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Tradução do texto integral de J. M. Barrie realizada por Ana Maria Machado. Ilustrações de Fernando Vicente. Sugestões de trabalho Sugestões de trabalho Coordenação Maria José Nóbrega Elaboradas pela professora Elaboração Rosana Correa Pereira El Kadri Maria José Nóbrega Luisa Nóbrega Licenciada em Letras pela PUC-SP, é professora e assessora de Língua Portuguesa em escolas da rede pública e particular de São Paulo, desde 1986. Para a Editora Moderna, traduziu e adaptou os módulos do curso Compreensão Leitora – Ler e Viver e colaborou com a coleção didática Projeto Araribá, para o ciclo 2 do Ensino Fundamental. c SumárIo Apresentação, 4 Peter Pan, romance de aventura e fantasia, 5 Algumas sugestões de trabalho com o livro, 7 A leitura compartilhada, 7 Atividades, 8 Filmes relacionados, 9 Proposta de produção de texto, 11 Sugestão de leitura, 13 Observações finais, 14 Bibliografia consultada e recomendada, 15 3 c c Apresentação c O livro Peter Pan, de J. M. Barrie, tem uma história bastante singular. Em 1902, Barrie escreveu um conto infantil intitulado “The Little White Bird” (O pequeno pássaro branco), no qual o personagem Peter Pan aparece pela primeira vez. Em 1904, o conto foi transformado numa peça de teatro chamada Peter Pan, or The Boy Who Wouldn’t Grow (Peter Pan, ou o menino que não queria crescer), que estreou em Londres em 27 de dezembro do mesmo ano. O sucesso foi tamanho que levou o autor à produção de duas novas versões: o conto Peter Pan in Kensington Gardens (Peter Pan nos Jardins de Kensington), de 1906, e o livro para crianças Peter Pan and Wendy, de 1911. Esta última obra foi traduzida por Ana Maria Machado e publicada pela Salamandra. Há duas versões para o surgimento do personagem Peter Pan. Numa delas consta que J. M. Barrie a inventou quando contava histórias aos filhos da sua amiga Sylvia Llewelyn Davies1. Numa outra versão, a inspiração para a criação do personagem teria sido o irmão mais velho de Barrie, David, que morreu acidentalmente patinando no gelo, quando tinha 13 anos. Para Andrew Birkin, autor do livro J. M. Barrie & the Lost Boys (J. M. Barrie e os Meninos Perdidos), foi “uma catástrofe inacreditável, da qual ele nunca se recompôs... Margaret Ogilvy [mãe de James e de David] encontrou conforto na idéia de que, tendo David morrido tão jovem, permaneceria um menino para sempre. Barrie buscou nessa idéia a inspiração”. O nome do personagem pode ter se originado de duas fontes: de Peter Llewelyn Davies, o mais novo dos filhos de Sylvia, na época ainda uma criança, e de Pan, o deus grego das florestas (o personagem, inclusive, toca uma flauta e vive em perfeita harmonia com a natureza). A história de Peter Pan vem encantando crianças e adultos há mais de cem anos. Foi adaptada para o cinema — filmes e desenho animado. Agora, recebeu uma continuação oficial, Peter Pan escarlate. 1 Essa versão deu origem ao filme Em busca da Terra do Nunca (ver mais adiante no item Filmes relacionados). c Peter Pan, romance de aventura e fantasIa c O livro tem como ponto de partida uma fantasia humana: a possibilidade de não crescer nunca, de ser para sempre criança. Ao mesmo tempo, lida com dois temas básicos: o confronto entre civilização e natureza — a primeira representada pela família Darling, a segunda pelo herói — e a divisão etária que separa infância e idade adulta, destino de todos, menos do menino que não cresce nunca. O autor dá unidade à sua temática, porque Peter Pan sintetiza os dois aspectos: ele é uma força natural — um pássaro, devido à capacidade de voar; a brisa, invisível e rebelde; o próprio deus Pan, símbolo da vida selvagem e do instinto. Ao mesmo tempo, o menino opta por não crescer, cabendo-lhe sintetizar a infância.2 Peter Pan observa pela janela do quarto das crianças a senhora Darling contar histórias para seus filhos antes de dormir e fica curioso para saber o final de Cinderela. Ao entrar no quarto atrás de sua sombra, ouve Wendy dizer que sabe muitas histórias, e isso o leva a convidá-la para viajar à Terra do Nunca. O convite que faz a Wendy é movido por um desejo de ter alguém que conte histórias e cuide dos Meninos Perdidos, ainda que não queira uma mãe ou uma família. A relação que o herói estabelece com a menina é muitas vezes ambígua: ora Peter é o pai “de faz-de-conta” das crianças, ora é também filho de Wendy. Wendy e seus irmãos deixam o convívio familiar por vontade própria para viverem aventuras, acompanhados do herói-menino. Não por acaso, o inimigo de Peter é um adulto — ou um grupo de adultos — os piratas, liderados pelo Capitão Gancho. O romance mistura dois ingredientes extremamente atraentes para o público infanto-juvenil: a fantasia e a aventura. Há elementos dos contos de fadas: a fada (Sininho), o pó mágico; da mitologia: as sereias; das aventuras tradicionais e modernas: os piratas e os índios. A fada Sininho guarda poucas semelhanças com as fadas dos contos tradicionais. Ela apresenta características bastante contraditórias: ama Peter Pan, sente ciúmes dele, sente raiva de Wendy e quase provoca a morte da menina. Mas é capaz de arriscar a própria vida por Peter. É a sua poeira que permite às crianças voar. As sereias mantêm as características das narrativas mitológicas. Na aventura relatada no capítulo “A lagoa das sereias”, elas tentam puxar Wendy para o fundo da lagoa. Na mitologia, as 2 ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil e o leitor. In: Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo: Ática, 1982. p. 96. 5 sereias são seres metade mulher, metade peixe, que enfeitiçam os marinheiros com seu canto, a fim de levá-los para o fundo das águas. Personagens femininas, as sereias só se relacionam com Peter Pan e ignoram Wendy e os Meninos Perdidos. Os piratas, com exceção de Barrica, apresentam as mesmas características de histórias tradicionais como A ilha do tesouro. O capitão Gancho é cruel e vingativo; seus homens obedecem às suas ordens sem questionar. Ao se confrontarem com os piratas, as crianças lutam de igual para igual para defender a própria vida, provocando a morte de alguns (seria uma luta real ou de faz-de-conta?). Os índios são inimigos dos piratas e os perseguem. Outro inimigo que está sempre atrás do pirata Gancho é o Crocodilo que comeu sua mão. Mas o animal engoliu um relógio que alerta seu inimigo da sua presença. Esse relógio pode ser considerado, também, uma metáfora do tempo que persegue o capitão e do qual ele tem de fugir. Peter Pan, como a maioria das histórias de aventura, apresenta três ingredientes básicos — um herói, também chamado protagonista, o desconhecido e o perigo. Podemos acrescentar a esses ingredientes um vilão cruel: o Capitão Gancho. O herói, no caso, Peter Pan, é o personagem que consegue vencer todos os problemas que surgem à sua volta. Podemos considerar os irmãos Darling também como heróis que descobrem seus talentos especiais para vencer os perigos a que são expostos. [...] não é a saída [para o mundo da fantasia] que coloca o herói perante o mundo, mas sua volta; o primeiro movimento leva o protagonista ao encontro de si mesmo — esta é sua grande aventura, a qual lhe permitirá enfrentar o contexto circundante, confiando em si ou conformado com sua falta de poder. Em razão disto, a fantasia configura a condição de funcionamento do gênero, pois este impõe um modelo narrativo que se desenvolve à medida que o protagonista abandona o setor familiar e ingressa em horizontes sobrenaturais, voltando depois à posição primeira, agora mais experiente ou sábio.3 Ao final do romance, Wendy fica apreensiva ao constatar que seus irmãos estão se esquecendo dos pais e da vida que tinham antes de ir para a Terra do Nunca. Assim, percebe que não é possível ser criança eternamente. Todos sentem saudades de casa e querem voltar. A aventura vivida no mundo da fantasia, a Terra do Nunca, transforma os irmãos Darling, que retornam para casa mais maduros e preparados para crescer. O mesmo acontece aos Meninos Perdidos, que desejam uma família e são adotados pelo casal Darling. Em contrapartida, Peter Pan se recusa a sair da Terra do Nunca — esta, uma metáfora da própria infância. Ainda que Wendy tenha crescido, ela mantém viva a fantasia, ao contar para a filha histórias da Terra do Nunca e de Peter Pan. 3 ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil: fantasia e exemplaridade. In: Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo: Ática, 1982. p.132. 6 c Algumas sugestões de trabalho com o lIvro c O livro Peter Pan pode ser lido de forma livre, pelo simples prazer de ler, pois é uma história que com certeza vai interessar a leitores entre 10 e 13 anos. Entretanto, a história oferece uma grande oportunidade para se trabalhar com as características da narrativa literária. Assim, caso você queira desenvolver com seus alunos um trabalho mais profundo nesse sentido, apresentamos a seguir algumas sugestões de trabalho. A leItura compartIlhada A leitura compartilhada, segundo Isabel Solé4, é aquela na qual o professor ou um aluno assume a responsabilidade de organizar a tarefa de leitura e de nela envolver os outros. Na atividade de leitura compartilhada quatro estratégias responsáveis pela compreensão durante a leitura podem ser incentivadas: • Formular previsões sobre o texto a ser lido. • Formular perguntas sobre o que foi lido. • Esclarecer possíveis dúvidas sobre o texto. • Resumir as idéias do texto. Essas estratégias, segundo Solé, não podem ser ensinadas à margem da atividade de leitura, mas no que ela denomina tarefas de leitura compartilhada, como no exemplo: O professor e os alunos devem ler um texto, ou um trecho de um texto, em silêncio (embora também possa haver leitura em voz alta). Depois da leitura, o professor conduz os alunos através das quatro estratégias básicas. Primeiro se encarrega de fazer um resumo do que foi lido para o grupo e solicita sua concordância. Depois pode pedir explicações ou esclarecimentos sobre determinadas dúvidas do texto. Mais tarde formula uma ou algumas perguntas às crianças, cuja resposta torna a leitura necessária. Depois dessa atividade, estabelece previsões sobre o que ainda não foi lido, reiniciando-se deste modo o ciclo (ler, resumir, solicitar esclarecimentos, prever) [...]. Consideramos essas tarefas de leitura compartilhada ao formular a seqüência de atividades para o livro Peter Pan. As seqüências podem apresentar variações, de acordo com o potencial de cada grupo leitor. 4 SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 118-119. 7 Atividades Antes da leitura • Combine com os alunos a data em que todos devem ter o livro. Se possível, providencie a compra para que todos tenham o livro em mãos no mesmo dia. • Fale um pouco sobre o autor — se desejar, leia a orelha da quarta capa e as informações da apresentação deste encarte — e sobre a tradutora, Ana Maria Machado, escritora consagrada e com obras conhecidas por muitas crianças. • Não se pode desconsiderar que os alunos conheçam ou já tenham ouvido falar de Peter Pan. Muitos devem ter assistido ao desenho da Disney ou ao filme. Pergunte a eles o que se lembram sobre as personagens e o enredo. Explique que o desenho e o filme são adaptações do livro. Isso significa que alguns episódios foram eliminados ou transformados para se adequar a uma nova linguagem: da animação ou do cinema. • Faça uma exploração das ilustrações, criação do espanhol Fernando Vicente. Pergunte aos alunos a que episódios se referem as ilustrações das páginas 25, 201 e 225. Pergunte também quem são os personagens e os lugares das ilustrações das páginas 89, 105, 121 e 153. Anote suas hipóteses. • Leia o sumário com os alunos e vá discutindo as possíveis hipóteses sobre os fatos que poderão acontecer na história a partir do título de cada capítulo. Durante a leitura • Leia com eles apenas o primeiro capítulo da história e marque uma data para a leitura até determinado capítulo. • Na data determinada, peça a alguns alunos que resumam o que leram, expliquem o que entenderam da história, digam com que outras histórias ela está relacionada e quais semelhanças e diferenças percebem entre o mesmo episódio no desenho, no filme e no livro. • Converse com eles sobre o que entenderam da organização da história, do gênero, do tema etc. • Marque uma data para a leitura de mais alguns capítulos. Se alguns já tiverem terminado a leitura, peça-lhes que façam aos colegas questões de previsão. • Peça que terminem a leitura para determinada data. Depois da leitura • Proponha uma discussão do livro. Nesse momento os alunos farão uma apreciação dele, dirão se gostaram ou não da história e por quê, se ela foi emocionante, 8 intrigante, se prendeu a atenção, se foi engraçada etc. É fundamental que os alunos se manifestem criticamente sobre a obra que leram, pois o objetivo principal é a formação do leitor. E o ensino do uso de estratégias de leitura tem também esse objetivo. Sugira que os alunos respondam às questões no caderno antes da discussão, apenas para organizar as idéias. 1. Gostou da história? Por quê? 2. Que trecho chamou mais a sua atenção? Por quê? 3. Que características especiais o herói Peter Pan possui? Em que momentos essas características se manifestam? Explique. 4. Os irmãos Darling vivem aventuras na Terra do Nunca. Essas aventuras os modificam? Como? Espera-se que os alunos percebam que os irmãos voltam para casa mais maduros e preparados para crescer. 5. O que caracteriza o livro Peter Pan como de aventura? A presença do herói com características especiais; o desconhecido, A Terra do Nunca; os perigos que os personagens precisam enfrentar. 6. Que semelhanças e diferenças existem entre o livro, o desenho e o filme? Peça aos alunos que revejam o filme e o desenho, ou um deles, para estabelecer a comparação. Filmes relacionados Os filmes a seguir podem ser apresentados depois ou ao mesmo tempo em que os alunos lêem o livro. Peter Pan (EUA): 1953 (Animação) Direção: Hamilton Luske / Clyde Geronimi / Wilfred Jackson Distribuidora: Walt Disney Pictures Esta é a mais conhecida adaptação da história de Peter Pan para o cinema . O desenho inicia apresentando a família Darling e contando como as crianças conhecem Peter Pan, o menino que 9 se recusa a crescer, e com ele viajam até a Terra do Nunca. Num mundo de fantasia, as crianças encontram os Meninos Perdidos e enfrentam o pirata Capitão Gancho, que é atormentado pelo crocodilo que comeu sua mão. O desenho recebeu uma continuação — De volta à Terra do Nunca (de 2001). É bem possível que a maioria das crianças tenha assistido a esse desenho, que é um clássico de animação de Disney, e, com freqüência, é apresentado no Disney Channel. No início da animação, aparece a informação de que a história foi adaptada da peça de J. M. Barrie e não do livro. Isso é uma informação importante, pois a peça tem uma história mais curta que o livro. No desenho fica explícito que Wendy não quer crescer. Ela mesma afirma isso para a mãe, o que não ocorre no livro. O filme de 2003, sugerido a seguir, retoma alguns dos fatos do desenho de Walt Disney. Peter Pan (EUA): 2003 (Filme) Direção: P. J. Hogan. Com Jeremy Sumpter, Rachel Hurt-Wood, Jason Isaacs Distribuidora: Columbia Pictures Essa é uma adaptação mais recente da história de Peter Pan, desta vez, em forma de filme. Peter Pan é um menino que nunca cresce. Vive na Terra do Nunca juntamente com os Meninos Perdidos e a fada Sininho. Ele visita com freqüência a casa dos Darling para ouvir histórias do lado de fora da janela. Certo dia, ele entra no quarto atrás de sua sombra que fora agarrada e presa por Naná, a cadela-babá, e convence os irmãos Wendy, John e Michael a viajar com ele para o lugar onde vive. Lá todos enfrentaram a ameaça do temível Capitão Gancho. Nesse filme, fica mais explícito que os pais de Wendy e sua tia Millicent — personagem inexistente no livro — perceberam que a menina está crescendo. A tia aconselha o casal Darling a afastar Wendy dos irmãos e prepará-la para ingressar no mundo adulto. A menina, por sua vez, não quer crescer e acompanha Peter Pan de boa vontade. Na Terra do Nunca, no entanto, ela se mostra uma pré-adolescente vivendo sua primeira paixão pelo menino que não quer crescer. Seria interessante discutir com os alunos as adaptações e modificações que os roteiristas fizeram na história original e qual a opinião deles sobre as soluções encontradas. Por exemplo: na Terra do Nunca, no livro, não havia inverno. No filme, todas as mudanças climáticas estão de acordo com a presença e os sentimentos de Peter Pan. Além de fazer papel de mãe dos meninos, Wendy aprende a lutar com a espada e a se defender dos piratas; o Capitão Gancho tenta transformar Wendy numa pirata, o que atrai a menina; Gancho, além de prender a princesa indígena, que se chama Tiger, prende também os irmãos de Wendy e os leva para o Castelo Negro, passagens inexistentes no livro. A essa aventura corresponde o capítulo VIII, “A lagoa das sereias”; no filme, o Capitão Gancho consegue voar; no livro, nenhum adulto pode voar. 10 Nos “Bônus” do DVD há um final alternativo, muito semelhante ao final do livro, no qual Wendy está adulta e Peter leva Jane, sua filha, para a Terra do Nunca. Enfim, a comparação entre livro e filme possibilita um trabalho interessante no que se refere às especificidades de cada linguagem e ao conceito de “adaptação” de uma obra literária para o cinema. Em busca da Terra do Nunca (EUA): 2004 (Filme) Direção: Marc Forster. Com Johnny Depp, Kate Winslet, Dustin Hoffman. Distribuidora: Imagem Filmes Esse filme é baseado na biografia do autor de Peter Pan. J. M. Barrie é um bem-sucedido autor de peças teatrais. No entanto, seu último trabalho não foi bem recebido pelo público. Em busca de inspiração para uma nova peça, Barrie faz caminhadas diárias pelos Jardins de Kensington, em Londres, onde encontra a família Davies, formada por Sylvia, que enviuvou recentemente, e seus quatro filhos: George, Jack, Michael e Peter. Barrie torna-se amigo da família, contando e interpretando fantásticas histórias junto com as crianças. A partir dessa convivência, Barrie cria seu maior sucesso: Peter Pan. Muitos fatos apresentados no filme foram baseados na realidade e outros adaptados livremente. Por exemplo: apesar de a história de Em busca da Terra do Nunca dizer que Arthur Llewelyn Davies estava morto quando Barrie e Sylvia se conheceram, na verdade, ele estava vivo e esteve presente na première de Peter Pan nos teatros ingleses, juntamente com Sylvia. J. M. Barrie, após a morte de Arthur e Sylvia, tornou-se realmente co-tutor legal dos filhos do casal. O filme é interessante para apresentar aos alunos o processo de criação do autor de Peter Pan e como as histórias podem atuar de forma positiva na vida das crianças, em especial no caso do menino Peter Davies, que estava sempre tristonho pela morte do pai e não conseguia mais usar a imaginação. Há um trecho em que a família e Barrie estão nos Jardins de Kensington. Barrie está interpretando para mãe e filhos. Diz que vai fazer um número com seu urso, Porthos. Peter recusa-se a entrar no “faz-de-conta”, dizendo que aquilo era ridículo, pois Porthos era só um cachorro. Barrie diz: “Com seus olhos nunca o veria. Porém, com um pouco de imaginação... eu posso dar meia-volta agora e ver o grande urso Porthos”. Proposta de produção de texto Peça aos alunos que façam uma continuação para a história. Peter vai buscar Wendy para a faxina de primavera e a encontra adulta e com uma filhinha, Jane. Peter logo faz amizade com a menina e leva-a para a Terra do Nunca. Mais tarde ele retorna para levar Margaret, filha de Jane. Para auxiliá-los na criação do texto, sugerimos uma seqüência de atividades. 11 Sugestão de seqüência de atividades 1. Discuta com os alunos as características do romance de aventuras. Destaque que o livro apresenta muitos episódios em que os heróis precisam demonstrar bravura, enfrentar perigos e vencer o vilão. Por exemplo: “A lagoa das Sereia”, “As crianças são capturadas”, “Desta vez é gancho ou eu...”. Analise a estrutura narrativa de um dos capítulos. Veja, por exemplo, o capítulo “A lagoa das Sereias”: Situação inicial: – As crianças estão cochilando na Pedra do Desterro, enquanto Wendy costura. Desequilíbrio: – A lagoa começa a mudar e Wendy pressente um perigo. Peter Pan aparece, avisa que os piratas estão se aproximando e manda todos mergulharem. – Os piratas trazem Lírio Selvagem prisioneira. – Peter se esconde e salva a princesa. Clímax: – Os Meninos Perdidos lutam com os piratas. – Peter Pan luta com o Capitão Gancho. Resolução da situação de desequilíbrio: – Gancho foge ao ouvir o tique-taque do Crocodilo. – Os Meninos Perdidos e Lírio Selvagem vão embora, acreditando que Peter e Wendy estão a caminho. Novo desequilíbrio: – Peter e Wendy estão prestes a morrer afogados. Resolução e desfecho: – Peter sugere a Wendy que vá embora agarrada na rabiola da pipa de Miguel. – Peter é salvo pelo Pássaro do Nunca. 2. Leia com eles o início do capítulo, chamando a atenção para a descrição da cena de calmaria, do cotidiano da Lagoa, de seus habitantes. 12 3. Proponha que os alunos escrevam um capítulo da história. Esse capítulo poderá ter como personagem Jane, filha de Wendy, ou Margaret, sua neta. – Oriente-os a manter a coerência narrativa. Se a história original foi ambientada no início do século XX, a história deverá ser ambientada no final da década de 1930, se for Jane a personagem; e no final da década de 1940, se for Margaret a personagem. – Peça que façam uma pesquisa sobre o contexto histórico em que a história acontecerá. 4. Peça que façam um roteiro dos principais momentos da história. – Como Peter Pan levará Jane ou Margaret para a Terra do Nunca? – Como estaria a cabaninha de Wendy? – Descreva o lugar e a situação inicial de equilíbrio. – Que perigos ela, Jane ou Margaret, enfrentaria? Outros piratas? Índios de outras tribos? Animais selvagens? As sereias? Como Peter a salvaria? – Quem seriam os novos Meninos Perdidos? – Dê um final intrigante para seu texto. 5. Seria interessante que os alunos assistissem a De volta à Terra do Nunca depois que os alunos tivessem feito sua produção. Peça a eles que comparem a sua produção com o desenho. Sugestão de leitura Peça aos alunos que leiam a continuação da história de Peter Pan, Peter Pan escarlate, de Geraldine McCaughrean. Chame a atenção para a coerência entre o livro original e a continuação, por exemplo: • Em Peter Pan escarlate, os personagens, apesar de crescidos, mantêm algumas das características da infância. Por exemplo: Wendy continua a ter o espírito de liderança; Deleve já gostava de música; o senso de justiça de Piuí etc.; • Há também a coerência temporal: vinte anos se passaram e, apesar de ser ficção, os fatos históricos foram respeitados: a Primeira Guerra Mundial e o pessimismo que se instalou no mundo; • A ausência de Miguel no grupo é explicada com um fato da realidade; • O final, em Peter Pan, de alguns piratas, como Metido a Besta e Barrica, e como eles aparecem em Peter Pan escarlate. Chame a atenção dos alunos também para a fidelidade da autora, Geraldine McCaughrean, ao estilo de J. M. Barrie, sem deixar de criar aventuras originais. 13 c Observações fInaIs c As atividades apresentadas não esgotam todas as possibilidades de trabalho com o livro Peter Pan. São sugestões que podem e devem ser adaptadas às características e necessidades de seus alunos e à dinâmica que se desenvolver dentro da turma. Sua criatividade e sensibilidade como professor(a) com certeza vão inspirar outras atividades. Desejamos a você e a seus alunos um excelente trabalho e momentos deliciosos de leitura e conversa! 14 c BIblIografIa consultada e recomendada c MACHADO, Irene. A. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. Série Didática – Classes de magistério. Nos capítulos 2 e 3 — Conto popular e O conto maravilhoso, respectivamente — a autora explica a origem e as principais características desses gêneros. PAES, José Paulo. A aventura literária. Ensaios sobre ficção e ficções. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. O primeiro ensaio As dimensões da aventura [sobre romance de aventuras] faz uma análise desse gênero tomando como exemplo alguns clássicos como o livro A ilha do tesouro, de Robert L. Stevenson. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998. A obra traz informações e reflexões sobre a compreensão leitora, focalizando o ensino de estratégias de leitura na escola. ZILBERMAN, Regina & MAGALHÃES, Lígia C. Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo: Ática, 1982. Coleção Ensaios. Os ensaios reunidos nessa obra discutem a função da literatura dirigida ao público infantil, além de apresentar a história da formação desse tipo de literatura e do leitor mirim. No ensaio “A literatura infantil e o leitor”, no item A representação da criança, Regina Zilberman faz uma análise do Peter Pan recontado por Monteiro Lobato. Sites http://www.gosh.org/about_us/peterpan/history.html http://www.gosh.org/about_us/peterpan/barrie.html Site do Great Ormond Street Hospital Children’s Charity, que traz informações sobre a origem do livro Peter Pan, uma biografia de J. M. Barrie, além de outras informações interessantes, em inglês. http://www.jmbarrie.co.uk/ Site que reúne o material pesquisado por Andrew Birkin — cartas, fotos, rascunhos e notas de Barrie — para a produção do livro J. M. Barrie & The Lost Boys. Conteúdo em inglês. http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Pan Peter Pan é um dos verbetes dessa enciclopédia livre, que apresenta, resumidamente, a história do personagem e de seu autor, bem como as produções para cinema, teatro e televisão. 15