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COMISSÕES PRESIDENTE DA ABRAVAS E DO CONGRESSO COMISSÃO CIENTÍFICA Lauro Leite Soares Neto Presidente da Comissão Científica Marcelo Alcindo de Barros Vaz Guimarães COMISSÃO ORGANIZADORA Lauro Leite Soares Neto Membros Rodrigo del Rio do Valle Rodrigo del Rio do Valle Herlandes Penha Tinoco Marcus Vinícius Romero Marques Jeferson Rocha Pires Daphne Wrobel Goldberg Vivian Marques Massarotto Frederico Ozanan Barros Monteiro Marcelo Alcindo de Barros Vaz Guimarães Jean Carlos Ramos da Silva Bruno Simões Sergio Petri José Luiz Catão Dias Ana Carolina Andrade Pereira José Maurício Barbanti Duarte Marcus Vinícius Romero Marques Patrícia Locosque Ramos Gislene Silva Santos João Batista da Cruz Fabrício Braga Rassy Kátia G. de Oliveira Rancura PROMOÇÃO Flávia Taconi Venâncio Campos ABRAVAS – Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens Maria Luiza Gonçalves Agnaldo Doná Ana Lucia Gonçalves Novelini Patrícia Locosque Ramos Fátima Valente Roberti EXPEDIENTE EDITORES CONCEPÇÃO DOS ANAIS REVISÃO EDITORIAL Rodrigo del Rio do Valle Marcelo Alcindo de Barros Vaz Guimarães Rodrigo del Rio do Valle Paloma Rocha Arakaki Paloma Rocha Arakaki Rodrigo del Rio do Valle Lauro Leite Soares Neto SUMÁRIO Relato de Caso ..................................................................................................................... 5 Pôster Científico ................................................................................................................218 Apresentação Oral .............................................................................................................293 4 Relato de Caso - 1 Relato de Caso Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 5|Página Gastrotomia para retirada de corpo estranho em teiú (Salvator merianae) Márcia Helena Martins de Albuquerque1; Grazielle Cristina Garcia Soresini2; Laís Lucas Fernandes3; Raquel Lemos Silva2; Rogério Ribas Lange1 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil 2 Vida Livre Medicina de Animais Selvagens (VL), PR, Brasil 3 Laboratório Veterinário Alpadely de Análises Clínicas (LVA), Brasil Contato: [email protected] Introdução: As doenças gastrintestinais são bastante frequentes na clínica de répteis. Dentre estas, a ingestão de constipação. Apetite depravado, diarreia, melena, hematoquesia, prolapso e produção fecal reduzida já foram corpos estranhos tem ocorrido frequentemente em quelônios, lagartos e serpentes.1 Um corpo estranho é qualquer material ingerido pelo paciente e não digerido, o qual pode ficar alojado no estômago (corpo estranho gástrico) ou no intestino (corpo estranho intestinal). A maioria dos corpos estranhos gástricos causa pequenos danos à mucosa gástrica, porém, pode gerar complicações reportados.4 Os mesmos exames disponíveis para animais domésticos, como radiografia, ultrassonografia, além de celioscopia e ocasionalmente celiotomia exploradora, podem ser indicados.4 O diagnóstico e tratamento de doenças do sistema digestório em répteis continua a ser desafiador devido à falta de conhecimento das características anatômicas e fisiológicas deste diverso graves como ulcerações e ruptura.2 Muitos répteis mantidos em locais inadequados podem ingerir materiais presentes no ambiente, levando à obstrução parcial ou total do trato gastrintestinal.3 O quadro clínico pode ter sinais inespecíficos, como anorexia com consequente perda de peso, letargia e grupo de animais.1 A diferenciação cuidadosa entre corpos estranhos obstrutivos e constipação é necessária para evitar uma intervenção cirúrgica desnecessária. Algumas obstruções parciais ou corpos estranhos não obstrutivos podem ser manejados terapeuticamente, com óleo mineral, Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 6|Página Relato de Caso - 1 Gastrotomy for foreign body removal in black-and-white tegu (Salvator merianae) procedimento fluidoterapia. Quadros de obstrução completa, no entanto, requerem resolução cirúrgica.3 O objetivo deste trabalho é relatar o sucesso na gastrotomia em teiú (Salvator merianae) para remoção de um Material e Métodos: Um teiú (Salvator merianae) macho de 1,5 anos foi atendido colocado em decúbito dorsal e a cavidade celomática foi acessada por meio de uma celiotomia paramediana direita.5 Assim que o estômago foi localizado, houve confirmação que o corpo estranho estava situado em seu interior, excluindo a presença de qualquer material estranho nos intestinos. O estômago foi parcialmente exteriorizado e foram na Clínica Veterinária Vida Livre Medicina de Animais Selvagens, em Curitiba/PR, com histórico de hiporexia e diminuição considerável no volume fecal há três dias.3 O animal havia permanecido sem acompanhamento sete dias em quintal telado. O paciente apresentava bom escore corporal e distensão celomática com presença de massa rígida à palpação.1 Foi observada diarreia com colocados dois reparos com fio de sutura poliglactina 910 número 3-0 em região avascular de fundo de estômago. A incisão foi realizada entre os reparos colocados para evitar extravasamento do conteúdo estomacal. Foi retirado um prendedor de roupas de 8,5 cm de comprimento por 2 cm de largura e 1 cm de espessura (Figura 2). A gastrorrafia foi realizada em duas camadas com fio prendedor de roupas, constituído de material plástico com mola metálica. coloração cinza e urina normal. Radiografias ventrodorsal e lateral revelaram presença de objeto com áreas metálicas4 semelhante a um prendedor de roupas (Figura 1), na região hipocôndrica direita, em topografia de estômago.4 Foi indicado procedimento cirúrgico e o paciente foi em seguida submetido à anestesia geral para gastrotomia.3 A medicação pré-anestésica foi butorfanol (1,5 mg/kg IM) e midazolam (1,5 mg/kg IM). A indução anestésica consistiu de cetamina (20 mg/Kg IM) e a manutenção com isoflurano via inalatória.6 Foi necessária uma segunda aplicação de cetamina (10 mg/Kg IM) para manutenção da anestesia após uma hora do início do cirúrgico. O teiú foi poliglactina 9106 número 3-0, sendo a primeira em padrão interrompido simples envolvendo as camadas serosa, muscular e submucosa e a segunda em padrão contínuo de Cushing envolvendo as camadas serosa e muscular. A sutura da pele foi realizada com pontos isolados simples com fio de nylon número 2-0.2 No pós-operatório, o paciente foi mantido em ambiente com temperatura controlada a aproximadamente 25oC5 e recebeu por via subcutânea, solução fisiológica 0,9% (1% da massa corporal s.i.d. durante 20 dias), enrofloxacina (5 mg/Kg SC s.i.d. durante 20 dias, diluído na solução fisiológica), meloxicam (0,2 mg/Kg IM s.i.d. durante 3 dias),6 além da administração de alimento líquido por via Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 7|Página Relato de Caso - 1 promotores de motilidade gastrintestinal e 2 desinfecção do ambiente, e consistência vezes ao dia, durante 4 dias). O alimento líquido consistia de verduras verdeescuras trituradas com água no liquidificador. No quarto dia pósoperatório, o paciente começou a se alimentar ativamente de frutas amassadas com pequena quantidade de ração úmida para gatos.2 Após 20 dias de internamento, foi liberado para casa sem e frequência da urinação e defecação.4 Muitos répteis são pouco seletivos em seus hábitos alimentares e ingerem substratos próximos de seus alimentos. Em cativeiro, erros de manejo podem levar à ingestão de corpos estranhos gastrintestinais que requerem tratamento medicamentoso ou cirúrgico.4 Em cães e gatos, os corpos estranhos medicações, porém, ainda com alimentação pastosa com pequenos pedaços de alimentos sólidos por mais 30 dias, quando então foi recomendado o retorno à alimentação normal e os pontos de pele foram removidos. O animal ainda é paciente da Clínica Vida Livre Medicina de Animais Selvagens e encontra-se bem, transcorridos três anos e meio do procedimento cirúrgico. gastrintestinais geralmente promovem vômito agudo, persistente ou 4 intermitente. No entanto, regurgitação ou vômito são incomuns em répteis com corpos estranhos gastrintestinais, podendo ocorrer em casos de obstrução esofagiana ou gástrica.1 Os sinais clínicos relatados são anorexia, perda de peso, letargia, constipação ou reduzida produção fecal, apetite depravado, Resultados e Discussão: A maioria dos problemas em répteis atendidos pelas clínicas veterinárias de animais de estimação não convencionais estão associados a cuidados inadequados, portanto é necessária uma detalhada anamnese no momento do atendimento clínico. O histórico deve compreender a experiência dos proprietários com os seus diarreia, melena, hematoquesia e 4 prolapso. Ao exame físico pode ser possível palpar a porção anterior à obstrução e observar distensão 1 celomática. O paciente apresentava apenas hiporexia, produção fecal reduzida e diarreia, com distensão celomática e presença de massa rígida à palpação, compatível com o estômago distendido devido à presença de corpo répteis, a dieta, a frequência alimentar, a queixa, a duração do problema e detalhes ambientais como variação da temperatura e umidade, o tamanho do terrário, o substrato, a iluminação, o fotoperíodo, materiais presentes, densidade animal, exposição a produtos tóxicos, procedência da água, protocolo de estranho. A ausência de sinais clínicos específicos demonstra a importância dos exames complementares para definição do diagnóstico. Corpos estranhos metálicos e minerais podem ser detectados por radiografias simples.4 Outros materiais como madeira ou plásticos são difíceis de serem detectados Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 8|Página Relato de Caso - 1 oral (1% da massa corporal, dividido em 3 cuidados pós-cirúrgicos mostraram-se pedaços tenham sido ingeridos. Se não for possível determinar um diagnóstico e descartar uma condição obstrutiva, devese realizar radiografia contrastada,1 porém esta não deve ser considerada caso haja suspeita de perfuração gastrintestinal.2 No caso do paciente, a radiografia simples permitiu a visualização do corpo estranho, não necessitando de eficazes neste caso de remoção de corpo estranho gástrico em teiú (Salvator merianae) mostrando que, em muitas radiografia contrastada. O estômago dos répteis possui alta capacidade de distensão, o que permite estocar grande quantidade de alimentos.4 Isto explica a visualização do corpo estranho à direita da linha mediana, compatível com topografia de um estômago bastante distendido. É fundamental manter uma temperatura apropriada durante o período de internamento do paciente, pois o particularidades anatômicas e fisiológicas das diferentes espécies é essencial para que estas extrapolações possam ser realizadas de maneira efetiva. metabolismo dos répteis é dependente da temperatura ambiental, com temperaturas ótimas recomendadas de 25 a 30oC,5 sendo essencial para adequada absorção de medicamentos e retorno à motilidade gastrintestinal.7 O paciente foi mantido em temperatura de 25oC durante o período pré, trans e pós-operatório. Conclusões: Tendo em vista que a maior Medicine. 2013;22(2):141-162. 2) Hedlund CS, Fossum TW. Surgery of the digestive system. In: Fossum TW, editor. Small animal surgery. 3 ed. St. Louis: Mosby Elsevier; 2005.p.411-427. 3) Benson KG. Reptilian Gastrointestinal Diseases. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine. 1999;8(2):90-7. 4) Mitchell MA, Diaz-Figueroa O. Clinical reptile gastroenterology. The veterinary clinics of parte dos atendimentos realizados na clínica de répteis refere-se a erros de manejo, é de extrema importância que o médico veterinário tenha conhecimento acerca do manejo alimentar e ambiental das diferentes espécies atendidas na rotina. As adaptações realizadas na técnica cirúrgica de gastrotomia e os North America: Exotic animal practice. 2005;8(2):277-98. 5) Divers SJ. Reptile diagnostic endoscopy and endosurgery. The veterinary clinics of North America: Exotic animal practice. 2010;13(2):217-42. 6) Carpenter JW. Exotic Animal Formulary. 3 ed. Saint Louis: Elsevier Saunders; 2005. p.55-93 7) Sykes JM, situações, os veterinários que atendem répteis precisam adaptar exames complementares, técnicas, medicamentos e procedimentos de outras espécies animais por não haver referências para a espécie em questão. Conhecer as Referências Bibliográficas: 1) Mans C. Clinical Update on Diagnosis and Management of Disorders of the Digestive System of Reptiles. Journal of Exotic Pet Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 9|Página Relato de Caso - 1 radiograficamente a menos que grandes Greenacre CB. Techniques for Journal of Exotic Pet Medicine. 2006;15(3):210-7. Relato de Caso - 1 delivery in reptiles and amphibians. drug Figura 1. Imagem radiográfica em vista ventrodorsal de um teiú (Salvator merianae) com presença de objeto com áreas metálicas semelhante a um prendedor de roupas, em topografia de estômago. As setas indicam toda a extensão do corpo estranho. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 10 | P á g i n a Relato de Caso - 1 Figura 2. Aspecto do corpo estranho (prendedor de roupas) retirado por meio de gastrotomia de um teiú (Salvator merianae) e sua comparação ao tamanho do paciente no pós-operatório imediato. Doppler (seta) utilizado para monitoramento cardíaco do paciente. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 11 | P á g i n a Hiperplasia endometrial cística e adenocarcinoma uterino em coelho (Oryctolagus Cystic endometrial hyperplasia and uterine adenocarcinoma in rabbit (Oryctolagus cuniculus) João Vitor de Campos Roeder1; Márcia Helena Martins de Albuquerque2; Grazielle Cristina Garcia Soresini1; José Carlos Roble Junior1; Eduardo Felipe Koerbel1 1 Vida Livre Medicina de Animais Selvagens (VL), Curitiba, PR, Brasil 2 Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil Contato: [email protected] Introdução: As coelhas apresentam ovulação induzida, estando adaptadas a inúmeras gestações. No entanto, se não são cobertas ocorre uma grande endometrial cística, o quadro é 3 assintomático. Apesar do adenocarcinoma uterino ser comum na espécie, sua ocorrência em conjunto com disfunção hormonal. Em curto prazo, estes elevados níveis hormonais podem provocar o surgimento de uma hiperplasia uterina, seguida de hemorragias vulvares, podendo evoluir para um útero metaplásico com formações neoplásicas.1 O adenocarcinoma uterino ocorre geralmente em fêmeas reprodutoras a partir de três anos de idade.2 Ele pode ser hiperplasia endometrial cística não é bem relatada. Ao exame físico, os animais podem apresentar massas abdominais e desconforto à palpação.3,4,5 O diagnóstico destas afecções baseia-se no exame clínico, radiografia e ultrassonografia.3 O prognóstico é bom quando a neoplasia ou a hiperplasia endometrial cística são diagnosticadas precocemente, antes da um achado acidental ou estar associado a sinais clínicos semelhantes aos da hiperplasia endometrial cística,3,4 como anorexia, prostração, queda do desempenho reprodutivo, distocia, abandono do ninho e corrimento vaginal sanguinolento. Entretanto, durante os estágios iniciais da hiperplasia ocorrência de metástases, as quais ocorrem, em geral, ao final do curso clínico da doença.2 A neoplasia pode invadir o miométrio e cavidade peritoneal, após a ocorrência de metástases hematogênicas.5 Com a disseminação de células neoplásicas e consequentes metástases, o prognóstico passa a ser Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 12 | P á g i n a Relato de Caso - 2 cuniculus) 5 5 a 20 meses, sendo recomendada a eutanásia em casos de comprometimento de órgãos.2 O objetivo deste trabalho é relatar um caso de tratamento cirúrgico para hiperplasia endometrial cística associada a adenocarcinoma uterino em coelho. Material e Métodos: Foi atendido na Clínica Veterinária Vida Livre Medicina de Animais Selvagens, em Curitiba/PR, um coelho (Oryctolagus cuniculus) fêmea de aproximadamente dois anos de idade e com 2,950 kg de massa corporal, com histórico de corrimento sanguinolento vaginal e hematúria há um dia. O paciente apresentava abdômen abaulado e leve desconforto à palpação abdominal. Radiografias abdominais na incidência lateral e ventrodorsal em conjunto com o exame ultrassonográfico, descartaram urolitíase.3 O exame ultrassonográfico3,6 revelou um útero espessado, com formações císticas medindo aproximadamente 1,2 cm de diâmetro e ovários hipoecogênicos, também com formações císticas em parênquima. Observou-se ainda, uma formação heterogênea irregular em região mesogástrica, medindo aproximadamente 2,0 cm de difícil individualização (Figura 1). As imagens do exame ultrassonográfico sugeriram hiperplasia endometrial cística e hemometra,3 sendo indicada ovariosalpingohisterectomia (Figura 2) imediata devido ao risco de evolução do quadro para piometra e óbito do paciente. A medicação pré-anestésica foi realizada com diazepam (3 mg/kg IM) e meperidina (15 mg/kg IM). A indução anestésica consistiu de cetamina (10 mg/kg IM) e a manutenção com isoflurano via inalatória.7 O paciente foi posicionado em decúbito dorsal. Foi realizada também anestesia local tópica na região mediana ventral, local da incisão, com creme à base de lidocaína 25 mg/g e prilocaína 25 mg/g. Para remoção dos ovários e útero utilizou-se a técnica de três pinças e para as ligaduras o fio de poliglactina 910 3-0. A musculatura abdominal foi suturada em padrão Sultan e o tecido subcutâneo em padrão Cushing, ambos com fio de poliglactina 910 2-0.1 A pele foi suturada com fio de nylon 2-0 em padrão isolado simples. Durante a inspeção dos órgãos removidos, observou-se conteúdo sanguinolento intrauterino, parede uterina com cistos vesicais difusos e presença de neoformação. O resultado do exame histopatológico foi hiperplasia endometrial cística e adenocarcinoma uterino. Como terapia, foi prescrito enrofloxacina (10 mg/Kg VO b.i.d. durante 10 dias), probiótico (0,5 g VO t.i.d. durante 10 dias), tramadol (7 mg/Kg IM b.i.d. durante 3 dias) e meloxicam (0,3 mg/Kg IM s.i.d. durante 3 dias), calculados por extrapolação alométrica interespecífica.2 Como o paciente apresentou constipação no dia seguinte ao da cirurgia, também foram prescritos simeticona (65 mg/animal VO b.i.d. durante 5 dias) e óleo mineral (1 mL/kg VO b.i.d. durante 5 dias).7 A assepsia da ferida cirúrgica foi Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 13 | P á g i n a Relato de Caso - 2 ruim2 com o animal podendo ir a óbito em na literatura, como hematúria e descarga durante 10 dias). O paciente foi liberado para casa com as medicações por via oral (descritas acima) após o terceiro dia de pós-operatório, com retorno para retirada dos pontos de pele após dez dias da cirurgia, quando apresentou boa cicatrização. Passados quatro meses do procedimento cirúrgico, os relatos do proprietário informam que o animal hemorrágica vaginal.2 No entanto estava alerta e alimentando-se bem, diferindo da anorexia e prostração descritas como sinais clínicos comuns.1,3 O diagnóstico da hiperplasia endometrial cística pode ser sugerido ao exame radiográfico, no qual é possível observar um aumento de tamanho uterino, que pode estar preenchido por líquido glandular, muco apresenta-se bem, realizando normalmente suas atividades e não apresenta corrimento sanguinolento ou outras alterações. (mucometra), sangue (hemometra), entre outros. A radiografia como exame subsidiário inicial auxilia no diagnóstico diferencial para afecções do trato urinário.3 A ultrassonografia, no entanto, é o melhor método diagnóstico para ambas as doenças, pois possibilita avaliar textura, tamanho e aspecto uterino,6 sendo possível visualizar um aumento do diâmetro uterino com múltiplos cistos de Resultados e Discussão: Muitas neoformações uterinas desenvolvem-se como sequela de desequilíbrios hormonais. Os estrógenos em elevadas quantidades, aumentam o número de receptores de progesterona no útero. A progesterona por sua vez, estimula o crescimento e atividade secretória das glândulas endometriais.4 Além disso, a progesterona estimula a redução da contratilidade uterina, favorecendo assim, a retenção do excesso de líquido e/ou sangue na luz uterina, criando um ambiente favorável para o desenvolvimento e crescimento bacteriano, podendo evoluir para 6 piometra. No estado inicial da hiperplasia endometrial cística e do adenocarcinoma, geralmente não há sinais clínicos.2.3 Sugere-se então, que o animal não se encontrava mais em estágio inicial da doença. O paciente apresentava alguns sinais clínicos semelhantes aos relatados conformação irregular, tamanho variado e dispostos ao longo da parede uterina,6 presença de massas uterinas e 3 identificação de metastases. Os tumores apresentam-se geralmente consistentes, hemorrágicos e dispostos de maneira difusa ao longo da junção mesometrial.5 No caso clínico descrito, a fêmea tinha dois anos, não se encaixando na faixa etária mais comum de animais acometidos pelo adenocarcinoma, que inclui animais com três anos ou mais.2,3 A radiografia foi o primeiro exame de imagem recomendado, necessitando de uma ultrassonografia para detecção da causa de distensão abdominal. O paciente apresentou adequada cicatrização da ferida cirúrgica. A Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 14 | P á g i n a Relato de Caso - 2 realizada com clorexidina tópica (b.i.d. Nelson RW, Couto CG. Medicina Interna seja intradérmica para evitar que os coelhos removam os pontos,1 porém os autores realizam com frequência o fechamento da pele com pontos isolados simples utilizando fio de nylon. Observase que os pacientes não arrancam os pontos de pele quando estão sob analgesia adequada. Apesar dos exames por imagem não terem apontado, pode de Pequenos Animais. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006. 5) Harkness JE, Wagner JE. Biologia e clínica de coelhos e roedores. 3.ed. São Paulo: Roca; 1993. 6) Schweigert A et al. Complexo hiperplasia endometrial cística (piometra) em cadelas: diagnóstico e terapêutica. Colloquium Agrariae; 2009; 5(1): 32-37. 7) Carpenter JW. Exotic Animal Formulary. 3 ocorrer metástase de forma necessitando cuidados futuros. tardia,3 ed. Saint Louis: Elsevier Saunders; 2005. Conclusões: O procedimento cirúrgico realizado confirmou-se como melhor escolha terapêutica quando o exame histopatológico diagnosticou adenocarcinoma uterino além da hiperplasia endometrial cística, visto que a indicação de tratamento é a ovariosalpingohisterectomia imediata, na tentativa de cessar o crescimento tumoral e evitar metástases. Foi indicado o acompanhamento semestral do animal para realização de radiografias e ultrassonografias comparativas, uma vez que células neoplásicas podem ter se disseminado por via hematógena, levando a metástases tardias. Referências Bibliográficas: 1) Aguilar R. Atlas de medicina, terapêutica e patologia de animais exóticos. São Caetano do Sul: Interbook; 2006. p.265-315. 2) Vilardo FES. Tratado de animais selvagens. São Paulo: Roca; 2006. 3) Quesenberry K. Manual Saunders: clínica de pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Roca; 2003. 4) Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 15 | P á g i n a Relato de Caso - 2 literatura recomenda que a sutura da pele Relato de Caso - 2 Figura 1. Imagem ultrassonográfica (A) do útero de um Coelho com formações císticas de aproximadamente 1,2 cm e (B) corno uterino apresentando formação irregular e heterogênea, evidenciada pelas setas brancas. Foto: Juliana Finardi. Figura 2. Ovariosalpingohisterectomia de coelho. (A) “Janela” (seta) realizada no mesovário. (B) Divulsão do ligamento largo (seta) com tesoura de dissecção. (C) Hemostasia de vasos mais calibrosos (seta) presentes no tecido adiposo e ligamento largo. (D) Útero hemorrágico com conteúdo sanguinolento no lúmen e formações anormais (seta) ao longo dos cornos. (E) Parede interna com inúmeros cistos (setas) ao longo do útero. Foto: João Vitor de Campos Roeder. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 16 | P á g i n a Uretrotomia e cistotomia para retirada de cálculo uretral e vesical em coelho (Oryctolagus cuniculus) (Oryctolagus cuniculus) Aline Luiza Konell1; Márcia Helena Martins de Albuquerque1; Luiz Fernando Bora1; Fernando Wiecheteck Souza1; Rogério Ribas Lange1 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Coelhos são animais de estimação comuns na rotina das clínicas veterinárias. As obstruções do trato urinário por urolitíase estão entre as doenças mais encontradas nesta aumentam o risco de precipitação de solutos,3 gerando urólitos que podem obstruir o trato urinário. As indicações para remoção cirúrgica de urólitos incluem obstrução da pelve renal e fluxo espécie.1 Um dos motivos para a ocorrência de urólitos é a alta concentração de cálcio na urina. Há grande necessidade de cálcio para a mineralização de novos tecidos dentários devido ao crescimento contínuo destes. Deste modo, os coelhos desenvolveram um eficiente mecanismo de absorção passiva de cálcio intestinal, pouco dependente de vitamina D, sendo sua urinário, infecção recorrente associada ao cálculo, aumento substancial do tamanho do cálculo e comprometimento da função renal.4 Tentativas de forçar a passagem de pequenos urólitos pela uretra podem resultar no depósito dos cálculos no colo da vesícula urinária ou na uretra proximal ou distal.3 Logo, se a tentativa de deslocamento do cálculo em casos obstrutivos não tiver sucesso, é indicado absorção proporcional ao cálcio ingerido, gerando concentrações séricas 30% a 50% maiores que as presentes em outros mamíferos domésticos. Entretanto, para a manutenção da homeostase, é de extrema importância a eliminação de cálcio pela urina.2 O pH alcalino e a alta concentração de cálcio urinário realizar a uretrotomia. Se não corrigida, a obstrução uretral pode levar a uma grave desordem metabólica, coma e morte.4 Em cães e gatos a realização de uretrotomia para tratamento de obstrução uretral é comum, porém, este procedimento não é frequentemente realizado em coelhos. O objetivo deste trabalho é relatar um caso Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 17 | P á g i n a Relato de Caso - 3 Urethrotomy and cystotomy for urethral and urinary bladder calculi removal in rabbit avaliação do seu histórico, estado geral, para remoção de dois cálculos urinários, um uretral e outro vesical. Livre, apresentando sinais de apatia, anorexia, constipação e anúria com histórico médico prévio de hematúria e diarréia. O animal era mantido parâmetros fisiológicos, exames laboratoriais e de apoio diagnóstico. A medicação pré-anestésica foi realizada 30 minutos antes da indução anestésica, com midazolam (1,5 mg/Kg) e morfina (1,5 mg/Kg) IM na mesma seringa. Após a sedação foi realizado acesso venoso na veia safena esquerda com cateter venoso calibre 24G. O isoflurano foi utilizado para exclusivamente dentro de casa e possuía acesso a tecidos e madeira. O manejo alimentar consistia de ração própria para coelhos, frutas e verduras à vontade e alfafa em bloco.3,5 Ao exame físico constatou-se escore corporal levemente abaixo do ideal, presença de estrutura arredondada em região mesogástrica com dor à palpação abdominal4 e edema de testículos e prepúcio. Foram realizadas indução (4 vol%) e manutenção anestésica (1 a 2 vol%), ajustado de acordo com o plano anestésico. Após a perda do reflexo palpebral e do tônus mandibular foi realizada intubação orotraqueal, com sonda endotraqueal 2,5mm. O animal foi mantido em circuito anestésico aberto e ventilação espontânea. O animal foi posicionado em decúbito dorsal, com os membros radiografias simples em posições ventrodorsal e latero-lateral de abdome e pelve,3 constatando-se a presença de duas estruturas radiopacas arredondadas com diâmetro aproximado de 1,2 cm em topografia de vesícula urinária e uretra peniana, sendo encaminhado ao Hospital Veterinário da UFPR para exames complementares e possível tratamento pélvicos fixados cranialmente para dar acesso à região pélvica e perineal a fim de realizar uretrotomia e cistotomia.4 Após antissepsia prévia do campo operatório foi realizada celiotomia mediana retroumbilical, cistocentese e cistotomia para remoção do cálculo vesical (Fig. 1). A sutura da vesícula urinária foi realizada com fio de polidiaxanona de tamanho 4-0 em padrão Cushing seromuscular em Material e Métodos: Foi realizado atendimento clínico a um coelho (O. cuniculus), macho, 3 anos na Clínica Vida cirúrgico. Os exames de sangue do paciente indicaram leucopenia, trombocitopenia, azotemia e 4 hipoproteinemia. Realizou-se exame ultrassonográfico, confirmando a localização dos cálculos e instituindo o tratamento cirúrgico. O animal foi classificado como ASA III de acordo com duas linhas de suturas sobrepostas. Para o fechamento da cavidade abdominal utilizou-se padrão de Sultan e fio de poliglactina 910 3-0. No tecido subcutâneo adotou-se padrão intradérmico e fio de poliglactina 910 3-0. Para a pele, optou-se pelo fio de mononylon 4-0 e pontos isolados simples. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 18 | P á g i n a Relato de Caso - 3 de uretrotomia associado à cistotomia Em seguida, uma sonda uretral nº 8 foi obesidade3,5 introduzida desde a uretra peniana até o local da obstrução pelo cálculo, na porcão distal do pênis, cerca de 2 cm do óstio uretral peniano. Foi realizada uma incisão de pele e tecido subcutâneo sob o ponto de obstrução e o músculo retrator do pênis foi dissecado e lateralizado. Utilizando uma lâmina de bisturi nº 15, o corpo esponjoso peniano e a uretra foram predisponentes, condições que foram encontradas no caso relatado, com exceção da obesidade e infecção prévia. Devido à contínua erupção dos dentes e a possibilidade das fêmeas ficarem gestantes e lactantas simultaneamente, estes animais necessitam de um alto e constante suprimento de cálcio2 sendo sua excreção realizada a nível renal.7 seccionadas até a completa exposição do seu lúmen. Um cálculo de 1,2 cm de diâmetro foi removido e então a sonda uretral foi substituída por uma de nº 10, que foi introduzida até a vesícula urinária. Para o fechamento da uretra e corpo esponjoso, foram realizados pontos isolados simples utilizando fio absorvível sintético (polidiaxanona) 4-0 com agulha cilíndrica de 2 cm (Fig. 2). A anestesia Elevações séricas de cálcio podem ocorrer por aumento da ingestão ou por doença renal, enquanto a sua redução pode ser indicativa de hipoalbuminemia, diarréia, falha renal crônica ou 7 hiperparatireoidismo. Estrangúria, disúria, polaquiúria, hematúria, anorexia, letargia, dor e distensão abdominal são sinais clínicos da urolitíase,4,7 os quais foram encontrados no paciente. Os sinais teve duração de 136 minutos e ocorreu queda da pressão arterial média no terço final do procedimento, sendo administrada solução salina hipertônica a 7,5% IV. Foi registrada queda da temperatura corporal no decorrer do procedimento, apesar das manobras para aquecimento. A recuperação anestésica foi boa e tranquila, não ocorrendo nenhuma intercorrência no período pós- clínicos de obstrução uretral são similares a outros mamíferos, sendo possível palpar uma vesícula urinária distendida, com paredes espessadas4 e a presença de um rim ou ureter aumentados caso haja hidronefrose ou hidroureter.3 O diagnóstico de urolitíase geralmente é confirmado radiograficamente. Uma pequena quantidade de sedimento na vesícula urinária é um achado comum, anestésico. Os cálculos foram enviados para análise de composição química.6 especialmente em animais idosos, sendo necessária uma inspeção criteriosa para identificar cálculos nos rins, ureteres ou uretra. O ultrasom pode ser realizado para detectar a presença de cálculos discretos na vesícula urinária que está distendida e difusamente opaca à radiografia. Caso haja dúvidas, um exame Resultados e Discussão: A causa exata da urolitíase em coelhos é desconhecida, porém, suplementação exagerada de vitaminas, minerais, dieta ad libitum, infecções,5 alfafa, exercício limitado e ser fatores Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 19 | P á g i n a Relato de Caso - 3 podem pode ser indicado.3 No reduzir as concentrações urinárias de paciente, a radiografia permitiu a identificação dos cálculos, devido ao tamanho dos mesmos, sendo possível o diagnóstico de urolitíase. Entretanto, o exame ultrassonográfico confirmou a posição do cálculo cranial, permitindo correta abordagem cirúrgica. A urinálise é um exame de extrema importância para o diagnóstico, sendo proteinúria, hematúria cálcio.3,4 A redução dos níveis de cálcio da dieta diminui diretamente a concentração sérica de cálcio e sua quantidade excretada na urina. Para diminuir a ingestão de cálcio, deve-se fornecer feno de capim e vegetais verdes como dieta primária e não utilizar alfafa e seus derivados, bem como evitar suplementação vitamínica ou mineral.3 Os e cristalúria comumente encontrados.3 Este exame não foi realizado devido à obstrução urinária pelo cálculo uretral, sendo que a cistocentese não foi indicada devido ao risco de ruptura vesical, já que a mesma encontrava-se extremamente distendida. A azotemia é um achado comum nesta doença, sendo a azotemia pós renal encontrada em casos de obstrução do trato urinário por cálculos.4 cálculos do animal citado eram compostos de fosfato de cálcio e fosfato amoníaco magnesiano, o que corrobora com os relatos de 69,4% de presença de cálculos constituídos de carbonato de cálcio,6 porém estes geralmente não estão associados a fosfato amoníaco magnesiano, conforme encontrado. Devido à obstrução da uretra distal, a impossibilidade de micção foi o motivo do aumento sérico da uréia e creatinina. O tratamento depende da localização do urólito, variando de urohidropropulsão, cistotomia,5 uretrostomia ou uretrotomia. Cistotomia é o tratamento de escolha para grandes cálculos,3 porém o flushing problemas médicos, sendo um deles a formação de urólitos. A realização de uretrotomia e cistotomia por meio das técnicas existentes para pequenos animais mostrou-se eficiente para tratamento cirúrgico de cálculo localizado na uretra e vesícula urinária de coelhos. É importante prover orientações sobre a alimentação e cuidados adequados na do cálculo para a vesícula urinária foi ineficaz, sendo necessária a uretrotomia para a sua retirada. Medidas preventivas da urolitíase em coelhos incluem modificações da dieta,5 perda de peso e uso de água destilada para beber. Acidificantes não são efetivos, já que coelhos são herbívoros e possuem urina naturalmente alcalina, porém, é possível utilizar citrato de potássio via oral para Conclusões: O erro no manejo alimentar de coelhos leva à grande parte dos dieta. Referências Bibliográficas: 1) Clauss MB, Burger A, Liesegang FD, Del Chicca M, Kaufmann-Bart B, Riond M et al. Influence of diet on calcium metabolism, tissue calcification and urinary sludge in rabbits (Oryctolagus cuniculus). Journal of Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 20 | P á g i n a Relato de Caso - 3 contrastado Rabbits. In: Exotic small mammal care 2012; 96:798-807. 2) Harcourt-Brown FM.Diagnosis of renal disease in rabbits. The veterinary clinics of North America: Exotic animal practice; 2013; 16:145-174. 3) Paré JA, Paul-Murphy J. Disorders of the Reproductive and Urinary Systems. In: Quesenberry KE, Carpenter JW, editors. Ferrets rabbits and rodents: clinical medicine and surgery. Missouri: and husbandry. Iowa: Wiley-Blackweel; 2010. p.49-59. 6) Osborne CA, Albasan H, Lulich JP, Nwaokorie E, Koehler LA, Ullrich LK. Quantitative analysis of 4468 uroliths retrieved from farm animals, exotic species and wildlife submitted to the Minesota urolith center: 1981 to 2007. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice; 2008; 39:65-78. 7) Saunders; 2004. p. 183-193. 4) Fisher PG. Exotic mammal renal disease: diagnosis and treatment. The veterinary clinics of North America. Exotic animal practice; 2006; 9:69-96. 5) Banks RE, Sharp JM, Doss SD, Vanderford DA. Vennen KM, Mitchell MA. Rabbits. In: Mitchell MA, Tully TN, editors. Manual of exotic pet practice. St. Louis: Elsevier; 2009. p.375-405. Figura 1. Cistotomia em coelho. (A) Colocação dos reparos na vesícula urinária após cistocentese com fio absorvível sintético (polidiaxanona) 4-0. (B) Remoção do cálculo de 1,2 cm da vesícula urinária. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 21 | P á g i n a Relato de Caso - 3 animal physiology and animal nutrition; Relato de Caso - 3 Figura 2. Uretrotomia em coelho. (A) Introdução de sonda uretral n.8 na uretra peniana. (B) Lateralização do músculo retrator do pênis. (C) Cálculo de 1,2 cm de diâmetro sendo removido da uretra. (D) Sutura da uretra com pontos isolados simples usando fio absorvível sintético (polidiaxanona) 4-0. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 22 | P á g i n a Treinamento de animais selvagens em zoológicos para colaboração em manejos e procedimentos veterinários Relato de Caso - 4 Training wild animals in zoos to collaborate in husbandry and veterinary procedures Roberta Biasoto Manacero1; Oriel Nogali2; Cidéli de Paula Coelho3 1 Faculdade Max Planck (AESI), Indaiatuba, SP, Brasil 2 Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil 3 Universidade de Santo Amaro (UNISA), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Diversos manejos e procedimentos veterinários de rotina são realizados em animais selvagens mantidos em zoológicos, como pesagem, seja essencial, o treinamento também é válido, pois o animal pode aceitar a injeção voluntariamente ao invés de ser fisicamente contido para esse fim.3 O transporte em caixas, exame de cavidade oral, exame físico, vacinações e colheita de sangue.1 A maioria desses procedimentos é realizada mediante contenção física, seguida de sedação ou anestesia, devido ao risco de ferimentos para os animais e equipe técnica. Algumas espécies apresentam dificuldade de tratamento e manejo devido ao seu porte, força ou comportamento feroz.2 objetivo deste trabalho é relatar o treinamento de animais de cinco espécies diferentes, dentre mamíferos, aves e répteis, para colaboração em diversos manejos e procedimentos veterinários, dessa forma demonstrando que o treinamento por meio de condicionamento operante é uma ferramenta essencial aos cuidados, tratamentos e bem estar de animais mantidos em zoológicos. Para reduzir ou mesmo eliminar a necessidade de contenções físicas e/ou anestesias, é possível treinar animais para colaborarem com os procedimentos, diminuindo o estresse e dificuldade de tais atividades e contribuindo para o bem estar dos indivíduos. Em caso de cirurgias ou outros eventos em que a anestesia Material e Métodos: Seis indivíduos de cinco espécies diferentes foram treinados na Fundação Parque Zoológico de São Paulo, durante o período de Janeiro de 2011 a Junho de 2013, por meio da técnica de condicionamento operante com reforço positivo, utilizando um clicker como ponte e alimentos como reforço Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 23 | P á g i n a vezes diferenciados foram elaborados para cada espécie, considerando seu comportamento natural, enfermidades mais comuns em cativeiro e as necessidades da equipe veterinária com relação a exames e procedimentos. Os materiais e métodos específicos dos protocolos para cada espécie são descritos abaixo: (A) Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva): um macho adulto. protegido. Recompensas: coração de frango. por semana, com contato camarão e Resultados e Discussão: O condicionamento operante provou-se ser uma ferramenta eficaz para médicos veterinários que trabalham com animais selvagens em cativeiro e os protocolos e resultados obtidos estiveram de acordo com a literatura citada anteriormente. Os Uma sessão de treinamento diária (duração de 5 a 15 minutos), cinco vezes por semana, com contato direto. Recompensas: sementes de girassol e frutas cristalizadas. (B) Urso-pardo (Ursus arctos): um macho adulto. Uma sessão de animais foram treinados com sucesso para colaboração em diversas atividades, desde o manejo diário até procedimentos veterinários mais complexos. Os resultados obtidos para cada caso são descritos a seguir: (A) Papagaioverdadeiro (A. aestiva): voluntariamente treinamento diária (duração de 10 a 20 minutos), cinco vezes por semana, na área de cambeamento com contato mantém a cabeça dentro de estrutura que simula máscara anestésica (Figura 1); permanece imóvel para auscultação de protegido. Recompensas: suco de frutas, melancia, kiwi, uvas, barrinha de cereais diet. (C) Jabuti-gigante-de-Aldabra (Aldabrachelys gigantea): duas fêmeas, pulmões e peito; aceita medicamentos por via oral com seringa; aceita exame de palpação do peito, cabeça, bico, asas e pés; empoleira-se na mão da treinadora para colocação em balança e pesagem. (B) Urso-pardo (U. arctos): permanece em adultas. Uma sessão de treinamento diária (duração de 10 a 30 minutos), cinco vezes por semana, com contato direto. Recompensas: melancia, melão e folhas de malvavisco. (D) Hipopótamo (Hippopotamus amphibius): um macho, adulto. Uma sessão de treinamento diária (duração de 15 a 40 minutos), três vezes por semana, na área de brete com contato protegido. Recompensas: ração, alfafa, melancia e melão. (E) Lontra (Lontra longicaudis): um macho jovem. Duas sessões de treinamento diárias (duração de 5 a 20 minutos cada), cinco pé, sentado ou deitado para exame visual completo; apresenta mãos para tratar ferimentos, cortar e lixar unhas (Figura 2); aceita aplicação de medicação tópica em nariz, bem como colheita de amostra de secreção nasal com swab; abre a boca para exame e limpeza de cavidade oral; aceita medicamentos por via oral; apresenta orelhas para exame e limpeza dos ouvidos; apresenta membros anteriores para injeção intramuscular Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 24 | P á g i n a Relato de Caso - 4 primário ou recompensa.4,5,6 Protocolos colaboração do animal, que apresenta voluntariamente para pesagem. (C) Jabuti-gigante-de-Aldabra (A. gigantea): membros anteriores ou posteriores e aceita a injeção voluntariamente. Em adição, o manejo diário de unhas, dentes, controle de peso, vacinações, exames de rotina e tratamentos se tornam mais rápidos e eficientes para a equipe, além de serem atividades positivas para os animais, o que contribui para seu bem estar. O condicionamento operante é uma apresentam cabeça, pescoço e membros, os mantendo esticados para exame de palpação e leitura de microchip; permitem exame e aplicação de medicação tópica em olhos e nariz; voluntariamente sobem e descem de balança para pesagem (Figura 3). (D) Hipopótamo (H. amphibius): permanece dentro do brete; mantém a boca aberta para exame da cavidade oral, permitindo escovação dos dentes e tratamento de ferimentos nas gengivas com medicação tópica; permite exame de palpação e tratamento com medicação tópica em membros posteriores. (E) Lontra (L. longicaudis): abre a boca para exame de cavidade oral; aceita medicamento por via oral com técnica de treinamento utilizada com sucesso para treinar mamíferos, aves e répteis selvagens mantidos em cativeiro, sendo essencial sua aplicação rotineira para contribuição ao bem estar animal. Referências Bibliográficas: 1) Javorouski M L, Passerino A S M. Carnivora – Mustelidae. In: Tratado de Conclusões: Por meio do treinamento de animais selvagens para colaboração em manejos e procedimentos veterinários, a Animais Selvagens – Medicina Veterinária; 2006; p.547-570. Roca: São Paulo. 2) Castillo G M. Entrenamiento de animales de zoológico para finalidades médicas. Portal Veterinaria Argos; 2011; 52. 3) Anderson U S, Kelling A S, Pressley-Keough R, Bloomsmith M A, Maple T L. Enhancing the zoo visitor’s experience by public animal training and oral interpretation at an otter exhibit. necessidade de contenção física é reduzida ou mesmo eliminada, resultando em menos estresse e mais segurança para a equipe técnica. A contenção química também é reduzida, resultando em um procedimento mais seguro para o animal. Nos casos em que a anestesia é essencial, pode-se fazê-la com a Environment and Behavior; 2003; 35:826841. 4) McKay K. Basics of Otter Training. IUCN/SSC Otter Specialist Group; 2009. 5) Ramirez K. Animal training: successful animal management through positive reinforcement. Shedd Aquarium, Chicago, USA; 1999. 6) Tresz H. Training Protocol The Phoenix Zoo. Behavioral seringa; permite manipulação dos membros anteriores, abdômen, peito e cauda; apresenta membros posteriores para injeção intramuscular (Figura 4); voluntariamente entra em caixa de transporte para pesagem. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 25 | P á g i n a Relato de Caso - 4 voluntariamente; sobe e desce de balança Management Program, Phoenix Zoo, Relato de Caso - 4 Phoenix, USA; 2003. Figura 1. Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) voluntariamente mantém a cabeça dentro de estrutura que simula máscara anestésica. Figura 2. Urso-pardo (Ursus arctos) apresenta mãos para tratar ferimentos. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 26 | P á g i n a Relato de Caso - 4 Figura 3. Jabuti-gigante-de-Aldabra (Aldabrachelys gigantea) sobre plataforma que simula balança para pesagem, animal apresenta cabeça e membros para exame. Figura 4. Lontra (Lontra longicaudis) apresenta membros posteriores para injeção intramuscular. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 27 | P á g i n a Uso de acupuntura (moxabustão) como tratamento auxiliar em processo cicatricial Use of acupuncture (moxibustion) as auxiliary treatment in cicatricial process of the snake Eunectes murinus (anaconda) – case report Viviane Campos Garcia1; César Vinicius Gil Bráz do Prado2 1 Instituto Butantan (IB), São Paulo, SP, Brasil 2 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: As serpentes Eunectes murinus da família Boidae, conhecidas como sucuris, são consideradas as maiores serpentes da América do Sul, podendo chegar até 10 metros de comprimento. São semiaquáticas e vivem margeando os rios seguindo as bacias hidrográficas da América tropical.1 Essas grandes serpentes, devido ao seu tamanho, necessitam de técnicas que facilitem o manejo em cativeiro quando se apresentam doentes. A dificuldade de manipulação diária exige técnicas de pouco manejo e que levem a uma resolução da patologia com o menor tempo possível. Pensando assim, foi utilizada a técnica de acupuntura chamada moxabustão, para auxiliar no processo de cicatrização da pele podendo ser realizada sem a contenção do animal. O objetivo desse relato de caso foi descrever o uso da técnica de acupuntura - moxabustão, como método auxiliar no tratamento de cicatrização. Material e Métodos: Uma serpente, Eunectes murinus, medindo 4,0 metros e com massa aproximada de 30 kg, após dois meses de dar cria no recinto de exposição do Museu Biológico do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil, apresentou sintomas de emagrecimento, letargia e hiporexia, além de hiperemia em toda a região ventral. Suspeitando-se de um processo infeccioso pós-parto foi tratada com ciprofloxacina injetável (10 mg/kg/72h), soro Ringer Lactato injetável (10 mL/Kg/72h) e vitamina injetável. Com 15 dias de tratamento (5 aplicações do antibiótico por via intramuscular), o animal apresentou melhora e realizou ecdise. Em seguida, no local da aplicação do antibiótico, foi observada uma área de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 28 | P á g i n a Relato de Caso - 5 da serpente Eunectes murinus (sucuri) – relato de caso lesão, resulta em menos tempo de (região cranial dorsal). A serpente foi contida manualmente para realização de assepsia local com água, sabão, retirada do tecido necrosado (após injeção de anestésico local - mepivacaína) e aplicação de pomada local com sulfadiazina de prata. Após este procedimento, iniciou-se o tratamento com a moxa (Figura 1), juntamente com a manipulação. A moxabustão é uma técnica que utiliza-se a queima da erva Artemisia vulgaris para o aquecimento de aplicação de pomada de sulfadiazina de prata no local da lesão, uma vez por semana. Foram realizadas sessões semanais, durante sete meses, em local arejado, com duração de cinco a dez minutos cada sessão. anti-inflamatório, estimulante imunológico e antioxidante. O uso de acupuntura em animais selvagens tem se mostrado uma boa opção de terapia auxiliar complementando o tratamento 4 convencional. Resultados e Discussão: Após sete meses do uso da técnica de moxabustão e aplicação da pomada de sulfadiazina de prata o animal apresentou boa Conclusões: O animal obteve cicatrização completa da região lesionada e a técnica pode ser facilmente aplicada sem necessidade de contenção. O cicatrização com fechamento completo do ferimento. Durante esse período, a serpente apresentou quatro ecdises, com intervalos de dois a três meses. O uso de antibiótico do grupo quinolona, como exemplo a ciprofloxacina, pode promover reação no local de aplicação subcutânea ou intramuscular com aparecimento de paniculite ou necrose local.2 Deste modo, tratamento complementar com moxabustão para a cicatrização da ferida da serpente Eunectes murinus é é indicada cautela na administração do fármaco. O longo intervalo entre ecdises em serpentes adultas leva a um processo mais demorado de cicatrização. O estudo de técnicas que possam acelerar a cicatrização de feridas nesses animais é importante, pois, além de diminuir os riscos de complicações causadas pela pontos específicos na pele. Em estudos experimentais a moxabustão mostrou-se como um facilitador do processo cicatricial, ajudando no controle microbiano e acelerando o metabolismo na região da ferida.3 Também tem efeito considerado satisfatório. Referências Bibliográficas: 1) Peters JA; Orejas-Miranda B. Catalogue of the Neotropical Squamata. Part 1. Snakes. United States National Museum Bulletin. 1970; 297:114-115. 2) Andrade SF; Giuffrida R. Quimioterápicos antimicrobianos e antibióticos. In.: Andrade SF, editor. Manual de Terapêutica Veterinária. 3ra ed. São Paulo: Roca; 2008. p.42. 3) Shi Y; Qi L; Wang J; Xu MS; Zhang D; Wu LY; Wu HG. Moxibustion activates mast cell Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 29 | P á g i n a Relato de Caso - 5 necrose com exposição da musculatura mechanism of moxibustion therapy. colitis. World Journal Gastroenterology. China. 2011; 17 (32): 3733-3738. 4) Zhang JF; Wu YC. Modern progress of Journal of Acupuncture and Tuina Science. China. 2006; 4 (5): 257-260. Relato de Caso - 5 degranulation at the ST25 in rats with Figura 1. Tratamento com a moxa (seta preta) na serpente Eunectes murinus (sucuri). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 30 | P á g i n a Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798): atropelamento Nathalia Nascimento de Freitas1; Carlos Henrique de Oliveira Nogueira1; Fábio Ferreira de Queiroz1; Hender de Lelis Resende Maciel1; Helena Kiyomi Hokamura1; Leonardo Serafim da Silveira1 1 Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), RJ, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Estradas são consideradas as alterações ambientais que mais impactam as paisagens naturais.1 Seus efeitos ecológicos estendem-se pela paisagem, causando erosão, alterações na hidrologia local, dispersão de ventre claro e o corpo com coloração cinza e tons amarelados.3 De hábito predominantemente noturno abriga-se em tocas e buracos em árvores ou no chão. São animais solitários, que podem viver cerca de 60 anos. Se reúnem em casais poluentes e destruição de ambientes naturais, agindo como barreiras entre populações. Além disso, os atropelamentos constituem a principal causa de morte de animais selvagens.2 Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798), como mão-pelada, é um porte médio, encontrado em biomas brasileiros, alguns América Central, Uruguai e na época do acasalamento, a gestação dura cerca de 60 dias e são gerados de dois a quatro filhotes.3 Essa espécie é considerada onívora, podendo se alimentar de pequenos vertebrados, invertebrados, e frutas, sendo potenciais dispersores de sementes. Sua alimentação depende do bioma habitado, ocorrendo preferencialmente em áreas de influência aquática, onde ele se alimenta Argentina. Seus membros anteriores bem desenvolvidos o permitem manipular os alimentos facilmente e caçar com agilidade. Normalmente é identificado por sua cauda longa e cheia de anéis, além de uma mascara de pelos mais escuros na região dos olhos. Sua cabeça é larga e seu focinho fino e curto. Apresenta o de peixes, crustáceos e anfíbios.4 São encontrados poucos estudos sobre esta espécie. Apesar de seu status de conservação ser considerado pouco preocupante pela IUCN, as populações do guaxinim estão apresentando declínio. Entre as ameaças principais estão a caça, destruição do seu habitat e conhecido animal de todos os países da Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 31 | P á g i n a Relato de Caso - 6 Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798): hit by a car intramedular para a redução da fratura, por objetivo relatar o atendimento feito pelo NEPAS (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Animais Selvagens) a uma fêmea de Procyon cancrivorus vítima de atropelamento (Figura 1). Uma ficha com além da substituição do ligamento da cabeça do fêmur rompido por fio de aço ancorado por cavilha. Para o procedimento cirúrgico, o animal foi induzido com a utilização de Propofol (10 mg/kg) e mantido sob anestesia inalatória com Isofluorano a partir da intubação traqueal do mesmo. Os procedimentos cirúrgicos foram baseados nas técnicas as informações de origem e estado geral do animal foi confeccionada e o mesmo foi encaminhado para o exame clínico. Para a realização do procedimento, o animal foi sedado com a utilização de Cetamina (10 mg/kg) associado à Midazolan (1 mg/kg) e mantido em fluidoterapia através do acesso venoso feito após a sedação. Ao exame clínico geral o animal mostrou-se apático, porém indicadas para cães domésticos e os acessos cirúrgicos se deram conforme o descrito em literatura,6 porém foi feito um acesso único em pele para a realização dos dois procedimentos. Após o procedimento cirúgico, o animal foi novamente encaminhado ao setor de radiologia da UENF. Na radiografia pósoperatória imediata, pode-se notar o perfeito alinhamento dos fragmentos estável. Lesões características de hematocistos foram observadas na pele de ambos os membros posteriores e o membro posterior direito mostrava-se flácido, sugerindo uma possível fratura. O animal foi então encaminhado para o setor de radiologia do hospital veterinário da UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense) para a realização de ósseos e a redução correta da luxação coxofemoral (Figura 2). No pós-operatório imediato, foi utilizado associação de dois antibióticos, Metronidazol (25 mg/kg, VO, SID) e Enrofloxacino (10 mg/kg, SC, SID), além da utilização do antiinflamatório Meloxicam (0,2 mg/kg, VO, SID). estudo radiográfico e confirmação do diagnóstico. O exame radiográfico constatou fratura transversa diafisária no fêmur direito e luxação da articulação coxofemoral do referido membro (Figura 2). Foi indicado para este caso o tratamento cirúrgico, que consistiu da utilização de placa, associada a pino que retornou do procedimento anestésico. Após uma semana, apresentou boa recuperação, tendo suas medicações retiradas gradativamente de acordo com a necessidade clínica. No momento, estamos aguardando somente a cicatrização óssea total para posterior encaminhamento do animal. atropelamento. Material e Métodos: No dia 14 de janeiro de 2013, deu entrada no NEPAS uma fêmea de Procyon cancrivorus vítima de Resultados e Discussão: O animal conseguiu deambular pelo recinto assim Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 32 | P á g i n a Relato de Caso - 6 atropelamentos.5 O presente trabalho tem 1998. 29: 207-231. 3) Emmons, L. H. & entre as famílias Procyonidae e Canidae fez com que a técnica cirúrgica utilizada fosse tão eficiente para essa espécie como para cães domésticos. Os anestésicos utilizados durante o procedimento cirúrgico mostraram-se eficientes e seguros para essa espécie. A escolha de um protocolo de medicação pós-cirúrgica administrada apenas uma Feer, F. Neotropical rainforest mammals: a Field Guide. Chicago: University of Chicago Press. 2ª ed. 1997. 4) Gatti, A., Bianchi, R., Rosa, C. R. X., & Mendes, S. L.. Diet of two sympatric carnivores, Cerdocyon thous and Procyon cancrivorus, in a restinga area of Espirito Santo State, Brazil. Journal of Tropical Ecology, 2006. 22, 227-230. 5) Michalski, vez ao dia foi eficiente na proteção contra infecções e no alívio da dor, além de diminuir o estresse causado durante a manipulação do animal. F., & Peres, C. A.. Anthropogenic determinants of primate and carnivore local extinctions in a fragmented forest landscape of southern Amazonia. Biological Conservation, 2005. 124, 383396. 6) Fossum, T. W. Fundamentos de Cirurgia Ortopédica e Manejo de Fraturas. Em: Fossum, T.W, Cirurgia de Pequenos Animais. 3ª ed. Rio de janeiro: Elsevier, 2008. p.930-1014. Referências Bibliográficas: 1) Bergallo, H. G.; Vera y Conde, C. F.. O Parque Nacional do Iguaçu e a estrada do Colono. Ciência Hoje, 2001. 29: 37-39. 2) Forman, R. T. T.; Alexander, L. E.. Roads and their major ecological effects. Annual Reviews in Ecology and Systematics, Figura 1. Fêmea de Procyon cancrivorus vítima de atropelamento. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 33 | P á g i n a Relato de Caso - 6 Conclusões: A similaridade anatômica Relato de Caso - 6 Figura 2. Imagem digitalizada de radiografia de fêmea de Procyon cancrivorus vítima de atropelamento. (A) Pré-operatória e (B) pós-operatória imediata. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 34 | P á g i n a Enterotomia para tratamento de estase intestinal ocasionada por ingestão de corpo Enterotomy for treatment of intestinal stasis caused by foreign body ingestion in rabbit (Oryctolagus cuniculus) Grazielle Cristina Garcia Soresini1; Márcia Helena Martins de Albuquerque2; Raquel Lemos Silva1; Fabiana Tieme da Silva1; Paula Beatriz Mangini1; Valéria Natascha Teixeira1 1 Vida Livre Medicina de Animais Selvagens (VL), Curitiba, PR, Brasil 2 Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Doenças gastrintestinais são comumente diagnosticadas em pequenos mamíferos exóticos,1 decorrentes principalmente de dietas inapropriadas,2 levando à instalação de estase no ceco, também conhecida como íleo cecal, podendo gerar em casos mais severos ou crônicos uma obstrução.4 A obstrução por sendo o motivo mais frequente para consultas veterinárias de coelhos de estimação.3,4 Esses animais são herbívoros monogástricos que utilizam o ceco para fermentação e são extremamente sensíveis a alterações na dieta,4,5 que deve ser à base de grama, feno e vegetais verde-escuros.6 A interrupção do trânsito gastrintestinal corpos estranhos pode ser decorrente da ingestão de pelos, tecidos, fragmentos de carpete ou tapete e, menos comumente, de pequenos objetos, plástico ou borracha.2,4,5 Os sinais clínicos das afecções gastrintestinais incluem letargia, anorexia, depressão aguda, ptialismo, bruxismo, diarreia, constipação, tenesmo, massas abdominais, ausência de pode decorrer de dois distúrbios: a estase e a obstrução,4 que podem ser causadas por uma dieta rica em carboidratos, pobre em fibras ou pela ingestão de corpo estranho.3,5,6 Como consequência da hipomotilidade gastrintestinal e subsequente desidratação do conteúdo intestinal, ocorre a concreção cecal,6 resposta a estímulos externos, desidratação, arqueamento do corpo e distensão ou desconforto durante a palpação abdominal.1,2,3 O diagnóstico baseia-se no histórico, sinais clínicos, exame clínico e radiografia abdominal, entre outros.2 O tratamento precoce de animais com hipomotilidade intestinal Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 35 | P á g i n a Relato de Caso - 7 estranho em coelho (Oryctolagus cuniculus) melhora o prognóstico,5 tornando possível radiografia o uso de medicamentos para reverter o quadro. Em casos de obstrução completa é necessário o tratamento cirúrgico,2,4 cujo prognóstico é reservado a ruim.2,5,6 O trabalho teve por objetivo relatar o caso clínico de um coelho submetido a enterotomia para tratamento de concreção cecal ocasionada por ingestão de corpo estranho. ultrassonografia. Na falta de produção fecal5 após 48 horas de internamento, a radiografia simples foi repetida7 e a imagem não apresentou alteração, demonstrando não haver peristaltismo intestinal. Como a paciente não apresentou evolução favorável após a instituição do tratamento medicamentoso, foi indicada uma laparotomia Material e Métodos: Uma fêmea de coelho (Oryctolagus cuniculus) com dois anos de idade foi atendida no Vida Livre Medicina de Animais Selvagens, em Curitiba/PR, com queixa de anorexia há dois dias. Ao exame clínico apresentava prostração e distensão abdominal, com desconforto à palpação e presença de massas de consistência firme em região mesogástrica. Foi realizado exame radiográfico simples de abdômen (projeção lateral e ventrodorsal), o qual revelou aumento de volume do ceco, com conteúdo heterogêneo e presença de gás, compatível com estase intestinal cecal, além de presença de grande quantidade de conteúdo em trato intestinal (Figura 1). O paciente foi internado inicialmente para tratamento clínico,1,4,5,6 sendo administrado solução fisiológica 0,9%3,6 (3 mL VO 5x/dia; além de 10 mL SC b.i.d.), óleo mineral3 (0,5 mL/kg VO t.i.d.), simeticona5,6 (20 mg/kg VO t.i.d.), probiótico em pasta (0,5 g VO t.i.d.) e cloridrato de tramadol (7 mg/kg IM b.i.d.). O proprietário não aderiu à recomendação de realização de ou exploratória.6,7 Como conduta anestésica, o animal foi pré-medicado com 2,5 diazepam (2 mg/kg IM) e cloridrato de petidina (15 mg/kg IM). Seguidos 15 minutos, a indução anestésica foi realizada com isoflurano,2,7 e o paciente foi mantido sob anestesia geral inalatória com o mesmo anestésico (2-3%). O animal foi posicionado em decúbito dorsal, realizando-se incisão mediana retro-umbilical.7 Após tentativa infrutífera de massagem do conteúdo intestinal,6 foi realizada enterotomia6 no ceco, segundo técnica cirúrgica semelhante à descrita para pequenos animais. A parede intestinal foi incisada no sentido longitudinal na borda anti-mesentérica,7 entre dois reparos fixados com fio de poliglactina 910 4-0 para evitar extravasamento de conteúdo. O conteúdo removido apresentava-se como massa compacta de fezes endurecidas, sendo que à inspeção foram visualizados diversos fragmentos de fibra sintética vermelha. O intestino foi suturado em padrão interrompido simples7 envolvendo todas as camadas da parede intestinal com fio de poliglecaprone 25 5-07 (Figura Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 36 | P á g i n a Relato de Caso - 7 contrastada Resultados e Discussão: A maior parte ocluindo a região proximal e distal à obstrução e injetando solução salina no lumen.7 Não foi realizada omentalização.7 A musculatura abdominal foi ocluída com poliglactina 910 3-0 em padrão Sultan, o subcutâneo com o mesmo fio em padrão contínuo de Cushing e a pele com nylon 3-0 em padrão isolado simples. Após o procedimento cirúrgico iniciou-se terapia da informação disponível a proprietários de coelhos (provenientes de meios virtuais, criadores, pet shops, publicações e até mesmo de médicos veterinários) em relação à dieta pode ser enganosa (ex.: ingerir verdura causa diarreia), inútil (ex.: não oferecer grama até completarem seis meses de idade, apenas oferecer verduras duas vezes por semana) ou com enrofloxacina5 (10 mg/kg SC b.i.d. 7 dias), cloridrato de metoclopramida3 (0,2 mg/kg IM b.i.d. 5 dias) e meloxicam5 (0,5 mg/kg IM s.i.d. 3 dias), além da administração de solução fisiológica 0,9%, óleo mineral e probiótico em pasta por via oral, e cloridrato de tramadol por via intramuscular, prescritos anteriormente. O seguinte manejo alimentar foi instituído como medida pós- completamente errada (ex.: coelhos precisam comer biscoitos duros para impedir o crescimento dos seus dentes).6 Os problemas ocorrem com o uso indiscriminado e inapropriado de alimentos como cereais, frutas, doces, leite, biscoitos, além de baixo teor de fibras na dieta.5,6 As radiografias são valiosas para identificar o tipo e a localização de alguns corpos estranhos operatória: jejum alimentar de 12 horas, a seguir dieta líquida (verduras trituradas com água no liquidificador) durante três dias consecutivos e após, dieta pastosa (ração para coelho triturada com água e grande quantidade de verduras no liquidificador) durante mais três dias. A remoção de pontos de pele foi realizada após sete dias, quando a paciente encontrava-se clinicamente bem e radiopacos, porém a maioria dos corpos estranhos que os coelhos ingerem possui densidade igual a da ingesta,5 assim como no caso descrito. A hipomotilidade intestinal pode causar alterações na fermentação cecal, pH e produção de substrato, resultando na alteração da microbiota entérica como crescimento de patógenos como Clostridium spp. Com o alimentava-se com dieta normal, recebendo alta médica. Até o momento do envio deste trabalho, o animal encontra-se bem, transcorridos dois anos do procedimento cirúrgico, e o proprietário segue as recomendações alimentares e ambientais sugeridas pelos veterinários. e visível radiograficamente em todo o trato gastrointestinal,5 podendo justificar a imagem radiográfica obtida. O exame radiográfico simples, único exame complementar realizado, se mostrou útil no caso descrito, porém não permitiu um diagnóstico definitivo, o qual provavelmente seria determinado com a crescimento clostridiano, o gás é palpável Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 37 | P á g i n a Relato de Caso - 7 2). A incisão foi testada para vazamentos completa do trânsito gastrintestinal e ultrassonografia abdominal. Ambos os exames foram indicados, porém não autorizados pelo proprietário devido ao custo. A ultrassonografia abdominal é útil para identificar corpos estranhos, obstruções intestinais extraluminais ou intussuscepção, porém a quantidade de gás pode atrapalhar a interpretação.5 A hiperglicemia tem sido utilizada como um concreção cecal grave, portanto necessitando remoção cirúrgica.5 Em casos de ingestão de corpos estranhos, a cirurgia também é indicada.5 No paciente, a presença de corpo estranho foi um achado acidental. É necessário que o coelho seja alimentado dentro de 12 horas após a cirurgia, como no presente caso, pois anorexia prolongada pode indicador de obstrução intestinal nesta espécie, mostrando a importância clínica da dosagem de glicemia em coelhos de estimação. Hiperglicemia severa (> 20 mmol/L) foi associada a condições com um prognóstico pobre. Coelhos com obstrução intestinal confirmada apresentam concentração média de glicose no sangue de 24,7 mmol/L.1 No entanto, este exame não foi realizado exacerbar a hipomotilidade gastrintestinal e o crescimento de patógenos 5 bacterianos intestinais. A enterotomia é dificil de ser realizada porque a parede intestinal do coelho é muito fina.1 Deve-se evitar a utilização de fios absorvíveis à base de intestino de carneiro (categute) nas suturas abdominais para minimizar aderências pós-cirúrgicas, visto que a ocorrência dessa complicação pós- nesta paciente. O piloro, o duodeno proximal e a junção ileocecocólica são potenciais sítios de obstrução 3,4,7 gastrointestinal. A estase gastrintestinal geralmente requer tratamento médico, enquanto a obstrução é uma urgência cirúrgica.4 Procedimentos cirúrgicos em casos de obstrução gastrintestinal têm sido associados com altas taxas de complicação, maiores que operatória é muito comum nesta espécie. Os fios mais recomendados são poliglactina 910 e poliglecaprone 25,2 sendo escolhido o fio poliglactina 910 para sutura da parede abdominal no presente caso. 50% em animais afetados.1 A manipulação cirúrgica do trato gastrintestinal, hipotermia, agentes anestésicos e dor podem exacerbar a hipomotilidade intestinal e piorar o prognóstico.5 No caso descrito, o conteúdo intestinal formou uma massa solidificada causando uma estase Conclusões: A paciente recebia dieta adequada, consistindo de ração para coelho e verduras. O provável motivo da concreção cecal foi a ingestão de corpo estranho. A laparotomia exploratória foi o melhor meio de exploração completa e confiável da cavidade abdominal, permitindo a resolução da afecção, pois tornou possível a retirada da concreção cecal juntamente com corpo estranho através da realização de enterotomia. O Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 38 | P á g i n a Relato de Caso - 7 realização de radiografia contrastada ou Quinton JF. Novos animais de estimação: animal se alimentando normalmente após 7 dias. pequenos mamíferos. Tradução de Roberta Ferro de Godoy. São Paulo: Roca; 2005. 5) Oglesbee BL. The 5 minute Veterinary Consult: Ferret and Rabbit. Ames: Blackwell Publishing; 2006. 6) Davies RR. Digestive system disorders. In: Meredith A; Flecknell P. (Eds) BSAVA Manual of Rabbit Medicine & Surgery. 2nd ed. Gloucester: British Small Animal Referências Bibliográficas: 1) Huynh M; Pignon C. Gastrointestinal Disease in Exotic Small Mammals. Journal of Exotic Pet Medicine; 2013; 22: 118-131. 2) Vilardo FES. Lagomorpha (Coelho, Lebre, Lebre-assobiadora). In: Cubas ZS; Silva JCR; Catão-Dias JL. Tratado de Animais Selvagens - Medicina Veterinária. São Paulo: Roca; 2007. p. 415-431. 3) Harrenstien L. Gastrointestinal Diseases of Pet Rabbits. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine; 1999; 8 (2): 83-89. 4) Veterinary Association; 2006. p. 74-84. 7) Harcourt-Brown TR. Management of Acute Gastric Dilation in Rabbits. Journal of Exotic Pet Medicine; 2007; 16 (3): 168174. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 39 | P á g i n a Relato de Caso - 7 tratamento cirúrgico foi um sucesso com o Relato de Caso - 7 Figura 1. Imagem radiográfica em vista ventrodorsal de um coelho (Oryctolagus cuniculus) revelando aumento de volume do ceco, que apresenta conteúdo heterogêneo e com grande quantidade de gás, compatível com estase digestiva cecal. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 40 | P á g i n a Relato de Caso - 7 Figura 2. Enterotomia em coelho (Oryctolagus cuniculus). (A) Aspecto do ceco quando exteriorizado, antes da colocação dos reparos. (B) Sutura intestinal em padrão interrompido simples (seta) com fio de poliglecaprone 25 5-0. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 41 | P á g i n a Hemivértebra, cifose e escoliose em uma lhama (Lama glama) Aline Luiza Konell1; Frederico Fernandes Araújo1; Bárbara Cristina Sanson2; Peterson Triches Dornbush1; Rogério Ribas Lange1 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil 2 Clinivet Hospital Veterinário Contato: [email protected] Introdução: As lhamas (Lama glama) são os maiores camelídeos sul-americanos. Originários da região dos Andes, onde vivem em grandes altitudes e baixas temperaturas, são a principal fonte de alimento, pele e meio de transporte entre resultar em hemivertebra, vértebra em cunha ou blocos.3 Os animais geralmente desenvolvem sinais clínicos antes de um ano de idade e o formato da coluna vertebral pode ou não levar a um quadro de déficit neurológico por compressão as tribos andinas. Problemas congênitos em lhamas e alpacas ocorrem mais frequentemente do que em animais de produção, animais de companhia, cavalos e humanos.1 As deformidades vertebrais congênitas da coluna geralmente tendem a surgir como escoliose, cifose ou ambos. Na maioria das vezes essas anomalias são identificadas logo após o nascimento, medular. O diagnóstico é baseado em sinais clínicos e confirmado por meio de exame radiográfico, mielografia ou necropsia.1,2 Embora a hemivertebra seja uma deformidade de caráter congênito, não se pode descartar a possibilidade de que fatores externos possam vir a influenciar no desenvolvimento anormal do embrião.4 O tratamento pode ser no entanto, anomalias sutis podem não ser percebidas imediatamente.2 O desenvolvimento da coluna no processo embrionário se dá durante a somitogênese e a etiologia congênita deve-se a um defeito na formação do osso, falha na segmentação óssea ou ambas durante este processo, podendo realizado de maneira conservadora, utilizando medicamentos, ou cirúrgico, tendo sua eficácia variando de acordo com a técnica empregada, grau e localização da lesão.3 Material e Métodos: Foi atendido um filhote de lhama (Lama glama), macho, aproximadamente 7 kg, com um dia de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 42 | P á g i n a Relato de Caso - 8 Hemivertebrae, kyphosis and scoliosis in a llama (Lama glama) experientes, mantido com a mãe tendo nascido sem complicações durante o parto e em período gestacional normal. Levantou em menos de uma hora e ingeriu o colostro. Durante a inspeção, notou-se curvatura exacerbada da coluna vertebral a nível torácico. À palpação da coluna, verificouse curvatura à esquerda a nível torácico e lombar, os demais sistemas sem selecionar (e não vender) indivíduos que exibam traços indesejáveis. alterações no exame físico. Com sete dias de vida o animal foi levado ao Hospital Veterinário da UFPR para exames complementares. Para melhor avaliação de esqueleto axial, foi realizada radiografia simples nas projeções laterolateral em regiões cervical, torácica, lombar e sacral e ventrodorsal cervical, torácica, abdominal e lombar Sangue foi coletado para hemograma e bioquímicos, os quais estavam dentro dos padrões estabelecidos.1 Resultados e Discussão: A radiografia de coluna torácica do animal apresentou severo desvio e perda de alinhamento do eixo ósseo, a partir de T5 até L3, com peças distais torácicas e proximais lombares apresentando inclinação oblíqua lateral esquerda. que estão dispostos a Referências Bibliográficas: 1) Fowler ME. Congenital/hereditary conditions. In: Fowler ME. Medicine and surgery of south american camelids. 2nd ed. Iowa State University Press, Ames; 1998. P525-558. 2) Rush BR. Developmental vertebral anomalies in: Auer JA, Stick JA. Equine Surgery. 4th ed. St. Louis, Missouri: Elsevier Saunders; 2012. p 693-699. 3) Debnath UK, Goel V, Harshavardhana N, Webb JK. Congenital scoliosis – Quo vadis? Indian J Orthop. 2010; 44(2):137– 147. 4) Vaughan JL, Lonsdale RA, Jackson G, Ryan DP. Congenital caudal vertebra, malformations in the alpaca (Lama pacos). Aust Vet J. 2000; 78(6):412-5. 5) Stieger-Vanegas SM, Garret R, McKenzie EC, Löhrb CV. Vertebral fractures in two alpaca crias with rickets syndrome. Aust Vet J 2013;91:437–440. 6) Leipold HW, Hiraga T, Johnson LW. Vet Clin North Am Food Anim Pract. 1994;10(2):401-20. Conclusões: Quando defeitos congênitos são passíveis de herdabilidade, animais afetados devem ser removidos como reprodutores, evitando assim perdas financeiras dos proprietários e visando qualidade de vida animal. Técnicas de inbreeding devem ser praticadas somente por pessoas altamente habilidosas e Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 43 | P á g i n a Relato de Caso - 8 vida para avaliação inicial. O animal era Relato de Caso - 9 Figura 1. Radiografia laterolateral de coluna toracolombar. É possível visualizar desvio dorsal de T5 a L3 (cifose). Perda de tamanho e formato vertebral (hemivertebra, apresentando formato de cunha/triângulo com redução dos espaços intervertebrais em face dorsal (setas vermelhas). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 44 | P á g i n a Relato de Caso - 9 Figura 2. Em projeção ventrodorsal observa-se severo desvio e perda de alinhamento do eixo ósseo com inclinação oblíqua lateral esquerda (“looping”), caracterizando escoliose. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 45 | P á g i n a Uso da propentofilina no tratamento de sequelas por traumatismo cranioencefálico Use of propentofylline in the treatment of traumatic brain injury sequelae in two crab-eating fox Ayisa Rodrigues Oliveira1; Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Mariana Portugal Mattioli1; Juliana dos Santos Batista1 1 Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil Contato: [email protected] Introdução: A propentofilina é um vasodilatador cerebral, derivado da xantina, que exibe vários efeitos no cérebro como a prevenção da desordem metabólica cerebral durante a anóxia e geralmente resulta em isquemia cerebral, edema e hemorragia. A fisiopatologia do TCE pode ser dividida em uma lesão primária, imediata ao evento, e uma lesão cerebral tardia ou secundária. Geralmente melhoria do edema cerebral, reduzindo o dano neural causado após a isquemia.1,2 Há relatos de que a propentofilina estimula a síntese e secreção do fator de crescimento neuronal (NGF),2 proteína importante para o crescimento, manutenção e recuperação dos neurônios, além de funcionar como molécula de sinalização entre as células nervosas.3 É uma droga que já vem o foco do tratamento consiste nas lesões secundárias.4 As sequelas são comuns, podendo se desenvolver horas ou dias após o trauma, e ocorrem pela liberação de mediadores inflamatórios, lesão axonal e hemorragia contínua.4 Podem ser observadas sequelas como ataxia cerebelar ou vestibular, torção da cabeça, hipermetria e convulses.5 O paciente veterinário, independente da espécie é sendo utilizada durante anos na terapia geriátrica do cão para melhorar a hemodinâmica em compartimentos 2 cerebrais e periféricos e recentemente começou a ser empregada em animais com disfunções neurológicas decorrentes de quadros de edema cerebral. O traumatismo cranioencefálico (TCE) altamente susceptível a processos traumáticos. Na clínica de animais silvestres, pacientes com TCE devido a atropelamentos são muito comuns, sendo que nas últimas décadas os atropelamentos passaram a ser mais importantes que a caça como causa humana direta de mortalidade de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 46 | P á g i n a Relato de Caso - 9 em dois cachorros-do-mato terrestres.6 O presente começou a ficar mais ativo e agressivo, trabalho tem como objetivo relatar a utilização da propentofilina e seus resultados em dois cachorros-do-mato (Cerdocyon thous), atropelados e Material e Métodos: O presente estudo foi dividido em dois casos clínicos porém continuava com o torcicolo para o lado esquerdo e, ao começar a deambular, só conseguia andar em círculos para o mesmo lado do torcicolo. Devido à persistência desses sinais foi realizada tomografia computadorizada com resultado sugestivo de encefalite necrotizante, provavelmente por consequência da isquemia causada acompanhados no Hvet/UnB, como segue abaixo: Caso 01: Cachorro-do-mato, 6,2 kg, fêmea, jovem, foi encaminhado ao Hvet/UnB pelo CETAS-DF com suspeita de atropelamento. Ao exame clínico o animal apresentava consciência deprimida, torcicolo para o lado esquerdo, nistagmo bilateral, ruído em trato respiratório superior, luxação da sínfise mandibular, presença de sangue durante o trauma. Iniciou-se tratamento com metronidazol 15 mg/kg oral a cada 12 horas por dez dias, quatro aplicações de penicilina benzatina 40000 UI/kg intramuscular a cada 72 horas e prednisona 0,5 mg/kg oral a cada 48 horas por 15 dias. Após o tratamento o animal reduziu o andar em círculos, mas continuava com o torcicolo, principalmente quando estimulado. Foi coagulado em orelha esquerda e escoriações ao longo do corpo. Foi realizado exame radiográfico e ultrassonográfico para descartar lesões esqueléticas e em órgãos internos. Foi iniciado tratamento para TCE a base de manitol a 20% na dose de 1 g/kg por via intravenosa a cada 12 horas por três dias; dexametasona 1 mg/kg intramuscular a iniciado então tratamento com propentofilina na tentativa de reduzir as sequelas geradas pelo traumatismo. A dose utilizada foi de 4 mg/kg por via oral a cada 12 horas por 60 dias. Os sinais de torcicolo e andar em círculos diminuíram consideravelmente ao longo do tratamento, estando o animal com postura e comportamento normais no fim dos dois meses. Caso 02: Cachorro-do-mato, 5,3 encaminhados ao Hospital Veterinário da UnB (Hvet/UnB) pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres do DF. cada 24 horas por três dias, enrofloxacina 5 mg/kg intramuscular a cada 12 horas por sete dias, vitamina K 1,5 mg/kg intramuscular a cada 24 horas por três dias e fluidoterapia de manutenção intravenosa ou subcutânea durante o período de administração do diurético. Após o tratamento inicial, o animal kg, fêmea, adulta, encaminhado ao Hvet/UnB pelo CETAS-DF com suspeita de atropelamento. No exame clínico havia sangramento em ambas as orelhas com rompimento de tímpano bilateral, redução da propriocepção, nistagmo bilateral, torcicolo para o lado esquerdo e consciência deprimida. Foi realizado Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 47 | P á g i n a Relato de Caso - 9 vertebrados domésticos, existindo a possibilidade de cloreto de sódio a 7,5%, dose de 4 mL/kg, bolus intravenoso lento, a cada 12 horas por três dias; Manitol a 20%, dose de 1 g/kg intravenosa a cada 12 horas por três dias; Fluidoterapia de manutenção por via intravenosa ou subcutânea durante o período de utilização dos medicamentos diuréticos; Meloxicam 0,2 mg/kg intramuscular a cada 24 horas por três extrapolação de protocolos de tratamentos utilizados rotineiramente na clínica de pequenos animais para essas espécies selvagens, em que estudos são particularmente escassos. Em ambos os casos clínicos os cachorros-do-mato apresentaram respostas positivas ao uso da propentofilina na redução das sequelas geradas pelo traumatismo dias; Suplementação com as vitaminas do complexo B, vitamina C e vitamina E; Enrofloxacina 5 mg/kg intramuscular a cada 12 horas por sete dias. Ao final do tratamento o animal retomou a consciência, porém continuava com nistagmo bilateral, que se agravava quando estimulado; dificuldade de marcha com andar em círculos e torcicolo. Foi instituído tratamento com a propentofilina cranioencefálico. A dose utilizada é a mesma descrita para o uso em cães senis, variando de 3 a 5 mg/kg com administração a cada 12 horas por 4 a 6 semanas. A propentofilina é indicada nos casos de isquemia cerebral devido ao seu efeito no sistema nervoso central de melhorar a perfusão e oxigenação do cérebro, reduzir a formação de radicais livres, estimular a produção e secreção do na dose de 4 mg/kg por via oral a cada 12 horas. Nas primeiras 12 horas de tratamento o animal apresentou melhora considerável da capacidade de se manter em estação e andar, da percepção ambiental e do nistagmo bilateral. O quadro geral tem evoluído positivamente desde o início da utilização do medicamento, reduzindo gradativamente o torcicolo e o andar em círculos ao longo fator de crescimento neuronal e aumentar a tolerância dos neurônios à isquemia. A utilização de antibioticoterapia de largo espectro com boa penetração no sistema nervoso central em conjunto ao tratamento do TCE é indicada para evitar infecções bacterianas secundárias ao trauma, principalmente em casos 4 agravados por fraturas. Em um estudo realizado no Laboratório de Patologia do uso. Veterinária da UnB foi verificado que 64% da causa mortis da fauna silvestre atropelada no Distrito Federal são devido a traumatismos, incluindo o trauma cranioencefálico.8 Nos casos de TCE o atendimento pré-hospitalar está diretamente ligado à recuperação do animal. Esse atendimento abrange desde Resultados e Discussão: Muitas são as similaridades anatômicas e fisiológicas dos canídeos silvestres como o cachorrodo-mato (Cerdocyon thous), a raposa-docampo (Lycalopex vetulus) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) com os cães Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 48 | P á g i n a Relato de Caso - 9 tratamento pra TCE com solução de aguardando a possibilidade de retornar à primeiros procedimentos de emergência visando atenuar as lesões secundárias geradas no trauma.4 Na clínica de animais silvestres esta primeira etapa é extremamente prejudicada em animais de vida livre, pois muitas vezes após o trauma o animal demora a ser socorrido e encaminhado a uma equipe especializada, intensificando ainda mais a natureza. probabilidade de instalação de sequelas. Torna-se, portanto, extremamente necessária à formulação de protocolos de identificação e tratamento de TCE nos centros responsáveis pelos atendimentos desses animais, objetivando reduzir ao máximo o retardo no tratamento, potencializando a possibilidade de recuperação total do paciente. O protocolo para TCE utilizado nos dois casos foi suficiente para restaurar a consciência dos animais e possibilitar a alimentação e deambulação sem a necessidade de auxílio. No entanto eles continuaram com algumas sequelas como: torcicolo, andar em círculos e nistagmo. Portanto, em ambos os casos clínicos a utilização da propentofilina foi de grande importância para reestabelecer às funções normais dos animais, garantindo-lhes qualidade de vida. Atualmente o cachorro-do-mato do primeiro caso encontra-se no plantel fixo da Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB), pois durante o tratamento o animal ficou manso, impossibilitando a sua soltura. Já o animal do segundo caso está em recuperação no CETAS-DF, Conclusões: Em ambos os casos clínicos os cachorros-do-mato apresentaram respostas positivas ao uso da propentofilina na redução das sequelas geradas pelo traumatismo cranioencefálico, possibilitando a recuperação total dos animais. Referências Bibliográficas: 1) Bath PMW & Bath-Hextall FJ. Pentoxifylline, propentofylline and pentifylline for acute ischaemic stroke (Review). The Cochrane Collaboration. John Wiley & Sons, Ltd., 2009. 2) Teixeira HO. Síndrome da disfunção cognitiva em cães. Monografia apresentada a Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Faculdade de Veterinária. 2012. 3) Paula TP. Efeitos do bosentan, antagonistas de receptores ETA e ET-B de endotelinas, sobre a expressão do fator de crescimento neural (NGF) em ratos simpatectomizados por 6hidroxidopamina. Dissertação de Mestrado entregue a Universidade Federal de Minas Gerais. 2006. 4) Siqueira EGM, Rahal SC, Vassalo FG, Araújo FAP, Agostinho FS. Trauma cranioencefálico em pequenos animais. Vet e Zootec. Ed 20 (Edição comemorativa). 112-123. 2013. 5) Vianna CG & Arias MVB. Estudo prospectivo de traumatismo cranioencefálico em 32 cães. Ver. Bras. Med. Vet. 35 (1): 93-99. 2013. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 49 | P á g i n a Relato de Caso - 9 o transporte do animal ao hospital até os AD. Achados anatomopatológicos de atropelamento de vertebrados silvestres nas rodovias do entorno da estação ecológica Águas Emendadas, DF, Brasil, e eficácia de medidas mitigadoras. Dissertação de Mestrado entregue a Universidade de Brasília. 2006. 7) Abreu animais silvestres atropelados no Distrito Federal de setembro de 2010 a janeiro de 2011. Monografia apresentada a Universidade de Brasília – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. 2011. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 50 | P á g i n a Relato de Caso - 9 6) Bagatini T. Evolução dos índices de Levantamento das ocorrências clínicas em répteis entre 2006 e 2014 na cidade de São Paulo-SP Helen Cristina Leite1; Débora Galdino Pinto2; Erica Pereira Couto3; Marcelo Pires Nogueira de Carvalho4 1 Universidade Anhembi Morumbi (UAM), São Paulo, SP, Brasil 2 Universidade de Santo Amaro (UNISA), São Paulo, SP, Brasil 3 Consultório de Animais Silvestres (TUKAN), São Paulo, SP, Brasil 4 Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: O Brasil tem a herpetofauna mais rica da América Latina, mas a dos animais. Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo maioria das informações sobre répteis ainda é escassa. Atualmente existem cerca de 784 táxons no Brasil,1 porém a prática do comércio ilegal e predatório da fauna silvestre ameaçam as espécies pertencentes a esta classe. O interesse das pessoas em manter animais silvestres como animais de estimação faz com que a cada dia aumente o número destes animais no atendimento clínico retrospectivo dos casos clínicos de répteis atendidos na clínica veterinária na região metropolitana de São Paulo no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2014. veterinário. Nos Estados Unidos, os répteis são os animais de companhia mais procurados, ficando em terceiro lugar no segmento da indústria pet.2 Sabe-se que a saúde de um réptil cativo está diretamente relacionada ao manejo ao qual é submetido3 e neste contexto são muitos os problemas ligados a saúde Material e Métodos: O levantamento de casos foi realizado através da análise das fichas clínicas dos répteis atendidos na clínica na região metropolitana de São Paulo no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2014, totalizando 221 répteis, compreendendo as espécies Chelonoidis sp (n=162), Trachemys sp (n=49), Iguana iguana (n=8), Elaphe gutta (n=1) e Boa constrictor (n=1). Resultados e Discussão: As queixas e diagnósticos obtidos entre os 221 casos de répteis atendidos no período de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 51 | P á g i n a Relato de Caso - 10 Clinical survey in pet reptiles between 2006 and 2014 in São Paulo-SP importância do manejo alimentar correto foram (Figura 1): trauma (n=67) (queda – 14 casos, atropelamento – 12 casos, ataque de cão/gato – 21 casos, outras causas – 20 casos), deficiência nutricional (n=36), atendimento preventivo (n=35), alterações respiratórias (n=24), alterações dermatológicas (n=18), prolapso de pênis (n=15), alterações gastrointestinais (n=10), retenção de ovos (n=8), prolapso se faz fundamental, uma vez que o cálcio contribui para o crescimento e parte óssea. Uma vez que a deficiência de nutrientes está ligada à falta de conhecimento do manejo adequado, ofertando-se uma dieta imprópria a espécie,5 consequentemente, podendo desencadear afecções secundárias, como alterações oftalmológicas (blefaroedema, de oviduto (n=5) e alterações oftalmológicas (n=3). A saúde do réptil cativo está diretamente relacionada com o modo em que é criado.3 A criação de répteis em cativeiro tem permitido a identificação de uma série de problemas, em grande parte, decorrentes de condições de manejo inadequadas.4 A enfermidade mais frequente encontrada neste levantamento foi o trauma um sinal clínico da hipovitaminose A) e retenção de ovos, que pode apresentar fatores coadjuvantes como o ambiente e temperatura desfavoráveis, assim como nas afecções respiratórias.7 Em cativeiro, é possível que os animais possam desenvolver alguma alteração nutricional devido a erros de manejo. Portanto, é indicada a busca por profissionais especializados para profilaxia e correções relacionado a quedas, atropelamentos e ataques por outros animais (principalmente cães), em decorrência a recintos inapropriados e do convívio direto com animais domésticos. Seguidamente aos traumas está a deficiência nutricional, a hipocalcemia e o hiperparatireoidismo secundário são os distúrbios nutricionais de maior ocorrência em quelônios e iguanas, quando estes são mantidos de manejo, possibilitando que sejam feitas as adequações necessárias para melhor qualidade de vida dos animais. como animais de estimação,5 doenças osteometabólicas como estas apresentam, de forma geral, sinais clínicos como: anorexia, paraplegia, fragilidade e flexibilidade dos ossos longos, sendo também, evidentes fraturas, que podem ser identificadas por meio de um exame radiográfico.6 A Conclusões: A principal condição clínica identificada nos répteis atendidos no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2014 foi o traumatismo. Entre as ocorrências nos atendimentos clínicos vale ressaltar que a maioria delas estava relacionada com problemas advindos da desinformação dos proprietários sobre biologia e o manejo das espécies envolvidas, o que gera a indicação de um trabalho de conscientização dos mesmos para se visar uma qualidade de vida e bem estar desses animais. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 52 | P á g i n a Relato de Caso - 10 fevereiro de 2006 a fevereiro de 2014 Referências Bibliográficas: 1) Bérnils RS, Costa, HC (org.). Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2012.1. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/. Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acessada em 28/07/14. 2012. 2) Salvador TR. Estudo bacteriológico de répteis com peumonia e/ou estomatite e correlações veterinária, v.16, n.95, p. 73-76. Jan/Fev 1997. 5) Paranzini CS, Teixeira VN, Trapp SM. Principais distúrbios nutricionais encontrados em répteis cativos – Universidade Norte do Paraná, 2008. 6) Ullrey DE, Bernard JB. Vitamin D: Metabolism, Sources, Unique Problems in Zoo Animals, Meeting Needs FOWLER, ME.; MILLER, E. Cáp 11, p. 63-78, 4 ed., microbiológicas entre as infecções, Revista Científica MEDVEP v.7, n.20, p. 70-74 2009. 3) Mader DR. Abscesses. In: Reptile Medicine and Surgery. 2. ed. Florida: Marathon, p. 715 – 721. 2006. 4) Marques EJ, Monteiro EL. Perspectivas 1998. 7) Matias CAR, Romão MAP, Tortelly R, Bruno SF. Aspectos fisiopatológicos da retenção de ovos em Jabutipiranga (Geochelone carbonaria Spix, 1824) Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.5, p.1494-1500, set-out, 2006. Figura 1. Afecções clínicas apresentadas pelos pacientes no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2014. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 53 | P á g i n a Relato de Caso - 10 da criação de jacaré em cativeiro. A hora Abordagem terapêutica no trauma cranioencefálico realizada em duas espécies de tamanduá Ayisa Rodrigues Oliveira1; Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Mariana Portugal Mattioli1; Thiago Borinelli de Aquino Moura1; João Ricardo Bielefeld Nardotto2 1 Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil 2 Scan Medicina Veterinária Diagnóstica (SCAN), Brasil Contato: [email protected] Introdução: O trauma cranioencefálico (TCE) é frequente na rotina da clínica veterinária, geralmente é decorrente de atropelamentos ou agressões e é a causa mais importante de óbito nos traumas.1,2,3 traumatizado pode apresentar-se com sonolência, confusão, agitação ou inconsciência de curta ou longa duração. O tratamento deve seguir inicialmente o protocolo ABC, para estabilização do O extravasamento vascular decorrente do trauma gera edema vasogênico, hipóxia celular e acúmulo de líquidos culminando em edema citotóxico. A formação do edema cerebral leva ao aumento da pressão intracraniana (PIC), reduzindo a pressão de perfusão cerebral e 1 exacerbando a hipóxia celular. As alterações sistêmicas à lesão cerebral paciente, e posteriormente a terapêutica médica específica.2 Os traumatismos são frequentemente observados em animais silvestres, tanto nos de vida livre, quanto nos criados em cativeiro.4 Dentre as principais desordens clínicas registradas em tamanduás-mirins (Tamandua tetradactyla) e tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) destacam-se são hipotensão ou hipertensão, hipóxia, hipo ou hiperglicemia, hipo ou hipercapnia e hipertermia, variando conforme a gravidade do trauma. Além disso, o aumento da PIC pode causar deslocamentos ou hérnias cerebrais, que na maior parte das situações, têm-se o óbito como desfecho principal. O paciente as lesões oriundas de traumas, sendo a incidência de 15,5% dos casos 5 diagnosticados. Os tamanduás estão incluídos na família MYRMECOPHAGIDAE, todos são insetívoros, têm hábitos de vida predominantemente crepuscular a noturno e possuem baixa taxa 6 metabólica. O presente trabalho objetiva- Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 54 | P á g i n a Relato de Caso - 11 Therapeutic approach in traumatic brain injury performed in two species of anteaters partir cranioencefálico por atropelamento, em duas espécies de tamanduá, e suas respectivas respostas ao tratamento estipulado. Material e Métodos: O presente estudo foi dividido em dois casos clínicos, acompanhados no Hospital Veterinário da UnB (Hvet/UnB) e na Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB), como segue protocolo para tratamento de TCE descrito abaixo: 1. Solução hipersaturada 7,5% de NaCl: dose de 4 mL/kg; bolus intravenoso lento; a cada 12 horas por no máximo três dias; 2. Manitol 20%: dose de 1 g/kg; administração em 20 minutos por via intravenosa; a cada 12 horas por no máximo três dias; 3. Fluidoterapia de manutenção: 30 mL/kg de ringer com abaixo, respectivamente: Caso 01: Tamanduá mirim, 2,8 kg, fêmea, jovem, foi encaminhado ao Hvet/UnB pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres do Distrito Federal (CETAS-DF) com suspeita de atropelamento, pois o animal havia sido encontrado no acostamento de uma rodovia apresentando sutil incoordenação motora. Ao exame físico o animal estava ativo e com postura lactato divididos em dois períodos de administração por via intravenosa ou subcutânea, durante o período de utilização dos medicamentos diuréticos; 4. Posicionamento da cabeça e tórax com inclinação de 15-30 graus; 5. Antiinflamatório não esteroidal: ex: meloxicam ou cetoprofeno; 6. Protetor gástrico: ex: ranitidina ou omeprazol; 7. Suplementação com as vitaminas do agressiva, porém com os reflexos dos membros pélvicos reduzidos. Foi realizado exame radiográfico e nenhuma alteração foi observada. Suspeitou-se inicialmente de compressão medular. Iniciou-se tratamento com antiinflamatório esteroidal e analgésicos opióides, porém o quadro neurológico continuou se agravando, levando o animal complexo B, vitamina C e vitamina E; 8. Antibioticoterapia de amplo espectro e com penetração em sistema nervoso central. Após os três dias de tratamento o tamanduá já estava reativo ao ambiente e retornando lentamente as suas funções motoras. Os reflexos de dor superficial dos membros pélvicos retornaram, porém ainda não havia reflexo de retirada do membro, nem deambulação normal. Após a um estado de sonolência com pouca resposta a estímulos externos, além de paralisia dos membros pélvicos e dificuldade em urinar espontaneamente. Devido a suspeita de TCE o tamanduá foi submetido a um exame de tomografia computadorizada, sendo o resultado sugestivo de edema cerebral intenso. A do diagnóstico, foi iniciado o quatro meses de tratamento com acupuntura e fisioterapia o animal retornou às suas funções motoras, conseguindo andar e escalar normalmente, sendo encaminhado para um criatório conservacionista. Caso 02: Tamanduá bandeira, 14 kg, macho, jovem, foi encaminhado para a FJZB pelo Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 55 | P á g i n a Relato de Caso - 11 se descrever dois casos de traumatismo encaminhado para soltura. sob suspeita de ter sido atropelado numa rodovia do estado. O animal apresentava escoriações em membro pélvico esquerdo e na orelha do mesmo antímero, além de sonolência e prostração indicando depressão no sistema nervoso central. Foi realizado exame neurológico, identificando sensibilidade normal à dor profunda e superficial em todos os Resultados e Discussão: O protocolo utilizado para a redução do edema cerebral, normalização da PIC e mitigação das lesões cerebrais secundárias à isquemia no sistema nervoso central foram eficazes em ambos os indivíduos estudados. No primeiro caso, o tratamento começou tardiamente, principalmente devido à dificuldade em membros e na face, redução da propriocepção do membro torácico direito e consciência diminuída. Devido aos sinais clínicos compatíveis com TCE e consequente edema cerebral foi dado início ao mesmo tratamento descrito no caso anterior. No dia seguinte o animal já conseguia caminhar pelo recinto, porém com leve ataxia e andar em círculos para esquerda. Para dar continuidade ao estabelecer um diagnóstico correto pela falta de histórico na admissão do animal. O tratamento tardio pode ter sido um fator diferencial no tempo de recuperação do tamanduá-mirim, que foi mais prolongado que o do tamanduá-bandeira. Outros fatores influenciam a gravidade do quadro e prognóstico após o trauma, como o local da lesão no sistema nervoso e a presença de lesões concomitantes em tratamento o animal era sedado com 0,14 mg/kg de midazolam 5 mg/mL intramuscular no momento das medicações e mantido canulado para facilitar as posteriores contenções, reduzindo os momentos de estresse. Como estava conseguindo se alimentar sozinho não era necessária a administração de todo o volume da fluidoterapia de manutenção, sendo esta outros sistemas orgânicos.3 Mediante escassez de referencial teórico específico para animais silvestres, o protocolo utilizado foi baseado em evidências em pequenos animais. Tanto a solução hipertônica de cloreto de sódio a 7,5%, quanto o manitol a 20%, possuem a função de drenar o fluido do espaço intersticial e intracelular para o espaço utilizada apenas como via de administração dos medicamentos intravenosos. Após cinco dias desde o início do tratamento o animal já estava ativo, em postura de ataque quando estimulado e deambulando normalmente. Após quarenta dias de observação o animal manteve-se estável e foi intravascular, promovendo o aumento da pressão hidrostática capilar, elevação da pressão pré-carga e, consequente diminuição da PIC.2 As doses empregadas basearam-se em referenciais da espécie canina e felina, sem extrapolação alométrica. A inclinação da cabeça de 30 a 45 graus auxilia na Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 56 | P á g i n a Relato de Caso - 11 batalhão da polícia ambiental (BPMA-DF) da PIC.2 Para evitar cada 12 horas nas doses de 5 mg/kg para desidratação, foi realizada fluidoterapia de manutenção de 30 mL/kg de ringer com lactato, sendo o volume total dividido em duas administrações no dia. Parte do volume era feito por via intravenosa e parte por via subcutânea quando o acesso venoso não estava presente. A hipotensão arterial, hiperglicemia, subnutrição, garrote jugular e o uso de o tamanduá-mirim e de 3 mg/kg para o tamanduá-bandeira, doses obtidas por extrapolação alométrica da dose de 5 mg/kg para cão adulto. É também recomendada a utilização de antiiflamatórios não esteroidais para auxiliar na redução da inflamação e da dor.7 Em ambos os casos foi utilizado o meloxicam intramuscular a cada 24 horas glicocorticoides devem ser evitados.2 No caso do tamanduá-mirim a utilização de glicocorticoides inicialmente para o tratamento da compressão medular pode ter prejudicado ainda mais a recuperação do animal e intensificado as lesões cerebrais. Em casos de TCE os glicocorticoides são contraindicados devido ao aumento da incidência de mortalidade após seu uso. Além de serem nas doses de 0,2 mg/kg para o tamanduámirim e de 0,1 mg/kg para o tamanduábandeira, doses obtidas por extrapolação alométrica da dose de 0,2 mg/kg em cães adultos. E para evitar lesões gástricas causadas por estresse e pelas 7 medicações anti-inflamatórias foi realizado ranitidina intramuscular a cada 12 horas na dose de 2 mg/kg para o tamanduá-mirim e de 1 mg/kg para o associados com aumento dos riscos de infecção, imunossupressão, hiperglicemia e outras significantes alterações 2,3 metabólicas. O excesso de glicose no sistema nervoso central pode aumentar a lesão isquêmica,2 sendo necessário o acompanhamento da glicemia durante o tratamento. Para evitar a desnutrição ambos os animais eram alimentados com dieta hipercalórica através de sonda oro- tamanduá-bandeira, dose obtidas por extrapolação alométrica da dose de 2 mg/kg em cães adultos. gástrica, três vezes ao dia, até voltarem a se alimentar sozinhos. Como profilaxia de infecções bacterianas, sobretudo em casos de fratura, é indicada a administração de antibióticos de largo espectro de ação e com boa penetração no SNC.2 Nos casos acompanhados foi utilizado enrofloxacina intramuscular a Conclusões: O protocolo de tratamento de TCE utilizado foi eficaz em ambos os indivíduos estudados. Porém, o tamanduá-mirim teve uma recuperação mais prolongada que o tamanduá bandeira, a utilização de glicocorticóides no início do quadro clínico e a demora em iniciar o tratamento específico para o TCE podem ter contribuído para o tempo maior de recuperação. Referências Bibliográficas: 1) Vianna, CG e Arias, MVB. Traumatismo cranioencefálico em um gato e 28 cães Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 57 | P á g i n a Relato de Caso - 11 redução atendidos no Hospital Veterinário da Relato de Caso - 11 Universidade Estadual de Londrina. Anais do XIX EAIC. UNICENTRO. GuarapuavaPR. 2010. 2) Siqueira, EGM; Rahal, SC; Vassalo, FG; Araújo, FAP; Agostinho, FS. 2013. Trauma cranioencefálico em pequenos animais. Vet e Zootec. Ed 20 (Edição comemorativa). 112-123. 3) Vianna, CG e Arias, MVB. 2013. Estudo prospectivo de traumatismo cranioencefálico em 32 cães. Ver. Bras. Med. Vet. 35 (1): 93-99. 4) Oliveira, R; Moura, LR; Passos, RFB; Souza, MCA; Olinda, RG; Batista, JS; Silva, TMF; Orpinelli, SRT. 2012. Osteossítese de rádio e ulna em tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla) – Relato de Caso. Acta Veterinaria Brasilica, v.6, n.1, p.56-60. 5) Diniz, LSM, Costa, EO, Oliveira, PMA. 1995. Clinical disorders observed in anteaters (Myrmecophagidae, Edentata) in captivity. Veterinary Research Communication. 19(5):409-415. 6) Miranda, F e Costa, AM. Capítulo 26. Xenarthra (Tamanduá, Tatu, Preguiça). In: Cubas, ZS; Silva, JCR; Catão-Dias JL. Tratado de Animais Selvagens Medicina Veterinária. 2007. Editora Roca Ltda. Pp: 402-414. 7) Neves, IV; Tudury, EA; Costa, RC. 2010. Medical treatment of neurologic diseases of dogs and cats. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 3, p. 745-766. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 58 | P á g i n a Redução de luxação coxofemoral traumática em papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) Nathalia Sant`Anna1; Marcelo Roscamp1; Felipe Carramaschi de Alagão Querido1 1 Médicos veterinários autônomos, Piracicaba, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Com o avanço das técnicas de anestesia e cirurgia em medicina veterinária, a ortopedia em aves tornou-se uma realidade no Brasil, e mostra-se uma área promissora. Tendo em vista que na clínica aviária uma grande porcentagem dos atendimentos dizem respeito às grau de atividade, as necessidades funcionais do membro afetado, o tipo de lesão são fatores que devem ser considerados durante a escolha do método de fixação ortopédica.2 Embora haja vários estudos e revisões sobre o tratamento de fraturas, há pouca fraturas, as luxações são pouco frequentes. A baixa prevalência de luxações pode ser justificada pela pneumatização dos ossos somada à presença de ligamentos bastante 1 desenvolvidos nas articulações. Dentre as luxações observadas em aves, a coxofemoral é uma das menos frequentes, provavelmente pela presença de características anatômicas que informação disponível para o tratamento de luxações em aves e atualmente não há estudos que salientam as vantagens e desvantagens de cada técnica de tratamento.3 Dessa maneira, o objetivo desse trabalho foi descrever um caso de luxação coxofemoral traumática em um papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) reforçam a inserção da cabeça femoral no acetábulo, como o antitrocânter que se articula com o colo e o trocânter do fêmur; além disso, há um acetábulo profundo e presença dos ligamentos pubofemoral, iliofemoral e redondo que possivelmente dificultam as luxações nessa região.1 As características biológicas da ave, seu ligamento redondo por abordagem medial a articulação coxofemoral. reduzida, logo após a lesão, por uma técnica adaptada de substituição do Material e Métodos: Um exemplar de papagaio-verdadeiro, de sexo indefinido, 9 anos de idade, apresentando 340g de massa corporal foi atendido em critério de emergência. O animal acidentou-se Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 59 | P á g i n a Relato de Caso - 12 Management of a parrot (Amazona aestiva) with traumatic hip luxation de uma betoneira, onde se pino de Kirschner e fixada a um fio de encontrava no momento em que essa foi posta em funcionamento. Ao exame clínico o animal apresentou-se prostrado, com várias escoriações e hematomas na região dos membros pélvicos, do abdômen e próximo à cloaca. Na auscultação foram observados estertores respiratórios. O membro pélvico direito apresentava rotação lateral e uma nylon 1 com uma laçada, obtendo-se um fio duplo. O pino foi inserido com auxílio de uma pinça Halsted na perfuração que há no centro da fossa acetabular das aves e os fios foram tracionados de modo que o pino girasse e ficasse em contato com a parede acetabular medial. O fêmur foi perfurado com um pino de 1 mm, a partir da fóvea, passando-se pelo colo extensa solução de continuidade, com exposição muscular. O animal foi submetido à contenção química sendo utilizado a associação de cetamina (10 mg/kg, IM) + midazolan (0,5 mg/kg, IM)4 para realização de exame radiográfico na posição ventro-dorsal (decúbito dorsal) e posterior avaliação ortopédica. A partir do exame das imagens radiográficas, verificou-se a existência da luxação femoral até abaixo do trocânter maior na face lateral da coxa. Nessa região a exposição da face lateral do fêmur foi realizada por afastamento limitado da musculatura, e com auxílio de uma agulha 30x10 como guia e os fios foram passados da cabeça femoral para a face lateral. A redução da luxação foi realizada da seguinte forma: primeiramente girando-se o membro externamente, craniodorsal da articulação coxofemoral direita (Figura 1). Como tratamento, optamos pela adaptação da técnica de substituição do ligamento redondo, utilizada no tratamento da luxação do quadril em cães e gatos.6,7 O animal foi mantido sob anestesia inalatória com isofluorano através de máscara facial. Após atingir plano anestésico, foi realizada a remoção das penas das áreas enquanto a tração era aplicada caudalmente, posicionando a cabeça femoral sobre o acetábulo; em seguida, o membro foi girado internamente para assentar a cabeça no interior do acetábulo. Os fios foram passados através de um botão de polipropileno, aplicou-se tensão e o nó foi cerrado. A síntese da cápsula articular foi realizada com ácido poliglicólico 4-0 em padrão de acometidas e posterior limpeza e antisepsia. O acesso cirúrgico foi realizado ventralmente à articulação do quadril, já que havia uma grande solução de continuidade nessa região e pela facilidade de exposição do acetábulo e da cabeça femoral por essa via. Uma cavilha foi fabricada a partir de um fragmento de sutura simples interrompido e a aproximação da pele foi efetuada com nylon 3-0 no mesmo padrão. Novas radiografias foram realizadas para confirmar a redução da luxação e o posicionamento da cavilha no interior da pelve (Figura 2). Ao final do procedimento administrou-se fluidoterapia por via Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 60 | P á g i n a Relato de Caso - 12 dentro Obteve-se êxito quanto à estabilidade da (50 ml/kg), enrofloxacina 2,5% (15 mg/kg, SC) cetoprofeno 1% (1 mg/kg, IM).4 O animal foi mantido em local aquecido para sua recuperação anestésica. articulação e mobilidade da mesma. Após 2 horas do procedimento cirúrgico o animal apresentava-se acordado e em estação. Entretanto após 6 horas o animal veio a óbito. A necropsia da ave foi solicitada, porém não foi concedida pelo proprietário. Resultados e Discussão: Luxações coxofemorais são geralmente o resultado de tração e trauma rotacional, tal como ocorre quando a perna está presa, a maioria das luxações são craniodorsais embora a luxação cranioventral também possa ocorrer.5 O tratamento precoce das luxações em aves é crucial para minimizar a formação de fibrose periarticular, que em torno de três dias impossibilita a redução e predispõe a anquilose.5 Como formas de tratamento, Bennett5 cita: a redução fechada, talas, suturas periarticulares, pino transarticular e exérese de cabeça e colo femoral. O autor recomenda a redução cirúrgica e estabilização como método de escolha ideal, normalmente por uma abordagem craniolateral à articulação coxofemoral. O fato de que não era necessária a perfuração na fossa acetabular facilitou a inserção da cavilha na mesma e por esse motivo optou-se pela execução de uma técnica pouco utilizada em aves. Devido à ocorrência de colo femural estreito e à menor densidade óssea apresentada nas aves, o emprego da técnica foi realizado com cautela. Nesse tipo de procedimento, é necessário ter cuidado com a inserção muito profunda dos implantes a fim de evitar a penetração no rim resultando em excessiva hemorragia intracelomática.5 Conclusões: O conhecimento e adaptação de novas técnicas cirúrgicas ortopédicas à rotina do atendimento de animais silvestres é de extrema importância visto o aumento da casuística de traumatismo em aves mantidas como pets não convencionais. Com base nas avaliações transoperatória e radiográfica pós-operatória imediata, concluímos que a técnica de substituição do ligamento redondo é eficaz e factível em aves com luxação coxofemoral. Referências Bibliográficas: 1) Arnault, LS. Estudo radiográfico das afecções do sistema esquelético em aves, 121 f. Dissertação (Mestrado em Clínica Cirúrgica Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo USP, 2006. 2) Bolson, J; Schossler, JEW. Osteossíntese em Aves – Revisão de literatura. Arq. Ciênc. Vet. Zool. Unipar, Umuarama, v.11, n. 1, p. 55-62, jan./jun. 2008. 3) Azmanis, PN, Wernick, MB, Hatt, JM. 2014. Avian luxations: occurrence, diagnosis and treatment. Veterinary Quarterly. 34 (1), p. 11-21. 4) Carpenter, JM, Mashima, TY, Rupiper, DJ, Exotic Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 61 | P á g i n a Relato de Caso - 12 subcutânea com solução fisiológica 0,9% Luxações femorais, p. 1095-1101. In USA. Greystone Publications, 1996, p. 91179. 5) Bennett, RA. Management of joint luxations in birds. USA Western Veterinary Conference, 2013. Lauderdale Veterinary Specialists – USA – EX32. 6) Johnson, AL e Hulse, DA. 2002. Artropatias – Articulação Coxofemoral, Fossum, TW et al. 2002. Cirurgia de Pequenos Animais. 2ªed. Editora Roca Ltda, São Paulo-SP, Brasil. 7) Denny, HR e Butterworth, SJ. 2006. Cirurgia Ortopédica em Cães e Gatos. 4ª Ed. Editora Roca Ltda, São Paulo-SP, Brasil. P. 353-362. Figura 1. Imagem radiográfica na projeção ventrodorsal de luxação coxofemoral direita em um Papagaio-verdadeiro. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 62 | P á g i n a Relato de Caso - 12 Animal Formulary. 1th Ed. Manhattan, Relato de Caso - 12 Figura 2. Imagem radiográfica na projeção ventrodorsal, do pós-operatório imediato, demonstrando o correto posicionamento da cavilha e satisfatória redução da luxação coxofemoral direita em Papagaio-verdadeiro. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 63 | P á g i n a Amputação de cauda em lagarto ocelado (Timon lepidus) Bruna Gois Santos1; Thaís Melquíades de Lima2; Fernando González González3; Carolina Juares Virgílio Pereira1 1 Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE), Santos, SP, Brasil 2 Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), PE, Brasil 3 Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat (GREFA), Madrid, Espanha Contato: [email protected] Introdução: O lagarto ocelado é uma espécie adaptada ao clima mediterrâneo e está distribuído na Espanha, Portugal, sul e oeste da França, noroeste da Itália e objetivo deste trabalho foi relatar uma cirurgia de amputação de cauda em um lagarto, bem como os protocolos anestésicos e analgésicos instituídos. norte da África Ocidental.1 Os machos são maiores que as fêmeas, apresentam o tamanho total do corpo entre 40 e 60 cm. Esta espécie é conhecida por viver 10 a 11 anos em vida livre.2 Ele se mostra com alta fidelidade a um refúgio específico. Em muitas regiões foi observado declínio em suas populações, registrado devido à perda de habitat1 e perseguição humana. O lagarto ocelado Material e Métodos: Um lagarto ocelado, macho, com idade indeterminada, 150 gramas, foi encontrado nas adjacências do centro de recuperação GREFA (Grupo de Resgate de Fauna Salvaje y Autóctona), em Majadahonda, Madrid. Apresentava condição corpórea boa, todavia notou-se que o lagarto possuía uma autotomia antiga em processo de necrose. Foi instituído o protocolo agora está classificado como Quase Ameaçado (NT) na Lista Vermelha Européia de Répteis.3 Faz-se necessário o relato da prática diária dos centros de conservação no Brasil e no mundo, para que os protocolos básicos de cirurgia e tratamento em répteis sejam estabelecidos com maior segurança. O medicamentoso com buprenorfina 0,02 mg/kg IM e ceftazidima 20 mg/kg IM,4 limpeza da ferida com solução fisiológica 0,9% e clorexidine, além da pomada a base de sulfadiazina de prata. No dia seguinte, optou-se pela amputação da cauda. O protocolo pré-anestésico utilizado foi morfina 3 mg/kg IM.4 A Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 64 | P á g i n a Relato de Caso - 13 Amputation of tail in ocellated lizard (Timon lepidus) vascularização - apropriado para realizar mg/kg IM, por extrapolação alométrica. A alfaxalona vem sendo muito usada nas cirurgia de répteis, todavia ainda possui grande variação em dose. A anestesia inalatória, através da máscara com isofluorano, também foi usada em conjunto a alfaxalona para indução e manutenção da anestesia, sendo administrada na concentração alveolar a secção, ocorrendo um menor sangramento. As bordas cirúrgicas devem ser aproximadas corretamente para que ocorra o crescimento da cauda, porém esta não será igual a original, mas manterá sua funcionalidade.5 Neste procedimento cirúrgico relatado, devido a inviabilidade ocasionada pelo tipo de lesão, optou-se pela bolsa de tabaco, mínima (CAM) variando entre 2 e 2,5. O animal foi posicionado em decúbito esternal, em posição anatômica (Figura 1). No início da cirurgia, a frequência cardíaca se manteve em 80 bpm e a frequência respiratória variava entre 30 e 32 mpm, após 20 minutos a mesma encontrava-se em 20 mpm. Devido à diminuição dos batimentos cardíacos optou-se por superficializar a anestesia, diferindo da literatura, o que poderá interferir num possível crescimento da cauda futuramente. Quanto ao protocolo de analgesia optou-se pelo uso dos opióides como a morfina e a buprenorfina que se mostraram eficazes, porém na literatura o uso dos mesmos todavia está em estudo nestas espécies. O conceito de analgesia preventiva busca evitar a sensibilização da cadeia da dor nas fases passando para uma CAM a 1. A incisão foi realizada entre as escamas mais craniais à lesão necrótica da cauda, após incisão a sutura utilizada foi a técnica de “bolsa de tabaco”, com fio absorvível sintético 4.0. O protocolo pós-operatório foi a aplicação de morfina a cada 48h e a cada 72h foi feita antibioticoterapia com ceftazidima 20 mg/kg IM durante 15 dias e meloxicam 0,2 mg/kg IM durante 7 dias. pré, trans e pós-anestésica. E os opióides agem modulando a nocicepção na periferia, medula e em áreas supraespinhais do sistema nervoso central. No entanto, devido ao fato dos répteis possuírem um sistema nervoso central primitivo, a ação antinociceptiva em répteis ainda está sendo estudada.6 Embora o butorfanol - um opióide com maior afinidade aos receptores Kappa Após sete dias, o tecido apresentava-se em processo cicatricial e sem presença de qualquer tipo secreção (Figura 2). seja o mais usado em répteis, a morfina pode ser uma escolha mais apropriada, devido a predominância de receptores Mi nesses animais. A morfina pode fornecer antinocepção em algumas espécies de répteis por um período de 24 horas.6 Em relação ao indutor anestésico utilizado, a eleição da alfaxalona foi eficiente em Resultados e Discussão: A amputação de cauda quando necessária é realizada na porção distal e no ponto de menor resistência tecidual, onde há menos Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 65 | P á g i n a Relato de Caso - 13 indução foi feita com o uso alfaxalona 7,5 com a anestesia inalatória Referências Bibliográficas: 1) Grillet P, (isoflurano), promovendo sedação suficiente durante todo o período transcirúrgico, de cerca de 25 minutos. Há estudos que confirmam a combinação dos dois fármacos, podendo assim ser eficaz nessas cirurgias de curto período.7 A dose recomendada em literatura é de 15 mg/kg,4 todavia optou-se por reduzir à metade sua administração para o lagarto Cheylan M, Dusoulier F. Evolution des habitats et changement climatique: quellesconse´quences pour les populations de le´zard ocelle´, Lacerta lepida (Saurien, Lacertide´s), en limite nord de re´partition? Ecole Mediterraine; 2006. 2) Cheylan M: Croissance et de´termination de l’aˆge chez le le´zard ocelle´ (groupe Lacerta lepida, Sauria, ocelado, uma vez que o metabolismo desses animais é baixo e a cirurgia seria em um curto período de tempo. Lacertidae) de France et du Maroc a` partir de la squelettochronologie. Bull Museum History Natural Marseille; 1984. 3) Martín, J, López. P. The effect of Mediterranean dehesa management on lizard distribution and conservation. Biological Conservation; 2002. 4) Carpenter, JW. Formulário de animais exóticos. 3. ed. São Paulo: MedVet, 2010. 5) Miller, EM. in: Fowler M. & Cubas SZ. Conclusões: A utilização da sutura em "bolsa de tabaco" apresentou cicatrização adequada da área excisada. O protocolo anestésico indicado para a cirurgia foi efetivo, uma vez que a combinação da morfina na pré-medicação com a alfaxalona e isoflurano na manutenção possibilitou inclusive diminuição na concentração alveolar mínima do anestésico inalatório, sendo reduzida para 1 durante a cirurgia, em virtude da profundidade do plano anestésico, observada através da redução na frequência cardíaca e respiratória. O retorno do paciente após o período de sedação também ocorreu sem possíveis efeitos colaterais. Biology, medicine, and surgery of south american wild animals. Iowa State University Press; 2001. 6) Sladky, KK; Kinney, MM; Johnson S M. Analgesic efficacy of butorphanol and morphine in bearded dragons and snakes. Journal of american veterinary association, Chicago. v2; 2009. 7) Maddern K, Adams VJ, Hill NAT, Leece: Alfaxalone induction dose following administration of medetomidine and butorphanol in the dog. Vet Anestesy and Analgesy; 2010. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 66 | P á g i n a Relato de Caso - 13 conjunto Relato de Caso - 13 Figura 1. Imagem de lagarto ocelado (Timon lepidus) posicionado em decúbito esternal, para anestesia inalatória. Figura 2. Imagem de lagarto ocelado (Timon lepidus) após sete dias da amputação da cauda. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 67 | P á g i n a Tratamento de epilepsia idiopática generalizada em Porquinho da Índia (Cavia porcellus) Mariana Portugal Mattioli1; Ayisa Rodrigues Oliveira1; Fernanda Mara Aragao Macedo Pereira1 1 Universidade de Brasília (UNB), Brasil Contato: [email protected] Introdução: A epilepsia é uma doença que afeta o Sistema Nervoso Central (SNC) caracterizada por convulsões e alterações temporais recidivantes.1 As crises convulsivas geralmente se compõem de quatro fases: pródromo, de consciência nesse período.2 As convulsões podem ser definidas como generalizadas primárias, focais simples ou focais complexas.1 A epilepsia, de acordo com a International League Against Epilepsy (ILAE), é classificada em alteração comportamental que precede a convulsão em dias ou horas; aura, início da fase convulsiva; ictus ou período ictal, crise convulsiva propriamente dita; e período pós-ictus, comportamento atípico adotado pelo animal imediatamente após a convulsão devido à exaustão cerebral. Alguns exemplos são polifagia, polidipsia, cegueira e poliúria.2,3 As crises epileptiformes podem se apresentar em idiopática, sintomática e sintomática provável.1 A epilepsia idiopática é caracterizada pela presença de crises convulsivas recidivas sem nenhuma lesão em SNC ou sinal neurológico além da convulsão4 acredita-se que a origem seja genética.2 Tendo em vista a escassez de trabalhos científicos abordando o assunto, o trabalho objetivou descrever o tratamento de um animal da espécie Cavia porcellus com epilepsia idiopática. três formas: auto limitantes, episódios convulsivos isolados; cluster, quando há duas ou mais convulsões em um período de 24 horas com recuperação da consciência entre os episódios; ou contínuas, também chamada de Status epilepticus3 onde a convulsão dura mais de 10 minutos sem que haja recuperação Material e Métodos: Porquinho da Índia (Cavia porcellus), fêmea, com 30 dias de vida, pesando 305 gramas, foi atendido no hospital veterinário da Universidade de Brasília (HVet UnB) por apresentar crises convulsivas. As crises se apresentavam Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 68 | P á g i n a Relato de Caso - 14 Treatment of idiopathic generalized epilepsy in Guinea Pig (Cavia porcellus) mg/kg e desmame completo com fim do tanto em estado de alerta quanto em repouso, normalmente após algum estímulo físico ou sonoro, caracterizadas por convulsões mioclônicas generalizadas. O Ictus durava aproximadamente 6 segundos, nesta fase o animal lateralizava a cabeça e contraia os grupos musculares de membros torácicos e pélvicos e pulava em círculos tratamento. se debatendo por toda a gaiola. No pósictus o animal apresentava hiperatividade com polidipsia e polifagia durante aproximadamente 3 minutos. Após a anamnese detalhada, exames físicos, neurológicos e complementares normais e acompanhamento ambulatorial estabeleceu-se que o animal apresentava epilepsia idiopática generalizada mioclônica com crises em cluster. Foi diagnóstico terapêutico. No exame físico pode ser possível determinar se as crises convulsivas tem etiologia intracraniana ou extracraniana. Algumas causas de convulsão detectáveis no exame clínico são traumas cranianos, defeitos congênitos, tumores em SNC e 5 endocrinopatias. Ao exame neurológico, é definido principalmente se o animal apresenta lesão estrutural em encéfalo ou iniciado o tratamento com Fenobarbital, solução oral na concentração de 40 mg/mg, com dose inicial de 5 mg/kg duas vezes ao dia (BID), porém as crises continuaram a se apresentar em cluster com menor frequência, duas a três vezes por dia, a dose foi alterada para 10 mg/kg, com o ajuste da dosagem as crises convulsivas cessaram. O tratamento foi mantido durante quatro meses, mas por se há envolvimento multifocal do SNC, como acontece normalmente em 6 encefalites. O ideal é que os exames físico e neurológico não sejam feitos durante o pródromo, ictus ou pós-ictus, já que nessas fases da convulsão o animal pode apresentar alterações das respostas do SNC2 como depressão, exaustão, hiperatividade, ataxia e cegueira.4 Os ser um filhote foram feitas adaptações mensais após pesagem do animal. Após os quatro meses de tratamento foi iniciado o desmame do medicamento. As doses foram diminuídas a cada dois meses em 20%, 70%, 85% e 100% da dose inicial. As doses ajustadas foram respectivamente, 8 mg/kg, 4 mg/kg, 1,5 Resultados e Discussão: O diagnóstico de epilepsia idiopática generalizada mioclônica foi feito através de extrapolação dos métodos de diagnósticos utilizados para cães e gatos. Para isso foi realizado exame físico e neurológico, exames complementares, anamnese detalhada e finalmente o exames complementares como hemograma e bioquímico, auxiliam a detectar infecções sistêmicas, hepatopatias, insuficiência renal, 2 hipoglicemia e hipocalcemia. Como a anamnese do paciente excluiu qualquer possibilidade de erros de manejo, traumas ou qualquer tipo de intoxicação e Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 69 | P á g i n a Relato de Caso - 14 em clusters (quatro a oito vezes por dia) exames físico, neurológico e 10mg/kg cessou as crises convulsivas e complementares apresentam resultados completamente normais, não foi possível determinar a etiologia das convulsões e, portanto a epilepsia foi classificada como epilepsia idiopática.5 O fato das crises convulsivas do animal serem caracterizadas por contrações múltiplas de grandes grupos musculares, envolvendo todo o corpo e com duração foi utilizada durante os quatro meses de tratamento. O desmame começou após quatro meses de tratamento sem nenhuma crise convulsiva e durou um período de seis meses onde as doses foram diminuídas a cada dois meses em 20%, 70%, 85% e 100% da dose inicial. As doses ajustadas foram respectivamente, 8 mg/kg, 4 mg/kg, 1,5 curta foi compatível com classificação de convulsão generalizada mioclônica, descrita por Berendt, 2004 e Quesnel, 2005. A frequência com que as crises aconteciam, quatro a oito vezes por dia, é definida como cluster (duas ou mais crises no período de 24 horas com recuperação da consciência entre as crises).3 O medicamento de escolha no tratamento do animal foi o fenobarbital, mg/kg e desmame completo com fim do tratamento. O protocolo de desmame utilizado foi extrapolado do protocolo utilizado em cães e gatos que indica que período do desmame deve ser de quatro a cinco meses, uma vez que a interrupção abrupta do fenobarbital pode causar status epilepticus7 levando à morte do animal. solução oral na concentração de 40 mg/ml, por se tratar de um anticonvulsivante eficaz quando utilizado em monoterapia, bem tolerado por cães e gatos7 e por ser um medicamento barato, permitindo um tratamento acessível, mesmo que a longo prazo. O paciente em questão não apresentou nenhum efeito colateral como poliúria, polidipsia, 7 polifagia, incontinência, sedação, durante quatro meses na dose de 10 mg/kg como protocolo terapêutico para o tratamento de Porquinho da Índia com epilepsia generalizada mioclônica foi eficaz. Assim como o desmame do medicamento de forma lenta (em um período de seis meses). Ao fim do desmame e do tratamento o animal não voltou a apresentar crises convulsivas. depressão, ataxia ou hepatopatia.4 A dose inicial do tratamento foi a indicada para cães, 5mg/kg a cada doze horas,7 e foi o suficiente apenas para diminuir a frequência das crises convulsivas, provavelmente devido ao metabolismo mais acelerado dos Porquinhos da Índia, pelo mesmo motivo a dose ajustada de Conclusões: O uso de fenobarbital Referências Bibliográficas: 1) Berendt, M, Gredal, H e Alving, J. (2004). Characteristics and phenomenology of epileptic partial seizures in dogs: similarities with human seizure semiology. Epilepsy Research, 61, 167-173. 2) Chrisman, C, Mariani, C, Platt, S e Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 70 | P á g i n a Relato de Caso - 14 os Clemmons, R. (2003). Crisis. In N. Relato de Caso - 14 Giandomenico (Ed.). Manual de neurología práctica (1ª ed.). (pp. 84-111). Barcelona: Multimédica. 3) Podell, M. (2004). Seizures. In S.R. Platt & N.J. Olby (Eds.) BSAVA manual of canine and feline neurology. (6th ed). (pp. 97-112). Dorset: British Small Animal Veterinary Association. 4) Thomas, WB. (2000). Idiopathic epilepsy in dogs. In WB. Thomas (Ed.), The veterinary clinics of north america small animal practice Common neurological problems. (pp.183203). Pennsylvania, Philadelphia: W.B. Saunders Company. 5) LeCouter, 2005 LeCouteur, RA. (2005). Approach to the seizure patient [versão electrónica]. In Proceedings of the 2nd Annual Veterinary Neurology Symposium, Davis, USA, 2324. Acessado em 20 de Agosto de 2014 em: http://www.ivis.org/proceedings/neuroucd avis/2005/lecouteur3.pdf. 6) Quesnel, AD. (2005). Seizures. In SJ Ettinger & EC. Feldman (Eds.). Textbook of veterinary internal medicine: diseases of the dog and cat. (6ª ed.). (pp.164-170). St Louis, Missouri: Elsevier Saunders. 7) Berendt, M. (2004). Epilepsy. In CH Vite (Ed.) Braund’s clinical neurology in small animals: localization, diagnosis and treatment. International Veterinary Information Service, Ithaca, NY, USA. acessado em: 20 de Agosto de 2014: http://www.ivis.org/advances/Vite/berendt/ chapter_frm.asp?LA=1. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 71 | P á g i n a Criptococose em Coelho Douglas Rorie Tanno1; Jussara Maria Leite Oliveira Leonardo1; Rainee Cecere1 1 Centro Universitário de Maringá (CESUMAR), Maringá, PR, Brasil Contato: [email protected] Introdução: A criptococose é considerada uma micose sistêmica, ocasionada principalmente pela espécie Cryptococcus neoformans, podendo acometer cães, gatos, furões e até seres humanos. O fungo é encontrado no ambiente, geralmente associado a excrementos de aves, material vegetal em decomposição e tocos de árvores.1,3 A inalação é a via mais frequente de infecção, afetando principalmente a cavidade nasal, podendo atingir os pulmões e até disseminar-se no sistema nervoso central. A infecção respiratória provoca sinais clínicos que incluem a formação de granulomas discretos ou massas nasais mixomatosas, conferindo um aspecto característico de “nariz de palhaço”, lesões oronasais ulcerativas ou com crostas, obstrução e descarga nasal, pneumonia, rinite e sinusite.1,4 O diagnóstico definitivo deve ser feito a partir de exames laboratoriais complementares, como análises histopatológicas, raspados citológicos das áreas lesionadas, isolamento fúngico e exames moleculares.4 Este trabalho tem por objetivo relatar a ocorrência de um caso de criptococose em um coelho atendido em um Hospital Veterinário na região oeste do Paraná no ano de 2012. Material e (Oryctolagus Métodos: Um coelho cuniculus), sem raça definida, com 2 anos de idade foi levado para consulta em um Hospital Veterinário na região oeste do Paraná, com histórico de dificuldade respiratória acompanhada de sibilos, desconforto e presença de nódulo de aspecto crostoso na região nasal com dimensões de aproximadamente 2 cm. O proprietário relatou que o animal entrava em contato com terra, grama e outros tipos de vegetações. Foi relatado que o animal havia sido examinado por outros dois médicos veterinários anteriormente, com suspeita de sarna causada pelas espécies Psoroptes cuniculi e Notoedres cati. Foi realizado raspado de pele, sendo constatado resultados ambas. O exame negativos para físico revelou Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 72 | P á g i n a Relato de Caso - 15 Criptococosis in rabbit As afecções dermatológicas relatadas em com pouca sensibilidade dolorosa. Foram detectados sibilos em trato respiratório superior. Foi realizada a coleta de biópsia e raspados de pele da região do nódulo nasal para a realização do exame citológico pelo método panótico e cultivo fúngico em ágar Saboraud dextrose (ASD) e ágar semente de níger (ASN). O exame citológico resultou na visualização coelhos são geralmente causadas por fungos das espécies Microsporum canis e Trichophyton mentagrophytes, sarnas das espécies Cheyletiella parasitovorax, Psoroptes cuniculi, Notoedres cati, Sarcoptes scabiei e Demodex cuniculi, e de formas arredondadas encapsuladas, sendo sugestivas de C. neoformans. Foi feito o isolamento do agente através do cultivo, tendo sido identificadas colônias de aspecto esbranquiçado, mucóide e cremoso em ASD e colônias de aspecto liso, brilhante e de coloração marromescuro em ASN. Iniciou-se o tratamento com Itraconazol 5 mg/kg, duas vezes ao dia, durante 14 dias. Após esse período, o Itraconazol foi mantido duas vezes por semana durante mais cinco meses. Resultados e Discussão: Foi constatada a melhora progressiva dos sinais clínicos respiratórios durante os primeiros 14 dias e a regressão do nódulo nasal por volta do quarto mês de tratamento. No quinto mês foi realizado outro raspado e biópsia de pele da região nasal, obtendo resultados negativos de crescimento do fungo nos meios de cultura, indicando eficiência no tratamento. Embora a criptococose possa afetar diversas espécies de animais, tanto domésticos quanto selvagens, os cães e gatos são os mais susceptíveis à doença, sendo a infecção raramente relatada em coelhos. pulgas de cães e gatos do gênero Ctenocephalides sp, podendo ser afirmado que as infecções por Cryptococcus neoformans na espécie são raras.6 Os sinais clínicos apresentados pelo animal foram similares aos encontrados em cães e gatos (Figuras 1 e 2), nos quais as evidências de infecção do trato respiratório superior ocorrem em 50% a 60% dos casos.2 Não foram detectados envolvimentos sistêmicos, sinais oculares ou nervosos. O Itraconazol foi eleito como primeira alternativa de tratamento por seu uso ser frequente nos casos em cães e gatos quando não há risco iminente de morte ou envolvimento no sistema nervoso central.5 O conhecimento sobre as características clínicas epidemiológicas do C. neoformans é essencial ao médico veterinário, pois, por ser um fungo raramente encontrado em coelhos, pode levar a dificuldades no diagnóstico, podendo causar riscos sobre o animal e o proprietário, por ter potencial zoonótico. Conclusões: A criptococose é comum em pequenos animais, sendo facilmente diagnosticada e tratada, porém, é pouco frequente em coelhos, podendo gerar dificuldades no diagnóstico, indicando Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 73 | P á g i n a Relato de Caso - 15 deformidade nasal de consistência firme, Nelson RW, Couto CG. Medicina interna quanto à saúde pública, por ser uma zoonose, necessitando de maior atenção do médico veterinário. de pequenos animais. 2. ed. Rio de Janeiro: Saunders Elsevier; 2006; p.12491257. 4) Pereira APC, Coutinho DAS. Criptococose em cães e gatos – revisão. Clínica Veterinária 2003; 8(45):24-32. 5) Sherding RG. Micoses sistêmicas. In: Bichard SJ, Sherding RG. Manual Saunders: Clínica de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Roca; 2008; p.209-222. Referências Bibliográficas: 1) Jones TC, Hunt RD, King NW. Patologia Veterinária. 6. ed. São Paulo: Manole; 2000. 2) Kerl ME. Update on canine and feline fungal disease. Veterinary Clinic of North America: Small Animal Practice 2003; 33:721-747. 3) Lappin MR. Infecções micóticas polissistêmicas. In: 6) Vennen KM, Mitchell MA. Rabbits. In: Mitchell MA, Tully Jr TN. Manual of exotic pet practice. Missouri: Saunders Elsevier; 2009; p.375-389. Figura 1. Lesão causada por Cryptococcus neoformans em coelho (Oryctolagus cuniculus). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 74 | P á g i n a Relato de Caso - 15 sério risco à saúde tanto do animal Relato de Caso - 15 Figura 2. Lesão causada por Cryptococcus neoformans em coelho (Oryctolagus cuniculus). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 75 | P á g i n a Hepatozoonose crônica em um coelho doméstico (Oryctolagus cuniculus) – Relato de caso Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Mariana Portugal Mattioli1; Ayisa Rodrigues Oliveira1; Juliana dos Santos Batista1; Nathália Salgado Zanani1 1 Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Os protozoários do gênero Hepatozoon pertencem a classe severa e consequente dor. A infecção por H. americanum é mais agressiva e APICOMPLEXA, família HEPATOZOIDAE. São descritas mais de 300 espécies. O desenvolvimento sexual e esporogonia ocorrem em um hospedeiro definitivo progressiva e geralmente leva a morte se não tratada.1,3 Inúmeras espécies de mamíferos podem ser parasitadas pelo mesmo agente ou por demais espécies de Hepatozoon sp. recentemente invertebrado, a merogonia e gametogonia ocorrem em um hospedeiro intermediário vertebrado. A transmissão ocorre quando um animal ingere o invertebrado contaminado ou animais infectados com cistos do protozoário.1,2 As espécies Hepatozoon americanum e Hepatozoon canis são as mais conhecidas e estudadas em mamíferos. Os esporozoítos de H. canis disseminam-se no organismo e atingem principalmente o baço, medula óssea e linfonodos; além dos rins, pulmão e fígado; ocasionalmente causando periostite por lesão muscular. Os de H. americanum atingem a musculatura esquelética e cardíaca formando cistos que frequentemente se rompem, causando uma inflamação local reclassificadas. Estudos envolvendo o parasitismo em presas, como coelhos e lebres, revelaram lesões inflamatórias não-supurativas compostas por linfócitos, monócitos e macrófagos associadas a zoítos na musculatura esquelética e cardíaca, baço, pulmão, fígado e rins.2 O diagnóstico pode ser realizado pela visualização de gamontes no esfregaço sanguíneo, IFAT, ELISA, PCR e biópsia muscular.1,2,3,4 O objetivo do presente trabalho foi descrever um quadro de hepatozoonose em um coelho doméstico, atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (HVET/UnB), infectado naturalmente e apresentando uma forma crônica grave da doença. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 76 | P á g i n a Relato de Caso - 16 Cronic hepatozoonosis in a domestic rabbit (Oryctolagus cuniculus) – Case report radiográficos com frequência. Após o Zelândia, macho, jovem, 2,05 kg, foi encaminhado ao HVET/UnB no dia 13 de junho de 2013 apresentando paralisia rígida de membros pélvicos e coluna vertebral, paresia de membros torácicos, atrofia muscular generalizada, dor à palpação dos membros, má-oclusão dentária, abscessos faciais próximos ao nariz e descarga ocular esbranquiçada término do tratamento, ineficaz em melhorar os sinais clínicos, o animal foi testado para Hepatozoon sp. por PCR, sero-mucosa bilateral. O animal havia sido abandonado por ter perdido a movimentação de um dos membros pélvicos. Enquanto estava sob a posse de outra proprietária começou a apresentar paralisia em ambos os membros pélvicos, ascendendo para coluna lombar, torácica e cervical e paresia e redução da propriocepção em membros torácicos. O quadro evoluiu em aproximadamente seis meses para paralisia dos membros pélvicos e paresia de membros torácicos, quando a proprietária encaminhou o animal para atendimento. Foram realizados exames parasitológicos de fezes e urina, hemograma, bioquímicos, urinálise e radiografias. Os resultados parasitológicos foram negativos. O animal recebeu tratamento com antibióticos sistêmicos e otológicos, antiinflamatórios não esteroidais e vitaminas do complexo B e C. O animal foi encaminhado pra cirurgia de retirada dos abscessos faciais e desgaste dentário. Encaminhou-se o material excisado para biópsia. Foi realizado acompanhamento clínico do animal durante o tratamento, realizandose novos exames sanguíneos e obtendo-se resultado positivo. Resultados e Discussão: A suspeita de infecção por Hepatozoon sp. ocorreu devido à falha de resposta ao tratamento medicamentoso instituído e à semelhança dos sinais clínicos apresentados com os de felinos infectados por Hepatozoon sp. e caninos infectados pelo H. 1 americanum. Sendo a infecção variando de subclínica a severa com a apresentação de letargia, caquexia, anemia, hipertermia para H. canis e febre, letargia, dificuldade de marcha, dor muscular, atrofia muscular generalizada, descarga ocular mucopurulenta e redução da produção de lágrimas para o H. americanum.1,3 Em felinos ainda não é bem estabelecido se o agente etiológico é uma espécie distinta do parasita, H. felis, ou as mesmas espécies que afetam canídeos, principalmente H. canis.1 A biópsia do nódulo nasal revelou um processo inflamatório piogranulomatoso multifocal composto por heterófilos, macrófagos e proliferação de fibroblastos, sugestivo de formação de abscessos. Não obteve-se o resultado do fragmento ósseo retirado em conjunto com o abscesso nasal. Os exames radiográficos revelaram proliferação periosteal nos ossos longos, pelve e vértebras cervicais; má oclusão dentária de incisivos e molares e otite interna. As alterações Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 77 | P á g i n a Relato de Caso - 16 Material e Métodos: Um coelho, Nova observadas se assemelham àquelas descritas em caninos infectados pelo H. americanum e em felinos.1,3,5 Em molecular para detectar o gene do felinos é comum lesão em musculatura esquelética e cardíaca com proliferação óssea adjacente1 e possui semelhanças com os achados do presente caso. Essa alteração óssea é significativa e pode ser visualizada por meio de imagens radiográficas. Tais alterações são parasita foi realizado conforme descrito por Inokuma et al. (2002) utilizando os primers HEP-F (5’ATACATGAGCAAAATCTCAAC-3’) e HEP-R (5’-CTTATTCCATGCTGCAG-3’).4 O primeiro exame sanguíneo revelou leve anemia microcítica normocrômica, linfopenia e presença de linfócitos reativos. Os resultados hematológicos classificadas como proliferação óssea periosteal e ocorrem devido à intensa e crônica inflamação muscular causada pelo rompimento dos cistos do 1,3 protozoário. Não foram visualizados gamontes em nenhuma amostra sanguínea coletada do animal, assim como verificado por Eileen et al (2009). A não visualização de gamontes parasitas pode ocorrer devido ao fato dos coelhos não condizem com os encontrados na literatura, pois não foi observado leucocitose neutrofílica, e sim, linfopenia absoluta e relativa. Assim como não foi observada anemia normocítica normocrômica não-regenerativa. Também não foi observado aumento nos níveis de fosfatase alcalina e hipoalbuminemia.1,6 O exame realizado após o tratamento revelou leve leucocitose neutrofílica, sem serem hospedeiros paratênicos do Hepatozoon sp., propiciando a formação demais alterações; condizendo em parte com o descrito em literatura.1,6 O exame hematológico após o tratamento revelou resolução da anemia encontrada no exame anterior, indicando possível melhora no quadro inflamatório sistêmico e no consumo de nutrientes. Em coelhos não é comum leucocitose por estresse ou infecção, ocorrendo sim leucopenia ou linfopenia em doenças debilitantes ou de cistozoítos nos tecidos que podem infectar hospedeiros intermediários que ingerem a presa parasitada.1,3,5 A realização do PCR foi crucial para o diagnóstico de Hepatozoon no presente caso, visto que não foram encontrados parasitas na corrente sanguínea para identificação e não foi realizada biópsia muscular, apenas óssea. Após a coleta de sangue para realização dos exames hematológicos, foi utilizado o coágulo sanguíneo contido no tubo sem anticoagulante para extração de DNA. A extração foi realizada utilizando-se kit comercial e seguiram-se as recomendações do fabricante. O exame estresse crônico,7 o que pode explicar a razão das diferenças com relação aos achados hematológicos nas espécies canina e felina. Conclusões: O grau de cronicidade da doença encontrada no animal impossibilitou as chances de retorno ao Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 78 | P á g i n a Relato de Caso - 16 ósseas comportamento natural da espécie com KE, Sheets ME, Bea JDl, Ewing SA et al. qualidade de vida para o paciente. O tratamento estabelecido não atenuou os principais sinais clínicos apresentados pelo animal, pois as lesões ósseas e musculares apresentadas são irreversíveis. Ainda, a dificuldade de movimentação e consequente alimentação do animal torna dificultoso o desgaste natural dos dentes, sendo Alternate pathway of infection Hepatozoon americanum and necessário novos procedimentos de desgaste frequentemente. O PCR foi considerado um método satisfatório e pouco invasivo de diagnóstico de Hepatozoon sp em coelhos. and Professional Publishing, 2002. epidemiologic importance of predation. Journal of Veterinary Internal Medicine, 2009; 23: 1315 – 1318. 6) Ettinger SJ, Feldman EC. Textbook of Veterinary Internal Medicine. Missouri: Saunders, 2005. 7) Harcourt-Brown F. Textbook of Rabbit Medicine. Oxford: Reed Education Referências Bibliográficas: 1) Baneth G. Perspectives on canine and feline hepatozoonosis. Veterinary Parasitology; 181 (2011) 3 – 11. 2) Eileen MJ, Kelly EA, Roger JP, Sidney AE, Susan EL. Experimental transmission of Hepatozoon americanum to New Zealand White rabbits (Oryctolagus cuniculus) and infectivity of cystozoites for a dog. Veterinary Parasitology; 164 (2009) 162 – 166. 3) Panciera RJ, Mathew JS, Ewing SA, Cummings CA, Drost WT, Kokan AA. Skeletal lesions of canine hepatozoonosis caused by Hepatozoon americanum. Veterinary Pathology. 2000; 37: 225-230. 4) Inokuma H, Okuda M, Ohno K, Shimoda K, Onishi T. Analysis of the 18S rRNA gene sequence of a Hepatozoon detected in two Japanese dogs. Veterinary Parasitology. 2002; 106: 265271. 5) Johnson EM, Panciera RJ, Allen Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 79 | P á g i n a Relato de Caso - 16 with the Levantamento das principais afecções em pequenos mamíferos de companhia em clínica veterinária de São Paulo, Brasil Douglas Rorie Tanno1; Erica Pereira Couto2; Marcelo Pires Nogueira de Carvalho3 1 Centro Universitário de Maringá (CESUMAR), Maringá, PR, Brasil 2 Consultório de Animais Silvestres (TUKAN), Brasil 3 Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Os animais silvestres têm ganhado cada vez mais espaço no mercado pet, aumentando de forma consequente, a presença dos mesmos na veterinária especializada da região metropolitana de São Paulo, confirmando que grande parte das etiologias envolvidas nos problemas clínicos destes rotina veterinária. Pequenos mamíferos como roedores e coelhos são comumente adquiridos como animais de companhia por sua docilidade e rusticidade, entretanto, a criação destes animais muitas vezes é realizada de forma inadequada principalmente pela falta de informações dos proprietários, gerando diversas enfermidades devido aos erros de manejo.1,2 Erros na dieta e recintos animais está relacionada à falta de informação dos proprietários. impróprios são causas comuns dos problemas encontrados, podendo gerar principalmente afecções dermatológicas, gastrointestinais e odontológicas.1,2 O presente trabalho tem como objetivo evidenciar as principais queixas clínicas apresentadas em pequenos mamíferos, atendidos na rotina de uma clínica 2006 e janeiro de 2014. As fichas cadastrais apresentavam informações sobre o histórico clínico, espécie, suspeita clínica e tratamento. Material e Métodos: Para a avaliação dos principais motivos de consulta dos pequenos mamíferos na região metropolitana de São Paulo, foi realizado o levantamento de dados em fichas cadastrais de animais atendidos em uma clínica veterinária especializada e domicílios entre os meses de fevereiro de Resultados e Discussão: Entre os meses de fevereiro de 2006 e janeiro de 2014 foram avaliadas 807 fichas Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 80 | P á g i n a Relato de Caso - 17 Survey of main diseases in small mammal pets in veterinary clinic in São Paulo, Brazil são geralmente causadas por ácaros, mamíferos silvestres. No total, foi constatado que 47,7% dos animais compreendia coelhos (Oryctolagus cuniculus), 25,15% porquinhos-da-índia (Cavia porcellus), 15,86% hamsters sírios (Mesocricetus auratus), 9,04% chinchilas (Chinchilla lanigera), 1,48% hamsters chineses (Cricetulus griseus), 0,49% gerbis (Meriones unguiculatus) e 0,24% fungos e bactérias, porém, também podem ocorrer dermatites de contato pelo uso incorreto de substâncias como, por exemplo, pó de mármore para o banho seco, o qual é indicado apenas para chinchilas. No geral, as dermatofitoses são causadas principalmente por Microsporum sp, Trichophyton sp e Malassezia sp.4 As dermatites causadas ferrets (Mustela putorius furo). Os animais por ácaros ocorrem em sua maioria por Sarcoptes scabiei, Leporacarus sp e Psoroptes cuniculi. Infestações por larvas de Cochliomyia hominivorax também são atendidos apresentavam as seguintes queixas clínicas: 33,45% com enfermidades dermatológicas; 16,72% gastrointestinais; 9,16% com traumatismos; 6,81% oftalmológicas; 6,07% odontológicas; 2,85% respiratórias; 2,85% geniturinárias; 1,98% neurológicas; 0,74% neoplasias; 0,61% ortopédicas; 0,49% reprodutivas; 0,37% com comuns.3,4 Os problemas gastrointestinais dos pequenos mamíferos silvestres são causados principalmente pelo erro na formulação da dieta dos animais, sendo ofertado, muitas vezes, alimentos impróprios para a fisiologia digestiva da intoxicação; 0,37% otológicas; 0,37% pediátricas; 0,24% aparelho locomotor; 0,12% hipertermia; 0,12% hipotermia; 0,12% cardíacas; 0,12% obstétricas; e 0,12% lacerações por mordeduras (Figura 1). A partir da compilação dos dados, foi constatado que coelhos, porquinhos-daíndia e hamsters sírios são os mamíferos silvestres atendidos com maior frequência na rotina clínica, podendo ser justificado espécie.1,3 Os animais apresentam principalmente quadros de anorexia, diarreia ou constipação. Erros de manejo podem ocasionar também quadros de estase intestinal, acúmulo de gases em alças intestinais e má oclusão dentária. O parasitismo por Giardia sp e Eimeria sp pelo fato de serem preferencialmente adotados como animais de estimação pela docilidade e facilidade de manutenção em cativeiro. Em relação às enfermidades, pôde ser verificado que as dermatológicas, gastrointestinais e traumáticas são as que mais acometem tais animais. As afecções dermatológicas podem ser variadas, onde muitas vezes os animais apresentam sinais de claudicação, paresia ou paralisia de membros. Quedas, mordeduras e atropelamentos são as causas mais comuns. não são incomuns, causando quadros de enterites após submissão à algum estresse3. As causas de traumatismos Conclusões: De acordo com o presente Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 81 | P á g i n a Relato de Caso - 17 cadastrais de atendimento a pequenos pode-se concluir que as Referências Bibliográficas: 1) Brown principais queixas clínicas na rotina de pequenos mamíferos silvestres são as prevalentes neste levantamento. É importante ressaltar que muitas das doenças, tanto nutricionais, dermatológicas e odontológicas, podem ser evitadas com um manejo correto, sendo essencial que o proprietário conheça as necessidades da espécie que SA. Basic anatomy, physiology, and husbandry. In: Quesenberry KE, Carpenter JW. Ferrets, rabbits, and rodents clinical medicine and surgery. 2nd ed. Missouri: Saunders Elsevier; 2003; p.136-138. 2) Gregory WS. Building a successful reptile practice. In: Mader DR. Reptile medicine and surgery. 2nd ed. Missouri: Saunders Elsevier; 2006; p.1-8. pretende adquirir. 3) Quinton JF. Novos animais de estimação: Pequenos mamíferos. São Paulo: Roca;2005;p.156-161,264265,165-176. 4) Vennen KM, Mitchell MA. Rabbits. In: Mitchell MA, Tully Jr TN. Manual of exotic pet practice. Missouri: Saunders Elsevier; 2009; p.375-389. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 82 | P á g i n a Relato de Caso - 17 trabalho Relato de Caso - 17 Figura 1. Principais afecções em pequenos mamíferos de companhia em clínica veterinária de São Paulo, Brasil. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 83 | P á g i n a Meningite supurativa associada a infecção descendente de base do chifre em cervo Suppurative meningitis associated to horn’s base infection in a fallow deer (Dama dama) – case report Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Mariana Portugal Mattioli1; Maria do Livramento de Barros Oliveira1; Ayisa Rodrigues Oliveira1; Letícia Batelli Oliveira1; Rafael Prange Bonorino2 1 Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil 2 Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB), Brasília, DF, Brasil Contato: [email protected] Introdução: O cervo dama ou gamo (Dama dama) é um mamífero ruminante pertencente à família dos cervídeos. É parasiticidas sistêmicos e tópicos e retirada manual da postura e larvas.2 As lesões causadas pela penetração das originário da Europa e Oriente Médio, vive em campos abertos ou florestas pouco arbóreas e se alimentam de gramíneas e pequenos arbustos, estando mais ativos ao amanhecer e entardecer. Vivem em grupos mistos e podem interagir com outros grupos em períodos de acasalamento. Apenas os machos possuem chifres, inicialmente simples e larvas podem causar reações inflamatórias intensas e também servir de porta de entrada para infecções secundárias. Além disso, algumas espécies de larvas podem secretar substâncias imunossupressoras e aumentar a probabilidade de infecções sistêmicas.3 O presente estudo visa descrever o caso de uma complicação adquirindo formato palmar a partir dos três anos de idade.1 A miíase é caracterizada pela infestação de tecidos ou cavidades por larvas de dípteros parasitos obrigatórios. As larvas se instalam nos tecidos e se alimentam de debris celulares e secreções. O tratamento é realizado com o uso de grave causada por miíase na base do chifre de um cervídeo da Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB). Material e Métodos: Um cervo dama (Dama dama) do plantel da FJZB foi encaminhado ao Hospital Veterinário (HVET) apresentando depressão, tremores musculares, ataxia, dificuldade Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 84 | P á g i n a Relato de Caso - 18 dama (Dama dama) – relato de caso 2.064/mm³. postura arqueada. Nos últimos dois meses o animal havia sido contido duas vezes para tratamento de lesão com larvas de mosca na base dos chifres. Na segunda contenção havia sido notada respiração dificultosa e estertores pulmonares. Foram aplicados oxitetraciclina de longa ação (7 mg/kg) e flunixina meglumina (1,1 mg/kg) e bioquímicos para creatinofosfoquinase (2.105 U/L), uréia (235 mg/dL), creatinina (7,9 mg/dL) e aspartato-aminotransferase (638 U/L) também apresentaram-se elevados com base nas referências.4 A análise histopatológica revelou broncopneumonia abscedativa acentuada, com presença de inúmeras bactérias cocóides e basofílicas realizada colheita sanguinea. Para encaminhamento do animal ao HVET para avaliação clínica fez-se anestesia utilizando cetamina (15 mg/kg), xilazina (0,3 mg/kg), midazolam (0,5 mg/kg) e atropina (1 mg/kg). A suspeita inicial foi de miopatia por captura com base no histórico de contenções e sinais clínicos. O animal recebeu fluidoterapia endovenosa com solução de ringer com intralesionais identificadas como Pasteurella sp. Na porção caudal do olho lactato, bicarbonato de sódio (300 mg/kg) e furosemida (2,5 mg/kg). Dois dias depois do atendimento o animal apresentava andar em círculos, com torcicolo tendendo para o lado esquerdo e mantinha a dispneia. O animal veio a óbito durante a contenção para realização de novos exames e medicação injetável, sendo encaminhado para necropsia ao Laboratório de Patologia Veterinária da positivas intralesionais. Na pele lesionada, na base do chifre, foi observada dermatite abscedativa, com presença de bactérias cocóides e bacilares gram positivas intralesionais; semelhantes às encontradas nas meninges. O fígado, rins, bexiga e adrenal apresentavam-se congestos. A broncopneumonia diagnosticada não foi causada pelo mesmo patógeno Universidade de Brasília. responsável pela dermatite e meningite, porém pode estar associada à imunossupressão causada pela infecção prévia associada ao estresse crônico, que é bastante comum em cervídeos.3 As lesões em chifres agravadas pela instalação de miíase são comuns em cervídeos da Fundação Jardim Zoológico Resultados e Discussão: Comparando os resultados laboratoriais encontrados nas duas colheitas sanguíneas ocorreu elevação da contagem de leucócitos de 3.300 para 17.200/mm³, com segmentados a 14.792/mm³ e linfócitos a Além disso, os valores esquerdo, cranialmente ao pavilhão auditivo, havia um abscesso com conteúdo viscoso e esverdeado. Todo o encéfalo apresentava-se congesto. Foi diagnosticada após análise histopatológica meningite necrotizante purulenta, difusa e severa, com inúmeras bactérias cocóides e bacilares gram Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 85 | P á g i n a Relato de Caso - 18 respiratória, secreção nasal, sialorréia e Brasília (FJZB). Ocorrem principalmente em animais com chifres simples em crescimento, após brigas no recinto, devendo a abordagem ser rápida e criteriosa para evitar complicações futuras. No presente caso, como o tratamento tópico e sistêmico do animal em questão ocorreram de forma esporádica houve complicação da infecção da ferida da base do chifre. A proximidade entre a base do chifre, crânio e ouvido interno permitiu que a infecção se expandisse para esses tecidos causando meningite. Conclusões: Lesões na base do chifre em cervídeos são comuns na FJZB, principalmente em períodos chuvosos. Apesar de serem lesões simples não devem ser subestimadas, pois podem acarretar em infecção generalizada, resultando no óbito do animal. Referências Bibliográficas: 1) Langbein J, Chapman N. Fallow Deer (Dama dama). The Brithish Deer Society. 2002; Disponível em: URL: http://www.bds.org.uk/fallow.html [2013 jul.11]. 2) Duarte JMB. Biologia e Conservação de Cervídeos SulAmericanos: Blastocerus, Ozotocerus e Mazama. São Paulo: Funep, 1997; 189 – 192. 3) Samuel WM, Pybus MJ, Kocan AA. Parasitic Diseases of Wild Mammals. Iowa: Iowa State University Press, 2001. 4) Duarte JMB. Artiodactyla – Cervidae. In: Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias. Tratado de Animais Selvagens. São Paulo: Roca; 2006; 641 – 664. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 86 | P á g i n a Relato de Caso - 18 de Utilização de pino intramedular na redução de fratura tibiotársica de papagaio- Utilization of intramedullary pin in reduction of Blue Fronted Amazon (Amazona aestiva) tibiotarsal fracture – case report Vanessa Silva Santana1; Élen Almeida Sousa1; Luciano Muritiba Melo2; Manoel de Jesus Rosa1; Vanessa Bastos de Castro1 1 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), BA, Brasil 2 Clínica O Bicho Contato: [email protected] Introdução: A criação de animais exóticos vem aumentando cada dia mais no Brasil. As aves representam um grande número de animais que são fratura no terço proximal do osso tibiotarso esquerdo, utilizando o pino intramedular em papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva). acometidos por uma ampla variedade de doenças, além de traumas ortopédicos. Desta forma, consequentemente o número de atendimentos clínico-cirúrgicos em clínicas e hospitais veterinários vem crescendo. Na ortopedia de aves algumas particularidades devem ser levadas em consideração, além da cura patológica a recuperação em relação ao vôo é de Material e Métodos: O diagnóstico de fratura foi realizado por palpação, observando crepitação e confirmado por exame radiográfico nas posições laterolateral e ventro-dorsal. Os exames revelaram uma fratura total, simples, no terço proximal do osso tibiotarso esquerdo. Diante das características da fratura, optou-se pela introdução de pino fundamental importância.1 Dentre os procedimentos ortopédicos, destaca-se o uso do pino intramedular, que é pouco descrito e por isso muitas vezes não seja realizado, embora seja o método mais comum de fixação interna em cirurgia veterinária.2 O objetivo desse trabalho foi descrever a técnica de imobilização de intramedular de Steimann. O protocolo anestésico utilizado foi Xilazina 2% (1,5 mg/kg) como medicação pré-anestésica por via intramuscular profunda, aplicado no músculo peitoral, seguida de indução e manutenção anestésica com isofluorano diluído em oxigênio 100% por meio de máscara facial com fluxo de 1 L/kg/min Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 87 | P á g i n a Relato de Caso - 19 verdadeiro (Amazona aestiva) – relato de caso ortopédica, uma vez que o animal em decúbito lateral direito. As penas do local da incisão foram retiradas e uma antissepsia com álcool iodado foi realizada. A incisão foi na face lateral do terço proximal do membro acometido com aproximadamente um centímetro de extensão. A pele, fáscia e músculos foram divulsionados promovendo o acesso à fratura. O pino de Steimann foi introduzido nenhum momento demonstrou sinais de desconforto, movimento ou dor, não se observou apnéia e a recuperação da anestesia foi tranquila e rápida (aproximadamente 5 minutos). Um único pino foi suficiente para estabilizar a fratura no momento da cirurgia. O tipo de tratamento escolhido para a fratura deve depender do tipo e localização da fratura, no segmento ósseo proximal (Figura 2) de forma que todo o pino estivesse na cavidade medular, utilizando tração manual. A fratura foi reduzida e o pino foi reinserido no sentido contrário, passando agora pelo segmento ósseo distal até a articulação tibiotársica. O excedente foi cortado com uso de alicate e recalcado novamente por tração manual sobre a ponta com auxílio de recalcador de pino. da idade do animal, do tamanho, do número de ossos envolvidos e da viabilidade dos tecidos moles adjacentes.3 A síntese dos músculos da região foi realizada por meio de sutura com ponto simples contínuo, utilizando fio de poliglactina 910 e a pele com pontos simples separados utilizando mononylon 3-0 (Figura 3). Após a cirurgia foram feitas mais duas radiografias, nas posições latero-lateral e ventro-dorsal (Figura 4), onde foi observada a perfeita união dos segmentos ósseos. intervenção cirúrgica. Resultados e Discussão: Segundo Steiner e Davis (1985), a técnica anestésica e o plano são de extrema importância para uma intervenção cirúrgica. O protocolo anestésico utilizado no A. aestiva mostrou-se viável para ossos longos em psitacídeos: arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), araracanindé (Ara ararauna) e papagaio verdadeiro (Amazona aestiva). Clínica indução e manutenção em cirurgia Conclusões: O uso de pino intramedular em papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) com fratura do osso tibiotarso mostrou-se um ótimo método para a redução desse tipo de fratura. E o protocolo anestésico utilizado mostrou-se uma opção viável para esse tipo de Referências Bibliográficas: 1) Bolson J, Schossler JEW. Osteossíntese em aves revisão da literatura. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, Umuarama, v. 11, n. 1, p. 55-62, 2008. 2) Castro PF. et al. Uso de pino de aço intramedular na reparação de fraturas de Veterinária, São Paulo, v. 9, n. 52, p. 5664, 2004. 3) De Young DJ, Probst CW. Methods of internal fracture fixation. In: Slater D. Textbook of small animal Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 88 | P á g i n a Relato de Caso - 19 (Figura 1). O animal foi colocado em Patologia 1610-1631. 4) Steiner CV, Davis RB. Zaragoza: de las Acribia, aves 1985. enjauladas. 165 p. Relato de Caso - 19 surgery. Philadelphia: Saunders, 1993. p. Figura 1. Imagem de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) com máscara facial para administração de anestesia inalatória. Figura 2. Imagem de pino de Steimann introduzido no segmento ósseo proximal de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 89 | P á g i n a Relato de Caso - 19 Figura 3. Imagem de sutura da musculatura com ponto simples contínuo. Figura 4. Imagem radiográfica da região tibiotársica de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) em posição ventro-dorsal. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 90 | P á g i n a Fibrossarcoma em Brotogeris tirica (Gmelin, 1788), periquito-rico, mantido em Fibrosarcoma in Brotogeris tirica (Gmelin, 1788), periquito-rico, kept in captivity: case report Andressa Maria Rorato1; Celso Martins Pinto1; Danielly Roberta Rodrigues1; Henrique Teixeira Mendes1; Guilherme Durante Cruz1 1 Universidade de Santo Amaro (UNISA), Brasil Contato: [email protected] Introdução: Casos de neoplasias em Psitacídeos são comuns, principalmente em animais de cativeiro.1,2 Os fibrossarcomas são tumores malignos de fibroblasto, células que produzem tecido de 2014 foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Santo Amaro um periquito-rico, Brotogeris tirica, conjuntivo e que estão envolvidas no processo de cicatrização. Geralmente, são irregulares, apresentam úlceras e aderem-se às estruturas adjacentes, ademais, há poucos relatos desta neoplasia na região uropigeal de aves3 sendo mais frequentemente encontrados ao redor da cera e do bico, das asas e dos membros inferiores.4 Possuem a característica de serem localmente de diâmetro, ulcerada e de consistência firme. Para a realização da anaplastia, utilizou-se anestesia inalatória com isofluorano para indução e manutenção com máscara, a uma concentração alveolar mínina variando de 2 à 1%. A neoformação assim retirada foi submetida ao estudo histopatológico para o diagnóstico final. invasivos e raramente metastatizam e pode ocorrer recidiva após excisão cirúrgica.5 Com este trabalho objetiva-se relatar um caso clínico de fibrossarcoma em periquito-rico, Brotogeris tirica, mantido em cativeiro. Material e Métodos: No dia 10 de Março fêmea, 10 anos, com neoformação pericloacal de aproximadamente 2,5 cm Resultados e Discussão: Durante os atendimentos ambulatoriais, o animal apresentou-se em bom escore corporal, ativo, responsivo, normorexia e diarréia moderada, hematoquesia e disquesia intermitentes. Foi prescrito tratamento inicial com dexametasona 2 mg/ml, 0,2 mg/kg, uma vez ao dia, durante 2 dias até Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 91 | P á g i n a Relato de Caso - 20 cativeiro: relato de caso anaplastia. Realizou-se exame potencial maligno, sendo que o radiográfico para diagnosticar possíveis metástases e para avaliar a extensão cavitária do nódulo. No exame radiográfico não foi observado extensão tumoral na cavidade abdominal, somente subcutânea, pericloacal. No retorno, dia 12 de Março de 2014, a neoformação apresentou-se com 1 cm de diâmetro. Optou-se por manter o tratamento por prognóstico varia de acordo com o estado clínico do paciente, o tamanho e a localização da neoplasia.6 Os psitacídeos criados em cativeiro podem apresentar neoplasias em qualquer sistema caracterizadas com crescimento incontrolado e progressivo, como o observado no caso relatado.7 mais cinco dias a fim de obter maior redução do nódulo. No dia da excisão cirúrgica, aquele apresentou 2,0 cm de diâmetro, dificultando a excisão cirúrgica. Durante o procedimento, não houve perdas sanguíneas consideráveis, no entanto, a neoplasia mostrou-se aderida ao tegumento cloacal e aos tecidos adjacentes, impedindo manter margem adequada para retirada completa da neoplasias, tanto benignas quanto malignas, em aves de vida livre, sendo assim, animais de cativeiro apresentam diversas alterações e os estudos de diagnósticos e tratamentos podem ser extrapolados para os animais de vida livre, auxiliando em programas relacionados à medicina da conservação. mesma. Ao final do procedimento, animal veio à óbito. No exame necroscópico, as serosas e a musculatura se encontravam hipocoradas, sendo que não foram observadas outras alterações macroscópicas. Realizou-se exame histopatológico da neoformação, observou difusa proliferação celular, duistribuída em longos feixes e mantos, caracterizados pela presença Referências Bibliográficas: 1) Sinhorini, JA. Neoplasia em aves domésticas e silvestres mantidas em domicílio: avaliação anatomopatológica e imunohistoqúimica. (Dissertação de Mestrado) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade de São Paulo, 2008. 2) Blackmore, DK. The clinical approach to tumors in cage birds I. The pathology and incidence of neoplasia predominante de células alongadas em moderada a alta anisocitose, anisocariose e hipercromasia nuclear com focos discretos de hemorragia e multifocos com discreto infiltrado inflamatório misto, diagnosticando fibrossarcoma. O fibrossarcoma é classificado como uma neoplasia de origem mesenquimal com in cage birds. Journal of Small Animal Pratice. 1966, 7(3):217-22. 3) Petrak, ML.; Gilmore, CE. Neoplasms. In: Petrak, ML (Edit). Diseases of cage and aviary birds. Hardcover, 3ed, 1969:459-489. 4) Reavil, DR. Tumors of pet birds. Veterinary Clinics Exotic Animal Practice. 2004, 7:537-560. 5) Lightfoot, TL. Overview of Conclusões: Há poucos relatos de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 92 | P á g i n a Relato de Caso - 20 a tumors: section I. Clinical avian neoplasia Relato de Caso - 20 and oncology. In: Harrison, GJ; Lightfoot, TL (Eds). Clinical Avian Medicine. Florida: Spix, 2006:560-565. 6) Cowell, RL; Tyler, RD; Meinkoth, JH; Lesões cutâneas e subcutâneas. In: Cowell, RL; Tyler, RD; Meinkoth, JH; Denicola, DB. Diagnóstico citológico e hematologia de cães e gatos. São Paulo: Editora MedVet, 3 ed., 2009, 78-111. 7) Latimer KS. Oncology. In: Harrison GJ; Harrison LR; Ritchie BW. (Eds), Avian Medicine: Principles and application. Wingers Publishing, Lake Worth, 1994:642-660. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 93 | P á g i n a Tricomoníase em arara canindé (Ara ararauna) Juliana Pigossi Neves1; Elber Luiz da Silva Costa Moraes1; Adriana Reis dos Santos2; Camila Maria da Silva Rocha2 1 Mundo Silvestre (MS), Brasil 2 Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil Contato: [email protected] Introdução: A Tricomoníase é causada pelo agente Trichomonas sp, mais usualmente o Trichomonas gallinae que é frequentemente encontrado em pombos, periquitos e rapinantes.1,2 Existem inúmeras cepas que são responsáveis por de alimentação parental.3,5 Trabalhos demonstraram que 80-90% dos animais adultos estudados, em sua maioria pombos, possuem o parasito sem que tenham a doença.2,3,6 Deve-se fazer o diagnóstico diferencial de outras doenças, diferentes graus de patogenicidade sendo algumas não causadoras da doença e outras patogênicas.2,3 O protozoário é responsável por causar lesões caseosas, de coloração esbranquiçada a amarelada, principalmente em cavidade oral, podendo estender-se a esôfago, inglúvio e cloaca. Os sinais clínicos apresentados podem ser de regurgitação, anorexia, como por exemplo, a candidíase, infecções por poxivírus, aspergilose, hipovitaminose A e nematódeos do gênero Capillaria, que podem causar dispneia e, em casos mais severos, morte.1,2,4 Não são necessários vetores ou hospedeiros intermediários no ciclo do parasito, a infecção se dá pelo contato oral direto entre as aves ou por meio dos bebedouros e comedouros contaminados. Pode ocorrer também de adultos contaminados para filhotes durante o ato ou de inglúvio.1,4 O tratamento recomendado baseia-se no uso do antibiótico Metronidazol, 20-50 mg/Kg, a cada 12 horas, durante o período mínimo de 7 dias, e deve-se ainda, fazer a retirada manual das lesões caseosas orais. O uso de outros antibióticos para tratamento de infecções secundárias lesões similares.3 O diagnóstico definitivo se dá por meio da visualização direta de trofozoítos, exemplares móveis do agente, em microscopia óptica a partir de recente material coletado das lesões orais Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 94 | P á g i n a Relato de Caso - 21 Trichomoniasis in blue-and-yellow macaw (Ara ararauna) 1,4 12 horas durante 15 dias. Durante o em alguns casos. O controle da doença pode se dar por meio de limpeza e desinfecção do ambiente e quarentena.3 O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de Tricomoníase em uma arara canindé (Ara ararauna) de cativeiro. tratamento foi feita a avaliação no dia 5, em que já se via notável diminuição na extensão das lesões orais, e no dia 15, em que não se notava mais nenhuma forma de manifestação da doença (Figura 1B). Material e Métodos: Em novembro de 2013 foi atendida uma arara canindé (Ara ararauna) de aproximadamente 4 meses Resultados e Discussão: A Tricomoníase é uma doença geralmente relatada em pombos, periquitos e de idade. O proprietário relatou apatia e dificuldade respiratória há 7 dias. O animal era recém chegado do criadouro comercial, do qual foi adquirido, e no exame físico detalhado constatou-se baixa condição corporal (pouco magro), visível apatia, fase final de empenamento e sons audíveis durante inspiração. No exame da cavidade oral foram vistas lesões esbranquiçadas de formato rapinantes de vida livre e poucos são os relatos em psitacídeos de cativeiro. A maior ocorrência em animais jovens pode ser explicada pela baixa imunidade do indivíduo e com o contato precoce com o parasito em questão, uma vez que a infecção pode ocorrer pelo contato direto dos adultos infectados por meio do ato de alimentação parental. Os sinais clínicos apresentados pelo animal estudado foram irregular, brilhantes e de odor forte localizadas lateralmente à coana (Figura 1A). Foi realizada a coleta de material das lesões orais por meio de swab estéril, seguido de esfregaço em lâmina de vidro e aplicação de uma gota de solução salina estéril em sua superfície. A amostra foi levada imediatamente ao microscópio óptico para avaliação. compatíveis com o relatado em outras espécies. A dificuldade respiratória mencionada pelo proprietário e os sons audíveis durante a inspiração, observados pelos médicos veterinários que a examinaram, pode ser devido ao local no qual as lesões orais foram observadas, subjacentes à coana, fazendo com que a passagem de ar fosse prejudicada. Com Durante a análise visual da lâmina, em aumento de 10X, foram vistas estruturas flageladas de movimento sinuoso compatíveis às de Trofozoítos de Trichomonas sp. Com base nos achados base na aparência macroscópica das lesões orais suspeitou-se de infecção por Trichomonas sp, porém procedeu-se com no diagnóstico microscópico, optou-se pelo tratamento de eleição com base no antibiótico Metronidazol, 50 mg/Kg a cada a análise microscópica do material biológico para confirmação do diagnóstico, uma vez que as lesões podem ser características de outras doenças, como por exemplo Candidíase. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 95 | P á g i n a Relato de Caso - 21 oportunistas, pode se fazer necessário visto estrutura flagelada de movimento sinuoso compatível à de Trofozoíto de Trichomonas sp. O tratamento baseou-se em cuidados de suporte como alimentação enteral com comida pastosa própria para filhotes de psitacídeos e hidratação oral, além de antibioticoterapia com Metronidazol, que vem a ser o tratamento comumente empregado. O resultado do tratamento foi satisfatório e a recuperação do animal se deu da forma esperada para a idade após o tratamento. Conclusões: A suspeita de infecção por Trichomonas sp deve ser sempre levada em consideração em locais que mantenham aves de diferentes idades confinadas em um mesmo espaço, seja quais forem as espécies. Ao menor sinal de doença deve-se fazer o isolamento do possível animal infectado para que se controle a infecção para os demais indivíduos. A quarentena e desinfecção periódica de utensílios e do ambiente são métodos eficazes e necessários ao controle da doença. Referências Bibliográficas: 1) Gelis S. Gastrointestinal System. In: Harrison GJ, Lightfoot TL. Clinical Avian Medicine. 1a ed. Florida: Spix Publishing; 2006. 2) Amin A, Bilic I, Liebhart D, Hess M. Trichomonads in birds -- a review. Parasitology 2014; 141(6):733-747. 3) Cole R. Tricomoniasis. In: Friend M, Franson CJ. Field manual of wildlife diseases - General field procedures and diseases of birds. Washington: US Fish and Wildlife Service; 1999. 4) Pachaly JR. Odontoestomatologia. In: Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL. Tratado de Animais Selvagens. 1a ed. São Paulo: Editora Roca; 2007. 5) Greiner EC, Ritchie BW. Parasites. In: Ritchie BW, Harrison GJ, Harrison LR. Avian Medicine Principles and Applications. 1a ed. Florida: Wingers Publishing; 1994. 6) Forrester DJ, Foster GW. Trichomonosis. In: Atkinson CT, Thomas NJ, Hunter DB. 1a ed. Iowa: Wiley-Blackwall; 2008. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 96 | P á g i n a Relato de Caso - 21 O diagnóstico foi logo confirmado ao ser Relato de Caso - 21 Figura 1. A- Imagem de lesões esbranquiçadas de formato irregular e brilhantes localizadas lateralmente à coana em arara canindé (Ara ararauna); B- Imagem da mesma região após o tratamento, com ausência das lesões. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 97 | P á g i n a Melhora das funções motoras de Irara (Eira barbara) tetraparética, após tratamento Improvement of motor functions of tetraparetic Tayra (Eira barbara) after treatment with Ozone therapy and implant of gold in acupoints – case report Gustavo Calasans Marques1; Heloisa Dellacqua Coutinho1; Ligia Rigoleto Oliva1; Mariana Castilho Martins1; Henrique Guimarães Riva2; Lidiane Silva Alves1; Stelio Pacca Loureiro Luna1; Carlos Roberto Teixeira1 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil 2 Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: A Irara (Eira barbara) é um mamífero da ordem CARNIVORA e família MUSTELIDAE. É encontrada desde o sólidos, ocasionando fraturas e/ou luxações na coluna. As lesões cervicais podem gerar graus variados de dor e México até o norte da Argentina, ocorrendo também na Ilha Trinindad e Tobago. No Brasil, distribuísse nos biomas: Cerrado, Amazônia, Catinga, Pantanal e Mata Atlântica. Tem habito florestal, fazendo seu refúgio em troncos ocos, capim alto ou em tocas abandonadas de outros animais. Tem grande habilidade em correr, nadar e tetraparesia do neurônio motor superior, pela compressão alta causada à medula.3 Lesões neurológicas em geral, não apresentam bom prognóstico e frequentemente levam a eutanásia. Em virtude do crescente interesse na reabilitação de animais selvagens, terapias alternativas como o implante de ouro e ozonioterapia vem destacando-se escalar e gostam de brincar. Frequentemente se aproximam das civilizações a procura de alimento, podendo atacar criações de aves, apiários e até mesmo milharais e canaviais.1,2 Dessa forma, são comuns os acidentes com veículos, brigas com animais domésticos e choques contra objetos mundialmente devida sua rápida resposta. A terapia com ozônio apresenta resultados surpreendentes em casos ortopédicos, devido seu efeito analgésico e drenagem do edema favorecendo a mobilidade articular.4 O objetivo deste trabalho é relatar o caso de uma Irara tetraparética por compressão medular Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 98 | P á g i n a Relato de Caso - 22 com Ozônio terapia e implante de ouro em acupontos – relato de caso segunda sessão foi realizado o implante implante de ouro em pontos de acupuntura, teve grande melhora de suas funções motoras e divulgar a importância de terapias complementares na reabilitação e controle da dor em animais selvagens. de ouro, com filamentos de ouro de 18K e 3 mm de comprimento, com agulha hipodérmica 40X12 e o aplicador-padrão nos pontos de acupuntura VG 15, VG 14, VG 12, B 11, B 12, Jiu Wei, ID 3 e B62, durante o procedimento o animal foi submetido a sedação. Material e Métodos: Uma Irara, macho, filhote, foi levada ao Centro de Reabilitação de Animais Selvagens Resultados e Discussão: Nos exames semiológicos o animal apresentava (CRAS) no Parque Ecológico do Tietê (PET), em Janeiro de 2014. O histórico era de paraparesia, com reflexo de dor e retirada presente, com severas alterações em tônus postural e propriocepção. O quadro clínico piorou após quatro dias, com o início de automutilação do segundo e terceiro dígito dos membros torácicos e tetraparesia. A assepsia das lesões era realisada diariamente. Realizada estado mental alerta, postura anormal com deficiência proprioceptiva e redução do tônus muscular dos quatro membros. A deambulação era mínima e com dificuldade de se manter em estação. Animal era mantido em recinto aberto. Após o encaminhamento ao CEMPAS, foi possível evidenciar no exame radiográfico o deslocamento dorsal da sexta vértebra cervical em 1,69 milímetros, com fisioterapia em esteira aquática por dois meses, houve melhora nos movimentos de extensão e flexão dos membros. Em Maio de 2014 foi encaminhada ao Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Selvagens (CEMPAS) na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Botucatu – São Paulo. aparente fratura da porção cranial do corpo da mesma. Para mensurar a compressão medular realizou-se a tomografia com e sem contraste. A qual evidenciou a herniação do disco intervertebral entre C6 e C5, diminuição dos espaços intervertebrais adjacentes em aproximadamente 1 milímetro e compressão medular de 1 milímetro. O Foram realizados exames radiográficos em toda extensão da coluna e membros do mustelídeo, e tomografia de 0,25 Tesla da região cervical. O tratamento com Ozonioterapia foi instaurado na primeira sessão sendo administrado 20 mL de ozônio na concentração de 20 µg/mL com scalp número 25 na região cervical. Na paciente foi mantido em gaiola de 1m x 0,6m x 0,6m para restrição de seus movimentos, e iniciou o tratamento baseado em pontos de acupuntura. Na semana após a ozônio terapia o paciente cessou as automutilações dos dígitos, apresentou melhora na deambulação e postura dos membros torácicos e no Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 99 | P á g i n a Relato de Caso - 22 traumática, que após Ozonioterapia e Ozonioterapia após a ozônio terapia foram realizados 9 implantes de ouro nos pontos de acupuntura. Após uma semana do implante de ouro o animal foi solto em um recinto onde apresentou melhora significativa na deambulação e quadro clínico. Embora o ozônio já tenha seu efeito anti-inflamatório bastante 4 comprovado, sua terapia acaba sendo conseguimos assim comprovar os resultados positivos destes tratamentos, em animais selvagens, já confirmados nas espécies domésticas. restrita nos animais selvagens, pela dificuldade na contenção física. Nestes casos em que a contenção representa um risco para a lesão, o implante de ouro passa a ser uma alternativa, uma vez que necessita de apenas de um procedimento para que sejam implantados filamentos de ouro nos pontos de acupuntura 5 escolhidos. (Figura 1) Conclusões: Após os procedimentos de ozônio terapia e aplicação de implantes de ouro, em pontos de acupuntura; o exemplar de Irara macho, tetraparética por compressão medular traumática entre a quinta e a sexta vértebra cervical, apresentou grande melhora em suas funções motoras (postura, propriocepção, tônus e deambulação). Uma vez que obtivemos uma melhora significativa do animal por meio da utilização e implante de ouro, Referências Bibliográficas: 1) Javorouski ML; Passerino ASM. Capitulo 32 Carnivora – Mustelidae (Ariranha, Lontra, Furão, Irara, Ferret). In: Cubas ZS; Silva JCR;Catão-Dias JL, Tratado de animais selvagens. 1ª ed. São Paulo: Roca 2006. p. 547-570. 2) Cheida CC; Nakano-Oliveira E; Fusco-CostaR; Rocha-Mendes F; Quadros J. Capitulo 8 Ordem carnívora. In: Reis NR; et al. Mamíferos do Brasil. 2ª ed. Londrina. 2011. p. 259. 3) Fossum TW. Capitulo 38 Cirurgia da coluna cervical. In: Cirurgia de pequenos animais. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. p. 1402-1459. 4) Bocci V. Biological and clinical effects of zone. Has ozone therapy a future in medicine? British journal of Biomedical Science 1999; 56: 270-279. 5) DurkesTE. Implantes de Contas de Ouro. In:Schoen AL. Acupuntura Veterinária Da Arte Antiga à Medicina Moderna. 2thed. ROCA; 2006. p296-298. da Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 100 | P á g i n a Relato de Caso - 22 tônus dos membros pélvicos. Sete dias Relato de Caso - 22 Figura 1. Irara (Eira Barbara) em recinto do centro de Medicina e Pesquisa de Animais Selvagens da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 101 | P á g i n a Gota úrica em calopsita (Nymphicus hollandicus) Juliana Pigossi Neves1; Elber Luiz da Silva Costa Moraes1; Adriana Reis dos Santos2; Camila Maria da Silva Rocha2 1 Mundo Silvestre (MS), Brasil 2 Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil Contato: [email protected] Introdução: A gota úrica é uma condição patológica caracterizada por um desequilíbrio metabólico onde acontece a deposição de ácido úrico e uratos em diferentes tecidos. Nas articulações, tendões e bainhas sinoviais é chamada inespecíficos como apatia, prostração, oligúria ou anúria.1,5 Essa forma tem um curso fatal que leva à morte súbita do animal por falência cardíaca devido à deposição do urato nas serosas do coração ou por hipercalemia, sendo esta de gota úrica articular, e nos órgãos viscerais, especialmente em serosas de coração, rins e fígado é chamada de gota úrica visceral.1,3 As aves possuem como produto final de excreção o ácido úrico e, qualquer lesão renal pode levar à gota úrica.1 Entre as causas, destacam-se a desidratação, pielonefrite, distúrbio eletrolítico, hipercalcemia, dieta com última ainda uma hipótese a ser confirmada.1 Já na articular, são de claudicação podendo evoluir para 1,5 paralisia dos membros posteriores. Os mecanismos que levam à deposição do urato ainda são desconhecidos.1 A confirmação do diagnóstico pode ser feita pelo material depositado, que macroscopicamente, tem aspecto pastoso aminoácidos desbalanceados e excesso de proteína na dieta que é catabolizado em ácido úrico.1,4 A condição genética das aves também é favorável, pois não possuem a enzima uricase, responsável por oxidar ácido úrico em alantoína.3 Os sinais clínicos variam de acordo com o tipo de gota. Na visceral, são com coloração esbranquiçada e microscopicamente o urato aparece como cristais em forma de agulha. Na necropsia, os depósitos têm aspecto caseoso.1 Uma vez formados, os depósitos de uratos são permanentes não havendo cura para o quadro. Deve-se fazer tratamento de suporte e diminuir o Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 102 | P á g i n a Relato de Caso - 23 Uric gout in cockatiel (Nymphicus hollandicus) de proteína da dieta. A material foi conservado em um tubo para utilização de fármacos como a colchicina e alopurinol é considerada controversa em aves.1 O objetivo deste trabalho foi relatar a ocorrência de gota úrica visceral e articular em uma calopsita (Nymphicus hollandicus). exames bioquímicos e sorológicos, sem anticoagulante e gel. Recomendou-se a suspensão imediata de toda e qualquer fonte nutricional de proteínas ao animal, adotando-se a alimentação com mix de sementes e administrou-se fluidoterapia com solução Ringer Lactato aquecida na dose de 60 mL/kg pela via subcutânea, utilizando-se o acesso da prega inguinal. Material e Métodos: Uma calopsita fêmea, de aproximadamente 2 anos de idade, deu entrada no consultório veterinário em novembro de 2013 com histórico de apatia e prostração, segundo a proprietária, há aproximadamente 3 dias. O animal provinha de uma criação amadora e possuía outras 3 calopsitas e um ringneck (Psittacula krameri) como O animal não apresentou melhora e veio a óbito aproximadamente 24 horas depois do atendimento inicial. Com a autorização da proprietária realizou-se exame necroscópico do animal. contactantes. A nutrição destes animais era composta por ração extrusada para calopsitas e farinhada comercial a base de mel e ovos, sendo que ambos os Resultados e Discussão: Na necropsia pôde-se observar vários depósitos puntiformes de coloração esbranquiçada por toda membrana pericárdica (Figura 1A) e sacos aéreos torácicos caudais alimentos eram deixados a disposição diariamente para os animais. Ao exame físico o animal apresentou peso de 83 g, bom escore corporal, penas do corpo arrepiadas, olhos constantemente fechados e suas excretas apresentavam fração líquida urinária aumentada, configurando quadro de poliúria. Notou-se também que o animal estava evitando (Figura 1B). Os rins apresentaram-se de coloração parda (Figura 2). A articulação metacarpo-falangial apresentou nodulação de coloração esbranquiçada, semelhante à encontrada nas membranas do pericárdio e sacos aéreos (Figura 3). Os demais órgãos não apresentavam alterações dignas de nota. A alimentação com ração extrusada associada à apoiar o membro pélvico direito, mantendo-o sempre suspenso. Optou-se por coletar sangue do animal para avaliação bioquímica de funções hepática e renal. O acesso realizado foi pela veia jugular direita, por meio de uma agulha 0,30 x 13 mm acoplada a uma seringa de 1 mL e coletou-se 0,8 mL de sangue. O farinhada com mel e ovos representa uma nutrição com níveis elevados de proteína, uma vez que a farinhada é um alimento destinado a situações fisiológicas específicas onde há uma requisição proteica maior. O produto do metabolismo destas proteínas é o ácido úrico. Neste caso fica evidente a ligação entre a Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 103 | P á g i n a Relato de Caso - 23 consumo um exame complementar de grande quadro de hiperuricemia, confirmado pelo valor de 75,56 mg/dL de ácido úrico (tabela 1), quando os valores normais para esta espécie variam de 3,5 a 11,0 mg/dL.6 Por este motivo recomendou-se a utilização de um alimento pobre em proteínas como a mistura de sementes, visando a redução dos níveis séricos de ácido úrico nesta ave. Os depósitos relevância para o diagnóstico do quadro. O exame necroscópico e a visualização de depósitos de ácido úrico em serosas de vísceras é fundamental para o diagnóstico post-mortem de gota úrica. encontrados em serosa de coração e em sacos aéreos são compatíveis com aqueles descritos em literatura e caracterizam um quadro de gota úrica visceral. A alteração na coloração dos rins é sugestiva de insuficiência renal, mas para se confirmar esta hipótese teria sido necessária a realização de exame histopatológico, o que não foi autorizado pela proprietária. O aparecimento de Referências Bibliográficas: 1) Lumeij JT. Nephrology. In: Ritchie BW, Harrison GJ, Harrison LR. Avian Medicine Principles and Applications. 1a ed. Florida: Wingers Publishing; 1994. 2) Costa AM, Imbeloni AA, Ferreira VL, Razo TF. Gota Úrica Visceral em Harpia (Harpia harpyja). Nosso Clínico - Medicina Veterinária para Animais de Companhia 2012. 86(1808-7191)-60:62. 3) Carlson CS, Weisbrode SE. Bones, Joints, Tendons, and Ligaments. In: Mcgavin MD, depósitos em articulação metacarpofalangial semelhantes aos encontrados em vísceras reforça a suspeita de gota úrica. O aumento na porção líquida urinária das excretas, interpretado como poliúria, não condiz com a literatura que relata serem mais comuns a anúria ou oligúria.1,4 Porém, em quadros de insuficiência renal, os rins podem perder a capacidade de concentrar a urina, Zachary JF. Pathologic Basis of Veterinary Disease. 5a ed. St. Louis: Mosby Publishing; 2013. 4) Crespo C, Shivapprasad HL. Development, Metabolic, and Other Noninfectious Disoderds. In: Saif YM et al. Diseases of Poultry, 11a ed., Iowa: Blackwell Publishing; 2003. 5) Herbert JD, Coulson JO, Coulson TD. Quantification of Tissue Uric Acid Levels in a Harri’s Hawk with resultando em uma maior quantidade de líquido excretada. Sendo assim, a poliúria apresentada torna-se compreensível. Visceral Gout. Avian Dis. 2011. 55513:515. 6) Godoy SN. Psittaciformes. In: Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL. Tratado de Animais Selvagens. 1a ed. São Paulo: Editora Roca; 2007. Conclusões: O excesso de proteínas na dieta de uma ave pode propiciá-la a desenvolver gota úrica. A avaliação bioquímica da função hepática e renal é Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 104 | P á g i n a Relato de Caso - 23 ingestão excessiva de proteínas e o Relato de Caso - 23 Tabela 1. Resultados do exame de bioquímica sérica de uma fêmea de calopsita (Nymphicus hollandicus). Figura 1. A- Imagem de depósitos puntiformes de coloração esbranquiçada por toda membrana pericárdica de calopsita (Nymphicus hollandicus); B- Imagem de depósitos puntiformes de coloração esbranquiçada em sacos aéreos torácicos caudais de calopsita (Nymphicus hollandicus). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 105 | P á g i n a Relato de Caso - 23 Figura 2. Imagem de rins de calopsita (Nymphicus hollandicus) com coloração parda. Figura 3. Imagem de nodulação de coloração esbranquiçada em articulação metacarpofalangial de calopsita (Nymphicus hollandicus). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 106 | P á g i n a Retenção de ovos em jabuti piranga (Chelonoidis carbonaria) – relato de caso Henrique Guimarães Riva1; Mariana Castilho Martins2; Gustavo Calasans Marques2; Stephanie Moira Rodrigues e Silva2; Lidiane Silva Alves2; Maria Cristina Reis Castiglioli2; Carlos Roberto Teixeira2 1 Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil 2 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Os quelônios são répteis popularmente criados em cativeiro com potencial para grande longevidade. tratamentos efetivos com uma UI/kg². O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um jabuti piranga (Chelonoidis Entretanto, a falta de informação dos proprietários sobre a biologia desses animais leva a diversas afecções de manejo que tendem a diminuir essa expectativa de vida e aumentar a mortalidade¹. Um exemplo disso é a retenção de ovos ou distocia. Trata-se de uma afecção comumente relatada em répteis criados em cativeiro, geralmente associada a erros de manejo como: carbonaria) com retenção de nove ovos, temperatura inadequada, substrato errado, alimentação deficiente, entre outros. Apesar de ser comum em quelônios, seu tratamento ainda não está bem estabelecido. Por exemplo, a dose preconizada de ocitocina em répteis varia de 5 a 30 unidades internacionais por quilo (UI/kg), sendo que há relatos de Filho” (UNESP). O animal era criado em cativeiro pela proprietária em substrato de cimento com uma caixa com terra e apresentava a queixa principal de retenção de ovos. A alimentação oferecida envolvia ovos cozidos com casca, carne moída ou ração comercial de cães ocasionalmente, almeirão, rúcula, tratado com sucesso com gliconato de cálcio e ocitocina. Material e Métodos: Um jabuti piranga, fêmea, com 8 kg, adulto, foi encaminhado ao Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens (CEMPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 107 | P á g i n a Relato de Caso - 24 Egg binding in a red footed tortoise (Chelonoidis carbonaria) – case report contrações frutas e legumes. Quinze dias antes da consulta, iniciou comportamento de escavação de ninhos sem oviposição. Após alguns dias, parou de cavar ninhos e apresentou hiporexia e diminuição de atividade. O histórico médico envolvia diversos atendimentos veterinários por retenção de ovos, pneumonia e uma celiotomia para a retirada de um corpo recomendados banhos com água morna duas vezes ao dia por duas semanas, pois o aquecimento acelera o metabolismo dos animais ectotérmicos e que o réptil fosse mantido em piso de terra ou grama. Não foi observada oviposição nesse período. O quelônio foi internado para melhor acompanhamento, em recinto com grama e terra. Uma nova estranho. Não havia histórico do uso de ocitocina. Em exame clinico, o réptil mostrava-se ativo e alerta, peso constante desde a última consulta no ano anterior. Não era possível palpar ovos em cloaca. Foi realizado exame radiográfico em estação nas projeções rostrocaudal, laterolateral direita e dorsoventral. aplicação de gliconato de cálcio foi feita. No tempo de internamento, apresentou anorexia, não cavou ninhos e estava bem ativo. No quinto dia de internação, foi aplicado ocitocina, 5 UI/kg, IM. Após 35 minutos, foi expelido o primeiro ovo sem escavação de ninho (Figura 2). Os demais oito ovos foram eliminados até uma hora após a medicação. Todos estavam bem calcificados e dois tinham Resultados e Discussão: Em exame radiográfico, presença de nove ovos mineralizados com insinuação em canal pélvico (Figura 1). O maior dos ovos medindo aproximadamente 7,05 cm por 5,92 cm, sendo que o canal pélvico mediu cerca de 7,21 cm de diâmetro. Em cólon, presença de conteúdo fecal de radiopacidade elevada. Sem evidências de alterações em campos pulmonares. Considerando o exame clínico e radiográfico, não foram identificadas alterações morfológicas significativas nos ovos e o diâmetro deles era compatível com o do canal pélvico. Então, realizou-se o tratamento conservativo: foi aplicado gliconato de cálcio, intramuscular (IM), 40 mg/kg, para suplementar uma possível deficiência do mineral e estimular musculares; foram formato esférico normal. O restante dos ovos era mais alongado, ovalado ou achatado e com superfície rugosa. Ferreira et al (2012)³ relataram o caso de um C. carbonaria com retenção de três ovos, a dose utilizada de ocitocina foi de 25 UI/kg com repetição de metade da dose após meia hora e o animal ovipôs 15 minutos após a segunda aplicação. Já Silbeira et al (2009) 4 relataram um caso de um animal da mesma espécie também com retenção de três ovos, sendo que a dose utilizada foi de 0,08 UI/kg e o animal fez a postura três horas após a aplicação. Isso demonstra a variedade de protocolos utilizados e a falta de padronização e pesquisa na área. Além da dose utilizada, é provável que o tempo aguardado após a Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 108 | P á g i n a Relato de Caso - 24 manga, maçã, cenoura e diversas outras ocitocina foi efetivo para a retenção de ser melhor investigado. Em relação à etiologia, Matias et al (2006)5 analisaram 14 casos de retenção em jabutis: em 57,1% dos casos (oito animais) foi detectado corpo estranho, em 43,9% (6 indivíduos) fezes ressecadas foram encontradas, todos os animais viviam em piso de substrato rígido e 35,7% (cinco jabutis) apresentavam doença ovos nesse caso, resultando na oviposição dos 9 ovos retidos. Apesar de haver diversas descrições de retenção de ovos e recomendações de conduta em livros e artigos, mais pesquisas são necessárias para que as doses e tratamentos utilizados sejam padronizados e os resultados mais consistentes e previsíveis. osteometabólica. Neste caso, a etiologia da retenção não foi elucidada. No entanto, algumas causas podem ser sugeridas. O réptil era mantido em piso de cimento com uma pequena caixa com terra. Desse modo, o substrato e temperatura inadequados poderiam estar estimulando o animal a reter os ovos. Porém, a fêmea fazia posturas anualmente há alguns anos atrás com o Referências Bibliográficas: 1) Boyer TH; Boyer TH. Turtles, Tortoises, and Terrapins. In: Mader DR. Reptile Medicine and Surgery. 2nd Ed. Florida, ; 2004. p. 78-87. 2) DeNardo D. Dystocias. In: Mader DR. Reptile Medicine and Surgery. 2nd Ed. Florida, ; 2004. p. 787-92. 3) Ferreira VHM; Júnior MC; das-Chagas mesmo manejo. Corpos estranhos radiolucentes não foram investigados e poderiam causar obstruções parciais. O conteúdo fecal de densidade elevada observado em exame radiográfico poderia estar pressionando os ovos e dificultando a oviposição. No entanto, o uso da ocitocina resultou na liberação de todos os ovos sem sangramentos ou outras complicações, o que descarta uma CF; Nonato IA e Pires ST. Distocia em Jabuti Piranga (Chelonoidis carbonaria) – obstrução completa. retenção de ovos em (Geochelone carbonaria, Conclusões: Portanto, o tratamento com Ciência Rural; 2006; 5(36):1494-1500. relato de caso; PUBVET; 2012; 6(36). 4) Silbeira SMV; Rubião ECN; Muniz IM e Bobány DM. Retención de huevos em hembra de jabotí-piranga (Geochelone carbonaria – Spix, 1824) em cautiverio; Revista MVZ Córdoba; 2009; 14(3):184043. 5) Matias CAR; Romão MAP; Tortelly R; Bruno SF. Aspectos fisiopatológicos da Jabutipiranga Spix, 1824); Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 109 | P á g i n a Relato de Caso - 24 aplicação seja um fator importante e deva Relato de Caso - 24 Figura 1. Exame radiográfico de Chelonoides carbonaria em projeção látero-lateral, evidenciando nove ovos mineralizados sem alterações morfológicas significativas. Figura 2. Jabuti piranga (Chelonoides carbonaria) realizando a postura do primeiro ovo após 35 minutos da aplicação de ocitocina. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 110 | P á g i n a Enucleação em mangusto-tigrado (Mungos mungo) vítima de agressão Enucleation of a banded-mongoose (Mungos mungo) victim of an intraspecific aggression in Fundação Jardim Zoológico de Brasília Mariana Portugal Mattioli1; Fernanda Mara Aragão Macedo Pereira1; Ayisa Rodrigues Oliveira1; Luísa Helena Rocha da Silva2 1 Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil 2 Fundação Jardim Zoológico de Brasília, Brasília, DF, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Os mangustos-tigrados (Mungos mungo), originários da África Subsaariana, são animais que medem aproximadamente 47 cm de comprimento, machos subordinados e formar um novo grupo.1 Quando o animal é expulso do grupo em cativeiro, mesmo que temporariamente, ele não pode se afastar pesam em torno de 1,4 kg e vivem em grupos familiares matriarcais, com cerca de vinte indivíduos adultos e sua prole.1,2 Os mangustos são essencialmente terrestres e vivem em áreas de mata baixa.2 O grupo dorme junto, em tocas subterrâneas, e sai para forragear no início do dia, mudando de localização a cada três a cinco dias.1 Quando o número pela restrição física do recinto, o que pode resultar em isolamento ou brigas que podem levar ao óbito do indivíduo. A enucleação é a cirurgia orbitária radical mais comum, que consiste na completa remoção do globo ocular, incluindo o revestimento fibroso interno. Este procedimento é recomendado em casos de endoftalmite, panoftalmite, perfurações de fêmeas procriadoras fica muito grande, geralmente maior que oito, as fêmeas mais jovens, que geralmente estão gestantes, são expulsas do grupo temporariamente ou permanentemente pelas fêmeas mais velhas. Em casos que a expulsão é permanente, as fêmeas expulsas podem levar com elas os oculares, ruptura do nervo óptico, neoplasias intraoculares, traumatismos severos e glaucomas crônicos 3 incontroláveis. A técnica rotineiramente empregada é a de enucleação 4 transconjuntival. O presente trabalho objetivou descrever a anestesia e técnica cirúrgica de enucleação transconjuntival Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 111 | P á g i n a Relato de Caso - 25 intraespecífica na Fundação Jardim Zoológico de Brasília de um mangusto-tigrado (Mungos mungo) associadas com perfuração do globo ocular esquerdo. Material e Métodos: Um mangustotigrado pertencente à Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB), adulto, fêmea, pesando 900 gramas, foi agredido pelos outros animais do grupo, sendo encontrado pelo tratador dentro do recinto com lesões ao longo da cabeça. No exame clínico foi observada lesão aplicadas por via intramuscular. Posteriormente, a veia cefálica foi cateterizada e a indução anestésica foi realizada com propofol (10 mg/kg), aplicada em bólus intravenosos. O animal foi mantido sob anestesia inalatória com isofluorano em vaporizador universal, com o animal entubado com sonda endotraqueal de 2,5 mm (Figura 1). O perfurante supurativa na região superior do crânio, compatível com mordida; perfuração supurativa do globo ocular esquerdo com extravasamento de humor vítreo e total perda da integridade ocular e visual. O animal apresentava ataxia, nistagmo horizontal do olho direito e mioclonia da musculatura facial. No mesmo dia foi realizada limpeza das lesões com solução de cloreto de sódio a procedimento cirúrgico foi realizado com o animal em decúbito lateral direito. Foi realizada cantotomia de 0,7 centímetros de extensão para exposição adequada do globo ocular, incisão da conjuntiva, dissecção junto ao globo e desinserção dos músculos extraoculares. Anteriormente à total retirada do globo ocular foi realizado bloqueio local perineural retrobulbar com 0,4 mL de 0,9% e estabeleceu-se o protocolo terapêutico de antibioticoterapia sistêmica com ceftriaxona, na dose de 73mg/kg, via intramuscular, a cada doze horas por dez dias. O animal foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (Hvet/UnB) para procedimento de enucleação transconjuntival do olho esquerdo. O animal foi submetido a jejum lidocaína 1% sem vasoconstritor para posterior transfixação e secção do nervo e vasos ópticos. Durante o procedimento o animal apresentou bradicardia, sendo necessária a utilização de atropina (0,025 mg/kg) intravenosa. A glândula lacrimal foi retirada e a terceira pálpebra foi mantida, por apresentar-se pouco evidente. A sutura do tecido conjuntivo foi realizada em ponto simples contínuo, com alimentar de doze horas e jejum hídrico de quatro horas. No exame préanestésico foi aferida a frequência cardíaca, respiratória e temperatura retal do animal, sendo >200 bpm, 72 mpm e 37,5°C, respectivamente. A medicação pré-anestésica utilizada foi cetamina (10 mg/kg) e midazolam (0,1 mg/kg), mesma seringa e fio monofilamentar absorvível 3-0 (Figura 2), e a pele com fio monofilamentar nãoabsorvível 3-0 por meio de pontos simples interrompidos. Para tratamento pósoperatório manteve-se a antibioticoterapia com ceftriaxona. Foram adicionados para terapia analgésica e anti-inflamatória o cloridato de tramadol na dose de 0,5 Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 112 | P á g i n a Relato de Caso - 25 na de mg/kg, ambos a cada doze horas durante três dias, com aplicação intramuscular. O curativo da ferida cirúrgica foi realizado com solução de cloreto de sódio a 0,9% durante os dez dias de internação. sugestivos de perda de noção de profundidade. No quinto dia de pósoperatório seu comportamento habitual já estava restabelecido, tendo voltado a escalar, realizar movimentos rápidos e ultrapassar obstáculos com facilidade. No décimo dia de internação o animal recebeu alta e foi reintroduzido ao seu grupo, não havendo brigas recidivas. Os Resultados e Discussão: A medicação pré-anestésica e a manutenção trans anestésica e rápido retorno anestésico geraram resultados satisfatórios, sendo o atravessar obstáculos foram protocolo utilizado aconselhado para a espécie. De acordo com Goes, 2012, durante o período pós-operatório do procedimento de enucleação transconjuntival é imprescindível a administração sistêmica de antibiótico, antiinflamatório e analgésico, além de curativos locais e utilização de colar protetor elizabetano. No caso descrito, não foi utilizado o colar elizabetano pois o pontos realizados na pele se soltaram naturalmente, sem a necessidade de posterior contenção para sua retirada. animal ficou em observação e não demonstrou nenhum tipo de incômodo com a ferida cirúrgica. O antibiótico de escolha foi a ceftriaxona, uma cefalosporina de 3ª geração, com amplo espectro e boa resposta em lesões de pele, cuja dose de 73 mg/kg foi calculada por meio de extrapolação alométrica, com base na dose de 40 mg/kg utilizada em recuperação do animal. Este retornou com êxito ao grupo sem alterações comportamentais. cães. O mangusto ficou internado durante dez dias no Hospital Veterinário da FJZB após a cirurgia. Nos dois primeiros dias de pós-operatório o animal já não apresentava nenhum sinal neurológico, porém comportamentos alterados como aumento do tempo de permanência dentro da toca, dificuldade de escalar e Conclusões: O protocolo anestésico utilizado permitiu a realização de todo o procedimento sem riscos ao animal e proporcionando boa recuperação. A técnica cirúrgica empregada e o acompanhamento pré e pós-operatório foram de grande importância para a total Referências Bibliográficas: 1) Cant MA, Gilchrist JS. Mungus mungo: Banded Mongoose. Fr. Mangue rayée; Ger. Zebramanguste. Disponível em: URL: http://www.bandedmongoose.org/wpcontent/uploads/2012/09/Cant-GilchristMungos-mungo-profile.pdf [2013 mar. 3]. 2) Banded Mongoose (Mungus mungo). World Association of Zoos and Aquariums – WAZA. Disponível em: URL: http://www.waza.org/en/zoo/visit-thezoo/small-carnivores1254385523/mungos-mungo [2013 mar. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 113 | P á g i n a Relato de Caso - 25 mg/kg e o meloxicam na dose de 0,1 Cunha, O. Manual de Oftalmologia Pereira, DM; Dias, LGGG. Técnica Cirúrgica de Enucleação – Revisão de Literatura. Revista Científica Eletrônica De Medicina Veterinária; 2012; 18. 4) Veterinária. 2008. Disponível em: URL: http://200.18.38.50/www/biblioteca/Oftalm o.pdf [2013 mar. 3]. Figura 1. Imagem de mangusto-tigrado (Mungos mungo) entubado com sonda endotraqueal de 2,5 mm. Figura 2. Imagem da sutura do tecido conjuntivo com ponto simples contínuo em mangusto-tigrado (Mungos mungo). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 114 | P á g i n a Relato de Caso - 25 3]. 3) Goes,LD; Risseti, RM; Dias, FGG; Utilização tópica de papaína no debridamento de dermatite úmida em um coelho Topic utilization of papain in moist dermatitis debridement in a rabbit (Oryctolagus cuniculus) – case report Mariana Castilho Martins1; Ligia Rigoleto Oliva1; Henrique Guimarães Riva2; Gustavo Calasans Marques1; Stephanie Moira Rodrigues e Silva1; Carlos Roberto Teixeira1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FMVZ/Unesp), SP, Brasil 2 Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: O coelho doméstico é um mamífero pertencente à ordem Lagomorpha, família Leporidae. Esta papaína é um produto proveniente do látex do mamoeiro Carica papaya, sendo espécie é cada vez mais popular como animal de estimação, crescendo seu número de atendimentos em clínicas e hospitais veterinários. Em coelhos, a dermatite úmida normalmente se desenvolve sob a mandíbula, na região ventral do pescoço ou na região perineal. Neste último, ocorre pelo contato constante com a urina, causando lesões de enzimas proteolíticas e peroxidases, que induzem a proteólise do tecido desvitalizado, sem danos ao tecido sadio ao redor da lesão. Além de sua atividade proteolítica, possui ação antiinflamatória, atuando na junção dos bordos da ferida na cicatrização por segunda intenção.3 Este medicamento pode ser utilizado em diferentes concentrações, de acordo com semelhantes a queimaduras. Esse tipo de dermatite pode estar associada à imobilidade causada por paresia de membros pélvicos ou outras lesões.1 Para o tratamento dessa afecção, o debridamento de feridas necróticas é de grande importância, pois sua presença retarda o processo de cicatrização.2 A o estágio de cicatrização,4 e tem sido utilizado na medicina humana desde 1983.2 Em seres humanos, a papaína apresenta bons resultados como agente de debridamento e baixo custo em relação a outras alternativas. Não há nenhum relato de seu uso clínico terapêutico em animais até o presente caracterizada por uma mistura complexa Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 115 | P á g i n a Relato de Caso - 26 (Oryctolagus cuniculus) – relato de caso realizadas permitiram a constatação de descrever o caso de um coelho com dermatite úmida perineal que foi tratada com a aplicação tópica de papaína. Material e Métodos: Um coelho, fêmea, com aproximadamente 3 anos de idade, mantido como animal de estimação foi atendido no CEMPAS. O animal apresentava dificuldade na mobilidade e uma dermatite úmida em região perineal e deslocamento proximal da patela direita, com possível ruptura de ligamento patelar como causa da pouca mobilidade animal. Realizou-se tratamento conservativo para esta afecção. Após as primeiras 24 horas com o curativo fechado com papaína, observou-se amolecimento dos tecidos necróticos na região perineal. Nos dias subsequentes, houve destacamento cauda, com presença de grande quantidade de tecido necrótico em toda essa área e de pelos sujos aderidos ao local (Figura 1). Foi requisitada radiografia de membros pélvicos para esclarecer a causa da imobilidade, e foi iniciado tratamento para a dermatite. A papaína foi manipulada em gel na concentração de 6%, conforme a necessidade para o debridamento. A fêmea foi alojada em destes tecidos desvitalizados, sendo que a partir do terceiro dia foi possível a observação de tecido de granulação e algumas faixas de epitelização nos bordos da ferida. No quinto dia de curativos, cerca de 70% da lesão estava completamente epitelizada, restando apenas um foco com cerca de 2 cm² completamente debridado, porém ainda sem tecido de epitelial (Figura 2). Este gaiola com substrato de jornal para absorver a urina e evitar seu contato com a pele. O animal foi sedado para realização de tricotomia da região para reduzir a contaminação, e melhor avaliação da ferida. Também foram realizados curativos diários na região perineal com uso da papaína sobre a ferida previamente limpa com digluconato foco remanescente foi mantido úmido com curativos diários realizados com gaze, hidrogel e solução fisiológica até sua completa epitelização. A cauda do animal foi considerada inviável e se destacou espontaneamente durante o curso do tratamento. Segundo Leite et al. (2012), a papaína vem sendo utilizada em feridas de características e causas variadas, e em pacientes com diversos de clorexidine 2% e solução fisiológica. Sobre o gel de papaína era colocada uma compressa de gaze umedecida com solução de cloreto de sódio 0,9%. O curativo era fechado com atadura de crepe e esparadrapos. Esse procedimento foi realizado por 7 dias. perfis, e é considerada desde 1987, um recurso terapêutico seguro e que não oferece riscos ao paciente humano. Ainda segundo a mesma autora, o uso da formulação em gel facilita o uso do produto e busca manter por mais tempo a estabilidade da enzima.3 Resultados e Discussão: As radiografias Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 116 | P á g i n a Relato de Caso - 26 momento. O objetivo deste trabalho é Quesenberry KE; Carpenter JW. Ferrets, utilização da papaína como agente de debridamento enzimático, em condições envolvendo necrose tecidual, foi tão efetiva neste animal quanto relatado no seu uso em seres humanos. Dada a grande quantidade de enfermidades apresentando caráter necrotizante, conclui-se que uma utilização mais ampla da papaína como recurso nestes casos Rabbits and Rodents: Clinical Medicine and Surgery. 3th ed. St. Louis: Elsevier, 2012. p.232-244. 2) Leite AP; Oliveira BGRB; Soares MF; Barrocas DLR. Uso e efetividade da papaína no processo de cicatrização de feridas: uma revisão sistemática. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, 33 (3), 2012. 3) Monetta L. Uso da papaína nos ainda deve ser aplicada para que possamos entender melhor sua efetividade em diferentes espécies. Desta forma, acelerando o processo de cicatrização e reduzindo o tempo de tratamento destes animais. curativos feitos pela enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, 40 (1): 66-73. 4) Silva LM. Efeitos benéficos da papaína no processo terapêutico de lesões de pele. In: Jorge SA, Dantas SRPE. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas.1st ed. São Paulo: Atheneu, 2003. p.123-132. Referências Bibliográficas: 1) Hess L; Tater K. Dermatologic Diseases. In: Figura 1. Aspecto da lesão em períneo de coelho (Oryctolagus cuniculus) no momento do primeiro atendimento. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 117 | P á g i n a Relato de Caso - 26 Conclusões: Portanto, observa-se que a Relato de Caso - 26 Figura 2. Aspecto da lesão em períneo de coelho (Oryctolagus cuniculus) após 5 dias de tratamento com uso tópico de papaína em gel. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 118 | P á g i n a Prolapso peniano em jabuti piranga (Chelonoidis carbonaria) secundário a corpo estranho Débora Barbosa Bruno1; Luiz Fernando Prado1; Gabriela Cortellini Ferreira1; Felipe Yoshio Fukumori1; Tailane Franchi Pádua1; Gabriela Gallo1; Sergio Diniz Garcia1 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Araçatuba, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Os répteis estão em crescente parcela dos animais mantidos como pets, e em especial os testudines, como o jabuti piranga (Chelonoidis carbonaria), animal frequentemente encontrado em cativeiro. O presente resumo relata um caso de prolapso peniano em jabuti piranga (Chelonoidis carbonaria) possivelmente secundário a ingestão de corpos estranhos. Foi atendido no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira” – FMVA, no setor de Clinica de Animais Selvagens, um macho de cinco anos de idade com a queixa principal de prolapso peniano há dois dias, proprietário relatou que o animal já havia sido atendido por veterinário particular, porém sem resolução do quadro clínico. Material e Métodos: No exame físico do animal foi confirmada a suspeita de prolapso de pênis. No exame radiográfico, em projeção dorso ventral, foi constatado presença de corpos estranhos no interior do intestino, em porção de colón ascendente e colón descendente, com formatos irregulares e linear. Após avaliação do pênis prolapsado observouse necrose tecidual (Figura 1), sendo inviável procedimento conservador, optou-se então por penectomia. O animal foi sedado com anestesia dissociativa e realizada anestesia epidural. Após a assepsia adequada do pênis, cloaca e cauda, o pênis foi tracionado e os corpos cavernosos foram ligados individualmente e realizada a transfixação. Foi realizada sutura do coto peniano, antes de ser posicionado no interior da cloaca. No pós operatório foi instituto administração de enrofloxacina 5 mg/kg/SID/(IM), até novas recomendações e meloxicam 0,2 mg/kg/SID/(IM)/2dias. Decorridos cinco dias da realização da penectomia, foi realizado o procedimento cirúrgico para retirada dos corpos estranho presentes no cólon do animal. O paciente foi Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 119 | P á g i n a Relato de Caso - 27 Penile prolapse in piranga tortoise (Chelonoidis carbonaria) secondary to foreign body e realizada também anestesia epidural. Primeiramente foi realizado a celiotomia, com um osteótomo foi aberta uma janela retangular (em 45°) no plastrão. O fragmento de osso foi mantido em cuba com solução fisiológica até o momento de ser recolocado. A incisão na membrana celomática foi em linha mediana. Após abertura do plastrão e exposição da conservador é realizado quando o prolapso é recente e a função e integridade do órgão estão preservadas, consiste em limpeza adequada com solução fisiológica, aplicação de compressas frias para a diminuição do edema, e o pênis é colocado novamente para dentro da cloaca.1,2 É necessário realizar suturas para evitar reincidência cavidade interna foi realizado a enterotomia. A porção do intestino que continha corpo estranho foi tracionada para fora da cavidade, ordenhou-se a alça intestinal e colaram-se pinças atraumáticas cranial e caudal ao local da incisão, a incisão foi feita caudalmente ao corpo estranho. Foram retiradas cerca de 20 pedras, areia, e um corpo estranho linear metálico. Após sutura do intestino e do prolapso, ela pode ser em forma de bolsa de tabaco1,2 ou dois pontos simples paralelos as margens de abertura da cloaca.4,5 O tratamento por penectomia é necessário quando a exposição do pênis acarretar em traumas severos no mesmo ou quando se tem indícios de necrose peniana.3,2 O animal atendido, segundo o proprietário, era alimentado com alface, banana e ração de gato. A alimentação da membrana celomática, o fragmento do plastão foi recolocado novamente, para sua fixação foi utilizado resina epóxi. No pós operatório foi instituído alactulona 0,5 ml/kg/SID/VO/10d, metoclopramida 1 mg/Kg/SID/VO/10d, meloxicam 0,2 mg/kg/SID/IM/3d e manter enrofloxacina 5 mg/Kg/SID/IM até novas recomendações. estava parcialmente adequada, os jabutis mantidos em cativeiro devem receber alimentação variada com: vegetais (70 a 85%), frutas (10 a 20%), proteína animal (5 a 10 %) e suplementação vitamínica e mineral.1 A dieta fornecida não era suficiente e em razão desse déficit nutricional o animal possivelmente ingeriu corpos estranho (pedras, areia, e material linear metálico) em busca de suprir suas Resultados e Discussão: O prolapso de pênis é uma afecção comum em jabutis mantidos em cativeiro, as causas que predispõem são traumas durante o coito, deficiência muscular e neurológica, constipação e tenesmo (por ingestão de corpos estranhos) e impactação da cloaca por uratos.1,2,3 Os tratamentos possíveis para o prolapso de pênis é o conservador a penectomia. O tratamento necessidades nutricionais (Figura 2). Conclusões: O prolapso de pênis é uma afecção comum no atendimento clinico de jabutis, possivelmente decorrente do inadequado manejo nutricional que esses animais são submetidos em cativeiro. A ingestão de corpos estranhos na busca Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 120 | P á g i n a Relato de Caso - 27 anestesiado com anestesia inalatória e foi Meyer que ocorra o prolapso peniano. O tratamento por penectomia se mostra eficaz quando não é possível a conservação do pênis prolapsado. Tortoises and Turtles.; Oxford, UK, Blackwell Publishing Ltd, 2004. 4) Aguilar R, Hérnández-Divers SM, HérnándezDivers SJ. Atlas de Medicina, Terapêutica e Patologia de Animais Exóticos.; São Caetano do Sul, BRASIL, Interbook 2006. 5) Ramos RM, Vale DF, Hanawo MEOC, Fereira FS, Luz MJ, Oliveira ALA. Penectomia em caso de prolapso peniano Referências Bibliográficas: 1) Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL. Tratado de Animais Selvagens-Medicina Veterinária. São Paulo, ROCA 2006. 2) Mader DR. Reptile Medicine and Surgery. ; Philadelphia, USA.W. B. Saunders Co. 1996, 2006. 3) Mcarthur S, Wilkson R, J. Medicine and Surgery of em Jabuti-piranga (Geochelone carbonária)- Relato de caso. Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2009 2 (3): 166-174. Figura 01 – Pênis prolapsado, órgão com necrose tecidual Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 121 | P á g i n a Relato de Caso - 27 de suprir o déficit nutricional contribui para Relato de Caso - 27 Figura 02- Radiografia, presença de corpos estranhos em porção de colón ascendente e colón descendente. É possível observação de corpo estranho linear com radiopacidade sugestiva de metal (seta vermelha) e corpos estranhos irregulares com radiopacidade variável (seta azul). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 122 | P á g i n a Celiotomia intercostal para remoção de corpo estranho em proventrículo de pato- Intercostal celiotomy for removal of proventriculus foreign body in muscovy duck (Cairina moschata) - Case report Miúriel de Aquino Goulart1; Carolina Silveira Braga2; Carolina Carvalho dos Santos Lira2; Monalyza Cadori Gonçalves2; Derek Blaese de Amorim2; Marcelo Meller Alievi2 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil Contato: [email protected] Introdução: A urbanização tem prejudicado algumas populações de anseriformes por diversos motivos que vão desde a invasão dos habitats até o permitem vísceras, trabalho utilização o melhor acesso a algumas como o proventrículo. Este tem como objetivo relatar a do acesso intercostal para contato direto da fauna silvestre e exótica com as atividades humanas. O Brasil conta com mais de 12% de toda água doce do mundo e 8 mil quilômetros de costa, fato que fortalece a pesca amadora. Em locais onde a pesca ocasiona participação popular, a interação entre as aves aquáticas e os equipamentos de pesca é comum.1 celiotomia visando remover um corpo estranho do proventrículo de um patodoméstico (Cairina moschata). Dentre as principais causas de ferimentos em aves aquáticas, o embaraço com materiais de pesca e a ingestão de corpos estranhos são destacados.1 A técnica de celiotomia mediana ventral ou lateral pelo flanco é indicada como rotina para acesso da cavidade celomática em aves,2,3 no entanto podem gerar complicações e não levemente hipocoradas, temperatura cloacal 40,5°C, frequência cardiorrespiratório normal, condição corporal 2,5 (em escala de 1 a 5) e não se evidenciou o fio de náilon relatado. Realizaram-se radiografias em projeções látero-lateral e ventro-dorsal onde se verificou o anzol no centro da cavidade Material e Métodos: Encaminhou-se um pato-doméstico (Cairina moschata), fêmea, adulto, 1,35 kg ao Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS encontrado com um fio de náilon saliente na cavidade oral. Apresentava mucosas Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 123 | P á g i n a Relato de Caso - 28 doméstico (Cairina moschata) – relato de caso videocelioscopia a fim de identificar o (30 mg/kg IM/IV BID) e dipirona (25 mg/kg VO BID) por seis dias e suplementos vitamínicos e minerais. Manteve-se jejum para exame radiográfico contrastado a fim de avaliar a integridade e motilidade gastrointestinal. Usou-se contraste iohexol (25 mL/kg diluído 1:1 em água via sonda) e não houve extravasamento; além de adequado trânsito gastrintestinal. local exato do anzol, bem como a sua relação com os órgãos adjacentes e com os vasos sanguíneos da região, objetivando a retirada videoassistida. Não foi possível visualizar o anzol, optando-se pela remoção aberta, então. Pela palpação, identificou-se uma estrutura rígida compatível com o anzol em uma região visceral correspondente ao Por isso e pela inapetência do paciente, iniciou-se gavagem com papa de frutas e folhas. Cateterizou-se a veia metatársica medial para administração contínua de solução fisiológica com polivitaminico (60 mL/kg/dia) para manutenção da hidratação e de micronutrientes. Para o procedimento, o animal recebeu como medicação pré-anestésica butorfanol (1 mg/kg IM), e induziu-se a anestesia geral proventrículo. Ao se expor a víscera, fezse pontos de reparo para facilitar a manipulação, uma incisão em estocada com bisturi e ampliação desta com tesoura de Metzenbaum. Pela incisão, retirou-se o anzol com um segmento de linha de pesca. Coletou-se um pequeno fragmento do órgão para biópsia visando a sua definição histológica. Ao se verificar a viabilidade visceral, procedeu-se a com isoflurano vaporizado em oxigênio 100% na máscara. Intubou-se o animal com traqueotubo (nº 2,5 sem cuff) e manteve-se a anestesia com o mesmo gás. Colocou-se o paciente em decúbito lateral direito e, após a retirada das penas da área cirúrgica, procedeu-se a antissepsia da pele com solução de clorexidine (4%). Delimitou-se a área com campos plásticos e de algodão, fez-se sutura utilizando padrão isolado simples (PIS) em camada única; suturou-se a musculatura intercostal (PIS); ambas sínteses foram realizadas com fio de ácido poliglicólico 3-0. A pele foi aproximada (PIS) e fio de mononáilon 3-0. No pós-operatório (P.O), o animal foi mantido com fluidoterapia, tramadol e dipirona nas mesmas doses citadas anteriormente, por via IV por seis dias, uma incisão de pele de aproximadamente 0,5 cm na região do quarto espaço intercostal esquerdo. Após divulsão romba da musculatura peitoral e intercostal, acessou-se a cavidade pela ruptura do saco aéreo torácico cranial esquerdo. Por desta, inseriu-se uma ótica (4 mm de diâmetro) para uma antimicrobiano a base de penicilinas e estreptomicina (0,1 mL/kg IM, q5d, duas aplicações), e sucralfato (25 mg/kg VO BID, 6d). Dois dias após o procedimento cirúrgico, forneceu-se papa com gelatina e verduras via sonda. No quarto dia P.O, ofertaram-se alimentos sólidos, e o animal se alimentou voluntariamente. Limpou-se Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 124 | P á g i n a Relato de Caso - 28 celomática. O paciente recebeu tramadol tratamento de clorexidine além de pomada antisséptica e cicatrizante. No décimo dia P.O, retiraram-se os pontos. Quatro dias depois, fez-se raio-x para reavaliação do animal; o exame resultou normal. A análise histopatológica do fragmento coletado confirmou que a víscera acometida fora o proventrículo. O animal se apresentava clinicamente bem, ativo, estranho depende de: severidade, tamanho, local, tipo do corpo estranho e condição do paciente,4,5 podendo ser removido acelerando a motilidade gastrointestinal por uso de catárticos;5 por endoscopia, com auxílio de imãs, por lavagem gastrointestinal ou 7 cirurgicamente. O uso de aceleradores da motilidade gastrointestinal não seria alimentando-se voluntariamente, orientando-se, então, a soltura. Ele foi encaminhado ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CERAM/UFRGS) que procedeu conforme protocolo da instituição. interessante, pois a movimentação do anzol pelo trato poderia gerar ruptura visceral. A remoção por endoscopia é menos invasiva, porém não pode ser utilizada para qualquer caso,5 posto que, dependendo da localização anatômica, o acesso é dificultado. Embora nas cirurgias de proventrículo e ventrículo haja risco de deiscência e celomite,5,7 o tratamento cirúrgico deve ser considerado quando o Resultados e Discussão: O diagnóstico de corpo estranho gastrintestinal pode ser feito por radiografia, endoscopia, palpação ou laparotomia exploratória.4 Apesar do histórico de acesso irrestrito a área de pesca e da informação da visualização de linha de pesca na cavidade oral (condição não verificada ao exame clínico) o exame radiográfico foi fundamental para identificar o tipo, tamanho e localização do material ingerido. Optou-se pela realização de exame contrastado visando descartar complicações como ruptura visceral ou compactação gastrointestinal. Ponderando a possibilidade de perfuração visceral, utilizou-se o iohexol como contraste, pois, com esse, há menor chance de ocorrer reações inflamatórias ou granulomas do que com o bário;5 além de apresentar trânsito mais rápido.6 O para ingestão de corpo corpo estranho é um anzol profundamente fixo ou que haja laceração visceral.1 Optou-se pela cirurgia, pois o corpo estranho se apresentava fixo, mesmo com a motilidade gastrointestinal preservada, confirmado pelos exames radiográficos seriados. Autores relatam o tratamento conservativo como mais adequado quando o paciente não apresenta sinais clínicos.1 Esse não foi o caso, pois, além do animal se apresentar inapetente, o seu monitoramento periódico seria inviável por se tratar de um animal de vida livre. Em indicações clínicas para celiotomia, inclui-se a remoção de corpos estranhos do proventrículo ou ventrículo.2 A celiotomia mediana ventral é indicada para acesso a Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 125 | P á g i n a Relato de Caso - 28 a ferida cirúrgica diariamente com solução vísceras, embora hajam cirúrgico, diferente do recomendado por complicações devidas ao decúbito dorsal.2 Outro empecilho é a difícil visualização da cavidade, além da ruptura de sacos aéreos torácicos caudais e abdominais,2,3 comprometendo a anestesia inalatória e causando perda de calor transoperatório.3 A escolha pela celiotomia lateral esquerda na região intercostal se baseou na posição do corpo outros autores;1 no entanto foi mantida fluidoterapia de suporte e administração de sucralfato como protetor de mucosa gastrointestinal para minimizar o estresse pós-cirúrgico imediato até o paciente voltar a se alimentar voluntariamente. estranho, sendo visível e anatomicamente mais acessível pela região mais próxima e com menos órgãos, embora a celiotomia lateral convencional, no flanco, seja considerada mais comum.3 A abordagem se mostrou eficaz, pois dificulta o contato da ferida cirúrgica com agentes contaminantes do ambiente – ex.: água contaminada por fezes – e permite a proteção da área pela asa; acesso intercostal e mostra que a técnica empregada não causa intercorrências trans ou pós-operatórias – tais como hemorragia ou deiscência. Proporciona um procedimento rápido e minimiza os riscos cirúrgicos e anestésicos. A recuperação do paciente é rápida e completa, o que assegura o retorno do animal ao habitat natural. Conclusões: Esse caso demonstra uma técnica cirúrgica bem sucedida para remoção de corpo estranho. Utiliza demonstrou pouco sangramento e pouca necessidade de manipulação visceral permitindo curto tempo cirúrgico. Demais acessos foram descartados: uma incisão na linha mediana ventral deixaria uma sutura exposta a água – necessária para a reabilitação – podendo infeccionar e causar deiscência; acesso pelo flanco teria difícil visualização do órgão alvo, exigindo tração do ventrículo2 e possível Referências Bibliográficas: 1) Routh A, Sanderson S. Aves aquáticas. In: Tully TN, Dorrestein GM, Jones AK, Ed. Traduzido por Laurito ME. Clínica de aves, Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2010. P217-247. 2) Coles BH. Surgery. In: Coles BH. Essentials of avian medicine and surgery. Ames, Iowa: Blackwell, 2007. p.155-159. 3) Forbes NA. Avian dissecção de ligamentos suspensores do proventrículo. Para a síntese da víscera, aconselha-se fio absorvível sintético 4-0 a 6-0, em padrão contínuo ou interrompido, em duas camadas.3 Entretanto, não foram observadas complicações na escolha aplicada. O animal recebeu alimentação por gavagem a partir do segundo dia pós- Gastrointestinal Surgery. Seminars in Avian Exotic Pet Medicine, 2002; 11(4): 196-207. 4) Gelis S. Evaluating and Treating the Gastrointestinal System In: Harrison GJ, Lightfoot TL. Clinical Avian Medicine. Palm Beach, Florida: Spix Publishing, 2006. p.411-440. 5) Hoefer H, Levitan D. Perforating Foreign Body in the Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 126 | P á g i n a Relato de Caso - 28 essas and Surgery, 2013; 27(2): 128-135. 6) Ernst SA, Goggin JMA, Biller DSA, et al. Comparison of iohexol and barium sulfate as gastrointestinal contrast media in midsized psittacine birds. Journal of Avian Medicine and Surgery, 1998; 12(1): 16-20. 7) Simova-Curd S, Foldenauer U, Guerrero T, et al. Comparison of Ventriculotomy Closure With and Without a Coelomic Fat Patch in Japanese Quail (Coturnix coturnix japonica). Journal of Avian Medicine and Surgery, 2013; 27(1): 7-13. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 127 | P á g i n a Relato de Caso - 28 Ventriculus of an Umbrella Cockatoo (Cacatua alba). Journal of Avian Medicine Capacidade de resolução de problemas em maritacas (Psittacara leucophtalmus) Kaline Barros Barboza1; Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa1; Karin Werther1 1 Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Jaboticabal, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Existem aproximadamente 150 espécies conhecidas de psitacídeos na região neotropical, dentre ela a maritaca (Psittacara leucophtalmus), que é uma das espécies que habita o território brasileiro. Os psitacídeos apresentam os maiores cérebros entre as aves, em particular a região do neoestriado, que é relacionada a maior capacidade cognitiva. Contudo há poucos estudos sobre as capacidades cognitivas dessas aves,1 em particular das maritacas. O objetivo deste estudo foi realizar observações preliminares sobre a capacidade cognitiva de Psittacara leucophtalmus, com aplicação de testes para resolução de problemas. Material e Métodos: Foram utilizadas duas maritacas de vida livre adultas e de sexo indeterminado. As aves eram mantidas (temporariamente) no Ambulatório de Medicina de Animais Selvagens do Hospital Veterinário FCAV/UNESP, alojadas em gaiolas individuais. O teste foi baseado no experimento realizado por Auersperg et al.,2 com a utilização de uma caixa em que as aves poderiam utilizar quatro diferentes formas de abri-la para solucionar o problema (conseguir acesso ao alimento). Foram usadas duas pequena caixas de MDF compostas pela base (com 4,8 x 5,0 x 5,0 cm) e a tampa (2,8 x 5,8 x 5,8 cm de altura, largura e comprimento, respetivamente). Em uma das tampas havia um cordão (com 1 x 10 cm de largura e comprimento, respectivamente), fixado ao centro da tampa. A outra tampa era de papelão, com 4,5 x 4,5 cm de altura e comprimento, respectivamente, na qual era preso um cordão (com 1x 10 cm de largura e comprimento respectivamente), também preso ao centro da tampa. As avaliações foram realizadas durante 5 dias, sempre pela manhã, colocando um pelete de ração para papagaios dentro da caixa, sendo que o animal deveria abri-la para ter acesso ao alimento. Foram Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 128 | P á g i n a Relato de Caso - 29 Problem solving capability in white-eyed parakeet (Psittacara leucophtalmus) manipulava, porém não realizou a ação caixa semiaberta e sem encaixar a tampa; 2 - composto por caixas fechadas, sendo: em pé fixa a gaiola, em pé não fixa a gaiola, deitada fixa a gaiola e deitada não fixa a gaiola; 3 - tampa com cordão com e sem faces laterais (Figura 1). Cada tipo de caixa compunha uma tarefa, sendo oferecidas três tentativas para cada tarefa. de puxar. Desse modo, foi confeccionada uma tampa de papelão com a finalidade de eliminar as faces laterais (tampa com cordão sem faces laterais), o que impediria que a ave puxasse a tampa pelo bico. Nas três tentativas a M1 puxou o cordão da tampa sem faces laterais (Figura 2), já M2 puxou a tampa pelo bico, encaixando-o entre a tampa e o vértice da Resultados e Discussão: Em relação ao Nível 1, nas três tentativas as aves abriram a caixa semiaberta e sem encaixar a tampa, alternando entre levantar e empurrar a tampa com o bico ou puxar a base para si. Já o Nível 2, nas três tentativas de cada tarefa, os animais obtiveram resultados positivos somente na caixa deitada e fixa. Foi observado que os animais não encontraram apoio base da caixa como uma alavanca. mecânico nesses casos em que falharam, não caracterizado como dificuldade cognitiva, já que quando a caixa encontrava-se deitada e fixa a gaiola a mesma não deslizava, o que possibilitou sua abertura. No nível 3 os animais mostraram-se receosos em relação ao cordão evitando-o. Assim, foi amarrado um cordão em cada gaiola para que pudessem manipular e se habituar ao objeto. Nas três tentativas a maritaca 1 (M1) abriu a caixa com faces laterais puxando o cordão com o bico, enquanto a maritaca 2 (M2) puxou a tampa. A M2 não apresentou receio ao cordão, inclusive o Conclusões: De acordo com o teste realizado foi possível verificar que as maritacas foram capazes de solucionar problemas simples, sem que houvesse evidências de aprendizagem por tentativa e erro. Desse modo, mais estudos são necessários para avaliar a capacidade cognitiva dessas aves. Referências Bibliográficas: 1) Borsonari, A. Uso de ferramentas por araras azuis (Anodorhyncus hyacinthinus) e identificação de causa-e-efeito por alguns psitacídeos neotropicais. [Tese de Doutorado]. São Paulo: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo; 2010. 2) Auersperg AMI, von Bayern AMP, Gajdon GK, Huber L, Kacelnik A. Flexibility in Problem Solving and Tool Use of Kea and New Caledonian Crows in a Multi Access Box Paradigm. 2011. PLoS ONE 6(6): e20231. doi:10.1371/journal.pone.0020231. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 129 | P á g i n a Relato de Caso - 29 testados três níveis de dificuldade: 1 - Osteocondromatose em Agapornis personata – Relato de caso Marta Brito Guimarães1; Lilian Aparecida Sanches1; Silvana Maria Unruh1; Stéfano Carlo Filippo Hagen1; Luciana Neves Torres1; Antonio José Piantino Ferreira1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: A osteocondromatose é uma doença autossômica dominante caracterizada pela formação excessiva de cartilagem na placa de desenvolvimento endocondral ósseo, com revestimento cartilaginoso, descrita em humanos1 e incomuns4 e quando ocorrem, geralmente estão relacionadas a ossos longos.5 Um estudo em Agapornis personata revelou também chamada de Exostose ou Osteocondromatose Múltipla Hereditária.2 A doença é determinada por alterações nos genes EXT que, de um modo geral, influenciam a ação de condrócitos na zona de crescimento hipertrófico.1,2 Essa condição pode levar a anormalidades do esqueleto como redução do crescimento, deformações ósseas e, algumas vezes, a transformação maligna da exostose em uma origem similar.4 Este trabalho teve como objetivo relatar a ocorrência de osteocondromatose em uma ave da espécie Agapornis personata, atendida no condrossarcomas ou osteossarcomas.1 Em aves, os principais tipos de neoplasias são os sarcomas, linfomas e lipomas.3 Dentre os tumores do sistema musculoesquelético, destacam-se os condromas e osteossarcomas, porém este último é raro em psitacídeos.3 Assim, neoplasias ósseas primárias em aves são lesões semelhantes às encontradas em outros grupos animais com exostose hereditária múltipla (MHE), o que sugere Ambulatório de Aves (HOVET), Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Material e Métodos: Uma ave da espécie Agapornis personata, fêmea, foi atendida no Ambulatório de Aves da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Estava com o proprietário há 4 anos e apresentava histórico de prostração há 3 semanas. Anteriormente, a ave havia sido levada a colega veterinário, com aumento de tamanho do bico, o qual foi aparado. O Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 130 | P á g i n a Relato de Caso - 30 Osteochondromatosis in Agapornis personata – Case report Radiopacidade óssea heterogênea dos procedimento a ave não conseguia se alimentar, apresentava dificuldades respiratórias e incoordenação ao se deslocar pela gaiola. Ao exame físico foi observada presença de empenamento completo, conformação de musculatura peitoral ruim (escore 1/5), penas eriçadas e presença de fezes aderidas à cloaca. O peso era de 33 gramas. Além disso, ossos da língua. Espessamento e hipercrescimento córneo da maxila e mandíbula, sendo pontiagudo na porção rostral da maxila com alteração da oclusão do bico. À abertura da cavidade celomática não foram observadas alterações macroscópicas dignas de nota. A avaliação do esqueleto ósseo demonstrou que as neoformações observou-se a presença de aumento de volume em região mandibular esquerda, firme à palpação. Foi administrado 0,2 mg/kg de meloxicam por via intramuscular. A ave foi mantida em internação, recebeu 4 ml de papa de filhotes de psitacídeos e foi solicitado exame radiográfico de crânio e cavidade celomática. Devido o quadro de prostração intensa e dor, além do observadas radiograficamente em mandíbula esquerda eram exofíticas e contíguas ao osso mandibular (Figura 2). Tais neoformações apresentavam superfície irregular, aspecto heterogêneo, amarelo-esbranquiçado e consistência semelhante ora a cartilagem ora a osso. Foram também observados aumentos de volume com características semelhantes em faces laterais de esterno, se prognóstico desfavorável, foi solicitada a eutanásia pelo proprietário, a qual foi realizada e o animal encaminhado para necropsia. estendendo para costelas vertebrais (Figura 2) e em porção distal de sinsacro na altura da inserção das vértebras caudais. A ave estava com o proprietário há pelo menos quatro anos, podendo ter idade mais avançada e cujas lesões poderiam estar presentes há mais tempo, tanto pela diversidade de localização quanto pelo tamanho das mesmas (Figura 2). A eutanásia foi o procedimento mais Resultados e Discussão: O exame radiográfico (Figura 1) revelou múltiplos focos de neoformações ósseas radiopacas, abauladas em diversos segmentos ósseos como costelas, coluna vertebral, sinsacro esterno e mandíbulas. Na região do crânio havia neoformação óssea de grande extensão, abaulada com deformidade do terço mediocaudal da mandíbula esquerda e também outras duas áreas focais de neoformação óssea discretamente abauladas em terço caudal e rostral da mandíbula direita. adequado neste caso, visto que a dor é um fator importante no quadro clínico,2 evidenciada nesta ave por sua intensa prostração e pela impossibilidade de se alimentar sozinha. A causa das lesões nesta ave permanece desconhecida, mas um único trabalho em psitacídeos foi publicado nesta mesma espécie3 podendo Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 131 | P á g i n a Relato de Caso - 30 proprietário referiu que depois deste que exista um componente 2 Baida RL, Cataneo DC, Cataneo AJM. genético, como em humanos. Em cães, as lesões podem aparecer em animais jovens e adultos e existem evidências de que possa ser hereditária.6 Em gatos sugere-se que possa haver um 7 componente viral. Este é o primeiro relato de osteocondromatose em aves no Brasil. Esta doença deve ser um dos diagnósticos a ser considerado pelo Osteocondromatose múltipla hereditária com envolvimento costal. Rev Col Bras Cir. [periódico na Internet] 2008; 35(4). Disponível em URL: http://www.scielo.br/rcbc. 3) Lightfoot TL. Overview of Tumors. Clinical Avian Neoplasia and Oncology. In: Harrison, GJ; Lightfoot Clinical Avian Medicine, volume II, Spix Publishing, Palm Beach , clínico e pode ser diferenciada de granulomas causados por Mycobacterium, abscessos e neoplasias Florida,cap. 20, p. 560-565, 2006. 4) Giddings RF, Richter AG. Multiple Exostoses in a Black-Masked Blue Lovebird (Agapornis personata). Journal de outras origens.3,5 Conclusões: A osteocondromatose é uma doença que acomete aves, apesar de ser muito raramente relatada, e deve ser lembrada no diagnóstico diferencial de outras neoformações ósseas, principalmente quando o paciente for um Agapornis personata. Referências Bibliográficas: 1) BenoistLasselin C, Margerie E, Gibbs L, Cormier S, Silve C, Nicolas G, LeMerrer M, Mallet JF, Munnich A, Bonaventure J, Zylberberg L, Legeai-Mallet L. Defective chondrocyte proliferation and differentiation in osteochondromas of MHE patients. Bone of Avian Medicine and Surgery 14(1):4852. 2000. 5) Liu S, Dolensek EP, Tappe JP. Osteosarcoma with multiple metastases in a Panama boat-billed heron. J Am Vet Med Assoc. v.1, n.181(11), p.1396-1398, Dec., 1982. 6) Doige CE. Multiple Cartilaginous Exostoses in Dogs. Vet. Pathol. 24: 276, 1987. 7) Werba FR, Alievi MM. Osteocondromatose em pequenos animais. [monografia on-line]. Porto Alegre:Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2010 [citado em julho/2014]. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br. 39 (2006) 17–26. 2) Ruiz Jr. RL, Dias FG, Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 132 | P á g i n a Relato de Caso - 30 sugerir Relato de Caso - 30 Figura 1. Imagem radiográfica laterolateral direita revelando as múltiplas neoformações ósseas no esqueleto. No detalhe, imagem do crânio na projeção dorsoventral evidenciando as neoformações ósseas. Figura 2. Neoformação em costelas vertebrais observadas à necropsia. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 133 | P á g i n a Gastrotomia para retirada de corpo estranho em teiú (Salvator merianae) Márcia Helena Martins de Albuquerque1; Grazielle Cristina Garcia Soresini2; Laís Lucas Fernandes3; Raquel Lemos Silva2; Rogério Ribas Lange1 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil 2 Vida Livre Medicina de Animais Selvagens (VL), PR, Brasil 3 Laboratório Veterinário Alpadely de Análises Clínicas (LVA), Brasil Contato: [email protected] Introdução: As doenças gastrintestinais são bastante frequentes na clínica de répteis. Dentre estas, a ingestão de corpos estranhos tem ocorrido melena, hematoquesia, prolapso e produção fecal reduzida já foram reportados.4 Os mesmos exames disponíveis para animais domésticos, frequentemente em quelônios, lagartos e serpentes.1 Um corpo estranho é qualquer material ingerido pelo paciente e não digerido, o qual pode ficar alojado no estômago (corpo estranho gástrico) ou no intestino (corpo estranho intestinal). A maioria dos corpos estranhos gástricos causa pequenos danos à mucosa gástrica, porém, pode gerar complicações graves como ulcerações e ruptura.2 como radiografia, ultrassonografia, além de celioscopia e ocasionalmente celiotomia exploradora, podem ser indicados.4 O diagnóstico e tratamento de doenças do sistema digestório em répteis continua a ser desafiador devido à falta de conhecimento das características anatômicas e fisiológicas deste diverso grupo de animais.1 A diferenciação cuidadosa entre corpos estranhos Muitos répteis mantidos em locais inadequados podem ingerir materiais presentes no ambiente, levando à obstrução parcial ou total do trato gastrintestinal.3 O quadro clínico pode ter sinais inespecíficos, como anorexia com consequente perda de peso, letargia e constipação. Apetite depravado, diarreia, obstrutivos e constipação é necessária para evitar uma intervenção cirúrgica desnecessária. Algumas obstruções parciais ou corpos estranhos não obstrutivos podem ser manejados terapeuticamente, com óleo mineral, promotores de motilidade gastrintestinal e fluidoterapia. Quadros de obstrução Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 134 | P á g i n a Relato de Caso - 31 Gastrotomy for foreign body removal in black-and-white tegu (Salvator merianae) 3 celomática foi acessada por meio de uma na Clínica Veterinária Vida Livre Medicina de Animais Selvagens, em Curitiba/PR, celiotomia paramediana direita.5 Assim que o estômago foi localizado, houve confirmação que o corpo estranho estava situado em seu interior, excluindo a presença de qualquer material estranho nos intestinos. O estômago foi parcialmente exteriorizado e foram colocados dois reparos com fio de sutura poliglactina 910 número 3-0 em região com histórico de hiporexia e diminuição considerável no volume fecal há três dias.3 O animal havia permanecido sem acompanhamento sete dias em quintal telado. O paciente apresentava bom escore corporal e distensão celomática com presença de massa rígida à palpação.1 Foi observada diarreia com coloração cinza e urina normal. Radiografias ventrodorsal e lateral avascular de fundo de estômago. A incisão foi realizada entre os reparos colocados para evitar extravasamento do conteúdo estomacal. Foi retirado um prendedor de roupas de 8,5 cm de comprimento por 2 cm de largura e 1 cm de espessura (Figura 2). A gastrorrafia foi realizada em duas camadas com fio poliglactina 9106 número 3-0, sendo a primeira em padrão interrompido simples revelaram presença de objeto com áreas metálicas4 semelhante a um prendedor de roupas (Figura 1), na região hipocôndrica direita, em topografia de estômago.4 Foi indicado procedimento cirúrgico e o paciente foi em seguida submetido à anestesia geral para gastrotomia.3 A medicação pré-anestésica foi butorfanol (1,5 mg/kg IM) e midazolam (1,5 mg/kg envolvendo as camadas serosa, muscular e submucosa e a segunda em padrão contínuo de Cushing envolvendo as camadas serosa e muscular. A sutura da pele foi realizada com pontos isolados simples com fio de nylon número 2-0.2 No cirúrgica. O objetivo deste trabalho é relatar o sucesso na gastrotomia em teiú (Salvator merianae) para remoção de um prendedor de roupas, constituído de material plástico com mola metálica. Material e Métodos: Um teiú (Salvator merianae) macho de 1,5 anos foi atendido IM). A indução anestésica consistiu de cetamina (20 mg/Kg IM) e a manutenção com isoflurano via inalatória.6 Foi necessária uma segunda aplicação de cetamina (10 mg/Kg IM) para manutenção da anestesia após uma hora do início do procedimento cirúrgico. O teiú foi colocado em decúbito dorsal e a cavidade pós-operatório, o paciente foi mantido em ambiente com temperatura controlada a aproximadamente 25oC5 e recebeu por via subcutânea, solução fisiológica 0,9% (1% da massa corporal s.i.d. durante 20 dias), enrofloxacina (5 mg/Kg SC s.i.d. durante 20 dias, diluído na solução fisiológica), meloxicam (0,2 mg/Kg IM s.i.d. durante 3 dias),6 além da administração de alimento líquido por via oral (1% da massa corporal, dividido em 3 vezes ao dia, durante 4 dias).2 O alimento Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 135 | P á g i n a Relato de Caso - 31 completa, no entanto, requerem resolução consistia de verduras verde- Muitos répteis são pouco seletivos em escuras trituradas com água no liquidificador. No quarto dia pósoperatório, o paciente começou a se alimentar ativamente de frutas amassadas com pequena quantidade de ração úmida para gatos.2 Após 20 dias de internamento, foi liberado para casa sem medicações, porém, ainda com alimentação pastosa com pequenos seus hábitos alimentares e ingerem substratos próximos de seus alimentos. Em cativeiro, erros de manejo podem levar à ingestão de corpos estranhos gastrintestinais que requerem tratamento medicamentoso ou cirúrgico.4 Em cães e gatos, os corpos estranhos gastrintestinais geralmente promovem vômito agudo, persistente ou pedaços de alimentos sólidos por mais 30 dias, quando então foi recomendado o retorno à alimentação normal e os pontos de pele foram removidos. O animal ainda é paciente da Clínica Vida Livre Medicina de Animais Selvagens e encontra-se bem, transcorridos três anos e meio do procedimento cirúrgico. intermitente.4 No entanto, regurgitação ou vômito são incomuns em répteis com corpos estranhos gastrintestinais, podendo ocorrer em casos de obstrução esofagiana ou gástrica.1 Os sinais clínicos relatados são anorexia, perda de peso, letargia, constipação ou reduzida produção fecal, apetite depravado, diarreia, melena, hematoquesia e 4 prolapso. Ao exame físico pode ser Resultados e Discussão: A maioria dos problemas em répteis atendidos pelas clínicas veterinárias de animais de estimação não convencionais estão associados a cuidados inadequados, portanto é necessária uma detalhada anamnese no momento do atendimento clínico. O histórico deve compreender a experiência dos proprietários com os seus répteis, a dieta, a frequência alimentar, a queixa, a duração do problema e detalhes ambientais como variação da temperatura e umidade, o tamanho do terrário, o substrato, a iluminação, o fotoperíodo, materiais presentes, densidade animal, exposição a produtos tóxicos, procedência da água, protocolo de desinfecção do ambiente, e consistência e frequência da urinação e defecação.4 possível palpar a porção anterior à obstrução e observar distensão 1 celomática. O paciente apresentava apenas hiporexia, produção fecal reduzida e diarreia, com distensão celomática e presença de massa rígida à palpação, compatível com o estômago distendido devido à presença de corpo estranho. A ausência de sinais clínicos específicos demonstra a importância dos exames complementares para definição do diagnóstico. Corpos estranhos metálicos e minerais podem ser detectados por radiografias simples.4 Outros materiais como madeira ou plásticos são difíceis de serem detectados radiograficamente a menos que grandes pedaços tenham sido ingeridos. Se não Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 136 | P á g i n a Relato de Caso - 31 líquido estranho gástrico em teiú (Salvator descartar uma condição obstrutiva, devese realizar radiografia contrastada,1 porém esta não deve ser considerada caso haja suspeita de perfuração gastrintestinal.2 No caso do paciente, a radiografia simples permitiu a visualização do corpo estranho, não necessitando de radiografia contrastada. O estômago dos répteis possui alta capacidade de merianae) mostrando que, em muitas distensão, o que permite estocar grande quantidade de alimentos.4 Isto explica a visualização do corpo estranho à direita da linha mediana, compatível com topografia de um estômago bastante distendido. É fundamental manter uma temperatura apropriada durante o período de internamento do paciente, pois o metabolismo dos répteis é dependente da temperatura ambiental, com temperaturas que estas extrapolações possam ser realizadas de maneira efetiva. ótimas recomendadas de 25 a 30oC,5 sendo essencial para adequada absorção de medicamentos e retorno à motilidade gastrintestinal.7 O paciente foi mantido em temperatura de 25oC durante o período pré, trans e pós-operatório. Conclusões: Tendo em vista que a maior parte dos atendimentos realizados na clínica de répteis refere-se a erros de digestive system. In: Fossum TW, editor. Small animal surgery. 3 ed. St. Louis: Mosby Elsevier; 2005.p.411-427. 3) Benson KG. Reptilian Gastrointestinal Diseases. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine. 1999;8(2):90-7. 4) Mitchell MA, Diaz-Figueroa O. Clinical reptile gastroenterology. The veterinary clinics of North America: Exotic animal practice. 2005;8(2):277-98. 5) Divers SJ. Reptile manejo, é de extrema importância que o médico veterinário tenha conhecimento acerca do manejo alimentar e ambiental das diferentes espécies atendidas na rotina. As adaptações realizadas na técnica cirúrgica de gastrotomia e os cuidados pós-cirúrgicos mostraram-se eficazes neste caso de remoção de corpo diagnostic endoscopy and endosurgery. The veterinary clinics of North America: Exotic animal practice. 2010;13(2):217-42. 6) Carpenter JW. Exotic Animal Formulary. 3 ed. Saint Louis: Elsevier Saunders; 2005. p.55-93 7) Sykes JM, Greenacre CB. Techniques for drug delivery in reptiles and amphibians. situações, os veterinários que atendem répteis precisam adaptar exames complementares, técnicas, medicamentos e procedimentos de outras espécies animais por não haver referências para a espécie em questão. Conhecer as particularidades anatômicas e fisiológicas das diferentes espécies é essencial para Referências Bibliográficas: 1) Mans C. Clinical Update on Diagnosis and Management of Disorders of the Digestive System of Reptiles. Journal of Exotic Pet Medicine. 2013;22(2):141-162. 2) Hedlund CS, Fossum TW. Surgery of the Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 137 | P á g i n a Relato de Caso - 31 for possível determinar um diagnóstico e of Exotic Pet Medicine. 2006;15(3):210-7. Relato de Caso - 31 Journal Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 138 | P á g i n a Trombo intracardíaco em uma píton-burmesa (Python molurus bivitattus) Andreise Costa Przydzimirski1; Aline Luiza Konell1; Amália Turner Giannico1; Bárbara Cristina Sanson1; Juliana Werner1; Fabiano Montiani-Ferreira1; Tilde Rodrigues Froes1; Rogério Ribas Lange1 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Doenças do sistema cardiovascular são infrequentemente diagnosticadas em répteis e a maior parte das informações sobre tais enfermidades são provenientes de dados de necropsia.1 Entretanto, doenças cardíacas, primárias Universidade Federal do Paraná por aumento no segundo terço do corpo. Ao exame clínico, observou-se distensão celomática, mais precisamente na área cardíaca. No exame físico, o animal pesou 8,25 kg, estava desidratado, e secundárias, têm sido relatadas, incluindo moléstias congênitas, miocardite, doença cardíaca associada à nutrição, neoplasias e endocardite bacteriana, parasitária ou viral.1,2,3 O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de trombo intracardíaco em uma píton (Python molurus bivitattus), demonstrando letárgico e com baixo escore corporal. O histórico relatava anorexia há três meses, pneumonia crônica e estomatite. O animal foi alojado nas instalações do Jardim Zoológico de Curitiba durante sete anos, mas, originalmente, a serpente veio do tráfico de animais, sendo mantida por um período desconhecido em um centro de triagem de animais selvagens (CETAS). Desta maneira, o histórico anterior ao suas características radiográficas, ultrassonográficas e histopatológicas. Além de relatar detalhes do caso, possíveis causas para esta doença cardíaca serão discutidas. Material e Métodos: Uma píton-burmesa (Python molurus bivitattus), macho, adulto, foi encaminhada do Zoológico de Curitiba para o Hospital Veterinário da tempo em que o animal estava alojado no CETAS não estava disponível. Foram efetuadas avaliações radiográfica e ultrassonográfica. Para o exame radiográfico, projeções lateral e ventrodorsal foram realizadas utilizando aparelho de radiografia digital com 55 kVp e 100 mAs. (Agfa Healthcare CR-30-X, Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 139 | P á g i n a Relato de Caso - 32 Intracardiac thrombosis in a Burmese python (Python molurus bivitattus) Mortsel, Bélgica). A ultrassonografia foi realizada utilizando aparelho de ultrassonografia equipado com transdutor microconvexo de 9-3 MHz (30 MyLab - Esaote, Génova, Itália). palatite. O fígado apresentava-se Resultados e Discussão: Segundo histórico o animal recebeu doses de gentamicina parenteral (2,5 mg/kg), como tratamento para pneumonia e rifamicina tópica para a estomatite. A avaliação ligeiramente amarelado. O coração e o fígado foram coletados e fixados em solução de formol 10%. Na histologia, foi possível perceber que a parede da massa era formada por um conjunto de camadas sobrepostas e frouxamente ligadas (Figura 2b). O tecido cardíaco estava hemorrágico e edemaciado, com infiltração difusa de linfócitos, células radiográfica revelou aumento de opacidade dos tecidos moles sobrepostos ao coração, com perda do contorno cardíaco e deslocamento latero-dorsal da traquéia (Fig. 1a e 1b). A ultrassonografia identificou uma estrutura arredondada no interior do coração, medindo 44x50mm, com múltiplas camadas, preenchida com fluido heterogêneo (Fig. 1c e 1d). Foi observado espessamento do pericárdio plasmáticas, macrófagos e heterófilos. As fibras musculares estavam hialinisadas, mas sem sinais de necrose. O trombo apresentava padrão misto (fibrina e hemácias), com formação de linhas de Zahn e sinais de recanalização. Várias regiões apresentaram necrose tecidual profunda com presença de colônias bacterianas. O trombo exibia ainda colonização por bactérias bacilares com grande quantidade de efusão. O animal foi a óbito imediatamente após os exames. A necropsia revelou distensão na região cardíaca e espessamento do pericárdio, que continha grande quantidade de sangue coagulado. O coração estava aumentado (102x67x55 mm), com dilatação significativa do átrio direito. No interior do átrio direito, aderido grandes (Figura 2c e 2d). Assim sendo, a apresentação histológica do coração é consistente com trombo cardiovascular séptico e reação inflamatória aguda difusa. No tecido hepático observou-se vacuolização citoplasmática lipídica dos hepatócitos, caracterizando lipidose hepática, alteração compatível com rápida perda de peso. A coloração especial de Gram foi realizada e as colônias à parede, observou-se uma massa medindo 51x40x35mm. Ao corte, foi possível notar uma cavidade cística (Fig 2a). A mucosa oral estava eritematosa e com petéquias. Também estavam presentes placas com material caseoso ao longo da arcada dentária, caracterizando gengivite, glossite e presentes no trombo eram compostas por bactérias Gram-negativas. Uma variedade de doenças cardiovasculares tem sido descrita em répteis, mas este é o primeiro caso de trombo cardíaco relatado em uma serpente. Uma possível explicação para esse caso seria uma embolia séptica de bactérias Gram-negativas originárias da Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 140 | P á g i n a Relato de Caso - 32 DS5302, frequente da cavidade oral em serpentes relataram presença de bactérias Grampositivas em serpentes saudáveis, e Gram-negativas, com maior frequência, em animais doentes.4 Assim, as bactérias gram-negativas encontradas, podem ter sua origem na cavidade oral. Outra explicação seria uma coleta de sangue por cardiocentese, embora não haja relato deste procedimento no histórico do é imprescindível, pois, quadros de estomatite podem ser uma das causas de trombos cardíacos nesses animais. Considerando-se que a cardiocentese pode ser outra causa possível da origem do trombo, concluiu-se que os corretos cuidados com assepsia, bem como o posicionamento e experiência do técnico durante a coleta de sangue são animal. Essa é uma técnica utilizada em serpentes pois, permite grandes volumes de amostra sanguínea. Alguns pesquisadores sugerem que esta via de coleta é possível e segura, mas deve-se tomar cuidados com assepsia.5 No entanto, outros, sugerem que há o risco de complicações cardíacas, como consequência de cardiocentese. Alguns relatos descrevem dilatação ventricular, essenciais. lesões no pericárdio, miocárdio e tamponamento cardíaco.6 Neste relato, não temos o histórico de cardiocentese, mas o tipo de trombo e a observação de bactérias nos dão indicações que possa ter ocorrido coleta de sangue com a técnica intracardíaca mal realizada. Normalmente, bactérias encontradas na superfície corporal de répteis têm sido associadas com subtipos de Salmonella sp, bactéria gram-negativa.7 As bactérias encontradas no trombo intracardíaco deste animal eram Gram-negativas, possibilitando a suposição de que, por meio da cardiocentese, as bactérias foram introduzidas no coração. Conclusões: O exame completo e Referências Bibliográficas: 1) Stumpel JB, Del-Pozo J, French A, Eatwell K. Cardiac hemangioma in a corn snake (Pantherophis guttatus). J. Zoo. Wildl. Med.; 2012; 43, 360-366. 2) Jensen B, Wang T. Hemodynamic consequences of cardiac malformations in two juvenile ball pythons (Python regius). J. Zoo Wildl. Med.;2009; 401, 752-756. 3) Schilliger L, Lemberger K, Chai N, Bourgeois A, Charpentier M. Atherosclerosis associated with pericardial effusion in a central bearded dragon (Pogona vitticeps, Ahl. 1926). J. Vet. Diagn. Invest.; 2010;789792. 4) Draper CS, Walker RD, Lawler HE. Patterns of oral bacterial infection in captive snakes. J Am Vet Med Assoc.; 1981; 179(11):1223-6. 5) Nardini G, Leopardi S, Bielli M. Clinical hematology in reptilian species. Vet. Clin. North. Am. Exot. Anim. Pract.; 2013;16(1):1-30. 6) Selleri P, Di Girolamo N. Cardiac tamponade following cardiocentesis in a cardiopathic boa constrictor imperator (Boa constrictor imperator). Journal of Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 141 | P á g i n a Relato de Caso - 32 cavidade oral. Estudos da microbiota oral Small Animal Practice 53; 2012. 7) Mitchell MA. Salmonella: Diagnostic Reptile medicine and surgery. 2nd ed. Saunders: Elsevier; 2006. p. 900-905. Relato de Caso - 32 Methods for reptiles. In: Mader DR. Figura 1. A e B - Imagem radiográfica que demonstra aumento de opacidade dos tecidos moles sobrepostos ao coração, com perda do contorno cardíaco (seta branca) e deslocamento latero-dorsal da traquéia (seta preta). C – Imagem da ultrassonografia que identificou uma estrutura arredondada no interior do coração, medindo 44x50mm (seta branca). D - Imagem da ultrassonografia com estrutura arredondada no interior do coração com múltiplas camadas, preenchida com fluido heterogêneo (seta preta). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 142 | P á g i n a Relato de Caso - 32 Figura 2. A – Imagem do interior do átrio direito, onde observa-se uma massa medindo 51x40x35mm (seta branca). B – Imagem que demonstra a parede da massa formada por um conjunto de camadas sobrepostas e frouxamente ligadas (seta amarela). C e D – Imagem de corte histológico do trombo que demonstra colonização por bactérias bacilares grandes. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 143 | P á g i n a Descrição morfológica do sistema reprodutor feminino de um exemplar de jaritataca Morphology of the Female Reproductive System in one striped hog-nosed skunk (Conepatus semistriatus, Boddaert, 1785) Bárbara Souza Neil Magalhães1; Mauricio Alves Chagas1; Bruno Jorge Duque da Silva2; Anderson Mendes Augusto2; Fernando Troccoli2; Daniel de Almeida Balthazar2,3 1 Universidade Federal Fluminense (UFF), RJ, Brasil 2 Fundação Jardim Zoológico da Cidade do Rio de Janeiro (RIOZOO), Rio de Janeiro, RJ, Brasil 3 Universidade Castelo Branco (UCB), Brasil Contato: [email protected] Introdução: Conepatus semistriatus faz a espécie a nível Nacional e mais estudos parte de um gênero composto por quatro espécies atualmente reconhecidas, distribuídas desde o sul da América do Norte até o sul da América do Sul.1 A área de ocorrência da espécie envolve países da América Central, do norte da América do Sul e o Brasil Central, onde se encontra amplamente distribuída ao longo do Cerrado e Caatinga, sem indícios de declínio populacional. Pouco se sabe sobre sua distribuição, ecologia, taxonomia, anatomia e fisiologia ainda são necessários. Como existem exemplares desta espécie em instituições como zoológicos por todo Brasil, conhecer sua anatomia e histologia reprodutiva é importante para melhor entender sua fisiologia e doenças relacionadas ao seu sistema reprodutor. O objetivo do presente estudo foi sobre o comportamento reprodutivo da espécie.2 A duração da gestação é de aproximadamente 60 dias onde nascem de 4 a 5 filhotes.2,3 A jaritataca é listada nos livros vermelhos de São Paulo e Espírito Santo como Dados Insuficientes (DD). O governo brasileiro não tem medidas de conservação específicas para descrever histologicamente o aparelho reprodutor feminino de um exemplar de Conepatus semistriatus oriundo da Fundação Jardim Zoológico da Cidade do Rio de Janeiro (RIOZOO). Material e Métodos: O aparelho reprodutor de um exemplar fêmea de jaritataca (C. semistriatus), da Fundação Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 144 | P á g i n a Relato de Caso - 33 (Conepatus semistriatus, Boddaert, 1785) Essas glândulas se estendiam até a Janeiro, foi enviado ao Laboratório de Biomorfologia Celular e Extracelular da Universidade Federal Fluminense para análise histológica. O mesmo estava fixado em solução de formalina tamponada. A vagina, cornos uterinos, tubas uterinas e ovários foram processados segundo técnica histológica convencional e corados em hematoxilina- lâmina própria-submucosa, que era formada por tecido conjuntivo frouxo hiperplásico composto por numerosas células de defesa (Figura 3). O miométrio era a camada muscular, formada por uma subcamada interna espessa de músculo liso e uma subcamada longitudinal externa delgada que se continuava com o perimétrio. Este era uma camada serosa eosina (HE) e Tricrômio de Gomori; a vagina ainda foi corada pelo método da Fucsina-Resorcina de Weigert para observação das fibras elásticas e pelo Picro Sirius Red4 para análise das fibras colágenas em microscopia de polarização. típica. O epitélio da mucosa das tubas uterinas era formado por células cilíndricas simples ciliadas, sendo os cílios bem proeminentes na sua região cranial (Figura 4). Algumas das células de revestimento não apresentavam cílios e possuíam função secretora. A lâmina própria era formada por tecido conjuntivo frouxo sem glândulas. A camada mucosa da ampola era pregueada e a camada Resultados e Discussão: O epitélio da mucosa vaginal era pavimentoso estratificado e em sua porção inicial apresentava ligeira queratinização (Figura 1 e Figura 2). Sua lâmina própria apresentou-se aglandular e o tecido conjuntivo subjacente do tipo denso não modelado. A camada muscular era formada por três subcamadas, uma longitudinal interna, uma circular média e uma longitudinal externa. A camada serosa apresentou-se cranialmente e continuou-se caudalmente como camada adventícia. O útero era bicorno (um corpo e dois cornos proeminentes e uma única cérvix). O endométrio uterino era a camada mucosa e seu epitélio, cilíndrico simples. As glândulas uterinas eram tubulosas retilíneas e seu produto incluía muco, lipídeos, glicogênio e proteínas. muscular estava mais desenvolvida no istmo. O músculo liso se dispunha em arranjos longitudinais circulares. A camada serosa era típica com numerosos vasos sanguíneos. Os ovários eram revestidos por epitélio cúbico simples contínuo com o mesovário e formados pelo córtex e pela medula. O córtex continha numerosos folículos em diferentes estágios de desenvolvimento, corpos lúteos, células intersticiais e elementos de estroma. Este era especializado e células típicas de tecido conjuntivo frouxo estavam presentes, sendo hiperplásico e com fibroblastos agregados característicos de tecido cortical ovariano. A medula apresentou grandes vasos sanguíneos, linfáticos e Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 145 | P á g i n a Relato de Caso - 33 Jardim Zoológico da Cidade do Rio de 2005; p.2145. 2) Dragoo JW, Family rico em fibras elásticas e reticulares. Mephitidae. In: Wilson DE, Mittermeier RA, editors. Handbook of the mammals of the World, volume 1: Carnivores. Lynx Edicions; 2009; p. 532-563. 3) Cheida CC, Nakano-Oliveira E, Fusco-Costa R, Rocha Mendes F, Quadros J. Ordem Carnivora. In: Reis NR, Peracchi AL, Pedro WA, Lima IP, editors. Mamíferos do Brasil. 2ª Ed. Nélio R. dos Reis. Londrina; 2011; p. Conclusões: Com isso, pode-se concluir que os órgãos do sistema reprodutor feminino dessa espécie seguem os padrões histológicos da maioria das espécies de mamíferos domésticos. Referências Bibliográficas: 1) Wozencraft WC. Order Carnivora. In: Wilson DE, Reeder DM, editors. Mammal species of the world: a taxonomic and geographic reference. The Johns Hopkins University Press, Baltimore, Maryland; 235-288. 4) Bancroft JD, Cook HC. Manual of Histological Techniques and their Diagnostic Application. Edinburgh: Churchill Livingstone, 1994; p. 35-67. Figura 1. Fotomicrografia de porção inicial de vagina de jaritataca (Conepatus semistriatus) em aumento de 200X, coloração Tricrômio de Gomori, ilustrando epitélio pavimentoso estratificado queratinizado. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 146 | P á g i n a Relato de Caso - 33 nervos, sendo um tecido conjuntivo frouxo Relato de Caso - 33 Figura 2. Fotomicrografia de porção inicial de vagina de jaritataca (Conepatus semistriatus) em aumento de 200X, coloração Picro Sirus Red, ilustrando epitélio pavimentoso estratificado queratinizado. Figura 3. Fotomicrografia de útero de jaritataca (Conepatus semistriatus) em aumento de 200X, coloração Tricrômio de Gomori, ilustrando epitélio cilíndrico simples (seta fina) e as glândulas uterinas tubulosas retilíneas que se estendem até a lâmina própria-submucosa (seta grossa). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 147 | P á g i n a Relato de Caso - 33 Figura 4. Fotomicrografia de tuba uterina de jaritataca (Conepatus semistriatus) em aumento de 400X, coloração Tricrômio de Gomori, ilustrando epitélio cilíndrico simples ciliado (seta). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 148 | P á g i n a Uso de abraçadeira de nylon no tratamento de luxação úmero-rádio-ulnar em tartarugas marinhas Fabricio Braga Rassy1; Fabio Telles de Santana2; Saulo Daniel Santos França Brandão2; Andrei Manoel Brum Febronio2 1 Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil 2 Fundação Mamíferos Aquáticos, Recife, PE, Brasil Contato: [email protected] Introdução: No Brasil, ocorrem cinco espécies de tartarugas marinhas: Tartaruga-de-pente Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766), Cabeçuda Caretta caretta (Linnaeus, 1758), Verde - Fauna and Flora). Além de sofrerem impactos com a degradação e poluição de seu habitat natural, as tartarugas marinhas são animais ameaçados pelas ações antrópicas tanto diretamente Chelonia mydas (Linnaeus, 1758), e Oliva - Lepidochelys olivacea (Eschscholtz, quanto indiretamente, pela pesca costeira e oceânica.2 As claudicações associadas a traumas, luxações e artrites embora não sejam rotineiras, são reportadas na clínica de répteis. As técnicas utilizadas como tratamento em ortopedia de mamíferos foram tentadas, resultando em graus variados de sucesso.3 O objetivo deste estudo é descrever o tratamento em dois 1829), pertencentes à Família CHELONIIDAE, e Tartaruga-de-couro Dermochelys coriacea (Vandelli, 1761), única representante da Família 1 DERMOCHELYIDAE. Todas são consideradas ameaçadas de extinção em âmbito nacional e mundial, encontrandose no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do MMA (Ministério do Meio Ambiente), na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (International Union for Conservation of Nature) e no Apêndice I da CITES (Convention on International Trade in Endangered Species of Wild casos de luxação úmero-rádio-ulnar em tartarugas marinhas utilizando abraçadeiras de nylon como material alternativo. Material e Métodos: Dois casos semelhantes de tartarugas marinhas lesionadas foram encontrados durante a atividade de monitoramento de praia no Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 149 | P á g i n a Relato de Caso - 34 Nylon clamp for ulnohumeral and radiohumeral luxation in sea turtles devidamente norte da Bahia. Caso 1: Tartaruga-verde (Chelonia mydas), filhote, apresentando realização de exame radiográfico (Figura 2). No segundo caso havia ainda um processo de osteomielite com reabsorção óssea em margem epifisária distal do úmero e proximal do rádio. O tratamento escolhido para estes casos foi a imobilização da articulação visando a anquilose em posição compatível à estação. Para tanto, optou-se pela Comprimento Curvilíneo de Carapaça (CCC): 0,132m; Largura Curvilínea de Carapaça (LCC): 0,127 m, peso: 0,3 kg, encontrada encalhada no litoral de Aracaju/SE. No exame clínico apresentou bom escore corporal, presença de epibiontes (Lepas sp) em nadadeiras e bordos de carapaça e uma deformidade em nadadeira anterior direita com diminuição de diâmetro na região do terço distal do úmero até a articulação úmerorádio-ulnar com presença de tecido cicatricial e projeção cranial do membro (Figura 1). Caso 2: Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), filhote (CCC: corroborada com a 0,13 m; LCC: 0,14 m, peso: 0,32 kg) encontrada encalhada viva no litoral de imobilização com a utilização de uma abraçadeira de nylon pequena (Figura 3). Após a realização do bloqueio do plexo braquial com lidocaína 2%, foi realizada uma pequena incisão entre a primeira e a segunda escama da região proximal caudal da nadadeira. Esta região é a mesma onde se aplicam as anilhas de marcação. A abraçadeira de nylon previamente esterilizada por imersão em Pirambu/SE, apresentava baixo escore corporal, lesões ulcerativas profundas em carapaça e plastrão e nadadeira anterior esquerda rotacionada com contato direto com o crânio tanto em estação quanto em natação (Figura 1). Na região distal do úmero havia perda de tecido mole com presença de tecido cicatricial. Em ambos os casos a lesão na nadadeira ocasionava dificuldade na natação com o solução de amônia quaternária e álcool etílico por 20 minutos e lavada em seguida com solução fisiológica foi transpassada pela incisão e lacrada circundando a porção distal do úmero. Desta forma, a nadadeira foi estabilizada com uma angulação compatível à mantida quando em estação (Figura 3). Para garantir a manutenção do posicionamento da braçadeira, foi realizada uma sutura animal nadando em círculos, sem conseguir mergulhar e se alimentar. Na palpação foi observado que a articulação úmero-rádio-ulnar não apresentava resistência, deixando a região distal a partir deste ponto com movimentos livres e sem reação de flexão. A partir daí suspeitou-se de uma luxação que foi com 3 pontos separados simples na pele da borda caudal do úmero circundando a abraçadeira. Em ambos os casos efetuouse aplicação do antiinflamatório funixin meglumine na dose de 1 mg/kg por via intramuscular no pós-operatório imediato. Resultados e Discussão: Imediatamente Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 150 | P á g i n a Relato de Caso - 34 trecho entre o litoral sul de Alagoas e o radiográficos demonstrou uma mudança alojados em tanque com água onde exibiram comportamento natatório normal. Não houve complicação no pós-cirúrgico em ambos os casos. A imobilização foi mantida por 25 dias no caso 1 e 77 dias no caso 2 sendo então realizada a remoção dos pontos e da abraçadeira. O sucesso de um tratamento de luxação de joelho resultante de múltiplas lesões no padrão irregular das extremidades ósseas associadas à osteomielite até a alta médica do animal. Após 120 dias desde a entrada na reabilitação, os animais estavam de alta médica, mantendo o comportamento natatório normal e a sustentação da angulação da nadadeira quando em estação. Os animais foram soltos após crescimento e ligamentares em uma tartaruga-grega (Testudo graeca) utilizando a técnica Over-the-top e imbricação lateral da ganho de peso exponencial durante todo o tratamento além de mudança no padrão de coloração, perdendo a coloração estritamente enegrecida típica de filhotes e manutenção do posicionamento adequado da nadadeira tratada (Figura 4). capsula articular descrita para cão, obteve sucesso após imobilização por 42 dias.4 Com a remoção das abraçadeiras observou-se a manutenção da angulação da nadadeira com anquilose da articulação por formação de tecido fibroso, constatada através de radiografia. A artrodese é descrita como possibilidade de tratamento em luxação de cotovelo em répteis.3 A utilização de abraçadeiras de nylon em procedimentos cirúrgicos ainda não é muito usual na medicina de répteis sendo relatada no reparo de fraturas de carapaça em quelônios terrestres.5 Em um caso com iguana-verde (Iguana iguana) a artrodese foi substituída pela amputação do membro devido a existência de contaminação e 3 consequente osteomielite. No entanto, no caso 2 onde havia osteomielite, optou-se pela conservação do membro e anquilose da articulação associado ao tratamento com sulfato de amicacina (2,5 mg/kg, IM, Q:72h, 10 aplicações). O acompanhamento com exames Conclusões: A imobilização com abraçadeira de nylon se mostrou eficaz no tratamento de luxação da articulação úmero-rádio-ulnar em tartarugas marinhas, gerando uma anquilose e condição natatória satisfatória. Associado a isso a abraçadeira de nylon se caracteriza como um material prático de se manipular e de baixo custo. Agradecimentos: Este artigo utilizou dados gerados pelo “Programa de Monitoramento de Encalhes e Anormalidades na Área de Abrangência da Bacia de Sergipe/Alagoas” realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e Petrobras, como medida mitigadora do Licenciamento Ambiental Federal conduzido pelo IBAMA. Ao Projeto Tamar/ICMBIO parceiro nas atividades de monitoramento de praias. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 151 | P á g i n a Relato de Caso - 34 após o procedimento os animais foram turtle. CRC Marine Sciences Series, CRC AB; Meylan, PA; Introducción a la Evolución, Historias de Vida y Biología de las Tortugas Marinas. In: Eckert, KL; Bjorndal, KA; Abreu-grobois, FA; Donnelly, M. Técnicas de Investigación y Manejo para la Conservación de las Tortugas Marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4. p. 3-5. 270p. 2000. 2) Lutcavage, ME; Plotkin, P; Witherington, B; Lutz, PL. Press., 1996. p. 407. 3) Mader, DR. Reptile Medicine and Surgery. Canadá: Elsevier Inc., 2006. 4) Hemandez-divers, SJ. Diagnosis and repair of a stifle luxation in a spur-thighed tortoise (Testudo graeca). J Zoo Wildl Med 2002, 33:125-130. 5) Forrester, H; Satta, J. Easy shell repair. Exotic DVM 2005, 6(6):13. Human Impacts on sea turtle survival. In: Lutz, PL.; John, A. The biology of sea Figura 1. Aspecto macroscópico da lesão em nadadeira anterior (seta). Caso 1: Dir.; Caso 2: Esq. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 152 | P á g i n a Relato de Caso - 34 Referências Bibliográficas: 1) Meylan, Relato de Caso - 34 Figura 2. Radiografia evidenciando luxação da articulação úmero-rádio-ulnar (seta). Caso 1: acima. Caso 2: abaixo. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 153 | P á g i n a Relato de Caso - 34 Figura 3. Animal após imobilização da articulação úmero-rádio-ulnar direita com abraçadeira de nylon (seta e detalhe). Caso 1: dir. Caso 2: esq. Figura 4. Animal após alta médica demonstrando angulação de nadadeira recuperada (Seta) semelhante à contralateral. Caso 1: acima. Caso 2: abaixo. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 154 | P á g i n a Piometra de coto uterino em furão-doméstico (Mustela putorius furo) Maria Eduarda Baier1; Gisele Guiomara Stein2; José Manuel Pedreira Mouriño3; Caroline Weissheimer Costa Gomes2 1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil 2 Pet Fauna (PF), Brasil 3 Pet Place (PP), Brasil Contato: [email protected] Introdução: Piométrio (piometra) é caracterizado por um acúmulo de material purulento no interior do útero e evidências histológicas de variados graus de estão predispostos a desenvolver a infecção, sendo esta comumente associada a elevada produção de hormônios sexuais, como o estrogênio.2 infiltrado celular inflamatório acompanhado de hiperplasia endometrial cística.1 A invasão bacteriana, geralmente de origem da flora vaginal, é um importante fator desencadeante, porém sua etiologia ainda não está completamente compreendida, apesar da progesterona ter um papel claro no desenvolvimento.1 O complexo hiperplasia endometrial cística (piometra) Várias bactérias já foram isoladas em úteros infectados, incluindo Escherichia coli, Staphylococcus spp, Streptococcus spp e Corynebacterium spp. A piometra é incomum na prática clínica de furões, pois estes animais são esterilizados pelos criatórios antes de serem comercializados no Brasil. No entanto pode estar associada à condições inadequadas de manejo e como consequência de pseudocieses em exemplares de idade avançada, furões com estros prolongados preconizado é a excisão cirúrgica do coto uterino infectado, antibioticoterapia, terapia de suporte, preconizando-se também o tratamento médico e cirúrgico da glândula adrenal afetada, em animais com a doença concomitante.2 Existem poucos relatos na literatura de piometra de coto uterino em furões. O objetivo de coto uterino acomete furões castrados e pode ocorrer como consequência da síndrome do ovário remanescente, e principalmente em animais com histórico de hiperadrenocorticismo (doença da glândula adrenal). O tratamento Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 155 | P á g i n a Relato de Caso - 35 Uterine stump pyometra in a female pet ferret (Mustela putorius furo) endovenosa e butorfanol, na dose de 0,5 piometra de coto em um furão doméstico. Foi relatado na anamnese que o animal não tinha contato com outros animais e histórico de hiperadrenocorticismo. Também apresentava tenesmo há dois mg/Kg para analgesia, pela via intramuscular. Após estabilizar o paciente, realizou-se o procedimento cirúrgico, com a excisão do coto uterino infectado (Figura 1). O animal recebeu como medicação pré anestésica 0,1 mg/Kg de morfina pela via intramuscular, 2 mg/Kg de propofol3 pela via endovenosa para indução anestésica. Foi entubado com dias, letargia, hiporexia, perda de peso e diarréia. O proprietário relatou que o animal já havia sido submetido à adrenalectomia de glândula adrenal esquerda. No exame físico apresentou temperatura de 38,8C e 0,75 kg. Na palpação observou-se distensão abdominal evidente, com presença de algia na região abdômino-pélvica, edema de vulva e desidratação. Durante a traqueotubo 3,5 tipo Murphy, utilizando-se o gás isoflurano para manutenção anestésica, e ampicilina sódica, na dose de 20 mg/Kg pela via endovenosa, como antibioticoterapia transoperatória. O animal não resistiu e veio a óbito algumas horas após o término do procedimento cirúrgico. Não foi realizada cultura bacteriana do material presente no lúmen do coto uterino, pois não houve interesse contenção para exame físico apresentou urina fétida e presença de exsudato vaginal purulento. Foram realizados exames hematológicos e perfil bioquímico básico renal e hepático. O animal foi submetido a exame ecográfico abdominal e as imagens foram sugestivas de patologia uterina (piometra), em correspondência ao coto uterino. por conta do proprietário. Resultados e Discussão: Em furões a determinação de estro prolongado e aumento uterino são fundamentais para fechar o diagnóstico de piometra.2 O animal com a infecção pode encontrar-se apático, febril e apresentar secreção vaginal purulenta ou não. O útero aumentado tem o lúmen preenchido por exsudado e pode ser diagnosticado por palpação, imagem Material e Métodos: Foi atendida na Clínica Veterinária Pet Fauna no mês de maio de 2014, uma fêmea de 6 anos de furão-doméstico (Mustela putorius furo). Tratando-se de uma fêmea de idade avançada e em estado crítico, optou-se primeiramente por correção da desidratação e do desbalanço hidroeletrolítico, utilizando-se 50 ml/Kg de solução cristaloide de ringer lactato. Foi administrado 20 mg/Kg de metronidazol como antibioticoterapia por via radiográfica e ecografia abdominal.4 Achados laboratoriais incluem anemia não-regenerativa e no leucograma é comum observar leucocitose por neutrofilia, monocitose e toxicidade das células sanguíneas brancas,4 no entanto uma contagem normal de leucócitos pode estar presente na piometra aberta. No Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 156 | P á g i n a Relato de Caso - 35 deste trabalho foi descrever um caso de do animal em questão Alguns sinais de elevadas concentrações observou-se anemia normocítica e normocrômica, com valores de hemoglobina (12,1 g/dL) e de hematócrito (37%), em conjunto com uma leucocitose (18.100 /uL) por neutrofilia. A anemia pode ocorrer devido a supressão da eritropoiese devido a inflamação crônica, hemodiluição ou perda de hemácias dentro do lúmen uterino.5 Em alguns de estrogênio podem incluir pancitopenia, edema de vulva, hemorragias purpúricas e melena.6 Valores elevados de estrogênio podem levar a uma aplasia de medula óssea.2 O estrogênio aumenta o número de receptores uterinos de progesterona. A progesterona estimula o crescimento e a atividade secretora das glândulas endometriais, reduzindo a casos pode ocorrer leucopenia, sendo indicativo de uma infecção grave, septicemia e/ou sequestro de neutrófilos pelo útero. As alterações bioquímicas mais comuns incluem azotemia, hiperglobulinemia e hiperproteinemia. Não foram evidenciadas alterações de creatinina e proteínas plasmáticas totais na paciente. O exame ultrassonografico revelou glândula adrenal direita atividade miometral. A influência excessiva de progesterona faz com que o tecido uterino glandular se torne cístico, edematoso, espessado e infiltrado por linfócitos e células plasmáticas. O fluído se acumula nas glândulas endometriais e no lúmen uterino com hiperplasia endometrial cística. A drenagem uterina é impedida pela inibição da contratilidade miometral pela progesterona, tornando o evidenciada com dimensões mantidas, homogênea, bordos regulares, medindo 0,9 x 0,47 cm. Em topografia pélvica retrocaudal à bexiga evidenciou-se uma estrutura tubular arredondada com paredes hipoecóicas regulares, preenchida por conteúdo anecóico, medindo 1,46 x 2,47 cm, sugerindo imagem de coto uterino. Não foi evidenciado líquido livre em cavidade ambiente uterino anormal, propício para a colonização bacteriana e consequente piometra.5 A piometra de coto uterino, pode ocorrer como consequência da síndrome do ovário remanescente, que ocorre devido a remoção incompleta do ovário durante ovariohisterectomia, mantendo os ciclos ovarianos do animal e secreção de progesterona. Porém, a piometra ocorre principalmente em furões abdominal ou linfonodos reativos. O exame foi indicativo de patologia uterina, sendo então optado pela histerectomia do coto uterino. Furões são poliestros sazonais e têm ovulação induzida. Animais com estros prolongados estão predispostos a desenvolver a infecção em decorrência do hiperestrongenismo. com histórico de hiperadrenocorticismo. A doença foi descrita pela primeira vez em furões, no ano de 1987 e existe uma alta incidência da endocrinopatia na espécie.2 A causa do elevado número da doença da adrenal em furões é desconhecida, porém uma das hipóteses é a precocidade em que são castrados, uma vez que o tecido Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 157 | P á g i n a Relato de Caso - 35 hemograma 2 célula tronco. A cirurgia é o método de diagnóstico definitivo para confirmar a presença de tecido ovariano remanescente ou a anormalidade da glândula adrenal,2 diferenciando assim as prováveis causas de hiperestrongenismo que levaram ao desenvolvimento de piometra de coto uterino no animal. Suspeita-se que o hiperadrenocorticismo é umas das possíveis causas do paciente relatado ter desenvolvido a piometra de coto uterino. Não é possível afirmar se existia a presença de ovário remanescente. O óbito pode ocorrer quando as alterações metabólicas são graves e não responsivas a terapia apropriada, ou quando o quadro é diagnosticado tardiamente. O prognóstico pós-cirúrgico é favorável caso o choque e a septicemia sejam controlados.5 Conclusões: A piometra de coto uterino é um distúrbio grave, e por vezes letal. O tratamento preconizado é a excisão cirúrgica do coto uterino infectado, sendo o procedimento de fácil realização na espécie. Torna-se imprescindível a terapia de suporte para correção dos déficits existentes causados por essa cirurgião deve ser cuidadoso para não permitir que parte do coto uterino e tecido ovariano residual sejam mantidos após cirurgia de ovariohisterectomia eletiva. Referências Bibliográficas: 1) Nelson RW; Couto CG. Distúrbios da vagina e do útero. In: Medicina interna de pequenos animais. 4 ed. Elsevier: 2010. p. 920-923. 2) Quesenberry KE; Carpenter JW. Disorders of the reproductive and urinary systems. In: Ferrets, rabbits and rodents. 2 ed. 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Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 159 | P á g i n a Prótese sintética em rinoteca de papagaio-do-mangue (Amazona amazonica): relato Synthetic prosthesis of rhinotheca in Orange-winged amazon (Amazona amazonica): case report Hanna Sibuya Kokubun1; Vanessa Lanes Ribeiro1; Ligia Rigoleto Oliva1; Luana Longon Roca1; Roberto Silveira Fecchio2; Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira1 1 Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil 2 Laboratório de Odontologia Comparada USP (LOC USP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: O papagaio-do-mangue (Amazona amazonica) é uma ave da família Psittacidae cujo status de conservação foi considerado pouco desenvolvida para exercer força suficiente na apreensão e quebra de sementes, além de auxiliar na locomoção do animal. O bico é composto pelos ossos preocupante pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) em 2012. Sua área de ocorrência abrange diversos países da América Latina, incluindo o Brasil, região sudeste. Apresenta uma plumagem esverdeada, com topo da cabeça à região dos olhos na coloração azul-violeta, penas amarelas aparecem na porção anterior das mandibular e maxilar, sendo coberto por uma bainha de queratina denominada ranfoteca, a qual é dividida anatomicamente em parte superior (rinoteca) e parte inferior (gnatoteca). Choques mecânicos podem gerar lesões como: fratura, fissuras e avulsões Ao ocorrer estes acidentes, deve-se inicialmente realizar hemostasia e limpeza bochechas, orelhas e penas laterais das asas, a porção posterior das bochechas é verde clara, e a face ventral das penas da cauda é verde-amarelada. O bico possui coloração enegrecida, apresentando tons de cinza ao se distanciar da narina. Os psitacídeos possuem bico curvo e curto, com musculatura adjacente bem do local lesionado. Após o período inicial de cicatrização, cerca de 10 dias, a implantação de uma prótese pode recuperar a função do bico. Próteses sintéticas costumam ser aceitas pelos animais e se adaptam bem ao seu organismo. São classificadas como autógena, quando oriunda do mesmo Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 160 | P á g i n a Relato de Caso - 36 de caso ingerir alimentos amolecidos, tal como de outro indivíduo que foi a óbito; heteróloga, quando oriunda de outra espécie e prótese sintética, quando é confeccionada com material não orgânico (resinas, associadas ou não a estruturas rígidas) Existem ainda as próteses mistas, que associam próteses sintéticas e orgânicas. Para obter sucesso na implantação de próteses é necessário frutas maduras e ração umedecida, não conseguindo se locomover com o auxílio do bico. Após dois dias, realizou-se contenção química do indivíduo para realização de implantação de prótese sintética. Foi realizada indução e manutenção anestésica com isofluorano à 2,5% vaporizado com oxigênio 100%, em circuito anestésico aberto. O compreender a biomecânica do crânioe as forças utilizadas durante um comportamento. procedimento foi realizado com a fixação de mini-placas ortopédicas de titânio em sistema de 1,5 mm, fixadas perpendicular ao osso maxilar, bilateralmente. As placas foram fixadas com parafusos de 1,5 mm de diâmetro, criando estrutura para fixação de resina. As mini-placas foram moldadas de forma a conferir aspecto anatômico funcional ao bico e recobertas com resina odontológica Material e Métodos: O presente trabalho visa relatar um caso bem sucedido de implantação de prótese sintética em papagaio-do-mangue (Amazona amazonica). No Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, um indivíduo de papagaio-do-mangue, adulto, foi entregue por um órgão da prefeitura com avulsão total de rinoteca. O animal foi contido fisicamente com puçá e luva de couro, e levado ao setor veterinário para avaliação dos ferimentos. Durante o exame físico detectou-se cicatrização da porção proximal de maxila, cuja ferida apresentava-se recoberta por tecido de granulação. Durante a palpação da musculatura peitoral notou-se que o animal estava com diminuição da mesma, com projeção aumentada da quilha no esterno, indicando um escore corpóreo baixo, e, portanto, foi internado no setor para suplementação nutricional assistida. Ao decorrer deste período, observou-se que o animal só conseguia apreender e fotopolimerizável, cujas propriedades permitem maior resistência e durabilidade compatíveis com o uso do bico. Realizouse, em seguida, polimento da prótese sintética e impermeabilização da superfície com verniz de fortificação de queratina. O animal permaneceu em uma caixa de transporte de tamanho médio, além de ser introduzido em um cone de papel para evitar colisões durante o retorno anestésico. O animal obteve um retorno anestésico tranquilo e foi mantido em observação até entrar em estação e estar ativo na caixa e retornar à gaiola de internação. Como terapêutica durante o período pós-operatório, incluiram-se antimicrobianoterapia com enrofloxacina 2,5% 10 mg.kg-1 via intramuscular (IM), Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 161 | P á g i n a Relato de Caso - 36 indivíduo; homóloga, quando proveniente oito meses do procedimento o animal dias. Também como analgesia e antiinflamatorio meloxicam 0,2% 0,2 mg.kg-1 IM, durante uma vez ao dia (SID), por cinco dias e cloridrato de tramadol 5% mg.kg-1 IM, durante três vezes ao dia (TID), por três dias e a observação constante para observar a adaptação da prótese no animal, sendo todos os comportamentos anotados na ainda se encontra em bom estado geral, sendo assim, a utilização da prótese sintética foi um sucesso até o momento. Porém sabe-se que a utilização de próteses é uma medida temporária devido à força exercida nas mesmas sendo normalmente utilizada para manter a estabilidade de fragmentos livres, corrigir defeitos, restaurar a função normal da ficha clínica. estrutura além reduzir potenciais infecções do trato respiratório devido à exposição óssea e o grande envolvimento do trato respiratório nestes casos. Uma possibilidade para quando a prótese se soltasse seria implantar uma próteses heteróloga, (oriunda de um animal de outra espécie que tenha ido a óbito), porém, apesar da facilidade de manter o animal acometido próximo para avaliação, Resultados e Discussão: No póscirúrgico imediato, após ser realocado para a gaiola de internação, o animal em questão conseguiu utilizar a prótese para se alimentar, mostrando que houve uma ótima adaptação do animal à prótese. Ao longo dos outros dias, ao observar o comportamento do animal, foi possível confirmar que o indivíduo apresentou boa adaptação à prótese, porque conseguia realizar manuseio, apreensão de alimentos e estava se alimentando bem, utilizando também a prótese para auxílio na locomoção e se limpar, mostrando que o peso da prótese implantada não oferecia peso excessivo. A implantação de próteses de bico sintéticas em prol da melhoria da qualidade de vida dos indivíduos que passam por algum tipo de trauma, fratura ou avulsão de bico deve ser levada em consideração, como por exemplo no caso relatado onde o animal apresentou constante ganho de peso e melhora na condição de escore corpóreo, atingindo a condição boa, o que mostra aumento na qualidade de vida. Decorrido é necessário que exista um banco de material que contenha os bicos para prótese heteróloga ou algum animal que tenha ido à óbito recentemente para realizar o preparo da peça, o que não ocorreu na instituição.1,5 Há relatos com bons resultados de implantação de próteses homólogas em outras famílias de aves, como RAMPHASTIDAE,¹,2 e próteses sintéticas em Rhea americana após avulsão completa de rinoteca, com bons resultados. Comparativamente, o material utilizado para implantação de prótese em ema (R. americana) tem resistência menor do que a utilizada para o caso relatado, uma vez que animais da família STRUTHIONIDAE, tal como a Rhea americana, só utilizam o bico para Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 162 | P á g i n a Relato de Caso - 36 durante duas vezes ao dia, (BID) por dez de alimento, e ingerem resultado, não apenas pela praticidade, alimentos inteiros, sem necessidade de quebrar cascas de alimentos rígidos como os animais da família Psittacidae, e mostrando que a utilização dos materiais neste caso do A. amazonica foram mas também devido ao custo-benefício e permanece durante um período razoável. adequados por garantir firmeza e resistencia durante às necessidades fisiológicas do animal.5 Outra comparação é em relação à prótese homóloga de tucano de bico verde (Ramphastos dicolorus), na qual o material orgânico natural do bico dos indivíduos da família RAMPHASTIDAE é naturalmente trabeculado e apresenta leveza, sendo mais indicada a utilização de próteses homólogas a heterólogas por sua leveza e resistência natural do que próteses sintéticas com resina e titânio, pois o peso do material é superior. Não existem, Referências Bibliográficas: 1) Fecchio, RS. Análise biomecânica da aderência de diferentes sistemas adesivos ao estrato córneo queratinizado do bico de tucanostoco (Ramphastos toco). [Dissertação de Mestrado.] São Paulo: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, 2010. 2) Fecchio, RS; Gomes, MS; Kolososki, J; Petri, BSS; Rossi Jr, JL; Gioso, MA. Estudo da biomecânica oclusal e da aderência da resina acrílica auto-polimerizável (polimetilmetacrilato) em fraturas de rinoteca de tucanos (Ramphastos toco). Pesq. Vet. Bras. 28(7): 355-340, 2008. 3) Forshaw, JM. também, materiais específicos para esta finalidade. No caso relatado acima, a escolha da prótese sintética com resina acrílica associado com pinos e miniplacas de titânio mostrou-se uma ótima opção para o indivíduo em questão pelo fato de mostrar boa adaptação à prótese com retorno das atividades e melhora no escore de condição corpóreo. Os estudos sobre próteses de bico sintéticas em aves Amazona In: Parrots of the world 3rd ed.,Lansdowne. 1989, page 594- 656. 4) International Union for Conservation of Nature. 2012. Disponível em URL: http://www.iucnredlist.org/details/2268635 0/0. 5) Prazeres, RF; Fiebig, WJ; Fecchio, RS; Biasi, C; Castro, MFS; Gioso, MA; Pachaly, JR. Técnicas de reconstituição de bico em aves - artigo de revisão. J. Health Sci Inst. 2013; 31(4): 441-7 selvagens ainda são escassos, daí a importância deste relato para casos futuros¹,2,5,6 Disponível em URL: http://www.unip.br/comunicacao/publicaco es/ics/edicoes/2013/04_outdez/V31_n4_2013_p441-447.pdf [2014 jul. 28]. 6) Rossi Jr. JL; Paula, TAR; Peixoto, JV; Araújo, GR; Fecchio, RS. Inserção de prótese sintética completa em rinoteca em Ema (Rhea americana): Conclusões: Conclui-se, para o caso relatado, que a opção de moldagem de prótese de bico com resina, pinos e miniplaca de titânio ofereceu um bom Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 163 | P á g i n a Relato de Caso - 36 apreensão relato de caso. Revista Nosso Clínico, Relato de Caso - 36 2008. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 164 | P á g i n a Fibroma cervical em lontra do mar (Lontra felina) mantida em cativeiro Catalina Hermoza Guerra1; Javier Mamani Palomino2; Ricardo Grandez Rodriguez2 1 Parque Zoologico Huachipa (PZH), Peru 2 Universidad Peruana Cayetano Heredia (UPCH), Peru Contato: [email protected] Introdução: Distribution of the sea otter (Lontra felina) is restricted to Pacific Coast of South America between 6° S and 56° S, since northern Peru to Chilean cost at Cabo de Hornos and Isla de los Estados in Argentina. Sea otter is ranked as endangered according to the IUCN, due to population decline because of hábitat loss and exploitation. Lontra felina is the only benign tumors, minimally invasive, without metastatic potential and with slow growth. They have been reported with higher frequency in dogs and humans.3 The symptoms of this uterine neoplasia include vaginal discharge, abnormal estrous cycle, abdominal masses, ascites, specie in its taxonomic genus, lives in exclusively marine habitats and use areas from 30 meters inland and 100-150 m from sea cost, and prefer rocky shores and caves above the water, as these are areas with large communities of algae offer great abundance and diversity of constipation, vomiting, weight loss, anorexia, polydipsia and polyuria. In humans, tumor growing seems to depend on hormones and may be associated to ovarian cysts, cystic endometrial hyperplasia or breast tumor. Ideal treatment for fibroids is 3 ovariohysterectomy. Prognosis depends on the patient’s age and the status of the species to feed from. Diet of free ranging sea otters includes invertebrates and also crustaceans (decapods, prawns and crabs), molluscs (shellfish and gastropods), fish from BLENNIDAE, CHEILODACTYLIDAE, GOBIESOCIDAE and POMACENTRIDAE families, and occasionally birds and small mammals.11 Fibroids are vital organs. In mustelids, most frequent neoplasias are those reported in ferrets and are related to endocrine and hematopoietic systems, as insulinomas, adrenal tumors and lymphosarcoma, but also there are reports of seminoma in Enhydra lutris and melanoma in Lutra lutra.1,4,7 Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 165 | P á g i n a Relato de Caso - 37 Cervix fibroids in sea otter (Lontra felina) in captivity which was sensitive to all antibiotics. CBC kept in captivity for 14 years at the Parque Zoológico Huachipa, and with age between 16 and 18 years old. She was located at the sea otter exhibition setting with other three sea otters. The zookeeper reported the female to be less active and without appetite. At external assessment veterinarians observed apparent lower back or abdominal pain because of the and blood chemistry tests (Table 1) only showed marked monocitosis, indicating a clear chronic infection (2) The ultrasonographic evaluation was performed with the computer ® MyLabOneVet esote micro convex transducer 6.0-10 MHz. Through this procedure, we determined the presence of a structure with moderately arched posture when moving. Initial treatment was done with Flunixin megalumine 1 mg/kg (SC), Enrofloxacine 5 mg/kg (IM) /24h, Jacobson solution 25 ml/kg (SC), and commercial vitamins suplement for 3 days. Patient monitoring was established between 8:00 and 18:00 hours to obtain some additional information. Day 2, the female had a vaginal discharge which was cleaned heterogeneous echotexture, regular edge and 2.07 cm in diameter in the topography of the uterine corpus, compatible with uterine neoplasia (Figure 1). As well, five homogeneous hypoechoic nodular structures were evident in the liver, located in the caudal edge and between 0.62 - 1.62 cm in diameter. The remaining parenchyma showed normal characteristics, hepatic vasculature immediately by presenting repetitive grooming behavior throughout the perigenital area. Chemical restraint was performed for abdominal ultrasound, fluid therapy and blood sample collection, using dexmedetomidine 0.02 mg/kg and midazolam 0.2 mg/kg (IM). Animal weighed 2.6 kg and clinical examination revealed diminished body condition, dehydration (+), slightly pale mucous preserved with hyperechogenic and continuous diaphragm. A 24 G intravenous catheter in the cephalic vein was placed to provide Lactato Ringer solution 100 mL (IV), commercial aminoacids suplement 5 mL (IV) and dextrose 50% 3 mL (IV), C vitamin 20 mg/kg (IM). We performed and uterine flushing with a nasogastric tube N⁰ 6 membranes and no lymph nodes were increased in size. At the entrance of pelvic channel was visible a rounded dilatation. Upon palpation a hard lump was felt and when compressing came out purulent discharge at the vulva. Results of culture and sensitivity test show presence of Streptococos sp in vulvar discharge, iodopovidona solution. For treatment, it was used amikacine 6 mg/kg e/12 h for 7 days, Jacobson solution 25 mL/kg (SC). To improve energy and food intake, it was offered commercial vitamins mineral suplement (VO), Ciproheptidine 1 mL (VO), Bismuth Subsalicylate 2 mL (VO) in the mornings and marine mammals connected to a 10 mL syringe, using an Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 166 | P á g i n a Relato de Caso - 37 Material e Métodos: A female sea otter, adhered to the cervical mucosa (Figure 3). 400UI and anchovy liquefied with frutiflex 50 mL (VO) in the afternoons. Resultados e Discussão: The sea otter returned to exhibit setting with the others specimens because of the closeness to another female sea otter at the zoo to avoid stress for daily treatment at physical restraining twice a day. Monitoring results showed that 70% of the time, she slept Histopathological descriptions show a marked extramedullar hematopoiesis in the spleen. These findings have been reported in adult animals with chronic inflammatory processes and increased hemocatéresis and the presence of macrophages with hemosiderin, but in this species is unknown. In the kidney, it was described membranous ant to fixed points inside she exhibit, and some days, at the afeternoon, she entered to the roosting site, 20% of time continuously groomed the perigenital area and the other 10% she urinated, defecated and moved in the exhibit with difficulty. She only went into the water when she was stimulated to eat and only floated with her back and without diving. Partial improvement was observed. The glomerulonephritis. In the liver, it was observed dilated hepatic ducts at multifocal level, lined by an epithelium ranging from simple columnar to slightly flatten. These ducts are separated by smooth muscle and abundant dense fibrous tissue composed of collagen fibers, fibrocytes and some fibroblasts. Some foci have mild infiltration of lymphocytes and some plasma cells, third day she was observed to get out of the water with difficulty and then she died on the edge of their environment, under a floating raft. At necropsy, bloody mucus secretion was found at the glottis, from the congested lung parenchyma flowed bloody liquid when its cut. It is also found bloody discharge in the lumen of the trachea, congested liver with rounded compatible with cystic bile ducts. Hepatic cysts, by their histopathological characteristics regarding absence of inflammation and reaction from the biliary epithelium, apparently show congenital origin. This has been reported in some domestic animals such as cats, rabbits and others.10 Among the trematodes affecting the bile canaliculi in otters and could leave even more severe lesions is the genus Pseudasphistomun.8,9 A level of edges and multiple cystic lobulations and when it is cut, biliar liquid flows. It is also observed splenomegaly and in the uterine body is larger and with abundant purulent discharge at the vulva (Figure 2). At sagittal cut, it was observed a tumor from 9 cm x 6 cm, firm to the touch, uneven surface, of creamy white color and the uterus and cervix is a neoplastic mass defined edges slightly expanding the submucose. This is formed by intersecting waves separated by a preexisting stroma. The neoplastic cells are spindle-shaped, with edges defined eosinophilic cytoplasm and coconut. The nuclei are elongated, Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 167 | P á g i n a Relato de Caso - 37 commercial vitamins ½ pill, vitamin E nucleoli present (Figure 4). Multifocally, there is loss of the mucosal surface continuity, with exposure of the submucosa, which is infiltrated by regular amount of neutrophils and fewer plasma cells, macrophages and lymphocytes (picture 5). These characteristics correspond to a cervical ulcerated fibroma associated to subacute suppurative endometritis, which are correlated with the clinical findings and sonographic description. There is little information regarding the diagnosis of uterine neoplasms in exotic animals; however, these features should match the uterine neoplasms described in other species, which generally are referred to as homogeneous and isoechogenic structures relative to surrounding structure. Nevertheless, these structures may become heterogeneous or complex and suffering necrosis or degeneration, as it has been seen in this report.5,6 Conclusões: This is the first report of a uterine cervical fibroid in sea otter. The indicated treatment for this neoplasia is ovariohysterectomy, but this particular case was geriatric animal with advanced loss of body weight. This case wont treatment is to control the infectious process and a palliative treatment associated with continuous monitoring to evaluate the patient's progress. The neoplastic processes in geriatric animals are guarded prognosis and euthanasia decisions are a function of the quality of life of the animal. Referências Bibliográficas: 1) Cubas Z, Ramos Silva J, Catao Diaz J; Tratado de animales salvagens medicina veterinaria; 2007. 2) Dierauf, Leslie A. and Gulland, Frances M. D.: CRC Handbook of Marine Mammal Medicine. 2001. 3) Gomez R., Calvo A., Closa M., Front A.,Fibroleioma uterino como causa de constipación y disuria en una gata; Comunicaciones y casos clínicos 43, Congreso nacional AVEPA. 4) Heike Weber and Lars Mecklenburg D.V.M.; Malignant melanoma in a Eurasian otter (Lutra lutra); Journal of Zoo and Wildlife Medicine 31(1):87-90. 2000. 5) Mattoon, J. S.; Nyland, T. G. Ovaries and uterus. Small animal diagnostic ultrasound. 2. ed. Philadelphia: W. B. 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Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 168 | P á g i n a Relato de Caso - 37 with compacted chromatin and prominent Vet pathological significance of the bile fluke Pseudamphistomum truncatum in Eurasian otters (Lutra lutra) in Great http://vet.sagepub.com/content/44/1/92 11) IUCN. 2014, Red list of Threatened Species, Version 2014.2. <www.iucnredlist.org>. Downloaded on 31 July 2014. 12. Williams, Thomas D. and Pulley L. Thomas: Hematology and Blood Chemistry in the Sea Otter (Enhydra lutris). 1983 Britain; Veterinary Record (2009) 164, 397-401 veterinaryrecord.bmj.com on April 28, 2014 - Published by group.bmj.com 10) Starost M.F.; Solitary Biliary Hamartoma with Cholelithiasis in a Domestic Rabbit (Oryctolagus cuniculus) Pathol 2007 44: 92 Table 1. Results of laboratory exams (hemogram, leucogram and plasmal biochemistry). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 169 | P á g i n a Relato de Caso - 37 Molenaar ; Prevalence, distribution and Relato de Caso - 37 Figura 1. Ultrasound image showing the presence of a structure with moderately heterogeneous echotexture, regular edge and 2.07 cm in diameter in the topography of the uterine corpus. Figura 2. Image shows abundant purulent discharge at the vulva. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 170 | P á g i n a Relato de Caso - 37 Figura 3. Image shows a tumor from 9 cm x 6 cm, uneven surface, of creamy white color and adhered to the cervical mucosa. Figura 4. Image shows the elongated nuclei, with compacted chromatin and prominent nucleoli present. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 171 | P á g i n a Relato de Caso - 37 Figura 5. Image shows multifocally there is a loss of the mucosal surface continuity, with exposure of the submucosa, which is infiltrated by regular amount of neutrophils and fewer plasma cells, macrophages and lymphocytes. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 172 | P á g i n a Posicionador radiográfico para aves feito com placa de plástico e fecho de contato adesivo: relato de caso Relato de Caso - 38 An avian radiographic positioner made of plastic and velcro: case report Carolina Nery1; Luiz Miranda de Barbosa Filho1 1 Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Nos últimos anos, é crescente o uso da radiografia na medicina de aves,1 exigindo atenção às normas de proteção radiológica para os profissionais envolvidos.2 Para obtenção de imagens de qualidade diagnóstica, é importante conciliar qualidade de facilidade.2 Fita adesiva pode ser utilizada para prender os membros no chassi, diminuindo o número de pessoas necessárias para o exame e a exposição à radiação.1,2 Porém, o uso de fita adesiva é um pouco trabalhoso, nem sempre permite um posicionamento adequado e equipamento, técnica e posicionamento do paciente.1,2 Na maioria dos casos, as aves são radiografadas sob contenção física com auxílio de duas pessoas: uma para segurar a cabeça e os membros posteriores e outra para tracionar as asas. Há grande chance da ave se movimentar e causar um borramento da imagem, levando a perda de definição.1,2 Na contenção física, mesmo com o uso de tem a desvantagem de poder lesionar a pele e as penas de aves pequenas.1 Este trabalho objetivou descrever o uso de um posicionador radiográfico como alternativa para fixar e posicionar aves anestesiadas durante a radiografia, feito de material plástico e fecho de contato adesivo. proteção plumbífera (avental, luvas e protetores de tireóide), há risco de exposição dos profissionais à radiação secundária, por estarem muito próximos à ampola de raios-X.2 Em aves, a anestesia é recomendada para realização do exame radiográfico, pois minimiza o estresse ao paciente e permite posicioná-lo com maior Material e Métodos: Foi utilizada uma placa de material plástico (de composição radiotransparente), de 4 mm de espessura e dimensões 35 x 43 cm. Tiras previamente cortadas do fecho de contato adesivo (face mais macia) foram previamente medidas e cortadas em tamanho suficiente para cobrir toda a área da superfície plástica e coladas com auxílio de “cola de sapateiro”. Foram Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 173 | P á g i n a radiotransparente. Além disso, permitiu a fecho de diversos tamanhos, para fixação dos membros. Antes de posicionar o animal, a placa era posicionada sobre o chassi radiográfico (Figura 1). Sob anestesia geral com isoflurano e atingido o relaxamento muscular apropriado, a ave era colocada sobre a placa. Para a projeção ventro dorsal (VD) de corpo inteiro, o paciente foi posicionado em fixação e posicionamento adequados das aves anestesiadas para obtenção de radiografias de corpo inteiro de qualidade diagnóstica. O uso do posicionador foi de fácil e rápido manuseio e não causou dano à pele ou penas dos animais. Não se recomenda o uso do aparato em aves que não estejam anestesiadas, pois o seu uso com o animal acordado não foi decúbito dorsal, centralizado sobre a placa; as asas foram esticadas lateralmente e fixadas individualmente com o auxílio das tiras do adesivo de contato previamente cortadas (Figura 2). De forma semelhante, os membros posteriores foram fixados, sendo tracionados caudalmente. Para a projeção látero-lateral (LL) de corpo inteiro, as aves foram posicionadas em decúbito lateral testado. Opcionalmente o aparato pode ser utilizado para posicionar aves para outros procedimentos diagnósticos como videolaparoscopia e/ou cirurgias (Figura 4). Acredita-se que o uso do posicionador possa ser estendido para radiografar outros animais silvestres, como pequenos mamíferos e répteis. direito, centralizadas sobre a placa, as asas sobrepostas e esticadas dorsalmente e fixadas juntas, com as tiras do fecho adesivo. Os membros foram esticados ventral e caudalmente e fixados juntos, objetivando a sobreposição (Figura 3). Logo após, um profissional localizado atrás do biombo (de alvenaria com paredes baritadas) disparava o equipamento de raios-X. Após o exame, exposição desnecessária à radiação ionizante, indo de encontro com normas de proteção radiológica, minimizando os riscos para o profissional que utiliza a radiologia. A divulgação deste trabalho pode beneficiar os profissionais que atuam na medicina de aves e no diagnóstico por imagem. as tiras de fixação eram retiradas e o animal recuperado da anestesia. Referências Bibliográficas: 1) Krautwald-Junghanns ME, Schroff S, Bartels T. Birds. In: Krautwald-Junghanns ME, Pees M, Reese S, Tully T (eds). Diagnostic Imaging of Exotic Pets. Schlutersche, 2011. cap1, p.1- 136. 2) McMillan MC. Imaging Techniques. In: Ritchie BW, Harrison GJ, Harrison LR Resultados e Discussão: O posicionador radiográfico de plástico e fecho de contato adesivo foi de fácil elaboração, baixo custo e não interferiu na imagem radiográfica por ser feito com material Conclusões: O uso do posicionador proporcionou aos profissionais a não Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 174 | P á g i n a Relato de Caso - 38 cortadas tiras da outra face adesiva do (eds.). Avian Medicine: Principle and cap 12, p.246-326. Relato de Caso - 38 Application. Lake Worth: Wingers, 1994. Figura 1. Posicionador radiográfico feito de pláastico e fecho de contato adesivo sobre chassi de tamanho 35X43. Figura 2. Papagaip Moleiro (Amazona farinosa) fixado no posicionador radiográfico, para raadiografia em projeção ventro dorsal (A). Respectiva imagem radiográfica obtida (B). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 175 | P á g i n a Relato de Caso - 38 Figura 3. Papagaip Moleiro (Amazona farinosa) fixado no posicionador radiográfico, para raadiografia em projeção látero lateral (A). Respectiva imagem radiográfica obtida (B). Figura 4. Arara Azul de Lear (Anodorhynchus leari) posicionada em decúbito lateral direito com auxílio do posicionador radiográfico para exame de videolaparoscopia. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 176 | P á g i n a Isolamento de agentes infecciosos em necropsias de animais silvestres Alice Soares de Oliveira1; Ticiana Zwarg1; Thaís Caroline Sanches2 1 Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE-3), São Paulo, SP, Brasil 2 Zoológico de Guarulhos, Guarulhos, SP, Brasil Contato: [email protected] De 2009 a 2013 foram realizadas 105 necropsias de animais silvestres pela Divisão de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE-3) pertencente à Secretaria do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura do Município de aves, nove mamíferos e quatro répteis. Dos 15 animais, 14 eram aves e apenas um indivíduo era réptil, sendo que este último apresentou infecção mista. 13 animais apresentaram infecção por mais de um agente bacteriano e, dentre eles, São Paulo (SVMA/ PMSP) com o diagnóstico de causa mortis provável de origem infecciosa, sendo colhido material das lesões encontradas com o objetivo de se identificar o(s) agente(s) infeccioso(s). Todo o material colhido pelo DEPAVE-3 foi enviado para o Instituto Veterinário de Imagem (IVI) para a realização de isolamento bacteriano e ou fúngico os agentes que foram isolados mais frequentemente em um mesmo animal, foram Escherichia coli e Staphylococcus aureus (em três casos). Os agentes bacterianos mais isolados foram: E. coli (22/77, 28,5%), Proteus sp (15/77, 19,4% - sendo que foi isolado P. mirabilis em nove animais), Klebsiella sp (16/77, 20,7%) e Edwarsiella sp (9/77, 11,7%); através de meios de cultura apropriados. Do total de 105 animais, em 95 foram isolados agentes infecciosos (90,4%), sendo 77 animais diagnosticados com infecção de origem bacteriana (81%), 15 com infecção fúngica (15,7%) e oito apresentaram infecção mista (por bactéria e fungo) (8,4%). Dos 77 animais, 64 eram todas bactérias gram negativas. A E. coli é a representante mais comum da família Enterobacteriace e faz parte da microbiota de animais e humanos sadios. Porém, em indivíduos imunossuprimidos como os oriundos do tráfico, pode tornarse patogênica e ocasionar a colibacilose associada ou não a outras Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 177 | P á g i n a Relato de Caso - 39 Isolation of infectious agents in post mortem examinations of wild animals isolamento bacteriano, apenas seis foram exclusivamente por gram positivas (6/77, 7,8%), sendo que em seis casos houve também o isolamento de bactérias gram negativas (Citrobacter sp e E. coli). A espécie S. aureus foi isolada em nove casos (9/12, 75%), Bacillus sp e Enterococcus sp em um caso cada uma. Na estafilococose, o S. aureus é o agente mais comum e geralmente primário. Normalmente encontrado no epitélio tegumentar ou respiratório, as cepas podem se tornar patogênicas quando houver lesão epitelial e ou depressão do sistema imune do hospedeiro. Dentre os agentes fúngicos, Aspergillus sp foi hematógena para outros órgãos. Apenas em quatro casos, esse agente não foi isolado do trato respiratório, e, sim, do esôfago, fígado, serosa hepática e rins/ adrenais; porém em todos havia também o comprometimento do sistema respiratório, evidenciado através de cáseos em parênquima e ou serosa (Figura 2). A identificação dos agentes infecciosos é essencial para a confirmação da suspeita clínica e uma importante ferramenta para auxiliar na condução da terapêutica, uma vez que a maioria das manifestações clínicas promovidas por esses patógenos são inespecíficas. verificado em 12 casos (12/15, 80%), sendo que em cinco casos esteve presente a infecção bacteriana (portanto, infecção mista). Nos três casos em que foi isolado Candida sp, houve concomitantemente a infecção bacteriana, sendo considerada um agente oportunista. Foram diversos órgãos internos acometidos por lesões e onde houve crescimento bacteriano, porém, em relação ao Aspergillus, houve evidente preferência do agente para se instalar e infectar o trato respiratório (sacos aéreos, siringe, traquéia, pulmão). A aspergilose é frequente em aves de vida livre e que são levadas ao cativeiro. O fungo tem predileção pelo trato respiratório inferior, locais de alta tensão de oxigênio, principalmente pulmão e sacos aéreos, mas pode ocorrer disseminação Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 178 | P á g i n a Relato de Caso - 39 enterobactérias e fungos oportunistas, tal como a Candida sp (Figura 1). Do total de Relato de Caso - 40 Figura 1. A - enterite hemorrágica; B - lesão em miocárdio; C - lesão intestinal; D - lesão esofágica. Figura 2. Lesões em sacos aéreos. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 179 | P á g i n a Correction of carapace and plastron fracture in Europe Pond Turtle (Emys orbicularis) Bruna Gois Santos1; Thaís Melquíades de Lima2; Carolina Juares Virgílio Pereira1; Fernando González González3 1 Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE), Santos, SP, Brasil 2 Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), PE, Brasil 3 Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat (GREFA), Espanha Contato: [email protected] Introdução: Na rotina dos centros de recuperação, é comum receber répteis tartarugas e jabutis. As causas mais comuns são quedas, mordida de cães e vítimas de algum trauma, seja ele devido à ação humana direta, ou em decorrência de alterações em seu meio, que podem predispor a acidentes. O casco é uma estrutura óssea formada pela fusão de ossos da coluna vertebral, costelas e cintura pélvica. A porção superior é denominada carapaça e a porção ventral, plastrão. Essas porções são unidas lateralmente por pontes. Esse arcabouço atropelamento por veículos ou acidentes com cortadores de grama. O prognóstico depende da existência de lesões em órgãos vitais, intensidade da hemorragia e se o animal está em choque. Como a respiração dos testudíneos não depende da pressão interna negativa, mesmo os pacientes com fratura completa da carapaça conseguem respirar 2 normalmente. O objetivo deste trabalho é ósseo é revestido por placas córneas, também chamadas escudos epidermais. Os escudos epidermais são arranjos como mosaico, que não coincidem necessariamente com as bordas de crescimento das placas ósseas que revestem.1 As fraturas de carapaça e plastrão são ocorrências comuns em relatar a cirurgia de reparação de casco em um cágado, bem como o protocolo de analgesia escolhido. Material e Métodos: Foi recebido um cágado no GREFA (Grupo de Resgate de Fauna Salvaje y Autóctona), de idade e sexo indeterminados, pesando 475 Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 180 | P á g i n a Relato de Caso - 40 Protocolo anestésico para correção de fratura em ponte óssea entre carapaça e plastrão de cágado-europeu (Emys orbicularis) em Majadahonda, Madrid, possuem a mesma função que a pele nos Espanha. O protocolo pré-anestésico utilizado foi administração de morfina 3 mg/kg IM, ceftazidima 20 mg/kg IM e meloxicam 0,2 mg/kg IM (3). A indução foi feita com o uso alfaxalona 7,5 mg/kg IM. A alfaxalona vem sendo muito usada na cirurgia de répteis, todavia ainda possui grande variação em dose. A anestesia inalatória, através da máscara com humanos, portanto o escudo fraturado deve ser tratado com os mesmos cuidados de uma pele lesionada. O casco age como uma barreira natural do organismo que isola os componentes internos do meio externo.4 O procedimento para o reparo do escudo depende de fatores como idade, extensão da lesão e condição física do paciente.5 isoflurano, também foi usada em conjunto à alfaxalona para indução e manutenção da anestesia, sendo administrada na concentração alveolar mínima (CAM) variando entre 2 e 2,5. O paciente foi posicionado em decúbito dorsal, para melhor manipulação da área. Após a antisepsia da região com clorexidine e solução salina, a fratura foi reduzida na união do plastrão com a carapaça Deve-se aplicar antibiótico sistêmico por no mínimo uma semana ou até que a ferida tenha fechado. Em casos de feridas abertas, estas devem ser protegidas com telas para evitar a invasão por moscas.4 Em relação ao protocolo de analgesia, optou-se pelo uso dos opióides como a morfina e a buprenorfina que se mostraram eficaz, porém na literatura o uso dos mesmos estão em estudo em mediante cerclagem com fio de aço cirúrgico, ao redor do animal (Figura 1). Para reforçar e permitir alinhamento das bordas da fratura, foram acrescentadas duas cerclagens em cruz, ancoradas por agulhas intramedulares (Figura 2). As cerclagens foram cobertas por uma resina de metilmetacrilato. O animal continuou em observação por 120 dias, seguindo o tratamentpós-cirúrgico com a aplicação répteis. O conceito de analgesia preventiva busca evitar a sensibilização da cadeia da dor nas fases pré, trans e pós anestésica. E os opióides agem modulando a nocicepção na periferia, medula e em áreas supraespinhais do sistema nervoso central. No entanto, devido ao fato dos répteis possuírem um sistema nervoso central primitivo, a ação antinociceptiva em répteis ainda está de morfina 3 mg/kg IM a cada 48h e a cada 72h foi feita antibioticoterapia com ceftazidima 20 mg/kg IM3 até ser liberado novamente à natureza numa área próxima a Las Rozas, Madrid. sendo estudada.6 Embora o butorfanol, um opióide com maior afinidade aos receptores Kappa seja o mais usado em répteis, a morfina pode ser uma escolha mais apropriada, devido a predominância de receptores Mi nesses animais. A morfina pode fornecer antinocicepção em algumas espécies de répteis por um Resultados e Discussão: As placas córneas do escudo dos quelônios Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 181 | P á g i n a Relato de Caso - 40 gramas, Referências Bibliográficas: 1) Cubas Conclusões: Há uma infinidade de produtos e materiais que podem ser usados para reparar o casco de um quelônio e a escolha da técnica dependerá do tipo de lesão e condição corpórea do animal. Neste caso, a melhor opção é cerclagem para aproximação do casco, uma vez que a fratura era na junção entre carapaça e plastrão. É muito PH, Baptistotte C. Chelonia (Tartaruga, Cágado, Jabuti) In: Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária. Roca. São Paulo, 2007. 1354p. 2) Sick H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 345p. 3) Carpenter JW. Formulário de animais exóticos. 3. ed. São Paulo: MedVet, 2010. 4) Kaplan’s M. Turtle and tortoise shell. Herpetological importante o estudo de tais problemas e soluções relacionados aos testudíneos, já que é um evento recorrente na clínica de exóticos e em centros de recuperação. Além disto, o protocolo de analgesia escolhido foi eficiente, uma vez que foi possível manter o animal durante os 45 minutos de cirurgia sem reflexos de dor. Care Collection: Los Angeles. Aug., 2002. p. 78-84. 5) Mader DR. Reptile medicine and surgery. 2 ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 2006. 1242p. 6) Sladky KK; Kinney MM; Johnson SM. Analgesic efficacy of butorphanol and morphine in bearded dragons and snakes. Journal of american veterinary association, Chicago. v2; 2009. Figura 1. Imagem demonstra a união do plastrão com a carapaça mediante cerclagem com fio de aço cirúrgico, ao redor do animal Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 182 | P á g i n a Relato de Caso - 40 período de 24 horas.6 Relato de Caso - 40 Figura 2. Imagem demonstra alinhamento das bordas da fratura com duas cerclagens em cruz, ancoradas por agulhas intramedulares. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 183 | P á g i n a Utilização de sonda nasogástrica em jabuti: relato de caso Christine Prisco Luiz1; Renata Zaneski Lopes1; Kamal Achôa Filho2; Vanessa Bertagia Pasqualetti2; Ivan Fernandes Malateaux1; Bruna Diniz Bayarri1; Giovanna Quirino Zibordi3; Roberto Silveira Fecchio4 1 De Olho no Bicho - Diagnóstico Veterinário (DONB), Brasil 2 Universidade Anhanguera / UniABC (UNIAN), Brasil 3 Universidade Anhembi Morumbi (UAM), Brasil 4 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Os jabutis fazem parte da se, então, a necessidade de técnicas ordem CHELONIA, a qual compreende também cágados e tartarugas. São animais considerados pré-históricos, pois existem há mais de 200 milhões de anos e possuem como característica principal força e resistência, que conferem longevidade à espécie.1,2,3 São animais de hábitos terrestres, onívoros, preferencialmente herbívoros, pesando em média de 6 a 12 kg, chegando até 50 apropriadas desenvolvidas para cada espécie, que permitam ao clínico realizar os procedimentos com sucesso. Uma técnica simples e muito utilizada na clínica é a passagem de sonda esofágica, frequentemente utilizada para alimentação forçada e administração de medicamentos em animais anoréticos, por curto prazo de tempo.3 Esta técnica é considerada de difícil execução quando cm de carapaça, possuindo dimorfismo sexual e chegando a viver até 100 anos de idade.2 Com o aumento do mercado pet silvestre houve um respectivo aumento desses animais nas clínicas veterinárias, principalmente de espécies comumente tidas como pet, como é o caso da Geochelone carbonaria. Notou- feitas em animais agressivos ou que não cooperam com o tratamento, especialmente os jabutis maiores, devido à dificuldade em conter o animal, sendo necessário, nestes casos, a sedação do animal.4 Entre as técnicas recomendadas pela literatura, estão a faringostomia e a esofagostomia. Ambas devem ser Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 184 | P á g i n a Relato de Caso - 41 The use of nosogastric tube on tortoise: case report estresse ao animal devido ao quadro o preparo deve ser para um procedimento cirúrgico asséptico.4 As sondas de uso prolongado, colocadas por meio de faringostomia ou gastrostomia, são indicadas para administração de fluídos ou alimentação contínua em pacientes criticamente doentes e naqueles agressivos, ou cuja boca é de difícil abertura, causando extremo estresse.5 encontrado, optou-se por realizar o tratamento utilizando sondas de material plástico cujo calibre foi o de número 4. Foi realizada a prévia lubrificação da sonda com óleo mineral. O mandril utilizado foi introduzido na luz das mesmas. O animal foi posicionado em decúbito ventral, sendo realizada a introdução da sonda pela via nasogástrica (Figura 1). A sonda Mader et al4 corroboram com Cubas et al,5 concluindo que os métodos citados minimizam o stress, especialmente em quelônios fortes, agressivos ou nos demasiadamente debilitados. foi mensurada desde o comprimento médio das narinas até o segundo escudo epidermal dorsal, onde está topograficamente localizada a cavidade gástrica. Desta forma foi feita uma marcação na porção cranial da sonda, sendo o limite no qual a sonda adentrará o animal. Para confirmar o sucesso da manobra, foi realizada uma radiografia simples, onde pôde-se constatar a Material e Métodos: Uma jabuti, fêmea, 25 anos, pesando 6,3 kg, foi levada ao centro de diagnóstico de especialidades veterinárias De Olho no Bicho, com a queixa principal de hibernação prolongada e anorexia há 2 meses. Durante a anamnese o proprietário relatou episódios de hematoquesia, fezes de coloração verde escuro com presença de secreção mucoide, refluxo gástrico, dispneia e descarga nasal com secreção muco purulenta. Ainda relatou que o animal não tinha contactantes, era alimentado com frutas variadas, carnes e presença do mandril (Figura 2). Após a confirmação, procedeu-se a retirada do mandril e a administração imediata de alimento líquido, a base de verduras escuras, legumes e frutas, 1 vez ao dia. ração para cães. Referiu banhos de sol periódicos, sendo mantido no período noturno em local fechado sem fonte externa de aquecimento. Foram solicitados exames complementares de ultrassonografia, radiografia simples, radiografia contrastada com bário e hemograma. A fim de minimizar o simples mostrou opacificação de campos pulmonares, presença de ovo em cavidade celomática, segmentos de alças intestinais dilatadas e presença de corpo estranho perfurante em topografia de intestinos. A radiografia contrastada demonstrou peristaltismo positivo, com movimentação do corpo estranho sentido Resultados e Discussão: A ultrassonografia indicou parênquima hepático com ecotextura grosseira e ecogenicidade mista. A radiografia Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 185 | P á g i n a Relato de Caso - 41 realizadas com o paciente anestesiado e tratamento com sondagem. A causa heterofilia, granulação citoplasmática tóxica e hiperproteinemia. O diagnóstico com base na anamnese e nos exames laboratoriais foi que a falta de controle de temperatura e umidade juntamente com dieta inadequada causou uma baixa no metabolismo do animal, levando-o ao estado de hibernação com consequente pneumonia bacteriana, hipovitaminose A provável da inapetência foi o erro de manejo, sendo mantido a baixas temperaturas e umidade inadequada. Em 60 dias o animal já apresentava normoquesia e normorexia, sucedendo assim a alta do paciente. A grande dificuldade de realizar procedimentos clínicos, aplicações de medicamentos e coleta de material biológico nesta espécie e excesso de proteína na dieta. A anorexia prolongada levou ao quadro de lipidose hepática. O tratamento foi instituído com internação do animal para correção de temperatura e umidade, fluidoterapia com Solução Fisiológica 0,9%, antibióticoterapia com enrofloxacina 10% na dose de 5mg/kg, diluído em 1 mL de solução fisiológica 0,9% para ser aplicado via subcutânea a cada 48h é devido à capacidade da espécie de retrair a cabeça e os membros para dentro da carapaça, formando um escudo natural de difícil acesso.4 Por apresentarem forte musculatura em membros e pescoço, os jabutis podem retrair esses apêndices para dentro do casco tornando difícil a manipulação.7 O animal atendido e relatado no presente trabalho corrobora com o citado, durante 10 dias. Foi oferecido protetor hepático silimarina na dose de 1 mg/kg, protetor gástrico ranitidina na dose de 1 mg/kg, nebulização com solução fisiológica 0,9% e sondagem diária para alimentação com papa de verduras escuras, legumes, frutas e água de coco, oferecendo 30 mL por dia, pelo método de sondagem nasogástrica. Junto na papa foi adicionado suplementação com demonstrando o risco e a dificuldade de contenção e manipulação da região cervical e crânio. Autores citam a força excessiva empregada em procedimentos como segurar a cabeça com auxilio de pinças ou outros instrumentos podem causar fraturas no animal.6 Nestes casos, foi relatada a inserção de sonda fina flexível em uma das narinas até o estômago, como via alternativa de acesso cálcio e vitamina B12 na dose de 5 mg/kg, 0,5 mL de vitaminas do complexo B e 6 gotas de vitamina C. Após 40 dias o animal apresentou melhora do quadro respiratório e eliminação do corpo estranho, confirmado com radiografia controle, porém ainda apresentava inapetência, dando então continuidade ao à cavidade gástrica.2 Através da utilização da sonda via nasogástrica, foi possível obter bons resultados quanto à alimentação forçada em jabutis, minimizando o estresse causado por outras vias e sem necessidade de anestesia previa para o procedimento, se mostrando uma técnica eficaz no Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 186 | P á g i n a Relato de Caso - 41 cólon descendente. O hemograma indicou Referências Bibliográficas: 1) Antônio, impossibilidade de se alimentarem da forma natural. A técnica em epígrafe nos mostra que não há necessidade de manter a cabeça em distensão para a introdução da sonda com o mandril basta apenas manter o animal suspenso e com ambos os membros anteriores contidos, sendo desnecessário segurar a cabeça. O tempo e a forma de contenção serão CARMM; Romão, P.; Bruno, RTSF. Aspectos fisiopatológicos da retenção de ovos em Jabutipiranga (Geochelone carbonaria Spix, 1824). Ciência Rural, v. denominadores importantes para o sucesso do procedimento, garantindo muitas vezes a sobrevivência do animal. saúde humana [Tese de Doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009. 3) Kirchgessner, M; Mitchell, MA. Chelonians In: Manual of Exotic Pet Practice. St. Louis: Elsevier Health Sciences. 2009. 4) Mader, DR. Reptile Medicine and Surgery., Philadelphia: Saunders Company. 1996. 5) Cubas, ZS; Catão-Dias, JL; Silva, JCR. Tratado de Animais Selvagens. São Paulo: Editora Conclusões: O uso da sonda via nasogástrica demonstrou ser uma técnica viável como alternativa para administração de fluídos e fórmulas alimentares em jabuti, sendo que seu uso neste caso clínico facilitou demasiadamente o manejo de um animal irascível, diminuindo o estresse de manejo, o que aumentou as chances do sucesso do procedimento e o restabelecimento da saúde do animal, juntamente ao tratamento suporte de fluidoterapia, antibióticos e protetores gástricos e hepáticos. 36, n. 5, 2006. 2) Pessoa, CA. Avaliação da microbiota bacteriana e fúngica presente na cloaca de jabutis (Geochelone carbonaria) criados em domicílio e análise do potencial risco à Roca, 2007. 6) Divers, SMH; Divers, SJH. Atlas de Medicina Terapêutica e Patologia de Animais Exóticos. São Paulo, SP: Interbook. 2007. 7) Zboray G, Kovács Z, Kriska G, Molnár K, Pálfia Z. Atlas of Comparative Sectional Anatomy of 6 invertebrates and 5 vertebrates. New York: Springer. 2011 . Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 187 | P á g i n a Relato de Caso - 41 tratamento de animais debilitados ou na Relato de Caso - 41 Figura 1. Imagem demonstra o animal posicionado em decúbito ventral para a introdução da sonda pela via nasogástrica. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 188 | P á g i n a Relato de Caso - 41 Figura 2. Imagem radiográfica simples que demonstra a presença do mandril. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 189 | P á g i n a Contenção química e anestesia inalatória em urso-de-óculos (Tremarctos ornatus) – Chemical restraint and inhalatory anesthesia in a spectacled bear (Tremarctos ornatus) – case report Maria Augusta Adami Pereira dos Santos1; Bruna Diniz Bayarri1; Roberto Silveira Fecchio2; Christine Prisco Luiz3; Vanessa Lanes Ribeiro4; Hanna Sibuya Kokubun4; Henrique Guimarães Riva4; Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira4; Adauto Luiz Veloso Nunes4 1 Médico Veterinário autônomo 2 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil 3 De Olho no Bicho - Diagnóstico Veterinário (DONB), Brasil 4 Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: O urso-de-óculos, único representante sul-americano dos ursídeos, habita florestas tropicais dos Andes, desde a Colômbia até a Bolívia. Considerado extremamente vulnerável à extinção, encontram-se poucos exemplares cativos no Brasil. As contenções químicas e anestesias de ursídeos envolvem manejos complexos e geral e coleta de material biológico, dentro do plano de medicina preventiva do Parque Zoológico Municipal "Quinzinho de Barros". Para a contenção química da paciente, optou-se pela administração intramuscular da associação de tiletamina e zolazepan, por meio de seringa manual, na dose de 6 mg/kg. Foi observado decúbito lateral e de alta periculosidade. Desta forma, preconiza-se planejamento, uso de protocolos anestésicos seguros e monitorização constante do paciente. imobilização 6 minutos após a injeção, quando a paciente foi transportada do recinto até o ambulatório veterinário. A indução anestésica foi realizada com isofluorano administrado através de máscara até que fosse obtido plano anestésico adequado para a intubação endotraqueal, realizada sem Material e Métodos: Uma ursa-deóculos, adulta, com peso estimado em 65 Kg foi anestesiada para avaliação clínica Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 190 | P á g i n a Relato de Caso - 42 relato de caso literatura sugerem que a pressão arterial com uma sonda endotraqueal número 12. Posicionou-se cateter 18G na veia cefálica para administração de fluidos. Para monitoração da pressão arterial média, utilizou-se cateter 20G inserido na artéria dorsal podal, que vaiou entre 96 e 130 mmHg. A frequencia cardíaca manteve-se entre 70 e 132 batimentos por minuto; a frequencia respiratória em ursídeos anestesiados tende a ser mais alta que em outros mamíferos. O efeito simpatomimético causado pelos fármacos também podem ter influenciado nesse incremento da pressão observado. O tempo total de anestesia foi de 2 horas e 43 minutos. manteve-se entre 6 e 12 movimentos por minuto. tranquila e em tempo satisfatório pela equipe. Conclusões: A recuperação pósanestésica da paciente ocorreu de forma considerado Resultados e Discussão: Dados de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 191 | P á g i n a Relato de Caso - 42 intercorrências, em decúbito esternal, Ocorrência de plasmocitoma em tecido cutâneo de hamster-anão-russo (Phodopus Occurrence of skin tissue plasmacytoma in the russian dwarf hamster (Phodopus campbelli) Daniel Castendo Simões1; Thiago Luis Gonçalves2 1 Clínica Veterinária DCSfauna, Brasil 2 Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Araçatuba, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Os pequenos roedores são criados como animais de estimação no Brasil sendo representados principalmente pelos hamster-sírio (Mesocricetus auratus) e hamster-anãorusso (Phodopus campbelli) que é confundido, por leigos, com o hamsterchinês (Cricetulus griseus) quase inexistente no país, sendo considerado espécie exótica, diferente dos anteriores que são considerados animais 4 domésticos. São animais com peso entre quarenta e sessenta gramas que podem viver até dois anos em media,1,2 sendo considerados animais agressivos, porém isto é um equivoco.4 A casuística de neoplasias nestas espécies é reportada, na maior parte dos casos, em hamsters criados em condições experimentais, e entre as neoplasias mais comumente relatadas são as de ovários, mamas e sistema linfático, além disso são relatados em fígado, pâncreas e rins (nefroblastoma, adenoma e 2,3 adenocarcinoma). Material e Métodos: O presente caso é representado por um animal macho de dois anos de idade que foi atendido com queixa de aumento de volume abdominal focal de aproximadamente dois centímetros e consistência macia. Animal foi medicado com antiinflamatório nãoesteroidal e antibiótico por sete dias sem recidiva da lesão, foi executado punção da massa disforme sem aquisição de material sendo este difuso no subcutâneo abdominal. O óbito veio dois meses após o início do tratamento. No exame de microscopia de luz, com coloração de hematoxilina e eosina, foi constatada neoplasia de origem linfóide, estendendose desde a camada basal da epiderme Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 192 | P á g i n a Relato de Caso - 43 campbelli) edição. 2005. Editora Elsevier Saunders. observado comprometimento pela enfermidade, e que foi diagnosticada como plasmocitoma extramedular. St. Louis, Missouri. 2) Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL. Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária. Primeira edição. 2006. Editora Roca. São Paulo. 3) Hillyer EV, Quesenberry KE. Ferrets, Rabbits and Rodents – Clinical Medicine and Surgery. Primeira edição.1997. Editora W Saunders Company. Philadelphia, Pennsylvania. 4) Resultados e Discussão: Esta neoplasia foi documentada em hamster-chinês (Mesocricetus auratus)5 e em outras espécies, sendo considerada comum principalmente de forma extramedular, ocorrendo preferencialmente na região de cabeça e pescoço,6 órgãos mais afetados são a glândula adrenal seguido de pâncreas e endométrio a contaminação por poliomavirus é comum tendo, citado a relação com tumores como 6 Lymphossarcoma e trichoepitelioma. Conclusões: O hamster-anão-russo pode ser acometido por neoplasias principalmente cutâneas (cabeça e pescoço) e em órgãos como pâncreas e endométrio o plasmocitoma é incomum nesta espécie sendo o primeiro caso relatado na cidade de Araçatuba. http://Animalpetfans.blogspot.com/2013/0 2/hamster-anao-russo-nao-e-hamsterchinez.html . 5) Kondo H, Onuma M, Shibuya H, Sato T. Spontaneous Tumors in Domestics Hamsters. Veterinary Pathologists2008 45:674. http://vet.sagepub.com/content/45/5/674 . 6) Munday JS, Richey LJ, Brown CA, Rodriguez NA, Kiupel M. Extramedullary Plasmocytoma of the Salivary Gland in Two Syrian Hamsters (Mesocricetus auratus). Veterinary Pathologist 2005 42:819. http://vet.sagepub.com/content/42/6/819 . Referências Bibliográficas: 1) Carpenter JW. Exotic Animal Formulary. Terceira Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 193 | P á g i n a Relato de Caso - 43 até a musculatura esquelética, na qual foi Perfil bioquímico de lhamas cativas (Lama glama) anêmicas e não anêmicas Carlos Czpak Kroetz1; Miúriel de Aquino Goulart1; Aline Luiza Konell1; Rafael Hideki Hagi1; Olair Carlos Beltrame1; Rogério Ribas Lange1; Rosangela Locatelli Dittrich1 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), PR, Brasil Contato: [email protected] Introdução: As lhamas (Lama glama) são os maiores camelídeos sul-americanos. Originárias da região dos Andes, onde vivem em grandes altitudes e baixas temperaturas, são a principal fonte de alimento, pele e meio de transporte entre as tribos andinas.1 O perfil bioquímico Material e Métodos: Dezessete amostras de sangue de lhamas (Lama glama) adultas foram encaminhadas ao Laboratório de Patologia Clínica Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As lhamas são mantidas em criadouro comercial localizado em sérico é utilizado na avaliação clínica de populações de animais para monitorar as condições nutricionais, avaliar o metabolismo e o funcionamento dos órgãos. Na presença de anemia há redução da capacidade do sangue em transportar oxigenio aos tecidos e, consequentemente, comprometimento no funcionamento dos órgãos. Em lhamas existem poucas informações sobre o perfil São José dos Pinhais - PR. As amostras foram coletadas por venopunção jugular e acondicionadas em tubos com anticoagulante (EDTA) para realização do hemograma, e sem anticoagulante para as provas bioquímicas. O material foi processado dentro de 24 horas após a coleta. O hemograma foi realizado em analisador automático BC-2800Vet®; o hematócrito foi determinado pela técnica bioquímico sérico e as possíveis alterações na presença de anemia regenerativa e não regenerativa. O objetivo do presente trabalho é relatar o perfil bioquímico sérico de lhamas anêmicas e não anêmicas e identificar as alterações observadas. do micro-hematócrito (9000 rpm/5 min); a contagem diferencial de leucócitos foi realizada em extensão sanguínea coradas com Panótico; a contagem de reticulócitos dos animais anêmicos foi realizada no esfregaço sanguíneo corado com azul de cresil brilhante; o volume globular médio (VGM) e a concentração Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 194 | P á g i n a Relato de Caso - 44 Biochemical profile of anemic and non-anemic captive llamas (Lama glama) foram classificadas em regenerativas e foram calculados baseando-se nas fórmulas padrão. As amostras para análise bioquímica foram centrifugadas (5000 rpm/5min) para obtenção do soro. As análises bioquímicas foram realizadas em analisador automático (BS-200 Mindray®), utilizando-se kits comerciais Kovalent® e Dialab® conforme especificação do fabricante. Os não regenerativas de acordo com o número de reticulócitos (reticulócitos >0,5% foi considerada anemia regenerativa): em quatro lhamas (31%; 4/13) a anemia foi regenerativa e em nove (61%; 9/13) foi não regenerativa. A anemia é um problema clínico comum em lhamas2 e as regenerativas podem ser causadas por hemoparasitos ou parametros avaliados foram: aspartato aminotransferase (AST) (método cinéticoUV); albumina (verde de bromo cresol); cálcio total (método fotométrico com Arsenazo III); capacidade de ligação do ferro insaturado (UIBC) (método colorimétrico fereno); creatinina (picrato alcalino Jaffe); capacidade de ligação do ferro (CTLF) (método colorimétrico fereno), ferro (método colorimétrico hemorragia aguda;3 as não regenerativas podem ser devido às doenças inflamatórias, renais crônicas e 4 nutricionais. Avaliando-se os índices VGM e CHGM, classificaram-se as anemias em normocítica (77%; 10/13), microcítica (15%; 2/13) e macrocítica (8%; 1/13); todos apresentaram hipocromia. As médias, desvios-padrão e valores mínimos e máximos encontrados para fereno), globulinas (cálculo por diferença entre proteínas totais e albumina); gamaglutamiltransferase (GGT) (método cinético-colorimétrico), proteínas totais (biureto), e uréia (método cinético enzimático UV). Os eletrólitos (cálcio iônico, sódio e potássio) foram dosados pelo método eletrodo íon seletivo em hemogasômetro Rapidpoint® 350. todos os parâmetros analisados estão descritos nas tabelas 1 e 2. Nos quatro animais com anemia regenerativa, em três se verificou hipoproteinemia (75%; 3/4); em todos os animais com anemia arregenerativa os valores para proteína estavam normais (100%; 9/9). Nos casos de hipoproteinemia associada à anemia regenerativa sugere-se possível parasitismo, e em nenhum animal do Resultados e Discussão: Os resultados foram analisados e os animais foram separados em grupo anêmicos (76,5%; 13/17) e grupo não anêmicos (23,5%; 4/17). Esta classificação foi realizada de acordo com o hematócrito (Ht), considerando-se 29 a 39% o Ht de referencia para lhamas.4 As anemias presente estudo verificou-se alterações de enzimas hepáticas que revelassem possível hepatopatia. No leucograma do grupo anêmico, um animal (8%; 1/13) foi identificado com leve leucocitose e neutrofilia, no entanto esta pode ser fisiológica devido ao estresse do manejo e contenção para coleta de sangue.5 Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 195 | P á g i n a Relato de Caso - 44 de hemoglobina globular média (CHGM) referência e nos não anêmicos apenas todos os não anêmicos apresentaram valores leucocitários totais dentro do padrão de referência. A maioria das alterações bioquímicas encontradas em camelídeos pode ser interpretada de forma semelhante aos de outras espécies domésticas.6 O perfil hepático é avaliado pela mensuração da GGT, AST, sorbitol desidrogenase (SDH) e ácidos biliares. A um animal estava com valor inferior. Os demais animais estavam dentro do padrão de referencia. Para a CTLF, 61% (8/13) dos animais anêmicos apresentaram valores inferiores ao de referência e 100% dos não anêmicos apresentaram valores dentro do padrão de referência. Estudos sobre os valores de referência do ferro, da CTLF e da AST é liberada na destruição dos hepatócitos e aumenta relativamente rápido após o dano, no entanto não é hepato-específica; a GGT é induzida principalmente por colestase e sugere-se que ela aumente e diminua mais lentamente que a AST.6 Não se verificou alteração de AST em nenhum animal e para a GGT verificou-se valor elevado em um animal (6%; 1/17), podendo indicar UIBC estão em desenvolvimento por este grupo de pesquisa. A deficiência de ferro geralmente está relacionada à dieta, perdas crônicas de sangue ou, mais raramente, a falta de acesso ao solo;7 a diminuição do CTLF ocorre em casos de infecção, fibrose hepática, uremia e neoplasia.3 Deve-se destacar a falta de dados na literatura para os eletrólitos, CTLF e UIBC. A diferença de metodologia colestase,6 necrose hepática e fasciolose, comum em lhamas.7 Os valores de creatinina estavam normais nos dois grupos. A ureia sérica estava elevada em um animal (6%; 1/17). O metabolismo da ureia em camelídeos é semelhante ao dos ruminantes, ou seja, ela pode ser utilizada pelos microrganismos do 3 estômago para produção de proteínas. A elevação da ureia pode indicar na análise deve ser considerada na interpretação dos resultados. desidratação, alimentação rica em proteína ou catabolismo muscular, não sendo necessariamente problema renal primário,3 principalmente por não estar acompanhada de elevação na creatinina. No caso dos animais anêmicos, verificaram-se valores de ferro (método colorimétrico fereno) inferiores a Conclusões: Este trabalho demonstra poucas alterações nos parâmetros bioquímicos de lhamas anêmicas em relação às não anêmicas. Em lhamas há escassez de dados referentes ao metabolismo do ferro e os respectivos níveis séricos na presença de inflamação e/ou anemia. Referências Bibliográficas: 1) Fowler ME. Medicine and surgery of south american camelids. 2nd ed. Iowa State University Press, Ames; 1998. 2) Morin DE, Garry, MGW, Fettman MJ, Johnson LW. Hematologic Features of Iron Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 196 | P á g i n a Relato de Caso - 44 Demais animais anêmicos (92%; 12/13) e Wardrop, KJ, editor. Schalm’s Veterinary Pathology, 1992; 29:400-404. 3) Fowler ME. Medicine and Surgery of Camelids. 3th ed. Ames, Iowa; 2010. 4) Stockham SL, Scott MA. Eritrócitos. In: ____. Fundamentos de Patologia Clínica Veterinária. 2nd ed. Revisado por Takahira RK; Tradução Cid Figueiredo et al. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011.p.90-195. 5) Tornquist, SJ. Hematology. 6th ed. Ames, Iowa: WileyBlackwell; 2010. p. 910-917. 6) Tornquist SJ. Clinical Pathology of Llamas and Alpacas. Vet Clin Food Anim, 2009; 25: 311-322. 7) Foster A, Bidewell C, Barnett J, Sayers R. Haematology and biochemistry in alpacas and llamas. In practice. 2009; 31:276-281. Hematology of Camelids. In: Weiss, DJ, Tabela 1. Média, desvio-padrão e valores mínimos e máximos dos parâmetros hematológicos de lhamas (Lama glama). Tabela 2. Média, desvio-padrão e valores mínimos e máximos dos parâmetros bioquímicos de lhamas (Lama glama). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 197 | P á g i n a Relato de Caso - 44 Deficiency Anemia in Llamas. Veterinary Isolamento e detecção molecular de Avipoxvirus de canário (Serinus canaria) em Isolation and molecular detection of canary Avipoxvirus (Serinus canaria) in Minas Gerais, Brazil Lílian Botelho Medeiros1; Sandra Yuliet Marín Gómez1; Hannah Luiza Gonçalves Coelho1; Sarah Ferreira Cunha1; Marcus Vinícius Romero Marques1,2; Nelson Rodrigo da Silva Martins1 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil 2 Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (ABRAVAS), Brasil Contato: [email protected] Introdução: Estima-se que a ordem PASSERIFORMES abrigue em torno de 60% do total de espécies de aves, sendo os poxvirose em canários foi previamente diagnosticada no Brasil nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo.3,4 O canários e pintassilgos alguns exemplos de espécies comuns em cativeiro.1 Nesses animais a poxvirose (bouba) aviária pode apresentar as formas cutânea, diftérica e septicêmica e mortalidade de 20 a 100%. É possível realizar diagnóstico presuntivo com base nos sinais clínicos, lesões e citologia. O diagnóstico definitivo pode ser obtido pelo presente trabalho tem o objetivo de registrar a ocorrência de poxvirus em canários domésticos de criatório no estado de Minas Gerais, por isolamento viral e detecção molecular. isolamento viral, demonstração histológica dos corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos eosinofílicos nas células epiteliais ou visualização de partículas virais em microscopia 2 eletrônica. Os estudos nos canários domésticos podem informar sobre o risco potencial aos fringilídeos nativos.1 A Aves da Escola de Veterinária Universidade Federal de Minas Gerais EV/UFMG. Lesões sugestivas de bouba (hiperplasia cutânea na perna e no olho direito) foram observadas à macroscopia. Amostras das lesões proliferativas, fígado e baço foram coletadas e parte armazenada em formol 10% para Material e Métodos: Óbitos de canários foram encaminhados para o laboratório de doença das aves, para realização de necropsia no Laboratório de Doenças das Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 198 | P á g i n a Relato de Caso - 45 Minas Gerais, Brasil com brometo de etídeo (10mg/ml). Os para posterior isolamento e caracterização viral. Fragmento do fígado foi retirado para bacteriologia em Agar sangue e McConkey em aerobiose. Durante a necropsia foram visualizados oocistos sugestivos de coccídeo à microscopia direta imediata do raspado da mucosa intestinal. O isolamento do vírus foi realizado por inoculação de ovos oligonucleotideos iniciadores (primers) utilizados foram F: CAGCAGGTGCTAAACAACAA e R: 6 CGGTAGCTTAACGCCGAATA. Para cada ensaio foi utilizado como controle positivo o DNA extraído de uma vacina viva de galinhas. Como controle negativo foram utilizados todos os reagentes sem a inclusão de amostra de DNA e com embrionados (SPF) de 11 dias de idade com macerado de pele. Para a inoculação, os fragmentos de pele das áreas lesadas foram macerados em gral com pistilo, diluídas em PBS estéril e tratadas com antibiótico e antimicótico a 1 % (penicilina, estreptomicina e anfotericina B). Os ovos mortos 24 horas após a inoculação foram descartados. No quinto dia pós-inoculação, os embriões adição 1 L de água. foram examinados para a presença de lesões típicas de poxvírus. Para confirmação da etiologia, foram avaliados fragmentos de pele e membrana córioalantóide com lesões, em PCR. A extração do DNA foi realizada pelo método de sílica, seguindo um protocolo já descrito,5 com algumas modificações. O DNA extraído foi amplificado utilizando 200ng de DNA, 2 L de tampão 10X, 1 L local de aplicação. O DNA extraído das lesões dos canários e das lesões das membranas cório-alantóides foi separadamente examinado por PCR, revelando o produto de massa molecular esperada de 578 pb. As sequências de DNA de Avipoxvirus deste surto e de outros estão sendo determinadas e comparadas com dados da literatura de dNTP mix a 10 mM, 1,0 L de MgCl2 a 50 mM, 1 L de cada iniciador externo a 10 pmol, 0,2 L de Taq polimerase a 5 U/L e água ultra pura q.s.p. A reação de PCR foi obtida em termociclador. Os produtos amplificados foram submetidos à eletroforese em gel de agarose 1,5% e visualizados sob luz UV após coloração Resultados e Discussão: A bacteriologia do fígado resultou em isolamento de Escherichia coli, indicativa de comprometimento sistêmico grave. Obteve-se isolamento do Avipoxvirus, nos ovos SPF inoculados, com alterações caracterizadas por grande área de opacidade e espessamento, na membrana corioalantóide, no entorno do científica. A mortalidade de 360 passeriformes silvestres provenientes do tráfico em São Paulo revelou 102 aves positivas para poxvirus, por histopatologia e visualização de hiperplasia epitelial com corpúsculos de inclusão 3 intracitoplasmáticos eosinofílicos. No Rio Grande do Sul, foi descrita a ocorrência Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 199 | P á g i n a Relato de Caso - 45 histopatologia, e parte congelada a -20º Ritchie, GJ Harrison and LR Harrison domésticos vacinados, confirmada por histopatologia.4 Avipoxvirus foi detectado em coruja suindara (Tyto alba) de vida (Eds.). Avian Medicine: Principles and Application. Wingers Publishing; 1994. p.1172-1199. 2) Dorrestein MG, Passeriformes. In: Tully TN, Dorrestein GM, Jones AK (Eds.). Tradução Summa M.E.L. et al. Clínica de aves. Elsevier; 2010. p. 168. 3) Godoy SN, Matushima ER. A survey of diseases in passeriformes obtained from wildlife illegal trade in São livre em óbito durante atendimento (Rio Grande do Sul), com lesões demonstradas por histopatologia e partículas virais visualizadas em 7 microscopia eletrônica. Conclusões: Confirma-se a ocorrência da bouba de canário por isolamento e detecção molecular de Avipoxvirus. A linha de pesquisa em Avipoxvirus implantada deverá permitir estudos de casos suspeitos da fauna silvestre mantidos em nosso laboratório. Há pouca notificação de casos fatais em aves domésticas e silvestres com diagnóstico confirmado para Avipoxvirus no Brasil. Como o diagnóstico macroscópico é Paulo City, Brazil. Journal of Avian Medicine and Surgery; 2010; 24:199-209. 4) Munhoz LS, Finger PF, Sielder BS, Fisher G, Hübner SO, Schild AL et al. Ocorrência de bouba aviária em canários (Serinus canarius domesticus) na região sugestivo, pode permanecer restrito à descrição clínico-patológica. O diagnóstico etiológico correto pode informar sobre os potenciais riscos às populações de aves domésticas e silvestres. A vigilância de Avipoxvirus com a utilização das metodologias recomendadas deverá assegurar estudos epidemiológicos, redução do risco à fauna Boom R, Sol CJA, Salimans MMM et al.. Rapid and simple method for purification of nucleic acids. Journal of Clinical Microbiology. 1990; 28:495-503. 6) Huw Lee L, Hwa Lee K. Application of the polymerase chain reaction for the diagnosis of fowl poxvirus infection. Journal of Virological Methods; 1997; 63(1-2):113-9. 7) Vargas GD, Albano AP, Fischer G, Hübner S, Sallis SE, Nunes CF e melhor controle da doença. sul do Rio Grande do Sul. In: XVII CIC da Universidade Federal de Pelotas; 2008; Pelotas. Anais do XVII CIC da Universidade Federal de Pelotas, 2008. 5) et al. Avian pox virus infection in a common barn owl (Tyto alba) in southern Referências Bibliográficas: 1) Macwhirter P, Passeriformes. In: BW Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira; 2011; 31(7):620-622. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 200 | P á g i n a Relato de Caso - 45 de bouba fatal em um grupo de canários Hérnia abdominal fatal em periquito australiano (Melopsittacus undulatus) Marcela Carvalho Ortiz1; Felipe Coutinho Esteves1; Alessandra Vetelli Araújo1; Hannah Luiza Gonçalves Coelho1; Sarah Ferreira Cunha1; Marcus Vinícius Romero Marques1; Nelson Rodrigo da Silva Martins1 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Um periquito australiano (Melopsittacus undulatus) fêmea de oito anos foi atendido do Laboratório de Doenças das Aves (Escola de Veterinária da UFMG) em 16 de Abril de 2014 por apresentar grande aumento do volume abdominal. Ao exame físico, o aumento de volume foi caracterizado por medir cerca de dois centímetros, consistência flácida, com a pele circundante desprovida de penas e com lesão erosiva do atrito com o piso da gaiola. ml/grama/peso vivo). A ave foi avaliada por radiografia simples e radiografia de contraste (sulfato de bário) ventrodorsal, com três registros de imagem radiográfica em intervalos de 5 minutos. As causas e implicações da hérnia em periquito australiano são discutidas. Material e Métodos: Ao exame clinico a ave apresentava uma massa palpável abdominal com aproximadamente dois Resultados e Discussão: Ao exame clínico a ave se apresentava obesa, com aumento de volume abdominal e comportamento de nidificação, o que pode sugerir hiperestrogenismo.4 À radiografia simples ventrodorsal foi observada uma massa de 3 x 2 cm, próxima à cloaca, e com pontos centimentros. Segundo o proprietário a ave teria cerca de 8 anos e já fora adquirida com a massa que aumentou de volume com o passar do tempo principalmente nos ultimos 6 meses. Após a inspeção clínica, encaminharam-se exames radiológicos simples e de contraste (sulfato de bário 0,025 radiodensos no interior (Figura 1). Após a administração de sulfato de bário, foram realizados três registros de imagem radiográfica em intervalos de 5 minutos. As imagens radiográficas evidenciaram massa localizada fora da cavidade celomática (extracavitária), contendo segmentos de alças intestinais, e Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 201 | P á g i n a Relato de Caso - 46 Fatal abdominal hernia in budgerigar (Melopsittacus undulatus) integridade base nestes resultados, e associados ao exame clínico, foi concluído o diagnóstico como hérnia abdominal. O aumento de volume abdominal em aves é um achado frequente na clínica de aves. A anamnese detalhada, com exame físico cuidadoso e avaliação radiológica, permite o diagnóstico correto. Várias afecções avícolas, como ascite, ovulação ectópica, contraste em aves, pode-se empregar o sulfato de bário, preparado na dose de 0,025 a 0,05 ml/g de peso vivo.1,2 Como em outras espécies, uma consequência clínica da hérnia abdominal pode ser o estrangulamento dos órgãos, infecções de pele no local distendido e a prostração da ave. A intervenção corretiva pode ser de grande risco cirúrgico, pois devido à peritonite, retenção de ovulações no oviduto e neoplasias, podem apresentar um quadro clínico semelhante com dificuldade no diagnóstico.1 As hérnias abdominais podem ser congênitas ou adquiridas. Entre as causas mais comuns das hérnias adquiridas está o aumento da pressão abdominal e a debilidade da musculatura parietal abdominal. Nesse contexto, o hiperestrogenismo pode extensão dos sacos aéreos, a recolocação dos órgãos no lugar de origem é difícil, podendo causar compressão, sofrimento respiratório e asfixia. Em hérnias menores pode-se utilizar como suporte uma tela de polipropileno e realizar salpingectomia de oviduto herniado.1,2 Afecções simultâneas à hérnia, como infecção, hiperestrogenismo, lipidose hepática, causar o enfraquecimento dos músculos abdominais, sugerido assim como um fator predisponente em periquitos (M. undulatus) e calopsitas (Nymphicus hollandicus). Outras causas associadas cistos e obesidade aumentam o risco cirúrgico. às hérnias abdominais são: lipidose hepática, distúrbios do trato reprodutivo, peritonite, lipomas intra-abdominais e cistos peritoniais.4 São descritas mais frequentemente em fêmeas obesas de psitacídeos, coincidindo com o caso aqui relatado.1,2,3 O diagnóstico de hérnia abdominal pode ser baseado em exame clínico associado ao estudo do raio x contrastado. A radiografia contrastada assegura um melhor diagnóstico, permitindo a diferenciação dos órgãos ou tecidos herniados e a continuidade e destes. Como meio de Conclusões: A hérnia celomática em periquito australiano pode ser grave e fatal. A obesidade, hiperestrogennismo e função reprodutiva são descritas como predisponentes ao quadro. A intervenção cirúrgica deve ser avaliada de acordo com a condição do paciente. O diagnóstico precoce deve ser encaminhado logo no início do aparecimento do aumento de volume, para viabilizar a intervenção cirúrgica e melhorar o prognóstico. Referências Bibliográficas: 1) Albert A, Bayon A, Soler M. Hernia abdominal en un periquito común (Melopsittacus Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 202 | P á g i n a Relato de Caso - 46 proventriculo e moela (Figura 2). Com Clinica veterinaria de pequeños animales; 2001; 4(21):349-351. 2) García AB, Speer B, Olsen G, Fitzgerald B. Medical center for birds introducción y caso clínico: las hernias abdominales en aves. In: Sourthern European Veterinary Conference; 2012 Out. 18-20; Barcelona. Anais eletrônicos. Disponível em: URL:http://www.mysevc.info 3) Forbes NA. Avian gastrointestinal surgery. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine; 2002; 11:196-207. 4) Langlois I, Jones MP. Ventral abdominal hernia associated with hepatic lipidosis in a Red Lory (Eos bornea). Journal of Avian Medicine and Surgery; 2001; 15(3): 216222. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 203 | P á g i n a Relato de Caso - 46 undulatus). Detecção de Chlamydophila psittaci em papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) Detection of Chlamydophila psittaci in vinaceous-breasted amazon (Amazona vinacea) in triage Lílian Botelho Medeiros1; Sandra Yuliet Marín Gómez1; Hannah Luiza Gonçalves Coelho1; Sarah Ferreira Cunha1; Marcus Vinícius Romero Marques1; Marcela Carvalho Ortiz1; Nelson Rodrigo da Silva Martins1 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil Contato: [email protected] Introdução: clamidofilose, Chlamydophila A clamidiose ou causada pela psittaci, é uma das principais zoonoses transmitidas por aves silvestres. O diagnóstico da infecção por C. psittaci pode envolver a detecção direta do agente nas amostras teciduais ou a demonstração de anticorpos no sangue do hospedeiro.1 No Brasil, C. psittaci já foi diagnosticada em papagaio verdadeiro e arara azul por técnicas de PCR.2 Este trabalho tem como objetivo descrever a detecção de C. psittaci em dois papagaios-do-peito-roxo (Amazona vinacea) que vieram a óbito, pela técnica de PCR. Material e Métodos: Em novembro de 2013 dois papagaios-do-peito-roxo (Amazona vinacea), provenientes da reabilitação em cativeiro, foram encaminhados para o laboratório de doença das aves, para realização de necropsia no Laboratório de Doenças das Aves da Escola de Veterinária Universidade Federal de Minas Gerais EV/UFMG. Amostras do fígado e baço foram coletadas e armazenadas em microtubos para posterior extração do DNA e teste de PCR. A necropsia completa foi feita para verificar fatores intervenientes. Para realização da PCR de diagnóstico para C. psittaci, o DNA total extraído das amostras de campo (fígado e baço) foi empregado como molde para a amplificação de parte do gene (OmpA ) que codifica a principal proteína externa (MOMP). Os oligonucleotídeos iniciadores F ACTACGGAGATTATGTTTTCGATCGTG T, R CGTGCACCYACGCTCCAAGA1 amplificam um produto de 418 pares de base. Para cada ensaio foi utilizado como controle positivo o DNA extraído da Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 204 | P á g i n a Relato de Caso - 47 em triagem em outro laboratório pela PCR. Como controle negativo foram usados todos os reagentes sem a inclusão de amostra de DNA e com adição 1uL de água. Resultados e Discussão: Os achados macroscópicos foram sugestivos de lesões características de clamidiose, incluindo hepatomegalia, esplenomegalia e hemoperitônio (foram coletados 2 mL de líquido sanguinolento da cavidade celomática). Os dois animais necropsiados foram positivos para o produto (418 bp) do DNA de Chlamydophila psittaci por PCR. Foram demonstrados ovos de Capilaria sp. por microscopia direta do conteúdo do duodeno. Neste estudo, os achados de necropsia (hepatomegalia, esplenomegalia, hemoperitônio) e a detecção C. psittaci sugerem a última como causadora das lesões para causa mortis. Um estudo prévio em papagaios verdadeiros (Amazona aestiva) vítimas do tráfico, de 212 animais, 152 (72%) foram positivos para C. psittaci pelo teste da PCR, e os achados macroscópicos incluíram espessamento dos sacos aéreos com deposição de exsudato fibrinoso (aerossaculite), hepatomegalia, esplenomegalia, intestinos com coloração da serosa avermelhada e aumentados de volume e pulmões com coloração avermelhada, com fluxo de sangue ao corte, e deposição de fibrina no pericárdio.3 Um surto de clamidiose foi relatado em 15 psitacídeos de criatório (Minas Gerais, Brasil), com hepatomegalia, pontos brancos no fígado, esplenomegalia e aerossaculite 4 fibrinopurulenta. Entretanto, a manifestação clínica de clamidofilose pode depender do estado imune e da saúde do hospedeiro. Onze psitacídeos de cativeiro apresentaram-se positivos para C. psittaci por PCR, todos de aspecto sadio, possivelmente por serem mantidos em condições de bem-estar, conforto ambiental, boa alimentação e ausência de fatores mórbidos 5 concorrentes. Em papagaios-de-peitoroxo, a descrição prévia de estudo em 35 indivíduos destinados à reintrodução, foram testados positivos em pool para a presença de C. psittaci para avaliar um protocolo de tratamento “preventivo” antes da soltura, com PCR utilizando primers para amplificação de uma porção de 264 pb do gene OmpA.6 No presente trabalho foram utilizados oligonucleotídeos iniciadores que amplificam um produto de 418 pb, com extensão suficiente para sequenciamento e análises filogenéticas. Conclusões: A. vinacea é espécie de psitacídeo considerada em perigo de extinção.7 A vigilância sanitária dos indivíduos em reabilitação para soltura é estratégia fundamental para conservação, considerando que a clamidiose pode representar um importante fator de perda da saúde e viabilidade. A metodologia molecular por PCR é rápida e altamente Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 205 | P á g i n a Relato de Caso - 47 amostra de fígado de ave com diagnóstico para C. psittaci confirmado Preis IS, Martins NRS, Vilela DAR, aves em triagem. Shivaprasad HL. An outbreak of chlamydiosis in captive psittacines. Brazilian Journal of Veterinary Pathology; 2009; 2:85-90. 5) Donatti RV. Avaliação sanitária de psittaciformes em cativeiro no estado de Minas Gerais, no período de 2010-2012. [Dissertação de mestrado]. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 2012. 6) Silva VRF, Martins A, Referências Bibliográficas: 1) Sachse K, Vretou E, Livingstone M. et al. Recent developments in the laboratory diagnosis of chlamydial infections. Veterinary Microbiology; 2009; 135 (1-2): 2-21. 2) Raso TF, Seixas GHF, Guedes NMR, Pinto AA. Chlamydophila psittaci in freeliving Blue-fronted Amazon parrots (Amazona aestiva) and Hyacinth macaws (Anodorhynchus hyacinthinus) in the Pantanal of Mato Grosso do Sul, Brazil. Veterinary Microbiology; 2006; 117:23524. 3) Vilela DAR. Diagnóstico de situação dos animais silvestres recebidos nos CETAS brasileiros e Chlamydophila psittaci em papagaios (Amazona aestiva) no CETAS de Belo Horizonte, MG. [Tese de doutorado]. Belo Horizonte: Escola de veterinária da UFMG; 2012. 4) Ecco R, Pedroso JR, Kanaan VT. Eficácia do tratamento da Chlamydophila psittaci com doxiciclina na água por 21 dias em Papagaio-de-Peito-Roxo (Amazona vinacea). In: Anais do XV Congresso e XXI Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens; 2012. 7) IUCN, International Union for Conservation of Nature, 2014. The IUCN Red List of Threatened Species. Disponível em URL: http://www.iucnredlist.org/. [2014 ago. 10] Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 206 | P á g i n a Relato de Caso - 47 sensível e compatível para a avaliação de Melanocitoma cutâneo em face de leão-africano (Panthera leo) cativo Silvia Beatriz Portela1; Celso Martins Pinto2; Cristina Harumi Adania1; Guilherme Durante Cruz2 1 Associação Mata Ciliar (AMC), Brasil 2 Universidade de Santo Amaro (UNISA), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Pertencente ao Reino Animalia, Classe MAMMALIA, Ordem CARNÍVORA e Família PANTHERA, o leão (Panthera leo) em seu habitat atinge a expectativa de vida de cerca de 10 anos; já em cativeiro pode viver mais de 20 anos.1 Devido a isso, a observação de lesões tumorais nesse animais apresenta crescimento considerável. Um leão (Panthera leo) cativo, de cerca de 18 anos apresentou em face uma lesão alopécica e escurecida. O animal apresentava histórico de exposição contínua a radiação solar. Realizou-se biópsia e histopatológico da formação. Obteu-se como resultado o melanocitoma, um tumor benigno de melanócitos, com pouco potencial de metástase e malignidade. Um ano e seis meses após o animal veio a óbito, sendo encaminhado a exame necroscópico.O seguinte trabalho tem como objetivo o relato de caso, já que o mesmo ainda não apresenta indício em literatura. Material e Métodos: Por se tratar de uma neoplasia superficial em face, realizou-se coleta de material por biópsia com auxílio de um punch, após anestesia do animal para avaliação geral, de plano nasal e região de pálpebra superior esquerda. O material foi fixado em formalina neutra a 10%, emblocado em parafina, montagem da lâmina de histopatológico e corado em hematoxilina e eosina (HE). Em paralelo foi realizado raspado de pele superficial e profundo, para avaliação de possíveis alterações parasitárias, bacterianas e fúngicas. Este foi realizado com auxilio de uma lamina de bisturi, após a assepsia da área. O material foi colhido em uma lâmina de vidro e analisado em microscópio. Resultados e Discussão: A avaliação histopatológica revelou um processo neoplásico caracterizado pela proliferação de melanócitos típicos em derme em Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 207 | P á g i n a Relato de Caso - 48 Cutaneous melanocytoma in the face of a captive african lion (Panthera leo) devido à incidência de radiação solar.4 células apresentam-se em sua maioria redonda, algumas com melanina intracitoplasmática e algumas não pigmentadas, com núcleo central e discreta hiperplasia sebácea. Ausência de infiltrado inflamatório, ausência de indícios neoplásicos e ausência de ácaros. Obteu-se como resultado o melanocitoma. O raspado de pele Devido à característica benigna da formação, optou-se apenas expectativa e acompanhamento do caso. Um ano e meio após o diagnóstico, o animal veio a óbito devido a problemas secundários de senilidade. Foi encaminhado ao exame necroscópico que não revelou presença de metástase à distância. A neoplasia apresentava as mesmas características superficial e profundo não revelou nenhuma alteração digna de nota. O melanocitoma é um tumor benigno de melanócitos, estacionário, com pouco potencial de crescimento, bem como quase nenhuma propensão de sofrer transformação maligna, o que é considerada uma complicação rara.2,3 Pode sofrer outras denominações como melanoma benigno ou nevo melanocítico. externas ao primeiro diagnóstico, alopécica e pigmentada (Figura 1). O material da pele da face foi novamente coletado e encaminhado ao exame histopatológico, sendo o diagnóstico, condizente ao anterior. São lesões pigmentadas, solitárias, circunscritas, alópecicas, em forma de cópula e firmes. No gato doméstico atingem, principalmente, a cabeça e a aurícula da orelha e raramente em extremidades4,5 e representam cerca de 0,8% a 2,7% de todas os tumores que ocorrem em pele desses animais6 O aumento da frequência das neoplasias no terço final de vida dos animais está semelhante aos felinos domésticos, uma vez que, não foi realizada a excisão cirúrgica e não houve metástase á distância, o que indica o comportamento benigno do tipo tumoral citado. associada a diversos fatores como o acúmulo de danos genéticos ao longo do tempo, a diminuição da função imunológica, um longo tempo entre a transformação maligna de uma única célula e o surgimento da neoplasia clinicamente detectável animal.7 Sua principal origem se deve a mutação graduação em ciência animal. Faculdade de Zootecnia da UFG. 2012. Disponível em: URL:http://ppgca.evz.ufg.br/uploads/67/ori ginal_ONCOLOGIA_DE_GRANDES_FEL INOS_RELATO_DE_CASOS_1_.pdf?13528050 49 [2014 abr.28]. 2) Shields JA, Demirci Conclusões: melanocitoma selvagens, mais (Panthera leo), Conclui-se que o cutâneo em felinos especificamente em leão possui comportamento Referências Bibliográficas: 1) Pimenta VSC. Oncologia de Grandes Felinos: relato de casos. Programa de Pós Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 208 | P á g i n a Relato de Caso - 48 pequena quantidade e dispersos. Essas Mashayekhi A, Shields CL. Dermatologic Sytem. In: Morgan RV. Melanocytoma of optic disc in 115 cases: the 2004 Samuel Johnson memorial Lecture, part 1. Ophthalmology; 2004; 111(9):1739-46. 3) Sharma PM, Sangal K, Malik V, Mathur MB. Malinant transformation os optic disc melanoctoma? A clinical dilemma at presentation with a review of literature. Ophthalmologica; 2002; 216:292–295. 4) Small Animal Practice. 5ªEd. St. Louis: Saunders Elsevier; p.870-875. 6) Vail DM, Withrow SJ. Tumors of the skin and subcutanos tissues. In: Small Animal Clinical Oncology. 4ªEd. St. Louis:Saunders; 2007. p.375, 376, 381392. 7) Cullen JM, Page R, Misdorp W. Cancer pathogenesis, diagnosis and management. In: Meuten DJ. Tumors in Withrow SJ, MacEwen’s EG. Small animal clinical oncology. St. Louis: Saunders Elsevier; 2007. 5) Lemarie SL. Domestic Animals. 4ªed. Ames: State Press; 2002. p. 22-23. Iowa Figura 1. Imagem demonstra neoplasia alopécica e pigmentada. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 209 | P á g i n a Relato de Caso - 48 H, Cistoadenocarcinoma em saco aéreo clavicular de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) Maria Flávia Lopes Guerra1; Marta Brito Guimarães1; Evelin Catarine da Silva1; Yamê Miniero Davies1; Luciana Neves Torres1; Silvana Maria Unruh1; Eliana Reiko Matushima1; Antonio José Piantino Ferreira1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ- USP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Neoplasias envolvendo sistema respiratório são raras em aves selvagens de vida livre ou cativas. As neoplasias mais frequentemente relatadas em aves de companhia possuem origem tegumentar, urinária e genital,1 sendo descritas principalmente nas ordens dos PSITTACIFORMES, seguidos pelos galiformes, anseriformes e 1,2 passeriformes. As aves de estimação mais acometidas por neoformações neoplásicas são os periquitosaustralianos (Mellopsittacus undulatus).2 Em papagaios do gênero Amazona, as neoplasias mais prevalentes são os carcinomas de células escamosas, pólipos adenomatosos clocais, papiloma cloacal e adenocarcinoma biliar.2 O objetivo deste trabalho foi descrever as alterações clínicas e anatomopatológicas do cistoadenocarcinoma em saco aéreo em um papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) e destacar a importância deste diagnóstico na medicina de silvestres mantidas em cativeiro. aves Material e Métodos: Um papagaioverdadeiro (Amazona aestiva) de 16 anos de idade, macho, com uma dieta a base de sementes de girassol e frutas, residente em área urbana próxima à rodovia com intenso tráfego de veículos de grande porte, convivia com proprietário fumante, foi previamente atendido por colega apresentando quadro clínico de dispneia intensa e hiporexia há 5 dias. Foi indicado o tratamento por via oral com enrofloxacina 10 mg/kg/BID por 10 dias, sulfa–trimetoprim 100 mg/kg/BID por 7 dias, cetoconazol 30 mg/kg/SID e itraconazol 5 mg/kg/SID por 5 dias e foram realizadas 5 aplicações de doxiciclina, por via intramuscular, semanalmente. Após 20 dias da primeira Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 210 | P á g i n a Relato de Caso - 49 Clavicular air sac cystadenocarcinoma in a Blue Fronted Amazon (Amazona aestiva) intracelomática. Os sacos aéreos quadro de intensa dispneia e iniciou sinal clínico de opistótono. Ave foi encaminhada para o serviço do Ambulatório de Aves da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, após um mês de tratamento e foi solicitado exame radiográfico que revelou a presença de massa de radiopacidade água torácicos e abdominais estavam lisos, brilhantes e transparentes. Os pulmões apresentavam superfície externa e de corte rósea avermelhada. O coração exibia tamanho compatível com o porte do animal, com relação ventrículo direito e esquerdo preservada. Foi observada neoformação nodular, multilobulada, de superfície lisa, coloração enegrecida, homogênea e arredondada, de contorno parcialmente definido e medindo cerca de 3,0 X 2,4 cm de diâmetros, em cavidade celomática craniodorsal direita, junto à parede torácica entre o primeiro e quarto espaços intercostais e adjacente a base cardíaca, principalmente do átrio direito e com superposição ao campo pulmonar. Acentuado desvio ventrolateral esquerdo do segmento intracelomático da traqueia. aspecto heterogêneo e medindo aproximadamente 4,0 x 2,0 x 2,0 cm, localizada em topografia de saco aéreo clavicular e estendendo-se à base do coração, deslocando a traqueia e comprimindo pulmão direito (Figura 1). Os demais órgãos incluindo esôfago, fígado, baço, esôfago, inglúvio, proventrículo, ventrículo, intestino, rins, cérebro, cerebelo, adrenais, gônadas não Perda da radiotransparência em topografia do saco aéreo torácico cranial direito. Sem alterações radiográficas dignas de nota em demais sacos aéreos. A ave foi submetida à anestesia com midazolam 0,2 mg/kg IM, cetamina 10 mg/kg IM e manutenção em isofluorano a 1,5 %. A ave não resistiu ao procedimento, indo a óbito e foi encaminhada para necropsia. apresentavam alterações macroscópicas. Posteriormente, fragmentos da neoformação e dos demais órgãos foram fixados em formol a 10% e submetidos ao processamento histológico e subsequente coloração pela hematoxilina-eosina. Microscopicamente, os fragmentos da neoformação revelaram proliferação neoplásica de células epiteliais cuboides a colunares dispostas em ninhos sólidos, Resultados e Discussão: Na avaliação macroscópica notou-se que a ave estava em condição corpórea adequada e não havia sinais de traumatismo e ectoparasitas. Na abertura da cavidade celomática havia poucos depósitos de tecido adiposo na região subcutânea e projeções papilíferas e/ou revestindo estruturas císticas (Figura 2), sustentadas por um delicado estroma fibrovascular. As células neoplásicas exibiam núcleos redondos ou ovais com contornos irregulares, cromatina vesicular, nucléolos conspícuos e citoplasma eosinofílico escasso, por vezes vacuolizado, e com Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 211 | P á g i n a Relato de Caso - 49 avaliação da colega, a ave manteve o quanto pelos produtos originados dos e anisocariose moderadas. O índice mitótico era moderado, com figuras de mitose atípicas. Estavam presentes extensas áreas de hemorragia com hemossiderose associada e focos de necrose. Nas amostras observadas não foram observadas indícios de invasão angiolinfática e/ou indícios de metástases nos demais órgãos. O diagnóstico carros e caminhões na rodovia, assim como pelo hábito alimentar baseado em sementes de girassol. Todos esses são potenciais carcinógenos para uma ave. Casos de carcinomas acomentendo sacos aéreos foram descritos em papagaio-cinza-africano, cacatua-alba e em papagaio Amazona, diagnosticados morfológico foi consistente com cistoadenocarcinoma de saco aéreo, corroborando com os achados clínicos e de exames complementares. Os sinais clínicos de dispneia severa persistente e opistótono associados à ineficácia do tratamento à base de antibióticos e antifúngicos incitaram a investigação do quadro clínico através do exame de imagem, mesmo com a possibilidade de Conclusões: Estudos específicos em relação à medicina aviária ainda são escassos e pouco relatados, exigindo aprimoramento nesta área de conhecimento para que médicos veterinários estejam atentos quanto à melhor forma de diagnosticar tais neoplasias, bem como conduta adequada quanto ao prognóstico do paciente. Maior longevidade de aves selvagens cativas risco de morte. O exame radiográfico foi fundamental para o diagnóstico e compreensão da sintomatologia de opistótono, pela presença da massa adjacente à base do coração e o desvio acentuado de traqueia que não permitiram que a ave respirasse em sua posição anatômica normal. O procedimento de tentativa de biopsia da formação foi o de definir o diagnóstico e mantidas como animais de companhia e a contínua exposição a agentes carcinogênicos ambientais e nutricionais são fatores predisponentes ao surgimento de neoplasias. de decidir a conduta mais indicada, uma vez que tumores sólidos são tratados através da excisão cirúrgica enquanto os processos neoplásicos sistêmicos, como os linfomas, são tratados através da quimioterapia.2 A neoplasia pode estar relacionada aos poluentes inalados no ambiente tanto pela fumaça de cigarro adenocarcinoma in a Salmon-crested Cockatoo (Cacatua moluccensis). Journal em necropsia porém não publicado.1, 3, 4 Referências Bibliográficas: 1) Marshall K, Daniel G, Patton C, Greenacre C. Humeral air sac mucinous of Avian Medicine and Surgery; 2004; 18(3):167-174. 2) Garner MM. Overview of Tumors: A retrospective study of case submissions to a specialty diagnostic service. In: Harrison G, Lightfoot TL. editors. Clinical Avian Medicine, vol. II. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 212 | P á g i n a Relato de Caso - 49 bordos indistintos; encerrando anisocitose Beach: Spix Publishing; 2006. Azmanis P, Stenkat J, Hübel J, Böhme J, p.566-571. 3) Jones MP, Orosz SE, Richman LK, Daniel GB, Bochsler PN. Pulmonary carcinoma with metastases in a Moluccan Cockatoo (Cacatua moluccensis). Journal of Avian Medicine Krautwald-Junghanns ME, Schmidt V. A complicated, metastatic, humeral air sac cystadenocarcinoma in a Timneh African Grey Parrot (Psittacus erithacus timneh). and Surgery; 2001; 15(2):107-113. 4) Journal of Avian Medicine and Surgery; 2013; 27(1):38-43. Figura 1. Imagem de neoformação nodular, multilobulada, de superfície lisa, coloração enegrecida, aspecto heterogêneo e medindo aproximadamente 4,0 x 2,0 x 2,0 cm, localizada em topografia de saco aéreo clavicular e estendendo-se à base do coração, deslocando a traqueia e comprimindo pulmão direito. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 213 | P á g i n a Relato de Caso - 49 Palm Relato de Caso - 49 Figura 2. Imagem microscópica que demonstra proliferação neoplásica de células epiteliais cuboides a colunares dispostas em ninhos sólidos, projeções papilíferas e/ou revestindo estruturas císticas. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 214 | P á g i n a Diagnóstico e controle de ataques convulsivos decorrentes de quadros de Diagnosis and control of seizures arising from episodes of hypoglycemia in Blue Fronted Parrot (Amazona aestiva) Felipe Nunes Felippe1; Pedro Felipe Lopes1; Adilson Furlan de Freitas Prates1; Reinaldo Bolognini Orsi2; Paulo Anselmo Nunes Felippe1 1 Universidade Paulista (UNIP), Brasil 2 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), RJ, Brasil Contato: [email protected] Introdução: As aves apresentam diversas manifestações clínicas associadas as neuropatias, sendo que estas podem ser indicativos de processos ataques convulsivos em pscitacídeos.3 A hipoglicemia é incomum em aves adultas, exceto em rapinantes e em aves jovens, devido deficiência nutricional, sendo que mórbidos do sistema nervoso periférico (SNP), sistema nervoso central (SNC) ou mesmo secundárias, com sede em outros aparelhos e sistemas do organismo da ave. A anamnese associada ao exame físico são recursos importantes para o diagnóstico, buscando interpretar a patofisiologia de manifestações como, ataxia, inclinação de cabeça, paresia ou valores de glicemia abaixo de 150 mg/dl são indicadores de hipoglicemia. Os quadros convulsivos ocorrem com valores abaixo de 100 mg/dl.1 Esse relato tem como objetivo destacar a importância em se diferenciar quadros de convulsão de origem nutricional, hormonal e neurológica por meio da anamnese, exame físico, e medições de glicemia, paralisia, nistagmo, convulsão, dentre outras.1,2 Doenças como traumatismos, lipidose hepática, toxicoses por chumbo ou zinco, micotoxicoses, acidentes cerebrovasculares, deficiências nutricionais e metabólicas como hipoglicemia e hipocalcemia estão normalmente relacionadas com os abordando a importância da nutrição para o controle da hipoglicemia. Material e Métodos: Em 16/04/2014 um papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), macho, cerca de 30 anos, pesando aproximadamente 500 gramas, foi atendido na Clínica Veterinária Mirim – Vet, em Jundiaí – SP, com histórico de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 215 | P á g i n a Relato de Caso - 50 hipoglicemia em papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) psitacídeos junto com a suplementação Na anamnese animal apresentando normodipsia e normorexia, tendo como base da alimentação sementes de girassol junto com frutas e verduras além de outros carboidratos como pão e bolacha de água e sal. Ao exame físico animal, ativo, alerta, fezes bem formadas, boa conformação de musculatura peitoral, não apresentando êmese, regurgitação, de polivitaminicos foram introduzidos. Em 23/04/2014 animal retornou a clínica com a troca da alimentação e o jejum solicitado para nova medição, tendo como resultado o valor de 193 mg/dl. Proprietário informado para continuar a nova dieta. Em 30/04/2014 solicitou-se outra medição com o animal sem jejum, tendo o valor de 230 mg/dl. Realizou-se a ataxia, inclinação de cabeça e desequilíbrio. O animal já foi submetido ao uso de benzodiazepínicos (Diazepam) para controle das crises convulsivas, porém sem sucesso. Para a avaliação da glicemia, utilizou-se o aparelho Breeze II Bayer. Os valores obtidos através das medições foram medidos em mg/dl. O material solicitado para essa avaliação foi uma gota de sangue fresco obtido a partir última medição da glicemia dia 01/06/2014 um mês após o inicio da nova dieta, tendo como resultado final o valor de 238 mg/dl. Demostrando assim o controle dos níveis de glicose sanguínea que variam em torno de 200 – 500 mg/dl.4 No caso do papagaio (Amazona aestiva) do corte de unha do terceiro dedo da ave, com um cortador apropriado para animais. Durante a coleta da amostra o animal passou por contenção física, descartando, portanto a necessidade da contenção química, evitando assim possíveis alterações nos níveis de glicose por anestésico e sedativos. suplementando com polivitaminicos, sendo intercalado a ração pela manhã e as frutas e vegetais no período da tarde. Durante o controle da glicemia foi essencial a suspenção de alimentos extremamente calóricos e gordurosos como girassol, amendoim, pão, biscoitos, leite e entre outros. Resultados Conclusões: e Discussão: Feita a primeira medição o animal apresentou como resultado da glicemia o valor 39 mg/dl sem jejum. Solicitou-se então uma nova medição após 7 dias com o animal dessa vez em jejum de 12 horas, sendo indicada a suspenção de todas as fontes de gordura e carboidratos. Em relação à nutrição da ave, a ração seca própria para Kiko, controlou-se a hipoglicemia apenas com fatores nutricionais como o uso da ração seca para psitacídeos As crises convulsivas decorrentes a hipoglicemia em aves adultas mesmo sendo raras, dificilmente são diagnosticadas nas clinicas veterinárias. O diagnóstico tem como base uma anamnese e exame clinico minuciosos para diferenciar quadros de convulsão causados por neuropatias ou hipoglicemia. Métodos simples como Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 216 | P á g i n a Relato de Caso - 50 quadros convulsivos há mais de 2 anos. Paulo: Roca; 1999. p.181-317. 2) Stella como indicadores de deficiência nos níveis de glicose. O controle nem sempre envolve métodos relacionados com a administração de dextrose ou glicose ou o uso de drogas a correção da dieta e nutrição são indispensáveis no controle das convulsões por hipoglicemia, independente das espécies relacionadas. MB. Aves Criação – Clínica – Teoria – Prática – Silvestres – Ornamentais – Avinhados: Robe editorial; 1998. p.138225. 3) Altman RB, Clubb SL, Gerry MD, Katherine Q. Avian Medicine and Surgery. 1997. p. 464. 4) Thrall MA, Baker DC, Campbell TW, DeNicola D, Fettman MJ, Lassen ED, et al. Hematologia e Bioquímica Clinica Veterinária. São Paulo: Roca; 2006. p.457-458. Referências Bibliográficas: 1) Rupley AE. Manual de clínica aviária. 1 ed. São Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 217 | P á g i n a Relato de Caso - 50 medição da glicemia sanguínea servem Relato de Caso - 49 Pôster Científico Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 218 | P á g i n a Diferencial de leucócitos, pesquisa de hemoparasitos e análise morfológica de WBC differential, hemoparasites search and morphological analysis of blood cells of wild bats in São Paulo, SP, Brazil Ticiana Zwarg1; Alice Soares de Oliveira1; Roberta Marcatti1; Marcello Schiavo Nardi1; Adriana Ruckert da Rosa2; Débora Cardoso Oliveira2; Juliana Laurito Summa1 1 Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE-3), São Paulo, SP, Brasil 2 Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo (CCZ), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Os quirópteros são um dos grupos de mamíferos mais diversificados do mundo, com dezoito famílias, 220 gêneros e 1120 São Paulo, no período de setembro de 2011 a junho de 2014. A colheita do sangue foi realizada através de punção espécies. No Brasil, são conhecidas nove famílias, 64 gêneros e 167 espécies. Valores hematológicos de morcegos tem sido objeto de investigação desde o século passado, mas ainda assim, apesar dos morcegos serem um dos maiores grupos dentro da classe dos mamíferos, a informação básica sobre a hematologia de morcegos ainda é limitada. No Brasil, da veia braquial. Realizamos, no mínimo, uma extensão sanguínea por animal No Laboratório de Estudos da Fauna (LabFau) do DEPAVE-3. Através da análise da extensão sanguínea, foram avaliadas as quantidades relativas (percentuais) das seguintes células: neutrófilos, eosinófilos, linfócitos, monócitos e basófilos, através da há poucos estudos que contemplam a hematologia de morcegos. O objetivo deste trabalho é divulgar dados obtidos através da análise de extensões sanguíneas de morcegos de vida livre capturados na cidade de São Paulo. Redes de neblina foram montadas em oito pontos diferentes do município de contagem total de 100 leucócitos. A estimativa da leucometria global foi realizada em objetiva de 40x, através da leitura de 10 campos. Estabeleceu-se o número de leucócitos por campo através da média e multiplicou-se esse número por 3.000, obtendo-se assim a estimativa de leucócitos por mm3 de sangue. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 219 | P á g i n a Pôster Científico - 1 células sanguíneas de morcegos capturados em São Paulo, SP, Brasil saudáveis, em áreas de monocamada da extensão sanguínea em objetiva de imersão (100x) sob microscopia óptica. Foram realizadas 192 colheitas de sangue, de 21 espécies diferentes, de 14 gêneros diferentes. Os resultados da análise dos leucócitos, expressos por espécie, estão expostos na tabela 1. Os tipos de leucócitos de diferentes espécies de morcegos estão externas ou sinais de doença infecciosa, a ausência de alterações morfológicas em hemácias e leucócitos era esperada. No exame diferencial de leucócitos, verificamos que, de maneira geral, há um predomínio de linfócitos sobre neutrófilos, para a maioria das espécies. Um estudo verificou índices maiores de linfócitos que neutrófilos para Taphozous melanopogon. expostos na figura 1. Na análise morfológica das células, verificamos anisocitose discreta em 6 de 192 amostras (3,1%) e policromasia discreta em 20 dessas amostras (10,4%). Achados de corpúsculos de Howell Jolly eram ocasionais, em pequena quantidade. Não verificamos hipocromia nem pecilocitose em nenhuma das amostras, assim como não foram Para as outras espécies (Miniopterus schreibersii e Hipposideros lankadiva), visualizadas alterações morfológicas nos leucócitos. Quanto à pesquisa de hemoparasitos, foram identificadas microfilárias em três animais diferentes (3/192 – 1,6%): Sturnira tildae (BATDPV98) em 10/10/2012, Sturnira lilium (BATDPV 217) em 21/05/2014 e Artibeus planirostris (BATDPV233) em trabalho é uma prévia e mais estudos serão realizados com os valores aqui expostos. Análises estatísticas determinarão, por exemplo, as diferenças quanto à estação do ano, estado fisiológico, idade e sexo. Os resultados deste trabalho são importantes para a comunidade científica que trabalha com esses animais e atua na conservação de morcegos. 27/06/2014. Como os morcegos deste trabalho eram animais de vida livre, não apresentando lesões não houve diferença significativa. Em mamíferos selvagens, tem sido observada a presença de filarídeos. Há raros relatos de microfilárias em morcegos, descritos e de fácil acesso na literatura. O tema ainda exige muita investigação. Um estudo mais recente encontrou uma taxa de ocorrência de 7% nos 440 morcegos avaliados. Este Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 220 | P á g i n a Pôster Científico - 1 Realizamos a pesquisa de hemoparasitos Tabela 1. Diferencial e estimativa de leucócitos no sangue de morcegos. NE BAST = Pôster Científico - 1 neutrófilo bastonete; NE SEGM = neutrófilo segmentado; LINFO = linfócitos; EOSINO = eosinófilos; BASO = basófilos; N= número amostral por espécie. São Paulo, 2014. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 221 | P á g i n a Pôster Científico - 1 Figura 1. Tipos de leucócitos na circulação periférica de morcegos e microfilária. A Neutrófilo de Glossophaga soricina. B - Linfócito de Glossophaga soricina. C – Monócito de Sturnira lilium. D – Eosinófilo de Artibeus lituratus. E – Basófilo de Artibeus lituratus. F – Microfilária de Sturnira lilium. São Paulo, 2014. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 222 | P á g i n a Diferencial de leucócitos de aves de vida livre e recuperadas em áreas de soltura na cidade de São Paulo, SP Ticiana Zwarg1; Alice Soares de Oliveira1; Thaís Caroline Sanches2; Maria Amélia Santos de Carvalho1; Anelisa Ferreira de Almeida Magalhães1; Juliana Laurito Summa1 1 Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE-3), São Paulo, SP, Brasil 2 Zoológico de Guarulhos, Guarulhos, SP, Brasil Contato: [email protected] Ainda faltam estudos que determinem os valores de referência de dados hematológicos para a grande variedade de espécies de aves brasileiras. No intuito a punção da veia braquial através de agulha estéril (13x4,5) não acoplada. Realizamos, no mínimo, uma extensão sanguínea por animal. Através da análise de auxiliar o médico-veterinário nas circunstâncias necessárias para interpretação de resultados de hemograma, este trabalho teve como objetivo traçar o perfil leucocitário de aves de vida livre e recuperadas em áreas de soltura da cidade de São Paulo, através da leitura de esfregaços sanguíneos. Sete redes de neblina foram montadas na da extensão sanguínea corada, foram avaliadas as quantidades relativas (percentuais) das seguintes células: heterófilos, eosinófilos, linfócitos, monócitos e basófilos, através da contagem total de 100 leucócitos. Foram realizados, no período compreendido, 506 esfregaços sanguíneos de 46 espécies de aves. Selecionamos, para o presente Fazenda Castanheiras no Parque Anhanguera e no Parque do Ibirapuera, município de São Paulo. As coletas de aves compreenderam março de 2011 a junho de 2014 (39 meses). As redes ficavam abertas das 06:00h às 14:00h, de 2 a 3 dias consecutivos, sendo realizada de 1 a 2 campanhas por mês. Realizamos trabalho, apenas as espécies que possuem mais de 3 amostragens, somando então 467 esfregaços sanguíneos de 23 espécies de aves, compreendendo 3 Ordens (Columbiformes, Passeriformes e Piciformes). Não foram visualizadas alterações no exame físico dessas aves. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 223 | P á g i n a Pôster Científico - 2 WBC differential of wild and recovered birds in release areas in São Paulo, SP estado nutricional variava de regular a bom. A morfologia dos leucócitos não apresentou alterações, e os leucócitos de rolinha roxa, pica pau de cabeça amarela e sabiá-laranjeira estão expostos na figura 1. O resultado da análise diferencial de leucócitos, expresso em valores percentuais, está exposto na Tabela 1. A maioria das espécies, de uma maneira Comparativamente às outras espécies, percebe-se que o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) apresentou valores relativos mais elevados de eosinófilos (maior que 10%). O sabiá-laranjeira é, dentre os passeriformes, uma espécie muito propensa a infecções parasitárias por coccídeos, cestódeos e Syngamus trachea, por exemplo (observação pessoal). Algumas espécies, como o geral, apresentou um valor percentual maior de linfócitos na contagem diferencial de leucócitos. Para algumas espécies, os heterófilos são o tipo celular mais comumente encontrado; para outras espécies, é o linfócito o leucócito mais comum no sangue periférico. Algumas espécies, como o pula-pula (Basileuterus culicivorus), a cambacica (Coereba flaveola) e o canário-da-terra (Sicalis canário-da-terra e a corruíra, não apresentavam eosinófilos durante a contagem diferencial. As características morfológicas descritas para as Ordens, de uma maneira geral, condizem com os descritos em literatura. Os estudos de hematologia básica, como esse, são muito escassos ainda para uma grande parcela de espécies de aves brasileiras. Espera-se que este trabalho colabore flaveola) apresentaram índices elevados para a avaliação hematológica de aves silvestres, auxiliando em situações clínico-cirúrgicas e outras, nas quais porventura esses dados sejam necessários. de basófilos (maior que 10%), o que pode ser considerado normal, uma vez que os basófilos são mesmo vistos em altas porcentagens em pequenas aves, passeriformes e canários. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 224 | P á g i n a Pôster Científico - 2 Algumas apresentavam carrapatos e o Tabela 1. Valores percentuais de leucócitos sanguíneos. DP = Desvio-padrão; Het = Pôster Científico - 2 heterófilos; Linf = linfócitos; Mon = monócitos; Eos = eosinófilos; Bas = basófilos; N = número amostral da espécie. São Paulo, 2014. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 225 | P á g i n a Pôster Científico - 2 Figura 1. Leucócitos do sangue periférico de aves. A - Heterófilo de juriti-gemedeira (Leptotila rufaxilla). B - Eosinófilo de sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris). C – Basófilo de canário-da-terra (Sicalis flaveola). D – Linfócito de tico-tico (Zonotrichia capensis). E – Monócito de pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens). Coloração de Rosenfeld. São Paulo, 2014. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 226 | P á g i n a Diversidade genética de Escherichia coli diarreiogênicas isoladas de pombos Genetic diversity of diarrheagenic Escherichia coli isolated from pigeons (Columba livia) reisdents in a zoo from São Paulo state Terezinha Knöbl1; Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira2; Jéssica Nacarato Reple1; Lilian Aparecida Sanches1; Marcos Paulo Cunha Vieira1; Maria Gabriela Xavier de Oliveira1; Mirela Caroline Vilela de Oliveira1; Rosely Gioia-Di Chiacchio1; Thaís Sebastiana Porfida Ferreira1; Luisa Zanolli Moreno1; Andrea Micke Moreno1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil 2 Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PQZMQB), Sorocaba, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Pombos urbanos são processo de aderência íntima da bactéria considerados aves sinantrópicas e a presença destas aves em parques zoológicos é frequente devido à abundância de água e alimentos. Os pombos são apontados como reservatórios de vários agentes zoonóticos e podem transmití-los aos animais cativos. Dentre os agentes bacterianos com potencial zoonótico, ao enterócito, com formação de pedestal. A identificação do patotipo EPEC é realizada pela detecção molecular dos genes eae e bfp (“bundle- forming pili”), transmitidos pelas fezes de pombos, destacam-se os patotipos de E. coli diarreiogênicas, incluindo as cepas enteropatogênicas (EPEC) e produtoras de toxina Shiga-like (STEC). O patotipo EPEC causa diarreia devido a destruição das microvilosidades, decorrente da lesão AE (attaching and effacing) que resulta do sendo consideradas atípicas as amostras que perderam o plasmídio EAF e se tornaram eae+ e bfp-. O patotipo STEC causa diarréia em função da destruição tecidual resultante da ação de citotoxinas do tipo Shiga-like, codificadas pelos genes stx1 e stx 2.1 O objetivo deste trabalho foi realizar o diagnóstico molecular e a análise filogenética de E. coli diarreiogênicas em pombos de um zoológico. Material e Métodos: A amostragem deste trabalho foi composta por fezes de 60 Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 227 | P á g i n a Pôster Científico - 3 (Columba livia) residentes em um zoológico do estado de São Paulo demonstrou que não se trata de uma estado de São Paulo (SISBIO – 43541-1; CEUA - 2984230514). O isolamento foi realizado em Agar MacConkey, após a etapa de enriquecimento em caldo BHI, com incubação a 37ºC por 24 h, seguido pela identificação bioquímica. A PCR foi realizada de acordo com a metodologia descrita por Costa et al.2 para a amplificação dos genes eae (454 pb), bfp expansão clonal, pois existe um certo grau de heterogeneidade entre os isolados. A presença destas aves no parque pode representar um risco para a população, servindo também como fonte de infecção para os animais em cativeiro. O controle de sinantrópicos é bastante complicado devido aos inúmeros fatores de risco: ausência de predadores (550 pb), stx1 (349 pb) e stx2 (110 pb).2 O AFLP foi realizado de acordo com a metodologia empregada por Knöbl et al.,1 após a digestão do DNA com a enzima HindIII.1 naturais, compartilhamento de recintos e abundância de alimentos. Resultados: Das 60 amostras, um total de 8 foram positivas para o gene eae, 4 para o gene bfp, 3 para stx1. Nenhuma positiva para stx2. Os resultados revelaram a presença de EPEC típica em 4 aves (6,6%), EPEC atípica em 1 (1,6%) e STEC em 3 (5%). A análise filogenética demonstrou que o perfil de bandas dos isolados é heterogêneo. Discussão: Os dados deste trabalho demonstram a presença de aves portadoras de EPEC e STEC no zoológico. O risco zoonótico implicado na presença de E. coli diarreiogênicas em pombos domésticos no Brasil foi documentado por Silva et al.3 que relataram um percentual de 3,3% de aves infectadas no ambiente urbano. Os dados deste trabalho apontam que 8/60 isolados (13,3%) foram classificados como potencialmente patogênicos. O dendrograma gerado pelo AFLP Conclusão: o presente trabalho confirma o risco de transmissão de E. coli diarreiogênica (STEC e APEC) pela presença de pombos nos zoológicos. Referências Bibliográficas: 1) Knöbl T, Moreno AM, Paixão R, Gomes TAT, Vieira MAM, da Silva Leite D et al. Prevalence of Avian Pathogenic E. coli (APEC) Clone Harboring sfa Gene in Brazil. The Scientific World Journal 2012; 2012 (1):1-7. 2) Costa ARF, Lima KVB, Sousa CO, Lourero ECB. Desenvolvimento de PCR multiplex para detecção e diferenciação de categorias de E. coli diarreiogênicas. Revista PanAmazônica de Saúde 2010; 1(2): 77-84. 3) Silva VL, Nicoli JR, Nascimento TC, Diniz CG. Diarrheagenic E. coli strains recovered from urban pigeons (Columba livia) in Brazil and their antimicrobial susceptibility patterns. Current Microbiology 2009; 59(1): 302-308. Apoio: FAPESP IC- 2013/24052-0; CNPq - Projeto IC: 2013-16. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 228 | P á g i n a Pôster Científico - 3 pombos de um parque zoológico do Parâmetros bioquímicos de jacutingas (Aburria jacutinga) mantidas em cativeiro Frederico Fontanelli Vaz1; Rosangela Locatelli Dittrich1; Olair Carlos Beltrame1; Rogério Ribas Lange1 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), Departamento de Medicina Veterinária, Curitiba, PR, Brasil Contato: [email protected] A jacutinga (Aburria jacutinga) é uma ave pertencente à ordem GALLIFORMES, família CRACIDAE. Muito sensível às alterações ambientais antrópicas, ao tráfico, à caça e à introdução de espécies exóticas e doenças, esse cracídeo é reportado como uma das aves mais ameaçadas do continente americano. Encontrado atualmente no Brasil em áreas de Mata Atlântica de poucos estados, é considerado em perigo de extinção de acordo com a International Union for Conservation of Nature.1 Projetos de conservação ex situ de jacutingas vem Amostras de sangue foram coletadas de 32 jacutingas adultas, obtidas por punção da veia braquial e acondicionadas em tubos sem anticoagulante. Posteriormente, foram armazenadas sob refrigeração e processadas no sendo desenvolvidos no Brasil, sendo importante o monitoramento da saúde Laboratório de Patologia Clínica Veterinária da Universidade Federal do Paraná (Curitiba – PR). As amostras foram centrifugadas para obtenção do soro, que foi mantido em alíquotas sob refrigeração a –20°C até as análises. As análises bioquímicas foram realizadas em analisador automatizado BS-200 da Mindray®. Kits bioquímicos Kovalent (Kovalent do Brasil Ltda – São Gonçalo - dessas populações para garantir o sucesso reprodutivo em cativeiro. O objetivo desse estudo foi estabelecer parâmetros bioquímicos de jacutingas em cativeiro e avaliar a saúde desses animais. O estudo foi realizado na propriedade “Criadouro Conservacionista Guaratuba”, no estado do Paraná. RJ) foram utilizados nas análises. Os parâmetros bioquímicos foram determinados utilizando o programa Excel (Excel; Microsoft Corp., Redmond, WA, USA) com cálculo da média e do desvio padrão. Os valores estabelecidos encontram-se na Tabela 1, sendo similares a outros estudos envolvendo Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 229 | P á g i n a Pôster Científico - 4 Biochemical parameters of captive Black-fronted piping-guan (Aburria jacutinga) jacutingas, a contenção dessas aves deve Apenas os valores de creatina quinase (CK) encontraram-se elevados, provavelmente devido à captura e contenção física dos animais. A CK está no músculo esquelético e cardíaco das aves e em geral os valores variam de 100 a 500 UI/L. O aumento dos níveis da CK é rápido e pode estar relacionado com miopatia de contenção, e nesta condição ser cuidadosa, em menor tempo possível e sem estresse para evitar a miopatia de captura e óbito. a atividade da AST não aumenta significativamente,2 conforme observado nas jacutingas. Devido aos valores elevados de CK observados nas Veterinary Hematology and Clinical Chemistry. 1st ed. Philadelphia, Lippincott: Williams & Wilkins; 2004. p. 479-492. Referências Bibliográficas: 1) IUCN: Red List of Threatened Species. Version 2013.2. Disponível em: www.iucnredlist.org. Acesso em 17 de julho de 2014. 2) Campbell TW. Clinical Chemistry of Birds. In: Thrall MA, editor. Tabela 1. Parâmetros bioquímicos de jacutingas (Aburria jacutinga) adultas de cativeiro em um criadouro conservacionista do estado do Paraná, sul do Brasil. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 230 | P á g i n a Pôster Científico - 4 jacutingas e outras espécies de aves.2 Valores de referência para parâmetros de bioquímica plasmática em filhotes de Reference values for plasma biochemical parameters in free-living Red-tailed Amazon parrot (Amazona brasiliensis) nestlings Frederico Fontanelli Vaz1; Rosangela Locatelli Dittrich1; Olair Carlos Beltrame1; Elenise Angelotti Bastos Sipinski2; Maria Cecília Abbud2; Rafael Meirelles Sezerban2 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), Departamento de Medicina Veterinária, Curitiba, PR, Brasil 2 Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Curitiba, PR, Brasil Contato: [email protected] O papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) é um psitacídeo ameaçado, meio da técnica de rapel em ascensão vertical em dossel. Os filhotes de considerado uma espécie vulnerável de acordo com a International Union for Conservation of Nature.1 Não existem informações sobre intervalos de referência (IR) nesta espécie, sendo importante para o monitoramento da saúde de sua população. É endêmico da Mata Atlântica, habitando a região do litoral sul de São Paulo ao litoral norte de papagaio-de-cara-roxa saudáveis ao exame físico foram incluídos no estudo. Amostras de sangue de 59 filhotes foram coletadas da veia ulnar superficial utilizando-se seringas estéreis de 1 mL com agulhas de insulina previamente heparinizadas (Figura 1). Posteriormente, as amostras foram inseridas em microtubos tipo eppendorf e refrigeradas Santa Catarina. O objetivo deste estudo foi estabelecer IR bioquímicos para filhotes de Amazona brasiliensis de vida livre. O estudo foi conduzido na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, estado do Paraná, no período reprodutivo de dezembro de 2013 a janeiro de 2014. Ninhos artificiais foram alcançados por a 4ºC em isopor contendo gelo até o processamento no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária da Universidade Federal do Paraná, no prazo máximo de 24 horas. O sangue foi centrifugado por cinco minutos para obtenção do plasma sanguíneo e determinação dos parâmetros Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 231 | P á g i n a Pôster Científico - 5 papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) de vida livre As análises bioquímicas contribuir com a conservação da espécie foram realizadas em analisador automatizado BS-200 da Mindray®. Os IR foram determinados utilizando um programa de Excel (Excel; Microsoft Corp., Redmond, WA, USA) com o Reference Value Adviser versão 2.0,2 seguindo diretrizes da American Society for Veterinary Clinical Pathology. Os IR estabelecidos encontram-se na Tabela 1. e estabelecer um banco de dados para a mesma. Mais estudos devem ser encorajados para uma avaliação completa da saúde dessa população e contribuir para a conservação do papagaio-de-cararoxa. Os valores foram similares a outros já descritos na literatura em psitacídeos filhotes e adultos, de vida livre e cativeiro. Os resultados deste estudo podem servir como um procedimento de triagem para avaliar o estado de saúde geral dessa espécie ameaçada e avaliar possíveis alterações patológicas nos filhotes. São essenciais para avaliar efeitos das mudanças ambientais na população, www.iucnredlist.org. Acesso em 17 de julho de 2014. 2) Geffré A, Concordet D, Braun JP, Trumel C. Reference Value Advisor: a new freeware set of macroinstructions to calculate reference intervals with Microsoft Excel. Vet Clin Pathol. 2011;40:107–112 . Referências Bibliográficas: 1) IUCN: Red List of Threatened Species. Version 2013. 2. Disponível em: Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 232 | P á g i n a Pôster Científico - 5 bioquímicos. Pôster Científico - 5 Figura 1. Colheita de sangue de filhote de papagaio-de-cara-roxa pela veia ulnar superficial. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 233 | P á g i n a Tabela 1. Valores bioquímicos de referência para filhotes saudáveis de Amazona Pôster Científico - 5 brasiliensis de vida livre no estado do Paraná, sul do Brasil. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 234 | P á g i n a Avaliação do perfil hematológico e de proteína plasmática de saguis-de-tufo-branco Hematological and plasmatic protein evaluation of white-tufted-marmosets (Callithrix jacchus) and black-tufted-marmosets (Callithrix penicillata) in captivity Luísa Carvalho1; Fabíola Eloisa Setim Prioste1; Eliana Reiko Matushima1; Samantha Ive Miyashiro1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] No período de 1999 a 2000, os primatas foram os mamíferos com maior representatividade nas apreensões no aproximadamente 4 horas e as coletas foram realizadas no período da manhã. Como tratam-se de animais Brasil. Entre estes animais encontram-se os membros do gênero Callithrix, dos frequentemente manipulados, optou-se por não realizar sedação para evitar possíveis interferências em decorrência do uso de anestésicos. As amostras foram obtidas por meio da punção da veia femoral com leve compressão posterior do local, com a finalidade de evitar a formação de hematomas. No local, foram confeccionados dois esfregaços de cada animal e o restante da amostra de sangue quais destacam-se os saguis-de-tufobranco (Callithrix jacchus), assim como o saguis-de-tufo-preto (Callithrix penicillata). O tráfico desses primatas afeta diretamente na sanidade dos mesmos, por tal motivo, é importante que alguns indicadores da sanidade dos calitriquídeos apreendidos sejam averiguados. Neste estudo foram avaliados 32 animais das espécies Callithrix jacchus, Callithrix penicillata e híbridos, sendo destes 16 fêmeas, com peso médio de 333g e 16 machos, com peso médio 344g, mantidos em um criadouro da Grande São Paulo. Os animais estavam em jejum de foi acondicionada em microtubos contendo EDTA. A contagem total de hemácias e leucócitos foi realizada utilizando o método de hematocitometria empregando os reagentes de Gower e Thoma respectivamente. Em ambos os casos foi utilizada a técnica de macrodiluição, com diluição de 1:201 para Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 235 | P á g i n a Pôster Científico - 6 (Callithrix jacchus) e de saguis-de-tufo-preto (Callithrix penicillata) mantidos em cativeiro animais e coleta de amostras de fezes contagem de leucócitos. A concentração de hemoglobina, por sua vez, foi obtida por meio do método de cianometemoglobina, utilizando o reativo de Drabkin. O valor de hematócrito foi obtido pela técnica de microhematócrito, através da centrifugação do sangue em tubos capilares a 12.000 rotações por 10 minutos. As amostras de plasma obtidas para exames coproparasitológicos pelas técnicas de Flutuação em Solução Saturada de Cloreto de Sódio e de Sedimentação Espontânea em Água. Não foram observadas alterações no exame clínico dos animais, assim como todos os exames coproparasitológicos foram negativos para presença de parasitas. Os resultados obtidos estão apresentados na após a centrifugação passaram por refratometria para determinação dos valores de proteína plasmática. A partir desses dados foram calculados os índices hematimétricos (VCM, HCM, CHCM) através das mesmas fórmulas empregadas em mamíferos domésticos. A contagem diferencial de leucócitos foi estabelecida por meio da leitura dos esfregaços sanguíneos corados com a Tabela 1. Tais valores tem grande importância, haja vista a escassez na literatura de dados de hematologia dessas espécies. Como tratam-se de animais hígidos, baseado no exame clínico dos animais e nos exames coproparasitológicos, os resultados apresentados podem ser utilizados como base para futuras pesquisas com estas espécies. coloração de Rosenfeld. Foi realizado durante a coleta o exame clínico dos Tabela 1. Valores hematológicos e de proteína plasmática de sagüis-de-tufo-branco, sagüis-de-tufo-preto e híbridos. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 236 | P á g i n a Pôster Científico - 6 contagem de hemácias e de 1:21 para Avaliação do comportamento reprodutivo e de crescimento do roedor Cerradomys goytaca Carolina Augusta Silva1; Geórgia Feltran Silva1; Rodrigo Nunes Fonseca1; Pablo Rodrigues Gonçalves1; Jackson Souza Menezes1 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), RJ, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Cerradomys goytaca é o novo mamífero descoberto no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, situado na região Norte do Estado do Rio de Janeiro. A restinga caracteriza-se como um lugar de altas temperaturas, MACAE022) do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os animais foram alimentados com ração para rato/camundongo (Nuvilab) e água ad libitum. Os animais foram mantidos em ciclo circadiano de solo pobre em nutrientes, alta salinidade e baixa oferta de água e alimento. Alguns estudos têm mostrado que os rins dos roedores que vivem em ambientes com baixa oferta de água passam por adaptações renais morfológicas e funcionais. A reprodução desse roedor no biotério é o passo inicial para avaliar as adaptações morfo-funcionais em seus rins. Sendo assim, neste trabalho foi 12h claro/escuro e temperatura de 23 ± 1 °C e umidade relativa de 60%. Nove casais foram divididos aleatoriamente e foram mantidos juntos por um período de seis dias. No dia sétimo os casais foram separados, as fêmeas grávidas foram monitoradas até a separação da prole. Foi realizada a sexagem dos filhotes e os mesmos foram marcados e monitorados semanalmente da sétima a vigésima estudado o comportamento reprodutivo, crescimento, ganho de peso e ingestão de água e ração do roedor Cerradomys goytaca em ambiente de biotério. primeira semana após o parto, medindo o peso (g), comprimento naso-anal e caudal (cm). O consumo de água e ração de vinte cinco animais foram monitorados durante 4 dias sendo 11 fêmeas e 14 machos. No início de cada medição foram adicionados 250 gramas de ração no comedouro e 45 ml de água no Material e Métodos: O protocolo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética e o Uso de Animais (CEUA- Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 237 | P á g i n a Pôster Científico - 7 Evaluation of reproductive behavior and growth of rodent Cerradomys goytaca (ml) das fêmeas (12,5±1,8; n=11) não volume de água foram determinados. A diferenças entre os valores iniciais e finais se referem ao consumo de apenas um dia. Este procedimento foi repetido por quatro dias consecutivos e a média destes 4 dias foi considerada o consumo diário de cada animal. apresentou diferença significativa quando comparado com o consumo dos machos (11,8±1,0; n=14; p > 0,05). Um padrão similar foi observado para o consumo diário de ração (g) entre fêmeas (7,25±0,90; n=11) e machos (7,38±0,63; n=14), ou seja, não há diferença significativa entre fêmeas e machos (p > 0,05). Resultados: A idade gestacional foi de 28 a 32 dias (± 4,6 semanas) e o desmame ocorreu na sexta semana após o parto. O número médio de descendentes que sobreviveram até o desmame foi de 4,29 ± 0,29. O número médio e a porcentagem de fêmeas que sobreviveram até o desmame foi de 1,86 ± 0,51 e 42 %, respectivamente. O número médio e a porcentagem de machos que sobreviveram até o desmame foi de 1,57 ± 0,37 e 38 %, respectivamente. A taxa Conclusão: O roedor Cerradomys goytaca é capaz de se reproduzir e sobreviver em ambiente de biotério. Os parâmetros fundamentais em relação à reprodução destes roedores foram estabelecidos no presente trabalho. Além disso, pode-se observar que não há dimorfismo sexual nos parâmetros analisados. Apoio financeiro: FAPERJ, CNPq, CAPES e INCTEM. de mortalidade neonatal foi cerca de 20%. Uma semana após o desmame, não houve diferença significativa no peso corpóreo das fêmeas (62,2±2,81, n=7) quando comparado com os machos (61,26±2,37; n=4). O ganho de peso (g) em 14 semanas, após o desmame, não foi significativamente diferente (p > 0,05) entre machos (33,25 ± 5,1; n=4) e fêmeas (33,29±4,26; n=7). O crescimento longitudinal e caudal (cm em 14 semanas após o desmame) das fêmeas (5,51 ± 0,85; 5,5 ± 0,85; respectivamente, n=4) não foram significativamente diferentes quando comparados com os machos (5,35 ± 1,33; 5,40 ±1,3 respectivamente, n=4, p > 0,05). O consumo diário de água Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 238 | P á g i n a Pôster Científico - 7 bebedouro. Após 24h o peso da ração e o Aspectos macro e microscópico do ovário de tamanduá-bandeira (Myrmecophaga Macro and microscopic aspects of ovarian of free-living giant anteater (Myrmecophaga tridactila, Linnaeus, 1758) Alan Peres Ferraz Melo1; Rosângela Felipe Rodrigues2; Tatiana Morosini de Andrade Cruvinel1; Wilson Machado de Souza1; Nair Trevizan Machado de Souza1; Halim Atique Netto2 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil 2 Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP), São José do Rio Preto, SP, Brasil Contato: [email protected] A espécie estudada, o bandeira (Myrmecophaga tamanduátridactyla, LINNAEUS, 1758), é uma das principais feminino apresentam-se de suma importância considerando que são animais extremamente exigentes em vítimas da perda de habitat e modificação do ambiente provocada pelo homem, consequentemente um dos animais mais ameaçados da fauna brasileira. Há um grande esforço referente à preservação da fauna brasileira, em especial aos animais ameaçados de extinção, e para que se tenha sucesso nessa difícil tarefa é fundamental um conhecimento profundo questão ambiental e comportamental, sendo assim difícil sua reprodução em cativeiro. O projeto utilizou animais que vieram a óbito no Setor de Atendimento Clínico-Cirúrgico de Animais Selvagens (SACCAS). Os animais foram encaminhados ao SACCAS pela Policia Ambiental e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA). O trabalho apresenta da espécie em questão. Os conhecimentos comportamentais, anatômicos e fisiológicos são as bases para um programa de preservação de qualquer espécie em cativeiro e principalmente em vida livre. O estudo das descrições morfológicas; macro e micro-estrutural dos órgãos do genital a autorização do SISBIO nº 32307-1 e do Comitê de Ética nº 2583/2012. Foram utilizadas 4 fêmeas para os procedimentos e descrição anatômica, que após o óbito dos animais, estes foram necropsiados, onde se abriu as cavidades abdominal e pélvica para identificação dos órgão genitais. Após a identificação e Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 239 | P á g i n a Pôster Científico - 8 tridactila, Linnaeus, 1758) de vida livre apresentaram-se retirados da carcaça do animal os órgãos genitais para melhor descrição de suas partes. Estas foram fixadas em solução aquosa de formaldeído a 10% para conservação das partes. A documentação fotográfica detalhada foi necessária para uma rigorosa descrição dos órgãos envolvidos e suas relações. A Nomina Anatomica Veterinaria (2012) foi ovóides, pares, com sintopia ao útero, reto e vesícula urinária (Figura 1). A mesossalpinge está presente apoiando-o, juntamente com o ligamento ovariano próprio, que o une ao utero. Apresentava uma serosa ovárica com epitélio cubóide simples, albugínea e uma medula rodeada pela córtex. Os grandes vasos e nervos penetravam no ovário centralmente no mesovarium e se imprescindível para uma perfeita nomeação. Para a análise microscópica foram utilizados os animais que vieram a óbito, extraindo fragmentos das regiões dos órgãos genitais. Estas diferentes regiões coletadas foram recortadas em amostras de aproximadamente 0,5 cm e colocados em solução fixadora de formalina tamponada a 10%, permanecendo por 24-48 horas para completa fixação. Em seguida, o material foi desidratado em série de etanóis em concentrações crescentes (de 70 a 100%) e diafanizado em xilol, com posterior inclusão em paraplast. Nos blocos de paraplast, cortes de cinco micrômetros de espessura foram obtidos utilizando-se micrótomo (Leika, German) e corados com hematoxilina eosina. As leituras das lâminas foram realizadas em microscópio como estruturas ramificavam para a periferia, em estreita proximidade com os folículos. O córtex era constituído por um estroma que continha folículos do ovário em diferentes fases de desenvolvimento. Folículos típicos com um único óvulo eram rodeados por uma camada simples de células escamosas ou cúbicas. Folículos atrésicos, corpos lúteos e corpos albicans foram observados (Figura 2). Há uma semelhança uterina com os primatas e os ovários também assemelham-se com de outras espécies de tamanduás. Evidenciou-se, quanto à microscopia, que os constituintes ovarianos assemelhamse a de outros mamíferos, inclusive quanto as características de apresentação folicular. Apoio: FAPESP (processo nº 2012/17775-2). de luz Nikon Eclipse E-800. Os ovários Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 240 | P á g i n a Pôster Científico - 8 documentação fotográfica in loco, foram Pôster Científico - 8 Figura 1. Fotomicrografia de cavidade abdominal de um Myrmecophaga tridactila, onde se evidencia o útero (U) conectando-se aos ovários (*). Observa-se, ainda, sintopia com o reto (R). Presença da vesícula urinária na região (Vu). Figura 2. Fotomicrografia do ovário de um Myrmecophaga tridactila, corte transversal, onde se evidencia folículos típicos em desenvolvimento (setas). H.E. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 241 | P á g i n a Bioquímica sérica de Bothrops sp (Serpentes, Viperidae) em diferentes fases do Serum biochemistry of Bothrops sp (Serpentes, Viperidae) at different ovarian cycle stages Samantha Strada Moniz1; Rafael Amorim de Castro1; Bruno Martins da Costa1; Cintia Yumi Fugiwara1; Renato Moterani1; Jarbas Prado Vidueiros1; Réniton Bigal1; Pedro Mesquita Guedes1; Nathielle de Lemos Perret Pedroto2; Sávio Stefanini Sant'Anna1; Kathleen Fernandes Grego1 1 Instituto Butantan (IB), São Paulo, SP, Brasil 2 Universidade Vila Velha (UVV), ES, Brasil Contato: [email protected] No Brasil, os acidentes botrópicos correspondem em média a 90% dos maio e agosto. No Laboratório, até 2009, os animais eram pareados empiricamente acidentes ofídicos registrados anualmente, justificando a sua manutenção em cativeiro para obtenção de veneno, tanto para a produção de soro antipeçonha, como para as pesquisas imunobiológicas. Anualmente, o número de animais recebidos pelo Instituto Butantan vem diminuindo gradativamente, possivelmente devido à ação antrópica. para a cópula de acordo com a sua aparência externa. Atualmente, o exame ultrassonográfico tem sido utilizado como ferramenta para o estudo do ciclo ovariano e a detecção da fase folicular em que as fêmeas se encontram (vitelogênese primária ou secundária), possibilitando a escolha das mais aptas à reprodução. A fonte energética e os Visto isso, e pensando na autossuficiência do Instituto, o Laboratório de Herpetologia desenvolve projetos na área de reprodução de serpentes em cativeiro. A maioria das serpentes do gênero Bothrops apresenta ciclo nutrientes necessários para o processo de maturação oocitária e desencadeamento da reprodução são obtidos a partir da gordura celomática. Os precursores das proteínas do vitelo são sintetizados no fígado e carreados para os ovários através da circulação sanguínea. Esses precursores entram nos reprodutivo sazonal e bienal, sendo que o período de acasalamento ocorre entre Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 242 | P á g i n a Pôster Científico - 9 ciclo ovariano analisados no programa de aplicações primária (Figura 1) os folículos adquirem pequena quantidade de proteína, lipídios e cálcio (estágios I - menor que 0,6 cm e II – de 0,6 a 1,09 cm). Na vitelogênese secundária (Figura 2) ocorre o rápido crescimento dos folículos e o hormônio estradiol mobiliza as reservas maternas (lipídios, aminoácidos e minerais) para a formação do vitelo (estágios III – de 1,1 a estatísticas BioEstat 5.0. Devido à distribuição não ser normal, utilizamos o teste de Wilcoxon (não paramétrico). Também foi avaliada a correlação das amostras pelo teste de Spearman. Dos 6 testes analisados, 4 deles apresentaram alterações significativas: proteínas totais (p=0.003), albumina (p=0.003), fosfatase alcalina (p=0.020) e cálcio (p=0.013). Nas 2,09 cm e IV - maior que 2,09 cm). É o vitelo que garante o desenvolvimento do embrião até o seu nascimento. Devido à dinâmica ovariana e em resposta ao acúmulo da gordura celomática, diversos compostos orgânicos proteicos e não proteicos têm seus níveis séricos em constante variação. O presente trabalho teve como objetivo comparar os resultados de diversos testes bioquímicos fêmeas do grupo primário, o cálcio apresentou-se aumentado, provavelmente por contribuir no metabolismo proteico e participar de reações metabólicas, fundamentais durante o estágio inicial da vitelogênese. As proteínas totais e a albumina também tiveram seus valores aumentados neste grupo, possivelmente por serem responsáveis pelo carreamento de hormônios sexuais e cálcio. Foi séricos (níveis de cálcio, fósforo, colesterol, proteínas totais, albumina e fosfatase alcalina) de fêmeas em diferentes fases vitelogênicas. Foram mantidas 30 Bothrops sp da região sudeste em gaiolas plásticas individuais em salas climatizadas, por pelo menos um ano, e mensalmente alimentadas com roedores. Estes animais foram submetidos a exames ultrassonográficos possível observar uma correlação significativa positiva entre cálcio x proteínas totais (rs=0.71), cálcio x albumina (rs=0.51) e uma correlação inversa entre cálcio x fosfatase alcalina (rs= -0.73). No entanto, a fosfatase alcalina teve seu valor mais elevado no grupo secundário, possivelmente em resposta a esteatose hepática fisiológica que ocorre nas serpentes durante o para avaliação dos folículos ovarianos e coleta de 1 a 2 mL de sangue pela veia caudal para análise bioquímica. Os resultados obtidos foram tabelados, período de vitelogênese secundária, quando os folículos passam a apresentar vitelo em seu interior. Apoio: INCTTox e FAPESP 08/57898-0 Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 243 | P á g i n a Pôster Científico - 9 oócitos via pinocitose. Na vitelogênese Pôster Científico - 9 Figura 1. Vitelogênese primária em Bothrops moogeni. Figura 2. Vitelogênese secundária em Bothrops moojeni. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 244 | P á g i n a Monitoria de anatídeos dos parques do município de São Paulo para agentes Survey of Anatidae from parks of São Paulo to potentially pathogenic bacterial agents Roberta Marcatti1; Marcello Schiavo Nardi1; Edna Maria Gomes Cavalcanti1; Andressa Gattis de Oliveira1; Carine Morais Marques de Lima1; Guilherme Mileo Garcia Festa1; Maria Gabriela Xavier de Oliveira2; Mirela Caroline Vilela de Oliveira2; Ana Paula Santos da Silva2; Ketrin Cristina da Silva2; Jéssica Nacarato Reple2; Yamê Miniero Davies2; Beatriz Quevedo Camargo2; Andrea Micke Moreno2; Terezinha Knöbl2 1 Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE), São Paulo, SP, Brasil 2 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: Os anatídeos são aves da ordem ANSERIFORME, família ANATIDAE, representada por patos, gansos, marrecos e cisnes. Criações domésticas destas aves são amplamente utilizadas em parques de várias cidades do mundo, com função contemplativa aos usuários, devido sua beleza cênica. Na cidade de São Paulo, atualmente, estão presentes do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura do Município de São Paulo. O objetivo deste trabalho foi pesquisar a presença de gêneros bacterianos de importância na medicina aviária nos anatídeos alojados nos parques municipais de São Paulo. em treze dos oitenta e sete parques municipais já implantados, sob a responsabilidade da Seção Técnica de Medicina Veterinária Preventiva, pertencente à Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE-3), do Departamento de Parques e Áreas Verdes, da Secretaria em sete parques públicos do município de São Paulo, coletados no período de julho de 2014 a junho de 2014 (SISBIO – 43541-1; CEUA - 2984230514), durante o manejo anual realizado pelos técnicos do DEPAVE. No laboratório, os suabes foram diluídos em solução salina, sendo o material de orofaringe semeado em ágar Material e Métodos: A amostragem foi composta por 175 suabes de cloaca e 107 de orofaringe de anatídeos alojados Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 245 | P á g i n a Pôster Científico - 10 bacterianos potencialmente patogênicos analisados, os quatro que tiveram isolamento de Bordetella spp. também apresentaram isolamento de Pasteurella suabes de cloaca foram pré-enriquecidos em tetrationato de sódio e semeados em ágar MacConkey e XLT4 para pesquisa de Escherichia coli e Salmonella spp. As spp. placas foram incubadas a 37ºC por 2448h. As colônias com morfologia compatíveis com os agentes mencionados foram submetidas à identificação por série bioquímica e extração de DNA para confirmação posterior, através da técnica de PCR. Resultados: Na triagem inicial o agente mais comumente isolado foi E. coli com 96% (168/175) dos animais positivos, seguido por Bordetella spp. com 15,88% (17/107), Pasteurella spp. com 6,54% (7/107) e Salmonella spp. com 1,71% (3/175). Todas as espécies de anatídeos apresentaram positividade para E.coli, o que já era esperado, uma vez que esta bactéria faz parte da microbiota entérica. Para confirmar a patogenicidade das cepas, as amostras de E. coli foram estocadas e serão submetidas a análise molecular para detecção de fatores de virulência dos patotipos de E. coli diarreiogênicos. Dos 17 animais positivos para Bordetella spp. encontram-se 10 cisnes, 6 marrecos e 1 ganso. Para Pasteurella spp. foram 4 marrecos e 3 cisnes. Salmonella spp. foi isolada de 2 cisnes e 1 ganso, ambos do mesmo parque. Dentre os sete parques Discussão e Conclusão: Anatídeos são aves com elevada rusticidade e a ocorrência de doenças é rara e pouco descrita pela literatura. Surtos com alta mortalidade ocorrem de forma sazonal e são normalmente diagnosticados como casos de botulismo. Os dados deste trabalho demonstram a presença de aves portadoras de agentes potencialmente patogênicos, justificando a necessidade de exame bacteriológico para diagnóstico diferencial nos casos suspeitos de botulismo. Devido às características ecológicas das espécies, com acesso constante aos lagos e coleções hídricas, consequências indesejáveis podem se tornar uma constante sob o ponto de vista ecológico, ambiental e sanitário, em situações de superpopulação. O manejo reprodutivo/populacional e sanitário anual das aves desta família é extremamente importante em criações domésticas, para garantir a saúde das aves e evitar a presença de agentes patogênicos que possam ser transmitidos ao ambiente, a outras espécies de animais e ao homem (zoonoses). Agradecimentos: Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre, da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, Prefeitura do município de São Paulo. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 246 | P á g i n a Pôster Científico - 10 sangue e ágar Smith & Baskerville para isolamento de Pasteurella spp. e Bordetella spp., respectivamente. Os Validação de ensaio imunoenzimático de progestágenos e andrógenos urofecais de Validation of enzymeimmuno assay of progestins and androgens in droppings of bluefronted amazon parrot (Amazona aestiva) Gabriela Martins1; Mauricio Durante Christofoletti1; José Maurício Barbanti Duarte1 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil Contato: [email protected] O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) é a espécie de papagaio mais amostras urofecais de 2 machos e 2 fêmeas adultos de Amazona aestiva. Para frequentemente capturada para tráfico animal no mundo, o que põe em risco a manutenção e evolução de suas populações naturais. Os poucos aspectos a validação do EIA foram utilizados os anticorpos progestinas CL425 e andrógenos da California University – Davis – CA – USA, sendo estes reprodutivos já descritos na espécie, como a sazonalidade e a monogamia, representam uma barreira no estabelecimento de técnicas reprodutivas eficientes na sua conservação. As técnicas de monitoramento hormonal nãoinvasivo surgem como um método alternativo de estudo das funções das gônadas e adrenais destas aves. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo submetidos aos testes de paralelismo, dose-reposta e validação fisiológica. O teste de paralelismo determina se o hormônio das amostras e o da curvapadrão se ligam de forma similar ao anticorpo escolhido, através da diluição seriada de um pool de amostras. A curvapadrão e a formada pela amostra diluída são comparadas e o teste é validado através da observação de uma disposição validar o ensaio imunoenzimático (EIA) para dosagem de progestágenos em fêmeas e andrógenos em machos nas excretas de papagaio-verdadeiro, como forma não-invasiva de se obter uma ferramenta no estudo da biologia reprodutiva deste psitacídeo. Para realização do trabalho utilizaram-se paralela entre elas. O teste dose-resposta define se existe alguma substância no extrato que pode interferir na ligação entre o anticorpo e o hormônio, através do acréscimo de hormônio em quantidade conhecida em uma amostra de baixa concentração esperando o valor correspondente a este acréscimo na Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 247 | P á g i n a Pôster Científico - 11 papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) mais altos que antes à aplicação, seguida validação fisiológica evidencia se existe correlação entre uma realidade fisiológica esperada e as concentrações obtidas na sua dosagem. Para tal, nos machos foram analisadas amostras obtidas antes e depois de aplicação de acetato de busserelina (8,0 µg/Kg), um análogo de GnRH, visando aumento nos níveis de andrógenos. Nas fêmeas analisou-se por queda progressiva nas horas subsequentes (Figura 1). Nas fêmeas, o ensaio detectou uma oscilação expressiva nos níveis de progestinas durante todo período de oviposição, apresentando perfis de aumentos dos níveis nos dias anteriores a postura com sequente queda, com um novo aumento até a postura do próximo ovo (Figura 2). Atribui-se o amostras obtidas durante a postura, momento no qual há uma oscilação hormonal de progestinas. As amostras foram secas em estufa, trituradas e passaram por processo de extração em metanol 80% antes de submetidas ao EIA. No teste de paralelismo a curva do pool de amostras apresentou um perfil semelhante ao da curva-padrão, se dispondo de forma paralela a ela, nos resultado encontrado nos machos ao estímulo da hipófise pelo agonista de GnRH, o que desencadeou um pico de LH e, consequentemente, a resposta testicular. Nas fêmeas, o aumento da atividade folicular característico da estação reprodutiva, leva ao aumento da concentração de progesterona que, por sua vez, desencadeia a onda préovulatória necessária à oviposição. Os dois hormônios analisados. No teste dose-resposta, o acréscimo de hormônio exógeno obteve uma recuperação significativa nos dois anticorpos utilizados (R2=0,988 Progestágenos; R2=0,9905 Andrógenos). Na validação fisiológica constatou-se nos machos um aumento nos níveis de andrógenos, após a estimulação farmacológica observando-se um pico quatro a oito horas após a resultados apresentados permitem concluir que a técnica do EIA utilizando os anticorpos para progestinas CL425 e andrógenos da California University – Davis – CA – USA, para a dosagem de metabólitos de testosterona em machos e progesterona em fêmeas a partir de amostras urofecais de PapagaiosVerdadeiros é acurada, precisa e confiável. aplicação, alcançando valores duas vezes Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 248 | P á g i n a Pôster Científico - 11 concentração final da amostra. Já a Pôster Científico - 11 Figura 1. Oscilação da concetração dos metabólitos de testosterona,ao longo do ensaio. O marco 0 no eixo horizontal (horas) indica o momento da aplicação do acetato de busserelina. Figura 2. Oscilação da concentração dos metabólitos de progesterona ao longo do ensaio.As setas indicam os dias de oviposição. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 249 | P á g i n a Avaliação da eficiência do análogo sintético de GnRH - deslorelina - na supressão Evaluation of the efficiency of the synthetic GnRH analogue - deslorelin - in the reversible suppression of the ovarian cyclic activity in Callithrix jacchus Derek Andrew Rosenfield1; Marcelo Alcindo de Barros Vaz Guimarães2; Cláudia Almeida Igayara de Souza3; Gilberto Nogueria Penido Junior3 1 Universidade Anhembi Morumbi (UAM), São Paulo, SP, Brasil 2 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil 3 Zoológico de Guarulhos, Guarulhos, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: O controle da reprodução de concentrações de metabólicos fecais de animais silvestres em cativeiro tem grande relevância para garantir a reprodução de animais em risco de extinção assim como controlar espécies com reprodução excessiva. O sagui-detufo-branco (Callithrix jacchus) reproduz progesterona e demonstrar a reversibilidade após remoção do implante. facilmente em cativeiro e na natureza, onde compete por espaço com as espécies locais. Por isso, considera-se o C. jacchus excelente modelo para o desenvolvimento de contraceptivos reversíveis. métodos Objetivo: Promover a supressão da atividade cíclica ovariana em C. jacchus com uso de implantes subcutâneos de acetato de deslorelina. Monitorar a atividade cíclica ovariana por meio da extração e mensuração das Material e Métodos: O experimento, aprovado pelo Comitê de Ética da USPSão Paulo, dividiu-se em 3 fases. Fase 1; Duração 4 meses. Amostras de fezes coletadas 3 vezes por semana pela manhã e mantidas a -29°C, até o envio para o Laboratório de Dosagens Hormonais (FMVZ-USP). O objetivo desta fase foi caracterizar a atividade cíclica nas 5 fêmeas. Fase 2; Duração 3 meses. Distribuição aleatória de casais em dois grupos: Grupo Deslorelina (D), com três casais e Grupo Controle (C), com dois casais. As 3 fêmeas do Grupo D receberam implante sub-cutâneo contendo 2,35 mg de acetato de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 250 | P á g i n a Pôster Científico - 12 reversível da atividade cíclica ovariana em Callithrix jacchus dos implantes, todas as fêmeas do grupo coletadas de forma semelhante à descrita na fase 1. Fase 3; Duração 3 meses. Retirados os implantes das fêmeas do Grupo D, as amostras fecais foram coletadas de forma semelhante à descrita na fase 1. Para a realização das extrações, as amostras foram liofilizadas, homogeneizadas e pesadas 0,1 g (mínimo 0,05 g). Foram adicionados 5 mL D mantiveram a atividade cíclica ovariana e a ovulação. Os animais do grupo C mostraram atividade cíclica em todas as fases do estudo. Os resultados obtidos demonstraram que não houve efeito do tratamento. No entanto, por terem sido utilizados poucos animais, estes resultados devem ser analisados com cautela. Sugere-se que deva ser do metanol 80%, em seguida, homogeneizadas e centrifugadas. Do sobrenadante foi pipetado 1 ml e transferido para tubos plásticos, o armazenados à -29 C. As concentrações dos metabólitos hormonais foram quantificadas por enzimaimunoensaio. considerada a hipótese de ser repetido este experimento com maior número amostral e com implantes com maiores concentrações de deslorelina. Resultados: Apresentados em gráficos. Discussão: A análise demonstra que todas as fêmeas estudadas estavam cíclicas na fase I. Na fase II, os animais do Grupo D apresentaram a esperada estimulação inicial sem a posterior supressão da atividade. Após a retirada Conclusão: A utilização de implantes subcutâneos de acetato de deslorelina na concentração 2,35 mg, não foi eficiente para promover a supressão da ciclicidade ovariana. A extração e dosagem de metabólicos fecais de progesterona foram eficientes para demonstrar a atividade cíclica ovariana e a ovulação em C. jacchus. FAPESP 2012/13217-5. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 251 | P á g i n a Pôster Científico - 12 deslorelina. As amostras fecais foram Valores hematológicos de urubus-de-cabeça-preta (Coragyps atratus) de vida livre Hematological values of the free-living black vulture (Coragyps atratus) in São Paulo, SP Eliana Reiko Matushima1; Vivian Lindmayer Ferreira1; Jean Carlos Alves Barbara1; Fernanda Junqueira Vaz Guida2; Tânia de Freitas Raso1; Fabíola Eloisa Setim Prioste1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil 2 Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] A espécie Coragyps atratus popularmente conhecida como urubu-da-cabeça-preta é uma ave da Família CATHARTIDAE com ampla ocorrência no Brasil. Em áreas valores de referência, entretanto, dados hematológicos que sirvam de parâmetros para urubus são escassos ou inexistentes na literatura. Sendo assim, este trabalho urbanas, grandes grupos de urubus-decabeça-preta podem ser facilmente observados em regiões de lixões, despejo de dejetos e aterros sanitários ou se alimentando de carcaças de animais em decomposição. Ainda que o papel ecológico dessa ave em vida livre seja bem conhecido, outros aspectos como doenças e causas de morte, ainda não teve como objetivo descrever valores hematológicos em urubus-de-cabeçapreta (Coragyps atratus) de vida livre. foram elucidados. Dentre as ferramentas que podem ser utilizadas para avaliar a saúde das aves, a hematologia fornece informações complementares que auxiliam no diagnóstico de doenças. Para que seja possível fazer a interpretação dos exames hematológicos é necessário que os resultados sejam comparados com ao ICMBio pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade, SISBIO (nº 37849-1) e foi aprovada pela Comissão de Ética da FMVZ-USP (nº 2865/2013). As aves capturadas foram contidas fisicamente sendo coletado 2 ml de sangue por meio da punção da veia metatársica medial. As amostras Para isso, 61 urubus adultos e sem sinais clínicos evidentes de doença, foram capturados na área da Fundação Parque Zoológico de São Paulo utilizando gaiolas do tipo covo. A autorização para atividade com finalidade científica foi obtida junto Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 252 | P á g i n a Pôster Científico - 13 em São Paulo, SP 49.5 ± 6.1%; PPT: 3.5 ± 0,4 g/dL).2 No contendo EDTA e refrigeradas até chegada ao laboratório. Para quantificação de hemácias e leucócitos, uma alíquota do sangue total foi diluída em solução de Natt e Herrick (1:200) e a quantificação foi feita em hemocitômetro utilizando microscópio de luz convencional com aumento de 100 vezes. A hemoglobina foi determinada pelo entanto, os demais parâmetros pesquisados diferem daqueles encontrados em outros rapinantes.3 A variação entre os dados aqui apresentados e as referências citadas para outros rapinantes, ressaltam a importância da padronização de valores de referência para a espécie em questão. Neste estudo foi utilizado um número Método de Cianometahemoglobina e a leitura realizada em espectrofotômetro com leitura de absorbância de 540 nm. O hematócrito foi determinado pelo Método do microhematócrito e a proteína plasmática total foi mensurada em refratômetro utilizando alíquotas de plasma obtidas por centrifugação do sangue total. Após análise estatística dos dados, as medidas fundamentais (média amostral bem representativo, fornecendo dados hematológicos importantes para o estabelecimento de parâmetros para a Coragyps atratus. e desvio padrão) obtidas estão descritas na Tabela 1. O valor médio do hematócrito (Ht) e da proteína plasmática total (PPT) encontrados neste estudo apresentam uma grande semelhança com os valores médios encontrados em estudos realizados com 44 Coragyps atratus (Ht: 49,8 ± 0,53%; PPT: 4,2 ± 0,07 g/dL) e 4 Cathartes aura (Ht: 49,8 ± 2,3%; and haematocrit of the black vulture (Aegypius monachus). Comparative PPT: 4,1 ± 0,08 g/dL) nos EUA.1 Assim Referências Bibliográficas: 1) Coleman JS, Fraser JD, Scanlon PF. Hematocrit and protein concentration of black vulture and turkey vulture blood. Condor 1988; 90:937-938. 2) Villegas A, Sánchez JM, Costillo E, Corbacho C. Blood chemistry Biochemistry and Physiology 2002; 132:489-497. 3) Viana MSSB. Características hematológicas e ocorrência de hemoparasitas em aves de rapina. [Dissertação de Mestrado]. Portugal: Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa; 2010. como se assemelha aos resultados de um estudo realizado na Espanha com 5 abutres-preto (Aegypius monachus) (Ht: Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 253 | P á g i n a Pôster Científico - 13 coletadas foram armazenadas em tubos Pôster Científico - 13 Tabela 1. Valores hematológicos médios (± desvio padrão) referentes a 61 urubus-decabeça-preta (Corapygus atratus) de vida livre. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 254 | P á g i n a Diagnóstico coproparasitológico dos primatas neotropicais mantidos pelo Projeto Coproparasitological diagnosis of neotropical primates maintained by Mucky Project at Itu – São Paulo Alessandra Loureiro Morales dos Santos1; Talya de Moraes Coelho1; Paula Carina Fuzati1; Amanda Lumy Kawanami1; Vinicius Fanhani de Godoy1; Daniela Hoffmannbeck1; Patrícia Moura Cunha Souza1; Celso Martins Pinto1 1 Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), São Bernardo do Campo, SP, Brasil Contato: [email protected] Foram realizadas 66 coletas de amostras fecais diretamente do piso dos recintos dos primatas do Projeto Mucky, instituição localizada no município de Itu, São Paulo, até o processamento, que ocorreu no Laboratório Clínico do Hospital Veterinário da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), para realização de duas que tem como essência de sua proposta a manutenção de espécimes de primatas que não têm condições de retorno à natureza ou do convívio em grupos ou famílias. Estes recintos possuem número variável de primatas de diversas espécies: bugio-ruivo (Alouatta guariba), bugio-negro (Alouatta caraya), mico-decheiro (Saimiri vanzolinii), sauá (Callicebus sp.) e saguis (Callithrix spp.). técnicas distintas: técnica de flutuação através do Método de Willis (para a pesquisa de ovos leves) e técnica de centrífugo-sedimentação em água-éter adaptada (para a pesquisa de ovos pesados). Do total de 66 amostras processadas, 15 foram identificadas como positivas para a presença dos helmintos pela técnica de Willis, exibindo ovos da subordem STRONGYLIDA (possivelmente Foi colhida uma amostra por recinto, sendo cinco de A. guariba, um de A. caraya, uma de S. vanzolinii, uma de Callicebus e 58 de Callithrix spp. Em Família ANCYLOSTOMATIDAE) e somente um recinto foi identificado também como infectado pela técnica de centrífugosedimentação em água-éter adaptada, para o mesmo tipo de ovo, podendo-se afirmar que 22,7% dos recintos colhidos apresentavam-se positivos. A presença de ovos da Subordem STRONGYLIDA em seguida, as amostras foram armazenadas em frascos plásticos limpos (tipo “coletor universal”) e mantidas sob temperatura de refrigeração (4 a 8ºC) para conservação Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 255 | P á g i n a Pôster Científico - 14 Mucky em Itu – São Paulo insolação no substrato e vegetação dos indica a infecção por helmintos de ciclo biológico monoxênico em parte dos animais cativos do Projeto Mucky, o que pode ser explicado pelas condições ambientais impostas pelo cativeiro, que dificulta a presença dos hospedeiros intermediários e a predação destes, mesmo que acidentalmente, pelos primatas. Para a ocorrência destes recintos para a diminuição da carga parasitária ambiental. Dos quatro gêneros de primatas pesquisados mantidos pelo Projeto Mucky (Alouatta, Saimiri, Callicebus e Callithrix), três apresentaram helmintos a presença do piso de terra e vegetação dos recintos é importante para a persistência das formas eliminadas (ovos morulados) bem como das formas larvares no substrato dos recintos. A dificuldade de manejo higiênico-sanitário nestes recintos é maior, pois a desinfecção física pelo calor torna-se uma alternativa de difícil execução, tendo-se que contar com a radiação ultravioleta da apresentasse sinais clínicos sugestivos desta infecção. Esta informação sugere a infecção cruzada entre os animais de recintos diversos através da contaminação ambiental e da possível circulação dos ovos e larvas destes parasitas entre os mesmos através dos tratadores e dos fômites utilizados durante o manejo dos animais. resultados positivos para a presença dos ovos tipo Strongylida: seis positivos de A. guariba, um para Callicebus e 25 para Callithrix, embora nenhum espécime Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 256 | P á g i n a Pôster Científico - 14 15 das 66 amostras de fezes pesquisadas Dosagem de esteroides sexuais em diferentes locais do corpo de baleia jubarte Measurement of sex steroids in different body sites of humpback whale (Megaptera novaeangliae) Natacha Estér Orteney1; Daniela Magalhães Drummond de Mello2; Adriana Castaldo Colosio3; Priscila Viau Furtado2; Claudio Alvarenga de Oliveira2 1 Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil 2 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil 3 Instituto Baleia Jubarte (IBJ), Brasil Contato: [email protected] Para viabilizar as pesquisas acerca da jubarte encalhados nos dias 09 e 30 de fisiologia reprodutiva de cetáceos selvagens, é primordial o desenvolvimento de métodos não invasivos de colheita para dosagens hormonais, como o uso de material biológico de animais provenientes de encalhes e/ou a utilização da gordura subcutânea de animais vivos – obtida por dardos de biópsias. O tecido adiposo tem o potencial de acumular altas setembro de 2013 no litoral da Bahia (17º 20' 28" S; 39º 13' 15" W) e Espírito Santo (19° 49’ 47” S; 40° 03’ 31” W), respectivamente. As amostras foram retiradas de oito regiões do dorso dos dois animais, de maneira a simular as colheitas feitas com uso da balestra em biópsias de animais vivos. Logo após a colheita, as amostras foram identificadas e armazenadas em caixas térmicas com concentrações de hormônios esteroides como progesterona, estradiol e 1 testosterona. O presente trabalho comparou as concentrações destes hormônios entre as camadas de gordura (externa, média e interna), e entre oito amostragens anatômicas distintas de dois exemplares filhotes machos de baleia gelo e transportadas ao laboratório do Instituto Baleia Jubarte onde permaneceram no freezer até serem transferidas para o Laboratório de Dosagem Hormonal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo – onde foram realizados todos os procedimentos Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 257 | P á g i n a Pôster Científico - 15 (Megaptera novaeangliae) local onde é normalmente feita biópsia de hormonal. Para dosar a testosterona e o estradiol utilizou-se a técnica de enzimaimunoensaio; enquanto que a dosagem da progesterona foi realizada por radioimunoensaio. Não foram encontradas diferenças significativas nas concentrações de progesterona (P=0.07; F=2.79), estradiol (P=0.29; F=1.29) e testosterona (P=0.07; F=2.81) entre as animais vivos, apresenta-se como sítio ideal para colheita de amostras para dosagem dos hormônios esteroides de baleias jubarte, pois os hormônios parecem se comportar de maneira homogênea. Tanto o local de colheita da amostra, como a profundidade na camada de gordura não alteraram o resultado final. Com base nestes resultados, a camadas do tecido adiposo (interna, média e superficial). Também não foram encontradas diferenças estatisticamente diferentes quanto à concentração de progesterona (P=0.98; F=0.21) e estradiol (P=0.8; F=0.53) em diferentes locais anatômicos. Uma diferença foi encontrada na concentração de testosterona da amostra retirada da nadadeira dorsal – que apresentava maior concentração nadadeira dorsal, constituída primariamente de tecido conjuntivo,3 parece não ser adequada como local de amostragem devido ao comportamento não homogêneo dos hormônios esteroides, todavia se faz necessário colheitas de animais de faixas etárias distintas para um resultado final mais apurado. hormonal em relação às demais amostragens anatômicas (P=0.04; F=2.46). Através de uma regressão linear simples, observou-se que o nível de testosterona diminui com o aumento do peso da amostra (R=0.53; P<0.05; F=13.29). O presente resultado não corrobora com os dados encontrados por Kellar et al. (2009), visto que as menores concentrações de testosterona NM, Trego, ML, Marks, CI, Dizon, A, E. Determining pregnancy from blubber in three species of delphinids. Marine mammal science; 2006; 22 (16) 01-16. 2) Kellar, NM, Trego, ML, Marks, CI, Chivers, SJ, Danil, K, Arcker, FI. Blubber testosterona: a potential marker of male reproductive status in short-beaked common dolphins. Marine mammal encontradas em seu estudo foram obtidas justamente na nadadeira dorsal de golfinhos comuns.2 Dados deste estudo sugerem que a região dorso lateralsuperior que é constituída principalmente de tecido adiposo subcutâneo e também Referências Bibliográficas: 1) Kellar, science; 2009; (16)01-16. 3) Rommel, SA, Lowenstine, LJ. Gross and microscopic anatomy. In: Dierauf, LA, Gulland, FMD. CRC Handbook of marine mammal medicine. 2nd ed. Washington: CRC Press L. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 258 | P á g i n a Pôster Científico - 15 laboratoriais, da extração à dosagem Imobilização química reversível em antas brasileiras (Tapirus terrestris) de vida livre Reversible chemical immobilization of wild lowland tapirs (Tapirus terrestris) using a combination of Butorphanol, Medetomidine and Ketamine Renata Carolina Fernandes Santos1,2; Emília Patrícia Medici1,2,3 1 Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Brasil 2 Tapir Specialist Group (IUCN/SSC/TSG), Brasil 3 Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS/IPÊ), Brasil Contato: [email protected] The lowland tapir (Tapirus terrestris) occurs in South America and is commonly kept in captivity in zoos worldwide. traps and anesthetized for fitting of radiocollars, subcutaneous insertion of microchips, morphometric measurements, Several anesthetic protocols have been developed and tested for wild and captive tapirs, and adverse effects are often reported. The main objective of this study was to determine a safe anesthetic protocol for lowland tapirs, one that provides rapid induction and recovery time, adequate immobilization and muscle relaxation, loss of consciousness, stable physiologic parameters, and reversal. The sex and age determination, physical examination, and collection of biological samples (blood, skin biopsies, hair, ectoparasites, swabs of anatomical cavities and active wounds, and urine in cases of spontaneous urination). Drug doses were based on estimated body mass. Tapirs were estimated to weigh from 80 to 250 kg. The anesthesia was performed with a combination of study was carried out in a private cattle ranch in the Nhecolândia sub-region of the Pantanal, in the State of Mato Grosso do Sul, Brazil (19º20''S; 55º43'W). Forty chemical immobilizations in 26 wild lowland tapirs (12♀ and 14♂) were performed between November 2011 and May 2014. Tapirs were captured in box Butorphanol (0.15 mg/kg), Medetomidine (0.012 mg/kg) and Ketamine (0.6 mg/kg), by intramuscular injection with 5 ml darts. The concentrated version of Medetomidine (20mg/ml) was used to reduce final volume. Atropine (0.03mg/kg) was added to the protocol in order to inhibit excessive salivation and respiratory Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 259 | P á g i n a Pôster Científico - 16 com a associação de Butorfanol, Medetomidina e Cetamina and ½ IV (ranging between 0.5-6.5 tapirs (n=33). Physiologic parameters were monitored and recorded at intervals throughout anesthesia. Atipamezole (0.04 mg/kg) was used to reverse the alpha-2 adrenergic agonistic effects of Medetomidine, and Naltrexone (0.3 mg/kg) was used to reverse the opioid agonistic effects of Butorphanol. Reversal agents were administered intramuscularly minutes; n=34) and 8±6 minutes after reversal administered IM only (ranging from 4-17 minutes; n=4). Physiologic responses to immobilizations where Atropine was added to the protocol were: mean respiratory rate - 30±12 breaths per minute, cardiac rate - 74±16 beats per minute, relative hemoglobin oxygen saturation (SpO2) - 90±10%, and body and/or intravenous in the same syringe no sooner than 35 minutes from the administration of the anesthetics in order to prevent adverse effects of residual Ketamine. In nine cases, anesthetic supplementation was needed due to insufficient doses in the first dart or dart failure. The average procedure time was 47 minutes. Mean induction time was 4±1 minutes (ranging between 2-7 minutes; temperature - 36.5±1°C. The level of muscle relaxation was considered satisfactory. Adverse effects included apnea (n=5) and salivation or respiratory secretion (n=12), despite the addition of Atropine. The Butorphanol / Medetomidine / Ketamine combination with Atipamezole / Naltrexone reversal proved to be an effective protocol which can be considered safe and adequate for the n=31). Mean recovery time was 2±1.5 minutes after reversal administered ½ IM immobilization of wild lowland tapirs in box traps, as well as for captive tapirs. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 260 | P á g i n a Pôster Científico - 16 secretions, commonly observed in lowland Pesquisa de novos reservatórios de Leptospira spp. na fauna silvestre da região de Survey for new reservoirs of Leptospira spp. among wildlife in Botucatu region, SP Felipe Fornazari1; Pâmela Merlo Marson1; Carlos Roberto Teixeira1; Valdinei Moraes Campanucci da Silva1; Diego Borin Nóbrega2; Helio Langoni1 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), SP, Brasil 2 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil Contato: [email protected] A leptospirose é uma zoonose de grande importância, causada por bactérias do gênero Leptospira. No Brasil, apesar da grande biodiversidade, são escassos os estudos em animais silvestres. A literatura descreve os roedores como os principais reservatórios, enquanto que a maioria dos estudos direcionados para outras espécies se limita à análise sorológica de poucos indivíduos. Assim, o presente estudo objetivou estudar a infecção por Leptospira spp. em uma quantidade Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Silvestres (CEMPAS), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) - UNESP – Botucatu. Entre março de 2012 e janeiro de 2014 significativa de mamíferos silvestres de vida livre na região de Botucatu, SP, por foram colhidas amostras de sangue e urina de 309 animais, representando 16 espécies: gambá (Didelphis albiventris, n=195), quati (Nasua nasua, n=56), ouriço cacheiro (Sphiggurus villosus, n=13), tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla, n=6), furão (Galictis cuja, n=6), tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla, n=5), veado catingueiro (Mazama meio de técnicas sorológicas e moleculares, contribuindo assim para um maior conhecimento da epidemiologia da doença. Os animais foram amostrados de duas formas: (1) captura, utilizando-se armadilhas do tipo tomahawk posicionadas em fragmentos florestais, e (2) acompanhamento da casuística do gouazoubira, n=5), tatu galinha (Dasypus novencinctus, n=4), raposa (Lycalopex vetulus, n=4), cachorro do mato (Cerdocyon thous, n=4), lobo guará (Chrysocyon brachyurus, n=3), onça parda (Puma concolor, n=2), macaco prego (Sapajus nigritus, n=2), lebre europeia (Lepus europaeus, n=2), mão Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 261 | P á g i n a Pôster Científico - 17 Botucatu, SP 37,5% (IC95%: 24,8 - 50,1), ouriço (Eira barbara, n=1). Para o diagnóstico cacheiro 15,3% (IC95%: 1,9 - 45,4), tamanduá bandeira 0,0%, furão 83,3% (IC95%: 35,8 - 99,5), tamanduá mirim 20% (IC95%: 0,5 - 71,6), veado catingueiro 20% (IC95%: 0,5 - 71,6), tatu galinha 25% (IC95%: 0,6 - 80,5), raposa 50% (IC95%: 0,7 – 93,2), cachorro do mato 75% (IC95%: 19,4 – 99,3), lobo guará 66,6% (IC95%: 9,4 - 99,1), onça sorológico foi realizada a técnica de Soroaglutinação Microscópica (SAM) para 18 sorogrupos, utilizando-se uma bateria de 29 antígenos mantidos em meio EMJH, e considerando a diluição 1:100 como título de corte. As amostras de urina foram submetidas ao diagnóstico molecular pela PCR em tempo real (PCRTR) para a detecção de DNA genômico específico para o gênero Leptospira, utilizando-se o equipamento StepOneTM Plus Real Time PCR System, o sistema SYBR®Green, e os primers Lep1 e Lep2. Na SAM foram positivos 50 animais (16,1%; IC95%: 12,0 - 20,2), reagentes para os sorogrupos Semaranga (n=18), Djasiman (n=9), Australis (n=7), Sejroe (n=5), Icterohaemohrragiae (n=5), Grippotyphosa (n=3), Canicola (n=3), Autumnalis (n=3), Shermani (n=2) e Panama (n=1). Na PCR-TR foram positivos 17 animais (5,5%; IC95%: 2,9 8,0). No total, 64 animais foram positivos (20,7%; IC95%: 16,1 - 25,2) para pelo menos uma das técnicas de diagnóstico (SAM e/ou PCR-TR). Assim, as prevalências para cada espécie foram: gambá 11,2% (IC95%: 6,8 - 15,7), quati parda 0,0%, macaco prego 100% (IC95% não calculável), lebre europeia 0,0%, mão pelada 100% (IC95% não calculável) e irara (IC95% não calculável). Os resultados permitem concluir que 1) uma grande diversidade de animais silvestres está infectada, em diferentes proporções, por bactérias do gênero Leptospira na região de Botucatu, SP; 2) as espécies das famílias CANIDAE e MUSTELIADE apresentaram prevalências elevadas de animais positivos; 3) a grande variedade de sorogrupos reagentes na SAM demonstra a ocorrência de múltiplos ciclos epidemiológicos na região estudada; 4) a presença de DNA de leptospiras nas amostras de urina indica que alguns animais podem atuar como reservatórios de leptospirose. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 262 | P á g i n a Pôster Científico - 17 pelada (Procyon cancrivorus, n=1) e irara Haemosporida em aves cativas na Fundação Parque Zoológico de São Paulo Carolina Romeiro Fernandes Chagas1; Fernanda Junqueira Vaz Guida1; Lilian de Oliveira Guimarães2; Eliana Ferreira Monteiro2; Roseli França Simões2; Karin Kirchgatter2 1 Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil 2 Instituto de Medicina Tropical – Universidade de São Paulo (IMT/USP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Hemosporídeos (Sporozoa: Haemosporida) são protozoários parasitas cosmopolitas capazes de infectar aves, répteis e mamíferos, utilizando como vetor dípteros. Pertencem aves foram estudadas para infecções por Haemosporida, sendo Plasmodium a esta Ordem parasitas dos gêneros Plasmodium, Haemoproteus e Leucocytozoon. Algumas espécies são Zoológico de São Paulo está localizado em um fragmento de Mata Atlântica na região metropolitana de São Paulo, no taxonomia ainda é difícil, pois a análise morfológica deve ser feita por um microscopista experiente. O uso de ferramentas moleculares é importante na identificação das espécies, permitindo o estabelecimento de código de barras de DNA. Para este estudo foram realizadas coletas sanguíneas de aves cativas no Zoológico de São Paulo (SISBIO 34605 e Parque Estadual Fontes do Ipiranga (PEFI) onde convivem animais cativos, migrantes e de vida livre. Nesses locais a alta densidade populacional encontrada e a convivência de animais de diferentes regiões geográficas favorece a dispersão de agentes infecciosos. Ao redor do mundo, cerca de 45% das espécies de CPE-IMT/193). O sangue foi armazenado em tubos com heparina lítica, e a papa de eritrócitos foi armazenada a -20ºC até o processamento. Foram feitos 02 esfregaços sanguíneos a fresco para a análise microscópica, o esfregaço foi fixado em metanol e corado com Giemsa. Para a extração de DNA foi utilizado o kit muito patogênicas, causando mortalidade em aves cativas e de vida livre, com destaque para Plasmodium spp. O detectado em 30% delas. Poucos estudos foram conduzidos no Brasil e principalmente no Estado de São Paulo. A Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 263 | P á g i n a Pôster Científico - 18 Haemosporida in captive birds from Sao Paulo Zoo coscoroba, Cyanopsitta spixii, Cygnus System (PROMEGA®) seguindo-se as orientações do fabricante. Foi amplificado um fragmento de 480 pares de base do gene mitocondrial citocromo b por nested PCR. Seguiu-se com sequenciamento e alinhamento em SeqMan e identificação das linhagens por BLAST através do GenBank e MalAvi. No período de Dezembro de 2011 a Fevereiro de 2014, atratus, Cygnus melanocoryphus, Eudocimus ruber, Netta erythrophthalma, Pipile jacutinga, Ramphastos toco, Ramphastos vitellinus, Sarcoramphus papa, Struthio camelus, Tadorna ferruginea e Saltator atricolis. Após foram analisadas 346 amostras, de 224 espécimes, representando 13 Ordens, 21 Famílias e 82 espécies. Foram analisados 346 esfregaços sanguíneos, sendo que 28 (8,1%) foram positivos, com parasitemia variando entre <0,01% e 6,39%. Realizou-se PCR de 339 amostras, das quais 43 (12,7%) foram positivas para Haemosporida (Plasmodium ou Haemoproteus). brasileiras. Em consulta ao MalAvi, nenhuma possui sequência de Plasmodium relacionada a ela Analisando-se os resultados, 30 indivíduos foram positivos, sendo que 14 deles (46,7%) foram detectados no esfregaço sanguíneo e na PCR. As Famílias com maior número de amostras são ANATIDAE e PSITTACIDAE, sendo que a primeira é que teve o maior número de amostras positivas. As espécies com resultados positivos foram: Alopochen aegyptiacus, Amazona aestiva, possibilitarão a identificação de espécies já existentes e o estabelecimento de código de barras de DNA para novas espécies, contribuindo para a taxonomia de Plasmodium em aves em diferentes Amazonetta brasiliensis, Anodorynchus hyacinthinus, Anser cygnoides, Buteogallus urubitinga, Coscoroba preventivos que incluam a pesquisa deste parasita. sequenciamento, verificou-se que se tratavam de infecções por Plasmodium. Dentre as espécies positivas, 13 são depositada. O PCR mostrou-se mais sensível do que a microscopia, detectando praticamente o dobro de infecções. Esse resultado indica a presença de baixas parasitemias característico de Plasmodium na fase crônica da doença. As sequências obtidas regiões geográficas. Duas espécies com resultados positivos eram animais ameaçados de extinção, ressaltando a importância da padronização de protocolos de quarentena e de exames Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 264 | P á g i n a Pôster Científico - 18 Wizard SV 96 Genomic DNA Purification Anticorpos anti-Leishmania chagasi em mamíferos silvestres de vida livre da região Anti-Leishmania chagasi antibodies in free-ranging wild mammals from the region of Botucatu, São Paulo Laís Moraes Paiz1; Felipe Fornazari2; Benedito Donizete Menozzi2; Gabriela Capriogli Oliveira2; Carla Janeiro Coiro2; Carlos Roberto Teixeira2; Valdinei Moraes Campanucci da Silva3; Helio Langoni2 1 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil 2 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil 3 Secretaria Municipal da Saúde de Botucatu, SP, Brasil Contato: [email protected] A leishmaniose visceral americana (LVA) Botucatu, São Paulo, município silencioso é causada por protozoários da espécie Leishmania chagasi, transmitidos por fêmeas dípteras infectadas de Lutzomyia longipalpis e L. cruzi. Os mamíferos são para LVA e cuja presença do vetor não foi constatada. As amostras de soros sanguíneos foram colhidas entre 2007 e 2013 e armazenados em soroteca no Núcleo de Pesquisas em Zoonoses da UNESP de Botucatu. As amostras foram obtidas na UNESP de Botucatu, durante o atendimento ambulatorial realizado pelo Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Silvestres (CEMPAS) ou a partir hospedeiros suscetíveis e os reservatórios silvestres conhecidos são a raposa (Lycalopex vetulus), o cachorro do mato (Cerdocyon thous) e o gambá (Didelphis spp.).1 Diante da urbanização, expansão de áreas endêmicas e aparecimento de novos focos da LVA, torna-se importante investigar o papel das espécies silvestres em sua epidemiologia. Assim, este trabalho teve por objetivo pesquisar anticorpos anti-L. chagasi pelo teste de aglutinação direta (DAT) em 528 mamíferos pertencentes a 38 espécies silvestres de vida livre da região de de quirópteros destinados ao diagnóstico de raiva no Serviço de Diagnóstico de Zoonoses, além de captura em fragmentos florestais do município com o uso de armadilhas do tipo tomahawk (SISBIO nº 33162-1). O DAT foi realizado de acordo com Garcez et al.2 com modificações, diluindo-se os soros de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 265 | P á g i n a Pôster Científico - 19 de Botucatu, São Paulo Títulos ≤ 320 foram detectados em 58/528 antígeno líquido produzido com promastigotas de L. (L.) major-like, animais (10,9%) de treze espécies, incluindo um grande número de D. albiventris (n=297) e de animais da ordem até 1:40.960 e utilizada para detecção de anticorpos antiL. chagasi. As prevalências e intervalos de confiança foram calculadas para o ponto de corte de 1:320,3 mas também para 1:640, buscando-se aumentar a especificidade e reduzir resultados falsopositivos, pois não há consenso sobre esse parâmetro para espécies silvestres. Os resultados indicaram prevalência de 1,7% (9/528; IC95% 0,3-1,6%) para o ponto de corte de 1:320, sendo reagentes as espécies sagui de tufo branco (Callithrix jacchus) (1/1; 100,0%), irara (Eira barbara) (1/2; 50,0%; IC95% 0,0100,0), furão (Galictis cuja) (3/6; 50,0%; IC95% 9,9-90,0), lebre (Lepus europaeus) (1/8; 12,5%; IC95% 0,0-35,4), ouriço cacheiro (Sphiggurus villosus) (1/15; 6,7%; IC95% 0,0-19,3) e quati (Nasua nasua) (2/43; 4,6%; IC95% 0,0-10,9). Com exceção desta última, não foram encontrados, no Brasil, registros de evidência sorológica de infecção por Leishmania spp. nas outras cinco espécies. Para o ponto de corte de 1:640 a prevalência foi de 0,9% (5/528; IC95% 0,1-1,0%), com apenas quatro espécies soropositivas, sendo furão (2/6; 33,3%; IC95% 0,0-71,0) e quati (1/43; 2,3%; IC95% 0,0-6,8), além de ouriço cacheiro e irara, com os mesmos valores de prevalência observados para 1:320. Títulos elevados de 1.280, 2.560 e 5.120 UI foram observados, respectivamente, em um quati, uma irara e um furão. CHIROPTERA (n=59), mas não se pode afirmar que estes foram soropositivos, uma vez que o ponto de corte para essas espécies não foi definido. O DAT possui a vantagem de não necessitar de antiimunoglobulina espécie-específica e, embora apresente elevada sensibilidade e especificidade, não se pode excluir a possibilidade de reações sorológicas cruzadas com outros cinetoplastídeos. Conclui-se que há uma baixa prevalência de mamíferos silvestres apresentando anticorpos anti-L. chagasi na região de Botucatu, SP, que foram detectados, nesse estudo, especialmente em espécies da família MUSTELIDAE. Contudo, essa evidência sorológica indica a provável circulação do parasita em um município onde não existem registros do vetor ou de casos autóctones, tornandose importantes, mesmo em regiões silenciosas, as medidas de vigilância epidemiológica, visando evitar a introdução e expansão da enfermidade. Referências Bibliográficas: 1) Who. Control of the leishmaniasis: report of a meeting of the WHO Expert Committee on the Control of Leishmaniases. Geneva, technical report series, no 949, 2010. 2) Garcez LM, Silveira FT, Harith A, Lainson R, Shaw JJ. Experimental cutaneous leishmaniasis IV. The humoral response of Cebus apella (Primates: Cebidae) to Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 266 | P á g i n a Pôster Científico - 19 adicionando-se 1:20 Akhoundi B, Naeini KM, Avizeh R, Fakhar amazonensis, L. (Vianna ) lainsoni and L.(V.) brazilienses using the direct agglutination test. Acta Tropica, v.68, p. M. Epidemiological aspects of canine visceral leishmaniosis in the Islamic Republic of Iran. Veterinary Parasitology, 65-76, 1997. 3) Mohebali M, Hajjaran H, Hamzavi Y, Mobedi I, Arshi S, Zarei Z, v.129, p. 243-251, 2005. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 267 | P á g i n a Pôster Científico - 19 infections of Leishmania (Leishmania) Bioquímica plasmática de jiboias amazônicas (Boa constrictor constrictor) de vida Plasmatic biochemistry of free-ranging red-tailed Boa (Boa constrictor constrictor), Manaus, Central Amazônia Priscilla Rodrigues Mady Paciullo1; Karolline Pereira de Assis Pereira1; Laerzio Chiesorin Neto2; Ronis da Silveira3; Jaydione Luiz Marcon3 1 Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM), AM, Brasil 2 Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS), Manaus, AM, Brasil 3 Universidade Federal do Amazonas (UFAM), AM, Brasil Contato: [email protected] Serpentes pertencentes ao gênero Boa diferenças entre os níveis plasmáticos possuem ampla distribuição geográfica e são consideradas atualmente repteis generalistas na ocupação de habitats adversos. Apesar de serem abundantes em diversas regiões, existe uma escassez de parâmetros bioquímicos para jiboias de vida livre, devido principalmente, a dificuldade de localizar os indivíduos. Em Manaus, a subespécie Boa constrictor constrictor habita fragmentos florestais dos metabólitos de machos e fêmeas. A pesquisa foi autorizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS) de Manaus. Os 25 exemplares machos e 22 fêmeas clinicamente saudáveis amostrados neste trabalho foram provenientes de resgates realizados pelo poder público na área urbana de Manaus e recebidos no CETAS-Sauim Castanheiras no período existentes na cidade, e compõem um dos animais resgatados com maior frequência pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres-Sauim Castanheiras (CETASSauim Castanheiras). Neste contexto, o presente estudo visou obter valores bioquímicos regionais para jiboias de vida livre, avaliando ainda se ocorriam de outubro de 2012 a janeiro de 2014. O sangue das serpentes foi coletado por punção do seio venoso intervertebral com seringas acopladas a agulhas 22Gx1, e armazenado em tubos de 4 mL contendo heparina lítica (Vacuplast™). Ao terminar a coleta de sangue, todos os indivíduos foram sexados e microchipados. O Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 268 | P á g i n a Pôster Científico - 20 livre, Manaus, Amazônia Central coletado foi levado para o em estudos realizados com jiboias Laboratório de Fisiologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) onde foi centrifugado para obtenção do plasma. A análise bioquímica do plasma sanguíneo foi feita em sistema automatizado (ChemWell 2910®), utilizando kits comerciais (LabTest™) específicos para dosagem de cálcio, colesterol total, triglicérides e glicose. Para avaliar se amazônicas de cativeiro no estado do Pára. Nível de colesterol mais alto em machos já foi relatado para Viperídeos.1 Este fato pode estar associado às particularidades reprodutivas dos machos. Dessa forma, o trabalho permitiu obter os primeiros dados bioquímicos de jiboias de vida livre em Manaus. Além disso, gerou informações para melhor compreensão de existiam diferenças significativas entre o valor dos metabólitos de machos e fêmeas os dados obtidos foram analisados estatisticamente pelo teste de Mann-Whitney no programa BioStat. Os níveis de cálcio (10,5 a 25,5 mg/dL; média ± DP: 16 ± 2,9) e glicose (13 a 172 mg/dL; 62,3 ± 38,5) foram semelhantes (p>0,05) entre machos e fêmeas (Figura 1). Os machos apresentaram níveis de como fatores intrínsecos podem afetar os parâmetros fisiológicos dessa subespécie, situação esta, importante para o reconhecimento de valores plasmáticos normais ou patológicos. triglicérides (1 a 385 mg/dL; 45,3 ± 89,7) mais elevados (p<0,01) do que as fêmeas (1 a 22 mg/dL; 7,7 ± 5,5; Figura 1), ocorrendo o mesmo para os valores de colesterol (p<0,001). O sexo também não influenciou os valores de glicose e cálcio Referências Bibliográficas: 1) Rameh de Albuquerque LC. Aspectos hematológicos, bioquímicos, morfológicos e citoquímicos de células sangüíneas em Viperídeos neotropicais dos gêneros Bothrops e Crotalus mantidos em cativeiro [Tese de Doutorado]. São Paulo: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP; 2007. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 269 | P á g i n a Pôster Científico - 20 sangue Pôster Científico - 20 Figura 1. Relação entre os valores de cálcio, colesterol total, triglicérides e glicose em MG/dL e o sexo do animal. Cada círculo representa o valor do metabólito plasmático (indicado no eixo Y) de um indivíduo macho ou fêmea de Boa constrictor constrictor. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 270 | P á g i n a Dados zootécnicos de um criatório de paca (Cuniculus paca) na Amazônia Ocidental Vânia Maria França Ribeiro1; Maria do Carmo Portela2; Valderi Tananta Souza1 1 Universidade Federal do Acre (UFAC), AC, Brasil 2 Secretaria de Agropecuária do Estado do Acre (SEAP), AC, Brasil Contato: [email protected] Entre as espécies de animais silvestres mais predadas, a paca (Cuniculus paca) se destaca por ter sofrido significativa redução de suas populações, tanto pela caça predatória como pela destruição de seu habitat natural. Este trabalho teve como objetivo analisar e avaliar os dados os reprodutores bem como seus produtos, recebiam uma dieta baseada em frutas, tubérculos e verduras além de sal mineral à vontade. Durante este período de estudo observou-se no ano I o nascimento de 40 filhotes (75% machos e 25% fêmeas) oriundos de 25 matrizes e zootécnicos de um criatório de pacas (registro no IBAMA número 509309) em sistema intensivo de produção, no período de três anos. Foram verificados: número de nascimentos com porcentagem macho/fêmeas, período de gestação, idade ao primeiro parto, meses de concentração dos nascimentos, meses de maior mortalidade, taxa de 12 reprodutores, no ano II nasceram 37 (59% machos e 41% fêmeas) filhotes de 23 matrizes e 11 reprodutores e no ano III nasceram 30 filhotes (40% machos e 60% fêmeas) de 23 matrizes e 11 reprodutores totalizando 107 nascimentos. A média do período de gestação foi 152,33 ± 0,47 dias. A maior proporcionalidade de nascimento de pacas macho assim como mortalidade, nascimento por mês, peso ao nascer, peso por ocasião da desmama, ganho de peso ao mês, peso aos seis meses, intervalos entre partos e prolificidade. Os dados obtidos foram anotados em planilha do Excel 2007, onde foram analisados as Médias e Desvio Padrão dos dados. As matrizes e o período de gestação encontrado, também foi observada em criatório científico no Pará.1 A média idade ao primeiro parto foi 530 ± 101dias (15 meses e 15 dias), sendo esta inferior a de outros criatórios no Brasil.2 Os nascimentos ocorreram em todos os meses do ano com maior concentração Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 271 | P á g i n a Pôster Científico - 21 Zootechnical data from a paca farm (Cuniculus paca) in the Western Amazon intervalo para machos quanto para fêmeas. A observação de nascimentos em todos os meses do ano também foi observada por outros autores.1,2 Os meses de maior mortalidade de jovens e adultos foram: janeiro julho e agosto. A taxa de mortalidade 16,56%. Janeiro no Acre é um mês de grande índice pluviométrico e as instalações dos animais permaneciam prolificidade foram inferiores as de criatório em Belém do Pará.1 Portanto, as análises dos dados zootécnicos de um criatório intensivo de pacas submetidas a uma alimentação natural na Amazônia ocidental, permitem concluir que a criação destes animais em cativeiro parece ser uma das melhores alternativas para evitar sua extinção, proporcionam o uso na maioria dos dias muito úmidas neste período o que favorecia a problemas pulmonares e a coccidioses. Julho e agosto são meses quentes e úmidos quando se observava maior incidência de nematódeos gastrintestinais. A média de nascimentos por mês foi de 2,97 ± 256, tendo as crias média de peso ao nascer 777g ± 122,05 dados estes, próximos aos encontrados em criatórios de Belém no sustentável da espécie, além de ser fonte geradora de emprego e renda a produtores rurais. Pará.1 A média de peso a desmama (feita aos 30 dias), foi de 1650 kg ± 368,11,com uma média ganho de peso ao mês de 830g ± 320,36 e média peso aos seis meses 3216 kg ± 697,26. Pacas sadias devem ganhar entre 30 a 50 g de peso ao dia entre 10 a 100 dias pós-nascimento.3 A média de intervalo entre partos foi 184 ± 25,46 dias. A prolificidade foi de 1,60 nascimentos por fêmea ao ano em 2008 e entre partos bem como a Referências Bibliográficas: 1) Guimarães DA, Bastos LV, Ferreira ACS, Luz-Ramos RS, Ohashi OM, Ribeiro HL. Características reprodutivas da paca fêmea (Agouti paca) criada em cativeiro. Acta Amazônica, Manaus, v. 38, n. 3, p.531-538, 2008. 2) Nogueira TMR. Alguns parâmetros fisiológicos e reprodutivos da paca (Agouti paca, Linneus, 1766), em cativeiro. 1997. 118f. Dissertação Mestrado, Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal. Jaboticabal, São Paulo. 3) Hosken MF, Silveira AC. Criação de pacas. Coleção Animais Silvestres, v. 3, Viçosa-MG: Aprenda Fácil, 2001, 261 p. 2009 e 1,30 em 2010. A média de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 272 | P á g i n a Pôster Científico - 21 em agosto, outubro e novembro, tanto Avaliação hematológica em Chelonoidis carbonaria (Jabuti piranga) Bruno Carvalho da Silva Bergamini1; Raimundo Souza Lopez1; Miriam Harumi Tsunemi1; Lygia Karla Sanches Francelino2 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil 2 Médica Veterinária autônoma Contato: [email protected] Introdução: Os jabutis piranga (Chelonoidis carbonaria) são quelônios terrestres, com corpos compactos, cascos pesados, membros cilíndricos e robustos e podem ser encontrados em vida livre por todo o território nacional. Eles são trabalho teve como objetivo estudar a hematologia da espécie Chelonoidis carbonaria através da coleta de animais clinicamente saudáveis; além de comparar os parâmetros hematológicos em dois momentos distintos, procurando considerados animais de estimação e frequentemente são recebidos para atendimento na clínica de animais silvestres.1 Esta espécie possui referencias hematológicas limitadas, e tais parâmetros tem alta variação de acordo com a idade, sexo, níveis de estresse, níveis nutricionais e estação do ano em que se dá o exame.2 A encontrar possíveis variações sazonais e visando contribuir para um melhor atendimento desta espécie. Hematologia é um recurso fundamental para avaliar as condições clínicas do animal: variações no eritrograma podem indicar anemia ou policitemia, variações no leucograma podem mostrar alterações no sistema imunológico e variações no numero de trombócitos podem indicar alterações na hemotasia.1 O presente Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da UNESP, Campus de Botucatu. Durante os meses de Janeiro e Junho de 2011, foram coletadas 6 amostras (3 em cada momento) de sangue de 3 animais da espécie Chelonoidis carbonaria, Material e Métodos: A pesquisa foi conduzida no Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Selvagens (CEMPAS) e no Laboratório Clinico Veterinário Profa. Dra. Aguemi Kohayagawa da Faculdade de Medicina clinicamente saudáveis Após contenção física adequada para a espécie,1 o Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 273 | P á g i n a Pôster Científico - 22 Hematological evaluation on Chelonoides carbonaria (Red-footed tortoise) nenhuma alteração relevante. Pode-se o local mais adequado para evitar a contaminação com linfa; quando tal acesso não era possível, a colheita foi realizada no seio subcarapacial. Duas lâminas foram confeccionadas a partir do sangue contido diretamente na seringa, permitindo melhor visualização da 2 morfologia celular. As contagens celulares foram realizadas utilizando o verificar que em nenhum parâmetro o valor de p foi menor que 0,05 - portanto podemos concluir que nenhum dos parâmetros obteve uma variação estatisticamente significativa. método manual em câmara de Neubauer (com o diluente azul de toluidina). A hemoglobina foi dosada pelo método da cianometahemoglobina. O volume globular foi mensurado pelo método de microhematócrito. As lâminas foram preparadas com o corante de Wright e analisadas em microscópio óptico, na objetiva de 1000X. Os resultados foram analisados estatisticamente, no valores hematológicos. As causas prováveis para tal achado foram o baixo número de animais e de amostras. Ainda assim, este trabalho propiciou maior familiaridade com os parâmetros hematológicos da espécie, treinamento de técnica de coleta e contenção dos animais. Departamento de Bioestatística, da UNESP de Botucatu. Foi utilizado o Teste de Wilcoxom, utilizando o nível de significância de 5% (p<0,05).3 Dias JL, Cubas ZS, Silva JCR. Tratado de Animais Silvestres. 1ª ed; Roca: São Paulo, 2007. 2) Thrall MA, Weiser G, Allison RW, Campbell TW. Veterinary Hematology and Clinical Chemistry. 2ª ed; Wiley- Blackwell: Oxford, 2012. 3) Bussab WO, Morettin PA. Estatística Básica. 5ª ed; Editora Saraiva: São Paulo; 2002. Resultados: Os resultados estão listados na tabela 1. Nas lâminas de esfregaço, como esperado, não foi observada Discussão: Apesar da variação não ser estatisticamente significativa, não é possível afirmar que esta espécie não possua uma variação sazonal em seus Referências Bibliográficas: 1) Catão- Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 274 | P á g i n a Pôster Científico - 22 material foi colhido da veia jugular, por ser Pôster Científico - 22 Tabela 1. Comparação das medidas entre os dois momentos de colheitade sangue de Chelonoidis carbonaria por meio do teste de Wilcoxon. Figura 1. Eritrócitos, Leucócitos e Trombócito de Chelonoidis carbonária. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 275 | P á g i n a Registro de afecções orais em mamíferos selvagens da região de Anhembi, Bofete e Record of oral diseases in wild mammals in the region of Anhembi, Bofete and Torre de Pedra - SP Marina Gea Peres1; Elisangela Peres Freitas2; Thais Silva Bacchiega1; Camila Michele Appolinário1; João Marcelo Azevedo de Paula Antunes3; Susan Dora Allendorf1; Acácia Ferreira Vicente1; Mateus de Souza Ribeiro Mioni1; Clóvis Rinaldo Fonseca1; Jane Megid1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil 2 Centro Odontológico Veterinário - ODONTOVET unidade Campinas (ODONTOVET), SP, Brasil 3 Universidade Federal Rural do Semi Árido (UFERSA), Brasil Contato: [email protected] Introdução: Pesquisas recentes vêm descrevendo afecções bucais de mamíferos selvagens cativos e relacionando-as à alimentação, muitas vezes inadequada, ofertada a eles nesse ambiente.1 As afecções mais comumente relatadas são gengivite, acúmulo de placa bacteriana, formação de cálculo dentário, retração gengival, fraturas de coroa e raiz onca) cativas e de vida livre, no qual dental, exposição pulpar traumática, desgaste e ausência de elementos dentários.1,2 Observa-se, no entanto, escassez de registros das mesmas afecções em indivíduos de vida livre, como demonstrado em um estudo que comparou a prevalência de doença periodontal em onças pintadas (Panthera bucal que diminuiu significantemente após o tratamento do problema dentário e resolução do mesmo.3 Considerando a escassez de informações das afecções bucais em animais de vida livre e a importância do diagnóstico precoce em animais cativos, o presente relato tem por objetivo divulgar os achados de afecções observou-se alta prevalência de lesões relacionadas ao periodonto em indivíduos cativos, e nenhum registro em indivíduos de vida livre.2 O desconhecimento das lesões orais, embora aparente ser um problema menor, pode causar consequências sérias. Há evidencias de agressividade em animais com afecção Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 276 | P á g i n a Pôster Científico - 23 Torre de Pedra-SP em mamíferos selvagens indução anestésica, amostras de sangue capturados durante um estudo sobre o ciclo silvestre do vírus Vaccinia na região de Bofete Anhembi e Torre de Pedra-SP. eram coletadas por punção da veia jugular para a referida pesquisa do vírus Vaccinia. Por tratar-se de animais de vida livre todos os achados (sexo, presença ou ausência de feridas, de ectoparasitas, e de afecções na cavidade bucal) foram registrados em fichas de coleta e por meio de fotografias, para posterior análise. Para retorno seguro do plano Material e Métodos: Os dados apresentados no presente relato foram coletados durante o período de maio a setembro de 2011 quando foram realizadas capturas em áreas de mata nativa de 47 propriedades rurais produtoras de leite, sendo 10 em Torre de Pedra, 15 em Bofete e 22 em Anhembi no estado de São Paulo, sendo a pesquisa aprovada no Comitê de Ética no Uso de Animais da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP Botucatu sob o protocolo No 112/2010-CEUA. A captura de mamíferos selvagens in situ foi anestésico, os animais eram postos novamente na armadilha e liberados na manhã seguinte. Os achados referente as afecções da cavidade bucal registrados foram encaminhados à especialista de odontologia veterinária para análise dos mesmos. autorizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio através do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO sob No 23918-1. O esforço de captura foi de cinco dias em cada área de mata nativa amostrada, realizado em duas ou três propriedades simultaneamente. Em cada área de mata nativa foi aberto um albiventris dos quais 36 eram machos transecto linear de aproximadamente 200 m no qual foram dispostas três armadilhas do tipo Tomahawk, contendo coxa ou sobrecoxa de frango como isca, as quais eram vistoriadas pela manhã para a presença de animais. Todos os animais foram anestesiados com uso de Tiletamina associada a Zolazepan. Após oral foram registradas em dois indivíduos, uma fêmea de Didelphis albiventris (Figura 1) e uma fêmea de Nasua nasua (Figura 2 e 3). Na Didelphis albiventris Resultados e Discussão: Foram capturados 83 mamíferos de pequeno e médio porte, sendo 58 Didelphis (quatro jovens e 32 adultos) e 22 fêmeas (cinco jovens, 17 adultas), 16 Didelphis aurita adultos dos quais quatro eram fêmeas e 12 eram machos, quatro Nasua nasua (três machos adultos e uma fêmea adulta) quatro Cerdocyon thous fêmeas adultas, e um Leopardus pardalis macho adulto (Tabela 1). Afecções em cavidade verificou-se acúmulo de placa bacteriana na superfície do esmalte dos dentes, desgaste dental com perda da cúspide da coroa em diversos dentes, fratura de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 277 | P á g i n a Pôster Científico - 23 bucais logo, exposição de polpa e cálculo dental grau II (Figura 1). Na Nasua nasua identificou- probabilidade de registros de suas afecções orais. Didelphis albiventris e Nasua nasua, embora de ordens se desgaste dental nas cúspedes de caninos e incisivos inferiores e superiores, presença de gengivite grau III na região dos incisivos superiores centrais, acúmulo de placa bacteriana e cálculo dental nos caninos superior e inferior direito (Figura 2), desgaste de coroa dental em prémolares superiores, desgaste acentuado de coroa dental de incisivos inferiores, retração gengival em canino inferior direito, e ausência de pré-molares inferiores do lado direito da cavidade oral (Figura 3). Há diversos estudos abordando aspectos morfofuncionais dos dentes e saúde bucal em quatis (Nasua nasua) e gambás (Didelphis albiventris) mantidos em cativeiro,4,5 entretanto afecções orais em indivíduos de vida livre são pouco relatadas no Brasil. Sabe-se que as estruturas da cavidade oral exercem as funções de introduzir alimento e líquido ao trato digestivo, proteger contra forças externas tais como predadores ou brigas entre rivais, proteger contra microorganismos e outras injúrias por ingestão de materiais abrasivos, além de comunicação, reconhecimento e estimulação sexual.6 Talvez por esse motivo, os registros de affecções orais em animais de vida livre sejam tão escassos, pois uma vez debilitados em sua capacidade de ingestão de alimentos e defesa, apresentem maior vulnerabilidade o que provavelmente faz com que pereçam diminuindo dessa forma a diferentes, são mamíferos onívoros pouco seletivos em suas dietas, que é constituída por uma variedade de itens (ovos, aves, repteis, anfíbios, pequenos mamíferos, moluscos, frutas, folhas, sementes), de acordo com a época do ano e disponibilidade de alimento, mas não está claro se apenas a dieta influencia no surgimento de afecções orais, ou se as mesmas estão relacionados ao avanço de idade nos animais. Ambas as fêmeas eram adultas, mas aparentavam ser animais velhos, o que está de acordo com os achados em cavidade oral de Guaxinis (Procyon lotor) aparentemente mais velhos descritos por Hungerford e colaboradores.7 Conclusões: A saúde bucal e os mecanismos que levam à perda da mesma são tão importantes para o bem estar individual e conservação das espécies, que mesmo as pesquisas com outros enfoques devem registrar e divulgar seus achados, contribuindo assim para a diminuição da escassez de informações relacionadas à saúde bucal em animais de vida livre. Referências Bibliográficas: 1) Costa RCS, Botteon RCCM, Neves DM, Valladares MCM, Scherer PO. Saúde oral de primatas da espécie Cebus apela mantidos no centro de triagem de animais silvestres-IBAMA, Estado do Rio de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 278 | P á g i n a Pôster Científico - 23 coroa no canino inferior esquerdo com 34(4): Veterinária 2012; 34(2): 86-90. 2) Rossi Jr JL, Gioso MA, Domingues-F LM. Estudo comparativo sobre prevalência de doença periodontal em Panthera onca mantida Mançanares CAF, Bertassoli B, Lima JMN, Thomaz JM, Carvalho AF. Classificação Morfofuncional dos dentes de quati, Nasua nasua. Pesquisa em cativeiro e em indivíduos em natureza. Pesquisa Veterinária Brasileira 2007; 27(5):209-214. 3) Wiggs RB, Lobprise HB. Veterinary Dentistry: Principles and Pratice. Philadelphia: Lippincott-Raven; Veterinária Brasileira 2011; 31(5): 447451. 6) Harvey C, Emily P. Small Animal Dentistry. St. Louis: Mosby – year book inc; 1993. 7) Hungerford LL, Mitchell MA, Nixon CM, Esker TE, Sullivan JB, 1997. 4) Aguiar MS, Ferigolo J, Rossi Jr JL, Gioso MA. Atrição dental em Didelphis albiventris e D. marsupialis (Marsupialia, Koerkenmeier R, Marretta SM. Periodontal and dental lesionsin raccoons from a farming and a recreational area in Illinois. Journal of Wildlife Diseases 1999; 35(4): 728-734. Didelphimorphia, Didelphidae) do Sul do Brasil. Ciencia Rural, Santa Maria 2004; 1127-1132. 5) Pieri NCG, Tabela 1. Total de espécies de mamíferos selvagens capturados na região de Anhembi, Bofete e Torre de Pedra-SP. Mamíferos Capturados Torre de Pedra Espécie Idade Macho Fêmea Didelphis albiventris Jovem 2 1 Adulto 3 Idoso Didelphis aurita Bofete Macho Fêmea 16 3 10 3 Anhembi Macho Fêmea 2 4 13 13 1 Jovem Adulto 2 1 Idoso Nasua nasua Jovem Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 279 | P á g i n a Pôster Científico - 23 Janeiro. Revista brasileira de medicina 1 2 Idoso Cerdocyon thous 1 Jovem Adulto 1 3 Idoso Leopardus pardalis Jovem Adulto 1 Idoso Figura 1. Afecções bucais em Didelphis albiventris. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 280 | P á g i n a Pôster Científico - 23 Adulto Pôster Científico - 23 Figura 2. Afeções bucais em Nasua nasua. Figura 3. Afeções bucais em Nasua nasua. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 281 | P á g i n a Avaliação através de exame clínico e complementar das serpentes do biotério da Evaluation through the clinical examination and supplementary of snakes from vivarium of Dom Bosco Catholic University, Campo Grande, Mato Grosso do Sul Rafaela Dutra Azuaga1; Paula Helena Santa Rita1 1 Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Brasil Contato: [email protected] A manutenção de serpentes em cativeiro tem favorecido um maior conhecimento sobre a biologia e a saúde destes animais, entretanto, quando apresentam alterações comportamentais e fisiológicas é necessária a realização do exame físico desnutrição, disecdise, lesão tegumentar por trauma, ectoparasitismo e eliminação de oocitos não fertilizados no recinto. Como auxilio ao diagnóstico clinico, a informação hematológica é essencial para reconhecer alterações no perfil do e complementar para melhor compreensão das condições do estado funcional do paciente e auxílio na conduta terapêutica. Desta forma, foram avaliadas 60 serpentes pertencentes ao plantel do Biotério da Universidade Católica Dom Bosco que após apresentarem sintomatologia clínica, foram submetidas à avaliação física e a análise hematológica. Os animais foram paciente enfermo e neste contexto, foi realizada a punção da veia caudal do espécime para a retirada de um volume sanguíneo de aproximadamente 1% do peso do animal (Figura 2) e foi feita a confecção de esfregaço sanguíneo. No exame morfológico das células sanguíneas a leucometria específica observada foram os eritrócitos, trombócitos e os leucócitos, classificados avaliados em condições macroscópicas, nível de hidratação através do teste de turgor cutâneo, avaliação do escore corporal, condições da mucosa oral e cloacal e foram detectadas diversas afecções. Foram observados sintomas sugestivos de estomatite (Figura 1), infecção por fungo, desidratação, em Azurófilo, Heterófilo, Basófilo e Linfócito, porém, não foi diagnosticada a presença de hemoparasitos e diferenças morfoanatômicas das células sanguíneas entre as espécies avaliadas. Esta avaliação é essencial para o conhecimento da clínica de serpentes em cativeiro e sendo imprescindível para Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 282 | P á g i n a Pôster Científico - 24 Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Campo Grande, Mato Grosso do Sul proporcionar a qualidade sanitária desses Pôster Científico - 24 animais, contribuindo assim, para a manutenção do ambiente, manejo e no monitoramento das espécies cativas. Figura 1. Imagem de lesão sugestiva de estomatite em serpente do Biotério da Universidade Católica Dom Bosco. Figura 2. Imagem que demonstra punção da veia caudal de serpente do Biotério da Universidade Católica Dom Bosco para a colheita de sangue. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 283 | P á g i n a Avaliação da existência de isolamento reprodutivo entre Mazama gouazoubira e Existence of reproductive isolation among Mazama gouazoubira and Mazama nemorivaga by evaluation of hybrid males: preliminary results Gabriela Martins1; José Maurício Barbanti Duarte1 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil Contato: [email protected] Os veados cinza do Brasil abrangem duas espécies: o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e o veado-roxo (Mazama nemorivaga). De maneira geral a área ocupada pelo M. nemorivaga é complementar àquela ocupada pelo M. reprodutivo pós-zigótico. Serão avaliadas as características seminais, histologia testicular e perfis de metabólitos da testosterona de seis animais, sendo três M. gouazoubira puros, um M. nemorivaga gouazoubira. espécie válida, porém, na maioria dos conceitos de espécie aceitos atualmente, espécies. Após o desmame (seis meses), fezes frescas foram coletadas até os 20 meses de idade, uma vez por semana para posterior dosagem hormonal de metabólitos de testosterona. Aos 20 meses de idade os animais foram anestesiados, submetidos a eletroejaculação para a colheita de sêmen e a orquiectomia unilateral. O sêmen foi analisado macroscopicamente (cor e está implícita a ideia de que duas espécies devem ser não apenas geneticamente distintas, mas reprodutivamente isoladas. Este trabalho tem como objetivo avaliar a fertilidade de animais resultantes de cruzamentos intra e inter espécies, a fim de evidenciar a presença ou ausência do isolamento volume) e microscopicamente (motilidade, vigor, defeitos primários e secundários e citometria de cabeça). Os fragmentos de testículos foram fixados e corados com HE e as lâminas, observadas em microscópio óptico, sendo que 60 secções de túbulos seminíferos tiveram diâmetro e altura de epitélio seminífero Este fato associado a características morfológicas relativamente semelhantes ao M. gouazoubira, colocou em dúvida a classificação taxonômica do M. nemorivaga como espécie durante muitos anos. Estudos citogenéticos e morfométricos contribuíram para a afirmação do M. nemorivaga como puro e dois híbridos entre as duas Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 284 | P á g i n a Pôster Científico - 25 Mazama nemorivaga por meio de machos híbridos: resultados preliminares 3,41 ± 0,44 µm; A: 40,37 ± 4,92 µm). seminíferos foram analisadas para quantificação da população de células de linhagem espermática. Até o presente momento foram analisadas características seminais e histológicas de dois M. gouazoubira puros (CF01 e CF02) e um Valores médios semelhantes foram descritos em espécimes de Mazama americana de idade aproximada. A híbrido (CF03). O animal CF01 apresentou características seminais inferiores do que CF02 e o híbrido CF03 análise morfométrica dos túbulos seminíferos dos 3 animais encontra-se disposta no gráfico da Figura 1. CF01 e CF02 apresentaram médias semelhantes ás descritas em outros estudos sobre a mesma espécie. CF03 apresentou mostrou-se completamente azoospérmico. Dentre as estruturas morfológicas dos espermatozoides que apresentaram maiores porcentagens de defeitos em CF01 e CF02, destacam-se a cabeça, seguida por peça intermediária e flagelo, indicando uma predominância de defeitos primários, ocorridos durante a espermatogênese. A análise citométrica da cabeça dos espermatozoides de CF01 diâmetro tubular e altura de epitélio visivelmente menores, se comparadas a CF01 e CF02. O estudo morfológico dos núcleos e nucléolos das células do interior dos túbulos seminíferos está disposto na tabela 1. É possível observar que o animal CF03 apresentou apenas 4 dos 6 tipos celulares observados, forte indicio da interrupção da espermatogênese durante a primeira meiose e provável mostrou os seguintes resultados: Comprimento (C): 7,60 ± 0,44 µm; Largura maior (LM): 4,25 ± 0,28 µm; Largura menor (Lm): 2,99 ± 0,35 µm e área (A): 27,51 ± 2,48 µm. Resultados próximos foram encontrados em CF02 (C: 9,79 ± 0,60 µm; LM: 4,83 ± 0,40 µm; Lm: causa da azoospermia. Com base nos resultados apresentados até agora, é possível afirmar que existam indicativos favoráveis à existência de isolamento reprodutivo entre as espécies relacionadas. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 285 | P á g i n a Pôster Científico - 25 mensurados. Dez secções de túbulos Pôster Científico - 25 Figura 1. Diâmetro (µm) e altura de epitélio (µm) dos túbulos seminíferos da prole de veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e veado-roxo (Mazama nemorivaga). Tabela 1. Médias (± desvios padrão) das porcentagens dos tipos celulares do epitélio seminífero da prole de veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e veado-roxo (Mazama nemorivaga). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 286 | P á g i n a Uso da ultrassonografia como método de diagnóstico na medicina de zoológicos: Use of ultrasound as a diagnostic method in zoo medicine: retrospective study of the exams performed from 2010 to 2013 at São Paulo Zoo, Brazil Claudia Regina G Rossi Ontivero1; Mirian Halásc Vac2,3,4; Mariana F Freitas5 1 Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil 2 Provet (PVT), Brasil 3 Instituto Veterinário de Imagem (IVI), Brasil 4 Spécialité (SPE), Brasil 5 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] / [email protected] Introdução: Este trabalho tem o objetivo de relatar a quantidade de exames ultrassonográficos realizados nos animais silvestres na Fundação Parque Zoológico de São Paulo, Brasil. A ultrassonografia é um método de diagnóstico não invasivo, que se baseia no fenômeno de interação do ultrassom com os tecidos, biópsia. Na Medicina de animais silvestres, os métodos de diagnóstico são de extrema importância para o sucesso de um tratamento, devido às suas diferentes características e da grande gama de doenças que podem afetar estes animais. Eles também podem ser utilizados no planejamento reprodutivo ou transformando os ecos produzidos pelos órgãos e estruturas avaliadas em imagens seccionais. É um dos métodos de diagnóstico mais utilizados, pois permite a avaliação de diferentes órgãos e estruturas, é dinâmico, possui baixo custo e permite guiar a colheita de materiais e a realização de citologia ou na medicina preventiva de um animal ou de sua população. Diversos trabalhos descrevem o uso da ultrassonografia no diagnóstico de doenças e na análise reprodutiva de espécies silvestres inclusive aquelas ameaçadas de extinção como elefantes e rinocerontes. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 287 | P á g i n a Pôster Científico - 26 estudo retrospectivo de exames realizados entre 2010 e 2013 no Zoológico de São Paulo, Brasil mordedora (Chelydra serpentina), uma as fichas clínicas e de medicina preventiva da Divisão de Veterinária da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, São Paulo - SP, Brasil no período de janeiro de 2010 até dezembro de 2013, quanto à utilização da ultrassonografia como meio de diagnóstico dividindo-se nas classes de mamíferos, aves e répteis. Arara Canindé (Ara ararauna) e um Macaco Aranha (Ateles sp). Pôde-se Resultados: Foram realizados, no total, 205 exames ultrassonográficos, sendo 44 exames em 2010, 50 exames em 2011, 84 exames em 2012 e 27 exames em 2013. De acordo com as classes dos animais obteve-se: 182 (88,78%) exames em mamíferos, 9 (4,39%) em aves e 14 (6,83%) em répteis. Dentre estes, destacam-se o diagnóstico de neoplasia testicular em dois exemplares de Cachorro-vinagre (Speothos venaticus), diagnóstico realizado com frequência e de grande importância para a medicina de animais silvestres no Zoológico de São Paulo, auxiliando na avaliação clínica, diagnóstico e tratamento de doenças e nos programas de medicina preventiva e de reprodução. A menor quantidade de exames ultrassonográficos realizados em aves, deve-se à presença de ar nos sacos-aéreos que dificultam a confirmado através da histopatologia como tumor de células de Leydig, diagnóstico e acompanhamento do tratamento em casos de ascite causada por cardiopatia em uma tartaruga detectar a gestação avançada em um Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e a avaliação dos órgãos reprodutivos em uma fêmea de Mico Leão de Cara Dourada (Leontopithecus chrysomelas). Discussão: Pode-se concluir que a ultrassonografia é um método de propagação da onda sonora. No entanto, o exame é aplicável em aves com ascite, organomegalias ou com janela de visualização adequada como nos animais de maior porte. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 288 | P á g i n a Pôster Científico - 26 Material e Métodos: Foram analisadas Avaliação coproparasitológica de serpentes Bothrops jararaca em cativeiro Nathielle de Lemos Perret Pedroto1; Alexandra Frossard1; Eduardo Lázaro Silva1; Maria Cristina Valdetaro Rangel1; Matheus Simão Santos1; Fabian Müller do Carmo1; Luis Felipe Silva Pereira Mayorga1; Fabio Ribeiro Braga1; João Luiz Rossi Junior1 1 Universidade Vila Velha (UVV), ES, Brasil Contato: [email protected] As serpentes são répteis da Ordem SQUAMATA que apresentam a característica de engolir suas presas inteiras, sejam invertebrados ou vertebrados. Dessa forma, também atuam como hospedeiros intermediários (Fi) dos táxons parasitários encontrados através da fórmula Fi = 100ni / n; onde ni é igual ao número de fezes em que cada táxon parasitário foi observado e n é igual ao número total de fezes que continham ao menos algum tipo de parasita. A paratênicos e definitivos de muitos ecto e endoparasitas. Em relação aos helmintos, são listadas 44 espécies de trematódeos, 40 espécies de nematódeos e 10 espécies de cestódeos em serpentes brasileiras. O objetivo do presente trabalho é avaliar os táxons componentes da helmintofauna gastrointestinal de 42 exemplares de Bothrops jararaca pesquisa foi aprovada pelo Comissão de Ética no uso de Animais da Universidade Vila Velha (CEUA- 283/2013). Em 14 indivíduos parasitados por nematódeos (33,3%), encontraram-se representantes do gênero Kalicephalus em sete originários de um serpentário particular no Espírito Santo. Os animais utilizados no estudo foram enviados para o Setor de Animais Selvagens da Universidade Vila Velha, onde foram foram vermifugados. Fezes foram colhidas e processadas pelo método de centrífugo-flutuação, sendo examinadas à microscopia optica. Calculou-se a frequência da ocorrência serpentes (50%), representantes da família OXYURIDAE em quatro (28,57%), o gênero Ophidascaris em dois (14,28%), o gênero Strongyloides em dois (14,28%), o filo ACANTOCEPHALA em um (7,14%) e ovos de nematoides não identificados em um (7,14%). O parasita intestinal Kalicephalus sp. é responsável por causar diarréia, letargia, regurgitação e anorexia, além de possível evolução para larva migrans visceral, podendo ocasionar problemas no sistema respiratório. A alta Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 289 | P á g i n a Pôster Científico - 27 Coproparasitological evaluation from Bothrops jararaca in captivity estrongilídeos, Strongyloides sp. pode ser explicada pelo seu ciclo de vida direto, o que promove a sua circulação no ambiente de propagação. Os oxyurídeos são encontrados parasitando o intestino grosso das serpentes, que se infectam através da ingestão de ovos infectantes, comum em cativeiro. O gênero Ophidascaris é capaz de causar encontrado no intestino delgado de várias espécies de répteis, podendo causar diarréia, anorexia e perda de peso. Já o filo ACANTHOCEPHALA compreende parasitas encontrados em mamíferos, aves, peixes, anfíbios e répteis, inclusive serpentes mantidas em cativeiro. A baixa incidência de parasitas nos animais utilizados no presente trabalho pode ser desse parasita pode gastroenterite e espessamento da parede do estômago e intestino e hemorragia de mucosa, dentre outras alterações, cuja causa está associada à obstrução e irritação da mucosa pela presença dos parasitos adultos. Dentre os explicada pelos cuidados proporcionados pelo manejo em cativeiro, tais quais vermifugação preventiva e fornecimento de alimento proveniente de biotério. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 290 | P á g i n a Pôster Científico - 27 ser incidência Censo de cães domésticos e avaliação da sua interação com os animais silvestres Census of domestic dogs and evaluation of their interaction with wildlife in the modified Brazilian Cerrado in Goiás Caio Filipe da Motta Lima1; Isis Zanini das Candeias2; Ricardo Corassa Arrais2; Fernanda Cavalcanti Azevedo2; Frederico Gemesio Lemos2,3; Jesse James Navatta4 1 Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil 2 Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC), Brasil 3 Universidade Federal de Goiás (UFG), GO, Brasil 4 Cornell University (CORNELL), Estados Unidos da América Contato: [email protected] Introdução: Estudos recentes Material e Métodos: Foram realizadas demonstraram que cães em áreas rurais representam ameaça aos animais silvestres através de predação, competição ou como fonte de doenças infecciosas. Na região do Limoeiro, município de Cumari (GO), é desenvolvido um programa de conservação com carnívoros silvestres desde 2002 e canídeos silvestres são frequentemente observados próximos a entrevistas com os habitantes da região citada no período de julho de 2014, onde foram abordadas questões relacionadas à demografia, saúde, e manejo dos cães e sua relação com seus proprietários e com a fauna local. Foram entrevistadas 36 famílias. A área total das propriedades entrevistadas totalizou 8320 hectares. residências humanas e em encontros agonísticos com cães domésticos. Este trabalho teve como objetivo realizar um censo da população de cães domésticos em áreas de fazendas desta região, assim como avaliar a interação destes com a fauna silvestre local. Resultados: A principal atividade econômica é a produção de gado de corte. A população total de cães em 2014 é de 122 indivíduos, representando um aumento de 25,77% em relação ao ano anterior. A densidade populacional é de 1,47 cães a cada 100 hectares. Quanto à origem dos cães, 41% vieram de áreas urbanas. Quanto ao manejo 91% dos Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 291 | P á g i n a Pôster Científico - 28 em área de cerrado alterado de Goiás atitude dos cães em relação aos animais longe da sede e 81% dos cães têm acesso à área de mata. Pela percepção dos entrevistados, os cães entram em contato com cachorro-do-mato e raposado-campo em 62% das propriedades e em 50% delas entram em contato também com lobo-guará. Em 78% dos cães não é realizado nenhum controle reprodutivo; 13% utilizam silvestres é de ataque por 77% dos indivíduos. Os animais citados como mais perseguidos foram: tamanduá-bandeira, quati, cachorro-do-mato e raposa-docampo. Os animais citados como mais caçados foram tamanduá-mirim e gambá. Com relação aos cães ferais 15% dos entrevistados relataram haver presença destes na região. anticoncepcional; e apenas 7% são castrados. Com respeito ao manejo sanitário dos animais no último ano 49% dos cães foram vacinados contra raiva; 15% foram vacinados com vacina polivalente; 30% receberam vermífugo; e foi realizado controle de ectoparasitas em 39% dos indivíduos. Pela percepção dos proprietários 8,2% dos cães foram considerados doentes atualmente, sendo Discussão: Pôde ser observada uma sobreposição intensa do uso de área dos cães com os canídeos silvestres, representando um elevado potencial de transmissão de patógenos entre eles. Além disso, é representativo o impacto direto dos cães sobre diversas espécies silvestres através da caça, podendo-se constatar que as interações dos cães com a fauna silvestre na região estudada é os sinais relatados: 40% trauma; 20% sinais neurológicos; 20% sinais gastrointestinais; 10% sarna; 10% condição corporal ruim. Em 43% das propriedades algum animal deixou de viver no local no último ano, destes 47% morreram; 37% foram doados; 16% desapareceram. Nos casos de óbito as características descritas foram: 49% recém nascidos; 22% idosos; 17% sinais influenciada diretamente pelos proprietários, pelo manejo e pelo papel que estes cães desenvolvem na comunidade. Este estudo destaca a importância do monitoramento ecoepidemiológico longitudinal da população de cães e de populações de animais silvestres simultaneamente, especialmente as populações de neurológicos; 6% ataque de tamanduábandeira; 6% eutanásia. As razões mais citadas para posse dos animais foram: companhia, defesa das criações e defesa da casa. Os cães foram citados como principal medida preventiva contra predação, sendo utilizados para este propósito em 77% das residências. A carnívoros. Compreendendo melhor a dinâmica populacional e os aspectos epidemiológicos envolvidos poderão ser propostas ações de manejo para conservação de espécies silvestres na região, mantendo a função social do cão na comunidade. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 292 | P á g i n a Pôster Científico - 28 cães permanecem soltos, 56% caminham Apresentação Oral - 1 Apresentação Oral Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 293 | P á g i n a Determinação não-invasiva da concentração de metabólitos de hormônios gonadais Non-invasive measurements ranfastides droppings of gonadal hormones metabolites concentrations in Daniel Bernardo Chabu1; Mathias Dislich2; Rupert Palme3; Marcelo Alcindo de Barros Vaz Guimarães1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ- USP), São Paulo, SP, Brasil 2 Parque das Aves, Foz do Iguaçu, PR, Brasil 3 Vetmeduni Vienna, Vienna, Áustria Contato: [email protected] Pouco se conhece acerca dos aspectos foram fisiológicos da reprodução de ranfastídeos, sendo estas informações importantes para sua conservação e criação em cativeiro. Métodos nãoinvasivos permitem análises a longo prazo e em espécies pequenas, além de facilitar estudos em vida livre e minimizar o estresse causado aos animais. Este trabalho teve por intuito a dosagem de metabólitos de testosterona (machos e diariamente para as fêmeas e três vezes por semana para os machos, durante dois meses em cada uma das fases; sendo diferenciadas no recinto (macho ou fêmea) com o auxílio de corante alimentar fornecido individualmente numa porção da ração de tucanos antes da primeira alimentação do dia. As amostras foram conservadas em nitrogênio líquido até liofilização e posterior extração dos fêmeas), progesterona e estradiol (somente fêmeas) nas excretas de 3 casais de tucano-toco (Ramphastos toco) metabólitos pela técnica de uma passagem em metanol 80%;1 sendo os extratos submetidos a quantificação dos metabólitos por enzimoimunoensaio.1,2 Foram realizadas as validações laboratorial e biológica dos ensaios. Os dados obtidos foram analisados para cada animal individualmente, sendo feita e 3 casais de tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus) mantidos no Parque das Aves – Foz do Iguaçu, dentro e fora da estação reprodutiva. Amostras das primeiras excreções de cada dia colhidas num horário fixo, Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 294 | P á g i n a Apresentação Oral - 1 em excretas de ranfastídeos para a maioria dos indivíduos, também concentrações entre as duas fases. Também foi realizada diariamente observação comportamental, seguindo os preceitos da metodologia de “amostragem instantânea” conforme estão descritos no trabalho de Altmann;3 e verificação dos ninhos quanto a presença de ovos. Os dados comportamentais mostraram que os animais foram mais ativos durante a condizente com o esperado. Além disso, aumentos acima de variações basais de metabólitos de testosterona foram associados à ocorrência de posturas, que foram realizadas por uma das fêmeas de R. toco. Todas estas questões precisam estação reprodutiva, porém comportamentos sociais e proximidade entre o casal se mostraram raros nas duas fases durante as sessões de observação. Isto pode ter se dado pela inexperiência e pouco tempo de formação dos casais, sendo que as ocorrências observadas foram principalmente nos casais que se conheciam há mais tempo. Não foram detectados metabólitos de entanto este trabalho mostrou que a técnica utilizada foi eficaz para dosagem de metabólitos de testosterona e progesterona nas excretas destes ranfastídeos, evidenciando variações sazonais nas concentrações hormonais; e indicando uma relação entre a concentração de metabólitos de testosterona e as posturas. estradiol em nenhuma das fases nas duas espécies, possivelmente pela falha do anticorpo utilizado em reconhecer os mesmos. Metabólitos de progesterona puderam ser detectados para as duas espécies na estação reprodutiva mas não fora dela, sugerindo que suas concentrações estiveram mais altas na estação, o que é condizente com o esperado. Metabólitos de testosterona puderam ser dosados em ambas as espécies, nas duas fases, tanto em machos quanto em fêmeas; sendo que os resultados mostraram concentrações maiores durante a estação reprodutiva ser avaliadas mais a fundo para serem plenamente comprovadas e descritos os perfis hormonais destas espécies. No Referências Bibliográficas: 1) Palme R. Measuring fecal steroids: guidelines for practical application. Annals of New York Academy of Sciences; 2005; 1046:75-80. 2) Palme R, Möstl E. Biotin-streptavidin enzyme immunoassay for the determination of oestrogens and androgens in boar faeces. In: Görög S, editor. Advances of steroid analysis. Budapest: Akadémiai Kiadó; 1994. p. 111117. 3) Altmann J. Observational study of behaviour: sampling methods. Behaviour; 1974; 49(3):227-267. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 295 | P á g i n a Apresentação Oral - 1 estatística descritiva e comparação das Identificação de endoparasitos encontrados em pequenos mamíferos do Cerrado e Identification of parasites found in small mammals of the Cerrado and evaluation of potential health effects on hosts Kássia Regina Aguiar Vieira1; Rafael Veríssimo Monteiro1; Ricardo Guirelli Simões Oliveira1 1 Universidade de Brasília (UNB), Brasília, DF, Brasil Contato: [email protected] O cerrado possui alta diversidade de espécies de pequenos mamíferos, sendo roedores e marsupiais os grupos com maior diversidade de espécies. Estes dois grupos são ecologicamente importantes e considerados espécies chave devido sua para visão de conservação quanto para seu controle. O grupo experimental foi composto por marsupiais e roedores capturados na Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília. Os animais capturados foram identificados, relevância para a existência de diversos animais e plantas. O parasitismo é uma interação ecológica que influencia nas características demográficas e afeta a dinâmica das populações hospedeiras. A presença de carga parasitária afeta o hospedeiro reduzindo sua longevidade e taxa reprodutiva e pode gerar resultados anormais nos exames clínicos. O objetivo deste trabalho foi esclarecer quais são os anestesiados (Cetamina 10 a 40 mg/Kg, dependendo do peso do animal), marcados com brincos específicos (National Band & Tag, Mod. 1005-1), realizada biometria e sexagem. Coletaram-se fezes, amostras de sangue e após recuperação dos animais todos foram liberados nos mesmos pontos de captura. A partir das amostras de fezes, foi calculada quantidade de ovos por efeitos da presença de parasitos na saúde de roedores e marsupiais, salientando a importância da integridade clínica do animal para a relação parasitohospedeiro e da disseminação de parasitos nos grupos avaliados. Estes efeitos são importantes no manejo das populações de pequenos mamíferos tanto grama (OPG), realizada a contagem, medição e identificação de ovos e oocistos por meio da análise morfológica por microscopia ótica (Figura 1). As amostras de sangue foram divididas em tubos com anticoagulante (EDTA), utilizados na realização dos hemogramas, e tubos sem anticoagulante, utilizados na Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 296 | P á g i n a Apresentação Oral - 2 avaliação dos potenciais efeitos na saúde dos hospedeiros da bioquímica sérica para exames de sangue. Os resultados obtidos obtenção dos valores de proteína total, albumina, globulina e fosfatase alcalina. Foi feita análise estatística para quantificar o efeito potencial da presença de parasitos sobre a saúde dos hospedeiros. Foram amostrados 218 indivíduos de 7 espécies já descritas na literatura. A prevalência geral de endoparasitos foi de 36,1%, divididos em indicam que a infecção por tricurídeo reduz a albumina sérica, em média, 0,76 g/L. A mastofauna encontrada foi compatível à apresentada em estudos feitos neste tipo de fitofisionomia, o que indica que a região possui riqueza e composição de espécies considerável e típica de mata de galeria. Apesar de 4 taxas terem obtido baixa prevalência, não seis taxa: coccídeo, espirurídeo, tricurídeo, estrongilídeo, ascarídeo e capilarídeo. Dentre os taxa, coccídeo (22,6%) e tricurídeo (16,6%) foram os mais presentes e os demais taxa obtiveram baixa prevalência (2,7%). A concentração de ovos por grama de fezes variou de 0,21 a 1,98. Cento e quatro animais tiveram amostras de sangue viáveis para a realização de hemograma se pode descartar sua importância epidemiológica, pois parasitos de muito alta ou muito baixa patogenicidade corriqueiramente têm baixas prevalências. Este trabalho apresentou novas informações quanto à padronização de valores dos exames de sangue dos grupos analisados, dados essenciais para avaliação da condição clínica do animal. Os resultados indicam que a infecção por e exame bioquímico. Foram obtidas médias e desvio padrão dos parâmetros avaliados nos exames de sangue (Tabela 1). Trinta e nove animais com amostras de sangue viáveis tiveram endoparasitos identificados em suas fezes. Utilizando os resultados destes animais, foram criados modelos de análise de variância relacionando a presença de parasito às variações nos parâmetros analisados nos tricurídeo reduz a albumina sérica do hospedeiro, fator que pode ser explicado devido à perda sanguínea e de nutrientes e irritação da mucosa intestinal causada pelo parasito. Esta redução de albumina sérica pode agir como facilitador para a infecção de outros parasitos, aumentando sua severidade. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 297 | P á g i n a Apresentação Oral - 2 avaliação Apresentação Oral - 2 Figura 1. Fotomicrografia de ovos e oocistos de endoparasitos. (A) Ovo de ascarídeo. (B) Ovo de capilarídeo. (C) Oocisto de coccídeo. (D) Ovo de estrongilídeo. (E) Ovo de espirurídeo. (F) Ovo de tricurídeo. Tabela 1. Média e desvio padrão dos parâmetros mensurados nos exames de sangue das quatro espécies com maior número de indivíduos amostrados. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 298 | P á g i n a Efeito de diferentes anticoagulantes em exames bioquímicos de Trachemys spp Pedro Hugo Henriques Cunha1; Fabiola Oliveira Paes Leme1; Gabriela Miccoli Alves1; Maria Gabriella Sa Fernandes1; Sheron Halfd Resende1 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil Contato: [email protected] O gênero Trachemys possui ampla distribuição, ocorrendo em todas as Américas. As Trachemys spp. são animais límnicos, onívoros (se alimentam de carne, frutas, vermes, pequenos crustáceos, etc), podem viver até 30 anos, possuem porte de médio a grande, mudanças de habitat e a alimentação. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos dos anticoagulantes EDTA-K3, citrato e heparina sódicos sobre os parâmetros bioquímicos de tigres d’água. Os procedimentos foram aprovados pelo IBAMA através do SISBIO, sob nº32233, sendo identificadas principalmente pelas faixas de ambos os lados da cabeça em tons de vermelho, laranja ou amarelos. A utilização de parâmetros bioquímicos para avaliação da saúde e estado clínico de quelônios, é essencial por representar uma ferramenta diagnóstica importante devido às características e particularidades da espécie. O e pelas normas da UFMG pelo CEU 80/2012. Foram utilizados setenta Trachemys scripta spp adultos, hígidos, estabelecimento de valores de referência, e a padronização da coleta de amostras podem ser úteis em inúmeros campos desde a prática clínica para animais de centros de reabilitação até a avaliação de animais de vida livre, representando um importante indicador ambiental, uma vez que estas espécies são sensíveis às animal foi mantida estável para a colheita de amostras de sangue. Foram colhidos cerca de 3 mL de sangue, não excedendo os 1% do peso vivo do animal, por meio do plexo do seio cervical, tomando-se cuidado para que a contaminação com linfa fosse mínima. Foi utilizada seringa de 3 mL e agulha 25x8, lavada de ambos os sexos, provenientes do CETAS do IBAMA-MG em Belo Horizonte – MG. Os animais tinham peso médio de 1,1kg e estavam acondicionados em recinto próprio. A contenção foi manual e, com auxílio de uma colher a cabeça do Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 299 | P á g i n a Apresentação Oral - 3 Effect of different anticoagulants in biochemical Trachemys spp kits comerciais já validados pelo prevenir a coagulação imediata. Após a coleta, o sangue foi distribuído em quatro frascos de 0,5 mL contendo: 1) 50 μL de EDTA-K3 a 10%; 2) 60 μL de citrato de sódio a 3,8%; 3) 100 μL de heparina sódica; 4) frasco sem coagulante para obtenção do soro. As amostras foram centrifugadas e separadas para as análises bioquímicas. A centrifugação foi laboratório de patologia clínica da EVUFMG. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente em blocos ao acaso utilizando-se ANOVA ou KruskalWallis (Tabela 1), dependendo da variável, ambos com margem de 5% de significância. Considerando-se uma variação de 10% como aceitável, amostras de plasma/EDTA apresentaram realizada inicialmente a 1000 rpm durante 1 minuto e a 4000 rpm durante 4 minutos para a obtenção do plasma nas amostras nos anticoagulantes e para obtenção do soro na amostra sem anticoagulante. Após a separação, o processamento bioquímico ocorreu em até uma semana. Foram dosados os seguintes analitos por técnica de colorimétrica: albumina, proteínas totais, uréia, creatinina, glicose, resultados semelhantes aos do soro para: albumina, colesterol, glicose, proteína total e triglicerídeos; no plasma/citrato para: ALT, AST, colesterol, glicose, LDH, magnésio, triglicerideos e uréia e, no plasma/ heparina: ALT, AST, colesterol, fósforo, proteína total, triglicerídeos e uréia. O analito cálcio não apresenta estabilidade em amostras de plasma. A partir dos resultados apresentados o alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), ácido úrico, colesterol, triglicerídeos, lactato desidrogenase (LDH), e os demais por método cinético: fósforo, cálcio e magnésio, em aparelho de bioquímica automático Cobas Mira Plus® utilizando citrato se mostrou válido para um maior número de análises bioquímicas do que EDTA e heparina, sendo o anticoagulante de escolha para a realização de análises bioquímicas em Trachemys spp. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 300 | P á g i n a Apresentação Oral - 3 internamente com heparina sódica para Tabela 1. Valores médios, seguidos do desvio padrão dos analitos bioquímicos de Trachemys spp. no soro e plasma colhidos em EDTA-K3, citrato de sódio e heparina de Apresentação Oral - 3 sódio (n=60). Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 301 | P á g i n a Avaliação sanitária de populações silvestres de anta brasileira (Tapirus terrestris) Health assessment of wild lowland tapir (Tapirus terrestris) populations in the Atlantic Forest and Pantanal biomes, Brazil (1996-2012) Renata Carolina Fernandes Santos1,2; Emília Patrícia Medici1,2,3; Paulo Rogério Mangini2 1 Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Brasil 2 Tapir Specialist Group (IUCN/SSC/TSG), Brasil 3 Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS/IPÊ), Brasil Contato: [email protected] The lowland tapir (Tapirus terrestris) occurs in South America and is listed as Vulnerable to Extinction by the IUCN Red using anesthetic darts. The study included physical, hematological and biochemical evaluations, microbiological cultures, List of Threatened Species. Health issues, particularly infectious diseases, are potential threats for the species. Health data from 65 wild lowland tapirs from two Brazilian biomes – Atlantic Forest (AF; 35 tapirs - 20 females, 15 males) and Pantanal (PA; 30 tapirs - 10 females, 20 males) – was collected during a long-term study (1996–2012). The AF study site (1996-2008) was located in Morro do urinalysis, and serologic analyses for antibodies against 13 infectious agents (viral and bacterial). The resulting extensive datasets can be used as reference values for wild tapirs. Physical abnormalities were mostly explained by age (e.g., tooth wear, ocular senile halo) or social behavior (e.g., scars, wounds) rather than disease. The AF and PA tapirs were significantly different for several Diabo State Park, western São Paulo State (22º16''S; 52º05'W); and the PA study site (2008-2012) was a private ranch located in the Nhecolândia sub region of the Pantanal, Mato Grosso do Sul State (19º20''S; 55º43'W). Three capture methods were used: 1) pitfalls, 2) box traps, and 3) darting from a distance hematological and biochemical parameters, as well as between wild (AF+PA) and captive tapirs (ISIS International Species Information System) (Tables 1 and 2). Some differences may be explained by seasonal availability of resources in the wild, diet, competition, and reproductive state. Ten bacteria taxa Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 302 | P á g i n a Apresentação Oral - 4 nos biomas Mata Atlântica e Pantanal, Brasil (1996-2012) population size). A greater diversity of PA, and a low similarity between sites was observed. Staphylococcus aureus and Escherichia coli were the most common. Some of the isolated bacteria are considered opportunistic microorganisms that can cause disease in immune depressed animals. Urinary analysis showed pH and specific gravity results similar to those described for horses. serovars and higher antibody titers were found in the PA. Leptospirosis is a zoonotic disease and its incidence is strongly associated with heavy rains, standing water, and hot climate. The Pantanal is a seasonally inundated floodplain and its intrinsic environmental characteristics may be favorable to pathogens whose epidemiologic cycles Antibodies against five viruses were detected: Bluetongue virus (95% CI: 0.3– 12.6% in AF, and 4.7–26.5% in PA), eastern equine encephalitis virus (95% CI: 7–30.4% only in AF), western equine encephalitis virus (95% CI: 0.06–15.7% only in AF), infectious bovine rhinotracheitis virus (95% CI: 0.06–15.7% in AF, and 0.3–12.3% in PA), and porcine parvovirus (95% CI: 90.3–100% only in depend on water. Another feature of the Pantanal is the presence of feral pigs throughout the region. Domestic pigs were introduced to the biome 200 years ago and became feral, and could be potential reservoirs of several pathogens, which could explain the high prevalence of porcine parvovirus in the PA. Based on the results, both AF and PA populations were considered to be healthy. PA). A high prevalence of exposure to Leptospira interrogans (10 serovars: Nevertheless, potential health issues caused by exposure to infectious agents cannot be disregarded. Wildlife health studies using ecological approaches can indicate possible relationships between infectious agents, humans, domestic animals, and wildlife facing different environmental conditions. It will be important to monitor the influence of these interactions over time. Autumnalis, Bratislava, Canicola, Copenhageni, Grippotyphosa, Hardjo, Hebdomadis, Icterohaemorrhagiae, Pomona, and Pyrogenes) was detected in both the AF (95% CI: 12–38%) and PA (95% CI: 66.1–83.9% for minimum estimated tapir population size, and 63.7– 86.3% for maximum estimated tapir Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 303 | P á g i n a Apresentação Oral - 4 were identified in the AF, and 26 in the Table 1. Hematologic parameters of wild lowland tapirs (Tapirus terrestris) in the Atlantic Apresentação Oral - 4 Forest (AF; 1996-2008) and Pantanal (PA; 2008-2012), Brazil. Table 2. Biochemical parameters of wild lowland tapirs (Tapirus terestris) in the Atlantic Forest (AF; 1996-2008) and Pantanal (PA; 2008-2012), Brazil. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 304 | P á g i n a Estudo da metabolômica como um novo método para mensuração de estresse na Evaluation of metabolomics as a novel tool to asses stress in wild birds Aricia Duarte Benvenuto1,2,3; Asha Perera2; Catherine Soos2,3; Karen Gesy3; Karen Machin2 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil 2 University of Saskatchewan (USASK), Canadá 3 Environment Canada - Canadian Wildlife Service (EC - CWS), Canadá Contato: [email protected] Stress responses play an essential role for animals to adapt to changing conditions within the environment. resonance (NMR) spectroscopy to examine metabolite changes in semicaptive lesser scaup (Aythya affinis) However, sustained increases in corticosterone (the primary glucocorticoid in birds) in response to long term environmental changes, may lead to immunosuppressive effects that increase risk of infection and disease.1 Metabolomics is a novel cutting edge technique involving a systems approach to studying the small, endogenous metabolites in biological samples, implanted with synthetic pellets that released corticosterone (n=8) compared to those implanted with placebos (n=8). Implants were surgically placed between the shoulder blades at the base of the neck using a local anesthetic block on day 0. Whole blood samples were collected before implantation on day 0 and also on day 2,3,4,7 and 21 from each bird. Serum was separated from whole blood after particularly biofluids (e.g. plasma, serum, urine) or tissue. Metabolomics techniques have recently been used to investigate stress in a number of different species including rats2 and cattle.3 However, these techniques have not been used in avian species. The aim of this study was to describe the use of 1H Nuclear magnetic centrifugation for 1500rpm for 10 min. All serum samples were analyzed for CORT using a radioimmunoassay (RIA) kit and also were extracted with a chloroformmethanol method. A spectra of the methanol-phase was recorded on a Bruker Avance-600 spectrometer and then processed with MATLAB software. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 305 | P á g i n a Apresentação Oral - 5 avifauna selvagem we might continue to the next step of conducted by MetaboAnalyst software to identify trends of discrepancies at the biochemical profile between the two groups -control and treatment.4 Corticosterone levels were significantly high on day 2, 3 and 4 but not on day 7 (Figure 1), as predicted in the treatment birds compared to control birds.It is possible that by day 7 the corticosterone identification and quantification of the key metabolites involved in the stress pathways that distinguish the two groups. release from the pellets differed from the manufacturer’s specifications or that the endogenous glucocorticoid system was down-regulated to avoid the deleterious effects of sustained elevated corticosterone. Principal component analysis (PCA) results for serum metabolite profiles on Day 0 and Day 4 are shown on Figure 2. By Day 4, overall metabolite profiles tend to separate clearly FS, Barton RH, Holmes E. Metabonomic studies on the physiological effects of acute and chronic psychological stress in Sprague 8722, Dawley rats. Journal of Proteome Research; 2007; 6(6):2080– 2093. 3) Aich P, Jalal S, Czuba C, Schatte G, Herzog K, Olson DJ, et al. Comparative approaches to the investigation of responses to stress and viral infection in cattle. Omics; 2007; between treatment and control groups. These results are extremely promising since many studies did not show a clear separation between the metabolic fingerprints of stressed and control animals. A perfect separation is improbable considering that physiological condition is dynamic, which introduces complexity in metabolic profiling.5 In conclusion, our preliminary results confirm 11(4):413–434. 4) Xia J, Mandal R, Sinelnikov I, Broadhurst D, Wishart DS. MetaboAnalyst 2.0 - a comprehensive server for metabolomic data analysis. Nucleic Acids Research; 2012; 127-133. 5) Lin CY, Viant MR, Tjeerdema RS. Metabolomics: methodologies and applications in the environmental sciences. Journal of Pesticide Science; References: 1) Sapolsky RM, Romero LM, Munck AU. How do glucocorticoids influence stress responses? Integrating permissive, suppressive, stimulatory, and preparative actions. Endocrine Reviews; 2000; 21:55-89. 2) Teague CR, Dhabhar 2006; 31:245-251. that NMR-based metabolomics can successfully distinguish the biochemical profiles of the treatment and control groups. This differentiation indicates that Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 306 | P á g i n a Apresentação Oral - 5 Multivariate statistical analysis (PCA) was Apresentação Oral - 5 Figure 1. Radioimunoassay results for serum CORT in captive lesser scaup. *Significant difference (P<0.05) between treatment (CORT) and control birds from Mann Whitney U test. Figure 2. Results of principal component analysis (PCA) for serum metabolite profiles on Day 0- prior implantation VS Day 4 post-implantation. The ellipses represent 95% confidence region. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 307 | P á g i n a Diferentes avaliações metodológicas para aumentar a acurácia da dosagem Different methodological approaches to increase the accuracy of hormone measurement from humpback whale carcasses Daniela Magalhães Drummond de Mello1; Adriana Castaldo Colosio2; Milton César Calzavara Marcondes2; Priscila Viau Furtado1; Claudio Alvarenga de Oliveira1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ- USP), São Paulo, SP, Brasil 2 Instituto Baleia Jubarte (IBJ), Brasil Contato: [email protected] A gordura subcutânea de baleias jubarte apresenta-se como uma matriz em potencial para a dosagem de esteroides unidade de cálculo da concentração hormonal - ng/g de amostra ou ng/mg de lipídio extraído - afeta o resultado final; e sexuais, visto que a colheita de matrizes comumente utilizadas em cetáceos de pequeno porte como sangue, urina e fezes, torna-se impraticável nesta espécie. De maneira geral, as dosagens hormonais da camada de gordura em cetáceos são informadas em ng/g de gordura. Com a finalidade de verificar a viabilidade desta matriz para dosagem de 4) se o peso da amostra influencia de maneira significativa a dosagem hormonal. Nos experimentos 1, 2 e 3, foram utilizados dois filhotes machos encalhados logo após o óbito em Barra do Riacho ES e Prado BA nos dias 08 e 30 de setembro de 2013; no experimento 4, foram utilizados outros cinco animais em diferentes estados de decomposição progesterona (P4), estradiol (E2) e testosterona, uma série de experimentos foi realizada a fim de se averiguar: 1) se o estado de decomposição da carcaça afeta os níveis hormonais; 2) se a profundidade do material colhido (camada superficial, média, ou interna) afeta os níveis hormonais ao longo dos dias; 3) se encalhados em 2011, 2012 e 2013 no sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Uma série de amostras foi colhida diariamente de um grande fragmento de gordura mantido em temperatura ambiente ao longo de seis dias de forma a simular uma baleia em decomposição na praia nos três primeiros experimentos. Já as amostras Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 308 | P á g i n a Apresentação Oral - 6 hormonal em carcaças de baleias jubarte o significativa entre a quantidade de lipídio em freezer a -20 C , foram seccionadas e separadas por classes de pesos: 25-50 mg; 50-100 mg; 100-150 mg; e 150-200 mg. O cálculo de perda ou incremento das dosagens teve como referência o intervalo de peso de 100-200 mg. As dosagens foram feitas através da técnica de enzimaimunoensaio no Laboratório de Dosagens Hormonais - FMVZ/USP. O extraído e dosagem hormonal, anula um potencial efeito deletério do estado da amostra, como dessecamento ou amassamento, sobre a dosagem hormonal. O peso da amostra influenciou de maneira significativa as dosagens dos três hormônios, onde se observou uma dosagem progressivamente maior de acordo com a diminuição do peso da estado de decomposição da carcaça não influenciou as concentrações hormonais de P4 (p = 0,09), E2 (p = 0,50) ou testosterona (p = 0,20). Já entre as camadas, não houve diferença na dosagem de testosterona, mas diferenças significativas diferenças ocorreram na dosagem de P4 e E2, onde em ambas, as camadas externas apresentaram concentração mais elevada de hormônio amostra. O incremento da dosagem hormonal foi mais elevado na classe de peso de 25-50 mg (227% em P4; 136% em E2; e 298% em testosterona). Carcaças em elevado grau de decomposição, com até seis dias de encalhe, podem ainda ser utilizadas na dosagem de esteroides sexuais. Sugerese que para uma dosagem acurada, seja considerada a quantidade de lipídio por g de amostra (6,64 ng/g e 5,35 ng/g) que as camadas médias e internas (2,67 ng/g e 2,45 ng/g para P4; e 3,0 ng/g e 3,3 ng/g para E2) (F = 19,06, p <= 0,05 para P4; e F = 4,69, p = 0,02 para E2). Entretanto, essa diferença não foi mais observada quando consideramos a quantidade de hormônio dosada por mg de lipídio extraído, onde observou-se 101 ng/mg, 57,7 ng/mg e 59,1 ng/g para extraída em mg como unidade de massa na concentração dos esteroides sexuais. Contrariando os resultados esperados, houve um aumento significativo nas dosagens à medida que o peso da amostra diminuiu, especialmente amostras abaixo de 100 mg. Neste contexto, para uma correta interpretação das dosagens, reforça-se a necessidade de ajuste dos valores obtidos em camadas externa, média e interna na dosagem de P4 (p = 0,91); e 76,5 ng/mg, 60,2 ng/mg e 83,2 ng/mg na dosagem de E2 (p = 0,64). Essa relação direta e carcaças de cetáceos tanto com relação à unidade de massa utilizada quanto ao tamanho da amostra. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 309 | P á g i n a Apresentação Oral - 6 do quarto experimento, que permaneciam Avaliação do potencial de roedores silvestres e outros mamíferos como reservatório Evaluation of the potential of wild rodents and other mammals as reservoir of Vaccinia virus Marina Gea Peres1; Thais Silva Bacchiega1; Camila Michele Appolinário1; Susan Dora Allendorf1; João Marcelo Azevedo de Paula Antunes2; Acácia Ferreira Vicente1; Clóvis Rinaldo Fonseca1; Jane Megid1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), SP, Brasil 2 Universidade Federal Rural do Semi Árido (UFERSA), Brasil Contato: [email protected] Os processos de emergência ou reemergência de doenças, estão em sua maioria relacionados a animais a prevalência de Orthopoxvirus (OPV) nos mamíferos brasileiros. Nesse sentido objetivou-se analisar o potencial de selvagens. Nesse sentido, a “varíola bovina”, zoonose causada pelo Vírus Vaccinia (VACV), apresenta-se como importante doença re-emergente no Brasil. Desde o fim do programa mundial de vacinação contra a Varíola Humana em 1980, que surtos do VACV são descritos em diversas regiões do Brasil. Existem poucas informações sobre seus roedores silvestres e outros mamíferos como reservatórios do VACV. Durante maio a setembro de 2011 foram realizadas capturas em áreas de mata nativa de 47 propriedades produtoras de leite com e sem históricos de surtos, da região centro-oeste do Estado de São Paulo (10 em Torre de Pedra, 15 em Bofete e 22 em Anhembi). O esforço de reservatórios, todavia em 1963, o VACV foi isolado em um roedor do gênero Oryzomys, sugerindo que roedores captura foi de 5 dias em cada área de mata nativa amostrada, nas quais foram dispostas 3 armadilhas do tipo Tomahawk, contendo coxa ou sobrecoxa de frango como isca, 20 armadilhas do tipo Sherman, iscadas com uma mistura de sardinha em lata, creme de amendoim, fubá e aveia em flocos, e 6 armadilhas do silvestres atuem como reservatórios. Apesar de diversas espécies de roedores, carnívoros e marsupiais serem avistados em áreas adjacentes a propriedades rurais, há uma carência de estudos sobre Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 310 | P á g i n a Apresentação Oral - 7 do vírus Vaccinia pitfall. Os roedores foram das espécies de roedores amostradas anestesiados com uso de Éter etílico e os demais mamíferos com Tiletamina e Zolazepan. Amostras de sangue foram coletadas por punção cardíaca ou da veia jugular para pesquisa sorológica (soro) e molecular (sangue total) do VACV. De 103 amostras de soro dos pequenos roedores, nove (9%) resultaram positivas sendo 4 (6%) Oligoryzomys nigripes, 3 como reservatórios. Houve baixa prevalência de anticorpos (Ac) nos mamíferos selvagens, observando-se Ac em 7% dos D. albiventris e 12% dos D. aurita, entretanto essas espécies (18%) Oligoryzomys flavenscens, e 2 (15%) Sooretamys angouya. Dos 57 aguda onde ainda não ocorreu soroconversão. No momento de captura não foram observadas lesões sugestivas de infecção por OPV, e por termos coletado amostras de sangue e liberado esses mamíferos não foi possível verificar se os mesmos adoeceram e/ou desenvolveram lesões características. Apesar da carência de estudos da prevalência de OPV em mamíferos soros de Gambás de orelha branca (Didelphis albiventris), 4 (7%) resultaram positivos. Dos 16 soros de Gambás de orelha preta (Didelphis aurita) 2 (12%) resultaram positivos. De 4 Quatis (Nasua nasua) avaliados, 1 (25%) demonstrou soropositividade. Nas amostras de 4 Cachorros do mato (Cerdocyon thous), de 1 Jaguatirica (Leopardus pardalis) e de 8 Cuicas (Gracilinomus microtarsus), não foi observada soropositividade. Resultaram positivos pela PCR, 4 (5%) roedores, 22 (39%) D. albiventris, 6 (37%) D. aurita, 1 (25%) C. thous, 1 (25%) Nasua nasua, e 1 (17%) G. microtarsus. Desde o único isolamento do VACV em um roedor do gênero Oryzomys, que os roedores são sugeridos como reservatórios do VACV. Entretanto, nossos resultados mostram baixo percentual de positividade tanto na soroneutralização quanto na PCR, indicando pouca possibilidade de atuação demonstraram maior positividade na PCR, 39% e 37% respectivamente. A presença de DNA viral com a ausência de títulos de Ac, pode sugerir uma infecção selvagens, os poucos relatos referem-se a animais de zoológico na Europa ou animais de vida livre africanos, mas todos descrevem lesões características e muitas vezes óbito. Nossos resultados não permitem afirmar que as espécies Olygoryzomys nigripes, Olygoryzomys flavenscens, Akodon montensis, Sooretamys angouya, Nectomys squamipes, e Calomys tener, atuem como reservatório para o VACV e não excluem a possibilidade de outras espécies de roedores silvestres ou marsupiais atuarem como reservatórios. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 311 | P á g i n a Apresentação Oral - 7 tipo Tomografia de coerência óptica do segmento posterior em carcarás (Caracara Optical coherence tomography in the posterior segment of Caracara plancus Ricardo Augusto Pecora1; Ana Rodrigues Eyherabide1; Michele Barbosa P. Braga-Sá1; Marta Brito Guimarães1; Liliane Milanelo2; Débora Regina Yogui1; Paulo Sergio de Moraes Barros1; Angélica de Mendonça Vaz Safatle1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ- USP), São Paulo, SP, Brasil 2 Parque Ecológico do Tietê, Brasil Contato: [email protected] Introdução: A retina corresponde à túnica nervosa do bulbo ocular e sua função é captar o estímulo luminoso e transformá- retina e sua integridade estrutural. É um exame não invasivo, de não contato e de alta resolução que utiliza luz próxima ao lo em elétrico, que será conduzido ao córtex cerebral, para ser interpretado. A retina dos rapinantes difere dos mamíferos, sendo avascular e desprovida de tapete, além de possuir uma ou duas fóveas. Os tipos e a distribuição dos fotorreceptores são variáveis, estando usualmente presentes cones, cones duplos com gotículas de óleo e infravermelho, em um sistema de interferometria, produzindo imagens seccionais, em perfil da retina. As estruturas presentes na imagem são evidenciadas por escala de tons, representando diferentes graus de refletividade luminosa. Na OCT, é possível diferenciar a luz refletida nas diferentes profundidades retinianas. A bastonetes. A retina é nutrida pelo pécten, que é uma estrutura não sensorial densamente pigmentada, que se estende do nervo óptico à câmara vítrea. A tomografia de coerência óptica (Optical Coherence Tomography-OCT) é uma técnica de microscopia in vivo que permite avaliação da constituição da interpretação da OCT requer considerar a localização, forma, refletividade e correlação histológica da estrutura avaliada. O objetivo deste trabalho foi estudar a retina do carcará (Caracara plancus), utilizando a OCT, visando-se à caracterização da estrutura e Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 312 | P á g i n a Apresentação Oral - 8 plancus) do exame para essa regiões analisadas não apresentaram Material e Métodos: Quatro carcarás adultos, sem alterações clínicas e oculares evidentes, provenientes do Parque Ecológico do Tietê do Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo foram submetidos à OCT em ambos os olhos com o equipamento Spectralis® SD-OCT diferença estatística (teste t, p<0,05) entre olho direito e esquerdo. O protocolo anestésico usado mostrou-se adequado e seguro para a contenção e posicionamento dos animais. As múltiplas aplicações de rocurônio resultaram em dilatação pupilar ampla e foram essenciais para a análise extensa da retina. As imagens obtidas apresentaram (Spectral Domain–Optical Coherence Tomography–Heidelberg Engineering, CA, USA) no Laboratório de Investigação em Oftalmologia Comparada da FMVZUSP. As aves foram contidas manualmente e as pupilas foram dilatadas com a instilação de 1 gota de rocurônio (5 mg/mL) nos momentos 0, 2, 17, 19, 34 e 36 minutos. Depois, foram sedadas com midazolam (0,5 mg/kg) por via excelente qualidade, permitindo análise e mensuração da espessura retiniana. A OCT é um exame recente na oftalmologia humana e veterinária, com uso ainda pouco difundido, sendo este o primeiro aparelho utilizado em medicina veterinária no Brasil. Este exame mostrou-se muito eficaz na análise da retina por ser não invasivo, de não contato e de alta resolução. Como pontos negativos, intramuscular e anestesiadas com propofol (5,0 mg/kg) por via intravenosa. Após serem anestesiadas, as aves foram posicionadas adequadamente no aparelho e as imagens foram obtidas. Em seguida, estas foram avaliadas e a espessura da retina foi mensurada em três regiões: periférica, peripécten e perifoveal (Figura 1). apresenta custo elevado e a necessidade de uma equipe especializada. A mensuração das camadas retinianas é fundamental para a padronização na espécie e pode ser de grande importância na avaliação de doenças oculares de difícil diagnóstico em fundoscopia. Pelo conhecimento dos autores, este é o primeiro relato de OCT em carcarás. Resultados e Discussão: As medidas obtidas estão descritas na Tabela 1. As médias das espessuras das regiões periférica, peripécten e perifoveal foram, respectivamente: 327,9 µm, 322,5 µm e 386,3 µm. A retina perifoveal apresentou maior espessura quando comparada às outras duas regiões. As medidas das três Conclusão: A OCT é um exame eficaz para análise da retina em carcarás e a sua padronização é fundamental para estudos comparativos intra e interespecíficos. espécie. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 313 | P á g i n a Apresentação Oral - 8 padronização Apresentação Oral - 8 Tabela 1. Medidas de três diferentes regiões da retina de carcarás (em micrômetro). Figura 1. Imagem frontal e seccional da retina de carcará (Carcara plancus) obtida por meio de Tomografia de Coerência Óptica. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 314 | P á g i n a Diagnóstico molecular de espécies do gênero Mycobacterium em anfíbios e répteis Molecular diagnosis of the genus Mycobacterium in amphibians and reptiles of São Paulo Zoo Irys Hany Lima Gonzalez1; Carolina Nery1; Cybele Sabino Lisboa1; Cassia Yumi Ikuta2; José Soares Ferreira Neto2; Patricia Locosque Ramos1 1 Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil 2 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] A Micobacteriose é uma doença causada por bactérias do gênero Mycobacterium que contém atualmente cerca de 120 diagnósticos são frequentemente testados visando a melhoria da sensibilidade e da especificidade dos mesmos. A Fundação espécies. São bacilos amplamente distribuídos no ambiente, que podem acometer diferentes grupos taxonômicos como peixes, répteis, anfíbios e mamíferos, conferindo assim seu caráter zoonótico. Para o diagnóstico da doença existem os métodos presuntivos como os sinais clínicos, a baciloscopia e a histologia e os confirmatórios, que são a Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), conta com uma coleção de aproximadamente 600 exemplares de répteis e 280 de anfíbios. Grande parte desses animais passam pelo Programa de Medicina Veterinária Preventiva anualmente, onde o estado clínico dos animais é avaliado e as amostras para exames são colhidas. Além disso, se cultura, a identificação molecular por reação de polimerase em cadeia (PCR) e sequenciamento. Trata-se de uma doença importante para animais em cativeiro, pois são animais que estão mais vulneráveis ao estresse e tem contato com patógenos que por muitas vezes não teriam em vida livre. Diante disso, os métodos algum sintoma for observado o animal passa por atendimento dos médicos veterinários. Dos animais que apresentaram alguma lesão ulcerativa ou formação caseosa, foi colhida uma amostra para a confecção de um esfregaço para a pesquisa a baciloscopia através da coloração de Ziehl Neelsen e Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 315 | P á g i n a Apresentação Oral - 9 da Fundação Parque Zoológico de São Paulo tópica e gentamicina tópica a lesão havia em frasco estéril ou contendo solução salina a 0,9% para a realização do cultivo para Mycobacterium. Foram colhidas 6 amostras de répteis e anfíbios entre os anos de 2012 a 2014. Para a realização do cultivo, as amostras foram submetidas ao processo de descontaminação com Cloreto de 1-Hexadecilpiridinio (HPC) a 1,5% e semeadas nos meios Stonebrink e ulcerado e aumentado de tamanho. Posteriormente, foi observado um inchaço no membro posterior direito com consistência semelhante ao inicial. Devido ao prognóstico desfavorável, o animal foi submetido à eutanásia. Durante a necropsia foram colhidos fragmentos dos nódulos para cultura. A cobra verde (Philodryas olfersii) foi atendida devido a Löwenstein-Jensen, seguida de incubação a 37ºC e 25ºC durante 60 dias. Após o crescimento das colônias foi realizada a reação de PCR e a análise de restrição enzimática do gene da proteína de choque térmico 65 (hsp65). Nos casos em que não foi possível a identificação da espécie, as amostras do DNA genômico extraídos serão enviadas para posterior sequenciamento. Das amostras de um quadro de emagrecimento e aumento de volume na cavidade oral. Foi observado um nódulo amarelado de 3 mm de diâmetro na cavidade oral, próximo à entrada da traquéia. Após o resultado positivo da baciloscopia e considerando o quadro clínico do animal, o mesmo foi submetido a eutanásia. Devido à rápida evolução das lesões, ineficiência dos tratamentos e prognóstico desfavorável anfíbios e répteis analisadas, uma delas foi proveniente de lesão de pele de um exemplar de Dermatonotus muelleri e observado nesses animais, verifica-se a necessidade de pesquisas que envolvam o diagnóstico rápido de Mycobacterium. outra de uma formação caseosa em cavidade oral de um exemplar de Philodryas olfersii. Ambas as amostras Um diagnóstico precoce permite o estabelecimento de medidas sanitárias preventivas no manejo das espécies susceptíveis, contribuindo para a manutenção da saúde do plantel. foram positivas tanto na baciloscopia quanto na análise de restrição enzimática conforme descrito na tabela 1. A rã bicuda (Dermatonotus muelleri) apresentava um aumento de volume nodular, de aproximadamente 4 mm de diâmetro, de consistência macia, coloração amarelada e vascularização evidente em região abaixo do carpo direito (Figura 1). Após o tratamento com enrofloxacina diluída Tabela 1. Resultados positivos do cultivo bacteriano e anáçise de restrição enzimática. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 316 | P á g i n a Apresentação Oral - 9 outra parte da amostra foi acondicionada Apresentação Oral - 9 Figura 1. Imagem de rã bicuda (Dermatonotus muelleri) com lesão nodular em região abaixo do carpo direito. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 317 | P á g i n a Validação da coloração com eosina/nigrosina para avaliação da integridade da de Mico-Leão-de-Cara-Dourada Validation of Eosin/Nigrosin staining for the evaluation of the integrity of sperm plasmatic membrane in Golden-headed Lion Tamarin (Leontopithecus chrysomelas) Isadora Lo Sardo Almeida Santos1; Jaqueline Candido de Carvalho1; Paloma Rocha Arakaki2; Fabrício Braga Rassy3; Marcílio Nichi2; Rodrigo del Rio do Valle1,3 1 Universidade Paulista (UNIP), São Paulo, SP, Brasil 2 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZUSP), São Paulo, SP, Brasil 3 Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), São Paulo, SP, Brasil Contato: [email protected] Introdução: A avaliação da integridade da membrana plasmática dos espermatozoides é extremamente importante para analisar a viabilidade espermática. O uso da coloração Eosina/Nigrosina com esta finalidade é largamente utilizado em diversas espécies e já foi validado para outra espécie de primata neotropical, Callithrix jacchus, porém é fundamental que ocorra plasmática de espermatozoides Leontopithecus chrysomelas. a validação em cada espécie para, com isto, obter resultados confiáveis em avaliações espermáticas. BWW, a amostra foi transferida para um tubo tipo Eppendorf e mantida a 37ºC. A amostra (sêmen + BWW) foi dividida em duas partes de igual volume (Amostra A = 60uL e Amostra B = 60uL). Para indução de lesão na membrana plasmática, a Amostra B foi submersa em nitrogênio líquido por 3 minutos, retirada e Objetivos: Este estudo teve por objetivo validar o uso de uma associação dos corantes Eosina e Nigrosina para avaliação da integridade da membrana de Material e Métodos: Para a validação, foram utilizadas quatro amostras seminais de diferentes indivíduos, Leontopithecus chrysomelas, adultos, mantidos em cativeiro na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. As colheitas de sêmen foram realizadas por vibroestimulação peniana. Após a diluição do sêmen com Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 318 | P á g i n a Apresentação Oral - 10 membrana plasmática de espermatozoides (Leontopithecus chrysomelas) corante. Após 30 segundos de incubação por 1 minuto em banho-maria, este procedimento foi repetido por três vezes. Em seguida as amostras foram aliquotadas em diferentes proporções para um volume final de 20 uL e acondicionadas em tubos tipo Eppendorf conforme descrito a seguir: 1) 20 uL Amostra A (100/0), ou seja, 100% dos espermatozoides (sptz) originados em temperatura ambiente, foi realizado o esfregaço em duplicata em lâmina de vidro. Foram avaliados 200 espermatozoides em microscopia de luz com aumento de 1000x (objetiva de 100x sob imersão em óleo). Os dados foram avaliados com o uso do teste de Regressão Linear por meio do programa Sas System for Windows®. somente da Amostra A; 2) 16 uL Amostra A + 4 uL Amostra B (80/20); 3) 12 uL da Amostra A + 8 uL da Amostra B (60/40); 4) 8 uL Amostra A + 12 uL Amostra B (40/60); 5) 4 uL da Amostra A + 16 uL da Amostra B (20/80); e 6) 20 uL da Amostra B (0/100), ou seja, 100% dos sptz originados somente da Amostra B. Para avaliar a integridade da membrana plasmática em cada amostra, foi utilizada Resultados: O coeficiente de correlação R2=0,9136 (p<0,01) indicou que a técnica avaliada foi eficiente. a coloração Eosina/Nigrosina com a adição de 5 uL de amostra à 5 uL do Conclusões: Com base nos resultados do teste de Regressão Linear, podemos concluir que foi possível validar o uso da coloração Eosina/Nigrosina para a avaliação da integridade da membrana plasmática de espermatozoides de Leontopithecus chrysomelas. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 319 | P á g i n a Apresentação Oral - 10 imediatamente submersa em água a 37ºC Avaliação clínica da população alóctone de micos-leões-de-cara-dourada Clinical evaluation of golden-headed lion tamarin (Leontopithecus chrysomelas) invasive population, from the Mata Atlântica of Niterói/RJ Iandara Gouvea Gonçalves1; Camila Vieira Molina1; Alcides Pissinatti2; José Luiz CatãoDias1; Marina Galvão Bueno3 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (FMVZ- USP), São Paulo, SP, Brasil 2 Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ/FEEMA), RJ, Brasil 3 Instituto Pri-Matas para a Conservação da Biodiversidade, Brasil Contato: [email protected] No Brasil existem quatro espécies de micos-leões do gênero Leontopithecus sua área de ocorrência natural (Bahia). embora possuam áreas de ocorrência natural distintas. Há 10 anos foram soltos grupos de L. chrysomelas em Niterói/RJ, Para tanto, foi essencial a realização de quarentena, visando garantir o sucesso do processo e evitar possível transmissão de patógenos. A avaliação clínica é de grande importância no processo, pois fornece informações imediatas acerca do estado dos animais. Nesse trabalho 320 L. chrysomelas foram avaliados constituindo uma população alóctone na área de ocorrência original do L. rosalia. A clinicamente tão logo o início do período de quarentena no Centro de Primatologia presença dessa população representa um risco à sobrevivência do L. rosalia, por do Rio de Janeiro. As características semiológicas avaliadas foram: peso, condições corpóreas e de pelagem, palpação abdominal, temperatura, auscultação cardiopulmonar, mucosas, hidratação e linfonodos. As alterações clínicas encontradas foram compiladas de forma descritiva, sendo classificadas de em regiões distintas de Mata Atlântica. Tanto o mico-leão-dourado (L. rosalia) quanto o mico-leão-da-cara-dourada (L. chrysomelas) são espécies ameaçadas, competição direta e pela possível hibridização das duas espécies. Portanto, houve recomendação do Comitê Internacional para Conservação e Manejo de Leontopithecus de remoção da população alóctone e translocação para Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 320 | P á g i n a Apresentação Oral - 11 (Leontopithecus chrysomelas), oriundos da Mata Atlântica de Niterói/RJ prevalência, e testadas sob a influência geral, ectoparasitas, condições de pelagem, sistema digestório, linfonodos, hidratação, mucosas, sistema cardiorrespiratório, sistema gênitourinário, sistema musculoesquelético, sistema tegumentar e outros) e então relacionadas aos hábitos e comportamentos da espécie. 99% apresentou sinais de desidratação, 24,3% das variáveis: faixa etária, gênero, número de indivíduos, fêmeas e machos por grupo. Utilizou-se para isso análises de regressão logística (α=0,05). As alterações do sistema musculoesquelético apresentou influência quanto ao número de machos no grupo, sendo que há uma menor probabilidade desta alteração quanto maior esse número, podendo dos animais apresentaram alterações tegumentares, 11,2% dos animais apresentaram alterações gênito-urinárias, 6,8% dos animais apresentaram alterações do sistema musculoesquelético, 8,7% dos animais apresentaram alterações de pelagem, 7,8% dos animais apresentavam aumento de um ou mais linfonodos e 5,6% dos animais tiveram alterações na coloração estar relacionada a maior agressividade das fêmeas diante de invasores e de outras fêmeas de grupo, devido a supressão reprodutiva. A alteração de tegumento foi influenciada pela faixa etária, sendo que infante apresentou menor probabilidade de alteração. Acredita-se que isto decorra do fato destes ainda não buscarem sozinhos os alimentos e de não participarem das das mucosas. 5% dos animais apresentaram alterações do estado geral, 3,4% dos animais apresentaram alterações no sistema digestório e 0,6% dos animais apresentaram presença de ectoparasitas. Não foram descritos animais com alterações cardiorrespiratórias e 3,4% dos animais tiveram alterações classificadas em ‘outros’. A prevalência para cada interações de briga intergrupais. A alteração de pelagem não foi influenciada pelas variáveis estudadas. O fato de ser um primata social, sendo comum interações, positivas ou agonísticas, bem como suas características anatômicas e de forrageamento justificam a ocorrência de diversas alterações, bem como características do habitat. Concluiu-se que a população não apresentou alteração foi analisada usando o intervalo de confiança de Wilson e as alterações de tegumento, musculoesquelético e pelagem foram avaliadas estatisticamente devido a sua relevância ou alta alterações clínicas diferentes das relacionadas às características da espécie, que pudessem ser relacionadas unicamente a população estudada. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 321 | P á g i n a Apresentação Oral - 11 acordo com o sistema afetado (estado Infecção por Adenovírus Aviário em Mutuns-do-Nordeste (Pauxi mitu) Juliana Macedo Magnino Silva1; Marcus Vinícius Romero Marques1; Sandra Yuliet Marín Gómez1; Nelson Rodrigo da Silva Martins1; Francisco Carlos Ferreira Junior1; José Sérgio de Resende1; Roberto Motta de Avelar Azeredo2 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil 2 CRAX-Brasil (CRAX), Brasil Contato: [email protected] Introdução: O mutum-do-nordeste (Pauxi mitu) é uma ave da ordem dos GALLIFORMES, família CRACIDAE, que ocorria na Mata Atlântica, entre os estados de Pernambuco e Alagoas. Sua codornas. O grupo II está relacionado à enterite hemorrágica dos perus, doença do baço marmóreo e esplenomegalia em frangos. O grupo III está relacionado à síndrome da queda de postura. O história foi marcada pela caça e perda de habitat, com o desmatamento da mata Atlântica nordestina. Atualmente é considerado extinto na natureza. Possui aproximadamente 90 cm de comprimento total, peso médio entre 3 - 3,5 kg, e não apresenta dimorfismo sexual de plumagem, sendo esta uniformemente negra e com reflexos azulados. O Aviadenovirus também está envolvido com doenças respiratórias, caracterizadas por obstrução do lúmen traqueal por conteúdo gelatinoso, firme, opaco e esbranquiçado; congestão e edema no pulmão e na mucosa da traqueia; além de equimoses no epicárdio. Os achados microscópicos são franjas de fibrina e debris celulares na traqueia e brônquios, Adenovírus Aviário pertence ao gênero Aviadenovirus da família ADENOVIRIDAE. Este vírus pode ser classificado em três grupos. O grupo I é subdividido em sorotipos que afetam galinhas, perus, gansos e patos, associados à hepatite por corpúsculo de inclusão, síndrome hidropericárdica e bronquite das hiperplasia do epitélio traqueal, infiltrado inflamatório linfohistiocítico nos pulmões e infiltrado inflamatório heterofílico nos sacos aéreos. O diagnóstico de infecção pelo Aviadenovirus é feito por isolamento do vírus em ovos SPF embrionados ou em cultivo celular, microscopia eletrônica, histopatologia, e pela técnica de PCR. Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 322 | P á g i n a Apresentação Oral -12 Aviadenovirus Infection in Alagoas Curassows (Pauxi mitu) de etanol, diafanizadas em xilol, incluídas de mutuns-do-nordeste mantidos em cativeiro, no estado de Minas Gerais, por traqueíte necro-hemorrágica e fibrinosa causada por Aviadenovirus tipo A. em parafina para obtenção de cortes seriados de 4 µm de espessura, coradas pela hematoxilina e eosina, e avaliadas em microscopia óptica. A extração de DNA dos tecidos foi realizada segundo Boom et al. (1990)1 com modificações. As amostras de DNA total extraídas foram analisadas e quantificadas por leitura em espectrofotômetro NanoDrop (Nanodrop Material e Métodos: Foram necropsiados quatro mutuns-do-nordeste que morreram durante um período de cinco dias. As aves ficavam em um mesmo recinto no criadouro (localizado em Minas Gerais) e tinham aproximadamente seis a oito meses de idade. Como histórico, as aves apresentaram síndrome respiratória aguda, caracterizada por dispneia, estertores respiratórios, espirros, e curso agudo, com mortalidade em torno de 12 horas após inícios das manifestações clínicas. Outros mutuns-do-nordeste e de diferentes espécies de cracídeos mantidos no criadouro não foram acometidos. Na necropsia foram coletados fragmentos de órgãos como fígado, baço, traqueia, pulmão, intestino e encéfalo, e estes foram congelados a 20ºC para posterior extração de DNA para PCR. Após a avaliação macroscópica dos órgãos, também foram coletadas amostras de baço, coração, bursa de Fabricius, sacos aéreos, proventrículo, fígado, rins, pulmão, traqueia, encéfalo e outros órgãos com lesões, as quais foram fixadas em formol tamponado a 10% por 48 horas, sendo substituído por álcool 70% após este período, até o processamento histopatológico. Para as análises histopatológicas, as amostras foram desidratadas em séries crescentes ND – 1000, Thermo Scientific, EUA) utilizando 1L da amostra de interesse. Para a detecção do Aviadenovirus foi utilizado DNA obtido a partir de amostras de fragmentos de fígado e traqueia das aves necropsiadas. Os nucleotídeos iniciadores (primers) utilizados para o diagnóstico e para o sequenciamento, responsável por amplificar um produto de 897 pb, correspondente a proteína Hexon do vírus, foram: F: 5' CAAGTTCAGGCAGACGGT - 3' R: 5' TAGTGATGCCGCGACATCAT - 3'. A reação de PCR específica foi realizada em termociclador (Axygen® - Maxygene, EUA). O FAdV-1 estirpe Phelps, foi usado como controle positivo nas reações. Como controle negativo da reação, foram utilizados os primers juntamente com os reagentes e água ultrapura. A visualização dos resultados das amplificações foi realizada por eletroforese em gel de agarose. A eletroforese ocorreu a 100 V em tampão TBE 0,5X, utilizando o padrão molecular de 100 pb DNA Ladder (Invitrogen®, EUA). Posteriormente à corrida, o gel foi corado com solução de brometo de etídeo Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 323 | P á g i n a Apresentação Oral -12 Relata-se neste estudo uma mortalidade especialmente na traqueia. A mucosa da resultados revelados com o auxílio de um transiluminador UV. Os produtos amplificados foram submetidos a um processo de sequenciamento pelo método de dideoxinucleotídeos, em um sequenciador automático capilar (ABI 310, Applied Biosystems®, EUA), utilizando o kit Big Dye Terminator Mix (Applied Biosystems®, EUA), de acordo traqueia das aves 352/24 e 529/19 apresentaram-se difusamente espessada e coberta por uma membrana esbranquiçada, friável e frouxamente aderida. No lúmen havia alguns filamentos e flocos de material fibrinonecrótico e hemorrágico. A mucosa da traqueia das aves 362/16 e 500/74 apresentaram-se espessada, as condições de reação e leitura indicadas pelo fabricante. A reação de sequenciamento foi feita em termociclador (PTC-100, MJ Research®, Inc., EUA). O sequenciamento foi feito pelo programa Sequencing Analyses versão 5.2 da Applied Biosystems. O dendograma foi construído pelo método de “neighborjoining”, usando o modelo de substituição de nucleotídeos Tamura-Nei, intensamente hiperêmica e no lúmen havia um extenso coágulo em toda a sua extensão obstruindo o lúmen traqueal. Sob o coágulo havia uma pseudomembrana amarelada delgada e friável de fibrina. Os pulmões de todas as aves apresentavam-se difusamente hiperêmicos e com edema moderado. O baço encontrava-se moderadamente aumentado de volume com numerosos implementado no programa Molecular Evolutionary Genetics Analysis (www.megasoftware.net) MEGA 5.0. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Experimentação Animal (CETEA/UFMG), registrado no protocolo 20/2009, e no Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), focos brancos milimétricos e levemente proeminentes. No fígado observaram-se algumas equimoses subcapsulares e no parênquima. Lesões similares às encontradas neste estudo, de traqueíte com quadro de doença respiratória aguda, associadas à infecção por Aviadenovirus, foram previamente descritas em outras espécies de aves.2,3 À histopatologia, as alterações foram registrado no protocolo 31108-1. similares em todas as aves, variando somente na intensidade. Na traqueia observou-se espessamento difuso por infiltrado inflamatório constituído por linfócitos, macrófagos e fibrina na lâmina própria. Somente algumas glândulas remanescentes foram vistas, sendo substituídas por células necróticas e Resultados e Discussão: Os exemplares necropsiados foram três machos (anilhas números 352/24, 362/16 e 500/74) e uma fêmea (anilha número 529/19). Macroscopicamente as aves apresentaram lesões similares, Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 324 | P á g i n a Apresentação Oral -12 na concentração de 0,5 g/L, e os hyemalis),4 e também foi detectado como epitélio havia achatamento das células com a perda parcial dos cílios e por vezes, perda do epitélio. Vários corpúsculos de inclusão basofílicos intranucleares foram observados nas células epiteliais da mucosa. No lúmen havia extensa formação de membrana de fibrina associada a restos necróticos e heterofilos. Nas aves 362/16 e 500/74, causador de quadros respiratórios, associado a traqueíte proliferativa em pato de Muscovy (Cairina moschata).3 As numerosas hemácias associadas a membranas de fibrina e restos celulares também foram observadas. No pulmão das aves 500/74 e 529/19 foram observadas áreas de infiltrado linfocitário na lâmina própria dos brônquios associado à necrose de coagulação do epitélio correspondente e dos folículos linfoides. Alguns corpúsculos basofílicos intranucleares similares aos observados para as amostras detectadas por eletroforese, resultando em amostras positivas com suficiente qualidade de produto para sequenciamento e construção da árvore filogenética. Os resultados obtidos com o agrupamento de nucleotídeos permitiram estabelecer a relação da sequência deste estudo com Aviadenovirus tipo A, e mostrou alta similaridade com estirpes isoladas no na traqueia também foram encontrados. Nos fígados das aves 352/24, 500/74 e 529/19 foram observadas áreas multifocais de hemorragia e infiltrado linfocitário leve, e focos de necrose de coagulação associados à leve infiltrado linfocitário. No baço de todas as aves observou-se hiperemia moderada e rarefação dos folículos linfoides da polpa branca associada à necrose de Canadá depositadas no GenBank. coagulação de linfócitos. Estas lesões no trato respiratório observadas à histopatologia são compatíveis com outros relatos de infecção respiratória e mortalidade por Aviadenovirus.2,3 Em aves selvagens, o Aviadenovirus foi relatado causando surtos de mortalidade em patos-de-cauda-afilada (Clangula amostras de fígado e traqueia, dos quatro mutuns-do-nordeste necropsiados, foram positivas na PCR para Aviadenovirus. A amplificação (PCR) da parte correspondente à proteína Hexon do Aviadenovirus foi realizada com sucesso Conclusões: As lesões macroscópicas nas aves examinadas foram características de um agente respiratório viral de evolução aguda. A traqueíte necro-hemorrágica e fibrinosa associada aos corpúsculos de inclusão basofílicos intranucleares permitiram associar com infecção por Adenovírus. O diagnóstico definitivo foi possível pelas técnicas moleculares que permitiram caracterizar o agente como Aviadenovirus tipo A. Este é o primeiro relato de Aviadenovirus tipo A em cracídeos e no Brasil. Ressalta-se a importância de monitorar, com exames periódicos para o Adenovírus Aviário, os plantéis de cracídeos, em especial, os de Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 325 | P á g i n a Apresentação Oral -12 infiltrado inflamatório. Na maior parte do mutum-do-nordeste, para evitar Apresentação Oral -12 mortalidades de indivíduos importantes para conservação. Referências Bibliográficas: 1) Boom R, Sol CJ, Salimans MM, Jansen CL, Wertheim-van Dillen PM, van der Noordaa J. Rapid and simple method for purification of nucleic acids. Journal of Clinical Microbiology; 1990; 28(3):495503. 2) Crespo R, Shivaprasad HL, Droual R, Chin RP, Woolcock PR, Carpenter TE. Inclusion body tracheitis associated with Avian Adenovirus in turkeys. Avian Diseases; 1998; 42(3):589-596. 3) Brash ML, Swinton JN, Weisz A, Ojkić; D. Isolation and identification of duck adenovirus 1 in ducklings with proliferative tracheitis in Ontario. Avian Diseases; 2009; 53(2):317-320. 4) Hollmén TE, Franson JC, Flint PL, Grand JB, Lanctot RB, Docherty DE et al. An Adenovirus linked to mortality and disease in LongTailed Ducks (Clangula hyemalis) in Alaska. Avian 47(4):1434-1440. Diseases; 2003; Anais do XVII Congresso e XXIII Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens 326 | P á g i n a
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