Edição 56 - Superpedido Tecmedd

Transcrição

Edição 56 - Superpedido Tecmedd
VERSOS LIVRES
Em entrevista exclusiva, Fernanda Young fala sobre seu retorno à poesia,
gênero que ajudou a definir sua vida e sua carreira
Editorial
Editorial
Editorial
pág. 2
Fazer acontecer
Cartas
A esta altura dos acontecimentos políticos, econômicos,
sociais e culturais no Brasil, falar em instabilidade ou
crise é chover no molhado. E, bem sabemos, não há
solução imediata à vista – os cenários de retomada
debatidos por especialistas na televisão, nos jornais,
no rádio ou na internet parecem peça de ficção, de tão
distantes que parecem da realidade.
Parabenizo a revista Superpedido por relembrar a memória de Ayrton Senna em sua matéria de capa (edição
55). Mesmo duas décadas depois de sua morte, o exemplo que ele deixou ainda é uma inspiração viva para todos os brasileiros.
Carla de Almeida Petrucci
São Paulo-SP
Pior do que tudo isso, porém, é fechar os olhos para os
problemas. Desistir não pode ser uma opção para quem
acredita em sua própria força. Por isso, nesta edição
preparamos um cardápio dos mais realistas: textos e
artigos especialmente selecionados para levar o leitorlivreiro a uma reflexão acerca de seus próximos passos,
neste momento de tantas incertezas.
Os textos de Reinaldo Polito tem me surpreendido pelo
ecletismo. Descobri que ele é um mestre não apenas na
parte de oratória, que é sua especialidade, mas também
na arte de contar histórias. Espero pelos próximos!
Ricardo Silva Amaro
São Paulo-SP
É impossível ignorar que a situação é delicada – como
nos mostram os dados do Painel das Vendas de Livros
no Brasil (página 32). Mas é possível, e necessário,
saber que há armas para encarar esse desafio. No setor
de boas notícias do mercado, que tal a chegada de dois
novos livros do universo Harry Potter (página 4)? Ou
que a adaptação de A garota no trem chegará às telas no
segundo semestre.
É importante não wdescuidar também das (boas)
atitudes, e por isso abrimos espaço para dois lançamentos
– O viés otimista (página 26) e O lado difícil das situações
difíceis (página 36) – e suas pertinentes colocações.
Agora? É com vocês. Com todos nós.
Celso de Campos Jr.
Editor
Ligue para a
SuperPedido
São Paulo
11 3505-9788
pág. 3
Zoom
Zoom
Zoom
Em filme
Um dos grandes sucessos editoriais de 2015,
o arrepiante A garota no trem continua sua boa
marcha das livrarias em 2016 – e a tendência
é que o vagão acelere ainda mais no segundo semestre. Afinal, a obra, lançada no Brasil pela Record, ganhará as telas do cinema,
na aguardada adaptação estrelada por Emily
Blunt e dirigida por Tate Taylor (de Histórias
Cruzadas). O lançamento do primeiro trailer deixou os fãs da história em polvorosa,
trazendo cenas enigmáticas ao som de uma
versão lenta da canção Heartless, de Kayne
West. O filme estreia no Brasil em novembro.
A equipe da revista quer ouvi-lo, leitor-livreiro!
Sugestões, críticas e idéias podem ser enviadas ao
e-mail [email protected], ou remetidas
para o endereço da redação. Mãos à obra!
Índice
2
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6
8
10
16
18
22
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26
28
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33
34
36
38
39
Editorial e Cartas
Zoom
Mercado
Humor
Literatura
Capa
Crônicas
Saúde
Em alto e bom tom
Ficções Livrescas
Comportamento
Papo de Escritor
Varejo
Quadrinhos
Internacional
Negócios
Top 100
Top 20
Revista Superpedido
Edição de Mai./Jun. de 2016
Ano XII - Nº56
Essa revista é uma publicação da
Superpedido Comercial S/A
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Superpedido Comercial S/A.
Todos os direitos reservados.
Edição Celso de Campos Jr.
Produção e projeto gráfico Nathália Furlan e Gabriela Silva
Nesta edição colaboraram Custódio, Guilherme Petreca, Reinaldo Polito,
Simon Key e Tiago P. Zanetic
Foto da capa Paulo Ferreira
Ilustrações Estúdio Canarinho
Em livro
Por outro lado, um dos grandes sucessos do cinema em
2016, Spotlight: Segredos Revelados chega agora também às
livrarias de todo o Brasil. A editora Vestígio lança o livro
com todo o relato da investigação da equipe de jornalismo
do Boston Globe sobre os abusos sexuais realizados por pa-
dres católicos em crianças nos Estados Unidos. A chocante
série de reportagens venceu o prêmio Pulitzer e inspirou
a película dirigida por Thomas McCarthy e estrelada por
Michael Keaton, Rachel McAdams e Mark Ruffalo, que
venceu a estatueta de Melhor Filme no Oscar deste ano.
Mercado
Mercado
Mercado
pág. 4
pág. 5
mundial em Londres, no dia 30 de julho. Não se trata
da continuação da série, portanto, já que esta acabou
no sétimo livro; mas a peça está sendo anunciada como
a oitava história de Harry, baseada em um original
inédito escrito por J. K. Rowling, John Tiffany e Jack
Thorne, este o diretor do espetáculo.
A descrição oficial da história é cruel com os fãs,
uma vez que deve causar ininterruptos episódios
de ansiedade. “Sempre foi difícil ser Harry Potter e
não é mais fácil agora que ele é um sobrecarregado
funcionário do Ministério da Magia, marido e pai de
três crianças em idade escolar. Enquanto Harry lida
com um passado que se recusa a ficar para trás, seu
filho mais novo, Alvo, deve lutar com o peso de um
legado de família que ele nunca quis. À medida que
passado e presente se fundem de forma ameaçadora,
ambos, pai e filho, aprendem uma incômoda verdade:
às vezes as trevas vêm de lugares inesperados.”
e foi recebido entusiasticamente não apenas pelos
exigentes fãs da série, mas também pela crítica. De fato,
o trabalho de Kay é de uma riqueza de detalhes quase
sobrenatural, inclusive quando comparado ao trabalho
visual realizado nos filmes – basta ver as amostras que
ilustram esta reportagem.
A volta
da magia
Em outubro, a agitação promete ser ainda maior,
quando as livrarias do país receberão uma história
inédita do bruxinho. Harry Potter and the Cursed Child
parts I and II será, na verdade, a edição especial de
ensaio do roteiro da peça que terá sua pré-estreia
Livrarias brasileiras receberão nos próximos
meses dois dos mais aguardados lançamentos
do universo de Harry Potter
Os próximos meses prometem muitas emoções aos fãs
de Harry Potter e também aos livreiros brasileiros –
não que estes não façam parte da primeira categoria,
evidentemente, por motivos óbvios. Dois dos mais
esperados lançamentos derivados da criação de J.K.
Rowling chegam ao mercado brasileiro, ambos pela
Rocco, e prometem fazer a velha magia voltar às
caixas registradoras.
Em junho, a editora lança a edição em português da
versão ilustrada de Harry Potter e a Pedra Filosofal,
com desenhos do premiado Jim Kay. O livro saiu no
ano passado no Reino Unido e nos Estados Unidos
“Tantos anos após a publicação de Harry Potter
e as Relíquias da Morte, último livro da série que
transformou o mercado editorial mundial e a vida de
tantos leitores, é com grande alegria que trazemos
para o Brasil a 8ª história de Harry Potter”, afirma
o editor Paulo Rocco. Agora é só esperar. Só? Será
que existe algum feitiço para fazer o tempo andar
mais rápido?
pág. 7
Humor
Humor
Humor
algum tempo debatendo a ideia antes de publicá-la.
Acho que o cuidado e o carinho que temos com cada
matéria que vai ao ar é responsável por boa parte do
sucesso que conquistamos.
Qual foi a reação mais bizarra que alguma celebridade teve em relação a alguma notícia postada por vocês?
Martha: A reação definitivamente mais bizarra foi a
do deputado Marco Feliciano, que nos processou.
Marcelo: Tivemos algumas citações extrajudiciais
sobre as quais não podemos falar. Mas os personagens – e, pasmem, veículos de comunicação – que
tentam nos calar são exatamente aqueles que vocês
podem imaginar.
Nelito: O processo, para mim, é o mais bizarro. Felizmente isso só aconteceu duas vezes nos sete anos de site.
Leo: O processo movido pelo deputado/pastor Marco
Feliciano foi um dos momentos mais bizarros. O parlamentar pediu danos morais na Justiça por se sentir “altamente prejudicado, abalado moralmente e torturado
conscientemente” por causa de uma piada que fizemos.
Mas vê-lo perder nas duas instâncias foi também um
dos momentos mais legais da história do site.
As bem-humoradas pérolas quase noticiosas do
portal Sensacionalista chegam às livrarias, com o
lançamento do livro... Sensacionalista, da editora
Belas-Letras. Na entrevista a seguir, os quatro responsáveis pela página – Nelito Fernandes, Marcelo
Zorzanelli, Leonardo Lanna e Martha Mendonça
– revelam os bastidores da criação e do funcionamento do site, que alcançou respeitabilíssima marca de 2,5 milhões de fãs. Não se surpreendam se
as versões dessa história forem conflitantes; afinal,
como eles mostram todos os dias na internet, a verdade é relativa.
Martha: Sim, discutimos cada uma das manchetes
todos os dias. Quem tem a ideia manda para o nosso
grupo do WhatsApp – onde, além de nós quatro, estão
incluídos mais dois colaboradores – e ali aprovamos,
aperfeiçoamos ou deixamos a ideia de lado. Algumas
são rapidamente aprovadas. Outras são lapidadas por
bastante tempo. Mas nosso limite de discussão é o timing do acontecimento.
Como a ironia é interpretada pelo público?
Marcelo: Acho que o maior segredo da nossa receita
é o respeito. Nunca alguém saiu contrariado de uma
discussão no nosso grupo.
Quando surgiu a ideia de criar o Sensacionalista?
Nelito: Em 2009 eu fui demitido do programa no qual
trabalhava na TV e me vi desempregado no humor. Resolvi, então, voltar à internet, onde já tinha feito um
blog de sucesso no passado, o Eu Hein. Como era fã
do The Onion, resolvi fazer uma “versão brasileira”. Já
neste ano, os outros entraram.
Nelito: Temos um sistema de votação das matérias e
nada vai ao ar sem que pelo menos dois de nós gostemos. Não existe hierarquia forte porque num ambiente
criativo isso é ruim. Temos um bordão também que é o
“você acredita”, ao qual podemos recorrer sempre que
alguém acredita muito na piada que não está fazendo
muito sucesso entre os demais. Tem dado certo assim.
Acho que acertamos mais do que erramos.
Leo: A ironia requer alguma inteligência para ser interpretada, e quando o público entende uma ironia ele se
sente cúmplice da piada e geralmente isso se traduz em
likes, compartilhamentos, hahahas e kkkk’s.
A equipe do Sensacionalista é composta por quatro cabeças. Vocês discutem antes de postar uma manchete até
que todos concordem, ou nem sempre existe um consenso?
Leo: Geralmente já estamos tão sintonizados que a
discussão não se faz necessária. Mas quando o assunto é um pouco mais polêmico ou delicado gastamos
Marcelo: Quando temos sorte, com gargalhadas.
Nelito: Se não for com risos é porque falhamos. Não
adianta brigar com o público, achar que as pessoas não
entendem. Quem tem a obrigação de se fazer entender
somos nós.
Vocês esperavam que a ação #RIPSensacionalista – que
anunciou o suposto fim do site – daria tão certo quando
atingiram 1 milhão de seguidores no Facebook?
Martha: Tínhamos esperança de que fizesse bastante barulho, mas foi além do que imaginávamos. Muita gente acreditou e isso serviu para que ficássemos ainda mais conhecidos.
Nelito: Deu tão certo, mas tão certo, que alguns
anunciantes pararam de nos procurar achando
que o site tinha acabado. O mais difícil foi passar um dia sem postar nada, porque o Sensa vicia.
“
Meu sonho sempre foi ter a internet
inteira impressa, para o caso de
um dia o wi-fi cair de vez. Acho que
esse livro é um bom começo
Leonardo Lanna
”
Leo: Quando reunimos um grupo de leitores famosos
para gravar o vídeo da campanha, a ideia era pegar emprestado um pouco da credibilidade deles para que a
nossa brincadeira fosse levada a sério. Aconteceu que
foi levada a sério até demais a ponto de termos sido
procurados pela imprensa e por alguns anunciantes
para esclarecer o fim do Sensacionalista.
O livro é algo eterno. De certo modo, o Sensacionalista está
deixando a sua marca em modo impresso também. Como
vocês encaram essa plataforma?
Martha: É interessante, sim, para nós, que somos um
produto de internet, ter algo impresso. Mas como fui jornalista de veículo impresso por vinte anos, sou suspeita.
Marcelo: Diga isso para a Biblioteca de Alexandria.
Nelito: É bom poder fazer um calço de mesa para o
leitor. Vocês realmente derrubaram árvores para isso?
Leo: Meu sonho sempre foi ter a internet inteira impressa, para o caso de um dia o wi-fi cair de vez. Acho
que esse livro é um bom começo.
Os mais sábios dizem que, se alguém mentir muito, ninguém vai acreditar quando esse alguém falar a verdade.
Qual seria o recado para quem ainda não acredita que o
livro realmente existe?
Martha: A maioria está acreditando, mas estamos quase
fazendo algum tipo de promessa
para aqueles que ainda duvidam.
Nelito: Esse pessoal é engraçado. Acredita em político mas
não acredita na gente.
Leo: O livro existe, sim. E alguns exemplares vêm com uma
nota de 100 reais enfiada dentro
do livro. Vale tentar a sorte.
Literatura
Literatura
Literatura
pág. 8
maduro de um estreante no mercado editorial, cujos
questionamentos vão além dos dilemas tradicionais
encontrados no gênero. Confira a seguir um bate-papo
com o autor.
Como você resumiria a história da trilogia Onze Reis? Podemos classificá-la em algum gênero?
A trilogia Onze Reis pode ser classificada como fantasia. No entanto, eu diria que os elementos fantásticos estão apenas no segundo/terceiro planos. A
ideia central é mostrar uma guerra se aproximando,
e eventualmente tomando todo um continente, e as
consequências que isso causa no povo. Outra ideia
que permeia a saga é o questionamento das crenças.
Vale a pena depositar suas esperanças em uma entidade superior? Vale a pena abdicar da individualidade e
decisão que existe dentro de você, para dar esse poder
a um anjo ou a um deus?
Em Principia, como em outras sagas do gênero, você criou
não apenas uma história, mas um mundo próprio, com novos povos, nomes, mapas, que devem preceder a própria
ação do romance. Pode nos contar um pouco da dinâmica
de um processo criativo como esse? Por onde você começa?
NOVO
MUNDO
Um bate-papo com o escritor Tiago P. Zanetic,
autor da trilogia Onze Reis e revelação da
literatura fantástica nacional
Dentro de uma excelente safra de autores nacionais
dedicados à literatura fantástica, um nome promete
alcançar destaque no radar dos fãs do gênero. Autor
de Onze Reis, que chega ao mercado pela Callis, Tiago P. Zanetic entrega um trabalho de fôlego – um livro
O problema para começar a criação de um mundo é saber onde e quando parar. É muito tentador trazer todas
suas influências, ideias e as colocar ali. Então o importante é criar um universo coeso, com suas regras, e as
respeitar até o fim. É muito fácil se perder nessa parte
do processo, pois são tantos elementos a se trabalhar:
o clima e o relevo de cada região, os costumes de cada
povo, as crenças, etnias, etc. Por isso a pesquisa deve
ser gigantesca, para que cada elemento não te atrapalhe no caminho, ou até mesmo não te contradiga.
A história foi pensada completa, como trilogia, mas você
não escreveu a segunda e a terceira partes antes que o primeiro volume fosse finalmente lançado. Em que pé está o
trabalho agora? A trama como você havia imaginado está
sendo seguida ou os rumos da história podem mudar enquanto você escreve?
Assim que acabei o primeiro volume, eu só tirei alguns
dias para descansar e já pulei para o segundo. Não importando que ainda não tivesse uma editora, eu não
podia me afastar tanto de Relltestra! Estou bem avançado na escrita de Para Bellum, (o segundo volume), e,
dessa vez, não tirarei nem um dia de folga até terminar
o terceiro e último volume! Quanto a segunda pergun-
pág. 9
ta, sim, estou seguindo a trama como a pensei originalmente, mas muitos elementos mudam ao longo do
trabalho de escrita. Parece algo meio místico, ou bobo,
de se dizer, mas os acontecimentos e personagens te
guiam pela história, então cabe a você se deixar levar.
Esse é, sem dúvida, o maior prazer de um escritor.
Quais são seus mestres no gênero da fantasia? E na literatura? Quais as principais influências que ajudaram a conceber e executar Principia?
Posso dizer que J.R.R. Tolkien influencia a todos que se
aventuram no campo da fantasia, mesmo que indiretamente, o que é o meu caso. Também tenho influência
de R.A. Salvatore e Bernard Cornwell (bem, esse não
é tão fantasioso assim…). Mas minhas influências são
as mais diversas, desde Arthur C. Clarke, que escreve
ficção científica, até Chuck Palahniuk, que bem, é um
caso à parte... No caso de Principia, minhas influências
foram bem peculiares, em se tratando de seu gênero:
Vitor Hugo, com seu Os Miseráveis e O Livro dos Cinco Anéis de Miyamoto Musashi, ambas pelo incrível
desenvolvimento de personagens. E como em minha
obra trabalho com mais de um ponto de vista, Um Longa Queda de Nick Hornby foi um livro importante, ao
me mostrar de forma simples como cada núcleo pode
soar diferente do outro.
Pode nos contar um pouco a história de outra saga – a de
escrever e publicar seu livro no Brasil? A trilogia sai pela
Callis, editora muito respeitada pela seleção de conteúdo.
Como foi chegar até ela, e quais as batalhas que você venceu no caminho?
“
Parece algo meio místico,
ou bobo, de se dizer, mas os
acontecimentos e personagens
te guiam pela história, então
cabe a você se deixar levar
”
O gosto pela leitura eu descobri muito cedo, aos seis
anos, por incentivo de minha mãe, e foi uma paixão arrebatadora. Quanto mais eu lia, mais eu desenvolvia o
sonho de contar minhas histórias, mas nunca me achei
capaz. O que é bastante comum em pretensos escritores. Mas eu sempre digo: basta começar a pesquisar,
escrever e se aperfeiçoar. Diria eu que essa é a parte
fácil, a mais difícil é conseguir ser publicado… Eu demorei dois anos para escrever Principia, e, desde os
primeiros capítulos, comecei uma pesquisa extensa
sobre o mercado literário brasileiro, editoras, autores
de destaque, etc. Me aprofundei bastante no tema,
o que me facilitou muito na hora em que tive, finalmente, o manuscrito em minhas mãos. Imprimi três
cópias de meu livro, enviei para três editoras, sendo
que recebi resposta de duas em menos de um mês. O
que foi sensacional! Mas sei que fui um caso quase
isolado, pois a demora na avaliação de manuscritos
pode demorar até alguns anos. O que não é demérito
algum, é claro. Eu só tive a sorte dos “planetas se alinharem” para mim.
“
Vejo que, principalmente, o
público mais jovem tem um
gosto muito grande pela leitura.
E eles não se assustam com o
tamanho dos livros
”
O primeiro volume de Onze Reis tem quase 500 páginas;
no total, a trilogia deverá ultrapassar a casa das milhares.
Para você, o que isso diz a respeito da crença que a leitura
anda em baixa entre os jovens brasileiros? Concorda com
essa ideia?
Muita gente diz que o brasileiro não lê, o que é até certo
ponto correto. Mas vejo que, principalmente, o público
mais jovem tem um gosto muito grande pela leitura.
E eles não se assustam com o tamanho dos livros, só
querem consumir boas histórias, inclusive tendo bastante gosto por sagas com diversos volumes. Tenho
recebido muitos e-mails e mensagens justamente de
leitores na faixa dos 12 e 13 anos, o que me surpreendeu bastante! Não podia estar mais feliz com isso, pois
me fez perceber que fiz algo
que conversa com todas as
idades. Creio que, pelo menos, a vontade de ler existe
em quase todas as pessoas,
mas acho que muitas vezes
falta o incentivo certo, ou
até mesmo acesso aos livros, o que é uma questão
complicada e delicada.
pág. 11
Capa
Capa
Capa
Capa
Capa
Capa
Um exercício de
libertação
A mão esquerda de Vênus, novo livro de Fernanda Young, reúne poesias
que desnudam, assustam e libertam a alma da escritora
Sou um órgão
Transplantado.
Era para ser a costela
fêmea, mas virei
Um totem, um crânio de
princesa mumificado.
À luz da lua, eu fosforeço
em seu peito.
Foto: Marcus Steinmeyer
As palavras são a matéria-prima do trabalho de Fernanda Young, como bem sabe o público que as lê em
nas narrativas de seus livros ou as ouve na fala dos
atores e atrizes que interpretam seus textos na televisão, no teatro ou no cinema. Poucos imaginam, porém,
que a poesia foi a pedra fundamental em na carreira
de Fernanda Young – ou, mais precisamente, em sua
vida, já que o gênero a ajudou a superar sua antiga sua
dificuldade de ler e compreender a escrita. “A língua
portuguesa nunca me deixou desistir. Sou uma romancista que escreve roteiros, que atua caso precise contar
uma história, mas que começou escrevendo poemas,
na verdade, devido à dislexia.”
Não estranhem, portanto, a relação tão visceral com
seu mais recente lançamento, A mão esquerda de Vênus,
com a qual a escritora marca sua estreia na GloboLivros. A intimidade de Fernanda está não apenas seus
versos, mas também em seus desenhos, anotações,
fotografias e bordados, material pessoal aproveitado
no livro pelo designer Daniel Trench, responsável pelo
projeto gráfico da obra.
“Poesia é mesmo uma estrutura cruel, visto que, se não
conseguimos ler corretamente um poema, ele não fará
sentido algum. Há versos que, sozinhos, contam pági-
Quiçá sou eu, sim, eu.
Eu mesma. Sofisticada e
Demencial. Essa que fala
Demais e diz que te ama,
Que não quer ir, e não quer
Ficar aqui.
Esse aqui que vaga e
Ressente.
nas e páginas de uma história; outros encerram, na medida cirúrgica, exatamente o que querem dizer. É como
se um romance coubesse ali”, afirma a autora, que reúne
no livro poemas criados nos últimos dez anos – Fernanda tem 11 obras publicadas em duas décadas, mas só
havia publicado um livro de poemas, Dores do amor romântico, em 2005.
Curiosamente, A mão esquerda de Vênus nasceu de um
“encontro”. Há alguns anos, a escritora e sua irmã Renata Young descobriram, em uma caixa cheia de livros
de sua amiga Monica Figueiredo, um maço de cartas
amarrado em uma fita de cetim. Eram cartas de amor
instigantes e misteriosas de Laurinha, mãe de Monica.
Devidamente autorizada pela filha da protagonista a
seguir com a leitura, Young acredita que a identificação
com a autora daquelas cartas, tardiamente descobertas,
foi o elemento desencadeante do livro.
Revelada nas cartas e diários escritos por Laurinha desde a adolescência até antes de sua morte, aos 69 anos, a
história de amor vivida pela amiga provocou em Young
uma profusão de sentimentos e sensações que a artista eterniza em sua arte poética. Na entrevista a seguir,
Fernanda fala um pouco mais deste lançamento, de sua
carreira e de como a poesia a desnuda.
pág. 13
Capa
Capa
Capa
Você já afirmou que, desde pequena, se considerava uma
escritora – e é assim que, ainda hoje, você se define em
primeiro lugar. O que significa escrever para você? Que
sentidos as palavras libertam?
Sou escritora. Depois disso, posso me afirmar mãe.
No mais, não sou mais nada. Sou livre! A literatura
me salvou, ainda me salva, sou devotada, apaixonada,
jamais me sentirei à altura dessa língua perfeita, por
isso irei sempre escrever e testar os limites. As palavras me excitam.
Já se vão vinte anos desde o lançamento de sua primeira
obra, Vergonha dos pés. O que mudou na Fernanda escritora de lá para cá – se é que algo mudou, evidentemente?
Muita coisa mudou, mas ainda reconheço aquela que escreveu Vergonha dos pés; sou ainda a mesma na teimosia,
nos temas obsessivos – amor, tempo e morte –, mas acredito estar mais corajosa, e com certeza menos ingênua.
“
A literatura me salvou, ainda
me salva, sou devotada,
apaixonada, jamais me
sentirei à altura dessa língua
perfeita, por isso irei sempre
escrever e testar os limites.
”
Você tem uma carreira extremamente agitada, mas sempre
encontra espaço para os livros. Como eles se encaixam nesse quebra-cabeça multimídia que é sua vida profissional? E
como eles a completam?
Tento não ficar mais de três anos sem lançar um livro,
o que significa que estou sempre escrevendo. O que me
frustra um pouco. No início da minha carreira, cheguei
a publicar três livros em dois anos. Eu vivia para a literatura. Mas a literatura não me permite pagar as minhas
contas, e com tantos filhos, as contas são altas. Mas vivo
de contar histórias, por isso insisto em dizer que sou
Mais de uma década depois, um novo livro de poesia.
Voltar ao gênero foi uma necessidade ou uma oportunidade? E o que a poesia revela que a prosa não consegue transmitir?
Poesia desnuda. Como acho a liberdade um exercício necessário e constante, eu me entrego a essa nudez. Posso
ficar muito tempo sem escrever poesia. Como posso escrever vinte poemas em poucos meses, como aconteceu
em A mão esquerda de Vênus. Eu disse que não iria mais
publicar poesia. Agora, diante desse novo livro, me sinto
assustada, e tenho vontade de proferir essa
mentira mais uma vez.
Como que para me proteger, ou me desculpar.
Você prepara também
um novo romance, O
piano está aberto, que
deve ser lançado ainda
este ano. O que pode
adiantar dessa obra
para os leitores?
É sobre uma história de
amor proibida, antiga, triste em sua covardia. Sobre a depressão. Sobre como a depressão pode se transformar em
arte. A personagem toca lindamente piano quando está em
crise. E torna-se um círculo vicioso. É sobre vícios. Sobre
segredos familiares. Sobre amor.
“
Eu disse que não iria mais
publicar poesia. Agora,
diante desse novo livro, me
sinto assustada, e tenho
vontade de proferir essa
mentira mais uma vez.
”
A literatura pop hoje se tornou um dos pilares do mercado editorial, com excelentes vendagens – mas nem sempre foi assim. No Brasil, seu trabalho foi um dos pioneiros nesse segmento, e você declarou que chegou a sofrer
com um certo preconceito, ou ao menos má vontade,
da parte de escritores da literatura mais tradicional...
Como lidou com essa situação? E como vê o retumbante
sucesso de público de autores contemporâneos, com temática jovem, desinibida, atrevida?
Eu achei que ao envelhecer a implicância diminuiria, mas desconfio que ainda existe um segmento
da cultura que não aguenta a iconoclastia do meu
trabalho. E isso até me alegra. Espero que eu possa
inspirar sonhadores, autores que não vieram de um
meio intelectual e que conseguem, com destemor,
trilhar uma linguagem. Acho que fiz isso, e tomara
que sempre seja essa que causa ruído. Não me constranjo da minha história, e acredito que todas as histórias valem livros.
No ano 2000, você lançou um romance chamado As
pessoas dos livros. Para você, quem são as pessoas dos livros? E qual a importância delas para o mundo de hoje?
E para o mundo dos nossos filhos?
Somos nós, você que está me entrevistando, você que
está lendo a entrevista, que deseja ler meu livro, ou outro
livro, que sabe que a elegância de quem lê é incomparável
e que todos merecemos esse prazer. É quem publica, edita, revisa, faz a capa, divulga. Eu ainda acredito que no
Brasil há leitores! E que há leitores para livros de poesia!
Nas duas páginas a seguir, reproduzimos duas páginas de A
mão esquerda de Vênus, com o material original de Fernanda Young aproveitado pelo designer Daniel Trench.
Fotos: Paulo Ferreira
apenas escritora. Uso vários formatos, mas estou sempre em função do verbo, da língua portuguesa. Sinto-me
grata por ser uma autora de vários formatos, e tenho
certeza de que tenho muitos leitores. Sou afortunada.
Estou sempre exausta, mas sou uma artista brasileira
que pode afirmar estar satisfeita.
Capa
Capa
Capa
pág. 15
pág. 16
Crônica
Crônica
Crônica
pág. 17
duras que lhe deixaram marcas na mão direita. Já quase
nada tinha da jovialidade de antes, embora continuasse
perturbadora em sua natural dramaticidade. Depois de
ouvir dela algumas palavras carinhosas, decidi revelar-lhe como me fascinara em nosso primeiro encontro.
– Você era linda, tão linda que saí dali apaixonado.
– Quer dizer que eu “era” linda?
– E ainda é – apressei-me em afirmar...
Terminada a entrevista, despedimo-nos carinhosamente, mas no dia seguinte ela ligou de novo. Queria encontrar-me para conversar. Fui até sua casa, no
Leme, e de lá fomos caminhando até a Fiorentina, que
ficava perto.
Lembro-me de que Glauber Rocha, vendo-nos ali, veio
sentar-se à nossa mesa e começou a elogiar o governo
militar. Clarice me olhava com espanto, sem entender.
Ele, depois daquele discurso fora de propósito, mudou
de mesa.
“
Nos dias que se seguiram,
não conseguia esquecer seus
olhos oblíquos, seu rosto de
loba com pômulos salientes
Presença de
Clarice
Por FERREIRA GULLAR
Meu primeiro encontro com Clarice Lispector foi numa
tarde de domingo na casa da escultora Zélia Salgado,
em Ipanema, creio que em 1956. Eu havia lido, quando
ainda vivia em São Luís, o seu romance O lustre, que
me deixara impressionado pela atmosfera estranha e
envolvente, mas a impressão que me causou sua figura
de mulher foi outra: achei-a linda e perturbadora. Nos
dias que se seguiram, não conseguia esquecer seus olhos
oblíquos, seu rosto de loba com pômulos salientes.
Voltei a encontrá-la, pouco tempo depois, no Jornal do
Brasil, durante uma visita que fez à redação do “Suplemento Dominical”. Conversamos e rimos, mas não voltamos a nos ver num espaço de uns dez anos. De fato,
só voltei a encontrá-la logo após voltar do exílio, em
1977. Ela ligou para minha casa: queria entrevistar-me
para a revista Fatos & Fotos, para a qual colaborava naquela época.
Clarice já era então uma mulher de quase sessenta anos,
marcada por acidente que resultara em sérias queima-
”
– Ele veio provocar você – disse Clarice. – Com que intenção falou essas coisas?
queria que você a visse no estado em que estava”. Pode
ser, mas, de qualquer forma, até hoje lamento não ter
podido vê-la uma última vez.
Dois ou três dias depois do recado, ela morria. Ao sair
do banho, pela manhã, alguém me informou: “Clarice
Lispector morreu”. De viagem marcada para São Paulo, entrei num táxi que me levou pela lagoa Rodrigo de
Freitas. Não poderia ir a seu sepultamento. O táxi corria dentro de uma manhã luminosa, enquanto a brisa
balançava alegremente os ramos das árvores. Clarice
morrera e a natureza o ignorava. No avião, escrevi um
poema falando nisso. Que mais poderia fazer?
Alguns meses atrás, quando aceitei fazer a curadoria da
exposição sobre ela, no Museu da Língua Portuguesa,
todas essas lembranças me acudiram. Ia ser bom voltar
a pensar nela, reler seus livros, pois é neles e só neles que é possível reencontrá-la agora e nunca naquele
saárico túmulo do Cemitério Israelita do Caju, aonde
certo dia, sob sol escaldante, fui, com Cláudia Ahimsa,
visitá-la. Não havia Clarice nenhuma sob aquela laje de
pedra, sem flores. E não havia porque, de fato, o que
Clarice efetivamente foi, o que fazia dela uma pessoa
única e exasperada, era sua patética entrega ao insondável da existência – e a necessidade de escrever, de
tentar incansavelmente dizer o indizível, mas certa de
que, ao torná-lo dizível, o dissiparia.
Não obstante, isso era tudo o que valia a pena fazer
na vida, conforme afirmou: “Quando não escrevo,
estou morta”.
Em compensação, quando a lemos, ressuscita.
– Glauber agora cismou de defender os milicos. É piração.
Depois dessa noite, voltei a vê-la num encontro que
ela promoveu em sua casa com alguns amigos, entre os
quais Fauzi Arap, José Rubem... Foi a última vez que a
vi. A roda-viva daqueles tempos me arrastou para longe dela, em meio a problemas de toda ordem, crises na
família, filhos drogados, clínicas psiquiátricas. De repente, soube que ela havia sido internada num hospital em estado grave. Localizei o hospital, telefonei para
o seu quarto e acertei com a pessoa que me atendeu
ir visitá-la no dia seguinte. Mas, ao chegar à redação
do jornal, antes de sair para a visita, a telefonista me
passou um recado: “Clarice pede ao senhor que não vá
vê-la no hospital. Deixe para visitá-la quando ela voltar
para casa”. E se ela não voltasse mais para casa? Dobrei
o papel com o recado e guardei-o no bolso, desapontado. Àquela noite, quando contei o ocorrido a minha
mulher, ela explicou: “Clarice, vaidosa como era, não
Esta crônica faz parte do livro A alquimia na quitanda
– Artes, bichos e barulhos nas melhores crônicas do
poeta, lançamento da Três Estrelas que reúne uma
seleção de textos publicados por Ferreira Gullar na
Folha de S.Paulo. Os textos
formam um mosaico de
importantes rememorações
biográficas, narradas com
paixão e humor: a infância
no Maranhão, a descoberta
da poesia, a revolução do
movimento neoconcreto, a
criação de suas principais
obras, o engajamento
comunista e o exílio
durante a ditadura militar.
Saúde
Saúde
pág. 18
Saúde
pág. 19
SARDINHA
A sardinha é um peixe pequeno e gorduroso e está
entre os melhores peixes para a saúde, inclusive no
campo do sobrepeso, pois sua carne tem um grande
poder de saciedade.
Características nutricionais gerais.
Com a bênção de Dukan
Novo livro do aclamado guru das dietas detalha propriedades
de 100 alimentos permitidos em seu famoso método
Chega às livrarias de todo o Brasil uma nova obra de
Pierre Dukan, o aclamado médico francês que emagrece
pessoas e engorda caixas registradoras: Os 100
alimentos permitidos, lançamento da editora Best Seller.
São 66 proteínas puras (carnes, peixes, frutos do mar,
proteínas vegetais e laticínios 0% gordura) e 34 legumes
e verduras adicionais que podem ser usados durante as
fases do chamado Método Dukan.
Cada um dos alimentos é esmiuçado em suas
propriedades e funções benéficas; saudáveis e
nutritivos, esses ingredientes podem ser consumidos
à vontade e caem bem em diversas ocasiões, como
mostram as receitas originais propostas no livro
– confira nesta matéria um exemplo de alimento
incluído na obra.
Além de enriquecer o cardápio dos adeptos de sua metodologia de emagrecimento, o francês ainda induz o
leitor a uma reeducação alimentar
duradoura que não apenas reduz
os indicadores da balança, mas
também aumenta a satisfação e o
bem-estar, tanto à mesa quanto
fora dela. Um prato cheio para o
número cada vez maior de pessoas
que busca uma vida com mais saúde e equilíbrio.
No plano nutricional, a gordura da sardinha tem uma
qualidade excepcional (poli-insaturada) e é muito rica
em ômega 3. O teor de gordura da sardinha varia entre
3% e 17% de acordo com a estação, mas, na maioria
das vezes, fica em 9%, o que é pouco comparado ao
teor de gorduras da carne bovina, 12%. A sardinha
é um bom fornecedor de cálcio, especialmente em
conserva, e, assim, é muito útil para as mulheres em
menopausa e sobrepeso.
Papel na dieta Dukan
Na minha dieta, considero a sardinha como um
dos melhores alimentos, graças ao seu poder de
saciedade e ao fato de possuir gorduras de qualidade
excepcional. Além disso, por conta de seu preço baixo
e suas diversas apresentações em conserva (com
tomate, limão, ao molho escabeche, com azeite, mas
também a não muito conhecida sardinha em conserva
sem molho).
Modos de preparo na dieta Dukan
A sardinha pode ser preparada de inúmeras formas
e o preparo em conserva pode ser bastante refinado,
caso seja bem escolhido. Também pode ser preparada
grelhada, se possível, em uma churrasqueira, ou ainda
na frigideira, sem qualquer necessidade de se adicionar
gordura. Para quem não consegue suportar o cheiro da
sardinha, o cozimento pode ser feito embrulhando-a
em papel-alumínio, com limão siciliano e coentro. A
sardinha crua também é muito boa quando marinada:
uma camada de peixe sobre uma camada de alho, salsa
e limão siciliano.
Sardinhas à calabresa
Tempo de preparo: 10 min
Tempo de cozimento: 12 min
Para duas pessoas
Ingredientes
- 12 sardinhas frescas
- 200g de molho de tomate
- 3 dentes de alho amassados
- Suco de 1 limão siciliano
- 8 tomates-cereja
- 8 ovos de codorna cozidos
- Páprica
- Sal, pimenta-do-reino
Preparo
Em uma panela, despeje o molho de tomate, o suco
de limão siciliano e o alho amassado. Cozinhe em fogo
alto durante 5 minutos.
Em uma frigideira, doure as sardinhas – previamente
temperadas com sal, pimenta do reino e páprica – por 2
minutos. Vire o peixe na metade do tempo de cozimento.
Despeje o molho de tomate sobre as sardinhas.
Adicione os ovos e os tomates cortados pela metade.
Esquente por cerca de dois minutos.
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Alto
tom
Altoeebom
bom tom
Alto e bom tom
o diabo foge da cruz, para não passarem vergonha.
História, geografia, turismo, Kama Sutra, da mais remota antiguidade à mais presente contemporaneidade só dava ele.
Tio Virgílio ficava na dele. Só observando. Experiente,
sabia que o garoto era diferenciado, mas que suas conquistas verbais já estavam subindo à cabeça. Precisava
de um corretivo. Urgente. Para o bem dele.
Preparou um esquema. Consultou com paciência a
enciclopédia, quando ninguém estava por perto. Estudou meticulosamente um assunto que sempre o
fascinara – psicologia.
Não havia cursado faculdade nessa área, mas seu interesse pelo assunto era tamanho que se especializara. Estava pronto para dar a lição ao sobrinho.
Durante o jantar, como quem não queria nada, começou
a levar a conversa para o campo das novas descobertas
sobre a mente. Danilo não percebeu a artimanha porque
sabia que o tio era chegado no assunto. O que Virgílio
não tinha conhecimento era que o sobrinho passara a se
interessar por psicologia por sua causa. E sozinho também se aprofundara no tema.
Conversa vai, conversa vem, Freud pra cá, Jung pra
lá, e pimba. Virgílio assume uma posição radical sobre sincronicidade. Era contra. Não concordava com
as teorias Junguianas.
Para ele era tudo coincidência. Como estava bem embasado, matou a pau. Danilo esperneou, passou por
todos os defensores da polêmica teoria, mas qual o
que, Virgilio estava soberano. Ganhou.
Desculpe, foi engano
Por REINALDO POLITO
Danilo era um menino precoce, cheio de certezas. Com doze
anos já havia acumulado um punhado bem contado de vitórias dialéticas que o empurrava naturalmente à soberba.
Era só alguém, fosse de que idade fosse, ousar enfrentá-lo numa discussão que uma de suas sobrancelhas se
erguia em espécie de vírgula, demonstrando que estava
pronto e feliz pela oportunidade de digladiar.
Moleque esperto, antenado, com chip tecnológico de
nascença, promovendo dia a dia upgrade no cérebro.
O cara era imbatível. Os “normais” fugiam dele, como
Pela primeira vez Danilo havia sofrido uma derrota.
Andava cabisbaixo, deprê. Não comia, não dormia direito, não queria mais saber da namorada. Se continuasse assim talvez até mudasse para um namorado.
Virgílio ficou preocupado. O remédio fora mais pesado
que a doença. Precisava remediar. Como? O moleque era
esperto, desconfiaria de um plano alternativo.
De novo num jantar a conversa voltou à tona. Danilo encolhido, na dele. Não estava para prosa. Virgílio insistia. Nada. Todo mundo se olhava de rabo
de olho. Nunca jantaram com ambiente tão pesado,
faltava a alegria prepotente de Danilo. Ele dava vida
àquelas conversas.
Virgílio não resistiu:
– Danilo, pesquisei melhor sobre a sincronicidade. Preciso
confessar, você tinha razão, a teoria tem respaldo. Eu estava errado, me enganei, desculpe.
Virgílio disse essas palavras e olhou um tempão para
o próprio prato. Era duro admitir a derrota, sem se
sentir derrotado.
“
Virgílio ficou preocupado.
O remédio fora mais pesado
que a doença. Precisava
remediar. Como? O moleque
era esperto, desconfiaria de um
plano alternativo.
”
Ao levantar a cabeça, gelou. A vírgula na sobrancelha
de Danilo estava de volta. O tio era tarimbado demais
e percebeu tudo na hora. Só para vencer aquela batalha
Danilo havia fingido estar triste com a derrota. Mais
uma vez o filho da puta do moleque se saíra vencedor.
Planejou todo aquele teatro para ouvir na frente de toda
a família que ele tinha razão.
Virgílio apertou o joelho de raiva e prometeu a si mesmo
que um dia encontraria uma forma de derrotar aquele
fedelho. Agora era questão de honra.
Danilo sorria, feliz, sabia que o tio voltaria à carga, mas estava convicto de que o final seria sempre
o mesmo. Se vencesse, tudo seria como a vida havia
planejado. Se perdesse, tudo seria como ele iria planejar, para jamais conhecer a derrota.
Reinaldo Polito é mestre
em ciências da comunicação, palestrante e
professor de expressão
verbal. Seu mais recente
lançamento é “29 minutos para falar bem em
público e conversar com
desenvoltura” (Sextante), escrito em parceria
com Rachel Polito.
pág. 25
Ficções
Livrescas
Ficções
Livrescas
Ficções Livrescas
com fileiras e mais fileiras de títulos! Não só isso, eu
sinto o sangue gelar em minhas veias, só de pensar em
como as livrarias são praticamente infinitas!
Sintoma 3 - Tempo
Digamos que nada do que foi dito até aqui me assustasse.
Eu seria uma pessoa feliz, não é mesmo?
Sintoma 1 – Apeirofobia
O universo é infinito, todos sabemos, (talvez não os
criacionistas, mas esse é assunto para outro dia...), e
também é, de conhecimento de todos, que o cosmo está
em constante expansão.
Ledo engano, acredite. A realidade não poderia ser
mais diferente!
A razão?
O universo pode ser infinito, mas o meu tempo não!
Dito isso, imagine um universo: vasto, impressionante
e repleto de segredos de tirar o fôlego. E nele, estão
contidos milhares e milhares de microcosmos.
Agora imagine que, quase que diariamente, esse universo
(livraria) recebe mais e mais microcosmos (livros).
Um universo em constante expansão! E qual o limite
dessa expansão?
Não há limites, pois a criatividade humana é infinita!
Pois é! Então, talvez, o medo que tenho das livrarias
venha de minha apeirofobia, ou seja, do medo do
infinito. O que nos leva ao segundo ponto...
Uma livraria me faz lembrar o quanto meu tempo nesse
plano de existência é finito, e em quão pouco tempo
disponho para ler o máximo de livros que puder. E
mesmo assim nunca lerei nem metade dos que existem
e/ ou virão a existir (lembra do sintoma 1?).
“
Basta um virar de páginas para
que um amor acabe, basta um
leve movimento de dedos para
nos sermos transportados para a
sangrenta Batalha das Termópilas
Sintoma 2 - Medo do desconhecido
A sensação é arrasadora!
Fobia de livraria
Por TIAGO P. ZANETIC
Percorrer um labirinto repleto de perigos não me
parece algo muito atraente. Virar uma esquina e dar de
cara com um dragão, com seu hálito quente, cheirando
a enxofre e chamas a transbordar pelos cantos de sua
boca. Ou que tal fazer uma curva à esquerda e ser
atacado por um serial killer? Talvez um ser saído das
profundezas dos pesadelos de uma criança? Quem
sabe uma amazona montada em um alazão, com seu
arco em postos, corda retesada e a ponta de sua flecha
apontada para sua testa?
”
E talvez essa seja a pior de todas, pois eu quero sim
visitar esses universos, eu quero explorar o inexplorado,
quero lutar ao lado de gigantes, ser uma pirata chinesa
a desbravar os sete mares, ser um astronauta, um leão
na savana africana, e, quem sabe, um deus! Eu quero
ver a ascensão e queda de um povo, quero presenciar o
nascimento do primeiro amor de dois jovens, ou o fim
da vida de um idoso sorridente.
Eu quero desbravar cada canto do infinito!
Tenho uma confissão a fazer.
Preparado?
Não é um prospecto muito animador, não é mesmo?
Eu quero ler! Não, eu não só quero, eu preciso!
Algo que só de pensar em exteriorizar me causa
arrepios. No entanto, esse relato deve ser feito, eu
preciso tirar esse peso do meu peito!
Não digam que não avisei!
Mas antes, querido leitor, você precisa me prometer que
não irá rir de mim. Promete?
Sim!
E é com esse tipo de coisa que nos deparamos em
uma livraria. Basta um virar de páginas para que um
amor acabe, basta um leve movimento de dedos para
nos sermos transportados para a sangrenta Batalha
das Termópilas.
Mas acalme-se, interlocutor, eu tenho minhas razões.
Livrarias me apavoram! Com suas estantes gigantescas,
E essa incerteza do que se vai encontrar é assustadora,
você tem que admitir.
Tudo bem, vamos lá!
Eu morro de medo de livrarias!
E é justamente essa “fobia de livraria” que me faz sentir
vivo, afinal, não importa a apeirofobia, nem o medo do
desconhecido, muito menos o tempo escasso!
Quantas vidas eu posso viver em uma só?
É melhor enfrentar meus pavores e descobrir logo!
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Comportamento
Comportamento
Comportamento
Os Lakers tiveram um bom desempenho durante a
temporada, e, um ano após a promessa de Riley, estavam novamente nas finais da NBA. Dessa vez jogariam
contra os bad boys do Detroit Pistons, ávidos para
conquistar seu primeiro título. A batalha foi acirrada.
O Detroit Pistons saiu na frente e venceu o primeiro
jogo. Embora os Lakers tenham vencido os dois jogos
seguintes, os Pistos ganharam os jogos quatro e cinco;
assim, no jogo seis, o escore estava em 3 a 2 para o Detroit Pistons.
A 52 segundos do fim do jogo seis, os Pistons estavam
na frente, com 102 a 101. Os Lakers intensificaram a
pressão e forçaram o astro dos Pistons, Isiah Thomas,
a fazer um arremesso desesperado; depois Kareem
Abdul-Jabbar conseguiu recuperar a bola. Enquanto
Abdul-Jabbar arremessava, Bill Laimbeer, dos Pistons,
foi punido por uma falta controvertida. Abdul-Jabbar
conseguiu fazer dois lances livres, vencer o jogo e empatar a série, com três vitórias para os Pistons e três
para os Lakers.
O otimismo como profecia
Um trecho de O viés otimista, da psicóloga e neurocientista Tali Sharot,
que mostra a importância de se enxergar o mundo pelo lado positivo
Junho de 1987. Do vestiário do Los Angeles Lakers
ouvia-se o estouro das garrafas de champagne. Eram
os Lakers que acabavam de ganhar o campeonato da
NBA, depois de derrotar o Boston Celtics por 4 a 2. Os
Celtics só voltariam a participar de uma final da NBA
em 2008. Os Lakers teriam outras vitórias pela frente.
O Los Angeles Lakers de 1987 foi um dos melhores times de basquete de todos os tempos. Incluía jogadores
famosos, como Magic Johnson, James Worthy e Kareem Abdul-Jabbar. Naquela noite, porém, quem estava
prestes a fazer história era Pat Riley, o técnico do time.
Em meio à comemoração, Riley foi abordado por um
repórter que queria saber se, na opinião dele, os Lakers
poderiam ser o primeiro time em quase vinte anos a se
sagrar bicampeão. O Boston Celtics tinha sido o último
time a se sagrar bicampeão, em 1969, mas, de lá para
cá, nenhum outro time havia conseguido repetir o feito. Será que os Lakers conseguiriam chegar lá e vencer
novamente o campeonato dali a um ano?
“Vocês vão conseguir repetir o feito?”, perguntou o
repórter a Riley. Sem pestanejar, Riley respondeu:
“Garanto que sim”. O repórter ficou estupefato. Será
que ouvira direito? “Garante?”, perguntou de novo.
“Isso mesmo”, respondeu Riley. Com aquelas três
palavras, “garanto que sim”, Riley prometeu aos jornalistas, aos jogadores e a milhões de torcedores um
segundo campeonato.
A garantia de Riley não foi uma promessa motivada
pelo champanhe no vestiário. Durante o desfile da
vitória da equipe no centro de Los Angeles, imediatamente depois de fazer sua promessa inicial, Riley
mais uma vez garantiu às multidões que seu time
conquistaria o próximo campeonato, e continuou em
várias ocasiões ao longo do verão e da temporada de
1987-1988 prometendo que repetiria o feito. “De todas as coisas psicológicas que Pat inventou, essa provavelmente foi a melhor”, declarou Magic Johnson
em uma entrevista em 1987.
O sétimo jogo seria decisivo para o cumprimento
ou não da garantia de Riley. Na metade da partida,
os Pistons estavam na frente, mas os Lakers viraram o jogo e saíram na frente da segunda metade.
A seis segundos do fim, estavam na frente por uma
margem mínima, de 106 a 105. Durante esses seis
segundos, conseguiram marcar mais um ponto, venceram o último jogo por 108 a 105 e cumpriram a
promessa de Pat Riley.
Segundos depois de cumprir a promessa, Riley estava
novamente diante das câmeras. Os torcedores vibravam. “E agora, os Lakers vão conseguir mais uma vitória, a terceira consecutiva?”, perguntavam os repórteres. Riley abriu a boca para responder à pergunta, mas,
antes que ele emitisse qualquer som, Abdul-Jabbar,
com seus mais de cem quilos, deu um de seus famosos
saltos. Dessa vez, porém, o alvo não era a cesta de basquete, era a boca de Riley, que conseguiu cobrir com
suas mãos enormes a tempo de impedir que o técnico
fizesse outras promessas. Mais tarde, Abdul-Jabbar explicou que a pressão para cumprir a promessa de Riley
por mais um título seria demais para ele.
Riley jamais garantiu uma terceira vitória consecutiva. A
final da temporada seguinte foi uma repetição do campeonato do ano anterior entre os Los Angeles Lakers e
o Detroit Pistons. Dessa vez, porém, os Pistons venceram todos os quatro primeiros jogos da série e ganharam o campeonato; depois da derrota dos Lakers, Kareem Abdul-Jabbar, na época com 42 anos, anunciou
sua aposentadoria. Será que os Lakers teriam vencido
um terceiro campeonato consecutivo se Riley o tivesse
prometido? Nunca saberemos.
Profecia ou causa? – Muitos fatores levaram à vitória
dos Lakers na final contra os Pistons em 1988 e à derrota no ano seguinte. Entretanto, é tentador especular
que a promessa feita por Riley durante a temporada
de 1987-1988 e sua ausência durante a temporada de
1988-1989 tiveram uma função fundamental no desfecho dos eventos.
A garantia da segunda vitória consecutiva feita por Riley constitui um exemplo clássico de uma profecia autorrealizável – um prognóstico que, ao se tornar crença, provoca a própria concretização. Não há dúvidas
de que Pat Riley tinha um bom motivo para acreditar
que sua equipe ganharia o campeonato no ano seguinte quando o repórter lhe fez a famosa pergunta após a
final de 1987. Seu time tinha acabado de vencer a final do campeonato, havia sido consagrado o melhor, e,
portanto, era um forte candidato a repetir o deito no
próximo ano. No entanto, sua declaração, que transmitiu inabalável otimismo, detonou um processo que
aumentou enormemente a probabilidade de a garantia se tornar realidade. “Garantir um campeonato foi
a melhor coisa que Pat fez. Preparou o palco na nossa
cabeça. Esforçar-se mais, ser melhor. Só assim poderíamos repetir a vitória. Treinamos o tempo todo com
a ideia de que iríamos vencer de novo e é exatamente essa ideia que temos agora”, disse Byron Scott, dos
Lakers, em 1988.
Acreditar que uma meta não apenas pode ser concretizada, como também é muito provável, leva as pessoas a
agir vigorosamente para alcançar o resultado desejado.
No caso de Riley, ele fez mais do que prever a repetição
da vitória; garantiu-a. Ao prometer um segundo campeonato, pressionou ainda mais a si e a seus jogadores.
Os Lakers não podiam decepcionar os torcedores, que
esperavam a vitória; tinham de provar que o treinador estava certo. Assim, Magic,
Kareem e outros jogadores do
time tiveram de treinar mais
do que nunca e ser melhores do
que nunca para fazer com que a
previsão de Pat Riley se tornasse realidade.
A ideia por trás da profecia autorrealizável é que não se trata
da previsão de um evento, mas
sim uma causa.
pág. 29
Papo
Escritor
Papode
de Escritor
Papo de Escritor
Internacional de Quadrinhos) e eu queria participar,
ter algo pra mostrar, trocar, discutir. Dessa forma nasceu minha primeira HQ: Galho Seco (independente, 12
páginas, 2013), na qual experimentei quadrinizar minhas referências de música e animação.
Ye é um grande passo como artista e autor, mas
considero Galho Seco tão importante quanto, pois
foi um divisor de águas. Apesar de curtíssima, fez
com que eu perdesse o medo de investir na produção de quadrinhos.
Percebi que, para mim, produzir quadrinhos além de
uma forma de expressão é uma forma de experimentar
a liberdade. Fazer quadrinhos é como estar no controle
de um sonho. Posso explorar desde uma situação extremamente corriqueira, biográfica, a uma sensação totalmente abstrata, fantástica, que é o que fiz em Galho
Seco: um transporte do real ao sensorial.
O nascimento
de uma HQ
plásticas. Durante um período produzi pinturas em
tela, desenhos, instalações. Participei de exposições,
mas senti que não conseguia expressar o que queria,
acredito que a minha produção no período era bastante engessada.
Ye nasceu da necessidade de explorar em uma narrativa
minhas referências, vivências, experiências. Queria colocar no papel o que absorvi de literatura, quadrinhos,
música, animação, cinema, circo, teatro. Experiências
reais, sensoriais, espirituais.
Não acho que o problema seja com a forma de expressão em si, mas como cada artista encontra uma forma
ideal para se expressar. Também já me arrisquei na animação, música, livro ilustrado, fotografia. Fazer histórias em quadrinhos sempre foi um desejo. Minhas
primeiras leituras foram os quadrinhos, é uma mídia
que, como muitos, acompanho desde criança. Sempre
foi uma fonte de inspiração, entretenimento, reflexão.
Desde a adolescência estudo formas de narrativa nos
quadrinhos, mas evitava me arriscar, sempre levei
muito a sério. Não queria fazer quadrinhos até ter algo
(que ao menos para mim fosse) importante dizer.
A ideia que resultou na HQ vem se formulando há
anos, é muito anterior a eu me envolver – como autor – com os quadrinhos. A princípio acreditava que a
melhor maneira para eu me expressar seria nas artes
Em 2013 estava frustrado com minha produção artística, e cada vez mais me interessava pelas possibilidades de exploração artística e narrativa que os quadrinhos dão. No mesmo ano aconteceria o FIQ (Festival
Quadrinista Guilherme Petreca fala sobre
o processo que gerou o álbum Ye, recémlançado pela Veneta
Com a mesma linha de pensamento produzi Carnaval
de Meus Demônios (Balão Editorial, 64 páginas, 2015)
um trabalho que surge do meu fascínio em entender
como encaramos e lidamos como nosso destino, nosso
amadurecimento, nossos medos. Foi uma oportunidade de explorar elementos que me fascinam: máscaras,
demônios, monstros, medos inconscientes e a forma
como os personificamos. Como podemos nos tornar o
que tememos, como muitas vezes tentamos fugir do
que somos.
Ye é também um divisor de águas, águas mais profundas. É uma narrativa longa (176 páginas), publicada
por uma grande editora (Veneta), vendido em grandes livrarias. É uma responsabilidade maior. Também
exigiu mais pesquisa. Embora não seja a ideia da HQ
explorar a fundo cada elemento que aborda, minha
pesquisa foi intensa. Para me preparar para o roteiro li
muito sobre Tarô, sobre piratas, sobre como é um navio, como era a vida em um navio, a organização, as
hierarquias, as batalhas.
Embora não se passe em lugar e época específicos, gostaria que a vila onde o Ye mora fosse um lugar semelhante a vilarejos sul-americanos. Estudei sobre a vida
nos Andes, a alimentação, a agricultura, a temperatura, rituais incas. Mesmo que eu não me proponha a
ser fiel, acho importantíssimo estudar a fundo as referências, do estudo surgem novas inspirações, evita
uma abordagem rasa. A produção de Ye só foi possível
graças ao edital do Proac, que me permitiu ficar alguns
meses sem um trabalho formal, período em que imergi
totalmente no universo que estava criando.
Em relação à arte,
o personagem foi
aparecendo em meus
cadernos de desenhos, nos esboços
que fazia para as
pinturas. Era um
personagem que se
repetia, que eu gostava
de desenhar. O quadrinho surge da vontade
de colocar em uma narrativa os elementos que eu
explorava nos meus cadernos de
desenho e não iam para as telas.
A ideia inicial era de ter a trama mais simples possível, para
conseguir juntar em uma ordem
lógica e que fizesse sentido estarem em uma trama
elementos tão dispersos. É interessante para mim
perceber como o personagem que nasceu como um
instrumento para exploração de universo ganhou
profundidade e aplicabilidade.
A princípio, explorar o universo seria mais importante do que explorar o personagem. Assim surgiu
a trama do quadrinho: Ye, um garoto mudo, recebe
uma chaga vinda dos céus, é então obrigado a abandonar a vida bucólica e tranquila que levava para se
aventurar em uma jornada atrás de sua cura. Enfrenta piratas, mercenários e monstros. Conhece um
sanfoneiro aposentado, um
palhaço bêbado e uma bruxa
misteriosa. Viaja pela terra,
pela água, pelo ar.
Hoje percebo como o personagem reflete a fase da vida
enquanto escrevia. Além da
maturidade artística, considero que a produção da HQ
proporcionou uma maturidade pessoal e espiritual.
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Quadrinhos
Quadrinhos
Varejo
Varejo
Quadrinhos
Varejo
RATO DE SEBO
Momento de atenção
Números do Painel das Vendas de Livros no Brasil comprovam
tendência de queda e anunciam ao mercado que é hora de reagir
A Nielsen e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) divulgaram em abril o resultado do
segundo Painel das Vendas de Livros no Brasil de
2016, com os dados referentes a fevereiro e março.
E, comprovando as dificuldades vividas pela maioria dos profissionais do mercado editorial, os números apontam quedas no volume e – em menor escala, devido ao aumento dos preços – no faturamento.
Nestas duas páginas, trazemos algumas das conclusões do levantamento, considerado um sinal de alerta
para Ismael Borges, gestor da Bookscan, ferramenta
da Nielsen que monitora a venda de livros. “Se fatores
envolvendo ajuste de preço de títulos e datas móveis
geraram concentração de vendas de didáticos e CTPs,
trazendo um início de ano com números vistosos,
esse mesmo vigor não permaneceu nos dois períodos
seguintes. O primeiro semestre anuncia ao mercado
que é hora de reagir em nome de não assumir a tendência de queda”, afirmou o executivo ao Publishnews.
Na avaliação de Marcos da Veiga Pereira, presidente do
SNEL, o mercado sofreu também com os fatores externos. “Sabemos que 2016 será um ano difícil para todos.
Imagino que as incertezas políticas tiveram influência
na queda de vendas de março e espero que este cenário
se reverta.” Não há outra solução além de seguir trabalhando; mãos à obra, todos.
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Por CUSTÓDIO
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Internacional
Literatura
Literatura
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ao som de uma banda de trombetas e muitas bexigas.
Desde então, nosso objetivo é ser mais do que simplesmente um lugar onde se compra livros: organizamos
caminhadas, shows de comédia stand-up, músca ao
vivo, canções e histórias para crianças e muito mais
– sem contar os lançamentos e sessões de autógrafos
com autores. Também trabalhamos lado a lado com
muitas das escolas locais, promovendo a leitura como
uma atividade de diversão. Porque a leitura é uma diversão. Não tem sido fácil, e na verdade é uma dura luta
financeira, mas amamos o que construímos aqui e não
podemos imaginar um mundo sem isso.
Então, no começo de abril, quando Tim estava ocupado
atendendo alguns clientes, um ladrão oportunista surrupiou 600 libras do caixa. Para um pequeno negócio
como o nosso, 600 libras são MUITO dinheiro. Foi um
golpe duro descobrir que isso havia acontecido.
Um ladrão...
e centenas de heróis
O incrível caso do assalto que mostrou a força dos laços
entre uma pequena livraria e seus leitores – clientes ou não
Por SIMON KEY
Oito anos atrás, eu e Tim West abrimos a livraria Big
Green em Wood Green, na zona norte de Londres. Até
2007, havíamos trabalhado em uma unidade de uma
grande cadeia de livrarias. Então, um dia, o gerente da
área chegou de surpresa para avisar que a loja seria fechada em nove dias.
Enquanto boa parte dos outros funcionários foram
realocados para outras unidades, Tim e eu decidimos
que Wood Green ainda realmente precisava de uma
livraria. O bairro tem uma comunidade incrível e nós
adorávamos o lugar. Então decidimos abrir uma por
nossa conta.
Começamos um blog chamado “Open a Bookshop,
What Could Possibly Go Wrong?” (“Abrir uma livraria, o
que pode dar errado?”) e relatamos esse ambicioso plano.
Levou seis meses, um empréstimo de 60 mil libras do
banco e um exército de sensacionais voluntários que,
tendo seguido nossas peripécias online, se aproximaram para oferecer seu apoio da forma que fosse possível. Em março de 2008, finalmente, a livraria abriu com
Ao término de todas as formalidades policiais, mencionei o incidente no Twitter. O jornalista Sam Jordison,
da seção de livros do jornal The Guardian, leu a mensagem e me contatou dizendo que queria nos ajudar. (Ele
é bacana assim.) Ele perguntou se eu me importaria
se ele abrisse uma campanha de crowdfunding para
tentar recuperar parte do dinheiro que foi roubado. Eu
disse que ficaria agradecido, e ele então o fez.
E então algo fantástico aconteceu.
Pessoas começaram a doar dinheiro, e então mais pessoas, e parecia que não parava. A meta de 600 libras foi
batida em menos de duas horas; em seguida, um doador
anônimo colaborou com 500 libras e a seguinte mensagem: “Com amor por uma livraria independente”. Todas
as doações vieram com mensagens de apoio – de clientes
regulares, agentes literários e até pessoas que antes moravam por perto e sentiam falta de nossa loja.
Ao final do primeiro dia, quando escrevo estas linhas,
o total está em 2.400 libras – quatro vezes a meta inicial. E não apenas isso: tivemos mais gente comprando
nossos livros online, deixando doações na loja, e até
ganhamos três pacotes de biscoitos.
Passei a maior parte das últimas 24 horas em prantos, absolutamente arrebatado pela generosidade das
pessoas. Seja qual for o total final arrecadado, fará um
mundo de diferenças para nosso negócio. Quero agradecer a todos que contribuíram para isso (exceto o ladrão). As mídias sociais podem ser algo incrível quando funcionam, não?
Alguns dias depois, quando o total arrecadado já ultrapassava as 5 mil libras, Simon escreveu no blog da livraria
(woodgreenbookshop.blogspot.com) os destinos que a dupla daria ao dinheiro extra arrecadado. De volta a ele:
- Há pouco tempo, criamos algo chamado “Esquema
de recompensa para a escola”. Essencialmente, a cada
livro que você compra conosco, 10% do valor é destinado para a escola ou creche de sua escolha gastar em
livros em nossa loja. Então, doaremos 10% da quantia
arrecadada e dividiremos em 5 instituições que acreditamos que farão bom uso desse dinheiro.
- O dinheiro também nos ajudará a pagar algumas contas bem altas.
- Também estivemos pesquisando opções de financiamento para a Big Green Education, nossa companhia
sem fins lucrativos, que promove o amor pela leitura
em escolas. Ganhamos então um empurrão para trabalhar mais detalhadamente com as escolas locais.
- Algumas das estantes da loja estão ficando um pouco desgastadas, então esperamos substituí-las por outras novinhas.
- Estamos também encomendando uma estátua do
Sam Jordison para colocar na vitrine da loja.*
Podemos fazer tantas coisas... Esse dinheiro extra nos
permitirá um respiro, algo que muitos pequenos negócios como o nosso raramente conseguem. Vocês nos
proporcionaram isso. Significa tudo.
Iremos, claro, dar uma grande festa de agradecimento,
para qual todos estão convidados.
* Isto não é verdade. Desculpe, Sam.
pág. 37
Negócios
Negócios
Negócios
2. Pessoas que foram demitidas.
3. Pessoas que se demitiram, sem problemas para a empresa, pois ela já não as queria.
Para responder a essa pergunta, relembro uma conversa que tive muitos anos atrás com o incomparável
Andy Grove.
O interessante é que, quando as coisas começam a dar
errado na empresa, a terceira categoria sempre tende
a crescer mais do que a primeira. Além disso, a súbita
onda de avaliações negativas de desempenho em geral acontece em empresas que se gabam de contratar
só gente extremamente talentosa e qualificada. Como
esses superfuncionários deixam de ser excelentes e
passam a ser um lixo de uma hora para a outra? Como
é possível que, quando você perde de repente um dos
seus melhores funcionários, o diretor responsável
apresse-se em explicar que o desempenho dele já não
era lá essas coisas?
No final da Grande Bolha da Internet, em 2001,
quando todas as gigantes de tecnologia passaram de
repente a ficar muito longe de suas projeções de ganhos trimestrais, questionei-me como era possível
que ninguém tivesse previsto que isso ia acontecer.
Seria de esperar que, depois da quebra das pontocom, em abril de 2000, empresas como a Cisco, a
Siebel e a HP percebessem que também para elas
se seguiria um período de dificuldades, pois muitos
de seus clientes tinham falido. No entanto, mesmo
diante do maior e mais barulhento sistema de alerta
preventivo de todos os tempos, todos os diretores
executivos continuaram tocando suas máquinas a
todo vapor até o triste momento em que elas chegaram ao fim dos trilhos.
“Teríamos ganhado a concorrência, mas a concorrência deu o produto de presente.” “Do ponto de vista técnico, o cliente nos escolheu e acha que somos
melhores, mas a concorrência entregou o produto de
bandeja. Jamais o venderíamos tão barato, pois isso
arranharia a nossa reputação.” Quem já coordenou
uma equipe de vendas ouviu essa mentira pelo menos
uma vez. Entramos na briga por uma conta, brigamos e apanhamos. O representante de vendas, pouco
disposto a assumir uma culpa, joga-a no “vendedor
de carros usados” da empresa concorrente. O diretor
executivo, que de maneira alguma quer ouvir a notícia
de que seu produto está perdendo competitividade,
acredita em seu representante. Se você ouvir algo assim, converse com o cliente. Aposto que ele vai negar
essa versão da história.
As mentiras que os
perdedores contam
Em O lado difícil das situações difíceis, Ben Horowitz oferece aos
empreendedores dicas e ensinamentos que as faculdades não tratam.
Confira a seguir um trecho do livro, lançado pela WMF
Quando uma empresa começa a perder grandes batalhas, a primeira baixa em geral é a verdade. Os diretores e funcionários trabalham incansavelmente
para elaborar narrativas criativas que os ajudem a
não ter de lidar com os fatos mais óbvios. Apesar
disso, muitas empresas acabam oferecendo as mesmas explicações falsas.
“Não é porque não cumprimos a tempo alguns objetivos que não vamos respeitar o cronograma para a entrega do produto.” Nas reuniões da equipe de engenharia, em que a pressão dos prazos é grande – o prazo de
entrega do produto a um cliente, a necessidade de garantir uma margem de lucro trimestral, uma exigência
imposta pela concorrência –, todos querem ouvir boas
notícias. Quando os fatos não correspondem às boas
notícias esperadas, o gerente esperto inventa uma explicação que faça todos se sentirem melhor, até a próxima reunião.
Algumas mentiras mais conhecidas: “Ela se demitiu,
mas nós já tínhamos resolvido demiti-la ou fazer um
relatório crítico de seu desempenho.” Nas empresas de
alta tecnologia, os conflitos com funcionários tendem
a ser enquadrados em três categorias:
“Nosso índice de abandono é muito alto, mas, assim que
passarmos a fazer marketing por e-mail com nossa base
de clientes, as pessoas voltarão a usar nossos serviços.”
Claro! Os clientes abandonam nosso serviço e não voltam a utilizá-lo porque não estamos enviando spam em
quantidade suficiente. Não acredito nisso. E você?
1. Pessoas que se demitiram.
Como surgem as mentiras?
Perguntei a Andy por que esses diretores executivos
mentiram a respeito do destino iminente que os aguardava. Ele me disse que eles não estavam mentindo aos
investidores, mas a si próprios.
Andy me explicou que os seres humanos, em particular os criadores, só dão importância a indicadores de
boas notícias. Se um diretor executivo fica sabendo
que seu portfólio de clientes cresceu 25% a mais do
que a expectativa para o mês, ele corre para contratar
mais engenheiros a fim de atender ao iminente tsunami de demanda. Se, por outro lado, as novas contratações diminuem em 25%, com a mesma paixão e
intensidade ele vai procurar uma explicação satisfatória: “O site estava lento naquele mês, tivemos quatro
feriados e fizemos uma mudança de interface do usuário que causou todos os problemas. Caramba, não
vamos entrar em pânico!”
Pode ser que ambos os indicadores estivessem errados
ou certos, mas isso não importa. O que interessa é que
nosso hipotético diretor executivo – como quase todos os diretores executivos – só
agiu diante do indicador positivo; diante do negativo, ele procurou explicações plausíveis.
Se você perguntar a si mesmo
por que seus honestos funcionários estão mentindo a você,
a resposta é: não estão mentindo a você, mas a eles mesmos.
E, se você acreditar neles, estará mentindo a si mesmo.
TOP 100 EDITORAS DISTRIBUÍDAS
pág. 38
Nesta página, listamos, por ordem alfabética, as 100 editoras que registraram, nos meses de março e abril de 2016,
o maior volume de vendas e negócios com a SuperPedido. Agradecemos a parceria de todos.
AEROPLANO
ALAUDE
ALEPH
ALTO ASTRAL
AQUAROLI BOOKS
ARQUEIRO
ARTMED
ATICA
AUTENTICA
AVE MARIA
AVEC
BELAS LETRAS
BICHO ESPERTO
BLACKBOOK
BLU
BOITEMPO
BRINQUE BOOK
CALLIS
CANCAO NOVA
CASA DOS LIVROS
CASA LYGIA BOJUNGA
CHARME
CIRANDA CULTURAL
COMPANHIA DAS LETRAS
CONRAD
CONTEXTO
CORTEZ
COSAC & NAIFY
DARKSIDE
DCL
EBX
E REALIZACOES
EDIOURO
EDIPRO
ELSEVIER
ERICA
FEB
FTD
FUNDAMENTO
GEEK
GEN
GENTE
GERACAO EDITORIAL
GIRASSOL NOVO
GIZ
GLOBAL
GLOBO
GMT SEXTANTE
HAGNOS
HQM
INTRINSECA
IRMAOS VITALE
ITATIAIA
JORGE ZAHAR
KATAOKA
L&PM EDITORES
LEYA
MADRAS
MANOLE
MARTIN CLARET
MATRIX
MELHORAMENTOS LAPA
MODERNA
MUNDO CRISTAO
NACIONAL
NOBELNOVO
NOVA FRONTEIRA
NOVO CONCEITO
NOVO SECULO
ORIGINAL
PANDORGA
PANINI
PAPIRUS
PAULINAS
PAULUS
PEARSON EDUCATION
PENSAMENTO
PETIT
PHORTE
PLANETA DO BRASIL
POSITIVO
PUBLIFOLHA
RECORD
REVINTER
RIDEEL
ROCCO
RUBIO
SANTUARIO
SCIPIONE
SENAC
SER MAIS
THOMAS NELSON
TODOLIVRO
UNIVERSO DOS LIVROS
VALE DAS LETRAS
VALENTINA
VERGARA & RIBA
VIDA E CONSCIENCIA
VOZES
WMF
TOP 20 LIVROS MAIS VENDIDOS
Confira na lista a seguir os livros mais vendidos na SuperPedido nos meses de março e abril de 2016.
Para não perder oportunidades, mantenha o estoque de sua livraria sempre abastecido com estas obras.
1
2
COMO EU ERA
ANTES DE VOCÊ
ISBN: 9788580573299
R$ 34,90
6
3
O PEQUENO PRÍNCIPE
ISBN: 9788578552589
R$ 19,90
7
SEGREDOS DA BEL
PARA MENINAS
ISBN: 9788567028835
R$ 29,90
11
8
12
DEIXADOS PARA
TRÁS VOL. 1
ISBN: 8524300469
R$ 29,90
ANSIEDADE
ISBN: 9788502218482
R$ 14,90
7 DIAS COM VOCÊ
ISBN: 9788568056202
R$ 35,90
15
COMO DIZER TUDO
EM INGLÊS
ISBN: 8535206868
R$ 80,00
19
DIÁRIO DE UM
BANANA VOL. 10
ISBN: 9788576839422
R$ 36,90
AUTHENTICGAMES
ISBN: 9788582463130
R$ 24,90
10
14
18
DIÁRIO DE UM
BANANA VOL. 1
ISBN: 9788576831303
R$ 36,90
DEPOIS DE VOCÊ
ISBN: 9788580578645
R$ 39,90
TODO SEU
ISBN: 9788584390175
R$ 34,90
A SEREIA
ISBN: 9788565765930
R$ 29,90
5
9
13
17
MENTES MILIONÁRIAS
ISBN: 9788579304002
R$ 34,90
4
OS DOIS LADOS
DA GUERRA CIVIL
ISBN: 9788582580639
R$ 34,90
RUAH
ISBN: 9788525061805
R$ 19,90
DOIS MUNDOS,
UM HERÓI
ISBN: 9788581053127
R$ 24,90
16
Para conhecer a lista completa de editoras distribuídas,
ligue para a central de vendas ou acesse o portal.
pág. 39
FLASH GORDON
ISBN: 9788555460111
R$ 89,90
20
PHILIA
ISBN: 9788525060044
R$ 19,90
O PODER
DO HÁBITO
ISBN: 9788539004119
R$ 49,90

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