“Chefe” e “Funcionário”: os dois mundos [PARTE 1]
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“Chefe” e “Funcionário”: os dois mundos [PARTE 1]
“Chefe” e “Funcionário”: os dois mundos [PARTE 1] Você é um empresário? Então esse artigo cabe muito bem. Mas se você for um colaborador, ótimo, o artigo cairá da mesma forma. A ideia desse texto é trazer a realidade entre esses “dois mundos”, um mundo do “chefe” e outro do “funcionário”. É muito comum o empreendedor sempre reclamar de seus colaboradores e é muito comum os colaboradores reclamarem dos empreendedores. Mas por que isso acontece? Vamos voltar no tempo para entender. Antes da Revolução Industrial a estrutura de comercialização era completamente diferente. Eram pequenos produtores ou agricultores que produziam em baixa quantidade e tinha poucos funcionários, eram mais conhecidos como mestres e aprendizes. Os dois tinham contato direto com toda a fase de produção e com o cliente. Tanto o mestre quanto o aprendiz se sentia muito útil, pois sabia o que estavam fazendo, o motivo e ainda obtinha o retorno direto com a satisfação ou não dos consumidores. Mas o que aconteceu depois da Revolução Industrial? O mundo empresarial foi transformado, o objetivo central passou a ser o aumento da produtividade e diminuição de preços. Mas como isso pode acontecer? Com a famosa departamentalização, ou seja: para ser mais produtivo contrata-se um grupo de trabalhadores para atuar em uma determinada área. Esse modelo dispensa explicação, pois ele é utilizado até hoje. O que precisamos destacar é a conseqüência disso. O “aprendiz” de hoje não tem mais um conhecimento de todo o processo, é como se tivesse um “tapa olho de cavalo” para ele não olhar para o lado. Vamos para um exemplo: antes o trabalhador passava por todo o processo, agora ele cuida apenas da área de compras da empresa e não tem contato nenhum com o cliente. A proximidade com o cliente, receber seu feedback está cada vez mais distante. Ao invés de servir ao cliente passou a servir seu chefe. Hoje eu faço compras para agradar meu chefe, bater a meta do departamento. Ora, convenhamos que trabalhar muito tempo para agradar um chefe, não é muito motivador né? Depois as pessoas ainda se perguntam por que existe tanta rotatividade de funcionários! Antes o retorno de seu trabalho era direto, agora as informações do cliente não são extraídas nem pelo vendedor, mas pela área de marketing, que passa para o restante os dados obtidos. Percebe como as coisas ficam muito indiretas? O que é mais motivador? Você fazer uma compra bem econômica e seu chefe falar “parabéns” ou você fazer uma ótima compra e o consumidor falar que sentiu a diferença? Outra questão extremamente importante é Kaminski Avalca - Consultoria Empresarial | 41 8821 3080 | 41 9129 0033 | [email protected] |www.abrindoportas.com ressaltar que hoje, os chefes “mandam” nos funcionários, ou seja, você é contratado para fazer uma coisa que outra pessoa pensou e mandou, muitas vezes sem conseguir questionar. Pergunto novamente, você gosta de fazer o que os outros mandam? Por que na vida profissional seria diferente? Agora vocês devem estar perguntando “mas para que tudo isso? O mundo não é assim hoje? Manda quem quer e obedece quem tem juízo?” A resposta pode até ser positiva, mas não venha reclamar depois sobre funcionário descomprometido, colaborador que sai depois de um ano de empresa e outras reclamações que se tornam cada vez mais comuns. Um empreendedor de verdade não fica acomodado com tal situação, ele gosta de desafiar, mostrar que as coisas podem e devem ser diferentes. As empresas precisam mudar, pensar diferente. Devemos pensar em nossos colaboradores como preciosos para o desempenho de toda a empresa, independente da função que exercer. Afinal se não fossem eles, sua idéia, empreendedor, nunca sairia do papel. Portanto a empresa deve ser agradável para o empresário e colaborador. Mas como faço isso? Parece ser muito complicado, e é mesmo, na verdade a solução é simples, mas colocar em prática é muito complexo, pois você irá quebrar vários dogmas de gestão moderna que são vistas como excelentes há muito tempo. Mas as coisas mudam, as pessoas mudam e as empresas e gestão devem mudar. Infelizmente a maioria das empresas muda sua gestão apenas quando estão com problemas e muitas vezes pode ser tarde demais. Devemos pensar no futuro, o que o profissional de hoje e do futuro esperam. Baseado em tudo que dissemos agora, as pessoas precisam ganhar autonomia dentro da empresa, sentir que faz a diferença. Mas como fazer isso? Primeiro passo: acabar com cargos de gerentes, supervisores, ou cargos semelhantes! Mas isso não vai tornar uma zona a empresa? Como vou conseguir ter ordem sobre as pessoas? Pense: será que as ordens devem realmente vir de cima? Quem vai realizar a atividade? É o gerente ou presidente que está em contato direto com o cliente ou produto final? São eles que colocam a mão na massa e sabem do dia-a-dia? É normal encontrar vários exemplos de chão de fábrica que tiveram que improvisar para resolver problemas que não eram identificados pelos superiores. Então porque essas responsabilidades vêm de cima? Muitas ideias que os superiores têm são boas, mas na maioria das vezes, alguém lá “embaixo” já pensou, ou ainda está tarde, e apenas são uma resposta a um acontecimento muito marcante e perceptível. Kaminski Avalca - Consultoria Empresarial | 41 8821 3080 | 41 9129 0033 | [email protected] |www.abrindoportas.com É exatamente por pensar diferente que empresas como Gore, Google, Toyota ganham destaque. Eles dão autonomia, responsabilidade suficiente para quem está lá embaixo (se é que existem em cima e embaixo nessas empresas) pensar em mudanças, inovações e colocá-las em prática. Vamos mostrar como empresas conseguiram fazer isso. A Toyota é a fabricante de carros mais lucrativa do mundo, como entrar em um mercado tão competitivo e de difícil entrada e ainda obter lucro? A Toyota é uma das empresas que mais ouve seus funcionários, todos, desde o chão de fábrica até o presidente dão opiniões, e mais, todas são ouvidas, discutidas e elogiadas. Para criar uma cultura de participação de funcionários, você deve elogiar todas as ideias, por mais boba que pareça, o colaborador não deve ter receio de contribuir. Em 2005, a empresa recebeu mais de 560 mil ideias de melhoria dos funcionários japoneses. Com essa política e essas ideias que ao longo da história a Toyota conseguiu diminuir custos, aumentar qualidade, produtividade, melhorar o ambiente de trabalho e conseqüentemente maior satisfação de seus colaboradores. Agora “imagine um varejista em que os funcionários da linha de frente decidem o que estocar; em que a pressão por desempenho vem dos colegas e não dos superiores; em que as equipes, não os gerentes, têm poder de veto sobre novas contratações; e em que praticamente todo funcionário sente como se estivesse administrando um pequeno negócio”*. Sim, isso é possível e deu muito certo. A Whole Foods, um mercado de produtos naturais e orgânicos, conseguiu mudar completamente o modelo de gestão de uma empresa convencional. Resultado disso? Além de ser um dos mercados que mais cresce, os funcionários têm uma motivação excepcional, pois eles sabem que o sucesso depende muito deles e são reconhecidos por isso, quem poderia imaginar que ia ser contratado para ser caixa de um supermercado e ao mesmo tempo se preocupar com o preço dos produtos, ou quais produtos a loja deve comprar. São com ideias e atitudes como essas, que em um primeiro momento causa um grande impacto e uma desconfiança enorme de quem lê que as empresas acabam se diferenciando e conseguindo transformar a empresa em algo completamente diferente, fazendo com quem tanto os colaboradores quanto os empresários gostem e tenham vontade de acordar todos os dias para fazer o melhor para a empresa. Quer saber um pouco mais sobre essas empresas? E outros exemplos como Google, Gore e KaminskiAvalca? No próximo “capítulo” deste artigo abordaremos com mais detalhes Kaminski Avalca - Consultoria Empresarial | 41 8821 3080 | 41 9129 0033 | [email protected] |www.abrindoportas.com esses exemplos, mostrando como colocar em prática. Por ora, apenas reflita nas informações anteriores e veja se muito se encaixa na sua empresa, se a resposta for sim, ou seja, se em sua empresa os funcionários sempre reclamam dos chefes e vice-cersa, então comece a pensar em como mudar e leia a próxima parte deste artigo. *Texto tirado do livro “O Futuro da Administração” de Gary Hamel Kaminski Avalca - Consultoria Empresarial | 41 8821 3080 | 41 9129 0033 | [email protected] |www.abrindoportas.com
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