arquivo1 - franthiesco ballerini
Transcrição
arquivo1 - franthiesco ballerini
88 ValeViver Cinema Remake adaptado História escrita por Alexandre Dumas continua rendendo nos cinemas, mas versão criada agora por Paul W. S. Anderson é a que mais se afasta da trama original de 1844 Domingo 2 Outubro de 2011 89 Fotos: divulgação Franthiesco Ballerini São Paulo P or que fazer um remake de um filme que já teve pelo menos cinco versões anteriores feitas só por Hollywood? Por uma razão simples: as produções anteriores deram certo, Hollywood está arriscando muito pouco em roteiros originais em tempos de crise financeira nos EUA e, por fim, existe uma novidade para oferecer ao espectador: a tecnologia em 3D. É por essas razões que chega às telas brasileiras, no dia 12 de outubro, mais uma versão de “Os Três Mosqueteiros”, agora dirigida por Paul W. S Anderson (“Resident Evil”) e estrelada por Orlando Bloom, o vencedor do Oscar Christoph Waltz, a atriz Milla Jovovich (estrela de “Resident Evil”, mulher do diretor), e os pouco conhecidos Logan Lerman (“Percy Jackson e os Ladrão de Raios”), Ray Stevenson, Luke Evans e Matthew Macfadyen. Trata-se de uma nova versão do romance histórico do francês Alexandre Dumas, publicado em 1844, parte de uma trilogia que reúne fatos importantes dos reinados dos reis Luis 13, Luis 14 e da regência que governou a França entre ambos os reis. O título “Os Três Mosqueteiros” foi aceito por Dumas, mas contém um absurdo, já que os heróis são, na verdade, quatro. Ele deixou o título –sugerido por um encarregado do folhetim que publicara a história na época– porque argumentou que ajudaria para o sucesso da obra. E assim como a trilogia de Dumas, a ideia de Paul. W. S. Anderson é iniciar também uma trilogia no cinema, mas tudo vai depender do retorno de bilheteria a partir deste mês. Só para lembrar, já passaram nos cinemas versões como o filme mudo de 1921 de Douglas Fairbanks, uma superprodução com Gene Kelly de 1948 (por enquanto a mais fiel à trama de Dumas), uma versão mais cômica de Richard Lester de 1973, dividida em duas partes, e a mais recente, de 1993, estrelado por Charlie Sheen, Kiefer Sutherland e Chris O’Donnel. Isso sem falar das inúmeras versões francesas, que começaram nos primeiros anos do século 20, assim que o próprio cinema nasceu. Paul W. S. Anderson muda consideravelmente o aspecto geral da trama, baseada na história de D’Artagnan, abandonado aos 18 anos, que vai a Paris se tornar os membros pro- 90 ValeViver PERSONAGENS Milla Jovovich vive a bela dama usada pelo vilão Orlando Bloom (ao lado), o inimigo dos mosqueteiros tetores do rei, os mosqueteiros. Lá, conhece os mosqueteiros inseparáveis Athos, Porthos e Aramis. Com eles, vai proteger Luis 13 e a rainha Ana d’Áustria. Entre os inimigos está o Cardeal Richelieu e Milady (Milla Jovovich), bela mulher a serviço de Richelieu, casada anteriormente com Athos, sem falar dos ingleses, eternos inimigos da coroa francesa. A versão em 3D caprichou naquilo que mais importa na tecnologia, as cenas de ação e a fotografia. Batalhas aéreas, como nos navioszepelins, são de tirar o fôlego, embora pouco diferente do que os filmes de ação em 3D têm oferecido nos últimos anos. Importa mesmo, no final das contas, a história de Alexandre Dumas. O difícil foi transformar o quarteto mosqueteiro em uma trupe com química suficiente para garantir uma trilogia, o que provavelmente não é o caso. Falta liga entre os atores na maioria das cenas, disfarçadas pela exuberância visual. Efeitos visuais Isso porque Paul W. S. Anderson sabe que está fazendo um produto cujo público, em sua maioria, desconhece a história de Dumas, jovens abaixo dos 25 anos. Por isso, caprichou nos efeitos visuais ao estilo videogame, pois é isso que importa para esta nova geração. São tantos os efeitos visuais e tamanha a imaginação das batalhas aéreas que o longa está mais para ficção-científica do que aventura histórica. D’Artagnan (Logan Lerman), ao lado de Athos (Matthew MacFadyen), Porthos (Ray Steven- son) e Aramis (Luke Evans) enfrentam vilões ainda mais excêntricos que as versões anteriores, como a repaginação de Milady (cujo diretor a chamou de “Bond Girl do século 17”) e Rochefort (Mads Mikkelsen), sem falar em Richelieu, cuja interpretação por Christoph Waltz é meio apagada, dando saudade de seu vilão nazista vencedor do Oscar por “Bastardos Inglórios”. Orlando Bloom faz o Duque de Buckingham, inimigo inglês dos mosqueteiros, cujo objetivo é conquistar o continente todo, nem que seja por meio de uma guerra. “Os Três Mosqueteiros” foi rodado na Bavária, nas poucas cenas não-computadorizadas, visto que o filme é inteiramente pensado para 3D, embora esteja sendo lançado também na versão tradicional. Trata-se de uma produção conjunta entre a Alemanha e os Estados Unidos. Isso porque uma parte considerável do dinheiro do filme veio de fontes alemãs, como o Bavaria Bank Fund, TV Fund, Berlin-Brandenburg Medienboard e German Film Board. Para compensar a grana, no início do filme aparecem reinos europeus da época e um fictício chamado Wurtzburgo. Trata-se de uma cidade onde grande parte do filme foi rodado, na região da Bavária (ou Baviera). No lugar do Palácio de Versalhes, onde acontece a trama original, entrou o palácio Fürstbischöfliche Residenz, também desta região da Alemanha. O resultado é um filme que remete muito pouco à obra de Alexandre Dumas, porém completamente adaptada às exigências das novas gerações tecnológicas do século 21, o que pode garantir uma boa bilheteria. Os investidores ainda não deram sinal verde para o segundo filme –temerosos com o retorno do primeiro. Enquanto isso, Paul W. S. Anderson trabalha naquilo que se tornou sua melhor fonte de dinheiro da carreira, a franquia “Resident Evil,” cujo novo filme, “Resident Evil – Retribution”, já está sendo produzido. E protagonizado pela mulher dele, claro. Remakes Enquanto isso, Hollywood se prepara para lançar outros remakes de tramas que já rodaram as telonas muitas vezes. No Natal deste ano, a Disney lança “Os Muppets”, provavelmente em 3D, da história que tomou conta da TV nos anos 1980 e já faturou alto nos cinemas nos anos 1970 e nos anos 1990. Também para a época das férias vem o terceiro filme de outra franquia, “Alvin e os Esquilos 3”, sem falar na versão de Steven Spielberg para outra história de sucesso falado em francês, “As Aventuras de Tim Tim”, do belga Georges Prosper Remi, com Jamie Bell e previsto para estrear em janeiro no Brasil. E para não dizer que falta originalidade nos remakes, que tal fazer um combo de remakes? É o caso de “Os Vingadores”, filme que estreia em abril de 2012, reunindo os heróis de Homem de Ferro, Capitão América, Thor e Hulk, entre outros, estrelando Robert Downey Jr., Scarlett Johansson e Samuel L. Jackson. Batman? Homem Aranha? Calma, eles também voltam em 2012. Hollywood não iria deixar de fora seus campeões de bilheteria.•