidenciava grande labilidade glicémica, associada a atividade física intensa diária, assim como “fenómeno de alvorada”. Por isso
em Janeiro de 2010, iniciou PSCI.
Na reavaliação, 20 meses após insulinoterapia com PSCI, apresentava A1C média de 6,9% e melhoria franca na labilidade glicémica.
Conclusões: Na diabetes mellitus tem sido descrita a recorrência
de nefropatia diabética do enxerto renal e existe o risco de agravamento de outras complicações da diabetes. Nesse sentido, a otimização do controlo glicémico pós-transplante é essencial, sobretudo
pelo aumento de factores passíveis de condicionar alterações do
mesmo, como a terapêutica imunossupressora e uma maior susceptibilidade a infecções.
No caso descrito, a terapêutica com PSCI demonstrou resultados
favoráveis no que se refere ao controlo glicémico e metabólico,
mantendo-se adequada função do enxerto 8 anos após o transplante (TFG 70,2 mL/min), sem complicações associadas e com
melhoria da qualidade de vida. Mais doentes deveriam poder beneficiar desta metodologia de tratamento.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB185
TIMOGLOBULINA VS BASILIXIMAB EM TRANSPLANTE DE
RIM DE DADOR CADÁVER COM CRITÉRIOS EXPANDIDOS SEGURANÇA E EFICÁCIA
Ricardo Macau, Pedro Bravo, Cristina Outerelo, Pedro Cruz,
Ana Mateus, Carlos Oliveira, Aura Ramos
Serviço de Nefrologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal
A terapêutica de indução em transplantação renal inclui a administração de agentes imunossupressores.
Os autores pretenderam avaliar a segurança e eficácia da Timoglobulina e do Basiliximab na indução de imunossupressão no
transplante renal de dador cadáver com critérios expandidos (ECD)
- idade superior a 60 anos ou entre 50 e 59 anos com pelos menos
dois de: HTA ou Diabetes Mellitus, AVC como causa de morte;
Creatinina>1,5 mg/dL.
Efectuou-se análise retrospectiva dos receptores da Unidade de
Transplante do Hospital Garcia de Orta, entre 2002 e 2013, relativamente a dados demográficos, incompatibilidades HLA, tempo de
isquémia fria, efeitos adversos durante o internamento para transplante, atraso na função do enxerto e função renal à data da alta.
Foram considerados 56 transplantados com ECD com idade média
de 56 anos. Houve atraso da função do enxerto em 16 doentes
(29%), complicações infecciosas em 45% e complicações hematológicas em 39%. A creatinina média à data de alta foi de
1,81md/dL. Cinco doentes perderam precocemente o enxerto.
Verificou-se que no grupo de imunossupressão com Basiliximab (26
doentes), a creatinina média à data de alta foi de 1,61mg/dL com
atraso de função em 12% e perda do enxerto em 8%. As complicações
hematológicas e infecciosas ocorreram em 35% e 27% dos doentes.
Houve rejeição aguda confirmada por biópsia num receptor.
Nos 27 doentes (48%) no grupo de Timoglobulina, a creatinina
média à data de alta foi de 2,05mg/dL, com 2 doentes com perda
de enxerto. Houve atraso na função renal em 33% dos doentes,
complicações hematológicas em 44% e infecciosas em 56%.
Três receptores (5%) fizeram inicialmente Basiliximab tendo sido
convertidos para Timoglobulina por atraso na função do enxerto.
Assim, registou-se maior incidência de atraso na função do enxerto
com Timoglobulina, embora a idade dos receptores fosse superior
nesse grupo (59 vs 51 anos). No grupo do Basiliximab registou-se
menor incidência de complicações infecciosas e hematológicas. A
maioria das perdas de enxerto decorreram de complicações cirúr-
99
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
gicas (83%), com excepção de uma rejeição aguda no grupo de Basiliximab. São necessários estudos aleatorizados e controlados para
melhor definir o perfil de segurança e eficácia destes fármacos.
CB186
DA NEOPLASIA PRIMÁRIA À TRANSPLANTECTOMIA: NEM
TUDO O QUE PARECE É
Tânia Santos1, Brigite Aguiar1, Catarina Romãozinho1,2, Lídia
Santos1,2, Helena Sá1, Fernando Macário1,2, Rui Alves1,2, Mário
Campos1,2, Alfredo Mota2
1-Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2-Unidade de Transplantação Renal, Serviço de
Urologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Introdução: A abordagem diagnóstica e terapêutica das complicações decorrentes da transplantação renal pode ser um desafio
clínico, como ilustrado adiante.
Caso clínico: Mulher de 54 anos com doença renal crónica secundária a pielonefrite crónica litiásica, em hemodiálise desde
2005, submetida a transplante renal de cadáver em 26.12.2011.
Compatibilidades HLA: A1 e PRA=0%. Imunossupressão de indução com basiliximab, tacrolímus, ácido micofenólico e prednisolona. Evolução com função tardia do enxerto mas com recuperação
progressiva da função renal, apresentando ao 1ª mês creatinina
sérica (SCr) <1mg/dL. Suspende corticoterapia em Março/2013.
Em Junho/2013 é internada por emagrecimento associado a pancitopénia, ascite, derrame pleural e pericárdico. Assintomática, com
função do enxerto e sedimento urinário (SU) normais. Ecograficamente salienta-se um enxerto renal de dimensões aumentadas e tumefacto. Estudo etiológico negativo nomeadamente neoplasia
oculta. Suspenso antiproliferativo e re-introduzida prednisolona,
com remissão da poliserosite e normalização do leucograma. Follow-up com tacrolinémia média de 2,6ng/mL. Após 3 semanas é
re-internada por disfunção aguda do enxerto (SCr 2,7mg/dL) com
hematúria macroscópica isolada. Ecograficamente, mantém enxerto
renal globoso, desta vez com dilatação condicionada por marcado
espessamento do urotélio do bacinete e uréter. Melhoria ligeira da
SCr após algaliação e pulsos endovenosos de metilprednisolona.
A citologia urinária sugere carcinoma urotelial de alto grau malignidade, embora sem evidência macroscópica ou histológica de
tumor a nível vesical e meato uretérico. Reduzida a imunossupressão com suspensão de tacrolímus mantendo-se corticoterapia. Na
repetição da TAC toraco-abdomino-pélvicas são descritas alterações imagiológicas no rim transplantado sugestivas de doença linfoproliferativa. Perante as diferentes hipóteses de diagnóstico, com
evidência de doença neoplásica maligna localizada ao enxerto
renal, é decidida a transplantectomia (com intuito curativo) a
16.09.2013. A análise histopatológica da peça de nefrectomia exclui a presença de neoplasia urotelial e/ou linfoproliferativa, estabelecendo o diagnóstico definitivo de rejeição celular aguda tipo
III mediada por células T (i2;t2;g1), acompanhada de rejeição mediada por anticorpos (v2/v3) com c4d positivo.
Conclusão: Este caso ilustra como uma rejeição do enxerto pode
mimetizar outras patologias associadas ao transplante, condicionando um diagnóstico diferencial de estabelecimento difícil e tardio
(especialmente quando SCr e SU ainda normais). Reaviva, ainda,
a controvérsia da importância corticoterapia no pós-transplante.
CB187
CRIPTOCOCOSE PULMONAR EM TRANSPLANTADO RENAL
Sofia Marques, Luis Malheiro, Manuela Bustorff, Manuel
Pestana
Centro Hospitalar São João, EPE
100
Em transplantados de órgãos sólidos, 8% das infeções fúngicas invasivas são atribuídas a criptococos, sobretudo em formas disseminadas, meningoencefálicas ou pulmonares.
Apresenta-se o caso de um doente de 72 anos, com doença renal
crónica de etiologia indeterminada, transplantado renal em 2007.
Realizou imunossupressão de indução com basiliximab e manutenção com ciclosporina, micofenolato de mofetil e prednisolona. No
período pós transplante imediato, sofreu uma rejeição aguda IIB e
desenvolveu diabetes mellitus. Em fevereiro de 2013, foi-lhe diagnosticado adenocarcinoma do pulmão, o que motivou radioterapia,
suspensão do micofenolato de mofetil e redução de tacrolimus.
Em junho de 2013, foi admitido com insuficiência respiratória, tosse
hemoptóica, infiltrados pulmonares bilaterais na radiografia de
tórax, pancitopenia e ligeira subida de parâmetros inflamatórios.
Apresentava ainda agudização da função renal, acentuada ao
longo do internamento, com necessidade de diálise.
Nas hemoculturas micológicas foi isolado Cryptococcus neoformans e detetado um título de antigénio de 1/128. Apresentava
ainda antigénio de CMV em 121/2000 células e quantificação por
PCR de 5,2 log10 cópias/mL. Dado o estado clínico doente, optouse por não realizar punção lombar, nem terapêutica com anfotericina B. Foram iniciados fluconazol e ganciclovir e intensificada
corticoterapia, com melhoria da dispneia. A tomografia axial computadorizada pulmonar identificou áreas de consolidação bilaterais
correspondentes ao processo infecioso e massa tumoral sem crescimento, a imagiologia abdominal e cerebral, não sugeriu envolvimento infecioso de outros órgãos. O doente cumpriu 12 semanas
de fluconazol em ambulatório. Não recuperou função renal, pelo
que foram suspensos tacrolimus e prednisolona e, até ao presente,
não tem evidência de recidiva de criptococose.
Este caso demonstra a complexidade da gestão de um doente imunosuprimido pós-transplante em que a disfunção multiorgânica limita os procedimentos diagnósticos e a gestão terapêutica ideal. As
doenças infeciosas oportunistas são das complicações que os clínicos mais receiam. Tratou-se de uma opção de tratamento alternativa
bem sucedida, criando, no entanto, dúvidas sobre a terapêutica manutenção mais eficaz e com menos efeitos laterais para o doente.
CB188
A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
NO SUL DO BRASIL
PR Carvalho, KC Hermann, C Franke, ML Oliveira, RS Rezende
Hospital de Clínicas de Porto Alegre / FIPE
Introdução: O transplante de órgãos é uma alternativa terapêutica
que melhora a expectativa e a qualidade de vida de doentes com
patologias avançadas. Entretanto, a demanda continua a exceder
a disponibilidade de órgãos e pacientes continuam morrendo pela
escassez de órgãos para transplantes.
Objetivo: Descrever a evolução da experiência de doação de órgãos em um hospital geral universitário no intervalo de 7 anos.
Métodos: Estudo retrospectivo baseado nos registros médicos dos
pacientes admitidos nas UTIs (adulto e pediátrica) de um hospital
universitário de referência no sul do Brasil, que tiveram o diagnóstico confirmado de morte encefálica (ME) entre os anos de 2007 e
2013. As variáveis coletadas foram relacionadas com os óbitos e
o processo de doação de órgãos.
Resultados: Ocorreram 10.751 óbitos, sendo 4.052 (37,7%) nas
UTIs – 3.276 (81%) na UTI adulta e 776 (19%) na UTI pediátrica.
Dos 194 óbitos por ME, 152 (78%) ocorreram em adultos e 42
(22%) em pacientes menores de 18 anos de idade. Destes, 149
(76,5%) foram considerados potenciais doadores de órgãos, 124
adultos e 25 crianças. As causas prevalentes de contraindicações
para doação de órgãos foram às doenças infecciosas (44%) e as
doenças oncológicas (42%). O consentimento familiar para doação
ocorreu em 85 (57%) dos 149 potenciais doadores. A equipe de
captação de órgãos registrou como principais razões para recusa
de doação de órgãos a “contrariedade da família” (37,5%) e o
“não conhecimento do desejo de doar manifestado em vida pelo
falecido” (34,5%). Após a autorização para doação, os órgãos
foram captados de 83 doadores, com uma média de aproveitamento de três órgãos transplantados por doador.
Conclusões: Mesmo em hospital universitário de referência para
transplantes, foi observada uma importante taxa de recusa para a
doação de órgãos. Impõe-se a implementação de novas estratégias
para aumentar a taxa local de doação de órgãos para transplantes.
CB189
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES EM UMA UTI
PEDIÁTRICA DE REFERÊNCIA NO SUL DO BRASIL
PR Carvalho, KC Hermann, J Piva, EA Trotta, C Franke, C
Andreolio, RS Rezende, ML Oliveira, R Sibemberg, M Behar
Hospital de Clínicas de Porto Alegre / FIPE
Introdução: O transplante continua a melhorar a expectativa e a
qualidade de vida em crianças com falência de órgãos em fase ter-
minal. No entanto, a demanda por transplante ainda excede o número de órgãos disponíveis e as crianças continuam a morrer por
causa da escassez de órgãos para transplante. As políticas para aumentar a notificação de impacto de morte encefálica (ME) impactam positivamente no processo de doação de órgãos para
transplantes em pacientes pediátricos.
Objetivos: Descrever a evolução de notificações de diagnósticos
de mortes encefálicas e da doação de órgãos em uma unidade de
cuidados intensivos pediátricos do sul Brasil.
Metodos: Estudo retrospectivo realizado nos registros médicos de
crianças (≤ 18 anos) admitidas em uma unidade de cuidados intensivos pediátricos de referência do sul do Brasil (Hospital de Clínicas de Porto Alegre) entre 2007 e 2012 com diagnóstico
confirmado de morte encefálica. As variáveis de interesse foram:
dados demográficos, causa da morte, doação de órgãos, causa da
não doação de órgãos.
Resultados: No período do estudo de 6 anos ocorreram 2.950 admissões na unidade de cuidados intensivos pediátricos com 283
óbitos (9,5%). De 34 pacientes com ME, 17 foram considerados
não elegíveis para doação de órgãos por infecções (53%), tumores
(41%) e falência múltipla de órgãos (6%). A mediana de idade nos
pacientes foi 30 meses (IQR 12 -84) e houve prevalência do sexo
masculino (67%). O consentimento familiar para doação de órgãos
ocorreu em 7 (41%) dos 17 casos elegíveis. A equipe de captação
de órgãos não documentou todas as razões de recusa, entretanto,
3 das 10 famílias recusaram por receio da mutilação do corpo. A
taxa de aproveitamento dos órgãos foi 2,85 órgãos transplantados/doador.
Conclusão: Mesmo em um hospital de referência em transplantes
é observado uma importante taxa de recusa familiar para doação
de órgãos. Baseado nos resultados novas políticas devem ser implementadas objetivando o incremento da taxa local de doação de
órgãos.
CB190
AVALIAÇÃO DAS CAUSAS DE RECUSA FAMILIAR PARA A
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS
Joao Luís Erbs, Janine Schirmer, José Osmar Medina Pestana,
Bartira de Aguiar Roza
Hospital do Rim e Universidade Federal de São Paulo
Resumo:
O processo de doação de órgãos e tecidos no Brasil vem apresentando uma crescente melhora nos números de doadores de órgãos
e tecidos, contudo o potencial para melhorar tais números é muito
maior do que o observado atualmente. Dentre as causas que levam
a perda ou impossibilidade da efetivação de uma doação de órgãos e tecidos destaca-se a recusa familiar a solicitação da doação,
que desde o início de 2009 é a principal causa da não efetivação
da doação de potenciais doadores. Mediante isso, a pesquisa identifica quais são as causas que levaram os familiares de potenciais
doadores de órgãos e tecidos a recusarem a solicitação da doação
feita pelos profissionais da Organização de Procura de Órgãos da
Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina
(OPO/EPM) no ano de 2009 e 2010. Neste período foram notificados 901 casos pela OPO/EPM, destes 266 tornaram-se doadores efetivos. Após uma triagem dos prontuários obtidos a partir de
2009 e 2010 foram identificados os casos de recusa familiar que
totalizaram 182 casos. Trata-se de um estudo transversal exploratório retrospectivo que foi estruturado a partir de um desenho semiexperimental. Os dados foram obtidos a partir de uma entrevista
realizada com os familiares que recusaram a doação. Para análise
dos dados foi utilizado o teste Qui-Quadrado e o t-Student. A pesquisa destacou que os principais motivos de recusa relacionados
são: não compreensão do diagnóstico de morte encefálica, religiosidade, falta de competência técnica da equipe, tempo longo processo, falecido não era doador, enterrado como veio ao mundo,
qualidade do atendimento, decisão de um único membro da família, não possibilidade de conhecer os receptores, experiência negativa em outro processo de doação, transferência do corpo, medo
da reação dos familiares. A grande maioria dos entrevistados quase
70% mudou de opinião, e hoje doaria os órgãos do familiar, sendo
que houve relevância estatística desta variável com o grupo de procedência do sudeste e com o grupo que conhecia a vontade do
potencial doador em morte encefálica.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
CB191
COLHEITA DE TECIDOS EM DADOR EM CORAÇÃO PARADO
– CONTRIBUTO PARA A AUTO SUFICIENCIA NACIONAL?
Maria Cruz Palma, Maria João Xavier, Paula Pico
Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE – Gabinete
Coordenador de Colheita e Transplantação - Hospital S. José
Introdução: O Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação (GCCT) do Hospital S. José – CHLC, EPE, criado através do
Despacho nº 269/1993, de 17 de Novembro, tem como missão
prestar um serviço de excelência na área da doação, colheita e
transplantação de órgãos e tecidos, e propor soluções inovadoras
com vista à otimização de processos e à melhoria contínua da qualidade dos serviços que presta.
O programa de transplantação dos Hospitais Civis de Lisboa (HCL)
remonta ao ano de 1961, com os primeiros transplantes de córnea
no Hospital de Santo António dos Capuchos. Posteriormente entraram em funcionamento as unidades de transplantação cardíaca no
Hospital de Sta Marta e unidade de transplantação renal no Hospital
Curry Cabral em 1988. Em 1991, é realizado o primeiro transplante
de coração pulmão no Hospital de Sta Marta, em 1992 iniciou-se
o programa de transplante hepático no Hospital Curry Cabral e em
1997 tem inicio o programa de transplante de medula no Hospital
de Stº António dos Capuchos. Nesta altura, o enxerto de pele era
uma terapêutica vulgarizada nos Hospitais Civis de Lisboa.
Em 2001, dado o elevado número de doentes em lista de espera
para transplante de córneas, o GCCT desenhou o programa de
colheita de córneas em dador em coração parado, que teve início
nesse mesmo ano o que veio aumentar, substancialmente, o número de córneas disponíveis para transplante.
No ano de 2007, foi implementado o programa de colheita de
membrana amniótica no CHLC,EPE e até ao momento somos o
único GCCT que tem este programa ativo.
Não obstante o esforço desenvolvido pelo GCCT, em estreita colaboração com o Banco de Tecidos do Instituto Português do Sangue
e da Transplantação, IP (IPST, IP), tem-se constatado que o país não
é auto-suficiente na resposta para alguns tecidos, sendo recorrente
a sua importação pelo Banco, de forma a dar resposta às solicitações nacionais.
Metodologia e resultados: Para conhecer o potencial de doação
de tecidos em dador em coração parado procuramos a nossa
amostra em dois grupos diferentes: dadores de córnea do CHLC,
EPE em coração parado no ano 2013 (83 dadores) e falecidos no
CHLC, EPE em 2013, que cumpriam critérios de inclusão para doação de córneas e não foram referenciados. Para ambos os grupos
foi definida a idade limite de 65 anos (idade limite para a doação
de tecidos, de acordo com os critérios em vigor - 2010 - do Banco
de Tecidos do IPST, IP com o qual o GCCT estabeleceu protocolo
de colaboração). A nossa amostra é, então, composta por 29 dadores de córneas em 2013, com idade inferior a 65 anos, e 26 falecidos não referenciados com idade inferior a 65 anos (consulta
diária dos mapas dos falecidos permite identificar os falecidos não
referenciados pelas unidades/serviços).
Dos resultados obtidos, concluímos que é decisiva a implementação
do programa de colheita de tecidos em dador em coração parado,
uma vez que está identificado que o GCCT-CHLC,EPE pode contribuir para a auto-suficiência nacional.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB192
ANÁLISE DO PERFIL DOS DOADORES DE CÓRNEAS ENTRE
60 A 80 ANOS E A TAXA DE APROVEITAMENTO DOS
RESPECTIVOS TECIDOS DOADOS – A EXPERIÊNCIA DE UM
BANCO DE TECIDOS OCULARES DO SUL DO BRASIL
KC Hermann, F Pagnussato, CR Galia, DR Marinho, Felipe
Guareze
Hospital de Clínicas de Porto Alegre / FIPE
Introdução: A legislação brasileira possibilita a captação de córneas de pacientes falecidos até 80 anos que não apresentem riscos
de transmissão de doenças através do enxerto. É reconhecido que
córneas de doadores com mais de 60 anos tem piores avaliações
quando comparados com doadores de menos de 60 anos. O controle de qualidade e da garantia de segurança dos tecidos que são
fornecidos à população é de competência dos bancos de tecidos
oculares.
101
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
Objetivo: Analisar o perfil dos doadores de córneas entre 60 a 80
anos e a taxa de aproveitamento dos respectivos tecidos doados.
Método: Pesquisa retrospectiva realizada nos registros do Banco de
Tecidos Oculares de um hospital universitário localizado no sul do
Brasil (Porto Alegre) no período de 2009 a 2013. Foram incluídos
doadores de córneas com idades entre 60 e 80 anos. Foram pesquisados dados relacionados aos doadores e as córneas doadas.
Os resultados foram tabulados e analisados por estatística descritiva.
Resultados: No período da pesquisa foram obtidas 1017 córneas
de 509 doadores. Na faixa etária entre 60 a 80 anos foram encontrados 566 (55,65%) córneas doadas de 283 doadores. Neste
universo houve prevalência de doadores do tipo coração parado
(94,69%), do sexo feminino (58,65%) e na faixa etária entre 60 e
70 anos. Foram utilizadas 261 (46,11%) córneas para transplante
e 305 (53,88%) foram descartadas.
Conclusão: É importante reavaliar o limite superior de idade para
captação de córneas uma vez que a taxa de descartes das córneas
na faixa etária compreendida entre 60 a 80 anos foi superior a
50%. Políticas de saúde adequadas otimizam a utilização dos recursos públicos investidos.
CB193
CURSO DE ENTREVISTA FAMILIAR PARA DOAÇÃO DE
ÓRGÃOS: UMA PROPOSTA PARA REDUZIR A RECUSA
FAMILIAR
Neide da Silva Knihs, Joel de Andrade, Eduardo Berbigier,
Leandro Botelho
Central de Notificação Captação e Distribuição de Órgãos e
Tecidos do Estado de Santa Catarina - CNCDO/SC
Introdução: A entrevista familiar para doação de múltiplos órgãos,
na maioria das vezes é realizada logo após a família ser informada
da morte encefálica (ME). Assim, é primordial que os profissionais
tenham clareza, treinamento e, acima de tudo, sensibilidade para
estar junto à família do potencial doador de órgãos e tecidos.
Objetivo: Preparar os profissionais da saúde para comunicar à família sobre a possibilidade de doação de órgãos.
Metodologia: A carga horária do curso é de oito horas, com o número máximo de 12 participantes. Antes de iniciar as atividades
esses participantes respondem a um questionário, o qual identifica
as principais dificuldades vivenciadas durante a entrevista.
Cronograma do curso: fatores que levam a família a consentir a
doação; causas que levam a família a recusar a doação; planejamento e gerenciamento da entrevista; simulações com atores e análise das simulações.
Resultados: Foram realizados sete cursos, num total de 78 profissionais. Todos são coordenadores hospitalares de transplantes, o
tempo médi como coordenador: 4,3 anos. Desses 65% eram enfermeiros, 27% médicos e 8% psicólogos e assistentes sociais.
Quanto as dificuldades para realizar a entrevista, 18% não se sente
seguro para comunicar a ME, 19% não se sente seguro para realizar a entrevista para doação e para 28% desses profissionais é
muito difícil realizar a entrevista.
Quanto ao tempo para realizar a entrevista 3% aguardam de 20 a
30 minutos para falar sobre doação após comunicar a morte, 8%
aguardam de 30 a 40 minutos e 89% falam sobre doação, somente
após a família apresentar condições de ouvir sobre o tema.
Com relação ao tempo para conduzir a entrevista, 10% estipulam
um tempo entre 20 a 40 minutos, 12% entre 40 a 60 minutos, 8%
entre 60 a 120 minutos e 70% colocaram que não há como definir
um tempo, pois depende de cada família.
Considerações: O curso identifica as fragilidades dos profissionais
durante o preparo e realização da entrevista e, assim, ajuda a prepará-los para conduzir essa fala junto a família. Junto aos profissionais é possível identificar a necessidade e a importância do
preparo da equipe para conduzir a entrevista familiar para doação.
102
CB194
EXPERIÊNCIA INICIAL DO PROGRAMA ESTADUAL DE
TRANSPLANTE (HOSPITAL SÃO FRANCISCO DE ASSIS): USO
DA MÁQUINA DE PRESERVAÇÃO PULSÁTIL X PRESERVAÇÃO
ESTÁTICA EM RINS DE CRITÉRIO EXPANDIDO
Cláudia Fagundes, Tereza Wagner, Onofre Barros,
Priscila Lustoza, Livia Assis, Marília Drumond, Eloá Nunes,
Denise Segenreich, Tereza Matuck, Deise Carvalho
Centro Estadual de Transplante - Hospital São Francisco de Assis,
RJ, Brasil
Baseado na experiência internacional, na qual a máquina de preservação pulsátil vem sendo utilizada com o intuito de diminuir a
incidência de função retardada do enxerto e aumentar o número
de órgãos a serem transplantados, foi instituído no Centro Estadual
de Transplantes, a utilização da máquina de perfusão pulsátil para
enxertos renais de doadores de critérios expandidos.
Foram realizados 107 transplantes de fevereiro a outubro de 2013,
sendo 75 com doador falecido (70%).Entre os doadores falecidos,
35 (47%)preenchiam critérios de doadores expandidos (idade > 50
anos, creatinina sérica >1,5mg/dL, tempo de isquemia fria > 20h)
destes, 17 enxertos foram preservados em máquina de perfusão
pulsátil (MPP) e 18 foram em preservação estática (PE). Não houve
diferença entre o grupo MPP e o grupo PE em relação a idade do
doador, causa mortis, tempo de isquemia fria (22,3h vs 19,3h) e
creatinina sérica, respectivamente.
A incidência de função retardada do enxerto foi de 48,6% (N=17),
sendo 66,7% (N=12) no grupo PE e 29,4% (N=5) no grupo MPP,
p=0,028.No primeiro grupo foram realizadas 1,5 sessões de hemodiálise/paciente e no segundo grupo 4,3 sessões de hemodiálise/paciente.
Em relação ao tempo de internação hospitalar, o grupo PE apresentou média de 33 ± 21 dias e no grupo MPP média de 14 ± 5
dias, p= 0,002.
A função renal medida pela creatinina sérica, foi estatisticamente
significante no primeiro mês (média 3,5±3,2 no grupo PE vs média
1,5±0,6 no grupo MPP, p= 0,016), porém ao final do seguimento
de 6 meses não houve diferença entre os grupos(1,5±0,8 vs
1,6±0,8 p=ns).
A impressão inicial foi favorável ao uso da máquina de preservação
para enxertos de doadores de critério expandido, com menor incidência de função retardada do enxerto e redução do tempo de internação hospitalar. O objetivo desta estratégia de preservação é
aumentar o número de órgãos a serem utilizados, reduzir a frequência da função retardada do enxerto, do tempo de internação e consequentemente o custo total do transplante.
CB195
“DONORNOW”: SINALIZAÇÃO AUTOMÁTICA DE
POSSÍVEIS DADORES DE ÓRGÃOS – RESULTADOS
PRELIMINARES”
A Gomes, João A veiga, D Ermida, T Verdasca, Ana P Fernandes
Hospital Fernando Fonseca
Introdução: Em Portugal a morte cerebral (MC) continua a ser o
único diagnóstico em que na prática se concretiza a doação de órgãos. É por isso necessário otimizar a identificação de vítimas de
lesão cerebral grave passíveis de evoluir para MC.
Objectivos: Avaliação do primeiro semestre da sinalização automática de situações de lesão neurológica catastrófica, desenvolvida
e implementada pelo trabalho conjunto da Coordenação Hospitalar de Doação (CHD) e do Centro de Investigação e Criatividade
em Informática (CI2) do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF).
Metodologia: Estudo observacional, analítico, longitudinal e prospectivo. Comparámos o número de doentes com eventos neurológicos catastróficos passiveis de evoluir para MC sinalizados pela
aplicação informática “DonorNow” entre novembro 2013 e maio
2014, com o número de doentes classificados como possíveis dadores, avaliados clinicamente pela CHD entre os falecidos com
diagnóstico de acidente vascular cerebral (AVC) nos Serviço de Urgência e Unidades de Cuidados Intensivos no mesmo período.
Foram calculados os valores preditivos positivos e negativos (VPP e
VPN), bem como a especificidade (E) e sensibilidade (S) da ferramenta “DonorNow” relativamente à avaliação clínica. Avaliámos
ainda o possível impacto desta ferramenta no número de dadores
efetivados.
Resultados: Os casos sinalizados informaticamente representaram
20.68% do total de TAC crâneo-encefálicas (CE) realizadas no HFF
e destas, 10.5% (82) foram consideradas pela CHD como relevantes. No período estudado foram registados 38 óbitos por AVC cujos
relatórios de TAC CE foram registados no sistema informático (SI)
do HFF. A aplicação DonorNow demonstrou neste período, uma
Sensibilidade = 77%, Especificidade = 66%, um VPP = 0.8 e VPN
= 0,7 para a identificação de possíveis dadores com base em eventos neurológicos catastróficos. Efetivaram-se 7 colheitas multiorgâ-
nicas correspondendo a 7.3% dos doentes avaliados como mais
graves. Conseguiu-se assim uma taxa de 1 dador/mês contra 0.52
dadores/mês antes da utilização da aplicação informática.
Conclusão: Este resultados preliminares apontam para um método
de seleção automático viável como sinalizador de casos de lesão
neurológica grave, podendo contribuir para otimizar a deteção de
dadores em MC.
CB196
COMPARAÇÃO DE RECOLHA DA CORNEA DADORA POR
EXCISÃO IN SITU E ENUCLEAÇÃO COMPLETA DO GLOBO
OCULAR
João Gil, Inês Lains, Andreia Rosa, Luís Cristóvão, Huguete
Garcia, Isabel Garrido, Maria João Quadrado
Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia - Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra
Introdução: Na colheita de tecido corneano para doação, tanto a
enucleação com excisão do botão corneoescleral, como a excisão in
situ do botão corneoescleral são considerados procedimentos válidos.
Alguns estudos não referem diferenças nos resultados com a utilização
de ambas as técnicas. O controlo da qualidade num Banco de Olhos
é um factor importante e fundamental para o sucesso do transplante
de córnea. A avaliação morfológica de todas as camadas do tecido
doado é essencial, bem como a sua contagem endotelial. Na maioria
dos Bancos de Olhos o mínimo exigido são 2000 cel/mm2.
Objetivo: Comparar a qualidade do tecido corneano entre duas
técnicas de recolha - enucleação de todo o globo ocular e excisão
in situ.
Metodos: Recolhemos os dados de 100 colheitas de córneas do
Banco de Olhos do CHUC. 50 olhos foram colhidos por enucleação (grupo enucleação) e 50 olhos foram sujeitos a excisão in situ
(grupo in situ). Analisámos a densidade endotelial (DE), o tempo
morte à preservação (M-a-P) e utilizámos um sistema gradativo de
0 (excelente) a 4 (inaceitável para transplantação) para avaliação
do epitélio, estroma, pregas na Descemet e endotélio.
Resultados: A DE no grupo da enucleação (2227,9±433,9
cel/mm2) foi superior à do grupo in situ (2044,3±289,5 cel/mm2),
de modo estatisticamente significativo (p<0,05). No entanto, não
se verificou diferença na incidência de DE inferior a 2000 cel/mm2
nos 2 grupos (p=0.181). O M-a-P foi significativamente menor
(p<0,001) no grupo in situ (2,9±1,33 horas) que no grupo enucleação (5,8±2,9 horas). Não houve diferenças significativas na
avaliação do estroma e do endotélio nos 2 grupos. A avaliação do
epitélio no grupo in situ foi de 0,2±0,7 e no grupo enucleação de
0,7±1,3 (p<0,05); a da Descemet foi, respetivamente, 0,2±0,7 e
1.1±1.0 (p<0,001).
Conclusão: A técnica de recolha in situ permite uma diminuição
significativa do tempo entre a morte e a preservação. Embora verifiquemos que está associada a uma menor densidade endotelial,
tal não se repercutiu no número de córneas com contagem inferior
a 2000 cél/mm2, viáveis para queratoplastia penetrante. A técnica
de recolha in situ, resulta numa maior qualidade do tecido corneano colhido.
CB197
EVOLUÇÃO DA DENSIDADE ENDOTELIAL DURANTE A
PRESERVAÇÃO DE CÓRNEAS EM EUSOL-GS
L Cristóvão, J Gil, AM Rosa, H Garcia, I Garrido, MJ Quadrado
Centro de Responsabilidade Integrada de Oftalmologia - Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra
Introdução: A qualidade endotelial das córneas é um dos principais critérios na selecção deste tecido. O endotélio corneano humano é avaliado considerando os valores da densidade celular
endotelial (DCE), que permite uma estimativa da reserva funcional
presente. Durante a preservação em Banco de Olhos as células endoteliais são sujeitas a condições diferentes das encontradas in vivo.
Objetivo: Avaliar as contagens de DCE durante a conservação refrigerada (4ºC) em meio Eusol-C® e determinar a influência das características do dador e da colheita na sua evolução.
Metodos: Recolhemos os dados das contagens endoteliais das córneas preservvadas no Banco de Olhos do CHUC durante 4 anos
(Abril de 2010 a Março de 2014). Foram realizadas 1 a 3 contagens durante o período de conservação (1±1, 5±2, 10±2).
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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Resultados: Os valores de 853 córneas foram avaliados. Idade
média dos dadores foi 59.67±15.09 anos. Os homens representaram 61.0% (n=520) dos dadores. DCE média na primeira medição
foi 2202.98±313.45. O valor da segunda medição foi
1998.95±222.80 cél/mm2 (=258), significativamente menor que
a inicial, e a terceira contagem foi significativamente menor que a
anterior (1876.71±199.97 cél/mm2, n=92). A perda média na
DCE entre a contagem inicial e a intermédia (100.21 cél/mm2) foi
maior do que entre a medição intermédia e final (70.11 cél/mm2),
embora a diferença entre ambas não seja estatisticamente significativa (p=0.163). A percentagem de córneas com contagens inferiores
a 2000 cél/mm2 foi de 17.9% na 1º medição, 48.8% na 2º medição
e 69.1% na 3º medição. Contagem inicial foi significativamente
maior em dadores do sexo masculino (p=0,034) e correlacionouse negativamente com a maior idade do dador (p=0.00). Os valores da DCE inicial são significativamente menores nos olhos colhidos
por técnica de excisão in-situ (p=0.000), embora a técnica utilizada
não influencie significativamente o ritmo de perda ao longo do armazenamento (p=0.76). O nível de perda entre contagens não é
afectado pela idade (p=0.82) ou género dos dadores (p=0.641).
Conclusão: DCE diminui ao longo do tempo de preservação, Dadores mais novos apresentam contagens iniciais mais elevadas. A
técnica de colheita influencia a DCE inicial, sendo maior na enucleação, sem interferir com o ritmo de perda.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
CB198
TRANSPLANTE DE CÓRNEA: INDICAÇÕES,
PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS CIRÚRGICAS REALIZADAS
NO CHEDV
Filipa Rodrigues, Miguel Ruão, Inês Almeida, Raquel Almeida,
Cláudia Costa Ferreira, Serafim Gonçalves, José Salgado
Borges, João Chibante
Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga
Introdução: O transplante de córnea é o mais frequentemente realizado.
Objectivo: definir o que é um transplante de córnea, quais as suas
diferentes indicações e quando está contra-indicado; quais os nossos procedimentos se se tratar de uma colheita multi-órgãos ou de
uma colheita só de córneas; quais os factores importantes para o
sucesso de uma queratoplastia; descrever as principais técnicas cirúrgicas: transplante de córnea penetrante e transplante de córnea
lamelar.
CB199
PENTOXIFILINA ASSOCIADA À REPOSIÇÃO POLÊMICA
ATENUA A APOPTOSE RENAL DECORRENTE DA ISQUEMIA
E OBSTRUÇÃO INTESTINAL EM RATOS
Gustavo Scapini, Edivaldo Massazo Eutiyama, Luiz Fernando
Ferraz da Silva, Edna Frasson de Souza Montero, Samir Rasslan
Professor Associado do Departamento de Cirurgia da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo - Laboratório de
Fisiopatologia Cirúrgica - LIM-62
A reanimação volêmica nos processos de isquemia e obstrução intestinal implica em aumento da sobrevida e menores complicações sistêmicas, entretanto algumas discussões persistem relacionadas ao
melhor fluido de hidratação e medicações usadas nessa terapêutica.
O presente estudo propõe avaliar os efeitos do ringer lactato, da solução salina hipertônica e da pentoxifilina na lesão renal aguda decorrente da obstrução e isquemia intestinal em um modelo
experimental. Foram utilizados 48 ratos Wistar machos com peso entre
250 e 300g. Os animais foram submetidos à laparotomia mediana
com ligaduras em alça fechado do íleo terminal, a 10 cm e 1,5 cm
da transição íleo-cecal, associado a oclusão do pedículo vascular nutridor deste segmento. Após 24 horas, os animais foram reoperados
e distribuídos em grupos de 8 indivíduos, conforme segue: sem reanimação volêmica (OI); tratado com Ringer lactato - 32 mL/kg (RL);
tratado com solução salina hipertônica a 7,5% - 4 mL/kg (SH); tratado
com pentoxifilina 25 mg/kg (PTX); tratado com Ringer lactato e pentoxifilina (RLPT); tratado com solução salina hipertônica e pentoxifilina
(SHPT). Ao término do tratamento, realizou-se ressecção do segmento
intestinal obstruído e isquêmico e foi realizada a reconstrução do trânsito intestinal por anastomose primária. Após duas horas, os animais
foram submetidos à eutanásia. Amostras de tecido renal foram cole-
103
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
tados para análise histológica com hematoxilina-eosina e imuno-histoquímica com BCl-2, BAX e TUNEL. Em relação aos achados histológicos, não houve diferença significante entre os grupos; entretanto,
na avaliação imunohistoquimica, os grupos de reposição volêmica
associado ao uso de Pentoxifilina (RLPT e SHPT) apresentaram menos
eventos de apoptose em todos os marcadores (p < 0,01). Já os grupos com reposição volêmica (RL e SH) também apresentaram menos
eventos apoptóticos (p < 0,05) do que o grupo Isquemia e Obstrução
(OI) e o grupo de infusão isolada da pentoxifilina (PTX).
Conclusão: A pentoxifilina associada ao Ringer Lactato ou à solução salina hipertônica a 7,5%, em modelo de obstrução e isquemia
intestinal em ratos, atenua a lesão renal, especialmente aquelas relacionadas a apoptose das células renais.
CB200
O PROCESSO DE GLICEROLIZAÇÃO E SEU IMPACTO NA
MENSURAÇÃO DE ALOENXERTOS DE PELE
André Oliveira Paggiaro, Eugénio Polo, Viviane Fernandes de
Carvalho, Cesar Isaac, Rolf Gemperli
Banco de Tecidos do Instituto Central do Hospital das Clínicas da
Universidade de São Paulo (HCFMUSP)
A pele preservada em glicerol em alta concentração (> 85%) é uma
técnica de conservação com baixo custo de processamento que
provoca uma redução das dimensões dos enxertos só recuperada
após rehidratação.
Objetivo: Quantificar o ganho residual de área do aloenxerto glicerolado após hidratação.
Método: enxertos de pele de 4 doadores foram gliceroladas e antes
da embalagem final, 80 alíquotas foram regularizadas em formato
retangular ou quadrado, e medidas as áreas com o paquímetro. A
primeira medida foi realizada com as amostras gliceroladas e a segunda após a reidratação em soro fisiológico 0,9% por 20 minutos.
Posteriormente, foram calculadas as áreas de cada fragmento em
milímetros quadrados e tabulados os dados. Comparou-se os resultados das amostras gliceroladas e após a rehidratação.
Resultados: O teste estatístico (teste t para amostras pareadas) indicou diferença significante entre as amostras gliceroladas e as
amostras hidratadas (p < 0,001). Em média há aumento da área
de 10%. O poder da amostra foi de 87%.
Conclusão: Com o resultado deste estudo, o Banco de Tecidos
consegue prever que a quantidade de pele fornecida deve ser aproximadamente 10% menor que o valor solicitado pelo médico transplantador já que a rehidratação provocara um aumento do tecido.
Com isso, pode-se reduzir o desperdício de tecido otimizando a
distribuição de pele humano para o maior número de pacientes
possíveis.
CB201
ALOENXERTOS ÓSSEOS NA OSTEOSSÍNTESE DE
FRACTURAS
Rui Dias, Fernando Judas, Celeste Francisco e Fernando Fonseca
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
104
Introdução: Nos últimos anos, assistimos a importantes avanços
científicos na área da segurança microbiológica, na imunologia e
no conhecimento do comportamento biológico dos aloenxertos do
aparelho locomotor, assim como a alterações da legislação que regulamenta as transplantações de orgãos e tecidos de origem humana, o que conduziu a alterações importantes na organização
dos Bancos de Tecidos em todo o mundo.
Os aloenxertos ósseos podem estar indicados na osteossíntese de
fracturas ósseas traumáticas e no tratamento das complicações
desse tipo de lesões, área que não tem sido suficientemente divulgada na literatura internacional.
Material e Métodos: No período compreendido entre 1982 e
2007, o Banco Tecidos dos HUC disponibilizou 5231 aloenxertos
do aparelho locomotor para aplicação clínica. De entre estes e no
período compreendido entre os anos 1994 e 2006, foram usados
1078 aloenxertos ósseos na osteossíntese de fracturas ósseas traumáticas e no tratamento de complicações de fracturas, na condição
de medida terapêutica complementar: 500 esponjosos granulados,
98 maciços e 480 desmineralizados.
O número das fracturas ósseas traumáticas e dos casos com complicações de fracturas foi de 420, distribuídos da seguinte forma:
290 localizados no fémur, 84 na tíbia, 32 no úmero e 14 no rádio.
As lesões da extremidade distal do fémur representaram a causa
mais frequente da aplicação dos aloenxertos.
Resultados: Nesta série, não foram confirmados casos de infecção
associada ao aloenxerto, nem qualquer caso de transmissão de
doenças virais aos receptores. A consolidação das fracturas foi conseguida entre os 3 e os 6 meses. Uma reabsorção parcial do enxerto foi verificada em 21 casos (5%), em correlação directa com
as deficientes condições vasculares do leito receptor e com a técnica cirúrgica.
Discussão: Não existindo na literatura uma referência tão exautiva,
pensamos que a utilização de aloenxertos na osteossíntese de fracturas é uma ajuda importante para a resolução e a consolidação,
diminuindo o risco de complicações, sendo efectuado sempre que
a personalidade da fractura assim o determinar. O sucesso do resultado do aloenxerto depende das condições locais do hospedeiro,
da dimensão da perda de substância óssea, das condições mecânicas conseguidas, da condição geral do doente, dos recursos técnicos disponíveis e da experiência, ambições e convicções pessoais
do cirurgião.
Conclusão: A aplicação de aloenxerto ósseo no tratamento de
fracturas ósseas e das suas complicações é um procedimento seguro e com resultados satisfatórios.
CB202
O BANCO DE TECIDOS MÚSCULOESQUELÉTICO DO
INSTITUTO NACIONAL DE TRAUMATOLOGIA E
ORTOPEDIA: QUANTITATIVOS DE SUA PARTICIPAÇÃO NA
ATIVIDADE DE TRANSPLANTES NO CENÁRIO BRASILEIRO
Souza, JEO; Almeida, RNR; Ferreira, LL; Maia E; Souza S; Prinz R.
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad –
INTO (Rio de Janeiro – RJ)
O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad INTO abriga o primeiro banco de tecidos Musculoesquelético do
Brasil. Este banco é responsável pelos processos de captação, processamento e distribuição de ossos e tendões para utilização em cirurgias de transplante na área de ortopedia e de odontologia em
todo o território nacional. O papel do Banco de Tecidos Musculoesquelético é de fundamental importância no Brasil, pois favorece uma
melhoria na qualidade de vida ofertando produtos para transplantes
para toda a população brasileira. Assim, possui equipes preparadas
para realizar captações 24 horas por dia nos 365 dias do ano.
A doação de ossos parece enfrentar uma dificuldade maior no seio
da família doadora porque ainda não é do conhecimento da população, em geral, que o seu familiar doador ao final do procedimento de captação, será fisicamente reconstituído com material
sintético, mantendo sua aparência preservada.
O processo se inicia com a notificação de óbito à Central Estadual
de Transplantes, que averigua junto à família a possibilidade da
doação. Em caso afirmativo, a equipe de captação do INTO é notificada e após avaliações de exame físico e de prontuário do possível doador realiza a cirurgia de captação de ossos.
O processamento é realizado em área com rigoroso controle de
qualidade, com ar totalmente filtrado para evitar contaminação por
bactérias e vírus, onde são realizados testes e exames bacteriológicos, fúngicos, radiológicos e histopatológicos para minimizar os riscos para a saúde do receptor. Os resultados dos exames vão
determinar a aprovação ou não do produto como apropriado para
o transplante. Os tecidos são armazenados durante toda a sua estadia no banco a uma temperatura controlada de -80ºC, em ultracongeladores.
Após liberação para uso, os tecidos atendem a fila de espera em hospitais cadastrados no Sistema Nacional de Transplantes. Em 2012, o
banco realizou 21 captações, gerando 223 produtos transplantados.
No ano seguinte, foram 27 captações com o dobro de peças utilizadas em transplante. E no primeiro semestre de 2014, já foram transplantados 236 produtos e 10 captações foram realizadas.
CB203
DA COLHEITA DE TECIDO ÓSSEO À APLICAÇÃO CLÍNICA
DO ALOENXERTO ÓSSEO
Fernando Judas, Celeste Inácia Francisco
Banco de Tecidos ÓsseoS, Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra, EPE
Resumo:
O âmbito de atuação do Banco de Tecidos Ósseos do CHUC, está
de acordo com a Lei 12/2009 de 26 Março e Lei 36/2013 no respeitante à qualidade e segurança relativa à dádiva, colheita, análise,
processamento, preservação, armazenamento e distribuição dos tecidos aos recetores. A colheita abrange todos os óbitos que ocorrem
no CHUC, comunicados através do GCCTRC ao BTO. A colheita
do tecido ósteocartilagíneo é realizada após a colheita multiorgânica, no CHUC. A técnica de recolha e de processamento deve cumprir e obedecer a todos os requisitos de uma exigente técnica
asséptica cirúrgica de forma a prevenir contaminação bacteriológica
dos enxertos. Após processamento dos fragmentos/ossos inteiros devidamente embalados e rotulados, procede-se á sua colocação nas
arcas de ultra congelação em quarentena, ficando a aguardar as
análises microbiológicas das amostras do tecido ósseo processado.
Realizada a triagem com todos os resultados analíticos negativos
são disponibilizados para aplicação clínica. A rastreabilidade dos
enxertos ósseos é feita desde o dador até ao registo da identificação
dos recetores. Existe um sistema de notificação, registo e envio de
informações sobre reacções adversas e incidentes graves que possam ser atribuídas à colheita, análise, processamento, armazenamento e distribuição de tecidos, bem como qualquer reação adversa
grave observada durante ou após a aplicação clínica, que possa
estar relacionada com a qualidade e a segurança dos tecidos.
O BTO tem como principal objetivo a prevenção da transmissão
de doenças aos recetores de aloenxertos. Esse risco é minimizado
se forem seguidos escrupulosamente os procedimentos de segurança microbiológica e se forem cumpridas com rigor as disposições legais da legislação portuguesa, que resultam da transposição
de Diretivas da Comissão Europeia, relativas à organização dos
Bancos. Deve ter um modelo de organização bem estruturado e
definido, um rigoroso controlo de qualidade, incluindo um completo controlo microbiológico. Foi implementado o Sistema de gestão da qualidade por forma a responder a todos os requisitos
exigidos por lei.
Palavras Chave: qualidade e segurança, colheita, processamento,
conservação e distribuição
CB204
CAUSA INCOMUM DE LINFADENOPATIA NUM DOENTE
TRANSPLANTADO RENAL: DOENCA DE ARRANHADURA
DO GATO
Cláudia Bento1, La Salete Martins2, Andre Martins3, Manuela
Almeida2, Sofia Pedroso2, Leonídeo Dias2, António Castro
Henriques2, António Cabrita2
1-Serviço de Nefrologia, Centro Hospitalar de Trás-os-montes e
Alto Douro, Vila Real; 2-Serviço de Nefrologia, Hospital Geral de
Santo António, Porto; 3-Serviço de Patologia Clínica, Hospital
Geral de Santo António, Porto.
Resumo:
A doença da arranhadura do gato é uma doença infeciosa autolimitada que se caracteriza pela presença de adenopatias regionais,
febre baixa e sintomatologia constitucional após contacto com
gatos (arranhadura). Apresentamos o caso de uma doente caucasiana de 38 anos portadora de enxerto renal que recorreu ao serviço de urgência por quadro clínico com 4 semanas de evolução
caracterizado por: astenia, febre baixa, perda de peso e múltiplas
adenomegalias dolorosas na região cervical. A investigação foi
vasta uma vez que esta doença pode mimetizar doenças linfoproliferativas (comum nos doentes transplantados) ou outras causas infeciosas. O diagnóstico desta patologia baseou-se na anamnese
(contacto com gatos), alterações clínicas e histopatológicas. O tratamento com antibióticos é recomendado nos doentes imunocomprometidos, uma vez que apresentam maior risco para formas mais
agressivas (forma disseminada) e recorrente da doença. Efetuou 5
dias de azitromicina (500 mg no primeiro dia, seguida de 250 mg
nos restantes) com melhoria clínica. Ao fim de um mês a doente
apresentava-se assintomática e sem sinais de recorrência. Esta
doença tem sido raramente reportada em doentes transplantados
renais, mas deverá ser considerada no diagnóstico diferencial de
doentes com adenopatias e com história de contato com gatos.
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CB205
RESOLUÇÃO DE INFECÇÃO POR POLIOMAVÍRUS ATRAVÉS
DO MANEJO DA IMUNOSSUPRESSÃO. RELATO DE CASO.
Ana Valéria Benício1, Ana Maria Pontes1, Juliana Borborema1,
Luiz Barros Sobrinho1, Amanda C Freitas de Jesus2, Elaine
C.A.M. de Souza2, Adriano Pereira Rocha3, Raquel Santos da
Silva3, Dayana Sampaio de Almeida4 e Rafael Fábio Maciel5
1-Hospital Antônio Targino/ISAS – Nefrologista da equipe de
transplante, MD; 2-Hospital Antônio Targino/ISAS – Enfermeiro de
transplante; 3-Acadêmico ligante de nefrologia e transplanteFaculdade de Ciências Médicas de Campina Grande da Paraíba;
4-Acadêmico ligante de nefrologia e transplante- Universidade
Estadual da Paraíba; 5-Hospital Antônio Targino/ISAS –
Transplantador, MD.
COMUNICAÇÕES BREVES
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
A nefropatia por Poliomavírus (BKV) ocorre em 1,1% a 9,3% dos
pacientes transplantados renais, causando perda do enxerto em
mais de 40% dos casos. A infecção primária ocorre durante a infância e o vírus se mantém latente no organismo, sendo reativado
em estados de imunossupressão (IMS).
Objetivo: Relatar o caso de resolução de infecção por Poliomavírus, após manejo da imunossupressão.
Método: Paciente transplantado há 02 anos, masculino, doador
vivo, HLA idêntico, 41 anos, imunossupressão inicial IC + Ac. Micofenólico + Corticosteróide. Ao final do primeiro ano de transplante evoluiu com elevação da creatinina sérica de forma
persistente. Realizado PCR quantitativo para BKV (DNA de BKV detectado: 121 cópias/ml do fluido = LOG 2,08). Biópsia sem células
com inclusões por Poliomavírus. Optou-se como forma de tratamento, o manejo dos imunossupressores: conversão do Ac. Micofenólico/Rapamicina e diminuição da dose do IC. Houve
intolerância a Rapamicina e conversão para Azatioprina.
Resultado: Negativação do PCR para Poliomavírus no quinto mês,
com estabilização da função renal. Conclusão. Neste caso, os autores acreditam que o manejo da IMS pode estar relacionado com
a negativação do BKV.
Descritores: Poliomavírus, Transplante renal, Imunossupressão.
CB206
CARACTERIZAÇÃO E ABORDAGEM DA LITÍASE URINÁRIA
EM TRANSPLANTADOS RENAIS
Edgar Tavares da Silva, Vera Marques, David Castelo, Pedro
Simões, Pedro Moreira, Carlos Alberto Bastos, Alfredo Mota
Serviço de Urologia e de Transplantação Renal, Centro Hospitalar
e Universitário de Coimbra
Introdução: A litíase urinária em transplantados renais é uma complicação urológica rara, mas que pode ter consequências graves
na função do enxerto.
Objectivos: O presente trabalho visa caracterizar a população de
doentes transplantados renais com litíase do enxerto e as terapêuticas aplicadas.
Material e métodos: Estudo retrospectivo em doentes transplantados renais com litíase urinária do enxerto, seguidos no Serviço de
Urologia e Transplantação Renal do CHUC.
Resultados: População composta por 17 doentes (0,74% dos transplantados), com uma média de idades de 51,7 anos. Em 6 doentes
a litíase foi “herdada” e nos restantes 11 formou-se de novo. O
diagnóstico foi estabelecido, em média, ao fim de 5,3 anos. Quatro
doentes foram diagnosticados no contexto de estudo de disfunção
do enxerto, 5 no estudo de síndrome febril e em 8 doentes a litíase
foi diagnosticada em ecografia de rotina de seguimento. A litíase
tinha um tamanho médio de 7,5mm. Apenas foram tratados cálculos com mais de 1cm ou os clinica e funcionalmente significativos.
Dois doentes fizeram ureteroscopia com litotrícia de contacto, outros
dois LEOC, dois fizeram transplantectomia e um NLPC. Cinco doentes expulsaram espontaneamente os cálculos. Doze doentes ficaram
stone free e os restantes têm litíase em vigilância.
Discussão/Conclusões: O tratamento da litíase em transplantados
renais tem especificidades únicas. Embora os recursos sejam os
mesmos, a sua selecção e aplicação é diferente. Verifica-se uma
elevada percentagem de expulsão espontânea e sem complicações
de cálculos com menos de 1cm, para o que em muito poderá contribuir a anatomia do transplante heterotópico.
105
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
COMUNICAÇÕES BREVES
CB207
PROGNÓSTICO DA DIABETES MELLITUS NO TRANSPLANTE
RENAL. A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS
Maria João Melo, José Guerra, Alice Santana, Célia
Nascimento, João Gonçalves, A. Gomes da Costa
Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Hospital de Santa Maria,
Serviço de Nefrologia
Introdução: A diabetes mellitus (DM) é uma das principais causas
de insuficiência renal crónica terminal. Os doentes com DM transplantados têm em geral uma sobrevivência menor do que os doentes não diabéticos. No entanto há doentes diabéticos com uma
sobrevivência que é francamente superior ao esperado.
Objectivos: Comparar na nossa população, a sobrevivência do
enxerto e do doente com DM como causa de insuficiência renal,
com os restantes doentes transplantados.
Evidenciar 2 doentes com DM pré transplante, com sobrevivência
superior a 15 anos e sem recorrência da nefropatia diabética no
enxerto renal.
Resultados: Avaliámos 615 doentes transplantados até 2012.
Quarenta e nove tinham como etiologia da doença renal a DM.
A sobrevivência dos doentes foi no 1º, 5º, e 10º ano pós transplante de 90%, 67% e 37% nos diabéticos e 92%, 79%, e 65% nos
não diabéticos (p=0,03). A sobrevivência do enxerto censurada
para a morte do doente, foi 97%, 85% e 76% nos diabéticos e 95%,
85% e 77% nos não diabéticos (p=ns).
Dois doentes com DM desde os 8 e 10 anos de idade, intervalo
entre o diagnóstico da doença e a insuficiência renal terminal de
33 e 13 anos, com retinopatia diabética grave pré transplante e
com um tempo de transplante de 15 e 19 anos manifestaram uma
evolução invulgar. Apresentavam uma creatininemia de 1,4 e 0,7
mg/dL respectivamente, sem dislipidemia, sem proteinúria ou microalbuminúria e uma estabilização das lesões vasculares desde a
data da transplantação.
Conclusão: As lesões macro e microvasculares da DM nos doentes
transplantados podem ter uma manifestação temporal e de agressividade por vezes muito diferente após o transplante renal.
CB208
FEBRE Q CRÓNICA: DOENÇA RARA EM GRUPO DE RISCO
Iolanda Godinho, Noélia Lopez, Maria Alice Fortes, Carla
Mimoso Santos, Sérgio Eduardo Paulo, Estela Nogueira, Sofia
Jorge, Célia Nascimento, João Albuquerque Gonçalves, Alice
Santana, José Guerra, António Gomes da Costa
Hospital de Santa Maria
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A febre Q é uma zoonose causada por Coxiella burnetti. A forma
aguda poderá ser assintomática, o que ocorre em 60% dos casos,
ou apresentar-se como um quadro de sintomas gripais, pneumonia
ou hepatite. Após a infecção primária 1 a 5% dos doentes desenvolve febre Q crónica, na maior parte dos casos como endocardite,
ou menos frequentemente como infecções de aneurismas ou próteses vasculares, sendo a endocardite por febre Q a principal causa
de endocardite seronegativa. O diagnóstico da febre Q é difícil e
é baseado na serologia, uma vez que as vegetações por Coxiella
burnetti são muito pequenas ou não são visíveis em ecocardiograma transtorácico ou transesofágico. São considerados factores
de risco para evolução para febre Q crónica a presença de valvulopatia, insuficiência renal, gravidez ou imunodepressão. Apresentamos o caso de um doente de sexo masculino de 60 anos
transplantado com rim de dador vivo há 34 anos. O doente inicia
um quadro de infecção respiratória tendo sido medicado com aparente reversão do quadro. Dias depois inicia quadro de febrícula
vespertina com hipersudorese nocturna, sem queixas respiratórias,
que mantém durante os três meses seguintes, associado a elevação
da proteína C reactiva sem leucocitose, com hemoculturas persistentemente negativas para bactérias, fungos e micobactérias.
Realizou ecocardiogramas transtorácico e transesofágico sem identificação de vegetações.
Os anticorpos para febre Q foram positivos com a seguinte titulação: IgG fase I 1:3200, fase II 1:800. Assumiu-se como diagnóstico
provável Febre Q crónica, segundo os critérios de Dutch. O doente
foi medicado com doxiciclina, inicialmente 100mg/dia e posteriormente 200mg/dia. Verificou-se remissão total da sintomatologia e
normalização dos parâmetros inflamatórios.
Num doente transplantado renal que apresenta síndrome febril indeterminado com exames bacteriológicos persistentemente negativos
deve ser sempre levantada a hipótese de febre Q. A ausência de vegetações no ecocardiograma não exclui esta hipótese diagnóstica tantas vezes esquecida neste grupo de elevado risco para esta patologia.
CB209
TROMBECTOMIA PRECOCE: UM TRATAMENTO EFICAZ PARA
A TROMBOSE VENOSA DO ENXERTO RENAL
T. Barra1, D. Lopes1, L. Martins1, M. Almeida1, S. Pedroso1,
L. Dias1, A. Henriques1, A. Cabrita1, C. Vaz2, P. Sá Pinto2,
R. Almeida2
1-Serviço de Nefrologia e 2-Cirurgia Vascular – Centro
Hospitalar do Porto, Porto, Portugal.
A trombose venosa é uma complicação rara mas que na maioria
das vezes leva à perda do enxerto renal, mesmo com diagnóstico
e intervenção precoces.
Descreve-se o caso de um homem de 24 anos, com doença renal
crónica de etiologia indeterminada, previamente em diálise peritoneal, que foi transplantado com um rim de dador cadáver. Tinha um
PRA de 0% (CDC e Luminex) e 3 incompatibilidades HLA com o
dador. A cirurgia não teve intercorrências relatadas e teve diurese
imediata. Ao 5º dia pós-TR iniciou dor súbita na região do enxerto
renal e hematúria macroscópica. O ecodoppler mostrou veia dilatada, com conteúdo ecogénico, sem fluxo, sugerindo trombose da
veia renal. Foi submetido a cirurgia emergente, com realização de
trombectomia de um trombo venoso justa-hilar, com posterior reanastomose venosa. O rim, que se encontrava ingurgitado e já com
alguns focos hemorrágicos, readquiriu a sua coloração habitual. Teve
alta com enxerto renal funcionante, sob hipocoagulação oral que
manteve durante 7 meses. Dois anos após o transplante mantém-se
com o enxerto renal funcionante e sem novos eventos trombóticos.
Neste trabalho mostra-se como uma excelente colaboração multidisciplinar (Nefrologista, Radiologista e Cirurgião Vascular) pode
ser a chave para o sucesso do tratamento da trombose venosa do
enxerto renal.
CB210
TRANSPLANTE RENAL BEM SUCEDIDO EM PACIENTE COM
SÍNDROME DE DOWN. RELATO DE CASO.
Juliana Borborema1, Ana Maria Pontes1, Ana Valéria Benício1,
Luiz Barros Sobrinho1, Patrícia Cariry2, Alexandre Andrade3,
Maria Adriana B de Souza4, Amanda C Freitas de Jesus4,
Elaine C.A.M. de Souza4 e Rafael Fábio Maciel5
1-Hospital Antônio Targino/ISAS – Nefrologista, MD; 2-Hospital
Antônio Targino/ISAS – Cirurgião Vascular, MD; 3-Hospital
Antônio Targino/ISAS – Urologista, MD; 4-Hospital Antônio
Targino/ISAS – Enfermeiro; 5-Hospital Antônio Targino/ISAS –
Transplantador, MD.
Introdução: O transplante renal em pacientes com retardo mental,
em especial, Síndrome de Down (Trissomia do cromossomo 21) não
é comum. Além de outras comorbidades relacionadas a síndrome
e o retardo mental que, na maioria das vezes, contraindica esse
tipo de procedimento, são necessários cuidadores e equipe experientes e comprometidos com o acompanhamento pós-transplante.
Objetivo: Relatar o caso do primeiro transplante renal em paciente
portadora de Síndrome de Down realizado na Paraíba, Brasil.
Métodos: Paciente do sexo feminino, branca, 25 anos, com retardo
mental moderado, em hemodiálise há 9 meses, com limitação para
o tratamento dialítico, tendo em vista o grau de retardo mental, dificuldade de acesso vascular e contraindicação para diálise peritoneal, foi inscrito em lista de prioridade para transplante renal com
doador falecido, especialmente por não haver na família doador
vivo disponível.
Resultado: Transplante renal realizado com doador falecido, 50
anos, sorologias negativas, causa morte TCE com 30 horas de isquemia fria. Imunossupressão inicial Tacrolimo + Ac. Micofenólico
Sódico + Prednisona + Basiliximab (indução). Cirurgia sem intercorrências e diurese imediata. No 40 dia de pós-operatório restabeleceu a função renal (creatinina 1,5mg/dl).
Conclusão: Os autores concluem que pacientes com retardo mental moderado, com cuidadores e equipe experientes e comprometidos, tem no transplante renal uma opção segura para a terapia
renal substitutiva. E nesse caso, com um serviço e equipe de transplantes no interior do estado da Paraíba, Brasil, foi possível alcançar
bons resultados, pareado com os demais em transplantes de rim.
Descritores: transplante renal, Síndrome de Down, retardo mental.
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P01
ANÁLISE DO DESEMPENHO DA COMISSÃO INTRAHOSPITALAR DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS PARA
TRANSPANTE DO HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS
CAMPOS DR JOSÉ DE CARVALHO FLORENCE ENTRE OS
ANOS 2009 A 2012
Vânia Cristina Machado Dias
Trabalho de Conclusão de Curso MBA Executivo em Saúde PósGraduação Lato Sensu, nível de Especialização
O Presente estudo relata o desempenho da equipe de CIHDOTT
do HMJCF em São José dos Campos, trazendo inicialmente uma
breve descrição do histórico de processo de doação de órgãos no
Brasil e o posicionamento das CIHDOTTs nesse contexto.
O processo de doação de órgãos é entendido como um conjunto
de ações e procedimentos que conseguem transformar um potencial doador em um doador efetivo. A disponibilidade de órgãos é
muito menor que a necessidade para transplantes. Devido à carência de órgãos, a fila de espera e o número de pacientes que morrem enquanto aguardam o transplante, em vários países, inclusive
nos Estados Unidos, Europa e Brasil são expressivos.
Embora o modelo brasileiro do SNT seja modelo para o mundo
todo, o estudo mostra que ainda existe um numero expressivo de
localidades no Brasil onde o processo de diagnostico de ME que
representa o primeiro passo do processo de transplante, ainda tem
números muito insignificantes ou mesmo ausentes em alguns estados do Brasil.
Focando na CIHDOTT do HMJCF, o estudo mostra a evidencia da
melhora significativa dos resultados após a reformulação da
equipe, a revisão dos processos internos que foram então alinhados
com os estudos nacionais sobre o tema.
A CIHDOTT do HMJCF foi reformulada, mantendo seu caráter multidisciplinar, porém com profissionais mais diretamente envolvidos
com o ambiente de doação, ou seja, profissionais da equipe de
neurocirurgia e UTI.
Os processos foram repensados e a equipe foi capacitada com total
entrosamento com a SPOT de referência na cidade de Capinas.
Com isso, os resultados tiveram uma significativa melhora o que
também trouxe visibilidade e credibilidade para a equipe e o SNT.
Essa credibilidade também vem a corroborar como um fator que
esta relacionado diretamente a melhora de demais resultados.
O processo de transplante, desde o diagnóstico de ME até o transplante propriamente dito sofre influencia de diversos fatores, muitas
são as varáveis que interferem nos resultados. Toda ação de gestão
para com este processo deve levar em consideração todas as variáveis, uma esta ligada a outra, e o não tratamento de cada uma
delas pode comprometer o resultado final.
P02
A MIDIA E O TRANSPLANTE NO BRASIL
Francisco Neto de Assis, Daiane Alves Nickel, Rafael Paim dos
Santos, Ivana Brum, Amanda Costa
ADOTE – Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos
Resumo: O termo “mídia” se refere aos veículos utilizados na divulgação de conteúdos de entretenimento, notícias e publicidade.
Inclui a imprensa escrita, televisão, rádio, internet e outras formas
de comunicação de massa: cinema, teatro, livros etc. “Mídia” deriva
da pronuncia inglesa da palavra latina “media”, da locução “media
communicationis”. Nos países de língua inglesa se escreve “media”
e se pronuncia “mídia”. Em Portugal, ao contrário do Brasil onde
“mídia” tanto se refere a um meio (“a mídia televisiva”) quanto ao
conjunto dos meios (“toda a mídia”), se escreve “média” e como
tal se pronuncia. Historicamente, a mídia sempre esteve envolvida
com o processo doação-transplante sendo a principal fonte de informações sobre o tema para a maioria (72%) da população norteamericana. Não existe pesquisa a respeito no Brasil. O objetivo do
trabalho foi avaliar a popularidade do tema transplante na mídia
brasileira. Com base nos resultados é possível se afirmar que para
a mídia atual interessa mais a novidade e a excepcionalidade do
fato do que o valor da informação em si. Esse comportamento pode
explicar porque a pesquisa da palavra “transplante” na ferramenta
“Google Trends”, no período de 2004 a 2013, mostra uma acentuada tendência de queda na popularidade do tema na mídia. Em
outras palavras, a popularidade do tema doação-transplante na
mídia tem diminuído ao longo do tempo possivelmente pela tendência desta de enfatizar os fatos novos e com certo grau de sensacionalismo. Analisou-se o uso da mídia para campanhas
publicitárias de promoção do tema doação-transplante com base
na interação dos usuários com o sitio no domínio adote.org.br. Foi
evidente o efeito dessas campanhas no sentido de aumentar o padrão de acesso enquanto ativas, porém a sua continuidade pode
fazer a diferença. É pouco provável, por exemplo, que três ou quatro semanas de publicidade na televisão possam garantir a preferência do público pelo tema durante todo o ano, em especial numa
realidade em que o telespectador médio tem a oportunidade de assistir e visualizar milhares de comerciais na TV, fora toda a gama
de anúncios em outras mídias.
P03
PERFIL DE DOADORES EFETIVOS PEDIÁTRICOS DE UM
SERVIÇO DE PROCURA DE ÓRGÃOS E TECIDOS NO BRASIL
Simey de Lima Lopes Rodrigues1, Luiz Antonio da Costa
Sardinha2, Helder Jose Lessa Zambelli3, Sebastião Araújo4, Ilka
de Fátima Ferreira Santana Boin5, Maria Valéria de Omena
Athayde1, Eliete Bombarda Bachega Montone1, Márcia Raquel
Panunto1, Edilamar Barbosa Rodrigues1, Adriana Sampaio
Barbosa1
1-Enfermeira – Especialista em Doação, Captação e Transplantes
de Órgãos e Tecidos, Enfermeira do Serviço de Procura de
Órgãos e Tecidos da Universidade Estadual de Campinas;
2-Médico - Doutorando em Ciências da Cirurgia, Neurologista e
Intensivista, Coordenador do Serviço de Procura de Órgãos e
Tecidos da Universidade Estadual de Campinas; 3-Médico Neurocirurgião, Médico do Serviço de Procura de Órgãos e
Tecidos da Universidade Estadual de Campinas; 4-Médico Intensivista, Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual
de Campinas; 5-Médico - Professora Associada e Livre-Docente
do Departamento to de Cirurgia da FCM - Universidade Estadual
de Campinas.
Introdução: O Brasil possui um dos maiores programas público
de transplantes de órgãos e tecidos do mundo, persistindo ainda
uma elevada demanda de órgãos. Entre as várias causas da nãoefetivação da doação, a parada cardiovascular possui números expressivos, atribuída, principalmente, à manutenção hemodinâmica
inadequada e a distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos no potencial doador (PD) em morte encefálica (ME). No PD pediátrico
essas alterações implicam em maiores dificuldades tanto para realizar o diagnóstico de ME, quanto para efetivar a doação.
Material e Método: Estudo quantitativo, descritivo, exploratório e
retrospectivo realizado no Serviço de Procura de Órgãos e Tecidos
do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas,
São Paulo - Brasil. Foram analisados os dados de prontuários de
60 doadores do período de janeiro/2006 a dezembro/2013.
Resultados: Predominou-se indivíduos brancos (70%), sexo masculino (61,7%), idade entre 13-18 anos (56,7%), sendo as principais causa de ME, o traumatismo cranioencefálico (61,7%), o
acidente vascular encefálico (15%) e a encefalopatia anóxica após
a parada cardiorrespiratória (15%). Quanto aos antecedentes e hábitos, 16,7% foram classificados na categoria de sobrepeso e
11,7%, na obesidade, seguidos da drogadição em 6,7% deles,
sendo a substâncias psicoativas mais utilizada, a Cannabis sp. O
uso de drogas vasoativas (DVA) esteve presente em 95% dos doadores, e a noradrenalina foi a droga de escolha (71,6%), sendo a
adrenalina e a vasopressina, as drogas menos utilizadas (3,3%). A
hipernatremia e a hiperglicemia foram encontradas em 46,6% e
em 21,75% dos doadores, respectivamente. Dentre os órgãos e tecidos mais extraídos, destacam-se os rins (95%) e as córneas (75%).
Conclusão e Discussão: Embora os pacientes nas unidades inten-
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sivas pediátricas sejam minuciosamente monitorados foram encontradas importantes alterações hemodinâmicas, e os resultados mostram o uso de DVA como a principal estratégia para seu controle.
Ademais, foram encontrados doadores hiperglicêmicos (porém nenhum portador de diabetes mellitus) e com hipernatremia, alterações frequentes no quadro de ME, e que, pela sua persistência,
sugerem uma manutenção inadequada do doador de órgãos. Conclui-se a necessidade em realizar estudos correlacionais, com doadores pediátricos, que avaliem o comportamento das alterações
encontradas com a função do enxerto no pré e pós-transplante.
P04
GESTÃO ESTRATÉGICA NA MANUTENÇÃO DO DOADOR
VIVO ADULTO EM ESTRUTURA HOSPITALAR INFANTIL PARA
TRANSPLANTES PEDIÁTRICOS
Abreu L.M., Guida J., Moraes P., Silvestre P., Cosentino F.,
Cortez A., Aranha G.H.
Hospital Estadual da Criança
Introdução: A necessidade do acompanhamento de pacientes
adultos numa estrutura hospitalar especializada em crianças é uma
realidade pouco frequente, porém uma situação específica como
o acompanhamento do doador vivo adulto no pós-operatório do
transplante hepático ou renal infantil fez surgir uma alternativa econômica e eficaz. Uma unidade de terapia intensiva mantida com
esse propósito levaria a ociosidade e custo elevado. Este trabalho
registra a atuação de uma equipe treinada para realizar assistência
sob demanda imediata, com acionamento eletivo ou de urgência,
promovendo importante redução do custo final.
Método: Foram acompanhados além de indicadores técnicos, incluindo plano terapêutico específico (tempo de permanência previsto / tempo de internação), análise de custo com recursos
humanos, materiais e medicamentos baseado no tempo médio de
permanência hospitalar.
Resultados: Foram realizados 18 transplantes inter vivos sendo 15
hepáticos e 3 renais com 98% de altas dentro do plano terapêutico
com redução de custo efetivo de 40%. O tempo médio de permanência do doador foi de 4 dias com retidada do cateter peridural
no terceiro dia de pós-operatório.
Conclusão: A atuação do time avançado de mobilização imediato
(TAMI) tem se mostrado uma opção viável e econônica no acompanhamento do pós-operatório de doadores vivos adultos no Hospital Estadula da Criança - RJ.
P05
AÇÕES DE BIOVIGILÂNCIA EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO
BRASIL
Ivonei Bittencourt, Renata da Silva Laurett, Liliani Cristina
Gonçalves de Azevedo
Hospital Municipal São José
108
Este estudo mostra ações de biovigilância em transplantes num hospital público do Brasil, em 2013. Foram 10 notificações com transplante renal, envolvendo 3 doadores e 9 receptores.
Quanto às reações adversas diagnosticadas, conseqüências efetivas
e ações corretivas descrevemos o seguinte:
– Caso de deiscência de sutura com abundante serosidade em receptor de 40 anos. Foi intervido com LE. Realizado síntese do orifício fistuloso do neo-ureter com colocação de duplo J e reforço
da linha da sutura com cola biológica;
– Caso de doador falecido de rim não implantado, gerando suspensão do transplante no receptor de 29 anos devido enxerto
com placa de ateroma na bifurcação da artéria renal levando a
inviabilidade da preservação da função deste;
– Caso de enxerto sem suprimento adequado de sangue em artérias
ilíacas gerando falta de condições de implante em receptora de
36 anos. Fato observado na mesa cirúrgica. Implante foi suspenso
e iniciado antibioticoterapia profilática;
– Caso de enxerto implantado mal perfundido em receptor de 24
anos, apresentando anúria e creatinina elevada. Realizado enxertectomia;
– Caso de perda de enxerto por má perfusão, em receptor de 22
anos resultando em enxertectomia;
– Caso de nefrectomia videolaparoscópica convertida em aberta
devido identificação de mais de uma artéria renal com dificuldade
de isolamento dos vasos, em doadora de 53 anos. Resultou em
perda do enxerto;
– Caso de laceração de artéria renal principal e secção de duas
artérias polares, em doador falecido, tornando o enxerto inviável
para transplante em receptora de 58 anos, o qual foi rejeitado;
– Caso de embalagem do enxerto recebida aberta, mantendo o
órgão em temperatura inadequada para implante na receptora
de 45 anos. O enxerto foi rejeitado;
– Caso de lesão inadvertida da veia renal em doadora de 56 anos,
resultando em exerese do rim e remoção da doadora para UTI;
– Caso de orifício fistuloso na parede pélvica do enxerto renal de
doadora de 56 anos para receptor de 53 anos. Realizada correção e colocação de cateter de duplo J.
Observamos a importância da biovigilancia para medidas de prevenção de eventos adversos sucesso terapêutico em transplante de
órgãos.
P06
TÉCNICA DE COLHEITA DE CÓRNEA
Fernando Nunes, Rosário Pereira, Isabel Soares, Dilsa Dias
Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António
Descrição da tecnica de colheita de córnea, respresentada por fotografias.
P07
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO USO DO INSTRUMENTO DE
COBRANÇA NO RESULTADO DAS NOTIFICAÇÕES DE
BUSCA ATIVA NO ESTADO DO CEARÁ ENTRE 2010 E 2013
Mônica Maria Paiva Lima, Daniel Duarte Gadelha, David
Theóphilo Araújo, Eliana Régia Barbosa de Almeida, Eugênia
Filizola Salmito Machado, Pedro Elder Paiva Lima Filho,
Raphael Paiva Lima
Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do
Ceará (CNCDO-CE)
Desde 2011 a Central de Notificação, Captação e Distribuição de
Órgãos do Ceará (CNCDO-CE) trabalha na divulgação do instrumento para cobrança dos procedimentos de ações relacionadas a
busca ativa e captação de órgãos e tecidos para transplante, como
estímulo para a incrementação das notificações junto às Organizações de Procura de Órgãos (OPOs) e às Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes
(CIHDOTTs). A CNCDO-CE avalia ano a ano os resultados destas
campanhas de estímulo para definir as estratégias, objetivando incrementar as notificações. A pesquisa foi realizada com dados obtidos de relatórios enviados pelas CIHDOTTs à CNCDO-CE,
contendo números referentes as notificações, dos anos de 2010 a
2013. Observou-se em 2013, um acréscimo de 66,36% sobre o
ano de 2010 nas notificações no Ceará. Dos 33 hospitais notificantes 3 aumentaram o número de notificações em 101,06%. Outros hospitais passaram a notificar, inclusive o novo hospital
instalado na região sul do estado, que realizou 45 notificações em
2013, tendo com isto alcançado a terceira posição em notificações
no estado. Dentre a relação de hospitais com notificações no período de 2010 a 2013, 11 unidades não efetuaram notificações
em 2013, embora tenham registrado notificações no período do
estudo. Mesmo assim 2013 apresentou um crescimento de 21,64%
nas notificações sobre 2012. 6 dos hospitais são responsáveis por
85,21% das notificações, com uma média de 75,8 notificação por
hospital, variando entre 11 e 213 notificações, incluindo-se aí os
dois novos hospitais regionais instalados na região norte e sul do
estado. O estímulo da cobrança dos procedimentos referidos tem
levado a um aumento no número crescente de hospitais notificantes
o que aumentou significativamente o número de captações efetivas
e consequentemente de doações. A utilização dos instrumentos de
cobrança, pelos hospitais notificantes, nos procedimentos realizados
desde a busca ativa, doação e captação de órgãos levou a uma
estruturação maior das CIHDOTTs, o que criou uma prática no processo de abertura dos protocolos. Entretanto, observa-se que as
campanhas de estímulos às cobranças dos procedimentos devem
ser contínuas e permanentes para que o processo não perca a credibilidade e reduza o seu efetivo impacto nos resultados.
P08
ESTÁGIO ESTUDANTIL EM ORGANIZAÇÃO DE PROCURA
DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTE – RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Alex Costa Cunha, André Santos Ferraz, Edney Nascimento
Matos, Carolina Magalhães Costa, Priscila C. B. dos S.
Santiago, Silas Santos Santana, Vanessa Bezerra Cerqueira,
Yan Gabriel David M. Silva
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
O Brasil dispõe do maior programa público de transplantes do
mundo, responsável pelo aumento expressivo do número de transplantes nos últimos anos. As Organizações Para Procura de Órgãos
(OPO) em conjunto com as Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante - (CIHDOTT) são as responsáveis a nível local pela organização do processo de doação.
Este estudo consiste num relato de experiência dos estudantes de
Medicina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB),
estagiários na OPO do Hospital Geral de Vitória da Conquista –
BA, com objetivo de socializar as experiências com a captação de
órgãos humanos para transplante. O Estágio foi realizado entre os
meses de Agosto de 2012 a Janeiro de 2013. Inicialmente, os estudantes participaram de atividades teóricas sobre o tema ‘transplante’. Os discentes foram, então, distribuídos entre os dias da
semana, com plantões de 24 horas. Neste período identificavam
pacientes em suspeita de Morte Encefálica (ME) e óbitos com parada cardiorrespiratória. Sob a preceptoria dos médicos da CIHDOTT, intensivistas e demais plantonistas, os estudantes
participavam da comprovação da ME, e manutenção dos potenciais doadores. Os estagiários também rastreavam as contraindicações à captação e, notificava os potenciais doadores à Central
de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos – CNCDO/
Bahia. Seguia-se a entrevista familiar visando o consentimento da
captação. Em casos de aceitação da doação, os estagiários participavam do procedimento cirúrgico da captação. Os estudantes
desenvolveram ainda ações junto à comunidade esclarecendo
sobre a importância da doação de órgãos. Em relação aos resultados obtidos, alcançou-se a inserção do estudante no ambiente
hospitalar para atividade de tamanha valia social; aprendizado em
relação ao processo de transplante de órgãos e diversos temas da
medicina intensiva e das emergências clínicas. O estágio contribuiu
ainda para aumentar o número de captações de órgãos, consolidando Vitória da Conquista como o segundo polo baiano de captação de órgãos no estado da Bahia. Conclui-se pois que o estágio
tem grande valia para o aprendizado acadêmico e para o aumento
no número de captações, seja através da identificação de potenciais
doadores, seja pelas atividades educativas com a comunidade
sobre a doação de órgãos.
P09
ANÁLISE DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS PARA
TRANSPLANTES EM HOSPITAL ENSINO
Cátia Millene Dell Agnolo, Rosane Almeida De Freitas, Magda
Lúcia Félix de Oliveira, Diogo Fraxino de Almeida, Rosa Maria
Domingos, Tatiana Sayuri Hizukuri, Maria Dalva de Barros
Carvalho, Sandra Marisa Pelloso
Universidade Estadual de Maringá - Hospital Universitário de
Maringá - Programa de Ciências da Saúde e Departamento de
Enfermagem
O número reduzido de doadores dificulta a realização das doações,
as quais poderiam influenciar na manutenção da vida de muitos
indivíduos portadores de doenças crônicas. Estima-se que 1 a 4%
dos óbitos nos hospitais e 10 a 15% dos óbitos em Terapia Intensiva
apresentam o quadro de morte encefálica, sendo potenciais doadores de órgãos e tecidos. Potenciais doadores são aqueles indivíduos que se encontram em morte encefálica ou aqueles em parada
cardiorrespitatória. Negativa familiar, contra indicações clínicas e
falhas na identificação e notificação de potenciais doadores representam obstáculos à doação. O objetivo deste estudo foi analisar
dados de notificação, doação de órgãos e tecidos para transplante
em um hospital universitário. Estudo descritivo, retrospectivo, quantitativo, realizado em hospital do Noroeste do Paraná. Foram incluídos os óbitos, notificações e doações de órgãos e tecidos para
transplantes, de janeiro de 2008 a dezembro de 2013. Foi reali-
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zada a coleta de dados e análise de relatórios mensais de atividades da comissão de doação de órgãos e tecidos do referido hospital. Das 29 notificações de morte encefálica, apenas 20,7%(6)
resultaram em doações. Morte cardíaca foi notificada em 14 pacientes, resultando em 42,9%(6) doações. As causas de não-doação de morte encefálica foram: recusa familiar (30,4%), sorologias
positivas (26,1%) e contra indicações clínicas (43,6%). As causas
de não-doação de morte cardíaca foram a recusa familiar (62,5%)
e sorologias positivas (37,5%). As perdas dos possíveis doadores
ocorreu durante a noite (51,6%) na sala de emergência (77,4%).
Conhecer o número de potenciais doadores, casos notificados e
que se efetivaram em doações, bem como as principais contra indicações à doação e, principalmente a identificação dos casos pertinentes a falhas na detecção e efetivação das doações, fornecem
elementos que norteiam a atuação dos profissionais das equipes
de transplantes dos hospitais para adequação dos possíveis problemas organizacionais.
Palavras-chave: Transplante de órgãos; doação de órgãos; doação de tecidos.
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
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DOAÇÕES DE ÓRGÃOS E TECIDOS EM MORTE
ENCEFÁLICA E MORTE CARDÍACA: ÓBITOS POR TRAUMAS
Rosane Almeida De Freitas, Cátia Millene Dell Agnolo, Magda
Lúcia Félix de Oliveira, Diogo Fraxino de Almeida, Elizabete
Almeida Benguella, Natália Velasco Barbosa da Silva, Elton
Carlos de Almeida, Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera,
Sandra Marisa Pelloso, Maria Dalva de Barros Carvalho
Aproximadamente 145.842 pessoas morreram por causas externas
no ano de 2011, e as causas externas por trauma ocuparam a segunda causa de morte no Brasil, configurando alto número de potenciais doadores de órgãos. Porém, um problema observado no
país é a não efetivação de doadores. Em 2011, de 192.4 milhões
de habitantes, 15.392 seriam possíveis doadores, destes 7.233
(47.0%) potenciais e somente 13.3% (2.048) tornaram-se doadores
efetivos. Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, foram registradas 401 notificações (38.4 pmp/ano) de potenciais doadores,
sendo que somente 112 (10.7 pmp/ano) se tornaram doadores efetivos. No Estado do Paraná ocorreram 9.376 óbitos por causas externas no ano de 2011. Esta lacuna entre os dados de óbitos por
traumas e número de notificação de potenciais doadores, tem chamado a atenção dos gestores de doação de órgãos e tecidos para
transplantes. O objetivo deste estudo foi analisar o desfecho em relação a notificação/doação de órgãos e tecidos para transplantes
em pacientes vítimas fatais por causas externas em decorrência de
traumas, no ano de 2012, em um município do Sul do Brasil. Tratase de um estudo descritivo, retrospectivo, transversal, com dados secundários de relatórios de óbitos e prontuários dos pacientes.
Ocorreram 134 óbitos por traumas, dentro da faixa etária para doação, destes 32,3% foram submetidos ao protocolo de morte encefálica e 67,7% tiveram morte cardíaca. Foram abordados 41,79%
familias, havendo 29 doações (51,8%). Conhecer os números de
potenciais doadores, notificações e doações fornecem subsídios
para hospitais e equipes de doação-transplante, na implementação
de rotinas visando aumentar as doações voltadas à esta população
em específico, visto que os traumas representam uma das principais
causas de óbitos no Brasil e originam potenciais doadores de órgãos
e tecidos para transplante em sua maioria jovens.
Palavras-chave: transplante de órgãos; morte encefálica; causas
externas.
P11
EDUCAÇÃO CONTINUADA EM DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E
TECIDOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Nailde Melo Santos, Heloísa Rosário Furtado Oliveira Lima,
Janaína de Jesus Castro Câmara, Rosilda Silva Dias, Isaura Letícia
Tavares Palmeira Rolim, José Nazareth Barbosa Santos Filho
Universidade Federal do Maranhão, Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
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Introdução: O processo de doação de órgãos e tecidos é uma
modalidade de tratamento que permite a realização de procedimentos em caso de doenças crônicas e reparação funcional, proporcionando melhorar a qualidade de vida e em determinadas
situações evitando a morte. A educação continuada para os funcionários da instituição é fundamental no contexto do processo de
doação, pois a aprendizagem influencia na mudança do comportamento e atitude com relação ao tema.
Objetivo: Relatar a vivência dos funcionários na educação continuada em doação de órgãos e tecidos.
Material e Métodos: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado em um hospital de urgência e emergência, São Luís
- Maranhão, Brasil. Foi estabelecido um cronograma de encontros
de trinta minutos diariamente nos turnos matutino, vespertino e noturno durante um mês com todos os funcionários desta instituição.
Em cada encontro participava um membro dos serviços de terapia
intensiva, centro cirúrgico, recuperação pós anestésica, reanimação, pediatria, comissão de infecção hospitalar, clínico-cirúrgicas,
direção administrativa, laboratório, farmácia, serviço social, banco
de sangue, nutrição, manutenção e vigilância, a vivência constava
de exposição dialogada e exibição de vídeos, contemplando as diferentes abordagens da doação de órgãos e tecidos.
Resultados e Discussão: A adequada compreensão da equipe envolvida no processo resultou no conhecimento e atuação dos funcionários nas etapas do processo de doação; auxílio na divulgação
do conhecimento dentro do seu meio; contribuição em manter o
processo ético e transparente em benefício à população; melhores
desempenhos destes funcionários durante o desenrolar das questões
relacionadas à doação e maior sensibilização dos mesmos, amenizando os obstáculos que podiam interferir em resultados negativos.
Conclusão: É necessário que sejam realizadas medidas de educação
continuada entre os funcionários da instituição, para conscientizar e
sensibilizar a importância do processo de doação de órgãos e tecidos, visando melhorar a qualidade e segurança da aquisição dos órgãos e tecidos doados. E consequentemente aumentando o número
de transplantes no Estado do Maranhão, levando a uma redução da
fila de espera dos possíveis receptores de órgãos e tecidos.
P12
A REALIDADE DAS DOAÇÕES DE MÚLTIPLOS ÓRGÃOS DE
UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO SUL DO BRASIL
Daiane Alves Nickel1,4, Kelly Laste Macagnan2, André
Guimarães de Oliveira1, Ivana Duarte Brum3, Francisco Neto
de Assis4, Luciano de Oliveira2
1-Universidade Católica de Pelotas; 2-Hospital Universitário São
Francisco de Paula; 3-Hospital Santa Casa de Misericórdia;
4-ADOTE – Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos.
110
Introdução: A doação de órgãos ainda é um tema muito complexo, polêmico e que têm despertado interesse e discussões em
várias áreas da saúde. Apesar da evolução do processo doação e
transplantes de órgãos, ainda há escassez no número de doadores
em vários locais do Brasil. A falta de compreensão sobre o tema,
de esclarecimento, o sensacionalismo na mídia sobre alguns casos
falhos, a falta de politicas de conscientização da população, de incentivo, motivação e capacitação aos profissionais que lidam com
este processo, fazem com que o número de doadores sejam insuficientes e haja a perda de potenciais doadores, assim aumentando
a preocupação e sofrimento daqueles que estão em fila de espera
para um transplante.
Objetivo: Apresentar a realidade das doações de múltiplos órgãos
em um hospital universitário do sul do Brasil.
Métodos: Foi utilizada pesquisa documental retrospectiva relativa
aos dados de outubro de 2008 a abril de 2014 dos relatórios de
óbitos da comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos
para transplantes (CIHDOTT) desta instituição.
Resultados: Obtivemos no período pesquisado 38 doações de
múltiplos órgãos, das quais 3 foram a partir de outubro do ano de
2008, 2 no ano de 2009, 6 no ano de 2010, 9 no ano de 2011,
6 no ano de 2012 e 7 no ano de 2013 e 5 até abril de 2014.
Conclusão: Com a expressiva atuação da comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos para transplante a partir do ano
de 2008 foi possível constatar uma transformação no que se refere
a doação de órgãos na cidade de Pelotas. Como nossa amostra
vai até o mês de Abril, temos a expectativa de que os números deste
ano superem expressivamente os anos anteriores, contudo sabemos
que para que haja crescimento e evolução nesse processo, precisamos de políticas públicas de cultura e educação das pessoas com
relação ao processo doação e transplantes de órgãos, assim contribuindo com o aumento da efetivação das doações enfatizando
as falhas e influindo de forma positiva para futuras doações.
P13
A MÍDIA COMO AGENTE EDUCACIONAL NA DOAÇÃO DE
ÓRGÃOS: A EXPERIÊNCIA DO ESTADO DO CEARÁ/BRASIL
Eliana Régia Barbosa de Almeida, Rosangela Gaspar
Cavalcante, Maria Mônica Paiva Lima, Ana Gabriela César
Magalhães, Maria Neide Alves Teixeira, Lilian Alves Amorim
Beltrão, Ana Paula Santos Feitosa
Central de Transplantes do Estado do Ceará/Secretaria da Saúde
do Estado do Ceará/Brasil
Introdução: É permanente a veiculação do tema doação de órgãos pela comunicação e seus meios no Estado do Ceará e anualmente no mês de setembro há uma intensificação de notícias
através do movimento “DOE DE CORAÇÃO” realizado pela Fundação Edson Queiroz, desde o ano de 2003. Para um Estado do
Nordeste do Brasil que vem ao longo dos anos sendo destaque no
número de efetivações de doações e realizações de transplantes
são muitos os fatores que contribuem para esse crescimento e refletir sobre a importância da mídia nesse contexto é interessantíssimo, pois, uma mensagem correta e qualificada pode contribuir
para a formação de uma cultura da doação.
Materiais e Métodos: Pesquisa explicativa de análise e reflexão,
com abordagem qualitativa, a partir de veiculações ocorridas através da mídia no Estado do Ceará, durante o ano de 2012.
Resultados: Verificou-se que foram utilizados todos os meios de
comunicação, com notícias positivas e corretas em todos os meses.
Foram veiculadas muitas entrevistas realizadas com os profissionais
do Sistema Nacional e Estadual de Transplantes, pacientes transplantados e suas famílias. Foram identificados depoimentos de familiares de doadores que conseguiram pensar no sofrimento de
quem aguarda por um transplante, quando a perda do ente querido
foi causada por tragédias amplamente divulgadas pelos meios de
comunicação local.
Conclusões: Apesar das dificuldades enfrentadas, o Sistema Estadual de Transplantes do Ceará é destaque nacional. Há credibilidade no programa, ou seja, equipes de transplantes, comissões
hospitalares de transplantes e organizações de procura de órgãos
são competentes e comprometidas, há envolvimento das associações de pacientes transplantados nas ações educativas, a estrutura
física da central de transplantes é adequada, há apoio logístico e
uma parcerias com a Defensoria Pública. A importância da mídia,
para o crescimento contínuo dos transplantes no Ceará é um forte
aliado que age como sensibilizadora, despertando atitudes/reflexões que promovem mudanças educacionais, ajudando a tornar a
sociedade mais solidária e contribuindo para que sejam eliminadas
dúvidas, mitos e preconceitos, sobre a doação de órgãos e tecidos
para fins de transplantes. A comunicação e seus meios assumiram
um papel relevante na doação de órgãos no Estado do Ceará.
P14
A INTERVENÇÃO DO (A) ASSISTENTE SOCIAL NO
PROCESSO DOAÇÃO-TRANSPLANTE: A EXPERIÊNCIA DO
CEARÁ
Almeida, E. R. B; Cavalcante, R. G; Costa. L. F. A; Lima, M. M.
P; Passos, M. M. V. S; Lima, M. F. R; Beltrão, L. A. A.
Universidade Estadual do Ceará
Introdução: A dimensão social abrange amplo espaço de atuação
para uma categoria profissional que tem como uma das suas referências à defesa de direitos sociais e humanos. Conhecer as principais ações e formas de intervenção do (a) assistente social no
processo de doação de órgãos e tecidos para fins de transplantes
no Estado do Ceará é a pretensão desse estudo.
Materiais e métodos: Estudo exploratório de caráter qualitativo.
Efetivou-se levantamento das unidades de saúde do Estado do
Ceará que durante o ano de 2008, realizaram captação e transplante de órgãos e tecidos, bem como das demais unidades onde
existem Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Teci-
dos para Transplantes instituídas e contavam com a atuação direta
do serviço social no processo doação-transplante. Após composição de amostra (por saturação) realizou-se entrevistas semi-estruturadas com as assistentes sociais identificadas. Os dados e
informações coletados foram analisados à luz da hermenêutica em
profundidade, que consiste da contextualização das “falas” dos sujeitos e da consideração da relação entre teoria e realidade no decorrer do processo de interpretação.
Resultados: Destaca-se que 55% das unidades encontradas, contam com o setor de serviço social e, entre essas 65% participaram
da pesquisa. A ação dos profissionais do referido setor no processo
doação-transplante se apresenta em três processos básicos, dialeticamente articulados de acordo com o paradigma da produção
social da saúde: processos político-organizativos; processos de planejamento e gestão e processos sócio-assistenciais. (Mioto e Nogueira, 2008). Verificou-se o predomínio da intervenção no âmbito
das ações sócio-assistenciais, principalmente com a realização de
entrevista familiar.
Conclusões: É crescente a atuação dos assistentes sociais dos espaços ocupacionais do processo doação-transplante. Trata-se de
atendimento aos beneficiários do programa de transplante e seus
familiares, com famílias doadoras, realização de estudos e pesquisas, elaboração e execução de programas de educação permanente, mobilização social e articulação com o terceiro setor e
empresas, bem como na área de planejamento e gestão. As perspectivas apontaram para o desenvolvimento de estratégias de discussão e avaliação permanente da inserção dos assistentes sociais
nos processos de trabalho da saúde e principalmente no Sistema
Estadual de Transplante.
P15
ARTERIOGRAFIA CEREBRAL EM MORTE ENCEFÁLICA: A
IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO GRÁFICO PARA SUA
CONFIRMAÇÃO
Ivonei Bittencourt, Tatiane Borges
Instituto Filadélfia
A maioria dos autores estudados descreve a arteriografia cerebral
como “padrão ouro” no diagnóstico de morte encefálica. Foram
revisadas bibliografias a quais constam a importância desse procedimento que demonstra a insuficiência sanguínea nas principais
artérias cerebrais, gerando um diagnóstico gráfico eficaz e confiável, para posteriormente dar continuidade ao protocolo para doação de órgãos.
Por seguinte, foi revisado o estudo sobre estatísticas de doação de
órgãos no Brasil e legislação vigente.
Após a pesquisa realizada e a teoria concluída, a autora foi a
campo buscar informações e comparar com que está na literatura.
O resultado foi satisfatório já que a instituição é referência em doação de órgãos em Santa Catarina e vem mantendo esse patamar
há anos, seguindo um rigoroso protocolo, o qual se inicia na suspeita de morte encefálica até a o final do processo de doação de
órgãos (ou negativa).
P16
INSTITUIÇÃO DO DIA MUNICIPAL DO DOADOR DE
ÓRGÃOS E TECIDOS EM SANTO ANDRÉ
Vanessa Bricio Gonçalves, Paulo Roberto Garcia, Elisabete
Tonobohn Siraque
Escola da Saúde do Município de Santo André
Como resposta ao desafio à implantação, da lei Nº 9.497, de 08
de Outubro de 2013, que fica Instituído no Município de Santo
André o "Dia Municipal do Doador de Órgãos e Tecidos", surgiu a
ideia de pactuar democraticamente alguns compromissos junto a
cidade de Santo André.
Buscamos abrir canais de diálogo com a população em relação a
doação de órgãos e tecidos e sobre a demanda de pessoas doentes
aguardando em fila de espera por transplantes para ter mais qualidade de vida ou até continuar vivendo.
As ações visam levar mais orientação, informação e contribuir para
que sejam desfeitos mitos que cercam o assunto e conscientizar à
população.
Objetivos:
I - Divulgar a importância da doação de órgãos e tecidos para
transplantes.
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II - Sensibilizar e mobilizar os munícipes de Santo André sobre a
doação de órgãos.
III - Possibilitar maior difusão do ato de doação de órgãos e tecidos
no município, como ação solidária.
IV - Agradecer aos familiares de doadores de órgãos.
V - Esclarecimento à população sobre doação de órgãos e tecidos.
VI - Formação de profissionais de saúde e educação na área de
doação e transplantes de órgãos e tecidos.
VII - Encorajar a discussão do tema doação de órgãos e tecidos
nas escolas.
Para atender os objetivos previstos, foram adotadas ações que se
iniciaram com a mobilização da sociedade sobre a importância da
doação de órgãos e tecidos. Reunimos com acadêmicos, conselheiros de saúde e conselheiros de educação para difundir a importância da doação de órgãos e tecidos. Para isto, foram
realizados encontros formativos, seminários, palestras, jornadas,
caminhadas e peças teatrais, sobre o tema em questão, passando
a ser considerado como base para a construção de um novo olhar,
e assim reparamos a realidade existente, desenvolvendo programas
planejados e avaliados dentro de um processo educativo contínuo
no município de Santo André.
Este trabalho apresentou uma positividade através dos eventos programados, e propagamos a questão da doação de órgãos, propiciando um maior conhecimento da sociedade, e assim, aumentando
o número de doações.
POSTERS
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P17
PROJETO DE INVESTIGAÇÃO: “A FUNÇÃO SEXUAL DA
PESSOA COM TRANSPLANTE RENAL”
Pedro Ricardo Coelho Gonçalves
Enfermeiro no Serviço de Urologia e Transplantação Renal – CHUC
Resumo: O transplante renal é considerado o tratamento de eleição para as pessoas com Doença Renal Crónica Terminal. Em geral
as pessoas transplantadas têm um aumento da sobrevida e uma
melhor qualidade de vida comparativamente com as que realizam
diálise (Muehrer, 2009). A evidência científica refere que a mesma
doença tem um forte impacto no funcionamento sexual quer do
homem quer da mulher, afetando claramente a sua qualidade de
vida. Neste domínio, a investigação tem-se focado fundamentalmente no homem, no entanto, a função sexual deve ser valorizada
e compreendida tanto no homem como na mulher. Alguns estudos
demonstram que o transplante renal melhora a função sexual, podendo estar relacionado com a normalização metabólica e hormonal, bem como com a melhoria dos problemas psicológicos. No
entanto, a prevalência de disfunção sexual após o transplante renal
varia entre 36% a 60%, o que é um valor relativamente elevado em
comparação com a população geral (Raggi et al., 2011).
Além da diminuição da líbido em ambos os sexos, as disfunções
sexuais mais comuns incluem a disfunção erétil nos homens e a diminuição da lubrificação vaginal e satisfação sexual, com incapacidade para atingir o orgasmo nas mulheres (Tavallaii et al., 2009;
Josephson e McKay, 2013).
Neste contexto, e face à importância da sexualidade na qualidade
de vida da pessoa, torna-se relevante estudar a função sexual da
pessoa submetida a transplante renal, pelo que irá ser realizado
um estudo quantitativo de nível descritivo-correlacional, por forma
a avaliar a função sexual e conhecer o papel de diferentes variáveis
na função sexual na pessoa com transplante renal. Pretende-se dar
resposta à seguinte questão de investigação: Após o transplante
renal que alterações ocorrem na função sexual da pessoa e quais
os fatores que lhe estão subjacentes?
O objetivo desta comunicação oral será a apresentação do projeto
de investigação, nomeadamente o enquadramento teórico do tema
em estudo e o enquadramento metodológico.
P18
CAPACIDADE DE AUTOCUIDADO DA PESSOA
TRANSPLANTADA AO CORAÇÃO
António José dos Santos Ferreira, Emília Sola, Marta Costa
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Introdução: A pessoa transplantada ao coração é reconhecida
como sendo portadora de uma doença crónica, com necessidades
muito específicas em saúde. Neste contexto, o indivíduo, a família
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e a própria sociedade em que está inserido, deverão estar munidos
de ferramentas, que permitam ao indivíduo ser agente do seu próprio cuidado (self-care), e se possa autopromover como um ser biopsicosocioculturoespiritual.
Metodologia: Com a elaboração deste estudo pretendeu-se descrever a capacidade de autocuidado do indivíduo transplantado há
mais de seis meses e analisar a correlação existente com as características sociodemográficas e clínicas da amostra. Neste sentido,
foi desenvolvido um estudo quantitativo, descritivo-correlacional,
entre 2011 e 2012, recorrendo a uma amostra não probabilística
e acidental de 62 indivíduos transplantados ao coração há mais de
seis meses. Efetuou-se a recolha de dados pela aplicação de um
questionário aos doentes, onde se incluiu a Escala de Capacidade
de Autocuidado (ECA), e a análise documental dos processos clínicos. O projeto de investigação foi encaminhado para apreciação
da Comissão de Ética ao qual emitiu um parecer favorável.
Resultados: A ECA faz uma abordagem às necessidades do tipo
universal, tais como: alimentação, eliminação, atividade física, sono
e repouso, interação social, prevenção de riscos para a saúde, entre
outras. Assim, 77,4% dos indivíduos é capaz de obter as informações necessárias para cuidar da sua saúde; 59,7% faz sempre uma
alimentação equilibrada e de acordo com as suas necessidades;
45,2% realiza uma atividade física (como por exemplo, caminhadas); 90,3% tem capacidade para se autocuidar relativamente à
higiene; 77,4% tem capacidade para manter o ambiente que o envolve (a casa) limpo; 17,7% afirma ter dificuldades na comunicação
e na interacção com outras pessoas; 14,5% refere que nem sempre
existe ajuda disponível de familiares ou pessoas significativas para
ultrapassar os seus problemas.
Conclusões: Os valores da ECA variam entre 0 e 75, sendo a
média na nossa amostra de 63,18 pontos. A maioria dos indivíduos
apresenta muito boa capacidade de autocuidado (75,8%). As áreas
de autocuidado que os doentes apontam para a existência de maiores dificuldades são: a dieta (22,6%), a atividade física (16,1%), prevenção das infeções (6,5%) e vigilância da saúde (comparência nas
consultas; 3,2%). A estatística inferencial permitiu-nos perceber a
existência de uma relação estatisticamente significativa entre a idade
e a capacidade de autocuidado. O género, o estado civil, a área
de residência e as características clínicas não estão associadas às
diferenças encontradas na capacidade de autocuidado. A identificação da capacidade de autocuidado do indivíduo deverá ser um
foco de atenção do enfermeiro na consulta de pré-transplante, no
sentido de se mobilizar um conjunto de recursos necessários à melhoria da qualidade de vida da pessoa transplantada após a alta.
cuidador. Foram observados vínculos fortalecidos entre pacientefamília-equipe, identificação de demandas individuais, melhor adesão ao tratamento e maior coesão entre os profissionais.
Discussão e conclusão: A participação nos grupos mostrou pacientes mais comprometidos com o próprio tratamento e familiares
mais envolvidos na tarefa de cuidar. Os profissionais puderam oferecer informação, suporte e, quando necessário, individualizar as
intervenções, configurando uma assistência integral e eficaz.
P20
IMPACTO APÓS TRANSPLANTE CARDÍACO NOS PACIENTES
– DÚVIDAS E DIFICULDADES
Fátima D. Cruz, Silvia Ayub Ferreira, Edimar Alcides Bocchi
Unidade de Insuficiência Cardíaca e Transplante - Instituto do
Coração Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: O transplante cardíaco (TC) é a terapia indicada na
insuficiência cardíaca refratária. Após o TC efeitos colaterais atribuídos aos imunossupressores, como as comorbidades decorrentes
da própria cirurgia ou dos medicamentos, podem trazer dúvidas e
dificuldades no tratamento e cuidados no seguimento do paciente.
Objetivos: Analisar após o TC as dificuldades e dúvidas no tratamento e cuidados.
Métodos: Analisamos 31 pacientes após TC ortotópico submetidos
a um questionário com perguntas abertas onde relatam as suas dificuldades e as dúvidas no tratamento e cuidados após o transplante.
Sexo: Masculino: 25 (70%)
Idade: 28,9 ± 24,3 anos
Tempo de TC: 7,2 ± 5,6 anos
Tempo de TC: G1: 16 pts (51%) - 0 a 4,9;
G2: 6 pts (19,3%) - 5 a 9,9;
G3: 4 pts (12,9%) -10 a 14,9;
G4: 4 pts (12,9%) -15 anos
Resultados:
P19
GRUPO INTERDISCIPLINAR DE FILA DE ESPERA PARA
TRANSPLANTE CARDÍACO: EXPERIÊNCIA DE UM ANO
Fátima D. Cruz, Priscila G. Moraes, Ana L. S. Ribeiro, Edimar
A. Bocchi
Instituto do Coração – Hospital das Clinicas da Universidade de
São Paulo – Brasil
112
Introdução: A espera por um transplante cardíaco é caracterizado
pela progressão dos sintomas da insuficiência cardíaca, vivência
de um futuro incerto e necessidade de preparação para um novo
estilo de vida e de tratamento. Em função do número limitado de
doadores, o período de espera pode se prolongar, intensificando
dificuldades e necessidade de cuidado especializado. Tais demandas de saúde só podem ser atendidas através de um modelo assistencial de interdisciplinaridade.
Objetivo: Descrever a experiência de um ano de grupo interdisciplinar de pacientes e familiares em fila de espera para transplante
cardíaco que teve como finalidade oferecer suporte, informação e
aproximar pacientes e familiares da equipe de saúde.
Metodologia: Foram realizados dois grupos independentes de frequência mensal: um grupo de pacientes listados em fila de transplante e um grupo de familiares cuidadores. Todos os grupos foram
realizados por psicóloga, enfermeira, assistente social, farmacêutica, nutricionista e cirurgião.
Resultados: Durante um ano, os temas mais abordados pelos pacientes e cuidadores foram: demora da fila e suas consequências
físicas e emocionais; dúvidas sobre fluxo de fila e logística de captação de órgãos; possibilidade de morte, esperança, religiosidade;
dificuldades alimentares; tratamento medicamentoso; suporte ao
Conclusão: Embora o acompanhamento e assistência da equipe
médica e interdisciplinar, os pacientes após o transplante ainda relatam dificuldades e dúvidas no seguimento precoce e tardio do
tratamento, sendo mais presentes no período de até cinco anos;
tardiamente podem surgir dúvidas e dificuldades correlacionadas
as complicações da terapia imunossupressora como câncer de pele,
disfunção vascular do enxerto e comprometimento renal.
P21
PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM FRENTE À
DESCONEXÃO DO VENTILADOR MECÂNICO DE NÃO
DOADORES DE ÓRGÃOS EM MORTE ENCEFÁLICA
Isabelle Teixeira de Almeida Luiz, Maria Cristina Komatsu
Braga Massarollo, Lúcia Piva Cabral Senna, Marcelo Jose dos
Santos
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Objetivo: Verificar o entendimento de estudantes de enfermagem
sobre morte encefálica (ME) e conhecer sua percepção sobre a desconexão do ventilador do indivíduo em ME não doador de órgãos.
Método: Estudo exploratório, descritivo e de abordagem qualitativa. Participaram 12 estudantes do curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública do município de São Paulo,
que foram entrevistados com a utilização de um instrumento contendo duas questões norteadoras: “O que você entende por Morte
Encefálica?” e “No caso de indivíduo em morte encefálica, mantido
como indivíduo crítico para viabilizar a utilização dos órgãos, mas
que, por quaisquer motivos, não será doador de órgãos, o que você
considera que deve ser feito?”. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas segundo a Análise de Conteúdo de Bardin.
Resultados: Participaram do estudo alunos do 2º, 4º, 6º e 8º semestres do curso de graduação, uma vez que a coleta foi realizada
no segundo semestre de 2013, sendo que metade deles referiu ter
tido oportunidade de discussão sobre o tema. Na análise dos dados
foram identificadas cinco categorias: 1.Significado de Morte Encefálica, revelando diferentes conceitos; 2.Conceito Equivocado de
Morte Encefálica, evidenciando a crença na reversão do quadro;
3.(Não)Aceitação da Desconexão do Ventilador, indicando a aceitação da desconexão por alguns e a não aceitação por outros,
além de explicitar que, apesar da aceitação, para alguns gera a
sensação de desconforto; 4.Tomada de Decisão sobre a Desconexão, quando foram discutidas a participação da família e da equipe
multiprofissional; e 5.Desperdício de Recursos Escassos, na qual os
participantes discutiram sobre a necessidade de não desperdiçar os
recursos humanos, físicos e materiais.
Conclusão: No que tange ao entendimento dos estudantes de enfermagem sobre morte encefálica e à percepção sobre a desconexão do ventilador mecânico, ficam evidenciadas contradições,
incertezas, inseguranças e preocupações.
P22
CONVERSANDO...PARTILHANDO
Maria de Fátima Carvalho de Almeida, Cristina Isabel de
Matos Branco Santos, Aldina Maria Lurdes Pinto
Centro Hospitalar Lisboa Ocidental - Hospital de Santa Cruz
O transplante cardíaco constitui um projeto de vida dos doentes
com insuficiência cardíaca terminal, que permite melhorar a qualidade de vida. Envolve no entanto alterações a nível físico, psíquico,
emocional, familiar e social condicionadas por um estilo de vida,
dito saudável, cujo objetivo é minimizar os efeitos secundários da
terapêutica imunossupressora.
“...para mim ser transplantado cardíaco é alguém que sentiu/viu
que a única alternativa de continuar a viver foi submeter-se a um
transplante de coração e que a partir do momento que o efetuou
teve que adaptar-se a uma nova forma de vida.”
Os conhecimentos científicos, com experiências vivenciadas ao
longo dos anos permitem aos profissionais de saúde proporcionar
á pessoa transplantada e família uma perspetiva de vida futura com
qualidade de vida através do ensino estruturado. A partilha de experiência dos doentes já transplantados consolida uma nova perceção e organização das vivências experienciadas como base para
a imagem de uma vida futura com objetivos a longo prazo.
Além da equipa de profissionais de saúde tive outra equipa que também me apoiou e ajudou a compreender no meu processo de transplantado, ou seja, foram todos os “colegas transplantados com
quem conversei e partilhei experiências”......”
...Tive oportunidade de contatar com vários pacientes, entre eles,
um com 26 anos de transplantação o que me abriu de novo um horizonte de esperança...”
Procuramos com este trabalho refletir a importância da partilha,
através da análise qualitativa dos depoimentos escritos que transmitem as suas vivências, os sentimentos e experiências no processo
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de partilha e ajuda na nova fase da vida.
É nosso objetivo:
– Identificar as dificuldades em aceitar ou não a partilha de experiências;
– Determinar a importância da partilha de experiências para a
construção de objetivos a longo prazo.
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
P23
ALTA HOSPITALAR DO RECEPTOR EM TRANSPLANTE RENAL:
ORIENTAÇÕES DE ENFERMAGEM
Câmara, J.J.C; Morais, R.F.C; Miranda, M.B.C; Viégas, V.L.A;
Santos, N.M; Dias, R.S; Coutinho, N.P.S.
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão,
Serviço de Transplante Renal – São Luís/MA. Brasil
Introdução: O transplante renal é um tratamento de escolha para o
paciente com doença renal crônica, visando a melhoria no estilo de
vida. A alta hospitalar é um momento importante que envolve orientações sistemáticas para o sucesso e sobrevida do enxerto renal.
Objetivo: Descrever as orientações de enfermagem para alta hospitalar do receptor de transplante renal.
Material e Métodos: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado na Unidade de Transplante Renal de um Hospital de
Ensino da Universidade Federal de Maranhão, São Luís - Maranhão, Brasil. Para manutenção do tratamento adequado é fornecido aos receptores de transplante renal um conjunto de orientações
relacionadas da terapêutica medicamentosa, a regularidade do seguimento ambulatorial, mudanças no estilo de vida – dieta, atividade física, higiene corporal e ambiental, sexualidade, abstinência
do álcool e do fumo. Essas orientações são fornecidas na admissão
e reiteradas durante a hospitalização. Utilizou-se folder contendo
ilustração, texto e endereço de referência do Serviço para eventuais
intercorrências, para as orientações da terapêutica medicamentosa
é utilizado e fornecido durante a hospitalização um formulário com
as medicações de uso contínuo ilustrado com figura do sol para os
horários diurno e lua para o noturno.
Resultados e Discussão: A utilização desses instrumentos pela
equipe de enfermagem mostrou uma satisfatória compreensão da
terapêutica medicamentosa, do seguimento ambulatorial e das mudanças no estilo de vida pelos receptores de transplante renal. A utilização das modalidades de comunicação para o ensino do
autocuidado individualizado e integral pela enfermagem é uma condição importante para o engajamento numa perspectiva de assegurar
maior sobrevida do enxerto renal e qualidade de vida do receptor.
Conclusão: A enfermagem como integrante dos serviços de saúde
deve garantir um cuidado seguro utilizando todas as técnicas de
comunicação para o ensino do autocuidado eficaz.
P24
TÉCNICAS DE APRENDIZAGEM EM IMUNOSSUPRESSÃO EM
UM SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL
Câmara, J.J.C; Morais, R.F; Oliveira, M.I.G; Câmara, J.L.C;
Lima, H.R.F.O; Santos, N.M; Dias, R.S; Coutinho, N.P.S.
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão
Serviço de Transplante Renal – São Luís/MA. Brasil.
Introdução: O transplante renal é um tratamento de escolha para
o paciente com doença renal crônica, visando a melhoria no estilo
de vida. Nessa modalidade terapêutica, há necessidade de ampliação das técnicas de aprendizagem da terapia imunossupressora.
Objetivo: Descrever as técnicas de aprendizagem em imunossupressão com paciente transplantado renal.
Material e Métodos: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado na Unidade de Transplante Renal de um Hospital de
Ensino da Universidade Federal de Maranhão, São Luís - Maranhão,
Brasil. Utilizou-se três técnicas de aprendizagem: para pacientes sem
déficit cognitivo foi fornecido no terceiro dia após o transplante um
formulário com o nome das medicações, dose e horário. Para os
pacientes com necessidades cognitivas usou-se a técnica de visualização com o mesmo formulário, com a colagem das cápsulas dos
imunossupressores. Para os pacientes com necessidades visuais adotou-se a técnica tátil, utilizando depósitos plásticos retangulares e
tamanhos diferentes, na tampa de cada depósito foram coladas a
quantidade de cápsulas corresponde a dose, um familiar/cuidador
foi orientado para colocar as medicações nos depósitos. Pelo tato o
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paciente identifica o depósito, a medicação e a dosagem, e para o
horário utilizou-se um programa de voz pelo celular.
Resultados e Discussão: Durante período de internação em média
de sete dias foram propiciadas condições de aprendizagem utilizando as técnicas conforme a necessidade do paciente. A equipe
de enfermagem durante a administração das medicações na rotina
diária avalia o aprendizado. As três técnicas apresentadas foram
as que mostraram resultados mais apropriados para a realidade de
nossos pacientes. Sendo que a técnica adotada para os pacientes
com déficit cognitivo e necessidades visuais requisitaram adaptações com outros materiais e na alta hospitalar os pacientes foram
capazes de identificar toda a sua medicação, com o apoio de um
familiar/cuidador.
Conclusão: O autocuidado de pessoas com necessidade cognitiva
e visual requer atenção e sensibilidade dos profissionais para a terapêutica medicamentosa segura e o autocuidado eficaz. Esta experiência possibilitou o planejamento e a execução de intervenções
e técnicas de aprendizagem que favoreceu a promoção de maior
independência, influenciando na melhoria da qualidade de vida.
P25
ALTA HOSPITALAR DO DOADOR EM TRANSPLANTE RENAL:
ORIENTAÇÕES DE ENFERMAGEM
Morais, R.F.C; Câmara, J.J.C; Miranda, M.B.C; Viégas, V.L.A;
Santos, N.M; Dias, R.S.
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão,
Serviço de Transplante Renal – São Luís/MA. Brasil.
Introdução: O transplante renal é um tratamento de escolha para
o paciente com doença renal crônica, visando a melhoria no estilo
de vida. A alta hospitalar é um momento importante que envolve
orientações sistemáticas para a manutenção da saúde do doador.
Objetivo: Descrever as orientações de enfermagem para alta hospitalar do doador de transplante renal.
Material e Métodos: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado na Unidade de Transplante Renal de um Hospital de
Ensino da Universidade Federal de Maranhão, São Luís - Maranhão, Brasil. Para proporcionar a manutenção da saúde e bem
estar, é fornecido aos doadores de transplante renal um conjunto
de orientações relacionadas à regularidade do seguimento ambulatorial (quinze dias, um mês e anualmente), ao estilo de vida saudável - dieta, atividade física, higiene corporal e ambiental,
sexualidade, abstinência do álcool e do fumo. Essas orientações
são fornecidas na admissão e reiteradas durante a hospitalização,
utilizando folder e comunicação verbal.
Resultados e Discussão: A equipe de enfermagem desempenha
um papel relevante na educação para a saúde do doador de transplante renal por meio da orientação. Essa ação mostrou resultados
satisfatórios na promoção da qualidade de vida dos doadores. A
utilização das modalidades de comunicação para o ensino do autocuidado individualizado e integral pela enfermagem é uma condição importante para o engajamento numa perspectiva de
assegurar a saúde e o bem estar do doador de transplante renal.
Conclusão: A enfermagem como integrante dos serviços de saúde
deve garantir um cuidado seguro utilizando todas as técnicas de
comunicação para o ensino do autocuidado eficaz.
P26
EFETIVAÇÃO ENTRE A IDENTIFICAÇÃO E ABERTURA DE
PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA: REALIDADE DE UMA
CIHDOTT NO MUNICIPIO DE FORTALEZA-CE
Mônica Mª Paiva Lima, Maria Cláudia Carneiro Pinto, Márcia
Mª Vitorino S. Passos, Eliana Régia Barbosa, Maria Sandra
Carneiro, Luziana Araújo Borges Lemos, Maria Fátima Castro
Oliveira
Hospital Geral de Fortaleza – Central De Transplantes do Ceará
114
Introdução: O diagnóstico da morte encefálica, a manutenção da
estabilidade hemodinâmica, a adequada ventilação e controle metabólico é de responsabilidade do plantonista; tendo como objetivo
manter a apropriada perfusão dos órgãos e tecidos.
Objetivos:
– Conferir o tempo de abertura do Protocolo de Morte Encefálica
(ME) em possíveis doadores identificados pela CIHDOTT, no período de janeiro a maio de 2013.
– Verificar o quantitativo de pacientes com Glasgow 3 em que não
houve abertura do protocolo de ME no período de janeiro a maio
de 2013.
Metodologia: Estudo descritivo transversal, de abordagem quantitativa realizada em junho de 2013. Os dados foram colhidos através
de impresso utilizado pela CIHDOTT, em visita nas unidades do hospital (emergência, CTI, Unidade de AVC, Sala de Recuperação). A
população foram todos os pacientes identificados com Glasgow 3
nestas unidades, no período de janeiro a maio de 2013. A apresentação dos dados será apresentada em gráfico e tabelas.
Resultados: Encontrados neste período 77 pacientes em Glasgow
3, sendo que, 46 (59,74%) foi iniciado o protocolo de ME, destes,
36 iniciaram no primeiro dia. Dez pacientes tiveram a abertura do
protocolo de 2 a 5 dias. Não iniciado o protocolo 31 pacientes
(40,26%) por fatores diversos.
Conclusão: Percebe-se que o tempo inicial do protocolo após a
identificação pela Escala de Glasgow é um tempo considerado satisfatório.Precisa-se ainda averiguar os demais pacientes, que apesar de estarem com Glasgow 3, não foram otimizados para a
abertura; saber onde era possível uma intervenção; podendo assim
ter subsídios para condutas futuras, colaborando para aumentar o
número de doares neste hospital.
P27
A TEMÁTICA DOAÇÃO/TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS
INSERIDAS NOS CONTEUDOS PROGRAMÁTICOS DAS
DISCIPLINAS DO CURSO DE ENFERMAGEM
Elton Carlos de Almeida1, Sonia Maria Villela Bueno2, Vanessa
Denardi Antoniassi Baldissera3, José Renato Gatto Junior4,
Rosane Almeida Freitas
1-Enfermeiro, Mestre em Ciências, doutorando em Ciências na
EERP-USP, pesquisador do GEPES; 2-Doutora, Professora Associada
na EERP-USP, coordenadora do grupo de pesquisa CAESOS e
pesquisadora do GEPES; 3-Doutora, Professora Adjunta do
Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de
Maringá, líder do GEPES; 4-Enfermeiro, estudante de doutorado
direto em Ciências na EERP-USP; 5-Enfermeira do Pronto
Atendimento –Hospital Universitário de Maringá, Coordenadora da
CIHDOTT, Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de
Ciências da Saúde- Universidade Estadual de Maringá.
As evoluções científicas, tecnológicas e organizacionais colaboraram no aumento do número de transplante de órgãos, possibilitando a melhora da qualidade de vida das pessoas que esperam
por um órgão. Porém, o número de doadores não é o suficiente
para reduzir a lista de espera (ROCHA, 2010). Diversos são os motivos que afetam a doação de órgãos. Assim, vale destacar a importância do preparo profissional no que diz respeito à abordagem
familiar, esclarecendo as duvidas sobre a questão morte, morte encefálica e a solicitação para doação de órgãos, momento importante para que se possa dar continuidade à doação/transplante de
órgãos (ALMEIDA, 2011; SANTOS; MASSAROLLO; MORAES,
2012). E o sucesso da prestação da assistência à família e ao paciente se faz com profissionais que, encontram-se preparados, na
questão de conhecimentos e emoções (CINQUE; BIANCHI, 2010).
Fato que nos levou a analisar a formação, o preparo e o enfrentamento que os discentes de enfermagem recebem durante a graduação, referentes aos problemas relativos ao processo de doação
de órgãos. Optou-se, por utilizar a pesquisa-ação em nosso estudo
de doutorado, por ser considerada uma metodologia ativa, a qual
possibilita que o pesquisador identifique as dificuldades, e assim,
caminha para o planejamento e implantação de uma ação educativa (THIOLLENT, 2007; BUENO, 2012). Aplicou-se, o questionário
com 18 alunos, seguindo as orientações do CONEP 196/96. Nos
resultados, observou-se que, os participantes percebem possíveis
dificuldades na atuação profissional no processo de doação de órgãos em virtude da falta de abordagem pontual da temática, nas
disciplinas, durante a formação acadêmica, referente ao processo
de doação/transplante de órgãos. Assim, torna-se de suma importância inserir a temática no decorrer da graduação. Cabendo repensar os conteúdos programáticos da grade curricular do curso
de enfermagem.
Palavras-Chave: Doação de órgãos, Doação dirigida de tecido,
Enfermagem.
Referências biográficas:
ALMEIDA, E. C. Doação de Órgãos e visão da família sobre atuação dos profissionais neste processo: revisão sistemática da literatura brasileira. 2011. 97 p.
Dissertação (mestrado em ciências) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
BUENO, S.M.V. Ajustes e adaptações na pesquisa-ação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO PREVENTIVA EM SEXUALIDADE, DST/AIDS, DROGAS E
VIOLÊNCIA, 8., 2012, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: EERP/USP, 2012.
CINQUE, V.M; BIANCHI, E.R.F. Estressores vivenciados pelos familiares no processo de doação de órgãos e tecidos para transplantes. Rev Esc Enf. São Paulo,
v.44, n.4, p. 996-1002, 2010.
ROCHA, M. Aumenta o Número de Transplante no Brasil. NTV News, Patos de
Minas, 04 de agosto de 2010. Disponível em: http://www.ntvnet.com.br/noticias/
?n=2135&i=54.
SANTOS, M.J.; MASSAROLLO. M.C.K.B.; MORAES, E.L. Entrevista familiar no processo de doação de órgãos e tecidos para transplante. Acta Paul Enferm, v. 25,
n. 5, p. 788-94, 2012.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
P28
CO-INFECÇÕES RARAS POR PATOGENIOS FREQUENTES
EM DOENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE CARDÍACO: 2
CASOS CLÍNICOS
Manuel Batista, Ana Alves, Carlos Pinto, Pedro Correia, David
Prieto, Pedro Antunes, Manuel Antunes
Centro de Cirurgia Cardiotorácica e Transplantação de Órgãos
Torácicos, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Introdução: As infecções oportunistas (bacterianas, víricas e fúngicas) são frequentes em doentes imunodeprimidos, nomeadamente nos submetidos a transplante de órgãos sólidos. A
co-infecção por alguns destes patogéneos é rara. A descrição da
associação de Pneumonite por CMV(PnCMV) e de Aspergilose pulmonar(AP) é muito rara na literatura e ainda mais excepcional é a
associação de Pericardite tuberculosa(Ptb) e AP. Os autores descrevem 1 caso de cada uma destas raras associações.
Caso clínicos:
Caso 1 – Homem, 66 anos, bancário reformado, antecedentes de
apendicectomia, hipertensão arterial, dislipidémia, tabagismo, obesidade, enfarte agudo do miocárdio (1988), implantação de
CDI(2007) e transplante cardíaco (TxC)(2010) por miocardiopatia
isquémica. Medicado com micofenolato de mofetil (MMF), ciclosporina (CyA) e prednisolona (Prd), apresentava queixas de tosse,
expectoração mucosa, febre vespertina e dispneia desde há 2semanas, tendo iniciado levofloxacina. O exame físico revela roncos
e fervores sobretudo à direita, a gasometria hipoxémia e a radiografia opacidade na base pulmonar direita. Iniciou terapêutica empírica com piperacilina/tazobactam, cotrimoxazol, voriconazol e
ganciclovir, prosseguindo-se o estudo incluindo com broncofibroscopia com lavado broncoalveolar (BFO-LBA). Fez-se o diagnóstico
de PnCMV associada a AP (Aspegillus flavus). Manteve terapêutica
com voriconazol e ganciclovir, com boa resposta, tendo alta após
18 dias, medicado com valganciclovir e voriconazol. O custo total
desta intercorrência infecciosa foi 25.700€.
Caso 2 – Homem, 37 anos, agricultor, antecedentes de dislipidémia, tabagismo, hipotiroidismo e TxC por miocardiopatia dilatada
há 1mês, medicado com MMF, CyA e Prd. 3semanas após o TxC a
histologia do pericárdio (espessado e com calcificações) revelou
Ptb. Iniciou isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol. Uma
semana depois apresenta queixas de tosse não produtiva, febre vespertina, astenia e anorexia. O exame físico revela fervores bilaterais
e o estudo complementar, que incluiu BFO-LBA, permitiu o diagnóstico associado de AP (Aspergillus niger), tendo iniciado voriconazol, com boa resposta e sem necessidade de internamento. O
custo total desta intercorrência infecciosa foi de 15.000€.
Conclusões: Os autores apresentam 2 casos de co-infecções raras
por patogénios frequentes em doentes submetidos a transplante
cardíaco (PnCMV+AP e Ptb+AP). Salientam-se a raridade destas
associações; a necessidade de diagnóstico e terapêutica precoces
para melhorar o prognóstico; e, ainda, o impacto económico que
estas co-infecções têm.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
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EVOLUÇÃO DO ESTADO EMOCIONAL DE PACIENTE
RECEPTOR DE TRANSPLANTE CARDÍACO APÓS VIVÊNCIA
DE IMPLANTE DE DISPOSITIVO DE ASSISTÊNCIA
VENTRICULAR: RELATO DE CASO
Elaine Marques Hojaij, Silvia Moreira Ayub Ferreira, Danilo
Ribeiro Galantini, Bruno Biselli, Monica Avila, Fabrício Canova
Calil, Ludhmila Abrão Hajjar, Paulo Manuel Pêgo-Fernandes,
Roberto Kalil Filho
Hospital Sírio-Libanês, Centro de Cardiologia.
POSTERS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
O Transplante Cardíaco é tido, hoje, como o tratamento ouro para
a Insificiência Cardíaca (IC) refratária. Ser receptor de transplante
de coração implica em profundas mudanças de ordem emocional,
as quais o indivíduo inicia a sofrer desde o momento em que os
sintomas começam a comprometer sua vida e que a doença é diagnosticada. É frequente a ocorrência de perdas que extrapolam o
prejuízo da capacidade funcional; várias esferas da vida são atingidas. O período de sofrimento enquanto em fila de espera muitas
vezes é prolongado, e o desejo de recuperação vem acompanhado
do medo do desconhecido e da morte. A adaptação emocional ao
implante de um enxerto pode ser tão lenta quanto a adaptação
deste ao organismo do receptor, e por vezes não acompanha a
evolução positiva do seu estado de saúde física. Relatamos o caso:
Paciente do sexo masculino, 28 anos, ensino médio completo, casado, pai de três filhos, portador de IC refratária por miocárdio não
compactado, diagnosticada há pouco mais de 1 ano. A avaliação
psicológica observou várias condições positivas para inclusão em
fila de espera para transplante cardíaco: funções cognitivas preservadas; ausência de história de doença mental e de uso de substâncias psicoativas; bom estado emocional; bom auto-cuidado;
postura ativa; abertura a novas experiências; facilidade de formar
vínculos; mais de um familiar (com boas condições cognitivas) envolvido nos cuidados; suporte social adequado; confiança na
equipe; ciência/compreensão adequadas da proposta terapêutica.
Listado para transplante cardíaco, devido à piora clínica e elevado
risco de morte, foi submetido a implante de DAV como ponte para
transplante. Após 6 meses deste implante, recebeu o tão esperado
transplante de coração. Discussão: Este estudo centra-se na evolução de seu estado emocional ao longo do tratamento, até 40 dias
após a cirurgia de transplante cardíaco. Trata-se do primeiro caso,
nesta instituição, de paciente submetido a estes dois tratamentos
cirúrgicos sequencialmente.
P30
TRANSPLANTE CARDÍACO EM DOENTE COM SÍNDROME
DE BECKER.
Márcio Madeira, Maria José Rebocho, Regina Ribeiras, António
Ferreira, José Pedro Neves
Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Hospital de Santa Cruz.
Doente do sexo masculino aos vinte anos inicia quadro de astenia,
dispneia e ortopneia de agravamento progressivo. É diagnosticada
miocardiopatia dilatada idiopatica. Tem história familiar de miocardiopatia dilatada (pai e primos). Ocorreu agravamento progressivo
da insuficiência cardíaca sendo que aos trinta e um anos estava em
NYHA classe IV.
Aos trinta e quatro anos foi submetido a transplante cardíaco ortotopico por insuficiência cardíaca refractária. O exame anatomo-patologico do coração revelou cardiomiopatia dilatada e ateroesclerose
ligeira tipo III (Classe AHA). O pós-operatorio foi complicado de paragem cardiorrespiratória por disritmia. Foi entubado e ventilado,
tendo-se complicado de pneumonia a Arpergillus fumigatus e tetraparesia flácida dos cuidados intensivos. Recuperou a força muscular
mas manteve apenas ligeiras dificuldades na marcha.
Após este período, iniciou perda progressiva de força muscular essencialmente dos membros de etiologia desconhecida. Foi efectuado
despiste de doenças neuromusculares. O teste genético identificou
deleção dos exões 48 e 49 no gene da distrofina, o que confirmou
o diagnóstico de distrofia muscular de Becker. Após o diagnostico,
a restante família foi estudada, tendo-se diagnosticado a doença no
irmão, que se encontra actualmente em consulta pré-transplante.
Actualmente, seis anos após o transplante, mantem-se em NYHA
classe I, o ecocardiograma apresenta hipertrofia do ventrículo esquerdo assimétrica, com predomínio dos segmentos basais e mé-
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POSTERS
dios das paredes posterior, lateral e septal posterior, com normais
parâmetros diastólicos. A coronoariografia e cintigrafia foram normais. Efectuou ressonância magnética cardíaca que apenas revela
realce tardio subendocárdico com distribuição favorável de etiologia isquémica.
Uma vez que um terço dos doentes com síndrome de Becker desenvolve miocardiopatia dilatada com insuficiência cardíaca progressiva, o transplante parece ser uma opção terapêutica com
melhoria da esperança e qualidade de vida dos doentes.
P31
PROPOSTA DE ATENDIMENTO INTERDISCIPLINAR DE
REABILITAÇÃO FÍSICA AO PACIENTE PORTADOR DE
POLINEUROPATIA AMILOIDÓTICA FAMILIAR (PAF) PRÉ E
PÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO EM UM CENTRO
TRANSPLANTADOR DE REFERÊNCIA EM SÃO PAULO, BRASIL
Carla Giuliano de Sá Pinto, Márcio Marega, Melline Della
Torre de Almeida Baccan, Juliana de Cássia Moura Oliveira,
Ricardo Diaz Savoldelli, Luciana Diniz Nagem Janot Matos,
Marcio Dias de Almeida
Hospital Israelita Albert Einstein
Objetivo: Descrever a proposta de implantação de um serviço interdisciplinar de atendimento ambulatorial a pacientes com PAF em
fila de espera para transplante hepático e em pós operatório oferecendo atendimento personalizado e humanizado, além de gerar
conhecimento científico.
Material e métodos: Frente à complexidade da população envolvida e à escassez de trabalhos científicos relacionados à reabilitação, verificou-se a necessidade da criação de um programa
interdisciplinar composto por profissionais das áreas de educação
física, fisioterapia, medicina (cardiologia, hepatologia, medicina física e reabilitação) e nutrição direcionado ao tratamento pré e pós
transplante hepático de pacientes com PAF. Após consulta com hepatologista, cardiologista e fisiatra, avaliando e respeitando as capacidades e incapacidades dos pacientes, os mesmos serão
encaminhados ao demais profissionais envolvidos. O processo de
reabilitação física englobará exercícios resistidos, aeróbico, treino
de equilíbrio, treino postural passivo e alongamentos. O protocolo
compreende sessões de 1 hora, 3 vezes por semana, limitados pela
data do transplante.
Resultados: Espera-se com esse programa, minimizar as consequências da progressão da doença, melhorar força muscular e capacidade de exercício, diminuir os riscos cirúrgicos e dos
imunossupressores.
Conclusão: A implantação desse projeto visará obter ganhos funcionais, além de otimizar a qualidade de vida de pacientes com
PAF enquanto em fila de espera para o transplante hepático e na
recuperação pós cirúrgica.
P32
IMPLICAÇÕES SOCIAIS NO PROCESSO DE TRANSPLANTE
HEPÁTICO DA FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGEFHAJ MANAUS-AMAZONAS
Maria Geralda Correia Ozorio, Rosiane Pinheiro Palheta,
Eliziete Maria de Assunção Cardoso,Eliane Silva do
Nascimento
Fundação Hospital Adriano Jorge - Coordenação de Transplante
Hepático
116
O trabalho traz uma reflexão dos processos sociais implicados nos
casos atendidos pelo Programa de Transplante Hepático da Fundação Hospital Adriano Jorge-FHAJ, em Manaus no Estado do Amazonas. As reflexões resultam de um levantamento dos casos sociais
atendidos pela equipe multiprofissional do programa que é responsável para orientação e acompanhamento e encaminhamento dos
atendimentos realizados no período de Março de 2013 a Fevereiro
2014. Essa indicação é orientada pelo protocolo de transplante de
fígado da FHAJ que coloca as questões sócio-economico-culturais
como fatores condicionantes para a indicação do transplante. Do
universo de 248 pacientes atendidos pelo programa, 97 são casos
sociais cujo perfil revela que tais condições tem sido determinantes
para o sucesso do tratamento pré-pós-transplante. Do universo de
97 pacientes, 66% é do sexo masculino, 50,51% é oriundo da cidade de Manaus, 43,30% do interior do Estado e 6,19% de outros
Estados do Brasil. O perfil mostra que a composição familiar
(69,32%) possui até 05 pessoas por domicílio cuja renda não ultrapassa um salário mínimo e 28,87% está desempregado, dos
quais 35,05% são beneficiários do programa social do governo federal (Benefício de Prestação Continuada- BPC) evidenciando a extrema pobreza como o aspecto mais importante dos casos sociais,
fator que explica as precárias condições de moradia, a dificuldade
de acesso a saneamento básico e educação. Os casos sociais são
atravessados por uma forte questão de gênero cujo fator determinante pode estar associado ao consumo de álcool. A pobreza é um
dos aspectos que determinam a qualidade do atendimento pré e
pós- transplante e que impõem sérios limites à indicação do transplante aos pacientes em espera. É imprescindível que a intervenção
do Assistente social seja acompanhada de uma rede de serviços
consistente e organizada para que as condições socioeconômicas
não sejam um fator de exclusão aos pacientes que necessitam de
tratamento. Conclui-se que para garantir a manutenção da saúde
e de qualidade de vida após o transplante depende ainda da garantia de uma rede de atendimento ainda inexistente na cidade de
Manaus, pois a (in) existência desta também pode se constituir em
fatores determinantes e condicionantes da saúde dos pacientes.
P33
O CLAMPEAMENTO INTERMITENTE DO PEDÍCULO
HEPÁTICO TOTAL, NUM TEMPO LONGO DE ISQUEMIA E
REPERFUSÃO NO RATO WISTAR, NÃO EXERCE FUNÇÃO
PROTETORA
Rodolfo dos Reis Tártaro, Gracinda de Lourdes Jorge, Marília
Iracema Leonardi, Cecilia Amelia Fazzio Escanhoela, Aníbal
Eugenio Vercesi, Luiz Sérgio Leonardi, Ilka de Fátima Santana
Ferreira Boin
Universidade Estadual de Campinas, Universidade Estadual de
Campinas
Introdução: A manobra de Pringle intermitente é utilizado nas grandes cirurgias de transplantes, traumas como protetor hepático. Mas
o tempo de isquemia e reperfusão pode limitar esta proteção no
rato Wistar.
Objetivo: Avaliar o efeito de proteção do clampeamento intermitente no pedículo hepático total, após longo período de oclusão e
reperfusão no rato Wistar, através das enzimas AST/ALT, da histologia e respiração mitocondrial.
Método: 42 ratos Wistar machos, peso médio de 327,7g, divididos
em três grupos. Anestesiados com tiopental sódico (iv), submetidos
a uma incisão em U no abdome. O pedículo hepático total foi isolado e submetido à clampeamento com micro pinça vascular. No
Grupo Isquemia Contínuo (GIC) n=14, o clampeamento de 40 minutos de isquemia e 40 minutos de reperfusão. No Grupo Isquemia
Intermitente (GII) n=14, o clampeamento intercalado 4 tempos de
(10 minutos isquemia/10 minutos reperfusão). No Grupo Sham
(GS) n=14, os animais foram submetidos à anestesia, laparotomia
e posteriormente um período de 80 minutos de observação. No
final de cada experimento, realizamos a coleta de sangue para dosagens das transaminases AST/ALT. Coleta das biopsias hepática:
para medir o consumo de oxigênio no oxígrafo de alta resolução
de respirometria OROBORUS, e avaliação histológica em graus: I,
II e III (I congestão do ramo venoso, II congestão sinusoidal e/ou
vacuolização e III necrose focal). Os animais foram sacrificados sob
anestesia. O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética na Experimentação Animal CEEA/UNICAMP.
Resultado: Nos grupos GII e GIC as enzimas AST e ALT apresentaram-se elevadas quando comparadas com o GS (p<0,008); as mitocôndrias quando estimulada por ADP ou FCCP tiveram diminuição
significativa da respiração (p<0,05), e a razão do controle respiratório (RCR) nos grupos isquêmicos foram menores (p<0,03), quando
comparados ao GS. No estado de repouso não houve alteração na
velocidade da respiração entre os grupos. Na histologia o GIC
100% apresentaram lesões: 33% grau III, 17% grau II e 50% grau
I, no GII 100% apresentaram lesões: 43% grau II, 57% grau I.
Conclusão: O clampeamento intermitente do pedículo hepático
total no rato Wistar por um tempo longo, não foi eficaz na proteção
de lesões hepáticas.
P34
AVALIAÇÃO SENSITIVA, MOTORA, FUNCIONAL E IMPACTO
DA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTE COM
POLINEUROPATIA AMILOIDÓTICA FAMILIAR (PAF) EM
PROGRAMA DE REABILITAÇÃO PRÉ TRANSPLANTE
HEPÁTICO
Carla Giuliano de Sá Pinto, Márcio Marega, Melline Della
Torre de Almeida Baccan, Juliana de Cássia Moura Oliveira,
Ricardo Diaz Savoldelli, Luciana Diniz Nagem Janot Matos,
Marcio Dias de Almeida
Hospital Israelita Albert Einstein
Objetivo: Descrever o caso de um paciente portador de PAF, em
lista de espera para transplante hepático, sobre sua evolução sensitiva, motora, funcional e impacto da qualidade de vida após 36
sessões de reabilitação física.
Métodos: Paciente em fila para transplante hepático iniciou programa de reabilitação que envolve médicos (fisiatra e cardiologista),
fisioterapeutas e educador físico. Antes de iniciar o programa de exercícios, realizou avaliação para estado sensitivo de membros inferiores
através de monofilamentos de Semmes-Weinstein (estesiômetro). Para
avaliação de força de preensão palmar, de musculatura respiratória
e periférica foram utilizados o hand grip, manovacuômetro (PImax e
PEmax) e teste de uma repetição máxima para grandes grupos musculares (1RM), respectivamente. A avaliação funcional foi feita através
do teste de caminhada de seis minutos (TC6) e teste de equilíbrio.
Foi também aplicado o questionário de qualidade de vida SF36.
Após realização de 36 sessões de uma hora, três vezes por semana,
compostas por exercícios aeróbicos na bicicleta ergométrica e treinamento resistido, foram repetidos os testes.
Resultados: De acordo com a estesiometria, observou-se piora
para discriminar formas e temperatura nos territórios inervados
pelos nervos tibial, sural e safeno de ambos os pés. No pé esquerdo, notou-se também piora para discriminar formas e temperatura no território inervado pelo nervo fibular, porém houve
melhora da sensibilidade protetora no território específico da inervação do nervo tibial. Em termos de força muscular, a 1 RM aumentou entre 6 e 28% para os seguintes grupos musculares:
quadríceps, peitoral, abdutores de quadril, tríceps sural, dorsais e
isquiotibiais. A distância percorrida no TC6 aumentou 20 metros.
Observou-se aumento na pontuação do componente físico do SF36
de 36,1% para 52,3%, indicando melhora na qualidade de vida.
Dentre o componente físico, o domínio dor foi o que apresentou
melhora mais expressiva (aumento de 20%). Força de preensão palmar, muscular respiratória e teste de equilíbrio não apresentaram
alterações.
Conclusão: O treinamento aeróbico e resistido melhorou a capacidade física demonstrada, neste estudo, pelo aumento na distância
percorrida no TC6 e pelo aumento de força muscular periférica.
Além disso, contribuiu para melhorar a qualidade de vida, com diminuição da sensação de dor.
P35
ISOLADOS BACTERIANOS NO PERÍODO PRECOCE PÓS
TRANSPLANTAÇÃO HEPÁTICA - REALIDADE DE DOIS ANOS
E. Pereira1, M. Fernandes, N. Silva3, F. Pinto1,2, A. Eufrásio1,2, L.
Boaventura3, C. Bento1,2, H. Vieira1,2, C. Seco1,2, L. Pereira1,2, S.
Calretas2, N. Silva2, J. Ferrão2, L. Tomé2, A. Barros2, D. Diogo2,
E. Furtado2
1-Serviço de Anestesiologia-CHUC, 2-UTHPA-CHUC, 3-Serviço
de Patologia Clínica-CHUC
Introdução: Um dos principais fatores que influenciam a morbilidade e mortalidade pós transplantação hepática é a infeção. Aproximadamente 80% dos transplantados de órgãos sólidos sofrem
uma infeção significativa durante o primeiro ano, a maioria no primeiro mês pós-transplante1,2. Este estudo tem como objetivo a descrição da prevalência de agentes Gram positivos (G+) e Gram
negativos (G-) isolados nos doentes transplantados hepático desde,
na UTHPA dos CHUC, durante o primeiro mês.
Material e métodos: Foram avaliados os 89 adultos submetidos
a transplante hepático de 1 de Março de 2012 a 31 de Março de
2014. Das colheitas realizadas no primeiro mês pós transplante,
148 tiveram resultado positivo. Foi avaliada a prevalência de G+
e G- nas amostras positivas assim como o meio de cultura onde foi
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isolado. O tratamento estatístico foi realizado com o programa
IBM- SPSS versão 20.0.
Resultados: Das amostras processadas no primeiro mês pós-transplante, foram isolados 62,8% de G+ e 37,2% de G- (com
p=0,000, no teste de Qui-quadrado). O agente G+ mais comum
foi o Staphylococcus aureus (16,2%) e o G- o Acinetobacter baumannii (11,4%). Em relação aos produtos pesquisados, o mais frequentemente cultivado foi o líquido peritoneal com 16,8% (G34,8%; G+ 58,8%; microorganismo mais frequente Enterococos
faecium 29,6%),seguido das pontas de dreno abdominal, com
13,7% (G- 23,8%; G+ 76,2%; microorganismos mais frequentes
Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus aureus e Acinetobacter
baumanni, cada com 18,2%) da bílis, com 13,0% (G- 41,2%; G+
58,8%; microorganismo mais frequente E.coli 14,3%), e, por fim,
o aspirado brônquico com 11,8% (G-: 50%; G+: 50%, microorganismo mais frequente Staphylococcus aureus, 36,8%).
Conclusões: No nosso estudo encontrámos significado estatístico
para o Gram dos microorganismos isolados no 1º mês pós transplante, com uma associação significativa (p< 0,001) com os organismos Gram positivos. A expansão da amostra em futuros
estudos, e o cruzamento com os dados da infeção poderá permitir
um melhor esclarecimento dos resultados encontrados.
POSTERS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
1. D. Kawecki et al. Bacterial infections in the early period after liver transplantatio:etiological agentes and their susceptibility. Med Sci monit,2009;15(12):
CR628-637
2. Fishman J, Infection in solid-organ transplant recipients. N Engl J Med. 2007
Dec 20;357(25):2601-14.
P36
INTERPOSIÇÃO DE ENXERTO ILÍACO DO DOADOR PARA
REVASCULARIZAÇÃO DE IMPLANTES EM TRANSPLANTE
ORTOTÓPICO DE FÍGADO, DESCRICÃO DA CASUÍSTICA
EM 670 TRANSPLANTES REALIZADOS E REVISÃO DA
LITERATURA
Rafael Leite Nunes, Elaine Cristina de Ataide, Milena Silva
Garcia, Raquel Silveira Stucchi, Ilka de Fatima Santana Ferreira
Boin
Universidade Estadual de Campinas São Paulo Brasil
A trombose da artéria hepática é complicação importante em transplantes hepáticos, permanecendo como a segunda principal causa
de falha do fígado enxertado. São causas de trombose da artéria
hepática técnicas cirúrgicas, trombogênese, alto nível de hematócrito, sepse ou rejeição.
O tratamento da trombose da artéria hepática envolve revascularização que pode se dar com uso de técnicas endovasculares ou com
uso de reconstrução arterial. Em casos como presença de trombose
ou arteriosclerose, o uso da reconstrução alternativa da artéria hepática deve ser considerada, e neste sentido o enxerto de artéria
ilíaca do doador tem sido utilizado como elemento de reconstrução
arterial.
O objetivo desse trabalho é revisar a literatura e descrever a casuística onde foram utilizados enxertos arteriais com transposição
de artéria ilíaca para revascularização dos implantes em transplante
ortotópico de fígado, da Unidade de Transplante Hepático da Universidade Estadual de Campinas, no período de 2002 a 2014.
Foram realizados 8 transplantes com necessidade de enxerto arterial
em 670 pacientes submetidos a transplante hepático, 6 casos do
sexo masculino, idade media de 52 anos.
As causas da necessidade de utilização dos enxertos foram: 6 retransplantes em até 15 dias após a primeira intervenção cirúrgica
por trombose de artéria hepática, 1 em re-transplante 18 meses
apos o primeiro transplante por complicações biliares e 1 paciente
por injuria arterial pos quimioembolização ainda no pré operatório
com inviabilidade da utilização de tronco celiaco
A técnica utilizada foi a inter-posição de enxerto ilíaco do doador
entre aorta acima das renais a abaixo da artéria mesentérica superior e o tronco celíaco do doador, o tempo cirúrgico médio foi de
420 minutos, media de transfusão de concentrados de hemácias
foi de 5 unidades. A sobrevida pos procedimento em 6 meses foi
100% e em 1 ano 95%.
A literatura corrobora o bom prognóstico observado em nossos
casos apontando essa manobra como segura e eficiente, com alguns estudos apoiando-a como técnica de escolha em casos de retransplante por trombose de artéria hepática.
117
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
POSTERS
P37
O MANEJO DA IMUNOSSUPRESSÃO DURANTE A
GESTAÇÃO EM PACIENTES SUBMETIDAS A TRANSPLANTE
ORTOTÓPICO DE FIGADO
Milena Silva Garcia, Elaine Cristina de, Rafael Leite Nunes,
Raquel Silveira Stucchi,Ilka de Fatima Santana Ferreira Boin
Universidade Estadual de Campinas São Paulo Brasil
O transplante hepático em mulheres na idade fértil permite logo
após o mesmo, a recuperação da fertilidade, ciclo menstrual, aumento da libido e gravidez. Uma serie de trabalhos abordam este
tema e tem como principal objetivo encontrar o manejo adequado
destas pacientes que são consideradas de alto risco, assim como o
manejo da imunossupressão.
O objetivo desse estudo foi descrever a população de pacientes
submetidas a transplante hepático ortotópico total que no pós operatório evoluíram com quadro gestacional com ênfase no manejo
da imunossupressão.
Foram avaliadas 7 pacientes submetidas a transplante hepático na
Unidade de Transplante Hepático da Universidade Estadual de
Campinas, no período de 1992 a 2014, que evoluíram com quadro gestacional. A gestação ocorreu com media de 6 anos após o
transplante. As etiologias das hepatopatias de base foram: hepatite
autoimune em 6 pacientes e budd-chiari em 1 paciente. Todos os
casos apresentaram doença controlada, provas de função e enzimas hepática dentro da normalidade.
Uma paciente fazia uso de ciclosporina e prednisona, 6 pacientes
faziam uso de tacrolimus e prednisona. Uma paciente apresentou
óbito fetal com 20 semanas de gestação e 2 anos apos nova gestação sem intercorrências. Nas demais, a taxa de aborto ou perda
fetal foi zero. Parto normal esteve presente em 6 casos.
Não foi encontrado nenhum tipo de má formação ou complicações
nos recém nascidos.
As pacientes não apresentaram piora da função hepática ou rejeição do órgão transplantado, a imunossupressão sofreu ajuste de
sua posologia visando menores níveis séricos durante a gestação.
Observou-se como complicações na gestação: 1 caso de herpes
zoster vaginal, 1 caso de hematoma hepático com resposta a tratamento clinico e 1 caso com infecção urinaria necessitando de internação para compensação clinica.
Assim como a literatura já aponta, aqui demonstramos que pacientes em idade fértil em pós operatório de transplante hepático podem
apresentar boa evolução, é possível afirmar que essas mulheres
estão aptas a engravidar, sendo necessários não obstante, mais estudos sobre o manejo dessas gestações e a importância da formação de equipes multidisciplinares.
P38
EXERCÍCIO FÍSICO COMBINADO REDUZ SINTOMAS DE
FADIGA EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE
HEPÁTICO?
Alessandra de Magalhães Campos Garcia, Larissa Ferreira
Jacomini Tavares, Christiano Eduardo Veneroso, Danusa Dias
Soares, Agnaldo Soares Lima, Maria Isabel Toulson Davisson
Correia
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas
Gerais, Brasil
118
A fadiga é considerada problema crônico entre pacientes submetidos a transplante hepático (TH), o que pode gerar afastamento do
trabalho e das atividades cotidianas, levando o paciente ao sedentarismo e, a ter qualidade de vida comprometida. Estudos demonstram que déficits de aptidão física em pacientes transplantados,
foram associados com queixas de fadiga e que, a participação em
programas de exercícios físicos (PEF) supervisionados melhora a
sensação de fadiga. O objetivo do estudo foi avaliar se o programa
de exercícios físicos combinados reduz sintomas de fadiga. Doze
pacientes de ambos os sexos, com idade média de 45±11anos,
submetidos à TH entre seis e doze meses, foram divididos em: 1)
grupo exercício (GE) n=6 que realizaram o programa de exercícios
físicos combinados (aeróbico e força), supervisionados, de duas a
três sessões por semana com duração de 90 minutos, totalizando
24 sessões e; 2) grupo controle (GC) n=6, que não participaram
do PEF. Os pacientes responderam ao Questionário de Escala de
Gravidade da Fadiga (FSS), para avaliar a gravidade e os sintomas
da fadiga. O teste estatístico ANOVA Two-Way com medidas repetidas (p&#8804;0,05) foi utilizado, com auxílio o programa SPSS
18.00. Na avaliação pré intervenção 66,7% dos pacientes do GE
e, 66,7% do GC apresentaram fadiga grave (&#8805;28). Após a
participação no PEF, a sensação de fadiga, foi significativamente
reduzida de 42,7±14,7 para 13,3±5,3 (p&#8804;0,05) observada por todos pacientes do GE. O mesmo não foi observado para
GC que após a reavaliação continuavam apresentar fadiga grave
de 38,7±15,4 para 43,2±16,3 (p&#8805;0,05) e as queixas e
sintomas não melhoraram com o passar do tempo. Desta forma,
pode-se inferir que o programa de exercícios físicos promoveu benefícios efetivos em pacientes submetidos a transplante hepático
melhorando a percepção de sintomas relacionados a fadiga como:
motivação, exercícios e funcionamento físico. Portanto, faz-se necessário o desenvolvimento de intervenções por meio de PEF para
melhorar a qualidade de vida dos pacientes após o transplante de
fígado.
P39
HAEMOTOPOIETIC STEM CELLS AND LYMPHOCYTES
COLLECTIONS IN UNRELATED DONORS: EXPERIENCE OF A
SINGLE CENTER
Ana Spínola, Sérgio Lopes, Filipa Bordalo, Fátima Amado,
Sara Ferreira, Susana Roncon
Therapy Cellular Service, Instituto Português de Oncologia do
Porto Francisco Gentil, EPE, Porto, Portugal
Introduction: Haemotopoietic stem cells (HSC) may be collected
from bone marrow (BM) by bone puncture or from mobilized peripheral blood (MPB) by leukapheresis. With this technique, we can
also harvest lymphocytes products.
The donor selection is rigorous and based on clinical evaluation,
laboratorial assays and imagiological exams.
Objective: Analyse the response of our Collection Center to requests of HSC and lymphocytes collections from unrelated donors.
Methods: We evaluated retrospectively all requests received from
2000 until 2013; the work-ups postponed or cancelled were excluded.
A descriptive analysis was performed using Microsoft Excel 2007.
Results: In the last 13 years, we received 272 requests with a mean
of 1.1±0.25 request/donor. So, we evaluated 256 donors (128
males/128 females), with a median age of 36 (11-56) years old
(y.o.) and a median weight of 72 (50-123) kg.
MPB was the main source requested (85%). Sixteen donors performed >1 collection; 2nd source of HSC was similar in 5 (MPBMPB) and different in 4 (BM-MPB). We also received 7 lymphocytes
requests, 6 of them after MPB harvesting.
The number of HSC required could not be provided in 74 cases.
Regarding donor-recipient pair, 33 donors had lower weight than
the recipient; 43 were from different gender (37 female-donors to
male-recipients); 39 donors were between 35-44 y.o. and 5 between 45-50. Additionally, 24% of the MPB requests were for
>5.0x106 CD34+ cells/Kg of patient body weight and 74% of BM
for >4.0x108 nucleated cells/Kg. All lymphocytes requests could
not be provided (median number requested 3x108 CD3+ cells/Kg;
median number collected 1.75x108 CD3+ cells/Kg).
Discussion: In most cases we could accomplish the HSC and lymphocyte requests and performed the collection in <1,5 month. In
the remaining cases, only 14% needed a 2nd graft donation. We
may speculate about the missing targets in some procedures because of the Portuguese donor population phenotype (small stature
and medium weight). Furthermore, patient physician could be more
precise about the number of cells needed. Despite of these particularities, our donors are willing to proceed to all stages of the workup planned for the patients.
P40
HAEMATOPOIETIC PROGENITOR CELLS COLLECTION IN
PEDIATRIC PATIENTS WITH BRAIN TUMOR
Ana Spínola, Sara Ferreira, Fátima Amado, Sérgio Lopes,
Susana Roncon
Therapy Cellular Service, Instituto Português de Oncologia do
Porto Francisco Gentil, EPE, Porto, Portugal
Introduction: Small children and young adolescents with relapsed
or progressive brain tumors have a particularly poor prognosis. In
an attempt to improve their outcome, haematopoietic progenitor
cells (HPC) after high-dose chemotherapy have increasingly been
used for autologous transplantation.
Aim: To analyze efficacy and safety of HPC collections by leukapheresis in pediatric patients with brain tumors.
Methods: Data were retrospectively registered. A descriptive analysis was performed using Microsoft Excel 2007.
Results: Between 2003 and 2014, we collected HPC from 19 children
(12 boys/7 girls), median age of 3 years old (<1-12 years old) and
weight of 16.8Kg (7.5-42). Histological diagnoses were Medulloblastoma (n=10), Primitive Neuroectodermal Tumor (n=5), Atypical Teratoid Rhabdoid Tumor (n=3= and Secreting Germ Cell Tumor (n=1).
All patients performed leukapheresis by a central venous catheter,
at the 5th day of mobilization with G-CSF (median dose
11.5µg/Kg/day), 9 of them with Cobe SpectraTM and 10 with Spectra OptiaTM. The anticoagulant used was ACD-A, ratio of 14:1.
The tubing set was primed with a compatible, irradiated, leukodepleted and haematocrit adjusted packed red cell for all children with
<30 kg (n=17). A median of 1.5(1-3) leukapheresis per patient
was performed with an average of 3(1.5-5.4) blood volumes
processed; 3 children did a 2nd mobilization with 1 additional
leukapheresis. The mean number of CD34+ cells collected was
4.6x106/Kg (0.18-22.6) of patient body weight; 12 children collected for a tandem transplant. The median time between cells collection and infusion was 3(0.6-9.1) months.
Until now, 15 patients have been transplanted (11 with a tandem,
4 with a single transplant); complete remission was obtained in 13.
Regarding transplant related-mortality, 2 children died 8 and 52
months after HPC infusion. In our group, we still have 2 patients
waiting for transplant and 2 were excluded due to bad mobilization
of HPC and to brain tumor progression.
Conclusions: Collection of HPC by leukapheresis in paediatric patients is an efficient and well tolerated technique, performed as an
outpatient procedure. With the new mobilization schemas and leukapheresis procedures, we can collect a high number of HPC allowing
oncologic paediatrician to establish more aggressive chemotherapy
protocols and improve patient outcome.
P41
IMPACTO DOS ENSAIOS CLONOGÉNICOS PARA O
SUCESSO DO TRANSPLANTE DE CÉLULAS PROGENITORAS
HEMATOPOIÉTICAS - EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO
Maria Coutinho, Tiago Baptista, Sérgio Lopes, Filipa Bordalo,
Sara Ferreira, Fátima Amado, Susana Roncon
Serviço de Terapia Celular, Instituto Português de Oncologia do
Porto Francisco Gentil, Porto, Portugal
A cultura de Células Progenitoras Hematopoiéticas (CPH) num meio
semi-sólido suplementado com uma mistura de citocinas específicas
permite a formação de colónias de células diferenciadas, fenotipicamente distintas, chamadas unidades formadoras de colónias.
Estas podem ser observadas por microscopia de luz e quantificadas
de acordo com a linhagem celular a que pertencem (eritróide e
mielo-monocítica).
Foi realizada uma análise retrospetiva de todos os ensaios clonogénicos realizados durante o ano de 2012 de acordo com as 3 principais fontes de CPH utilizadas no nosso centro: Sangue Periférico
Mobilizado (SPM), Medula Óssea (MO) e Sangue do Cordão Umbilical (SCU). Os resultados foram expressos através da quantificação
das Colony Forming Unit – Granulocyte/Macrophage (CFU-GM) e
foram considerados Satisfatórios (S) quando se observavam
≥1x105/Kg de peso do recetor para o SPM, ≥0.1x105/Kg para a MO
e ≥0.15x105/Kg para o SCU; os doseamentos inferiores aos referidos
foram definidos como Não Satisfatórios (NS); as fontes com crescimento Não Mensurável (NM) foram incluídas num grupo exclusivo.
Posteriormente avaliou-se a contagem das células CD34+ e/ou células nucleadas infundidas e a recuperação hematológica (RH) dos
doentes após o transplante (adotando os critérios do CIBMTR).
Os resultados estão resumidos na seguinte tabela.
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
XIII CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE TRANSPLANTAÇÃO
I E N C O N T R O I B É R I C O D E T R A N S P L A N TA Ç Ã O
Tabela 1: Resultados dos ensaios clonogénicos e do conteúdo celular dos enxertos de SPM,
MO e SCU
Fonte
CFU-GM
Nº de CPH infundidas/
kg (média)
Recuperação Hematológica
Comentários
6
SPM
NS (N=19) 1x10 Céls. CD34+
a) (N=2) CRH: 17 b)
(N=181) S (N=34)
3.1x106 Céls. CD34+ a) (N=2) CRH: 25;
NM (N=126) 5.8x106 Céls. CD34+ a) (N=2) SRH: 3 c); ND:4 d)
CRH: 88;
SRH:7 c); ND:31 d)
MO
(N=14)
S (N=1)
NM (N=13)
SCU
(N=2)
NS (N=1)
NM (N=1)
a) Doentes falecidos antes
transplante
b) Doentes maus
mobilizadores
(N=16)
2.5x108 CN
ND: 1 d)
c) Doentes faleci4.8x108 CN
CRH: 2;
dos após
SRH: 1 c); ND: 10 d)
transplante
24x107 CN / 4x105 Céls.
CRH: 1
d) Doentes que
CD34+
fizeram TANR
2x107 CN/ 1x105 Céls.
e) Doente vivo
e) (N=1)
CD34+
não transplantado
POSTERS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
Legenda: CN – Células Nucleadas; CRH – Com RH; SRH – Sem RH; ND – Não Disponível; TANR –
Transplante Alogénico Não Relacionado
Verificamos existir correlação entre o número de CFU-GM e de células CD34+ presentes no enxerto e a RH, tal como descrito por
outros grupos.
Todos os doentes maus mobilizadores apresentaram um resultado
não satisfatório, tendo de repetir a mobilização e as colheitas por
aférese. No entanto, conseguiram obter o número mínimo de células CD34+ necessárias para transplante e a RH ocorreu nos prazos
esperados.
Com base na nossa experiência, acreditamos que os ensaios clonogénicos são um parâmetro adicional de avaliação da qualidade
do enxerto de CPH, prevendo a RH após o transplante.
P42
COLHEITA DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS DO
SANGUE PERIFÉRICO EM DOENTES MAUS MOBILIZADORES
– EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO
Anna Chumakova, Sara Ferreira, Sérgio Lopes, Fátima Amado,
Susana Roncon
Serviço Terapia Celular, Instituto Português de Oncologia do Porto
Francisco Gentil, EPE, Porto, Portugal
Introdução: O transplante autólogo de Progenitores Hematopoiéticos do Sangue Periférico (PHSP) é uma opção terapêutica em muitas doenças hemato-oncológicas. No entanto, 5-30% dos doentes
não consegue obter o número mínimo de células CD34+
(2,5x10^6/kg) e são considerados maus mobilizadores. As principais causas são: idade (> 60 anos), quimioterapia/radioterapia
prévias, extensão da doença (envolvimento medular).
Objetivo: Conhecer os fatores que condicionam má mobilização de
PHSP nos doentes que fizeram colheita insuficiente neste hospital.
Métodos: Análise retrospectiva dos dados presentes nos processos
clínicos (papel e digital) e respetivo registo no programa informático
Microsoft Excel 2007.
Resultados: Entre 2012 e 2013, 166 doentes realizaram colheita de
PHSP: destes, 139 colheram nº suficiente de células para transplante
(63 mulheres/76 homens; idade mediana 50 anos, mínimo=1, máximo=69;> 60 anos=29 e <18 anos=20) e 27 apresentaram critérios de maus mobilizadores (15 mulheres/12 homens; idade
mediana 55, mínimo=1, máximo=65;> 60=12 e <18=7).
Os diagnósticos dos bons mobilizadores eram: Linfoma Não Hodgkin (LNH) (n=55), Mieloma Múltiplo (MM) (n=49), Linfoma Hodgkin (LH) (n=17), Meduloblastoma (n=6), Neuroblastoma (n=5),
outros (n=7); 61% tinham estadio III/IV e 53% envolvimento medular; todos fizeram quimioterapia e 9% também radioterapia. Nos
maus mobilizadores: LNH (n=13), MM (n=5), LH (n=2), Neuroblastoma (n=2), outros (n=5); 78% no estadio III/IV e 22% com
envolvimento medular; 96% quimioterapia e 11% radioterapia.
A mobilização foi com G-CSF na dose 15,6µg/kg/dia nos bons mobilizadores e 14,4µg/kg/dia nos maus; estes foram propostos para
2ª mobilização, com G-CSF (dose mediana: 18,1µg/kg/dia) em 22
doentes e G-CSF+Plerixafor em 2. Os 24 doentes maus mobilizadores conseguiram obter o número adequado de células CD34+
após 2 mobilizações; 3 doentes saíram do programa de colheitas
por progressão da doença (n=2) e serologia vírica positiva (n=1).
A mediana do nº de citafereses no grupo de bons mobilizadores foi
1 (1-3) e nos maus 2 (1-3).
Conclusão: Neste centro, a incidência de maus mobilizadores é
baixa (16%) relativamente à da literatura. Os fatores com significado estatístico são idade> 60 anos (OR-3,03), doença avançada
(OR-2,02) e radioterapia prévia (OR-1,32). A avaliação dos doentes permite propor novos esquemas de mobilização e utilizar metodologias aferéticas adaptadas a cada situação.
119
XII CONGRESSO PORTUGUÊS DE TRANSPLANTAÇÃO
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P43
IMPACT OF DENDRITIC CELL DOSE ON THE OUTCOME OF
PATIENTS UNDERGOING ALLOGENEIC PERIPHERAL BLOOD
STEM CELL TRANSPLANTATION
Pinho AC, Lopes SM, Bordalo F, Ferreira S, Amado F, Roncon S
Instituto Português de Oncologia do Porto
Introduction: Dendritic cells (DC) are highly specialized antigenpresenting cells which regulate the balance between immune tolerance and protective immunity. This functional versatility is highlighted
in the allogeneic hematopoietic stem cell transplantation (alloHSCT) context, where DC are crucial for the induction and modulation of graft-versus-host reactions.
The quantification of DC may be useful in predicting human transplantation outcome and specific DC populations may correlate with
transplant survival. Furthermore, in the immune reconstitution
process after allo-HSCT, DC play an essential role in generating protective immunity against pathogens.
Currently, the most commonly studied human blood DC subsets are
the myeloid DC (mDC or DC1) and the plasmacytoid DC (pDC or
DC2).
Methods: In this study, we assessed by flow cytometry the DC counts
and subsets in the graft of 30 adult healthy donors (M/F: 19/11,
median age 44 years, range 26-61) and correlated these data separately with two different clinical parameters of the matching receptor after allo-HSCT: a) hematopoietic reconstitution; b) development
of graft-versus-host disease (GVHD) (developed/not developed and
acute/chronic).
The DC counts and their subsets were obtained being gated as lineage-/HLA-DR+ and identifying the two DC subsets as
CD11c+CD123low (DC1) and CD11c-CD123high (DC2). This 4color analysis was performed with BD FACSCanto II equipment.
Results: Our results showed no correlation between DC dose and
hematopoietic reconstitution. Although not statistically significant, patients who developed GVHD were infused with a higher DC dose than
those who did not developed GVHD (530,0x106vs.408,7x106). Furthermore, patients who developed aGVHD were infused with the highest doses of DC comparing with those who developed cGVHD
(592,1x106vs.430,9x106). Differences between the two DC subsets
were not verified.
Conclusions: The role of DC in GVHD has been investigated and
confirmed in several experiments. Studies have demonstrated that
donor DC, while redundant for the onset, maximize GVHD. Higher
pDC numbers in the graft or in the recipient after allo-HSCT have
also been found to correlate with the development of cGVHD.
Taken together, experimental data suggest that the DC dose could
affect the GVHD onset and whether it is acute or chronic, but further
research is required to unravel the importance of each subset.
P44
EFEITO DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO EM AZOTO
LÍQUIDO A –196ºC NA VIABILIDADE CELULAR DE CÉLULAS
PROGENITORAS HEMATOPOIÉTICAS AUTÓLOGAS
Ferreira S, Amado F, Lopes S, Bordalo F, Pinho AC, Roncon S
Serviço de Terapia Celular, Instituto Português de Oncologia do
Porto FG, EPE, Portugal
120
Introdução: As indicações clínicas da transplantação de Células
Progenitoras Hematopoiéticas Autólogas (CPHA) têm aumentado
consideravelmente nos últimos anos.
As CPHA são colhidas e posteriormente criopreservadas por diferentes períodos de tempo até à sua infusão no doente.
Alguns estudos têm reportado que é necessário colher por aférese pelo
menos 2,5x106/Kg de células CD34+ para que ocorra recuperação
hematológica, contribuindo assim para o sucesso do transplante.
Objetivo: Conhecer o efeito a longo prazo do armazenamento em
azoto líquido (à temperatura de -196ºC) na viabilidade das CPHA.
Métodos: Neste trabalho, a viabilidade celular foi realizada pelo
método Azul Tripano na altura da congelação e após descongelação em banho-maria a 37ºC. As amostras foram obtidas de CPHA
de doentes falecidos e que se encontravam armazenadas em azoto
líquido por um período de 1-11 anos.
Os dados foram retirados de uma base de dados em formato Access
e registados em Excell; o teste usado foi Correlação de Pearson.
Resultados: Neste trabalho foram avaliadas 42 amostras de CPHA
pertencentes a 16 homens/26 mulheres; mediana de idade 55(269) anos; diagnóstico de Linfoma Não Hodgkin (n=16), Mieloma
Múltiplo (n=22), Neuroblastoma (n=2) e Sarcoma Ewing (n=2).
Antes da congelação, a mediana da viabilidade celular foi 95% e
da concentração celular 220(70-300)x109/L; após descongelação,
a mediana da viabilidade foi 89(13-96)%.
Verificou-se uma correlação negativa da viabilidade com o tempo
de armazenamento e a concentração celular (R2=0.0716 e
R2=0.0553, respetivamente).
Discussão: Os nossos resultados evidenciaram um declínio da viabilidade celular ao longo do tempo, mas não de uma forma acentuada sugerindo que outras hipóteses devem ser levantadas de
forma a obter produtos que correspondam às exigências de qualidade e segurança estandardizadas.
Algumas questões deverão ser clarificadas em estudos posteriores,
nomeadamente o número de células a colher por aférese e as técnicas de congelação/descongelação, para uma otimização do conteúdo celular do enxerto com impacto no arranque hematológico
e consequentemente no prognóstico do doente.
P45
IMPACTO DA UTILIZAÇÃO DE PLASMA AUTÓLOGO NA
CRIOPRESERVAÇÃO DE CÉLULAS PROGENITORAS
HEMATOPOIÉTICAS DO SANGUE PERIFÉRICO COM OU
SEM REDUÇÃO DE VOLUME
Amado F, Ferreira S, Bordalo F, Lopes S, Pinho AC, Roncon S
Serviço de Terapia Celular, Instituto Português de Oncologia do
Porto FG, EPE
Introdução: O transplante autólogo de células progenitoras hematopoiéticas do sangue periférico (CPHSP) em doenças onco-hematológicas, e outras, é um procedimento que requer prévia colheita e
criopreservação seguida de descongelação no dia da infusão.
O objetivo deste estudo foi avaliar a utilização de plasma autólogo
na solução de criopreservação e o impacto da redução de volume
das CPHSP colhidas na viabilidade celular. Determinou-se ainda a
correlação entre o separador celular, o volume e a concentração
celular do produto colhido.
Material: As CPHSP com concentração celular baixa foram centrifugadas, homogeneizadas e a sua concentração reavaliada; nas
restantes utilizou-se o volume total colhido.
A solução crioprotetora (albumina/plasma autólogo com
10%DMSO) foi adicionada às CPHSP e transferida para os sacos
criogénicos. A congelação foi realizada em congelador programado; o armazenamento fez-se em azoto líquido (-196ºC).
Imediatamente antes da infusão foram descongeladas (37-40ºC) e
determinou-se a concentração e viabilidade celulares (método azul
tripano).
Resultados: Nos anos 2012-2013 realizaram-se 90 colheitas nos
equipamentos Cobe Spectra (Grupo A=44) e Spectra Optia (Grupo
B=46) em 65 doentes com Linfoma Não Hodgkin (n=29), Linfoma
Hodgkin (n=8), Mieloma Múltiplo (n=27) e Esclerodermia (n=1).
Das CPHSP obtidas com a Cobe Spectra, 7% (n=3) foram centrifugadas e 93% (n=41) não; na Spectra Optia, 70% (n=32) foram
centrifugadas e 30% (n=14) não. A mediana da concentração celular no Grupo A foi 452,7x106/mL e no B 187,5 x106/mL
(p<0.05); a mediana do volume foi 194,5mL e 422,0mL (p<0.05),
respetivamente.
O tempo médio de armazenamento foi 127 dias. A média da viabilidade no grupo de células não centrifugadas (n=55) foi 70%;
nas centrifugadas com utilização de plasma autólogo (n=33) 79%
e com albumina (n=2) 96%.
Discussão: Verificou-se diferença estatisticamente significativa entre
o volume colhido no Grupo A e B, bem como entre as concentrações.
O uso de plasma autólogo não afeta a viabilidade celular comparativamente à utilização de albumina humana em CPHSP não centrifugadas.
Estudos futuros, com maior número de casos, serão necessários
para esclarecer o uso preferencial de albumina humana em detrimento do plasma autólogo.
P46
PERIPHERAL BLOOD PROGENITOR CELL COLLECTION –
A COMPARISON OF 2 APHERESIS EQUIPMENTS
Lopes SM, Bordalo F, Ferreira S, Amado F, Bernardo A, França
M, Silva A, Carneiro R, Roncon S
Therapy Cellular Service, Instituto Português de Oncologia do
Porto Francisco Gentil, EPE, Porto, Portugal
Introduction: Allogeneic haematopoietic progenitor cell (HPC) transplant is a widespread treatment in many oncological diseases. The
HPC used can be collected directly from the bone marrow or mobilized to the peripheral blood and then collected by apheresis. During
the last 2 years, our service updated the apheresis equipment from
Cobe Spectra to Optia, which features a new algorithm of collection,
in theory allowing for a more pure graft in mononuclear cells.
Material: In order to evaluate actual differences in the grafts collected, we review data from 104 collections performed in healthy
adult donors during 2012 and 2013 with both of the equipments.
The graft composition was determined by flow cytometry in a FACSCanto II (BD). We compared the volume of collection and the number of WBC, CD34+ cells and T lymphocytes collected.
Results: They are presented in the following table.
Table 1: Comparison of the grafts collected in Optia and Cobe Spectra equipments
Volume
WBC
CD34 CD3 CD4 CD8 WBC CD34 CD3 CD4 CD8
(ml)
(x106/ml) (%)
(%)
(%)
(%) (x108) (x106) (x108) (x108) (x108)
Optia*
(n=46)
349.8
(90.1)
239.8
(51.4)
0.7
(0.3)
21.9 13.6 6.8 840.8 553.1 176.1 109.7 54.9
(7.1) (5.0) (2.5) (308.2) (322.9) (66.9) (44.8) (22.2)
Cobe*
(n=58)
182.6
(38.3)
644.9
(146.7)
0.5
(0.3)
21.8 13.3 7.3 1167.7 600.8 248.1 148.4 84.7
(5.7) (4.2) (2.4) (340.9) (288.7) (80.6) (44.0) (34.9)
p value+
<0.01
<0.01
<0.05 0.96 0.78
0.3
<0.01
0.43
<0.01 <0.01 <0.01
*Mean (Standard deviation)
+
T test
Discussion: There are significant differences between grafts collected by apheresis in Cobe and Optia equipments. The Optia separator collects larger volumes, although much more diluted; no
significant differences were found regarding the total CD34+ cells
collected. Although both equipments are suitable for HPC collection,
Optia produces grafts with less WBC and higher percentage of
CD34+ cells, confirming its higher purity. The ability to harvest grafts
with high mononuclear cell purity can facilitate new immunotherapy
protocols, such as selection and ex vivo cultures.
P47
AVALIAÇÃO DO GRAU DE SATISFAÇÃO DE DADORES E
DOENTES NO SERVIÇO DE TERAPIA CELULAR DO IPOPORTO
Ana Salselas, Paula Bernardo, Susana Roncon
Serviço de Terapia Celular, Instituto Português de Oncologia do
Porto Francisco Gentil, EPE, Porto, Portugal
Introdução: A avaliação do grau de satisfação é um instrumento
de pesquisa, administração e planeamento, utilizado pelas organizações para medir a qualidade dos seus serviços, identificando problemas e necessidades, através da opinião e percepção dos utentes.
Esta metodologia permite a adequação permanente dos serviços,
respondendo, eficazmente, aos problemas identificados e promovendo a melhoria contínua da qualidade das respostas, face à evolução das necessidades dos utentes.
Objetivo: Com este estudo pretende-se determinar o grau de satisfação de dadores autólogos ou alogénicos de progenitores hematopoiéticos do sangue periférico (PHSP) e componentes celulares
(CC) e doentes propostos para tratamento com fotoferése, no IPO
do Porto, no ano de 2013.
Material e Métodos: Neste estudo foi recolhida informação, através de dois questionários em vigor, auto-administrados por dadores
e doentes. A informação foi estatisticamente tratada e analisada,
considerando uma amostra de 125 dadores e 18 doentes. Nos
questionários utilizam-se três graus de satisfação (Muito Satisfeito,
Satisfeito, Nada Satisfeito), nas seguintes categorias de análise:
acolhimento/qualidade das instalações; qualidade do atendimento;
informação/esclarecimento de dúvidas; recomendações sobre os
cuidados a ter no domicílio; nível de segurança dado pelo serviço.
Resultados: Dadores: O grau “Muito Satisfeito” representa uma
média de 76.6%, em que: Acolhimento/Qualidade das instalações,
94.5%; Qualidade do Atendimento, 78.4%; Informação/Esclarecimento de Dúvidas,77%; Nível de Segurança, 69%; Recomenda-
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ções, 60.5%. A média do grau “Satisfeito” obteve 17.9% e “Pouco
Satisfeito” 0%. Não responderam 5.5%.
Doentes: O grau “Muito Satisfeito” representa uma média de
81.3%, em que: Acolhimento/Qualidade das instalações, 93%;
Nível de Segurança, 84%; Qualidade do Atendimento, 80.5%; Informação/Esclarecimento de Dúvidas, 75%; Recomendações,
75.5%. A média do grau “Satisfeito” obteve 15% e “Pouco Satisfeito” 0%. Não responderam 3.7%.
Conclusão: A maioria de dadores e doentes apresenta um nível
de satisfação muito elevado, relativamente ao atendimento profissional e ao funcionamento do Serviço. Não obstante, constatamse variações, que é necessário analisar, enquanto elementos
importantes para a avaliação/monitorização da qualidade dos cuidados prestados. Em termos de planeamento, estes resultados justificam a necessidade da introdução de novos indicadores que
aprofundem as razões das variações observadas, tendo em vista a
adequação permanente das estratégias para a melhoria contínua
da qualidade do Serviço.
POSTERS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
P48
A DOENÇA DO ENXERTO VERSUS HOSPEDEIRO OCULAR
COMO COMPLICAÇÃO GRAVE DO TRANSPLANTE
ALOGÉNICO DE STEM CELLS HEMATOPOIÉTICAS
Ivo Gama, Walter Rodrigues, José Franco, Leonor Almeida,
Manuel Monteiro-Grillo
Serviço de Oftalmologia do Hospital Santa Maria – Centro
Hospitalar de Lisboa Norte
Introdução: A doença do enxerto versus hospedeiro (DEVH) é uma
complicação do transplante alogénico de medula óssea(TMO). A
presença de KCS agravada e sintomática na presença de manifestação de DEVH crónica noutro órgão faz o diagnóstico de DEVH
ocular. A DEVH ocular geralmente tem um curso clínico estável e o
surgimento de complicações que ameaçam a função visual, como
a perfuração ocular (PO), não são frequentes com o tratamento
conservador.
Material e Métodos: Descrição de 1 caso clínico de DEVH crónica
ocular complicada de microperfuração da córnea e de outro caso
de DEVH ocular com surgimento simultâneo de úlceras centrais da
córnea bilateralmente. Caso 1: 23 anos, sexo masculino, TMO HLA
compatível há 5 anos, DEVH crónica mucocutânea e hepática.
Acompanhado em consulta de Córnea por DEVH ocular, e tratamento com lubrificação ocular intensiva. Imunossupressão sistémica
e profilaxia antibiótica. Recorre ao SU por dor no olho direito(OD).
Caso 2: 57anos, sexo feminino, TMO HLA-compatível há 2 anos
por pancitopenia, DEVH crónica muco-cutânea, em imunossupressão sistémica e DEVH ocular crónica grave. Recorre ao SU por dor
ocular bilateral.
Resultados: Caso 1: Acuidade visual (AV) OD -3/10 e olho esquerdo (OE) 4/10;PIO ODE 10 mmHg;Teste de Shirmer (TS)
0mm/5min ODE, Microperfuração ocular no OD (MPO) em região
de dellen paracentral nasal, com seidel e hipotalamia. No OE, infiltrado estromal paracentral nasal adjacente a região de dellen. Internado para tratamento com lente de contacto terapêutica (LCT)
no OD e antibióticos fortificados tópicos e endovenosos. No OE,
iniciou pomada de gentamicina, ciclosporina tópica 1% e LOI. Resolução da MPO em 3 dias de internamento. Caso 2: Bio ODE úlceras de córnea centrais bilateralmente, com dellen em OD, sem
seidel ODE. Resolução completa com LCT, antibioterapia tópica e
lubrificação ocular intensivas.
Conclusão: Os casos estão de acordo com os critérios de DEVH
ocular referidos, sendo o TS fundamental. As complicações graves
como PO podem, por vezes, ocorrer. É necessário o controlo da
doença com imunossupressão sistémica e tópica e lubrificação ocular intensiva, para evitar o surgimento de novas complicações. O
acompanhamento oftalmológico é fundamental após o transplante
de medula óssea.
Bibliografia:
Shikari,H et al Ocular Graft-versus-Host Disease:A Review.Survey Ophthal:58-3,
2013.
121
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
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P49
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E FUNCIONAIS DE PACIENTES
EM AVALIAÇÃO PARA TRANSPLANTE DE PULMÃO DO
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN (HIAE)
Juliana de Cássia Moura Oliveira, Melline Della Torre de
Almeida, Carla Giuliano de Sá Pinto, Silvia Ferreira Maciel,
José Eduardo Afonso Júnior
Hospital Israelita Albert Einstein
Objetivo: Caracterizar a população de pacientes em avaliação
para inclusão em lista para transplante de pulmão que foram assistidos pela equipe de fisioterapia do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Métodos: Estudo clínico, unicêntrico, coorte retrospectivo. Foram
avaliados 98 pacientes pela equipe de fisioterapia para possível inclusão em lista de transplante pulmonar do HIAE entre fevereiro de
2007 a maio de 2012. Os pacientes foram classificados quanto
ao tipo de doença: doenças obstrutivas, doenças restritivas, doenças supurativas e outras. Foram incluídos todos os indivíduos submetidos a uma avaliação respiratória fisioterapêutica completa e
que realizaram o teste de caminhada de seis minutos (TC6). A análise estatística foi realizada mediante a utilização dos softwares Microsoft Office Excel 2007 e o programa estatístico SPSS® versão
19.0. Para a análise comparativa das variáveis entre os grupos foi
utilizado o teste ANOVA.
Resultados: Os pacientes demonstraram características similares
tais como histórico de tabagismo, dependência de oxigênio e sedentarismo. Os pacientes obstrutivos apresentaram volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) de 0,85 ± 0,45 L
(27,40±14,85%) e os restritivos, capacidade vital forçada (CVF) de
1,54 ± 0,59 L (43,59±14,82%). Com relação à capacidade funcional, o grupo das doenças supurativas era mais jovem e obteve
melhor desempenho no TC6: 343±129m (55,51±19,91%) vs
279±114m (48,51±19,08%) vs 266±122m (46,06±22,78),
quando comparados com os grupos de doenças obstrutivas e restritivas, respectivamente. Nossos dados mostraram que durante o
TC6 os pacientes restritivos apresentaram menores valores de saturação ao final do teste, de forma significativa, porém foram os
pacientes com DS que apresentaram maior mortalidade.
Conclusão: Na nossa população, candidatos a transplante de pulmão, apesar de cursarem com histórico progressivo de sintomas de
forma similar e limitação na capacidade funcional, possuem características clínicas e/ou antropométricas distintas. Sendo assim, possivelmente, podem apresentar prejuízos na qualidade de vida por
implicações não somente respiratórias, mas também musculoesqueléticas e, consequentemente, sociais. Nossos achados representam apenas um direcionamento para que novos estudos possam
demonstrar o impacto que variáveis clinicas e funcionais possam
exercer sobre o melhor momento de indicação para entrada em
lista para transplante de pulmão, mortalidade, tempo de internação, sobrevida e qualidade de vida.
P50
AVALIAÇÃO DE ESTENOSE DE ANASTOMOSE BRÔNQUICA
APÓS TRANSPLANTE PULMONAR COM TOMOGRAFIA DE
IMPEDÂNCIA ELÉTRICA: RELATO DE CASO
Camargo, Priscila C L B; Afonso Jr, José E; Campos, Silvia V;
Carraro, Rafael M; Teixeira, Ricardo H B O; Melo, Felipe X;
Torsani, Vinicius; Costa, André N;Samano, Marcos N; PêgoFernandes, Paulo; Carvalho, Carlos R R; Amato, Marcelo B P
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
122
Introdução: Tomografia por Impedância Elétrica (TIE) é uma tecnologia capaz de avaliar ventilação pulmonar em tempo real, podendo determinar diferenças regionais entre os pulmões. A medida
do ângulo de fase é capaz de demonstrar assincronia do esvaziamento pulmonar. A estenose da anastomose brônquica (EAB) é uma
complicação comum que pode ocorrer após o Transplante Pulmonar (TxP), levando a obstrução do fluxo aéreo, representada por diminuição do volume de fluxo expiratório no primeiro segundo
(VEF1) na espirometria. O presente caso relata a análise da ventilação pulmonar pela TIE em paciente com EAB após TxP. Consideramos que a TIE possa ser útil no diagnóstico diferencial de redução
do VEF1 após TxP.
Relato de Caso: Homem de 20 anos com bronquiolite obliterante
pós-infecciosa, desenvolveu após 2 anos de TxP bilateral, síndrome
de bronquiolite obliterante (SBO), passando por um re-transplante.
Após três meses, evoluiu com queda do VEF1. Realizada broncoscopia, evidenciou-se EAB esquerda. Antes e após dilatação brônquica endoscópica, realizada monitorização por TIE nas posições
sentada, decúbito lateral esquerdo, direito e horizontal, em ventilação espontânea, manobra de capacidade expiratória forçada e capacidade vital lenta. Análise das imagens revelou que antes do
procedimento de dilatação, o paciente apresentava diferença significativa nos percentuais de ventilação entre os pulmões com assincronia de esvaziamento, atenuadas após a dilatação. Durante
as manobras de capacidade expiratória forçada, a TIE foi capaz de
demonstrar sinais de obstrução ao fluxo aéreo, com um esvaziamento mais lento do pulmão esquerdo comparado ao direito.
Discussão: Após TxP, diversas complicações podem levar à diminuição no VEF1, sendo importante diferencia-las da SBO, principal
causa da disfunção crônica do enxerto, com poucas opções de tratamento e baixa resposta terapêutica.
Neste caso, a TIE foi capaz de demonstrar diferença na ventilação
regional, compatível com o achado de EAB. Após dilatação, o paciente apresentou melhora nos valores de porcentagem de ventilação, reduzindo o valor do ângulo de fase, representando
esvaziamento mais rápido do pulmão esquerdo.
Não há casos na literatura de análise EIT em TxP. Este exame provou
ser uma ferramenta útil para avaliar a ventilação regional, podendo
auxiliar no diagnóstico diferencial da perda funcional em pacientes
com TxP.
P51
ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO
PROCESSO DE SELEÇÃO EM PACIENTES CANDIDATOS AO
TRANSPLANTE PULMONAR
Liliane Saraiva de Mello, Ricardo Henrique Oliveira Braga
Teixeira, Marcos Naoyuki Samano, Elaine marques Hojaij,
Priscila Cilene Leon Bueno de Camargo, Lucinei Paz Ferreira,
Maria Ignez Zanetti Feltrim, Anna Carolina Di Creddo
Alves,Paulo Manuel Pêgo Fernandes
Instituto do Coração / Hospital das Clínicas da faculdade de
medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A avaliação de candidatos a Transplante de Pulmão
(TxP) envolve uma equipe multidisciplinar. O trabalho visa não só
o acolhimento do paciente, como entendimento da doença e indicação de um possível transplante, além da avaliação das condições
sociais, demográficas e psicológicas do paciente, buscando detectar possíveis complicadores ao procedimento estabelecendo medidas de intervenção para uma real melhoria de qualidade de vida.
O presente trabalho visa relatar dados da atuação da equipe Multidisciplinar do Centro de TxP do Instituto do Coração do Hospital
das Clínicas da Universidade de São Paulo (InCor HC-USP) quanto
a avaliação de pacientes em relação ao procedimento cirúrgico de
Transplante de Pulmão, levando em consideração não apenas a liberação ao procedimento como a contra indicação absoluta ou relativa ao mesmo.
Descrição: A equipe Multidisciplinar do Centro de TxP do InCor
HC-USP conta com representantes da enfermagem, serviço social,
psicologia, nutrição, fisioterapia, médicos pneumologistas, infectologistas e cirurgiões torácicos. São realizadas reuniões para definição de conduta de cada paciente avaliado para TxP: inclusão em
lista ou não ou reavaliação após intervenções de melhoria de qualidade de vida.
Avaliamos 345 casos de pacientes discutidos em reunião multidisciplinar de maio de 2009 a maio de 2014. Destes, 46 pacientes
(13%) tiveram contra indicação absoluta ao transplante por complicadores multidisciplinares, outros 14 pacientes (4%) por inviabilidade
cirúrgica. 84 pacientes (24%) apresentaram contra indicações relativas, não sendo ainda inclusos em lista nem recebendo alta do serviço, mantendo seguimento visando à melhoria dos complicadores
encontrados. 201 (58%) dos pacientes entraram em lista de transplante, porém destes, apenas 111 (32%) sem nenhuma ressalva de
quaisquer profissionais da equipe multidisciplinar.
Discussão: Não encontramos dados na literatura correlacionando
a não inclusão em lista de transplante de pulmão com a avaliação
multidisciplinar. Complicadores sociais como baixa escolaridade e
baixa renda, desnutrição são maus preditores para o sucesso do
TxP. A maioria dos nossos pacientes apresentou algum tipo de complicador em relação ao transplante, precisando de algum tipo de
intervenção especializada.
A escassez de doadores associado ao elevado número de pacientes
em lista aumenta a importância do trabalho da equipe multidisciplinar na seleção de candidatos a TxP.
P52
CRITÉRIOS DE CONTRAINDICAÇÃO PSICOLÓGICOS EM
CANDIDATOS A TRANSPLANTE PULMONAR:
LEVANTAMENTO DE 5 ANOS
Elaine Marques Hojaij, Bellkiss Wilma Romano
Instituto do Coração do HCFMUSP, Serviço de Psicologia
Introdução: A escassez de doadores e, em contrapartida, o grande
número de pneumopatas necessitando de transplante pulmonar,
pressupõem a seleção de candidatos ideais. Devem apresentar condições de cumprir o rigoroso tratamento que segue após a cirurgia,
e capacidade emocional/suporte social suficientes para lidar com
as mudanças que ocorrerão em diversas esferas da vida. Assim, a
avaliação psicológica faz parte desta seleção.
Objetivo: Fazer um levantamento de fatores complicadores observados na seleção de candidatos a transplante pulmonar.
Material e Método: Feito levantamento retrospectivo de 5 anos
de registros de reuniões multiprofissionais onde casos clínicos eram
discutidos para definir conduta: inclusão ou não, em fila de espera,
dos candidatos a transplante. Os registros contêm os pareceres dos
profissionais (enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e médicos) para cada um dos casos. Os pareceres emitidos pelo Serviço de Psicologia foram consultados e as
questões consideradas como dificultadoras, categorizadas.
Resultados: Apresentados em reunião 345 casos. Idades variaram
de 12 a 67 anos; 176 eram do sexo feminino. O Serviço de Psicologia encontrou critérios de contraindicação (relativos ou absolutos)
em 117 pacientes (33,91%): dependência química há menos de 6
meses (4 pacientes); limitação intelectual associada a falta de suporte
social adequado (3 pacientes); clara não adesão a tratamento (24
pacientes); falta de cuidador ou ausência de cuidador/suporte social
de confiança (43 pacientes); condição psiquiátrica/psicológica não
tratada, comprometendo o cuidado, com destaque para depressão
(34 pacientes); ausência de informação sobre doença e programa
de transplante (16 pacientes); incerteza quanto à aceitação do transplante (11 pacientes) e recusa absoluta do transplante (14 pacientes).
Alguns pacientes apresentaram mais de um fator complicador.
Conclusão: Dentre os complicadores, “suporte social” ausente ou
inadequado foi o mais verificado, seguido da incapacidade emocional de lidar com a situação de doença e tratamento. É grande
o número de pacientes com algum tipo de comprometimento à inclusão imediata em fila de espera para transplante pulmonar. Muitas questões têm potencial para serem modificadas, desde que haja
desejo e empenho das pessoas envolvidas.
P53
PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DE DEPRESSÃO EM
PACIENTES EM PROCESSO DE AVALIAÇÃO PARA
TRANSPLANTE PULMONAR
Gabriela S. Araújo, Laís Freitas S. de Oliveira, Renata de
Novaes Rezende, Elaine Marques Hojaij, Bellkiss Wilma
Romano
Instituto do Coração do HCFMUSP, Serviço de Psicologia,São
Paulo-SP Brasil
O transplante pulmonar é o tratamento mais indicado a pacientes
com doenças crônicas pulmonares de caráter progressivo, que não
respondem de forma satisfatória às opções terapêuticas existentes,
sejam elas clínicas ou cirúrgicas. Conviver com os diversos aspectos
da vida, modificados pelas dificuldades acarretadas pela doença,
pode contribuir para que sintomas depressivos surjam e façam parte
do cotidiano destes pacientes. Até o momento, são poucas as pesquisas nacionais com enfoque nesta questão relacionada ao transplante. O presente trabalho teve como objetivo identificar a
prevalência de sintomas de depressão em pacientes que estão no
processo de avaliação/seleção multiprofissional para ingresso em
lista de espera para programa de Transplante Pulmonar. O Inventário
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de Depressão Beck (BDI), instrumento amplamente utilizado na pesquisa clínica em saúde, foi aplicado para a coleta de dados. Do
total de 79 pacientes encaminhados para avaliação ao longo de
um intervalo de 3 meses, e que apresentavam critérios de inclusão
(idade entre 18 e 65 anos), 53 (67,09%) participaram do estudo.
Quanto aos demais, três recusaram-se a participar, quatro faltaram
à consulta e 19, embora tenham registrado presença no Ambulatório, não foram localizados para a aplicação do instrumento. Sintomas depressivos foram verificados em 52,80% (n=28) dos pacientes
participantes do estudo, variando entre os níveis leve, moderado e
grave. Os outros 25 (47,2%) classificaram-se com sintomas mínimos
ou inexistentes. Não foi encontrada relação entre a prevalência de
sintomas depressivos e as seguintes variáveis: tipo de pneumopatia
(p=0,631); gênero (p=0,888); uso de oxigenoterapia domiciliar
(p=0,580); tempo de uso de oxigenoterapia domiciliar (p=0,772);
realização de tratamento psiquiátrico (p=0,546) e realização de
acompanhamento psicológico (p=0,069). Há prevalência de sintomas de depressão em pouco mais da metade na população estudada, apontando que a condição de doença física, por si só, é
capaz de comprometer a esfera emocional. Isto pressupõe atenção
especial a este grupo de pacientes.
POSTERS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
P54
KLEBSIELLA PNEUMONIAE PRODUTORA DE
CARBAPENEMASE EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE DE
PULMÃO: SÉRIE DE CASOS
Melo, Felipe X; Camargo, Priscila C L B; Afonso Jr, José E;
Campos, Silvia V; Carraro, Rafael M; Costa, André N; Teixeira,
Ricardo H B O; Samano, Marcos N; Pêgo-Fernandes, Paulo
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo,São Paulo SP – Brasil
Introdução: A aquisição de Klebsiella pneumoniae produtora de
carbapenemase (KPC) é sabidamente fator de risco independente
para óbito em pacientes hospitalizados1.
Em transplantados de pulmão, raros dados na literatura avaliam
desfecho de infecção por KPC. Um estudo em Israel associou aquisição de KPC à redução de sobrevida nessa população, com mortalidade de 72,7%2.
O objetivo desse trabalho é descrever as características clínicas dos
cinco casos de isolamento de KPC pós transplante de pulmão no Centro de Transplante Pulmonar do Instituto do Coração do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Descrição dos Casos: Foram identificados 5 casos (8% - 5/61) de
pacientes com isolamento de KPC pós transplante pulmonar realizados entre jan/12 e abr/14, 3 homens e 2 mulheres, com idade
mediana de 40 anos (18-43). Dois pacientes tinham diagnóstico
prévio de fibrose cística (FC), 2 bronquiectasias não-FC e 1 beriliose.
Todos submetidos a transplante pulmonar bilateral sequencial, 3
casos sem uso de circulação extracorpórea. Todos os pacientes tiveram internação em UTI e utilizaram antibiótico de amplo espectro
nos últimos 2 meses pré-isolamento de KPC. O tempo do transplante
ao isolamento foi de 10, 22, 34, 385 e 548 dias, sendo que em 4
casos foi identificada infecção e apenas 1 colonização. Em 1 paciente os sítios de isolamento foram secreção traqueal, coleção de
ferida operatória, líquido pleural e hemocultura; em 1 paciente foi
em lavado broncoalveolar e urocultura; em 1 amostra de escarro;
e 1 secreção traqueal; e 1 líquido pleural. Dois pacientes receberam
associação de colistina, gentamicina e tigeciclina, 1 paciente colistina e amicacina, e 1 paciente colistina e tigeciclina. Os 4 pacientes
com infecção por KPC evoluíram para óbito, sendo que o paciente
com colonização sobreviveu e faz acompanhamento ambulatorial.
Discussão: A descrição dos casos em nosso serviço corrobora a recente literatura internacional sobre os efeitos em sobrevida da aquisição de KPC em receptores de transplante pulmonar. A alta
mortalidade mesmo com instituição de antibioticoterapia adequada
alerta para necessidade de medidas preventivas, diagnóstico precoce
e desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais eficazes para o
controle da infecção entre receptores de transplante pulmonar.
Referências Bibliográficas:
1. Schwaber MJ, Klarfeld-Lidji S, Navon-Venezia S, Schwartz D, Leavitt A, Carmeli
Y. Predictors of carbapenem-resistant Klebsiella pneumoniae acquisition among
hospitalized adults and effect of acquisition on mortality. Antimicrob Agents Chemother 2008: 52: 1028.
2. Raviv Y, Shitrit D, Amital A, Fox B, Bakal I, Tauber R, Bishara J, Kramer MR. Multidrug-resistant Klebsiella pneumoniae acquisition in lung transplant recipientes.
Clin Transplant 2012: 26(4): E388-94.
123
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
POSTERS
P55
PERFIL METABÓLICO E RISCO CARDIOVASCULAR DE
PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE PULMONAR
Juliana de Cássia Moura Oliveira, Carla Giuliano de Sá Pinto,
Melline Della Torre de Almeida José Eduardo Afonso Junior,
Rafael Medeiros Carraro, Ricardo Diaz Savoldelli, Ricardo
Henrique de Oliveira Braga Teixeira, Luciana Diniz Nagem
Janot Matos
Hospital Israelita Albert Einstein
Objetivo: Analisar o perfil metabólico e risco cardiovascular de pacientes submetidos a transplante pulmonar do programa de transplante pulmonar do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Materiais e métodos: Foram selecionados 13 pacientes submetidos a transplante pulmonar entre o período de maio de 2010 a novembro de 2013. Medidas antropométricas (peso, altura, índice de
massa corporal, circunferência da cintura) e composição corporal
(7 dobras cutâneas do protocolo de Pollock) estavam entre os ítens
avaliados. Os pacientes receberam diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DM) e Dislipidemia (DLP)
de acordo os resultados de exames e análise clínica. Para averiguar
e classificar a presença e o grau de risco cardiovascular foi aplicado
o escore de Framingham e para risco de DM, o escore Findrisc. O
nível de atividade física foi avaliado através da aplicação do questionário internacional de atividade física (IPAQ).
Resultados: A amostra foi composta de mulheres (30,77%) e homens (69,23%). Do total de indivíduos incluídos no estudo, 61,53%
apresentaram circunferência da cintura aumentada, 46,15% estavam acima do peso, dentre eles 7,7% com obesidade. A média de
porcentagem de gordura corporal não foi considerada saudável,
de acordo com a classificação de Pollock (25,89% e 20,22% para
mulheres e homens, respectivamente). Utilizando o escore Findrisc,
7,69% apresentam alto risco para desenvolvimento de DM, 23,08%
risco intermediário e 46,15% já possuíam diagnóstico de DM. Além
disso, 30,77% apresentavam HAS e 30,77% DLP. Segundo o escore
de Framingham, 46,15% dos indivíduos apresentaram risco alto
para desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Já na análise
do nível de atividade física, 46,15% dos indivíduos foram caracterizados como insuficientemente ativos.
Conclusão: Pacientes submetidos a transplante pulmonar apresentam
risco de desenvolver doenças metabólicas e cardiovasculares, além
disso, são insuficientemente ativos para prática de atividade física regular. Um adequado controle de fatores de risco com prática de atividade física regular, alimentação equilibrada e envolvimento de uma
equipe de profissionais que monitorem, orientem e acompanhem essa
população, poderá auxiliar na prevenção dessas doenças.
P56
GUIA DE ORIENTAÇÕES INICIAIS A PACIENTES EM
AVALIAÇÃO MULTIPROFISSIONAL PARA O PROGRAMA DE
TRANSPLANTE PULMONAR
Lucinei Paz Ferreira, Elaine Marques Hojaij, Bellkiss Wilma
Romano, Maria Teresa Freitas, Maria Ignez Feltrim, Ana
Carolina di Creddo, Ricardo Henrique Teixeira, Marcos
Samano, Paulo Manuel Pêgo-Fernandes
Instituto do Coração do HCFMUSP, Serviço Cirurgia Torácica, São
Paulo – Brasil
124
Introdução: A prática clínica vem demonstrando que pacientes encaminhados à equipe de transplante pulmonar para avaliação da
viabilidade de ingresso em fila de espera, ao serem entrevistados
pela equipe multiprofissional, evidenciam total ou muita falta de
conhecimento concernente ao transplante. Ainda que informações
necessárias sejam fornecidas, rotineiramente, ao longo das entrevistas de avaliação, a assimilação destas nem sempre é suficiente.
Levantou-se a hipótese de que o excesso de informações verbais
oferecidas nas entrevistas iniciais, estando os pacientes sob o impacto da indicação do transplante, poderia comprometer a introjeção destas. Assim, os profissionais propuseram-se à construção de
material informativo para facilitação da aquisição de conhecimento.
Objetivo: Apresentar material gráfico, elaborado pela equipe de assistência multidisciplinar, que visa fornecer orientações iniciais a pacientes em avaliação/seleção para programa de transplante pulmonar.
Material e Método: As principais dificuldades e dúvidas dos pacientes e cuidadores foram registradas pelos membros da equipe
multiprofissional, composta por enfermeira, assistente social, psicóloga, nutricionista, fisioterapeuta e médicos, a partir das entrevistas/consultas com os pacientes, ao longo de 1 ano.
Posteriormente foram reunidas para a elaboração de texto, focado
na produção de conhecimentos. Fotos de ambientes institucionais
e de profissionais em atividade foram tiradas para serem agregadas
ao material.
Resultados: Os esforços da equipe levaram à finalização de um
folder que mescla texto com imagens. Buscou-se utilizar um linguajar de fácil compreensão, levando-se em conta a diversidade sóciocultural da população atendida por esta instituição. Além da
possibilidade de aquisição de conhecimentos, os pacientes manifestaram satisfação e perceberam este material gráfico como uma
atenção e cuidado a mais dispensados pela equipe.
Conclusão: A construção coletiva dos folders faz parte do trabalho
educativo da equipe, e permite aos pacientes a apropriação do conhecimento do processo saúde/doença, autonomia no autocuidado,
adesão ao tratamento e satisfação pelo cuidado fornecido pela
equipe. Sabe-se que quanto maior for o nível de informação que o
paciente detiver, maior a probabilidade de adesão ao tratamento,
ajustamento psicossocial e capacidade de enfrentamento de eventos
futuros. Os prórpios membros da equipe sentiram-se motivados e
atualmente trabalham na elaboração de material educativo a pacientes em outras etapas do processo de transplante pulmonar.
P57
OLIGÚRIA INDUZIDA PELO EXERCÍCIO EM DOENTE COM
ALOENXERTO RENAL
Sérgio Teixeira1, Pedro Sá Pinto1, Ivone Silva1, João Gonçalves1,
Maria La Salete Martins2, Rui Almeida1
1-Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Centro Hospitalar do
Porto – Hospital de Santo António; 2-Serviço de Nefrologia e
Unidade de Transplantação Renal, Centro Hospitalar do Porto –
Hospital de Santo António.
Introdução / Objectivos: A transplantação renal, por norma, é
realizada em doentes com elevado risco cardiovascular. Embora incomum, a estenose das artérias ilíacas proximal à artéria do rim
transplantado pode ser uma causa de disfunção do enxerto.
Este trabalho pretende apresentar um caso clínico de disfunção do
enxerto renal, com variações circadianas no débito urinário dependentes da deambulação, secundária a estenose da artéria ilíaca
comum (AIC) proximal à anastomose do enxerto.
Caso Clínico: Trata-se de uma doente do sexo feminino, 51 anos,
com doença renal crónica de origem desconhecida, múltiplos fatores
de risco cardiodiovascular (hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo, obesidade, diabetes melitos tipo 2) e doença arterial periférica
(grau IIa pela classificação de Leriche-Fontaine), submetida a transplante renal com aloenxerto de cadáver. Cerca de 19 meses após o
transplante renal, iniciou agravamento progressivo da função renal,
sem alteração da medicação ou eventos agudos. A diurese apresentava um predomínio nocturno (quando se encontrava em decúbito
dorsal e não deambulava). Realizou avaliação do enxerto renal por
ecodoppler, que mostrou um rim globalmente bem perfundido, índices de resistência de 0.6, curvas de morfologia monofásica na artéria
ilíaca externa proximal e distalmente ao local da anastomose arterial
e estenose hemodinamicamente significativa na AIC (confirmada por
arteriografia do sector aorto-ilíaco). Durante o período de estudo,
apresentou episódio de edema agudo do pulmão com anúria, ocorrendo a necessidade de reiniciar hemodiálise.
Foi efetuada angioplastia transluminal percutânea de ambas as
AIC’s por kissing balloon e posterior kissing stent com bom resultado imagiológico e hemodinâmico final.
No período pós-intervenção, houve uma recuperação progressiva
da diurese e da função renal com retorno aos valores de creatinina
basais.
Discussão / Conclusão: Este caso retrata o “roubo” renal provocado
pela presença de uma estenose pré-oclusiva nos eixos arteriais proximais à anastomose do enxerto. Neste contexto, as baixas resistências
dos eixos arteriais do membro inferior, secundárias ao exercício, condicionam uma diminuição da perfusão renal com consequente agravamento da função renal e diminuição do débito urinário.
As terapêuticas endovasculares, tendo em conta a sua baixa morbilidade, assumem-se como terapêuticas de primeira linha neste tipo
de doentes, permitindo a normalização da função do enxerto renal.
P58
ESTENOSE DE ARTERIA RENAL PÓS-TRANSPLANTE:
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS
Jarinne C. Landim Nasserala, Claudia M.C. Oliveira, João
Batista Gadelha Cerqueira, Salena Souza, Sonia L Silva,
Silvana A. Andrade, Wilson M. Barroso, Paula FCBC
Fernandes, Ailson Gurgel Fernandes, Elizabeth F. Daher
Hospital Universitário Walter Cantideo - UFC- Ceará-Brasil
Introdução: Estenose da artéria do enxerto renal (EAER) é a complicação vascular mais comum após transplante (Tx) renal, podendo
levar à hipertensão resistente, piora da função renal e até perda do
enxerto.
Objetivos: Investigar a prevalência e fatores associados à EAER.
Métodos: Foi realizado um estudo de caso-controle retrospectivo,
incluindo todos os receptores de Tx realizados no período de janeiro
de 2009 a dezembro de 2012. Os critérios para suspeita de EAER
ao doppler foram um pico de velocidade sistólica >250 cm/s na
artéria renal ou um padrão de onda parvus-tardus. Um estreitamento do lúmen arterial > 50% na arteriografia do enxerto renal
foi definido como estenose significativa. Foi pareado um controle
(que não apresentava EAER no mesmo período do estudo) para
cada caso, de acordo com gênero, idade do receptor e tipo de
doador (vivo/falecido). Foram avaliados como fatores associados
à EAER: sexo e índice de massa corporal do doador / receptor, função retardada do enxerto, tipo de imunossupressão, tipo de anastomose arterial, dificuldade técnica, lateralização do rim, uso de
anti-hipertensivos, entre outros.
Resultados: Foram avaliados 324 receptores de Tx renal no período do estudo, sendo a prevalência de EAER de 4% (13 pacientes). O diagnóstico de EAER ocorreu em média 74,8 dias pós-Tx.
Na análise multivariada, o número de anti-hipertensivos ≥ 2 foi associado a maior risco de EAER (Odds ratio 11,9; IC 1,18-121,1; p
= 0,03) e a anastomose arterial na ilíaca externa apresentou-se
como fator de proteção (Odds ratio 0,08; IC 0,01-0,71; p = 0,02).
Houve uma redução significativa na média da PAS (141,2 para
124,6 mmHg, p = 0,015) e PAD (87,4 para 76,1 mmHg, p =
0,009) após a correção da EAER, bem como na creatinina sérica
(de 3,4 para 1,4mg/dL, p = 0,003).
Conclusão: A prevalência de EAER na população em estudo foi de
4% e o número de anti-hipertensivos ≥ 2 esteve associado a maior
risco de EAER, enquanto a anastomose arterial na artéria ilíaca externa apresentou-se como fator de proteção. A correção da EAER
associou-se à melhora do controle pressórico e da função renal.
P59
ASPETOS RADIOLÓGICOS DAS COMPLICAÇÕES PÓSTRANSPLANTAÇÃO RENAL
Santos, Ana Coutinho1; Costa, Catarina1; Magro, Paula2; Lam,
Cecília1; Saldanha, Tiago1
1-Serviço de Radiologia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental,
E.P.E.; 2-Serviço de Cirurgia Geral, Hospital de Santa Cruz,
Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, E.P.E.
Neste trabalho, os autores fazem uma revisão das várias complicações associadas à transplantação renal, destacando os métodos
radiológicos utilizados para o seu diagnóstico e avaliação e apresentando exemplos ilustrativos.
As complicações pós-transplantação renal podem ser classificadas
de acordo com a etiologia em causas pré-renais (complicações vasculares), patologias parenquimatosas (necrose tubular aguda, rejeição aguda ou crónica e infeção) e complicações pós-renais
(lesões intrínsecas e extrínsecas que causam obstrução do sistema
coletor). Na prática clínica, costumam ser agrupadas em complicações não vasculares e vasculares.
Os métodos radiológicos mais usados na abordagem das complicações pós-transplantação renal são a ecografia complementada com
estudo Doppler (eco-Doppler) e a Tomografia Computorizada (TC),
que não são invasivas, contribuindo para a redução da necessidade
de angiografias diagnósticas e orientando as intervenções cirúrgicas.
No que diz respeito às complicações não vasculares, a ecografia
permite detetar dilatações da árvore excretora e possíveis causas
da obstrução ureteral, nomeadamente coleções líquidas peri-enxerto, como hematomas, linfocelos, abcessos e urinomas, caracterizando-as quanto ao tamanho e localização. A TC, pela sua
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elevada resolução espacial, é útil para melhor esclarecimento, principalmente quando as alterações ecográficas são inespecíficas. O
diagnóstico definitivo das coleções pode ser realizado através de
drenagem percutânea guiada por estas técnicas.
O eco-Doppler fornece dados anatómicos e hemodinâmicos, pelo
que desempenha um papel central no diagnóstico e caracterização
de complicações vasculares, como estenose da artéria renal, enfarte
(segmentar ou global) e trombose da veia renal. Além destas,
podem ocorrer fístulas arteriovenosas ou pseudoaneurismas, por
exemplo na sequência de biopsias quando se suspeita de rejeição,
igualmente detetáveis por este método.
Atendendo ao impacto significativo das complicações pós-transplantação renal na mortalidade e morbilidade, é fundamental o seu
reconhecimento precoce, tendo a Radiologia um papel central no
diagnóstico e seguimento destes doentes.
POSTERS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
P60
AVALIAÇÃO POR ECO-DOPPLER NO TRANSPLANTE RENAL
EM BLOCO
Santos, Ana Coutinho1; Gil, Rui2; Pegado, Pedro3; Martins,
Regina4; Martins, Américo5
1-Serviço de Radiologia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental,
E.P.E.; 2-Serviço de Radiologia, Instituto Português de Oncologia
de Lisboa Francisco Gentil, E.P.E.; 3-Serviço de Radiologia,
Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.;
4-Serviço de Radiologia, Hospital Curry Cabral, Centro
Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.; 5-Serviço de Cirurgia Geral,
Hospital Curry Cabral, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.
A discrepância significativa entre a limitada disponibilidade de órgãos para transplante renal e as elevadas necessidades conduziu à
expansão dos critérios de forma a aumentar o número de potenciais
dadores. A otimização do uso dos dadores pediátricos constitui uma
das alternativas.
É essencial para o Radiologista conhecer as técnicas cirúrgicas do
transplante renal, incluindo as variantes que utilizam rins de dadores
marginais e pediátricos, para a interpretação dos achados no ecoDoppler, facilitando o diagnóstico precoce de complicações, a avaliação e seguimento dos doentes transplantados.
Neste trabalho, os autores fazem uma revisão do transplante renal
em bloco, dando ênfase à sua avaliação por eco-Doppler, a propósito de um caso clínico de enxerto duplo de dador pediátrico
para recetor adulto.
É realizada uma descrição da técnica cirúrgica e estabelecida uma
correlação com os aspetos ecográficos, salientando-se as diferenças em relação ao transplante convencional e recorrendo a exemplos ilustrativos. São ainda comparadas as técnicas de
transplantação em bloco versus rim único em dador pediátrico no
que diz respeito aos aspetos cirúrgicos e ecográficos, complicações
técnicas e sobrevida do enxerto.
P61
FLUXOGRAMA DOS PROCEDIMENTOS DIETÉTICOS NO TR
NO HSC
Calha,A; Castro, IA; Pinto, D.
Hospital Santa Cruz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
A avaliação nutricional inicial e subsequente monitorização durante
o internamento bem como o ensino e apoio dietético à data da alta
clinica e no ambulatório, são os procedimentos técnicos necessários
para uma maior eficácia da implementação de novos hábitos alimentares e uma sólida adesão à dieta.
As prioridades para a Qualidade na prestação de serviços devemse basear em: planificar, estruturar e elaborar o método de procedimentos para se concretizar o direito de acessibilidade à consulta
de Dietética e Nutrição de todos os utentes submetidos a transplante.
Na abordagem do doente transplantado renal são cada vez mais
os estudos que revelam as vantagens das equipas multidisciplinares,
estruturadas de modo a acompanhar o doente desde a avaliação
inicial até à monitorização em ambulatório.
O poster apresentado terá como objectivo a estruturação de um
modelo de acessibilidade e seguimento dos doentes transplante
renal à consulta de Dietética e Nutrição.
125
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9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
POSTERS
P62
DESARROLLO DE ANTICUERPOS ANTI-HLA EN PACIENTES
TRASPLANTADOS RENALES CON RETIRADA TEMPRANA DE
ESTEROIDES
David San Segundo, Elena Monfá, Juan Carlos Ruiz, Emilio
Rodrigo, Maria Kislikova, Iñigo Romón, Esther Asensio, Manuel
Arias, Marcos López-Hoyos
Servicios de Inmunología, Nefrología, Hematología. Hospital
Universitario Marqués de Valdecilla-IDIVAL, Santander
Introducción: La retirada de esteroides es una práctica habitual en
trasplante renal con el objetivo de evitar efectos adversos. La reducción de la inmunosupresión puede alterar el bloqueo de la alorrespuesta y favorecer el rechazo del aloinjerto. Es posible que la
retirada de esteroides induzca una respuesta humoral que se identifique por la producción de anticuerpos anti-HLA.
Objetivo: Analizar la presencia de anticuerpos anti-HLA tras retirada de esteroides en trasplante renal estable.
Material y métodos: Se reclutaron 39 pacientes trasplantados renales con injerto funcionante durante al menos 3 años en nuestro
centro desde 2002 a 2011. Se analizaron de manera retrospectiva
los sueros de los pacientes antes del trasplante (Pre-TX) y a los dos
años de seguimiento tras retirada/mantenimiento de esteroides
(Post-TX). Los anticuerpos anti-HLA se determinaron mediante LABScreen®Mixed (One Lambda Inc, Canoga Park, CA) para su escrutinio y el LABScreen®Single Antigen de clase-I y/o clase-II (One
Lambda) en aquellos sueros de los pacientes que fueron positivos
en el escrutinio Pre-TX y/o Post-TX.
Resultados: Se dividieron los pacientes en dos grupos: los pacientes
con retirada temprana de esteroides, antes del primer año posttrasplante (Gr-EST; n=20) y un grupo control, pareado en época de
trasplante y seguimiento, con mantenimiento de esteroides (GrCON; n=19). En el Gr-EST (2/20) presentaban anticuerpos antiHLA pre-Tx, uno con especificidades de clase-I (A1,Cw15,Cw18) y
otro de clase-II (DQ4, DQ5, DQ6). A los 2 años de la retirada de
esteroides, el paciente con especificidades de clase-I, mantiene el
anti-Cw15 sin desarrollo de nuevas especificidades; el paciente con
especificidades de clase-II, desarrolla un anticuerpo donante específico (DSA) anti-DR15 y, además, un paciente desarrolla de novo un
DSA anti-A1. En el Gr-CON (1/19) presenta anticuerpos anti-HLA
pre-Tx (anti-A1) que mantiene Post-TX sin desarrollar nuevas especificidades. Además, un paciente desarrolla un anti-Cw4 de novo, sin
poder determinar si es DSA o no-DSA al no estar tipado el locus-C.
Por lo tanto en el Gr-EST se observan 2/20 casos de desarrollo de
anti-HLA de novo mientras que en el Gr-CON 1/19, pNS.
Conclusiones: Estos resultados confirman que la retirada de esteroides no conlleva un riesgo superior de desarrollar nuevas especificidades de anti-HLA, siendo una opción terapéutica segura en
pacientes con menor riesgo inmunológico, aunque estos resultados
se deben confirmar en series con mayor tamaño muestral.
Financiación: Fondo de Investigaciones Sanitarias (FIS 08/0157
and 11/00990), RENDIREN and Mutua Madrileña.
P63
PROTOCOLO HALIFAX PARA PROVA CRUZADA POR
CITOMETRIA DE FLUXO: ECONOMIA DE TEMPO SEM
PERDA DE QUALIDADE
Jamile Abud1, Juliana Montagner1, Norberto Costa1, João
Wurdig1, Regina Schroeder1, Raquel Canabarro1, Márcia
Petry1, Ana Rosa Raya1, Janaína Silveira1, Pâmela Portela1,
Denise Zanenga1, Fabiana Pereira1, Heloísa Tarasconi1, Sandra
Fernandes1, Robert Liwski2 e Jorge Neumann1
1-Laboratório de Imunologia de Transplantes, Santa Casa de
Porto Alegre, RS, Brasil; 2-Dalhousie University, Halifax, NS,
Canada.
126
O tempo dispendido na realização da prova cruzada é fator relevante no tempo de isquemia fria, impactando a qualidade do transplante. A prova cruzada convencional, com citotoxicidade
dependente de complemento e adição de antiglobulina humana
(CDC-AGH) pode levar até 8 horas para a sua conclusão.
Em 2011 R. Liwski apresentou um novo protocolo para prova cruzada por citometria de fluxo (Protocolo Halifax – PHal) com importante redução no tempo necessário para a sua realização (ASHI
2011).
Após padronização e validação em nosso laboratório, a prova cruzada por citometria de fluxo pelo Protocolo Halifax (PHal) entrou
em operação oficial em abril de 2013, em substituição à citometria
convencional.
Simultaneamente observamos a correlação entre o resultado da
prova cruzada por citometria de fluxo e o resultado da prova cruzada CDC-AGH. Baseados na excelente correlação encontrada,
decidimos a partir de setembro de 2013 realizar prova cruzada prétransplante apenas por citometria de fluxo pelo PHal, abandonando
os testes CDC-AGH.
Passados sete meses medimos a economia de tempo e buscamos
algum possível impacto negativo na função ou sobrevida dos rins
transplantados em nosso hospital.
Entre 20/09/2013 e 20/04/2014 tivemos 88 doações de rim.
Comparamos este grupo com as 81 doações que tivemos nos sete
meses anteriores a 20/09/2013. Avaliamos o tempo entre a chegada da lista com os possíveis receptores e o envio do resultado
da prova cruzada. Empregamos um ponto de corte de 300 minutos.
Entre os 81 testes CDC-AGH, 64 (79%) superaram este ponto contra 29 de 88 testes (33%) no grupo PHal (P<0,0001).
Em relação à qualidade da prova cruzada, comparamos a incidência de enxerto nunca funcionante, nível de creatinina sérica, perda
de enxerto e óbito nos sete meses anteriores e posteriores ao abandono do CDC-AGH. Não foram observadas diferenças entre os
grupos anterior (N=41) e posterior (N=44) para estes parâmetros.
Em conclusão, a adoção do PHal e o abandono do CDC-AGH
trouxe significativa economia de tempo sem perda de qualidade na
avaliação imune pré-transplante.
P64
INTERLEUKINE-6 PROMOTER POLYMORPHISM -174G/C
ASSOCIATION WITH CHRONIC GRAFT DISEASE: A METAANALYSIS
Bruno A Lima1, Miguel Mendes1, Helena Alves2
1-Oficina de Bioestatística, Ermesinde, Portugal; 2-Instituto
Nacional de Saúde, Dr Ricardo Jorge, Porto, Portugal.
Despite being the subject of several independent studies, investigations of the relationship between Interleukine-6 (IL-6) polymorphisms
and kidney graft outcome continue to be plagued by contradictory
conclusions. Complex pathogenesis of post-transplant adverse outcomes have long been associated with the cytokine gene polymorphisms and are postulated to impact on long-term kidney graft
function. At the genetic level, a G/C (-174) substitution in the IL-6
gene was shown to be associated with either high (G/G and G/C
genotypes) or low (C/C genotype) levels of plasma IL-6 at the genetic level.
We carried out this meta-analysis in order to collect all the relevant
studies to further clarify the association of IL-6 genotypes and
Chronic Graft Disease (CGD).
Relevant published data was retrieved through Medline and Web of
Science pertaining to kidney transplant outcome and IL-6 polymorphisms. Odds ratios (OR) with 95% confidence intervals (CI) were
used to assess the strength of the association. Z test was used to determine the significance of the pooled OR. Statistical heterogeneity
was measured using the Q statistic. The effect of heterogeneity was
quantified using the I2-statistic. Statistical analyses were performed
with STATA12.0 software. A total of 6 studies, including 474 CGD
transplanted cases and 731 transplanted controls with stable graft
function, were collected in this meta-analysis. For high vs. low IL-6
genotypes, no heterogeneity (Q = 4.08, p = 0.54, I2 = 0.0%) was
observed among individual estimates, and original data was combined using the fixed-effects model. For the total population, we
found that G/G and G/C IL-6 genotypes were less common in the
CGD group than in the control group and we obtained an effect
summary OR = 0.61, with a 95% CI = 0.42-0.87, and p = 0.006,
which shows a protective association of IL-6 high producers genotypes to CGD.
IL-6 is both a major proinflammatory cytokine and an important antiinflammatory mediator, these complex actions would yield variable
effects on atherosclerosis and cardiovascular risk profile in kidney
transplant recipients. Our comprehensive meta-analysis indicated
that there is sufficient evidence to demonstrate an association between the IL-6 polymorphisms and CGD.
P65
INTERLEUKINE-6 PROMOTER POLYMORPHISM -174G/C IS
NOT ASSOCIATED WITH ACUTE REJECTION EPISODES
AFTER KIDNEY TRANSPLANTATION: A META-ANALYSIS
Bruno A Lima1, Miguel Mendes1, Helena Alves2
1-Oficina de Bioestatística, Ermesinde, Portugal; 2-Instituto
Nacional de Saúde, Dr Ricardo Jorge, Porto, Portugal.
Proinflammatory and anti-inflammatory cytokines play key roles in
immunologic phenomena leading to Acute Rejection Episodes (ARE)
after kidney transplantation which are responsible for kidney graft
loss. The cytokines’ powerful immunomodulatory molecules, Interleukin-6 (IL-6), regulate as mediators of inflammation and the immune response by acting on various cells including differentiation
and maturation of B and T cells or macrophages. A bi-allelic polymorphism within the promoter region of the IL-6 at position –174
G-C was detected, the GG and GC genotypes were found to be
associated with higher production of IL-6 and the CC is associated
with low production. Many researchers presented conflicting results
when investigating the effect of recipient’s IL-6 –174G/C genotypes
on ARE after renal transplantation.
The results of this investigation seek to clarify the clinical impact on
ARE of IL-6 -174G/C polymorphisms.
Relevant published data was retrieved through Medline and Web of
Science pertaining to kidney transplant outcome and IL-6 polymorphisms. Odds ratios (OR) with 95% confidence intervals (CI) were
used to assess the strength of the association. Z test was used to determine the significance of the pooled OR. Statistical heterogeneity
was measured using the Q statistic. The effect of heterogeneity was
quantified using the I2-statistic. Begg’s rank correlation method and
Egger weighted regression method were also used to statistically assess the publication bias. Statistical analyses were performed with
STATA12.0 software. A total of 16 studies, including 672 ARE transplanted cases and 1290 transplanted controls without rejection
episodes, were collected in this meta-analysis. For high vs. low IL-6
genotypes, no heterogeneity (Q = 12.07, p = 0.67, I2 = 0.0%)
was observed among individual estimates, and original data was
combined using the fixed-effects model. For the total population, we
found no association between G/G and G/C IL-6 genotypes with
ARE, we obtained an effect summary OR = 1.14, with a 95% CI =
0.84-1.55, and p = 0.4. In conclusion, recipients high producer
(G/G and G/C) genotype of IL-6 -174G/C polymorphism is not associated with acute rejection of renal allograft.
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C4d na biópsia renal. Em 4 dos doentes com episódio de rejeição
diagnosticado (57% dos casos), a detecção dos DSA foi observada
antes desse episódio e 2 apresentavam depósito de C4d na biópsia
renal, apresentando estas, DSA anti-HLA-DR e anti-HLA-DQbeta.
As duas restantes só apresentavam DSA anti-HLA-DQalfa.
Conclusão: Os resultados preliminares sugerem que a presença
de anticorpos anti HLA de classe II contra antigénios do dador, nomeadamente para os loci HLA-DR e HLA-DQB podem contribuir,
pelo menos em parte, para a ocorrência de episódios de rejeição
com envolvimento humoral, pelo que se considera importante a sua
determinação no pós transplante renal.
POSTERS
9-11 OUTUBRO 2014 · LISBOA · PORTUGAL
P66
IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA DE ANTICORPOS ANTI-HLA
DE CLASSE II CONTRA O DADOR NA MONITORIZAÇÃO DA
ALOTRANSPLANTAÇÃO RENAL
Jeanette Braz, Rosário Mateus, Mariya Kyselyova, Fernando
Macário, António Martinho, Hélder Trindade, Alfredo Mota, Rui
Alves, Artur Paiva
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra – Unidade de
Transplantação Renal; Centro do Sangue e da Transplantação de
Coimbra – IPST, IP
Introdução: O aparecimento de anticorpos anti-HLA de novo contra
dador, após transplante renal, aumenta a possibilidade de rejeição.
É conhecida a importância do aparecimento de anticorpos tanto de
classe I como de classe II, todavia o nosso estudo incidiu sobre doentes que apresentavam unicamente anticorpos de classe II.
Objectivos: Correlacionar a presença de anticorpos anti-HLA de
classe II contra o dador (DSA) com a ocorrência de episódios de
rejeição.
Material e métodos: Foram estudadas 255 amostras de doentes
transplantados renais, no período de 2011-2014 (inclusive). Em 84
destes doentes detectou-se a presença de DSA, em que 30 destes
apenas apresentavam DSA anti HLA de classe II.
A pesquisa de anticorpos anti HLA foi efectuada por citometria com
esferas, utilizando o kit LABScreen Single Antigen TM(One
Lambda,Inc) e a tecnologia X Map® no equipamento Luminex
(LABScan 100).
Resultados: Observou-se a presença de anticorpos anti-HLA classe
II, na ausência de DSA anti HLA de classe I, em 30 doentes submetidos a alotransplantação renal. Em 7 dos 30 doentes (23%), foi
diagnosticado um episódio de rejeição, 2 destes com depósito de
127
ACROPOLE, LDA.
Paula Nora | Rita Pollmann | Joana Inês Costa
Rua de Gondarém, 956-r/c,
4150-375 Porto, PORTUGAL
Tel: 226199683 - Fax: 226199689
e-mail: [email protected]
www.spt.pt
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