Thalles RobeRTo

Transcrição

Thalles RobeRTo
REVISTA DA
UNIÃO BRASILEIRA
De COMPOSITORES
#21 / agosto 2014
Thalles
Roberto
Aos 6 anos, já era solista no coral da igreja.
Aos 21, abraçou o mundo pop. Aos 36, é um dos maiores do
gospel e o primeiro brasileiro na mítica Motown
+ Funk, hip hop,
batalhas de passinhos:
a Baixada Fluminense
está em alta
+ Goiás, terra de puro rock ’n’ roll
+ Os novos acordos com operadoras de TV por assinatura
+ Spok Frevo Orquestra, Mallu e Camelo,
Adriana Calcanhotto, Johnny Hooker, Maria Bethânia
UBC e você,
REVISTA
DA UNIÃO
BRASILEIRA De
COMPOSITORES
#21 : agosto 2014
crescendo juntos
Editorial
Em um ano, os valores distribuídos de direitos autorais de
execução pública tiveram aumento de 88%, atingindo R$ 322,12 milhões.
Mais de 77 mil titulares nacionais e estrangeiros foram beneficiados,
e o nosso quadro de associados saltou 13,1%, atingindo 16 mil associados.
Nasc da há 72 anos pa a de ende os d e os au o a s dos c ado es de
mús ca a UBC con nua aba hando d a a d a pa a cump os comp om ssos
assum dos po seus undado es A ene g a e a un ão de es nos mpu s onam
pa a en en a as ba a has que su gem e pa
pa a novas conqu s as
THALLES
ROBERTO
Execução pública de obras musicais e fonogramas
em território nacional - em milhões de R$
NOTÍCIAS : UBC/5
4/UBC : NOTÍCIAS
NOVIDADES INTERNACIONAIS
Não são a maquiagem forte, o figurino abusado, original, e a
atitude libertária que fazem o multiartista Johnny Hooker.
Personalidade ele tem até desmontado desse aparato todo.
Prova disso é a elogiada atuação como um dos protagonistas
de “Geração Brasil”, da TV Globo, sua primeira telenovela.
Além de atuar nela, também empresta uma de suas canções à
trilha. “Alma Sebosa”é tema do personagem do ator e humorista
Leandro Hassum. Antes, Johnny já havia atuado na série “A
Menina Sem Qualidades”, da MTV, no curta “Não Me Deixe
em Casa”, de Daniel Aragão, e no longa “Tatuagem”, de Hilton
Lacerda, pernambucano como ele. Recém-filiado à UBC, Johnny
bate um papo rápido com a gente sobre carreira, estética,
machismo, caretice, Ney Matogrosso, Pernambuco, grana...
BEM ACOMPANHADO,
MORENO VELOSO EMPLACA
PRIMEIRO DISCO DE ESTÚDIO
MALLU E CAMELO ANUNCIAM
NOVA BANDA, E DISCO SAI
NO SEGUNDO SEMESTRE
Qual foi a mudança mais radical que já fez na vida?
Esse conceito de mudança radical eu aplico na minha vida
todo dia. A cada dois meses. A cada ano. Sabe aquela música
de Caetano Veloso que diz “Você não vai me reconhecer
quando eu passar por você”? Essa letra representa muito do
que eu sou. Vivo recolhendo os pedaços, os cacos, respirando
fundo e começando tudo de novo. E isso se traduz em todos os
níveis da vida, até no meu trabalho. Se, de repente, sinto que
quero fazer música eletrônica, em vez dessa música latina que
é o foco do meu trabalho agora, eu pego minha coisas e me
transformo. Já sou outro.
Hoje conhecida apenas pelo primeiro nome, Mallu Magalhães
anunciou, em seu perfil no Facebook, que ela e o marido, o
ex-Los Hermanos Marcelo Camelo, criaram o grupo Banda do
Mar. O primeiro disco sai em algum momento deste segundo
semestre. Na rede social, a cantora paulistana revelou que o
casal trabalhará ao lado do português Fred Ferreira, baterista
das bandas Buraka Som Sistema e Orelha Negra. A carreira
do casal Mallu e Camelo teve outros pontos de contato desde
o início do relacionamento afetivo deles, em 2008. Tudo
começou com uma participação dela no primeiro disco solo
dele, “Sou”, daquele mesmo ano. Já a contribuição de Camelo
ao trabalho de Mallu foi ainda mais forte, principalmente no
terceiro álbum dela, “Pitanga”, produzido pelo músico carioca
e lançado em 2011.
Você gosta de ser descrito como “artista que adotou a
estética andrógina”? Muitas pessoas repetem o termo
sem saber o que é?
Eu acho que me apontar por esse caminho, que realçar isso
ao me descrever, é muito fruto do machismo dominante do
nosso país. E na música, então! É um meio muito machista.
Já me perguntaram até “por que você se veste de mulher?”.
Eu respondo que não, eu não me visto de mulher, maquiarse não é se vestir de mulher. Não sou uma mulher porque
exponho meu corpo, porque rebolo. Não, isso não é coisa de
mulher. Isso é coisa de gente. Então, cresçam. Me perguntam
também “você quer ser o próximo Ney Matogrosso?”, e essa
eu acho especialmente estúpida porque nunca existirá o
próximo Ney Matogrosso, só existe um Ney, no mundo inteiro,
é completamente única a união da voz com a apresentação no
palco, aqueles olhos arregalados, maravilhosos.
FEIJOADA DE PRIMEIRA NO
SOM DA BANDA CASCABULHO
O quarto álbum do Cascabulho, “O Dia Em Que o Samba
Perdeu Pra Feijoada”, já está nas lojas físicas, depois de
um lançamento primeiro na internet. O álbum foi mixado
produzido por JR Tostói, com projeto gráfico do artista plástico
Neílton Carvalho, e mostra o fruto de um processo criativo que
envolveu os músicos pernambucanos por parte dos seis anos
de hiato desde o último trabalho de estúdio, “Brincando de
Coisa Séria”, de 2008. Como numa autêntica feijoada, repleta
de carnes nobres da música brasileira, o repertório tem dez
faixas, a maioria assinada pelo grupo, formado por Kleber
Magrão (voz), Leo Lira (guitarra), Jackson Rocha (baixo), Leo
Oroska (percussão) e Junior do Jarro (bateria).
BLACK DRAWING CHALKS
APRESENTA DUAS
MÚSICAS QUE ESTARÃO
EM ÁLBUM OU EP
Quais são suas expectativas ao se filiar à UBC?
Ganhar um dinheirinho, porque a pindaíba na minha vida é
muito forte!
A Divisão Antitruste do Departamento (ministério) de Justiça
americano abriu em junho um expediente legal pelo qual serão
revistos os critérios de arrecadação praticados pelas duas
maiores sociedades de gestão coletiva dos Estados Unidos, a
Ascap e a BMI. O objetivo do governo americano é adaptar as
práticas das entidades à era digital. A Ascap, maior do gênero
no mundo, com mais de 500 mil associados, fez sua última
revisão de procedimentos em 2001, antes sequer da invenção
do iPod. Num comunicado, seu presidente, Paul Williams,
disse estar contente com o expediente legal lançado pelo
Departamento de Justiça, que convidou os cidadãos em geral
a opinar sobre as regras de arrecadação. “Novas tecnologias
transformaram dramaticamente o modo como as pessoas
ouvem música. As canções dos nossos associados são ouvidas
por mais pessoas, em mais lugares e mais dispositivos do
que nunca. Mas o sistema para determinar como os músicos
e compositores são remunerados não acompanhou essa
evolução, tornando cada vez mais difícil para os criadores
sobreviver do seu trabalho. A Ascap está comprometida em
modernizar o sistema de licenciamento de músicas”, afirmou
Williams.
Um dos grandes desafios da indústria musical, convencer os
jovens a pagar pelas canções, parece viver ventos favoráveis.
Pelo menos na Suécia. Segundo um estudo da Universidade
de Lund, o total de internautas de 15 a 24 anos que utilizam
plataformas piratas diariamente (ou quase) caiu de 32,8%, em
2012, para 29% este ano. Ainda que não seja intensa, a queda
mostra uma tendência de normalização do consumo de música
pago nos últimos anos, depois da explosão da pirataria com
a popularização da banda larga, a partir do início dos anos
2000. Um número específico justifica essa visão: o percentual
de usuários dessa faixa etária na Suécia que nunca utilizou
plataformas piratas saltou de 21,6% para 30,2%. “Pela primeira
vez pudemos ver que a troca de arquivos se reduziu”, indicou
Måns Svensson, chefe do laboratório de Lund responsável
pela pesquisa. “Os jovens atribuem a redução à melhora dos
serviços legais, e não a ações policiais contra plataformas
como The Pirate Bay. Soluções como Spotify e Netflix estão
mudando os padrões de consumo entre eles”, continuou. As
informações são do site TorrentFreak.
Números divulgados pela consultoria Nielsen SoundScan
mostram que, no primeiro semestre deste ano, as vendas de
álbuns e canções digitais caíram 11,6% e 13%, respectivamente.
Contudo, o mercado parece não se alarmar, confiando na força
crescente dos streamings para revitalizar a arrecadação. Os
streamings de áudio e vídeo, combinados, subiram 42% no
mesmo período nos Estados Unidos, atingindo nada menos
que 70,3 milhões de reproduções. Ainda que alguns discos
tenham ótimo desempenho - “Frozen”, do filme homônimo
da Disney, vendeu 2,7 milhões de cópias digitais, enquanto
Beyoncé, Eric Church, Lorde e Coldplay vão de 700 mil a 590
mil unidades -, o panorama geral revela que as descargas têm
tido queda similar à dos CDs físicos na última década. Nos
primeiros seis meses deste ano, os streamings representaram
22,1 milhões de canções vendidas naquele país, contra 15,9
milhões dos discos (virtuais e físicos). As informações são do
site Music Ally.
Sem muitos rodeios, o Mombojó escolheu lançar “Alexandre”
(Som LIvre), o quarto disco da carreira, calcado no
experimentalismo, usando de vinhetas instrumentais a
introduções pesadas de música eletrônica, sob influência de
“Amnesiac”, do Radiohead, como explica o vocalista Felipe
S. “Alexandre” é um álbum espontâneo e contemporâneo. A
bateria de “Rebuliço”, por exemplo, foi composta por Felipe no
celular, enquanto “Ping Pong” é um “interlúdio instrumental”
guiado pelo barulho de bolinhas batendo na mesa. “Summer
Long” traz os vocais da francesa Laetitia Sadier, do grupo que
mais influenciou o Mombojó, o Stereolab. Para ouvir dirigindo.
Ou, simplesmente, deitado numa rede curtindo o fim de tarde.
04-05
RELATÓRIO 2013 DA UBC FAZ
BALANÇO DO ANO PASSADO
SUÉCIA: CAI PIRATARIA
MUSICAL ENTRE JOVENS
DE 15 A 24 ANOS
EUA 2: CAEM FORTEMENTE
DESCARGAS DE
MÚSICA DIGITAL
MOMBOJÓ LANÇA
“ALEXANDRE” QUATRO
ANOS APÓS O ESTREANTE
“AMIGO DO TEMPO”
Victor Rocha (guitarra e voz), Douglas de Castro (bateria),
Denis de Castro (baixo) e Edimar Filho (guitarra) acreditavam
que ter um hit era pouco. Por isso, o quarteto goiano Black
Drawing Chalks lança “Smiling Curse” e “Guided By U”,
que comporão mais uma obra do grupo, podendo ser um EP
ou mesmo um disco. Eles ainda não revelaram qual será o
formato, mas anunciaram à MTV que, diferentemente do
que mostraram no último álbum, “No Dust Stuck on You”, de
2002, parecem voltar aos caminhos seguidos em “Life is a Big
Holliday For Us”, o disco de maior sucesso, mais solar, lançado
em 2009 e cujo single, “My Favorite Way”, foi descrita pela
edição brasileira da “Rolling Stone” como a melhor música
daquele ano.
O que é ser careta para você?
Ser careta é ser conivente com o abuso moral, sexual,
sociológico, histórico, por motivos religiosos ou políticos. Ser
careta é achar tudo lindo, todo mundo talentoso e bacana,
quando não é. Ser careta é viver essa música pastelão que
virou a “música popular brasileira” que toca em rádio. Ser
careta é viver de passado. Ser careta é achar que a grama do
vizinho é sempre mais verde. Poderia passar o dia falando
para você o que é ser careta. Sejamos libertários. Por um
mundo mais fabuloso.
“Coisa Boa” é o título do primeiro álbum solo que o cantor
e compositor Moreno Veloso emplaca, realizado por meio de
uma parceria entre a Maravilha 8 e a Pommelo Distribuições.
Velhos companheiros como Rodrigo Amarante, Domenico
Lancellotti, Kassin e Pedro Sá estão entre os nomes que
ilustram a ficha técnica - e o arcabouço estético - da obra,
uma aguardada estreia no front do filho de Caetano Veloso.
Também participam Melvin Gibbs, Rollins Band, Femi Kuti,
Caetano e Marisa Monte, além dos japoneses Hiroshi Takano
(guitarra) e Takako Minekawa (voz). Berna Ceppas, Pedrinho
Miranda, Arto Lindsay, Luis Felipe de Lima, Daniel Jobim
e Luiz Brasil completam o timaço, que imprime um clima
profundamente suave, cool, como se espera de Moreno. O
destaque é a faixa-título, canção de ninar que Moreno compôs
para a filha. Magrão (voz), Leo Lira (guitarra), Jackson Rocha
(baixo), Leo Oroska (percussão) e Junior do Jarro (bateria).
A primeira oportunidade profissional surgiu como backing
vocal no Jota Quest. “Eles precisavam de um backing 'negão',
com o meu estilo de voz. Foi quando teve mesmo início a
minha carreira profissional.” Durante sete anos, Thalles viajou
pelo Brasil, como músico de apoio não só para o Jota Quest,
mas também para a banda baiana Jammil e Uma Noites. E fez
participações em shows de Ivete e Roberto Carlos. Mas não
se sentia feliz. “Tive envolvimento muito forte com bebida,
drogas, muita bagunça com mulheres... Aquele exagero
começou a não me fazer bem. Cada vez mais me lembrava
do passado, da minha religiosidade, que estava esquecida,
de como eu cantava na igreja, como nos corais americanos.
Simplesmente queria voltar para aquela vida simples de novo,
quando eu pegava o violão, tocava, e as pessoas choravam”,
ele descreve o momento em que teve um estalo e decidiu
deixar o trabalho como vocalista de apoio, assumindo as
rédeas da sua carreira. “Eu queria ser o cantor principal, não
mais o backing.”
107,69
2009
2012
Até meados deste mês de agosto, alguns eventos ainda levarão
atrações às serras do Rio e de São Paulo. No mais tradicional
evento do gênero no país, por exemplo, o Festival Internacional
de Inverno de Campos de Jordão, na Mantiqueira paulista,
ainda haverá shows até o próximo dia 3. Especializado em
música clássica, o maior do gênero na América Latina vive
sua 45ª edição, exibindo uma robusta programação com 27
concertos de orquestras e bandas sinfônicas, além de trazer
artistas de renome, como o vencedor do Tony Awards 2008
de Melhor Ator, o brasileiro Paulo Szot, o grupo nova-iorquino
Escher String Quartet, o Quarteto Osesp e o pianista russo
Kirill Gerstein. Há também dois ciclos dedicados a dois
grandes aniversariantes de 2014 – o maestro César GuerraPeixe, histórico associado da UBC que faria cem anos de
nascimento, e o alemão Richard Strauss, 150 anos.
Um diferencial de Campos do Jordão é o núcleo pedagógico,
que propicia um encontro anual de bolsistas do mundo da
música erudita, os quais convivem durante praticamente
um mês de intensa atividade musical, com aulas teóricas,
de prática orquestral e de câmara, sob a orientação de
professores de renome internacional. Nesta edição, foram 40
aulas especiais com professores convidados, além de oficinas
de aprimoramento.
Autores e executivos de grandes gravadoras multinacionais
estão no time que integra o júri do ISC - International
Songwriting Competition, prêmio de composições musicais.
Os inscritos nas 22 categorias irão concorrer a valores que
chegam a US$ 30 mil. Na edição deste ano, a competição
ganha o reforço de executivos do mercado da música no time
de jurados, com o objetivo de dar oportunidade aos artistas
de terem suas músicas ouvidas por grandes profissionais.
Vencedores de edições passadas chegaram a ter destaque
em premiações prestigiosas, como o Grammy. Para mais
informações e inscrições, acesse o site da competição
(songwritingcompetition.com), até o próximo dia 18 de
setembro, e boa sorte.
Outro evento de peso é o Festival de Inverno de Ouro Preto
e Mariana, em Minas, que terminou no último dia 20 com
o tema Entrecorpos e uma celebração às mais variadas
manifestações musicais. Além da programação de shows de
música popular, o festival realizou uma série de concertos
na Casa da Ópera (teatro colonial de Ouro Preto), no Sesi
A Baixada anda em alta. Terra vasta e populosa (com mais de
3,5 milhões de almas), essa região periférica do Rio está bem
no centro de uma onda cultural que se espalhou pelo país.
Não é de hoje que se faz bom funk (e samba e pagode e hip
hop e rock e o que mais você puder pensar) por aqui. Mas
a turma que tem movimentado a cena não tem bom ritmo
só na voz - é nos pés que ela também manda seu recado.
Epicentro do passinho, um fenômeno típico da Baixada
Fluminense que ganhou o Brasil por meio de programas como
“Esquenta”, da TV Globo, cidades como Nova Iguaçu e Duque
de Caxias se orgulham se produzir, aos montes, coletivos
que, numa saudável disputa, esquentam bailes e festas com
apresentações completas.
VENCEDORA, PELA QUARTA VEZ, DE UM PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA,
A 'BIG BAND' SPOK FREVO ORQUESTRA CONQUISTA PALCOS (E CRÍTICOS)
NA EUROPA E NOS EUA COM SUA SOFISTICADA BRASILIDADE INSTRUMENTAL
Por Bruno Albertim, do Recife
Presença recorrente e festejada nos mais importantes festivais
de jazz da Europa, a Spok Frevo Orquestra fazia mais uma
de suas acaloradas apresentações, ano passado, na cidade
de Marciac, Sul da França, quando capturou uma atenção
ilustre na audiência. Arrebatado pela fluência jazzística
do frevo praticado pela big band pernambucana, o multiinstrumentista (e verbete de primeira grandeza da música
instrumental do Ocidente) Wynton Marsalis foi cumprimentar
o maestro, que dá nome à banda, Spok. Acabou por lhe fazer
um convite sem qualquer possibilidade de recusa: tocar no
prestigioso Lincoln Center, em Nova York, emendando, de
quebra, uma turnê de mais 25 dias pelos Estados Unidos.
PELO PAÍS : UBC/11
“É muito bom ver o frevo circulando assim pelo mundo.
Ao lado do choro, o frevo, essa música tão brasileira que
nasceu em Recife, é provavelmente a mais autêntica música
instrumental do país”, diz o recifense, que viaja para os
Estados Unidos levando na bagagem seu quarto Prêmio da
Música Brasileira.
Depois de já ter ganhado nas categorias Revelação, Melhor
Disco e Melhor Grupo, a Spok recebeu mais um título, o de
Melhor Grupo Instrumental, na última edição do prêmio,
em maio. “Vamos fazer vários workshops sobre a linguagem
do frevo, a forma como é tocado, executado”, antecipa,
entusiasmado, o maestro. Apadrinhados por Marsalis, Spok e
seus músicos embarcam em outubro.
Ainda que críticos internacionais - e mesmo os brasileiros
de pouca intimidade com o mais pernambucano dos ritmos vejam a Spok como uma grata variável do latin jazz, o maestro
insiste que sua big band segue sendo uma grande orquestra
de frevo. “A grande semelhança entre o frevo e o jazz é que o
frevo bebe do jazz na sua formação de big band: saxofones,
trombones, trompetes. Mas a música em si, a melodia, tem
pouco a ver. O frevo bebe do maxixe, do dobrado, das polcas,
das melodias, das bandas militares de música do passado. E,
talvez, um pouco da música americana, por causa do dobrado
e de informações musicais que começaram a chegar com as
orquestras de Duke Ellington, Glenn Miller”, conceitua.
O próprio Spok, contudo, acabou por encurtar as distâncias
entre o jazz e o frevo. “De dez anos para cá, passamos a colocar
os improvisos em nossa música. Isso ajudou muito a abrir as
portas de festivais, porque solos e improvisos são elementos
muito apreciados nesses eventos”, ele explica.
Criada há uma década, a Spok Frevo Orquestra tem dois
discos. “Passo de Anjo” saiu logo no iniciozinho. O segundo,
“Ninho de Vespa”, é um trabalho de ainda maior maturação
do estilo: uma complexa comunhão de gêneros musicais
brasileiros não eruditos, indo muito além da música para
fazer dançar tão comum entre os sons carnavalescos de
Pernambuco. “Somos, sim, uma orquestra de frevo, mas a gente vem
realizando o sonho de levar esse frevo, que nasce nas ruas,
para os palcos consagrados do mundo inteiro. Não somos
apenas uma orquestra de carnaval. Como músico, era uma
falta que eu sentia de fazer não só isso. De fazer uma música
maravilhosa, muito forte, importante, que nunca havia sido
tocada para a audiência ouvir em silêncio”, conta.
É costume ter a presença do SFO na chamada Apoteose do
Frevo, o grande concerto da Terça-Feira Gorda do Recife. Se,
contudo, o frevo frequentou salas de teatro com Capiba, ali
ele era cantado. Com Spok, é a primeira vez em que é tratado
como música instrumental de câmara. São 17 músicos na
formação, distribuídos entre naipes de saxofones, trombones,
trompetes, além de guitarra, contrabaixo, bateria e percussão.
“Nem sempre é fácil. Viajar com todo mundo para a Europa,
sem tocar, por exemplo, é complexo. Ficar um dia sem tocar
pode significar um custo diário de até dois mil euros”, explica.
“Mas temos felizmente conseguido manter nossa formação”.
A militância do maestro pelo frevo vai além de seu trabalho
na orquestra. Ele está prestes a concluir um longa-metragem
documental sobre os grandes mestres vivos do gênero em
Pernambuco. Idealizado e produzido com a ajuda de parceiros,
está em processo de finalização o filme “Sete Corações”. Nele,
Spok aparece como fio narrativo para apresentar os maestros
Guedes Peixoto, Nunes, Clóvis Pereira, Duda, Edson Rodrigues
e Ademir Araújo, além de Zé Menezes, que acabou morrendo
ano passado, antes de ver o filme pronto. “Documentar a
trajetória desses grandes mestres é, hoje, meu maior sonho”.
Tão logo volte da turnê americana, a orquestra deve entrar
em estúdio para o terceiro álbum. Aprovado pelo programa
cultural da Petrobras, a bolacha vai se chamar “Frevo
Sanfonado”. “Em tudo que é lugar aonde chego, os sanfoneiros,
que são músicos extremamente habilidosos, virtuosos,
têm frevos para mostrar. Sivuca e Dominguinhos, não por
acaso, tinham muitos frevos. Então, minha ideia foi reunir
acordeonistas do Brasil inteiro, mostrando o frevo no olhar da
sanfona”, diz o recifense Inaldo Cavalcanti de Albuquerque,
que recebeu o apelido que viraria codinome artístico ainda
na infância. “Eu tinha mania, no colégio, de mexer na orelha.
E um amigo começou a me chamar de Spock (que, na adoção
do nome artístico, perdeu a letra c), justamente no auge de
'Jornada nas Estrelas'”.
Vida longa e próspera, maestro.
Dentre os shows musicais no formato tradicional, destacam-se
os Gó Gó Boys, grupo especializado em fazer música apenas
com a voz; o Bloco D’O Passo que, com seus tambores, palmas
e vozes, conduz os espectadores ao interior do Brasil com
samba, maracatu, ciranda e baião; e os Flautistas da Proarte
– A Pequena África, grupo especializado em espetáculos cujo
tema são grandes astros da MPB como Milton Nascimento,
Sivuca, Lamartine Babo e Gilberto Gil.
ad
Os passos a que ela se refere não diferem tanto daqueles
clássicos, do funk americano, dos bailes de charme oitentistas,
turbinados por movimentos de rua, do break, mais explosivos.
A base vintage ganhou roupagem pop, contemporânea. Uma
estética maximalista, cheia de cores, de energia, que atrai
um número crescente de jovens talentosos por aqui. Como
Atualmente, o Enraizados se prepara para gravar o disco “Dia
da Rima”, com a participação de 33 MCs, não só da Baixada,
mas de outras regiões do Brasil e do mundo. E produz um
documentário que explica todo o processo necessário para
o lançamento de um disco, desde a criação até a venda do
produto final. “Achamos importante também a distribuição
digital, dependendo do público-alvo. Temos um canal no
“Todo Mundo Aperta o Play”, versão funk do tema da CocaCola para a Copa do Mundo. Na época, a divulgação foi feita
em sites de vídeos como o YouTube, e o “time dos sonhos”
cravou mais de 2 milhões de visualizações em apenas duas
semanas. Daí em diante, trocou o cenário humilde onde se
criou pelo circuito VIP da cultura pop: camarote de Daniela
Mercury no carnaval de Salvador, clipe com Ricky Martin,
peregrinação pela TV, contrato com uma grande gravadora (a
Sony Music Brasil)...
os integrantes do Dream Team do Passinho, muitos têm o
desejo de se profissionalizar, mas, sem condições financeiras,
contam com projetos sociais como o Movimento Enraizados,
de Nova Iguaçu. Criado em 1999, por iniciativa do rapper
Dudu de Morro Agudo, o projeto abriga uma escola de hip
hop, que ensina técnicas de grafite, rap, break e o ofício de
DJ de graça. Forma por ano cerca de 30 alunos em cada um
desses segmentos. Tudo com a ajuda de patrocinadores e de
profissionais voluntários.
“O artista da favela entendeu que é possível levar seu estilo
para fora dali, mostrar sua arte e se perceber como um atrativo.
Isso fez com que rompêssemos as barreiras. Estamos nos
profissionalizando e influenciando quem está começando”,
lembra o cantor/compositor/dançarino Rafael Mike, que
comanda o grupo.
“Os meninos têm entre 15 e 18 anos, em média, e nos procuram
porque realmente têm potencial e querem ganhar a vida
dessa forma. Damos aulas e oficinas, e, depois de dez meses,
eles saem daqui formados e aptos a gerenciar suas carreiras e
produzir seus próprios eventos”, Dudu explica.
Única mulher no Dream Team, Alessandra Aires, a Lellezinha,
tem 15 anos, é fã de Beyoncé e Michael Jackson e, apesar de
Da organização de militância cultural – como eles se intitulam
– já surgiram grandes nomes da cena do hip hop, como o
#ComboIO, composto pelo próprio Dudu junto com Marcão
YouTube ensinando a outros artistas como ganhar dinheiro
com suas músicas na internet por meio de ferramentas como
a ONErpm, lembrando, porém, a importância de o artista
estar associado à UBC para receber os direitos autorais das
músicas arrecadados pelo Ecad”, segue Dudu.
Também formado pelo projeto, onde ministrava oficinas de
rap, Petter MC acredita que, graças a uma forte demanda
por manifestações desse gênero, a produção independente
continua crescendo na região. “Aqui na Baixada, esquinas,
praças, pista de skate, bares, tudo serve de palco para essa
galera”, resume, empolgado, esse rapper que assina uma
coluna no site do movimento, onde discute os rumos que a
cena toma e orienta quem quer se lançar na onda cultural
mais forte a emergir daqui em muitos anos. “Esse encontro
democratiza o acesso e aproxima cada vez mais pessoas”,
comemora.
Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano, Bruno &
Marrone, Lucas & Marcelo, Luan Santana... Fácil entender
porque o Centro-Oeste é associado ao mundo sertanejo.
Algumas das maiores estrelas deste que inegavelmente é o
mainstream musical por aqui são produto legítimo de Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. O que muitos não esperam
é encontrar, fora de Brasília, uma cena roqueira tão forte e
tradicional no Cerrado. Os festivais goianos Goiânia Noise,
Bananada, Vaca Amarela, o mato-grossense Grito Rock e o
brasiliense Porão do Rock são legítimos lugares de encontro e
troca de ideias e sons, vitrines do mercado independente onde
surgiram ou se consolidaram várias bandas que acabaram
ganhando projeção nacional.
Mais importante evento dedicado às guitarras na capital
goiana, o Noise, como é conhecido na cena, chega este ano
à 20ª edição. Criado em 1995, ganhou forma e corpo pelas
mãos dos produtores culturais Leo Bigode e Márcio Júnior.
Diretor de comunicação do evento, Leonardo Razuk lembra
que as primeiras edições tiveram papel fundamental como
celeiro roqueiro no estado. “Na época estavam rolando outros
festivais de rock em cidades do interior de São Paulo, em
Recife, e percebeu-se que poderia acontecer algo também em
Goiânia. Leo e Márcio fizeram o primeiro na raça. Trouxeram
algumas bandas e deram espaço às de Goiânia, num diálogo
Por Marcelo Augusto, de Passos (MG)
Ele nasceu, criou-se e mantém suas raízes nesta tranquila
e próspera cidade do Sul de Minas. Passos não é só o lugar
onde Thalles Roberto mais se sente à vontade. É também uma
metáfora para a ascensão incrível, mas calma, estudada, de
um cantor que, com somente 11 anos de carreira, tornou-se
um dos maiores nomes da música gospel no país. Um milhão
de discos vendidos, num momento tão complexo da indústria
fonográfica, mais de seis milhões de fãs em redes sociais,
600 shows que reuniram multidões em, literalmente, todas as
regiões brasileiras - numa média de uma apresentação a cada
2,4 dias -, fãs como o craque Neymar e a cantora Ivete Sangalo
e contratos com a Universal, no Brasil, e a mítica Motown, nos
Estados Unidos. Seus sucessos falam por si. Mas não o fazem
tirar os pés do chão. Nem se esquecer de onde veio.
Este ano, o evento desce a serra e se estende pelo Grande
Rio, com shows e atividades paralelas em São Gonçalo e
Nova Iguaçu, além das unidades Ramos e Sesc Ginástico, na
capital.
Também integra o calendário o 24º Festival de Inverno de
Garanhuns, que até o último dia 26, levou uma porção de
ótimos shows às ruas da cidade serrana pernambucana.
Vanessa da Mata, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Céu, Zé
Ramalho, Otto, Alceu Valença e Nação Zumbi foram alguns
dos associados da UBC que brilharam na programação deste
ano, esquentando a temporada.
10-11
12-13
A força do heavy metal na capital federal também é notável.
Khallice, Vougan e Dynahead estão na estrada há muitos
anos, com vários CDs lançados e experiência de shows
internacionais. O Khallice já fez abertura do grupo americano
Symphony X, além de astros como Sebastian Bach e Guns
n’ Roses, todos ocorridos em Brasília. Flertando com outros
palcos, seu vocalista, Alírio Netto, vive Judas no musical
“Jesus Cristo Super Star”, sucesso em São Paulo.
de igual para igual”, conta Razuk, ressaltando a importância
do deslocamento do eixo de produção de Rio-São Paulo-Porto
Alegre-Belo Horizonte-Brasília para o interior.
A lógica deu tão certo que acabou fortalecendo o improvável
movimento heavy metal goiano. Fundada em 2006, a banda
Mugo é presença constante na cena da cidade. Para o
vocalista, Pedro Cipriano, Goiânia estimula a criação. “A
nossa cidade tem produzido grandes festivais por muitos anos
consecutivos, sem parar, e, se você frequentar esses eventos,
vai ver que eles são constituídos basicamente de bandas
daqui, bandas profissionais, com talento, material gravado,
merchandising a postos e tudo o que pode se esperar de
um grupo de verdade. A cidade tem colocado em circulação
não só no Brasil, mas em outros países, bandas de rock de
verdade, sem frescura, sem conversa fiada, como Hellbenders,
Black Drawing Chalks e Boogarins. Essa galera não está de
brincadeira, não. São todos muito esforçados e comprometidos
com seus trabalhos”, analisa.
Dos mais fortes representantes do stoner rock no país, o
Black Drawing está em processo de composição do próximo
álbum. “Estamos vindo de uma média de quase cem shows
por ano, às vezes mais. Nos últimos sete anos, rodamos o
Brasil todo e alguns lugares do mundo”, conta o guitarrista
Edimar Filho. “Em Goiás existe há uns 20 anos um processo
contínuo de produção de música autoral e alternativa. Todo
mundo da minha geração cresceu ouvindo bandas autorais do
mundo inteiro vindo tocar aqui em Goiânia, e acho que isso
fortaleceu demais na formação de uma cena. Acho que temos,
hoje, a cena alternativa mais interessante e ativa do Brasil”,
crê o músico.
No Mato Grosso, terra do Festival Calango e do Grito Rock,
um dos destaques é a banda Revoltz. Surgido em meados da
década passada, com sonoridades que misturam uma onda
pós-punk oitentista, new wave e garage sessentista, o grupo
da vocalista e tecladista Marcella Carmo teve passagem
marcante pelo Goiânia Noise. “Foi o primeiro festival em que
a gente tocou em Goiânia. Eu me lembro de ficar maravilhada
com tudo, com a estrutura, com o público... Achei o máximo
estar em contato com pessoas de outras bandas de que eu já
gostava e ainda conhecer grupos novos. É muito importante
esse intercâmbio”, ressalta, destacando como a troca entre os
criadores ajuda a fortalecer a cena.
O produtor André Luiz Donzeli faz coro com ela. Ele exalta a
união e o intercâmbio de ideias e sonoridades para fortalecer
a turma que, apesar das dificuldades, produz em todo o
Centro-Oeste e até em parte do Norte (Donzeli é responsável
pelo Tendencies Rock Festival, que acontece anualmente em
Palmas). “A chamada cena rock é sempre cheia de dedicação,
suor, gente que se doa ao extremo. Mato Grosso é cheio de
bandas. Goiás também... Todos incríveis”, elogia.
Como quaisquer artistas independentes, os roqueiros que
militam na terra das violas enfrentam dificuldades para viver
só da música. Pedro Cipriano, da Mugo, afirma que a agenda
incerta de shows torna a arrecadação variável. “Às vezes
entra (grana), mas fazemos um tipo de som muito menos
requisitado por rádios e TVs. A circulação do material é mais
limitada, principalmente por se tratar de metal. Conciliamos
os shows e a venda de produtos com a arrecadação de direitos
autorais”, ele explica.
O vocalista e baixista da Revoltz, Ricardo Kudla, diz que a
própria natureza independente torna os integrantes dessa
cena mais aptos a se virar, a cuidar da carreira como um todo.
“Acredito que qualquer banda que tenha uma construção de
carreira sólida po
A própria Mugo se conecta com a cena local há bastante
tempo. Com nova formação, eles se preparam para um retorno
aos palcos justamente onde tudo começou, o festival Vaca
Amarela, que terá sua 14ª edição no mês que vem. “O Vaca
18-19
a UBC é uma pub a ão da Un ão B a e a de Compo o e uma o edade em fin u a
bu ão do end men o de d e o au o a e o de en o men o u u a
20-21
12
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FENÔMENO DA MÚSICA GOSPEL, COM UM MILHÃO DE CÓPIAS
VENDIDAS, SHOWS NO PAÍS E NO EXTERIOR E CONTRATO
COM A AMERICANA MOTOWN, THALLES ROBERTO FALA
SOBRE VIDA, CARREIRA, CRIAÇÃO E DIREITOS AUTORAIS
Em Brasília, o Porão do Rock, surgido em 1998 a partir
da união de produtores e 15 bandas que ensaiavam no
subsolo da comercial da Quadra 207 Norte, dando mais cor
à movimentada cena roqueira da capital federal, é outro dos
festivais celebrados nacionalmente. Com o passar dos anos, o
PDR foi se fortalecendo e, no final deste mês, vai para a sua 17ª
realização. Brasília, que, a partir dos anos 1980, viu nascerem
nada menos que Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude
e Raimundos, continua a efervescer. Além de integrar
constantemente o circuito de shows do calibre de Iron Maiden,
Judas Priest, Whitesnake, Aerosmith e Scorpions, vê no PDR
uma respeitável média diária de público de dez mil pessoas.
Nov dades Nacionais
NOVIDADES NTERNACIONAIS
f que de olho
fest va s de nverno
spok frevo orquestra
en e de oo dena ão ed o a
COMO DAR
A VOLTA AO
MUNDO SEM
TIRAR OS PÉS
DO CHÃO
PELO PAÍS : UBC/19
Re Manoe Nen nho P n o Rona do Ba o e Sand a de Sá D e o a exe u va Ma
A
CAPA : UBC/13
12/UBC : CAPA
Amarela, que é um festival já consolidado na cidade, sempre
teve uma qualidade de produção inquestionável”, Pedro elogia.
O Vaca se soma ao Bananada, 14ª edição em maio passado,
realização da produtora A Construtora Música e Cultura. A
turma é encabeçada por Fabrício Nobre, líder da veterana
MQN, uma das bandas mais tradicionais do rock goiano.
16-17
04
07
08
09
10
Dando passagem a mais um grande evento cultural, até o
próximo dia 10 de agosto as cidades de Petrópolis, Nova
Friburgo e Teresópolis recebem um dos festivais mais
importantes do Estado do Rio de Janeiro: o Festival Sesc
de Inverno, que chega à sua 14ª edição. Contando com uma
curadoria coletiva, o mote principal do evento é Da Cor
da Rua, com o qual se busca o ideal artístico da cultura
urbana, a exemplo das manifestações de arte nos muros das
cidades. A agenda musical conta com boas novidades como
o Mundo Som – Parque Sonoro Ecológico, um verdadeiro
parque musical de diversões em que os brinquedos são os
próprios instrumentos. A partir de uma exposição do parque,
desenrolam-se as atrações, com direito a apresentações
musicais, jogos, oficinas interativas e orquestrações.
08-09
Baixada e Léo da XIII e que, no ano passado, excursionou pela
França. Além deles, a Dupla Alma (formada por meninas DJs),
a fera das batalhas Biel e os MCs Einstein e Petter lideram
essa cena cheia de estilo. “A Baixada Fluminense é um polo
cultural, e agora vivemos o melhor momento que o rap já teve
até hoje. O movimento se pulverizou, saiu daqui e atingiu
outras classes sociais. Mas o mais importante é que ninguém
nega suas raízes. Os artistas saem daqui para cantar em
outros lugares e trazem gente de fora para se apresentar na
nossa área. Essa troca também é muito boa”, pondera Dudu.
Por Paulo Henrique Faria, de Goiânia
Destaque no movimento, o Dream Team do Passinho é
formado por moradores de diferentes partes da região e se
agregou ano passado, depois da gravação do clipe da música
Foto: Marcus Castro
Com generosa exceção aos estados do Sul e às regiões
serranas do Sudeste, o inverno brasileiro tem temperaturas
bem amenas. Mas, durante alguns dias, elas podem subir
ainda mais. É que algumas cidades oferecem programação
musical de alta qualidade em tradicionais festivais, cardápio
certo para aquecer a estação.
GUITARRAS NA
TERRA DAS VIOLAS
Por Patrícia Paiva, de Nova Iguaçu (RJ)
ATÉ MEADOS DESTE MÊS,
EVENTOS EM REGIÕES
SERRANAS OFERECEM BOA
PROGRAMAÇÃO MUSICAL
Por Alex Chagas Vieira, de São Paulo
PRÊMIO INTERNACIONAL
DE COMPOSIÇÃO TEM
INSCRIÇÕES ABERTAS
DE UMA ESTRELA
de Mariana e no Museu da Música, também em Mariana.
Este ano, a programação foi toda dedicada à música erudita
contemporânea, com concertos a cargo de Abstrai Ensemble,
Qattus, Schlag, Grupo de Percussão da UFMG e Paulo Álvares.
Segundo um dos curadores, Guilherme Paoliello, parte da
programação é escolhida entre as propostas enviadas quando
o edital, divulgado na página da Universidade Federal de
Ouro Preto, é aberto. Outra parte é escolhida pelos próprios
organizadores. Nos anos anteriores havia uma mescla entre
música contemporânea e clássica. Bernardo Fabris, outro
curador do evento, explica que a ideia principal é selecionar
atrações que ainda não tiveram a oportunidade de se
apresentar nas cidades de Ouro Preto e Mariana ou que não
costumam ir com frequência à região. “Queremos formar
público”, resume. “Nossas ações estão intimamente atreladas
à difusão de conhecimento e ao fomento à produção musical
independente”. Bernardo ainda aconselha: os compositores
e intérpretes podem se inscrever para participar do Festival
de Inverno de Ouro Preto e Mariana submetendo propostas
para apresentações e oficinas através do site do evento. As
propostas devem ser enviadas no início do ano, normalmente
no período entre janeiro e maio, por meio do endereço www.
festivaldeinverno.ufop.br.
2013
A Rev
Confira o Relatório 2013 em ubc.org.br e fique por
dentro de todos os números da maior sociedade
de gestão coletiva do país
Aguardada para o primeiro semestre deste ano, a
regulamentação da nova lei de direitos autorais (12.853/13), em
vigor desde dezembro passado, ainda é um assunto pendente
e deixa em aberto dúvidas relativas à norma que alterou a
atividade de gestão coletiva no país. Sem a publicação do
decreto contendo a regulamentação, ainda não se sabe, por
exemplo, como atuará a instância mediadora de conflitos a ser
criada no âmbito do Ministério da Cultura. Nem como se dará
a “fiscalização” às associações que defendem os autores. O
acesso do poder público ao banco de dados de obras musicais,
fonogramas e respectivos titulares dos direitos criados pelas
sociedades de autores tampouco teve suas regras publicadas.
Enquanto isso, pelo menos uma forma de ingerência estatal
numa atividade eminentemente privada já começou: foi
estabelecido um calendário para a redução, sem estudo
prévio de impacto, das taxas de administração do Ecad e das
associações, que são cobradas exclusivamente para custear a
gestão coletiva. A nova lei é questionada no Supremo Tribunal
Federal (STF), onde ainda não houve julgamento sobre sua
constitucionalidade.
O CENTRO-OESTE DAS DUPLAS
SERTANEJAS SE TORNOU UM
DOS GRANDES POLOS DO ROCK
NACIONAL, COM FESTIVAIS
INDEPENDENTES ENTRE OS
MAIS IMPORTANTES DO BRASIL
Como evangélico, Thalles doa grande parte do que ganha a
um grupo que auxilia pastores a evangelizar pelos rincões do
país. Além disso, participa de projetos sociais e faz doações
a hospitais. Por depender do que arrecada para isso, ele
reclama da pirataria e das ameaças aos direitos autorais. “A
composição é um patrimônio do compositor, é um pedaço
dele, a essência dele que fica ali exposta para todo mundo
usufruir e curtir, isso não pode ser ameaçado. Todo mundo
que vive de música é lesado pela distribuição ilegal. Hoje
estou entre os dez artistas que mais vendem no país, e em
primeiro no segmento gospel. Mas, se não houvesse esse
esquema industrial de pirataria, daria para vender mais.”
Uma forma nova de levar sua mensagem deve vir, em breve,
em outra mídia. Depois de ler “Olha O Que Ele fez Comigo”,
biografia de Thalles escrita por Daniel Israel, o diretor de
cinema Carlos Manga Jr. apresentou ao cantor a proposta de
contar sua história na tela grande. Orçado em R$ 7 milhões,
o projeto já está em produção e deve ser lançado no ano que
vem. “Será um filme forte, impactante, dirigido às famílias”,
descreve o cantor. “Quero mostrar a minha história, quem eu
era e no que Deus me transformou.”
índice
2011
MAIS FORTE MOVIMENTO CULTURAL A EMERGIR DA BAIXADA FLUMINENSE EM
MUITOS ANOS, A MISTURA DE HIP HOP, FUNK E BATALHAS DE PASSINHOS REÚNE
COLETIVOS CHEIOS DE ESTILO QUE COMEÇAM A CONQUISTAR O PAÍS TODO
14-15
121,63
2010
Foto: Pedro Henrique
171,09
NOVA LEI DE DIREITOS
AUTORAIS AINDA AGUARDA
REGULAMENTAÇÃO
MÚSICA PARA AQUECER OS OUVIDOS
O Ecad teve trabalho para defender os autores em algumas
cidades onde se realizou o evento Fifa Fan Fest durante a Copa
do Mundo, encerrada no mês passado. Se Belo Horizonte, Rio
de Janeiro, Cuiabá e Curitiba efetuaram sem problemas os
depósitos pelas obras tocadas nas festas públicas promovidas
pelas prefeituras, e, em São Paulo, foi preciso muito negociação
até se chegar a um acordo, em outras capitais a situação se
mostrou bem mais complicada. As Fifa Fan Fests de Fortaleza,
Porto Alegre, Manaus, Salvador, Brasília e Natal se recusaram
a pagar, obrigando o escritório central a entrar na Justiça para
defender os interesses dos criadores. Liminares obrigaram as
prefeituras de Natal e Brasília a fazer os pagamentos ainda
durante o mundial, sob pena de multas diárias de até R$ 50
mil. Apenas na cidade nordestina, para se ter uma ideia, foram
64 shows realizados nos dias de jogos. Apesar de o pagamento
estar claramente previsto em lei, algumas das prefeituras
não quiseram negociar. A distribuição aos autores será feita
normalmente, de acordo com o calendário de pagamentos.
18/UBC : PELO PAÍS
contar com um talento natural, genuíno, quer aprimorar sua
técnica. Por enquanto, a agenda lotada de shows não tem
permitido, mas a dançarina autodidata não perde tempo
e vai se atualizando com passos que encontra na internet.
“Sou uma menina normal que está realizando o sonho de ser
dançarina e cantora. No começo, os homens não gostavam
de ver mulher dançando o passinho, achavam feio, meio
masculino. Eu nunca liguei, por isso fui a primeira menina a
ser aceita dentro do movimento. Quero me tornar uma artista
completa, daquelas que se permitem aprender coisas novas
todos os dias.”
A temática é tocante. Mas a voz ajuda a explicar o sucesso.
O timbre e a afinação especiais de Thalles sem dúvida
contribuem para que ele conquiste tantos fãs. A técnica que
desenvolveu ele explica de um modo curioso: “Cantar, para
mim, é igual a andar de bicicleta. Aprendi a pegar, dominar,
equilibrar. Quando equilibrei e comecei a andar sozinho, aí já
subia calçada, empinava, ousava. Não parei mais”, ri. “Sempre
fui atrás do inusitado, daquilo que não é provável! Gosto de
pesquisar de tudo. Se existe um velhinho no alto da montanha
que tem uma técnica vocal, quero ir até lá entender como ele
consegue fazer aquilo. Se uma mulher consegue mudar o
tom da voz deslocando a laringe, não saio de perto dela até
aprender. Se um cara está na calçada, tocando violão com só
três cordas, peço que me ensine. Para mim, nunca está bom.
Acho que sempre se pode melhorar.”
Aos poucos, Thalles foi se consolidando no mundo gospel.
Em 2010, gravou o primeiro documentário falando sobre seu
trabalho e sua vida. Ganhou um disco de ouro. Em 2011,
vieram o segundo disco da trilogia e o DVD “Uma História
Escrita Pelo Dedo de Deus”. Disco de platina duplo. Ano
passado, “Sejam Cheios do Espírito Santo”, 75 mil cópias
vendidas só no pré-lançamento, encerrou a obra tripla e lhe
abriu de vez as portas do mercado musical no país e até no
exterior. Suas canções passaram a ser tocadas em rádios pop,
vieram convites para entrevistas e a consagração, agora, aos
36 anos: os contratos com a Universal e a Motown.
“Fiquei feliz demais (com o contrato com a Universal), agora
minhas músicas estarão disponíveis em todos os lugares,
não só nas lojas e livrarias evangélicas”, comemora. “Mas
essa história da Motown realmente me surpreendeu! Sou
o primeiro brasileiro a fazer parte do casting deles.” E o
trabalho já começou. Thalles gravou cinco canções em
inglês e espanhol que devem ser lançadas ainda este ano no
mercado americano. Depois, a previsão é de um álbum com
12 músicas. “Estou entrando nos Estados Unidos pela porta
da frente. É a gravadora por onde passaram Jackson 5, Stevie
Wonder, Marvin Gaye, Diana Ross, Lionel Richie, Michael
Jackon!”, empolga-se.
A UBC acaba de se tornar o 13º membro da FastTrack,
a principal rede global que fornece a infraestrutura de
soluções para o intercâmbio de dados entre as sociedades
de gestão coletiva de direitos autorais. Tendo desenvolvido a
principal rede de intercâmbio de informações sobre autoria e
propriedade de músicas e audiovisuais e de contratos usada
por mais de 120 organizações de gestão coletiva de direitos
autorais em cerca de cem países, a FastTrack tem a missão de
fornecer soluções de alta tecnologia que facilitam a precisão,
a eficiência e a rapidez na distribuição e no pagamentos de
direitos autorais aos criadores. O convite para a UBC se tornar
a primeira sociedade de gestão coletiva da América do Sul a
integrá-la foi feito em abril e chancelado durante uma reunião
dos membros em Nova York. Num contexto de crescente
convergência digital, com obras usadas em múltiplas
plataformas, a participação na FastTrack traz à UBC uma
presença mais forte e de liderança no cenário global, além de
permitir que as informações sobre o nosso repertório sejam
disseminadas globalmente com maior confiabilidade.
Foto: Marcus Castro
157,06
Embora fosse conhecido no mundo pop, Thalles era um
estranho no ninho gospel. Foi um início difícil, segundo
conta. Ele não estava preparado para recomeçar e chegou
a passar por dificuldades financeiras com a mulher. Com
esforço, conseguiu produzir o primeiro trabalho, o CD
“Acústico Gospel”, lançado em 2008 com regravações de
hinos tradicionais evangélicos. No ano seguinte, pôde lançar
o primeiro trabalho com canções próprias, pela gravadora
Graça Music. “Na Sala do Pai” abriu a trilogia “De Volta Para
a Casa do Pai”, um diálogo meio metalinguístico com a sua
própria história, pelo reencontro com a religião familiar e o
retorno a Passos. Foram 50 mil cópias vendidas, anunciando o
sucesso que estava por vir.
JORNADA
FESTIVAIS DE INVERNO:
ARRECADAÇÃO EM EVENTOS
DA COPA DEU TRABALHO
AO ECAD
EM FOCO : UBC/17
BONS
DA CABEÇA E DOS PÉS
Em julho, Thalles fez uma turnê com dez apresentações
por lá, incluindo uma no maior templo da Igreja Batista de
Orlando, na Flórida. Também participou de um congresso
de igrejas evangélicas americanas, onde cantou para mais
de 50 mil pessoas. Por aqui, além de Ivete (que o divulga nas
redes sociais) e Neymar (que compartilha suas músicas com
seguidores), estrelas como Michel Teló e Naldo também já se
renderam e o elogiaram publicamente. “A Ivete postou no
Twitter que ela e pessoas próximas estavam assistindo ao
meu DVD e chorando. O Neymar postou por três vezes um
trecho de uma música minha e disse em entrevista, durante
a Copa, que ouve as minhas canções. É muito gratificante”,
vibra, arriscando uma explicação para o contato tão único que
consegue estabelecer com as pessoas. “Um artista autoral tem
uma grande responsabilidade de levar um legado para os fãs,
que acompanham sua história, seu trabalho, acompanham as
verdades do coração dele, o que ele pensa a respeito da vida,
como ele dirige sua vida. Meu lance é falar com verdade para
quem está comigo. A minha verdade é falar de Jesus e trazer
de volta aquele que está perdido.”
Foto: Diego Ruahn
Caçula de cinco irmãos numa família humilde chefiada por um
pastor evangélico, Thalles descobriu logo cedo que era capaz
de explorar a afinação e a musicalidade que sempre percebeu
em si. Aos 6 anos, já era solista do coral da igreja, estimulado
pelos pais. Aos 11, começou a tocar violão. Aos 14, com a ajuda
do pai, começou a compor suas primeiras músicas. Aos 21,
decidiu ir para Belo Horizonte, uma das capitais da música
pop brasileira, em busca de oportunidades. “Comecei na
igreja Sara Nossa Terra. Já tinha comigo a intenção de viver
da música, mas, quando cheguei lá, vi que teria que ralar e
trabalhar bastante. Para me manter, gravava jingles. Logo meu
nome ficou conhecido no mercado de propaganda”, lembra.
UBC SE TORNA MEMBRO
DA FASTTRACK
A União Brasileira de Compositores acaba de divulgar, num
documento em português e inglês, seu Relatório Anual 2013. A
publicação apresenta, de forma direta e concisa, os resultados
financeiros, o cenário político e as ações tomadas pela nossa
associação ao longo do ano passado. Nesse período, a UBC
registrou crescimento de 88% nos valores distribuídos de
direitos autorais de execução pública. Além disso, o quadro
de associados teve aumento de 13,1%, chegando a 16 mil
titulares. Uma curiosidade: as mulheres eram 55% do quadro
operacional no fim de 2013. No site da UBC (ubc.org.br)
você pode ver outros números de um bom ano para a nossa
associação, além de ficar em dia com assuntos relevantes
para os direitos autorais, como a lei 12.853/13 e os acordos
fechados com a TV Globo, a Sky e a Net.
06-07
16/UBC : EM FOCO
CAPA : UBC/15
14/UBC : CAPA
10/UBC : PELO PAÍS
FIQUE DE OLHO
EUA 1: GOVERNO QUER REVER
NORMAS DE ARRECADAÇÃO
DA ASCAP E DA BMI
Foto: Rodrigo Rosenthal
UM PAPO COM O CANTOR,
COMPOSITOR, ATOR,
PERFORMER E (POR QUE NÃO?)
PENSADOR PERNAMBUCANO
JOHNNY HOOKER, UM
ARTISTA DE ESTILO ÚNICO
QUE FAZ BARULHO NA TV
E MUITO ALÉM DELA
Foto: Leo Aversa
Como você se encaixa neste cenário?
Eu acho que não me encaixo. Nunca me senti muito
acolhido por nenhum "cenário" na verdade. As pessoas
inclusive tiveram e têm um preconceito enorme comigo em
Pernambuco. Não estou generalizando, não é todo mundo.
Tem gente que me ama de verdade, mas tem gente que me
odeia de verdade também.
São mais de 50 anos de carreira e 50 discos, entre trabalhos
de estúdio e registros de shows, mas nada disso faz
Maria Bethânia parar. A cantora investe na sutileza para
confeccionar as 12 faixas do semiacústico “Meus Quintais”,
disco que, como ela define, tem o “cheiro da infância” como
motor. No álbum, que sai pela Biscoito Fino, mesclam-se
inéditas e regravações de artistas como Zé Martins e Zé do
Norte (“Lua Bonita”), Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro
(na faixa de abertura, “Alguma Voz”), Adriana Calcanhotto
(música) e Clarice Lispector (texto) em “Uma Iara/Uma
perigosa Yara”, Tom Jobim e Aloysio de Oliveira (“Dindi”),
entre outras belas pérolas.
O mar de Portugal foi a fonte onde navegou Adriana
Calcanhotto ao criar o show “Olhos de Onda”, que se desdobrou
no novo trabalho fonográfico da cantora gaúcha, lançado pela
Sony Music. Representa uma espécie de libertação para ela,
uma transição, uma superação. Depois de um ano e meio sem
tocar violão por conta de uma complicada lesão na mão direita,
Adriana recebeu um convite para tocar em Lisboa. Aceitou.
E lá ela simplesmente voltou a tocar o instrumento. Decidiu
criar o show a partir desse retorno. No projeto, Adriana
apresenta as inéditas e autorais “Motivos Reais Banais”, “E
Sendo Amor”, além da faixa-título. Alguns sucessos de sua
carreira, como “Esquadros”, “Inverno” e “Vambora”, também
foram escalados. Mas dois covers mostram que Adriana
não manda bem só nas composições próprias. Ela apresenta
versões deliciosas de “Back to Black” e “Me Dê Motivo”,
hits inesquecíveis nas vozes de, respectivamente, Amy
Winehouse e Tim Maia.
PELO PAÍS : UBC/9
8/UBC : NOTÍCIAS
CHEIRO DE INFÂNCIA INSPIRA
A INCANSÁVEL BETHÂNIA
ADRIANA CALCANHOTTO
LANÇA COMPILAÇÃO DE
INÉDITAS E REGRAVAÇÕES
EM CD E DVD
SIMPLESMENTE
LIBERTÁRIO
NOTÍCIAS : UBC/7
6/UBC : NOTÍCIAS
Por Bruno Calixto, do Rio
Despontar na farta seara de talentos originais
pernambucanos é tarefa dura, não?
Realmente, Pernambuco é um grande celeiro, tem uma
energia poderosa e, culturalmente, é uma nação em si. Mas
não acho que eu tenha sido repetidamente encontrado pelo
Sudeste e pelo cinema Pernambucano por acaso. Acho que
meu trabalho é fundamentado em aspectos universais, apesar
do sotaque de Recife.
Foto: Diego Ruahn
NOVIDADES NACIONAIS
Foto: Beto Figueiroa
322,12
a E p no a e Pau o Hen que Fa a
Notícias : UBC/5
4/UBC : Notícias
NOVIDADES NACIONAIS
Por Bruno Calixto, do Rio
Adriana Calcanhotto
lança compilação de
inéditas e regravações
em CD e DVD
Como você se encaixa neste cenário?
Eu acho que não me encaixo. Nunca me senti muito
acolhido por nenhum "cenário" na verdade. As pessoas
inclusive tiveram e têm um preconceito enorme comigo em
Pernambuco. Não estou generalizando, não é todo mundo.
Tem gente que me ama de verdade, mas tem gente que me
odeia de verdade também.
Simplesmente
libertário
Um papo com o cantor,
compositor, ator,
performer e (por que não?)
pensador pernambucano
Johnny Hooker, um
artista de estilo único
que faz barulho na TV
e muito além dela
Não são a maquiagem forte, o figurino abusado, original, e a
atitude libertária que fazem o multiartista Johnny Hooker.
Personalidade ele tem até desmontado desse aparato todo. Prova
disso é a elogiada atuação como um dos destaques de “Geração
Brasil”, da TV Globo, sua primeira telenovela. Além de atuar
nela, também empresta uma de suas canções à trilha. “Alma
Sebosaӎ tema do personagem do ator e humorista Leandro
Hassum. Antes, Johnny já havia atuado na série “A Menina
Sem Qualidades”, da MTV, no curta “Não Me Deixe em Casa”,
de Daniel Aragão, e no longa “Tatuagem”, de Hilton Lacerda,
pernambucano como ele. Recém-filiado à UBC, Johnny bate um
papo rápido com a gente sobre carreira, estética, machismo,
caretice, Ney Matogrosso, Pernambuco, grana...
Qual foi a mudança mais radical que já fez na vida?
Esse conceito de mudança radical eu aplico na minha vida
todo dia. A cada dois meses. A cada ano. Sabe aquela música
de Caetano Veloso que diz “Você não vai me reconhecer
quando eu passar por você”? Essa letra representa muito do
que eu sou. Vivo recolhendo os pedaços, os cacos, respirando
fundo e começando tudo de novo. E isso se traduz em todos os
níveis da vida, até no meu trabalho. Se, de repente, sinto que
quero fazer música eletrônica, em vez dessa música latina que
é o foco do meu trabalho agora, eu pego minha coisas e me
transformo. Já sou outro.
Você gosta de ser descrito como “artista que adotou a
estética andrógina”? Muitas pessoas repetem o termo
sem saber o que é?
Eu acho que me apontar por esse caminho, que realçar isso
ao me descrever, é muito fruto do machismo dominante do
nosso país. E na música, então! É um meio muito machista.
Já me perguntaram até “por que você se veste de mulher?”.
Eu respondo que não, eu não me visto de mulher, maquiarse não é se vestir de mulher. Não sou uma mulher porque
exponho meu corpo, porque rebolo. Não, isso não é coisa de
mulher. Isso é coisa de gente. Então, cresçam. Me perguntam
também “você quer ser o próximo Ney Matogrosso?”, e essa
eu acho especialmente estúpida porque nunca existirá o
próximo Ney Matogrosso, só existe um Ney, no mundo inteiro,
é completamente única a união da voz com a apresentação no
palco, aqueles olhos arregalados, maravilhosos.
O que é ser careta para você?
Ser careta é ser conivente com o abuso moral, sexual,
sociológico, histórico, por motivos religiosos ou políticos. Ser
careta é achar tudo lindo, todo mundo talentoso e bacana,
quando não é. Ser careta é viver essa música pastelão que
virou a “música popular brasileira” que toca em rádio. Ser
careta é viver de passado. Ser careta é achar que a grama do
vizinho é sempre mais verde. Poderia passar o dia falando
para você o que é ser careta. Sejamos libertários. Por um
mundo mais fabuloso.
Quais são suas expectativas ao se filiar à UBC?
Ganhar um dinheirinho, porque a pindaíba na minha vida é
muito forte!
Foto: Leo Aversa
Despontar na farta seara de talentos originais
pernambucanos é tarefa dura, não?
Realmente, Pernambuco é um grande celeiro, tem uma
energia poderosa e, culturalmente, é uma nação em si. Mas
não acho que eu tenha sido repetidamente encontrado pelo
Sudeste e pelo cinema Pernambucano por acaso. Acho que
meu trabalho é fundamentado em aspectos universais, apesar
do sotaque de Recife.
O mar de Portugal foi a fonte onde navegou Adriana
Calcanhotto ao criar o show “Olhos de Onda”, que se
desdobrou no novo trabalho fonográfico da cantora gaúcha,
lançado pela Sony Music. Representa uma espécie de
libertação para ela, uma transição, uma superação. Depois de
um ano e meio sem tocar violão por conta de uma complicada
lesão na mão direita, Adriana recebeu um convite para tocar
em Lisboa. Aceitou. E lá ela simplesmente voltou a tocar o
instrumento. Decidiu criar o show a partir desse retorno. No
projeto, Adriana apresenta as inéditas e autorais “Motivos
Reais Banais” feita em parceria com Waly Salomão, “E
Sendo Amor”, além da faixa-título. Alguns sucessos de sua
carreira, como “Esquadros”, “Inverno” (parceria com seu
irmão Antonio Cícero) e “Vambora”, também foram escalados.
Mas dois covers mostram que Adriana não manda bem só
nas composições próprias. Ela apresenta versões deliciosas
de “Back to Black” e “Me Dê Motivo”, hits inesquecíveis nas
vozes de, respectivamente, Amy Winehouse e Tim Maia.
Mallu e Camelo anunciam
nova banda, e disco sai
no segundo semestre
Hoje conhecida apenas pelo primeiro nome, Mallu Magalhães
anunciou, em seu perfil no Facebook, que ela e o marido, o
ex-Los Hermanos Marcelo Camelo, criaram o grupo Banda do
Mar. O primeiro disco sai em algum momento deste segundo
semestre. Na rede social, a cantora paulistana revelou que o
casal trabalhará ao lado do português Fred Ferreira, baterista
das bandas Buraka Som Sistema e Orelha Negra. A carreira
do casal Mallu e Camelo teve outros pontos de contato desde
o início do relacionamento afetivo deles, em 2008. Tudo
começou com uma participação dela no primeiro disco solo
dele, “Sou”, daquele mesmo ano. Já a contribuição de Camelo
ao trabalho de Mallu foi ainda mais forte, principalmente no
terceiro álbum dela, “Pitanga”, produzido pelo músico carioca
e lançado em 2011.
Black Drawing Chalks
apresenta duas
músicas que estarão
em álbum ou EP
Victor Rocha (guitarra e voz), Douglas de Castro (bateria),
Denis de Castro (baixo) e Edimar Filho (guitarra) acreditavam
que ter um hit era pouco. Por isso, o quarteto goiano Black
Drawing Chalks lança “Smiling Curse” e “Guided By U”,
que comporão mais uma obra do grupo, podendo ser um EP
ou mesmo um disco. Eles ainda não revelaram qual será o
formato, mas anunciaram à MTV que, diferentemente do
que mostraram no último álbum, “No Dust Stuck on You”, de
2002, parecem voltar aos caminhos seguidos em “Life is a Big
Holliday For Us”, o disco de maior sucesso, mais solar, lançado
em 2009 e cujo single, “My Favorite Way”, foi descrita pela
edição brasileira da “Rolling Stone” como a melhor música
daquele ano.
Notícias : UBC/7
6/UBC : notícias
novidades Internacionais
Cheiro de infância inspira
a incansável Bethânia
São mais de 50 anos de carreira e 50 discos, entre trabalhos
de estúdio e registros de shows, mas nada disso faz
Maria Bethânia parar. A cantora investe na sutileza para
confeccionar as 12 faixas do semiacústico “Meus Quintais”,
disco que, como ela define, tem o “cheiro da infância” como
motor. No álbum, que sai pela Biscoito Fino, mesclam-se
inéditas e regravações de artistas como Zé Martins e Zé do
Norte (“Lua Bonita”), Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro
(na faixa de abertura, “Alguma Voz”), Adriana Calcanhotto
(música) e Clarice Lispector (texto) em “Uma Iara/Uma
perigosa Yara”, Tom Jobim e Aloysio de Oliveira (“Dindi”),
entre outras belas pérolas.
Bem acompanhado,
Moreno Veloso emplaca
primeiro disco de estúdio
Feijoada de primeira no
som da banda Cascabulho
O quarto álbum do Cascabulho, “O Dia Em Que o Samba
Perdeu Pra Feijoada”, já está nas lojas físicas, depois de
um lançamento primeiro na internet. O álbum foi mixado
produzido por JR Tostói, com projeto gráfico do artista plástico
Neílton Carvalho, e mostra o fruto de um processo criativo que
envolveu os músicos pernambucanos por parte dos seis anos
de hiato desde o último trabalho de estúdio, “Brincando de
Coisa Séria”, de 2008. Como numa autêntica feijoada, repleta
de carnes nobres da música brasileira, o repertório tem dez
faixas, a maioria assinada pelo grupo, formado por Kleber
Magrão (voz), Leo Lira (guitarra), Jackson Rocha (baixo), Leo
Oroska (percussão) e Junior do Jarro (bateria).
Mombojó lança
“Alexandre” quatro
anos após o estreante
“Amigo do Tempo”
Sem muitos rodeios, o Mombojó escolheu lançar “Alexandre”
(Som LIvre), o quarto disco da carreira, calcado no experimentalismo, usando de vinhetas instrumentais a introduções
pesadas de música eletrônica, sob influência de “Amnesiac”,
do Radiohead, como explica o vocalista Felipe S. “Alexandre”
é um álbum espontâneo e contemporâneo. A bateria de
“Rebuliço”, por exemplo, foi composta por Felipe no celular,
enquanto “Ping Pong” é um “interlúdio instrumental” guiado
pelo barulho de bolinhas batendo na mesa. “Summer Long”
traz os vocais da francesa Laetitia Sadier, do grupo que mais
influenciou o Mombojó, o Stereolab. Para ouvir dirigindo. Ou,
simplesmente, deitado numa rede curtindo o fim de tarde.
“Coisa Boa” é o título do primeiro álbum solo que o cantor
e compositor Moreno Veloso emplaca, realizado por meio de
uma parceria entre a Maravilha 8 e a Pommelo Distribuições.
Velhos companheiros como Rodrigo Amarante, Domenico
Lancellotti, Kassin e Pedro Sá estão entre os nomes que
ilustram a ficha técnica - e o arcabouço estético - da obra,
uma aguardada estreia no front do filho de Caetano Veloso.
Também participam Melvin Gibbs, Rollins Band, Femi Kuti,
Caetano e Marisa Monte, além dos japoneses Hiroshi Takano
(guitarra) e Takako Minekawa (voz). Berna Ceppas, Pedrinho
Miranda, Arto Lindsay, Luis Felipe de Lima, Daniel Jobim
e Luiz Brasil completam o timaço, que imprime um clima
profundamente suave, cool, como se espera de Moreno. O
destaque é a faixa-título, canção de ninar que Moreno compôs
em parceria com Domenico Lancellotti para a filha.
EUA 1: governo quer rever
normas de arrecadação
da Ascap e da BMI
Suécia: cai pirataria
musical entre jovens
de 15 a 24 anos
A Divisão Antitruste do Departamento (ministério) de Justiça
americano abriu em junho um expediente legal pelo qual serão
revistos os critérios de arrecadação praticados pelas duas
maiores sociedades de gestão coletiva dos Estados Unidos, a
Ascap e a BMI. O objetivo do governo americano é adaptar as
práticas das entidades à era digital. A Ascap, maior do gênero
no mundo, com mais de 500 mil associados, fez sua última
revisão de procedimentos em 2001, antes sequer da invenção
do iPod. Num comunicado, seu presidente, Paul Williams,
disse estar contente com o expediente legal lançado pelo
Departamento de Justiça, que convidou os cidadãos em geral
a opinar sobre as regras de arrecadação. “Novas tecnologias
transformaram dramaticamente o modo como as pessoas
ouvem música. As canções dos nossos associados são ouvidas
por mais pessoas, em mais lugares e mais dispositivos do
que nunca. Mas o sistema para determinar como os músicos
e compositores são remunerados não acompanhou essa
evolução, tornando cada vez mais difícil para os criadores
sobreviver do seu trabalho. A Ascap está comprometida em
modernizar o sistema de licenciamento de músicas”, afirmou
Williams.
Um dos grandes desafios da indústria musical, convencer os
jovens a pagar pelas canções, parece viver ventos favoráveis.
Pelo menos na Suécia. Segundo um estudo da Universidade
de Lund, o total de internautas de 15 a 24 anos que utilizam
plataformas piratas diariamente (ou quase) caiu de 32,8%, em
2012, para 29% este ano. Ainda que não seja intensa, a queda
mostra uma tendência de normalização do consumo de música
pago nos últimos anos, depois da explosão da pirataria com
a popularização da banda larga, a partir do início dos anos
2000. Um número específico justifica essa visão: o percentual
de usuários dessa faixa etária na Suécia que nunca utilizou
plataformas piratas saltou de 21,6% para 30,2%. “Pela primeira
vez pudemos ver que a troca de arquivos se reduziu”, indicou
Måns Svensson, chefe do laboratório de Lund responsável
pela pesquisa. “Os jovens atribuem a redução à melhora dos
serviços legais, e não a ações policiais contra plataformas
como The Pirate Bay. Soluções como Spotify e Netflix estão
mudando os padrões de consumo entre eles”, continuou. As
informações são do site TorrentFreak.
EUA 2: caem fortemente
descargas de
música digital
Números divulgados pela consultoria Nielsen SoundScan
mostram que, no primeiro semestre deste ano, as vendas de
álbuns e canções digitais caíram 11,6% e 13%, respectivamente.
Contudo, o mercado parece não se alarmar, confiando na força
crescente dos streamings para revitalizar a arrecadação. Os
streamings de áudio e vídeo, combinados, subiram 42% no
mesmo período nos Estados Unidos, atingindo nada menos
que 70,3 milhões de reproduções. Ainda que alguns discos
tenham ótimo desempenho - “Frozen”, do filme homônimo
da Disney, vendeu 2,7 milhões de cópias digitais, enquanto
Beyoncé, Eric Church, Lorde e Coldplay vão de 700 mil a 590
mil unidades -, o panorama geral revela que as descargas têm
tido queda similar à dos CDs físicos na última década. Nos
primeiros seis meses deste ano, os streamings representaram
22,1 milhões de canções vendidas naquele país, contra 15,9
milhões dos discos (virtuais e físicos). As informações são do
site Music Ally.
UBC se torna membro
da FastTrack
A UBC acaba de se tornar o 13º membro da FastTrack,
a principal rede global que fornece a infraestrutura de
soluções para o intercâmbio de dados entre as sociedades
de gestão coletiva de direitos autorais. Tendo desenvolvido a
principal rede de intercâmbio de informações sobre autoria e
propriedade de músicas e audiovisuais e de contratos usada
por mais de 120 organizações de gestão coletiva de direitos
autorais em cerca de cem países, a FastTrack tem a missão de
fornecer soluções de alta tecnologia que facilitam a precisão,
a eficiência e a rapidez na distribuição e no pagamento de
direitos autorais aos criadores. O convite para a UBC se tornar
a primeira sociedade de gestão coletiva da América do Sul a
integrá-la foi feito em abril e chancelado durante uma reunião
dos membros em Nova York. Num contexto de crescente
convergência digital, com obras usadas em múltiplas
plataformas, a participação na FastTrack traz à UBC uma
presença mais forte e de liderança no cenário global, além de
permitir que as informações sobre o nosso repertório sejam
disseminadas globalmente com maior confiabilidade.
pelo país : UBC/9
8/UBC : notícias
fique de olho
A União Brasileira de Compositores acaba de divulgar, num
documento em português e inglês, seu Relatório Anual 2013. A
publicação apresenta, de forma direta e concisa, os resultados
financeiros, o cenário político e as ações tomadas pela nossa
associação ao longo do ano passado. Nesse período, a UBC
registrou crescimento de 88% nos valores distribuídos de
direitos autorais de execução pública. Além disso, o quadro
de associados teve aumento de 13,1%, chegando a 16 mil
titulares. Uma curiosidade: as mulheres eram 55% do quadro
operacional no fim de 2013. No site da UBC (ubc.org.br)
você pode ver outros números de um bom ano para a nossa
associação, além de ficar em dia com assuntos relevantes
para os direitos autorais, como a lei 12.853/13 e os acordos
fechados com a TV Globo, a Sky e a Net.
Nova lei de direitos
autorais ainda aguarda
regulamentação
Aguardada para o primeiro semestre deste ano, a
regulamentação da nova lei de direitos autorais (12.853/13), em
vigor desde dezembro passado, ainda é um assunto pendente
e deixa em aberto dúvidas relativas à norma que alterou a
atividade de gestão coletiva no país. Sem a publicação do
decreto contendo a regulamentação, ainda não se sabe, por
exemplo, como atuará a instância mediadora de conflitos a ser
criada no âmbito do Ministério da Cultura. Nem como se dará
a “fiscalização” às associações que defendem os autores. O
acesso do poder público ao banco de dados de obras musicais,
fonogramas e respectivos titulares dos direitos criados pelas
sociedades de autores tampouco teve suas regras publicadas.
Enquanto isso, pelo menos uma forma de ingerência estatal
numa atividade eminentemente privada já começou: foi
estabelecido um calendário para a redução, sem estudo
prévio de impacto, das taxas de administração do Ecad e das
associações, que são cobradas exclusivamente para custear a
gestão coletiva. A nova lei é questionada no Supremo Tribunal
Federal (STF), onde ainda não houve julgamento sobre sua
constitucionalidade.
Prêmio internacional
de composição tem
inscrições abertas
Autores e executivos de grandes gravadoras multinacionais
estão no time que integra o júri do ISC - International
Songwriting Competition, prêmio de composições musicais.
Os inscritos nas 22 categorias irão concorrer a valores que
chegam a US$ 30 mil. Na edição deste ano, a competição
ganha o reforço de executivos do mercado da música no time
de jurados, com o objetivo de dar oportunidade aos artistas
de terem suas músicas ouvidas por grandes profissionais.
Vencedores de edições passadas chegaram a ter destaque
em premiações prestigiosas, como o Grammy. Para mais
informações e inscrições, acesse o site da competição
(songwritingcompetition.com), até o próximo dia 18 de
setembro, e boa sorte.
Festivais de inverno:
Arrecadação em eventos
da Copa deu trabalho
ao Ecad
música para aquecer os ouvidos
O Ecad teve trabalho para defender os autores em algumas
cidades onde se realizou o evento Fifa Fan Fest durante a Copa
do Mundo, encerrada no mês passado. Se Belo Horizonte, Rio
de Janeiro, Cuiabá e Curitiba efetuaram sem problemas os
depósitos pelas obras tocadas nas festas públicas promovidas
pelas prefeituras, e, em São Paulo, foi preciso muito negociação
até se chegar a um acordo, em outras capitais a situação se
mostrou bem mais complicada. As Fifa Fan Fests de Fortaleza,
Porto Alegre, Manaus, Salvador, Brasília e Natal se recusaram
a pagar, obrigando o escritório central a entrar na Justiça para
defender os interesses dos criadores. Liminares obrigaram as
prefeituras de Natal e Brasília a fazer os pagamentos ainda
durante o mundial, sob pena de multas diárias de até R$ 50
mil. Apenas na cidade nordestina, para se ter uma ideia, foram
64 shows realizados nos dias de jogos. Apesar de o pagamento
estar claramente previsto em lei, algumas das prefeituras
não quiseram negociar. A distribuição aos autores será feita
normalmente, de acordo com o calendário de pagamentos.
de Mariana e no Museu da Música, também em Mariana.
Este ano, a programação foi toda dedicada à música erudita
contemporânea, com concertos a cargo de Abstrai Ensemble,
Qattus, Schlag, Grupo de Percussão da UFMG e Paulo Álvares.
Até meados deste mês,
eventos em regiões
serranas oferecem boa
programação musical
Por Alex Chagas Vieira, de São Paulo
Foto: Rodrigo Rosenthal
Relatório 2013 da UBC faz
balanço do ano passado
Com generosa exceção aos estados do Sul e às regiões
serranas do Sudeste, o inverno brasileiro tem temperaturas
bem amenas. Mas, durante alguns dias, elas podem subir
ainda mais. É que algumas cidades oferecem programação
musical de alta qualidade em tradicionais festivais, cardápio
certo para aquecer a estação.
Até meados deste mês de agosto, alguns eventos ainda
levarão atrações às serras do Rio e de São Paulo. No mais
tradicional evento do gênero no país, por exemplo, o
Festival Internacional de Inverno de Campos de Jordão, na
Mantiqueira paulista, ainda haverá shows até o próximo
dia 3 de agosto. Especializado em música clássica, o maior
do gênero na América Latina vive sua 45ª edição, exibindo
uma robusta programação com 27 concertos de orquestras e
bandas sinfônicas, além de trazer artistas de renome, como
o vencedor do Tony Awards 2008 de Melhor Ator, o brasileiro
Paulo Szot, o grupo nova-iorquino Escher String Quartet, o
Quarteto Osesp e o pianista russo Kirill Gerstein. Há também
dois ciclos dedicados a dois grandes aniversariantes de
2014 – o maestro César Guerra-Peixe, histórico associado da
UBC que faria cem anos de nascimento, e o alemão Richard
Strauss, 150 anos.
Um diferencial de Campos do Jordão é o núcleo pedagógico,
que propicia um encontro anual de bolsistas do mundo da
música erudita, os quais convivem durante praticamente
um mês de intensa atividade musical, com aulas teóricas,
de prática orquestral e de câmara, sob a orientação de
professores de renome internacional. Nesta edição, foram 40
aulas especiais com professores convidados, além de oficinas
de aprimoramento.
Outro evento de peso é o Festival de Inverno de Ouro Preto
e Mariana, em Minas, que terminou no último dia 20 com
o tema Entrecorpos e uma celebração às mais variadas
manifestações musicais. Além da programação de shows de
música popular, o festival realizou uma série de concertos
na Casa da Ópera (teatro colonial de Ouro Preto), no Sesi
Segundo um dos curadores, Guilherme Paoliello, parte da
programação é escolhida entre as propostas enviadas quando
o edital, divulgado na página da Universidade Federal de
Ouro Preto, é aberto. Outra parte é escolhida pelos próprios
organizadores. Nos anos anteriores havia uma mescla entre
música contemporânea e clássica. Bernardo Fabris, outro
curador do evento, explica que a ideia principal é selecionar
atrações que ainda não tiveram a oportunidade de se
apresentar nas cidades de Ouro Preto e Mariana ou que não
costumam ir com frequência à região. “Queremos formar
público”, resume. “Nossas ações estão intimamente atreladas
à difusão de conhecimento e ao fomento à produção musical
independente”. Bernardo ainda aconselha: os compositores
e intérpretes podem se inscrever para participar do Festival
de Inverno de Ouro Preto e Mariana submetendo propostas
para apresentações e oficinas através do site do evento. As
propostas devem ser enviadas no início do ano, normalmente
no período entre janeiro e maio, por meio do endereço www.
festivaldeinverno.ufop.br.
Dando passagem a mais um grande evento cultural, até o
próximo dia 10 de agosto as cidades de Petrópolis, Nova
Friburgo e Teresópolis recebem um dos festivais mais
importantes do Estado do Rio de Janeiro: o Festival Sesc
de Inverno, que chega à sua 14ª edição. Contando com uma
curadoria coletiva, o mote principal do evento é Da Cor
da Rua, com o qual se busca o ideal artístico da cultura
urbana, a exemplo das manifestações de arte nos muros das
cidades. A agenda musical conta com boas novidades como
o Mundo Som – Parque Sonoro Ecológico, um verdadeiro
parque musical de diversões em que os brinquedos são os
próprios instrumentos. A partir de uma exposição do parque,
desenrolam-se as atrações, com direito a apresentações
musicais, jogos, oficinas interativas e orquestrações.
Dentre os shows musicais no formato tradicional, destacam-se
os Gó Gó Boys, grupo especializado em fazer música apenas
com a voz; o Bloco D’O Passo que, com seus tambores, palmas
e vozes, conduz os espectadores ao interior do Brasil com
samba, maracatu, ciranda e baião; e os Flautistas da Proarte
– A Pequena África, grupo especializado em espetáculos cujo
tema são grandes astros da MPB como Milton Nascimento,
Sivuca, Lamartine Babo e Gilberto Gil.
Este ano, o evento desce a serra e se estende pelo Grande
Rio, com shows e atividades paralelas em São Gonçalo e
Nova Iguaçu, além das unidades Ramos e Sesc Ginástico, na
capital.
Também integra o calendário o 24º Festival de Inverno de
Garanhuns, que até o último dia 26, levou uma porção de
ótimos shows às ruas da cidade serrana pernambucana.
Vanessa da Mata, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Céu, Zé
Ramalho, Otto, Alceu Valença e Nação Zumbi foram alguns
dos associados da UBC que brilharam na programação deste
ano, esquentando a temporada.
pelo país : UBC/11
10/UBC : pelo país
de uma estrela
Vencedora, pela quarta vez, de um Prêmio da Música Brasileira,
a 'big band' Spok Frevo Orquestra conquista palcos (e críticos)
na Europa e nos EUA com sua sofisticada brasilidade instrumental
Por Bruno Albertim, do Recife
Presença recorrente e festejada nos mais importantes festivais
de jazz da Europa, a Spok Frevo Orquestra fazia mais uma
de suas acaloradas apresentações, ano passado, na cidade
de Marciac, Sul da França, quando capturou uma atenção
ilustre na audiência. Arrebatado pela fluência jazzística
do frevo praticado pela big band pernambucana, o multiinstrumentista (e verbete de primeira grandeza da música
instrumental do Ocidente) Wynton Marsalis foi cumprimentar
o maestro, que dá nome à banda, Spok. Acabou por lhe fazer
um convite sem qualquer possibilidade de recusa: tocar no
prestigioso Lincoln Center, em Nova York, emendando, de
quebra, uma turnê de mais 25 dias pelos Estados Unidos.
Foto: Beto Figueiroa
Jornada
“É muito bom ver o frevo circulando assim pelo mundo.
Ao lado do choro, o frevo, essa música tão brasileira que
nasceu em Recife, é provavelmente a mais autêntica música
instrumental do país”, diz o recifense, que viaja para os
Estados Unidos levando na bagagem seu quarto Prêmio da
Música Brasileira.
Depois de já ter ganhado nas categorias Revelação, Melhor
Disco e Melhor Grupo, a Spok recebeu mais um título, o de
Melhor Grupo Instrumental, na última edição do prêmio,
em maio. “Vamos fazer vários workshops sobre a linguagem
do frevo, a forma como é tocado, executado”, antecipa,
entusiasmado, o maestro. Apadrinhados por Marsalis, Spok e
seus músicos embarcam em outubro.
Ainda que críticos internacionais - e mesmo os brasileiros
de pouca intimidade com o mais pernambucano dos ritmos vejam a Spok como uma grata variável do latin jazz, o maestro
insiste que sua big band segue sendo uma grande orquestra
de frevo. “A grande semelhança entre o frevo e o jazz é que o
frevo bebe do jazz na sua formação de big band: saxofones,
trombones, trompetes. Mas a música em si, a melodia, tem
pouco a ver. O frevo bebe do maxixe, do dobrado, das polcas,
das melodias, das bandas militares de música do passado. E,
talvez, um pouco da música americana, por causa do dobrado
e de informações musicais que começaram a chegar com as
orquestras de Duke Ellington, Glenn Miller”, conceitua.
O próprio Spok, contudo, acabou por encurtar as distâncias
entre o jazz e o frevo. “De dez anos para cá, passamos a colocar
os improvisos em nossa música. Isso ajudou muito a abrir as
portas de festivais, porque solos e improvisos são elementos
muito apreciados nesses eventos”, ele explica.
Criada há uma década, a Spok Frevo Orquestra tem dois
discos. “Passo de Anjo” saiu logo no iniciozinho. O segundo,
“Ninho de Vespa”, é um trabalho de ainda maior maturação
do estilo: uma complexa comunhão de gêneros musicais
brasileiros não eruditos, indo muito além da música para
fazer dançar tão comum entre os sons carnavalescos de
Pernambuco. “Somos, sim, uma orquestra de frevo, mas a gente vem
realizando o sonho de levar esse frevo, que nasce nas ruas,
para os palcos consagrados do mundo inteiro. Não somos
apenas uma orquestra de carnaval. Como músico, era uma
falta que eu sentia de fazer não só isso. De fazer uma música
maravilhosa, muito forte, importante, que nunca havia sido
tocada para a audiência ouvir em silêncio”, conta.
É costume ter a presença do SFO na chamada Apoteose do
Frevo, o grande concerto da Terça-Feira Gorda do Recife. Se,
contudo, o frevo frequentou salas de teatro com Capiba, ali
ele era cantado. Com Spok, é a primeira vez em que é tratado
como música instrumental de câmara. São 17 músicos na
formação, distribuídos entre naipes de saxofones, trombones,
trompetes, além de guitarra, contrabaixo, bateria e percussão.
“Nem sempre é fácil. Viajar com todo mundo para a Europa,
sem tocar, por exemplo, é complexo. Ficar um dia sem tocar
pode significar um custo diário de até dois mil euros”, explica.
“Mas temos felizmente conseguido manter nossa formação”.
A militância do maestro pelo frevo vai além de seu trabalho
na orquestra. Ele está prestes a concluir um longa-metragem
documental sobre os grandes mestres vivos do gênero em
Pernambuco. Idealizado e produzido com a ajuda de parceiros,
está em processo de finalização o filme “Sete Corações”. Nele,
Spok aparece como fio narrativo para apresentar os maestros
Guedes Peixoto, Nunes, Clóvis Pereira, Duda, Edson Rodrigues
e Ademir Araújo, além de Zé Menezes, que acabou morrendo
ano passado, antes de ver o filme pronto. “Documentar a
trajetória desses grandes mestres é, hoje, meu maior sonho”.
Tão logo volte da turnê americana, a orquestra deve entrar
em estúdio para o terceiro álbum. Aprovado pelo programa
cultural da Petrobras, a bolacha vai se chamar “Frevo
Sanfonado”. “Em tudo que é lugar aonde chego, os sanfoneiros,
que são músicos extremamente habilidosos, virtuosos,
têm frevos para mostrar. Sivuca e Dominguinhos, não por
acaso, tinham muitos frevos. Então, minha ideia foi reunir
acordeonistas do Brasil inteiro, mostrando o frevo no olhar da
sanfona”, diz o recifense Inaldo Cavalcanti de Albuquerque,
que recebeu o apelido que viraria codinome artístico ainda
na infância. “Eu tinha mania, no colégio, de mexer na orelha.
E um amigo começou a me chamar de Spock (que, na adoção
do nome artístico, perdeu a letra c), justamente no auge de
'Jornada nas Estrelas'”.
Vida longa e próspera, maestro.
capa : UBC/13
12/UBC : capa
Fenômeno da música gospel, com um milhão de cópias
vendidas, shows no país e no exterior e contrato
com a americana Motown, Thalles Roberto fala
sobre vida, carreira, criação e direitos autorais
Por Marcelo Augusto, de Passos (MG)
Ele nasceu, criou-se e mantém suas raízes nesta tranquila
e próspera cidade do Sul de Minas. Passos não é só o lugar
onde Thalles Roberto mais se sente à vontade. É também uma
metáfora para a ascensão incrível, mas calma, estudada, de
um cantor que, com somente 11 anos de carreira, tornou-se
um dos maiores nomes da música gospel no país. Um milhão
de discos vendidos, num momento tão complexo da indústria
fonográfica, mais de seis milhões de fãs em redes sociais,
600 shows que reuniram multidões em, literalmente, todas as
regiões brasileiras - numa média de uma apresentação a cada
2,4 dias -, fãs como o craque Neymar e a cantora Ivete Sangalo
e contratos com a Universal, no Brasil, e a mítica Motown, nos
Estados Unidos. Seus sucessos falam por si. Mas não o fazem
tirar os pés do chão. Nem se esquecer de onde veio.
Foto: Diego Ruahn
Como dar
a volta ao
mundo sem
tirar os pés
do chão
capa : UBC/15
14/UBC : capa
Caçula de cinco irmãos numa família humilde chefiada por um
pastor evangélico, Thalles descobriu logo cedo que era capaz
de explorar a afinação e a musicalidade que sempre percebeu
em si. Aos 6 anos, já era solista do coral da igreja, estimulado
pelos pais. Aos 11, começou a tocar violão. Aos 14, com a ajuda
do pai, começou a compor suas primeiras músicas. Aos 21,
decidiu ir para Belo Horizonte, uma das capitais da música
pop brasileira, em busca de oportunidades. “Comecei na
igreja Sara Nossa Terra. Já tinha comigo a intenção de viver
da música, mas, quando cheguei lá, vi que teria que ralar e
trabalhar bastante. Para me manter, gravava jingles. Logo meu
nome ficou conhecido no mercado de propaganda”, lembra.
Foto: Diego Ruahn
A primeira oportunidade profissional surgiu como backing
vocal no Jota Quest. “Eles precisavam de um backing 'negão',
com o meu estilo de voz. Foi quando teve mesmo início a
minha carreira profissional.” Durante sete anos, Thalles viajou
pelo Brasil, como músico de apoio não só para o Jota Quest,
mas também para a banda baiana Jammil e Uma Noites. E fez
participações em shows de Ivete e Roberto Carlos. Mas não
se sentia feliz. “Tive envolvimento muito forte com bebida,
drogas, muita bagunça com mulheres... Aquele exagero
começou a não me fazer bem. Cada vez mais me lembrava
do passado, da minha religiosidade, que estava esquecida,
de como eu cantava na igreja, como nos corais americanos.
Simplesmente queria voltar para aquela vida simples de novo,
quando eu pegava o violão, tocava, e as pessoas choravam”,
ele descreve o momento em que teve um estalo e decidiu
deixar o trabalho como vocalista de apoio, assumindo as
rédeas da sua carreira. “Eu queria ser o cantor principal, não
mais o backing.”
A temática é tocante. Mas a voz ajuda a explicar o sucesso.
O timbre e a afinação especiais de Thalles sem dúvida
contribuem para que ele conquiste tantos fãs. A técnica que
desenvolveu ele explica de um modo curioso: “Cantar, para
mim, é igual a andar de bicicleta. Aprendi a pegar, dominar,
equilibrar. Quando equilibrei e comecei a andar sozinho, aí já
subia calçada, empinava, ousava. Não parei mais”, ri. “Sempre
fui atrás do inusitado, daquilo que não é provável! Gosto de
pesquisar de tudo. Se existe um velhinho no alto da montanha
que tem uma técnica vocal, quero ir até lá entender como ele
consegue fazer aquilo. Se uma mulher consegue mudar o
tom da voz deslocando a laringe, não saio de perto dela até
aprender. Se um cara está na calçada, tocando violão com só
três cordas, peço que me ensine. Para mim, nunca está bom.
Acho que sempre se pode melhorar.”
Foto: Pedro Henrique
Embora fosse conhecido no mundo pop, Thalles era um
estranho no ninho gospel. Foi um início difícil, segundo
conta. Ele não estava preparado para recomeçar e chegou
a passar por dificuldades financeiras com a mulher. Com
esforço, conseguiu produzir o primeiro trabalho, o CD
“Acústico Gospel”, lançado em 2008 com regravações de
hinos tradicionais evangélicos. No ano seguinte, pôde lançar
o primeiro trabalho com canções próprias, pela gravadora
Graça Music. “Na Sala do Pai” abriu a trilogia “De Volta Para
a Casa do Pai”, um diálogo meio metalinguístico com a sua
própria história, pelo reencontro com a religião familiar e o
retorno a Passos. Foram 50 mil cópias vendidas, anunciando o
sucesso que estava por vir.
Aos poucos, Thalles foi se consolidando no mundo gospel.
Em 2010, gravou o primeiro documentário falando sobre seu
trabalho e sua vida. Ganhou um disco de ouro. Em 2011,
vieram o segundo disco da trilogia e o DVD “Uma História
Escrita Pelo Dedo de Deus”. Disco de platina duplo. Ano
passado, “Sejam Cheios do Espírito Santo”, 75 mil cópias
vendidas só no pré-lançamento, encerrou a obra tripla e lhe
abriu de vez as portas do mercado musical no país e até no
exterior. Suas canções passaram a ser tocadas em rádios pop,
vieram convites para entrevistas e a consagração, agora, aos
36 anos: os contratos com a Universal e a Motown.
Como evangélico, Thalles doa grande parte do que ganha a
um grupo que auxilia pastores a evangelizar pelos rincões do
país. Além disso, participa de projetos sociais e faz doações
a hospitais. Por depender do que arrecada para isso, ele
reclama da pirataria e das ameaças aos direitos autorais. “A
composição é um patrimônio do compositor, é um pedaço
dele, a essência dele que fica ali exposta para todo mundo
usufruir e curtir, isso não pode ser ameaçado. Todo mundo
que vive de música é lesado pela distribuição ilegal. Hoje
estou entre os dez artistas que mais vendem no país, e em
primeiro no segmento gospel. Mas, se não houvesse esse
esquema industrial de pirataria, daria para vender mais.”
Foto: Marcus Castro
Uma forma nova de levar sua mensagem deve vir, em breve,
em outra mídia. Depois de ler “Olha O Que Ele fez Comigo”,
biografia de Thalles escrita por Daniel Israel, o diretor de
cinema Carlos Manga Jr. apresentou ao cantor a proposta de
contar sua história na tela grande. Orçado em R$ 7 milhões,
o projeto já está em produção e deve ser lançado no ano que
vem. “Será um filme forte, impactante, dirigido às famílias”,
descreve o cantor. “Quero mostrar a minha história, quem eu
era e no que Deus me transformou.”
Foto: Marcus Castro
“Fiquei feliz demais (com o contrato com a Universal), agora
minhas músicas estarão disponíveis em todos os lugares,
não só nas lojas e livrarias evangélicas”, comemora. “Mas
essa história da Motown realmente me surpreendeu! Sou
o primeiro brasileiro a fazer parte do casting deles.” E o
trabalho já começou. Thalles gravou cinco canções em
inglês e espanhol que devem ser lançadas ainda este ano no
mercado americano. Depois, a previsão é de um álbum com
12 músicas. “Estou entrando nos Estados Unidos pela porta
da frente. É a gravadora por onde passaram Jackson 5, Stevie
Wonder, Marvin Gaye, Diana Ross, Lionel Richie, Michael
Jackon!”, empolga-se.
Em julho, Thalles fez uma turnê com dez apresentações
por lá, incluindo uma no maior templo da Igreja Batista de
Orlando, na Flórida. Também participou de um congresso
de igrejas evangélicas americanas, onde cantou para mais
de 50 mil pessoas. Por aqui, além de Ivete (que o divulga nas
redes sociais) e Neymar (que compartilha suas músicas com
seguidores), estrelas como Michel Teló e Naldo também já se
renderam e o elogiaram publicamente. “A Ivete postou no
Twitter que ela e pessoas próximas estavam assistindo ao
meu DVD e chorando. O Neymar postou por três vezes um
trecho de uma música minha e disse em entrevista, durante
a Copa, que ouve as minhas canções. É muito gratificante”,
vibra, arriscando uma explicação para o contato tão único que
consegue estabelecer com as pessoas. “Um artista autoral tem
uma grande responsabilidade de levar um legado para os fãs,
que acompanham sua história, seu trabalho, acompanham as
verdades do coração dele, o que ele pensa a respeito da vida,
como ele dirige sua vida. Meu lance é falar com verdade para
quem está comigo. A minha verdade é falar de Jesus e trazer
de volta aquele que está perdido.”
em foco : UBC/17
16/UBC : em foco
Bons
da cabeça e dos pés
Mais forte movimento cultural a emergir da Baixada Fluminense em
muitos anos, a mistura de hip hop, funk e batalhas de passinhos reúne
coletivos cheios de estilo que começam a conquistar o país todo
Por Patricia Espinoza, de Nova Iguaçu (RJ)
A Baixada anda em alta. Terra vasta e populosa (com mais de
3,5 milhões de almas), essa região periférica do Rio está bem
no centro de uma onda cultural que se espalhou pelo país.
Não é de hoje que se faz bom funk (e samba e pagode e hip
hop e rock e o que mais você puder pensar) por aqui. Mas
a turma que tem movimentado a cena não tem bom ritmo
só na voz - é nos pés que ela também manda seu recado.
Epicentro do passinho, um fenômeno típico da Baixada
Fluminense que ganhou o Brasil por meio de programas como
“Esquenta”, da TV Globo, cidades como Nova Iguaçu e Duque
de Caxias se orgulham de produzir, aos montes, coletivos
que, numa saudável disputa, esquentam bailes e festas com
apresentações completas.
Destaque no movimento, o Dream Team do Passinho é
formado por moradores de diferentes partes da região e se
agregou ano passado, depois da gravação do clipe da música
contar com um talento natural, genuíno, quer aprimorar sua
técnica. Por enquanto, a agenda lotada de shows não tem
permitido, mas a dançarina autodidata não perde tempo
e vai se atualizando com passos que encontra na internet.
“Sou uma menina normal que está realizando o sonho de ser
dançarina e cantora. No começo, os homens não gostavam
de ver mulher dançando o passinho, achavam feio, meio
masculino. Eu nunca liguei, por isso fui a primeira menina a
ser aceita dentro do movimento. Quero me tornar uma artista
completa, daquelas que se permitem aprender coisas novas
todos os dias.”
Os passos a que ela se refere não diferem tanto daqueles
clássicos, do funk americano, dos bailes de charme oitentistas,
turbinados por movimentos de rua, do break, mais explosivos.
A base vintage ganhou roupagem pop, contemporânea. Uma
estética maximalista, cheia de cores, de energia, que atrai
um número crescente de jovens talentosos por aqui. Como
“Todo Mundo Aperta o Play”, versão funk do tema da CocaCola para a Copa do Mundo. Na época, a divulgação foi feita
em sites de vídeos como o YouTube, e o “time dos sonhos”
cravou mais de 2 milhões de visualizações em apenas duas
semanas. Daí em diante, trocou o cenário humilde onde se
criou pelo circuito VIP da cultura pop: camarote de Daniela
Mercury no carnaval de Salvador, clipe com Ricky Martin,
peregrinação pela TV, contrato com uma grande gravadora (a
Sony Music Brasil)...
os integrantes do Dream Team do Passinho, muitos têm o
desejo de se profissionalizar, mas, sem condições financeiras,
contam com projetos sociais como o Movimento Enraizados,
de Nova Iguaçu. Criado em 1999, por iniciativa do rapper
Dudu de Morro Agudo, o projeto abriga uma escola de hip
hop, que ensina técnicas de grafite, rap, break e o ofício de
DJ de graça. Forma por ano cerca de 30 alunos em cada um
desses segmentos. Tudo com a ajuda de patrocinadores e de
profissionais voluntários.
“O artista da favela entendeu que é possível levar seu estilo
para fora dali, mostrar sua arte e se perceber como um atrativo.
Isso fez com que rompêssemos as barreiras. Estamos nos
profissionalizando e influenciando quem está começando”,
lembra o cantor/compositor/dançarino Rafael Mike, que
comanda o grupo.
“Os meninos têm entre 15 e 18 anos, em média, e nos procuram
porque realmente têm potencial e querem ganhar a vida
dessa forma. Damos aulas e oficinas, e, depois de dez meses,
eles saem daqui formados e aptos a gerenciar suas carreiras e
produzir seus próprios eventos”, Dudu explica.
Única mulher no Dream Team, Alessandra Aires, a Lellezinha,
tem 15 anos, é fã de Beyoncé e Michael Jackson e, apesar de
Da organização de militância cultural – como eles se intitulam
– já surgiram grandes nomes da cena do hip hop, como o
#ComboIO, composto pelo próprio Dudu junto com Marcão
Baixada e Léo da XIII e que, no ano passado, excursionou pela
França. Além deles, a Dupla Alma (formada por meninas DJs),
a fera das batalhas Biel e os MCs Einstein e Petter lideram
essa cena cheia de estilo. “A Baixada Fluminense é um polo
cultural, e agora vivemos o melhor momento que o rap já teve
até hoje. O movimento se pulverizou, saiu daqui e atingiu
outras classes sociais. Mas o mais importante é que ninguém
nega suas raízes. Os artistas saem daqui para cantar em
outros lugares e trazem gente de fora para se apresentar na
nossa área. Essa troca também é muito boa”, pondera Dudu.
Atualmente, o Enraizados se prepara para gravar o disco “Dia
da Rima”, com a participação de 33 MCs, não só da Baixada,
mas de outras regiões do Brasil e do mundo. E produz um
documentário que explica todo o processo necessário para
o lançamento de um disco, desde a criação até a venda do
produto final. “Achamos importante também a distribuição
digital, dependendo do público-alvo. Temos um canal no
YouTube ensinando a outros artistas como ganhar dinheiro
com suas músicas na internet por meio de ferramentas como
a ONErpm, lembrando, porém, a importância de o artista
estar associado à UBC para receber os direitos autorais das
músicas arrecadados pelo Ecad”, segue Dudu.
Também formado pelo projeto, onde ministrava oficinas de
rap, Petter MC acredita que, graças a uma forte demanda
por manifestações desse gênero, a produção independente
continua crescendo na região. “Aqui na Baixada, esquinas,
praças, pista de skate, bares, tudo serve de palco para essa
galera”, resume, empolgado, esse rapper que assina uma
coluna no site do movimento, onde discute os rumos que a
cena toma e orienta quem quer se lançar na onda cultural
mais forte a emergir daqui em muitos anos. “Esse encontro
democratiza o acesso e aproxima cada vez mais pessoas”,
comemora.
pelo país : UBC/19
18/UBC : pelo país
Foto: Pedro Cipriano
Em Brasília, o Porão do Rock, surgido em 1998 a partir
da união de produtores e 15 bandas que ensaiavam no
subsolo da comercial da Quadra 207 Norte, dando mais cor
à movimentada cena roqueira da capital federal, é outro dos
festivais celebrados nacionalmente. Com o passar dos anos, o
PDR foi se fortalecendo e, no final deste mês, vai para a sua 17ª
realização. Brasília, que, a partir dos anos 1980, viu nascerem
nada menos que Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude
e Raimundos, continua a efervescer. Além de integrar
constantemente o circuito de shows do calibre de Iron Maiden,
Judas Priest, Whitesnake, Aerosmith e Scorpions, vê no PDR
uma respeitável média diária de público de dez mil pessoas.
Guitarras na
terra das violas
Por Paulo Henrique Faria, de Goiânia
Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano, Bruno &
Marrone, Lucas & Marcelo, Luan Santana... Fácil entender
porque o Centro-Oeste é associado ao mundo sertanejo.
Algumas das maiores estrelas deste que inegavelmente é o
mainstream musical por aqui são produto legítimo de Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. O que muitos não esperam
é encontrar, fora de Brasília, uma cena roqueira tão forte e
tradicional no Cerrado. Os festivais goianos Goiânia Noise,
Bananada, Vaca Amarela, o mato-grossense Grito Rock e o
brasiliense Porão do Rock são legítimos lugares de encontro e
troca de ideias e sons, vitrines do mercado independente onde
surgiram ou se consolidaram várias bandas que acabaram
ganhando projeção nacional.
Mais importante evento dedicado às guitarras na capital
goiana, o Noise, como é conhecido na cena, chega este ano
à 20ª edição. Criado em 1995, ganhou forma e corpo pelas
mãos dos produtores culturais Leo Bigode e Márcio Júnior.
Diretor de comunicação do evento, Leonardo Razuk lembra
que as primeiras edições tiveram papel fundamental como
celeiro roqueiro no estado. “Na época estavam rolando outros
festivais de rock em cidades do interior de São Paulo, em
Recife, e percebeu-se que poderia acontecer algo também em
Goiânia. Leo e Márcio fizeram o primeiro na raça. Trouxeram
algumas bandas e deram espaço às de Goiânia, num diálogo
A força do heavy metal na capital federal também é notável.
Khallice, Vougan e Dynahead estão na estrada há muitos
anos, com vários CDs lançados e experiência de shows
internacionais. O Khallice já fez abertura do grupo americano
Symphony X, além de astros como Sebastian Bach e Guns
n’ Roses, todos ocorridos em Brasília. Flertando com outros
palcos, seu vocalista, Alírio Netto, vive Judas no musical
“Jesus Cristo Super Star”, sucesso em São Paulo.
No Mato Grosso, terra do Festival Calango e do Grito Rock,
um dos destaques é a banda Revoltz. Surgido em meados da
década passada, com sonoridades que misturam uma onda
pós-punk oitentista, new wave e garage sessentista, o grupo
da vocalista e tecladista Marcella Carmo teve passagem
marcante pelo Goiânia Noise. “Foi o primeiro festival em que
a gente tocou em Goiânia. Eu me lembro de ficar maravilhada
com tudo, com a estrutura, com o público... Achei o máximo
estar em contato com pessoas de outras bandas de que eu já
gostava e ainda conhecer grupos novos. É muito importante
esse intercâmbio”, ressalta, destacando como a troca entre os
criadores ajuda a fortalecer a cena.
de igual para igual”, conta Razuk, ressaltando a importância
do deslocamento do eixo de produção de Rio-São Paulo-Porto
Alegre-Belo Horizonte-Brasília para o interior.
A lógica deu tão certo que acabou fortalecendo o improvável
movimento heavy metal goiano. Fundada em 2006, a banda
Mugo é presença constante na cena da cidade. Para o
vocalista, Pedro Cipriano, Goiânia estimula a criação. “A
nossa cidade tem produzido grandes festivais por muitos anos
consecutivos, sem parar, e, se você frequentar esses eventos,
vai ver que eles são constituídos basicamente de bandas
daqui, bandas profissionais, com talento, material gravado,
merchandising a postos e tudo o que pode se esperar de
um grupo de verdade. A cidade tem colocado em circulação
não só no Brasil, mas em outros países, bandas de rock de
verdade, sem frescura, sem conversa fiada, como Hellbenders,
Black Drawing Chalks e Boogarins. Essa galera não está de
brincadeira, não. São todos muito esforçados e comprometidos
com seus trabalhos”, analisa.
Dos mais fortes representantes do stoner rock no país, o
Black Drawing está em processo de composição do próximo
álbum. “Estamos vindo de uma média de quase cem shows
por ano, às vezes mais. Nos últimos sete anos, rodamos o
Brasil todo e alguns lugares do mundo”, conta o guitarrista
Edimar Filho. “Em Goiás existe há uns 20 anos um processo
contínuo de produção de música autoral e alternativa. Todo
mundo da minha geração cresceu ouvindo bandas autorais do
mundo inteiro vindo tocar aqui em Goiânia, e acho que isso
fortaleceu demais na formação de uma cena. Acho que temos,
hoje, a cena alternativa mais interessante e ativa do Brasil”,
crê o músico.
A própria Mugo se conecta com a cena local há bastante
tempo. Com nova formação, eles se preparam para um retorno
aos palcos justamente onde tudo começou, o festival Vaca
Amarela, que terá sua 14ª edição no mês que vem. “O Vaca
Raimundos no Goiânia Noise
Banda Mugo
Black Drawing Chalks
O produtor André Luiz Donzeli faz coro com ela. Ele exalta a
união e o intercâmbio de ideias e sonoridades para fortalecer
a turma que, apesar das dificuldades, produz em todo o
Centro-Oeste e até em parte do Norte (Donzeli é responsável
pelo Tendencies Rock Festival, que acontece anualmente em
Palmas). “A chamada cena rock é sempre cheia de dedicação,
suor, gente que se doa ao extremo. Mato Grosso é cheio de
bandas. Goiás também... Todos incríveis”, elogia.
Como quaisquer artistas independentes, os roqueiros que
militam na terra das violas enfrentam dificuldades para viver
só da música. Pedro Cipriano, da Mugo, afirma que a agenda
incerta de shows torna a arrecadação variável. “Às vezes
entra (grana), mas fazemos um tipo de som muito menos
requisitado por rádios e TVs. A circulação do material é mais
limitada, principalmente por se tratar de metal. Conciliamos
os shows e a venda de produtos com a arrecadação de direitos
autorais”, ele explica.
O vocalista e baixista da Revoltz, Ricardo Kudla, diz que a
própria natureza independente torna os integrantes dessa
cena mais aptos a se virar, a cuidar da carreira como um todo.
“Acredito que qualquer banda que tenha uma construção de
carreira sólida pode ter sucesso. Para isso, além de estar numa
associação como a UBC, é preciso acompanhar a legislação.
A associação protege o autor e cuida da arrecadação. Acho
que funciona. Tem país de primeiro mundo que não tem essa
estrutura”, compara.
Vaca Amarela
Revoltz
Foto: Nine Label
O Centro-Oeste das duplas
sertanejas se tornou um
dos grandes polos do rock
nacional, com festivais
independentes entre os
mais importantes do brasil
Amarela, que é um festival já consolidado na cidade, sempre
teve uma qualidade de produção inquestionável”, Pedro elogia.
O Vaca se soma ao Bananada, 14ª edição em maio passado,
realização da produtora A Construtora Música e Cultura. A
turma é encabeçada por Fabrício Nobre, líder da veterana
MQN, uma das bandas mais tradicionais do rock goiano.
distribuição : UBC/21
20/UBC : distribuição
Avançam acordos
para regularizar
pagamentos de
operadoras de
TV por assinatura
Alteração no calendário
Os acordos fechados com grandes operadoras de TV por
assinatura e o crescimento na arrecadação do segmento
pesaram decisivamente para a recente mudança no calendário
de distribuição. Fruto de decisão da Assembleia Geral do
Ecad, a modificação visa a melhorar a distribuição dos direitos
autorais de execução pública, realizada trimestralmente (em
fevereiro, maio, agosto e novembro) a partir de agosto de 2014,
diminuindo o tempo entre a arrecadação e a distribuição dos
rendimentos. Anteriormente, a distribuição era semestral
(fevereiro e agosto).
Na fase de transição dessa mudança, foi realizada uma
distribuição de TV por assinatura no mês de maio, referente
ao período de julho a dezembro de 2013. A distribuição de
agosto passará a contemplar as obras musicais executadas no
período de janeiro a março do mesmo ano. A distribuição de
novembro vai se referir às obras executadas de abril a junho.
Em fevereiro do ano que vem serão distribuídas as obras
musicais executadas de julho a setembro do ano anterior e, na
distribuição de maio, as execuções de outubro a dezembro do
ano anterior. Veja o novo calendário na contra-capa da revista.
A distribuição de TV por assinatura é considerada indireta.
O total devido é rateado por grupos de canais da TV fechada,
classificados em razão da característica de sua programação.
Estabelecido isto, cada grupo terá róis específicos de
amostragem para a distribuição de audiovisual e para
distribuição de planilha (outros programas excluídos séries,
filmes e desenhos) obedecendo a uma proporção determinada.
Com decisão do STJ, que entende
que critérios de cobrança são
válidos, mais algumas deixam
o rol das inadimplentes
obras e fonogramas executados no período de 2004 a 2013, a
distribuição do montante se deu em dezembro do ano passado
e maio deste ano. Entretanto, o processo que viabilizará as
formas de pagamento das mensalidades da operadora ainda
está em andamento.
Por Bruno Calixto, do Rio
No caso da ClaroTV, o valor ainda não foi divulgado pelo Ecad,
mas se sabe que a forma de pagamento será similar à da Net
- um repasse do período em atraso e, também, a normalização
dos depósitos mensais.
Por meio de acordos recentes ou decisões judiciais, a situação
de operadoras de TV por assinatura há anos inadimplentes - a
despeito da execução pública de músicas em sua programação
- começa a mudar. Última a fechar um acordo com o Ecad e
as associações de autores, a ClaroTV se regularizou em maio
passado e vem se somar a Net e Sky, que, no final de 2013,
haviam aceitado quitar os débitos em aberto, numa soma
que, apenas no caso das duas maiores do setor, ultrapassa R$
335 milhões entre 2004, quando começou a querela, e o ano
passado. O caminho para normalizar o uso de obras musicais
pelo conjunto das operadoras, contudo, ainda é acidentado:
continuam ajuizadas Oi TV, GVT, Vivo TV e CTBC/Image
Telecom.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) informa que “unificou
o entendimento de que os critérios de cobrança praticados
pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad)
são válidos, incluindo a cobrança do direito autoral oriundo da
execução pública musical realizada pelas TVs por assinatura”.
Segundo o setor jurídico do Ecad, esse entendimento balizou
os acordos fechados com operadoras como Net e Sky/DirecTV.
O fim da disputa com a Net renderá dividendos aos
compositores já em novembro deste ano, quando ocorre a
distribuição dos R$ 125 milhões referentes ao período que
estava em atraso. A operadora também vem realizando, desde
janeiro, os depósitos regulares pela execução pública, com
distribuição de acordo com o calendário de pagamentos. Os
valores das mensalidades já começarão a ser distribuídos este
mês. No caso da Sky, que aceitou pagar R$ 210 milhões por
Para o gerente de arrecadação do Ecad, Márcio Fernandes, o
acordo com a Sky trouxe reflexos para a arrecadação em 2013,
enquanto que o fim da disputa com a Net acarretou impacto
positivo tanto ao ano passado como a 2014.
“Em 2012, o Ecad havia arrecadado com o segmento de TV por
assinatura a quantia de R$ 36,88 milhões, sendo que, em 2013,
o montante subiu para R$ 252,73 milhões. O crescimento,
portanto, foi de 585,2%, reflexo, principalmente, do pagamento
dos débitos de Sky e Net. Para 2014, a expectativa é recolher
R$ 293,38 milhões”, prevê.
Tanto o Ecad quanto a UBC reduziram sua taxa administrativa
para a distribuição desse montante referente ao período
retroativo. O Ecad, que normalmente retém 17% para
administração, reteve 15%. A UBC, que recebe 7,5% do
valor arrecadado para cobrir seus custos de administração,
derrubou ainda mais a taxa, para 5%.
Pertencentes ao mesmo conglomerado, Net e ClaroTV
representam 53,3% do mercado, enquanto a Sky alcança
30% de fatia. Somadas, as três têm a grande maioria dos
assinantes. De acordo com o setor jurídico do Ecad, por serem
os maiores players na atualidade, existe um entendimento de
que a celebração do acordo com essas três possa estimular
outras inadimplentes a acertar os pagamentos de seus débitos
e das mensalidades atuais.
Um longo caminho
A TV por assinatura é hoje uma das mais significativas fontes
de arrecadação de direitos autorais de execução pública de
música, mas, ao mesmo tempo, é um dos maiores desafios
para a distribuição. “Por um lado, as operadoras de TV por
assinatura foram responsáveis pela decisão do Cade que nos
condenou por formação de cartel, alegando que a cobrança
deveria ser proporcional ao uso efetivo da música. Por outro, elas
afirmam que na verdade não podem informar as músicas que
são tocadas em cada canal pelo fato de que desconhecem os
detalhes da programação, alegando que apenas transmitem”,
explica a diretora-executiva da UBC, Marisa Gandelman,
que aposta na mudança da lógica dos contratos. “Devese estabelecer um valor a ser pago pela operadora por cada
canal ofertado em sua grade”, prossegue. “Se e quando isso
acontecer, vamos andar um grande passo em direção a uma
distribuição mais justa, de melhor qualidade, contemplando
efetivamente aqueles que têm suas músicas tocadas.”
A TV é paga.
O autor também deve ser
As operadoras de TV por assinatura também são usuários
de música e devem pagar os direitos autorais de obras e
fonogramas executados pelos diversos canais de televisão
que transmitem, assim como as rádios e as TVs abertas.
Segundo a Confederação Internacional de Sociedade de
Autores e Compositores (Cisac), a distribuição dos valores
arrecadados de TV por assinatura cresceu 26% no mundo em
2011, atingindo a porcentagem de 16% do total distribuído.
Nos EUA, por exemplo, este setor representou 26% da
distribuição da Ascap (a maior sociedade americana) em 2011.
Cenário muito diferente do que ocorre no Brasil, onde o setor
tem convivido com alto índice de inadimplência. Em 2012, a
TV por assinatura representou apenas 6% do total distribuído
pela UBC, número bem abaixo da média global, embora os
acordos tenham melhorado a situação em 2013 e 2014.
ACOMPANHE A SITUAÇÃO
DAS PRINCIPAIS OPERADORAS
Net
O pagamento regular dos direitos autorais foi interrompido
em janeiro de 2004. O acordo de R$ 125 milhões fechado
terá impacto em novembro, quando será feita a distribuição
do montante. A operadora também já realiza, desde janeiro,
o pagamento de sua mensalidade de direitos autorais de
execução pública.
Sky
Fechado em dezembro, o acordo com a operadora pôs fim à
discussão judicial. Não realizava pagamentos desde 2004.
A distribuição dos R$ 210 milhões pelas obras e fonogramas
executados no período em atraso foi feita em dezembro de
2013 e maio passado.
ClaroTV
No início de 2012, a empresa incorporou a Via Embratel, que
já não realizava o pagamento de direitos autorais desde 2008.
Em maio foi fechado o acordo para a regularização, mas o
montante das prestações em atraso ainda não foi calculado.
OI TV
Está em débito com o Ecad desde 2009. Questiona na Justiça
o pagamento de direitos autorais.
Vivo TV
O Ecad cobra na Justiça o pagamento os direitos autorais da
empresa, hoje a junção de duas outras, TVA (em débito desde
outubro de 1994) e Telefônica (em débito desde agosto de
2007). Existem depósitos judiciais.
GVT
Está em débito desde outubro de 2011 e questiona na Justiça
os valores a serem pagos. A empresa realiza depósitos
judiciais.
22/UBC : serviço
“O que é o cálculo de
antecipação? E qual é o
critério para chegar ao
Jonas Alves (Fortaleza)
seu valor?”
REVISTA UBC:
O calendário de pagamento dos direitos autorais de execução
pública é apresentado na forma de rubricas, que são as fontes
pagadoras. Os valores mais altos, recebidos de emissoras
de rádio e TV aberta, são concentrados nas distribuições
trimestrais, realizadas nos meses de janeiro, abril, julho e
outubro. Isso faz com que os valores recebidos por alguns
titulares nesses meses sejam bem maiores do que os valores
recebidos em outros meses.
Para amenizar a variação no recebimento mensal dos titulares
contemplados regularmente, é feita uma antecipação
de pagamento nos meses que intercalam a distribuição
trimestral. Essa prática foi criada há algumas décadas,
quando o Brasil enfrentava um período de inflação muito alta,
e se mantém até hoje.
Muitos fatores são considerados no cálculo da antecipação.
Mas, de forma geral, para um titular pessoa física que seja
autor ou intérprete, a antecipação equivale a um sexto da
média aritmética entre os recebimentos dos dois últimos
trimestres. São retiradas dessa média as distribuições
de shows e os valores de liberação de retidos, sendo feita,
então, uma análise de alguns fatores que poderiam causar
discrepância nos totais, como, por exemplo, o fato de uma
música ter sido incluída na trilha sonora de uma novela.
Para ficar mais claro, vamos analisar um exemplo prático. Um
autor recebeu na distribuição trimestral de janeiro de 2014 um
total de R$ 2.300, e, em abril, R$ 1.500. Desses valores, R$
800 eram distribuições de shows ou liberações de retidos. Ele
também tinha uma música que fazia parte da trilha sonora da
novela “Sangue Bom”, exibida na TV Globo até novembro de
2013, e, nos meses de janeiro e abril, recebeu o equivalente a
R$ 1.000 somente por conta das execuções da sua música no
folhetim. Então, o valor de distribuição que será considerado
para o cálculo da antecipação será de R$ 2.000 (R$ 2.300 +
1.500 – 800 – 1.000). A média dos últimos dois trimestres será
de R$ 1.000, e o valor de antecipação que ele receberá nos
meses de maio e junho será um sexto dela, ou seja, R$ 166,66.
Quando o autor receber o valor da distribuição de julho, os R$
333,33 de antecipação serão descontados.
Você pode identificar esses valores no recibo de pagamento
ou até mesmo no seu extrato de conta corrente no Portal do
Associado. Se preferir, pode optar por não receber mais o
pagamento de antecipação, bastando, para isso, entrar em
contato com a UBC.
Em 22 de maio, as três vencedoras da segunda
edição do concurso estiveram na sede da UBC,
no Rio, para receber seus prêmios. Elas expuseram
uma síntese de seus trabalhos aos convidados.
O primeiro lugar ficou com Larissa Lacerda de Oliveira e Souza,
da Universidade Federal da Bahia, com a monografia "A pirataria
de CDs: processos descriminalizatório e criminalizatório".
O segundo lugar foi de Elvira Carolina Scapin Martins, da
Universidade Federal do Pará, com "Fatores de consolidação
da pirataria e seu reflexo no mercado da música”.
E o terceiro, com Bruna Schlisting Machado, da UniRitter, que
escreveu sobre "Os limites dos direitos autorais dos compositores
musicais em razão do acesso público às composições musicais”.
O concurso é uma realização da UBC em parceria com o
IAB - Instituto dos Advogados Brasileiros e a
editora Publit Soluções Editoriais.
saiba mais em www.ubc.org.br
Depois dos recentes acordos fechados
com Sky e Net, a distribuição da rubrica
TV por assinatura passou a ser trimestral.
Confira como ficou o calendário
mês
jan
mês
fev
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mês
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rubrica
rubrica
rubrica
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distribuição trimestral*
tv por assinatura
cinema
distribuição trimestral*
período de
captação
período de
captação
período de
captação
período de
captação
julho a setembro
julho a setembro
setembro a fevereiro
outubro a dezembro
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mai
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jun
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ago
rubrica
rubrica
rubrica
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tv por assinatura
mídias digitais
distribuição trimestral*
tv por assinatura
período de
captação
período de
captação
período de
captação
período de
captação
outubro a dezembro
julho a dezembro
janeiro a março
janeiro a março
rubrica
carnaval
mês
set
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mês
dez
rubrica
rubrica
rubrica
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cinema
distribuição trimestral*
tv por assinatura
mídias digitais
período de
captação
período de
captação
período de
captação
período de
captação
março a agosto
abril a junho
rubrica
festa junina
*Distribuiçãotrimestral:
Rádio, TV ABERTA, Direitos Gerais, Música ao Vivo, casas de
diversão, casas de festas e sonorização ambiental.
Observações:
a distribuição de shows e créditos protegidos ocorre todos os meses.
a distribuição de músicos acompanhantes ocorre
junto a todas que utilizam fonogramas.
abril a junho
rubrica
movimento
tradicionalista gaúcho
janeiro a junho

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