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Ano IX
nº 18
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FORMA E CONTEÚDO DO TRABALHO COMO UMA DAS CAUSAS PARA O
ABANDONO DA ESCOLA E SUAS CONTRADIÇÕES
Marco Aurelio da Silva1
Aristéia Mariane Kayser2
RESUMO
A proposta deste artigo é analisar a importância da educação na formação do jovem estudante
trabalhador e a possível relação com o fenômeno do abando escolar. Justifica-se a escolha da temática pela
proposta de uma educação emancipatório no que se refere os desafios e perspectivas do sistema capitalista e
neoliberal. Para o desenvolvimento teórico da pesquisa, pautou-se em bibliografias conceitual da temática acima
descrita tendo como base contraditória uma proposta de emancipatória, ou seja, o acesso e a permanência do
jovem na escola. Desta forma se propões a discutir possíveis alternativas abrindo um canal de diálogo
interdisciplinar demonstrando que o sistema educacional não é o único responsável pela reprovação, evasão e
abandono escolar.
Palavras chave: educação, emancipação, trabalhador
ABSTRACT
The purpose of this paper is to analyze the importance of education in shaping the young student worker
and the possible relationship with the phenomenon of school dropout. Justifies the choice of the theme proposed by
an emancipatory education regarding the challenges and prospects of the capitalist and neoliberal system. For the
theoretical development of the research was based on a conceptual thematic bibliographies above described with
contradictory basis for a proposal for emancipatory, ie, access and retention of young in school. Thus it proposes to
discuss possible alternatives opening a channel of interdisciplinary dialogue demonstrating that the educational
system is not solely responsible for the failure, dropout and dropout.
Keywords: education, emancipation, worker
1
Mestrado em Ciências Sociais - UFSM, Mestrando em Educação - UNISC, Especialização em Educação
Ambiental e Especialização em Gestão Educacional ambas pela UFSM, e Especialização em Mídias na
Educação - UFPel; Licenciado em Filosofia - UNIFRA e Atualmente cursando Licenciatura em Pedagogia UFSM.
2
Cursando Pós Graduação Lato Sensu em Cuidado Pré-Natal - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP;
Pós Graduação Lato Sensu em Educação Ambiental e Pós Graduação Lato Sensu em Gestão de Organização
Pública em Saúde ambas pela Universidade Federal de Santa Maria -UFSM; Possui graduação em Enfermagem
pela Faculdade Integrada de Santa Maria - FISMA e Graduação em andamento Pedagogia - UNINTER.
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INTRODUÇÃO
A proposta central desse artigo é fazer uma análise em como se constitui a forma e
conteúdo do trabalho do jovem estudante trabalhador e assim relacioná-lo com o fenômeno do
abandono escolar. Muitos defendem que a evasão ou fracasso escolar tem por prerrogativa a não
prestação de serviço de excelêcia pela escola. E que uma das possíveis soluções consiste na
proposta de uma formação profissional, visando suprir a necessidade do atual mercado de
trabalho.
Mas, tal justificativa é pautada no discurso que ao oferecer esta formação profissional
o sistema educacional estará oportunizando ao jovem melhores condições de competir
visando assegurar uma um futuro mais confortável. E dentro desse escopo de reflexão se
propõe a luz da realidade contemporânea entender o processo de construção identitário dos
jovens frente o desafio do mundo do trabalho e a relação com a permanência na escola. É
importante compreender o contexto histórico do sistema educacional brasileiro, as
dificuldades, as vitórias, a influência de movimentos sociais, interesse das grandes empresas
sobre a mão de obra qualificada, a preparação para o mercado do trabalho lembrando que a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96) surgiu com a abertura do
Brasil para o sistema neoliberal. Globalização e neoliberalismo são duas palavras que
ouvimos com frequência no cotidiano, mas será que todos sabem o verdadeiro significado de
cada uma delas e sua influência em nossas vidas e na educação? Ambos os conceitos ainda
permeia em ambiguidades, e ainda usam do velho jogo ideológico muito bem conhecido por
todos nós.
O Brasil ao abrir-se, para o sistema neoliberal e em resposta aos anseios do Banco
Mundial no que tange a educação elaborou na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Brasileira (LDB 9394/96) os artigos 1 e 35, os quais enfatizam a necessidade de preparação
para o mercado do trabalho e para a prática social duas vertentes que se coadunam com os
artigos 205 e 206 da Constituição Federal de 1988. Há toda uma política de “mecanização do
ensino”, visando alcançar as metas governamentais por meio de um sistema que não valoriza
o pensamento e a emancipação do sujeito a diferencie entre o modelo taylorista-fordista e o
sistema educacional brasileiro proposto hoje consiste nas propostas das Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) de 1997 como documento referência não sendo este um plano
de curso mas, propõem uma proposta de educação interdisciplinar.
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Surgindo assim uma perspectiva de educação flexiva, decentralizada, horizontal em
suas relações e nas suas práticas desencadeando assim propostas emancipatórias e
ressignificando o contexto social e fomentando uma consciência critica do modelo tayloristafordista verificado no sistema educacional brasileiro.
“[...] nas reformas dos sistemas de ensino aparecem conceitos e propostas tais como
descentralização; autonomia dos centros escolares; flexibilidade dos programas es
colares; liberdade de escolha de instituições docentes; necessidade de formação
continuada; superação do conhecimento fragmentado. Esses conceitos encontram
correspondência nas características da reorganização do mundo produtivo: na
descentralização das grandes corporações industriais; na autonomia relativa de cada
fábrica em decorrência do processo de desterritorialização das unidades de produção
e/ou de montagem; na flexibilidade da organização produtiva para se ajustar à
variabilidade de mercados e de consumidores” (SANTOMÉ, 1998, p. 21 apud
MARTINS, 2000, p. 72).
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
na década de 1990 formulou diretrizes para educação, que são.: Aprender a conhecer,
Aprender a fazer, Aprender a viver juntos e Aprender a ser estas seriam os “pilares da
educação do futuro” e esses pilares estão referenciados nos (PNCs)” e nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) de 1998 da educação brasileira
desenvolvendo as competências genéricas e flexíveis, ou seja, moldando-o para a realidade do
trabalho. Observa, que o Plano Nacional da Educação (PNE), estabelecido em 2001 (lei n.
10.172), foram planejadas e definidas, várias metas para o ensino médio até 2011 sendo uma
delas.
Entre os vários desafios da educação contemporânea brasileira existe o problema do
diagnóstico, a análise dessa educação de massa objetivo de significativa relevância, pois a
educação é um elemento desencadeador de transformações e neste sentido é fundamental a
qualidade da pedagogia técnica para responder as demandas do mundo produtivo. Nesta ótica
se apresenta a pedagógica tecnicista, a qual tem entre suas demandas o processo industrial
brasileiro, a instrumentalização de mão-de-obra, para o processo fabril. Portanto, os modelos
- taylorista e o fordista no âmbito educacional surgem como projeto pedagógico, estritamente
técnico, o qual é direcionado à uma determinada perspectiva de formação e ordem
mercadológica tornando o Estado mínimo em sua responsabilização no que tange a educação
e desta forma trazendo para as fonteiras do Brasil a porosidade por meio da implementação de
uma língua estrangeira a partir de 6ª ano em qualquer das série.
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Segundo Saviani, (2005), os ditames da educação tecnicista estão baseados no trabalho
fabril verifica-se pela lei n.5.692 de 1971. O modelo “fordista”, enfatiza uma produção
crescente, uma qualificação “marginal”, unilateral dos trabalhadores e sob as diretrizes do
mercado e isso não é diferente na educação pois, há o saber-fazer que segundo Dellors, “Este
aumento de exigências em matéria de qualificação, em todos os níveis, têm varias origens. No
que se diz respeito ao pessoal de execução, a justaposição de trabalhos prescritos e parcelados
deu lugar à organização em "coletivos de trabalho"” (DELLORS, 1996, p.4). O modelo de
produção fordista vêem passando por transformações com o processo de “tecnificação” que
esta pautada na redistribuição de atividades. Neste sentido, o sistema educacional
principalmente proposto pelas Universidades Federais e Institutos Federais consiste em
formação por células, ou seja, centros de exelência formando pessoas sem uma perspectiva de
educação integrada.
A Educação Profissional e o desafio de rompimento com propostas hegemônicas
O neoliberalismo visa através da educação a transformação do cidadão em
consumidor, a educação se redefine de acordo com os termos de mercado. E para que isso não
ocorra de forma isolada é preciso que aconteça a globalização que ultrapassa as fronteiras de
países e continentes. Induzindo-nos a ver a educação como uma mercadoria, mas o ideal é
uma educação desafiadora, crítica e emancipadora continuam sendo um desafio a ser
conquistado, bem como a escola é desafiada pela televisão, internet, jornais, revistas, no que
tange a dinamicidade do sistema globalizado.
As transformações gerais da sociedade atual apontam a inevitabilidade de
compreender o país no contexto da globalização, da revolução tecnológica e da
ideologia do livre mercado (neoliberalismo). A globalização é uma tendência
internacional do capitalismo que, juntamente com o projeto neoliberal, impõe aos
países periféricos a economia de mercado global sem restrições, a competição
ilimitada e a minimização do Estado na área econômica e social (OLIVEIRA e
LIBÂNEO, 1998, p. 606).
Neste contexto globalizado e neoliberal entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos
quem dita as regras é aquele que é portador do fator econômico o que resulta em poder
político, consequentemente as políticas educacionais implantadas seguem a mesma ordem, e
obedecem as necessidades e exigências de mercado. Cita-se como exemplo as políticas dos
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órgãos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, os
quais enfatizam que os investimentos devem ser calculados da mesma forma como via de
regra um empréstimo empresarial.
Essa centralidade se dá porque educação e conhecimento passam a ser do ponto de
vista do capitalismo globalizado, força motriz e eixos da transformação produtiva e
do desenvolvimento econômico. São, portanto, bens econômicos necessários à
transformação da produção, ao aumento do potencial científico e tecnológico e ao
aumento do lucro e do poder de competição num mercado concorrencial que se quer
livre e globalizado pelos defensores do neoliberalismo. Torna-se clara, portanto, a
conexão estabelecida entre educação/conhecimento e desenvolvimento/desempenho
econômico. A educação é, portanto, um problema econômico na visão neoliberal, já
que é o elemento central desse novo padrão de desenvolvimento (OLIVEIRA e
LIBÂNEO, 1998, p. 602).
Apesar de ocorrer a exclusão social e as políticas públicas não conseguirem privilegiar
a todos, com uma proposta de educação emancipatória, a educação continua sendo uma forma
de acumular forças contraditórias a dominação.
O neoliberalismo no que se refere a
educação, apresenta a ideia de preparação de mão de obra para o mercado de trabalho.
Portanto, é interessante que possamos debater, discutir e investigar as contradições e
transformações no que tange o período que vivemos e o processo produtivo mundial. Período
este marcado pela reestruturação produtiva, com propostas de inovações tecnológicas visando
uma melhor competitividade e aumento da produtividade.
Desta forma foi necessário repensar e redefinir estratégias referente a dinâmica
educação para o trabalho pois, a classe trabalhadora não era valorizada. E portanto, uma das
significativas mudanças verificadas é a polivalência do trabalhador gerando assim um sistema
competitivo, onde o emprego cada vez mais se torna algo escasso e o trabalhador capacitado,
qualificado torna-se objeto de cobiça das empresas. Fenômeno este que acabou criando um
sistema instável exigindo um novo do perfil do trabalhador, porém o sistema globalizado
responsabiliza-o pelo seu sucesso ou fracasso, enquanto um profissional “trabalhador”.
Observa a dificuldade de manter um discurso ético no que tange ao discurso oficial da
relação “educação e produção” e contudo a justificativa pauta-se na pedagogia da qualidade,
da multi-habilitação, da polivalência do trabalhador na busca constante da manutenção da sua
empregabilidade. A constituição das relações sociais no processo formativo humano se
reconfigura pela via relacional da dialética no que tange o subsumir do homem ao capital e a
luta contra o próprio sistema.
Sendo assim, na agenda do capital a educação passa a ser algo fundamental, pois pela
via dessa é que surge o desenvolvimento e esta é necessária para a manutenção deste
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fenõmeno que tem como uma das bandeiras a diminuição da pobreza, da desigualdade social.
Na perspectiva de Rummert, a educação deve se comprometer a atender “[...] às exigências do
mercado, sendo dotada dos conteúdos exigidos pelo capitalismo para seu desenvolvimento
nessa nova fase” (RUMMERT, 2000, p. 66).
Outro desafio é a construção de novas propostas de educação para o trabalhor ocorre
uma dificuldade de rompimento com a educação hegemônica, pois muitas vezes é
desconsiderado a experiência do trabalhador. Por mais que tenhamos políticas públicas de
inclusão, acesso escolar e garantia de uma educação de qualidade conforme (LDB 9394/96),
mas ainda existe a burocracia escolar, dificultando debates e implementação de conteúdos
pautados no contexto histórico do trabalhador não há uma preocupação com a adaptabilidade
de mecanismos que considerem a realidade social do mundo do trabalho.
A ideia sobre os efeitos da ação de globalização e da política neoliberal na educação
não é algo tão atual, no entanto esses efeitos foram absorvidos gradualmente pela sociedade
como algo normal. Com o surgimento da globalização, que para muitos se confunde com a era
do conhecimento, em uma perspectiva conflitante a educação é vista como o maior recurso de
que se dispõe para enfrentar essa nova estruturação do mundo. O processo de globalização
implica basicamente na maior centralização de renda, na exclusão e marginalização total dos
países que não tiveram condições de fazer parte deste processo, e do sistema financeiro.
A educação escolar é de certa forma prejudicada pela lógica capitalista e pelos ideais
neoliberais, e as políticas educativas desconsideram as diversidades da sociedade. O
neoliberalismo propôs uma mudança no papel do Estado, sustentando que o mercado deveria
substituir a política, e quanto à política educacional, a mesma segue a lógica de mercado,
restringindo a ação do Estado à garantia da educação básica, e deixando os outros níveis
sujeitos as leis de oferta e procura. Essas transformações atingiram a cultura e a educação.
O neoliberalismo origina uma nova forma de se ver a qualidade educacional
associando-a aos princípios de produtividade e rentabilidade, introduzindo nas escolas a
lógica da concorrência, desta forma foi necessário uma transformação no modelo educacional,
onde é necessário praticar uma democratização da qualidade da educação, que não só forme o
profissional para atuar mercado, mas também forma um cidadão que reflete e atua na
sociedade com consciência e senso crítico. O neoliberalismo insere uma redefinição de
educação em termos de mercado, ou seja, onde teremos trabalhadores e consumidores, sem
esquecer o empresário, neste sentido querem preparar o aluno para o mercado de trabalho,
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mas talvez esquecendo de outros aspectos e fatores importantes na vida de cada aluno. Pois
sabemos que a educação (tem seu lado social), ou seja, a qualidade social, algo que também
precisa estar presente nas escolas, precisamos “preparar” os alunos para a vida em todos os
seus aspectos e não apenas para uma atuação especifica e definida.
As consequências da globalização e do neoliberalismo para educação são enormes:
busca da qualidade de ensino, incorporação das tecnologias de comunicação e informação,
modernização do ensino, adequação do ensino à competição do mercado internacional.
Contudo, essa evolução rápida, muitas vezes acontece de forma excludente e individualista,
preocupada em demasia com a formação de profissionais para atender ao mercado de trabalho
deixa a desejar em relação a uma formação mais humana.
O ideario neoliberal e a
globalização definem e estabelecem o conceito de qualidade na educação. Nesta ótica
paradigmática a escola pode ser medida e controlada através de métodos de avaliações
externas ao processo em que esta inserida. Nos modelos de avaliação destes pressupostos
ideológicos prevalece os métodos quantitativos em detrimento aos qualitativos. O produto
final é considerado para verificação dos problemas de gestão. Ao considerar a lógica
mercantilista, consideram a aptidão para a produtividade econômica, e deixa em segundo
plano a construção do conhecimento. O modelo neoliberal, toma como modelo de gestão da
escola a fabrica. E seu lema é “oportunidades iguais aos desiguais”. Sugerindo assim que os
sujeitos são seres individuais e que devem competir entre si para merecer as melhores
oportunidades. O Estado faz a regulação da educação diminuindo mais ainda os limites entre
educação e mercado consolidando a lógica centralizadora de suas ações, tranformando alunos
em consumidores ou compradores.
No que se refere ao caráter sociológico e ideológico muitas vezes é desconsiderado no
que se refere a construção de uma educação do trabalho pela via da solidariedade, o que se
verifica é uma preocupação do sistema neoliberal em implantar uma competição constante. Na
realidade é uma classe dominante querendo garantir seu poder ideológico. Pois, a simplificação do
trabalhado ocorrido pela a apropriação de conhecimentos científicos e tecnológicos desencadea a
complexificação de todo sistema. O contexto histórico da educação profissional é o exemplo
mais explícito, se constituindo pela via da dualidade entre trabalho manual e trabalho
intelectual, visando a garantia da produção de massa cujos conteúdos se voltam para o
interesse do capital. Desta forma condicionando a função social da educação para uma
perspectiva tecnicista em prol do capital (FRIGOTTO, 1996).
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A educação formal é resultado das relações sociais visando assim sustentar modos de
produção capitalista desenvolvendo mecanismos de competição, de assegurando um sistema
de consumo e de desigualdade social exigindo do trabalhador um disciplinamento dos seus
conhecimentos científicos tornando os mais apurados respondendo os ditames da produção
trata-se, portanto de uma formação tecnicista. Entretanto, observa-se uma fratura, uma
fragmentação do sistema, pois há um discurso da obsolescência desta proposta educacional e
a nova proposta é uma formação integral e exclusivamente voltada para as necessidades da
gestão do trabalho visando assim a canalização da, o aproveitamento máximo da força de
trabalho, ou seja, extensão é considerado como práxis social. E na perspectiva de Antunes,
O trabalho é, portanto, um momento efetivo de colocação de finalidades humanas,
dotado de intrínseca dimensão teleológica. E, como tal, mostra-se uma experiência
elementar da vida cotidiana, nas respostas que oferece aos carecimentos e
necessidades sociais. Reconhecer o papel fundante do trabalho na gênese e no
fazer-se do ser social nos remete diretamente à dimensão decisiva dada pela esfera
da vida cotidiana, como ponto de partida para a genericidade para-si dos homens
(ANTUNES, 1999, p.168).
A intencionalidade da educação pe um desafio a ser analisado pois é fundamental uma
crítica a educação bancária visando uma proposta de educação emancipatória. Mas o
problema consiste em para quem, para que e que educação queremos? Adotamos uma postura
critica no que se refere a educação mecanicista, mas recorremos ao mesmo erro desta
proposta educacional quando apenas propomos modificações de conteúdos e de estratégias
pedagógicas pautado-nos no modelo de competências assegurando o status do sistema
neoliberal e acabamos por transferir a responsabilização do sucesso ou não escolar ao aluno
sendo este o sujeito.
O que demonstra uma inversão de valores, pois este sujeito educando é o principal
interessado no sucesso escolar. É o sistema (capital) quem regulariza o interesse social
condicionando a sociedade a uma cultura filosófica e utiliza-se da metodológica dialética
para assim definir o percurso formativo conforme interesse próprio com finalidade de
interiorizar no trabalhador os valores (éticos) normatizadores do mercado.
A construção de novos parâmetros sociais se torna sendo afetadas pelo discurso das
competências individuais que é a base do um processo de certificação profissional e
reorganizando do sistema educacional colocando-o a serviço do capital. Entendemos que o
trabalho deve se pautar em uma relação social cooperativa. A proposta de qualificação
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profissional deverá considerar todos os aspectos da realidade social referente a educação
integral, pois a viabilidade desta proposta esta na formação utópica do sujeito. Ou seja, tudo
irá depender de como é operado no âmbito social. Ententedemos que esta utopia se consiste
nas reais possibilidades de transformação social da realidade educacional do trabalhador
considerando a história, a ação, os fenômenos sociais e culturais no universo do trabalhador.
A questão do trabalho não é uma concepção estática ao contrário hoje já é permitido a
inserção legal do jovem no mercado de trabalho pelo programa (jovem aprendiz) o que
configura uma remodelagem do atual sistema econômico e consequentemente influenciando
a proposta do sistema educacional brasileiro para o ensino médio dando – o um carater
(ropagem) tecnicista se distanciando de uma proposta construtivista pautada na dialogicidade.
Na verdade o pano de fundo de toda essa relação além do sistema econômico (perverso) há
uma concepção histórica positivista e iluminista que os jovens vivem em uma luta de
contradições sem perspectiva de sentido e portanto o trabalho é uma via de dominação de
retenção de potencialidades.
Há uma forma ideológica de agir humano isto é o pensamento comum é uma práxis
utilitária é a “representação da coisa. Surge um novo modelo de Estado, uma nova
organização produtiva na década de 1970 com a nova crise da acumulação capitalista.
Contudo devemos entender que, as produções da consciência humana, na dialética com a
realidade produzem novas teorias, e dessa forma se compreende a realidade de maneira
histórica e lógica, conforme a conhecemos e que é um desafio a ser superado constantemente.
E o trabalho (conhecimento) só tem sentido se cumprir sua função de revelar a realidade nas
suas contradições. A realidade não se apresenta imediatamente ao jovem é um processo
gradual e que se deve usar da dialética, distinguindo portanto a representação e o conceito da
coisa em si que são duas qualidades das práxis humana. O jovem perante a realidade não se
constitui apenas como um sujeito cognoscente, pois há uma objetividade em suas ações. Ao
jovem é indispensável considerar a experiência da atividade prático-utilitária assim ele cria as
suas próprias representações das coisas, ou seja, gerando as formas fenomênicas da realidade
(trabalho).
Mas, o problema consiste na disposição ou configuração da realidade social, que
imporia à cotidianidade dos indivíduos. Nessa embricada formação do jovem o trabalho
possibilita-o a ser
“coisificado e personificado”; ou seja, se reproduziria indivíduos
criticamente apáticos, “politicamente dóceis” e “economicamente úteis”, favorecendo a
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história da ideologia capitalista, do Estado e da política. As formas fenomênicas são distintas
e contrárias mas seu conceito é correspondente da coisa, ou seja, a práxis utilitária é senso
comum, o que significa dizer que não é a compreensão consciente do real. Portanto deve-se
desnaturalizar o que se coloca como natural e isto é além da pseudoconcreticidade a qual é a
tomada das coisas no seu isolamento a mediação pelo imediato. Dentro da proposta
capitalista o jovem trabalhador não pode considerar a processualidade dos fatos, não podendo
articular pensamento e realidade, não lhe é permitido pensar a relação social de forma
dinâmica e as formas das consciências sócias produzidas.
O que irá desencadear a superficialidade, o que significa dizer que é um viver na
práxis fetichizada. É nesse cenário que surge o papel da escola emancipatória oportunizando
ao jovem a análise do fenômeno (trabalho), ou seja, a linguagem (fenômeno e essência) não é
a mesma coisa. Na pseudoconcreticidade, o fenômeno e a essência são tomados como iguais
mas deve-se fazer uma criticidade deste processo. Surgindo assim a necessidade de um novo
perfil humano e discursos/práticas educacionais sobre o corpo no trabalho, e fora dele, ou
seja, é uma nova maneira de se relacionar/nova sociedade. Mas o discurso apreende a
concretude das reordenações sociais da sociedade capitalista ou romper com as práticas
utilitárias e fetichistas.
Mas como desconsiderar o espaço e tempo no processo formativo do sujeito que é
constituido histórico e social e que esta sujeito as interperes da vida, as condições que o
permeia. Todavia é prudente defendermos que o lugar de jovem é na escola e o trabalho não
pode ser o seu fim ou consequência da permanência do jovem. Pois, consideramos que
quanto mais cedo o jovem se inserir no sistema laborial esse esta sendo massificado e
consequentemente as suas relações sociais acabam sendo prejudicadas pelo sistema
mercantilizado que condiciona a vida social não oportunizando ao jovem uma criticidade da
sua mão de obra (barata/custo baixo) tornando um benefício ilusório não oportunizando – o a
uma reeconstrução ou reorganização das suas habilidades e assim reformando a ideologia do
sistema capitalista. Desta forma obrigando-o a assumir responsabilidades de adulto, ou seja, a
sua autonomia é agredida, sucumbida.
O jovem estudante trabalhador é discriminado, desestimulado duas vezes pois este
entra em um processo de esgotamente energético que consome toda a sua juvialidade e em
prol de um sistema capitalista que o explora com o discurso de capacitá-lo, prepará-lo para
ser um competidor. O discurso oficial é; quanto mais prematuro for a inserção no mercado de
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trabalho a garantia de sucesso financeiro, estabilidade laborial, a aposentadoria estarão
garantidas. Portanto, fica evidente que há vários fatores prepoderentes que influenciam o
condicionamento da ruptura social criando assim a desvalorização do essencial que é a
permanência do aluno na escola é um fenômeno que causa tensões nos jovens. E outro fator
importante a ser considerado é a qualidade o ambiente do trabalho, além do salário e a escola
vai perdendo espaço ou passa atuar em prol de beneficiar o sistema (capitalismno)
excludente. Afinal qual o tipo identitário na formação do jovem esta se propondo com esse
tipo de sistema.
Crises e contradições, poder e dominação fazem parte da sociedade capitalista.
Compreendemos que o trabalho é essencial para o desenvolvimento da humanidade, mas o
questionamento consiste em qual tipo de trabalho e para quem desenvolvê-lo?
Pois,
estamos aqui trabalhando na esfera de entendimento que o trabalho passou a oprimir, a
transgredir a autonomia do trabalhador, se trata da produção ou manutenção da mais valia e
suas consequências cada vez mais vão se tornando evidente que é a reprovação, o abandono
escolar e isto se caracteriza como multiplas contradições. Ao considerar a realidade do jovem
estudante trabalhador logo percebemos a importância do papel da escola, ou seja, o
ressignificado que esta pode possibilitar ao jovem pela via da dialética que se constrói pela
superação do senso comum e o estabelecimento da criticidade filosófica como parâmentro na
constituição de todas as suas relações.
É quase unanime que educadores e pensadores tenham as respostas para os problemas
da escola, não diferente desses penso que a transformação social é um mecanismo que poderá
nos auxiliar a pensar meios para a redução da evasão ou do fracasso escolar. É dentro desse
contexto que se deve pensar o materialismo dialético e histórico no que se refere as mudanças
sociais especificamente a estrutura econômica que se apresenta como excludente e o papel do
Estado é de extrema importância para que uma melhor regulação do sistema e melhor
destribuição de rendas e isto fará com que ocorra a transformação, redimencionando a
essência do trabalho.
Agora o problema consiste em como assumir uma articulação orgânica do trabalho.
Entendo que todo este processo inevitavelmente desencadeará o processo de alienação do
trabalhador. Portanto não há como deixar de considerar que o fenômeno da evasão e do
fracasso escolar devem ser considerados e tratados na essência da relação entre escola,
sociedade, capital, trabalho e Estado. Concluo esta seção com a certeza que os fatores
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macrossociais na sua essência determinam o fenômeno de inserção precose do jovem no
mercado de trabalho e assim desencadeando a evasão e o fracasso escolar.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do Trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do
trabalho. São Paulo, Boitempo Editorial.1999.
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