Faça o da apostila do Método ComStop

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Faça o da apostila do Método ComStop
TESTE
MÉTODO COMSTOP
DE OPERAR NOS MERCADOS
FAUSTO DE ARRUDA BOTELHO
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i
MÉTODO COMSTOP
DE OPERAR NOS MERCADOS
VERSÃO 1.0
Acompanha esta edição: “Planilha Excel do Método ComStop”
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Data desta impressão: Setembro de 2009
Edição: Fausto de Arruda Botelho
Capa: Rogerio Serra
Copyright  2006 Fausto de Arruda Botelho
Todos os direitos reservados
ESTA PUBLICAÇÃO PODE SER COPIADA!,
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INTEGRALMENTE E SEM MODIFICAÇÕES, sem a necessidade da autorização do detentor
dos direitos autorais, conforme a Lei 5.988, de 14 de dezembro de 1973, artigos 120 - 130.
Agradecemos qualquer informação para o e-mail abaixo, sobre eventuais envios via Internet.
Nas negociações com os mercados de risco do tipo ações, opções e futuros, não existem garantias
para o lucro. Prejuízos podem acontecer e muitas vezes acontecem. Como em qualquer
investimento, o leitor deverá avaliar sua condição financeira para poder assumir os riscos inerentes a
esta atividade e inclusive considerar a possibilidade de perder totalmente seus investimentos. Os
conceitos colocados nesta publicação não pretendem ser conselhos de investimento em ativo
específico. Qualquer posição assumida pelo leitor nos mercados é de sua inteira responsabilidade. O
leitor não deve presumir que as teorias, conceitos, métodos, indicadores e estratégias operacionais
aqui apresentados serão lucrativos ou que não poderão resultar em prejuízos. O risco da utilização
de qualquer dos métodos desta publicação é de inteira responsabilidade do leitor. As informações
aqui contidas foram obtidas de fontes consideradas fidedignas, mas que não podem ser garantidas
pelo autor ou pela Editora quanto à sua exatidão. Agradecemos se quaisquer erros nos forem
comunicados. O autor pretendeu citar todas fontes utilizadas na elaboração desta publicação.
Qualquer omissão terá sido acidental e será corrigida nas edições futuras, uma vez trazidas à nossa
atenção. Quaisquer sugestões ou críticas sobre esta publicação serão muito bem-vindas no e-mail
abaixo:
[email protected]
ii
Para: Titi, Dani, Pipo e Ma,
e para Jorgeta!
iii
ÍNDICE
1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 1
PORQUE UM MÉTODO ........................................................................................................................................ 1
INVESTIMENTO X ESPECULAÇÃO ....................................................................................................................... 2
SOMOS TODOS ESPECULADORES ........................................................................................................................ 3
2 – A PARTE EMOCIONAL ............................................................................................................................. 7
O FATOR EMOCIONAL & DISCIPLINA................................................................................................................. 7
POR QUE NÃO PODEMOS PERDER... MUITO? ..................................................................................................... 10
COMO FAZER PARA NÃO PERDER? .................................................................................................................. 122
ACEITANDO PREJUÍZOS .................................................................................................................................. 133
POR QUE AGIMOS ERRADO? ............................................................................................................................. 13
O ANTÍDOTO .................................................................................................................................................. 144
3 – A ESTRATÉGIA DAS ORDENS DE STOP ........................................................................................... 155
OS TIPOS DE ORDEM ...................................................................................................................................... 155
LIQUIDEZ ......................................................................................................................................................... 15
UTILIZANDO AS ORDENS DE STOP.................................................................................................................... 17
LIMITANDO OS PREJUÍZOS ................................................................................................................................ 17
INICIANDO UMA POSIÇÃO COM UMA ORDEM DE STOP ..................................................................................... 18
COLOCANDO STOPS ......................................................................................................................................... 18
SER "ESTOPADO", MUDAR O STOP OU AUMENTAR A POSIÇÃO?........................................................................ 19
ORDEM DE STOP RASTREADORA...................................................................................................................... 20
SINTONIA FINA................................................................................................................................................. 22
4 - PLANEJAMENTO BÁSICO ...................................................................................................................... 23
DEFININDO SEU CAPITAL .................................................................................................................................. 23
QUAL PARCELA DO CAPITAL COMPROMETER? ................................................................................................ 24
DEFININDO A SUA META DE RENTABILIDADE ANUAL ...................................................................................... 25
5 - TRAZENDO AS CHANCES A SEU FAVOR ........................................................................................... 30
PENSANDO ESTATISTICAMENTE....................................................................................................................... 30
DEIXANDO DE SER O “JOGADOR” PARA SER A “BANCA” .................................................................................. 31
6 - ANÁLISE TÉCNICA ......................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
OS NÍVEIS DE SUPORTE E RESISTÊNCIA ........................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
S&R E AS ORDENS DE STOP ......................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
ESTRATÉGIAS OPERACIONAIS COM OS NÍVEIS DE S&R ................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
TENDÊNCIAS ................................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
POR QUE SE FORMAM AS TENDÊNCIAS ......................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIBONACCI ................................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
A TEORIA DA ONDAS DE ELLIOTT ............................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
ONDAS DENTRO DE ONDAS .......................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
AS “PERNAS” DE UMA TENDÊNCIA ............................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
RETAS & CANAIS DE TENDÊNCIA ................................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
7 - ESCOLHENDO SUAS OPERAÇÕES ....................................................................................................... 30
FATOR LUCRO/PREJUÍZO ................................................................................................................................. 30
8 - VÁLVULA NO STOP .................................................................................................................................. 31
RENDENDO-SE AO MERCADO .......................................................................................................................... 31
GARANTINDO UM LUCRO MÍNIMO .................................................................................................................... 31
9 – PLANEJAMENTO DE RISCO .................................................................................................................. 33
O TAMANHO DA SUA POSIÇÃO. ESTA É A CHAVE DO COFRE ............................................................................ 33
iv
10 - OPERANDO O MÉTODO COMSTOP ................................................................................................... 35
PLANEJANDO SUAS POSIÇÕES ........................................................................................................................... 35
QUANTO TEMPO GASTAR PARA OPERAR ........................................................................................................... 37
QUANDO NÃO OPERAR ..................................................................................................................................... 38
11 - BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 39
LIVROS:............................................................................................................................................................ 39
SOBRE O AUTOR .............................................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
v
1 – INTRODUÇÃO
PORQUE UM MÉTODO
É preciso seguir um método porque o ser humano não foi feito para operar nos mercados de renda
variável, simplesmente porque temos uma tendência enorme de fazer tudo errado, e fazemos de fato.
Para começar, nós liquidamos rapidamente nossas posições que mostram lucro e não liquidamos as
posições que mostram prejuízo.
Se há, entretanto, um denominador comum nos livros que falam de estratégias operacionais e
financeiras, que pode ser considerado a regra de ouro para as operações nos mercados, é a famosa
frase: Limite seus prejuízos e deixe seus lucros crescerem!
Perguntem sutilmente, entretanto, para seus conhecidos que operam nos mercados, qual a sua
técnica para lidar com posições que mostram lucro e com as que mostram prejuízo e poderão
comprovar o que digo. Para a grande maioria deles, a resposta levará a um processo que limita os
lucros e não limita os prejuízos, exatamente o contrário que diz a regra de ouro acima e também o
bom senso. É fácil entender que se as pessoas limitam seus lucros e não limitam os seus prejuízos
será difícil fazer com que no longo prazo, os lucros de suas operações sejam maiores do que os
prejuízos.
Além do exposto acima, existem muitas outras coisas que fazemos errado quando operamos
nos mercados de renda variável e, por isso, ter sucesso no longo prazo é difícil... muito difícil! Se
fosse fácil, não haveria tantos livros escritos sobre o assunto e as estatísticas não diriam que 85% ou
talvez 95% dos participantes do mercado perdem dinheiro, em períodos de tempo mais prolongados.
Uma grande parte desses participantes não dura mais do que seis meses no mercado, devido a perdas
excessivas. Outros têm a sorte de ganhar no começo, apenas para ficar mais confiantes e acabar
perdendo mais.
Atualmente, como Diretor Geral da Enfoque, tenho tido a oportunidade de confirmar essa
estatística, já que nosso departamento comercial vende muito bem novas assinaturas do nosso
Terminal Enfoque de cotações, entretanto, muitos dos nossos usuários cancelam suas assinaturas a
cada mês e os motivos que alegam, quando ligamos para saber a razão, invariavelmente, têm a ver
com perdas nos mercados.
A principal razão, para que tantos falhem em seu objetivo de ter sucesso nos mercados é, na
minha opinião assim como na de diversos outros autores, o fato de que as pessoas seguem a lei do
menor esforço e “investem” ou especulam sem se darem conta de que, como em qualquer outra
atividade, é preciso estudar e aprender as nuances do processo, e principalmente, é preciso planejar.
Quem negocia nos mercados sem qualquer planejamento e sem dominar as técnicas de
análise e ainda as técnicas de controle de risco e estratégias operacionais e financeiras, não está
praticando investimento ou especulação e sim, o jogo puro que é muito diferente da especulação...
A verdade é que é muito mais fácil levar as operações na brincadeira do que ler um livro,
como você está fazendo nesse momento ou planejar cada uma das suas operações como ensina o
“Método ComStop” nos próximos capítulos.
Jogo é chance cega enquanto especular... [Do latin speculari], ponderar; examinar
com atenção; averiguar; observar; indagar, pesquisar; raciocinar; refletir...
José Ulpiano de Almeida Prado – (Seu Zezé)
1
O Método ComStop de Operar nos Mercados pretende cumprir a tarefa de estabelecer a
cultura de:
 Planejamento;
 Disciplina Sistêmica;
 Regular o tamanho das suas posições;
 Trazer as chances a seu favor;
 Assumir o papel da “Banca” ao invés do “Jogador”;
 Analisar cada operação em relação ao seu potencial de lucro contra o de prejuízo;
 Controle do risco de cada operação;
 Vincular o tamanho da posição com a meta de rentabilidade que se quer atingir;
 Diminuir constantemente o risco das posições assumidas.
Com esta cultura, o Método ComStop, que é extremamente simples, pretende colocar seus
seguidores num “estado mental” que os permita poder desfrutar do fluxo ininterrupto de
oportunidades que os mercados de renda variável oferecem a cada instante.
Boa leitura!
INVESTIMENTO X ESPECULAÇÃO
A palavra especulação tem, em muitas partes do mundo um caráter pejorativo pois confunde-se com
o ato de manipular ou atravessar, estas sim, atividades nefastas a qualquer segmento real da
economia. A manipulação, por procurar distorcer o nível real dos preços e a “atravessação”, por
surripiar uma parcela importante do lucro que deveria pertencer ao segmento real da economia.
Não cabe aqui descrever de maneira mais extensa estes dois personagens que atuam nas
economias da maioria dos países, um tentando manipular os preços e o outro sendo atravessador ou
seja comprando barato do produtor para revender muito mais caro, mas deve-se ter em conta que o
especulador não tem nada a ver com eles, muito pelo contrário.
De maneira geral, e principalmente no ambiente de Bolsas de Valores e de Commodities, que
desempenham importantíssimas funções econômicas em uma economia, temos de entender que o
especulador é uma peça fundamental para que as operações nesses mercados possam fluir de
maneira satisfatória. O especulador funciona como o óleo que lubrifica as engrenagens do
funcionamento das Bolsas pois sua atuação é fundamental para que ocorra a liquidez sem a qual
estes mercados jamais conseguiriam cumprir as já mencionadas funções econômicas, para as quais
foram constituídos.
No mercado de commodities, o especulador pode atuar, por exemplo, tomando a parte de
compra de um contrato para vencimento futuro. Neste mesmo contrato, o produtor toma a parte de
venda, no intuito de fazer uma operação de proteção contra uma queda nos preços da sua
mercadoria. O especulador que compra, por achar que os preços vão subir, assume o risco que este
produtor não está disposto e não pode assumir. Com isto, cumpre a importante função econômica
que é a de permitir, através da liquidez que ele proporciona, a transferência de risco, do segmento
real da economia que não pode e não deve assumir riscos, para o setor financeiro da economia, que
assume estes riscos em função da possibilidade de auferir um lucro superior àquele pago por outras
opções de investimento.
No mercado de ações, por outro lado, o especulador atua comprando participações nas
empresas com o intuito de se beneficiar das oscilações positivas no preço das ações destas empresas.
Suas compras e vendas de ações criam a liquidez necessária para que as empresas consigam colocar
suas ações junto ao público e obter capital para poderem desenvolver seus projetos.
2
SOMOS TODOS ESPECULADORES
O caráter pejorativo com que é usado o termo “especulação” faz com que a maioria dos participantes
do mercado de ações, principalmente, se rotule de investidor ao invés de especulador. Já nos
mercados de commodities, é mais fácil encontrar aqueles que se rotulam de especulador e a razão é a
de que os preços das commodities teriam mais probabilidade de oscilar para baixo ou de
enfrentarem tendências de baixa de longo prazo do que os preços das ações.
Mas afinal qual seria a diferença entre investir e especular em ações? Uns diriam que investir
é para prazos mais longos e especular para prazos mais curtos. Outros diriam que investir é
empregar o dinheiro de maneira mais segura enquanto especular é se expor a riscos maiores ou ainda
que investir está mais para os mercados de renda fixa enquanto especular está para os mercados de
renda variável (ações, commodities, opções).
Na verdade trata-se apenas de semântica, pois entendo que a grande maioria dos
participantes dos mercados de renda variável espera ganhar o máximo possível, no menor espaço de
tempo e todos estão, quer queiram ou não, comprando (ou vendendo) ações, com risco de perdas e
3
esperança de lucro em função da oscilação de preço, atividade essa, que segundo o dicionário,
corresponde ao ato de especular.
No livro "A Treasury of Wall Street Wisdom", Jesse Livermore, o grande mito de Wall
Street diz: "Do meu ponto de vista, os investidores são os grandes jogadores. Eles fazem uma
aposta, se mantém firmes com ela e se tudo der errado eles perdem tudo." Jesse Livermore foi um
dos maiores especuladores do século passado, tendo sido atribuído a ele inclusive, o início da queda
que antecedeu o crash de 1929.
O fato é que os especuladores, de uma maneira geral, estão mais dispostos a limitar seus
prejuízos caso suas operações dêem errado, enquanto que se consideram investidores,
principalmente os que operam nos mercados de ações, por outro lado, não se preocupam em limitar
seus prejuízos iniciais dentro da idéia que têm, de que no "longo prazo", os mercados de ações
sempre vão subir. Essa afirmação, infelizmente não é verdadeira como veremos abaixo.
O que costuma ocorrer com freqüência nos mercados, é que muitos especuladores que
compram ações sempre com o intuito de obter lucro, acabam ficando com estas ações por um
período muito mais longo do que o esperado, simplesmente porque o mercado (que é de renda
variável e não de renda fixa) ao invés de subir, cai. Para não realizarem prejuízo em suas operações,
esses “investidores” mantém suas posições e se rotulam de "investidores de longo prazo" ou, se os
preços caem ainda mais, dizem que as ações que compraram, são na verdade "para seus filhos".
Figura 1-1: As maiores quedas da bolsa no Brasil medidas pelo Índice Bovespa indexado em dolar, com
seus
respectivos percentuais de baixa, períodos de duração e o tempo que demoraram para ultrapassar o nível do topo.
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Não existe absolutamente qualquer garantia de que um investimento em ações que está
mostrando prejuízo, irá resultar em um lucro no longo prazo. Como o termo "longo prazo" é
subjetivo, vamos entendê-lo aqui como sendo o maior prazo possível que um especulador específico
poderá deixar aquela parcela de seu capital empregada sem necessidade de liquidar sua posição para
usar o dinheiro.
Nada garante que por maior que seja este prazo, quando o especulador liquidar sua posição,
tenha lucro. Veja na Figura 1-1 acima, as maiores quedas da Bolsa brasileira, seus períodos de
duração e quanto tempo demorou para que os preços voltassem ao nível anterior à queda.
Com quedas desta magnitude acontecendo de tempos em tempos nos mercados, o indivíduo
que resolve investir na Bolsa sem qualquer critério, simplesmente esperando que no "longo prazo" o
retorno seja bom, pode eventualmente se ver obrigado a liquidar sua posição, por precisar desse
dinheiro, num momento em que seu capital aplicado vale menos que 50% do capital inicial.
Figura 1-2: Nos mercados de commodities os movimentos ou tendências de baixa são tão comuns quanto os
de alta fazendo com que os participantes desses mercados pensem necessariamente como especuladores,
comprando ou vendendo conforme o cado..
A maioria das pessoas que acha inicialmente que “no longo prazo não tem erro”, e que tem a
falta de sorte de comprar próximo de um dos topos destacados acima, acaba precisando do dinheiro
ou se desesperando com as perdas crescentes e liquida sua posição com grandes prejuízos, que
poderiam ser evitados se os investimentos fossem planejados, especificamente no quesito limite de
risco.
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Nos mercados de Commodities os movimentos ou tendências de baixa são tão comuns
quanto os de alta, conforme se observa no exemplo do gráfico de Café negociado em Nova York e
que ilustra a Figura 1-2. Por esta razão, os participantes desses mercados têm que pensar
necessáriamente como especuladores, comprando ou vendendo conforme a tendência do momento.
O Método ComStop prega que seus seguidores não serão nem investidores nem
especuladores, e sim Traders. A palavra “Trader” que o dicionário traduz como comerciante, no
nosso caso, indica o indivíduo que assume posições próprias nos mercados de renda variável,
baseado em suas próprias análises, utilizando estratégias operacionais consagradas e métodos
profissionais de administração financeira e de riscos.
Com o Método ComStop o Trader irá fazer suas operações no prazo do mercado isto é, se
ele comprar uma ação, por exemplo, e os preços subirem, ele irá manter esta posição
indefinidamente enquanto os preços continuarem a subir, usando as técnicas que veremos abaixo,
até que finalmente “O Mercado” liquide a sua posição. Por outro lado, se ele estabelece uma
posição e os preços começam a se mover contra a sua posição ele poderá liquidá-la no mesmo dia.
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2 – A PARTE EMOCIONAL
O FATOR EMOCIONAL & DISCIPLINA
Existem diversos livros no mercado escritos por “Psicólogos Traders” que falam da importância da
psicologia no processo de se obter sucesso no longo prazo nas operações nos mercados de renda
variável. O denominador comum entre esses livros é o fato de todos afirmarem que para um Trader
obter sucesso no longo prazo, ele depende 80% da parte psicológica e apenas 20% do resto ou seja:
 Análise: Técnica ou Fundamental e
 Estratégias: Operacionais ou Financeiras.
Isto significa que você pode ter um conhecimento enorme de análise técnica e ou
fundamental, conhecer todas as estratégias operacionais e ainda assim sofrer perdas em seu capital
no longo prazo, caso não esteja no controle da parte psicológica do processo. Por outro lado, você
pode ser um analista medíocre e não conhecer bem as estratégias operacionais e conseguir aumentar
o seu capital caso tenha controle sobre a parte emocional.
É exatamente disso que trata o Método ComStop, controle sobre a parte emocional de
maneira que o trader possa manter um estado mental que lhe permita desfrutar do fluxo ininterrupto
de oportunidades que os mercados nos oferecem a cada instante. Para cuidar do lado psicológico
(emocional) das operações o Método ComStop irá lhe ensinar a planejar de maneira que a gestão do
seu capital lhe permita sempre manter o estado emocional acima descrito.
Como em qualquer atividade, o emocional é muito importante. Se a nossa mente estiver nos
empurrando para frente, teremos sucesso, mas se a mente nos atrapalhar, dificilmente
conseguiremos bons resultados. O grande problema é que quando se especula nos mercados de
renda variável, não ter sucesso pode significar, e geralmente significa, perder uma parcela
significativa do seu Capital.
As posições que assumimos nos mercados de renda variável mexem muito com a nossa
mente. Assim que se estabelece uma posição, ocorre com a maioria dos Traders que o seu lado
emocional assume o comando do processo e a sua racionalidade e objetividade passam para o lugar
do passageiro.
Mas não é preciso acreditar nisto. Experimente você mesmo! Opere só no papel como se diz,
de maneira fictícia. Depois tente operar de verdade, investindo seu precioso capital e veja a
diferença. Você descobrirá rapidamente como a ansiedade, o estresse, a insegurança, a tensão e as
atitudes negativas, entre muitos outros fatores emocionais, irão afetar suas operações negativamente.
A experiência me mostrou que se a minha mente estiver com 90% de sua capacidade de
raciocínio, eu estarei empatando e qualquer ponto abaixo de 90% me coloca no lado do prejuízo.
A verdade é que não existe dinheiro fácil nos mercados de renda variável. A especulação que
se pratica nesses mercados é uma atividade muito perigosa, praticada num habitat que não nos é
familiar, cheio de armadilhas de percurso e, por isto mesmo, é tão fascinante. Mas creia, para ter
sucesso, é preciso muito investimento, primeiro para dominar as técnicas de análise, a estratégia e
táticas operacionais e depois, para dominar a si próprio, para que se consiga manter sempre uma
disciplina férrea. O Método ComStop, pretende lhe proporcionar a possibilidade de manter essa
disciplina de uma maneira sistemática.
A disciplina está para o especulador como o cinto de segurança para o motorista: você nunca
precisa dele, mas tem de estar usando quando precisar. Muitas vezes, a excitação do mercado nos
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tenta a iniciar posições baseadas puramente em fatores emocionais, seguindo a onda da mesa de
operações ou uma "dica" de mercado. Essa excitação nos compele a agir como jogadores, ao invés
de especuladores que somos. Por força de uma indisciplina momentânea, acabamos fazendo coisas
que sabemos serem erradas e que acabam afetando dramaticamente o nosso emocional e por
conseguinte, a nossa saúde financeira.
O principal erro que as pessoas fazem quando compram ações, é não ter um plano. O que
dizer então do “Plano B” e do “Plano C”.
Ter um Plano significa pensar de antemão sobre coisas que você certamente não irá pensar
quando estiver operando nos mercados, como por exemplo:
 Qual é o seu capital de renda variável?
 O que você pretende, em termos de rentabilidade anual?
 Que método operacional você vai utilizar?
 O que fazer para trazer as chances a seu favor?
 Quais tipos de posições você vai querer assumir?
 Qual a porcentagem do seu capital que irá comprometer com cada operação?
 Em quais mercados irá operar? Ações, Commodities, Opções...
 As operações serão apenas de compra ou também de venda a “descoberto”?.
O Método ComStop irá lhe ajudar a pensar em todos os itens acima, mas não se preocupe
pois isso será feito apenas uma vez e você então ficará livre para se preocupar apenas com suas
operações.
Ter um “Plano B”, por outro lado, significa pensar o que fazer se as coisas derem errado.
Significa poder responder antecipadamente ou, mais especificamente, antes de assumir qualquer
posição, questões do tipo:
 Como limitar o prejuízo caso algum imprevisto aconteça?
 Em que nível de preço devo reconhecer que estava errado e liquidar a posição?
 Qual o tamanho da posição que irei assumir?
 Qual porcentagem do meu capital estou disposto a perder em uma posição?
Já o “Plano C”, tem que ser pensado para se saber o que fazer se as coisas derem certo.
Significa planejar como será a sintonia fina que deve ser feita com as operações que resultam
inicialmente em lucro, com o intuito de conseguir maximizar este lucro e, em hipótese alguma,
deixar este lucro se transformar em prejuízo. Implica em fazer definições do tipo:
 Qual o objetivo de alta (para posições compradas)?
 Como diminuir o risco inicial da posição enquanto os preços não atingem o seu
objetivo?
 O que fazer se os preços atingirem o seu objetivo de alta?
 Quando e como liquidar sua posição?
Todas essas questões têm de ser endereçadas por qualquer pessoa que se proponha a
especular nos mercados de renda variável caso ela queira obter sucesso no longo prazo. A lei do
menor esforço, entretanto, entra em ação e as pessoas acabam se esquecendo de fazer cada um
desses planejamentos e entram no lugar comum da grande maioria dos participantes do mercado que
têm atitudes do tipo:
 Inicia a posição baseado na dica de um amigo e começa a torcer para que ela dê certo,
assim como faz nas corridas de cavalos ou nos cassinos;
 Se os preços começam a cair, compram mais para fazer média de compra;
 Pensando só no lucro, esquecem de pensar na possibilidade do prejuízo;
 Operam contra a tendência e não têm flexibilidade para mudar de opinião
 Não limitam seus prejuízos e por isso mesmo não assumem pequenos prejuízos;
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 Tentam adivinhar fundos ou compram ativos só porque eles caíram muito.
A disciplina necessária nas operações nos mercados de renda variável é o que diferencia os
ganhadores dos perdedores, mas até hoje não li em nenhum livro o que exatamente significa ter
disciplina nos mercados de renda variável.
Ao construir o Método ComStop, após ter operado nos mercados de ações, commodities e
opções, por mais de 29 anos, usando minhas próprias análises e as estratégias operacionais e
financeiras que aprendi e desenvolvi, cheguei à conclusão de que disciplina é seguir um conjunto de
regras. Quanto mais fáceis forem essas regras, maior será a possibilidade de que um Trader qualquer
possa segui-las. Daí saiu o conceito de disciplina sistêmica.
No Método ComStop, a disciplina sistêmica é um processo pelo qual cumpre-se
sistematicamente um ritual antes de se iniciar cada posição.
Para começar e antes de começar a operar no mercado, é necessário que o usuário do
Método ComStop faça as seguintes definições:
 Qual o Capital comprometido com as operações no mercado de renda variável?
 Qual a meta de rentabilidade anual pretendida?
 Para que uma operação seja aceita, o potencial de lucro deve ser quantas vezes maior
do que o potencial de prejuízo?
Feitas essas considerações iniciais, este ritual como veremos com mais detalhes à frente,
implica apenas em definir, enquanto a operação ainda está sendo planejada, o valor de duas
variáveis:
1. O nível de preço onde encontra-se o seu objetivo de alta.
2. O nível de preço onde você reconhecerá que está errado e no qual sua posição será
automaticamente liquidada com uma ordem de stop, cuja metodologia veremos
abaixo.
Definidos estes dois valores, o Método ComStop irá calcular quantas vezes o potencial de
lucro da operação é maior do que o potencial de prejuízo, e informará ao usuário se ele quer ou não
esta posição.
Em caso afirmativo, aceita a posição, o Método ComStop cumpre então sua mais
importante função que é de calcular a variável responsável pelo fato de que a maioria dos
participantes do mercado perde dinheiro com as suas operações nos mercados de renda variável.
Essa é sem dúvida, em meu entender, a mais importante variável a ser definida no processo de
especular nos mercados de renda variável:
O TAMANHO DA SUA POSIÇÃO!
Mais à frente veremos que o tamanho da sua posição é calculado pelo Método ComStop em
função da meta de rentabilidade anual pretendida, que você define logo no início. Pense nisso e veja
como tem lógica. Quanto maior a rentabilidade que se quer obter, maior deve ser o risco e é
exatamente o tamanho da posição que define o risco a ser assumido. O Método ComStop irá calcular
para você o tamanho da sua posição (i.e. 800 ações).
Mais especificamente, o Método ComStop calcula o tamanho da posição em função da
perda máxima que o usuário está disposto a ter, em cada posição que aceitar colocar no mercado, e a
perda máxima é, na verdade, um percentual do capital total do usuário e será proporcional à
rentabilidade anual pretendida, conforme veremos mais à frente em detalhes.
O Método ComStop é um processo muito simples. Quando você acabar de ler este capítulo,
pensará que já conhecia tudo que está aqui escrito. Você terá esta impressão, pois trata-se apenas da
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junção de alguns conceitos muito simples e é exatamente por isso que ele irá funcionar com
qualquer usuário que se proponha a utilizá-lo.
POR QUE NÃO PODEMOS PERDER... MUITO?
Em primeiro lugar, não podemos perder muito pois se permitirmos que isso aconteça, estaremos
abalando a nossa autoconfiança. Começaremos a duvidar de nossa capacidade de vencer no longo
prazo e, em resumo, o nosso emocional sairá completamente do nosso controle e então iremos
cometer erros do tipo:
 Liquidar antecipadamente a posição;
 Demorar para entrar numa posição nova;
 Comprar mais ações que na última vez para poder recuperar o prejuízo mais rápido
 Não liquidar uma posição perdedora para não perder ainda mais;
 Fazer média de compra
A lista, acredite, é quase interminável.
Se analisarmos por outro lado o “Histórico Operacional” de um Trader de sucesso, iremos
encontrar com grande probabilidade, uma situação em que a maior parte de suas operações resultou
em prejuízo. Parece um paradoxo mas não é. Qualquer Trader de sucesso já aprendeu a gostar de
prejuízos..., pequenos prejuízos. Assim, em seu histórico operacional, iremos encontar um número
maior de operações com pequenos prejuízos e um número menor de operações com grandes
lucros.
APRENDA A GOSTAR DE PREJUÍZOS...
PEQUENOS PREJUÍZOS!
Eis o que o usuário do Método ComStop tem de fazer:
Nos cursos de “Análise Técnica e Estratégias Operacionais e Financeiras” que ministro
periodicamente, digo sempre a meus alunos que eles com certeza irão ter sucesso no longo prazo.
Em seguida eu faço uma súplica: Pelo amor de Deus, “estejam vivos” no longo prazo.
A tarefa de administrar o Capital de maneira a não deixá-lo diminuir com as operações nos
mercados de renda variável é uma das mais importantes e acredito que seja a mais difícil para o
Trader, e por isso mesmo esta tarefa tem de ser feita de maneira muito séria pois o que temos de
mais precioso, quando nos propomos a especular nos mercados de renda variável, é o nosso Capital.
Felizmente, com o advento da Internet e, especificamente, do roteamento automático de
ordens por computadores pessoais, que é chamado de Home Broker, o Capital necessário para se
operar nos mercados de ações e commodities diminuiu muito.
Hoje, com o equivalente ao valor de um carro popular, pode-se abrir uma conta em uma
Corretora para se operar ações ou commodities diretamente do seu computador conectado à Internet.
Há alguns anos atrás, era necessário o valor de um carro de luxo para que se pudesse abrir
uma conta em uma Corretora para se operar ações ou commodities.
Independentemente do tamanho do nosso capital, podemos continuar a especular enquanto
dispusermos de numerário na conta corrente que temos junto à Corretora e, por isso, temos de cuidar
do nosso capital com muito carinho evitando de qualquer maneira as grandes perdas. Até porque, se
perdermos uma parte significativa do nosso capital, teremos sempre de recuperar uma parte maior
do que a perdida, apenas para voltar ao capital anterior, e isto será tão mais dramático quanto maior
for a nossa perda, conforme o quadro e o gráfico abaixo:
10
Para um capital inicial de 100,00
Perda
Novo Capital
% para voltar
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
90,00
85,00
80,00
75,00
70,00
65,00
60,00
55,00
50,00
11,11
17,65
25,00
33,33
42,86
53,85
66,67
81,82
100.00
Fica claro, quando olhamos o quadro acima e o gráfico abaixo, que em hipótese nenhuma
podemos perder mais do que 20 a 25% do nosso capital.
Perda %
% para voltar
120
100
80
60
40
20
0
Caso você tenha a infelicidade de perder 30% do seu capital, PARE!. Coloque os 70%
restantes na Renda Fixa e faça uma séria auditoria na sua maneira de operar, caso contrário, o
estresse, a insegurança, a tensão e a sua baixa autoconfiança, o farão ter atitudes negativas com as
quais você nunca mais vai conseguir sequer recuperar seu capital e as chances são, eu sei bem, que
isso tudo resultará num processo em que você irá perder o que restou do seu Capital.
De fato, um Trader que consegue perder 30% de seu capital dificilmente conseguirá, com um
capital 30% mais acanhado e com o peso da insegurança que isto traz, ganhar os 42,86% sobre o
11
novo capital necessários para que ele retorne ao capital antigo. O mais provável é que ele caminhe
para o zero %!
Note que a cada parcela de capital a mais que se perde, mais difícil fica de se voltar a ter o
capital inicial. Dessa maneira chega-se até o ponto em que, se perdermos 50% do capital, temos que
ganhar 100% do novo capital para voltarmos ao capital original.
Moral da história: Em hipótese nenhuma podemos nos permitir ter grandes prejuízos que nos
levem a perder mais do que 10 a 20% do nosso capital.
NÃO PODEMOS PERDER… MUITO!
Perder 10% é muito ruim mas em algumas situações difíceis de mercado como por exemplo,
quando os mercados ficam muito indefinidos, pode ser inevitável. Perder 20% do nosso capital,
entretanto, só pode acontecer em função de alguma situação extrema tal como aquela ocorrida no dia
11 de setembro de 2001, da qual todos se recordam.
COMO FAZER PARA NÃO PERDER?
Use ordens de Stop! Sempre, sempre, sempre!
Minha percepção em função da experiência que tenho e, recentemente, em função do
comportamento da amostra significativa dos participantes dos mercados que temos na Enfoque, é a
de que apenas uma pequena parcela dos Especuladores, Investidores ou Traders, que operam nestes
mercados, obtém sucesso no longo prazo.
Essa pequena parcela que obtém sucesso no longo prazo utiliza algumas estratégias de
aceitação secular. Dentre estas estratégias, aquela que pode ser considerada o denominador comum e
que está ilustrada em dezenas de livros de análise técnica e estratégias operacionais, que é
sabidamente utilizada por todos os operadores de sucesso é a seguinte:
LIMITE SEUS PREJUÍZOS E DEIXE OS LUCROS CRESCEREM.
Pense um pouco nesta frase antes de continuar a ler.
Sim, trata-se do “óbvio ululante”. É claro que temos de limitar os prejuízos. Não queremos e
não podemos ter grandes prejuízos como vimos acima. Por outro lado, é claro que não queremos
limitar os lucros, queremos que nossos lucros sejam os maiores possíveis para que, no longo prazo,
o valor acumulado dos nossos lucros ultrapasse o dos nossos prejuízos.
Se tivermos grandes lucros e pequenos prejuízos estaremos, é quase certo, tendo sucesso em
nossas operações. Acontece que não agimos assim, mas de maneira diferente, aliás, da maneira
completamente inversa, porque temos uma tendência muito grande de realizar rapidamente os
lucros e não realizar os prejuízos.
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ACEITANDO PREJUÍZOS
Operar nos mercados é um negócio arriscado. Como todo negócio, existem as receitas e as despesas.
As receitas são oriundas unicamente de resultados de operações em que conseguimos vender a um
preço mais alto do que o da compra. As despesas, por outro lado, são várias. Por exemplo, a
preparação que devemos ter para poder montar o nosso “negócio” de especulação compreende o
aprendizado, os cursos técnicos entre outros, aí vem os custos para se obter os dados, o programa de
análise técnica e finalmente a corretagem.
Acontece que, como se trata de um negócio de alto risco, temos de incorrer em um outro
custo que é o seguro. Neste nosso caso, o seguro é contra grandes prejuízos. Os pequenos prejuízos
que acabamos assumindo durante nossas operações têm de ser vistos como sendo o prêmio que
temos de pagar para estar segurados contra os grandes prejuízos, aliás, como em qualquer negócio
que incorre em grandes riscos.
A única maneira de se precaver contra grandes prejuízos é realizando pequenos prejuízos que
são o custo para se manter o "negócio". Desta forma, o que acaba acontecendo é que teremos vários
pequenos prejuízos e poucos grandes lucros, mas o valor dos lucros será maior do que o dos
prejuízos. Não adianta nada ganhar um maior número de vezes, adianta ganhar mais dinheiro do que
se perde.
O importante é que o Trader entenda que os prejuízos são parte do negócio e que só temos de
cuidar para que eles sejam pequenos, para não diminuirmos muito nosso capital antes que venham
os lucros.
POR QUE AGIMOS ERRADO?
Nós, seres humanos, temos uma tendência muito grande de liquidar rapidamente as posições com
lucro (limitar lucros) e segurar as posições com prejuízos (deixar os prejuízos crescerem). Sim, pois
a liquidação com lucro, por menor que seja, é sempre uma ocasião festiva, quando nos sentimos
felizes, realizados, poderosos, isso nos dá um “reforço positivo”, o que nos condiciona a realizar
rapidamente o lucro quando nossas posições começam a andar na direção certa.
A liquidação com prejuízo, por outro lado, é algo muito desagradável, em que nos sentimos
por baixo. Quando vamos liquidar uma operação com prejuízo, temos de assumir o que nos é muito
difícil: reconhecer para nós mesmos que estávamos errados. Dependendo do nosso “astral” e da
forma como entendemos o prejuízo, isto pode ou não ser bem absorvido, mas de qualquer forma
trata-se de algo desagradável.
O que acaba acontecendo é que a maioria dos indivíduos que se aventura nos mercados de
renda variável, age de maneira completamente inversa à que seria correta:
LIMITA OS LUCROS E DEIXA OS PREJUÍZOS CRESCEREM.
Toda filosofia das operações com commodities ou ações está baseada em se limitar os
prejuízos, operar na tendência e deixar os lucros acumularem. Charles Dow, um dos “pais” da
Análise Técnica já falava isto em 1901.
Limitar os prejuízos significa não deixar em hipótese nenhuma que um pequeno prejuízo se
transforme num grande prejuízo, pois, afinal das contas, iniciamos uma posição com o intuito único
13
e exclusivo de ter lucro. Não podemos, portanto, permitir que dessa operação resulte um grande
prejuízo, pois temos de ter um limite e esse tem que ser o menor possível.
Deixar os lucros acumularem, por outro lado, significa manter uma posição que está
mostrando lucro em aberto. Até o momento em que “O Mercado” demonstre, por intermédio de sua
oscilação de preço, que a tendência está revertendo ou vai se reverter.
Pois bem, a maioria dos investidores toma uma posição, por exemplo, comprando ações de
uma empresa e logo que os preços sobem um pouco e eles verificam que estão tendo um lucro
tentador, liquidam a posição e saem com aquelas frases famosas:
 Lucro nunca fez mal a ninguém,
 "Ninguém quebra realizando lucros,
 Mais vale um na mão do que dois voando.
Esses mesmos investidores, quando tomam posições erradas, ou seja, quando o mercado se
move contra suas posições de maneira que estas começam a apresentar prejuízos, mantêm essas
posições em aberto, na esperança de que o preço possa reverter. Aí eles saem falando também, com
muita "esperança", frases consagradas no mercado tais como:
 Bem! tudo que cai, um dia tem de subir,
 Agora, também, já caiu tanto que só pode subir",
 Uma hora ele (o mercado) tem de dar um refresco.. e aí eu saio".
Com o passar do tempo, o prejuízo vai aumentando até que as margens de garantia ou a
pressão psicológica ficam inaceitáveis e eles são forçados a liquidar suas posições, numa época e a
um nível de preço geralmente muito próximos da reversão do mercado.
Nesse momento, eventualmente você está pensando que o especulador que age desta maneira
vai perder dinheiro mas que isto nunca aconteceria com você pois já tomou consciência e não
deixaria acontecer com suas operações. Bem, sabe quem é esse especulador descrito acima? Você,
eu e todos os outros.
Não tenha dúvida, você é feito do mesmo material que os outros e vai se comportar da
mesma maneira. Talvez consiga durante um tempo não limitar seus lucros mas certamente não irá
limitar seus prejuízos sempre e, quando se der conta, naquela única vez que você descuidou.... e lá
se foi o bem mais precioso que você tem em termos de especulação, o seu Capital. E não esqueça da
lei de Murphy...
SE ALGO PODE DAR ERRADO, VAI DAR ERRADO, E NOS MERCADOS
ACONTECERÁ NAQUELA VEZ QUE VAI LHE DOER MAIS.
O ANTÍDOTO
Se concordarmos que é muito importante não ter grandes prejuízos e que, por outro lado, temos uma
tendência muito grande de não limitar prejuízos, chegaremos à conclusão de que é necessário que se
tomem medidas severas para que possamos fazê-lo.
De fato, se você não erradicar esse mal pela raiz acabará pertencendo ao clube dos 85% que perdem
dinheiro no mercado e acabará tendo de parar de operar por falta de capital.
O antídoto ou vacina contra esta tendência de agirmos errado é chamado de Ordem de Stop e por
ser de uma importância muito grande irei dedicar um capítulo a esse tema.
14
3 – A ESTRATÉGIA DAS ORDENS DE STOP
OS TIPOS DE ORDEM
Para entendermos o conceito de Ordens de Stop vamos primeiramente lembrar o que são as ordens
mais comuns nos mercados de Bolsas de Valores e de Futuros.
Há pouco tempo atrás nas Bolsas de Valores, uma ordem era uma informação oral, passada
por telefone, por um cliente à sua Corretora, informando que desejava comprar ou vender ações. A
Corretora, ao receber a ordem, imediatamente registrava a mesma por escrito num papel chamado
Boleta e carimbava esse papel com o registro da ordem do cliente no chamado “Relógio Datador”
que carimbava a Boleta da ordem específica com a data e hora do recebimento.
A hora era importante pois se dois clientes davam uma ordem para comprar a mesma ação no
mesmo preço, o que possuísse o horário mais cedo teria preferência. As ordens podiam ser
colocadas junto à Corretora de duas maneiras:
 Ordem a mercado: Para ser executada no melhor preço possível naquele momento.
Não é necessário especificar um nível de preço
 Ordem limitada: Para ser executada igual ou melhor do que um nível de preço
específico. É necessário que se especifique o nível do limite.
A Ordem de Stop, por outro lado, instrui o corretor para comprar ou vender, mas somente
quando um determinado nível for atingido. Atualmente no Brasil, as Ordens de Stop a mercado
somente podem ser colocadas diretamente nas mesas de operações das Corretoras.
As Ordens de Stop colocadas via Home Broker podem ser somente do tipo limitada, tornando
necessário que se especifique dois níveis de preço, a saber:
 Gatilho: O nível de preço que quando atingido faz a Ordem de Stop ser acionada
 Limite: O nível de preço até onde se permite que a Ordem de Stop seja executada.
As ordens têm de ser especificadas também quanto à sua validade. Elas podem ser válidas
para o dia, até um determinado dia específico ou até serem canceladas.
Nessa altura, temos de interromper momentaneamente a definição do conceito das ordens de
stop para falar de liquidez.
LIQUIDEZ
Quando se especula, há que se ter em conta os três fatores que definem o tipo de investimento que se
está fazendo:
 Liquidez
 Rentabilidade
 Risco
A liquidez é o que torna a especulação possível já que permite que o Trader inicie ou liquide
uma posição a qualquer instante, aproveitando o que ele visualiza como oportunidades de preço.
NUNCA, EM HIPÓTESE NENHUMA, OPERE EM MERCADOS SEM LIQUIDEZ!
15
Já a rentabilidade e risco caminham juntos, pois são diretamente proporcionais, ou seja,
quanto maior a rentabilidade possível no investimento, maior deve ser o risco e vice versa. Iremos
falar mais à frente de rentabilidade e risco.
No que tange à liquidez, entretanto, o Método ComStop recomenda que sempre se opere em
mercados com liquidez. Especificamente no tocante à Ordem de Stop, é muito importante que se
tenha a liquidez necessária para que a Ordem de Stop seja executada. Existem tantos mercados com
liquidez, que operar em algum sem liquidez não tem cabimento.
Figura 4-1: Para saber a liquidez de uma ação, verifique o seu volume médio. No gráfico acima pode-se
perceber que o volume médio diário dessa ação é em torno de 300.000 ações.
tamente.
Para saber se um mercado tem ou não liquidez, pode-se tomar algumas
das medidas abaixo:
1. No mercado de ações: Verifique o volume diário. A quantidade de ações que você
vai comprar ou vender, tem de ser uma pequena parcela do volume médio diário.
Para saber o volume médio diário, verifique o gráfico de volumes. Na Figura 4-1
abaixo, percebe-se facilmente que o volume médio dessa ação é em torno de 300.000
ações.
2. No mercado de commodities: Pode-se verificar também o número de contratos em
aberto. A quantidade de contratos que você vai negociar tem que ser igualmente, uma
pequena parcela desse número.
Considerando-se que você que vai seguir o Método ComStop, e só vai operar em mercados
com liquidez, então o Limite, ou seja, o nível de preço até onde irá permitir que a Ordem de Stop (de
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venda) seja executada, deve ser bem folgado, para não se correr o risco dos preços caírem
rapidamente e virem abaixo do seu limite antes que sua posição tenha sido liquidada quando então a
Ordem de Stop terá falhado em cumprir seu objetivo.
UTILIZANDO AS ORDENS DE STOP
A Ordem de Stop pode ser utilizada de três maneiras básicas:
1. Limitar o prejuízo das operações que fazemos;
2. Não nos limitar os lucros quando os preços se movem a nosso favor;
3. Iniciar uma posição no mercado quando da ocorrência de um evento técnico.
A grande característica das Ordem de Stop é o fato de serem automáticas, quanto a realizar
prejuízos (“pequenos prejuízos”), isto é, independem de toda a influência psicológica que atinge
nossas mentes quando assumimos uma posição no mercado.
Isto quer dizer que a decisão de se liquidar uma posição, caso os preços eventualmente se
movam contra nossas expectativas, pode ser tomada antes de iniciarmos a posição, fora do horário
de pregão, numa análise fria dos fatos e enquanto ainda estamos de posse de toda a nossa
objetividade e racionalidade.
A Ordem de Stop nos livra do ônus emocional de termos de decidir se vamos, ou não,
liquidar uma posição com prejuízo. Acredite, se alguém lhe perguntar se você quer liquidar uma
posição com prejuízo, sua resposta será “não” e é exatamente por isso que a Ordem de Stop é
importante. Ela fará o que você não irá fazer, vai liquidar sua posição com prejuízo, um pequeno
prejuízo.
LIMITANDO OS PREJUÍZOS
Para utilizar a estratégia das Ordens de Stop para limitar os prejuízos, quando iniciamos uma
posição compradora, por exemplo, devemos colocar, junto à corretora com a qual operamos, uma
ordem de venda num nível específico, abaixo do atual nível de preços (por exemplo, logo abaixo do
último fundo), especificando que se trata de uma Ordem de Stop.
Esta ordem é entendida por seu corretor ou Home Broker, como sendo uma ordem de venda
que ficará "hibernando" até que o mercado negocie no nível estabelecido. A ordem, embora seja
para vender num nível mais baixo do que o atual, somente será exercida se sair negócio nesse nível.
Desta maneira, se o raciocínio de que o mercado vai subir se mostrar errado, e os preços
caírem, a Ordem de Stop (de venda) é acionada e torna-se uma ordem a mercado, ou seja, para ser
executada no melhor preço possível naquele momento, liquidando, mecanicamente, a posição com
um pequeno prejuízo, sem que tenhamos que participar dessa decisão. Se a ordem por outro lado for
colocada via Home Broker, como vimos acima, ela não poderá ser a mercado e terá que ser limitada.
Na Figura 4-2 abaixo, o Trader comprou 1.000 ações de Petrobras PN em Fevereiro de 1999
após o rompimento do topo a 15.6, no ponto 1. Para limitar o prejuízo de sua operação neste
mercado de renda variável, ele coloca uma Ordem de Stop logo abaixo do último fundo em S1.
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Para colocar a ordem na Corretora devemos dizer ao nosso operador: -- venda 1.000 ações de
Petrobras PN a 13,48 em Stop. - boa até cancelamento.
O corretor deve entender a ordem como sendo para ficar guardada ou hibernando, até que os
preços negociem a 13,48. Note que a expressão "boa até cancelamento" indica que o corretor deverá
manter a ordem durante todos os dias em que a posição se mantiver em aberto.
Figura 4-2: Stops. Após comprar Petrobras no ponto 1, uma ordem de stop é colocada no ponto S1 para
limitar o prejuízo da operação. A medida que os preços vão se movendo a favor da posição e novos topos são
rompidos nos pontos 2...8, o nível da ordem de stop vai sendo aumentado para S2..S8. A ordem de stop então
passa a garantir um lucro mínimo, enquanto continuamos com a possibilidade de aumentar o lucro.
Se, e somente se, o mercado negociar a 13,48, que é o nível de “Gatilho” especificado na
ordem, por, ela será acionada a mercado, o que significa que deverá ser cumprida no melhor nível de
preço possível e, portanto, será cumprida num nível mais baixo ou mais alto do que os 13,48. Se a
Ordem de Stop fosse do tipo limitada, então ela só poderia ser executada em um nível de preço igual
ou maior do que aquele especificado no “Limite”.
INICIANDO UMA POSIÇÃO COM UMA ORDEM DE STOP
As Ordens de Stop podem ser usadas também para se iniciar uma posição. Imagine que você
identifica com sua análise técnica que os preços de uma ação estão numa faixa de oscilação entre 70
e 80 e que você está prevendo que a faixa será rompida na parte de cima e os preços irão subir para
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100. Você pode colocar uma Ordem de Stop para iniciar a posição com o nível de gatilho a 80,03 e
limite 80,15.
Colocada a ordem, você não precisa ficar acompanhando o mercado para saber se os preços
irão romper o nível de 80 já que a Ordem de Stop fará esse trabalho para você. É importante
entretanto que você seja avisado assim que a ordem for executada para que, uma vez estabelecida a
posição, possa colocar a respectiva Ordem de Stop para limitar o prejuízo da nova posição assumida.
COLOCANDO STOPS
Os conceitos de análise técnica que veremos a seguir, especialmente o de níveis de suporte e
resistência, vão nos dizer em qual nível temos de colocar as Ordens de Stop, uma vez que tenhamos
decidido iniciar uma posição no mercado.
Quando vai colocar a sua Ordem de Stop, o Trader tem de optar sempre entre colocá-la com
maior ou menor segurança. O objetivo do Trader é determinar um nível para o stop que seja o mais
próximo possível do nível em que irá comprar ou vender e que indique, de fato, quando atingido
pelo mercado, a reversão dos preços.
O problema é que se colocar num nível muito próximo do atual, uma simples oscilação que
posteriormente prove ser apenas uma pequena correção da tendência principal poderá liquidar com
prejuízo uma posição corretamente estabelecida. Se, por outro lado, o nível de preço da ordem
estiver muito distante do nível atual, o prejuízo poderá ser muito grande, caso a análise inicial se
mostre equivocada e a Ordem de Stop seja atingida.
Não existe regra fixa para se colocar os stops, a não ser aquelas referentes aos níveis de
suporte e resistência que, como veremos, são subjetivas. Assim sendo, diferentes Traders colocam
as ordens em volta de um determinado nível, mas não necessariamente no mesmo ponto. Se o
mercado "passear" por aquele nível, antes de seguir o rumo que todos estão esperando, alguns serão
"estopados" e outros não.
Mas o importante não é a colocação da ordem, e sim a consistência com que você vai usar os
stops a longo prazo. Os pequenos prejuízos, como vimos, fazem parte do jogo e quem está na chuva
vai no mínimo sofrer uns respingos, mas o que não queremos é cair num buraco cheio d’água e
ainda por cima pegar uma pneumonia.
Não caia na tentação de manter a Ordem de Stop na sua cabeça. Se você é um corretor
coloque a ordem no pregão, se é um especulador, coloque na corretora ou no Home Broker. Confie a
liquidação da sua operação que está mostrando prejuízo a qualquer um menos à você mesmo com
sua mente dominada pelo emocional.
É muito difícil para nós conseguirmos raciocinar corretamente nessa hora, pois iremos muito
facilmente achar desculpas para não deixar acontecer aquela situação que é difícil de engolir e as
desculpas parecerão extremamente convincentes.
Se você ainda não está convencido de que não tem condições de administrar sua própria
Ordem de Stop, então pense na rapidez. Se a ordem já está no pregão ou na corretora, então será
executada muito mais rapidamente. Mesmo se você conseguir colocar a ordem em menos de um
minuto para ser executada, em algumas situações de mercado pode ser tarde.
As Ordens de Stop podem ser utilizadas também para se iniciar uma posição, conforme
veremos a seguir, nos níveis de suporte e resistência.
SER "ESTOPADO", MUDAR O STOP OU AUMENTAR A POSIÇÃO?
Ser "estopado" significa apenas ter a Ordem de Stop executada, limitando seu prejuízo, pois o
mercado costuma, a partir daí, se mover mais contra a sua posição. Mas o termo é usado também,
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pejorativamente, quando um Trader tem a sua Ordem de Stop executada e o mercado em seguida
vira, comprovando sua análise anterior. Isso é muito desagradável e principalmente frustrante, pois
coloca o Trader numa situação de ter acertado a análise sem ter o benefício do lucro.
Essa situação geralmente acontece quando o nível da Ordem de Stop é mal colocado, quer
porque o Trader quis limitar demais seu prejuízo por estar operando acima de sua capacidade, quer
porque não identificou corretamente o nível onde colocar a Ordem de Stop. Entretanto, algumas
vezes, o mercado simplesmente nos prega peças e o que acaba acontecendo é que o Trader tende a
se lembrar somente das vezes nas quais foi "estopado" e os preços a seguir foram na direção que ele
havia previsto, mas esquece das vezes que a Ordem de Stop lhe salvou de ter de assumir grandes
prejuízos
Quando o mercado se aproxima do nível do nosso stop, a primeira reação é achar que
deveríamos comprar mais, pois agora está mais barato do que quando compramos inicialmente.
Outro pensamento que sempre ocorre, principalmente aos Traders mais inexperientes, é que os
outros Traders, estão tramando para tentar “pegar” a nossa Ordem de Stop.
Muitas vezes esse Trader resolve tirar a Ordem de Stop da corretora ou do Home Broker,
guardando a ordem na sua cabeça, achando que assim ele estará a salvo dos inimigos que querem
"pegar" seu Stop. Acontece, que é a Ordem de Stop que deve proteger o Trader e não o inverso.
É desnecessário dizer que quando o mercado chega no “nível mental” onde o Trader deveria
executar a Ordem de Stop ele resolve, por diversas razões, mudar o nível do gatilho, ou fica lerdo
para tomar uma atitude e o resultado não é outro senão um prejuízo maior do que aquele que teria
acontecido caso a Ordem de Stop continuasse colocada.
Resista à tentação de achar desculpas para não colocar a Ordem de Stop ou de mudar seu
nível para pior quando os preços começam a se aproximar dele. Ninguém está preocupado com a sua
Ordem de Stop, o mercado é muito maior do que você e não vai mudar de direção só para lhe
prejudicar.
Se os preços estão se movendo contra a sua posição, então você está errado! Ao menos
temporariamente e não deve, em hipótese nenhuma, querer ficar mais errado do que está. Só existem
duas maneiras de ficar mais errado do que já está, quando os preços se movem contra a sua posição:
uma é aumentar a posição e a outra é mover o nível de gatilho da sua Ordem de Stop. Nunca, em
hipótese alguma, caia na tentação de fazer qualquer uma das duas coisas.
Operando Futuros de Commodities nos anos 80, quando eu já conhecia bem a Ordem de
Stop, muitas vezes meu corretor ligava para dizer que eu estava para ser "estopado", ou seja, que os
preços estavam se aproximando perigosamente do nível de gatilho da minha Ordem de Stop. Ato
contínuo, eu pegava o gráfico, naquela época impresso na revista Enfoque Gráfico, e começava a
analisar tecnicamente, novamente, o mercado e não raro dizia ao corretor que "segurasse" o stop
(tinha vergonha de mandá-lo cancelar), pois eu iria assumir o “controle da nave”.
Sim, porque afinal de contas eu já era "professor" de análise técnica, e logicamente, aquilo
era só uma turbulência passageira na posição que iria em seguida render muito dinheiro. A posição
na verdade era aquela, da qual eu havia me “enamorado”.
É desnecessário dizer que, invariavelmente, eu fazia uma aterrissagem muito pior do que
aquela que o piloto automático ou a Ordem de Stop teria feito. Após vinte aterrissagens desastrosas,
eu combinei com meu corretor que ele só iria me ligar para me falar que a Ordem de Stop havia sido
executada ou que dava para melhorar o nível de gatilho de uma determinada Ordem de Stop. Nunca
para dizer que o gatilho estava para ser acionado. Jamais me “enamorei” novamente por uma
posição.
Não caia na tentação de administrar a sua Ordem de Stop ou de assumir o controle do
processo de liquidar a sua posição com prejuízo. Quando você toma uma posição no mercado, tende
a ser mais emocional e subjetivo ao mesmo tempo que tende a ser menos racional e objetivo. Uma
20
vez que você assume a posição, está comprometido consigo mesmo e vai querer achar todas as
razões do mundo para provar seu ponto de vista.
A melhor hora para se decidir a estratégia de nossa operação é quando estamos com a mente
cristalina, fora das emoções do mercado, assim poderemos saber em qual nível iremos sair da
posição caso ela comece a mostrar prejuízo. A Ordem de Stop servirá para nos ajudar a seguir aquele
raciocínio cristalino que fizemos, sem que tenhamos de raciocinar novamente durante o calor da luta
entre as turmas.
Se não tivermos uma Ordem de Stop para nos tirar automaticamente da posição, corremos
um risco muito grande de ficarmos “travados”, apenas olhando, torcendo e esperando que o mercado
não se mova ainda mais contra a nossa posição. Essa não é absolutamente a estratégia certa para nos
manter no estado emocional que precisamos ter para aproveitar o fluxo ininterrupto de
oportunidades que o mercado nos apresenta.
NUNCA SE APAIXONE POR UMA POSIÇÃO...
O PRIMEIRO PREJUÍZO É SEMPRE O MENOR!
ORDEM DE STOP RASTREADORA
Se você estiver numa situação em que acha que o mercado já subiu demais e pode ter uma queda
violenta de uma hora para outra, tirando uma grande parte do seu lucro, ainda assim, resista à
tentação e deixe a chamada Ordem de Stop Rastreadora liquidar sua posição.
A Ordem de Stop Rastreadora consiste em uma técnica na qual o nível de preço de Gatilho
da Ordem de Stop vai se movendo (sempre a favor da sua posição) a cada período do gráfico.
Existem muitas maneiras de se basear a mudança do nível de preço da Ordem de Stop, a mais
famosa é aquela que é em si um sistema operacional, inventado por J. Welles Wilder Jr. chamado
Sistema Parabólico de Colocação de Ordens de Stop, que pode ser encontrado nos sistemas de
análise técnica. Uma outra técnica muito usada é colocar a ordem num determinado número de
pontos abaixo do máximo atingido pelos preços ou então colocá-la abaixo do mínimo dos últimos
dois períodos.
Como se vê, a Ordem de Stop pode ir se aproximado dos preços o quanto se queira, de forma
que qualquer oscilação mínima contrária irá acioná-la e liquidar a posição. Alguns Traders colocam
suas Ordens de Stop muito perto por acharem que será acionada em seguida e são surpreendidos
com o fato de o nível de Gatilho não ser acionado por horas ou dias, de forma que seus lucros
acabam aumentando muito acima do que eles poderiam imaginar.
Mais à frente, quando estudarmos Tendências, veremos que no final dos movimentos de alta
os preços às vezes só sobem, durante dias, situação essa que beneficia totalmente a Ordem de Stop
Rastreadora, contra a situação de liquidar nossas posições por nossa conta no nível em que
acreditamos que o mercado já chegou ao topo.
SINTONIA FINA
A única hipótese em que você pode se permitir mexer na sua Ordem de Stop para colocá-la num
nível pior é quando você vai apenas mexer na sua sintonia fina.
Digamos que você coloque a sua Ordem de Stop de venda para proteger sua posição de
compra, num nível correspondente a duas oscilações mínimas abaixo do último fundo.
21
Considerando que a oscilação mínima é 10 pontos, seria então 20 pontos abaixo do último fundo que
ocorreu, digamos, a 12.470. Seu Gatilho estaria então em 12.450. Se os preços cairem até 12.460 e
voltarem a subir, então você pode mudar o Gatilho para pior apenas para manter a estratégia de
colocá-lo 20 pontos abaixo do último fundo e mover a sua Ordem de Stop 10 pontos para baixo, para
o nível de 12.440.
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4 - PLANEJAMENTO BÁSICO
DEFININDO SEU CAPITAL
Por incrível que pareça, poucos participantes do mercado definem o capital com o qual vão
especular nos mercados de renda variável. Muitos “Investidores” simplesmente compram um pouco
de ações com o dinheiro que têm em conta corrente, esperando “ganhar um dinheiro na Bolsa”. O
resultado é que esses participantes acabam não tendo a menor idéia da sua performance ao longo de
um determinado período. Esta é a forma amadora de participar dos mercados.
Qualquer pessoa que decida ser um Trader e, especificamente, seguir o Método ComStop,
precisa inicialmente definir o Capital que irá comprometer em suas operações nos mercados de
renda variável. O Capital definido pelo Trader deve ser depositado na conta corrente da Corretora
onde as operações serão feitas e não deve ser esquecida também uma outra providência sutil, que
permitirá ao Trader poder medir a sua performance: Marcar o dia em que começou a especular com
o seu Capital.
Como já vimos acima, o Método ComStop proporciona a possibilidade de manter uma
disciplina férrea e, para tal, ele segue algumas regras que lhe permitem ser sistematicamente
disciplinado sem ter de pensar muito no assunto. Assim, os usuários do Método ComStop terão à
sua disposição uma planilha Excel que ao ser aberta irá perguntar: “Qual é o seu Capital”. A
Planilha só irá funcionar quando você especificar o seu Capital.
É muito importante que a atitude seja positiva ao se determinar o capital. Muitas vezes ouvi
de amigos que eles haviam separado para operar na Bolsa, um dinheiro que eles “podem perder”.
Note que eles já estavam pensando em perder esse dinheiro. Você irá definir o capital com o qual
você pretende aumentar a sua riqueza. Um capital que, com os seus conhecimentos de análise, suas
estratégias operacionais e seu controle de risco financeiro e emocional e, ainda, com a ajuda dos
mercados de renda variável, você pretende fazer crescer.
A coisa mais importante para se aprender quando se quer operar nos mercados não é como
ganhar dinheiro, mas sim como proteger seu capital. O primeiro virá depois de se dominar o
segundo. Se ele se perder acabou a brincadeira.
NÃO INTERESSA QUANTO VOCÊ GANHA,
MAS QUANTO VOCÊ CONSERVA!
SOBREVIVA PRIMEIRO E VOCÊ VAI FICAR RICO,... DEVAGAR..!
O Método ComStop, como já vimos, parte do princípio de que não podemos perder muito,
primeiro para não desequilibrarmos o nosso emocional, sem o que iremos perder mais e, segundo,
para não depauperarmos o nosso Capital. Um bom especulador tem seu capital na mesma conta em
que o mergulhador tem seu suprimento de ar.
23
QUAL PARCELA DO CAPITAL COMPROMETER?
Por muitas vezes eu tentei ganhar dinheiro no mercado e não consegui, pelo menos por um tempo
prolongado. Descobri, da maneira mais difícil, que nos mercados não dá para se ganhar dinheiro,
sem ter! O que dá para ser feito nos mercados de renda variável é aumentar o seu Capital.
Alocação do Capital
Participação
em Empresas
15%
Imóveis não
alugados
25%
Renda Fixa
25%
Imóveis
Alugados
10%
Renda
Variável
25%
Figura 3-1:
Faça um gráfico da alocação do seu Capital total.
Nesse exemplo hipotético temos uma distribuição balanceada que ajuda
e minimizar o risco total
Quem tenta tirar o sustento do mercado, acaba tendo uma pressão financeira sobre suas
operações que “têm que dar lucro” ou têm que dar lucro e é desnecessário dizer, que o emocional
toma conta do processo e perde-se dinheiro. Para tirar o sustento do mercado você precisa ter um
capital que já lhe permita viver de renda e aí você vai tentar aumentar esse capital, para poder fazer
sobrar mais por cada mês e assim poder viver melhor.
As operações que fazemos têm de ser “leves”. Não podemos em hipótese nenhuma nos
permitir sofrer pressões financeiras, sob o risco de desestabilizarmos o nosso emocional que, como
vimos, acarreta em perda de autoconfiança, atitudes negativas e prejuízos no final do processo.
O Método ComStop pretende lhe dar condições de atingir objetivos arrojados em termos de
rentabilidade, mantendo-o num estado emocional que lhe permita usufruir do fluxo ininterrupto de
oportunidades que o mercado nos oferece a cada instante. Para isso o Método ComStop vai lhe
ensinar a ter um rigoroso controle de risco.
Com um controle de risco rigoroso e a possibilidade de manter sistematicamente uma
disciplina, você pode separar todo o seu Capital de Renda Variável para operar nos mercados de
Ações e Futuros, já que irá comprometer apenas uma pequena parcela de seu capital em cada uma
das operações que você vier a fazer, conforme veremos adiante.
Por Capital de renda variável entenda-se o dinheiro que você possui e do qual não depende o
pagamento de suas despesas mensais muito menos o leite e a escola dos seus filhos. Não esqueça
24
que imóveis não alugados são, necessariamente, um Capital de Renda Variável, já que por um lado
você não depende deles para viver e por outro lado o valor dos imóveis sobe e desce da mesma
maneira que o preço das ações e commodities. Esses imóveis, embora sua liquidez não seja nem
comparável à dos mercados de ações e commodities, pode-se pensar em transformá-los em
numerário que pode aumentar o seu Capital nas suas operações nos mercados de renda variável.
Imóveis alugados, por outro lado, têm de ser tratados como um investimento que deve ser
controlado quanto às suas receitas e despesas, sem se esquecer de prestar atenção no valor do
Principal.
Infelizmente as cotações dos imóveis não são publicadas diariamente nos jornais e muito
menos transmitidas em tempo real como o valor das ações e commodities, mas pode-se, por
exemplo, fazer uma pesquisa em empresas Imobiliárias, para se acompanhar o valor desses
investimentos.
Ao pensar no seu capital de renda variável, não deixe de fazer um gráfico como o da Figura
3-1 acima, definindo como está alocado o seu capital. A visão gráfica, muitas vezes, nos chama a
atenção para o fato de que possamos ter um desequilíbrio entre os nossos investimentos. O ideal em
meu entender é que possamos dividir nossos investimentos da maneira mais equânime possível para
que com a diversificação possamos minimizar o nosso risco. No gráfico da Figura 3-1 acima,
temos uma situação hipotética de um Trader que possui investimentos diversos e que consideramos
próxima do ideal.
Muito bem, se você já abriu a Planilha do Método ComStop, preencha agora o campo com
o valor do seu Capital de renda variável, que você irá enviar ou já está na corretora e vamos em
frente. A Planilha irá registrar o dia em que você está começando a utilizar o Método ComStop para
você poder medir a sua performance ou até que ponto estará conseguindo atingir a sua meta de
rentabilidade anual.
DEFININDO A SUA META DE RENTABILIDADE ANUAL
O grande valor do Método ComStop é o fato de que ele irá calcular para você, automaticamente, o
tamanho da sua posição, que é no meu entender a variável em que a maioria dos Traders erra.
O tamanho da sua posição é diretamente proporcional ao risco que você quer correr, em cada
uma das posições que irá assumir nos mercados. O risco, por outro lado, é função da rentabilidade
que você pretende e, por isso, é muito importante e absolutamente necessário que, antes de iniciar as
suas operações, você defina qual é a meta de rentabilidade anual que pretende atingir, para que o
Método ComStop possa então definir a fórmula com a qual irá calcular o tamanho exato de cada
uma das suas posições.
Quando se fala em rentabilidade, temos de pensar em um prazo. Na indústria de
administração de Capital feita por terceiros, também chamada de “Asset Management”quando se
fala em rentabilidade, fala-se sempre em termos anuais e é assim que entendo que o especulador
profissional deve pensar: Quanto pretende em termos de rentabilidade anual?
Warren Buffett e George Soros são reconhecidamente os dois Traders de maior sucesso no
mundo corporativo, tendo, cada um deles, sido objeto de alguns livros.
Warren Buffett, americano, nascido em 1930, fez uma fortuna de aproximadamente US$ 44
bilhões com a sua empresa Berkshire Hathaway Group, desde que ele começou a gerir fundos em
1956 e nos últimos 36 anos (base 31/12/2002), conseguiu uma rentabilidade de 24,7% ao ano, com
a grande particularidade de ter sofrido perdas em apenas um destes anos. Foi exatamente em 2001
25
quando seu fundo teve rentabilidade negativa de aproximadamente 6% ao ano, enquanto o Índice
S&P 500 teve perdas em 13 anos no mesmo período.
George Soros, por outro lado, um húngaro que nasceu no mesmo ano que Buffett, amealhou
uma fortuna mais modesta de US$7 bilhões, com os seus Fundos Quantum. O homem que
“quebrou” o Banco da Inglaterra quando apostou na desvalorização da Libra em 1992, conseguiu a
proeza de ter um retorno de 28,6% ao ano nos últimos 33 anos. Desde 1969 quando começou a
operar nos mercados de Moedas e Futuros (base 31/12/2002), tendo tido rentabilidades negativas em
apenas 4 dos 33 anos enquanto o S&P foi negativo em 9 anos do mesmo período.
E você, quanto vai querer de rentabilidade anual?
Se o Trader apenas pensar nesse assunto, entendo que o Método ComStop já terá feito um
grande serviço, para os iniciantes pelo menos, já que nenhum Trader, em sã consciência, irá pensar
em ter uma rentabilidade maior do que 100% ao ano.
Dobrar o capital num ano é o sonho de qualquer administrador de fundo, por mais ambicioso
que possa ser e deve ser também o sonho de qualquer Trader, e se existe uma maneira de realizar
este sonho, é especulando nos mercados de renda variável. Infelizmente, para aqueles que não têm
disciplina sistêmica, o sonho pode virar pesadelo e ao invés de se aumentar o capital, perde-se uma
parcela significativa do mesmo ou até perde-se todo o capital.
A tabela na página abaixo mostra percentuais de rentabilidade anuais e seus respectivos
valores mensais equivalentes, em termos de valorização composta. Para conseguirmos, por exemplo,
uma rentabilidade de 30% ao ano, temos que ganhar 2,21% ao mês e assim por diante.
Sucesso nos mercados de renda variável, tenha certeza, está muito mais para “de grão em
grão”, do que para grandes “tacadas”.
O Método ComStop considera em principio ou como “default”, uma rentabilidade de 30%
ao ano que requer ganhos de 2,21% ao mês para ser atingida.
Você ficará surpreso quando descobrir quão pouco irá arriscar de seu capital para buscar
agressivamente essa meta. Antes, entretanto, vamos falar de quais as técnicas que o Método
ComStop ensina, para que você consiga trazer as chances ao seu favor em cada operação que fizer.
Rentabilidade
% ao ano
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
26
Equivalente
% ao Mês
0,8
1,53
2,21
2,84
3,44
3,99
4,52
5,02
5,49
5,95
5 - TRAZENDO AS CHANCES A SEU FAVOR
PENSANDO ESTATISTICAMENTE
Como é possível que jogadores profissionais se mantenham na profissão se o “negócio” deles é
aleatório ou randômico? A resposta é: Porque eles pensam estatisticamente, e só entram nas jogadas
em que as chances estão a seu favor.
Com os Cassinos ocorre a mesma coisa, eles têm lucro em cima de um negócio aleatório.
Ocorre que eles também têm as chances a seu favor em qualquer uma de suas atrações e por isso
gastam milhões de dólares de investimento em suas instalações. A cidade de Las Vegas mostra esse
ponto com muita clareza.
Na mesa de “Black Jack” por exemplo, os Cassinos têm de 4 a 5% de chances a mais do que
o jogador, dependendo do conjunto de regras que impõem a seus clientes. Isso significa que, a cada
$1.000.000,00 que os jogadores apostarem numa determinada mesa, o Cassino em questão irá
faturar de $ 40.000,00 a $50.000,00, chova ou faça sol.
O interessante para nós Traders é notarmos que estamos falando de resultados consistentes
em cima do negócio do Cassino que tem um resultado totalmente aleatório. Muitos Traders por
outro lado imaginam que as oscilações dos mercados não são aleatórias, mas ao mesmo tempo não
conseguem obter resultados consistentes nos mercados.
Os Traders inexperientes não operam como os Cassinos. Eles não colocam as chances a seu
favor. Eles procuram de todas as maneiras transformar as oscilações dos mercados em algo não
aleatório com a esperança de assim conseguir resultados consistentes.
Ocorre que as oscilações dos mercados, embora previsíveis com Análise Técnica e Análise
Fundamental, dependem de um sem número de fatores e principalmente da mente de milhares de
Traders. Basta apenas um Trader grande resolver se posicionar de uma maneira diferente daquela
prevista, para que os preços mudem de direção ainda que temporariamente. Além disso temos de
considerar os inúmeros fatores que podem ocorrer a cada instante e que têm possibilidade de mudar
dramaticamente o rumo das oscilações de preços de qualquer ativo negociado em Bolsa.
Para pensar estatisticamente temos que imaginar que existem dois níveis trabalhando ao
mesmo tempo para que as probabilidades aconteçam. Quando se joga uma moeda, por exemplo, no
nível micro sabemos que o resultado será totalmente aleatório e que a cada vez que a moeda é
atirada ao alto, o resultado poderá ser “cara” ou “coroa”. Por outro lado, temos certeza, assumindo
que a moeda não seja “viciada”, que ao longo do tempo, ou seja, no nível macro, teremos uma
consistência quanto à equanimidade dos resultados.
Novamente temos uma situação em que teremos um resultado consistente entre “cara” e
“coroa” baseado em cima de um evento completamente aleatório. Esse resultado será tão mais
consistente quanto maior for o número de jogadas feitas.
Quando pensamos estatisticamente e conseguimos trazer as chances a nosso favor, podemos
relaxar no nível micro, pois sabemos que no nível macro, com as chances de cada operação a nosso
favor, iremos com certeza ter um resultado consistente e esse resultado será tão mais consistente
quanto maior for o número de posições que assumirmos.
Sua Corretora ficará muito satisfeita quando você começar a operar usando o Método
ComStop, pois a tendência será de você operar mais posições e consequentemente irá gerar mais
corretagem.
Eu precisei de algum tempo operando o Método ComStop para entender que meu capital
tinha de estar totalmente aplicado nas posições que eu achava que, em termos da minha análise
27
técnica, me davam uma vantagem estatística, ou seja, tinham as chances a meu favor. Percebi que,
assim como a moeda que quanto mais jogarmos, maiores as chances de que a estatística funcione
analogamente, com minhas operações, quanto mais eu operasse, maiores seriam as chances de um
resultado consistentemente positivo no longo prazo.
O jogador profissional, por outro lado, sabe que joga com as chances contra ele numa mesa
de “Black Jack” e, portanto, não pode jogar todas as “mãos” (rodadas), para não beneficiar a
vantagem estatística da Banca. Ele só joga as “mãos” que sente que tem uma vantagem estatística de
acordo com o virar das cartas.
Outro benefício de pensarmos estatisticamente é o fato de que podemos tirar o ônus de
acertarmos, necessariamente, cada posição que fazemos. Somos humanos, iremos errar e, nos
mercados, podemos estar absolutamente certos em nossa análise, mas novos fatores fundamentais
que não eram do conhecimento público, a qualquer momento, podem entrar em cena e mudar o
rumo do mercado.
Ao levarmos em conta que cada uma de nossas posições poderá ter um resultado aleatório
quanto à nossa análise original e, ainda assim, teremos um resultado consistente no nível macro,
teremos um equilíbrio emocional muito maior, que irá ajudar sobremaneira na nossa autoconfiança.
Esse equilíbrio emocional irá nos dar a energia necessária para podermos continuar a colocar no
mercado, todas as operações que nossa análise indicar que têm uma vantagem estatística a nosso
favor.
DEIXANDO DE SER O “JOGADOR” PARA SER A “BANCA”
Com o Método ComStop você vai deixar de ser o “Jogador” e vai assumir o lugar da “Banca”, uma
vez que você vai passar a ter as chances a seu favor.
Quando operamos nos mercados, normalmente, temos as chances contra nós, pois, para
começar, temos o ônus da corretagem que por si só já nos coloca numa situação diferente daquela
em que temos 50% de chances como ao virar uma moeda tendo escolhido “cara” ou “coroa”. Muitos
outros fatores conspiram para que as chances estejam contra nós. Muitos deles têm a ver com o
nosso lado emocional como vimos acima, outros tem a ver com nossa tendência de limitar lucros e
não limitar prejuízos.
O Método ComStop procura por diversas maneiras trazer as chances a favor do Trader e
para isso usa as seguintes técnicas:
1. Análise Técnica: Com ela, o Trader procura tomar posições mais acertadas e,
principalmente, no “timing” correto, de maneira a conseguir diminuir o risco da operação,
logo nos primeiros dias em que os preços se movem a seu favor, como veremos com mais
detalhe à frente.
2. Escolhendo suas Operações: Você gostaria de fazer uma operação na qual a possibilidade
de lucro fosse 10 e a possibilidade de prejuízo fosse 20? Claro que não! Não obstante
alguns Traders aceitam uma posição dessas, pois só têm olhos para o lucro e se esquecem
do risco. No Método ComStop, você irá pensar primeiro no risco e depois no prejuízo e,
em princípio, só ira aceitar as operações do tipo 10 de prejuízo contra 40 de lucro.
3. A estratégia da Válvula no Stop: Com essa estratégia que você irá adotar quando seguir o
Método ComStop, você irá usar um artifício que é mudar do gráfico diário, onde você faz
suas análises e escolhe as posições com vantagens estatísticas, para o gráfico intraday de 15
minutos, logo após ter iniciado sua posição. No gráfico intraday você seguirá algumas regras
que lhe permitirão mover a sua Ordem de Stop, sempre favoravelmente (por isso o termo
“válvula”) de maneira a ir diminuindo o risco assumido naquela posição até o “momento
28
mágico”. Instante em que a sua Ordem de Stop estará num nível melhor do que o seu preço de
entrada e você elimina o risco de perdas na operação.
4. Controle de Risco: Ao passar para o lugar da “Banca”, em que você terá as chances a seu
favor, a única coisa que você não pode deixar acontecer é também a única coisa que não
pode acontecer num Cassino: “Quebrar a Banca!”. Com o Método ComStop, você irá fazer
sistematicamente o controle do risco assumido em cada posição feita no mercado. O risco
será controlado com o tamanho de sua posição, que como veremos em detalhes à frente
será função da rentabilidade anual pretendida. Você ficará surpreso de ver quão pouco irá
arriscar, percentualmente falando, em termos do seu Capital total para conseguir a
rentabilidade almejada. Arriscando apenas uma pequena parcela do seu Capital total a cada
operação, você terá possibilidades quase ilimitadas para deixar a estatística funcionar a seu
favor.
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6 - ESCOLHENDO SUAS OPERAÇÕES
FATOR LUCRO/PREJUÍZO
Quando se especula, havendo liquidez conforme vimos acima, temos de nos preocupar com os dois
outros fatores que compõem uma operação:
 Rentabilidade
 Risco
Esses dois fatores caminham juntos, pois são diretamente proporcionais, ou seja, quanto
maior a rentabilidade maior deve ser o risco e vice versa.
Nos mercados de ações e futuros o risco é enorme já que além do fato de que esses mercados
têm uma volatilidade muito grande devido às grandes oscilações de preço, lida-se com o
imponderável e, a qualquer momento, os preços podem tomar um rumo contrário em função de
acontecimentos que muitas vezes estão em outros países.
Quando corremos um risco muito grande então não podemos nos contentar com uma
rentabilidade medíocre. Temos de buscar operações em que a rentabilidade seja muito boa.
O livro “Winning Investment Habits of Warren Buffett and George Soros” (Hábitos de
Investimento Vencedores de Warren Buffett e George Soros) de Mark Tier foi classificado pela
Revista Time como “leitura obrigatória”. O autor destaca que, embora esses dois Traders tenham
formas de operar completamente distintas, já que Buffett adota a técnica de comprar e segurar,
enquanto Soros pode terminar operações em apenas uma semana, ambos tem muito mais em comum
do que seu ano de nascimento e o sucesso de suas taxas de retorno anuais, no que diz respeito a seus
Métodos Operacionais.
A principal regra comum entre eles é o fato de que ambos evitam ter prejuízos. Os
investidores comuns tendem a acreditar que o potencial de lucro deva ser igual ao potencial de
prejuízo de maneira que para ter grandes lucros seria necessário arriscar muito. Buffett e Soros,
entretanto, focalizam basicamente em achar as operações cujo potencial de lucro é alto e o potencial
de prejuízo é baixo, exatamente como iremos fazer com o Método ComStop.
Antes de decidirmos por uma posição, temos de analisar o seu potencial de lucro contra o seu
potencial de prejuízo e só devemos assumir a posição se essa relação for de 4 para 1 no mínimo, o
que significa que temos possibilidade de ganhar 4 contra a possibilidade de perder 1. Muitas vezes o
Trader disciplinado acaba tendo oportunidades de 20 para 1. Na verdade é só ter paciência para
esperar, que elas aparecem.
Se por outro lado ao analisar uma posição o Trader concluir que o potencial de lucro contra o
de prejuízo está na faixa de 2 para 1, ele deve deixar passar essa posição cujas chances não lhe
favorecem e ficar à espera de uma melhor.
O que foi dito acima significa que antes de se tomar uma posição, deve-se saber qual o
potencial de lucro e o de prejuízo de cada uma das operações que se queira fazer. É a análise técnica
que nos dá essas informações, principalmente no que tange a se definir qual é o potencial de prejuízo
de uma certa operação.
Como vimos no Capítulo 4 da Estratégia das Ordens de Stop, temos que limitar nossos
prejuízos (nosso plano "b") e que nos diz com precisão o potencial de prejuízo de cada operação.
Essa estratégia liquida automaticamente nossa posição caso esse potencial prejuízo seja atingido,
justamente para que ele não fique maior. Outras técnicas que veremos à frente irão nos ajudar a
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projetar objetivos para nossas posições e com isso nos dar a idéia de quanto podemos lucrar numa
operação para podermos fazer a equação lucro x prejuízo, acima mencionada.
7 – COMO LIQUIDAR SUAS POSIÇÕES
RENDENDO-SE AO MERCADO
Nos mercados de renda variável, não somos nós que decidimos quanto queremos ou iremos ganhar,
temos apenas de nos render àquilo que o mercado quer nos dar. Não somos nós e sim O Mercado
que vai determinar quanto nós vamos ganhar e, ainda, se vamos ganhar.
Muitas pessoas ouvem falar que para ganhar nos mercados é necessário comprar no fundo e
vender no topo. Mas se analisarmos direito essa afirmação veremos que ela é completamente
utópica, pois, para conseguir esse feito, teríamos que adivinhar o momento em que cada um deles
está acontecendo e, se pensarmos em todos os outros momentos em que o mercado fica fora do topo
e do fundo, veremos que acertar o momento do topo e do fundo é talvez mais difícil do que ganhar
na loteria.
Se o Trader, por outro lado, se render ao fato de que não tem condições de comprar no
fundo então ele fará o que é certo e vai procurar comprar o mais próximo possível do fundo. Será
novamente o mercado, e não ele, que vai definir quando um fundo foi estabelecido para que, então,
ele possa pensar em assumir uma posição de compra.
Imagine que você jogou uma pedra num poço muito fundo e está tentando adivinhar o
momento exato em que ela vai chegar ao fundo, então você faz seus cálculos e num determinado
instante diz "já!". As chances indicam para um possibilidade enorme que no momento do seu "já", a
pedra continue caindo e você perca a sua aposta.
Assim como Colombo quando colocou o ovo em pé, as coisas são muito simples nos
mercados, e tudo que você tem de fazer para determinar quando a pedra encontrou o fundo do poço
é esperar pelo barulho. É claro que não será no momento exato mas será imediatamente depois.
Nos mercados, não se pode querer adivinhar o fundo pois essa é uma tarefa impossível. O
que devemos fazer é esperar que "O MERCADO" nos diga que fez um fundo e aí então agimos
comprando o ativo em questão. É claro que não vamos comprar no fundo mas, sim próximo dele que
é tudo que um Trader pode querer.
Analogamente, na hora de liquidar uma posição, o Trader tem de se render ao fato de que
ele é a última pessoa recomendada a definir quando chegou o topo, pelo simples fato de que ele vai
achar que já está bom, muito antes do topo chegar, pelas mesmas razões expostas na no item "O
Conflito do subconsciente", na página 12.
A técnica para liquidar as posições é usar a estratégia de ir melhorando o nível de gatilho da
ordem de stop, à medida que os preços vão se movendo a favor da nossa posição e deixar “o
mercado” liquidar a posição. Em outras palavras, no Método ComStop, o Gatilho da Ordem de
Stop só melhora.
GARANTINDO UM LUCRO MÍNIMO
Na medida em que os preços se movem a nosso favor e a posição começa a mostrar lucro, a Ordem
de Stop é transferida para um nível mais elevado, sempre abaixo do atual, de forma a garantir um
lucro mínimo para a operação, ao mesmo tempo em que possibilita que o lucro aumente.
31
Neste caso, com um lucro mínimo garantido, oferecemos um pedaço do lucro total que a
nossa posição está tendo, contra a possibilidade de termos um lucro ainda maior, sanando a grande
vontade ou ansiedade que temos normalmente de liquidar a posição antecipadamente, porque
achamos que já tivemos um bom lucro ou porque estamos com medo de perder o que já ganhamos
com a posição.
Se o mercado continuar a subir, você continua elevando o Gatilho da sua Ordem de Stop, até
que o próprio mercado lhe diga que está caindo e acione o Gatilho da sua Ordem de Stop. Você terá
sido "estopado", com um lucro que invariavelmente é maior do que aquele que teria se tivesse
liquidado a posição por sua própria conta.
Não tente liquidar a operação que está mostrando lucro pela sua cabeça, renda-se ao
mercado, deixe que ele próprio lhe diga quando liquidar sua posição. Não estabeleça objetivos para
a sua posição, mantenha-se flexível, renda-se ao fato de que você não tem a menor condição de
saber qual é o melhor momento para liquidar sua posição, pelo simples fato de que está envolvido
com sentimentos, como medo e ganância, e a objetividade está totalmente prejudicada. Relaxe e
deixe que sua Ordem de Stop tome conta desse serviço. No exemplo da Figura 8-1 você teria subido
o nível da sua Ordem de Stop toda vez que os preços rompessem um topo conforme ocorreu nos
pontos 2 a 7. No rompimento do ponto 2 sua Ordem de Stop teria sido aumentado para S2 e assim
sucessivamente até S7 que seria o nível atual.
Figura 7-1: Stops. Após comprar Petrobras no ponto 1, uma ordem de stop é colocada no ponto S1 para
limitar o prejuízo da operação. À medida que os preços vão se movendo a favor da posição e novos topos são
rompidos nos pontos 2...8, o nível da ordem de stop vai sendo aumentado para S2..S8. A ordem de stop então
passa a garantir um lucro mínimo, enquanto continuamos com a possibilidade de aumentar o lucro.
32
8 – PLANEJAMENTO DE RISCO
O TAMANHO DA SUA POSIÇÃO. ESTA É A CHAVE DO COFRE
Vou agora resumir em 10 itens, o raciocínio que me levou ao que entendo ser a mais importante
criação referente ao Método ComStop: O tamanho da sua posição.
1. O processo de ter sucesso é emocional.
2. Não podemos perder para não desequilibrarmos o nosso emocional.
3. Temos que limitar os nosso prejuízos!
4. Precisamos ter as chances a nosso favor.
5. Nossa Ordem de Stop é fixa, colocada pouco além do suporte ou resitência.
6. Só iremos aceitar as posições cujo Fator Lucro/Prejuízo seja igual ou maior que 4.
7. Precisamos ganhar 2,21% ao mês para podermos atingir nossa meta de 30% ao ano.
8. Queremos arriscar o mínimo possível em termos percentuais do nosso Capital.
9. Para ganhar 2,21% se temos o Fator L/P = 4, podemos arriscar apenas ¼ disso.
10. Como regular o tamanho da nossa posição em cada operação que fizermos?
Um dos erros mais cometidos por Traders nos mercados de renda variável e em especial nos
mercados “alavancados” é se operar mais do que se pode. E a razão principal deste erro é que as
pessoas não fazem ou apenas têm preguiça de fazer contas para calcular quanto irão investir numa
ação ou opção, ou quantos contratos futuros irão comprar do ativo em que operam.
Muitos Traders pensam no lucro que imaginam irão auferir, mas se esquecem de pensar no
prejuízo. Com o Método ComStop estaremos sempre pensando primeiro no prejuízo e por isso
iremos definir de antemão o nível do Gatilho da nossa Ordem de Stop.
O Método ComStop irá calcular o tamanho da sua posição como sendo uma parcela do seu
capital a ser aplicada numa determinada operação. A parcela do seu precioso Capital a ser
comprometida é aquela que, caso essa operação resulte em prejuízo, faça com que esse prejuízo não
seja superior a ¼ do que precisamos ganhar para poder atingir a nossa meta mensal, afinal das
contas, por que arriscar mais se com isso já podemos atingir a nossa meta?
Este cálculo irá levar em consideração uma variável muito importante no contexto de cada
operação, que é a distância entre o nível de Gatilho da Ordem de Stop e o preço no qual você
imagina que irá conseguir iniciar a sua posição.
O Método ComStop considera, para efeito desse cálculo, o preço da Oferta de Venda
quando a posição pretendida é de compra, assim como, o preço da Oferta de Compra quando a
posição pretendida é de venda. Veja o cálculo na ilustração da página ao lado.
Como você vai perceber quando começar a operar o Método ComStop, a distância entre o
Gatilho da sua Ordem de Stop e o preço que você vai iniciar a sua posição é inversamente
proporcional ao tamanho da posição que vai assumir.
Após operar uma carteira de ações durante 1 ano com o Método ComStop, no relatório de
encerramento de um ano constatamos que as 133 operações realizadas (média de 11,1 por mês)
tiveram o Gatilho da Ordem de Stop colocado a uma distância média de 7,19% do preço em que as
posições foram estabelecidas.
33
Com isso, a fórmula acima calculou o valor (médio) investido por cada posição que assumi,
dividindo o Capital do momento (calculado em tempo real), por 7,19 e multiplicando pelo Fator de
Risco que eu defini em 0,5 (1/4 de 2,21já que só pegava posições de Fator L/P =>4) e significa que
investi em média apenas 6,95% do meu capital em cada uma das 133 posições de compra e
venda que assumi durante o ano.
Numa primeira análise parece muito conservador investir apenas essa pequena parcela de
6,95% do seu capital em cada posição assumida no mercado, mas mostrarei que ao contrário, se
você seguir essa linha, estará indo agressivamente atrás do seu objetivo de 2,21% ao mês ou 30% ao
ano.
Lembre-se que cada uma dessas posições pode lhe render os 2,21% que você precisa ganhar
por mês para atingir o seu objetivo de 30% ao ano. Ocorre que como você “gasta” apenas 6,95% do
seu capital por operação, você ainda tem 93,05% do seu capital para comprometer em outras
operações, que significa que você poderá fazer outras 13 posições iguais a essa primeira. Em cada
uma delas você tem potencial de ganhar os 2.21% ao mês que precisa para chegar aos 30% ao ano.
Agora vamos imaginar uma situação extremamente desfavorável onde você terá 10 dessas 14
posições que você eventualmente assumiu, resultando no pior prejuízo possível que seria a situação
em que todas elas seriam “estopadas” sem que você houvesse melhorado a Ordem de Stop. Isso
resultaria na perda máxima por operação (0,5% do seu capital) vezes 14 posições que daria um
prejuízo equivalente a 7% do seu Capital.
Nas outras 4 posições, entretanto, vamos imaginar que o seu objetivo tenha sido atingido de
maneira que você teve um lucro equivalente a 4 vezes (2,21% do seu capital) o que arriscou (0,5%
do seu capital) que, multiplicado por 4 posições, lhe daria 8,84% do seu capital. O resultado seria
um saldo positivo de 1,84% do seu capital.
Faça você mesmo outras simulações e irá constatar que, embora pareça conservador, o
Método ComStop estará lhe ajudando a buscar agressivamente a sua meta de rentabilidade, porém
permitindo que você arrisque apenas o necessário.
34
Com a planilha que acompanha essa publicação, após fornecer o valor do objetivo e do Stop,
e considerando que o Fator Lucro / Prejuízo é igual ou maior do que “4”, você terá o cálculo do
tamanho da posição feito automaticamente. A Planilha irá calcular o valor máximo em dinheiro que
você poderá comprometer com a operação em questão e, a seguir, irá dividir esse valor pelo preço
do ativo naquele momento, para calcular quantas ações (se for o caso) você deverá comprar (ou
vender).
Em seguida, irá ajustar (para baixo) a quantidade bruta de ações para a próxima quantidade
cheia, considerando o lote mínimo que pode ser comprado e que é definido pelas Bolsas para cada
ação. Por exemplo, caso o cálculo seja para comprar 1542 ações, a planilha irá lhe orientar para
comprar 1500 ações.
Você terá então apenas de comprar o valor indicado. A planilha estará destacando tanto o seu
potencial de prejuízo, quanto o seu potencial de lucro (em $ e em % do seu Capital).
9 - OPERANDO O MÉTODO COMSTOP
PLANEJANDO SUAS POSIÇÕES
Procurei descrever abaixo como utilizei o Método ComStop durante os últimos 14 meses em que
estive praticando todos os dias por conta de administrar algumas carteiras de ações.
Em primeiro lugar, procuramos ter uma visão geral do mercado para concluir se a tendência
principal é de alta ou de baixa. Para isto, antes da abertura da Bovespa, olhamos o mercado Asiático
que operou durante a madrugada e já fechou, indicando uma tendência de alta ou baixa.
Depois disto analisamos os mercados da Europa que abrem antes da Bovespa e também nos
fornecem mais uma indicação da tendência principal do mercado para o dia. Então olhamos os
mercados futuros nos EUA como o S&P500 Globex que opera quase que 24 horas por dia, e temos
mais uma indicação de tendência do mercado.
Com base nas observações acima citadas temos então uma boa idéia da tendência principal
que a Bovespa deverá seguir durante o dia. Mas é claro que existem dias em que a Bovespa
“descola” do mercado global e segue para o outro lado. Por isto, é muito importante finalizar a
análise macro com o Ibovespa.
Existe uma frase em inglês muito conhecida nos mercados que diz: “The trend is your
friend”, ou seja a tendência é sua amiga. Deste modo procuramos estar sempre a favor do mercado
seguindo sua tendência principal e com isto aumentando nossas chances de lucrar nos mercados.
Após estabelecida a tendência principal, analisamos as ações individuais procurando
indicações de alta ou baixa em linha com a tendência principal do mercado. Neste momento, entra a
análise gráfica que é um elemento muito importante a ser dominado pelo trader.
Após selecionadas alguns candidatos a compra ou venda, passamos a utilizar a planilha para
definir se tal operação nos interessa em função do lucro/prejuízo que ela oferece.
Para isto devemos definir o objetivo e o nível de Gatilho da Ordem de Stop a ser utilizada na
operação. Após digitar estes dados, a planilha irá calcular o Fator L/P (lucro/prejuízo) desta
operação. O default do Método ComStop é apenas operar posições nas quais o Fator LP seja maior
ou igual a “4”. A planilha já vem pré-formatada deste modo, mas se o usuário quiser poderá alterar
estes valores.
No nosso caso, quando o Fator L/P for menor do que 4 descartamos a operação. Caso o L/P
seja igual ou maior que 4 então a planilha vai calcular o valor máximo a ser investido na operação
35
de modo a limitar o prejuízo, com base no capital de risco e na rentabilidade ao ano previamente
definida pelo usuário.
No exemplo da ilustração da página ao lado em cima, foi calculado o Fator L/P de uma
operação com Petrobrás (última linha da planilha) com uma capital de risco de R$100.000 e objetivo
de 30% ao ano. Neste o percentual máximo a ser arriscado em cada operação é de 0,55%. Veja que a
planilha nos forneceu a quantidade máxima de ações a ser compradas em 521.
Como não queremos operar no mercado fracionário, diminuímos este valor para 500 ações.
Assim, conforme a planilha nos mostra, a compra de 500 ações de Petrobrás com Ordem de Stop a
38,19 nos traz um prejuízo máximo de 0,53% ou R$530 e um lucro potencial de 2,43% ou R$2.425
caso o Mercado chegue ao objetivo definido como 44,10 neste caso.
Lembre-se que existe um risco de que este prejuízo seja maior caso sua Ordem de Stop não
seja acionada no nível de gatilho que você estabeleceu por razões como: abertura do mercado em
gap, problemas na execução da Ordem de Stop ou falha no sistema da corretora.
Após definido o planejamento, passamos à fase de execução da ordem. Esta é a hora em que
você vai ligar para a sua corretora ou acessar o seu Home Broker e colocar a ordem para ser
executada. Nesta hora você deve ser rápido e prestar muita atenção para colocar sua ordem
conforme o planejado e aprovado por você mesmo.
A execução algumas vezes é realizada em partes como no exemplo: você colocou uma
ordem de compra de 500 ações de PETR4 e a execução foi de uma compra de 100 ações a 39,25 +
200 ações a 39,30 e + 200 ações a 39,40. Neste caso você deve calcular o preço médio da compra
multiplicando as quantidades pelo preço e dividindo o total, como na planilha abaixo:
O preço médio de compra de 500 ações da Petrobrás neste caso foi de 39,33.
36
Após executada a operação, é necessário que você digite na planilha os dados de Quantidade
e Preço médio da operação para que a planilha possa automaticamente preencher a linha de posições
em aberto que servirá para acompanhar esta posição assumida assim como as outras já assumidas e
as que vierem a ser assumidas.
Isto é realizado pela planilha colocando a quantidade e preço médio executado na coluna
“Execução” e após apertar o botão “Posições Atuais” ela será transportada para a planilha “Posições
Atuais”.
A carteira irá mostra o seguinte:
Deste ponto em diante, vamos acompanhar o mercado e apertar o nível de Gatilho das nossas
Ordens de Stop, quando o mercado nos oferecer esta oportunidade, utilizando-se da análise técnica e
observando topos e fundos.
O default do Método ComStop é manter o stop sempre um pouco além do segundo
topo/fundo em relação ao preço atual do mercado, considerando-se o gráfico intraday de 15 minutos.
Para efeito dessa técnica iremos considerar apenas as acumulações que durarem mais do que meio
dia.
Quando os preços atingem o nosso objetivo então mudamos a técnica e apertamos o Gatilho
da nossa Ordem de Stop para um pouco além do primeiro topo/fundo em relação ao preço atual do
mercado.
QUANTO TEMPO GASTAR PARA OPERAR
Um grande amigo me procurou no escritório para dizer que havia colocado uma parcela significativa
de seu capital no escritório de um amigo que operava ações. Ele estava furioso, pois embora as
quotas dos fundos de ações tivessem subido em torno de 20% no período de três meses em que ele
manteve o dinheiro neste escritório, sua carteira de ações havia desvalorizado em 20% e, por isso,
ele estava achando que poderia até haver má fé no processo e queria conselhos sobre o que fazer.
Depois de almoçarmos e passarmos a tarde conversando, e analisando gráficos, ele saiu do
meu escritório convencido de que alguém muito incompetente, no que tange a investimentos nos
mercados de renda variável, havia cometido um grande erro. Esse alguém, infelizmente foi ele
mesmo!
Ele me contou que logo após colocar o dinheiro no escritório do amigo foi viajar para a Índia
onde ficou por quase um mês.
Os americanos têm um ditado muito apropriado que diz "não existe almoço de graça". Não
espere que o seu capital vá render rios de dinheiro sem que você dispenda energia. Tampouco espere
que um corretor "guru" vá resolver o seu problema. As pessoas geralmente gostam de ganhar
dinheiro para elas e não para os outros.
É muito simples saber quanto tempo (e a conseqüente energia) você deve gastar em suas
operações nos mercados de renda variável. Ponha num papel quanto você ganha ou perde por mês
com sua atividade principal, seja ela a medicina, o empresariado ou a advocacia. Em seguida pegue
37
sua tabela de resultados e veja quanto você ganhou ou perdeu em média nos últimos meses e divida
seu tempo proporcionalmente às quantias de dinheiro.
O que ocorre na vida real, entretanto, é que as pessoas passam 8 horas por dia trabalhando e
alguns minutos cuidando de suas carteiras de ações ou posições nos mercados futuros que
eventualmente podem lhes render mais do que seu salário por mês, o que é uma total incoerência.
Se você se encontra nessa situação, deve diminuir suas posições ou aumentar o tempo gasto
com suas operações.
QUANDO NÃO OPERAR
Quando nossa capacidade de raciocínio cai para 90% de seu potencial máximo, começamos a
empatar, qualquer coisa abaixo disto e estaremos certamente no prejuízo. Para termos sucesso,
temos de contar com nossa plena capacidade de raciocínio. Mas como monitorar esta capacidade?
Todos os conceitos que iremos ver a seguir baseiam-se no fato de que o Trader em questão
está apto e capaz para fazer julgamentos, entretanto não é sempre assim, muitas vezes nos
encontramos em situações psicológicas péssimas que prejudicam em muito nossa capacidade de
discernir entre o certo e o errado. A hipoglicemia, por exemplo, que consiste em estados de falta de
açúcar no sangue, costuma deixar as pessoas em estado de nervosismo tal, que não é raro encontrar
um hipoglicêmico descendo do carro para enfrentar uma briga no trânsito. Pode-se imaginar como
estará sendo a sua atuação no mercado.
Assim temos de levar em conta que em certas ocasiões nós não estaremos com condições
psicológicas para operar e precisamos ficar fora dos mercados para não incorrermos em prejuízos
desnecessários. Entretanto, se nossa condição de raciocínio estiver muito deteriorada, a última coisa
que iremos concluir é que estamos com baixa capacidade de raciocínio e, portanto, temos de agir
quando ainda estamos na plenitude de nosso raciocínio, ou seja, quando começa o problema que vai
estragar nossa condição psicológica.
Como ainda não inventaram um aparelho que possa nos monitorar, é preciso nos valer de
alguns sinais básicos e agir logo que eles apareçam. Ainda que preventivamente, pois se
continuamos a operar nos mercados, os próprios erros que iremos cometer e que significarão
prejuízos certamente irão contribuir para a piora de nossa condição psicológica de maneira que
entraremos num círculo vicioso difícil de sair.
Se conseguirmos, entretanto, parar de operar antes das coisas piorarem, temos boa chance de
voltar logo para os mercados com plena capacidade de raciocínio.
A seguir estão alguns sintomas que devem nos fazer pensar seriamente em parar de operar
por uns tempos:







As operações com prejuízo têm lhe feito muito mal.
Você está com pensamentos negativos, achando que só perde no mercado.
As operações estão lhe trazendo muita preocupação.
Você está com sérios problemas familiares com seu cônjuge.
Você está achando que uma "besta mística" chamada Mercado esta lhe perseguindo.
Você está propenso a liberar sua tensão ou ansiedade com álcool, sexo ou drogas.
Você está dormindo pouco.
Se tiver dúvidas entre em contato com o nosso depto de suporte.
Boa sorte nos mercados e obrigado por ter lido o livro do Método ComStop.
Fausto de Arruda Botelho
38
11 - BIBLIOGRAFIA
LIVROS:
Bernstein, Jacob. The Investor's Quotient. The Psychology of Successful Investing in
Commodities and Stocks. John Willey & Sons, Inc., 1980.
Botelho, Fausto de Arruda. Análise Técnica & Estratégia Operacional. Enfoque Inf. Fin. Ltda,
São Paulo, SP – Brasil 1997-2006
Douglas, Mark. The Disciplined Trader. Developing Winning Attitudes. New York Institute of
Finance, New York, NY – USA 1990
Douglas, Mark. Trading in the Zone. Master the Market with Confidence, Discipline and a
Winning Attitude. New York Institute of Finance, New York, NY – USA 2000
Frost, Alfred J., and Robert R. Prechter, Jr. Elliott Wave Principle. Key to Market Behavior. New
Classics Library, Gainesville, Georgia – USA 1995
Lefevre, Edwin. Reminiscences of a Stock operator, Traders Press, Greenville, SC. USA, 1985.
Disponível em portugues com o título Reminiscências de um Especulador Financeiro,
Makron Books, São Paulo, 1995.
Prechter, Robert R., Jr. R. N. Elliott's Masterworks. The Definitive Collection. New Classics
Library, 1994.
Schultz, Harry D., & Samsom Coslow. A Treasury of Wall Street Wisdom. Investor's Press, New
Jersey, 1966.
Wilder, J.Welles, Jr. The Adam Theory of Markets. Or What Matters is Profit. Cavida Ltd.
McLeansville, N.C. USA, 1987
39
ANEXO I -ANÁLISE TÉCNICA
OS NÍVEIS DE SUPORTE E RESISTÊNCIA
O fenômeno dos níveis de suporte e resistência é tão antigo quanto o próprio mercado. Esses níveis
de preço são muito importantes na análise técnica e em especial na colocação das Ordens de Stop.
O termo Suporte é usado para o nível de preço no qual os participantes do mercado, por
diversas razões que veremos adiante, têm tendência de comprar, fazendo com que os preços tenham
dificuldade de cair abaixo desse nível. Resistência é o contrário de suporte, ou seja, um nível no qual
os participantes têm a tendência de vender fazendo com que os preços não consigam ultrapassar
facilmente esse nível.
Os níveis de suporte situam-se abaixo do nível atual dos preços, enquanto que os de
resistência situam-se acima do nível atual de preços. Suporte está embaixo, suportando os preços,
enquanto que resistência, em cima, resistindo aos preços.
Como ocorre com tudo na Análise Técnica, existem níveis e Níveis, de suporte e resistência,
alguns muito mais importantes do que outros. É tarefa do analista técnico identificar esses níveis e
classificá-los quanto a sua importância, já que uma indicação técnica oriunda de um nível de suporte
“nota 10” é muito diferente de outra oriunda de um nível de suporte “nota 5”.
Quanto maior for o número de eventos técnicos que acontecerem no mesmo nível de preço,
sejam esses eventos acumulações (batalhas entre as forças de compra e venda) ou topos e fundos
(inversão de forças), mais importante fica esse nível em termos de suporte ou resistência.
Os níveis de suporte e resistência geralmente são de dois tipos:
 Antigos picos ou fundos.

40
Antigas acumulações.
Figura A-1: Quando se coloca um stop, deve-se sempre olhar para a esquerda. Neste
gráfico da Metal Leve, o topo da resistência a 12.40 coincidia exatamente com um
outro topo e ainda com um fundo do passado
Os níveis de suporte e resistência quando são ultrapassados ou rompidos sofrem o que se
chama “inversão de polaridade”, ou seja, passam a exercer influência oposta nos preços.
Suporte rompido vira resistência e vice-versa.
Para entendermos o fenômeno de um nível de resistência, por exemplo, onde os participantes
do mercado têm uma tendência muito forte de vender, vamos estudar o caso de dois Traders, que
fizeram negócios de natureza diferente na primeira vez em que os preços chegaram ao topo onde
posteriormente criou-se uma resistência.
Primeiro, um Trader que comprou, quase no topo, logicamente por acreditar que os preços
iriam subir muito mais. Ele vê os preços caindo rapidamente, e tem que enfrentar o fato de que a
posição que era para lhe dar um lucro agora está mostrando um prejuízo.
O que passa na cabeça dele é mais ou menos o seguinte: "Se o mercado ao menos voltasse
para o nível em que comprei, eu liquidaria minha posição e juro que nunca mais operaria com ações.
Esse Trader tenderá a vender para liquidar sua posição de compra, quando os preços atingirem o
nível em que havia anteriormente comprado (perto do topo), o que lhe permitiria sair do mercado
sem prejuízo.
Imaginemos agora o caso de um outro Trader que vendeu num nível próximo do topo e
conseguiu comprar num nível de preço mais baixo, conseguindo um lucro muito bom com essa
posição. Essa operação lucrativa ficará marcada em sua mente e ele tenderá a vender novamente
quando os preços se aproximarem novamente do nível onde havia feito aquele excelente negócio.
Por outro lado, os investidores que deixaram de vender na primeira vez que os preços chegaram no
topo e assistiram a baixa sem poder lucrar com ela tenderão também a vender, quando o mercado
voltar a se aproximar novamente do topo.
Quanto maior o número de topos que o mercado deixar naquele nível, maior será a
importância daquele nível de resistência.
Quando estivermos analisando um gráfico para tentar identificar os níveis de suporte e
resistência, temos sempre que: “Olhar a Esquerda”. Será para o lado esquerdo de onde estão as
cotações atuais que poderemos ver outros eventos técnicos que dirão se o nível que estamos
estudando é de maior ou menor importância.
Na Figura A-1, acima, ao analisar o nível em que os preços se encontram no momento,
podemos verificar que temos outros quatro topos no mesmo nível e ainda um fundo. Daremos a este
nível de resistência uma nota 10 e principalmente iremos considerar seriamente a indicação técnica
que ele nos der.
S&R E AS ORDENS DE STOP
A Ordem de Stop deve ser colocada logo depois do nível de suporte ou resistência. Se a posição for
de compra então a Ordem de Stop de venda para liquidar a posição estará logo abaixo do suporte,
enquanto se a posição for de venda, estará logo acima da resistência.
Esta técnica segue o conceito simples de que, se os preços tiverem força suficiente para
chegar até o nível de suporte, por exemplo, e mais, absorverem todas as ordens de compra que se
encontram naquele suporte, e ainda, tiverem força para ir mais para baixo, então é nessa hora que o
Trader com uma posição de compra não tem mais nada a fazer no mercado e a Ordem de Stop
liquida automaticamente sua posição.
41
Com o advento da Internet e do “Home Broker”, que está fazendo com que muitas das
operações de compra e venda sejam efetuadas com o apoio de computadores, existe uma quantidade
muito grande de Ordens de Stop posicionadas logo abaixo dos suportes ou logo acima das
resistências, principalmente daqueles níveis que são mais óbvios.
Quando o mercado rompe um desses níveis, começam a ser "detonadas" as Ordens de Stop e
forma-se uma reação em cadeia, pois, no caso, cada Ordem de Stop de compra que é acionada
(geralmente do tipo a mercado), pressiona os preços um pouco mais acima e o resultado é que o
mercado desenvolve um movimento violento na direção do
rompimento.
Um ponto importante a ser lembrado é que os
números redondos, do tipo 10.000 ou 500, são
automaticamente guardados na cabeça de muitos dos
participantes da “Massa”, de modo que eles funcionam
como suporte & resistência naturais. Assim sendo, não se
deve colocar as Ordens de Stop nesses números, mas logo
abaixo, quando a posição é de compra ou logo acima,
quando a posição é de venda.
A Figura A-2 nos mostra quão importante pode ser um nível de resistência. O nível
destacado no gráfico, por ser óbvio para muitos participantes, representa uma clara divisão entre
uma quantidade muito grande de ordens de venda que estão logo abaixo da resistência e outra talvez
ainda maior, de ordens de compra que são as Ordens de Stop, que estão colocadas logo acima da
resistência.
42
O rompimento dessa resistência não pode resultar em outra coisa senão uma alta violenta, já
que os compradores não só não têm mais as ordens de venda para se preocupar, como passam a
contar com vários aliados em sua luta para fazer os preços subirem, que são as Ordens de Stop de
compra posicionadas logo acima da resistência.
Figura A-2: Um nível de resistência óbvio como o do gráfico acima é muito importante,
pois é exatamente a divisa entre um monte de ordens de compra e de venda, de maneira
que quando é rompido ocorre uma alta violenta, pois os compradores não só não têm mais
as ordens de venda para se preocupar como passam a contar com vários aliados que são
as ordens de compra em stop.
ESTRATÉGIAS OPERACIONAIS COM OS NÍVEIS DE S&R
O analista técnico procura sempre determinar com precisão os níveis de suporte e resistência, para
poder utilizar esta informação para quatro estratégias operacionais:
1. Colocação de Ordens de Stop: As Ordens de Stop de compra, para liquidação de posições de
venda, são colocadas logo acima dos níveis de resistência, enquanto que as Ordens de Stop de
venda, para liquidação de posições de compra, são colocadas logo abaixo dos níveis de suporte.
2. Iniciar uma posição quando os preços rompem um suporte ou resistência: Se os preços
tiverem força suficiente para romper um nível de resistência, então deverão ter inércia para
43
continuar a subir. Analogamente, se os preços tiverem força para romper um nível de suporte,
deverão cair mais. Assim sendo, é também interessante iniciar uma posição quando os preços
rompem
um
nível
importante
de
resistência
ou
suporte.
Neste caso, a Ordem de Stop pode ser colocada também próxima do nível em que a posição foi
estabelecida já que, quando um desses níveis é rompido, como vimos anteriormente, ele passa a
exercer influência contrária nos preços. Mas sempre é bom que o nível de Gatilho da Ordem de
Stop seja fixado abaixo do último fundo que será mais abaixo do que a resistência que acabou de
ser rompida.
3. Iniciar uma posição quando os preços se aproximam de um suporte ou resistência: Esta
estratégia operacional é muito interessante, na medida em que as Ordens de Stop são colocadas
num nível muito próximo daquele em que a posição foi iniciada, de maneira a limitar o eventual
prejuízo, no caso da análise se mostrar equivocada, a um valor mínimo.
Assumir uma posição quando os preços se aproximam de um suporte é uma boa estratégia que
requer muito “sangue frio” do Trader, pois ele irá comprar quando os preços estão caindo,
contra todas as indicações de curto prazo. Para amenizar o risco é muito importante que se tenha
paciência até que o mercado mostre que está sentindo o suporte que nós antecipamos.
4. “Bull & Bear Trap”: O nome vem dos animais utilizados para representar as forças do mercado.
O Touro (Bull) representa os compradores já que ataca com seu chifre, para cima, enquanto que
o Urso (Bear) representa os vendedores, pois ataca com sua pata para baixo. A indicação técnica
que eu considero mais importantes diz respeito aos níveis de suporte e resistência e ocorre
quando um desses níveis é rompido e os preços não dão continuidade ao movimento.
Quando isso ocorre, como no topo da Figura A-3, indica que, apesar da resistência ser
importante, os vendedores nem se preocuparam em colocar Ordens de Stop acima desse nível, já
que possivelmente estão totalmente despreocupados com a possibilidade dos preços subirem.
Ao invés de serem "estopados", os vendedores aparentemente venderam mais.
Os compradores, por outro lado, têm que fazer um esforço grande para romper a resistência e
esperam sua recompensa na forma das Ordens de Stop que acham que vão encontrar ao
chegarem do outro lado da "linha mágica". Na medida em que os compradores não acham nada
do outro lado, pelo contrário, apenas mais ordens de venda, eles entregam os pontos e o
resultado é o que podemos ver na Figura A-3.
44
Figura A-3: Em abril, os preços foram acima dos 240 mas fecharam abaixo. A análise técnica
chama esta situação de falso rompimento, para diferir do rompimento que ocorre quando há um
fechamento acima do nível como ocorreu em Maio. Em Julho, os preços deram uma importante
indicação de baixa, já que após rompida a resistência eles não encontraram os stops, demonstrando
total falta de interesse dos compradores.
TENDÊNCIAS
Se existe uma palavra que define análise técnica é tendência. Todos os investidores que operam em
commodities ou ações esperam ganhar operando a favor da tendência, seja ela de algumas horas,
dias, meses ou anos. Um dos propósitos da análise técnica é o de identificar e avaliar tendências,
com o objetivo de obter lucros com o movimento futuro dos preços. O objetivo da análise técnica
não é tanto descobrir até onde vai um movimento ou quando ele vai chegar lá, mas identificar a
direção de uma tendência e constatar sua reversão no momento em que acontecer.
Por definição, uma tendência de alta é uma sucessão de picos e fundos consecutivamente
mais altos, enquanto que uma tendência de baixa é uma sucessão de picos e fundos
consecutivamente mais baixos.
Charles Dow, considerado um dos pais da Análise Técnica, já no começo do século passado
escreveu editoriais no jornal que havia fundado, o The Wall Street Journal, nos quais ele fazia
45
considerações sobre Tendências que posteriormente passaram a fazer parte do que se chamou a
Teoria Dow.
Dow observou que uma tendência é determinada pela própria ação dos preços. Assim sendo,
uma tendência de alta é determinada por uma sucessão de topos e fundos consecutivamente mais
altos. Em outras palavras, é uma situação em que sucessivos movimentos de alta conseguem
penetrar o preço máximo atingido pela
alta anterior e as “correções” ou “linhas
de acumulação” desses avanços terminam
acima do nível atingido pelas correções
anteriores. Analogamente, uma tendência
de baixa é determinada por uma sucessão
de fundos e topos consecutivamente mais
baixos, conforme o desenho ao lado.
Uma tendência é confirmada ou
reestabelecida toda vez que os preços
conseguem penetrar um antigo topo, no
caso de uma tendência de alta, ou um
antigo fundo, no caso de uma tendência
de baixa.
Existem duas maneiras de uma
tendência de longo prazo reverter. Na
primeira, os preços inicialmente falham
em reestabelecer a tendência, não conseguindo fazer um novo topo e, em seguida, revertem a
tendência de alta ou estabelecem uma tendência de baixa, na medida em que penetram o último
fundo. Nesta hora, temos uma situação na qual o último topo já foi inferior ao penúltimo e o
próximo fundo será também inferior ao último, assim sendo temos por definição uma tendência de
baixa, ou seja, uma sucessão de topos e fundos consecutivamente mais baixos, conforme o desenho
abaixo.
Na segunda maneira, que também está ilustrada
no desenho à esquerda, os preços estabelecem um novo
fundo e, em seguida, falham em romper o último topo,
para então romperem o último fundo. Nesse caso, o
primeiro movimento com a quebra do último fundo é
considerado por muitos analistas como parte do
movimento de alta e não da tendência de baixa. Assim
sendo, esses analistas, numa posição mais
conservadora, não consideram a quebra do último
fundo como sendo indicação da reversão da tendência
e esperam a confirmação da falta de força para romper
o último topo e a nova penetração para aceitarem a
reversão da tendência.
46
POR QUE SE FORMAM AS TENDÊNCIAS
Quem comanda a oscilação dos preços de um ativo é a média das opiniões de todos os participantes
deste mercado, ponderada em função do poder de fogo de cada participante, que chamo de “Massa”.
Uma tendência de alta, por exemplo, se forma porque a Massa é pega de surpresa, numa situação em
que os preços estão subvalorizados e precisam subir para seu “valor real”.
À medida que os participantes da “Massa” começam a comprar e os preços sobem, a notícia
de que muitos ganharam dinheiro se espalha e a euforia que toma conta do mercado acaba fazendo
com que a "locomotiva da tendência de alta" passe de passagem por seu valor real, rumo a níveis
supervalorizados e, muitas vezes, hipervalorizados.
Assim sendo, uma vez mais, a “Massa” percebe
de repente a supervalorização dos preços e passa a vender
para trazê-los novamente a seu valor real (que deve ter
ficado lá pelo meio do caminho). Os preços começam a
cair e nesta hora, entra em ação uma outra força ainda
mais poderosa do que a euforia chamada medo, e a
"locomotiva", agora com o nome de tendência de baixa
acaba passando novamente pelo valor real, desta vez
rumo a níveis mais baixos
Assim caminham os mercados, exatamente como
quando colocamos um peso de 1 kg no prato de uma balança que já tem 1 kg no outro prato e eles
ficam oscilando de um lado para o outro até se equilibrarem, conforme ilustra o desenho acima.
O que vimos acima pressupõe que os fatores fundamentais, primeiros responsáveis pela
oscilação dos preços, mantiveram-se iguais. É isto que ocorre normalmente, os preços oscilam no
contexto de fatores fundamentais que se mantêm estáveis por muitos meses e as oscilações ocorrem
muito mais em função dos humores da “Massa” do que por mudanças significativas dos
fundamentos.
FIBONACCI
Leonardo Pisano Fibonacci ou Leonardo de Pisa, nascido em Pisa, Itália, que viveu de 1170 a 1250,
foi um dos maiores matemáticos de sua época. Ele foi o responsável pela introdução na Europa, do
sistema numérico hindu-arábico, em substituição aos algarismos romanos.
Foi o matemático francês Edouard Lucas (1842-1891) que deu o nome de "números
Fibonacci" para a série de números que foi mencionada pela primeira vez por Fibonacci em seu
célebre “Liber Abacci” (Livro de Cálculos). A série é a solução de um problema proposto no livro:
0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 610, 987, 1597...
Da série Fibonacci foi extraída uma das proporções mais importantes que se conhece. Ela é obtida
fazendo-se a razão entre qualquer de seus números contíguos e é chamada Φ “PHI” onde:
47
A série Fibonacci tem uma enorme influência em tudo que nos cerca,
a começar da proporção mais utilizada pela natureza e conhecida desde a
antiguidade, chamada de retângulo dourado. Para acharmos este retângulo,
devemos dividir um segmento de tal forma que o todo dividido pela parte
maior, seja igual à parte maior dividida pela menor. Na figura ao lado vemos
que a única maneira de termos esta proporção é quando o resultado deste
fator for igual a Φ.
As proporções Fibonacci são encontradas em um sem número de
situações e especificamente na natureza. Parece que é mais fácil para a
natureza respeitar as proporções Fibonacci quando há crescimento. Veja
alguns exemplos de ocorrências na natureza:
 Caramujo Nautilus (Spira Mirabilis): Para
comprovar a relação veja o desenho ao lado,
que forma um conjunto de retângulos cujos
lados são dois números consecutivos da série
Fibonacci. Estes retângulos são retângulos
dourados conforme acima. Traçando-se um
arco de raio igual ao lado, em cada um dos quadrados, tem-se a
espiral logarítmica que é chamada "a mais bela curva que existe
na natureza", ou a curva do Caramujo Naulilus.
 Achillea Ptarmica: Existem diversas plantas que seguem a série
Fibonacci, mas uma em especial, a Achillea ptarmica, o faz de
maneira muito clara com seus galhos. Ela tem a difícil tarefa de
fazer com que cada uma das suas flores tenha, literalmente, “um
lugar ao sol” e ela o faz seguindo a série Fibonacci conforme o
desenho à direita.
 Olhe para as suas mãos: Você tem: 2 mãos, sendo que cada uma
delas tem 5 dedos, sendo que cada um deles tem 3
falanges...todos números Fibonacci. No livro “O Código da
Vinci” o autor dedica mais de uma página a esse assunto.
O fato é que as proporções Fibonacci são a mais importante comprovação matemática de
fenômenos naturais já apresentada. Para os que quiserem se aprofundar mais, basta digitar Fibonacci
em qualquer site de pesquisa. Na data de hoje o site Google encontrou 4.730.000 ocorrências
Nos mercados as proporções Fibonacci estão presentes sem sombra de dúvida como
comprovam diversos livros escritos sobre o assunto. Entretanto, os estudos que relacionam as
proporções Fibonacci ao mercado estão ainda no começo e muito ainda será desenvolvido em meu
entender, mas, por hora, o que temos de muito prático e que pode ser usado com a análise técnica
que deve ser praticada com o Método ComStop é o fato de que os mercados se movimentam em
impulsos, que são corrigidos parcialmente por movimentos contrários chamados Retrações.
Esses movimentos contrários à tendência principal, que numa tendência de alta são
classificados como Correções ou Acumulações, muitas vezes seguem as proporções Fibonacci,
quando comparadas com a expansão que as precedeu, conforme abaixo:
Assim, quando estamos analisando tendências sabemos que os mercados ao se acumularem
ou corrigirem contra uma tendência ou movimento, normalmente encontram suporte ou resistência
num nível que corresponde às seguintes razões Fibonacci:
48
Movimentos Contrários x Expansão (%)
0.382
0.5
0.618
Os programas de Análise Técnica têm uma ferramenta
com a qual se traçam cinco retas horizontais entre o início e o
fim do movimento que está sendo corrigido, sendo que a
primeira reta coincide com o início do movimento, a segunda
representa o nível onde se daria a correção de 0.618, a terceira a
correção de 0.5, a quarta a correção de 0.382 e a quinta coincide
com o final do movimento. Para traçar essas retas, basta
selecionar a ferramenta Fibonacci do programa e "clicar e
arrastar" o mouse, a partir do início do movimento até o final,
conforme a figura ao lado.
O Mercado, ao corrigir movimentos de expansão, costuma sofrer uma correção ou
acumulação que o faz retrair-se no mínimo até a primeira correção Fibonacci, ou seja, 38,2% do
total da alta. Muitas vezes, entretanto, os preços adentram à faixa que vai dos 38,2% até 61,8% da
amplitude da alta. Assim, cada vez que identificamos que os preços reverteram uma tendência,
“temos direito” de acreditar que haverá uma baixa, no mínimo até o primeiro nível Fibonacci.
Figura A-4: Objetivos de retração Fibonacci. A história regressa do Índice Bovespa nos mostra que após seus
movimentos de alta, ele costuma respeitar as retrações fibonacci, tendo feito isso nos 3 movimentos secundários de49
alta entre 91 a 97 e também com o movimento primário 91-97 quando corrigiu aproximadamente 50% da amplitude
desse movimento.
O Gráfico da Figura A-4 acima mostra o Índice Bovespa à vista, indexado em dólar e com
escala logarítmica, desde 1990. Ao analisarmos os movimentos de alta marcados com a ferramenta
Fibonacci, de 1 a 6 podemos constatar conforme os números respectivos abaixo:
1. A tendência de alta de 91 a 92 quando revertida trouxe os preços para baixo do “primeiro
número Fibonacci”, ou seja, da reta horizontal que denota onde seria uma correção de 38,2%
da amplitude da alta.
2. A tendência de alta iniciada no final de 92 e que foi revertida no final de 94 foi seguida de
uma baixa que trouxe os preços para baixo da reta de 50% de correção.
3. A tendência de alta que começou no início de 95 e terminou em Julho de 97 com a crise da
Ásia foi por sua vez seguida de uma baixa que inicialmente trouxe os preços milimetricamente
para o primeiro número Fibonacci. Posteriormente, os preços caíram mais já que se tratava da
reversão da tendência iniciada em 91 e não somente daquela iniciada em 95.
4. Se considerarmos a tendência primária iniciada em 91 e terminada em 97, podemos constatar
que em seguida ocorreu uma correção de 50%, novamente para dentro da faixa Fibonacci.
Com a análise dessas quatro tendências históricas dos últimos 15 anos podemos concluir que
normalmente o Ibovespa costuma “corrigir Fibonacci” após suas tendências de alta.
5. Na tendência iniciada no final de 2002 e terminada em meados de 2007 os preços não
corrigiram Fibonacci embora quase o fizeram.
6. Finalmente, na tendência atual os preços ainda não “corrigiram Fibonacci”. Acredito que irão!
Na Figura A-5 abaixo, os três impulsos de alta do Índice Futuro corrigiram quase que
milimetricamente até o objetivo de retração de 0.382.
Figura A-5: Objetivos de retração Fiboncacci. Os três impulsos do mercado corrigiram, quase que
milimetricamente, até o primeiro objetivo de retração a 0.382.
50
A TEORIA DAS ONDAS DE ELLIOTT
Ralph Nelson Elliott era um engenheiro que, no começo dos anos 30, teve de se aposentar devido a
uma doença que o manteve numa cadeira de rodas em sua casa na Califórnia. Dispondo de todo
tempo que podia querer, Elliott se dedicou ao estudo dos preços das ações e especialmente do Índice
Dow Jones.
Ao desenvolver sua teoria em 1934, Elliott incorporou de certa forma o que Charles Dow
havia descoberto, mas foi além. Elliott descobriu que a “Massa” comanda os preços de forma que
esses se movem em tendências e que essas tendências seguem padrões encontrados também na
natureza. A partir desta descoberta, ele definiu um sistema de análise de mercado que foi
posteriormente chamado de Princípio das Ondas de Elliott.
Suas descobertas foram endossadas pelas acuradas previsões feitas após ter desenvolvido
seus estudos. De fato, entre 1934 e 1939, Elliott fez notáveis previsões como aquela na qual, com o
Dow Jones no nível de 100 pontos, previu um grande mercado de alta para as próximas décadas que
superou todas as expectativas mais otimistas da época, quando a maioria dos investidores achava
impossível que o mercado ultrapassasse o topo de 1929.
A Teoria de Elliott não foi concebida originalmente para ser uma ferramenta de previsão, e
sim de descrição de como os mercados se comportam e, neste sentido, é muito útil ao Método
ComStop, para nos posicionar no contexto de nossa análise, principalmente no que diz respeito à
identificação das diversas tendências que ocorrem simultaneamente no mercado.
Elliott acabou morrendo no ostracismo em 1948, aos 77 anos, e foi somente 30 anos mais
tarde, em 1978, que suas descobertas foram popularizadas no livro clássico de Robert R. Prechter Jr.
e A. J. Frost, "Elliott Wave Principle" (O Princípio das Ondas de Elliott), leitura indispensável
àqueles que quiserem se aprofundar no assunto.
Elliott observou que os mercados se movimentam de acordo com uma progressão estruturada
em movimentos definidos. Ele definiu oito tipos de movimentos ou ondas que costumam acontecer
durante o sobe/desce de qualquer mercado. Essas ondas se repetem na sua forma, mas não
necessariamente no tempo ou na sua amplitude. Ele ilustrou e deu nomes para cada um desses
movimentos e também estudou a forma como acontecem nas pequenas, médias e grandes oscilações
de preço.
Figura A-6: As cinco ondas no sentido do movimento principal (1, 2, 3, 4 e 5).
51
A base da teoria de Elliott é o fato de que os mercados oscilam em movimentos no sentido da
tendência, entremeados por movimentos no sentido contrário da tendência.
As ondas impulsivas são os movimentos no sentido da tendência e são constituídas de cinco
ondas denominadas de 1 a 5. Três destas ondas, as denominadas 1, 3 e 5, são no sentido da tendência
principal. As outras duas, 2 e 4, são no sentido contrário da tendência, conforme a Figura A-6
acima. Em qualquer momento, os preços de um determinado mercado podem ser identificados como
estando em uma destas cinco ondas no contexto da tendência em questão.
As ondas corretivas são movimentos que ocorrem no sentido contrário ao da tendência
principal, após um movimento no sentido dessa tendência que, como vimos acima, é na verdade
constituído por cinco movimentos menores. Os movimentos no sentido contrário ao da tendência
são constituídos por três ondas denominadas a, b e c. Essas ondas são diferentes na essência das
ondas impulsivas, já que sua ação corrige parcialmente o avanço das ondas impulsivas e são
constituídas de três movimentos ao invés de cinco.
Figura A-7: O ciclo completo. Após cinco ondas (1, 2, 3, 4 e 5) no sentido da tendência
principal ocorrem três ondas (A, B e C) no sentido contrário.
Quando juntamos um movimento impulsivo com um corretivo temos o que Elliott chamou
de ciclo completo, que é constituído dos cinco movimentos de uma onda impulsiva (1, 2, 3, 4 e 5) e
mais os três movimentos de uma onda corretiva (a, b e c), perfazendo um ciclo de oito ondas
conforme ilustrado na Figura A-7 acima. Em resumo, o princípio das Ondas é o de que movimentos
cuja direção é a mesma que a tendência de prazo imediatamente maior são impulsivos e se
desenvolvem em cinco ondas, enquanto que os contrários à tendência de prazo imediatamente maior
são movimentos corretivos e se desenvolvem em três ondas. Isto acontece em tendências de
qualquer prazo.
Nas ondas identificadas nas Figuras A-6 e A-7 e nas próximas foi utilizada a seguinte
nomenclatura, que as diferencia conforme sua ocorrência em tendências de curto, médio e longo
prazo:
52
 Longo prazo – algarismos romanos (I, II, III, IV e V) para ondas impulsivas e letras
maiúsculas (A, B e C) para ondas corretivas.
 Médio prazo - números entre parênteses ((1), (2), (3), (4) e (5)) para ondas impulsivas e
letras maiúsculas entre parênteses ((A), (B) e (C)) para ondas corretivas.
 Curto prazo – Números menores e sem parênteses (1, 2, 3, 4 e 5) para ondas impulsivas e
letras minúsculas (a, b e c) para ondas corretivas.
As ondas podem ser classificadas também quanto à sua hierarquia ou seu grau de
Figura A-8: Ondas dentro de ondas. As ondas (1), (3) e (5) são de impulso em relação a I e, portanto,
são compostas de cinco ondas menores. Já as ondas (2) e (4) são corretivas em relação a I e, portanto,
compostas por três ondas menores. Com relação à onda II, a e c são impulsivas, enquanto b é corretiva.
importância. Elliott propôs nove níveis de classificação hierárquica, que vão das pequenas
oscilações durante o pregão até os grandes ciclos, mas para facilitar o raciocínio vamos considerar
apenas três desses níveis: longo, médio e curto prazo.
Tendências de longo prazo se subdividem em tendências de médio prazo, que por sua vez se
subdividem em tendências de curto prazo. Usando este conceito, pode-se determinar a posição de
uma certa onda no contexto das oscilações do mercado.
O gol do analista técnico é o de "cavalgar" as grandes tendências, ou seja, ficar com uma
posição no lado certo do mercado o maior tempo possível, de modo a capturar o máximo da
oscilação ou ter o maior lucro. Assim sendo, ao analisar os mercados, tente sempre identificar a
tendência principal na qual você quer operar para colocar sua posição sempre a favor da mesma.
53
Os movimentos da tendência de médio prazo podem ser usados para regular o tamanho da
sua posição principal ou, ainda, para confirmar os movimentos da tendência principal. Por exemplo,
se a tendência principal é de alta, o mercado está no movimento I dessa tendência e você comprou
no início do movimento (3) de I, então pode aproveitar o movimento (4) para diminuir o tamanho de
sua posição original.
Os movimentos de curto prazo, por outro lado, podem ser usados para confirmar os
movimentos de médio prazo. O movimento (3), por exemplo, deverá ter cinco movimentos de curto
prazo antes que ocorra o movimento (4), que, como vimos, pode servir para diminuir a posição antes
de voltarmos a aumentar a posição para "cavalgar" a onda (5).
Dois analistas técnicos ao conversarem podem se referir à hipotética baixa atual do Índice
Futuro como sendo a 5a onda do movimento de curto prazo, no contexto de uma onda (C) do
movimento de médio prazo, que vem a ser a II onda do movimento de longo prazo. Com o tempo,
pode-se falar tudo isto como sendo a 5a da (C) da II. Este comentário indicaria que o mercado
estaria terminando uma correção da tendência de alta de longo prazo, já que estaria na onda II desse
movimento, mas especificamente, no que tange a onda II, os preços já teriam feito as ondas A e B e
estariam agora na última onda (C) desse movimento corretivo da tendência de alta de longo prazo,
ou seja, os preços estariam em vias de iniciar a onda impulsiva III da tendência de alta de longo
prazo.
ONDAS DENTRO DE ONDAS
Na Figura A-8 acima, cada uma das ondas impulsivas e corretivas da Figura A-7 foi subdividida
em cinco e três ondas, respectivamente. Note que:
 As ondas impulsivas (1), (3) e (5) são constituídas, cada uma delas, por cinco sub-ondas 1,
2, 3, 4 e 5.
 As ondas corretivas (2) e (4) são constituídas por três sub-ondas a, b e c.
 As ondas (A) e (C) são impulsivas no contexto do movimento de correção e, como tal, são
formadas por cinco ondas menores (1, 2, 3, 4 e 5).
 Já a onda (B) é corretiva no contexto do movimento (A), (B) e (C) e como tal é formada
por três ondas a, b e c.
 O gráfico todo pode ser interpretado como sendo parte de um movimento impulsivo
primário onde as ondas (1), (2), (3), (4) e (5) seriam a onda I e as ondas (A), (B) e (C)
seriam a onda II.
É importante entender que qualquer onda, por menor que seja, pode teoricamente ser
subdividida em cinco ou três sub-ondas, dependendo de ser uma onda impulsiva ou corretiva e a
recíproca também é verdadeira, já que qualquer ciclo ou conjunto de ondas pode ser transformado
num componente de um ciclo maior.
Assim sendo, na Figura A-8, dependendo do nível da tendência que estamos estudando,
podemos estar observando:
 duas ondas - uma impulsiva e uma corretiva (I e II)
 oito ondas - quando consideramos as cinco sub-ondas ((1), (2), (3), (4), (5)) de I e as três
sub-ondas ((A), (B) e (C)) de II.
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 trinta e quatro ondas - quando consideramos as 25 sub-ondas das ondas impulsivas (1),
(3), (5), (A) e (C) e as nove sub-ondas das ondas corretivas (2), (4) e (B).
Da observação da Figura A-8 podemos concluir também que uma onda corretiva não é
necessariamente para baixo, assim como uma impulsiva não é necessariamente para cima. A onda
(B), que é para cima, é corretiva, pois está corrigindo a onda II. As ondas são definidas como
impulsivas ou corretivas de acordo com a sua direção relativa à onda principal à qual elas pertencem
e não de acordo com a sua direção absoluta.
Colocando de outra forma, as ondas são classificadas como sendo impulsivas ou corretivas
dependendo de estarem se movendo de acordo ou não com a tendência de um grau maior, ou seja, de
maior prazo.
Elliott estabeleceu certas regras segundo as quais seria possível a um analista estabelecer a
direção da tendência principal, bem como identificar quando estava ocorrendo uma reversão nesta
tendência. Em primeiro lugar, ele notou que a ocorrência de uma onda impulsiva de cinco
movimentos, fosse ela para cima ou para baixo, seria indicação segura da direção da tendência
principal.
Assim sendo, uma onda para cima, de cinco movimentos, acontecendo após uma baixa no
mercado, indica novas altas para a tendência de longo prazo, da mesma forma, uma queda de cinco
ondas após uma alta indica que a tendência principal (de baixa) deverá ter pelo menos mais uma
onda para baixo.
Os exemplos que vimos até agora, infelizmente ou talvez felizmente, tratavam de ondas com
características normais, entretanto a fórmula básica de Elliott de 5-3, apesar de poder ser aplicada a
um grande número de situações, não cobre em absoluto todos os tipos de tendências que ocorrem no
mercado.
Para os que desejarem um aprofundamento na teoria de Elliott, faz-se necessário o estudo de
variações e exceções à regra que existem nas ondas impulsivas e corretivas e em algumas situações
específicas de mercado para que então possam ser cobertas todas as situações e o analista possa
sempre ter condições de identificar o local ou onda em que os preços se encontram naquele
momento. Diversos livros foram escritos sobre o assunto, alguns estão listados na Bibliografia deste.
Para o Método ComStop iremos utilizar a Teoria de Elliott para tentar analisar apenas os
movimentos de longo prazo do mercado, quando é muito mais fácil identificar as ondas, do que nos
movimentos de curto prazo. A classificação das tendências que Elliott nos proporcionou é
importante para que possamos falar das tendências com um padrão inteligível por outros analistas,
conforme faremos à frente.
AS “PERNAS” DE UMA TENDÊNCIA
Toda vez que analisamos um gráfico, devemos olhar para as “pernas” da tendência. Como analistas,
nossa função é a de identificar as oscilações ou tendências para que possamos nos aproveitar delas,
comprando ou vendendo com o intuito de obter ganhos. Eu chamo essas oscilações de pernas da
tendência.
É importante olharmos as pernas históricas da tendência para que possamos ter idéia de qual
tipo de oscilação podemos capturar no ativo em questão. Ao analisar os gráficos veremos que
muitos ativos apresentam sempre o mesmo tipo de pernas em suas tendências, no que diz respeito à
amplitude e tempo de duração das pernas ou oscilações.
55
Quanto maiores as oscilações que quisermos capturar, mais tempo irá demorar para que o
objetivo seja atingido e maiores poderão ser os movimentos corretivos embutidos e, portanto, mais
difícil será de conseguirmos manter a posição até o objetivo projetado.
Se pudermos determinar o tamanho médio das oscilações de um determinado mercado, (as
pernas), deveremos ficar exultantes se conseguirmos capturar 60% da amplitude destas oscilações
médias, pois neste caso estaremos, sem dúvida, colocados entre os melhores Traders. Temos de nos
contentar em comprar perto do fundo e vender perto do topo, pois o fato é que ninguém tem a menor
idéia de quando vai se formar um fundo e muito menos quando vai acabar uma oscilação.
Para atingir esse objetivo, temos um aliado muito importante que é o próprio mercado, pois é
ele que vai nos dizer quando aconteceu o topo ou o fundo. É claro que quando o mercado nos disser
que fez um fundo, nós não vamos mais conseguir comprar "no fundo", mas poderemos comprar
perto dele, que é tudo que um Trader pode desejar.
No Método ComStop é também o mercado que irá nos dizer quando a nossa posição deve
ser liquidada através da utilização da técnica de ir melhorando o nível de preço do gatilho do stop
sempre que possível até que um stop seja acionado, que equivale a dizer que foi o “mercado” que
liquidou a posição.
Figura A-9: Na última tendência de alta de Banco do Brasil, iniciada em Outubro de 2002 os preços fizeram
56 pernas bastante comparáveis de amplitudes entre 70 e 170% e com duração entre 2 e 9,5 meses. É esse tipo de
pernas de tendência que teríamos que buscar caso estivéssemos analisando esta ação no futuro.
Se olharmos, entretanto, a maioria das ações negociadas em Bolsa, veremos que o Mercado
nos proporciona um sem número de oscilações de amplitudes mais do que generosas e que ocorrem
em períodos de tempo muito pequenos conforme a Figura A-9 acima.
Figura A-10: A reta de tendência de alta, ou reta suporte foi traçada inicialmente quando o mercado fez
o fundo de janeiro. Posteriormente foi corrigida quando do fundo de março. A nova reta foi então
confirmada pelos fundos de maio e julho.
Na última tendência de alta de Banco do Brasil, iniciada em Outubro de 2002 os preços
fizeram pernas bastante comparáveis de amplitudes entre 70 e 170% e com duração entre 2 e 9,5
meses. É esse tipo de pernas de tendência que teríamos que buscar caso estivéssemos analisando
esta ação no futuro.
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RETAS & CANAIS DE TENDÊNCIA
O analista técnico, depois de determinar que o mercado se encontra numa tendência, procura
identificar o rumo desta tendência e, para tal, traça as chamadas retas de tendência.
Para desenhar uma reta de tendência, ou seja, a linha que mostra o rumo ou ainda a
inclinação da direção dos preços basta unir com uma reta os fundos das reações no caso de uma
tendência de alta ou os picos das reações no caso de uma tendência de baixa. Logicamente, quanto
maior o número de pontos de que se dispõe para traçar a reta e quanto mais distantes forem esses
pontos entre si, maior será a confiabilidade da reta.
Quando uma tendência de alta está para reverter, costuma ocorrer uma das seguintes opções:
 Um determinado topo da tendência não consegue ultrapassar o último topo

A linha de tendência é penetrada
Na verdade, o fato de o último topo não conseguir ser ultrapassado indica apenas que a
tendência de alta não conseguiu ser reestabelecida e poderá ser revertida.
Por outro lado, quando uma reta de tendência confiável como a reta de suporte de longo
prazo da Figura A-10 é rompida, o analista técnico entende que se a “Massa” que vinha
comandando os preços numa tendência de alta e que durante sete meses respeitou aquele rumo, de
repente passa a não mais respeitá-lo, com um fechamento bastante abaixo da reta de suporte, então a
“Massa” deve estar pensando em mudar de rumo. Ora, como se sabe que nos mercados tudo que
sobe, desce, e vice-versa, o próximo rumo depois de uma tendência de alta deverá ser de baixa e em
função disto o analista age, liquidando suas posições de compra ou, até mesmo, iniciando posições
de venda. Assim sendo, as retas servem para nos indicar as mudanças de tendência.
Figura A-11: A tendência de alta de longo prazo é iniciada quando a resistência a 59
58
é rompida em janeiro, indicando que o próximo pico será mais alto que o último. A reta
suporte desta tendência foi traçada inicialmente no mês de janeiro, logo após a primeira
acumulação. Posteriormente foi traçada após o fundo de fevereiro e finalmente foi
traçada correta após o fundo de março. O fundo de maio confirmou a reta que acabou
sendo rompida em junho.
Raramente ocorre uma mudança de tendência que não esteja acompanhada de uma quebra da
linha de tendência. Entretanto, muitas vezes as linhas de tendência são penetradas prematuramente,
como ocorreu no Boi para entrega em dezembro de 84, quando somente a terceira reta provou ser a
verdadeira, e foi confirmada com o fundo de maio, conforme ilustra a Figura A-11.
Figura A-12: A reta de suporte traçada inicialmente no fundo de março precisou ser refeita
após o fundo de abril. Note o pull back para a reta, após o rompimento.
59
É preciso, portanto, uma análise considerável para se decidir onde colocar uma linha de
tendência e determinar quando a quebra é válida. Analisando o mercado de Café no início de 1980
na Figura A-12 na página ao lado, observamos que no mês de julho, foi preciso desenhar uma nova
reta. A confirmação do rompimento da reta de uma tendência em outros meses cotados ou em outras
ações do setor é uma prática saudável e segura.
Muitas vezes, quando uma reta de suporte, por exemplo, é rompida, os preços voltam a se
aproximar dela num movimento que geralmente coincide com a primeira reação da tendência de
baixa e a antiga reta passa a exercer resistência, como ocorreu na virada do mercado de Café,
ilustrada na Figura A-12. Este movimento de retorno à reta rompida, também é chamado de pull
back, e que também acontece nas retas de resistência, acaba confirmando uma vez mais a reta, e seu
toque na reta fica sendo o último ponto da mesma.
Existem retas e retas de tendência, umas mais confiáveis, outras menos. De maneira geral,
três pontos são suficientes para tornar uma reta confiável, mas quanto maior o número de pontos,
melhor. Na Figura A-13, o rumo da tendência de baixa da Copene pôde ser medido com muita
precisão, já que foram unidos quatro pontos ao se traçar a reta de resistência.
Quando se traçar as retas de tendência, deve-se procurar passar a linha pelos níveis de
fechamento ou ainda pelo corpo real das barras, no caso do gráfico candlestick, podendo-se
eventualmente desprezar os máximos ou mínimos.
Assim sendo, temos que ter bom senso quando estivermos traçando as retas. Podemos,
eventualmente, desprezar o preço máximo de um determinado ponto da reta (i.e. deixá-lo para fora),
contra a possibilidade de encostar mais a reta no próximo ponto. Na Figura A-13, a reta foi traçada
de acordo e, após o rompimento, os preços voltaram a se aproximar dela no chamado movimento de
Figura A-13: A reta de resistência da tendência de baixa da Copene iniciada em novembro de 94,
inicialmente traçada entre os dois primeiros topos, foi confirmada mais duas vezes antes de ser
rompida em junho de 97. Após o rompimento os preços voltaram a se aproximar da reta no chamado
movimento de retorno ou pull back.
60
pull back. O suporte encontrado quando os preços tocam novamente a reta confirma novamente a
mesma como sendo a que determina de fato, quando rompida, a reversão da
tendência e faz com que o fundo que encostou na reta seja seu último ponto.
As retas de tendência muitas vezes são penetradas com as oscilações que
ocorrem durante o dia, mas no fechamento os preços voltam para dentro da reta.
Estes casos devem ser entendidos como tendo sido uma "alfinetada" na reta e
não como um rompimento da mesma.
Para termos um rompimento é necessário que os preços fechem acima da
reta de resistência ou abaixo da reta de suporte. Normalmente, como existem
ordens de stop logo acima de uma reta de resistência, como a da Figura A-14, os
preços não só rompem a reta fechando acima dela, mas também acabam
fechando na máxima do dia, deixando clara a situação de superioridade da turma
dos compradores, conforme está ilustrado no detalhe da Figura A-14.
Figura A-14: Normalmente, como existem ordens de stop logo acima de uma reta de
resistência, os preços não só rompem a reta, fechando acima dela, mas também acabam fechando
na máxima do dia
Algumas vezes é possível traçar uma reta paralela à reta de tendência, do outro lado da
tendência, de tal forma que ela toque em, no mínimo, três dos fundos das reações se a tendência for
de baixa ou, no mínimo, três dos topos das correções se a tendência for de alta.
A essa reta dá-se o nome de reta guia da tendência e quando pode ser traçada se diz que a
tendência está formando um canal, de alta ou de baixa. A reta guia das tendências é muito menos
importante do que as retas de tendência, pois não diz nada quando é rompida, apenas que os preços
avançaram um pouco mais que o normal, conforme ocorreu no gráfico da Telebrás na Figura A-15.
A reta guia, entretanto, pode ser usada em conjunto com outras técnicas para prever uma possível
reversão quando os preços se aproximam dela.
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Figura A-15: A reta guia tem que ser paralela à reta de tendência e para poder ser traçada
precisa de pelo menos três pontos que são, no gráfico acima, os topos das correções da
tendência de alta.
62
Sobre o autor
Fausto de Arruda Botelho (CNPI) é autor das publicações
Manual de Commodities (1980), Manual de Análise Técnica
(1984) e Análise Técnica e Estratégia Operacional (1997-2006).
O Professor Fausto é um trader ativo, administrador de carteiras
de ações e futuros e Diretor Geral da Enfoque Informações
Financeiras Ltda. Uma empresa fundada em 1983 que fornece ao
mercado um terminal de cotações, gráficos, análise técnica,
roteamento de ordens, cálculos, balanços de empresas e notícias
em tempo real e também no fim do dia (Veja o folheto na
próxima página).
O professor Fausto já ministrou mais de 80 cursos de Análise
Técnica em diversas cidades do Brasil, além de inúmeras
palestras sobre Mercados Futuros e de Commodities, Análise
Técnica e Administração Financeira para operações nos
mercados de risco.
A ele é atribuída a popularização da Análise Técnica no Brasil.
Seus primeiros contatos com a análise técnica começaram com
um estágio em Londres, em 1977 na Conti Commodities.
Participou de oito seminários internacionais de Análise Técnica
em Cambridge UK (1977), Londres (1978), Los Angeles (1991),
Las Vegas (1993), São Paulo (2003), Washington (2003), São
Paulo (2004) e Madrid (2004).
Em 2004 e 2005, Certificou-se pelo IFTA - International
Federation of Technical Analysts com o "Diploma in
International Technical Analysis - DITA 1 e DITA 2".
Possui também o “Certificado Nacional de Profissionais de
Investimento” da APIMEC e é registrado na CVM como
Analista de Mercado de Valores Mobiliários.
É membro do quadro de juízes arbitrais da BM&F.
Entre 2005 e 2006 desenvolveu o
“Método ComStop de Operar nos Mercados”
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