ler texto completo - Associação Biodinâmica
Transcrição
ler texto completo - Associação Biodinâmica
Efeitos de datas de plantio e posições lunares no cultivo de cenouras Walter Goldstein e Bill Barber (Fonte: Biodynamics julho / agosto de 2000. Traduzido do inglês por Juliana Klinko) Introdução Maria Thun desenvolveu um sistema de cultivo que leva em consideração a posição da Lua em relação às constelações zodiacais1. Calendários com recomendações baseadas em seu sistema estão disponíveis na Europa, América, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Coréia, Índia e Brasil. Este sistema alcançou aceitação por muitos praticantes porque se acredita que otimize a produção, e porque é uma ferramenta de planejamento útil. Nos Estados Unidos, o calendário de cultivo Stella Natura dá instruções sobre o plantio de acordo com o sistema Thun. Este calendário é publicado e vendido pela Associação Biodinâmica local (San Francisco, Califórnia). No sistema Thun considera-se a posição da Lua em relação às doze constelações astronômicas zodiacais, de tamanhos desiguais. Existem datas de plantio favoráveis para raiz, folha, flor e semente de acordo com grupos ou trígonos das doze constelações zodiacais. Por exemplo, culturas de “raiz” (incluindo cenouras, beterrabas, batatas, cebolas, etc.) produziriam melhor quando a Lua está em conjunção com o trígono “raiz” ou “terra”, que consiste das constelações de Touro, Virgem ou Capricórnio. Verduras produziriam melhor no trígono “folha” ou “água” (Escorpião, Peixes, Câncer); culturas de flores no trígono “flor” ou “ar” (Aquário, Gêmeos, Libra); e culturas de sementes no trígono “semente” ou “fogo” (Sagitário, Áries, Leão). Maria Thun desenvolveu seu sistema parcialmente baseada em suas observações. Contudo, a ligação entre as constelações zodiacais e os elementos da terra, água, ar e fogo é baseada em associações astrológicas2. Muitos agricultores acreditam ter confirmado a pesquisa de Maria Thun por meio de seu trabalho prático. Contudo, os efeitos da rotação zodiacal da Lua (ritmo sideral) sobre os organismos são sem precedentes na literatura científica. Uma revisão extensiva dos ritmos biológicos associados com ritmos lunares mostrou que as fases da Lua em relação ao Sol (ritmo sinódico) desempenham um importante papel no estabelecimento de ritmos biológicos (metabolismo, sexualidade, comportamento).3 Isto é especialmente claro no caso de animais marinhos e insetos, mas também é verdadeiro para aves e mamíferos, incluindo os seres humanos. Menos se sabe a respeito dos efeitos lunares sobre as plantas superiores. Efeitos siderais não foram relatados para quaisquer organismos, mas isso não significa que não existam. 1 S. Wildfeuer, Stella Natura 1997 (Kimberton, Pennsylvania: Bio-Dynamic Press, 1997). Talvez seja mais adequado “associações astrosóficas” N.T. 3 K.P. Endres and W. Schad, Biologia des Mondes (Stuttgart: S. Hirzel Publisher, 1997). 2 Contudo, Hartmut Spiess realizou muitos anos de experimentos sob condições biodinâmicas e foi incapaz de verificar a validade do sistema de trígonos. 4567 Culturas de centeio, cenoura, rabanete, batata, feijão, ou ervilha parecem responder a outros ritmos lunares além do ritmo lunar sideral. Por exemplo, Spiess cultivou cenouras em três anos de ensaios e obteve melhor produção e qualidade quando semeadas poucos dias antes da Lua cheia. Esses achados estão de acordo com observações do fundador da biodinâmica, Rudolf Steiner, sobre a influência do ritmo lunar sinódico sobre o crescimento das culturas (Steiner, 1997).8 Também estão de acordo com resultados de pesquisa de Lily Kolisko que, trabalhando com indicações de Steiner, descobriu que muitas culturas, incluindo cenouras, cresciam melhor quando plantadas pouco antes da Lua cheia. 9 Mais recentemente, Spiess descobriu que as diferentes culturas que ele testou responderam de maneira diferente ao ritmo sinódico, tropical (movimento de ascendência e descendência em relação à eclíptica), e ritmo lunar anomalístico (movimento de aproximação e afastamento em relação à Terra). Uma revisão de seus achados foi publicada recentemente na revista BIODYNAMICS (Spiess, 2000). 7 Seus resultados concordam em parte com as sugestões de plantio tradicionais em relação à Lua.45 Os resultados de Spiess colocam em questão a validade universal das recomendações que são dadas em calendários como o Stella Natura, que ensinam o sistema Maria Thun. Também tem causado controvérsia nos círculos de agricultores biodinâmicos. Neste artigo descrevemos os resultados de um único ano de experimentos de campo que foram realizados em Wisconsin para testar os efeitos de datas de plantio e posições lunares no cultivo de cenouras. Reconhecemos a validade limitada de um único ano de ensaios em pequenas parcelas. Contudo, decidimos que, de qualquer forma, seria útil relatar esses resultados a fim de contribuir com a atual discussão. Materiais e métodos Nossa abordagem foi testar o plantio sob as condições que são geralmente encontradas em hortas de pequena escala. O experimento ocorreu na horta da empresa Stella Gardens que é manejada biodinamicamente por Janet Gamble. A horta está localizada atrás do Instituto Agrícola Michael Fields no sudeste de Wisconsin. O solo é um “Warsaw”10 franco-siltoso (Argissolo vermelho (Brunizem avermelhado)). É bem-drenado com um topsoil de cerca de 20-30 cm sobre areia calcária e cascalho de lavagem glacial. Testes de solo mostraram um pH de 7,4 e conteúdo de matéria orgânica de 3,8%; níveis 4 H. Spiess, “Chronological Investigations of Crops Grown Under Biodynamic Management. 1. Experiments with Seeding Dates to Ascertain the Effects of Lunar Rhythms on the Growth of Winter Rye (Secale cereale, cv. Nomaro)”, Biological Agriculture and Horticulture 7 (1990): 165-178. 5 Ibid., “Chronological Investigations of Crops Grown Under Biodynamic Management. 2. Experiments with Seeding Dates to Ascertain the Effects of Lunar Rhythms on the Growth of Little Radish (Raphanus sativus, cv. Parat)”: 179-189. 6 _____, Chronologische Untersuchungen mit besonderer Beruecksichtigung lunarer Rhythmen im biologisch-dynamischen Pflanzenbau. Schriftenreihe: Band 3. (Darmstadt: Institut fuer Biologischdynamische Forschung, 1994). 7 _____, “Lunar Rhythms and Plants,” BIODYNAMICS 229 (2000): 19-21. 8 R. Steiner, Spiritual Foundations for the Renewal of Agriculture, (Kimberton, Pennsylvania: Bio-Dynamic Press, 1993). 9 L. Kolisko, Moon and Plant Growth (Bournemouth, England: Kolisko Archive, 1978). 10 WARSAW franco-siltoso – Este solo ocorre em terraços e planos amplos de curso de lavagem glacial. Não foi encontrado o termo equivalente em português. N.T. encontrados de P, K e Ca disponíveis foram 160, 280 e 2000 ppm, respectivamente, o que indicou quantidades suficientes de todas essas substâncias. O campo no qual a horta estava localizada havia sido manejado biodinamicamente por pelo menos uma década antes de ser usado para o experimento. Naquele tempo estava sendo rotacionado com feno, milho, soja, e pequenos grãos, e recebendo aplicações ocasionais de esterco de gado leiteiro compostado com preparados. Nos três anos anteriores ao nosso experimento, os vegetais tinham sido cultivados em canteiros elevados permanentes. Esses canteiros tinham recebido alta quantidade de composto (aproximadamente 88 t/ha ou 40 T/acre em 1996). O trabalho nos canteiros foi feito manualmente em sua maior parte com o uso ocasional de um rototiller de incorporação manual. O plantio foi realizado utilizando o sistema Thun de acordo com o calendário Stella Natura. Na primavera de 1997 foi delineado um experimento randomizado, com três réplicas. Três canteiros foram escolhidos para serem os blocos replicados e dezessete áreas foram randomicamente determinadas para cada bloco-canteiro. Composto de esterco de carneiro foi aplicado em uma taxa de 22 t/ha (10 T/acre) na parte superior dos canteiros e incorporado durante a aeração do solo a uma profundidade de aproximadamente 30 cm com uma ferramenta manual chamada “T-bar”. Os canteiros possuíam 122 cm de largura e o espaço de plantio no topo possuía cerca de 102 cm de largura e 100 cm de comprimento para cada área. Começamos a semear poucos dias depois da incorporação do composto. No dia de uma determinada semeadura as áreas foram limpas com o auxílio de uma enxada, e então seis linhas de cenouras foram imediatamente plantadas manualmente com espaçamento de 15 cm entre as linhas. Depois da emergência as mudas foram desbastadas mantendo-se a distância de cerca de 2,5 cm entre elas. Foi utilizada a variedade Rodelika, uma seleção de Rothilde que foi criada pelo produtor Dieter Bauer, de Dottenfelderhof, Bad Vilbel, Alemanha. Essa variedade foi escolhida porque Rothilde foi utilizada no experimento de Spiess e porque a produção é alta e de boa qualidade. Dezessete datas de plantio foram escolhidas para medir os efeitos da Lua conforme seu trânsito pelas constelações zodiacais. Nos referimos ao calendário Stella Natura para escolher nossas datas de plantio, preferindo aqueles dias em que a Lua estaria no meio de uma constelação específica.1 O plantio foi iniciado em 25 de abril e terminou em 31 de maio. A preparação do canteiro e tempo de plantio ocorreu aproximadamente às 16h00 horas. Os canteiros foram irrigados duas vezes em julho e agosto com aspersores suspensos dispostos de modo a proporcionarem uma irrigação o mais uniforme possível. A limpeza das ervas invasoras foi realizada manualmente. Em 2 de outubro todas as cenouras foram colhidas com pás. Somente os 91 cm centrais de cada uma das seis linhas foram colhidos. A parte aérea foi removida e as raízes foram pesadas para determinar o rendimento da produção. É difícil separar o efeito de uma constelação lunar específica do crescimento geral da cultura durante a estação. A fim de fazer isso, usamos uma técnica desenvolvida por Spiess.345 Usando este método, nossos dados para a média de produção dos diferentes dias de plantio foram usados para calcular uma equação polinomial. Essa equação produziu uma linha que descreve a tendência geral dos efeitos devido ao plantio em diferentes períodos na primavera. Os dados dos plantios individuais foram então comparados com a linha de tendência para todas as réplicas. O desvio percentual da linha de tendência foi calculado. Esses valores foram então analisados com uma análise de variância de 2-modos usando um pacote de análise estatística (SAS para PC). Utilizamos contrastes estatísticos (um grau de liberdade) para comparar a produtividade obtida para cada trígono específico com os níveis de produtividade geral para todos os outros trígonos. Nós também usamos contrastes para testar se dias de plantio específicos que eram de interesse diferiram significativamente do nível de produtividade geral. Esses dias de interesse incluíram o dia antes da Lua cheia (21 de maio) a fim de testar os resultados relatados por Spiess.5 Também incluíram os dias em que o plantio coincidiu com uma mudança de fase lunar (a Lua nova e a Lua decrescente em 6 de maio e 29 de maio, respectivamente. Resultados Os resultados das datas de plantio tomadas individualmente estão resumidos na tabela 1. A produtividade foi inesperadamente alta e diminuiu progressivamente conforme a estação transcorreu. As quatro datas de plantio iniciais produziram uma média de 97 t/ha. As últimas quatro datas de plantio produziram uma média de 56 t/ha. Os dados de produção, expressos como desvios da tendência da Estação, mostraram grande variação. Esses dados se encontram em uma distribuição normal que nos permite continuar a analisalos sem qualquer transformação numérica. A relação entre o dia de plantio no curso da estação, a produtividade e a tendência da estação é mostrada no diagrama 1. A equação polinomial que descreveu a tendência da estação é: A produtividade em ton/ha = 94,8 + 0,3x – 0,038x2 Onde x é o dia de plantio. De acordo com essa equação, o dia de plantio foi calculado como 85,4% da variação da produtividade (p<1%). Os efeitos de diferentes datas de plantio podem ser mais facilmente visualizados pela padronização da linha de tendência em 100% e mostrando a produtividade de dias de plantio seqüenciais como porcentagens desse valor (diagrama 2). A inspeção visual dos diagramas sugere que as variações na produtividade das cenouras foram geralmente grandes nas luas crescente e minguante de acordo com o ritmo sinódico. Uma produtividade relativamente baixa foi notada quando o plantio ocorreu nas luas nova e minguante. A maior produtividade relativa à linha de tendência foi obtida quando o plantio ocorreu exatamente antes da lua cheia. A questão é se os efeitos das fases ou trígonos tiveram efeitos estatisticamente válidos na produtividade da cenoura. Os cientistas geralmente só aceitam a validade de diferenças se os testes estatísticos de probabilidade tem uma certeza de 95% (p=5%). Existe uma certa disposição para aceitar que deve haver algum nível de significância quando a probabilidade tem 90% de certeza (p=10%). Em geral, quanto mais baixo o nível de p, mais aceitável a idéia de que uma diferença significativa possa existir. A variabilidade na produtividade para diferentes datas de plantio foi alta para algumas datas e não para outras (tabela 1, dados para desvio padrão), o que provavelmente indica alguma variabilidade do solo entre os canteiros. A análise de variância dos dados mostrou que efeitos gerais das datas de plantio em relação à linha de tendência diferiram somente com p=10%. Os contrastes mostraram que o plantio durante o trígono raiz tendeu (p=7%) a produtividade mais baixa por 7% (5,1 ton/há ou 2,3 T/acre) se comparada ao plantio durante outros trígonos. Não foram encontrados efeitos devido ao plantio durante os outros trígonos. Por outro lado, plantar um dia antes da Lua cheia gerou o efeito mais positivo, causando um aumento de 15% na produtividade (11,5 t/há ou 5,1T/acre). Esse aumento percentual foi estatisticamente significativo em p=1%. O plantio durante a lua nova pareceu reduzir a produtividade por 12% (10,9t/há ou 4,9T/acre), mas o nível de significância foi p=11%. O plantio durante a lua decrescente reduziu 17% da produtividade (9,7t/ha ou 4,3T/acre). Esse contraste foi significativo em p=2%. Discussão Os resultados desse experimento são de valor limitado porque descrevem somente um único ano de parcelas em pequenas áreas. Além disso, o teste F para significância de diferenças entre datas de plantio foi somente marginalmente significativo. Contudo, os resultados parecem indicar que o plantio de cenouras de acordo com o trígono raiz não gerou um efeito positivo na produtividade em nossa área. As variações nos dados também indicam que as fases lunares sinódicas podem desempenhar um papel mais importante para as cenouras. Os resultados estão de acordo com os resultados obtidos por Spiess nos quais a maior produtividade relativa foi obtida com cenouras plantadas pouco antes da Lua cheia.5 As variações na produtividade associadas com diferentes datas de plantio e posições lunares podem ser de importância econômica sob condições comerciais. Contudo, também é importante reconhecer a esmagadora significância de um plantio antecipado na produtividade de cenouras, ao menos em 1997 neste local. A questão do preconceito é freqüentemente mencionada por praticantes em relação à pesquisa em biodinâmica, especialmente a respeito de um ponto tão controverso quanto o efeito lunar no plantio. Não pensamos que o preconceito foi uma questão pertinente em nosso trabalho. Neste experimento Walter Goldstein estabeleceu-o, analisou os resultados, e escreveu este artigo. A grande maioria do trabalho de campo (incluindo limpeza, plantio, colheita e peso da produção) foi realizada por Bill Barber. Ambos pesquisadores se esforçaram por manter a mente aberta em relação ao calendário de plantio e datas escolhidas para o experimento. De fato, Bill, que realizou dezesseis dos dezessete plantios, não sabia nada a respeito da controvérsia do sistema de plantio Thun na época do experimento. Walter Goldstein é Ph.D. em agronomia, diretor de pesquisa e coordenador educacional no Michael Fields Agricultural Institute, W2493 County Road, ES, East Troy, Wisconsin, 53120. Está atualmente envolvido em projetos de pesquisa e viagens pelos Estados Unidos e exterior como consultor de agricultores biodinâmicos. Possui uma fazenda certificada Demeter de 35 acres com 150 ovelhas. Tabela 1,. A resposta da produtividade em relação às datas de plantio e posições lunares em 1997 em Wisconsin. Posição lunar Data de plantio Dia Constelação sideral Trígono do dia 25 Abril 28 Abril 30 Abril 1 Maio 4 Maio 6 Maio 8 Maio 10 Maio 12 Maio 15 Maio 17 Maio 21 Maio 23 Maio 25 Maio 27 Maio 29 Maio 31 Maio 1 4 6 7 10 12 14 16 18 21 23 27 29 31 33 35 37 Escorpião folha Sagitário Semente Capricórnio Raiz Aquário Flor Peixes Folha Áries Semente Touro Raiz Gêmeos Flor Câncer Folha Leão semente Virgem Raiz Libra Flor Escorpião Folha Sagitário Semente Capricórnio Raiz Aquário Flor Peixes Folha Produtividade da raiz (t/ha) Rep 1 Rep2 Rep3 Média 83,0 69,0 83,5 90,5 78,0 83,0 78,0 81,0 82,0 74,0 67,5 73,0 67,5 49,8 55,0 49,8 55,0 103,0 104,2 99,5 115,0 97,5 69,0 101,0 97,0 104,0 98,5 76,0 100,5 85,2 69,0 44,0 44,5 50,5 103,5 122,8 95,0 94,0 92,0 94,0 98,1 100,2 92,2 78,0 68,5 86,2 78,8 72,0 67,0 52,0 57,5 96,5 98,7 92,7 99,8 89,2 82,0 92,4 92,7 92,7 83,5 70,7 86,6 77,2 63,6 55,3 48,8 54,3 Desvio estacional calculado Da Tendên% tendênDesvio cia cia desvio (t/ha) (t/ha) 9,5 95,1 1,4 1,5 22,3 95,4 3,3 3,4 6,7 95,2 -2,6 -2,7 10,8 95,0 4,8 5,0 8,2 94,0 -4,8 -5,1 10,2 92,9 -10,9 -11,7 10,2 91,5 0,8 0,9 8,4 89,9 2,9 3,2 9,0 87,8 4,9 5,6 10,7 84,3 -0,8 -0,9 3,8 81,5 -10,8 -13,3 11,2 75,0 11,5 15,4 7,3 71,3 5,8 8,2 9,8 67,4 -3,8 -5,6 9,4 63,1 -7,7 -12,2 3,1 58,5 -9,7 -16,6 2,9 53,5 0,8 1,5