Sustentabilidade - Revista Green Building
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Sustentabilidade - Revista Green Building
R E V I S TA JUL/AGO 2013 • ANO I • Nº 06 A REVISTA DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL O TEMPLO DO LUXO Antiga Villa Daslu dará lugar a empreendimento moderno bate-papo Gunnar Hubbard, diretor de práticas sustentáveis da Thornton Tomasetti RetroFit Um novo espaço para o futuro da construção sustentável Hitachi: Sustentabilidade com economia e alta tecnologia A Hitachi Ar Condicionado do Brasil está sempre atenta as questões ambientais. Por isso desenvolvemos e oferecemos ao mercado equipamentos sustentáveis com a mais alta tecnologia para ser utilizado em qualquer tipo de empreendimento. Hitachi, tecnologia e sustentabilidade ao seu alcance em um único equipamento. Fatores que contribuem para certificação LEED + COP ALTO + FLUIDO AMIGÁVEL NÃO CFC = HITACHI Conheça nossas novidades nos próximos eventos 27 - 29 AGOSTO 2013 ExpO CEnTEr nOrTE São Paulo-SP daS 9h àS 20h 17 - 20 SETEmbrO 2013 CEnTrO dE ExpOSiçõES imiGrAnTES São Paulo-SP daS 13h àS 20h www.hitachiapb.com.br greenB revista ÍNDICE 4 Carta ao Leitor 5 Agenda / Cartas 8 Vitrine e Produtos 14 Retrofit 22Mercado 24 Caso I – JK Bloco B 34 Caso III – Paraisópolis 38 Produtos e Serviços 42 Softwares e Ferramentas 44 Pesquisa e Desenvolvimento 46 Operação e Manutenção 50 Especial 52 GBC Brasil 53Consultoria 54Tendências 56 Meio Ambiente 58Notas Foto: Nelson Kon 60Internacional Foto: Tim GreenWay 10 Bate–papo Gunnar Hubbard, da Thornton Tomasetti, e sua visão otimista sobre o futuro da construção sustentável 6 18 30 OLHO MÁGICO Os cobogós e o efeito luz e sombra nos ambientes Copa e olimpíadas A reconstrução do estádio que agora é ainda mais verde caso II – mar À espera da primeira certificação para museus do Brasil www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 3 carta ao leitor greenB Um ano para comemorar! E screver o editorial desta edição me deixa realmente feliz! Não por um ou dois motivos, mas por vários. Estou acompanhando de perto o rápido crescimento do setor green building e, segundo dados do GBC Brasil, estamos na quarta posição no ranking dos países com mais empreendimentos certificados. Acredito fielmente que logo mais poderemos alcançar outra posição, ainda melhor. Outro fato que me deixa empolgado com o setor é o crescimento da feira Expo GBC. No ano passado, o estande da Revista Green Building recebeu milhares de profissionais em busca de novidades e informações. O evento, que neste ano acontece em agosto, no pavilhão Expo Center Norte, dá sinais de que será ainda maior e com mais qualidade. Por fim, a Revista Green Building completa um ano nesta edição. Acredito que temos muito o que comemorar. A publicação veio para preencher uma lacuna no setor, pois, até então, não tínhamos informações 100% dirigidas ao assunto. Com circulação nacional, a revista chega bimestralmente aos endereços de mais de 10 mil empresas e profissionais. Os últimos 12 meses foram suficientes para mostrarmos ao mercado nossa seriedade, qualidade e imparcialidade. Certamente teremos mais dois, três, dez ou 20 anos para comemorar. A Revista Green Building veio para ficar e mudar o setor da construção sustentável. Desejo uma ótima leitura! revista www.revistagreenbuilding.com.br A revista da Construção Sustentável Tel.: (11) 3586-4199 Diretor executivo e Publisher: Alan Banas – MTB 53.808 [email protected] Sócio-Diretor: João Marcello Gomes Pinto [email protected] Supervisora administrativa: Lucia T. Cavalcanti [email protected] Redação: Amanda Santana - [email protected] Andrea Padovan - [email protected] Juliana Barbosa - [email protected] Tiago Martinelli - [email protected] Colaboradores da edição Esther Stiller e Marcos Casado Comercial Gerente de contas: Deborah Twidale [email protected] Gerente de contas: Ivete Gramm [email protected] A Revista Green Building é publicada pela: Editora Nova Gestão Ltda. Rua João Papaterra Limongi, 127 – Vila Sônia CEP 05518-060 – São Paulo, SP Tel/Fax: (11) 3586-4199 CNPJ 12.028.303/0001-00 – I.E. 147.236.298.116 Projeto Gráfico e Design Estela Souza de Paula [email protected] Foto de capa: Divulgação WTorres Impressão: Gráfica ColorSystem Circulação: nacional Periodicidade: bimestral Preço por exemplar: R$ 17,50 Assinatura anual: R$ 99,00 (total de seis edições) Assinaturas / Database Marketing [email protected] Circulação: [email protected] Comercial: [email protected] Redação: [email protected] É permitida a divulgação das informações contidas na revista desde que citada a fonte. A Revista Green Building reserva-se o direito de publicar somente informações que considerar relevantes e do interesse dos seus leitores. A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Alan Banas Diretor executivo e Publisher [email protected] Apoio: A Editora Nova Gestão, consciente das questões ambientais e sociais, utiliza papéis com certificado FSC (Forest Stewardship Council) para a impressão deste material. A certificação FSC garante que uma matéria-prima florestal provenha de um manejo considerado social, ambiental e economicamente adequado e outras fontes controladas. 4 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br AGENDA 2013 NACIONAL Data Evento Local Organização 31 de julho a 03 de agosto de 2013 Construsul 16ª Feira Internacional da Construção Centro de Exposições FENAC Novo Hamburgo/RS Sul Eventos Tel.: (51) 3225-0011 www.feiraconstrusul.com.br 14 a 17 de agosto de 2013 Construir Rio Riocentro Rio de Janeiro/RJ Fagga - GL exhibitions Tel.: (21) 3035-3100 www.feiraconstruir.com.br 28 a 30 de agosto de 2013 Concrete Show South America Centro de Exposições Imigrantes São Paulo/SP UBM Sienna Tel.: (11) 4689-1935 www.concreteshow.com.br 27 a 29 de agosto de 2013 Greenbuilding Brasil – Conferência Internacional e Expo Expo Center Norte São Paulo/SP GBC Brasil Tel.: (11) 4191-7805 www.expogbcbrasil.org.br Data EVENTO Local Organização 26 de julho EPC Sphere India InterContinental The Lalit Mumbai Mumbai/Índia Cerebral Business Research Tel.: +91 11 4175 1011 www.cerebralbusiness.com/epcsphere Data Evento Local Organização 24 a 27 de julho de 2013 SBQP & TIC - III Centro de Convenções Simpósio Brasileiro da Unicamp de Qualidade do Campinas/SP Projeto no Ambiente Construído / VI Encontro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Construção INTERNACIONAL CURSOS E CONGRESSOS cartas e e-mails EDIÇÕES ANTERIORES Senhores, como faço para adquirir cinco exemplares da edição maio/ junho de 2013 da Revista Green Building? Wagner Cabral – Energisa Paraíba Resposta: Olá, Wagner. Agradecemos o seu contato e informamos que você pode solicitar os exemplares anteriores pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (11) 3586-4199. Redação - Revista Green Building PARABÉNS Olá! Gostaria de parabenizá-los por seus esforços para fomentar a construção sustentável. Assinei a Revista Green Building sem grandes expectativas e me surpreendi muito ao receber meu exemplar. Realmente um conteúdo de altíssima qualidade. Inclusive, postei um artigo em meu blog sobre a Green Building. Enfim, é ótimo ver iniciativas como esta. Juntos podemos tornar a construção sustentável a norma e não a exceção. Saulo Segurado – Construção Sustentável Unicamp e ANTAC Tel.: (19) 3521-2051 www.fec.unicamp.br/sbqptic2013 ERRATA Na edição de maio/junho de 2013 (no 05), na página 44, da editoria Produtos e Serviços, incluímos uma foto no box que faz referência ao sistema da empresa Silux Air. Esse sistema tem uma finalidade diferente da abordada na matéria. Agradecemos os elogios, as críticas e as sugestões endereçados à última edição da Revista Green Building. Tenham certeza de que todos os comentários serão contemplados na formação das futuras pautas da revista. Para participar desta seção, envie sua carta para [email protected] ou pelo site www.revistagreenbuilding.com.br. Por motivos de espaço ou clareza, a redação reserva-se o direito de publicar as cartas resumidamente. www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 5 OLHO Mágico Jogo de luz e sombra >> o Cobogó como tendência da arquitetura contemporânea CASA COBOGÓ Foto: Nelson Kon Site: www.studiomk27.com Localização: São Paulo, SP Início do projeto: janeiro de 2008 Conclusão: maio de 2011 Terreno: 1.365 m² Área construída: 1.000 m² Projeto de arquitetura: Marcio Kogan - Studio Mk27 Projeto do elemento vazado: Erwin Hauer FATOS E CURIOSIDADES: • Os cobogós foram idealizados pelos engenheiros Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmannm e Antônio de Góis, que deram a esse elemento vazado o nome formado pelas iniciais de seus sobrenomes: Coimbra, Boeckmann e Góis. • O elemento modular da Casa Cobogó foi desenhado pelo artista austro-americano Erwin Hauer, que desde a década de 1950 faz esculturas concebidas para os espaços arquitetônicos. 6 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br A parede branca bastante curiosa pode até lembrar os traços da arquitetura de Niemeyer e da arquitetura colonial mas, na verdade, os módulos de concreto que a compõem são uma referência aos cobogós criados em Recife no século 20, que têm a função de permitir a entrada parcial de luz nos ambientes. O efeito criado pela entrada da luz por entre os buracos da parede é percebido no piso interno da Casa Cobogó, projetada pelo arquiteto Marcio Kogan, numa mescla de sombra e raios solares. A cada movimento do sol, os desenhos formados no chão se modificam. Essa moderna casa aproveita a obra de arte de Erwin Hauer para iluminar uma sala de múltiplos usos e um pequeno SPA, proporcionando, ainda, conforto térmico. Um jardim e um pequeno lago artificial são apenas alguns dos elementos do projeto da casa, que teve o pensamento de preservação ao meio ambiente fortemente presente. Os princípios de sustentabilidade incorporados seguiram rígidos padrões, similares aos das certificações. Com isso, o projeto foi conduzido com a utilização de materiais certificados, reciclados ou ecologicamente corretos em uma construção com foco na minimização de impactos. Nas instalações da casa, alguns dispositivos promovem o reaproveitamento e a diminuição no consumo de água e outros recursos, enquanto as placas de aquecimento solar possibilitam a otimização da eficiência energética. Vitrine e Produtos Este produto contribui com os requistos de certificação green building: LEED: Operation and Maintenance v2009 | SSc3 – Integrated Pest Management, Erosion Control and Landscape Management Plan | LEED Neighborhood Development v2009 | SLLc8 – Restoration oh Habitat or Wetlands and Water Bodies Foto: Divulgação i-lumes i-lumes Produtos: Lâmpadas de bulbo LED Descrição: Produtos de alta eficiência energética, com a certificação ROHS 2.0 para luminárias de LED na China, ideal para realização de pequenos, médios e grandes projetos de iluminação urbana, de interior e fachadas. As lâmpadas de bulbo LED 7w 2700k (luz de cor âmbar), com peso de 118 gramas, substituem as lâmpadas incandescentes de 40w~60w e têm vida útil de 30 mil horas. As lâmpadas de bulbo LED 3w 3000k (luz de cor âmbar), com peso de 60 gramas, substituem as lâmpadas de 25w~40w, também com vida útil de 30 mil horas. Site: www.i-lumes.com.br - Contato: (11) 4301-2098 Este produto contribui com os requistos de certificação green building: LEED: LEED Design and Construction v2009 | EAp2 – Minimum Energy Performance EAc1 – Optimize Energy Performance | LEED Operation and Maintenance v2009 EAp2 – Minimum Energy Efficiency Performance | EAc2 – Optimize Energy Efficiency Performance AQUA: AQUA Escritórios e Edifícios Escolares (v0) | 4.2.1 - Reduzir o consumo de energia primária devida ao resfriamento, à iluminação, ao aquecimento de água, à ventilação e aos equipamentos auxiliares | AQUA Hospedagem, Lazer, Eventos e Cultura (v0) | 4.2.1 - Reduzir o consumo de energia primária devida ao resfriamento, à iluminação, ao aquecimento de água, à ventilação e aos equipamentos auxiliares | 4.2.2. Otimizar os equipamentos de iluminação artificial Foto: D ivulgaç ão Eco ayr QUIMICRYL Produto: Baucryl Argarevest Descrição: O sistema, desenvolvido pela Quimicryl, é um polímero acrílico flexível para aditivar argamassa cimentícia e modificar cimentos. Ele substitui integralmente a manta asfáltica na impermeabilização de piscinas, lajes, coberturas, sacadas, banheiros e áreas comuns. Entre as suas vantagens estão: redução do uso de água, areia e cimento; minimização da geração de resíduos sólidos, pois não há recorte, sobras de material ou sobreposições; e eliminação da necessidade de queima de combustíveis durante a execução da impermeabilização, pois o produto é aplicado a frio. Site: www.quimicryl.com.br - Contato: (11) 4615-1070 Este produto contribui com os requistos de certificação green building: AQUA: AQUA Escritórios e Edifícios Escolares (v0) | 3.1.1 - Minimizar a produção de resíduos do canteiro de obras | AQUA Hospedagem, Lazer, Eventos e Cultura (v0) | 3.1.3 - Minimizar a produção de resíduos do canteiro de obras GRUPO ECOQUEST Produto: Caixa de Sensores (SST) Descrição: Utilizada para monitorar diversos parâmetros do ambiente, como Monóxido de Carbono (CO), Dióxido de Carbono (CO 2), entre outros, a Caixa de Sensores (SST) funciona por meio de cabos feitos por nanotubos de carbono, que extraem e transportam amostras de ar de diversos ambientes para a análise. As informações geradas via protocolo BACNet são enviadas ao BMS para controle das taxas de ventilação, temperatura e outras variáveis de conforto, gerando ganhos significativos de energia. Site: www.ecoayr.com.br - Contato: (11) 3120-6353 Este produto contribui com os requistos de certificação green building: LEED: LEED Design and Construction v2009 | IEQp1 – Minimum Indoor Air Quality Performance | IEQc1 – Outdoor Air Delivery Monitoring | LEED Operation and Maintenance v2009 IEQp1 – Minimum Indoor Air Quality Performance | IEQc1.2 – Indoor Air Quality Best Management Practices: Outdoor Air Delivery Monitoring AQUA: AQUA Escritórios e Edifícios Escolares (v0) | AQUA Hospedagem, Lazer, Eventos e Cultura (v0) | 7.1.1 Disponibilizar os meios necessários para o acompanhamento e controle do desempenho durante o uso e operação do edifício (sistemas de ventilação) | 7.2.1 Disponibilizar os meios necessários para o acompanhamento e controle do desempenho durante o uso e operação do edifício (sistemas de aquecimento e resfriamento) | 8.2.1 / 8.4.1 Definir/obter um nível adequado de temperatura nos diferentes ambientes em período de ocupação, conforme sua destinação | 11/13.1.2 - Assegurar o controle das vazões de ar | 11/13.1.3. Assegurar distribuição adequada de ar renovado 8 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Foto: Divulgação Baucryl Argarevest MACCAFERRI Produto: MacSoil Descrição: O MacSoil é uma solução ambientalmente sustentável voltada para recomposição de taludes, revitalização de canais e cursos d’água, criação de estruturas de contenção e revestimento de margens. Este elemento prismático é constituído por redes metálicas de aço em malha hexagonal de dupla torção, com paramento frontal dotado de geossintético. Sua composição permite e favorece o crescimento da vegetação na face da estrutura construída, conferindo ao local de aplicação o aspecto final similar a um talude natural. Site: www.maccaferri.com.br - Contato: (11) 4525-5000 Foto: Divulgação Maccaferri Colaborador: Henrique Benites BATE-PAPO Sustentabilidade ao redor do mundo Por Redação G unnar Hubbard se formou na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, com diploma de bacharel em Estudos Ambientais, e na Universidade de Oregon, com um mestrado em Arquitetura. Em 2003, fundou a Fore Solutions, empresa de consultoria em construções sustentáveis. Nos últimos anos, a empresa foi a responsável pela consultoria de alguns dos edifícios mais verdes do Estado de Maine, nos EUA. Hubbard já trabalhou com sua consultoria ao redor do mundo, com projetos que vão dos EUA até os Emirados Árabes, a Jordânia, China, Alemanha, Arábia Saudita, Inglaterra e o país onde nasceu, a Suécia. Após dez anos atuando com a Fore Solutions, se juntou à Thornton Tomasetti em janeiro de 2012, e hoje é o diretor e líder em práticas de edificações sustentáveis da empresa. A companhia, que também atua em diversos países e presta serviços de design, projetos e engenharia, foi fundada em 1956 e hoje tem um grande foco em construções sustentáveis. Membro do United State Green Building Council, em 2012, ele se tornou um LEED Fellow, classe altamente conceituada na indústria da construção sustentável, que só conta com 80 profissionais no mundo inteiro, na qual os membros são indicados por seus colegas de profissão por distinguirem-se com suas contribuições para o progresso do setor. Hubbard também irá participar da ExpoGBC Brasil, que acontece de 27 a 29 de agosto deste ano, em São Paulo. Tendo em vista a contribuição deste profissional para o setor, a Revista Green Building foi à procura dele para fazer a entrevista que você confere a seguir. Boa leitura! O senhor já trabalhou com sustentabilidade em diferentes países e continentes, como EUA, Ásia, Oriente Médio e Europa. Qual é o cenário da construção sustentável nesses locais? O nível de conhecimento em sustentabilidade nesses diferentes países e continentes tem uma gama muito ampla de expectativas entre os proprietários, as construtoras, as equipes de design e os prestadores de serviços. É importante compreender a singularidade do mercado, os desejos do cliente, a variação do clima e as razões por trás do pedido do cliente por um empreendimento sustentável. É fundamental entender o que é possível, dada as condições econômicas, e como isto se alinha com o potencial para projetos e construções verdes. A situação, eu diria, está evoluindo – e é única em cada região – e, com a economia global, é a maneira como uma equipe alinha uma solução que trará o sucesso em longo prazo em um projeto que engloba a sustentabilidade como um item principal nas decisões. O senhor tem experiência com edifícios autossuficientes energeticamente. Esse é o futuro da energia na construção sustentável? Autossuficiência energética é a direção que precisamos seguir como arquitetos, construtores e operadores do setor de construção. Hoje, nós já temos o conhecimento e a tecnologia para melhorar o desempenho dos nossos edifícios e reduzir o consumo de combustíveis fósseis, que está impactando na mudança climática. Notamos a construção sustentável em crescimento em muitos países, como o Brasil. O que é necessário para alcançar um nível mais elevado nesse cenário? O sucesso da construção sustentável está sendo possível devido a uma mudança na abordagem no setor de construção. Precisamos colaborar mais na fase inicial do projeto, por meio de esforços integrados que avaliam as mudanças climáticas com mais rigor, e “fazer as contas” em nossos projetos a partir de simulações de energia e sistemas dos edifícios. Acordo todos os dias sabendo que estou fazendo a diferença e tento contagiar as pessoas com quem trabalho em cada projeto” 10 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Foto: Tim GreenWay A experiência de Gunnar Hubbard em construções sustentáveis rendeu-lhe um título de reconhecimento dos profissionais do setor www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 11 CityCenter, em Las Vegas, EUA O sucesso é mostrar como a economia de desempenho em longo prazo é realizada por meio de melhores estratégias arquitetônicas, que reduzem a demanda de energia dos sistemas e ainda proporcionam conforto para os ocupantes. Quando o projeto integrado é abraçado por todos durante a concepção e construção do edifício, o resultado é um desempenho de 30%, 50% a 75% melhor do que um edifício “tradicional”, com o mesmo custo de construção. Isto pode significar um tempo de planejamento maior ou uma mudança na forma como o investimento é aplicado e destinado entre a equipe. Na criação de edifícios que vão durar de 50 a 100 anos, é crucial construí-los da maneira correta desde o início. Com mais investimentos, os edifícios podem, e vão, ser construídos para produzir mais energia do que consomem. Qual foi o papel de sua ex-empresa, a Fore Solutions, no mercado green building? E quanto à Thornton Tomasetti, como a empresa atua? A Fore Solutions era vista como uma das principais consultorias de sustentabilidade dos EUA, construída com base na reputação que ganhei pelos mais de 20 anos de trabalho no setor. Estávamos trabalhando em projetos no mundo inteiro e a Thornton Tomasetti viu que éramos o grupo certo para uma parceria e para realizar novas práticas sustentáveis. Agora, na plataforma da empresa, com 28 escritórios ao redor do mundo, incluindo São Paulo, temos um palco maior para efetuar mudanças e aprimorar o setor da construção por meio da colaboração de alguns dos melhores arquitetos e engenheiros do mundo. Quais são as soluções sustentáveis que o senhor acredita serem as mais eficientes? Acredito verdadeiramente que a integração do planejamento e projeto é a melhor “solução”. Dito isso, estou extremamente impressionado com a forma como a tecnologia computacional está avançando e com a velocidade com a qual podemos fornecer aos arquitetos e proprietários soluções sobre energia, 12 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Foto: Courtesy of CityCenter BATE-PAPO iluminação natural e conforto. Isso guia as decisões do projeto e ajuda no processo de criação de edifícios que serão de alto desempenho. Mas isso só funciona se o lado operacional também estiver integrado e trabalhando adequadamente. Na Thornton Tomasetti, as práticas sustentáveis estão melhorando nossos serviços de monitoração e verificação do desempenho de edifícios anos após a construção estar pronta. Qual é a sua expectativa trabalhando com a construção sustentável? Ter um impacto significativo e reconhecido no setor da construção e no ambiente em que vivemos por meio das edificações e comunidades que eu e minha incrível equipe de práticas sustentáveis consigamos influenciar. Acordo todos os dias sabendo que estou fazendo a diferença e tento contagiar as pessoas com quem trabalho em cada projeto, criando um impacto na arquitetura, construção e operação dos empreendimentos com os quais trabalhamos. O senhor recebeu o título de LEED Fellow. Qual a importância desse reconhecimento para sua carreira? É uma honra receber esse título. Isso significa que sou reconhecido pelos meus colegas de profissão como um líder na construção sustentável mundial. E a minha responsabilidade é a de continuar com o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos para educar, executar e aprender todos os esforços para fazer a profissão progredir. Existe algum projeto especial que o senhor participou e que merece ser destacado? O CityCenter, em Las Vegas, se destaca. Nós fomos os consultores em certificação LEED para o Bloco C, que incluiu o Hotel Mandarin Oriental (em parceria com a KPF), as Torres Veer, a loja Crystals (com o Studio Daniel Libeskind) e outro hotel, The Harmon (com a Foster and Partners). Embora o CityCenter não seja o projeto mais “verde” em que eu já tenha trabalhado, para um empreendimento dessa escala, com custo de US$ 8,4 bilhões, receber a certificação LEED Gold é um grande exemplo do que é possível fazer com um cliente comprometido. O objetivo do projeto era obter o selo LEED Silver, mas ainda assim conseguimos alcançar o LEED Gold. Qual é a importância de selos de certificação? Qual será o próximo passo a ser tomado para melhorar o processo de certificação? As certificações são fundamentais para a comparação de sucesso entre os diferentes tipos de construções em uma região e entre edificações sustentáveis em países distintos. Elas ajudam a promover uma estrutura para a transformação do setor de construção e fornecem uma maneira de medir as diferentes soluções, além de estabelecer um marco para o avanço de boas práticas na indústria que conduzem a arquitetura, o design, a construção e a operação a um desempenho superior. Quando a certificação é gerenciada de forma adequada, ela elimina a pergunta “o que faz uma construção ser verde?” e providencia um parâmetro que os proprietários desses projetos podem utilizar para estabelecer o valor de seus empreendimentos. Como é o desempenho da Thornton Tomasetti no mercado? Estamos em constante evolução como empresa. Nossos sucessos e esforços mais fortes estão no cruzamento entre as práticas de estrutura, pele de fachada e sustentabilidade, e nossa colaboração com o Grupo de Modelagem Computacional Avançada (ACM). Somos vistos continuamente como líderes no mercado e estamos ativamente trabalhando para elevar o nível de nossa abordagem e colaborar com as equipes de design, arquitetura e construção, para servir bem nossos clientes. Quais são as principais dificuldades encontradas hoje para a certificação? Consistência. Há muita confusão no mercado sobre a qualidade dos serviços prestados e sobre o que é preciso para se obter a certificação em um prédio sustentável. Os proprietários, muitas vezes, buscam o selo somente pelo marketing verde e não sabem quão envolvente é o processo e nem o que é preciso para isso. E os arquitetos e as construtoras oferecem serviços em certificação, mas não modificam sua maneira tradicional de abordar o projeto e, assim, aumentam os custos desnecessariamente. GB Retrofit Imagem atual do prédio que será retrofitado para abrigar o CICS As paredes de estrutura simples serão modificadas com materiais modernos Foto: Divulgação Poli-USP Ilustração: Divulgação Vivá Arquitetura Foto: Divulgação Poli-USP Imagem do futuro prédio do CICS Pesquisas futuras Projeto de retrofit transformará antigo edifício da Poli-USP no Centro de Inovação em Construção Sustentável 14 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Ilustração: Divulgação Vivá Arquitetura Ficha Técnica • Localização: Av. Professor Almeida Prado, Travessa Um - Cidade Universitária São Paulo - SP • Previsão de área total construída: aproximadamente 1.500 m² • Previsão de conclusão: 2014 • Arquitetos responsáveis: Aflalo & Gasperini Arquitetos e Milene Abla Scala (Vivá Arquitetura) • Projetos de hidráulica e elétrica: Tesis • Projetos de ar-condicionado: Thermoplan • Luminotécnica: Studio Ix • Proprietário: Universidade de São Paulo - USP • Coordenação do projeto: Prof. Dr. Vanderley M. John (Poli-USP) O prédio terá o piso térreo retrofitado e o superior construído Por Redação U ma parede que tem a sua parte externa removível, outra que pode ser trocada de lugar. Isso tudo pode parecer, inicialmente, algo fora do comum, mas são algumas características que um edifício voltado para testes deve ter. Aqui no Brasil, o local onde será construído esse tipo de edifício já foi definido e as obras já estão perto de começar. O antigo prédio do Departamento de Engenharia Civil da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) é o lugar onde esse laboratório de estrutura física mutável irá funcionar. Lá, será realizado o retrofit do piso térreo existente e construído o piso superior do prédio que abrigará o moderno Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS) da Poli-USP. Nos próximos meses, serão iniciadas as obras desse projeto que tem a sustentabilidade como grande premissa. Tudo está sendo planejado para que o prédio seja construído com os materiais e as técnicas de construção verde, afinal, o CICS servirá como laboratório para testes de equipamentos e materiais que permitem uma construção de baixo impacto ambiental, com o uso de tecnologias avançadas. O edifício deverá ser utilizado por várias equipes da Poli e abrigará pelo menos um Laboratório de Microestrutura e Ecoeficiência de Materiais. Segundo o Prof. Dr. Vanderley John, do Laboratório de Microestrutura e Ecoeficiência de Materiais, da Poli, um dos coordenadores do projeto, apenas a Suíça possui um similar ao que está sendo desenvolvido aqui no Brasil. Trata-se do NEST, pertencente ao Laboratório Federal de Teste de Materiais e Pesquisa (EMPA) do Instituto de Pesquisa em Ciência e Tecnologia. “Consideramos o conceito de testar em uso algo crucial e importante, pois será possível medir em detalhes os efeitos da cultura do usuário, a interação com outros componentes e as dificuldades reais de operação de sistemas cada vez mais complexos”, afirma. O professor também conta que a parte de escritórios deverá ser Zero Net Energy, ou seja, irá gerar a mesma quantidade de energia que consumirá. As instalações do prédio serão acessíveis para a troca e manutenção sem demolições, de forma que a operação do centro também seja sustentável. Por isso, tudo dentro do prédio deverá ser facilmente reconfigurado, permitindo a troca de elementos e equipamentos, como, por exemplo, os sistemas hidráulicos. “A parte externa das paredes dos banheiros tem que ser removível, para a avaliação dos sistemas hidráulicos que vão ser testados, para se avaliar o fluxo e o funcionamento dos equipamentos que estão ali, além das peças sanitárias”, explica Roberto Aflalo, arquiteto e sócio-diretor do escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos, responsável pelo projeto de arquitetura do CICS, ao lado da arquiteta Milene Abla Scala, do escritório Vivá Arquitetura. Milene ressalta, ainda, o ponto alto do projeto: “O diferencial está em pensar não só nas tecnologias que serão adotadas, mas na possibilidade de teste de novas tecnologias para avaliar o desempenho”. O projeto de arquitetura é peça fundamental para a concretização das ideias apresentadas pelos diversos profissionais da USP envolvidos, que são especialistas nas áreas de água, ar-condicionado e energia, geração de energia fotovoltaica, sistemas construtivos, entre outras. A equipe de arquitetura é responsável por fazer o edifício, tanto a parte externa, quanto a parte interna, e coordenar as instalações, o projeto estrutural, o projeto de ventilação e de ar-condicionado, as vedações e o paisagismo. www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 15 “Utilizamos toda a nossa experiência de projeto para viabilizar uma questão bastante pragmática, junto com a equipe do professor Vanderley, que traz conceitos inovadores, que não existem dentro do mercado. Para nós, é muito interessante participar desse projeto e da gestação dessas ideias, desses conceitos e desses sistemas. Nós vemos isso muito mais como um trabalho institucional do que de fato como um trabalho comercial”, afirma Roberto. Ilustração: Divulgação Vivá Arquitetura Retrofit Projeto O projeto está sendo trabalhado há três anos, embora tenha ficado parado por algum tempo devido à falta de recursos, de acordo com o professor Vanderley John. Ele conta que a previsão de início das obras é para outubro deste ano e que os recursos para a primeira fase já estão garantidos. Já a previsão de conclusão do edifício, é para o próximo ano, ainda sem data definida. O desenvolvimento do projeto depende das parcerias firmadas. A Intercement, empresa brasileira do setor de cimento controlada pela Camargo Corrêa, foi a primeira empresa que apoiou financeiramente a construção do CICS. Agora, o objetivo é atrair a indústria. “Estamos atraindo empresas que têm desenvolvido soluções inovadoras. Queremos apresentar uma amostra do que temos de melhor”, explica o coordenador do projeto. Para que os recursos possam ser aproveitados ao máximo, o Departamento de Engenharia de Construção Civil (PCC) e a Poli também abriram mão das taxas de pesquisa, de forma que o valor seja integralmente investido dentro do laboratório. Apesar de seu caráter sustentável, o projeto ainda não está pleiteando uma certificação ambiental, isso porque o objetivo principal é que os recursos existentes sejam investidos em tecnologias mais eficientes. Contudo, parcerias com as entidades e empresas certificadoras são bem-vindas, segundo o professor da USP, pois a equipe tem interesse acadêmico no tema. Obra As obras do CICS começarão pelo retrofit do edifício térreo, que, de acordo com o arquiteto responsável pelo projeto, Roberto Aflalo, possui uma estrutura muito simples, feita de Desenho dos diferentes espaços que o prédio irá dispor concreto e revestida de PVC. “É um ritmo de modulação de pilares e três linhas, uma linha em cada face desse retângulo e uma linha central. Dentro desse layout, existem os sanitários e algumas áreas, que não são escritórios”, descreve. Depois de pronto, o edifício retrofitado será prontamente ocupado e o projeto será prosseguido com a construção do pavimento superior. “A proposta é que a partir dessa estrutura de concreto, seja feito o segundo pavimento, o que vai transforma-lo realmente num edifício que tenha características bastante modernas, que possa abrigar todo o programa de laboratórios e a parte de pesquisas”, conta o arquiteto. Roberto explica que o projeto “limpa” a área dentro dessa estrutura, permitindo que ela seja dedicada exclusivamente a laboratórios e escritórios, sendo a parte central totalmente flexível. Para que essa área fique livre, toda a circulação vertical e as partes úmidas (sanitários, alguns depósitos e equipamentos de ar-condicionado) serão colocadas em duas torres que ficam nas laterais do edifício. Além do retrofit e da construção do segundo pavimento, o projeto ainda contempla os trabalhos na cobertura, que será utilizada para experimentos e para instalação de coletores solares e equipamentos de testes que necessitam da radiação solar. Durante as obras, pretende-se usar um sistema construtivo industrializado, baseado em montagem, de forma a reduzir Esse prédio pretende ser um edifício atípico, com características que o tornam bastante diferenciado nessa área de sustentabilidade” Roberto Aflalo, arquiteto e sócio-diretor do escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos 16 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br a produção de resíduos. O material gerado em algumas demolições será reutilizado em um dos sistemas de energia geotérmica. Outras medidas importantes utilizadas na obra serão o controle de ruídos e poeira e a preservação e o replantio de árvores, utilizando uma tecnologia da USP que tem grande sucesso de sobrevivência de espécies. Funcionamento dos laboratórios Avaliação do Ciclo de Vida Modular “Testar o que existe de mais avançado” é o grande objetivo do CICS, segundo o coordenador do projeto, Vanderley John. Para isso, diversas tecnologias relacionadas à construção sustentável serão abrangidas nos laboratórios. “Esse prédio pretende ser um edifício atípico, com características que o tornam bastante diferenciado nessa área de sustentabilidade”, destaca o arquiteto Roberto Aflalo. Planejar a vida útil do edifício também está entre as preocupações do projeto. Para isso, será utilizada a metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida Modular (ACVm). “Este conceito inclui a identificação dos fatores e mecanismos de degradação dos materiais, desenvolvimento de soluções que minimizem a degradação e maximizem a vida útil dos componentes e sistemas. Assim, as atividades de manutenção serão previstas e reduzidas”, explica Vanderley John. As fachadas com inércia variável, graças à incorporação de massas de água e materiais de mudança de fase, compostas por vidros e esquadrias de alta eficiência envoltória com capacidade térmica, serão uma das soluções implantadas, assim como os equipamentos de ar-condicionado de alta eficiência (teto radiante em áreas de laboratório). A geração de energia solar e geotérmica também será realizada nos laboratórios. Essa avaliação deverá compreender a emissão de gás carbônico do edifício e a geração de resíduos, além do consumo de energia e água, e gerar parâmetros ambientais e de uso, de forma detalhada. Novas tecnologias de medição também serão incorporadas. Depois disso, os dados obtidos na ACVm deverão ser disponibilizados para a comunidade, permitindo fomentar pesquisas. Outras técnicas utilizadas no prédio incluem o uso de concreto com ultrabaixo teor de ligantes, usando tecnologia de cimento com alto teor de filler calcário inerte, e areia reciclada, produzida com uma tecnologia que está sendo desenvolvida com um parceiro industrial, além da adoção de vidros autolimpantes, tetos frios e iluminação de alta eficiência e zenital. GB Copa e Olimpíadas Verde: da bandeira ao gramado Inaugurada em abril deste ano, a Arena Fonte Nova aguarda a certificação ambiental e os jogos da Copa Por Redação A cor verde é um elemento bastante simbólico para o Brasil. Na sua bandeira, representa a imensidão das matas do País, no futebol, os gramados que servem como palco para o espetáculo favorito da maioria dos brasileiros. Mas para a capital baiana, que irá sediar alguns dos jogos da Copa do Mundo de 2014, a cor está presente também nas águas do Dique do Tororó, um dos cartões postais de Salvador, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Localizada no entorno da Arena Fonte Nova, a represa, construída no século 17, é o único manancial natural da cidade de Salvador e, agora, suas águas também inspiram o tom de parte das cadeiras do estádio que foi reconstruído. Entre todos os elementos verdes que circundam a arena, há ainda outro de grande importância: o “verde” que remete ao conceito de construção sustentável. Assim como os demais estádios que receberão os jogos do Mundial, a arena também teve preocupações sustentáveis e receberá a certificação ambiental LEED-NC ainda neste ano. Novo estádio Após o acidente na Arena Fonte Nova, ocorrido em novembro de 2007, o Governo da Bahia lançou um Processo de Manifestação de Interesse (PMI), em maio de 2008, para que empresas pudessem estudar o que poderia ser feito com o estádio. Segundo o arquiteto Marc Duwe, da Tetra Projetos, seis empresas e consórcios apresentaram propostas, dentre elas, o projeto escolhido foi o da Tetra em conjunto com o escritório alemão Schulitz Architektur. 18 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br O escritório alemão, representado por Claas Schulitz, foi responsável pelo projeto do estádio de Hannover, que foi reformado para a Copa do Mundo de 2006. Com base na experiência do arquiteto alemão, o projeto da Fonte Nova foi elaborado de forma a também atender às exigências da FIFA. Construída em um período inferior a três anos, a arena foi inaugurada em abril deste ano. Arquitetura Marc Duwe conta que projetar a arena conciliando a modernização necessária com as características específicas do estádio de Salvador foi um grande desafio. Isso porque, desde o início do projeto, a equipe optou por manter o formato mais oval, além da abertura que dá vista ao Dique do Tororó, a fim de fazer uma reverência ao projeto de Dióges Rebouças, elaborado em 1942. O arquiteto conta que manter essas principais características do estádio permite que os baianos reconheçam a nova arena como sendo a Fonte Nova. Contudo, algumas adaptações foram feitas para que a visibilidade do campo fosse melhorada. Por isso, o objetivo foi trazer as arquibancadas para mais perto Economia de recursos naturais estimada Água 85% Energia 12,9% www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 19 Foto: Ulisses Dimas Ag. Bapress Ficha Técnica • Nome oficial: Itaipava Arena Fonte Nova • Capacidade: 50.025 pessoas • Área do terreno: 116.073,26 m² • Área construída (somente a arena): 120.257,16 m² • Início da obra (demolição): 21 de junho de 2010 • Conclusão da obra: 28 de fevereiro de 2013 • Inauguração oficial: 05 de abril de 2013 • Arquitetura: Tetra Projetos / Schulitz Architektur (Alemanha) • Consultoria de estádios (operação): Amsterdam Arena • Estrutura: Setepla Tecnometal Engenharia • Estrutura da cobertura: RFR Ingenieure GmbH (Alemanha) • Construtora: Construtora Norberto Odebrecht (50%) e Construtora OAS (50%) • Consultoria Sustentabilidade: Cushman & Wakefield • Infraestrutura e luminotécnica: Setepla Tecnometal Engenharia • Custo: R$ 591.711.185,00 Copa e Olimpíadas do campo e deixá-las mais inclinadas. “Tornamos a geometria do estádio mais compacta e criamos um espaço entre o talude, onde a antiga arquibancada se apoiava, e a nova arquibancada do lado oeste. Nesse espaço foi projetada uma via de acesso e as principais áreas solicitadas pela FIFA, como vestiários, salão VIP e área de imprensa”, explica. A arquitetura projetada por Dióges Rebouças, com formato de ferradura, já detinha um importante benefício relacionado à ventilação do espaço, que pôde ser reaproveitado dentro do contexto de sustentabilidade. Contudo, a abertura sul foi ainda um elemento de extrema importância para o novo projeto, pois a nova cobertura, que cobre 100% dos assentos, dificultaria a circulação de ar, caso o formato fosse alterado. Para favorecer a ventilação, o projeto optou por vazar a fachada, onde foi possível, privilegiando a ventilação natural cruzada, além de colocar brises que protegem as áreas fechadas com caixilho da insolação direta, economizando a intensidade do uso de ar-condicionado. consultoria ambiental responsável pelas obras da arena, deste total, 45% foi reutilizado no próprio canteiro de obra para aterro e o restante, 55%, foi destinado para reciclagem. Para a gestão dos detritos, foi desenvolvido um Plano de Gerenciamento de Resíduos na Construção Civil que, segundo Tatiana, contemplava coleta, estocagem temporária, disposição final dos detritos sólidos gerados durante a demolição, entre outros. “A partir desse plano, foi possível fazer o controle de receptores previstos dos resíduos gerados e o planejamento dos descartes dos diferentes tipos”, conta Tatiana. Novas estruturas Oferecer conforto e melhor ambientação para os torcedores que forem assistir aos jogos ou espetáculos realizados na arena é um dos objetivos da nova cobertura, que possui uma estrutura metálica leve de cabos e treliças, baseada no sistema de raios e anéis de tração e compressão. CURIOSIDADES: De forma mais detalhada, o arquiteto Marc Duwe explica como funciona essa estrutura: “O anel externo, de compressão, é sustentado por pilares metálicos, apoiados nos de concreto da estrutura da arquibancada, ligados por vigas metálicas que estruturam a ancoragem dos cabos da parte interna da cobertura e funcionam como o aro da roda de uma bicicleta. Esse anel é coberto por telhas metálicas. A parte interna, de cabos tensionados, funciona como os raios da bicicleta, são tracionados por anéis, também de cabos, dando sustentação ao sistema.” • A Arena Fonte Nova é uma reverência ao projeto do antigo estádio, elaborado em 1942 pelo arquiteto Dióges Rebouças; • O formato de ferradura da arena, pensado por Dióges Rebouças, permite a vista ao Dique do Tororó, além de uma ventilação natural; • O Dique do Tororó, represa construída no século 17, é um dos principais cartões-postais da capital baiana. Marc ainda conta que esse método economiza mais de 40% do aço utilizado em sistemas comuns de treliças em balanço e que por cima dessa estrutura há uma membrana de PTFE, material bastante resistente, que suporta elevadas temperaturas. Tatiana ressalta que essa membrana têxtil possui alto índice de SRI (89) e contribui para o sombreamento, além de permitir a redução de ganhos de calor. Outra vantagem da nova cobertura é que os projetores de iluminação puderam ser fixados nessa estrutura, dispensando o uso das antigas torres. Demolição Definido o projeto de arquitetura, a demolição total das estruturas existentes do antigo estádio ocorreu em junho de 2010. Após a implosão, 100% dos resíduos gerados, ou seja, 27.259,6 metros cúbicos de entulho, foram reaproveitados. De acordo com Tatiana Tostes, gerente de Green Building da Cushman & Wakefield, Foto: Divulgação Arena/Nilton Souza 20 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Pensando no futuro do estádio após os eventos, algumas estruturas foram planejadas para permitir a montagem e desmontagem de palcos para eventos de forma a não interferir no campo. Com isso, os eventos podem ocorrer próximos aos jogos. “Isso é importante para a sustentabilidade econômica do estádio, já que apenas as partidas de futebol não são suficientes para viabilizar o empreendimento”, afirma o arquiteto. O restaurante, projetado por sobre a abertura e com vista para o campo e para o Dique do Tororó, também faz parte do novo estádio. Sua iluminação cênica, com projetores de Led, colore a fachada de acordo com o evento. O espaço deve funcionar regularmente, indo além dos dias de jogos. Obra sustentável Para uma obra sustentável, a escolha de materiais com menor impacto ambiental é indispensável. Dentre eles, estão os pré-moldados, que reduziram em, aproximadamente, cinco meses o tempo de obra (aliados a outras medidas de aceleração), além de contribuírem para a diminuição na geração de resíduos e de outros impactos. A instalação de equipamentos sanitários eficientes e o reúso de água colaboram para a economia desse recurso natural. Segundo a gerente de green building da Cushman & Wakefield, considerando somente a redução gerada pelas louças e pelos metais eficientes, a economia chega a 24%. Somando-se a reutilização, a redução atinge 85%. A água da chuva será utilizada nas descargas e também na irrigação do gramado. Um projeto luminotécnico eficiente (com estimativa de economia anual de 35% em relação a outros projetos), o percentual de fechamentos envidraçados inferior a 40%, um sistema de aquecimento solar para água (que atende a toda a demanda do projeto) e um sistema central de água gelada com resfriadores com condensação a água estão entre as medidas que promoverão uma economia de energia de 12,9%. A sustentabilidade além da obra A preocupação em minimizar os impactos provenientes da atividade de obra também caracteriza uma construção como sustentável. No caso da Arena Fonte Nova, desde o início a vizinhança e o entorno foram tratados com atenção. O arquiteto Marc Duwe destaca, ainda, outros fatores importantes atrelados ao conceito de sustentabilidade: “Quando se fala em sustentabilidade, se pensa imediatamente em sustentabilidade ambiental, contudo, ela é formada por três componentes, o ambiental, o econômico e o social. Então, uma obra verde deve ter, além de medidas ambientais, medidas que garantam a viabilidade econômica e as ações sociais.” Ele observa que as medidas ambientais estão cada vez mais em voga, mas lembra que é preciso tornar as obras economicamente sustentáveis ainda no status de projeto, de forma a prever uma baixa manutenção e, no caso das arenas, encontrar outras fontes de renda. Para o arquiteto, é fundamental levar em conta que os estádios precisam promover outras atividades, além dos jogos, pois estes, na maioria das vezes, só acontecem duas vezes por semana. Do ponto de vista social, ele acredita que as obras têm que trazer benefícios como um programa de treinamento e aperfeiçoamento de mão de obra. A construção de novos estádios é, também, uma oportunidade para a recuperação e reurbanização de áreas degradadas. Segundo Marc Duwe, a Arena Fonte Nova foi projetada com vistas nesses três aspectos da sustentabilidade. Vale ressaltar que essa visão dos projetistas e a decisão de manter os traços do projeto do grande arquiteto Dióges Rebouças tornaram a Fonte Nova um estádio, sem dúvida, verde. GB Mercado Certificação ambiental Foto: Divulgação de Projetos de Interiores C João Marcello Gomes Pinto Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP, mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade de Karlsruhe, na Alemanha, e pós-graduado em Gerenciamento de Riscos Ambientais pela Universidade da ONU, no Japão. É presidente da Sustentech, empresa de consultoria em sustentabilidade urbana. www.sustentech.com.br Tel.: (11) 3807-2823 om o grande número de empreendimentos green buildings sendo entregues, donos de escritórios, projetistas e locatários estão utilizando cada vez mais a certificação de interiores comerciais, como o LEED for Commercial Interiors (CI), que permite a eles fazerem escolhas para um projeto de baixo impacto ambiental. Os benefícios de um projeto sustentável são inúmeros, como: aumento da produtividade dos colaboradores; redução do consumo de energia em até 30%; menores custos de operação e manutenção; redução do impacto ambiental relacionado ao mobiliário do escritório; melhoria na saúde dos ocupantes e melhor visibilidade no mercado. Escritórios instalados em empreendimentos novos ou retrofitados, com selos LEED ou AQUA, aumentam seu potencial de certificação ambiental, podendo tirar muito proveito das soluções já instaladas no prédio, como por exemplo: utilizar infraestrutura de armazenamento e coleta de recicláveis do prédio; contabilizar ganhos energéticos; reduzir o consumo de água potável por meio de sistemas de aproveitamento de água de chuva e/ou reúso de águas cinzas ou drenos de ar-condicionado e incentivar o uso de bicicletas e programas de car sharing dos funcionários. Independentemente do prédio em que o escritório será instalado, seu projeto de interiores tem grande papel na busca pela sustentabilidade, podendo o arquiteto atuar em diversas áreas, como definição de layout de forma que grande parte dos espaços internos do escritório tenha acesso à iluminação natural; especificação 22 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br e aquisição de equipamentos com baixo consumo energético; estudo de circuitos independentes de iluminação que permitam a instalação de fotocélulas para controle automático da iluminação artificial baseado na quantidade de iluminação natural disponível, entre outros. Apesar de facilitar a certificação de interiores, não é pré-requisito que o prédio onde o escritório será instalado receba o selo. A sede da nossa empresa de consultoria, por exemplo, fica em um edifício relativamente antigo em São Paulo, e conseguimos atuar em muitas frentes no nosso projeto de interiores, alcançando um ótimo potencial de certificação LEED CI. Dentre as soluções que adotamos estão: carpete modular e tintas com baixa emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs); sistema de persiana automatizado; lâmpadas LED; bacias sanitárias (Dual Flush) e torneiras com sensor; sistema de ar-condicionado eficiente; mobiliário produzido com madeiras certificadas FSC; madeira de demolição reutilizada no revestimento de todo hall de entrada; cultivo de jardim vertical natural e aplicação de película nos vidros. É sempre bom lembrar que, além dos cuidados tomados no projeto e na construção dos escritórios, é preciso realizar a manutenção do desempenho sustentável. A economia de água e luz, o conforto e a saúde dos ocupantes dependem da adoção de medidas no dia a dia da operação, como a gestão dos resíduos, o uso de produtos de limpeza de menor impacto ao meio ambiente e procedimentos de compra sustentáveis para produtos de uso cotidiano do escritório. GB Caso I – Em certificação PROJETO: JK Bloco B, antiga Villa Daslu Do luxo neoclássico ao moderno e high-tech Com pré-certificação LEED Silver, empreendimento JK Bloco B irá substituir a antiga Villa Daslu 24 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Ficha Técnica • Localização: Avenida Nações Unidas, 10.631 - Vila Olímpia - São Paulo - SP • Área: 52.373,37 m² • Investimento total estimado: R$ 130 milhões • Previsão para finalização: julho de 2014 • Expectativa de consumo anual de energia: 3.857.439 kwh/ano • Arquitetura: Arquitectonica • Projetos de hidráulica e elétrica: Projetar Engenharia • Projetos de ar-condicionado: Thermoplan • Luminotécnica: Mingrone • Paisagismo: EKF Paisagismo • Consultoria de sustentabilidade: Sustentech • Construtora: WTorre Engenharia • Infraestrutura: Si2 Soluções Inteligentes “ Nossa experiência mostra que o reaproveitamento e a reciclagem de 75% dos resíduos de construção é viável e não representa um custo adicional” Demetrius de Feo, gerente de projetos da WTorre Por Andrea Padovan “O Ilustração: Divulgação Templo do Luxo”. “A Meca dos Estilistas”. A antiga Villa Daslu, localizada na região da Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, era símbolo de riqueza e luxo, um sofisticado magazine que abrigava dezenas de marcas. Com um prédio de 17 mil metros quadrados ocupados pela loja e 3 mil metros quadrados pelo Terraço Daslu, em seus quatro pavimentos entre molduras e colunas, a Villa tinha um estilo neoclássico romano e ficou no mesmo endereço por seis anos. O cenário de destruição do prédio pôde ser visto a partir de julho de 2012, quando se iniciou a demolição parcial do edifício. A proprietária, BR Properties, irá construir um novo empreendimento, o JK Bloco B. Ele complementará o complexo que abriga também o Parque do Povo, o Shopping JK Iguatemi, duas torres empresariais (ainda em projeto) e o Edifício Santander. A BR Properties é membro fundadora do Green Building Council (GBC) Brasil e possui quatro profissionais certificados pelo GBC em LEED-AP, além de grande preocupação com a sustentabilidade em seus empreendimentos. Segundo Demetrius de Feo, gerente de projetos da WTorre, construtora responsável, “como premissa, todos os nossos empreendimentos em desenvolvimento devem ter uma certificação ambiental, garantindo um baixo impacto durante a construção e a vida útil do edifício.” A escolha pela construtora WTorre também levou em consideração a capacidade da companhia em garantir os requisitos da certificação sustentável requerida pela proprietária, já que a empresa investe fortemente em construção sustentável. Além disso, são realizadas, periodicamente, capacitações dos funcionários que trabalham direta e indiretamente com processos ambientais e certificação LEED. Segundo Demetrius, todos os fornecedores da empresa são avaliados e qualificados em relação às questões sustentáveis antes de se tornarem parceiros. O projeto de arquitetura foi realizado pela Arquitectonica, conhecida pelo estilo contemporâneo e expressivo em seus edifícios, e trará ao JK Bloco B planos inclinados, placas brancas e vidros na cor prata, um estilo já conhecido na linguagem dos outros edifícios construídos no complexo. Serão onze pavimentos onde funcionarão escritórios com área entre 1.200 a 5 mil metros quadrados. Canteiro de obras As obras estão em andamento, com previsão de término em junho de 2014. A estrutura do antigo edifício Daslu será reaproveitada para a constituição de quatro pavimentos de estacionamento. Tiago Silva, gerente de projetos e líder de núcleo LEED na Sustentech, empresa de consultoria responsável pela certificação ambiental, diz que uma das principais características dessa construção, para além do reaproveitamento de uma estrutura já existente, está a integração de, aproximadamente, 10% de componentes reciclados, que serão preferência na fase de compra de materiais. Por exemplo, o aço terá um maior índice de derivados de sucatas, enquanto o concreto será composto por escorias de outros processos, como a inclusão de cinzas oriundas da queima em fornos de alta temperatura. www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 25 Caso I – Em certificação Dentro do canteiro de obras, entre as medidas tomadas para garantir a sustentabilidade e a proteção ao meio ambiente, está a elaboração de um plano de controle de poluição para reduzir os impactos causados pelas atividades de construção. As toneladas de subprodutos, resultados dos resíduos da obra, têm um destino certo. Demetrius, da WTorre, confirma que, após aplicar-se as técnicas adequadas de triagem de separação dos resíduos de demolição e embalagens, como subprodutos, são encaminhados para empresas que dependem de metais, plásticos, papéis, vidros e alumínios, entre outros materiais. A experiência da WTorre, diz Demetrius “tem mostrado aos envolvidos no projeto que o reaproveitamento e a reciclagem de 75% dos resíduos da construção é viável e não representa um custo adicional”, podendo representar redução nos gastos da destinação correta, ou até mesmo receber pela venda de parte desses resíduos. O gerente de projetos da WTorre, ao falar sobre sustentabilidade, diz que é difícil mensurar todos os benefícios, mas que é sabido que são numerosos. “No caso dos benefícios intangíveis, temos mais controle quanto ao cumprimento da legislação ambiental, reduzindo os riscos da empresa, aumentando a satisfação do colaborador por integrar projetos ambientalmente corretos e que proporcionam economias consideráveis de água e energia aos usuários e clientes. Além disso, há a melhoria na qualidade de vida dos ocupantes, durante sua jornada de trabalho dentro de um empreendimento certificado.” Tiago Silva, da Sustentech, reitera essa dificuldade na etapa de canteiro de obras e diz que é a fase na qual se encontra a maior problemática para o domínio de implementação de medidas sustentáveis “pois é necessário um controle apertado e muito próximo de metas como a gestão dos resíduos ou a aplicação A destinação correta dos resíduos conta com caçamba própria para o aço 26 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br de materiais com baixo conteúdo de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs). Mas com recursos e visitas periódicas, além do acompanhamento de um responsável LEED em obras, estas questões são resolvidas no dia a dia”. Eficiência Energética O desempenho energético do edifício foi determinado com base em uma simulação termoenergética, feita com ajuda de softwares que simulam soluções arquitetônicas para avaliar qual será a mais efetiva em relação à redução do consumo de energia. Essa simulação engloba iluminação, AVAC (tecnologia destinada ao conforto ambiental interior, que tem o significado de aquecimento, ventilação e ar-condicionado), envoltória (melhor aproveitamento das áreas envidraçadas, proteções solares e vidros especificados), entre outros. Esse processo vai resultar em uma eficiência 13% superior à de um edifício convencional. Segundo Sheila Zynger, diretora da Arquitectonica no Brasil, ainda que o percentual de abertura das fachadas seja de 54,4%, o vidro especificado possui um bom desempenho térmico, o que permitiu a redução da carga proveniente da radiação solar. Para o resultado positivo, contribuíram as eficiências dos equipamentos de climatização acima do mínimo exigido pela ASHRAE 90.1, norma que estabelece requisitos para o projeto de eficiência energética de edifícios, a utilização de motores de alta eficiência e um sistema de iluminação eficaz. De acordo com a equipe de instalações, é premissa do projeto a medição individual dos principais sistemas consumidores, como: iluminação exterior, iluminação do estacionamento e das áreas comuns e elevadores. Durante a implementação desse critério, será ajustada a estratégia de medição individual para garantir conformidade. O monitoramento pode ser realizado por meio da automação predial. Sheila Zynger comenta que o projeto de luminotécnica para o edifício propõe uma potência de iluminação interior Lavagem das rodas do caminhão Fotos: Divulgação Além disso, 50% dos materiais serão extraídos e processados nas proximidades de São Paulo, garantindo a regionalidade na construção, sobretudo por via do aço e betão estrutural. Caso I – Em certificação reduzida (5,38 W/m2) em relação à potência especificada para o edifício conforme a norma ASHRAE 90.1 (7,74 W/m2), resultando em uma diminuição do consumo energético em 30,4%. A iluminação externa moderada também resultará em economia de 80,4%. Para Demetrius, o mercado brasileiro de construção está pronto para fornecer energia limpa para empreendimentos com consumo acima de 500 quilowatts. Uma importante preocupação dos envolvidos foi garantir o bem-estar tanto aos trabalhadores da obra quanto aos futuros frequentadores do empreendimento, pois, como bem sabemos, a sustentabilidade existe em função do ser humano, que poderá usufruir de forma correta da natureza por mais tempo. A utilização de acabamentos com baixo teor de COVs, que aparecem em aditivos de pintura, vernizes e revestimentos e podem causar efeitos adversos e diretos na saúde humana, e a utilização de madeira certificada pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC) auxiliaram a pré-certificação LEED no nível Silver. Confira informações sobre os empreendimentos vizinhos do JK Bloco B, no complexo que tem cerca de 430 mil metros quadrados: 1. Parque do Povo - Área de mais de 110 mil metros quadrados pertencente à Prefeitura foi revitalizada pela WTorre, com investimentos de R$ 6 milhões. O piso do parque foi feito com o reaproveitamento do entulho da construção civil das edificações irregulares que existiam anteriormente no local e o sistema leva a água acumulada durante as chuvas diretamente para o lençol freático. Mensalmente, custa R$ 130 mil à WTorre mantê-lo. 2. Shopping JK Iguatemi - O centro de compras tem 36 mil metros quadrados. Foram necessárias obras para amenizar o impacto viário devido às mais de 7,7 mil vagas para estacionamento. 3. Torres empresariais - Com vista para o Parque do Povo, o Via Funchal e a Vila Olímpia, os prédios abrigarão escritórios e mil vagas de estacionamento. 4. Edifício Santander - Antigo “esqueleto da Eletropaulo”, o espigão foi reformado e vendido ao banco em 2009. Hoje, trabalham ali 8 mil funcionários. Possui certificação LEED. (Fonte: Veja São Paulo) 28 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Entulho sendo molhado para impedir a dispersão da poeira no entorno Foto: Divulgação Soluções verdes Como uma das principais características sustentáveis do empreendimento, Tiago Silva destaca o retardo das águas pluviais, pontualmente mais exigente do que o do código de obras de São Paulo – que, desde 2002, torna obrigatória a execução de reservatório para as águas coletadas por coberturas e pavimentos nos lotes, edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500 metros quadrados –, e posterior reaproveitamento para irrigação e lavagens de pavimento. Água Com os equipamentos eficientes utilizados na obra, será possível atingir redução de cerca de 20% no consumo de água. Serão utilizados mictórios de 1,5 l/acionamento, torneiras automáticas com 6 l/min e acionamento de 7 segundos, bacias de duplo fluxo 3/6 litros e chuveiros com 8 l/min. O projeto de paisagismo vai utilizar um sistema de irrigação eficiente, com gotejamento, aspersores eficientes, plantas com baixa necessidade de irrigação e densidade vegetal e aplicação de coberturas como casas de árvores e pedras, que reduzem em 50% o consumo de água para irrigação. O projeto possui um tanque para reúso das águas pluviais para as descargas sanitárias com capacidade de 27 metros cúbicos, reduzindo em cerca de 40% o consumo de água potável para descargas. Por fim, o espaço construído também contará com um teatro para 1.200 pessoas, e sua construção inclui pilares moldados in loco, vigas e lajes de concreto pré-moldadas. Quatro restaurantes também irão compor o edifício, entre eles o badalado Serafina. A ideia é garantir que as pessoas que trabalharão na área possam ter bem-estar e contribuir com o meio ambiente, tudo em um só local. GB 11 3807-2823 | 11 3467 4499 21 3736-7235 | 21 3736 7236 [email protected] Av. Via Parque da Lagoa, 7200 - bloco 5 cj. 241 Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - Brasil Av. Brig. Faria Lima, 1903 - 5ºandar Jd. Paulistano - São Paulo - Brasil Sede: São Paulo twitter.com/@sustentech w w w . s u s t e n t e c h . c o m . b r Blog Somos muito mais que uma consultoria para certificação de sustentabilidade. Realizamos um trabalho de consultoria de resultado! facebook.com/Sustentech Soluções em Empreendimentos e Edificações Sustentáveis CONSTRUINDO FUTURO Acompanhe mais sobre sustentabilidade sustentech.com.br/wordpress Isso porque a Sustentech é especializada, com excelência, em soluções sustentáveis para projeto, execução e operação de edificações novas e existentes, com larga experiência nos processos de certificação LEED, AQUA, BREEAM e PROCEL de empreendimentos no Brasil e no exterior. Utilizamos ferramentas de ponta no desenvolvimento dos trabalhos de Simulação Energética e Comissionamento. O empreendimento sustentável atende à demanda da sociedade atual preservando o meio ambiente para as futuras gerações. E com a Sustentech ele é economicamente viável! Por que não construir sustentavelmente? Caso II - em certificação Ondas da sustentabilidade PROJETO: Museu de Arte do Rio Inaugurado em março deste ano, o Museu de Arte do Rio está prestes a ser o primeiro do Brasil com selo LEED Por Amanda Santana A o pensar na cidade do Rio de Janeiro, é inevitável vir à mente a imagem de suas belas praias com os famosos calçadões, a areia branca e o tão encantador Oceano Atlântico. Essa invejável paisagem serviu de inspiração para a criação de uma obra prima da arquitetura brasileira, de grande importância artístico-cultural e com um nome bastante propício: MAR – Museu de Arte do Rio. Pertencente ao projeto Porto Maravilha, que está sendo realizado na zona portuária carioca, esse novo aparelho cultural foi inaugurado em março deste ano e abriga o Pavilhão de Exposições e a Escola do Olhar, dois prédios bastante diferentes que foram harmoniosamente ligados. 30 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br O primeiro, o Palacete Dom João IV, inaugurado em 1916 e tombado no ano de 2000 pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural, possui 5,2 mil metros quadrados de área construída, hoje, divididos em quatro pavimentos, com oito galerias, que juntas somam 2,4 mil metros quadrados de área expositiva e são ocupadas por mostras temporárias. O segundo trata-se do prédio em que funcionou o Hospital da Polícia Civil, com o total de 7,2 mil metros quadrados de área construída e sete pavimentos (incluindo o térreo). Agora, é um ambiente voltado principalmente para a formação continuada de educadores das escolas da Prefeitura do Rio de Janeiro. Diante de construções com características e finalidades tão distintas, a equipe do escritório de arquitetura carioca Bernardes + Jacobsen teve um grande desafio. “Precisávamos conectar no projeto duas construções antagônicas, estabelecendo uma Ficha Técnica • Localização: Praça Mauá, 5 - Rio de Janeiro - RJ • Área total: 15.000 m² • Investimento total: R$ 79,5 milhões • Data de inauguração: março de 2013 • Realização: Prefeitura do Rio de Janeiro e Fundação Roberto Marinho • Gerenciamento de projetos: Engineering SA Serviços Técnicos • Arquitetura: Bernardes + Jacobsen Arquitetura • Construtora: Concrejato • Consultoria de sustentabilidade: CTE - Centro de Tecnologia de Edificações • Concepção estrutural: GOP – Gabinete de Organização e Projetos • Cálculo estrutural: Cerne Engenharia e Projetos Sociedade • Consultoria técnica e controle de qualidade do projeto de estrutura: Engeti Consultoria e Engenharia • Consultores de estrutura: Bruno Contarini e Gilberto do Valle • Desenvolvimento do traço do concreto: WG Côrrea Consultoria de Engenharia Civil • Drenagem e SPDA: Instal Engenharia Ilustração: Divulgação Jacobsen Arquitetura Lucia ainda ressalta outros pontos positivos no uso do isopor: as fôrmas foram confeccionadas nos galpões das escolas de samba, que também estão localizadas na região portuária, e foi aproveitada a mão de obra dos escultores das escolas, especializados no uso desse material. O arquiteto Paulo conta que 33 profissionais das escolas de samba, coordenados pelo artista plástico e artesão Carlos Lopes, participaram da equipe dessa “solução bem carioca”, como define. harmonia entre elas. Para conseguir isso, demos ao prédio da Escola do Olhar uma estética mais contemporânea e neutra. Os dois prédios foram ligados por um terceiro elemento, poético e carregado de significado, que é a cobertura fluida”, conta o arquiteto Paulo Jacobsen. Cobertura Reproduzindo as ondas do mar, a grande cobertura fluida do museu, que liga os dois prédios do complexo, foi projetada por cerca de um ano, período em que foi realizado seu planejamento e os estudos da viabilidade de sua execução. Depois de descartadas as opções de fôrmas de madeira ou pré-moldadas em concreto, por não permitirem a perfeita ondulação, a equipe de arquitetura encontrou o isopor EPS como material viável para a confecção da fôrma. Segundo Lucia Basto, gerente geral de patrimônio e cultura da Fundação Roberto Marinho (FRM), esse tipo de isopor é utilizado na construção civil por resistir à compressão de mais de uma tonelada por metro quadrado e ser um material maleável. Foram necessárias, ainda, 13 horas consecutivas de trabalho, 90 profissionais, 70 toneladas de aço galvanizado e 40 caminhões (ou 320 metros cúbicos) de concreto para construir essa cobertura que possui 800 toneladas e tem uma área de cerca de 1,65 mil metros quadrados e espessura de 15 centímetros. Certificação A construção do museu, além de ser bastante diferenciada em relação aos projetos arquitetônicos brasileiros, possui qualidades que vão além da beleza estética. Com vistas na certificação ambiental expedida pelo United States Green Building Council (USGBC), todo o projeto do complexo, bem como a execução das obras, teve características sustentáveis que deverão, no segundo semestre deste ano, tornar o MAR o primeiro museu brasileiro a receber a certificação LEED. A expectativa é que seja conquistado o selo LEED NC – Major Renovations, em nível Silver, de acordo com a arquiteta Cibele Romani, consultora de projetos sustentáveis do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE) e coordenadora do projeto MAR. “Para a Fundação Roberto Marinho, a conquista do selo LEED é muito importante, sem dúvida. Só que mais do que isso, a nós interessa estabelecer internamente a cultura da construção verde, difundi-la entre nossos fornecedores e parceiros e implementá-la em outros projetos”, afirma a gerente de patrimônio e cultura da FRM. A Fundação também é responsável por outros dois importantes aparelhos culturais www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 31 Caso II - em certificação Redução do uso da água Reaproveitamento de águas de chuva bacias sanitárias economia de 70% que serão inaugurados em breve e buscarão a certificação, o Museu do Amanhã e o Museu da Imagem e do Som (MIS). Restauro Bem antes da construção da cobertura fluida, que ocorreu em maio do ano passado, as obras do MAR foram iniciadas, em março de 2010, com a restauração das fachadas do prédio que hoje abriga o Pavilhão de Exposições, por meio do projeto concebido pela Velatura Restaurações e executado pela Ópera Prima Arquitetura e Restauro. Arquitetos, restauradores, pedreiros, estucadores, carpinteiros e pintores fizeram parte da equipe que, durante um ano e seis meses, encarou o desafio de descobrir a cor original da fachada do prédio, escondida sobre muitas outras camadas de tinta. O restauro também foi feito em portas e janelas, nos ornamentos da fachada, na cimalha, na cúpula e em outros elementos do edifício. “Acredito que um dos maiores diferenciais do MAR é o fato de ser um retrofit. Esse projeto é a comprovação de que é possível mudar sem ter que destruir o existente. É um símbolo de respeito à natureza e à história e não despreza aquilo que já foi construído”, afirma a consultora do CTE, Cibele. Sustentabilidade Projetado de forma a garantir a acessibilidade aos espaços do prédio, o MAR conta com elevadores espaçosos e rampas, além de sinalização podotátil. Materiais e técnicas sustentáveis também estão presentes na cobertura do prédio e nos espaços dentro do museu. A gestão de resíduos foi fundamental para a realização sustentável da obra. O isopor usado na confecção das fôrmas da cobertura fluida, por exemplo, foi reutilizado, de acordo com Felipe Menezes, engenheiro da Concrejato, construtora responsável pelas obras. “Com o empenho da equipe, conseguimos dar dois destinos para os resíduos de isopor. Os pedaços grandes foram reaproveitados para confecção de alegorias de escolas de samba do Rio de Janeiro, já os flocos menores e os pequenos pedaços foram doados para fábricas de pufes”, conta o engenheiro. 32 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Quando falamos em gestão de resíduos, a destinação final dos mesmos é um item indispensável. No caso do MAR, aterros legalizados e reciclagem fizeram parte desse processo. Lucia Basto conta que foram realizadas palestras educativas para os funcionários e implantados a fiscalização e o acompanhamento das obras pelos consultores LEED. Espaços para separação de resíduos e controle da utilização de materiais tóxicos também foram criados. No dia a dia das obras, foi realizada a aspersão de gotículas de água nos ambientes durante as demolições para redução da poeira em suspensão, além de instaladas proteções nos ralos boca de lobo para impedir que resíduos de obras fossem arrastados para a rede coletora de águas pluviais, de acordo com Felipe. Com o intuito de reduzir a quantidade de resíduos na obra, o piso de madeira existente no museu foi reaproveitado. Com isso, apenas em algumas áreas foi necessária a substituição. Tanto para o piso, quanto para portas e corrimãos, foi usada madeira de reflorestamento certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC). Já os pisos, carpetes e forros contam com conteúdo reciclado em sua composição. Para a redução no consumo de água, o projeto buscou especificação de metais com redução de consumo de água e o reaproveitamento de águas de chuva, para uso nas bacias sanitárias e no paisagismo, que conta com um jardim no nível térreo com cerca de 240 metros quadrados, segundo Maria Fátima Leite Ferreira, diretora da Engineering. Cibele Romani explica que o edifício capta água da chuva suficiente para atender em 100% a demanda das bacias sanitárias, o que gera aproximadamente 70% de economia no consumo de água potável. Em relação às áreas verdes, a consultora do CTE conta que a presença no espaço é pequena, pois o lote já era ocupado pelos dois edifícios reaproveitados, mas ressalta que a Praça Mauá será reformada e ganhará um novo projeto paisagístico com áreas verdes que se integrarão ao complexo. A economia de energia esperada é de 20%, de acordo com Lucia Basto. Para isso, são utilizados lâmpadas e reatores de alta eficiência, controle das luminárias por meio de sensores, bombas de alta eficiência, controle individual do acionamento de ar-condicionado nas salas da Escola do Olhar e aproveitamento da iluminação natural com cortinas de vidro, utilizando películas de UV e de controle de incidência solar. Contudo, Cibele explica que o museu não possui grande aproveitamento de ventilação e iluminação natural devido ao controle rigoroso da climatização interna demandada pelas obras de arte. Na Escola do Olhar, a luz natural é aproveitada por meio dos painéis de vidro autoportantes, chamados C-Glass, que auxiliam na iluminação dos ambientes barrando boa parte dos ganhos térmicos, pois sua camada interna de ar funciona como isolante térmico e acústico. “Outra vantagem deste vidro é que, devido à sua composição translúcida, semelhante a do vidro impresso, garante uma iluminação difusa, ou seja, diminui problemas com ofuscamento e distribui a luminosidade de forma mais uniforme”, destaca Cibele. “ Esse projeto é a comprovação de que é possível mudar sem ter que destruir o existente. É um símbolo de respeito à natureza e à história e não despreza aquilo que já foi construído” Cibele Romani, consultora do CTE Já as janelas operáveis contribuem para a ventilação natural, juntamente com as varandas criadas em alguns andares dos corredores, possibilitando a ventilação cruzada nas salas de aula. Outra parte do museu que colabora com a climatização do edifício é a cobertura fluida do MAR. Isso porque, além de contribuir para o sombreamento do edifício, a cobertura foi pintada na cor branca, com tinta de alta refletância, auxiliando na diminuição do efeito de ilhas de calor na cidade e da necessidade de refrigeração mecânica dos pavimentos inferiores. Transformação social Transformar a sociedade por meio da cultura é uma aposta de diversos movimentos País afora. O MAR está dentro desse DEMOLIDORA Mais de 20 anos no mercado Garantia de Qualidade. Comprometimento com o cliente. Equipamento próprio. DEMOLIÇÕES EM GERAL COM SEGURANÇA E QUALIDADE A LOCAÇÃO IDEAL PARA SUA OBRA LEED TRABALHAMOS COM NORMAS LEGAIS QUE PROTEGE O MEIO AMBIENTE GG Demolidora - Rua Rubiácea, 170 - Água Fria - SP - São Paulo Tel.: + 55 (11) 3857-5856 www.ggdemolidora.com.br [email protected] contexto junto com o projeto Porto Maravilha, que busca a requalificação urbana da região em que o museu está inserido. “O MAR representa a primeira grande entrega do processo de renovação da região portuária. Nesse sentido, já representa um ícone de agitação cultural numa área que, anteriormente, não apresentava esse tipo de atrativo para o grande público da cidade”, declara Carlos Gradim, diretor-presidente do MAR. Carlos ainda afirma que o MAR tem diversas funções sociais, uma delas é a finalidade de ser um espaço para o reconhecimento e a pesquisa de manifestações culturais e artísticas que estabeleçam relação com o Rio de Janeiro. “A Escola do Olhar toma a cidade como um disparador de questões em sua dimensão urbanística, social, histórica e, por que não no futuro, ambiental”, conclui. GB CONSULTORIA EM ENGENHARIA Focando toda a nossa energia na eficiência do seu negócio! bgf “Racionalização de Energia e Água: mais do que um diferencial competitivo, uma necessidade para a continuação da vida.” Auditorias, Laudos Técnicos e Risk Assessment com foco na eficiência energética. Seja qual for o porte de sua empresa, nós teremos uma solução sob medida para você. Entre em contato conosco e tire proveito de toda a economia que serviços irão gerar. BGF Consultoria em Engenharia Filiada a Abesco Tel.: (11) 3205-4668 site: www.bgfconsultoria.com.br e-mail: [email protected] Caso III – Certificado PROJETO: Paraisópolis, São Paulo Comunidade renovada Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, conquista a certificação ambiental Casa Azul Caixa 34 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Foto: Arquivo Consórcio Domus Ficha Técnica • Localização: Comunidade de Paraisópolis - São Paulo - SP • Investimento total: R$ 18 milhões • Data de finalização: 2012 • Arquitetura: Edson Jorge Elito, Joana Fernandes Elito e Cristiane Otsuka Takiy • Projetos de hidráulica e elétrica: Sandretec Consultoria • Luminotécnica: Elito Arquitetos Associados • Paisagismo: Elito Arquitetos Associados • Projetos de terraplenagem e de fundações: Mag Projesolos Engenheiros Associados • Projeto de Estrutura: Kurkdjian e Fruchtengarten Engenheiros Associados • Consultoria de sustentabilidade: Consórcio Domus (TR Ductor e Estudos Técnicos e Projetos ETEP) • Construtora: Consórcio Boa Morada (Carioca Christiani-Nielsen Engenharia e Delta Construções) Condomínio E • Terreno: 4.758,06 m² • Área construída: 8.885,72 m² • Número de unidades habitacionais: 127 UH Condomínio G Foto: Fabio Knoll • Terreno: 2.456,71 m² • Área construída: 3.289,70 m² • Número de unidades habitacionais: 43 UH Por Redação C onsiderada a segunda maior comunidade carente da cidade de São Paulo, Paraisópolis tem mais de 65 mil habitantes e quase 30 mil imóveis, espalhados em uma área de 800 mil metros quadrados. Vizinha de uma das regiões mais ricas da capital, o bairro do Morumbi, a favela faz fronteira com luxuosos condomínios. Paraisópolis vem recebendo há sete anos uma série de obras do Programa de Urbanização de Favelas, que busca a implementação de áreas verdes, parques lineares, sistemas de iluminação pública, redes de esgoto e água e construção de unidades habitacionais. Em junho de 2012, dois desses prédios, os condomínios E e G, com 170 unidades, conquistaram, de forma pioneira na categoria de empreendimentos destinados a famílias de renda de até três salários mínimos, o nível máximo do principal instrumento do Programa de Construção Sustentável da Caixa Econômica Federal (CEF): o selo Casa Azul Caixa no nível Ouro. A busca pela certificação foi proposta em 2010, pela gerenciadora Ductor Implantação de Projetos (TÜV Rheinland Ductor), e aceita com grande receptividade pela Superintendência de Habitação Popular da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), interessada em difundir práticas sustentáveis na habitação popular. O projeto contou com o apoio técnico da gerenciadora TR Ductor na orientação e difusão dos conceitos de sustentabilidade relativos aos procedimentos necessários para a obtenção do selo socioambiental e na capacitação das equipes envolvidas: escritório Elito Arquitetos, construtora Consórcio Boa Morada (Carioca Christiani-Nielsen Engenharia www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 35 A portaria 021/12 da Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo (Sehab), publicada em 28/12/2012 no Diário Oficial da cidade, determinou que projetos que forem financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF), desde dezembro de 2012, deverão estudar a viabilidade de certificação com o selo de sustentabilidade ambiental de empreendimentos Casa Azul. Também deverá ser levantada a viabilidade da certificação Procel Edifica - Etiquetagem de Eficiência Energética de Edificações, que é concedida em dois momentos: na fase de projeto e com o edifício construído. O Procel Edifica avalia três aspectos: envoltória, iluminação e condicionamento de ar. Dessa forma, a etiqueta pode ser concedida de maneira parcial, desde que sempre contemple a avaliação da envoltória. De acordo com a GN Meio Ambiente da CEF, gerente executiva Mara Luisa Alvim Motta e a arquiteta Sandra Cristina Bertoni Serna Quinto, já foram certificadas 3.689 unidades residenciais até maio de 2013 com o selo Casa Azul Caixa nos Estados de Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal. e Delta Construções) e gerenciadora Consórcio Domus (Ductor Implantação de Projetos e Estudos Técnicos e Projetos ETEP). O Programa de Urbanização de Favelas tem Paraisópolis como uma das áreas prioritárias e objetiva a melhoria das condições de vida de seus moradores. Por isso, são realizadas obras para inseri-la em uma malha urbana dotada de infraestrutura, acessibilidade, equipamentos e serviços à comunidade, bem como para eliminar a situação de risco presente em algumas de suas áreas, proveniente da implantação inicial do loteamento. Foto: Fabio Knoll Caso III – Certificado na aprovação do Plano de Urbanização pelo Conselho Gestor da Comunidade de Paraisópolis. “O conjunto de ações que asseguram os direitos civis dos moradores tem grande importância na perspectiva do desenvolvimento sustentável”, explica Cristina. Além disso, foi desenvolvido um Manual do Morador para orientar as pessoas sobre o uso e a manutenção adequada do imóvel, considerando os aspectos de sustentabilidade previstos no projeto dos condomínios. Alguns moradores foram capacitados para a gestão dos empreendimentos. Segundo a arquiteta Cristina Hana Shoji, gerente de sustentabilidade e certificação ambiental de empreendimentos da TR Ductor, além dessas medidas, são promovidas ações para a inclusão social, como as que asseguram os direitos civis de seus moradores. Ela explica, ainda, que a difusão de conceitos de sustentabilidade na habitação popular é fator de conquista, motivação e sinergia entre as equipes envolvidas. “A partir desta experiência positiva, os conceitos de sustentabilidade serão naturalmente incorporados nas práticas futuras de projetos e construção de responsabilidade da Superintendência de Habitação Popular da secretaria.” Pensando ainda dessa forma, o projeto em Paraisópolis, desde o início, teve a preocupação com o mínimo de custo em operação e manutenção no pós-ocupação, assim como na economia da construção por ter recursos subsidiados pelo governo. Essa premissa levou os projetistas a descartarem, por exemplo, o uso de aquecedores solares nos condomínios. Diferencial Este método, que faz parte de dois dos itens de Conservação de Recursos Materiais nos critérios do selo Casa Azul, tem as seguintes características: alto potencial de racionalização, economia de formas, redução de diversidade de materiais, técnica de execução facilitada, possibilita uma obra limpa e sem perdas de materiais, redução de revestimentos, redução de custos e facilidade no treinamento da mão de obra, além de um bom isolamento térmico e acústico. Segundo a Sehab, o que distinguiu esse projeto sustentável de outros foi o trabalho social amplamente desenvolvido na comunidade, resultando no atendimento de todos os critérios da categoria Práticas Sociais do selo Casa Azul, que abrange a educação ambiental dos empregados e moradores e a inclusão de trabalhadores locais na construção, contribuindo para seu desenvolvimento e capacitação profissional, além das ações para atenuar os riscos sociais, reunindo aquelas voltadas à geração de emprego e renda. Foram realizadas diversas reuniões com a comunidade, promovendo a participação e o envolvimento da população-alvo 36 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Medidas sustentáveis Segundo o arquiteto Edson Jorge Elito, sócio-diretor técnico da Elito Arquitetos, entre as ações sustentáveis do empreendimento para evitar o desperdício de materiais, está a alvenaria estrutural, altamente ligada com a coordenação modular. A esquadria de alumínio que corre pelo lado externo é uma das soluções que ganha destaque, segundo Edson, pois “permite a abertura de 100% do vão para ventilação e iluminação natural, contemplando uma melhor qualidade do conforto ambiental”, em vez da janela de duas folhas com Área interna de um dos apartamentos abertura parcial, comum em empreendimentos sociais. 2 centímetros de espessura, garantindo assim, proteção térmica ao condomínio. Como o projeto de arquitetura já previa muitas ações sustentáveis, o acréscimo de custo para implementação das medidas complementares na edificação foi de apenas 0,65%, o que deu ao orçamento total das obras o valor aproximado R$ 18 milhões. Dentro dos apartamentos, foram utilizados economizadores de água e arejadores em todas as torneiras e chuveiros (que produzem bolhas de ar no jato d´água e reduzem a tensão superficial quando se abre a torneira, diminuindo os respingos e o desperdício), além da especificação de bacias sanitárias com dispositivo duplo de acionamento da descarga. O terreno exigiu cuidados especiais, pois está localizado em uma área com declive acentuado e onde havia grande quantidade de entulho e lixo acumulado. A preocupação com as moradias precárias no entorno foi um dos motivos do uso das estacas de hélice contínua, que causam menos impactos e não produzem vibrações que poderiam causar desmoronamentos. Com o intuito de não aumentar o custo das obras e prevenir problemas posteriores à manutenção e segurança do equipamento, foi determinado que os complexos não teriam elevadores, e, por isso, os projetistas definiram somente quatro pavimentos acima do térreo. Para a cobertura, foram instaladas telhas de aço pré-pintadas na cor branca, para refletir os raios solares, e, abaixo, foram colocadas mantas de lã de rocha com 50 milímetros de espessura sobre a laje. O revestimento das paredes externas é de argamassa monocapa de no mínimo Visando à eficiência energética, lâmpadas econômicas foram instaladas nas áreas privativa e de uso comum. “Medidores de energia elétrica, água e gás individualizado geram mais conscientização e, consequentemente, maior redução no consumo”, afirma o arquiteto Edson Elito. Para atender oito entre dez critérios do Projeto em Conforto do selo Casa Azul, o estudo de paisagismo, segundo Edson, “contou com um extensivo (vegetação que, após consolidada, não requer cuidados constantes ou especiais) em toda a área, com vegetação de forração arbustiva e arbórea, promovendo sombreamento e filtragem do ar quente, reduzindo o calor na edificação e no entorno, além de reter grande quantidade da água da chuva. Há também abrigos para lixo orgânico e reciclável, acessibilidade para portadores de dificuldades motoras ou físicas e playground”. GB Produtos e Serviços Colorindo Fotolia © Aleksandr Bedrin os ambientes Com fórmulas menos agressivas ao meio ambiente, as tintas presentes no mercado auxiliam na sustentabilidade das construções Por Redação D epois dos alicerces firmes e das paredes levantadas, chega a hora de dar o tom desejado aos ambientes de uma construção. Casa, condomínio ou prédio comercial, não importa. A todos esses exemplos, é recomendado o uso de materiais que gerem o menor impacto possível no meio ambiente. Portanto, antes de sair colorindo as paredes por aí, além das cores mais adequadas, é preciso escolher tintas que favoreçam a sustentabilidade. Ambientalmente amigáveis. Assim podem ser definidas as tintas usadas atualmente pela construção civil. As fórmulas elaboradas hoje procuram reduzir a quantidade de solventes orgânicos em tintas, substituindo-os por solventes amenos ou por água. Com isso, emitem menor quantidade de Componentes Orgânicos Voláteis (COVs). Segundo Gisele Bonfim, gerente técnica e de assuntos ambientais da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), as tintas convencionais, que hoje representam a maior parte do mercado, não são poluentes e não causam 38 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br malefícios à saúde das pessoas. “As características das tintas, de maneira geral, são, cada vez mais, ambientalmente amigáveis. Deve ser destacado, por exemplo, que hoje quase 90% das tintas imobiliárias são à base de água. O que elimina o uso de solventes orgânicos no produto, trazendo ganhos ambientais por reduzir a emissão de COVs”, afirma. Gisele conta que o setor de tintas, há alguns anos, intensificou a busca de soluções mais sustentáveis por meio de pesquisas e de inovação tecnológica. Com isso, foram modificados as matérias-primas, a formulação, o processo de produção, a aplicação das tintas e outras técnicas do setor. O gerente de produto da Suvinil, Mario Lavacca, explica que as tintas que apresentam baixo índice de COVs, devido à redução da presença de solventes na composição do produto, minimizam os problemas alérgicos e de irritação respiratória dos consumidores. Mais uma vantagem a favor do consumidor é que as tintas agora possuem baixo odor. Algumas ainda possuem secagem rápida. Já existem produtos que em cerca “ As características das tintas, de maneira geral, são, cada vez mais, ambientalmente amigáveis” Gisele Bonfim, gerente técnica e de assuntos ambientais da Abrafati de três horas depois da aplicação o odor fica imperceptível, outros garantem que o desaparecimento do odor, em lugares arejados, ocorre em 24 horas. O avanço nas pesquisas e no uso de novas tecnologias trouxe mais qualidade aos produtos presentes no mercado. “Merece ser destacado, também, que tintas de qualidade superior são mais sustentáveis, por terem maior poder de cobertura, ou seja, usa-se menos tinta para pintar a mesma área, e têm maior durabilidade, o que significa menor uso do produto ao longo do tempo”, conta Gisele. relevante do ponto de vista da sustentabilidade, por proporcionar proteção às mais diferentes superfícies, evitando a sua deterioração e a consequente necessidade de consumir mais energia e matérias-primas para recuperar danos ou substituir bens. Certos tipos de tintas contribuem decisivamente para evitar danos ambientais originados por vazamentos e infiltrações.” Em benefício da economia de energia, a escolha adequada da tinta contribui para melhorar a luminosidade e reduzir o aquecimento do ambiente, quando se opta por tons claros, por exemplo. A importância na sustentabilidade das obras A tinta tem outras funções importantes em uma obra sustentável. Gisele Bonfim, da Abrafati, ressalta, por exemplo, a importância da tinta para a proteção de superfícies: “É preciso lembrar, ainda, que a tinta tem papel muito Reconhecimento da qualidade dos produtos Os benefícios das tintas para a sustentabilidade são muitos, contudo, elas ainda não são oficialmente reconhecidas como “tintas sustentáveis”. A gerente técnica Produtos e Serviços Tinta Seca Rápido Base Água Suvinil Basf Foto: Divulgação Hydronorth Linha Ecopintura Hydronorth Foto: Divulgação Sherwin-Williams Linha Metalatex Eco Sherwin-Williams da Abrafati ressalta que, apesar de alguns fabricantes usarem o termo em seus produtos, não há uma norma que defina essa característica. “Não existe um selo para atestar que determinadas tintas são sustentáveis. No entanto, alguns fabricantes, buscando mostrar diferenciais de seus produtos em relação a esse aspecto, procuram reconhecimento de organismos certificadores da sustentabilidade da construção civil e utilizam essa informação para destacar que suas tintas são ambientalmente corretas”, esclarece. Segundo Mario Lavacca, as tintas da Suvinil atendem às atuais diretivas europeias para a quantidade de compostos emitidos. A orientação da Abrafati, então, é que os consumidores procurem as tintas de fabricantes que assumem o compromisso com a qualidade, participando do Programa Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias, pertencente ao Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), do Ministério das Cidades. Dessa forma, o consumidor pode reconhecer “os fabricantes que têm a preocupação em incorporar as tecnologias mais avançadas e sustentáveis e em utilizar as melhores práticas em seus processos produtivos”, assegura a gerente da Associação. Pesquisas A Hydronorth, empresa de tintas e impermeabilizantes, é uma das participantes do programa liderado pela Abrafati. “A construção civil é uma das grandes responsáveis pela emissão de gases na atmosfera. Pensando nisso, resolvemos lançar um pacote de produtos que agregasse valor de sustentabilidade às obras e provocasse menor impacto possível ao meio ambiente, com matérias-primas comprovadamente sustentáveis”, afirma Alex Mineto, gerente técnico da Hydronorth. Outras empresas do setor ainda atestam a qualidade de seus produtos por meio de outras instituições, como é o caso da Sherwin-Williams, que possui a certificação das normas OHSAS 18001, que tem requisitos relacionados ao Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, e da ISO 14001, que segue orientações para o Sistema de Gestão Ambiental. “Buscamos, por meio da inovação de produtos e serviços, ser a cada dia uma empresa mais voltada para a sustentabilidade, conquistando importantes certificações”, afirma Eginaldo Franzão, gerente de produtos da Sherwin-Williams. 40 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Seguir as diretrizes do Green Building Council (GBC) Brasil é outra forma que as empresas encontraram de se firmarem dentro do mercado de tintas com menor impacto ambiental. As três empresas citadas, por exemplo, são membros da organização. O interesse no desenvolvimento de pesquisas no setor de tintas é algo constante. Segundo a Abrafati, há “um alto investimento em técnicas e desenvolvimentos que permitem ter produtos com impacto ambiental minimizado, buscando o melhor aproveitamento de matérias-primas, energia e água, a produção mais eficiente com geração de menos resíduos, a prevenção da poluição, a redução da emissão de COVs e outros”. Diversas empresas do setor já realizaram pesquisas para os produtos que hoje estão no mercado. A Hydronorth, por exemplo, realizou estudos em pesquisa e desenvolvimento por dois anos, fazendo várias parcerias com fornecedores e universidades do Brasil e do exterior, segundo o gerente técnico da empresa, e lançou a linha Ecopintura em 2011. Já a Sherwin-Williams fez estudos para a substituição dos solventes de suas fórmulas por água, reduzindo a toxicidade das tintas, o que resultou na criação da linha Metalatex Eco, lançada em 2004. Desenvolver produtos com menor impacto ambiental é um dos interesses da Suvinil, contudo, de acordo com o gerente de produto da marca, a empresa também se atenta a levar a preocupação socioambiental a seus stakeholders. “Por meio de ações e produtos alinhados ao conceito de responsabilidade socioambiental, damos o exemplo a todos os nossos stakeholders – especialmente clientes, pintores, arquitetos e consumidores finais, incentivando-os a utilizar produtos que estejam de acordo com esse conceito”, completa. GB Foto: Divulgação Suvinil - Basf Opções de tintas que não agridem ao meio ambiente A EDITOrA Nova Gestão TEM A SOLUçãO PErfEITA PArA A SUA EMPrESA. COnhEçA TODOS OS PrODUTOS EDITOrIAIS IMPrESSOS E DIgITAIS qUE PODEMOS OfErECEr AO SEU nEgóCIO. 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Gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso, são alguns dos elementos que provocam a poluição do ar e os demais problemas consequentes. A fumaça provocada pela queima de combustível dos veículos que circulam pelas cidades, assim como pela fuligem que sai das chaminés das indústrias, é uma das origens desses gases tão prejudiciais. Mas se já é sabido de onde vêm esses males, o que está sendo feito para evitar a poluição da atmosfera? O controle e a gestão de emissões de gases de efeito estufa (GEE) por parte das empresas são alguns dos esforços que estão sendo realizados. Os inventários de emissão de GEE e os projetos de redução desses gases são implantados nas empresas que buscam compensar essas emissões. “Hoje, muitas empresas da construção estão preocupadas em mitigar seus impactos ambientais e um dos impactos são as emissões de GEE que causam as mudanças climáticas”, 42 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br explica Eduardo Baltar, diretor da Ecofinance Negócios, consultoria em sustentabilidade. Para auxiliar as empresas na identificação das emissões e no planejamento de medidas corretivas, os softwares de gestão de carbono são importantes aliados. Eles surgiram na Europa logo após a oficialização do Protocolo de Kyoto. Isso porque foi depois de 2005 que a preocupação com o controle das emissões de carbono ganhou evidência na pauta de discussões nos países desenvolvidos, que passaram a ter que controlar suas emissões de GEE. Com isso, empresas multinacionais começaram a desenvolver ferramentas que possibilitassem esse controle. Funcionamento Com a função de facilitar os cálculos e o gerenciamento dos GEE, inclusive permitindo que as empresas desenvolvam o inventário de emissões posteriormente, os softwares são usados em grandes empresas, que têm maior volume de dados, sendo que as informações podem ser inseridas manualmente ou por meio da captura de dados em sistemas já existentes. Alguns deles funcionam até mesmo online. “ Hoje, muitas empresas da construção estão preocupadas em mitigar seus impactos ambientais e um dos impactos são as emissões de GEE que causam as mudanças climáticas” Eduardo Baltar, diretor da Ecofinance Negócios Empresas menores ou com poucos recursos, no entanto, costumam utilizar planilhas em Excel. Eduardo conta que o software desenvolvido pela Ecofinance, o WebCarbon, tem as companhias de maior porte como alvo, inclusive aquelas que já possuem um histórico de controle elaborado em planilhas em Excel. Para isso, foi criada uma parceria com uma empresa de tecnologia, a Caju Agência Digital, para a criação do software, e desenvolvido o projeto durante cerca de um ano. Empresas de diferentes setores, como as de energia, infraestrutura, serviços e indústrias em geral, utilizam os softwares disponíveis no mercado e são os profissionais da área de sustentabilidade ou meio ambiente que operam as ferramentas disponíveis. Eduardo explica que, geralmente, é esse perfil de profissionais que atuam com os softwares porque já possuem conhecimento na área, inclusive em relação às metodologias do inventário de gestão de GEE. A partir desse conhecimento prévio, é preciso apenas promover um treinamento inicial para a apresentação da ferramenta, que, segundo o diretor da Ecofinance “não é complexa, mas razoavelmente simples”. Para Eduardo, o software foi criado devido à demanda do setor, e ele acredita que em breve haverá um crescimento da exigência de divulgação das informações das emissões de carbono, tanto do ponto de vista das exigências legais, quanto das exigências do mercado. Medidas corretivas A partir das informações colhidas e organizadas pelos softwares, medidas corretivas podem ser planejadas e implantadas. Dentre elas está a alteração dos projetos energéticos, inicialmente baseados em fontes fósseis (petróleo, carvão mineral, etc.), que passam a ser substituídas por fontes renováveis (solar, eólica, biomassa, etc.), e dos projetos de fixação de carbono por crescimento vegetativo (reflorestamento, alteração de uso do solo, etc.), segundo Rodolpho B. do Amaral Schmidt, engenheiro florestal e diretor de sustentabilidade da CBFT Consultoria Ambiental. Rodolpho ainda ressalta os projetos de queima de metano e biodigestores (lixões, biodigestores em suinocultura, etc.), que diminuem ou evitam as emissões de metano, e os projetos de substituição de tecnologia, como a instalação de filtros ou a troca por equipamentos mais eficientes em uma linha de produção. Novas construções Durante a operação dos edifícios, o consumo energético e os resíduos gerados são origens importantes das emissões de GEE. No entanto, os softwares de gestão de carbono, além de identificar as emissões ocorridas durante o uso de uma construção, também são importantes para acompanhar os impactos das obras da construção civil. Isso porque máquinas e equipamentos (fixos e móveis) que consomem combustível e o uso de aço e cimento (embora a emissão desses materiais seja indireta, pois são oriundos de uma produção externa) são alguns dos geradores de impacto no meio ambiente ocorridos a partir de uma construção. Eduardo, da consultoria Ecofinance, então, destaca como primeiro benefício do uso desses softwares a oportunidade de se identificar as emissões que um empreendimento proporcionou nos estágios de construção. O segundo benefício é a possibilidade de uma empresa se adequar a algum órgão de defesa ambiental, pois, de acordo com ele, “existe uma tendência de que esses órgãos venham exigir, cada vez mais, esse tipo de informação. Enquanto alguns ainda não exigem, a empresa está se antecipando a determinadas exigências legais e, quando isso acontecer, já estará acostumada a operar isso”. Como identificar soluções para a redução das emissões de carbono está atrelado à redução de recursos, há um impacto nos custos financeiros, o que Eduardo também vê como um benefício para a empresa. Segundo o engenheiro florestal Rodolpho Schmidt, o uso desse tipo de software, assim como o controle e a gestão de carbono no projeto de um empreendimento, é fundamental. “É importante saber se um empreendimento possui balanço positivo ou negativo nas emissões de carbono e se existem pontos em que é possível reduzir as emissões, beneficiando o ambiente e gerando economia para o empreendimento”, afirma. GB www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 43 Pesquisa e Desenvolvimento Prédios que Pesquisa realizada pela coreana Doris Kim Sung aponta uma alternativa para a climatização dos ambientes Por Redação O bimetal térmico reagindo à mudança de temperatura A pele é o órgão que regula naturalmente a temperatura do corpo humano. É a primeira linha de defesa, onde tudo funciona em conjunto, de forma bem dinâmica e eficiente. Agora, imagine um edifício com a “pele” parecida com a de um ser humano. Essa é a proposta da bióloga e arquiteta coreana Doris Kim Sung. A pesquisadora estava constantemente insatisfeita com a qualidade estática dos edifícios, pois acreditava que eles deveriam responder tanto aos habitantes do interior, quanto ao clima do lado de fora, exatamente como um organismo. Por esse motivo, ela saiu em busca de um material que fosse receptivo ao seu desejo. “Descobri o thermo-bimetal quando foi usado para o design de uma lâmpada. Tiras de metal contidas envolta da lâmpada “enrolavam” quando o calor da luz as atingiam, mostrando o formato da luminária. Imediatamente pensei “por que os prédios não podem ser iguais”?”, explica Doris. Segundo ela, se a superfície dos edifícios fosse parecida com a nossa pele, ela poderia ser mais interativa, dinâmica e diferenciada. Então, ela começou a trabalhar com o thermo-bimetal, em tradução livre, placas térmicas bimetais, que nada mais são do que laminações de duas ligas de metais com diferentes coeficientes de expansão. Quando aquecidas, um dos lados expande-se mais rápido do que o outro, resultando em uma ação de ondulação. A partir dessa premissa, Doris diz que “sua habilidade (do bimetal térmico) em reagir às mudanças de temperatura podem fazer com que a ‘pele’ dos edifícios seja sensível, responsiva às variações do clima. As mudanças podem fazer um dispositivo de sombra em relação ao sol, quando necessário, e ventilar automaticamente”. Esse material “inteligente”, que não demanda controle e não requer energia, já está disponível comercialmente há mais de 100 anos, mas é mais comumente usado em bobinas de termostatos para motores e máquinas. Até agora, ele nunca foi usado em aplicações arquitetônicas, como um material de superfície. Foi em Silver Lake, na Califórnia (EUA), que durante um ano pesquisadores observaram na prática uma instalação feita inteiramente de placas bimetais térmicas. O projeto Bloom ficou pronto em novembro de 2011 e até o final de 2012 passou por criteriosa observação. Foram analisados os seguintes aspectos: movimento na superfície, durabilidade do material e integridade da estrutura como um todo. A superfície da instalação foi feita com 14 mil peças de thermo-bimetal inteligente. Foi possível calibrar cada uma delas para que se adaptassem de forma bastante 44 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Fotos: Bloom DerekGreene respiram específica à sua localização em relação ao ângulo do sol e à forma como se dá a curvatura. Nos vídeos que compõem o projeto, divulgados na Internet (http://vimeo.com/ woodd/bloom-surface), é possível observar como, à medida que o sol se projeta na superfície, assim como a sombra, cada peça se mexe individualmente, movimentandose para formar uma sombra ou ventilar a instalação. Cada peça do bimetal “enrola” uma quantidade específica quando a temperatura exterior sobe além de 21°C ou quando o sol penetra na superfície. Uso em edifícios comerciais A partir dos anos 1930, com o advento do vidro, do aço laminado e da produção em grande escala, as construções começaram a receber janelas que vão do chão ao teto, com vista panorâmica. Devido a esse fator, veio a dependência inevitável do uso de ar-condicionado para refrescar os locais aquecidos pelo sol. Com o tempo, os prédios ficaram maiores e mais altos e os sistemas passaram a requerer cada vez mais energia, além de “jogar” uma grande quantidade de calor na atmosfera, aumentando os efeitos das ilhas de calor nas cidades. Porém, a maioria desses prédios não possui abertura das janelas, e quando um sistema de ar-condicionado quebra, o bem-estar dos ocupantes fica prejudicado. Por isso, a pesquisa de Doris Kim para a aplicação dessa tecnologia em prédios de maior porte possui algumas frentes. Segundo a pesquisadora, o uso dos bimetais térmicos na superfície dos edifícios pode limitar a quantidade de calor refletida nas horas com maior incidência de sol, funcionando como um bloqueio sem a necessidade de controle, energia e cortinas. Isso reduziria a dependência de ar-condicionado. Outro método em que o material poderia ser usado, e para onde sua pesquisa está caminhando, é o uso de um sistema de janelas com vidros duplos que “aprisionam” o ar quente entre suas camadas. “Usar materiais ‘inteligentes’ nos edifícios é uma ótima saída. Mais de 40% de toda energia produzida é utilizada em construções e é determinante repensarmos a forma como vivemos e operamos. Se nós pudermos projetar superfícies mais hábeis, que não requerem energia, de forma a otimizar a operação de controlar o sol, o vento, a gravidade, a temperatura, etc., teremos um grande avanço na redução de gastos”, esclarece Doris, ressaltando que o uso dos thermo-bimetais é um método sustentável em construções, além de que o material é completamente reciclável. Porém, um dos obstáculos existente é a duração da superfície bimetálica, que, sem um revestimento adequado, pode prolongar-se por apenas cinco anos. Em parceria com alguns fabricantes, Doris está desenvolvendo uma combinação de metais mais duráveis e rentáveis em aplicações ao ar livre. GB Operação e Manutenção Foto: Divulgação CCP Ficha Técnica • Localização: Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1455 - São Paulo - SP • Área do terreno: 3.832,61 m² • Área construída: 52.236,22 m² • Área privativa: 23.375,3 m² de ABL e 24.257,99 m² de BOMA • Data de finalização da obra: maio de 2008 • Proprietário: Cyrela Commercial Properties, Diso Assessoria, Administração e Participações, Quilombo Empreendimentos e Participações e Vinpar Empreendimentos e Participações • Construtora: Cyrela Brazil Realty • Arquitetura: KV&A Arquitetura e Interiores • Projeto de elétrica e hidráulica: Enit Projetos e Consultoria Ltda • Luminotécnica: Esther Stiller Consultoria • Consultoria ambiental e certificação LEED: OTEC - Otimização Energética para a Construção Mudanças em prol do meio ambiente Edifício JK 1455 se moderniza e conquista selo verde por sua operação e manutenção Por Redação M udar hábitos é sempre uma tarefa bastante complicada e que, portanto, exige muito esforço. Contudo, transmitir aos cidadãos a consciência do cuidado que devemos ter com o meio ambiente vai além dessa questão, pois adaptar os espaços físicos e as atividades cotidianas também são fatores fundamentais para amenizar o impacto ambiental. No dia a dia dos grandes empreendimentos, diversas atitudes podem ajudar na colaboração com o meio ambiente, desde a economia de recursos naturais até a separação e reciclagem de resíduos. Por isso, nesses locais, a estrutura física deve ser favorável para que as ações conscientes ocorram cotidianamente. 46 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Já estamos nos acostumando com a certificação de edifícios verdes nas grandes cidades, porém, os selos para prédios existentes é algo ainda pouco comum. O Edifício JK 1455, em São Paulo, é um exemplo de que a mudança é possível e traz resultados positivos. Inaugurado em maio de 2008, o empreendimento passou por diversas adaptações em sua operação e manutenção e conquistou em novembro do ano passado a certificação LEED EB O&M em nível Gold, voltada para edifícios existentes e que visa garantir o prolongamento da vida útil do edifício. “A sustentabilidade na operação e manutenção de um edifício “ A sustentabilidade na operação e manutenção de um edifício engaja todos os stakeholders do processo: desenvolvedor, construtor, operador, prestadores de serviço e ocupantes” Hilton Rejman, diretor de desenvolvimento da CCP engaja todos os stakeholders do processo: desenvolvedor, construtor, operador, prestadores de serviço e ocupantes”, afirma Hilton Rejman, diretor de desenvolvimento da Cyrela Commercial Properties (CCP). Apesar dos benefícios imediatos para o meio ambiente, a economia financeira para os empreendimentos ocorre em longo prazo. “Tomando por base o ciclo de vida de um edifício, os gastos da operação e manutenção representam 90% do custo do empreendimento, se comparados com o valor do projeto e da obra. A redução de gastos durante esta fase pode gerar expressiva economia, lembrando que para esta análise, considera-se um período de 50 anos”, explicam os profissionais da OTEC - Otimização Energética para a Construção, consultoria responsável pela certificação ambiental, David Douek, diretor de desenvolvimento, e Gabriel Frasson, consultor LEED. As Mudanças em prol da sustentabilidade O que torna os procedimentos de operação e manutenção de um edifício certificado diferentes de um comum é que todos eles são sustentáveis, sendo que a manutenção é documentada e preditiva. No caso do JK 1455, a estrutura dos sistemas prediais foi mantida, pois apresentavam alta eficiência. Contudo, alguns produtos e equipamentos foram alterados. A otimização dos equipamentos é algo também fundamental para o bom funcionamento do edifício, que diz respeito à manutenção diária, tanto preventiva quanto corretiva. “Quanto maior a complexidade dos equipamentos, maior a necessidade de ajustes, operação e manutenção adequados. O descuido sobre estes itens pode gerar desperdícios absolutamente desnecessários”, alertam os profissionais da OTEC. Lâmpadas de LED Tubular Premium Visite nosso Showroom: Alameda Lorena, 2098 - Jardins - São Paulo - SP Escritório com LED Premium i-Lumes tubular T8 0,6m 9w Hall de elevadores 24h com LED Premium i-Lumes Luminária Down light 18w Prateleira com LED Premium i-Lumes tubular T8 1,2m 14w Garagem de supermercado 24h com LED Premium i-Lumes tubular T8 1,2m 12w • As lâmpadas de LED Tubular Premium da Sunfor i-Lumes têm a melhor qualidade entre as semelhantes do mercado e o melhor custo-benefício (redução de OPEX ou Pay-Back) do setor para os clientes. • Melhor eficiência luminosa e energética (100lm/w~128lm/w, PF superior de 95). • Alta qualidade de luz com IRC maior de 80 e vida útil acima de 30.000 horas. • Confiabilidade e referenciais de uso no Brasil. • Temos o melhor serviço de pós-vendas e garantia de 2 anos. Tel.: (11) 4301-2098 - [email protected] www.i-lumes.com.br - www.sunfor.com.cn Visite nosso estande - C55 - na Green Building Brasil 2013 www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 47 Operação e Manutenção Valores mensais aproximados • Gasto de energia: R$ 70.000,00 • Economia de energia: R$ 17.000,00 • Gasto de água: R$ 40.000,00 • Economia de água: R$ 10.000,00 Gestão de resíduos (Dados mensais) • Total de resíduos enviados para a reciclagem: 2.566 kg Papel: 1.771 kg (713 kg de papel branco, 443 kg de papel misto e 615 kg de papelão) Metal: 14 kg Vidro: 18 kg Mobilidade 35 linhas de ônibus próximas ao prédio Bicicletário com 60 vagas 48 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Dentre as características sustentáveis do edifício, diversas tecnologias estão presentes, como o Sistema de Gerenciamento Predial, do inglês Building Management System (BMS), para a automação predial e a roda entálpica no sistema de ar-condicionado. Em relação à economia de energia, outras modificações realizadas foram a ligação diferenciada da Central de Água Gelada e a redução de rotação dos Fancoils. Para a redução no consumo de água, foi aumentada a capacidade de armazenamento de água da chuva para irrigação dos jardins, além de inserido o controle e monitoramento das águas que abastecem as torres de resfriamento e instalados arejadores e redutores de vazão nos metais hidrossanitários. O diretor de desenvolvimento da CCP, no entanto, prefere utilizar a ideia de que a água “não é consumida, mas é poluída”, por isso, afirma que “a não aplicação de produtos químicos em diversas etapas do processo interno permite que a poluição da água seja reduzida”, o que, posteriormente, favorece a reutilização. De acordo com Hilton Rejman, da CCP, o consumo médio mensal de energia é de 230 MwH e o de água é de 2.300 metros cúbicos, sendo que a economia fica entre 10% e 15%, respectivamente. Em relação aos dados anuais, os profissionais da OTEC analisam que o total de energia consumida é de 25.634.659 kBtu, o que representa uma eficiência 44% maior do que a de edifícios similares. Também no período de um ano, eles afirmam que o consumo de água nas instalações hidrossanitárias é de 2004,22 kGal, sendo 43,98% mais eficiente que a referência LEED. Visando à qualidade do ar no interior do edifício, um Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) também foi implantado, além das manutenções preventivas e preditivas no sistema central de ar-condicionado. Com essas medidas é possível identificar os poluentes e implantar equipamentos que reduzem a entrada de partículas contaminantes. Para manter o edifício limpo, foi implantada uma política de limpeza sustentável, com uso de produtos não agressivos ao meio ambiente, e realizada uma auditoria. Com isso, procedimentos relacionados à pesquisa de fontes de poluentes foram inseridos. A gestão de resíduos também faz parte desse processo sustentável, por meio da coleta seletiva, que visa desviar de aterros sanitários os resíduos gerados. A adesão de materiais com certificações aceitas pelo United States Green Building Council (USGBC), como papéis e móveis produzidos a partir de madeira de reflorestamento, faz parte também do dia a dia do edifício. Benefícios aos usuários Atualmente, 12 empresas ocupam os andares do prédio, com uma população fixa de 1.700 usuários, enquanto a população flutuante chega a 550 pessoas, gerando um fluxo diário intenso de pessoas. Todos que circulam pelo prédio participam dessa rotina em prol da sustentabilidade, para isso, foram realizados cursos e palestras de conscientização. “A conscientização dos usuários e frequentadores é essencial para o atendimento dos critérios de sustentabilidade da certificação, sendo eles beneficiários diretos do programa”, afirmam os profissionais da OTEC, David Douek e Gabriel Frasson. De acordo com eles, a equipe de gestão de facilities implementou um programa de gestão voltado para a utilização sustentável do edifício. Com isso, quem trabalha no JK 1455 sabe e entende essa preocupação com o meio ambiente e aprende a levar isso para sua vida pessoal também. Além dos programas educativos para os usuários, também foram desenvolvidos programas de carona solidária e de incentivo ao transporte alternativo e público. GB Especial Modelo das casas: • Madeira pré-fabricada; • Telhado de aço galvanizado; • Área de 18 m²; • Custo de R$ 4 mil a R$ 4,5 mil. Índios Fotos: Andrea Padovan Aldeia de Guaranis, instalada em área urbana de São Paulo, ganha casas construídas por voluntários da ONG TETO de casa nova Por Redação Q uem visita a aldeia Tekoa Pyau, localizada no Pico do Jaraguá, na região de Pirituba (SP), esperando ver índios vivendo em ocas, fumando seus cachimbos recheados de tabaco e entoando canções ancestrais, vai se decepcionar. Em uma terra improvisada, o local mais parece uma favela urbana: sem saneamento básico, com eletricidade precária, saúde e higiene ignoradas e casas feitas com pedaços de madeira, sem nenhuma privacidade e nenhum cuidado. Porém, desde que a ONG TETO iniciou seu trabalho voluntário no local, a vida dos moradores começou a mudar. Na aldeia vivem hoje, aproximadamente, 150 famílias de etnia Guarani, que ainda mantêm vivo o idioma nativo. A TETO é uma organização presente na América Latina e no Caribe, que procura aliviar a situação de pobreza em assentamentos precários. Por meio das moradias de emergência e de programas de Habilitação 50 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Social, a ONG busca formar uma sociedade mais justa, com o desenvolvimento social e econômico comunitário. No Brasil, já foram construídas 1309 casas e mobilizados 17 mil voluntários em 57 comunidades. Em 2013, a meta é construir 800 casas de emergência. Na Tekoa Pyau, a TETO passou o último final de semana de maio construindo 16 casas de emergência para a comunidade. No final da intervenção, que acontecerá em julho, durante oito dias, todas as famílias terão novas casas, totalizando 70 construções. Para a criação de novas moradias em comunidades como essa, é necessária a ajuda de muitos voluntários – dessa vez, cerca de 200 trabalharam para que as casas fossem finalizadas. Entre eles, 20 eram funcionários da Sustentech, empresa de Soluções em Empreendimentos e Edificações Sustentáveis, que patrocinou quatro delas. Para o diretor de comunicação da TETO, Pedro Oliveira, “a participação das empresas tem um papel importante para viabilizar nossas ações, disponibilizando recursos, sendo exemplos para outras organizações e conscientizando seus funcionários que por trás de toda e qualquer organização, estão as pessoas que decidem os grandes rumos destes movimentos sociais.” João Marcello, presidente da Sustentech, diz que foi uma ótima oportunidade para a empresa vivenciar a sustentabilidade na sua essência. “A sustentabilidade existe em função do ser humano, sem pensar e focar no pilar social nenhuma medida ambiental faz sentido. No fundo, tudo o que fazemos pelo meio ambiente, estamos fazendo pelo ser humano.” Além disso, para ele, a ação foi “uma excelente atividade de team building. Os colaboradores saíram fortalecidos, com as relações bastante fortificadas. Levaremos esse espírito de equipe que ganhamos lá para sempre dentro da empresa.” É o que diz também o funcionário da Sustentech Álvaro Pádua Lima de Assumpção, de 21 anos, estagiário em Engenharia Civil, que já participou de oito construções da TETO. Para ele “houve uma sintonia muito grande entre toda a equipe, e acho que todos conseguiram ter uma ideia mais concreta do que realmente é a extrema pobreza e do quanto aquele final de semana representaria na vida daqueles indígenas.” Famílias beneficiadas As duas casas construídas por Álvaro, João e os outros 18 funcionários da Sustentech pertencem às famílias de Silvia Gabriel, 20 anos, mãe de duas filhas e grávida do terceiro filho; e Maurício da Silva e sua esposa, Sandra, que têm nove filhos, entre eles Donizete, um menino de 17 anos cheio de sonhos e esperanças de um futuro melhor para a comunidade. Silvia veio do Paraná, com três anos, acompanhando os avós. Hoje, cuida sozinha de suas filhas Marinalva, cinco anos, e Marília, de três anos. Na casa em que vivia, antes da intervenção da TETO, cabia apenas um armário e uma cama, onde todas dormiam. Silvia sobrevive com um salário mínimo e com a venda de colares e pulseiras que faz na aldeia. Tímida e de pouquíssimas palavras, diz que ficou muito feliz com a vinda da TETO e que espera uma mudança de vida para melhor, agora que tem uma casa adequada. Já Donizete é um adolescente bem articulado, determinado e que sabe o que quer. Ele gosta de ajudar a comunidade a lutar pelos seus direitos sempre que pode, pois deseja um território em que crianças possam aprender com seus pais a plantar e também a lutar por dias melhores para seu povo, assim como ele faz. GB A construção Durante o final de semana em que a equipe da TETO esteve na aldeia, a repórter Andrea Padovan, da Revista Green Building, ajudou a erguer as casas para os índios Guarani. Veja o depoimento dela: “A construção começou no dia 25 de maio, às 9h. Chegamos à aldeia e logo conhecemos nossos líderes – pessoas que já têm experiência na construção das casas. Depois, conhecemos as famílias com as quais trabalharíamos e os locais onde as casas seriam levantadas. Ao trabalho: primeiro, demarcamos o tamanho da casa e marcamos os pontos onde os pilotis – toras de madeira que sustentam a casa – seriam colocados. Então, cavamos 15 buracos para os pilotis usando alavancas e cavadeiras. Como exigência da TETO, os futuros donos das casas começaram a ajudar logo no início do processo. Por volta das 13h, paramos para almoçar. Comida feita pela Silvia: salsicha com batata, arroz e feijão. Almoço rápido e voltamos à construção: cavar e fixar pilotis. No decorrer do dia, o Departamento de Logística da TETO trazia o material que seria usado, e lá pelas 17h colocamos as vigas para apoiar nos pilotis, cobertas pelos três painéis que formam o piso. Nessa hora, quase todos estavam sem energia, mas continuamos a trabalhar. Às 18h, escureceu. Então, os voluntários foram para a escola que a TETO reservou para passarem a noite. Às 6h do domingo, todos estavam em pé. Quando voltamos ao local da obra, os oito painéis que compõem as paredes já nos esperavam. Enquanto eles eram colocados, porta e janelas foram parafusadas. Para o telhado, além de madeiramento, foi colocada uma proteção térmica antes das telhas. No total, foram quase 70 pregos no telhado e muitos voluntários sofreram para terminar esta fase. Com tudo pronto, realizamos uma cerimônia, na qual partilhamos nossas experiências e desejos aos futuros moradores, que receberam contentes e esperançosos a chance de uma vida melhor.” www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 51 GBC Brasil Greenbuilding Brasil Conferência Internacional & Expo O maior evento de construção sustentável do País chega à sua quarta edição Foto: Divulgação O Marcos Casado Engenheiro civil, especialista na certificação de Green Building pelo sistema LEED do USGBC, e, atualmente, diretor técnico do GBC Brasil (Green Building Council Brasil). www.gbcbrasil.org.br (11) 4191-7805 s índices do setor de construções sustentáveis apresentam crescimento exponencial no Brasil, contudo, ainda são poucas as edificações do País que podem ser consideradas “verdes”, devido ao desconhecimento de pessoas físicas e jurídicas acerca dos benefícios e das possibilidades que giram em torno desse tipo de empreendimento. Este cenário reforça a necessidade de se investir nos pilares que promoverão a consolidação da construção sustentável de fato: certificação, relacionamento, informação e educação. Com intuito de desenvolver a indústria da construção sustentável brasileira, utilizando as forças de mercado para conduzir a adoção de práticas de green building em um processo integrado de concepção, implantação, construção e operação de edificações e espaços construídos, entidades e empresas do setor têm investido cada vez mais na formação profissional dos colaboradores. Apenas o Green Building Council (GBC) Brasil, por exemplo, já capacitou mais de 45 mil profissionais no setor de construções sustentáveis em 75 cidades, por meio de cursos, palestras e seminários. Eventos que promovam a troca de conhecimento e debates acerca dos desafios e das inovações do setor também são oportunidades para os profissionais de sustentabilidade e interessados no tema. A quarta edição do Greenbuilding Brasil Conferência Internacional & Expo, que ocorrerá nos dias 27, 28 e 29 agosto no Expo Center Norte, em São Paulo, está consolidada como o principal evento de construção sustentável no Brasil. Desde 2010, profissionais e acadêmicos que são referência no assunto mostram a importância vital da conscientização ambiental e da existência de políticas públicas de sustentabilidade. O evento ainda abriga o principal fórum de debates sobre o setor no Brasil. O crescimento da feira nos últimos anos é reflexo da evolução das construções sustentáveis no País: a primeira edição, em 2010, contou com 500 metros quadrados de área para exposição, e este ano serão 8.000 metros quadrados disponíveis para os cerca de 120 patrocinadores nacionais e internacionais, 7.400 visitantes/compradores qualificados e 1.600 congressistas. As sessões plenárias que abrem o evento discutirão temas como Políticas Públicas, Economia Verde, Cidades Sustentáveis e Green Design. Juntas, a conferência e a exposição apresentam anualmente as novidades e o panorama deste setor, que está em pleno crescimento. A sustentabilidade está cada vez mais enraizada em nossas rotinas deixando de ser uma escolha para tornar-se um fato. Há cada vez mais pessoas e empresas engajadas nessa causa, além dos mais diversos tipos de obras buscando adotar medidas que ajudem na preservação do meio ambiente. Com educação, consciência e mão de obra qualificada, o futuro sustentável brasileiro torna-se cada vez mais próximo para todos. GB Confira a agenda completa em: www.expogbcbrasil.org.br/Conferencia/A-Conferencia/Agenda/ 52 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Consultoria Fotolia © Tombaky Projetos de Iluminação, LEDs e Sustentabilidade Por Esther Stiller* Q uando falamos sobre projetos de iluminação aplicados à arquitetura e ao urbanismo, estamos abordando a matéria que se define como Arquitetura de Iluminação, ou Iluminação Arquitetônica. O que diferencia essa abordagem das demais é o uso da iluminação artificial como ferramenta de definição e valorização do espaço arquitetônico ou urbanístico. O respeito à concepção original do projeto é prioridade nesse trabalho de iluminação, o que não implica em restringir, ao seu autor, uma dose de criatividade. nos processos de certificação, e permitem equilíbrio entre o desenho atraente dos ambientes e os conceitos da sustentabilidade. Os LEDs não sofrem diminuição na vida útil com o número de acionamentos, como ocorre com lâmpadas fluorescentes, o que permite agregar sensores de presença sem necessidade de uso de drivers dimerizáveis. Talvez uma das características que mais beneficiam os projetos de iluminação realizados com LEDs é a ausência de formas rígidas para os módulos (antigas lâmpadas), que podem ser compostos por volumes luminosos cilíndricos, quadrados ou retangulares de pequenas dimensões e por linhas contínuas rígidas ou flexíveis. Esses projetos, denominados de Lighting Design, levam a uma abordagem mais cenográfica do que arquitetônica de um espaço, mais rico e arrojado em termos de criatividade e variedade visual. O que se deseja obter é um efeito interessante e inusitado, que estimule os aspectos sensoriais dos usuários. Para agregar um desafio, a tecnologia de LEDs está em franca evolução, de modo que se pode esperar que haja, ao menos anualmente, uma evolução substancial de sua eficácia, e isso deve ser muito bem gerenciado pelo projeto de iluminação para que haja possibilidade de agregar os benefícios dessa evolução sem comprometer as instalações anteriores. Como decorrência, os bons projetos de iluminação estão sendo induzidos a considerar a tecnologia de LEDs como uma ferramenta quase imprescindível e muito mais adequada à implantação de sistemas sustentáveis. De fato, essa nova tecnologia tem alcançado níveis de eficácia e vida útil que podem ser determinantes nos casos de necessidade extrema de diminuição do consumo de energia elétrica, como, por exemplo, quando se objetiva uma certificação na categoria Platinum. Enfim, o conceito de sustentabilidade tem, na tecnologia de LEDs, um aliado que veio para ficar, para contribuir e para qualificar os edifícios e os espaços públicos, mas a sua correta aplicação exigirá do mercado especificador muitos cuidados, algum estudo e conhecimento mínimos, muita atenção para saber identificar a qualidade dos produtos e a adoção de uma visão radicalmente diferente daquela que era utilizada na avaliação e na aplicação da tecnologia convencional. GB Além das características como alta eficácia, vida útil longa, baixa depreciação do fluxo luminoso e ausência de mercúrio, os LEDs favorecem o uso de sistemas de controle de intensidade e comandos, que são determinantes * Arquiteta de iluminação formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, titular do escritório de consultoria e projetos que leva seu nome. www.estherstiller.com.br www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 53 Tendências Casa Cor 2013 Foto: Rodrigo Zorzi/Brastemp Foto: Martin Szmick Arquitetura e Decoração A 27ª edição da Casa Cor São Paulo apresentou aos visitantes tendências sustentáveis aliadas ao desejo de “Morar Bem” Por Redação C riar experiências que inspiram, emocionam e revelam as principais novidades da arquitetura e decoração são alguns dos objetivos da mais completa mostra do setor nas Américas, a Casa Cor São Paulo, que chegou à sua 27ª edição. O evento aconteceu no Jockey Club, na capital paulista. profissionais vai muito além da especificação de materiais ecologicamente corretos, pois as consequências de decisões tomadas na elaboração dos projetos arquitetônicos estendem-se ao longo de todo o ciclo de vida dos edifícios e outras construções. Neste ano, os 79 ambientes do evento foram voltados ao “Morar Bem” por meio de conforto, estilo e arte, mostrando que a inovação está ao alcance de todos, independentemente de idade, classe social ou perfil familiar. Nesta edição, profissionais como Jóia Bergamo, Marilia Caetano, Patricia Kolanian Pasquini, Gustavo Calazans, entre tantos outros, aplicaram características sustentáveis em suas criações. Veja a seguir detalhes de alguns espaços da mostra. Além disso, os participantes da Casa Cor sempre buscam atrelar seus espaços e ambientes ao aspecto da sustentabilidade. Sabemos que os arquitetos, paisagistas e decoradores têm muito a colaborar na construção sustentável e na proteção ao meio ambiente. O papel desses 54 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Casa Inteligente Para a arquiteta e decoradora Jóia Bergamo, “renovação” é a palavra mais adequada para definir seu espaço, de 300 metros quadrados, pois o mundo está em um momento de muitas mudanças. O trabalho da arquiteta está presente há 13 anos na Casa Cor, mas nesta edição, seu projeto Casa Inteligente, é o “mais minimalista e clean, com uma criação completamente sustentável”, diz ela. A energia da casa projetada por Jóia é gerada quase que totalmente (90%) no próprio espaço, ou seja, não utiliza a eletricidade da Casa Cor para funcionar. No teto, foram colocadas torres eólicas e placas fotovoltaicas, além do telhado verde. A automação, que integra toda a casa (incluindo iluminação, música, controle de TVs e rádios, hidromassagem, câmera de segurança, etc.) mostra a economia de energia, que vai de 30% a 40%. O revestimento de algumas partes da casa, como o da parede da sala de TV, é todo feito em papel reciclado, uma tendência vista por Bergamo na feira de móveis e design de Milão, a Isaloni. Os tecidos, também aplicados em outras paredes, sofás e tapetes, são reciclados. Contudo, o tapete que mais chama atenção na casa, situado na sala, é um lançamento nacional, segundo Jóia, feito com a lona do exército de Israel. Os tijolos usados em uma das paredes, na realidade são uma imitação em cerâmica reciclada, que emite menos gás carbônico na sua fabricação. Como tendência, ela acredita que a madeira será muito usada por arquitetos e designs e a marcenaria terá uma economia de materiais devido à crise na Europa. Quando Jóia viajou para o continente, viu móveis em madeira muito finos e com pouco material. Além disso, ela destaca também a ”volta ao passado”, como ela mesma define, com paredes rústicas e descascadas, o retrofit de móveis, reaproveitando sua estrutura, e a reutilização de tecidos, usando-os até mesmo do lado reverso. Foto: Andrea Padovan São muitas as opções que podem aproveitar os elementos expostos, seja para um escritório, seja para uma área comercial. Entre as soluções verdes encontradas em seu projeto, e que ela aposta como tendência, estão o porcelanato retificado, que, por ter espessura mínima, poupa matéria-prima e suas sobras industriais são reaproveitadas. Ele foi usado nos pisos da garagem, do living, do escritório e do espaço gourmet. Filodendros plantados em saco de insumos A design de interiores Marilia Caetano, que projetou o Loft de Hóspedes, um espaço de 40 metros quadrados, utilizou, em todo o piso da área, o produto cimentício da Solarium Revestimentos, empresa que tem o selo SustentaX, que atesta o uso de componentes reciclados, com cimento e mármore moídos. A linha escolhida por Marilia foi a Struturatto, que deu um toque rústico e sofisticado ao loft. Ela acredita que o piso sustentável, além de recorrer à consciência ecológica, também será uma tendência para ambientes comerciais, pois é muito prático e traz um estilo diferenciado ao local. Outros profissionais, como Leo Shehtman, Karin Ricciardi e Roberto Riscala também apostaram no piso de cimento com selo SustentaX. Já o arquiteto Gustavo Calazans aposta na aplicação do piso de fórmica sobre a cerâmica já existente, assim, não foi preciso realizar nenhuma demolição e nem aumentar a espessura do piso. Para ele, a fórmica se adéqua completamente e pode ser utilizada em qualquer residência ou escritório comercial. Mais sustentabilidade nos espaços Uma solução que o arquiteto também adotou foi a lareira a álcool e que, aliás, foi adotada em todos os ambientes da Casa Cor que possuem lareira. Ela não gera gás carbônico, não tem fumaça, fuligem, cheiro ou barulho e possui baixo consumo energético. Outro material muito utilizado nos espaços da mostra foi a madeira de demolição, uma tendência que apareceu em diversos espaços da Casa Cor 2013. Esse material pode ser usado tanto em pisos quanto em revestimentos, móveis, bancadas, etc. Além da consciência ecológica, peças em madeira de demolição trazem efeitos surpreendentes na decoração. Assim como Jóia Bergamo, Gustavo Calazans também acredita no reuso de móveis. Em seu espaço, Brastemp One Table, as diversas cadeiras usadas são da Arquivo Vivo, empresa de móveis reformados. Além do aspecto sustentável, ele acredita que os diferentes estilos de cadeiras dão um ar mais sofisticado e acrescentam estética e beleza a um ambiente. A empresa Idusparquet, fabricante brasileira de pisos de madeira maciça e certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC), revestiu três projetos renomados: Roberto Migoto, Claudia Elias e Olegário de Sá. Neste último, foi usada a madeira Cumaru, muito comum nas construções civil, naval e na fabricação de móveis. Uma solução que pode ser utilizada por grandes empreendimentos comerciais, e que Gustavo utilizou em seu ambiente, é o paisagismo diferente: a espécie nativa Filodendros, ideais para ambientes internos e locais sombreados (como escritórios), foram plantadas dentro de sacos de carregamento de insumos de obras. GB www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 55 Um caminho mais verde As calçadas ecológicas são uma solução favorável à mobilidade e à beleza das cidades e respeitam ao meio ambiente Por Amanda Santana C aminhar é, sem dúvida, uma das principais atividades cotidianas. Só que fazer isso em grandes cidades pode ser também um enorme desafio. Calçadas pequenas e outras em péssimo estado são obstáculos para qualquer pedestre. Além de ser um problema para a mobilidade, a condição da maior parte das calçadas é, também, um elemento visual pouco atraente. Tornar esse espaço nas ruas mais acessível e bonito é, porém, um passo que as cidades brasileiras ainda precisam dar. A realidade das calçadas no País, segundo Ricardo Cardim, mestre em Botânica pela Universidade de São Paulo (USP) e sócio da SkyGarden Telhados Verdes e Paisagismo Sustentável, reflete a organização das próprias cidades. “Sabemos que a maior parte dos municípios brasileiros não foi planejada e o que existe é uma arborização caótica”, afirma. Tomando São Paulo como exemplo, ele conta que a maioria das calçadas pode ser considerada estreita e tem objetos atrapalhando os pedestres. Calçada ecológica Como seria, então, uma calçada ideal? Diferentes opiniões podem surgir diante dessa pergunta, mas em alguns pontos elas convergem: uma calçada verde ou ecológica deve ser larga e possuir uma área acessível ao pedestre e a presença de arborização. “Precisamos de uma arborização eficiente nas 56 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br calçadas, que crie tuneis, corredores verdes. Seriam calçadas onde se tem árvores próximas uma das outras o suficiente para gerar uma sombra contínua. Assim, o pedestre consegue passar protegido pelas árvores”, afirma o sócio da SkyGarden. O arquiteto paisagista Benedito Abbud foi um pouco além da ideia de arborização nas calçadas e criou o conceito de Calçada Viva para a Casa Cor São Paulo de 2006, que consiste em um novo modelo de passeio público para a cidade, por meio da revitalização de áreas de passeio a fim de estimular o convívio em ambientes ao ar livre. “A ideia é que o cidadão tenha à disposição uma calçada confortável, prática e segura, e está integrada à ideia de calçadas niveladas, arborizadas e tratadas como elemento importante no processo urbanístico da cidade, além de possuir estrutura acessível a pessoas com necessidades especiais de locomoção”, explica o arquiteto. Dividir o espaço da calçada de forma acessível para o pedestre e em harmonia com a vegetação exige a escolha adequada de materiais e espécies. O piso permeável ou drenante, por exemplo, é fundamental devido à sua função no combate às enchentes da cidade. Em relação ao plantio de vegetação, há diversos modos de realizá-lo, como por meio de árvores, arbustos, forração vertical (hera e unha de gato nos muros) e grama de forma organizada, assim como de espécies frutíferas para a atração de pássaros, conforme explica Benedito Abbud. Foto: Mariana Moreth Meio Ambiente Empecilhos Mais qualidade de vida e saúde pública são benefícios que as calçadas ecológicas podem proporcionar. Em áreas arborizadas, ainda é possível se ter uma diminuição da temperatura, que contribui para a redução da formação de ilhas de calor. Sem falar no belo cenário que criam nos espaços. Mas, com tantos pontos favoráveis à sua implantação, por que ainda não são realidade nas cidades? Uma das primeiras análises que podemos fazer é em relação à responsabilidade na construção e manutenção de calçadas. Na cidade de São Paulo, por exemplo, há diversas opiniões que defendem que a administração pública é o agente que deve assumir essa função, contudo, a prefeitura, por meio da legislação, entende que cabe ao proprietário do imóvel zelar por esse espaço. Essa discussão, sem dúvida, dificulta a implantação das calçadas ecológicas. O arquiteto Benedito Abbud é um dos que defende a ideia de que revitalização e manutenção das calçadas cabem à administração pública. Ele explica que, ao transferir essa responsabilidade ao proprietário do imóvel, é causada uma poluição visual, pois há diversidade de materiais e vegetações, além da falta de manutenção. Por isso, Abbud acredita ser necessária a elaboração de um projeto para desenvolver as calçadas e um departamento específico, com técnicos habilitados, entre eles, arquitetos paisagistas. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, contudo, entende a ideia de calçada ecológica de uma maneira diferente: “Calçada ecológica pode ser chamada uma calçada que cumpre a função de circulação de todos os indivíduos sem alterações impactantes ou significativas no meio ambiente”. Dentro desse entendimento, a Secretaria destaca três problemas para a implementação de áreas para pedestres adequadas: a falta de espaço, decorrente da estrutura da cidade que privilegia os carros e veículos motorizados; o adensamento populacional e crescimento desgovernado da cidade e a responsabilidade do proprietário do lote na manutenção da calçada. Diante destes fatores, a secretaria acredita que é necessário “um planejamento estratégico municipal de implementação de planos pilotos de melhoria de calçada que poderiam ‘contaminar a população’ com boas ideias para suas calçadas, além de campanhas para transformar os hábitos dos paulistanos de apropriação da calçada como área pública de uso comum, porém muito importante para qualidade de vida”. Outra dificuldade para a concretização das calçadas ecológicas é a constante intervenção de empresas de serviços urbanos, como as companhias de energia, gás, água e telefone, nos pisos das calçadas. Com isso, diversos obstáculos para a mobilidade surgem, sejam buracos, sejam emendas mal feitas. Uma solução para esse problema também é observada pelos profissionais favoráveis à calçada ecológica: a construção de galerias no subsolo, permitindo que as fiações da rede elétrica, telefônica, de TV, fibra óptica e redes de água e esgoto sejam todas embutidas. Dessa forma, quando necessária a manutenção, não é preciso quebrar o piso. Se a implantação das calçadas ecológicas já nos parece uma realidade um pouco distante, a construção de galerias para os serviços urbanos é quase uma utopia. Benedito Abbud recomenda, então, que, onde houver fiação, é necessário o plantio de árvores de pequeno porte, como pata de vaca, urucum, aroeira mansa, sena aleluia, quaresmeira, manacá e angelim, entre outras. Ele ainda lembra que é importante contatar o Departamento de Meio Ambiente da prefeitura local ou um profissional especializado para a indicação correta do tipo de árvore a ser plantada. GB Notas Produção de Energia Fotolia © Marina Zlochin Os projetos renováveis serão responsáveis por 25% da produção mundial de eletricidade até 2018. A estimativa é da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgada em relatório no final de junho. De acordo com a AIE, o crescimento da geração global de eletricidade a partir de fontes renováveis será de 40%, superando, inclusive, o gás natural. Um dos fatores que impulsionarão esse crescimento é a redução no custo da geração de energia eólica, solar, hidrelétrica e de outras fontes. O Brasil deve ampliar sua capacidade de energia renovável em 150 terawatts-hora entre 2012 e 2018. Boom no Mercado O mercado de materiais de construção ecológicos vive um boom e chegou à marca de US$ 116 bilhões este ano. A demanda por edifícios sustentáveis é o principal estímulo para o setor que, segundo relatório feito pela consultoria Navigant Research, deverá atingir US$ 254 bilhões até 2020. Enquanto as construções sustentáveis continuam em alta, cresce o interesse pelos produtos com credenciais ecofriendly, que proporcionam maior redução do impacto ambiental em relação aos tradicionais e possibilitam melhor desempenho de recursos nos empreendimentos. Ranking da Sustentabilidade O Brasil é líder no ranking de construções sustentáveis na América Latina e ocupa o quarto lugar entre os países que mais concentram edificações verdes, de acordo com estudo realizado pelo GBC Brasil, divulgado no início de junho. Os três países com maior número de certificações ambientais no mundo são os Estados Unidos, a China e os Emirados Árabes. O Brasil também é o líder em madeira certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC) na América Latina e o quinto colocado no ranking mundial. Sustentabilidade e Nanotecnologia Um estudo do físico brasileiro Joner de Oliveira Alvez usa resíduos, como os gases emitidos pela queima do bagaço da cana de açúcar, restos de milho, pneus velhos e garrafas pet, para fabricar nanotubos de carbono. O material tem um vasto campo de aplicação, como materiais poliméricos e cerâmicos, dispositivos médicos, implantes, peças eletrônicas e no setor de cosméticos, mas ainda não é produzido em larga escala. Transparência Ambiental Fotolia © fleefly A Organização das Nações Unidas (ONU) quer que grandes empresas, com capitalização de mercado superior a US$ 100 milhões, divulguem relatórios de impactos ambientais a fim de atingir metas para redução da pobreza até 2030. Atualmente, cerca de um quarto das empresas faz essa divulgação. A ONU também recomenda duplicar participação de energias renováveis na matriz energética mundial, reduzindo o uso de combustíveis fósseis e dobrando o ritmo de melhoria de eficiência energética em edifícios e em transportes. Fotolia © freshidea 58 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br GREENBUILDING BRASIL CONFERÊNCIA INTERNACIONAL E EXPO AL RI TE MA EXPO CENTER NORTE | SÃO PAULO - SP CONFERÊNCIA > 9h - 18h | EXPOSIÇÃO > 10h - 19h VISITAS TÉCNICAS > 30 | Agosto 2013 - 8h - 13h A. I E D I ES ÁGU A EN E RG IA E IENT AMB 27 - 29 | AGOSTO 2013 E ENT T S SUSA SOCIAL Visite e coloque boas ideias em prática. Em sua 4ª edição, o Greenbuilding Brasil – Conferência Internacional e Expo está consolidado como o principal evento sobre construção sustentável no Brasil. Desde 2010, grandes marcas e acadêmicos que são referência no assunto mostram a importância vital da conscientização ambiental, da existência de políticas públicas de sustentabilidade e da capacitação de profissionais do ramo. Faça seu credenciamento online gratuito e participe! www.expogbcbrasil.org.br Participe também da 4ª Conferência Internacional! Uma importante oportunidade para atualização e qualificação profissional em contato com grandes profissionais e técnicos do setor da construção sustentável. Acompanhe também as novidades do evento e do setor acessando as mídias sociais: www.facebook.com/GreenbuildingBrasil | Patrocínio Platinum: Patrocínio Diamante: Realização: www.twitter.com/ExpoGBC Patrocínio Ouro: Patrocínio Prata: Organização e Promoção: Proibida a entrada de menores de 16 anos, mesmo que acompanhados. Evento exclusivo e gratuito para profissionais do setor que fizerem o seu pré-credenciamento por meio do site ou apresentarem o convite do evento no local. Caso contrário, será cobrada a entrada no valor de R$ 55,00 no balcão de atendimento. Internacional Bullitt Center Conheça o edifício comercial mais sustentável do mundo Por Andrea Padovan S eattle, na Costa Oeste dos Estados Unidos, é uma das cidades mais chuvosas do país, com a maioria dos seus dias nublados. Com menos de 610 mil habitantes, entre eles o bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, tem também como referência um efervescente centro cultural. Agora, a cidade começa a se notabilizar no setor de construções sustentáveis graças ao norte-americano Denis Hayes, um ativista e defensor convicto do meio ambiente. Em 1970, Hayes, com 25 anos, se destacou por coordenar as manifestações da primeira edição do Dia da Terra, em 22 de abril. É com essa preocupação e com a visão de que é preciso mudar que Hayes, presidente e CEO da Fundação Bullitt, decidiu construir o prédio comercial mais verde do mundo, o Bullitt Center, inaugurado este ano. O prédio é considerado um living building, em tradução livre, um edifício vivo. Levando o conceito ao extremo, além de ser um prédio que não gera nenhum tipo de impacto ao meio ambiente e ao clima e ser autossuficiente, Hayes acredita que o modelo criará um novo paradigma para arquitetos, engenheiros e construtoras que se dedicam às construções sustentáveis. O projeto começou a ser pensado há aproximadamente quatro anos. Porém, a cidade não estava preparada para receber um projeto tão sofisticado e avançado como o Bullitt Center, e foi preciso rever os códigos da cidade. Por exemplo, todos os edifícios construídos ou em reforma que ocupam uma área igual ou superior a 464.53 metros quadrados, desde 2012, são obrigados a obter um certificado LEED e possuir desempenho de eficiência energética e de água, desvio de resíduos e instalações para estacionamento de bicicletas, segundo a Política de Construções Sustentáveis da cidade. Além disso, a cidade americana disponibiliza incentivos financeiros para promover construções verdes, equipes técnicas que assessoram projetos com práticas ecológicas e profissionalização em construção sustentável. Assim, Seattle confirma seu compromisso com o meio ambiente e busca ser uma das cidades mais verdes do mundo. Mas afinal, porque o Bullitt Center é considerado o edifício comercial mais verde de todo o planeta? 60 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Bullitt Center em números: •US$ 18.5 milhões: custo total da construção; •4.645 m2: área interior construída; •250 anos: vida útil do edifício; •82%: área do prédio que recebe iluminação natural; •100%: quantidade do edifício que pode receber ventilação com janelas operáveis; •56.000 litros: tamanho da cisterna no subsolo para captar água da chuva; •362: número de materiais tóxicos evitados pelo Bullitt Center apontados na “lista negra”. Autossuficiência energética Uma das principais soluções verdes aplicadas no edifício contrasta com a característica chuvosa de Seattle. Com o projeto da Solar Design Associates (DAS), o Bullitt Center irá gerar tanta eletricidade quanto o edifício demanda em um ano. Com 575 painéis fotovoltaicos, feitos com placas de silício, material seguro e abundante na natureza, assegura o presidente da empresa, Steve J. Strong, o sistema solar foi feito para durar de 25 a 30 anos, e vai produzir cerca de 250 mil quilowatts-hora, em média, por ano, mais do que o consumo de energia na mesma margem de tempo do edifício. Será preciso produzir mais eletricidade nos meses ensolarados da cidade, para que não falte energia nos meses nublados e cinzentos de inverno. Para maximizar a produção de energia, a DAS escolheu painéis SunPower, que têm a maior eficiência energética no mundo, fornecendo 50% mais energia do que os convencionais. Cerca de 20% da luz solar que incide sobre a superfície de cada módulo é convertida diretamente em eletricidade. Sempre que os painéis solares produzirem mais energia do que o edifício está usando no momento, o medidor de energia elétrica de construção registra “saída”, fornecendo “créditos” para a conta como energia solar e exportado-a para a concessionária local. Os painéis fotovoltaicos têm capacidade nominal de 425 watts, o que significa que a matriz total vai gerar 242 mil watts de potência desde o nascer do sol até o meio-dia em um dia ensolarado. Devido às condições climáticas locais e às restrições de zoneamento de Seattle para altura e recuos, foi determinado que os painéis precisavam se estender além das fachadas e sair pelas vias públicas, o que produziu um olhar arquitetonicamente diferenciado para o edifício. Hayes justifica sua dedicação a aplicar um sistema de autossuficiência em energia ao dizer que, se os edifícios comerciais dos Estados Unidos reduzissem o consumo de eletricidade pela metade, estariam economizando o dobro de energia todo ano. Foto: Ben Benschneider Água Para os idealizadores do projeto, se cada prédio pudesse captar, armazenar e fazer uso produtivo da chuva que cai em seu telhado e retornasse o que é usado para o meio ambiente, mantendo-o em estado inalterado, apostaríamos menos em fontes de água remotas, nossa demanda por sistemas de tratamento de resíduos caros seria reduzida e a saúde das nossas hidrovias seria melhorada. www.revistagreenbuilding.com.br | green building | 61 Por isso, toda a água da chuva que cai no telhado do Bullitt Center desce pelas calhas para uma cisterna com capacidade de 56 mil litros no porão. O sistema fornece água para todos os equipamentos nos quais não é necessário uso de água potável, como banheiros, sistemas de irrigação de jardins e torneiras. Além disso, o sistema também foi projetado para filtrar a água da chuva, transformando-a em potável no futuro, pois toda a capacidade ainda está em testes e monitoramento. A água da chuva passará por um “ultrafiltro”, com um sistema ultravioleta de desinfecção. O tratamento de dejetos humanos tem a atenção especial. Para isso, foi criado o primeiro sistema de compostagem de seis andares para banheiros do mundo. Os resíduos percorrerem um duto até o porão, e, dentro desse duto, aparas de madeira e água serão adicionados aos resíduos, transformando-os em fertilizante. Além dessas medidas sustentáveis, o prédio foi construído somente com materiais que não liberam toxinas em sua composição, que vêm de produtores locais e não constam na “lista negra” de materiais tóxicos – como chumbo e mercúrio. Eles sabem, por exemplo, que toda pedra utilizada no concreto de estrutura do prédio veio de, no máximo, 50 quilômetros de distância; e toda madeira, e há muita madeira no prédio, alcança os maiores padrões de certificação e conservação de florestas. Compromisso Inquilinos que quiserem alugar um espaço terão que se comprometer a muito mais do que pagar o aluguel em dia. Eles têm que manter o compromisso de serem verdes. Entre as responsabilidades dos inquilinos, está limitar o uso de água e energia para atender aos orçamentos anuais enxutos estabelecidos pela Fundação Bullitt; não utilizar móveis que contêm compostos orgânicos considerados tóxicos; a posição da mesa de cada trabalhador deve estar dentro de 30 metros de uma das enormes janelas centrais para garantir acesso à luz do dia e ao ar fresco; usar a impressionante escada com paredes de vidro, que Hayes gosta de chamar de “irresistível”, ao invés do elevador, que só tem acesso por meio de um cartão, e estimular seus funcionários e convidados a usarem o transporte público ou bicicletas, já que no local não há estacionamento para carros. O preço do aluguel de um espaço no Bullitt Center é mais caro do que em outros edifícios comerciais da cidade, e mesmo assim, os primeiros locatários já começaram a se mudar. São US$ 355 por metro quadrado, US$ 55 a mais do que em prédios comerciais comuns. Mas Hayes acredita que o preço é justo para se pagar em um prédio “vivo”, que está previsto para durar 250 anos, e que a economia do produto está na durabilidade para a sociedade. Um desses primeiros inquilinos é o professor de arquitetura da Universidade de Washington, Robert Peña, que ajudou a projetar o edifício: “essa é uma oportunidade de realmente estar em um laboratório vivo e estudar o espaço.” Mas todo o esforço terá recompensas. Inquilinos que não ultrapassarem seu orçamento, não irão pagar nada pela eletricidade. 62 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br Foto: Ben Benschneider Internacional Living Building Challenge Desde a concepção do projeto, o Living Building Challenge, um “desafio” para construções sustentáveis que nasceu em 2006, criado pelo Instituto Living Future, e que define, hoje, as medidas mais avançadas do mundo em certificações de construções sustentáveis, sempre foi um alvo para o Bullitt Center. Prédios certificados por este programa podem ser considerados “vivos” e irão servir como modelo. O programa é composto por sete áreas de atuação, que devem ser seguidas e monitoradas durante um ano. Confira quais são elas e como o Bullitt Center cumpriu esses requisitos, segundo informações da Fundação Bullitt: • Local/entorno: suporte para pedestres, ciclistas e “trânsito amigo”; • Água: a água da chuva será coletada no telhado, armazenada em uma cisterna subterrânea e usada em todo o edifício; • Energia: painéis solares irão gerar tanta eletricidade quanto o edifício utiliza; • Saúde: promoção da saúde para seus inquilinos convidando-os a utilizar as escadas e janelas operáveis e gerando compartilhamento de recursos; • Materiais: exclusão de materiais listados como perigosos na “lista negra”, como PVC, mercúrio e chumbo; • Equidade: ao contrário de muitos edifícios comerciais, grandes janelas operáveis vão oferecer ar fresco e luz do dia para todas as pessoas; • Beleza: arquitetura impressionante, conjunto de placas fotovoltáicas inovador, telhado verde e parque no entorno. Em um vídeo gravado para a Earth Fix, emissora de TV americana, Hayes deixa seu recado e conta como gostaria que o Bullitt fosse visto daqui a algum tempo: “Eu adoraria que as pessoas lembrassem-se do Bullitt Center como um esforço ousado e pioneiro em mostrar o que podia ser feito, um primeiro passo para uma revolução tecnológica na construção. Eu também gostaria que, em 20 anos, as pessoas digam ‘porque tanto rebuliço em volta dele? Ele é um prédio igual a todos os outros’”. GB