arquivo1 - franthiesco ballerini

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ValeViver
Cinema
Remake
adaptado
História escrita por Alexandre Dumas continua rendendo nos cinemas, mas versão
criada agora por Paul W. S. Anderson é a que mais se afasta da trama original de 1844
Domingo 2
Outubro de 2011
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Fotos: divulgação
Franthiesco Ballerini
São Paulo
P
or que fazer um remake de um
filme que já teve pelo menos
cinco versões anteriores feitas
só por Hollywood? Por uma razão simples: as produções anteriores deram certo, Hollywood
está arriscando muito pouco em roteiros originais em tempos de crise financeira nos EUA e,
por fim, existe uma novidade para oferecer ao
espectador: a tecnologia em 3D.
É por essas razões que chega às telas brasileiras, no dia 12 de outubro, mais uma versão
de “Os Três Mosqueteiros”, agora dirigida
por Paul W. S Anderson (“Resident Evil”) e
estrelada por Orlando Bloom, o vencedor do
Oscar Christoph Waltz, a atriz Milla Jovovich
(estrela de “Resident Evil”, mulher do diretor),
e os pouco conhecidos Logan Lerman (“Percy
Jackson e os Ladrão de Raios”), Ray Stevenson,
Luke Evans e Matthew Macfadyen.
Trata-se de uma nova versão do romance histórico do francês Alexandre Dumas, publicado
em 1844, parte de uma trilogia que reúne fatos
importantes dos reinados dos reis Luis 13, Luis
14 e da regência que governou a França entre
ambos os reis. O título “Os Três Mosqueteiros” foi aceito por Dumas, mas contém um absurdo, já que os heróis são, na verdade, quatro.
Ele deixou o título –sugerido por um encarregado do folhetim que publicara a história na
época– porque argumentou que ajudaria para
o sucesso da obra. E assim como a trilogia de
Dumas, a ideia de Paul. W. S. Anderson é iniciar
também uma trilogia no cinema, mas tudo vai
depender do retorno de bilheteria a partir deste
mês. Só para lembrar, já passaram nos cinemas
versões como o filme mudo de 1921 de Douglas Fairbanks, uma superprodução com Gene
Kelly de 1948 (por enquanto a mais fiel à trama
de Dumas), uma versão mais cômica de Richard Lester de 1973, dividida em duas partes,
e a mais recente, de 1993, estrelado por Charlie
Sheen, Kiefer Sutherland e Chris O’Donnel.
Isso sem falar das inúmeras versões francesas,
que começaram nos primeiros anos do século
20, assim que o próprio cinema nasceu.
Paul W. S. Anderson muda consideravelmente o aspecto geral da trama, baseada na
história de D’Artagnan, abandonado aos 18
anos, que vai a Paris se tornar os membros pro-
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ValeViver
PERSONAGENS
Milla Jovovich vive a bela
dama usada pelo vilão
Orlando Bloom (ao lado), o
inimigo dos mosqueteiros
tetores do rei, os mosqueteiros. Lá, conhece os
mosqueteiros inseparáveis Athos, Porthos e
Aramis. Com eles, vai proteger Luis 13 e a rainha Ana d’Áustria. Entre os inimigos está o
Cardeal Richelieu e Milady (Milla Jovovich),
bela mulher a serviço de Richelieu, casada anteriormente com Athos, sem falar dos ingleses,
eternos inimigos da coroa francesa.
A versão em 3D caprichou naquilo que mais
importa na tecnologia, as cenas de ação e a
fotografia. Batalhas aéreas, como nos navioszepelins, são de tirar o fôlego, embora pouco
diferente do que os filmes de ação em 3D têm
oferecido nos últimos anos. Importa mesmo,
no final das contas, a história de Alexandre
Dumas. O difícil foi transformar o quarteto
mosqueteiro em uma trupe com química
suficiente para garantir uma trilogia, o que
provavelmente não é o caso. Falta liga entre
os atores na maioria das cenas, disfarçadas
pela exuberância visual.
Efeitos visuais
Isso porque Paul W. S. Anderson sabe que
está fazendo um produto cujo público, em sua
maioria, desconhece a história de Dumas, jovens abaixo dos 25 anos. Por isso, caprichou
nos efeitos visuais ao estilo videogame, pois é
isso que importa para esta nova geração. São
tantos os efeitos visuais e tamanha a imaginação das batalhas aéreas que o longa está mais
para ficção-científica do que aventura histórica.
D’Artagnan (Logan Lerman), ao lado de Athos
(Matthew MacFadyen), Porthos (Ray Steven-
son) e Aramis (Luke Evans) enfrentam vilões
ainda mais excêntricos que as versões anteriores, como a repaginação de Milady (cujo diretor
a chamou de “Bond Girl do século 17”) e Rochefort (Mads Mikkelsen), sem falar em Richelieu,
cuja interpretação por Christoph Waltz é meio
apagada, dando saudade de seu vilão nazista
vencedor do Oscar por “Bastardos Inglórios”.
Orlando Bloom faz o Duque de Buckingham,
inimigo inglês dos mosqueteiros, cujo objetivo
é conquistar o continente todo, nem que seja
por meio de uma guerra. “Os Três Mosqueteiros” foi rodado na Bavária, nas poucas cenas
não-computadorizadas, visto que o filme é
inteiramente pensado para 3D, embora esteja
sendo lançado também na versão tradicional.
Trata-se de uma produção conjunta entre a
Alemanha e os Estados Unidos. Isso porque
uma parte considerável do dinheiro do filme
veio de fontes alemãs, como o Bavaria Bank
Fund, TV Fund, Berlin-Brandenburg Medienboard e German Film Board. Para compensar
a grana, no início do filme aparecem reinos
europeus da época e um fictício chamado
Wurtzburgo. Trata-se de uma cidade onde
grande parte do filme foi rodado, na região
da Bavária (ou Baviera). No lugar do Palácio
de Versalhes, onde acontece a trama original,
entrou o palácio Fürstbischöfliche Residenz,
também desta região da Alemanha.
O resultado é um filme que remete muito
pouco à obra de Alexandre Dumas, porém
completamente adaptada às exigências das
novas gerações tecnológicas do século 21, o
que pode garantir uma boa bilheteria. Os investidores ainda não deram sinal verde para o
segundo filme –temerosos com o retorno do
primeiro. Enquanto isso, Paul W. S. Anderson trabalha naquilo que se tornou sua melhor fonte de dinheiro da carreira, a franquia
“Resident Evil,” cujo novo filme, “Resident
Evil – Retribution”, já está sendo produzido.
E protagonizado pela mulher dele, claro.
Remakes
Enquanto isso, Hollywood se prepara para
lançar outros remakes de tramas que já rodaram as telonas muitas vezes. No Natal deste
ano, a Disney lança “Os Muppets”, provavelmente em 3D, da história que tomou conta da
TV nos anos 1980 e já faturou alto nos cinemas
nos anos 1970 e nos anos 1990. Também para a
época das férias vem o terceiro filme de outra
franquia, “Alvin e os Esquilos 3”, sem falar na
versão de Steven Spielberg para outra história
de sucesso falado em francês, “As Aventuras
de Tim Tim”, do belga Georges Prosper Remi,
com Jamie Bell e previsto para estrear em janeiro no Brasil. E para não dizer que falta originalidade nos remakes, que tal fazer um combo
de remakes? É o caso de “Os Vingadores”, filme
que estreia em abril de 2012, reunindo os heróis de Homem de Ferro, Capitão América,
Thor e Hulk, entre outros, estrelando Robert
Downey Jr., Scarlett Johansson e Samuel L. Jackson. Batman? Homem Aranha? Calma, eles
também voltam em 2012. Hollywood não iria
deixar de fora seus campeões de bilheteria.•