PERONA, Gabriel Moreira. PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS

Transcrição

PERONA, Gabriel Moreira. PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL,
EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL
GABRIEL MOREIRA PERONA
PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS COMO INSTRUMENTO
PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL
BELO HORIZONTE
2015
GABRIEL MOREIRA PERONA
PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS COMO INSTRUMENTO
PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL
Dissertação apresentada ao Mestrado
Profissional em Gestão Social, Educação
e Desenvolvimento Local do Centro
Universitário UNA como requisito parcial à
obtenção do título de mestre
Área de Concentração: Inovações
Sociais e Desenvolvimento Local
Linha de Pesquisa:
Desenvolvimento Local
Educação
e
Orientadora: Professora Dra. Fernanda
Carla Wasner Vasconcelos
Belo Horizonte
2015
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA
MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Dissertação intitulada "PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS COMO INSTRUMENTO
PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL", de autoria do mestrando GABRIEL
MOREIRA PERONA, aprovada pela comissão examinadora composta pelos
seguintes membros:
________________________________________________________________
Professor(a): Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos (Orientadora) - UNA
_________________________________________________________________
Professor(a): Dra. Adilene Gonçalves Quaresma - UNA
_________________________________________________________________
Professor(a): Dra. Raquel Garcia Gonçalves - UFMG
_________________________________________________________________
Profa. Dra. Lucília Regina de Souza Machado
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e
Desenvolvimento Local
Belo Horizonte, _____ Novembro de 2015
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
A Deus pela força espiritual e serenidade para realização deste trabalho.
À minha orientadora, Doutora Fernanda Carla Wasner Vasconcelos, pela orientação,
amizade e disponibilidade ao longo destes dois anos.
À professora Dra. Adilene Gonçalves Quaresma, e à professora Dra.Lucília Regina
de Souza Machado, pelas ponderações e observações no processo de qualificação.
À professora Dra. Adilene Gonçalves Quaresma e à professora Dra. Raquel Garcia
Gonçalves que aceitaram participar desta banca.
Aos professores do corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Gestão
Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA, pelo
carinho, amizade, e apoio, em especial à professora Dra. Matilde Miranda que me
fez enxergar a beleza nas pequenas coisas da vida, e acreditar em um mundo
melhor.
Aos meus colegas e amigos de curso, em especial Gislene Dutra e Rafael Vieira,
que muito me apoiaram e juntos compartilhamos alegrias, angústias e superações.
Aos meus colegas de trabalho, pelo apoio, carinho e palavras de incentivo.
Aos alunos e moradores da Bacia do Córrego Bom Jesus, que participaram desta
pesquisa e que enriqueceram este trabalho.
Aos meus pais Flávio Perona e Leila Moreira Perona, por todo apoio, carinho e
orgulho ao longo desta caminhada.
Ao meu irmão Tadeu Moreira Perona, pelo apoio, incentivo e amizade ao longo não
apenas deste curso, mas da vida.
À minha esposa, Cristiane Alves Zaidan, que nunca mediu esforços para me apoiar,
com muito carinho e compreensão, mesmo nos momentos que estive ausente ou
esbanjando mau humor.
E a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
desta dissertação.
"Saiba diferenciar o: VOCÊ QUER ou VOCÊ
PRECISA? Pequenas mudanças fazem toda
diferença no cotidiano do nosso planeta!"
Edinaiane Shinigami
RESUMO
A Bacia do Córrego Bom Jesus, em Contagem/MG, tem sofrido transformações
socioambientais devido ao processo de uso e ocupação do solo, iniciado em 1953. A
questão central tratada nesta dissertação é a percepção de moradores e jovens
(alunos do Ensino Médio) sobre a contribuição da educação para promoção do
desenvolvimento local na região da Bacia do Córrego Bom Jesus, considerando os
impactos socioambientais causados pela expansão urbana, no período de 1953 a
2014. Este tema foi escolhido, pois a região da Bacia do Córrego Bom Jesus
apresenta vários problemas socioambientais que contribuem com a poluição da
Lagoa da Pampulha e geram impactos no desenvolvimento local. Neste contexto,
objetivou-se analisar como a educação pode contribuir para promover o
desenvolvimento local da Bacia do Córrego Bom Jesus (Contagem/MG),
considerando os impactos socioambientais causados pela expansão urbana. A
pesquisa bibliográfica baseou-se nos conceitos de percepção socioambiental,
urbanização, educação e desenvolvimento local. Na metodologia, para a abordagem
quantitativa, foram aplicados 315 questionários em 5 instituições públicas de Ensino
Médio, cujos dados foram tabulados e tratados estatisticamente por Análise Fatorial
Exploratória e, posteriormente, submetidos à análise de variância (Teste de Tukey e
teste F). Com o intuito de compreender os processos de uso e ocupação do solo
nessa área, foi realizada uma análise sobre o processo de ocupação da região de
1953 a 2014, utilizando fotografias de diferentes épocas, através dos relatos dos
moradores mais antigos da região através da história oral e, com os alunos do
Ensino Médio, informações advindas dos grupos focais, caracterizando a abordagem
qualitativa dessa pesquisa. O projeto foi cadastrado na Plataforma Brasil, sob o n°
39195814.0.0000.5098 intitulado Percepções Socioambientais de alunos do Ensino
Médio para Construção de Agendas 21 Escolares e aprovado pelo Comitê de Ética
do Centro Universitário UNA. Para os moradores entrevistados, os impactos
socioambientais são oriundos dos processos de ocupação e desenvolvimento da
região, o que proporcionou melhorias na qualidade de vida desses indivíduos. Para
os alunos participantes desta pesquisa, constatou-se que eles não conseguem
associar o conteúdo aprendido na escola com a realidade local, não percebendo os
impactos socioambientais que ocorrem na região, com os aspectos relacionados à
percepção do ambiente urbano. Entretanto, os alunos que participaram de atividades
diferenciadas (trabalho de campo, oficinas de reciclagens, jogos que caracterizam a
região), desenvolveram maior percepção dos impactos socioambientais,
possibilitando o entendimento sobre o uso e ocupação desse espaço, favorecendo o
empoderamento local. Ficou evidente para o pesquisador, que a educação
ambiental formal possui papel importante nos processos de gestão social, ao formar
cidadãos críticos capazes de transformar o local em que vivem, de forma a gerar o
desenvolvimento local. Neste contexto, a contribuição técnica dessa pesquisa é um
guia de atividades para a elaboração de Agenda 21 Escolar, propiciando a
integração dos alunos com o ambiente à sua volta, capaz de desenvolver o senso
crítico fomentando a transformação local.
Palavras-chave: Desenvolvimento local. Educação. Percepção socioambiental.
Urbanização.
ABSTRACT
Bom Jesus Stream Basin, in Contagem, has undergone socio-environmental
changes due to soil and land use initiated in 1953. The central question treated in
this dissertation is the perception of dwellers and young people (pupils of high
school) on education contribution to promote local development in Bom Jesus
Stream Basin, considering socio-environmental impacts, caused by urban sprawl in
the period from 1953 to 2014. This theme was chosen, because the region of Bom
Jesus Stream Basin presents several socio-environmental problems which contribute
to pollution of Lagoa da Pampulha (Pampulha Lagoon), producing impacts in local
development. In this context, one’s gool was analyzing how education can contribute
to promote local development of Bom Jesus Stream Basin, in Contagem Minas
Gerais, considering socio-environmental impacts, caused by urban sprawl.
Bibliographical research was based upon concepts of socio-environmental
perceptions, urbanization, education and local development. In methodology, for
quantitative approach, 315 questionaries were applied,in five public institutions of
high school, whose data were statistically tabulated and treated by Factor
Exploratory Analysis and subsequently submitted to a variance analysis (Tukey’s
Test and F Test.) With a view to understand the processes of soil and land use in
that area, an analysis on occupation process of the region was realized, from 1953 to
2014, using different time photographies, through reports of the oldest dwellers in the
region which used oral history.High shcool pupils gave information from focus
groups, what characterized qualitative approach of this research. The Project was
signed up in Brazil Platform, under number 39195814.0.0000.5098, Socio entitled
Perceptions of high school students for Construction Agenda 21 School and it was
approved by Ethics Committee of Centro Universitário UNA. According to interviewed
dwellers, socio-environmental impacts are originated form processes of occupation
and development of the region which, on the other hand, improved their quality of life.
It was verified that the pupils which participated in this research cannot associate the
content learnt in their school with local realiaty, and they don’t understand socioenvironmental impacts which occur in their region, and with aspects related to
perception of urban environmental. However, students which participated in
differentiated activities (fieldwork, recycling workshops, games typical of their region)
developed a greater perception of socio-environmental impacts, enablig
understanding use and occupation of this space, favoring local empowerment. It was
evident to researcher that formal environmental education play an important role in
social management processes, when forming critical citizens able to transform the
local where they live, generating local development. In this context, technical
contribution of this research is an activity guide to elaborate School Agenda 21,
propitiating the integration of the students with their surroundings, able to develop
critical sense, encouraging local transformation.
Keywords: Local
Urbanization.
development.
Education.
Socio-environmental
perception.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Regiões Administrativas do Munícipo de Contagem ................................................... 17
Figura 2: Regional Nacional e a Bacia do Córrego Bom Jesus .................................................. 18
Figura 3: Localização da Bacia do Córrego Bom Jesus. ............................................................. 64
Figura 4: Vista aérea da região onde se localiza o Córrego Bom Jesus em 1970 e 2015. .... 72
Figura 5: Campo do Terrestre .......................................................................................................... 75
Figura 6: Rua Quatro: disposição inadequada de resíduos sólidos e ferro velho. .................. 75
Figura 7: Área de ocupação ilegal anterior ao Ponto Zero de Despoluição. ............................ 77
Figura 8: Regiões Administrativas do Munícipo de Contagem ................................................... 93
Figura 9: Localização das escolas................................................................................................. 103
Figura 10: Parque municipal das Amendoeiras........................................................................... 131
Figura 11: Depósito de lixo e entulho às margens do Córrego Amendoeiras (Gangorra). .. 133
Figura 12 Nascente do Córrego Bom Jesus na Fazenda Taquaril. ......................................... 135
Figura 13: Poluição em área preservada do Córrego Bom Jesus. ........................................... 136
Figura 14: Área de ocupação ilegal anterior ao Ponto Zero de Despoluição. ........................ 137
Figura 15: Córrego Bom Jesus no Bairro Bom Jesus. ............................................................... 139
Figura 16: Bairro Vale das Orquídeas........................................................................................... 140
Figura 17: Obras da construção da Avenida Nacional. .............................................................. 141
Figura 18: Poluição às margens do Córrego Bom Jesus. ......................................................... 142
Figura 19: Foz do Córrego Bom Jesus. ........................................................................................ 142
Figura 20: Grupo focal ..................................................................................................................... 143
Figura 21:Páginas ilustrativas do Guia - parte 1.. ....................................................................... 165
Figura 22: Páginas ilustrativas do Guia – parte 2. ...................................................................... 166
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-Número de alunos do Ensino Médio matriculados em cada instituição...... 24
Tabela 2-Proporcionalidade de entrevistados e o número de alunos ........................ 25
Tabela 3 - Número de alunos do Ensino Médio matriculados em cada instituição.... 93
Tabela 4 - Proporcionalidade de entrevistados e o número de alunos ...................... 94
Tabela 5 - Teste de adequação da Análise Fatorial Exploratória, Teste de KMO e
Bartlett ....................................................................................................................... 95
Tabela 6 - Tabela resumo da Análise Fatorial Exploratória ....................................... 96
Tabela 7 - Análise Fatorial Confirmatória e análise de confiabilidade ....................... 97
Tabela 8 - Comparação de Gênero ........................................................................... 98
Tabela 9 - Comparação das Dimensões por Séries ................................................ 100
Tabela 10 - Idade dos Participantes ........................................................................ 101
Tabela 11 - Escolas da Região .............................................................................. 102
Tabela 12 - Tempo que reside na Região estudada. .............................................. 105
Tabela 13 - Gostar de morar na região. .................................................................. 106
Tabela 14 - Identificar os Córregos da região ......................................................... 106
Tabela 15 - Em sua escola, você tem aulas de Educação Ambiental? ................... 107
Tabela 16 - Disciplinas nas quais se estudam temas relacionados ao meio ambiente
................................................................................................................................ 108
Tabela 17 - Itens necessários para o desenvolvimento da região........................... 109
Tabela 18 - Dimensão Qualidade socioambiental ................................................... 111
Tabela 19 - Destinação do esgoto doméstico ......................................................... 112
Tabela 20 - Dimensão - Aspectos econômicos ....................................................... 113
Tabela 21 - Dimensão - O Papel da educação........................................................ 114
Tabela 22 - Dimensão - Responsabilidade ambiental ............................................. 115
Tabela 23 - Mudança de região.............................................................................. 115
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ANOVA
Análise de Variância
CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CBH
Comitês de Bacias Hidrográficas
CEP
Comitê de Ética em Pesquisa
COPASA
Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CRBP
Consórcio de Recuperação da Bacia da Pampulha
E
Erro Amostral
E.E.
Escola Estadual
Funec
Fundação de Ensino de Contagem
IBAMA
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBICT
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IGAM
Instituto Mineiro de Gestão das Águas
Km2
Quilômetro quadrado
KMO
Kaiser-Meyer-Olkin
LDB
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MEC
Ministério da Educação e Cultura
MG
Minas Gerais
MMA
Ministério do Meio Ambiente
m²
Metros quadrados
m3.s-1
Metros cúbicos por segundo
n°
Número
N
População Estudada
N
Amostra Calculada
P
Verdadeira Probabilidade do Evento
PCNs
Parâmetros Curriculares Nacionais
PERH
Plano Estadual de Recursos Hídricos
PI
Piauí
PNE
Política Nacional de Educação
PNEA
Política Nacional de Educação Ambiental
PNRH
Plano Nacional de Recursos Hídricos
PPG - GSEDL
Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e
Desenvolvimento Local
TCLE
Termo de Consentimento de Livre e Esclarecido
TO
Tocantins
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura
URSS
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
Z
Variável normal padronizada associada ao nível de confiança
Sumário
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
2
PERCEPÇÃO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM UMA BACIA
HIDROGRÁFICA COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O
DESENVOLVIMENTO LOCAL ................................................................................. 30
2.1 Introdução...................................................................................................... 31
2.2 Fundamentação teórica ................................................................................ 32
2.2.1 Importância dos estudos de percepção ambiental ............................ 32
2.2.2 Efeitos da urbanização em diferentes ambientes ............................. 35
2.2.4
A conquista do desenvolvimento local a partir da educação
ambiental ......................................................................................................... 46
2.3 Considerações finais ................................................................................... 51
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 53
3 O PAPEL DA EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL .................. 62
3.1 Ocupação e Urbanização da Bacia do Córrego Bom Jesus (MG) ............ 62
3.1.1 Introdução .............................................................................................. 63
3.1.2 Referencial teórico ................................................................................. 65
3.1.3 Metodologia ............................................................................................ 68
3.1.4 Resultados.............................................................................................. 69
3.1.5 Considerações finais ............................................................................. 80
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 83
3.2 A percepção socioambiental dos alunos do Ensino Médio sobre a Bacia
do Córrego Bom Jesus ....................................................................................... 88
3.2.1 Introdução .............................................................................................. 89
3.2.2 Referencial Teórico ................................................................................ 90
3.2.3 Metodologia ............................................................................................ 92
3.2.4 Resultados.............................................................................................. 98
3.2.5 Considerações Finais .......................................................................... 116
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 117
3.3.1 Introdução ............................................................................................ 123
3.3.2 Referencial teórico ............................................................................... 124
3.3.3 Metodologia .......................................................................................... 129
3.3.4 Resultados............................................................................................ 130
Este tópico será estruturado na descrição do trabalho de campo e do
posicionamento obtido nos depoimentos. ................................................. 130
3.3.5 Considerações finais ........................................................................... 145
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 147
4 GUIA DE ATIVIDADES PARA SUBSIDIAR A ELABORAÇÃO DE AGENDAS 21
ESCOLARES .......................................................................................................... 153
4.1 Introdução.................................................................................................... 154
4.2 Referencial teórico ...................................................................................... 156
4.2.1 - Educação ambiental e Agenda 21 para o desenvolvimento local . 156
4.3 Metodologia ................................................................................................. 161
4.4 Resultados ................................................................................................... 162
4.4.1 - Proposta para Agenda 21 Escolar .................................................... 162
4.5 Conclusão .................................................................................................... 166
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 167
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 171
5.1Limitações da pesquisa ................................................................................... 174
5.2 Recomendações para pesquisas futuras.................................................. 174
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 177
APÊNDICES ........................................................................................................... 181
APÊNDICE A ......................................................................................................... 181
APÊNDICE B ......................................................................................................... 185
APÊNDICE C ......................................................................................................... 186
APÊNDICE D ......................................................................................................... 187
APÊNDICE E ......................................................................................................... 189
ANEXOS ................................................................................................................. 226
ANEXO A ................................................................................................................ 226
ANEXO B ................................................................................................................ 229
ANEXO C ............................................................................................................... 231
ANEXO D ............................................................................................................... 232
ANEXO E .............................................................................................................. 233
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................................... 233
ANEXO F ............................................................................................................... 236
1 INTRODUÇÃO
O crescimento das cidades e os processos de urbanização foram acentuados após a
primeira Revolução Industrial, pois intensificaram os impactos socioambientais nos
centros urbanos devido ao processo migratório incentivado pela procura de trabalho
e de oportunidades financeiras propiciando uma ocupação aleatória dos centros
urbanos.
As cidades passaram a ser o centro das decisões políticas e financeiras e a
educação, a base para a cidadania e para o fortalecimento da democracia, pois
através da educação é possível formar cidadãos críticos capazes de lutarem por
melhorias socioambientais para o local em que eles vivem.
No Brasil os aspectos relacionados à urbanização, à educação e à qualidade de vida
do povo estão descritos e garantidos na Constituição Federal de 1988. Segundo a
Constituição Federal, “todo brasileiro tem direito à educação, saúde, alimentação,
trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à
infância.” (BRASIL, 1988).
Como a educação é assegurada pela constituição, leis foram criadas para nortear a
educação brasileira, como a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
no 9.394/1996 que dispõe sobre a Educação Ambiental, regulamentada pela lei no
9.795/1999 (PNEA) e pelo Plano Nacional de Educação (PNE), pela lei no
13.005/2014 (MEC, 2015). Para organizar as ocupações urbanas, foi criado o
Estatuto da Cidade definido pela lei no 10.257/2001 que regulamenta os artigos 182
e 183 da Constituição Federal de 1988, que busca ordenar as funções sociais das
cidades bem como a posse das terras, garantindo assim qualidade de vida para os
seus habitantes (BRASIL, 2001).
A função social da propriedade, segundo Evangelista (2013), é o direito que cada
cidadão tem em relação à propriedade ressaltando que o interesse coletivo está
acima do individual . Sendo assim,
16
[...] todo indivíduo tem o dever social de desempenhar determinada
atividade, de desenvolver da melhor forma possível sua
individualidade física, moral e intelectual, para com isso cumprir sua
função social da melhor maneira (FIGUEIREDO, 2008, p. 83).
No Brasil, de acordo com a Constituição Federal de 1988 e posteriormente com o
Estatuto da Cidade os municípios com mais de 20.000 habitantes devem propor seu
Plano Diretor1 de ocupação. Dessa forma, estes municípios têm autonomia de
decidir, analisar e reger a ocupação espacial, evitando
um crescimento
desorganizado que gere degradação ambiental, cultural e, principalmente, a
especulação imobiliária (CARVALHO, 2010; PRATA, 2011).
A região da Bacia do Córrego Bom Jesus está localizada na regional Nacional no
município de Contagem em Minas Gerais. Neste município, o Plano Diretor foi
instituído em 1995 e já foi revisado duas vezes em 2006 e 2012(JORNAL DOC,
2012).
Figura 1: Regiões Administrativas do Munícipo de Contagem
Fonte: Contagem, 2015
1
Instrumento básico de um processo de planejamento municipal para a implantação da política de
desenvolvimento urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados.
17
O Plano Diretor de Contagem é recente, se comparado à história desse município,
que data de 1715. Entretanto, a urbanização deste município teve início na década
de 1940, com a instalação do Parque Industrial Juventino Dias conhecido como
Cidade Industrial. Na Bacia do Córrego Bom Jesus os processos de urbanização
iniciaram em 1953, com o primeiro loteamento da Fazenda Gangorra.
Figura 2: Reginonal Nacional e a Bacia do Córrego Bom Jesus
Fonte: Contagem, 2015
A região passou por várias mudanças estruturais, observando-se notória
urbanização a partir de meados da década de 1990, com a instalação de empresas
de médio e grande portes. Em contra partida, não se observa nessa região, uma
preocupação das instituições de ensino na formação de cidadãos críticos que sejam
18
atores nos processos de gestão social para o desenvolvimento local e nem dos
efeitos da urbanização para o desenvolvimento da região.
A região da Bacia do Córrego Bom Jesus possui uma área de drenagem de
16,95Km2 com vazão de 0,5393m3s-1, no período chuvoso. Seus principais afluentes
são o Córrego Banguelo, o Córrego Amendoeiras (Córrego Gangorra), o Córrego
Munizes, o Córrego do Bairro Xangrilá e o Córrego do Confisco (PAMPULHA, 2012).
Os córregos Bom Jesus e Sarandi (Contagem) juntos com os Córregos Ressaca e
Água Funda (Belo Horizonte) são responsáveis por 92,8% da vazão dos afluentes
da Lagoa da Pampulha e dos esgotos e detritos sólidos despejados na mesma
(IGAM, 2013).
O tema referente à percepção socioambiental de alunos e moradores para o
desenvolvimento local foi escolhido, pois a região da Bacia do Córrego Bom Jesus
apresenta vários problemas socioambientais que contribuem com a poluição da
Lagoa da Pampulha e geram impactos no desenvolvimento local. Entre estes
problemas destacam-se a expansão urbana e a especulação imobiliária que
prejudicam a qualidade ambiental e os serviços públicos na região, como visto
também nos trabalhos de Ribeiro e Bueno (2010) e Prata (2011). Assim Silva e
Kayser (2010) afirmam que compreender como estruturar uma relação social e
tecnológica sem degradar o meio ambiente tem sido um desafio para toda a
sociedade.
Entretanto, a educação pode interferir positivamente no desenvolvimento local e, ao
mesmo tempo, sensibilizar os indivíduos sobre a importância da preservação de
ecossistemas.
Com base na educação, espera-se um melhor desenvolvimento socioambiental
local, propiciando uma melhora na qualidade de vida das pessoas que vivem na
Bacia do Córrego Bom Jesus. Para isso, será importante criar mecanismos que
favoreçam a construção de Agenda 21 Escolar que é um instrumento de integração
entre a escola e a comunidade visando o desenvolvimento sustentável
para a
região, pois através de atividades educacionais bem articuladas na elaboração deste
19
instrumento será possível desenvolver o senso crítico nos alunos, para que estes
conheçam o seu papel social e participem dos processos de mudança e
desenvolvimento local. Entretanto, para um desenvolvimento eficiente e sustentável,
é preciso que haja intersetorialidade com o envolvimento e a participação de todos
os setores sociais, políticos e econômicos que atuem na área, mas a valorização do
papel de cada um em prol do coletivo, tornando importante mecanismo de/para
mudanças.
Assim, a questão central deste trabalho é: Qual a percepção de alunos e moradores
sobre a contribuição da educação para promover o desenvolvimento local, causados
pela expansão urbana na região da Bacia do Córrego Bom Jesus (Contagem/MG),
no período de 1953 a 2014?
Como hipótese na busca de respostas para esta pergunta, entende-se que as
atividades de educação ambiental, interferem na percepção socioambiental dos
alunos para o ambiente em que estão inseridos.
Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar como a educação
pode contribuir para promover o desenvolvimento local considerando os impactos
socioambientais causados pela expansão urbana, tendo em vista a contribuição
técnica e as características de inovação social.
A partir do objetivo geral, foram estabelecidos três objetivos específicos, com se
observa a seguir:
1. Realizar revisão teórica sobre percepções de impactos socioambientais
de processos de expansão urbana e sobre a contribuição da educação para
o desenvolvimento local.
2. Analisar as percepções dos alunos sobre o ambiente e como a educação
ambiental pode contribuir para promover o desenvolvimento local da Bacia
do
Córrego
Bom
Jesus
(Contagem/MG)
a
partir
de
interações
socioeducativas.
20
3. Propor um instrumento que possibilite as instituições de ensino
elaborarem suas Agendas 21 Escolares, contribuindo para a promoção do
desenvolvimento socioambiental.
Neste contexto, a percepção dos alunos sobre o papel da educação para o
desenvolvimento constitui uma ferramenta para subsidiar a elaboração das Agendas
21 Escolares.
A relevância dessa pesquisa está na necessidade de compreender o papel da
educação formal no desenvolvimento local, pois a escola constitui um importante
instrumento de transformação social e de mudanças de paradigmas, na formação de
sujeitos críticos e politizados, capazes de perceber a realidade e de criar soluções
para os possíveis impactos socioambientais, advindos do processo de urbanização,
propiciando melhores condições de vida e o fortalecimento da cidadania (ALVES,
2010; CHAMON e GOODWIN JR., 2012) visto que a escola constitui espaço
adequado para fomentar valores e culturas.
Este estudo é relevante, pois acredita-se que atividades desenvolvidas no âmbito
formal, a partir do resgate histórico da ocupação dessa região e da valorização para
a elaboração das Agendas 21 Escolares, seja possível mudar conceitos e hábitos,
de forma que as pessoas se unam e valorizem a região em que vivem, com ações
que evitem a degradação socioambiental desse local.
Acredita-se que a educação ambiental, baseada na Política Nacional de Educação
Ambiental (PNEA) pode ter um papel importante para amenizar os impactos
socioambientais, pois é formadora de opiniões e ajuda a criar novos hábitos e
desenvolver o senso crítico das pessoas. Desta forma, esses indivíduos podem
perceber oportunidades para o desenvolvimento local se unindo em prol dos
mesmos objetivos, cobrar ações pró-ativas das autoridades competentes, e
promover mudanças na região. Através da educação ambiental, o processo de
desenvolvimento local pode ser analisado, criticado, transformado e melhorado,
gerando impactos socioambientais que influenciam na qualidade de vida das
pessoas da região.
21
O trabalho proposto se mostra relevante para a área de concentração do PPGGSEDL,
Programa
de
Pós-Graduação
em
Gestão
Social,
Educação
e
Desenvolvimento Local, pois a análise da percepção dos alunos do Ensino Médio
sobre os impactos ambientais gerados pelo processo de ocupação e urbanização da
região associados aos relatos dos moradores mais antigos, resultarão em medidas
educacionais que geram mudanças comportamentais na sociedade. Segundo
Clarice Lispector2, em seu poema “Mude”, o mais importante não é a velocidade da
mudança, mas a direção que esta irá tomar. Portanto, as mudanças propostas pela
educação
em
seu
âmbito
ambiental
serão
importantes
para
orientar
o
desenvolvimento local.
A educação contribui para a formação de valores e para a adoção de
comportamentos, incentivando moradores e usuários da Bacia do Córrego Bom
Jesus (Contagem/MG), a atuarem de forma participativa e crítica nos processos de
valorização da região, compreendendo como as questões socioambientais se
agravam com os processos desordenados de expansão urbana.
Este trabalho é relevante na linha de pesquisa sobre Educação e Desenvolvimento
Local, pois busca analisar a percepção de moradores e alunos da região da Bacia
do Córrego Bom Jesus (Contagem/MG), sobre a contribuição da educação para as
transformações sociais, econômicas e ambientais desse espaço, considerando os
impactos gerados pela expansão urbana de 1953 a 2014 nesses setores. Neste
período,
não
houve
ações
educacionais
voltadas
para
a
orientação
do
desenvolvimento da região, cujo crescimento foi desordenado e gerou diferentes
impactos socioambientais. Desta forma, a educação formal se torna relevante nos
processos de formação de cidadãos na busca de ações que possibilitem
desenvolvimento local, além de permitir a formação de opiniões e mudanças de
hábitos, com informações que possibilitem uma menor degradação do meio
ambiente por ocupações ilegais e por formas de consumo não sustentáveis que
propiciam descartes de resíduos em locais inapropriados.
2
http://claricelispectorclarice.blogspot.com.br/
22
Por ser professor de Geografia, com Pós-Graduação em Educação Ambiental, e
trabalhar em uma instituição de ensino pública situada na Bacia do Córrego Bom
Jesus (Contagem/MG), esse trabalho é relevante profissionalmente para o
pesquisador, pois permitirá tratar com maior consistência técnica, os impactos
socioambientais causados pela expansão urbana, identificando e compreendendo a
importância da escola como ferramenta para a gestão do espaço, atuando como
facilitador no processo de desenvolvimento dessa região ao incentivar a participação
dos jovens, ao resgatar a história do espaço.
A produção técnica deste trabalho busca elaborar um guia de atividades que
facilitem a proposição de Agendas 21 Escolares, junto às instituições de ensino
localizadas na Bacia do Córrego Bom Jesus, com base nos relatos de moradores
compondo a história oral, questionários, grupos focais e trabalho de campo com os
alunos do Ensino Médio, associados às atividades realizadas pelo Consórcio de
Recuperação da Lagoa da Pampulha baseada também na pesquisa bibliográfica
desse trabalho, com o objetivo de propor ações que poderão melhorar a qualidade
de vida e o desenvolvimento socioambiental da região.
Com este Guia, as instituições de ensino da região poderão criar suas próprias
Agendas 21 Escolares, formando assim cidadãos com maior qualificação para as
práticas
sociais
de
desenvolvimento
local,
capazes
de
proporcionar
o
desenvolvimento de forma sustentável, equilibrada, gerando menos impactos sobre
o meio ambiente e a sociedade.
A pesquisa tem uma abordagem quali-quantitativa, contemplando assim, aspectos
qualitativos coletados a partir de relatos de histórias orais, grupos focais e
quantitativos, a partir da aplicação de questionários estruturados.
Foi realizada pesquisa bibliográfica, com enfoque nos temas: urbanização,
percepção e educação na perspectiva do desenvolvimento local, a partir de um
levantamento realizado nos sites: Google Acadêmico, IBICT e SCIELO, em livros,
periódicos, dissertações e teses.
23
Nos Cartórios de Registro dos municípios de Contagem e Betim, foram levantados
documentos e certidões que demonstram a história da ocupação imobiliária da
região em que se localiza a Bacia do Córrego Bom Jesus (Contagem/MG).
Imagens e fotografias mais antigas dos anos de 1960, 1970 e 1980 pertencentes
aos acervos pessoais de moradores bem como as obtidas no Departamento de
Obras de Contagem relacionadas à Regional Nacional foram utilizadas em
processos de comparação com os mesmos locais em 2015.
Com o intuito de compreender como era a vida das pessoas da região no passado,
seus hábitos e as transformações socioculturais que ocorreram na região a partir da
expansão urbana, foram coletados relatos de histórias orais junto aos moradores
que vivem na região há períodos anteriores a 1965, com o objetivo de comparar a
percepção das diferentes gerações, obtidas através dos questionários, sobre o
desenvolvimento da região.
A pesquisa quantitativa foi realizada com alunos do Ensino Médio, em 05 instituições
de ensino público (Tabela 1), na Regional Nacional, pertencentes à Bacia do
Córrego Bom Jesus, sendo aplicados e validados 315 questionários.
A amostragem para a pesquisa foi composta de forma aleatória simples em que
todos os alunos tiveram a mesma probabilidade de serem escolhidos, sendo
contemplados no máximo 40% dos alunos de cada sala, sendo estes sorteados, não
havendo intervenção nessa amostragem.
Tabela 1-Número de alunos do Ensino Médio matriculados em cada instituição
Instituição
E.E. do Bairro Carajás
Alunos matriculados
no Ensino Médio
177
E.E. Maria de Salles Ferreira
510
E.E. Ministro Miguel Mendonça
530
E.E. Presidente Tancredo Neves
463
Funec Pampulha
115
TOTAL
1735
Fonte: Secretaria de cada Instituição de Ensino, 2014.
24
Segundo
Santos
𝑁.𝑍 2 .𝑝.(1 −𝑝)
𝑍 2 .𝑝(1−𝑝)+ 𝑒 2 .(𝑁−1)
(2014),
utilizando
a
fórmula
de
cálculo
amostral,
𝑛=
, sendo n a amostra calculada, N a população, Z variável normal
padronizada associada ao nível de confiança, p a verdadeira probabilidade do
evento e e o erro amostral, considerando 95% de confiança e 5% de margem de
erro, definiu-se como amostra significativa, 315 respondentes para o questionário de
percepção socioambiental.
Após definir o número total de indivíduos, estratificou-se a amostra mantendo um
padrão homogêneo de idade, classes sociais, série, entre outros (MINGOTI et al.,
2001), conforme apresentado na Tabela 2.
Tabela 2-Proporcionalidade de entrevistados e o número de alunos
Instituição
Proporcionalidade em
relação ao número de
entrevistados %
Total de alunos de cada
Instituição de Ensino (n° alunos)
E.E. do Bairro Carajás
6,7
21
E.E. Maria de Salles Ferreira
29,4
93
E.E. Ministro Miguel Mendonça
30,6
96
E.E. Presidente Tancredo Neves
26,7
84
Funec Pampulha
6,6
21
TOTAL
100
315
Nota: Total de alunos com arredondamentos
Na coleta de dados quantitativos, o questionário (Apêndice A) deveria ter sido
aplicado utilizando a ferramenta Google Docs que é gratuita e facilita a aplicação do
questionário, pois é on line. Entretanto, no mês de Fevereiro de 2015, período
agendado junto à direção das escolas para a aplicação dos questionários, estas
estavam sem internet, pois o contrato de prestação de serviços havia se expirado.
Assim, os questionários foram xerocados e tabulados manualmente no Excel.
O questionário foi elaborado com perguntas de múltipla escolha e com perguntas
utilizando a escala de Likert. Essa escala possibilita uma graduação quantificada da
25
percepção dos entrevistados, pois gera valores de satisfação entre 1 a 5, em que 5 é
ótimo; 4 é muito bom; 3 é bom; 2 regular, e 1, ruim.
Esses dados foram tratados estatisticamente, utilizando Análise Fatorial Exploratória
e, posteriormente, submetidos à análise de variância (ANOVA), Teste de F e
comparação de médias pelo Teste de Tukey para ordenamento dos dados. Na
análise dos dados, foi verificada a percepção dos alunos em relação aos aspectos
socioambientais da região e do papel da educação para o desenvolvimento local.
Para a abordagem qualitativa, foram realizados relatos baseados nas histórias orais,
com os moradores mais antigos da região, com o intuito de registrar a percepção
socioambiental que eles possuem da região, baseados no processo de expansão
urbana e especulação imobiliária que ocorreu na área. Os moradores mais antigos
foram selecionados utilizando-se a técnica bola de neve, na qual um entrevistado
sempre indica outro até se chegar à saturação. Para tanto, os moradores
selecionados deveriam viver na região desde antes de 1965.
Os relatos obtidos através das histórias orais dos moradores mais antigos possuíam
um roteiro para direcionar os relatos, caso determinado assunto não fosse abordado
pelo morador (Apêndice B). Esses relatos foram gravados em áudio e vídeo,
transcritos e comparados através da teoria da análise de enunciação, que busca
compreender as experiências humanas através da linguagem e suas subjetividades
(BARDIN, 2011; FLORES e ENDRUWEIT, 2012). Este tipo de abordagem permitiu
ao pesquisador identificar a percepção socioambiental destes moradores durante a
ocupação da região.
Os dados qualitativos obtidos na pesquisa oral sobre a história de vida dos
moradores e suas lembranças do local, supriram lacunas da pesquisa descrevendo
de forma objetiva e sistemática o estilo de vida das pessoas quando mudaram para
a região, observou-se a percepção destes moradores sobre o papel da escola para
se atingir o desenvolvimento local.
26
Com os questionários aplicados e com os relatos das histórias orais impressos
filmados e editados, foram realizados trabalhos de campo e, posteriormente, grupos
focais com alunos da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, escolhidos
porque é local de trabalho do pesquisador, que obteve apoio da direção para a
realização das atividades.
Para a realização do trabalho de campo, o pesquisador percorreu com os alunos
toda a região, enumerando os principais pontos de impactos socioambientais.
Posteriormente, foram realizadas atividades educativas, tais como: aulas dialogadas,
vídeos, trabalhos com mapas entre outras atividades que auxiliavam na formação do
conhecimento sobre temas referentes ao meio ambiente, impactos ambientais e
desenvolvimento local, com as 8 turmas de Ensino Médio desta instituição. Na
sequência, foram selecionadas aleatoriamente quatro das oito turmas para a
realização do trabalho de campo.
Essa escolha possibilitou a comparação nos grupos focais da efetividade dessas
atividades para a percepção dos impactos socioambientais locais entre alunos
participantes e não participantes.
Foram realizados dois grupos focais, ambos com 8 alunos, um com os alunos
participantes dos trabalhos de campo e, o outro, com alunos que não participaram
dos trabalhos de campo. Os alunos participantes foram sorteados com pedras de
bingo. Inicialmente, foi passado para os alunos o vídeo: "Programa Cidades
Sustentáveis", em seguida, foi realizada a dinâmica, rio da vida e, posteriormente,
propôs-se uma discussão sobre sustentabilidade e desenvolvimento na região da
Bacia do Córrego Bom Jesus conforme roteiro apresentado no Apêndice C. Esse
contexto permitiu verificar a influência dos processos educativos na elaboração de
uma Agenda 21 Escolar.
Para o produto técnico desta pesquisa, propôs-se um guia de atividades para a
elaboração de Agenda 21 Escolar. Foram realizadas pesquisas nos sites Google
acadêmico, Scielo, monografias, vídeos do youtube sobre projetos e ações que
possibilitavam uma maior integração entre os alunos e o ambiente, bem como sobre
27
a importância da Agenda 21. Posteriormente, atividades foram desenvolvidas de
maneira a fomentar uma Agenda 21 Escolar que desenvolvesse o senso crítico nos
alunos e o empoderamento local, de modo a formar atores sociais capazes de lutar
por melhorias para o local. Cada atividade foi testada com alunos do Ensino Médio
da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, verificando a viabilidade e os
efeitos de cada uma das atividades propostas.
A pesquisa observou os aspectos éticos. Sendo assim, o projeto foi cadastrado na
Plataforma Brasil, sob o n° 39195814.0.0000.5098 (Anexo A) e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário UNA, conforme a
Resolução nº 466/2012 que regulamenta a pesquisa com seres humanos no Brasil.
As pessoas participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE) (Apêndices E, F, G, H e I), emitido em 2 (duas) vias, sendo
que uma delas ficou com o entrevistado.
Foi aplicado questionário quantitativo aos alunos do Ensino Médio, realizadas
entrevistas com os moradores mais antigos, e foram realizados grupos focais e
trabalhos de campo (Apêndices A,B, C e D).
Espera-se que com este trabalho, as instituições de ensino da região utilizem o
produto técnico para auxiliar a elaboração de Agendas 21 Escolares bem como a
sua implantação, formando assim cidadãos com uma maior qualificação para as
práticas sociais, capazes de proporcionar o desenvolvimento local de forma
sustentável, equilibrada, gerando menos impactos sobre o ambiente.
Esta dissertação é composta por cinco capítulos, referências, apêndices e anexo.
O primeiro capítulo é constituído pela introdução, no qual são apresentados
contextualização da região, problematização, questão central, objetivos geral e
específicos, relevâncias, metodologia e produto técnico.
28
O segundo capítulo traz referências teóricas sobre Percepção Socioambiental,
Urbanização, Educação e Desenvolvimento Local que embasaram a pesquisa.
O terceiro capítulo faz o relato da pesquisa, sendo subdivido em três partes:
- A primeira sendo referente aos resultados das histórias orais realizadas com 16
dos moradores mais antigos da região.
- A segunda sendo referente aos resultados dos questionários estatísticos aplicados
a 315 alunos do Ensino Médio.
- A terceira sendo referente aos resultados dos trabalhos de campo, realizados com
alunos do Ensino Médio.
O quarto capítulo apresenta a produção técnica, baseada nas pesquisas dos
capítulos anteriores. Foi desenvolvido um guia de atividades para a elaboração de
Agendas 21 Escolares.
O quinto capítulo é referente às considerações finais desta dissertação.
29
2
PERCEPÇÃO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM UMA BACIA
HIDROGRÁFICA COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O
DESENVOLVIMENTO LOCAL
Gabriel Moreira Perona3
Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos4
RESUMO
Este artigo possui cunho exploratório, que se efetivou por meio de uma pesquisa
bibliográfica sobre percepção e educação socioambiental, urbanização e
desenvolvimento local, com o intuito de embasar os estudos da percepção de alunos
do Ensino Médio, sobre o papel da escola para o desenvolvimento local, na Bacia do
Córrego Bom Jesus (Contagem/MG). Nessa Bacia, encontram-se um dos principais
afluentes da Lagoa da Pampulha/ BH e nele impactos negativos causados pela
ocupação urbana que comprometem a qualidade ambiental dessa área. É
necessário conhecer definições e pensamentos de diferentes autores que em seus
trabalhos vivenciaram experiências de percepção socioambiental relacionadas com
a urbanização bem como o papel da educação para o desenvolvimento local. Sendo
assim, objetiva-se realizar uma revisão teórica sobre a percepção de impactos
socioambientais gerados pela expansão urbana bem como a contribuição da
educação ambiental para o desenvolvimento local. Observa-se neste estudo que os
costumes, os valores e a cultura de cada ser humano interferem na sua percepção
dos lugares em que vive e atua. Além disso, a urbanização de uma região sofre
interferência dos atores econômicos e sociais e que a educação, principalmente a
ambiental é importante nos processos de transformação que levem ao
desenvolvimento local.
Palavras-chave:
Percepção
Desenvolvimento Local.
Socioambiental.
Urbanização.
Educação.
ABSTRACT
PERCEPTION OF ENVIRONMENTAL IMPACTS ON A RIVER BASIN AS
ENVIRONMENTAL EDUCATION TOOL FOR LOCAL DEVELOPMENT
This article has an exploratory nature, which was accomplished through a literature
search on awareness and environmental education, urbanization and local
development in order to base the study of perception of high school students on the
3
Geógrafo, Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário
UNA, especialista em educação ambiental, professor de geografia e educação ambiental. E-mail:
[email protected].
4
Bióloga, mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, doutora em Ciências e
professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local
do Centro Universitário UNA. E-mail: [email protected].
30
role of schools to local development in Basin Creek Bom Jesus (Count / MG). In this
basin, are one of the main tributaries of Pampulha Lake / BH and it negative impacts
of urban settlement that compromise environmental quality of the area. It needs to
know definitions and thoughts of different authors in their work experienced
environmental perception of experiences related to urbanization and the role of
education for local development. Thus, the objective is to conduct a literature review
on the perception of social and environmental impacts generated by urban sprawl
and the contribution to environmental education for local development. It is observed
in this study that the customs, values and culture of each human being interfere with
your perception of the places where he lives and works. Moreover, the urbanization
of a region interfered with the economic and social actors and that education,
especially environmental is important in the transformation processes that lead to
local development.
Keywords: Environmental Perception. Urbanization. Education. Local development.
2.1 Introdução
A educação formal, principalmente a educação ambiental é relevante para a
mudança moral e comportamental das pessoas, pois ela é capaz de influenciar no
desenvolvimento socioambiental de um determinado lugar, gerando conhecimento,
valores, hábitos e atitudes que permitem uma conduta de preservação do meio
ambiente. Nessa discussão será abordada a região do Córrego Bom Jesus
(Contagem/MG), que é um dos maiores afluentes da Lagoa da Pampulha/ BH Minas
Gerais e está sendo impactada desde 1953.
Neste artigo, objetiva-se realizar uma revisão teórica sobre a percepção dos
impactos socioambientais gerados pela expansão urbana bem como a contribuição
da educação ambiental para o desenvolvimento local. Esse trabalho se faz
necessário, pois possibilita compreender a visão de diferentes autores sobre a
importância
possibilitando
da
percepção
um
processo
socioambiental
educativo
dos
processos
adequado
para
de
a
urbanização,
promoção
do
desenvolvimento local.
No intuito de desenvolver esta discussão, este artigo contextualiza a percepção
socioambiental, em seguida, discute o processo de urbanização brasileira, na
sequência, analisa a educação ambiental formal como ferramenta proativa para ações
de desenvolvimento local, demonstrando a importância da integração entre
31
percepção socioambiental, educação formal e urbanização para se atingir o
desenvolvimento local, sendo a Agenda 21, uma importante ferramenta neste
processo.
2.2 Fundamentação teórica
2.2.1 Importância dos estudos de percepção ambiental
O termo percepção é derivado do latim perception, definido pelo dicionário Aurélio
Online (2014) como:
Apreensão da realidade ou de uma situação objetiva pelo homem. É
a reação de um sujeito a um estímulo exterior, que se manifesta por
fenômenos químicos, neurológicos, ao nível dos órgãos dos sentidos
e do sistema nervoso central, ou seja, é o uso dos sentidos para
compreender um objeto de estudo.
Para Tuan (2012), percepção é a forma central de se conseguir conhecimento
através da cognição, o que propicia ao indivíduo receber informações sobre o
ambiente a sua volta, gerando diferentes visões para o mundo. Este trabalho buscou
conhecer a percepção de alunos das instituições de ensino localizadas na Bacia do
Córrego Bom Jesus, sobre o papel da escola para o desenvolvimento local, de forma
a gerar menos impactos ambientais.
Esta ideia proposta por Tuan (2012) pode ser compartilhada com Durkheim (2009)
ao afirmarem que a percepção é uma forma de compreender e explicar o mundo em
que vivemos e as relações que estamos inseridas, em que os sentidos e
sentimentos humanos geram uma interpretação do mundo, como observado nos
trabalhos de Merigueti et al. (2006), Carvalho, Guarim Neto e Januário (2008),
Oliveira e Corona (2008), Mansano e Lima (2011), Marandola Jr. e Modesto (2012),
Negrão et al. (2012), Oliveira (2012), Pessoa e Braga (2012), Batista, Oliveira e
Queiroz (2014), Mantovi e Ferreira (2014).Desta forma, com diferentes percepções e
interpretações do mundo, sugere-se que os alunos possam ter visões diferentes do
papel da escola e da educação formal para o desenvolvimento socioambiental do
local em que vivem, no caso desse estudo, a Bacia do Córrego Bom Jesus.
32
A percepção socioambiental pressupõe uma relação cognitiva entre as pessoas que
vivem em determinados locais e o ambiente natural ou urbano que ali existem
(SERPE, ROSSO e CAMARGO, 2011). Merigueti et al. (2006) afirmam ainda que a
maneira como um povo age social, cultural e economicamente, gera padrões que
propiciam percepções socioambientais diferentes para o mesmo objeto em
comunidades diferentes.
Desta forma, a percepção dos alunos depende do tipo de relação que cada um
possui com o lugar, dos significados e funções que os elementos naturais e sociais
exercem na vida de cada um conforme descrito nos trabalhos de Carvalho, Guarim
Neto e Januário (2008) e Garrido e Meirelles (2014).
Marandola Jr. e Modesto (2012) e Mansano e Lima (2011) corroboram com esse
pensamento, ao afirmarem que a identidade, o envolvimento e a dependência que
as pessoas estabelecem com um lugar, determinam sua percepção sobre ele.
Dessa forma, compreende-se que percepção é específica de cada ser humano, pois
cada pessoa de acordo com sua cultura, costumes, crenças percebe as situações do
mundo de forma diferente (FAGGIONATO, 2014).
Sendo assim, a percepção dos alunos em relação ao papel da escola para o
desenvolvimento da região da Bacia do Córrego Bom Jesus, bem como a visão
sobre os impactos socioambientais que afetam a região serão diferentes, pois cada
pessoa possui costumes, crenças e valores próprios, que interferem em sua
percepção como observado no trabalho de Carvalho, Guarim Neto e Januário (2008)
na serra do Tapirapuã em Tangará da Serra-MT, no trabalho de Marandola JR e
Modesto (2012) sobre a percepção dos moradores da cidade de Maringá-PR em
relação a qualidade de vida associada aos equipamentos urbanos e no trabalho de
Mantovi e Ferreira (2014), sobre a percepção do meio ambiente e dos projetos
ambientais em um refúgio biológico em Foz do Iguaçu/PR.
Nesta perspectiva, a percepção ambiental é importante para gerar atitudes éticas e
conscientes em relação ao meio ambiente, pois é a forma de compreender os
33
valores socioambientais que as pessoas determinam para os lugares (OLIVEIRA e
CORONA, 2008; OLIVEIRA, 2012; MANTOVI e FERREIRA, 2014).
Desta forma, mesmo os alunos enxergando e percebendo o mundo de diferentes
maneiras, a educação ambiental formal é importante na estruturação de atividades
que possibilitem e orientem uma percepção socioambiental, fomentando ações que
proporcionem o desenvolvimento econômico, social e ambiental na região da Bacia
do Córrego Bom Jesus.
A ideia de que a percepção determina as relações socioambientais em um lugar
ganhou notoriedade, tanto que a UNESCO, em 1973, enfatizou o quanto as
pesquisas sobre percepção ambiental são importantes, com o intuito de proteger os
ambientes naturais, afirmando que é preciso compreender as percepções de
pessoas, de classes sociais e culturas diferentes, para tentar evitar ou amenizar os
impactos ambientais (MERIGUETI et al., 2006; MANTOVI e FERREIRA, 2014).
Com base nestas ideias, a UNESCO tem apoiado no Brasil, desde a década de 1970,
estudos sobre percepção ambiental (OLIVEIRA, 2012). Logo, estudar a percepção
ambiental, tornou-se importante para que as pessoas possam compreender as
relações entre o homem e o meio ambiente, percebendo que as relações ambientais
e sociais se misturam e o agir do homem interfere diretamente em seu habitat
(FAGGIONATO, 2014) como visto nos trabalhos de Carvalho, Guarim Neto e Januário
(2008) e Mantovi e Ferreira (2014).
A percepção ambiental inserida nas questões sociais conduz a uma percepção
socioambiental que promove um sentimento de pertencimento das pessoas de um
determinado lugar, interferindo assim no desenvolvimento local (DOWBOR, 2008,
2013; FASSINI, MACHADO e SHULTZ, 2013). Além disso, Oliveira (2012)
acrescenta que a formação do espaço está relacionada com a maneira como as
pessoas interagem com o local.
Neste contexto, a percepção socioambiental é importante para os estudos na Bacia
do Córrego Bom Jesus, pois identificar a percepção de alunos e moradores deverão
gerar ações educativas e de gestão social que possibilitarão o desenvolvimento local
34
como defendem Machado e Quaresma (2014).
2.2.2 Efeitos da urbanização em diferentes ambientes
A urbanização e a formação das cidades surgem a partir das necessidades
humanas de suprir a carência de cada indivíduo através do convívio social (DIAS,
1994; GLAESER, 2011; MILARÉ, 2011), pois a atividade de cada pessoa nas
cidades completa as das demais, o que facilita o convívio, proporcionando uma
interdependência social, na qual cada pessoa ao exercer seus trabalhos, contribui
nesse processo de formação da cidade. Outro aspecto importante na constituição
das cidades e no processo de urbanização foi o advento das indústrias que atraiu
um número significativo de migrantes para as cidades (GLAESER, 2011;
MONTEIRO, 2012; ROLNIK, 2012; SANTOS, 2013).
Com a Revolução Industrial, o número de habitantes das cidades aumentou,
acentuando o processo de urbanização, pois a população que até então era
predominantemente rural migra para as cidades à procura de trabalho e melhores
condições de vida conforme descrito nos estudos de Reis Filho (2001); Glaeser
(2011); Teló e David (2012); Santos (2013).
Com a urbanização, o papel das cidades foi mudando e elas passaram a ter uma
importância maior que o campo na vida social. De acordo com Glaeser (2011), os
avanços científicos e culturais que ocorreram nas civilizações mundiais estão
relacionados à urbanização. Nesse sentido, as cidades se destacam no âmbito das
sociedades, pois nelas se encontram as principais representações de manifestações
culturais, bem como os parques industriais, além de concentrar o poder financeiro
(SANTOS, 2007; MONTEIRO, 2012; ROLNIK, 2012).
Neste raciocínio, a cidade enquanto forma de organização social determina a
soberania da sociedade sobre um determinado território. Os centros urbanos se
tornaram o local das grandes decisões políticas, econômicas, além de concentrar o
35
maior número de postos de trabalho em consonância com Glaser (2011); Rolnik e
Klink (2011); Santos (2013).
Sabe-se que a criação de trabalho e a urbanização nas cidades são importantes para a
população. Mas, historicamente, a urbanização brasileira está relacionada com o
período de sua colonização no século XVI, em que os primeiros aspectos urbanos
nos moldes europeus começaram a ocorrer (TELÓ e DAVID, 2012; ALVES, 2013).
Reis Filho (2001) compartilha dessa ideia e completa o raciocínio afirmando que na
urbanização do território brasileiro os grandes proprietários rurais se destacavam na
sociedade e dominaram as cidades economicamente até o fim da Guerra dos
Mascates, em 1711. A partir deste período, as cidades passaram a ter um maior
poder econômico e político. Completam-se essas informações, com os estudos de
Santos (2013) e Dalberto e Staduto (2013) ao afirmarem que a efetiva urbanização
brasileira se iniciou nos anos 1950, após a II Guerra Mundial (período que coincide
com o início da ocupação da Bacia do Córrego Bom Jesus, em Contagem/MG, em
1953) e se intensifica em meados da década de 1960 e início da década de 1970
com a industrialização do país.
De acordo com dados do IBGE (2010), em 1940, a taxa de urbanização no Brasil era
de apenas 26,35%, atingindo 84,4% em 2010. Neste período, muitas pessoas
migraram do meio rural em busca de melhores condições de vida nas cidades. Em
outros casos, foram expulsas do campo porque a introdução das máquinas
substituiu a mão de obra humana (DIAS, 1994; REIS FILHO, 2001; TELÓ e DAVID,
2012). Desta forma, o país passa rapidamente por um processo de urbanização e é
notório que a urbanização e o crescimento das cidades brasileiras estão diretamente
relacionados com a necessidade ou disponibilidade de trabalho e com o
desenvolvimento tecnológico que gerou desemprego no campo.
O crescimento e a urbanização de algumas cidades durante a sua história pode ser
percebida pelas formas e padrões de construção ao longo dos anos, o que pode ser
verificado em Santos (1977), Batista, Oliveira e Queiroz (2014), Oliveira e Souza
(2014). Nesta perspectiva, conhecer a história de um local é fundamental para que
as pessoas conheçam os valores desse lugar, permitindo uma análise de sua
36
transformação (SANTOS, 1977; ROLNIK, 2012; MONTEIRO, 2012; MOTTER e
BATELLA, 2013).
Desta forma, todo processo de crescimento, progresso e prosperidade que levam ao
desenvolvimento de uma cidade bem como suas funções, ou seja, a principal
atividade exercida por ela constitui a história da cidade (MILARÉ, 2011). Portanto, o
homem pode dominar o território para seus interesses socioeconômicos, mas deve
respeitar os fatores históricos e culturais durante o processo de urbanização. Esses
fatores históricos determinam os processos urbanísticos das cidades, influenciando
em seu desenvolvimento (OLIVEIRA e SOUZA, 2014).
Durante o processo de urbanização, surgiram cidades com as mais variadas
tipologias, como visto em Ojima, Marandola Jr. e Pereira (2010), que as classificam
de acordo com a principal função de trabalho que ocorre em seu território. Elas
podem ser classificadas como portuárias, comerciais, turísticas, industriais,
administrativas, entre outras. Santos (2013) concorda com esse raciocínio e afirma
que a intensidade da divisão do trabalho gera diferentes tipos de cidades. Esse
mesmo autor afirma que essa ideia pode ser repassada para as divisões dentro de
uma mesma cidade: os bairros, que de acordo com as características de cada lugar,
abrigam indústrias, comércio ou são apenas dormitórios.
Dessa forma, bairros e regiões administrativas dentro de uma cidade são definidos
pelo tipo de funções que exercem ou simplesmente pela especulação imobiliária,
porque os especuladores buscam valorizar determinadas regiões para se obter uma
maior lucratividade.
Nos estudos de Prata (2011), Motter e Batella (2013) e Pereira e Luiz Sobrinho
(2014) afirmam que o processo de especulação imobiliária obriga as classes
trabalhadoras menos favorecidas a ocuparem áreas periféricas, nas quais qualidade
de vida, transportes e saneamento básico não são adequados. Redígolo (2009)
concorda com esse argumento e afirma que a especulação imobiliária separa as
pessoas por classes sociais o que interfere no desenvolvimento local de cada
região. Normalmente, as regiões habitadas pelas classes sociais mais abastadas
37
possuem um comércio de melhor qualidade e com maior variedade, são mais bem
atendidas pelo transporte público e pelo saneamento básico. No entanto, as áreas
com menor poder aquisitivo contam com serviços de pior qualidade em consonância
com os estudos de Redígolo (2009), Prata (2011), Motter e Batella (2013), Pereira e
Luiz Sobrinho (2014).
Sendo assim, o local da habitação resulta em um status social. Morar em bairros
considerados nobres gera prestígio para seus moradores; é um reduto da alta
sociedade. Em contrapartida, habitar determinados bairros pode gerar repulsão
social (OJIMA, MARANDOLA JR e PEREIRA 2010; PEREIRA e LUIZ SOBRINHO,
2014).
Neste contexto, a especulação imobiliária nos centros urbanos tem um papel
segregacionista, como visto em Prata (2011), Lohn e Arend (2013), pois ocasiona
separações e preconceitos, gerando um desnivelamento na qualidade dos serviços
públicos entre as regiões da cidade, sendo as regiões com menor poder aquisitivo as
menos privilegiadas. Santos (2013) acrescenta que a urbanização brasileira sempre
esteve associada aos núcleos de pobreza, pois as pessoas pobres, das áreas rurais
migram para os grandes centros urbanos na expectativa de melhorias na qualidade
de vida. Entretanto, não conseguem trabalhos com remuneração elevada, o que
obriga estas pessoas a ocupar áreas irregulares, proporcionando impactos
ambientais e comprometendo a qualidade de vida desses indivíduos.
Observa-se que os centros urbanos concentram uma grande parcela da população
menos
favorecida
economicamente,
e
estas
ocupam
áreas
com
menor
infraestrutura, muitas vezes, ocupadas clandestinamente. Isso ocorre porque
serviços como água, luz, telefone, transportes, pavimentação, saneamento básico,
lazer, cultura e saúde assumem um valor proibitivo para muitas pessoas (GIGLIOTTI
e SANTOS, 2013; LOHN e AREND, 2013; DIAS et al., 2014).
Silva (2007) destaca que as cidades não são construídas para os pobres, entretanto
esses participam e utilizam de seus recursos, mas são obrigados a morar em locais
longínquos, ilegais ou de risco. Santos (2012), Santos (2013), Lohn e Arend (2013)
38
completam que, quanto mais as cidades crescem, mais as pessoas de menor poder
aquisitivo são excluídas. Assim, a valorização de algumas áreas, com incentivos
públicos ou privados, obriga as pessoas de classes mais baixas migrarem para
outras regiões, provocando uma segregação urbana na qual pessoas de diferentes
classes sociais não frequentam os mesmos bares, restaurantes, entre outros
espaços (SILVA, 2007).
Com essa mesma visão, Redígolo (2009), em seu trabalho “Segregação Urbana e
Políticas de Inclusão Habitacional”, afirma que as pessoas de classes mais nobres
ficam incomodadas de morarem próximo às favelas e procuram não frequentar os
mesmos lugares que os habitantes das mesmas, sempre que possível tentam junto
aos órgãos públicos a remoção dessas áreas.
Com isso, as separações espacial e financeira das classes sociais ocasionam novos
locais de ocupação e geram problemas socioambientais. Milaré (2011) menciona a
importância das leis para atingir um equilíbrio entre os fatores sociais, ambientais e
econômicos nos processo de urbanização, permitindo sempre que os interesses
coletivos duradouros sobreponham aos interesses individuais imediatos. Assim, a
urbanização de uma determinada área no presente não deve comprometer a
qualidade de vida desta mesma área no futuro, para isso, a educação assume um
papel primordial, para conscientizar os habitantes que suas ações irão interferir no
local no futuro.
A partir desta análise da urbanização, compreende-se que os processos de
ocupação e urbanização adotados no país, geram problemas que impactam na
sociedade e no meio ambiente, o que reflete diretamente na região da Bacia do
Córrego Bom Jesus, foco deste trabalho, que teve o início de sua ocupação em
1953, com o loteamento de parte da Fazenda Gangorra.
A região passou por várias mudanças estruturais desde 1953, dentre elas cita-se
uma notória urbanização, a partir de meados da década de 1980, com a instalação
de empresas de médio e grande porte o que resultou em vários problemas
socioambientais.
39
A Bacia do Córrego Bom Jesus apresenta áreas cuja ocupação ocorreu de forma
irregular, contando estes locais com baixa infraestrutura, como observado nos
trabalhos de Redígolo (2009), Prata (2011), Oliveira e Souza (2014), o que
prejudicou o desenvolvimento local. Visto que durante a ocupação e a urbanização
dessa área, não houve preocupação com leis ou normatizações. Foram embasadas
apenas por especulações imobiliárias e por interesses financeiros.
Alves (2013) afirma que a especulação imobiliária e os interesses socioeconômicos
globais têm gerado sérios problemas ambientais no âmbito local, principalmente,
pela intensificação da urbanização associada a um sistema consumista, em que a
periferização de massas populacionais com serviços públicos precários e a
crescente demanda por matérias primas tem agravado os impactos socioambientais.
Na Bacia do Córrego Bom Jesus, muitas pessoas utilizam a região apenas como
dormitório, pois trabalham em cidades próximas, o que dificulta o empoderamento
local. Fato explicado pelo trabalho de Ojima, Marandola Jr e Pereira (2010), que
afirmam que as pessoas que utilizam uma região como dormitório não vivenciam
seus problemas e nem se sentem pertencentes a ela.
A urbanização e a ocupação da Bacia do Córrego Bom Jesus, propiciaram
mudanças estruturais que interferem na qualidade de vida, como a instalação de
redes elétricas, de sanemento básico, asfaltamento de ruas, construção de praças,
escolas e postos de saúde. Entretanto, em nenhum momento, foi evidenciada uma
preocupação das instituições de ensino local com a percepção dos impactos
socioambientais gerados pela expansão urbana e, menos ainda, em relação ao
desenvolvimento local.
Nesse sentido, a educação poderá ser vista como um elemento chave para gerar
desenvolvimento com uma menor degradação socioambiental da região, formando
cidadãos críticos que sejam capazes de lutarem pelo desenvolvimento local.
40
2.2.3 A educação como ferramenta incentivadora do desenvolvimento local
Com a urbanização crescente da Bacia do Córrego Bom Jesus e os respectivos
impactos ambientais bem como a exclusão social que ocorrem nessa região, a
educação pode auxiliar no desenvolvimento local, ao formar cidadãos críticos
capazes de lutarem por melhorias locais.
Para Freire (2011), educação é uma forma de ensinar o aluno a compreender o
mundo à sua volta, a ser um cidadão crítico, capaz de mudar a sua realidade, o que
é necessário para o desenvolvimento da Bacia do Córrego Bom Jesus. Demo (2015)
afirma que a educação deve ocorrer através de questionamentos que possibilitem a
pesquisa e a reconstrução de valores, pois o aluno pesquisador consegue
compreender o mundo de forma mais eficiente do que os alunos que apenas
assistem às aulas.
Contudo, Adorno e Horkheimer (1985) alertam para um processo de alienação que
ocorre nas sociedades capitalistas a partir de uma indústria cultural que leva ao
consumismo, afirmando que a educação tem por função gerar conhecimento e
reflexão, para que as pessoas possam ser mais independentes em suas decisões,
demonstrando a necessidade de se formar alunos críticos para que estes possam
lutar por melhorias na Bacia do Córrego Bom Jesus.
Entretanto, desde o período Taylorista/Fordista, a educação é vista como uma forma
de se inserir as pessoas no mercado de trabalho, treinando e capacitando a mão de
obra para as diferentes formas de trabalho (PONTE, 2015; DOWBOR, 2008). Neste
contexto, a UNESCO propõe a estruturação da educação para o século XXI, em
quatro pilares: aprender a aprender, aprender a conviver, aprender a fazer e
aprender a ser (DELORS et al., 1999), atendendo as demandas para o mercado de
trabalho. Em contrapartida, o mundo contemporâneo exige a formação de cidadãos
mais críticos, no qual o conhecimento é adquirido pelo diálogo e pela troca de
vivências (FREIRE, 2011), sendo então a comunicação um instrumento importante
para esta relação.
41
Mueller et al. (2012) afirmam que cidadãos críticos são capazes de discutir medidas
de sustentabilidade para o planeta, mesmo com o crescimento do consumo e da
população mundial de forma a manter a qualidade dos ambientes no futuro.
Sendo assim, as escolas da Bacia do Córrego Bom Jesus precisam ser
transformadoras, contribuindo para modificar a sociedade e o espaço à sua volta, e
não apenas reprodutoras de conhecimento, voltado meramente para aprovação e/ou
reprovação no/pelo mundo do trabalho (FREIRE, 2011).
As escolas precisam formar cidadãos críticos, capazes de compreender o seu papel
social. Ideia esta compartilhada por Freire (2011) ao afirmar que a educação precisa
gerar um desenvolvimento crítico nas pessoas para que essas percebam e
compreendam sua responsabilidade social no desenvolvimento. É preciso que esses
indivíduos lutem por melhorias sociais, de maneira a transformar o local em que
vivem, para que este seja capaz de satisfazer suas necessidades de bens e serviços
(SILVA, QUINTAIROS e ARAÚJO, 2013). Neste contexto, as escolas da Bacia do
Córrego
Bom
Jesus precisam desenvolver
mecanismos que
auxiliem
no
desenvolvimento do senso crítico em seus alunos, para que estes possam lutar por
melhorias socioambientais na/para a região.
Alves (2010) alerta que a educação precisa ser prazerosa, tem que ser sedutora
para que se consiga educar e para que os resultados sejam positivos. Sendo assim,
a comunicação se torna essencial para a educação formal dos bancos de escola
(BACCEGA, 2009; BARBERO, 2014) e também para uma educação informal, pois
esta possibilita um entendimento do mundo através das vivências, nas quais os
objetivos são construídos em um processo interativo entre as pessoas e o ambiente
(REIGOTA, 2009; GOHN, 2012; ARAÚJO e QUARESMA, 2014).
Neste contexto, a escola deve ser integrada ao ambiente ao seu redor, buscando
alternativas de aprendizagem com a comunidade à sua volta, em que toda a região
deve se tornar extensão da sala de aula, sendo o trabalho de campo e as visitas
guiadas importantes ferramentas neste processo conforme relatado pelos autores
Figueiredo e Braga (2012), Pessoa e Braga (2012), Araújo e Quaresma (2014) em
42
seus estudos. Essa concepção de uma educação interativa para compreender o
mundo é fundamental para resolver os problemas de nossa época que não são
isolados, são sistêmicos e só poderão ser resolvidos com a participação de todos
(TENÓRIO, 2008), sendo pertinente no contexto da Bacia do Córrego Bom Jesus,
pois como afirma Buarque (2012), a educação é fundamental para desenvolver a
percepção de empoderamento local, gerando autonomia através do senso crítico seja
capaz de proporcionar mudanças. A ideia é que através da educação a sociedade se
torne mais participativa, lutando por ideais de melhorias coletivas capazes de gerar o
desenvolvimento local (TENÓRIO, 2008).
Neste
sentido,
na
busca
de
uma
educação
transformadora
que
gere
empoderamento local, a educação ambiental assume papel de destaque neste
trabalho.
A educação ambiental adquire importância mundial na década de 1960, com o alerta
sobre o uso de pesticidas. Na década seguinte em Estocolmo, na Suécia (1972),
procurou-se organizar a vida entre os seres humanos e o ambiente onde o
desenvolvimento do presente não deveria comprometer o desenvolvimento das
gerações futuras, lançando a ideia inicial do desenvolvimento sustentável.
Na mesma década, no ano 1977, ocorreu em Tbilisi (ex-URSS), um congresso que
definiu os princípios para a educação ambiental no planeta. E, em 1987, a
importância da formação em Educação Ambiental foi destaque na Conferência das
Nações Unidas em Moscou. Em 1992, na Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente, foi criado um documento com alternativas para o desenvolvimento
sustentável no século XXI, denominado de Agenda 21 (MEC, 2014) que visa um
desenvolvimento sustentável global através de ações locais.
No Brasil, o MEC propôs em 1979, tratar o tema Ecologia, no 1º e 2º graus, mas foi
em 1988, com a nova Constituição brasileira que a educação ambiental tornou-se
obrigatória em todos os níveis de ensino, sendo promulgada em 1999, a Política
Nacional de Educação Ambiental, Lei no 9.795/99 (BRASIL, 1999). Segundo a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, a educação do país deve possuir
43
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), no qual afirmam que a Educação
Ambiental deve ser tratada nas escolas como um tema transversal em todas as
áreas de ensino.
O objetivo da educação ambiental é integrar os diferentes segmentos da sociedade,
conscientizando os envolvidos de forma a ter participação espontânea, gerando
habilidades, conhecimentos e atitudes para resolver problemas existentes em
relação ao meio ambiente como demonstra a Carta de Belgrado (UNESCO, 1977)
que foi um documento que buscou uma estrutura para a educação ambiental
mundial e consiste em necessidade para a promoção do desenvolvimento
sustentável.
De acordo com Medeiros, Ribeiro e Ferreira (2014), sem a participação ativa dos
professores e alunos, não é possível fazer a educação ambiental nas escolas, sendo
necessário criar articulações que gerem conscientização nos envolvidos em relação
ao ambiente e que o ser humano é parte integrante desse meio.
Essa articulação irá gerar bons resultados, mas Dias (2010) adverte que os
resultados só serão definitivos se as mudanças estiverem relacionadas também aos
aspectos econômicos e políticos da região.
Acredita-se que através da educação ambiental integradora e crítica seja possível
mudar o comportamento individual e, consequentemente o coletivo, racionalizando
opiniões e atitudes que permitam o desenvolvimento socioambiental e o
empoderamento local, gerando assim um melhor desenvolvimento da região da
Bacia do Córrego Bom Jesus (MG).
Dias (2006), em sua obra, Atividades Interdisciplinares de Educação Ambiental,
propõe diferentes atividades de educação ambiental dentro das escolas, que
buscam integrar os alunos com o meio à sua volta em consonância com os pilares
da UNESCO para a educação do século XXI (DELORS et al., 1999). Neste contexto,
citam-se os estudos de Figueiredo e Braga (2012), Pessoa e Braga (2012) e Araújo
e Quaresma (2014) defendem a importância das atividades de campo para a
44
educação ambiental, demonstrando que estas atividades quando bem estruturadas
contribuem para a percepção socioambiental dos alunos, o que possibilita o
desenvolvimento de ações que conduzam ao desenvolvimento local. A Agenda 21
propõe normas e metas para o desenvolvimento sustentável do planeta e define que
o desenvolvimento não deve ocorrer apenas através das forças do mercado, mas
precisa atender as necessidades locais, com a participação dos diferentes atores
sociais (BRASIL, 1995).
A Agenda 21 é um documento fruto da Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em Junho de
1992, em que cada país participante deveria buscar ações para o seu
desenvolvimento, diminuindo os impactos sobre os ambientais. Nessa Conferência
foi definido que cada país criaria sua própria Agenda 21 respeitando as suas
particularidades, sendo a Agenda 21 brasileira estabelecida em 2002 (MMA, 2014).
De acordo com a Agenda Global, no capítulo 28, os países devem elaborar Agendas
Locais com o intuito de melhorar a qualidade de vida e a sustentabilidade através de
ações sociais e da educação. Neste sentido, criam-se as Agendas 21 Escolares, que
buscam através de ações da educação ambiental, a formação de cidadãos críticos
capazes de produzirem o desenvolvimento local, de forma a proteger o patrimônio
cultural e natural no processo de urbanização, o que irá diminuir os impactos
socioambientais gerados pela especulação urbana desordenada.
Desta forma, ações de educação ambiental serão pertinentes na busca do
desenvolvimento local na Bacia do Córrego Bom Jesus, pois contribuirão para a
formação crítica dos jovens, devendo incentivar que estes busquem melhorias para
o local em que vivem, que gerem desenvolvimento com menos impactos
socioambientais para a região.
45
2.2.4 A conquista do desenvolvimento local a partir da educação ambiental
O tema desenvolvimento local, vem se destacando no Brasil, principalmente com a
melhora de alguns indicadores sociais, como saúde, expectativa de vida, segurança
entre outros (FERRARINI, 2012). De acordo com o IBGE (2012), a expectativa de
vida brasileira aumentou de 71 para 74,5 anos; 98,2% dos brasileiros entre 6 e 14
anos estão nas escolas, diminuindo o número de analfabetos; 56,9% dos brasileiros
possuem trabalhos formais e a mortalidade infantil vem diminuindo. Com isso, “O
tema desenvolvimento local nunca esteve tão em evidência e principalmente, a
busca de mecanismos e estratégias que permitam estimular o crescimento”
(OLIVARES e DALCOL, 2014), de forma a melhorar estes indicadores.
O tema desenvolvimento local sempre esteve relacionado à ideia de melhorias
econômicas, com instalação de indústrias ou de algum outro mecanismo que
gerasse renda. Mas, esse conceito foi sendo alterado e o desenvolvimento passou a
constituir uma relação entre o crescimento econômico, a qualidade de vida, a
sustentabilidade ambiental e as afirmações política e cultural de cada lugar, ao
buscar alternativas para desenvolver uma região em todos os seus aspectos
(CASTOR, 2007; ENDLICH, 2007; KNOPP, 2008; DOWBOR, 2009). Silva,
Quintairos e Araújo (2013) corroboram com esta ideia afirmando que o
desenvolvimento não ocorre apenas na esfera econômica.
Segundo Sen (2010), para se atingir o desenvolvimento local, é preciso conseguir a
solidariedade entre as pessoas de um mesmo lugar formando uma capacidade
social, cujo desenvolvimento gere liberdade. Esta liberdade está associada ao bem
estar e não atrelada exclusivamente ao desenvolvimento econômico.
A busca por um desenvolvimento autônomo e integral que envolva os aspectos
econômicos e humanos refletidos em uma base sustentável, refletindo em qualidade
de vida para os diferentes atores, é o que este trabalho pretende entender ao
escolher como objeto de pesquisa a Bacia do Córrego Bom Jesus.
A região da Bacia do Córrego Bom Jesus movimenta um capital financeiro visto a
diversidade de comércios, indústrias e empresas instaladas na região. Mas,
46
apresenta vários impactos socioambientais e uma articulação não eficiente entre os
diferentes setores como defende Inojosa (2001), Tenório (2008) e Dowbor (2013), o
que inibe um desenvolvimento mais eficiente.
Esse ponto de vista é compartilhado por Knopp (2008) e Lopes, Melo e Tenório
(2012), pois afirmam que as relações entre sociedade civil, comunidade, instituições,
associações, igrejas, dentre outras se forem bem articuladas, irão possibilitar o
desenvolvimento local. Endlich (2007) evidencia que o desenvolvimento local se
caracteriza pelo empreendedorismo, por práticas inovadoras e pela participação da
comunidade, ou seja, o desenvolvimento irá acontecer de acordo com os interesses
do capital social de cada lugar (SEN, 2010), através da autonomia dos envolvidos
em suas escolhas. Desta forma, o capital social na Bacia do Córrego Bom Jesus
precisa ser melhor trabalhado para que ocorra na região um desenvolvimento mais
adequado.
No Brasil, todo o processo de se discutir o desenvolvimento local, segundo Buarque
(2012), começou quando os governos passaram a descentralizar o poder,
possibilitando que unidades menores como os municípios, através de uma gestão
compartilhada, pudessem determinar ações e projetos prioritários para cada lugar.
Sendo assim, cada região torna-se responsável por determinar as ações que devem
ser tomadas pelo governo ou por seus habitantes para ajudar a desenvolvê-la. Mas,
para um consenso de um bem maior para determinada região, é necessária a
participação de todos os envolvidos. Os diferentes atores sociais, comunidade,
representantes do governo, ONGs, precisam debater, dialogar e concluir sobre as
melhores medidas de uma gestão social a ser adotada para gerar um
desenvolvimento local com melhorias na qualidade de vida individual e do grupo
(TENÓRIO, 2008; MACHADO e QUARESMA, 2014). Esse pensamento é
compartilhado com Knopp (2008), ao afirmar que para se alcançar uma política de
desenvolvimento local, é necessária uma parceria entre instituições sociais,
culturais, políticas e econômicas que atuem em um determinado local.
47
Cattani e Ferrarini (2010) concordam com essa ideia e acrescentam que é
importante para essa população criar alternativas de desenvolvimento que
promovam uma autossustentação econômica e de gestão, para que possam ter uma
maior autonomia sobre a região. Assim, o desenvolvimento não fica atrelado apenas
às ações do governo, fazendo-se uma política emancipatória.
Essa política emancipatória incentiva o pensar, o questionar positivamente sobre um
fato, que pode resultar em alternativas para desenvolver a região sem a
necessidade da ação do governo, sendo viável no desenvolvimento da Bacia do
Córrego Bom Jesus. Martins, Vaz e Caldas (2010) relatam que ações sociais podem
surgir de dentro da sociedade, de forma a gerar o desenvolvimento social e
ambiental de uma região como nos casos dos apicultores de Simplício Mendes (PI),
que montaram uma associação, criaram açudes, compraram terras e passaram a
vender os produtos derivados do mel, melhorando a qualidade de vida dos
habitantes e do Banco Palmas (TO) que formou uma rede econômica solidária que
gera inclusão melhorando o consumo local. Desta forma, a formação de ações
solidárias é o que sugere este trabalho para a Bacia do Córrego Bom Jesus (MG)
através dos processos educativos.
Dowbor (2009) complementa este raciocínio, afirmando que o desenvolvimento local
ocorre pela construção de um poder local, que vise a solidariedade e o bem comum
baseado em uma política emancipatória, utilizando o território de acordo com os
interesses da comunidade gerando oportunidades para as comunidades e não como
uma visão de prática da caridade para as pessoas que habitam um determinado
local.
Nessa linha de raciocínio, para se atingir o desenvolvimento local através de
medidas emancipatórias, é preciso participação da comunidade em todas as etapas
da construção do projeto, fazendo uma articulação entre as propostas que visem o
fortalecimento da intersetorialidade com os aspectos sociais e econômicos,
diminuindo a dependência de acolher ações propostas pelo governo (INOJOSA,
2001; CATTANI e FERRARINI, 2010; DOWBOR, 2013).
48
Mas, estes pontos não resolvem todos os problemas. Conflitos de interesses
continuarão a acontecer, o importante é que o interesse comunitário prevaleça sobre
as ações que privilegiem apenas um pequeno grupo (MARTINS, VAZ e CALDAS,
2010). Entretanto, estas políticas emancipatórias ainda não são presenciadas na
bacia do Córrego Bom Jesus. É notável a dependência da população local por
medidas governamentais, reforçada pelos interesses dos políticos locais, na busca
por eleitores.
Assim, acredita-se que uma educação integradora e crítica possibilite que as
pessoas possam refletir, debater, discutir e definir o que é melhor para a região,
buscando o bem coletivo com a implantação dessas políticas emancipatórias,
capazes de levar ao desenvolvimento local.
Para Cattani e Ferrarini (2010), o desenvolvimento local pode ter início de formas
diferentes. Pode ocorrer com projetos governamentais que determinam o que deve
ser feito em uma localidade, mobilizando os atores sociais para desenvolvê-lo ou
pode partir da própria comunidade, com ações próprias do local, criando grupos e
transformando o local, tornando-o desenvolvido. Martins, Vaz e Caldas (2010)
comparam diferentes atores sociais que possibilitaram o desenvolvimento em
algumas regiões e afirmam que todo desenvolvimento só ocorre quando se tem
atores sociais engajados com a causa a que se propõem.
Sendo assim, espera-se que na bacia do Córrego Bom Jesus (MG), as instituições
de ensino se tornem formadoras de atores sociais engajados com as causas locais.
A partir do engajamento social, espera-se que o desenvolvimento local possibilite
melhorias na qualidade de vida, tendendo para que a infraestrutura social e
ambiental da região melhore visto que, os indicadores como saúde, educação,
renda, expectativa de vida, entre outros, adquiram níveis mais elevados
(SCHNEIDER e FREITAS, 2013).
Com a elevação da qualidade de vida, a partir do desenvolvimento local, pessoas
que pensam em sair da região, podem mudar de opinião, pois quando satisfeitas
com o local onde moram, não procuram outras regiões para viver (DOWBOR, 2008).
49
Neste sentido, buscar mecanismos para fazer a união das pessoas para o
desenvolvimento local é muito importante. É preciso sensibilizar e procurar
alternativas para o desenvolvimento, fazendo com que as pessoas reflitam e mudem
a forma de pensar e agir, como base para melhorar a qualidade de vida na região
onde vivem e não simplesmente mudarem de região (CASTOR, 2007; KNOPP,
2008) o que é importante para o desenvolvimento socioambiental da região da Bacia
do Córrego Bom Jesus. Sendo assim, todas as pessoas devem tentar transformar a
região onde vivem, melhorando o quadro social em que se encontram (SEN, 2010) a
partir da sua melhora enquanto indivíduo, ser humano.
Atualmente, o processo de ocupação está associado à instalação de várias
empresas na região (PIRONI, 2009). Ressalta-se que tais ocupações acontecem de
forma irregular, gerando e intensificando os impactos socioambientais, ocasionando
poluição das águas e dos solos, ineficiência na saúde e no transporte público, falta
de segurança, entre outros fatores que comprometem a qualidade de vida no local.
Situação semelhante foi apresentada nos trabalhos de Redígolo (2009), Prata (2011)
e Motter e Batella (2013) cujos impactos socioambientais estão relacionados à
especulação imobiliária, que interferem no meio ambiente, além de impactar nos
serviços públicos como educação, saúde, transporte e segurança que se tornam de
pouca qualidade.
Nessa perspectiva, a educação ambiental na Bacia do Córrego Bom Jesus
possibilitará que os alunos relacionem o conteúdo visto na literatura e em sala de
aula com o ambiente a sua volta, como descrito nos trabalhos de Figueiredo e Braga
(2012), Pessoa e Braga (2012), Araújo e Quaresma (2014). Desta forma, os alunos
poderão
buscar melhorias
para
o
local
onde
vivem,
possibilitando
uma
intersetorialidade como vista nos estudos de Inojosa (2001), Tenório (2008) e
Dowbor (2013) que apontam a gestão social estruturada, ou seja, com a participação
de todos os setores, como fundamental para o desenvolvimento da região.
50
Entretanto, para os primeiros moradores da Bacia do Córrego Bom Jesus, o local já
se tornou desenvolvido, pois a região era desprovida de todo tipo de recursos. No
início da ocupação, não havia na região, posto de saúde, escola, comércio, água,
luz, asfalto, transporte público, entre outros. Desta forma, estes serviços ofertados
mesmo que de forma precária, demonstram a evolução e o progresso da região,
para estes moradores.
Sendo assim, a educação ambiental para essa região, será importante para o
amadurecimento crítico dos alunos, para que estes percebam que para o
desenvolvimento eficiente da região, é preciso a participação de todos através de
uma gestão social que busque a integração da comunidade, com as empresas, o
governo e as entidades que atuam nessa região, incentivando o desenvolvimento
local, respeitando as particularidades do processo de urbanização ocorrido nessa
bacia.
Espera-se que este estudo sobre a ocupação da região do Córrego Bom Jesus
(Contagem/MG) e dos impactos socioambientais, resultem medidas educacionais
que gerem empoderamento e sensibilizem a sociedade local, incentivando
mudanças comportamentais, definidas a partir da percepção socioambiental,
visando a melhoria dos diferentes indicadores sociais, econômicos e ambientais,
propiciando um desenvolvimento sustentável para essa região conforme estruturado
nas Agendas 21 Escolares que poderão subsidiar uma Agenda 21 Local como
norteadoras das práticas cotidianas de gestão socioambiental.
2.3 Considerações finais
A partir do pensamento de diferentes autores, constatou-se que a percepção
socioambiental é inerente a cada ser humano, pois a cultura, os costumes, os
valores e o modo de viver de cada pessoa irão influenciar diretamente na percepção
de cada um sobre um determinado acontecimento, local ou região bem como em
suas ações.
51
Os lugares, os bairros, as cidades sofrem interferências diretas de diversos atores
sociais e econômicos durante um processo de urbanização. As especulações
imobiliárias associadas aos interesses econômicos e aos Planos Diretores de cada
município determinam o modo como cada área será ocupada.
Neste sentido, a educação torna-se uma importante ferramenta de gestão, pois é
capaz de desenvolver o senso crítico nas pessoas, com um sentimento de
empoderamento a partir de conhecimentos adquiridos sobre esse lugar. Com isso,
as pessoas podem se unir e lutar por um desenvolvimento local mais justo em que
os interesses econômicos estejam em parceria com os interesses socioambientais.
Sendo assim, a educação é fundamental para que se desenvolva nas pessoas o
sentimento de pertencimento local, permitindo o conhecimento da história da região
em que se vive, percebendo a relação entre os problemas gerados pela urbanização
no passado e as possíveis alternativas para minimizar os impactos no futuro.
Observa-se ao longo deste trabalho que atividades educativas propiciam o
reconhecimento de uma região e de seus problemas socioambientais, favorecendo o
empoderamento local e o desenvolvimento da mesma ao formar cidadãos críticos
que lutem por melhorias locais, o que é a essência da educação ambiental e
defendida na Agenda 21.
Por se tratar de um artigo de revisão teórica, ele possui suas limitações, mas
incentiva estudos mais profundos sobre o tema, como um estudo de caso, em
diferentes bacias hidrográficas, como a Bacia do Córrego Bom Jesus (MG), sobre a
percepção socioambiental de alunos do Ensino Médio sobre o papel da educação
para o desenvolvimento local tendo como ferramentas o resgate da história do local
pelos relatos dos moradores mais antigos da região associados às atividades
escolares (trabalhos de campo, discussões temáticas, oportunidade de participação)
em sua prática amplie os horizontes do aprender, para o âmbito do ser e do
conviver, conforme preconizado pela UNESCO e fundamentais para a concretização
de uma política emancipatória.
52
REFERÊNCIAS
ADORNO, Theodor W, HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Trad.
ALMEIDA, Guido de. Jorge Zahar, 1985. 224p.
ALVES, Henrique Vitorino Souza. Urbanização contemporânea: uma contribuição
para o estudo das cidades. 2013. 220f. Dissertação (Mestrado em Geografia e
Gestão do território) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2013.
Disponível
em:
<http://www.bdtd.ufu.br/tde_arquivos/15/TDE-20140129T15104
1Z4097/UrbanizacaoContemporaneaContribuicao.pdf.> Acesso em 25 mar.2014.
ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência. 21. ed. São Paulo: Loyola,
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61
3 O PAPEL DA EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL
3.1 Ocupação e Urbanização da Bacia do Córrego Bom Jesus (MG)
Gabriel Moreira Perona5
Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos6
RESUMO
Este artigo busca compreender a influência dos processos de urbanização no
desenvolvimento local e como esse resgate histórico subsidia a elaboração da
Agenda 21 Escolar. Para caracterizar o uso e a ocupação da bacia do Córrego Bom
Jesus em Contagem/MG, no período de 1953 a 2014, foram realizadas pesquisas
bibliográficas e documental; resgates de fotografias em diferentes épocas para
comparação com os mesmos locais em 2015; relatos de histórias orais com
dezesseis moradores que estão há mais de 40 anos na região sendo que um
entrevistado sempre indicava o outro até se chegar à saturação, posteriormente
transcritas e analisadas conforme proposto por Bardin. Os resultados mostraram que
a falta de gestão, na organização dos processos de urbanização da região, interferiu
negativamente na qualidade de vida dos primeiros moradores. Constatou-se que no
período de 1980-1990, houve a intensificação do processo de urbanização e não foi
realizada nenhuma ação que incentivasse a preservação das nascentes, córregos e
matas nessa área. Foi possível concluir que a intersetorialidade é importante para o
desenvolvimento local e que os processos de ocupação e urbanização interferem
diretamente na qualidade de vida local. Conhecer tais processos é importante para o
desenvolvimento da Agenda 21 Escolar, instrumento de educação ambiental, que
busca o desenvolvimento crítico dos alunos para que estes contribuam para o
desenvolvimento local, sendo desta forma prática de gestão social que pode ser
extrapolada para outras regiões e suas respectivas Agendas.
Palavras-chave: Percepção socioambiental. Desenvolvimento local. Gestão social.
Agenda 21 Escolar. Intersetorialidade.
Occupation and urbanization of stream Bom Jesus Basin (MG)
ABSTRACT
This article seeks to understand the influence of urbanization processes in local
development and how this historical review subsidizes the development of Agenda
5
Geógrafo, Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário
UNA, especialista em educação ambiental, professor de geografia e educação ambiental. E-mail:
[email protected].
6
Bióloga, mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, doutora em Ciências e
professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local
do Centro Universitário UNA. E-mail: [email protected].
62
21 School. To characterize the use and occupancy of stream Bom Jesus basin in
Contagem / MG in 1953 to 2014 were carried out bibliographic and documentary
research; Photo redemptions at different times compared to the same locations in
2015; reports of oral histories with sixteen residents who are over 40 years in the
region and one respondent indicated whenever the other until reaching the saturation
later transcribed and analyzed as proposed by Bardin. The results showed that the
lack of management, the organization of urbanization processes in the region,
negatively interfered with quality of life of the first residents. It was found that in the
1980-1990 period, there was an intensification of the urbanization process and was
not carried out any action that encourages the preservation of springs, streams and
forests in this area. It was concluded that the intersectionality is important for local
development and the occupation and urbanization processes interfere directly in local
quality of life. Understanding these processes is important for the development of the
School Agenda 21, environmental education tool, which seeks the critical
development of students so that they contribute to local development, and this
practical form of social management that can be extrapolated to other regions and
their respective agendas.
Keywords: environmental perception. Local development. Social management.
School Agenda 21. Intersectoral.
3.1.1 Introdução
O Córrego Bom Jesus é um dos principais afluentes da Lagoa da Pampulha. Os
impactos ambientais nesta bacia interferem diretamente na qualidade das águas da
Lagoa da Pampulha.
A região da Bacia do Córrego Bom Jesus está localizada no município de Contagem
(MG). A urbanização desta área teve início na década de 1950, mas nas décadas de
1980 e 1990, com a introdução de grandes empresas, foi que a região apresentou
acentuado crescimento demográfico (PIRONI, 2009).
Desta forma, é importante compreender a influência do processo de urbanização
para o desenvolvimento local de uma região, considerando os impactos
socioambientais gerados por esta nova organização do espaço (ROLNIK, 1993;
MONTEIRO, 2012). Nesse contexto, o presente trabalho é relevante, pois através da
percepção dos moradores mais antigos da bacia do Córrego Bom Jesus, busca
compreender a influência dos processos de urbanização no desenvolvimento local e
como esse resgate histórico subsidia a elaboração da Agenda 21 Escolar com o
63
intuito de extrapolar essas experiências para outras regiões e suas respectivas
Agendas.
Este artigo objetiva analisar a percepção de moradores mais antigos da região, que
vivem no local em períodos superiores há 40 anos, sobre a influência dos impactos
da urbanização no desenvolvimento local dessa região.
Figura 3: Localização da Bacia do Córrego Bom Jesus.
Fonte: (A), (B), e (C): Polignano, 2010 (D) CBH Comitê Velhas, 2015.
Para desenvolver essa temática, este artigo está organizado da seguinte maneira:
Inicialmente, é feita uma revisão de literatura abordando os temas recursos hídricos,
percepção socioambiental, uso e ocupação do solo e desenvolvimento local.
Posteriormente, é relatada a metodologia e análise dos dados e, por último, são
apresentadas as considerações finais.
64
3.1.2 Referencial teórico
O Brasil é rico em recursos hídricos, possui diversas bacias hidrográficas. Bacia
hidrográfica é a área drenada por um rio principal e seus afluentes, no qual toda
água oriunda de chuvas ou nascentes nas encostas de um morro, irão escoar para
um mesmo lugar conforme descrito por Lanna (1995); Tucci (1997); Ribeiro,
Tocantins e Figueiredo (2013).
Bacia hidrográfica constitui um local em que se pode fazer um balanço de toda a
água que entra e sai de uma determinada região, podendo ser subdividida em áreas
menores (PORTO e PORTO, 2008), como é o caso da bacia do Córrego Bom Jesus
(MG) pertencente à macrobacia do Rio São Francisco (MG).
Com base no conceito de bacia hidrográfica, em 1997, foi promulgada a Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) que cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento deste recurso, estabelecendo conselhos e comitês que são
responsáveis pelo gerenciamento de uma bacia principal e suas sub-bacias, nas
esferas federal e estadual (BRASIL, 1997; PORTO e PORTO, 2008).
Esse sistema de gerenciamento é uma importante forma de gestão social, pois
busca através da intersetorialidade, promover a integração entre governo, empresas
e sociedade civil conforme os estudos de Inojosa (2001), Lopes, Melo e Tenório
(2012), Warschauer e Carvalho (2014). Nesse contexto, no processo de
administração e gerenciamento dos recursos hídricos de cada bacia, promove-se o
uso sustentável, respeitando, assim, as limitações de captação de cada segmento,
de forma a melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida em cada uma dessas
regiões (PORTO e PORTO, 2008).
Esta integração entre os diferentes setores fortalece a ideia de uma cidadania ativa,
que participa dos processos de mudanças locais (TENÓRIO, 2008; LOPES, MELO e
TENÓRIO, 2012; DOWBOR, 2013), preconizados pela PNRH vigente. Entretanto,
essa integração praticamente não ocorre na bacia do Córrego Bom Jesus, pois a
65
sociedade pouco participa das tomadas de decisões locais, sendo as mudanças
relacionadas, principalmente, com ações definidas pelo governo.
Para uma maior participação dos moradores, é importante que estes tenham uma
percepção socioambiental da área em que vivem, é preciso que ocorra uma relação
cognitiva entre as pessoas e esse local (SERPE, ROSSO e CAMARGO, 2011),
gerando assim uma cidadania ativa. Oliveira et al. (2015) afirmam que percepção
socioambiental é a maneira como as pessoas agem e transformam o ambiente no
qual estão inseridas, sendo que percepções e valores atribuídos aos lugares estão
associados diretamente às influências ideológicas e às classes sociais a que as
pessoas pertencem.
A Bacia do Córrego Bom Jesus é constituída essencialmente por pessoas das
classes sociais mais baixas, que ocuparam a região de forma aleatória, sem nenhum
tipo de critério. Estas ações, como visto no trabalho de Prata (2011) e Batista,
Oliveira e Queiroz (2015), estão associadas aos padrões de especulação imobiliária
que ao agregar valor econômico diferenciado para as regiões separam os indivíduos
por classes sociais, interferindo na percepção socioambiental que estas pessoas
agregam à região (SERPE, ROSSO e CAMARGO, 2011; OLIVEIRA et al., 2015).
A ocupação urbana está associada à busca por melhores condições de vida
relacionadas ao trabalho, aos estudos, ao lazer, entre outros conforme descrito por
Santos (1977); Batista, Oliveira e Queiroz (2015). Essa busca propicia envolvimento
das pessoas com o local, gerando assim percepções semelhantes às condições
socioambientais que formam a identidade local (MARANDOLA JR. e MODESTO,
2012). Neste sentido, os processos de ocupação e urbanização de uma região
influenciam no desenvolvimento da mesma, podendo através de uma gestão social
atingir graus mais elevados de desenvolvimento. Entretanto Brito, Vasconcelos e
Oliveira (2013) alertam que é preciso verificar os impactos socioambientais na
implementação de programas que busquem o desenvolvimento local, propondo
alternativas para minimizar esses impactos.
66
É notório que os processos que levam ao uso e à ocupação dos solos na sociedade
moderna, estão associados à especulação imobiliária e à busca por melhores
condições de vida (SANTOS, 1977; PRATA, 2011). Esta situação tem proporcionado
o elevado crescimento dos centros urbanos em relação ao campo (SANTOS, 2013).
Os impactos socioambientais resultantes desse processo de urbanização podem ser
minimizados com o cumprimento de políticas públicas que determinam normas de
uso e ocupação do solo, como define o Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001). Fato
este que pode ser identificado na Bacia do Córrego Bom Jesus (MG), cuja ocupação
ocorreu de forma desordenada, sem respeitar as normas de uso e ocupação do
solo, pois não existia um Plano Diretor para a região, no início de sua ocupação, o
que gerou impactos socioambientais (PIRONI, 2009), como também na maioria das
cidades
brasileiras,
cujo
crescimento
desordenado
acompanhou
os
desenvolvimentos industrial e econômico (SANTOS, 2013).
Neste sentido, na sociedade moderna, predominantemente urbana, é importante o
papel da gestão social que é uma forma de organização da sociedade civil, que
busca nos processos, as soluções para um determinado problema, onde ocorre a
participação de diferentes atores sociais, pois através da intersetorialidade, é
possível buscar melhorias na qualidade de vida e ambiental de uma região
(INOJOSA, 2001; LOPES, MELO e TENÓRIO, 2012) cujo crescimento ocorreu de
forma irregular, propondo criar alternativas para gerar um desenvolvimento local.
Uma alternativa para o desenvolvimento local na Bacia do Córrego Bom Jesus (MG),
é a elaboração de Agenda 21 Escolar que constitui um instrumento de gestão social
ao formar cidadãos críticos, contribuindo para a participação dos moradores locais
nas políticas hídricas e de uso e ocupação do solo na região, como defende o Plano
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e o Estatuto da Cidade.
67
3.1.3 Metodologia
Inicialmente,
foram
realizadas
pesquisas
bibliográficas
sobre
percepção
socioambiental, uso e ocupação do solo, desenvolvimento local e gestão social nos
sites Scielo e Google Acadêmico.
Em seguida, foram levantadas junto aos moradores mais antigos, fotos da região em
períodos que remetem à sua ocupação e foram feitas comparações destas fotos
com outras atuais, considerando os mesmos locais, na região de estudo que foram
localizados no Google Maps.
Nos Cartórios de Registro dos municípios de Contagem (MG) e Betim (MG), foram
levantados documentos de certidão de origem do desmembramento da região, que
evidenciam a ocupação imobiliária e a nova organização deste espaço. Essas
informações foram importantes, para subsidiar a escolha dos moradores que
contribuiriam para histórias orais.
No intuito de verificar a percepção dos moradores sobre o papel da urbanização da
região para o desenvolvimento local, foram captados relatos de histórias orais com
os moradores mais antigos da região.
Os relatos de histórias orais trabalham com o simbolismo e a subjetividade de cada
pessoa entrevistada em relação ao objeto (PORTELLI, 1997). Suas narrativas
permitem analisar a realidade social que estas viveram no passado, comparando
com o modo de vida que elas possuem no presente (ALMEIDA e KOURY, 2014).
Deste modo, foi possível observar os processos de gestão ou a falta desses, seja na
urbanização, seja no desenvolvimento local.
Foram realizados relatos de histórias orais com 16 (dezesseis) dos moradores mais
antigos da região, todos com mais de 40 anos na Bacia do Córrego Bom Jesus
(MG), utilizando-se a técnica bola de neve, na qual um entrevistado sempre indicava
outro até à saturação.
68
As histórias orais foram gravadas e, posteriormente, comparadas através da análise
de conteúdo, utilizando a técnica de enunciação (BARDIN, 2011). Essa teoria foi
utilizada por Émile Benveniste, na qual busca compreender as experiências
humanas através da linguagem e suas subjetividades (FLORES e ENDRUWEIT,
2012).
A pesquisa observou os aspectos éticos. Sendo assim, o projeto foi cadastrado na
Plataforma Brasil, sob o n° 39195814.0.0000.5098 (Anexo A) e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário UNA, conforme a
Resolução nº 466/2012 que regulamenta a pesquisa com seres humanos no Brasil.
As pessoas participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento de
Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndices E, F, G, H e I), emitido em 2 (duas) vias,
sendo que uma delas ficou com o entrevistado.
3.1.4 Resultados
A urbanização na Bacia do Córrego Bom Jesus (MG) teve seu processo inicial de
ocupação com o loteamento de parte da Fazenda Gangorra pertencente a Joaquim
Diniz Silveira e sua esposa, Francisca Dias da Silveira.
Inicialmente, era uma área destinada aos sítios de recreio, devido à sua proximidade
com a Lagoa da Pampulha (PIRONI, 2009). A primeira divisão territorial ocorreu em
1953, segundo o Cartório de Registro de Imóveis, na Fazenda Gangorra, totalizando
cem hectares.
Nessa divisão, não foi considerado nenhum tipo de gestão que contemplasse os
aspectos sociais e ambientais, não havia um Plano Diretor para orientar esse
processo de urbanização, sendo a proposta de organização do espaço amparada
apenas pelo capital financeiro.
Segundo relatos dos moradores entrevistados neste trabalho, a vida no início da
urbanização da Bacia do Bom Jesus era muito difícil, pois as pessoas vieram de
69
diferentes localidades, com diferentes sonhos, mas juntas tiveram que se ajudar
para viverem a realidade da nova ocupação. Fato que ocorreu em outras localidades
como o ilustrado por Almeida e Koury (2014) em entrevista com Alessandro Portelli.
As dificuldades na ocupação foram evidenciadas pela falta de estrutura local. Os
moradores entrevistados (D.D.S., I.G.L., M.E.D.S., A.M.D., L.D.S., O.M.C., M.C.R.,
R.F.C., J.A.D.C., M.C.A., A.W.D.C., M.D.D.S., A.L.R.) afirmaram que no início da
ocupação suas residências não tinham energia elétrica. Observaram que apenas
dois ônibus atendiam a região os entrevistados D.D.S., M.S.D.S., M.D.C.R., M.C.A.,
R.F.C., M.C.A., F.P., A.W.D.C.. Foi ressaltado pelos moradores I.G.L., R.F.C.,
L.D.S., D.D.S., M.S.D.S., J.A.D.C., O.M.C., A.W.D.C., F.P., M.E.D.S., R.F.C.,
M.C.R., A.M.D que nenhuma rua era asfaltada.
Outros relatos foram que o trabalho remunerado era muito escasso, relatados pelos
entrevistados F.P., M.C.R., J.A.D.C., O.M.C., A.W.D.C., M.S.D.S., D.D.S., A.M.D.,
A.L.R. e que não existia nenhum tipo de comércio na região, destacados pelos
entrevistados I.G.L., D.D.S., M.S.D.S., A.L.R., M.C.R., J.A.D.C., M.E.D.S., A.W.D.C.
A.L.R., A.M.D., F.P., R.F.C., M.D.C.R..
Os entrevistados R.F.C., D.D.S., J.A.D.C., F.P., A.L.R., A.M.D., A.W.D.C. e M.E.D.S.
recordaram que precisavam criar e cultivar seu próprio alimento.
Esses aspectos evidenciaram que a falta de gestão, na organização dos processos
de urbanização da região, interferiu negativamente na qualidade de vida dos
primeiros moradores, como visto nas falas de alguns dos entrevistados,
possibilitando uma reflexão sobre a ideia de desenvolvimento através da liberdade
de Sen (2010), pois a falta de desenvolvimento limita as escolhas da população.
- "(...) as coisas eram mais simples, conseguidas com muito mais
dificuldades." (I.G.L., 57 anos de idade e há 40 mora na região).
- "(...) a vida era totalmente diferente da atualidade, porque não
existia progresso, existia (sic!) as coisas mais simples, conseguidas
com mais dificuldade. Hoje a vida é 100% mais fácil, se tá doido,(...)
nem se compara.” (R.F.C., 71 anos de idade e há 71 anos mora na
região).
70
- "(...) a vida era simples e difícil, acordava de madrugada para
carregar tijolo. (risos) Era muito frio e poeira. (risos) (...) ainda tinha
que fazer a comida antes de sair." (L.D.S., 61 anos de idade e há 59
anos mora na região).
- "A vida era muito difícil, fazíamos compra no supermercado Grilo
(no centro de BH), só tinha dois ônibus por dia." (D.D.S., 79 anos de
idade e 44 anos habita na região).
Outro aspecto relevante no processo de ocupação dessa área estava relacionado às
formas de emprego e trabalho. Ao questionar os moradores sobre as relações de
trabalho que ocorriam na região quando mudaram para a mesma, ficou evidente
para o entrevistador que existiam basicamente três tipos de atividades econômicas
que geravam emprego na região. As pessoas trabalhavam com (i) agropecuária,
cuidando de animais e lavouras; (ii) em olarias fabricando tijolos e telhas ou (iii)
como pedreiro conforme ilustrado pelos relatos obtidos na pesquisa. Atividades
estas que ajudavam a construir o novo espaço urbano que se iniciava nesta área
corroborando com Santos (1977) e Souza (2009).
Esses fatos foram registrados nas falas de alguns entrevistados:
- "Na região não tinha muitas fontes de renda, trabalho aqui era só
de pedreiro, ou nas fazendas ou fazendo tijolo." (J.A.D.C., 71 anos e
há 49 anos mora na região).
- "A maioria eram empregados rurais. Tinha gente que trabalhava
nas olarias. Algumas pessoas tinham que ir trabalhar em Belo
Horizonte, trabalho era difícil, e só tinha dois ônibus na linha..."
(O.M.C., 81 anos de idade e há 40 anos mora na região).
- "Vixe, aqui era só trabalho braçais. (pausa). O caboclo tinha duas
opções, ou trabalhar na olaria ou trabalhar em fazendas." (A.W.D.C.,
59 anos de idade, e há 59 anos mora na região).
- "Na região não tinha nenhum comércio, as pessoas trabalhavam
como pedreiro, tinha um moço que fazia cisterna, tinha uns que
trabalhavam roçando pastos, outros na plantação de flor, muita gente
na olaria..." (M.S.D.S., 59 anos de idade e 54 anos mora na região).
Com atividades econômicas limitadas, todas as dificuldades relatadas tornam-se
evidentes. A ocupação e a urbanização da região ficaram estagnadas durante
décadas. Uma ocupação mais densa ocorreu em meados dos anos 1980 e, mais
efetivamente, na década de 1990, como pode ser observado na figura 4.
71
Figura 4: Vista aérea da região onde se localiza o Córrego Bom Jesus em 1970 e 2015.
Fonte: (A) Contagem, 2009. (B) Google Maps, 2015.
Este período foi marcado pela instalação na região de empresas e indústrias
relacionadas ao setor de logística, o que atraiu para esta área um grande
contingente de trabalhadores, que ocuparam a região de forma irregular conforme
descrito em Pironi (2009).
É perceptivo no período de 1970-2000, que a ocupação e o desenvolvimento
estavam relacionados exclusivamente à geração de riquezas, não havendo
preocupação com o social ou com a qualidade de vida das pessoas que ali
habitavam (DOWBOR, 2013). Nesse processo, não ocorreu nenhum tipo de estudo
ambiental para preservar nascentes, córregos e matas na Bacia do Córrego Bom
Jesus, conforme descrito em Pironi (2009) e proposto pela PNRH (BRASIL, 1997).
Contudo, com o adensamento populacional nessa região, algumas medidas
governamentais foram tomadas no intuito de suprir a carência de serviços públicos
da região, tais como, construção de escolas, postos de saúde, asfaltamento de ruas,
fornecimento de água e de luz, construção de redes de esgoto. Estas ações
propiciaram melhorias na qualidade de vida, principalmente dos moradores que
estão na região desde sua fundação. Dowbor (2013) define estas melhorias como
ações do governo de gestão para o social.
72
Quando questionados sobre o que mais teria mudado na região, durante todo o
período em que vivem na mesma, os relatos foram:
- "Tudo mudou, veio ônibus, asfalto, luz, água e agora é uma região
urbanizada, tem coleta de lixo, escolas, posto de saúde." (I.G.L., 57
anos de idade e há 40 mora na região).
- "A região não tinha muitos moradores, era mato na maioria dos
locais, agora não, a região cresceu muito, teve um desenvolvimento
econômico, colocaram, asfalto, luz, tem posto de saúde." (F.P., 69
anos de idade e há 40 anos mora na região).
- "(...) desenvolvimento, cresceu a região, agora tem comércio, veio
asfalto, luz, aumentou a população (...)." (A.W.D.C., 59 anos de
idade e há 59 anos mora na região).
- "Tudo mudou. (pausa) Agora tem mais ônibus, antes era só dois.
Tem mais trabalho com o comércio, as lojas, tem escola, asfalto, tem
posto de saúde, luz (risos). Eu fazia comida com lampião de
querosene para a marmita do pai e dos irmão (sic!), agora melhorou
de mais, Graças a Deus." (M.E.D.S., 66 anos de idade; 61 anos na
região).
Entretanto, quando os entrevistados foram questionados sobre os problemas da
região, foi perceptivo para o entrevistador que apesar das melhorias realizadas pelo
governo na região, outros aspectos necessitavam de atenção, entre eles, a
segurança pública, citada por 15 dos 16 entrevistados. O transporte público foi
lembrado como um problema para a região por 14 dos 16 entrevistados. Outro
problema relevante foi a limpeza das ruas e córregos, lembrado por 12 dos 16
entrevistados. O atendimento nos postos de saúde foi citado como um problema
para 11 dos 16 entrevistados. Os resíduos sólidos descartados em locais impróprios,
a falta de fiscalização e educação dos moradores foram mencionados por 10
entrevistados, exemplificado nos trechos descritos a seguir:
- "Os principais problemas da região estão relacionados com a
segurança e as leis. As pessoas desrespeitam as leis, pessoas
invadem as propriedades e ninguém faz nada. (...) tem muita gente
roubando e matando para comprar drogas. Tem muito lixo jogado, o
povo não tem educação." (R.F.C., 71anos de idade e 71 anos
morando na região).
- "Tem muito problemas: nos postos de saúde, falta médico direto; os
ônibus são velhos e sempre lotados, muito lixo, tem muitos lugares
que não possuem saneamento, sem falar a violência né, pode nem
sair de casa direito..." (M.C.R., 62 anos de idade e há 49 anos mora
na região).
73
- "Problemas... (pausa). Os ônibus não são bons e demoram muito,
as ruas ficam muito sujas, o povo não tem educação e joga lixo para
todo lado. Tem muito bandido na rua, muitos meninos que mexem
com droga. Os postos de saúde poderiam ser melhor." (M.C.A., 54
anos de idade e há 49 anos mora na região).
- "(...) é difícil até falar, muita criminalidade, a polícia tinha que ser
melhor, falta um banco, o atendimento no posto de saúde não é bom,
falta um ônibus que sai pela Pampulha, muita bagunça, falta de
respeito, saneamento básico (...) Falta vistoria das autoridades na
limpeza das ruas e dos córregos." (A.L.R., 67 anos de idade e há 43
anos mora na região).
Evidencia-se que a violência e a falta de segurança pública são problemas
enfrentados na região. Autores como Fernandes e Ramos (2010) e Fonseca, Pereira
e Gonçalves (2015) abordam esta temática, pois reflete diretamente na qualidade de
vida. Fernandes e Ramos (2010) afirmam que a violência urbana de algumas
localidades inibe a participação dos moradores nas relações sociais com as
mesmas. Portanto, inibe o empoderamento local das pessoas, atrapalhando o
desenvolvimento local como o defendido por Dowbor (2008). Geram-se assim
processos de gestão social ineficientes quando comparados às ideias de Tenório
(2008) e Dowbor (2013) nas quais os moradores passam a não lutarem por
melhorias para a região, pois ficam reclusos pelo medo (FERNANDES e RAMOS,
2010).
Este fato pode ser percebido na região estudada, principalmente, nas imediações do
Campo do Terrestre, nome dado ao campo de futebol (Figura 5). Este espaço da
Prefeitura, durante o dia, abriga escolinhas de futebol para crianças carentes,
servindo como área de lazer para os habitantes da região e sendo um impacto
socioambiental positivo, com melhorias na qualidade de vida (SEN, 2010). Mas,
esse mesmo espaço, durante a noite, é usado como ponto de venda e consumo de
drogas, o que restringe o uso do mesmo para um determinado grupo. Segundo
Fernandes e Ramos (2010), esse tipo de relação é uma forma de violência
estrutural, em que a marginalidade ocupa áreas públicas indiscriminadamente, o que
gera sofrimento social com a perda do espaço pelas pessoas que dele usufruíam.
74
Figura 5: Campo do Terrestre
Fonte: (A) Costa, 1972. (B) Google Maps, 2015. (C) Google Maps, 2015.
Esta situação poderia ser resolvida se ocorresse na região uma gestão social como
defende Inojosa (2001) e Tenório (2008), na qual os moradores deveriam se unir
com os outros setores e exigir das autoridades competentes, melhorias na
segurança pública dessa região. Essas atitudes promoveriam um desenvolvimento
humano defendido por Sen Amartya e evitariam os problemas como os vistos na
figura 6, na qual uma área que na década de 1970, pertencente à Fazenda
Gangorra, está sendo utilizada como depósito de lixo e ferro velho, atraindo pragas
urbanas indesejadas, tais como: ratos, escorpiões, baratas, moscas, responsáveis
pela disseminação de várias doenças humanas (BRASIL, 2004; PAPINI et al., 2009).
Ressalta-se o descarte incorreto dos resíduos sólidos influencia na qualidade da
água dos córregos de toda a bacia do Córrego Bom Jesus, inclusive da Lagoa da
Pampulha onde esses córregos deságuam.
Figura 6: Rua Quatro: disposição inadequada de resíduos sólidos e ferro velho.
Fonte: (A) Camargos, 1971. (B) Perona, 2015. (C) Google Maps, 2015.
75
Desta forma, medidas de gestão para melhorar a qualidade da água que remetem à
intersetorialidade foram adotadas pela Prefeitura Municipal de Contagem em
parceria com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), em
consonância com as medidas definidas no Comitê de Bacia do Rio das Velhas
viabilizando as premissas da PNRH, ao instalarem redes de esgoto por toda a bacia,
com o intuito de despoluir seus afluentes e, consequentemente, a Lagoa da
Pampulha (COPASA, 2015), porém a falta de fiscalização e de conscientização
advindos de processos educativos não inibe que resíduos sólidos urbanos e
efluentes domésticos continuem sendo despejados diariamente nos córregos desta
bacia.
Entretanto, nem sempre os córregos da região foram tratados com descaso pela
população que habita essa área, como percebido nos relatos dos moradores. Neste
quesito, ficou evidente para o pesquisador que os córregos foram muito utilizados
pelos moradores desta bacia no início de sua ocupação, sendo responsáveis pelo
abastecimento de água de muitas residências, fornecendo alimentos através da
pesca e irrigação, disponíveis para o lazer, porém o crescimento urbano alterou esta
realidade. Observe nos trechos a seguir:
- "Algumas pessoas usavam os córregos como fonte de renda, pois
tinha muitos peixes, pescavam vendiam, comiam. Minha mãe e
minhas irmãs lavavam roupa no córrego. Hoje acabou tudo." (R.F.C.,
71anos de idade e há 71 anos mora na região).
- "Eu brincava no córrego, podia nadar, tomar banho, hoje é esgoto."
(M.D.C.R., 62 anos de idade e há 49 anos mora na região).
- "(...) como falei aqui era muito mato, não tinha ônibus, nem água
nem luz, nós tínhamos que colocar as roupas na cabeça e ir lavar lá
no córrego, (...), antes de fazer a cisterna, nós tomávamos a água do
córrego." (M.S.D.S., 59 anos de idade e há 54 anos mora na região).
-"(...) uso até hoje no curral, aqui não tem muita poluição, piora
depois do Bairro Bom Jesus, lá tem esgoto. Minha mulher lavava
roupa, em uma bica que ficava ali, (apontando para um pequeno
açude)." (O.M.C., 81 anos de idade e há 40 anos mora na região).
Com o intuito de despoluir as águas desses córregos e, consequentemente, as da
Lagoa da Pampulha, transformando a qualidade ambiental da região, o Comitê de
Bacia do Rio das Velhas, responsável pela gestão da bacia hidrográfica do Córrego
76
Bom Jesus, juntamente com o Consórcio de Recuperação da Pampulha (CRBP) e a
COPASA, determinaram na fazenda do senhor Rubens Ferreira Camargos, o Ponto
Zero de Despoluição da Lagoa da Pampulha (Figura 5). Este ponto corresponde ao
divisor entre a parte conservada e a poluída do Córrego Bom Jesus.
Na figura 7, observam-se novas ocupações clandestinas à montante e à jusante do
Ponto Zero de Despoluição no Córrego Bom Jesus, que ameaçam a qualidade de
suas águas, pois não possuem esgotamento sanitário e contaminam nascentes,
águas superficiais e subsuperficiais, podendo atingir o lençol freático.
Estas ocupações impactam negativamente nos serviços públicos relacionados à
educação, segurança pública, saúde e transporte, o que é contrário ao
desenvolvimento humano proposto por Tenório (2008) e Sen (2010), pois afetam
diretamente a qualidade de vida e do ambiente da região. Esta questão é reforçada
por Prata (2011) e Lohn e Arend (2013) ao afirmarem que muitas pessoas ao serem
excluídas no processo de crescimento das cidades, são obrigadas a ocuparem
locais periféricos com menor infraestrutura, por vezes, de forma clandestina,
gerando problemas socioambientais.
Figura 7: Área de ocupação ilegal anterior ao Ponto Zero de Despoluição.
Fonte: Google Maps, 2015.
77
Desta forma, é perceptivo que a maioria dos impactos socioambientais na Bacia do
Córrego Bom Jesus estão associados aos processos de ocupação aleatória, que
ocorreram de forma ilegal durante o histórico do seu processo de urbanização.
Outra questão abordada nos relatos estava relacionada com o saudosismo, que os
moradores teriam com o passado, em relação aos períodos que remetem ao início
da ocupação da região. Diferente do imaginado pelo pesquisador, o saudosismo não
foi substancial, pois 15 dos 16 entrevistados afirmam que a vida hoje é muito melhor,
e que saudades só dos amigos e da tranquilidade. A maioria dos entrevistados
relembraram os momentos difíceis que passaram quando mudaram para a região,
com a falta de ônibus, de trabalho e de infraestrutura urbana.
- "Sinto falta dos amigos e da tranquilidade, hoje tem muito bandido,
mas hoje é melhor de viver. A vida era não era fácil, só comia o que
plantava." (M.D.C.R., 62 anos de idade e há 49 mora na região).
- "Hoje é muito melhor do que há 50 anos, hoje tem as coisas.
Saudades tenho dos parentes que já se foram, da fartura na época
das colheita (sic!), e de poder dormir com a janela aberta, (risos)."
(M.E.D.S., 66 anos de idade e há 61 anos na região).
- "Saudade, saudade, saudade mesmo só da tranquilidade, dos
amigos, todo mundo conhecia todo mundo. (...) hoje o financeiro é
melhor." (D.D.S., 79 anos de idade e há 44 anos mora na região).
- "Ah meu filho, não dá para sentir saudades, a gente sofria muito.
Hoje é uma maravilha." (J.A.D.C., 71 anos e há 49 anos mora na
região).
Apenas um dos entrevistados mostrou saudosismo, afirmando que a vida em épocas
anteriores era muito melhor do que a vida nos dias hoje.
- "Sinto saudades dos familiares que já morreram, dos costumes de
antigamente, do respeito das pessoas, da tranquilidade de sair de
casa. A mão de obra era melhor, hoje não pode plantar nada; os
vagabundos vem a noite e roubam tudo; isso aqui acabou, não pode
fazer mais nada. (...) Se Deus quiser vou vender tudo isso aqui, e
comprar umas terras onde exista respeito pelas coisas dos outros.
Aqui não tem jeito, a polícia não tem condições de fazer mais nada,
as leis não permitem. (...)." (R.F.C., 71anos de idade e há 71 anos
mora na região).
O depoimento deste entrevistado está em consonância com as ideias de Almeida e
Koury (2014) que afirmam que o discurso que as pessoas adotam no presente, está
78
associado às posições social e econômica que elas tiveram no passado. Este
entrevistado é fazendeiro, nascido e criado na região. Na sua fazenda, sempre
tiveram vários empregados. Era dono de uma das olarias, criava mulas, porcos e
gado leiteiro. Vários hectares de suas terras eram destinados às plantações de milho
e de feijão. Com a expansão urbana e os impactos gerados por ela, fica evidente
que ele passa a ter dificuldades para manter as atividades econômicas que exercia
no passado, o que lhe gera saudosismo.
Apesar do processo de ocupação e urbanização da região, mesmo gerando
impactos ambientais e sociais, principalmente, no âmbito da segurança pública, é
considerado positivo para a qualidade de vida da maioria dos entrevistados, pois no
início dessa ocupação, eles viveram a carência de todos os serviços públicos e
privados, o que tornava a vida mais difícil.
Para finalizar este diálogo, os interlocutores falavam sobre a possível contribuição
das escolas para o desenvolvimento da região. Neste item, 10 dos 16 moradores
afirmaram que as escolas são importantes para educar as pessoas devido à falta de
tempo dos pais e a educação pode ajudar no desenvolvimento da região,
principalmente, nas questões socioambientais. Sete dos moradores afirmaram ainda
que a escola é formadora de caráter e opinião, podendo ajudar com medidas que
possam contribuir para o desenvolvimento local. Porém, seis desses moradores não
conseguem perceber a relevância das escolas para o desenvolvimento da região.
Segundo eles, o desenvolvimento está mais associado às medidas do governo ou
das empresas que irão se instalar na região. Outra percepção é que se depender da
educação para desenvolver a região, seria muito complicado, pois os jovens a cada
ano estão mais difíceis, não respeitam aos pais, muito menos, aos professores.
Conforme depoimentos a seguir.
- "Acho que a educação é importante, vai ensinar esses meninos que
não pode jogar lixo em qualquer lugar. E educação hoje é a escola,
os pais só põe (sic!) no mundo, esses meninos ficam jogados por aí.
Não sei pra que pô filho no mundo." (A.W.D.C., 59 anos de idade e
há 59 anos mora na região).
- "É difícil, hoje esses jovens não respeitam ninguém, se depender
de educação, vou morrer e isso continua como está." (M.S.D.S., 59
anos de idade e há 54 anos mora na região).
79
- "Sem dúvida, educando este povo, pode melhorar (...). Quem sabe
ficamos igual nos Estrangeiro. (...) Educação muda as pessoas.”
(J.A.D.C., 71 anos e há 49 anos mora na região).
Baseado nesta análise, o pesquisador percebe que a qualidade de vida nos
períodos iniciais da ocupação da região da bacia do Córrego Bom Jesus (MG) era
ruim, com baixa infraestrutura, ineficiência do transporte público e poucas
possibilidades de trabalho. Entretanto, esta falta de infraestrutura obrigava os
moradores a terem uma relação mais próxima com os córregos da região, para
suprir as suas necessidades diárias de uso da água. Mas, essa relação foi se
perdendo com os processos de urbanização e ocupação predatória da região.
Apesar da situação descrita pelos primeiros moradores da região sobre a qualidade
de vida, os mesmos afirmam que essa melhorou ao longo dos anos. Nessa
perspectiva, a maioria dos entrevistados acredita que a educação pode auxiliar no
desenvolvimento da região, pois sendo a escola formadora de opinião, podem
contribuir para a formação de um indivíduo cidadão: participativo, proativo e
coerente em suas decisões, permitindo que o desenvolvimento local seja embasado
na colaboração das pessoas e entidades como defende Inojosa (2001), Tenório
(2008) e Sen (2010). Assim, propõe-se um processo de gestão social capaz de
proporcionar mudanças na realidade local, com a participação das pessoas de forma
ativa, contribuindo com o seu desenvolvimento conforme os estudos de Lopes, Melo
e Tenório (2012) e Dowbor (2013).
3.1.5 Considerações finais
Nos anos iniciais do processo de ocupação, a qualidade de vida era precária, porém
ocorreram melhorias na bacia do Córrego Bom Jesus a partir das décadas de 1980
e 1990 com a instalação de empresas, pois com a chegada de trabalhadores para
as empresas que se instalavam nessa região, o comércio na região foi sendo
ampliado e o governo investiu em medidas de gestão para o social, asfaltando ruas,
criando escolas e postos de saúde.
80
Estas medidas e o comércio em crescimento, mesmo que precariamente,
possibilitaram um avanço na qualidade de vida dos primeiros moradores da região,
pois como afirma Dowbor (2013, p.17), "A atividade econômica é um meio, o bemestar social é o fim." Neste contexto, os moradores passaram a perceber os
impactos socioambientais, como algo necessário para o progresso da região.
Os impactos socioambientais na bacia do Córrego Bom Jesus oriundos do processo
de ocupação e urbanização são consideráveis, pois as ocupações irregulares
contribuíram para a poluição da Lagoa da Pampulha e prejudicavam a qualidade de
vida dos habitantes. Entretanto, projetos participativos dentro do Comitê de Bacia,
embasados pela PNRH, com a participação do governo, das empresas e da
sociedade civil organizada remetem à gestão social e têm como objetivos melhorar a
qualidade de vida dos seus habitantes bem como contribuir para a despoluição da
Lagoa da Pampulha através da realização de obras de esgotamento sanitário e
revitalização de praças.
Mas, como observado nos relatos das histórias orais compartilhadas por antigos
moradores e, com base nas pesquisas bibliográficas, uma participação das
instituições de ensino da região, dentro de um processo de gestão intersetorial
verdadeiramente efetivo, isto é, com a participação da sociedade civil, empresas,
governo e entidades não governamentais como defende Inojosa (2001) e Tenório
(2008) contribuiram significativamente para a melhoria da qualidade ambiental local
resultando em qualidade de vida para a região. Como a escola é formadora de
opinião, esta pode contribuir no desenvolvimento crítico de seus alunos, para que
estes sejam capazes de participar proativamente dos processos de desenvolvimento
local.
De acordo com a percepção dos moradores mais antigos, a urbanização propiciou
melhorias na qualidade de vida, pois viveram períodos difíceis com a ausência de
todos os serviços públicos e privados. Assim, para eles, a urbanização gerou o
desenvolvimento da região, que hoje tem escolas, postos de saúde, energia elétrica,
asfalto, redes de água e esgoto, entre outras melhorias estruturais.
81
Esta pesquisa teve várias vantagens como a participação direta do professor
pesquisador com alunos e moradores da região, gerando riqueza de detalhes nas
respostas obtidas. Nesse contexto, foi possível observar as expressões faciais e o
tom de voz dos entrevistados que ao darem maior ou menor entonação,
evidenciaram como essas lembranças que lhes vinham à mente. Esta é uma
vantagem deste trabalho sobre pesquisas apenas quantitativas.
Os relatos dos moradores mais antigos são relevantes para esta pesquisa, pois
ajudaram a conhecer o passado da região para compará-lo à realidade presente e
para buscar ações que promovam o desenvolvimento consciente. Entender as
lembranças e os sentimentos de pertencimento dos moradores é uma forma de
incentivo para que os alunos adotem ações que propiciem o desenvolvimento local.
Essa pesquisa é importante para a elaboração de Agenda 21 Escolares, pois
permite conhecer a história de ocupação da região e identificar a percepção dos
moradores mais antigos sobre o desenvolvimento gerado pela urbanização, bem
como os seus impactos socioambientais, permitindo aos jovens conhecer a
realidade local e entender as suas transformações ao longo dos anos.
Para esses moradores, os impactos gerados pela urbanização no meio ambiente
tais como: desmatamento, assoreamento, poluição, sâo frutos do desenvolvimento
da região.
Desta forma, a construção da Agenda 21 Escolar busca formar atores sociais que
possam transformar essa realidade e que busquem através da intersetorialidade
alternativas para o desenvolvimento da região de maneira sustentável.
O número reduzido de moradores que vivem na região há mais de 40 anos
caracteriza-se como uma limitação desta pesquisa. Espera-se que com a
disponibilização destas informações, este artigo possa contribuir para trabalhos
futuros que busquem discutir a importância dos processos de urbanização para o
desenvolvimento local a partir do resgate histórico através das histórias orais de
82
seus moradores mais antigos, dos documentos e fotografias existentes que
permitiram caracterizar a bacia do Córrego Bom Jesus.
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87
3.2 A percepção socioambiental dos alunos do Ensino Médio sobre a Bacia do
Córrego Bom Jesus
Gabriel Moreira Perona7
Fernanda Carla Wasner Vasconcelos8
RESUMO
A urbanização da Bacia do Córrego Bom Jesus em vários momentos de forma
irregular interferiu na qualidade socioambiental local e, consequentemente, na
qualidade de vida de seus habitantes. Por isso, esse artigo tem como objetivo
analisar a percepção socioambiental dos alunos do Ensino Médio das instituições de
ensino localizadas na Bacia do Córrego Bom Jesus, no ano de 2015. Foram
validados 315 questionários com 27 questões, aos alunos do Ensino Médio, das
escolas estaduais presentes na região estudada nesta pesquisa. Todos os dados
levantados foram tratados estatisticamente. Os dados mostram que as opiniões dos
entrevistados não apresentam diferenças significativas quanto ao gênero, porém
foram encontradas diferenças nas dimensões: Qualidade socioambiental, Aspectos
econômicos e Papel da educação. A localização das escolas e o nível de
escolaridade dos alunos interferem na maneira como os alunos percebem a região
onde habitam. Os dados da pesquisa revelam uma influência da educação ambiental
sobre os alunos, e ela interfere na qualidade socioambiental de um local. Observouse que 74,6% dos entrevistados consideram a participação da comunidade
primordial para desenvolvimento da região. Ao investigar verificou-se que eles
também são de opinião de que não se deve apenas aguardar as ações dos
governos e que há necessidade de se propor iniciativas que melhorem o bem
comum. Para os alunos questionados, as condições socioambientais da bacia do
Córrego Bom Jesus não são satisfatórias. Os alunos acreditam que a educação tem
papel importante para o desenvolvimento da região.
Palavras-chave: Urbanização. Educação ambiental. Desenvolvimento local
7
Geógrafo, Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário
UNA, especialista em Educação Ambiental, professor de Geografia e Educação Ambiental. E-mail:
[email protected].
8
Bióloga, mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, doutora em Ciências e
professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local
do Centro Universitário UNA. E-mail: [email protected].
88
The environmental awareness of high school students on the Basin Stream
Bom Jesus
ABSTRACT
Urbanization Basin Stream Bom Jesus at various times irregularly interfered in local
environmental quality and therefore quality of life of its inhabitants. Therefore, this
article aims to analyze the environmental awareness of high school students of
educational institutions located in the Basin Stream Bom Jesus, in the year 2015.
There were 315 validated questionnaires with 27 questions, to high school students,
schools state in the region studied in this research. All data collected were
statistically analyzed. The data show that the views of respondents do not differ
significantly according to gender, but differences were found in the dimensions:
environmental quality, economic aspects and role of education. The location of
schools and the education level of the students influence the way students perceive
the region where they live. The survey data reveal an influence of environmental
education for students, and it interferes with social and environmental quality of a
site. It was observed that 74.6% of respondents consider the participation of the
primary community for development of the region. While investigating it was found
that they also are of the opinion that one should just wait for government action and
there is no need to propose initiatives that improve the common good. For students
questioned, social and environmental conditions of the basin Stream Bom Jesus are
not satisfactory. Students believe that education plays an important role in the
development of the region.
Keywords: Urbanization. Environmental education. Local development
3.2.1 Introdução
O Córrego Bom Jesus situado no município de Contagem (MG), é um dos principais
afluentes da Lagoa da Pampulha, cujos impactos socioambientais foram
consideráveis durante o processo de ocupação e urbanização e afetaram
negativamente essa bacia hidrográfica.
Este trabalho se faz necessário, pois conhecer a percepção socioambiental dos
alunos do Ensino Médio, considerando os impactos gerados pela ocupação urbana,
possibilita identificar as ações educativas necessárias para um processo de gestão
social que contribua para o desenvolvimento local e, consequentemente, para
melhorias na qualidade de vida dos habitantes da região.
89
Nesse contexto, a urbanização da região em vários momentos de forma irregular
interferiu na qualidade socioambiental local e, consequentemente, na qualidade de
vida de seus habitantes. Por isso, esse artigo objetiva-se analisar a percepção
socioambiental dos alunos do Ensino Médio das instituições de ensino localizadas
na Bacia do Córrego Bom Jesus.
3.2.2 Referencial Teórico
Os processos de urbanização e industrialização brasileira, na década de 1970,
mudaram a organização espacial do país, aumentando o número de habitantes nas
cidades e diminuindo os do campo (ROLNIK, 2012; SANTOS, 2013). Este fato pode
ser percebido na bacia do Córrego Bom Jesus, cujos processos de urbanização se
intensificaram com a instalação das primeiras indústrias na região na década de
1970 (PIRONI, 2009).
A urbanização propiciou um aumento dos impactos socioambientais na região bacia
do Córrego Bom Jesus, pois muitas construções foram erguidas de forma irregular,
por pessoas que migravam para a região em busca de trabalho ou pelo valor mais
baixo agregado a terra (PIRONI, 2009).
No Brasil e no mundo, as ocupações modificaram o espaço, interferindo na
qualidade de vida dos habitantes (SANTOS, 2013), criando uma população
marginalizada, sem acesso a muitos serviços públicos (DIAS, 1994) como, energia
elétrica, água encanada, hospitais, segurança, escolas. Além disso, as cidades
passaram a ser o centro das decisões sociais e políticas abrigando um número cada
vez maior de habitantes (ROLNIK, 2012). Para muitas pessoas, morar em cidades
está associado à busca por melhorias na qualidade de vida (SOEIRO, FERREIRA e
BRASILEIRO, 2014) fato que foi observado na Bacia do Córrego Bom Jesus, pela
análise da percepção dos alunos.
Entretanto, qualidade de vida é um termo inerente a cada pessoa, pois o que é
qualidade de vida para uns pode não ser para outros, podendo estar associado à
90
educação, lazer, saúde, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, bem
estar, entre outros (SOUZA, MARTINS e PAZ, 2015).
Desta forma, conhecer a percepção socioambiental dos alunos do Ensino Médio na
Bacia do Córrego Bom Jesus foi importante, pois segundo Durkheim (2009), a
percepção desses indivíduos permite compreender a interpretação dessas pessoas
do espaço em que vivem e se relacionam, o que permitiu identificar o que é
qualidade de vida para os jovens desta região, possibilitando criar ações educativas
que visem o desenvolvimento local e a qualidade de vida na região.
Segundo Freire (2011), através da educação, é possível despertar a criticidade nos
alunos, permitindo criar atores sociais capazes de gerar melhorias para a região
onde vivem, contribuindo assim para a qualidade de vida e para o desenvolvimento
local (DOWBOR, 2013).
Segundo Alves (2013, p.451), a educação ambiental "tornou-se um instrumento
mediador de interesses e conflitos dos diferentes atores sociais". Inojosa (2001)
compartilha desta ideia e afirma que através de ações educativas é possível, formar
atores sociais que lutem por melhorias socioambientais o que pode melhorar a
qualidade de vida local.
Neste contexto, a educação assume um papel importante no desenvolvimento da
bacia do Córrego Bom Jesus, cujos processos de ocupação e urbanização
interferem na qualidade socioambiental. Reigota (2009) afirma que através da
educação ambiental, os alunos passam a ter uma percepção diferenciada do local
onde vivem, pois passam a refletir sobre os impactos socioambientais locais. Pessoa
e Braga (2012) corroboram com estas ideias e afirmam que atividades de trabalho
de campo dentro da Educação Ambiental, propiciam uma maior reflexão e
percepção dos impactos ambientais locais.
Dias (2006) completa que a educação ambiental, quando tratada de forma
interdisciplinar, proporciona resultados mais satisfatórios em termos de percepção e
reflexão do espaço local. Entretanto, Alves (2013) alerta que a educação ambiental
91
não deve ficar restrita ao tema ecologia e, sim, abordar os diferentes temas
socioambientais (presentes nos diferentes conteúdos e vivências) que gerem
impactos sobre uma região.
Desta forma, identificar a percepção socioambiental dos alunos do Ensino Médio, na
Bacia do Córrego Bom Jesus, permite criar ações educativas específicas para a
área em questão, propiciando desenvolvimento local, pois como define Durkheim
(2009), a percepção é importante, pois é uma forma de se adquirir conhecimento.
Segundo Garrido e Meirelles (2014), identificar a percepção dos alunos é importante,
pois permite identificar as relações que os alunos possuem com os lugares,
possibilitando a compreensão dos significados que os elementos naturais e sociais
locais possuem na vida de cada um.
Assim, a percepção contribui para o desenvolvimento local, pois permite desenvolver
ações participativas que busquem melhorias para a região, como observado no
trabalho de Sen (2010), que defende a ideia de que desenvolvimento local é
conseguir um capital social, ou seja, é buscar através da solidariedade entre as
pessoas de um mesmo lugar o bem estar coletivo.
Entretanto, é importante que ocorra a participação dos diferentes setores, civil,
público e privados para o desenvolvimento de ações de gestão social que busquem
o desenvolvimento local (INOJOSA, 2001; TENÓRIO, 2008; DOWBOR, 2013) e,
consequentemente, melhorias na qualidade de vida da população local, pois o
desenvolvimento ocorre com a integração de todos os setores, buscando
alternativas através do empreendedorismo social, que vise práticas inovadoras e a
participação coletiva (SEN, 2010).
3.2.3 Metodologia
Inicialmente, foram aplicados questionários estruturados, aos alunos do Ensino
Médio, em cinco instituições de ensino público (Tabela 3 ), na Regional Nacional
92
(Figura 8), pertencente à Bacia do Córrego Bom Jesus, sendo aplicados e validados
315 questionários.
Figura 8: Regiões Administrativas do Munícipo de Contagem
Fonte: Contagem, 2015
A amostragem para a pesquisa foi composta de forma aleatória simples em que
todos os alunos tiveram a mesma probabilidade de serem escolhidos, sendo
contemplados no máximo 40% dos alunos de cada sala, sendo estes sorteados, não
havendo intervenção nessa amostragem.
Tabela 3 - Número de alunos do Ensino Médio matriculados em cada instituição
.
Instituição
E.E. do Bairro Carajás
Alunos matriculados
no Ensino Médio
177
E.E. Maria de Salles Ferreira
510
E.E. Ministro Miguel Mendonça
530
E.E. Presidente Tancredo Neves
463
Funec Pampulha
115
TOTAL
1735
Fonte: Secretaria de cada Instituição de Ensino, 2015
93
Segundo
Santos
𝑁.𝑍 2 .𝑝.(1 −𝑝)
𝑍 2 .𝑝(1−𝑝)+ 𝑒 2 .(𝑁−1)
(2014),
utilizando
a
fórmula
de
cálculo
amostral,
𝑛=
, sendo que n é a amostra calculada; N, a população; Z, variável
normal padronizada associada ao nível de confiança, p a verdadeira probabilidade
do evento e e, o erro amostral, considerando 95% de confiança e 5% de margem de
erro, definiu-se como amostra significativa, 315 respondentes para o questionário de
percepção socioambiental.
Após definir o número total de indivíduos, estratificou-se a amostra mantendo um
padrão homogêneo de idade, classes sociais, série, entre outros (MINGOTI et al.,
2001, p.19), conforme apresentado na Tabela 4.
Tabela 4 - Proporcionalidade de entrevistados e o número de alunos
Instituição
Proporcionalidade em %
Total de alunos de cada
Instituição de Ensino
E.E. do Bairro Carajás
6,7
21
E.E. Maria de Salles Ferreira
29,4
93
E.E. Ministro Miguel Mendonça
30,6
96
E.E. Presidente Tancredo Neves
26,7
84
Funec Pampulha
6,6
21
TOTAL
100
315
Nota: Total de alunos com arredondamentos
Para a coleta de dados quantitativos, o questionário (Apêndice A) deveria ter sido
aplicado utilizando a ferramenta Google Docs que é gratuita e facilita a aplicação do
questionário, pois é on line. Entretanto, no mês de Fevereiro de 2015, período
agendado junto à direção das escolas para a aplicação desses questionários, estas
estavam sem internet, pois o contrato de prestação de serviços havia se expirado.
Assim, os questionários foram xerocados e os dados foram compilados em planilha
do Excel transportados para o software SPSS 21.0.
94
O questionário foi elaborado com perguntas de múltipla escolha e com perguntas
utilizando a escala de Likert. Essa escala possibilita uma graduação quantificada da
percepção dos entrevistados, gerando valores de satisfação entre 1 a 5, em que 5 é
ótimo; 4 é muito bom; 3 é bom; 2, regular e 1, ruim.
Esses dados foram tratados estatisticamente, utilizando inicialmente a Análise
Fatorial de Hair et al. (2009). As técnicas estatísticas multivariadas são muito usadas
principalmente quando o número de variáveis estudadas é muito grande. Para
reduzir o número de variáveis com o intuito de obter um número suficiente de fatores
que conseguem explicar boa parte das informações coletadas. Para isso, foi
utilizada a Análise Fatorial Exploratória. O objetivo dessa análise é agrupar as
variáveis (itens) que possuem alta correlação linear. Neste trabalho, as variáveis
foram agrupadas em cinco fatores, descritos na Tabela 6.
Na Tabela 5, o valor do KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) se mostra adequado na extração
desses cinco fatores, assim como, o teste de esfericidade de Bartlett, sendo
significativo ao nível 1%, ou seja, assumi-se que a matriz de correlação dos itens
não é uma matriz identidade.
Tabela 5 - Teste de adequação da Análise Fatorial Exploratória, Teste de KMO e
Bartlett
Kaiser-Meyer-Olkin (KMO)
Teste de esfericidade de Bartlett
Qui-quadrado 95prox..
Df
Sig.
,819
1175,337
120
,000
Nota: Medida de adequação de amostragem
Fonte: Elaborado pelo autor.
Na Tabela 6, é apresentado um resumo da Análise Fatorial Exploratória com média
e desvio de cada item (questão), média resumo e percentual de variância extraída
por cada fator. O total de fatores dessa análise foi de cinco dimensões tendo como
total de variância extraída, o valor de 58,22%.
95
Tabela 6 - Tabela resumo da Análise Fatorial Exploratória
Item
Média
do Item
Desvio
padrão
do Item
Q11
1,97
1,0837
Q12
2,69
0,9793
Q13
2,49
1,0629
Q17
2,07
1,1277
Q18
2,33
1,0880
Q19
2,13
1,0164
Q20
2,71
1,0658
Q15
3,23
0,9743
Q16
3,51
1,0416
Q21
2,99
0,9082
Q23
2,81
0,9225
Q24
3,58
1,0260
Q25
3,57
1,0928
Q26
2,84
1,0315
Responsabilidade ambiental
Q14
3,07
Mudança de região
Q22
2,96
Fator
Qualidade socioambiental
Aspectos econômicos
Papel da educação
Média
resumo
% Variância
Extraída
2,34
28,338
3,14
9,017
3,33
8,146
1,1196
3,07
6,382
1,5073
2,96
6,339
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para confirmar que os itens realmente estão correlacionados dentro do fator
(dimensão), estabelecido pela Análise Fatorial Exploratória, foi feito a análise de
confiabilidade e a Análise Fatorial Confirmatória. Na Tabela 7, é apresentado um
resumo dos resultados obtidos. A estatística Alpha de Cronbach testa a
confiabilidade dos itens quanto à sua correlação entre eles, buscando valores
próximos de 1. Segundo Nunnaly (1978), os valores menores que 0,5 são
considerados inaceitáveis, entre 0,5 – 0,6 (pobres), 0,6 - 0,7 (questionáveis), 0,7 0,8 (aceitáveis), 0,8 - 0,9 (bons) e maiores que 0,9 (excelentes). Entretanto, valores
superiores a 0,6 são dados como aceitáveis. Desta forma, nenhum fator obteve o
valor do Alpha de Cronbach abaixo do especificado. Para os fatores com somente
um item, não foi possível realizar esta análise.
Outro ponto a ser colocado é que tanto o KMO quanto o teste da esfericidade de
Bartlett foram satisfatórios para a confirmação dos fatores (dimensões), criadas na
Análise Fatorial Exploratória. Contudo, a variância explicada em alguns fatores, foi
96
inferior aos 50%, considerado estatisticamente como adequado, o que não
inviabiliza a análise do fator proposto.
Tabela 7 - Análise Fatorial Confirmatória e análise de confiabilidade
Número
de Itens
KMO
Bartlett
%
Variância
Explicada
Alpha de
Cronbach
Qualidade socioambiental
7
0,783
349,79
38,00
0,723
Aspectos econômicos
4
0,696
324,05
58,04
0,758
Papel da educação
3
0,615
105,111
55,97
0,604
Responsabilidade ambiental
1
-
-
-
-
Mudança de região
1
-
-
-
-
Dimensões
Fonte: Elaborado pelo autor.
Posteriormente, foi utilizado a análise de variância (ANOVA), observando o índice de
significância entre as dimensões comparando 3 ou mais médias, tendo um valor
superior a 0,5 para um grau de confiabilidade de 5% e foi realizado o Teste de Tukey
que compara as dimensões duas a duas, buscando significância entre elas
(TRIOLA, 2008).
A pesquisa observou os aspectos éticos. Sendo assim, o projeto foi cadastrado na
Plataforma Brasil, sob o n° 39195814.0.0000.5098 (Anexo A) e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP - Centro Universitário UNA), conforme a
Resolução nº 466/2012 que regulamenta a pesquisa com seres humanos no Brasil.
As pessoas participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento de
Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndices E, F, G, H e I), emitido em 2 (duas) vias,
sendo que uma delas ficou com o entrevistado.
97
3.2.4 Resultados
A educação ambiental, como define a Política Nacional de Educação Ambiental
(PNEA), Lei no 9.795/1999, busca formar cidadãos críticos em relação ao meio
ambiente, para que estes possam ser agentes de mudanças nesse local. Nesta
perspectiva, conhecer a percepção socioambiental dos alunos do Ensino Médio na
Bacia do Córrego Bom Jesus (MG) é relevante para o fomento de ações educativas
que visem o desenvolvimento local.
A partir das respostas analisadas do questionário, ficou evidente que a percepção
socioambiental dos alunos entrevistados não foi divergente em relação ao gênero,
ao ser realizado Teste t para comparar as duas médias de cada dimensão como
demonstra a Tabela 8.
Ao nível de 5%, em nenhuma das cinco dimensões houve diferença significativa
entre as médias do gênero feminino e masculino, pois todos obtiveram valores
superiores a 0,05. Porém ao nível de 10% (0,1), apenas na dimensão Mudança de
região, houve diferença significativa (valor p = 0,086), do qual a média do sexo
feminino foi de 3,10 e do masculino igual a 2,81 (Tabela 6). Com base nesses
dados, é possível afirmar que as pessoas do gênero feminino mencionaram um
maior desejo de mudar da região estudada.
Tabela 8 - Comparação de Gênero
Dimensão
Qualidade socioambiental
Aspectos econômicos
Papel da educação
Responsabilidade ambiental
Mudança de região
Sexo
N
Média
Desvio-padrão
Feminino
157
2,28
0,68
Masculino
158
2,40
0,62
Feminino
157
3,07
0,74
Masculino
158
3,20
0,73
Feminino
157
3,31
0,76
Masculino
158
3,35
0,81
Feminino
157
3,12
1,05
Masculino
158
3,01
1,18
Feminino
157
3,10
1,46
Masculino
158
2,81
1,54
Teste t
Valor p
2,66
0,104
2,52
0,113
0,19
0,667
0,74
0,391
2,97
0,086
Fonte: Elaborado pelo autor.
98
Para avaliar se existe diferença entre as médias de cada ano do Ensino Médio em
cada dimensão criada (Tabela 9), foram utilizados o Teste F (ANOVA) e o Teste de
Tukey. Ao nível de 5%, as dimensões Qualidade socioambiental, Papel da educação
e Responsabilidade ambiental apresentaram diferenças significativas.
Observou-se que na dimensão Qualidade socioambiental, a média para o 3º Ano do
Ensino Médio foi de 2,18, sendo diferente estatisticamente (nível de 5%) das médias
dos 1º e 2º Anos. Contudo, as médias do 1º e 2º Anos do Ensino Médio não são
diferentes estatisticamente, apresentando respectivamente os valores de 2,48 e 2,40
(Tabela 9). Esses dados possibilitam afirmar que na visão dos alunos do 1o e 2o
Anos a qualidade socioambiental da região é melhor do que na visão dos alunos do
3o Ano.
Para Papel da educação, as médias do 1º e do 2º Anos do Ensino Médio possuem
diferença significativa, ao nível de 5%, sendo que o valor observado foi de 3,13 e
3,52, respectivamente (Tabela 9). Porém, ao comparar a média do 3º Ano do Ensino
Médio (valor de 3,37) com as médias do 1º e do 2º Anos, não foi encontrada
diferença significativa (nível de 5%). Desta forma, é possível afirmar que para todas
as séries a educação é importante, pois a menor média foi de 3,13, entretanto os
alunos do 2o Ano são os que mais acreditam no papel da educação.
Por fim, para a Responsabilidade ambiental, o Teste F apontou diferença
significativa entre as três médias de cada ano do Ensino Médio. Contudo, ao
compará-los dois a dois, utilizando o teste de Tukey, não foi verificada essa
diferença ao nível de 5%. Os valores das médias do 1º, 2º e 3º Anos do Ensino
Médio foram 2,95; 3,32 e 2,98, respectivamente, conforme descrito na Tabela 9.
Assim, conclui-se que o nível de escolaridade interfere na percepção que os alunos
apresentam para as dimensões: Qualidade Socioambiental, Papel da Educação e
Responsabilidade Ambiental, demonstrando que os estímulos recebidos e o
conteúdo trabalhado na educação formal contribuem para essa percepção.
99
Tabela 9 - Comparação das Dimensões por Séries
Dimensão
Qualidade
socioambiental
Aspectos
econômicos
Papel da
educação
Ano
Média
1º Ano Ensino Médio
107
2,48
0,69
2º Ano Ensino Médio
89
2,40
0,62
3º Ano Ensino Médio
119
2,18
0,60
1º Ano Ensino Médio
107
3,04
0,73
2º Ano Ensino Médio
89
3,25
0,79
3º Ano Ensino Médio
119
3,13
0,68
1º Ano Ensino Médio
107
3,13
0,74
Tukey
A
6,50
0,002
A
B
A
1,98
0,140
A
A
B
6,35
0,002
2º Ano Ensino Médio
89
3,52
0,77
3º Ano Ensino Médio
119
3,37
0,81
AB
1º Ano Ensino Médio
107
2,95
1,13
A
89
3,32
1,22
119
2,98
1,01
A
1º Ano Ensino Médio
107
2,77
1,46
A
2º Ano Ensino Médio
89
2,97
1,53
3º Ano Ensino Médio
119
3,12
1,53
Responsabilidade
2º Ano Ensino Médio
ambiental
3º Ano Ensino Médio
Mudança de
região
Desvio- Teste
Valor p
padrão
F
N
3,10
1,54
0,046
0,216
A
A
A
A
Fonte: Elaborado pelo autor.
Entretanto, quando se avaliou a diferença entre as médias de idade em cada
dimensão através dos Testes F (ANOVA) e Tukey ao nível de 5%, descritos na
Tabela 10, constatou-se diferença significativa na dimensão Mudança de região,
com valor p = 0,042. A maior média foi encontrada na faixa etária entre 17 e 18 anos
(3,30) e, na faixa etária 19 anos ou mais, a menor média, igual à 2,67. Contudo ao
aplicar o Teste Tukey, apenas a faixa etária entre 15 e 16 anos apresentou diferença
significativa em relação aquela de 17 e 18 anos.
Através das médias, foi possível afirmar que o desejo de mudar para outras regiões
é maior entre os jovens na faixa etária entre 17 e 18 anos.
Nesse contexto, ressalta-se que a idade não interfere nas dimensões Qualidade
socioambiental, Aspectos econômicos, Papel da educação e Responsabilidade
ambiental, pois não foram verificadas diferenças significativas ao nível de 5%
(Tabela 10).
100
Tabela 10 - Idade dos Paticipantes
Idade
N
Média
Desviopadrão
entre 13-14 anos
21
2,56
0,76
entre 15-16 anos
189
2,37
0,69
entre 17-18 anos
102
2,26
0,54
A
19 anos ou mais
3
1,91
0,72
A
entre 13-14 anos
21
3,02
0,88
A
entre 15-16 anos
189
3,14
0,71
entre 17-18 anos
102
3,15
0,72
A
19 anos ou mais
3
2,75
1,52
A
entre 13-14 anos
21
3,06
0,73
A
entre 15-16 anos
189
3,37
0,79
entre 17-18 anos
102
3,33
0,79
A
19 anos ou mais
3
3,00
0,33
A
entre 13-14 anos
21
3,00
1,30
A
entre 15-16 anos
189
3,06
1,14
entre 17-18 anos
102
3,09
1,06
A
19 anos ou mais
3
3,00
1,00
A
entre 13-14 anos
21
2,71
1,45
AB
entre 15-16 anos
189
2,80
1,45
entre 17-18 anos
102
3,30
1,58
A
19 anos ou mais
3
2,67
1,53
AB
Dimensão
Qualidade
socioambiental
Aspectos econômicos
Papel da educação
Responsabilidade
ambiental
Mudança de região
Teste
F
Valor p
Tukey
A
1,89
0,47
1,17
0,04
2,76
0,131
0,705
0,323
0,989
0,042
A
A
A
A
B
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para avaliar se existia diferença entre as Escolas em cada dimensão pesquisada
(Tabela 11), foram utilizados os testes F (ANOVA) e o de Tukey. Observou-se uma
diferença
significativa
nas
dimensões
Qualidade
socioambiental,
Aspectos
econômicos e Papel da educação, a nível estatístico de 5%. Nas outras dimensões,
Responsabilidade social e Mudança de região não foram constatadas diferenças
estatisticamente significativas.
101
Tabela 11 - Escolas da Região
Dimensão
Qualidade
socioambiental
Desvio- Teste
Média padrão
F
Escola
N
E.E. Carajás
21
2,28
0,64
E.E. Maria de Salles Ferreira
93
2,61
0,68
Valor
p
Tukey
ABC
A
8,32
0,000
E.E. Presidente Tancredo Neves
83
2,38
0,62
E.E. Ministro Miguel Mendonça
97
2,11
0,56
C
Funec Pampulha
21
2,16
0,64
BC
E.E. Carajás
21
2,92
0,77
AB
E.E. Maria de Salles Ferreira
93
3,33
0,82
A
E.E. Presidente Tancredo Neves
83
3,16
0,72
E.E. Ministro Miguel Mendonça
97
2,95
0,60
B
Funec Pampulha
21
3,25
0,71
AB
E.E. Carajás
21
3,05
0,94
A
E.E. Maria de Salles Ferreira
93
3,46
0,82
A
E.E. Presidente Tancredo Neves
83
3,39
0,72
E.E. Ministro Miguel Mendonça
97
3,19
0,76
A
Funec Pampulha
21
3,49
0,70
A
E.E. Carajás
21
2,95
1,40
A
E.E. Maria de Salles Ferreira
Responsabilidade
E.E. Presidente Tancredo Neves
ambiental
E.E. Ministro Miguel Mendonça
93
2,94
1,19
Aspectos
econômicos
Papel da
educação
Mudança de
região
83
3,30
1,00
4,00
2,51
0,004
0,042
AB
AB
A
A
1,48
0,209
A
97
3,06
1,08
A
Funec Pampulha
21
2,86
1,11
A
E.E. Carajás
21
3,33
1,59
A
E.E. Maria de Salles Ferreira
93
2,93
1,51
A
E.E. Presidente Tancredo Neves
83
2,92
1,44
E.E. Ministro Miguel Mendonça
97
2,92
1,55
A
Funec Pampulha
21
3,05
1,53
A
0,39
0,819
A
Fonte: Elaborado pelo autor.
Na dimensão Qualidade socioambiental, o teste F apresentou diferença significativa
entre as escolas participantes da pesquisa ao nível de 5%. Entretanto, ao comparar
as escolas duas a duas pelo teste de Tukey, constatou-se que as Escolas Estaduais
Ministro Miguel Mendonça e Maria de Salles Ferreira, apresentaram diferenças
significativas entre elas, com médias de 2,61 e 2,11 respectivamente, não existindo
correlação com nenhuma outra instituição de ensino pesquisada (Tabela 11). Esses
dados possibilitam afirmar que para os alunos de todas as escolas a qualidade
socioambiental da região não é boa, sendo considerada melhor pelos alunos da E.E.
Maria de Salles Ferreira, apesar de estar localizada em uma região de grande
periculosidade, com disputas intensas por pontos de tráfico de drogas.
102
Figura 9: Localização das escolas
Fonte: Google, 2015
Na dimensão Aspectos econômicos, foi observada diferença estatística significativa,
como na dimensão Qualidade Socioambiental apenas entre a E.E. Maria de Salles
Ferreira e E.E. Ministro Miguel Mendonça, com médias de 3,33 e 2,95 descritas
respectivamente na Tabela 11. O que demonstra que os aspectos econômicos, da
região onde fica localizada a E.E. Ministro Miguel Mendonça são os piores entre
todas as escolas estudadas.
Por fim, na dimensão Papel da educação, o Teste F apontou diferença significativa
entre as escolas, E.E. Carajás com média 3,05; E.E. Maria de Salles Ferreira, com
média de 3,46; E.E. Presidente Tancredo Neves com média de 3,39; E.E. Ministro
Miguel Mendonça com média de 3,19 e Funec Pampulha com média de 3,49. Mas,
ao comparar as escolas duas a duas através do Teste Tukey, não foi encontrada
diferença significativa ao nível de 5% (Tabela 11).
Ao analisar a Tabela 11, fica evidente que o local em que cada instituição de ensino
está situada, interfere na percepção que os seus alunos apresentam da região, o
103
que pode ser explicado pela desigual distribuição dos serviços públicos e privados,
na região da Bacia do Córrego Bom Jesus. Além disso, algumas áreas apresentam
um índice maior de violência, em outras a poluição por resíduos sólidos é mais
acentuada. Assim, pode-se afirmar que o espaço de vivência dos alunos ao redor de
cada instituição de ensino interfere em sua percepção sobre a região o que ficou
evidente nos resultados apresentados nessa tabela.
Para amenizar as diferenças de percepção entre os alunos das diferentes
instituições de ensino, atividades de trabalho de campo pela região seriam
pertinentes, pois auxiliariam no desenvolvimento da percepção dos alunos para os
problemas socioambientais como visto nos estudos de Pessoa e Braga (2012) e
Araújo e Quaresma (2014).
Ao analisar se o tempo que os alunos residem nessa região interfere na média de
cada dimensão (Tabela 12), não foram constatadas diferenças estatisticamente
significativas. Entretanto, pelo Teste F, observou-se que a dimensão Papel da
educação ficou próximo da significância, com valor p = 0,051, não havendo
diferenças estatísticas entre eles, pelo Teste de Tukey.
Desta forma, conclui-se que o tempo que os alunos residem na região, não interfere
na percepção que estes possuem para as dimensões estudas. Este fato é explicado
no trabalho de Pessoa e Braga (2012) ao afirmarem que as pessoas ao viverem
cotidianamente em uma região não percebem os impactos que ali estão ocorrendo.
Por isso, a escola deve através da educação ambiental, buscar alternativas para que
os alunos desenvolvam percepção crítica dos impactos socioambientais presentes
na região em que vivem.
104
Tabela 12 - Tempo que reside na Região estudada.
Dimensão
Qualidade
socioambiental
Aspectos econômicos
Papel da educação
Responsabilidade
ambiental
Mudança de região
Teste
F
Valor
p
Teste
de
Tukey
Q1
N
Média
Desviopadrão
menos de 1 ano
22
2,50
0,82
entre 1 e 5 anos
54
2,47
0,64
entre 5 e 10 anos
57
2,30
0,55
A
mais de 10 anos
182
2,30
0,66
A
menos de 1 ano
22
3,17
0,92
A
entre 1 e 5 anos
54
3,09
0,76
entre 5 e 10 anos
57
3,02
0,70
A
mais de 10 anos
182
3,18
0,71
A
menos de 1 ano
22
3,06
0,93
A
entre 1 e 5 anos
54
3,44
0,76
entre 5 e 10 anos
57
3,15
0,76
A
mais de 10 anos
182
3,39
0,77
A
menos de 1 ano
22
3,23
0,97
A
entre 1 e 5 anos
54
3,26
1,10
entre 5 e 10 anos
57
2,83
1,12
A
mais de 10 anos
182
3,07
1,14
A
menos de 1 ano
22
3,00
1,45
A
entre 1 e 5 anos
54
3,00
1,55
entre 5 e 10 anos
57
3,18
1,36
A
mais de 10 anos
182
2,87
1,55
A
A
1,49
0,76
2,62
1,58
0,63
0,218
0,520
0,051
0,194
0,597
A
A
A
A
A
Fonte: Elaborado pelo autor.
Entretanto, quando os alunos foram questionados se gostavam de morar na região,
e estes dados foram comparados com as cinco dimensões estudadas (Tabela 13),
observou-se com o Teste de Tukey ao nível de 5%, que ocorreu diferença
significativa nas dimensões Qualidade socioambiental (valor p = 0,000), Aspectos
econômicos (valor p = 0,000), Papel da educação (valor p = 0,036), Mudança da
região (valor p = 0,000), apenas na dimensão Responsabilidade ambiental, não
ocorreu diferença estatisticamente significativa.
Nessa análise foi constatado que 84% dos alunos afirmaram gostar de morar na
região e gostar de morar na região, interfere na percepção que os alunos atribuíram
para os aspectos de cada dimensão. Entretanto, para a dimensão Responsabilidade
105
ambiental, gostar de morar na região, não interfere na percepção desses indivíduos
com relação à área estudada.
Tabela 13 - Gostar de morar na região.
Dimensão
Qualidade socioambiental
Aspectos econômicos
Papel da educação
Responsabilidade ambiental
Mudança da região
Q2
N
Média
Desviopadrão
Não
50
2,03
0,61
Sim
265
2,40
0,64
Não
50
2,81
0,64
Sim
265
3,20
0,73
Não
50
3,12
0,89
Sim
265
3,37
0,76
Não
50
2,90
1,00
Sim
265
3,10
1,14
Não
50
4,20
1,18
Sim
265
2,72
1,45
Teste t
Valor p
14,19
0,000
12,54
0,000
4,44
0,036
1,32
0,252
46,37
0,000
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ao comparar as médias das dimensões em relação à capacidade dos alunos em
identificar os córregos da região (Tabela 14), pelo Teste de T, ao nível de 5%,
observa-se que ocorreu diferença significativa para as dimensões: Qualidade
socioambiental (valor p = 0,007) e Papel da educação (valor p = 0,017).
Tabela 14 - Identificar os Córregos da região
Dimensão
Qualidade socioambiental
Aspectos econômicos
Papel da educação
Q3
N
Média
Desvio-padrão
Não
266
2,30
0,61
Sim
49
2,57
0,81
Não
266
3,11
0,71
Sim
49
3,29
0,85
Não
266
3,38
0,74
Sim
49
3,09
0,95
Não
266
3,05
1,10
1,22
Sim
49
3,18
Não
266
2,99
1,50
Sim
49
2,78
1,57
Responsabilidade ambiental
Mudança de região
Teste t
Valor p
7,30
0,007
2,44
0,119
5,74
0,017
0,63
0,427
0,83
0,364
Fonte: Elaborado pelo autor.
106
Quando os alunos foram questionados se saberiam identificar os córregos da região
pelos seus nomes, dos 315 participantes 266, ou seja, 84,4% dos respondentes
afirmaram que não conseguiriam identificá-los. Este fato demonstra que a educação
ambiental nessas escolas, ao relacionar os aspectos ambientais específicos da
região, não está acontecendo de maneira eficiente. Para tanto, é possível modificar
este quadro com visitas guiadas e trabalhos de campo, como observado nos
trabalhos de Pessoa e Braga (2012) e Araújo e Quaresma (2014). O trabalho de
campo e as visitas guiadas possibilitam a percepção dos alunos e a elaboração
crítica das observações realizadas, o que pode gerar empoderamento local e formar
cidadãos que sejam atores nos processos de gestão social que visem o
desenvolvimento local, como observado em Inojosa (2001) e Dowbor (2013).
Entretanto, quando os alunos foram questionados se eles tinham práticas de
educação ambiental, 228 alunos (72,4%) disseram que não. Ao associar este fato
com as informações obtidas nos grupos focais (Capítulo 3.3 - O Espaço Geográfico
e os Impactos Socioambientais na Bacia do Córrego Bom Jesus (MG): Um Enfoque
na Educação Ambiental), notou-se que vários alunos que assinalaram não ter aulas
de Educação Ambiental, estavam associando este tema a uma disciplina, pois no
ano de 2014, as instituições públicas de Minas Gerais, haviam acrescentado na
matriz curricular do Ensino Médio, a disciplina Educação Ambiental que perdeu o
caráter disciplinar e retornou como tema transversal em 2015, conforme proposto na
PNEA (BRASIL, 1999).
Tabela 15 - Em sua escola, você tem aulas de Educação Ambiental?
Dimensão
Qualidade socioambiental
Aspectos econômicos
Papel da educação
Responsabilidade ambiental
Mudança de região
Q4
N
Média
Desvio-padrão
Não
228
2,31
0,66
Sim
87
2,44
0,63
Não
228
3,13
0,71
Sim
87
3,16
0,79
Não
228
3,33
0,80
Sim
87
3,33
0,75
Não
228
3,00
1,09
Sim
87
3,23
1,18
Não
228
3,00
1,48
Sim
87
2,84
1,58
Teste t
Valor p
2,79
0,096
0,08
0,772
0,00
1,000
2,57
0,110
0,72
0,398
Fonte: Elaborado pelo autor.
107
Ao analisar este tema através do Teste de Tukey, ao nível de 5% (0,05) (Tabela 15),
não ocorreu diferença significativa em nenhuma das dimensões. Entretanto, ao nível
de 10% (0,1), ocorreu diferença significativa para a dimensão Qualidade
socioambiental. Desta forma, conclui-se que ter aulas de Educação Ambiental
interfere na qualidade socioambiental da região, como observado nos trabalhos de
Jacobi (2003) e Sorrentino et al. (2005).
Quando os alunos foram questionados sobre quais disciplinas abordavam temas
referentes ao meio ambiente, podendo marcar mais de uma alternativa (Tabela 16),
observou-se que as disciplinas Biologia (61,9%) e Geografia (41,3%) são segundo
os respondentes, aquelas que mais trabalham este tema em seus conteúdos.
Observou-se que a disciplina Educação Ambiental foi citada por 43 alunos (13%), o
que reforça a ideia de que muitos alunos ao responderem o questionário associavam
as atividades de educação ambiental à disciplina criada em 2014.
Tabela 16 - Disciplinas nas quais se estudam temas relacionados ao meio ambiente
Disciplina
Número de Marcações
Percentual
Biologia
195
61,9%
Geografia
130
41,3%
Educação Ambiental
43
13,7%
Outros
20
6,3%
Química
8
2,5%
Português
2
0,6%
Matemática
2
0,6%
História
1
0,3%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Entretanto, estes dados demonstram a ineficiência da interdisciplinaridade e da
transversalidade dos diferentes temas relacionados à educação ambiental nas
instituições da região, pois as demais disciplinas juntas tiveram apenas 33
marcações conforme descrito na Tabela 16.
Assim, constata-se a necessidade de ações educativas nas instituições de ensino
local, buscando a participação de todas as disciplinas na contribuição das atividades
108
relacionadas à educação ambiental, formando cidadãos críticos, capazes de serem
atores nos processos de desenvolvimento local.
Observou-se que quando os alunos foram questionados sobre o que seria
necessário para uma região ser desenvolvida (Tabela 17), os itens mais destacados
estavam relacionados à saúde e à segurança. Entretanto, o item Participação da
comunidade foi destacado por 74,6% dos entrevistados.
Tabela 17 - Itens necessários para o desenvolvimento da região
Itens necessários para desenvolvimento da região
Número de Marcações
Percentual
Hospitais
260
82,5%
Posto de saúde
237
75,2%
Segurança
236
74,9%
Participação da comunidade
235
74,6%
Áreas verdes
220
69,8%
Posto policial
207
65,7%
Escolas
200
63,5%
Asfalto nas ruas
188
59,7%
Creches
175
55,6%
10
Respeito às decisões da comunidade
167
53,0%
11
Bancos financeiros
Relação entre diferentes atores sociais (escola,
comunidade, governo, ONGs, etc.)
161
51,1%
158
50,2%
13
Praça
155
49,2%
14
Campo de futebol
141
44,8%
15
Influência dos governantes
136
43,2%
16
Orçamento participativo
122
38,7%
17
Shopping
120
38,1%
18
Comércio em grande escala
117
37,1%
19
Posto de gasolina
106
33,7%
20
Estabelecimento da Mc Donald's
88
27,9%
21
Comércio em pequena escala
69
21,9%
22
Indústria
69
21,9%
23
Lojas de grife (marcas famosas)
62
19,7%
24
Poluição
52
16,5%
25
Casas de luxo
45
14,3%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
12
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ao analisar a Tabela 17, fica notório que para os alunos o desenvolvimento de uma
região está associado às questões relacionadas a saúde e a segurança, como
109
construções de hospitais, postos de saúde, postos policiais, creches, asfalto e
escolas. Entre os aspectos importantes para o desenvolvimento de uma região,
defendidos por Inojosa (2001), Tenório (2008) e Dowbor (2013), apenas o item
Participação da comunidade foi citado entre os nove primeiros itens destacados
pelos alunos. Respeito às decisões da comunidade, aparece em 10o lugar com 53%;
a Relação entre diferentes atores sociais (escola, comunidade, governo, ONGs, etc.)
ficou em 12o lugar com 50,2%; a Influência dos governantes ficou em 15o com 43,2%
e o Orçamento Participativo em 16o lugar com 38,7%.
Desta forma, a educação adquire um papel importante no processo de
desenvolvimento local, pois suas ações devem contribuir para formar cidadãos
críticos, capazes de compreender os processos de gestão social que levam ao
desenvolvimento local. Compreendendo que não se deve esperar que o
desenvolvimento ocorra apenas por ações do governo ou por ações relacionadas
aos aspectos econômicos, como observado na ideia de desenvolvimento defendida
por Inojosa (2001), Tenório (2008) e Dowbor (2013), mas sim pela participação de
todos os setores.
Uma atividade importante dentro da educação ambiental que contribui para o
desenvolvimento crítico dos alunos e que requer a participação da comunidade
escolar para o seu desenvolvimento é a elaboração de Agendas 21 Escolares (MEC,
2014).
A sua construção requer uma interdisciplinaridade, que como destacada na análise
da Tabela 16, não está ocorrendo frequentemente nas instituições de ensino
públicas localizadas na Bacia do Córrego Bom Jesus. A construção também requer
a participação da comunidade escolar, o que favorece a sensibilização e a
percepção dos alunos para os problemas socioambientais da região.
Ao analisar a dimensão Qualidade socioambiental (Tabela 18), verificou-se que a
média das respostas desta dimensão foi de 2,34, sendo a pior média encontrada no
quesito, Qualidade da água dos córregos da região, com média de 1,97, e a melhor
média foi encontrada no quesito, Número de praças públicas, campos de futebol ou
outro tipo de equipamento público, com média igual a 2,71.
110
Tabela 18 - Dimensão Qualidade socioambiental
Item
Q11
Q12
Conteúdo do item
Média do
Item
Desvio Padrão
do Item
1,97
1,0837
2,69
0,9793
2,49
1,0629
2,07
1,1277
2,33
1,0880
2,13
1,0164
2,71
1,0658
Média
Resumo
Qualidade da água dos córregos da região
Qualidade ambiental das ruas e praças
Frequência que as questões ambientais locais são
Q13
tratadas na escola
Q17
Q18
Qualidade do transporte público da região
2,34
O número de policiais é adequado
Q19
O número de postos de saúde e a qualidade dos
mesmos
Q20
Número de praças públicas, campos de futebol ou
outro tipo de equipamento público
Fonte: Elaborado pelo autor.
Estas médias demonstram que a qualidade socioambiental da região da Bacia do
Córrego Bom Jesus, na percepção dos alunos do Ensino Médio não são
satisfatórias. Esse fato compromete a qualidade de vida desses moradores, pois os
dados demonstram que na percepção dos alunos, o número de policiais não é o
adequado para coibir a violência na região; o número e a qualidade do atendimento
dos postos de saúde não suprem a demanda da população local, que o transporte
público não é satisfatório, que as águas dos córregos da região não são de boa
qualidade. Entretanto, os itens: Qualidade ambiental das ruas e praças e Número de
praças públicas, campos de futebol ou outro tipo de equipamento público, estão com
valores superiores à média desta dimensão, sendo respectivamente 2,69 e 2,71.
Contudo, o item, Frequência que as questões ambientais locais são tratadas na
escola, obteve média de 2,49 na percepção dos alunos. Valor este relativamente
baixo devido à importância das ações educativas para o desenvolvimento local,
como visto no trabalho de Muller et al. (2012).
Ao observar a Tabela 19 e compará-la ao item qualidade da água (Tabela 18),
observa-se a falta de conhecimento na percepção dos alunos. O esgoto doméstico
111
da região da Bacia do Córrego Bom Jesus não é tratado, o que reflete na percepção
dos alunos em relação a qualidade das águas dos córregos dessa região (Tabela
18). Entretanto, contraditoriamente, 69,8% dos alunos participantes da pesquisa
acreditam que o esgoto de suas residências é tratado (Tabela 20). Essa percepção
errônea demonstra a fragilidade e a necessidade de se criar ações de educação
ambiental, que incentivem o desenvolvimento crítico dos alunos para os problemas
socioambientais locais, como observado nos trabalhos de Reigota (2009), Dias
(2010) e Alves (2013).
Tabela 19 - Destinação do esgoto doméstico
Número de
alunos
%
Outras destinações
6
1,9
Vai para o córrego mais próximo sem tratamento
28
8,9
Vai para uma fossa séptica
11
3,5
Vai para uma rede de esgoto, onde é tratado
220
69,8
Vai para uma rede de esgoto, onde não é tratado
50
15,9
Total geral
315
100
Destinação do esgoto
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ao analisar a dimensão Aspectos econômicos (Tabela 20), observa-se que a média
para esta dimensão foi de 3,14 sendo a maior média encontrada no item,
Quantidade de estabelecimentos comerciais da região, com média de 3,51 e, a pior
média (2,81) no item, Você considera a região desenvolvida.
Observa-se nesta dimensão, que na percepção dos alunos do Ensino Médio a
quantidade e a qualidade dos estabelecimentos comerciais na região são
satisfatórias, com médias de 3,51 e 3,23, respectivamente. Entretanto, na percepção
desses alunos, o item, se eles consideram a região desenvolvida, obteve média de
2,81. Este fato se explica ao ser comparado com os dados das Tabelas 17 e 18, em
que os itens segurança e saúde são apontados na Tabela 17 como importantes para
o desenvolvimento de uma região e, na Tabela 18, como itens cuja qualidade não é
satisfatória na Bacia do Córrego Bom Jesus (MG).
112
Observa-se que a qualidade de vida na percepção dos alunos, mesmo sendo
comprometida pela qualidade socioambiental destacada na Tabela 18, obteve média
de 2,99, contribuindo para essa avaliação, as relações interpessoais de amizades,
observadas nos grupos focais (Capítulo 3.3 - O Espaço Geográfico e os Impactos
Socioambientais na Bacia do Córrego Bom Jesus (MG): Um Enfoque na Educação
Ambiental).
Tabela 20 - Dimensão - Aspectos econômicos
Item
Q15
Conteúdo do item
Média
do Item
Desvio
Padrão do
Item
A qualidade de estabelecimentos comerciais na região
3,23
0,9743
Média
Resumo
A quantidade de estabelecimentos comerciais na região
Q16
3,51
1,0416
Q21
A qualidade de vida da região
2,99
0,9082
Q23
Você considera a região desenvolvida
2,81
0,9225
3,14
Fonte: Elaborado pelo autor.
A dimensão Papel da educação (Tabela 21) obteve média de 3,33, com médias de
3,58 e 3,57 respectivamente para os itens: As escolas podem exercer um papel
importante para o desenvolvimento da região e você acredita que a comunidade
possui um papel fundamental para se atingir um maior grau de desenvolvimento da
região. Entretanto, o item relacionado ao orçamento participativo e sua influência
para o desenvolvimento da região obteve média de 2,84.
Assim, ao analisar esta dimensão, é possível afirmar que na percepção dos alunos,
a educação possui um papel importante para o desenvolvimento da região. Sendo
que na percepção dos mesmos, a escola e a comunidade exercem um papel
relevante para o desenvolvimento da região.
Esta percepção dos alunos é corroborada pelos estudos de Reigota (2009) e Muller
et al. (2012), ao afirmarem que a educação ambiental é importante para que ocorra
o desenvolvimento local, pois irá gerar reflexões/ações críticas nesses indivíduos,
113
para que estes sejam atores sociais nos processos que busquem o desenvolvimento
de uma região, atuando como cidadãos.
Tabela 21 - Dimensão - O Papel da educação
Conteúdo do Item
Item
Q24
Q25
Q26
As escolas podem exercer um papel importante para o
desenvolvimento da região
Você acredita que a comunidade possui um papel
fundamental para se atingir um maior grau de
desenvolvimento da região
O orçamento participativo tem influenciado em
melhorias e desenvolvimento da região.
Média
do Item
Desvio
Padrão do
Item
3,58
1,0260
3,57
1,0928
2,84
1,0315
Média
Resumo
3,33
Fonte: Elaborado pelo autor.
A análise da Responsabilidade ambiental demonstra que na percepção dos alunos,
a participação deles para evitar a poluição da região é satisfatória com média de
3,07 (Tabela 22). Entretanto, a região apresenta vários pontos com intensa
degradação ambiental.
Este fato demonstra que para diminuir os impactos relacionados à poluição na
região, é necessária a participação de todos os setores. É preciso desenvolver
programas de gestão social com a participação pública, privada e da comunidade
local, para gerar ações que visem o desenvolvimento local de forma sustentável
(INOJOSA, 2001).
Desta forma, a educação ambiental é fundamental, pois através de medidas
educativas, é possível formar cidadãos críticos capazes de lutar por melhorias no
local. Nesse sentido, a elaboração de Agendas 21 Escolares constitui uma
ferramenta da educação ambiental dentro dos processos de gestão social que
buscam o desenvolvimento local.
114
Tabela 22 - Dimensão - Responsabilidade ambiental
Item
Q14
Conteúdo do Item
Sua participação para evitar a poluição da
região
Média do
Item
Desvio Padrão do
Item
Média
Resumo
3,07
1,1196
3,07
Fonte: Elaborado pelo autor.
Todos os problemas socioambientais descritos nas dimensões anteriores interferem
na percepção da dimensão Mudança de região (Tabela 23). Neste quesito, a média
de desejo de mudar-se para outra região é de 2,96.
Para mudar este índice, será necessário que ocorra o empoderamento local, através
de ações de gestão social que busquem melhorias para a qualidade de vida da
região. Melhorando a qualidade de vida e o sentimento de pertencimento, um menor
número de pessoas terá o desejo de sair da região, como observado em Tenório
(2008) e Buarque et al. (2012).
Tabela 23 - Mudança de região
Item
Conteúdo do Item
Qual o seu grau de desejo de mudar-se
para outra região?
Fonte: Elaborado pelo autor.
Q22
Média do
Item
Desvio Padrão
do Item
Média
Resumo
2,96
1,5073
2,96
115
3.2.5 Considerações Finais
Neste artigo, ficou evidente que na percepção dos alunos, a região da Bacia do
Córrego Bom Jesus apresenta uma relativa qualidade de vida, com um comércio
satisfatório tanto em quantidade quanto em qualidade. Entretanto, os aspectos
socioambientais da região deixam a desejar, com transporte ineficiente, segurança
pública insatisfatória, atendimento médico nos postos de saúde que não comportam
a demanda local, além de resíduos sólidos serem descartados de forma irregular, o
que contribui para a poluição dos cursos hídricos da região.
Desta forma, com problemas socioambientais e a ineficiência de alguns serviços
públicos, ficou perceptivo o desejo considerável dos jovens de mudarem para outra
região, principalmente, entre aqueles que estão faixa etária entre 17 e 18 anos.
Entretanto, a percepção dos jovens sobre os problemas da região e o desejo de
mudança para outras regiões variam de acordo com a localização espacial das
instituições de ensino em que cada um está matriculado, o que demonstra que a
qualidade de vida, a poluição e o atendimento por serviços públicos e privados não é
uniforme em toda a região da Bacia do Córrego Bom Jesus.
Contudo na percepção dos estudantes, as escolas e a comunidade podem exercer
um papel importante para desenvolver essa região, melhorando assim, a qualidade
de vida local.
De acordo com os resultados dessa pesquisa, é notório que ações educativas
podem contribuir para o empoderamento e para o desenvolvimento local da região,
ao formar alunos críticos que sejam atores dos processos de mudança local, que
visem melhorias na qualidade de vida.
A aplicação dos questionários apenas aos alunos do Ensino Médio em instituições
estaduais de ensino pode ser considerada a maior limitação desta pesquisa, pois
não contemplou a percepção dos alunos de instituições particulares e municipais na
região, pois não possuíam o Ensino Médio regular.
116
Esta pesquisa foi importante, pois permitiu conhecer a percepção dos alunos, em
relação aos aspectos socioambientais da região da Bacia do Córrego Bom Jesus,
permitindo assim embasar trabalhos futuros que visem ações educativas
interdisciplinares e transversais para o desenvolvimento e o empoderamento da
região, sendo a Agenda 21 Escolar um instrumento relevante para esse processo.
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Contemporâneos. Revista Geonorte, Manaus-AM Edição Especial 3, v.7, n.1,
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Visitas Técnicas: Tecnologia de Aprendizagem no Contexto Educacional. Revista
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institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Portal
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DIAS, Genebaldo Freire. Populações Marginais em Ecossistemas Urbanos. 2
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____________________. Atividades Interdisciplinares de Educação Ambiental.
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117
DOWBOR, Ladislau. Gestão social e transformação da sociedade - 2013, 17p.
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120
121
3.3 O Espaço Geográfico e os Impactos Socioambientais na Bacia do Córrego
Bom Jesus (MG): Um Enfoque na Educação Ambiental
Gabriel Moreira Perona9
Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos10
RESUMO
O tema educação ambiental é relevante no início deste terceiro milênio, visto que as
instituições de ensino brasileiras devem de acordo com a Constituição Federal
(1988) e a PNEA, Lei n° 9.795/1999, abordar este tema em suas matrizes de ensino,
de modo a auxiliar a transformação do estudante em cidadão, crítico com as
questões socioambientais. Neste contexto, este artigo tem como objetivo analisar o
papel do trabalho de campo, no processo de sensibilização de alunos do Ensino
Médio, para o fomento de uma educação ambiental formal na Bacia do Córrego Bom
Jesus, Contagem (MG). Foi realizada previamente visita técnica pelo professor para
identificar os impactos socioambientais presentes na área de estudo e proposição do
roteiro do trabalho de campo. Posteriormente, aulas dialogadas com exposição de
vídeos e debates sobre os temas desenvolvimento local e impactos socioambientais,
foram desenvolvidos em sala de aula, seguido pela visita in loco ao Córrego Bom
Jesus. Para comparar a percepção dos alunos participantes e não participantes do
trabalho de campo, realizou-se um grupo focal. Observou-se neste artigo que o
trabalho de campo embasado em ações socioeducativas, é importante na geração
de significados e percepções socioambientais críticas para a região. Alunos que
participaram do trabalho de campo demonstraram maior sensibilização com os
problemas socioambientais locais. Eles conseguiram associar os temas estudados
formalmente em sala de aula com os impactos socioambientais da região.
Entretanto, essa integração do conhecimento não foi percebida pelos alunos não
participantes do trabalho de campo. Assim, ao reconhecer o espaço, o trabalho de
campo contribui para o empoderamento local dos participantes, quando associado a
um embasamento teórico. Durante a realização do trabalho de campo, foi possível
sensibilizar os participantes e identificar suas percepções. Atividades educativas
bem estruturadas, integrando teoria e prática, proporcionam desenvolvimento crítico
aos alunos e estes podem se tornar atores de mudanças para um desenvolvimento
local mais sustentável, subsidiando a elaboração de Agendas 21 Escolares.
Palavras-chave: Educação Ambiental. Urbanização. Problemas Socioambientais.
Trabalho de Campo.
9
Geógrafo, Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário
UNA, especialista em educação ambiental, professor de geografia e educação ambiental. E-mail:
[email protected].
10
Bióloga, mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, doutora em Ciências e
professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local
do Centro Universitário UNA. E-mail: [email protected].
122
ABSTRACT
The Geographical Area and the Social and Environmental Impact Basin Stream
Bom Jesus (MG): A Focus on Environmental Education
The environmental education theme is relevant at the beginning of this third
millennium, as Brazilian educational institutions are in accordance with the Federal
Constitution (1988) and PNEA, Law no. 9.795/1999, address this issue in their
teaching matrixes, order to assist the transformation of the student citizen, with
critical social and environmental issues. In this context, this article aims to analyze
the role of field work, the high school students to raise awareness of process for the
development of a formal environmental education in the Stream Basin Bom Jesus,
Contagem (MG). Previously it was held technical visit by the teacher to identify social
and environmental impacts present in the study area and proposition of fieldwork
script. Later, dialogued classes with exposure videos and debates on local
development issues and environmental impacts have been developed in the
classroom, followed by on-site visit to Stream Bom Jesus. To compare the
perceptions of participants and non-participants of fieldwork students, held a focus
group. There was this article that the fieldwork grounded in socio-educational
activities, it is important in the generation of meanings and critical environmental
perceptions in the region. Students who participated in the field work demonstrated
increased awareness with local environmental problems. They were able to link the
themes studied formally in the classroom with the social and environmental impacts
in the region. However, this integration of knowledge was not perceived by the nonparticipating students of fieldwork. Thus, recognizing the space, the field work
contributes to local empowerment of the participants, when associated with a
theoretical foundation. During the field work, it was possible to sensitize the
participants and identify their perceptions. Well structured educational activities,
integrating theory and practice, provide critical development students and these can
become actors of change for a more sustainable local development, supporting the
development of Agenda 21 School.
Keywords: Environmental Education. Urbanization. Social and environmental
problems. Fieldwork.
3.3.1 Introdução
A urbanização do Território Brasileiro foi intensificada a partir da década de 1970,
visto à mecanização do campo e à disponibilidade de trabalho nos centros urbanos.
Este processo de urbanização provocou o aumento da população urbana e dos
problemas socioambientais, dentre eles, as ocupações irregulares, o descarte de
resíduos sólidos, desigualdades sociais, transporte, segurança pública e lazer.
123
No intuito de amenizar estes problemas e melhorar a qualidade de vida, vários
estudos apontam o papel da educação, principalmente, a ambiental formal para o
desenvolvimento de uma região sendo o trabalho de campo uma das técnicas para a
sensibilização de um grupo local, pois essa atividade possibilita a visualização dos
problemas socioambientais apresentados pela literatura, sendo possível associá-los
com o ambiente, contribuindo na formação de atores para os processos de
mudanças locais.
Este artigo tem por objetivo analisar o papel do trabalho de campo, no processo de
sensibilização dos alunos do Ensino Médio, para o fomento de uma educação
ambiental formal na Bacia do Córrego Bom Jesus, Contagem (MG), orientado pelos
quatro pilares apresentados por Delors et al. (1999): aprender a conhecer, aprender
a fazer, aprender a conviver e aprender a ser e enfatizados por Gadotii (2000) em
seu trabalho "Perspectivas atuais da educação".
Através do trabalho de campo, os alunos conhecem e a compreendem a realidade
da região em que vivem, associando o aprendido em sala com a realidade do local,
o que proporciona maior criticidade e possibilita que estes alunos sejam atores
proativos nos processos de mudanças necessárias ao desenvolvimento local de
maneira sustentável. Isso porque o trabalho de campo constitui uma ferramenta de
sensibilização capaz de proporcionar mudanças comportamentais. Nesse contexto,
este trabalho se faz necessário.
3.3.2 Referencial teórico
3.3.2.1 Urbanização e educação ambiental na Bacia do Córrego Bom Jesus
A definição de espaço geográfico tem sido associada aos conceitos de urbanização
e transformação da paisagem, no qual o homem modifica os lugares ao construir
seu espaço de vivência (LEFÈBVRE, 2009). As mudanças e os processos de
urbanização são notórios com a primeira Revolução Industrial, através do
crescimento das cidades que assumem papel importante na vida social e no
desenvolvimento econômico (TELÓ e DAVID, 2012), pois nelas está concentrado o
124
maior número de postos de trabalhos, além de se tornarem o centro das decisões
políticas e econômicas (SANTOS, 2013).
No Brasil, essa modificação do espaço de vivência se acentuou com os processos
de urbanização nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado em que a intensa
industrialização do país, no qual um grande contingente de trabalhadores se
deslocaram do campo para as cidades (VIEIRA NETO, 2011; DALBERTO e
STADUTO, 2013; SANTOS, 2013). Todavia, muitos trabalhadores que migraram
para as cidades haviam perdido o trabalho no campo, com o advento da tecnologia,
que substituía a mão de obra humana por máquinas. Logo, mudaram para as
cidades na esperança de melhor qualidade de vida e promessas de trabalho nas
indústrias que se instalavam no país (DIAS, 2006; TELÓ e DAVID, 2012).
Entretanto, as cidades não conseguiram absorver toda a mão de obra oriunda do
campo, o que gerou núcleos de pobreza (DIAS, 1994; DIAS, 2010; SANTOS, 2013),
e, consequentemente, exclusão social e ocupações irregulares do solo urbano
(PRATA, 2011; ROLNIK e KLINK, 2011). Nesta perspectiva, a gestão social torna-se
relevante, pois através de sua prática é possível gerar transformações que
possibilitem o desenvolvimento local (MACHADO e QUARESMA, 2014), modificando
a realidade de pobreza e de miséria provocadas pela urbanização irregular, pois
através da gestão social as pessoas de um determinado local devem se unir, para
discutir projetos e ações necessárias para o desenvolvimento do mesmo.
Segundo Ferreira et al. (2013), a industrialização brasileira demorou a ocorrer, pois
quando o Brasil era colônia de Portugal, toda a manufatura usada no país vinha da
Europa, o que levou o país a manter a agricultura como sua principal atividade
econômica. Alterações nessas práticas só ocorreram com a crise do café, no início
do século XIX, quando no Brasil, iniciou-se o processo de urbanização, sendo o
Sudeste, a primeira região a se industrializar e urbanizar (VIEIRA NETO, 2011), visto
a presença das estradas de ferro e o Porto de Santos, construídas para escoar a
produção do período cafeeiro. Assim, a crise do café no final do século XIX,
incentivou os processos de industrialização no Brasil, gerando consequentemente a
urbanização em diferentes regiões (FERREIRA et al., 2013). Entretanto, cada região
125
brasileira teve processos distintos de urbanização e ocupação do solo (ROLNIK e
KLINK, 2011).
Segundo Santos (1977) e Rolnik (2012), os processos de urbanização podem ser
percebidos pelos parâmetros observados nas construções, que refletem os padrões
de povoamento em diferentes momentos da história. O que é perceptivo na região
da bacia do Córrego Bom Jesus, cujo início de seu povoamento aconteceu com o
chacreamento, em 1953, de parte da Fazenda Gangorra. Neste período, a ocupação
estava associada ao lazer com sítios de recreio que eram ocupados apenas nos fins
de semana (segunda moradia), com áreas superiores a 2500m2 de acordo com o
Cartório de Registro de Betim e se intensificou nos anos 1990, com a instalação de
empresas e o crescimento do comércio na região (PIRONI, 2009). Essas mudanças
alteraram o processo de ocupação, que estava associado aos interesses dos
incorporadores imobiliários (PRATA, 2011; ROLNIK, CYMBALISTA e NAKANO,
2011) que criaram loteamentos, alguns clandestinos, aumentando o número de
habitantes na região.
Nestas áreas cuja ocupação ocorreu de forma irregular, observa-se uma desordem
na estrutura física local, o que compromete a qualidade dos serviços públicos e
privados como descrito no trabalho de Motter e Batella (2013).
Nas áreas de ocupação irregular, observa-se maior número de impactos ambientais,
pois casas são erguidas às margens dos córregos ou em áreas de relevo muito
íngreme, resíduos sólidos são depositados e acumulados em locais indevidos,
esgotos deixam de ser ligados às redes coletoras, aumentando o mau cheiro e a
incidência de ratos, mosquitos, escorpiões, entre outras pragas urbanas (BRASIL,
2004). Estes impactos refletem a ocupação irregular na região, interferindo
diretamente na qualidade do ambiente como pode ser visto também nos trabalhos
de Dias (2010) e Rolnik (2012).
Sendo assim, esses moradores necessitam de uma intervenção social que os
sensibilize em relação ao espaço em que estão inseridos, buscando mudanças de
caráter próativo para a realidade local. Para isso, a escola pode ser o elo social,
126
capaz de mudar os significados e as atitudes das pessoas em relação ao ambiente,
através do diálogo e das interações que conduzam uma aprendizagem
socioambiental de forma a preservar e conservar o ambiente (JACOBI, 2005) além
de incentivar ações que gerem melhorias nessas relações.
Desta forma, os quatro pilares da educação para o século XXI, aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a conviver, e aprender a ser citados por Gadotti (2000)
tornam-se essenciais para um processo educativo no qual as pessoas precisam
desenvolver o senso crítico, o conhecimento e a geração de significados
socioambientais para o local em que vivem, compreendendo que o seu
comportamento e as ações coletivas são essenciais para as mudanças
socioambientais de uma região (TENÓRIO, 2008).
Desta maneira, a preservação ambiental e as questões socioambientais, tais como:
urbanização, violência e qualidade de vida são pertinentes ao contexto das
instituições de ensino. Essas questões quando tratadas no âmbito da educação
ambiental, em caráter transversal, possibilitam uma formação crítica dos alunos, que
sofrem diariamente com mudanças e influências políticas, sociais e econômicas
(REIGOTA, 2009; DIAS, 2010; ALVES, 2013; GARRIDO e MEIRELLES, 2014).
Portanto, a educação ambiental tem por objetivo o desenvolvimento crítico dos
cidadãos (REIS e VAZ, 2012; MUELLER et al., 2012), para que estes possam ser
atores sociais nos processos de mudanças locais, através de uma intersetorialidade
que vise o desenvolvimento local (INOJOSA, 2001).
Segundo a Carta de Belgrado de 1975, a educação ambiental deve ser capaz de
gerar por diferentes maneiras, discernimento nas pessoas, para que estas possam
solucionar os problemas ambientais, de forma espontânea, pensando no bem estar
coletivo (UNESCO, 1977). Assim, as Agendas 21 Escolares são uma ferramenta
para o processo de educação ambiental, que objetiva formar cidadãos críticos que
lutem por melhorias locais, que sejam atores participativos nos processos de gestão
social que busquem o desenvolvimento local, como observado nos estudos de
Inojosa (2001), Tenório (2008), Dowbor (2013).
127
Sendo assim, Tenório (2008) e Buarque et al. (2012) afirmam que a educação é
essencial para que haja o empoderamento local. Sendo a educação ambiental
primordial, para que os alunos conheçam os problemas socioambientais locais à sua
volta (DIAS, 2006; REIGOTA, 2009; ALVES, 2013).
Carvalho (2011) afirma que não apenas a educação ambiental é importante, mas o
educador ambiental, pois este precisa conseguir fazer uma relação entre o social e o
ambiental, para que possa incentivar ponderações e questionamentos de seus
alunos, contribuindo para a formação de atores sociais participativos nos processos
que busquem o desenvolvimento local para o bem estar coletivo.
Gadotti e Romão (2013), baseados na obra de Paulo Freire, afirmam que atividades
coletivas são uma importante prática pedagógica. Essa prática pedagógica
associada às outras atividades educativas, tais como, leituras, vídeos, pesquisas e
aulas dialogadas, geram embasamento teórico, troca de experiências e percepção
como descrito nos trabalhos de Figueiredo e Braga (2012), Pessoa e Braga (2012),
Alves (2013) e Araújo e Quaresma (2014), que demonstraram a importância do
trabalho de campo e das visitas técnicas para o desenvolvimento da educação
ambiental, pois influenciam na formação da percepção socioambiental dos alunos,
em relação aos processos de uso e ocupação do solo que interferem diretamente na
qualidade social e ambiental de uma região.
Segundo Serpe, Rosso e Camargo (2011), a percepção socioambiental só acontece
quando ocorre uma relação cognitiva, entre as pessoas e o ambiente no qual estão
inseridas, ou seja, o trabalho de campo e a visita técnica permitem essa relação e
contribuem para a percepção socioambiental.
Porém, o trabalho de campo e as visitas técnicas podem não produzir resultados
efetivos ao serem realizadas em uma região frequentada cotidianamente pelos
alunos, pois eles não percebem problemas e conflitos ali existentes; sendo
necessário um aporte teórico para evidenciar os problemas socioambientais vividos
por todos naquele local (PESSOA e BRAGA, 2012).
128
Neste aspecto é muito importante o papel do professor na formação da consciência
crítica de seus alunos (ALVES, 2013), selecionando e proporcionando aos mesmos
uma leitura que os levem a refletir sobre os problemas à sua volta e atividades
práticas que ao integrarem teoria e prática, permitem a troca de experiências e
geram novos saberes.
Desta forma, os alunos contextualizam os problemas socioambientais vivenciados
por eles, com a literatura, formando assim cidadãos (REIGOTA, 2009), que serão
capazes de lutar por melhorias no desenvolvimento local (TENÓRIO, 2008), ou seja,
os alunos deverão se tornar cidadãos participativos, com empoderamento local, que
influenciem nas decisões públicas, sendo desta forma atores sociais dentro dos
processos de gestão social, que buscam a participação coletiva para o
desenvolvimento de uma região (INOJOSA, 2001).
3.3.3 Metodologia
Inicialmente, foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre os temas: urbanização,
problemas socioambientais, educação ambiental e trabalho de campo nos sites
Google Acadêmico e Scielo. Em seguida, o pesquisador percorreu previamente toda
a calha do Córrego Bom Jesus (Contagem/MG), fazendo um levantamento dos
impactos socioambientais da região.
Na sequência, o pesquisador realizou com as 8 salas do Ensino Médio, diurno, da
Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, em Contagem (MG), as seguintes
práticas formativas: aulas dialogadas com exposição de vídeos e debates sobre os
temas desenvolvimento local e impactos socioambientais, com o objetivo de gerar
embasamento teórico sobre estes temas e fomentar novas pesquisas a partir da
curiosidade dos alunos.
Após estas atividades, foram realizados trabalhos de campo na Bacia do Córrego
Bom Jesus, intitulados de "Expedição Bacia do Bom Jesus" seguindo um roteiro
previamente elaborado pelo professor, da nascente à foz do Córrego Bom Jesus,
129
considerando alguns de seus afluentes e pontos relevantes de impactos
socioambientais (Apêndice D). Esta expedição foi realizada com quatro, das oito
salas de Ensino Médio dessa instituição, escolhidas aleatoriamente. As Expedições
ocorreram em dias alternados para cada uma das classes, no período de 16 a 19 de
Março de 2015. Posteriormente, foram realizadas novas atividades educativas de
pesquisa no laboratório de informática sobre sustentabilidade e desenvolvimento
local e em sala, foram realizados debates sobre estes temas.
Para o grupo focal, foram constituídos dois subgrupos com 8 alunos, um grupo com
os alunos que vivenciaram o trabalho de campo e, o outro, com alunos que não
participaram dessa atividade. Os alunos foram sorteados com pedras de bingo,
respeitando o número de dois estudantes por sala. O roteiro para o grupo focal está
descrito no Apêndice C e permitiu analisar comparativamente a percepção dos
alunos participantes e não participantes do trabalho de campo em relação aos temas
anteriormente
abordados
em
sala
de
aula:
impactos
socioambientais
e
desenvolvimento local, observando a capacidade de correlação dessas temáticas
com a Bacia do Córrego Bom Jesus.
A pesquisa observou os aspectos éticos. Sendo assim, o projeto foi cadastrado na
Plataforma Brasil, sob o n° 39195814.0.0000.5098 (Anexo A) e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP - Centro Universitário UNA), conforme a
Resolução nº 466/2012 que regulamenta a pesquisa com seres humanos no Brasil.
As pessoas participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento de
Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndices E, F, G, H e I), emitido em 2 (duas) vias,
sendo que uma delas ficou com o entrevistado.
3.3.4 Resultados
Este tópico será estruturado na descrição do trabalho de campo e do
posicionamento obtido nos depoimentos.
130
Ao sair da escola, em direção à nascente do córrego Bom Jesus, o primeiro destino
era o Parque das Amendoeiras (Figura 10) situado à dois quarteirões da escola,
onde se encontra a nascente do Córrego Gangorra, um dos afluentes do Córrego
Bom Jesus e apresenta uma ampla praça de esportes.
Figura 10 Parque municipal das Amendoeiras.
Fonte: (A) Google Maps, 2015. (B) Perona, 2015.
Este Parque até 2012 era apenas um terreno baldio, em que as pessoas jogavam
lixo, permitindo o aumento da incidência de pragas urbanas, como ratos, escorpiões,
além de proliferar os focos de mosquitos da dengue (BRASIL, 2004; PAPINI et al.,
2009). Neste local, havia também um ponto de recolhimento de entulho de
carroceiros, para que estes não os lançassem ao longo das margens dos córregos
da região. Esta área era frequentada apenas por delinquentes, assaltantes, usuários
de drogas, que reprimiam a ocupação da área como visto no trabalho de Fernandes
e Ramos (2010).
Após a construção da praça de esportes no Parque das Amendoeiras, foi instalado
no local, um posto da Guarda Municipal de Contagem, o que inibiu a violência,
atraindo os moradores para usufruírem do amplo espaço para a prática de esportes
e atividades físicas e de lazer. Muitas dessas atividades são patrocinadas por
131
vereadores e comerciantes da região, que mantêm aulas de zumba, capoeira,
danças e escolinhas de vôlei e futebol.
Neste aspecto, os alunos puderam observar e analisar com a orientação do
professor que a construção desse Parque e a parceria entre os setores público e
privado geraram mudanças comportamentais em relação a esse local, pois
possibilitou o empoderamento de seus habitantes, através de uma gestão pública
para os aspectos sociais, propiciando melhorias na qualidade de vida de boa parte
dos habitantes da região como defende Tenório (2008).
Mas, continuando a caminhada rumo à nascente do Córrego Bom Jesus, poucos
metros após o Parque, em um dos seus afluentes, o Córrego Amendoeiras, foi
possível perceber um dos impactos da construção do parque.
Para construir o Parque Amendoeiras, a Prefeitura Municipal de Contagem, precisou
retirar desse local, as caçambas destinadas a entulhos e resíduos sólidos
depositados pelos carroceiros. Para isso, destinou-se uma nova área para este fim,
às margens do Córrego Amendoeiras também conhecido como Gangorra, atraindo
para o local, algumas pragas urbanas (PAPINI et al., 2009), além de contaminar a
água do Córrego, como observado na figura 11.
132
Figura 11: Depósito de lixo e entulho as margens do Córrego Amendoeiras (Gangorra).
Fonte: (A) Perona, 2015. (B) Google Maps, 2015.
Observou-se neste momento, indignação dos alunos com a situação do ambiente
local sendo realizados comentários que demonstraram os efeitos deste impacto,
depósito de lixo próximo ao leito do córrego, para os moradores próximos ao local.
Como visto nas falas a seguir:
- "Professor eu moro ali (apontando para uma residência do outro
lado da rua), hoje tem pouco lixo, tem dia que não dá para aguentar
o cheiro, tem escorpião. Tem que ver os ratos; tem cada ratão que os
gatos lá de casa saem correndo. (risos) Já jogaram até um corpo aí,
você lembra do marido que picou a mulher toda... Jogou foi aí."
(T.S.M.M., aluno do 3o ano do Ensino Médio).
- "Isso é um absurdo, o lixo cai todo no córrego. Fica esse mal
cheiro. Olha o tanto de barata." (M.C.S., aluna do 1o ano do Ensino
Médio).
- "Professor, minha avó mora aqui na Rua Sete, para ir na casa dela
tem que passar aqui. Tem dia que aqui, tem geladeira, sofá, fogão.
Minha avó falou que eles jogaram uma mulher toda cortada aqui."
(P.E.S., aluno 2o ano do Ensino Médio).
- "Como a Prefeitura e o IBAMA permitem isso? É muito lixo perto do
córrego, vai contaminar o córrego." (A.P.A., aluna do 3o ano do
Ensino Médio).
133
- "Coitado de quem mora aqui perto, aguentar esse cheiro todos os
dias." (B.H.J.S., aluno do 1o ano do Ensino Médio).
Em direção à nascente do Córrego Bom Jesus, continuou-se a caminhada a partir
da área destinada ao descarte dos resíduos sólidos, inclusive os entulhos, a
Expedição encontrou vários locais em que a ocupação urbana ocorreu de forma
irregular.
Nestes pontos, o professor interveio fazendo uma relação entre as ocupações
irregulares e os impactos ambientais causados por elas, com os temas estudados
em sala de aula, referentes aos impactos socioambientais e desenvolvimento local.
Observou-se que os alunos correlacionavam o estudado em sala de aula e a
realidade local, como visto em alguns depoimentos:
- "Professor, todas estas casas estão irregulares, não estão? Estão
praticamente dentro do córrego." (A.L.V., aluna do 2o ano do Ensino
Médio).
- "Aquelas casas não deveriam ter sido feitas ali, no período de
chuvas correm o risco de caírem." (referindo-se à moradias em uma
encosta íngreme). (P.E.O.R., aluno do 2o ano do Ensino Médio).
- "Olha os canos das casas, o esgoto vai para o córrego." (W.P.A.,
aluno do 1o do ano Ensino Médio).
Após 1 hora e 20 minutos de caminhada, a Expedição chegou a uma das nascentes
do Córrego Bom Jesus, situada na Fazenda Taquaril (Figura 12). A escolha desta
nascente ocorreu em função da distância percorrida (4,5Km) e por não haver riscos
nas vias de acesso, pois a nascente principal está afastada 2Km deste ponto, na
mata fechada, o que se tornou inviável pelo tempo disponível, pela falta de preparo
físico de alguns alunos, pelo risco inerente ao local, pela falta de segurança aos
participantes.
Entre
estas
duas
nascentes,
não
há
diferenças
em
suas
características biológicas, físicas e sanitárias, pois ambas estão situadas em áreas
preservadas.
134
Figura 12 Nascente do Córrego Bom Jesus na Fazenda Taquaril.
Fonte: Perona, 2015.
Nesta nascente, os alunos observaram os parâmetros físicos cor e odor da água,
que remetem a sua pureza e a conservação da área, envolvida por matas ciliares.
Toda a área preservada ao redor da nascente estava cercada com arame farpado,
com o objetivo de conservá-la conforme orientado pela Política Nacional dos
Recursos Hídricos (PNRH) e pela Política Estadual de Recursos Hídricos (PERH),
uma vez que a fazenda é especializada na criação de gado de corte.
Ressalta-se que além das orientações da PNRH e PERH, a preocupação de se
preservar as nascentes dos cursos hídricos podem ser observadas nos trabalhos de
Carvalho et al. (2014); Garcia, Reis e Portela (2014), Silva, Ferreira Neto e Silva
(2014).
Ao sair deste ponto em direção à foz do Córrego Bom Jesus, toda a beleza natural
começa a ser impactada pelas várias ações antrópicas. Cerca de 500 metros a
nordeste, 19°50'53.9"S 44°03'03.5"W na propriedade vizinha à nascente, os alunos
135
puderam perceber o descaso com as questões ambientais, pois está ocorrendo um
depósito clandestino de lixo, possibilitando a contaminação do solo e das águas
desse Córrego (Figura 13).
Em outra propriedade, a menos de 10 metros ao sul das margens do Córrego Bom
Jesus, 19°50'45.8"S 44°02'54.6"W uma área foi desmatada, e nela estão criando
equinos e bovinos com verduras, frutas e legumes oriundos de restos de um
sacolão. Observa-se que com essa prática, esses resíduos são carreados para o
curso d´água pela própria alimentação dos animais. Além disso, como material
orgânico está disposto de maneira incorreta e pode prejudicar a qualidade não só
das águas e do solo, ele não se decompõe, o que gera mau cheiro, poluição visual e
contaminação do recurso hídrico, no Córrego Bom Jesus, favorecendo a propagação
de vetores de doenças, tais como: ratos, baratas, escorpiões e moscas varejeiras
(Figura 13).
Figura 13: Poluição em área preservada do Córrego Bom Jesus.
Fonte: (A) e (B) Perona, 2015. (C) Google Maps, 2015.
Neste trecho, os alunos do 3o ano do Ensino Médio levantaram a questão sobre as
responsabilidades e as dificuldades de fiscalização destes espaços, associando os
impactos ambientais à impunidade presente no Brasil. Entretanto, o professor
136
ponderou que a responsabilidade é de toda a comunidade, dentro de um processo
de gestão social, que vise o desenvolvimento local, no qual cada pessoa é um
agente transformador dessa realidade, não dependendo apenas das autoridades
fiscalizadoras, como visto em Dowbor (2013).
Ao longo deste percurso, os alunos atravessaram um loteamento clandestino
recente que integra a área do bairro Novo Horizonte (Figura 14) 19°50'43.8"S
44°02'41.6"W, observando uma infraestrutura precária: ruas não asfaltadas e sem
redes de esgoto, sendo estes destinados às fossas negras ou lançados no córrego.
Todas as moradias remetem a uma classe social menos favorecida. Em algumas
residências, as águas de pia e de chuveiro são lançadas na rua, o que geram
buracos e acúmulo de água parada, proporcionando mau cheiro e possíveis locais
para proliferação do mosquito da dengue.
Figura 14: Área de ocupação ilegal anterior ao Ponto Zero de Despoluição.
Fonte: Google Maps, 2015.
Cerca de um quilômetro após o loteamento clandestino 19°50'28.9"S 44°02'28.9"W,
observa-se na Fazenda do senhor Rubens Ferreira Camargos, o Ponto Zero de
137
Despoluição do Córrego Bom Jesus, estabelecido pelo Consórcio de Recuperação
da Lagoa da Pampulha juntamente com a COPASA.
Neste local, os alunos com a intervenção do professor fizeram uma reflexão das
condições da qualidade ambiental do Córrego Bom Jesus observadas e foram
alertados de que todo o percurso realizado até aquele momento era considerado de
águas limpas e sem poluição, pois quando o Consórcio de Recuperação da Bacia da
Pampulha juntamente com a COPASA demarcaram aquele local, os impactos
socioambientais que eles haviam percebido durante a caminhada, ainda não haviam
se estabelecido nesse ponto.
Neste contexto, o aluno A.C.S.A., do 2o ano do Ensino Médio indagou:
- "Quando eles demarcaram este ponto como sendo o Ponto Zero de
Despoluição, essas fazendas não existiam? Este ponto era muito
diferente do que é hoje? Aqui tinha mata ciliar?"
Com o passar do tempo, ocorreram poucas alterações nesse local em que houve a
demarcação do Ponto Zero de Despoluição. Entretanto, estes questionamentos
demonstram um amadurecimento crítico dos alunos, pois eles foram capazes de
relacionar o estudado em sala com o vivido nessa atividade em campo.
Pouco mais de 300 metros à frente 19°50'36.8"S 44°02'04.4"W, o Córrego Bom
Jesus percorre o bairro de mesmo nome. Um bairro constituído por ocupações
ilegais, com população de classe média baixa que se instalaram nas margens desse
Córrego e nas encostas íngremes ao seu entorno (Figura 15). Várias residências
despejam seu esgoto inadequadamente no Córrego, mesmo com a instalação de
redes coletoras no ano de 2013. Rede esta, que em alguns pontos encontra-se
diretamente dentro desse Córrego, existindo o risco de se romper e aumentar a
poluição nas águas e nos solos. Situação semelhante ocorre na confluência do
Córrego Bom Jesus com o seu afluente o Córrego do Banguelo, o que demostrou
indignação na fala de alguns alunos:
138
- "Eu moro aqui neste bairro, e não sabia que o esgoto de muitas
casas caia no córrego. Lá em casa tem fossa." (M.L.F., aluna 2o ano
do Ensino Médio).
- "Fala sério esse cano não pode ser a rede de esgoto, é pura
irresponsabilidade. Se ele estourar!" (E.H.C., aluno do 3o ano do
Ensino Médio).
- "O cheiro aqui está terrível! Se agora tem rede de esgoto, por que
continuam a jogar o esgoto no córrego?" (A.C.D. aluna do 3o ano do
Ensino Médio).
Figura 15: Córrego Bom Jesus no Bairro Bom Jesus.
Fonte: (A) Google Maps, 2015. (B), (C) e (D) Perona, 2015.
Na divisa com o bairro Bom Jesus, encontra-se o Bairro Vale das Orquídeas,
formado pelo último desmembramento da Fazenda Gangorra (Figura 16)
19°50'47.5"S 44°01'47.0"W. Diferentemente do bairro Bom Jesus, este bairro
obedece a todas as normas legais para uso e ocupação do solo proposto no Plano
Diretor para o município de Contagem (CONTAGEM, 2006).
139
Figura 16: Bairro Vale das Orquídeas.
Fonte: Perona, 2015.
Dentro do bairro Vale das Orquídeas, os alunos tiveram a oportunidade de observar
a diferença do traçado de um bairro projetado e amparado pela legislação e
compará-lo com o bairro Bom Jesus que foi ocupado de maneira ilegal. Nesta área,
foi realizada com os alunos, uma análise da ocupação da região comparando os
critérios adotados em cada uma delas bem como a disponibilidade dos serviços
públicos existentes. Neste sentido, eles puderam observar a escassez de serviços
públicos na área ilegal em consonância com as observações de Prata (2011) e
Motter e Batella (2013). Observem os registros a seguir.
- "As ruas aqui são mais largas e não se vê canos nas ruas." (P.D.R.,
aluno do 1o ano do Ensino Médio).
- "Os lotes são maiores, nem tem casas direito e já tem ponto de
ônibus (risos)." (A.R.C., Aluno do 2o ano do Ensino Médio).
- "Todas as ruas parecem ter a mesma largura." (P.D.R., aluno do 1o
ano do Ensino Médio).
- "Todas as ruas já possuem iluminação pública, na no Bom Jesus
tem ruas que não tem." (A.C.D., aluna do 3o ano do Ensino Médio).
Seguindo o percurso rumo à foz, logo após o Córrego Bom Jesus atravessar o bairro
Vale das Orquídeas, ele cruza o Bairro Nacional 19°50'55.9"S 44°01'36.9"W que
apresenta o maior adensamento populacional às margens do Córrego Bom Jesus e
140
seus afluentes. Neste bairro, alguns trechos desse Córrego foram canalizados,
principalmente, para permitir a abertura da Avenida Nacional 19°50'52.6"S
44°01'15.2"W conforme figura 17 (obra com início em 2010 e finalizada em 2014)
(COPASA, 2010; BORGES, 2014).
Neste ponto, o aluno R.F.D. do 3o ano do Ensino médio ponderou:
"Essa obra ficou muito boa... Alguém lembra como isso aqui era? Eu
passava direto aqui com meu avô para pescar, era uma lama, cheio
de lixo. Oh, nem parece o mesmo lugar."
Figura 17: Obras da construção da Avenida Nacional.
Fonte: (A) e (B) COPASA, 2010. (C) Perona, 2015.
Verifica-se neste trecho, um aumento da poluição, principalmente por esgoto
doméstico e lixo (Figura 18). Os alunos ficaram assustados com a quantidade de
material espalhado pelas ruas e depositados às margens do córrego,
- "Acho que é o ponto mais poluído, parece que o lixo se acumula
aqui, deve ser o lixo que vem pelo córrego de todos os bairros da
bacia. No período das chuvas ele deve se acumular aqui." (C.A.R.,
aluno do 3° ano do Ensino Médio).
Neste ponto, o comércio é mais intenso e se destaca a empresa de colchões
Ortobom, uma das geradoras de empregos na região.
141
Figura 18: Poluição às margens do Córrego Bom Jesus.
Fonte: (A) Google Maps, 2015. (B), (C), (D) e (E) Perona, 2015.
No trajeto rumo à foz, o Córrego Bom Jesus encontra-se com o Córrego Água Funda
19°51'26.4"S 44°00'40.4"W, constituindo um dos principais afluentes da Lagoa da
Pampulha (IGAM, 2013) e deságua em frente ao portão principal do Jardim
Zoológico de Belo Horizonte, 9°51'15.3"S 44°00'20.0"W, um dos principais cartões
postais da capital mineira (Figura 19), local onde se encerrou a Expedição Bacia do
Bom Jesus.
Figura 19: Foz do Córrego Bom Jesus.
Fonte: (A) Google Maps, 2015. (B) e (C) Perona, 2015.
142
Na foz do Córrego Bom Jesus, propôs-se uma reflexão sobre todo o trajeto da
Expedição Bacia do Bom Jesus. Neste momento, os alunos puderam se expressar
livremente, sobre o que mais lhes surpreenderam durante a caminhada, como pode
ser observado nos depoimentos a seguir:
- "É inacreditável que a água que vimos na nascente é a mesma
água podre que estamos vendo..." (C.V.L., aluno do 2o Ano do
Ensino Médio).
- "Com essa poluição toda tem gente que ainda vem pescar na
Pampulha, vão morrer (risos)." (B.B.S.L., aluna do 3o Ano do Ensino
Médio).
- "Se chover aquele lixo todo do Nacional vai cair no córrego e vir
parar aqui." (A.L.D.F., aluno do 1o Ano do Ensino Médio).
Após a realização do trabalho de campo com quatro das oito turmas, do Ensino
Médio, todos os alunos dessas turmas, tiveram novas aulas dialogadas de educação
ambiental e desenvolvimento local no laboratório de informática e foi possível
incentivar a leitura de textos, apresentados no site significados.com.br, sobre meio
ambiente, educação ambiental, ecossistemas, IBAMA, além da realização de
pesquisas sobre saneamento básico e desenvolvimento local. Posteriormente, esses
alunos participaram de debates e grupos focais (Figura 20) sobre os temas
abordados.
Figura 20: Grupo focal
Fonte: Perona, 2015
143
Durante os debates e os grupos focais, o pesquisador pode observar maior interesse
e participação pelos alunos que estiveram presentes nos trabalhos de campo, pois
estes faziam relações e analogias entre os temas abordados e o ambiente à sua
volta, o que está em consonância com os estudos de Serpe, Rosso e Camargo
(2011), Figueiredo e Braga (2012), Mueller et al. (2012) e Reis e Vaz (2012) que
afirmam que a educação quando tem conexão com o meio à sua volta, proporciona
maior criticidade aos alunos, confirmada nas falas:
- "Educação ambiental é muito importante, acredito que se as
pessoas tivessem educação (informação), metade dos problemas de
degradação que vimos na caminhada não teriam acontecido."
(A.C.C.D., aluna do 3o Ano do Ensino Médio).
- "Para ter um maior desenvolvimento na região professor, o governo
tinha que multar todas as pessoas que jogam lixo nas ruas e buscar
alternativas para as pessoas ganharem mais dinheiro." (N.R.S.,
aluna do 2o Ano do Ensino Médio).
- "É uma vergonha nos dias de hoje ter pessoas jogando esgoto no
córrego, assim a Pampulha nunca vai ficar limpa." (R.L.S.O., aluno
do 1o Ano do Ensino Médio).
- "Tem oito anos que moro aqui, e nem conhecia o córrego Bom
Jesus. (...) Ano passado nós estudamos com a Grazielle (professora
de Ciências), os problemas da poluição das águas no Rio das
Velhas, do São Francisco (...). Ela deveria levar todo mundo para vê
o córrego...". (T.R.O., aluna do 1o Ano do Ensino Médio).
- "Meio ambiente é tudo a nossa volta, é o local onde vivemos, é a
sala de aula, é o córrego poluído. São todos os lugares que nós
interagimos." (K.F.S.D.S., aluna do 3o Ano do Ensino Médio).
Tais percepções não ocorreram entre os alunos que não participaram dos trabalhos
de campo. Para estes, os termos: impactos ambientais, meio ambiente,
ecossistemas, poluição eram tratados de forma fria, distante, como assuntos teóricos
e muito afastados da realidade de cada um deles. Eles não se colocavam como
parte de um problema ambiental, ou mesmo, de um ambiente. Para alguns desses
alunos, estes temas eram apenas relacionados à natureza, à vegetação e aos
animais. Situação semelhante foi descrita no trabalho de Pessoa e Braga (2012). Os
depoimentos dos alunos a seguir ilustram esse fato:
144
- "Meio ambiente é tudo que está relacionado com natureza. Tipo: as
plantas, os animais, os rios..." (C.A.D.S.B., aluno do 2o Ano do
Ensino Médio).
- "Impactos ambientais é quando o homem causa um dano na
natureza, tipo as mineradoras." (L.L.B., aluno do 3o Ano do Ensino
Médio).
- "Acho que desenvolvimento local é quando o governo investe em
uma região para ela se desenvolver, com asfalto, comércio amplo,
indústrias e shopping, bem diferente daqui (...) risos." (R.G.S., aluno
do 2o Ano do Ensino Médio).
Nesta pesquisa, ficou evidente para o pesquisador que o trabalho de campo é uma
importante ferramenta nas aulas de educação ambiental, pois gerou motivação nos
alunos em relação aos temas socioambientais da região. Outro aspecto a ser
destacado é a maior capacidade de contextualização entre a literatura e a percepção
socioambiental da região por parte dos alunos que participaram do trabalho de
campo em relação aos que não participaram.
Sendo assim, a educação ambiental formal utilizando o trabalho de campo é uma
ferramenta importante para os quatro pilares da educação, pois possibilita uma
maior integração do aluno com o ambiente em que está inserido, levando-os a
refletir sobre o papel de cada um nos impactos socioambientais locais. Através do
trabalho de campo e do embasamento teórico, é possível desenvolver nos alunos o
sentimento de pertencimento, estimulados pelo seu desenvolvimento crítico que é
essencial para o desenvolvimento local.
3.3.5 Considerações finais
Este trabalho verificou a importância da ferramenta trabalho de campo para fomentar
a educação ambiental, com ações que motivassem os alunos, auxiliassem no
desenvolvimento do senso crítico, favorecessem maior contextualização entre o
conteúdo ministrado (teoria) e o ambiente de vivência dos estudantes (aspectos
práticos), contribuindo para o empoderamento local visto que esses alunos
assumiram proativamente a gestão social do ambiente em que vivem, buscando
melhorias para essa região.
145
É importante salientar que apenas a ferramenta trabalho de campo, não desenvolve
o senso crítico dos alunos. Os alunos precisam receber outros estímulos tais como
leituras, aulas dialogadas, vídeos, oportunidade de se expressarem, entre outros.
Sendo assim, o trabalho de campo tem um significado relevante na percepção
socioambiental favorecendo contextos apropriados para educação ambiental
participativa, integrada ao cotidiano do aluno e modificadora e que ao ser subsidiada
pela abordagem teórica, propicia um melhor aproveitamento dos envolvidos não só
na construção do conhecimento, mas também na aplicação prática para o
desenvolvimento local, propiciando melhoria na qualidade de vida daqueles
indivíduos que pertencem a este local.
De acordo com os resultados desta pesquisa, o trabalho de campo é uma
ferramenta importante nas práticas de educação ambiental e constitui uma prática
formativa que deve ser utilizada nas instituições de ensino, principalmente, em
trabalhos multi ou interdisciplinares que busquem uma educação ambiental realista
baseada na vivência de seus alunos.
A falta de uma análise mais específica da qualidade da água em seus diferentes
pontos é uma das limitações deste trabalho, que pode ser resolvida através de uma
participação, a princípio multidisciplinar, com a disciplina de Química.
Ressalta-se que a disciplina Biologia também poderá auxiliar na análise do
ecossistema, na integração da fauna e flora na região e também nos conhecimentos
referentes à saúde pública. Os conteúdos de Português podem subsidiar os
resumos dos textos e os relatórios sobre a Expedição e a Matemática na construção
e interpretação de tabelas e gráficos apresentados no texto ou em parceria com a
Química e a Biologia, na organização e interpretação dos ensaios obtidos em
campo. A disciplina História poderá a partir do trabalho de campo, resgatar a história
da região através de fotos antigas, entrevistas com moradores, documentos
pertinentes à ocupação da área. Inclusive, a Educação Física, na preparação desses
alunos para que possam caminhar com mais tranquilidade.
146
Dessa maneira, seria possível uma visão mais ampla da educação ambiental, não
mais restrita à Biologia ou à Geografia e, sim, integrando as diferentes áreas do
conhecimento conforme preconiza a Política Nacional de Educação Ambiental e os
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, podendo assumir um
caráter transversal.
Fica a esperança apesar das limitações de uma pequena amostragem de uma única
região, que esta pesquisa possa ser replicada, possibilitando novas perspectivas de
ensino que envolvam o trabalho de campo como fomento de uma educação
ambiental.
Neste contexto, este trabalho assume papel importante para a elaboração da
Agenda 21 Escolar, pois contribui para o desenvolvimento crítico dos alunos, que
passam a perceber os impactos socioambientais de sua região e que poderão
propor ações para melhoria dessa área, como cidadãos, atores participativos nos
processos de gestão social para o desenvolvimento local.
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152
4 GUIA DE ATIVIDADES PARA SUBSIDIAR A ELABORAÇÃO DE AGENDAS 21
ESCOLARES
Gabriel Moreira Perona11
Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos12
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo apresentar um guia de atividades e os processos
que subsidiarão a elaboração de Agendas 21 Escolares. Essa proposta surgiu a
partir da investigação ocorrida na região da Bacia do Córrego Bom Jesus, em
Contagem/MG, através de relatos de histórias orais com os moradores mais antigos
da região, questionários de percepção socioambiental, trabalhos de campo e grupos
focais foram desenvolvidos com alunos do Ensino Médio das escolas públicas
localizadas na região. Essas atividades reforçaram a importância do papel da Escola
para o desenvolvimento local. Este guia é uma compilação de atividades aplicadas
junto aos alunos do Ensino Médio e que possibilitaram a integração entre a
comunidade escolar e o meio ambiente, subsidiando a construção de Agendas 21
Escolares que busquem o desenvolvimento local a partir do sentimento de
pertencimento. Foram propostas atividades para sensibilização e construção de
conhecimento, dentre as quais, citam-se: trabalhos de campo, jogos e dinâmicas,
leituras, debates, resgate da história local, oportunidades de falar que auxiliam no
desenvolvimento crítico e favorecem o empoderamento local e devem ser
explorados no processo de construção das Agendas 21 Escolares. Desta forma este
guia foi dividido em cinco etapas: (I) sensibilização da comunidade escolar; (II)
construção do conhecimento; (III) caracterização da região; (IV) atividades
educativas para reflexão e a percepção, e (V) avaliação do processo.
Palavras-chave: Educação ambiental. Percepção. Desenvolvimento local. Gestão
social.
GUIDE ACTIVITIES TO SUBSIDIZE AGENDAS OF PREPARATION 21 SCHOOL
ABSTRACT
This article aims to present an activity guide and processes that will help to elaborate
Agenda 21 School. This proposal came at the start of the investigation occurred in
11
Geógrafo, Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro
Universitário UNA, especialista em educação ambiental, professor de geografia e educação
ambiental. E-mail: [email protected].
12
Bióloga, mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, doutora em Ciências e
professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local
do Centro Universitário UNA. E-mail: [email protected].
153
the region of the Basin Stream Bom Jesus in Contagem / MG, through reports of oral
histories with the older local residents, environmental perception questionnaires, field
work and focus groups were developed with high school students from public schools
located in the region. These activities reinforced the important role of school for local
development. This guide is a compilation of activities applied to the students of high
school and that made possible the integration between the school community and the
environment, supporting the construction of Agenda 21 School seeking local
development from the sense of belonging. Were proposed activities to raise
awareness and knowledge building, among which are cited: field trips, games and
dynamics, readings, debates, recovery of local history, speaking opportunities that
assist in critical development and promote local empowerment and should be
explored in the Agenda 21 School building process. Thus this guide has been divided
into five steps: (I) awareness of the school community; (II) construction of knowledge;
(III) characterization of the region; (IV) educational activities for reflection and
perception, and (V) evaluation of the process.
Keywords: Environmental education. Perception. Local development. Social
management.
4.1 Introdução
Agenda 21 é um documento proposto em 1992, na Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, que cria
alternativas para o desenvolvimento socioambiental sustentável das nações
mundiais, o que a difere das outras conferências ambientais.
Com o objetivo de nortear ações específicas, os países signatários assumiram a
responsabilidade de propor Agendas 21 que respeitassem as suas peculiaridades e
adotassem os processos de gestão social em sua construção. Nesse contexto, a
Agenda 21 de cada país pode e deve ser subdivida em local, regional, escolar,
contemplando os pontos de vista social, ambiental, cultural, político e espacial
existentes, em suas diferentes práticas de gestão socioambientais que deverão ser
evidenciadas nos processos de estruturação das respectivas Agendas 21.
No presente trabalho, é importante compreender o papel da Agenda 21 Escolar
dentro de um processo de gestão social que busque o desenvolvimento local, pois
através do envolvimento da comunidade escolar em sua construção, ocorrerá o
aprendizado
crítico
e
a
sensibilização
para
a
percepção
dos
impactos
154
socioambientais da região, o que promoverá a união da comunidade para buscar
alternativas para o desenvolvimento local.
A proposta de um guia de atividades para a elaboração de Agendas 21 Escolares,
como ferramenta de educação ambiental, facilita o (re)conhecimento pelo espaço
em que vivem, despertando para suas potencialidades e sensibilizando para as
oportunidades de melhoria, auxiliando no desenvolvimento crítico de toda a
comunidade escolar, o que gera empoderamento local. Assim, a construção de
Agenda 21 Escolar contribui no amadurecimento dos processos de gestão social, na
preservação e conservação do ambiente, na formação de cidadãos críticos que
busquem melhorias socioambientais para o local onde vivem.
Essa proposta foi elaborada a partir da averiguação da importância do processo
educativo para o desenvolvimento local, observados nos relatos obtidos nas
histórias orais dos moradores mais antigos da região, por trabalhos de campo,
grupos focais
e práticas formativas diversas, realizados com alunos do Ensino
Médio das escolas públicas existentes na Bacia do Córrego Bom Jesus bem como
pela análise do questionário de percepção socioambiental. Durante todo o trabalho
de pesquisa, fica perceptivo a necessidade de se estruturar atividades que
possibilitem a elaboração de Agendas 21 Escolares, fazendo da educação um
instrumento importante para o desenvolvimento local.
Este artigo tem por objetivo apresentar um guia de atividades e os processos que
subsidiarão a elaboração de Agendas 21 Escolares, como ferramenta educativa
para desenvolver práticas de gestão social que busquem o desenvolvimento local.
Ressalta-se que o Guia de atividades para elaboração de Agendas 21 Escolares,
trata-se de um produto técnico que integra a dissertação no Mestrado Profissional
em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, tal como previsto no artigo
4º, da Portaria Normativa nº 17, de 28 de Dezembro de 2009 que dispõe sobre
Mestrado Profissional no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES).
155
4.2 Referencial teórico
4.2.1 - Educação ambiental e Agenda 21 para o desenvolvimento local
O termo educação ambiental foi pronunciado inicialmente na Conferência de
Educação, da Universidade de Keele, Grã-Bretanha, em 1965. Entretanto, os rumos
da educação ambiental começaram a ser definidos na Conferência das Nações
Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia),
em 1972, que definiu as diretrizes, para Educação e Meio Ambiente. Contudo, foi no
Seminário Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado (1975) que se
estabeleceram as metas e os princípios para a educação ambiental (MMA, 2015),
iniciando os primeiros Programas de Educação Ambiental no país, mas que não se
importavam com as questões socioeconômicas, difundindo apenas a ideia de
Ecologia e do "verde pelo verde" (DIAS, 2010).
Durante a Conferência Intergovernamental para Educação Ambiental, em Tbilisi
(1977), foi proposto um novo olhar para a natureza e para as questões ambientais,
incentivando que o conhecimento deveria ocorrer através da interdisciplinaridade
(JACOBI, 2003). No Brasil, acompanhando as tendências mundiais, em 1976, foram
criados cursos de pós-graduação em Ecologia e, em 1977, após a Conferência
Intergovernamental para Educação Ambiental de Tbilisi, tornou-se obrigatório nos
cursos de Engenharia, a disciplina Ciências Ambientais (MEC, 2014). Em 1979, o
MEC publicou uma proposta para o ensino de 1o e 2o graus sobre Ecologia, sendo
que em 1985, o MEC reforça a ideia de inclusão de conteúdos ecológicos no 1o e 2o
graus (MMA, 2015).
Em 1987, o Congresso Internacional de Educação e Formação sediado em Moscou,
destacou a importância da formação em educação ambiental (MMA, 2015)
incentivada em todos os currículos escolares, garantidas na Constituição Cidadã, em
1988, em que a Educação Ambiental é uma responsabilidade do poder público, em
todos os níveis de ensino (MEC, 2014). Neste contexto, em 1991, o MEC ressalta a
importância de capacitar professores para trabalhar a temática educação ambiental.
156
Em 1992, foi criada durante a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (RIO’92), as premissas da Agenda 21, documento que propõe
alternativas para melhorias sociais e ambientais para o desenvolvimento no século
XXI (MEC, 2014). Em 1997, o tema Meio Ambiente integra os PCNs (Parâmetros
Curriculares Nacionais) como um tema transversal (MEC, 2014) o que favorece a
compreensão das questões ambientais e, consequentemente, na proposição e
fortalecimento das práticas para a elaboração de diferentes Agendas.
A Agenda 21 proposta na Conferência RIO’92, é um documento com 40 capítulos
que busca ações conjuntas entre as nações, para alinhar o desenvolvimento e o
meio ambiente, de forma que as ações no presente, não comprometam a qualidade
de vida no futuro (MALHEIROS; PHILIPPI JR e COUTINHO, 2008).
Segundo o MMA (2014), Agenda 21 são planos e ações que devem ser adotados
em todas as áreas em que a ação humana gere impactos sobre o ambiente,
buscando uma alternativa para o desenvolvimento, com a participação civil e dos
governos.
Em 1999, foi promulgada a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei n o
9.795/1999, devendo as instituições de ensino fomentar projetos interdisciplinares de
educação ambiental, com o objetivo de formar cidadãos críticos que lutem por
melhorias sociais e que respeitem o meio ambiente (BRASIL, 1999). As Agendas 21
Escolares contribuem com este processo, fomentando ações participativas e
interdisciplinares
que
visem
o
desenvolvimento
crítico
dos
alunos
e
o
desenvolvimento local. Entretanto, observa-se que muitas instituições de ensino
ainda não possuem projetos com características inter ou transdisciplinares como
mencionado por Barros Neta e Fonseca (2013) sendo a Agenda 21 Escolar, uma
ferramenta que poderá auxiliar nesse processo.
Segundo Reigota (2007), meio ambiente é o local de interação entre os elementos
naturais e sociais de um determinado lugar, considerando os processos históricos de
transformações do local e de seu ambiente.
157
Jacobi (2003) e Dias (2006) compartilham deste pensamento e acrescentam que os
modos de vida predominantemente urbanos das sociedades modernas, geram
impactos no ambiente e no ecossistema, o que torna a educação ambiental
necessária para sensibilização e conscientização das pessoas e para a geração de
sentimentos socioambientais, principalmente, nos centros urbanos. Esses fatos
foram constatados nos estudos realizados na região da Bacia do Córrego Bom
Jesus, em Contagem/MG, na qual a urbanização gerou impactos socioambientais,
sendo a educação ambiental importante para a percepção do espaço local e
formação crítica dos indivíduos que nele atuam.
Entretanto, Reigota (2009) e Reis e Vaz (2012) alertam que educação ambiental não
consiste em tratar apenas de ecologia, mas sim, formar cidadãos críticos, capazes
de discussões mais profundas sobre as questões ambientais, devendo a educação
ambiental ser tratada em todas as áreas de ensino escolar para que as pessoas
tenham atitudes espontâneas para resolver as questões ambientais conforme
proposto na Carta de Belgrado (UNESCO, 1977). Ou seja, a educação ambiental
deve ser tratada de forma interdisciplinar, com a participação dos professores de
várias disciplinas, buscando a integração dos alunos e demais atores sociais no
entendimento das diferentes questões ambientais (JACOBI, 2003; DIAS, 2010;
PESSOA e BRAGA, 2012). Este fato está em consonância com os objetivos da
Agenda 21 Escolar, que deve buscar através da interdisciplinaridade, ações que
desenvolvam o senso crítico dos alunos para que estes sejam atores de
transformação no, do e para o ambiente, respeitando as peculiaridades locais em
busca do desenvolvimento adequado para a região.
Reigota (2009) afirma que a educação ambiental deve ser uma prática para as
melhorias sociais, em que as pessoas possam desenvolver seu senso crítico, e
sejam capazes de reivindicar melhorias sociais, políticas, econômicas e ambientais
para a região em que vivem. Mesmo porque, segundo este autor, os problemas
ambientais são causados pelas pessoas, e parte delas têm o desejo e a
necessidade de mudar estas ações, e serão essas pessoas que irão gerar soluções.
Assim, a educação ambiental poderá fomentar mudanças de hábitos e atitudes de
158
modo que as pessoas possam buscar alternativas para o desenvolvimento
socioambiental desse ambiente.
Sen (2010) corrobora com este pensamento ao afirmar que para ocorrer
desenvolvimento é preciso que as pessoas e entidades atuem no local e trabalhem
de forma conjunta, buscando o desenvolvimento de forma equilibrada, gerando um
melhor aproveitamento dos recursos naturais, possibilitando uma nova maneira de
viver, respeitando a natureza com novas práticas e valores sociais (JACOBI, 2003).
O que reitera a importância da educação ambiental, na formação de cidadãos
críticos, capazes de perceber os problemas socioambientais e que sejam capazes
de buscar transformações para esta realidade (DOWBOR, 2013).
Sendo assim, na tentativa de formar cidadãos críticos, é dever da educação
ambiental integrar a realidade externa aos muros das escolas, para que esta possa
ajudar nos processos de transformação e mudanças no agir das pessoas que
propiciem o desenvolvimento local (GADOTTI e ROMÃO, 2013.)
Pozza e Santos (2011) compartilham desta concepção e acrescentam que para o
desenvolvimento de Agendas 21 é importante a participação de jovens nas tomadas
de decisões e na implementação de programas relacionados ao desenvolvimento
sustentável, pois assim garantirá o sucesso em longo prazo destas ações. Logo, a
construção de Agendas 21 requer a participação ativa de diferentes atores sociais,
através de uma gestão que busque atender as necessidades sociais, promovendo o
desenvolvimento local, sem comprometer as questões ambientais (DOWBOR,
2013).
A Agenda 21 Brasileira foi aprovada em 2002, depois de uma análise dos processos
necessários para se atingir o desenvolvimento sustentável, sendo dividida em três
partes: A primeira parte projeta o país para o século XXI, a segunda parte está
dedicada aos temas", infraestrutura e integração regional, cidades sustentáveis,
agricultura sustentável, redução das desigualdades sociais, gestão dos recursos
naturais e ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável" e a terceira
parte sobre como implementar (MMA, 2014), com essas temáticas estabelecidas os
159
estados e municípios ficaram responsáveis pela construção de Agendas 21
estaduais, regionais e locais.
No intuito de desenvolver estas agendas, criar Agendas 21 Escolares é relevante,
pois como enfatiza o texto da Agenda 21 Global, deve-se agir de forma local
pensando em um desenvolvimento global, em que as ações locais irão refletir em
cadeia para o desenvolvimento sustentável no planeta. Ou seja, as ações que
promoverão o desenvolvimento local, estarão contribuindo para o desenvolvimento
global.
No capítulo 36 da Agenda Global, destaca-se o papel da Agenda 21 Escolar no
processo de desenvolvimento sustentável, afirmando ser importante a participação
coletiva dos diversos atores, nas tomadas de decisões e que adultos, jovens e
crianças devem ser orientados com temáticas socioambientais, para que estes
participem de forma crítica e transformadora nos processos de desenvolvimento da
região, como visto nos trabalhos de Malheiros, Philippi Jr. e Coutinho (2008), Amaral
et al. (2014), MMA (2014) e que será significativo nos processos de desenvolvimento
da Bacia do Córrego Bom Jesus, pois a população terá autonomia dentro dos
processos de gestão social para buscar ações que levem melhorias para a região.
Estas ações só irão ocorrer através do empoderamento da região pelos seus
habitantes (GOHN, 2004), ou seja, os habitantes da região precisam se sentir
pertencentes ao local, sendo desta forma, a construção de Agendas 21 Escolares
um mecanismo para gerar este empoderamento através da percepção, participação
e criticidade. Assim, a população da Bacia do Córrego Bom Jesus buscará soluções
para um desenvolvimento equilibrado da região, sem depender apenas de ações do
governo ou do setor privado, como visto em Tenório (2008) e Dowbor (2013).
Dallabria (2007) afirma que para o desenvolvimento de uma região é importante que
ocorra a governança territorial que é a capacidade de uma sociedade gerir seu
território através de uma intersotorialidade que envolva os diferentes atores sociais,
como visto em Inojosa (2001), Lopes, Melo e Tenório (2012), constituindo uma forma
de gestão social, que necessita do empoderamento local. Busca-se desta forma
160
alternativas para o desenvolvimento sustentável, através do desenvolvimento da
região, respeitando o meio ambiente.
Sendo assim, espera-se que com a aplicação das atividades propostas nesse guia,
seja possível elaborar Agendas 21 Escolares, capazes de gerar um empoderamento
local por parte dos estudantes e seus familiares, para que todos se sintam
pertencentes ao local, possibilitando uma maior participação da comunidade escolar
na busca de solução para os problemas socioambientais de cada região. Esse
contexto permitirá uma melhoria na qualidade de vida e desenvolvimento local,
assumindo a escola um papel importante neste desenvolvimento por gerar
integração e práticas de gestão social.
4.3 Metodologia
O Guia de atividades para elaboração de Agendas 21 escolares trata-se de um
produto técnico em cumprimento a Portaria Normativa nº 17, de 28 de dezembro de
2009 que dispõe sobre Mestrado Profissional no âmbito da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (BRASIL, 2009).
A elaboração deste Guia foi baseada nos resultados obtidos nos estudos realizados
na Bacia do Córrego Bom Jesus, no qual foram realizados relatos de histórias orais
com os moradores mais antigos da região, trabalhos de campo e grupos focais com
alunos da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, e aplicação de questionários
de percepção socioambiental, a 315 alunos do Ensino Médio, de escolas estaduais
instaladas na região.
Ressalta-se que todas as atividades descritas no Guia foram trabalhadas com os
alunos da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves (Contagem/MG).
O guia possui dimensões de 210mm x 297mm, com orientação das páginas em
estilo retrato, composto por 37p.
161
A pesquisa observou os aspectos éticos. Sendo assim, o projeto foi cadastrado na
Plataforma Brasil, sob o n° 39195814.0.0000.5098 (Anexo A) e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP - Centro Universitário UNA), conforme a
Resolução nº 466/2012 que regulamenta a pesquisa com seres humanos no Brasil.
As pessoas participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento de
Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndices E, F, G, H e I), emitido em 2 (duas) vias,
sendo que uma delas ficou com o entrevistado.
4.4 Resultados
4.4.1 - Proposta para Agenda 21 Escolar
A Agenda 21 Escolar constitui um instrumento para o desenvolvimento local através
do empoderamento e do desenvolvimento crítico dos alunos que os levam a
participar efetivamente das tomadas de decisões locais. Por esse motivo, o produto
técnico dessa dissertação é um Guia de atividades para subsidiar a elaboração de
Agendas 21 Escolares, baseando-se em ações realizadas na Bacia do Córrego Bom
Jesus, no ano de 2015.
Desta forma, para desenvolver uma Agenda 21 Escolar, capaz de gerar criticidade
nos alunos e o empoderamento local, promovendo práticas de gestão social para o
desenvolvimento local. Para isso, é preciso sensibilização da comunidade escolar;
embasamento teórico; caracterização da região, desenvolvimento das atividades e
avaliação.
Desta forma, para se construir uma Agenda 21 Escolar, é necessário sensibilizar a
comunidade escolar, para que esta conheça a importância da Agenda 21 Escolar
enquanto mecanismo de gestão social, para promover a justiça social e a
preservação ambiental (MMA, 2014).
Se entre professores, funcionários e alunos não ficar claro o que é Agenda 21, seus
objetivos e sua importância, pode haver desinteresse pela sua construção, não
162
atingindo desta forma os seus objetivos (POZZA e SANTOS, 2011), que devem
gerar atitude, comprometimento e mudança de hábitos dos alunos, necessários para
os processos de gestão social que promoverão o desenvolvimento local. Assim, é
importante realizar reflexões, dinâmicas de grupo e trabalhar textos científicos, sobre
a importância da Agenda 21 Escolar para o desenvolvimento local em seus
diferentes contextos.
O embasamento teórico é relevante, pois identificar na literatura trabalhos que foram
bem sucedidos dentro das diferentes temáticas (educação ambiental, meio
ambiente,
impactos
socioambientais,
urbanização,
desenvolvimento
local,
desenvolvimento sustentável, qualidade de vida), refletindo nos ambientes diferentes
melhorias, é o que se pretende na elaboração das Agendas 21 Escolares.
Estes temas podem estar estruturados em atividades diversas como as realizadas
na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves (Contagem/MG), em que os alunos
tiveram contato com os temas ao realizar trabalhos em duplas, pesquisas no
laboratório de informática, elaboração de power points, concursos de redação,
histórias em quadrinhos e jogos de forca e velha.
Caracterizar a região é uma forma de apresentar para os alunos a região do entorno
da escola com seus problemas sociais e ambientais, cuja elaboração da Agenda 21
Escolar
deverá
impactar
diretamente.
Nesta
caracterização,
trabalhos
interdisciplinares, histórias orais, trabalhos de campo e observação de mapas e
registros fotográficos antigos e atuais são pertinentes, pois estas atividades
possibilitam conhecer espacialmente a região, a sua história de ocupação e seus
problemas socioambientais.
Estas atividades foram realizadas na Bacia do Córrego Bom Jesus, e se mostraram
importantes para o desenvolvimento de Agendas 21 Escolares, pois permitiram uma
relação entre teoria (embasamento teórico) e a prática no espaço de vivência dos
alunos, evidenciando os quatro pilares da educação para o século XXI (DELORS,
1999).
163
Atividades são as ações que devem ser realizadas para que os alunos desenvolvam
seu senso crítico e percebam os impactos socioambientais de sua região. Através
dessas atividades, os alunos vivenciam a região e se conscientizam do seu papel
como agente transformador dentro de um processo de gestão social, para o
desenvolvimento local.
Atividades como oficinas de materiais recicláveis, campanha de doação de materiais
recicláveis, apresentadas na figura 21, concursos literários e de desenhos, jogos
entre outras práticas formativas podem ser observadas no Guia para elaboração de
Agendas 21 Escolares, e que também foram aplicadas na Escola Estadual
Presidente Tancredo Neves, na Bacia do Córrego Bom Jesus.
164
Figura 21:Páginas ilustrativas do Guia - parte 1.
Fonte : Perona e Vasconcelos, 2015
No processo de avaliação da atividade, consideraram-se as ideias de Pozza e
Santos (2011), que afirmam que os processos educativos durante a elaboração da
Agenda 21 são mais importantes do que os próprios resultados, pois estes irão
ajudar na formação do desenvolvimento crítico dos alunos bem como em novas
atitudes e comportamentos.
Neste intuito devem ser observadas as atividades que foram realizadas,
enumerando os êxitos e as dificuldades. Serão observados o interesse e a
participação de cada aluno, em cada etapa e, posteriormente, ressaltar possíveis
melhorias socioambientais, principalmente, no ambiente escolar, evidenciando o
diálogo e a oportunidade de se expressar desse aluno (Figura 22).
Desta forma, a Agenda 21 Escolar é uma ferramenta da educação ambiental que
contribui para os pilares da educação, sendo uma forma de gestão social, pois a sua
elaboração busca ações participativas, emancipatórias, reflexivas e críticas, para
formar cidadão que lute pelo desenvolvimento local.
165
Figura 22 Páginas ilustrativas do Guia – parte 2.
Fonte: Perona e Vasconcelos, 2015.
4.5 Conclusão
A partir da verificação da importância da educação para o desenvolvimento local,
que ocorreu na região da Bacia do Córrego Bom Jesus, a proposição de um Guia
com atividades para elaboração de Agendas 21 Escolares se faz pertinente.
Durante a realização da pesquisa, observou-se uma maior sensibilização que refletiu
em aspectos motivadores para o empoderamento local, por parte dos alunos
participantes do projeto. Assim sendo, as Agendas 21 Escolares são instrumentos
que incentivam a relação entre comunidade escolar e os problemas socioambientais
no seu entorno. Assim, o Guia com suas atividades busca melhorar a qualidade
socioambiental da região que vem sendo deteriorada pela ação humana.
166
A execução das atividades propostas nesse Guia irá contribuir com a concepção de
valores, através de vivências, contribuindo assim para a formação de atores que
possam lutar por melhorias locais.
Apesar de suas limitações, por ter sido elaborado com base nas escolas localizadas
na Bacia do Córrego Bom Jesus, espera-se que este trabalho possa ser replicado
para outras regiões, pois esse Guia é alicerçado em uma experiência local, mas com
fins globais, podendo ser aplicado em outros contextos visto o pensar global e agir
local preconizado pela Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento.
Este Guia não tem a pretensão de acabar com todos os problemas socioambientais
de uma região. Entretanto, este Guia auxilia na formação crítica dos alunos através
de uma qualidade de vida melhor, ajudando assim, no desenvolvimento local.
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170
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta dissertação surgiu da necessidade de analisar como a educação pode
contribuir para promover o desenvolvimento local considerando os impactos
socioambientais causados pela expansão urbana, tendo em vista a contribuição
técnica e as características de inovação social. Como objeto desse estudo, utilizouse a Bacia do Córrego Bom Jesus (Contagem/MG) e os sujeitos da pesquisa foram
alunos do Ensino Médio, e os moradores mais antigos da Região.
Desta forma foi realizada revisão teórica sobre a percepção dos impactos
socioambientais gerados pela expansão urbana bem como a contribuição da
educação ambiental para o desenvolvimento local.
Na sequência foi realizado um estudo de caso na bacia do Córrego Bom Jesus
sendo este capítulo subdividido em três partes. A primeira parte analisou a
percepção de moradores mais antigos da região, que vivem no local em períodos
superiores há 40 anos, sobre a influência dos impactos da urbanização no
desenvolvimento local dessa região. A segunta parte objetivou analisar a percepção
socioambiental dos alunos do Ensino Médio das instituições de ensino localizadas
na Bacia do Córrego Bom Jesus. A terceira parte objetivou analisar o papel do
trabalho de campo, no processo de sensibilização dos alunos do Ensino Médio, para
o fomento de uma educação ambiental formal na Bacia do Córrego Bom Jesus,
Contagem (MG).
Com intutito de socializar os resultados dessa pesquisa, foi realizado um capítulo
com o objetivo de apresentar um guia de atividades e os processos que subsidiarão
a elaboração de Agendas 21 Escolares, como ferramenta educativa para
desenvolver práticas de gestão social que busquem o desenvolvimento local.
Com base nesse estudo, fica notório que o Córrego Bom Jesus, é um dos principais
afluentes da Lagoa da Pampulha, e que os impactos ambientais causados em sua
bacia contribuem, para a degradação da qualidade das águas da Lagoa da
Pampulha. Verificou-se que a Região da Bacia do Córrego Bom Jesus é constituída
171
principalmente por pessoas de classes sociais menos favorecidas financeiramente e
que sua ocupação ocorreu predominantemente de forma irregular (PIRONI, 2009).
Esse contexto favorece aos impactos socioambientais observados na região, como o
descarte incorreto de resíduos sólidos e as ocupações em áreas de risco, e que
podem ser encontrados nos trabalhos de Prata (2011), Rolnik, Cymbalista e Nakano
(2011) e Rolnik e Klink (2011).
Notou-se que a expansão urbana e a especulação imobiliária representam um
problema não só para a qualidade ambiental, mas também para a qualidade de vida
das pessoas, pois favorecem impactos socioambientais negativos nessas áreas.
Bittencourt (2014) em seu texto “Que país é esse,” afirma que "Quem faz o país é
quem mora dentro dele, somos nós os culpados pelo que há de bom e de ruim”.
Assim, os moradores de um local são responsáveis por uma parte considerável dos
impactos socioambientais ali instalados. O que foi constatado neste trabalho, através
dos trabalhos de campo e relatos de histórias orais, é que os processos de
urbanização interferiram negativamente no ambiente natural da Bacia do Córrego
Bom Jesus. Entretanto, para os moradores mais antigos, a urbanização foi positiva,
pois propiciou serviços públicos, tais como: luz, água e esgoto encanados, escolas,
postos de saúde, asfalto e transporte público, serviços estes inexistentes no início da
ocupação dessa região.
Situação semelhante foi percebida nas respostas obtidas em questionários aplicados
a 315 alunos do Ensino Médio, ao afirmarem que para uma região ser desenvolvida,
esses serviços públicos (saúde, saneamento básico, transporte, educação, moradia)
precisam estar disponíveis para a população, mesmo que para isso o meio ambiente
seja penalizado.
Entretanto, para que o desenvolvimento de uma região seja possível, é necessário
que ele ocorra de maneira sustentável, reduzindo os impactos ambientais, sendo os
alunos e moradores, atores participativos nos processos de mudanças como define
a Política Nacional de Educação Ambiental e que são ressaltados nos processos de
172
gestão social por Inojosa (2001), Tenório (2008) e Dowbor (2013), diferente do que
pensam vários alunos e moradores.
Constatou-se nesta dissertação que a educação pode contribuir para o
desenvolvimento local, principalmente, quando engajada por uma reeleitura dos
quatro pilares defendidos por Delors (1999) para uma educação de mercado,
formando cidadãos com ações participativas, emancipatórias, reflexivas e críticas,
capazes de buscarem melhorias para o local onde vivem.
Além disso, percebeu-se que a educação é ponto de partida para a transformação
dos alunos, bem como da sociedade, pois os alunos que mais se envolveram com
as diversas atividades propostas nesta dissertação, foram os que mostraram através
de suas falas nos grupos focais, maior preocupação com o meio ambiente local.
Nestas atividades ficou evidente que alunos cujo conhecimento fica restrito à sala de
aula, têm dificuldades em associar o conteúdo ministrado em sala (aspectos
teóricos) com a realidade do local onde vivem (aspectos práticos). Ressaltando
assim que a educação tem o poder de transformar o modo de pensar e agir das
pessoas, o que leva à mudança do individuo no como lidar com o meio onde vive,
contribuindo para o desenvolvimento local.
Neste contexto, observou-se nas respostas dos questionários aplicados aos alunos,
nos relatos de histórias orais e nos grupos focais, que a maioria dos moradores da
região não possuem uma percepção socioambiental crítica em relação ao local em
que vivem, mas acreditam que a escola tenha um papel importante para o
desenvolvimento local por ser formadora de opinião.
Assim, a contribuição técnica desta dissertação, um Guia de Atividades para o
Desenvolvimento de Agendas 21 Escolares, se mostrou pertinente, pois as Agendas
21 Escolares têm como objetivo formar cidadãos críticos que sejam capazes de
fomentar ações para transformar a realidade socioambiental existente.
Esta pesquisa evidenciou que levantar alternativas para mobilizar a comunidade
escolar, objetivando um plano de ações educativas para a educação ambiental,
173
como o desenvolvimento de Agendas 21 Escolares é viável e produtivo, pois notouse a mudança de comportamento dos alunos envolvidos nas diferentes atividades
realizadas durante essa pesquisa.
Assim, pode-se afirmar que a educação contribui para o desenvolvimento local, ao
formar alunos que serão atores dos processos de mudanças locais.
5.1Limitações da pesquisa
O objetivo deste estudo foi analisar como a educação pode contribuir para promover
o desenvolvimento local considerando os impactos socioambientais causados pela
expansão urbana, tendo em vista a contribuição técnica e as características de
inovação social.
Mesmo com a percepção dos alunos observada na pesquisa quantitativa, a principal
limitação deste trabalho foi ter realizado grupos focais e trabalhos de campo, com
alunos de apenas uma instituição de ensino. Este fato impediu identificar possíveis
gestos, semblantes e colocações que só seriam identificadas através de um contato
direto entre pesquisador e pesquisado. O tempo para a realização da pesquisa foi
outro fator limitador, pois impossibilitou um maior intercâmbio com professores das
diferentes escolas da região.
5.2 Recomendações para pesquisas futuras
Este estudo está em consonância com diversos trabalhos, entre eles os de Dowbor
(2009) sobre Educação e Desenvolvimento Local; Dias (2010) sobre Educação
Ambiental, princípios e práticas; Figueiredo e Braga (2012) sobre a observação de
tecnologias sociais para o trabalho de campo no ensino de Geografia; Pessoa e
Braga (2012) sobre o trabalho de campo como estratégia de Educação Ambiental
nas escolas bem como o estudo de Araújo e Quaresma (2014) sobre visitas guiadas
e visitas técnicas, tecnologia de aprendizagem no contexto educacional e do
trabalho; Medeiros, Ribeiro e Ferreira (2014) sobre Meio Ambiente e Educação
174
Ambiental nas escolas públicas, ao criar possibilidades para a percepção da
importância
de
diferentes
atividades,
entre
elas,
a
Educação
Ambiental,
sensibilizando para o desenvolvimento e implantação das ações proposta nas
Agendas 21 Escolares.
Desta forma, os resultados desta pesquisa, abrem espaço para outros estudos, que
busquem novas técnicas para serem aplicadas na educação ambiental, com objetivo
de formar cidadãos que busquem o desenvolvimento local.
Esta pesquisa também é relevante para trabalhos que busquem compreender a
história de urbanização de uma região, possibilitando observar a importância das
histórias orais, para se ter uma percepção do local a ser estudado, através das
pessoas que ali viveram.
Sugere-se também a comparação entre a percepção socioambiental dos estudantes
de escolas que possuem projetos de Agenda 21 Escolar, com estudantes de
instituições que não possuem estes projetos.
175
176
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180
APÊNDICES
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO PARA APLICAÇÃO EM ALUNOS DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DA
BACIA DO CÓRREGO BOM JESUS
PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO PARA
CONSTRUÇÃO DE AGENDAS 21 ESCOLARES
SEXO
Masculino
SÉRIE
1 Ano Ensino Médio
IDADE
Feminino
2 Ano Ensino Médio
Entre 13 e 14 anos
3 Ano Ensino Médio
Entre 17 e 18 anos
Entre 15 e 16 anos
INSTITUIÇÃO DE ENSINO
19 anos ou mais
E.E. Carajás
E.E. Presidente Tancredo Neves
E.E. Maria de Salles Ferreira
Funec Pampulha
E.E.Ministro Miguel Mendonça
1-Há quantos anos você mora na região?
menos de 1 ano
entre 5 e 10 anos
entre 1 e 5 anos
2-Você gosta de morar nessa região?
mais de 10 anos
sim
não
3-Você saberia identificar pelo nome, os córregos que se encontram na região?
sim
não
4-Em sua escola, você tem aulas de Educação Ambiental?
sim
não
5-Em qual dessas disciplinas você estuda assuntos relacionados ao meio ambiente?
Educação Ambiental
Português
Química
Geografia
Biologia
Outras
História
Matemática
6-Você já estudou ou estuda os problemas socioambientais de sua região? Como economia,
desemprego, problemas ambientais, população, saneamento básico, lazer entre outros.
sim
não
7-Você sabe onde se localizam as nascentes dos córregos que passam pelo seu bairro?
sim
não
8-Qual a destinação da água após ser utilizada em sua casa?
Vai para uma rede de esgoto, onde é
tratado
Vai para uma rede de esgoto, onde
não é tratado
181
Vai para o córrego mais próximo sem
tratamento
Outras destinações
Vai para uma fossa séptica
9-Em sua opinião, quem são os maiores responsáveis pelos impactos socioambientais de
sua região?
O governo
O Comércio
As indústrias e as
empresas
As escolas
Você
Os moradores
10-Você acredita que a poluição que ocorre em sua região poderia afetar a saúde dos
moradores locais, gerando alguma doença?
Não, pois os níveis de poluição da região são mínimos
Não, pois os postos de saúde atendem bem a todos os moradores
Sim, mas só as pessoas mais pobres
Sim, toda a população corre algum risco
O tipo de poluição da região não gera doenças
As questões a seguir devem ser marcadas de acordo com seu grau de percepção
dando notas de 1 a 5
Sendo: 1 - Ruim 2 - Regular 3 - Bom 4 - Muito Bom 5 - Excelente
11-A qualidade da água dos córregos de sua região
1
2
3
4
5
12-A qualidade ambiental das ruas e praças de sua região
1
2
3
4
5
13-A frequência que as questões ambientais locais são tratadas em sua escola.
1
2
3
4
5
14-Sua participação para evitar a poluição da região.
1
2
3
4
5
Em relação às questões sociais da região, como você considera:
15-A qualidade de estabelecimentos comerciais na região.
1
2
3
4
5
16-A quantidade de estabelecimentos comerciais na região.
1
2
3
4
5
182
17-A qualidade do transporte público da região.
1
2
3
4
5
18-O número de policiais para conter a violência e gerar segurança na região é adequado.
1
2
3
4
5
19-O número de postos de saúde e a qualidade dos mesmos atendem com eficiência a
população local.
1
2
3
4
5
20-O atendimento da região com praças públicas, campos de futebol ou outro tipo de
equipamento público
1
2
3
4
5
21-A qualidade de vida da região
1
2
3
4
5
22-Qual o seu grau de desejo de mudar-se para outra região.
1
2
3
4
5
Para as questões que se seguem marque:
1- Nenhum pouco 2- Muito pouco 3- Pouco 4- Bastante 5- Muito
Em relação ao desenvolvimento da região
23-Você considera a região desenvolvida.
1
2
3
4
5
24-As escolas podem exercer um papel importante para o desenvolvimento da região.
1
2
3
4
5
25-Você acredita que a comunidade possui um papel fundamental para se atingir um maior
grau de desenvolvimento da região.
1
2
3
4
5
183
26-O orçamento participativo tem influenciado em melhorias e desenvolvimento da região.
1
2
3
4
5
27-Nas listas abaixo marque as opções que você julga serem necessárias para que se
tenha um desenvolvimento da região.
o
Poluição
o
Shopping
o
Casas de luxo
o
Lojas de grife (marcas famosas)
o
Escolas
o
Hospitais
o
Creches
o
Posto policial
o
Segurança
o
Praça
o
Comércio em pequena escala
o
Comércio em grande escala
o
Indústria
o
Participação da Comunidade
o
Relação entre diferentes atores
sociais (escola, comunidade, governo,
ONGs, etc.)
o
Influência dos governantes
o
Posto de Gasolina
o
Campo de Futebol
o
Áreas Verdes
o
Asfalto
o
Posto de Saúde
o
Estabelecimento da Mc Donald's
o
Orçamento Participativo
o
Respeito às decisões de comunidade
o
Bancos Financeiros
184
APÊNDICE B
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS MORADORES MAIS ANTIGOS DA REGIÃO
NOME:_____________________________________________________________
Idade:________ Sexo: [ ]M. [ ]F.
1. Há quantos anos você é morador da região?
2. Quando você mudou para a região como era a vida por aqui?
3. Quais eram as principais fontes de renda das pessoas que moravam na região?
4. O que mais mudou na região?
5. Qual era a relação das pessoas da região com o Córrego Bom Jesus?
6. A região tem problemas? Quais são estes problemas?
7. Você poderia levantar soluções para os problemas destacados?
8. Do que você mais sente saudades?
185
APÊNDICE C
ROTEIRO PARA O GRUPO FOCAL
- Vídeo "Programa Cidades Sustentáveis".
Disponível em: www.youtube.com/watch?v=5sTDik3rUug. (Duração 10 minutos).
- Dinâmica rio da vida.
Nesta dinâmica é feito um rio com um lado azul e outro escuro, cada aluno recebe
dois peixes de cores diferentes. Nestes peixes, eles deverão escrever situações
boas da região em um e, no outro, as ruins ou que precisam de atenção na região.
Cada aluno cola os seus peixes no rio, relatando para o grupo suas considerações.
(Duração 20 minutos).
- Vídeo com histórias orais dos moradores (Duração 10 minutos)
- Discussão o sobre a sustentabilidade e desenvolvimento na região da Bacia do
Córrego Bom Jesus.
 Explique o que é sustentabilidade
 O que é Desenvolvimento Local?
 Ocorreu desenvolvimento na Bacia do Córrego Bom Jesus, desde a fundação
dos primeiros loteamentos na região? Exemplifique
 A região apresenta problemas? Quais?
 É possível desenvolver a região sem gerar problemas?
 Qual o papel da escola para mudar estes problemas?
186
APÊNDICE D
ROTEIRO PARA TRABALHO DE CAMPO
 Saindo da escola, ir até o Parque municipal das Amendoeiras. Explicar a construção
caracterizando a região anteriormente.
 Descer o Córrego Amendoeiras, observando os impactos socioambientais.
 Parar no local em que há descarte de entulhos, fazer considerações sobre essa
prática.
 Ir à nascente do Córrego Bom Jesus, observando no trajeto as ocupações em locais
irregulares, fazendo relações com os textos estudados em sala. Caminhada de
4,5Km.
 Chegando à nascente, observar as características do local e os aspectos aparentes
da água.
 Seguir Córrego Bom Jesus em direção à sua foz, na Lagoa da Pampulha.
 Observar no caminho os impactos ambientais e sociais ao longo da calha do
córrego.
 Observar a ocupação clandestina em andamento, integrante ao bairro Novo
Horizonte.
 Passar pelo marco Zero de Despoluição da Lagoa da Pampulha, na fazenda do
senhor Rubens Ferreira Camargos. Explicar o porquê da escolha do local e analisar
os efeitos da ocupação clandestina para este local.
 Passar pelo Bairro Bom Jesus, observando os impactos socioambientais do local,
como rede de esgoto dentro do leito do rio.
 Passar pelo Bairro Vale das Orquídeas. Neste local, instigar os alunos à uma
comparação entre as ocupações irregulares vistas anteriormente e as ocupações
deste bairro que é legalizado (estrutura física).
 Continuar seguindo a calha do Córrego Bom Jesus até a Avenida Nacional. Neste
ponto, fazer uma reflexão da importância dessa obra e dos impactos socioambientais
gerados. Observar neste ponto os aspectos da água.
 Seguir o leito do rio até a foz, localizada em frente ao portão principal do Jardim
Zoológico. Neste ponto, instigar os alunos a refletirem sobre o vivenciado na
expedição, os aspectos positivos e negativos da realidade do local.
187
188
APÊNDICE E
Guia de Atividades para construção de Agendas 21 escolares
189
190
191
192
193
194
195
196
197
198
199
200
201
202
203
204
205
206
207
208
209
210
211
212
213
214
215
216
217
218
219
220
221
222
223
224
225
ANEXOS
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA MENORES
PESQUISA: PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS COMO INSTRUMENTO PARA O
DESENVOLVIMENTO LOCAL
As informações contidas nesta folha, fornecidas por Profª. Drª Fernanda Carla Wasner
Vasconcelos e Gabriel Moreira Perona têm por objetivo firmar acordo escrito com o(a)
voluntária(o) para participação da pesquisa acima referida, autorizando sua participação
com pleno conhecimento da natureza dos procedimentos a que ela(e) será submetida(o).
1)Natureza da pesquisa: Esta pesquisa tem como finalidades:
você está sendo convidado a participar desta pesquisa para fins acadêmicos, com a qual se
pretende conhecer a percepção de moradores e alunos do papel da educação para o
desenvolvimento local da Bacia do Córrego Bom Jesus em Contagem/MG. Também
pretendemos perceber os impactos socioambientais que ocorreram na região a partir do
inicio de sua ocupação em 1953.
É esperado que a pesquisa resulte em medidas educacionais que resulte em medidas
educacionais capazes de mudar o sentimento de pertencimento, levando assim a um
desenvolvimento mais sustentável, diminuindo a poluição e as doenças.
2)Participantes da pesquisa:
Os participantes da pesquisa serão os 10 moradores mais antigos da região e 380 alunos
de instituições de ensino localizadas na Bacia do Córrego Bom Jesus (Contagem/MG).
3)Envolvimento na pesquisa:
Envolvimento na pesquisa: Ao participar deste estudo a sra (sr) permitirá que o pesquisador
Gabriel Moreira Perona utilize os dados obtidos, para analisar a percepção do papel da
educação para o desenvolvimento local e os impactos socioambientais gerados
pela
expansão urbana no período de 1953 a 2014. O pesquisador se compromete a divulgar os
resultados obtidos. A sra (sr.) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a
continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para a sra (sr.).
Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do telefone do
226
(a) pesquisador (a) do projeto e, se necessário através do telefone do Comitê de Ética em
Pesquisa.
4)Sobre as coletas ou entrevistas:
Será aplicado questionário quantitativo utilizando o método Survey e a ferramenta Survey
Monkey que é online a 380 alunos das instituições de ensino localizadas na Bacia do
Córrego Bom Jesus.
5) Protocolo experimental:
Aplicação de questionário para analisar a percepção dos alunos, sobre a participação da
escola no desenvolvimento local da região.
6) Riscos e desconforto: Os procedimentos utilizados nesta pesquisa obedecem aos
Critérios da Ética na Pesquisa com Seres Humanos conforme resolução n. 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde – Brasília – DF.
Como a pesquisa será aplicada de forma online corre-se o risco de algum aluno não saber
manusear equipamentos de acesso à internet. Outro desconforto pode ocorrer caso não
saibam responder algum dos questionamentos.
7) Confidencialidade:
Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais. Os dados
da(o) voluntária(o) serão identificados com um código, e não com o nome. Apenas os
membros da pesquisa terão conhecimento dos dados, assegurando assim sua privacidade.
8)Benefícios:
Ao participar desta pesquisa a(o) sra (sr.) não terá nenhum benefício direto. Entretanto,
esperamos que este estudo traga informações importantes sobre o papel da educação no
desenvolvimento local, de forma que o conhecimento que será construído a partir desta
pesquisa possa resultar em medidas educacionais capazes de mudar o comportamento das
pessoas para que a região possa ter um desenvolvimento socioambiental mais sustentável
diminuindo a poluição e as doenças . O pesquisador se compromete a divulgar os
resultados obtidos, nas instituições de ensino.
9) Pagamento:
Você não terá nenhum tipo de despesa ao autorizar sua participação nesta pesquisa, bem
como nada será pago pela participação.
227
10) Liberdade de recusar ou retirar o consentimento:
Você tem a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de
participar do estudo sem penalizastes.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para
permitir sua participação nesta pesquisa. Portanto, preencha os itens que seguem:
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, __________________________________________, RG_________________ após a
leitura e compreensão destas informações, entendo que a participação de(escrever o nome
do
menor)___________________________________________,
sob
minha
responsabilidade, é voluntária, e que ele(a) pode sair a qualquer momento do estudo, sem
prejuízo algum. Confiro que recebi cópia deste termo de consentimento, e autorizo a
execução do trabalho de pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste estudo.
Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.
_____________________, ________/_________/_________
Telefone para contato:________________________________________________
Nome do Voluntário:_________________________________________________
Assinatura do Responsável:_____________________________________________
Assinatura do Pesquisador:____________________________________________
Assinatura do pesquisador assistente:_____________________________________
Contatos:
Pesquisadora Orientadora:Profª. Drª Fernanda Carla Wasner Vasconcelos (31)99584990.
Pesquisador Aluno:Gabriel Moreira Perona (31) 88201478
Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4º andar, Belo Horizonte/MG, CEP
30.180-100. Telefone do Comitê: (31)3508-9110. [email protected]
228
ANEXO B
AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DE DADOS
Eu, ________________________________________________, ocupante do cargo
de _______________________ do(a)_____________________________________
AUTORIZO a coleta de dados do projeto: PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS COMO
INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL realizado pelo pesquisador
Gabriel Moreira Perona, sob a orientação da Professora Dra. Fernanda Carla Wasner
Vasconcelos, para fins de pesquisa do Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e
Desenvolvimento
Local,
nas
instalações
físicas
da_
__________________________________após a aprovação do referido projeto pelo CEP do
Centro Universitário UNA.
______________________, ______ de ____________________ de 2014.
______________________________________________
ASSINATURA
CARIMBO:
OBS: Autorização com modelo padrão para todas as instituições
229
230
ANEXO C
TERMO DE COMPROMISSO DE CUMPRIMENTO DA RESOLUÇÃO Nº 466/2012
Nós, Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos, inscrita no CPF/MF sob o número
876.491.956-00, e Gabriel Moreira Perona brasileiro, casado, geógrafo, professor,
036.747.106-09, responsáveis pela pesquisa intitulada PERCEPÇÕES SOCIOAMBIENTAIS
COMO INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL declaramos que:

Assumimos o compromisso de zelar pela privacidade e pelo sigilo das informações que
serão obtidas e utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa;

Os materiais e as informações obtidas no desenvolvimento deste trabalho serão
utilizados para se atingir o(s) objetivo(s) previsto(s) na pesquisa;

O material e os dados obtidos ao final da pesquisa serão arquivados sob a nossa
responsabilidade;

Os resultados da pesquisa serão tornados públicos em periódicos científicos e/ou em
encontros, quer sejam favoráveis ou não, respeitando-se sempre a privacidade e os
direitos individuais dos sujeitos da pesquisa, não havendo qualquer acordo restritivo à
divulgação;

Assumimos o compromisso de suspender a pesquisa imediatamente ao perceber algum
risco ou dano, consequente à mesma, a qualquer um dos sujeitos participantes, que
não tenha sido previsto no termo de consentimento.

O CEP do Centro Universitário UNA será comunicado da suspensão ou do
encerramento da pesquisa, por meio de relatório apresentado anualmente ou na
ocasião da interrupção da pesquisa;

As normas da Resolução 466/2012 serão obedecidas em todas as fases da pesquisa.
_________________________, ____ de________de 2014
Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos
CPF nº. 876.491.956-00
Gabriel Moreira Perona
CPF nº. 036.747.106-09
231
ANEXO D
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E DEPOIMENTOS
Eu
___________________________________________________________________,
CPF _______________________, RG__________________________,
depois de conhecer e entender os objetivos, procedimentos metodológicos, riscos e
benefícios da pesquisa, bem como de estar ciente da necessidade do uso de minha imagem
e/ou depoimento, especificados no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
AUTORIZO, através do presente termo, O pesquisador aluno Gabriel Moreira Perona, sob a
orientação da Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos, do projeto de pesquisa intitulado
PERCEPÇÕES
SOCIOAMBIENTAIS
COMO
INSTRUMENTO
PARA
O
DESENVOLVIMENTO LOCAL a realizar as fotos e/ou vídeos que se façam necessárias
e/ou a colher meu depoimento sem quaisquer ônus financeiros a nenhuma das partes.
Ao mesmo tempo, libero a utilização destas fotos e/ou vídeos (seus respectivos negativos
ou cópias) e/ou depoimentos para fins científicos e de estudos (livros, artigos, slides e
transparências), em favor do pesquisador da pesquisa acima especificada, obedecendo ao
que está previsto nas Leis que resguardam os direitos das crianças e adolescentes (Estatuto
da Criança e do Adolescente – ECA, Lei N.º 8.069/ 1990), dos idosos (Estatuto do Idoso, Lei
n.°10.741/2003) e das pessoas com deficiência (Decreto nº 3.298/1999, alterado pelo
Decreto nº 5.296/2004).
______________________, ____ , _________ de 20___.
_______________________
______________________________
Participante da pesquisa
Pesquisador responsável pelo projeto
232
ANEXO E
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Dados da pesquisa e orientações
Programa: Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do
Centro Universitário UNA, Belo Horizonte/MG.
Título:
PERCEPÇÕES
SOCIOAMBIENTAIS
COMO
INSTRUMENTO
PARA
O
DESENVOLVIMENTO LOCAL
Nome da Pesquisadora Orientadora: Profª. Drª. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos
Nome do Pesquisador Aluno: Gabriel Moreira Perona
Natureza da pesquisa: você está sendo convidado a participar desta pesquisa para fins
acadêmicos, com a qual se pretende conhecer a percepção de moradores e alunos do papel
da educação para o desenvolvimento local da Bacia do Córrego Bom Jesus em
Contagem/MG. Também pretendemos perceber os impactos socioambientais que ocorreram
na região a partir do início de sua ocupação em 1953.
É esperado que a pesquisa resulte em medidas educacionais capazes de mudar o
sentimento de pertencimento, levando assim a um desenvolvimento mais sustentável,
diminuindo a poluição e as doenças.
Participantes da pesquisa: os participantes da pesquisa serão os 10 moradores mais antigos
da região e 380 alunos de instituições de ensino localizadas na Bacia do Córrego Bom
Jesus (Contagem/MG).
Envolvimento na pesquisa: Ao participar deste estudo a sra (sr) permitirá que o pesquisador
Gabriel Moreira Perona utilize os dados obtidos, para analisar a percepção do papel da
educação para o desenvolvimento local e os impactos socioambientais gerados
pela
expansão urbana no período de 1953 a 2014. O pesquisador se compromete a divulgar os
resultados obtidos. A sra (sr.) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a
continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para a sra (sr.).
Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do telefone do
(a) pesquisador (a) do projeto e, se necessário através do telefone do Comitê de Ética em
Pesquisa.
Sobre as entrevistas: As entrevistas serão realizadas com os 10 moradores mais antigos da
233
região. Elas seguirão o modelo de entrevista estruturada com perguntas pré-estabelecidas.
As entrevistas serão agendadas e gravadas e fotos serão tiradas para comprovar a
autenticidade. Todo o processo procurará evitar constrangimento.
Riscos e desconforto: a participação nesta pesquisa não traz complicações legais para
nenhum participante. A pesquisa poderá gerar desconforto para algum participante por ser
gravada. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em
Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 466/2012 do Conselho Nacional de
Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade.
Confidencialidade: todas as informações coletadas neste estudo são estritamente
confidenciais, ou seja, ficarão em segredo. Somente o pesquisador e a orientadora terão
conhecimento dos dados, que não serão utilizados para nenhum outro fim.
Forma de Acompanhamento e Assistência: durante a entrevista e ou aplicação do
questionário, você terá orientação e assistência do pesquisador em campo. Você poderá
entrar em contato com os pesquisadores ou com o Comitê de Ética da UNA, pelos telefones
aqui fornecidos, sempre que necessário.
Benefícios: Ao participar desta pesquisa a(o) sra (sr.) não terá nenhum benefício direto.
Entretanto, esperamos que este estudo traga informações importantes sobre o papel da
educação no desenvolvimento local, de forma que o conhecimento que será construído a
partir desta pesquisa possa resultar em medidas educacionais capazes de mudar o
comportamento das pessoas para que a região possa ter um desenvolvimento
socioambiental mais sustentável diminuindo a poluição e as doenças . O pesquisador se
compromete a divulgar os resultados obtidos.
Pagamento: a (o) sra (sr.) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa,
bem como nada será pago por sua participação.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar desta
pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem.
Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.
234
Consentimento Livre e Esclarecido
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto
meu consentimento em participar da pesquisa. Declaro que recebi cópia deste termo de
consentimento, e autorizo a realização da pesquisa e a divulgação dos dados obtidos
neste estudo.
Assinatura do Participante da Pesquisa: ___________________________________
Nome do Participante da Pesquisa: _______________________________________
Assinatura do Pesquisador Aluno: ________________________________________
Assinatura da Pesquisadora Orientadora: ___________________________________
Contatos:
Pesquisadora Orientadora: Profª. Drª Fernanda Carla Wasner Vasconcelos (31)
99584990.
Pesquisador Aluno: Gabriel Moreira Perona (31) 88201478
Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4º andar, Belo Horizonte/MG, CEP
30.180-100. Telefone do Comitê: (31) 3508-9110. [email protected]
235
ANEXO F
PLATAFORMA BRASIL
Título da Pesquisa: Percepções Socioambientais de alunos do Ensino Médio para
Construção de Agendas 21 Escolares.
Pesquisador Responsável: Gabriel Moreira Perona
Área Temática:
Versão: 1
CAAE: 39195814.0.0000.5098
Submetido em: 18/11/2014
Instituição Proponente: Centro Universitário UNA
Situação da Versão do Projeto: Aprovado
Localização atual da Versão do Projeto: Pesquisador Responsável
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
236