Janeiro - Adventist World

Transcrição

Janeiro - Adventist World
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Ja n e i ro 2 0 0 9
Bounty
b í b l i a
O
ea
12
Cartas Enviadas
do Céu
20
Está
Consumado
26
O Evangelho
Segundo Maria
Jane iro 2009
A
IGREJA
EM
AÇÃO
Editorial ....................... 3
Notícias do Mundo
3 Notícias & Fotos
Janela
7 A República Democrática do
Congo por Dentro
Visão Mundial
8 Uma Igreja Dinâmica para
Tempos Difíceis
ARTIGO
DE
C A PA
O Bounty e a Bíblia
SAÚDE
Por Herbert Ford e Wilona Karimabadi ..................................... 16
Um dos acontecimentos épicos da história e sua
conexão com os adventistas.
DEVOCIONAL
Cartas Enviadas do Céu Por David Marshall .................... 12
Só mais uma maneira de manter contato.
VIDA
Por Carolyn Sutton e Cindy Waterhouse-Wheeler...................... 14
Temos a tecnologia: por que não usá-la na promoção do reino de Deus?
Está Consumado Por Rolf Pöhler ......................................... 20
A morte de Cristo é o ponto de exclamação de Deus
para o problema do pecado.
ESPÍRITO
DE
PROFECIA
Ellen White: Quem Foi? Por James R. Nix ......................... 22
Mais de 90 anos após sua morte, sua influência ainda é sentida.
SERVIÇO
Por Angel Manuel Rodríguez
ESTUDO
BÍBLICO
Novos Começos .......... 27
FUNDAMENTAIS
O
BÍBLICAS
O Evangelho
Segundo Maria ........... 26
O Modo “Tecno” de Evangelizar
DESCOBRINDO
Por Allan R. Handysides
e Peter N. Landless
PERGUNTAS
ADVENTISTA
CRENÇAS
Igrejas no Mundo
Pregam Contra
Tabaco ......................... 11
ADVENTISTA
Por Mark A. Finley
INTERCÂMBIO
MUNDIAL
29 Cartas
30 O Lugar de Oração
31 Intercâmbio de Ideias
O Lugar das
Pessoas ........................ 32
Abraçando o Desafio Por Laurie Falvo ............................... 24
A diversidade de culturas e religiões faz do Sul da Ásia uma
região difícil, mas não impossível para a pregação do evangelho.
Tradução: Sonete Magalhães Costa
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 5, nº 1, janeiro de 2009.
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Adventist World | Janeiro 2009
www.portuguese.adventistworld.org
A Igreja em Ação
EDITORIAL
O Conjunto das Escrituras
A
história preferida da hora do jantar,
na casa dos meus avós, tem até hoje
lugar especial em minha vida. Quando
alguma das crianças se aventurava a expressar aversão a algum dos alimentos servidos, geralmente um vegetal, meu avô
dizia: “É porque seu organismo está precisando disso.” Em seu
modo bem humorado, ele lembrava aos comilões irrequietos
que, às vezes, os alimentos que menos nos agradam são os de
que mais precisamos.
Na verdade, não há muita ciência numa frase como essa.
Você precisará de mais de uma tarde para tentar me convencer de que minha aversão por beterraba enlatada resulta
do fato de que eu, realmente, preciso de um “vegetal” tão
desagradável em minha dieta. Mas uma frase como essa tem o
poder de permanecer guardada na memória e reaparecer em
muitos momentos da vida.
Um exemplo é quando me sento para estudar as Escrituras. Como muitos outros jovens cristãos, comecei minha
vida com Jesus me alimentando dos Evangelhos, consumindo
as histórias da Sua graça, das curas, como se nunca fossem
suficientes para mim. Se fosse comparar, eu gastava muito
pouco tempo com outras porções da Palavra de Deus, as
quais me pareciam menos atrativas: os livros proféticos do
Antigo Testamento, os livros de Moisés, Reis e Crônicas. Então, ouvia a frase de meu avô ecoando do passado: “É porque
seu organismo está precisando disso.” Será que eu realmente
estava evitando essas porções das Escrituras pelo fato de que
elas eram necessárias para propiciar conforto e encorajamento? Será que meu modo de estudar a Bíblia faz com que meu
“organismo” sinta falta do que Deus realmente quer me dizer?
Como cristãos maduros, necessitamos da plenitude da
Palavra de Deus para que “cresçamos em tudo nAquele que é
a cabeça, Cristo”(Ef 4:15). Toda a Bíblia – história e profecia,
parábolas e epístolas, salmos e advertências – é para nossa
nutrição, embora, seguindo nosso gosto, não procuremos
todas essas coisas. Como nos diz o apóstolo: “Toda a Escritura
é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para
toda boa obra” (2Tm 3:16, 17).
Ao estudar as Escrituras, seu organismo, à semelhança
do meu, precisa de equilíbrio e razão, graça e justiça, encorajamento e correção. Comprometamo-nos a ser homens e
mulheres cuja vida esteja aberta a tudo o que Jesus quer nos
dizer em Sua Palavra.
— Bill Knott
NOTÍCIAS DO MUNDO
Presidente Romeno Visita
Igreja Adventista em Madri
■ O presidente da Romênia, Traian
Basescu, visitou a Igreja Adventista do
Sétimo Dia em Madri, Espanha, no
mês de outubro de 2008, chamando a
atenção da grande população de romenos imigrantes, seis mil dos quais são
adventistas.
“Embora a comunidade adventista
romena em Madri seja leal ao seu país
atual, a Espanha, sua alma permanece
ligada aos seus irmãos que vivem em
seu país natal, Romênia”, ele disse
aos membros da recém-construída
Igreja Adventista Ebenézer, no dia 4 de
VISITA PRESIDENCIAL: Presidente romeno, Traian Basescu, cumprimenta
membros do coral infantil da Escola Adventista da Igreja Ebenézer. Mais da
metade dos alunos dessa escola elementar são filhos de imigrantes romenos.
Janeiro 2009 | Adventist World
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
outubro passado. Ebenézer é uma das
catorze igrejas adventistas romenas
na região.
Durante a última década, a Espanha
absorveu mais de três milhões de
imigrantes vindos da Romênia,
Marrocos, e de vários países da América do Sul, entre outros. Mais de 11%
dos 44 milhões de residentes do país
são estrangeiros, uma das proporções
mais altas da Europa, segundo
reportagem da Business Week, no ano
passado.
Cerca de metade dos membros
da União Espanhola é constituída de
romenos, disse Teodor Hatanu, presidente da Igreja Adventista na Romênia.
Mas as mudanças econômicas poderão
reduzir essa tendência.
O Sr. Basescu, que foi à Espanha
participar das reuniões do Fórum
Europa 2008, visitou várias comunidades religiosas de língua romena. Sua
visita à Igreja Adventista Ebenézer,
com ampla cobertura de televisões e
jornais romenos, gerou interesse pela
Igreja Adventista, pondo em destaque
seu perfil diante da comunidade.
Basescu uniu-se a uma congregação
de mais de dois mil membros durante
o culto de sábado, pela manhã.
Estava acompanhado do ministro do
exterior romeno, Lazar Comanescu,
da embaxatriz da Romênia na Espanha, Maria Ligor, de vários secretários
de estado, deputados e membros do
parlamento europeu.
Durante sua fala, Basescu agradeceu à Igreja Adventista seu papel
positivo na sociedade e aplaudiu os
valores que promove. Apontando para
um amigo na congregação, acrescentou
que essa não era sua primeira visita a
uma igreja adventista.
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Adventist World | Janeiro 2009
O presidente visitou, também, a
escola de primeiro grau da igreja, onde
mais de 50% dos alunos são filhos de
imigrantes romenos.
Hutanu denominou a visita como
sinal de uma “nova apreciação” que
a igreja está recebendo de líderes do
governo, os quais reconhecem seu
impacto na comunidade.
Adventistas Eslavos Marcam
o Século
■ Centenas de adventistas do sétimo
dia na Eslovênia reuniram-se na se-
gunda maior cidade do país, Marbor,
na última primavera, para comemorar
os cem anos da igreja nesse país da Europa central.
As comemorações tiveram início
em janeiro de 2008, com uma apresentação no Museu Municipal, na capital
do país, Ljubljana, apresentando a
história da igreja e suas crenças. Os
adventistas eslavos realizaram concertos, painéis de discussões, cursos
de saúde, aulas de culinária, leitura
de poesias e programas nacionais de
televisão.
Acima: PIONEIRO: Um dos pioneiros adventistas, Albin Mocnik
batiza recém-converso. Mocnik
e outros levaram a mensagem
adventista ao centro europeu, no
início do século vinte.
Direita: EXPOSIÇÃO COMEMORA
CEM ANOS: Os eslavos expõem as crenças e a história da Igreja
Adventista no Museu da Cidade de Ljubljana. A exposição, que
começou em janeiro de 2008, terminou o ano comemorando a
presença da igreja naquele país.
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O pastor adventista mais idoso da
Eslovênia, Mihael Virtic, 85, paticipou
das comemorações e disse lembrar-se
da maneira como Deus atuou para que
a igreja criasse raízes no então Império
Austro-Húngaro. Os adventistas chegaram à Eslovênia em 1908.
Mais importante que seus cem
anos de existência na Eslovênia é a
reputação da igreja ali, disse Branko
Bistrovic, presidente da igreja na região
adriática. Citando projetos humanitários, seminários de educação e envolvimento com a comunidade, Bistrovic
considera a presença da igreja no
país como “positiva” e seus membros
“contribuem significativamente” para a
sociedade e a cultura eslavas.
Bertil Wiklander, presidente da
igreja na região transeuropeia, também
falou no evento, advertindo os presentes a não deixar que as ocupações
da vida comprometam o tempo para
Deus. O “estilo de vida estressante”
pode levar os adventistas a “negligenciar nosso crescimento espiritual e
nossa missão”, disse ele.
Representantes de outras denominações protestantes e o diretor das
comunidades religiosas da Eslovênia,
Drago Cepar, participaram do evento
com membros e líderes da igreja.
Cepar aplaudiu a “boa cooperação”
da igreja com o Ato de Liberdade Religiosa, realizado em 2007, que requer o
registro de todas as denominações com
o fim de receber direitos legais e benefícios tributários. A Igreja Adventista
foi o primeiro grupo religioso, entre
quarenta e três, a receber registro oficial na Eslovênia.
Quinhentos e cinquenta adventistas reúnem-se em treze igrejas no
país. A igreja administra uma casa
S T E P H E N
V E L E / PA U
LIGUE SUA (EMISSORA DE)
RÁDIO: Fifaia Matainaho (à direita),
diretor de desenvolvimento da
Universidade Adventista do Pacífico, recebe concessão
para o funcionamento de uma
emissora de rádio de Une O’ome,
diretor de Concessões e
Relações Públicas da PANGTEL.
publicadora e uma escola bíblica por
correspondência.
Adventistas em Papua Inauguram
Estação de Rádio
■ A Pacific Adventist University
(PAU) [Universidade Adventista do
Pacífico] recebeu permissão do governo, bem como expressiva doação, para
ajudar a inauguração da primeira rádio
de propriedade da igreja em PapuaNova Guiné.
A universidade esperava que o
registro para tal licença levasse vários
meses para ser aceito, mas a proposta
foi recebida e aprovada rapidamente
pelas autoridades técnicas de rádio e
telecomunicações de Papua-Nova Guiné
(PANGTEL), em agosto de 2008. O fato
representou grande desafio para a PAU,
uma vez que a licença requer que a estação entre no ar em três meses. A universidade cria que, enquanto aguardassem
a aprovação do processo, teriam tempo
suficiente para conseguir recursos.
A contribuição de 50 mil dólares,
aproximadamente a metade do orçamento do projeto, doados pela Rádio
Mundial Adventista (AWR), permitirá
que a estação FM de mil watts seja
completada no prazo. Ela está sendo
construída no campus da PAU, em
Baroko, e alcançará ouvintes em toda a
capital, a cidade de Port Moresby.
Papua-Nova Guiné já teve transmissões ocasionais de rádios adventistas
no passado; esta, porém, será a primeira emissora de propriedade da igreja e
totalmente operada por adventistas.
“Esse projeto é muito mais que
uma rádio, pois reúne pessoas com
o propósito de fazer a diferença”, diz
Branimir Schubert, vice-presidente da
PAU. “Creio que esse é ‘tempo divino’ e
vamos fazer com que as coisas aconteçam. O que vocês fizeram por meio da
AWR é histórico em muitos aspectos e
terá efeito positivo em muitos níveis.
As pessoas já estão conversando sobre
o que podemos fazer, por meio do
rádio, para fazer a diferença.”
“A nova emissora será uma extensão valiosa do ministério da AWR”, diz
seu presidente, Bem Schoun. “A AWR
pode prover assistência para esse tipo
de projeto, graças à generosidade de
uma família que dividiu seus recursos
conosco com o propósito de levar o
evangelho a regiões do mundo ainda
não alcançadas.”
Janeiro 2009 | Adventist World
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
Vietnã Concede
Reconhecimento
Oficial
à Igreja Adventista do Sétimo Dia
“Sonho que se torna
realidade” para membros
E
m outubro de 2008, a Igreja Adventista do Sétimo
Dia, no Vietnã, recebeu reconhecimento oficial, o que
lhe confere a possibilidade de funcionar legalmente,
disseram os líderes da igreja.
Os líderes reuniram-se em Saigon nos dias 22 a 24 de
outubro de 2008, para eleger a administração da igreja.
Foram as primeiras reuniões de nomeação desde 1975. A
comissão diretiva da igreja no país está buscando recursos
financeiros para adquirir terreno a fim de construir a
Escola Bíblica. Trata-se de uma prioridade para os 13 mil
membros no Vietnã.
“Esse é um sonho que se torna realidade”, disse Khoi Tran,
diretor de mordomia da Missão Vietnamita, que visitou a
sede mundial da igreja, na região de Washington, D. C.,
Estados Unidos, no dia 29 de outubro do ano passado.
Khoi participou da comissão de nomeação na qual cerca
de 130 delegados votaram estatutos, regimento interno,
planos de operação para os próximos quatro anos e uma
comissão diretiva.
“Essa reunião foi um passo importante em relação aos
procedimentos legais para o reconhecimento da igreja”,
disse Khoi.
A comissão elegeu Tran Cong Tan como presidente,
Tran Thanh Truyen, secretário, e Nguyen Thi Bach Tuyet,
tesoureiro.
Segundo a agência de notícias VietNamNet, Nguyen
Thanh Xuan, vice-diretor do Comitê para Assuntos
Religiosos, disse ao grupo que “a política do governo para
assuntos religiosos ajudou denominações, incluindo
grupos protestantes, a se desenvolver e participar nas
atividades da comunidade”.
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Adventist World | Janeiro 2009
Da direita para
esquerda:
RECONHECIMENTO: O último centro Le Cong Giao, fora
de Saigon, inicia a Cerimônia da Santa Ceia, marcando
o reconhecimento da denominação adventista pelo
governo vietnamita. Cerca de 130 delegados reuniramse em Saigon nos dias 22 a 24 de outubro de 2008, para
aprovar a reorganização da Missão Vietnamita. SEDE:
Delegados chegam à Igreja Adventista de Phu Nhuan,
em Saigon, para participar da comissão de nomeação.
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Nguyen enfatizou o compromisso do governo de assegurar ambiente legal para o funcionamento de organizações
religiosas, de acordo com seus princípios.
“Nós inscrevemos a igreja para o reconhecimento ao
longo de 33 anos”, disse Khoi. “Agora teremos liberdade para
publicar e distribuir literatura e construir novas igrejas.”
O Vietnã tem 50 cidades e províncias e apenas 20 dessas têm
presença adventista, especialmente nas regiões sul e central.
“O mais importante é que poderemos iniciar a Escola
Bíblica para instruir nossos jovens a se tornarem obreiros
bíblicos”, disse Khoi. “O trabalho está se expandindo e
precisamos de muitos obreiros treinados.”
Khoi, 33, filho de Tran Cong Tan, presidente da Missão
Vietnamita, é o primeiro pastor adventista a estudar fora
do Vietnã, tendo se graduado em nível superior no Spicer
Memorial College, na Índia, e com mestrado em ministério
no Instituto Adventista Internacional de Estudos Avançados,
nas Filipinas.
Após completar seus estudos, Khoi trabalhou por dois
anos como missionário pioneiro da Missão Global Adventista
em Phnom Penh, Cambodja, estabelecendo igrejas entre
imigrantes vietnamitas.
“Esse trabalho foi muito gratificante, mas eu almejava
pregar o evangelho em meu país natal”, disse Khoi. Ele
retornou ao Vietnã em 2002.
—Reportagem da Missão Adventista e Rede Adventista de Notícias
JANELA
A
república democrática
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO
do
Capital
Kinshasa
Congo
por Dentro
Por
Hans Olson
A
República Democrática do Congo
foi conhecida como Zaire, Estado
Livre do Congo e Congo Belga. Para
muitos, evoca a lembrança de guerra, calamidades naturais e agitações políticas.
Não devendo ser confundido com
o país vizinho, a República do Congo, a
República Democrática do Congo, ou
RD Congo, foi colonizada pela Bélgica
em 1908. Em 1960, o Congo recebeu sua
independência, mas os anos seguintes foram marcados por instabilidade política e
social. Em 1965, Joseph Mobutu deu um
golpe de estado, declarou-se presidente e
mudou o nome do país para Zaire.
Mobutu permaneceu como presidente por 32 anos. Em 1994, um grande
influxo de refugiados da vizinha Ruanda e Burundi deflagrou uma guerra civil
que acabou derrubando o governo de
Mobutu. Três anos mais tarde, Laurent
Kabila tornou-se presidente e mudou o
nome do país para República Democrática do Congo. No ano seguinte, mais
combates eclodiram. O cessar-fogo foi
assinado em 1999, mas os combates
esporádicos continuaram. Em 2001,
Kabila foi assassinado e seu filho, Joseph
Kabila, foi nomeado chefe de estado.
Em 17 de janeiro de 2007, o vulcão
Nyirangongo eclodiu na região oriental
da RD Congo, perto de Goma, deixando
cento e vinte mil pessoas desabrigadas.
Logo após a erupção, quatrocentas mil
pessoas tiveram de ser evacuadas da
cidade. Seis meses mais tarde, o vulcão
Nyamurangira, na mesma região, também eclodiu. Ambos os vulcões ainda
estão ativos.
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Língua oficial
Religião
População
Membros adventistas
Adventistas per capita
Francês
Católicos, 50%; Protestantes, 20%;
Kimbanquist, 10%; Muçulmanos, 10%;
outros, 10%
62,7 milhões*
522.387*
1:120*
Localizada no coração da África
sub-Saara e circundado por nove países,
incluindo Angola, Sudão, Tanzânia e
Zâmbia, a República Democrática do
Congo espalha-se pela linha do Equador,
o que lhe propicia grande quantidade de
chuva e a mais alta frequência de temporais do mundo. As chuvas tropicais são
superadas apenas pela região amazônica.
O terreno e o clima fazem com que
as viagens por via terrestre sejam muito
difíceis. Com poucas rodovias ou estradas de ferro em bom estado, as pessoas
são forçadas a depender dos milhares de
quilômetros de vias fluviais navegáveis
desse país transversal.
A população aumentou de 47 para
63 milhões na última década. Aproximadamente 250 grupos étnicos vivem
no país, onde são falados cerca de 700
dialetos locais.
Adventistas
O trabalho da Igreja Adventista
começou ali há quase 90 anos, quando
Christopher Robinson e sua esposa
iniciaram a Missão Songa, no sul do
país, em 1920. Dois anos mais tarde, A.
C. Le Butt estabeleceu a Missão Katanga
e fundou uma escola. Em 1925, a Igreja
Adventista já estava oficialmente organizada como a União/Missão do Zaire.
De 1932 a 1961, havia onze missões
adventistas no país, cada uma com, no
mínimo, duas casas missionárias: uma
escola fundamental, uma igreja e, em
muitos casos, uma clínica médica.
REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA
DO CONGO
O ministério médico da Igreja
Adventista é importante nesse país. A
Missão Songa, fundada pela família
Robinson, é hoje o Hospital Adventista
Songa, o único equipado para atendimento de emergência em centenas
de quilômetros. Além de oferecer
tratamento médico, a equipe clínica
viaja pelas vilas vizinhas para cuidar dos
doentes que não podem ir ao hospital.
Por todo o país, há cerca de trinta e três
hospitais e clínicas adventistas servindo
a população local.
A Igreja Adventista cresceu cerca de
70% desde 1996, chegando a mais de
500 mil membros.
Para saber mais sobre o trabalho
da Igreja Adventista do Sétimo Dia na
República Democrática do Congo, visite:
www.AdventistMission.org
*Arquivos Estatísticos da Associação Geral, 144° Relatório
Estatístico Anual.
Janeiro 2009 | Adventist World
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A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
uma
Igreja Dinâmica
para Tempos Difíceis
D A B R O W S K I / A N N
Quando estourou a notícia de uma crise
econômica mundial em outubro de 2008,
mais de trezentos membros da Comissão
Executiva da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, em nível mundial, estavam reunidos
em Manila, Filipinas, para discutir questões-chave da administração da igreja.
Jan Paulsen, presidente da Associação Geral, sentou-se com o editor da Adventist
World, Bill Kott, para discutir algumas
das decisões de amplo alcance tomadas
no Concílio Anual de 2008.
a um membro comum, de uma igrejinha rústica, o benefício advindo de
reuniões como o Concílio Anual 2008,
fora da América do Norte? O que a
igreja ganha com isso?
JAN PAULSEN: Enquanto estávamos
reunidos em Manila, o mundo passava
pelo que foi descrito como “colapso
econômico”. Obviamente, isso impacta
a todos – indivíduos, organizações e
governos. Certamente, também somos
atingidos como igreja mundial. Diante
desses fatos, alguém pode dizer: “Para
que realizar um Concílio Anual fora da
América do Norte, com todo esforço e
despesa extra que isso demanda?”
Eu responderia: Esse é o preço
para manter a família unida! Noventa
e quatro por cento dos membros de
nossa igreja vivem fora da América do
Norte e, por isso, é muito importante
que, quando os líderes se reúnem em
um concílio, a igreja, em todo o mundo,
tenha a sensação de estar no coração
do que está acontecendo; seja parte do
processo.
8
Adventist World | Janeiro 2009
R AY
BILL KNOTT: Como o senhor explicaria
Temos aproximadamente 700 mil
membros nas Filipinas. Temos universidades, hospitais e outras instituições
por todo o país. A igreja é muito conhecida pela mídia secular e pelo governo.
Somos conhecidos pela quantidade e
pelo nome. Cerca de catorze mil pessoas
estiveram presentes ao programa de
sábado, em Manila, e houve um maravilhoso senso de confraternização e forte
espírito de celebração.
Penso que é saudável para a liderança da igreja mundial enfatizar o
caráter global da família de nossa igreja,
quando realizamos eventos como esse.
Em décadas passadas, foram realizados
concílios anuais na América do Sul,
América Central, Austrália, Europa
e África. Ir para a Ásia, desta vez, foi
oportuno.
O senhor está dizendo que, às vezes, é
necessária uma movimentação física
para outro lugar, para que os membros
da igreja creiam que o senhor também
está atento aos problemas que existem
fora da América do Norte?
Sim, claro. A presença física faz toda a
diferença. Por toda a Ásia, os membros
viram que nós viemos e que “hasteamos
a bandeira”. Isso foi muito significativo
para a Igreja Adventista das Filipinas.
Os membros sentiram-se felizes com a
sua igreja. Puderam celebrar sua força e
ser encorajados e motivados por ela.
O senhor já mencionou as notícias da
crise econômica global que estourou
enquanto estávamos reunidos em
Manila. Em que medida isso afetou o
curso das reuniões e como o senhor
acha que influenciará a igreja nas
próximas semanas e meses?
Não há previsões seguras para uma
calamidade financeira como essa. Ninguém, no mercado secular, sabe o que
acontecerá no dia seguinte, mês ou ano.
Nós, que trabalhamos na administração
da Igreja, precisamos perguntar: Qual
será nossa atitude como Igreja, em meio
a tais circunstâncias? Como devemos
votar um orçamento? Nossos orçamentos são baseados na fé, fidelidade nos
dízimos e nas ofertas para as missões,
que serão entregues por nossos membros em 2009. Não sobre o dinheiro que
já temos no banco.
Fomos muito abençoados em anos
anteriores, e isso nos deu uma forte
base para planejar. Mas a incerteza do
mercado financeiro atual é sem precedentes na história recente. Portanto,
não devemos proceder como se nada
houvesse acontecido. Quando apresentamos o orçamento no Concílio Anual,
sugerimos à Comissão Administrativa
da Associação Geral que a comissão de
operação interna tenha a autonomia de
fazer ajustes ao orçamento, à medida
que observarmos a evolução da economia global.
Em sua opinião, como esses eventos
podem afetar o funcionamento
da igreja em relação ao orçamento
de 2009?
Os membros da igreja devem saber
que seguiremos em frente, com cautela e prudência, enquanto esperamos
uma definição mais clara do cenário
econômico. É importante que também
saibam que essas circunstâncias afetarão os recursos disponíveis para o
funcionamento de nossa sede mundial.
Restringiremos nosso pessoal, deixando
de preencher algumas vagas e estudaremos maneiras de reduzir despesas em
outras áreas.
Parece que o objetivo de manter uma
flexibilidade financeira, a fim de lidar
com a realidade econômica atual,
convergiu providencialmente com
outra questão importante discutida no
concílio anual: flexibilidade quanto à
estrutura da Igreja.
Sim, a Comissão dos Ministérios,
Estruturas e Serviços apresentou seu
admitir o princípio da “flexibilidade”,
dando à igreja local a habilidade de definir, dentro de alguns limites, as estruturas administrativas que mais se adaptam
às necessidades e circunstâncias específicas. Dissemos: “Deve prevalecer um
elevado nível de confiança. Há situações
em que devemos permitir que a igreja
local decida qual a é melhor maneira de
Precisamos ser mais decididos na escolha de mulheres como
membros da Comissão Executiva da Associação Geral. Precisamos
de mais jovens leigos, profissionais com menos de 35 anos de
idade, que contribuam com competência e habilidade para o bom
andamento dos negócios da Igreja.
relatório final e duas recomendações
importantes foram aprovadas, por
unanimidade, pela Comissão Executiva no Concílio Anual. O que a
Comissão Executiva está dizendo com
essa recomendação é que somos uma
comunidade global, dinâmica e em
crescimento. Portanto, é justo perguntarmos, de quando em quando, qual é o
caminho mais efetivo e mais adequado
a ser seguido. Temos algumas formas
e estruturas que foram desenvolvidas
há décadas. Será ainda a maneira mais
eficiente de a igreja cumprir sua missão? Ou será que o simples crescimento
da igreja e a evolução da estrutura em
que opera significam que é preciso
racionalizar certos processos?
Nos últimos três anos, a comissão
tem estudado essas questões. Seus membros têm pesquisado uma vasta quantidade de informações e dados da igreja
em todas as partes do mundo. No Concílio Anual 2007, adotamos a primeira
parte da recomendação da comissão, ao
prosseguir com nossos valores comuns,
nossa identidade e missão, dentro de seu
próprio contexto.”
No último Concílio Anual, a comissão pediu para analisarmos, mais uma
vez, o melhor método para definir, em
nível de Associação Geral, os cargos
e departamentos que servem à igreja
mundial. A comissão está dizendo:
“Vamos expandir esse princípio de
flexibilidade e confiança para que a
Comissão Executiva da igreja mundial, que se reúne no Concílio Anual,
possa responder de forma dinâmica às
realidades atuais, rever necessidades e
responder rapidamente, se necessário,
aos desafios.”
Assim, na assembleia da Associação
Geral, em 2010, solicitaremos que considerem a recomendação de permitir
à Comissão Executiva maior responsabilidade interna. “O que será melhor
para nossa igreja? Qual é o modo mais
prudente e sensato de agir? Será que
devemos continuar fazendo as coisas da
Janeiro 2009 | Adventist World
9
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
mesma maneira, apenas porque é assim
que sempre fizemos?”
É importante lembrar que, ao
propor que alguma responsabilidade
seja delegada ao Concílio Anual, não
estamos falando de um grupo pequeno
e não representativo.
Os membros da igreja
devem saber que
avançaremos, com
cautela e prudência,
enquanto aguardamos
um cenário econômico
mais claro.
Certamente não é uma comissão por
telefone!
Não, não! Estamos falando de um grupo de mais ou menos trezentos líderes
da igreja, pastores da linha de frente e
membros leigos da igreja de cada parte
do mundo, que se reúnem no concílio,
todos os anos. Esse é um corpo singular,
que pode ser menor em número em
relação à assembleia, mas não menos
representativo.
Com frequência, dizemos, e com
razão, que quando a igreja se reúne
numa assembleia da Associação Geral,
Deus está presente, orientando Sua
igreja. Mas acredito que isso também
é verdade quando os delegados da assembleia decidem transferir algumas de
suas responsabilidades.
A bênção de Deus, Sua presença entre
Seu povo, não termina no fim da
assembleia.
É verdade! Houve, ainda, uma segunda
10
Adventist World | Janeiro 2009
recomendação importante, feita pela
comissão, e que foi adotada no Concílio
Anual: que a eleição dos diretoresassociados para os departamentos e
ministérios da Associação Geral ocorra
no primeiro Concílio Anual, após a
assembleia.
Qual a vantagem disso? Já atuei
como presidente duas vezes na comissão de nomeação da assembleia da
Associação Geral, e sei que é muita coisa
– muita coisa – para ser resolvida em
poucas horas. Em alguns casos, as coisas
não são tão bem feitas como deveriam.
Esse é um processo que, às vezes, levanta dúvidas. Se, porém, a recomendação
da comissão for adotada, isso permitirá
que, em assembléias futuras, haja mais
tempo para considerar, de modo mais
deliberativo, a escolha das pessoas que
serão votadas para dirigir os centros
administrativos e a liderança dos departamentos.
Segundo, isso permite dois ou três
meses para que os diretores eleitos na
assembleia pensem, consultem o presidente e a administração, sobre como
compor sua equipe. Além disso, disse
publicamente em Manila que a comissão de nomeações do Concílio Anual,
incumbida de nomear candidatos para
os departamentos, deve ser composta
de tal modo que reflita adequadamente
a igreja mundial; deve representar
bem os membros leigos e os pastores
distritais.
Quando olhamos para toda a delegação do Concílio Anual, temos a
impressão de que ela representa a
diversidade racial e étnica da igreja
mundial. Mas as estatísticas da igreja
mostram que 65 a 70% de nossos
membros no mundo são mulheres e
não mais de 10% dos delegados são do
sexo feminino. Como abordamos essa
realidade?
Está provado, historicamente, que esse
é um processo lento para nós. O fato
de que, em assembleias anteriores da
Associação Geral, foi decidido não
ordenar mulheres ao ministério, fez
com que elas não tivessem acesso
semelhante ao dos homens a cargos de
liderança. Tem sido difícil encontrar
pessoas com preparo e experiência
para participar plenamente do processo do Concílio Anual. Mas, sem
dúvida, tem que haver maior esforço
deliberado para corrigir isso. Precisamos ser mais decididos na escolha
de mulheres como membros da Comissão Executiva da Associação Geral.
Precisamos de mais jovens leigos,
profissionais com menos de 35 anos de
idade – não porque desempenhem algum papel na liderança da igreja, mas
porque contribuem com competência
e habilidade ao tratar dos negócios
da igreja. Precisamos igualmente da
garantia de que poderão servir por um
período de tempo adequado, talvez
até dez anos, para que sejam membros
produtivos e contribuam com a
Comissão Executiva.
Para onde irão as recomendações do
Concílio Anual de Manila?
Serão consideradas pelos delegados
da Assembleia da Associação Geral de
2010, em Atlanta, EUA, onde certamente gerarão mais debate. Ao longo
de todo esse processo, temos dito:
“Não aprisionemos a igreja com formas rígidas ou estruturas que não possam ser mudadas, as quais se tornaram
“santas” simplesmente porque “sempre
fizemos desse jeito”. Vamos nos concentrar no todo, nas necessidades e
demandas de uma igreja em constante
crescimento; em nosso compromisso
de procurar caminhos mais adequados
para realizar o trabalho da igreja. Em
tudo que fizermos, estejamos centrados nas prioridades dos valores da
missão e da unidade, e então, avançar
com confiança para onde o Senhor
nos guiar.
S A Ú D E
N O
M U N D O
igrejas no mundo
Pregam
Contra Tabaco
Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless
O que aconteceu com nossas atividades contra o tabaco? Parece que, hoje em dia, não nos envolvemos mais com programas
contra o fumo.
co, e o século XXI poderá testemunhar
colaboração para uma ampla frente de
Igreja Adventista já esteve entre os
a morte de um bilhão de pessoas pela
iniciativas de saúde.
líderes em campanhas de inforSe você quiser se tornar um agente
mação sobre os efeitos letais do tabaco.
mesma causa.
de mudança para algo melhor, planeje
Fumantes passivos também têm
Ela já esteve na dianteira, informando
participar desse congresso. Visite o site
sérios problemas de saúde. Quarenta e
os efeitos maléficos do fumo à medida
www.health20-20.org para obter inque o conhecimento sobre o assunto ia
seis mil mortes ao ano por problemas
formações sobre o Primeiro Congresso
aumentando. O curso “Como Deixar
cardíacos e 3.400 por câncer de pulsobre Estilo de Vida Saudável e Cuidamão somente nos Estados Unidos são
de Fumar em Cinco Dias” foi muito
dos Primários.
oportuno e perfeitamente adaptado ao
atribuídas a fumantes passivos*. Os
Todos nós podemos ser parceiros
programa evangelístico da igreja, porque 200 mil casos de asma infantil, 71.900
era uma ferramenta de curta duração,
nascimentos prematuros e 23.500 nasci- adotando a estratégia da OMS, que visa
a capacitar os governos, organismos e
mas com efeito educacional muito eficaz. mentos de crianças abaixo do peso são
o resultado de fumantes passivos nos
grupos locais na luta contra o fumo.
Os benefícios em longo prazo são incalculáveis. Os tempos, porém, mudaram.
Estados Unidos, e isso realmente nos faz Adotemos a sigla MPOPER, que significa:
Hoje, o lobby contra o cigarro
M = Monitorar o uso do fumo e das
parar para pensar.
diretrizes de prevenção.
Espera-se que tal reflexão nos ajude
tornou-se um grupo grande, com apoio
a nos tornar parte da solução.
P = Proteger as pessoas da fumaça do
político e financeiro, o que pode ter
cigarro.
intimidado os grupos de nossas igrejas
Louis Pasteur (1822-1895) disse:
O = Oferecer ajuda para deixar o vício.
“Quando penso nas doenças, nunca
ou tê-los desencorajado pelo pequeno
P = Prevenir os perigos.
tento descobrir um remédio para curánúmero de pessoas que frequentam
E = Executar as proibições sobre proo programa Breathe-Free (Livre para
las; ao contrário, penso num meio de
moções publicitárias e patrocínio.
Respirar, nos EUA). O poder e o avanço preveni-las.” Os interessados no controle do uso do fumo devem pesquisar
R = Recolher impostos sobre o fumo.
do lobby antitabaco parece ser algo com
Façamos tudo que nos é possível
os relatórios da OMS de 2008 sobre a
que os adventistas não se sentem muito
para sermos agentes de mudança.
epidemia global do tabaco.
à vontade. Parte do problema pode
Incentivamos a participação ativa no
ser nossa timidez para trabalhar com
* Pessoas que não fumam, mas que convivem com fumantes.
governo, em nível local e em campanhas
outros grupos que não os nossos.
bem organizadas contra o fumo. A
Talvez devêssemos nos lembrar da
cooperação produz melhor resultado
enormidade da crise do tabaco.
De acordo com relatórios da Organi- que ação isolada e desordenada.
Allan R. Handysides, M.B.,
zação Mundial da Saúde (OMS) sobre o
De 23 a 28 de junho de 2009, será
Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG,
é diretor do Departamento
fumo em 2008, o seu uso mata uma pesrealizado o Congresso Internacional de
do Ministério de Saúde da
soa a cada seis segundos. O tabaco mata
Estilo de Vida Saudável, em Genebra,
Associação Geral.
entre um terço e metade das pessoas que
Suíça. A OMS, o Sistema Adventista de
fumam e os cinco milhões que morrem,
Saúde, o Centro Médico da Universidade de Loma Linda, a Agência Adventista
todo ano, em consequência de seu uso,
Peter N. Landless, M.B., B.Ch.,
de Desenvolvimento e Recursos Assisrepresentam um e dez avos de todas as
M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C.,
é diretor-executivo do ICPA e
tenciais (ADRA) e a Associação Geral
mortes no mundo todo, anualmente.
diretor-associado do Ministério
Da população mundial, quinhentos
trabalharão com outras organizações
de Saúde.
milhões morrerão pelos efeitos do taba- religiosas para criar estratégias de
A
F O T O :
R O L D O F O
C L I X
Janeiro 2009 | Adventist World
11
D E V O C I O N A L
E
m nossa ânsia de refutar o rótulo de “Laodiceia”, temos a
tendência de esquecer várias coisas boas sobre as mensagens às sete igrejas.
Primeiro, identificar o remetente: o Cristo ressurreto. São
sete “cartas vindas do Céu”. Em seguida, há o fato de terem
sido escritas para sete lugares específicos da Ásia Menor; e pelo
conhecimento nelas contido, concluímos que foram destinadas
às necessidades das congregações de sete cidades específicas.
Finalmente, em nossa ânsia de mergulhar em novos
níveis de significado, interpretamos as sete mensagens a
sete períodos consecutivos da história cristã. Essa, porém, é
apenas parte de sua relevância.
Cartas
Enviadas do
tudo nAquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4:14, 15). Com o
tempo, as igrejas locais adquirem características próprias.
Podemos classificar suas características pela diversidade
ou pela geografia, mas sabemos que, na raiz, há algo mais.
Sempre que uma congregação compartilha ideias com
outra – de Éfeso a Laodiceia –, haverá debate. O fato é que
o Cristo ressurreto viu um padrão de problemas e enviou
as sete cartas para que as igrejas pudessem superá-los.
O que Diria Ele Aos Líderes de Sua Igreja Local?
Todas as cartas começam com as palavras “Ao anjo da
igreja em ... escreve”. Em seguida à palavra “conheço”, Cristo
Por David
Marshall
Céu
Enviadas há dois mil anos,
são muito atuais hoje
Sempre Relevantes
As sete cartas do Céu foram enviadas a sete igrejas de
cidades específicas, no final do primeiro século.* Os
adventistas do sétimo dia também creem que elas possuem
significado profético para a igreja cristã ao longo do último
milênio. Minha opinião, entretanto, é que seu grande significado profético está no seguinte: Ao longo dos séculos, as sete
mensagens foram aplicáveis para algum lugar. Já visitei o local
das sete igrejas do primeiro século e, sendo bem específico,
em quarenta anos de ministério, já preguei sobre todas elas.
Sim. Já estive em Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira,
Sardes, Filadélfia e Laodiceia – na maioria delas, várias
vezes – e encontrei quem falasse inglês em todas elas.
Nas sete cartas, não apenas nas duas últimas, o Senhor
ressurreto fala a todos nós, como ainda o faz hoje.
“Pois em um só Espírito, todos nós fomos batizados
em um corpo” (1Co 12:13).** Nossa igreja local é a comunidade onde crescemos, estagnamos ou fazemos seja
lá o quê (Ef 4:11-14). Nela, tanto permanecemos como
“crianças, levados de um lado para outro pelas ondas”, ou
aprendemos a “seguir a verdade em amor” e “crescemos em
12
Adventist World | Janeiro 2009
Acima: Um portal do
site da antiga Laodiceia,
recentemente escavado,
lembra as palavras de
Jesus à igreja: “Eis que
estou à porta e bato”.
Abaixo: Turista passeia
pela rua principal de
Éfeso, a primeira das sete
igrejas citadas no livro de
Apocalipse.
F O T O S :
B I L L
K N O T T
salienta o que aquela igreja, em particular, tem de bom.
Então, depois de palavras como “tenho contra você”, Cristo
aponta as áreas problemáticas da igreja. Pouco antes do fim
de cada mensagem, há uma advertência e, bem no final,
uma promessa, começando tipicamente com as palavras:
“Ao vencedor...”
Que mensagem daria o Cristo ressurreto “ao anjo da
igreja” de, vamos dizer, Loma Linda ou Londres, Toronto
ou Rio de Janeiro, Berlim ou Birmingham – ou qualquer
outra? O que Ele diria à igreja que você frequenta? Que
qualidades Ele confirmaria? Que palavras viriam depois de
“Tenho contra você”? Qual seria a advertência? Será que
Que mensagem o
Cristo ressurreto daria
à sua igreja?
confirmaria o “seu trabalho árduo e perseverança”, como
fez com Éfeso? Poderia Ele dizer de sua igreja o que disse de
Pérgamo: “Sei onde você vive – onde está o trono de Satanás. Contudo, você permanece fiel ao Meu nome”? A Tiatira
Ele disse: “Conheço as suas obras, o seu amor, a sua fé, o seu
serviço e a sua perseverança.” Poderia Ele dizer o mesmo de
você e de sua congregação?
A despeito do trabalho árduo, Éfeso esqueceu “seu primeiro
amor”. A Sardes foi dito: “Conheço as suas obras; você tem
fama de estar vivo, mas está morto.” Sardes tinha uma organização excelente, mas estava morta em pé, não mais servia para
seu propósito. Laodiceia, embora fosse rica, era infeliz e miserável; cria que possuía tudo, mas não tinha nada. Jesus ainda
estava do lado de fora, batendo à porta, tentando entrar.
A sugestão para que Laodiceia seja curada de sua condição – ouro, roupas brancas, colírio (Ap 3:18) – são porções
do evangelho da salvação, concedidas pela graça, aceitas pela
fé. Um bom começo é deixar Jesus entrar em seu coração
(ver Ap 3:20).
A cura prescrita para a condição de Sardes – igreja
extremamente organizada, mas que estava morta, ou
morrendo (Ap 3:1,2) – foi a ressurreição, o maior chamado
ao despertamento de todos os tempos. Há esperança,
inclusive para Sardes! (Ap 3:1-6)
Mas a cura prescrita para a maioria dos problemas
diagnosticados nas sete igrejas pode ser resumida em uma
palavra: ARREPENDIMENTO.
Começando por Mim!
Sua igreja tem se tornado tão materialista, que, ao ser
vista por fora, não se distingue da sociedade em volta dela?
Sua igreja tem se tornado tão intolerante com seus jovens
que eles ficam sangrando durante a semana? Você tem
considerado a estrutura de sua igreja como algo a ser
controlado com os interesses de algum instinto de poder
primitivo? Se suas respostas a essas perguntas – e a centenas
de outras para as quais não tenho espaço – são afirmativas,
permita que o arrependimento em sua igreja comece
com você.
Recomendo para você a reputação, mensagem e missão
de Filadélfia (veja Ap 3:7-13). Apesar de toda a pressão
para agir de outro modo, os membros de Filadélfia não
haviam negado o nome de Cristo. Por causa de sua
fidelidade, o Cristo ressurreto havia colocado uma porta
diante deles, a qual ninguém podia fechar. Viviam num
ambiente inóspito de terremotos e tremores que os
mantinha em pânico, sem aviso prévio. Para eles, Cristo
prometeu a cidadania da “cidade do meu Deus, a nova
Jerusalém”.
A mensagem para Filadélfia? “Venho em breve!
Retenha o que você tem, para que ninguém tome a sua
coroa” (Ap 3:11). Isso foi o mais próximo a uma advertência
dada a Filadélfia. Esaú teve sua posição ocupada por Jacó,
Rúbem por Judá, Saul por Davi e o Israel literal pelo Israel
espiritual. É dito a Filadélfia: Retenha o que você tem.
Fique atenta! Não deixe que ninguém a distraia e roube
sua coroa.
Havia uma pequena congregação, cujo pastor foi executado como criminoso. O presidente da comissão da igreja
jurou nunca ter pertencido a ela; o tesoureiro cometeu
suicídio; o resto dos membros da comissão fugiu na hora
do julgamento. Os únicos que mostraram algum sinal de
fidelidade foi um pequeno grupo de mulheres. Elas foram as
últimas pessoas a sair do pé da cruz e as primeiras a chegar
à tumba vazia.
Deus usou essa igreja, pelo poder do Espírito, para
levar Seu evangelho da graça ao mundo. Sendo assim, há
esperança para sua igreja, não importa quão difícil seja sua
situação.
* As sete cartas encontram-se em Apocalipse 2 e 3.
**Todas as referências bíblicas são da Nova Versão Internacional.
David Marshall é o editor mais antigo
da Stanborough Press, em Lincolnshire,
Inglaterra.
Janeiro 2009 | Adventist World
13
A D V E N T I S T A
Q
E R
- W H E E L
H O U S E
W AT E R
ualquer pessoa que acompanha o ritmo dos ministérios que utilizam a tecnologia em nossos dias, logo
percebe algumas portas não convencionais, totalmente
abertas, até em lugares não convencionais como o espaço
cibernético.
O Light Stream International (Corrente de Luz Internacional), ministério leigo com sede em Oregon, Estados
Unidos, usa a tecnologia de ponta para levar a mensagem
do evangelho a pessoas de várias regiões do mundo. A seguir,
alguns exemplos dos diversos métodos de evangelismo usados
pela organização:
■ Programação cristã para TV a cabo, transmitida para milhares de famílias de baixa renda, na Índia, as quais receberam
aparelhos de televisão do governo.
■ Mensagens de esperança e conforto na Web, para jovens
que navegam na Internet em busca de significado e propósito
para a vida.
■ Uma ferramenta evangelística “secular”, para a cultura
chinesa, ligando conceitos messiânicos de escritos orientais da
antiguidade, com profecias da Bíblia, já cumpridas.
■ A mensagem do evangelho, com roupagem cultural de
qualidade, em mídias contemporâneas – como filme, arte e
música –, que vão ao encontro de necessidades espirituais em
lugares como Cingapura, Bolívia, Austrália, África, Filipinas
e Europa.
Ministério de Vanguarda
Uma forte convicção de que os seguidores de Cristo devem
ir com a verdade onde o povo está levou os fundadores Win
Wheeler, Cindy Waterhouse-Wheeler e D. Lynn Bryson, pastor
da Igreja Adventista do Sétimo Dia de McMinnville, Oregon
(EUA), a fundar o Light Stream International, em 2007.
Win começou a compartilhar a verdade de Deus por
meio da multimídia quando ainda cursava a faculdade. Ao
retornar de sua experiência como estudante missionário,
mostrou as necessidades da África a todas as igrejas dos
Estados Unidos, com fotos e som. Após graduar-se pela
Southern Adventist University em Collegedale, Tennessee,
Win trabalhou na empresa Fortune 500, projetando sistemas
automatizados enquanto servia voluntariamente sua igreja
como engenheiro de áudio/som. Crendo que Deus o chamou para um ministério singular, Win exerce a função de
diretor do ministério de tecnologias da igreja McMinnvelle,
é diretor executivo do Light Stream International e engenheiro de som do Projeto Momentum, da União do Pacífico
Norte (UPN).
Cindy, formada em administração pela Universidade de
Oregon, já administrou organizações sem fins lucrativos e
atuou como professora universitária. Musicista e compositora, ela compõe músicas para o culto e o rádio. Atualmente,
edita áudio/vídeo, treina editores voluntários, escreve para o
ministério e ajuda na coordenação de agendas.
14
Adventist World | Janeiro 2009
C I N DY
V I D A
O Modo
Tecno
d e e va n g e l i z a r
Por
Carolyn Sutton e Cindy
WaterhouseWheeler
Bryson, pastor na Associação de Óregon desde 1985 e sobrevivente de um acidente aéreo quase fatal, possui profunda
convicção de que a proclamação da mensagem adventista
pela TV é essencial para cumprir a missão que Cristo confiou
à igreja.
“Devemos levar nossa mensagem para além das paredes
de nossa igreja e para dentro dos lares das pessoas”, diz ele. “A
maioria das pessoas nunca entrará numa igreja. Muitos, porém, ouvirão mensagens pelo rádio e assistirão a programas
pela TV.”
Com a ajuda de mais de cinquenta voluntários da igreja
de McMinnville e dezenas de afiliados e parceiros, Win, Cindy
e Bryson construíram um estúdio de gravação de muita qualidade, onde nasceu esse sistema inovador de evangelismo. O
sistema possibilita que o Light Stream continue expandindo
novas tecnologias à medida que as necessidades do mercado
demográfico aumentam.
Abordagem do Light Stream
Como o Light Stream realiza o trabalho? Seus diretores
creem que o Espírito Santo �lhes apresenta” as oportunidades
evangelísticas relacionadas à tecnologia. Depois, a equipe
M O N T G
O M E R Y
R YA N
Esquerda: EM CONCERTO: D. Lynn
Bryson, pastor da Igreja Adventista do
Sétimo Dia de McMinnville, Oregon, e
co-fundador do Light Stream International, louva a Deus cantando com Mary
Grace, concertista profissional de piano,
que, através de seu talento, levanta
fundos para apoiar pastores
leigos nas Filipinas e noutras
regiões. Bryson e Grace demonstram seu talento em concerto na Igreja Adventista de
McMinnville. Abaixo: COLABORANDO: Diretor do Mudança de
Coração, Tim Adams (esquerda)
conversa com o diretor-executivo do Light Stream International,
Win Wheeler, durante a produção de um filme que explora
conceitos sobre perdão.
Não é tradicional, mas funciona.
de organização desenvolve planos para chegar aos corações
e apresentar Jesus de um modo culturalmente apropriado,
usando a abordagem tecnológica.
Os projetos do Light Stream International incluem:
■ Projeto Momentum – uma cooperação bianual entre
UPN e Light Stream International, criando séries evangelísticas que são transmitidas pelo Hope Channel, Televisão Better
Live e outras emissoras cristãs.
Alguns dos Projetos Momentum já realizados incluíram
programas como “Retratos do Salvador”, com o pastor
Ron Halverson, a série “Por que Deus Amou”, com o então
presidente da UNP, Jere Patzer, e “Apocalipse Agora”, com
Jac Colón. A distribuição dos DVDs dessas séries resultou
em batismos a milhares de quilômetros de distância do local
original das reuniões.
■ Mudança de Coração – filme de curta duração visando ao
público secular ocidental. Apresenta conceitos cristãos sobre
perdão e reconciliação por meio de cinematografia, diálogo e
música, para desenvolver a história de um pai pedindo o perdão de seu filho pelo relacionamento doloroso que tiveram
no passado, antes de o pai ser restaurado pelos conceitos de
Cristo sobre amor e misericórdia.
Projetos Globais em Progresso
■ Light Streaming Índia: O Light Stream está desenvolvendo um estúdio de televisão para os milhões de habitantes de
Tamil, província da Índia.
■ Light Streaming Cingapura: Trabalhando com os plantadores de igrejas nessa parte do mundo, o Light Stream se
esforça para desenvolver um conteúdo em formato de vídeo
sobre a verdade divina, bem como vídeos com histórias
verdadeiras, para serem distribuídos ali e noutros lugares,
revelando o Deus criador como o “Deus de todos os deuses”.
■ Light Streaming China: O Light Stream prepara um
documentário que demonstrará a veracidade da Bíblia, conceitos proféticos messiânicos em escritos de Confúcio e de
outros sábios chineses.
■ Light Streaming para jovens aficionados pelo YouTube:
O Light Stream colabora com estudantes de universidades
adventistas e cristãs na criação de curtas mensagens de esperança, restauração e sobre a realidade de um Deus de amor,
para o YouTube. O público-alvo são os jovens adultos.
■ Light Streaming nas Américas: O Ministério de Televisão
McMinnville, uma marca afiliada ao Light Stream International, está enviando sermões de sábado para serem transmitidos, via satélite, em alguns países das Américas, Caribe,
Filipinas, Europa, África, Índia e Austrália.
A Todo o Mundo
A missão do Light Stream Internacional é seguir em frente, refletindo a luz da verdade e do amor de Deus em diversas
regiões do mundo. De maneira criativa e pela graça de Deus,
faz sua parte para ajudar a cumprir a comissão evangélica:
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações ... ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.
E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do
século”(Mt 28:19, 20).
Para obter mais informações, entre em contato com Light
Stream International, P.O. Box 1171, McMinnville, OR 97128,
EUA, ou visite o site: www.lightstreaminternational.com
Carolyn Sutton é escritora freelance e
representante voluntária da Rádio Mundial
Adventista; educadora jubilada, foi editora da
revista Guide.
Cindy Waterhouse-Wheeler é coordenadora
do Light Stream International e dedica seu
talento musical, administrativo e editorial a
esse ministério.
Janeiro 2009 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
Bounty
b i b l
O
ea
Como a mensagem adventista
encontrou a Ilha Pitcairn e
permaneceu ali
F O T O S
D O
C E N T R O
D E
E S T U D O S D A I L H A P I T C A I R N /
PA C I F I C U N I O N C O L L E G E
À Deriva: Quando os
amotinados do Bounty
colocaram o Capitão
William Blingh e seus
seguidores à deriva, não
tinham ideia do que o
futuro lhes reservava.
por
Herbert Ford
e Wilona
Karimabadi
i a
E
m dezembro de 1787, o navio
da marinha britânica H.M.S.
Bounty, sob o comando do
Tenente William Bligh, zarpou
de Spithead, Inglaterra. Sua missão: levar
mudas de fruta-pão do Taiti para as
Índias Ocidentais, como alimento para
os escravos dos donos de fazenda.
No dia 26 de outubro de 1788, o
Bounty ancorou na baía de Matavai,
Taiti, entre gritos de boas-vindas do
amigável povo daquele país. Embalados
pela amizade do povo dos mares do Sul,
a tripulação foi colocada no trabalho
imediatamente, recolhendo centenas
de plantas de fruta-pão (Artocarpus
incisa). A tarefa era árdua: ter certeza
de que cada planta era saudável o
suficiente para resistir vários meses no
mar até que o Bounty chegasse às Índias
Ocidentais.
Quando a tarefa foi cumprida, havia 1.014 mudas de fruta-pão a bordo
do navio e, no sábado, dia 4 de abril
de 1789, o Bounty levantou âncora e
zarpou. Mas uma vez que estavam sob
a dura liderança do capitão Bligh, vários tripulantes se amotinaram contra
ele. Na madrugada do dia 28 de abril,
alguns tripulantes, sob a liderança de
Flecher Christian, revoltaram-se e forçaram Bligh e os tripulantes leais a ele
a entrar em um pequeno veleiro, que
abandonaram à deriva no mar.
Porto Seguro
Christian e seus companheiros
amotinados navegaram de volta ao
Taiti, mas os habitantes não foram tão
receptivos como antes. Após tentar
aportar noutra ilha pouco amigável,
Christian concluiu que teria que encontrar um esconderijo seguro, pois sabia
que um navio seria enviado da Inglaterra para procurá-los. Os marinheiros da
Marinha Real que se amotinavam não
ISOLAMENTO
escapavam ilesos.
ESPLÊNDIDO:
Assim, o Bounty zarpou mais
A ilha Pitcairn encontra-se
uma vez, agora para encontrar
a meio caminho entre a Nova
algum ponto de terra no
Zelândia e o Chile.
vasto Oceano Pacífico, onde
os tripulantes pudessem estar seguros.
Mas dessa vez os nove amotinados do
Bounty não estavam sozinhos. Foram
acompanhados por 18 polinésios – 6
homens, 12 mulheres e um bebê. As
mulheres tornaram-se esposas dos
marinheiros e as outras três, companheiras dos homens polinésios.
Os amotinados visitaram várias
ilhas do Pacífico a bordo do Bounty,
mas nenhuma parecia segura. Por fim,
Fletcher Christian encontrou nos mapas da marinha uma ilha minúscula,
bem distante, para o leste. Era a Ilha
Pitcairn, que foi vista, pela primeira
vez, pelo aspirante da marinha Robert
Pitcairn, a bordo do navio H.M.S.
Swallow, em 1767. O capitão Carteret,
do Swallow, decidiu homenagear Pitcairn dando seu nome à ilha. Christian
decidiu navegar em direção a Pitcairn
e, por achar ser aquele um porto seguro, o pequeno grupo de amotinados e
polinésios ancorou na ilha, no início
de janeiro de 1790.
Os recém-chegados tiraram tudo
o que ainda havia de aproveitável no
Bounty e começaram a construir abrigos em Pitcairn. No dia 23 de janeiro de
1790, colocaram fogo no navio para que
os altos mastros do Bounty não fossem
vistos por outros navios de passagem
pela ilha.
Bligh e os 17 tripulantes deixados à
deriva no mar sobreviveram, acredita-
Herbert Ford é diretor
do Centro de Estudos
Ilha Pitcairn, sediado no
Pacific Union College, em
Angwin, Califórnia, EUA.
Wilona Karimabadi é
diretora editorial e de
marketing da KidsView, seção infantil da
Adventist Review.
Janeiro 2009 | Adventist World
17
A R T I G O D E C A PA
Esquerda: AGUARDA A RESSURREIÇÃO: O túmulo de
John Adams, o amotinado que levou a colônia a Cristo,
está bem cuidado na ilha. Abaixo: CULTOS REGULARES: A
Igreja Adventista do Sétimo Dia – única igreja na pequena
ilha – ainda realiza cultos aos sábados, quer chova ou
faça sol. A assistência, em sua maioria, é de visitantes e
não-adventistas.
se, à mais longa viagem em bote aberto
pelo Oceano Pacífico. Assim que sua
história foi ouvida na Inglaterra, um
navio – H.M.S. Pondora – foi enviado
para levar os amotinados a julgamento.
Os 16 tripulantes que ficaram no Taiti
foram capturados e três deles, enforcados. Em Pitcairn, entretanto, o pequeno
grupo continuava seguro e o mundo
nem soube de sua existência por quase
duas décadas.
Paraíso Perdido
Os primeiros anos em Pitcairn
foram relativamente calmos e os amotinados e suas famílias prosperaram. A
18
Adventist World | Janeiro 2009
calma foi quebrada por uma série de
eventos violentos. A esposa de um dos
amotinados morreu em consequência
de uma queda, enquanto buscava alimento, e seu esposo, viúvo, exigiu ficar
com a esposa de um dos polinésios.
Esse fato desencadeou uma conspiração
para matar os marinheiros ingleses. As
mulheres, no entanto, foram leais aos
maridos europeus e os avisaram do
perigo. A hostilidade e a deslealdade de
ambos os lados levaram à morte cinco
dos amotinados. Assim, os homens
polinésios também foram assassinados.
Um dos amotinados, William McCoy,
por ter experiência na Inglaterra,
F O T O S
D O
C E N T R O
D E
E S T U D O S
começou a fazer bebida alcoólica de
uma planta nativa. Os outros quatro
amotinados remanescentes e ele ficavam bêbados a maior parte do tempo.
McCoy morreu por culpa própria,
enquanto estava bêbado. Finalmente,
todos os homens de Pitcairn, menos
dois, morreram. O amotinado Edward
Young ficou doente e morreu, sendo
o primeiro na ilha a morrer de morte
natural.
Com a morte de Young, restou
apenas o amotinado John Adams como
único adulto do sexo masculino na ilha.
Com onze mulheres e vinte e três crianças, filhos de seus ex-companheiros,
Adams começou a perceber que tinha a
grande responsabilidade de conduzi-los
a uma vida melhor.1
Adams disse que, em sonho, alguém
lhe disse que deveria arrepender-se de
sua vida passada para ensinar outros
a viver a vida que Deus queria que
vivessem.2
O filho de Fletcher Christian,
Thursday, lembrou-se de que havia
uma Bíblia e um livro de orações entre
os pertences de seu pai. Ao ler esses
livros, Adams, apesar de sua pouca
escolaridade, começou a compreender
as preciosas palavras que mudariam a
vida das pessoas da ilha. Ele se tornou o
professor e o líder espiritual de Pitcairn.
Em 1808, os habitantes de Pitcairn
foram descobertos por um navio americano, Topaz. O capitão Mattew Folger
e sua tripulação ficaram surpresos ao
descobrir que haviam descoberto o
mistério do desaparecimento dos amotinados do Bounty. Ficaram mais impressionados, ainda, aos descobrir um
povo que falava inglês, cristão devoto e
que vivia em paz e tranquilidade.
D A
I L H A
P I T C A I R N / PA C I F I C
U N I O N
C O L L E G E
A população da ilha continuou a
prosperar ao longo dos anos, mas, algum tempo depois, houve a necessidade
de os habitantes saírem da ilha. Uma
tentativa, para o Taiti, em 1831, foi
desastrosa: doze ilhéus perderam a vida.
Em 1856, toda a população de Pitcairn
partiu para a Ilha Norfolk, perto da
Austrália e lá se estabeleceu. Mas, com o
tempo, várias famílias retornaram para
a terra natal.
Mensagem Adventista
Em 1876, dois pastores adventistas
do sétimo dia, do Valley Napa, Califórnia, Estados Unidos – J. N. Loughborough e Tiago White – ao tomarem
conhecimento da pequena colônia em
Pitcairn, tomaram providências para
contar aos ilhéus as boas-novas do
evangelho cristão. Eles encheram caixas
com literatura, levaram para o porto,
em São Francisco, e ali se encontraram
com David Scribner, capitão do veleiro
St. John. Scribner, a pedido deles, levou
o material até Pitcairn, onde foi lido por
várias pessoas, mas eles continuaram
a praticar as doutrinas da Igreja da
Inglaterra.
Dez anos mais tarde, em 1886, em
Oakland, Califórnia, um adventista
leigo, chamado John I. Tay, estava
enfermo. O médico lhe disse que seu
problema era o ar poluído de Oakland
e que precisava ir para um local
com melhor qualidade de ar. Como
marinheiro aposentado, Tay decidiu
que iria para o mar outra vez e, com o
imperativo de Mateus 28:19 ardendo
em seu peito, também decidiu que iria
à Ilha Pitcairn contar a eles da fé que
aprendera a amar.
No dia 18 de outubro de 1886, o
veleiro da Marinha Real Pelican chegou
à Ilha Pitcairn, com John Tay a bordo.
Ele ficou cinco semanas estudando a
Bíblia e orando com os habitantes da
ilha e, no fim de sua estada, muitos
decidiram ser batizados como cristãos
adventistas do sétimo dia. Tay explicou
que, como membro leigo, não poderia
realizar o batismo, mas que, um dia,
levaria um ministro ordenado para
batizá-los.
O desafio de levar o evangelho a
centenas de ilhas no Oceano Pacífico
impressionou os adventistas do sétimo
dia da América, em 1890, de tal modo,
que realizaram uma campanha para
levantar fundos. A coleta de moedas
de cinco e dez centavos nas Escolas
Sabatinas resultou na construção de um
navio missionário chamado Pitcairn.
Em outubro de 1890, o navio, com John
Tay e Edward H. Gates, este ministro
ordenado, zarpou de São Francisco
para a Ilha Pitcairn, ali chegando em
novembro. Como resultado dos muitos
batismos ocorridos nos meses seguintes,
quase todos os habitantes da ilha aceitaram a fé adventista.
Logo depois de sua conversão, o
espírito missionário influenciou muitos
na Ilha Pitcairn. Sempre que o navio
Pitcairn estava pronto para partir da
ilha, em cada uma de suas seis viagens
pelo Pacífico, alguns habitantes partiam
junto para realizar o trabalho missionário leigo em outras ilhas. Outros,
reconhecendo que necessitavam de educação formal, retornavam com o navio
para São Francisco, e se matriculavam
no Healdsburg College, mais tarde
Pacific Union College, para que fossem
instruídos para o serviço.
Por décadas, todos os habitantes
de Pitcairn foram parte de uma única
forma de testemunho cristão. Por
causa de seu isolamento do resto do
mundo, Pitcairn tem sido denominada
a ilha mais remota do planeta: sem
serviço aéreo, sem navio com horário
marcado, o hospital mais próximo
está a cerca de dois mil quilômetros
de distância. O único contato é com
capitães, tripulação ou passageiros dos
navios para onde ligam. Durante os
primeiros anos, os habitantes da Ilha
eram convidados para a despedida de
cada navio que partia. Eles cantavam
hinos em seus longos barcos. O poder
desse testemunho cristão está registrado em relatórios, diários de bordo
e livros.
Vida em Pitcairn
Hoje, os membros da fé adventista
do sétimo dia são poucos, principalmente por causa do êxodo de grande
número de pessoas da ilha para a Nova
Zelândia e outros países. O sábado,
porém, ainda é lembrado: embora
nem todos os ilhéus estejam na igreja,
a comunidade descansa no sétimo dia.
A Divisão do Sul do Pacífico sempre
providencia um pastor para o período
de dois anos. Atualmente, Ray Codling
trabalha em seu segundo período, na
ilha. Ele diz o seguinte sobre o povo da
ilha: “O povo de Pitcairn é muito amável, sempre disposto a ajudar. Fomos
bem acolhidos ali.”
Além de suprir as necessidades
espirituais da comunidade e dos
visitantes da ilha, Codling e sua família
estão imersos na vida cotidiana de
Pitcairn, inclusive com o novo comércio de exportação de mel. Os habitantes de Pitcairn são pessoas muito
amistosas. Segundo o pastor da ilha:
“Eles gostam muito de se reunir e de
se confraternizar durante uma refeição.
As festas de aniversário são um
grande evento. A cada três semanas,
eu anuncio para a sexta-feira um jantar
comunitário na praça da cidade e,
após a refeição, vamos à igreja para
receber o sábado, cantando juntos.
Cerca de metade da ilha participa”,
diz Codling.
As oportunidades de testemunhar
parecem que estão aumentando
também, à medida que vários navios
agendam visitas dos imensos cruzeiros
a Pitcairn. Além disso, há visitantes que
permanecem por uma semana ou mais,
morando nos lares da ilha, desfrutando
da genuína hospitalidade dos nativos.
“Todo esse povo é nosso campo evangelístico”, diz Codling.
A Ilha Pitcairn, que ocupa lugar
importante na história – tanto para o
mundo como para a Igreja Adventista
– continua a ser um campo missionário
singular. Mas o espírito do evangelho
ainda está vivo, assim como esteve
quando os primeiros descendentes dos
amotinados do Bounty ouviram, pela
primeira vez, a mensagem do amor
redentor e da graça de Jesus, há muitos
anos.
1
Ferris, Norman, A História da Ilha de Pitcairn (Review and
Herald Publishing Association, 1958), p. 39.
2
Ibid.
A Ilha Pitcairn, nos últimos anos, tem recebido a atenção
do mundo todo pelas supostas atividades criminosas e
julgamentos legais subsequentes, divulgados pela mídia. A igreja
adventista do sétimo dia mundial e na ilha está trabalhando na
recuperação e reconciliação dos envolvidos.
Janeiro 2009 | Adventist World
19
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
NÚMERO 9
Está
Por
Rolf Pöhler
Consumado
Por que Jesus teve que morrer?
D
e acordo com os Evangelhos,
o próprio Jesus afirmou
várias vezes que iria morrer
violentamente e disse ainda que “teria”
que ser assim (Mt 16:21; Jo 3:14). “Era
necessário que o Filho do homem
sofresse muitas coisas,... e fosse morto“
(Mc 8:31; cf. Lc 9:22; 17:25; 24:7). Jesus
reconheceu esse fato como o cumprimento da antiga profecia bíblica(Lc
18:31; 22:37; 24:25, 44) e considerou
toda Sua vida como a realização do
plano divino(Lc 2:49; 4:43; 13:33; 19:5,
10; Jo 9:4; 10:16). Ao ser pendurado
na cruz, gritou: “Está Consumado!”
(Jo 19:30). Tarefa concluída, missão
cumprida.
Qual era a missão que Ele havia
cumprido?
Rolf Pohler é teólogo
conselheiro da União/
Associação do Norte da
Alemanha, em Hannover,
Alemanha. Este artigo
é a condensação de um capítulo de um
livro escrito por Pöhler sobre as Crenças
Fundamentais Adventistas na língua alemã
e traduzido para o inglês por Brent Blum.
20
Adventist World | Janeiro 2009
O que Sua Morte
Significa para Nós
O significado da morte de Jesus
tem intrigado e preocupado os
pensadores cristãos de todas as eras.
Inúmeros livros foram escritos sobre o
assunto e muitas estantes preenchidas
com estudos que procuram explicar
o significado profundo da morte de
Jesus. Todos tentam interpretar as
passagens do Novo Testamento que
lançam alguma luz sobre o modo
como Jesus falou de Si mesmo e como
os discípulos O compreenderam. As
declarações bíblicas estão resumidas
na Crença Fundamental Adventista
número 9 (veja quadro).
Você pode tentar descrever os
ensinos bíblicos sobre a salvação em
Cristo, mas não pode ignorar certos
termos como expiação, reconciliação,
justiça, pecado e perdão. Eles pertencem ao vocabulário essencial da Bíblia
e estão relacionados com a essência da
fé cristã.
Baseado no ministério sacrifical da
antiga aliança, os primeiros cristãos
entenderam a morte de Cristo na cruz
como o “recurso propiciatório” de
Deus, pelo qual Ele mesmo nos livrou
da culpa (Rm 3:25). O sacrifício no
Calvário – entregando totalmente Sua
vida – foi necessário “para fazer propiciação pelos pecados do povo [Israel]”
(Hb 2:17) e não apenas para eles,
“mas também pelos pecados de todo
o mundo” (1Jo 2:2, NVI).
Mas a verdadeira missão de Jesus
era “dar a Sua vida em resgate por
muitos”(Mc 10:45; cf. 1Tm 2:5; 1Pe
1:18). Sua perfeita obediência e sacrifício substitutivo libertaram-nos da
culpa de nossos pecados; recebemos
perdão e nova vida (Ef 1:7; 5:2; 1Pe
2:21; Hb 9–10). O profeta Isaías já havia profetizado que o “Servo de Deus”
daria Sua vida para a nossa salvação.
“Mas Ele foi traspassado pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz
estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras
fomos sarados” (Is 53:5; cf. Dn 9:24).
Isso não quer dizer que Jesus estava
tentando aplacar a ira de Deus e leváLo a ser benevolente para conosco. Afinal, foi o próprio Deus quem enviou
Seu Filho ao mundo, “para vivermos
por meio dEle” (1Jo 4:9). Não foi
necessário ganhar Deus como aliado;
Ele já estava do nosso lado. Deus não
nos ama porque Jesus morreu por nós;
Jesus morreu porque Deus nos ama. O
amor de Deus é a razão e a origem, não
o resultado ou efeito da expiação.
O que foi que tornou a expiação
– a morte de Jesus – necessária? Foi
o profundo desagrado de Deus, o Ser
santo e perfeito, por toda injustiça?
Será o desrespeito por Sua justa e santa
lei (Rm 7:12), o reflexo de Seu caráter
� que deve ser punido? Sentimos a
mesma indignação, a “ira santa”, que
Deus sente em face da maciça presença
do mal e da assustadora injustiça? (Jo
3:36; Rm 1:18; 1Ts 1:10; Ap 6:16).
Cristo Triunfante
Ao Jesus morrer na cruz, Seus opositores regozijaram-se. Ser crucificado
criminoso condenado foi “vindicado”
pelo próprio Deus (At 2:22). Além disso, ela é a base da esperança cristã na
ressurreição dos mortos (1Co 15:12).
Se o poder da morte foi quebrado,
logo foi quebrado para sempre e para
todos. A esse respeito, a ressurreição de
Jesus é “um evento que aconteceu no
passado, mas não um acontecimento
será um dia confessado por todos:
Cristo o triunfante! (Fl 2:10).
O momento da Sua grande derrota
tornou-se Seu maior triunfo. A batalha
sobre o pecado, sobre a morte e sobre
o mal foi vencida.
A expiação por nossa culpa fez a
reconciliação da raça humana com
Deus. Deus estava do nosso lado, mas
Não foi necessário ganhar Deus como aliado; Ele já estava do nosso lado.
significava ser amaldiçoado por Deus
(Gl 3:13). Portanto, aos olhos do público, Jesus tornara-Se apenas história.
Ninguém ousaria, mais uma vez, alegar
ser Ele o Messias. Ele mesmo, pouco
antes de Sua morte, não admitira que
Deus O havia abandonado? Sem dúvida, esse era o momento mais amargo
de Sua vida e, provavelmente, a causa
da rapidez com que morreu (Mc 15:34,
37, 44).
Na verdade, o que foi motivo para
Seus inimigos esfregarem as mãos com
satisfação tornou-se um golpe esmagador contra eles. Pouco tempo mais
tarde, quando Ele quebrou os grilhões
do túmulo e apareceu a Seus discípulos
como o Cristo vivo e glorificado, ficou
claro que Ele havia saído da cena
daqueles terríveis acontecimentos, não
como perdedor, mas como vencedor: o
Cristo triunfante!
Impossível, como possa parecer,
provar Sua ressurreição, o depoimento
de muitas testemunhas que O viram
ainda é importante (Mt 28; Mc 16; Lc
24; Jo 20–21; 1Co 15:1). O fato de o
sepulcro estar vazio dificilmente pode
ser explicado, a não ser que algo muito
incomum tenha acontecido (Mt 28:17;
Mc 16:11; Lc 24:11, 41; Jo 20:24).
A ressurreição de Cristo é o sinal de
que Seu sacrifício não foi em vão, mas
cumpriu seu propósito (Ro 4:25; 5:10;
1Co 15:17). Por meio dela, Jesus, o
que passou” (B. Klappert). Por isso,
ela tem seu legítimo lugar no cerne da
mensagem cristã.
João, uma testemunha ocular, interpretou os eventos assim: “Para isso o
Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do diabo” (1Jo 3:8, NVI).
Outro escritor do Novo Testamento
comentou do seguinte modo: Cristo
tornou-Se humano, “para que, por Sua
morte, destruísse aquele que tem o
poder da morte, a saber, o diabo“ (Hb
2:14). O que os crentes já sabem hoje,
nós nos separamos dEle, virando as
costas para nosso Senhor e Salvador.
Por rebeldia, O rejeitamos. Em Cristo,
Deus superou a separação, restaurou
a paz e conquistou nossa confiança.
Estamos reconciliados com Deus!
Homens e mulheres que ouvem e
compreendem esse evangelho não
conseguem ficar indiferentes (Ro 5:10;
2Co 5:18).
“Que diremos, pois, à vista destas
coisas? Se Deus é por nós, quem será
contra nós?” (Rm 8:31).
Vida, Morte,
e Ressurreição de Cristo
Na vida de Cristo, de perfeita obediência à vontade de Deus, e em Seu sofrimento, morte e ressurreição, Deus proveu o único meio de expiação do pecado humano,
de modo que os que aceitam essa expiação pela fé possam ter vida eterna, e toda
a criação compreenda melhor o infinito e santo amor do Criador. Essa expiação
perfeita vindica a justiça da lei de Deus e a benignidade de Seu caráter; pois ela não
garante o nosso perdão. A morte de Cristo é substituinte e expiatória, reconciliadora
e transformadora. A ressurreição de Cristo proclama a vitória final sobre as forças
do mal, e assegura a vitória final sobre o pecado e a morte para os que aceitam a
expiação. Proclama a soberania de Jesus Cristo, diante do qual se dobrará todo
joelho, no Céu e na Terra. (Jo 3:16; Is 53; 1Pe 2:21, 22; 1Co 15:3, 20-22; 2Co 5:14, 15,
19-21; Rm 1:4; 3:25; 4:24; 8:3, 4; 1Jo 2:2; 4:10; Cl 2:15; Fl 2:6, 11.)
Janeiro 2009 | Adventist World
21
D E S C O B R I N D O
O
E S P Í R I T O
D
D E
iz-se que Ellen White é a escritora americana mais
traduzida de toda a História: seu livro Caminho a
Cristo foi traduzido para mais de 160 idiomas; treze
outros foram traduzidos para mais de vinte e cinco línguas.
Seus escritos moldaram a vida de adventistas e de pessoas que
não são membros da igreja.
Ellen White nasceu no dia 26 de novembro de 1827, em
Gorham, Maine, nordeste dos Estados Unidos. Ela e sua irmã
gêmea, Elizabeth, eram as caçulas dos oito filhos de Robert
e Eunice Harmon, membros da Igreja Metodista. Em 1842,
ela foi batizada e se uniu à igreja de seus pais em Portland,
Maine, para onde a família se mudou. Em Portland, a família
também frequentava as reuniões dirigidas por Guilherme
Miller, ex-pregador batista, que concluiu, baseado em estudos
das profecias bíblicas, que Cristo retornaria por volta do ano
1843 (mais tarde, revisado para 1844).
Os Harmon tornaram-se mileristas, como são chamados
os seguidores de Miller e, como consequência, foram desligados da igreja metodista em 1843. Como adolescente, Ellen
considerava pesado fardo falar de Jesus aos outros. Mas ela cria
piamente que Ele retornaria no dia 22 de outubro de 1844.
Quando isso não aconteceu, Ellen e outros mileritas ficaram
muito desapontados. Entretanto, poucas semanas mais tarde,
em dezembro de 1844, Deus lhe deu a primeira das quase duas
mil visões proféticas que recebeu como sonhos à noite, entre
essa data e sua morte em 1915. A primeira visão confirmou que
Deus ainda estava com o jovem grupo de crentes adventistas.
Se fossem fiéis, um dia chegariam à Cidade Santa.
Ellen foi encorajada a compartilhar suas mensagens pelo
jovem ministro adventista, Tiago White. Eles se casaram
no dia 30 de agosto de 1846. A essa altura, eles começaram
a guardar o sábado do sétimo dia, baseados nas evidências
bíblicas contidas em um panfleto escrito por José Bates. Mais
tarde, Ellen recebeu uma visão confirmando que o sábado era
o dia correto de guarda.
O pequeno grupo de guardadores do sábado, que crescia
lentamente, continuou a estudar a Bíblia, em busca da
verdade. As visões dadas a Ellen White frequentemente confirmavam suas conclusões. As visões nunca substituíram sua
necessidade de estudar a Bíblia.
Em 1851, Ellen White escreveu um livreto, o primeiro de
mais de cem livros e panfletos que hoje levam seu nome. (Seu
primeiro panfleto foi publicado no livro Primeiros Escritos.)
James R. Nix é diretor do White Estate,
em Silver Spring, Maryland, EUA.
22
Adventist World | Janeiro 2009
P R O F E C I A
Tiago e Ellen White viajaram muito, falando e aconselhando os membros da igreja que crescia. O fato de ser
mãe de quatro meninos já era desafio suficiente, sem falar
na dor de precisar separar-se deles por conta das viagens
para encorajar os crentes adventistas dispersos. Ela também
experimentou a tragédia de perder dois de seus filhos,
John Herbert, que morreu com cerca de três anos de idade,
e Henry Nichols, aos dezesseis. Os outros dois filhos,
James Edson e William Clarence, tornaram-se ministros
adventistas do sétimo dia.
Muitas das visões dadas por Deus a Ellen White continham mensagens de esperança e encorajamento, outras
incluíam advertências e repreensões. Era difícil transmitir
algumas dessas mensagens incisivas. Ser mensageira do
Senhor não era tarefa fácil! Deus falou por seu intermédio
para dirigir a igreja em tempos de muitos desafios.
e l l e n w h i t e:
Quem
Uma pequena senhora que
Ellen tornou-se popular como oradora, muito requisitada
para as reuniões adventistas. Foi, talvez, mais conhecida
como oradora que como escritora. Tornou-se oradora muito
popular em temperança cristã entre os grupos de temperança
não-adventistas.
Em 1863, Deus deu a Ellen White a mais abrangente visão
sobre saúde. Embora não fosse sua primeira visão sobre
o assunto, essa foi muito mais esclarecedora. Destacava a
importância de uma boa dieta, exercícios físicos, descanso, ar
puro e o conceito de que a preservação da saúde é um dever
religioso. A visão foi escrita e publicada. Seus princípios
foram posteriormente adotados por muitos adventistas em
todo o mundo. Recentemente, estudos científicos demonstraram que a prática do estilo de vida recomendado por Deus
propicia mais alta média de vida entre os adventistas, em
relação à população em geral.
E S TAT E
W H I T E
G .
E L L E N
D O
C O R T E S I A
Foi?
Por
James
R. Nix
falava sobre Jesus
Ellen White sentiu-se incompleta, como escritora, para
descrever o que Deus lhe havia mostrado; por isso, era leitora
voraz. Ocasionalmente, escolhia frases que lia e ficavam gravadas na mente, usando-as em sermões e palestras. Ela descobriu que ler outros autores a ajudava a descrever, com mais
detalhes, as coisas que Deus lhe havia mostrado em visão. A
Sra. White nunca alegou ser infalível ou perfeita; ou que seus
escritos se igualavam à Bíblia. Entretanto, cria firmemente
que as mensagens que Deus enviava por seu intermédio eram
de origem divina e que seus artigos e livros eram produzidos
sob a direção do Espírito de Deus.
São muitas as histórias sobre sua generosidade. Enquanto
morava na Austrália, mantinha peças de tecido à mão para
que, se encontrasse alguma senhora que necessitasse de um
vestido novo, pudesse oferecer-lhe. Comprava móveis usados
para que, se surgisse uma necessidade, pudesse ajudar ime-
diatamente. Ela frequentemente enviava recursos para ajudar
ministros idosos que necessitavam de auxílio financeiro.
A Sra. White recebia muitas visitas e, normalmente, ia
dormir cedo. Com frequência, levantava-se às duas ou três
horas da manhã para escrever, enquanto havia silêncio.
Alguns de seus livros, como o Caminho a Cristo, são devocionais. Outros, como Testemunhos Para a Igreja, são coletâneas
de muitas cartas e manuscritos escritos por ela ao longo dos
anos, oferecendo conselho.
Os cinco volumes de O Conflito dos Séculos são de natureza mais histórica, descrevendo o progresso do conflito
cósmico entre Cristo e Satanás, iniciado no Céu, antes da
criação, e que terminará com a erradicação do pecado, no
fim do milênio. Os leitores desses livros são continuamente
convidados a escolher o lado de Deus nessa batalha cósmica.
Hoje, livros como A Ciência do Bom Viver e Educação são
considerados clássicos na área.
Na época de seu falecimento, em 16 de julho de 1915,
havia vinte e quatro livros publicados e dois quase concluídos.
Isso não inclui outras cinquenta mil páginas de manuscritos
inéditos, guardados no cofre de seu escritório. Como
instruído por ela em seu testamento, têm sido produzidas
várias compilações temáticas.
Por setenta anos, Ellen White transmitiu fielmente as
mensagens que Deus lhe deu. Seu conselho era constantemente
procurado pelos líderes da igreja. Apesar de sua pouca educação
formal, suas visões resultaram no presente sistema educacional
adventista mundial, desde creches a universidades. Embora não
tenha estudado medicina, o fruto de seu ministério pode ser
visto na rede de hospitais adventistas, clínicas e instituições para
a formação de profissionais de saúde em todo o mundo. Apesar
de não ter sido ordenada ao ministério, seus escritos continuam
a influenciar milhões de pessoas em mais de duzentos países
em que a Igreja Adventista está presente. A mensageira de Deus
continua a ajudar pessoas a encontrar o Senhor, a aceitar Seu
perdão e a partilhar Seu amor com outros.
Durante seus últimos anos de vida, Ellen White gostava de
fazer passeios diários em sua charrete. Ao passar por alguma
casa, observava: “Será que as pessoas desta casa sabem alguma
coisa sobre Jesus?” E costumava parar para visitar os vizinhos,
geralmente deixando frutas de seu pomar ou produtos da
horta, além de alguma literatura. Sempre falava com eles sobre Jesus. Por muitos anos, após sua morte, ela foi lembrada
como a pequena senhora, vestida de preto, que vinha em sua
charrete e falava sobre Jesus.
Em nosso mundo cada vez mais apressado, onde as coisas
espirituais são vistas por cima ou simplesmente ignoradas,
os escritos de Ellen White podem ajudar a quem está procurando encontrar uma profunda experiência com Deus. Seus
escritos sempre apontam para as Escrituras, onde Deus provê
direção para Seu povo.
Janeiro 2009 | Adventist World
23
S E R V I Ç O
Abraçando
oDesafio
Por
Laurie
Falvo
Levar o evangelho ao Sul da Ásia requer mais
O
território da Divisão Asiática do Sul do Pacífico
tem 750 milhões de habitantes. Essa linda região
impressiona por sua diversidade. Cada país possui
uma variedade exótica de idiomas, religiões e culturas.
A grande diversidade torna essa região uma das áreas
mais desafiadoras do mundo para a pregação do evangelho.
O crescimento da igreja é lento, mas algumas coisas interessantes começam a acontecer.
A divisão é composta por dezoito países comprimidos
entre China, Índia e Austrália. Essa área inclui, na região sul,
países como o Sri Lanka, Bangladesh e as missões de Guam
e a Micronésia oceânica.
Outro grande desafio para o cumprimento da missão é
sua surpreendente população. Há ali mais de vinte cidades
com população acima de um milhão de pessoas. Oito dos
dezoito países têm menos de cinco igrejas adventistas ou
grupos para cada milhão de habitantes. Há, ainda, setenta e
sete grupos étnicos específicos, com mais de um milhão de
pessoas, que talvez nunca tenham ouvido o nome de Jesus.
“Temos entre oitocentos e novecentos mil membros nas
Filipinas e Indonésia, onde está a maioria de nossos membros”, diz Rick McEdward, coordenador da Missão Adventista
na divisão. “Mas o grande desafio encontra-se nas áreas de
acesso mais difícil. A porcentagem de nossos membros que
moram fora desses dois países é bem pequena.”
O desafio é imenso, embora a igreja esteja crescendo.
Camboja
Em 1975, o regime Pol Pot assumiu o poder no Camboja,
matando milhões de pessoas e esmagando a coluna dorsal da
Igreja Adventista.
Milhões de refugiados foram colocados em campos
lotados, nada levando com eles a não ser fome, medo e a
24
Adventist World | Janeiro 2009
roupa do corpo. Porém, mesmo em sua noite mais escura,
os missionários adventistas estavam lá para oferecer um raio
de esperança.
Dick e Jean Hall foram missionários no sul da Ásia
por vinte e cinco anos e ajudaram os desabrigados do
Camboja. “Um dia”, disse o pastor Hall, “os refugiados nos
perguntaram por que os adventistas se preocupavam em
ajudá-los se não podiam dar nada em troca. Dissemos que
estávamos lá por causa de Jesus. ‘E quem é Jesus?’ Assim,
começávamos a contar que ‘Deus havia envido Seu Filho a
este mundo porque nos ama e quer nos ajudar. Nós temos
necessidades e Ele nos pede para ajudarmos a todas as
pessoas necessitadas’. E diziam: ‘Queremos aprender mais
sobre Jesus’.”
Um pequeno grupo de novos conversos saiu dos campos
de refugiados, os quais voltaram ao Camboja como obreiros
pioneiros. A igreja renasceu naquele país. Hoje, cresce
rapidamente, por causa do trabalho dos pioneiros da Missão
Global, pela ajuda de ministérios de apoio e pelo ministério
de pequenos grupos, planejado cuidadosamente.
Laos
Laos, minúsculo país localizado entre o Vietnã e a Tailândia,
tem poucos cristãos.
Antes das mudanças políticas, a obra adventista foi
impedida de continuar. Dick e Jean Hall trabalhavam como
missionários, dirigindo uma pequena escola numa vila da
montanha.
“O que me deixa mais feliz”, diz Hall, “é que o Senhor
nos usou para alcançar alguns dos Hmong, povo da montanha que frequentava nossa escolinha. Alguns se tornaram
pastores, os quais saíram e hoje há várias igrejas construídas
por eles”.
de formação cristã. Só percebemos isso quando saímos e
tentamos trabalhar com pessoas de outras religiões.”
Tailândia
que recursos humanos
Em 1961, a família Hall foi forçada a deixar o país. Antes,
porém, ajudaram muitos alunos a fugir em seu avião. Hoje,
a igreja está empobrecida. Sem um único pastor ordenado
em todo o país, ela precisa desesperadamente de ajuda e de
um curso para a formação de pastores.
Indonésia
Jacarta, Indonésia, é a maior cidade do maior país muçulmano do mundo. É uma cidade de grandes contrastes.
Prédios modernos e conforto conflitam com pobreza chocante e desesperadora.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia optou por Jacarta
entre as escolhidas para o projeto Esperança Para as Grandes Cidades, iniciativa que consiste em construir igrejas
em grandes cidades do mundo. Pastores e membros leigos
se uniram para evangelizar os dezoito milhões de pessoas
dessa cidade. Dão cursos bíblicos, treinam novos obreiros e
ministram por meio de pequenos grupos.
Já estão fazendo uma pequena colheita. Recentemente,
a igreja realizou uma série evangelística e mais de mil e
seiscentas pessoas entregaram o coração a Jesus e foram
batizadas.
Poucas dessas conversões foram provenientes da população majoritariamente muçulmana, extremamente difícil de
alcançar.
Jon Dybdahl, ex-missionário no sul da Ásia, enfrenta
alguns dos desafios ao pregar o evangelho nessa parte do
mundo.
“Um dos maiores desafios é que a maioria das pessoas
não é constituída de cristãos. São budistas, hinduístas, muçulmanos. Por isso, não compartilhamos da mesma herança
religiosa. A maioria de nós, da Europa Ocidental, Austrália
e Américas, foi treinada para compartilhar a fé com pessoas
F O T O S :
C O R T E S I A
D A
M I S S Ã O
A D V E N T I S TA
Bangkok, capital da Tailândia, localiza-se no coração da
Janela 10/40, onde vivem dois terços da população mundial.
É onde surgiram várias religiões do mundo, onde há poucos
cristãos, e as cidades crescem rapidamente.
Até pouco tempo atrás, havia apenas cinco igrejas
adventistas em Bangkok. Doug Venn é o coordenador do
projeto de implantação de igrejas, Esperança Para Bangkok.
Ele trabalha para evangelizar os treze milhões de habitantes
da cidade.
“Com o projeto Esperança Para Bangkok e a ajuda dos
campos da igreja mundial, iniciamos a instalação de dez
novas igrejas”, diz o Pastor Venn. “Todas elas vieram de
pequenos grupos. Tivemos vidas transformadas e batismos.
Mas a coisa mais emocionante é que os membros leigos
estão apenas aprendendo a fazer o trabalho. Portanto, nosso
investimento de dez, graças ao sacrifício da igreja mundial,
já frutificou e mais oito foram iniciadas.”
O sucesso desse projeto de implantação de igrejas é espantoso. Especialmente quando concluímos que a igreja está
presente na Tailândia há mais de cem anos. Mesmo assim,
em toda a Tailândia temos apenas um pequeno número de
crentes, e a maioria vem de pequenos grupos minoritários,
não da maioria dominante na população taí.
A construção de pontes de entendimento é a tarefa do
Centro de Missão Global para o Ministério entre os budistas. O diretor do centro, Scott Grisword, que vive entre
os budistas há muitos anos, tem procurado maneiras mais
efetivas de ajudá-los a compreender as crenças adventistas.
Cada sábado, os Griswolds realizam um culto em seu lar e
convidam amigos e vizinhos budistas para participarem.
Recentemente, uma senhora budista aceitou Jesus como
seu Salvador.
“Louvamos a Deus por tantas coisas boas que estão
acontecendo na Divisão Asiática do Sul do Pacífico”, diz
o diretor da Missão Adventista, Gary Krause. “Mas ainda
enfrentamos grandes desafios. Não temos respostas, planos
e recursos, mas devemos orar pelo fato de confiarmos em
Deus. Estamos comprometidos com Seu plano de evangelizar cada homem e cada mulher, cada menino e menina, por
meio das boas-novas de Jesus Cristo.”
Laurie Falvo é diretora dos Projetos de
Comunicação da Missão Adventista da
Associação Geral. Para saber mais sobre
os missionários adventistas do sétimo dia e
o que está acontecendo nas missões e na
igreja mundial, visite www.AdventistMission.org.
Janeiro 2009 | Adventist World
25
P E R G U N TA S B Í B L I C A S
Maria Madalena é a mesma
Maria, irmã de Marta?
P E R G U N TA :
J
á ouvi essa pergunta muitas vezes, o que demonstra que
o assunto interessa a muitas pessoas. Esse assunto tem
sido discutido com frequência na história da igreja cristã.
Examinemos as evidências bíblicas.
1. Maria de Betânia: Sabemos muito pouco sobre essa
Maria, a não ser que ela seja identificada como Maria Madalena.
Eis o que sabemos: Ela era irmã de Marta e de Lázaro
e moravam em Betânia, na região da Judeia (Lc 10:38, 39;
Jo 11:1, 2). Ela costumava sentar-se aos pés de Jesus para
aprender dEle. Uma vez que
essa era a postura dos discípulos, concluímos que ela era
uma discípula de Cristo. Ela
ungiu Jesus pouco antes de
Sua crucifixão, revelando devoção por Ele (Jo 11:2; 12:18). Esse ato foi sua expressão
de gratidão por ter experimentado o perdão amoroso
do Salvador (Lc 7:47, 48).
Lucas menciona que ela foi
muito perdoada. Após a unção, Maria de Betânia não é
mais mencionada.
2. Maria Madalena: O
nome completo dessa mulher
tem sido usado, tradicionalmente, para indicar que ela
era da cidade de Magdala, localizada na costa noroeste do
Mar da Galileia. A primeira vez em que ela é mencionada
nos Evangelhos é especificamente citada entre as mulheres
que foram curadas por Jesus de doenças ou possessões demoníacas; ela, especialmente, foi libertada de sete demônios,
muito provavelmente por Jesus (Lc 8:2). Essas mulheres eram
discípulas de Jesus e O acompanharam durante Sua segunda
viagem à Galileia, provendo apoio financeiro ao Seu ministério (versos 2 e 3). Em outras palavras, Maria Madalena era
relativamente rica.
3. Mesma pessoa? Baseado nas evidências bíblicas, posso
apenas dizer que “talvez” ou “provavelmente sim”. Muitos
intérpretes creem que são duas pessoas diferentes porque não
há evidência histórica que confirme que elas são a mesma
pessoa.
Além disso, há o problema com o lugar de origem.
Betânia é na Judeia, e Magdala, na Galileia. Alguém pode
especular dizendo que, talvez, cedo na vida, Maria tenha
O
deixado seu lar em Betânia e foi para Magdala e, após encontrar Jesus, voltou para Betânia. Isso não contradiz nenhuma
evidência bíblica, mas vai além delas.
Outro detalhe que sugere estarmos lidando com a mesma
pessoa é que a unção de Jesus, descrita em Lucas, descreve
Maria como uma “mulher da cidade,‘pecadora’...” (7:37).
Nesse caso, seria difícil negar que está se referindo a Maria
de Betânia. Por outro lado, ambas eram discípulas de Jesus e
aparentemente com recursos financeiros colocados a
serviço do Senhor. Baseado na Bíblia, não posso dar uma
resposta final à pergunta. Por favor, não fique frustrado.
Não sabemos tudo.
4. O que Realmente Interessa: Talvez o que realmente
importa ao discutirmos a
identidade de Maria Madalena e Maria de Betânia, é que
sendo ou não a mesma pessoa, Jesus também instruiu
mulheres para proclamar as
boas-novas da salvação. Ele
chamou homens e mulheres
para divulgar o evangelho.
Maria Madalena desempenhou papel importante
na narrativa do evangelho.
Por
Ela quase se tornou uma
Angel Manuel
discípula por excelência. Ela
Rodríguez
testemunhou a morte de
Jesus na cruz (Mt 27:55, 56;
Jo 19:25) e acompanhou Seu
corpo até a tumba (Mt 27:60, 61). Na manhã de domingo,
foi a primeira a chegar ao sepulcro de Jesus, e, percebendo
que estava vazia, foi informar os discípulos que alguém havia
levado o corpo de Jesus (Jo 20:1, 2). Os outros discípulos
vieram, descobriram que era verdade e se foram, mas Maria
ficou e foi a primeira a ver o Senhor ressurreto (verso 15).
Ele a encarregou de contar aos discípulos que Ele havia ressuscitado (verso 17). Em obediência, ela e as outras mulheres
foram aos discípulos e anunciaram que o Senhor ressuscitara
(Jo 20:18; Mt 28:7; Lc 24:9).
Se o Salvador ressurreto usou mulheres para dizer aos
discípulos que Ele estava vivo, devemos também abrir
amplo espaço para que as mulheres proclamem o evangelho
eterno.
Evangelho
Segundo
Maria
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Adventist World | Janeiro 2009
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas
Bíblicas da Associação Geral.
E S T U D O
B Í B L I C O
Novos
Começos
Por Mark A. Finley
A maioria das pessoas gosta de coisas novas. Sentimos algo especial quando ganhamos
um novo par de sapatos, um terno ou um vestido novo. Às vezes, desejamos trocar as
coisas velhas e quebradas, por novas e perfeitas. Cada ano, Deus nos concede a alegria
de viver novas oportunidades que Ele coloca à nossa frente.
1. O que Deus promete a cada um de nós em relação ao nosso futuro? Leia o texto
abaixo e preencha os espaços em branco.
“Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no
deserto e rios, no ermo” (Is 43:19).
Deus promete fazer
em nossa vida.
Às vezes, nossa vida parece um árido deserto. Parece conter pouca paz e alegria
verdadeira; parece que estamos vagando pela selva do desânimo. Deus, porém, promete
fazer uma coisa nova. Ao confiarmos nEle, encontramos novo rumo e novo propósito.
2. Quão frequentemente Deus colocará novidade em nossa vida? Faça um círculo na
resposta correta, no texto abaixo.
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm
fim; renovam-se cada manhã. Grande é a Tua fidelidade” (Lm 3:22, 23).
Deus nos concede novas oportunidades, todos os dias, para que conheçamos Seu amor,
experimentemos Sua graça e desfrutemos Sua bondade.
3. Quando entregamos a vida a Jesus, que maravilhoso milagre Ele opera em nós? Leia o
texto abaixo e explique, nas linhas em branco, o que significa ser nova criatura em Cristo.
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”
(2Co 5:17).
Ser nova criatura em Cristo significa
.
4. Na Bíblia, o nome representa nossa identidade ou caráter. O que Deus concede
àqueles que, pela Sua graça, são vencedores? Leia a passagem abaixo e escreva sua
resposta nos espaços em branco.
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem
como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece,
exceto aquele que o recebe” (Ap 2:17).
Jesus dará aos vencedores um
.
Janeiro 2009 | Adventist World
27
Essa é uma promessa maravilhosa. Jesus nos ama muito e quer Se relacionar tão
intimamente conosco que nos chama por um nome especial quando nos encontramos.
Esse é o sinal do relacionamento íntimo que Ele tem com cada um de nós.
5. O apóstolo João, em visão profética, ouviu seres celestiais cantando. O que eles
cantavam?
“E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e
com o Teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso
Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra” (Ap 5:9, 10).
João ouviu o coro celeste cantando um
.
Não é de admirar que o coração de João tenha se enchido de alegria! Ele ouviu seres
celestes cantando louvores a Jesus na forma de hino de livramento. Nossa voz pode se
unir ao coro celestial hoje. Nós fomos redimidos. Por meio de Jesus, somos sacerdotes e
reis para Deus. Louvado seja Seu nome!
6. Quando a Cidade Santa descer do Céu, que proclamação divina nosso Senhor fará?
Faça um círculo em sua resposta.
“E Aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve,
porque estas palavras são fiéis e verdadeiras” (Ap 21:5).
7. Como o clímax da história da humanidade é descrito na Bíblia? Leia cada texto
e escreva, no espaço em branco, a resposta em comum contida nos textos abaixo.
“Pois eis que Eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá
memória delas” (Is 65:17).
“Nós, porém, segundo a Sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”
(2Pe 3:13).
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21:1).
Deus promete criar novo
e nova
.
O Deus a quem servimos nos oferece diariamente novidade em Seu amor. Suas
misericórdias se renovam a cada manhã. Ele transforma nossa vida e nos dá novo coração.
Um dia, o tempo de pecado e sofrimento passará e Ele criará um novo céu e nova terra.
Neste novo ano, alegremo-nos nas maravilhosas promessas de todas as coisas novas
que Ele faz por nós agora e pelas que fará no futuro.
28
Adventist World | Janeiro 2009
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Bênçãos do
Estudo Bíblico
Por muito tempo,
tive a intenção
de escrever para
agradecer ao
pastor Mark
Finley os estudos
bíblicos que ele
prepara para a
Adventist World. Eles têm me ajudado
muito e foram proveitosos para meu
pai, que faleceu recentemente, aos 98
anos de idade.
Meu pai tinha pouca instrução
escolar, mas, desde jovem, gostava de
estudar a Palavra de Deus. Nos últimos
anos, lutou contra o declínio de sua
capacidade mental. Ele era fustigado
pelo senso de culpa de coisas que havia
feito durante a vida, temendo que isso
o separasse de Deus. Embora eu sempre
procurasse tranquilizá-lo com as boas
novas do evangelho, sua mente estava
cheia de temor.
Muitas vezes li os estudos bíblicos
do pastor Finley para ele, os quais o
encorajavam muito. Ele os entendia por
causa de sua estrutura simples. Desse
modo, era confortado por eles. Eu, por
minha vez, ficava feliz ao ver meu pai
assim. Agora ele descansa, esperando o
retorno do nosso Senhor. Muito obrigada ao pastor Finley e a todos os que
estão envolvidos nesse trabalho.
Greta Anscombe
Watford, Inglaterra
Espírito de Profecia
Recentemente, li o artigo “Fundamentos
Para o Chamado Profético de Ellen
White (Adventist World, setembro de
2008).
Apreciei a forma como o artigo foi
desenvolvido por Gerhard Pfandl. Às
vezes, eu sentia certo desconforto quando ouvia a expressão “Espírito de Pro-
Ao ler essas histórias, eu me comovo
até as lágrimas aos ver o poder de Deus agindo
na vida das pessoas
.
— Hulda Nohemi Chambi Mamani, Brasil
fecia”, encontrada
em Apocalipse
19:10, em referência apenas aos
escritos de Ellen
White. Penso
que isso limita o
sentido dessa passagem bíblica.
Creio na
declaração de Pfandl de que a “Igreja
Adventista do Sétimo Dia, desde seu
início, tem crido no cumprimento da
profecia de Apocalipse 12:17, ou seja,
que o espírito de profecia foi manifestado na vida e no trabalho de Ellen G.
White”. Ele associa Apocalipse 19:10 a
22:8 e 9. Isso amplia a compreensão do
texto, que inclui Ellen G. White entre os
“que foram chamados por Deus para
serem profetas”.
Ray Mayor
Michigan, Estados Unidos
Esperando o Chamado de Deus
Sempre esperei ansiosamente a edição
seguinte da Adventist World, e a primeira coisa que faço é procurar pelas
histórias missionárias. Ao ler essas
histórias, eu me comovo até as lágrimas
ao ver o poder de Deus agindo na vida
das pessoas.
Ao receber a edição de outubro de
2008, fui tocada pelo artigo “Elas Não
Têm Culpa”, no qual Loren Seibold
escreve sobre o trabalho realizado em
favor de prostitutas e seus filhos, em
Calcutá. Enquanto lia, pensava nas
estratégias que devem ser usadas para
ajudar esse tipo de gente, e como parece
difícil, pois esse projeto precisa de
patrocínio!
Fiquei impressionada com a
pergunta que um irmão fez ao pastor
Loren: “Pastor, o senhor está precisando
de alguma coisa?” Cheguei à conclusão
de que todo projeto cuja intenção é
ajudar outros é aprovado por Deus, e o
patrocínio vem do alto.
Estou esperando pelo chamado de
Deus para fazer um trabalho similar,
pois histórias como essa enchem minha
alma de zelo para trabalhar por outros.
Hulda Nohemi
Chambi Mamani
Brasil
Bênçãos
Louvado seja o Senhor por usar vocês
para fazer o bom trabalho no planeta
Terra. A revista Adventist World tem nos
dado a esperança de adorar nosso Deus
em verdade.
Joven Nyangau
Por e-mail
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
Janeiro 2009 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
O LUGAR DE ORAÇÃO
Por favor, orem pela minha irmã Beverly e
seus três filhos, pois ela está lutando contra um câncer de intestino muito grave.
Cathy, de um Posto
Militar Avançado
Por favor, orem para que Deus abençoe
meus coqueiros a fim de que produzam
muitos frutos. Desse modo, poderei
vendê-los no mercado para pagar meus
estudos.
George, Filipinas
Muito obrigado por suas orações, pois
preciso de ajuda financeira e educacional. Agradeço a Deus por pessoas como
vocês, que oram por pessoas como eu.
Orem pelo bem-estar da minha família
e pela construção de nossa igreja em
Happy Valley (Vale Feliz). Já faz quatro
anos que a construção parou devido a
problemas financeiros.
Rehuel, Filipinas
Tenho 16 anos de idade. Minha súplica
é para que Deus me ajude a entrar em
contato com professores e alunos da
minha escola de ensino médio, que
é secular, para lhes apresentar as três
mensagens angélicas. Peço que também
orem para que, por meio do Espírito
Santo, eu seja um jovem de ação e não
só de palavras.
Daniel, por e-mail
Universidade Andrews é submetida a
avaliação e solicita a opinião pública
A Universidade Andrews, instituição adventista do sétimo dia
de ensino avançado, administrado pela Associação Geral dos
Adventistas do Sétimo Dia, em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos, solicita ao público comentários sobre a universidade
como preparo para sua avaliação periódica pela agência de credenciamento. A universidade será submetida a ampla avaliação
entre os dias 22 a 25 de março, por uma equipe representando
a Comissão de Ensino Superior da Associação Central Norte de
Faculdades e Escolas. A Universidade Andrews tem sido reconhecida pela Comissão desde 1939. Seu credenciamento é em
nível de doutorado e inclui outros campi em vários locais ao redor
do mundo.
30
Adventist World | Janeiro 2009
L E E N
Sou estudante e peço suas orações
para que Deus me ajude nos exames.
Por favor, orem para que Deus me dê
inteligência para passar de ano e seguir
em frente.
Ndikumana, Burundi
VA N
Acabo de me formar na faculdade
de Teologia e gostaria de cursar o
mestrado, mas não tenho dinheiro. Por
favor, orem para que eu seja um bom
pastor.
Gaisiamlung, por e-mail
Sou mulher e quero me casar. Estou
um pouco desesperada pelo fato de ter
sido ferida. Por favor, orem também
por outras mulheres da minha igreja.
Precisamos de oração por saúde e pela
providência de Deus.
Theo, Uganda
A D R I A N
Sou médico, batizado há quatro anos.
Recebi estudos bíblicos e, em nosso
grupo, três foram batizados. Outros seis
hesitaram. Por favor, orem para que o
Espírito de Deus os ajude na decisão de
entregar a vida a Jesus e que eu tenha
forças para realizar o Seu trabalho.
Amand, França
Orem por meu pai que é HIV positivo,
para que Deus prolongue seus dias.
Vincent, Zâmbia
Por favor, orem para que Deus abençoe
a situação financeira da minha família.
Estou desempregado e é difícil encontrar trabalho. Tenho 18 anos de idade.
Simbarashe, Zimbábue
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem
todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome
e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material:
envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio
Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring,
Maryland 20904-6600 EUA.
A equipe analisará a capacidade da instituição de satisfazer
os critérios da comissão para o credenciamento.
O público é convidado a enviar suas observações em relação
à universidade para:
Public Comment on Andrews University
The Higher Learning Commission
30 North LaSalle Street, Suite 2400
Chicago IL 60602, Estados Unidos
Os comentários devem abordar questões substanciais
relacionadas com a qualidade da instituição ou de seus programas
acadêmicos. Os comentários devem ser escritos, assinados e
não podem ser considerados confidenciais.
Todos os comentários devem ser recebidos até 22 de fevereiro
de 2009.
INTERCÂMBIO DE IDEIAS
Filho
e Seu Sacrifício
O
Leia sobre um pequeno presente
de um grande coração
F
ui trabalhar nas Ilhas Andaman, na Índia, como estudante missionário. Não
sabia quem me buscaria no porto, onde moraria, ou o que iria fazer. Mesmo
assim, segui em frente, sabendo que o Senhor tomaria as providências necessárias.
No navio, conheci um senhor que, além de ser adventista, também era o cozinheiro-chefe do navio. Ele me convidou a ir para sua casa e, de bom grado, aceitei.
Sua família, constituída de sete pessoas, concordou alegremente que eu morasse
com eles.
Eles tinham apenas um filho, de sete anos de idade, ao qual chamavam carinhosamente de “Sunny.” Esse menino era meu guia na pequena cidade; ele me mostrou
o caminho para as lojas, restaurante e residências dos membros da igreja.
Por seis semanas, estive ocupado dirigindo a Escola Cristã de Férias e os cultos
da igreja, pois não havia pastor naquela congregação. O tempo passou rapidamente
e logo chegou a hora de voltar para o Spicer Memorial College, em Pune, Índia,
para continuar meus estudos.
O fato de ficarmos juntos por mais de um mês, ensinando novas canções,
contando histórias e ajudando-os a apresentar encenações baseadas na Bíblia para a
Escola Sabatina e para os cultos, criou um elo muito forte entre nós.
O momento de fazer a última refeição no lar da querida família que tanto me
ajudou, chegou muito rápido. Sunny sentou-se ao meu lado à mesa, enquanto a
mãe servia. Geralmente, ele reclamava da comida para sua mãe, uma mulher muito
paciente. Ela não se importava, pois ele era seu único filho. Nessa refeição, entretanto, ele sentou-se ao meu lado, comeu sozinho o que a mãe lhe serviu e sem reclamar
uma só vez. Após a refeição, reunimo-nos para orar e o pai da família disse:
− Isso é para você – entregando-me uma nota de 50 rúpias (cerca de um dólar
americano).
Ao lhe perguntar por que estava fazendo isso, ele me disse alegremente o que
havia acontecido antes da refeição, enquanto eu arrumava a mala para ir embora.
Sunny foi até seu pai e perguntou: “Pai, o que o senhor me dá se eu comer
toda minha comida sozinho, sem reclamar para minha mãe?” O pai, feliz com seu
filho, disse: “Escolha o que você quiser.” Sunny pediu 50 rúpias. O trato foi feito e
ele comeu tudo. O pai estava impressionado com o menino e, quando ia lhe dar o
dinheiro, Sunny disse: “Por favor, dê ao meu professor da Escola Cristã de Férias.” O
valor era pequeno, mas para mim, muito sagrado.
Enquanto viajava sozinho, lembrei-me de outro Filho que foi até Seu Pai e
perguntou: “O que o Senhor me dará se Eu tomar esse cálice?” E o Pai pediu gentilmente ao Filho para escolher. O Filho escolheu assumir a minha e a sua pena de
morte. Ele disse ao Pai: “Por favor, dê vida eterna àquele professor da Escola Cristã
de Férias e a todos os que crerem em Mim.”
—Jesin Israel Kollabathula é estudante de pós-graduação no Instituto Internacional Adventista de Estudos Avançados (AIIAS), em Silang, Cavite, Filipinas.
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Editor
Adventist World é uma publicação internacional da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela
Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte.
Editor Administrativo
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Editor Associado
Claude Richli
Gerente Internacional de Publicação
Chun, Pyung Duk
Comissão Editorial
Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente;
Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K.
Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C.
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Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana,
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Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD
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A menos que indicado de outra forma, todas as referências
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do
Brasil, 1993.
Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coréia, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.
Vol. 5, No. 1
Janeiro 2009 | Adventist World
31
O Lugar Das
PESS
AS
CON H E Ç A S E U
VIZ I N H O
Em janeiro de 2008, Alberto Tasso Barros deixou seu lar em Franca,
SP, Brasil, para ser voluntário, por
um ano, na Casa Mia, um lar para
idosos em Forli, Itália.
“Como cristão e estudante de
teologia”, diz Alberto, “decidi que
não podia simplesmente ficar sentado assistindo à destruição de nosso
planeta. Ao contrário, vi que podia
participar levando a este mundo a
luz que vem do evangelho e da esperança que pertence aos que creem na
segunda vinda
de Cristo”.
Morando na
Casa Mia já por vários meses,
Alberto faz o melhor possível para
levar luz e esperança aos residentes.
Ele os ajuda nos exercícios, leitura,
jogos e dá estudos bíblicos para alguns
deles. Dois já foram batizados.
Alberto sente-se feliz em trabalhar
com idosos da Casa Mia.
“É incrível”, diz ele, “como um
sorriso, um abraço, alguns minutos de conversa ou um simples ‘oi’
podem transformar a vida deles”.
P E N S A M E N T O
“Se queremos
que a água da
vida se infiltre
profundamente
em nossa vida,
precisamos de uma mentalidade
maior do que algumas gotas.”
– Pastor Jim Park, em “Como Fazer com que o Maná
Seja Saboroso”, postado em seu site: DiscipleTree.com
Para os que pensam em ser voluntários, Alberto diz: “Sua vida não será
a mesma!”
Se você quiser ler mais histórias
sobre outros voluntários adventistas
ao redor do mundo, ou saber como
pode participar como voluntário,
acesse www.adventistvolunteers.org.
– Jill Walker González, Serviço de Voluntariado Adventista, Associação Geral da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, Silver
Spring, Maryland, Estados Unidos
VIDA ADVENTISTA
Fui voluntária no Centro Médico Adventista em Portland,
Oregon. Certo dia, a caminho do hospital, parei numa loja.
A senhora do caixa, vendo meu uniforme de voluntária
(calça branca, suéter e casaco azul marinho), perguntou: “Você
trabalha para alguma empresa aérea?” Respondi imediatamente:
“Não, trabalho no hospital adventista.” “Ah!” ela exclamou com
entusiasmo: “Eu amo o hospital adventista. Os adventistas são
tãaaao bondosos.” Um tanto surpresa, respondi: “Muito
obrigada! Muito obrigada!”
Ela se dirigiu ao próximo cliente e eu entrei em meu carro.
Enquanto cruzava a ponte para Portland, pensei: “Espero que
todos que entrarem em contato com um adventista ou com
alguma instituição adventista, hoje, tenham uma boa impressão”.
– Bette W. Miller, Vancouver, Washington, Estados Unidos

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