2008 - Crea-GO
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2008 - Crea-GO
CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DE GOIÁS COMPÊNDIO DOS TRABALHOS PREMIADOS COMISSÃO ESPECIAL DE JULGAMENTO DO PRÊMIO 2008 MODALIDADES URBANISMO E SANEAMENTO Arquiteto e Urbanista JADIR MENDONÇA DE LIMA Ex-conselheiro do Crea-GO Consultor nas áreas de urbanismo, arquitetura e paisagismo Engenheira Civil LÍVIA MARIA DIAS Especialista em Saúde Pública e Resíduos Sólidos e Líquidos Superintendente de Saneamento da Secretaria das Cidades Arquiteto e Urbanista ALUÍZIO ANTUNES BARREIRA Especialista em Planejamento Urbano e Ambiental pela UCG Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Goiás Diretor Geral da Mútua-GO Engenheiro Civil DANIEL FERREIRA Conselheiro do Crea-GO Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente, pela UnB MODALIDADES GEOLOGIA E MINAS / PRODUÇÃO LIMPA Geólogo IGOR TARAPANOFF Especialista em Gestão Ambiental pela Universidade de Brasília e IBAMA Atuou como assessor técnico-científico da Procuradoria da República em Goiás e EMBRAPA Técnico em Mineração RODOLFO PINTO DE MENDONÇA Técnico do setor de Hidrogeologia da SANEAGO Diretor do Sindicado dos Técnicos Industriais do Estado de Goiás – SINTEC 4 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Engenheiro de Minas AUGUSTO CÉSAR GUSMÃO LIMA Conselheiro do Crea-GO Ex-presidente da Associação dos Engenheiros de Minas no Estado de Goiás Engenheiro Eletricista DEIRY DINIZ DE FREITAS Pós-graduado em “Gestão de Empresas” pela UCG Diretor Administrativo da Mútua/GO MODALIDADES PRODUÇÃO AGRONÔMICA E MEIO AMBIENTE RURAL Engenheiro Agrônomo LINO CARLOS BORGES Mestre em “Engenharia Elétrica e da Computação” pela UFG Doutor em “Engenharia de Solo e Água” pela Escola de Agronomia da UFG Engenheira Florestal RAQUEL DE FÁTIMA BOAVENTURA Mestre em Agronomia - Área de Produção Vegetal, pela UFG Integrante do Núcleo de Geoprocessamento da Superintendência do IBAMA em Goiás Engenheiro Agrônomo ODILON CLARO DE LIMA Especialista em Planejamento Agrícola e Planejamento Governamental Ex-secretário de Agricultura do Estado de Goiás Engenheiro Agrônomo JOÃO DE DEUS DE SOUZA BERNARDINO Conselheiro do Crea-GO Consultor na área de projetos ambientais, perícias e avaliações PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 5 MODALIDADE IMPRENSA Jornalista LÍDIA NOGUEIRA Pós-graduada em Assessoria em Comunicação pela UFG Atua na área de comunicação em editoras, entidades de classe e no segmento empresarial Jornalista e escritor REINALDO JARDIM Trabalhou 11 anos Jornal do Brasil Foi diretor de jornalismo da TV Globo e da Rádio Nacional Engenheiro Florestal DANIEL DEMORI Pós-graduado em “Gestão Ambiental em Sistemas Florestais”. Auditor-líder na área de Sistemas de Gestão Ambiental, com larga experiência em licenciamento ambiental nos Estados de Mato Grosso e Goiás Engenheiro Agrônomo ANNIBAL LACERDA MARGON Mestre em Zootecnica pela Universidade Federal de Viçosa Diretor Financeiro da Mútua-GO MODALIDADE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Engenheiro Civil IDALINO SERRA HORTÊNCIO Especialista em Regulação Econômica Conselheiro Federal - Confea Engenheiro Civil EDSON MELO FILIZZOLA Especialista em Saúde Pública e também em Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção Goiás 6 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Engenheiro Agrônomo NILTON CÉZAR BELLIZZI Pós-doutor em Manejo Integrado de Pragas Conselheiro do Crea-GO Geógrafa ÂNGELA MARIA ÁUREA DOS SANTOS DAHER Especialista na área de Ensino e Pesquisa em Geografia Sócia e responsável técnica da empresa ELAM Engenharia e Consultoria Ltda. COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DO CREA-GO/2008 Efetivos: Téc. Agrim. ANTÔNIO DE PÁDUA FERREIRA Eng. de Minas AUGUSTO CÉSAR GUSMÃO LIMA Eng. Civil DANIEL FERREIRA Eng. Civil EDÉSIO DAHER FILHO (Coordenador) Eng. Agrônomo JOÃO DE DEUS DE SOUZA BERNARDINO Eng. Agrônomo NILTON CÉSAR BELLIZZI Téc. em Mineração RODOLFO PINTO DE MENDONÇA Suplentes: Eng. Florestal DANIEL DEMORI Eng. Agrônomo JOSÉ RENATO CATARINA RIBEIRO Eng. Agrônomo JOSÉ RODRIGUES DE MOURA Eng. Eletretricista JOVANILSON FALEIRO DE FREITAS Arqta. e Urbanista MARIA LUISA GOMES ADORNO Eng. Civil OSVALDO LUIZ VALINOTE Arquiteto SÉRGIO EDWARD WIEDERHECKER DIRETORIA DO CREA-GO/2008 PRESIDENTE: Eng. Agrônomo FRANCISCO ANTÔNIO SILVA DE ALMEIDA 1° VICE-PRESIDENTE: Eng. Civil DANIEL FERREIRA 2° VICE-PRESIDENTE: Eng. Agrônomo JOÃO DE DEUS DE SOUZA BERNARDINO 1° SECRETÁRIO: Geólogo WANDERLINO TEIXEIRA DE CARVALHO 2° SECRETÁRIO: Téc. Agrop. VALDIVINO ETERNO LEITE 1° TESOUREIRO: Arquiteto GASPAR LUIZ MARTINS 2° TESOUREIRO: Eng. Eletricista DEIRY DINIZ DE FREITAS PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 7 Apresentação O Crea-GO publica a sexta edição do compêndio contendo os projetos vencedores, em 2008, do Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente. Os trabalhos premiados foram apresentados para 1200 convidados durante solenidade realizada no dia 27 de novembro de 2008, no Atlanta Music Hall, em Goiânia – GO. A sétima edição do prêmio recebeu número recorde de projetos inscritos, totalizando 93 inscrições. Ao todo foram 11 prêmios outorgados, divididos em oito modalidades: Urbanismo; Educação Ambiental; Geologia e Minas; Saneamento; Produção Limpa; Produção Agronômica; Meio Ambiente Rural; e Imprensa (sendo: 1 prêmio para meios impressos, 1 prêmio para rádio, e 1 prêmio para televisão). Em 2008, dez projetos foram agraciados e uma menção honrosa foi concedia pela Comissão Julgadora do prêmio. É importante ressaltar que o Regional instituiu o Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente para premiar pessoas físicas, jurídicas, entidades de classe, Ongs, órgãos governamentais – municipais, estaduais e federais - e veículos de comunicação do Estado. O prêmio também foi instituído com o objetivo mostrar soluções apontadas pelos profissionais e sociedade goiana para a preservação e conservação do meio ambiente. Os trabalhos vencedores têm aplicabilidade expressiva dentro do Estado e são considerados projetos modelos para se atingir a sustentabilidade ambiental. Por meio deste compêndio, a administração do Crea-GO sente-se orgulhosa em apresentar os trabalhos vencedores e, ao mesmo tempo, expressar o seu reconhecimento à dedicação e criatividade dos autores dos projetos. A função do compêndio é justamente valorizar e divulgar os trabalhos premiados. O compêndio será distribuído às bibliotecas, autoridades federais, estaduais e municipais, Creas de outros estados, órgãos de meio ambiente, entidades de classe, veículos de comunicação e Ongs. A publicação do compêndio é a contribuição do Crea de Goiás para a educação ambiental no Estado e também reflete o verdadeiro papel do Conselho, que é o de defender os interesses da sociedade, preservando o meio ambiente. Goiânia, agosto de 2009 Eng. Civil Gerson de Almeida Taguatinga Presidente PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 9 SUMÁRIO Menção Honrosa ..................................................................................................... 13 Projeto: Sistema de Gestão Ambiental Premiada: Belcar Caminhões e Ônibus Ltda Prêmio Modalidade Urbanismo .............................................................................. 23 Projeto: Requalificação do Bosque dos Buritis Premiada: Agência Municipal do Meio Ambiente – AMMA Prêmio Modalidade Saneamento ........................................................................... 51 Projeto: Sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas: uma contribuição ao ambiente da cidade de Goiânia Premiado: Tecn. em Const. Civil e em Edif. Douglas Pereira da Silva Pitaluga Prêmio Modalidade Geologia e Minas ................................................................... 69 Projeto: Cerâmica Santo Antônio: um exemplo de sustentabilidade na pequena mineração Premiada: Rosa e Cavalcante Ltda / Cerâmica Santo Antônio Prêmio Modalidade Produção Limpa .................................................................... 87 Projeto: SGA – Sistema Gestão Ambiental Premiada: Engenheira Civil Vivianne dos Santos Resende Prêmio Modalidade Produção Agronômica .......................................................... 99 Projeto Premiado: Manejo integrado de pragas Premiada: Jalles Machado S/A Prêmio Modalidade Meio Ambiente Rural ............................................................. 113 Projeto: Gestão Ambiental no Setor Sucroalcooleiro: utilização dos resíduos industriais na cultura de cana-de-açúcar Premiada: Jalles Machado S/A Prêmio Modalidade Educação Ambiental ............................................................. 127 Projeto: Agrotóxicos, educar para saber usar e proteção da bacia do Ribeirão João Leite Premiada: Agroquima Produtos Agropecuários Ltda Prêmio Modalidade Imprensa – Meio Impresso ................................................... 169 Reportagem: Mudanças climáticas – calor vai afetar produção agrícola Autores: Evandro Ricardo Bittencourt, Maria José Braga e Heloísa Lima Prêmio Modalidade Imprensa – Televisão ............................................................ 179 Programa: Araguaia – Corredor da Biodiversidade Goiana Premiado: Trilhas do Brasil Comunicação e Produções Ltda Prêmio Modalidade Imprensa – Rádio .................................................................. 201 Programa: Conexão Ambiental Premiado: Emmerson Alexandre Kran PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 11 Menção Honrosa Projeto: Sistema de Gestão Ambiental Premiada: Belcar Caminhões e Ônibus Ltda. 1. APRESENTAÇÃO 1.1. Nome da Empresa: Belcar Caminhões e Máquinas Ltda. 1.2. CNPJ: 02.212.918/0001- 20 1.3. Endereço Matriz: Br. 153, Km 1.282, Alto da Glória – Goiânia GO 1.4. Endereço Filial: Br. 153, Km 1.478, Setor Industrial – Itumbiara GO 1.5. Número de Trabalhadores: 156 1.6. Número de Colaboradores Filial: 17 1.7. Site: www.belcarcaminhoes.com.br 1.8. Histórico Em 1983, nasce “Belcar Caminhões”. Instalada na Avenida Anhanguera nº. 130, a empresa formalizou um contrato de concessão com a rede Autolatina (fusão das fábricas Volkswagen e Ford), tornando-se uma revenda autorizada de caminhões e máquinas. Desde então, acompanhou o crescimento no mercado de caminhões da marca VW, destacando-se como a maior concessionária regional de Caminhões e Máquinas da rede no Brasil. Em junho de 1988, a Belcar Caminhões inaugurou sua sede própria, numa área de 25 mil metros quadrados, dos quais, quase a metade em área construída. Nas novas instalações, a empresa ficou estrategicamente localizada na BR 153, rodovia de grande fluxo de caminhões e, ao mesmo tempo, a 20 minutos do centro da cidade. Em 30 de setembro de 1999, a empresa recebeu o certificado ISO 9001 concedido pela TÜV da Alemanha (órgão habilitador da Norma ISO) tornando-se a primeira concessionária de caminhões da Região Centro-Oeste a obter tal certificação. No dia 16 de Outubro de 2003, a Belcar Caminhões escolheu Itumbiara para ser a primeira cidade goiana a receber uma filial da empresa. Decisão tomada devido à importância desta cidade, que ocupa lugar de destaque no desenvolvimento do nosso Estado. A filial possui uma área total de 44.000 metros quadrados, sendo 500 metros quadrados construídos e mais 1.000 metros quadrados de pátio. Com esta nova unidade, a Belcar está atendendo a 41 cidades ao redor de Itumbiara, com o mesmo padrão de qualidade da matriz, com conexão on-line e totalmente informatizada, agilizando consultas e procedimentos. Em 1998, com a preocupação em manter a qualidade no ambiente de trabalho e promover o bem-estar social, a Belcar formalizou a sua área de Responsabilidade Social Empresarial – BELCAR CAMINHÕES CIDADANIA - BCC, tendo como missão contribuir para a construção da Cidadania Corporativa, através da prática da Responsabilidade Social Empresarial. Com uma cultura empresarial fundamentada em valores humanos e, portanto, num ambiente de trabalho mais favorável, o conceito de responsabilidade social encontrou terreno fértil na Belcar Caminhões, pois veio reforçar um compromisso que sempre existiu, por convicção, de respeito às partes interessadas, aos colaboradores e, principalmente, ao meio ambiente. Entre as diversas iniciativas da BCC, destacam-se três Projetos Sociais e dois Programas: • Projeto EIC – Escolas de Informática e Cidadania • Projeto Parceiro nas Estradas; • Projeto BelcarArte; • Programa de Qualidade de Vida do Trabalhador – QVT; • Programa de Gestão Ambiental. Visando a compensação ambiental pelo uso de recursos naturais e a minimização dos impactos causados por suas atividades, a Belcar Caminhões busca desenvolver projetos e organiza sua estrutura interna de forma que o meio ambiente seja tratado de PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 15 maneira especial, sendo considerado em cada produto, processo ou serviço que a empresa desenvolve. Evita-se, assim, riscos futuros e permite à empresa, além de reduzir custos, aprimorar processos e explorar novos negócios voltados para a sustentabilidade ambiental, melhorando sua inserção no mercado. 2. CAMPANHAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CONSUMO CONSCIENTE Comprometida com a Coleta Seletiva de Lixo, a Belcar Caminhões desenvolve ações ambientais que visam ao respeito ao ser humano, ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. • • A empresa realiza, regularmente, campanhas educativas sobre coleta seletiva de lixo de acordo com o seu calendário interno de atividades. Atualmente, está sendo realizada a Campanha de Reciclagem e Sensibilização dos colaboradores recém-admitidos para Coleta Seletiva de Lixo; Temas relacionados aos cuidados com o meio ambiente e ao Consumo Consciente fazem parte do conteúdo de cidadania do Projeto Escola de Informática e Cidadania – EIC Belcar Caminhões1 e da Semana Interna de Prevenção a Acidentes no Trabalho – SIPAT. Este trabalho de sensibilização teve como resultado a realização da Gincana Ambiental com a 14a turma da EIC em 2006, onde foi possível levantar informações sobre os resíduos produzidos pela empresa e propor soluções para a diminuição do desperdício através da educação ambiental. Externamente, a Gincana também levantou informações sobre o lixo produzido pela comunidade do entorno, bem como do número de catadores de recicláveis locais – atividades que culminaram com a produção, em parceria com a VWCO, do filme Catador de Sonhos2; Trabalhadores da empresa e o Sr. José Gedda Neto (Diretor Geral) na Campanha Ambiental da Semana do Meio Ambiente 2006, onde os trabalhadores plantaram e apadrinharam palmeiras 1 2 O Projeto EIC é realizado em parceria com CDI (Comitê para a Democratização da Informática) e tem o objetivo de dar noções de ética e cidadania utilizando, como ferramenta de inclusão social, a informática. Atende aos trabalhadores e seus familiares, adolescentes de baixa renda e em situação de risco social. O vídeo ambiental, curta-metragem “Catador de Sonhos”, foi produzido pela Belcar Caminhões e dirigido por Giovani Lorenzetti. Lançado na cidade de Goiânia no dia 8 de fevereiro de 2007, atingiu o objetivo de provocar reflexão sobre a produção de lixo pelas pessoas e a inclusão do catador de lixo ao sistema de limpeza pública. O Conselho Temático de Resp. Social da FIEG e a DRT, com o apóio da Belcar Caminhões, firmaram parceria para estender esta discussão e propor um projeto de coleta seletiva de lixo no município através da organização de um Fórum de Debates sobre o tema no ano de 2007. O “Catador de Sonhos” recebeu a Menção Honrosa no Prêmio Goiás de Gestão Ambiental 2007 da Federação das Indústrias do Estado de Goiás - FIEG. 16 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 3. SGA – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 4. • Manual de Gestão Ambiental Visando a sistematização das ações já desenvolvidas pela empresa há pelo menos 10 anos na preservação do Meio Ambiente, a Belcar Caminhões Cidadania elaborou um Manual de Gestão Ambiental em parceria com os trabalhadores da empresa. O Manual é o registro destas ações ao mesmo tempo em que estabelece metas para atingir objetivos ambientais, acreditando que, assim, possa ser possível mensurar resultados e avaliar o impacto destas ações no seu negócio, na cultura organizacional e no desenvolvimento da educação ambiental do seu público interno e da comunidade do entorno. O SGA da Belcar Caminhões recebeu o segundo lugar no Prêmio Goiás de Gestão Ambiental 2007 da Federação das Indústrias do Estado de Goiás - FIEG. • Comitê de Gestão Ambiental A empresa formalizou um Comitê de Gestão Ambiental que discute os impactos ambientais na cadeia produtiva da empresa e elabora planos de ação ambiental. O Comitê é formado por trabalhadores que, voluntariamente, monitoram a coleta seletiva de lixo da empresa e são responsáveis pela comercialização e doação para cooperativas de catadores do lixo reciclável e geração de recursos financeiros, apresentados em reuniões mensais. • Carta de Princípios A Belcar Caminhões reafirmou seu compromisso sócio-ambiental com a elaboração de sua Carta de Princípios, em Outubro de 2006. Este documento foi o resultado de um processo de auto-conhecimento, sendo um instrumento que norteia o cumprimento da missão empresarial: “Contribuir para a Construção da Cidadania Corporativa através da prática da Responsabilidade Social Empresarial”, onde assegura o respeito ao Meio Ambiente em toda sua cadeia produtiva; assume o compromisso com a melhoria da qualidade ambiental formalizado em um Manual de Gestão Ambiental; e compromete-se a realizar Coleta Seletiva de Lixo na empresa, sensibilizando toda a rede de relacionamentos para esta prática, através da realização de campanhas educativas e da formalização de parcerias com organizações da sociedade civil e governo. USO DE TECNOLOGIAS APROPRIADAS E LIMPAS Em dezembro de 2006 foi elaborado um programa de redução do consumo de água e energia, proposto no Manual de Gestão Ambiental. Na oportunidade, foi instalado um Supressor de Anomalias Elétricas para a proteção das instalações elétricas, o que baixou o consumo de energia em 22%. Além disso, os equipamentos instalados visaram a proteção do sistema elétrico em determinados pontos contra raios, surtos de tensão, alterações súbitas no sistema energético, redução do nível de harmônicas, entre outros. Além de protegerem, os equipamentos proporcionaram uma maior longevidade das instalações elétricas de nossa empresa. 5. APOIO FINANCEIRO À IMPLANTAÇÃO/DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL A ENTIDADES PARCEIRAS • Apoio ao Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis em Goiás. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 17 A Belcar Caminhões apóia o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, através da divulgação do documentário “Catador de Sonhos”, onde a empresa/instituição que solicita a cópia do documentário assina um termo de compromisso, que tem como objetivo transformar intenções em ações objetivas que de fato possibilitem a inclusão do catador no sistema de limpeza urbana. Dessa forma, compromete-se em disseminar o conceito de coleta seletiva de lixo e entrar em contato com o Sr. José Iramar de Souza (Presidente da ACOP – Associação de Catadores Ordem e Progresso e Líder do Movimento Estadual de Catadores de Materiais Recicláveis) e agendar data para a coleta do material reciclável na empresa/ instituição. A empresa ainda apóia o movimento com doações de acordo com as necessidades dos profissionais de materiais reciclados, como: doação de uniformes e EPI’s Equipamentos de Proteção Individual em parceria com a Águia Diesel e Evoluti Ambiental. • Participação no Fórum do Lixo – “Coleta Seletiva de Material Reciclável e Inclusão Social” A partir da produção do documentário “Catador de Sonhos” elaborado pela Belcar Caminhões, foi realizado na FIEG – Federação das Indústrias do Estado de Goiás o Fórum do Lixo – “Coleta Seletiva de Material Reciclável e Inclusão Social”. O Fórum foi o primeiro passo de uma discussão ampla, permanente e propositiva, com ações articuladas entre instituições civis empresariais, acadêmicas, comunitárias e profissionais, em parceria com o poder público, no desafio de se enfrentar adequadamente a problemática do lixo urbano, incluindo os profissionais – catadores de material reciclável. O Fórum tem como objetivo diagnosticar como Goiânia administra o lixo urbano e, a partir daí, propor modelos de gestão de resíduos que contemplem de forma responsável as questões ambientais e sociais. Foram debatidas as questões relacionadas ao meio ambiente, trabalho decente, inclusão social e trabalho infantil, finalizando com a elaboração coletiva de uma carta de intenções, contendo as propostas iniciais de ações conjuntas a serem desenvolvidas pelo Fórum e, sobretudo, declarando-se o modelo de gestão ambiental pretendido pela sociedade goianiense. Nesta tentativa, criou-se um extraordinário espaço de diálogo entre diversos atores sociais que uniram e assumiram a responsabilidade de, juntos, encontrarem uma solução inteligente que preservasse o meio ambiente e, ao mesmo tempo, promovesse o resgate social dos catadores, por meio da geração de trabalho e renda. 18 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 • Iniciativa do Projeto “Parceiros em Prol dos Catadores de Materiais Recicláveis” A Belcar Caminhões Cidadania, idealizadora do projeto Parceiros Nas Estradas, e demais empresas da Comissão Executiva do Fórum Permanente de Coleta Seletiva de Material Reciclável e Inclusão Social, realizaram no dia 5 de Julho de 2008 o Projeto AÇÃO CIDADANIA – embasado no Parceiros Nas Estradas, este voltado especificamente para atender as demandas emergenciais dos Catadores de Materiais Recicláveis transferidos da Favela dos Trilhos para o Residencial Senador Albino Boaventura. O objetivo do Projeto foi promover ações de cidadania junto ao público mencionado, facilitando aos mesmos o acesso a bens e serviços sociais básicos. A reunião de fechamento do Projeto foi realizada no Galpão no Residencial Senador Albino Boaventura Abertura do Evento: Hino Nacional – Projeto Dó Ré Mí Falando a Mesma Língua (filhos de catadores) e Teste de Glicemia realizado pelo PROMED (parceira do evento) 6. MINIMIZAÇÃO DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS A minimização de geração de resíduos da empresa é apresentada no Manual de Gestão Ambiental e monitorada através do Comitê de Gestão Ambiental, mensalmente. A comercialização de óleos, lubrificantes e graxas na empresa não gera resíduos. Os materiais listados abaixo são gerados a partir da manutenção de caminhões e ônibus e são depositados em local apropriado (lixeiras e central de resíduos), recolhidos pelo serviço de limpeza pública local e Cooperativa de Catadores de Recicláveis. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 19 6.1 - Estudo dos Resíduos produzidos pela Belcar Origem METAL PLÁSTICO ORGÂNICO Quantidade Essencialmente, Relativa, depende do sucatas originadas da volume de serviço na Oficina.*Quando o desmonta de caminhões e peças contêiner é totalmente preenchido, as peças danificadas, que o cliente não retira da chegam a pesar até 600 kg. empresa: embreagens e outras peças. Destino Final Responsável Ferro Velho Ipiranga Chefe de Oficina Empresa de reciclagem 02 sacos de 20 litros Copos descartáveis, Plastel diariamente;depende do sacos plásticos e embalagens de peças; volume de serviço da Vasilhames de 1 e 5 oficina. litros originados da venda de óleo. Restos de comida, guardanapos, estopas, toalhas de papel, papel higiênico usados. 2 sacos de 20 litros diariamente. Companhia de Urbanização de Goiânia – COMURG Cooperativa de 40 resmas de papel A4 (500 folhas 75 g/m2) a Reciclagem - COOPREC cada 35 dias;07 caixas Formulário de papel de Formulário de papel contínuo; contínuo a cada 02 meses. Formulário de N.F.: Em média, 2.400 NF’s emitidas por mês.Em Caixas de papelão de média 800 kg de sucata embalagens de peças; de papelão mensalmente. Uso do escritório:Papel A4;- PAPEL Estal Chefe de Oficina Estal Sup. Administrativo Chefe de Estoque MADEIRA Desmonta de Caminhões Novos enviados pela Fábrica. Relativo, depende da entrega de caminhões novos enviados pela Fábrica.*As peças de madeira medem em torno de 5 m de comprimento, 10 cm de altura e 20 cm de largura. Doada paraADVEG (Associação dos deficientes visuais de Goiás) e para Plastel Chefe de Oficina GRAXAS Extraída dos veículos em manutenção na Oficina. Não existem indicadores Depositada juntamente com o óleo usado que é retirado pela empresa Lwart Chefe de Oficina ÓLEO LUBRIFICANTE Extraído dos veículos em manutenção na Oficina. Em média, 3.650 litros por mês. Empresa Lwart – Lubrificantes Ltda –CNPJ 46.201.083/0007-73 Gerente de AT. FILTROS (GÁS/ AR/ÓLEO) Extraídos dos veículos em manutenção na Oficina Filtro de ar: 30 filtros diariamente.Filtros de óleo: 30 filtros diariamente.Filtros de Gás: È destinado à empresa Ferro Velho Ipiranga, onde são prensados e separado o óleo do metal, o óleo a empresa destina para a Lwart e o metal para a Gerdal Chefe de Oficina Caixas separadoras de água e óleo. Estal Baterias para o Ferro Velho Ipiranga, lâmpadas queimadas e vidros são depositados no contêiner da COMURG Ger. De AT RESÍDUOS LÍQUIDOS BATERIAS E LÂMPADAS ESPECIAIS QUEIMADAS E VIDROS Gerados na lavagem Lavagem de Peças: 800 de peças e do Piso da a 1.500 litrosLavagem Oficina. do Piso: 1.000 a 2.000 litros Veículos e Estufa Não existem indicadores Figura 1 – Quadro de Resíduos produzidos pela Empresa do Manual de Gestão Ambiental 20 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 7. INICIATIVAS DE PROTEÇÃO OU CONSERVAÇÃO AMBIENTAL • Participação no Projeto de Preservação Ambiental no Rio Araguaia Desde 2000 a Belcar Caminhões em parceria com a Águia Diesel participa do projeto: “Eu Amo o Araguaia”, uma iniciativa do Educador Ambiental José Donizete Rulli. O Projeto é realizado há 11 anos e tem como objetivo conscientizar e despertar os turistas e moradores ribeirinhos para o valor e grande importância do Rio Araguaia para a humanidade, além de oferecer dicas de saúde, preservação ambiental e prevenção de acidentes, através de material informativo e divulgação na Rádio Aruanã. Realizadas nas cidades de Aruanã, Britânia, praias e acampamentos as ações de preservação ambiental têm sido de grande abrangência considerando o grande aumento de turistas na região durante o mês de Julho quando o projeto é realizado. • Campanha de Preservação Ambiental com colaboradores da empresa Como mencionado no início deste, a empresa realiza regularmente campanhas educativas. Em Outubro de 2006, o Comitê de Gestão Ambiental através dos recursos dos resíduos produzidos pela empresa ofereceu aos colaboradores um passeio ao Salto de Corumbá–GO, com o objetivo de proporcionar um dia de lazer e contato com a natureza; oferecer a oportunidade dos trabalhadores para a prática do esporte, além de possibilitar a integração entre os trabalhadores da empresa, com o foco na Preservação Ambiental. As atividades propostas foram Trekking e Rapel, monitoradas por uma empresa especializada em treinamentos e esportes radicais. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 21 Modalidade Urbanismo Projeto: Revitalização do Bosque dos Buritis Premiada: Agência Municipal do Meio Ambiente - AMMA CONCORRENTE: Prefeitura de Goiânia Iris Rezende Machado Agência Municipal do Meio Ambiente – Goiânia Clarismino Luiz Pereira Júnior Diretoria de Áreas Verdes e Unidades de Conservação – DIRUC Ronaldo Vieira Gerência de Arquitetura e Engenharia Ambiental – DIRUC/GEARQ Juliana Borges dos Santos Ficha Técnica Obra:Requalificação do Bosque dos Buritis Área Pública Inicial - Plano Original de Goiânia1 400.00m² Área Verde Municipal – Atual2 124.800,00 m². Localização: O Bosque dos Buritis localiza-se entre a Av. Assis Chateaubriand, Alameda das Rosas, Rua 1. Setor Oeste, Goiânia – Go. Começa na confluência da Rua 29 e Rua 01 do Setor Oeste; segue pela margem desta última até sua confluência com a Assis Chateaubriand; defletindo à esquerda segue por essa Avenida até a Alameda dos Buritis; defletindo à esquerda segue por essa Alameda até a sua confluência com a Rua 29; defletindo à esquerda segue por essa Rua, até sua confluência com Rua 01 onde teve início essa descrição. 1 2 Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia. Secretaria Municipal do Meio Ambiente – Goiânia. Plano de Manejo Bosque dos Buritis/2005. Idem item anterior PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 25 Equipe técnica: Projeto Arquitetura e Paisagismo Celina Fernandes Almeida Manso Arquiteta e Urbanista Márcia Araújo Arquiteta e Urbanista Maria Amélia Pereira de Amorim Arquiteta e Urbanista Yara Emy Tanimitsu Hasegawa Arquiteta e Urbanista Projeto Estrutural Cyntia Gomes da Costa Moreira Engenheira Civil Projeto Hidro-sanitário Elza de Rezende Mota Passos Engenheira Civil Projeto Elétrico Elza de Rezende Mota Passos Engenheira Civil Projeto Luminoténico COMURG - Diretoria de Iluminação Pública Projeto de Captação e Transportes de Águas de Nascentes Ivan Magalhães de Araújo Jorge Engenheiro Civil Orçamento e cronograma Elza de Rezende Mota Passos Engenheira Civil Érica Ferreira de Bastos Engenheira Civil Recomposição Florística e Paisagística Antonio Esteves dos Reis Engenheiro Florestal Maria Amélia Pereira de Amorim Arquiteta e Urbanista Fernando Augusto Lemos Sales Engenheiro Agrônomo Colaboradores Mariana Nascimento Siquiera Hidrante – Consultoria e Projetos Estagiários de Arquitetura Antônio Queiroga Galvão Filho Rafaela Passos Valadares Thiago Bastos de Melo 26 Estagiários de Engenharia Civil Eduardo Henrique Lopes de Souza Kaitson de Brito Barbosa Márcia Lima Peduzzi Estagiárias de Biologia Larissa Silva Naves Sâmara Bastos Portela Fiscalização Cláudia Márcia Monteiro da Silva Arquiteta Urbanista Flávio Martins Dias Engenheiro Civil Plano de Manejo Geórgia Ribeiro Silveira de Santana Bióloga – Coordenadora do Projeto Marize Moreira Gibrail Bióloga Bruna Pereira de Oliveira Mota Scislewski Bióloga Carlos Eduardo Abrahão R. de Sousa Biólogo Daniella Santos Cruvinel da Cruz Bióloga Erika Maria Siqueira Gestora Ambiental Gilberto Cardoso Queiroz Médico Veterinário Leandro de Oliveira Borges Biólogo Luiz Alberto Machado Filho Zootecnista Woldonei Marques Júnior Engenheiro Ambiental Márcia Yurico Hashimoto C. de Sena Engenheira Agrônoma Emmanuel Bezerra D’ Alessandro Acadêmico de Biologia Guilherme Leite Acadêmico de Saneamento Ambiental Lara Diniz Guimarães Acadêmica de Biologia Ludmila Gomes Ferreira Acadêmica de Biologia Michel Mindlin Rodrigu Acadêmico de Engenheira Ambiental Monick Silva Cardoso Acadêmica de Gestão Ambiental Pablo Guilherme Alves Silva Acadêmico de Geografia Roberto Fernandes da Silva Acadêmico de Geografia Silvane de Fátima Aquino Dantas Acadêmica de Engenharia Ambiental Sônia de Araújo Lima Acadêmica de Geoprocessamento Tainah Silva Narducci Acadêmica de Engenharia Ambiental PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Eu te vi crescer Goiânia, Te vi florescer, flores multicores, Como uma árvore frutífera, Abençoada, com quase um milhão de pessoas, Sendo agasalhada, Frutos de toda a espécie, Esta árvore nos dá, Onde pobres e ricos, Vem saciar.” Josefa Queiroz-1991 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 27 I - APRESENTAÇÃO A iniciativa deste trabalho representa o resultado de um processo de construção coletiva, que envolve a participação de diversas pessoas que contribuíram por suas posições, ações e projetos na requalificação, preservação e conservação do meio ambiente construído e natural do Bosque dos Buritis. A gravidade dos problemas identificados, o interesse dos participantes e as valiosas contribuições apresentadas justificam a participação da proposta de Requalificação do Bosque dos Buritis no PRÊMIO CREA 2008, na Modalidade Urbanismo, por permitir a identificação de valores arquitetônicos, urbanístico-paisagístico e ambientais, que contribuem para a melhoria da qualidade de vida e de comportamento que servirão de exemplos para nortear outras iniciativas em defesa dos espaços públicos, das áreas verdes e unidades de conservação da cidade de Goiânia. No decorrer das atividades do grupo técnico de trabalho, diversas pessoas foram agregadas, trazendo informações, experiências e visões específicas sobre o Bosque dos Buritis. Diante de aspectos físicos peculiares que caracterizam a área de intervenção uma série de dificuldades foi surgindo com o avanço das obras, o que terminou influindo na adequação de alguns pontos específicos do projeto inicial e na busca de instrumentos apropriados para as novas tomadas de decisões e soluções técnicas de engenharia para situações emergenciais. A socialização das informações aqui disponíveis é um poderoso instrumento de conscientização e de gestão ambiental, possibilitando a sensibilização e uma visão do Projeto de Requalificação do Bosque dos Buritis como um todo, para educadores, profissionais, pesquisadores, técnicos de órgãos governamentais, militantes de organizações não-governamentais, ambientalistas, usuários do Bosque, moradores da cidade ou de outras localidades, enfim, parafraseando Fernando de Oliveira Fonseca (2001), para “todos os que têm o direito ou o feliz dever de preservar e conservar esse valioso patrimônio”. II – INTRODUÇÃO Vivemos um momento singular para a preservação das áreas verdes e unidades de conservação no conjunto da cidade de Goiânia. A apreensão dessa singularidade exige uma abordagem múltipla, contemplando um mosaico de informações, percepções e inferências que, no conjunto, possibilitará a captura do momento presente do Bosque dos Buritis e permitirá, no futuro, um olhar pela preservação desta importante unidade de conservação. O primeiro enfoque que se apresenta remete ao viés histórico-ambiental da cidade. Um breve relato e observações sobre a evolução urbana da cidade, histórico preliminar da concepção do Plano de Urbanização de Goiânia, de 1933-38, que, em primeira aproximação, fez a escolha do sítio para implantação do grande empreendimento da capital do Estado de Goiás. No início do século XX, nos anos de 1930, Getúlio Vargas estabeleceu critérios para os estudos definitivos da escolha do sítio da nova Capital do Estado de Goiás. O interventor Pedro Ludovico, argumentava de forma entusiasmada sobre a conveniência da instalação de uma cidade na localidade de Campinas, cidade do interior goiano. Ao arquiteto urbanista Attílio Corrêa Lima coube a tarefa de criação de uma cidade moderna e planejada, destacando-se como parâmetro a população base de 50.000 habitantes e as preocupações de viabilidade ambiental do empreendimento. Deu-se início à saga da construção da cidade. Num primeiro momento, a perspectiva histórica é abordada, onde são narrados os acontecimentos iniciais do surgi- 28 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 mento do Bosque dos Buritis, da ocupação de sua área e de Goiânia. Num segundo momento, tem-se um sentido de continuidade dos processos de demarcações, diferenciações e zoneamento territorial e de suas conseqüências. Dessa forma, o Bosque dos Buritis destaca-se como importante indicador ambiental da cidade. A implantação de estruturas urbanas, irreversivelmente, afeta a biota da região em que se localizam, seja pela ocupação das cidades em si, com todos os equipamentos urbanos necessários, seja pelos usos, resultando, em todos os casos, na retirada da cobertura vegetal. Verifica-se, portanto, que o Bosque dos Buritis hoje apresenta uma redução aproximadamente de 70% da sua cobertura vegetal original. É notória a necessidade de conter o processo de desmatamento e as ocupações territoriais indiscriminadas. Para isso exige ações imediatas para a reversão da tendência de diminuição da cobertura vegetal, especialmente as matas, por estarem intrinsecamente associadas à proteção das nascentes e córregos. É preocupante a pressão das ocupações urbanas sobre as unidades de conservação e seu entorno que, em algumas situações, poderão inviabilizar a implantação dos corredores ecológicos, imprescindíveis também para a fauna da bacia. Sob o olhar técnico define-se o programa de estudo, o foco necessário que permite objetividade com relação à observação dos problemas e potencialidades que caracterizam e relevam aspectos importantes para definir os temas prioritários a serem trabalhados com o fim de proteger ecologicamente a cidade e, portanto, o Bosque dos Buritis. Estudos realizados com a Universidade Federal de Goiás e Universidade Católica de Goiás e dados constantes no Plano de Manejo do Bosque dos Buritis elaborado pela AMMA Agência Municipal do Meio Ambiente da Prefeitura de Goiânia, que tratam do meio físico, fazem uma completa radiografia da área objeto de intervenção, destacam a vulnerabilidade, a contaminação das águas e também, quanto ao potencial das nascentes e dos recursos hídricos, a origem primeira dos afluentes formadores dos lagos do Bosque dos Buritis. É surpreendente contemplar a presença e a diversidade da flora e da fauna tão próximas do Centro Urbano de Goiânia. Em sendo assim, preservar Goiânia e esta unidade de conservação, cuidando das nascentes do Córrego Buritis e do que restou das suas reservas verdes, passa a ser rigorosamente a mesma coisa. III – A CIDADE E O LUGAR No projeto de urbanização do núcleo inicial da cidade de Goiânia (1933-1935) Attílio Corrêa Lima tira partido da paisagem natural existente e enfatiza a importância de se definir e estabelecer as reservas de áreas verdes que se constituem em essenciais reservas de oxigênio dentro da cidade. Os cursos d’água faziam parte de composição das áreas livres projetadas, sendo elementos de destaque nas considerações do arquiteto urbanista, que procurava proteger de um modo eficaz a pureza da água que deveria abastecer a cidade. Ele antevê que “O Buritizal, localizado na extremidade da Rua 26”, seria transformado em pequeno parque. Para isso seria necessário drená-lo convenientemente, conduzindo as águas para o talvegue, em canal descoberto, ressaltando a importância deste para os efeitos de pequenos lagos decorativos. Este parque denominado dos Buritis se estenderia por faixas ao longo do talvegue com 50 metros para cada lado deste, no mínimo, formando o que os americanos denominam de “Park-way”. Attílio procurou dotar a cidade com o máximo possível de espaços livres, tendo levado em consideração alguns sítios beneficiados pela natureza, que foram preservados para servir de parques ou jardins, representando estes 34,6% do total da área projetada destinada ao núcleo inicial, sendo que a relação aconselhável pela prática PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 29 era de 25%. A relação de espaços livres com a função higienizadora e recreativa corresponde a 14%, nos quais esta inserida a área destinada ao Parque dos Buritis, significava uma proporção de 308 habitantes por hectare de parque e jardim, deixando Goiânia em condições privilegiadas, se comparada aos grandes centros urbanos em situação semelhante naquela época como, por exemplo: Detroit (660 hab/ha), Filadélfia (790 hab/ha), Nova York (943 hab/ha), Londres (1.000 hab/ha) e São Paulo (1.075 hab/ha). Acresce-se a favor da cidade, a previsão de arborização de todas as vias públicas e o ajardinamento das principais avenidas. Fig. 01 – Esboço da Planta de Urbanização de Goiânia elaborada por Attílio Corrêa Lima, 1933-1935. Destaque para os cursos d’água, reservas de matas e áreas verdes e Campinas. Fonte: Revista Arquitetura e Urbanismo (1937) citado por MANSO (2001, p. 89). Verifica-se que as alterações sugeridas por Armando Augusto de Godoy na proposta de Attílio para Goiânia, em nada modificam a importância e a preocupação de preservar as matas e ainda ressalta que nada poderia justificar o dispor das matas para outros fins que não os previstos. Preocupou-se naquele momento em estabelecer as áreas de reserva visando anteceder questões como a salubridade da população e colocava Goiânia entre as principais cidades em qualidade de vida e maior número de metros quadrados de áreas verdes por habitante. O Bosque dos Buritis, área que pertencia à fazenda Botafogo, denominada no Plano Original da Cidade como Parque dos Buritis, foi destinado, no Decreto Lei Nº 90A, de 30/07/1938 – onde foram aprovados os Setores Norte, Central, Sul e Oeste e a cidade satélite de Campinas – como um espaço livre, inalienável, não podendo alterar o seu uso de lazer e preservação ambiental e destinação original de Parque Ecológico. Com a implantação da cidade de Goiânia, o uso não foi alterado, mas sua área sofreu perdas qualitativas desde o início de sua ocupação territorial e também ao longo do seu processo de crescimento e metropolização. A partir da modificação do artigo 6.2.1.0 da Lei nº 575, de 1947, o espaço urbano de Goiânia foi ocupado por uma avalanche de loteamentos em torno de seu plano original. A reserva de área verde do Parque dos Buritis, como era chamado, ainda existia, mas com o seu verde e as nascentes do córrego dos Buritis comprometidos com a ocupação indiscriminada. Fig. 02 – Planta Geral do Setor Sul do Plano de Urbanização de Goiânia modificado pelo Escritório Coimbra Bueno, 1938. No detalhe planta parcial do Setor Central e Sul, limites do Parque Buritis e área prevista para o Setor Oeste. Fonte: ALVARES (1930), citado por MANSO (2001, p. 225). 30 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Atualmente a área do Bosque dos Buritis é de aproximadamente 124.800,00 m², incluindo os edifícios da Assembléia Legislativa, do Museu de Arte de Goiânia e do Centro Livre de Artes da Prefeitura. Seus lagos são alimentados pelo Córrego Buritis, afluente do Córrego Capim Puba. As nascentes, catalogadas até o presente, concentram-se na região dos Clubes de Engenharia e dos Oficiais (Setor Marista), nos porões do Tribunal de Justiça (Setor Oeste) e dentro do próprio Bosque. Estas nascentes são canalizadas até os lagos existentes dentro deste complexo ecológico, sendo um desativado e dois ativados e subdivididos. A partir daí a canalização continua e é despejada no Córrego Capim Puba. No lago desativado há um afloramento de lençol freático e alguma quantidade de água retida neste local. Fig. 03 – Esboço Planta Geral de Orientação do Núcleo Inicial de Goiânia: Setor Central e Norte, a área destinada ao Parque dos Buritis, a pista de pouso, o cinturão verde e o traçado de Campinas de acordo com a proposta inicial de Attílio Corrêa Lima. Destaque para o novo traçado do Setor Sul e as alterações sugeridas por Armando Augusto de Godoy, 1938. Fonte: Revista Municipal de Engenharia. Rio de Janeiro: Secretaria e Obras Públicas, nº 4, julho, 1938. Desenho do Escritório Coimbra Bueno, citado em MANSO (2001, p. 228). Na década de 60, iniciou-se a organização e as benfeitorias na área do Bosque com resgate do que restou, retirada de invasores e criação de recantos e espaços de permanência para atender as atividades recreativas e o lazer passivo e ativo. Fig. 04 – Esboço dos limites da área original reservada ao Bosque dos Buritis (1937) e da área atual. Fonte: JÚNIOR (1996, p. 50). A lei nº 7.653, de 19/06/73, ao transferir para o patrimônio do Município de Goiânia, os bens de uso comum do povo, veio reafirmar os mandamentos ditados pelo Decreto Lei nº 58/37, e Decreto Lei de nº 271/67, que estabelecem a transferência para o domínio público municipal das vias e espaços livres, constantes do plano de loteamento. A partir desta década houveram iniciativas no sentido de ocupar determinadas áreas dentro do Bosque, para outros fins. Tais iniciativas resultaram nas seguintes construções: Assembléia Legislativa em 1962, que foi ampliada em 1979, com a construção de um novo pavilhão, provocando a derrubada de dezenas de árvores e em PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 31 2003, com a construção de outro pavilhão, com dois pavimentos; Hospital dos Funcionários da Prefeitura, que na década de 1980 recebeu uma reforma, adequando o seu uso para o Museu de Arte e Centro Livre de Artes, recentemente reformado (20032004); CAIXEGO em 1982, demolida em 1992, atendendo as solicitações do movimento ambientalista/APBB, de recuperação da área; e o Monumento à Paz, em 1988, por iniciativa da Comunidade Bahá’í. Fig. 05 - Situação do Bosque em 2003. Vista parcial Setor Central e Setor Oeste. Crédito imagem: RODRIGUES, 2001. Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia, SEPLAN. Fig. 06 – Limites área do Bosque dos Buritis com Setor Central e Setor Oeste, 1961. Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia, SEPLAM. Na década de 90 foram executadas algumas obras no bosque, melhorando assim a qualidade da área, sendo feita a lanchonete, os caminhos de concreto, a reforma do alambrado do perímetro do bosque, os meios-fios, o tanque de dissipação de energia das águas, que saem do lago da Assembléia Legislativa para as galerias pluviais e a instalação da fonte. No ano de 2000, houve outra intervenção na infra-estrutura do bosque, onde o calçamento externo foi substituído e a pista de caminhada foi ampliada para três metros. Ainda nesta década, o poder público em parceria com entidade protetora do Bosque dos Buritis – APBB, propõe intervenções físico-ambientais para melhoria da área: entre os anos de 1990-1992 foram executadas obras de recuperação da nascente do Córrego Buritis que resultaram na construção do conjunto de lagos e canal, incluindo passarela de circulação dos lagos, lanchonete, bancos, meio-fios e reforma do alambrado; entre os anos de 1992-1996 foi desenvolvida uma ação integrada entre a Prefeitura - SEMMA, APBB e o Ministério do Meio Ambiente, que visava o reflorestamento das matas do Bosque dos Buritis e esclarecer ao usuário quanto a sua preservação; entre os anos de 1996-2000 foi instalada uma fonte com jato de 50m de altura no lago próximo ao Fórum e realizada a reforma total do calçamento externo (ampliação da pista, substituição do piso e das luminárias). Muitos segmentos da sociedade se uniram e lutaram e continuam a lutar, para não deixar o Bosque dos Buritis morrer. Este trabalho de proteção ao Bosque, desde 2004, conta com instrumentos como SINDUSCON, Associação dos Protetores do Bosque dos Buritis e Ministério Público. Em 2004 - 2005 elaborou-se o Plano de Manejo que define as diretrizes e o zoneamento ambiental, considerados pelo Projeto de Intervenção do Bosque dos Buritis, elaborado pela equipe técnica da SEMMA em 2005 - 32 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 2006. Este instrumento, colocado em prática, garantirá para as gerações atuais e futuras, a sobrevivência desse patrimônio natural em Goiânia, mostrando à comunidade, que ainda há tempo para protegermos as águas e o verde de nossa cidade, melhorando a qualidade de vida. Fig. 07 – Bosque dos Buritis. Ao fundo vista parcial Setor Central e região norte em 2001. Crédito imagem: RODRIGUES (2001). Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia, SEPLAM. Em 2007 foi efetivada a implantação do Zoneamento Ambiental proposto pelo Plano de Manejo e em 2008 foram concluídas as obras previstas no Projeto de Intervenção. IV - O BOSQUE DOS BURITIS ANTES DA INTERVENÇÃO O Bosque dos Buritis está inserido em um ambiente totalmente urbanizado e consolidado. Seu entorno apresenta uma qualidade urbana considerada boa, tanto do ponto de vista de investimento público e investimentos particulares novos, como da conservação e da manutenção dos edifícios residências mais antigos. Esse Bosque, que sobreviveu a tantas invasões e interferências antrópicas, é um dos elementos existentes a favor da qualidade ambiental para a vida humana urbana e conta com um instrumentos importante na sua preservação - o Plano de Manejo para o Bosque dos Buritis, elaborado pela Agência Municipal do Meio Ambiente - AMMA, então, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, no ano de 2005. O Córrego Buritis tem suas nascentes localizadas na região dos Clubes de Engenharia e dos Oficiais (Setor Marista), no subsolo do Tribunal de Justiça (Setor Oeste) e dentro do próprio Bosque. Os recursos hídricos oriundos destas nascentes são canalizados de forma precária. Existem desvios e vazamentos em vários momentos do percurso com perdas consideráveis antes de chegar até aos lagos existentes dentro do Bosque dos Buritis. A água de várias nascentes que ali chegam, deixa o Bosque e segue ao lado do prédio da Assembleia Legislativa, atravessa a Alameda dos Buritis, o Jóquei Clube, o Palácio do Comércio na Av. Anhanguera, Hospital São Lucas, Santa Casa, em linha atravessa todo o Setor Aeroporto até desaguar no Capim Puba, próximo ao aterro da estrada de ferro, no Setor Norte Ferroviário. Três lagos ornamentais foram construídos nas décadas de 80 e 90. O Córrego Buritis vem sofrendo com a ação antrópica, recebendo esgotos clandestinos que são lançados em suas águas. Um afloramento de lençol freático no lago desativado e uma nascente próxima ao lago da parte inferior do Bosque são pontos preocupantes dentro deste cenário que mereceram atenção especial. Em suas origens o solo do Bosque dos Buritis era todo revestido de mata. Predominava um solo argilo-arenoso, rico em matéria orgânica (terra preta). Outros dois tipos de solo eram observados: latossolos vermelho escuro distrófi- PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 33 cos A moderado com textura variando de argilosa a muito argilosa e relevo plano; latossolos vermelho escuro distróficos A moderado com textura argilosa com relevo suave ondulado. Atualmente encontra-se descaracterizado pela introdução de material alienígena, através da ação das enxurradas e em virtude do antropismo que ocorreu com muita intensidade no decorrer dos anos. A vegetação nativa do Bosque dos Buritis é caracterizada como Floresta Estacional Semidecidual de Cerrado e na década de 30 era formada por buritizais e veredas, ocorrendo onde o solo é permanentemente brejoso. No Brasil o termo “vereda” é utilizado para todos os tipos de vegetação que ocorrem no fundo de vale: o brejo estacional, o brejo permanente e a faixa de buritis. Ao longo dos anos, desde sua criação, o Bosque dos Buritis, passou por várias depredações e interferências, comprometendo mais ainda a vegetação existente, tendo hoje uma preservação de apenas 30% do ambiente natural original. O restante da vegetação foi substituído por espécies exóticas ao bioma. Na década de 70 o Bosque possuía uma vegetação representativa, apesar das intervenções e usos que foram ocorrendo, composta em parte por espécies caducifólias (semidecidual) e adaptadas ao clima sazonal (estacional), quais sejam: Scheflera macrocarpa Aubl. (mandiocão), Apuleia leiocarpa Maebr. (garapa), Hymenaea stilbocarpa Lee et Lang. (jatobá), Anadenanthera peregrina Benth. (boldo), Callisthne microphylla Warm. (joão farinha), Copaifera langsdorffi Desf. (pau-d’óleo), dentre outras e nas áreas mais úmidas verificou-se ainda a Mauritia vinifera mart (buriti). Durante o processo de implantação do Bosque dos Buritis foram realizados vários plantios, tanto de espécies nativas quanto exóticas. Atualmente a vegetação ainda encontrase bastante antropizada, mas dentro de um planejamento paisagístico algumas ações como de recomposição florística, cercamento da mata foram efetivadas para evitar a abertura indiscriminada de trilhas e usos incompatíveis com a área verde. Os animais que compõem a fauna tiveram que se adequar às modificações impostas pelo homem, alternando seus hábitos de vida para sua sobrevivência, adaptando-se aos diversos tipos de vegetação encontradas no cerrado. O Bosque é utilizado como abrigo e/ou refúgio para alguns animais, e foram registradas quarenta e sete (47) espécies, representando 5,62% das espécies catalogadas para o bioma sendo destacados: Chloroceryle americana (martim-pescador-grande), Butorides striatus (socozinho), Nystalus chacuru (joão-bobo), Columbina minuta (rolinha), Furnarius rufus (joãode-barro), Turdus leucomelas (sabiá-do-campo), e outros. V – A REQUALIFICAÇÃO DO BOSQUE DOS BURITIS O Bosque dos Buritis destaca-se com um dos espaços livres priorizados no traçado original do Plano Urbanístico de Goiânia. É, portanto, uma área histórica, que traz em si as marcas de sua origem. Sua paisagem modificada com as intervenções ocorridas traz em suas linhas e formas, maciços verdes e líquidos aquosos formando lagos e canais, assim como, uma linguagem, carregada de memória, signos e que fala aos seus usuários e habitantes de Goiânia (BARTHES, 2001; FERRARA, 1997). Para o seu real e completo aproveitamento em atividades voltadas ao lazer ativo e contemplativo e às atividades culturais, foram maximizados os usos dos diferentes equipamentos existentes e da paisagem, tendo como base o Plano de Manejo3. Este instrumento de planejamento e gestão tem por objetivos promover a recuperação da área verde, preservar as nascentes do Córrego Buritis, recuperar e conservar o ambi- 3 Plano de Manejo Bosque dos Buritis/Goiânia/2005. Elaborado pelos técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Prefeitura Municipal de Goiânia em parceria com Sinduscon, Associação dos Protetores do Bosque e Ministério Público. 34 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 ente do Bosque, desenvolver programas interativos e interpretativos para melhor apreciar e compreender o ecossistema protegido no Bosque e os valores culturais envolvidos. Segundo Souza (2003), o ato de planejar sempre remete ao futuro, significando um olhar de prevenção a evolução de um fenômeno “que necessita ser referenciado por uma reflexão previa sobre os desdobramentos do quadro atual” (p. 47), comprometida com “um pensamento socialmente crítico” (p. 56). Em outras palavras, devemos considerar o objeto de intervenção, independente de sua escala, à luz das suas diversas dimensões: econômica, política, cultural, social, funcional, estética e ambiental. E, em se tratando de espaços públicos, sejam eles parques, praças, áreas livres verdes, Oliveira (2003, p. 102), observa que este entendimento perpassa pela compreensão de sua organização espacial e paisagística, a partir da relação de seus quatros aspectos constituintes - projeto, obra, localização e uso, que nunca devem estar dissociados do contexto urbano no qual se insere. Macedo (1999, p.13), ainda acrescenta que este ato de planejamento específico é resultado de uma ação programada encomendada a um autor ou um grupo de autores, que vem com programa normalmente estabelecido e custo determinado, tornando a elaboração do projeto, que deve atender aos anseios da comunidade do bairro onde será implantado, um desafio maior ao arquiteto e demais técnicos. Corroborando, Burle Marx (1986) ressalta que todo planejamento é em função do homem. Para ele, o espaço, quando visto em conjunto, sugere um constante fluir entre as possibilidades de uso coletivo e particular. Em face das crescentes devastações da natureza, tornou-se uma necessidade trabalhar a paisagem sem agressão. Se os ambientes naturais sofreram muitas intervenções no decorrer dos anos, a proposta é de minimizar os impactos, destacando a riqueza natural que foi preservada até os dias atuais. Com essa compreensão e tomando por base a visão de cidade exposta por Bresciani (1994) e Carlos (2001), para quem a cidade é composta de fragmentos de diferentes temporalidades e que o reconhecimento destas, passa pela morfologia urbana, compreendida em seus dois tempos: o do reconhecimento da vida (uso e apropriação) e das práticas urbanas (intervenções na reprodução e produção do espaço) buscou-se perceber permanências e transformações no Bosque dos Buritis, de forma a vencer o desafio que o desenho de seu futuro projeto impunha. A estratégia adotada foi a de reaver este espaço urbano de elevada qualidade, salvaguardando os aspectos originais do local e integrando as mais diversas atividades ali desenvolvidas como forma de obter uma vivência equilibrada e integradas ao meio ambiente. Todas as melhorias foram ao encontro da valorização do local. Sua paisagem feita de árvores, água e elementos construídos passaria por mais uma intervenção – a de formar, suavizar e integrar todos esses elementos e deixar mais visível o natural, considerando sempre que há entre a vida orgânica e a construção, pontos de contato de inegável valor histórico. A proposta de intervenção do Bosque dos Buritis constituiu, assim, a oportunidade de requalificação arquitetônica e adequações ambientais, para o que contribuem as ações de revalorizar a relação do parque com a cidade, recuperar o ambiente e a paisagem, reconverter o uso em pontos estratégicos, assegurar a integração desta área verde no tecido da cidade e a sua identidade, tendo como resultados finais a captação da água das nascentes do Córrego Buritis, a renovação da água dos lagos, a recomposição florística e paisagística, a reforma dos caminhos internos, da pista de caminhada, das trilhas interpretativas, dos equipamentos de convivência e de serviços, associada à preservação desta Unidade de Conservação e à melhoria da qualidade de vida. As diretrizes gerais da proposta de intervenção foram: PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 35 • • • • • • • Aplicação da legislação proposta em julho de 1992 quando o Bosque da Avenida dos Buritis e os mananciais das nascentes do Córrego dos Buritis foram considerados como Área de Proteção Ambiental (APA), previsto na Lei Municipal nº 7.091; Preservação do Córrego Buritis com a recuperação florística com espécies nativas; Recuperação e conservação do ambiente natural, dos espaços de lazer ativo e de permanência; Compatibilização de relações harmônicas e adequadas do Parque com os usos e ocupações do entorno; Implantação do projeto de sinalização interativa do Bosque dos Buritis como facilitador para promoção de programas de educação ambiental na sensibilização da comunidade local; Qualificar os espaços e serviços prestados à comunidade com a implantação do orquidário, identificação dos ambulantes-permissionários; reestruturação dos quiosques, sanitários e lanchonete, administração e segurança do parque. Utilização de materiais que não impermeabilizem o solo e tornar o parque acessível a todos observando as normas de mobilidade e acessibilidade urbana. VI – (RE) VIVENDO O BOSQUE DOS BURITIS A vocação do lugar e a permeabilidade desta importante área de recarga de lençol freático foram recuperadas. A vegetação da mata de galeria característica de áreas úmidas e brejosas foi resgatada com a recomposição florística e paisagística. Em consideração a estas características naturais do Bosque dos Buritis, onde o elemento água é preponderante, foi recuperada a fonte luminosa contemplativa de extraordinária beleza plástica com efeito ornamental moderno em água de forte impacto visual, que certamente valorizara ainda mais os lagos existentes que se destacam como ícones na paisagem urbana de Goiânia. As premissas que orientaram a elaboração do projeto de intervenção do Bosque dos Buritis foram as de obter uma ocupação racional do uso do solo que representasse economia do ponto de vista de implantação e maior permeabilidade, bem como promover a qualidade da saúde pública e do meio ambiente. Para isso, todas as ações buscaram preservar e melhorar os aspectos originais deste local reconhecido como bem patrimonial de excepcional valor urbanístico e paisagístico para a cidade de Goiânia. Manejo e Zoneamento Ambiental Bosque dos Buritis Programa de Manejo do Bosque dos Buritis Meio Ambiente Uso Público Manejo de Flora Recreação Manejo de Fauna Pesquisa e Monitoramento Sub -programa de água Operações Proteção Educação Ambiental Administração Turismo Manutenção Relações Públicas Integração com o Entorno (Associação) Cooperação Interinstitucional Público/Privado Fig. 08 - Fluxograma 1: Programa de Manejo do Bosque dos Buritis. AMMA, 2007 Fonte: SEPLAN e RODRIGUES, 2001 36 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 As intervenções previstas serão realizadas nas seguintes zonas de uso: a) Zona de Preservação Integral e Zona de Uso Intensivo: É constituída pelas áreas naturais ou alteradas pela atividade humana. Contém paisagens únicas, recursos que possam servir às atividades recreacionais, relativamente concentradas, com facilidades de trânsito e de assistência ao público. O ambiente é mantido o mais natural possível. (SEMMA, 2005. p. 105). Fig. 09 – Zona de Preservação Integral. Bosque dos Buritis. AMMA, 2005. Fonte: SEPLAN e RODRIGUES, 2001 A vegetação local foi preservada. A recomposição florística prevista para uma significativa área da Zona de Preservação Integral e para pontos estratégicos da Zona de Uso Intensivo, incluindo o manejo cuidadoso de espécies existentes e retiradas das espécies que ameaçam as espécies nativas, permitiu resgatar a flora e fauna, favorecendo o retorno e abrigo dos animais silvestres. As áreas de mata e brejos onde se localizam as árvores de grande porte e várias espécies remanescentes foram preservadas e integradas aos equipamentos do Bosque dos Buritis. Os espaços construídos (novos e existentes) foram organizados, mantendo as árvores, sem a necessidade de qualquer derrubada. Fig. 10 – Zona de Uso Intensivo. Bosque dos Buritis. AMMA, 2005. Fonte: SEPLAN e RODRIGUES, 2001 O projeto luminotécnico desta unidade de conservação emblemática para a cidade de Goiânia foi elaborado com o objetivo de valorizar os espaços, destacar seus detalhes construtivos, a volumetria e massa verde dos elementos naturais, despertar PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 37 um olhar para a paisagem noturna, utilizando o conceito ribalta com um resultado de iluminação de focalização contínua, e proporcionar maior segurança para os usuários do Bosque dos Buritis. Toda a fiação elétrica interna foi substituída. O principal diferencial da iluminação proposta é facilitar a manutenção periódica e minimizar o impacto e a interferência visual. É a tentativa de se criar um ambiente convidativo e aconchegante, de forma a incutir alma renovada a esta Unidade de Conservação. Os espaços existentes destinados aos equipamentos de convivência, recreação e serviços de referência são: recantos, lagos, cascata, fonte ornamental, brejo, Praça Monumento à Paz, anfiteatro, Museu de Artes de Goiânia, Centro Livre de Artes, estacionamento, administração e Guarda Municipal, parque infantil, estação de ginástica, caminhos internos, e pista de caminhada (calçada externa). O pórtico do acesso principal, a murada e os portões dos acessos secundários receberam tratamento diferenciado com colunas de alvenaria aparente, com detalhes em tubo de aço e uma pérgula metálica com luminoso de identificação, personificando o acesso principal. Fig. 11 e 12 – Pórtico do acesso principal. Vistas diurna e noturna. Destaque para lago da fonte com o jato d’água com mais de 50 metros de altura. Crédito imagens: Mauro Junio, (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/ GEARQ. A pista de caminhada recebeu nova paginação de piso em frente aos portões de acesso ao Bosque dos Buritis. Rampas de acesso com rebaixamento do meio-fio foram recuperadas e /ou instaladas seguindo as normas técnicas da NBR 9050 de mobilidade e acessibilidade urbana. O alambrado de fechamento externo existente foi substituído por um novo. Toda a parte danificada do piso foi reformada e a demarcação da pista de caminhada foi executada. Fig. 13 e 14 – Portão de acesso secundário e murada. Na paisagem ao lado observa-se o Lago da Fonte, Monumento à Paz e remanescente de mata dando colorido especial. Crédito imagens: Mauro Junio, (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ. 38 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 ANTES DEPOIS Fig. 15 e 16 – Alambrado de fechamento em estado de conservação precário antes da intervenção. Os módulos foram substituídos em sua totalidade por um fechamento que permite maior fluidez visual entre a calçada pública e a mata localizada na zona de preservação e de uso restrito. Crédito imagens: Fernando Sales (2007) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ Internamente preocupou–se em proteger a mata de galeria com um novo cercamento em toras de eucalipto roliças lixadas e tratadas e arame liso. Foram instalados portões em pontos estratégicos para a manutenção, manejo das espécies nativas e acesso estrito às trilhas interpretativas e aos animais. As trilhas desativadas foram adequadas para plantio de espécies nativas de acordo com o projeto específico de recomposição florística. ANTES DEPOIS Fig. 17 e 18 – O piso da calçada pública e pista de caminhada da Rua 1 (Setor Oeste). Recuperação nos pontos críticos, favorecendo a mobilidade e maior segurança ao usuário. Paginação de piso com borda de acabamento nova e faixa verde para valorizar a murada e ampliar o espaço destinado à caminhada. As distâncias percorridas foram remarcadas em toda extensão do circuito de caminhada. Crédito imagens: Fernando Sales (2007) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ A adequação ambiental desta Zona de Uso Intensivo foi contemplada ainda com as seguintes intervenções: demolição da antiga estação de tratamento de água (ETA), onde foram implantados os espaços verdes com estar e mirante; a criação de três praças de alimentação e um orquidário; a substituição e instalação de novas lixeiras, bancos, telefones públicos; e a recomposição florística e paisagística; substituição do piso dos caminhos internos por blocos intertravados torna a área do Bosque mais permeável; eliminação de rampas e escadas inadequadas torna o caminhar mais seguro e facilita o acesso aos espaços de convivência, recreação e ao Centro de Visitante (recantos, lagos, espaço alternativo, mirante, parque infantil, trilhas interativas, estações de ginástica, Monumento à Paz e aos espaços de serviços CAT - Centro PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 39 de Apoio ao Turista, lanchonete, administração do Parque, guarda Municipal, praças de alimentação, MAG - Museu de Artes de Goiânia, Centro Livre de Artes, APBB Associação dos Protetores do Bosque dos Buritis, espaço de exposição e eventos, estacionamento). ANTES DEPOIS Fig. 19 e 20 – Caminhos internos ladeando o circuito das águas, canal com enrocamento e cascatas em pedra marroada. Piso intertravado com borda sonora de alerta de perigo e faixa verde com guia de concreto. Cercamento da mata de galeria em toras lixadas e tratadas de eucaliptos com arame roliço. Crédito imagens: Fernando Sales (2007) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ DEPOIS ANTES Fig. 21 e 22 – Monumento à Paz recebe piso permeável e valorização paisagística. Crédito das imagens: Fernando Salles (2006) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ ANTES DEPOIS Fig. 23 e 24 – Recanto da Trilha: Destaque para banco e mesas com banquetas. Crédito imagens: Fernando Salles (2005) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ 40 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Fig. 25 e 26 – Caminhos internos e bordas do Lago das Ilhas com faixa sonora de alerta. Destaque para placas de comunicação visual e postes de iluminação. Crédito das imagens: Fernando Salles (2005) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ. ANTES DEPOIS Fig. 27 e 28 - Bloco do anexo adaptado para atividades de apoio ao visitante. Crédito das imagens: Fernando Salles (2006) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ. Fig. 29 e 30 – Arquibancada recebe tratamento especial com adaptação de corrimão, guarda corpo e espaço para cadeirante. O piso do teatro de arena foi substituído. Crédito das imagens: Fernando Salles (2005) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ. Fig. 31 e 32 - Estação de ginástica ampliada e integrada à mata existente. Crédito das imagens: Fernando Salles (2006) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 41 ANTES DEPOIS Fig. 33 e 34 – Apropriação dos espaços livres. Atividades promovidas pela Associação dos Orquidófilos de Goiás. Vista parcial das instalações do orquidário e centro de visitante. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ. A reforma e ampliação do Parque Infantil compreendem uma área entre a mata de galeria próxima da Alameda dos Buritis e o Lago das Ilhas. O acesso principal aos brinquedos é por um único portão e todo o perímetro do parque infantil foi fechado com cercamento de madeira, canteiros e espécies de vegetação adequada ao local, mantendo a concepção original do parque. Foram instalados brinquedos em toras de eucalipto roliço para atender crianças de 2 a 12 anos de idade. DEPOIS Fig. 35 e 36 – Parque Infantil. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ. Adequação arquitetônica foi realizada com a construção de duas plataformas, uma localizada em frente ao Lago da Trilha e a outra em frente ao Parque Infantil, para instalação de quiosques fixos e carrinhos dos ambulantes, que trabalhavam prestando serviços aos usuários do Bosque dos Buritis. Estares de convivência e permanência, equipados com bancos e mesas com banquetas, foram integrados aos espaços dos quiosques, configurando assim as praças de alimentação com características peculiares. DEPOIS DEPOIS DEPOIS Fig. 37, 38 e 39 – Apropriação dos espaços das praças de alimentação e vista de equipamentos: quiosque, banco reformado, mesas com banquetas e orelhões. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ 42 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 As rampas e escadas foram pensadas para atender as exigências de mobilidade e acessibilidade urbana. De acordo com o Decreto 5.296/2004 - Art. 11, projetos de arquitetura/reformas ou ampliação de edificações de uso público ou coletivo deverão ser executados de forma que sejam ou se tornem acessíveis à pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. As rampas, escadas e os caminhos internos do Bosque dos Buritis receberam tratamento especial no sentido de tornarem acessíveis à pessoa portadora de necessidades especiais. Fig. 40, 41 e 42 – Caminho interno, borda do Lago das Ilhas e escada de acesso ao Lago da Fonte. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ O projeto de arquitetura e paisagismo do Bosque dos Buritis adotou os parâmetros antropométricos da NBR 9050/2004 para propor os contemplados nas seguintes intervenções: rebaixamento de calçadas, anteparos e guarda-corpo na arquibancada do Teatro de Arena, vaga especial no estacionamento, sanitários públicos adaptados para atender os portadores de necessidades especiais, instalação de corrimão e guarda-corpo nas escadas e rampas, e deslocamento em linha reta com largura maior ou igual a 1,50 m nos caminhos internos. Os símbolos internacionais de acesso foram contemplados no projeto de sinalização do Bosque dos Buritis. Fig. 43 e 44 – Placas interativas de comunicação visual com informações sobre a fauna, flora e lagos. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 43 A comunicação visual e a sinalização do Bosque dos Buritis foram reformuladas com a fixação de novas placas (informativas; indicativas; orientação de uso e educativas). Para a renovação da água dos lagos artificiais do Bosque dos Buritis foram adotadas soluções alternativas para o reaproveitamento desse líquido imprescindível. Uma das soluções foi a captação e transporte da água de nascentes localizadas no Clube de Engenharia, Inmetro, CPRM, Clube dos Oficiais e dos Cabos e Soldados para o Lago da Fonte (lago1/superior) com adequação da rede para que não ocorra vazamento e sejam controladas algumas ligações clandestinas de esgoto que possam existir. DEPOIS DEPOIS DEPOIS Fig. 45, 46 e 47 – Bica que renova água do Lago da Fonte e roda d’água que bombeia água para o Lago da Trilha (próximo a Rua 1) no primeiro plano e ao fundo, belvedere e praça do Monumento à Paz protegido pelas árvores. A reforma da área destinada aos eventos e exposições foi executada de acordo com o projeto de paginação de piso considerando as passarelas (pedestres) e jardins existentes. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ Fig. 48 – Belvedere instalado na borda do Lago da Fonte foi concebido para propiciar encontros e permanências para todas as faixas etárias. Compõe a estrutura do Belvedere um deck, com piso de madeira, e os dois guarda-corpos de proteção lateral executados com toras de eucalipto e barras metálicas tubulares. Crédito da imagem: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ Foram também objeto da intervenção a reforma, remoção e substituição do mobiliário urbano. Foram instaladas novas lixeiras, bancos novos com encosto e conjunto de mesas com banquetas. Os bancos de concreto e mesas com banquetas de concreto existentes foram mantidos e reformados a pedido dos usuários assíduos do Bosque dos Buritis. Fig. 49, 50 e 51 – Recanto das Águas, Recanto da Cascata. Recanto da Mata, antiga área de estacionamento próxima à mata e ao Centro Livre de Artes. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/ DIRUC/GEARQ 44 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 b) Zona de Uso Restrito: Fig. 52 – Zona de Uso Restrito: Bosque dos Buritis. AMMA, 2005. Fonte: SEPLAN e RODRIGUES, 2001. Compreende as áreas necessárias à administração, manutenção e serviços. A adequação ambiental desta Zona de Uso Restrito prevê intervenções no entorno dos recantos, lagos, brejos e nas trilhas interpretativas de educação ambiental e a recomposição paisagística nas áreas dos jardins e dos canteiros. O projeto e os serviços de implantação da recomposição paisagística e florística foram executados pela AMMA – Agencia Municipal do Meio Ambiente. O piso de chão batido das trilhas naturais interpretativas (Trilha da Mata - 862,30 m², Trilha do Lago - 439,05 m²; Trilha dos Guapuruvus - 453,23 m²); localizadas na Zona de Uso Restrito foi escarificado, compactado e regularizado. As dimensões das trilhas foram adequadas ao uso por grupo de visitantes e estudantes. DEPOIS ANTES Fig. 53, 54 e 55 – Recomposição paisagística e florística. Recuperação das trilhas com tratamento luminotécnico. Crédito das imagens: Fernando Sales (2007) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ/2008. c) Zona de Preservação Integral Essa zona consiste de áreas naturais, onde a intervenção humana tenha sido pequena ou mínima. Pode conter ecossistemas únicos, com espécies da flora, fauna, ou até fenômenos naturais de grande valor cientifico que podem tolerar ocasionalmente o uso limitado do público (SEMMA, 2005). Compreende a mata, com uma extensão PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 45 aproximada de 46.438,81m², incluindo os lagos e as nascentes do Córrego Buriti. Essa Zona de Preservação Integral limita-se com a Zona de Uso Restrito e uma parte da Zona de Uso Intensivo. A adequação ambiental desta Zona de Preservação Integral foi realizada com a recomposição florística da mata, as intervenções nas trilhas interpretativas de educação ambiental e o cercamento de proteção da mata. d) Zona de Recuperação: Fig. 56, 57 e 58 – Recomposição paisagística e florística. Destaque para os exemplares de Buritis. Recuperação dos caminhos internos e limpeza do Lago das Ilhas. Crédito das imagens: Fernando Sales (2007) e Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ É uma zona que contém áreas que sofreram considerável alteração humana. É considerada uma zona provisória, pois, uma vez restaurada será incorporada em uma das categorias permanentes. (SEMMA, 2005). Deter a degradação dos recursos naturais da área, principalmente flora e solo, e favorecer a recuperação natural da vida silvestre são os principais objetivos a serem alcançados nesta Zona de Recuperação. A adequação ambiental desta Zona de Recuperação foi contemplada com a recomposição florística nos trechos das trilhas interpretativas que deixaram de existir e no estacionamento próximo ao Museu de Artes. Esta zona apresenta um grande potencial para o futuro, pois, com a adequação ambiental concluída, será incorporada à Zona de Preservação Integral, resultando, assim, na melhoria da permeabilidade do solo que manterá vivas as nascentes. As árvores funcionando como um “quebra-luz” amenizam a claridade que incide sobre as edificações, tornam-se elementos de vedação e de proteção, retomando “a idéia da arquitetura como” “jogo sábio das luzes e das sombras” (MOTTA, 1986, p.76). Os lagos, com suas superfícies onduladas pelas fontes e cascatas, “trazem um pouco do céu para dentro do arvoredo”. Jardins internos e portão de acesso Rua 1 Fig. 59, 60 e 61 – Jardim espaço alternativo, vegetação específica para composição do pergolado. Destaque para os Bacuris na marcação do portão da Rua 1 com acesso independente para pedestres e automóveis. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ 46 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Espaço Alternativo Orquidário Fig. 62, 63, 64 e 65 – área do entorno do orquidário foi trabalhada com maciços de arundina, conhecida por orquídea terrestre, aroeira salsa para sombreamento e vasos com Bambu mosso marcando a entrada. Canteiros e faixa verde na área do estacionamento. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/ DIRUC/GEARQ Fig. 66, 67 e 68 – Caminhos internos de acesso ao espaço alternativo e detalhes canteiros de bromélias com seixos rolados e pedriscos. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ Bica d’água e Teatro de Arena Fig. 69 e 70 – Teatro de Arena, bica e roda d’água. O tratamento paisagístico do Teatro de Arena caracterizou-se mais pela retirada de algumas espécies de palmeiras que conflitavam com as espécies arbóreas existentes. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ “E os grandes conjuntos de árvores, de grande porte, formam uma cortina, cuja transparência permite luminosidade variada e acolhedora. O trabalho da luz unifica e enche de mistério a paisagem, abrange formas sutis de percepção...” (Motta, 1986, p.79). A vegetação foi distribuída demarcando as diversas áreas de uso, conduzindo a vista a objetivos comuns ou criando surpresas aos que a percorrem lentamente, pela diversificação das perspectivas. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 47 Maciço de quaresmerinhas/maciço linear de alpínias/guarirobas iluminadas Fig. 71, 72 e 73 – Revegetação com maciço de Tibouchina stenocarpa e outras espécies arbóreas nativas para recomposição da mata; maciço linear de Alpínia purpurata formando uma barreira vegetal de proteção do parque infantil; plantio de Syagrus oleracea formando uma cortina verde iluminada, cuja projeção se dá nas águas do lago. Crédito das imagens: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ Quando o usuário busca a caminhada, seu olhar percorre a paisagem e os diversos tons de verde, salpicados de cores fortes e vibrantes das flores. O trajeto ganha ritmo, precisão, interesse e a atenção se voltam para os pormenores do caminho, detendo-se ora numa flor, ora num pássaro, num sorriso de criança ou numa folha seca que cai acompanhando a fluidez do vento... O encanto dos detalhes quebra a monotonia, valoriza o todo e reaviva a individualidade. Num falar técnico Lúcio Costa afirma que “um dos preceitos da urbanização moderna é o contraste entre a rigidez, a simetria, a disciplina da arquitetura e a imprecisão, a assimetria, o imprevisto da vegetação” (Costa, 1962, p.52). Vencendo dificuldades naturais, o planejamento e o projeto de valorização paisagística arquitetônica e urbanística foi realizado em todos os níveis – água, piso, edificações, traçados e vegetação, atendendo a todas as funções e necessidades definidas nesse. Quando se busca a integração de todos os elementos na configuração de um espaço a visão da paisagem se renova – “o ser humano, o gesto, a semente, a planta, a cidade e os territórios se aliam em grandiosos compromissos construtivos” (MOTTA,1986). Córrego Buritis O Córrego Buritis, em seus meandros, Desde a nascente até o encontro Com o Córrego Capim Puba, Alimentou as veredas com seus buritis, Suas árvores, seus animais, e seus pássaros... O córrego percebeu, então, um movimento intenso Nas proximidades de seu corpo, de sua vida... Era a cidade de Goiânia que nascia! Nascia como uma escultura, De sonhos, de planos e de ambições, Emergia da superfície da terra E tomava corpo e forma... Algo de muito importante estava acontecendo, Pensava o córrego com suas veredas... E percebia que espaços eram abertos 48 Fig. 74 - Crédito imagem: Mauro Junio (2008). Fonte: AMMA/DIRUC/GEARQ PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 A pouca distância e continuou a pensar: Apesar de toda essa transformação Eu permanecerei, continuarei Com minhas águas límpidas, Recebendo as chuvas e o calor do sol, Abrigando os pássaros com seus ninhos... E alguns anos se passaram Muitos sons e ruídos diferentes surgiram... E a vida feliz e natural da vereda buritis Perdia o gosto da paz... Recortes foram feitos na área E o que era para ser preservado No Plano original de Goiânia Foi diminuindo e se descaracterizando... E a vida do córrego e da vereda Sofreu muitas modificações Mas não se extinguiu... Seres valorosos, em todas as épocas, Lutaram pela sua sobrevivência. Hoje ele encontra-se Com uma nova roupagem E com uma nova esperança No cerne de suas águas... A vida do Córrego Buritis continua Nas ações plenas de boa vontade!... Maria Amélia Amorim - 2006 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARES, Geraldo Teixeira. 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Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à gestão urbanos. 2 ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. 50 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Modalidade Saneamento Projeto: Sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas: uma contribuição ao ambiente da cidade de Goiânia Premiado: Tecnólogo em Construção Civil e em Edificações Douglas Pereira da Silva Pitaluga SISTEMA DOMICILIAR DE TRATAMENTO DE ESGOTO POR PLANTAS: uma contribuição ao ambiente da cidade de Goiânia PITALUGA, D. P. S.(1) ALMEIDA, R. A. (2) REIS, R. P. A.(3) Douglas Pereira da Silva Pitaluga(1) Tecnólogo em Construção Civil. Especialista em Tratamento de Resíduos. Mestrando em Engenharia do Meio Ambiente, da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás – UFG. [email protected] Rogério de Araújo Almeida(2) Engenheiro Agrônomo. Especialista em Tratamento de Resíduos. Mestre em Agronomia. Doutor em Agronomia. Professor da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás – UFG. [email protected] Ricardo Prado Abreu Reis(3) Engenheiro Civil. Mestre em Engenharia Civil. Professor da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás – UFG. [email protected] RESUMO A utilização de plantas no tratamento de esgotos constitui-se em alternativa, eficiente e de baixo custo, aos sistemas convencionais. O presente estudo objetivou avaliar a eficiência de uma estação domiciliar experimental de tratamento de esgotos do tipo zona de raízes, precedida por tanque séptico, na cidade de Goiânia, GO. O tanque séptico foi dimensionado de acordo com a NBR 7229 (ABNT, 1993). A zona de raízes seguiu as orientações de Philippi e Sezerino (2004) e foi vegetada com as espécies lírio-do-brejo (Hedychium coronarium J. König) e taboa (Typha angustifolia L.). Avaliaram-se as eficiências percentuais da estação na redução da Demanda Bioquímica de Oxigênio (90,7%), da Demanda Química de Oxigênio (81,1%) e dos Coliformes Termotolerantes (99,99998%), após quatro meses do início da aplicação de esgoto. O sistema avaliado mostrou-se eficiente no tratamento do esgoto, atendendo à legislação vigente, para os atributos estudados. PALAVRAS-CHAVE: Fitorremediação, alagados construídos, águas residuárias. INTRODUÇÃO O destino final do esgoto sanitário é, geralmente, o encaminhamento a um corpo de água, muitas vezes em sua forma bruta. Em conseqüência desse lançamento, podem aparecer alguns inconvenientes, como o desprendimento de maus odores, a presença de sabor na água potável, a mortandade de peixes e a ameaça à saúde pública. Via de regra, tais impactos são mitigados ou evitados quando o esgoto é submetido a tratamento prévio adequado. Para serem lançados em corpos receptores de água doce, os efluentes das estações de tratamento de esgoto devem, simultaneamente, atender às condições e padrões de lançamento de efluentes e não ocasionar a ultrapassagem das condições e padrões de qualidade de água, estabelecidos para as respectivas classes, nas condiPRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 53 ções da vazão de referência (CONAMA, 2005). Os mananciais hídricos do Estado de Goiás são todos considerados de classe 2. Pesquisadores têm buscado formas alternativas de tratamento de efluentes, principalmente o urbano, que representa um grande aporte de materiais orgânicos que são lançados diariamente nos cursos de água. Segundo Heller e Nascimento (2005), estes estudos devem considerar, necessariamente, a realidade sócio-econômico-cultural do país, realidade sobre a qual os potenciais benefícios das ações e da pesquisa se aplicarão. Assim, devem ser considerados o grau de desenvolvimento econômico do país, seus desequilíbrios ambientais e sociais, sua realidade sanitária e a cultura de seu povo. A utilização de espécies vegetais no tratamento de esgoto representa uma tecnologia emergente que está se revelando como uma alternativa, eficiente e de baixo custo, aos sistemas convencionais (PARKINSON; SIQUEIRA; CAMPOS, 2004). Esses sistemas podem ser implantados no local onde o esgoto é gerado, são facilmente operados, economizam energia e são mais flexíveis e menos susceptíveis a variações nas taxas de aplicação de esgoto (BRIX, 1993; SOLANO; SORIANO; CIRIA, 2004). Integram-se ao ambiente e são caracterizados como tecnologia apropriada e auto-sustentável (PRESZNHUK et al., 2003). Sua principal desvantagem está na maior necessidade de área (BRIX, 1993), o que nem sempre é um fator limitante, especialmente no Brasil, país de grandes extensões territoriais. A área para o tratamento de esgoto por zona de raízes varia de um a até seis metros quadrados por habitante. As condições climáticas brasileiras permitem a utilização de áreas reduzidas, principalmente se houver um tratamento prévio do esgoto (PHILIPPI; SEZERINO, 2004). Segundo Valentim (2003), apesar da existência de várias pesquisas sobre tratamento de esgotos com plantas no Brasil, ainda são poucos os sistemas avaliados continuamente e por um longo período de tempo, e nem sempre os parâmetros de análise e a metodologia de condução adotada pelos pesquisadores coincidem, gerando, às vezes, dificuldades de comparação entre os diversos trabalhos. A utilização de plantas no tratamento de esgotos já ocorre em Goiás e o sistema tem se mostrado bastante promissor (ALMEIDA, 2005; ALMEIDA; OLIVEIRA; KLIEMANN, 2007), o que leva à necessidade de novas pesquisas com vistas a obter novos conhecimentos e subsídios para o seu dimensionamento e uso na região. Desta forma, o presente trabalho objetivou avaliar o desempenho de um sistema residencial de tratamento de esgoto, do tipo zona de raízes com fluxo sub-superficial horizontal, precedido de tanque séptico, na região de Goiânia, GO. O clima local, segundo Köppen, é do tipo Aw (quente e semi-úmido com estação seca bem definida, de maio a setembro, e regime pluviométrico tropical, com temperatura média anual de 23,2°C, com as médias mínimas e máximas de 17,9°C e 29,8°C, respectivamente). A precipitação pluvial média anual é de 1.575,9 mm e o total anual de insolação é de 2.588,1 h (BRASIL, 1992). METODOLOGIA Para a realização do estudo, foi projetado um sistema residencial experimental de tratamento de esgoto doméstico. O sistema foi implantando em uma residência térrea unifamiliar, com cinco moradores (Foto 1), na região Leste da cidade de Goiânia, GO. O projeto foi concebido de forma a utilizar o uso do desnível disponível (diferença de nível entre a posição de saída do esgoto da residência e sua entrada no coletor público), com vistas a um sistema que funcione pela força da gravidade, não necessitando de bombeamento do esgoto. Para atender tal concepção, inicialmente foi feito o levantamento planialtimétrico do terreno (Foto 2). 54 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Foto 1 - Moradores da residência onde foi implantado o sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas, do tipo zona de raízes precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008 Foto 2 - Levantamento planialtimétrico do terreno para implantação do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas, do tipo zona de raízes precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008 A estação experimental constituiu-se de um tanque séptico, dimensionado segundo a NBR 7.229 (ABNT, 1993), seguido por uma unidade de zona de raízes, classificada por Brix (1993), como um sistema de tratamento baseado em macrófitas emergentes de fluxo sub-superficial horizontal, dimensionada segundo orientação de Philippi e Sezerino (2004), com a adoção de um metro quadrado de leito por habitante, e por um tanque reservatório para armazenamento do efluente tratado (Quadro 1, Figura 1 e Foto 4). A vazão média diária de esgoto foi estimada com base no consumo médio de PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 55 água da residência dos seis meses anteriores (500 L dia-1), adotando-se uma taxa de retorno de 80%. Durante a avaliação do experimento foram coletados dados de consumo de água para nova estimativa da produção de esgoto. Quadro 1 Dimensões das unidades do sistema residencial de tratamento de esgoto, do tipo zona de raízes precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008. Unidade Larg. Dimensões (m) Comp. Prof. Útil 1,60 2,10 Volume (m3) 2,70 Tanque séptico 0,80 Zona de raízes 1,25 4,00 0,60 3,00 Reservatório 2,40 1,10 0,60 1,60 As unidades de tratamento foram demarcadas no terreno, escavadas e construídas com piso em concreto armado, paredes em alvenaria (tijolo furado 14 x 29 cm, deitado) e impermeabilizante no reboco. O leito da zona de raízes foi preenchido com brita número um nos cinqüenta centímetros iniciais e finais, para aplicação e drenagem de líquidos, respectivamente. Na parte intermediária utilizou-se como substrato areia lavada (Foto 3), com 32,5% de espaços vazios e distribuição granulométrica apresentada na Figura 2. Foto 3 - Leito da zona de raízes preenchido com brita número um e areia lavada. A tábua divisória foi retirada após o preenchimento. Goiânia, GO. 2008 56 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Figura 1 - Esquema geral do sistema domiciliar de tratamento de esgoto avaliado. Goiânia, GO. 2008 Foto 4 - Vista geral do sistema domiciliar de tratamento de esgoto avaliado, em fase final de construção, ainda sem as tampas do tanque séptico e do reservatório. Goiânia, GO. 2008 A areia foi vegetada com as espécies lírio-do-brejo (Hedychium coronarium J. König), na metade inicial e taboa (Typha angustifolia L.), na metade final (Foto 5. Foto 6. Figura 3). Por ocasião do preenchimento do leito utilizou-se de tábuas de madeira para separar a brita da areia, retirando-as em seguida. As espécies vegetais foram escolhidas pelas maiores eficiências no tratamento de esgoto sanitário nas condições de Goiânia (ALMEIDA; OLIVEIRA; KLIEMANN, 2007). PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 57 Figura 2 - Distribuição granulométrica da areia utilizada no preenchimento do leito da zona de raízes do sistema domiciliar de tratamento de esgoto avaliado. Goiânia, GO. 2008 No transplante das espécies vegetais foram utilizadas mudas, correspondentes a plantas adultas com brotações no rizoma, na densidade de dez plantas por metro quadrado. As plantas foram previamente coletadas em seu ambiente natural, tiveram suas folhas cortadas e foram armazenadas em local úmido e sombreado, com vistas à brotação. Após o transplantio das mudas procedeu-se a sua irrigação com água de torneira (do sistema público). A aplicação do esgoto iniciou-se somente após o pegamento das plantas (quinze dias do transplante), conforme recomendado por Sievers (1993) e Solano; Soriano e Ciria (2004). Foto 5 - Plantio de mudas da espécie lírio-do-brejo (Hedychium coronarium J. König) no leito de zona de raízes do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008 58 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Foto 6 - Plantio de mudas da espécie taboa (Typha angustifolia L.) no leito de zona de raízes do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008 Figura 3 - Leito da zona de raízes do sistema residencial de tratamento de esgoto avaliado. Em foco o desenvolvimento cronológico das plantas até seu estágio de floração, quando a estação assume o visual agradável de um jardim florido. a) em 3 de janeiro, data do transplante; b) em 30 de janeiro; c) em 15 de fevereiro e d) em 4 de junho. Goiânia, GO. 2008 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 59 A partir de quatro meses após o início da aplicação de esgoto na estação (15 de maio), foram coletadas amostras mensais de efluente, por um período de quatro meses, para a realização de análises de qualidade. As amostras foram coletadas antes e após a zona de raízes (Figura 4). Foram avaliados a Demanda Bioquímica de Oxigênio, a Demanda Química de Oxigênio e os Coliformes Termotolerantes. Figura 4 - Vista em corte longitudinal do sistema residencial experimental de tratamento de esgoto avaliado, com indicação dos locais de coleta de amostras para análises laboratoriais. Goiânia, GO. 2008 Os resultados foram utilizados no cálculo da eficiência percentual do sistema na purificação do esgoto doméstico, segundo Dacach (1991). Para o cálculo da eficiência do tanque séptico utilizaram-se os valores das concentrações afluentes dos atributos do esgoto bruto, consolidados pela literatura (PESSOA; JORDÃO, 1982; SPERLING, 1996 e NUVOLARI, 2003), uma vez que não foi feita sua caracterização no presente estudo. Todo esgoto produzido na residência foi conduzido ao tanque séptico, sem qualquer separação. Do tanque, o efluente era conduzido à zona de raízes, pela força da gravidade (Fotos 7 e 8). A aplicação ocorria em uma das extremidades do leito por meio de um tubo de esgoto (ø 100 mm), perfurado em toda sua extensão e posicionado no terço superior da profundidade do leito, envolto por uma camada de brita número um (Fotos 9 e 10). A drenagem do efluente da zona de raízes dava-se pela extremidade oposta à entrada, em tubo de esgoto (ø 100 mm) posicionado no fundo do leito, igualmente perfurado e envolto por brita número um (Figura 5 e Foto 11). 60 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Foto 7 - Tubo de transição do efluente do tanque séptico para o leito de zona de raízes do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008 Foto 8 - Vista interna do tanque séptico em funcionamento. Sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 61 Figura 5 - Desenho esquemático de um corte longitudinal do leito da zona de raízes do sistema residencial experimental de tratamento de esgoto avaliado. Goiânia, GO, 2008 Foto 9 - Tubulação de PVC perfurada para uniformizar a aplicação do esgoto na zona de raízes do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008 62 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Foto 10 - Detalhe do preenchimento da zona de raízes com substrato (areia e brita) e do tubo de alimentação do leito, do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008 Foto 11 - Detalhe da tubulação de drenagem do leito da zona de raízes do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Goiânia, GO. 2008 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 63 A parte externa do tubo de drenagem da zona de raízes ficou dentro do tanque reservatório. Em sua extremidade foi acoplado um joelho de 90º com um tubo vertical, cujo posicionamento determinava o nível de líquidos dentro da zona de raízes (Foto 12). O nível foi mantido a aproximadamente cinco centímetros abaixo da superfície do substrato, com vistas a evitar seu afloramento e a consequente proliferação de mosquitos e liberação de maus odores. No tanque reservatório o efluente tratado permanecia disponível para reuso e seu excesso era encaminhado ao coletor da rede pública. Foto 12 - Vista interna do reservatório de esgoto tratado do sistema domiciliar de tratamento de esgoto por plantas. Em detalhe a tubulação de entrada com o regulador de nível. Goiânia, GO. 2008 RESULTADOS E DISCUSSÃO O consumo médio mensal de água no período de condução do experimento foi de 12,17 m3, o que corresponde a 405,5 L dia-1, portanto, menor que o consumo verificado por ocasião do projeto da estação. Considerando-se a taxa de retorno de 80%, estimou-se uma vazão de esgoto de 324,4 L dia-1. Assim, o tempo de detenção hidráulica do esgoto foi de 8 dias no tanque séptico e de 2,7 dias na zona de raízes, totalizando 10,7 dias (Quadro 2). O leito da zona de raízes ocupado com plantas utilizou uma área de 1 m2 por habitante, considerada pequena, tendo em vista o fluxo do sistema ser horizontal. A recomendação encontrada na literatura é de menos que 80 Kg DBO ha-1dia-1 (MELO JÚNIOR, 2003), o que corresponde a uma área maior que 2,4 m2 por habitante. Considerando a concentração afluente de 260 mg DBO L-1 e a vazão média de esgoto verificada neste estudo (324,4 L dia-1), foi realizada uma aplicação de 168,48 kg DBO ha-1dia-1, numa taxa aproximada de 65 L m-2 dia-1. 64 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Dimensões, Volume Útil e Tempo de Detenção Hidráulica propiciados pelas Quadro 2 unidades do sistema residencial de tratamento de esgoto, do tipo zona de raízes precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008. Unidade 1 Tanque séptico Larg. 0,80 Zona de raízes1 1,25 Reservatório 2,40 Dimensões (m) Comp. Prof. Útil 2,10 1,55 Volume Útil (m3) 2,60 TDH (dias) 8,01 4,00 0,60 0,89 2,74 1,10 0,55 1,45 4,47 -1 taxa de aplicação de 324,4 L dia , areia do substrato com 32,5% de espaços vazios e nível de efluente cinco centímetros abaixo da superfície. Desconsiderando o volume ocupado pelas raízes das plantas. A eficiência do tanque séptico na purificação do esgoto foi de 13% nos níveis de DBO e de DQO e de 99,9946% na contagem de coliformes termotolerantes. Salientase que os valores observados após o tanque séptico foram comparados a valores teóricos consolidados pela literatura (SPERLING, 1996 e NUVOLARI, 2003 – para DBO e DQO – e PESSÔA; JORDÃO, 1982 – para Coliformes), uma vez que não foi feita a caracterização do afluente. O leito de zona de raízes ocasionou redução de 89% para a DBO, 78% para a DQO e 99,63% para os coliformes termotolerantes (Tabela 1). A eficiência total na redução da DBO foi de 90,7%, resultando num efluente com 28 mg O2 L-1. A legislação estabelece uma DBO máxima de 60 mg O2 L-1 para o efluente das estações de tratamento de esgoto ou uma redução mínima de 80% na concentração de DBO. Para o lançamento em corpos receptores de água doce de classe 2, o efluente não pode elevar a concentração de DBO acima de 5 mg O2 L-1. Tampouco, pode resultar na redução da concentração de OD abaixo de 5 mg O2 L-1. Tabela 1 Valores médios de atributos e eficiência percentual na sua redução em esgoto doméstico submetido a tratamento num sistema do tipo zona de raízes com fluxo sub-superficial horizontal, precedido por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008. DBO1 (mg O2 L-1) DQO2 (mg O2 L-1) Coliformes Termotolerantes (NMP 100mL-1) 9 Esgoto bruto3 300 700 1,0.10 redução (%) 13,3 12,7 99,9946 Após tanque séptico 260 611 5,4.104 redução (%) 89,2 78,4 99,63 28 132 90,7 81,1 Após zona de raízes redução total (%) 2,0.10 2 99,99998 bioquímica de oxigênio; 2 demanda química de oxigênio; 3 valores médios segundo Sperling (1996) e Nuvolari (2003), para DBO e DQO e segundo Pessôa e Jordão (1982), para coliformes termotolerantes. 1 demanda Solano; Soriano e Ciria (2004), na Espanha, observaram uma eficiência da taboa na redução da DBO de 81%, para aplicação de 75 litros diários de esgoto por metro quadrado, no verão. Gersberg et al. (1986), na Califórnia, verificaram eficiência de 74%. Van Kaick (2002), no Paraná, observou redução de 83,9%. Costa et al. (2003), na PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 65 Paraíba, constataram redução de 88%. Presznhuk et al. (2003), no Paraná, observaram redução de 84,2%. A DQO foi reduzida em 81%, valor próximo à média das eficiências verificadas pelos autores citados. Assim, a eficiência verificada neste trabalho foi bastante satisfatória, compatível com o observado em sistemas das mais variadas concepções e em várias regiões do mundo. A remoção de coliformes termotolerantes foi de sete casas exponenciais, resultando em uma concentração de 200 NMP 100mL-1. A legislação brasileira não determina limite de coliformes para os efluentes de estações de tratamento de esgoto. Todavia, a contribuição do efluente não pode elevar a contagem de coliformes termotolerantes nos corpos receptores acima dos limites estabelecidos para cada classe; ou seja, 1.000 NMP 100mL–1, para os de classe 2 (CONAMA, 2005). Verifica-se, portanto, que o efluente poderia ser disposto em qualquer manancial do estado de Goiás, pois, a contagem de coliformes na água do corpo receptor jamais ultrapassaria o limite legal estabelecido. Embora este estudo tenha sido desenvolvido para uma residência, vislumbra-se sua aplicação no tratamento de esgotos de pequenas comunidades. CONCLUSÃO O sistema domiciliar de tratamento do tipo zona de raízes precedida por tanque séptico foi eficiente na purificação do esgoto doméstico nas condições climáticas de Goiânia, GO, atendendo ao estabelecido na legislação vigente para os atributos Demanda Química de Oxigênio, Demanda Bioquímica de Oxigênio e Coliformes Termotolerantes. Foto 13 - Esgoto tratado pelo sistema domiciliar de tratamento do tipo zona de raízes precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008 66 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Foto 14 - Esgoto tratado pelo sistema domiciliar de tratamento do tipo zona de raízes precedida por tanque séptico. Goiânia, GO. 2008 REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. A. Substratos e plantas no tratamento de esgoto por zona de raízes. 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Dissertação (Mestrado) - Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba. 68 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Modalidade Geologia e Minas Projeto: Cerâmica Santo Antônio: um exemplo de sustentabilidade na pequena mineração Premiada: Rosa e Cavalcante Ltda Cerâmica Santo Antônio PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 71 Vista dos tanques com peixes CERÂMICA SANTO ANTÔNIO A EMPRESA Razão Social: Rosa e Cavalcante Ltda Nome de Fantasia: Cerâmica Santo Antônio Endereço: Av. Bernardo Sayão, Qd. CG Lt. 02, Vila União, Mara Rosa – Goiás – CEP: 76490-000 - Fone: (62) 3366-1382 Proprietário: Amado Olímpio Rosa – Diretor Presidente Data de Fundação: 06 de agosto de 1982 CNPJ: 00.116.681/0001-58 Número de Funcionários: 65 (01/09/08) Número de Funcionários Registrados: 65 (01/09/08) EPIs Fornecidos pela Empresa: botina, óculos, luvas, protetor auricular, máscara para pó, máscara para proteção de calor, uniforme Licença de Funcionamento: processo nº 5301.00.804/1996-1 – Licença GUS nº 57/2006 (val. 18/01/09) Licença de Consumidor de Lenha: nº registro 560133380/2001-4 MISSÃO Ser a solução em produtos cerâmicos, contribuir na realização do sonho de morar bem, valorizando o bem estar social e respeitando o meio ambiente. VISÃO Ser uma empresa que atende ao mercado consumidor em suas necessidades e exigências de moradia e fortalecer o compromisso entre empresa, clientes e fornecedores. 72 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 VALORES Ética: Honrar compromisso entre empresa x clientes x fornecedores; Valorizar o trabalho para trabalhar e viver com dignidade, saúde e segurança no trabalho; Satisfação dos clientes, acionistas, funcionários e fornecedores; O comprometimento de todos os cooperadores com a qualidade dos produtos e serviços; Manter o meio ambiente em equilíbrio, de maneira a dar sustentabilidade ao negócio, recuperando jazidas e reflorestamento. A cerâmica Santo Antônio está situada na cidade de Mara Rosa, Região Norte do Estado de Goiás, desde agosto de 1982, distante 350 Km de Goiânia, capital de Goiás e 340 Km do Distrito Federal. Historicamente, trata-se de uma região mineradora de ouro desde o séc. XVII, quer na sua forma primitiva de garimpo, ou de tecnologia avançada das grandes empresas mineradoras. Nas últimas décadas é também grande produtora de níquel, cobre e amianto, além de dezenas de empreendimentos de pequeno porte. Dentre as indústrias mineradoras especializadas em cerâmica vermelha, todas de pequeno porte, destaca-se a Cerâmica Santo Antônio, por ter operacionalizado o projeto “Área com Extração de Argila Exaurida – Nova Destinação de Uso e Ocupação” que transformou a área de onde se extraiu a argila, em: § Tanques para criatórios de peixes, abrigando a partir de dezembro de 2005, 16 mil alevinos (pacu caranha, pintado, matrinchã e piau). § Um bosque com 2.500 árvores diversas. A execução desse projeto vem atender aos valores e missão da Cerâmica Santo Antônio em ser a solução em produtos cerâmicos, de forma a contribuir na transformação dos sonhos de morar bem em realidade, valorizando o bem estar social e respeitando o meio ambiente. Ainda com esta preocupação ambiental executa o Projeto de Reflorestamento com Eucalipto Urofila, para uso como combustível na queima, numa área de 63 ha, contendo 80.000 mudas dessa espécie. A Cerâmica Santo Antônio destaca-se, também, por: ter todos os seus 65 atuais colaboradores registrados, disponibilizando-lhes uniformes, EPIs, sala para treinamento e lanche; por ter propiciado a um de seus funcionários formar-se em técnico cerâmico na Escola SENAI Mário Amato em São Bernardo – SP, o primeiro do norte goiano e um dos raros em Goiás; e pela qualidade dos produtos que disponibiliza ao mercado. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 73 Colaboradores reunidos no pátio da Cerâmica Santo Antônio A LAVRA Vista geral do tanque de piscicultura e da área reflorestada com plantas frutíferas e plantas nativas 74 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 - Local: Fazenda Lambari ou Estiva, Mara Rosa - Goiás Proprietário: Amado Olímpio Rosa Processo: DNPM nº 861.203/2003 Titular: Rosa e Cavalcante Ltda. Título Minerário: Registro de Licença Outorgado/D.O.U. 16/04/04 Área: 11,21ha Total Lavrado: (Conforme RAL) (2004), (2005), (2006), (2007) R.T.: Engenheira de Minas: Crismária Alves Veloso da Silva CREA: 4310/ D-GO Licença de Funcionamento: Processo 5601.20416/2003-2, Licença GUS nº 641/2007, Vencimento 01/12/09 R.A.L.: em dia R.C.A.: em dia Controle de Qualidade da Matéria Prima – Laboratório Próprio Laboratorista/Gerente de Controle de Qualidade: Técnico em Cerâmica Cleyb Belizário – Escola SENAI Mário Amato – 2004. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 75 As matérias-primas utilizadas na Cerâmica Santo Antônio são provenientes de depósito de várzea situado na margem esquerda do córrego Santo Antônio, da subbacia do Rio do Ouro. Anualmente é realizada uma programação de produção para o ano seguinte, o que determina a quantidade e a especificação da matéria-prima necessária. Desenvolvese, então, uma malha de furos de trado, detalhada em função das variações do minério. As amostras são submetidas a ensaios cerâmicos no laboratório da própria empresa, garantindo-se, assim, a qualidade da produção. Parte-se, então, com o auxílio de uma pá carregadeira, para a limpeza da área e remoção do solo orgânico, que é estocado para uso no projeto de florestamento posterior. Como pelo próprio tipo de depósito, as espessuras são de poucos metros e o minério de elevada umidade, facilmente escavado, utiliza-se uma retroescavadeira para realização da lavra, com carregamento imediato e transporte até o pátio da indústria. Parte do minério é depositado em local de fácil acesso para uso no período chuvoso. O estoque de matéria-prima é empilhada, por tipo de argila. Vista geral da lavra de argila ÁREA LAVRADA E EXAURIDA – NOVA DESTINAÇÃO DE USO O projeto “Área de Extração de Argila Exaurida – Nova Destinação de Uso e Ocupação” foi implantado, a partir de 2005, com recursos exclusivos da empresa, em uma área total de 10,702 ha, dos quais 2,268 ha, referentes a cava da lavra, foram transformados em tanques para piscicultura e 8,434 ha, em seu entorno, foram objeto de florestamento para formação de um bosque com árvores nativas e frutíferas. A lavra foi planejada de forma que em uma primeira faixa de extração, o solo orgânico foi depositado em sua lateral e, a partir de então, o capeamento orgânico foi sempre lançado na cava já aberta, a medida que a frente de lavra avançava. Esgotada a jazida nessa área, foram realizados serviços de sistematização do terreno e estudos de proteção contra enchentes, erosão e assoreamento, de condicionamento do terreno e o fechamento dos drenos para a formação dos lagos. A partir de dezembro de 2005 foram adquiridos, na Goiás Peixe, em GoiâniaGO, 16.000 alevinos de pintado, pacu caranha, matrinchã e piau, para povoamento dos tanques. 76 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Na área destinada a florestamento efetuou-se a limpeza e adequação do terreno, com a implantação de curvas de nível, a abertura e preparação das covas, além do combate prévio e contínuo a formigas. Foram adquiridas em viveiros da região (Campinorte e Porangatu), e plantadas, 2.500 mudas: de Brinco de Princesa (01),Mini Ibisco (02) Angico (24), Jatobá (14), Ixora Media (01), Mini Erica (46), Estretitzia (03), Branbrisia (01), Ipê Amarelo (20), Palmeira Carioca (10), Pitanga (03), Ipê Roxo (19), Ipê Amarelo Peq. (31), Ipê Branco (08), Tamarindo (04), Caqui (04), Cupuaçu (33), Cacau (03), Ameixa (03), Limão de Conserva (02), Manga (14), Pêssego (2), Canela (2), Cítricos (15), Moréia (2), Pequi (22), Goiaba (13), Ixora Gigante (03), Mini Rosa (06), Espatódia (01), Quaresmeira (03), Guapeva (01), Barriguda (03), Jacarandá (180), Cedro (01), Jamelão (26), Jambo Amarelo (17), Castanha do Pará (04), Ipê Rosa (02), Bálsamo (02), Jatobá (14), Ingá Peq. (02), Abacate (05), Beribá (10), Acácia (17), Seringueira (20), Amburama (22), Óleo Pau (20), Peroba Rosa (16), Acácia Cor de Rosa (05), Nascadao (02), Pinha (03), Gerivá (03), Mogno (350), Calabura (10), Graviola (10), Açaí (70), Pupunha (27), Capomba (45), Oiti (10), Teca (80), Limaozinho (01), Gueroba (60), Guaracudi (400), Areca lacubo (2), Caju (5), Araçá Boi (03), Cagaita (01), Pau Brasil (05), Mexerica (20), Laranja Pêra (30). A área foi transformada em um belo conjunto paisagístico, de atividade econômica e de lazer, como pode ser observado nas fotos e no mapa apresentados a seguir PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 77 Lavra e carregamento de argila Início de formação dos lagos 78 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Os lagos implantados com peixes Os lagos implantados com peixes PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 79 Os lagos implantados com peixes Plantio de plantas frutíferas 80 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Vista geral Vista geral dos lagos PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 81 Vista geral dos lagos Vista geral dos lagos 82 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Vista geral dos lagos Vista geral dos lagos PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 83 FLORESTAMENTO COM EUCALIPTO O projeto de florestamento com eucalipto urófilo foi implantado a partir de 2006, na fazenda Lambari, também de propriedade do Sr. Amado Olímpio Rosa, distante 10km da Cerâmica Santo Antônio. O objetivo do Projeto é eliminar o uso de lenha proveniente do desmatamento do Cerrado e aprimorar a matriz energética na queima dos produtos da Cerâmica Santo Antônio. O combate a formigas foi iniciado 6 meses antes de se preparar adequadamente 63ha de terra e efetuar o plantio de 80.000 mudas de eucalipto, em janeiro de 2007. O início de corte e consequentemente de uso (na forma de cavaco) estão previstos para 2010. Plantio de eucalipto 84 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Bosque de plantas nativas e frutíferas em volta dos lagos SUSTENTABILIDADE NA PEQUENA MINERAÇÃO Amado Olímpio Rosa, ceramista e proprietário da Cerâmica Santo Antônio (GO). No ano de 2008, tivemos o orgulho de receber o Prêmio Crea de Meio Ambiente, na categoria Geologia e Minas, e ter nosso trabalho apresentado como exemplo de sustentabilidade na pequena mineração. Tudo isso nos deixou ainda mais motivados e cientes da nossa responsabilidade. Desde o início de nossa atuação, há 27 anos, buscamos nos diferenciar pela visão de manter o meio ambiente em equilíbrio, valorizando o ecossistema local, dando sustentabilidade ao negócio, recuperando as jazidas e fazendo sempre o reflorestamento das áreas. Partimos do princípio de que nosso principal fornecedor e parceiro é o meio ambiente, de onde se retira a argila e o combustível energético para as fábricas. E essa parceria só é satisfatória quando todas as partes saem ganhando: tanto o homem quanto a natureza. Nossas jazidas de argila estão localizadas na bacia do Rio do Ouro (GO), área em que a vegetação nativa foi devastada em função de atividades extrativistas do passado. Infelizmente, a paisagem na região é composta por pastagens degradadas e na qual a água só existe no período chuvoso. Com esta imagem em mente e um desejo de concretizar a sustentabilidade, transformamos crateras em taques para criatórios de peixes. Outras se tornaram reservatórios de água para animais bovinos. Porém, somente isso não era suficiente para mudar o cenário. Por isso, em volta dos tanques, plantamos espécies frutíferas, como pequi, jambo amarelo, jamelão, abacate, pinha, limão e muitas outras. Também incluímos plantas nativas, por exemplo, ipê-roxo, pau-brasil, bálsamo, mogno, peroba, cedro e gueroba. Toda a área foi revitalizada e o meio ambiente saiu ganhando, pois o que antes era paisagem degradada ganhou vida e atraiu pássaros e animais silvestres, o que PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 85 tornou essa área um bosque de recreação e de lazer que tem permitido a todos bons momentos. Muito mais que mostrar o cuidado e respeito com o meio ambiente, o que também acontece no projeto de reflorestamento com eucalipto urófila para uso como combustível de queima, essa experiência mostrou que aquilo que é feito com amor a natureza agradece em dobro. Vista geral do lago e do bosque Tudo o que é feito com amor a natureza agradece em dobro 86 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Modalidade Produção Limpa Projeto: SGPA - Sistema Gestão Ambiental Premiada: Engenharia Civil Vivianne dos Santos Resende Produção Limpa: instrumentos da Sustentabilidade na efetivação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) Case: Lince Veículos SA revenda Toyota Goiânia Introdução Este trabalho apresenta, em resumo, o processo de Produção Limpa como uma ferramenta para o Sistema de Gestão Ambiental, sendo a sua implantação datada de maio de 2007 até maio de 2008, certificado pela DNV1 em 26 de junho de 2008, com referência na NBR ISO 14001:2004. O escopo do processo de implantação abarcou os departamentos de Pós Venda, Venda e Administrativo, possuindo como diferencial o conceito da sustentabilidade como fundamento da visão da empresa, concorrendo assim para o processo de Certificação NBR ISO 14.001. Desta maneira, observou-se a redução dos custos ambientais (geração de resíduos, consumo de água, de energia e desperdícios de matérias-primas) a partir da escolha de tecnologias desde a concepção arquitetônica do prédio, execução da obra até processos e atividades atuais. Dentre os atuais processos, atividades e serviços (TSW-TOYOTA SALES WAY2 e TSM-TOYOTA SALES MARKETING3) foram identificados os seus aspectos e impactos ambientais, sendo que após esta análise foram elaborados os procedimentos que compõem o Sistema de Gestão Ambiental. O quadro abaixo apresenta as medidas tomadas durante a sistematização do SGA, demonstrando o enfoque sustentável através da Produção Limpa em um empreendimento como a Revenda Lince Veículos S.A. Quadro 1 - Comparação entre atitudes de controle da poluição e o processo de Produção Limpa O enfoque do controle de poluição · Poluentes são controlados por filtros e métodos de tratamento do lixo O enfoque da Produção Limpa · Poluentes são evitados na origem, através de medidas integradas · O controle de poluição é avaliado depois do desenvolvimento de processos e produtos e quando os problemas aparecem · A prevenção da poluição é parte integrante do desenvolvimento de produtos e processos · Controles de poluição e avanços ambientais são sempre considerados fatores de custo pelas empresas · Poluição e rejeitos são considerados recursos potenciais e podem ser transformados em produtos úteis e sub-produtos desde que não tóxicos · Desafios para avanços ambientais devem ser administrados por peritos ambientais tais como especialistas em rejeitos · Desafios para avanços ambientais deveriam ser de responsabilidade geral na empresa, inclusive de trabalhadores, designers e engenheiros de produto e de processo · Avanços ambientais serão obtidos com técnicas e tecnologia · Avanços ambientais incluem abordagens técnicas e não técnicas · Medidas de avanços ambientais deveriam obedecer aos padrões definidos pelas autoridades · Medidas de desenvolvimento ambiental deveriam ser um processo de trabalho contínuo visando a padrões elevados · · Qualidade é definida como ‘atender às necessidades dos usuários’ Qualidade total significa a produção de bens que atendam às necessidades dos usuários e que tenham impactos mínimos sobre a saúde e o ambiente Fonte: Adaptado de Husingh Environmental Consultants Inc. 1994 1 2 3 Certificadora DET NORSKE VERITAS. TSW - Sistema da Toyota do Brasil para a efetivação das vendas de veículos novos. TSM - Sistema da Toyota do Brasil para prestação de serviços em Pós Venda PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 89 Sobre Sustentabilidade A década de 90 no Brasil foi o início de um novo momento histórico, político, econômico e social com a eleição do primeiro presidente pelo voto direto. Após 25 anos de ditadura militar a economia brasileira ensaia movimentos em direção ao Neoliberalismo. Conforme DRUCKER (1986), este momento foi avaliado como uma nova realidade para o século XXI, a economia transnacional, com seus novos riscos e oportunidades, intrinsecamente vinculada ao novo conceito de ecologia transnacional, que perpassa por todas as discussões ambientais em um movimento questionador dos modelos de desenvolvimento. Neste contexto, a sustentabilidade é um conceito advindo de amplas discussões sobre a temática ambiental desde a década de 70. Segundo SAVITZ (2007), no século XXI a sustentabilidade é entendida nas organizações como uma forma de condução dos negócios de modo a gerar um fluxo de benefícios para todos os seus stakeholders4. SAVITZ (2007) ressalta ainda que a sustentabilidade assemelha-se a um território compartilhado pelos interesses da empresa (stakeholders financeiros) e pelos interesses do público (stakeholders não financeiros). Essa área comum é o que SAVITZ chamou de “Ponto Doce da Sustentabilidade”, ou seja, o lugar em que a busca do lucro se mistura de maneira inseparável com a busca do bem comum. A aplicação da sustentabilidade como princípio e ferramenta de gerenciamento nas empresas envolve um mosaico de conhecimentos técnicos nas mais diversas áreas: engenharias, economia, administração, direito, dentre outros. Este então compreende a formação continuada de pessoas em valores comprometidos com o cuidado com o meio ambiente. Portanto, a premissa da sustentabilidade torna-se possível quando as organizações assumem a variável ambiental em todas as etapas do processo produtivo. Isto requer dos empreendedores uma compreensão dos aspectos ambientais relevantes presentes nas atividades e, por conseguinte, a identificação dos impactos ambientais que podem comprometer o ambiente e seus recursos naturais. A sustentabilidade é uma filosofia de gerenciamento, identificada através da política, da missão e visão da empresa, e que irá delinear a cultura organizacional, seus processos e serviços. Na construção do conceito de sustentabilidade para a revenda Toyota Lince Veículos S.A. foram observados os princípios corporativos relativos à marca Toyota, com base nos procedimentos TSW (Toyota Sales Way) e TSM (Toyota Sales Marketing). Aos padrões de processo para revenda Toyota foram levantados os aspectos e impactos ambientais que fundamentaram a proposição dos Planos Ambientais do SGA, efetivados através de medidas de Produção Limpa. Desenvolvimento da Proposta O sistema de gestão ambiental na concessionária Lince Veículos S.A. Segundo a NBR ISO 140045 (1996), a incorporação do SGA na estrutura de uma organização é capaz de ostentar um equilíbrio e integração dos interesses econômicos e ambientais, o que pode alcançar vantagens competitivas significativas. 4 STAKEHOLDERS: qualquer pessoa que seja afetada, ou possa ser afetada, pelo desempenho de uma organização. Incluem os stakeholders internos (como os empregados) os stakeholders de cadeia de valor (os fornecedores e os clientes) e os stakeholders externos (comunidades, investidores, organizações não governamentais, órgão públicos etc) SAVITZ, 2007. 5 NBR ISO 14004 - Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio do SGA. 90 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 A NBR ISO 14001:2004, norma que referencia o Sistema de Gestão Ambiental, adotada pela empresa Lince Veículos S.A, propõe à organização a implementação de procedimentos que tratam seus aspectos ambientais e os possíveis impactos significativos ao meio ambiente. Releva-se também que o cumprimento da legislação vigente é um requisito para a priorização dos impactos ambientais (MANUAL AMBIENTAL – LINCE VEÍCULOS S.A, 2008). A partir do estudo sistemático dos impactos ambientais, segundo os aspectos ambientais presentes nas atividades da Lince Veículos S.A, a empresa é considerada como poluidora, passível de licenciamento ambiental e outras exigências legais pertinentes. Para efeito da investigação e aplicação dos requisitos legais do Sistema de Gestão Ambiental, foram elencados os seguintes impactos ambientais, conforme o Manual Ambiental – Lince Veículos S.A (2008): • Poluição hídrica – geração de efluente • Poluição do solo – resíduos Classe I, Classe IIA e Classe IIB • Poluição atmosférica - emissões gasosas CO2 e CO, emissões de substâncias controladas pelo Protocolo de Montreal • Poluição Sonora- geração de ruído A identificação dos aspectos e impactos ambientais permite a elaboração dos objetivos, metas e programas ambientais do SGA. Com o intuito de atender ao item 4.3.3 da norma NBR ISO 14001: 2004, os objetivos, metas e programas do planejamento encontram-se descritos no Planejamento do SGA. Os objetivos e metas adotados pela Lince Veículos S.A estão apresentados no Quadro 02. Quadro 02: Objetivos e metas ambientais da Lince Veículos S.A Impactos Objetivos Metas Poluição hídrica 1. otimização da SAO (separação de água e óleo) 1. reduzir em 90% a taxa de DBO e DQO em um ano Poluição atmosférica 2. emissão zero 2. neutralizar as emissões gasosas em dois anos Poluição do solo 3. encaminhar resíduos gerados e dar destino de acordo com a classificação da NBR 10.004 3. tratar 90% dos resíduos dando destinação correta em um ano Desperdício de recursos 1. reduzir consumo de recursos naturais. 1. reduzir em 10% o consumo de energia elétrica em 2 anos; 2. Reduzir consumo de água 2. reduzir em 10% em dois anos naturais Fonte: Objetivos e metas ambientais – Manual Ambiental, Lince Veículos, 2008. Todas as ações necessárias para a efetivação dos objetivos e metas ambientais adotados estão descritas nos Planos Ambientais, que compõem o Programa Ambiental de prevenção à poluição. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 91 Na elaboração de cada Plano Ambiental, foram observados os requisitos legais atendidos, referenciados a cada ação a ser executada. Desta forma, os Planos Ambientais do Programa de Redução da Poluição contemplam: - Plano de Controle e Redução dos Efluentes Gerados - Plano de neutralização de emissões de CO e CO2; - Plano de monitoramento e controle de gases relatados no Protocolo de Montreal; - Plano de gerenciamento de resíduos gerados; - Plano de redução de consumo de energia; - Plano de redução de consumo de água; No mosaico de medidas ambientais que constituíram os Planos de Ação do Sistema de Gestão Ambiental, os mecanismos de Produção Limpa foram incorporados como instrumentos importantes para a efetivação dos objetivos e metas ambientais propostos. Na prática, estes mecanismos funcionam no processo produtivo como incremento da sustentabilidade nos serviços desenvolvidos da Lince Veículos S.A. Produção Limpa como ferramenta de instrumentalização para a Sustentabilidade no Gerenciamento Ambiental. A produção limpa é considerada uma premissa fundamental para a efetivação do conceito de sustentabilidade e foi abordada em todas as etapas dos Planos de Ação, sendo evidenciada nos resultados obtidos dos monitoramentos ambientais. O conceito Produção Limpa, segundo GREENPEACE (2007), significa a aplicação de uma estratégia econômica, ambiental e técnica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência do uso de matérias-primas, água e energia através da não-geração, minimização ou reciclagem dos resíduos gerados, com benefícios ambientais e econômicos para os processos produtivos. Ainda observa-se que o princípio básico da Produção Limpa é eliminar a poluição durante o processo de produção, e não no final, a fim de atender a necessidade de produtos de forma sustentável e utilizar com eficiência materiais e energias renováveis, não-nocivas e ao mesmo tempo conservar a biodiversidade. Como foi descrito anteriormente, no caso da Lince Veículos S.A, todos os possíveis impactos ambientais foram investigados a partir dos aspectos identificados nas atividades desenvolvidas na empresa. Este levantamento cumpre um requisito da norma NBR ISO 14001:2004, item 4.2, que compõe o Planejamento do Sistema de Gestão Ambiental. Portanto, conhecidos estes impactos as fontes poluidoras dentro de cada atividade da empresa, foi possível estudar as medidas técnicas para aplicação dos conceitos da Produção Limpa. O Sistema de Gestão Ambiental implementado como ferramenta de gerenciamento envolve os quatro elementos6 da Produção Limpa: • 1. O Enfoque Precautório Através do SGA foi possível exercer o controle sobre os passivos ambientais identificados, com a definição dos aspectos e impactos ambientais prioritários, que fundamentaram a verificação do atendimento ao arcabouço legal ambiental. Esta medida visando ao atendimento à legislação ilustra o Enfoque Precautório que o SGA 6 Segundo o GREENPEACE (2007) 92 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 permite ao empreendimento. Isto significa, na prática, o gerenciamento dos possíveis riscos ambientais e o ônus de eventuais danos ambientais decorrentes do enquadramento legal. • 2. O Enfoque Preventivo Desde a concepção da estrutura física até a organização dos procedimentos operacionais, o enfoque preventivo da poluição foi sistematizado e priorizado nas etapas do processo de construção, na implantação e operação dos serviços da Revenda Lince Veículos SA. O enfoque preventivo pode ser constatado nas seguintes etapas da construção referenciadas no Quadro 03. Quadro 03: Enfoques referentes às etapas da construção Etapa Enfoque Preventivo Medida 1. Reduzir perda de agregados, cimento, água, formas para as peças de concreto 1. Pré-moldados de concreto para a fundação 2. Evitar perda em materiais 2. Pré – moldados metálicos Cobertura 3. Evitar consumo de madeira, evitar perdas 3. Pré – moldados metálicos Construção Civil e acabamento 4. Evitar perda e reduzir geração de resíduos 4. Sistema Dry Wall no lugar da alvenaria comum Fundação Super Estrutura • 3. Controle Democrático O Sistema de Gestão Ambiental divulga amplamente sua política ambiental, envolvendo todos os stakeholders. A promoção das atividades de Educação Ambiental concorre para o fortalecimento da cultura democrática de cuidado com o meio ambiente dentro do processo de Produção Limpa. • 4. Abordagem Integrada e Holística O SGA reduz riscos ambientais, com a minimização dos fluxos de matérias e energia nos processos. A abordagem integrada foi essencial para assegurar que se efetivassem ações como a implantação de tecnologias limpas, a substituição de produtos perigosos no lavajato e a gerência dos resíduos gerados. Para a Concessionária Lince Veículos S.A os benefícios são percebidos pela melhoria do desempenho ambiental, associados à redução de custos por meio da reciclagem de resíduos, economia de energia, água e outros recursos naturais; manutenção ou aumento da atração de capital (acionistas em geral não se arriscam a investir em empresas poluidoras); prevenção de riscos e possibilidade de reduzir custos de seguro; evidência da responsabilidade da empresa para com a sociedade; boa reputação junto aos órgãos ambientais, comunidade e ONGs; possibilidade de obter financiamentos com taxas reduzidas; homogeneização da forma de gerenciamento ambiental em toda a empresa; incorporação da variável ambiental na cultura da estrutura organizacional. A elaboração e implantação do Sistema de Gestão Ambiental tiveram a abordagem da Produção Limpa envolvida nas seguintes etapas: PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 93 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Identificação da substância perigosa a ser gradualmente eliminada com base no Princípio Precautório, no caso dos produtos empregados no lavajato para a lavagem de veículos, o uso da máquina recicladora de ar condicionado, o emprego da turfa orgânica para contenção de derramamentos de óleos e fluidos; Execução de análises química e de fluxo de material para a organização do Plano de Gerenciamento de Resíduos e Efluentes; Estabelecimento e implementação de um cronograma para a eliminação gradual da substância nociva do processo de produção, especificamente para o lavajato, uma vez que os produtos anteriormente usados concorriam para um alto risco ambiental e para a saúde dos colaboradores; Implementação de processos de produção limpa. No caso das atividades do lavajato e troca de óleo, requereu a pesquisa e a definição de novas tecnologias; Treinamento e fornecimento de apoio técnico e financeiro; Ativa divulgação de informações para o público e garantia de sua participação na tomada de decisões nos processos do TSW, TSM e SGA; Viabilização da transição para a Produção Limpa, com planejamento social e o envolvimento dos stakeholders, com as parcerias público-privadas com a Prefeitura de Goiânia, através da Agência Municipal de Meio Ambiente e a parceria de responsabilidade social com a COOPREC para a utilização de materiais não tóxicos e reutilizáveis. Quadro 04. Resultados obtidos com planos estabelecidos pelo Sistema de Gestão Ambiental Plano Ação Proposta Produção Limpa Plano de Controle e Redução dos Efluentes Gerados 1. Otimização da SAO 1. Troca de Produtos para lavagem de veículos. 1. Melhora significativa da eficiência da SAO Plano de neutralização de emissões de CO e CO2; 2. Parceria público priva- 2. Plantio de árvores dimensida para recuperação de onado mediante cálculo de emissões CO e CO². área degradada 2. Reposição de vegetação em área de proteção ambientalNeutralização de emissões de CO e CO² Plano de monitoramento e controle de gases relatados no Protocolo de Montreal; 3. Evitar o escape de ga- 3. Procedimento com equipases nocivos à camada de mento para reciclagem dos gases CFCs ozônio 3. Controle efetivo dos gases, sem escape para o ambiente. Plano de Gerenciamento de resíduos gerados 4. Organização dos resí- 4. Gerenciamento efetivo do duos gerados, armazena- passivo de resíduos gerados mento e destinação correta segundo a NBR 10004 4. Eliminação de impactos ambientais diretos e indiretos sobre solo e água. 4.1 Otimização do proce- 4.1 Eliminação das embaladimento de troca de óleo gens de fluidos contaminados com hidrocarbonetos 4.1 Redução da geração de resíduos perigosos, por conseguinte, eliminação e incineração dos mesmos. 4.2. Eliminação dos riscos de contaminação de solo e recurso hídrico. 4.2. Implantação de siste- 4.2. Adaptação da estrutura ma canalizado de capta- para captação e estocagem do óleo ção de óleo usado 94 Resultado PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Plano de redução de consumo de energia 5. Utilização mínima de energia elétrica para iluminação de ambientes 1. Projeto Arquitetônico com aproveitamento máximo da luz natural 5. Redução significativa de consumo de energia kW/ m² Plano de redução de consumo de água 6. Reduzir o procedimento de lavagem de veículos no lavajato com redução do consumo de água 6. Implantação de água aquecida por sistema de captação de energia solar. 6. Redução do consumo de água por carro lavado. Plano de Redução de Poluição Sonora 7. Reduzir a geração de ruído no lavajato 7. Instalação do compressor silencioso 7. Redução do ruído gerado Após o trabalho de implantação e execução dos Planos de Ação, observa-se que foi estabelecido o ponto doce da sustentabilidade, conforme a Figura 01. Figura 01 - Ponto doce da Sustentabilidade para o SGA Lince Veículos SA, segundo SAVITZ. • • • • • • • • • Este ponto pode ser resumido nos seguintes aspectos: Desempenho Ambiental Redução do consumo de Recursos Naturais Capitalização de recursos Prevenção de riscos em geral Responsabilidade sócio-ambiental Obtenção de financiamentos com taxa reduzida Boa reputação junto aos órgãos ambientais Manutenção e aumento da atração de capital Incorporação da variável ambiental na estrutura organizacional Conclusão: Tratando da questão lucratividade é possível obter resultados a curto, médio e longo prazos. A lucratividade de curto prazo é a capitalização de resíduos, sob seu descarte seguro feito pelas empresas responsáveis pela destinação final correta e redução de custos de energia, água e aparas brancas. Os resultados de médio e longo prazos estão relacionados com a conquista de fatia de cliente e mercado considerando-se marketing “verde” pela nova imagem de credibilidade da marca. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 95 A implantação do Sistema de Gestão Ambiental na concessionária Lince Veículos S.A. representa um cenário ambiental satisfatório aos interesses dos stakeholders. A NBR ISO 14001 pode ser utilizada como estratégia de marketing ambiental, ou “verde”, sendo uma ferramenta capaz de projetar e sustentar a imagem da empresa, difundindoa com uma nova visão de mercado e destacando sua diferenciação ecologicamente correta junto à sociedade, fornecedores, funcionários e ao mercado (SCHERER, 2006). Dessa forma, através de todos os mecanismos de Produção Limpa, a sustentabilidade tornou-se verdade nos processos e serviços da revenda Lince Veículos S.A. No âmbito da Certificação Ambiental e Produção Limpa, a Lince Veículos ostenta um projeto pioneiro que vislumbra uma estratégia diferenciada na busca e conquista de novos clientes e no atendimento à Normalização Ambiental, ao mesmo tempo em que contribui para a preservação do Meio Ambiente. Apresentação da Equipe Técnica: Engenheira Civil Vivianne dos Santos Resende, especialista em Gestão Ambiental-Processos Gerenciais CREA 9917/D GO Coordenadora da Elaboração e Implantação do Sistema de Gestão Ambiental segundo a NBR ISO 14001 Engenheira Ambiental Nádia Gomes de Souza Executiva de procedimentos ambientais Gestora Ambiental Lorenna Escobar Executiva de Procedimentos e Controles Ambientais 96 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 ILUSTRAÇÕES Lince Veículos – etapa de construção Lince Veículos – etapa de construção Lince Veículos – etapa de construção Lince Veículos – etapa de construção Lince Veículos – arquitetura favorável para utilização de luz natural Lince Veículos – arquitetura favorável para utilização de luz natural PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 97 Lince Veículos – arquitetura favorável para utilização de luz natural 98 Lince Veículos – arquitetura favorável para utilização de luz natural PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Modalidade Produção Agronômica Projeto: Manejo integrado de pragas Premiada: Jalles Machado S/A PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 JALLES MACHADO S/A PROJETO MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS Indicado por: Eng. Agrônoma Patrícia Rezende Fontoura. Bióloga Andressa Carneiro de Sousa. 1 - INTRODUÇÃO O manejo integrado de pragas é uma estratégia de controle múltiplo de infestações que se fundamenta no controle ecológico e nos fatores de mortalidade naturais, procurando desenvolver táticas de controle que interfiram minimamente com esses fatores, com o objetivo de diminuir as chances dos insetos ou doenças de se adaptarem a alguma prática defensiva em especial. Quando bem empregada, a técnica do Manejo Integrado de Pragas (MIP) limita os efeitos potenciais prejudiciais dos pesticidas químicos à saúde pública e ao Meio Ambiente. O objetivo dessa estratégia não é o de eliminar os agentes, mas reduzir sua população de modo a permitir que seus inimigos naturais permaneçam na cultura, agindo sobre suas presas e favorecendo a volta do equilíbrio natural desfeito pela lavoura e pelo uso de defensivos agrícolas. Dessa forma, requer o entendimento do sistema da cultura como um todo e o conhecimento das relações ecológicas entre os insetos agressores, seus inimigos naturais e o ambiente onde está inserida. A decisão de tomada de uma ação contra a infestação de insetos e outros agressores ou doenças requer o entendimento do nível de tolerância da cultura sem refletir em perda econômica substancial. Para tanto, é necessário o acompanhamento e a pesquisa para estimar o grau de abundância e severidade da infestação. A Jalles Machado realiza o projeto de Manejo Integrado de Pragas em três principais organismos que afetam a cultura de cana-de-açúcar, através do: controle biológico da broca, controle biológico de cigarrinha e monitoramento de cupins. Todas essas três ações têm obtido resultados satisfatórios, tanto no âmbito econômico, social e principalmente ambiental. 2 - DESCRIÇÃO DA EMPRESA 2.1- HISTÓRIA O ex-governador do estado de Goiás, Dr. Otávio Lage de Siqueira, pessoa sempre atenta ao bem estar social e ao progresso da região, em 1980, preocupado em criar mais empreendimentos para absorver o potencial de mão-de-obra disponível, iniciou o movimento para criar mais uma destilaria de álcool carburante, produto na época incentivado pelo Governo, através do programa PROÁLCOOL. No dia 14 de novembro de 1980, no salão paroquial da Igreja Católica, na Praça Dimas Carrilho, era realizada a solenidade de fundação da destilaria. Constituída sob a denominação de Goianésia Álcool S/A., nascia a mais próspera empresa da região. Mais tarde a empresa passaria a se chamar Jalles Machado S/A e está implantada na Rodovia GO 080 km 71,5 no município de Goianésia – GO. (Figura 1) PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 101 Figura 1- Vista área da Jalles Machado A Jalles Machado S/A, empresa brasileira, de grande porte, comercializa os seus produtos (álcool, açúcar e energia) em nível nacional e internacional, utilizando como matéria-prima a cana-de-açúcar. Ao desenvolver suas atividades se preocupa em proteger o solo, preservar os recursos naturais e a sua biodiversidade bem como controlar as emissões atmosféricas. Prova disso são as inúmeras certificações conquistadas pela empresa, sendo as principais: - GMA-SAFE (Certificado em Segurança Alimentar) ISO 9001:2000 (Certificado em Sistema de Gestão da Qualidade) ISO 14001:2004 (Certificado em Sistema de Gestão Ambiental) DNV (Projeto de Cogeração com Bagaço) Certificado KOSHER USDA ORGANIC (Certificado de Operação Orgânico) CERTIFICADO ECOSSOCIAL IBD CERTIFICADO ORGÂNICO Selo ABRINQ (Empresa Amiga da Criança) Essas certificações se baseiam nos seguintes princípios: Carta magna da Jalles Machado S/A • Oferecer qualidade e segurança em seus produtos, com responsabilidade e segurança em seus produtos, com responsabilidade sócio-ambiental; • Assegurar a satisfação dos acionistas e dos nossos clientes; • Valorizar as pessoas, promovendo-as e integrando-as; • Respeitar o Meio Ambiente, prevenir a poluição, atender a legislação vigente e os requisitos regulamentares aplicáveis; • Buscar a melhoria contínua de desempenho. 102 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 2.2- PROJETOS SOCIAIS A Jalles Machado S/A desenvolve, há anos, projetos sociais envolvendo ações nas áreas da educação, saúde, lazer, recreação, seguridade social e meio ambiente, numa visão holística da sociedade. Dentre eles destacam-se: - Criação da ESCOLA LUIZ CÉSAR DE SIQUEIRA MELO, voltada para o ensino de 1ª a 4ª séries; - Estruturação de programas de bolsas de estudos para colaboradores, em todos os níveis, desde o básico, graduação, pós-graduação e mestrado; - Política de treinamento para os colaboradores em diversas áreas, capacitando-os e qualificando-os para melhor desempenho de suas atividades profissionais e pessoais; - Atendimento odontológico preventivo, com programas regulares de escovação, aplicação de flúor e tratamento bucal; - Acompanhamento médico, inclusive com a ação de especialista; - Aparelhos reabilitacionais; - Farmácia básica; - Merenda variada e nutritiva; - Vacinação contra hepatite B, tríplice viral, tétano e outras; - A empresa oferece plano de saúde aos seus colaboradores e dependentes nos serviços médico-hospitalar, ambulatorial e laboratorial para exames de alta complexidade com convênios em Goianésia, Anápolis e Goiânia; - A empresa preocupada com o bem estar de todos os colaboradores desenvolve inúmeras ações preventivas através de sua assistência social, visando sempre a qualidade de vida de cada um e refletindo no âmbito saudável de toda a empresa; - A empresa possui o Serviço de Medicina do Trabalho, que tem como objetivo prevenir as doenças ocupacionais valorizando e promovendo a saúde de seus colaboradores. Desenvolve o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), onde se realizam cinco tipos de exames médicos, dentre eles os exames admissionais, periódicos e demissionais; - A empresa mantém um clube recreativo para seus colaboradores para que possam desfrutar de lazer e recreação; - PPR- Programa de Participação no resultados que foi implantado em 1991, visando o aumento do rendimento dos colaboradores, estimulando-os na busca de resultados econômicos, prevenção de acidentes do trabalho e G5S, na conquista de ambiente limpo, saudável e em interação com o meio ambiente e em trabalho em equipe. 2.3- MEIO AMBIENTE A Jalles Machado S/A, tem o compromisso de estar sempre buscando o equilíbrio entre o meio ambiente e a atividade econômica, priorizando o uso inteligente dos recursos naturais e investindo na melhoria contínua do seu desempenho. Assim, gradativamente, reduzimos os impactos ambientais e garantimos à sociedade produtos e serviços ecologicamente corretos. A produção de energia elétrica a partir de biomassa é ambientalmente limpa e proporciona às empresas geradoras, créditos de carbono, previstos no Protocolo de Kyoto, além da produção orgânica. Dentre as principais ações ambientais da Jalles Machado, destacam-se: - CIMA (Comissão Interna de Meio Ambiente), formada por colaboradores de todas as áreas da empresa tem como objetivo propor medidas de cunho educacional normativas ou de projetos de adequação, buscando a eliminação ou neutralização dos impactos negativos ao meio ambiente; PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 103 - Programas com a comunidade Projeto Ame a Ema Manejo Integrado de Pragas Aplicação de novas técnicas de irrigações Reflorestamento de Matas Ciliares Viveiro de Mudas (Figura 2) Figura 2- Viveiro de mudas - Reserva legal Extra-Propriedade Floresta de eucalipto Preservação e Recuperação de APP’s e Reservas Legais Reaproveitamento dos Resíduos Crédito de Carbono e Co-Geração de Energia 3 - PROJETO MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS 3.1 – CONTROLE BIÓLOGICO DA BROCA (Diatraea saccharalis) A broca da cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis (Figura 3), é considerada uma praga chave no cultivo de cana-de-açúcar, com ocorrência em todas as regiões onde se cultiva esta planta no Brasil. As fêmeas colocam seus ovos nas folhas, e as larvas recém nascidas dirigem-se para as gemas onde penetram no colmo e alimentam-se de seu interior. As lagartas causam prejuízos diretos com a abertura de galerias, ocasionando perdas de peso da cana, morte das gemas, influenciando negativamente na germinação. Em canas novas ocasionam o secamento dos ponteiros que é conhecido como coração morto. 104 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Figura 3 - Diatraea saccharalis Os prejuízos indiretos causados pela praga são os mais consideráveis, pois através dos orifícios abertos pelas lagartas penetram fungos causadores da podridão vermelha do colmo que invertem a sacarose, diminuindo a pureza do caldo e dando menor rendimento de açúcar e álcool, além de influenciar na coloração do açúcar que é um fator importante do controle de qualidade do produto (Figura 4 ). Figura 4 - Prejuízos da Broca na cana-de-açúcar PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 105 O microhimenóptero Cotesia flavipes, segundo Macedo (1983), é um parasitóide, cujas larvas se alimentam do tecido de reserva da lagarta de D. saccharalis. O seu parasitismo inicia-se com a ovoposição de uma fêmea, que introduz na lagarta cerca de 50 ovos. Desses ovos nascem as larvas que se desenvolvem e migram para fora do corpo da lagarta formando casulos (“massas”) que originarão os adultos (Figura 5). Figura 5 - Cotesia flavipes Esse parasitóide foi introduzido no Brasil para o uso em programas de controle biológico inundativo, ou seja, com liberações de grande quantidade de inimigos naturais nos locais onde há infestação da praga. No entanto, por problemas diversos, estas liberações devem ser constantes já que o inseto não consegue se estabelecer no campo. Assim, para obtenção da quantidade de adultos de C. flavipes necessária para as liberações é importante a sua criação massal em laboratório. A criação massal do parasitóide é conduzida através de lagartas hospedeiras da broca da cana, criadas em dieta artificial (Figura 6). Figura 6 - Diatraea saccharalis em dieta artificial 106 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Para a liberação dos adultos no campo é necessário que se definam as áreas mais infestadas pela praga e que se determine a densidade populacional e o estágio predominante do ciclo do inseto no momento da amostragem. A liberação é feita nas primeiras horas do dia (Figura 7). Figura 7 - Cotesia liberada no canavial O manejo da broca tem sido realizado com sucesso utilizando-se o controle biológico, que além de proporcionar resultados econômicos positivos, não provocam desequilíbrios ecológicos. Visando o controle da Broca aliado a uma preocupação ambiental a Jalles Machado criou em 1999 o primeiro laboratório de controle biológico do estado de Goiás (Figura 8), e hoje ainda é a única usina do setor sucroalcoleiro a possuir laboratório próprio. Figura 8 - Sala de inoculação do Laboratório de Controle Biológico da Jalles Machado PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 107 O laboratório biológico da Jalles Machado tem uma capacidade para produzir mais de 550.000 massas de Cotesia flavipes por mês, ou seja, uma liberação de aproximadamente 2.750.000 indivíduos por mês. Essas massas são liberadas em toda a plantação da Jalles Machado de acordo com o Levantamento do Índice de Infestação por Broca que é realizado por uma equipe de campo, a mesma que realiza a liberação das vespas. O laboratório possui atualmente 27 funcionárias e funciona em dois turnos. O uso de parasitóides, como a Cotesia não sofre pressões de legislação, em função do benefício que traz ao setor e ao meio ambiente. A técnica tem como vantagens à preservação do equilíbrio natural das populações de broca, e de outras espécies naturais em função da não aplicação de inseticidas na parte aérea da cultura canavieira durante todo o seu ciclo. A maioria dos inseticidas apresenta amplo espectro de atuação e matam de modo não específico outros animais ecologicamente importantes e potencialmente úteis. Os inimigos naturais usualmente têm preferências muito específicas para certos tipos de pragas e podem não causar dano algum a outros animais benéficos e a pessoas, havendo menos perigo de impacto sobre o ambiente e qualidade da água. Além de ação ambiental positiva o controle biológico de pragas apresenta vantagens econômicas. O custo por hectare da aplicação com inseticidas fisiológicos custa em média R$ 42,00 enquanto no controle biológico com Cotesia flavipes esse custo é de a aproximadamente R$ 16,00. Os inseticidas fisiológicos funcionam somente nos primeiros ínstares das lagartas (de até um centímetro), em que, após sua eclosão, migram para a região do colmo da planta à procura de abrigo e lá permanecem se alimentando da raspagem das folhas. Após esse período, as lagartas perfuram a casca do colmo na região do palmito e abrem uma galeria na planta, permanecendo o restante da sua fase de lagarta protegida da ação de fatores externos e defensivos agrícolas, como os inseticidas. Tal característica da praga representa a maior dificuldade de seu controle, uma vez que nesta situação, tem-se somente a opção do controle biológico pela ação da Cotesia flavipes. 3.2 - CONTROLE BIOLÓGICO DA CIGARRINHA A cigarrinha da raiz, Mahanarva fimbriolata (Figura 9) e a cigarrinha da folha, Mahanarva posticata, são pragas de importância crescente na cultura da cana-de-açúcar. Em áreas de “cana crua”, seu prejuízo chega a ser de 11% na produtividade agrícola. Seus problemas são maiores nos cortes subseqüentes à cana-planta. Figura 9 - Cigarrinha da raiz 108 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Sem a queima da cana, que também mata os insetos, as cigarrinhas encontram um ambiente favorável para viver no material orgânico acumulado no solo. Os estragos causados por esse pequeno inseto, que mede cerca de um centímetro são devastadores para a maior e mais importante cultura agroindustrial do Estado. O ciclo de vida da cigarrinha começa com o início do período chuvoso. Os ovos enterrados no solo dão origem às ninfas, que vivem em torno de 50 a 60 dias. Logo ao sair dos ovos, as ninfas caminham até a base da cana e se envolvem por uma espuma produzidas por elas, para proteção, enquanto sugam a seiva da planta para se alimentar até a fase adulta, quando voam, acasalam e geram novos ovos. Os adultos causam prejuízos ao injetar toxinas nas folhas, interferindo na capacidade de fotossíntese da planta. As perdas chegam a 60% no campo, sem contar os prejuízos na produção industrial, devido à redução do teor de sacarose da cana. O ataque, que chega até a terceira geração, só termina quando começa o período mais seco. A partir dessa época a cigarrinha coloca os ovos no solo, que ficarão esperando a umidade de um novo período chuvoso, quando, então, se iniciará uma nova colônia. (Revista Rural, 2008). A Jalles Machado tem adotado Controle Biológico da cigarrinha que é feito através da aplicação de fungo, Metarhizuim anisopliae. Primeiramente é realizado um monitoramento da densidade populacional de cigarrinha para que posteriormente seja realizado o controle. O monitoramento é imprescindível para se decidir sobre a estratégia de controle da praga, sendo que a detecção da primeira geração permite um controle mais eficiente principalmente através do fungo Metarhizuim anisopliae (Figura 10). Figura 10 - Aplicação de Metarhizuim anisopliae O controle biológico não é poluente, não provoca desequilíbrios biológicos, é duradouro e aproveita o potencial biótico do agroecossistema, não é tóxico para o homem e animais e pode ser aplicado com as máquinas convencionais, com pequenas adaptações (ALVES & ALMEIDA, 1997). 3.3 - MONITORAMENTO E MANEJO DE CUPINS Registram-se no Brasil cerca de 290 espécies em 67 gêneros. Este número de espécies é seguramente subestimado, pois há muitas espécies novas para descrever e outras, já descritas, provavelmente serão assinaladas no nosso meio. Cupins são insetos sociais. Assim, há completa interdependência entre os indivíduos (Figura 11). PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 109 As comunidades possuem indivíduos de diferentes morfologias (castas), adaptadas ao trabalho que desempenham. As colônias de cupins apresentam, basicamente, três castas de indivíduos: alados, soldados e operários. Em uma colônia saudável também encontram-se ovos e jovens. Soldados e operários são designadas castas neutras, por serem estéreis. Porém, diferentemente das abelhas e formigas (cujas castas não reprodutoras são compostas exclusivamente por fêmeas), soldados e operários de cupins preservam o sexo genético, bem como resquícios do aparelho genital e das gônadas correspondentes ao respectivo sexo. Assim, na língua portuguesa, é incorreto falar em “operárias” de cupins para designar uma casta composta por fêmeas e machos. As comunidades de cupins vivem em ninhos. O conjunto comunidade e ninho constitui a colônia. (Cupins.net, 2008) Figura 11- Algumas espécies de Cupins Os principais danos dos cupins na cultura de cana-de-açúcar são redução da produtividade, diminuição da longevidade dos canaviais e dificuldade na operação das atividades agrícolas. O controle de cupins na cana-de-açúcar com inseticidas químicos é uma prática já tradicional e, segundo Valério et al (2004), pode ser dividido em dois períodos: até 1985 com uso dos organoclorados (Aldrin e Heptacloro) e após 1985 com a utilização de outras moléculas. Atualmente o controle químico preventivo de cupins na cana-deaçúcar é feito quase que exclusivamente com produtos a base de fipronil (Regent 800 WG). Entretanto, outras medidas de controle culturais que busquem um maior equilíbrio através de correto manejo do solo com calagem, fosfatagem, elevação da matéria orgânica e a rotação de culturas com leguminosas como soja, amendoim e crotalária, podem trazer resultados muito favoráveis e até dispensar o uso de inseticidas químicos. Um bom exemplo disso observa-se nas áreas de cana orgânica (cerca de 6.000 ha em Goiás) onde os cupins não podem ser controlados com inseticidas e não são observados danos destes insetos na cultura, evidenciando que seu papel no sistema é mais benéfico do que maléfico. Com a implantação da colheita de cana-de-açúcar e com a conseqüente manutenção de uma densa cobertura de palha sobre o solo, espera-se um aumento na população de cupins em geral uma vez que sua principal fonte de alimento são os resíduos vegetais. Neste sistema o papel ecológico dos cupins assume importância fundamental como agentes decompositores e os cuidados no seu manejo deve ser 110 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 redobrado para a manutenção do equilíbrio e sustentabilidade das áreas de produção. Desde de 1994 a infestação de cupins nas áreas de plantio de cana-de-açúcar da Jalles Machado S/A, em Goianésia-GO, está sendo monitorada para a tomada de decisão sobre o tratamento químico e os resultados deste trabalho são aqui apresentados. As equipes de monitoramento são previamente treinadas para a realização das amostragens e separação dos principais gêneros de cupins que ocorrem nas áreas. A cada ano, nos meses de dezembro e janeiro, são feitas as amostragens de cupins subterrâneos em áreas de plantio de cana-de-açúcar. A amostragem consiste no enterrio de cerca de 2 iscas/ha, que serão retiradas após 25 a 30 dias. Cada isca é composta de 2 colmos de cana-de-açúcar com cerca de 40cm de comprimento. Durante a retirada das iscas são obtidos os seguintes dados: espécies, níveis de ocorrência e danos dos cupins aos colmos. De posse destes dados é tomada a decisão quanto às doses de cupinicida a serem aplicadas em cada fazenda/talhão por ocasião do plantio da cultura em março/abril. Os gêneros de cupins considerados mais danosos aos canaviais são Heterotermes e Cornitermes. A partir da identificação e nível de ocorrência desses indivíduos é determinada a necessidade ou não de aplicação de defensivos químicos, bem como a dosagem a ser aplicada. A Jalles Machado S/A, possui atualmente uma área de de cana-de-açúcar próxima de 35.000 ha. De 1994 a 2007, foram monitorados em média mais de 3.350 ha/ ano, sendo que em cerca de 48% destas áreas os plantios foram feitos sem tratamento com cupinicidas. Observa-se que o monitoramento de infestação de cupins foi uma atividade de grande importância para empresa. Tanto pelo aspecto econômico, com uma economia líquida de mais de dois milhões de dólares e sem qualquer possibilidade de redução na produtividade e na qualidade da cana-de-açúcar, como também pelo aspecto ambiental, pois se deixou de aplicar no solo cerca de dez toneladas e meia de inseticidas, conforme Tabela 1. Na economia líquida obtida foram incluídos apenas os custos relativos à aquisição do inseticida e não foram adicionados outros custos como: custo de aplicação, custo ambiental, custo social (riscos de intoxicações) Estes resultados evidenciam ainda mais a importância dos investimentos na busca de novos conhecimentos e tecnologias que podem ser viabilizados de forma mais eficaz, rápida e a menores custos através da parceria empresa/universidade. Infelizmente a maioria das usinas e destilarias de Goiás e do Brasil ainda preferem optar pelo uso sistemático e irracional de cupinicidas buscando, na maioria das áreas, controlar um grupo de insetos que exerce um papel muito mais benéfico do que maléfico. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 111 Tabela 1- Resultados do monitoramento de infestação de cupins na Jalles Machado S. A., em Goianésia – GO, no período de 1994 a 2007. Ano 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total Área plantada (ha) 3.368,58 2.869,09 3.421,92 2.238,61 2.200,00 2.300,00 3.867,45 3.981,64 5.000,00 4.300,00 5.300,00 8.011,00 7.198,56 6.128,53 60.185,38 Área sem inseticida (ha) 50,00 516,00 1.800,00 1.411,00 1.720,00 2.003,00 2.139,60 2.269,70 1.500,00 2.765,00 3.720,00 4.000,00 2.957,92 3.362,16 30.214,38 Custo de monitoramento (U$) 2,500,00 1,680,00 1,660,00 1,732,00 2,945,00 2,876,00 3,750,00 2,225,00 6,183,00 7,000,00 8,000,00 10,000,00 50,551,00 Economia com ajuste de dose de inseticidas (U$)* 54,000,00 70,000,00 120,000,00 63,000,00 64,000,00 121,000,00 128,000,00 83,000,00 703,000,00 Economia líquida (U$) 1,700,00 21,000,00 71,000,00 71,000,00 86,000,00 101,000,00 161,000,00 184,000,00 184,000,00 204,000,00 246,000,00 276,000,00 239,000,00 208,000,00 2,053,000,00 *Inseticida utilizado foi Regent 800 WG - U$ 202,00/kg e utilizado na dose de 200 g/ha. 4 - CONCLUSÃO O Manejo Integrado de Pragas associa o a preservação do Meio Ambiente e a dinâmica populacional das espécies, utilizando técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico. Para que o Manejo Intergrado de Pragas seja uma ação de sucesso, é necessário principalmente, além de uma consciência ambiental e econômica, uma especial atenção na área de monitoramento e pesquisa para desenvolver e colocar em prática atividades como essas. A Jalles Machado possui um Setor de Desenvolvimento e Pesquisa, responsável por monitoramentos e experimentos na área de melhoramento agrícola e ambiental. 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, S.B. & ALMEIDA, J.E.M. Controle biológico das pragas das pastagens. In: Simpósio sobre ecossistema de pastagens, 3., 1997, Jaboticabal,SP. Anais. Jaboticabal: 1997. p.318-341. CUPINS. NET. Disponível em: http://www.cupim.net/. Acesso em: 24/09/2008. MACEDO, N.; BOTELHO, P.S.M.; DEGASPARI, N.; ALMEIDA, L.C.; ARAÚJO, J.R.; MAGRINI, E.A. Controle biológico da broca da cana-de-açúcar : manual de instrução. Piracicaba: IAA/PLANALSUCAR, 1983. 22p. REVISTA RURAL. Disponível em: http://www.revistarural.com.br/. Acesso em : 24/09/2008. VALÉRIO, J.R; MACEDO, N.; WILCKEN, C.F.; CONSTANTINO, R. Cupins em pastagens, cana-de-açúcar e plantações florestais. In: Salvadori, Ávila e Silva (eds.) Pragas de solo no Brasil. FUNDACEP/FECOTRIGO, 2004. P. 409-45 112 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Modalidade Meio Ambiente Rural Projeto: Gestão Ambiental no Setor Sucroalcooleiro: utilização dos resíduos industriais na cultura de cana-de-açúcar Premiada: Jalles Machado S/A PRÊMIO CREA-GO de Meio Ambiente 2008 CATEGORIA: Meio Ambiente Rural “GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR SUCROALCOOLEIRO: UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR” PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 115 GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR SUCROALCOOLEIRO: UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR Alam A. M. Tombini1, Ivan C. Zanatta2, Angélica F. V. Lobo3, Marcos R. Sampaio4 1 Técnico em Meio Ambiente – SGI /Jalles Machado S.A, Biólogo e mestrando em Ciências Florestais pela UnB. 2 Eng° Químico/MBA Planejamento Ambiental – Gestor do SGI/Jalles Machado S.A 3 Tecnóloga em Gestão Ambiental – SGI /Jalles Machado S.A 4 Biólogo – SGI /Jalles Machado S.A 116 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 RESUMO A gestão dos resíduos pode funcionar como um bom indicador no que diz respeito às ações ambientais praticadas por uma empresa. A Jalles Machado, empresa estabelecida no município de Goianésia, Goiás, possui um Sistema de Gestão Integrada que preconiza a disposição adequada de todos os seus resíduos. Neste artigo são apresentados dados relativos à gestão de resíduos, especialmente da “torta de filtro”, das cinzas provenientes da lavagem dos gases das caldeiras, do material sólido proveniente da estação de tratamento de efluentes e da vinhaça. Com a adoção de tecnologias simples a empresa utiliza esses resíduos na fertilização de seus canaviais, aumentado sua produtividade e eliminando os impactos da destinação inadequada desses resíduos. ENVIRONMENTAL MANAGEMENT AT THE SUGAR AND ALCOHOL SECTOR: USE OF INDUSTRIAL RESIDUES IN THE SUGAR CANE CULTIVATION Alam A. M. Tombini1, Ivan C. Zanatta2, Angélica F. V. Lobo3, Marcos R. Sampaio4 1 Biólogo/Técnico em Meio Ambiente – SGI /Jalles Machado S.A e mestrando em Ciências Florestais pela UnB. 2 Eng° Químico/MBA Planejamento Ambiental – Gestor do SGI/Jalles Machado S.A 3 Técnóloga em Gestão Ambiental – SGI /Jalles Machado S.A 4 Biólogo – SGI /Jalles Machado S.A ABSTRACT The management of residues can be a good index related to the environmental actions taken by a company. Jalles Machado, in Goianésia, Goiás, has a system of Integrated Management that commends a suitable arrangement of all of its residues. This article presents data regarding the management of the residues, mainly the “filter cake”, of the ashes coming from the washing process of the gases from the boilers, as well as of the solid material coming from the effluent treatment station and the vinasse. By adopting simple technology the company uses these residues as fertilizers in the sugar cane fields, increasing the productivity and eliminating the impacts of the unsuitable use of them. 1. INTRODUÇÃO Atualmente o Brasil é maior produtor de cana-de-açúcar mundial, sendo que na safra 2007/2008 atingiu a marca de 473,16 milhões de toneladas de cana, em mais de 6,92 milhões de hectares plantados. Hoje a cana-de-açúcar do Brasil é considerada a mais competitiva nesse mercado por contar com os menores custos de produção de açúcar e álcool do mundo. Se por um lado estamos passando por um momento de euforia no que diz respeito aos investimentos nesse setor, por outro, verificamos um aumento nas discussões em relação à questão ambiental, principalmente com questionamentos e afirmações, muitas vezes infundadas cientificamente, a respeito dos impactos ambientais causados pelas indústrias sucroalcooleiras. É fato que por muito tempo a agricultura foi vista como atividade potencialmente degradadora, no entanto, como todos os segmentos da economia esse setor evoluiu, utilizando hoje tecnologias de ponta para garantir maiores produtividades concomitantemente à preservação do meio ambiente. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 117 O uso da torta de filtro e vinhaça nos solos representa grande reciclagem de nutrientes e de matéria orgânica. Neste momento de alta nos preços dos fertilizantes, o uso desses resíduos significa grande economia, principalmente no uso de fósforo e potássio. Pretendemos com esse trabalho elencar algumas ações ambientais desenvolvidas pela Jalles Machado S.A que servem como referencia para outras empresas do país e também alguns resultados econômicos decorrentes dessas ações. Pretendemos ainda esclarecer algumas informações baseadas em mitos relacionadas à produção sucroalcooleira, mostrando que, com ações muitas vezes simples, podemos evitar danos ambientais e de quebra aumentar a viabilidade econômica do empreendimento. 2. GESTÃO DE RESÍDUOS NA JALLES MACHADO O setor sucroalcooleiro tem mostrado experiências bem sucedidas na gestão de resíduos demonstrando que com a aplicação de tecnologias, muitas vezes simples, é possível dar soluções rentáveis para o destino adequado dos resíduos. A gestão de resíduos pode ser complexa e ao mesmo tempo desafiadora. O resíduo industrial, por exemplo, se não for bem gerenciado, pode ser um problema para o meio ambiente ou, se bem utilizado, pode ser uma oportunidade para diminuição dos custos de produção e dos riscos ambientais. A adequada gestão dos resíduos pode representar melhoria da imagem da empresa e oportunidades de negócio. Pensando nisso, e consciente de sua responsabilidade ambiental, a Jalles Machado vem realizando diversas ações que minimizam os impactos causados por estes resíduos. O reaproveitamento é realizado para a fabricação de adubo orgânico, através da compostagem, utilização como fertirrigação, através da vinhaça e geração de energia através da queima do bagaço de cana. Na Jalles Machado todo resíduo gerado é reaproveitado internamente ou encaminhado para reciclagem em empresas regulares junto aos órgãos ambientais. A gestão dos resíduos se dá a partir de um monitoramento rigoroso em todas as fases dos processos, pois a maneira mais racional, inteligente e econômica, é fazer a gestão deste resíduo mitigando ao máximo a sua geração. A partir desse monitoramento, são realizados programas de educação ambiental de redução de desperdício e formas mais eficazes no manejo dos resíduos gerados. A indústria investiu aproximadamente 500 mil reais em instalações de sistemas “scrubber”, que evitam que sejam lançados na atmosfera fuligem, poeira e outros particulados resultantes da queima do bagaço da cana. É claro que a gestão de resíduos vai muito além da reutilização destes insumos. É necessária a visão geral que identifique as possibilidades de integração e, de forma complementar, a visão especialista que permita o entendimento e a modificação dos sistemas de produção. Fica evidente a necessidade de formação e treinamento de recursos humanos para o país enfrentar os desafios da gestão de resíduos como parte do negócio, considerando os aspectos econômicos, ecológicos e sociais (SPADOTTO, 2008). Os gráficos abaixo demonstram as receitas obtidas com a gestão dos resíduos nos anos de 2007 e 2008 pela Jalles Machado, ressaltando que grande parte dessa receita é aplicada pela empresa na adoção e implantação de novas tecnologias de controle de poluição e impactos ambientais nas áreas de agricultura, como por exemplo, a restauração e recuperação de nascentes e matas ciliares. 118 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 VALOR TOTAL COMERCIALIZADO DE RESÍDUOS - 2007 296.429 300.000 VALOR (R$) 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 Total Figura 1 - Receita obtida com a Gestão de resíduos na Jalles Machado S/A, município Goianésia-GO VALOR TOTAL COMERCIALIZADO DE RESÍDUOS - 2008 300.000 VALOR (R$) 250.000 238.831 200.000 150.000 100.000 50.000 0 Total Figura 2 - Receita obtida com a Gestão de resíduos na Jalles Machado S/A, município Goianésia-GO Para se ter uma idéia de quanto à gestão de resíduos é importante para a indústria sucroalcooleira abaixo seguem alguns números relativos à produção de açúcar, álcool e seus resíduos gerados: 1 ton cana = 135 Kg açúcar + 12 Litros de álcool + 35 kg de torta de filtro + 156 Litros de vinhaça. 2.1 TORTA DE FILTRO E COMPOSTAGEM A torta de filtro é um subproduto da indústria canavieira resultante da purificação do caldo sulfitado e de baixíssimo custo (CASARIN et al., 1989). A sua utilização como fertilizante orgânico após a compostagem é bastante difundida entre os produtores, e seu uso como substrato está sendo bem aceito, como observado nos resultados satisfatórios encontrados na produção de cana-de-açúcar (MORGADO et al., 2000). Na Jalles Machado a torta de filtro, que no passado causava poluição ao meio ambiente, atualmente é usada como fertilizante e têm contribuído para a melhoria das propriedades físicas dos solos, repondo parte dos elementos químicos, notadamente o potássio, retirados da área ocupada pela cana-deaçúcar. Os resíduos da torta de filtro são misturados em área adequada para esse fim com os resíduos resultantes da lavagem dos gases nas chaminés das caldeiras, da limpeza das grelhas das caldeiras e do resíduo do lodo doméstico da estação de tratamento de esgoto. Além de instalar um sistema de lavagem dos gases provenientes da caldeira PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 119 encomendou ainda um estudo de concentração superficial de NOx e material particulado em sua região de abrangência, cujos dados demonstraram que não há emissão de material particulado nas cidades próximas provenientes das chaminés da Jalles Machado. Conforme os cálculos e observações apresentados nesses relatórios, as emissões para a atmosfera resultantes da Usina Jalles Machado, referentes a material particulado e NOx constituem-se em contribuições pequenas para impactar a qualidade do ar na área de influência de nosso empreendimento. Pode-se dizer que as concentrações desses poluentes não resultam em comprometimento para a qualidade do ar, visto serem valores muito abaixo do seu respectivo padrão nacional. No tocante a reutilização da água, ela é armazenada em um tanque denominado “Tanque de Alimentação” e bombeada para dois tanques Scrubbers onde ocorre o processo de lavagem dos gases provenientes da caldeira. Essa água proveniente da lavagem é encaminhada para outros tanques chamados de “tanques-pulmões” onde a água passa por um processo de peneiramento, retirando fuligem, cinzas e areia, que posteriormente serão incorporadas ao solo novamente. Depois disso a água segue para um tanque de decantação purificando-a novamente e recomeçando o circuito. Figura 3 - Disposição dos resíduos sólidos para fabricação do composto agrícola na Jalles Machado S/A, município de Goianésia -GO Para fabricação do composto final a Jalles Machado utiliza a compostagem, que é a transformação da matéria orgânica de restos da cana-de-açúcar através da ação de microorganismos, resultando num material estável, rico em substâncias húmicas, homogêneo e coloração escura. Figuras 4 e 5 - Remoção da leira e distribuição do composto orgânico nos canaviais da Jalles Machado S/A, município de Goianésia-GO 120 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Os resultados da Jalles Machado na gestão dos resíduos demonstram que com uma administração eficiente é possível transformar esses materiais em maiores produtividades e ganhos financeiros. Os gráficos abaixo demonstram a produção de diversos tipos de resíduos no ano de 2008, bem como suas metas apontadas pelo Sistema de Gestão Integrada da Jalles Machado, demonstrando que nos anos de 2007 e 2008 a produção de resíduos e efluentes domésticos está abaixo da meta da empresa. Resíduos de Lixo Doméstico - 2008 50,00 45,30 40,70 Meta - 35,80 (Kg/TCM) x 0,001 40,00 30,00 24,70 21,60 21,20 18,00 20,00 10,00 0,00 abr mai jun jul ago Acumulado Figura 6 – Quantidade de lixo produzido pela Jalles Machado no ano de 2008. (Legenda: kg/TCM = kilograma de lixo produzido por Tonelada de Cana Moída) Efluente Doméstico - 2008 10,00 9,00 8,00 Meta - 9,00 Meta - 8,00 8,18 8,25 8,31 8,45 7,96 7,38 m³/h/TCM 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 abr mai jun jul ago Acumulado Figura 7 – Quantidade de efluente doméstico pela Jalles Machado no ano de 2008. (Legenda: m3/TCM = metros cúbicos de efluente produzido por Tonelada de Cana Moída) PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 121 Resíduo de Torta de Filtro - 2008 12.000 10.626,13 9.883,56 9.316,18 10.000 8.043,64 Ton 8.000 6.000 4.510,42 4.000 2.000 0,00 0,00 0,00 0,00 9 10 11 12 0 1 2 3 4 5 6 7 Meses 8 Figura 8 – Quantidade de torta de filtro produzida e utilizada pelo Setor Agrícola pela Jalles Machado no ano de 2008 A utilização da torta de filtro, após passar pelo processo de compostagem e receber a adição de alguns nutrientes provenientes das cinzas da lavagem dos gases das caldeiras, vem mostrando-se um fertilizante muito eficiente na produção de cana-deaçúcar na Jalles Machado. Com isso elimina-se o problema do destino desses resíduos e ainda consegue-se com uma tecnologia simples ampliar os ganhos financeiros da empresa. Observa-se em estudos realizados nos canaviais da Jalles Machado que a torta de filtro mostrou-se altamente importante para produtividade da cana-de-açúcar principalmente quando associada a irrigação (BRAGA et al. 2003). 2.3 FERTIRRIGAÇÃO COM VINHAÇA A vinhaça, resíduo da destilação do caldo de cana fermentado para produção de álcool, produzida em grande quantidade, numa proporção de aproximadamente 13 litros de vinhaça para cada litro de álcool produzido, caracteriza-se por ser um resíduo rico em matéria orgânica e alto teor de potássio. Também pode originar-se como subproduto da produção de açúcar sendo eliminada no processo de cristalização do caldo da cana. No geral a vinhaça é rica em matéria orgânica e em nutrientes minerais como o potássio (K), o cálcio (Ca) e o enxofre (S), e possui uma concentração hidrogeniônica (pH) variando entre 3,7 e 5,0 (LUDOVICE, 1997). A Jalles Machado vem ampliando seu sistema de Fertirrigação que hoje abrange 14.000 hectares. Dessa forma, a vinhaça é conduzida por dutos entre a indústria e as áreas agrícolas, onde é feita a diluição na proporção de uma parte de vinhaça e três partes de água e em seguida é feita a distribuição através do processo de aspersão. A proporção na diluição da vinhaça para fertirrigação é de 1:4, ou seja, uma parte de água para três partes de vinhaça, representando uma economia de 25% de uso de água que poderiam ser captadas. Vale ressaltar ainda que essa água da diluição é a mesma que passou por processo industriais e será novamente reutilizada. Os gráficos abaixo demonstram a quantidade de vinhaça produzida pela indústria da Jalles Machado nos anos de 2007 e 2008. 122 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Resíduo de Vinhaça - 2007 Resíduo de Vinhaça - 2008 160.000 400.000 140.746 140.000 128.319 123.241 127.802 m³ m^3 69.110 150.000 40.000 100.000 20.000 50.000 0 0 2 3 4 5 6 7 Meses 8 9 10 11 12 220.200,62 200.000 60.000 1 237.909,41 250.000 78.717 80.000 294.130,86 300.000 96.386 100.000 344.341,25 350.000 120.000 76.558,96 1 2 3 4 5 6 7 Meses 8 0,00 0,00 0,00 0,00 9 10 11 12 Figuras 9 e 10 – Quantidade de vinhaça produzida pela indústria e utilizada na fertirrigação de áreas de cultura de cana-de-açúcar da Jalles Machado S/A, nos anos de 2007 e 2008. O aproveitamento racional dos resíduos líquidos industriais, através da tecnologia de “Fertirrigação de Canaviais” proporciona importantes benefícios ambientais, técnicos e econômicos. Dentre os principais benefícios ambientais se destacam: - Redução da dose média de resíduos líquidos aplicados, eliminando ou atenuando os riscos de poluição de solos, de águas subterrâneas e até mesmo de águas superficiais; - Maior disponibilidade de áreas abrangidas no sistema global de fertirrigação, proporcionando maior flexibilidade operacional e mais alternativas de manejo dos resíduos no campo. A Jalles Machado segue todas as normas pertinentes no que diz respeito à canalização para transporte da vinhaça da indústria para as lavouras de cana-de-açúcar. Os tanques e os canais de condução, por exemplo, são impermeabilizados para evitar contaminação do lençol freático, como demonstram as figuras abaixo: Figura 11 – Figura esquerda: Condução de vinhaça da indústria para áreas de cultura de cana-de-açúcar; figura direita: tanque impermeabilizado para armazenamento de vinhaça PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 123 Figura 12 – Travessia de tubulação de vinhaça em área de preservação permanente na Jalles Machado Em síntese, com a ampliação do Projeto de Fertirrigação, diminuíram-se os impactos ambientais em relação ao uso de potássio (K), pois a vinhaça é rica em potássio, técnicos, econômicos e ambientais. Substituiu-se a adubação química convencional no que diz respeito ao Potássio (K). Outro benefício advindo da fertirrigação com vinhaça nos canaviais da Jalles Machado foi a correção do pH, nesse caso atuando de forma benéfica, como corretivo daacidez do solo e ainda fornecendo nutrientes, aumentando o teor de matéria orgânica e melhorando suas propriedades físicas (OLIVEIRA et. al. 2005) O gráfico abaixo demonstra a intensidade de uso de fertilizantes (N-P-K) por culturas no Brasil em toneladas/hectare, comparado a aplicação da Jalles Machado em comparação às outras unidades sucroalcooleiras (cana-de-açúcar). (Fonte: Jalles Machado/CTC - Centro de Tecnologia Canavieira). 0,94 Algodão 0,54 Café 0,49 Laranja 0,46 Cana-de-açúcar 0,40 Soja 0,36 Jalles Machado 0,31 Milho 0,30 Trigo 0,24 Arroz Feijão Reflorestamento 0,15 0,11 Figura 13 - Intensidade de uso de fertilizantes (N-P-K) por culturas no Brasil em ton / hectares, comparadas com a Jalles Machado S/A De forma geral podemos concluir que, com relação ao uso da vinhaça como fertilizante, esta prática tem trazido inúmeros benefícios agrícolas, econômicos e ambientais, desde que seja feito um monitoramento efetivo com relação a alterações nas propriedades dos solos fertirrigados, de maneira a evitar eventuais excessos na aplicação da vinhaça. 124 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O maior desafio para o setor sucroalcooleiro, e agora dando uma maior ênfase a produção de etanol, é provar para o mundo que o nosso produto é um biocombustível produzido de forma ambientalmente correta, já que esse produto vem ganhando adeptos no mundo por esse apelo, ou seja, ser um combustível ecologicamente correto. A gestão dos resíduos pode funcionar como um termômetro no que diz respeito às ações ambientais praticadas por uma empresa, se ela é bem planejada e está consolidada na empresa, é bem provável que a empresa esteja também organizada com relação a outros programas e projetos ambientais. A Gestão Ambiental de uma empresa mostra-se eficiente quando os projetos são autossustentáveis como demonstraram os números no caso da Jalles Machado. Os projetos de reaproveitamento dos resíduos nas lavouras de cana-de-açúcar, além de darem um destino adequado aos resíduos da indústria evitando a contaminação do meio ambiente, propiciam uma maior receita para empresa que por sua vez investe cada vez mais em tecnologias para preservação dos recursos naturais. De forma geral uma gestão eficiente dos resíduos deve partir das seguintes diretrizes: • Conhecimento sobre os resíduos; • Dos seus componentes; • Das alternativas de produção que diminuam o volume produzido; • Da sua trajetória da geração ao destino final; • Das formas de manuseio e tratamento ao longo da trajetória; • Redução de resíduos nos processos. Em relação à vinhaça nota-se a preocupação cada vez maior da sociedade científica com o risco que esse material altamente poluente pode causar aos cursos d’água superficiais e ao lençol freático através da percolação até as águas subterrâneas. Essa preocupação na empresa tem que ser contínua de modo a evitar acidentes ambientais, uma vez que esse tipo de poluição não é imediatamente notada e muita vezes, quando constatada, sua possibilidade de reversão é pequena. Na Jalles Machado a preocupação com a Gestão dos Resíduos e a conservação dos Recursos Naturais sempre permeou os objetivos da empresa, fato esse comprovado pela existência de áreas de recuperação de matas ciliares com até vinte anos de existência. Acreditamos que, para a Jalles Machado continuar sendo reconhecida como empresa ambientalmente responsável, deve atuar em todos os aspectos relacionados ao controle de poluição, principalmente a geração e destino adequado dos resíduos. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 125 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAGA, A. M.C., OLIVEIRA, P. F. M., SOARES, R. A. B., KORNDORFER, G. H., Gesso e torta de filtro na produção de cana-de-açúcar cultivadas sob diferentes regimes de irrigação. In: XXIX Cong. Bras. De Ciência do Solo, 2003, Ribeirão Preto/SP, Anais, 2003, p. 35. CASARIN, V.; AGUIAR, I.B.; VITTI, G.C. Uso de resíduos da indústria canavieira na composição do substrato destinado à produção de mudas de Eucalyptus citriodora Hook. Científica, v.17, n.1, p.63-72, 1989. LUDOVICE, M.T. (1996). Estudo do efeito poluente da vinhaça infiltrada em canal condutor de terra sobre o lençol freático. Campinas, FEC-UNICAMP. Dissertação de Mestrado, 1996. MORGADO, I.F. et al. Resíduos agroindustriais prensados como substrato para a produção de mudas de cana-de-açúcar. Scientia Agricola, v.57, n.4, p.709-712, out/dez 2000. OLIVEIRA, A. C. S. ; SILVA, M. A. S. ; KLIEMANN, H. J. ; SOARES, Rogério Augusto Bremm ; BORGES, J. D. 2005. Acumulo de micronutrientes e de metais tóxicos em latossolo cultivado com cana-de-açúcar fertirrigada com vinhaça. In: II CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG, 2005, GOIÂNIA, GO. ANAIS DO II CONPEEX. GOIÂNIA, GO, 2005. v. 1 CD. SPADOTTO, C. A. Gestão de Resíduos: realizações e desafios no setor sucroalcooleiro. EMBRAPA/CNPMA. (www.embrapa.br/imprensa/artigos/2008). 126 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Modalidade Educação Ambiental Projeto: Agrotóxicos, educar para saber usar e proteção da Bacia do Ribeirão João Leite Premiada: Agroquima Produtos Agropecuários Ltda. AGROTÓXICOS, EDUCAR PARA SABER USAR Projeto de Educação Ambiental e Treinamento de Trabalhadores Rurais e Estudantes no Estado de Goiás Uso Correto e Seguro dos Agrotóxicos e Descarte Final de Embalagens Vazias REGISTRO FOTOGRÁFICO Engenheiro Agrônomo: CLÉSIO FERNANDES DE BRITO ALVES - CREA - 6660/D-GO FONE: (62) 3265-4466 - E-mail: [email protected] Empresa: Agroquima Produtos Agropecuários Ltda - Goiânia-GO ANO 2007 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 129 INTRODUÇÃO O Estado de Goiás ocupa um lugar de destaque no cenário nacional na produção de hortaliças. É o maior produtor de tomate do Brasil com 752.000 toneladas/ano, sendo responsável por 23% da produção do País. O Estado é composto por 246 municípios, no entanto, apenas 11 municípios respondem por 50% da produção goiana, os quais podemos destacar: Nova Veneza, Senador Canedo, Nerópolis, Anápolis, Campo Limpo de Goiás, Bonfinópolis, Leopoldo de Bulhões, Terezóplis de Goiás, Inhumas, Ouro Verde e Goianápolis, que é considerada a capital do tomate, cultura que recebe, segundo os próprios trabalhadores, até 5 pulverizações de agrotóxicos por semana. Isso torna a situação alarmante, pois aumenta o risco de intoxicação de trabalhadores rurais e poluição do meio ambiente. Diante deste quadro e preocupados com a segurança do trabalhador rural e a preservação da natureza, estamos desenvolvendo há quatro anos um trabalho pioneiro no Estado de Goiás, sobre o uso correto dos agrotóxicos e o descarte final das embalagens vazias. A metodologia utilizada envolve palestras nas lavouras, dirigidas aos trabalhadores rurais, e nas escolas, para seus filhos, pois sabemos que as crianças atuam como multiplicadoras, levando a informação recebida para os familiares, amigos e vizinhos. Saímos a campo abrindo porteiras e onde encontramos gente trabalhando, realizamos palestras. Este é o grande diferencial do projeto, pois o trabalhador não precisa se deslocar para ter acesso à informação. No final de cada palestra sorteia-se um Equipamento de Proteção Individual (EPI) entre o grupo, e entregamos para os trabalhadores e estudantes uma cartilha educativa sobre o uso correto dos agrotóxicos e o descarte final das embalagens vazias, apresentada pelos compadres “Lavorildo e Hortalino”. O trabalho, que começou pequeno, foi tomando grandes proporções. Até o momento já realizamos 80 palestras diretamente no campo e 120 palestras nas escolas, atingindo o universo de 700 trabalhadores rurais e 5.000 alunos dos municípios citados acima. Essas ações vão despertando interesse da população e as parcerias aumentam a cada dia. Em 2005 e 2006 a Agência Rural do Estado de Goiás e Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos foram nossos parceiros. Em 2007, a CEASAGO e a Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros do Estado de Goiás (ASPHEGO) aderiram ao projeto. A TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiás e com a maior audiência no Estado, também se interessou pelo projeto e exibiu uma reportagem de forma espontânea sobre o trabalho, no programa Jornal do Campo (uma espécie de Globo Rural Regional) com 8 minutos de duração. Definitivamente a comunidade adotou o projeto, que tem como objetivo principal a segurança do trabalhador e a preservação ambiental. Veja nas páginas seguintes o resumo fotográfico do trabalho realizado nos principais municípios produtores de hortaliças do Estado de Goiás. 130 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Alguns trabalhadores rurais ignoram riscos de intoxicação durante preparo da calda e aplicação dos agrotóxicos. Goianápolis-GO Anápolis-GO Nova Veneza-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 131 Trabalhador rural aplica agrotóxico sem luvas e avental e ainda abandona embalagens vazias, gerando lixo tóxico no campo. Leopoldo de Bulhões-GO Bonfinópolis-GO 132 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Trabalhadores rurais assistem à palestra no próprio ambiente de trabalho, sobre o uso correto dos agrotóxicos e descarte das embalagens vazias. Nerópolis-GO Nerópolis-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 133 Trabalhadores rurais não se incomodam de assistir às palestras sob sol forte e ainda de pé. Bonfinópolis-GO Bonfinópolis-GO 134 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Classificação Toxicológica é um dos assuntos abordados nas palestras no campo. Ouro Verde-GO Ouro Verde-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 135 É gasto um tempo maior quando o assunto é Equipamento de Proteção Individual (EPI) Ouro Verde-GO Nova Veneza-GO 136 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Às vezes a palestra é realizada no meio da estrada. Inhumas-GO Inhumas-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 137 Barraca de apoio improvisada no meio da lavoura é utilizada para realização de palestras. Leopoldo de Bulhões-GO Leopoldo de Bulhões-GO 138 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Trabalhador ganha EPI no final da palestra. Nova Veneza-GO Nova Veneza-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 139 Goianápolis-GO Ouro Verde-GO 140 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Trabalhador veste EPI logo que ganha. Goianápolis-GO Goianápolis-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 141 Estagiários do curso de Agronomia entregam cartilha educativa sobre o uso correto dos agrotóxicos, apresentada pelos compadres “Lavorildo e Hortalino”. Nerópolis-GO Nova Veneza-GO 142 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Estagiários de Veterinária também participam do projeto. Goianápolis-GO Goianápolis-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 143 A cartilha sobre o uso correto dos agrotóxicos e descarte final das embalagens vazias é lida com atenção pelos trabalhadores rurais. Goianápolis-GO Campo Limpo de Goiás-GO 144 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Sentados no chão trabalhadores rurais são orientados sobre como usar corretamente os agrotóxicos. Anápolis-GO Anápolis-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 145 A carroceria do veículo é utilizada para acomodar trabalhadores durante palestra no campo. Nova Veneza-GO Nova Veneza-GO 146 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 A varanda serve como espaço para conscientizar e treinar toda família do homem do campo sobre o uso correto dos agrotóxicos e a preservação do meio ambiente. Anápolis-GO Senador Canedo-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 147 Após assistir palestra sobre o uso de agrotóxicos, trabalhador assina lista de presença. Inhumas-GO Goianápolis-GO 148 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Cada item do EPI é apresentado em detalhe aos trabalhadores rurais. Anápolis-GO Campo Limpo de Goiás-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 149 As caixas utilizadas para colher tomate servem de assentos durante palestra no campo. Leopoldo de Bulhões-GO Leopoldo de Bulhões-GO 150 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Segundo os próprios trabalhadores, são realizadas até 5 pulverizações por semana na cultura do tomate. Terezópolis de Goiás-GO Terezópolis de Goiás-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 151 Até mesmo dentro do curral são ministradas palestras, visando o uso correto dos agrotóxicos e a preservação ambiental. Anicuns-GO Anicuns-GO 152 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Trabalhadoras rurais ganham brindes no final da palestra. Nerópolis-GO Senador Canedo-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 153 O trabalho foi desenvolvido em parceria com a CEASA-GO e Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros do Estado de Goiás (ASPHEGO) Goiânia-GO Goiânia-GO 154 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Produtores dos municípios de Ouro Verde, Inhumas, Anápolis, Nova Veneza, Bonfinópolis, Terezópolis de Goiás, Leopoldo de Bulhões, Nerópolis, Campo Limpo de Goiás e Goianápolis comercializam suas hortaliças na CEASA de Goiânia. CEASA de Goiânia-GO CEASA de Goiânia-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 155 40 Engenheiros Agrônomos da Agência Rural do Estado de Goiás recebem treinamento sobre uso correto dos agrotóxicos e descarte das embalagens vazias. Goiânia-GO Goiânia-GO 156 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 O uso correto de agrotóxicos faz parte do programa de treinamento de novos representantes comerciais da Agroquima. Goiânia-GO Goiânia-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 157 Depois das lavouras, as palestras são ministradas nas salas de aula para os filhos dos trabalhadores rurais. Nova Veneza-GO Nova Veneza-GO 158 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Crianças aprendem a Classificação Toxicológica dos Agrotóxicos e que não podem desentupir o bico de pulverização com a boca. Goianápolis-GO Goianápolis-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 159 Alunos prestam muita atenção nas palestras sobre agrotóxicos e preservação do meio ambiente. Anápolis-GO Anápolis-GO 160 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Alguns estudantes sentam até mesmo no chão para aprender como devem ser usados os agrotóxicos. Nova Veneza-GO Nova Veneza-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 161 Alunos ganham cartilha educativa apresentada pelos compadres “Lavorildo e Hortalino”. Terezópolis de Goiás-GO Goianápolis-GO 162 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Crianças leem com atenção a cartilha sobre a maneira correta de trabalhar com agrotóxicos e depois ensinam para os pais. Goianápolis-GO Goianápolis-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 163 Goianápolis-GO Goianápolis-GO 164 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Crianças exibem com alegria a cartilha educativa apresentada pelos compadres “Lavorildo e Hortalino”. Goianápolis-GO Goianápolis-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 165 Bonfinópolis-GO Leopoldo de Bulhões-GO 166 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Estudantes explicam para o repórter da TV Anhanguera/Rede Globo o que aprenderam na palestra. Goianápolis-GO Goianápolis-GO PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 167 Modalidade Imprensa Escrita Reportagem: Mudanças climáticas - calor vai afetar produção agrícola Autores: Evandro R. Bittencourt, Maria José Braga e Heloísa Lima A reportagem a seguir, publicada no Suplemento do Campo do Jornal O Popular, é de autoria de Evandro Bittencourt, Maria José Braga e Heloísa Lima. Mudanças climáticas “Parece que o Sol baixou” As nuvens, o Sol, as chuvas, as árvores. O calor. Tudo revela ao homem do campo o que acontece na natureza. Ele sabe que algo está diferente. Enquanto isso, pesquisadores procuram entender como as mudanças climáticas afetarão o agronegócio e buscam alternativas para enfrentar esse novo cenário, que também exige pensar em ações pelo desenvolvimento sustentável. Calor vai afetar a produção agrícola PRODUÇÃO SERÁ AFETADA PELO AQUECIMENTO, MAS TECNOLOGIA E BUSCA PELA SUSTENTABILIDADE PODEM AMENIZAR OS IMPACTOS NEGATIVOS. Evandro Bittencourt e Maria José Braga “Parece que o Sol baixou e está mais perto da Terra.” É assim que Francisco Eliezer Rodrigues dos Santos, um camponês de 65 anos, conhecido como Chico, explica o aumento da temperatura no município de Goiás, onde vive desde que nasceu. No casarão centenário da fazenda São João do Acuri não existe termômetro, mas Chico afirma com segurança que o calor está aumentando. “Dizem que é o aquecimento global”, repete os termos que ouviu na TV. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 171 Com outras palavras, seu Adelino Rodrigues da Silva diz a mesma coisa. “O tempo começou a mudar em 1974. Um dia eu estava trabalhando na roça e quando voltei para casa, tirei a camisa e vi que minhas costas estavam queimadas. O bananal que eu tinha, muito bonito, também ficou todo queimado. O Sol estava tão quente que parecia mais perto. E, de lá pra cá, o tempo vem esquentando cada vez mais”, diz. Seu Adelino nasceu na Bahia, mas há 60 anos mora no município de Bom Jardim de Goiás, sempre trabalhando no campo. Do mesmo jeito, Chico só deixou a fazenda por um período em que precisou fazer tratamento médico na cidade. Acostumados com os sinais da natureza, os dois dizem que o homem está destruindo a harmonia que Deus criou. Observando as árvores que rodeiam sua casa, Francisco prevê o início das chuvas O que eles e outros tantos moradores do campo já perceberam está sendo confirmado pela ciência. O estudo Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira, apresentado há poucos dias por pesquisadores da Embrapa e da Universidade de Campinas (Unicamp), trabalho que conta com o apoio do governo britânico, revelou as dimensões do problema que afeta toda a população mundial. No Brasil, o aumento das temperaturas deve provocar perdas nas safras de grãos e alterar a geografia da produção agrícola. Os pesquisadores pensaram em dois cenários ao fazerem as projeções para o futuro: um pessimista, no qual poucas medidas são tomadas para conter o aquecimento global e o aumento da temperatura fica estimado entre 2ºC e 5,4ºC até 2100; o outro, mais otimista, prevendo um aumento da temperatura entre 1,4ºC e 3,8ºC até 2010. Soja deve migrar Mesmo no cenário otimista, as projeções são alarmantes. O aquecimento global pode comprometer a produção de alimentos no Brasil, com o aumento das áreas de alto risco climático, justamente aquelas que, pelas altas temperaturas, ficam também 172 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 com deficiência de água. Nos dois cenários, os pesquisadores apontam para a diminuição das áreas cultiváveis e para perdas no valor da produção. No cenário pessimista, as perdas foram estimadas em R$ 7,4 bilhões já em 2020, cifra que pode subir para R$ 14 bilhões em 2070. Segundo o estudo da Embrapa/Unicamp, o cultivo de diversos tipos de alimentos será afetado pelo aumento da temperatura. As pesquisas revelam que apenas a cana, por ser mais resistente ao calor, deve permanecer incólume. A soja será uma das culturas mais afetadas e, como resultado das mudanças climáticas, deverá ocorrer a migração da cultura da Região Sul para o Centro-Oeste. A perda de área cultivada em 2020 é estimada em 24%. Em 2050, essa perda pode chegar a 34%, alerta o engenheiro agrônomo Hilton Silveira Pinto, um dos organizadores do estudo e diretor associado do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura, da Unicamp. A vulnerabilidade da soja se deve ao fato de ser mais suscetível à falta d’água. O café, a segunda cultura mais afetada com as mudanças climáticas, apesar de mais resistente à deficiência hídrica, é especialmente sensível ao aumento da temperatura. “Com temperaturas mais elevadas durante o florescimento, a cultura perde a aptidão de produzir em decorrência do aborto floral”, diz Hilton Silveira. Cultura de destacada importância na alimentação da população de baixa renda, sobretudo na Região Nordeste, a mandioca também deve ser muito afetada. “A tendência é que deixe de ser produzida no Nordeste e passe a ser cultivada em regiões mais próximas à Floresta Amazônica”, afirma o pesquisador. Segundo ele, onde há grande incidência de chuvas o aquecimento deixa de ser problema. Mas a confirmação ou não dos cenários dependerá do que for feito pelo meio ambiente daqui para a frente. Diversas medidas para diminuir a emissão de gases que provocam o efeito estufa podem e devem ser tomadas na agropecuária e em outros setores da economia para mudar a direção que há séculos a humanidade insiste em seguir, mesmo sabendo que esse caminho não tem volta nem leva à sustentabilidade. Temperatura em Goiânia já aumentou Em todo o Brasil, é possível afirmar que o aumento de temperatura já é uma realidade. “No Estado de São Paulo, o aumento das temperaturas mínimas chega a até 2,5ºC nos últimos 100 anos. Na região de Goiânia, o aumento é da ordem de 1,5ºC a 2ºC”, afirma o pesquisador Hilton Silveira Pinto, diretor associado do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura, da Universidade de Campinas. Segundo ele, o abortamento de flores na cultura da soja na região de Rio Verde - relatado por vários agrônomos e produtores há alguns anos, já é reflexo das mudanças climáticas. “A soja, com temperaturas entre 32ºC e 33ºC, aborta suas flores e a produção cai.” Conforme os cenários de mudança de temperatura previstos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), as alterações de temperatura no Brasil poderiam ocorrer, em média, entre 1ºC (visão otimista) e 4ºC (visão pessimista), num período de 100 anos. “Com 4ºC de elevação da temperatura média, os efeitos são grandes”, afirma o pesquisador Jurandir Zullo Júnior, diretor do Cepagri/Unicamp. A intensidade do aumento da temperatura média, diz, se dá de forma variada nas regiões do Brasil. A vegetação e o tipo de solo, por exemplo, são fatores considerados em cada região estudada. Os pesquisadores brasileiros fizeram suas projeções utilizando o modelo climático Precis (Providing Regional Climates for Impact Studies), um programa de computador criado pelo Hadley Centre, da Inglaterra, e adaptado ao Brasil pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 173 O programa foi escolhido porque permite a análise do que vai ocorrer na agricultura, em função do aumento da temperatura, em áreas de 50 km X 50 km, possibilitando a avaliação do impacto até mesmo em pequenos municípios. Problemas também com as oleaginosas O aquecimento global não é ameaça à produção de etanol a partir da cana, mas outras matérias-primas usadas na produção de biodiesel serão afetadas. O impacto das mudanças climáticas sobre as energias renováveis do Brasil é foco de uma pesquisa coordenada pelo pesquisador Carlos Nobre, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Outras instituições estão envolvidas, como a Embrapa Informática Agropecuária e a Unicamp. Segundo o chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Delgado Assad, Nordeste e Sul do Brasil serão atingidos e, portanto, também as fontes renováveis de biocombustíveis cultivadas nessas regiões. A mamona será uma das culturas mais afetadas. Outras oleaginosas importantes para a agroenergia, como canola, girassol e amendoim também sofrerão restrições. Chuvas também mudam CHUVAS FORTES E ESTIAGENS PROLONGADAS SÃO TENDÊNCIAS QUE PREOCUPAM PRODUTORES O aquecimento global não deve provocar grandes alterações no regime de chuvas, apontam os estudos existentes. Mas, segundo o diretor associado do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri/Unicamp), Hilton Silveira Pinto, as chuvas mudam. “A tendência é de que elas se tornem mais fortes e ocorram intervalos maiores de estiagem.” Para o homem do campo, as mudanças já são bem visíveis. “Antes chovia muito mais. Meu pai falava que a chuva de 8 de setembro era fato consumado”, conta Francisco Eliezer Rodrigues dos Santos, o Chico. Chico diz, aliviado, que em sua fazendinha nunca falta água, porque ela é banhada pelo Córrego Bugre, “que nunca seca”, e tem três represas. Mas bem que ele anda preocupado com as estiagens prolongadas. Em frente à casa de Chico há um pé de jatobá, cheio de folhas verdes, e outro de cajamanga, totalmente desfolhado. Logo abaixo, uma gameleira de folhas amareladas anuncia que também vai desfolhar. Segundo seu Chico, quando as três árvores perdem suas folhas e ganham folhas novas, a chuva chega. “Quem sabe quando vai chover é Deus, mas aqui na nossa região esse é um sinal. A chuva deve chegar lá para outubro”, diz. Seu Adelino, de Bom Jardim de Goiás, também está preocupado. Ele conta que, antigamente, os agricultores da região plantavam no início de setembro e logo vinha a chuva. “Agora não é bem assim”, afirma. Mas, para este ano, ele está otimista e prevê que vai começar a chover no mês que vem. “A ciência de São João Batista ensina que, se nublar no dia 24 de junho, chove logo em setembro. As vezes pode falhar, mas a ciência dos homens também falha. Vamos aguardar para ver”, diz. 174 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 “O tempo começou a mudar em 1974, garante seu Adelino” Em busca do cenário otimista As projeções de aumento da temperatura do estudo da Embrapa/Unicamp podem não se confirmar, caso haja uma redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa. Também podem não se confirmar os prováveis prejuízos na agricultura, com a diminuição das áreas de risco. Entre as medidas necessárias para a construção de um cenário mais otimista está o plantio de árvores para a neutralização do gás carbônico. E não é preciso ser cientista para chegar a essa conclusão. “O homem não pode só destruir a natureza. A gente tem de plantar árvores. Todo mundo sabe que onde não existem árvores o vento sopra direto e causa destruição”, diz seu Adelino Rodrigues da Silva. Novamente a ciência está comprovando a sabedoria popular. Já se sabe que o plantio de árvores é uma das técnicas que podem ser aplicadas em várias culturas para amenizar o problema do aquecimento. Outra estratégia compensatória é a adoção de sistema de integração lavoura-pecuária e que, em alguns casos, também deve abranger o consórcio com florestas. Em áreas destinadas à produção de animais, o sombreamento de pastagem é especialmente eficaz para abrandar a temperatura. O reflorestamento nas propriedades agrícolas traz efeito direto na temperatura, graças ao sombreamento que proporciona. Além disso, há aumento da umidade relativa do ar, pela transpiração das plantas, favorecendo a ocorrência de mais chuvas. Outra vantagem é a retenção de carbono. Cada árvore derrubada ou queimada libera CO2, um dos principais gases do efeito estufa e considerado o “grande vilão” do aquecimento global. Em relação à produção de grãos, uma medida recomendada é adotar o plantio direto em toda a área ainda cultivada de forma tradicional. Com essa técnica, é possí- PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 175 vel economizar cerca de 10% de água, além de propiciar condições para o solo absorver mais as chuvas. A preservação e a recuperação das vegetações nativas contribuem para diminuir o aquecimento global e melhoram o desempenho agropecuário. Mas, antecipando-se ao futuro, pesquisadores estão trabalhando no desenvolvimento de variedades mais resistentes ao calor e à seca. Ciência como solução PESQUISADORES APOSTAM NO DESENVOLVIMENTO DE NOVAS VARIEDADES E PRÁTICAS DE MANEJO Heloísa Lima As previsões para o clima são alarmantes, mas pesquisadores ouvidos pelo POPULAR apostam no desenvolvimento de novas variedades mais resistentes ao estresse biótico e abiótico para superar as dificuldades. Eles explicam que já investiam no melhoramento de plantas, buscando encontrar variedades mais resistentes a problemas climáticos e a doenças. Com as previsões recentes, as pesquisas ganharam mais fôlego. Novos materiais deverão estar disponíveis em menos de uma década. José Renato Bouças, chefe da Embrapa Soja, diz que há muito a unidade trabalha no desenvolvimento de variedades que se adaptam às mais diversas condições de clima e solo existentes no País. Segundo ele, o desenvolvimento de materiais mais resistentes à falta de água será fundamental para a cultura. “Com temperaturas mais altas, aumenta a necessidade de água da planta”. O pesquisador afirma que a meta é desenvolver variedades até 50% mais tolerantes ao estresse hídrico. José Renato lembra, porém, que é preciso adotar práticas culturais que aumentem a capacidade de armazenamento de água no solo. Ele explica que diversas unidades de pesquisas estão trabalhando em conjunto com o mesmo foco. Paulo Evaristo Guimarães, da Embrapa Milho e Sorgo, diz que o desenvolvimento de novas variedades já permitiu que a cultura se espalhasse por todo o País e que tivesse diferentes ciclos, que permitem o plantio em diferentes épocas do ano. Segundo ele, a tendência é de que, com as mudanças no clima, a pesquisa se torne ainda mais regionalizada e que sejam desenvolvidas variedades voltadas para a realidade de cada local. Para o pesquisador, é possível que variedades desenvolvidas para o semi-árido, como as superprecoces assum preto e caatingueiro, sejam recomendadas para outras regiões do Brasil, no futuro. Cléber Morais Guimarães, da Embrapa Arroz e Feijão, diz que a unidade enfoca o desenvolvimento de plantas que mantenham a qualidade do grão, tenham raízes mais fortes e maiores e maior capacidade de armazenamento de água. Ele admite que essas novas variedades podem perder produtividade. Mas serão viáveis em condições adversas. 176 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Campo de testes de variedades de arroz mais resistentes à seca Prevenção é o melhor remédio Engenheiro agrônomo e pesquisador aposentado da Embrapa Pecuária Sudeste, Odo Primavesi é daqueles que não concordam que a ciência tenha de investir na adaptação da agropecuária a um novo cenário climático. Segundo Odo, o único caminho viável é mudar práticas, plantar mais árvores e evitar que as previsões mais alarmistas para as mudanças no clima se tornem realidade. “Quando o ser humano vai fazer uma viagem espacial ou submarina, ele se adapta àquele ambiente sob pena de morrer se colocar um único parafuso fora do lugar. Por que no ambiente terrestre é diferente?”, questiona. Para o pesquisador, é fundamental que as árvores sejam incorporadas aos mais diversos sistemas de produção. Odo lembra que alguns cientistas enfocam somente os efeitos das emissões de gases no clima - uma vez que provocam a retenção do calor - mas se esquecem de que as áreas degradadas também geram calor. Para o pesquisador, as pessoas se concentram somente nos riscos do aquecimento global e se esquecem dos impactos do aquecimento local. “Enquanto as perspectivas são de aumento de 1 grau na temperatura mínima global, há regiões, como São Paulo, em que já se verifica aumento de temperatura de 3 graus”, frisa. O engenheiro agrônomo critica o modelo atual de pecuária brasileira que, segundo ele, tem contribuído para o aquecimento do planeta e não somente pelo gás metano emitido durante o processo digestivo dos animais. “A culpa não é dos bois, mas dos pecuaristas que não cuidam ou ateiam fogo nas pastagens e deixam os animais passarem fome”. Odo diz que, ao produzir com eficiência, adotando sistemas silvipastoris (árvores consorciadas com pastagens) e aumentando a produtividade por hectare, os pecuaristas já dão uma boa contribuição. “Hoje precisamos de 400 metros quadrados de área para produzir um bife, mas podemos chegar a 40 metros.” O pesquisador defende ainda investimentos em outras fontes de proteína, que necessitem de menos espaço e energia (como peixes). Segundo Odo, a produção consorciada com árvores é eficiente e rentável tanto na agricultura quanto na pecuária. Ele lembra que as árvores seguram água no solo e conseguem amenizar altas temperaturas. “Temos a cultura de desmatar, mas precisamos mudar essa visão de que as árvores atrapalham.” PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 177 Modalidade Imprensa Televisão Programa: Trilhas do Brasil “Araguaia - Corredor da Biodiversidade Goiana” Premiado: Trilhas do Brasil Comunicação e Produção Ltda HISTÓRICO: O Programa Trilhas do Brasil surgiu da vontade de um grupo de amigos jornalistas de fazer algo diferente na televisão e que estimulasse as pessoas a preservar o meio ambiente. O programa completou, em maio de 2009, oito anos no ar na TV Serra Dourada, nossa principal parceira. O programa Trilhas do Brasil cresceu, expandiu e nossa equipe viu a necessidade de falar não somente da preservação e/ou destruição do meio ambiente no país, mas mostrar também a cultura e os costumes de nossa gente e ainda mostrar o que Goiás e o Brasil têm de melhor. Hoje podemos dizer que somos um programa que fala de meio ambiente, cultura, turismo e esportes de aventura, sempre passando a mensagem de que é preciso preservar nossos patrimônios cultural e natural. Em 2005 tivemos a oportunidade de veicular o Programa Trilhas do Brasil para todo o país em canais UHF e VHF por meio da Rede 21, afiliada do Grupo Bandeirantes. Alcançamos uma média 0,8% de audiência na Grande São Paulo. Uma vitória para apenas três meses. Mas a nossa maior conquista é, sem dúvida, a audiência que temos hoje em Goiás. Somos líderes de audiência no segmento, graças ao nosso esforço, claro, e à parceria com a TV Serra Dourada. Para abordar melhor todos os temas do programa, criamos alguns quadros. No “Ação Ambiental” mostramos o que pessoas, organizações não governamentais, governos e empresas têm feito para preservar o meio ambiente, ou seja, é um espaço para disseminar os projetos que visam a preservação da fauna, flora e mananciais. No quadro “Acontece na Cidade”, como o nome mesmo diz, divulgamos diferentes assuntos. O quadro “Dicas” informa os melhores locais de hospedagem e alimentação nas cidades que visitamos. E o quadro “Radical” é destinado aos diferentes esportes de aventura, onde eles acontecem e como participar. Em 2008 colocamos no ar mais um quadro: “Direito Ambiental” com os advogados Maria de Lourdes e Henrique Luiz Pereira que esclarecem dúvidas e questionamentos dos telespectadores sobre a legislação ambiental. Uma forma a mais que encontramos de levar informação de qualidade para a população. O Programa Trilhas do Brasil pode ser visto todos os domingos às 10 horas na TV Serra Dourada. Possibilitando a interação e abrangência com um público ainda maior, é exibida uma matéria no Jornal do Meio Dia, programa de maior audiência da TV Serra Dourada/SBT/GO, no sábado, sobre o tema principal do programa Trilhas do Brasil. E desde 2007 a equipe do Programa Trilhas do Brasil está enganjada na campanha “Bioma Cerrado: Patrimônio Nacional! Abrace essa ideia”. A campanha visa aprovar leis que garantam a preservação do Bioma Cerrado. Equipe do Programa Trilhas do Brasil que trabalhou no programa “Araguaia: Corredor da Biodiversidade Goiana”: Álvaro Duarte – jornalista e coordenador Rosângela Aguiar – jornalista e coordenadora Mariley Carneiro – jornalista / produtora Valdir Pereira – cinegrafista Jonas Guedes – auxiliar de cinegrafia Fabrício Montelo – editor de imagens Marcelo Camargo – administrativo-financeiro Equipe atual do Programa Trilhas do Brasil Álvaro Duarte – jornalista e coordenador PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 181 Rosângela Aguiar – jornalista e coordenadora Valdir Pereira – cinegrafista Gilberto Dias – auxiliar de cinegrafia Leonardo Ribeiro – editor de imagens Henrique Morais – jornalista / repórter e produtor Gisele Lopes – administrativo-financeiro “ARAGUAIA – CORREDOR DA BIODIVERSIDADE GOIANA” Programa Trilhas do Brasil exibido em julho de 2008 Entra logomarca do Trilhas do Brasil Apresentadora – abertura do programa: Rosângela Aguiar, apresentadora do Programa Trilhas do Brasil Ao longo dos mais de dois mil quilômetros de extensão do rio Araguaia é possível perceber as modificações da paisagem e as ameaças que pairam sobre os ecossistemas. Um testemunho da grave situação enfrentada pelo Bioma Cerrado. As belezas do rio Araguaia, os bichos, plantas e os projetos de revitalização e muito mais é o que você confere agora no Programa Trilhas do Brasil! 182 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Apresentadora – chamada primeiro bloco: Importante corredor de biodiversidade, o rio Araguaia possui mais de dois mil quilômetros de extensão e nasce na divisa de Goiás com Mato Grosso. E é nesta região que estão erosões, como a Chitolina, considerada uma das maiores do mundo e que tem causado impactos negativos no leito do rio Araguaia. Primeiro bloco: No dialeto Tupi, Araguaia significa rio das araras ou papagaio manso. Escolha mais do que apropriada para o nome do maior rio goiano. De beleza inigualável, com uma rica fauna e flora típicas do Cerrado e de água doce da Região Centro-Oeste. Assim é o Rio Araguaia, o rio dos goianos. Paraíso dos índios pré-colombianos, conquistado pelos bandeirantes no século XVII, chamado de “O mais lindo rio brasileiro”. Pôr do sol no Rio Araguaia No século XVII os bandeirantes chamaram o Araguaia de “o mais lindo rio brasileiro” Foto aérea do Araguaia O Rio Araguaia possui mais de dois mil quilômetros de extensão PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 183 E não é por acaso, mas pelas praias de areias brancas, as matas, ilhas e uma diversificada fauna aquática. Sem falar nas águas calmas e vale extenso no coração do Brasil. Com 2010 quilômetros de extensão, o rio Araguaia nasce nas formações elevadas existentes no Parque Nacional das Emas, bem na divisa de Goiás e Mato Grosso, próximo à cidade de Mineiros. É também no Alto do Araguaia, no município de Baliza, no oeste goiano, que está o único canyon do estado. São 80 quilômetros de formações rochosas por onde corre o rio Araguaia. Cerca de 30 quilômetros do canyon estão preservados na fazenda Vale do Encantado. Canyon no rio Araguaia O único canyon de Goiás é formado pelo rio Araguaia, no oeste do estado Canyon no rio Araguaia Cerca de 30 quilômetros do canyon no rio Araguaia estão preservados na fazenda Vale do Encantado, em Baliza, Goiás 184 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Além de banhar os estados de Goiás, Mato Grosso e Pará, o rio Araguaia pertence à Bacia Amazônica, deságua no rio Tocantins e é um dos mais piscosos do mundo, formando a Mesopotâmia Sul-Americana onde surgiu a população do Planalto Central. O trajeto entre o Cerrado e a Amazônia faz do rio Araguaia um importante corredor de biodiversidade. E é nesta região que estão as principais nascentes do rio Araguaia, ameaçadas por cerca de 100 voçorocas, sendo a maior delas a Chitolina, considerada a maior do mundo com cinco quilômetros de extensão, por 70 metros de largura e profundidade de quase 50 metros. Erosão Chitolina A erosão Chitolina, no Rio Araguaia, possui profundidade de 50 metros e é a maior do mundo Erosão Chitolina A partir de 1996 a erosão Chitolina parou de crescer em função do trabalho de recuperação Entre 1990 e 1995, a voçoroca avançava a passos largos, de 10 a 20 metros a cada chuva forte, levando cerca de 17 milhões de metros cúbicos de areia para o leito PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 185 do rio Araguaia. A partir de 1996, o cenário começou a modificar. “Após minha aquisição, em 96, fiz o primeiro trabalho de contenção, e a partir desta data ela não avançou nem mais um metro, você pode ver hoje aqueles antigos marcos, na época que o ministro Krause (Gustavo Krause, ministro do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente no governo Itamar Franco) esteve aqui, ela não avançou mais e a partir da época, com a nossa intervenção, de reflorestamento, de proteção, cercando ela, ela está começando a se recompor aos poucos. Isto é um serviço que vai levar mais uns 10 a 15 anos para atingir o ponto mais satisfatório”, explica Milton Frias, proprietário da fazenda onde se localiza a erosão Chitolina. Milton Frias “A recuperação desta área não foi e não é um trabalho fácil, mas é gratificante”, diz satisfeito, Milton Frias, proprietário da fazenda Além do plantio de mudas nativas do Cerrado, foram feitas curvas de nível, o que ajudou a evitar o avanço da erosão. Um trabalho que valeu a pena, segundo o proprietário da fazenda. Um exemplo a ser seguido. “É a nossa maior satisfação e o nosso maior lucro foi conseguir ver que ela está se recuperando, que a flora está recuperada. E eu me sinto realizado porque foi um serviço árduo, mas um serviço que deu resultado. Com isso quem não se sente realizado? Principalmente eu que gosto muito da natureza, da parte de meio ambiente, gosto das árvores, do verde, dos animais, das aves, então me sinto totalmente realizado hoje com isso aí”, comentou o fazendeiro Milton Frias. Segundo Bloco: Apresentadora – chamada do segundo bloco Desmatamento, erosões, mineração, entre outras ações negativas afetam as espécies existentes no rio Araguaia e reduzem a biodiversidade. Apesar disto, a verba destinada pelo Governo Federal para preservar o rio Araguaia é de apenas R$ 300 mil. Muito pouco, mas ainda existe esperança com a elaboração do Plano de Desenvolvimento do Araguaia. 186 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Expedição ao rio Araguaia Em julho de 2008 autoridades dos governos estadual e federal, e parlamentares vistoriaram de barco a área das nascentes do Rio Araguaia Durante a expedição à região no início de julho (de 2008), autoridades, ambientalistas e jornalistas puderam constatar as modificações causadas pelas voçorocas. A contenção das erosões não evitou o represamento das águas do rio Araguaia em suas nascentes. O cenário é inspirador, mas a realidade aqui é outra. “Acho que esse aqui é o primeiro grande impacto que o Araguaia sofre. Apesar de ser uma região aparentemente bem preservada, sofre esse impacto silencioso porque esse não é um lugar de densidade humana alta, não tem ninguém aqui, mas de repente uma única voçoroca represou o rio e conseguiu destruir grande parte da mata de galeria desta região. Então, mudou este ambiente. Era um ambiente que o Rio Araguaia corria no leito normal, no leito definido e passou a correr num leito espairado, como você está vendo aqui, essa área é um tipo de pantanal, uma área que antes era seca”, explica Leandro Silveira, presidente do Instituto Onça Pintada, organização não governamental que trabalha na proteção desta espécie da fauna brasileira ameaçada de extinção. Leandro Silveira O presidente do Instituto Onça Pintada, Leandro Silveira, alerta para as consequências do represamento do Rio Araguaia no trecho das nascentes PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 187 Álvaro Duarte Jornalista Álvaro Duarte durante a expedição à nascente do Rio Araguaia “Nós já percorremos três horas descendo o Rio Araguaia de barco e ainda faltam mais sete para que possamos chegar ao município de Santa Rita, destino final da nossa expedição. Do lado direito, Goiás. Do lado esquerdo, onde estou, Mato Grosso e toda uma extensão de terra que divide os dois estados ainda protegida. A soja e a cana de açúcar ainda não chegaram por aqui e os ambientalistas esperam que por aqui também nunca cheguem. É que o projeto do IBAMA prevê que esta extensão seja transformada em corredor ecológico, protegido por lei, garantindo, assim, a preservação da fauna e flora do cerrado, do Rio Araguaia e, principalmente, garantindo que futuras gerações possam ter acesso a este bioma considerado um dos mais ricos em biodiversidade do planeta”, disse o repórter Álvaro Duarte em uma das pausas da expedição. Estudos feitos pela Universidade Federal de Goiás apontam que restam apenas 27% da vegetação da Bacia do Rio Araguaia. Isto vem causando alterações ambientais drásticas e rápidas, que afetam as espécies existentes na região e reduzem a biodiversidade. Para preservar a fauna, flora e garantir a qualidade das águas do rio Araguaia é necessária a integração entre os governos federal, estaduais e municipais. Esta foi uma das constatações da expedição à nascente do rio. Um Plano de Desenvolvimento do Araguaia deve ficar pronto até o final do ano (2008). Quem garante é o diretor da Agência Nacional das Águas (ANA), Dalvino Trocolli Franca, presente à expedição: “Tem tido a participação dos diversos governos envolvidos na bacia, componentes da Bacia do Araguaia e também do Ibama. Esse trabalho especificamente é o de maior relevância porque a gente garante a produção de água e define uma forma de preservação das nascentes, de onde nós saímos, lá de cima, com um custo relativamente bem inferior a qualquer recuperação de qualquer outra área bastante degradada. O papel fundamental da agência é ter uma negociação entre os diferentes usuários de água e ações como essa envolvendo os produtores agrícolas, governos estaduais e municipais e as entidades não governamentais, às vezes até aparentemente com outras finalidades, mas que se inter-relacionam e que dão um produto final muito significativo”. 188 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Dalvino – ANA) O diretor da Agência Nacional de Águas, Dalvino Franca, cobra maior parceria entre as diferentes esferas de governo no trabalho de preservação do Rio Araguaia O Plano de Desenvolvimento do Araguaia está na fase final de elaboração e prevê a implantação de programas de ações para evitar ou minimizar os impactos ambientais até 2025. Os estudos feitos apontam que 58% das águas dos rios da região, inclusive o Araguaia, são utilizadas para irrigação; 13% para o abastecimento humano e 21% para dessedentação animal, além de indústrias e mineração, em menor quantidade, mas não de menor impacto ambiental. Um fator que preocupa as autoridades. Gráfico do Plano de Desenvolvimento do Araguaia Demandas Hídricas CENÁRIO NORMATIVO DIAGNÓSTICO 2% 4% 6% 10% 13% 58% 12% 55% 21% 19% Irrigação Vazão de Retirada 102 m³/s Dessedentação Animal Abastecimento Humano Vazão de Retirada 223 m³/s Indústria Mineração Os estudos feitos pela Agência Nacional de Águas demonstra um dado preocupante: 58% dos recursos hídricos da Bacia do Rio Araguaia são utilizadas para irrigação. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 189 Outros problemas apontados pelos estudos feitos pela ANA até agora são desmatamentos e práticas agrícolas inadequadas que levam ao aparecimento de erosões, falta de saneamento básico, exploração mineral excessiva, turismo sem infraestrutura adequada e desarticulação de políticas públicas. Problemas comuns em vários mananciais brasileiros, principalmente da Região Centro-Oeste. E um exemplo disto é a falta de conhecimento da biodiversidade da região do rio Araguaia e do próprio Cerrado. “Foi uma surpresa porque eu também não conhecia, é a primeira navegação que eu faço em 25 anos que eu moro aqui, confesso que fiquei surpreso. As matas ciliares estão preservadas, com alguns problemas que nós enfrentamos com voçorocas, está preservado e fico muito feliz pelo o que a gente está vendo. Acho que o Rio Araguaia em sua cabeceira, em sua totalidade, tem mais de 90% de toda mata ciliar preservada e nós temos que continuar fazendo este trabalho de conscientização, principalmente dos produtores para que mantenham esse tratamento da nascente do Rio Araguaia, que é um dos rios mais importantes do Brasil”, disse João Sperandio, prefeito de Alto Taquari, Mato Grosso na época da reportagem. O Araguaia é considerado um dos mais importantes do Brasil, mas para o Programa de Revitalização do Rio foram destinados este ano (2008) apenas R$ 300 mil. “R$ 300 mil é muito pouco, e é o que está posto no orçamento e eu penso que a partir deste ponto de vista, desta constatação, que iremos relatar ao ministro Minc, com a sensibilidade e o conhecimento que ele tem, evidentemente na preparação do orçamento do ano que vem nós vamos brigar para que esses recursos sejam aumentados e efetivamente aplicados na conservação da bacia, porque como eu mencionei, diferentemente de outras áreas, o investimento principal é na recuperação. Aqui nós poderíamos ter um investimento muito menor com resultados muito grandes em manutenção das condições que ainda existem”, explicou Vicente Abreu, secretário Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente. Vicente Abreu “Vamos brigar para aumentar os recursos destinados para a preservação da Bacia do Rio Araguaia”, afirmou o secretário Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Vicente Abreu 190 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 O deputado federal do PT/GO, Pedro Wilson Guimarães, avisa que irá brigar por mais recursos para a preservação do rio Araguaia. “O papel do governo é de colocar mais recursos, de colocar projetos concretos e também do Congresso aprovar ou emendar. E nós estamos dispostos, na bancada de Goiás, ou de verba pessoal, que eles chamam de emenda parlamentar, da gente colocar mais recursos no sentido de revitalização, mas também apoiar grupos, como esta ONG Onça Pintada, apoiar a prefeitura de Alto Taquari, de Mineiros, Alto Araguaia, Santa Rita, de Chapadão do Céu, porque também de nós conversarmos com outros organismos estaduais e municipais, a SEMARH de Goiás, que tem todo interesse e com isso poderemos ter não só no Governo Federal, mas outras ações estaduais e municipais e ações da sociedade, também buscar neste sentido”, disse o deputado federal Pedro Wilson. Há pouco mais de dois meses na coordenação do Programa de Revitalização da Bacia Araguaia-Tocantins, do Ministério do Meio Ambiente, Solange Iqueda admite que é necessário buscar mais recursos. Ela não conhecia a região da nascente do rio Araguaia. Ficou impressionada com o que viu, mas diz que é preciso identificar a necessidade de conservação da bacia. “Araguaia-Tocantins, como está em cada pedaço, como pode ser mobilizado para melhorar, conservar ou preservar o que já existe. Então, neste sentido estamos fazendo ainda uma rodada de diálogo, para ver a necessidade ou não dessa conservação e por estas belezas e por esse diagnóstico nós vimos que precisa de fato ser conservado áreas como essa”, explicou Solange Iqueda, coordenadora do Programa de Revitalização da Bacia Araguaia-Tocantins do MMA. Por outro lado, a criação de um corredor ecológico na região do entorno do Parque Nacional das Emas onde estão as principais nascentes do rio Araguaia é um alternativa. Para colocar isto em prática, o IBAMA de Goiás assinou Termos de Ajustamento de Conduta com fazendeiros da região e espera conseguir a adesão das 120 propriedades rurais notificadas por terem passivo ambiental. Ou seja, desmataram Áreas de Preservação Permanente (APPs), matas ciliares, entre outros problemas, e que agora têm a oportunidade de colaborar com a preservação da região ajudando a criar o corredor ecológico. “O que a gente abre agora é uma possibilidade concreta, pactuada com ações e prazos pré-determinados para adequação definitiva de todo e qualquer passivo ambiental que foi se acumulando ao longo de décadas. Então, a gente está com uma expectativa boa, até o momento nós já firmamos mais de 50% dos TACs. Você pode perfeitamente planejar isto e fazer com que uma área dessa definitivamente se transforme em um corredor de biodiversidade, onde você vai ter ambientes bem protegidos, você vai ter conexão de áreas e você vai inclusive ampliar a sobrevida do parque nacional das emas ou de qualquer outra unidade de conservação que venha a ser alvo de um trabalho de planejamento deste. Uma unidade só, de qualquer tamanho que ela seja, ela continua pequena para todas as necessidades ecológicas que ela tem”, explicou o superintendente do IBAMA/GO, Ary Soares dos Santos. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 191 Ary Soares O superintendente do IBAMA/GO, Ary Soares, quer parceria com fazendeiros da região para criar corredor ecológico do rio Araguaia “Dentro do projeto Pró-Legal do Ministério do Meio Ambiente e coordenado pelo IBAMA, já foram identificadas as áreas prioritárias para, inclusive, possibilitar a recomposição da reserva legal extra propriedade. E que, neste caso, é exatamente para formar esse corredor ecológico e compor estas áreas prioritárias ambientalmente”, explicou o procurador da República, Cláudio Camárcio, que também participou da expedição. A expectativa é que com o corredor ecológico seja preservada uma área de 140 quilômetros às margens do Araguaia. O trajeto foi percorrido de barco pelas autoridades e aqui eles puderam observar um santuário ecológico onde as araras conseguem se reproduzir longe da presença do ser humano. Ainda bem que ações como essa e tantas outras estão sendo colocadas em prática. Uma chance a mais para preservar as belezas do rio Araguaia. Mas cada um deve fazer a sua parte. Araras Araras que vivem na região estão ameaçadas se não houver um plano de manejo sustentável 192 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Área preservada do rio Neste trecho do Rio Araguaia as matas ciliares ainda estão preservadas · Autoridades descendo de barco As autoridades que participaram da expedição pelas nascentes do Rio Araguaia ficaram impressionados com o que viram Terceiro bloco: Apresentadora – chamada terceiro bloco Aruanã, Luiz Alvez, Bandeirantes, Cocalinho, Aragarças. São algumas das cidades mais procuradas pelos turistas nesta época do ano (período de junho a setembro), quando belas praias de areia branca se formam ao longo do rio Araguaia. Mas alguns problemas preocupam as autoridades: o lixo deixado pelos turistas e a pesca predatória. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 193 Praias do araguaia O aparecimento das praias ao longo do Rio Araguaia acontece entre junho e setembro, no período da seca Julho. Mês de temporada no Araguaia. O volume de água do rio diminui em função da seca e formam belas praias de areias brancas. Ao longo do rio Araguaia surgem acampamentos com pouca ou muita infra-estrutura. Não importa. O bom por aqui é aproveitar o que a natureza oferece. São milhares de turistas que praticamente se mudam para as cidades ribeirinhas. Muitos são atraídos pela grande variedade de peixes. E apesar de ser considerado um dos rios mais piscosos do mundo, o Araguaia enfrenta uma diminuição do estoque natural nas últimas décadas. Culpa da pesca predatória e descontrolada. Por isso mesmo, ações do Governo Estadual de Goiás buscam alterar esta realidade, com um controle maior sobre os pescados. De acordo com então secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Goiás – SEMARH-, José de Paula Morais Filho, “a fiscalização ostensiva e intensiva neste período do ano é exatamente visando, além da punição pura e simples, uma orientação, numa abordagem com qualidade, mostrando para as pessoas a necessidade de se estabelecer certos procedimentos para garantir o que todos nós vamos buscar no rio Araguaia, que é a piscosidade. Nós vamos buscar peixes, buscar aventura, a paz e tranqüilidade junto de um ambiente preservado e que motive a nossa geração e as futuras gerações a freqüentar aquele lugar tão apreciado pelo povo goiano”. 194 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Acampamentos No período da temporada surgem centenas de acampamentos nas praias do Rio Araguaia Lixo deixado por turistas Muitos turistas ainda insistem em deixar um rastro de sujeira nas praias do rio Araguaia PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 195 O lixo produzido pelos acampamentos é outro problema sério. O trabalho de conscientização de ribeirinhos e turistas tem sido constante e garantido alguns resultados positivos. Em muitos acampamentos é feita a separação do lixo e o acondicionamento correto. Mas em outros tem gente que insiste em deixar um rastro de sujeira para trás. Aruanã é a porta de entrada para o rio Araguaia em Goiás. A cidade recebe todos os anos milhares de turistas em busca de sossego ou diversão. Fica ao gosto do freguês. “Estamos trabalhando em parceria com o Governo Federal, através da Agência Nacional de Águas, do IBAMA e o próprio Ministério do Meio Ambiente, mais especificamente a Secretaria Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, através do Programa de Revitalização da Bacia Tocantins-Araguaia, para juntos, o Estado de Goiás, através da Polícia Militar, da Polícia Civil e outros parceiros, a Secretaria de Meio Ambiente, delimitarmos ações ou unificarmos ações para que tenhamos reais e efetivos resultados do ponto de vista da manutenção da qualidade ambiental do Rio Araguaia”, informou o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás, José de Paula Morais Filho. Aruanã Aruanã é a porta de entrada para o rio Araguaia em Goiás Entre os locais mais procurados pelos turistas nesta época do ano estão Luiz Alves, a 520 quilômetros de Goiânia, São José dos Bandeirantes, Nova Crixás, Aragarças e Barra do Garças e Cocalinho, no Mato Grosso. Praias As praias surgem em vários trechos do Rio Araguaia 196 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Praias Rio Araguaia Luis Alves, distrito de São Miguel do Araguaia, é um lugar de rara beleza. Aqui é possível observar espetáculos da natureza como dos botos cercando um cardume de peixes. Já em Cocalinho, no Mato Grosso, a 400 quilômetros de Goiânia, a vegetação e fauna da região do Araguaia caracterizam-se pela transição entre dois grandes ecossistemas brasileiros: o Cerrado e a Floresta Amazônica. A partir daí, a natureza se encarrega de nos apresentar diferentes paisagens: os campos e os cerrados, as matas ciliares e a floresta pluvial tropical. Matas ciliares Ao longo do Rio Araguaia ainda é possível ver matas ciliares preservadas PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 197 Matas A floresta pluvial é uma das características da vegetação da Bacia do Rio Araguaia A diversidade dos ecossistemas protegidos pelo Parque Nacional do Araguaia favorece o estudo da fauna e da flora por biólogos, ornitólogos e cientistas. O parque, que fica no Tocantins, possui mais de 2 milhões e 200 mil hectares. Ao navegar pelo rio Araguaia é possível encontrar diversos lagos, por sinal, muito procurados por pescadores. Como o Dumbá, no município de Cocalinho. No caminho encontramos as margens do rio ainda preservadas. No trajeto é possível observar uma grande variedade de pássaros. O lago Rico é outro local pra lá de especial. Quando o rio baixa, surgem praias onde os animais podem ficar sem serem incomodados. Os ovos que estavam no ninho de tracajá foram devorados por uma raposa e pelo gavião, ciclo natural existente na natureza. Como por aqui o homem não interfere, o lugar se torna ideal para a reprodução de animais. Tartarugas Os lagos do Rio Araguaia são santuários ecológicos, onde as tartarugas de água doce e outros animais conseguem se reproduzir sem a interferência do ser humano 198 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Jacaré Os jacarés são facilmente encontrados em alguns trechos mais preservados do Rio Araguaia E o rio Araguaia nos reserva outras surpresas. Em Baliza, onde estão os canyons do rio Araguaia, próximo à Pedra Branca, no lado do Mato Grosso, está uma cachoeira de água quente. Canyons Os canyons em Baliza foram uma paisagem única em Goiás Na margem esquerda do Araguaia, no município de Torixoréu, no Mato Grosso está a gruta da Loca. São quase 200 metros quadrados de gravuras rupestres. Os vários círculos, tridentes e senoidais parecem muito mais que simples registros da rotina dos antigos habitantes. Ao longo do rio Araguaia existem milhares de lagos e lagoas, com uma rica biodiversidade. Pesquisadores catalogaram 506 espécies de aves, 35 de mamíferos e 20 de répteis. Aqui as tartarugas de água doce desovam e os peixes em época de PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 199 piracema sobem em cardumes o rio Araguaia. Fartura para os botos, presa fácil para os pescadores. No período da piracema a pesca é proibida e a fiscalização redobrada. Só assim para manter o equilíbrio ecológico do rio. Ação mais do que necessária para preservar o rio Araguaia. E em época de temporada, de muitos turistas, não custa lembrar para que cada um faça a sua parte. Deixando as praias limpas, sem desmatar, sem destruir. Deixando apenas pegadas e levando para casa apenas boas lembranças.... Araguaia Pôr do sol no Araguaia Apresentadora – encerramento do programa: Para preservar as belezas do rio Araguaia é preciso que a população ribeirinha, turistas e autoridades façam a sua parte. Com políticas de desenvolvimento sustentável e cuidados simples, como recolher o lixo nos acampamentos. A ordem no Araguaia é deixar apenas pegadas e levar apenas boas lembranças. E não se esqueça: preservar o Cerrado é preservar rios como o Araguaia. Colabore com a Campanha Bioma Cerrado: Patrimônio Nacional! Abrace essa idéia. 200 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Modalidade Imprensa Rádio Projeto: Conexão Ambiental Premiado: Emmerson Alexandre Kran Programa Conexão Ambiental A concepção No dia 10 de novembro de 2007, a Rádio Difusora de Goiânia transmitia – ao vivo – a primeira edição do Programa Conexão Ambiental. Criado com o compromisso de divulgar, com responsabilidade e ética jornalística, ações e projetos que visem aumentar a qualidade de vida do ser humano, o programa Conexão Ambiental se propõe a seguir o caminho das mídias preocupadas em discutir e debater o futuro das gerações, e o equilíbrio da vida no planeta. É urgente e necessário o despertar do ser humano para ações que viabilizem a continuidade de sua própria vida na Terra. Essa é a nova ecologia humana, holística e sistêmica, na qual a construção social está intimamente ligada à idéia de uma sociedade sustentável. Comunicar rumo ao futuro, não apenas com o objetivo de debater e viabilizar a sobrevivência. Comunicar para se construir, no hoje, a ponte das idéias e atitudes que tornará a vida repleta de riqueza, abundância e prosperidade, respeitada em todas as suas manifestações, visíveis e aparentemente invisíveis. Sobre “o antes” O programa foi parte de um grande projeto chamado Águas do Meia Ponte, que concorreu ao primeiro edital do Programa Petrobrás Ambiental, em 2004, embora não tenha sido contemplado. A proposta – que ainda existe enquanto projeto – era a de se construir uma rede de informação e educação ambiental tendo como ferramenta metodológica a Educomunicação. Mobilizar, construir e agir dentro da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte, na perspectiva de, a longo prazo, construir uma relação de mudança de comportamento do ser com o rio. O projeto ainda não foi contemplado, mas sua implantação aguarda – firme – o aparecimento de outras oportunidades. Na época, pensou-se no programa de rádio como pano de fundo do projeto geral. Ele seria a linha condutora do diálogo com todos os parceiros ao longo da bacia. No conjunto, haveria ainda uma página na Internet, um jornal impresso e uma relação estreita com as Rádios Comunitárias. Na Internet, haveria ainda um espaço desenvolvido para que crianças e jovens pudessem escrever, “pintar e bordar”. Colocar suas impressões sobre o que sentiam sobre o projeto, sobre o rio, sobre a vida. Mais que abandonar métodos e ferramentas tradicionais, o principio central era apostar no potencial da população, enquanto cidadãos; compreender a situação de risco a que todos nós estamos submetidos devido à degradação daquele meio ambiente, urbano e rural, e, assim, desenvolver ações que interrompam este processo. Apesar de uma certa frustração – após tanto empenho, trabalho e desejo de desenvolver uma idéia com tamanha envergadura – não houve desistências. Exatos três anos depois, após uma série de reuniões com a direção da Rádio Difusora de Goiânia, conquistamos o espaço tão almejado. Sobre “o nome” Originalmente, antes mesmo de entrar no ar, o nome do programa seria Águas do Meia Ponte. Parte integrante do projeto maior, a idéia era preservar um nome – até mesmo por razões sentimentais. Isso chegou a provocar calorosas discussões dentro do grupo, que envolveram, até mesmo, alguns publicitários que buscamos para – juntos – abraçar a idéia. Para alguns a idéia do nome fechava a proposta em trabalhar somente com o Rio Meia Ponte, o que não era verdade. O nome era uma PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 203 homenagem, mas apenas uma única pessoa gostava e aprovava. Mas isso logo mudaria. Ao longo de semanas, a necessidade de mudar o nome significava ter um nome, uma imagem, uma idéia que representasse conceitos conhecidos e fundamentados dentro do ambientalismo. Foi quando surgiu o termo CONEXÃO AMBIENTAL. Na opinião do grupo, o termo conseguiu sintetizar – de forma abrangente – a proposta de trabalho que iria ser iniciada. Sobre a comunicação De forma adequada, delegados da I Conferência Nacional de Educação Ambiental, em 2003, na capital federal, precisaram, de forma realística, o tratamento que os meios de comunicação dispensavam à questão ambiental, ainda que de maneira insuficiente, levantaram os seguintes itens: • O monopólio dos meios de comunicação leva à uma dificuldade de divulgação da temática ambiental e das reais causas da degradação ambiental; • O despreparo dos profissionais da comunicação nas questões ambientais e muito mais em relação à educação ambiental; • O consumismo desenfreado incentivado pelas indústrias tendo a propaganda como forte delineador de hábitos e costumes; • O alto custo da informação veiculada pela televisão; • Insuficiência de material de divulgação sobre a questão ambiental; • A informação sensacionalista que reduz o tema ambiental ao âmbito eminentemente ecológico; • A pouca utilização que os órgãos como IBAMA fazem dos meios de comunicação para o processo educativo; • A inexpressividade dos poucos programas ecológicos/educativos existentes; • Os programas infantis, veiculados pela televisão com grande apelo à violência; • Ausência de políticas públicas de comunicação nos estados, com extensão à área ambiental. Os limites destas conclusões estão em condenar o “monopólio dos meios” e, ao mesmo tempo, resmungar contra “o alto custo da informação veiculada pela televisão”. Esquece a Conferência que uma questão está ligada à outra. Com a agravante de que as pautas políticas, para o meio ambiente, estão vinculadas ao modelo econômico, de desenvolvimento e de consumo. “Moderno e democrático”, no Sudeste; e quase sempre feudal, no Centro-Oeste, Norte e Nordeste. A informação ambiental contribuiu para a perspectiva não apenas de trabalho, mas de abordagem profunda e atenta sobre contextualidades, sem a qual torna-se impossível compreender a informação e seu objeto de análise. Esta informação acompanha o modelo de segmentação da programação dos meios de comunicação, necessária e urgente. Na mesma tendência, pôde a Internet dar a maior contribuição no sentido de permitir que Ong´s, instituições, grupos e mesmo pessoas de forma isolada, pudessem escrever e publicar material de conteúdo ambiental na rede. Sobre “quem” Existe um clima de abundância dentro do processo de construção de cada pauta até o término de cada programa. Dias Mendes, Emmerson Kran e Rodrigo Leles são profissionais que se completam dentro dessa dinâmica. Há uma sintonia que ultrapas- 204 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 sa o fazer profissional e, de forma sutil, atinge o espiritual, parte essencial e integrante na relação do grupo que – em alguns momentos – necessita sentar e discutir detalhes da relação profissional. Em 2007, já em fase de garantir o espaço na Rádio Difusora, Dias Mendes ainda não estava no grupo. Buscava-se um terceiro elemento fundamental para a dinâmica proposta pelo projeto. “Eu estava passando pelo centro de Goiânia, de ônibus, quando vi o Dias numa parada de ônibus. Sem pestanejar, liguei pro Rodrigo e sugeri o nome dele. Ligamos pra ele na mesma hora”, relembra Emmerson. Mesmo antes de trabalharem juntos no Conexão Ambiental, os três já eram amigos de longa data. Momentaneamente afastados, o projeto reuniu, novamente, o trio que já atuou, dentro e fora da área da Comunicação, em diversos outros momentos. Três cavaleiros. Isso resume uma relação profissional que também é determinada por uma sintonia que é espiritual, fundamental para o desempenho deste trabalho. Profundo respeito e a decisão de serem mutuamente convencidos quando o erro é visível. Sem patrão, nem donos, esses comunicadores assumem suas convicções diante da vida e do árduo compromisso de fazer, primeiramente, pelo prazer diante de uma tarefa nova em todos os seus matizes. O programa Existe uma sintonia de produção e de função dentro do programa. A ausência de um dos elementos determina um abacaxi, misturado com angu-de-caroço, difícil de ser digerido... Dias Mendes é o tato sutil na apresentação. Dinamismo e espontaneidade são características que o mantém leve e sintonizado com tudo que ocorre nas entrevistas e debates do programa. Pescador exímio – inclusive nas histórias – aproveita de forma humorística qualquer detalhe deixado pelos entrevistados. Do grupo, é que mais apresenta experiência no rádio. Emmerson Kran é o devorador de livros, artigos, matérias e demais materiais sobre a temática ambiental. Tendo cursado especialização em Educação Ambiental pelo IESA/UFG, ele cuida de apresentar as pautas ao grupo para que se decida por qual seguir. Faz a dobradinha com Dias no estúdio. É o mais turrão e estourado do grupo, embora não pareça. Rodrigo Leles é o diretor na concepção mais literal do termo. Responsável pela paz e o equilíbrio das partes, especialmente quando os ânimos estão exaltados. Corta, emenda e acrescenta. Conhecedor íntimo das sutilezas do fazer político, costura gestos, palavras e conceitos – consistentes e profundos – enriquecendo os debates. Essa química é responsável pela qualidade reconhecida do programa. Nossos convidados Uma diversidade de especialistas já passaram pelo programa. Foram mais de 100 em 1 ano e 4 meses (04/2009). Doutores das nossas academias, gestores públicos, “ongueiros”, guerreiros, professores, profissionais liberais, monges, enfim... essa gama de seres humanos é que tem construído o alto nível dos debates apresentados, semanalmente, aos ouvintes da Rádio Difusora. Essa diversidade é que dá ao programa o nível da informação debatida. A escolha dos debatedores e entrevistados segue o mesmo ritmo de pesquisa em que são feitos os roteiros. Cada especialista é devidamente checado segundo suas competências. Isso representa a busca de uma informação confiável. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 205 A pauta Decidir pelo tema para cada programa nunca foi complicado. A gama de assuntos é de longe a menos preocupante na hora da produção. Muitas vezes a quantidade de assuntos faz com que percamos a factualidade de alguns devido a essa particularidade da pauta ambiental. O editorial do programa é algo delicioso de ser feito. É um misto de dados, estatísticas, impressões próprias, citações de especialistas ou anônimos, enfim, um apanhado de várias fontes que termina num texto rico, direto e objetivo. A produção do programa é feita entre as refeições, no intervalo do cafezinho, à noite... Geralmente logo no início da semana temos fechado pauta e nossos convidados. Acontece de na tarde de sexta-feira a pauta cair. No início era um desespero, hoje, o plano “b” está sempre na manga. Pra chegar a isso foi fundamental o acúmulo da experiência, e aceitar o desafio. Destaque para a pauta sobre a série de três programas sobre a polêmica envolvendo a APA do João Leite e o Projeto Goiânia 3º Milênio. Um tipo de iniciativa rara de se ver na imprensa goiana. Outro destaque foram os debates sobre a questão do trânsito/mobilidade urbana. Assunto da mais alta urgência que é levado sem a devida importância por nossos governantes. Se por um lado, o Conexão Ambiental preza pela qualidade dos debates e de seus debatedores, estes ainda brindam o programa trazendo convidados extras do mais alto nível, alguns deles especialistas de países como Alemanha e França. O patrocínio Vender cota de patrocínio de um projeto como o Conexão Ambiental é tarefa incansável. É um programa que ao longo de 2008 lançou em terra fértil um produto que há muito faltava no rádio goiano. No passado outros companheiros de jornada ambiental se dispuseram em várias tentativas em consolidar projetos semelhantes. Em sua maioria, esses programas também tiveram a mesma que temos hoje. É nesse ponto que a parceria com a Rádio Difusora alavancou um produto midiático, ocupando uma lacuna de valor incalculável em tempos de discussão séria sobre o futuro da humanidade. Uma crise econômica muito mais ambiental e social Os últimos estudos sobre o Cerrado feitos pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da UFG dão conta de números preocupantes. Até 2050 Goiás irá perder um total de 10 Distritos Federais, ou seja, a metade de sua flora. Some-se a isso a falta de definição de políticas energéticas que deem conta do futuro. Não viveremos de hidrelétrica somente, principalmente do impacto que as maiores causam. Desperdiçamos tempo e recursos em não definir políticas para a energia eólica, solar, marés, biomassa, etc. Enquanto isso, Angra III segue em frente e as termelétricas mais se parecem com verdadeiras Mad Marias1. A síndrome carcinógena do capitalismo deu sua maior prova àqueles que não estavam presentes na Wall Street de 1929. 1 - Minissérie exibida pela Rede Globo em 2005. De Benedito Ruy Barbosa com direção de Ricardo Waddington, foi gravada na Região Norte do País. Baseada na obra homônima de Márcio de Souza, retrata a feitura da estrada de ferro Madeira-Mamoré, em 1912. 206 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 ... um sistema que permite a um homem sozinho de ditar, à beira de sua piscina, a sorte de uma moeda ou o destino de uma economia? E, se nada decididamente se opõe a este novo feudalismo ...Viver com o caos é o luxo dos que o caos preserva ( HALIMI, 1993: 96)2 A humanidade hoje consome 20% mais recursos naturais do que a Terra é capaz de gerar, diz o relatório Planeta Vivo do WWF. Em Mumbai, capital financeira da Índia, existe um bairro na periferia chamado Dharavi: 1 milhão de habitantes. O bairro de Neza-Chalco-Itza, na Cidade do México, tem o quádruplo de habitantes. Em Dharavi 15 seres humanos costumam dividir 28 metros quadrados entre si para viverem. A população mundial levou dezenas de milhares de anos para chegar ao primeiro bilhão, em 1830. Mas bastaram 97 anos para dobrar, em 1927. Para o terceiro bilhão, em 1960, só foram precisos 33 anos. Para o quarto (1974), só 14 anos. 13 para o quinto, em 1987, e 12 para o sexto, em 1999. Agora, estamos com cerca de 6,7 bilhões, dos quais 1,3 bilhão na China, 1,2 bilhão na Índia, 380 milhões nos Estados Unidos e 234,3 milhões na Indonésia.O Brasil é o quinto país mais populoso, com 189,6 milhões, mas até 2050 será superado pela Nigéria e Bangladesh, quando, segundo os demógrafos da ONU, a população mundial deverá estar entre 8,5 e 9 bilhões.3 Em fevereiro desse ano, um bloco de gelo de 14 mil quilômetros quadrados, maior que a ilha do Havaí, 8 vezes maior que a cidade de São Paulo e aproximadamente 19 vezes o de Goiânia, se desprendeu da Plataforma de Gelo Wilkins, na Península Antártica. Uma “pedra” cantada se estivesse num jogo, e talvez estejamos, só que brincando com coisa séria. O que o mundo, pessoas, governos, empresas, instituições estão fazendo ou irão fazer, de certa forma é necessário e urgente, mas o planeta como organismo vivo e pleno de vida está ferido e há muito desencadeou seu processo de auto-cura. Se aqui estaremos ou não, é à nossa consciência que esta pergunta remete, como um grito de esperança e fé. 2 3 - HALIMI, Serge – “Em attendant les saltimbanques”, in Manière de Voir 19/ Le Monde Diplomatique p.96, Paris, setembro-93. Halimi é diretor de redação do Le Monde Diplomatique (França). NOVAES, Washington – “Quantas pessoas cabem no mundo?” – Jornal O popular – 19/02/09. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 207 Conexão Ambiental Temas e Convidados 1 – Panorama ambiental de Goiânia – 10/11/2007. • Clarismino Luiz Pereira Júnior – Presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente/AMMA. 2 – Alimentação Orgânica – 17/11/2007. • Lisbeth Oliveira – Professora da UFG e Presidente da Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica-GO. • Claudia Araujo Moreira – Engª Agrônoma, diretora técnica da ADAO-GO. 3 – Trânsito e mobilidade urbana – 24/11/2007. • Horácio Mello – Diretor do DETRAN-GO. • Antenor José de Pinheiro Santos – Jornalista, ex-superintendente da SMT. • José Carlos Xavier – Engº Civil, Ex-secretário Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades. 4 – Cerrado, que sustentabilidade queremos? – 01/12/2007. • Odete Ghannan - Gerente de Ações Ambientais Integradas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh). • Ary Soares dos Santos - Superintendente do IBAMA em Goiás. 5 - Coleta seletiva e políticas públicas em meio Ambiente – 08/12/2007. • Sergio Alberto Dias da Silva – Vereador/PT. • Ailson Alves da Costa - Chefe do Departamento de Coleta e Remoção da COMURG. 6 - Bioma Cerrado e PEC 115/95: preservar, conservar – 15/12/2007. • Pedro Wilson Guimarães – Deputado Federal/PT • Dra. Selma Simões de Castro – Geógrafa - IESA/UFG 7 - Meio Ambiente e Espiritualidade – 22/12/2007. • Hélyda Di Oliveira – Diretora Geral da Unipaz-GO • Vraja Dharma – Monge Hare Krishna 8 - Meio Ambiente e Espiritualidade – 29/12/2007. • Pedro Guinji Anabuki - Presidente da Comunidade Budista de Goiânia – Jôdo Shinshu Honpa Hongwanji. • Sonia Maria Pereira Passos Vale - Presidente da Associação dos Preletores da Regional Goiás da Seicho-No-Ie do Brasil. Programas em 2008 9 - ONGs ambientalistas: Geoambiente – 05/01/2008. • Rogério Souto Cabral - Presidente do Conselho Deliberativo da Geoambiente • Michel Alves Stival - Diretor de Marketing Ambiental Geoambiente 208 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 10 - Água de beber: direitos e deveres – 12/01/2008. • Valcir Maria Batista – Professora do Ensino Médio e Educadora Ambiental • Adriano Paixão - Diretor de Licenciamento e Qualidade Ambiental da Agência Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Goiânia/AMMA. 11 - Degradação Ambiental e possíveis doenças decorrentes – 19/01. • Dra. Norma Esther Negrete Calpiñeiro – Ginecologista e Obstetra, Msc. Ciências Ambientais, especialista em Saúde Pública. 12 - Expansão Urbana e Meio ambiente: a cidade como palco de conflitos entre interesses públicos e privados - 26/01 • Marina Pignataro Sant´Anna – Vereadora/PT. • Sirlene Borba - Presidenta da Associação de Preservação do Parque Vaca Brava. 13 - Educação Ambiental – Uma pedagogia de sobrevivência – 02/02. • Dr. Eguimar Felício Chaveiro – Geógrafo - IESA/UFG • Benjamim Pereira Vilela – Geógrafo, Presidente da ONG Socioambientalista Jaracarandá da Pedra, membro fundador do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental e transdisciplinaridade do IESA/UFG. • Het de Sousa Cruz – Matemático e físico. Professor da rede municipal de educação 14 – Ong´s ambientais: Grupo Ecológico Guardiões do Verde – 09/02. • Carlos Antonio Araújo – Cabo-PM, Diretor-presidente do Grupo Ecológico Guardiões do Verde. 15 - Barragem do João Leite e projeto Goiânia 3º Milênio. Preservação e geração de empregos – 16/02 (1ºpgm). • Henrique Luiz de Araújo Costa - Engenheiro Agrônomo e Gerente de Proteção de Mananciais da Saneago. • Paulo Paiva – Engº Civil com ênfase em Saneamento Básico, especialista em Planejamento Urbano. Coordenador técnico do Fundo Estadual do Meio Ambiente (FEMA) e presidente do Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental do João Leite – Semarh-GO 16 - Barragem do João Leite e projeto Goiânia 3º Milênio. Preservação e geração de empregos – 23/02 (2º pgm). • Euler Morais – Secretário Municipal de Turismo-Goiânia-GO. • Osmar Pires Martins Júnior – Engº Agrônomo, biólogo, mestre em Biologia e Ecologia, professor universitário de cursos de graduação e de pós-graduação, presidente da Academia Goianiense de Letras. Foi secretário do Meio Ambiente de Goiânia – SEMMA (1993-96), perito ambiental do MP/GO (1997-2002) e presidente da Agência Ambiental de Goiás (2003-06). 17 – Turismo e Sustentabilidade – 01/03. • Cristiano de Oliveira - Gerente de Oportunidades de Investimentos e Produtos turísticos da AGETUR - Agência Goiana de Turismo 18 - Barragem do João Leite e projeto Goiânia 3º Milênio. Preservação e geração de empregos – 16/02 (3º pgm). • Emiliano de Godói - Engenheiro Agrônomo, Superintendente de Biodiversidades e Florestas da Semarh/GO. Doutorando em Agronomia. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 209 • Euler Morais – Secretário Municipal de Turismo-Goiânia-GO. 19 – Educação para o Trânsito – 15/03. • José Carlos Xavier – Engº civil, Ex-secretário Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades • Miguel Jorge Neto - Doutorando em Educação pela Universidade Católica de Santa Fé, professor de Novas Tecnologias Educacionais, coordenador do Projeto Educar para o Trânsito em Anápolis,coordenador do Programa Educando e Valorizando a Vida da UEG. • João Alves – Engº Civil, coordenador de Logística e Transporte da Presidência da República 20 – Dia Mundial da Água – 22/03. • Benjamim Pereira Vilela – Geógrafo, presidente da ONG Socioambientalista Jaracarandá da Pedra, professor do ensino médio, Mestrando em Geografia pelo Instituto de Estudos Sócio – Ambientais da Universidade Federal de Goiás, membro fundador do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental e Transdisciplinaridade do IESA/UFG. 21 – Mudanças Climáticas e sua influência na Agricultura – 29/03. • Pedro Luiz Oliveira Machado – Engº. Agrônomo, doutorado em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Agrícola de Viena, (Áustria) e pós-doutorado na GrãBretanha. Pesquisador da Embrapa em Goiás. É revisor de relatórios do Painel Intergovernamental da ONU para Mudanças Climáticas. • Manuel Eduardo Ferreira – Geógrafo, mestre em Processamento de Dados, Geologia e Análise Ambiental e doutorando em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). 22 – Mudanças Climáticas e seus efeitos na cidade – 05/04. • Rosidalva Lopes Feitosa da Paz - Física e Matemática pela Universidade Federal do Amazonas e especialista em Levantamentos Topobatimétricos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Atualmente é Superintendente da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Goiás. • Osmar Pires Martins Júnior - Agrônomo e biólogo, mestre em Biologia e Ecologia, professor universitário de cursos de graduação e de pós-graduação, presidente da Academia Goianiense de Letras. Foi secretário do Meio Ambiente de Goiânia, perito ambiental e presidente da Agência Ambiental de Goiás. 23 – Estatuto do Pedestre – 12/04. • Maria Aparecida de Siqueira – Vereadora/PT, Presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal. É psicóloga, pedagoga e especialista em Administração Educacional. 24 – ONG Ambientalista Rio Uru – 19/04. • Tomaz Campos - Advogado e administrador de empresas, com especialização em Direito Civil e Processual Civil, membro-fundador do Movimento Ambientalista Rio Uru e do Partido Verde em Itapuranga e conselheiro-diretor da ONG. 25 - Ação e futuro ambiental na perspectiva do instituto Serrano Neves – 26/04 • Paulo Mauricio Serrano Neves - Procurador de Justiça Criminal do Ministério Público de Goiás e Presidente do Instituto Serrano Neves de Educação Sócioambiental. 210 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 26 – Crise mundial de alimentos – 03/05. • Sergio Alberto Dias da Silva – Vereador/PT - Sociólogo, ex-Assessor de Assuntos Comunitários de Goiânia – na administração de Pedro Wilson – Membro da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal. 27 – Grupo de Arte Educação Vida Seca – 10/05. • Danilo Rosolem - Graduando de Geografia na UEG, é percussionista do grupo Vida Seca, das bandas Filhos de Saci e De Volta ao Samba. • Igor Zargov - Professor de percussão do Projeto Arte Educação da Fundação Jaime Câmara e músico do grupo Vida Seca. • Ricardo Roquete - Jornalista formado na Facomb-UFG, professor de percussão do Projeto Arte Educação da Fundação Jaime Câmara, participa da banda Minadágua e do grupo Vida Seca. • Thiago Verano - Agrônomo formado pela UFG, é professor de percussão no projeto Comunidade Legal em Aparecida de Goiânia e músico do grupo Vida Seca. 28 – Política ambiental de Goiás – 17/05. • José de Paula Moraes Filho – Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás - Semarh 29 – Reforma agrária e meio ambiente – 24/05. • Luis Afonso - Membro da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. O Luis é da cidade de Ipameri e também é um assentado. 30 - Política Ambiental Nacional – 31/05. • Ary Soares dos Santos - Superintendente do IBAMA em Goiás. 31 - Arte e Meio Ambiente – 07/06. • Eládio Garcia Sá Teles - Ex-Presidente da Associação Goiana de Cinema e Vídeo (AGCV), produtor cultural, diretor dos curtas “Espreita”, “A Caverna” e “A Lenda da Árvore Sagrada”. • Brasigóis Felício – Escritor e Jornalista. 32- Cidade: da cultura do improviso a uma cultura de planejamento – 14/06. • Virmondes Cruvinel Filho – Vereador em Goiânia pelo PSDC. Presidente da Comissão de Obras e Patrimônio da Câmara Municipal de Goiânia. • José Antonio Tietzmann e Silva – Professor das Universidades Federal e Católica em Goiás, doutor em Direito Ambiental e Urbanístico pela Universidade de Limoges. Mestre em Direito Ambiental pela Universidade Internacional da Andaluzia, mestre em Direito Ambiental e Urbanístico pela Universidade de Limoges. 33 – Monitoramento do Cerrado – 21/06. • Dr. Nilson Clementino Ferreira - Graduado em Engenharia Cartográfica pela Universidade Estadual Paulista, mestrado em Geoprocessamento pela Universidade de São Paulo e doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás. Atuou de 1995 a 2003 no Centro de Sensoriamento Remoto do IBAMA em Brasília, no monitoramento de desmatamentos na Floresta Amazônica. Atualmente é professor colaborador da Universidade Federal de Goiás e professor efetivo do Centro Federal de Educação Tecnológica Goiás. Responsável pelo desenvolvimento do Sistema Integrado de Alerta de Desmatamentos para o Cerrado. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 211 34 - Desenvolvimento econômico e sustentabilidade, caminhos de encontros ou desencontros – 12/07. • Cláudio Lopes Maia – Doutorando em História, professor do curso de História da UFG do Campus de Catalão. O professor Cláudio tem artigos publicados sobre questão camponesa, questão agrária e políticas agrícolas no Brasil. 35 – ONG Ambientalista 4 Elementos – 19/07. • Carmencita Tonelini - Bióloga e especialista em Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos e Líquidos e atual presidente da ONG 4 Elementos. • Clecio Gonçalves de Moraes - formado em Química é Conselheiro Fiscal. • Kelly Cristina dos Anjos Prado - formada em Química é Assessora Executiva da ONG 4Elementos. 36 – Grupo Arte e Educação “Bloco Boca do Lixo” – 02/08. • Gisele Gonçalves de Oliveira - Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UEG e professora de Biologia. • Cristiano Cunha - Acadêmico de Administração na Faculdade Latino Americana e representante do Coletivo Jovem de Meio Ambiental de Anápolis. 37 - Gestão ambiental e meio ambiente urbano – 09/08. • Thiago Camargo - Diretor de Gestão Ambiental da Agência Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Goiânia. Thiago Camargo é também Membro Titular da Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos do Conselho Nacional de Meio Ambiente. 38 - Rio Araguaia: conservar, preservar e educar – 16/08. • Antônio Alencar Sampaio - educador ambiental. Trabalha na coordenação do núcleo de educação ambiental do RAN, - Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios do Ministério do Meio Ambiente. 39 – Eleições e Meio Ambiente – 30/08. • Osmar Pires Martins Júnior - Engenheiro Agrônomo e Biólogo, mestre em Biologia e Ecologia, professor universitário de cursos de graduação e de pós-graduação e presidente da Academia Goianiense de Letras. Foi secretário do Meio Ambiente de Goiânia, (SEMMA), entre 1993 e 1996, perito ambiental do MP/GO entre 1997 e 2002, e presidente da Agência Ambiental de Goiás, entre os anos de 2003 e 2006 • Ricardo Barbosa de Lima - bacharel em Ciências Sociais pela UFG. Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela UnB. É professor da Faculdade de Direito da UFG (campus Cidade de Goiás), sócio do Instituto Brasil Central e pesquisador colaborador do Nupesc/Ser da UCG. Tem experiência na área de Sociologia do Conhecimento e Ciência Política, com ênfase em Direitos Humanos (econômicos, sociais, culturais e ambientais). Atua em temas como: educação em direitos humanos, comportamento eleitoral, métodos e técnicas de pesquisa e violência criminalizada. 40 – CONGEA - Congresso Goiano de Educação Ambiental – 06/09. • Eguimar Felício Chaveiro – Doutor em Geografia. Professor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da UFG. • Benjamim Vilela - Geógrafo - Professor do Colégio SEG, Presidente da ONG Socioambientalista Jacarandá da Pedra, membro fundador do NUPEAT - IESA - UFG (Núcleo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental e transdisciplinaridade). 212 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 Mestrando em Geografia pelo Instituto de Estudos Sócio - Ambientais - IESA da UFG, com pesquisa em Educação Ambiental. 41 - Educação Ambiental: o desafio de educar para o ambiente – 13/09. • Beatriz de Paula Alvarenga - Geógrafa e pós-graduada por formação e ambientalista por dedicação e amor à vida do planeta. Beatriz foi agraciada com o Prêmio CREA Goiás de Meio Ambiente/2007, na modalidade Meio Ambiente Rural com o PROJETO DE APOIO INSTITUCIONAL AO USUÁRIO IRRIGANTE, no município de Cristalina-GO. • Neusarete Santana Campos Silva - Graduada em Pedagogia pela Universidade Católica de Goiás. Pós-Graduada em Psicopedagogia. Educadora há mais de 20 anos é professora da Rede Municipal de Ensino de Goiânia. Atualmente é Diretora da Escola Padre Lima no Setor Santa Genoveva. No ano passado a professora Neusarete foi agraciada com o Prêmio CREA Goiás de Meio Ambiente/2007, na modalidade Educação Ambiental com o projeto “Eco-Emoção: ainda há tempo de salvar o planeta”. 42 – Recursos hídricos, uma garantia incerta? – 20/09. • Henrique Luiz de Araújo Costa – Engenheiro Agrônomo. É gerente de proteção de mananciais da Saneago, atuando com gestão ambiental e proteção de mananciais de abastecimento público. • Osmar Pires Martins Júnior – Professor Universitário, perito ambiental, mestre em Biologia e Ecologia, ex-secretário do Meio ambiente de Goiânia (SEMMA) e expresidente da Agência Ambiental de Goiás. 43 - Projeto Onça Pintada. Fundo para Conservação da Onça Pintada – 27/09. • Natália Tôrres - gerente de comunicação da ONG Fundo para a Conservação da Onça Pintada. Bióloga formada pela UFG e mestra em Biologia Animal pela Universidade de Brasília. É doutoranda em Ecologia e Evolução da Universidade Federal de Goiás. • Denis Castilho - geógrafo, formado pela UFG. Mestrando em Geografia pelo Instituto de Estudos Sócio-ambientais, também da UFG e é membro-sócio da Associação dos Geógrafos Brasileiros – AGB. Integra ainda o Núcleo de Estudos e Pesquisas “Formação Territorial de Goiás” e já atuou junto ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Turismo e Cultura. 44 – Juventude e Meio Ambiente – 03/10. • Diogo Damasceno Pires - acadêmico de Ciências Sociais da UFG, membro articulador do coletivo jovem de meio ambiente de Goiás e facilitador nacional da Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA). Ele também integra a Secretaria Executiva da Rede de Educação e Informação Ambiental de Goiás, a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de Goiás e o coletivo educador da estrada de ferro, além de participar do Núcleo de Educação Ambiental e Transdisciplinaridade da UFG. • Cristiano Cunha - acadêmico de Administração na Faculdade Latino-americana e representante do coletivo jovem de meio ambiental de Anápolis. 45 - Ciclovias: é hora de andar sobre duas rodas – 11/10. • Maurício Beraldo – Vereador por Goiânia pelo PSDB. Autor do projeto de Lei Complementar nº 169, aprovado pela Câmara Municipal em fevereiro do ano passado. A Lei dispõe sobre o uso da bicicleta e o sistema cicloviário em Goiânia. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 213 46 – Políticas para Juventude e Meio Ambiente – 18/10. • Rangel Arthur – Representante do MEC e membro da Rede da Juventude pelo Meio ambiente e Sustentabilidade. 47 - Alimentação natural, comer bem, com saúde e dignidade – 25/10. • Danielle Silva Beltrão - Engenheira Agrônoma. Mestranda em Agronomia, área de Solo e Água. Especialista em Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campo. Membro do Conselho Técnico da ADAO-GO. Atuação profissional: agricultura familiar, agroecologia, educação ambiental, recuperação de áreas degradadas. • Nilza Bonfim - Presidente do Movimento de Donas-de-casa e Consumidores do Estado de Goiás. Nilza Bonfim é autora dos seguintes livros: Alimentação Alternativa, Reaproveitamento de Alimentos e Guia de Economia Doméstica. Parceria com o Instituto Biosfera. 48 - Cerrado Brasileiro: atitudes e perspectivas – 01/11. • Altair Sales Barbosa – Antropólogo. Doutor em Arqueologia Pré-Histórica. Atualmente é Professor Titular da Universidade Católica de Goiás e pesquisador do Instituto do Trópico Subúmido ITS/UCG. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Etnologia Indígena. Atuando principalmente nos seguintes temas: ARQUEOLOGIA, BIOGEOGRAFIA, PALEOINDIO e Ecologia de Ecossistemas. 49 – Conexão Ambiental Aniversário de 1º Ano – 08/11 • Vários convidados 50 – O Compromisso da mídia com o equilíbrio do planeta – 15/11. • Rosângela Aguiar - jornalista e apresentadora do programa Trilhas do Brasil da TV Serra Dourada. O Trilhas do Brasil ganhou pela terceira vez o Premio CREAGoiás de Meio Ambiente com a reportagem “Araguaia: Corredor da biodiversidade goiana”, veiculada no final de julho deste ano. 51 – A Semana e o meio ambiente no Brasil e no Mundo – 22/11. • Dias Mendes e Emmerson Kran – os apresentadores fizeram uma análise da semana. 52 - PEC do Cerrado: entre a esperança, o sonho e a realidade – 29/11. • Altamiro Fernandes – Coordenador do Fórum Goiano em defesa do Cerrado. 53 - Alimentação Macrobiótica: a arte de prolongar a vida.– 06/12 • Lisley Jardim - Especialista em Cozinha Macrobiótica. • Osmar Jardim – macrobiótico e paisagista. • Oscar Estevam - Economista, astrólogo e radiestesista e macrobiótico. 54 - Experiências Sustentáveis no Mercado Imobiliário. – 13/12. • Paulo Henrique Ribeiro - Engenheiro Civil e Diretor de Desenvolvimento Imobiliário da Toctao Engenharia. • Gustavo Veras - Engenheiro Civil e Diretor de Produção da Loft Construtora. PósGraduado em Gestão e Gerenciamento de Obras pela Universidade Federal de Goiás. 214 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 55 – Responsabilidade Sócio-Ambiental nas Empresas – 20/12. • Giovanna Ditscheiner - Jornalista pela Universidade Estácio de Sá RJ, especialista em Gestão para o Terceiro Setor, professora de pós-graduação das Universidades Gama Filho, Veiga de Almeida, SENAI/ FATESG e UNIGRANRIO, todas no Rio de Janeiro. Membro do Conselho de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, instrutora de cursos e palestras nas áreas de Responsabilidade Social, Voluntariado Empresarial, Elaboração de Projetos, Captação de Recursos, Balanço Social e Relatórios de Sustentabilidade. • Vivianne Santos Resende – Engenheira. Especialista em Gestão Ambiental, Processos Gerenciais, Planejamento Urbano e Ambiental. É mestranda em História, na área de Territorialidades. Professora convidada da Universidade Católica de Goiás e coordenadora de projetos da empresa Vital Excelência & Sustentabilidade Vivianne Resende foi ganhadora do Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente na categoria Produção Limpa pela implantação do Sistema de Gestão Ambiental na Concessionária Lince Veículos. 56 – Meio Ambiente e Espiritualidade – 27/12. (último programa de 2008) • Pe. Rafael Vieira – Diretor da Rádio Difusora • Sergio Alberto Dias da Silva – Vereador/PT - Sociólogo, ex-Assessor de Assuntos Comunitários de Goiânia – na administração de Pedro Wilson – Membro da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal. PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 215 216 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 PRÊMIO CREA GOIÁS DE MEIO AMBIENTE 2008 217