Concertos UFRJ: Barroco italiano - Escola de Música

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Concertos UFRJ: Barroco italiano - Escola de Música
Concertos UFRJ: Barroco italiano
Escrito por SeTCOM
Dom, 16 de Setembro de 2012 17:13 - Última atualização Ter, 25 de Setembro de 2012 22:09
Concertos UFRJ desta semana destacam o barroco, que, na historia da música, costuma ser
delimitado entre os anos 1600 e 1750. Período que vai do nascimento da ópera e das
primeiras obras-primas do gênero, com Monteverdi, até a morte de J. S. Bach. Um século e
meio em que, segundo os estudos contemporâneos, predominou mais a continuidade
reelaborada dos padrões estéticos anteriores do que propriamente a ruptura com eles. Os
mesmos modelos da Antiguidade Clássica, interpretados agora de forma diversa.
Afinal, havia algo de precário no pensamento renascentista. O equilíbrio, a simetria e a
contenção que seus intelectuais e artistas propugnavam não era um produto da época, mas
um ideal sobreposto (e imposto) a ela. Não poderia sobreviver aos impactos de um mundo
cada vez mais desigual e em franco processo de transformação. Deveria, como aconteceu,
ceder lugar a uma arte mais consentânea, baseada em contrastes e na valorização do
excesso.
Ouça aqui o programa: {mp3}concerto20120917|230|25| 0{/mp3}
Toda segunda-feira, às 22h,
internet
tem!"Concertos UFRJ" na Roquette Pinto FM. Sintonize 94,1 ou acomp
Programas anteriores podem
Concertos
ser encontrados
UFRJ .
na seção 1 / 10
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No século em meio da vigência do estilo, o regime estamental, forjado no final da Idade
Média, permanecerá como paradigma social, ainda que domine a sociedade urbana e o
crescimento da economia mercantilista, baseada no comércio, fortaleça uma burguesia cada
vez mais ambiciosa. Legitimadas por direito divino, as monarquias absolutistas dominarão a
cena política, enquanto a cultura artística ficará marcada pelas tensões entre o espírito da
reforma e da contrarreforma.
Do ponto de vista do seu lugar na ordem social, os criadores culturais continuarão
dependendo do sistema tradicional de mecenato: a igreja, os reis, a nobreza e alguns
burgueses refinados serão os principais promotores das obras musicais e artísticas. Mas os
criadores culturais - os músicos em especial - vão aos poucos abrindo mão da generalidade
renascentista e se tornando, para o bem e para o mal, especialistas.
O barroco nasceu na Itália, país que desde a Renascença havia se tornado polo de atração
de inúmeros artistas e referência para as demais nações do continente. Se os modelos
estéticos continuam os mesmos, as formas puras, uniformes, equilibradas e idealizadas do
período anterior dão lugar a emoção, a exuberância, a grandiosidade e a opulência. O artista
se vê livre para experimentar novas formas e em sua vontade de expressão recorre aos
efeitos teatrais, à distorção e à assimetria das formas e da ornamentação.
Apesar da origem peninsular, o barroco é heterogêneo e a ausência de uniformidade se
manifesta na formação de estilos nacionais, locais e mesmo individuais, uma diversidade que
torna extremamente complexas definições para a música e as artes em geral no período.
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Seus principais representantes do barroco italiano, que ganhou características católicas, se
opondo à Reforma que se formara na Alemanha, foram o pintor Caravaggio, o escultor Bernini,
o arquiteto Borromini e, na música, Vivaldi. O programa mostra um pouco desta rica
diversidade elegendo obras de seis compositores do período.
Reprodução
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Acima
, Corelli e Francesco Geminiani.
Abaixo
, Albinoni e Francesco Manf
Arcangelo Corelli
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Arcangelo Corelli (1653–1713) foi mais conhecido à época como um grande virtuose do
violino, instrumento que, segundo o maestro Nicolaus Harnoncourt, encarna como nenhum
outro o espírito do barroco. Embora sua produção integral resuma-se a seis antologias, sua
escrita instrumental é admirada pelo refinamento harmônico e estilo brilhante, tendo sido
referência para outros compositores, entre eles Johann Sebastian Bach e Georg Friedrich
Haendel.
Pouco se sabe acerca da vida de Corelli, a não ser que a maior parte de sua carreira
transcorreu em Roma, onde foi patrocinado por aristocratas e nobres. Como virtuose,
contribuiu para consolidar novas técnicas de interpretação e, como professor, teve entre seus
alunos Francesco Geminiani e Antonio Vivaldi. Como compositor, é conhecido, sobretudo, por
seus doze concerti grossi, que representaram então uma nova forma de composição.
Francesco Geminiani
Francesco Geminiani (1687-1762) foi um compositor, maestro, violinista virtuose, além de
importante teórico da música. Aluno de Alessandro Scarlatti, Carlo Ambrogio Lonati e
Arcangelo Corelli, assumiu em 1711 o cargo de maestro em Nápoles. Em 1714, quando em
Londres para uma série de concertos como violinista, acabou chamando a atenção do conde
de Essex e fixando residência na cidade, trabalhando, além de intérprete, como compositor e
professor. Na sua produção se destacam as sonatas para violino e baixo contínuo e os sete co
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ncerti grossi
, em que introduziu a viola como parte do concertino.
Albinoni
Tomaso Albinoni (1671-1751) nasceu na República de Veneza. Famoso em sua época como
compositor de óperas, atualmente é mais admirado por sua música instrumental. Graças a seu
talento melódico e estilo pessoal foi tão popular na quanto Corelli e Vivaldi.
Albinoni foi um dos primeiros compositores a escrever concertos para violino solo. Sua música
instrumental atraiu a atenção de Johann Sebastian Bach, que escreveu pelo menos duas
fugas sobre temas de Albinoni e constantemente usava seus baixos como exercícios de
harmonia. Grande parte do trabalho de Albinoni perdeu-se, porém, durante o bombardeio de
Dresden, durante a Segunda Guerra Mundal. Sabe-se, porém, que compôs cerca de oitenta
óperas, das quais não resta quase nada, além de trinta cantatas, das quais só uma
sobreviveu. O que nos chegou foi sua produção instrumental, que havia sido publicada, e na
qual se destacam os seus concertos para oboé, outro instrumento muito valorizado no período.
Giacomo Facco
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Giacomo Facco (1676-1753), outro violinista e, ao mesmo tempo compositor, teve sua obra
redescoberta pelo musicólogo italiano Uberto Zanolli, em 1962. Publicou em Amsterdã uma
série de 12 concertos para violino, cordas e órgão em dois volumes (1716-1719), antes de
partir para Espanha, país em que faleceu e onde ocupou importantes cargos, muitos dos quais
acabou perdendo devido a intrigas de concorrentes. Compôs, então, além de numerosas
obras sacras para a Capela Real de Madrid, provavelmente perdidas com o incêndio de 1734,
óperas, um melodrama em estilo italiano e, pelo menos, uma zarzuela.
Francesco Manfredini
Francesco Manfredini (1680-1762) foi discípulo de Giuseppe Torelli, famoso compositor e
violinista italiano e figura de destaque no desenvolvimento do concerto grosso. Muito do que
Manfredini compôs acabou perdido, apenas 43 trabalhos publicados e um punhado de
manuscritos são conhecidos. Os de maior destaque são o seu Concerto de Natal, Op. 3, e
sua coleção de seis sonatas, editada em Londres em 1764.
Antonio Vivaldi
O padre Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) é, sem dúvida, o mais importante compositor do
barroco italiano.
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Reprodução
Acima
, somente uma placa posta
Abaixo
em 1978 lembra a presença
, placa em
e morte
memória
de Vivaldi
do com
e
Conhecido como “il prete rosso” (“o padre ruivo”) por seus cabelos ruivos, compôs quase 800
obras, entre as quais cerca de 500 concertos e mais de 40 óperas. É, porém, apreciado pelo
público de hoje por sua série de concertos para violino e orquestra intitulada “Le quattro
stagioni” (“As Quatro Estações”).
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A música de Vivaldi é particularmente inovadora, rompendo com a tradição consolidada em
esquemas e dando brilho à estrutura formal e rítmica do concerto, através da procura de
contrastes harmônicos, da invenção de melodias e trechos originais. Ademais, Vivaldi era
francamente capaz de compor música não acadêmica, apara ser apreciada por um público
amplo.
Entretanto, tal como muitos outros músicos da época, terminou sua vida na pobreza, pois sua
obra não agradava mais aos gostos das novas gerações. Como resultado, ficou praticamente
esquecido até o início do século passado, quando foi redescoberto devido, sobretudo, aos de
Alfredo Casella, que em 1939 organizou a agora histórica Semana Vivaldi.
Desde então, as obras do compositor obtiveram sucesso universal e, com o advento da
“interpretação historicamente informada”, foram catapultadas novamente ao estrelato.
***
Parceria da Escola de Música (EM) com a rádio Roquette Pinto, a série Concertos UFRJ conta
com a produção e apresentação de André Cardoso, docente da EM, e vai ao ar toda
segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições do programa podem ser
acompanhadas
on line
ou por meio do
podcast
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,
audio sob demanda, da rádio Roquette Pinto. Contatos através do endereço eletrônico:
[email protected].
Repertório da Edição
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Arcangelo Corelli, Concerto Grosso op. 6 no 1 em Ré Maior. Academia de Saint Martin in the Fields
Francesco Geminiani, Concerto Grosso em ré menor op. 2 no 3. Conjunto Tafelmusik e a direção de
Tomaso Albinoni, Concerto op. 9 no 6 em Sol maior para dois oboés, cordas e contínuo. Solistas H
Giacomo Facco, Concerto a Cinco op. 1 no 11 em Sol Maior. Ensemble Albalonga e direção de Anib
Francesco Manfredini, Concerto Grosso op. 3 no 12 em Dó maior. Conjunto I Musici com Pina Carm
Antônio Vivaldi, Concerto em Ré Menor RV 565. Concerto Koln.
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