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BISCOITOS l CANDIES l CHOCOLATES l SNACKS l SUCOS E REFRESCOS 28 Nº 241 Novembro 2014 atacado distribuidor 2014 O mercado aplaude as melhores operações de candies de São Paulo Top Trajetória Santa Helena e JAF Inox levam a taça por fazer história ARTIGOS DE FESTA a nova onda nos atacados doceiros ITAL o que a indústria ganha com o Centro de Projetos Fraunhofer Carta do Editor Ano XXVIII - nº 241 - novembro de 2014 Diretores Beatriz de Mello Helman e Hélio Helman Mapa atualizado REDAÇÃO Diretor Hélio Helman [email protected] Editor Fábio fujii [email protected] Diretor de Arte samuel felix [email protected] administração Diretora BEATRIZ Helman [email protected] Publicidade Antonio Canela barreto Jalil issa gerjis jr. Sérgio antonio da silva [email protected] International Sales multimedia, inc. (USA) Fone: +1-407-903-5000 - Fax: +1-407-363-9809 U.S. Toll Free: 1-800-985-8588 e-mail: [email protected] Assinatura keli oyan Fotografia shutterstock Foto da Capa shutterstock Design da Capa samuel felix Bureau, CTP e Impressão IPSIS GRÁFICA E EDITORA EDITORA DEFINIÇÃO Doce Revista é uma publicação mensal da Editora Definição Ltda. (CNPJ 60.893.617/0001-05) dirigida ao setor doceiro e às suas redes de atacadistas, distribuidores, varejistas e supermercadistas. Redação, administração e publicidade: Rua Itambé, 341 - casa 15 - São Paulo - SP - 01239-001 Fone/Fax: (011) 3666-8301 e-mail: [email protected] site: www.docerevista.com.br Dispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial Processo DRT/1 nº 11554/90 de 10/09/90. Circulação dezembro de 2014 Membro da Anatec Associação Nacional das editoras de publicações técnicas dirigidas e especializadas. www.docerevista.com.br C onsumidora voraz de pesquisas de mercado, a indústria sempre teve plena consciência do papel que ocupa no setor de abastecimento e da complexidade da ala de logística e distribuição no Brasil. Bem informada quanto ao giro nas prateleiras, consegue antecipar tendências e saber quais os canais em alta e baixa no roteiro da comercialização. Por isso, dificilmente é surpreendida a respeito da consistência dos mercados ou perfil do cliente na boca do caixa. Ela, no entanto, tinha aparentemente um conhecimento superficial de sua própria imagem aos olhos do setor. Esse fato contrastava com esse domínio profundo das informações sobre o consumidor final. Foi justamente essa lacuna que inspirou a criação do Prêmio Doce Revista (PDR), lançado em 2007. Inédita no gênero, a proposta se inseriu como meio eficaz para todos os segmentos terem uma avaliação concreta de seu desempenho e imagem, a partir dos votos dados pelo setor aos melhores em cada ramo de atuação. Como a mudança e a inovação são as ferramentas que movem a indústria e o trade doceiros, o PDR também segue incorporando esse DNA na realização de sua sexta edição, tema de reportagem especial desta edição. Ao invés do reconhecimento à excelência na produção, a premiação foi fracionada tanto em sua abrangência como na metodologia de seleção, visando homenagear apenas os mais conceituados operadores atacadistas. Para viabilizar essa mudança, a eleição e entrega também foram regionalizadas, sendo o estado do Rio de Janeiro escolhido o primeiro a conferir no ano passado a nova roupagem. Nesta edição do PDR, são os atacados e distribuidores do estado de São Paulo, maior centro de produção e consumo do país, os eleitos para receber a homenagem. Pesquisas de opinião são em geral recrutadas para identificar oportunidades, tendências e hábitos de consumo, bem sabe a indústria e o trade doceiros que, desde a criação do PDR, são convocados a vivenciar uma inversão nos papéis. Ao ouvir e atender vozes do ramo que sugeriam há tempos uma premiação à altura da importância do setor brasileiro de confectionery, o PDR acentuou a integração dos diversos elos da cadeia doceira nacional. Amadurecido ao longo de quase uma década, ele conferiu nas cinco primeiras edições o devido reconhecimento aos que mais se destacaram na atividade da produção e distribuição de candies. Os nomes que emergiram das urnas por indicação do trade e da indústria seguramente desenharam o mapa do setor de confectionery no país. Com o PDR 2014, ele mais uma vez está sendo atualizado. • Novembro 2014 Doce Revista 3 Sumário 08 ENTREVISTA CENTRO DE PROJETOS FRAUNHOFER além do tubo de ensaio Alexandre Martins Moreira, representante no Brasil do Instituto Fraunhofer IVV, detalha a parceria fechada com o Ital, que resultou na inauguração de um centro de pesquisa e fomento a desenvolvimentos 11 EQUIPAMENTOS THEEGARTEN-PACTEC velocidade máxima Especialista em tecnologia e sistemas de empacotamento de candies, a grife alemã introduz um modelo de embaladora flowpack horizontal ultraveloz para envoltórios de pequenas dimensões 14 PDV ARTIGOS PARA FESTA a cereja do bolo Antes enclausurada em espaço de poucos metros lineares de gôndola, a seção destinada a itens como copos, pratinhos e talheres descartáveis usados em comemorações evoluiu para corredores inteiros e hoje compõe uma das alas de maior crescimento nos atacados doceiros 18 CAPA PDR 2014 os melhores de São Paulo Apontadas pela indústria de chocolates e candies, as mais destacadas operações do atacado distribuidor paulista sobem ao pódio do Prêmio Doce Revista 2014, além de duas homenagens: à Santa Helena e JAF Inox. E mais: na cerimônia de entrega da premiação, a confraternização do setor e as homenagens ao comércio de doces em São Paulo 34 SAÚDE & BEM-ESTAR SUAVIPAN crescimento mais que orgânico Pioneira no mercado de guloseimas e panificados diet/light, a empresa paulistana amplia a oferta de itens saudáveis com introdução de linha orgânica SEÇÕES 06MIX Abicab, Apex e Instituto de Embalagens assumem a missão de promover a inovação no setor de candies, entre outros destaques 12CONSULTORES a análise de especialistas dos mercados de açúcar e cacau 30DESTAQUE enquete exclusiva confere as vendas de artigos para festa nos atacados doceiros 32GIRO os lançamentos que enfeitam as prateleiras do atacado distribuidor doceiro 4 Doce Revista Novembro 2014 www.docerevista.com.br MIX EMBALAGEM Afiando a competitividade P or meio do seu departamento de exportação, a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados) selou parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Ex- portações e Investimentos) e o Instituto de Embalagens para colocar em ação o projeto Inova Embala. “Sua missão é analisar o setor de balas, detectar suas necessidades e, a partir de um diagnóstico, realizar workshops, seminários e consultorias dedicados a inserir o processo de inovação no desenvolvimento de embalagens”, sintetiza Romualdo Silva, vice-presidente de Exportação da Abicab. Acionado em novembro, o projeto tem duração prevista de 12 meses e também objetiva estimular fabricantes de alimentos e bebidas, além das indústrias de candies, a adaptar e atualizar as embalagens dos produtos para o mercado externo. Segundo Marco Lobo, gerente de Inovação e Design da Apex-Brasil, o projeto abordará temas como as certificações e normas internacionais, tecnologias recentes, novos materiais e o estudo das culturas de consumo nos mercados internacionais. “Buscar a inovação em embalagens é um meio importante de conferir maior valor agregado a um produto industrializado e, como consequência, melhorar a rentabilidade do exportador”, frisa ele. Silva acrescenta que o Instituto de Embalagens foi escolhido para compor a parceria pelo alto conhecimento técnico e visão internacional, além de experiência em alianças com entidades como a própria Abicab. CAMPANHA I Desafio de blogueiros P ara instigar a sensação da descoberta, incentivando os adolescentes a viver novas experiências, a marca de balas Icekiss, da Cory, promove um desafio com dois dos principais ídolos da Web 2.0. Para que eles vivam algo pela primeira vez, toda a dinâmica da campanha e os vídeos poderão ser conferidos no hotsite criado pela marca (www.primeiravezetudo.com.br). De um lado, Felipe Neto, 26 anos, que conta com mais de dois milhões de fãs no Facebook e mais de três milhões de inscritos em seu canal do Youtube. O blogueiro surgiu criticando artistas famosos, como o cantor Justin Bieber e o ator Robert Pattinson, da saga Crepúsculo. Do outro lado, Bruna Vieira, 20 anos, autora de quatro livros, conta com um blog com mais de meio milhão de fãs no Facebook. Além disso, ela se 6 Doce Revista Novembro 2014 declara fã de Justin Bieber e Robert Pattinson. Icekiss coloca os dois ídolos da Web 2.0 com pensamentos opostos frente a frente. Eles engajarão seus fãs durante duas semanas pedindo sugestões sobre os melhores (ou piores) desafios para seu oponente fazer. As ideias serão votadas pelos fãs, e depois cada um viverá uma experiência pela primeira vez. O desafio será filmado como um reality show para que os ídolos possam compartilhar com o público. Segundo Ricardo Fernandes, gerente de marketing da Cory, trata-se da maior ação no universo on-line já feita pela empresa. “A escolha desses influenciadores é decisiva para o sucesso do desafio porque tem a linguagem dos consumidores e da própria Icekiss. Além disso, o ambiente digital e a mecânica da ação propiciam engajamento e interatividade com os fãs, que vão ajudar a construir essa história”, argumenta ele. Reconhecida por sempre estar antenada com o consumidor, a Icekiss reformulou recentemente o portfólio, associando as sensações doce, azedo e refrescante aos momentos de consumo da bala pelos adolescentes: Icekiss Docinha, para os momentos de curtição; Icekiss Azedinha, para as descobertas com sabor de liberdade; e Icekiss Geladinha, para as experiências com sabor de ousadia. www.docerevista.com.br CAMPANHA II Para estourar no Nordeste M arca campeã no segmento de balas da Perfetti Van Melle, Mentos estende a campanha Na Sua Medida ao Nordeste brasileiro. A inovação na ação publicitária, direcionada ao varejo tradicional, fica por conta de spots com 30 segundos nas rádios, nos quais os próprios proprietários dos estabelecimentos são os locutores, informa Elzilene de Moraes, diretora de marketing da empresa, completando que, para essa tacada, a marca convidou 20 comerciantes, entre donos de bares, botequins, mercadinhos e lojas de vizinhança. “Queremos maior aproximação com os consumidores dessa região, que ainda exibe um potencial enorme para distribuição”, assinala ela. Com assinatura da agência Neogama/BBH, a ação de marketing utiliza uma linguagem des- contraída e provocante, características da marca. Sob o slogan É real, Mentos a 1 Real, a campanha conta com anúncios em rádios, outdoors e mobiliários urbanos localizados em pontos estratégicos de Recife (PE) e Salvador (BA). Nos spots de rádio, detalha Elzilene, o proprietário comunica que seu comércio tem em estoque Mentos Na Sua Medida e ainda divulga seu estabelecimento gratuitamente, indicando a localização da loja na cidade. “A campanha regional sintetiza a estratégia de alavancar ainda mais a nossa distribuição em pontos de venda (PDVs) tradicionais onde estamos presentes”, frisa a diretora. Segundo a PVM, lançada no ano passado, a linha Mentos Na Sua Medida já registra vendas 43% maiores em volume em 2014. CAMPANHA III Goma na rádio e na TV P ara provar que o adágio “tudo que é bom, dura pouco” está enganado e provocar o senso comum, a marca de gomas de mascar Trident, campeã do portfólio da Mondelez Brasil, banca a campanha #DuraMuitoMais. A ação visa potencializar a divulgação da linha Trident Unlimited e conta com diversas ações. O pontapé inclui parceria com a rádio Jovem Pan. www.docerevista.com.br Com a hashtag #DuraMuitoMais, a famosa lista “As sete melhores da Pan” ganha uma música extra, tornando-se “As oito melhores da Pan”. Para os consumidores da marca terem o gostinho de ouvir sua banda preferida por mais tempo, basta postar o nome da música no Twitter com a hashtag #DuraMuitoMais. Disparada em novembro a ação se estende por todo o mês de dezembro nas emissoras Jovem Pan de São Paulo, Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Campinas (SP), São José dos Campos (SP) e Ribeirão Preto (SP). Dando continuidade ao movimento #DuraMuitoMais, o programa Pânico na Band, da rede Bandeirantes de TV, apresenta duas novidades: a volta de quadros famosos, que prometem dar um sabor prolongado aos telespectadores, e a possibilidade de ver seu programa preferido durar mais. O Melhor do Mundo, feito por Eduardo Sterblitch, foi o personagem escolhido para participar da campanha #DuraMuitoMais. Para que os blocos tenham o horário estendido, basta que os telespectadores postem #DuraMuitoMais no Twitter até alcançar o Trend Topic, durante a exibição do programa. Novembro 2014 Doce Revista 7 ENTREVISTA Usina de ideias Centro do Ital em parceria com o Instituto Fraunhofer insere o Brasil na rede global de pesquisa de inovações Laboratórios centralização de atividades específicas como processamento laboratorial de proteínas. U ma base sólida para o crescimento sustentável e a competitividade da produção nacional de alimentos, confeitos inclusos, somente pode ser alcançada através da busca permanente por inovações nos processos de produção e desenvolvimento de itens com maior valor agregado. Partindo dessa premissa, o Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos do Estado de São Paulo) e o Instituto Fraunhofer para Engenharia de Processos e Embalagens (IVV) estabaleceram o Centro de Projetos Fraunhofer (Fraunhofer Project Center for Food and Bioresources), em Campinas (SP). Inaugurado no início de novembro, ele é um modelo de cooperação criado pela direção da entidade alemã, visando a cooperação das mais de 66 unidades de sua rede com outras instituições de pesquisa e universidades de todo o mundo sobre temas de 8 Doce Revista Novembro 2014 interesse estratégico. “A ideia é buscar o desenvolvimento de tecnologias específicas, sempre almejando o uso integral de todos os produtos e subprodutos da cadeia produtiva para prevenir possíveis concorrências entre bioenergia e produção alimentar”, sintetiza Alexandre Martins Moreira, representante no Brasil do Instituto Fraunhofer IVV e coordenador do centro no Ital. Com base em competências complementares e interesses bilaterais de ambos os institutos, as atividades irão focalizar temas como energia e materiais de recursos renováveis, funcionalidade, saúde e aspectos nutricionais, tecnologias para o enriquecimento de alimentos com fibras e proteínas, desenvolvimento de ingredientes funcionais e alimentos saudáveis. “O principal objetivo da parceria é estabelecer a cultura de pesquisa aplicada e o desenvolvimento focado na inovação, com a missão de ampliar o valor agregado das cadeias agroindustriais integrando produção alimentos e bioenergia”, assinala Martins Moreira. Há sete anos no Instituto Fraunhofer, o coordenador técnico é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu-SP), com especialização e graduação em Engenharia de Alimentos pela Universidade de Weihenstephan, da Alemanha. Nesta entrevista exclusiva à Doce Revista (DR), ele desvenda a parceria da instituição alemã com o Ital e detalha os projetos de pesquisa atuais e futuros do centro. DR – Como foi a aproximação do Instituto Fraunhofer e o Ital? Martins Moreira – A sociedade de pesquisa Fraunhofer é maior entidade de pesquisas aplicadas da Europa. São no total 62 institutos sediados na www.docerevista.com.br Alemanha. De todas essas instituições, uma delas cuida especificamente de processos industriais e embalagens. É o instituto ao qual pertenço (Fraunhofer-IVV/Institut für Verfahrenstechnik und Verpackung). Já temos uma cooperação com o Ital há mais de três décadas, que foi aprofundada agora nos últimos três anos para intensificar as cooperações e os intercâmbios, uma vez que há uma grande demanda por alimentos, principalmente partindo dos países europeus, e uma necessidade de expansão do setor de pesquisa. Há 30 anos, um pesquisador do Fraunhofer, especialista em embalagens metálicas, foi contatado pelo Cetea (Centro de Tecnologia de Embalagem) para prestar consultoria ao Ital. Dali nasceu o primeiro relacionamento. Há três anos aconteceu a assinatura do primeiro protocolo de intenções para a elaboração e formação de um centro de projetos Fraunhofer no Ital. Nesse período, cuidamos da parte jurídica para estabelecer um convênio de cooperação e, em dezembro de 2013, foi assinado convênio em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. DR – Como foi projetado o centro técnico em operação no Ital? Martins Moreira – O centro de projetos Fraunhofer segue um modelo padrão que permite a internacionalização de institutos dentro das demandas de áreas tecnológicas existentes. Onde há uma demanda tecnológica existe esse modelo de cooperação criado pela central Fraunhofer. Ele viabiliza a cooperação dos institutos com universidades e instituições de pesquisa de ponta no mundo inteiro. Dependendo do volume ou do porte que o centro de projetos deverá ter é negociado com a central administrativa um montante para financiamento. No nosso caso são dois milhões de euros liberados pela central para o Fraunhofer na Alemanha. Sobre esse aporte é solicitada uma contrapartida do parceiro para o início de atividades, como projetos internos, deslocawww.docerevista.com.br Martins Moreira modelo do centro viabiliza cooperação entre universidades e pesquisa de ponta no mundo inteiro. mentos, organização de workshops etc. O fundo criado pelas entidades parceiras é para esse fim, mas a meta é que em um ou dois anos o centro se torne autossustentável. Por exemplo, o prédio inaugurado para o Centro de Projetos Fraunhofer foi contabilizado como parte dessa contrapartida exigida na formação da parceria. DR – Já existe algo de concreto executado pelo centro? Martins Moreira – O primeiro projeto dessa nova fase da parceria foi na área de ingredientes funcionais para aplicações em emulsões e produtos de panificação. Tínhamos um projeto aprovado de 800 mil euros dentro do programa Bioeconomia 2030 na fábrica do governo alemão. Envolveu a internacionalização de todas as intituições alemãs com as principais potências agrícolas do mundo, num total de 15 países, como Rússia, Canadá, Vietnã, Brasil e Argentina, entre outros. Em setembro do ano passado, cerca de 88 projetos foram submetidos ao governo alemão Novembro 2014 Doce Revista 9 ENTREVISTA Ingrediente funcional primeiro projeto resultou em farinha com 56% de proteína para aplicação em panificados. e 14 foram aprovados. Um deles era o nosso, envolvendo a cadeia produtiva do girassol em que o Ital teve uma participação significativa. Ele está se iniciando e estamos em fase de assinatura de convênio para oficialização de parcerias. Os recursos já foram disponibilizados e, a partir de janeiro de 2015, serão divulgados os primeiros resultados concretos. Vai beneficiar a área de ingredientes. A base conceitual é justamente o aproveitamento simultâneo na geração de alimentos e de energia sem que haja necessidade de expansão de áreas agrícolas. O girassol é extremamente resistente ao estresse hídrico. Pode ser plantado entre duas safras de 10 Doce Revista Novembro 2014 soja. Os produtos obtidos são uma farinha protéica com 56% de proteína e um concentrado protéico com 65% de proteína. Testes foram iniciados há sete anos na planta piloto na Alemanha e sinalizaram que haveria potencial para se ir adiante. O que vamos fazer agora é cobrir toda a cadeia, desde o plantio com teste de genótipos diferentes, até o teste alergênico do girassol, passando pelas aplicações. A previsão é de conclusão em três anos. DR – O centro também tem um projeto para a área de cacau fino? Martins Moreira – Há três anos, depois de contatos com a pesquisadora Priscilla Efraim, à época no Cereal Chocotec (Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolate) e hoje na Unicamp (Universidade de Campinas), começamos a nos familiarizar com o cacau matéria-prima. Em paralelo, fizemos contato com o Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) e conhecemos os materiais desenvolvidos e resistentes à praga da vassoura-de-bruxa. Eles nos encaminharam 15 híbridos (tipos resistentes à praga) com grande potencial para produção de cacau fino ou tipo gourmet. Fizemos a extração de voláteis para fazer uma aromagrama. Esse trabalho está a cargo dos espe- cialistas Gottfried Ziegleder e Wolfgang Danzl, ambos referência na Europa na parte de voláteis de cacau. A ideia inicial do projeto envolvendo cacau é que possamos nortear o próprio processamento e assim determinar aromas específicos reproduzidos no produto final. Estamos fazendo um traçado entre processamento e voláteis (aromas) de cacau, principalmente na fermentação do grão. Na mesma linha desse trabalho com cacau pretendemos iniciar um projeto com café. Também vamos trabalhar com fermentações para que aromas específicos possam ser formados e auxiliem a produção de cafés gourmet. DR – Há algum projeto no front de inovações em candies? Martins Moreira – Temos um trabalho em curso em parceria com Cereal Chocotec, juntamente com a pesquisadora Lidiane Bataglia da Silva, que envolve aplicações de polióis (adoçantes naturais) em balas mastigáveis e em panificados como bolos e muffins. No momento, esse estudo está em fase de ‘screening’ (seleção) e os próximos passos incluem testes com o que já existe em termos de polióis no mercado, a exemplo do steviosídeo (adoçante obtido da planta Stevia rebaudiana). • www.docerevista.com.br Equipamentos Rápida no gatilho Theegarten-Pactec desenvolve flowpack para embalar pequenos volumes em alta velocidade ralelo, sobre as vias. Nela são montados dispositivos de arrastamento e, quando o número pretendido de produtos é atingido, os dispositivos de arrastamento descem, alternadamente, entre ambas as vias. Como a fita superior se desloca um pouco mais rapidamente do que as fitas transportadoras, os produtos são deslocados em grupos para a frente. Embaladora FPC5 velocidade pode superar 1.500 unidades por minuto. F dido de um cliente, a Theeornecedora global de garten-Pactec concebeu um soluções para embalasistema de alimentação com gens de candies, a grife o qual sua embaladora horialemã Theegarten-Pactec zontal FPC5 pode processar acena com a ampliação da produtos em forma de cubo gama de aplicação de sua ou pastilha, pré-formados linha embaladora FPC5. O e de pequenas dimensões, modelo foi aprimorado para acondicionar produtos de Hamelmann sincronização a uma velocidade de 1.500 unidades por minuto. “Os pequenas dimensões a alta de duas vias confere rapidez à máquina testes de ensaio revelaram velocidade em embalagens maior horizontal. que é possível atingir ciclos flowpack. Com sede em Dresden e representações em mais de de trabalho ainda mais rápidos”, pontua 50 países, inclusive no Brasil, a empresa o executivo. Para ele, a separação de produtos é especialista no desenvolvimento e fabricação de embaladoras para itens de pequenos a alta velocidade constitui o confeitaria de pequenas dimensões. À verdadeiro desafio para qualquer tecnodiversidade de mais de vinte tipos e for- logia aplicada a embaladoras flowpack. matos de embalagem junta-se um am- A empresa alemã conseguiu superar plo portfólio de modelos e espectro de essa barreira recorrendo a uma sincrodesempenho. Além de máquinas indivi- nização de duas vias. Cada via, detalha duais, a marca oferece também linhas Hamelmann, separa 750 artigos por micompletas como parceiro para soluções nuto. Para o embalamento, as duas vias “chave na mão” (turn key). Steffen Ha- têm de ser reunidas em uma linha, senmelmann, executivo líder de marketing do os produtos agrupados. Para obter da companhia, relata que, a partir do pe- esse efeito, uma fita é estendida, em pawww.docerevista.com.br Know-how e experiência O projeto demonstra como a Theegarten-Pactec enfrenta desafios complexos de concepção. Para Hamelmann, a tecnologia flowpack propicia embalagens hermeticamente fechadas, seguras e higiênicas, reduzindo ao mínimo a entrada de umidade ou odores. “É, portanto, o tipo ideal para produtos de confeitaria, sendo também indicado para muitos outros segmentos do setor alimentar”, observa. Em 2011, a empresa promoveu a estreia da linha FPC5, como máquina embaladora de chocolate com as variantes FPH5 para bombons de açúcar cozido e confeitaria à base de gelificantes, e do modelo FPW5 para caramelos. Trata-se de uma nova geração de flowpacks constituída por módulos básicos com funcionalidades opcionais, esclarece Hamelmann. Os cinco grupos modulares principais são o sistema de alimentação de produtos, o alimentador de embalagem, o sistema de selagem, a unidade de saída e o controle eletrônico, descreve o técnico. A construção, garante ele, cumpre as mais rigorosas exigências em matéria de higiene. “Todas as áreas sensíveis permitem fácil limpeza e, com esse tipo de construção, a operação e a manutenção são possíveis quase sem a necessidade de ferramentas”, conclui. • Novembro 2014 Doce Revista 11 Consultores Cacau Andando de lado A forte queda dos preços do cacau, iniciada no final de setembro, prosseguiu nas primeiras semanas de novembro e a cotação do mês mais negociado na Bolsa de Nova York chegou a mergulhar brevemente para abaixo de US$ 2800, nível não visto desde janeiro. A partir do meio do mês, no entanto, o movimento de baixa Thomas Hartmann estancou e os preços voltaram a evoluir para o lado, num cenário de consolidação. Esta coluna relatou, na edição anterior, a contenda entre dois grupos de analistas do mercado de cacau com visões divergentes a respeito da evolução dos preços. O grupo que chamamos de “altista”, mas que na verdade deveríamos ter chamado de “menos baixista”, achava que os preços já estariam chegando a patamares onde encontrariam suporte e deixariam de continuar caindo, sendo contestado pelo outro grupo, que ainda previa o prosseguimento da queda até níveis de US$ 2700 ou mesmo US$ 2600. Pelo menos por enquanto, está prevalecendo a opinião do primeiro grupo e a visão mais baixista do segundo emite sinais de abrandamento. O que mudou no quadro da conjuntura fundamental para causar essa pequena mudança do enfoque? Na verdade não muito, analisando objetivamente. Do lado do consumo, o quadro permanece sombrio diante a estagnação da demanda por cacau, que não só atinge os principais mercados consumidores, mas os mercados emergentes, onde até há pouco tempo ainda estivera em expansão. A falta de interesse comprador por manteiga de cacau acentuou-se ainda mais durante novembro e fez o ratio do produto cair nove pontos no mercado ‘spot’ de Nova York, de 2,48 para 2,39 vezes a cotação da Bolsa, enquanto o ratio do pó de cacau aumentou apenas três pontos, de 0,78 para 0,81, continuando a corroer a margem de rentabilidade da indústria processadora. Já existe quase unanimidade entre os analistas de que não haverá crescimento das moagens de cacau na safra internacional 2014/2015. A mudança, mesmo que ainda incerta, pode vir do lado da 12 Doce Revista Novembro 2014 produção. As entradas de cacau nos portos da Costa do Marfim, maior produtor mundial, estão bem abaixo do volume da safra passada e as notícias de Gana, segundo maior produtor, também apontam para uma queda do fluxo das colheitas. Como ainda correm os primeiros meses da atual safra, que começou em outubro, o quadro ainda pode reverter, mas um número crescente de analistas e operadores já conta com a queda da produção mundial em tamanho suficiente para mantê-la pelo menos equilibrada com as moagens estagnadas. Um dos grandes comerciantes mundiais chega a projetar um déficit acima de 120 mil toneladas (t). Do lado oposto das opiniões, o grupo mais baixista sustenta que o desempenho fraco da Costa do Marfim e de Gana apenas decorre do início mais tardio das colheitas e que o volume da produção aumentará a partir do início de 2015, recuperando os atrasos. O executivo chefe de um dos líderes da indústria chocolateira mundial sustentou que a safra de 2014/2015 terminará com superávit. A incerteza deverá persistir até janeiro, quando haverá mais clareza sobre as perspectivas das safras africanas. Até lá, o mais provável é que os preços continuem marcando passo. • Thomas Hartmann é cacauicultor, analista do mercado internacional de cacau e titular da TH Consultoria e Estudos de Mercado. www.docerevista.com.br Açúcar Oferta estimulada N ovembro mostrou preços relativamente estáveis e, ao mesmo tempo, com alguma volatilidade no mercado de futuros da Bolsa de Nova York. As cotações do açúcar oscilaram em um intervalo de 16,50 cents/lb e 15,50 cents/lb. Dentre os fatores que influenciaram nos momentos de baixa nos preços inserem-se à Ronaldo Lima Santana valorização do dólar frente ao real, tornando a exportação do açúcar brasileira mais atraente, e a queda de preços do petróleo. Esse fator, por sua vez, sugere menor competitividade do etanol brasileiro frente à gasolina e, como decorrência, tende a estimular a oferta do açúcar. Por outro lado, os momentos de alta nos preços foram consequência da quebra da safra brasileira no Centro-Sul e de estimativas sinalizando um menor superávit mundial de açúcar na safra 2014/2015, com déficit na safra 2015/2016. Além disso, os fundos de investimento iniciaram o mês com posição liquida vendida em açúcar, mas encerraram o período com posição liquida comprada. O gráfico a seguir mostra o comportamento dos preços do açúcar demerara na Bolsa de Nova York, tomando como base o vencimento de março/15. Novembro foi também mais um mês em que os preços do açúcar negociados no mercado doméstico – principalmente, no estado de São Paulo – apresentaram um descolamento do mercado de futuros de Nova York. Podemos ver nos gráficos uma maior volatilidade de preços na bolsa americana, enquanto em São Paulo a curva de preços se mostrou ascendente ao longo do mês. A combinação da proximidade do final antecipado da safra no Centro-Sul, assim como a quebra na produção, aliado a um cenário de dólar em alta, favorecendo as exportações de açúcar, contribuiu para esse ambiente de preços. O gráfico seguinte apresenta os preços médios semanais negociados em São Paulo apurados pelo Índice JOB Economia de preços. • A JOB Economia há 20 anos no mercado, através de seus relatórios e trabalhos de consultoria, tem como objetivo principal antecipar movimentos de mercado para um posicionamento correto nas estratégias empresariais de seus clientes e, por fim, contribuir para que façam um bom trading. Solicite um exemplar do relatório e veja como esse trabalho pode auxiliar na tomada de decisões. Para mais informações acesse o site [email protected]. Ronaldo Lima Santana é sócio-gerente da JOB Economia e Planejamento www.docerevista.com.br Novembro 2014 Doce Revista 13 PDV Mesa posta Kits completos e licenciamentos turbinam o giro do setor de artigos para festa Arranjo da Cromus evolução dos itens descartáveis hoje inclui cenografia completa. C opos, pratos e talheres plásticos descartáveis foram o embrião de um dos redutos de maior demanda atual em pontos de venda (PDVs) como atacados doceiros e varejos especializados. Acompanhando tendências nos formatos de comércio, ditadas por mudanças nos hábitos de consumo, o chamado mercado de artigos para festa evoluiu, sobretudo nas últimas duas décadas, com a incorporação de alguns ingredientes explosivos. Do universo dos licenciamentos (licensing) a um vasto sortimento de materiais e apetrechos decorativos, enfim todo arsenal necessário para a montagem de festas e comemorações agora vem pronto em kits de conveniência e custo atraente. Além de incrementar a lista de opções com soluções de cenografia e decoração de ambientes, a atividade passou a agregar a oferta de guloseimas, a exemplo de balas, confeitos e doces de festa (brigadeiro, beijinho, cajuzinho) em 14 Doce Revista Novembro 2014 apresentações institucionais, além de prestação de serviços para organizadores, promotores ou mesmo donas de casa. “O mercado de festas no Brasil é crescente e deve manter essa trajetória”, assinala Luis Brancher, diretor de marketing da Cromus, número um no segmento de embalagens para presente e segunda marca em vendas no setor de artigos para festa. Segundo a Abrafesta (Associação dos Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais), o faturamento das alas de festas e eventos em 2013 alcançou R$ 14,5 bilhões, cravando alta de 400% nos últimos cinco anos, e a estimativa para 2014 é atingir receita de R$ 16 bilhões, repassa Brancher. Para o executivo, o reduto de festas infantis no Brasil ganha maior relevância dentro desse cenário. Levantamento do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas) capta um crescimento em torno de 30% ao ano, com a movimentação média de R$ 300 milhões. “Estimamos o mercado em torno de R$ 500 milhões, excluído o mercado de balões”, observa o diretor. Do ponto de vista da inovação, acrescenta ele, o setor crescia modestamente, com poucas sacadas, fornecedores e itens até 2013. As mudanças foram puxadas justamente pela decoração das festas infantis e, com mais crédito disponível, o mercado começou a demandar novidades com maior intensidade e freqüência. “Produtos para acondicionar doces, lembranças para convidados, itens mais elaborados e muitos outros detalhes vêm mudando completamente o perfil e hoje se tem um setor dinâmico com crescimento contínuo e maior criatividade”, argumenta Brancher. No passado, ele conclui, os lançamentos ocorriam a cada um ano e meio e hoje eles surgem a cada mês. O mais recente investimento da Madu Doces, comércio atacadista de guloseimas da zona norte de São Paulo, confirma a tendência que vem se intensificando na distribuição de candies, apesar de flutuações pontuais da atividade no atacado distribuidor. Uma enquete exclusiva para Doce Revista, a cargo da Destaque Business Research, com estabelecimentos atacadistas e distribuidores, captou indicadores de queda nas vendas de artigos de festa entre 2012 e 2014 (ver enquete à pág._). “No comparativo de mudanças mais significativas para aumento das vendas, o fator preço ganhou maior relevância em relação à consulta feita em 2012”, observa Ana Paula da Luz, coordenadora de pesquisa a Destaque. Em contraponto a essa corrente, em busca de diversificar a oferta com itens de maior valor agregado, as operações de formato cash and carry (atacado de autosserviço) têm investido na www.docerevista.com.br ampliação do mix de artigos para festa, sem prejuízo, pelo menos até o momento, ao espaço dedicado a chocolates e confeitos. “Como todo atacado doceiro, mantemos um bom sortimento de salgadinhos, chocolates e balas, mas a venda de artigos de festa hoje já atinge 50% do ída especialmente para esse propósito. A maior dificuldade para expandir as vendas nesse filão era o espaço físico na loja principal, compartilhado com linhas de guloseimas. “Kits de festa, coleções licenciadas e artigos personalizados necessitam de área maior para uma exposi- segmento de festas no comércio paulistano, ele decidiu incrementar o mostruário. A introdução dos brinquedos, no entanto, é por enquanto apenas uma aposta gerada pelo giro crescente de candy toys. Piffer Filho, da Pifer & Cia licenciamentos do momento seguem puxando as vendas do setor de festa. Vasconcelos, da Madu Doces expansão na loja sob medida para artigos de festa e brinquedos. Vagner Pinto, da Festcolor mais de 2 mil SKUs, distribuídos em cerca de 5 mil PDVs. faturamento da loja”, argumenta Duarte Vasconcelos, diretor da Madu. Sem detalhar valores, ele inaugurou no início do ano uma ala de 600 metros quadrados de área de venda exclusiva para itens de festa e brinquedos, na sobreloja constru- ção adequada e isso já não era mais possível junto com os 10.000 itens do nosso mix”, relata Vasconcelos. Ao perceber nos contatos com a clientela que a Madu poderia se transformar em uma alternativa à rua 25 de Março, tradicional reduto do Do lado da indústria, o advento dos licenciamentos de propriedade ainda é o maior propulsor de vendas. Estabelecida há 19 anos em Poços de Caldas (MG), a Piffer & Cia inovou a cena ao desenvolver e introduzir uma linha de artigos para fes- Artigos de EVA Evoluir é nosso compromisso. Transformar faz parte da nossa história! Em 2015 apresentaremos algumas transformações. Aguarde! www.docerevista.com.br Novembro 2014 Doce Revista 15 PDV ta produzida em EVA, material plástico utilizado em solados de sandálias e calçados. O mix hoje comporta mais de 800 Brancher, da Cromus crescimento de pelo menos itens, compondo 70% em relação a 2013. temas especiais e sazonais para festas, comemorações e decorações exclusivas, repassa Benedito Piffer Filho, diretor comercial da empresa. “Todos os produtos são certificados pelo IQB (Instituto Brasileiro de Qualificação e Certificação) e atendem às demandas, através de pesquisas ou adaptações a mudanças e tendências de mercado, com o lançamento contínuo de itens”, frisa ele. Licenciada oficial de marcas de grande procura no universo de festa, as linhas da Piffer & Cia alternam coleções da Disney, Mauricio de Souza, Mattel (Barbie), Cocoricó, Moraguinho, Marvel e Editora Luz e Vida, detentora do personagem Smilinguido. Adaptável aos formatos de materiais requeridos em linhas de festa, o EVA – sigla de etil vinil acetato – é a matéria-prima básica aplicada em todos os produtos da Piffer. “É um material especial, extremamente macio e suave ao toque, não tóxico, lavável, resistente e com forte apelo visual”, sustenta Piffer Filho. Quanto à evolução do segmento, o dirigente ainda o considera um mercado promissor e com oportunidades “para as empresas que trabalham com honestida- 16 Doce Revista Novembro 2014 de”, grifa. Trata-se de um filão que vem se desenvolvendo como outros setores da economia, devido à criatividade e jogo de cintura dos empresários. “O avanço é satisfatório, se considerarmos que, no passado, o reduto de festa era bastante tímido, com poucos itens e sem criatividade”, assinala Piffer Filho, contabilizando alta média de 20% nas vendas 2013 em relação ao exercício anterior, avanço que tende a se repetir em 2014. Em contrapartida, existe uma gama imensa de opções ao consumidor final, que vai além da dona de casa em busca de kits para festa, englobando buffets infantis, salões para aluguel e empresas de catering, entre outros potenciais clientes. “A evolução se deu em todos os sentidos, pois vale lembrar que o negócio de artigos para festa já foi muito informal, composto por poucas empresas com situação fiscal em dia. Mas hoje as maioria dos atores são formalizados e tanto a indústria como o comércio têm crescido bastante”, argumenta o diretor. Em quase duas décadas de atuação, a Piffer ergueu uma infraestrutura que conta com instalações próprias e 300 funcionários. “A empresa possui uma loja modelo acionada em testes, pesquisas de mercado e avaliações de clientes, que resultou, entre outros trunfos, no licenciamento de 25 personagens, montagem de 11 temas próprios e na linha composta de 1.200 itens”, reporta Piffer Filho. Para ele, o segmento ainda é carente em empresas de distribuição e atacados especializados, porém o número de espaços e lojas de varejo cresce em todo o país. “O dado é repassado pela nossa estrutura de venda e distribuição nacional, executada por equipe de 70 representantes comerciais, além de telemarketing interno”, sublinha o empresário. Ele detalha que a Piffer & Cia produz cerca de 40.000 unidades por dia dos 1.200 SKUs (Stock Keeping Unit) do portfólio. Entre as tendências, ele observa que são baseadas nos personagens do momento, entre os quais os de maior sucesso são Peppa, Princesas, Minnie, Avengers, Patati Patatá e Galinha Pintadinha. “De todos eles, somente deste último não detemos a licença”, diz. Concorrência pirata Na Festcolor, indústria que atua há 31 anos no segmento, o diretor Vagner de Jesus Pinto atribui ao aumento do consumo da classe C a boa e a má notícia para os fabricantes de artigos de festa. “O crescimento da demanda de itens até então destinados aos públicos A e B obrigou o setor, de um lado, a se preparar para suprir essa demanda crescente e, de outro, a enfrentar a entrada de produtos piratas”, avalia. Com a estabilidade econômica, o setor passa por um período de crescimento orgânico e sustentável, nutrido pelo maior poder aquisitivo da população. A empresa abriu as portas em 1981, em São Paulo, e cresceu sobretudo com o dinamismo conferido pelo emprego dos licenciamentos. Com forte atuação no canal ao qual o diretor conceitua como www.docerevista.com.br grandes clientes, incluindo as maiores redes de varejo, a empresa opera com mais de 2 mil SKUs, distribuídos em cerca de 5 mil PDVs. Enquadrado no chamado bazar dentro de uma operação de supermercado, onde disputa espaço com utilidades, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e até artigos para pet shop, o crescimento do segmento de festa acompanha a tendência de toda essa ala de bens de consumo. “A receita da Festcolor é basicamente um mix entre inovação e lançamentos, com pelo menos dois temas introduzidos a cada mês de produtos exclusivos para cada propriedade licenciada e direcionamento para diversos públicos”, detalha Pinto. Segundo ele, a Festcolor detém em torno de 40% das vendas totais de artigos de festa, com um portfólio de licenciamentos que emprega cerca de 50% das propriedades utilizadas no setor. “Além de contarmos com o maior número de licenças do segmento, somos líderes em linhas decoradas, com um mix abrangente que atende os mais diversos canais, desde supermercados e lojas especializadas, atacados generalistas e especializados, até redes de papelaria e lojas de brinquedos”, relata Pinto. Desbravadora no recrutamento de licenças infantis, a Festcolor foi responsável pela estreia dos personagens do desenho animado Scooby-Doo, arrasa-quarteirão da Warner Bros., no circuito de festas.”De lá para cá não paramos mais e hoje o portfólio inclui potências no segmento como a Galinha Pintadinha, Patati e Patatá, Angry Birds, Moranguinho e Dora A Aventureira, além dos principais times de futebol”, frisa o diretor da indústria, destacando entre as novidades linhas com as personagens Chiquititas, Meu malvado Favorito, CBF e Pequeno Príncipe. Além dos temas infantis, a Festcolor também abriu espaço para o público jovem adulto e uma das apostas é a linha Rock, que comporta, por exemplo, os licenciamentos de clubes de futebol. “Recentemente, inserimos o tema Arabesco para festas mais requintadas”, informa www.docerevista.com.br Pinto. O menu de artigos fabricados pela Festcolor também não para de crescer. Inclui de descartáveis a efeitos e tintas faciais, além de itens de padaria e confeitaria. “Produzimos 100% dos artigos de festa, com exceção de alguns descartáveis, que importamos e representam, em torno de 5% das vendas no segmento”, contabiliza. Divisão exclusiva Na Cromus, o diretor Luis Brancher observa que, apesar de liderar a ala de embalagens para presente, Páscoa, Natal treou com cerca de 1.300 itens divididos em 12 temas e complementos para festas, que atendem ocasiões como Chá de Bebê, Festa Infantil e Casual. Além desses temas, a coleção possui uma linha de produtos para coquetéis, forminhas para doces, picks decorativos e lança confetes, entre outros. Lançado em maio passado, o catálogo atual conta com cerca de 2.500 itens. Entre as novidades, Brancher destaca as linhas licenciadas Coca-Cola, Lalaloopsy e Simpsons, com designs exclusivos em versões de collers, cachepots, canudos decorativos e móbiles. Setor de montagem produção de 40 mil itens de EVA por dia na unidade da Piffer & Cia. e outras datas comemorativas, a indústria gráfica opera há apenas 18 meses no segmento de festas. Ela, na realidade, atendia o setor com linhas de forminhas, embalagens para cupcakes e doces e suportes para mesas, entre outros apetrechos. Mas no ano passado identificou uma demanda em aberto, sobretudo no quesito inovação, e criou a unidade de negócios Cromus Festas. Em pouco tempo, essa divisão passou a ocupar posição de destaque e tem cada vez mais se diferenciado ao ofertar um vasto portfólio que abrange desde convites, forminhas de doces, guardanapo e copos até enfeites, suporte para doces e itens para lembrancinhas. O primeiro catálogo, relata ele, es- Também fazem parte do portfólio cinco temas inéditos na cena de festa: Batismo, Bailarina, Monstrinhos, Patisserie e Navy, além de linhas de lanternas decorativas, lembrancinhas, potinhos e garrafas de vidro, móveis decorativos e bandejas. Organizada em quatro unidades de negócios, a Cromus conta com parque atualizado, que atende a demanda dos mais de 20 mil SKUs de seu portfólio. “Em 2012, não estávamos organizados em uma unidade mas, já no ano passado, tivemos um resultado 30% acima do objetivo inicial. Em 2014, devemos ter crescido 70% sobre o ano anterior e, mesmo com o cenário econômico pouco favorável para 2015, a companhia vai continuar investindo”, sinaliza o dirigente. • Novembro 2014 Doce Revista 17 Capa 18 Doce Revista Novembro 2014 www.docerevista.com.br O balcão esticou Indicações do PDR 2014 na capital paulista mostram que o reduto doceiro se espalhou por toda a cidade Loja do Pari expansão da Marsil começa no interior da loja, com divisão de importados. M aior polo distribuidor de candies e principal centro de consumo do país, São Paulo ainda é festejada pelo trade nacional devido à concentração do setor na região paulistana do Brás e Pari. Território dos chamados doceiros, que se abastecem nos atacados para pulverizar a venda no varejo mais periférico, ela ainda ostenta as maiores operações nacionais de distribuição e atacado de doces. Mas essa atividade não é necessariamente uma exclusividade desse reduto. A prova é que entre os mais votados pela indústria para receber o Prêmio Doce Revista (PDR 2014), em sua edição regional dedicada ao estado de São Paulo, figuram dez empresas nascidas fora desse berço tradicional. Na Capital, na categoria de atacado distribuidor especializado, foram indicadas as operações da Falcon, Mano’s e Top Tem, ficando o Atacadão com a premiação na categoria generalista. Na Grande São Paulo, os ganhadores do PDR foram as redes Chocolândia, Super Doce Maringá, Viel e Viel e novamente o Atacadão, respondendo pela ala generalista. No interior, os laureados foram a Comercial Porto, Docelinho e Higa, com o Grupo Maranhão como melhor operação genewww.docerevista.com.br ralista. Vencedora das cinco premiações anteriores pela região Sudeste, a Marsil recebeu votação unânime para o prêmio Fora de Série, inaugurando assim mais uma categoria do PDR. As dimensões do Brasil, as múltiplas categorias de produtos e a diversidade do varejo tornam o escoamento de guloseimas doces uma atividade complexa e cada vez mais estratégica para o setor. Os 8,5 milhões de quilômetros quadrados, os cerca de 5.500 municípios e as mais de 180 milhões de habitantes dimensionam os desafios logísticos impostos aos fabricantes de chocolates, biscoitos e confeitos (confectionery). Em termos de pontos de venda (PDV), desfilam na passarela do varejo brasileiro perfis cada vez mais variados, que incluem desde os super e hipermercados ao varejo tradicional, formado por bares, mercearias e padarias, além de balcões diversos como cantinas escolares, lanchonetes, lojas de conveniências, redes de cinema e quiosques de shoppings. Para fazer frente a essa estrutura multifacetada, o setor de confectionery se viu compelido a também ampliar seu leque de canais. Hoje esse menu é composto por distribuidores especializa- dos, depósitos de doces, redes de super e hipermercados, além dos celebrados cash & carrys, o popular atacarejo, como são chamados os atacados que atuam no formato de autosserviço. Fora essa intricada rede de parceiros, o setor ampliou nos últimos anos as equipes próprias de vendas e distribuição, que geralmente atendem de forma direta pedidos mais pujantes (key accounts), ficando aos atacadistas e distribuidores a responsabilidade pelo varejo mais pulverizado. Dentre todos os elos dessa cadeia, os depósitos doceiros desempenham papel fundamental na cena brasileira de candies. Historicamente, de 50% a 70% das vendas de pirulitos, balas, gomas de mascar e demais guloseimas doces estão atreladas ao movimento dos atacadistas e distribuidores. A fatia complementar dilui-se nas redes de super e hipermercados, que atualmente tendem a elevar sua participação no giro doceiro. Localizados normalmente em áreas periféricas, os atacados especializados têm privilegiado o sistema de autosserviço em detrimento de formatos antigos, a exemplo do atacado de balcão, mesclando gêneros em caixas de embarque fechadas e volumes fracionados em unidades. Com a fatia de 16,1% do faturamento total do setor, conforme monitoramento da Abad (Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores), São Paulo é responsável pela segunda maior receita do atacado nacional, ficando atrás apenas de Minas Gerais (19,3%). Um dos ícones do modelo de negócios que predomina na cena doceira paulista é justamente a Marsil. Passadas mais de cinco décadas atuando como atacado doceiro tradicional, ela sinaliza mudanças no modelo de operação, enfatizando o formato que é Novembro 2014 Doce Revista 19 Capa um mix de atacado distribuidor e varejo de autossserviço. Foi na passagem do 53.º aniversário, celebrado em fevereiro passado, que a direção reuniu fornecedores e clientes em um café da manhã na sede do bairro do Pari para anunciar a inovação. Entre as ações mais imediatas da ofensiva em curso no estado de São Paulo, ele sublinha a inauguração em abril de um centro de distribuição (CD) em Boracéia (SP), na região de Bauru (SP). “Está dando suporte aos 140 representantes que nomeamos no último ano para cobrir o varejo em todo o estado, além das novas gerências da Capital”, relata Alberto Marques, diretor da empresa. Ainda sem definição de número de lojas, locais e prazo para instalação, a Marsil planeja investir na formação de uma rede de atacarejo nos próximos cinco anos, repassa o atacadista. Com 3.000 metros quadrados de área de armazenagem, o CD da Marsil em Boracéia é apto a operar até 2.000 posições de paletes. “Está localizado bem no centro do estado e atende todo o interior”, reforça o dirigente, contabilizando vendas em 540 municípios, decorrentes da campanha que a atacadista vem imprimindo no varejo. A ideia, inclusive, é ultrapassar as fronteiras do estado, por enquanto viável apenas no Paraná, onde recentemente foi implantada a Substituição Tributária (ST), regime que regula o recolhimento do ICMS em São Paulo e em estados conveniados. Enquanto a expansão para fora de São Paulo é mantida em banho-maria, a Marsil cuida de ampliar as vendas em seu próprio quintal. “Há vários anos atendemos clientes que são empresa jurídica e também o consumidor final. Mas a fama de atacadista de certa forma inibia a dona de casa, o estudante, enfim o consumidor de varejo. Estamos trabalhando para mudar isso também”, grifa Marques, destacando mexidas no interior da loja do Pari. Entre os espaços criados para atrair essa clientela de interesse da distribuidora, ele destaca o Empório Marsil, divisão que re20 Doce Revista Novembro 2014 úne cerca de 900 itens, entre guloseimas, deixar de atender o pequeno comércandies e bebidas importadas, linhas diet/ cio, donas de casa e os ambulantes que light e chocolate premium. “Segue o con- atuam na região do Centro, expandimos ceito de loja dentro da loja (a store within a operação e hoje são mais de 300 mil a store), em um espaço reservado no in- clientes por mês que passam pelas lojas. terior da loja, com exposição diferenciada, Por isso, a internet é um recurso complecheckout independente e corpo de aten- mentar à operação, contando com um site atualizado diariamente com mais de dentes exclusivo”, informa o diretor. Ocupando uma área de 20.000 me- 22 mil itens”, assinala Fausto Cruz, diretor tros quadrados, a Marsil opera diretamen- da Mano’s Doces. Ele relata que, quando abriu as portas, te com 180 fornecedores da indústria e exibe um portfólio de 4.500 SKUs (Stock os 3 mil metros quadrados ocupados nos Keeping Unit), que inclui a linha Prov’s, primeiros anos logo se tornaram insufimarca própria da distribuidora. “Não dá cientes, mesmo depois de várias ampliapara dizer que o espaço ficou pequeno, mas a expansão que cogitamos prevê levar a marca e o perfil da Marsil, de operar exclusivamente com doces, a outros pontos da capital e interior”, argumenta Marques. Em 2013, acentua ele, a campanha com novos representantes Marques, da Marsil outros Cruz, da Mano’s Doces gerou o cadastramento de pontos da Capital e do rumo à zona Leste, seguindo interior em vista. a trilha da clientela do 10.000 novos CNPJs, conduBrás. zindo a empresa a registrar crescimento de 17,5%. Dos atuais 20.000 clientes cadastrados, cerca ções, para suprir a demanda que nunca de 11.000 são positivados mensalmente, parou de crescer, com a proximidade do através de um fluxo diário na loja de cerca Largo da Concórdia e da Estação Brás de 500 compradores. “A meta para o pre- (antiga Estação Roosevelt). Encravado em sente exercício é de alcançar um cresci- uma das vias mais movimentadas dessa área, a matriz chega a receber 3.300 mento 14%”, repassa o empresário. clientes por dia. “Chegamos a um ponto que era crucial ampliar o negócio e a trilha Expansão para o Leste Entre os laureados do PDR 2014 na natural era acompanhar a clientela da loja Capital paulista, sobressai a Mano’s Do- do Brás, onde abrimos a segunda unidade, ces, cuja matriz há exatos 30 anos cintila depois partindo mais para a região Leste, na região do Brás e Pari. Também rein- que concentra o público das classes B, C cidente na premiação, a empresa opera e D, principal consumidor de confeitos da uma rede com cinco unidades que se es- nossa rede”, comenta o atacadista. Com tende pela zona Leste paulistana, atingin- o giro centrado em linhas de chocolate, do os bairros de Vila Formosa, Vila Carrão salgadinhos e candies, trio que lidera as e Vila Ré. Do perfil de negócios adotado vendas, a operação da Mano’s hoje exibe nos anos 1980 e 1990, a Mano’s evoluiu um portfólio de 27 mil itens e totaliza 7 para o modelo de atacado distribuidor, mil metros quadrados de área de venda, com atuação nas frentes de balcão, au- 8 mil metros quadrados para armazenatosserviço e venda direta (porta a porta), gem e 60 checkouts. Um efetivo de 320 que hoje incorpora e-commerce. “Sem funcionários e frota de dez veículos dão www.docerevista.com.br Darci e Marcos Barata, da Falcon e Top Tem cobertura estendida a 200 quilômetros inclui litoral e interior. cobertura aos pedidos de cerca de 10 mil clientes cadastrados e ativos. Com 3,3 milhões da população de São Paulo (33% dos paulistanos e 17,76% da Região Metropolitana), a zona Leste se transformou em um dos redutos preferenciais do atacado doceiro. Por isso, não chega a ser surpresa a indicação de outras duas operações na região para o PDR 2014. Estabelecido há três décadas no distrito de Sapopemba, divisa com os bairros Aricanduva e São Mateus, o atacado Falcon Doces exemplifica o modelo que vingou nesse lado da cidade. A loja estilo cash and carry começou com 80 metros quadrados de área de venda e hoje opera em 400 metros, além de 800 m² para armazenagem, descreve Darci Barata, diretor da distribuidora. Ele conta que até a chegada da Falcon, o comércio de doces era atendido por concorrentes de menor porte, mais voltados para o varejo, a exemplo das operações da Pestana, Guaraciaba e Monte Cristo. “Todos já fecharam as portas e hoje apenas a Falcon e a Top Tem dão conta da demanda desse lado da zona Leste”, sublinha Barata. Instalado no mesmo bairro, a Top Tem, no entanto, não possui autosserviço, operando desde 2003 dentro do modelo de distribuidora com vendas diretas. O atacadista lembra que, quando acionou dois vendedores dentro da Falcon para expandir os pedidos, o volume cresceu tanto que foi preciso separar as duas operações. Com CD de 2 mil m², frota de oito veículos e equipe de 12 vendedores, a Top Tem cobre a Grande São Paulo, Litoral e www.docerevista.com.br Vale do Paraíba num raio de 200 quilômetros da Capital, repassa Marcos Barata, diretor da distribuidora. “Contamos hoje com um cadastro de 1.200 clientes ativos e disponibilizamos um portfólio com cerca de 3.200 itens, sendo chocolates, gomas de mascar, chicles e balas e drops as linhas de maior giro”, assinala o dirigente. Já a Falcon exibe um mix com 7 mil itens dos quais gomas, drops e chocolates puxam as vendas, atendendo principalmente doceiros (perueiros), que pulverizam as mercadorias por cerca de 20 bairros e vilas da região, com um tíquete de compras mensal de R$ 10 mil”, orça Darci Barata. “Temos crescido em torno de 4-5% ao ano e, surpreendentemente, em 2013 fechamos com alta de 8%. Mas neste ano, entretanto, devemos retomar a média dos últimos exercícios”, prevê o atacadista. Trajetórias vitoriosas Entre as inovações inseridas na presente edição, o PDR 2014 introduziu o Top Trajetória, premiação de contribuição para o setor. Destinado a homenagear empresas que, com sua história e realizações, imprimiram sua marca nas conquistas da indústria no Brasil, o prêmio foi concedido por consenso do comitê organizador à Santa Helena e à JAF Inox, dos segmentos de confeitos e máquinas, respectiAdriano, da JAF Inox 15 unidades vamente. Seguramente foram decisivos para a escompletas instaladas colha da indústria de doces e confeitos à base de amendoim, a sua trajetória bem sucedida e transição da tradição para a modernidade. Dentre os fabricantes do setor confeiteiro, sobressai a operação dessa empresa que, ao completar 70 anos, instalou em seu complexo de Ribeirão Preto (SP) uma atualizada planta de snacks orçada em R$ 30 milhões. Projetada dentro de um inovador conceito de produção vertical, praticamente uma exclusividade da marca, ela exibe alto índice de automação, permitindo à Santa Helena dobrar a sua capacidade de produção. Nesses 70 anos, ela sem dúvida gravou sua marca a fundo na evolução do setor, tornando-se a maior indústria de doces e confeitos de amendoim da América Latina. Em apenas seis anos, a JAF Inox se tornou a expressão mais completa do empreendedorismo nacional, ao criar a própria tecnologia e desenvolver nacionalmente cerca de uma centena de diferentes equipamentos para o crescente setor de chocolate gourmet, desde a torra e prensagem do grão de cacau até o refino da massa. As linhas que saem de seu galpão, na cidade de Tambaú (SP), equipam laboratórios e plantas de praticamente todos os maiores players chocolateiros do país. Prova maior do reconhecimento de sua capacidade, no início do ano, ela se associou ao grupo holandês Royal Duyvis Wiener e se estabeleceu entre as principais grifes de máquinas de chocolate gourmet do mundo, com linhas de capacidade até 500 quilos/hora. “A tecnologia JAF Inox conseguiu unir mundos separados que, de um lado, alinhavam os produtores de cacau e, de outro, os fabricantes de chocolate. Hoje ambos sentem-se parte de um mesmo negócio, com as diversas linhas bean-to-bar (do grão ao chocolate) que fornecemos”, assinala Adriano Sartori Pedroso, diretor da indústria, contabilizando 15 unidades completas instaladas no país. Novembro 2014 Doce Revista 21 Capa Canal da moda Modelo de atacado distribuidor baseado no cash and carry domina a cena na Grande São Paulo Loja matriz da Chocolândia 20 departamentos, mas o chocolate é soberano. I ndicada na categoria de atacado distribuidor especializado da Grande São Paulo, a Chocolândia personifica o modelo que se dissemina atualmente nessa atividade. Quem entra na matriz do grupo, que hoje comanda seis megalojas espalhadas por todas as zonas da cidade mais dois dos mais populosos municípios paulistas, se depara à primeira vista com um supermercado comum. Conta com mercearia, artigos para higiene pessoal e limpeza e uma série de outros itens. Mas a empresa criada há 30 anos no bairro do Ipiranga é especializada mesmo em chocolates. Tanto que na Páscoa, maior data do setor chocolateiro nacional, chega a comercializar de 4 a 5 mil toneladas de ovos e figuras à base do produto. Com fama que ultrapassa as fronteiras do estado, a loja matriz atrai caravanas de outras cidades e funciona 22 Doce Revista Novembro 2014 24 horas nos 45 dias que antecedem a Páscoa. A empresa foi uma das pioneiras no empreendedorismo na ala de chocolate ao organizar cursos, hoje na faixa de 500 por ano, com aulas que vão do básico sobre chocolate até níveis mais complexos da doçaria, com workshops sobre bolos, confeitaria profissional e até culinária oriental. “Cerca de seis mil alunos são formados por mês e esse movimento é crescente”, sublinha Osvaldo Nunes, fundador e diretor da Chocolândia. Inaugurada em um espaço de 120 metros quadrados, a loja principal da rede soma hoje 10 mil metros quadrados, e ainda conta com unidades na Lapa, Tatuapé, Santo Amaro, Santo André (SP) e Guarulhos (SP). “Estamos na realidade em meio a um plano de expansão que inclui projetos de lojas na Baixada Santista e regiões de Cam- pinas e Sorocaba”, adianta Nunes. Cada loja, acrescenta ele, conta com cerca de 20 departamentos e amplo estoque. Só na matriz são 1.500 m² para armazenagem e um mix de 18 mil itens. “Mas o produto soberano é o chocolate. Para ele, por sinal, dedicamos corredores especiais, com as melhores e mais variadas marcas, afinal a Chocolândia é a maior distribuidora de coberturas do Brasil”, assinala o empresário. Descontos atraentes Oferta e demanda de candies no quinto maior município de São Paulo avança de braçadas graças a operações como a Viel e Viel, outra indicada ao PDR 2014 na categoria de atacado distribuidor especializado da Grande São Paulo. Apesar de encravada no centro nevrálgico de Osasco, próximo www.docerevista.com.br à estação Comandante Sampaio, o atacado é desconhecido pela sua denominação social. Todos, porém, conhecem a Garoto Doces, nome fantasia da loja estilo atacarejo, que abriu as portas há 37 anos na região. Comandada pelos irmãos Jovane e Daelcio Viel, a unidade hoje ocupa área total de 3.000 m², que inclui armazém de 1.000 m² e estacionamento para 50 veículos. “Começamos na rua da estação, em um espaço de 15 m² e, desde 1985, ocupamos a loja atual, que Nunes, da Chocolândia previsão de lojas na Baixada Santista e regiões de Campinas e Sorocaba. Jovane, da Viel e Viel abastecimento na Marsil e foco nos descontos. opera com oito checkouts”, comenta Jovane Viel. Com população estimada em torno de 700 mil habitantes e PIB entre os dez maiores municípios brasileiros, Osasco adotou o formato de comércio doceiro que predomina na capital paulista. Assim, operações atacadistas, como a Garoto Doces, distribuem amplo sortimento de guloseimas por todo o município e bairros periféricos de cidades vizinhas, como Carapicuíba, Jandira, Itapevi, Cotia e Taboão da Serra. O perfil da clientela, detalha Viel, engloba cantinas de escolas e empresas, bares, padarias e vendedores ambulantes, sendo os chamados cantineiros os principais frequentadores da Garoto Doces. “São fregueses fiéis, que compram semanalmente e cujo tíquete médio alcança de R$ 8 mil a R$ 10 mil”, assinala o atacadista. Com 15.000 itens nas prateleiras, a loja www.docerevista.com.br abastece cerca de 70% do portfólio diretamente dos fabricantes, sendo os restantes 30% preenchidos por intermediários e compras de outros atacados. “Somos clientes da Marsil (uma das maiores operações doceiras de São Paulo, também ganhadora do PDR 2014) e frequentemente apelamos para as promoções deles, que sempre resultam em bom negócio”, argumenta Viel. Apesar de alguma sazonalidade, influenciada principalmente pelas variações climáticas, o giro é domina- Silva, da Super Doce Maringá de 40 M² a 3.400 m² de área de venda. do por linhas de salgadinhos, chocolates e balas e chicles, que representam 10%, 8% e 7%, respectivamente, das operações diárias. A fatia restante se pulveriza pela grande variedade de categorias e marcas disponibilizadas na loja. Seguindo o modelo adotado pela maioria das operações do atacado distribuidor de confeitos, a Garoto Doces opera com televendas, loja digital com encomendas por e-mail e entregas em 48 horas, facilitando pagamento via cartão de crédito em até três parcelas sem juros, em compras acima de R$ 300,00, insere Viel. Embora a loja inclua diversos diferenciais de atendimento, como a presença diária de promotores, pacotes e promoções, o dirigente considera que a operação sobressai mesmo pelos atraentes preços praticados. “Dependendo da linha, ofereremos descontos de até 20% e os varejistas sabem que essa é a chave para rentabilizar um negócio de baixo valor e necessidade de giro alto”, sublinha Viel. Por conta da manutenção dessa política, ele atribui um crescimento na faixa de 10-12% ao ano nos últimos três exercícios. Também entre os indicados ao PDR 2014 na categoria de atacado especializado da Grande São Paulo, a Super Doce Maringá segue o modelo de operação familiar amplamente disseminado na atividade de distribuição de doces. Foi em 1992 que o paranaense Edemir Epifanio da Silva, sua esposa Mara Lúcia e o filho Douglas deram início a trajetória do negócio doceiro, com a abertura do Comércio de Doces Domar. Com área de venda de 40 m², o pequeno comércio era focado no varejo e, por conta desse perfil, exibia um mix diversificado, combinado candies e demais categorias de bens de consumo. Atendendo pedidos de clientes, o trio abriu dois anos depois as portas do Comércio de Doces Piraju, em espaço bem maior, já especializado em confeitos e direcionado à atividade atacadista. “Com a evolução da empresa, surgiram oportunidades de compra de outras lojas do mesmo segmento no bairro e, em 2009, abrimos a Super Doce Maringá”, relata Silva. Em um espaço de 1.800 m² foram concentrados os estoques das demais unidades. Com grande variedade de guloseimas, em que sobressaem linhas de salgadinhos, chicles, balas, pirulitos, chocolates e confeitos em geral, a Super Doce Maringá atende bares, restaurantes, buffets, academias, sorveterias, lanchonetes e consumidores das regiões de Taboão da Serra, Capão Redondo, Embu das Artes, Cotia, Itapecerica da Serra, Juquitiba e Vargem Grande. Com três unidades, a rede hoje totaliza 3.400 m² de área de venda, 16 checkouts, frota de quatro veículos e efetivo de 86 funcionários, que operam um mix de 15 mil itens, repassa Silva. Novembro 2014 Doce Revista 23 Capa Domínio regional PDR consolida Campinas e Sorocaba como polo de distribuição de candies no interior paulista Comercial Porto 5 mil m² para armazenagem e cobertura estendida a um raio de 500 quilômetros. C omo já era de conhecimento geral, as regiões de Campinas e Sorocaba sobressaem, entre outras virtudes, pela alta concentração de operações especializadas na distribuição de chocolates e candies. O que não se sabia é que lá estão as principais empresas do setor, fato comprovado pelas três indicações ao PDR 2014 na categoria de atacado especializado no interior paulista. Baseada em Campinas, a Comercial Porto é a prova viva de que o atacado doceiro tradicional viceja fora dos limites da Capital no formato que remete às origens da atividade. Apesar de hoje em dia a maioria das empresas adotar o modelo misto de balcão e autosserviço (cash and carry), a Porto mantém a venda direta ou porta a porta, com co24 Doce Revista Novembro 2014 bertura que se estende a mais de 260 municípios em todo o estado. “Operamos com mais de 600 fornecedores diretamente e temos cadastrados 3.500 clientes ativos”, assinala Fábio Luís Porto, diretor da empresa. Ele conta que o atacado abriu as portas no início da década de 1990 em meio à febre da distribuição de salgadinhos (snacks), cuja demanda na época ainda seguia picos sazonais e preferências regionais. “Entre as marcas mais populares, era impossível colocar um produto que não fosse aquele da preferência local”, observa Porto. O atendimento a peculiaridades dessa clientela, conta ele, foi a base do negócio que se tornou o diferencial da distribuidora: a venda direta, com equipe própria e 16 representantes para cobertura a todo o estado de São Paulo, com exceção da Capital. Para fugir da dependência de poucos fornecedores, a Porto logo diversificou o portfólio, agregando ao menu amplo sortimento de chocolates, snacks e candies. Estabelecida há nove anos no bairro Santa Cândida, no entroncamento das rodovias Dom Pedro I (SP-65) e Campinas-Moji-Mirim (SP-340), a distribuidora conta com uma área de 5.000 metros quadrados divididos em dois galpões, e frota de 16 veículos que cobre um raio de até 500 quilômetros, repassa Marcelo Momesso, gerente comercial da Porto. “Trabalhamos exclusivamente com o doceiro, cuja clientela atualmente inclui as lojas de artigos para festa, pequenos atacadistas, distribuidores de lojas de www.docerevista.com.br varejo e as chamadas casas de bolacha”, informa ele. Tendência que nasceu na periferia da capital paulista e hoje se espalha por todos os bairros e cidades do interior, as casas de bolacha são lojas especializadas em doces ou bonbonnières, em geral localizadas em vias de acesso de grande fluxo de público, que comercializam cerca de 1.000 itens, a maior parte de guloseimas para compra por impulso. “São pontos de venda (PDVs) que não têm espaço para estocar mercadorias. O nosso armazém funciona como uma extensão do depósito desses comerciantes e é uma forma de prestação de serviço”, frisa Momesso. Fábio Porto completa que a clientela exibe um perfil diversificado, comportando desde Fábio, da Comercial Porto 600 fornecedores e 3.500 clientes ativos. Herdeira da tradição Lembrança ainda viva na memória dos chamados doceiros, responsáveis pelo comércio de candies em São Paulo, a compra e venda de “linhas” fazia parte da rotina comercial. A linha, que Amaral, da Docelinho primeira linha de distribuição adquirida em 1984. empresas de micro e pequeno porte, com compra semanal na faixa de R$ 300,00, até operações mais encorpadas, cujo tíquete alcança R$ 1.500,00. “O que conta para esse mercado é o atendimento, com visitas semanais, reposição sincronizada, planejamento do que vai ser entregue a cada semana e pontualidade”, sublinha o atacadista. Outra iniciativa da Porto muito valorizada pelos doceiros, complementa, é o não comprometimento com volumes. “Não obrigamos ninguém a tirar pedido mínimo”, grifa o dirigente. Com um mix de 1.200 itens, o atacado registra um giro mais robusto nas linhas de chocolate, que abocanham em torno de 20% das vendas www.docerevista.com.br totais, seguidas pelas variantes de balas, dropes e gomas de mascar, com 15% do faturamento, posiciona Fábio Porto. Apesar da participação histórica no surgimento da empresa, os snacks representam hoje cerca de 10% dos pedidos, pulverizando a fatia restante pela ampla variedade de guloseimas doces disponibilizada. Recentemente, o atacado concluiu a ampliação que resultou na atual capacidade, dobrando a área de armazenagem. Norimiti, do Higa de fabricante de doces a atacadista. designava o roteiro de distribuição de confeitos, também incluía o veículo, o estoque de mercadorias e a freguesia. “Comprei a linha de Piedade (SP) em 1984”, rememora Célio Amaral, diretor da Docelinho, rede que abastece Sorocaba (SP) e região, nascida dentro da antiga tradição, indicada para o PDR 2014 na categoria de atacado especializado no interior paulista. Até chegar ao estágio atual, com duas lojas operando pelo sistema cash and carry, três depósitos que totalizam 1.800 m² e frota de 18 caminhões, Amaral percorreu um longo caminho. Durante cinco anos, ele conta, operou com apenas um caminhão e um ajudante, cobrindo cerca de 150 pontos de ven- da (PDVs) de doces do município de Piedade. Em 1989, com a compra de uma F 4000, expandiu a distribuição, a partir de um senso acurado para um negócio no qual as margens são calculadas na base de centavos de qualquer que seja a moeda corrente. Na década de 1990, novidades como o Kinder Ovo e licenciamentos fortes como o Rei Leão para os chicles de bola Ping Pong aceleraram a expansão da Docelinho. Foi nesse período que Amaral fixou o negócio em Sorocaba, onde o primeiro comércio abriu as portas no bairro Barcelona. Em paralelo, instalou um depósito na região de Parada do Alto, também em Sorocaba, para abastecer os dois caminhões. À época, o comércio de confeitos em Sorocaba era dominado pela Doces Manchester, que concorria com a Bom Pastor, atacado ligado aos dirigentes da fábrica de guloseimas De Malta. “Com o fechamento da Bom Pastor, em 1995, nossa operação, que ainda engatinhava, passou a dividir a clientela dos doceiros da cidade e região com a Manchester”, relata o diretor da Docelinho, que hoje mantém sua principal loja nas instalações que pertenceram à De Malta. Naquele período, o atacado de 230 m² operava pelo sistema de balcão cerca de 2 mil itens, chegando a girar o equivalente hoje a R$ 12 mil por dia, calcula Amaral. Além de aproximadamente uma centena de doceiros cadastrados na cidade, a Docelinho cobria, com entregas, os municípios vizinhos de Tatuí, Itapetininga e Capão Bonito, entre outros. “Hoje em dia nossa cobertura alcança 70% do interior de São Paulo, menos a Capital e o Vale do Paraíba”, confronta Amaral. Além da matriz, localizada na Vila Assis, o atacado conta com filial na zona Norte de Sorocaba. Ambas operam pelo sistema de autosserviço, totalizando 600 m² de área de venda. Pelo porte que o estabelecimento exibe hoje, a Docelinho é atendida diretamente por todos Novembro 2014 Doce Revista 25 Capa os seus cerca de 180 fornecedores. Do total de indústrias que operam com a Docelinho atualmente, cerca de 10% são responsáveis por 80% das vendas do atacado. Refletindo a demanda registrada na maioria das operações especializadas em candies no interior de São Paulo, o ranking do giro é liderado pelas linhas de salgadinhos, seguidas por balas, drops e doces de caixa (cocada, abóbora, maria mole, paçoca, pé de moleque). Entre os planos da distribuidora, Amaral insere a abertura de mais uma unidade em Sorocaba e uma primeira loja fora da cidade. Nos últimos anos, seu negócio tem crescido entre 5% e 10% - e este também é o prognóstico para o exercício atual. Também laureado com o PDR 2014, o Higa Atacado exibe uma trajetória bem distinta dos demais indicados à premiação, sendo os elos de ligação o porte avantajado e localização nas cercanias de Campinas. Trata-se da única operação que vingou como distribuidora depois de ter sido fabricante de doces. A história remonta aos idos de 1963, quando o Tokujin Higa, quinto filho brasileiro do casal de imigrantes japoneses Toku e Kiyo Higa, assumiu um pequeno negócio de cocadas caseiras. Em 1971 a fábrica artesanal se transformou em indústria, com parque instalado no Campo dos Amarais, aeroporto estadual na região Norte de Campinas, próximo da Rodovia Dom Pedro I. Apesar da cocada ser o carro-chefe, outros itens como doce de amendoim, maria-mole, paçoca e doce de leite, entre outros, foram sendo incorporados ao menu. A partir de 1975 a empresa passou a atender pelo nome de Higa Produtos Alimentícios e encorpou com várias expansões até 1988. Com a desestabilização da economia e hiperinflação nos anos 1990, a empresa optou por não produzir mais doces e a fábrica foi desativada em 1998, passando então a atividade de atacado e varejo a ocupar os 20 mil m² das an26 Doce Revista Novembro 2014 Gigante do interior Indicado ao PDR 2014 como atacado distribuidor generalista no interior de São Paulo, a Maranhão Distribuição, controlada do grupo homônimo, nasceu há 45 anos na cidade de Catanduva (SP). Era um espaço de 40 metros quadrados na rua Maranhão, onde o fundador Simões de Lima, presidente do Grupo Maranhão Renato Segura Ramires iniciou a primeiro cash and carry previsto para 2015. operação, comercializando apenas batatas. Quase meio século depois, a empresa se consolida entre as maiores operações atacadistas do estado, atuando também no autosserviço, com uma rede de supermercados por onde circulam em torno de 10 mil pessoas diariamente. Com espectro de atuação que inclui, além de todo interior paulista, o Triângulo Mineiro e o Sul de Minas Gerais, a Maranhão mantém uma equipe especializada de representantes comerciais que atende principalmente o pequeno e médio varejo de um cadastro com 20.000 clientes ativos, visitados semanalmente. “Além disso, contamos com um estrutura de televendas treinada e focada em um atendimento diferenciado à clientela”, assinala Thomaz Simões de Lima, presidente do grupo atacadista. Com cobertura que se estende a 427 municípios do Estado de São Paulo, o modelo de gestão da distribuidora se apoia em quatro pilares, acrescenta ele. O primeiro inclui a divisão de atacado generalista e atende supermercados de um a dez checkouts. A divisão tradicional cobre o pequeno varejo, lojas de conveniência, padarias e mercearias, entre outros pontos de venda (PDVs). O terceiro pilar abrange a divisão de perfumaria, focada no segmento de higiene pessoal e cosméticos, ficando a divisão de distribuição especializada com a missão de disponibilizar itens de fornecedores exclusivos para o maior número de PDVs. “Essa ala busca dessa forma o potencial de consumo de cada região, através do cumprimento das estratégias de preços, exposições e mix de produtos adequados a cada tipo de loja”, detalha Simões de Lima. Já a operação de supermercados conta com unidades em Catanduva, Santa Adélia e São José do Rio Preto, totalizando cinco unidades. A Maranhão soma hoje 5.200 m² de área de venda, 24.000 m² de espaço para armazenagem, corpo de 1.120 funcionários, frota de 58 veículos e mix de 5.500 itens (canal indireto) a 16 mil itens (canal direto). Apesar de indicadores econômicos apontarem um cenário de retração para 2015, o Grupo Maranhão projeta crescimento de 14% para seu braço atacadista, através do fortalecimento de sua relação com fornecedores e clientes, bem como investimentos em tecnologia e capacitação da força de vendas. “Para a rede de supermercados, as projeções são de um crescimento de 20%, com a inauguração no próximo ano de mais uma unidade em Catanduva e da primeira loja cash and carry da região”, sinaliza o dirigente. tigas instalações. Desde a mudança, o Higa opera nos moldes de uma holding familiar na gerência de um quadro administrativo especializado, também com negócios no varejo. Hoje, são 204 funcionários e há projetos de expansão imediata para outras cidades da região metropolitana de Campinas (RMC). www.docerevista.com.br o melhor do Trade M aior polo industrial e centro consumidor do país, São Paulo foi palco do 6.º Prêmio Doce Revista (PDR). Pelo segundo ano em nova roupagem e formato regional, a premiação voltou a por a lupa no comércio de doces, destacando as melhores operações do atacado distribuidor eleitas pela indústria doceira no estado. Desta vez, emergiram das urnas as empresas Falcon, Mano’s, Top Tem, Atacadão, Chocolândia, Super Doce Maringá, Viel Viel, Comercial Porto, Docelinho, Higa Atacado, Grupo Maranhão e Marsil. Foram ainda laureados por atuação destacada na cena industrial a fabricante de confeitos Santa Helena e a grife de máquinas JAF Inox. Com patrocínio da Mondelez Brasil, Fini e Perfetti Van Melle e apoio da Florestal Alimentos, Venâncio’s Doce, Malta & Rezende e Pipocas Clac, a cerimônia de entrega do 6.º PDR – Top Atacadista Regional-São Paulo reuniu em almoço descontraído, realizado dia 12 de dezembro, no Clube Inglês, dirigentes, representantes e amigos das empresas vencedoras. Top Atacadista Grande São Paulo Super Doce Maringá Viel Viel Chocolândia Clair de Oliveira, da Florestal, faz a entrega a Edemir Epifânio da Silva, da Super Doce Maringá. Euclides Martins, da Viel Viel, recebe o PDR de Carlos José Marchezim, da Perfetti Van Melle. Osvaldo Porfírio Nunes, da Chocolândia, é cumprimentado por Alcides Tavares Venâncio, da Fini. Top Atacadista - Interior paulista Docelinho Comercial Porto Higa Atacado Luiz Fernando Borgatto Amaral, da Docelinho, e Fabio Catozzo, representante da Clac. Fábio Luiz Porto recebe a premiação de Douglas Bueno, da Florestal. Norimiti Higa recebe o PDR de Nicol Rouiller François, da Perfetti Van Melle. Top Atacadista São Paulo - Capital Falcon Top Tem Mano’s Darci Barata, da Falcon, com o troféu entregue por Barbara Baltasar, da Venâncio’s Doce. Marcos Barata, da Top Tem, recebe o PDR de Silvio Santos, da Fini. Silvio Santos, da Fini, faz a entrega do prêmio a Fausto Cruz, da Mano’s. www.docerevista.com.br Novembro 2014 Doce Revista 27 Capa Top generalista Top trajetória Grupo Maranhão Santa Helena JAF Inox Marcelo Neves da Rocha, do Grupo Maranhão, é cumprimentado por Marcelo Cordeiro, da Malta & Resende. Luiz Roberto Bertella, da Santa Helena, com o prêmio entregue por Osvaldo Nunes, da Chocolândia. Jacob Cremasco, da Harald, faz a entrega do PDR a Adriano Sartori Pedroso, da JAF Inox. Top fora de série Marsil Rosely Marques Bazzeggio, da Marsil, recebe o PDR de Lucio Torres Hernandez, da Perfetti Van Melle. Panorâmica PDR 2014 Clube Atlético São Paulo cliques da festa Osvaldo Fernandes, Jean Marcos, Enoque José de Moraes e Marcelo Cordeiro (Malta & Rezende). Abílio Amaral Faisco (DTC), Rosely Marques Bazzeggio e Flavio Bazzeggio (Marsil). Luiz Fernando Amaral, Célia Regina Amaral, Pedro Luiz Amaral e Laércio Fernandes (Docelinho). Rogrigo Higa e Norimiti Higa (Higa Atacado). Edemir Epifânio da Silva (Super Doce Maringá). Jeane Araujo, Talita Ferraz e Ana Alves (Chocolife). 28 Doce Revista Novembro 2014 www.docerevista.com.br cliques da festa Josemara Giraldi (Perfetti), Carolina Proença e Sandra Ramalho (Casadoce). Alexandre Magno Giorgetto, Adriano Sartori Pedroso e Renato Queiroz (JAF Inox) Marcelo Neves da Rocha e Priscila Liria Rocha (Grupo Maranhão) José Tadeu Albuquerque e Maurício Feitosa de Freitas (Spani Atacadista). Felipe e Fausto Cruz (Mano’s). Fabio Porto, Vanderlei Nunes e Marcelo Monesso (Comercial Porto). Clair de Oliveira Júnior e Jervat Gremi (Florestal). Silvio Santos, Alcides Tavares Venâncio e Pedro Sabino (Fini). Josemara Giraldi, Roberta de Solza e Herbert Carlos Pereira (Perfetti). Marcelo Nunes, Valmir Feil e Marcio Sanches (Docile). Grupo Coisa da Antiga. www.docerevista.com.br Novembro 2014 Doce Revista 29 30 Doce Revista Novembro 2014 www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Novembro 2014 Doce Revista 31 Giro QUEM: FERRERO PRODUTO: FERRERO ROCHER GANCHO: EMBALAGEM ESPECIAL QUEM: PANCO PRODUTOS: SNACKS E SUCOS GANCHO: NOVOS SABORES A Ferrero Rocher impacta o trade neste fim de ano com o brilho e a sofisticação peculiares da marca em uma surpresa especial. Dois formatos de embalagens do bombom Ferrero Rocher compõem a novidade exclusiva. Trata-se de uma luva de cartão com visual natalino aplicada aos estojos com 15 e 24 unidades, pré-distribuídos em cerca de 600 pontos e venda (PDVs) do Sul e Sudeste. Além do tradicional Ferrero Rocher em embalagens com 24 ou 15 unidades, com preço sugerido de R$ 39,99 e R$ 24,99, respectivamente, sobressaem a versão em lata, disponível com 15 unidades e preço sugerido de R$ 39,99; e o Ferrero Rocher T3, com três unidades, ideal para lembrancinha, com preço sugerido de R$ 4,25. O menu natalino traz ainda o Ferrero Collection, com sortimento de especialidades para presente, com preços sugeridos de R$ 17,99, R$ 27,99 e R$ 39,99, correspondentes às versões com nove, 15 e 21 unidades. Dando sequência à estratégia de expandir sua oferta ao trade, a empresa banca lançamentos em duas categorias diferentes. No filão de snacks, reforça a linha de salgadinhos Eatz e, no reduto de sucos em pó, incorpora quatro sabores ao refresco Panc. “Com essas novidades, a Panco supre as demandas do mercado com inovação tanto na extensão de linhas como na ampliação do portfólio”, comenta Sérgio Murilo Borges, coordenador de produtos da empresa. Para incrementar sua participação no mercado de snacks, a Panco agrega ao salgadinho Eatz, à base de trigo, sabores diferenciados, como Pepperoni e Barbecue, aliás, inéditos nesse formato, observa Borges. Os snacks ampliam o menu que inclui os tradicionais Bacon e Pimenta Mexicana. “Pesquisas com consumidores indicaram as preferências, propondo diferenciação dentro de uma linha já saturada pelo sabor bacon”, sustenta o executivo. Ainda nessa categoria, informa ele, a Panco atua com 32 Doce Revista Novembro 2014 as marcas Panquitos, de salgadinho à base de milho, em oito opções de sabor, e com o Bisnack, também feito com trigo, com cinco opções de sabor. Aproveitando a temperatura dos meses mais quentes, a companhia expande a linha Panc de refrescos em pó. Inspirado na Amazônia, Panc Guaraná une a originalidade do extrato natural da fruta com a refrescância para aplacar o verão. Os outros sabores compõem misturas com frutas tropicais, dentro da marca Panc Mix: Laranja com Mamão, Laranja com Acerola e Laranja com Maracujá. Adoçado na medida certa, Panc é oferecido em 18 opções de sabor, todas com Vita Nutri, um complexo com 10 vitaminas e ferro. QUEM: MONDELEZ PRODUTO: TANG GANCHO: SABORES DO VERÃO Campeã na categoria de refresco em pó, Tang insere em edição limitada os sabores Frutas Vermelhas e Frutas Cítricas para agitar o verão. Junto ao anúncio das novidades, a marca coloca no ar a campanha #AMOTang, brindando as crianças fãs do refresco e que amam os sabores dessas frutas com ações baseadas em música e dança. De forma www.docerevista.com.br divertida, a campanha relaciona o perfil da criança com algumas características das frutas em rimas descontraídas e um forte apelo musical. Criado pela agência Ogilvy, o filme é veiculado na TV aberta e fechada, em âmbito nacional, desde meados de outubro. “Para esta campa- nha, pensamos em elementos modernos e que falem diretamente com a criança. Por isso, o uso da hashtag e de uma linguagem descolada foram estratégicos para a criação das peças”, resume Théo Vieira, gerente de marketing de Tang. Além do filme, degustações nas praias de São Paulo e Rio de Janeiro permeiam a campanha #AMOTang, adotada neste verão. “A música e a interatividade com as crianças também estão presentes no off-line e fazem toda a diferença na hora de apresentar Tang ao público”, completa Vieira. • Top do mês mais açúcar em suas vendas! anuncie em doce revista. www.docerevista.com.br Novembro 2014 Doce Revista 33 Saúde & Bem-Estar Bom para o corpo e a Natureza Pioneira na oferta de produtos diet/light, a Suavipan acelera com linhas integral e orgânica U ma das desbravadoras do mercado diet/light no Brasil, a Suavipan construiu nome basicamente na cena de panificados. Em 16 anos de atuação concentrou a expertise adquirida no reduto de saúde e bem-estar em três segmentos: diet & light, com bolos/bolinhos, rosquinhas e alfajores; integral, com bolos/bolinhos e pão de mel e orgânica, com uma inédita linha de muffins. “Utilizamos ingredientes diferenciados e com excelentes benefícios, comparados com linhas de concorrentes, a exemplo de polidextrose, sucralose e lecitina de soja, utilizados em todos os produtos light, sem adição de açúcar”, observa Lucas Augusto Christino, diretor de marketing da Suavipan. A empresa partiu do conceito geral de que alimentos orgânicos são todos aqueles produzidos em sistemas que não utilizam agrotóxicos ou insumos artificiais em sua produção, além de também não serem organismos geneticamente modificados (OGM), como os transgênicos. “A definição legal afirma que o sistema orgânico de produção é aquele que busca aperfeiçoar o uso de recursos naturais e socioeconômicos, respeitar a integridade cultural das comunidades rurais e reduzir a dependência de energia não-renováveis”, observa Christino. Nesta entrevista exclusiva à Doce Revista (DR), ele analisa as tendências de saudabilidade e detalha o ingresso da Suavipan no segmento de produtos orgânicos. DR – Por que decidiu ingressar no filão orgânico? Christino – Estar atento às tendências mundiais e à evolução de outras categorias é uma lição que fazemos constantemente. Nossa linha orgânica foi lançada mais 34 Doce Revista Novembro 2014 Lucas Christino entrar em mercado legislado é desafio ainda maior. recentemente, mas desde 2006 as áreas de inteligência de mercado e marketing já monitoravam o grande potencial de crescimento dos produtos orgânicos no mercado mundial, sobretudo europeu e a carência de orgânicos no Brasil. Como essa linha estava atrelada ao posicionamento de ofertar produtos saudáveis, a demanda foi passada para a área de P&D. Fruto de um ano e meio de trabalho nessa ala, a receita foi finalmente desenvolvida, trazendo ao mercado brasileiro o primeiro muffin orgânico. DR – Quais foram as primeiras medidas adotadas para realizar esse projeto? Christino – Pesquisar sobre o mercado, entender a legislação, conhecer esse consumidor, verificar se existia aderência aos canais de distribuição e aos valores da marca. DR – Quais foram as maiores dificuldades encontradas? Christino – Entrar em um novo mercado é sempre um grande desafio. Em um mercado legislado, é ainda maior. Mas o maior desafio foi conseguir desenvolver a rede de fornecedores capazes de atender com qualidade e assertividade as demandas da empresa. O mercado orgânico é formado por diversos pequenos fornecedores, que muitas vezes enfrentam dificuldades com logística e planejamento. Superar essa barreira e trabalhar a quatro mãos foi fator preponderante para o sucesso do projeto. DR – Como foi o desenvolvimento dos primeiros produtos? Christino – Esse processo é sempre longo e trabalhoso. Seja em relação à parte técnica, envolvendo matérias-primas, comportamento do produto e adequação da linha de produção, ou em relação ao mercado, do ponto de vista do que o consumidor gosta. Além disso, é preciso buscar qual o melhor posicionamento, como comunicar seus diferenciais e quais os melhores canais para a distribuição da linha. Aprimorar o produto e os processos é uma constante, seja em um lançamento ou nos itens já consagrados. DR – E qual foi a receptividade inicial? Christino – Produto orgânico é aquele que conta com uma cadeia de suprimentos mais cara. Portanto, levar um produto orgânico ao varejo comum e com um preço competitivo é um grande desafio. Fazer o consumidor enxergar valor no produto e não fazer uma mera comparação de preço é um dos diferenciais. No lançamento da linha, muitos varejistas e comerciantes não acreditavam nos produtos orgânicos. Alguns achavam que era modismo, outros que aquilo era “frescura”. Informação foi a principal arma para enfrentar essa resistência. Obviamente que o mercado como um todo amadureceu, outras indústrias entraram ofertando outras categorias e o consumidor se tornou mais atento e começou a comprar . • www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Novembro 2014 Doce Revista 35