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COMISSÕES
PRESIDENTE DA ABRAVAS E DO
CONGRESSO
COMISSÃO CIENTÍFICA
Lauro Leite Soares Neto
Presidente da Comissão Científica
Marcelo Alcindo de Barros Vaz Guimarães
COMISSÃO ORGANIZADORA
Lauro Leite Soares Neto
Membros
Rodrigo del Rio do Valle
Rodrigo del Rio do Valle
Herlandes Penha Tinoco
Marcus Vinícius Romero Marques
Jeferson Rocha Pires
Daphne Wrobel Goldberg
Vivian Marques Massarotto
Frederico Ozanan Barros Monteiro
Marcelo Alcindo de Barros Vaz Guimarães
Jean Carlos Ramos da Silva
Bruno Simões Sergio Petri
José Luiz Catão Dias
Ana Carolina Andrade Pereira
José Maurício Barbanti Duarte
Marcus Vinícius Romero Marques
Patrícia Locosque Ramos
Gislene Silva Santos
João Batista da Cruz
Fabrício Braga Rassy
Kátia G. de Oliveira Rancura
PROMOÇÃO
Flávia Taconi Venâncio Campos
ABRAVAS – Associação Brasileira de
Veterinários de Animais Selvagens
Maria Luiza Gonçalves
Agnaldo Doná
Ana Lucia Gonçalves Novelini
Patrícia Locosque Ramos
Fátima Valente Roberti
EXPEDIENTE
EDITORES
CONCEPÇÃO DOS
ANAIS
REVISÃO EDITORIAL
Rodrigo del Rio do Valle
Marcelo Alcindo de
Barros Vaz Guimarães
Rodrigo del Rio do Valle
Paloma Rocha Arakaki
Paloma Rocha Arakaki
Rodrigo del Rio do Valle
Lauro Leite Soares Neto
SUMÁRIO
Relato de Caso ..................................................................................................................... 5
Pôster Científico ................................................................................................................218
Apresentação Oral .............................................................................................................293
4
Relato de Caso - 1
Relato de Caso
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
5|Página
Gastrotomia para retirada de corpo estranho em teiú (Salvator merianae)
Márcia Helena Martins de Albuquerque1; Grazielle Cristina Garcia Soresini2; Laís Lucas
Fernandes3; Raquel Lemos Silva2; Rogério Ribas Lange1
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil
2
Vida Livre Medicina de Animais Selvagens (VL), PR, Brasil
3
Laboratório Veterinário Alpadely de Análises Clínicas (LVA), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: As doenças gastrintestinais
são bastante frequentes na clínica de
répteis. Dentre estas, a ingestão de
constipação. Apetite depravado, diarreia,
melena, hematoquesia, prolapso e
produção fecal reduzida já foram
corpos
estranhos
tem
ocorrido
frequentemente em quelônios, lagartos e
serpentes.1 Um corpo estranho é qualquer
material ingerido pelo paciente e não
digerido, o qual pode ficar alojado no
estômago (corpo estranho gástrico) ou no
intestino (corpo estranho intestinal). A
maioria dos corpos estranhos gástricos
causa pequenos danos à mucosa
gástrica, porém, pode gerar complicações
reportados.4
Os
mesmos
exames
disponíveis para animais domésticos,
como radiografia, ultrassonografia, além
de
celioscopia
e
ocasionalmente
celiotomia exploradora, podem ser
indicados.4 O diagnóstico e tratamento de
doenças do sistema digestório em répteis
continua a ser desafiador devido à falta
de conhecimento das características
anatômicas e fisiológicas deste diverso
graves como ulcerações e ruptura.2
Muitos répteis mantidos em locais
inadequados podem ingerir materiais
presentes no ambiente, levando à
obstrução parcial ou total do trato
gastrintestinal.3 O quadro clínico pode ter
sinais inespecíficos, como anorexia com
consequente perda de peso, letargia e
grupo de animais.1 A diferenciação
cuidadosa
entre
corpos
estranhos
obstrutivos e constipação é necessária
para evitar uma intervenção cirúrgica
desnecessária.
Algumas
obstruções
parciais ou corpos estranhos não
obstrutivos
podem
ser
manejados
terapeuticamente, com óleo mineral,
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
6|Página
Relato de Caso - 1
Gastrotomy for foreign body removal in black-and-white tegu (Salvator merianae)
procedimento
fluidoterapia. Quadros de obstrução
completa, no entanto, requerem resolução
cirúrgica.3 O objetivo deste trabalho é
relatar o sucesso na gastrotomia em teiú
(Salvator merianae) para remoção de um
Material e Métodos: Um teiú (Salvator
merianae) macho de 1,5 anos foi atendido
colocado em decúbito dorsal e a cavidade
celomática foi acessada por meio de uma
celiotomia paramediana direita.5 Assim
que o estômago foi localizado, houve
confirmação que o corpo estranho estava
situado em seu interior, excluindo a
presença de qualquer material estranho
nos
intestinos.
O
estômago
foi
parcialmente exteriorizado e foram
na Clínica Veterinária Vida Livre Medicina
de Animais Selvagens, em Curitiba/PR,
com histórico de hiporexia e diminuição
considerável no volume fecal há três
dias.3 O animal havia permanecido sem
acompanhamento sete dias em quintal
telado. O paciente apresentava bom
escore corporal e distensão celomática
com presença de massa rígida à
palpação.1 Foi observada diarreia com
colocados dois reparos com fio de sutura
poliglactina 910 número 3-0 em região
avascular de fundo de estômago. A
incisão foi realizada entre os reparos
colocados para evitar extravasamento do
conteúdo estomacal. Foi retirado um
prendedor de roupas de 8,5 cm de
comprimento por 2 cm de largura e 1 cm
de espessura (Figura 2). A gastrorrafia foi
realizada em duas camadas com fio
prendedor de roupas, constituído de
material plástico com mola metálica.
coloração
cinza
e
urina
normal.
Radiografias ventrodorsal e lateral
revelaram presença de objeto com áreas
metálicas4 semelhante a um prendedor de
roupas (Figura 1), na região hipocôndrica
direita, em topografia de estômago.4 Foi
indicado procedimento cirúrgico e o
paciente foi em seguida submetido à
anestesia geral para gastrotomia.3 A
medicação pré-anestésica foi butorfanol
(1,5 mg/kg IM) e midazolam (1,5 mg/kg
IM). A indução anestésica consistiu de
cetamina (20 mg/Kg IM) e a manutenção
com isoflurano via inalatória.6 Foi
necessária uma segunda aplicação de
cetamina (10 mg/Kg IM) para manutenção
da anestesia após uma hora do início do
cirúrgico.
O
teiú
foi
poliglactina 9106 número 3-0, sendo a
primeira em padrão interrompido simples
envolvendo as camadas serosa, muscular
e submucosa e a segunda em padrão
contínuo de Cushing envolvendo as
camadas serosa e muscular. A sutura da
pele foi realizada com pontos isolados
simples com fio de nylon número 2-0.2 No
pós-operatório, o paciente foi mantido em
ambiente com temperatura controlada a
aproximadamente 25oC5 e recebeu por
via subcutânea, solução fisiológica 0,9%
(1% da massa corporal s.i.d. durante 20
dias), enrofloxacina (5 mg/Kg SC s.i.d.
durante 20 dias, diluído na solução
fisiológica), meloxicam (0,2 mg/Kg IM
s.i.d. durante 3 dias),6 além da
administração de alimento líquido por via
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Relato de Caso - 1
promotores de motilidade gastrintestinal e
2
desinfecção do ambiente, e consistência
vezes ao dia, durante 4 dias). O alimento
líquido consistia de verduras verdeescuras trituradas com água no
liquidificador. No quarto dia pósoperatório, o paciente começou a se
alimentar
ativamente
de
frutas
amassadas com pequena quantidade de
ração úmida para gatos.2 Após 20 dias de
internamento, foi liberado para casa sem
e frequência da urinação e defecação.4
Muitos répteis são pouco seletivos em
seus hábitos alimentares e ingerem
substratos próximos de seus alimentos.
Em cativeiro, erros de manejo podem
levar à ingestão de corpos estranhos
gastrintestinais que requerem tratamento
medicamentoso ou cirúrgico.4 Em cães e
gatos,
os
corpos
estranhos
medicações,
porém,
ainda
com
alimentação pastosa com pequenos
pedaços de alimentos sólidos por mais 30
dias, quando então foi recomendado o
retorno à alimentação normal e os pontos
de pele foram removidos. O animal ainda
é paciente da Clínica Vida Livre Medicina
de Animais Selvagens e encontra-se bem,
transcorridos três anos e meio do
procedimento cirúrgico.
gastrintestinais geralmente promovem
vômito
agudo,
persistente
ou
4
intermitente. No entanto, regurgitação ou
vômito são incomuns em répteis com
corpos
estranhos
gastrintestinais,
podendo ocorrer em casos de obstrução
esofagiana ou gástrica.1 Os sinais clínicos
relatados são anorexia, perda de peso,
letargia,
constipação
ou
reduzida
produção fecal, apetite depravado,
Resultados e Discussão: A maioria dos
problemas em répteis atendidos pelas
clínicas veterinárias de animais de
estimação não convencionais estão
associados a cuidados inadequados,
portanto é necessária uma detalhada
anamnese no momento do atendimento
clínico. O histórico deve compreender a
experiência dos proprietários com os seus
diarreia,
melena,
hematoquesia
e
4
prolapso. Ao exame físico pode ser
possível palpar a porção anterior à
obstrução
e
observar
distensão
1
celomática. O paciente apresentava
apenas
hiporexia,
produção
fecal
reduzida e diarreia, com distensão
celomática e presença de massa rígida à
palpação, compatível com o estômago
distendido devido à presença de corpo
répteis, a dieta, a frequência alimentar, a
queixa, a duração do problema e detalhes
ambientais como variação da temperatura
e umidade, o tamanho do terrário, o
substrato, a iluminação, o fotoperíodo,
materiais presentes, densidade animal,
exposição
a
produtos
tóxicos,
procedência da água, protocolo de
estranho. A ausência de sinais clínicos
específicos demonstra a importância dos
exames complementares para definição
do
diagnóstico.
Corpos
estranhos
metálicos e minerais podem ser
detectados por radiografias simples.4
Outros materiais como madeira ou
plásticos são difíceis de serem detectados
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
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Relato de Caso - 1
oral (1% da massa corporal, dividido em 3
cuidados
pós-cirúrgicos
mostraram-se
pedaços tenham sido ingeridos. Se não
for possível determinar um diagnóstico e
descartar uma condição obstrutiva, devese realizar radiografia contrastada,1
porém esta não deve ser considerada
caso haja suspeita de perfuração
gastrintestinal.2 No caso do paciente, a
radiografia simples permitiu a visualização
do corpo estranho, não necessitando de
eficazes neste caso de remoção de corpo
estranho gástrico em teiú (Salvator
merianae) mostrando que, em muitas
radiografia contrastada. O estômago dos
répteis possui alta capacidade de
distensão, o que permite estocar grande
quantidade de alimentos.4 Isto explica a
visualização do corpo estranho à direita
da linha mediana, compatível com
topografia de um estômago bastante
distendido. É fundamental manter uma
temperatura apropriada durante o período
de internamento do paciente, pois o
particularidades anatômicas e fisiológicas
das diferentes espécies é essencial para
que estas extrapolações possam ser
realizadas de maneira efetiva.
metabolismo dos répteis é dependente da
temperatura ambiental, com temperaturas
ótimas recomendadas de 25 a 30oC,5
sendo essencial para adequada absorção
de medicamentos e retorno à motilidade
gastrintestinal.7 O paciente foi mantido em
temperatura de 25oC durante o período
pré, trans e pós-operatório.
Conclusões: Tendo em vista que a maior
Medicine. 2013;22(2):141-162. 2)
Hedlund CS, Fossum TW. Surgery of the
digestive system. In: Fossum TW, editor.
Small animal surgery. 3 ed. St. Louis:
Mosby Elsevier; 2005.p.411-427. 3)
Benson KG. Reptilian Gastrointestinal
Diseases. Seminars in Avian and Exotic
Pet Medicine. 1999;8(2):90-7. 4) Mitchell
MA, Diaz-Figueroa O. Clinical reptile
gastroenterology. The veterinary clinics of
parte dos atendimentos realizados na
clínica de répteis refere-se a erros de
manejo, é de extrema importância que o
médico veterinário tenha conhecimento
acerca do manejo alimentar e ambiental
das diferentes espécies atendidas na
rotina. As adaptações realizadas na
técnica cirúrgica de gastrotomia e os
North America: Exotic animal practice.
2005;8(2):277-98. 5) Divers SJ. Reptile
diagnostic endoscopy and endosurgery.
The veterinary clinics of North America:
Exotic animal practice. 2010;13(2):217-42.
6) Carpenter JW. Exotic Animal
Formulary. 3 ed. Saint Louis: Elsevier
Saunders; 2005. p.55-93 7) Sykes JM,
situações, os veterinários que atendem
répteis
precisam
adaptar
exames
complementares, técnicas, medicamentos
e procedimentos de outras espécies
animais por não haver referências para a
espécie em questão. Conhecer as
Referências Bibliográficas: 1) Mans C.
Clinical Update on Diagnosis and
Management of Disorders of the Digestive
System of Reptiles. Journal of Exotic Pet
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Relato de Caso - 1
radiograficamente a menos que grandes
Greenacre
CB.
Techniques
for
Journal
of
Exotic
Pet
Medicine.
2006;15(3):210-7.
Relato de Caso - 1
delivery in reptiles and amphibians.
drug
Figura 1. Imagem radiográfica em vista ventrodorsal de um teiú (Salvator merianae) com
presença de objeto com áreas metálicas semelhante a um prendedor de roupas, em
topografia de estômago. As setas indicam toda a extensão do corpo estranho.
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Relato de Caso - 1
Figura 2. Aspecto do corpo estranho (prendedor de roupas) retirado por meio de
gastrotomia de um teiú (Salvator merianae) e sua comparação ao tamanho do paciente no
pós-operatório imediato. Doppler (seta) utilizado para monitoramento cardíaco do paciente.
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Hiperplasia endometrial cística e adenocarcinoma uterino em coelho (Oryctolagus
Cystic endometrial hyperplasia and uterine adenocarcinoma in rabbit (Oryctolagus
cuniculus)
João Vitor de Campos Roeder1; Márcia Helena Martins de Albuquerque2; Grazielle Cristina
Garcia Soresini1; José Carlos Roble Junior1; Eduardo Felipe Koerbel1
1
Vida Livre Medicina de Animais Selvagens (VL), Curitiba, PR, Brasil
2
Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: As coelhas apresentam
ovulação induzida, estando adaptadas a
inúmeras gestações. No entanto, se não
são cobertas ocorre uma grande
endometrial
cística,
o
quadro
é
3
assintomático.
Apesar
do
adenocarcinoma uterino ser comum na
espécie, sua ocorrência em conjunto com
disfunção hormonal. Em curto prazo,
estes elevados níveis hormonais podem
provocar o surgimento de uma hiperplasia
uterina, seguida de hemorragias vulvares,
podendo
evoluir
para
um
útero
metaplásico com formações neoplásicas.1
O
adenocarcinoma
uterino
ocorre
geralmente em fêmeas reprodutoras a
partir de três anos de idade.2 Ele pode ser
hiperplasia endometrial cística não é bem
relatada. Ao exame físico, os animais
podem apresentar massas abdominais e
desconforto à palpação.3,4,5 O diagnóstico
destas afecções baseia-se no exame
clínico, radiografia e ultrassonografia.3 O
prognóstico é bom quando a neoplasia ou
a hiperplasia endometrial cística são
diagnosticadas precocemente, antes da
um achado acidental ou estar associado a
sinais clínicos semelhantes aos da
hiperplasia endometrial cística,3,4 como
anorexia,
prostração,
queda
do
desempenho
reprodutivo,
distocia,
abandono do ninho e corrimento vaginal
sanguinolento. Entretanto, durante os
estágios
iniciais
da
hiperplasia
ocorrência de metástases, as quais
ocorrem, em geral, ao final do curso
clínico da doença.2 A neoplasia pode
invadir o miométrio e cavidade peritoneal,
após a ocorrência de metástases
hematogênicas.5 Com a disseminação de
células neoplásicas e consequentes
metástases, o prognóstico passa a ser
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Relato de Caso - 2
cuniculus)
5
5 a 20 meses, sendo recomendada a
eutanásia em casos de comprometimento
de órgãos.2 O objetivo deste trabalho é
relatar um caso de tratamento cirúrgico
para hiperplasia endometrial cística
associada a adenocarcinoma uterino em
coelho.
Material e Métodos: Foi atendido na
Clínica Veterinária Vida Livre Medicina de
Animais Selvagens, em Curitiba/PR, um
coelho (Oryctolagus cuniculus) fêmea de
aproximadamente dois anos de idade e
com 2,950 kg de massa corporal, com
histórico de corrimento sanguinolento
vaginal e hematúria há um dia. O paciente
apresentava abdômen abaulado e leve
desconforto à palpação abdominal.
Radiografias abdominais na incidência
lateral e ventrodorsal em conjunto com o
exame ultrassonográfico, descartaram
urolitíase.3 O exame ultrassonográfico3,6
revelou um útero espessado, com
formações
císticas
medindo
aproximadamente 1,2 cm de diâmetro e
ovários hipoecogênicos, também com
formações císticas em parênquima.
Observou-se ainda, uma formação
heterogênea
irregular
em
região
mesogástrica, medindo aproximadamente
2,0 cm de difícil individualização (Figura
1).
As
imagens
do
exame
ultrassonográfico sugeriram hiperplasia
endometrial cística e hemometra,3 sendo
indicada
ovariosalpingohisterectomia
(Figura 2) imediata devido ao risco de
evolução do quadro para piometra e óbito
do paciente. A medicação pré-anestésica
foi realizada com diazepam (3 mg/kg IM)
e meperidina (15 mg/kg IM). A indução
anestésica consistiu de cetamina (10
mg/kg IM) e a manutenção com isoflurano
via inalatória.7 O paciente foi posicionado
em decúbito dorsal. Foi realizada também
anestesia local tópica na região mediana
ventral, local da incisão, com creme à
base de lidocaína 25 mg/g e prilocaína 25
mg/g. Para remoção dos ovários e útero
utilizou-se a técnica de três pinças e para
as ligaduras o fio de poliglactina 910 3-0.
A musculatura abdominal foi suturada em
padrão Sultan e o tecido subcutâneo em
padrão Cushing, ambos com fio de
poliglactina 910 2-0.1 A pele foi suturada
com fio de nylon 2-0 em padrão isolado
simples. Durante a inspeção dos órgãos
removidos,
observou-se
conteúdo
sanguinolento intrauterino, parede uterina
com cistos vesicais difusos e presença de
neoformação. O resultado do exame
histopatológico foi hiperplasia endometrial
cística e adenocarcinoma uterino. Como
terapia, foi prescrito enrofloxacina (10
mg/Kg VO b.i.d. durante 10 dias),
probiótico (0,5 g VO t.i.d. durante 10
dias), tramadol (7 mg/Kg IM b.i.d. durante
3 dias) e meloxicam (0,3 mg/Kg IM s.i.d.
durante
3
dias),
calculados
por
extrapolação alométrica interespecífica.2
Como o paciente apresentou constipação
no dia seguinte ao da cirurgia, também
foram
prescritos
simeticona
(65
mg/animal VO b.i.d. durante 5 dias) e óleo
mineral (1 mL/kg VO b.i.d. durante 5
dias).7 A assepsia da ferida cirúrgica foi
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13 | P á g i n a
Relato de Caso - 2
ruim2 com o animal podendo ir a óbito em
na literatura, como hematúria e descarga
durante 10 dias). O paciente foi liberado
para casa com as medicações por via oral
(descritas acima) após o terceiro dia de
pós-operatório, com retorno para retirada
dos pontos de pele após dez dias da
cirurgia,
quando
apresentou
boa
cicatrização. Passados quatro meses do
procedimento cirúrgico, os relatos do
proprietário informam que o animal
hemorrágica vaginal.2 No entanto estava
alerta e alimentando-se bem, diferindo da
anorexia e prostração descritas como
sinais clínicos comuns.1,3 O diagnóstico
da hiperplasia endometrial cística pode
ser sugerido ao exame radiográfico, no
qual é possível observar um aumento de
tamanho uterino, que pode estar
preenchido por líquido glandular, muco
apresenta-se
bem,
realizando
normalmente suas atividades e não
apresenta corrimento sanguinolento ou
outras alterações.
(mucometra), sangue (hemometra), entre
outros. A radiografia como exame
subsidiário inicial auxilia no diagnóstico
diferencial para afecções do trato
urinário.3 A ultrassonografia, no entanto, é
o melhor método diagnóstico para ambas
as doenças, pois possibilita avaliar
textura, tamanho e aspecto uterino,6
sendo possível visualizar um aumento do
diâmetro uterino com múltiplos cistos de
Resultados
e
Discussão:
Muitas
neoformações uterinas desenvolvem-se
como
sequela
de
desequilíbrios
hormonais. Os estrógenos em elevadas
quantidades, aumentam o número de
receptores de progesterona no útero. A
progesterona por sua vez, estimula o
crescimento e atividade secretória das
glândulas endometriais.4 Além disso, a
progesterona estimula a redução da
contratilidade uterina, favorecendo assim,
a retenção do excesso de líquido e/ou
sangue na luz uterina, criando um
ambiente
favorável
para
o
desenvolvimento
e
crescimento
bacteriano,
podendo
evoluir
para
6
piometra. No estado inicial da hiperplasia
endometrial cística e do adenocarcinoma,
geralmente não há sinais clínicos.2.3
Sugere-se então, que o animal não se
encontrava mais em estágio inicial da
doença. O paciente apresentava alguns
sinais clínicos semelhantes aos relatados
conformação irregular, tamanho variado e
dispostos ao longo da parede uterina,6
presença
de
massas
uterinas e
3
identificação de metastases. Os tumores
apresentam-se geralmente consistentes,
hemorrágicos e dispostos de maneira
difusa ao longo da junção mesometrial.5
No caso clínico descrito, a fêmea tinha
dois anos, não se encaixando na faixa
etária
mais
comum
de
animais
acometidos pelo adenocarcinoma, que
inclui animais com três anos ou mais.2,3 A
radiografia foi o primeiro exame de
imagem recomendado, necessitando de
uma ultrassonografia para detecção da
causa de distensão abdominal. O
paciente
apresentou
adequada
cicatrização da ferida cirúrgica. A
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
14 | P á g i n a
Relato de Caso - 2
realizada com clorexidina tópica (b.i.d.
Nelson RW, Couto CG. Medicina Interna
seja intradérmica para evitar que os
coelhos removam os pontos,1 porém os
autores realizam com frequência o
fechamento da pele com pontos isolados
simples utilizando fio de nylon. Observase que os pacientes não arrancam os
pontos de pele quando estão sob
analgesia adequada. Apesar dos exames
por imagem não terem apontado, pode
de Pequenos Animais. 3.ed. Rio de
Janeiro: Elsevier; 2006. 5) Harkness JE,
Wagner JE. Biologia e clínica de coelhos
e roedores. 3.ed. São Paulo: Roca; 1993.
6) Schweigert A et al. Complexo
hiperplasia endometrial cística (piometra)
em cadelas: diagnóstico e terapêutica.
Colloquium Agrariae; 2009; 5(1): 32-37. 7)
Carpenter JW. Exotic Animal Formulary. 3
ocorrer metástase de forma
necessitando cuidados futuros.
tardia,3
ed. Saint Louis: Elsevier Saunders; 2005.
Conclusões: O procedimento cirúrgico
realizado confirmou-se como melhor
escolha terapêutica quando o exame
histopatológico
diagnosticou
adenocarcinoma
uterino
além
da
hiperplasia endometrial cística, visto que
a indicação de tratamento é a
ovariosalpingohisterectomia imediata, na
tentativa de cessar o crescimento tumoral
e evitar metástases. Foi indicado o
acompanhamento semestral do animal
para realização de radiografias e
ultrassonografias comparativas, uma vez
que células neoplásicas podem ter se
disseminado por via hematógena, levando
a metástases tardias.
Referências Bibliográficas: 1) Aguilar R.
Atlas de medicina, terapêutica e patologia
de animais exóticos. São Caetano do Sul:
Interbook; 2006. p.265-315. 2) Vilardo
FES. Tratado de animais selvagens. São
Paulo: Roca; 2006. 3) Quesenberry K.
Manual Saunders: clínica de pequenos
animais. 2.ed. São Paulo: Roca; 2003. 4)
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
15 | P á g i n a
Relato de Caso - 2
literatura recomenda que a sutura da pele
Relato de Caso - 2
Figura 1. Imagem ultrassonográfica (A) do útero de um Coelho com formações císticas de
aproximadamente 1,2 cm e (B) corno uterino apresentando formação irregular e
heterogênea,
evidenciada
pelas
setas
brancas.
Foto:
Juliana
Finardi.
Figura 2. Ovariosalpingohisterectomia de coelho. (A) “Janela” (seta) realizada no
mesovário. (B) Divulsão do ligamento largo (seta) com tesoura de dissecção. (C)
Hemostasia de vasos mais calibrosos (seta) presentes no tecido adiposo e ligamento largo.
(D) Útero hemorrágico com conteúdo sanguinolento no lúmen e formações anormais (seta)
ao longo dos cornos. (E) Parede interna com inúmeros cistos (setas) ao longo do útero.
Foto: João Vitor de Campos Roeder.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
16 | P á g i n a
Uretrotomia e cistotomia para retirada de cálculo uretral e vesical em coelho
(Oryctolagus cuniculus)
(Oryctolagus cuniculus)
Aline Luiza Konell1; Márcia Helena Martins de Albuquerque1; Luiz Fernando Bora1;
Fernando Wiecheteck Souza1; Rogério Ribas Lange1
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Coelhos são animais de
estimação comuns na rotina das clínicas
veterinárias. As obstruções do trato
urinário por urolitíase estão entre as
doenças
mais
encontradas
nesta
aumentam o risco de precipitação de
solutos,3 gerando urólitos que podem
obstruir o trato urinário. As indicações
para remoção cirúrgica de urólitos
incluem obstrução da pelve renal e fluxo
espécie.1 Um dos motivos para a
ocorrência de urólitos é a alta
concentração de cálcio na urina. Há
grande necessidade de cálcio para a
mineralização de novos tecidos dentários
devido ao crescimento contínuo destes.
Deste modo, os coelhos desenvolveram
um eficiente mecanismo de absorção
passiva de cálcio intestinal, pouco
dependente de vitamina D, sendo sua
urinário, infecção recorrente associada ao
cálculo, aumento substancial do tamanho
do cálculo e comprometimento da função
renal.4 Tentativas de forçar a passagem
de pequenos urólitos pela uretra podem
resultar no depósito dos cálculos no colo
da vesícula urinária ou na uretra proximal
ou distal.3 Logo, se a tentativa de
deslocamento do cálculo em casos
obstrutivos não tiver sucesso, é indicado
absorção proporcional ao cálcio ingerido,
gerando concentrações séricas 30% a
50% maiores que as presentes em outros
mamíferos domésticos. Entretanto, para a
manutenção da homeostase, é de
extrema importância a eliminação de
cálcio pela urina.2 O pH alcalino e a alta
concentração
de
cálcio
urinário
realizar a uretrotomia. Se não corrigida, a
obstrução uretral pode levar a uma grave
desordem metabólica, coma e morte.4 Em
cães e gatos a realização de uretrotomia
para tratamento de obstrução uretral é
comum, porém, este procedimento não é
frequentemente realizado em coelhos. O
objetivo deste trabalho é relatar um caso
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17 | P á g i n a
Relato de Caso - 3
Urethrotomy and cystotomy for urethral and urinary bladder calculi removal in rabbit
avaliação do seu histórico, estado geral,
para remoção de dois cálculos urinários,
um uretral e outro vesical.
Livre, apresentando sinais de apatia,
anorexia, constipação e anúria com
histórico médico prévio de hematúria e
diarréia.
O
animal
era
mantido
parâmetros
fisiológicos,
exames
laboratoriais e de apoio diagnóstico. A
medicação pré-anestésica foi realizada 30
minutos antes da indução anestésica,
com midazolam (1,5 mg/Kg) e morfina
(1,5 mg/Kg) IM na mesma seringa. Após a
sedação foi realizado acesso venoso na
veia safena esquerda com cateter venoso
calibre 24G. O isoflurano foi utilizado para
exclusivamente dentro de casa e possuía
acesso a tecidos e madeira. O manejo
alimentar consistia de ração própria para
coelhos, frutas e verduras à vontade e
alfafa em bloco.3,5 Ao exame físico
constatou-se escore corporal levemente
abaixo do ideal, presença de estrutura
arredondada em região mesogástrica com
dor à palpação abdominal4 e edema de
testículos e prepúcio. Foram realizadas
indução (4 vol%) e manutenção
anestésica (1 a 2 vol%), ajustado de
acordo com o plano anestésico. Após a
perda do reflexo palpebral e do tônus
mandibular foi realizada intubação
orotraqueal, com sonda endotraqueal
2,5mm. O animal foi mantido em circuito
anestésico
aberto
e
ventilação
espontânea. O animal foi posicionado em
decúbito dorsal, com os membros
radiografias simples em posições ventrodorsal e latero-lateral de abdome e pelve,3
constatando-se a presença de duas
estruturas radiopacas arredondadas com
diâmetro aproximado de 1,2 cm em
topografia de vesícula urinária e uretra
peniana, sendo encaminhado ao Hospital
Veterinário da UFPR para exames
complementares e possível tratamento
pélvicos fixados cranialmente para dar
acesso à região pélvica e perineal a fim
de realizar uretrotomia e cistotomia.4 Após
antissepsia prévia do campo operatório foi
realizada celiotomia mediana retroumbilical, cistocentese e cistotomia para
remoção do cálculo vesical (Fig. 1). A
sutura da vesícula urinária foi realizada
com fio de polidiaxanona de tamanho 4-0
em padrão Cushing seromuscular em
Material e Métodos: Foi realizado
atendimento clínico a um coelho (O.
cuniculus), macho, 3 anos na Clínica Vida
cirúrgico. Os exames de sangue do
paciente
indicaram
leucopenia,
trombocitopenia,
azotemia
e
4
hipoproteinemia.
Realizou-se exame
ultrassonográfico,
confirmando
a
localização dos cálculos e instituindo o
tratamento cirúrgico. O animal foi
classificado como ASA III de acordo com
duas linhas de suturas sobrepostas. Para
o fechamento da cavidade abdominal
utilizou-se padrão de Sultan e fio de
poliglactina
910
3-0.
No
tecido
subcutâneo
adotou-se
padrão
intradérmico e fio de poliglactina 910 3-0.
Para a pele, optou-se pelo fio de
mononylon 4-0 e pontos isolados simples.
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18 | P á g i n a
Relato de Caso - 3
de uretrotomia associado à cistotomia
Em seguida, uma sonda uretral nº 8 foi
obesidade3,5
introduzida desde a uretra peniana até o
local da obstrução pelo cálculo, na porcão
distal do pênis, cerca de 2 cm do óstio
uretral peniano. Foi realizada uma incisão
de pele e tecido subcutâneo sob o ponto
de obstrução e o músculo retrator do
pênis foi dissecado e lateralizado.
Utilizando uma lâmina de bisturi nº 15, o
corpo esponjoso peniano e a uretra foram
predisponentes, condições que foram
encontradas no caso relatado, com
exceção da obesidade e infecção prévia.
Devido à contínua erupção dos dentes e a
possibilidade
das
fêmeas
ficarem
gestantes e lactantas simultaneamente,
estes animais necessitam de um alto e
constante suprimento de cálcio2 sendo
sua excreção realizada a nível renal.7
seccionadas até a completa exposição do
seu lúmen. Um cálculo de 1,2 cm de
diâmetro foi removido e então a sonda
uretral foi substituída por uma de nº 10,
que foi introduzida até a vesícula urinária.
Para o fechamento da uretra e corpo
esponjoso, foram realizados pontos
isolados simples utilizando fio absorvível
sintético (polidiaxanona) 4-0 com agulha
cilíndrica de 2 cm (Fig. 2). A anestesia
Elevações séricas de cálcio podem
ocorrer por aumento da ingestão ou por
doença renal, enquanto a sua redução
pode ser indicativa de hipoalbuminemia,
diarréia,
falha
renal
crônica
ou
7
hiperparatireoidismo.
Estrangúria,
disúria, polaquiúria, hematúria, anorexia,
letargia, dor e distensão abdominal são
sinais clínicos da urolitíase,4,7 os quais
foram encontrados no paciente. Os sinais
teve duração de 136 minutos e ocorreu
queda da pressão arterial média no terço
final
do
procedimento,
sendo
administrada solução salina hipertônica a
7,5% IV. Foi registrada queda da
temperatura corporal no decorrer do
procedimento, apesar das manobras para
aquecimento. A recuperação anestésica
foi boa e tranquila, não ocorrendo
nenhuma intercorrência no período pós-
clínicos de obstrução uretral são similares
a outros mamíferos, sendo possível
palpar uma vesícula urinária distendida,
com paredes espessadas4 e a presença
de um rim ou ureter aumentados caso
haja hidronefrose ou hidroureter.3 O
diagnóstico de urolitíase geralmente é
confirmado
radiograficamente.
Uma
pequena quantidade de sedimento na
vesícula urinária é um achado comum,
anestésico. Os cálculos foram enviados
para análise de composição química.6
especialmente em animais idosos, sendo
necessária uma inspeção criteriosa para
identificar cálculos nos rins, ureteres ou
uretra. O ultrasom pode ser realizado
para detectar a presença de cálculos
discretos na vesícula urinária que está
distendida e difusamente opaca à
radiografia. Caso haja dúvidas, um exame
Resultados e Discussão: A causa exata
da urolitíase em coelhos é desconhecida,
porém, suplementação exagerada de
vitaminas, minerais, dieta ad libitum,
infecções,5 alfafa, exercício limitado e
ser
fatores
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
19 | P á g i n a
Relato de Caso - 3
podem
pode
ser
indicado.3
No
reduzir as concentrações urinárias de
paciente, a radiografia permitiu a
identificação dos cálculos, devido ao
tamanho dos mesmos, sendo possível o
diagnóstico de urolitíase. Entretanto, o
exame ultrassonográfico confirmou a
posição do cálculo cranial, permitindo
correta abordagem cirúrgica. A urinálise é
um exame de extrema importância para o
diagnóstico, sendo proteinúria, hematúria
cálcio.3,4 A redução dos níveis de cálcio
da
dieta
diminui
diretamente
a
concentração sérica de cálcio e sua
quantidade excretada na urina. Para
diminuir a ingestão de cálcio, deve-se
fornecer feno de capim e vegetais verdes
como dieta primária e não utilizar alfafa e
seus derivados, bem como evitar
suplementação vitamínica ou mineral.3 Os
e cristalúria comumente encontrados.3
Este exame não foi realizado devido à
obstrução urinária pelo cálculo uretral,
sendo que a cistocentese não foi indicada
devido ao risco de ruptura vesical, já que
a mesma encontrava-se extremamente
distendida. A azotemia é um achado
comum nesta doença, sendo a azotemia
pós renal encontrada em casos de
obstrução do trato urinário por cálculos.4
cálculos
do
animal
citado
eram
compostos de fosfato de cálcio e fosfato
amoníaco magnesiano, o que corrobora
com os relatos de 69,4% de presença de
cálculos constituídos de carbonato de
cálcio,6 porém estes geralmente não
estão associados a fosfato amoníaco
magnesiano, conforme encontrado.
Devido à obstrução da uretra distal, a
impossibilidade de micção foi o motivo do
aumento sérico da uréia e creatinina. O
tratamento depende da localização do
urólito, variando de urohidropropulsão,
cistotomia,5 uretrostomia ou uretrotomia.
Cistotomia é o tratamento de escolha
para grandes cálculos,3 porém o flushing
problemas médicos, sendo um deles a
formação de urólitos. A realização de
uretrotomia e cistotomia por meio das
técnicas existentes para pequenos
animais
mostrou-se
eficiente
para
tratamento cirúrgico de cálculo localizado
na uretra e vesícula urinária de coelhos. É
importante prover orientações sobre a
alimentação e cuidados adequados na
do cálculo para a vesícula urinária foi
ineficaz, sendo necessária a uretrotomia
para a sua retirada. Medidas preventivas
da urolitíase em coelhos incluem
modificações da dieta,5 perda de peso e
uso de água destilada para beber.
Acidificantes não são efetivos, já que
coelhos são herbívoros e possuem urina
naturalmente alcalina, porém, é possível
utilizar citrato de potássio via oral para
Conclusões: O erro no manejo alimentar
de coelhos leva à grande parte dos
dieta.
Referências Bibliográficas: 1) Clauss
MB, Burger A, Liesegang FD, Del Chicca
M, Kaufmann-Bart B, Riond M et al.
Influence of diet on calcium metabolism,
tissue calcification and urinary sludge in
rabbits (Oryctolagus cuniculus). Journal of
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
20 | P á g i n a
Relato de Caso - 3
contrastado
Rabbits. In: Exotic small mammal care
2012; 96:798-807. 2) Harcourt-Brown
FM.Diagnosis of renal disease in rabbits.
The veterinary clinics of North America:
Exotic animal practice; 2013; 16:145-174.
3) Paré JA, Paul-Murphy J. Disorders of
the Reproductive and Urinary Systems. In:
Quesenberry KE, Carpenter JW, editors.
Ferrets rabbits and rodents: clinical
medicine
and
surgery.
Missouri:
and husbandry. Iowa: Wiley-Blackweel;
2010. p.49-59. 6) Osborne CA, Albasan
H, Lulich JP, Nwaokorie E, Koehler LA,
Ullrich LK. Quantitative analysis of 4468
uroliths retrieved from farm animals,
exotic species and wildlife submitted to
the Minesota urolith center: 1981 to 2007.
Veterinary Clinics of North America: Small
Animal Practice; 2008; 39:65-78. 7)
Saunders; 2004. p. 183-193. 4) Fisher
PG. Exotic mammal renal disease:
diagnosis and treatment. The veterinary
clinics of North America. Exotic animal
practice; 2006; 9:69-96. 5) Banks RE,
Sharp JM, Doss SD, Vanderford DA.
Vennen KM, Mitchell MA. Rabbits. In:
Mitchell MA, Tully TN, editors. Manual of
exotic pet practice. St. Louis: Elsevier;
2009. p.375-405.
Figura 1. Cistotomia em coelho. (A) Colocação dos reparos na vesícula urinária após
cistocentese com fio absorvível sintético (polidiaxanona) 4-0. (B) Remoção do cálculo de
1,2 cm da vesícula urinária.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
21 | P á g i n a
Relato de Caso - 3
animal physiology and animal nutrition;
Relato de Caso - 3
Figura 2. Uretrotomia em coelho. (A) Introdução de sonda uretral n.8 na uretra peniana. (B)
Lateralização do músculo retrator do pênis. (C) Cálculo de 1,2 cm de diâmetro sendo
removido da uretra. (D) Sutura da uretra com pontos isolados simples usando fio
absorvível sintético (polidiaxanona) 4-0.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
22 | P á g i n a
Treinamento de animais selvagens em zoológicos para colaboração em manejos e
procedimentos veterinários
Relato de Caso - 4
Training wild animals in zoos to collaborate in husbandry and veterinary procedures
Roberta Biasoto Manacero1; Oriel Nogali2; Cidéli de Paula Coelho3
1
Faculdade Max Planck (AESI), Indaiatuba, SP, Brasil
2
Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil
3
Universidade de Santo Amaro (UNISA), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
Diversos
manejos
e
procedimentos veterinários de rotina são
realizados
em
animais
selvagens
mantidos em zoológicos, como pesagem,
seja essencial, o treinamento também é
válido, pois o animal pode aceitar a
injeção voluntariamente ao invés de ser
fisicamente contido para esse fim.3 O
transporte em caixas, exame de cavidade
oral, exame físico, vacinações e colheita
de
sangue.1
A
maioria
desses
procedimentos é realizada mediante
contenção física, seguida de sedação ou
anestesia, devido ao risco de ferimentos
para os animais e equipe técnica.
Algumas espécies apresentam dificuldade
de tratamento e manejo devido ao seu
porte, força ou comportamento feroz.2
objetivo deste trabalho é relatar o
treinamento de animais de cinco espécies
diferentes, dentre mamíferos, aves e
répteis, para colaboração em diversos
manejos e procedimentos veterinários,
dessa forma demonstrando que o
treinamento por meio de condicionamento
operante é uma ferramenta essencial aos
cuidados, tratamentos e bem estar de
animais mantidos em zoológicos.
Para reduzir ou mesmo eliminar a
necessidade de contenções físicas e/ou
anestesias, é possível treinar animais
para colaborarem com os procedimentos,
diminuindo o estresse e dificuldade de
tais atividades e contribuindo para o bem
estar dos indivíduos. Em caso de cirurgias
ou outros eventos em que a anestesia
Material e Métodos: Seis indivíduos de
cinco espécies diferentes foram treinados
na Fundação Parque Zoológico de São
Paulo, durante o período de Janeiro de
2011 a Junho de 2013, por meio da
técnica de condicionamento operante com
reforço positivo, utilizando um clicker
como ponte e alimentos como reforço
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
23 | P á g i n a
vezes
diferenciados foram elaborados para cada
espécie,
considerando
seu
comportamento natural, enfermidades
mais comuns em cativeiro e as
necessidades da equipe veterinária com
relação a exames e procedimentos. Os
materiais e métodos específicos dos
protocolos para cada espécie são
descritos abaixo: (A) Papagaio-verdadeiro
(Amazona aestiva): um macho adulto.
protegido. Recompensas:
coração de frango.
por
semana,
com
contato
camarão
e
Resultados
e
Discussão:
O
condicionamento operante provou-se ser
uma ferramenta eficaz para médicos
veterinários que trabalham com animais
selvagens em cativeiro e os protocolos e
resultados obtidos estiveram de acordo
com a literatura citada anteriormente. Os
Uma sessão de treinamento diária
(duração de 5 a 15 minutos), cinco vezes
por semana, com contato direto.
Recompensas: sementes de girassol e
frutas cristalizadas. (B) Urso-pardo (Ursus
arctos): um macho adulto. Uma sessão de
animais foram treinados com sucesso
para colaboração em diversas atividades,
desde o manejo diário até procedimentos
veterinários
mais
complexos.
Os
resultados obtidos para cada caso são
descritos a seguir: (A) Papagaioverdadeiro (A. aestiva): voluntariamente
treinamento diária (duração de 10 a 20
minutos), cinco vezes por semana, na
área de cambeamento com contato
mantém a cabeça dentro de estrutura que
simula máscara anestésica (Figura 1);
permanece imóvel para auscultação de
protegido. Recompensas: suco de frutas,
melancia, kiwi, uvas, barrinha de cereais
diet.
(C)
Jabuti-gigante-de-Aldabra
(Aldabrachelys gigantea): duas fêmeas,
pulmões e peito; aceita medicamentos por
via oral com seringa; aceita exame de
palpação do peito, cabeça, bico, asas e
pés; empoleira-se na mão da treinadora
para colocação em balança e pesagem.
(B) Urso-pardo (U. arctos): permanece em
adultas. Uma sessão de treinamento
diária (duração de 10 a 30 minutos), cinco
vezes por semana, com contato direto.
Recompensas: melancia, melão e folhas
de
malvavisco.
(D)
Hipopótamo
(Hippopotamus amphibius): um macho,
adulto. Uma sessão de treinamento diária
(duração de 15 a 40 minutos), três vezes
por semana, na área de brete com
contato protegido. Recompensas: ração,
alfafa, melancia e melão. (E) Lontra
(Lontra longicaudis): um macho jovem.
Duas sessões de treinamento diárias
(duração de 5 a 20 minutos cada), cinco
pé, sentado ou deitado para exame visual
completo; apresenta mãos para tratar
ferimentos, cortar e lixar unhas (Figura 2);
aceita aplicação de medicação tópica em
nariz, bem como colheita de amostra de
secreção nasal com swab; abre a boca
para exame e limpeza de cavidade oral;
aceita medicamentos por via oral;
apresenta orelhas para exame e limpeza
dos
ouvidos;
apresenta
membros
anteriores para injeção intramuscular
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
24 | P á g i n a
Relato de Caso - 4
primário ou recompensa.4,5,6 Protocolos
colaboração do animal, que apresenta
voluntariamente para pesagem. (C)
Jabuti-gigante-de-Aldabra (A. gigantea):
membros anteriores ou posteriores e
aceita a injeção voluntariamente. Em
adição, o manejo diário de unhas, dentes,
controle de peso, vacinações, exames de
rotina e tratamentos se tornam mais
rápidos e eficientes para a equipe, além
de serem atividades positivas para os
animais, o que contribui para seu bem
estar. O condicionamento operante é uma
apresentam cabeça, pescoço e membros,
os mantendo esticados para exame de
palpação e leitura de microchip; permitem
exame e aplicação de medicação tópica
em olhos e nariz; voluntariamente sobem
e descem de balança para pesagem
(Figura
3).
(D)
Hipopótamo
(H.
amphibius): permanece dentro do brete;
mantém a boca aberta para exame da
cavidade oral, permitindo escovação dos
dentes e tratamento de ferimentos nas
gengivas com medicação tópica; permite
exame de palpação e tratamento com
medicação
tópica
em
membros
posteriores. (E) Lontra (L. longicaudis):
abre a boca para exame de cavidade oral;
aceita medicamento por via oral com
técnica de treinamento utilizada com
sucesso para treinar mamíferos, aves e
répteis selvagens mantidos em cativeiro,
sendo essencial sua aplicação rotineira
para contribuição ao bem estar animal.
Referências
Bibliográficas:
1)
Javorouski M L, Passerino A S M.
Carnivora – Mustelidae. In: Tratado de
Conclusões: Por meio do treinamento de
animais selvagens para colaboração em
manejos e procedimentos veterinários, a
Animais
Selvagens
–
Medicina
Veterinária; 2006; p.547-570. Roca: São
Paulo. 2) Castillo G M. Entrenamiento de
animales de zoológico para finalidades
médicas. Portal Veterinaria Argos; 2011;
52. 3) Anderson U S, Kelling A S,
Pressley-Keough R, Bloomsmith M A,
Maple T L. Enhancing the zoo visitor’s
experience by public animal training and
oral interpretation at an otter exhibit.
necessidade de contenção física é
reduzida ou mesmo eliminada, resultando
em menos estresse e mais segurança
para a equipe técnica. A contenção
química também é reduzida, resultando
em um procedimento mais seguro para o
animal. Nos casos em que a anestesia é
essencial, pode-se fazê-la com a
Environment and Behavior; 2003; 35:826841. 4) McKay K. Basics of Otter Training.
IUCN/SSC Otter Specialist Group; 2009.
5) Ramirez K. Animal training: successful
animal management through positive
reinforcement. Shedd Aquarium, Chicago,
USA; 1999. 6) Tresz H. Training Protocol The
Phoenix
Zoo.
Behavioral
seringa;
permite
manipulação
dos
membros anteriores, abdômen, peito e
cauda; apresenta membros posteriores
para injeção intramuscular (Figura 4);
voluntariamente entra em caixa de
transporte para pesagem.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
25 | P á g i n a
Relato de Caso - 4
voluntariamente; sobe e desce de balança
Management
Program,
Phoenix
Zoo,
Relato de Caso - 4
Phoenix, USA; 2003.
Figura 1. Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) voluntariamente mantém a cabeça
dentro de estrutura que simula máscara anestésica.
Figura 2. Urso-pardo (Ursus arctos) apresenta mãos para tratar ferimentos.
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26 | P á g i n a
Relato de Caso - 4
Figura 3. Jabuti-gigante-de-Aldabra (Aldabrachelys gigantea) sobre plataforma que simula
balança para pesagem, animal apresenta cabeça e membros para exame.
Figura 4. Lontra (Lontra longicaudis) apresenta membros posteriores para injeção
intramuscular.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
27 | P á g i n a
Uso de acupuntura (moxabustão) como tratamento auxiliar em processo cicatricial
Use of acupuncture (moxibustion) as auxiliary treatment in cicatricial process of the snake
Eunectes murinus (anaconda) – case report
Viviane Campos Garcia1; César Vinicius Gil Bráz do Prado2
1
Instituto Butantan (IB), São Paulo, SP, Brasil
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: As serpentes Eunectes
murinus da família Boidae, conhecidas
como sucuris, são consideradas as
maiores serpentes da América do Sul,
podendo chegar até 10 metros de
comprimento. São semiaquáticas e vivem
margeando os rios seguindo as bacias
hidrográficas da América tropical.1 Essas
grandes serpentes, devido ao seu
tamanho, necessitam de técnicas que
facilitem o manejo em cativeiro quando se
apresentam doentes. A dificuldade de
manipulação diária exige técnicas de
pouco manejo e que levem a uma
resolução da patologia com o menor
tempo possível. Pensando assim, foi
utilizada a técnica de acupuntura
chamada moxabustão, para auxiliar no
processo de cicatrização da pele podendo
ser realizada sem a contenção do animal.
O objetivo desse relato de caso foi
descrever o uso da técnica de acupuntura
- moxabustão, como método auxiliar no
tratamento de cicatrização.
Material e Métodos: Uma serpente,
Eunectes murinus, medindo 4,0 metros e
com massa aproximada de 30 kg, após
dois meses de dar cria no recinto de
exposição do Museu Biológico do Instituto
Butantan, São Paulo, Brasil, apresentou
sintomas de emagrecimento, letargia e
hiporexia, além de hiperemia em toda a
região ventral. Suspeitando-se de um
processo infeccioso pós-parto foi tratada
com
ciprofloxacina
injetável
(10
mg/kg/72h), soro Ringer Lactato injetável
(10 mL/Kg/72h) e vitamina injetável. Com
15 dias de tratamento (5 aplicações do
antibiótico por via intramuscular), o animal
apresentou melhora e realizou ecdise. Em
seguida, no local da aplicação do
antibiótico, foi observada uma área de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
28 | P á g i n a
Relato de Caso - 5
da serpente Eunectes murinus (sucuri) – relato de caso
lesão, resulta em menos tempo de
(região cranial dorsal). A serpente foi
contida manualmente para realização de
assepsia local com água, sabão, retirada
do tecido necrosado (após injeção de
anestésico local - mepivacaína) e
aplicação de pomada local com
sulfadiazina de prata. Após este
procedimento, iniciou-se o tratamento
com a moxa (Figura 1), juntamente com a
manipulação. A moxabustão é uma
técnica que utiliza-se a queima da erva
Artemisia vulgaris para o aquecimento de
aplicação de pomada de sulfadiazina de
prata no local da lesão, uma vez por
semana. Foram realizadas sessões
semanais, durante sete meses, em local
arejado, com duração de cinco a dez
minutos cada sessão.
anti-inflamatório, estimulante imunológico
e antioxidante. O uso de acupuntura em
animais selvagens tem se mostrado uma
boa
opção
de
terapia
auxiliar
complementando
o
tratamento
4
convencional.
Resultados e Discussão: Após sete
meses do uso da técnica de moxabustão
e aplicação da pomada de sulfadiazina de
prata
o
animal
apresentou
boa
Conclusões:
O
animal
obteve
cicatrização completa da região lesionada
e a técnica pode ser facilmente aplicada
sem necessidade de contenção. O
cicatrização com fechamento completo do
ferimento. Durante esse período, a
serpente apresentou quatro ecdises, com
intervalos de dois a três meses. O uso de
antibiótico do grupo quinolona, como
exemplo a ciprofloxacina, pode promover
reação no local de aplicação subcutânea
ou intramuscular com aparecimento de
paniculite ou necrose local.2 Deste modo,
tratamento
complementar
com
moxabustão para a cicatrização da ferida
da serpente Eunectes murinus é
é indicada cautela na administração do
fármaco. O longo intervalo entre ecdises
em serpentes adultas leva a um processo
mais demorado de cicatrização. O estudo
de técnicas que possam acelerar a
cicatrização de feridas nesses animais é
importante, pois, além de diminuir os
riscos de complicações causadas pela
pontos específicos na pele. Em estudos
experimentais a moxabustão mostrou-se
como um facilitador do processo
cicatricial,
ajudando
no
controle
microbiano e acelerando o metabolismo
na região da ferida.3 Também tem efeito
considerado satisfatório.
Referências Bibliográficas: 1) Peters
JA; Orejas-Miranda B. Catalogue of the
Neotropical Squamata. Part 1. Snakes.
United States National Museum Bulletin.
1970; 297:114-115. 2) Andrade SF;
Giuffrida
R.
Quimioterápicos
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antibióticos.
In.:
Andrade
SF,
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Manual
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Terapêutica Veterinária. 3ra ed. São
Paulo: Roca; 2008. p.42. 3) Shi Y; Qi L;
Wang J; Xu MS; Zhang D; Wu LY; Wu
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Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
29 | P á g i n a
Relato de Caso - 5
necrose com exposição da musculatura
mechanism
of
moxibustion
therapy.
colitis. World Journal Gastroenterology.
China. 2011; 17 (32): 3733-3738. 4)
Zhang JF; Wu YC. Modern progress of
Journal of Acupuncture and Tuina
Science. China. 2006; 4 (5): 257-260.
Relato de Caso - 5
degranulation at the ST25 in rats with
Figura 1. Tratamento com a moxa (seta preta) na serpente Eunectes murinus (sucuri).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
30 | P á g i n a
Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798): atropelamento
Nathalia Nascimento de Freitas1; Carlos Henrique de Oliveira Nogueira1; Fábio Ferreira de
Queiroz1; Hender de Lelis Resende Maciel1; Helena Kiyomi Hokamura1; Leonardo Serafim
da Silveira1
1
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), RJ, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Estradas são consideradas
as alterações ambientais que mais
impactam as paisagens naturais.1 Seus
efeitos ecológicos estendem-se pela
paisagem, causando erosão, alterações
na hidrologia local, dispersão de
ventre claro e o corpo com coloração
cinza e tons amarelados.3 De hábito
predominantemente noturno abriga-se em
tocas e buracos em árvores ou no chão.
São animais solitários, que podem viver
cerca de 60 anos. Se reúnem em casais
poluentes e destruição de ambientes
naturais, agindo como barreiras entre
populações.
Além
disso,
os
atropelamentos constituem a principal
causa de morte de animais selvagens.2
Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798),
como mão-pelada, é um
porte médio, encontrado em
biomas brasileiros, alguns
América Central, Uruguai e
na época do acasalamento, a gestação
dura cerca de 60 dias e são gerados de
dois a quatro filhotes.3 Essa espécie é
considerada
onívora,
podendo
se
alimentar de pequenos vertebrados,
invertebrados, e frutas, sendo potenciais
dispersores
de
sementes.
Sua
alimentação depende do bioma habitado,
ocorrendo preferencialmente em áreas de
influência aquática, onde ele se alimenta
Argentina. Seus membros anteriores bem
desenvolvidos o permitem manipular os
alimentos facilmente e caçar com
agilidade. Normalmente é identificado por
sua cauda longa e cheia de anéis, além
de uma mascara de pelos mais escuros
na região dos olhos. Sua cabeça é larga e
seu focinho fino e curto. Apresenta o
de peixes, crustáceos e anfíbios.4 São
encontrados poucos estudos sobre esta
espécie. Apesar de seu status de
conservação ser considerado pouco
preocupante pela IUCN, as populações
do guaxinim estão apresentando declínio.
Entre as ameaças principais estão a caça,
destruição
do
seu
habitat
e
conhecido
animal de
todos os
países da
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
31 | P á g i n a
Relato de Caso - 6
Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798): hit by a car
intramedular para a redução da fratura,
por objetivo relatar o atendimento feito
pelo NEPAS (Núcleo de Estudos e
Pesquisas em Animais Selvagens) a uma
fêmea de Procyon cancrivorus vítima de
atropelamento (Figura 1). Uma ficha com
além da substituição do ligamento da
cabeça do fêmur rompido por fio de aço
ancorado
por
cavilha.
Para
o
procedimento cirúrgico, o animal foi
induzido com a utilização de Propofol (10
mg/kg) e mantido sob anestesia inalatória
com Isofluorano a partir da intubação
traqueal do mesmo. Os procedimentos
cirúrgicos foram baseados nas técnicas
as informações de origem e estado geral
do animal foi confeccionada e o mesmo
foi encaminhado para o exame clínico.
Para a realização do procedimento, o
animal foi sedado com a utilização de
Cetamina (10 mg/kg) associado à
Midazolan (1 mg/kg) e mantido em
fluidoterapia através do acesso venoso
feito após a sedação. Ao exame clínico
geral o animal mostrou-se apático, porém
indicadas para cães domésticos e os
acessos cirúrgicos se deram conforme o
descrito em literatura,6 porém foi feito um
acesso único em pele para a realização
dos dois procedimentos. Após o
procedimento cirúgico, o animal foi
novamente encaminhado ao setor de
radiologia da UENF. Na radiografia pósoperatória imediata, pode-se notar o
perfeito alinhamento dos fragmentos
estável.
Lesões
características
de
hematocistos foram observadas na pele
de ambos os membros posteriores e o
membro posterior direito mostrava-se
flácido, sugerindo uma possível fratura. O
animal foi então encaminhado para o
setor de radiologia do hospital veterinário
da UENF (Universidade Estadual do
Norte Fluminense) para a realização de
ósseos e a redução correta da luxação
coxofemoral (Figura 2). No pós-operatório
imediato, foi utilizado associação de dois
antibióticos, Metronidazol (25 mg/kg, VO,
SID) e Enrofloxacino (10 mg/kg, SC, SID),
além da utilização do antiinflamatório
Meloxicam (0,2 mg/kg, VO, SID).
estudo radiográfico e confirmação do
diagnóstico. O exame radiográfico
constatou fratura transversa diafisária no
fêmur direito e luxação da articulação
coxofemoral do referido membro (Figura
2). Foi indicado para este caso o
tratamento cirúrgico, que consistiu da
utilização de placa, associada a pino
que retornou do procedimento anestésico.
Após uma semana, apresentou boa
recuperação, tendo suas medicações
retiradas gradativamente de acordo com a
necessidade clínica. No momento,
estamos
aguardando
somente
a
cicatrização óssea total para posterior
encaminhamento do animal.
atropelamento.
Material e Métodos: No dia 14 de janeiro
de 2013, deu entrada no NEPAS uma
fêmea de Procyon cancrivorus vítima de
Resultados e Discussão: O animal
conseguiu deambular pelo recinto assim
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
32 | P á g i n a
Relato de Caso - 6
atropelamentos.5 O presente trabalho tem
1998. 29: 207-231. 3) Emmons, L. H. &
entre as famílias Procyonidae e Canidae
fez com que a técnica cirúrgica utilizada
fosse tão eficiente para essa espécie
como para cães domésticos. Os
anestésicos
utilizados
durante
o
procedimento cirúrgico mostraram-se
eficientes e seguros para essa espécie. A
escolha de um protocolo de medicação
pós-cirúrgica administrada apenas uma
Feer, F. Neotropical rainforest mammals:
a Field Guide. Chicago: University of
Chicago Press. 2ª ed. 1997. 4) Gatti, A.,
Bianchi, R., Rosa, C. R. X., & Mendes, S.
L.. Diet of two sympatric carnivores,
Cerdocyon
thous
and
Procyon
cancrivorus, in a restinga area of Espirito
Santo State, Brazil. Journal of Tropical
Ecology, 2006. 22, 227-230. 5) Michalski,
vez ao dia foi eficiente na proteção contra
infecções e no alívio da dor, além de
diminuir o estresse causado durante a
manipulação do animal.
F., & Peres, C. A.. Anthropogenic
determinants of primate and carnivore
local extinctions in a fragmented forest
landscape
of
southern
Amazonia.
Biological Conservation, 2005. 124, 383396. 6) Fossum, T. W. Fundamentos de
Cirurgia Ortopédica e Manejo de Fraturas.
Em: Fossum, T.W, Cirurgia de Pequenos
Animais. 3ª ed. Rio de janeiro: Elsevier,
2008. p.930-1014.
Referências Bibliográficas: 1) Bergallo,
H. G.; Vera y Conde, C. F.. O Parque
Nacional do Iguaçu e a estrada do
Colono. Ciência Hoje, 2001. 29: 37-39. 2)
Forman, R. T. T.; Alexander, L. E.. Roads
and their major ecological effects. Annual
Reviews in Ecology and Systematics,
Figura 1. Fêmea de Procyon cancrivorus vítima de atropelamento.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
33 | P á g i n a
Relato de Caso - 6
Conclusões: A similaridade anatômica
Relato de Caso - 6
Figura 2. Imagem digitalizada de radiografia de fêmea de Procyon cancrivorus vítima de
atropelamento. (A) Pré-operatória e (B) pós-operatória imediata.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
34 | P á g i n a
Enterotomia para tratamento de estase intestinal ocasionada por ingestão de corpo
Enterotomy for treatment of intestinal stasis caused by foreign body ingestion in rabbit
(Oryctolagus cuniculus)
Grazielle Cristina Garcia Soresini1; Márcia Helena Martins de Albuquerque2; Raquel Lemos
Silva1; Fabiana Tieme da Silva1; Paula Beatriz Mangini1; Valéria Natascha Teixeira1
1
Vida Livre Medicina de Animais Selvagens (VL), Curitiba, PR, Brasil
2
Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Doenças gastrintestinais são
comumente diagnosticadas em pequenos
mamíferos
exóticos,1
decorrentes
principalmente de dietas inapropriadas,2
levando à instalação de estase no ceco,
também conhecida como íleo cecal,
podendo gerar em casos mais severos ou
crônicos uma obstrução.4 A obstrução por
sendo o motivo mais frequente para
consultas veterinárias de coelhos de
estimação.3,4
Esses
animais
são
herbívoros monogástricos que utilizam o
ceco
para
fermentação
e
são
extremamente sensíveis a alterações na
dieta,4,5 que deve ser à base de grama,
feno e vegetais verde-escuros.6 A
interrupção do trânsito gastrintestinal
corpos estranhos pode ser decorrente da
ingestão de pelos, tecidos, fragmentos de
carpete ou tapete e, menos comumente,
de pequenos objetos, plástico ou
borracha.2,4,5 Os sinais clínicos das
afecções gastrintestinais incluem letargia,
anorexia, depressão aguda, ptialismo,
bruxismo, diarreia, constipação, tenesmo,
massas
abdominais,
ausência
de
pode decorrer de dois distúrbios: a estase
e a obstrução,4 que podem ser causadas
por uma dieta rica em carboidratos, pobre
em fibras ou pela ingestão de corpo
estranho.3,5,6 Como consequência da
hipomotilidade
gastrintestinal
e
subsequente desidratação do conteúdo
intestinal, ocorre a concreção cecal,6
resposta
a
estímulos
externos,
desidratação, arqueamento do corpo e
distensão ou desconforto durante a
palpação abdominal.1,2,3 O diagnóstico
baseia-se no histórico, sinais clínicos,
exame clínico e radiografia abdominal,
entre outros.2 O tratamento precoce de
animais com hipomotilidade intestinal
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
35 | P á g i n a
Relato de Caso - 7
estranho em coelho (Oryctolagus cuniculus)
melhora o prognóstico,5 tornando possível
radiografia
o uso de medicamentos para reverter o
quadro. Em casos de obstrução completa
é necessário o tratamento cirúrgico,2,4
cujo prognóstico é reservado a ruim.2,5,6 O
trabalho teve por objetivo relatar o caso
clínico de um coelho submetido a
enterotomia
para
tratamento
de
concreção cecal ocasionada por ingestão
de corpo estranho.
ultrassonografia. Na falta de produção
fecal5 após 48 horas de internamento, a
radiografia simples foi repetida7 e a
imagem não apresentou alteração,
demonstrando não haver peristaltismo
intestinal. Como a paciente não
apresentou evolução favorável após a
instituição do tratamento medicamentoso,
foi
indicada
uma
laparotomia
Material e Métodos: Uma fêmea de
coelho (Oryctolagus cuniculus) com dois
anos de idade foi atendida no Vida Livre
Medicina de Animais Selvagens, em
Curitiba/PR, com queixa de anorexia há
dois dias. Ao exame clínico apresentava
prostração e distensão abdominal, com
desconforto à palpação e presença de
massas de consistência firme em região
mesogástrica. Foi realizado exame
radiográfico
simples
de
abdômen
(projeção lateral e ventrodorsal), o qual
revelou aumento de volume do ceco, com
conteúdo heterogêneo e presença de gás,
compatível com estase intestinal cecal,
além de presença de grande quantidade
de conteúdo em trato intestinal (Figura 1).
O paciente foi internado inicialmente para
tratamento
clínico,1,4,5,6
sendo
administrado solução fisiológica 0,9%3,6 (3
mL VO 5x/dia; além de 10 mL SC b.i.d.),
óleo mineral3 (0,5 mL/kg VO t.i.d.),
simeticona5,6 (20 mg/kg VO t.i.d.),
probiótico em pasta (0,5 g VO t.i.d.) e
cloridrato de tramadol (7 mg/kg IM b.i.d.).
O
proprietário
não
aderiu
à
recomendação
de
realização
de
ou
exploratória.6,7 Como conduta anestésica,
o
animal
foi
pré-medicado
com
2,5
diazepam (2 mg/kg IM) e cloridrato de
petidina (15 mg/kg IM). Seguidos 15
minutos, a indução anestésica foi
realizada com isoflurano,2,7 e o paciente
foi mantido sob anestesia geral inalatória
com o mesmo anestésico (2-3%). O
animal foi posicionado em decúbito
dorsal, realizando-se incisão mediana
retro-umbilical.7 Após tentativa infrutífera
de massagem do conteúdo intestinal,6 foi
realizada enterotomia6 no ceco, segundo
técnica cirúrgica semelhante à descrita
para pequenos animais. A parede
intestinal foi incisada no sentido
longitudinal na borda anti-mesentérica,7
entre dois reparos fixados com fio de
poliglactina
910
4-0
para
evitar
extravasamento de conteúdo. O conteúdo
removido apresentava-se como massa
compacta de fezes endurecidas, sendo
que à inspeção foram visualizados
diversos fragmentos de fibra sintética
vermelha. O intestino foi suturado em
padrão interrompido simples7 envolvendo
todas as camadas da parede intestinal
com fio de poliglecaprone 25 5-07 (Figura
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
36 | P á g i n a
Relato de Caso - 7
contrastada
Resultados e Discussão: A maior parte
ocluindo a região proximal e distal à
obstrução e injetando solução salina no
lumen.7 Não foi realizada omentalização.7
A musculatura abdominal foi ocluída com
poliglactina 910 3-0 em padrão Sultan, o
subcutâneo com o mesmo fio em padrão
contínuo de Cushing e a pele com nylon
3-0 em padrão isolado simples. Após o
procedimento cirúrgico iniciou-se terapia
da informação disponível a proprietários
de coelhos (provenientes de meios
virtuais, criadores, pet shops, publicações
e até mesmo de médicos veterinários) em
relação à dieta pode ser enganosa (ex.:
ingerir verdura causa diarreia), inútil (ex.:
não oferecer grama até completarem seis
meses de idade, apenas oferecer
verduras duas vezes por semana) ou
com enrofloxacina5 (10 mg/kg SC b.i.d. 7
dias), cloridrato de metoclopramida3 (0,2
mg/kg IM b.i.d. 5 dias) e meloxicam5 (0,5
mg/kg IM s.i.d. 3 dias), além da
administração de solução fisiológica
0,9%, óleo mineral e probiótico em pasta
por via oral, e cloridrato de tramadol por
via
intramuscular,
prescritos
anteriormente.
O
seguinte
manejo
alimentar foi instituído como medida pós-
completamente errada (ex.: coelhos
precisam comer biscoitos duros para
impedir o crescimento dos seus dentes).6
Os problemas ocorrem com o uso
indiscriminado
e
inapropriado
de
alimentos como cereais, frutas, doces,
leite, biscoitos, além de baixo teor de
fibras na dieta.5,6 As radiografias são
valiosas para identificar o tipo e a
localização de alguns corpos estranhos
operatória: jejum alimentar de 12 horas, a
seguir dieta líquida (verduras trituradas
com água no liquidificador) durante três
dias consecutivos e após, dieta pastosa
(ração para coelho triturada com água e
grande quantidade de verduras no
liquidificador) durante mais três dias. A
remoção de pontos de pele foi realizada
após sete dias, quando a paciente
encontrava-se clinicamente bem e
radiopacos, porém a maioria dos corpos
estranhos que os coelhos ingerem possui
densidade igual a da ingesta,5 assim
como no caso descrito. A hipomotilidade
intestinal pode causar alterações na
fermentação cecal, pH e produção de
substrato, resultando na alteração da
microbiota entérica como crescimento de
patógenos como Clostridium spp. Com o
alimentava-se
com
dieta
normal,
recebendo alta médica. Até o momento
do envio deste trabalho, o animal
encontra-se bem, transcorridos dois anos
do procedimento cirúrgico, e o proprietário
segue as recomendações alimentares e
ambientais sugeridas pelos veterinários.
e visível radiograficamente em todo o
trato gastrointestinal,5 podendo justificar a
imagem radiográfica obtida. O exame
radiográfico
simples,
único
exame
complementar realizado, se mostrou útil
no caso descrito, porém não permitiu um
diagnóstico
definitivo,
o
qual
provavelmente seria determinado com a
crescimento clostridiano, o gás é palpável
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
37 | P á g i n a
Relato de Caso - 7
2). A incisão foi testada para vazamentos
completa do trânsito gastrintestinal e
ultrassonografia abdominal. Ambos os
exames foram indicados, porém não
autorizados pelo proprietário devido ao
custo. A ultrassonografia abdominal é útil
para
identificar
corpos
estranhos,
obstruções intestinais extraluminais ou
intussuscepção, porém a quantidade de
gás pode atrapalhar a interpretação.5 A
hiperglicemia tem sido utilizada como um
concreção
cecal
grave,
portanto
necessitando remoção cirúrgica.5 Em
casos de ingestão de corpos estranhos, a
cirurgia também é indicada.5 No paciente,
a presença de corpo estranho foi um
achado acidental. É necessário que o
coelho seja alimentado dentro de 12
horas após a cirurgia, como no presente
caso, pois anorexia prolongada pode
indicador de obstrução intestinal nesta
espécie, mostrando a importância clínica
da dosagem de glicemia em coelhos de
estimação. Hiperglicemia severa (> 20
mmol/L) foi associada a condições com
um prognóstico pobre. Coelhos com
obstrução
intestinal
confirmada
apresentam concentração média de
glicose no sangue de 24,7 mmol/L.1 No
entanto, este exame não foi realizado
exacerbar a hipomotilidade gastrintestinal
e
o
crescimento
de
patógenos
5
bacterianos intestinais. A enterotomia é
dificil de ser realizada porque a parede
intestinal do coelho é muito fina.1 Deve-se
evitar a utilização de fios absorvíveis à
base de intestino de carneiro (categute)
nas suturas abdominais para minimizar
aderências pós-cirúrgicas, visto que a
ocorrência dessa complicação pós-
nesta paciente. O piloro, o duodeno
proximal e a junção ileocecocólica são
potenciais
sítios
de
obstrução
3,4,7
gastrointestinal.
A
estase
gastrintestinal
geralmente
requer
tratamento médico, enquanto a obstrução
é uma urgência cirúrgica.4 Procedimentos
cirúrgicos em casos de obstrução
gastrintestinal têm sido associados com
altas taxas de complicação, maiores que
operatória é muito comum nesta espécie.
Os fios mais recomendados são
poliglactina 910 e poliglecaprone 25,2
sendo escolhido o fio poliglactina 910
para sutura da parede abdominal no
presente caso.
50%
em
animais
afetados.1
A
manipulação
cirúrgica
do
trato
gastrintestinal,
hipotermia,
agentes
anestésicos e dor podem exacerbar a
hipomotilidade intestinal e piorar o
prognóstico.5 No caso descrito, o
conteúdo intestinal formou uma massa
solidificada
causando
uma
estase
Conclusões: A paciente recebia dieta
adequada, consistindo de ração para
coelho e verduras. O provável motivo da
concreção cecal foi a ingestão de corpo
estranho. A laparotomia exploratória foi o
melhor meio de exploração completa e
confiável
da
cavidade
abdominal,
permitindo a resolução da afecção, pois
tornou possível a retirada da concreção
cecal juntamente com corpo estranho
através da realização de enterotomia. O
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
38 | P á g i n a
Relato de Caso - 7
realização de radiografia contrastada ou
Quinton JF. Novos animais de estimação:
animal se alimentando normalmente após
7 dias.
pequenos mamíferos. Tradução de
Roberta Ferro de Godoy. São Paulo:
Roca; 2005. 5) Oglesbee BL. The 5
minute Veterinary Consult: Ferret and
Rabbit. Ames: Blackwell Publishing; 2006.
6) Davies RR. Digestive system disorders.
In: Meredith A; Flecknell P. (Eds) BSAVA
Manual of Rabbit Medicine & Surgery. 2nd
ed. Gloucester: British Small Animal
Referências Bibliográficas: 1) Huynh M;
Pignon C. Gastrointestinal Disease in
Exotic Small Mammals. Journal of Exotic
Pet Medicine; 2013; 22: 118-131. 2)
Vilardo FES. Lagomorpha (Coelho, Lebre,
Lebre-assobiadora). In: Cubas ZS; Silva
JCR; Catão-Dias JL. Tratado de Animais
Selvagens - Medicina Veterinária. São
Paulo: Roca; 2007. p. 415-431. 3)
Harrenstien L. Gastrointestinal Diseases
of Pet Rabbits. Seminars in Avian and
Exotic Pet Medicine; 1999; 8 (2): 83-89. 4)
Veterinary Association; 2006. p. 74-84. 7)
Harcourt-Brown TR. Management of
Acute Gastric Dilation in Rabbits. Journal
of Exotic Pet Medicine; 2007; 16 (3): 168174.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
39 | P á g i n a
Relato de Caso - 7
tratamento cirúrgico foi um sucesso com o
Relato de Caso - 7
Figura 1. Imagem radiográfica em vista ventrodorsal de um coelho (Oryctolagus cuniculus)
revelando aumento de volume do ceco, que apresenta conteúdo heterogêneo e com
grande quantidade de gás, compatível com estase digestiva cecal.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
40 | P á g i n a
Relato de Caso - 7
Figura 2. Enterotomia em coelho (Oryctolagus cuniculus). (A) Aspecto do ceco quando
exteriorizado, antes da colocação dos reparos. (B) Sutura intestinal em padrão
interrompido simples (seta) com fio de poliglecaprone 25 5-0.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
41 | P á g i n a
Hemivértebra, cifose e escoliose em uma lhama (Lama glama)
Aline Luiza Konell1; Frederico Fernandes Araújo1; Bárbara Cristina Sanson2; Peterson
Triches Dornbush1; Rogério Ribas Lange1
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil
2
Clinivet Hospital Veterinário
Contato: [email protected]
Introdução: As lhamas (Lama glama) são
os maiores camelídeos sul-americanos.
Originários da região dos Andes, onde
vivem em grandes altitudes e baixas
temperaturas, são a principal fonte de
alimento, pele e meio de transporte entre
resultar em hemivertebra, vértebra em
cunha ou blocos.3 Os animais geralmente
desenvolvem sinais clínicos antes de um
ano de idade e o formato da coluna
vertebral pode ou não levar a um quadro
de déficit neurológico por compressão
as tribos andinas. Problemas congênitos
em lhamas e alpacas ocorrem mais
frequentemente do que em animais de
produção, animais de companhia, cavalos
e humanos.1 As deformidades vertebrais
congênitas da coluna geralmente tendem
a surgir como escoliose, cifose ou ambos.
Na maioria das vezes essas anomalias
são identificadas logo após o nascimento,
medular. O diagnóstico é baseado em
sinais clínicos e confirmado por meio de
exame radiográfico, mielografia ou
necropsia.1,2 Embora a hemivertebra seja
uma deformidade de caráter congênito,
não se pode descartar a possibilidade de
que fatores externos possam vir a
influenciar no desenvolvimento anormal
do embrião.4 O tratamento pode ser
no entanto, anomalias sutis podem não
ser
percebidas
imediatamente.2
O
desenvolvimento da coluna no processo
embrionário
se
dá
durante
a
somitogênese e a etiologia congênita
deve-se a um defeito na formação do
osso, falha na segmentação óssea ou
ambas durante este processo, podendo
realizado de maneira conservadora,
utilizando medicamentos, ou cirúrgico,
tendo sua eficácia variando de acordo
com a técnica empregada, grau e
localização da lesão.3
Material e Métodos: Foi atendido um
filhote de lhama (Lama glama), macho,
aproximadamente 7 kg, com um dia de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
42 | P á g i n a
Relato de Caso - 8
Hemivertebrae, kyphosis and scoliosis in a llama (Lama glama)
experientes,
mantido com a mãe tendo nascido sem
complicações durante o parto e em
período gestacional normal. Levantou em
menos de uma hora e ingeriu o colostro.
Durante a inspeção, notou-se curvatura
exacerbada da coluna vertebral a nível
torácico. À palpação da coluna, verificouse curvatura à esquerda a nível torácico e
lombar, os demais sistemas sem
selecionar (e não vender) indivíduos que
exibam traços indesejáveis.
alterações no exame físico. Com sete
dias de vida o animal foi levado ao
Hospital Veterinário da UFPR para
exames complementares. Para melhor
avaliação de esqueleto axial, foi realizada
radiografia simples nas projeções laterolateral em regiões cervical, torácica,
lombar e sacral e ventrodorsal cervical,
torácica, abdominal e lombar Sangue foi
coletado para hemograma e bioquímicos,
os quais estavam dentro dos padrões
estabelecidos.1
Resultados e Discussão: A radiografia
de coluna torácica do animal apresentou
severo desvio e perda de alinhamento do
eixo ósseo, a partir de T5 até L3, com
peças distais torácicas e proximais
lombares apresentando inclinação oblíqua
lateral esquerda.
que
estão
dispostos
a
Referências Bibliográficas: 1) Fowler
ME. Congenital/hereditary conditions. In:
Fowler ME. Medicine and surgery of south
american camelids. 2nd ed. Iowa State
University Press, Ames; 1998. P525-558.
2) Rush BR. Developmental vertebral
anomalies in: Auer JA, Stick JA. Equine
Surgery. 4th ed. St. Louis, Missouri:
Elsevier Saunders; 2012. p 693-699. 3)
Debnath UK, Goel V, Harshavardhana N,
Webb JK. Congenital scoliosis – Quo
vadis? Indian J Orthop. 2010; 44(2):137–
147. 4) Vaughan JL, Lonsdale RA,
Jackson G, Ryan DP. Congenital caudal
vertebra, malformations in the alpaca
(Lama pacos). Aust Vet J. 2000;
78(6):412-5. 5) Stieger-Vanegas SM,
Garret R, McKenzie EC, Löhrb CV.
Vertebral fractures in two alpaca crias with
rickets
syndrome.
Aust
Vet
J
2013;91:437–440. 6) Leipold HW, Hiraga
T, Johnson LW. Vet Clin North Am Food
Anim Pract. 1994;10(2):401-20.
Conclusões: Quando defeitos congênitos
são passíveis de herdabilidade, animais
afetados devem ser removidos como
reprodutores, evitando assim perdas
financeiras dos proprietários e visando
qualidade de vida animal. Técnicas de
inbreeding devem ser praticadas somente
por pessoas altamente habilidosas e
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
43 | P á g i n a
Relato de Caso - 8
vida para avaliação inicial. O animal era
Relato de Caso - 9
Figura 1. Radiografia laterolateral de coluna toracolombar. É possível visualizar desvio
dorsal de T5 a L3 (cifose). Perda de tamanho e formato vertebral (hemivertebra,
apresentando formato de cunha/triângulo com redução dos espaços intervertebrais em
face dorsal (setas vermelhas).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
44 | P á g i n a
Relato de Caso - 9
Figura 2. Em projeção ventrodorsal observa-se severo desvio e perda de alinhamento do
eixo ósseo com inclinação oblíqua lateral esquerda (“looping”), caracterizando escoliose.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
45 | P á g i n a
Uso da propentofilina no tratamento de sequelas por traumatismo cranioencefálico
Use of propentofylline in the treatment of traumatic brain injury sequelae in two crab-eating
fox
Ayisa Rodrigues Oliveira1; Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Mariana Portugal
Mattioli1; Juliana dos Santos Batista1
1
Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: A propentofilina é um
vasodilatador cerebral, derivado da
xantina, que exibe vários efeitos no
cérebro como a prevenção da desordem
metabólica cerebral durante a anóxia e
geralmente resulta em isquemia cerebral,
edema e hemorragia. A fisiopatologia do
TCE pode ser dividida em uma lesão
primária, imediata ao evento, e uma lesão
cerebral tardia ou secundária. Geralmente
melhoria do edema cerebral, reduzindo o
dano neural causado após a isquemia.1,2
Há relatos de que a propentofilina
estimula a síntese e secreção do fator de
crescimento neuronal (NGF),2 proteína
importante
para
o
crescimento,
manutenção
e
recuperação
dos
neurônios, além de funcionar como
molécula de sinalização entre as células
nervosas.3 É uma droga que já vem
o foco do tratamento consiste nas lesões
secundárias.4 As sequelas são comuns,
podendo se desenvolver horas ou dias
após o trauma, e ocorrem pela liberação
de mediadores inflamatórios, lesão axonal
e hemorragia contínua.4 Podem ser
observadas
sequelas
como
ataxia
cerebelar ou vestibular, torção da cabeça,
hipermetria e convulses.5 O paciente
veterinário, independente da espécie é
sendo utilizada durante anos na terapia
geriátrica do cão para melhorar a
hemodinâmica
em
compartimentos
2
cerebrais e periféricos e recentemente
começou a ser empregada em animais
com disfunções neurológicas decorrentes
de quadros de edema cerebral. O
traumatismo
cranioencefálico
(TCE)
altamente susceptível a processos
traumáticos. Na clínica de animais
silvestres, pacientes com TCE devido a
atropelamentos são muito comuns, sendo
que
nas
últimas
décadas
os
atropelamentos passaram a ser mais
importantes que a caça como causa
humana direta de mortalidade de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
46 | P á g i n a
Relato de Caso - 9
em dois cachorros-do-mato
terrestres.6
O
presente
começou a ficar mais ativo e agressivo,
trabalho tem como objetivo relatar a
utilização da propentofilina e seus
resultados em dois cachorros-do-mato
(Cerdocyon
thous),
atropelados
e
Material e Métodos: O presente estudo
foi dividido em dois casos clínicos
porém continuava com o torcicolo para o
lado esquerdo e, ao começar a
deambular, só conseguia andar em
círculos para o mesmo lado do torcicolo.
Devido à persistência desses sinais foi
realizada tomografia computadorizada
com resultado sugestivo de encefalite
necrotizante,
provavelmente
por
consequência da isquemia causada
acompanhados no Hvet/UnB, como segue
abaixo: Caso 01: Cachorro-do-mato, 6,2
kg, fêmea, jovem, foi encaminhado ao
Hvet/UnB pelo CETAS-DF com suspeita
de atropelamento. Ao exame clínico o
animal
apresentava
consciência
deprimida, torcicolo para o lado esquerdo,
nistagmo bilateral, ruído em trato
respiratório superior, luxação da sínfise
mandibular,
presença
de
sangue
durante o trauma. Iniciou-se tratamento
com metronidazol 15 mg/kg oral a cada
12 horas por dez dias, quatro aplicações
de penicilina benzatina 40000 UI/kg
intramuscular a cada 72 horas e
prednisona 0,5 mg/kg oral a cada 48
horas por 15 dias. Após o tratamento o
animal reduziu o andar em círculos, mas
continuava
com
o
torcicolo,
principalmente quando estimulado. Foi
coagulado em orelha esquerda e
escoriações ao longo do corpo. Foi
realizado
exame
radiográfico
e
ultrassonográfico para descartar lesões
esqueléticas e em órgãos internos. Foi
iniciado tratamento para TCE a base de
manitol a 20% na dose de 1 g/kg por via
intravenosa a cada 12 horas por três dias;
dexametasona 1 mg/kg intramuscular a
iniciado
então
tratamento
com
propentofilina na tentativa de reduzir as
sequelas geradas pelo traumatismo. A
dose utilizada foi de 4 mg/kg por via oral a
cada 12 horas por 60 dias. Os sinais de
torcicolo e andar em círculos diminuíram
consideravelmente
ao
longo
do
tratamento, estando o animal com postura
e comportamento normais no fim dos dois
meses. Caso 02: Cachorro-do-mato, 5,3
encaminhados ao Hospital Veterinário da
UnB (Hvet/UnB) pelo Centro de Triagem
de Animais Silvestres do DF.
cada 24 horas por três dias, enrofloxacina
5 mg/kg intramuscular a cada 12 horas
por sete dias, vitamina K 1,5 mg/kg
intramuscular a cada 24 horas por três
dias e fluidoterapia de manutenção
intravenosa ou subcutânea durante o
período de administração do diurético.
Após o tratamento inicial, o animal
kg, fêmea, adulta, encaminhado ao
Hvet/UnB pelo CETAS-DF com suspeita
de atropelamento. No exame clínico havia
sangramento em ambas as orelhas com
rompimento de tímpano bilateral, redução
da propriocepção, nistagmo bilateral,
torcicolo para o lado esquerdo e
consciência deprimida. Foi realizado
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
47 | P á g i n a
Relato de Caso - 9
vertebrados
domésticos, existindo a possibilidade de
cloreto de sódio a 7,5%, dose de 4 mL/kg,
bolus intravenoso lento, a cada 12 horas
por três dias; Manitol a 20%, dose de 1
g/kg intravenosa a cada 12 horas por três
dias; Fluidoterapia de manutenção por via
intravenosa ou subcutânea durante o
período de utilização dos medicamentos
diuréticos;
Meloxicam
0,2
mg/kg
intramuscular a cada 24 horas por três
extrapolação
de
protocolos
de
tratamentos utilizados rotineiramente na
clínica de pequenos animais para essas
espécies selvagens, em que estudos são
particularmente escassos. Em ambos os
casos clínicos os cachorros-do-mato
apresentaram respostas positivas ao uso
da propentofilina na redução das
sequelas geradas pelo traumatismo
dias; Suplementação com as vitaminas do
complexo B, vitamina C e vitamina E;
Enrofloxacina 5 mg/kg intramuscular a
cada 12 horas por sete dias. Ao final do
tratamento
o
animal
retomou
a
consciência, porém continuava com
nistagmo bilateral, que se agravava
quando estimulado; dificuldade de marcha
com andar em círculos e torcicolo. Foi
instituído tratamento com a propentofilina
cranioencefálico. A dose utilizada é a
mesma descrita para o uso em cães
senis, variando de 3 a 5 mg/kg com
administração a cada 12 horas por 4 a 6
semanas. A propentofilina é indicada nos
casos de isquemia cerebral devido ao seu
efeito no sistema nervoso central de
melhorar a perfusão e oxigenação do
cérebro, reduzir a formação de radicais
livres, estimular a produção e secreção do
na dose de 4 mg/kg por via oral a cada
12 horas. Nas primeiras 12 horas de
tratamento o animal apresentou melhora
considerável da capacidade de se manter
em estação e andar, da percepção
ambiental e do nistagmo bilateral. O
quadro geral tem evoluído positivamente
desde o início da utilização do
medicamento, reduzindo gradativamente
o torcicolo e o andar em círculos ao longo
fator de crescimento neuronal e aumentar
a tolerância dos neurônios à isquemia. A
utilização de antibioticoterapia de largo
espectro com boa penetração no sistema
nervoso
central em
conjunto ao
tratamento do TCE é indicada para evitar
infecções bacterianas secundárias ao
trauma,
principalmente
em
casos
4
agravados por fraturas. Em um estudo
realizado no Laboratório de Patologia
do uso.
Veterinária da UnB foi verificado que 64%
da causa mortis da fauna silvestre
atropelada no Distrito Federal são devido
a traumatismos, incluindo o trauma
cranioencefálico.8 Nos casos de TCE o
atendimento
pré-hospitalar
está
diretamente ligado à recuperação do
animal. Esse atendimento abrange desde
Resultados e Discussão: Muitas são as
similaridades anatômicas e fisiológicas
dos canídeos silvestres como o cachorrodo-mato (Cerdocyon thous), a raposa-docampo (Lycalopex vetulus) e o lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus) com os cães
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
48 | P á g i n a
Relato de Caso - 9
tratamento pra TCE com solução de
aguardando a possibilidade de retornar à
primeiros procedimentos de emergência
visando atenuar as lesões secundárias
geradas no trauma.4 Na clínica de animais
silvestres
esta
primeira
etapa
é
extremamente prejudicada em animais de
vida livre, pois muitas vezes após o
trauma o animal demora a ser socorrido e
encaminhado
a
uma
equipe
especializada, intensificando ainda mais a
natureza.
probabilidade de instalação de sequelas.
Torna-se,
portanto,
extremamente
necessária à formulação de protocolos de
identificação e tratamento de TCE nos
centros responsáveis pelos atendimentos
desses animais, objetivando reduzir ao
máximo o retardo no tratamento,
potencializando a possibilidade de
recuperação total do paciente. O
protocolo para TCE utilizado nos dois
casos foi suficiente para restaurar a
consciência dos animais e possibilitar a
alimentação e deambulação sem a
necessidade de auxílio. No entanto eles
continuaram com algumas sequelas
como: torcicolo, andar em círculos e
nistagmo. Portanto, em ambos os casos
clínicos a utilização da propentofilina foi
de grande importância para reestabelecer
às funções normais dos animais,
garantindo-lhes qualidade de vida.
Atualmente o cachorro-do-mato do
primeiro caso encontra-se no plantel fixo
da Fundação Jardim Zoológico de Brasília
(FJZB), pois durante o tratamento o
animal ficou manso, impossibilitando a
sua soltura. Já o animal do segundo caso
está em recuperação no CETAS-DF,
Conclusões: Em ambos os casos
clínicos
os
cachorros-do-mato
apresentaram respostas positivas ao uso
da propentofilina na redução das
sequelas geradas pelo traumatismo
cranioencefálico,
possibilitando
a
recuperação total dos animais.
Referências Bibliográficas: 1) Bath
PMW & Bath-Hextall FJ. Pentoxifylline,
propentofylline and pentifylline for acute
ischaemic stroke (Review). The Cochrane
Collaboration. John Wiley & Sons, Ltd.,
2009. 2) Teixeira HO. Síndrome da
disfunção cognitiva em cães. Monografia
apresentada a Universidade Federal do
Rio Grande do Sul – Faculdade de
Veterinária. 2012. 3) Paula TP. Efeitos do
bosentan, antagonistas de receptores ETA e ET-B de endotelinas, sobre a
expressão do fator de crescimento neural
(NGF) em ratos simpatectomizados por 6hidroxidopamina.
Dissertação
de
Mestrado entregue a Universidade
Federal de Minas Gerais. 2006. 4)
Siqueira EGM, Rahal SC, Vassalo FG,
Araújo FAP, Agostinho FS. Trauma
cranioencefálico em pequenos animais.
Vet
e
Zootec.
Ed
20
(Edição
comemorativa). 112-123. 2013. 5) Vianna
CG & Arias MVB. Estudo prospectivo de
traumatismo cranioencefálico em 32 cães.
Ver. Bras. Med. Vet. 35 (1): 93-99. 2013.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
49 | P á g i n a
Relato de Caso - 9
o transporte do animal ao hospital até os
AD.
Achados
anatomopatológicos
de
atropelamento de vertebrados silvestres
nas rodovias do entorno da estação
ecológica Águas Emendadas, DF, Brasil,
e eficácia de medidas mitigadoras.
Dissertação de Mestrado entregue a
Universidade de Brasília. 2006. 7) Abreu
animais silvestres atropelados no Distrito
Federal de setembro de 2010 a janeiro de
2011.
Monografia
apresentada
a
Universidade de Brasília – Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária. 2011.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
50 | P á g i n a
Relato de Caso - 9
6) Bagatini T. Evolução dos índices de
Levantamento das ocorrências clínicas em répteis entre 2006 e 2014 na cidade de
São Paulo-SP
Helen Cristina Leite1; Débora Galdino Pinto2; Erica Pereira Couto3; Marcelo Pires Nogueira
de Carvalho4
1
Universidade Anhembi Morumbi (UAM), São Paulo, SP, Brasil
2
Universidade de Santo Amaro (UNISA), São Paulo, SP, Brasil
3
Consultório de Animais Silvestres (TUKAN), São Paulo, SP, Brasil
4
Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: O Brasil tem a herpetofauna
mais rica da América Latina, mas a
dos animais. Assim, o objetivo deste
trabalho
foi
realizar
um
estudo
maioria das informações sobre répteis
ainda é escassa. Atualmente existem
cerca de 784 táxons no Brasil,1 porém a
prática do comércio ilegal e predatório da
fauna silvestre ameaçam as espécies
pertencentes a esta classe. O interesse
das pessoas em manter animais
silvestres como animais de estimação faz
com que a cada dia aumente o número
destes animais no atendimento clínico
retrospectivo dos casos clínicos de répteis
atendidos na clínica veterinária na região
metropolitana de São Paulo no período de
fevereiro de 2006 a fevereiro de 2014.
veterinário. Nos Estados Unidos, os
répteis são os animais de companhia
mais procurados, ficando em terceiro
lugar no segmento da indústria pet.2
Sabe-se que a saúde de um réptil cativo
está diretamente relacionada ao manejo
ao qual é submetido3 e neste contexto
são muitos os problemas ligados a saúde
Material e Métodos: O levantamento de
casos foi realizado através da análise das
fichas clínicas dos répteis atendidos na
clínica na região metropolitana de São
Paulo no período de fevereiro de 2006 a
fevereiro de 2014, totalizando 221 répteis,
compreendendo as espécies Chelonoidis
sp (n=162), Trachemys sp (n=49), Iguana
iguana (n=8), Elaphe gutta (n=1) e Boa
constrictor (n=1).
Resultados e Discussão: As queixas e
diagnósticos obtidos entre os 221 casos
de répteis atendidos no período de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
51 | P á g i n a
Relato de Caso - 10
Clinical survey in pet reptiles between 2006 and 2014 in São Paulo-SP
importância do manejo alimentar correto
foram (Figura 1): trauma (n=67) (queda –
14 casos, atropelamento – 12 casos,
ataque de cão/gato – 21 casos, outras
causas – 20 casos), deficiência nutricional
(n=36), atendimento preventivo (n=35),
alterações respiratórias (n=24), alterações
dermatológicas (n=18), prolapso de pênis
(n=15),
alterações
gastrointestinais
(n=10), retenção de ovos (n=8), prolapso
se faz fundamental, uma vez que o cálcio
contribui para o crescimento e parte
óssea. Uma vez que a deficiência de
nutrientes está ligada à falta de
conhecimento do manejo adequado,
ofertando-se uma dieta imprópria a
espécie,5 consequentemente, podendo
desencadear afecções secundárias, como
alterações oftalmológicas (blefaroedema,
de
oviduto
(n=5)
e
alterações
oftalmológicas (n=3). A saúde do réptil
cativo está diretamente relacionada com o
modo em que é criado.3 A criação de
répteis em cativeiro tem permitido a
identificação de uma série de problemas,
em grande parte, decorrentes de
condições de manejo inadequadas.4 A
enfermidade mais frequente encontrada
neste levantamento foi o trauma
um sinal clínico da hipovitaminose A) e
retenção de ovos, que pode apresentar
fatores coadjuvantes como o ambiente e
temperatura desfavoráveis, assim como
nas afecções respiratórias.7 Em cativeiro,
é possível que os animais possam
desenvolver alguma alteração nutricional
devido a erros de manejo. Portanto, é
indicada a busca por profissionais
especializados para profilaxia e correções
relacionado a quedas, atropelamentos e
ataques
por
outros
animais
(principalmente cães), em decorrência a
recintos inapropriados e do convívio direto
com animais domésticos. Seguidamente
aos traumas está a deficiência nutricional,
a hipocalcemia e o hiperparatireoidismo
secundário são os distúrbios nutricionais
de maior ocorrência em quelônios e
iguanas, quando estes são mantidos
de manejo, possibilitando que sejam
feitas as adequações necessárias para
melhor qualidade de vida dos animais.
como animais de estimação,5 doenças
osteometabólicas
como
estas
apresentam, de forma geral, sinais
clínicos como: anorexia, paraplegia,
fragilidade e flexibilidade dos ossos
longos,
sendo
também,
evidentes
fraturas, que podem ser identificadas por
meio de um exame radiográfico.6 A
Conclusões: A principal condição clínica
identificada nos répteis atendidos no
período de fevereiro de 2006 a fevereiro
de 2014 foi o traumatismo. Entre as
ocorrências nos atendimentos clínicos
vale ressaltar que a maioria delas estava
relacionada com problemas advindos da
desinformação dos proprietários sobre
biologia e o manejo das espécies
envolvidas, o que gera a indicação de um
trabalho de conscientização dos mesmos
para se visar uma qualidade de vida e
bem estar desses animais.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
52 | P á g i n a
Relato de Caso - 10
fevereiro de 2006 a fevereiro de 2014
Referências Bibliográficas: 1) Bérnils
RS, Costa, HC (org.). Répteis brasileiros:
Lista de espécies. Versão 2012.1.
Disponível
em
http://www.sbherpetologia.org.br/.
Sociedade Brasileira de Herpetologia.
Acessada em 28/07/14. 2012. 2) Salvador
TR. Estudo bacteriológico de répteis com
peumonia e/ou estomatite e correlações
veterinária, v.16, n.95, p. 73-76. Jan/Fev
1997. 5) Paranzini CS, Teixeira VN, Trapp
SM. Principais distúrbios nutricionais
encontrados em répteis cativos –
Universidade Norte do Paraná, 2008. 6)
Ullrey DE, Bernard JB. Vitamin D:
Metabolism, Sources, Unique Problems in
Zoo Animals, Meeting Needs FOWLER,
ME.; MILLER, E. Cáp 11, p. 63-78, 4 ed.,
microbiológicas entre as infecções,
Revista Científica MEDVEP v.7, n.20, p.
70-74 2009. 3) Mader DR. Abscesses. In:
Reptile Medicine and Surgery. 2. ed.
Florida: Marathon, p. 715 – 721. 2006. 4)
Marques EJ, Monteiro EL. Perspectivas
1998. 7) Matias CAR, Romão MAP,
Tortelly
R,
Bruno
SF.
Aspectos
fisiopatológicos da retenção de ovos em
Jabutipiranga (Geochelone carbonaria
Spix, 1824) Ciência Rural, Santa Maria,
v.36, n.5, p.1494-1500, set-out, 2006.
Figura 1. Afecções clínicas apresentadas pelos pacientes no período de fevereiro de 2006
a fevereiro de 2014.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
53 | P á g i n a
Relato de Caso - 10
da criação de jacaré em cativeiro. A hora
Abordagem terapêutica no trauma cranioencefálico realizada em duas espécies de
tamanduá
Ayisa Rodrigues Oliveira1; Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Mariana Portugal
Mattioli1; Thiago Borinelli de Aquino Moura1; João Ricardo Bielefeld Nardotto2
1
Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil
2
Scan Medicina Veterinária Diagnóstica (SCAN), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: O trauma cranioencefálico
(TCE) é frequente na rotina da clínica
veterinária, geralmente é decorrente de
atropelamentos ou agressões e é a causa
mais importante de óbito nos traumas.1,2,3
traumatizado pode apresentar-se com
sonolência,
confusão,
agitação
ou
inconsciência de curta ou longa duração.
O tratamento deve seguir inicialmente o
protocolo ABC, para estabilização do
O extravasamento vascular decorrente do
trauma gera edema vasogênico, hipóxia
celular e acúmulo de líquidos culminando
em edema citotóxico. A formação do
edema cerebral leva ao aumento da
pressão intracraniana (PIC), reduzindo a
pressão
de
perfusão
cerebral
e
1
exacerbando a hipóxia celular.
As
alterações sistêmicas à lesão cerebral
paciente, e posteriormente a terapêutica
médica específica.2 Os traumatismos são
frequentemente observados em animais
silvestres, tanto nos de vida livre, quanto
nos criados em cativeiro.4 Dentre as
principais desordens clínicas registradas
em
tamanduás-mirins
(Tamandua
tetradactyla)
e
tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla) destacam-se
são hipotensão ou hipertensão, hipóxia,
hipo ou hiperglicemia, hipo ou hipercapnia
e hipertermia, variando conforme a
gravidade do trauma. Além disso, o
aumento
da
PIC
pode
causar
deslocamentos ou hérnias cerebrais, que
na maior parte das situações, têm-se o
óbito como desfecho principal. O paciente
as lesões oriundas de traumas, sendo a
incidência
de
15,5%
dos
casos
5
diagnosticados. Os tamanduás estão
incluídos na família MYRMECOPHAGIDAE,
todos são insetívoros, têm hábitos de vida
predominantemente
crepuscular
a
noturno
e
possuem
baixa
taxa
6
metabólica. O presente trabalho objetiva-
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
54 | P á g i n a
Relato de Caso - 11
Therapeutic approach in traumatic brain injury performed in two species of anteaters
partir
cranioencefálico por atropelamento, em
duas espécies de tamanduá, e suas
respectivas respostas ao tratamento
estipulado.
Material e Métodos: O presente estudo
foi dividido em dois casos clínicos,
acompanhados no Hospital Veterinário da
UnB (Hvet/UnB) e na Fundação Jardim
Zoológico de Brasília (FJZB), como segue
protocolo para tratamento de TCE
descrito abaixo: 1. Solução hipersaturada
7,5% de NaCl: dose de 4 mL/kg; bolus
intravenoso lento; a cada 12 horas por no
máximo três dias; 2. Manitol 20%: dose
de 1 g/kg; administração em 20 minutos
por via intravenosa; a cada 12 horas por
no máximo três dias; 3. Fluidoterapia de
manutenção: 30 mL/kg de ringer com
abaixo, respectivamente: Caso 01:
Tamanduá mirim, 2,8 kg, fêmea, jovem,
foi encaminhado ao Hvet/UnB pelo Centro
de Triagem de Animais Silvestres do
Distrito
Federal
(CETAS-DF)
com
suspeita de atropelamento, pois o animal
havia sido encontrado no acostamento de
uma
rodovia
apresentando
sutil
incoordenação motora. Ao exame físico o
animal estava ativo e com postura
lactato divididos em dois períodos de
administração por via intravenosa ou
subcutânea, durante o período de
utilização dos medicamentos diuréticos; 4.
Posicionamento da cabeça e tórax com
inclinação de 15-30 graus; 5. Antiinflamatório não esteroidal: ex: meloxicam
ou cetoprofeno; 6. Protetor gástrico: ex:
ranitidina
ou
omeprazol;
7.
Suplementação com as vitaminas do
agressiva, porém com os reflexos dos
membros
pélvicos
reduzidos.
Foi
realizado exame radiográfico e nenhuma
alteração foi observada. Suspeitou-se
inicialmente de compressão medular.
Iniciou-se
tratamento
com
antiinflamatório esteroidal e analgésicos
opióides, porém o quadro neurológico
continuou se agravando, levando o animal
complexo B, vitamina C e vitamina E; 8.
Antibioticoterapia de amplo espectro e
com penetração em sistema nervoso
central. Após os três dias de tratamento o
tamanduá já estava reativo ao ambiente e
retornando lentamente as suas funções
motoras. Os reflexos de dor superficial
dos membros pélvicos retornaram, porém
ainda não havia reflexo de retirada do
membro, nem deambulação normal. Após
a um estado de sonolência com pouca
resposta a estímulos externos, além de
paralisia dos membros pélvicos e
dificuldade em urinar espontaneamente.
Devido a suspeita de TCE o tamanduá foi
submetido a um exame de tomografia
computadorizada, sendo o resultado
sugestivo de edema cerebral intenso. A
do
diagnóstico,
foi
iniciado
o
quatro meses de tratamento com
acupuntura e fisioterapia o animal
retornou às suas funções motoras,
conseguindo
andar
e
escalar
normalmente, sendo encaminhado para
um criatório conservacionista. Caso 02:
Tamanduá bandeira, 14 kg, macho,
jovem, foi encaminhado para a FJZB pelo
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
55 | P á g i n a
Relato de Caso - 11
se descrever dois casos de traumatismo
encaminhado para soltura.
sob suspeita de ter sido atropelado numa
rodovia do estado. O animal apresentava
escoriações em membro pélvico esquerdo
e na orelha do mesmo antímero, além de
sonolência e prostração indicando
depressão no sistema nervoso central.
Foi
realizado
exame
neurológico,
identificando sensibilidade normal à dor
profunda e superficial em todos os
Resultados e Discussão: O protocolo
utilizado para a redução do edema
cerebral, normalização da PIC e
mitigação
das
lesões
cerebrais
secundárias à isquemia no sistema
nervoso central foram eficazes em ambos
os indivíduos estudados. No primeiro
caso, o tratamento começou tardiamente,
principalmente devido à dificuldade em
membros e na face, redução da
propriocepção do membro torácico direito
e consciência diminuída. Devido aos
sinais clínicos compatíveis com TCE e
consequente edema cerebral foi dado
início ao mesmo tratamento descrito no
caso anterior. No dia seguinte o animal já
conseguia caminhar pelo recinto, porém
com leve ataxia e andar em círculos para
esquerda. Para dar continuidade ao
estabelecer um diagnóstico correto pela
falta de histórico na admissão do animal.
O tratamento tardio pode ter sido um fator
diferencial no tempo de recuperação do
tamanduá-mirim, que foi mais prolongado
que o do tamanduá-bandeira. Outros
fatores influenciam a gravidade do quadro
e prognóstico após o trauma, como o
local da lesão no sistema nervoso e a
presença de lesões concomitantes em
tratamento o animal era sedado com 0,14
mg/kg
de
midazolam
5
mg/mL
intramuscular
no
momento
das
medicações e mantido canulado para
facilitar as posteriores contenções,
reduzindo os momentos de estresse.
Como estava conseguindo se alimentar
sozinho
não
era
necessária
a
administração de todo o volume da
fluidoterapia de manutenção, sendo esta
outros sistemas orgânicos.3 Mediante
escassez de referencial teórico específico
para animais silvestres, o protocolo
utilizado foi baseado em evidências em
pequenos animais. Tanto a solução
hipertônica de cloreto de sódio a 7,5%,
quanto o manitol a 20%, possuem a
função de drenar o fluido do espaço
intersticial e intracelular para o espaço
utilizada
apenas
como
via
de
administração
dos
medicamentos
intravenosos. Após cinco dias desde o
início do tratamento o animal já estava
ativo, em postura de ataque quando
estimulado e deambulando normalmente.
Após quarenta dias de observação o
animal manteve-se estável e foi
intravascular, promovendo o aumento da
pressão hidrostática capilar, elevação da
pressão pré-carga e, consequente
diminuição
da
PIC.2
As
doses
empregadas basearam-se em referenciais
da espécie canina e felina, sem
extrapolação alométrica. A inclinação da
cabeça de 30 a 45 graus auxilia na
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
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Relato de Caso - 11
batalhão da polícia ambiental (BPMA-DF)
da
PIC.2
Para
evitar
cada 12 horas nas doses de 5 mg/kg para
desidratação, foi realizada fluidoterapia de
manutenção de 30 mL/kg de ringer com
lactato, sendo o volume total dividido em
duas administrações no dia. Parte do
volume era feito por via intravenosa e
parte por via subcutânea quando o
acesso venoso não estava presente. A
hipotensão
arterial,
hiperglicemia,
subnutrição, garrote jugular e o uso de
o tamanduá-mirim e de 3 mg/kg para o
tamanduá-bandeira, doses obtidas por
extrapolação alométrica da dose de 5
mg/kg para cão adulto. É também
recomendada
a
utilização
de
antiiflamatórios não esteroidais para
auxiliar na redução da inflamação e da
dor.7 Em ambos os casos foi utilizado o
meloxicam intramuscular a cada 24 horas
glicocorticoides devem ser evitados.2 No
caso do tamanduá-mirim a utilização de
glicocorticoides inicialmente para o
tratamento da compressão medular pode
ter prejudicado ainda mais a recuperação
do animal e intensificado as lesões
cerebrais. Em casos de TCE os
glicocorticoides
são
contraindicados
devido ao aumento da incidência de
mortalidade após seu uso. Além de serem
nas doses de 0,2 mg/kg para o tamanduámirim e de 0,1 mg/kg para o tamanduábandeira, doses obtidas por extrapolação
alométrica da dose de 0,2 mg/kg em cães
adultos. E para evitar lesões gástricas
causadas
por
estresse
e
pelas
7
medicações
anti-inflamatórias
foi
realizado ranitidina intramuscular a cada
12 horas na dose de 2 mg/kg para o
tamanduá-mirim e de 1 mg/kg para o
associados com aumento dos riscos de
infecção, imunossupressão, hiperglicemia
e
outras
significantes
alterações
2,3
metabólicas. O excesso de glicose no
sistema nervoso central pode aumentar a
lesão isquêmica,2 sendo necessário o
acompanhamento da glicemia durante o
tratamento. Para evitar a desnutrição
ambos os animais eram alimentados com
dieta hipercalórica através de sonda oro-
tamanduá-bandeira, dose obtidas por
extrapolação alométrica da dose de 2
mg/kg em cães adultos.
gástrica, três vezes ao dia, até voltarem a
se alimentar sozinhos. Como profilaxia de
infecções bacterianas, sobretudo em
casos de fratura, é indicada a
administração de antibióticos de largo
espectro de ação e com boa penetração
no SNC.2 Nos casos acompanhados foi
utilizado enrofloxacina intramuscular a
Conclusões: O protocolo de tratamento
de TCE utilizado foi eficaz em ambos os
indivíduos
estudados.
Porém,
o
tamanduá-mirim teve uma recuperação
mais prolongada que o tamanduá
bandeira, a utilização de glicocorticóides
no início do quadro clínico e a demora em
iniciar o tratamento específico para o TCE
podem ter contribuído para o tempo maior
de recuperação.
Referências Bibliográficas: 1) Vianna,
CG e Arias, MVB. Traumatismo
cranioencefálico em um gato e 28 cães
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57 | P á g i n a
Relato de Caso - 11
redução
atendidos no Hospital Veterinário da
Relato de Caso - 11
Universidade Estadual de Londrina. Anais
do XIX EAIC. UNICENTRO. GuarapuavaPR. 2010. 2) Siqueira, EGM; Rahal, SC;
Vassalo, FG; Araújo, FAP; Agostinho, FS.
2013. Trauma cranioencefálico em
pequenos animais. Vet e Zootec. Ed 20
(Edição comemorativa). 112-123. 3)
Vianna, CG e Arias, MVB. 2013. Estudo
prospectivo
de
traumatismo
cranioencefálico em 32 cães. Ver. Bras.
Med. Vet. 35 (1): 93-99. 4) Oliveira, R;
Moura, LR; Passos, RFB; Souza, MCA;
Olinda, RG; Batista, JS; Silva, TMF;
Orpinelli, SRT. 2012. Osteossítese de
rádio e ulna em tamanduá bandeira
(Myrmecophaga tridactyla) – Relato de
Caso. Acta Veterinaria Brasilica, v.6, n.1,
p.56-60. 5) Diniz, LSM, Costa, EO,
Oliveira, PMA. 1995. Clinical disorders
observed in anteaters (Myrmecophagidae,
Edentata)
in
captivity.
Veterinary
Research Communication. 19(5):409-415.
6) Miranda, F e Costa, AM. Capítulo 26.
Xenarthra (Tamanduá, Tatu, Preguiça).
In: Cubas, ZS; Silva, JCR; Catão-Dias JL.
Tratado de Animais Selvagens Medicina
Veterinária. 2007. Editora Roca Ltda. Pp:
402-414. 7) Neves, IV; Tudury, EA; Costa,
RC. 2010. Medical treatment of neurologic
diseases of dogs and cats. Semina:
Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 3, p.
745-766.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
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Redução de luxação coxofemoral traumática em papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva)
Nathalia Sant`Anna1; Marcelo Roscamp1; Felipe Carramaschi de Alagão Querido1
1
Médicos veterinários autônomos, Piracicaba, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Com o avanço das técnicas
de anestesia e cirurgia em medicina
veterinária, a ortopedia em aves tornou-se
uma realidade no Brasil, e mostra-se uma
área promissora. Tendo em vista que na
clínica aviária uma grande porcentagem
dos atendimentos dizem respeito às
grau de atividade, as necessidades
funcionais do membro afetado, o tipo de
lesão são fatores que devem ser
considerados durante a escolha do
método de fixação ortopédica.2 Embora
haja vários estudos e revisões sobre o
tratamento de fraturas, há pouca
fraturas, as luxações são pouco
frequentes. A baixa prevalência de
luxações pode ser justificada pela
pneumatização dos ossos somada à
presença
de
ligamentos
bastante
1
desenvolvidos nas articulações. Dentre
as luxações observadas em aves, a
coxofemoral
é
uma
das
menos
frequentes, provavelmente pela presença
de
características anatômicas
que
informação disponível para o tratamento
de luxações em aves e atualmente não há
estudos que salientam as vantagens e
desvantagens de cada técnica de
tratamento.3 Dessa maneira, o objetivo
desse trabalho foi descrever um caso de
luxação coxofemoral traumática em um
papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva)
reforçam a inserção da cabeça femoral no
acetábulo, como o antitrocânter que se
articula com o colo e o trocânter do fêmur;
além disso, há um acetábulo profundo e
presença dos ligamentos pubofemoral,
iliofemoral e redondo que possivelmente
dificultam as luxações nessa região.1 As
características biológicas da ave, seu
ligamento redondo por abordagem medial
a articulação coxofemoral.
reduzida, logo após a lesão, por uma
técnica adaptada de substituição do
Material e Métodos: Um exemplar de
papagaio-verdadeiro, de sexo indefinido,
9 anos de idade, apresentando 340g de
massa corporal foi atendido em critério de
emergência. O animal acidentou-se
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
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Relato de Caso - 12
Management of a parrot (Amazona aestiva) with traumatic hip luxation
de
uma
betoneira,
onde
se
pino de Kirschner e fixada a um fio de
encontrava no momento em que essa foi
posta em funcionamento. Ao exame
clínico o animal apresentou-se prostrado,
com várias escoriações e hematomas na
região dos membros pélvicos, do
abdômen e próximo à cloaca. Na
auscultação foram observados estertores
respiratórios. O membro pélvico direito
apresentava rotação lateral e uma
nylon 1 com uma laçada, obtendo-se um
fio duplo. O pino foi inserido com auxílio
de uma pinça Halsted na perfuração que
há no centro da fossa acetabular das
aves e os fios foram tracionados de modo
que o pino girasse e ficasse em contato
com a parede acetabular medial. O fêmur
foi perfurado com um pino de 1 mm, a
partir da fóvea, passando-se pelo colo
extensa solução de continuidade, com
exposição muscular. O animal foi
submetido à contenção química sendo
utilizado a associação de cetamina (10
mg/kg, IM) + midazolan (0,5 mg/kg, IM)4
para realização de exame radiográfico na
posição ventro-dorsal (decúbito dorsal) e
posterior avaliação ortopédica. A partir do
exame das imagens radiográficas,
verificou-se a existência da luxação
femoral até abaixo do trocânter maior na
face lateral da coxa. Nessa região a
exposição da face lateral do fêmur foi
realizada por afastamento limitado da
musculatura, e com auxílio de uma agulha
30x10 como guia e os fios foram
passados da cabeça femoral para a face
lateral. A redução da luxação foi realizada
da
seguinte
forma:
primeiramente
girando-se o membro externamente,
craniodorsal da articulação coxofemoral
direita (Figura 1). Como tratamento,
optamos pela adaptação da técnica de
substituição do ligamento redondo,
utilizada no tratamento da luxação do
quadril em cães e gatos.6,7 O animal foi
mantido sob anestesia inalatória com
isofluorano através de máscara facial.
Após atingir plano anestésico, foi
realizada a remoção das penas das áreas
enquanto
a
tração
era
aplicada
caudalmente, posicionando a cabeça
femoral sobre o acetábulo; em seguida, o
membro foi girado internamente para
assentar a cabeça no interior do
acetábulo. Os fios foram passados
através de um botão de polipropileno,
aplicou-se tensão e o nó foi cerrado. A
síntese da cápsula articular foi realizada
com ácido poliglicólico 4-0 em padrão de
acometidas e posterior limpeza e antisepsia. O acesso cirúrgico foi realizado
ventralmente à articulação do quadril, já
que havia uma grande solução de
continuidade nessa região e pela
facilidade de exposição do acetábulo e da
cabeça femoral por essa via. Uma cavilha
foi fabricada a partir de um fragmento de
sutura
simples interrompido
e a
aproximação da pele foi efetuada com
nylon 3-0 no mesmo padrão. Novas
radiografias foram realizadas para
confirmar a redução da luxação e o
posicionamento da cavilha no interior da
pelve (Figura 2). Ao final do procedimento
administrou-se fluidoterapia por via
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60 | P á g i n a
Relato de Caso - 12
dentro
Obteve-se êxito quanto à estabilidade da
(50 ml/kg), enrofloxacina 2,5% (15 mg/kg,
SC) cetoprofeno 1% (1 mg/kg, IM).4 O
animal foi mantido em local aquecido para
sua recuperação anestésica.
articulação e mobilidade da mesma. Após
2 horas do procedimento cirúrgico o
animal apresentava-se acordado e em
estação. Entretanto após 6 horas o animal
veio a óbito. A necropsia da ave foi
solicitada, porém não foi concedida pelo
proprietário.
Resultados e Discussão: Luxações
coxofemorais são geralmente o resultado
de tração e trauma rotacional, tal como
ocorre quando a perna está presa, a
maioria das luxações são craniodorsais
embora a luxação cranioventral também
possa ocorrer.5 O tratamento precoce
das luxações em aves é crucial para
minimizar a formação de fibrose
periarticular, que em torno de três dias
impossibilita a redução e predispõe a
anquilose.5 Como formas de tratamento,
Bennett5 cita: a redução fechada, talas,
suturas periarticulares, pino transarticular
e exérese de cabeça e colo femoral. O
autor recomenda a redução cirúrgica e
estabilização como método de escolha
ideal, normalmente por uma abordagem
craniolateral à articulação coxofemoral. O
fato de que não era necessária a
perfuração na fossa acetabular facilitou a
inserção da cavilha na mesma e por esse
motivo optou-se pela execução de uma
técnica pouco utilizada em aves. Devido à
ocorrência de colo femural estreito e à
menor densidade óssea apresentada nas
aves, o emprego da técnica foi realizado
com cautela. Nesse tipo de procedimento,
é necessário ter cuidado com a inserção
muito profunda dos implantes a fim de
evitar a penetração no rim resultando em
excessiva hemorragia intracelomática.5
Conclusões:
O
conhecimento
e
adaptação de novas técnicas cirúrgicas
ortopédicas à rotina do atendimento de
animais silvestres é de extrema
importância visto o aumento da casuística
de traumatismo em aves mantidas como
pets não convencionais. Com base nas
avaliações transoperatória e radiográfica
pós-operatória imediata, concluímos que
a técnica de substituição do ligamento
redondo é eficaz e factível em aves com
luxação coxofemoral.
Referências Bibliográficas: 1) Arnault,
LS. Estudo radiográfico das afecções do
sistema esquelético em aves, 121 f.
Dissertação
(Mestrado
em
Clínica
Cirúrgica Veterinária) - Faculdade de
Medicina
Veterinária
e
Zootecnia,
Universidade de São Paulo, São Paulo USP, 2006. 2) Bolson, J; Schossler, JEW.
Osteossíntese em Aves – Revisão de
literatura. Arq. Ciênc. Vet. Zool. Unipar,
Umuarama, v.11, n. 1, p. 55-62, jan./jun.
2008. 3) Azmanis, PN, Wernick, MB, Hatt,
JM. 2014. Avian luxations: occurrence,
diagnosis and treatment. Veterinary
Quarterly. 34 (1), p. 11-21. 4) Carpenter,
JM, Mashima, TY, Rupiper, DJ, Exotic
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
61 | P á g i n a
Relato de Caso - 12
subcutânea com solução fisiológica 0,9%
Luxações femorais, p. 1095-1101. In
USA. Greystone Publications, 1996, p. 91179. 5) Bennett, RA. Management of joint
luxations in birds. USA Western
Veterinary Conference, 2013. Lauderdale
Veterinary Specialists – USA – EX32. 6)
Johnson, AL e Hulse, DA. 2002.
Artropatias – Articulação Coxofemoral,
Fossum, TW et al. 2002. Cirurgia de
Pequenos Animais. 2ªed. Editora Roca
Ltda, São Paulo-SP, Brasil. 7) Denny, HR
e Butterworth, SJ. 2006. Cirurgia
Ortopédica em Cães e Gatos. 4ª Ed.
Editora Roca Ltda, São Paulo-SP, Brasil.
P. 353-362.
Figura 1. Imagem radiográfica na projeção ventrodorsal de luxação coxofemoral direita em
um Papagaio-verdadeiro.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
62 | P á g i n a
Relato de Caso - 12
Animal Formulary. 1th Ed. Manhattan,
Relato de Caso - 12
Figura 2. Imagem radiográfica na projeção ventrodorsal, do pós-operatório imediato,
demonstrando o correto posicionamento da cavilha e satisfatória redução da luxação
coxofemoral direita em Papagaio-verdadeiro.
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63 | P á g i n a
Amputação de cauda em lagarto ocelado (Timon lepidus)
Bruna Gois Santos1; Thaís Melquíades de Lima2; Fernando González González3; Carolina
Juares Virgílio Pereira1
1
Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE), Santos, SP, Brasil
2
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), PE, Brasil
3
Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat (GREFA), Madrid, Espanha
Contato: [email protected]
Introdução: O lagarto ocelado é uma
espécie adaptada ao clima mediterrâneo
e está distribuído na Espanha, Portugal,
sul e oeste da França, noroeste da Itália e
objetivo deste trabalho foi relatar uma
cirurgia de amputação de cauda em um
lagarto, bem como os protocolos
anestésicos e analgésicos instituídos.
norte da África Ocidental.1 Os machos
são maiores que as fêmeas, apresentam
o tamanho total do corpo entre 40 e 60
cm. Esta espécie é conhecida por viver 10
a 11 anos em vida livre.2 Ele se mostra
com alta fidelidade a um refúgio
específico. Em muitas regiões foi
observado declínio em suas populações,
registrado devido à perda de habitat1 e
perseguição humana. O lagarto ocelado
Material e Métodos: Um lagarto ocelado,
macho, com idade indeterminada, 150
gramas, foi encontrado nas adjacências
do centro de recuperação GREFA (Grupo
de Resgate de Fauna Salvaje y
Autóctona), em Majadahonda, Madrid.
Apresentava condição corpórea boa,
todavia notou-se que o lagarto possuía
uma autotomia antiga em processo de
necrose. Foi instituído o protocolo
agora está classificado como Quase
Ameaçado (NT) na Lista Vermelha
Européia de Répteis.3 Faz-se necessário
o relato da prática diária dos centros de
conservação no Brasil e no mundo, para
que os protocolos básicos de cirurgia e
tratamento
em
répteis
sejam
estabelecidos com maior segurança. O
medicamentoso com buprenorfina 0,02
mg/kg IM e ceftazidima 20 mg/kg IM,4
limpeza da ferida com solução fisiológica
0,9% e clorexidine, além da pomada a
base de sulfadiazina de prata. No dia
seguinte, optou-se pela amputação da
cauda. O protocolo pré-anestésico
utilizado foi morfina 3 mg/kg IM.4 A
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64 | P á g i n a
Relato de Caso - 13
Amputation of tail in ocellated lizard (Timon lepidus)
vascularização - apropriado para realizar
mg/kg IM, por extrapolação alométrica. A
alfaxalona vem sendo muito usada nas
cirurgia de répteis, todavia ainda possui
grande variação em dose. A anestesia
inalatória, através da máscara com
isofluorano, também foi usada em
conjunto a alfaxalona para indução e
manutenção
da
anestesia,
sendo
administrada na concentração alveolar
a
secção,
ocorrendo
um
menor
sangramento. As bordas cirúrgicas devem
ser aproximadas corretamente para que
ocorra o crescimento da cauda, porém
esta não será igual a original, mas
manterá sua funcionalidade.5 Neste
procedimento cirúrgico relatado, devido a
inviabilidade ocasionada pelo tipo de
lesão, optou-se pela bolsa de tabaco,
mínima (CAM) variando entre 2 e 2,5. O
animal foi posicionado em decúbito
esternal, em posição anatômica (Figura
1). No início da cirurgia, a frequência
cardíaca se manteve em 80 bpm e a
frequência respiratória variava entre 30 e
32 mpm, após 20 minutos a mesma
encontrava-se em 20 mpm. Devido à
diminuição dos batimentos cardíacos
optou-se por superficializar a anestesia,
diferindo da literatura, o que poderá
interferir num possível crescimento da
cauda futuramente. Quanto ao protocolo
de analgesia optou-se pelo uso dos
opióides como a morfina e a buprenorfina
que se mostraram eficazes, porém na
literatura o uso dos mesmos todavia está
em estudo nestas espécies. O conceito
de analgesia preventiva busca evitar a
sensibilização da cadeia da dor nas fases
passando para uma CAM a 1. A incisão
foi realizada entre as escamas mais
craniais à lesão necrótica da cauda, após
incisão a sutura utilizada foi a técnica de
“bolsa de tabaco”, com fio absorvível
sintético 4.0. O protocolo pós-operatório
foi a aplicação de morfina a cada 48h e a
cada 72h foi feita antibioticoterapia com
ceftazidima 20 mg/kg IM durante 15 dias
e meloxicam 0,2 mg/kg IM durante 7 dias.
pré, trans e pós-anestésica. E os opióides
agem modulando a nocicepção na
periferia,
medula
e
em
áreas
supraespinhais do sistema nervoso
central. No entanto, devido ao fato dos
répteis possuírem um sistema nervoso
central primitivo, a ação antinociceptiva
em répteis ainda está sendo estudada.6
Embora o butorfanol - um opióide com
maior afinidade aos receptores Kappa
Após sete dias, o tecido apresentava-se
em processo cicatricial e sem presença
de qualquer tipo secreção (Figura 2).
seja o mais usado em répteis, a morfina
pode ser uma escolha mais apropriada,
devido a predominância de receptores Mi
nesses animais. A morfina pode fornecer
antinocepção em algumas espécies de
répteis por um período de 24 horas.6 Em
relação ao indutor anestésico utilizado, a
eleição da alfaxalona foi eficiente em
Resultados e Discussão: A amputação
de cauda quando necessária é realizada
na porção distal e no ponto de menor
resistência tecidual, onde há menos
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
65 | P á g i n a
Relato de Caso - 13
indução foi feita com o uso alfaxalona 7,5
com
a
anestesia
inalatória
Referências Bibliográficas: 1) Grillet P,
(isoflurano),
promovendo
sedação
suficiente durante todo o período
transcirúrgico, de cerca de 25 minutos. Há
estudos que confirmam a combinação dos
dois fármacos, podendo assim ser eficaz
nessas cirurgias de curto período.7 A dose
recomendada em literatura é de 15
mg/kg,4 todavia optou-se por reduzir à
metade sua administração para o lagarto
Cheylan M, Dusoulier F. Evolution des
habitats et changement climatique:
quellesconse´quences
pour
les
populations de le´zard ocelle´, Lacerta
lepida (Saurien, Lacertide´s), en limite
nord de re´partition? Ecole Mediterraine;
2006. 2) Cheylan M: Croissance et
de´termination de l’aˆge chez le le´zard
ocelle´ (groupe Lacerta lepida, Sauria,
ocelado, uma vez que o metabolismo
desses animais é baixo e a cirurgia seria
em um curto período de tempo.
Lacertidae) de France et du Maroc a`
partir de la squelettochronologie. Bull
Museum History Natural Marseille; 1984.
3) Martín, J, López. P. The effect of
Mediterranean dehesa management on
lizard distribution and conservation.
Biological
Conservation;
2002.
4)
Carpenter, JW. Formulário de animais
exóticos. 3. ed. São Paulo: MedVet, 2010.
5) Miller, EM. in: Fowler M. & Cubas SZ.
Conclusões: A utilização da sutura em
"bolsa de tabaco" apresentou cicatrização
adequada da área excisada. O protocolo
anestésico indicado para a cirurgia foi
efetivo, uma vez que a combinação da
morfina na pré-medicação com a
alfaxalona e isoflurano na manutenção
possibilitou inclusive diminuição na
concentração
alveolar
mínima
do
anestésico inalatório, sendo reduzida para
1 durante a cirurgia, em virtude da
profundidade do plano anestésico,
observada através da redução na
frequência cardíaca e respiratória. O
retorno do paciente após o período de
sedação também ocorreu sem possíveis
efeitos colaterais.
Biology, medicine, and surgery of south
american wild animals. Iowa State
University Press; 2001. 6) Sladky, KK;
Kinney, MM; Johnson S M. Analgesic
efficacy of butorphanol and morphine in
bearded dragons and snakes. Journal of
american veterinary association, Chicago.
v2; 2009. 7) Maddern K, Adams VJ, Hill
NAT, Leece: Alfaxalone induction dose
following administration of medetomidine
and butorphanol in the dog. Vet Anestesy
and Analgesy; 2010.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
66 | P á g i n a
Relato de Caso - 13
conjunto
Relato de Caso - 13
Figura 1. Imagem de lagarto ocelado (Timon lepidus) posicionado em decúbito esternal,
para anestesia inalatória.
Figura 2. Imagem de lagarto ocelado (Timon lepidus) após sete dias da amputação da
cauda.
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67 | P á g i n a
Tratamento de epilepsia idiopática generalizada em Porquinho da Índia (Cavia
porcellus)
Mariana Portugal Mattioli1; Ayisa Rodrigues Oliveira1; Fernanda Mara Aragao Macedo
Pereira1
1
Universidade de Brasília (UNB), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: A epilepsia é uma doença
que afeta o Sistema Nervoso Central
(SNC) caracterizada por convulsões e
alterações temporais recidivantes.1 As
crises
convulsivas
geralmente
se
compõem de quatro fases: pródromo,
de consciência nesse período.2 As
convulsões podem ser definidas como
generalizadas primárias, focais simples
ou focais complexas.1 A epilepsia, de
acordo com a International League
Against Epilepsy (ILAE), é classificada em
alteração comportamental que precede a
convulsão em dias ou horas; aura, início
da fase convulsiva; ictus ou período ictal,
crise convulsiva propriamente dita; e
período pós-ictus, comportamento atípico
adotado pelo animal imediatamente após
a convulsão devido à exaustão cerebral.
Alguns exemplos são polifagia, polidipsia,
cegueira
e
poliúria.2,3
As
crises
epileptiformes podem se apresentar em
idiopática, sintomática e sintomática
provável.1 A epilepsia idiopática é
caracterizada pela presença de crises
convulsivas recidivas sem nenhuma lesão
em SNC ou sinal neurológico além da
convulsão4 acredita-se que a origem seja
genética.2 Tendo em vista a escassez de
trabalhos científicos abordando o assunto,
o trabalho objetivou descrever o
tratamento de um animal da espécie
Cavia porcellus com epilepsia idiopática.
três formas: auto limitantes, episódios
convulsivos isolados; cluster, quando há
duas ou mais convulsões em um período
de 24 horas com recuperação da
consciência entre os episódios; ou
contínuas, também chamada de Status
epilepticus3 onde a convulsão dura mais
de 10 minutos sem que haja recuperação
Material e Métodos: Porquinho da Índia
(Cavia porcellus), fêmea, com 30 dias de
vida, pesando 305 gramas, foi atendido
no hospital veterinário da Universidade de
Brasília (HVet UnB) por apresentar crises
convulsivas. As crises se apresentavam
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
68 | P á g i n a
Relato de Caso - 14
Treatment of idiopathic generalized epilepsy in Guinea Pig (Cavia porcellus)
mg/kg e desmame completo com fim do
tanto em estado de alerta quanto em
repouso, normalmente após algum
estímulo físico ou sonoro, caracterizadas
por
convulsões
mioclônicas
generalizadas.
O
Ictus
durava
aproximadamente 6 segundos, nesta fase
o animal lateralizava a cabeça e contraia
os grupos musculares de membros
torácicos e pélvicos e pulava em círculos
tratamento.
se debatendo por toda a gaiola. No pósictus o animal apresentava hiperatividade
com polidipsia e polifagia durante
aproximadamente 3 minutos. Após a
anamnese detalhada, exames físicos,
neurológicos e complementares normais
e
acompanhamento
ambulatorial
estabeleceu-se que o animal apresentava
epilepsia
idiopática
generalizada
mioclônica com crises em cluster. Foi
diagnóstico terapêutico. No exame físico
pode ser possível determinar se as crises
convulsivas tem etiologia intracraniana ou
extracraniana. Algumas causas de
convulsão detectáveis no exame clínico
são
traumas
cranianos,
defeitos
congênitos,
tumores
em
SNC
e
5
endocrinopatias. Ao exame neurológico,
é definido principalmente se o animal
apresenta lesão estrutural em encéfalo ou
iniciado o tratamento com Fenobarbital,
solução oral na concentração de 40
mg/mg, com dose inicial de 5 mg/kg duas
vezes ao dia (BID), porém as crises
continuaram a se apresentar em cluster
com menor frequência, duas a três vezes
por dia, a dose foi alterada para 10 mg/kg,
com o ajuste da dosagem as crises
convulsivas cessaram. O tratamento foi
mantido durante quatro meses, mas por
se há envolvimento multifocal do SNC,
como
acontece
normalmente
em
6
encefalites. O ideal é que os exames
físico e neurológico não sejam feitos
durante o pródromo, ictus ou pós-ictus, já
que nessas fases da convulsão o animal
pode apresentar alterações das respostas
do SNC2 como depressão, exaustão,
hiperatividade, ataxia e cegueira.4 Os
ser um filhote foram feitas adaptações
mensais após pesagem do animal. Após
os quatro meses de tratamento foi
iniciado o desmame do medicamento. As
doses foram diminuídas a cada dois
meses em 20%, 70%, 85% e 100% da
dose inicial. As doses ajustadas foram
respectivamente, 8 mg/kg, 4 mg/kg, 1,5
Resultados e Discussão: O diagnóstico
de epilepsia idiopática generalizada
mioclônica
foi
feito
através
de
extrapolação
dos
métodos
de
diagnósticos utilizados para cães e gatos.
Para isso foi realizado exame físico e
neurológico, exames complementares,
anamnese detalhada e finalmente o
exames
complementares
como
hemograma e bioquímico, auxiliam a
detectar
infecções
sistêmicas,
hepatopatias,
insuficiência
renal,
2
hipoglicemia e hipocalcemia. Como a
anamnese do paciente excluiu qualquer
possibilidade de erros de manejo,
traumas ou qualquer tipo de intoxicação e
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
69 | P á g i n a
Relato de Caso - 14
em clusters (quatro a oito vezes por dia)
exames
físico,
neurológico
e
10mg/kg cessou as crises convulsivas e
complementares apresentam resultados
completamente normais, não foi possível
determinar a etiologia das convulsões e,
portanto a epilepsia foi classificada como
epilepsia idiopática.5 O fato das crises
convulsivas
do
animal
serem
caracterizadas por contrações múltiplas
de
grandes
grupos
musculares,
envolvendo todo o corpo e com duração
foi utilizada durante os quatro meses de
tratamento. O desmame começou após
quatro meses de tratamento sem
nenhuma crise convulsiva e durou um
período de seis meses onde as doses
foram diminuídas a cada dois meses em
20%, 70%, 85% e 100% da dose inicial.
As
doses
ajustadas
foram
respectivamente, 8 mg/kg, 4 mg/kg, 1,5
curta foi compatível com classificação de
convulsão
generalizada
mioclônica,
descrita por Berendt, 2004 e Quesnel,
2005. A frequência com que as crises
aconteciam, quatro a oito vezes por dia, é
definida como cluster (duas ou mais
crises no período de 24 horas com
recuperação da consciência entre as
crises).3 O medicamento de escolha no
tratamento do animal foi o fenobarbital,
mg/kg e desmame completo com fim do
tratamento. O protocolo de desmame
utilizado foi extrapolado do protocolo
utilizado em cães e gatos que indica que
período do desmame deve ser de quatro
a cinco meses, uma vez que a interrupção
abrupta do fenobarbital pode causar
status epilepticus7 levando à morte do
animal.
solução oral na concentração de 40
mg/ml,
por
se
tratar
de
um
anticonvulsivante eficaz quando utilizado
em monoterapia, bem tolerado por cães e
gatos7 e por ser um medicamento barato,
permitindo um tratamento acessível,
mesmo que a longo prazo. O paciente em
questão não apresentou nenhum efeito
colateral
como
poliúria,
polidipsia,
7
polifagia,
incontinência,
sedação,
durante quatro meses na dose de 10
mg/kg como protocolo terapêutico para o
tratamento de Porquinho da Índia com
epilepsia generalizada mioclônica foi
eficaz. Assim como o desmame do
medicamento de forma lenta (em um
período de seis meses). Ao fim do
desmame e do tratamento o animal não
voltou a apresentar crises convulsivas.
depressão, ataxia ou hepatopatia.4 A dose
inicial do tratamento foi a indicada para
cães, 5mg/kg a cada doze horas,7 e foi o
suficiente apenas para diminuir a
frequência das crises
convulsivas,
provavelmente devido ao metabolismo
mais acelerado dos Porquinhos da Índia,
pelo mesmo motivo a dose ajustada de
Conclusões:
O
uso
de
fenobarbital
Referências Bibliográficas: 1) Berendt,
M, Gredal, H e Alving, J. (2004).
Characteristics and phenomenology of
epileptic partial seizures in dogs:
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Relato de Caso - 14
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LeCouteur, RA. (2005). Approach to the
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http://www.ivis.org/proceedings/neuroucd
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acessado em: 20 de Agosto de 2014:
http://www.ivis.org/advances/Vite/berendt/
chapter_frm.asp?LA=1.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
71 | P á g i n a
Criptococose em Coelho
Douglas Rorie Tanno1; Jussara Maria Leite Oliveira Leonardo1; Rainee Cecere1
1
Centro Universitário de Maringá (CESUMAR), Maringá, PR, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
A
criptococose
é
considerada uma micose sistêmica,
ocasionada principalmente pela espécie
Cryptococcus
neoformans,
podendo
acometer cães, gatos, furões e até seres
humanos. O fungo é encontrado no
ambiente, geralmente associado a
excrementos de aves, material vegetal em
decomposição e tocos de árvores.1,3 A
inalação é a via mais frequente de
infecção, afetando principalmente a
cavidade nasal, podendo atingir os
pulmões e até disseminar-se no sistema
nervoso central. A infecção respiratória
provoca sinais clínicos que incluem a
formação de granulomas discretos ou
massas nasais mixomatosas, conferindo
um aspecto característico de “nariz de
palhaço”, lesões oronasais ulcerativas ou
com crostas, obstrução e descarga nasal,
pneumonia, rinite e sinusite.1,4 O
diagnóstico definitivo deve ser feito a
partir
de
exames
laboratoriais
complementares,
como
análises
histopatológicas, raspados citológicos das
áreas lesionadas, isolamento fúngico e
exames moleculares.4 Este trabalho tem
por objetivo relatar a ocorrência de um
caso de criptococose em um coelho
atendido em um Hospital Veterinário na
região oeste do Paraná no ano de 2012.
Material e
(Oryctolagus
Métodos: Um coelho
cuniculus),
sem
raça
definida, com 2 anos de idade foi levado
para consulta em um Hospital Veterinário
na região oeste do Paraná, com histórico
de dificuldade respiratória acompanhada
de sibilos, desconforto e presença de
nódulo de aspecto crostoso na região
nasal
com
dimensões
de
aproximadamente 2 cm. O proprietário
relatou que o animal entrava em contato
com terra, grama e outros tipos de
vegetações. Foi relatado que o animal
havia sido examinado por outros dois
médicos veterinários anteriormente, com
suspeita de sarna causada pelas
espécies Psoroptes cuniculi e Notoedres
cati. Foi realizado raspado de pele, sendo
constatado resultados
ambas.
O
exame
negativos para
físico
revelou
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
72 | P á g i n a
Relato de Caso - 15
Criptococosis in rabbit
As afecções dermatológicas relatadas em
com pouca sensibilidade dolorosa. Foram
detectados sibilos em trato respiratório
superior. Foi realizada a coleta de biópsia
e raspados de pele da região do nódulo
nasal para a realização do exame
citológico pelo método panótico e cultivo
fúngico em ágar Saboraud dextrose
(ASD) e ágar semente de níger (ASN). O
exame citológico resultou na visualização
coelhos são geralmente causadas por
fungos das espécies Microsporum canis e
Trichophyton mentagrophytes, sarnas das
espécies
Cheyletiella
parasitovorax,
Psoroptes cuniculi, Notoedres cati,
Sarcoptes scabiei e Demodex cuniculi, e
de formas arredondadas encapsuladas,
sendo sugestivas de C. neoformans. Foi
feito o isolamento do agente através do
cultivo, tendo sido identificadas colônias
de aspecto esbranquiçado, mucóide e
cremoso em ASD e colônias de aspecto
liso, brilhante e de coloração marromescuro em ASN. Iniciou-se o tratamento
com Itraconazol 5 mg/kg, duas vezes ao
dia, durante 14 dias. Após esse período, o
Itraconazol foi mantido duas vezes por
semana durante mais cinco meses.
Resultados e Discussão: Foi constatada
a melhora progressiva dos sinais clínicos
respiratórios durante os primeiros 14 dias
e a regressão do nódulo nasal por volta
do quarto mês de tratamento. No quinto
mês foi realizado outro raspado e biópsia
de pele da região nasal, obtendo
resultados negativos de crescimento do
fungo nos meios de cultura, indicando
eficiência no tratamento. Embora a
criptococose possa afetar diversas
espécies de animais, tanto domésticos
quanto selvagens, os cães e gatos são os
mais susceptíveis à doença, sendo a
infecção raramente relatada em coelhos.
pulgas de cães e gatos do gênero
Ctenocephalides
sp,
podendo
ser
afirmado
que
as
infecções
por
Cryptococcus neoformans na espécie são
raras.6 Os sinais clínicos apresentados
pelo animal foram similares aos
encontrados em cães e gatos (Figuras 1 e
2), nos quais as evidências de infecção
do trato respiratório superior ocorrem em
50% a 60% dos casos.2 Não foram
detectados envolvimentos sistêmicos,
sinais
oculares
ou
nervosos.
O
Itraconazol foi eleito como primeira
alternativa de tratamento por seu uso ser
frequente nos casos em cães e gatos
quando não há risco iminente de morte ou
envolvimento no sistema nervoso central.5
O conhecimento sobre as características
clínicas
epidemiológicas
do
C.
neoformans é essencial ao médico
veterinário, pois, por ser um fungo
raramente encontrado em coelhos, pode
levar a dificuldades no diagnóstico,
podendo causar riscos sobre o animal e o
proprietário, por ter potencial zoonótico.
Conclusões: A criptococose é comum
em pequenos animais, sendo facilmente
diagnosticada e tratada, porém, é pouco
frequente em coelhos, podendo gerar
dificuldades no diagnóstico, indicando
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
73 | P á g i n a
Relato de Caso - 15
deformidade nasal de consistência firme,
Nelson RW, Couto CG. Medicina interna
quanto à saúde pública, por ser uma
zoonose, necessitando de maior atenção
do médico veterinário.
de pequenos animais. 2. ed. Rio de
Janeiro: Saunders Elsevier; 2006; p.12491257. 4) Pereira APC, Coutinho DAS.
Criptococose em cães e gatos – revisão.
Clínica Veterinária 2003; 8(45):24-32. 5)
Sherding RG. Micoses sistêmicas. In:
Bichard SJ, Sherding RG. Manual
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3. ed. São Paulo: Roca; 2008; p.209-222.
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6) Vennen KM, Mitchell MA. Rabbits. In:
Mitchell MA, Tully Jr TN. Manual of exotic
pet practice. Missouri: Saunders Elsevier;
2009; p.375-389.
Figura 1. Lesão causada por Cryptococcus neoformans em coelho (Oryctolagus cuniculus).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
74 | P á g i n a
Relato de Caso - 15
sério risco à saúde tanto do animal
Relato de Caso - 15
Figura 2. Lesão causada por Cryptococcus neoformans em coelho (Oryctolagus cuniculus).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
75 | P á g i n a
Hepatozoonose crônica em um coelho doméstico (Oryctolagus cuniculus) – Relato
de caso
Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Mariana Portugal Mattioli1; Ayisa Rodrigues
Oliveira1; Juliana dos Santos Batista1; Nathália Salgado Zanani1
1
Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Os protozoários do gênero
Hepatozoon
pertencem
a
classe
severa e consequente dor. A infecção por
H. americanum é mais agressiva e
APICOMPLEXA, família HEPATOZOIDAE. São
descritas mais de 300 espécies. O
desenvolvimento sexual e esporogonia
ocorrem em um hospedeiro definitivo
progressiva e geralmente leva a morte se
não tratada.1,3 Inúmeras espécies de
mamíferos podem ser parasitadas pelo
mesmo agente ou por demais espécies
de
Hepatozoon
sp.
recentemente
invertebrado, a merogonia e gametogonia
ocorrem em um hospedeiro intermediário
vertebrado. A transmissão ocorre quando
um animal ingere o invertebrado
contaminado ou animais infectados com
cistos do protozoário.1,2 As espécies
Hepatozoon americanum e Hepatozoon
canis são as mais conhecidas e
estudadas
em
mamíferos.
Os
esporozoítos de H. canis disseminam-se
no organismo e atingem principalmente o
baço, medula óssea e linfonodos; além
dos rins, pulmão e fígado; ocasionalmente
causando periostite por lesão muscular.
Os de H. americanum atingem a
musculatura esquelética e cardíaca
formando cistos que frequentemente se
rompem, causando uma inflamação local
reclassificadas. Estudos envolvendo o
parasitismo em presas, como coelhos e
lebres, revelaram lesões inflamatórias
não-supurativas compostas por linfócitos,
monócitos e macrófagos associadas a
zoítos na musculatura esquelética e
cardíaca, baço, pulmão, fígado e rins.2 O
diagnóstico pode ser realizado pela
visualização de gamontes no esfregaço
sanguíneo, IFAT, ELISA, PCR e biópsia
muscular.1,2,3,4 O objetivo do presente
trabalho foi descrever um quadro de
hepatozoonose em um coelho doméstico,
atendido no Hospital Veterinário da
Universidade de Brasília (HVET/UnB),
infectado naturalmente e apresentando
uma forma crônica grave da doença.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
76 | P á g i n a
Relato de Caso - 16
Cronic hepatozoonosis in a domestic rabbit (Oryctolagus cuniculus) – Case report
radiográficos com frequência. Após o
Zelândia, macho, jovem, 2,05 kg, foi
encaminhado ao HVET/UnB no dia 13 de
junho de 2013 apresentando paralisia
rígida de membros pélvicos e coluna
vertebral, paresia de membros torácicos,
atrofia muscular generalizada, dor à
palpação dos membros, má-oclusão
dentária, abscessos faciais próximos ao
nariz e descarga ocular esbranquiçada
término do tratamento, ineficaz em
melhorar os sinais clínicos, o animal foi
testado para Hepatozoon sp. por PCR,
sero-mucosa bilateral. O animal havia
sido abandonado por ter perdido a
movimentação de um dos membros
pélvicos. Enquanto estava sob a posse de
outra proprietária começou a apresentar
paralisia em ambos os membros pélvicos,
ascendendo para coluna lombar, torácica
e cervical e paresia e redução da
propriocepção em membros torácicos. O
quadro evoluiu em aproximadamente seis
meses para paralisia dos membros
pélvicos e paresia de membros torácicos,
quando a proprietária encaminhou o
animal
para
atendimento.
Foram
realizados exames parasitológicos de
fezes e urina, hemograma, bioquímicos,
urinálise e radiografias. Os resultados
parasitológicos foram negativos. O animal
recebeu tratamento com antibióticos
sistêmicos e otológicos, antiinflamatórios
não esteroidais e vitaminas do complexo
B e C. O animal foi encaminhado pra
cirurgia de retirada dos abscessos faciais
e desgaste dentário. Encaminhou-se o
material excisado para biópsia. Foi
realizado acompanhamento clínico do
animal durante o tratamento, realizandose novos exames sanguíneos e
obtendo-se resultado positivo.
Resultados e Discussão: A suspeita de
infecção por Hepatozoon sp. ocorreu
devido à falha de resposta ao tratamento
medicamentoso instituído e à semelhança
dos sinais clínicos apresentados com os
de felinos infectados por Hepatozoon sp.
e
caninos
infectados
pelo
H.
1
americanum. Sendo a infecção variando
de subclínica a severa com a
apresentação de letargia, caquexia,
anemia, hipertermia para H. canis e febre,
letargia, dificuldade de marcha, dor
muscular, atrofia muscular generalizada,
descarga ocular mucopurulenta e redução
da produção de lágrimas para o H.
americanum.1,3 Em felinos ainda não é
bem estabelecido se o agente etiológico é
uma espécie distinta do parasita, H. felis,
ou as mesmas espécies que afetam
canídeos, principalmente H. canis.1 A
biópsia do nódulo nasal revelou um
processo inflamatório piogranulomatoso
multifocal composto por heterófilos,
macrófagos e proliferação de fibroblastos,
sugestivo de formação de abscessos.
Não obteve-se o resultado do fragmento
ósseo retirado em conjunto com o
abscesso nasal. Os exames radiográficos
revelaram proliferação periosteal nos
ossos longos, pelve e vértebras cervicais;
má oclusão dentária de incisivos e
molares e otite interna. As alterações
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
77 | P á g i n a
Relato de Caso - 16
Material e Métodos: Um coelho, Nova
observadas
se
assemelham
àquelas descritas em caninos infectados
pelo H. americanum e em felinos.1,3,5 Em
molecular para
detectar o gene do
felinos é comum lesão em musculatura
esquelética e cardíaca com proliferação
óssea adjacente1 e possui semelhanças
com os achados do presente caso. Essa
alteração óssea é significativa e pode ser
visualizada por meio de imagens
radiográficas.
Tais
alterações
são
parasita foi realizado conforme descrito
por Inokuma et al. (2002) utilizando os
primers
HEP-F
(5’ATACATGAGCAAAATCTCAAC-3’)
e
HEP-R (5’-CTTATTCCATGCTGCAG-3’).4
O primeiro exame sanguíneo revelou leve
anemia
microcítica
normocrômica,
linfopenia e presença de linfócitos
reativos. Os resultados hematológicos
classificadas como proliferação óssea
periosteal e ocorrem devido à intensa e
crônica inflamação muscular causada
pelo
rompimento
dos
cistos
do
1,3
protozoário.
Não foram visualizados
gamontes
em
nenhuma
amostra
sanguínea coletada do animal, assim
como verificado por Eileen et al (2009). A
não visualização de gamontes parasitas
pode ocorrer devido ao fato dos coelhos
não condizem com os encontrados na
literatura, pois não foi observado
leucocitose neutrofílica, e sim, linfopenia
absoluta e relativa. Assim como não foi
observada
anemia
normocítica
normocrômica não-regenerativa. Também
não foi observado aumento nos níveis de
fosfatase alcalina e hipoalbuminemia.1,6 O
exame realizado após o tratamento
revelou leve leucocitose neutrofílica, sem
serem hospedeiros paratênicos do
Hepatozoon sp., propiciando a formação
demais alterações; condizendo em parte
com o descrito em literatura.1,6 O exame
hematológico após o tratamento revelou
resolução da anemia encontrada no
exame anterior, indicando possível
melhora no quadro inflamatório sistêmico
e no consumo de nutrientes. Em coelhos
não é comum leucocitose por estresse ou
infecção, ocorrendo sim leucopenia ou
linfopenia em doenças debilitantes ou
de cistozoítos nos tecidos que podem
infectar hospedeiros intermediários que
ingerem a presa parasitada.1,3,5 A
realização do PCR foi crucial para o
diagnóstico de Hepatozoon no presente
caso, visto que não foram encontrados
parasitas na corrente sanguínea para
identificação e não foi realizada biópsia
muscular, apenas óssea. Após a coleta
de sangue para realização dos exames
hematológicos, foi utilizado o coágulo
sanguíneo
contido no tubo
sem
anticoagulante para extração de DNA. A
extração foi realizada utilizando-se kit
comercial
e
seguiram-se
as
recomendações do fabricante. O exame
estresse crônico,7 o que pode explicar a
razão das diferenças com relação aos
achados hematológicos nas espécies
canina e felina.
Conclusões: O grau de cronicidade da
doença
encontrada
no
animal
impossibilitou as chances de retorno ao
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
78 | P á g i n a
Relato de Caso - 16
ósseas
comportamento natural da espécie com
KE, Sheets ME, Bea JDl, Ewing SA et al.
qualidade de vida para o paciente. O
tratamento estabelecido não atenuou os
principais sinais clínicos apresentados
pelo animal, pois as lesões ósseas e
musculares
apresentadas
são
irreversíveis. Ainda, a dificuldade de
movimentação
e
consequente
alimentação do animal torna dificultoso o
desgaste natural dos dentes, sendo
Alternate pathway of infection
Hepatozoon
americanum
and
necessário novos procedimentos de
desgaste frequentemente. O PCR foi
considerado um método satisfatório e
pouco invasivo de diagnóstico de
Hepatozoon sp em coelhos.
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Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
79 | P á g i n a
Relato de Caso - 16
with
the
Levantamento das principais afecções em pequenos mamíferos de companhia em
clínica veterinária de São Paulo, Brasil
Douglas Rorie Tanno1; Erica Pereira Couto2; Marcelo Pires Nogueira de Carvalho3
1
Centro Universitário de Maringá (CESUMAR), Maringá, PR, Brasil
2
Consultório de Animais Silvestres (TUKAN), Brasil
3
Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Os animais silvestres têm
ganhado cada vez mais espaço no
mercado pet, aumentando de forma
consequente, a presença dos mesmos na
veterinária especializada da região
metropolitana de São Paulo, confirmando
que grande parte das etiologias
envolvidas nos problemas clínicos destes
rotina veterinária. Pequenos mamíferos
como roedores e coelhos são comumente
adquiridos como animais de companhia
por sua docilidade e rusticidade,
entretanto, a criação destes animais
muitas vezes é realizada de forma
inadequada principalmente pela falta de
informações dos proprietários, gerando
diversas enfermidades devido aos erros
de manejo.1,2 Erros na dieta e recintos
animais está relacionada à falta de
informação dos proprietários.
impróprios são causas comuns dos
problemas encontrados, podendo gerar
principalmente afecções dermatológicas,
gastrointestinais e odontológicas.1,2 O
presente trabalho tem como objetivo
evidenciar as principais queixas clínicas
apresentadas em pequenos mamíferos,
atendidos na rotina de uma clínica
2006 e janeiro de 2014. As fichas
cadastrais apresentavam informações
sobre o histórico clínico, espécie, suspeita
clínica e tratamento.
Material e Métodos: Para a avaliação
dos principais motivos de consulta dos
pequenos
mamíferos
na
região
metropolitana de São Paulo, foi realizado
o levantamento de dados em fichas
cadastrais de animais atendidos em uma
clínica
veterinária
especializada
e
domicílios entre os meses de fevereiro de
Resultados e Discussão: Entre os
meses de fevereiro de 2006 e janeiro de
2014 foram avaliadas 807 fichas
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
80 | P á g i n a
Relato de Caso - 17
Survey of main diseases in small mammal pets in veterinary clinic in São Paulo, Brazil
são geralmente causadas por ácaros,
mamíferos silvestres. No total, foi
constatado que 47,7% dos animais
compreendia
coelhos
(Oryctolagus
cuniculus), 25,15% porquinhos-da-índia
(Cavia porcellus), 15,86% hamsters sírios
(Mesocricetus auratus), 9,04% chinchilas
(Chinchilla lanigera), 1,48% hamsters
chineses (Cricetulus griseus), 0,49%
gerbis (Meriones unguiculatus) e 0,24%
fungos e bactérias, porém, também
podem ocorrer dermatites de contato pelo
uso incorreto de substâncias como, por
exemplo, pó de mármore para o banho
seco, o qual é indicado apenas para
chinchilas. No geral, as dermatofitoses
são
causadas
principalmente
por
Microsporum sp, Trichophyton sp e
Malassezia sp.4 As dermatites causadas
ferrets (Mustela putorius furo). Os animais
por ácaros ocorrem em sua maioria por
Sarcoptes scabiei, Leporacarus sp e
Psoroptes cuniculi. Infestações por larvas
de Cochliomyia hominivorax também são
atendidos apresentavam as seguintes
queixas
clínicas:
33,45%
com
enfermidades dermatológicas; 16,72%
gastrointestinais;
9,16%
com
traumatismos;
6,81%
oftalmológicas;
6,07% odontológicas; 2,85% respiratórias;
2,85% geniturinárias; 1,98% neurológicas;
0,74% neoplasias; 0,61% ortopédicas;
0,49%
reprodutivas;
0,37%
com
comuns.3,4 Os problemas gastrointestinais
dos pequenos mamíferos silvestres são
causados principalmente pelo erro na
formulação da dieta dos animais, sendo
ofertado,
muitas
vezes,
alimentos
impróprios para a fisiologia digestiva da
intoxicação; 0,37% otológicas; 0,37%
pediátricas; 0,24% aparelho locomotor;
0,12% hipertermia; 0,12% hipotermia;
0,12% cardíacas; 0,12% obstétricas; e
0,12% lacerações por mordeduras (Figura
1). A partir da compilação dos dados, foi
constatado que coelhos, porquinhos-daíndia e hamsters sírios são os mamíferos
silvestres atendidos com maior frequência
na rotina clínica, podendo ser justificado
espécie.1,3 Os animais apresentam
principalmente quadros de anorexia,
diarreia ou constipação. Erros de manejo
podem ocasionar também quadros de
estase intestinal, acúmulo de gases em
alças intestinais e má oclusão dentária. O
parasitismo por Giardia sp e Eimeria sp
pelo fato de serem preferencialmente
adotados como animais de estimação
pela
docilidade
e
facilidade
de
manutenção em cativeiro. Em relação às
enfermidades, pôde ser verificado que as
dermatológicas,
gastrointestinais
e
traumáticas são as que mais acometem
tais animais. As afecções dermatológicas
podem ser variadas, onde muitas vezes
os animais apresentam sinais de
claudicação, paresia ou paralisia de
membros.
Quedas,
mordeduras
e
atropelamentos são as causas mais
comuns.
não são incomuns, causando quadros de
enterites após submissão à algum
estresse3. As causas de traumatismos
Conclusões: De acordo com o presente
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
81 | P á g i n a
Relato de Caso - 17
cadastrais de atendimento a pequenos
pode-se
concluir
que
as
Referências Bibliográficas: 1) Brown
principais queixas clínicas na rotina de
pequenos mamíferos silvestres são as
prevalentes neste levantamento. É
importante ressaltar que muitas das
doenças,
tanto
nutricionais,
dermatológicas e odontológicas, podem
ser evitadas com um manejo correto,
sendo essencial que o proprietário
conheça as necessidades da espécie que
SA. Basic anatomy, physiology, and
husbandry.
In:
Quesenberry
KE,
Carpenter JW. Ferrets, rabbits, and
rodents clinical medicine and surgery. 2nd
ed. Missouri: Saunders Elsevier; 2003;
p.136-138. 2) Gregory WS. Building a
successful reptile practice. In: Mader DR.
Reptile medicine and surgery. 2nd ed.
Missouri: Saunders Elsevier; 2006; p.1-8.
pretende adquirir.
3) Quinton JF. Novos animais de
estimação: Pequenos mamíferos. São
Paulo:
Roca;2005;p.156-161,264265,165-176. 4) Vennen KM, Mitchell MA.
Rabbits. In: Mitchell MA, Tully Jr TN.
Manual of exotic pet practice. Missouri:
Saunders Elsevier; 2009; p.375-389.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
82 | P á g i n a
Relato de Caso - 17
trabalho
Relato de Caso - 17
Figura 1. Principais afecções em pequenos mamíferos de companhia em clínica veterinária
de São Paulo, Brasil.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
83 | P á g i n a
Meningite supurativa associada a infecção descendente de base do chifre em cervo
Suppurative meningitis associated to horn’s base infection in a fallow deer (Dama dama) –
case report
Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Mariana Portugal Mattioli1; Maria do Livramento
de Barros Oliveira1; Ayisa Rodrigues Oliveira1; Letícia Batelli Oliveira1; Rafael Prange
Bonorino2
1
Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil
2
Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB), Brasília, DF, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: O cervo dama ou gamo
(Dama dama) é um mamífero ruminante
pertencente à família dos cervídeos. É
parasiticidas sistêmicos e tópicos e
retirada manual da postura e larvas.2 As
lesões causadas pela penetração das
originário da Europa e Oriente Médio, vive
em campos abertos ou florestas pouco
arbóreas e se alimentam de gramíneas e
pequenos arbustos, estando mais ativos
ao amanhecer e entardecer. Vivem em
grupos mistos e podem interagir com
outros
grupos
em
períodos
de
acasalamento. Apenas os machos
possuem chifres, inicialmente simples e
larvas
podem
causar
reações
inflamatórias intensas e também servir de
porta de entrada para infecções
secundárias. Além disso, algumas
espécies de larvas podem secretar
substâncias
imunossupressoras
e
aumentar a probabilidade de infecções
sistêmicas.3 O presente estudo visa
descrever o caso de uma complicação
adquirindo formato palmar a partir dos
três anos de idade.1 A miíase é
caracterizada pela infestação de tecidos
ou cavidades por larvas de dípteros
parasitos obrigatórios. As larvas se
instalam nos tecidos e se alimentam de
debris celulares e secreções. O
tratamento é realizado com o uso de
grave causada por miíase na base do
chifre de um cervídeo da Fundação
Jardim Zoológico de Brasília (FJZB).
Material e Métodos: Um cervo dama
(Dama dama) do plantel da FJZB foi
encaminhado ao Hospital Veterinário
(HVET)
apresentando
depressão,
tremores musculares, ataxia, dificuldade
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
84 | P á g i n a
Relato de Caso - 18
dama (Dama dama) – relato de caso
2.064/mm³.
postura arqueada. Nos últimos dois
meses o animal havia sido contido duas
vezes para tratamento de lesão com
larvas de mosca na base dos chifres. Na
segunda contenção havia sido notada
respiração
dificultosa
e
estertores
pulmonares.
Foram
aplicados
oxitetraciclina de longa ação (7 mg/kg) e
flunixina meglumina (1,1 mg/kg) e
bioquímicos para creatinofosfoquinase
(2.105 U/L), uréia (235 mg/dL), creatinina
(7,9 mg/dL) e aspartato-aminotransferase
(638 U/L) também apresentaram-se
elevados com base nas referências.4 A
análise
histopatológica
revelou
broncopneumonia
abscedativa
acentuada, com presença de inúmeras
bactérias
cocóides
e
basofílicas
realizada colheita sanguinea. Para
encaminhamento do animal ao HVET
para avaliação clínica fez-se anestesia
utilizando cetamina (15 mg/kg), xilazina
(0,3 mg/kg), midazolam (0,5 mg/kg) e
atropina (1 mg/kg). A suspeita inicial foi
de miopatia por captura com base no
histórico de contenções e sinais clínicos.
O
animal
recebeu
fluidoterapia
endovenosa com solução de ringer com
intralesionais
identificadas
como
Pasteurella sp. Na porção caudal do olho
lactato, bicarbonato de sódio (300 mg/kg)
e furosemida (2,5 mg/kg). Dois dias
depois do atendimento o animal
apresentava andar em círculos, com
torcicolo tendendo para o lado esquerdo e
mantinha a dispneia. O animal veio a
óbito durante a contenção para realização
de novos exames e medicação injetável,
sendo encaminhado para necropsia ao
Laboratório de Patologia Veterinária da
positivas
intralesionais.
Na
pele
lesionada, na base do chifre, foi
observada dermatite abscedativa, com
presença de bactérias cocóides e
bacilares gram positivas intralesionais;
semelhantes
às
encontradas
nas
meninges. O fígado, rins, bexiga e
adrenal apresentavam-se congestos. A
broncopneumonia diagnosticada não foi
causada
pelo
mesmo
patógeno
Universidade de Brasília.
responsável pela dermatite e meningite,
porém
pode
estar
associada
à
imunossupressão causada pela infecção
prévia associada ao estresse crônico, que
é bastante comum em cervídeos.3 As
lesões em chifres agravadas pela
instalação de miíase são comuns em
cervídeos da Fundação Jardim Zoológico
Resultados e Discussão: Comparando
os resultados laboratoriais encontrados
nas duas colheitas sanguíneas ocorreu
elevação da contagem de leucócitos de
3.300
para
17.200/mm³,
com
segmentados a 14.792/mm³ e linfócitos a
Além
disso,
os
valores
esquerdo, cranialmente ao pavilhão
auditivo, havia um abscesso com
conteúdo viscoso e esverdeado. Todo o
encéfalo apresentava-se congesto. Foi
diagnosticada
após
análise
histopatológica meningite necrotizante
purulenta, difusa e severa, com inúmeras
bactérias cocóides e bacilares gram
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
85 | P á g i n a
Relato de Caso - 18
respiratória, secreção nasal, sialorréia e
Brasília
(FJZB).
Ocorrem
principalmente em animais com chifres
simples em crescimento, após brigas no
recinto, devendo a abordagem ser rápida
e criteriosa para evitar complicações
futuras. No presente caso, como o
tratamento tópico e sistêmico do animal
em questão ocorreram de forma
esporádica
houve
complicação
da
infecção da ferida da base do chifre. A
proximidade entre a base do chifre, crânio
e ouvido interno permitiu que a infecção
se expandisse para esses tecidos
causando meningite.
Conclusões: Lesões na base do chifre
em cervídeos são comuns na FJZB,
principalmente em períodos chuvosos.
Apesar de serem lesões simples não
devem ser subestimadas, pois podem
acarretar em infecção generalizada,
resultando no óbito do animal.
Referências Bibliográficas: 1) Langbein
J, Chapman N. Fallow Deer (Dama
dama). The Brithish Deer Society. 2002;
Disponível
em:
URL:
http://www.bds.org.uk/fallow.html
[2013
jul.11]. 2) Duarte JMB. Biologia e
Conservação
de
Cervídeos
SulAmericanos: Blastocerus, Ozotocerus e
Mazama. São Paulo: Funep, 1997; 189 –
192. 3) Samuel WM, Pybus MJ, Kocan
AA. Parasitic Diseases of Wild Mammals.
Iowa: Iowa State University Press, 2001.
4) Duarte JMB. Artiodactyla – Cervidae.
In: Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias.
Tratado de Animais Selvagens. São
Paulo: Roca; 2006; 641 – 664.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
86 | P á g i n a
Relato de Caso - 18
de
Utilização de pino intramedular na redução de fratura tibiotársica de papagaio-
Utilization of intramedullary pin in reduction of Blue Fronted Amazon (Amazona aestiva)
tibiotarsal fracture – case report
Vanessa Silva Santana1; Élen Almeida Sousa1; Luciano Muritiba Melo2; Manoel de Jesus
Rosa1; Vanessa Bastos de Castro1
1
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), BA, Brasil
2
Clínica O Bicho
Contato: [email protected]
Introdução: A criação de animais
exóticos vem aumentando cada dia mais
no Brasil. As aves representam um
grande número de animais que são
fratura no terço proximal do osso
tibiotarso esquerdo, utilizando o pino
intramedular em papagaio-verdadeiro
(Amazona aestiva).
acometidos por uma ampla variedade de
doenças, além de traumas ortopédicos.
Desta forma, consequentemente o
número de atendimentos clínico-cirúrgicos
em clínicas e hospitais veterinários vem
crescendo. Na ortopedia de aves algumas
particularidades devem ser levadas em
consideração, além da cura patológica a
recuperação em relação ao vôo é de
Material e Métodos: O diagnóstico de
fratura foi realizado por palpação,
observando crepitação e confirmado por
exame radiográfico nas posições laterolateral e ventro-dorsal. Os exames
revelaram uma fratura total, simples, no
terço proximal do osso tibiotarso
esquerdo. Diante das características da
fratura, optou-se pela introdução de pino
fundamental importância.1 Dentre os
procedimentos ortopédicos, destaca-se o
uso do pino intramedular, que é pouco
descrito e por isso muitas vezes não seja
realizado, embora seja o método mais
comum de fixação interna em cirurgia
veterinária.2 O objetivo desse trabalho foi
descrever a técnica de imobilização de
intramedular de Steimann. O protocolo
anestésico utilizado foi Xilazina 2% (1,5
mg/kg) como medicação pré-anestésica
por via intramuscular profunda, aplicado
no músculo peitoral, seguida de indução e
manutenção anestésica com isofluorano
diluído em oxigênio 100% por meio de
máscara facial com fluxo de 1 L/kg/min
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
87 | P á g i n a
Relato de Caso - 19
verdadeiro (Amazona aestiva) – relato de caso
ortopédica, uma vez que o animal em
decúbito lateral direito. As penas do local
da incisão foram retiradas e uma
antissepsia com álcool iodado foi
realizada. A incisão foi na face lateral do
terço proximal do membro acometido com
aproximadamente um centímetro de
extensão. A pele, fáscia e músculos foram
divulsionados promovendo o acesso à
fratura. O pino de Steimann foi introduzido
nenhum momento demonstrou sinais de
desconforto, movimento ou dor, não se
observou apnéia e a recuperação da
anestesia
foi
tranquila
e
rápida
(aproximadamente 5 minutos). Um único
pino foi suficiente para estabilizar a fratura
no momento da cirurgia. O tipo de
tratamento escolhido para a fratura deve
depender do tipo e localização da fratura,
no segmento ósseo proximal (Figura 2) de
forma que todo o pino estivesse na
cavidade medular, utilizando tração
manual. A fratura foi reduzida e o pino foi
reinserido no sentido contrário, passando
agora pelo segmento ósseo distal até a
articulação tibiotársica. O excedente foi
cortado com uso de alicate e recalcado
novamente por tração manual sobre a
ponta com auxílio de recalcador de pino.
da idade do animal, do tamanho, do
número de ossos envolvidos e da
viabilidade dos tecidos moles adjacentes.3
A síntese dos músculos da região foi
realizada por meio de sutura com ponto
simples contínuo, utilizando fio de
poliglactina 910 e a pele com pontos
simples separados utilizando mononylon
3-0 (Figura 3). Após a cirurgia foram feitas
mais duas radiografias, nas posições
latero-lateral e ventro-dorsal (Figura 4),
onde foi observada a perfeita união dos
segmentos ósseos.
intervenção cirúrgica.
Resultados e Discussão: Segundo
Steiner e Davis (1985), a técnica
anestésica e o plano são de extrema
importância
para
uma
intervenção
cirúrgica. O protocolo anestésico utilizado
no A. aestiva mostrou-se viável para
ossos longos em psitacídeos: arara-azul
(Anodorhynchus hyacinthinus), araracanindé (Ara ararauna) e papagaio verdadeiro (Amazona aestiva). Clínica
indução
e
manutenção
em
cirurgia
Conclusões: O uso de pino intramedular
em papagaio verdadeiro (Amazona
aestiva) com fratura do osso tibiotarso
mostrou-se um ótimo método para a
redução desse tipo de fratura. E o
protocolo anestésico utilizado mostrou-se
uma opção viável para esse tipo de
Referências Bibliográficas: 1) Bolson J,
Schossler JEW. Osteossíntese em aves revisão da literatura. Arquivos de Ciências
Veterinárias e Zoologia da UNIPAR,
Umuarama, v. 11, n. 1, p. 55-62, 2008. 2)
Castro PF. et al. Uso de pino de aço
intramedular na reparação de fraturas de
Veterinária, São Paulo, v. 9, n. 52, p. 5664, 2004. 3) De Young DJ, Probst CW.
Methods of internal fracture fixation. In:
Slater D. Textbook of small animal
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
88 | P á g i n a
Relato de Caso - 19
(Figura 1). O animal foi colocado em
Patologia
1610-1631. 4) Steiner CV, Davis RB.
Zaragoza:
de
las
Acribia,
aves
1985.
enjauladas.
165
p.
Relato de Caso - 19
surgery. Philadelphia: Saunders, 1993. p.
Figura 1. Imagem de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) com máscara facial para
administração de anestesia inalatória.
Figura 2. Imagem de pino de Steimann introduzido no segmento ósseo proximal de
papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
89 | P á g i n a
Relato de Caso - 19
Figura 3. Imagem de sutura da musculatura com ponto simples contínuo.
Figura 4. Imagem radiográfica da região tibiotársica de papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva) em posição ventro-dorsal.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
90 | P á g i n a
Fibrossarcoma em Brotogeris tirica (Gmelin, 1788), periquito-rico, mantido em
Fibrosarcoma in Brotogeris tirica (Gmelin, 1788), periquito-rico, kept in captivity: case
report
Andressa Maria Rorato1; Celso Martins Pinto1; Danielly Roberta Rodrigues1; Henrique
Teixeira Mendes1; Guilherme Durante Cruz1
1
Universidade de Santo Amaro (UNISA), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Casos de neoplasias em
Psitacídeos são comuns, principalmente
em
animais
de
cativeiro.1,2
Os
fibrossarcomas são tumores malignos de
fibroblasto, células que produzem tecido
de 2014 foi atendido no Hospital
Veterinário da Universidade de Santo
Amaro um periquito-rico, Brotogeris tirica,
conjuntivo e que estão envolvidas no
processo de cicatrização. Geralmente,
são irregulares, apresentam úlceras e
aderem-se às estruturas adjacentes,
ademais, há poucos relatos desta
neoplasia na região uropigeal de aves3
sendo mais frequentemente encontrados
ao redor da cera e do bico, das asas e
dos membros inferiores.4 Possuem a
característica de serem localmente
de diâmetro, ulcerada e de consistência
firme. Para a realização da anaplastia,
utilizou-se anestesia inalatória com
isofluorano para indução e manutenção
com máscara, a uma concentração
alveolar mínina variando de 2 à 1%. A
neoformação assim retirada foi submetida
ao estudo histopatológico para o
diagnóstico final.
invasivos e raramente metastatizam e
pode ocorrer recidiva após excisão
cirúrgica.5 Com este trabalho objetiva-se
relatar um caso clínico de fibrossarcoma
em periquito-rico, Brotogeris tirica,
mantido em cativeiro.
Material e Métodos: No dia 10 de Março
fêmea, 10 anos, com neoformação
pericloacal de aproximadamente 2,5 cm
Resultados e Discussão: Durante os
atendimentos ambulatoriais, o animal
apresentou-se em bom escore corporal,
ativo, responsivo, normorexia e diarréia
moderada, hematoquesia e disquesia
intermitentes. Foi prescrito tratamento
inicial com dexametasona 2 mg/ml, 0,2
mg/kg, uma vez ao dia, durante 2 dias até
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
91 | P á g i n a
Relato de Caso - 20
cativeiro: relato de caso
anaplastia.
Realizou-se
exame
potencial
maligno,
sendo
que
o
radiográfico para diagnosticar possíveis
metástases e para avaliar a extensão
cavitária
do
nódulo.
No
exame
radiográfico não foi observado extensão
tumoral na cavidade abdominal, somente
subcutânea, pericloacal. No retorno, dia
12 de Março de 2014, a neoformação
apresentou-se com 1 cm de diâmetro.
Optou-se por manter o tratamento por
prognóstico varia de acordo com o estado
clínico do paciente, o tamanho e a
localização da neoplasia.6 Os psitacídeos
criados em cativeiro podem apresentar
neoplasias
em
qualquer
sistema
caracterizadas
com
crescimento
incontrolado e progressivo, como o
observado no caso relatado.7
mais cinco dias a fim de obter maior
redução do nódulo. No dia da excisão
cirúrgica, aquele apresentou 2,0 cm de
diâmetro, dificultando a excisão cirúrgica.
Durante o procedimento, não houve
perdas sanguíneas consideráveis, no
entanto, a neoplasia mostrou-se aderida
ao tegumento cloacal e aos tecidos
adjacentes, impedindo manter margem
adequada para retirada completa da
neoplasias, tanto benignas quanto
malignas, em aves de vida livre, sendo
assim, animais de cativeiro apresentam
diversas alterações e os estudos de
diagnósticos e tratamentos podem ser
extrapolados para os animais de vida
livre,
auxiliando
em
programas
relacionados à medicina da conservação.
mesma. Ao final do procedimento, animal
veio à óbito. No exame necroscópico, as
serosas e a musculatura se encontravam
hipocoradas, sendo que não foram
observadas
outras
alterações
macroscópicas.
Realizou-se
exame
histopatológico
da
neoformação,
observou difusa proliferação celular,
duistribuída em longos feixes e mantos,
caracterizados
pela
presença
Referências Bibliográficas: 1) Sinhorini,
JA. Neoplasia em aves domésticas e
silvestres
mantidas
em
domicílio:
avaliação
anatomopatológica
e
imunohistoqúimica.
(Dissertação
de
Mestrado)
Faculdade
de
Medicina
Veterinária e Zootecnia. Universidade de
São Paulo, 2008. 2) Blackmore, DK. The
clinical approach to tumors in cage birds I.
The pathology and incidence of neoplasia
predominante de células alongadas em
moderada a alta anisocitose, anisocariose
e hipercromasia nuclear com focos
discretos de hemorragia e multifocos com
discreto infiltrado inflamatório misto,
diagnosticando
fibrossarcoma.
O
fibrossarcoma é classificado como uma
neoplasia de origem mesenquimal com
in cage birds. Journal of Small Animal
Pratice. 1966, 7(3):217-22. 3) Petrak, ML.;
Gilmore, CE. Neoplasms. In: Petrak, ML
(Edit). Diseases of cage and aviary birds.
Hardcover, 3ed, 1969:459-489. 4) Reavil,
DR. Tumors of pet birds. Veterinary
Clinics Exotic Animal Practice. 2004,
7:537-560. 5) Lightfoot, TL. Overview of
Conclusões:
Há
poucos
relatos
de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
92 | P á g i n a
Relato de Caso - 20
a
tumors: section I. Clinical avian neoplasia
Relato de Caso - 20
and oncology. In: Harrison, GJ; Lightfoot,
TL (Eds). Clinical Avian Medicine. Florida:
Spix, 2006:560-565. 6) Cowell, RL; Tyler,
RD; Meinkoth, JH; Lesões cutâneas e
subcutâneas. In: Cowell, RL; Tyler, RD;
Meinkoth, JH; Denicola, DB. Diagnóstico
citológico e hematologia de cães e gatos.
São Paulo: Editora MedVet, 3 ed., 2009,
78-111. 7) Latimer KS. Oncology. In:
Harrison GJ; Harrison LR; Ritchie BW.
(Eds), Avian Medicine: Principles and
application. Wingers Publishing, Lake
Worth, 1994:642-660.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
93 | P á g i n a
Tricomoníase em arara canindé (Ara ararauna)
Juliana Pigossi Neves1; Elber Luiz da Silva Costa Moraes1; Adriana Reis dos Santos2;
Camila Maria da Silva Rocha2
1
Mundo Silvestre (MS), Brasil
2
Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: A Tricomoníase é causada
pelo agente Trichomonas sp, mais
usualmente o Trichomonas gallinae que é
frequentemente encontrado em pombos,
periquitos e
rapinantes.1,2 Existem
inúmeras cepas que são responsáveis por
de alimentação parental.3,5 Trabalhos
demonstraram que 80-90% dos animais
adultos estudados, em sua maioria
pombos, possuem o parasito sem que
tenham a doença.2,3,6 Deve-se fazer o
diagnóstico diferencial de outras doenças,
diferentes graus de patogenicidade sendo
algumas não causadoras da doença e
outras patogênicas.2,3 O protozoário é
responsável por causar lesões caseosas,
de coloração esbranquiçada a amarelada,
principalmente
em
cavidade
oral,
podendo estender-se a esôfago, inglúvio
e cloaca. Os sinais clínicos apresentados
podem ser de regurgitação, anorexia,
como por exemplo, a candidíase,
infecções por poxivírus, aspergilose,
hipovitaminose A e nematódeos do
gênero Capillaria, que podem causar
dispneia e, em casos mais severos,
morte.1,2,4 Não são necessários vetores
ou hospedeiros intermediários no ciclo do
parasito, a infecção se dá pelo contato
oral direto entre as aves ou por meio dos
bebedouros e comedouros contaminados.
Pode ocorrer também de adultos
contaminados para filhotes durante o ato
ou
de
inglúvio.1,4
O
tratamento
recomendado baseia-se no uso do
antibiótico Metronidazol, 20-50 mg/Kg, a
cada 12 horas, durante o período mínimo
de 7 dias, e deve-se ainda, fazer a
retirada manual das lesões caseosas
orais. O uso de outros antibióticos para
tratamento de infecções secundárias
lesões similares.3 O diagnóstico definitivo
se dá por meio da visualização direta de
trofozoítos, exemplares móveis do
agente, em microscopia óptica a partir de
recente material coletado das lesões orais
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
94 | P á g i n a
Relato de Caso - 21
Trichomoniasis in blue-and-yellow macaw (Ara ararauna)
1,4
12 horas durante 15 dias. Durante o
em alguns casos. O controle da doença
pode se dar por meio de limpeza e
desinfecção do ambiente e quarentena.3
O objetivo do presente trabalho é relatar
um caso de Tricomoníase em uma arara
canindé (Ara ararauna) de cativeiro.
tratamento foi feita a avaliação no dia 5,
em que já se via notável diminuição na
extensão das lesões orais, e no dia 15,
em que não se notava mais nenhuma
forma de manifestação da doença (Figura
1B).
Material e Métodos: Em novembro de
2013 foi atendida uma arara canindé (Ara
ararauna) de aproximadamente 4 meses
Resultados
e
Discussão:
A
Tricomoníase é uma doença geralmente
relatada em pombos, periquitos e
de idade. O proprietário relatou apatia e
dificuldade respiratória há 7 dias. O
animal era recém chegado do criadouro
comercial, do qual foi adquirido, e no
exame físico detalhado constatou-se
baixa condição corporal (pouco magro),
visível apatia, fase final de empenamento
e sons audíveis durante inspiração. No
exame da cavidade oral foram vistas
lesões esbranquiçadas de formato
rapinantes de vida livre e poucos são os
relatos em psitacídeos de cativeiro. A
maior ocorrência em animais jovens pode
ser explicada pela baixa imunidade do
indivíduo e com o contato precoce com o
parasito em questão, uma vez que a
infecção pode ocorrer pelo contato direto
dos adultos infectados por meio do ato de
alimentação parental. Os sinais clínicos
apresentados pelo animal estudado foram
irregular, brilhantes e de odor forte
localizadas lateralmente à coana (Figura
1A). Foi realizada a coleta de material das
lesões orais por meio de swab estéril,
seguido de esfregaço em lâmina de vidro
e aplicação de uma gota de solução
salina estéril em sua superfície. A
amostra foi levada imediatamente ao
microscópio óptico para avaliação.
compatíveis com o relatado em outras
espécies. A dificuldade respiratória
mencionada pelo proprietário e os sons
audíveis durante a inspiração, observados
pelos médicos veterinários que a
examinaram, pode ser devido ao local no
qual as lesões orais foram observadas,
subjacentes à coana, fazendo com que a
passagem de ar fosse prejudicada. Com
Durante a análise visual da lâmina, em
aumento de 10X, foram vistas estruturas
flageladas
de
movimento
sinuoso
compatíveis às de Trofozoítos de
Trichomonas sp. Com base nos achados
base na aparência macroscópica das
lesões orais suspeitou-se de infecção por
Trichomonas sp, porém procedeu-se com
no diagnóstico microscópico, optou-se
pelo tratamento de eleição com base no
antibiótico Metronidazol, 50 mg/Kg a cada
a análise microscópica do material
biológico
para
confirmação
do
diagnóstico, uma vez que as lesões
podem ser características de outras
doenças, como por exemplo Candidíase.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
95 | P á g i n a
Relato de Caso - 21
oportunistas, pode se fazer necessário
visto estrutura flagelada de movimento
sinuoso compatível à de Trofozoíto de
Trichomonas sp. O tratamento baseou-se
em
cuidados
de
suporte
como
alimentação enteral com comida pastosa
própria para filhotes de psitacídeos e
hidratação oral, além de antibioticoterapia
com Metronidazol, que vem a ser o
tratamento comumente empregado. O
resultado do tratamento foi satisfatório e a
recuperação do animal se deu da forma
esperada para a idade após o tratamento.
Conclusões: A suspeita de infecção por
Trichomonas sp deve ser sempre levada
em consideração em locais que
mantenham aves de diferentes idades
confinadas em um mesmo espaço, seja
quais forem as espécies. Ao menor sinal
de doença deve-se fazer o isolamento do
possível animal infectado para que se
controle a infecção para os demais
indivíduos. A quarentena e desinfecção
periódica de utensílios e do ambiente são
métodos eficazes e necessários ao
controle da doença.
Referências Bibliográficas: 1) Gelis S.
Gastrointestinal System. In: Harrison GJ,
Lightfoot TL. Clinical Avian Medicine. 1a
ed. Florida: Spix Publishing; 2006. 2)
Amin A, Bilic I, Liebhart D, Hess M.
Trichomonads in birds -- a review.
Parasitology 2014; 141(6):733-747. 3)
Cole R. Tricomoniasis. In: Friend M,
Franson CJ. Field manual of wildlife
diseases - General field procedures and
diseases of birds. Washington: US Fish
and Wildlife Service; 1999. 4) Pachaly JR.
Odontoestomatologia. In: Cubas ZS, Silva
JCR, Catão-Dias JL. Tratado de Animais
Selvagens. 1a ed. São Paulo: Editora
Roca; 2007. 5) Greiner EC, Ritchie BW.
Parasites. In: Ritchie BW, Harrison GJ,
Harrison LR. Avian Medicine Principles
and Applications. 1a ed. Florida: Wingers
Publishing; 1994. 6) Forrester DJ, Foster
GW. Trichomonosis. In: Atkinson CT,
Thomas NJ, Hunter DB. 1a ed. Iowa:
Wiley-Blackwall; 2008.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
96 | P á g i n a
Relato de Caso - 21
O diagnóstico foi logo confirmado ao ser
Relato de Caso - 21
Figura 1. A- Imagem de lesões esbranquiçadas de formato irregular e brilhantes
localizadas lateralmente à coana em arara canindé (Ara ararauna); B- Imagem da mesma
região após o tratamento, com ausência das lesões.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
97 | P á g i n a
Melhora das funções motoras de Irara (Eira barbara) tetraparética, após tratamento
Improvement of motor functions of tetraparetic Tayra (Eira barbara) after treatment with
Ozone therapy and implant of gold in acupoints – case report
Gustavo Calasans Marques1; Heloisa Dellacqua Coutinho1; Ligia Rigoleto Oliva1; Mariana
Castilho Martins1; Henrique Guimarães Riva2; Lidiane Silva Alves1; Stelio Pacca Loureiro
Luna1; Carlos Roberto Teixeira1
1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil
2
Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: A Irara (Eira barbara) é um
mamífero da ordem CARNIVORA e família
MUSTELIDAE. É encontrada desde o
sólidos, ocasionando fraturas e/ou
luxações na coluna. As lesões cervicais
podem gerar graus variados de dor e
México até o norte da Argentina,
ocorrendo também na Ilha Trinindad e
Tobago. No Brasil, distribuísse nos
biomas: Cerrado, Amazônia, Catinga,
Pantanal e Mata Atlântica. Tem habito
florestal, fazendo seu refúgio em troncos
ocos, capim alto ou em tocas
abandonadas de outros animais. Tem
grande habilidade em correr, nadar e
tetraparesia do neurônio motor superior,
pela compressão alta causada à medula.3
Lesões neurológicas em geral, não
apresentam
bom
prognóstico
e
frequentemente levam a eutanásia. Em
virtude do crescente interesse na
reabilitação de animais selvagens,
terapias alternativas como o implante de
ouro e ozonioterapia vem destacando-se
escalar
e
gostam
de
brincar.
Frequentemente se aproximam das
civilizações a procura de alimento,
podendo atacar criações de aves, apiários
e até mesmo milharais e canaviais.1,2
Dessa forma, são comuns os acidentes
com veículos, brigas com animais
domésticos e choques contra objetos
mundialmente
devida
sua
rápida
resposta. A terapia com ozônio apresenta
resultados surpreendentes em casos
ortopédicos, devido seu efeito analgésico
e drenagem do edema favorecendo a
mobilidade articular.4 O objetivo deste
trabalho é relatar o caso de uma Irara
tetraparética por compressão medular
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
98 | P á g i n a
Relato de Caso - 22
com Ozônio terapia e implante de ouro em acupontos – relato de caso
segunda sessão foi realizado o implante
implante de ouro em pontos de
acupuntura, teve grande melhora de suas
funções motoras e divulgar a importância
de
terapias
complementares
na
reabilitação e controle da dor em animais
selvagens.
de ouro, com filamentos de ouro de 18K e
3 mm de comprimento, com agulha
hipodérmica 40X12 e o aplicador-padrão
nos pontos de acupuntura VG 15, VG 14,
VG 12, B 11, B 12, Jiu Wei, ID 3 e B62,
durante o procedimento o animal foi
submetido a sedação.
Material e Métodos: Uma Irara, macho,
filhote, foi levada ao Centro de
Reabilitação de Animais Selvagens
Resultados e Discussão: Nos exames
semiológicos o animal apresentava
(CRAS) no Parque Ecológico do Tietê
(PET), em Janeiro de 2014. O histórico
era de paraparesia, com reflexo de dor e
retirada presente, com severas alterações
em tônus postural e propriocepção. O
quadro clínico piorou após quatro dias,
com o início de automutilação do segundo
e terceiro dígito dos membros torácicos e
tetraparesia. A assepsia das lesões era
realisada
diariamente.
Realizada
estado mental alerta, postura anormal
com deficiência proprioceptiva e redução
do tônus muscular dos quatro membros.
A deambulação era mínima e com
dificuldade de se manter em estação.
Animal era mantido em recinto aberto.
Após o encaminhamento ao CEMPAS, foi
possível evidenciar no exame radiográfico
o deslocamento dorsal da sexta vértebra
cervical em 1,69 milímetros, com
fisioterapia em esteira aquática por dois
meses, houve melhora nos movimentos
de extensão e flexão dos membros. Em
Maio de 2014 foi encaminhada ao Centro
de Medicina e Pesquisa de Animais
Selvagens (CEMPAS) na Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ)
Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” Botucatu – São Paulo.
aparente fratura da porção cranial do
corpo da mesma. Para mensurar a
compressão medular realizou-se a
tomografia com e sem contraste. A qual
evidenciou a herniação do disco
intervertebral entre C6 e C5, diminuição
dos espaços intervertebrais adjacentes
em aproximadamente 1 milímetro e
compressão medular de 1 milímetro. O
Foram realizados exames radiográficos
em toda extensão da coluna e membros
do mustelídeo, e tomografia de 0,25 Tesla
da região cervical. O tratamento com
Ozonioterapia foi instaurado na primeira
sessão sendo administrado 20 mL de
ozônio na concentração de 20 µg/mL com
scalp número 25 na região cervical. Na
paciente foi mantido em gaiola de 1m x
0,6m x 0,6m para restrição de seus
movimentos, e iniciou o tratamento
baseado em pontos de acupuntura. Na
semana após a ozônio terapia o paciente
cessou as automutilações dos dígitos,
apresentou melhora na deambulação e
postura dos membros torácicos e no
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
99 | P á g i n a
Relato de Caso - 22
traumática, que após Ozonioterapia e
Ozonioterapia
após a ozônio terapia foram realizados 9
implantes de ouro nos pontos de
acupuntura. Após uma semana do
implante de ouro o animal foi solto em um
recinto
onde
apresentou
melhora
significativa na deambulação e quadro
clínico. Embora o ozônio já tenha seu
efeito
anti-inflamatório
bastante
4
comprovado, sua terapia acaba sendo
conseguimos
assim
comprovar
os
resultados positivos destes tratamentos,
em animais selvagens, já confirmados
nas espécies domésticas.
restrita nos animais selvagens, pela
dificuldade na contenção física. Nestes
casos em que a contenção representa um
risco para a lesão, o implante de ouro
passa a ser uma alternativa, uma vez que
necessita de apenas de um procedimento
para que sejam implantados filamentos de
ouro
nos
pontos
de
acupuntura
5
escolhidos. (Figura 1)
Conclusões: Após os procedimentos de
ozônio terapia e aplicação de implantes
de ouro, em pontos de acupuntura; o
exemplar de Irara macho, tetraparética
por compressão medular traumática entre
a quinta e a sexta vértebra cervical,
apresentou grande melhora em suas
funções motoras (postura, propriocepção,
tônus e deambulação). Uma vez que
obtivemos uma melhora significativa do
animal
por
meio
da
utilização
e
implante
de
ouro,
Referências
Bibliográficas:
1)
Javorouski ML; Passerino ASM. Capitulo
32 Carnivora – Mustelidae (Ariranha,
Lontra, Furão, Irara, Ferret). In: Cubas
ZS; Silva JCR;Catão-Dias JL, Tratado de
animais selvagens. 1ª ed. São Paulo:
Roca 2006. p. 547-570. 2) Cheida CC;
Nakano-Oliveira
E;
Fusco-CostaR;
Rocha-Mendes F; Quadros J. Capitulo 8
Ordem carnívora. In: Reis NR; et al.
Mamíferos do Brasil. 2ª ed. Londrina.
2011. p. 259. 3) Fossum TW. Capitulo 38
Cirurgia da coluna cervical. In: Cirurgia de
pequenos animais. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008. p. 1402-1459. 4) Bocci V.
Biological and clinical effects of zone. Has
ozone therapy a future in medicine?
British journal of Biomedical Science
1999; 56: 270-279. 5) DurkesTE.
Implantes de Contas de Ouro. In:Schoen
AL. Acupuntura Veterinária Da Arte Antiga
à Medicina Moderna. 2thed. ROCA; 2006.
p296-298.
da
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
100 | P á g i n a
Relato de Caso - 22
tônus dos membros pélvicos. Sete dias
Relato de Caso - 22
Figura 1. Irara (Eira Barbara) em recinto do centro de Medicina e Pesquisa de Animais
Selvagens da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual
Paulista “Julio de Mesquita Filho”.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
101 | P á g i n a
Gota úrica em calopsita (Nymphicus hollandicus)
Juliana Pigossi Neves1; Elber Luiz da Silva Costa Moraes1; Adriana Reis dos Santos2;
Camila Maria da Silva Rocha2
1
Mundo Silvestre (MS), Brasil
2
Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: A gota úrica é uma condição
patológica
caracterizada
por
um
desequilíbrio metabólico onde acontece a
deposição de ácido úrico e uratos em
diferentes tecidos. Nas articulações,
tendões e bainhas sinoviais é chamada
inespecíficos como apatia, prostração,
oligúria ou anúria.1,5 Essa forma tem um
curso fatal que leva à morte súbita do
animal por falência cardíaca devido à
deposição do urato nas serosas do
coração ou por hipercalemia, sendo esta
de gota úrica articular, e nos órgãos
viscerais, especialmente em serosas de
coração, rins e fígado é chamada de gota
úrica visceral.1,3 As aves possuem como
produto final de excreção o ácido úrico e,
qualquer lesão renal pode levar à gota
úrica.1 Entre as causas, destacam-se a
desidratação,
pielonefrite,
distúrbio
eletrolítico, hipercalcemia, dieta com
última ainda uma hipótese a ser
confirmada.1 Já na articular, são de
claudicação
podendo
evoluir
para
1,5
paralisia dos membros posteriores. Os
mecanismos que levam à deposição do
urato ainda são desconhecidos.1 A
confirmação do diagnóstico pode ser feita
pelo
material
depositado,
que
macroscopicamente, tem aspecto pastoso
aminoácidos desbalanceados e excesso
de proteína na dieta que é catabolizado
em ácido úrico.1,4 A condição genética
das aves também é favorável, pois não
possuem a enzima uricase, responsável
por oxidar ácido úrico em alantoína.3 Os
sinais clínicos variam de acordo com o
tipo de gota. Na visceral, são
com
coloração
esbranquiçada
e
microscopicamente o urato aparece como
cristais em forma de agulha. Na
necropsia, os depósitos têm aspecto
caseoso.1 Uma vez formados, os
depósitos de uratos são permanentes não
havendo cura para o quadro. Deve-se
fazer tratamento de suporte e diminuir o
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
102 | P á g i n a
Relato de Caso - 23
Uric gout in cockatiel (Nymphicus hollandicus)
de
proteína
da
dieta.
A
material foi conservado em um tubo para
utilização de fármacos como a colchicina
e alopurinol é considerada controversa
em aves.1 O objetivo deste trabalho foi
relatar a ocorrência de gota úrica visceral
e articular em uma calopsita (Nymphicus
hollandicus).
exames bioquímicos e sorológicos, sem
anticoagulante e gel. Recomendou-se a
suspensão imediata de toda e qualquer
fonte nutricional de proteínas ao animal,
adotando-se a alimentação com mix de
sementes e administrou-se fluidoterapia
com solução Ringer Lactato aquecida na
dose de 60 mL/kg pela via subcutânea,
utilizando-se o acesso da prega inguinal.
Material e Métodos: Uma calopsita
fêmea, de aproximadamente 2 anos de
idade, deu entrada no consultório
veterinário em novembro de 2013 com
histórico de apatia e prostração, segundo
a proprietária, há aproximadamente 3
dias. O animal provinha de uma criação
amadora e possuía outras 3 calopsitas e
um ringneck (Psittacula krameri) como
O animal não apresentou melhora e veio
a óbito aproximadamente 24 horas depois
do atendimento inicial. Com a autorização
da
proprietária
realizou-se
exame
necroscópico do animal.
contactantes. A nutrição destes animais
era composta por ração extrusada para
calopsitas e farinhada comercial a base
de mel e ovos, sendo que ambos os
Resultados e Discussão: Na necropsia
pôde-se observar vários depósitos
puntiformes de coloração esbranquiçada
por toda membrana pericárdica (Figura
1A) e sacos aéreos torácicos caudais
alimentos eram deixados a disposição
diariamente para os animais. Ao exame
físico o animal apresentou peso de 83 g,
bom escore corporal, penas do corpo
arrepiadas,
olhos
constantemente
fechados e suas excretas apresentavam
fração
líquida urinária
aumentada,
configurando quadro de poliúria. Notou-se
também que o animal estava evitando
(Figura 1B). Os rins apresentaram-se de
coloração parda (Figura 2). A articulação
metacarpo-falangial
apresentou
nodulação de coloração esbranquiçada,
semelhante à encontrada nas membranas
do pericárdio e sacos aéreos (Figura 3).
Os demais órgãos não apresentavam
alterações dignas de nota. A alimentação
com ração extrusada associada à
apoiar o membro pélvico direito,
mantendo-o sempre suspenso. Optou-se
por coletar sangue do animal para
avaliação bioquímica de funções hepática
e renal. O acesso realizado foi pela veia
jugular direita, por meio de uma agulha
0,30 x 13 mm acoplada a uma seringa de
1 mL e coletou-se 0,8 mL de sangue. O
farinhada com mel e ovos representa uma
nutrição com níveis elevados de proteína,
uma vez que a farinhada é um alimento
destinado
a
situações
fisiológicas
específicas onde há uma requisição
proteica maior. O produto do metabolismo
destas proteínas é o ácido úrico. Neste
caso fica evidente a ligação entre a
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
103 | P á g i n a
Relato de Caso - 23
consumo
um exame complementar de grande
quadro de hiperuricemia, confirmado pelo
valor de 75,56 mg/dL de ácido úrico
(tabela 1), quando os valores normais
para esta espécie variam de 3,5 a 11,0
mg/dL.6 Por este motivo recomendou-se a
utilização de um alimento pobre em
proteínas como a mistura de sementes,
visando a redução dos níveis séricos de
ácido úrico nesta ave. Os depósitos
relevância para o diagnóstico do quadro.
O exame necroscópico e a visualização
de depósitos de ácido úrico em serosas
de vísceras é fundamental para o
diagnóstico post-mortem de gota úrica.
encontrados em serosa de coração e em
sacos aéreos são compatíveis com
aqueles descritos em literatura e
caracterizam um quadro de gota úrica
visceral. A alteração na coloração dos rins
é sugestiva de insuficiência renal, mas
para se confirmar esta hipótese teria sido
necessária a realização de exame
histopatológico, o que não foi autorizado
pela proprietária. O aparecimento de
Referências Bibliográficas: 1) Lumeij
JT. Nephrology. In: Ritchie BW, Harrison
GJ, Harrison LR. Avian Medicine
Principles and Applications. 1a ed.
Florida: Wingers Publishing; 1994. 2)
Costa AM, Imbeloni AA, Ferreira VL, Razo
TF. Gota Úrica Visceral em Harpia
(Harpia harpyja). Nosso Clínico - Medicina
Veterinária para Animais de Companhia
2012. 86(1808-7191)-60:62. 3) Carlson
CS, Weisbrode SE. Bones, Joints,
Tendons, and Ligaments. In: Mcgavin MD,
depósitos em articulação metacarpofalangial semelhantes aos encontrados
em vísceras reforça a suspeita de gota
úrica. O aumento na porção líquida
urinária das excretas, interpretado como
poliúria, não condiz com a literatura que
relata serem mais comuns a anúria ou
oligúria.1,4 Porém, em quadros de
insuficiência renal, os rins podem perder a
capacidade de concentrar a urina,
Zachary JF. Pathologic Basis of
Veterinary Disease. 5a ed. St. Louis:
Mosby Publishing; 2013. 4) Crespo C,
Shivapprasad
HL.
Development,
Metabolic, and Other Noninfectious
Disoderds. In: Saif YM et al. Diseases of
Poultry, 11a ed., Iowa: Blackwell
Publishing; 2003. 5) Herbert JD, Coulson
JO, Coulson TD. Quantification of Tissue
Uric Acid Levels in a Harri’s Hawk with
resultando em uma maior quantidade de
líquido excretada. Sendo assim, a poliúria
apresentada torna-se compreensível.
Visceral Gout. Avian Dis. 2011. 55513:515. 6) Godoy SN. Psittaciformes. In:
Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL.
Tratado de Animais Selvagens. 1a ed.
São Paulo: Editora Roca; 2007.
Conclusões: O excesso de proteínas na
dieta de uma ave pode propiciá-la a
desenvolver gota úrica. A avaliação
bioquímica da função hepática e renal é
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
104 | P á g i n a
Relato de Caso - 23
ingestão excessiva de proteínas e o
Relato de Caso - 23
Tabela 1. Resultados do exame de bioquímica sérica de uma fêmea de calopsita
(Nymphicus hollandicus).
Figura 1. A- Imagem de depósitos puntiformes de coloração esbranquiçada por toda
membrana pericárdica de calopsita (Nymphicus hollandicus); B- Imagem de depósitos
puntiformes de coloração esbranquiçada em sacos aéreos torácicos caudais de calopsita
(Nymphicus hollandicus).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
105 | P á g i n a
Relato de Caso - 23
Figura 2. Imagem de rins de calopsita (Nymphicus hollandicus) com coloração parda.
Figura 3. Imagem de nodulação de coloração esbranquiçada em articulação metacarpofalangial de calopsita (Nymphicus hollandicus).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
106 | P á g i n a
Retenção de ovos em jabuti piranga (Chelonoidis carbonaria) – relato de caso
Henrique Guimarães Riva1; Mariana Castilho Martins2; Gustavo Calasans Marques2;
Stephanie Moira Rodrigues e Silva2; Lidiane Silva Alves2; Maria Cristina Reis Castiglioli2;
Carlos Roberto Teixeira2
1
Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Os quelônios são répteis
popularmente criados em cativeiro com
potencial para grande longevidade.
tratamentos efetivos com uma UI/kg². O
objetivo deste trabalho é relatar o caso de
um
jabuti
piranga
(Chelonoidis
Entretanto, a falta de informação dos
proprietários sobre a biologia desses
animais leva a diversas afecções de
manejo que tendem a diminuir essa
expectativa de vida e aumentar a
mortalidade¹. Um exemplo disso é a
retenção de ovos ou distocia. Trata-se de
uma afecção comumente relatada em
répteis criados em cativeiro, geralmente
associada a erros de manejo como:
carbonaria) com retenção de nove ovos,
temperatura
inadequada,
substrato
errado, alimentação deficiente, entre
outros. Apesar de ser comum em
quelônios, seu tratamento ainda não está
bem estabelecido. Por exemplo, a dose
preconizada de ocitocina em répteis varia
de 5 a 30 unidades internacionais por
quilo (UI/kg), sendo que há relatos de
Filho” (UNESP). O animal era criado em
cativeiro pela proprietária em substrato de
cimento com uma caixa com terra e
apresentava a queixa principal de
retenção de ovos. A alimentação
oferecida envolvia ovos cozidos com
casca, carne moída ou ração comercial
de cães ocasionalmente, almeirão, rúcula,
tratado com sucesso com gliconato de
cálcio e ocitocina.
Material e Métodos: Um jabuti piranga,
fêmea, com 8 kg, adulto, foi encaminhado
ao Centro de Medicina e Pesquisa em
Animais
Selvagens
(CEMPAS)
da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia (FMVZ) da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
107 | P á g i n a
Relato de Caso - 24
Egg binding in a red footed tortoise (Chelonoidis carbonaria) – case report
contrações
frutas e legumes. Quinze dias antes da
consulta, iniciou comportamento de
escavação de ninhos sem oviposição.
Após alguns dias, parou de cavar ninhos
e apresentou hiporexia e diminuição de
atividade. O histórico médico envolvia
diversos atendimentos veterinários por
retenção de ovos, pneumonia e uma
celiotomia para a retirada de um corpo
recomendados banhos com água morna
duas vezes ao dia por duas semanas,
pois
o
aquecimento
acelera
o
metabolismo dos animais ectotérmicos e
que o réptil fosse mantido em piso de
terra ou grama. Não foi observada
oviposição nesse período. O quelônio foi
internado para melhor acompanhamento,
em recinto com grama e terra. Uma nova
estranho. Não havia histórico do uso de
ocitocina. Em exame clinico, o réptil
mostrava-se ativo e alerta, peso
constante desde a última consulta no ano
anterior. Não era possível palpar ovos em
cloaca. Foi realizado exame radiográfico
em estação nas projeções rostrocaudal,
laterolateral direita e dorsoventral.
aplicação de gliconato de cálcio foi feita.
No tempo de internamento, apresentou
anorexia, não cavou ninhos e estava bem
ativo. No quinto dia de internação, foi
aplicado ocitocina, 5 UI/kg, IM. Após 35
minutos, foi expelido o primeiro ovo sem
escavação de ninho (Figura 2). Os
demais oito ovos foram eliminados até
uma hora após a medicação. Todos
estavam bem calcificados e dois tinham
Resultados e Discussão: Em exame
radiográfico, presença de nove ovos
mineralizados com insinuação em canal
pélvico (Figura 1). O maior dos ovos
medindo aproximadamente 7,05 cm por
5,92 cm, sendo que o canal pélvico mediu
cerca de 7,21 cm de diâmetro. Em cólon,
presença
de
conteúdo
fecal
de
radiopacidade elevada. Sem evidências
de alterações em campos pulmonares.
Considerando o exame clínico e
radiográfico, não foram identificadas
alterações morfológicas significativas nos
ovos e o diâmetro deles era compatível
com o do canal pélvico. Então, realizou-se
o tratamento conservativo: foi aplicado
gliconato de cálcio, intramuscular (IM), 40
mg/kg, para suplementar uma possível
deficiência do mineral e estimular
musculares;
foram
formato esférico normal. O restante dos
ovos era mais alongado, ovalado ou
achatado e com superfície rugosa.
Ferreira et al (2012)³ relataram o caso de
um C. carbonaria com retenção de três
ovos, a dose utilizada de ocitocina foi de
25 UI/kg com repetição de metade da
dose após meia hora e o animal ovipôs 15
minutos após a segunda aplicação. Já
Silbeira et al (2009) 4 relataram um caso
de um animal da mesma espécie também
com retenção de três ovos, sendo que a
dose utilizada foi de 0,08 UI/kg e o animal
fez a postura três horas após a aplicação.
Isso demonstra a variedade de protocolos
utilizados e a falta de padronização e
pesquisa na área. Além da dose utilizada,
é provável que o tempo aguardado após a
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
108 | P á g i n a
Relato de Caso - 24
manga, maçã, cenoura e diversas outras
ocitocina foi efetivo para a retenção de
ser melhor investigado. Em relação à
etiologia, Matias et al (2006)5 analisaram
14 casos de retenção em jabutis: em
57,1% dos casos (oito animais) foi
detectado corpo estranho, em 43,9% (6
indivíduos) fezes ressecadas foram
encontradas, todos os animais viviam em
piso de substrato rígido e 35,7% (cinco
jabutis)
apresentavam
doença
ovos nesse caso, resultando na
oviposição dos 9 ovos retidos. Apesar de
haver diversas descrições de retenção de
ovos e recomendações de conduta em
livros e artigos, mais pesquisas são
necessárias para que as doses e
tratamentos
utilizados
sejam
padronizados e os resultados mais
consistentes e previsíveis.
osteometabólica. Neste caso, a etiologia
da retenção não foi elucidada. No
entanto, algumas causas podem ser
sugeridas. O réptil era mantido em piso
de cimento com uma pequena caixa com
terra. Desse modo, o substrato e
temperatura inadequados poderiam estar
estimulando o animal a reter os ovos.
Porém,
a
fêmea
fazia
posturas
anualmente há alguns anos atrás com o
Referências Bibliográficas: 1) Boyer TH;
Boyer TH. Turtles, Tortoises, and
Terrapins. In: Mader DR. Reptile Medicine
and Surgery. 2nd Ed. Florida, ; 2004. p.
78-87. 2) DeNardo D. Dystocias. In:
Mader DR. Reptile Medicine and Surgery.
2nd Ed. Florida, ; 2004. p. 787-92. 3)
Ferreira VHM; Júnior MC; das-Chagas
mesmo manejo. Corpos estranhos
radiolucentes não foram investigados e
poderiam causar obstruções parciais. O
conteúdo fecal de densidade elevada
observado em exame radiográfico poderia
estar pressionando os ovos e dificultando
a oviposição. No entanto, o uso da
ocitocina resultou na liberação de todos
os ovos sem sangramentos ou outras
complicações, o que descarta uma
CF; Nonato IA e Pires ST. Distocia em
Jabuti Piranga (Chelonoidis carbonaria) –
obstrução completa.
retenção de ovos em
(Geochelone carbonaria,
Conclusões: Portanto, o tratamento com
Ciência Rural; 2006; 5(36):1494-1500.
relato de caso; PUBVET; 2012; 6(36). 4)
Silbeira SMV; Rubião ECN; Muniz IM e
Bobány DM. Retención de huevos em
hembra de jabotí-piranga (Geochelone
carbonaria – Spix, 1824) em cautiverio;
Revista MVZ Córdoba; 2009; 14(3):184043. 5) Matias CAR; Romão MAP; Tortelly
R; Bruno SF. Aspectos fisiopatológicos da
Jabutipiranga
Spix, 1824);
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
109 | P á g i n a
Relato de Caso - 24
aplicação seja um fator importante e deva
Relato de Caso - 24
Figura 1. Exame radiográfico de Chelonoides carbonaria em projeção látero-lateral,
evidenciando nove ovos mineralizados sem alterações morfológicas significativas.
Figura 2. Jabuti piranga (Chelonoides carbonaria) realizando a postura do primeiro ovo
após 35 minutos da aplicação de ocitocina.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
110 | P á g i n a
Enucleação
em
mangusto-tigrado
(Mungos
mungo)
vítima
de
agressão
Enucleation of a banded-mongoose (Mungos mungo) victim of an intraspecific aggression
in Fundação Jardim Zoológico de Brasília
Mariana Portugal Mattioli1; Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Ayisa Rodrigues
Oliveira1; Luísa Helena Rocha da Silva2
1
Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil
2
Fundação Jardim Zoológico de Brasília, Brasília, DF, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
Os
mangustos-tigrados
(Mungos mungo), originários da África
Subsaariana, são animais que medem
aproximadamente 47 cm de comprimento,
machos subordinados e formar um novo
grupo.1 Quando o animal é expulso do
grupo em cativeiro, mesmo que
temporariamente, ele não pode se afastar
pesam em torno de 1,4 kg e vivem em
grupos familiares matriarcais, com cerca
de vinte indivíduos adultos e sua prole.1,2
Os mangustos são essencialmente
terrestres e vivem em áreas de mata
baixa.2 O grupo dorme junto, em tocas
subterrâneas, e sai para forragear no
início do dia, mudando de localização a
cada três a cinco dias.1 Quando o número
pela restrição física do recinto, o que
pode resultar em isolamento ou brigas
que podem levar ao óbito do indivíduo. A
enucleação é a cirurgia orbitária radical
mais comum, que consiste na completa
remoção do globo ocular, incluindo o
revestimento
fibroso
interno.
Este
procedimento é recomendado em casos
de endoftalmite, panoftalmite, perfurações
de fêmeas procriadoras fica muito grande,
geralmente maior que oito, as fêmeas
mais jovens, que geralmente estão
gestantes, são expulsas do grupo
temporariamente ou permanentemente
pelas fêmeas mais velhas. Em casos que
a expulsão é permanente, as fêmeas
expulsas podem levar com elas os
oculares, ruptura do nervo óptico,
neoplasias intraoculares, traumatismos
severos
e
glaucomas
crônicos
3
incontroláveis. A técnica rotineiramente
empregada
é
a
de
enucleação
4
transconjuntival. O presente trabalho
objetivou descrever a anestesia e técnica
cirúrgica de enucleação transconjuntival
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
111 | P á g i n a
Relato de Caso - 25
intraespecífica na Fundação Jardim Zoológico de Brasília
de um mangusto-tigrado (Mungos mungo)
associadas
com perfuração do globo ocular esquerdo.
Material e Métodos: Um mangustotigrado pertencente à Fundação Jardim
Zoológico de Brasília (FJZB), adulto,
fêmea, pesando 900 gramas, foi agredido
pelos outros animais do grupo, sendo
encontrado pelo tratador dentro do recinto
com lesões ao longo da cabeça. No
exame clínico foi observada lesão
aplicadas
por
via
intramuscular.
Posteriormente, a veia cefálica foi
cateterizada e a indução anestésica foi
realizada com propofol (10 mg/kg),
aplicada em bólus intravenosos. O animal
foi mantido sob anestesia inalatória com
isofluorano em vaporizador universal, com
o
animal
entubado
com
sonda
endotraqueal de 2,5 mm (Figura 1). O
perfurante supurativa na região superior
do crânio, compatível com mordida;
perfuração supurativa do globo ocular
esquerdo com extravasamento de humor
vítreo e total perda da integridade ocular e
visual. O animal apresentava ataxia,
nistagmo horizontal do olho direito e
mioclonia da musculatura facial. No
mesmo dia foi realizada limpeza das
lesões com solução de cloreto de sódio a
procedimento cirúrgico foi realizado com o
animal em decúbito lateral direito. Foi
realizada cantotomia de 0,7 centímetros
de extensão para exposição adequada do
globo ocular, incisão da conjuntiva,
dissecção junto ao globo e desinserção
dos
músculos
extraoculares.
Anteriormente à total retirada do globo
ocular foi realizado bloqueio local
perineural retrobulbar com 0,4 mL de
0,9% e estabeleceu-se o protocolo
terapêutico de antibioticoterapia sistêmica
com ceftriaxona, na dose de 73mg/kg, via
intramuscular, a cada doze horas por dez
dias. O animal foi encaminhado ao
Hospital Veterinário da Universidade de
Brasília (Hvet/UnB) para procedimento de
enucleação transconjuntival do olho
esquerdo. O animal foi submetido a jejum
lidocaína 1% sem vasoconstritor para
posterior transfixação e secção do nervo
e vasos ópticos. Durante o procedimento
o animal apresentou bradicardia, sendo
necessária a utilização de atropina (0,025
mg/kg) intravenosa. A glândula lacrimal
foi retirada e a terceira pálpebra foi
mantida,
por
apresentar-se
pouco
evidente. A sutura do tecido conjuntivo foi
realizada em ponto simples contínuo, com
alimentar de doze horas e jejum hídrico
de quatro horas. No exame préanestésico foi aferida a frequência
cardíaca, respiratória e temperatura retal
do animal, sendo >200 bpm, 72 mpm e
37,5°C, respectivamente. A medicação
pré-anestésica utilizada foi cetamina (10
mg/kg) e midazolam (0,1 mg/kg),
mesma
seringa
e
fio monofilamentar absorvível 3-0 (Figura
2), e a pele com fio monofilamentar nãoabsorvível 3-0 por meio de pontos simples
interrompidos. Para tratamento pósoperatório manteve-se a antibioticoterapia
com ceftriaxona. Foram adicionados para
terapia analgésica e anti-inflamatória o
cloridato de tramadol na dose de 0,5
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
112 | P á g i n a
Relato de Caso - 25
na
de
mg/kg, ambos a cada doze horas durante
três dias, com aplicação intramuscular. O
curativo da ferida cirúrgica foi realizado
com solução de cloreto de sódio a 0,9%
durante os dez dias de internação.
sugestivos de perda de noção de
profundidade. No quinto dia de pósoperatório seu comportamento habitual já
estava restabelecido, tendo voltado a
escalar, realizar movimentos rápidos e
ultrapassar obstáculos com facilidade. No
décimo dia de internação o animal
recebeu alta e foi reintroduzido ao seu
grupo, não havendo brigas recidivas. Os
Resultados e Discussão: A medicação
pré-anestésica e a manutenção trans
anestésica e rápido retorno anestésico
geraram resultados satisfatórios, sendo o
atravessar
obstáculos
foram
protocolo utilizado aconselhado para a
espécie. De acordo com Goes, 2012,
durante o período pós-operatório do
procedimento
de
enucleação
transconjuntival é imprescindível a
administração sistêmica de antibiótico,
antiinflamatório e analgésico, além de
curativos locais e utilização de colar
protetor elizabetano. No caso descrito,
não foi utilizado o colar elizabetano pois o
pontos realizados na pele se soltaram
naturalmente, sem a necessidade de
posterior contenção para sua retirada.
animal ficou em observação e não
demonstrou nenhum tipo de incômodo
com a ferida cirúrgica. O antibiótico de
escolha
foi
a
ceftriaxona,
uma
cefalosporina de 3ª geração, com amplo
espectro e boa resposta em lesões de
pele, cuja dose de 73 mg/kg foi calculada
por meio de extrapolação alométrica, com
base na dose de 40 mg/kg utilizada em
recuperação do animal. Este retornou
com êxito ao grupo sem alterações
comportamentais.
cães. O mangusto ficou internado durante
dez dias no Hospital Veterinário da FJZB
após a cirurgia. Nos dois primeiros dias
de pós-operatório o animal já não
apresentava nenhum sinal neurológico,
porém comportamentos alterados como
aumento do tempo de permanência
dentro da toca, dificuldade de escalar e
Conclusões: O protocolo anestésico
utilizado permitiu a realização de todo o
procedimento sem riscos ao animal e
proporcionando boa recuperação. A
técnica cirúrgica empregada e o
acompanhamento pré e pós-operatório
foram de grande importância para a total
Referências Bibliográficas: 1) Cant MA,
Gilchrist JS. Mungus mungo: Banded
Mongoose. Fr. Mangue rayée; Ger.
Zebramanguste. Disponível em: URL:
http://www.bandedmongoose.org/wpcontent/uploads/2012/09/Cant-GilchristMungos-mungo-profile.pdf [2013 mar. 3].
2) Banded Mongoose (Mungus mungo).
World Association of Zoos and Aquariums
–
WAZA.
Disponível
em:
URL:
http://www.waza.org/en/zoo/visit-thezoo/small-carnivores1254385523/mungos-mungo [2013 mar.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
113 | P á g i n a
Relato de Caso - 25
mg/kg e o meloxicam na dose de 0,1
Cunha,
O.
Manual
de
Oftalmologia
Pereira, DM; Dias, LGGG. Técnica
Cirúrgica de Enucleação – Revisão de
Literatura. Revista Científica Eletrônica
De Medicina Veterinária; 2012; 18. 4)
Veterinária. 2008. Disponível em: URL:
http://200.18.38.50/www/biblioteca/Oftalm
o.pdf [2013 mar. 3].
Figura 1. Imagem de mangusto-tigrado (Mungos mungo) entubado com sonda
endotraqueal de 2,5 mm.
Figura 2. Imagem da sutura do tecido conjuntivo com ponto simples contínuo em
mangusto-tigrado (Mungos mungo).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
114 | P á g i n a
Relato de Caso - 25
3]. 3) Goes,LD; Risseti, RM; Dias, FGG;
Utilização tópica de papaína no debridamento de dermatite úmida em um coelho
Topic utilization of papain in moist dermatitis debridement in a rabbit (Oryctolagus
cuniculus) – case report
Mariana Castilho Martins1; Ligia Rigoleto Oliva1; Henrique Guimarães Riva2; Gustavo
Calasans Marques1; Stephanie Moira Rodrigues e Silva1; Carlos Roberto Teixeira1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (FMVZ/Unesp), SP, Brasil
2
Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: O coelho doméstico é um
mamífero
pertencente
à
ordem
Lagomorpha, família Leporidae. Esta
papaína é um produto proveniente do
látex do mamoeiro Carica papaya, sendo
espécie é cada vez mais popular como
animal de estimação, crescendo seu
número de atendimentos em clínicas e
hospitais veterinários. Em coelhos, a
dermatite
úmida
normalmente
se
desenvolve sob a mandíbula, na região
ventral do pescoço ou na região perineal.
Neste último, ocorre pelo contato
constante com a urina, causando lesões
de enzimas proteolíticas e peroxidases,
que induzem a proteólise do tecido
desvitalizado, sem danos ao tecido sadio
ao redor da lesão. Além de sua atividade
proteolítica, possui ação antiinflamatória,
atuando na junção dos bordos da ferida
na cicatrização por segunda intenção.3
Este medicamento pode ser utilizado em
diferentes concentrações, de acordo com
semelhantes a queimaduras. Esse tipo de
dermatite pode estar associada à
imobilidade causada por paresia de
membros pélvicos ou outras lesões.1 Para
o
tratamento
dessa
afecção,
o
debridamento de feridas necróticas é de
grande importância, pois sua presença
retarda o processo de cicatrização.2 A
o estágio de cicatrização,4 e tem sido
utilizado na medicina humana desde
1983.2 Em seres humanos, a papaína
apresenta bons resultados como agente
de debridamento e baixo custo em
relação a outras alternativas. Não há
nenhum relato de seu uso clínico
terapêutico em animais até o presente
caracterizada por uma mistura complexa
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
115 | P á g i n a
Relato de Caso - 26
(Oryctolagus cuniculus) – relato de caso
realizadas permitiram a constatação de
descrever o caso de um coelho com
dermatite úmida perineal que foi tratada
com a aplicação tópica de papaína.
Material e Métodos: Um coelho, fêmea,
com aproximadamente 3 anos de idade,
mantido como animal de estimação foi
atendido no CEMPAS. O animal
apresentava dificuldade na mobilidade e
uma dermatite úmida em região perineal e
deslocamento proximal da patela direita,
com possível ruptura de ligamento patelar
como causa da pouca mobilidade animal.
Realizou-se tratamento conservativo para
esta afecção. Após as primeiras 24 horas
com o curativo fechado com papaína,
observou-se amolecimento dos tecidos
necróticos na região perineal. Nos dias
subsequentes,
houve
destacamento
cauda, com presença de grande
quantidade de tecido necrótico em toda
essa área e de pelos sujos aderidos ao
local (Figura 1). Foi requisitada radiografia
de membros pélvicos para esclarecer a
causa da imobilidade, e foi iniciado
tratamento para a dermatite. A papaína foi
manipulada em gel na concentração de
6%, conforme a necessidade para o
debridamento. A fêmea foi alojada em
destes tecidos desvitalizados, sendo que
a partir do terceiro dia foi possível a
observação de tecido de granulação e
algumas faixas de epitelização nos
bordos da ferida. No quinto dia de
curativos, cerca de 70% da lesão estava
completamente
epitelizada,
restando
apenas um foco com cerca de 2 cm²
completamente debridado, porém ainda
sem tecido de epitelial (Figura 2). Este
gaiola com substrato de jornal para
absorver a urina e evitar seu contato com
a pele. O animal foi sedado para
realização de tricotomia da região para
reduzir a contaminação, e melhor
avaliação da ferida. Também foram
realizados curativos diários na região
perineal com uso da papaína sobre a
ferida previamente limpa com digluconato
foco remanescente foi mantido úmido
com curativos diários realizados com
gaze, hidrogel e solução fisiológica até
sua completa epitelização. A cauda do
animal foi considerada inviável e se
destacou espontaneamente durante o
curso do tratamento. Segundo Leite et al.
(2012), a papaína vem sendo utilizada em
feridas de características e causas
variadas, e em pacientes com diversos
de clorexidine 2% e solução fisiológica.
Sobre o gel de papaína era colocada uma
compressa de gaze umedecida com
solução de cloreto de sódio 0,9%. O
curativo era fechado com atadura de
crepe
e
esparadrapos.
Esse
procedimento foi realizado por 7 dias.
perfis, e é considerada desde 1987, um
recurso terapêutico seguro e que não
oferece riscos ao paciente humano. Ainda
segundo a mesma autora, o uso da
formulação em gel facilita o uso do
produto e busca manter por mais tempo a
estabilidade da enzima.3
Resultados e Discussão: As radiografias
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
116 | P á g i n a
Relato de Caso - 26
momento. O objetivo deste trabalho é
Quesenberry KE; Carpenter JW. Ferrets,
utilização da papaína como agente de
debridamento enzimático, em condições
envolvendo necrose tecidual, foi tão
efetiva neste animal quanto relatado no
seu uso em seres humanos. Dada a
grande quantidade de enfermidades
apresentando
caráter
necrotizante,
conclui-se que uma utilização mais ampla
da papaína como recurso nestes casos
Rabbits and Rodents: Clinical Medicine
and Surgery. 3th ed. St. Louis: Elsevier,
2012. p.232-244. 2) Leite AP; Oliveira
BGRB; Soares MF; Barrocas DLR. Uso e
efetividade da papaína no processo de
cicatrização de feridas: uma revisão
sistemática.
Revista
Gaúcha
de
Enfermagem, Porto Alegre, 33 (3), 2012.
3) Monetta L. Uso da papaína nos
ainda deve ser aplicada para que
possamos
entender
melhor
sua
efetividade em diferentes espécies. Desta
forma, acelerando o processo de
cicatrização e reduzindo o tempo de
tratamento destes animais.
curativos feitos pela enfermagem. Revista
Brasileira de Enfermagem, Brasília, 40
(1): 66-73. 4) Silva LM. Efeitos benéficos
da papaína no processo terapêutico de
lesões de pele. In: Jorge SA, Dantas
SRPE. Abordagem multiprofissional do
tratamento de feridas.1st ed. São Paulo:
Atheneu, 2003. p.123-132.
Referências Bibliográficas: 1) Hess L;
Tater K. Dermatologic Diseases. In:
Figura 1. Aspecto da lesão em períneo de coelho (Oryctolagus cuniculus) no momento do
primeiro atendimento.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
117 | P á g i n a
Relato de Caso - 26
Conclusões: Portanto, observa-se que a
Relato de Caso - 26
Figura 2. Aspecto da lesão em períneo de coelho (Oryctolagus cuniculus) após 5 dias de
tratamento com uso tópico de papaína em gel.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
118 | P á g i n a
Prolapso peniano em jabuti piranga (Chelonoidis carbonaria) secundário a corpo
estranho
Débora Barbosa Bruno1; Luiz Fernando Prado1; Gabriela Cortellini Ferreira1; Felipe Yoshio
Fukumori1; Tailane Franchi Pádua1; Gabriela Gallo1; Sergio Diniz Garcia1
1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Araçatuba, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Os répteis estão em
crescente parcela dos animais mantidos
como pets, e em especial os testudines,
como o jabuti piranga (Chelonoidis
carbonaria),
animal
frequentemente
encontrado em cativeiro. O presente
resumo relata um caso de prolapso
peniano em jabuti piranga (Chelonoidis
carbonaria) possivelmente secundário a
ingestão de corpos estranhos. Foi
atendido no Hospital Veterinário “Luiz
Quintiliano de Oliveira” – FMVA, no setor
de Clinica de Animais Selvagens, um
macho de cinco anos de idade com a
queixa principal de prolapso peniano há
dois dias, proprietário relatou que o
animal já havia sido atendido por
veterinário
particular,
porém
sem
resolução do quadro clínico.
Material e Métodos: No exame físico do
animal foi confirmada a suspeita de
prolapso de pênis. No exame radiográfico,
em projeção dorso ventral, foi constatado
presença de corpos estranhos no interior
do intestino, em porção de colón
ascendente e colón descendente, com
formatos irregulares e linear. Após
avaliação do pênis prolapsado observouse necrose tecidual (Figura 1), sendo
inviável
procedimento
conservador,
optou-se então por penectomia. O animal
foi sedado com anestesia dissociativa e
realizada anestesia epidural. Após a
assepsia adequada do pênis, cloaca e
cauda, o pênis foi tracionado e os corpos
cavernosos foram ligados individualmente
e realizada a transfixação. Foi realizada
sutura do coto peniano, antes de ser
posicionado no interior da cloaca. No pós
operatório foi instituto administração de
enrofloxacina 5 mg/kg/SID/(IM), até novas
recomendações
e
meloxicam
0,2
mg/kg/SID/(IM)/2dias. Decorridos cinco
dias da realização da penectomia, foi
realizado o procedimento cirúrgico para
retirada dos corpos estranho presentes no
cólon do animal. O paciente foi
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
119 | P á g i n a
Relato de Caso - 27
Penile prolapse in piranga tortoise (Chelonoidis carbonaria) secondary to foreign body
e
realizada também anestesia epidural.
Primeiramente foi realizado a celiotomia,
com um osteótomo foi aberta uma janela
retangular (em 45°) no plastrão. O
fragmento de osso foi mantido em cuba
com solução fisiológica até o momento de
ser recolocado. A incisão na membrana
celomática foi em linha mediana. Após
abertura do plastrão e exposição da
conservador é realizado quando o
prolapso é recente e a função e
integridade do órgão estão preservadas,
consiste em limpeza adequada com
solução
fisiológica,
aplicação
de
compressas frias para a diminuição do
edema, e o pênis é colocado novamente
para dentro da cloaca.1,2 É necessário
realizar suturas para evitar reincidência
cavidade
interna
foi
realizado
a
enterotomia. A porção do intestino que
continha corpo estranho foi tracionada
para fora da cavidade, ordenhou-se a alça
intestinal
e
colaram-se
pinças
atraumáticas cranial e caudal ao local da
incisão, a incisão foi feita caudalmente ao
corpo estranho. Foram retiradas cerca de
20 pedras, areia, e um corpo estranho
linear metálico. Após sutura do intestino e
do prolapso, ela pode ser em forma de
bolsa de tabaco1,2 ou dois pontos simples
paralelos as margens de abertura da
cloaca.4,5 O tratamento por penectomia é
necessário quando a exposição do pênis
acarretar em traumas severos no mesmo
ou quando se tem indícios de necrose
peniana.3,2 O animal atendido, segundo o
proprietário, era alimentado com alface,
banana e ração de gato. A alimentação
da membrana celomática, o fragmento do
plastão foi recolocado novamente, para
sua fixação foi utilizado resina epóxi. No
pós operatório foi instituído alactulona 0,5
ml/kg/SID/VO/10d, metoclopramida 1
mg/Kg/SID/VO/10d,
meloxicam
0,2
mg/kg/SID/IM/3d e manter enrofloxacina 5
mg/Kg/SID/IM até novas recomendações.
estava parcialmente adequada, os jabutis
mantidos em cativeiro devem receber
alimentação variada com: vegetais (70 a
85%), frutas (10 a 20%), proteína animal
(5 a 10 %) e suplementação vitamínica e
mineral.1 A dieta fornecida não era
suficiente e em razão desse déficit
nutricional o animal possivelmente ingeriu
corpos estranho (pedras, areia, e material
linear metálico) em busca de suprir suas
Resultados e Discussão: O prolapso de
pênis é uma afecção comum em jabutis
mantidos em cativeiro, as causas que
predispõem são traumas durante o coito,
deficiência muscular e neurológica,
constipação e tenesmo (por ingestão de
corpos estranhos) e impactação da cloaca
por uratos.1,2,3 Os tratamentos possíveis
para o prolapso de pênis é o conservador
a
penectomia.
O
tratamento
necessidades nutricionais (Figura 2).
Conclusões: O prolapso de pênis é uma
afecção comum no atendimento clinico de
jabutis, possivelmente decorrente do
inadequado manejo nutricional que esses
animais são submetidos em cativeiro. A
ingestão de corpos estranhos na busca
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
120 | P á g i n a
Relato de Caso - 27
anestesiado com anestesia inalatória e foi
Meyer
que ocorra o prolapso peniano. O
tratamento por penectomia se mostra
eficaz quando não é possível a
conservação do pênis prolapsado.
Tortoises and Turtles.; Oxford, UK,
Blackwell Publishing Ltd, 2004. 4) Aguilar
R, Hérnández-Divers SM, HérnándezDivers SJ. Atlas de Medicina, Terapêutica
e Patologia de Animais Exóticos.; São
Caetano do Sul, BRASIL, Interbook 2006.
5) Ramos RM, Vale DF, Hanawo MEOC,
Fereira FS, Luz MJ, Oliveira ALA.
Penectomia em caso de prolapso peniano
Referências Bibliográficas: 1) Cubas
ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL. Tratado de
Animais Selvagens-Medicina Veterinária.
São Paulo, ROCA 2006. 2) Mader DR.
Reptile
Medicine and Surgery.
;
Philadelphia, USA.W. B. Saunders Co.
1996, 2006. 3) Mcarthur S, Wilkson R,
J.
Medicine
and
Surgery
of
em
Jabuti-piranga
(Geochelone
carbonária)- Relato de caso. Jornal
Brasileiro de Ciência Animal 2009 2 (3):
166-174.
Figura 01 – Pênis prolapsado, órgão com necrose tecidual
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
121 | P á g i n a
Relato de Caso - 27
de suprir o déficit nutricional contribui para
Relato de Caso - 27
Figura 02- Radiografia, presença de corpos estranhos em porção de colón ascendente e
colón descendente. É possível observação de corpo estranho linear com radiopacidade
sugestiva de metal (seta vermelha) e corpos estranhos irregulares com radiopacidade
variável (seta azul).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
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Celiotomia intercostal para remoção de corpo estranho em proventrículo de pato-
Intercostal celiotomy for removal of proventriculus foreign body in muscovy duck (Cairina
moschata) - Case report
Miúriel de Aquino Goulart1; Carolina Silveira Braga2; Carolina Carvalho dos Santos Lira2;
Monalyza Cadori Gonçalves2; Derek Blaese de Amorim2; Marcelo Meller Alievi2
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
A
urbanização
tem
prejudicado algumas populações de
anseriformes por diversos motivos que
vão desde a invasão dos habitats até o
permitem
vísceras,
trabalho
utilização
o melhor acesso a algumas
como o proventrículo. Este
tem como objetivo relatar a
do acesso intercostal para
contato direto da fauna silvestre e exótica
com as atividades humanas. O Brasil
conta com mais de 12% de toda água
doce do mundo e 8 mil quilômetros de
costa, fato que fortalece a pesca
amadora. Em locais onde a pesca
ocasiona participação popular, a interação
entre as aves aquáticas e os
equipamentos de pesca é comum.1
celiotomia visando remover um corpo
estranho do proventrículo de um patodoméstico (Cairina moschata).
Dentre as principais causas de ferimentos
em aves aquáticas, o embaraço com
materiais de pesca e a ingestão de corpos
estranhos são destacados.1 A técnica de
celiotomia mediana ventral ou lateral pelo
flanco é indicada como rotina para acesso
da cavidade celomática em aves,2,3 no
entanto podem gerar complicações e não
levemente
hipocoradas,
temperatura
cloacal
40,5°C,
frequência
cardiorrespiratório
normal,
condição
corporal 2,5 (em escala de 1 a 5) e não se
evidenciou o fio de náilon relatado.
Realizaram-se radiografias em projeções
látero-lateral e ventro-dorsal onde se
verificou o anzol no centro da cavidade
Material e Métodos: Encaminhou-se um
pato-doméstico
(Cairina
moschata),
fêmea, adulto, 1,35 kg ao Hospital de
Clínicas
Veterinárias
da
UFRGS
encontrado com um fio de náilon saliente
na cavidade oral. Apresentava mucosas
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
123 | P á g i n a
Relato de Caso - 28
doméstico (Cairina moschata) – relato de caso
videocelioscopia a fim de identificar o
(30 mg/kg IM/IV BID) e dipirona (25 mg/kg
VO BID) por seis dias e suplementos
vitamínicos e minerais. Manteve-se jejum
para exame radiográfico contrastado a fim
de avaliar a integridade e motilidade
gastrointestinal.
Usou-se
contraste
iohexol (25 mL/kg diluído 1:1 em água via
sonda) e não houve extravasamento;
além de adequado trânsito gastrintestinal.
local exato do anzol, bem como a sua
relação com os órgãos adjacentes e com
os vasos sanguíneos da região,
objetivando a retirada videoassistida. Não
foi possível visualizar o anzol, optando-se
pela remoção aberta, então. Pela
palpação, identificou-se uma estrutura
rígida compatível com o anzol em uma
região
visceral
correspondente
ao
Por isso e pela inapetência do paciente,
iniciou-se gavagem com papa de frutas e
folhas. Cateterizou-se a veia metatársica
medial para administração contínua de
solução fisiológica com polivitaminico (60
mL/kg/dia)
para
manutenção
da
hidratação e de micronutrientes. Para o
procedimento, o animal recebeu como
medicação pré-anestésica butorfanol (1
mg/kg IM), e induziu-se a anestesia geral
proventrículo. Ao se expor a víscera, fezse pontos de reparo para facilitar a
manipulação, uma incisão em estocada
com bisturi e ampliação desta com
tesoura de Metzenbaum. Pela incisão,
retirou-se o anzol com um segmento de
linha de pesca. Coletou-se um pequeno
fragmento do órgão para biópsia visando
a sua definição histológica. Ao se verificar
a viabilidade visceral, procedeu-se a
com isoflurano vaporizado em oxigênio
100% na máscara. Intubou-se o animal
com traqueotubo (nº 2,5 sem cuff) e
manteve-se a anestesia com o mesmo
gás. Colocou-se o paciente em decúbito
lateral direito e, após a retirada das penas
da área cirúrgica, procedeu-se a
antissepsia da pele com solução de
clorexidine (4%). Delimitou-se a área com
campos plásticos e de algodão, fez-se
sutura utilizando padrão isolado simples
(PIS) em camada única; suturou-se a
musculatura intercostal (PIS); ambas
sínteses foram realizadas com fio de
ácido poliglicólico 3-0. A pele foi
aproximada (PIS) e fio de mononáilon 3-0.
No pós-operatório (P.O), o animal foi
mantido com fluidoterapia, tramadol e
dipirona nas mesmas doses citadas
anteriormente, por via IV por seis dias,
uma incisão de pele de aproximadamente
0,5 cm na região do quarto espaço
intercostal esquerdo. Após divulsão
romba da musculatura peitoral e
intercostal, acessou-se a cavidade pela
ruptura do saco aéreo torácico cranial
esquerdo. Por desta, inseriu-se uma ótica
(4 mm de diâmetro) para uma
antimicrobiano a base de penicilinas e
estreptomicina (0,1 mL/kg IM, q5d, duas
aplicações), e sucralfato (25 mg/kg VO
BID, 6d). Dois dias após o procedimento
cirúrgico, forneceu-se papa com gelatina
e verduras via sonda. No quarto dia P.O,
ofertaram-se alimentos sólidos, e o animal
se alimentou voluntariamente. Limpou-se
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
124 | P á g i n a
Relato de Caso - 28
celomática. O paciente recebeu tramadol
tratamento
de
clorexidine
além
de
pomada
antisséptica e cicatrizante. No décimo dia
P.O, retiraram-se os pontos. Quatro dias
depois, fez-se raio-x para reavaliação do
animal; o exame resultou normal. A
análise histopatológica do fragmento
coletado confirmou que a víscera
acometida fora o proventrículo. O animal
se apresentava clinicamente bem, ativo,
estranho depende de: severidade,
tamanho, local, tipo do corpo estranho e
condição do paciente,4,5 podendo ser
removido
acelerando
a
motilidade
gastrointestinal por uso de catárticos;5 por
endoscopia, com auxílio de imãs, por
lavagem
gastrointestinal
ou
7
cirurgicamente. O uso de aceleradores
da motilidade gastrointestinal não seria
alimentando-se
voluntariamente,
orientando-se, então, a soltura. Ele foi
encaminhado ao Centro de Reabilitação
de Animais Silvestres (CERAM/UFRGS)
que procedeu conforme protocolo da
instituição.
interessante, pois a movimentação do
anzol pelo trato poderia gerar ruptura
visceral. A remoção por endoscopia é
menos invasiva, porém não pode ser
utilizada para qualquer caso,5 posto que,
dependendo da localização anatômica, o
acesso é dificultado. Embora nas cirurgias
de proventrículo e ventrículo haja risco de
deiscência e celomite,5,7 o tratamento
cirúrgico deve ser considerado quando o
Resultados e Discussão: O diagnóstico
de corpo estranho gastrintestinal pode ser
feito
por
radiografia,
endoscopia,
palpação ou laparotomia exploratória.4
Apesar do histórico de acesso irrestrito a
área de pesca e da informação da
visualização de linha de pesca na
cavidade oral (condição não verificada ao
exame clínico) o exame radiográfico foi
fundamental para identificar o tipo,
tamanho e localização do material
ingerido. Optou-se pela realização de
exame contrastado visando descartar
complicações como ruptura visceral ou
compactação
gastrointestinal.
Ponderando a possibilidade de perfuração
visceral, utilizou-se o iohexol como
contraste, pois, com esse, há menor
chance de ocorrer reações inflamatórias
ou granulomas do que com o bário;5 além
de apresentar trânsito mais rápido.6 O
para
ingestão
de
corpo
corpo
estranho
é
um
anzol
profundamente fixo ou que haja laceração
visceral.1 Optou-se pela cirurgia, pois o
corpo estranho se apresentava fixo,
mesmo com a motilidade gastrointestinal
preservada, confirmado pelos exames
radiográficos seriados. Autores relatam o
tratamento conservativo como mais
adequado quando o paciente não
apresenta sinais clínicos.1 Esse não foi o
caso, pois, além do animal se apresentar
inapetente,
o
seu
monitoramento
periódico seria inviável por se tratar de
um animal de vida livre. Em indicações
clínicas para celiotomia, inclui-se a
remoção de corpos estranhos do
proventrículo ou ventrículo.2 A celiotomia
mediana ventral é indicada para acesso a
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
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Relato de Caso - 28
a ferida cirúrgica diariamente com solução
vísceras,
embora
hajam
cirúrgico, diferente do recomendado por
complicações devidas ao decúbito
dorsal.2 Outro empecilho é a difícil
visualização da cavidade, além da ruptura
de sacos aéreos torácicos caudais e
abdominais,2,3
comprometendo
a
anestesia inalatória e causando perda de
calor transoperatório.3 A escolha pela
celiotomia lateral esquerda na região
intercostal se baseou na posição do corpo
outros autores;1 no entanto foi mantida
fluidoterapia de suporte e administração
de sucralfato como protetor de mucosa
gastrointestinal para minimizar o estresse
pós-cirúrgico imediato até o paciente
voltar a se alimentar voluntariamente.
estranho, sendo visível e anatomicamente
mais acessível pela região mais próxima
e com menos órgãos, embora a
celiotomia lateral convencional, no flanco,
seja considerada mais comum.3 A
abordagem se mostrou eficaz, pois
dificulta o contato da ferida cirúrgica com
agentes contaminantes do ambiente –
ex.: água contaminada por fezes – e
permite a proteção da área pela asa;
acesso intercostal e mostra que a técnica
empregada não causa intercorrências
trans ou pós-operatórias – tais como
hemorragia ou deiscência. Proporciona
um procedimento rápido e minimiza os
riscos cirúrgicos e anestésicos. A
recuperação do paciente é rápida e
completa, o que assegura o retorno do
animal ao habitat natural.
Conclusões: Esse caso demonstra uma
técnica cirúrgica bem sucedida para
remoção de corpo estranho. Utiliza
demonstrou pouco sangramento e pouca
necessidade de manipulação visceral
permitindo curto tempo cirúrgico. Demais
acessos foram descartados: uma incisão
na linha mediana ventral deixaria uma
sutura exposta a água – necessária para
a reabilitação – podendo infeccionar e
causar deiscência; acesso pelo flanco
teria difícil visualização do órgão alvo,
exigindo tração do ventrículo2 e possível
Referências Bibliográficas: 1) Routh A,
Sanderson S. Aves aquáticas. In: Tully
TN, Dorrestein GM, Jones AK, Ed.
Traduzido por Laurito ME. Clínica de
aves, Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2010.
P217-247. 2) Coles BH. Surgery. In:
Coles BH. Essentials of avian medicine
and surgery. Ames, Iowa: Blackwell,
2007. p.155-159. 3) Forbes NA. Avian
dissecção de ligamentos suspensores do
proventrículo. Para a síntese da víscera,
aconselha-se fio absorvível sintético 4-0 a
6-0, em padrão contínuo ou interrompido,
em duas camadas.3 Entretanto, não foram
observadas complicações na escolha
aplicada. O animal recebeu alimentação
por gavagem a partir do segundo dia pós-
Gastrointestinal Surgery. Seminars in
Avian Exotic Pet Medicine, 2002; 11(4):
196-207. 4) Gelis S. Evaluating and
Treating the Gastrointestinal System In:
Harrison GJ, Lightfoot TL. Clinical Avian
Medicine. Palm Beach, Florida: Spix
Publishing, 2006. p.411-440. 5) Hoefer H,
Levitan D. Perforating Foreign Body in the
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
126 | P á g i n a
Relato de Caso - 28
essas
and Surgery, 2013; 27(2): 128-135. 6)
Ernst SA, Goggin JMA, Biller DSA, et al.
Comparison of iohexol and barium sulfate
as gastrointestinal contrast media in midsized psittacine birds. Journal of Avian
Medicine and Surgery, 1998; 12(1): 16-20.
7)
Simova-Curd
S,
Foldenauer
U,
Guerrero T, et al. Comparison of
Ventriculotomy Closure With and Without
a Coelomic Fat Patch in Japanese Quail
(Coturnix coturnix japonica). Journal of
Avian Medicine and Surgery, 2013; 27(1):
7-13.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
127 | P á g i n a
Relato de Caso - 28
Ventriculus of an Umbrella Cockatoo
(Cacatua alba). Journal of Avian Medicine
Capacidade de resolução de problemas em maritacas (Psittacara leucophtalmus)
Kaline Barros Barboza1; Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa1; Karin Werther1
1
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (Unesp), Jaboticabal, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Existem aproximadamente
150 espécies conhecidas de psitacídeos
na região neotropical, dentre ela a
maritaca (Psittacara leucophtalmus), que
é uma das espécies que habita o território
brasileiro. Os psitacídeos apresentam os
maiores cérebros entre as aves, em
particular a região do neoestriado, que é
relacionada a maior capacidade cognitiva.
Contudo há poucos estudos sobre as
capacidades cognitivas dessas aves,1 em
particular das maritacas. O objetivo deste
estudo
foi
realizar
observações
preliminares sobre a capacidade cognitiva
de
Psittacara
leucophtalmus,
com
aplicação de testes para resolução de
problemas.
Material e Métodos: Foram utilizadas
duas maritacas de vida livre adultas e de
sexo indeterminado. As aves eram
mantidas
(temporariamente)
no
Ambulatório de Medicina de Animais
Selvagens
do
Hospital
Veterinário
FCAV/UNESP, alojadas em gaiolas
individuais. O teste foi baseado no
experimento realizado por Auersperg et
al.,2 com a utilização de uma caixa em
que as aves poderiam utilizar quatro
diferentes formas de abri-la para
solucionar o problema (conseguir acesso
ao alimento). Foram usadas duas
pequena caixas de MDF compostas pela
base (com 4,8 x 5,0 x 5,0 cm) e a tampa
(2,8 x 5,8 x 5,8 cm de altura, largura e
comprimento, respetivamente). Em uma
das tampas havia um cordão (com 1 x 10
cm
de
largura
e
comprimento,
respectivamente), fixado ao centro da
tampa. A outra tampa era de papelão,
com 4,5 x 4,5 cm de altura e
comprimento, respectivamente, na qual
era preso um cordão (com 1x 10 cm de
largura e comprimento respectivamente),
também preso ao centro da tampa. As
avaliações foram realizadas durante 5
dias, sempre pela manhã, colocando um
pelete de ração para papagaios dentro da
caixa, sendo que o animal deveria abri-la
para ter acesso ao alimento. Foram
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
128 | P á g i n a
Relato de Caso - 29
Problem solving capability in white-eyed parakeet (Psittacara leucophtalmus)
manipulava, porém não realizou a ação
caixa semiaberta e sem encaixar a tampa;
2 - composto por caixas fechadas, sendo:
em pé fixa a gaiola, em pé não fixa a
gaiola, deitada fixa a gaiola e deitada não
fixa a gaiola; 3 - tampa com cordão com e
sem faces laterais (Figura 1). Cada tipo
de caixa compunha uma tarefa, sendo
oferecidas três tentativas para cada
tarefa.
de puxar. Desse modo, foi confeccionada
uma tampa de papelão com a finalidade
de eliminar as faces laterais (tampa com
cordão sem faces laterais), o que
impediria que a ave puxasse a tampa pelo
bico. Nas três tentativas a M1 puxou o
cordão da tampa sem faces laterais
(Figura 2), já M2 puxou a tampa pelo bico,
encaixando-o entre a tampa e o vértice da
Resultados e Discussão: Em relação ao
Nível 1, nas três tentativas as aves
abriram a caixa semiaberta e sem
encaixar a tampa, alternando entre
levantar e empurrar a tampa com o bico
ou puxar a base para si. Já o Nível 2, nas
três tentativas de cada tarefa, os animais
obtiveram resultados positivos somente
na caixa deitada e fixa. Foi observado que
os animais não encontraram apoio
base da caixa como uma alavanca.
mecânico nesses casos em que falharam,
não caracterizado como dificuldade
cognitiva, já que quando a caixa
encontrava-se deitada e fixa a gaiola a
mesma não deslizava, o que possibilitou
sua abertura. No nível 3 os animais
mostraram-se receosos em relação ao
cordão evitando-o. Assim, foi amarrado
um cordão em cada gaiola para que
pudessem manipular e se habituar ao
objeto. Nas três tentativas a maritaca 1
(M1) abriu a caixa com faces laterais
puxando o cordão com o bico, enquanto a
maritaca 2 (M2) puxou a tampa. A M2 não
apresentou receio ao cordão, inclusive o
Conclusões: De acordo com o teste
realizado foi possível verificar que as
maritacas foram capazes de solucionar
problemas simples, sem que houvesse
evidências de aprendizagem por tentativa
e erro. Desse modo, mais estudos são
necessários para avaliar a capacidade
cognitiva dessas aves.
Referências
Bibliográficas:
1)
Borsonari, A. Uso de ferramentas por
araras azuis (Anodorhyncus hyacinthinus)
e identificação de causa-e-efeito por
alguns psitacídeos neotropicais. [Tese de
Doutorado]. São Paulo: Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo;
2010. 2) Auersperg AMI, von Bayern
AMP, Gajdon GK, Huber L, Kacelnik A.
Flexibility in Problem Solving and Tool
Use of Kea and New Caledonian Crows in
a Multi Access Box Paradigm. 2011. PLoS
ONE
6(6):
e20231.
doi:10.1371/journal.pone.0020231.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
129 | P á g i n a
Relato de Caso - 29
testados três níveis de dificuldade: 1 -
Osteocondromatose em Agapornis personata – Relato de caso
Marta Brito Guimarães1; Lilian Aparecida Sanches1; Silvana Maria Unruh1; Stéfano Carlo
Filippo Hagen1; Luciana Neves Torres1; Antonio José Piantino Ferreira1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: A osteocondromatose é uma
doença
autossômica
dominante
caracterizada pela formação excessiva de
cartilagem na placa de desenvolvimento
endocondral ósseo, com revestimento
cartilaginoso, descrita em humanos1 e
incomuns4 e quando ocorrem, geralmente
estão relacionadas a ossos longos.5 Um
estudo em Agapornis personata revelou
também chamada de Exostose ou
Osteocondromatose Múltipla Hereditária.2
A doença é determinada por alterações
nos genes EXT que, de um modo geral,
influenciam a ação de condrócitos na
zona de crescimento hipertrófico.1,2 Essa
condição pode levar a anormalidades do
esqueleto como redução do crescimento,
deformações ósseas e, algumas vezes, a
transformação maligna da exostose em
uma origem similar.4 Este trabalho teve
como objetivo relatar a ocorrência de
osteocondromatose em uma ave da
espécie Agapornis personata, atendida no
condrossarcomas ou osteossarcomas.1
Em aves, os principais tipos de
neoplasias são os sarcomas, linfomas e
lipomas.3 Dentre os tumores do sistema
musculoesquelético, destacam-se os
condromas e osteossarcomas, porém
este último é raro em psitacídeos.3 Assim,
neoplasias ósseas primárias em aves são
lesões semelhantes às encontradas em
outros grupos animais com exostose
hereditária múltipla (MHE), o que sugere
Ambulatório
de
Aves
(HOVET),
Departamento de Patologia da Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo.
Material e Métodos: Uma ave da espécie
Agapornis personata, fêmea, foi atendida
no Ambulatório de Aves da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia. Estava
com o proprietário há 4 anos e
apresentava histórico de prostração há 3
semanas. Anteriormente, a ave havia sido
levada a colega veterinário, com aumento
de tamanho do bico, o qual foi aparado. O
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
130 | P á g i n a
Relato de Caso - 30
Osteochondromatosis in Agapornis personata – Case report
Radiopacidade óssea heterogênea dos
procedimento a ave não conseguia se
alimentar,
apresentava
dificuldades
respiratórias e incoordenação ao se
deslocar pela gaiola. Ao exame físico foi
observada presença de empenamento
completo, conformação de musculatura
peitoral ruim (escore 1/5), penas eriçadas
e presença de fezes aderidas à cloaca. O
peso era de 33 gramas. Além disso,
ossos da língua. Espessamento e
hipercrescimento córneo da maxila e
mandíbula, sendo pontiagudo na porção
rostral da maxila com alteração da
oclusão do bico. À abertura da cavidade
celomática
não
foram
observadas
alterações macroscópicas dignas de nota.
A avaliação do esqueleto ósseo
demonstrou
que as neoformações
observou-se a presença de aumento de
volume em região mandibular esquerda,
firme à palpação. Foi administrado 0,2
mg/kg
de
meloxicam
por
via
intramuscular. A ave foi mantida em
internação, recebeu 4 ml de papa de
filhotes de psitacídeos e foi solicitado
exame radiográfico de crânio e cavidade
celomática. Devido o quadro de
prostração intensa e dor, além do
observadas
radiograficamente
em
mandíbula esquerda eram exofíticas e
contíguas ao osso mandibular (Figura 2).
Tais
neoformações
apresentavam
superfície irregular, aspecto heterogêneo,
amarelo-esbranquiçado e consistência
semelhante ora a cartilagem ora a osso.
Foram também observados aumentos de
volume com características semelhantes
em faces laterais de esterno, se
prognóstico desfavorável, foi solicitada a
eutanásia pelo proprietário, a qual foi
realizada e o animal encaminhado para
necropsia.
estendendo para costelas vertebrais
(Figura 2) e em porção distal de sinsacro
na altura da inserção das vértebras
caudais. A ave estava com o proprietário
há pelo menos quatro anos, podendo ter
idade mais avançada e cujas lesões
poderiam estar presentes há mais tempo,
tanto pela diversidade de localização
quanto pelo tamanho das mesmas (Figura
2). A eutanásia foi o procedimento mais
Resultados e Discussão: O exame
radiográfico (Figura 1) revelou múltiplos
focos
de
neoformações
ósseas
radiopacas, abauladas em diversos
segmentos ósseos como costelas, coluna
vertebral, sinsacro esterno e mandíbulas.
Na região do crânio havia neoformação
óssea de grande extensão, abaulada com
deformidade do terço mediocaudal da
mandíbula esquerda e também outras
duas áreas focais de neoformação óssea
discretamente abauladas em terço caudal
e
rostral
da
mandíbula
direita.
adequado neste caso, visto que a dor é
um fator importante no quadro clínico,2
evidenciada nesta ave por sua intensa
prostração e pela impossibilidade de se
alimentar sozinha. A causa das lesões
nesta ave permanece desconhecida, mas
um único trabalho em psitacídeos foi
publicado nesta mesma espécie3 podendo
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
131 | P á g i n a
Relato de Caso - 30
proprietário referiu que depois deste
que
exista
um
componente
2
Baida RL, Cataneo DC, Cataneo AJM.
genético, como em humanos. Em cães,
as lesões podem aparecer em animais
jovens e adultos e existem evidências de
que possa ser hereditária.6 Em gatos
sugere-se
que
possa
haver
um
7
componente viral. Este é o primeiro
relato de osteocondromatose em aves no
Brasil. Esta doença deve ser um dos
diagnósticos a ser considerado pelo
Osteocondromatose múltipla hereditária
com envolvimento costal. Rev Col Bras
Cir. [periódico na Internet] 2008; 35(4).
Disponível
em
URL:
http://www.scielo.br/rcbc. 3) Lightfoot TL.
Overview of Tumors. Clinical Avian
Neoplasia and Oncology. In: Harrison, GJ;
Lightfoot Clinical Avian Medicine, volume
II, Spix Publishing, Palm Beach ,
clínico e pode ser diferenciada de
granulomas
causados
por
Mycobacterium, abscessos e neoplasias
Florida,cap. 20, p. 560-565, 2006. 4)
Giddings RF, Richter AG. Multiple
Exostoses in a Black-Masked Blue
Lovebird (Agapornis personata). Journal
de outras origens.3,5
Conclusões: A osteocondromatose é
uma doença que acomete aves, apesar
de ser muito raramente relatada, e deve
ser lembrada no diagnóstico diferencial de
outras
neoformações
ósseas,
principalmente quando o paciente for um
Agapornis personata.
Referências Bibliográficas: 1) BenoistLasselin C, Margerie E, Gibbs L, Cormier
S, Silve C, Nicolas G, LeMerrer M, Mallet
JF, Munnich A, Bonaventure J, Zylberberg
L, Legeai-Mallet L. Defective chondrocyte
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and
differentiation
in
osteochondromas of MHE patients. Bone
of Avian Medicine and Surgery 14(1):4852. 2000. 5) Liu S, Dolensek EP, Tappe
JP.
Osteosarcoma
with
multiple
metastases in a Panama boat-billed
heron. J Am Vet Med Assoc. v.1,
n.181(11), p.1396-1398, Dec., 1982. 6)
Doige
CE.
Multiple
Cartilaginous
Exostoses in Dogs. Vet. Pathol. 24: 276,
1987. 7) Werba FR, Alievi MM.
Osteocondromatose
em
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animais. [monografia on-line]. Porto
Alegre:Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. 2010 [citado em
julho/2014].
Disponível
em:
http://www.lume.ufrgs.br.
39 (2006) 17–26. 2) Ruiz Jr. RL, Dias FG,
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
132 | P á g i n a
Relato de Caso - 30
sugerir
Relato de Caso - 30
Figura 1. Imagem radiográfica laterolateral direita revelando as múltiplas neoformações
ósseas no esqueleto. No detalhe, imagem do crânio na projeção dorsoventral evidenciando
as neoformações ósseas.
Figura 2. Neoformação em costelas vertebrais observadas à necropsia.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
133 | P á g i n a
Gastrotomia para retirada de corpo estranho em teiú (Salvator merianae)
Márcia Helena Martins de Albuquerque1; Grazielle Cristina Garcia Soresini2; Laís Lucas
Fernandes3; Raquel Lemos Silva2; Rogério Ribas Lange1
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil
2
Vida Livre Medicina de Animais Selvagens (VL), PR, Brasil
3
Laboratório Veterinário Alpadely de Análises Clínicas (LVA), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: As doenças gastrintestinais
são bastante frequentes na clínica de
répteis. Dentre estas, a ingestão de
corpos
estranhos
tem
ocorrido
melena, hematoquesia, prolapso e
produção fecal reduzida já foram
reportados.4
Os
mesmos
exames
disponíveis para animais domésticos,
frequentemente em quelônios, lagartos e
serpentes.1 Um corpo estranho é qualquer
material ingerido pelo paciente e não
digerido, o qual pode ficar alojado no
estômago (corpo estranho gástrico) ou no
intestino (corpo estranho intestinal). A
maioria dos corpos estranhos gástricos
causa pequenos danos à mucosa
gástrica, porém, pode gerar complicações
graves como ulcerações e ruptura.2
como radiografia, ultrassonografia, além
de
celioscopia
e
ocasionalmente
celiotomia exploradora, podem ser
indicados.4 O diagnóstico e tratamento de
doenças do sistema digestório em répteis
continua a ser desafiador devido à falta
de conhecimento das características
anatômicas e fisiológicas deste diverso
grupo de animais.1 A diferenciação
cuidadosa
entre
corpos
estranhos
Muitos répteis mantidos em locais
inadequados podem ingerir materiais
presentes no ambiente, levando à
obstrução parcial ou total do trato
gastrintestinal.3 O quadro clínico pode ter
sinais inespecíficos, como anorexia com
consequente perda de peso, letargia e
constipação. Apetite depravado, diarreia,
obstrutivos e constipação é necessária
para evitar uma intervenção cirúrgica
desnecessária.
Algumas
obstruções
parciais ou corpos estranhos não
obstrutivos
podem
ser
manejados
terapeuticamente, com óleo mineral,
promotores de motilidade gastrintestinal e
fluidoterapia. Quadros de obstrução
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
134 | P á g i n a
Relato de Caso - 31
Gastrotomy for foreign body removal in black-and-white tegu (Salvator merianae)
3
celomática foi acessada por meio de uma
na Clínica Veterinária Vida Livre Medicina
de Animais Selvagens, em Curitiba/PR,
celiotomia paramediana direita.5 Assim
que o estômago foi localizado, houve
confirmação que o corpo estranho estava
situado em seu interior, excluindo a
presença de qualquer material estranho
nos
intestinos.
O
estômago
foi
parcialmente exteriorizado e foram
colocados dois reparos com fio de sutura
poliglactina 910 número 3-0 em região
com histórico de hiporexia e diminuição
considerável no volume fecal há três
dias.3 O animal havia permanecido sem
acompanhamento sete dias em quintal
telado. O paciente apresentava bom
escore corporal e distensão celomática
com presença de massa rígida à
palpação.1 Foi observada diarreia com
coloração
cinza
e
urina
normal.
Radiografias ventrodorsal e lateral
avascular de fundo de estômago. A
incisão foi realizada entre os reparos
colocados para evitar extravasamento do
conteúdo estomacal. Foi retirado um
prendedor de roupas de 8,5 cm de
comprimento por 2 cm de largura e 1 cm
de espessura (Figura 2). A gastrorrafia foi
realizada em duas camadas com fio
poliglactina 9106 número 3-0, sendo a
primeira em padrão interrompido simples
revelaram presença de objeto com áreas
metálicas4 semelhante a um prendedor de
roupas (Figura 1), na região hipocôndrica
direita, em topografia de estômago.4 Foi
indicado procedimento cirúrgico e o
paciente foi em seguida submetido à
anestesia geral para gastrotomia.3 A
medicação pré-anestésica foi butorfanol
(1,5 mg/kg IM) e midazolam (1,5 mg/kg
envolvendo as camadas serosa, muscular
e submucosa e a segunda em padrão
contínuo de Cushing envolvendo as
camadas serosa e muscular. A sutura da
pele foi realizada com pontos isolados
simples com fio de nylon número 2-0.2 No
cirúrgica. O objetivo deste trabalho é
relatar o sucesso na gastrotomia em teiú
(Salvator merianae) para remoção de um
prendedor de roupas, constituído de
material plástico com mola metálica.
Material e Métodos: Um teiú (Salvator
merianae) macho de 1,5 anos foi atendido
IM). A indução anestésica consistiu de
cetamina (20 mg/Kg IM) e a manutenção
com isoflurano via inalatória.6 Foi
necessária uma segunda aplicação de
cetamina (10 mg/Kg IM) para manutenção
da anestesia após uma hora do início do
procedimento cirúrgico. O teiú foi
colocado em decúbito dorsal e a cavidade
pós-operatório, o paciente foi mantido em
ambiente com temperatura controlada a
aproximadamente 25oC5 e recebeu por
via subcutânea, solução fisiológica 0,9%
(1% da massa corporal s.i.d. durante 20
dias), enrofloxacina (5 mg/Kg SC s.i.d.
durante 20 dias, diluído na solução
fisiológica), meloxicam (0,2 mg/Kg IM
s.i.d. durante 3 dias),6 além da
administração de alimento líquido por via
oral (1% da massa corporal, dividido em 3
vezes ao dia, durante 4 dias).2 O alimento
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
135 | P á g i n a
Relato de Caso - 31
completa, no entanto, requerem resolução
consistia
de
verduras
verde-
Muitos répteis são pouco seletivos em
escuras trituradas com água no
liquidificador. No quarto dia pósoperatório, o paciente começou a se
alimentar
ativamente
de
frutas
amassadas com pequena quantidade de
ração úmida para gatos.2 Após 20 dias de
internamento, foi liberado para casa sem
medicações,
porém,
ainda
com
alimentação pastosa com pequenos
seus hábitos alimentares e ingerem
substratos próximos de seus alimentos.
Em cativeiro, erros de manejo podem
levar à ingestão de corpos estranhos
gastrintestinais que requerem tratamento
medicamentoso ou cirúrgico.4 Em cães e
gatos,
os
corpos
estranhos
gastrintestinais geralmente promovem
vômito
agudo,
persistente
ou
pedaços de alimentos sólidos por mais 30
dias, quando então foi recomendado o
retorno à alimentação normal e os pontos
de pele foram removidos. O animal ainda
é paciente da Clínica Vida Livre Medicina
de Animais Selvagens e encontra-se bem,
transcorridos três anos e meio do
procedimento cirúrgico.
intermitente.4 No entanto, regurgitação ou
vômito são incomuns em répteis com
corpos
estranhos
gastrintestinais,
podendo ocorrer em casos de obstrução
esofagiana ou gástrica.1 Os sinais clínicos
relatados são anorexia, perda de peso,
letargia,
constipação
ou
reduzida
produção fecal, apetite depravado,
diarreia,
melena,
hematoquesia
e
4
prolapso. Ao exame físico pode ser
Resultados e Discussão: A maioria dos
problemas em répteis atendidos pelas
clínicas veterinárias de animais de
estimação não convencionais estão
associados a cuidados inadequados,
portanto é necessária uma detalhada
anamnese no momento do atendimento
clínico. O histórico deve compreender a
experiência dos proprietários com os seus
répteis, a dieta, a frequência alimentar, a
queixa, a duração do problema e detalhes
ambientais como variação da temperatura
e umidade, o tamanho do terrário, o
substrato, a iluminação, o fotoperíodo,
materiais presentes, densidade animal,
exposição
a
produtos
tóxicos,
procedência da água, protocolo de
desinfecção do ambiente, e consistência
e frequência da urinação e defecação.4
possível palpar a porção anterior à
obstrução
e
observar
distensão
1
celomática. O paciente apresentava
apenas
hiporexia,
produção
fecal
reduzida e diarreia, com distensão
celomática e presença de massa rígida à
palpação, compatível com o estômago
distendido devido à presença de corpo
estranho. A ausência de sinais clínicos
específicos demonstra a importância dos
exames complementares para definição
do
diagnóstico.
Corpos
estranhos
metálicos e minerais podem ser
detectados por radiografias simples.4
Outros materiais como madeira ou
plásticos são difíceis de serem detectados
radiograficamente a menos que grandes
pedaços tenham sido ingeridos. Se não
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
136 | P á g i n a
Relato de Caso - 31
líquido
estranho
gástrico
em
teiú
(Salvator
descartar uma condição obstrutiva, devese realizar radiografia contrastada,1
porém esta não deve ser considerada
caso haja suspeita de perfuração
gastrintestinal.2 No caso do paciente, a
radiografia simples permitiu a visualização
do corpo estranho, não necessitando de
radiografia contrastada. O estômago dos
répteis possui alta capacidade de
merianae) mostrando que, em muitas
distensão, o que permite estocar grande
quantidade de alimentos.4 Isto explica a
visualização do corpo estranho à direita
da linha mediana, compatível com
topografia de um estômago bastante
distendido. É fundamental manter uma
temperatura apropriada durante o período
de internamento do paciente, pois o
metabolismo dos répteis é dependente da
temperatura ambiental, com temperaturas
que estas extrapolações possam ser
realizadas de maneira efetiva.
ótimas recomendadas de 25 a 30oC,5
sendo essencial para adequada absorção
de medicamentos e retorno à motilidade
gastrintestinal.7 O paciente foi mantido em
temperatura de 25oC durante o período
pré, trans e pós-operatório.
Conclusões: Tendo em vista que a maior
parte dos atendimentos realizados na
clínica de répteis refere-se a erros de
digestive system. In: Fossum TW, editor.
Small animal surgery. 3 ed. St. Louis:
Mosby Elsevier; 2005.p.411-427. 3)
Benson KG. Reptilian Gastrointestinal
Diseases. Seminars in Avian and Exotic
Pet Medicine. 1999;8(2):90-7. 4) Mitchell
MA, Diaz-Figueroa O. Clinical reptile
gastroenterology. The veterinary clinics of
North America: Exotic animal practice.
2005;8(2):277-98. 5) Divers SJ. Reptile
manejo, é de extrema importância que o
médico veterinário tenha conhecimento
acerca do manejo alimentar e ambiental
das diferentes espécies atendidas na
rotina. As adaptações realizadas na
técnica cirúrgica de gastrotomia e os
cuidados pós-cirúrgicos mostraram-se
eficazes neste caso de remoção de corpo
diagnostic endoscopy and endosurgery.
The veterinary clinics of North America:
Exotic animal practice. 2010;13(2):217-42.
6) Carpenter JW. Exotic Animal
Formulary. 3 ed. Saint Louis: Elsevier
Saunders; 2005. p.55-93 7) Sykes JM,
Greenacre CB. Techniques for drug
delivery in reptiles and amphibians.
situações, os veterinários que atendem
répteis
precisam
adaptar
exames
complementares, técnicas, medicamentos
e procedimentos de outras espécies
animais por não haver referências para a
espécie em questão. Conhecer as
particularidades anatômicas e fisiológicas
das diferentes espécies é essencial para
Referências Bibliográficas: 1) Mans C.
Clinical Update on Diagnosis and
Management of Disorders of the Digestive
System of Reptiles. Journal of Exotic Pet
Medicine. 2013;22(2):141-162. 2)
Hedlund CS, Fossum TW. Surgery of the
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
137 | P á g i n a
Relato de Caso - 31
for possível determinar um diagnóstico e
of
Exotic
Pet
Medicine.
2006;15(3):210-7.
Relato de Caso - 31
Journal
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
138 | P á g i n a
Trombo intracardíaco em uma píton-burmesa (Python molurus bivitattus)
Andreise Costa Przydzimirski1; Aline Luiza Konell1; Amália Turner Giannico1; Bárbara
Cristina Sanson1; Juliana Werner1; Fabiano Montiani-Ferreira1; Tilde Rodrigues Froes1;
Rogério Ribas Lange1
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
Doenças
do
sistema
cardiovascular são infrequentemente
diagnosticadas em répteis e a maior parte
das informações sobre tais enfermidades
são provenientes de dados de necropsia.1
Entretanto, doenças cardíacas, primárias
Universidade Federal do Paraná por
aumento no segundo terço do corpo. Ao
exame clínico, observou-se distensão
celomática, mais precisamente na área
cardíaca. No exame físico, o animal
pesou 8,25 kg, estava desidratado,
e secundárias, têm sido relatadas,
incluindo
moléstias
congênitas,
miocardite, doença cardíaca associada à
nutrição, neoplasias e endocardite
bacteriana, parasitária ou viral.1,2,3 O
objetivo deste trabalho foi relatar um caso
de trombo intracardíaco em uma píton
(Python molurus bivitattus), demonstrando
letárgico e com baixo escore corporal. O
histórico relatava anorexia há três meses,
pneumonia crônica e estomatite. O animal
foi alojado nas instalações do Jardim
Zoológico de Curitiba durante sete anos,
mas, originalmente, a serpente veio do
tráfico de animais, sendo mantida por um
período desconhecido em um centro de
triagem de animais selvagens (CETAS).
Desta maneira, o histórico anterior ao
suas
características
radiográficas,
ultrassonográficas e histopatológicas.
Além de relatar detalhes do caso,
possíveis causas para esta doença
cardíaca serão discutidas.
Material e Métodos: Uma píton-burmesa
(Python molurus bivitattus), macho,
adulto, foi encaminhada do Zoológico de
Curitiba para o Hospital Veterinário da
tempo em que o animal estava alojado no
CETAS não estava disponível. Foram
efetuadas avaliações radiográfica e
ultrassonográfica.
Para
o
exame
radiográfico,
projeções
lateral
e
ventrodorsal foram realizadas utilizando
aparelho de radiografia digital com 55 kVp
e 100 mAs. (Agfa Healthcare CR-30-X,
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
139 | P á g i n a
Relato de Caso - 32
Intracardiac thrombosis in a Burmese python (Python molurus bivitattus)
Mortsel,
Bélgica).
A
ultrassonografia foi realizada utilizando
aparelho de ultrassonografia equipado
com transdutor microconvexo de 9-3 MHz
(30 MyLab - Esaote, Génova, Itália).
palatite.
O
fígado
apresentava-se
Resultados e Discussão: Segundo
histórico o animal recebeu doses de
gentamicina parenteral (2,5 mg/kg), como
tratamento para pneumonia e rifamicina
tópica para a estomatite. A avaliação
ligeiramente amarelado. O coração e o
fígado foram coletados e fixados em
solução de formol 10%. Na histologia, foi
possível perceber que a parede da massa
era formada por um conjunto de camadas
sobrepostas e frouxamente ligadas
(Figura 2b). O tecido cardíaco estava
hemorrágico
e
edemaciado,
com
infiltração difusa de linfócitos, células
radiográfica
revelou
aumento
de
opacidade dos tecidos moles sobrepostos
ao coração, com perda do contorno
cardíaco e deslocamento latero-dorsal da
traquéia (Fig. 1a e 1b). A ultrassonografia
identificou uma estrutura arredondada no
interior do coração, medindo 44x50mm,
com múltiplas camadas, preenchida com
fluido heterogêneo (Fig. 1c e 1d). Foi
observado espessamento do pericárdio
plasmáticas, macrófagos e heterófilos. As
fibras musculares estavam hialinisadas,
mas sem sinais de necrose. O trombo
apresentava padrão misto (fibrina e
hemácias), com formação de linhas de
Zahn e sinais de recanalização. Várias
regiões apresentaram necrose tecidual
profunda com presença de colônias
bacterianas. O trombo exibia ainda
colonização por bactérias bacilares
com grande quantidade de efusão. O
animal foi a óbito imediatamente após os
exames. A necropsia revelou distensão
na região cardíaca e espessamento do
pericárdio,
que
continha
grande
quantidade de sangue coagulado. O
coração estava aumentado (102x67x55
mm), com dilatação significativa do átrio
direito. No interior do átrio direito, aderido
grandes (Figura 2c e 2d). Assim sendo, a
apresentação histológica do coração é
consistente com trombo cardiovascular
séptico e reação inflamatória aguda
difusa. No tecido hepático observou-se
vacuolização citoplasmática lipídica dos
hepatócitos,
caracterizando
lipidose
hepática, alteração compatível com rápida
perda de peso. A coloração especial de
Gram foi realizada e as colônias
à parede, observou-se uma massa
medindo 51x40x35mm. Ao corte, foi
possível notar uma cavidade cística (Fig
2a). A mucosa oral estava eritematosa e
com
petéquias.
Também
estavam
presentes placas com material caseoso
ao
longo
da
arcada
dentária,
caracterizando gengivite, glossite e
presentes no trombo eram compostas por
bactérias Gram-negativas. Uma variedade
de doenças cardiovasculares tem sido
descrita em répteis, mas este é o primeiro
caso de trombo cardíaco relatado em uma
serpente. Uma possível explicação para
esse caso seria uma embolia séptica de
bactérias Gram-negativas originárias da
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
140 | P á g i n a
Relato de Caso - 32
DS5302,
frequente da cavidade oral em serpentes
relataram presença de bactérias Grampositivas em serpentes saudáveis, e
Gram-negativas, com maior frequência,
em animais doentes.4 Assim, as bactérias
gram-negativas encontradas, podem ter
sua origem na cavidade oral. Outra
explicação seria uma coleta de sangue
por cardiocentese, embora não haja relato
deste procedimento no histórico do
é imprescindível, pois, quadros de
estomatite podem ser uma das causas de
trombos cardíacos nesses animais.
Considerando-se que a cardiocentese
pode ser outra causa possível da origem
do trombo, concluiu-se que os corretos
cuidados com assepsia, bem como o
posicionamento e experiência do técnico
durante a coleta de sangue são
animal. Essa é uma técnica utilizada em
serpentes pois, permite grandes volumes
de
amostra
sanguínea.
Alguns
pesquisadores sugerem que esta via de
coleta é possível e segura, mas deve-se
tomar cuidados com assepsia.5 No
entanto, outros, sugerem que há o risco
de
complicações
cardíacas,
como
consequência de cardiocentese. Alguns
relatos descrevem dilatação ventricular,
essenciais.
lesões no pericárdio, miocárdio e
tamponamento cardíaco.6 Neste relato,
não temos o histórico de cardiocentese,
mas o tipo de trombo e a observação de
bactérias nos dão indicações que possa
ter ocorrido coleta de sangue com a
técnica intracardíaca mal realizada.
Normalmente, bactérias encontradas na
superfície corporal de répteis têm sido
associadas com subtipos de Salmonella
sp, bactéria gram-negativa.7 As bactérias
encontradas no trombo intracardíaco
deste animal eram Gram-negativas,
possibilitando a suposição de que, por
meio da cardiocentese, as bactérias
foram introduzidas no coração.
Conclusões:
O
exame
completo
e
Referências Bibliográficas: 1) Stumpel
JB, Del-Pozo J, French A, Eatwell K.
Cardiac hemangioma in a corn snake
(Pantherophis guttatus). J. Zoo. Wildl.
Med.; 2012; 43, 360-366. 2) Jensen B,
Wang T. Hemodynamic consequences of
cardiac malformations in two juvenile ball
pythons (Python regius). J. Zoo Wildl.
Med.;2009; 401, 752-756. 3) Schilliger L,
Lemberger K, Chai N, Bourgeois A,
Charpentier M. Atherosclerosis associated
with pericardial effusion in a central
bearded dragon (Pogona vitticeps, Ahl.
1926). J. Vet. Diagn. Invest.; 2010;789792. 4) Draper CS, Walker RD, Lawler
HE. Patterns of oral bacterial infection in
captive snakes. J Am Vet Med Assoc.;
1981; 179(11):1223-6. 5) Nardini G,
Leopardi S, Bielli M. Clinical hematology
in reptilian species. Vet. Clin. North. Am.
Exot. Anim. Pract.; 2013;16(1):1-30. 6)
Selleri P, Di Girolamo N. Cardiac
tamponade following cardiocentesis in a
cardiopathic boa constrictor imperator
(Boa constrictor imperator). Journal of
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
141 | P á g i n a
Relato de Caso - 32
cavidade oral. Estudos da microbiota oral
Small Animal Practice 53; 2012. 7)
Mitchell MA. Salmonella: Diagnostic
Reptile medicine and surgery. 2nd ed.
Saunders: Elsevier; 2006. p. 900-905.
Relato de Caso - 32
Methods for reptiles. In: Mader DR.
Figura 1. A e B - Imagem radiográfica que demonstra aumento de opacidade dos tecidos
moles sobrepostos ao coração, com perda do contorno cardíaco (seta branca) e
deslocamento latero-dorsal da traquéia (seta preta). C – Imagem da ultrassonografia que
identificou uma estrutura arredondada no interior do coração, medindo 44x50mm (seta
branca). D - Imagem da ultrassonografia com estrutura arredondada no interior do coração
com múltiplas camadas, preenchida com fluido heterogêneo (seta preta).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
142 | P á g i n a
Relato de Caso - 32
Figura 2. A – Imagem do interior do átrio direito, onde observa-se uma massa medindo
51x40x35mm (seta branca). B – Imagem que demonstra a parede da massa formada por
um conjunto de camadas sobrepostas e frouxamente ligadas (seta amarela). C e D –
Imagem de corte histológico do trombo que demonstra colonização por bactérias bacilares
grandes.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
143 | P á g i n a
Descrição morfológica do sistema reprodutor feminino de um exemplar de jaritataca
Morphology of the Female Reproductive System in one striped hog-nosed skunk
(Conepatus semistriatus, Boddaert, 1785)
Bárbara Souza Neil Magalhães1; Mauricio Alves Chagas1; Bruno Jorge Duque da Silva2;
Anderson Mendes Augusto2; Fernando Troccoli2; Daniel de Almeida Balthazar2,3
1
Universidade Federal Fluminense (UFF), RJ, Brasil
2
Fundação Jardim Zoológico da Cidade do Rio de Janeiro (RIOZOO), Rio de Janeiro, RJ,
Brasil
3
Universidade Castelo Branco (UCB), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Conepatus semistriatus faz
a espécie a nível Nacional e mais estudos
parte de um gênero composto por quatro
espécies
atualmente
reconhecidas,
distribuídas desde o sul da América do
Norte até o sul da América do Sul.1 A área
de ocorrência da espécie envolve países
da América Central, do norte da América
do Sul e o Brasil Central, onde se
encontra amplamente distribuída ao longo
do Cerrado e Caatinga, sem indícios de
declínio populacional. Pouco se sabe
sobre
sua
distribuição,
ecologia,
taxonomia, anatomia e fisiologia ainda
são
necessários.
Como
existem
exemplares desta espécie em instituições
como zoológicos por todo Brasil,
conhecer sua anatomia e histologia
reprodutiva é importante para melhor
entender sua fisiologia e doenças
relacionadas ao seu sistema reprodutor.
O objetivo do presente estudo foi
sobre o comportamento reprodutivo da
espécie.2 A duração da gestação é de
aproximadamente 60 dias onde nascem
de 4 a 5 filhotes.2,3 A jaritataca é listada
nos livros vermelhos de São Paulo e
Espírito Santo como Dados Insuficientes
(DD). O governo brasileiro não tem
medidas de conservação específicas para
descrever histologicamente o aparelho
reprodutor feminino de um exemplar de
Conepatus semistriatus oriundo da
Fundação Jardim Zoológico da Cidade do
Rio de Janeiro (RIOZOO).
Material e Métodos: O aparelho
reprodutor de um exemplar fêmea de
jaritataca (C. semistriatus), da Fundação
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
144 | P á g i n a
Relato de Caso - 33
(Conepatus semistriatus, Boddaert, 1785)
Essas glândulas se estendiam até a
Janeiro, foi enviado ao Laboratório de
Biomorfologia Celular e Extracelular da
Universidade Federal Fluminense para
análise histológica. O mesmo estava
fixado
em
solução
de
formalina
tamponada. A vagina, cornos uterinos,
tubas
uterinas
e
ovários
foram
processados segundo técnica histológica
convencional e corados em hematoxilina-
lâmina própria-submucosa, que era
formada por tecido conjuntivo frouxo
hiperplásico composto por numerosas
células de defesa (Figura 3). O miométrio
era a camada muscular, formada por uma
subcamada interna espessa de músculo
liso e uma subcamada longitudinal
externa delgada que se continuava com o
perimétrio. Este era uma camada serosa
eosina (HE) e Tricrômio de Gomori; a
vagina ainda foi corada pelo método da
Fucsina-Resorcina de Weigert para
observação das fibras elásticas e pelo
Picro Sirius Red4 para análise das fibras
colágenas
em
microscopia
de
polarização.
típica. O epitélio da mucosa das tubas
uterinas era formado por células
cilíndricas simples ciliadas, sendo os
cílios bem proeminentes na sua região
cranial (Figura 4). Algumas das células de
revestimento não apresentavam cílios e
possuíam função secretora. A lâmina
própria era formada por tecido conjuntivo
frouxo sem glândulas. A camada mucosa
da ampola era pregueada e a camada
Resultados e Discussão: O epitélio da
mucosa
vaginal
era
pavimentoso
estratificado e em sua porção inicial
apresentava ligeira queratinização (Figura
1 e Figura 2). Sua lâmina própria
apresentou-se aglandular e o tecido
conjuntivo subjacente do tipo denso não
modelado. A camada muscular era
formada por três subcamadas, uma
longitudinal interna, uma circular média e
uma longitudinal externa. A camada
serosa apresentou-se cranialmente e
continuou-se caudalmente como camada
adventícia. O útero era bicorno (um corpo
e dois cornos proeminentes e uma única
cérvix). O endométrio uterino era a
camada mucosa e seu epitélio, cilíndrico
simples. As glândulas uterinas eram
tubulosas retilíneas e seu produto incluía
muco, lipídeos, glicogênio e proteínas.
muscular estava mais desenvolvida no
istmo. O músculo liso se dispunha em
arranjos longitudinais circulares. A
camada serosa era típica com numerosos
vasos sanguíneos. Os ovários eram
revestidos por epitélio cúbico simples
contínuo com o mesovário e formados
pelo córtex e pela medula. O córtex
continha
numerosos
folículos
em
diferentes estágios de desenvolvimento,
corpos lúteos, células intersticiais e
elementos de estroma. Este era
especializado e células típicas de tecido
conjuntivo frouxo estavam presentes,
sendo hiperplásico e com fibroblastos
agregados característicos de tecido
cortical ovariano. A medula apresentou
grandes vasos sanguíneos, linfáticos e
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
145 | P á g i n a
Relato de Caso - 33
Jardim Zoológico da Cidade do Rio de
2005; p.2145. 2) Dragoo JW, Family
rico em fibras elásticas e reticulares.
Mephitidae. In: Wilson DE, Mittermeier
RA, editors. Handbook of the mammals of
the World, volume 1: Carnivores. Lynx
Edicions; 2009; p. 532-563. 3) Cheida CC,
Nakano-Oliveira E, Fusco-Costa R, Rocha
Mendes F, Quadros J. Ordem Carnivora.
In: Reis NR, Peracchi AL, Pedro WA,
Lima IP, editors. Mamíferos do Brasil. 2ª
Ed. Nélio R. dos Reis. Londrina; 2011; p.
Conclusões: Com isso, pode-se concluir
que os órgãos do sistema reprodutor
feminino dessa espécie seguem os
padrões histológicos da maioria das
espécies de mamíferos domésticos.
Referências
Bibliográficas:
1)
Wozencraft WC. Order Carnivora. In:
Wilson DE, Reeder DM, editors. Mammal
species of the world: a taxonomic and
geographic reference. The Johns Hopkins
University Press, Baltimore, Maryland;
235-288. 4) Bancroft JD, Cook HC.
Manual of Histological Techniques and
their Diagnostic Application. Edinburgh:
Churchill Livingstone, 1994; p. 35-67.
Figura 1. Fotomicrografia de porção inicial de vagina de jaritataca (Conepatus semistriatus)
em aumento de 200X, coloração Tricrômio de Gomori, ilustrando epitélio pavimentoso
estratificado queratinizado.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
146 | P á g i n a
Relato de Caso - 33
nervos, sendo um tecido conjuntivo frouxo
Relato de Caso - 33
Figura 2. Fotomicrografia de porção inicial de vagina de jaritataca (Conepatus semistriatus)
em aumento de 200X, coloração Picro Sirus Red, ilustrando epitélio pavimentoso
estratificado queratinizado.
Figura 3. Fotomicrografia de útero de jaritataca (Conepatus semistriatus) em aumento de
200X, coloração Tricrômio de Gomori, ilustrando epitélio cilíndrico simples (seta fina) e as
glândulas uterinas tubulosas retilíneas que se estendem até a lâmina própria-submucosa
(seta grossa).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
147 | P á g i n a
Relato de Caso - 33
Figura 4. Fotomicrografia de tuba uterina de jaritataca (Conepatus semistriatus) em
aumento de 400X, coloração Tricrômio de Gomori, ilustrando epitélio cilíndrico simples
ciliado (seta).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
148 | P á g i n a
Uso de abraçadeira de nylon no tratamento de luxação úmero-rádio-ulnar em
tartarugas marinhas
Fabricio Braga Rassy1; Fabio Telles de Santana2; Saulo Daniel Santos França Brandão2;
Andrei Manoel Brum Febronio2
1
Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil
2
Fundação Mamíferos Aquáticos, Recife, PE, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: No Brasil, ocorrem cinco
espécies
de
tartarugas
marinhas:
Tartaruga-de-pente
Eretmochelys
imbricata (Linnaeus, 1766), Cabeçuda Caretta caretta (Linnaeus, 1758), Verde -
Fauna and Flora). Além de sofrerem
impactos com a degradação e poluição de
seu habitat natural, as tartarugas
marinhas são animais ameaçados pelas
ações antrópicas tanto diretamente
Chelonia mydas (Linnaeus, 1758), e Oliva
- Lepidochelys olivacea (Eschscholtz,
quanto indiretamente, pela pesca costeira
e oceânica.2 As claudicações associadas
a traumas, luxações e artrites embora não
sejam rotineiras, são reportadas na clínica
de répteis. As técnicas utilizadas como
tratamento em ortopedia de mamíferos
foram tentadas, resultando em graus
variados de sucesso.3 O objetivo deste
estudo é descrever o tratamento em dois
1829),
pertencentes
à
Família
CHELONIIDAE, e Tartaruga-de-couro Dermochelys coriacea (Vandelli, 1761),
única
representante
da
Família
1
DERMOCHELYIDAE.
Todas
são
consideradas ameaçadas de extinção em
âmbito nacional e mundial, encontrandose no Livro Vermelho da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção do MMA
(Ministério do Meio Ambiente), na Lista
Vermelha de Espécies Ameaçadas da
IUCN
(International
Union
for
Conservation of Nature) e no Apêndice I
da CITES (Convention on International
Trade in Endangered Species of Wild
casos de luxação úmero-rádio-ulnar em
tartarugas
marinhas
utilizando
abraçadeiras de nylon como material
alternativo.
Material e Métodos: Dois casos
semelhantes de tartarugas marinhas
lesionadas foram encontrados durante a
atividade de monitoramento de praia no
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
149 | P á g i n a
Relato de Caso - 34
Nylon clamp for ulnohumeral and radiohumeral luxation in sea turtles
devidamente
norte da Bahia. Caso 1: Tartaruga-verde
(Chelonia mydas), filhote, apresentando
realização de exame radiográfico (Figura
2). No segundo caso havia ainda um
processo de osteomielite com reabsorção
óssea em margem epifisária distal do
úmero e proximal do rádio. O tratamento
escolhido para estes casos foi a
imobilização da articulação visando a
anquilose em posição compatível à
estação. Para tanto, optou-se pela
Comprimento Curvilíneo de Carapaça
(CCC): 0,132m; Largura Curvilínea de
Carapaça (LCC): 0,127 m, peso: 0,3 kg,
encontrada encalhada no litoral de
Aracaju/SE. No exame clínico apresentou
bom escore corporal, presença de
epibiontes (Lepas sp) em nadadeiras e
bordos de carapaça e uma deformidade
em nadadeira anterior direita com
diminuição de diâmetro na região do terço
distal do úmero até a articulação úmerorádio-ulnar com presença de tecido
cicatricial e projeção cranial do membro
(Figura 1). Caso 2: Tartaruga-oliva
(Lepidochelys olivacea), filhote (CCC:
corroborada
com
a
0,13 m; LCC: 0,14 m, peso: 0,32 kg)
encontrada encalhada viva no litoral de
imobilização com a utilização de uma
abraçadeira de nylon pequena (Figura 3).
Após a realização do bloqueio do plexo
braquial com lidocaína 2%, foi realizada
uma pequena incisão entre a primeira e a
segunda escama da região proximal
caudal da nadadeira. Esta região é a
mesma onde se aplicam as anilhas de
marcação. A abraçadeira de nylon
previamente esterilizada por imersão em
Pirambu/SE, apresentava baixo escore
corporal, lesões ulcerativas profundas em
carapaça e plastrão e nadadeira anterior
esquerda rotacionada com contato direto
com o crânio tanto em estação quanto em
natação (Figura 1). Na região distal do
úmero havia perda de tecido mole com
presença de tecido cicatricial. Em ambos
os casos a lesão na nadadeira
ocasionava dificuldade na natação com o
solução de amônia quaternária e álcool
etílico por 20 minutos e lavada em
seguida com solução fisiológica foi
transpassada pela incisão e lacrada
circundando a porção distal do úmero.
Desta forma, a nadadeira foi estabilizada
com uma angulação compatível à mantida
quando em estação (Figura 3). Para
garantir a manutenção do posicionamento
da braçadeira, foi realizada uma sutura
animal nadando em círculos, sem
conseguir mergulhar e se alimentar. Na
palpação foi observado que a articulação
úmero-rádio-ulnar
não
apresentava
resistência, deixando a região distal a
partir deste ponto com movimentos livres
e sem reação de flexão. A partir daí
suspeitou-se de uma luxação que foi
com 3 pontos separados simples na pele
da borda caudal do úmero circundando a
abraçadeira. Em ambos os casos efetuouse aplicação do antiinflamatório funixin
meglumine na dose de 1 mg/kg por via
intramuscular no pós-operatório imediato.
Resultados e Discussão: Imediatamente
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
150 | P á g i n a
Relato de Caso - 34
trecho entre o litoral sul de Alagoas e o
radiográficos demonstrou uma mudança
alojados em tanque com água onde
exibiram comportamento natatório normal.
Não houve complicação no pós-cirúrgico
em ambos os casos. A imobilização foi
mantida por 25 dias no caso 1 e 77 dias
no caso 2 sendo então realizada a
remoção dos pontos e da abraçadeira. O
sucesso de um tratamento de luxação de
joelho resultante de múltiplas lesões
no padrão irregular das extremidades
ósseas associadas à osteomielite até a
alta médica do animal. Após 120 dias
desde a entrada na reabilitação, os
animais estavam de alta médica,
mantendo o comportamento natatório
normal e a sustentação da angulação da
nadadeira quando em estação. Os
animais foram soltos após crescimento e
ligamentares em uma tartaruga-grega
(Testudo graeca) utilizando a técnica
Over-the-top e imbricação lateral da
ganho de peso exponencial durante todo
o tratamento além de mudança no padrão
de coloração, perdendo a coloração
estritamente enegrecida típica de filhotes
e
manutenção
do
posicionamento
adequado da nadadeira tratada (Figura
4).
capsula articular descrita para cão, obteve
sucesso após imobilização por 42 dias.4
Com a remoção das abraçadeiras
observou-se a manutenção da angulação
da
nadadeira com
anquilose da
articulação por formação de tecido
fibroso, constatada através de radiografia.
A artrodese é descrita como possibilidade
de tratamento em luxação de cotovelo em
répteis.3 A utilização de abraçadeiras de
nylon em procedimentos cirúrgicos ainda
não é muito usual na medicina de répteis
sendo relatada no reparo de fraturas de
carapaça em quelônios terrestres.5 Em
um caso com iguana-verde (Iguana
iguana) a artrodese foi substituída pela
amputação
do
membro
devido
a
existência
de
contaminação
e
3
consequente osteomielite. No entanto, no
caso 2 onde havia osteomielite, optou-se
pela conservação do membro e anquilose
da articulação associado ao tratamento
com sulfato de amicacina (2,5 mg/kg, IM,
Q:72h,
10
aplicações).
O
acompanhamento
com
exames
Conclusões:
A
imobilização
com
abraçadeira de nylon se mostrou eficaz
no tratamento de luxação da articulação
úmero-rádio-ulnar
em
tartarugas
marinhas, gerando uma anquilose e
condição natatória satisfatória. Associado
a isso a abraçadeira de nylon se
caracteriza como um material prático de
se manipular e de baixo custo.
Agradecimentos: Este artigo utilizou
dados gerados pelo “Programa de
Monitoramento
de
Encalhes
e
Anormalidades na Área de Abrangência
da Bacia de Sergipe/Alagoas” realizado
pela Fundação Mamíferos Aquáticos e
Petrobras, como medida mitigadora do
Licenciamento
Ambiental
Federal
conduzido pelo IBAMA. Ao Projeto
Tamar/ICMBIO parceiro nas atividades de
monitoramento de praias.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
151 | P á g i n a
Relato de Caso - 34
após o procedimento os animais foram
turtle. CRC Marine Sciences Series, CRC
AB; Meylan, PA; Introducción a la
Evolución, Historias de Vida y Biología de
las Tortugas Marinas. In: Eckert, KL;
Bjorndal,
KA;
Abreu-grobois,
FA;
Donnelly, M. Técnicas de Investigación y
Manejo para la Conservación de las
Tortugas Marinas. IUCN/SSC Publicación
No. 4. p. 3-5. 270p. 2000. 2) Lutcavage,
ME; Plotkin, P; Witherington, B; Lutz, PL.
Press., 1996. p. 407. 3) Mader, DR.
Reptile Medicine and Surgery. Canadá:
Elsevier Inc., 2006. 4) Hemandez-divers,
SJ. Diagnosis and repair of a stifle
luxation in a spur-thighed tortoise
(Testudo graeca). J Zoo Wildl Med 2002,
33:125-130. 5) Forrester, H; Satta, J.
Easy shell repair. Exotic DVM 2005,
6(6):13.
Human Impacts on sea turtle survival. In:
Lutz, PL.; John, A. The biology of sea
Figura 1. Aspecto macroscópico da lesão em nadadeira anterior (seta). Caso 1: Dir.; Caso
2: Esq.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
152 | P á g i n a
Relato de Caso - 34
Referências Bibliográficas: 1) Meylan,
Relato de Caso - 34
Figura 2. Radiografia evidenciando luxação da articulação úmero-rádio-ulnar (seta). Caso
1: acima. Caso 2: abaixo.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
153 | P á g i n a
Relato de Caso - 34
Figura 3. Animal após imobilização da articulação úmero-rádio-ulnar direita com
abraçadeira de nylon (seta e detalhe). Caso 1: dir. Caso 2: esq.
Figura 4. Animal após alta médica demonstrando angulação de nadadeira recuperada
(Seta) semelhante à contralateral. Caso 1: acima. Caso 2: abaixo.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
154 | P á g i n a
Piometra de coto uterino em furão-doméstico (Mustela putorius furo)
Maria Eduarda Baier1; Gisele Guiomara Stein2; José Manuel Pedreira Mouriño3; Caroline
Weissheimer Costa Gomes2
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil
2
Pet Fauna (PF), Brasil
3
Pet Place (PP), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Piométrio (piometra) é
caracterizado por um acúmulo de material
purulento no interior do útero e evidências
histológicas de variados graus de
estão predispostos a desenvolver a
infecção,
sendo
esta
comumente
associada a elevada produção de
hormônios sexuais, como o estrogênio.2
infiltrado
celular
inflamatório
acompanhado de hiperplasia endometrial
cística.1 A invasão bacteriana, geralmente
de origem da flora vaginal, é um
importante fator desencadeante, porém
sua
etiologia
ainda
não
está
completamente compreendida, apesar da
progesterona ter um papel claro no
desenvolvimento.1
O
complexo
hiperplasia endometrial cística (piometra)
Várias bactérias já foram isoladas em
úteros infectados, incluindo Escherichia
coli, Staphylococcus spp, Streptococcus
spp e Corynebacterium spp. A piometra
é incomum na prática clínica de furões,
pois estes animais são esterilizados pelos
criatórios antes de serem comercializados
no Brasil. No entanto pode estar
associada à condições inadequadas de
manejo e como consequência de
pseudocieses em exemplares de idade
avançada, furões com estros prolongados
preconizado é a excisão cirúrgica do coto
uterino
infectado,
antibioticoterapia,
terapia de suporte, preconizando-se
também o tratamento médico e cirúrgico
da glândula adrenal afetada, em animais
com a doença concomitante.2 Existem
poucos relatos na literatura de piometra
de coto uterino em furões. O objetivo
de coto uterino acomete furões castrados
e pode ocorrer como consequência da
síndrome do ovário remanescente, e
principalmente em animais com histórico
de hiperadrenocorticismo (doença da
glândula
adrenal).
O
tratamento
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
155 | P á g i n a
Relato de Caso - 35
Uterine stump pyometra in a female pet ferret (Mustela putorius furo)
endovenosa e butorfanol, na dose de 0,5
piometra de coto em um furão doméstico.
Foi relatado na anamnese que o animal
não tinha contato com outros animais e
histórico
de
hiperadrenocorticismo.
Também apresentava tenesmo há dois
mg/Kg
para
analgesia,
pela
via
intramuscular. Após estabilizar o paciente,
realizou-se o procedimento cirúrgico, com
a excisão do coto uterino infectado
(Figura 1). O animal recebeu como
medicação pré anestésica 0,1 mg/Kg de
morfina pela via intramuscular, 2 mg/Kg
de propofol3 pela via endovenosa para
indução anestésica. Foi entubado com
dias, letargia, hiporexia, perda de peso e
diarréia. O proprietário relatou que o
animal já havia sido submetido à
adrenalectomia de glândula adrenal
esquerda. No exame físico apresentou
temperatura de 38,8C e 0,75 kg. Na
palpação
observou-se
distensão
abdominal evidente, com presença de
algia na região abdômino-pélvica, edema
de vulva e desidratação. Durante a
traqueotubo 3,5 tipo Murphy, utilizando-se
o gás isoflurano para manutenção
anestésica, e ampicilina sódica, na dose
de 20 mg/Kg pela via endovenosa, como
antibioticoterapia
transoperatória.
O
animal não resistiu e veio a óbito algumas
horas após o término do procedimento
cirúrgico. Não foi realizada cultura
bacteriana do material presente no lúmen
do coto uterino, pois não houve interesse
contenção para exame físico apresentou
urina fétida e presença de exsudato
vaginal purulento. Foram realizados
exames hematológicos e perfil bioquímico
básico renal e hepático. O animal foi
submetido a exame ecográfico abdominal
e as imagens foram sugestivas de
patologia
uterina
(piometra),
em
correspondência
ao
coto
uterino.
por conta do proprietário. Resultados e
Discussão: Em furões a determinação de
estro prolongado e aumento uterino são
fundamentais para fechar o diagnóstico
de piometra.2 O animal com a infecção
pode encontrar-se apático, febril e
apresentar secreção vaginal purulenta ou
não. O útero aumentado tem o lúmen
preenchido por exsudado e pode ser
diagnosticado por palpação, imagem
Material e Métodos: Foi atendida na
Clínica Veterinária Pet Fauna no mês de
maio de 2014, uma fêmea de 6 anos de
furão-doméstico (Mustela putorius furo).
Tratando-se de uma fêmea de idade
avançada e em estado crítico, optou-se
primeiramente
por
correção
da
desidratação
e
do
desbalanço
hidroeletrolítico, utilizando-se 50 ml/Kg de
solução cristaloide de ringer lactato. Foi
administrado 20 mg/Kg de metronidazol
como
antibioticoterapia
por
via
radiográfica e ecografia abdominal.4
Achados laboratoriais incluem anemia
não-regenerativa e no leucograma é
comum
observar
leucocitose
por
neutrofilia, monocitose e toxicidade das
células sanguíneas brancas,4 no entanto
uma contagem normal de leucócitos pode
estar presente na piometra aberta. No
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
156 | P á g i n a
Relato de Caso - 35
deste trabalho foi descrever um caso de
do
animal
em
questão
Alguns sinais de elevadas concentrações
observou-se anemia normocítica e
normocrômica,
com
valores
de
hemoglobina (12,1 g/dL) e de hematócrito
(37%), em conjunto com uma leucocitose
(18.100 /uL) por neutrofilia. A anemia
pode ocorrer devido a supressão da
eritropoiese devido a inflamação crônica,
hemodiluição ou perda de hemácias
dentro do lúmen uterino.5 Em alguns
de estrogênio podem incluir pancitopenia,
edema de vulva, hemorragias purpúricas
e melena.6 Valores elevados de
estrogênio podem levar a uma aplasia de
medula óssea.2 O estrogênio aumenta o
número de receptores uterinos de
progesterona. A progesterona estimula o
crescimento e a atividade secretora das
glândulas endometriais, reduzindo a
casos pode ocorrer leucopenia, sendo
indicativo de uma infecção grave,
septicemia e/ou sequestro de neutrófilos
pelo útero. As alterações bioquímicas
mais
comuns
incluem
azotemia,
hiperglobulinemia e hiperproteinemia. Não
foram
evidenciadas
alterações
de
creatinina e proteínas plasmáticas totais
na paciente. O exame ultrassonografico
revelou
glândula
adrenal
direita
atividade
miometral.
A
influência
excessiva de progesterona faz com que o
tecido uterino glandular se torne cístico,
edematoso, espessado e infiltrado por
linfócitos e células plasmáticas. O fluído
se acumula nas glândulas endometriais e
no lúmen uterino com hiperplasia
endometrial cística. A drenagem uterina é
impedida pela inibição da contratilidade
miometral pela progesterona, tornando o
evidenciada com dimensões mantidas,
homogênea, bordos regulares, medindo
0,9 x 0,47 cm. Em topografia pélvica
retrocaudal à bexiga evidenciou-se uma
estrutura tubular arredondada com
paredes
hipoecóicas
regulares,
preenchida por conteúdo anecóico,
medindo 1,46 x 2,47 cm, sugerindo
imagem de coto uterino. Não foi
evidenciado líquido livre em cavidade
ambiente uterino anormal, propício para a
colonização bacteriana e consequente
piometra.5 A piometra de coto uterino,
pode ocorrer como consequência da
síndrome do ovário remanescente, que
ocorre devido a remoção incompleta do
ovário
durante
ovariohisterectomia,
mantendo os ciclos ovarianos do animal e
secreção de progesterona. Porém, a
piometra ocorre principalmente em furões
abdominal ou linfonodos reativos. O
exame foi indicativo de patologia uterina,
sendo então optado pela histerectomia do
coto uterino. Furões são poliestros
sazonais e têm ovulação induzida.
Animais com estros prolongados estão
predispostos a desenvolver a infecção em
decorrência
do
hiperestrongenismo.
com histórico de hiperadrenocorticismo. A
doença foi descrita pela primeira vez em
furões, no ano de 1987 e existe uma alta
incidência da endocrinopatia na espécie.2
A causa do elevado número da doença da
adrenal em furões é desconhecida, porém
uma das hipóteses é a precocidade em
que são castrados, uma vez que o tecido
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
157 | P á g i n a
Relato de Caso - 35
hemograma
2
célula tronco. A cirurgia é o método de
diagnóstico definitivo para confirmar a
presença
de
tecido
ovariano
remanescente ou a anormalidade da
glândula adrenal,2 diferenciando assim as
prováveis causas de hiperestrongenismo
que levaram ao desenvolvimento de
piometra de coto uterino no animal.
Suspeita-se que o hiperadrenocorticismo
é umas das possíveis causas do paciente
relatado ter desenvolvido a piometra de
coto uterino. Não é possível afirmar se
existia
a
presença
de
ovário
remanescente. O óbito pode ocorrer
quando as alterações metabólicas são
graves e não responsivas a terapia
apropriada, ou quando o quadro é
diagnosticado tardiamente. O prognóstico
pós-cirúrgico é favorável caso o choque e
a septicemia sejam controlados.5
Conclusões: A piometra de coto uterino é
um distúrbio grave, e por vezes letal. O
tratamento preconizado é a excisão
cirúrgica do coto uterino infectado, sendo
o procedimento de fácil realização na
espécie. Torna-se imprescindível a
terapia de suporte para correção dos
déficits existentes causados por essa
cirurgião deve ser cuidadoso para não
permitir que parte do coto uterino e tecido
ovariano residual sejam mantidos após
cirurgia de ovariohisterectomia eletiva.
Referências Bibliográficas: 1) Nelson
RW; Couto CG. Distúrbios da vagina e do
útero. In: Medicina interna de pequenos
animais. 4 ed. Elsevier: 2010. p. 920-923.
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systems. In: Ferrets, rabbits and rodents.
2 ed. Saunders; 2004.p. 41-48. 3)
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Elsevier; 2013. p. 569. 4) Fox JG; Marine
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John Wiley & Sons; 2014. P 381 – 391. 5)
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animais. Cirurgias do sistema reprodutivo
e genital. In: Cirurgia de pequenos
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reproductive system disorders. In: BSAVA
manual of rodents and ferrets. 2 ed.
BSAVA;2011.p. 291-293.
enfermidade. Cabe ainda salientar que o
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
158 | P á g i n a
Relato de Caso - 35
adrenal e gonadal surgem da mesma
Relato de Caso - 35
Figura 1: Coto uterino (seta) com piometra em furão-doméstico.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
159 | P á g i n a
Prótese sintética em rinoteca de papagaio-do-mangue (Amazona amazonica): relato
Synthetic prosthesis of rhinotheca in Orange-winged amazon (Amazona amazonica): case
report
Hanna Sibuya Kokubun1; Vanessa Lanes Ribeiro1; Ligia Rigoleto Oliva1; Luana Longon
Roca1; Roberto Silveira Fecchio2; Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira1
1
Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil
2
Laboratório de Odontologia Comparada USP (LOC USP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
O
papagaio-do-mangue
(Amazona amazonica) é uma ave da
família Psittacidae cujo status de
conservação foi considerado pouco
desenvolvida para exercer força suficiente
na apreensão e quebra de sementes,
além de auxiliar na locomoção do animal.
O bico é composto pelos ossos
preocupante pela União Internacional
para Conservação da Natureza (IUCN)
em 2012. Sua área de ocorrência abrange
diversos países da América Latina,
incluindo o Brasil, região sudeste.
Apresenta uma plumagem esverdeada,
com topo da cabeça à região dos olhos
na coloração azul-violeta, penas amarelas
aparecem na porção anterior das
mandibular e maxilar, sendo coberto por
uma bainha de queratina denominada
ranfoteca,
a
qual
é
dividida
anatomicamente em parte superior
(rinoteca) e parte inferior (gnatoteca).
Choques mecânicos podem gerar lesões
como: fratura, fissuras e avulsões Ao
ocorrer
estes
acidentes,
deve-se
inicialmente realizar hemostasia e limpeza
bochechas, orelhas e penas laterais das
asas, a porção posterior das bochechas é
verde clara, e a face ventral das penas da
cauda é verde-amarelada. O bico possui
coloração enegrecida, apresentando tons
de cinza ao se distanciar da narina. Os
psitacídeos possuem bico curvo e curto,
com
musculatura
adjacente
bem
do local lesionado. Após o período inicial
de cicatrização, cerca de 10 dias, a
implantação de uma prótese pode
recuperar a função do bico. Próteses
sintéticas costumam ser aceitas pelos
animais e se adaptam bem ao seu
organismo. São classificadas como
autógena, quando oriunda do mesmo
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
160 | P á g i n a
Relato de Caso - 36
de caso
ingerir alimentos amolecidos, tal como
de outro indivíduo que foi a óbito;
heteróloga, quando oriunda de outra
espécie e prótese sintética, quando é
confeccionada com material não orgânico
(resinas, associadas ou não a estruturas
rígidas) Existem ainda as próteses mistas,
que associam próteses sintéticas e
orgânicas. Para obter sucesso na
implantação de próteses é necessário
frutas maduras e ração umedecida, não
conseguindo se locomover com o auxílio
do bico. Após dois dias, realizou-se
contenção química do indivíduo para
realização de implantação de prótese
sintética. Foi realizada indução e
manutenção anestésica com isofluorano à
2,5% vaporizado com oxigênio 100%, em
circuito
anestésico
aberto.
O
compreender a biomecânica do crânioe
as
forças
utilizadas
durante
um
comportamento.
procedimento foi realizado com a fixação
de mini-placas ortopédicas de titânio em
sistema de 1,5 mm, fixadas perpendicular
ao osso maxilar, bilateralmente. As placas
foram fixadas com parafusos de 1,5 mm
de diâmetro, criando estrutura para
fixação de resina. As mini-placas foram
moldadas de forma a conferir aspecto
anatômico funcional ao bico e recobertas
com
resina
odontológica
Material e Métodos: O presente trabalho
visa relatar um caso bem sucedido de
implantação de prótese sintética em
papagaio-do-mangue
(Amazona
amazonica).
No
Parque
Zoológico
Municipal “Quinzinho de Barros”, um
indivíduo de papagaio-do-mangue, adulto,
foi entregue por um órgão da prefeitura
com avulsão total de rinoteca. O animal
foi contido fisicamente com puçá e luva
de couro, e levado ao setor veterinário
para avaliação dos ferimentos. Durante o
exame físico detectou-se cicatrização da
porção proximal de maxila, cuja ferida
apresentava-se recoberta por tecido de
granulação. Durante a palpação da
musculatura peitoral notou-se que o
animal estava com diminuição da mesma,
com projeção aumentada da quilha no
esterno, indicando um escore corpóreo
baixo, e, portanto, foi internado no setor
para suplementação nutricional assistida.
Ao decorrer deste período, observou-se
que o animal só conseguia apreender e
fotopolimerizável, cujas propriedades
permitem maior resistência e durabilidade
compatíveis com o uso do bico. Realizouse, em seguida, polimento da prótese
sintética
e
impermeabilização
da
superfície com verniz de fortificação de
queratina. O animal permaneceu em uma
caixa de transporte de tamanho médio,
além de ser introduzido em um cone de
papel para evitar colisões durante o
retorno anestésico. O animal obteve um
retorno anestésico tranquilo e foi mantido
em observação até entrar em estação e
estar ativo na caixa e retornar à gaiola de
internação. Como terapêutica durante o
período
pós-operatório,
incluiram-se
antimicrobianoterapia com enrofloxacina
2,5% 10 mg.kg-1 via intramuscular (IM),
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
161 | P á g i n a
Relato de Caso - 36
indivíduo; homóloga, quando proveniente
oito meses do procedimento o animal
dias. Também como analgesia e
antiinflamatorio meloxicam 0,2% 0,2
mg.kg-1 IM, durante uma vez ao dia
(SID), por cinco dias e cloridrato de
tramadol 5% mg.kg-1 IM, durante três
vezes ao dia (TID), por três dias e a
observação constante para observar a
adaptação da prótese no animal, sendo
todos os comportamentos anotados na
ainda se encontra em bom estado geral,
sendo assim, a utilização da prótese
sintética foi um sucesso até o momento.
Porém sabe-se que a utilização de
próteses é uma medida temporária devido
à força exercida nas mesmas sendo
normalmente utilizada para manter a
estabilidade de fragmentos livres, corrigir
defeitos, restaurar a função normal da
ficha clínica.
estrutura
além
reduzir
potenciais
infecções do trato respiratório devido à
exposição óssea e o grande envolvimento
do trato respiratório nestes casos. Uma
possibilidade para quando a prótese se
soltasse seria implantar uma próteses
heteróloga, (oriunda de um animal de
outra espécie que tenha ido a óbito),
porém, apesar da facilidade de manter o
animal acometido próximo para avaliação,
Resultados e Discussão: No póscirúrgico imediato, após ser realocado
para a gaiola de internação, o animal em
questão conseguiu utilizar a prótese para
se alimentar, mostrando que houve uma
ótima adaptação do animal à prótese. Ao
longo dos outros dias, ao observar o
comportamento do animal, foi possível
confirmar que o indivíduo apresentou boa
adaptação à prótese, porque conseguia
realizar
manuseio,
apreensão
de
alimentos e estava se alimentando bem,
utilizando também a prótese para auxílio
na locomoção e se limpar, mostrando que
o peso da prótese implantada não
oferecia peso excessivo. A implantação
de próteses de bico sintéticas em prol da
melhoria da qualidade de vida dos
indivíduos que passam por algum tipo de
trauma, fratura ou avulsão de bico deve
ser levada em consideração, como por
exemplo no caso relatado onde o animal
apresentou constante ganho de peso e
melhora na condição de escore corpóreo,
atingindo a condição boa, o que mostra
aumento na qualidade de vida. Decorrido
é necessário que exista um banco de
material que contenha os bicos para
prótese heteróloga ou algum animal que
tenha ido à óbito recentemente para
realizar o preparo da peça, o que não
ocorreu na instituição.1,5 Há relatos com
bons resultados de implantação de
próteses homólogas em outras famílias
de aves, como RAMPHASTIDAE,¹,2 e
próteses sintéticas em Rhea americana
após avulsão completa de rinoteca, com
bons resultados. Comparativamente, o
material utilizado para implantação de
prótese em ema (R. americana) tem
resistência menor do que a utilizada para
o caso relatado, uma vez que animais da
família STRUTHIONIDAE, tal como a Rhea
americana, só utilizam o bico para
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
162 | P á g i n a
Relato de Caso - 36
durante duas vezes ao dia, (BID) por dez
de
alimento,
e
ingerem
resultado, não apenas pela praticidade,
alimentos inteiros, sem necessidade de
quebrar cascas de alimentos rígidos como
os animais da família Psittacidae, e
mostrando que a utilização dos materiais
neste caso do A. amazonica foram
mas também devido ao custo-benefício e
permanece durante um período razoável.
adequados por garantir firmeza e
resistencia durante às necessidades
fisiológicas do animal.5 Outra comparação
é em relação à prótese homóloga de
tucano de bico verde (Ramphastos
dicolorus), na qual o material orgânico
natural do bico dos indivíduos da família
RAMPHASTIDAE
é
naturalmente
trabeculado e apresenta leveza, sendo
mais indicada a utilização de próteses
homólogas a heterólogas por sua leveza
e resistência natural do que próteses
sintéticas com resina e titânio, pois o peso
do material é superior. Não existem,
Referências Bibliográficas: 1) Fecchio,
RS. Análise biomecânica da aderência de
diferentes sistemas adesivos ao estrato
córneo queratinizado do bico de tucanostoco (Ramphastos toco). [Dissertação de
Mestrado.] São Paulo: Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da USP,
2010. 2) Fecchio, RS; Gomes, MS;
Kolososki, J; Petri, BSS; Rossi Jr, JL;
Gioso, MA. Estudo da biomecânica
oclusal e da aderência da resina acrílica
auto-polimerizável (polimetilmetacrilato)
em fraturas de rinoteca de tucanos
(Ramphastos toco). Pesq. Vet. Bras.
28(7): 355-340, 2008. 3) Forshaw, JM.
também, materiais específicos para esta
finalidade. No caso relatado acima, a
escolha da prótese sintética com resina
acrílica associado com pinos e miniplacas de titânio mostrou-se uma ótima
opção para o indivíduo em questão pelo
fato de mostrar boa adaptação à prótese
com retorno das atividades e melhora no
escore de condição corpóreo. Os estudos
sobre próteses de bico sintéticas em aves
Amazona In: Parrots of the world 3rd
ed.,Lansdowne. 1989, page 594- 656. 4)
International Union for Conservation of
Nature. 2012. Disponível em URL:
http://www.iucnredlist.org/details/2268635
0/0. 5) Prazeres, RF; Fiebig, WJ; Fecchio,
RS; Biasi, C; Castro, MFS; Gioso, MA;
Pachaly, JR. Técnicas de reconstituição
de bico em aves - artigo de revisão. J.
Health Sci Inst. 2013; 31(4): 441-7
selvagens ainda são escassos, daí a
importância deste relato para casos
futuros¹,2,5,6
Disponível
em
URL:
http://www.unip.br/comunicacao/publicaco
es/ics/edicoes/2013/04_outdez/V31_n4_2013_p441-447.pdf
[2014
jul. 28]. 6) Rossi Jr. JL; Paula, TAR;
Peixoto, JV; Araújo, GR; Fecchio, RS.
Inserção de prótese sintética completa em
rinoteca em Ema (Rhea americana):
Conclusões: Conclui-se, para o caso
relatado, que a opção de moldagem de
prótese de bico com resina, pinos e miniplaca de titânio ofereceu um bom
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
163 | P á g i n a
Relato de Caso - 36
apreensão
relato de caso. Revista Nosso Clínico,
Relato de Caso - 36
2008.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
164 | P á g i n a
Fibroma cervical em lontra do mar (Lontra felina) mantida em cativeiro
Catalina Hermoza Guerra1; Javier Mamani Palomino2; Ricardo Grandez Rodriguez2
1
Parque Zoologico Huachipa (PZH), Peru
2
Universidad Peruana Cayetano Heredia (UPCH), Peru
Contato: [email protected]
Introdução: Distribution of the sea otter
(Lontra felina) is restricted to Pacific Coast
of South America between 6° S and 56°
S, since northern Peru to Chilean cost at
Cabo de Hornos and Isla de los Estados
in Argentina. Sea otter is ranked as
endangered according to the IUCN, due to
population decline because of hábitat loss
and exploitation. Lontra felina is the only
benign tumors, minimally invasive, without
metastatic potential and with slow growth.
They have been reported with higher
frequency in dogs and humans.3 The
symptoms of this uterine neoplasia
include vaginal discharge, abnormal
estrous cycle, abdominal masses, ascites,
specie in its taxonomic genus, lives in
exclusively marine habitats and use areas
from 30 meters inland and 100-150 m
from sea cost, and prefer rocky shores
and caves above the water, as these are
areas with large communities of algae
offer great abundance and diversity of
constipation, vomiting, weight loss,
anorexia, polydipsia and polyuria. In
humans, tumor growing seems to depend
on hormones and may be associated to
ovarian
cysts,
cystic
endometrial
hyperplasia or breast tumor. Ideal
treatment
for
fibroids
is
3
ovariohysterectomy. Prognosis depends
on the patient’s age and the status of the
species to feed from. Diet of free ranging
sea otters includes invertebrates and also
crustaceans (decapods, prawns and
crabs),
molluscs
(shellfish
and
gastropods),
fish
from
BLENNIDAE,
CHEILODACTYLIDAE,
GOBIESOCIDAE
and
POMACENTRIDAE families, and occasionally
birds and small mammals.11 Fibroids are
vital organs. In mustelids, most frequent
neoplasias are those reported in ferrets
and are related to endocrine and
hematopoietic systems, as insulinomas,
adrenal tumors and lymphosarcoma, but
also there are reports of seminoma in
Enhydra lutris and melanoma in Lutra
lutra.1,4,7
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
165 | P á g i n a
Relato de Caso - 37
Cervix fibroids in sea otter (Lontra felina) in captivity
which was sensitive to all antibiotics. CBC
kept in captivity for 14 years at the Parque
Zoológico Huachipa, and with age
between 16 and 18 years old. She was
located at the sea otter exhibition setting
with other three sea otters. The zookeeper
reported the female to be less active and
without appetite. At external assessment
veterinarians observed apparent lower
back or abdominal pain because of the
and blood chemistry tests (Table 1) only
showed marked monocitosis, indicating a
clear
chronic
infection
(2)
The
ultrasonographic
evaluation
was
performed
with
the
computer
®
MyLabOneVet esote
micro convex
transducer 6.0-10 MHz. Through this
procedure, we determined the presence of
a
structure
with
moderately
arched posture when moving. Initial
treatment was done with Flunixin
megalumine 1 mg/kg (SC), Enrofloxacine
5 mg/kg (IM) /24h, Jacobson solution 25
ml/kg (SC), and commercial vitamins
suplement for 3 days. Patient monitoring
was established between 8:00 and 18:00
hours
to
obtain
some
additional
information. Day 2, the female had a
vaginal discharge which was cleaned
heterogeneous echotexture, regular edge
and 2.07 cm in diameter in the topography
of the uterine corpus, compatible with
uterine neoplasia (Figure 1). As well, five
homogeneous
hypoechoic
nodular
structures were evident in the liver,
located in the caudal edge and between
0.62 - 1.62 cm in diameter. The remaining
parenchyma
showed
normal
characteristics,
hepatic
vasculature
immediately by presenting repetitive
grooming
behavior
throughout
the
perigenital area. Chemical restraint was
performed for abdominal ultrasound, fluid
therapy and blood sample collection,
using dexmedetomidine 0.02 mg/kg and
midazolam 0.2 mg/kg (IM). Animal
weighed 2.6 kg and clinical examination
revealed diminished body condition,
dehydration (+), slightly pale mucous
preserved with hyperechogenic and
continuous
diaphragm.
A
24
G
intravenous catheter in the cephalic vein
was placed to provide Lactato Ringer
solution 100 mL (IV), commercial
aminoacids suplement 5 mL (IV) and
dextrose 50% 3 mL (IV), C vitamin 20
mg/kg (IM). We performed and uterine
flushing with a nasogastric tube N⁰ 6
membranes and no lymph nodes were
increased in size. At the entrance of pelvic
channel was visible a rounded dilatation.
Upon palpation a hard lump was felt and
when compressing came out purulent
discharge at the vulva. Results of culture
and sensitivity test show presence of
Streptococos sp in vulvar discharge,
iodopovidona solution. For treatment, it
was used amikacine 6 mg/kg e/12 h for 7
days, Jacobson solution 25 mL/kg (SC).
To improve energy and food intake, it was
offered commercial vitamins mineral
suplement (VO), Ciproheptidine 1 mL
(VO), Bismuth Subsalicylate 2 mL (VO) in
the mornings and marine mammals
connected to a 10 mL syringe, using an
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
166 | P á g i n a
Relato de Caso - 37
Material e Métodos: A female sea otter,
adhered to the cervical mucosa (Figure 3).
400UI and anchovy liquefied with frutiflex
50 mL (VO) in the afternoons.
Resultados e Discussão: The sea otter
returned to exhibit setting with the others
specimens because of the closeness to
another female sea otter at the zoo to
avoid stress for daily treatment at physical
restraining twice a day. Monitoring results
showed that 70% of the time, she slept
Histopathological descriptions show a
marked extramedullar hematopoiesis in
the spleen. These findings have been
reported in adult animals with chronic
inflammatory processes and increased
hemocatéresis and the presence of
macrophages with hemosiderin, but in this
species is unknown. In the kidney, it was
described
membranous
ant to fixed points inside she exhibit, and
some days, at the afeternoon, she entered
to the roosting site, 20% of time
continuously groomed the perigenital area
and the other 10% she urinated,
defecated and moved in the exhibit with
difficulty. She only went into the water
when she was stimulated to eat and only
floated with her back and without diving.
Partial improvement was observed. The
glomerulonephritis. In the liver, it was
observed dilated hepatic ducts at
multifocal level, lined by an epithelium
ranging from simple columnar to slightly
flatten. These ducts are separated by
smooth muscle and abundant dense
fibrous tissue composed of collagen
fibers, fibrocytes and some fibroblasts.
Some foci have mild infiltration of
lymphocytes and some plasma cells,
third day she was observed to get out of
the water with difficulty and then she died
on the edge of their environment, under a
floating raft. At necropsy, bloody mucus
secretion was found at the glottis, from the
congested lung parenchyma flowed
bloody liquid when its cut. It is also found
bloody discharge in the lumen of the
trachea, congested liver with rounded
compatible with cystic bile ducts. Hepatic
cysts,
by
their
histopathological
characteristics regarding absence of
inflammation and reaction from the biliary
epithelium, apparently show congenital
origin. This has been reported in some
domestic animals such as cats, rabbits
and others.10 Among the trematodes
affecting the bile canaliculi in otters and
could leave even more severe lesions is
the genus Pseudasphistomun.8,9 A level of
edges and multiple cystic lobulations and
when it is cut, biliar liquid flows. It is also
observed splenomegaly and in the uterine
body is larger and with abundant purulent
discharge at the vulva (Figure 2). At
sagittal cut, it was observed a tumor from
9 cm x 6 cm, firm to the touch, uneven
surface, of creamy white color and
the uterus and cervix is a neoplastic mass
defined edges slightly expanding the
submucose. This is formed by intersecting
waves separated by a preexisting stroma.
The neoplastic cells are spindle-shaped,
with edges defined eosinophilic cytoplasm
and coconut. The nuclei are elongated,
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
167 | P á g i n a
Relato de Caso - 37
commercial vitamins ½ pill, vitamin E
nucleoli present (Figure 4). Multifocally,
there is loss of the mucosal surface
continuity,
with
exposure
of
the
submucosa, which is infiltrated by regular
amount of neutrophils and fewer plasma
cells, macrophages and lymphocytes
(picture
5).
These
characteristics
correspond to a cervical ulcerated fibroma
associated to subacute suppurative
endometritis, which are correlated with the
clinical
findings
and
sonographic
description. There is little information
regarding the diagnosis of uterine
neoplasms in exotic animals; however,
these features should match the uterine
neoplasms described in other species,
which generally are referred to as
homogeneous
and
isoechogenic
structures
relative
to
surrounding
structure. Nevertheless, these structures
may become heterogeneous or complex
and suffering necrosis or degeneration, as
it has been seen in this report.5,6
Conclusões: This is the first report of a
uterine cervical fibroid in sea otter. The
indicated treatment for this neoplasia is
ovariohysterectomy, but this particular
case was geriatric animal with advanced
loss of body weight. This case wont
treatment is to control the infectious
process and a palliative treatment
associated with continuous monitoring to
evaluate the patient's progress. The
neoplastic processes in geriatric animals
are guarded prognosis and euthanasia
decisions are a function of the quality of
life of the animal.
Referências Bibliográficas: 1) Cubas Z,
Ramos Silva J, Catao Diaz J; Tratado de
animales salvagens medicina veterinaria;
2007. 2) Dierauf, Leslie A. and Gulland,
Frances M. D.: CRC Handbook of Marine
Mammal Medicine. 2001. 3) Gomez R.,
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disuria en una gata; Comunicaciones y
casos clínicos 43, Congreso nacional
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Journal of Zoo and Wildlife Medicine
31(1):87-90. 2000. 5) Mattoon, J. S.;
Nyland, T. G. Ovaries and uterus. Small
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Philadelphia: W. B. Saunders, 2002a. p.
231-250. 6) Margaret C. McEntee, DVM,
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Techniques in Small Animal Practice, Vol
17, No 3 (August), 2002: pp 133-149. 7)
Reimer DC, Lipscomb TP.; Malignant
seminoma
with
metastasis
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herpesvirus infection in a free-living sea
otter (Enhydra lutris); J Zoo Wildl Med.
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truncatum;
Veterinary Record (2005) 157, 49-52
veterinaryrecord.bmj.com on April 28,
2014 - Published by group.bmj.com . 9)
Simpson VR, A. J. Tomlinson, F. M.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
168 | P á g i n a
Relato de Caso - 37
with compacted chromatin and prominent
Vet
pathological significance of the bile fluke
Pseudamphistomum
truncatum
in
Eurasian otters (Lutra lutra) in Great
http://vet.sagepub.com/content/44/1/92
11) IUCN. 2014, Red list of Threatened
Species,
Version
2014.2.
<www.iucnredlist.org>. Downloaded on 31
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397-401 veterinaryrecord.bmj.com on
April 28, 2014 - Published by
group.bmj.com 10) Starost M.F.; Solitary
Biliary Hamartoma with Cholelithiasis in a
Domestic Rabbit (Oryctolagus cuniculus)
Pathol
2007
44:
92
Table 1. Results of laboratory exams (hemogram, leucogram and plasmal biochemistry).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
169 | P á g i n a
Relato de Caso - 37
Molenaar ; Prevalence, distribution and
Relato de Caso - 37
Figura 1. Ultrasound image showing the presence of a structure with moderately
heterogeneous echotexture, regular edge and 2.07 cm in diameter in the topography of the
uterine corpus.
Figura 2. Image shows abundant purulent discharge at the vulva.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
170 | P á g i n a
Relato de Caso - 37
Figura 3. Image shows a tumor from 9 cm x 6 cm, uneven surface, of creamy white color
and adhered to the cervical mucosa.
Figura 4. Image shows the elongated nuclei, with compacted chromatin and prominent
nucleoli present.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
171 | P á g i n a
Relato de Caso - 37
Figura 5. Image shows multifocally there is a loss of the mucosal surface continuity, with
exposure of the submucosa, which is infiltrated by regular amount of neutrophils and fewer
plasma cells, macrophages and lymphocytes.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
172 | P á g i n a
Posicionador radiográfico para aves feito com placa de plástico e fecho de contato
adesivo: relato de caso
Relato de Caso - 38
An avian radiographic positioner made of plastic and velcro: case report
Carolina Nery1; Luiz Miranda de Barbosa Filho1
1
Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Nos últimos anos, é
crescente o uso da radiografia na
medicina de aves,1 exigindo atenção às
normas de proteção radiológica para os
profissionais envolvidos.2 Para obtenção
de imagens de qualidade diagnóstica, é
importante
conciliar
qualidade
de
facilidade.2 Fita adesiva pode ser utilizada
para prender os membros no chassi,
diminuindo o número de pessoas
necessárias para o exame e a exposição
à radiação.1,2 Porém, o uso de fita adesiva
é um pouco trabalhoso, nem sempre
permite um posicionamento adequado e
equipamento, técnica e posicionamento
do paciente.1,2 Na maioria dos casos, as
aves são radiografadas sob contenção
física com auxílio de duas pessoas: uma
para segurar a cabeça e os membros
posteriores e outra para tracionar as asas.
Há grande chance da ave se movimentar
e causar um borramento da imagem,
levando a perda de definição.1,2 Na
contenção física, mesmo com o uso de
tem a desvantagem de poder lesionar a
pele e as penas de aves pequenas.1 Este
trabalho objetivou descrever o uso de um
posicionador radiográfico como alternativa
para fixar e posicionar aves anestesiadas
durante a radiografia, feito de material
plástico e fecho de contato adesivo.
proteção plumbífera (avental, luvas e
protetores de tireóide), há risco de
exposição dos profissionais à radiação
secundária, por estarem muito próximos à
ampola de raios-X.2 Em aves, a anestesia
é recomendada para realização do exame
radiográfico, pois minimiza o estresse ao
paciente e permite posicioná-lo com maior
Material e Métodos: Foi utilizada uma
placa de material plástico (de composição
radiotransparente), de 4 mm de
espessura e dimensões 35 x 43 cm. Tiras
previamente cortadas do fecho de contato
adesivo (face mais macia) foram
previamente medidas e cortadas em
tamanho suficiente para cobrir toda a área
da superfície plástica e coladas com
auxílio de “cola de sapateiro”. Foram
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
173 | P á g i n a
radiotransparente. Além disso, permitiu a
fecho de diversos tamanhos, para fixação
dos membros. Antes de posicionar o
animal, a placa era posicionada sobre o
chassi radiográfico (Figura 1). Sob
anestesia geral com isoflurano e atingido
o relaxamento muscular apropriado, a ave
era colocada sobre a placa. Para a
projeção ventro dorsal (VD) de corpo
inteiro, o paciente foi posicionado em
fixação e posicionamento adequados das
aves anestesiadas para obtenção de
radiografias de corpo inteiro de qualidade
diagnóstica. O uso do posicionador foi de
fácil e rápido manuseio e não causou
dano à pele ou penas dos animais. Não
se recomenda o uso do aparato em aves
que não estejam anestesiadas, pois o seu
uso com o animal acordado não foi
decúbito dorsal, centralizado sobre a
placa;
as
asas
foram
esticadas
lateralmente e fixadas individualmente
com o auxílio das tiras do adesivo de
contato previamente cortadas (Figura 2).
De forma semelhante, os membros
posteriores
foram
fixados,
sendo
tracionados caudalmente. Para a projeção
látero-lateral (LL) de corpo inteiro, as aves
foram posicionadas em decúbito lateral
testado. Opcionalmente o aparato pode
ser utilizado para posicionar aves para
outros procedimentos diagnósticos como
videolaparoscopia e/ou cirurgias (Figura
4). Acredita-se que o uso do posicionador
possa ser estendido para radiografar
outros animais silvestres, como pequenos
mamíferos e répteis.
direito, centralizadas sobre a placa, as
asas
sobrepostas
e
esticadas
dorsalmente e fixadas juntas, com as tiras
do fecho adesivo. Os membros foram
esticados ventral e caudalmente e fixados
juntos, objetivando a sobreposição
(Figura 3). Logo após, um profissional
localizado atrás do biombo (de alvenaria
com paredes baritadas) disparava o
equipamento de raios-X. Após o exame,
exposição desnecessária à radiação
ionizante, indo de encontro com normas
de proteção radiológica, minimizando os
riscos para o profissional que utiliza a
radiologia. A divulgação deste trabalho
pode beneficiar os profissionais que
atuam na medicina de aves e no
diagnóstico por imagem.
as tiras de fixação eram retiradas e o
animal recuperado da anestesia.
Referências
Bibliográficas:
1)
Krautwald-Junghanns ME, Schroff S,
Bartels T. Birds. In: Krautwald-Junghanns
ME, Pees M, Reese S, Tully T (eds).
Diagnostic Imaging of Exotic Pets.
Schlutersche, 2011. cap1, p.1- 136. 2)
McMillan MC. Imaging Techniques. In:
Ritchie BW, Harrison GJ, Harrison LR
Resultados e Discussão: O posicionador
radiográfico de plástico e fecho de contato
adesivo foi de fácil elaboração, baixo
custo e não interferiu na imagem
radiográfica por ser feito com material
Conclusões: O uso do posicionador
proporcionou aos profissionais a não
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
174 | P á g i n a
Relato de Caso - 38
cortadas tiras da outra face adesiva do
(eds.). Avian Medicine: Principle and
cap 12, p.246-326.
Relato de Caso - 38
Application. Lake Worth: Wingers, 1994.
Figura 1. Posicionador radiográfico feito de pláastico e fecho de contato adesivo sobre
chassi de tamanho 35X43.
Figura 2. Papagaip Moleiro (Amazona farinosa) fixado no posicionador radiográfico, para
raadiografia em projeção ventro dorsal (A). Respectiva imagem radiográfica obtida (B).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
175 | P á g i n a
Relato de Caso - 38
Figura 3. Papagaip Moleiro (Amazona farinosa) fixado no posicionador radiográfico, para
raadiografia em projeção látero lateral (A). Respectiva imagem radiográfica obtida (B).
Figura 4. Arara Azul de Lear (Anodorhynchus leari) posicionada em decúbito lateral direito
com auxílio do posicionador radiográfico para exame de videolaparoscopia.
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176 | P á g i n a
Isolamento de agentes infecciosos em necropsias de animais silvestres
Alice Soares de Oliveira1; Ticiana Zwarg1; Thaís Caroline Sanches2
1
Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE-3), São
Paulo, SP, Brasil
2
Zoológico de Guarulhos, Guarulhos, SP, Brasil
Contato: [email protected]
De 2009 a 2013 foram realizadas 105
necropsias de animais silvestres pela
Divisão de Medicina Veterinária e Manejo
da
Fauna
Silvestre
(DEPAVE-3)
pertencente à Secretaria do Verde e Meio
Ambiente da Prefeitura do Município de
aves, nove mamíferos e quatro répteis.
Dos 15 animais, 14 eram aves e apenas
um indivíduo era réptil, sendo que este
último apresentou infecção mista. 13
animais apresentaram infecção por mais
de um agente bacteriano e, dentre eles,
São Paulo (SVMA/ PMSP) com o
diagnóstico de causa mortis provável de
origem infecciosa, sendo colhido material
das lesões encontradas com o objetivo de
se identificar o(s) agente(s) infeccioso(s).
Todo o material colhido pelo DEPAVE-3
foi enviado para o Instituto Veterinário de
Imagem (IVI) para a realização de
isolamento bacteriano e ou fúngico
os agentes que foram isolados mais
frequentemente em um mesmo animal,
foram Escherichia coli e Staphylococcus
aureus (em três casos). Os agentes
bacterianos mais isolados foram: E. coli
(22/77, 28,5%), Proteus sp (15/77, 19,4%
- sendo que foi isolado P. mirabilis em
nove animais), Klebsiella sp (16/77,
20,7%) e Edwarsiella sp (9/77, 11,7%);
através de meios de cultura apropriados.
Do total de 105 animais, em 95 foram
isolados agentes infecciosos (90,4%),
sendo 77 animais diagnosticados com
infecção de origem bacteriana (81%), 15
com infecção fúngica (15,7%) e oito
apresentaram infecção mista (por bactéria
e fungo) (8,4%). Dos 77 animais, 64 eram
todas bactérias gram negativas. A E. coli
é a representante mais comum da família
Enterobacteriace e faz parte da
microbiota de animais e humanos sadios.
Porém, em indivíduos imunossuprimidos
como os oriundos do tráfico, pode tornarse patogênica e ocasionar a colibacilose
associada
ou
não
a
outras
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
177 | P á g i n a
Relato de Caso - 39
Isolation of infectious agents in post mortem examinations of wild animals
isolamento bacteriano, apenas seis foram
exclusivamente por gram positivas (6/77,
7,8%), sendo que em seis casos houve
também o isolamento de bactérias gram
negativas (Citrobacter sp e E. coli). A
espécie S. aureus foi isolada em nove
casos (9/12, 75%), Bacillus sp e
Enterococcus sp em um caso cada uma.
Na estafilococose, o S. aureus é o agente
mais comum e geralmente primário.
Normalmente encontrado no epitélio
tegumentar ou respiratório, as cepas
podem se tornar patogênicas quando
houver lesão epitelial e ou depressão do
sistema imune do hospedeiro. Dentre os
agentes fúngicos, Aspergillus sp foi
hematógena para outros órgãos. Apenas
em quatro casos, esse agente não foi
isolado do trato respiratório, e, sim, do
esôfago, fígado, serosa hepática e rins/
adrenais; porém em todos havia também
o
comprometimento
do
sistema
respiratório, evidenciado através de
cáseos em parênquima e ou serosa
(Figura 2). A identificação dos agentes
infecciosos
é
essencial
para
a
confirmação da suspeita clínica e uma
importante ferramenta para auxiliar na
condução da terapêutica, uma vez que a
maioria das manifestações clínicas
promovidas por esses patógenos são
inespecíficas.
verificado em 12 casos (12/15, 80%),
sendo que em cinco casos esteve
presente a infecção bacteriana (portanto,
infecção mista). Nos três casos em que
foi
isolado
Candida
sp,
houve
concomitantemente a infecção bacteriana,
sendo
considerada
um
agente
oportunista. Foram diversos órgãos
internos acometidos por lesões e onde
houve crescimento bacteriano, porém, em
relação ao Aspergillus, houve evidente
preferência do agente para se instalar e
infectar o trato respiratório (sacos aéreos,
siringe, traquéia, pulmão). A aspergilose é
frequente em aves de vida livre e que são
levadas ao cativeiro. O fungo tem
predileção pelo trato respiratório inferior,
locais de alta tensão de oxigênio,
principalmente pulmão e sacos aéreos,
mas
pode
ocorrer
disseminação
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
178 | P á g i n a
Relato de Caso - 39
enterobactérias e fungos oportunistas, tal
como a Candida sp (Figura 1). Do total de
Relato de Caso - 40
Figura 1. A - enterite hemorrágica; B - lesão em miocárdio; C - lesão intestinal; D - lesão
esofágica.
Figura 2. Lesões em sacos aéreos.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
179 | P á g i n a
Correction of carapace and plastron fracture in Europe Pond Turtle (Emys orbicularis)
Bruna Gois Santos1; Thaís Melquíades de Lima2; Carolina Juares Virgílio Pereira1;
Fernando González González3
1
Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE), Santos, SP, Brasil
2
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), PE, Brasil
3
Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat (GREFA), Espanha
Contato: [email protected]
Introdução: Na rotina dos centros de
recuperação, é comum receber répteis
tartarugas e jabutis. As causas mais
comuns são quedas, mordida de cães e
vítimas de algum trauma, seja ele devido
à ação humana direta, ou em decorrência
de alterações em seu meio, que podem
predispor a acidentes. O casco é uma
estrutura óssea formada pela fusão de
ossos da coluna vertebral, costelas e
cintura pélvica. A porção superior é
denominada carapaça e a porção ventral,
plastrão. Essas porções são unidas
lateralmente por pontes. Esse arcabouço
atropelamento por veículos ou acidentes
com cortadores de grama. O prognóstico
depende da existência de lesões em
órgãos vitais, intensidade da hemorragia
e se o animal está em choque. Como a
respiração dos testudíneos não depende
da pressão interna negativa, mesmo os
pacientes com fratura completa da
carapaça
conseguem
respirar
2
normalmente. O objetivo deste trabalho é
ósseo é revestido por placas córneas,
também chamadas escudos epidermais.
Os escudos epidermais são arranjos
como mosaico, que não coincidem
necessariamente com as bordas de
crescimento das placas ósseas que
revestem.1 As fraturas de carapaça e
plastrão são ocorrências comuns em
relatar a cirurgia de reparação de casco
em um cágado, bem como o protocolo de
analgesia escolhido.
Material e Métodos: Foi recebido um
cágado no GREFA (Grupo de Resgate de
Fauna Salvaje y Autóctona), de idade e
sexo indeterminados, pesando 475
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
180 | P á g i n a
Relato de Caso - 40
Protocolo anestésico para correção de fratura em ponte óssea entre carapaça e
plastrão de cágado-europeu (Emys orbicularis)
em
Majadahonda,
Madrid,
possuem a mesma função que a pele nos
Espanha. O protocolo pré-anestésico
utilizado foi administração de morfina 3
mg/kg IM, ceftazidima 20 mg/kg IM e
meloxicam 0,2 mg/kg IM (3). A indução foi
feita com o uso alfaxalona 7,5 mg/kg IM.
A alfaxalona vem sendo muito usada na
cirurgia de répteis, todavia ainda possui
grande variação em dose. A anestesia
inalatória, através da máscara com
humanos, portanto o escudo fraturado
deve ser tratado com os mesmos
cuidados de uma pele lesionada. O casco
age como uma barreira natural do
organismo que isola os componentes
internos
do
meio
externo.4
O
procedimento para o reparo do escudo
depende de fatores como idade, extensão
da lesão e condição física do paciente.5
isoflurano, também foi usada em conjunto
à alfaxalona para indução e manutenção
da anestesia, sendo administrada na
concentração alveolar mínima (CAM)
variando entre 2 e 2,5. O paciente foi
posicionado em decúbito dorsal, para
melhor manipulação da área. Após a antisepsia da região com clorexidine e
solução salina, a fratura foi reduzida na
união do plastrão com a carapaça
Deve-se aplicar antibiótico sistêmico por
no mínimo uma semana ou até que a
ferida tenha fechado. Em casos de feridas
abertas, estas devem ser protegidas com
telas para evitar a invasão por moscas.4
Em relação ao protocolo de analgesia,
optou-se pelo uso dos opióides como a
morfina e a buprenorfina que se
mostraram eficaz, porém na literatura o
uso dos mesmos estão em estudo em
mediante cerclagem com fio de aço
cirúrgico, ao redor do animal (Figura 1).
Para reforçar e permitir alinhamento das
bordas da fratura, foram acrescentadas
duas cerclagens em cruz, ancoradas por
agulhas intramedulares (Figura 2). As
cerclagens foram cobertas por uma resina
de metilmetacrilato. O animal continuou
em observação por 120 dias, seguindo o
tratamentpós-cirúrgico com a aplicação
répteis. O conceito de analgesia
preventiva busca evitar a sensibilização
da cadeia da dor nas fases pré, trans e
pós anestésica. E os opióides agem
modulando a nocicepção na periferia,
medula e em áreas supraespinhais do
sistema nervoso central. No entanto,
devido ao fato dos répteis possuírem um
sistema nervoso central primitivo, a ação
antinociceptiva em répteis ainda está
de morfina 3 mg/kg IM a cada 48h e a
cada 72h foi feita antibioticoterapia com
ceftazidima 20 mg/kg IM3 até ser liberado
novamente à natureza numa área
próxima a Las Rozas, Madrid.
sendo estudada.6 Embora o butorfanol,
um opióide com maior afinidade aos
receptores Kappa seja o mais usado em
répteis, a morfina pode ser uma escolha
mais apropriada, devido a predominância
de receptores Mi nesses animais. A
morfina pode fornecer antinocicepção em
algumas espécies de répteis por um
Resultados e Discussão: As placas
córneas do escudo dos quelônios
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
181 | P á g i n a
Relato de Caso - 40
gramas,
Referências Bibliográficas: 1) Cubas
Conclusões: Há uma infinidade de
produtos e materiais que podem ser
usados para reparar o casco de um
quelônio e a escolha da técnica
dependerá do tipo de lesão e condição
corpórea do animal. Neste caso, a melhor
opção é cerclagem para aproximação do
casco, uma vez que a fratura era na
junção entre carapaça e plastrão. É muito
PH, Baptistotte C. Chelonia (Tartaruga,
Cágado, Jabuti) In: Tratado de Animais
Selvagens – Medicina Veterinária. Roca.
São Paulo, 2007. 1354p. 2) Sick H.
Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2001. 345p. 3) Carpenter
JW. Formulário de animais exóticos. 3.
ed. São Paulo: MedVet, 2010. 4) Kaplan’s
M. Turtle and tortoise shell. Herpetological
importante o estudo de tais problemas e
soluções relacionados aos testudíneos, já
que é um evento recorrente na clínica de
exóticos e em centros de recuperação.
Além disto, o protocolo de analgesia
escolhido foi eficiente, uma vez que foi
possível manter o animal durante os 45
minutos de cirurgia sem reflexos de dor.
Care Collection: Los Angeles. Aug., 2002.
p. 78-84. 5) Mader DR. Reptile medicine
and surgery. 2 ed. Philadelphia: W. B.
Saunders Company, 2006. 1242p. 6)
Sladky KK; Kinney MM; Johnson SM.
Analgesic efficacy of butorphanol and
morphine in bearded dragons and snakes.
Journal
of
american
veterinary
association, Chicago. v2; 2009.
Figura 1. Imagem demonstra a união do plastrão com a carapaça mediante cerclagem com
fio de aço cirúrgico, ao redor do animal
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
182 | P á g i n a
Relato de Caso - 40
período de 24 horas.6
Relato de Caso - 40
Figura 2. Imagem demonstra alinhamento das bordas da fratura com duas cerclagens em
cruz, ancoradas por agulhas intramedulares.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
183 | P á g i n a
Utilização de sonda nasogástrica em jabuti: relato de caso
Christine Prisco Luiz1; Renata Zaneski Lopes1; Kamal Achôa Filho2; Vanessa Bertagia
Pasqualetti2; Ivan Fernandes Malateaux1; Bruna Diniz Bayarri1; Giovanna Quirino Zibordi3;
Roberto Silveira Fecchio4
1
De Olho no Bicho - Diagnóstico Veterinário (DONB), Brasil
2
Universidade Anhanguera / UniABC (UNIAN), Brasil
3
Universidade Anhembi Morumbi (UAM), Brasil
4
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Os jabutis fazem parte da
se, então, a necessidade de técnicas
ordem CHELONIA, a qual compreende
também cágados e tartarugas. São
animais considerados pré-históricos, pois
existem há mais de 200 milhões de anos
e possuem como característica principal
força e resistência, que conferem
longevidade à espécie.1,2,3 São animais
de
hábitos
terrestres,
onívoros,
preferencialmente herbívoros, pesando
em média de 6 a 12 kg, chegando até 50
apropriadas desenvolvidas para cada
espécie, que permitam ao clínico realizar
os procedimentos com sucesso. Uma
técnica simples e muito utilizada na
clínica é a passagem de sonda esofágica,
frequentemente
utilizada
para
alimentação forçada e administração de
medicamentos em animais anoréticos, por
curto prazo de tempo.3 Esta técnica é
considerada de difícil execução quando
cm de carapaça, possuindo dimorfismo
sexual e chegando a viver até 100 anos
de idade.2 Com o aumento do mercado
pet silvestre houve um respectivo
aumento desses animais nas clínicas
veterinárias, principalmente de espécies
comumente tidas como pet, como é o
caso da Geochelone carbonaria. Notou-
feitas em animais agressivos ou que não
cooperam
com
o
tratamento,
especialmente os jabutis maiores, devido
à dificuldade em conter o animal, sendo
necessário, nestes casos, a sedação do
animal.4 Entre as técnicas recomendadas
pela literatura, estão a faringostomia e a
esofagostomia.
Ambas
devem
ser
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
184 | P á g i n a
Relato de Caso - 41
The use of nosogastric tube on tortoise: case report
estresse ao animal devido ao quadro
o preparo deve ser para um procedimento
cirúrgico asséptico.4 As sondas de uso
prolongado, colocadas por meio de
faringostomia ou gastrostomia, são
indicadas para administração de fluídos
ou alimentação contínua em pacientes
criticamente
doentes
e
naqueles
agressivos, ou cuja boca é de difícil
abertura, causando extremo estresse.5
encontrado, optou-se por realizar o
tratamento utilizando sondas de material
plástico cujo calibre foi o de número 4. Foi
realizada a prévia lubrificação da sonda
com óleo mineral. O mandril utilizado foi
introduzido na luz das mesmas. O animal
foi posicionado em decúbito ventral,
sendo realizada a introdução da sonda
pela via nasogástrica (Figura 1). A sonda
Mader et al4 corroboram com Cubas et
al,5 concluindo que os métodos citados
minimizam o stress, especialmente em
quelônios fortes, agressivos ou nos
demasiadamente debilitados.
foi mensurada desde o comprimento
médio das narinas até o segundo escudo
epidermal
dorsal,
onde
está
topograficamente localizada a cavidade
gástrica. Desta forma foi feita uma
marcação na porção cranial da sonda,
sendo o limite no qual a sonda adentrará
o animal. Para confirmar o sucesso da
manobra, foi realizada uma radiografia
simples, onde pôde-se constatar a
Material e Métodos: Uma jabuti, fêmea,
25 anos, pesando 6,3 kg, foi levada ao
centro de diagnóstico de especialidades
veterinárias De Olho no Bicho, com a
queixa
principal
de
hibernação
prolongada e anorexia há 2 meses.
Durante a anamnese o proprietário
relatou episódios de hematoquesia, fezes
de coloração verde escuro com presença
de secreção mucoide, refluxo gástrico,
dispneia e descarga nasal com secreção
muco purulenta. Ainda relatou que o
animal não tinha contactantes, era
alimentado com frutas variadas, carnes e
presença do mandril (Figura 2). Após a
confirmação, procedeu-se a retirada do
mandril e a administração imediata de
alimento líquido, a base de verduras
escuras, legumes e frutas, 1 vez ao dia.
ração para cães. Referiu banhos de sol
periódicos, sendo mantido no período
noturno em local fechado sem fonte
externa
de
aquecimento.
Foram
solicitados exames complementares de
ultrassonografia,
radiografia
simples,
radiografia contrastada com bário e
hemograma. A fim de minimizar o
simples mostrou opacificação de campos
pulmonares, presença de ovo em
cavidade celomática, segmentos de alças
intestinais dilatadas e presença de corpo
estranho perfurante em topografia de
intestinos. A radiografia contrastada
demonstrou peristaltismo positivo, com
movimentação do corpo estranho sentido
Resultados
e
Discussão:
A
ultrassonografia
indicou
parênquima
hepático com ecotextura grosseira e
ecogenicidade mista. A radiografia
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
185 | P á g i n a
Relato de Caso - 41
realizadas com o paciente anestesiado e
tratamento com sondagem. A causa
heterofilia, granulação citoplasmática
tóxica e hiperproteinemia. O diagnóstico
com base na anamnese e nos exames
laboratoriais foi que a falta de controle de
temperatura e umidade juntamente com
dieta inadequada causou uma baixa no
metabolismo do animal, levando-o ao
estado de hibernação com consequente
pneumonia bacteriana, hipovitaminose A
provável da inapetência foi o erro de
manejo, sendo mantido a baixas
temperaturas e umidade inadequada. Em
60 dias o animal já apresentava
normoquesia e normorexia, sucedendo
assim a alta do paciente. A grande
dificuldade de realizar procedimentos
clínicos, aplicações de medicamentos e
coleta de material biológico nesta espécie
e excesso de proteína na dieta. A
anorexia prolongada levou ao quadro de
lipidose hepática. O tratamento foi
instituído com internação do animal para
correção de temperatura e umidade,
fluidoterapia com Solução Fisiológica
0,9%, antibióticoterapia com enrofloxacina
10% na dose de 5mg/kg, diluído em 1 mL
de solução fisiológica 0,9% para ser
aplicado via subcutânea a cada 48h
é devido à capacidade da espécie de
retrair a cabeça e os membros para
dentro da carapaça, formando um escudo
natural
de
difícil
acesso.4
Por
apresentarem forte musculatura em
membros e pescoço, os jabutis podem
retrair esses apêndices para dentro do
casco tornando difícil a manipulação.7 O
animal atendido e relatado no presente
trabalho corrobora com o citado,
durante 10 dias. Foi oferecido protetor
hepático silimarina na dose de 1 mg/kg,
protetor gástrico ranitidina na dose de 1
mg/kg,
nebulização
com
solução
fisiológica 0,9% e sondagem diária para
alimentação com papa de verduras
escuras, legumes, frutas e água de coco,
oferecendo 30 mL por dia, pelo método
de sondagem nasogástrica. Junto na
papa foi adicionado suplementação com
demonstrando o risco e a dificuldade de
contenção e manipulação da região
cervical e crânio. Autores citam a força
excessiva empregada em procedimentos
como segurar a cabeça com auxilio de
pinças ou outros instrumentos podem
causar fraturas no animal.6 Nestes casos,
foi relatada a inserção de sonda fina
flexível em uma das narinas até o
estômago, como via alternativa de acesso
cálcio e vitamina B12 na dose de 5 mg/kg,
0,5 mL de vitaminas do complexo B e 6
gotas de vitamina C. Após 40 dias o
animal apresentou melhora do quadro
respiratório e eliminação do corpo
estranho, confirmado com radiografia
controle, porém ainda apresentava
inapetência, dando então continuidade ao
à cavidade gástrica.2 Através da utilização
da sonda via nasogástrica, foi possível
obter
bons
resultados
quanto
à
alimentação
forçada
em
jabutis,
minimizando o estresse causado por
outras vias e sem necessidade de
anestesia previa para o procedimento, se
mostrando uma técnica eficaz no
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
186 | P á g i n a
Relato de Caso - 41
cólon descendente. O hemograma indicou
Referências Bibliográficas: 1) Antônio,
impossibilidade de se alimentarem da
forma natural. A técnica em epígrafe nos
mostra que não há necessidade de
manter a cabeça em distensão para a
introdução da sonda com o mandril basta
apenas manter o animal suspenso e com
ambos os membros anteriores contidos,
sendo desnecessário segurar a cabeça. O
tempo e a forma de contenção serão
CARMM; Romão, P.; Bruno, RTSF.
Aspectos fisiopatológicos da retenção de
ovos em Jabutipiranga (Geochelone
carbonaria Spix, 1824). Ciência Rural, v.
denominadores importantes para o
sucesso do procedimento, garantindo
muitas vezes a sobrevivência do animal.
saúde humana [Tese de Doutorado]. São
Paulo: Universidade de São Paulo, 2009.
3) Kirchgessner, M; Mitchell, MA.
Chelonians In: Manual of Exotic Pet
Practice. St. Louis: Elsevier Health
Sciences. 2009. 4) Mader, DR. Reptile
Medicine and Surgery., Philadelphia:
Saunders Company. 1996. 5) Cubas, ZS;
Catão-Dias, JL; Silva, JCR. Tratado de
Animais Selvagens. São Paulo: Editora
Conclusões: O uso da sonda via
nasogástrica demonstrou ser uma técnica
viável
como
alternativa
para
administração de fluídos e fórmulas
alimentares em jabuti, sendo que seu uso
neste
caso
clínico
facilitou
demasiadamente o manejo de um animal
irascível, diminuindo o estresse de
manejo, o que aumentou as chances do
sucesso
do
procedimento
e
o
restabelecimento da saúde do animal,
juntamente ao tratamento suporte de
fluidoterapia, antibióticos e protetores
gástricos e hepáticos.
36, n. 5, 2006. 2) Pessoa, CA. Avaliação
da microbiota bacteriana e fúngica
presente
na
cloaca
de
jabutis
(Geochelone carbonaria) criados em
domicílio e análise do potencial risco à
Roca, 2007. 6) Divers, SMH; Divers, SJH.
Atlas de Medicina Terapêutica e Patologia
de Animais Exóticos. São Paulo, SP:
Interbook. 2007. 7) Zboray G, Kovács Z,
Kriska G, Molnár K, Pálfia Z. Atlas of
Comparative Sectional Anatomy of 6
invertebrates and 5 vertebrates. New
York: Springer. 2011
.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
187 | P á g i n a
Relato de Caso - 41
tratamento de animais debilitados ou na
Relato de Caso - 41
Figura 1. Imagem demonstra o animal posicionado em decúbito ventral para a introdução
da sonda pela via nasogástrica.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
188 | P á g i n a
Relato de Caso - 41
Figura 2. Imagem radiográfica simples que demonstra a presença do mandril.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
189 | P á g i n a
Contenção química e anestesia inalatória em urso-de-óculos (Tremarctos ornatus) –
Chemical restraint and inhalatory anesthesia in a spectacled bear (Tremarctos ornatus) –
case report
Maria Augusta Adami Pereira dos Santos1; Bruna Diniz Bayarri1; Roberto Silveira Fecchio2;
Christine Prisco Luiz3; Vanessa Lanes Ribeiro4; Hanna Sibuya Kokubun4; Henrique
Guimarães Riva4; Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira4; Adauto Luiz Veloso Nunes4
1
Médico Veterinário autônomo
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
3
De Olho no Bicho - Diagnóstico Veterinário (DONB), Brasil
4
Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: O urso-de-óculos, único
representante
sul-americano
dos
ursídeos, habita florestas tropicais dos
Andes, desde a Colômbia até a Bolívia.
Considerado extremamente vulnerável à
extinção,
encontram-se
poucos
exemplares cativos no Brasil. As
contenções químicas e anestesias de
ursídeos envolvem manejos complexos e
geral e coleta de material biológico,
dentro do plano de medicina preventiva
do
Parque
Zoológico
Municipal
"Quinzinho de Barros". Para a contenção
química da paciente, optou-se pela
administração
intramuscular
da
associação de tiletamina e zolazepan, por
meio de seringa manual, na dose de 6
mg/kg. Foi observado decúbito lateral e
de alta periculosidade. Desta forma,
preconiza-se planejamento, uso de
protocolos
anestésicos
seguros
e
monitorização constante do paciente.
imobilização 6 minutos após a injeção,
quando a paciente foi transportada do
recinto até o ambulatório veterinário. A
indução anestésica foi realizada com
isofluorano administrado através de
máscara até que fosse obtido plano
anestésico adequado para a intubação
endotraqueal,
realizada
sem
Material e Métodos: Uma ursa-deóculos, adulta, com peso estimado em 65
Kg foi anestesiada para avaliação clínica
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
190 | P á g i n a
Relato de Caso - 42
relato de caso
literatura sugerem que a pressão arterial
com uma sonda endotraqueal número 12.
Posicionou-se cateter 18G na veia
cefálica para administração de fluidos.
Para monitoração da pressão arterial
média, utilizou-se cateter 20G inserido na
artéria dorsal podal, que vaiou entre 96 e
130 mmHg. A frequencia cardíaca
manteve-se entre 70 e 132 batimentos
por minuto; a frequencia respiratória
em ursídeos anestesiados tende a ser
mais alta que em outros mamíferos. O
efeito simpatomimético causado pelos
fármacos também podem ter influenciado
nesse incremento da pressão observado.
O tempo total de anestesia foi de 2 horas
e 43 minutos.
manteve-se entre 6 e 12 movimentos por
minuto.
tranquila e em tempo
satisfatório pela equipe.
Conclusões:
A
recuperação
pósanestésica da paciente ocorreu de forma
considerado
Resultados e Discussão: Dados de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
191 | P á g i n a
Relato de Caso - 42
intercorrências, em decúbito esternal,
Ocorrência de plasmocitoma em tecido cutâneo de hamster-anão-russo (Phodopus
Occurrence of skin tissue plasmacytoma in the russian dwarf hamster (Phodopus
campbelli)
Daniel Castendo Simões1; Thiago Luis Gonçalves2
1
Clínica Veterinária DCSfauna, Brasil
2
Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (Unesp), Araçatuba, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Os pequenos roedores são
criados como animais de estimação no
Brasil
sendo
representados
principalmente
pelos
hamster-sírio
(Mesocricetus auratus) e hamster-anãorusso (Phodopus campbelli) que é
confundido, por leigos, com o hamsterchinês
(Cricetulus
griseus)
quase
inexistente no país, sendo considerado
espécie exótica, diferente dos anteriores
que
são
considerados
animais
4
domésticos. São animais com peso entre
quarenta e sessenta gramas que podem
viver até dois anos em media,1,2 sendo
considerados animais agressivos, porém
isto é um equivoco.4 A casuística de
neoplasias nestas espécies é reportada,
na maior parte dos casos, em hamsters
criados em condições experimentais, e
entre as neoplasias mais comumente
relatadas são as de ovários, mamas e
sistema linfático, além disso são relatados
em
fígado,
pâncreas
e
rins
(nefroblastoma,
adenoma
e
2,3
adenocarcinoma).
Material e Métodos: O presente caso é
representado por um animal macho de
dois anos de idade que foi atendido com
queixa de aumento de volume abdominal
focal
de
aproximadamente
dois
centímetros e consistência macia. Animal
foi medicado com antiinflamatório nãoesteroidal e antibiótico por sete dias sem
recidiva da lesão, foi executado punção
da massa disforme sem aquisição de
material sendo este difuso no subcutâneo
abdominal. O óbito veio dois meses após
o início do tratamento. No exame de
microscopia de luz, com coloração de
hematoxilina e eosina, foi constatada
neoplasia de origem linfóide, estendendose desde a camada basal da epiderme
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
192 | P á g i n a
Relato de Caso - 43
campbelli)
edição. 2005. Editora Elsevier Saunders.
observado
comprometimento
pela
enfermidade, e que foi diagnosticada
como plasmocitoma extramedular.
St. Louis, Missouri. 2) Cubas ZS, Silva
JCR, Catão-Dias JL. Tratado de Animais
Selvagens
–
Medicina
Veterinária.
Primeira edição. 2006. Editora Roca. São
Paulo. 3) Hillyer EV, Quesenberry KE.
Ferrets, Rabbits and Rodents – Clinical
Medicine
and
Surgery.
Primeira
edição.1997.
Editora
W
Saunders
Company. Philadelphia, Pennsylvania. 4)
Resultados e Discussão: Esta neoplasia
foi documentada em hamster-chinês
(Mesocricetus auratus)5 e em outras
espécies, sendo considerada comum
principalmente de forma extramedular,
ocorrendo preferencialmente na região de
cabeça e pescoço,6 órgãos mais afetados
são a glândula adrenal seguido de
pâncreas e endométrio a contaminação
por poliomavirus é comum tendo, citado a
relação
com
tumores
como
6
Lymphossarcoma e trichoepitelioma.
Conclusões: O hamster-anão-russo pode
ser
acometido
por
neoplasias
principalmente cutâneas (cabeça e
pescoço) e em órgãos como pâncreas e
endométrio o plasmocitoma é incomum
nesta espécie sendo o primeiro caso
relatado na cidade de Araçatuba.
http://Animalpetfans.blogspot.com/2013/0
2/hamster-anao-russo-nao-e-hamsterchinez.html . 5) Kondo H, Onuma M,
Shibuya H, Sato T. Spontaneous Tumors
in Domestics Hamsters. Veterinary
Pathologists2008
45:674.
http://vet.sagepub.com/content/45/5/674 .
6) Munday JS, Richey LJ, Brown CA,
Rodriguez NA, Kiupel M. Extramedullary
Plasmocytoma of the Salivary Gland in
Two Syrian Hamsters (Mesocricetus
auratus). Veterinary Pathologist 2005
42:819.
http://vet.sagepub.com/content/42/6/819 .
Referências Bibliográficas: 1) Carpenter
JW. Exotic Animal Formulary. Terceira
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
193 | P á g i n a
Relato de Caso - 43
até a musculatura esquelética, na qual foi
Perfil bioquímico de lhamas cativas (Lama glama) anêmicas e não anêmicas
Carlos Czpak Kroetz1; Miúriel de Aquino Goulart1; Aline Luiza Konell1; Rafael Hideki Hagi1;
Olair Carlos Beltrame1; Rogério Ribas Lange1; Rosangela Locatelli Dittrich1
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: As lhamas (Lama glama) são
os maiores camelídeos sul-americanos.
Originárias da região dos Andes, onde
vivem em grandes altitudes e baixas
temperaturas, são a principal fonte de
alimento, pele e meio de transporte entre
as tribos andinas.1 O perfil bioquímico
Material e Métodos: Dezessete amostras
de sangue de lhamas (Lama glama)
adultas
foram
encaminhadas
ao
Laboratório
de
Patologia
Clínica
Veterinária da Universidade Federal do
Paraná (UFPR). As lhamas são mantidas
em criadouro comercial localizado em
sérico é utilizado na avaliação clínica de
populações de animais para monitorar as
condições
nutricionais,
avaliar
o
metabolismo e o funcionamento dos
órgãos. Na presença de anemia há
redução da capacidade do sangue em
transportar oxigenio aos tecidos e,
consequentemente, comprometimento no
funcionamento dos órgãos. Em lhamas
existem poucas informações sobre o perfil
São José dos Pinhais - PR. As amostras
foram coletadas por venopunção jugular e
acondicionadas
em
tubos
com
anticoagulante (EDTA) para realização do
hemograma, e sem anticoagulante para
as provas bioquímicas. O material foi
processado dentro de 24 horas após a
coleta. O hemograma foi realizado em
analisador automático BC-2800Vet®; o
hematócrito foi determinado pela técnica
bioquímico sérico e as possíveis
alterações na presença de anemia
regenerativa e não regenerativa. O
objetivo do presente trabalho é relatar o
perfil bioquímico sérico de lhamas
anêmicas e não anêmicas e identificar as
alterações observadas.
do micro-hematócrito (9000 rpm/5 min); a
contagem diferencial de leucócitos foi
realizada
em
extensão
sanguínea
coradas com Panótico; a contagem de
reticulócitos dos animais anêmicos foi
realizada no esfregaço sanguíneo corado
com azul de cresil brilhante; o volume
globular médio (VGM) e a concentração
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
194 | P á g i n a
Relato de Caso - 44
Biochemical profile of anemic and non-anemic captive llamas (Lama glama)
foram classificadas em regenerativas e
foram calculados baseando-se nas
fórmulas padrão. As amostras para
análise bioquímica foram centrifugadas
(5000 rpm/5min) para obtenção do soro.
As análises bioquímicas foram realizadas
em analisador automático (BS-200
Mindray®), utilizando-se kits comerciais
Kovalent®
e
Dialab®
conforme
especificação
do
fabricante.
Os
não regenerativas de acordo com o
número de reticulócitos (reticulócitos
>0,5%
foi
considerada
anemia
regenerativa): em quatro lhamas (31%;
4/13) a anemia foi regenerativa e em nove
(61%; 9/13) foi não regenerativa. A
anemia é um problema clínico comum em
lhamas2 e as regenerativas podem ser
causadas
por
hemoparasitos
ou
parametros avaliados foram: aspartato
aminotransferase (AST) (método cinéticoUV); albumina (verde de bromo cresol);
cálcio total (método fotométrico com
Arsenazo III); capacidade de ligação do
ferro
insaturado
(UIBC)
(método
colorimétrico fereno); creatinina (picrato
alcalino Jaffe); capacidade de ligação do
ferro (CTLF) (método colorimétrico
fereno), ferro (método colorimétrico
hemorragia aguda;3 as não regenerativas
podem
ser
devido
às
doenças
inflamatórias,
renais
crônicas
e
4
nutricionais. Avaliando-se os índices
VGM e CHGM, classificaram-se as
anemias em normocítica (77%; 10/13),
microcítica (15%; 2/13) e macrocítica (8%;
1/13); todos apresentaram hipocromia. As
médias,
desvios-padrão
e
valores
mínimos e máximos encontrados para
fereno), globulinas (cálculo por diferença
entre proteínas totais e albumina); gamaglutamiltransferase
(GGT)
(método
cinético-colorimétrico), proteínas totais
(biureto), e uréia (método cinético
enzimático UV). Os eletrólitos (cálcio
iônico, sódio e potássio) foram dosados
pelo método eletrodo íon seletivo em
hemogasômetro Rapidpoint® 350.
todos os parâmetros analisados estão
descritos nas tabelas 1 e 2. Nos quatro
animais com anemia regenerativa, em
três se verificou hipoproteinemia (75%;
3/4); em todos os animais com anemia
arregenerativa os valores para proteína
estavam normais (100%; 9/9). Nos casos
de hipoproteinemia associada à anemia
regenerativa
sugere-se
possível
parasitismo, e em nenhum animal do
Resultados e Discussão: Os resultados
foram analisados e os animais foram
separados em grupo anêmicos (76,5%;
13/17) e grupo não anêmicos (23,5%;
4/17). Esta classificação foi realizada de
acordo
com
o
hematócrito
(Ht),
considerando-se 29 a 39% o Ht de
referencia para lhamas.4 As anemias
presente estudo verificou-se alterações
de enzimas hepáticas que revelassem
possível hepatopatia. No leucograma do
grupo anêmico, um animal (8%; 1/13) foi
identificado com leve leucocitose e
neutrofilia, no entanto esta pode ser
fisiológica devido ao estresse do manejo
e contenção para coleta de sangue.5
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
195 | P á g i n a
Relato de Caso - 44
de hemoglobina globular média (CHGM)
referência e nos não anêmicos apenas
todos os não anêmicos apresentaram
valores leucocitários totais dentro do
padrão de referência. A maioria das
alterações bioquímicas encontradas em
camelídeos pode ser interpretada de
forma semelhante aos de outras espécies
domésticas.6 O perfil hepático é avaliado
pela mensuração da GGT, AST, sorbitol
desidrogenase (SDH) e ácidos biliares. A
um animal estava com valor inferior. Os
demais animais estavam dentro do
padrão de referencia. Para a CTLF, 61%
(8/13)
dos
animais
anêmicos
apresentaram valores inferiores ao de
referência e 100% dos não anêmicos
apresentaram valores dentro do padrão
de referência. Estudos sobre os valores
de referência do ferro, da CTLF e da
AST é liberada na destruição dos
hepatócitos e aumenta relativamente
rápido após o dano, no entanto não é
hepato-específica; a GGT é induzida
principalmente por colestase e sugere-se
que ela aumente e diminua mais
lentamente que a AST.6 Não se verificou
alteração de AST em nenhum animal e
para a GGT verificou-se valor elevado em
um animal (6%; 1/17), podendo indicar
UIBC estão em desenvolvimento por este
grupo de pesquisa. A deficiência de ferro
geralmente está relacionada à dieta,
perdas crônicas de sangue ou, mais
raramente, a falta de acesso ao solo;7 a
diminuição do CTLF ocorre em casos de
infecção, fibrose hepática, uremia e
neoplasia.3 Deve-se destacar a falta de
dados na literatura para os eletrólitos,
CTLF e UIBC. A diferença de metodologia
colestase,6 necrose hepática e fasciolose,
comum em lhamas.7 Os valores de
creatinina estavam normais nos dois
grupos. A ureia sérica estava elevada em
um animal (6%; 1/17). O metabolismo da
ureia em camelídeos é semelhante ao
dos ruminantes, ou seja, ela pode ser
utilizada
pelos
microrganismos
do
3
estômago para produção de proteínas. A
elevação
da
ureia
pode
indicar
na análise deve ser considerada na
interpretação dos resultados.
desidratação, alimentação rica em
proteína ou catabolismo muscular, não
sendo necessariamente problema renal
primário,3 principalmente por não estar
acompanhada de elevação na creatinina.
No caso dos animais anêmicos,
verificaram-se valores de ferro (método
colorimétrico
fereno)
inferiores
a
Conclusões: Este trabalho demonstra
poucas alterações nos parâmetros
bioquímicos de lhamas anêmicas em
relação às não anêmicas. Em lhamas há
escassez de dados referentes ao
metabolismo do ferro e os respectivos
níveis séricos na presença de inflamação
e/ou anemia.
Referências Bibliográficas: 1) Fowler
ME. Medicine and surgery of south
american camelids. 2nd ed. Iowa State
University Press, Ames; 1998. 2) Morin
DE, Garry, MGW, Fettman MJ, Johnson
LW. Hematologic Features of Iron
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
196 | P á g i n a
Relato de Caso - 44
Demais animais anêmicos (92%; 12/13) e
Wardrop, KJ, editor. Schalm’s Veterinary
Pathology, 1992; 29:400-404. 3) Fowler
ME. Medicine and Surgery of Camelids.
3th ed. Ames, Iowa; 2010. 4) Stockham
SL, Scott MA. Eritrócitos. In: ____.
Fundamentos de Patologia Clínica
Veterinária. 2nd ed. Revisado por
Takahira RK; Tradução Cid Figueiredo et
al. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
2011.p.90-195.
5)
Tornquist,
SJ.
Hematology. 6th ed. Ames, Iowa: WileyBlackwell; 2010. p. 910-917. 6) Tornquist
SJ. Clinical Pathology of Llamas and
Alpacas. Vet Clin Food Anim, 2009; 25:
311-322. 7) Foster A, Bidewell C, Barnett
J,
Sayers
R.
Haematology
and
biochemistry in alpacas and llamas. In
practice. 2009; 31:276-281.
Hematology of Camelids. In: Weiss, DJ,
Tabela 1. Média, desvio-padrão e valores mínimos e máximos dos parâmetros
hematológicos de lhamas (Lama glama).
Tabela 2. Média, desvio-padrão e valores mínimos e máximos dos parâmetros bioquímicos
de lhamas (Lama glama).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
197 | P á g i n a
Relato de Caso - 44
Deficiency Anemia in Llamas. Veterinary
Isolamento e detecção molecular de Avipoxvirus de canário (Serinus canaria) em
Isolation and molecular detection of canary Avipoxvirus (Serinus canaria) in Minas Gerais,
Brazil
Lílian Botelho Medeiros1; Sandra Yuliet Marín Gómez1; Hannah Luiza Gonçalves Coelho1;
Sarah Ferreira Cunha1; Marcus Vinícius Romero Marques1,2; Nelson Rodrigo da Silva
Martins1
1
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil
2
Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (ABRAVAS), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Estima-se que a ordem
PASSERIFORMES abrigue em torno de 60%
do total de espécies de aves, sendo os
poxvirose em canários foi previamente
diagnosticada no Brasil nos estados do
Rio Grande do Sul e São Paulo.3,4 O
canários e pintassilgos alguns exemplos
de espécies comuns em cativeiro.1
Nesses animais a poxvirose (bouba)
aviária pode apresentar as formas
cutânea, diftérica e septicêmica e
mortalidade de 20 a 100%. É possível
realizar diagnóstico presuntivo com base
nos sinais clínicos, lesões e citologia. O
diagnóstico definitivo pode ser obtido pelo
presente trabalho tem o objetivo de
registrar a ocorrência de poxvirus em
canários domésticos de criatório no
estado de Minas Gerais, por isolamento
viral e detecção molecular.
isolamento
viral,
demonstração
histológica dos corpúsculos de inclusão
intracitoplasmáticos eosinofílicos nas
células epiteliais ou visualização de
partículas
virais
em
microscopia
2
eletrônica. Os estudos nos canários
domésticos podem informar sobre o risco
potencial aos fringilídeos nativos.1 A
Aves
da
Escola
de
Veterinária
Universidade Federal de Minas Gerais EV/UFMG. Lesões sugestivas de bouba
(hiperplasia cutânea na perna e no olho
direito) foram observadas à macroscopia.
Amostras das lesões proliferativas, fígado
e baço foram coletadas e parte
armazenada em formol 10% para
Material e Métodos: Óbitos de canários
foram encaminhados para o laboratório
de doença das aves, para realização de
necropsia no Laboratório de Doenças das
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
198 | P á g i n a
Relato de Caso - 45
Minas Gerais, Brasil
com brometo de etídeo (10mg/ml). Os
para
posterior
isolamento
e
caracterização viral. Fragmento do fígado
foi retirado para bacteriologia em Agar
sangue e McConkey em aerobiose.
Durante a necropsia foram visualizados
oocistos sugestivos de coccídeo à
microscopia direta imediata do raspado
da mucosa intestinal. O isolamento do
vírus foi realizado por inoculação de ovos
oligonucleotideos iniciadores (primers)
utilizados
foram
F:
CAGCAGGTGCTAAACAACAA
e
R:
6
CGGTAGCTTAACGCCGAATA.
Para
cada ensaio foi utilizado como controle
positivo o DNA extraído de uma vacina
viva de galinhas. Como controle negativo
foram utilizados todos os reagentes sem a
inclusão de amostra de DNA e com
embrionados (SPF) de 11 dias de idade
com macerado de pele. Para a
inoculação, os fragmentos de pele das
áreas lesadas foram macerados em gral
com pistilo, diluídas em PBS estéril e
tratadas com antibiótico e antimicótico a 1
%
(penicilina,
estreptomicina
e
anfotericina B). Os ovos mortos 24 horas
após a inoculação foram descartados. No
quinto dia pós-inoculação, os embriões
adição 1 L de água.
foram examinados para a presença de
lesões típicas de poxvírus. Para
confirmação da etiologia, foram avaliados
fragmentos de pele e membrana córioalantóide com lesões, em PCR. A
extração do DNA foi realizada pelo
método de sílica, seguindo um protocolo
já descrito,5 com algumas modificações.
O DNA extraído foi amplificado utilizando
200ng de DNA, 2 L de tampão 10X, 1 L
local de aplicação. O DNA extraído das
lesões dos canários e das lesões das
membranas
cório-alantóides
foi
separadamente examinado por PCR,
revelando o produto de massa molecular
esperada de 578 pb. As sequências de
DNA de Avipoxvirus deste surto e de
outros estão sendo determinadas e
comparadas com dados da literatura
de dNTP mix a 10 mM, 1,0 L de MgCl2 a
50 mM, 1 L de cada iniciador externo a
10 pmol, 0,2 L de Taq polimerase a 5
U/L e água ultra pura q.s.p. A reação de
PCR foi obtida em termociclador. Os
produtos amplificados foram submetidos à
eletroforese em gel de agarose 1,5% e
visualizados sob luz UV após coloração
Resultados e Discussão: A bacteriologia
do fígado resultou em isolamento de
Escherichia
coli,
indicativa
de
comprometimento
sistêmico
grave.
Obteve-se isolamento do Avipoxvirus, nos
ovos SPF inoculados, com alterações
caracterizadas por grande área de
opacidade
e
espessamento,
na
membrana corioalantóide, no entorno do
científica. A mortalidade de 360
passeriformes silvestres provenientes do
tráfico em São Paulo revelou 102 aves
positivas para poxvirus, por histopatologia
e visualização de hiperplasia epitelial com
corpúsculos
de
inclusão
3
intracitoplasmáticos eosinofílicos. No Rio
Grande do Sul, foi descrita a ocorrência
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
199 | P á g i n a
Relato de Caso - 45
histopatologia, e parte congelada a -20º
Ritchie, GJ Harrison and LR Harrison
domésticos vacinados, confirmada por
histopatologia.4 Avipoxvirus foi detectado
em coruja suindara (Tyto alba) de vida
(Eds.). Avian Medicine: Principles and
Application. Wingers Publishing; 1994.
p.1172-1199.
2)
Dorrestein
MG,
Passeriformes. In: Tully TN, Dorrestein
GM, Jones AK (Eds.). Tradução Summa
M.E.L. et al. Clínica de aves. Elsevier;
2010. p. 168. 3) Godoy SN, Matushima
ER. A survey of diseases in passeriformes
obtained from wildlife illegal trade in São
livre em óbito durante atendimento (Rio
Grande
do
Sul),
com
lesões
demonstradas por histopatologia e
partículas
virais
visualizadas
em
7
microscopia eletrônica.
Conclusões: Confirma-se a ocorrência
da bouba de canário por isolamento e
detecção molecular de Avipoxvirus. A
linha de pesquisa em Avipoxvirus
implantada deverá permitir estudos de
casos suspeitos da fauna silvestre
mantidos em nosso laboratório. Há pouca
notificação de casos fatais em aves
domésticas e silvestres com diagnóstico
confirmado para Avipoxvirus no Brasil.
Como o diagnóstico macroscópico é
Paulo City, Brazil. Journal of Avian
Medicine and Surgery; 2010; 24:199-209.
4) Munhoz LS, Finger PF, Sielder BS,
Fisher G, Hübner SO, Schild AL et al.
Ocorrência de bouba aviária em canários
(Serinus canarius domesticus) na região
sugestivo, pode permanecer restrito à
descrição
clínico-patológica.
O
diagnóstico etiológico correto pode
informar sobre os potenciais riscos às
populações de aves domésticas e
silvestres. A vigilância de Avipoxvirus com
a
utilização
das
metodologias
recomendadas deverá assegurar estudos
epidemiológicos, redução do risco à fauna
Boom R, Sol CJA, Salimans MMM et al..
Rapid and simple method for purification
of nucleic acids. Journal of Clinical
Microbiology. 1990; 28:495-503. 6) Huw
Lee L, Hwa Lee K. Application of the
polymerase chain reaction for the
diagnosis of fowl poxvirus infection.
Journal of Virological Methods; 1997;
63(1-2):113-9. 7) Vargas GD, Albano AP,
Fischer G, Hübner S, Sallis SE, Nunes CF
e melhor controle da doença.
sul do Rio Grande do Sul. In: XVII CIC da
Universidade Federal de Pelotas; 2008;
Pelotas. Anais do XVII CIC da
Universidade Federal de Pelotas, 2008. 5)
et al. Avian pox virus infection in a
common barn owl (Tyto alba) in southern
Referências
Bibliográficas:
1)
Macwhirter P, Passeriformes. In: BW
Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira;
2011; 31(7):620-622.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
200 | P á g i n a
Relato de Caso - 45
de bouba fatal em um grupo de canários
Hérnia abdominal fatal em periquito australiano (Melopsittacus undulatus)
Marcela Carvalho Ortiz1; Felipe Coutinho Esteves1; Alessandra Vetelli Araújo1; Hannah
Luiza Gonçalves Coelho1; Sarah Ferreira Cunha1; Marcus Vinícius Romero Marques1;
Nelson Rodrigo da Silva Martins1
1
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Um periquito australiano
(Melopsittacus undulatus) fêmea de oito
anos foi atendido do Laboratório de
Doenças das Aves (Escola de Veterinária
da UFMG) em 16 de Abril de 2014 por
apresentar grande aumento do volume
abdominal. Ao exame físico, o aumento
de volume foi caracterizado por medir
cerca de dois centímetros, consistência
flácida,
com
a
pele
circundante
desprovida de penas e com lesão erosiva
do atrito com o piso da gaiola.
ml/grama/peso vivo). A ave foi avaliada
por radiografia simples e radiografia de
contraste (sulfato de bário) ventrodorsal,
com três registros de imagem radiográfica
em intervalos de 5 minutos. As causas e
implicações da hérnia em periquito
australiano são discutidas.
Material e Métodos: Ao exame clinico a
ave apresentava uma massa palpável
abdominal com aproximadamente dois
Resultados e Discussão: Ao exame
clínico a ave se apresentava obesa, com
aumento de volume abdominal e
comportamento de nidificação, o que
pode sugerir hiperestrogenismo.4 À
radiografia simples ventrodorsal foi
observada uma massa de 3 x 2 cm,
próxima à cloaca, e com pontos
centimentros. Segundo o proprietário a
ave teria cerca de 8 anos e já fora
adquirida com a massa que aumentou de
volume com o passar do tempo
principalmente nos ultimos 6 meses. Após
a inspeção clínica, encaminharam-se
exames radiológicos simples e de
contraste (sulfato de bário 0,025
radiodensos no interior (Figura 1). Após a
administração de sulfato de bário, foram
realizados três registros de imagem
radiográfica em intervalos de 5 minutos.
As imagens radiográficas evidenciaram
massa localizada fora da cavidade
celomática
(extracavitária),
contendo
segmentos de alças intestinais, e
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
201 | P á g i n a
Relato de Caso - 46
Fatal abdominal hernia in budgerigar (Melopsittacus undulatus)
integridade
base nestes resultados, e associados ao
exame clínico, foi concluído o diagnóstico
como hérnia abdominal. O aumento de
volume abdominal em aves é um achado
frequente na clínica de aves. A anamnese
detalhada, com exame físico cuidadoso e
avaliação
radiológica,
permite
o
diagnóstico correto. Várias afecções
avícolas, como ascite, ovulação ectópica,
contraste em aves, pode-se empregar o
sulfato de bário, preparado na dose de
0,025 a 0,05 ml/g de peso vivo.1,2 Como
em outras espécies, uma consequência
clínica da hérnia abdominal pode ser o
estrangulamento dos órgãos, infecções
de pele no local distendido e a prostração
da ave. A intervenção corretiva pode ser
de grande risco cirúrgico, pois devido à
peritonite, retenção de ovulações no
oviduto e neoplasias, podem apresentar
um quadro clínico semelhante com
dificuldade no diagnóstico.1 As hérnias
abdominais podem ser congênitas ou
adquiridas. Entre as causas mais comuns
das hérnias adquiridas está o aumento da
pressão abdominal e a debilidade da
musculatura parietal abdominal. Nesse
contexto, o hiperestrogenismo pode
extensão
dos
sacos
aéreos,
a
recolocação dos órgãos no lugar de
origem é difícil, podendo causar
compressão, sofrimento respiratório e
asfixia. Em hérnias menores pode-se
utilizar como suporte uma tela de
polipropileno e realizar salpingectomia de
oviduto herniado.1,2 Afecções simultâneas
à
hérnia,
como
infecção,
hiperestrogenismo, lipidose hepática,
causar o enfraquecimento dos músculos
abdominais, sugerido assim como um
fator predisponente em periquitos (M.
undulatus) e calopsitas (Nymphicus
hollandicus). Outras causas associadas
cistos e obesidade aumentam o risco
cirúrgico.
às hérnias abdominais são: lipidose
hepática, distúrbios do trato reprodutivo,
peritonite, lipomas intra-abdominais e
cistos peritoniais.4 São descritas mais
frequentemente em fêmeas obesas de
psitacídeos, coincidindo com o caso aqui
relatado.1,2,3 O diagnóstico de hérnia
abdominal pode ser baseado em exame
clínico associado ao estudo do raio x
contrastado. A radiografia contrastada
assegura
um
melhor
diagnóstico,
permitindo a diferenciação dos órgãos ou
tecidos herniados e a continuidade e
destes.
Como
meio
de
Conclusões: A hérnia celomática em
periquito australiano pode ser grave e
fatal. A obesidade, hiperestrogennismo e
função reprodutiva são descritas como
predisponentes ao quadro. A intervenção
cirúrgica deve ser avaliada de acordo com
a condição do paciente. O diagnóstico
precoce deve ser encaminhado logo no
início do aparecimento do aumento de
volume, para viabilizar a intervenção
cirúrgica e melhorar o prognóstico.
Referências Bibliográficas: 1) Albert A,
Bayon A, Soler M. Hernia abdominal en
un periquito común (Melopsittacus
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
202 | P á g i n a
Relato de Caso - 46
proventriculo e moela (Figura 2). Com
Clinica
veterinaria
de
pequeños animales; 2001; 4(21):349-351.
2) García AB, Speer B, Olsen G,
Fitzgerald B. Medical center for birds
introducción y caso clínico: las hernias
abdominales en aves. In: Sourthern
European Veterinary Conference; 2012
Out. 18-20; Barcelona. Anais eletrônicos.
Disponível
em:
URL:http://www.mysevc.info
3)
Forbes
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Seminars in Avian and Exotic Pet
Medicine; 2002; 11:196-207. 4) Langlois I,
Jones MP. Ventral abdominal hernia
associated with hepatic lipidosis in a Red
Lory (Eos bornea). Journal of Avian
Medicine and Surgery; 2001; 15(3): 216222.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
203 | P á g i n a
Relato de Caso - 46
undulatus).
Detecção de Chlamydophila psittaci em papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea)
Detection of Chlamydophila psittaci in vinaceous-breasted amazon (Amazona vinacea) in
triage
Lílian Botelho Medeiros1; Sandra Yuliet Marín Gómez1; Hannah Luiza Gonçalves Coelho1;
Sarah Ferreira Cunha1; Marcus Vinícius Romero Marques1; Marcela Carvalho Ortiz1;
Nelson Rodrigo da Silva Martins1
1
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
clamidofilose,
Chlamydophila
A
clamidiose
ou
causada
pela
psittaci, é uma das
principais zoonoses transmitidas por aves
silvestres. O diagnóstico da infecção por
C. psittaci pode envolver a detecção
direta do agente nas amostras teciduais
ou a demonstração de anticorpos no
sangue do hospedeiro.1 No Brasil, C.
psittaci já foi diagnosticada em papagaio
verdadeiro e arara azul por técnicas de
PCR.2 Este trabalho tem como objetivo
descrever a detecção de C. psittaci em
dois papagaios-do-peito-roxo (Amazona
vinacea) que vieram a óbito, pela técnica
de PCR.
Material e Métodos: Em novembro de
2013
dois
papagaios-do-peito-roxo
(Amazona vinacea), provenientes da
reabilitação
em
cativeiro,
foram
encaminhados para o laboratório de
doença das aves, para realização de
necropsia no Laboratório de Doenças das
Aves
da
Escola
de
Veterinária
Universidade Federal de Minas Gerais EV/UFMG. Amostras do fígado e baço
foram coletadas e armazenadas em
microtubos para posterior extração do
DNA e teste de PCR. A necropsia
completa foi feita para verificar fatores
intervenientes. Para realização da PCR
de diagnóstico para C. psittaci, o DNA
total extraído das amostras de campo
(fígado e baço) foi empregado como
molde para a amplificação de parte do
gene (OmpA ) que codifica a principal
proteína
externa
(MOMP).
Os
oligonucleotídeos
iniciadores
F
ACTACGGAGATTATGTTTTCGATCGTG
T, R CGTGCACCYACGCTCCAAGA1
amplificam um produto de 418 pares de
base. Para cada ensaio foi utilizado como
controle positivo o DNA extraído da
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
204 | P á g i n a
Relato de Caso - 47
em triagem
em outro laboratório pela PCR. Como
controle negativo foram usados todos os
reagentes sem a inclusão de amostra de
DNA e com adição 1uL de água.
Resultados e Discussão: Os achados
macroscópicos foram sugestivos de
lesões características de clamidiose,
incluindo hepatomegalia, esplenomegalia
e hemoperitônio (foram coletados 2 mL de
líquido
sanguinolento
da
cavidade
celomática).
Os
dois
animais
necropsiados foram positivos para o
produto
(418
bp)
do
DNA
de
Chlamydophila psittaci por PCR. Foram
demonstrados ovos de Capilaria sp. por
microscopia direta do conteúdo do
duodeno. Neste estudo, os achados de
necropsia
(hepatomegalia,
esplenomegalia, hemoperitônio) e a
detecção C. psittaci sugerem a última
como causadora das lesões para causa
mortis. Um estudo prévio em papagaios
verdadeiros (Amazona aestiva) vítimas do
tráfico, de 212 animais, 152 (72%) foram
positivos para C. psittaci pelo teste da
PCR, e os achados macroscópicos
incluíram espessamento dos sacos
aéreos com deposição de exsudato
fibrinoso (aerossaculite), hepatomegalia,
esplenomegalia, intestinos com coloração
da serosa avermelhada e aumentados de
volume e pulmões com coloração
avermelhada, com fluxo de sangue ao
corte, e deposição de fibrina no
pericárdio.3 Um surto de clamidiose foi
relatado em 15 psitacídeos de criatório
(Minas
Gerais,
Brasil),
com
hepatomegalia, pontos brancos no fígado,
esplenomegalia
e
aerossaculite
4
fibrinopurulenta.
Entretanto,
a
manifestação clínica de clamidofilose
pode depender do estado imune e da
saúde do hospedeiro. Onze psitacídeos
de cativeiro apresentaram-se positivos
para C. psittaci por PCR, todos de
aspecto sadio, possivelmente por serem
mantidos em condições de bem-estar,
conforto ambiental, boa alimentação e
ausência
de
fatores
mórbidos
5
concorrentes. Em papagaios-de-peitoroxo, a descrição prévia de estudo em 35
indivíduos destinados à reintrodução,
foram testados positivos em pool para a
presença de C. psittaci para avaliar um
protocolo
de
tratamento
“preventivo”
antes da soltura, com PCR utilizando
primers para amplificação de uma porção
de 264 pb do gene OmpA.6 No presente
trabalho
foram
utilizados
oligonucleotídeos
iniciadores
que
amplificam um produto de 418 pb, com
extensão suficiente para sequenciamento
e análises filogenéticas.
Conclusões: A. vinacea é espécie de
psitacídeo considerada em perigo de
extinção.7 A vigilância sanitária dos
indivíduos em reabilitação para soltura é
estratégia fundamental para conservação,
considerando que a clamidiose pode
representar um importante fator de perda
da saúde e viabilidade. A metodologia
molecular por PCR é rápida e altamente
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
205 | P á g i n a
Relato de Caso - 47
amostra de fígado de ave com
diagnóstico para C. psittaci confirmado
Preis IS, Martins NRS, Vilela DAR,
aves em triagem.
Shivaprasad HL. An outbreak of
chlamydiosis in captive psittacines.
Brazilian Journal of Veterinary Pathology;
2009; 2:85-90. 5) Donatti RV. Avaliação
sanitária de psittaciformes em cativeiro no
estado de Minas Gerais, no período de
2010-2012. [Dissertação de mestrado].
Belo Horizonte: Escola de Veterinária da
UFMG, 2012. 6) Silva VRF, Martins A,
Referências Bibliográficas: 1) Sachse
K, Vretou E, Livingstone M. et al. Recent
developments in the laboratory diagnosis
of chlamydial infections. Veterinary
Microbiology; 2009; 135 (1-2): 2-21. 2)
Raso TF, Seixas GHF, Guedes NMR,
Pinto AA. Chlamydophila psittaci in freeliving Blue-fronted Amazon parrots
(Amazona aestiva) and Hyacinth macaws
(Anodorhynchus hyacinthinus) in the
Pantanal of Mato Grosso do Sul, Brazil.
Veterinary Microbiology; 2006; 117:23524. 3) Vilela DAR. Diagnóstico de
situação dos animais silvestres recebidos
nos CETAS brasileiros e Chlamydophila
psittaci em papagaios (Amazona aestiva)
no CETAS de Belo Horizonte, MG. [Tese
de doutorado]. Belo Horizonte: Escola de
veterinária da UFMG; 2012. 4) Ecco R,
Pedroso JR, Kanaan VT. Eficácia do
tratamento da Chlamydophila psittaci com
doxiciclina na água por 21 dias em
Papagaio-de-Peito-Roxo
(Amazona
vinacea). In: Anais do XV Congresso e
XXI Encontro da Associação Brasileira de
Veterinários de Animais Selvagens; 2012.
7) IUCN, International Union for
Conservation of Nature, 2014. The IUCN
Red List of Threatened Species.
Disponível
em
URL:
http://www.iucnredlist.org/. [2014 ago. 10]
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
206 | P á g i n a
Relato de Caso - 47
sensível e compatível para a avaliação de
Melanocitoma cutâneo em face de leão-africano (Panthera leo) cativo
Silvia Beatriz Portela1; Celso Martins Pinto2; Cristina Harumi Adania1; Guilherme Durante
Cruz2
1
Associação Mata Ciliar (AMC), Brasil
2
Universidade de Santo Amaro (UNISA), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Pertencente ao Reino
Animalia, Classe MAMMALIA, Ordem
CARNÍVORA e Família PANTHERA, o leão
(Panthera leo) em seu habitat atinge a
expectativa de vida de cerca de 10 anos;
já em cativeiro pode viver mais de 20
anos.1 Devido a isso, a observação de
lesões tumorais nesse animais apresenta
crescimento considerável. Um leão
(Panthera leo) cativo, de cerca de 18
anos apresentou em face uma lesão
alopécica e escurecida. O animal
apresentava histórico de exposição
contínua a radiação solar. Realizou-se
biópsia e histopatológico da formação.
Obteu-se
como
resultado
o
melanocitoma, um tumor benigno de
melanócitos, com pouco potencial de
metástase e malignidade. Um ano e seis
meses após o animal veio a óbito, sendo
encaminhado a exame necroscópico.O
seguinte trabalho tem como objetivo o
relato de caso, já que o mesmo ainda não
apresenta indício em literatura.
Material e Métodos: Por se tratar de uma
neoplasia superficial em face, realizou-se
coleta de material por biópsia com auxílio
de um punch, após anestesia do animal
para avaliação geral, de plano nasal e
região de pálpebra superior esquerda. O
material foi fixado em formalina neutra a
10%, emblocado em parafina, montagem
da lâmina de histopatológico e corado em
hematoxilina e eosina (HE). Em paralelo
foi realizado raspado de pele superficial e
profundo, para avaliação de possíveis
alterações parasitárias, bacterianas e
fúngicas. Este foi realizado com auxilio
de uma lamina de bisturi, após a assepsia
da área. O material foi colhido em uma
lâmina de vidro e analisado em
microscópio.
Resultados e Discussão: A avaliação
histopatológica revelou um processo
neoplásico caracterizado pela proliferação
de melanócitos típicos em derme em
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
207 | P á g i n a
Relato de Caso - 48
Cutaneous melanocytoma in the face of a captive african lion (Panthera leo)
devido à incidência de radiação solar.4
células apresentam-se em sua maioria
redonda,
algumas
com
melanina
intracitoplasmática
e
algumas
não
pigmentadas, com núcleo central e
discreta hiperplasia sebácea. Ausência de
infiltrado
inflamatório,
ausência
de
indícios neoplásicos e ausência de
ácaros. Obteu-se como resultado o
melanocitoma. O raspado de pele
Devido à característica benigna da
formação, optou-se apenas expectativa e
acompanhamento do caso. Um ano e
meio após o diagnóstico, o animal veio a
óbito devido a problemas secundários de
senilidade. Foi encaminhado ao exame
necroscópico que não revelou presença
de metástase à distância. A neoplasia
apresentava as mesmas características
superficial e profundo não revelou
nenhuma alteração digna de nota. O
melanocitoma é um tumor benigno de
melanócitos, estacionário, com pouco
potencial de crescimento, bem como
quase nenhuma propensão de sofrer
transformação maligna, o que é
considerada uma complicação rara.2,3
Pode sofrer outras denominações como
melanoma benigno ou nevo melanocítico.
externas
ao
primeiro
diagnóstico,
alopécica e pigmentada (Figura 1). O
material da pele da face foi novamente
coletado e encaminhado ao exame
histopatológico, sendo o diagnóstico,
condizente ao anterior.
São lesões pigmentadas, solitárias,
circunscritas, alópecicas, em forma de
cópula e firmes. No gato doméstico
atingem, principalmente, a cabeça e a
aurícula da orelha e raramente em
extremidades4,5 e representam cerca de
0,8% a 2,7% de todas os tumores que
ocorrem em pele desses animais6 O
aumento da frequência das neoplasias no
terço final de vida dos animais está
semelhante aos felinos domésticos, uma
vez que, não foi realizada a excisão
cirúrgica e não houve metástase á
distância, o que indica o comportamento
benigno do tipo tumoral citado.
associada a diversos fatores como o
acúmulo de danos genéticos ao longo do
tempo,
a
diminuição
da
função
imunológica, um longo tempo entre a
transformação maligna de uma única
célula e o surgimento da neoplasia
clinicamente detectável animal.7 Sua
principal origem se deve a mutação
graduação em ciência animal. Faculdade
de Zootecnia da UFG. 2012. Disponível
em:
URL:http://ppgca.evz.ufg.br/uploads/67/ori
ginal_ONCOLOGIA_DE_GRANDES_FEL
INOS_RELATO_DE_CASOS_1_.pdf?13528050
49 [2014 abr.28]. 2) Shields JA, Demirci
Conclusões:
melanocitoma
selvagens, mais
(Panthera leo),
Conclui-se
que
o
cutâneo
em
felinos
especificamente em leão
possui comportamento
Referências Bibliográficas: 1) Pimenta
VSC. Oncologia de Grandes Felinos:
relato de casos. Programa de Pós
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
208 | P á g i n a
Relato de Caso - 48
pequena quantidade e dispersos. Essas
Mashayekhi
A,
Shields
CL.
Dermatologic Sytem. In: Morgan RV.
Melanocytoma of optic disc in 115 cases:
the 2004 Samuel Johnson memorial
Lecture, part 1. Ophthalmology; 2004;
111(9):1739-46. 3) Sharma PM, Sangal K,
Malik
V,
Mathur
MB.
Malinant
transformation
os
optic
disc
melanoctoma? A clinical dilemma at
presentation with a review of literature.
Ophthalmologica; 2002; 216:292–295. 4)
Small Animal Practice. 5ªEd. St.
Louis: Saunders Elsevier; p.870-875. 6)
Vail DM, Withrow SJ. Tumors of the skin
and subcutanos tissues. In: Small Animal
Clinical
Oncology.
4ªEd. St.
Louis:Saunders; 2007. p.375, 376, 381392. 7) Cullen JM, Page R, Misdorp
W. Cancer pathogenesis, diagnosis and
management. In: Meuten DJ. Tumors in
Withrow SJ, MacEwen’s EG. Small animal
clinical oncology. St. Louis: Saunders
Elsevier;
2007.
5)
Lemarie
SL.
Domestic Animals. 4ªed. Ames:
State Press; 2002. p. 22-23.
Iowa
Figura 1. Imagem demonstra neoplasia alopécica e pigmentada.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
209 | P á g i n a
Relato de Caso - 48
H,
Cistoadenocarcinoma em saco aéreo clavicular de papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva)
Maria Flávia Lopes Guerra1; Marta Brito Guimarães1; Evelin Catarine da Silva1; Yamê
Miniero Davies1; Luciana Neves Torres1; Silvana Maria Unruh1; Eliana Reiko Matushima1;
Antonio José Piantino Ferreira1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ-
USP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
Neoplasias
envolvendo
sistema respiratório são raras em aves
selvagens de vida livre ou cativas. As
neoplasias
mais
frequentemente
relatadas em aves de companhia
possuem origem tegumentar, urinária e
genital,1 sendo descritas principalmente
nas ordens dos PSITTACIFORMES, seguidos
pelos
galiformes,
anseriformes
e
1,2
passeriformes. As aves de estimação
mais acometidas por neoformações
neoplásicas
são
os
periquitosaustralianos (Mellopsittacus undulatus).2
Em papagaios do gênero Amazona, as
neoplasias mais prevalentes são os
carcinomas de células escamosas,
pólipos adenomatosos clocais, papiloma
cloacal e adenocarcinoma biliar.2 O
objetivo deste trabalho foi descrever as
alterações clínicas e anatomopatológicas
do cistoadenocarcinoma em saco aéreo
em um papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva) e destacar a importância deste
diagnóstico na medicina de
silvestres mantidas em cativeiro.
aves
Material e Métodos: Um papagaioverdadeiro (Amazona aestiva) de 16 anos
de idade, macho, com uma dieta a base
de sementes de girassol e frutas,
residente em área urbana próxima à
rodovia com intenso tráfego de veículos
de grande porte, convivia com proprietário
fumante, foi previamente atendido por
colega apresentando quadro clínico de
dispneia intensa e hiporexia há 5 dias. Foi
indicado o tratamento por via oral com
enrofloxacina 10 mg/kg/BID por 10 dias,
sulfa–trimetoprim 100 mg/kg/BID por 7
dias, cetoconazol 30 mg/kg/SID e
itraconazol 5 mg/kg/SID por 5 dias e
foram realizadas 5 aplicações de
doxiciclina,
por
via
intramuscular,
semanalmente. Após 20 dias da primeira
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
210 | P á g i n a
Relato de Caso - 49
Clavicular air sac cystadenocarcinoma in a Blue Fronted Amazon (Amazona aestiva)
intracelomática.
Os
sacos
aéreos
quadro de intensa dispneia e iniciou sinal
clínico
de
opistótono.
Ave
foi
encaminhada
para o
serviço
do
Ambulatório de Aves da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo, após um mês
de tratamento e foi solicitado exame
radiográfico que revelou a presença de
massa
de
radiopacidade
água
torácicos e abdominais estavam lisos,
brilhantes e transparentes. Os pulmões
apresentavam superfície externa e de
corte rósea avermelhada. O coração
exibia tamanho compatível com o porte
do animal, com relação ventrículo direito e
esquerdo preservada. Foi observada
neoformação nodular, multilobulada, de
superfície lisa, coloração enegrecida,
homogênea e arredondada, de contorno
parcialmente definido e medindo cerca de
3,0 X 2,4 cm de diâmetros, em cavidade
celomática craniodorsal direita, junto à
parede torácica entre o primeiro e quarto
espaços intercostais e adjacente a base
cardíaca, principalmente do átrio direito e
com superposição ao campo pulmonar.
Acentuado desvio ventrolateral esquerdo
do segmento intracelomático da traqueia.
aspecto
heterogêneo
e
medindo
aproximadamente 4,0 x 2,0 x 2,0 cm,
localizada em topografia de saco aéreo
clavicular e estendendo-se à base do
coração, deslocando a traqueia e
comprimindo pulmão direito (Figura 1). Os
demais órgãos incluindo esôfago, fígado,
baço, esôfago, inglúvio, proventrículo,
ventrículo,
intestino,
rins,
cérebro,
cerebelo,
adrenais,
gônadas
não
Perda
da
radiotransparência
em
topografia do saco aéreo torácico cranial
direito. Sem alterações radiográficas
dignas de nota em demais sacos aéreos.
A ave foi submetida à anestesia com
midazolam 0,2 mg/kg IM, cetamina 10
mg/kg IM e manutenção em isofluorano a
1,5 %. A ave não resistiu ao
procedimento, indo a óbito e foi
encaminhada para necropsia.
apresentavam alterações macroscópicas.
Posteriormente,
fragmentos
da
neoformação e dos demais órgãos foram
fixados em formol a 10% e submetidos ao
processamento histológico e subsequente
coloração
pela
hematoxilina-eosina.
Microscopicamente, os fragmentos da
neoformação
revelaram
proliferação
neoplásica de células epiteliais cuboides
a colunares dispostas em ninhos sólidos,
Resultados e Discussão: Na avaliação
macroscópica notou-se que a ave estava
em condição corpórea adequada e não
havia
sinais
de
traumatismo
e
ectoparasitas. Na abertura da cavidade
celomática havia poucos depósitos de
tecido adiposo na região subcutânea e
projeções papilíferas e/ou revestindo
estruturas císticas (Figura 2), sustentadas
por um delicado estroma fibrovascular. As
células neoplásicas exibiam núcleos
redondos ou ovais com contornos
irregulares, cromatina vesicular, nucléolos
conspícuos e citoplasma eosinofílico
escasso, por vezes vacuolizado, e com
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
211 | P á g i n a
Relato de Caso - 49
avaliação da colega, a ave manteve o
quanto pelos produtos originados dos
e anisocariose moderadas. O índice
mitótico era moderado, com figuras de
mitose atípicas. Estavam presentes
extensas áreas de hemorragia com
hemossiderose associada e focos de
necrose. Nas amostras observadas não
foram observadas indícios de invasão
angiolinfática e/ou indícios de metástases
nos demais órgãos. O diagnóstico
carros e caminhões na rodovia, assim
como pelo hábito alimentar baseado em
sementes de girassol. Todos esses são
potenciais carcinógenos para uma ave.
Casos de carcinomas acomentendo
sacos aéreos foram descritos em
papagaio-cinza-africano, cacatua-alba e
em papagaio Amazona, diagnosticados
morfológico
foi
consistente
com
cistoadenocarcinoma de saco aéreo,
corroborando com os achados clínicos e
de exames complementares. Os sinais
clínicos de dispneia severa persistente e
opistótono associados à ineficácia do
tratamento à base de antibióticos e
antifúngicos incitaram a investigação do
quadro clínico através do exame de
imagem, mesmo com a possibilidade de
Conclusões: Estudos específicos em
relação à medicina aviária ainda são
escassos e pouco relatados, exigindo
aprimoramento
nesta
área
de
conhecimento
para
que
médicos
veterinários estejam atentos quanto à
melhor forma de diagnosticar tais
neoplasias, bem como conduta adequada
quanto ao prognóstico do paciente. Maior
longevidade de aves selvagens cativas
risco de morte. O exame radiográfico foi
fundamental para o diagnóstico e
compreensão da sintomatologia de
opistótono, pela presença da massa
adjacente à base do coração e o desvio
acentuado
de
traqueia
que
não
permitiram que a ave respirasse em sua
posição
anatômica
normal.
O
procedimento de tentativa de biopsia da
formação foi o de definir o diagnóstico e
mantidas como animais de companhia e a
contínua
exposição
a
agentes
carcinogênicos ambientais e nutricionais
são fatores predisponentes ao surgimento
de neoplasias.
de decidir a conduta mais indicada, uma
vez que tumores sólidos são tratados
através da excisão cirúrgica enquanto os
processos neoplásicos sistêmicos, como
os linfomas, são tratados através da
quimioterapia.2 A neoplasia pode estar
relacionada aos poluentes inalados no
ambiente tanto pela fumaça de cigarro
adenocarcinoma in a Salmon-crested
Cockatoo (Cacatua moluccensis). Journal
em necropsia porém não publicado.1, 3, 4
Referências Bibliográficas: 1) Marshall
K, Daniel G, Patton C, Greenacre C.
Humeral
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212 | P á g i n a
Relato de Caso - 49
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2013; 27(1):38-43.
Figura 1. Imagem de neoformação nodular, multilobulada, de superfície lisa, coloração
enegrecida, aspecto heterogêneo e medindo aproximadamente 4,0 x 2,0 x 2,0 cm,
localizada em topografia de saco aéreo clavicular e estendendo-se à base do coração,
deslocando a traqueia e comprimindo pulmão direito.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
213 | P á g i n a
Relato de Caso - 49
Palm
Relato de Caso - 49
Figura 2. Imagem microscópica que demonstra proliferação neoplásica de células epiteliais
cuboides a colunares dispostas em ninhos sólidos, projeções papilíferas e/ou revestindo
estruturas císticas.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
214 | P á g i n a
Diagnóstico e controle de ataques convulsivos decorrentes de quadros de
Diagnosis and control of seizures arising from episodes of hypoglycemia in Blue Fronted
Parrot (Amazona aestiva)
Felipe Nunes Felippe1; Pedro Felipe Lopes1; Adilson Furlan de Freitas Prates1; Reinaldo
Bolognini Orsi2; Paulo Anselmo Nunes Felippe1
1
Universidade Paulista (UNIP), Brasil
2
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), RJ, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
As
aves
apresentam
diversas
manifestações
clínicas
associadas as neuropatias, sendo que
estas podem ser indicativos de processos
ataques convulsivos em pscitacídeos.3 A
hipoglicemia é incomum em aves adultas,
exceto em rapinantes e em aves jovens,
devido deficiência nutricional, sendo que
mórbidos do sistema nervoso periférico
(SNP), sistema nervoso central (SNC) ou
mesmo secundárias, com sede em outros
aparelhos e sistemas do organismo da
ave. A anamnese associada ao exame
físico são recursos importantes para o
diagnóstico, buscando interpretar a
patofisiologia de manifestações como,
ataxia, inclinação de cabeça, paresia ou
valores de glicemia abaixo de 150 mg/dl
são indicadores de hipoglicemia. Os
quadros convulsivos ocorrem com valores
abaixo de 100 mg/dl.1 Esse relato tem
como objetivo destacar a importância em
se diferenciar quadros de convulsão de
origem
nutricional,
hormonal
e
neurológica por meio da anamnese,
exame físico, e medições de glicemia,
paralisia, nistagmo, convulsão, dentre
outras.1,2 Doenças como traumatismos,
lipidose hepática, toxicoses por chumbo
ou zinco, micotoxicoses, acidentes
cerebrovasculares,
deficiências
nutricionais
e
metabólicas
como
hipoglicemia e hipocalcemia estão
normalmente relacionadas com os
abordando a importância da nutrição para
o controle da hipoglicemia.
Material e Métodos: Em 16/04/2014 um
papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva),
macho, cerca de 30 anos, pesando
aproximadamente 500
gramas, foi
atendido na Clínica Veterinária Mirim –
Vet, em Jundiaí – SP, com histórico de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
215 | P á g i n a
Relato de Caso - 50
hipoglicemia em papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva)
psitacídeos junto com a suplementação
Na anamnese animal apresentando
normodipsia e normorexia, tendo como
base da alimentação sementes de
girassol junto com frutas e verduras além
de outros carboidratos como pão e
bolacha de água e sal. Ao exame físico
animal, ativo, alerta, fezes bem formadas,
boa conformação de musculatura peitoral,
não apresentando êmese, regurgitação,
de polivitaminicos foram introduzidos. Em
23/04/2014 animal retornou a clínica com
a troca da alimentação e o jejum
solicitado para nova medição, tendo como
resultado o valor de 193 mg/dl.
Proprietário informado para continuar a
nova dieta. Em 30/04/2014 solicitou-se
outra medição com o animal sem jejum,
tendo o valor de 230 mg/dl. Realizou-se a
ataxia,
inclinação
de
cabeça
e
desequilíbrio. O animal já foi submetido
ao uso de benzodiazepínicos (Diazepam)
para controle das crises convulsivas,
porém sem sucesso. Para a avaliação da
glicemia, utilizou-se o aparelho Breeze II
Bayer. Os valores obtidos através das
medições foram medidos em mg/dl. O
material solicitado para essa avaliação foi
uma gota de sangue fresco obtido a partir
última
medição
da
glicemia
dia
01/06/2014 um mês após o inicio da nova
dieta, tendo como resultado final o valor
de 238 mg/dl. Demostrando assim o
controle dos níveis de glicose sanguínea
que variam em torno de 200 – 500 mg/dl.4
No caso do papagaio (Amazona aestiva)
do corte de unha do terceiro dedo da ave,
com um cortador apropriado para
animais. Durante a coleta da amostra o
animal passou por contenção física,
descartando, portanto a necessidade da
contenção química, evitando assim
possíveis alterações nos níveis de glicose
por anestésico e sedativos.
suplementando
com
polivitaminicos,
sendo intercalado a ração pela manhã e
as frutas e vegetais no período da tarde.
Durante o controle da glicemia foi
essencial a suspenção de alimentos
extremamente calóricos e gordurosos
como girassol, amendoim, pão, biscoitos,
leite e entre outros.
Resultados
Conclusões:
e
Discussão:
Feita
a
primeira medição o animal apresentou
como resultado da glicemia o valor 39
mg/dl sem jejum. Solicitou-se então uma
nova medição após 7 dias com o animal
dessa vez em jejum de 12 horas, sendo
indicada a suspenção de todas as fontes
de gordura e carboidratos. Em relação à
nutrição da ave, a ração seca própria para
Kiko, controlou-se a hipoglicemia apenas
com fatores nutricionais como o uso da
ração
seca
para
psitacídeos
As
crises
convulsivas
decorrentes a hipoglicemia em aves
adultas mesmo sendo raras, dificilmente
são
diagnosticadas
nas
clinicas
veterinárias. O diagnóstico tem como
base uma anamnese e exame clinico
minuciosos para diferenciar quadros de
convulsão causados por neuropatias ou
hipoglicemia. Métodos simples como
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
216 | P á g i n a
Relato de Caso - 50
quadros convulsivos há mais de 2 anos.
Paulo: Roca; 1999. p.181-317. 2) Stella
como indicadores de deficiência nos
níveis de glicose. O controle nem sempre
envolve métodos relacionados com a
administração de dextrose ou glicose ou o
uso de drogas a correção da dieta e
nutrição são indispensáveis no controle
das
convulsões
por
hipoglicemia,
independente das espécies relacionadas.
MB. Aves Criação – Clínica – Teoria –
Prática – Silvestres – Ornamentais –
Avinhados: Robe editorial; 1998. p.138225. 3) Altman RB, Clubb SL, Gerry MD,
Katherine Q. Avian Medicine and Surgery.
1997. p. 464. 4) Thrall MA, Baker DC,
Campbell TW, DeNicola D, Fettman MJ,
Lassen ED, et al. Hematologia e
Bioquímica Clinica Veterinária. São Paulo:
Roca; 2006. p.457-458.
Referências Bibliográficas: 1) Rupley
AE. Manual de clínica aviária. 1 ed. São
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
217 | P á g i n a
Relato de Caso - 50
medição da glicemia sanguínea servem
Relato de Caso - 49
Pôster Científico
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
218 | P á g i n a
Diferencial de leucócitos, pesquisa de hemoparasitos e análise morfológica de
WBC differential, hemoparasites search and morphological analysis of blood cells of wild
bats in São Paulo, SP, Brazil
Ticiana Zwarg1; Alice Soares de Oliveira1; Roberta Marcatti1; Marcello Schiavo Nardi1;
Adriana Ruckert da Rosa2; Débora Cardoso Oliveira2; Juliana Laurito Summa1
1
Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE-3), São
Paulo, SP, Brasil
2
Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo (CCZ), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Os quirópteros são um dos grupos de
mamíferos mais diversificados do mundo,
com dezoito famílias, 220 gêneros e 1120
São Paulo, no período de setembro de
2011 a junho de 2014. A colheita do
sangue foi realizada através de punção
espécies. No Brasil, são conhecidas nove
famílias, 64 gêneros e 167 espécies.
Valores hematológicos de morcegos tem
sido objeto de investigação desde o
século passado, mas ainda assim, apesar
dos morcegos serem um dos maiores
grupos dentro da classe dos mamíferos, a
informação básica sobre a hematologia
de morcegos ainda é limitada. No Brasil,
da veia braquial. Realizamos, no mínimo,
uma extensão sanguínea por animal No
Laboratório de Estudos da Fauna
(LabFau) do DEPAVE-3. Através da
análise da extensão sanguínea, foram
avaliadas as quantidades relativas
(percentuais) das seguintes células:
neutrófilos,
eosinófilos,
linfócitos,
monócitos e basófilos, através da
há poucos estudos que contemplam a
hematologia de morcegos. O objetivo
deste trabalho é divulgar dados obtidos
através da análise de extensões
sanguíneas de morcegos de vida livre
capturados na cidade de São Paulo.
Redes de neblina foram montadas em
oito pontos diferentes do município de
contagem total de 100 leucócitos. A
estimativa da leucometria global foi
realizada em objetiva de 40x, através da
leitura de 10 campos. Estabeleceu-se o
número de leucócitos por campo através
da média e multiplicou-se esse número
por 3.000, obtendo-se assim a estimativa
de leucócitos por mm3 de sangue.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
219 | P á g i n a
Pôster Científico - 1
células sanguíneas de morcegos capturados em São Paulo, SP, Brasil
saudáveis,
em áreas de monocamada da extensão
sanguínea em objetiva de imersão (100x)
sob microscopia óptica. Foram realizadas
192 colheitas de sangue, de 21 espécies
diferentes, de 14 gêneros diferentes. Os
resultados da análise dos leucócitos,
expressos por espécie, estão expostos na
tabela 1. Os tipos de leucócitos de
diferentes espécies de morcegos estão
externas ou sinais de doença infecciosa,
a ausência de alterações morfológicas em
hemácias e leucócitos era esperada. No
exame
diferencial
de
leucócitos,
verificamos que, de maneira geral, há um
predomínio de linfócitos sobre neutrófilos,
para a maioria das espécies. Um estudo
verificou índices maiores de linfócitos que
neutrófilos para Taphozous melanopogon.
expostos na figura 1. Na análise
morfológica das células, verificamos
anisocitose discreta em 6 de 192
amostras (3,1%) e policromasia discreta
em 20 dessas amostras (10,4%).
Achados de corpúsculos de Howell Jolly
eram
ocasionais,
em
pequena
quantidade. Não verificamos hipocromia
nem pecilocitose em nenhuma das
amostras, assim como não foram
Para as outras espécies (Miniopterus
schreibersii e Hipposideros lankadiva),
visualizadas alterações morfológicas nos
leucócitos. Quanto à pesquisa de
hemoparasitos,
foram
identificadas
microfilárias em três animais diferentes
(3/192
–
1,6%):
Sturnira
tildae
(BATDPV98) em 10/10/2012, Sturnira
lilium (BATDPV 217) em 21/05/2014 e
Artibeus planirostris (BATDPV233) em
trabalho é uma prévia e mais estudos
serão realizados com os valores aqui
expostos.
Análises
estatísticas
determinarão, por exemplo, as diferenças
quanto à estação do ano, estado
fisiológico, idade e sexo. Os resultados
deste trabalho são importantes para a
comunidade científica que trabalha com
esses animais e atua na conservação de
morcegos.
27/06/2014. Como os morcegos deste
trabalho eram animais de vida livre,
não
apresentando
lesões
não houve diferença significativa. Em
mamíferos selvagens, tem sido observada
a presença de filarídeos. Há raros relatos
de microfilárias em morcegos, descritos e
de fácil acesso na literatura. O tema ainda
exige muita investigação. Um estudo mais
recente encontrou uma taxa de ocorrência
de 7% nos 440 morcegos avaliados. Este
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
220 | P á g i n a
Pôster Científico - 1
Realizamos a pesquisa de hemoparasitos
Tabela 1. Diferencial e estimativa de leucócitos no sangue de morcegos. NE BAST =
Pôster Científico - 1
neutrófilo bastonete; NE SEGM = neutrófilo segmentado; LINFO = linfócitos; EOSINO =
eosinófilos; BASO = basófilos; N= número amostral por espécie. São Paulo, 2014.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
221 | P á g i n a
Pôster Científico - 1
Figura 1. Tipos de leucócitos na circulação periférica de morcegos e microfilária. A Neutrófilo de Glossophaga soricina. B - Linfócito de Glossophaga soricina. C – Monócito de
Sturnira lilium. D – Eosinófilo de Artibeus lituratus. E – Basófilo de Artibeus lituratus. F –
Microfilária de Sturnira lilium. São Paulo, 2014.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
222 | P á g i n a
Diferencial de leucócitos de aves de vida livre e recuperadas em áreas de soltura na
cidade de São Paulo, SP
Ticiana Zwarg1; Alice Soares de Oliveira1; Thaís Caroline Sanches2; Maria Amélia Santos
de Carvalho1; Anelisa Ferreira de Almeida Magalhães1; Juliana Laurito Summa1
1
Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE-3), São
Paulo, SP, Brasil
2
Zoológico de Guarulhos, Guarulhos, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Ainda faltam estudos que determinem os
valores
de
referência
de
dados
hematológicos para a grande variedade
de espécies de aves brasileiras. No intuito
a punção da veia braquial através de
agulha estéril (13x4,5) não acoplada.
Realizamos, no mínimo, uma extensão
sanguínea por animal. Através da análise
de auxiliar o médico-veterinário nas
circunstâncias
necessárias
para
interpretação
de
resultados
de
hemograma, este trabalho teve como
objetivo traçar o perfil leucocitário de aves
de vida livre e recuperadas em áreas de
soltura da cidade de São Paulo, através
da leitura de esfregaços sanguíneos. Sete
redes de neblina foram montadas na
da extensão sanguínea corada, foram
avaliadas as quantidades relativas
(percentuais) das seguintes células:
heterófilos,
eosinófilos,
linfócitos,
monócitos e basófilos, através da
contagem total de 100 leucócitos. Foram
realizados, no período compreendido, 506
esfregaços sanguíneos de 46 espécies de
aves. Selecionamos, para o presente
Fazenda
Castanheiras
no
Parque
Anhanguera e no Parque do Ibirapuera,
município de São Paulo. As coletas de
aves compreenderam março de 2011 a
junho de 2014 (39 meses). As redes
ficavam abertas das 06:00h às 14:00h, de
2 a 3 dias consecutivos, sendo realizada
de 1 a 2 campanhas por mês. Realizamos
trabalho, apenas as espécies que
possuem mais de 3 amostragens,
somando
então
467
esfregaços
sanguíneos de 23 espécies de aves,
compreendendo
3
Ordens
(Columbiformes,
Passeriformes
e
Piciformes). Não foram visualizadas
alterações no exame físico dessas aves.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
223 | P á g i n a
Pôster Científico - 2
WBC differential of wild and recovered birds in release areas in São Paulo, SP
estado nutricional variava de regular a
bom. A morfologia dos leucócitos não
apresentou alterações, e os leucócitos de
rolinha roxa, pica pau de cabeça amarela
e sabiá-laranjeira estão expostos na
figura 1. O resultado da análise diferencial
de leucócitos, expresso em valores
percentuais, está exposto na Tabela 1. A
maioria das espécies, de uma maneira
Comparativamente às outras espécies,
percebe-se que o sabiá-laranjeira (Turdus
rufiventris) apresentou valores relativos
mais elevados de eosinófilos (maior que
10%). O sabiá-laranjeira é, dentre os
passeriformes, uma espécie muito
propensa a infecções parasitárias por
coccídeos, cestódeos e Syngamus
trachea,
por exemplo (observação
pessoal). Algumas espécies, como o
geral, apresentou um valor percentual
maior de linfócitos na contagem
diferencial de leucócitos. Para algumas
espécies, os heterófilos são o tipo celular
mais comumente encontrado; para outras
espécies, é o linfócito o leucócito mais
comum no sangue periférico. Algumas
espécies, como o pula-pula (Basileuterus
culicivorus), a cambacica (Coereba
flaveola) e o canário-da-terra (Sicalis
canário-da-terra e a corruíra, não
apresentavam eosinófilos durante a
contagem diferencial. As características
morfológicas descritas para as Ordens, de
uma maneira geral, condizem com os
descritos em literatura. Os estudos de
hematologia básica, como esse, são
muito escassos ainda para uma grande
parcela de espécies de aves brasileiras.
Espera-se que este trabalho colabore
flaveola) apresentaram índices elevados
para a avaliação hematológica de aves
silvestres, auxiliando em situações
clínico-cirúrgicas e outras, nas quais
porventura
esses
dados
sejam
necessários.
de basófilos (maior que 10%), o que pode
ser considerado normal, uma vez que os
basófilos são mesmo vistos em altas
porcentagens
em
pequenas
aves,
passeriformes
e
canários.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
224 | P á g i n a
Pôster Científico - 2
Algumas apresentavam carrapatos e o
Tabela 1. Valores percentuais de leucócitos sanguíneos. DP = Desvio-padrão; Het =
Pôster Científico - 2
heterófilos; Linf = linfócitos; Mon = monócitos; Eos = eosinófilos; Bas = basófilos; N =
número amostral da espécie. São Paulo, 2014.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
225 | P á g i n a
Pôster Científico - 2
Figura 1. Leucócitos do sangue periférico de aves. A - Heterófilo de juriti-gemedeira
(Leptotila rufaxilla). B - Eosinófilo de sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris). C – Basófilo de
canário-da-terra (Sicalis flaveola). D – Linfócito de tico-tico (Zonotrichia capensis). E –
Monócito de pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens). Coloração de Rosenfeld.
São Paulo, 2014.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
226 | P á g i n a
Diversidade genética de Escherichia coli diarreiogênicas isoladas de pombos
Genetic diversity of diarrheagenic Escherichia coli isolated from pigeons (Columba livia)
reisdents in a zoo from São Paulo state
Terezinha Knöbl1; Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira2; Jéssica Nacarato Reple1; Lilian
Aparecida Sanches1; Marcos Paulo Cunha Vieira1; Maria Gabriela Xavier de Oliveira1;
Mirela Caroline Vilela de Oliveira1; Rosely Gioia-Di Chiacchio1; Thaís Sebastiana Porfida
Ferreira1; Luisa Zanolli Moreno1; Andrea Micke Moreno1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
2
Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução:
Pombos
urbanos
são
processo de aderência íntima da bactéria
considerados aves sinantrópicas e a
presença destas aves em parques
zoológicos é frequente devido à
abundância de água e alimentos. Os
pombos
são
apontados
como
reservatórios
de
vários
agentes
zoonóticos e podem transmití-los aos
animais cativos. Dentre os agentes
bacterianos com potencial zoonótico,
ao enterócito, com formação de pedestal.
A identificação do patotipo EPEC é
realizada pela detecção molecular dos
genes eae e bfp (“bundle- forming pili”),
transmitidos pelas fezes de pombos,
destacam-se os patotipos de E. coli
diarreiogênicas, incluindo as cepas
enteropatogênicas (EPEC) e produtoras
de toxina Shiga-like (STEC). O patotipo
EPEC causa diarreia devido a destruição
das microvilosidades, decorrente da lesão
AE (attaching and effacing) que resulta do
sendo consideradas atípicas as amostras
que perderam o plasmídio EAF e se
tornaram eae+ e bfp-. O patotipo STEC
causa diarréia em função da destruição
tecidual resultante da ação de citotoxinas
do tipo Shiga-like, codificadas pelos
genes stx1 e stx 2.1 O objetivo deste
trabalho foi realizar o diagnóstico
molecular e a análise filogenética de E.
coli diarreiogênicas em pombos de um
zoológico.
Material e Métodos: A amostragem deste
trabalho foi composta por fezes de 60
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
227 | P á g i n a
Pôster Científico - 3
(Columba livia) residentes em um zoológico do estado de São Paulo
demonstrou que não se trata de uma
estado de São Paulo (SISBIO – 43541-1;
CEUA - 2984230514). O isolamento foi
realizado em Agar MacConkey, após a
etapa de enriquecimento em caldo BHI,
com incubação a 37ºC por 24 h, seguido
pela identificação bioquímica. A PCR foi
realizada de acordo com a metodologia
descrita por Costa et al.2 para a
amplificação dos genes eae (454 pb), bfp
expansão clonal, pois existe um certo
grau de heterogeneidade entre os
isolados. A presença destas aves no
parque pode representar um risco para a
população, servindo também como fonte
de infecção para os animais em cativeiro.
O controle de sinantrópicos é bastante
complicado devido aos inúmeros fatores
de risco: ausência de predadores
(550 pb), stx1 (349 pb) e stx2 (110 pb).2 O
AFLP foi realizado de acordo com a
metodologia empregada por Knöbl et al.,1
após a digestão do DNA com a enzima
HindIII.1
naturais, compartilhamento de recintos e
abundância de alimentos.
Resultados: Das 60 amostras, um total
de 8 foram positivas para o gene eae, 4
para o gene bfp, 3 para stx1. Nenhuma
positiva para stx2. Os resultados
revelaram a presença de EPEC típica em
4 aves (6,6%), EPEC atípica em 1 (1,6%)
e STEC em 3 (5%). A análise filogenética
demonstrou que o perfil de bandas dos
isolados é heterogêneo.
Discussão: Os dados deste trabalho
demonstram a presença de aves
portadoras de EPEC e STEC no
zoológico. O risco zoonótico implicado na
presença de E. coli diarreiogênicas em
pombos domésticos no Brasil foi
documentado por Silva et al.3 que
relataram um percentual de 3,3% de aves
infectadas no ambiente urbano. Os dados
deste trabalho apontam que 8/60 isolados
(13,3%)
foram
classificados
como
potencialmente
patogênicos.
O
dendrograma
gerado
pelo
AFLP
Conclusão: o presente trabalho confirma
o risco de transmissão de E. coli
diarreiogênica (STEC e APEC) pela
presença de pombos nos zoológicos.
Referências Bibliográficas: 1) Knöbl T,
Moreno AM, Paixão R, Gomes TAT,
Vieira MAM, da Silva Leite D et al.
Prevalence of Avian Pathogenic E. coli
(APEC) Clone Harboring sfa Gene in
Brazil. The Scientific World Journal 2012;
2012 (1):1-7. 2) Costa ARF, Lima KVB,
Sousa
CO,
Lourero
ECB.
Desenvolvimento de PCR multiplex para
detecção e diferenciação de categorias de
E. coli diarreiogênicas. Revista PanAmazônica de Saúde 2010; 1(2): 77-84.
3) Silva VL, Nicoli JR, Nascimento TC,
Diniz CG. Diarrheagenic E. coli strains
recovered from urban pigeons (Columba
livia) in Brazil and their antimicrobial
susceptibility
patterns.
Current
Microbiology 2009; 59(1): 302-308.
Apoio: FAPESP IC- 2013/24052-0; CNPq
- Projeto IC: 2013-16.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
228 | P á g i n a
Pôster Científico - 3
pombos de um parque zoológico do
Parâmetros bioquímicos de jacutingas (Aburria jacutinga) mantidas em cativeiro
Frederico Fontanelli Vaz1; Rosangela Locatelli Dittrich1; Olair Carlos Beltrame1; Rogério
Ribas Lange1
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Departamento de Medicina Veterinária, Curitiba,
PR, Brasil
Contato: [email protected]
A jacutinga (Aburria jacutinga) é uma ave
pertencente à ordem GALLIFORMES, família
CRACIDAE. Muito sensível às alterações
ambientais antrópicas, ao tráfico, à caça e
à introdução de espécies exóticas e
doenças, esse cracídeo é reportado como
uma das aves mais ameaçadas do
continente
americano.
Encontrado
atualmente no Brasil em áreas de Mata
Atlântica
de
poucos
estados,
é
considerado em perigo de extinção de
acordo com a International Union for
Conservation of Nature.1 Projetos de
conservação ex situ de jacutingas vem
Amostras de sangue foram coletadas de
32 jacutingas adultas, obtidas por punção
da veia braquial e acondicionadas em
tubos
sem
anticoagulante.
Posteriormente, foram armazenadas sob
refrigeração
e
processadas
no
sendo desenvolvidos no Brasil, sendo
importante o monitoramento da saúde
Laboratório
de
Patologia
Clínica
Veterinária da Universidade Federal do
Paraná (Curitiba – PR). As amostras
foram centrifugadas para obtenção do
soro, que foi mantido em alíquotas sob
refrigeração a –20°C até as análises. As
análises bioquímicas foram realizadas em
analisador automatizado BS-200 da
Mindray®. Kits bioquímicos Kovalent
(Kovalent do Brasil Ltda – São Gonçalo -
dessas populações para garantir o
sucesso reprodutivo em cativeiro. O
objetivo desse estudo foi estabelecer
parâmetros bioquímicos de jacutingas em
cativeiro e avaliar a saúde desses
animais. O estudo foi realizado na
propriedade “Criadouro Conservacionista
Guaratuba”, no estado do Paraná.
RJ) foram utilizados nas análises. Os
parâmetros
bioquímicos
foram
determinados utilizando o programa Excel
(Excel; Microsoft Corp., Redmond, WA,
USA) com cálculo da média e do desvio
padrão.
Os
valores
estabelecidos
encontram-se na Tabela 1, sendo
similares a outros estudos envolvendo
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
229 | P á g i n a
Pôster Científico - 4
Biochemical parameters of captive Black-fronted piping-guan (Aburria jacutinga)
jacutingas, a contenção dessas aves deve
Apenas os valores de creatina quinase
(CK)
encontraram-se
elevados,
provavelmente devido à captura e
contenção física dos animais. A CK está
no músculo esquelético e cardíaco das
aves e em geral os valores variam de 100
a 500 UI/L. O aumento dos níveis da CK é
rápido e pode estar relacionado com
miopatia de contenção, e nesta condição
ser cuidadosa, em menor tempo possível
e sem estresse para evitar a miopatia de
captura e óbito.
a atividade da AST não aumenta
significativamente,2 conforme observado
nas jacutingas. Devido aos valores
elevados de CK observados nas
Veterinary Hematology and Clinical
Chemistry.
1st
ed.
Philadelphia,
Lippincott: Williams & Wilkins; 2004. p.
479-492.
Referências Bibliográficas: 1) IUCN:
Red List of Threatened Species. Version
2013.2.
Disponível
em:
www.iucnredlist.org. Acesso em 17 de
julho de 2014. 2) Campbell TW. Clinical
Chemistry of Birds. In: Thrall MA, editor.
Tabela 1. Parâmetros bioquímicos de jacutingas (Aburria jacutinga) adultas de cativeiro em
um criadouro conservacionista do estado do Paraná, sul do Brasil.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
230 | P á g i n a
Pôster Científico - 4
jacutingas e outras espécies de aves.2
Valores de referência para parâmetros de bioquímica plasmática em filhotes de
Reference values for plasma biochemical parameters in free-living Red-tailed Amazon
parrot (Amazona brasiliensis) nestlings
Frederico Fontanelli Vaz1; Rosangela Locatelli Dittrich1; Olair Carlos Beltrame1; Elenise
Angelotti Bastos Sipinski2; Maria Cecília Abbud2; Rafael Meirelles Sezerban2
1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Departamento de Medicina Veterinária, Curitiba,
PR, Brasil
2
Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Curitiba, PR,
Brasil
Contato: [email protected]
O
papagaio-de-cara-roxa
(Amazona
brasiliensis) é um psitacídeo ameaçado,
meio da técnica de rapel em ascensão
vertical em dossel. Os filhotes de
considerado uma espécie vulnerável de
acordo com a International Union for
Conservation of Nature.1 Não existem
informações
sobre
intervalos
de
referência (IR) nesta espécie, sendo
importante para o monitoramento da
saúde de sua população. É endêmico da
Mata Atlântica, habitando a região do
litoral sul de São Paulo ao litoral norte de
papagaio-de-cara-roxa
saudáveis
ao
exame físico foram incluídos no estudo.
Amostras de sangue de 59 filhotes foram
coletadas da veia ulnar superficial
utilizando-se seringas estéreis de 1 mL
com agulhas de insulina previamente
heparinizadas (Figura 1). Posteriormente,
as amostras foram inseridas em
microtubos tipo eppendorf e refrigeradas
Santa Catarina. O objetivo deste estudo
foi estabelecer IR bioquímicos para
filhotes de Amazona brasiliensis de vida
livre. O estudo foi conduzido na Área de
Proteção Ambiental de Guaraqueçaba,
estado do Paraná, no período reprodutivo
de dezembro de 2013 a janeiro de 2014.
Ninhos artificiais foram alcançados por
a 4ºC em isopor contendo gelo até o
processamento
no
Laboratório
de
Patologia
Clínica
Veterinária
da
Universidade Federal do Paraná, no
prazo máximo de 24 horas. O sangue foi
centrifugado por cinco minutos para
obtenção do plasma sanguíneo e
determinação
dos
parâmetros
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
231 | P á g i n a
Pôster Científico - 5
papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) de vida livre
As
análises
bioquímicas
contribuir com a conservação da espécie
foram
realizadas
em
analisador
automatizado BS-200 da Mindray®. Os IR
foram
determinados
utilizando
um
programa de Excel (Excel; Microsoft
Corp., Redmond, WA, USA) com o
Reference Value Adviser versão 2.0,2
seguindo diretrizes da American Society
for Veterinary Clinical Pathology. Os IR
estabelecidos encontram-se na Tabela 1.
e estabelecer um banco de dados para a
mesma. Mais estudos devem ser
encorajados para uma avaliação completa
da saúde dessa população e contribuir
para a conservação do papagaio-de-cararoxa.
Os valores foram similares a outros já
descritos na literatura em psitacídeos
filhotes e adultos, de vida livre e cativeiro.
Os resultados deste estudo podem servir
como um procedimento de triagem para
avaliar o estado de saúde geral dessa
espécie ameaçada e avaliar possíveis
alterações patológicas nos filhotes. São
essenciais para avaliar efeitos das
mudanças ambientais na população,
www.iucnredlist.org. Acesso em 17 de
julho de 2014. 2) Geffré A, Concordet D,
Braun JP, Trumel C. Reference Value
Advisor: a new freeware set of
macroinstructions to calculate reference
intervals with Microsoft Excel. Vet Clin
Pathol. 2011;40:107–112 .
Referências Bibliográficas: 1) IUCN:
Red List of Threatened Species. Version
2013.
2.
Disponível
em:
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
232 | P á g i n a
Pôster Científico - 5
bioquímicos.
Pôster Científico - 5
Figura 1. Colheita de sangue de filhote de papagaio-de-cara-roxa pela veia ulnar
superficial.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
233 | P á g i n a
Tabela 1. Valores bioquímicos de referência para filhotes saudáveis de Amazona
Pôster Científico - 5
brasiliensis de vida livre no estado do Paraná, sul do Brasil.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
234 | P á g i n a
Avaliação do perfil hematológico e de proteína plasmática de saguis-de-tufo-branco
Hematological and plasmatic protein evaluation of white-tufted-marmosets (Callithrix
jacchus) and black-tufted-marmosets (Callithrix penicillata) in captivity
Luísa Carvalho1; Fabíola Eloisa Setim Prioste1; Eliana Reiko Matushima1; Samantha Ive
Miyashiro1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
No período de 1999 a 2000, os primatas
foram
os
mamíferos
com
maior
representatividade nas apreensões no
aproximadamente 4 horas e as coletas
foram realizadas no período da manhã.
Como
tratam-se
de
animais
Brasil. Entre estes animais encontram-se
os membros do gênero Callithrix, dos
frequentemente manipulados, optou-se
por não realizar sedação para evitar
possíveis interferências em decorrência
do uso de anestésicos. As amostras
foram obtidas por meio da punção da veia
femoral com leve compressão posterior
do local, com a finalidade de evitar a
formação de hematomas. No local, foram
confeccionados dois esfregaços de cada
animal e o restante da amostra de sangue
quais destacam-se os saguis-de-tufobranco (Callithrix jacchus), assim como o
saguis-de-tufo-preto (Callithrix penicillata).
O
tráfico
desses
primatas
afeta
diretamente na sanidade dos mesmos,
por tal motivo, é importante que alguns
indicadores
da
sanidade
dos
calitriquídeos
apreendidos
sejam
averiguados.
Neste
estudo
foram
avaliados 32 animais das espécies
Callithrix jacchus, Callithrix penicillata e
híbridos, sendo destes 16 fêmeas, com
peso médio de 333g e 16 machos, com
peso médio 344g, mantidos em um
criadouro da Grande São Paulo. Os
animais
estavam
em
jejum
de
foi
acondicionada
em
microtubos
contendo EDTA. A contagem total de
hemácias e leucócitos foi realizada
utilizando o método de hematocitometria
empregando os reagentes de Gower e
Thoma respectivamente. Em ambos os
casos foi utilizada a técnica de
macrodiluição, com diluição de 1:201 para
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
235 | P á g i n a
Pôster Científico - 6
(Callithrix jacchus) e de saguis-de-tufo-preto (Callithrix penicillata) mantidos em
cativeiro
animais e coleta de amostras de fezes
contagem de leucócitos. A concentração
de hemoglobina, por sua vez, foi obtida
por
meio
do
método
de
cianometemoglobina, utilizando o reativo
de Drabkin. O valor de hematócrito foi
obtido pela técnica de microhematócrito,
através da centrifugação do sangue em
tubos capilares a 12.000 rotações por 10
minutos. As amostras de plasma obtidas
para exames coproparasitológicos pelas
técnicas de Flutuação em Solução
Saturada de Cloreto de Sódio e de
Sedimentação Espontânea em Água. Não
foram observadas alterações no exame
clínico dos animais, assim como todos os
exames
coproparasitológicos
foram
negativos para presença de parasitas. Os
resultados obtidos estão apresentados na
após a centrifugação passaram por
refratometria para determinação dos
valores de proteína plasmática. A partir
desses dados foram calculados os índices
hematimétricos (VCM, HCM, CHCM)
através
das
mesmas
fórmulas
empregadas em mamíferos domésticos. A
contagem diferencial de leucócitos foi
estabelecida por meio da leitura dos
esfregaços sanguíneos corados com a
Tabela 1. Tais valores tem grande
importância, haja vista a escassez na
literatura de dados de hematologia
dessas espécies. Como tratam-se de
animais hígidos, baseado no exame
clínico dos animais e nos exames
coproparasitológicos,
os
resultados
apresentados podem ser utilizados como
base para futuras pesquisas com estas
espécies.
coloração de Rosenfeld. Foi realizado
durante a coleta o exame clínico dos
Tabela 1. Valores hematológicos e de proteína plasmática de sagüis-de-tufo-branco,
sagüis-de-tufo-preto e híbridos.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
236 | P á g i n a
Pôster Científico - 6
contagem de hemácias e de 1:21 para
Avaliação do comportamento reprodutivo e de crescimento do roedor Cerradomys
goytaca
Carolina Augusta Silva1; Geórgia Feltran Silva1; Rodrigo Nunes Fonseca1; Pablo Rodrigues
Gonçalves1; Jackson Souza Menezes1
1
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), RJ, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Cerradomys goytaca é o
novo mamífero descoberto no Parque
Nacional da Restinga de Jurubatiba,
situado na região Norte do Estado do Rio
de Janeiro. A restinga caracteriza-se
como um lugar de altas temperaturas,
MACAE022) do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Os animais foram alimentados
com
ração
para
rato/camundongo
(Nuvilab) e água ad libitum. Os animais
foram mantidos em ciclo circadiano de
solo pobre em nutrientes, alta salinidade e
baixa oferta de água e alimento. Alguns
estudos têm mostrado que os rins dos
roedores que vivem em ambientes com
baixa oferta de água passam por
adaptações
renais
morfológicas
e
funcionais. A reprodução desse roedor no
biotério é o passo inicial para avaliar as
adaptações morfo-funcionais em seus
rins. Sendo assim, neste trabalho foi
12h claro/escuro e temperatura de 23 ± 1
°C e umidade relativa de 60%. Nove
casais foram divididos aleatoriamente e
foram mantidos juntos por um período de
seis dias. No dia sétimo os casais foram
separados, as fêmeas grávidas foram
monitoradas até a separação da prole. Foi
realizada a sexagem dos filhotes e os
mesmos foram marcados e monitorados
semanalmente da sétima a vigésima
estudado o comportamento reprodutivo,
crescimento, ganho de peso e ingestão
de água e ração do roedor Cerradomys
goytaca em ambiente de biotério.
primeira semana após o parto, medindo o
peso (g), comprimento naso-anal e caudal
(cm). O consumo de água e ração de
vinte cinco animais foram monitorados
durante 4 dias sendo 11 fêmeas e 14
machos. No início de cada medição foram
adicionados 250 gramas de ração no
comedouro e 45 ml de água no
Material e Métodos: O protocolo foi
previamente aprovado pelo Comitê de
Ética e o Uso de Animais (CEUA-
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
237 | P á g i n a
Pôster Científico - 7
Evaluation of reproductive behavior and growth of rodent Cerradomys goytaca
(ml) das fêmeas (12,5±1,8; n=11) não
volume de água foram determinados. A
diferenças entre os valores iniciais e finais
se referem ao consumo de apenas um
dia. Este procedimento foi repetido por
quatro dias consecutivos e a média
destes 4 dias foi considerada o consumo
diário de cada animal.
apresentou diferença significativa quando
comparado com o consumo dos machos
(11,8±1,0; n=14; p > 0,05). Um padrão
similar foi observado para o consumo
diário de ração (g) entre fêmeas
(7,25±0,90; n=11) e machos (7,38±0,63;
n=14), ou seja, não há diferença
significativa entre fêmeas e machos (p >
0,05).
Resultados: A idade gestacional foi de 28
a 32 dias (± 4,6 semanas) e o desmame
ocorreu na sexta semana após o parto. O
número médio de descendentes que
sobreviveram até o desmame foi de 4,29
± 0,29. O número médio e a porcentagem
de fêmeas que sobreviveram até o
desmame foi de 1,86 ± 0,51 e 42 %,
respectivamente. O número médio e a
porcentagem
de
machos
que
sobreviveram até o desmame foi de 1,57
± 0,37 e 38 %, respectivamente. A taxa
Conclusão: O roedor Cerradomys
goytaca é capaz de se reproduzir e
sobreviver em ambiente de biotério. Os
parâmetros fundamentais em relação à
reprodução destes roedores foram
estabelecidos no presente trabalho. Além
disso, pode-se observar que não há
dimorfismo sexual nos parâmetros
analisados. Apoio financeiro: FAPERJ,
CNPq, CAPES e INCTEM.
de mortalidade neonatal foi cerca de 20%.
Uma semana após o desmame, não
houve diferença significativa no peso
corpóreo das fêmeas (62,2±2,81, n=7)
quando comparado com os machos
(61,26±2,37; n=4). O ganho de peso (g)
em 14 semanas, após o desmame, não
foi significativamente diferente (p > 0,05)
entre machos (33,25 ± 5,1; n=4) e fêmeas
(33,29±4,26;
n=7).
O
crescimento
longitudinal e caudal (cm em 14 semanas
após o desmame) das fêmeas (5,51 ±
0,85; 5,5 ± 0,85; respectivamente, n=4)
não foram significativamente diferentes
quando comparados com os machos
(5,35 ± 1,33; 5,40 ±1,3 respectivamente,
n=4, p > 0,05). O consumo diário de água
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
238 | P á g i n a
Pôster Científico - 7
bebedouro. Após 24h o peso da ração e o
Aspectos macro e microscópico do ovário de tamanduá-bandeira (Myrmecophaga
Macro and microscopic aspects of ovarian of free-living giant anteater (Myrmecophaga
tridactila, Linnaeus, 1758)
Alan Peres Ferraz Melo1; Rosângela Felipe Rodrigues2; Tatiana Morosini de Andrade
Cruvinel1; Wilson Machado de Souza1; Nair Trevizan Machado de Souza1; Halim Atique
Netto2
1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil
2
Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP), São José do Rio Preto, SP, Brasil
Contato: [email protected]
A espécie estudada, o
bandeira
(Myrmecophaga
tamanduátridactyla,
LINNAEUS, 1758), é uma das principais
feminino
apresentam-se
de
suma
importância considerando que são
animais extremamente exigentes em
vítimas da perda de habitat e modificação
do ambiente provocada pelo homem,
consequentemente um dos animais mais
ameaçados da fauna brasileira. Há um
grande esforço referente à preservação
da fauna brasileira, em especial aos
animais ameaçados de extinção, e para
que se tenha sucesso nessa difícil tarefa
é fundamental um conhecimento profundo
questão ambiental e comportamental,
sendo assim difícil sua reprodução em
cativeiro. O projeto utilizou animais que
vieram a óbito no Setor de Atendimento
Clínico-Cirúrgico de Animais Selvagens
(SACCAS).
Os
animais
foram
encaminhados ao SACCAS pela Policia
Ambiental e Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente (IBAMA). O trabalho apresenta
da
espécie
em
questão.
Os
conhecimentos
comportamentais,
anatômicos e fisiológicos são as bases
para um programa de preservação de
qualquer espécie em cativeiro e
principalmente em vida livre. O estudo
das descrições morfológicas; macro e
micro-estrutural dos órgãos do genital
a autorização do SISBIO nº 32307-1 e do
Comitê de Ética nº 2583/2012. Foram
utilizadas
4
fêmeas
para
os
procedimentos e descrição anatômica,
que após o óbito dos animais, estes foram
necropsiados, onde se abriu as cavidades
abdominal e pélvica para identificação
dos órgão genitais. Após a identificação e
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
239 | P á g i n a
Pôster Científico - 8
tridactila, Linnaeus, 1758) de vida livre
apresentaram-se
retirados da carcaça do animal os órgãos
genitais para melhor descrição de suas
partes. Estas foram fixadas em solução
aquosa de formaldeído a 10% para
conservação das partes. A documentação
fotográfica detalhada foi necessária para
uma rigorosa descrição dos órgãos
envolvidos e suas relações. A Nomina
Anatomica
Veterinaria
(2012)
foi
ovóides, pares, com sintopia ao útero,
reto e vesícula urinária (Figura 1). A
mesossalpinge está presente apoiando-o,
juntamente com o ligamento ovariano
próprio, que o une ao utero. Apresentava
uma serosa ovárica com epitélio cubóide
simples, albugínea e uma medula
rodeada pela córtex. Os grandes vasos e
nervos
penetravam
no
ovário
centralmente no mesovarium e se
imprescindível
para
uma
perfeita
nomeação. Para a análise microscópica
foram utilizados os animais que vieram a
óbito, extraindo fragmentos das regiões
dos órgãos genitais. Estas diferentes
regiões coletadas foram recortadas em
amostras de aproximadamente 0,5 cm e
colocados em solução fixadora de
formalina
tamponada
a
10%,
permanecendo por 24-48 horas para
completa fixação. Em seguida, o material
foi desidratado em série de etanóis em
concentrações crescentes (de 70 a 100%)
e diafanizado em xilol, com posterior
inclusão em paraplast. Nos blocos de
paraplast, cortes de cinco micrômetros de
espessura foram obtidos utilizando-se
micrótomo (Leika, German) e corados
com hematoxilina eosina. As leituras das
lâminas foram realizadas em microscópio
como
estruturas
ramificavam para a periferia, em estreita
proximidade com os folículos. O córtex
era constituído por um estroma que
continha folículos do ovário em diferentes
fases de desenvolvimento. Folículos
típicos com um único óvulo eram
rodeados por uma camada simples de
células escamosas ou cúbicas. Folículos
atrésicos, corpos lúteos e corpos albicans
foram observados (Figura 2). Há uma
semelhança uterina com os primatas e os
ovários também assemelham-se com de
outras
espécies
de
tamanduás.
Evidenciou-se, quanto à microscopia, que
os constituintes ovarianos assemelhamse a de outros mamíferos, inclusive
quanto
as
características
de
apresentação folicular. Apoio: FAPESP
(processo nº 2012/17775-2).
de luz Nikon Eclipse E-800. Os ovários
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
240 | P á g i n a
Pôster Científico - 8
documentação fotográfica in loco, foram
Pôster Científico - 8
Figura 1. Fotomicrografia de cavidade abdominal de um Myrmecophaga tridactila, onde se
evidencia o útero (U) conectando-se aos ovários (*). Observa-se, ainda, sintopia com o reto
(R). Presença da vesícula urinária na região (Vu).
Figura 2. Fotomicrografia do ovário de um Myrmecophaga tridactila, corte transversal, onde
se evidencia folículos típicos em desenvolvimento (setas). H.E.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
241 | P á g i n a
Bioquímica sérica de Bothrops sp (Serpentes, Viperidae) em diferentes fases do
Serum biochemistry of Bothrops sp (Serpentes, Viperidae) at different ovarian cycle
stages
Samantha Strada Moniz1; Rafael Amorim de Castro1; Bruno Martins da Costa1; Cintia Yumi
Fugiwara1; Renato Moterani1; Jarbas Prado Vidueiros1; Réniton Bigal1; Pedro Mesquita
Guedes1; Nathielle de Lemos Perret Pedroto2; Sávio Stefanini Sant'Anna1; Kathleen
Fernandes Grego1
1
Instituto Butantan (IB), São Paulo, SP, Brasil
2
Universidade Vila Velha (UVV), ES, Brasil
Contato: [email protected]
No Brasil, os acidentes botrópicos
correspondem em média a 90% dos
maio e agosto. No Laboratório, até 2009,
os animais eram pareados empiricamente
acidentes
ofídicos
registrados
anualmente,
justificando
a
sua
manutenção em cativeiro para obtenção
de veneno, tanto para a produção de soro
antipeçonha, como para as pesquisas
imunobiológicas. Anualmente, o número
de animais recebidos pelo Instituto
Butantan vem diminuindo gradativamente,
possivelmente devido à ação antrópica.
para a cópula de acordo com a sua
aparência externa. Atualmente, o exame
ultrassonográfico tem sido utilizado como
ferramenta para o estudo do ciclo
ovariano e a detecção da fase folicular em
que
as
fêmeas
se
encontram
(vitelogênese primária ou secundária),
possibilitando a escolha das mais aptas à
reprodução. A fonte energética e os
Visto
isso,
e
pensando
na
autossuficiência do Instituto, o Laboratório
de Herpetologia desenvolve projetos na
área de reprodução de serpentes em
cativeiro. A maioria das serpentes do
gênero
Bothrops
apresenta
ciclo
nutrientes necessários para o processo
de
maturação
oocitária
e
desencadeamento da reprodução são
obtidos a partir da gordura celomática. Os
precursores das proteínas do vitelo são
sintetizados no fígado e carreados para
os ovários através da circulação
sanguínea. Esses precursores entram nos
reprodutivo sazonal e bienal, sendo que o
período de acasalamento ocorre entre
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
242 | P á g i n a
Pôster Científico - 9
ciclo ovariano
analisados no programa de aplicações
primária (Figura 1) os folículos adquirem
pequena quantidade de proteína, lipídios
e cálcio (estágios I - menor que 0,6 cm e
II – de 0,6 a 1,09 cm). Na vitelogênese
secundária (Figura 2) ocorre o rápido
crescimento dos folículos e o hormônio
estradiol mobiliza as reservas maternas
(lipídios, aminoácidos e minerais) para a
formação do vitelo (estágios III – de 1,1 a
estatísticas BioEstat 5.0. Devido à
distribuição não ser normal, utilizamos o
teste de Wilcoxon (não paramétrico).
Também foi avaliada a correlação das
amostras pelo teste de Spearman. Dos 6
testes analisados, 4 deles apresentaram
alterações significativas: proteínas totais
(p=0.003), albumina (p=0.003), fosfatase
alcalina (p=0.020) e cálcio (p=0.013). Nas
2,09 cm e IV - maior que 2,09 cm). É o
vitelo que garante o desenvolvimento do
embrião até o seu nascimento. Devido à
dinâmica ovariana e em resposta ao
acúmulo da gordura celomática, diversos
compostos orgânicos proteicos e não
proteicos têm seus níveis séricos em
constante variação. O presente trabalho
teve como objetivo comparar os
resultados de diversos testes bioquímicos
fêmeas do grupo primário, o cálcio
apresentou-se aumentado, provavelmente
por contribuir no metabolismo proteico e
participar de reações metabólicas,
fundamentais durante o estágio inicial da
vitelogênese. As proteínas totais e a
albumina também tiveram seus valores
aumentados neste grupo, possivelmente
por serem responsáveis pelo carreamento
de hormônios sexuais e cálcio. Foi
séricos (níveis de cálcio, fósforo,
colesterol, proteínas totais, albumina e
fosfatase alcalina) de fêmeas em
diferentes fases vitelogênicas. Foram
mantidas 30 Bothrops sp da região
sudeste em gaiolas plásticas individuais
em salas climatizadas, por pelo menos
um ano, e mensalmente alimentadas com
roedores.
Estes
animais
foram
submetidos a exames ultrassonográficos
possível
observar
uma
correlação
significativa positiva entre cálcio x
proteínas totais (rs=0.71), cálcio x
albumina (rs=0.51) e uma correlação
inversa entre cálcio x fosfatase alcalina
(rs= -0.73). No entanto, a fosfatase
alcalina teve seu valor mais elevado no
grupo secundário, possivelmente em
resposta a esteatose hepática fisiológica
que ocorre nas serpentes durante o
para avaliação dos folículos ovarianos e
coleta de 1 a 2 mL de sangue pela veia
caudal para análise bioquímica. Os
resultados obtidos foram tabelados,
período de vitelogênese secundária,
quando os folículos passam a apresentar
vitelo em seu interior. Apoio: INCTTox e
FAPESP 08/57898-0
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
243 | P á g i n a
Pôster Científico - 9
oócitos via pinocitose. Na vitelogênese
Pôster Científico - 9
Figura 1. Vitelogênese primária em Bothrops moogeni.
Figura 2. Vitelogênese secundária em Bothrops moojeni.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
244 | P á g i n a
Monitoria de anatídeos dos parques do município de São Paulo para agentes
Survey of Anatidae from parks of São Paulo to potentially pathogenic bacterial agents
Roberta Marcatti1; Marcello Schiavo Nardi1; Edna Maria Gomes Cavalcanti1; Andressa
Gattis de Oliveira1; Carine Morais Marques de Lima1; Guilherme Mileo Garcia Festa1; Maria
Gabriela Xavier de Oliveira2; Mirela Caroline Vilela de Oliveira2; Ana Paula Santos da
Silva2; Ketrin Cristina da Silva2; Jéssica Nacarato Reple2; Yamê Miniero Davies2; Beatriz
Quevedo Camargo2; Andrea Micke Moreno2; Terezinha Knöbl2
1
Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE),
São Paulo, SP, Brasil
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Os anatídeos são aves da
ordem ANSERIFORME, família ANATIDAE,
representada
por
patos,
gansos,
marrecos e cisnes. Criações domésticas
destas aves são amplamente utilizadas
em parques de várias cidades do mundo,
com função contemplativa aos usuários,
devido sua beleza cênica. Na cidade de
São Paulo, atualmente, estão presentes
do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura
do Município de São Paulo. O objetivo
deste trabalho foi pesquisar a presença
de gêneros bacterianos de importância na
medicina aviária nos anatídeos alojados
nos parques municipais de São Paulo.
em treze dos oitenta e sete parques
municipais já implantados, sob a
responsabilidade da Seção Técnica de
Medicina
Veterinária
Preventiva,
pertencente à Divisão Técnica de
Medicina Veterinária e Manejo da Fauna
Silvestre (DEPAVE-3), do Departamento
de Parques e Áreas Verdes, da Secretaria
em sete parques públicos do município de
São Paulo, coletados no período de julho
de 2014 a junho de 2014 (SISBIO –
43541-1; CEUA - 2984230514), durante o
manejo anual realizado pelos técnicos do
DEPAVE. No laboratório, os suabes
foram diluídos em solução salina, sendo o
material de orofaringe semeado em ágar
Material e Métodos: A amostragem foi
composta por 175 suabes de cloaca e
107 de orofaringe de anatídeos alojados
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
245 | P á g i n a
Pôster Científico - 10
bacterianos potencialmente patogênicos
analisados, os quatro que tiveram
isolamento de Bordetella spp. também
apresentaram isolamento de Pasteurella
suabes de cloaca foram pré-enriquecidos
em tetrationato de sódio e semeados em
ágar MacConkey e XLT4 para pesquisa
de Escherichia coli e Salmonella spp. As
spp.
placas foram incubadas a 37ºC por 2448h. As colônias com morfologia
compatíveis
com
os
agentes
mencionados
foram
submetidas
à
identificação por série bioquímica e
extração de DNA para confirmação
posterior, através da técnica de PCR.
Resultados: Na triagem inicial o agente
mais comumente isolado foi E. coli com
96% (168/175) dos animais positivos,
seguido por Bordetella spp. com 15,88%
(17/107), Pasteurella spp. com 6,54%
(7/107) e Salmonella spp. com 1,71%
(3/175). Todas as espécies de anatídeos
apresentaram positividade para E.coli, o
que já era esperado, uma vez que esta
bactéria faz parte da microbiota entérica.
Para confirmar a patogenicidade das
cepas, as amostras de E. coli foram
estocadas e serão submetidas a análise
molecular para detecção de fatores de
virulência dos patotipos de E. coli
diarreiogênicos. Dos 17 animais positivos
para Bordetella spp. encontram-se 10
cisnes, 6 marrecos e 1 ganso. Para
Pasteurella spp. foram 4 marrecos e 3
cisnes. Salmonella spp. foi isolada de 2
cisnes e 1 ganso, ambos do mesmo
parque. Dentre os sete parques
Discussão e Conclusão: Anatídeos são
aves com elevada rusticidade e a
ocorrência de doenças é rara e pouco
descrita pela literatura. Surtos com alta
mortalidade ocorrem de forma sazonal e
são normalmente diagnosticados como
casos de botulismo. Os dados deste
trabalho demonstram a presença de aves
portadoras de agentes potencialmente
patogênicos, justificando a necessidade
de exame bacteriológico para diagnóstico
diferencial nos casos suspeitos de
botulismo. Devido às características
ecológicas das espécies, com acesso
constante aos lagos e coleções hídricas,
consequências indesejáveis podem se
tornar uma constante sob o ponto de vista
ecológico, ambiental e sanitário, em
situações de superpopulação. O manejo
reprodutivo/populacional e sanitário anual
das aves desta família é extremamente
importante em criações domésticas, para
garantir a saúde das aves e evitar a
presença de agentes patogênicos que
possam ser transmitidos ao ambiente, a
outras espécies de animais e ao homem
(zoonoses). Agradecimentos: Divisão
Técnica de Medicina Veterinária e Manejo
da Fauna Silvestre, da Secretaria do
Verde e Meio Ambiente, Prefeitura do
município de São Paulo.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
246 | P á g i n a
Pôster Científico - 10
sangue e ágar Smith & Baskerville para
isolamento de Pasteurella spp. e
Bordetella spp., respectivamente. Os
Validação de ensaio imunoenzimático de progestágenos e andrógenos urofecais de
Validation of enzymeimmuno assay of progestins and androgens in droppings of bluefronted amazon parrot (Amazona aestiva)
Gabriela Martins1; Mauricio Durante Christofoletti1; José Maurício Barbanti Duarte1
1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil
Contato: [email protected]
O
papagaio-verdadeiro
(Amazona
aestiva) é a espécie de papagaio mais
amostras urofecais de 2 machos e 2
fêmeas adultos de Amazona aestiva. Para
frequentemente capturada para tráfico
animal no mundo, o que põe em risco a
manutenção e evolução de suas
populações naturais. Os poucos aspectos
a validação do EIA foram utilizados os
anticorpos
progestinas
CL425
e
andrógenos da California University –
Davis – CA – USA, sendo estes
reprodutivos já descritos na espécie,
como a sazonalidade e a monogamia,
representam
uma
barreira
no
estabelecimento de técnicas reprodutivas
eficientes na sua conservação. As
técnicas de monitoramento hormonal nãoinvasivo surgem como um método
alternativo de estudo das funções das
gônadas e adrenais destas aves. Sendo
assim, este trabalho teve como objetivo
submetidos aos testes de paralelismo,
dose-reposta e validação fisiológica. O
teste de paralelismo determina se o
hormônio das amostras e o da curvapadrão se ligam de forma similar ao
anticorpo escolhido, através da diluição
seriada de um pool de amostras. A curvapadrão e a formada pela amostra diluída
são comparadas e o teste é validado
através da observação de uma disposição
validar o ensaio imunoenzimático (EIA)
para dosagem de progestágenos em
fêmeas e andrógenos em machos nas
excretas de papagaio-verdadeiro, como
forma não-invasiva de se obter uma
ferramenta no estudo da biologia
reprodutiva deste psitacídeo. Para
realização do trabalho utilizaram-se
paralela entre elas. O teste dose-resposta
define se existe alguma substância no
extrato que pode interferir na ligação
entre o anticorpo e o hormônio, através
do acréscimo de hormônio em quantidade
conhecida em uma amostra de baixa
concentração
esperando
o
valor
correspondente a este acréscimo na
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
247 | P á g i n a
Pôster Científico - 11
papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva)
mais altos que antes à aplicação, seguida
validação fisiológica evidencia se existe
correlação entre uma realidade fisiológica
esperada e as concentrações obtidas na
sua dosagem. Para tal, nos machos foram
analisadas amostras obtidas antes e
depois de aplicação de acetato de
busserelina (8,0 µg/Kg), um análogo de
GnRH, visando aumento nos níveis de
andrógenos. Nas fêmeas analisou-se
por queda progressiva nas horas
subsequentes (Figura 1). Nas fêmeas, o
ensaio detectou uma oscilação expressiva
nos níveis de progestinas durante todo
período de oviposição, apresentando
perfis de aumentos dos níveis nos dias
anteriores a postura com sequente queda,
com um novo aumento até a postura do
próximo ovo (Figura 2). Atribui-se o
amostras obtidas durante a postura,
momento no qual há uma oscilação
hormonal de progestinas. As amostras
foram secas em estufa, trituradas e
passaram por processo de extração em
metanol 80% antes de submetidas ao
EIA. No teste de paralelismo a curva do
pool de amostras apresentou um perfil
semelhante ao da curva-padrão, se
dispondo de forma paralela a ela, nos
resultado encontrado nos machos ao
estímulo da hipófise pelo agonista de
GnRH, o que desencadeou um pico de
LH e, consequentemente, a resposta
testicular. Nas fêmeas, o aumento da
atividade folicular característico da
estação reprodutiva, leva ao aumento da
concentração de progesterona que, por
sua vez, desencadeia a onda préovulatória necessária à oviposição. Os
dois hormônios analisados. No teste
dose-resposta, o acréscimo de hormônio
exógeno
obteve uma recuperação
significativa nos dois anticorpos utilizados
(R2=0,988 Progestágenos; R2=0,9905
Andrógenos). Na validação fisiológica
constatou-se nos machos um aumento
nos níveis de andrógenos, após a
estimulação farmacológica observando-se
um pico quatro a oito horas após a
resultados
apresentados
permitem
concluir que a técnica do EIA utilizando os
anticorpos para progestinas CL425 e
andrógenos da California University –
Davis – CA – USA, para a dosagem de
metabólitos de testosterona em machos e
progesterona em fêmeas a partir de
amostras urofecais de PapagaiosVerdadeiros é acurada, precisa e
confiável.
aplicação, alcançando valores duas vezes
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
248 | P á g i n a
Pôster Científico - 11
concentração final da amostra. Já a
Pôster Científico - 11
Figura 1. Oscilação da concetração dos metabólitos de testosterona,ao longo do ensaio. O
marco 0 no eixo horizontal (horas) indica o momento da aplicação do acetato de
busserelina.
Figura 2. Oscilação da concentração dos metabólitos de progesterona ao longo do
ensaio.As setas indicam os dias de oviposição.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
249 | P á g i n a
Avaliação da eficiência do análogo sintético de GnRH - deslorelina - na supressão
Evaluation of the efficiency of the synthetic GnRH analogue - deslorelin - in the reversible
suppression of the ovarian cyclic activity in Callithrix jacchus
Derek Andrew Rosenfield1; Marcelo Alcindo de Barros Vaz Guimarães2; Cláudia Almeida
Igayara de Souza3; Gilberto Nogueria Penido Junior3
1
Universidade Anhembi Morumbi (UAM), São Paulo, SP, Brasil
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
3
Zoológico de Guarulhos, Guarulhos, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: O controle da reprodução de
concentrações de metabólicos fecais de
animais silvestres em cativeiro tem
grande relevância para garantir a
reprodução de animais em risco de
extinção assim como controlar espécies
com reprodução excessiva. O sagui-detufo-branco (Callithrix jacchus) reproduz
progesterona
e
demonstrar
a
reversibilidade após remoção do implante.
facilmente em cativeiro e na natureza,
onde compete por espaço com as
espécies locais. Por isso, considera-se o
C. jacchus excelente modelo para o
desenvolvimento
de
contraceptivos reversíveis.
métodos
Objetivo: Promover a supressão da
atividade cíclica ovariana em C. jacchus
com uso de implantes subcutâneos de
acetato de deslorelina. Monitorar a
atividade cíclica ovariana por meio da
extração
e
mensuração
das
Material e Métodos: O experimento,
aprovado pelo Comitê de Ética da USPSão Paulo, dividiu-se em 3 fases. Fase 1;
Duração 4 meses. Amostras de fezes
coletadas 3 vezes por semana pela
manhã e mantidas a -29°C, até o envio
para o Laboratório de Dosagens
Hormonais (FMVZ-USP). O objetivo desta
fase foi caracterizar a atividade cíclica nas
5 fêmeas. Fase 2; Duração 3 meses.
Distribuição aleatória de casais em dois
grupos: Grupo Deslorelina (D), com três
casais e Grupo Controle (C), com dois
casais. As 3 fêmeas do Grupo D
receberam
implante
sub-cutâneo
contendo 2,35 mg de acetato de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
250 | P á g i n a
Pôster Científico - 12
reversível da atividade cíclica ovariana em Callithrix jacchus
dos implantes, todas as fêmeas do grupo
coletadas de forma semelhante à descrita
na fase 1. Fase 3; Duração 3 meses.
Retirados os implantes das fêmeas do
Grupo D, as amostras fecais foram
coletadas de forma semelhante à descrita
na fase 1. Para a realização das
extrações, as amostras foram liofilizadas,
homogeneizadas e pesadas 0,1 g
(mínimo 0,05 g). Foram adicionados 5 mL
D mantiveram a atividade cíclica ovariana
e a ovulação. Os animais do grupo C
mostraram atividade cíclica em todas as
fases do estudo. Os resultados obtidos
demonstraram que não houve efeito do
tratamento. No entanto, por terem sido
utilizados
poucos
animais,
estes
resultados devem ser analisados com
cautela. Sugere-se que deva ser
do
metanol
80%,
em
seguida,
homogeneizadas e centrifugadas. Do
sobrenadante foi pipetado 1 ml e
transferido
para
tubos
plásticos,
o
armazenados à -29 C. As concentrações
dos
metabólitos
hormonais
foram
quantificadas por enzimaimunoensaio.
considerada a hipótese de ser repetido
este experimento com maior número
amostral e com implantes com maiores
concentrações de deslorelina.
Resultados: Apresentados em gráficos.
Discussão: A análise demonstra que
todas as fêmeas estudadas estavam
cíclicas na fase I. Na fase II, os animais
do Grupo D apresentaram a esperada
estimulação inicial sem a posterior
supressão da atividade. Após a retirada
Conclusão: A utilização de implantes
subcutâneos de acetato de deslorelina na
concentração 2,35 mg, não foi eficiente
para promover a supressão da ciclicidade
ovariana. A extração e dosagem de
metabólicos fecais de progesterona foram
eficientes para demonstrar a atividade
cíclica ovariana e a ovulação em C.
jacchus. FAPESP 2012/13217-5.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
251 | P á g i n a
Pôster Científico - 12
deslorelina. As amostras fecais foram
Valores hematológicos de urubus-de-cabeça-preta (Coragyps atratus) de vida livre
Hematological values of the free-living black vulture (Coragyps atratus) in São Paulo, SP
Eliana Reiko Matushima1; Vivian Lindmayer Ferreira1; Jean Carlos Alves Barbara1;
Fernanda Junqueira Vaz Guida2; Tânia de Freitas Raso1; Fabíola Eloisa Setim Prioste1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
2
Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
A espécie Coragyps atratus popularmente
conhecida como urubu-da-cabeça-preta é
uma ave da Família CATHARTIDAE com
ampla ocorrência no Brasil. Em áreas
valores de referência, entretanto, dados
hematológicos que sirvam de parâmetros
para urubus são escassos ou inexistentes
na literatura. Sendo assim, este trabalho
urbanas, grandes grupos de urubus-decabeça-preta podem ser facilmente
observados em regiões de lixões, despejo
de dejetos e aterros sanitários ou se
alimentando de carcaças de animais em
decomposição. Ainda que o papel
ecológico dessa ave em vida livre seja
bem conhecido, outros aspectos como
doenças e causas de morte, ainda não
teve como objetivo descrever valores
hematológicos em urubus-de-cabeçapreta (Coragyps atratus) de vida livre.
foram elucidados. Dentre as ferramentas
que podem ser utilizadas para avaliar a
saúde das aves, a hematologia fornece
informações
complementares
que
auxiliam no diagnóstico de doenças. Para
que seja possível fazer a interpretação
dos exames hematológicos é necessário
que os resultados sejam comparados com
ao ICMBio pelo Sistema de Autorização e
Informação em Biodiversidade, SISBIO
(nº 37849-1) e foi aprovada pela
Comissão de Ética da FMVZ-USP (nº
2865/2013). As aves capturadas foram
contidas fisicamente sendo coletado 2 ml
de sangue por meio da punção da veia
metatársica
medial.
As
amostras
Para isso, 61 urubus adultos e sem sinais
clínicos evidentes de doença, foram
capturados na área da Fundação Parque
Zoológico de São Paulo utilizando gaiolas
do tipo covo. A autorização para atividade
com finalidade científica foi obtida junto
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
252 | P á g i n a
Pôster Científico - 13
em São Paulo, SP
49.5 ± 6.1%; PPT: 3.5 ± 0,4 g/dL).2 No
contendo EDTA e refrigeradas até
chegada
ao
laboratório.
Para
quantificação de hemácias e leucócitos,
uma alíquota do sangue total foi diluída
em solução de Natt e Herrick (1:200) e a
quantificação foi feita em hemocitômetro
utilizando
microscópio
de
luz
convencional com aumento de 100 vezes.
A hemoglobina foi determinada pelo
entanto,
os
demais
parâmetros
pesquisados
diferem
daqueles
encontrados em outros rapinantes.3 A
variação
entre
os
dados
aqui
apresentados e as referências citadas
para outros rapinantes, ressaltam a
importância da padronização de valores
de referência para a espécie em questão.
Neste estudo foi utilizado um número
Método de Cianometahemoglobina e a
leitura realizada em espectrofotômetro
com leitura de absorbância de 540 nm. O
hematócrito foi determinado pelo Método
do microhematócrito e a proteína
plasmática total foi mensurada em
refratômetro utilizando alíquotas de
plasma obtidas por centrifugação do
sangue total. Após análise estatística dos
dados, as medidas fundamentais (média
amostral bem representativo, fornecendo
dados hematológicos importantes para o
estabelecimento de parâmetros para a
Coragyps atratus.
e desvio padrão) obtidas estão descritas
na Tabela 1. O valor médio do
hematócrito (Ht) e da proteína plasmática
total (PPT) encontrados neste estudo
apresentam uma grande semelhança com
os valores médios encontrados em
estudos realizados com 44 Coragyps
atratus (Ht: 49,8 ± 0,53%; PPT: 4,2 ± 0,07
g/dL) e 4 Cathartes aura (Ht: 49,8 ± 2,3%;
and haematocrit of the black vulture
(Aegypius
monachus).
Comparative
PPT: 4,1 ± 0,08 g/dL) nos EUA.1 Assim
Referências Bibliográficas: 1) Coleman
JS, Fraser JD, Scanlon PF. Hematocrit
and protein concentration of black vulture
and turkey vulture blood. Condor 1988;
90:937-938. 2) Villegas A, Sánchez JM,
Costillo E, Corbacho C. Blood chemistry
Biochemistry and Physiology 2002;
132:489-497.
3)
Viana
MSSB.
Características
hematológicas
e
ocorrência de hemoparasitas em aves de
rapina. [Dissertação de Mestrado].
Portugal:
Faculdade
de
Medicina
Veterinária, Universidade Técnica de
Lisboa; 2010.
como se assemelha aos resultados de um
estudo realizado na Espanha com 5
abutres-preto (Aegypius monachus) (Ht:
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
253 | P á g i n a
Pôster Científico - 13
coletadas foram armazenadas em tubos
Pôster Científico - 13
Tabela 1. Valores hematológicos médios (± desvio padrão) referentes a 61 urubus-decabeça-preta (Corapygus atratus) de vida livre.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
254 | P á g i n a
Diagnóstico coproparasitológico dos primatas neotropicais mantidos pelo Projeto
Coproparasitological diagnosis of neotropical primates maintained by Mucky Project at Itu –
São Paulo
Alessandra Loureiro Morales dos Santos1; Talya de Moraes Coelho1; Paula Carina Fuzati1;
Amanda Lumy Kawanami1; Vinicius Fanhani de Godoy1; Daniela Hoffmannbeck1; Patrícia
Moura Cunha Souza1; Celso Martins Pinto1
1
Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), São Bernardo do Campo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Foram realizadas 66 coletas de amostras
fecais diretamente do piso dos recintos
dos primatas do Projeto Mucky, instituição
localizada no município de Itu, São Paulo,
até o processamento, que ocorreu no
Laboratório Clínico do Hospital Veterinário
da Universidade Metodista de São Paulo
(UMESP), para realização de duas
que tem como essência de sua proposta
a manutenção de espécimes de primatas
que não têm condições de retorno à
natureza ou do convívio em grupos ou
famílias. Estes recintos possuem número
variável de primatas de diversas
espécies: bugio-ruivo (Alouatta guariba),
bugio-negro (Alouatta caraya), mico-decheiro
(Saimiri
vanzolinii),
sauá
(Callicebus sp.) e saguis (Callithrix spp.).
técnicas distintas: técnica de flutuação
através do Método de Willis (para a
pesquisa de ovos leves) e técnica de
centrífugo-sedimentação em água-éter
adaptada (para a pesquisa de ovos
pesados). Do total de 66 amostras
processadas, 15 foram identificadas como
positivas para a presença dos helmintos
pela técnica de Willis, exibindo ovos da
subordem STRONGYLIDA (possivelmente
Foi colhida uma amostra por recinto,
sendo cinco de A. guariba, um de A.
caraya, uma de S. vanzolinii, uma de
Callicebus e 58 de Callithrix spp. Em
Família ANCYLOSTOMATIDAE) e somente
um recinto foi identificado também como
infectado pela técnica de centrífugosedimentação em água-éter adaptada,
para o mesmo tipo de ovo, podendo-se
afirmar que 22,7% dos recintos colhidos
apresentavam-se positivos. A presença
de ovos da Subordem STRONGYLIDA em
seguida, as amostras foram armazenadas
em frascos plásticos limpos (tipo “coletor
universal”) e mantidas sob temperatura de
refrigeração (4 a 8ºC) para conservação
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
255 | P á g i n a
Pôster Científico - 14
Mucky em Itu – São Paulo
insolação no substrato e vegetação dos
indica a infecção por helmintos de ciclo
biológico monoxênico em parte dos
animais cativos do Projeto Mucky, o que
pode ser explicado pelas condições
ambientais impostas pelo cativeiro, que
dificulta a presença dos hospedeiros
intermediários e a predação destes,
mesmo que acidentalmente, pelos
primatas. Para a ocorrência destes
recintos para a diminuição da carga
parasitária ambiental. Dos quatro gêneros
de primatas pesquisados mantidos pelo
Projeto
Mucky
(Alouatta,
Saimiri,
Callicebus e Callithrix), três apresentaram
helmintos a presença do piso de terra e
vegetação dos recintos é importante para
a persistência das formas eliminadas
(ovos morulados) bem como das formas
larvares no substrato dos recintos. A
dificuldade de manejo higiênico-sanitário
nestes recintos é maior, pois a
desinfecção física pelo calor torna-se uma
alternativa de difícil execução, tendo-se
que contar com a radiação ultravioleta da
apresentasse sinais clínicos sugestivos
desta infecção. Esta informação sugere a
infecção cruzada entre os animais de
recintos
diversos
através
da
contaminação ambiental e da possível
circulação dos ovos e larvas destes
parasitas entre os mesmos através dos
tratadores e dos fômites utilizados
durante o manejo dos animais.
resultados positivos para a presença dos
ovos tipo Strongylida: seis positivos de A.
guariba, um para Callicebus e 25 para
Callithrix, embora nenhum espécime
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
256 | P á g i n a
Pôster Científico - 14
15 das 66 amostras de fezes pesquisadas
Dosagem de esteroides sexuais em diferentes locais do corpo de baleia jubarte
Measurement of sex steroids in different body sites of humpback whale (Megaptera
novaeangliae)
Natacha Estér Orteney1; Daniela Magalhães Drummond de Mello2; Adriana Castaldo
Colosio3; Priscila Viau Furtado2; Claudio Alvarenga de Oliveira2
1
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
3
Instituto Baleia Jubarte (IBJ), Brasil
Contato: [email protected]
Para viabilizar as pesquisas acerca da
jubarte encalhados nos dias 09 e 30 de
fisiologia
reprodutiva
de
cetáceos
selvagens,
é
primordial
o
desenvolvimento
de
métodos
não
invasivos de colheita para dosagens
hormonais, como o uso de material
biológico de animais provenientes de
encalhes e/ou a utilização da gordura
subcutânea de animais vivos – obtida por
dardos de biópsias. O tecido adiposo tem
o
potencial
de
acumular
altas
setembro de 2013 no litoral da Bahia (17º
20' 28" S; 39º 13' 15" W) e Espírito Santo
(19° 49’ 47” S; 40° 03’ 31” W),
respectivamente. As amostras foram
retiradas de oito regiões do dorso dos
dois animais, de maneira a simular as
colheitas feitas com uso da balestra em
biópsias de animais vivos. Logo após a
colheita, as amostras foram identificadas
e armazenadas em caixas térmicas com
concentrações de hormônios esteroides
como
progesterona,
estradiol
e
1
testosterona.
O presente trabalho
comparou as concentrações destes
hormônios entre as camadas de gordura
(externa, média e interna), e entre oito
amostragens anatômicas distintas de dois
exemplares filhotes machos de baleia
gelo e transportadas ao laboratório do
Instituto
Baleia
Jubarte
onde
permaneceram no freezer até serem
transferidas para o Laboratório de
Dosagem Hormonal da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo – onde foram
realizados todos os procedimentos
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
257 | P á g i n a
Pôster Científico - 15
(Megaptera novaeangliae)
local onde é normalmente feita biópsia de
hormonal. Para dosar a testosterona e o
estradiol utilizou-se a técnica de
enzimaimunoensaio; enquanto que a
dosagem da progesterona foi realizada
por
radioimunoensaio.
Não
foram
encontradas diferenças significativas nas
concentrações de progesterona (P=0.07;
F=2.79), estradiol (P=0.29; F=1.29) e
testosterona (P=0.07; F=2.81) entre as
animais vivos, apresenta-se como sítio
ideal para colheita de amostras para
dosagem dos hormônios esteroides de
baleias jubarte, pois os hormônios
parecem se comportar de maneira
homogênea. Tanto o local de colheita da
amostra, como a profundidade na camada
de gordura não alteraram o resultado
final. Com base nestes resultados, a
camadas do tecido adiposo (interna,
média e superficial). Também não foram
encontradas diferenças estatisticamente
diferentes quanto à concentração de
progesterona (P=0.98; F=0.21) e estradiol
(P=0.8; F=0.53) em diferentes locais
anatômicos. Uma diferença foi encontrada
na concentração de testosterona da
amostra retirada da nadadeira dorsal –
que apresentava maior concentração
nadadeira
dorsal,
constituída
primariamente de tecido conjuntivo,3
parece não ser adequada como local de
amostragem devido ao comportamento
não
homogêneo
dos
hormônios
esteroides, todavia se faz necessário
colheitas de animais de faixas etárias
distintas para um resultado final mais
apurado.
hormonal em relação às demais
amostragens
anatômicas
(P=0.04;
F=2.46). Através de uma regressão linear
simples, observou-se que o nível de
testosterona diminui com o aumento do
peso da amostra (R=0.53; P<0.05;
F=13.29). O presente resultado não
corrobora com os dados encontrados por
Kellar et al. (2009), visto que as menores
concentrações
de
testosterona
NM, Trego, ML, Marks, CI, Dizon, A, E.
Determining pregnancy from blubber in
three species of delphinids. Marine
mammal science; 2006; 22 (16) 01-16. 2)
Kellar, NM, Trego, ML, Marks, CI,
Chivers, SJ, Danil, K, Arcker, FI. Blubber
testosterona: a potential marker of male
reproductive status in short-beaked
common dolphins. Marine mammal
encontradas em seu estudo foram obtidas
justamente na nadadeira dorsal de
golfinhos comuns.2 Dados deste estudo
sugerem que a região dorso lateralsuperior que é constituída principalmente
de tecido adiposo subcutâneo e também
Referências Bibliográficas: 1) Kellar,
science; 2009; (16)01-16. 3) Rommel, SA,
Lowenstine, LJ. Gross and microscopic
anatomy. In: Dierauf, LA, Gulland, FMD.
CRC Handbook of marine mammal
medicine. 2nd ed. Washington: CRC
Press L.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
258 | P á g i n a
Pôster Científico - 15
laboratoriais, da extração à dosagem
Imobilização química reversível em antas brasileiras (Tapirus terrestris) de vida livre
Reversible chemical immobilization of wild lowland tapirs (Tapirus terrestris) using a
combination of Butorphanol, Medetomidine and Ketamine
Renata Carolina Fernandes Santos1,2; Emília Patrícia Medici1,2,3
1
Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Brasil
2
Tapir Specialist Group (IUCN/SSC/TSG), Brasil
3
Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS/IPÊ), Brasil
Contato: [email protected]
The lowland tapir (Tapirus terrestris)
occurs in South America and is commonly
kept in captivity in zoos worldwide.
traps and anesthetized for fitting of radiocollars,
subcutaneous
insertion
of
microchips, morphometric measurements,
Several anesthetic protocols have been
developed and tested for wild and captive
tapirs, and adverse effects are often
reported. The main objective of this study
was to determine a safe anesthetic
protocol for lowland tapirs, one that
provides rapid induction and recovery
time, adequate immobilization and muscle
relaxation, loss of consciousness, stable
physiologic parameters, and reversal. The
sex and age determination, physical
examination, and collection of biological
samples (blood, skin biopsies, hair,
ectoparasites, swabs of anatomical
cavities and active wounds, and urine in
cases of spontaneous urination). Drug
doses were based on estimated body
mass. Tapirs were estimated to weigh
from 80 to 250 kg. The anesthesia was
performed with a combination of
study was carried out in a private cattle
ranch in the Nhecolândia sub-region of
the Pantanal, in the State of Mato Grosso
do Sul, Brazil (19º20''S; 55º43'W). Forty
chemical immobilizations in 26 wild
lowland tapirs (12♀ and 14♂) were
performed between November 2011 and
May 2014. Tapirs were captured in box
Butorphanol (0.15 mg/kg), Medetomidine
(0.012 mg/kg) and Ketamine (0.6 mg/kg),
by intramuscular injection with 5 ml darts.
The
concentrated
version
of
Medetomidine (20mg/ml) was used to
reduce final volume. Atropine (0.03mg/kg)
was added to the protocol in order to
inhibit excessive salivation and respiratory
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
259 | P á g i n a
Pôster Científico - 16
com a associação de Butorfanol, Medetomidina e Cetamina
and ½ IV (ranging between 0.5-6.5
tapirs (n=33). Physiologic parameters
were monitored and recorded at intervals
throughout anesthesia. Atipamezole (0.04
mg/kg) was used to reverse the alpha-2
adrenergic
agonistic
effects
of
Medetomidine, and Naltrexone (0.3
mg/kg) was used to reverse the opioid
agonistic effects of Butorphanol. Reversal
agents were administered intramuscularly
minutes; n=34) and 8±6 minutes after
reversal administered IM only (ranging
from 4-17 minutes; n=4). Physiologic
responses to immobilizations where
Atropine was added to the protocol were:
mean respiratory rate - 30±12 breaths per
minute, cardiac rate - 74±16 beats per
minute, relative hemoglobin oxygen
saturation (SpO2) - 90±10%, and body
and/or intravenous in the same syringe no
sooner than 35 minutes from the
administration of the anesthetics in order
to prevent adverse effects of residual
Ketamine. In nine cases, anesthetic
supplementation was needed due to
insufficient doses in the first dart or dart
failure. The average procedure time was
47 minutes. Mean induction time was 4±1
minutes (ranging between 2-7 minutes;
temperature - 36.5±1°C. The level of
muscle
relaxation
was
considered
satisfactory. Adverse effects included
apnea (n=5) and salivation or respiratory
secretion (n=12), despite the addition of
Atropine. The Butorphanol / Medetomidine
/ Ketamine combination with Atipamezole
/ Naltrexone reversal proved to be an
effective
protocol
which
can
be
considered safe and adequate for the
n=31). Mean recovery time was 2±1.5
minutes after reversal administered ½ IM
immobilization of wild lowland tapirs in box
traps, as well as for captive tapirs.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
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Pôster Científico - 16
secretions, commonly observed in lowland
Pesquisa de novos reservatórios de Leptospira spp. na fauna silvestre da região de
Survey for new reservoirs of Leptospira spp. among wildlife in Botucatu region, SP
Felipe Fornazari1; Pâmela Merlo Marson1; Carlos Roberto Teixeira1; Valdinei Moraes
Campanucci da Silva1; Diego Borin Nóbrega2; Helio Langoni1
1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), SP, Brasil
2
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
Contato: [email protected]
A leptospirose é uma zoonose de grande
importância, causada por bactérias do
gênero Leptospira. No Brasil, apesar da
grande biodiversidade, são escassos os
estudos em animais silvestres. A literatura
descreve os roedores como os principais
reservatórios, enquanto que a maioria dos
estudos
direcionados
para
outras
espécies se limita à análise sorológica de
poucos indivíduos. Assim, o presente
estudo objetivou estudar a infecção por
Leptospira spp. em uma quantidade
Centro de Medicina e Pesquisa de
Animais
Silvestres
(CEMPAS),
da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia (FMVZ) - UNESP – Botucatu.
Entre março de 2012 e janeiro de 2014
significativa de mamíferos silvestres de
vida livre na região de Botucatu, SP, por
foram colhidas amostras de sangue e
urina de 309 animais, representando 16
espécies: gambá (Didelphis albiventris,
n=195), quati (Nasua nasua, n=56), ouriço
cacheiro (Sphiggurus villosus, n=13),
tamanduá
bandeira
(Myrmecophaga
tridactyla, n=6), furão (Galictis cuja, n=6),
tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla,
n=5),
veado
catingueiro
(Mazama
meio
de
técnicas
sorológicas
e
moleculares, contribuindo assim para um
maior conhecimento da epidemiologia da
doença. Os animais foram amostrados de
duas formas: (1) captura, utilizando-se
armadilhas
do
tipo
tomahawk
posicionadas em fragmentos florestais, e
(2) acompanhamento da casuística do
gouazoubira, n=5), tatu galinha (Dasypus
novencinctus, n=4), raposa (Lycalopex
vetulus, n=4), cachorro do mato
(Cerdocyon thous, n=4), lobo guará
(Chrysocyon brachyurus, n=3), onça
parda (Puma concolor, n=2), macaco
prego (Sapajus nigritus, n=2), lebre
europeia (Lepus europaeus, n=2), mão
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
261 | P á g i n a
Pôster Científico - 17
Botucatu, SP
37,5% (IC95%: 24,8 - 50,1), ouriço
(Eira barbara, n=1). Para o diagnóstico
cacheiro 15,3% (IC95%: 1,9 - 45,4),
tamanduá bandeira 0,0%, furão 83,3%
(IC95%: 35,8 - 99,5), tamanduá mirim
20% (IC95%: 0,5 - 71,6), veado
catingueiro 20% (IC95%: 0,5 - 71,6), tatu
galinha 25% (IC95%: 0,6 - 80,5), raposa
50% (IC95%: 0,7 – 93,2), cachorro do
mato 75% (IC95%: 19,4 – 99,3), lobo
guará 66,6% (IC95%: 9,4 - 99,1), onça
sorológico foi realizada a técnica de
Soroaglutinação Microscópica (SAM) para
18 sorogrupos, utilizando-se uma bateria
de 29 antígenos mantidos em meio
EMJH, e considerando a diluição 1:100
como título de corte. As amostras de urina
foram
submetidas
ao
diagnóstico
molecular pela PCR em tempo real (PCRTR) para a detecção de DNA genômico
específico para o gênero Leptospira,
utilizando-se o equipamento StepOneTM
Plus Real Time PCR System, o sistema
SYBR®Green, e os primers Lep1 e Lep2.
Na SAM foram positivos 50 animais
(16,1%; IC95%: 12,0 - 20,2), reagentes
para os sorogrupos Semaranga (n=18),
Djasiman (n=9), Australis (n=7), Sejroe
(n=5),
Icterohaemohrragiae
(n=5),
Grippotyphosa (n=3), Canicola (n=3),
Autumnalis (n=3), Shermani (n=2) e
Panama (n=1). Na PCR-TR foram
positivos 17 animais (5,5%; IC95%: 2,9 8,0). No total, 64 animais foram positivos
(20,7%; IC95%: 16,1 - 25,2) para pelo
menos uma das técnicas de diagnóstico
(SAM e/ou PCR-TR). Assim, as
prevalências para cada espécie foram:
gambá 11,2% (IC95%: 6,8 - 15,7), quati
parda 0,0%, macaco prego 100% (IC95%
não calculável), lebre europeia 0,0%, mão
pelada 100% (IC95% não calculável) e
irara (IC95% não calculável). Os
resultados permitem concluir que 1) uma
grande diversidade de animais silvestres
está infectada, em diferentes proporções,
por bactérias do gênero Leptospira na
região de Botucatu, SP; 2) as espécies
das famílias CANIDAE e MUSTELIADE
apresentaram prevalências elevadas de
animais positivos; 3) a grande variedade
de sorogrupos reagentes na SAM
demonstra a ocorrência de múltiplos
ciclos
epidemiológicos
na
região
estudada; 4) a presença de DNA de
leptospiras nas amostras de urina indica
que alguns animais podem atuar como
reservatórios de leptospirose.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
262 | P á g i n a
Pôster Científico - 17
pelada (Procyon cancrivorus, n=1) e irara
Haemosporida em aves cativas na Fundação Parque Zoológico de São Paulo
Carolina Romeiro Fernandes Chagas1; Fernanda Junqueira Vaz Guida1; Lilian de Oliveira
Guimarães2; Eliana Ferreira Monteiro2; Roseli França Simões2; Karin Kirchgatter2
1
Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil
2
Instituto de Medicina Tropical – Universidade de São Paulo (IMT/USP), São Paulo, SP,
Brasil
Contato: [email protected]
Hemosporídeos
(Sporozoa:
Haemosporida)
são
protozoários
parasitas cosmopolitas capazes de
infectar aves, répteis e mamíferos,
utilizando como vetor dípteros. Pertencem
aves foram estudadas para infecções por
Haemosporida,
sendo
Plasmodium
a esta Ordem parasitas dos gêneros
Plasmodium,
Haemoproteus
e
Leucocytozoon. Algumas espécies são
Zoológico de São Paulo está localizado
em um fragmento de Mata Atlântica na
região metropolitana de São Paulo, no
taxonomia ainda é difícil, pois a análise
morfológica deve ser feita por um
microscopista experiente. O uso de
ferramentas moleculares é importante na
identificação das espécies, permitindo o
estabelecimento de código de barras de
DNA. Para este estudo foram realizadas
coletas sanguíneas de aves cativas no
Zoológico de São Paulo (SISBIO 34605 e
Parque Estadual Fontes do Ipiranga
(PEFI) onde convivem animais cativos,
migrantes e de vida livre. Nesses locais a
alta densidade populacional encontrada e
a convivência de animais de diferentes
regiões geográficas favorece a dispersão
de agentes infecciosos. Ao redor do
mundo, cerca de 45% das espécies de
CPE-IMT/193). O sangue foi armazenado
em tubos com heparina lítica, e a papa de
eritrócitos foi armazenada a -20ºC até o
processamento.
Foram
feitos
02
esfregaços sanguíneos a fresco para a
análise microscópica, o esfregaço foi
fixado em metanol e corado com Giemsa.
Para a extração de DNA foi utilizado o kit
muito patogênicas, causando mortalidade
em aves cativas e de vida livre, com
destaque para Plasmodium spp. O
detectado em 30% delas. Poucos estudos
foram
conduzidos
no
Brasil
e
principalmente no Estado de São Paulo. A
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
263 | P á g i n a
Pôster Científico - 18
Haemosporida in captive birds from Sao Paulo Zoo
coscoroba, Cyanopsitta spixii, Cygnus
System (PROMEGA®) seguindo-se as
orientações do fabricante. Foi amplificado
um fragmento de 480 pares de base do
gene mitocondrial citocromo b por nested
PCR. Seguiu-se com sequenciamento e
alinhamento em SeqMan e identificação
das linhagens por BLAST através do
GenBank e MalAvi. No período de
Dezembro de 2011 a Fevereiro de 2014,
atratus,
Cygnus
melanocoryphus,
Eudocimus ruber, Netta erythrophthalma,
Pipile jacutinga, Ramphastos toco,
Ramphastos vitellinus, Sarcoramphus
papa,
Struthio
camelus,
Tadorna
ferruginea e Saltator atricolis. Após
foram analisadas 346 amostras, de 224
espécimes, representando 13 Ordens, 21
Famílias e 82 espécies. Foram analisados
346 esfregaços sanguíneos, sendo que
28
(8,1%)
foram
positivos,
com
parasitemia variando entre <0,01% e
6,39%. Realizou-se PCR de 339
amostras, das quais 43 (12,7%) foram
positivas
para
Haemosporida
(Plasmodium
ou
Haemoproteus).
brasileiras. Em consulta ao MalAvi,
nenhuma
possui
sequência
de
Plasmodium
relacionada
a
ela
Analisando-se
os
resultados,
30
indivíduos foram positivos, sendo que 14
deles (46,7%) foram detectados no
esfregaço sanguíneo e na PCR. As
Famílias com maior número de amostras
são ANATIDAE e PSITTACIDAE, sendo que a
primeira é que teve o maior número de
amostras positivas. As espécies com
resultados positivos foram: Alopochen
aegyptiacus,
Amazona
aestiva,
possibilitarão a identificação de espécies
já existentes e o estabelecimento de
código de barras de DNA para novas
espécies, contribuindo para a taxonomia
de Plasmodium em aves em diferentes
Amazonetta brasiliensis, Anodorynchus
hyacinthinus,
Anser
cygnoides,
Buteogallus
urubitinga,
Coscoroba
preventivos que incluam a pesquisa deste
parasita.
sequenciamento, verificou-se que se
tratavam de infecções por Plasmodium.
Dentre as espécies positivas, 13 são
depositada. O PCR mostrou-se mais
sensível
do
que
a
microscopia,
detectando praticamente o dobro de
infecções. Esse resultado indica a
presença
de
baixas
parasitemias
característico de Plasmodium na fase
crônica da doença. As sequências obtidas
regiões geográficas. Duas espécies com
resultados
positivos
eram
animais
ameaçados de extinção, ressaltando a
importância
da
padronização
de
protocolos de quarentena e de exames
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
264 | P á g i n a
Pôster Científico - 18
Wizard SV 96 Genomic DNA Purification
Anticorpos anti-Leishmania chagasi em mamíferos silvestres de vida livre da região
Anti-Leishmania chagasi antibodies in free-ranging wild mammals from the region of
Botucatu, São Paulo
Laís Moraes Paiz1; Felipe Fornazari2; Benedito Donizete Menozzi2; Gabriela Capriogli
Oliveira2; Carla Janeiro Coiro2; Carlos Roberto Teixeira2; Valdinei Moraes Campanucci da
Silva3; Helio Langoni2
1
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
2
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil
3
Secretaria Municipal da Saúde de Botucatu, SP, Brasil
Contato: [email protected]
A leishmaniose visceral americana (LVA)
Botucatu, São Paulo, município silencioso
é causada por protozoários da espécie
Leishmania chagasi, transmitidos por
fêmeas dípteras infectadas de Lutzomyia
longipalpis e L. cruzi. Os mamíferos são
para LVA e cuja presença do vetor não foi
constatada. As amostras de soros
sanguíneos foram colhidas entre 2007 e
2013 e armazenados em soroteca no
Núcleo de Pesquisas em Zoonoses da
UNESP de Botucatu. As amostras foram
obtidas na UNESP de Botucatu, durante o
atendimento ambulatorial realizado pelo
Centro de Medicina e Pesquisa de
Animais Silvestres (CEMPAS) ou a partir
hospedeiros
suscetíveis
e
os
reservatórios silvestres conhecidos são a
raposa (Lycalopex vetulus), o cachorro do
mato (Cerdocyon thous) e o gambá
(Didelphis spp.).1 Diante da urbanização,
expansão
de
áreas
endêmicas
e
aparecimento de novos focos da LVA,
torna-se importante investigar o papel das
espécies silvestres em sua epidemiologia.
Assim, este trabalho teve por objetivo
pesquisar anticorpos anti-L. chagasi pelo
teste de aglutinação direta (DAT) em 528
mamíferos pertencentes a 38 espécies
silvestres de vida livre da região de
de quirópteros destinados ao diagnóstico
de raiva no Serviço de Diagnóstico de
Zoonoses,
além
de
captura
em
fragmentos florestais do município com o
uso de armadilhas do tipo tomahawk
(SISBIO nº 33162-1). O DAT foi realizado
de acordo com Garcez et al.2 com
modificações, diluindo-se os soros de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
265 | P á g i n a
Pôster Científico - 19
de Botucatu, São Paulo
Títulos ≤ 320 foram detectados em 58/528
antígeno
líquido
produzido
com
promastigotas de L. (L.) major-like,
animais (10,9%) de treze espécies,
incluindo um grande número de D.
albiventris (n=297) e de animais da ordem
até
1:40.960
e
utilizada para detecção de anticorpos antiL. chagasi. As prevalências e intervalos
de confiança foram calculadas para o
ponto de corte de 1:320,3 mas também
para 1:640, buscando-se aumentar a
especificidade e reduzir resultados falsopositivos, pois não há consenso sobre
esse parâmetro para espécies silvestres.
Os resultados indicaram prevalência de
1,7% (9/528; IC95% 0,3-1,6%) para o
ponto de corte de 1:320, sendo reagentes
as espécies sagui de tufo branco
(Callithrix jacchus) (1/1; 100,0%), irara
(Eira barbara) (1/2; 50,0%; IC95% 0,0100,0), furão (Galictis cuja) (3/6; 50,0%;
IC95% 9,9-90,0), lebre (Lepus europaeus)
(1/8; 12,5%; IC95% 0,0-35,4), ouriço
cacheiro (Sphiggurus villosus) (1/15;
6,7%; IC95% 0,0-19,3) e quati (Nasua
nasua) (2/43; 4,6%; IC95% 0,0-10,9).
Com exceção desta última, não foram
encontrados, no Brasil, registros de
evidência sorológica de infecção por
Leishmania spp. nas outras cinco
espécies. Para o ponto de corte de 1:640
a prevalência foi de 0,9% (5/528; IC95%
0,1-1,0%), com apenas quatro espécies
soropositivas, sendo furão (2/6; 33,3%;
IC95% 0,0-71,0) e quati (1/43; 2,3%;
IC95% 0,0-6,8), além de ouriço cacheiro e
irara, com os mesmos valores de
prevalência observados para 1:320.
Títulos elevados de 1.280, 2.560 e 5.120
UI foram observados, respectivamente,
em um quati, uma irara e um furão.
CHIROPTERA (n=59), mas não se pode
afirmar que estes foram soropositivos,
uma vez que o ponto de corte para essas
espécies não foi definido. O DAT possui a
vantagem de não necessitar de antiimunoglobulina espécie-específica e,
embora apresente elevada sensibilidade e
especificidade, não se pode excluir a
possibilidade de reações sorológicas
cruzadas com outros cinetoplastídeos.
Conclui-se que há uma baixa prevalência
de mamíferos silvestres apresentando
anticorpos anti-L. chagasi na região de
Botucatu, SP, que foram detectados,
nesse
estudo,
especialmente
em
espécies da família MUSTELIDAE. Contudo,
essa evidência sorológica indica a
provável circulação do parasita em um
município onde não existem registros do
vetor ou de casos autóctones, tornandose importantes, mesmo em regiões
silenciosas, as medidas de vigilância
epidemiológica,
visando
evitar
a
introdução e expansão da enfermidade.
Referências
Bibliográficas:
1) Who.
Control of the leishmaniasis: report of a
meeting of the WHO Expert Committee on
the Control of Leishmaniases. Geneva,
technical report series, no 949, 2010. 2)
Garcez LM, Silveira FT, Harith A, Lainson
R, Shaw JJ. Experimental cutaneous
leishmaniasis IV. The humoral response
of Cebus apella (Primates: Cebidae) to
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
266 | P á g i n a
Pôster Científico - 19
adicionando-se
1:20
Akhoundi B, Naeini KM, Avizeh R, Fakhar
amazonensis, L. (Vianna ) lainsoni and
L.(V.) brazilienses using the direct
agglutination test. Acta Tropica, v.68, p.
M. Epidemiological aspects of canine
visceral leishmaniosis in the Islamic
Republic of Iran. Veterinary Parasitology,
65-76, 1997. 3) Mohebali M, Hajjaran H,
Hamzavi Y, Mobedi I, Arshi S, Zarei Z,
v.129, p. 243-251, 2005.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
267 | P á g i n a
Pôster Científico - 19
infections of Leishmania (Leishmania)
Bioquímica plasmática de jiboias amazônicas (Boa constrictor constrictor) de vida
Plasmatic biochemistry of free-ranging red-tailed Boa (Boa constrictor constrictor),
Manaus, Central Amazônia
Priscilla Rodrigues Mady Paciullo1; Karolline Pereira de Assis Pereira1; Laerzio Chiesorin
Neto2; Ronis da Silveira3; Jaydione Luiz Marcon3
1
Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM), AM, Brasil
2
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS), Manaus, AM,
Brasil
3
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), AM, Brasil
Contato: [email protected]
Serpentes pertencentes ao gênero Boa
diferenças entre os níveis plasmáticos
possuem ampla distribuição geográfica e
são consideradas atualmente repteis
generalistas na ocupação de habitats
adversos. Apesar de serem abundantes
em diversas regiões, existe uma escassez
de parâmetros bioquímicos para jiboias
de vida livre, devido principalmente, a
dificuldade de localizar os indivíduos. Em
Manaus, a subespécie Boa constrictor
constrictor habita fragmentos florestais
dos metabólitos de machos e fêmeas. A
pesquisa foi autorizada pela Secretaria
Municipal
de
Meio
Ambiente
e
Sustentabilidade (SEMMAS) de Manaus.
Os 25 exemplares machos e 22 fêmeas
clinicamente saudáveis amostrados neste
trabalho foram provenientes de resgates
realizados pelo poder público na área
urbana de Manaus e recebidos no
CETAS-Sauim Castanheiras no período
existentes na cidade, e compõem um dos
animais resgatados com maior frequência
pelo Centro de Triagem de Animais
Silvestres-Sauim Castanheiras (CETASSauim Castanheiras). Neste contexto, o
presente estudo visou obter valores
bioquímicos regionais para jiboias de vida
livre, avaliando ainda se ocorriam
de outubro de 2012 a janeiro de 2014. O
sangue das serpentes foi coletado por
punção do seio venoso intervertebral com
seringas acopladas a agulhas 22Gx1, e
armazenado em tubos de 4 mL contendo
heparina lítica (Vacuplast™). Ao terminar
a coleta de sangue, todos os indivíduos
foram sexados e microchipados. O
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
268 | P á g i n a
Pôster Científico - 20
livre, Manaus, Amazônia Central
coletado
foi
levado
para
o
em
estudos
realizados
com
jiboias
Laboratório de Fisiologia da Universidade
Federal do Amazonas (UFAM) onde foi
centrifugado para obtenção do plasma. A
análise bioquímica do plasma sanguíneo
foi feita em sistema automatizado
(ChemWell
2910®),
utilizando
kits
comerciais (LabTest™) específicos para
dosagem de cálcio, colesterol total,
triglicérides e glicose. Para avaliar se
amazônicas de cativeiro no estado do
Pára. Nível de colesterol mais alto em
machos já foi relatado para Viperídeos.1
Este fato pode estar associado às
particularidades reprodutivas dos machos.
Dessa forma, o trabalho permitiu obter os
primeiros dados bioquímicos de jiboias de
vida livre em Manaus. Além disso, gerou
informações para melhor compreensão de
existiam diferenças significativas entre o
valor dos metabólitos de machos e
fêmeas os dados obtidos foram
analisados estatisticamente pelo teste de
Mann-Whitney no programa BioStat. Os
níveis de cálcio (10,5 a 25,5 mg/dL; média
± DP: 16 ± 2,9) e glicose (13 a 172 mg/dL;
62,3 ± 38,5) foram semelhantes (p>0,05)
entre machos e fêmeas (Figura 1). Os
machos
apresentaram
níveis
de
como fatores intrínsecos podem afetar os
parâmetros fisiológicos dessa subespécie,
situação esta, importante para o
reconhecimento de valores plasmáticos
normais ou patológicos.
triglicérides (1 a 385 mg/dL; 45,3 ± 89,7)
mais elevados (p<0,01) do que as fêmeas
(1 a 22 mg/dL; 7,7 ± 5,5; Figura 1),
ocorrendo o mesmo para os valores de
colesterol (p<0,001). O sexo também não
influenciou os valores de glicose e cálcio
Referências Bibliográficas: 1) Rameh
de
Albuquerque
LC.
Aspectos
hematológicos, bioquímicos, morfológicos
e citoquímicos de células sangüíneas em
Viperídeos neotropicais dos gêneros
Bothrops e Crotalus mantidos em
cativeiro [Tese de Doutorado]. São Paulo:
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da USP; 2007.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
269 | P á g i n a
Pôster Científico - 20
sangue
Pôster Científico - 20
Figura 1. Relação entre os valores de cálcio, colesterol total, triglicérides e glicose em
MG/dL e o sexo do animal. Cada círculo representa o valor do metabólito plasmático
(indicado no eixo Y) de um indivíduo macho ou fêmea de Boa constrictor constrictor.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
270 | P á g i n a
Dados zootécnicos de um criatório de paca (Cuniculus paca) na Amazônia Ocidental
Vânia Maria França Ribeiro1; Maria do Carmo Portela2; Valderi Tananta Souza1
1
Universidade Federal do Acre (UFAC), AC, Brasil
2
Secretaria de Agropecuária do Estado do Acre (SEAP), AC, Brasil
Contato: [email protected]
Entre as espécies de animais silvestres
mais predadas, a paca (Cuniculus paca)
se destaca por ter sofrido significativa
redução de suas populações, tanto pela
caça predatória como pela destruição de
seu habitat natural. Este trabalho teve
como objetivo analisar e avaliar os dados
os reprodutores bem como seus produtos,
recebiam uma dieta baseada em frutas,
tubérculos e verduras além de sal mineral
à vontade. Durante este período de
estudo observou-se no ano I o
nascimento de 40 filhotes (75% machos e
25% fêmeas) oriundos de 25 matrizes e
zootécnicos de um criatório de pacas
(registro no IBAMA número 509309) em
sistema intensivo de produção, no
período de três anos. Foram verificados:
número
de
nascimentos
com
porcentagem macho/fêmeas, período de
gestação, idade ao primeiro parto, meses
de concentração dos nascimentos, meses
de
maior
mortalidade,
taxa
de
12 reprodutores, no ano II nasceram 37
(59% machos e 41% fêmeas) filhotes de
23 matrizes e 11 reprodutores e no ano III
nasceram 30 filhotes (40% machos e 60%
fêmeas) de 23 matrizes e 11 reprodutores
totalizando 107 nascimentos. A média do
período de gestação foi 152,33 ± 0,47
dias. A maior proporcionalidade de
nascimento de pacas macho assim como
mortalidade, nascimento por mês, peso
ao nascer, peso por ocasião da
desmama, ganho de peso ao mês, peso
aos seis meses, intervalos entre partos e
prolificidade. Os dados obtidos foram
anotados em planilha do Excel 2007,
onde foram analisados as Médias e
Desvio Padrão dos dados. As matrizes e
o período de gestação encontrado,
também foi observada em criatório
científico no Pará.1 A média idade ao
primeiro parto foi 530 ± 101dias (15
meses e 15 dias), sendo esta inferior a de
outros
criatórios
no
Brasil.2
Os
nascimentos ocorreram em todos os
meses do ano com maior concentração
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
271 | P á g i n a
Pôster Científico - 21
Zootechnical data from a paca farm (Cuniculus paca) in the Western Amazon
intervalo
para machos quanto para fêmeas. A
observação de nascimentos em todos os
meses do ano também foi observada por
outros autores.1,2 Os meses de maior
mortalidade de jovens e adultos foram:
janeiro julho e agosto. A taxa de
mortalidade 16,56%. Janeiro no Acre é
um mês de grande índice pluviométrico e
as instalações dos animais permaneciam
prolificidade foram inferiores as de
criatório em Belém do Pará.1 Portanto, as
análises dos dados zootécnicos de um
criatório intensivo de pacas submetidas a
uma alimentação natural na Amazônia
ocidental, permitem concluir que a criação
destes animais em cativeiro parece ser
uma das melhores alternativas para evitar
sua extinção, proporcionam o uso
na maioria dos dias muito úmidas neste
período o que favorecia a problemas
pulmonares e a coccidioses. Julho e
agosto são meses quentes e úmidos
quando se observava maior incidência de
nematódeos gastrintestinais. A média de
nascimentos por mês foi de 2,97 ± 256,
tendo as crias média de peso ao nascer
777g ± 122,05 dados estes, próximos aos
encontrados em criatórios de Belém no
sustentável da espécie, além de ser fonte
geradora de emprego e renda a
produtores rurais.
Pará.1 A média de peso a desmama (feita
aos 30 dias), foi de 1650 kg ± 368,11,com
uma média ganho de peso ao mês de
830g ± 320,36 e média peso aos seis
meses 3216 kg ± 697,26. Pacas sadias
devem ganhar entre 30 a 50 g de peso ao
dia entre 10 a 100 dias pós-nascimento.3
A média de intervalo entre partos foi 184
± 25,46 dias. A prolificidade foi de 1,60
nascimentos por fêmea ao ano em 2008 e
entre
partos
bem
como
a
Referências
Bibliográficas:
1)
Guimarães DA, Bastos LV, Ferreira ACS,
Luz-Ramos RS, Ohashi OM, Ribeiro HL.
Características reprodutivas da paca
fêmea (Agouti paca) criada em cativeiro.
Acta Amazônica, Manaus, v. 38, n. 3,
p.531-538, 2008. 2) Nogueira TMR.
Alguns
parâmetros
fisiológicos
e
reprodutivos da paca (Agouti paca,
Linneus, 1766), em cativeiro. 1997. 118f.
Dissertação
Mestrado,
Universidade
Estadual Paulista Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal.
Jaboticabal, São Paulo. 3) Hosken MF,
Silveira AC. Criação de pacas. Coleção
Animais Silvestres, v. 3, Viçosa-MG:
Aprenda Fácil, 2001, 261 p.
2009 e 1,30 em 2010. A média de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
272 | P á g i n a
Pôster Científico - 21
em agosto, outubro e novembro, tanto
Avaliação hematológica em Chelonoidis carbonaria (Jabuti piranga)
Bruno Carvalho da Silva Bergamini1; Raimundo Souza Lopez1; Miriam Harumi Tsunemi1;
Lygia Karla Sanches Francelino2
1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
2
Médica Veterinária autônoma
Contato: [email protected]
Introdução:
Os
jabutis
piranga
(Chelonoidis carbonaria) são quelônios
terrestres, com corpos compactos, cascos
pesados, membros cilíndricos e robustos
e podem ser encontrados em vida livre
por todo o território nacional. Eles são
trabalho teve como objetivo estudar a
hematologia da espécie Chelonoidis
carbonaria através da coleta de animais
clinicamente
saudáveis;
além
de
comparar os parâmetros hematológicos
em dois momentos distintos, procurando
considerados animais de estimação e
frequentemente são recebidos para
atendimento na clínica de animais
silvestres.1
Esta
espécie
possui
referencias hematológicas limitadas, e
tais parâmetros tem alta variação de
acordo com a idade, sexo, níveis de
estresse, níveis nutricionais e estação do
ano em que se dá o exame.2 A
encontrar possíveis variações sazonais e
visando contribuir para um melhor
atendimento desta espécie.
Hematologia é um recurso fundamental
para avaliar as condições clínicas do
animal: variações no eritrograma podem
indicar anemia ou policitemia, variações
no leucograma podem mostrar alterações
no sistema imunológico e variações no
numero de trombócitos podem indicar
alterações na hemotasia.1 O presente
Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da
UNESP, Campus de Botucatu. Durante os
meses de Janeiro e Junho de 2011, foram
coletadas 6 amostras (3 em cada
momento) de sangue de 3 animais da
espécie
Chelonoidis
carbonaria,
Material e Métodos: A pesquisa foi
conduzida no Centro de Medicina e
Pesquisa
de
Animais
Selvagens
(CEMPAS) e no Laboratório Clinico
Veterinário
Profa.
Dra.
Aguemi
Kohayagawa da Faculdade de Medicina
clinicamente saudáveis Após contenção
física adequada para a espécie,1 o
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
273 | P á g i n a
Pôster Científico - 22
Hematological evaluation on Chelonoides carbonaria (Red-footed tortoise)
nenhuma alteração relevante. Pode-se
o local mais adequado para evitar a
contaminação com linfa; quando tal
acesso não era possível, a colheita foi
realizada no seio subcarapacial. Duas
lâminas foram confeccionadas a partir do
sangue contido diretamente na seringa,
permitindo
melhor
visualização
da
2
morfologia
celular.
As
contagens
celulares foram realizadas utilizando o
verificar que em nenhum parâmetro o
valor de p foi menor que 0,05 - portanto
podemos concluir que nenhum dos
parâmetros
obteve
uma
variação
estatisticamente significativa.
método manual em câmara de Neubauer
(com o diluente azul de toluidina). A
hemoglobina foi dosada pelo método da
cianometahemoglobina.
O
volume
globular foi mensurado pelo método de
microhematócrito. As lâminas foram
preparadas com o corante de Wright e
analisadas em microscópio óptico, na
objetiva de 1000X. Os resultados foram
analisados
estatisticamente,
no
valores
hematológicos.
As
causas
prováveis para tal achado foram o baixo
número de animais e de amostras. Ainda
assim, este trabalho propiciou maior
familiaridade
com
os
parâmetros
hematológicos da espécie, treinamento de
técnica de coleta e contenção dos
animais.
Departamento de Bioestatística, da
UNESP de Botucatu. Foi utilizado o Teste
de Wilcoxom, utilizando o nível de
significância de 5% (p<0,05).3
Dias JL, Cubas ZS, Silva JCR. Tratado de
Animais Silvestres. 1ª ed; Roca: São
Paulo, 2007. 2) Thrall MA, Weiser G,
Allison RW, Campbell TW. Veterinary
Hematology and Clinical Chemistry. 2ª ed;
Wiley- Blackwell: Oxford, 2012. 3) Bussab
WO, Morettin PA. Estatística Básica. 5ª
ed; Editora Saraiva: São Paulo; 2002.
Resultados: Os resultados estão listados
na tabela 1. Nas lâminas de esfregaço,
como esperado, não foi observada
Discussão: Apesar da variação não ser
estatisticamente significativa, não é
possível afirmar que esta espécie não
possua uma variação sazonal em seus
Referências Bibliográficas: 1) Catão-
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
274 | P á g i n a
Pôster Científico - 22
material foi colhido da veia jugular, por ser
Pôster Científico - 22
Tabela 1. Comparação das medidas entre os dois momentos de colheitade sangue de
Chelonoidis carbonaria por meio do teste de Wilcoxon.
Figura 1. Eritrócitos, Leucócitos e Trombócito de Chelonoidis carbonária.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
275 | P á g i n a
Registro de afecções orais em mamíferos selvagens da região de Anhembi, Bofete e
Record of oral diseases in wild mammals in the region of Anhembi, Bofete and Torre de
Pedra - SP
Marina Gea Peres1; Elisangela Peres Freitas2; Thais Silva Bacchiega1; Camila Michele
Appolinário1; João Marcelo Azevedo de Paula Antunes3; Susan Dora Allendorf1; Acácia
Ferreira Vicente1; Mateus de Souza Ribeiro Mioni1; Clóvis Rinaldo Fonseca1; Jane Megid1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil
2
Centro Odontológico Veterinário - ODONTOVET unidade Campinas (ODONTOVET), SP,
Brasil
3
Universidade Federal Rural do Semi Árido (UFERSA), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: Pesquisas recentes vêm
descrevendo
afecções
bucais
de
mamíferos
selvagens
cativos
e
relacionando-as à alimentação, muitas
vezes inadequada, ofertada a eles nesse
ambiente.1 As afecções mais comumente
relatadas são gengivite, acúmulo de placa
bacteriana, formação de cálculo dentário,
retração gengival, fraturas de coroa e raiz
onca) cativas e de vida livre, no qual
dental, exposição pulpar traumática,
desgaste e ausência de elementos
dentários.1,2 Observa-se, no entanto,
escassez de registros das mesmas
afecções em indivíduos de vida livre,
como demonstrado em um estudo que
comparou a prevalência de doença
periodontal em onças pintadas (Panthera
bucal que diminuiu significantemente
após o tratamento do problema dentário
e resolução do mesmo.3 Considerando a
escassez de informações das afecções
bucais em animais de vida livre e a
importância do diagnóstico precoce em
animais cativos, o presente relato tem por
objetivo divulgar os achados de afecções
observou-se alta prevalência de lesões
relacionadas ao periodonto em indivíduos
cativos, e nenhum registro em indivíduos
de vida livre.2 O desconhecimento das
lesões orais, embora aparente ser um
problema
menor,
pode
causar
consequências sérias. Há evidencias de
agressividade em animais com afecção
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
276 | P á g i n a
Pôster Científico - 23
Torre de Pedra-SP
em
mamíferos
selvagens
indução anestésica, amostras de sangue
capturados durante um estudo sobre o
ciclo silvestre do vírus Vaccinia na região
de Bofete Anhembi e Torre de Pedra-SP.
eram coletadas por punção da veia
jugular para a referida pesquisa do vírus
Vaccinia. Por tratar-se de animais de vida
livre todos os achados (sexo, presença ou
ausência de feridas, de ectoparasitas, e
de afecções na cavidade bucal) foram
registrados em fichas de coleta e por
meio de fotografias, para posterior
análise. Para retorno seguro do plano
Material
e
Métodos:
Os dados
apresentados no presente relato foram
coletados durante o período de maio a
setembro de 2011 quando foram
realizadas capturas em áreas de mata
nativa de 47 propriedades rurais
produtoras de leite, sendo 10 em Torre de
Pedra, 15 em Bofete e 22 em Anhembi
no estado de São Paulo, sendo a
pesquisa aprovada no Comitê de Ética no
Uso de Animais da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho – UNESP Botucatu sob o
protocolo No 112/2010-CEUA. A captura
de mamíferos selvagens in situ foi
anestésico, os animais eram postos
novamente na armadilha e liberados na
manhã seguinte. Os achados referente as
afecções da cavidade bucal registrados
foram encaminhados à especialista de
odontologia veterinária para análise dos
mesmos.
autorizada pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade – ICMBio
através do Sistema de Autorização e
Informação em Biodiversidade – SISBIO
sob No 23918-1. O esforço de captura foi
de cinco dias em cada área de mata
nativa amostrada, realizado em duas ou
três propriedades simultaneamente. Em
cada área de mata nativa foi aberto um
albiventris dos quais 36 eram machos
transecto linear de aproximadamente 200
m no qual foram dispostas três
armadilhas do tipo Tomahawk, contendo
coxa ou sobrecoxa de frango como isca,
as quais eram vistoriadas pela manhã
para a presença de animais. Todos os
animais foram anestesiados com uso de
Tiletamina associada a Zolazepan. Após
oral foram registradas em dois indivíduos,
uma fêmea de Didelphis albiventris
(Figura 1) e uma fêmea de Nasua nasua
(Figura 2 e 3). Na Didelphis albiventris
Resultados
e
Discussão:
Foram
capturados 83 mamíferos de pequeno e
médio porte, sendo 58 Didelphis
(quatro jovens e 32 adultos) e 22 fêmeas
(cinco jovens, 17 adultas), 16 Didelphis
aurita adultos dos quais quatro eram
fêmeas e 12 eram machos, quatro Nasua
nasua (três machos adultos e uma fêmea
adulta) quatro Cerdocyon thous fêmeas
adultas, e um Leopardus pardalis macho
adulto (Tabela 1). Afecções em cavidade
verificou-se acúmulo de placa bacteriana
na superfície do esmalte dos dentes,
desgaste dental com perda da cúspide da
coroa em diversos dentes, fratura de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
277 | P á g i n a
Pôster Científico - 23
bucais
logo,
exposição de polpa e cálculo dental grau
II (Figura 1). Na Nasua nasua identificou-
probabilidade de
registros de suas
afecções orais. Didelphis albiventris e
Nasua nasua, embora de ordens
se desgaste dental nas cúspedes de
caninos e incisivos inferiores e superiores,
presença de gengivite grau III na região
dos incisivos superiores centrais, acúmulo
de placa bacteriana e cálculo dental nos
caninos superior e inferior direito (Figura
2), desgaste de coroa dental em prémolares superiores, desgaste acentuado
de coroa dental de incisivos inferiores,
retração gengival em canino inferior
direito, e ausência de pré-molares
inferiores do lado direito da cavidade oral
(Figura 3).
Há diversos estudos
abordando aspectos morfofuncionais dos
dentes e saúde bucal em quatis (Nasua
nasua) e gambás (Didelphis albiventris)
mantidos
em
cativeiro,4,5
entretanto
afecções orais em indivíduos de vida livre
são pouco relatadas no Brasil. Sabe-se
que as estruturas da cavidade oral
exercem as funções de introduzir alimento
e líquido ao trato digestivo, proteger
contra forças externas tais como
predadores ou brigas entre rivais,
proteger contra microorganismos e outras
injúrias por ingestão de materiais
abrasivos,
além
de
comunicação,
reconhecimento e estimulação sexual.6
Talvez por esse motivo, os registros de
affecções orais em animais de vida livre
sejam tão escassos, pois uma vez
debilitados em sua capacidade de
ingestão de alimentos e defesa,
apresentem maior vulnerabilidade o que
provavelmente faz com que pereçam
diminuindo
dessa
forma
a
diferentes, são mamíferos onívoros pouco
seletivos em suas dietas, que é
constituída por uma variedade de itens
(ovos, aves, repteis, anfíbios, pequenos
mamíferos, moluscos, frutas, folhas,
sementes), de acordo com a época do
ano e disponibilidade de alimento, mas
não está claro se apenas a dieta
influencia no surgimento de afecções
orais, ou se as mesmas estão
relacionados ao avanço de idade nos
animais. Ambas as fêmeas eram adultas,
mas aparentavam ser animais velhos, o
que está de acordo com os achados em
cavidade oral de Guaxinis (Procyon lotor)
aparentemente mais velhos descritos por
Hungerford e colaboradores.7
Conclusões: A saúde bucal e os
mecanismos que levam à perda da
mesma são tão importantes para o bem
estar individual e conservação das
espécies, que mesmo as pesquisas com
outros enfoques devem registrar e
divulgar seus achados, contribuindo
assim para a diminuição da escassez de
informações relacionadas à saúde bucal
em animais de vida livre.
Referências Bibliográficas: 1) Costa
RCS, Botteon RCCM, Neves DM,
Valladares MCM, Scherer PO. Saúde oral
de primatas da espécie Cebus apela
mantidos no centro de triagem de animais
silvestres-IBAMA, Estado do Rio de
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
278 | P á g i n a
Pôster Científico - 23
coroa no canino inferior esquerdo com
34(4):
Veterinária 2012; 34(2): 86-90. 2) Rossi Jr
JL, Gioso MA, Domingues-F LM. Estudo
comparativo sobre prevalência de doença
periodontal em Panthera onca mantida
Mançanares CAF, Bertassoli B, Lima
JMN, Thomaz JM, Carvalho AF.
Classificação Morfofuncional dos dentes
de quati, Nasua nasua. Pesquisa
em cativeiro e em indivíduos em natureza.
Pesquisa Veterinária Brasileira 2007;
27(5):209-214. 3) Wiggs RB, Lobprise HB.
Veterinary Dentistry: Principles and
Pratice. Philadelphia: Lippincott-Raven;
Veterinária Brasileira 2011; 31(5): 447451. 6) Harvey C, Emily P. Small Animal
Dentistry. St. Louis: Mosby – year book
inc; 1993. 7) Hungerford LL, Mitchell MA,
Nixon CM, Esker TE, Sullivan JB,
1997. 4) Aguiar MS, Ferigolo J, Rossi Jr
JL, Gioso MA. Atrição dental em Didelphis
albiventris e D. marsupialis (Marsupialia,
Koerkenmeier
R,
Marretta
SM.
Periodontal and dental lesionsin raccoons
from a farming and a recreational area in
Illinois. Journal of Wildlife Diseases 1999;
35(4): 728-734.
Didelphimorphia, Didelphidae) do Sul do
Brasil. Ciencia Rural, Santa Maria 2004;
1127-1132.
5)
Pieri
NCG,
Tabela 1. Total de espécies de mamíferos selvagens capturados na região de Anhembi,
Bofete e Torre de Pedra-SP.
Mamíferos Capturados
Torre de Pedra
Espécie
Idade
Macho
Fêmea
Didelphis albiventris
Jovem
2
1
Adulto
3
Idoso
Didelphis aurita
Bofete
Macho
Fêmea
16
3
10
3
Anhembi
Macho
Fêmea
2
4
13
13
1
Jovem
Adulto
2
1
Idoso
Nasua nasua
Jovem
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
279 | P á g i n a
Pôster Científico - 23
Janeiro. Revista brasileira de medicina
1
2
Idoso
Cerdocyon thous
1
Jovem
Adulto
1
3
Idoso
Leopardus pardalis
Jovem
Adulto
1
Idoso
Figura 1. Afecções bucais em Didelphis albiventris.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
280 | P á g i n a
Pôster Científico - 23
Adulto
Pôster Científico - 23
Figura 2. Afeções bucais em Nasua nasua.
Figura 3. Afeções bucais em Nasua nasua.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
281 | P á g i n a
Avaliação através de exame clínico e complementar das serpentes do biotério da
Evaluation through the clinical examination and supplementary of snakes from vivarium of
Dom Bosco Catholic University, Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Rafaela Dutra Azuaga1; Paula Helena Santa Rita1
1
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Brasil
Contato: [email protected]
A manutenção de serpentes em cativeiro
tem favorecido um maior conhecimento
sobre a biologia e a saúde destes
animais, entretanto, quando apresentam
alterações comportamentais e fisiológicas
é necessária a realização do exame físico
desnutrição, disecdise, lesão tegumentar
por trauma, ectoparasitismo e eliminação
de oocitos não fertilizados no recinto.
Como auxilio ao diagnóstico clinico, a
informação hematológica é essencial para
reconhecer alterações no perfil do
e
complementar
para
melhor
compreensão das condições do estado
funcional do paciente e auxílio na conduta
terapêutica. Desta forma, foram avaliadas
60 serpentes pertencentes ao plantel do
Biotério da Universidade Católica Dom
Bosco
que
após
apresentarem
sintomatologia clínica, foram submetidas
à avaliação física e a análise
hematológica.
Os
animais
foram
paciente enfermo e neste contexto, foi
realizada a punção da veia caudal do
espécime para a retirada de um volume
sanguíneo de aproximadamente 1% do
peso do animal (Figura 2) e foi feita a
confecção de esfregaço sanguíneo. No
exame
morfológico
das
células
sanguíneas a leucometria específica
observada
foram
os
eritrócitos,
trombócitos e os leucócitos, classificados
avaliados em condições macroscópicas,
nível de hidratação através do teste de
turgor cutâneo, avaliação do escore
corporal, condições da mucosa oral e
cloacal e foram detectadas diversas
afecções. Foram observados sintomas
sugestivos de estomatite (Figura 1),
infecção
por
fungo,
desidratação,
em Azurófilo, Heterófilo, Basófilo e
Linfócito, porém, não foi diagnosticada a
presença de hemoparasitos e diferenças
morfoanatômicas das células sanguíneas
entre as espécies avaliadas. Esta
avaliação
é
essencial
para
o
conhecimento da clínica de serpentes em
cativeiro e sendo imprescindível para
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
282 | P á g i n a
Pôster Científico - 24
Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Campo Grande, Mato Grosso do Sul
proporcionar a qualidade sanitária desses
Pôster Científico - 24
animais, contribuindo assim, para a
manutenção do ambiente, manejo e no
monitoramento das espécies cativas.
Figura 1. Imagem de lesão sugestiva de estomatite em serpente do Biotério da
Universidade Católica Dom Bosco.
Figura 2. Imagem que demonstra punção da veia caudal de serpente do Biotério da
Universidade Católica Dom Bosco para a colheita de sangue.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
283 | P á g i n a
Avaliação da existência de isolamento reprodutivo entre Mazama gouazoubira e
Existence of reproductive isolation among Mazama gouazoubira and Mazama
nemorivaga by evaluation of hybrid males: preliminary results
Gabriela Martins1; José Maurício Barbanti Duarte1
1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil
Contato: [email protected]
Os veados cinza do Brasil abrangem duas
espécies: o veado-catingueiro (Mazama
gouazoubira) e o veado-roxo (Mazama
nemorivaga). De maneira geral a área
ocupada
pelo
M.
nemorivaga
é
complementar àquela ocupada pelo M.
reprodutivo pós-zigótico. Serão avaliadas
as características seminais, histologia
testicular e perfis de metabólitos da
testosterona de seis animais, sendo três
M. gouazoubira puros, um M. nemorivaga
gouazoubira.
espécie válida, porém, na maioria dos
conceitos de espécie aceitos atualmente,
espécies. Após o desmame (seis meses),
fezes frescas foram coletadas até os 20
meses de idade, uma vez por semana
para posterior dosagem hormonal de
metabólitos de testosterona. Aos 20
meses de idade os animais foram
anestesiados,
submetidos
a
eletroejaculação para a colheita de sêmen
e a orquiectomia unilateral. O sêmen foi
analisado macroscopicamente (cor e
está implícita a ideia de que duas
espécies devem ser não apenas
geneticamente
distintas,
mas
reprodutivamente isoladas. Este trabalho
tem como objetivo avaliar a fertilidade de
animais resultantes de cruzamentos intra
e inter espécies, a fim de evidenciar a
presença ou ausência do isolamento
volume) e microscopicamente (motilidade,
vigor, defeitos primários e secundários e
citometria de cabeça). Os fragmentos de
testículos foram fixados e corados com
HE e as lâminas, observadas em
microscópio óptico, sendo que 60
secções de túbulos seminíferos tiveram
diâmetro e altura de epitélio seminífero
Este
fato
associado
a
características morfológicas relativamente
semelhantes ao M. gouazoubira, colocou
em dúvida a classificação taxonômica do
M. nemorivaga como espécie durante
muitos anos. Estudos citogenéticos e
morfométricos contribuíram para a
afirmação do M. nemorivaga como
puro e dois híbridos entre as duas
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
284 | P á g i n a
Pôster Científico - 25
Mazama nemorivaga por meio de machos híbridos: resultados preliminares
3,41 ± 0,44 µm; A: 40,37 ± 4,92 µm).
seminíferos foram analisadas para
quantificação da população de células de
linhagem espermática. Até o presente
momento foram analisadas características
seminais e histológicas de dois M.
gouazoubira puros (CF01 e CF02) e um
Valores médios semelhantes foram
descritos em espécimes de Mazama
americana de idade aproximada. A
híbrido
(CF03).
O
animal
CF01
apresentou
características
seminais
inferiores do que CF02 e o híbrido CF03
análise
morfométrica
dos
túbulos
seminíferos dos 3 animais encontra-se
disposta no gráfico da Figura 1. CF01 e
CF02 apresentaram médias semelhantes
ás descritas em outros estudos sobre a
mesma espécie. CF03 apresentou
mostrou-se completamente azoospérmico. Dentre as estruturas morfológicas dos
espermatozoides
que
apresentaram
maiores porcentagens de defeitos em
CF01 e CF02, destacam-se a cabeça,
seguida por peça intermediária e flagelo,
indicando uma predominância de defeitos
primários,
ocorridos
durante
a
espermatogênese. A análise citométrica
da cabeça dos espermatozoides de CF01
diâmetro tubular e altura de epitélio
visivelmente menores, se comparadas a
CF01 e CF02. O estudo morfológico dos
núcleos e nucléolos das células do interior
dos túbulos seminíferos está disposto na
tabela 1. É possível observar que o
animal CF03 apresentou apenas 4 dos 6
tipos celulares observados, forte indicio
da interrupção da espermatogênese
durante a primeira meiose e provável
mostrou
os
seguintes
resultados:
Comprimento (C): 7,60 ± 0,44 µm;
Largura maior (LM): 4,25 ± 0,28 µm;
Largura menor (Lm): 2,99 ± 0,35 µm e
área (A): 27,51 ± 2,48 µm. Resultados
próximos foram encontrados em CF02 (C:
9,79 ± 0,60 µm; LM: 4,83 ± 0,40 µm; Lm:
causa da azoospermia. Com base nos
resultados apresentados até agora, é
possível afirmar que existam indicativos
favoráveis à existência de isolamento
reprodutivo
entre
as
espécies
relacionadas.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
285 | P á g i n a
Pôster Científico - 25
mensurados. Dez secções de túbulos
Pôster Científico - 25
Figura 1. Diâmetro (µm) e altura de epitélio (µm) dos túbulos seminíferos da prole de
veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e veado-roxo (Mazama nemorivaga).
Tabela 1. Médias (± desvios padrão) das porcentagens dos tipos celulares do epitélio
seminífero da prole de veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e veado-roxo (Mazama
nemorivaga).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
286 | P á g i n a
Uso da ultrassonografia como método de diagnóstico na medicina de zoológicos:
Use of ultrasound as a diagnostic method in zoo medicine: retrospective study of the exams
performed from 2010 to 2013 at São Paulo Zoo, Brazil
Claudia Regina G Rossi Ontivero1; Mirian Halásc Vac2,3,4; Mariana F Freitas5
1
Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil
2
Provet (PVT), Brasil
3
Instituto Veterinário de Imagem (IVI), Brasil
4
Spécialité (SPE), Brasil
5
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected] / [email protected]
Introdução: Este trabalho tem o objetivo
de relatar a quantidade de exames
ultrassonográficos realizados nos animais
silvestres na Fundação Parque Zoológico
de São Paulo, Brasil. A ultrassonografia é
um método de diagnóstico não invasivo,
que se baseia no fenômeno de interação
do
ultrassom
com
os
tecidos,
biópsia. Na Medicina de animais
silvestres, os métodos de diagnóstico são
de extrema importância para o sucesso
de um tratamento, devido às suas
diferentes características e da grande
gama de doenças que podem afetar estes
animais. Eles também podem ser
utilizados no planejamento reprodutivo ou
transformando os ecos produzidos pelos
órgãos e estruturas avaliadas em
imagens seccionais. É um dos métodos
de diagnóstico mais utilizados, pois
permite a avaliação de diferentes órgãos
e estruturas, é dinâmico, possui baixo
custo e permite guiar a colheita de
materiais e a realização de citologia ou
na medicina preventiva de um animal ou
de sua população. Diversos trabalhos
descrevem o uso da ultrassonografia no
diagnóstico de doenças e na análise
reprodutiva
de
espécies
silvestres
inclusive aquelas ameaçadas de extinção
como elefantes e rinocerontes.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
287 | P á g i n a
Pôster Científico - 26
estudo retrospectivo de exames realizados entre 2010 e 2013 no Zoológico de São
Paulo, Brasil
mordedora (Chelydra serpentina), uma
as fichas clínicas e de medicina
preventiva da Divisão de Veterinária da
Fundação Parque Zoológico de São
Paulo, São Paulo - SP, Brasil no período
de janeiro de 2010 até dezembro de
2013,
quanto
à
utilização
da
ultrassonografia
como
meio
de
diagnóstico dividindo-se nas classes de
mamíferos, aves e répteis.
Arara Canindé (Ara ararauna) e um
Macaco Aranha (Ateles sp). Pôde-se
Resultados: Foram realizados, no total,
205 exames ultrassonográficos, sendo 44
exames em 2010, 50 exames em 2011,
84 exames em 2012 e 27 exames em
2013. De acordo com as classes dos
animais obteve-se: 182 (88,78%) exames
em mamíferos, 9 (4,39%) em aves e 14
(6,83%) em répteis. Dentre estes,
destacam-se o diagnóstico de neoplasia
testicular em dois exemplares de
Cachorro-vinagre (Speothos venaticus),
diagnóstico realizado com frequência e de
grande importância para a medicina de
animais silvestres no Zoológico de São
Paulo, auxiliando na avaliação clínica,
diagnóstico e tratamento de doenças e
nos programas de medicina preventiva e
de reprodução. A menor quantidade de
exames ultrassonográficos realizados em
aves, deve-se à presença de ar nos
sacos-aéreos
que
dificultam
a
confirmado através da histopatologia
como tumor de células de Leydig,
diagnóstico e acompanhamento do
tratamento em casos de ascite causada
por cardiopatia em uma tartaruga
detectar a gestação avançada em um
Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)
e a avaliação dos órgãos reprodutivos em
uma fêmea de Mico Leão de Cara
Dourada (Leontopithecus chrysomelas).
Discussão: Pode-se concluir que a
ultrassonografia é um método de
propagação da onda sonora. No entanto,
o exame é aplicável em aves com ascite,
organomegalias ou com janela de
visualização adequada como nos animais
de maior porte.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
288 | P á g i n a
Pôster Científico - 26
Material e Métodos: Foram analisadas
Avaliação coproparasitológica de serpentes Bothrops jararaca em cativeiro
Nathielle de Lemos Perret Pedroto1; Alexandra Frossard1; Eduardo Lázaro Silva1; Maria
Cristina Valdetaro Rangel1; Matheus Simão Santos1; Fabian Müller do Carmo1; Luis Felipe
Silva Pereira Mayorga1; Fabio Ribeiro Braga1; João Luiz Rossi Junior1
1
Universidade Vila Velha (UVV), ES, Brasil
Contato: [email protected]
As serpentes são répteis da Ordem
SQUAMATA
que
apresentam
a
característica de engolir suas presas
inteiras,
sejam
invertebrados
ou
vertebrados. Dessa forma, também atuam
como
hospedeiros
intermediários
(Fi) dos táxons parasitários encontrados
através da fórmula Fi = 100ni / n; onde ni
é igual ao número de fezes em que cada
táxon parasitário foi observado e n é igual
ao número total de fezes que continham
ao menos algum tipo de parasita. A
paratênicos e definitivos de muitos ecto e
endoparasitas. Em relação aos helmintos,
são listadas 44 espécies de trematódeos,
40 espécies de nematódeos e 10
espécies de cestódeos em serpentes
brasileiras. O objetivo do presente
trabalho é avaliar os táxons componentes
da helmintofauna gastrointestinal de 42
exemplares
de
Bothrops
jararaca
pesquisa foi aprovada pelo Comissão de
Ética no uso de Animais da Universidade
Vila Velha (CEUA- 283/2013). Em 14
indivíduos parasitados por nematódeos
(33,3%), encontraram-se representantes
do gênero Kalicephalus em sete
originários de um serpentário particular no
Espírito Santo. Os animais utilizados no
estudo foram enviados para o Setor de
Animais Selvagens da Universidade Vila
Velha, onde foram foram vermifugados.
Fezes foram colhidas e processadas pelo
método de centrífugo-flutuação, sendo
examinadas
à
microscopia
optica.
Calculou-se a frequência da ocorrência
serpentes (50%), representantes da
família OXYURIDAE em quatro (28,57%), o
gênero Ophidascaris em dois (14,28%), o
gênero Strongyloides em dois (14,28%), o
filo ACANTOCEPHALA em um (7,14%) e
ovos de nematoides não identificados em
um (7,14%). O parasita intestinal
Kalicephalus sp. é responsável por causar
diarréia, letargia, regurgitação e anorexia,
além de possível evolução para larva
migrans visceral, podendo ocasionar
problemas no sistema respiratório. A alta
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
289 | P á g i n a
Pôster Científico - 27
Coproparasitological evaluation from Bothrops jararaca in captivity
estrongilídeos, Strongyloides sp. pode ser
explicada pelo seu ciclo de vida direto, o
que promove a sua circulação no
ambiente de propagação. Os oxyurídeos
são encontrados parasitando o intestino
grosso das serpentes, que se infectam
através da ingestão de ovos infectantes,
comum
em
cativeiro.
O
gênero
Ophidascaris é capaz de causar
encontrado no intestino delgado de várias
espécies de répteis, podendo causar
diarréia, anorexia e perda de peso. Já o
filo
ACANTHOCEPHALA
compreende
parasitas encontrados em mamíferos,
aves, peixes, anfíbios e répteis, inclusive
serpentes mantidas em cativeiro. A baixa
incidência de parasitas nos animais
utilizados no presente trabalho pode ser
desse
parasita
pode
gastroenterite e espessamento da parede
do estômago e intestino e hemorragia de
mucosa, dentre outras alterações, cuja
causa está associada à obstrução e
irritação da mucosa pela presença dos
parasitos
adultos.
Dentre
os
explicada pelos cuidados proporcionados
pelo manejo em cativeiro, tais quais
vermifugação preventiva e fornecimento
de alimento proveniente de biotério.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
290 | P á g i n a
Pôster Científico - 27
ser
incidência
Censo de cães domésticos e avaliação da sua interação com os animais silvestres
Census of domestic dogs and evaluation of their interaction with wildlife in the modified
Brazilian Cerrado in Goiás
Caio Filipe da Motta Lima1; Isis Zanini das Candeias2; Ricardo Corassa Arrais2; Fernanda
Cavalcanti Azevedo2; Frederico Gemesio Lemos2,3; Jesse James Navatta4
1
Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil
2
Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC), Brasil
3
Universidade Federal de Goiás (UFG), GO, Brasil
4
Cornell University (CORNELL), Estados Unidos da América
Contato: [email protected]
Introdução:
Estudos
recentes
Material e Métodos: Foram realizadas
demonstraram que cães em áreas rurais
representam
ameaça
aos
animais
silvestres
através
de
predação,
competição ou como fonte de doenças
infecciosas. Na região do Limoeiro,
município
de
Cumari
(GO),
é
desenvolvido
um
programa
de
conservação com carnívoros silvestres
desde 2002 e canídeos silvestres são
frequentemente observados próximos a
entrevistas com os habitantes da região
citada no período de julho de 2014, onde
foram abordadas questões relacionadas à
demografia, saúde, e manejo dos cães e
sua relação com seus proprietários e com
a fauna local. Foram entrevistadas 36
famílias. A área total das propriedades
entrevistadas totalizou 8320 hectares.
residências humanas e em encontros
agonísticos com cães domésticos. Este
trabalho teve como objetivo realizar um
censo da população de cães domésticos
em áreas de fazendas desta região,
assim como avaliar a interação destes
com a fauna silvestre local.
Resultados:
A
principal
atividade
econômica é a produção de gado de
corte. A população total de cães em 2014
é de 122 indivíduos, representando um
aumento de 25,77% em relação ao ano
anterior. A densidade populacional é de
1,47 cães a cada 100 hectares. Quanto à
origem dos cães, 41% vieram de áreas
urbanas. Quanto ao manejo 91% dos
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
291 | P á g i n a
Pôster Científico - 28
em área de cerrado alterado de Goiás
atitude dos cães em relação aos animais
longe da sede e 81% dos cães têm
acesso à área de mata. Pela percepção
dos entrevistados, os cães entram em
contato com cachorro-do-mato e raposado-campo em 62% das propriedades e
em 50% delas entram em contato
também com lobo-guará. Em 78% dos
cães não é realizado nenhum controle
reprodutivo;
13%
utilizam
silvestres é de ataque por 77% dos
indivíduos. Os animais citados como mais
perseguidos foram: tamanduá-bandeira,
quati, cachorro-do-mato e raposa-docampo. Os animais citados como mais
caçados foram tamanduá-mirim e gambá.
Com relação aos cães ferais 15% dos
entrevistados relataram haver presença
destes na região.
anticoncepcional; e apenas 7% são
castrados. Com respeito ao manejo
sanitário dos animais no último ano 49%
dos cães foram vacinados contra raiva;
15% foram vacinados com vacina
polivalente; 30% receberam vermífugo; e
foi realizado controle de ectoparasitas em
39% dos indivíduos. Pela percepção dos
proprietários 8,2% dos cães foram
considerados doentes atualmente, sendo
Discussão: Pôde ser observada uma
sobreposição intensa do uso de área dos
cães com os canídeos silvestres,
representando um elevado potencial de
transmissão de patógenos entre eles.
Além disso, é representativo o impacto
direto dos cães sobre diversas espécies
silvestres através da caça, podendo-se
constatar que as interações dos cães com
a fauna silvestre na região estudada é
os sinais relatados: 40% trauma; 20%
sinais
neurológicos;
20%
sinais
gastrointestinais;
10%
sarna;
10%
condição corporal ruim. Em 43% das
propriedades algum animal deixou de
viver no local no último ano, destes 47%
morreram; 37% foram doados; 16%
desapareceram. Nos casos de óbito as
características descritas foram: 49%
recém nascidos; 22% idosos; 17% sinais
influenciada
diretamente
pelos
proprietários, pelo manejo e pelo papel
que estes cães desenvolvem na
comunidade. Este estudo destaca a
importância do monitoramento ecoepidemiológico longitudinal da população
de cães e de populações de animais
silvestres
simultaneamente,
especialmente
as
populações
de
neurológicos; 6% ataque de tamanduábandeira; 6% eutanásia. As razões mais
citadas para posse dos animais foram:
companhia, defesa das criações e defesa
da casa. Os cães foram citados como
principal medida preventiva contra
predação, sendo utilizados para este
propósito em 77% das residências. A
carnívoros. Compreendendo melhor a
dinâmica populacional e os aspectos
epidemiológicos envolvidos poderão ser
propostas ações de manejo para
conservação de espécies silvestres na
região, mantendo a função social do cão
na comunidade.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
292 | P á g i n a
Pôster Científico - 28
cães permanecem soltos, 56% caminham
Apresentação Oral - 1
Apresentação Oral
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
293 | P á g i n a
Determinação não-invasiva da concentração de metabólitos de hormônios gonadais
Non-invasive measurements
ranfastides droppings
of gonadal hormones metabolites concentrations in
Daniel Bernardo Chabu1; Mathias Dislich2; Rupert Palme3; Marcelo Alcindo de Barros Vaz
Guimarães1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ-
USP), São Paulo, SP, Brasil
2
Parque das Aves, Foz do Iguaçu, PR, Brasil
3
Vetmeduni Vienna, Vienna, Áustria
Contato: [email protected]
Pouco se conhece acerca dos aspectos
foram
fisiológicos
da
reprodução
de
ranfastídeos, sendo estas informações
importantes para sua conservação e
criação em cativeiro. Métodos nãoinvasivos permitem análises a longo
prazo e em espécies pequenas, além de
facilitar estudos em vida livre e minimizar
o estresse causado aos animais. Este
trabalho teve por intuito a dosagem de
metabólitos de testosterona (machos e
diariamente para as fêmeas e três vezes
por semana para os machos, durante dois
meses em cada uma das fases; sendo
diferenciadas no recinto (macho ou
fêmea) com o auxílio de corante alimentar
fornecido individualmente numa porção
da ração de tucanos antes da primeira
alimentação do dia. As amostras foram
conservadas em nitrogênio líquido até
liofilização e posterior extração dos
fêmeas),
progesterona
e
estradiol
(somente fêmeas) nas excretas de 3
casais de tucano-toco (Ramphastos toco)
metabólitos pela técnica de uma
passagem em metanol 80%;1 sendo os
extratos submetidos a quantificação dos
metabólitos por enzimoimunoensaio.1,2
Foram
realizadas
as
validações
laboratorial e biológica dos ensaios. Os
dados obtidos foram analisados para
cada animal individualmente, sendo feita
e 3 casais de tucano-de-bico-verde
(Ramphastos dicolorus) mantidos no
Parque das Aves – Foz do Iguaçu, dentro
e fora da estação reprodutiva. Amostras
das primeiras excreções de cada dia
colhidas
num
horário
fixo,
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
294 | P á g i n a
Apresentação Oral - 1
em excretas de ranfastídeos
para a maioria dos indivíduos, também
concentrações entre as duas fases.
Também
foi
realizada
diariamente
observação comportamental, seguindo os
preceitos da metodologia de “amostragem
instantânea” conforme estão descritos no
trabalho de Altmann;3 e verificação dos
ninhos quanto a presença de ovos. Os
dados comportamentais mostraram que
os animais foram mais ativos durante a
condizente com o esperado. Além disso,
aumentos acima de variações basais de
metabólitos
de
testosterona
foram
associados à ocorrência de posturas, que
foram realizadas por uma das fêmeas de
R. toco. Todas estas questões precisam
estação
reprodutiva,
porém
comportamentos sociais e proximidade
entre o casal se mostraram raros nas
duas fases durante as sessões de
observação. Isto pode ter se dado pela
inexperiência e pouco tempo de formação
dos casais, sendo que as ocorrências
observadas foram principalmente nos
casais que se conheciam há mais tempo.
Não foram detectados metabólitos de
entanto este trabalho mostrou que a
técnica utilizada foi eficaz para dosagem
de metabólitos de testosterona e
progesterona
nas
excretas
destes
ranfastídeos, evidenciando variações
sazonais nas concentrações hormonais; e
indicando
uma
relação
entre
a
concentração
de
metabólitos
de
testosterona e as posturas.
estradiol em nenhuma das fases nas duas
espécies, possivelmente pela falha do
anticorpo utilizado em reconhecer os
mesmos. Metabólitos de progesterona
puderam ser detectados para as duas
espécies na estação reprodutiva mas não
fora
dela,
sugerindo
que
suas
concentrações estiveram mais altas na
estação, o que é condizente com o
esperado. Metabólitos de testosterona
puderam ser dosados em ambas as
espécies, nas duas fases, tanto em
machos quanto em fêmeas; sendo que os
resultados mostraram concentrações
maiores durante a estação reprodutiva
ser avaliadas mais a fundo para serem
plenamente comprovadas e descritos os
perfis hormonais destas espécies. No
Referências Bibliográficas: 1) Palme R.
Measuring fecal steroids: guidelines for
practical application. Annals of New York
Academy of Sciences; 2005; 1046:75-80.
2) Palme R, Möstl E. Biotin-streptavidin
enzyme
immunoassay
for
the
determination
of
oestrogens
and
androgens in boar faeces. In: Görög S,
editor. Advances of steroid analysis.
Budapest: Akadémiai Kiadó; 1994. p. 111117. 3) Altmann J. Observational study of
behaviour: sampling methods. Behaviour;
1974; 49(3):227-267.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
295 | P á g i n a
Apresentação Oral - 1
estatística descritiva e comparação das
Identificação de endoparasitos encontrados em pequenos mamíferos do Cerrado e
Identification of parasites found in small mammals of the Cerrado and evaluation of
potential health effects on hosts
Kássia Regina Aguiar Vieira1; Rafael Veríssimo Monteiro1; Ricardo Guirelli Simões Oliveira1
1
Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil
Contato: [email protected]
O cerrado possui alta diversidade de
espécies de pequenos mamíferos, sendo
roedores e marsupiais os grupos com
maior diversidade de espécies. Estes dois
grupos são ecologicamente importantes e
considerados espécies chave devido sua
para visão de conservação quanto para
seu controle. O grupo experimental foi
composto por marsupiais e roedores
capturados na Fazenda Água Limpa da
Universidade de Brasília. Os animais
capturados
foram
identificados,
relevância para a existência de diversos
animais e plantas. O parasitismo é uma
interação ecológica que influencia nas
características demográficas e afeta a
dinâmica das populações hospedeiras. A
presença de carga parasitária afeta o
hospedeiro reduzindo sua longevidade e
taxa reprodutiva e pode gerar resultados
anormais nos exames clínicos. O objetivo
deste trabalho foi esclarecer quais são os
anestesiados (Cetamina 10 a 40 mg/Kg,
dependendo do peso do animal),
marcados com brincos específicos
(National Band & Tag, Mod. 1005-1),
realizada
biometria
e
sexagem.
Coletaram-se fezes, amostras de sangue
e após recuperação dos animais todos
foram liberados nos mesmos pontos de
captura. A partir das amostras de fezes,
foi calculada quantidade de ovos por
efeitos da presença de parasitos na
saúde de roedores e marsupiais,
salientando a importância da integridade
clínica do animal para a relação parasitohospedeiro e da disseminação de
parasitos nos grupos avaliados. Estes
efeitos são importantes no manejo das
populações de pequenos mamíferos tanto
grama (OPG), realizada a contagem,
medição e identificação de ovos e
oocistos por meio da análise morfológica
por microscopia ótica (Figura 1). As
amostras de sangue foram divididas em
tubos com anticoagulante (EDTA),
utilizados na realização dos hemogramas,
e tubos sem anticoagulante, utilizados na
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
296 | P á g i n a
Apresentação Oral - 2
avaliação dos potenciais efeitos na saúde dos hospedeiros
da
bioquímica
sérica
para
exames de sangue. Os resultados obtidos
obtenção dos valores de proteína total,
albumina, globulina e fosfatase alcalina.
Foi feita análise estatística para
quantificar o efeito potencial da presença
de parasitos sobre a saúde dos
hospedeiros. Foram amostrados 218
indivíduos de 7 espécies já descritas na
literatura. A prevalência geral de
endoparasitos foi de 36,1%, divididos em
indicam que a infecção por tricurídeo
reduz a albumina sérica, em média, 0,76
g/L. A mastofauna encontrada foi
compatível à apresentada em estudos
feitos neste tipo de fitofisionomia, o que
indica que a região possui riqueza e
composição de espécies considerável e
típica de mata de galeria. Apesar de 4
taxas terem obtido baixa prevalência, não
seis
taxa:
coccídeo,
espirurídeo,
tricurídeo, estrongilídeo, ascarídeo e
capilarídeo. Dentre os taxa, coccídeo
(22,6%) e tricurídeo (16,6%) foram os
mais presentes e os demais taxa
obtiveram baixa prevalência (2,7%). A
concentração de ovos por grama de fezes
variou de 0,21 a 1,98. Cento e quatro
animais tiveram amostras de sangue
viáveis para a realização de hemograma
se pode descartar sua importância
epidemiológica, pois parasitos de muito
alta ou muito baixa patogenicidade
corriqueiramente têm baixas prevalências.
Este
trabalho
apresentou
novas
informações quanto à padronização de
valores dos exames de sangue dos
grupos analisados, dados essenciais para
avaliação da condição clínica do animal.
Os resultados indicam que a infecção por
e exame bioquímico. Foram obtidas
médias e desvio padrão dos parâmetros
avaliados nos exames de sangue (Tabela
1). Trinta e nove animais com amostras
de sangue viáveis tiveram endoparasitos
identificados em suas fezes. Utilizando os
resultados destes animais, foram criados
modelos de análise de variância
relacionando a presença de parasito às
variações nos parâmetros analisados nos
tricurídeo reduz a albumina sérica do
hospedeiro, fator que pode ser explicado
devido à perda sanguínea e de nutrientes
e irritação da mucosa intestinal causada
pelo parasito. Esta redução de albumina
sérica pode agir como facilitador para a
infecção de outros parasitos, aumentando
sua severidade.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
297 | P á g i n a
Apresentação Oral - 2
avaliação
Apresentação Oral - 2
Figura 1. Fotomicrografia de ovos e oocistos de endoparasitos. (A) Ovo de ascarídeo. (B)
Ovo de capilarídeo. (C) Oocisto de coccídeo. (D) Ovo de estrongilídeo. (E) Ovo de
espirurídeo. (F) Ovo de tricurídeo.
Tabela 1. Média e desvio padrão dos parâmetros mensurados nos exames de sangue das
quatro espécies com maior número de indivíduos amostrados.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
298 | P á g i n a
Efeito de diferentes anticoagulantes em exames bioquímicos de Trachemys spp
Pedro Hugo Henriques Cunha1; Fabiola Oliveira Paes Leme1; Gabriela Miccoli Alves1;
Maria Gabriella Sa Fernandes1; Sheron Halfd Resende1
1
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil
Contato: [email protected]
O
gênero
Trachemys
possui
ampla
distribuição, ocorrendo em todas as
Américas. As Trachemys spp. são
animais límnicos, onívoros (se alimentam
de carne, frutas, vermes, pequenos
crustáceos, etc), podem viver até 30
anos, possuem porte de médio a grande,
mudanças de habitat e a alimentação. O
objetivo do presente trabalho foi avaliar os
efeitos dos anticoagulantes EDTA-K3,
citrato e heparina sódicos sobre os
parâmetros bioquímicos de tigres d’água.
Os procedimentos foram aprovados pelo
IBAMA através do SISBIO, sob nº32233,
sendo identificadas principalmente pelas
faixas de ambos os lados da cabeça em
tons de vermelho, laranja ou amarelos. A
utilização de parâmetros bioquímicos para
avaliação da saúde e estado clínico de
quelônios, é essencial por representar
uma ferramenta diagnóstica importante
devido
às
características
e
particularidades
da
espécie.
O
e pelas normas da UFMG pelo CEU
80/2012.
Foram
utilizados
setenta
Trachemys scripta spp adultos, hígidos,
estabelecimento de valores de referência,
e a padronização da coleta de amostras
podem ser úteis em inúmeros campos
desde a prática clínica para animais de
centros de reabilitação até a avaliação de
animais de vida livre, representando um
importante indicador ambiental, uma vez
que estas espécies são sensíveis às
animal foi mantida estável para a colheita
de amostras de sangue. Foram colhidos
cerca de 3 mL de sangue, não excedendo
os 1% do peso vivo do animal, por meio
do plexo do seio cervical, tomando-se
cuidado para que a contaminação com
linfa fosse mínima. Foi utilizada seringa
de 3 mL e agulha 25x8, lavada
de ambos os sexos, provenientes do
CETAS do IBAMA-MG em Belo Horizonte
– MG. Os animais tinham peso médio de
1,1kg e estavam acondicionados em
recinto próprio. A contenção foi manual e,
com auxílio de uma colher a cabeça do
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
299 | P á g i n a
Apresentação Oral - 3
Effect of different anticoagulants in biochemical Trachemys spp
kits
comerciais
já
validados
pelo
prevenir a coagulação imediata. Após a
coleta, o sangue foi distribuído em quatro
frascos de 0,5 mL contendo: 1) 50 μL de
EDTA-K3 a 10%; 2) 60 μL de citrato de
sódio a 3,8%; 3) 100 μL de heparina
sódica; 4) frasco sem coagulante para
obtenção do soro. As amostras foram
centrifugadas e separadas para as
análises bioquímicas. A centrifugação foi
laboratório de patologia clínica da EVUFMG. Os dados obtidos foram
analisados estatisticamente em blocos ao
acaso utilizando-se ANOVA ou KruskalWallis (Tabela 1), dependendo da
variável, ambos com margem de 5% de
significância.
Considerando-se
uma
variação de 10% como aceitável,
amostras de plasma/EDTA apresentaram
realizada inicialmente a 1000 rpm durante
1 minuto e a 4000 rpm durante 4 minutos
para a obtenção do plasma nas amostras
nos anticoagulantes e para obtenção do
soro na amostra sem anticoagulante.
Após a separação, o processamento
bioquímico ocorreu em até uma semana.
Foram dosados os seguintes analitos por
técnica de colorimétrica: albumina,
proteínas totais, uréia, creatinina, glicose,
resultados semelhantes aos do soro para:
albumina, colesterol, glicose, proteína
total e triglicerídeos; no plasma/citrato
para: ALT, AST, colesterol, glicose, LDH,
magnésio, triglicerideos e uréia e, no
plasma/ heparina: ALT, AST, colesterol,
fósforo, proteína total, triglicerídeos e
uréia. O analito cálcio não apresenta
estabilidade em amostras de plasma. A
partir dos resultados apresentados o
alanina aminotransferase (ALT), aspartato
aminotransferase (AST), ácido úrico,
colesterol,
triglicerídeos,
lactato
desidrogenase (LDH), e os demais por
método cinético: fósforo, cálcio e
magnésio, em aparelho de bioquímica
automático Cobas Mira Plus® utilizando
citrato se mostrou válido para um maior
número de análises bioquímicas do que
EDTA e heparina, sendo o anticoagulante
de escolha para a realização de análises
bioquímicas em Trachemys spp.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
300 | P á g i n a
Apresentação Oral - 3
internamente com heparina sódica para
Tabela 1. Valores médios, seguidos do desvio padrão dos analitos bioquímicos de
Trachemys spp. no soro e plasma colhidos em EDTA-K3, citrato de sódio e heparina de
Apresentação Oral - 3
sódio (n=60).
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
301 | P á g i n a
Avaliação sanitária de populações silvestres de anta brasileira (Tapirus terrestris)
Health assessment of wild lowland tapir (Tapirus terrestris) populations in the Atlantic
Forest and Pantanal biomes, Brazil (1996-2012)
Renata Carolina Fernandes Santos1,2; Emília Patrícia Medici1,2,3; Paulo Rogério Mangini2
1
Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Brasil
2
Tapir Specialist Group (IUCN/SSC/TSG), Brasil
3
Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS/IPÊ), Brasil
Contato: [email protected]
The lowland tapir (Tapirus terrestris)
occurs in South America and is listed as
Vulnerable to Extinction by the IUCN Red
using anesthetic darts. The study included
physical, hematological and biochemical
evaluations,
microbiological
cultures,
List of Threatened Species. Health issues,
particularly infectious diseases, are
potential threats for the species. Health
data from 65 wild lowland tapirs from two
Brazilian biomes – Atlantic Forest (AF; 35
tapirs - 20 females, 15 males) and
Pantanal (PA; 30 tapirs - 10 females, 20
males) – was collected during a long-term
study (1996–2012). The AF study site
(1996-2008) was located in Morro do
urinalysis, and serologic analyses for
antibodies against 13 infectious agents
(viral and bacterial). The resulting
extensive datasets can be used as
reference values for wild tapirs. Physical
abnormalities were mostly explained by
age (e.g., tooth wear, ocular senile halo)
or social behavior (e.g., scars, wounds)
rather than disease. The AF and PA tapirs
were significantly different for several
Diabo State Park, western São Paulo
State (22º16''S; 52º05'W); and the PA
study site (2008-2012) was a private
ranch located in the Nhecolândia sub
region of the Pantanal, Mato Grosso do
Sul State (19º20''S; 55º43'W). Three
capture methods were used: 1) pitfalls, 2)
box traps, and 3) darting from a distance
hematological
and
biochemical
parameters, as well as between wild
(AF+PA) and captive tapirs (ISIS International Species Information System)
(Tables 1 and 2). Some differences may
be explained by seasonal availability of
resources in the wild, diet, competition,
and reproductive state. Ten bacteria taxa
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
302 | P á g i n a
Apresentação Oral - 4
nos biomas Mata Atlântica e Pantanal, Brasil (1996-2012)
population size). A greater diversity of
PA, and a low similarity between sites was
observed. Staphylococcus aureus and
Escherichia coli were the most common.
Some of the isolated bacteria are
considered opportunistic microorganisms
that can cause disease in immune
depressed animals. Urinary analysis
showed pH and specific gravity results
similar to those described for horses.
serovars and higher antibody titers were
found in the PA. Leptospirosis is a
zoonotic disease and its incidence is
strongly associated with heavy rains,
standing water, and hot climate. The
Pantanal is a seasonally inundated
floodplain and its intrinsic environmental
characteristics may be favorable to
pathogens whose epidemiologic cycles
Antibodies against five viruses were
detected: Bluetongue virus (95% CI: 0.3–
12.6% in AF, and 4.7–26.5% in PA),
eastern equine encephalitis virus (95% CI:
7–30.4% only in AF), western equine
encephalitis virus (95% CI: 0.06–15.7%
only
in
AF),
infectious
bovine
rhinotracheitis virus (95% CI: 0.06–15.7%
in AF, and 0.3–12.3% in PA), and porcine
parvovirus (95% CI: 90.3–100% only in
depend on water. Another feature of the
Pantanal is the presence of feral pigs
throughout the region. Domestic pigs were
introduced to the biome 200 years ago
and became feral, and could be potential
reservoirs of several pathogens, which
could explain the high prevalence of
porcine parvovirus in the PA. Based on
the results, both AF and PA populations
were
considered
to
be
healthy.
PA). A high prevalence of exposure to
Leptospira interrogans (10 serovars:
Nevertheless, potential health issues
caused by exposure to infectious agents
cannot be disregarded. Wildlife health
studies using ecological approaches can
indicate possible relationships between
infectious agents, humans, domestic
animals, and wildlife facing different
environmental conditions. It will be
important to monitor the influence of these
interactions over time.
Autumnalis,
Bratislava,
Canicola,
Copenhageni, Grippotyphosa, Hardjo,
Hebdomadis,
Icterohaemorrhagiae,
Pomona, and Pyrogenes) was detected in
both the AF (95% CI: 12–38%) and PA
(95% CI: 66.1–83.9% for minimum
estimated tapir population size, and 63.7–
86.3% for maximum estimated tapir
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
303 | P á g i n a
Apresentação Oral - 4
were identified in the AF, and 26 in the
Table 1. Hematologic parameters of wild lowland tapirs (Tapirus terrestris) in the Atlantic
Apresentação Oral - 4
Forest (AF; 1996-2008) and Pantanal (PA; 2008-2012), Brazil.
Table 2. Biochemical parameters of wild lowland tapirs (Tapirus terestris) in the Atlantic
Forest (AF; 1996-2008) and Pantanal (PA; 2008-2012), Brazil.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
304 | P á g i n a
Estudo da metabolômica como um novo método para mensuração de estresse na
Evaluation of metabolomics as a novel tool to asses stress in wild birds
Aricia Duarte Benvenuto1,2,3; Asha Perera2; Catherine Soos2,3; Karen Gesy3; Karen Machin2
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
2
University of Saskatchewan (USASK), Canadá
3
Environment Canada - Canadian Wildlife Service (EC - CWS), Canadá
Contato: [email protected]
Stress responses play an essential role
for animals to adapt to changing
conditions
within
the
environment.
resonance
(NMR) spectroscopy to
examine metabolite changes in semicaptive lesser scaup (Aythya affinis)
However,
sustained
increases
in
corticosterone (the primary glucocorticoid
in birds) in response to long term
environmental changes, may lead to
immunosuppressive effects that increase
risk
of
infection
and
disease.1
Metabolomics is a novel cutting edge
technique involving a systems approach
to studying the small, endogenous
metabolites
in
biological
samples,
implanted with synthetic pellets that
released corticosterone (n=8) compared
to those implanted with placebos (n=8).
Implants were surgically placed between
the shoulder blades at the base of the
neck using a local anesthetic block on day
0. Whole blood samples were collected
before implantation on day 0 and also on
day 2,3,4,7 and 21 from each bird. Serum
was separated from whole blood after
particularly biofluids (e.g. plasma, serum,
urine) or tissue. Metabolomics techniques
have recently been used to investigate
stress in a number of different species
including rats2 and cattle.3 However, these
techniques have not been used in avian
species. The aim of this study was to
describe the use of 1H Nuclear magnetic
centrifugation for 1500rpm for 10 min. All
serum samples were analyzed for CORT
using a radioimmunoassay (RIA) kit and
also were extracted with a chloroformmethanol method. A spectra of the
methanol-phase was recorded on a
Bruker Avance-600 spectrometer and
then processed with MATLAB software.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
305 | P á g i n a
Apresentação Oral - 5
avifauna selvagem
we might continue to the next step of
conducted by MetaboAnalyst software to
identify trends of discrepancies at the
biochemical profile between the two
groups
-control
and
treatment.4
Corticosterone levels were significantly
high on day 2, 3 and 4 but not on day 7
(Figure 1), as predicted in the treatment
birds compared to control birds.It is
possible that by day 7 the corticosterone
identification and quantification of the key
metabolites involved in the stress
pathways that distinguish the two groups.
release from the pellets differed from the
manufacturer’s specifications or that the
endogenous glucocorticoid system was
down-regulated to avoid the deleterious
effects
of
sustained
elevated
corticosterone.
Principal
component
analysis (PCA) results for serum
metabolite profiles on Day 0 and Day 4
are shown on Figure 2. By Day 4, overall
metabolite profiles tend to separate clearly
FS, Barton RH, Holmes E. Metabonomic
studies on the physiological effects of
acute and chronic psychological stress in
Sprague 8722, Dawley rats. Journal of
Proteome Research; 2007; 6(6):2080–
2093. 3) Aich P, Jalal S, Czuba C, Schatte
G, Herzog K, Olson DJ, et al.
Comparative
approaches
to
the
investigation of responses to stress and
viral infection in cattle. Omics; 2007;
between treatment and control groups.
These results are extremely promising
since many studies did not show a clear
separation
between
the
metabolic
fingerprints of stressed and control
animals. A perfect
separation is
improbable considering that physiological
condition is dynamic, which introduces
complexity in metabolic profiling.5 In
conclusion, our preliminary results confirm
11(4):413–434. 4) Xia J, Mandal R,
Sinelnikov I, Broadhurst D, Wishart DS.
MetaboAnalyst 2.0 - a comprehensive
server for metabolomic data analysis.
Nucleic Acids Research; 2012; 127-133.
5) Lin CY, Viant MR, Tjeerdema RS.
Metabolomics:
methodologies
and
applications
in
the
environmental
sciences. Journal of Pesticide Science;
References: 1) Sapolsky RM, Romero
LM, Munck AU. How do glucocorticoids
influence stress responses? Integrating
permissive, suppressive, stimulatory, and
preparative actions. Endocrine Reviews;
2000; 21:55-89. 2) Teague CR, Dhabhar
2006; 31:245-251.
that NMR-based metabolomics can
successfully distinguish the biochemical
profiles of the treatment and control
groups. This differentiation indicates that
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
306 | P á g i n a
Apresentação Oral - 5
Multivariate statistical analysis (PCA) was
Apresentação Oral - 5
Figure 1. Radioimunoassay results for serum CORT in captive lesser scaup. *Significant
difference (P<0.05) between treatment (CORT) and control birds from Mann Whitney U
test.
Figure 2. Results of principal component analysis (PCA) for serum metabolite profiles on
Day 0- prior implantation VS Day 4 post-implantation. The ellipses represent 95%
confidence region.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
307 | P á g i n a
Diferentes avaliações metodológicas para aumentar a acurácia da dosagem
Different methodological approaches to increase the accuracy of hormone measurement
from humpback whale carcasses
Daniela Magalhães Drummond de Mello1; Adriana Castaldo Colosio2; Milton César
Calzavara Marcondes2; Priscila Viau Furtado1; Claudio Alvarenga de Oliveira1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ-
USP), São Paulo, SP, Brasil
2
Instituto Baleia Jubarte (IBJ), Brasil
Contato: [email protected]
A gordura subcutânea de baleias jubarte
apresenta-se como uma matriz em
potencial para a dosagem de esteroides
unidade de cálculo da concentração
hormonal - ng/g de amostra ou ng/mg de
lipídio extraído - afeta o resultado final; e
sexuais, visto que a colheita de matrizes
comumente utilizadas em cetáceos de
pequeno porte como sangue, urina e
fezes,
torna-se
impraticável
nesta
espécie. De maneira geral, as dosagens
hormonais da camada de gordura em
cetáceos são informadas em ng/g de
gordura. Com a finalidade de verificar a
viabilidade desta matriz para dosagem de
4) se o peso da amostra influencia de
maneira
significativa
a
dosagem
hormonal. Nos experimentos 1, 2 e 3,
foram utilizados dois filhotes machos
encalhados logo após o óbito em Barra do
Riacho ES e Prado BA nos dias 08 e 30
de setembro de 2013; no experimento 4,
foram utilizados outros cinco animais em
diferentes estados de decomposição
progesterona (P4), estradiol (E2) e
testosterona, uma série de experimentos
foi realizada a fim de se averiguar: 1) se o
estado de decomposição da carcaça afeta
os níveis hormonais; 2) se a profundidade
do material colhido (camada superficial,
média, ou interna) afeta os níveis
hormonais ao longo dos dias; 3) se
encalhados em 2011, 2012 e 2013 no sul
da Bahia e norte do Espírito Santo. Uma
série de amostras foi colhida diariamente
de um grande fragmento de gordura
mantido em temperatura ambiente ao
longo de seis dias de forma a simular uma
baleia em decomposição na praia nos três
primeiros experimentos. Já as amostras
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
308 | P á g i n a
Apresentação Oral - 6
hormonal em carcaças de baleias jubarte
o
significativa entre a quantidade de lipídio
em freezer a -20 C , foram seccionadas e
separadas por classes de pesos: 25-50
mg; 50-100 mg; 100-150 mg; e 150-200
mg. O cálculo de perda ou incremento
das dosagens teve como referência o
intervalo de peso de 100-200 mg. As
dosagens foram feitas através da técnica
de enzimaimunoensaio no Laboratório de
Dosagens Hormonais - FMVZ/USP. O
extraído e dosagem hormonal, anula um
potencial efeito deletério do estado da
amostra,
como
dessecamento
ou
amassamento,
sobre
a
dosagem
hormonal. O peso da amostra influenciou
de maneira significativa as dosagens dos
três hormônios, onde se observou uma
dosagem progressivamente maior de
acordo com a diminuição do peso da
estado de decomposição da carcaça não
influenciou as concentrações hormonais
de P4 (p = 0,09), E2 (p = 0,50) ou
testosterona (p = 0,20). Já entre as
camadas, não houve diferença na
dosagem de testosterona, mas diferenças
significativas diferenças ocorreram na
dosagem de P4 e E2, onde em ambas, as
camadas
externas
apresentaram
concentração mais elevada de hormônio
amostra. O incremento da dosagem
hormonal foi mais elevado na classe de
peso de 25-50 mg (227% em P4; 136%
em E2; e 298% em testosterona).
Carcaças
em
elevado
grau
de
decomposição, com até seis dias de
encalhe, podem ainda ser utilizadas na
dosagem de esteroides sexuais. Sugerese que para uma dosagem acurada, seja
considerada a quantidade de lipídio
por g de amostra (6,64 ng/g e 5,35 ng/g)
que as camadas médias e internas (2,67
ng/g e 2,45 ng/g para P4; e 3,0 ng/g e 3,3
ng/g para E2) (F = 19,06, p <= 0,05 para
P4; e F = 4,69, p = 0,02 para E2).
Entretanto, essa diferença não foi mais
observada quando consideramos a
quantidade de hormônio dosada por mg
de lipídio extraído, onde observou-se 101
ng/mg, 57,7 ng/mg e 59,1 ng/g para
extraída em mg como unidade de massa
na concentração dos esteroides sexuais.
Contrariando os resultados esperados,
houve um aumento significativo nas
dosagens à medida que o peso da
amostra
diminuiu,
especialmente
amostras abaixo de 100 mg. Neste
contexto, para uma correta interpretação
das dosagens, reforça-se a necessidade
de ajuste dos valores obtidos em
camadas externa, média e interna na
dosagem de P4 (p = 0,91); e 76,5 ng/mg,
60,2 ng/mg e 83,2 ng/mg na dosagem de
E2 (p = 0,64). Essa relação direta e
carcaças de cetáceos tanto com relação à
unidade de massa utilizada quanto ao
tamanho da amostra.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
309 | P á g i n a
Apresentação Oral - 6
do quarto experimento, que permaneciam
Avaliação do potencial de roedores silvestres e outros mamíferos como reservatório
Evaluation of the potential of wild rodents and other mammals as reservoir of Vaccinia virus
Marina Gea Peres1; Thais Silva Bacchiega1; Camila Michele Appolinário1; Susan Dora
Allendorf1; João Marcelo Azevedo de Paula Antunes2; Acácia Ferreira Vicente1; Clóvis
Rinaldo Fonseca1; Jane Megid1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil
2
Universidade Federal Rural do Semi Árido (UFERSA), Brasil
Contato: [email protected]
Os processos de emergência ou reemergência de doenças, estão em sua
maioria
relacionados
a
animais
a prevalência de Orthopoxvirus (OPV) nos
mamíferos brasileiros. Nesse sentido
objetivou-se analisar o potencial de
selvagens. Nesse sentido, a “varíola
bovina”, zoonose causada pelo Vírus
Vaccinia (VACV), apresenta-se como
importante doença re-emergente no
Brasil. Desde o fim do programa mundial
de vacinação contra a Varíola Humana
em 1980, que surtos do VACV são
descritos em diversas regiões do Brasil.
Existem poucas informações sobre seus
roedores silvestres e outros mamíferos
como reservatórios do VACV. Durante
maio a setembro de 2011 foram
realizadas capturas em áreas de mata
nativa de 47 propriedades produtoras de
leite com e sem históricos de surtos, da
região centro-oeste do Estado de São
Paulo (10 em Torre de Pedra, 15 em
Bofete e 22 em Anhembi). O esforço de
reservatórios, todavia em 1963, o VACV
foi isolado em um roedor do gênero
Oryzomys, sugerindo que roedores
captura foi de 5 dias em cada área de
mata nativa amostrada, nas quais foram
dispostas
3
armadilhas
do
tipo
Tomahawk, contendo coxa ou sobrecoxa
de frango como isca, 20 armadilhas do
tipo Sherman, iscadas com uma mistura
de sardinha em lata, creme de amendoim,
fubá e aveia em flocos, e 6 armadilhas do
silvestres atuem como reservatórios.
Apesar de diversas espécies de roedores,
carnívoros e marsupiais serem avistados
em áreas adjacentes a propriedades
rurais, há uma carência de estudos sobre
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
310 | P á g i n a
Apresentação Oral - 7
do vírus Vaccinia
pitfall.
Os
roedores
foram
das espécies de roedores amostradas
anestesiados com uso de Éter etílico e os
demais mamíferos com Tiletamina e
Zolazepan. Amostras de sangue foram
coletadas por punção cardíaca ou da veia
jugular para pesquisa sorológica (soro) e
molecular (sangue total) do VACV. De
103 amostras de soro dos pequenos
roedores, nove (9%) resultaram positivas
sendo 4 (6%) Oligoryzomys nigripes, 3
como
reservatórios.
Houve
baixa
prevalência de anticorpos (Ac) nos
mamíferos selvagens, observando-se Ac
em 7% dos D. albiventris e 12% dos D.
aurita,
entretanto
essas
espécies
(18%) Oligoryzomys flavenscens, e 2
(15%) Sooretamys angouya. Dos 57
aguda
onde
ainda
não
ocorreu
soroconversão. No momento de captura
não foram observadas lesões sugestivas
de infecção por OPV, e por termos
coletado amostras de sangue e liberado
esses mamíferos não foi possível verificar
se
os mesmos adoeceram e/ou
desenvolveram lesões características.
Apesar da carência de estudos da
prevalência de OPV em mamíferos
soros de Gambás de orelha branca
(Didelphis albiventris), 4 (7%) resultaram
positivos. Dos 16 soros de Gambás de
orelha preta (Didelphis aurita) 2 (12%)
resultaram positivos. De 4 Quatis (Nasua
nasua) avaliados, 1 (25%) demonstrou
soropositividade. Nas amostras de 4
Cachorros do mato (Cerdocyon thous), de
1 Jaguatirica (Leopardus pardalis) e de 8
Cuicas (Gracilinomus microtarsus), não
foi
observada
soropositividade.
Resultaram positivos pela PCR, 4 (5%)
roedores, 22 (39%) D. albiventris, 6 (37%)
D. aurita, 1 (25%) C. thous, 1 (25%)
Nasua nasua, e 1 (17%) G. microtarsus.
Desde o único isolamento do VACV em
um roedor do gênero Oryzomys, que os
roedores
são
sugeridos
como
reservatórios do VACV. Entretanto,
nossos
resultados
mostram
baixo
percentual de positividade tanto na
soroneutralização quanto na PCR,
indicando pouca possibilidade de atuação
demonstraram maior positividade na
PCR, 39% e 37% respectivamente. A
presença de DNA viral com a ausência de
títulos de Ac, pode sugerir uma infecção
selvagens, os poucos relatos referem-se
a animais de zoológico na Europa ou
animais de vida livre africanos, mas todos
descrevem lesões características e
muitas vezes óbito. Nossos resultados
não permitem afirmar que as espécies
Olygoryzomys nigripes, Olygoryzomys
flavenscens,
Akodon
montensis,
Sooretamys
angouya,
Nectomys
squamipes, e Calomys tener, atuem como
reservatório para o VACV e não excluem
a possibilidade de outras espécies de
roedores
silvestres
ou
marsupiais
atuarem
como
reservatórios.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
311 | P á g i n a
Apresentação Oral - 7
tipo
Tomografia de coerência óptica do segmento posterior em carcarás (Caracara
Optical coherence tomography in the posterior segment of Caracara plancus
Ricardo Augusto Pecora1; Ana Rodrigues Eyherabide1; Michele Barbosa P. Braga-Sá1;
Marta Brito Guimarães1; Liliane Milanelo2; Débora Regina Yogui1; Paulo Sergio de Moraes
Barros1; Angélica de Mendonça Vaz Safatle1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ-
USP), São Paulo, SP, Brasil
2
Parque Ecológico do Tietê, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: A retina corresponde à túnica
nervosa do bulbo ocular e sua função é
captar o estímulo luminoso e transformá-
retina e sua integridade estrutural. É um
exame não invasivo, de não contato e de
alta resolução que utiliza luz próxima ao
lo em elétrico, que será conduzido ao
córtex cerebral, para ser interpretado. A
retina dos rapinantes difere dos
mamíferos, sendo avascular e desprovida
de tapete, além de possuir uma ou duas
fóveas. Os tipos e a distribuição dos
fotorreceptores são variáveis, estando
usualmente presentes cones, cones
duplos com gotículas de óleo e
infravermelho, em um sistema de
interferometria,
produzindo
imagens
seccionais, em perfil da retina. As
estruturas presentes na imagem são
evidenciadas por escala de tons,
representando diferentes graus de
refletividade luminosa. Na OCT, é
possível diferenciar a luz refletida nas
diferentes profundidades retinianas. A
bastonetes. A retina é nutrida pelo pécten,
que é uma estrutura não sensorial
densamente pigmentada, que se estende
do nervo óptico à câmara vítrea. A
tomografia de coerência óptica (Optical
Coherence Tomography-OCT) é uma
técnica de microscopia in vivo que
permite avaliação da constituição da
interpretação da OCT requer considerar a
localização,
forma,
refletividade
e
correlação histológica da estrutura
avaliada. O objetivo deste trabalho foi
estudar a retina do carcará (Caracara
plancus), utilizando a OCT, visando-se à
caracterização
da
estrutura
e
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
312 | P á g i n a
Apresentação Oral - 8
plancus)
do
exame
para
essa
regiões analisadas não apresentaram
Material e Métodos: Quatro carcarás
adultos, sem alterações clínicas e
oculares evidentes, provenientes do
Parque
Ecológico
do
Tietê
do
Departamento de Águas e Energia do
Estado de São Paulo foram submetidos à
OCT em ambos os olhos com o
equipamento
Spectralis®
SD-OCT
diferença estatística (teste t, p<0,05) entre
olho direito e esquerdo. O protocolo
anestésico usado mostrou-se adequado e
seguro
para
a
contenção
e
posicionamento dos animais. As múltiplas
aplicações de rocurônio resultaram em
dilatação
pupilar ampla
e foram
essenciais para a análise extensa da
retina. As imagens obtidas apresentaram
(Spectral Domain–Optical Coherence
Tomography–Heidelberg
Engineering,
CA, USA) no Laboratório de Investigação
em Oftalmologia Comparada da FMVZUSP.
As
aves
foram
contidas
manualmente e as pupilas foram dilatadas
com a instilação de 1 gota de rocurônio (5
mg/mL) nos momentos 0, 2, 17, 19, 34 e
36 minutos. Depois, foram sedadas com
midazolam
(0,5
mg/kg)
por
via
excelente qualidade, permitindo análise e
mensuração da espessura retiniana. A
OCT é um exame recente na oftalmologia
humana e veterinária, com uso ainda
pouco difundido, sendo este o primeiro
aparelho utilizado em medicina veterinária
no Brasil. Este exame mostrou-se muito
eficaz na análise da retina por ser não
invasivo, de não contato e de alta
resolução. Como pontos negativos,
intramuscular e anestesiadas com
propofol (5,0 mg/kg) por via intravenosa.
Após serem anestesiadas, as aves foram
posicionadas
adequadamente
no
aparelho e as imagens foram obtidas. Em
seguida, estas foram avaliadas e a
espessura da retina foi mensurada em
três regiões: periférica, peripécten e
perifoveal (Figura 1).
apresenta custo elevado e a necessidade
de uma equipe especializada. A
mensuração das camadas retinianas é
fundamental para a padronização na
espécie e pode ser de grande importância
na avaliação de doenças oculares de
difícil diagnóstico em fundoscopia. Pelo
conhecimento dos autores, este é o
primeiro relato de OCT em carcarás.
Resultados e Discussão: As medidas
obtidas estão descritas na Tabela 1. As
médias das espessuras das regiões
periférica, peripécten e perifoveal foram,
respectivamente: 327,9 µm, 322,5 µm e
386,3 µm. A retina perifoveal apresentou
maior espessura quando comparada às
outras duas regiões. As medidas das três
Conclusão: A OCT é um exame eficaz
para análise da retina em carcarás e a
sua padronização é fundamental para
estudos
comparativos
intra
e
interespecíficos.
espécie.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
313 | P á g i n a
Apresentação Oral - 8
padronização
Apresentação Oral - 8
Tabela 1. Medidas de três diferentes regiões da retina de carcarás (em micrômetro).
Figura 1. Imagem frontal e seccional da retina de carcará (Carcara plancus) obtida por
meio de Tomografia de Coerência Óptica.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
314 | P á g i n a
Diagnóstico molecular de espécies do gênero Mycobacterium em anfíbios e répteis
Molecular diagnosis of the genus Mycobacterium in amphibians and reptiles of São Paulo
Zoo
Irys Hany Lima Gonzalez1; Carolina Nery1; Cybele Sabino Lisboa1; Cassia Yumi Ikuta2;
José Soares Ferreira Neto2; Patricia Locosque Ramos1
1
Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
A Micobacteriose é uma doença causada
por bactérias do gênero Mycobacterium
que contém atualmente cerca de 120
diagnósticos são frequentemente testados
visando a melhoria da sensibilidade e da
especificidade dos mesmos. A Fundação
espécies. São bacilos amplamente
distribuídos no ambiente, que podem
acometer diferentes grupos taxonômicos
como peixes, répteis, anfíbios e
mamíferos, conferindo assim seu caráter
zoonótico. Para o diagnóstico da doença
existem os métodos presuntivos como os
sinais clínicos, a baciloscopia e a
histologia e os confirmatórios, que são a
Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP),
conta
com
uma
coleção
de
aproximadamente 600 exemplares de
répteis e 280 de anfíbios. Grande parte
desses animais passam pelo Programa
de Medicina Veterinária Preventiva
anualmente, onde o estado clínico dos
animais é avaliado e as amostras para
exames são colhidas. Além disso, se
cultura, a identificação molecular por
reação de polimerase em cadeia (PCR) e
sequenciamento. Trata-se de uma doença
importante para animais em cativeiro, pois
são animais que estão mais vulneráveis
ao estresse e tem contato com patógenos
que por muitas vezes não teriam em vida
livre.
Diante
disso,
os
métodos
algum sintoma for observado o animal
passa por atendimento dos médicos
veterinários.
Dos
animais
que
apresentaram alguma lesão ulcerativa ou
formação caseosa, foi colhida uma
amostra para a confecção de um
esfregaço para a pesquisa a baciloscopia
através da coloração de Ziehl Neelsen e
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
315 | P á g i n a
Apresentação Oral - 9
da Fundação Parque Zoológico de São Paulo
tópica e gentamicina tópica a lesão havia
em frasco estéril ou contendo solução
salina a 0,9% para a realização do cultivo
para Mycobacterium. Foram colhidas 6
amostras de répteis e anfíbios entre os
anos de 2012 a 2014. Para a realização
do cultivo, as amostras foram submetidas
ao processo de descontaminação com
Cloreto de 1-Hexadecilpiridinio (HPC) a
1,5% e semeadas nos meios Stonebrink e
ulcerado e aumentado de tamanho.
Posteriormente, foi observado um inchaço
no membro posterior direito com
consistência semelhante ao inicial. Devido
ao prognóstico desfavorável, o animal foi
submetido à eutanásia. Durante a
necropsia foram colhidos fragmentos dos
nódulos para cultura. A cobra verde
(Philodryas olfersii) foi atendida devido a
Löwenstein-Jensen,
seguida
de
incubação a 37ºC e 25ºC durante 60 dias.
Após o crescimento das colônias foi
realizada a reação de PCR e a análise de
restrição enzimática do gene da proteína
de choque térmico 65 (hsp65). Nos casos
em que não foi possível a identificação da
espécie, as amostras do DNA genômico
extraídos serão enviadas para posterior
sequenciamento. Das amostras de
um quadro de emagrecimento e aumento
de volume na cavidade oral. Foi
observado um nódulo amarelado de 3 mm
de diâmetro na cavidade oral, próximo à
entrada da traquéia. Após o resultado
positivo da baciloscopia e considerando o
quadro clínico do animal, o mesmo foi
submetido a eutanásia. Devido à rápida
evolução das lesões, ineficiência dos
tratamentos e prognóstico desfavorável
anfíbios e répteis analisadas, uma delas
foi proveniente de lesão de pele de um
exemplar de Dermatonotus muelleri e
observado nesses animais, verifica-se a
necessidade de pesquisas que envolvam
o diagnóstico rápido de Mycobacterium.
outra de uma formação caseosa em
cavidade oral de um exemplar de
Philodryas olfersii. Ambas as amostras
Um diagnóstico precoce permite o
estabelecimento de medidas sanitárias
preventivas no manejo das espécies
susceptíveis,
contribuindo
para
a
manutenção da saúde do plantel.
foram positivas tanto na baciloscopia
quanto na análise de restrição enzimática
conforme descrito na tabela 1. A rã bicuda
(Dermatonotus muelleri) apresentava um
aumento de volume nodular, de
aproximadamente 4 mm de diâmetro, de
consistência macia, coloração amarelada
e vascularização evidente em região
abaixo do carpo direito (Figura 1). Após o
tratamento com enrofloxacina diluída
Tabela 1. Resultados positivos do cultivo bacteriano e anáçise de restrição enzimática.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
316 | P á g i n a
Apresentação Oral - 9
outra parte da amostra foi acondicionada
Apresentação Oral - 9
Figura 1. Imagem de rã bicuda (Dermatonotus muelleri) com lesão nodular em região
abaixo do carpo direito.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
317 | P á g i n a
Validação da coloração com eosina/nigrosina para avaliação da integridade da
de
Mico-Leão-de-Cara-Dourada
Validation of Eosin/Nigrosin staining for the evaluation of the integrity of sperm plasmatic
membrane in Golden-headed Lion Tamarin (Leontopithecus chrysomelas)
Isadora Lo Sardo Almeida Santos1; Jaqueline Candido de Carvalho1; Paloma Rocha
Arakaki2; Fabrício Braga Rassy3; Marcílio Nichi2; Rodrigo del Rio do Valle1,3
1
Universidade Paulista (UNIP), São Paulo, SP, Brasil
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil
3
Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: A avaliação da integridade
da
membrana
plasmática
dos
espermatozoides
é
extremamente
importante para analisar a viabilidade
espermática. O uso da coloração
Eosina/Nigrosina com esta finalidade é
largamente
utilizado
em
diversas
espécies e já foi validado para outra
espécie de primata neotropical, Callithrix
jacchus, porém é fundamental que ocorra
plasmática de espermatozoides
Leontopithecus chrysomelas.
a validação em cada espécie para, com
isto, obter resultados confiáveis em
avaliações espermáticas.
BWW, a amostra foi transferida para um
tubo tipo Eppendorf e mantida a 37ºC. A
amostra (sêmen + BWW) foi dividida em
duas partes de igual volume (Amostra A =
60uL e Amostra B = 60uL). Para indução
de lesão na membrana plasmática, a
Amostra B foi submersa em nitrogênio
líquido por 3 minutos, retirada e
Objetivos: Este estudo teve por objetivo
validar o uso de uma associação dos
corantes Eosina e Nigrosina para
avaliação da integridade da membrana
de
Material e Métodos: Para a validação,
foram utilizadas quatro amostras seminais
de diferentes indivíduos, Leontopithecus
chrysomelas, adultos, mantidos em
cativeiro na Fundação Parque Zoológico
de São Paulo. As colheitas de sêmen
foram realizadas por vibroestimulação
peniana. Após a diluição do sêmen com
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
318 | P á g i n a
Apresentação Oral - 10
membrana plasmática de espermatozoides
(Leontopithecus chrysomelas)
corante. Após 30 segundos de incubação
por 1 minuto em banho-maria, este
procedimento foi repetido por três vezes.
Em
seguida
as
amostras
foram
aliquotadas em diferentes proporções
para um volume final de 20 uL e
acondicionadas em tubos tipo Eppendorf
conforme descrito a seguir: 1) 20 uL
Amostra A (100/0), ou seja, 100% dos
espermatozoides
(sptz)
originados
em temperatura ambiente, foi realizado o
esfregaço em duplicata em lâmina de
vidro.
Foram
avaliados
200
espermatozoides em microscopia de luz
com aumento de 1000x (objetiva de 100x
sob imersão em óleo). Os dados foram
avaliados com o uso do teste de
Regressão Linear por meio do programa
Sas System for Windows®.
somente da Amostra A; 2) 16 uL Amostra
A + 4 uL Amostra B (80/20); 3) 12 uL da
Amostra A + 8 uL da Amostra B (60/40);
4) 8 uL Amostra A + 12 uL Amostra B
(40/60); 5) 4 uL da Amostra A + 16 uL da
Amostra B (20/80); e 6) 20 uL da Amostra
B (0/100), ou seja, 100% dos sptz
originados somente da Amostra B. Para
avaliar a integridade da membrana
plasmática em cada amostra, foi utilizada
Resultados: O coeficiente de correlação
R2=0,9136 (p<0,01) indicou que a técnica
avaliada foi eficiente.
a coloração Eosina/Nigrosina com a
adição de 5 uL de amostra à 5 uL do
Conclusões: Com base nos resultados
do teste de Regressão Linear, podemos
concluir que foi possível validar o uso da
coloração Eosina/Nigrosina para a
avaliação da integridade da membrana
plasmática de espermatozoides de
Leontopithecus chrysomelas.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
319 | P á g i n a
Apresentação Oral - 10
imediatamente submersa em água a 37ºC
Avaliação
clínica
da
população
alóctone
de
micos-leões-de-cara-dourada
Clinical evaluation of golden-headed lion tamarin (Leontopithecus chrysomelas) invasive
population, from the Mata Atlântica of Niterói/RJ
Iandara Gouvea Gonçalves1; Camila Vieira Molina1; Alcides Pissinatti2; José Luiz CatãoDias1; Marina Galvão Bueno3
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ-
USP), São Paulo, SP, Brasil
2
Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ/FEEMA), RJ, Brasil
3
Instituto Pri-Matas para a Conservação da Biodiversidade, Brasil
Contato: [email protected]
No Brasil existem quatro espécies de
micos-leões do gênero Leontopithecus
sua área de ocorrência natural (Bahia).
embora possuam áreas de ocorrência
natural distintas. Há 10 anos foram soltos
grupos de L. chrysomelas em Niterói/RJ,
Para tanto, foi essencial a realização de
quarentena, visando garantir o sucesso
do processo e evitar possível transmissão
de patógenos. A avaliação clínica é de
grande importância no processo, pois
fornece informações imediatas acerca do
estado dos animais. Nesse trabalho 320
L.
chrysomelas
foram
avaliados
constituindo uma população alóctone na
área de ocorrência original do L. rosalia. A
clinicamente tão logo o início do período
de quarentena no Centro de Primatologia
presença dessa população representa um
risco à sobrevivência do L. rosalia, por
do Rio de Janeiro. As características
semiológicas avaliadas foram: peso,
condições corpóreas e de pelagem,
palpação
abdominal,
temperatura,
auscultação cardiopulmonar, mucosas,
hidratação e linfonodos. As alterações
clínicas encontradas foram compiladas de
forma descritiva, sendo classificadas de
em regiões distintas de Mata Atlântica.
Tanto o mico-leão-dourado (L. rosalia)
quanto o mico-leão-da-cara-dourada (L.
chrysomelas) são espécies ameaçadas,
competição direta e pela possível
hibridização das duas espécies. Portanto,
houve
recomendação
do
Comitê
Internacional para Conservação e Manejo
de Leontopithecus de remoção da
população alóctone e translocação para
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
320 | P á g i n a
Apresentação Oral - 11
(Leontopithecus chrysomelas), oriundos da Mata Atlântica de Niterói/RJ
prevalência, e testadas sob a influência
geral,
ectoparasitas, condições de
pelagem, sistema digestório, linfonodos,
hidratação,
mucosas,
sistema
cardiorrespiratório,
sistema
gênitourinário, sistema musculoesquelético,
sistema tegumentar e outros) e então
relacionadas
aos
hábitos
e
comportamentos
da
espécie.
99%
apresentou sinais de desidratação, 24,3%
das variáveis: faixa etária, gênero,
número de indivíduos, fêmeas e machos
por grupo. Utilizou-se para isso análises
de regressão logística (α=0,05). As
alterações do sistema musculoesquelético
apresentou influência quanto ao número
de machos no grupo, sendo que há uma
menor probabilidade desta alteração
quanto maior esse número, podendo
dos animais apresentaram alterações
tegumentares,
11,2%
dos
animais
apresentaram alterações gênito-urinárias,
6,8%
dos
animais
apresentaram
alterações
do
sistema
musculoesquelético, 8,7% dos animais
apresentaram alterações de pelagem,
7,8% dos animais apresentavam aumento
de um ou mais linfonodos e 5,6% dos
animais tiveram alterações na coloração
estar relacionada a maior agressividade
das fêmeas diante de invasores e de
outras fêmeas de grupo, devido a
supressão reprodutiva. A alteração de
tegumento foi influenciada pela faixa
etária, sendo que infante apresentou
menor probabilidade
de
alteração.
Acredita-se que isto decorra do fato
destes ainda não buscarem sozinhos os
alimentos e de não participarem das
das
mucosas.
5%
dos
animais
apresentaram alterações do estado geral,
3,4%
dos
animais
apresentaram
alterações no sistema digestório e 0,6%
dos animais apresentaram presença de
ectoparasitas. Não foram descritos
animais
com
alterações
cardiorrespiratórias e 3,4% dos animais
tiveram alterações classificadas em
‘outros’. A prevalência para cada
interações de briga intergrupais. A
alteração de pelagem não foi influenciada
pelas variáveis estudadas. O fato de ser
um primata social, sendo comum
interações, positivas ou agonísticas, bem
como suas características anatômicas e
de forrageamento justificam a ocorrência
de diversas alterações, bem como
características do habitat. Concluiu-se
que a população não apresentou
alteração foi analisada usando o intervalo
de confiança de Wilson e as alterações de
tegumento,
musculoesquelético
e
pelagem foram avaliadas estatisticamente
devido a sua relevância ou alta
alterações
clínicas
diferentes
das
relacionadas
às
características
da
espécie, que pudessem ser relacionadas
unicamente a população estudada.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
321 | P á g i n a
Apresentação Oral - 11
acordo com o sistema afetado (estado
Infecção por Adenovírus Aviário em Mutuns-do-Nordeste (Pauxi mitu)
Juliana Macedo Magnino Silva1; Marcus Vinícius Romero Marques1; Sandra Yuliet Marín
Gómez1; Nelson Rodrigo da Silva Martins1; Francisco Carlos Ferreira Junior1; José Sérgio
de Resende1; Roberto Motta de Avelar Azeredo2
1
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil
2
CRAX-Brasil (CRAX), Brasil
Contato: [email protected]
Introdução: O mutum-do-nordeste (Pauxi
mitu) é uma ave da ordem dos
GALLIFORMES, família CRACIDAE, que
ocorria na Mata Atlântica, entre os
estados de Pernambuco e Alagoas. Sua
codornas. O grupo II está relacionado à
enterite hemorrágica dos perus, doença
do baço marmóreo e esplenomegalia em
frangos. O grupo III está relacionado à
síndrome da queda de postura. O
história foi marcada pela caça e perda de
habitat, com o desmatamento da mata
Atlântica nordestina. Atualmente é
considerado extinto na natureza. Possui
aproximadamente 90 cm de comprimento
total, peso médio entre 3 - 3,5 kg, e não
apresenta
dimorfismo
sexual
de
plumagem, sendo esta uniformemente
negra e com reflexos azulados. O
Aviadenovirus também está envolvido
com doenças respiratórias, caracterizadas
por obstrução do lúmen traqueal por
conteúdo gelatinoso, firme, opaco e
esbranquiçado; congestão e edema no
pulmão e na mucosa da traqueia; além de
equimoses no epicárdio. Os achados
microscópicos são franjas de fibrina e
debris celulares na traqueia e brônquios,
Adenovírus Aviário pertence ao gênero
Aviadenovirus da família ADENOVIRIDAE.
Este vírus pode ser classificado em três
grupos. O grupo I é subdividido em
sorotipos que afetam galinhas, perus,
gansos e patos, associados à hepatite por
corpúsculo
de
inclusão,
síndrome
hidropericárdica
e
bronquite
das
hiperplasia do epitélio traqueal, infiltrado
inflamatório linfohistiocítico nos pulmões e
infiltrado inflamatório heterofílico nos
sacos aéreos. O diagnóstico de infecção
pelo Aviadenovirus é feito por isolamento
do vírus em ovos SPF embrionados ou
em cultivo celular, microscopia eletrônica,
histopatologia, e pela técnica de PCR.
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
322 | P á g i n a
Apresentação Oral -12
Aviadenovirus Infection in Alagoas Curassows (Pauxi mitu)
de etanol, diafanizadas em xilol, incluídas
de mutuns-do-nordeste mantidos em
cativeiro, no estado de Minas Gerais, por
traqueíte necro-hemorrágica e fibrinosa
causada por Aviadenovirus tipo A.
em parafina para obtenção de cortes
seriados de 4 µm de espessura, coradas
pela hematoxilina e eosina, e avaliadas
em microscopia óptica. A extração de
DNA dos tecidos foi realizada segundo
Boom et al. (1990)1 com modificações. As
amostras de DNA total extraídas foram
analisadas e quantificadas por leitura em
espectrofotômetro NanoDrop (Nanodrop
Material e Métodos: Foram necropsiados
quatro mutuns-do-nordeste que morreram
durante um período de cinco dias. As
aves ficavam em um mesmo recinto no
criadouro (localizado em Minas Gerais) e
tinham aproximadamente seis a oito
meses de idade. Como histórico, as aves
apresentaram
síndrome
respiratória
aguda, caracterizada por dispneia,
estertores respiratórios, espirros, e curso
agudo, com mortalidade em torno de 12
horas após inícios das manifestações
clínicas. Outros mutuns-do-nordeste e de
diferentes
espécies
de
cracídeos
mantidos no criadouro não foram
acometidos.
Na
necropsia
foram
coletados fragmentos de órgãos como
fígado, baço, traqueia, pulmão, intestino e
encéfalo, e estes foram congelados a 20ºC para posterior extração de DNA para
PCR. Após a avaliação macroscópica dos
órgãos,
também
foram
coletadas
amostras de baço, coração, bursa de
Fabricius, sacos aéreos, proventrículo,
fígado, rins, pulmão, traqueia, encéfalo e
outros órgãos com lesões, as quais foram
fixadas em formol tamponado a 10% por
48 horas, sendo substituído por álcool
70% após este período, até o
processamento histopatológico. Para as
análises histopatológicas, as amostras
foram desidratadas em séries crescentes
ND – 1000, Thermo Scientific, EUA)
utilizando 1L da amostra de interesse.
Para a detecção do Aviadenovirus foi
utilizado DNA obtido a partir de amostras
de fragmentos de fígado e traqueia das
aves necropsiadas. Os nucleotídeos
iniciadores (primers) utilizados para o
diagnóstico e para o sequenciamento,
responsável por amplificar um produto de
897 pb, correspondente a proteína Hexon
do
vírus,
foram:
F:
5'
CAAGTTCAGGCAGACGGT - 3' R: 5' TAGTGATGCCGCGACATCAT - 3'. A
reação de PCR específica foi realizada
em termociclador (Axygen® - Maxygene,
EUA). O FAdV-1 estirpe Phelps, foi usado
como controle positivo nas reações.
Como controle negativo da reação, foram
utilizados os primers juntamente com os
reagentes
e
água
ultrapura.
A
visualização
dos
resultados
das
amplificações
foi
realizada
por
eletroforese em gel de agarose. A
eletroforese ocorreu a 100 V em tampão
TBE 0,5X, utilizando o padrão molecular
de 100 pb DNA Ladder (Invitrogen®,
EUA). Posteriormente à corrida, o gel foi
corado com solução de brometo de etídeo
Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
323 | P á g i n a
Apresentação Oral -12
Relata-se neste estudo uma mortalidade
especialmente na traqueia. A mucosa da
resultados revelados com o auxílio de um
transiluminador
UV.
Os
produtos
amplificados foram submetidos a um
processo de sequenciamento pelo
método de dideoxinucleotídeos, em um
sequenciador automático capilar (ABI
310,
Applied
Biosystems®,
EUA),
utilizando o kit Big Dye Terminator Mix
(Applied Biosystems®, EUA), de acordo
traqueia das aves 352/24 e 529/19
apresentaram-se difusamente espessada
e
coberta
por
uma
membrana
esbranquiçada, friável e frouxamente
aderida. No lúmen havia alguns
filamentos e flocos de material fibrinonecrótico e hemorrágico. A mucosa da
traqueia das aves 362/16 e 500/74
apresentaram-se
espessada,
as condições de reação e leitura
indicadas pelo fabricante. A reação de
sequenciamento foi feita em termociclador
(PTC-100, MJ Research®, Inc., EUA). O
sequenciamento foi feito pelo programa
Sequencing Analyses versão 5.2 da
Applied Biosystems. O dendograma foi
construído pelo método de “neighborjoining”, usando o modelo de substituição
de
nucleotídeos
Tamura-Nei,
intensamente hiperêmica e no lúmen
havia um extenso coágulo em toda a sua
extensão obstruindo o lúmen traqueal.
Sob
o
coágulo
havia
uma
pseudomembrana amarelada delgada e
friável de fibrina. Os pulmões de todas as
aves
apresentavam-se
difusamente
hiperêmicos e com edema moderado. O
baço
encontrava-se
moderadamente
aumentado de volume com numerosos
implementado no programa Molecular
Evolutionary
Genetics
Analysis
(www.megasoftware.net) MEGA 5.0. O
projeto foi aprovado no Comitê de Ética
em
Experimentação
Animal
(CETEA/UFMG), registrado no protocolo
20/2009, e no Sistema de Autorização e
Informação em Biodiversidade (SISBIO)
do
Instituto
Chico
Mendes
de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
focos brancos milimétricos e levemente
proeminentes. No fígado observaram-se
algumas equimoses subcapsulares e no
parênquima.
Lesões
similares
às
encontradas neste estudo, de traqueíte
com quadro de doença respiratória
aguda, associadas à infecção por
Aviadenovirus,
foram
previamente
descritas em outras espécies de aves.2,3
À histopatologia, as alterações foram
registrado no protocolo 31108-1.
similares em todas as aves, variando
somente na intensidade. Na traqueia
observou-se espessamento difuso por
infiltrado inflamatório constituído por
linfócitos, macrófagos e fibrina na lâmina
própria. Somente algumas glândulas
remanescentes foram vistas, sendo
substituídas por células necróticas e
Resultados e Discussão: Os exemplares
necropsiados foram três machos (anilhas
números 352/24, 362/16 e 500/74) e uma
fêmea
(anilha
número
529/19).
Macroscopicamente
as
aves
apresentaram
lesões
similares,
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Apresentação Oral -12
na concentração de 0,5 g/L, e os
hyemalis),4 e também foi detectado como
epitélio havia achatamento das células
com a perda parcial dos cílios e por
vezes,
perda do epitélio.
Vários
corpúsculos de inclusão basofílicos
intranucleares foram observados nas
células epiteliais da mucosa. No lúmen
havia extensa formação de membrana de
fibrina associada a restos necróticos e
heterofilos. Nas aves 362/16 e 500/74,
causador de quadros respiratórios,
associado a traqueíte proliferativa em
pato de Muscovy (Cairina moschata).3 As
numerosas hemácias associadas a
membranas de fibrina e restos celulares
também foram observadas. No pulmão
das aves 500/74 e 529/19 foram
observadas áreas de infiltrado linfocitário
na lâmina própria dos brônquios
associado à necrose de coagulação do
epitélio correspondente e dos folículos
linfoides. Alguns corpúsculos basofílicos
intranucleares similares aos observados
para as amostras detectadas por
eletroforese, resultando em amostras
positivas com suficiente qualidade de
produto
para
sequenciamento
e
construção da árvore filogenética. Os
resultados obtidos com o agrupamento de
nucleotídeos permitiram estabelecer a
relação da sequência deste estudo com
Aviadenovirus tipo A, e mostrou alta
similaridade com estirpes isoladas no
na traqueia também foram encontrados.
Nos fígados das aves 352/24, 500/74 e
529/19
foram
observadas
áreas
multifocais de hemorragia e infiltrado
linfocitário leve, e focos de necrose de
coagulação associados à leve infiltrado
linfocitário. No baço de todas as aves
observou-se hiperemia moderada e
rarefação dos folículos linfoides da polpa
branca
associada
à
necrose
de
Canadá depositadas no GenBank.
coagulação de linfócitos. Estas lesões no
trato
respiratório
observadas
à
histopatologia são compatíveis com
outros relatos de infecção respiratória e
mortalidade por Aviadenovirus.2,3 Em
aves selvagens, o Aviadenovirus foi
relatado causando surtos de mortalidade
em patos-de-cauda-afilada (Clangula
amostras de fígado e traqueia, dos quatro
mutuns-do-nordeste necropsiados, foram
positivas na PCR para Aviadenovirus. A
amplificação
(PCR)
da
parte
correspondente à proteína Hexon do
Aviadenovirus foi realizada com sucesso
Conclusões: As lesões macroscópicas
nas
aves
examinadas
foram
características de um agente respiratório
viral de evolução aguda. A traqueíte
necro-hemorrágica e fibrinosa associada
aos corpúsculos de inclusão basofílicos
intranucleares permitiram associar com
infecção por Adenovírus. O diagnóstico
definitivo foi possível pelas técnicas
moleculares que permitiram caracterizar o
agente como Aviadenovirus tipo A. Este é
o primeiro relato de Aviadenovirus tipo A
em cracídeos e no Brasil. Ressalta-se a
importância de monitorar, com exames
periódicos para o Adenovírus Aviário, os
plantéis de cracídeos, em especial, os de
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Apresentação Oral -12
infiltrado inflamatório. Na maior parte do
mutum-do-nordeste,
para
evitar
Apresentação Oral -12
mortalidades de indivíduos importantes
para conservação.
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