Anais do III Encontro de Ciências Humanas da
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Anais do III Encontro de Ciências Humanas da
PALAVRAS COMO ARMADURA: UM ESTUDO SOBRE A ARTISTA M.I.A. Jonathan Vieira Costa Acadêmico do curso de psicologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), campus de Santo Ângelo, [email protected] Andrea Fricke Duarte Doutora em psicologia social e institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professora na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), campus de Santo Ângelo, [email protected] Resumo: A artista M.I.A. (nascida Mathangi Arulpragasam, também conhecida como “Maya”) e sua pluri-referenciada produção musical e visual, são o tema central deste trabalho. A cantora é conhecida por um som indissociado de sua história pessoal; sendo uma tamil do Sri Lanka, e tendo vivido grande parte de sua infância em Jaffna, no norte deste país, Maya vivenciou o terror da guerra civil na região e a matança de seu povo. O pai de Maya, Arular, foi então um ativista pelos direitos humanos dos tamils. A música de M.I.A. é fortemente influenciada por suas experiências em meio a este conflito, e sua arte fornece visibilidade para populações que sofrem a influência direta das guerras, das mazelas da exclusão social, do choque de culturas, da estereotipação dos povos orientais, bem como da sombra do imperialismo sobre diversos países. Maya é considerada por muitas e muitos uma rapper raivosa, em decorrência de seu trabalho barulhento e do conteúdo político apresentado de forma violenta, tomando forma como uma bofetada na cara do ouvinte; parafraseando Swords, uma de suas músicas, temos: “I’m gonna take you there cause you act like you forgot” (“Eu vou te levar até lá porque você age como se tivesse esquecido”, em tradução livre), que diz muito sobre sua produção. A respeito de seu trabalho, a crítica cultural Ayesha A. Siddiqi (2013) afirma que “M.I.A. amelha ceticismo por abrigar em si tudo que não pertence à “cultura branca” no hemisfério sul do mundo. Ela não apenas trafega pelo "outro", ela se diverte com ele. No lugar de oferecer a face oprimida do terceiro mundo, esperando pelo patrocínio do primeiro, ela traz de lá seus ritmos, cores e gírias. Em vez de assumir a postura estóica de se levar a sério demais - típica de artistas Anais do III Encontro de Ciências Humanas da URI. II Mostra de Trabalhos Científicos II Encontro de Egressos. Santo Ângelo: URI, 2015. com uma causa -, M.I.A. exerce a sua ironia. E isso confunde todo mundo”. Fazendo uso da apresentação de alguns de seus videoclipes e da montagem conceitual em que nascem os álbuns musicais da artista, o autor objetiva introduzir para a academia a militância pop orquestrada por ela, sua estética complexa, sua história, e, é claro, seu “barulho”. Também objetiva discorrer sobre as diferentes peças e as referências que compõem a “colcha de retalhos” das manifestações artísticas da cantora. Em segundo plano, pretende-se discutir também a temática da apropriação cultural, que M.I.A. já foi acusada de cometer, buscando desmistificar esta alegação, para então designar a artista como uma atropófaga. O desejo que alimenta esta escrita/pesquisa é dar visibilidade a uma manifestação política tão contemporânea e única como o trabalho feito por M.I.A. Palavras-chave: Militância política. Música. Arte contemporânea. Anais do III Encontro de Ciências Humanas da URI. II Mostra de Trabalhos Científicos II Encontro de Egressos. Santo Ângelo: URI, 2015.