a utilização de práticas sociais como estratégia

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a utilização de práticas sociais como estratégia
A UTILIZAÇÃO DE PRÁTICAS SOCIAIS COMO
ESTRATÉGIA ADMINISTRATIVA
THALITA ZOTTELE NUNES THOMAZ i
RESUMO
Este artigo aborda a enorme desigualdade social do país e ressalta ainda mais o tema
de responsabilidade social, fazendo com que esta surja como uma nova forma de
pensar o social, transformando as empresas em divulgadores de uma nova cultura e
unindo a sociedade e as organizações em torno de uma única questão – o bem-estar
social. O objetivo do artigo é descrever a utilização de práticas sociais nas empresas
através de uma visão estratégica que beneficia a comunidade, os funcionários e a
própria empresa. As principais indagações do artigo são as ações de responsabilidade
social vistas sob a ótica da administração estratégica, para benefício da empresa e
também da sociedade. Com isso nota-se que as práticas sociais têm sido
desenvolvidas cada vez mais pela precariedade existente no Brasil, mas também são
feitas estrategicamente para promoção da empresa.
Palavras-chave: Responsabilidade social, estratégia, bem-estar social.
ABSTRACT
This article covers the great social inequality in the country further underscores the
issue of social responsibility, causing it to emerge as a new way of thinking about the
social, transforming businesses in promoters of a new culture and uniting society and
organizations around a single issue - the social wellbeing. The objective is to describe
the use of social practices in business through a strategic vision that benefits the
community, employees and the company itself. The main questions of the study are the
social responsibility viewed from the perspective of strategic management for the
benefit of the company and also the society. About it we note that social practices have
been increasingly developed by precariousness existing in Brazil, but it also are made
strategically to promote the company.
Keywords: social responsibility, strategy, social wellbeing.
__________________________
i
Administradora – Graduada em Administração pela FAESA
Especialista em Gestão Empresarial pela FAESA
Atualmente na Levantina Natural Stone Brasil
Registro Conselho Regional de Administração ES, CRA 9396.
E-mail: [email protected]
1 INTRODUÇÃO
Desenvolver atividades sociais vem se revelando um fator importante para o
desenvolvimento e crescimento das empresas, e do outro lado, a sociedade
tem em mãos um papel decisivo frente às questões sociais e a cobrança por
uma atuação responsável e uma postura que justifique a preocupação das
empresas com tais questões. O surgimento de práticas sociais deve-se ao
aumento de conscientização da ética e da responsabilidade social, bem como o
aumento da necessidade de alianças estratégicas para alcançar melhores
condições sociais para a sociedade.
Apesar de cada vez mais o número de empresas empenhadas em deslanchar
este projeto ter aumentado, ainda muitas não sabem fazer essa diferenciação
temática, e mais, não sabem como a responsabilidade social, poderá
representar uma grande oportunidade em lucratividade, tanto em termos
financeiros, como em termos humanos para qualquer empresa que estiver
engajada neste processo de auxílio ao desenvolvimento social.
A responsabilidade social das organizações e o comportamento ético dos
administradores estão entre as tendências mais importantes que influenciam a
teoria e a prática da administração na passagem do século XXI. O
questionamento sobre a responsabilidade social é muito antigo, porém ficou em
maior evidência a partir do momento que se identificou o aumento da
corrupção, poluição, desemprego e proteção dos consumidores, entre muitos
outros que acabam envolvendo a administração pública e privada.
Este artigo visa que o conceito das atitudes sociais pode ser identificado
através de suas atuações, ou da forma de aplicá-las na sociedade, ou seja, é a
maneira pela qual a sociedade, empresas, ONG´s, Instituições e Governo,
desenvolvem atitudes perante a comunidade a qual está inserida, com o intuito
de alcançar o bem estar social, não só externamente, por meio dos produtos e
serviços, como também internamente, através da realização profissional, boas
condições de trabalho e outros benefícios como auxílio estudo, escolas para
filhos de funcionários, entre outros incentivos.
A utilização de práticas sociais tem sido tratada como uma forma de identificar
a sua importância por parte das empresas, pois atualmente percebe-se uma
preocupação do consumidor em procurar por produtos ofertados por empresas
que tenham atitudes politicamente corretas diante da sociedade, seja através
de projetos sociais para seus funcionários ou atividades que beneficiam a
sociedade, além de ser estrategicamente um instrumento de grande
importância diante da sociedade. Muitas empresas têm demonstrado, assim
como a mídia também vem enfatizando, que empresas de pequeno ou grande
porte tem tentado unir forças para modificar esse cenário de injustiças sociais.
Porém este comportamento ainda é mínimo diante da necessidade que a
população tem de superar as dificuldades sociais.
A responsabilidade social tem ocupado crescente destaque tanto na mídia
quanto nas discussões acadêmicas nos últimos anos no Brasil. Os
investimentos sociais das empresas cada vez mais obtêm atenção dos meios
de comunicação e da sociedade. Com isso, as empresas intensificam suas
ações direcionadas à comunidade, objetivando uma imagem de empresa
cidadã, uma vez que perceberam a importância de gestão socialmente
responsável.
A principal indagação gira em torno da questão da responsabilidade social
desenvolvida para conquistas empresariais, tanto para seus funcionários
quanto para a comunidade, levando em conta que essas atitudes sociais são
vistas através de uma visão estratégica.
Este artigo tem como objetivo descrever a utilização de práticas sociais nas
empresas através de uma visão estratégica que beneficia a comunidade, os
funcionários da empresa, de forma a priorizar seu papel diante da sociedade. É
nesse contexto que será visto a necessidade do desenvolvimento de atitudes
sociais, beneficiando a sociedade para assim aumentar o marketing social das
empresas e suas atitudes sociais.
2 RESPONSABILIDADE SOCIAL
2.1 HISTÓRICO
É notável que haja uma relação histórica evolutiva entre o terceiro setor e
muitas ações do homem, inicialmente pouco organizadas, ora denominada
caridade ou filantropia e talvez, uma preocupação importante com a própria
preservação das instituições que, de uma forma ou de outra, possam garantir a
continuidade da existência humana (CAVALCANTI, 2006).
Comparativamente aos Estados Unidos, o Brasil apresenta 70 anos de atraso
quando assunto é filantropia. Naquele país, as 400 maiores entidades sem fins
lucrativos recebem o equivalente a R$ 94 bilhões por ano, enquanto as nossas
400 maiores têm que conseguir desenvolver com R$ 1,7 bilhão (CAVALCANTI,
2006).
A Responsabilidade Social surge como resgate da função social da empresa,
cujo objetivo principal é promover o desenvolvimento humano sustentável, que
atualmente, transcende o aspecto ambiental e se estende por outras áreas
(social, cultural, econômica, política), e tentar superar a distância entre o social
e o econômico, obrigando as empresas a repensarem seu papel e a forma de
conduzir seus negócios (CAVALCANTI, 2006).
No cenário atual, a concepção que se tem é de que a responsabilidade
empresarial está muito além de manter o lucro de seus acionistas e dirigentes.
Ela passou a ser responsável pelo desenvolvimento da sociedade onde está
inserida, adotando ações que influenciem o bem-estar comum.
Conforme Hudson (1999) cita:
Em 1572, Elisabeth I aprovou uma lei que permitia às
paróquias imporem uma taxa de pobreza para ajudar na
manutenção de instituições de caridade e dos locais de
trabalho, subsidiando efetivamente a provisão caritativa com
dinheiro público.
Historicamente, as ações sociais são antigas porém o despertar destas atitudes
começaram a chamar mais a atenção das empresas recentemente. Esse
cenário ficou assim até o início dos anos 1960, quando então o Terceiro Setor
reiniciou sua atuação (mais intensamente), sobretudo devido ao aparecimento
de importantes necessidades que não estavam sendo identificadas a atendidas
de forma plena pelo Estado, fato que propiciou uma nova fase de crescimento
para as atividades relacionadas ao setor voluntário ( CAVALCANTI, 2006).
De acordo com Ashley (2005, p. 49):
O conceito de responsabilidade social corporativa, com forte
conotação normativa e cercada de debates filosóficos sobre o
dever das corporações de promover o desenvolvimento social,
passou a ser acompanhado, na década de 1970, do termo de
responsabilidade social corporativa. A partir desse novo
conceito, já havia a necessidade de construir ferramentas
teóricas que pudessem ser testadas a aplicadas no meio
empresarial. As perguntas passam a ser sobre como e em que
medida a corporação pode responder a suas obrigações
sociais, já consideradas um dever dela.
De acordo com Hudson (1999) “a filosofia que permeia quase todos os
aspectos do Terceiro Setor é o desejo humano de ajudar outras pessoas sem a
exigência de benefícios pessoais”. Desta forma verifica-se que a preocupação
com o semelhante é muito mais antiga do que se imaginava.
De acordo com Druker (1998),
Responsabilidade social está ligada à ética empresarial,
no qual trata da capacidade de interagir os valores
pessoais com as preocupações gerenciais. Esta união de
culturas, de idéias e de objetivos diferentes, traz conflitos;
a ética nos negócios ajuda o indivíduo a respeitar,
conhecer seu papel e cumprir seu dever na empresa,
mesmo que não aceite pessoalmente determinada tarefa.
Contudo, a concepção do conceito de responsabilidade social somente ganhou
espaço no Brasil no final da década de 80, consolidando-se nos últimos anos
até os dias de hoje.
Dentre os fatores influenciadores para o desenvolvimento de ações sociais no
Brasil, destacam-se:

A reorganização do capital, que muda o cenário econômico, tendo como
pilar a competitividade mundial, regional e local, exigindo um perfil para
a indústria e os trabalhadores;

Aumento das condições de pobreza e da degradação ambiental;

A Campanha contra a fome, de Betinho;

Fortalecimento dos movimentos sociais;

As profundas transformações do mundo contemporâneo, provocando a
incerteza e a instabilidade como fatores ameaçadores à sobrevivência
das organizações empresariais, ao mesmo tempo em que fortalecem a
valorização do conhecimento e do progresso;

A insuficiência do papel do Estado, implicando nas graves críticas às
políticas públicas, marcadas pelo assistencialismo, a insuficiência dos
recursos, a privatização dos serviços sociais;

O crescimento da violência urbana, dentre outros.
2.2 CONCEITOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
O termo responsabilidade social não possui um conceito padrão definido. Este
pode ser compreendido de várias maneiras e deve-se levar em conta que o seu
significado muda de acordo com o passar do tempo e/ou as circunstâncias do
contexto que está inserido.
A nova concepção de responsabilidade social já não pergunta quais são as
limitações da empresa, ou o que ela deveria estar fazendo em favor daqueles
que se encontram sob sua autoridade imediata. Ela exige que as empresas
assumam responsabilidades em relação aos problemas e às metas políticas e
sociais, bem como que passem a ser guardiãs da consciência social e as
solucionadoras dos problemas sociais (CAVALCANTI, 2006).
Segundo Maximiano (2000, p. 440),
O princípio de responsabilidade social baseia-se na premissa
de que as organizações são instituições sociais, que existem
com autorização da sociedade, utilizam os recursos da
sociedade e afetam a qualidade de vida da sociedade.
Embora a idéia de responsabilidade social não seja nova, ganhou força quando
a deterioração dos ecossistemas, provocada pela poluição, estimulou o debate
sobre os benefícios e os malefícios da sociedade industrial.
De acordo com Druker (1998),
Responsabilidade social está ligada à ética empresarial, no
qual trata da capacidade de interagir os valores pessoais com
as preocupações gerenciais. Esta união de culturas, de idéias e
de objetivos diferentes, traz conflitos; a ética nos negócios
ajuda o indivíduo a respeitar, conhecer seu papel e cumprir seu
dever na empresa, mesmo que não aceite pessoalmente
determinada tarefa.
3 O que as empresas ganham praticando ações sociais
Hoje as empresas visam principalmente o lucro e /ou melhorar sua imagem
diante da comunidade que a cerca. Empresas de grande porte industrial que
causam algum tipo de dano ao meio ambiente e à população têm por objetivo
restaurar a sua imagem praticando algum tipo de ação social. Desta forma
destaca-se principalmente a promoção de sua imagem diante da sociedade e
ao mesmo tempo o bem-estar social para a empresa e a sociedade como
principais benefícios obtidos através de ações sociais.
Responsabilidade nas empresas pode dar lucro, e é importante que haja
avaliação para indicar os resultados alcançados pelos investimentos sociais,
tanto na satisfação do público e na imagem que a empresa vem firmando,
quanto nos impactos econômicos provocados. Com essa avaliação será
possível verificar o custo-efetividade, o custo-benefício das atividades e as
reduções das diferenças sociais (CAMARGO et al., 2001).
É crescente o movimento pela ética e responsabilidade social das empresas.
Multiplicam-se os eventos nacionais e internacionais com o objetivo de discutir
conceitos, práticas e indicadores que possam efetivamente definir uma
empresa como empresa cidadã.
Diante do quadro de pobreza, dos sérios problemas em termos de educação,
saúde, desemprego, violência e de ações que destroem o ecossistema, é
bastante salutar que as organizações assumam o seu papel social e
contribuam eficazmente para o desenvolvimento sustentável e melhoria da
qualidade de vida no planeta. E que através deste movimento e do exemplo
dos seus líderes contribuam para resgatar a ética no relacionamento humano e
nos negócios (CAMARGO et al., 2001).
A competitividade do mercado está fazendo com que as empresas invistam,
cada vez mais, em ações diretas voltadas para o capital humano. Neste
momento, entram em cena algumas ferramentas como treinamento, integração,
qualificação profissional, melhoria da qualidade de vida e valorização da
imagem da própria empresa. Alguns profissionais afirmam que o Terceiro
Milênio permitirá que as organizações agreguem valores aos resultados. Sem
dúvida a empresa necessita não apenas pensar em resultado, entendido como
lucro financeiro, mas incorporar outros ganhos para a organização.
Esses
novos
resultados
passam
por
questões
como:
integração
e
comprometimento de todos os componentes da empresa na melhoria contínua,
relacionamento interno harmonioso; excelência no atendimento ao cliente;
flexibilidade nas ações internas e externas; capacidade de resolução de
problemas com criatividade e inovação; clima organizacional saudável
propiciando a motivação e a produtividade; agilidade e diferenciação nas ações
de mercado; talento humano; relacionamento ético; envolvimento em ações
comunitárias, entre outros. Pensar em resultado além de comprar, produzir e
vender bem é fundamental. Também é preciso incorporar ganhos na forma
qualificada de como são resolvidos as questões acima pontuadas no dia-a-dia
da operação. Muitas empresas não medem isso, mas geram resultados não
financeiros significativos tanto a nível interno como no mercado e no cliente
(CAVALCANTI, 2006).
Essa
capacidade
de
resolver
e
qualificar
essas
ações
dependem
fundamentalmente das pessoas e como as mesmas estão inseridas nos
objetivos globais da empresa. Por isso, é fundamental que a organização
estabeleça uma política de RH em que as pessoas sejam o centro de
resultados e cujos papéis estarão vinculados diretamente à capacidade
empreendedora de cada um no exercício de suas atividades (CAVALCANTI,
2006).
Agregar resultados ocorre através das pessoas, por isso o investimento no
capital humano é estratégico e está relacionado diretamente à sobrevivência do
negócio.
Atualmente, precisa-se de ações que sejam imediatamente implantadas e não
experimentadas, face à velocidade das mudanças que ocorrem no mercado. A
demora na implementação de alguma ação pode ser fatal para a sobrevivência
do negócio. O concorrente pode ser mais ágil que a empresa. A imagem da
empresa é outro fator que pode interferir nos Resultados Estratégicos
(TACHIZAWA, 2005).
Foi verificado que 57% das empresas realizam ações sociais habitualmente,
comportamento semelhante nas empresas de diferentes portes.
Para tanto, é necessário que o profissional e a empresa saiam de seu mundo
rotineiro e passe a conhecer a empresa e a operação como um todo. Isto
permitirá colher subsídios importantes para realização do seu trabalho. Só
assim a empresa e seus colaboradores estarão em condições de oferecer
produtos e serviços adequados à estratégia estabelecida pela empresa
(CAMARGO et al., 2001).
A imagem é uma conquista diária e envolve todas as ações e pessoas neste
processo. Conquistá-la é um trabalho demorado e árduo, enquanto perdê-la é
em fração de segundos. Por isso, é fundamental que todas as pessoas dentro
da empresa façam bem e corretamente seu trabalho, oferecendo satisfação de
"110%" aos clientes. A imagem é um ativo importante que a empresa dispõe
para enfrentar a concorrência. Lapidá-la diariamente é dever de todos os
componentes da empresa, para buscar sua diferenciação no mercado. Por este
motivo, é fundamental estar ligado com o mercado para identificar como o
mesmo percebe a empresa. Correções de rota devem ser implementadas
imediatamente e nunca postergadas. Isto dá credibilidade junto ao mercado e
ao cliente (CAVALCANTI, 2006).
A empresa necessita gerar resultados para crescer e criar o que chamaria de
lucro social. Cada vez mais, as empresas investirão em ações sociais e
comunitárias como forma estratégica de fortalecimento da imagem, para a
conquista de novos clientes e crescimento de mercado, de divulgação da
marca e do produto, além de contribuir com a sociedade. Partes do lucro estão
sendo investidas nestas ações para fazer frente à ineficiência do Estado e para
atender de forma qualificada os anseios do cidadão (CAMARGO et al., 2001).
A empresa ao incentivar seus colaboradores, por exemplo, para o trabalho
voluntário, estará contribuindo decisivamente com o aspecto da sua
responsabilidade social. Todavia, as ações precisam estar focadas em ensinar
a pescar e nunca dar o peixe. Cada vez mais o cliente irá valorizar a empresa
que tem incorporado à sua estratégia de negócios o investimento em ações
sociais, gerando com isso o chamado lucro social. As empresas, através de
seus empreendedores, ao investirem em ações comunitárias têm claro o seu
papel de responsabilidade social, não devendo ser confundido com bondade e
sim, visto sob o aspecto da contribuição efetiva à sociedade (TACHIZAWA,
2005).
4 A EMPRESA CIDADÃ: FILANTROPIA ESTRATÉGICA OU
RESPONSABILIDADE SOCIAL?
A responsabilidade social refere-se às estratégias de sustentação em longo
prazo das empresas que, em sua lógica de desempenho e lucro, passam a
contemplar a preocupação com os efeitos sociais de suas atividades, com o
objetivo de contribuir para o bem comum e para melhor da qualidade de vida
das comunidades (MAXIMIANO, 2000).
A filantropia estratégica é o conceito evoluído da filantropia por reação
aleatória. Mais do que bens tangíveis, preocupam-se com a profissionalização
das entidades assistenciais e com a qualificação dos jovens. É importante a
filantropia estratégica e a necessidade de se exercitá-la, deixando para trás a
prática de fazer doações e benefícios ao acaso (CAVALCANTI, 2006).
A globalização econômica, a transição política e a transformação tecnológica
criaram algumas das mudanças mais fundamentais já registradas no planeta.
Historicamente, a filantropia não é parte da cultura empresarial no Brasil e
América Latina. No Brasil, a classe empresarial, até meados dos anos 70, não
se sentia responsável pelas questões sociais, por entender que a solução era
apenas de responsabilidade de governantes. Mas após verificar seu papel
diante de tal situação, as empresas passaram a se preocuparem com atitudes
filantrópicas que beneficiassem a sociedade e assim a sua imagem diante dos
mesmos (TACHIZAWA, 2005).
Conforme Tachizawa (2005, p. 62),
Imagem da empresa, liderança e tradição no mercado, até
então, eram suficientes para atrair e manter a colaboração dos
melhores executivos. Daqui para frente, evolui-se para uma
situação em que, antes de fechar um contrato de trabalho, os
profissionais mais capacitados querem ter a certeza de que a
organização oferece desafios, oportunidade de desenvolvimento,
plano de carreira e bom ambiente de trabalho.
As responsabilidades sociais – sejam elas de uma empresa, ou de uma
constituição – podem originar-se das repercussões sociais provocadas pela
instituição ou dos problemas da própria sociedade.
Conforme Maximiano (2000),
O desempenho da missão específica da entidade também é de
maior interesse e necessidade da sociedade. A sociedade
nada terá a ganhar, e sim a perder, se aquela entidade tiver
sua capacidade reduzida ou enfraquecida para desempenhar a
tarefa que lhe cabe. O bom desempenho da própria função
constitui a principal responsabilidade social da entidade. Se
não desempenhar com responsabilidade sua missão, a
entidade não poderá desempenhar mais nada. A empresa
falida não será uma empregadora desejável, assim como
dificilmente será considerada boa vizinha, na comunidade a
que pertence. Nem gerará capital necessário para os
empregados de amanhã e para proporcionar aos trabalhadores
as oportunidades que eles precisarão.
O mercado de trabalho, em face das inúmeras transformações em marcha, vive
uma radical reestruturação. Diante da forte oscilação do mercado, ao aumento
da competição e do estreitamento das margens de lucro, os empresários e
executivos das empresas deverão reposicionar-se diante do enfraquecimento
do poder sindical e da grande quantidade de mão-de-obra excedente para
negociar regimes e contratos de trabalho mais flexíveis (TACHIZAWA, 2005).
A periferia do modelo de gestão de pessoas da organização abrange dois
subgrupos distintos, conforme Tachizawa (2005, p. 63),
O primeiro consiste em empregados em tempo integral com
habilidades facilmente disponíveis no mercado de trabalho,
como o pessoal do setor financeiro, pessoal das áreas de
trabalho rotineiro e de trabalho manual menos especializado
[...] o segundo grupo periférico oferece uma flexibilidade
numérica ainda maior e incluem empregados em tempo parcial,
empregados casuais, pessoal com contrato por tempo
determinado, temporários, subcontratação e treinados com
subsídio público, tendo ainda menos segurança do que o
primeiro grupo periférico.
As questões sociais são capazes de contribuir para a longevidade das
empresas e ainda, assegurar a valorização dos ativos e de todo o balanço
patrimonial.
5 AÇÕES SOCIAIS: UMA ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE
ESTRATÉGICA
As ações sociais de acordo com Tachizawa (2005), são estratégias de
sustentação da empresa, pois:
A responsabilidade social é convergente com estratégias de
sustentabilidade de longo prazo, inclui a necessária
preocupação dos efeitos das atividades desenvolvidas no
contexto da comunidade em que se inserem as empresas e
exclui, portanto, atividades no âmbito da caridade ou filantropia
tradicionalmente praticada pela iniciativa privada.
As novas empresas hoje, tentam adequar-se a uma nova postura exigida por
seus clientes. Esta postura afirma que as atitudes das empresas devem ser
éticas, com boa imagem institucional no mercado, e que atuem de forma
ecologicamente responsável.
E através deste cenário, parte de empresariado brasileiro vem se aliando à
sociedade civil na defesa de que tem sido conceituado como cidadania
empresarial, que é um conceito que vem sendo adotado por parte do
empresariado que discorda da filosofia da benemerência, da doação de
recursos com o objetivo da prática do humanitarismo. Ao contrário, esse
empresariado entende que possui uma responsabilidade cidadã diante do
agravamento do quadro de miséria do país. De acordo com os empresários
que possuem esta postura, a cidadania empresarial também conhecida como
filantropia empresarial, tem a preocupação de apoiar atividades sociais e
investir nelas, buscando o desenvolvimento social, econômico e
ambientalmente sustentável (CAVALCANTI, 2006).
Diversas empresas sabem que os consumidores estão em busca não apenas
de qualidade, preço baixo, bons serviços, como também buscam empresas que
estejam preocupadas com o meio ambiente, que não utilizem a exploração
infantil, mas que se comprometam com projetos de apoio a sociedade.
O planejamento estratégico de acordo com Chiavenato (2000) refere-se à
maneira pela qual a empresa pretende aplicar sua estratégia para conquistar
seus objetivos propostos, que exige:

A formulação dos objetivos organizacionais;

Análise interna da empresa;

Formulação de alternativas estratégicas.
Segundo Chiavenato (2000, p. 122) existem dois pontos de vista sobre a
responsabilidade social das organizações: o clássico e o socioeconômico.
De acordo com ponto de vista clássico, fazer com que a empresa tenha lucros
máximos é de responsabilidade da administração, ou seja este ponto de vista é
contrário à Responsabilidade Social que visa apenas o alcance de lucros a
qualquer custo e não no maior poder de compra do consumidor.
Já o ponto de vista socioeconômico afirma que a empresa deve estar ligada à
ações sociais e não apenas aos seus lucros. Através deste ponto de vista
pode-se verificar: lucros em longo prazo, melhor imagem junto ao público,
melhor ambiente para todos e atendimento da sociedade.
6 CONCLUSÃO
A responsabilidade social é um tema antigo, porém foi nas últimas décadas que
este assunto teve ascensão entre as empresas. Essa consciência aumentou à
medida que os órgãos governamentais não atendiam as necessidades reais da
sociedade.
As práticas sociais têm sido desenvolvidas para suprir as necessidades do
país, porém o foco destas ações tem buscado outros resultados além do bemestar social. As empresas têm tido estas iniciativas para também beneficiar-se
junto as comunidades, através de estratégias administrativas que buscam o
resultado através de lucro máximo e o marketing social diante de todos.
Também pode-se confirmar que não são por incentivos governamentais que as
empresas têm buscado ajudar a sociedade, pois são poucos incentivos fiscais
que o governo oferece. Restam então auxiliar estas comunidades mais
carentes para obter melhor valorização diante de todos.
Atualmente, os consumidores têm procurado não apenas empresas e produtos
qualificados, mas também a opção tem sido por empresas que façam alguma
ação benéfica para a comunidade em que está inserida.
O grande diferencial de ser socialmente responsável é perceber que obter
lucros à custa da degradação ambiental ou do prejuízo da sociedade ou ainda
através do prejuízo da saúde dos seus funcionários é o caminho para o
fracasso e gera prejuízos incalculáveis.
Portanto as ações sociais que as empresas têm praticado são desenvolvidas
não só para atender aos motivos humanitários, mas principalmente para
promover estrategicamente a organização de forma que a mesma obtenha
melhores índices com estas ações, mas também promova o bem-estar social
para a sociedade.
Sendo assim, as práticas sociais têm sido desenvolvidas cada vez mais pela
precariedade existente no país, mas principalmente são implantadas para
promoção da empresa como estratégia administrativa.
7 REFERÊNCIAS
ASHLEY, Patrícia. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. 2 ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.
CAMARGO, Mariângela Franco de. Gestão do Terceiro Setor no Brasil. São
Paulo: Futura, 2001.
CAVALCANTI, Marly. Et al. Gestão Social, Estratégias e Parcerias. São
Paulo: Saraiva, 2006.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 6.ed.
Rio de janeiro: Campus, 2000.
DRUKER, Peter Ferdinand. Administrando em Tempos Turbulentos. 2 ed.
São Paulo: Pioneira, 1998.
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Teoria Geral da Administração. 2 ed.
São Paulo: Atlas, 2000.
TACHIZAWA, Takesshy. Gestão Ambiental e Responsabilidade Social
Corporativa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2005.