Jornal Hoje em Dia . 07.Ago.2006
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Jornal Hoje em Dia . 07.Ago.2006
Jornal Hoje em Dia Página 1 de 2 Brasil, 07 de Agosto de 2006 Principal [email protected] Política Economia Artigo de Fernando Pinho Banheiros e mais banheiros! Brasil Mundo Minas Esportes Cultura Classificados Classificados Notícia Plural Info.com Programinha Brasília Domingo Turismo Veículos Sabor Eu acredito Colunistas Fale conosco Como anunciar Assinaturas Clube de assinantes Expediente Medicina e Saúde Prof. Helinho Roteiro Cultural Lazer Obituário OAB Empregos Dia : 01 Mês : Jan Ano : 2006 Ir Quem diria: 2.500 anos a.C. os egípcios já construíam sofisticados banheiros dentro das pirâmides. Será que imaginavam que os faraós voltariam da outra vida para um reconfortante banho? Vai entender! Na Grécia antiga - e depois, em Roma canalizaram águas para residências (dos ricos, claro) e construíram termas e banheiros públicos. Há até ruínas com ‘privadas‘ em série: uma extensa prancha de pedra com buracos sobre um pequeno canal de água corrente. Ali eles se sentavam e trocavam idéias, provavelmente sobre política e filosofia, já que futebol ainda não existia. Já imaginaram Aristóteles e Platão papeando num banheiro público de Atenas? Bizarro! Na Idade Média, a Europa aboliu os banheiros e os hábitos de higiene. Diz a história que foi por conta da igreja, que considerava os banhos ‘orgias pecaminosas‘. Deu no que deu: A idade das trevas e das doenças, muitas por falta de higiene. Aí veio o Renascimento e, por questões de saúde pública, voltou ao assunto a higiene pessoal. Em 1775, um inglês inventou o sifão e o moderno vaso sanitário, sem odores. Ufa, até que enfim! No início do Brasil Colônia, os portugueses não construíam banheiros. Era o tempo do penico, esvaziado pela janela como era hábito na Europa. Que nojento! Mas o país tropical, com muita água e índios bastante higiênicos, mudou esses hábitos e isso refletiu até no Velho Continente. Salve! Nosso Brasil na história da higiene do mundo. Lembro-me da casa de minha família onde, até uns 30 e poucos anos atrás, só existia um banheiro grande para cinco quartos. Lá fora, no ‘barracão‘, tinha o da empregada, que usávamos nos momentos de aperto. Na mesma edícula meu pai havia construído um quarto com banheiro para os irmãos mais velhos: os privilegiados. E éramos nove filhos! Hoje, o que mais fazemos no escritório de arquitetura é projetar banheiros. Mesmo quando se trata de reformas, este é o item principal. Longas reuniões para decidir o tamanho da bancada de cada um. Todos querem banheiros privativos. A questão do bidê, então, nem se fala. É assunto de reunião específica. Duchinha ou bidê? Confesso que não tenho opinião formada sobre o assunto. Por economia de espaço, geralmente decidimos pela duchinha. Um bom argumento que acaba com a polêmica. Mas a grande questão das casas e apartamentos das classes média e alta é o banho, ou ‘os banhos‘ do casal. Aliás, o maior sonho de consumo é a tal ‘sala de banho‘: ampla hidromassagem no lado feminino, enorme bancada para os cremes e perfumes, vaso escondido com ou sem bidê, mármores, espelhos etc. O do marido pode ser um pouco menor e mais ‘despojado‘. Mas o ideal é que tenha áreas delimitadas, para preservar a privacidade. Quem pode, pode! Millôr Fernandes, inteligente e sarcástico, com o singelo título ‘Banheiro‘, teoriza sobre a importância deste cômodo: ‘Não é o lar o último recesso do homem civilizado, sua última fuga, o derradeiro recanto em que pode esconder suas mágoas e dores. Não é o lar o castelo do homem. O castelo do homem é seu banheiro. Num mundo atribulado, numa época convulsa, numa sociedade desgovernada, numa família dissolvida ou dissoluta só o banheiro é um recanto livre, só essa dependência da casa e do mundo dá ao homem um hausto de tranqüilidade... O homem foi recuando, desesperou e só obteve um instante de calma no dia em que de novo descobriu seu santuário dentro de sua própria casa - o banheiro. Não há, em suma, quem não tenha jamais feito uma careta equívoca no espelho do banheiro nem existe ninguém que nunca tenha tido um pensamento genial ao sentir sobre seu corpo o primeiro jato de água fria. Aqui temos a paz para a autocrítica, a nudez necessária para o frustrado sentimento de que nossos corpos não foram feitos para a ambição de nossas almas, aqui entramos sujos e saímos limpos, aqui nos melhoramos o pouco que nos é dado melhorar, saímos mais frescos, mais puros, mais bem dispostos. O banheiro é o que resta de indevassável para a alma e o corpo do homem...‘ Bravo Millôr! Mas será que, nesse fenômeno contemporâneo, não estamos nos perdendo na criação de redutos cada vez mais egocêntricos? Tudo bem que cada um queira ter seu banheiro, mas será que não exageramos? A casa virou um condomínio de várias áreas privadas, sem querer fazer trocadilho. Como tudo na vida tem seu lado bom - ou quase tudo - esse último castelo em que o homem moderno pode desfrutar de privacidade, se encontrar com ele mesmo, com suas fantasias, desejos e idéias, gera cada vez mais trabalho para nós profissionais, que temos o privilégio de tornar concretos tantos sonhos dos nossos clientes. Que venham mais e mais banheiros! Fernando Guimarães Campos de Pinho é arquiteto, urbanista e designer de interiores. Sugira uma matéria. Clique aqui Cadastre-se aqui para acessar o conteúdo Esqueci minha senha Editorial Charges Artigos Leia Envie a sua O mutirão contra a dengue pode conter o avanço da doença? Sim Não Resultados Votar E-mail: [email protected] DÓLAR Comercial Compra: 2,1820 Venda: 2,1840 Paralelo < Outras notícias do caderno > - Coluna Adega - Coluna de Cibele Ruas - Artigo de Valério Neder Andrade - Artigo de Aristóteles Drummond - Coluna de Danilo Gomes Compra: 2,2770 Venda: 2,3830 Imprima esta notícia Página anterior Turismo Compra: 2,1130 Venda: 2,2670 Belo Horizonte-MG Máxima Mínima 24 ºC 13 ºC http://www.hojeemdia.com.br/v2/index2.php?sessao=5&ver=1¬icia=177 7/8/2006 Jornal Hoje em Dia Página 2 de 2 Principal Fale conosco Como anunciar Assinaturas Clube de assinantes Expediente @copyright 2006. Todos direitos reservados para Hoje em dia. É proibida a reprodução sem autorização do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação http://www.hojeemdia.com.br/v2/index2.php?sessao=5&ver=1¬icia=177 7/8/2006